Você está na página 1de 7

CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

MISSÃO: FORMAR PROFISSIONAIS CAPACITADOS, SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS E APTOS A


PROMOVEREM AS TRANSFORMAÇÕES FUTURAS

Foz do Iguaçu, 16 DE Agosto DE 2021.


Aluno(a): Keila de Oliveira Franco Ribeiro
Curso: Psicologia Período: 6º

ATIVIDADES REMOTA
Aula Dia: 14/08/2021 Disciplina: Práticas em Saúde Mental e processos clínicos.

Data de Entrega:

06/09/2021

1- Resenha crítica sobre o livro “Holocausto Brasileiro” de Daniela Arbex:

O livro retrata a experiência de quem viveu, trabalhou e testemunhou o tratamento que era
utilizado no Hospital Colônia, o maior hospício do Brasil em Barbacena.

I - O Pavilhão Afonso Pena

Neste capitulo o livro aborda a chegada de Marlene Laureano ao Hospital Colônia,


que foi contratada como atendente psiquiátrica, e como o emprego de seus sonhos se
torna o seu maior pesadelo, uma de suas queixas era a falta de critérios médicos para a
internação dos pacientes, visto que 70% destas não pertenciam a doentes mentais e sim
a pessoas em situações de vulnerabilidade social.
Em 1930 ocorreu uma superlotação que tornou o hospital indigno de vida, tanto que
funcionou por 18.250 dias (50 anos) dos quais obtiveram 60 mil mortes.
Os “pacientes” eram trazidos de trem ao hospital pelo conhecido “trens de doido”,
na chegada era feito uma triagem, onde eram separados por sexo, idade e até
características físicas, uma situação triste e precária que se comparava aos judeus
levados ao campo de concentração nazista.
O capitulo mostra também como a política e economia de Barbacena crescia
através do Colônia.
Conta a história de Cabo, um sobrevivente a internação que não sabe por que fora
levado para lá, e a dificuldade de se readaptar ao mundo após sua saída.
Destaca a crueldade dos choques que eram dados aos internos, que as vezes
resultavam em mortes, havia dias em que nem a energia elétrica da cidade aguentava a
carga.

1
O capitulo se encerra retratando a relação de Chiquinha, uma criança que desde
pequena se vê no Colônia auxiliando sua mãe a servir os internos, e uma interna,
Conceição, que havia sido internada por reivindicar seus direitos, e no colônia sendo
vítima do descaso indignou-se e desafiou o diretor do hospital, tal acorrido fez com que a
interna ganhasse o respeito e amizade de Chiquinha, a impulsionando a tornar-se diretora
do Sindicato Único de Saúde representando 20 mil servidores mineiros.

II - Na Roda da Loucura

Neste capitulo destaca a história de uma sobrevivente do Colônia, Sônia, que era
considerada uma interna de comportamento agressivo, mas que ajudava a curar os
internos sem remédio, e cuidava de sua amiga Terezinha em suas crises epilépticas.
Assim como outros internos, Sonia sofria várias agressões, bebia sua própria urina e tinha
seu sangue retirado sem seu consentimento para ser aplicado em pacientes mais
debilitados que ela. Passou fezes no próprio corpo quando estava gravida para que não a
tocassem e machucassem seu bebe.
Na sua saída Sonia levou consigo sua amiga Terezinha, foram para uma residência
terapêutica onde tiveram que se acostumar a voltar a ter uma individualidade, recebiam
um auxilio reabilitação, passaram a se tomar consumidoras e a serem disputadas pelo
mercado, assim como outros 160 pacientes de residências terapêuticas em Barbacena.
Possuíam vestidos, sapatos, comiam mais de uma vez ao dia, começaram a tomar
refrigerante e a comer doce. Sonia aprendeu a lidar com dinheiro e foi a Porto Seguro,
começou a ter consciência da humanidade se tomando quase feliz.

III O Único homem que amou o Colônia

Neste capitulo e contado a história do único homem que amou o Colônia, Luiz
Felipe Carneiro neto do administrador do hospital, que cresceu no terreno do Colônia
escutando a história dos loucos que lá residiam mas nunca entendeu tal loucura.
Aos doze anos se mudou para o Rio de Janeiro, mas em Belo Horizonte que Luiz
Felipe se tornou médico e por ironia do destino foi trabalhar em um hospital psiquiátrico.
Logo após é contada a história de uma criança que cresceu nas mesmas
condições, dentro do terreno do Colônia, Alba Watson, mas Alba presenciou o lado
sombrio do hospital, o lado em que mostrava o luto dos loucos, a ida e a volta de um
sepultamento desumano.

2
Então é retratada a história do Cemitério da Paz, um lugar que foi fundado junto
com o Colônia e onde abrigava os corpos de seus 60 mil mortos.

IV - A Venda de Cadáveres
Este capitulo evidencia a venda de corpos dos mortos do Colônia, contado pela
visão de Ivanzir, um professor recém contratado da Universidade de Juiz de Fora ele nos
mostra seu choque ao chegar para dar seu primeiro dia de aula e deparar com corpos no
pátio da universidade. Em 11 anos foram vendidos 1.823 corpos, a venda dobrava no
inverno, época na qual ocorria mais falecimentos no Colônia, é mostrado também a
condição dos corpos que vinham do hospital.
Devido a tantas mortes ocorre então a superlotação nas universidades de
cadáveres, então os corpos passaram a ser decompostos em ácido para que fosse
possível ocorrer a venda da ossada dos mortos.

V - Os Meninos Oliveira

Este capitulo mostra que a crueldade do Hospital Colônia não alçavam apenas os
adultos, atingia também as crianças, isso é mostrado a partir do encerramento do Hospital
de Neuropsiquiatria de Oliveira e então as crianças daquele lugar foram levadas para o
Hospital Colônia e ali dividiam com os outros pacientes as condições degradantes do
hospital.
Conta a história de Maria Auxiliadora, uma concursada do Colônia que presencia a
crueldade do tratamento daquele lugar e mostra também seu choque ao ver a primeira
morte.
Logo após é contada a história de Roberto, que era o único garoto visitado por
familiares, após um ano sem ver seu pai ocorre uma visita decepcionante, onde o menino
ao ver seu pai se emociona tanto que sem querer urina em sua própria roupa, após o
ocorrido seu pai sente um constrangimento tão forte que abandona o garoto para
morrer no hospital.
O capitulo se encerra contando a história de Elsinha, uma interna que ao sair do
Colônia vive uma vida colorida e feliz.

VI – A Mãe dos Meninos de Barbacena


Neste capitulo é abordado a história de Irma Mescês, a mãe dos meninos de
Barbacena, e sua luta para dar um lar aos que saíram e humaniza-los, deu a eles roupa,
comida, educação e o mostrou o que era ser feliz. Então mostra o crescimento da

3
independência de Tonho, e conta como foi sua festa de cinquenta anos, um grande
evento onde todos os ex-meninos de Barbacena eram anfitriões.

VII – A Filha da Menina de Oliveira


Este capítulo destaca a história de Debora e Sueli, filha e mãe separadas pelo
hospital. A história se inicia retratando a tentativa de suicídio de Debora, pois, segundo
ela, se sentia vazia. Debora então descobre que foi adotada e que sua mãe era uma
interna do Colônia, em momento algum se envergonha das condições da mãe e vai
atrás dela. Ao chegar no Colônia se depara com a notícia de que há um ano sua mãe
falecera. Debora ainda assim corre atrás de sua história e de sua mãe, Sueli Rezende.
Documentos são cedidos a ela pelo hospital, a partir daí Debora conhece a
história por trás de seu nascimento e então descobre também que, por poucos minutos,
aos sete anos, esteve nos braços de sua mãe.

VIII – Sobrevivendo ao Holocausto


Neste capítulo conhecemos a história de Luizinho, sobrevivente do Colônia
internado por timidez, a separação de sua família e o reencontro com sua irmã.
Logo após nos mostra a história de Adelino e Nitta, um casal formado no hospital
Colônia que foi para além dos muros, e mostrado como se deu o dia do casamento, como
ficaram felizes com a data e o apoio de que m convivia com o casal, em especial a
Tania, a psicóloga que com eles encontrou o maior resquício de humanidade.

IX – Encontro, desencontro, reencontro


Neste capitulo e retratada a história de Geralda, uma mulher cujo quando garota foi
estuprada e por isso mandada ao Colônia. Do estupro Geralda engravidou e deu a luz a
Joao Bosco. E contado a chegada de Geralda ao Colônia, seu pavor ao ver tudo ali e o
dia em que teve seu filho tomado. Dois anos após sua internação ela foi obrigada a deixar
o Colônia para trabalhar, então a partir daí ela pode começar a ver seu filho aos finais
de semana e a planejar um futura para os dois, mas ao chegar para buscar seu bebe para
então viverem juntos se deparou com a notícia de que ele fora levado para um lugar
distante dela.
Então e contada a história de João Bosco, onde longe da mãe viveu em um
Patronato e logo após completar a idade máxima para permanecer no local, se mudou
para FEBEM onde a música o transformou. Permaneceu na FEBEM até seus vinte anos,
idade na qual fora aprovado num concurso da polícia mineira.

4
Por uma surpresa causada por seus colegas de trabalho Joao Bosco revê sua mãe
num reencontro emocionante.

X- A História por trás da história


O capitulo inicia contando a chegada do fotografo Luiz Alfredo ao Hospital Colônia
para fotografar o que ocorria ali, retrata seu choque assim que os portões são abertos.
Luiz fotografa tudo que vê em preto e branco e compara o que acontece ali com os
campos de concentração nazista.
O capitulo também mostra como foi o ingresso de Luiz a principal revista brasileira
do século XX, como foi a compra de sua primeira câmera semiprofissional e suas
experiencias profissionais antes de fotografar Colônia.

XI – Turismo com Foucault


O capitulo destaca o psiquiatra Ronaldo Simões Coelho e sua relação com o
filósofo Foucault na sua vinda ao Brasil, relação na qual influenciou ainda mais o desejo
de Simões de extinguir o Colônia e o transformar em um campos avançado da UFMG e
UFJF. Simões foi um dos primeiros médicos a denunciar o Colônia.
O capitulo ratifica que Minas, o estado onde ocorreu a maior tragédia da loucura no
país, foi o estado que acolheu as primeiras manifestações em favor da reforma
psiquiátrica. Conta também a história de Barreto, um jovem médico que também se
revolta contra o Hospital Colônia e o denuncia publicamente, tal atitude fez com que
Barreto levasse um processo do CRM, mas o caso foi arquivado por unanimidade. Na
mesma época o psiquiatra Franco Basaglia, pioneiro na luta antimanicomial, veio ao Brasil
e foi levado para uma visita ao Colônia. No caminho de volta Basaglia permaneceu em
silencio e para a mídia declarou que em Barbacena esteve em um campo de
concentração nazista. Pela grande influência de Basaglia, o ocorrido repercutiu não
somente no Brasil fazendo com que o psiquiatra se tornasse o grande inspirador do
movimento antimanicomial no nosso país.
O capitulo então mostra como foi o movimento psiquiátrico aqui no país, a visita de
jornalistas a Barbacena, o apoio do secretário da saúde do estado. Também expõe a
participação do cineasta Helvecio Ratton no movimento, pois ele criou o maior
documentário sobre Colônia.

XII – A Luta entre o Velho e o Novo


O capitulo inicia contando a história de Paulo Delgado, professor e filósofo, e sua
trajetória como deputada dos doentes mentais. Mostra a luta de Delgado para

5
regulamentar os direitos das pessoas com transtornos mentais e para extinguir os
manicômios.
O capitulo também expõe como foi o processo de encerramento dos hospitais
psiquiátricos e os debates que cercavam a reforma psiquiátrica, a luta ente o velho
modelo e o novo modelo.

XIII – Tributo ás Vítimas


O capitulo narra a inserção do estudante de medicina Jairo Toledo no meio
psiquiátrico de Barbacena, e as mudanças que efetivou na sua estadia no comando do
Colônia.
Aqui é exposto também como surgiu o Museu Da Loucura, lugar onde seria
guardado as memórias do tempo do holocausto brasileiro. Barbacena no início de sua
fama rejeitou seu passado mas hoje se sabe que suas portas estão abertas para que a
tragédia do Colônia não possa ser esquecida.

XIV – A Herança do Colônia


O último capitulo remete a história de Marlene Laureano, citada no início do livro,
narra que no seu primeiro dia de trabalho Marlene já sabia que ali não iria permanecer,
para esquecer o que via ficava em silencio, mas a tristeza tomava conta de si. O tempo
que Marlene permaneceu ali para os pacientes, ela era como um anjo, principalmente
para lzabel Teixeira, interna na qual Marlene ajudou a reencontrar seu filho.
A obra encerra contando como foi o encerramento do Colônia e como a autora se
sentiu ao compartilhar com todo o mundo a história do lugar.

2) Após a resenha fazer um Comentário pessoal sobre suas emoções, sentimentos e


opiniões durante a leitura sobre o longo período manicomial.

Com certeza esse livro não foi criado para ser Iido e esquecido, o livro choca, com
a riqueza dos detalhes e imagens, com certeza marca cada um que o lê.
Difícil de imaginar que as pessoas eram tratadas como bichos, deixados trancados
para morrer e o pior, muitas vezes pela própria família, nem as crianças escapavam de
tamanha crueldade.
Impossível não se emocionar e sentir raiva das pessoas que estavam por trás do
Colônia, desde os médicos que aceitavam pacientes sem diagnóstico até aos líderes
políticos que priorizavam a falsa ideia de que estavam “limpando” a cidade.
Acredito que essa leitura é fundamental e deveria ser obrigatória para todos os que
pretendem se tornar psicólogos, para que todos tenham conhecimento sobre o que ocorre

6
por trás dos portões dos manicômios e possam continuar a luta no movimento
antimanicomial, e mudar o olhar e o tratamento sobre as pessoas, porque todo ser
humano e digno de respeito.

Você também pode gostar