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LICEU DE CAUCAIA

Análise da obra “O quinze”


Raquel de Queiroz

Professora Adriana Duarte

Liceu de Caucaia 02/06/2023


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LICEU DE CAUCAIA

Análise da obra “O quinze”


Raquel de Queiroz

Componentes
Alejandro Damerson Da Silva Marques
Antonio Kayky Gomes Ferreira
Tania Reurylena Rocha Da Silva

Professora Adriana Duarte

Liceu de Caucaia 02/06/2023


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"O Quinze" é um livro da escritora Rachel de Queiroz, publicado em 1930. A história


é inspirada em um momento triste e real que ocorreu no Brasil: uma seca terrível
que se alastrou no Ceará em 1915. A autora é cearense e era ainda criança quando
esse episódio aconteceu. O livro foi importante para o movimento modernista
brasileiro em sua segunda fase. Além de seu regionalismo, a obra teve um destaque
porque não romantizou a seca e sensibilizou o público leitor.

É ainda reconhecido como um fator relevante que a autora é nordestina e também


uma mulher, contrariando alguns padrões do mercado literário. Assim, O Quinze é
considerado um clássico brasileiro, sendo parte importante da história da nossa
literatura.

O Quinze foi publicado em 1930, um ano após a crise de 29 e também é posterior


ao fim da Primeira Guerra Mundial. No Brasil, havia uma polarização bastante forte
entre ideologias, fazendo com que artistas da época sentissem a necessidade de
um engajamento político. Assim nasceram os modernistas da segunda fase, que
explicitavam uma crítica social.

Rachel de Queiroz é uma das precursoras dessa tendência modernista, preocupada


com uma linguagem simples, clara e objetiva. Por meio dessa estética, sem
escrever de modo rebuscado, ela demonstrava a dramática realidade que foi a seca
de 1915, que durou quatro anos.

A história começa com Dona Inácia rezando, na esperança de que viesse a chuva.
Portanto, o enredo já começa com a seca alastrada no Ceará. Conceição, sua neta,
estava ao seu lado passando suas férias na fazenda da família. Ali também trabalha
Vicente, primo de Conceição e com quem ela mantém um flerte constante. Com a
seca, ambas se mudam para Fortaleza, mas Vicente permanece trabalhando na
fazenda.

Assim, o livro conta com dois eixos principais de narrativa: um, o de Conceição e
Vicente, e outro, do Chico Bento. No segundo caso, Chico Bento, que é vaqueiro,
perde o seu trabalho devido à seca e sua família decide se mudar também para
Fortaleza. Entretanto, sem dinheiro e perdendo a ida de trem, acabam tendo que
realizar o trajeto a pé.

Nesse caminho árduo, Chico Bento, sua esposa e seus cinco filhos passam uma
fome constante. Algumas vezes, quando encontram pessoas com muita fome,
acabam dividindo sua comida como um gesto de dignidade. Em outros momentos,
acabam sendo mais egoístas. No entanto, o filho menor do personagem acaba
falecendo e o primogênito se perdendo no meio da noite.

No outro lado da história, Vicente e Conceição, que se encontram raras vezes,


constroem conflitos que dificultam o relacionamento dos dois. Vicente, que tem
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valores mais conservadores ou mesmo machistas, acaba não se dando bem com
Conceição, que é progressista e valoriza a liberdade.

Na procura pelo filho, Chico Bento acaba encontrando um delegado que é


compadre da família e os ajuda a irem para Fortaleza. Ao chegarem lá, entretanto,
são levados ao campo de concentração. As pessoas pobres e indesejadas pelo
governo eram colocadas neste lugar para não entrarem na cidade de Fortaleza
propriamente dita.

Conceição conhece a situação desses campos de concentração e começa a


trabalhar como voluntária para ajudar quem estivesse lá em busca de condições
melhores. Assim, ela acaba encontrando a família de Chico Bento e ajuda-os a se
mudarem para São Paulo, ao invés de permanecerem lá. Além disso, ela adota um
dos filhos dele para cuidar.

O amor de Vicente e Conceição acaba ruindo: ela fica sabendo que Vicente está
tendo um caso com outra moça. Apesar de sua avó justificar que isso é coisa de
homem e que é normal, ela se desilude dessa relação e vive a sua vida cuidando do
filho de Chico Bento.

Conceição é uma professora solteira de 22 anos que passa as suas férias na


fazenda da família1.Conceição é uma personagem do livro "O Quinze" de Raquel de
Queiroz. Ela é uma professora solteira de 22 anos que passa as suas férias na
fazenda da família. Conceição representa a consciência social e a busca por
mudanças.

Amélia é prima de Conceição, Amélia é uma jovem professora. Ela decide ir para o
sertão e trabalhar com os flagelados da seca, enfrentando inúmeras dificuldades,
mas também testemunhando a solidariedade e a resiliência do povo nordestino.
Amélia simboliza a esperança e a força de vontade diante das adversidades.

Chico Bento é um vaqueiro e amigo próximo de Conceição. Chico Bento é retratado


como uma figura símbolo de resistência e coragem diante da seca, representando a
força e a resiliência do povo nordestino. Sua morte é um ponto crucial na narrativa,
causando impacto e despertando uma consciência mais profunda dos personagens.

Além desses personagens principais, existem outros personagens secundários que


iniciaram para a trama, como familiares, vizinhos, amigos e sertanejos que retratam
a realidade da seca e suas diferentes experiência diante da adversidade entre eles.

Eles são: Cordulina: mulher de Chico Bento; Mocinha: Irmã de Cordulina, cunhada
de Chico Bento; Luís Bezerra: compadre de Chico Bento e Cordulina; Doninha:
esposa de Luís Bezerra, madrinha do Josias; Josias: filho de Chico Bento e
Cordulina; Pedro: filho mais velho de Chico Bento e Cordulina; Manuel (Duquinha):
filho caçula de Chico Bento e Cordulina; Vicente: proprietário e criador de gado;
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Paulo: irmão mais velho de Vicente; Lourdinha: irmã mais velha de Vicente; Alice:
irmã mais nova de Vicente; Dona Idalina: prima de Dona Inácia e a mãe de Vicente,
Paulo, Alice e Lourdinha; Mãe Nácia (Dona Inácia): avó de Conceição; Mariinha
Garcia: moradora de Quixadá, interessada em Vicente; Chiquinha Boa: trabalhava
na fazenda de Vicente; Major: fazendeiro rico da região de Quixadá; Dona Maroca:
fazendeira e dona da fazenda Aroeiras, na região de Quixadá; Zefinha: filha do
vaqueiro Zé Bernardo.

A história do romance O quinze se passa no ano de 1915, ano no qual se deu uma
das piores secas da história nordestina. A ação transcorre na cidade de Quixadá,
mas também em outras partes do sertão cearense, além de Fortaleza.

Podemos identificar esses detalhes no primeiro capítulo da obra, no trecho que diz,
“No fim de agosto de 1930, naquele agreste da Borborema, ao pé da serra do Cariri
Paraibano, a natureza exibia-se tórrida.” Ou em outro trecho no mesmo capítulo,
que também diz, “Conceição voltava para lá na certeza de encontrar tudo
exatamente como o deixara em 1915, no auge da última grande seca”.

Outro detalhe importante da obra é que o foco narrativo dela é predominantemente


em terceira pessoa, ou seja, a história é contada por um narrador externo que
observa e relata os acontecimentos vividos pelos personagens. Esse narrador
omnisciente tem acesso aos pensamentos e sentimentos dos personagens,
permitindo ao leitor uma visão ampla dos acontecimentos. Podemos identificar isso
nos seguintes trechos.

“Depois de benzer e beijar duas vezes a medalhinha de São Jose, dona Inácia
concluiu.”

“Amélia já não sabia o que fazer ficar tanto tempo no sertão. Começava a sentir-se
invadida de amargura e de solidão.”

Acima de tudo que acontece na obra, a mensagem deixada e que pelo livro as
pessoas se sentem impotentes diante da vida. Para eles, viver passa a ser um
desafio diário. Todos são heróis a combater o mesmo inimigo, a seca. Proprietários
e trabalhadores tornam-se iguais. A seca os iguala. E os une na busca por melhores
dias. Que os céus acabem com esses desolados momentos é o sonho de cada um,
crianças e adultos, pobres e ricos.

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