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E.E.

Sylvia Ramos Esquivel

Projeto Eletivas: Academia de letras do Estudante

Tema: Ações e Impulsos sociais

Gabriella Batista Moura, 3°C

Professora: Valéria Damas

Autora escolhida: Maria Conceição Evaristo de Brito

Foto: Itaú Social.

Diadema, SP
Junho, 2021
Conceição Evaristo, a alma da mulher
negra

“[...] Ela precisava chegar em casa para transmitir o recado.


Estavam todos armados com facas a laser que cortam até a vida.
Quando o ônibus esvaziou, quando a polícia chegou, o corpo da
mulher estava todo dilacerado, todo pisoteado [...]”

Conceição Evaristo, “Olhos d’água”


Sumário

Sumário 3
1.0 O Começo 4
1.1 Seus livros 6
1.2 Conceição Evaristo hoje 7
2.0 Conclusão 8
3.0 Fontes 9
1.0 O Começo

Maria Conceição Evaristo de Brito é uma escritora e poetisa afro-brasileira nascida


em Belo Horizonte, MG, em 1946. Viveu a maior parte da sua infância na periferia e
passou por dificuldades ao longo da sua infância, tanto pelo sofrimento da pobreza
quanto pelo preconceito vivido em ambientes sociais. Desde nova sempre esteve
ligada à literatura, contada pelos seus familiares na forma de contos e relatos.
A oportunidade de estudar surgiu quando se mudou para a casa de sua tia, Maria
Filomena da Silva, que era casada com Antônio João da Silva, que apesar das
dificuldades, suas condições financeiras eram melhores. Segundo Conceição
Evaristo, a escola foi uma passagem na infância nada agradável, pois o ambiente
era muito hostil para com os alunos periféricos e negros. Numa entrevista para a
rede de TV Aparecida, ela relata que nessa escola os estudantes menos favorecidos
realizavam as suas atividades escolares no porão e que, apesar das grandes janelas
que davam para a rua, era um lugar muito abafado e nada confortável. Porém,
apesar das dificuldades, foi uma excelente aluna, dedicada e se destacou na 4 série,
em 1958, ao ganhar o concurso de redação, que tinha o título: “Por que me orgulho
de ser brasileira”.
Começou a trabalhar muito cedo, aos 8 anos, como empregada doméstica
enquanto morava com os tios, mas nunca deixou de se interessar pelo
conhecimento, trocava horas de trabalho em casa de professores, por aulas
particulares, por maior dedicação à escola e, principalmente, pela possibilidade de
ganhar livros didáticos, para ela, as irmã e irmãos e nunca deixou de tentar alcançar
seu maior sonho, ser professora. Conceição Evaristo desde nova já tinha uma
personalidade questionadora e de resistência, mas suas primeiras lições de
negritude, segundo ela, vieram de um tio materno, Osvaldo Catarino Evaristo, que
havia servido na Segunda Guerra Mundial e que ao retornar ao Brasil, foi lhe
oferecido o cargo de servente na Secretaria de Educação. Sua relação com a
literatura começa nas casas de escritores mineiros, onde sua mãe e sua tia
trabalhavam e quando começou a frequentar a biblioteca pública aos onze anos,
onde umas de suas tias começou a trabalhar.
Sempre foi questionadora e consciente da situação do negro brasileiro. Participou
intensamente de discussões sobre a sociedade brasileira, a partir dos 17 anos, e
também no movimento Juventude Operária Católica que promovia reflexões que
visavam comprometer a Igreja com a realidade brasileira.
Mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1973. Já havia terminado o Curso Normal no
Instituto de Educação de Minas Gerais, em 1971, um período difícil para sua família
e para outras, pois estavam sendo ameaçados com o plano de desfavelamento, que
os empurrava para fora da parte central de BH e esse distanciamento só iria agravar
a pobreza. Então por esse motivo, emigrou para o Rio de Janeiro, com o diploma de
professora. Formou-se em Letras pela UFRJ e lecionou na rede pública no município

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fluminense. Em 1976, casou-se com Oswaldo Santos de Brito e alguns anos depois
o casal foi consagrado com sua primeira filha, Ainá Evaristo de Brito, que nasceu
com problemas de saúde, segundo os médicos da época, ela teria uma vida
vegetativa, felizmente Ainá vive bem e saudável, dentro das suas limitações. Em
1989 o casamento chega ao fim, infelizmente com a viuvez de Conceição.
Se consagrou mestre pela PUC do Rio de Janeiro, em 1996, com a dissertação
“Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade”, e Doutora em Literatura
Comparada na Universidade Federal Fluminense, com a “Tese Poemas malungos,
cânticos irmãos”, em 2011.

Nasceu em Belo Horizonte, MG em 1946 Conceição Evaristo com sua mãe e tias
(Fotos: Divulgação)

Foi para o Rio de Janeiro em 1973

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1.1 Seus livros
Como escritora, sua carreira se iniciou na década de 90, quando passou a publicar
suas poesias, ficções e ensaios na coletânea de livros “Cadernos Negros”, pela
editora ‘Quilomhoje’, com destaque para o poema “Eu-Mulher”, que representa a
mulher na sociedade brasileira a escrita magnífica de Conceição, da voz a várias
mulheres que um dia foram silenciadas, mas que devem ser ouvidas.
Seu primeiro livro escrito foi “Becos da Memória”, mas seu primeiro livro publicado
foi “Ponciá Vicêncio”, em 2003, muito bem acolhido pela crítica e pelo público e foi
incluído nas listas de vários vestibulares de universidade brasileiras e utilizado como
objeto de estudo em artigos e dissertações acadêmicas no Brasil e no exterior. A
obra já foi traduzida para vários idiomas, espanhol, inglês, francês e árabe. Em
2006, “Becos da Memória” chega ao público, com a entrega de uma descrição
realista e poética, que retrata, assim como o primeiro livro, os dramas vividos de
uma comunidade favelada em processo de remoção. O protagonismo feminino é
uma das grandes características em suas obras, pois representam a resistência à
discriminação e à pobreza.
Suas poesias só vão ganhar maior repercussão a partir da edição de 2008, com a
publicação de “Poemas de recordação e outros movimentos”, onde mantém uma
escrita delicada e voltada para uma linha de denúncia das condições sociais
vivenciadas pelos afro-descendentes. Em 2011 Conceição Evaristo lança
“Insubmissas lágrimas de mulheres”, trabalhando as relações de gênero numa
sociedade que é marcada pelo preconceito e o sexismo. “Olhos d’água” é lançado
em 2014, um contemplado de contos sobre as dificuldades e o sofrimento vividos
por homens e mulheres numa sociedade extremamente hostil e violenta. Com esse
livro ela ganhou o Prêmio Jabuti, na categoria “Contos e Crônicas”, em 2015.
Conceição Evaristo tem inspiração para os livros a partir de cenas do cotidiano e a
forma com que ela escreve e descreve é marcada por uma profundidade poética que
causa impacto de imediato, pois a forma com que ela descreve as cenas de
sofrimento e de violência é de forma delicada e sensível. Além da linguagem
poética, temos a incorporalidade, a oralidade, característica que traz uma beleza e
melhor entendimento, a humanização dos personagens mais a subjetividade nos faz
sentir pena e revolta pelos acontecimentos com os personagens e, é claro, a
denúncia uma das principais características do enredo dos livros e, essa mistura de
denúncia da realidade com a ficção é nomeado, por ela, de escrevivência.

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1.2 Conceição Evaristo hoje
Contemplada com diversos prêmios, dentre eles, do Governo de Minas Gerais pelo
conjunto de sua obra, o Prêmio Nicolás Guillén de Literatura e o Prêmio Mestra das
Periferias, todos em 2018 e o, já citado, Prêmio Jabuti, Conceição Evaristo segue
uma vida lotada de compromissos, entrevistas e debates, ou seja, todos querendo
saber mais sobre sua vida e sua escrita tão singular e magnífica. Considerada uma
das maiores escritoras brasileiras da contemporaneidade, chama a atenção com a
forma com que ela discute sobre a sociedade e, principalmente, sobre a colocação
cultural do negro. Uma pessoa acessível, que no final de 2020, participou do
Seminário: A escrevivência de Conceição Evaristo, uma iniciativa Itaú Social em
parceria com a MINA Comunicação e Arte, com o objetivo de discutir a importância
da escrevivência para sociedade nas dimensões culturais e, além desse seminário,
recentemente foi porta-voz no XII Seminário Vozes Periféricas: Existências e
Diálogos, em conjunto de outras duas professoras.
Atualmente com seus 74 anos, Conceição Evaristo e sua filha moram no Rio de
Janeiro e constantemente visitam sua mãe, que hoje está com 95 anos, e reside em
Minas Gerais.

Conceição Evaristo e sua filha, Foto: Jornal do Brasil


Ainá Evaristo de Brito

foto: Adriana Medeiros

“Escrever é uma forma de Sangrar”


Fonte: Leituras Brasileiras

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2.0 Conclusão
Desse modo, concluo que as obras literárias de Conceição Evaristo são de
extrema importância para a sociedade brasileira, pela forma com que ela aborda
temas tão sensíveis de forma tão poética, causando no público reconhecimento
social e cultural. E a forma com que ela aborda as dificuldades enfrentadas por
pessoas menos favorecidas gera uma conscientização e o posicionamento da
escritora no meio literatura é de grande representativa para o povo negro periférico.

8
3.0 Fontes
https://youtu.be/QXopKuvxevY
https://youtu.be/9POX2gtfmFI
https://www.todoestudo.com.br/literatura/conceicao-evaristo#:~:text=A%20obra%20d
e%20Concei%C3%A7%C3%A3o%20Evaristo,por%20uma%20linguagem%20intens
amente%20po%C3%A9tica.
https://www.itausocial.org.br/divulgacao/seminario-a-escrevivencencia-de-conceicao-
evaristo/

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