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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

CAMPUS RIBEIRÃO PRETO

FACULDADE DE DIREITO “LAUDO DE CAMARGO’’


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS NÚCLEO DE
ENSINO PRÁTICO - NEP -

1ª RESENHA

CÓDIGO DO ALUNO: 841066

ATIVIDADES COMPLEMENTARES I

NOME DO LIVRO: Ópera dos Mortos


NÚMERO DO LIVRO: 1

NOME DO ALUNO: Lívia Bentlin Beltrame


ETAPA: 1ª SALA: 15B PERÍODO: Noturno

01/2023
1 Referência Bibliográfica
DOURADO, Autran. Ópera dos Mortos. 9° edição - Rio de Janeiro: Record, 1985.

2 Referência Biográfica
Nascido no dia 18 de janeiro de 1926, em Patos, no estado de Minas Gerais,
Waldomiro Freitas Autran Dourado, era filho de juiz e por isso teve sua infância
instável, se mudando de cidade. Aos 14 anos, no ano de 1940, ele e sua família se
mudaram para a capital Belo Horizonte, Autran ingressa na Faculdade de Direito e
trabalha ao mesmo tempo, como jornalista e taquígrafo da Assembleia Legislativa do
Estado. No ano de 1947 tem sua estreia literária, com a publicação da novela Teia,
esse conhecimento literário ele adquiriu no grupo de literatura da faculdade onde se
formou. Depois desta primeira publicação ele não parou mais, e recebeu vários
prêmios, como o Prêmio Cidade de Belo Horizonte pelo livro, Tempo de Amar.

Em 1954, se muda para o Rio de Janeiro, onde trabalha como serventuário da justiça.
O autor também trabalhou durante cinco anos como Secretário de Impresa da
Presidência da república no governo de Juscelino Kubitschek (1956 – 1961). Após
encerrar seu período na área política, em 1961, ganha visibilidade com o lançamento
do romance: A Barca dos Homens, que foi escolhido melhor livro pela União Brasileira
de Escritores.

Suas obras literárias são formadas por temas trágicos, onde ressalta o clima solitário
e poético dos personagens, com muita melancolia e não aptos à vida. O autor, é
influenciado por algumas técnicas modernistas, já que ele viveu nesse período da
literatura brasileira. Sua obra, Uma Vida em Segredo, ganhou até uma adaptação
cinematográfica.

O auge de sua carreira literária acontece quando o romance Ópera dos Mortos é
escolhido pela UNESCO para integrar a coleção de Obras Representativas da
Literatura Universal.
No dia 30 de setembro de 2012, Autran Dourado falece no Rio de Janeiro, deixando
se patrimônio de obras únicas.

Referência: https://www.infoescola.com/escritores/autran-dourado/
3 Resumo
Ópera dos Mortos é uma obra que retrata a ficção de acontecimentos em um casarão
numa pequena cidade, que inicialmente foi construído pelo personagem Lucas
Procópio Honório Cota, que a princípio construiu este casarão em meados do século
XX, no Sul de Minas Gerais, tornou-se um homem de terras (coronel) e fundou o
vilarejo que depois se tornou cidade, no período de decadência do ouro. O
personagem do Lucas Honório, descrito pelo narrador que faz parte da história, como
um homem de trajetória sinistra e que todos os moradores temiam dele. Após seu
falecimento, seu herdeiro e filho João Capistrano Honório Cota, inicia uma reforma,
na qual decide aumentar a casa colocando sua personalidade que é oposta do pai
nesse casarão e posteriormente dar continuidade na história desse local.

Primordialmente, a obra se conduz com foco na personagem Rosalina que é neta de


Lucas Procópio Honório e filha do importante João Capistrano, que por muitos anos
tentou ter um herdeiro, pois seus filhos quando nasciam, não vingavam e quando
vingavam não passavam de seis meses de vida, a única gestação que vingou foi de
Rosalina

Ao decorrer da narrativa, o João Capistrano movido pelo sentimento político decide


se candidatar à presidência da Câmera da cidade. No entanto, essa eleição foi
fraudada pelo outro partido e João Capistrano perde o cargo, o que leva o personagem
dar distância da política e de aparições sociais. Ao meio dessa turbulência, sua esposa
Genu falece, e a primeira atitude do personagem João é parar o relógio-armário no
instante do enterro, o que já nos dá indício de que a casa está começando a parar no
tempo.

Não demorou muito, o pai de Rosalina falece e ela tem a mesma atitude do pai no
enterro da mãe, paralisa outro relógio. E a partir desse acontecimento, a casa
permanece fechada e não é mais rodeada de alegria como foi logo após a reforma. A
Rosalina nesse período da narrativa se isola socialmente no casarão em absoluto
silêncio, tendo contato apenas com Emanuel Ciríaco, que era amigo da família, e a
negra que é muda Quiquina, filha de escravos, ela ajuda Rosalina nas tarefas diárias
e vende o artesanato que a Rosalina faz durante o dia, pois durante a noite se entrega
a leitura e as bebidas.

No entanto, a narrativa começa a mudar com a chegada do personagem José


Feliciano, homem com passado misterioso que vive vagando pelas cidades. Ele é
cego de um olho, mas quando se depara com o casarão se deslumbra. Dessa forma,
Feliciano decide manifestar interesse em prestar serviços para o tal casarão onde
reside Rosalina, Quiquina suspeita do homem, mas mesmo assim o estranho é
contratado por Rosalina.
Este personagem que entra na história, tem caráter de prosear muito e com todos e
até um pouco intrometido na vida alheia. E aos poucos com essa figura oposta a
Rosalina, ele vai conquistando sua amizade, que por muito tempo não tinha contato
com pessoas assim.

Na sequência, após a personagem Rosalina passar por uma desilusão amorosa em


relação ao Emanuel, ela decide se aproximar do forasteiro Feliciano e o convida para
beberem juntos. Nesse momento íntimo dos dois personagens acontece um beijo que
será interrompido pela Quiquina. Entretanto, Feliciano não para por aí, após uns dias
ele busca por Rosalina em seu quarto, onde acontecerá a primeira das várias noites
de amor, o que leva Rosalina ter uma gravidez indesejável.

Tentando esconder sua gravidez ela dá à luz a está criança em local bem distante,
Rosalina tem um menino e a companheira Quiquina decide dizer as consequências
desse nascimento e aconselha em tirar a vida da criança.
Mas o bebê não nasceu com vida em resultado do alcoolismo de Rosalina, e a mesma
possa ter herdado o problema de sua mãe, dona Genu, que não vingava filhos. Nesse
desdobramento da obra, mais uma morte sucede nessa família.

Por conseguinte, o pai da criança enterra-o e sai da cidade, deixando Rosalina


completamente desamparada. Rosalina se transforma, após a perda de seu bebê e
se torna uma pessoa perturbada e termina por enlouquecer por completo, a
personagem vai ao cemitério todas as noites, em um vestido branco e cantarolando,
e ninguém nunca soube o que ela dizia em suas canções.

Ao final da obra, o casarão se abriu após muitos anos fechados, estava cheio de
pessoas, assim como era nos tempos de João Capistrano, todos estavam ali para
saber dos últimos acontecimentos sobre Rosalina, as autoridades da cidade estavam
presentes, e apenas eles e o Emanuel estavam cientes do que iria acontecer.
Rosalina desce as escadas do casarão acompanhada de Emanuel e se desprende da
casa. E as pessoas que estavam ali, notaram que dessa vez não era um velório, mas
um adeus a última herdeira do clã Honório Cota, pois Rosalina estava deixando a
cidade para tratar da sua saúde mental, distante de sua cidade.
4 Apreciação
Óperas dos Mortos é uma obra de grande complexidade, e se mantém
contemporâneo mesmo tendo sido publicado a décadas atrás. Desse modo, a
personagem principal, Rosalina, representa as mágoas da família e que leva a
personagem procurar ajuda nos livros, mas principalmente no álcool. Ao decorrer na
narrativa é notável como Rosalina não viveu verdadeiramente sua própria vida, mas
viveu nas sombras do passado.

Ademais, o livro traz fatos que aconteciam nos meados do século XIX e XX em Minas
Gerais, como o coronelismo, escravidão, o auge da comercialização do café, além de
trazer o sistema eleitoral sem fiscalização que se movia de acordo com os interesses
dos influentes, o que evidentemente acentua a desigualdade social. Esses temas que
ainda se mantém de uma certa forma enraizados até nos dias atuais.

Desse modo, o final da história aborda o tema das complicações em uma gravidez
indesejada, algo que sempre foi um tabu e nos dias atuais ainda permanece. Rosalina
representa as mulheres que tem seu psicológico afetado após a perda de um filho ou
até mesmo ter um filho que não queria ter. Isso nos faz questionar a falta de instrução
e acompanhamento a essas mulheres, o que acarreta diversos problemas sociais.

Conclui-se que é uma obra densa e que remete inúmeras questões familiares,
históricas e sociais. O autor sabe relacionar todos esses temas nessa narrativa, os
personagens são representações dessas questões que ele aborda, e este livro em
específico traz as características de escrita de Autran Dourado, personagens
melancólicos com tom poético. Uma ficção que se alinha com a realidade da
sociedade.

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