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Resenha Holocausto Brasileiro

O angustiante filme Holocausto Brasileiro é baseado no livro de mesmo nome,


escrito pela jornalista Daniela Arbex. Retrata horrores passados em um hospital
psiquiátrico em Barbacena. O filme é extremamente impactante e retrata como a
saúde mental era muito pouco conhecida antigamente, e os tratamentos
completamente ineficaz.
O Hospital Colônia de Barbacena construído no ano de 1900, recebia pacientes de
vária partes do Brasil, o filme conta com depoimentos de pessoas que trabalharam
ali ou que conheciam de perto a história, desta forma um dos entrevistados relata a
chegada de vários ônibus carregados e também um trem que passava muito
próximo, amontoado de pacientes que eram deixados no hospital. Da forma mais
cruel e real o local era um depósito de pessoas excluídas da sociedade.
As pessoas eram submetidas a condições desprezíveis, tais como fome, frio, grande
parte despidos, não haviam camas o suficiente e os colchões eram de grama feito
por eles mesmo, num ambiente absurdamente sujo e sem nenhuma condição de
hospitalizar centenas de pessoas como abrigava. Os recursos já não chegavam para
tamanha demanda, o que tornou cada vez mais crítica a situação. As internações
não tinham muitos critérios, alguns hospitais destinavam as pessoas para lá, ou
mesmo iam parar no Colônia por ter comportamentos considerados impróprios. Ou
seja ficavam lá as pessoas que eram excluídas da sociedade.
Haviam situações de exploração, onde muitos trabalhavam em construções e
reformas do local sem qualquer remuneração, além disso prestavam serviços á
outras pessoas e até mesmo á prefeitura local, que simplesmente os buscavam
para trabalhar em serviços rústicos sem nenhum contrato ou pagamento exceto o
cigarro que lhes era dado. A grande maioria aceitava inocentemente o trabalho
para ingenuamente ganhar um cigarro ou só pelo fato de poder sair por algum
tempo daquele local.
O holocausto brasileiro dizimou cerca de 60 mil pessoas, homens, mulheres e
crianças. Aos arredores havia um cemitério onde grande parte das vítimas eram
enterradas, pois a maioria das famílias não conseguia ser avisada do falecimento,
não tinha condições de buscar o corpo ou mesmo não se importava. Além disso
havia o comercio ilegal de corpos, os quais eram descritos como indigentes e
vendidos às faculdades de medicina. Neste momento é notória a corrupção que
existia ali, pois os corpos eram vendidos e não se sabe ao certo quem lucrava com
isso.
Nos anos 60 a instalação foi visitada por um fotógrafo que fez vários retratos das
pessoas que ali viviam. As imagens foram publicadas em uma revista onde
causaram muita comoção, porém pouca mudança. Entretanto após essa publicação
a situação foi exposta a mais pessoas. Pouco tempo depois foi filmado o
documentário \u201cEm nome da razão\u201d, denunciando os horrores que ali
aconteciam. Algum tempo depois o local foi visitado pelo psiquiatra italiano Franco
Basaglia, que declarou que o local era semelhante a um campo de concentração
nazista. Neste momento o cenário começou a mudar. Porém somente nos anos
2000 com a reforma psiquiátrica que estabeleceu um novo modelo de assistência a
saúde mental, e os pacientes passaram a ser tratados em residências terapêuticas.
Assim proibiu-se a criação de novos manicômios.
Quanto ao Colônia ninguém nunca foi punido, foram muitos os culpados, o governo,
os funcionários, a sociedade, todos fecharam os olhos e trataram aquelas pessoas
com insignificância, com desafeto, com negligencia. O que se espera é que jamais
situações com quaisquer semelhanças se repitam, o tratamento deve ser
respeitoso, amplo e jamais sendo tratados com exclusão á sociedade, doentes
mentais tem vida, tem sonhos, tem voz, e ela deve ser ouvida.

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