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Rafael Thomaz
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Sumário
A Instituição 02
Sobre o autor 03
Agradecimento 46
Bibliografia 48
1
A INSTITUIÇÃO
Temos a missão de oferecer ensino de excelência
em psicologia clínica, na abordagem cognitivo-
comportamental, tendo como referência a
prática baseada em evidências;
De favorecer o desenvolvimento de
competências clínicas de terapeutas cognitivo-
comportamentais através de cursos de
especialização e formação, com ênfase na
prática clínica; Proporcionar, a estudantes e
profissionais, capacitação e atualização de
conhecimentos na área de saúde mental;
2
AUTOR
Rafael Thomaz
CRP: 05/34169
Psicólogo clínico - Terapeuta Cognitivo-Comportamental
-
3
COMO A TCC PODE FAVORECER
A MELHORA DA AUTOESTIMA?
4
Nestes casos, fica muito claro que uma questão a
ser trabalhada é a autoestima. Vamos entender
aqui autoestima como sendo o valor que
atribuímos a nós mesmos. O cuidado com a
autoestima requer atitudes voltadas ao
autoaconhecimento, autorrespeito /
autocompaixão e autoaceitação.
5
Beck nos ensina a identificar e tentar
reestruturar o modo de pensar
negativista/pessimista que nos leva a um cenário
recheado de insegurança, angústia e
autorrecrinação. Estes pensamentos costumam
ser ativados de forma automática em função de
crenças que podemos ter a respeito de nós
mesmos: crenças de desamor (“não sou amável”,
“serei rejeitado”, “sou um desajustado”...); crenças
de desamparo (“sou frágil/fraco”, “sou vulnerável”,
...); ou crenças de desvalor (“sou um nada”, “sou
um lixo”, “não tenho valor”,...)
6
Estudos em psicologia positiva, orientados por
Martin Seligman, confirmaram que tendemos a
apresentar baixa autoestima quando, ao
vivenciar adversidades, nos responsabilizamos
em excesso pelo que aconteceu, não
reconhecendo diversas outras variáveis, não
controláveis por nós, que influenciaram para o
ocorrido. Além disso, a psicologia positiva
incentiva muito para que, na prática clínica,
além de identificarmos limitações/dificuldades
para tentar melhorar, que reconheçamos valores,
forças, virtudes e competências.
7
Para auxiliar na melhora da autoestima de
nossos clientes não podemos deixar de estudar o
que nos fala a Terapia Focada na Compaixão.
Paul Gilbert propõe diversas práticas
experienciais com o intuito de desenvolver um
estado de autotranquilização, maior conexão
com o momento presente, aceitação, postura
mais empática (consigo mesmo e com os
outros), expressões faciais e tom de voz
compassivo. Neste caminho podemos reduzir a
autorrecriminação e nos tornar mais integrados
ao senso de autoidentidade.
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Para auxiliar na melhora da autoestima de
nossos clientes não podemos deixar de estudar o
que nos fala a Terapia Focada na Compaixão.
Paul Gilbert propõe diversas práticas
experienciais com o intuito de desenvolver um
estado de autotranquilização, maior conexão
com o momento presente, aceitação, postura
mais empática (consigo mesmo e com os
outros), expressões faciais e tom de voz
compassivo. Neste caminho podemos reduzir a
autorrecriminação e nos tornar mais integrados
ao senso de autoidentidade.
9
O padrão excessivo de
cobrança
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Após não atender as expectativas elevadas impostas
vem a sensação de impotência, frustração, com um
misto de sentimentos tristeza, culpa, raiva, muito
em função dos pensamentos “deveria...”, distorcendo
a avaliação acerca do grau de responsabilidade que
o sujeito acha que tem para controlar variáveis e
fazer com que as coisas aconteçam da forma como
gostaria. Pacientes com padrão excessivo de
cobrança se esforçam para cumprir regras rígidas
internalizadas com relação ao próprio desempenho,
dificultando o relaxamento, os cuidados com a
própria saúde, a expressão de sentimentos
agradáveis e os relacionamentos íntimos. Isto pode
acontecer em diversos cenários e papéis: ser um
bom funcionário, ser um bom pai ou uma boa mãe,
ser um bom estudante etc.
11
Além da pressão por resultado e a insatisfação com o
fator tempo, outro conceito que tem sido bastante
abordado recentemente é o fenômeno impostor. Há
pessoas que, mesmo com um histórico de sucesso, têm
convicção de que são uma farsa, que à qualquer
momento irão perceber que não são tão bons quanto os
outros dizem. Albert Ellis e Aaron Beck sempre
enfatizaram que não são apenas as situações por si que
ativam os nossos sentimentos e comportamentos.
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Clientes que se cobram em excesso costumam
apresentar crenças de desvalor, como, por exemplo,
“sou um fracasso”. Sendo assim, há regras, atitudes e
suposições que seguem no dia a dia: “tenho que dar
conta de tudo sempre”; “tenho que fazer tudo perfeito,
senão irão me avaliar mal”; “se eu disser que não
consigo/posso, irão pensar que sou fraco”; “se eu
relaxar/descansar e não conseguir o resultado
esperado, a culpa será toda minha”.
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Nestes casos, além de explicar quais são as crenças
disfuncionais e como se dá ativação das mesmas, é
importante o terapeuta entender também o que
Jeffrey Young nos fala a respeito do esquemas iniciais
desadaptativos.
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3) Já na hipercompensação há uma tentativa de
lutar/romper com o esquema, mas gera também
sentimentos intensos e desagradáveis. Exemplo:
abandonar momentaneamente todas as obrigações
assumidas que o consumiam ou, por um momento,
não se importar com os padrões e entregar de forma
apressada e descuidada.
16
Claramente este personagem apresenta os
esquemas de padrão excessivo de cobrança e
autossacrifício. É possível entender como surgiram,
se ativam e se mantêm, e como se dão os estilos de
enfrentamento do padrão excessivo de cobrança.
Vejam também o excelente documentário “Em
busca de bem estar”. Um argentino, que apresenta
um perfil ansioso e características do esquema do
padrão excessivo de cobrança, recebe e guia o
monge budista Matthieu Ricard em uma viagem
para conhecerem as belas paisagens da Patagônia.
Há interessantes diálogos e práticas, que nos trazem
muito aprendizado sobre aceitação, mindfulness e
desapego.
17
Como conversamos com
nosso cliente sobre o
controle dos impulsos?
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Com o nível de estresse muito elevado, a
hipersensibilidade emotiva e o aumento da
irritabilidade são notados com maior frequência.
Clientes que apresentam maior vulnerabilidade
para ativar comportamentos impulsivos ativam
mais a esquiva emocional. Buscam um prazer
momentâneo para “se sedar” ou evitar
desconfortos. Um retrato disto são dados da
indústria e do comércio que apontam que as
vendas de bebidas alcoólicas nos supermercados
triplicaram durante a pandemia.
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Clientes que sofrem com problemas de controle dos
impulsos podem chegar na fase de pré-contemplação.
Um estágio no qual não se entende que tem um
problema e que é, ao menos em parte, responsável
pelo mesmo. Nesta fase não há intenção de mudança,
nem mesmo uma crítica a respeito
comportamento/problema.
Caso o profissional não consiga abordar de forma
adequada este tema, o cliente pode ativar resistência,
prejudicar a construção do vínculo terapêutico e até
mesmo abandonar o tratamento. Como terapeuta é
preciso ativar de forma precisa os modos
acompanhamento, orientação ou direcionamento nos
momentos e contextos adequados. Neste caminho, é
recomendável que o profissional entenda e consiga
utilizar a entrevista motivacional, que é um estilo de
aconselhamento para abordar a ambivalência em um
processo de mudança.
Profissionais não bem treinados para oferecer um
tratamento mais eficaz, assim como algumas pessoas
próximas ao sujeito, podem recriminar em excesso e
dizer que o problema é mantido por haver “falta de
força de vontade”. Por isso ressalto a importância de
avaliar, favorecer o autoconhecimento, a
automonitoria, a aplicação de estratégias adequadas e
conduzir bem o processo de prevenção de recaídas.
Sabemos que há muitas estratégias comportamentais
com comprovação de eficácia para favorecer a
regulação do controle inibitório, e é interessante
pontuar que Aaron Beck concorda com o pensamento
Kantiano de que saúde mental está diretamente
atrelada ao controle dos impulsos.
20
Bem, a avaliação bem feita é essencial e, na maior
parte dos casos, será necessário um tratamento
interdisciplinar. Uma avaliação psiquiátrica, por
exemplo, pode definir a necessidade ou não de uso de
um medicamento para ajudar a estabilizar o humor ou
para reduzir um estado de excitação excessiva.
Ademais, em alguns casos, uma avaliação
neuropsicológica também pode ser muito necessária.
Após fazer a conceitualização do caso é possível
compartilhar com o cliente detalhes sobre a origem e
como se dá a manutenção do comportamento
impulsivo: quando e como começou; possíveis gatilhos;
como ocorre o condicionamento operante; frequência,
duração e intensidade; possíveis crenças e distorções
cognitivas. A depender da comportamento impulsivo,
há planilhas que podem ser alimentadas com
informações e ajudar no automitoramento e
autoconhecimento. Atualmente há instrumentos,
escalas e questionários, específicos para ajudar a
identificar e avaliar a presença de alterações ou déficits
no controle inibitório.
Em casos mais graves de falha do controle inibitório, a
pessoa pode preencher critérios diagnósticos para um
transtorno do controle dos impulsos (TCI). TCI envolve
uma série de comportamentos relacionados ao desejo
excessivo e ações impulsivas para se tentar satisfazer
de forma imediata, não levando em consideração
possíveis danos que estes comportamentos podem
causar. Ações impulsivas frequentes, inadequadas e
disfuncionais geram prejuízos em diversas áreas da
vida do sujeito.
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Os transtornos relacionados ao uso/abuso de substâncias
são os mais frequentes e mais estudados em saúde
mental. Os transtornos aditivos geram graves danos ao
sujeito e na sociedade de um modo geral. Neste caso
pode haver inclusive uma via de mão dupla, porque o
abuso de álcool e algumas outras drogas podem agravar
a falta de controle dos impulsos com o passar do tempo.
Entretanto, há outros TCI; citando apenas os mais
comuns: transtorno explosivo intermitente, cleptomania,
dependência tecnológica (ou nomofobia), dependência
de games e dependência de sexo.
Com o avanço das tecnologias, hoje é possível entender
melhor como se apresenta o funcionamento cerebral de
pessoas que apresentam menor controle inibitório. Um
interessante estudo comparou pessoas que apresentam
transtorno de personalidade borderline com sujeitos que
preenchem critérios para transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH). Ambos transtornos são
muito caracterizados pela presença de comportamentos
impulsivos. Achados recentes de estudos de
neurociência comportamental e cognitiva sugerem
componentes do controle de impulsos em diferentes
domínios funcionais, como: atenção seletiva, seleção de
resposta, controle motivacional e inibição
comportamental. O córtex pré-frontal com suas sub-
regiões é a estrutura central na execução dessas funções
de controle de impulso. Pacientes com transtorno
borderline apresentam disfunções pré-frontais em
relação a componentes de controle de impulso nas
regiões dorsomedial e dorsolateral. Entretanto, pessoas
com TDAH apresentam atividade alterada
principalmente nas regiões pré-frontal ventrolaterais e
mediais.
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Vamos considerar, por exemplo, que estamos
atendendo um cliente que apresenta muita
dificuldade para controlar a expressão da raiva. Se este
sujeito, com frequência - diante de adversidades,
pessoas e contextos diversos - apresenta uma reação
emocional e comportamental “explosiva”, isso
possivelmente indica um quadro de transtorno
explosivo. Entretanto, se este sujeito tem reações
explosivas com a esposa e com o filho, pratica abuso
emocional e físico, mas diante de outras figuras de
autoridade ou com mais força física (cenários nos quais
claramente pode vir a ser punido) demonstra controle
da expressão da raiva, é preciso investigar as crenças e
valores do mesmo. Fiquemos atentos a alguns clientes
podem selecionar momentos para se permitir o menor
controle dos impulsos.
23
Falando ainda sobre o TDAH, ao tratar um cliente
com este diagnóstico, sugiro que conheçam o modelo
de auto-regulação comportamental. Neste modelo o
Dr. Russell Barkley propõe que o controle inibitório
seja a base do funcionamento adequado do resto das
funções executivas. O controle inibitório é necessário
para alteração, controle da impulsividade (ou das
interferências), memória operacional, regulação
emocional etc. Uma inibição baixa é um dos maiores
problemas no TDAH.
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É muito óbvio que quando pessoas fazem o que
querem, quando querem, sempre que querem, a
qualquer custo, o custo costuma ser muito alto.
Pessoas, quando impulsivas, são menos empáticas.
Costumam conjugar mais frequentemente os verbos
na primeira pessoa do singular. Entenda que haverá
momentos nos quais será ótimo se entregar e viver de
forma intensa a realização de um desejo, e isso não
será disfuncional. Entretanto, haverá outros contextos
nos quais será necessário conter o impulso gerado
pelo desejo ativado, porque a ação que busca o prazer
momentâneo impedirá ganhos em médio/longo
prazo e irá causar danos a si ou aos outros envolvidos.
25
TÁ RINDO DE QUÊ? QUAL É A
IMPORTÂNCIA DO BOM HUMOR
PARA A SAÚDE MENTAL?
26
É difícil para a neurociência realizar uma pesquisa que
tenha como objetivo entender a sensação de prazer e
felicidade em função natureza dessa experiência subjetiva
e da relação dos componentes hedônicos (prazer ou afeto
positivo propriamente) com os componentes
eudaimônicos (avaliações cognitivas do significado da
experiência e da satisfação). Ainda não há progressos
substanciais na compreensão da neuroanatomia
funcional da felicidade. Há regiões do cérebro que são
importantes nas “redes hedônicas” do cérebro e estudos
recentes especulam sobre a interação potencial destas
com as “redes eudaimônicas”.
Outro ponto interessante é que nós, seres humanos,
quando comparados aos outros animais, temos uma
quantidade muito superior de células neurônio espelho.
Desta maneira, ao interagir com uma pessoa que está
visivelmente feliz, tendemos a nos comportar
mentalmente como ela e, claro, sentir ao menos em parte
a sensação de bem-estar do outro. Não seria exagero
então dizer que a alegria é contagiante. De acordo com
Ryan Niemic, pessoas que apresentam a característica do
bom humor, apresentam correlação positiva com:
inteligência social, entusiasmo, bondade, esperança e
capacidade de expressar amor.
Mas será que o senso de humor é sempre algo bom? Certa
vez, assistindo uma mesa redonda que debatia “Qual é o
limite de humor?”, o experiente ator/redator Felipe
Absalão, que faz parte do grupo Comédia em Pé, disse: "O
limite do humor está em rir COM o outro e não DO outro."
E seguiu seu raciocínio dizendo: "Até mesmo o bobo da
corte, que fazia piadas sobre o rei, era escolhido pelo
mesmo".
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Vejam, esta é uma importante reflexão. Pessoas pouca
empáticas podem não se sensibilizar com o sofrimento do
outro. Sendo assim, podem expô-lo, fazendo
piadas/brincadeiras inadequadas, que serão gatilhos para
o sujeito ativar sentimentos extremamente
desconfortáveis. A sensação de tristeza, raiva e
inadequação surge em função da ativação de
pensamentos automáticos de menos valia.
As piadas/brincadeiras inadequadas direcionadas a um
sujeito, se forem intensas, frequentes, persistentes, podem
se tornar uma grave violência emocional (bullying). A
pessoa que pratica o bullying está tentando criar uma
autoimagem positiva diante de um grupo. Pode estar se
utilizando da estratégia de: ao mesmo tempo que aponta
um “defeito”, ato vexatório ou característica marcante do
outro, evita que os outros olhem para si e identifiquem
seus próprios “defeitos”.
Bertrand Russel, no ensaio “Elogio ao ócio”, disse que uma
virtude só pode ser considerada uma virtude se vier
acompanhada de uma outra virtude, que é a bondade.
Por essa perspectiva, o bom humor precisa ser um
bondoso humor.
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Transtorno Bipolar X Transtorno
de Personalidade Borderline:
você sabe diferenciar?
30
As variações de humor dos clientes com transtorno bipolar
são mais sujeitas a acontecer diante de fatores estressores
mais fáceis de identificação, mas também podem
acontecer sem estes estarem presentes. Além disso, é mais
comum haver fases melhor demarcadas e variações de
humor que se sustentam por mais tempo.
31
Em clientes com transtorno bipolar, ideações paranóides
são mais comuns de aparecer quando os mesmos estão
em episódios de mania, hipomania ou misto. No
transtorno bipolar do tipo I os clientes podem apresentar
sintomas psicóticos na fase de mania, a tal ponto de
precisarem até mesmo de internação psiquiátrica. Em
depressão ou eutimia esses sintomas não costumam
aparecer.
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Quando clientes com transtorno borderline apresentam
uma compulsão, esta não parece ter uma fase
demarcada pra se manifestar. Um outro exemplo da
dificuldade para controlar os impulsos em clientes com
transtorno borderline é a presença de comportamento
de automutilação. O ato de se cortar não é tão frequente
quando o sujeito preenche somente o diagnóstico de
bipolaridade.
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Já pacientes com transtorno borderline, suas
relações, alternam papéis de vítima e agressor.
Costumam expressar a raiva de forma mais
intensa, frequente e inadequada, especialmente
quando entendem que estão sendo rejeitados ou
negligenciados. A hipersensibilidade ao
abandono é muito comum nestes sujeitos. Eles
apresentam com maior frequência experiências
na primeira infância de desconexão, rejeição e/ou
abuso (físico, emocional e/ou sexual).
34
Vivemos uma epidemia
de narcisismo?
35
Antes, uma curiosidade:
Narciso, na mitologia grega, filho do deus do rio
Cefiso e da ninfa Liríope, era muito belo,
orgulhoso e arrogante. Apesar de ser muito
bajulado, despertando amor em homens e
mulheres, vivia a sensação de vazio e solidão
porque ninguém era bom o suficiente para estar
consigo. A ninfa eco atraiu Narciso para o leito do
rio. Narciso se encantou com a própria imagem
no espelho d’água e definhou, paralisado,
admirando a si mesmo.
36
Antes, uma curiosidade:
Na minha opinião há um certo exagero na expressão
“epidemia de narcisismo”, dado que, de acordo com o
DSM-5, há outros critérios que precisam ser levados em
consideração para que uma pessoa seja considerada
narscisista. O transtorno de personalidade narcisista tem
como características mais frequentes a falta de empatia, o
senso de superioridade, busca por “grandeza”, atrelada à
uma preocupação excessiva por admiração.
37
e modos disfuncionais podem ser identificados com
frequência nos sujeitos que apresentam trantorno de
personalidade narcisista. Há dados relevantes da
infância que são mais comuns em pessoas com traços
narcisistas, quando comparados com a população em
geral: experiências de desconexão/rejeição, limites
prejudicados, problemas na orientação sobre como se
relacionar com os outros e possíveis cobranças,
estímulo à competição de forma excessiva.
38
Sobre os instrumentos subjetivos que avaliam crenças,
esquemas, modos, é relevante informar que algumas
respostas aos questionários podem se apresentar de
forma não compatível com o que estamos observando
durante os atendimentos, em especial quando o
terapeuta já entende como se dão as relações do sujeito
narcisista com os outros no mundo. Isso acontece porque
muitos sujeitos com transtorno de personalidade podem
apresentar um autoconceito distorcido. Por exemplo,
certa vez atendi um paciente com transtorno de
personalidade narcisista que dizia amar muito o próprio
filho enquanto o mesmo era um bebê. Entretanto, este o
via como um projeto seu, uma espécie de extensão de si
mesmo. No momento em que o filho desenvolveu a
própria individualidade, começou a fazer escolhas
próprias, havendo dissonância nas opiniões, começou a
haver expressão constante e intensa de raiva e frustração
por parte do pai.
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A gravidade do comprometimento da personalidade e o
transtorno que causam na vida das pessoas com quem
convivem depende do grau em que atitudes
compensatórias de superioridade tornam-se
superdesenvolvidas: “sou uma pessoa rara e especial”; sou
superior aos outros”; “os outros precisam saber como sou
especial para que eu possa inspirá-los”; “mereço regras
especiais, diferentes das que os outros seguem, aplicáveis
somente a mim”.
40
Ainda sobre a relação terapêutica, é importante alertar
que a imensa maioria das pessoas com características de
narcisismo procuram inicialmente a psicoterapia por
queixas secundárias, chegam na fase da pré-contemplação.
“Bater de frente é perda total”. Encontrar um momento
apropriado para dar um diagnóstico ou debater de forma
mais consistente crenças é uma tarefa difícil e pode ativar
resistência. Fazer uma avaliação detalhada e uma boa
conceitualização do caso, com mais ingredientes de
acompanhamento empático e orientações, aumenta a
probabilidade de se criar e manter um bom vínculo
terapêutico.
41
Nos filmes e nos seriados os roteiristas entenderam que os
personagens com características de transtorno de
personalidade anti social e transtorno de personalidade
narcisista atraem olhares. Impressiona a quantidade de
opções que exploraram esta temática. Cuidado, porque há
muitas obras que exploram mal o tema. Em “cinquenta
tons de cinza”, por exemplo, há uma romantização do que
seria na vida real uma relação de grave abuso emocional e
físico. O detalhe é que Mr. Grey não pensa que é o melhor
ou tenta se vender como sendo o máximo; na ficção ele
tem diversos atributos que são apresentados com a
intenção de se mostrar superiores quando comparado
com a imensa maioria da população em geral: bonito,
inteligente, bem sucedido profissionalmente e
financeiramente, educado, excelente performance na
cama... ...
Então, por fim, darei algumas dicas de obras que
apresentam personagens bem elaborados com
características de narcisismo.
As primeiras temporadas de “House of cards” nos
apresenta uma relação esquemática de um casal com
características de transtornos de personalidade antissocial
e narcisista.
“House” traz um personagem com enorme capacidade de
inteligência lógica, mas muito egocêntrico. O Dr. House
apresenta grande dificuldade para se conectar de forma
empática e baixo senso de autocrítica.
O seriado “The boys” explora, de forma caricata, as
características do narcisismo em personagens com
superpoderes, que foram criados em uma condição de
apego inseguro evitativo. A falta de empatia, a arrogância,
a desconfiança, a falta de controle dos impulsos e a baixa
tolerância à frustração “gritam” nos personagens super.
42
Nos filmes e nos seriados os roteiristas entenderam que os
personagens com características de transtorno de
personalidade anti social e transtorno de personalidade
narcisista atraem olhares. Impressiona a quantidade de
opções que exploraram esta temática. Cuidado, porque há
muitas obras que exploram mal o tema. Em “cinquenta
tons de cinza”, por exemplo, há uma romantização do que
seria na vida real uma relação de grave abuso emocional e
físico. O detalhe é que Mr. Grey não pensa que é o melhor
ou tenta se vender como sendo o máximo; na ficção ele
tem diversos atributos que são apresentados com a
intenção de se mostrar superiores quando comparado
com a imensa maioria da população em geral: bonito,
inteligente, bem sucedido profissionalmente e
financeiramente, educado, excelente performance na
cama... ...
Então, por fim, darei algumas dicas de obras que
apresentam personagens bem elaborados com
características de narcisismo.
As primeiras temporadas de “House of cards” nos
apresenta uma relação esquemática de um casal com
características de transtornos de personalidade antissocial
e narcisista.
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“House” traz um personagem com enorme capacidade de
inteligência lógica, mas muito egocêntrico. O Dr. House
apresenta grande dificuldade para se conectar de forma
empática e baixo senso de autocrítica.
44
A série “Undoing” conta a história de uma mulher,
interpretada por Nicole Kidman, que convive com um
marido médico que está sendo acusado de um grave
crime. Chama a atenção o esforço e o rompimento
com os limites éticos nas relações para manter “as
aparências e o alto padrão”.
45
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REFERÊNCIAS
Texto: Como a TCC pode favorecer a
melhora da autoestima?
Referências:
47
REFERÊNCIAS
Texto: Como conversamos com nosso cliente
sobre o controle dos impulsos?
Referências:
48
REFERÊNCIAS
Texto: Padrão excessivo de cobranças
49
REFERÊNCIAS
Texto: Vivemos uma epidemia de
narcisismo?
50
REFERÊNCIAS
Texto: Transtorno Bipolar X Transtorno
de Personalidade Borderline:
Você sabe diferenciar?
52
REFERÊNCIAS
Texto: Tá rindo de quê? Qual é a
importância do bom humor para a
saúde mental?
Referências:
51