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Centro Universitário UNINTA

Estágio Profissional Humanismo I


Prof Juscis Morais

TRABALHO COM CONSULENTES DEPRIMIDOS

1-Aumentar o autoapoio e o apoio relacional


2- Questionar as crenças limitadoras
3- Identificar a importência e as situações inacabadas
4- Trabalhar com perdas prematuras
5- Trabalhar com a dinâmica relacional

Aumentar o autoapoio e o apoio relacional

Sua empatia e interesse serão vitais no trabalho com esse cliente,


cujos amigos podem ter ameaçado evitar sua presença. Nisto você
pode sugerir:
• Fazer exercício;
• Encorajar contato com os outros;
• Realizar pequenas atividades e completá-las;
• Ser honesto sobre aquilo que está passando e confiar nos amigos
mais próximos.

Questionar as crenças limitadoras

O cliente deprimido geralmente tem introjetos negativos, crenças


básicas e pensamentos repetitivos poderosos, tais como: “tudo
está errado comigo”, “estou perdido”, “nunca conseguirei”, “tudo
é culpa minha”. Geralmente essas crenças são realistas, mas
acabam se tornando generalizadas e catastróficas.
• Usando o método fenomenológico, identifique junto ao cliente e
aumente a awareness de seus pensamentos e sentimentos
associados daqui e agora; observe palavras, metáforas,
autodescrições. Clarifique as generalizações.
• Houve algum momento que você enfrentou algo semelhante e
conseguiu administrá-lo bem? Qual a diferença entre aquele
momento e agora?
• Convide seu cliente a ter curiosidade frente aos próprios
processos, deslocar-se em direção deles, em vez de afastar-se
deles. Eles são familiares? São sobre o passado, futuro ou
presente? Se eles fossem nuvens, seriam pequenas e escuras?
Grandes ou claras? Elas são rápidas ou lentas?
• Identifique as crenças mais positivas e esperançosas do cliente. Ex:
“Jjá venci problemas semelhantes no passado”
• Peça para que o cliente exercite a gratidão
• Identifique as crenças que ele tem em relação sobre sua atitude
com relação a si próprio e comece a fazer a conexão sobre suas
expectativas ou projeções.

Identificar a impotência e situações inacabadas

A depressão é uma experiência somática e “ruminação” negativa,


uma tentativa de explicar um sentimento. A pessoa depressiva
sente perda de controle da vida, que muitas vezes surge quando
vamos agir ou satisfazer nossas necessidades, o que deixa a pessoa
impotente e a impotência se torna uma Gestalt Fixa.
A pessoa depressiva apresenta “esquemas emocionais
despressogênicos” que envolvem autoavaliações negativas e
expectativas negativas com relação ao mundo e a pessoa no
mundo. Neste caso o objetivo da psicoterapia é favorecer a
awareness das lembranças emocionais não resolvidas e traumas
emocionais para que o consulente acesse às emocionais
primordiais que trazem os esforços adaptativos à tona.

Trabalhar perdas prematuras

Depressões mais fortes são acompanhadas não por juízos e


críticas, mas por ódio e desprezo por si mesmo. Esse tipo de
depressão também envolve a perda prematura. A tarefa da
terapia é ajudar o cliente a expressar a raiva e a tristeza da perda.

Aumentar o nível de energia

A energia da pessoa deprimida geralmente é baixa e sua energia


corporal está retrofletida e desmoronou. Assim, é interessante
trabalhar para estimular a respiração e a sensação corporal. Isso
trará a awareness.
Convide o cliente a perceber sua sensação corporal e das mínimas
possibilidades de movimento.

A experiência de ansiedade

O cliente ansioso pode sentir tensão corporal, palpitação, enjoos,


aumento nos batimentos cardíacos e agitação na ausência de
qualquer ameaça do aqui e agora.

Trabalhando a ansiedade

• Administração dos sintomas


• Administração da evitação
• Identificação de crenças ansiosas
• Atenção ao processo corporal
• Trabalho com a dinâmica relacional

Administrando os sintomas

Fortalece o autopoio é importante. Assim a respiração pode ser


trabalhada para que o cliente lide com a ansiedade e pânico.
Aprender a controlar a respiração pode evitar a escalada da
ansiedade. O cliente pode praticar na sessão e depois usar isso no
cotidiano
Ex: conte lentamente até quatro, inspirando pelo nariz e
permitindo que seu abdômen se expanda como se estivesse
puxando o ar para baixo e para dentro dele. Mantenha o ar
mentalmente contando até três, depois lentamente expire
contando até sete, imaginando que você está apagando uma vela.
Repita várias vezes e verifique a mudança na ansiedade.

Administrando a evitação

A evitação pode aliviar a ansiedade, mas é disfuncional. A


evitação acaba sendo uma maneira habitual de reagir aos
sintomas de ansiedade. Um processo de educação pode ser
necessário para que o cliente possa compreender como a evitação
contribui para experiência de ansiedade e juntos possam
encontrar um caminho para compreender e enfrentar o que é
temido.

Identificação das crenças ansiosas

Crenças ansiosas se perpetuam no ciclo da ansiedade. É


importante ajudar o cliente a identificar os pensamentos
repetitivos e catastróficos
Assim é importante perguntar ao cliente: como ele veio até essas
crenças? Quais eventos do passando contribuem para essas
crenças. O fato de estar consciente da crença faz uma diferença
significativa na qualidade de vida do consulente.
É importante ainda compreender a mensagem que a ansiedade
está carregando. Às vezes há presença de um introjeto (introjeto
do pai e da mãe relacionado a necessidade de “ser perfeito”,
“nunca fracassar”. Quando o introjeto emergir peça para o cliente
ficar consciente daquilo que está dizendo a si. Questionar: Que
pensamentos ou fantasias ele tem? Qual a pior coisa poderia
acontecer? Pode aplicar a cadeira vazia e pedir para ele se
visualizar na cadeira e que tenha uma autoconversa positiva.
Outro exercício é pedir para que o cliente anote pensamentos e
introjetos que acompanham a experiencia ansiosa. Assim, peça
para que o cliente mantenha um diário da ansiedade.

Atenção ao processo corporal

Neste caso o terapeuta gestáltico aumentará awareness de todas


as facetas da experiência do cliente: pensamentos, emoções,
imagens, sensações e postura corporal. Quando a pessoa ansiosa
tende a ficar perdida em seus sintomas e na perseverança em
relação àquilo que possa acontecer é particularmente útil chamar
a atenção do corpo. Pode se utilizar a expressão corporal e utilizar
experimentos para desenvolver o movimento. Frequentemente o
cliente ficará agitado e nisto é importante que o cliente fique
consciente do seu movimento.
Recorde-se de como sua família expressava ou evitava a animação
e energia na sua infância. Agora lembre-se de uma situação que
você vivenciou que lhe deu ansiedade. Observe sua reação
corporal, sua respiração, seus pensamentos e quaisquer
mensagens que você está mandando para si mesmo

Enfrentando questões existenciais e eventos vitais

Trabalhar as condições humanas que podem emergir ao longo


das sessões. Explorar os eventos recentes que antecederam a
depressão e a ansiedade.
Caso clínico
Terapeuta: Olá, como você está se sentindo hoje?
Cliente: Olá, estou me sentindo realmente muito mal. Não
consigo sair desse buraco negro. Lidar com a depressão é
muito difícil
Terapeuta: Compreendo. A depressão pode ser uma
experiência extremamente difícil. Gostaria de compartilhar
um pouco mais sobre o que tem sentido ultimamente?
Cliente: Sinto-me constantemente triste e vazia. Nada
parece trazer alegria à minha vida. Sinto-me desconectada
de tudo.
Terapeuta: É importante que você compartilhe esses
sentimentos.. Você mencionou se sentir desconectada.
Pode falar mais sobre essa sensação de desconexão?
Cliente: Sinto como se estivesse vivendo no automático.
Eu não me sinto presente, apenas passando pelos dias.
Sinto-me desconectada das pessoas ao meu redor, como se
estivesse em uma bolha.
Terapeuta: Entendo. Essa sensação de viver no automático
e de estar em uma bolha pode ser parte do que estamos
vivenciando na depressão. Vamos explorar isso um pouco
mais. Quando você se sente dessa forma, você percebe
algum padrão de pensamentos ou situações que
desencadeiam esses sentimentos?
Cliente: Muitas vezes, quando tento me conectar com
alguém, sinto que não sou ouvida ou compreendida. Isso
me faz recuar ainda mais.
Terapeuta: É valioso perceber isso. A percepção de não ser
ouvido ou compreendido pode agravar a sensação de
desconexão. Na Gestalt terapia, trabalhamos para trazer à
consciência esses padrões e explorar como você pode
encontrar maneiras mais saudáveis de se relacionar
consigo mesma e com os outros. Como você se sente em
relação a essa ideia?
Cliente: Eu quero mudar isso, quero me sentir mais
conectada com as pessoas e comigo mesma novamente.
Terapeuta: Isso é um passo importante. Vamos continuar
explorando juntos esses sentimentos de desconexão e
como podemos criar um espaço para você se reconectar
consigo mesma e com os outros. Lembre-se de que o
processo terapêutico pode levar tempo, mas estamos aqui
para apoiá-la durante todo o caminho.
Neste diálogo, o terapeuta da Gestalt está trabalhando para
ajudar o cliente a explorar seus sentimentos de desconexão
e a perceber os padrões que podem estar contribuindo para
sua depressão. A terapia Gestalt enfoca a consciência do
momento presente e o entendimento dos padrões de
comportamento e pensamento para promover o
crescimento pessoal e a autorrealização.
SITUAÇÃO CLÍNICA

Terapeuta (T): Olá, sou Joana ], como você gostaria de ser


chamado?

Cliente (C): Pode me chamar de Ana.

T: Claro, Ana. É um prazer conhecê-la. Como posso ajudá-la hoje?

C: Estou apenas me sentindo muito triste ultimamente. Não tenho


energia para fazer nada e tudo parece cinza. Me sinto incapaz de
sair dessa situação.

T: Entendo, Ana. A tristeza que você está sentindo é uma emoção


poderosa. Vamos explorar isso juntos. No momento, como você
descreveria essa sensação de tristeza? Onde você a sente em seu
corpo?

C: Sinto um peso no peito e uma sensação de vazio.

T: Vamos continuar explorando essa sensação. Como você


costuma lidar com essa tristeza? Existe algo que você faz para
tentar aliviar essa emoção?

C: Eu geralmente me isolo. Fico sozinha e assisto à TV para distrair


minha mente.

T: Entendo. A solidão e a distração podem ser maneiras comuns de


lidar com a tristeza. Vamos explorar como essas estratégias afetam
você. Quando você se isola, como se sente consigo mesma?

C: Eu me sinto ainda pior, como se não valesse nada.

T: É importante reconhecer essa reação. Você já se perguntou de


onde vem esse sentimento de não valer nada?
C: Acho que vem de experiências passadas em que me senti
rejeitada e inadequada. Muitas vezes penso que não sou bom o
suficiente, que não mereço ser feliz.
T: Esses pensamentos negativos podem ser muito intensos. É
importante reconhecê-los. Você já se perguntou de onde esses
pensamentos podem ter originado?

T: Essas experiências passadas parecem estar impactando seu


presente . Vamos explorar essas memórias mais profundamente em
sessões futuras. Por enquanto, como você se sentiria se pudesse
expressar essa tristeza de uma forma segura aqui, neste espaço?

C: Eu não tenho certeza, talvez me sentiria um pouco aliviada.

T: Vamos tentar algo juntas então. Feche os olhos e respire


profundamente. Imagine essa tristeza como uma imagem ou uma
cor. Agora, tente expressar essa tristeza de alguma forma, seja
através de palavras, sons ou movimentos.

[Ana tenta expressar sua tristeza de uma maneira que lhe pareça
confortável.]

T: Muito bem, Ana. Isso foi corajoso. Como você se sente agora?

C: Um pouco mais leve, na verdade. É estranho.

T: Não é estranho, é uma parte importante do processo de terapia.


Às vezes, ao dar voz às nossas emoções, podemos começar a
entender melhor nossos sentimentos. Vamos continuar explorando
isso nas próximas sessões. Lembre-se de que estou aqui para
apoiá-la em sua jornada.

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