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FUNDAMENTOS DA

GESTALT-TERAPIA
TÉCNICAS E TAREFAS DO TERAPEUTA
FRIEDERICH PERLS
• Psicanalista alemão;
desenvolveu a Gestaltterapia na
década de 50 contrapondo-se à
definição psicanalítica quanto
aos determinismos do
inconsciente.

• Acreditava que as pessoas criam


e constituem seus mundos.

• Perls descreveu a Gestalt-terapia


como uma terapia existencial,
baseada na filosofia existencial e
utilizando-se de princípios
considerados existencialistas e
fenomenológicos.
CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
A saúde e a maturidade • A psicoterapia
revelam a capacidade do representa um esforço
indivíduo emergir do apoio e
da regulação ambiental para
na direção desta
um auto apoio e auto emergência.
regulação.
• Para alcançar este
A imaturidade e a neurose
equilíbrio é necessário
implicam uma percepção
imprópria do que constitui que o processo de
este ritmo ou uma conscientização esteja
incapacidade de regular seu desobstruído.
equilíbrio.
NÚCLEO TEÓRICO DA
GESTALTTERAPIA
• O principal objetivo da intervenção
psicoterapêutica é ampliar o processo de
conscientização. Há um conexão constante entre
o sentimento e o pensamento, ocorrendo uma
interação entre o organismo e o ambiente; este
processo também faz parte da conscientização.
• O principal foco de intervenção é a percepção
atual de uma situação corrente, cotidiana (ocorre
a presentificação do conflito).
O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO – O
MANEJO DA ANSIEDADE
• Os neuróticos são incapazes de viver no presente, pois
carregam cronicamente consigo situações inacabadas
(gestalten incompletas) do passado.
• À medida que estas situações inacabadas aparecem, pede-
se ao paciente que as represente e as experimente de novo,
a fim de completá-las e assimilá-las no presente.
• A ansiedade é uma lacuna, a "tensão entre o agora e o
depois".
• A inabilidade das pessoas para tolerar essa tensão, as leva a
preencher a lacuna com planejamentos, ensaios e tentativas
de tornar o futuro seguro.
• Esta condição impede a abertura para o futuro, bloqueando
o crescimento e a espontaneidade.
ALGUNS ASPECTOS QUE DEVEM SER
APONTADOS PELO TERAPEUTA.
• Direcionar a atenção do cliente para aspectos
concretos e presentes no seu comportamento
atualmente.
• Evitar “interpretar” o que é manifestado pelo
cliente; estimular o seu depoimento e auxiliá-lo a
aprofundar a sua própria compreensão acerca do
que lhe ocorre.
• Através dos procedimentos citados anteriormente,
estimula-se o cliente a assumir a sua
responsabilidade diante do seu comportamento.
O SIGNIFICADO DA INTERAÇÃO ENTRE
O TERAPEUTA E O CLIENTE
• O recurso da conscientização estimula e amplia o
senso de responsabilidade do cliente em relação
ao seu próprio comportamento;ele aprende a
fazer algo por si mesmo, a tomar decisões e
escolher o rumo da sua vida.
• Destacam-se questões utilizando-se “o quê”,
“como”, evitando-se o “por que”. Enfatiza-se o
processo e não apenas a compreensão racional
do que está ocorrendo.
CONDIÇÕES QUE IMPEDEM O
PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO

▪ Projeção : atribuímos aos outros


características que não aceitamos em nós
mesmos; a seletividade perceptiva nos
induz a notar apenas o que é condizente
com as nossas expectativas. Caso
tenhamos dificuldade para assimilar
algumas características “negativas ou
desconhecidas”, podemos acentuá-las nos
demais, impossibilitando o reconhecimento
desses aspectos em nós mesmos.
CONDIÇÕES QUE IMPEDEM O
PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO
(CONT.)
▪ Retroflexão : bloqueamos a livre expressão
de uma tensão instintiva, reforçando uma
tensão sensório-motora adicional e
contrária. Bloqueia-se a ação e impede-se
a conscientização; são comuns estados de
contração muscular, dores e desconforto.
Através deste recurso, o impulso e a
resistência estão alienados do eu e da
consciência.
CONDIÇÕES QUE IMPEDEM O
PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO
(CONT.)
▪ Dessensitivação : ocorre um bloqueio na
captação sensorial, o que acarreta
dificuldades para se identificar a
experiência organísmica que algumas
situações promovem. O acesso a estes
estados requer o relato verbal do cliente e
somente através deste recurso é que o
terapeuta pode identificar a ocorrência
deste fenômeno.
CONDIÇÕES QUE IMPEDEM O
PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO
(CONT.)
▪ Introjeções : assimilamos comportamentos e
adotamos valores, sem que ocorra uma real
integração dos mesmos com o nosso eu.
▪ Induzem a pessoa a reproduzir certas
atitudes, utilizando determinada entonação
de voz ou proferindo certas frases de modo
automatizado. Este aspecto esclarece as
razões de se transmitirem certas patologias
de uma geração para a outra.
EFEITOS DANOSOS DA AUSÊNCIA DE
CONSCIENTIZAÇÃO
• Ocorre uma precária integração dos aspectos
que constituem o eu, impossibilitando que a
vida flua naturalmente.
• A ausência de conscientização produz os
“negócios inacabados” , que dificultam a
conclusão de ciclos do processo vital;
aumenta-se a tensão sem a perspectiva de
alívio; acumula-se o afeto sem a possibilidade
de expressão. O indivíduo fica “suspenso” no
inexpressado, sem conseguir ter conhecimento
claro do que o aflige.
O QUE SE PODE ESPERAR DO PROCESSO
PSICOTERAPÊUTICO ?
• Amplia-se a auto-confiança através da maior
conscientização acerca das reais motivações
do comportamento, aceitando-se melhor a
responsabilidade por se adotar esse ou aquele
comportamento.
• Iniciar a psicoterapia irá expor a pessoa aos
seus “negócios inacabados” armazenados que
estiverem, de alguma maneira, relacionados
ao momento presente e que estejam
exercendo pressão sobre o seu
comportamento.
CRITÉRIOS PARA A CONCLUSÃO DA
PSICOTERAPIA
• O cliente, tanto quanto possível, realizará a sua
própria psicoterapia, sendo o psicoterapeuta
um observador do processo.
• O cliente fará as coisas por si próprio; tal ação
fortalecerá a sua aprendizagem,
concretizando-se a sua autonomia;
revigorando-se as funções do ego envolvidas
nesse processo.
• É importante salientar que a psicoterapia se
destina a alguém descontente com o seu
modo de ser e disposto a modificar-se.
AS TAREFAS DO PSICOTERAPEUTA

• As pessoas buscam uma psicoterapia porque estão


insatisfeitas com seu próprio comportamento ou
com o comportamento dos demais. Podem relatar
estados de sofrimento mental ou reconhecerem
ações concretas que não são condizentes com os
seus desejos e necessidades.
• Vejamos de que forma o psicoterapeuta poderá
identificar estas dificuldades no campo
experiencial do cliente, oferecendo a sua
intervenção como um recurso para melhorar a
integração psíquica desta pessoa.
TAREFAS DO PSICOTERAPEUTA

• Padronização
• Controle
• Potência
• Humanidade
• Comprometimento
PADRONIZAÇÃO

• Diante da queixa do cliente, o terapeuta


define alguns padrões para compreender o
contexto em que as dificuldades desta pessoa
ocorrem.
• Ao definir esses padrões, ele dispõe de um
referencial teórico (aspecto cognitivo da
intervenção psicoterapêutica), apoiando-se
também nas suas experiências anteriores e na
mobilização interpessoal que o atual contato
com o cliente promove na pessoa do
terapeuta.
CONTROLE

• Esta tarefa requer que o terapeuta seja capaz


de induzir o cliente a modificar alguns aspectos
da sua vida, seguindo as suas sugestões. Caso
isto não ocorra, será muito difícil modificar o
contexto de vida inadequado que trouxe a
pessoa para a psicoterapia.
• A sintomatologia do cliente revela tentativas
(ineficazes) de controlar o ambiente ou outras
pessoas.
• O terapeuta precisa se opor a estas estratégias
de controle dos padrões sintomáticos do
cliente.
O MANEJO DO CONTROLE POR PARTE
DO TERAPEUTA
• O terapeuta solicita que o cliente verbalize claramente o que
deseja; pergunta se ele deseja tentar uma nova forma de
agir. Caso aceite, esta decisão implicará em uma maior
responsabilidade sobre o seu comportamento. Caso recuse,
esta decisão será aceita se o cliente formular uma boa
justificativa.

• Diante da persistência de um bloqueio, o terapeuta deve


solicitar ao cliente que verbalize : “eu sou responsável por
isso”!!

• Diante da resistência, o terapeuta pode induzir o cliente a


verbalizar : “a vida é minha e a vivo como quiser; você não
tem nada com isso”!!!
POTÊNCIA

• Qual é o poder que o trabalho


psicoterapêutico possui em relação à remoção
das dificuldades emocionais do cliente ?
• O valor da autenticidade do terapeuta versus
a técnica que utiliza para intervir.
• A questão da remoção e/ou substituição dos
sintomas : qual é o efeito de mudanças
rápidas; qual é a garantia de fortalecimento e
persistência de comportamentos mais
adaptativos.
HUMANIDADE

• Este aspecto se revela através da preocupação e


solicitude do terapeuta; sua disponibilidade e
interesse para compartilhar as experiências do
cliente; no acolhimento e valorização das suas
tentativas de mudança.
• Geralmente os clientes veem o terapeuta como o
detentor dos segredos da vida e testam-nos em
relação a isso.
AVALIANDO-SE A TRAJETÓRIA
PSICOTERAPÊUTICA

• Ao iniciar a psicoterapia, o cliente provavelmente


reencenará crises vivenciais de crescimento que
estão afetando a sua integração atualmente.
• A tarefa do terapeuta é auxiliar no resgate do
potencial de desenvolvimento do cliente;
ocorrerão situações em que o altruísmo do
terapeuta será a melhor ferramenta da
intervenção.
COMPROMETIMENTO

• O terapeuta compromete-se com a sua


profissão, com o seu aperfeiçoamento
constante e com a interação com os seus
clientes. Contribui também para o
aprimoramento do conhecimento científico,
através de estudos e experiências de
intervenção.
• Identificar os progressos na maneira como o
cliente lida com as suas dificuldades é
gratificante; a interação humana terapeuta-
cliente também promove um crescimento na
pessoa do terapeuta.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

• Fagan, J.; Shepherd, I.L. – Gestalt-terapia. Teoria,


Técnicas e Aplicações. 3ª. Edição. RJ. Zahar
Editores. 1979. Parte II. Caps. 7 e 8.

• Documentário : Perls entrevista Glória


https://www.youtube.com/watch?v=DRcszf0n6ig&t=
102s

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