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PONTIFICIA UNIVERISADE CATOLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE CIÊNCIAS DA VIDA


CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA DE CONCEPÇÕES TEÓRICAS DAS ABORDAGENS
PSICOLOGICAS

JÚLIA GABRIELA RISTOW


REBECA RINALDI FAVATO

TDE 01

CURITIBA
2020
1. Título: Terapia cognitiva focada em esquemas
2. Descrição:
A teoria dos esquemas foi criada pelo Jeffrey Young direcionado para a
terapia e tratamento de pessoas com os diversos tipos de transtorno de
personalidade conhecido. Esse modelo de terapia é desenvolvida e possui
base na psicoterapia cognitiva.
Esse tipo de técnica empregada na terapia tem como objetivo transformar a
visão do paciente diante de diversas situações consideradas problemas, assim
como também a interpretar e a reagir a essas situações problemas que o autor
chama de esquemas. É um auxílio na terapia para que seja trabalhado
fenômenos de cunho mais profundo. Apesar disso, segundo o autor, Young
(2016), essa técnica ainda não foi testada empiricamente, caracterizada como
um construto hipotético.
Beck e colaboradores (1979 apud YOUNG, 2016), afirma que:
Um esquema é uma estrutura que filtra, codifica e avalia os
estímulos aos quais o organismo é submetido... Com base na matriz de
esquemas, o individuo consegue orientar-se em relação ao tempo e
espaço e categorizar e interpretar experiências de maneira significativa
(p. 15).
Os esquemas são então estruturas capazes de organizar, orientar a
percepção e até influenciar a avalição de reações e experiências passadas
vividas por um sujeito.
A teoria dos esquemas possui vários elementos para serem aplicados
em terapia como intervenção. Esses elementos devem ser conhecidos pelo
profissional para que sejam aplicados de forma que seja positiva ao tratamento
do paciente. Ela inclui os esquemas iniciais desadaptativos, os domínios e
origens de um esquema, como ele é mantido no paciente, ou seja, a
manutenção desses esquemas, a evitação do esquema, a compensação que
pode ocorrer desse esquema a fim de reforça-lo.
Para aplicar esses elementos em forma de intervenção dentro da
psicoterapia, a teoria dos esquemas é dividida em duas fases: a avaliação e
conceituação do caso, no qual busca de forma geral, identificar os sintomas e
problemas apresentados pelo paciente. A segunda seria a mudança do
esquema, que envolve três tipos de técnicas possíveis para serem utilizadas
para produzir essa mudança. As técnicas cognitivas, experienciais e
interpessoais.
3. Procedimento
Existem muitas estratégias terapêuticas dentro da Terapia Cognitiva Focada
em Esquemas, uma delas é chamada de Reparentalização Limitada cujo
objetivo é enfraquecer os esquemas iniciais desadaptativos (EIDs). Essa
técnica se fundamenta na teoria da experiência emocional corretiva, de
Alexander e French (1965), a qual possibilita que o indivíduo, com a ajuda o
terapeuta, relembre algumas experiências reprimidas do passado e possa
corrigir tais traumas. A teoria do apego, de Bowlby, e os estudos sobre apego
realizados pela psicóloga Mary Ainsworth, também fazem parte das origens da
Reparentalização Limitada, pois instala-se o conceito de base segura
indicando, assim, a importância do estabelecimento de um vínculo seguro entre
o cuidador e bebê, para que este cresça e se desenvolva social e
emocionalmente. Ao integrar essas teorias e o os conhecimentos do estudo
citado, Wainer (2016) pressupôs que o terapeuta é visto e entendido como uma
base segura para o paciente, mas este não assume um papel de pai ou mãe e
sim de um “modelo significativo que possa instaurar um lado saudável naquele
indivíduo” (WAINER, 2016).
A reparentalização limitada apenas possui resultados satisfatórios a partir
da instalação de vínculo seguro, empático e validador entre paciente e
terapeuta. Nesta ténica, o terapeuta aproxima-se emocionalmente do paciente
ao atender às necessidades (do paciente) que não foram supridas quando
criança, sempre, claro, respeitando os limites profissionais. Após a
consolidação da relação terapêutica, é realizado um processo avaliativo, por
meio de questionários, que possui por objetivo identificar os EIDs do paciente e
também os esquemas do próprio terapeuta; é importante que seja identificado
as ausências de ambos os lados para que não haja colisão entre os esquemas
ou uma “superidentificação”, o que poderia acarretar na ativação de um modo
parental disfuncional do terapeuta.
Na reparentalização limitada, o terapeuta também tem que se atentar para
utilizar a contratransferência apenas em favor de uma melhora reparadora do
paciente e, para isso, é essencial que se estabeleça um vínculo seguro para
que, a partir da relação terapêutica, o terapeuta reconheça os esquemas do
paciente e não permita que suas próprias ausências interfiram no processo.
4. Exemplo Clínico
Kátia, 35 anos, apresenta um esquema de abandono e procura a terapeuta
Paula, que está com seus padrões inflexíveis acionados. Ao longo do processo
terapêutico, a paciente tem repetidas faltas, utilizando uma estratégia
hipercompensatória, na qual elicia uma desistência da terapeuta. Na sessão, a
profissional, com os referidos padrões ativados, pode impor a condição de um
determinado número de faltas para que continue atendendo Kátia. Em seguida,
a paciente provoca o abandono, tendo ultrapassado o limite imposto por Paula.
Nesse caso, a terapeuta não conseguiu reparar as necessidades de Kátia,
tanto porque não identificou a estratégia mantenedora de seus esquemas
quanto porque seus próprios padrões inflexíveis interferiram no processo. O
que se espera na reparentalização é que se conheça a real necessidade em
um dado comportamento e que se possa saná-la, sem que os esquemas do
terapeuta influenciem o resultado. Isso não quer dizer que Paula não poderia
atender Kátia, apenas que a profissional deverá ter um cuidado maior com
seus padrões inflexíveis, não deixando que eles influenciem no processo
terapêutico. Nesse exemplo, uma maneira assertiva de a terapeuta agir seria
ligar para Kátia, preocupando-se com suas faltas e pedindo-lhe que retornasse
– ou, ainda, psicoeducar a paciente sobre sua estratégia confirmatória do
abandono e assegurar-lhe de que não a abandonaria devido a suas faltas,
explicitando que, “aos poucos, esperava que ela pudesse confiar nisso”
(WAINER, 2016).
REFERÊNCIA
WAINER, R., PAIM, K, ERDOS, R. e ANDRIOLA, R. (orgs.) Terapia Cognitiva
focada em esquemas: Integração em Psicoterapia. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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