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TRABALHANDO COM PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
CARACTERÍSTICAS DOS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

▪ Fluxo de pensamentos que coexistem com um fluxo de pensamentos mais manifestos;


▪ Comuns a todos nós e não específicos só de pessoas com sofrimento psicológico;
▪ Originados a partir de uma gama de estímulos;
▪ O cliente pode estar mais consciente de outros fatores ao invés dos pensamentos – emoções,
comportamentos, respostas fisiológicas;
▪ Podem acontecer antes, durante ou depois de uma situação (reflexão).
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Métodos para revelar e modificar pensamentos automáticos desadaptativos encontram-se no cerne da

TCC - podem reduzir significativamente os sintomas.

▪ Existem duas fases sobrepostas na TCC para P.A’s – raramente há uma divisão clara entre elas.

I. Ajudar paciente a identificar P.A’s;

II. Métodos de aprendizagem para modificação de P.A’s negativos e direcionamento para uma forma

mais adaptativa.
O PROCESSO...

IDENTIFICAR PENSAMENTOS

SELECIONAR PENSAMENTOS

AVALIAR PENSAMENTOS

REAVALIAR PENSAMENTOS

RESPONDENDO AOS PENSAMENTOS FORA DAS SESSÕES


IDENTIFICANDO PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
Reconhecimento das mudanças de humor

I A emoção é a estrada real para a cognição e possui impacto sobre nossas memórias;

I Avalia-se os pensamentos automáticos, e não as emoções, para reduzir a disforia.

I São discutidos problemas associados a altos níveis de sofrimento;

I Frequentemente procura-se aumentar as emoções positivas - discussão de seus

interesses, eventos e lembranças positivas;

I É importante diferenciar com o paciente pensamentos automáticos de emoções –

alguns pacientes apresentam dificuldades em nomear emoções.

I Classificar o grau de emoção e usar a intensidade emocional para guiar a terapia


Descoberta guiada
“O que esta passando pela sua cabeça?”

E se não der certo?

I Perguntar como ele está/estava se sentindo e onde seu corpo vivenciava a emoção – intensificar resposta;

I Evocar uma descrição detalhada da situação problemática e/ou utilizar imagens mentais;

I Pedir ao paciente para visualizar a situação angustiante;

I Role-play / dramatizações – menos usado, requer esforço para implementação e boa relação terapêutica;

I Perguntar sobre o significado da situação;

I Fazer a pergunta de maneira diferente;


I Apresentar pensamentos opostos aos que você supõe que na realidade estavam passando pela cabeça dele;

I Sugerir um pensamento – utilizado somente se as outras não funcionarem.

Vídeo 5
Descoberta guiada
Dicas para aplicação

1. Faça questionamentos que estimulem a emoção: cognições quentes servem como balizas que

mostram o caminho certo;


2. Seja específico: questionamentos que são focados em uma situação claramente definida e

memorável;
3. Foco em eventos recentes e não no passado distante: acesso a P.A ocorridos na situação e

podem ser passíveis de mudanças;


4. Manter uma linha de questionamento e um tópico e “vá fundo”.

5. Utilize habilidades empáticas: imaginar-se na situação do paciente e a forma como ele avalia ela.

6. Conte com a formulação de caso para saber que caminho tomar: o conhecimento de fatores
precipitantes e estressores sugerirão tópicos importantes para discussão
Psicoeducação

I Realizada no inicio do tratamento – explicar a natureza sobre a natureza dos P.As e como eles

influenciam a emoção e o comportamento.

I Funciona melhor se seguir da identificação de uma mudança do humor ou estiverem

relacionadas com o fluxo específico de pensamentos que foram descobertos durante a

sessão.

Vídeo
Registro de pensamentos

I Pode ser utilizado no papel ou por vias eletrônicas;

I Chama a atenção do paciente para cognições importantes;

I Oferece um método sistemático para praticar a identificação de pensamentos automáticos;

I Frequentemente estimula a indagação sobre a validade dos padrões de pensamento – rever ou

corrigir cognições desadaptativas.

I Pode ser um trampolim para intervenções específicas do terapeuta a fim de modificar os P.A’s.
Registro de pensamentos

Vídeo 6
Imagens mentais

I Auxilia pacientes a reviverem eventos importantes em sua imaginação para entrar

em contato com os pensamentos e sentimentos que tiveram quando eventos

ocorreram;

I Pode ser utilizada ou não com olhos fechados

Vídeo 7
Imagens mentais

1. Explique o método, a partir de um tom de voz incentivador e demonstre acolhimento – segurança e

utilidade;

2. Sugira ao paciente que descreva a situação e tente lembrar o que estava pensando antes do

incidente;

3. Faça perguntas que estimulem a lembrança da ocorrência;

4. Conforme a cena for sendo descrita, utilize perguntas estimulantes que intensifiquem a imagem e

ajudem o paciente a ir mais fundo e lembrar dos pensamentos automáticos.


Role-play

I O terapeuta faz o papel de uma pessoa na vida do paciente e estimula uma interação que possa

trazer à tona os pensamentos automáticos – os papeis também podem ser invertidos.

I Menos frequentemente usada do que outras técnicas, como descoberta guiada e geração de

imagens mentais, por requerer um esforço especial para ser iniciada e implementada. Além disso,

as implicações para a relação terapêutica e os limites entre paciente e terapeuta precisam ser

levados em consideração, ao resolver utilizar essa abordagem.


RESPONDENDO A PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
Os clientes têm centenas ou milhares de pensamentos por dia, alguns disfuncionais,

alguns não, alguns relevantes para o tratamento, outros não. Parte da arte da terapia é

conceitualizar quais pensamentos são mais importantes de abordar e como abordá-los.


TIPOS DE PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

Podem ser avaliados de acordo com sua validade e utilidade.

1. Pensamento distorcido;

2. Correto mas com a conclusão distorcida;

3. Correto mas disfuncional: abordar-se a utilidade.

A avaliação da validade e/ou utilidade dos pensamentos automáticos e a resposta adaptativa a eles,

em geral, produzem uma mudança positiva no afeto.


SELECIONANDO PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

✓ Nível de angústia;

✓ O quanto o paciente acredita no pensamento;

✓ Chance de recorrência;

✓ Interferência a um objetivo a partir deu m cpto emitido;

✓ Utilidade;

✓ Avaliar pensamentos adicionais mais importantes.


SELECIONANDO PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

Pode-se colaborativamente decidir não focar em um pensamento quando

1. Prejudicar a relação terapêutica - cliente se sente invalidado;


2. Não se sabe de antemão o grau em que um determinado P.A está distorcido - podem ser válidos!
3. Nível de estresse muito alto para avaliar o pensamento;
4. Tempo insuficiente em sessão para ajudá-lo a responder efetivamente o pensamento
5. Parecer importante trabalhar em outro elemento do modelo cognitivo
✓ Solução de problemas;
✓ Ensinar técnicas de regulação emocional;
✓ Discutir respostas comportamentais mais adaptativas;
✓ Abordar resposta fisiológica;
✓ Trabalhar em uma crença disfuncional ao pensamento automático;
✓ Discutir outra coisa completamente diferente.
QUESTIONANDO PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

Examinar
validade

Dar passos para Explorar


resolver explicações
problemas alternativas

Descatastrofizar
Distanciamento situações
problemas

Reconhecer
impacto de
acreditar no P.A
QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO

✓ Espinha dorsal das intervenções cognitivas para mudança de pensamentos disfuncionais;

✓ Leva a reavaliar conclusões distorcidas e ilógicas de raciocínio, resultando em novas conclusões em relação a

um problema e diretrizes adequadas para futuras ações;

✓ Habilidade um pouco difícil de aprender e implementar quando comparada a intervenções mais estruturadas
QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO

Incentiva a realização de perguntas que estimulam a curiosidade e desejo de inquirir

▪ Quais são as evidências de que o pensamento automático é verdadeiro? Não verdadeiro?

▪ Existe uma explicação alternativa?

▪ Qual é a pior coisa que poderia acontecer, e como eu poderia lidar com isso? Qual é a melhor coisa que poderia acontecer?

Qual é o resultado mais realista?

▪ Qual é o efeito da minha crença sobre o pensamento automático? Qual poderia ser o efeito de mudar meu pensamento?

▪ Se __________ [nome de um amigo] estivesse na mesma situação e tivesse este pensamento, o que eu diria a ele?

▪ O que devo fazer a respeito?


QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO
A busca pelo dar-se conta de P.As e crenças tem resultados melhores do que se o terapeuta for um interpretador
da realidade do paciente!

PRINCIPIO REATÂNCIA
Toda vez que o ser humano se vê guiado contra a sua vontade, cria-se, naturalmente, uma resistência, e
ele ativa o seu mecanismo defensivo. É importante que utilize-se questionamentos por perguntas, dando-se
conta, clareando algumas questões da realidade externa e interna.
QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO

Características importantes das perguntas socráticas

1. Favorecem oportunidades de mudança: ressaltam que a modificação do pensamento pode reduzir emoções dolorosas ou

melhorar a capacidade de enfrentamento;

2. Fornecem resultado ao envolver os pacientes no processo de aprendizagem: pensar sobre o pensamento, incentivando

novas perspectivas que estão associadas a uma mudança emocional positiva;

3. Devem ser formuladas considerando a capacidade do paciente de respondê-las;

4. Proporcionam a oportunidade de fazer com que os pacientes pensem por si mesmos, deixando-os fazerem o trabalho

de responder sempre que possível.

5. Normalmente, o bom questionamento socrático é feito de perguntas abertas.


QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO

A avaliação dos pensamentos do cliente deve ser imparcial. Não queremos que ele

ignore evidências que apoiam um pensamento automático, encontre uma explicação

alternativa improvável ou adote uma visão irrealisticamente positiva do que pode

acontecer.
REGISTRO DE PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

▪ Elemento-chave na TCC – ajudam os pacientes a modificarem os P.A’s e servem como trampolim para

futuras intervenções

▪ Anotações da terapia – revisadas mesmo quando o paciente não está em contato com situações difíceis;

▪ Incentiva o reconhecimento de P.A’s, aplicar muitos métodos de como responder a P.A’s e observar

resultados positivos de seus esforços para modificar pensamentos.

▪ Antes de sugerir a leitura das anotações, é necessário:

• Assegurar que ele conseguirá usar as perguntas adequadamente em casa;

• Ela está adequada em tamanho para que não haja desestimulo ou sobrecarga.
GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS RACIONAIS

▪ Não é a força do pensamento positivo!

▪ Ajuda-se o paciente a enxergar as circunstâncias da forma mais racional possível e a trabalhar de maneira mais
adaptativa de lidar com problema.
GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS RACIONAIS

Maneiras de desenvolver e exercitar o pensamento lógico dos pacientes.

1. Explore diferentes perspectivas e possibilidades - pensamento de cientista, detetive,

distanciamento

2. Faça um brainstorm.

3. Saia do momento atual - pensar como antes do transtorno/queixa

4. Peça a opinião dos outros.


Vídeo 9 e 10
EXAME DE EVIDÊNCIAS

▪ Consiste em elaborar uma lista das evidências a favor e contra a validade de um pensamento automático ou

outra cognição, avaliar essas evidências e, então, trabalhar na modificação do pensamento para que seja

consistente com as evidências recém-descobertas.

▪ Evidências a favor primeiro (distorções) e em um segundo momento as contra o pensamento.

▪ Cuidados

• Deixar o pensamento na forma de proposição: “Ele está me sacaneando” -> “Fui sacaneado”

• Nunca deixar na forma “E se”: permite várias interpretações.

• Nunca deixar na forma de “Me sinto...”: processamento emocional

Vídeo 8
EXAME DE EVIDÊNCIAS
ENSAIO COGNITIVO

▪ Introduzido em uma sessão depois do paciente já ter feito algum trabalho com outros métodos de modificação de

pensamentos automáticos.

▪ Preparam o paciente para “lançar mão de tudo” ao orquestrar um resposta adaptativa a uma situação potencialmente

estressante - treino difícil, jogo fácil!


ENSAIO COGNITIVO

PASSO A PASSO

▪ Pensar sobre a situação com antecedência;

▪ Identificar possíveis pensamentos automáticos e comportamentos;

▪ Modificar os pensamentos automáticos fazendo um RPD ou aplicando outra técnica da TCC.

▪ Ensaie o modo mais adaptativo de pensar e se comportar em sua mente;

▪ Implemente a nova estratégia


Vídeo 11
CARTÕES DE ENFRENTAMENTO

▪ Podem ser utilizados de diferentes formas

▪ Possuem instruções que os pacientes gostariam de dar a si mesmos para ajuda-los a enfrentar questões ou situações

importantes – estratégias de enfrentamento, pensamentos alternativos


CARTÕES DE ENFRENTAMENTO

DICAS PARA DESENVOLVIMENTO DE CARTÕES DE ENFRENTAMENTO

1. Escolha uma situação que seja importante para o paciente;

2. Planeje intervenções na terapia com o objetivo de produzir cartões de enfrentamento;

3. Avalie se o paciente está pronto para implementar estratégias com um cartão de enfrentamento. Não tente fazer muita

coisa rápido demais. Comece com uma tarefa administrável. Deixe para mais tarde trabalhar com preocupações ou

questões muito grandes, até que o paciente esteja preparado para enfrentar esses desafios;

4. Seja específico na definição da situação e dos passos a serem seguidos para lidar com o problema;

5. Filtre as instruções até a sua essência. Instruções facilmente memorizadas têm maior probabilidade de se solidificar;

6. Seja prático. Sugira estratégias que tenham alta probabilidade de sucesso;

7. Defenda o uso frequente do cartão de enfrentamento em situações da vida real.


MÉTODOS ALTERNATIVOS
▪ Variar perguntas;

▪ Identificar distorções;

▪ Planejar um experimento – inicialmente em sessão e depois fora dela;

▪ Uso da autoexposição – normalização do processo de reavaliar pensamentos;

▪ Pedir a elaboração de uma resposta útil.


ANALISANDO O DESFECHO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO

Pergunta
Deu certo? Reduziu? Continue nas próximas sessões
"O quanto você acredita agora nesse pensamento?"

Não deu certo? =(.


Deve ter sido por

1. Há mais pensamentos automáticos centrais e/ou imagens que você ainda não identificou ou avaliou.
2. A avaliação do pensamento automático é implausível, superficial ou inadequada.
3. O cliente não expressou suficientemente as evidências que parecem apoiar o pensamento automático.
4. O pensamento automático em si também é uma cognição ampla, exagerada: uma crença nuclear (como “Sou
incapaz/Sou alguém impossível de ser amado/Não tenho valor”).
5. O cliente entende intelectualmente que o pensamento automático é distorcido, mas não em um nível emocional.
6. O pensamento automático faz parte de um padrão de pensamento disfuncional.
E SE OS PENSAMENTOS FOREM VERDADEIROS?

▪ Focar na solução do problema – em que medida pode ser resolvido?

▪ Investigar se o cliente tirou uma conclusão inválida ou disfuncional

▪ Trabalhar a aceitação e voltar a focar a ação de valor

“Você não pode se livrar dos seus medos, mas pode aprender a conviver com eles”.

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