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Como surgiu a TCC?

Experimento de Aaron T. Beck

Experimento: busca de outras explicações para a depressão. 


Resultados: identificação de cognições negativas e distorcidas (principalmente
pensamentos e crenças) como característica primária da depressão. 
Tratamento: objetivo principal era o teste de realidade do pensamento depressivo do
paciente.

O que é a TCC?
- Conceito: Uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente,
direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e
comportamentos disfuncionais (inadequados e/ou inúteis). E tratamento baseado em
uma formulação cognitiva, as crenças e estratégias comportamentais que
caracterizam um transtorno específico (Alford e Beck, 1997). 
- Tratamento: É baseado na compreensão do paciente, suas crenças específicas e
padrões de comportamento. E o terapeuta pode produzir uma mudança cognitiva
(modificação no pensamento e no sistema de crenças do paciente) que tem como
resultado produzir uma mudança emocional e comportamental duradoura.

- Mudanças: A TCC sofreu algumas adaptações ao longo dos anos, alterações de


foco, técnicas e duração do tratamento, porém todas derivam do modelo de Beck. 
- Psicoterapia Relacionadas: Terapia racional-emotiva comportamental (Ellis, 1962), a
terapia comportamental dialética (Linehan, 1993), a terapia de solução de problemas
(D’Zurilla e Nezu, 2006), a terapia de aceitação e compromisso (Hayes, Follette e
Linehan, 2004), a terapia de exposição (Foa e Rothbaum, 1998), a terapia de
processamento cognitivo (Resick e Schnicke, 1993), o sistema de psicoterapia de
análise cognitivo-comportamental (McCullough, 1999), a ativação comportamental
(Lewinsohn, Sullivan e Grosscup, 1980; Martell, Addis e Jacobson, 2001), a
modificação cognitivo-comportamental (Meichenbaum, 1977).

 Quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de forma mais


realista e adaptativa, elas obtêm uma melhora em seu estado emocional e no
comportamento. 
PENSAMENTO → EMOÇÃO → COMPORTAMENTO

 Exemplo: 
 Situação: Estou muito deprimido.
 A experiência sob uma perspectiva disfuncional: Emito alguns cheques
sem fundo, logo me vem o pensamento automático: “Eu não faço nada direito”.
→ você se sentiria triste (emoção) → e se refugiaria na cama
(comportamento). 
 Mudando de perspectiva: Encarar a experiência de acordo com os fatos de
maneira mais realista, me faria enxergar a generalização presente no
pensamento e que, na verdade, eu faço muitas coisas bem. Levando-me a um
comportamento mais funcional. 

CRENÇAS BÁSICAS 
Trabalhar em cima das crenças básicas do paciente sobre si mesmo, oferecem
melhoras muito mais duradouras no humor e no comportamento. Exemplo na
mudança de pensamento quando as crenças básicas são trabalhadas:
- Situação: Tenho uma crença subjacente de incompetência e cometo um erro.
 A experiência sob uma perspectiva disfuncional: Pensamento automático:
“Eu não faço nada direito”.
 Mudando de perspectiva: Passarei a pensar: “Eu não sou bom nisto [tarefa
específica]”. 

COMO BECK DESENVOLVEU A TCC?

Em 1960, para testar o conceito de que a depressão é resultante de hostilidade


voltada contra si mesmo o Dr. Beck passou a investigar os sonhos de seus pacientes
deprimidos. Ele pode concluir que os sonhos de seus pacientes deprimidos continham
menos temas de hostilidade e muito mais temas relacionados ao fracasso, privação e
perda; temas muito similares aos pensamentos dos seus pacientes quando estavam
acordados. 

 VERTENTE Nº 1: Associação livre


 VERTENTE Nº 2: Pensamentos rápidos de qualificação de si mesmo
 Exemplo: 
 Paciente relata suas falhas sexuais → Terapeuta interpreta: “Você achou que
eu estava lhe criticando?". → A paciente discorda: “Não, eu estava com medo
de estar chateando você”. 
 Constatação: 
 Os pacientes deprimidos tinham pensamentos automáticos negativos que
estavam intimamente ligados com suas emoções. 
 Resultado: Ajudando o paciente a identificar, avaliar e responder ao
pensamento automático irrealista e desadaptativo, obtinha rápida melhora.  

 Ensaio Clínico: 
 A. John Rush e Beck conduziram uma pesquisa científica com pacientes
deprimidos para provar a eficácia da terapia cognitiva. O resultado foi uma
eficácia tal qual a de imipramina (antidepressivo).

 Objetivo Principal: Ajudar o paciente a solucionar problemas, tornarem-se


comportalmente ativados e identificarem, avaliarem e responderem ao seu
pensamentos negativos sobre si mesmos, seu mundo e seu futuro. 

Como a TCC se aplica à ansiedade? Beck e seus colegas descobriram que o


foco a ser aplicado em casos de ansiedade deveria ser diferente.

 Necessidade dos pacientes ansiosos


 Os pacientes com ansiedade precisavam avaliar melhor o risco das situações
que temiam, considerar seus recursos internos e externos e melhorá-los. 
 Eles também precisavam reduzir a evitação e enfrentar as situações que
temiam para que pudessem testar comportamentalmente as suas predições
negativas.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DO TRATAMENTO


 Aplicando os princípios básicos do tratamento. Caso Sally: Mulher, 18
anos, universitária com sintomas depressivos e ansiosos nos últimos 4 meses.
Critérios de um episódio de transtorno depressivo maior moderado. 

 Princípio 1: A TCC é baseada em uma formulação em desenvolver


continuamente os problemas dos pacientes em contexto individual (para cada
paciente) em termos cognitivos. 
 Pensamento Atual → Sentimento → Comportamento Problemático: “Eu
sou um fracasso, eu não consigo fazer nada direito, eu nunca vou ser feliz” →
Tristeza → Isolamento, muito tempo improdutivo no quarto, evitação em pedir
ajuda → Reforça o pensamento original (ciclo). 
 Fatores Precipitantes: Influenciaram as percepções de Sally no início da
depressão; estar longe de casa pela primeira vez e sua dificuldade nos estudos
contribuíram para a crença de que era incompetente. 
 Eventos-chave do desenvolvimento e os padrões constantes de
interpretação: Tendência a atribuir à sorte os seus pontos fortes e conquistas
e encara seus pontos fracos como um reflexo do seu verdadeiro “eu”. 
 CONDUÇÃO DE BECK DURANTE A SESSÃO: Em momentos estratégicos,
compartilho a conceituação com Sally para me assegurar de que isso lhe “soa
verdadeiro”. Ajudo Sally a examinar sua experiência por meio do modelo
cognitivo. Ela aprende, por exemplo, a identificar os pensamentos associados
ao seu afeto ansioso e a avaliar e formular respostas mais adaptativas ao seu
pensamento. Fazer isso melhora a forma como se sente e geralmente faz ela
se comportar de um modo mais funcional. 

 Princípio 2: A TCC requer uma aliança terapêutica sólida.  


 Sally possui dificuldade em confiar, portanto demonstro ingredientes básicos
em uma situação de acolhimento: afeto, empatia, atenção, interesse genuíno e
competência. 
 Utilizando os ingredientes básicos na prática: 
 Demonstrar interesse.
 Fazer comentários empáticos. 
 Ouvir com atenção e cuidado, resumir adequadamente seus pensamentos e
sentimentos. 
 Assinalar os grandes e pequenos sucessos.

 Princípio 3: Enfatizar a colaboração e a participação ativa.


 Trabalho em equipe: Decidir juntos o que trabalhar em cada sessão, a
frequência e exercícios terapêuticos entre as sessões.  
 De início ser mais ativa, sugerindo uma direção para a sessão e resumindo as
discussões das sessões. 
 De acordo com a familiarização de Sally com o tratamento, encorajo a ser mais
ativa na sessão: Decidir quais problemas falar, identificar distorções de
pensamento, resumir pontos importantes e planejar a prescrição dos
exercícios. 

 Princípio 4: A TCC é orientada por objetivos e focada nos problemas.


 Enumerar seus problemas e estabelecer objetivos específicos: Para saber
para onde estamos indo. Exemplo:
 Sally se sente isolada (problema) → Com minha orientação ela define um
objetivo de fazer novas amizades e passar mais tempo com amigos atuais
(objetivo).
 Melhorar rotina, avaliar e responder pensamentos que interferem no
objetivo: 
 Ajudar Sally a avaliar a validade dos pensamentos por meio de um exame das
evidências. 
 Sally se dispõe a testar seus pensamentos por meio de experimentos
comportamentais e faz planos com os amigos. 
 Depois reconhece e corrige a distorção em seu pensamento e reduz o
isolamento. 
 Princípio 5: Enfatizar o presente. O foco principal dos problemas atuais e
situações que são angustiantes.
 Exceção atenção voltada ao passado:
 Quando o paciente expressa forte preferência por focar no passado e, não
fazer isso, pode colocar em risco a aliança terapêutica.
 Paciente emperrado no pensamento disfuncional, e entender as raízes infantis
de suas crenças poderá ajudar a modificar suas ideias rígidas. 
 Exemplo: Sally se acha incopetente → (SALLY) “Se eu tiver grandes
conquistas, tenho valor. Se eu não tiver, sou um fracasso” → (TERAPEUTA)
Você consegue perceber que qualquer criança – que tivesse tido as mesmas
experiências que você – cresceria se achando incompetente, e mesmo assim
isso poderia não ser verdadeiro?. 

 Princípio 6: Ensinar o paciente a ser o seu próprio terapeuta e enfatizar a


prevenção de recaídas. 
 Ensinar COMO a definir objetivos, identificar e avaliar pensamentos e crenças
e a planejar a mudança comportamental. 
 Encoraja a paciente a levar anotações da terapia para casa, para benefícios ao
longo do tempo. 

 Princípio 7: A TCC visa limite de tempo.


 Pacientes com depressão/ansiedade: 
 Duração: Tratamento de 6 a 14 sessões.  
 Objetivo: Promover o alívio dos sintomas, facilitar a remissão do transtorno,
ajudar o paciente a resolver seus problemas mais urgentes e ensinar
habilidades para evitar recaídas.
 Sally: Sessões semanais → após dois meses quinzenais → depois mensais →
sessões periódicas de reforço (a cada 3 meses por um ano). 
 Observação: Nem todos os pacientes têm sucesso suficiente em alguns
poucos meses, às vezes sendo necessário 2 anos ou mais para modificar as
crenças disfuncionais muito rígidas e padrões de comportamento que
contribuem para o sofrimento. E pacientes com doença mental grave
necessitam de tratamento periódico por muito tempo para manter a
estabilização. 

 Princípio 8: A TCC é uma terapia estruturada. Seguir uma estrutura


determinada em cada sessão maximiza a eficácia (independente de
diagnósticos). E seguir o formato aumenta a probabilidade de que o paciente
seja capaz de fazer a autoterapia após o término. 
 Estrutura:
 Parte Introdutória: Verificação do humor, examinar brevemente a semana e
definir colaborativamente uma pauta para a sessão. 
 Parte Intermediária: Examinar o exercício de casa, discutir problemas da
pauta, definir um novo exercício e fazer resumos. 
 Parte Final: Feedback. 

 Princípio 9: Ensinar os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus


pensamentos e crenças disfuncionais. Auxiliar o paciente a identificar as
principais cognições e a adotar perspectivas mais realistas e adaptativas, o que
leva o paciente a se sentir melhor emocionalmente.
 Processos de execução: 
 Descoberta Guiada: Usar o questionamento Socrático para que o paciente
avalie o seu pensamento. E não a persuasão, debate ou convencimento. 
 Experimentos Comportamentais: Tem como objetivo o paciente testar seus
pensamentos. 

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