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MANUAL DE TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO

Elaborado por: Romão Adriano


Revisão:

Romão Adriano

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PLANO ANALITICO

CURSOS: Direito e Administração Pública

DISCIPLINA: Técnicas de Comunicação em Língua Portuguesa CÓDIGO


TIPO DE DISCIPLA: Complementar TC

ÁREA CIENTIFICA: Comunicação

LINGUA DE ENSINO: Português

ANO DE ESTUDO: 1 CARGA HORÁRIA: 4


horas/Semana CREDITOS: 5
SEMESTRE: 2
Docente : Romão Adriano
Carga Horária Total
Temas A. Teóricas A. Outras
Praticas/Seminários actividades
1. Comunicação, Linguagem e Língua 4 3 2 9

2. Técnicas de Leitura, Resumo e 3 4 2 9


Redação Textual.
3. Coerência e Coesão Textual 4 3 2 9

4. Ortografia 2 3 1 6

5. Tipologia textual 3 6 4 13
6. Estudo de Frase, Período e Oração 4 5 2 11
7. Concordância Verbal e Nominal 2 3 2 7
Total 22 27 14 64
Disciplina(s) precedente(s): Nenhuma

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1. Métodos de ensino - aprendizagem
Os objetivos e resultados esperados serão alcançados por meio de aulas expositivas e teóricas (usando
plataformas digitais e aulas presenciais), estudo em grupo, pesquisa e leitura de livros e textos
eletrónicos recomendados. Haverá aulas práticas e seminários onde os estudantes terão a oportunidade
de praticar, aprofundar, consolidar e relacionar os conceitos aprendidos em cada lição. Vai-se também
orientar aos estudantes a escrever um ensaio em grupos, sobre temas de interesse comum e pequenos
trabalhos individuais sobre tópicos específicos.

2. Método de Avaliação
A avaliação basear-se-á nos indicadores descritos abaixo:
O ensino é semi-presencial, ou seja, uma aula virtual e uma presencial, pelo que a presença virtual e
física às aulas, a pontualidade, a dedicação e a qualidade de envolvimento do aluno em trabalhos do
grupo, serão elementos a considerar nesta avaliação. Cada actividade tem o seguinte peso:

N.O ACTIVIDADE PESO %


O1 POSTURA 20
02 PRÁTICA/ENSAIO DO GRUPO 35
03 2 TESTES 45
04 TOTAL 100

São admitidos ao exame todos os estudantes que tenham como resultado de frequência 10 valores, e
dispensados do exame os que alcançarem um resultado superior ou igual a 14 valores.
N.B. A presença e participação nas actividades das aulas serão particularmente valorizadas.

1. INTRODUÇÃO
O conhecimento das técnicas de comunicação ajuda a desenvolver competências comunicativas
(escrita e fala) em língua portuguesa. É através da língua que interagimos com outras pessoas,
aprender e repassar conhecimentos, dialogar, etc. Por isso, imprescindível para o bom
desempenho do estudante, academicamente e profissionalmente.

O módulo de Técnicas de Comunicação em Língua Portuguesa visa a compreensão da


comunicação oral e escrita, permitindo que o aluno tenha domínio de discurso oral e
produção de diferentes tipos de textos em diferentes situações de comunicação, tendo em
conta o público a que se destinam. Entretanto, é imprescindível a aquisição de determinadas

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técnicas de comunicação, p a r a o desenvolvimento de habilidades que venham a permitir que
o estudante tenha competências para produção de textos em língua portuguesa, com qualidade.

Objetivo Geral da Disciplina

O módulo de Técnicas de Comunicação tem por objetivos:


 Desenvolver competências comunicativas e expressivas do aluno em Língua Portuguesa;
 Potenciar o uso da Língua Portuguesa como instrumento para a compreensão da realidade,
de acesso ao conhecimento e à informação, explorando as novas formas de interação
proporcionadas pelas tecnologias de informação e comunicação;
 Capacitar o aluno a organizar os discursos orais e escritos nos vários planos da sua
estruturação linguística, textual e discursiva (documentos oficiais, ensaios, relatórios;
artigos, monografias, dissertações, etc.);
 Desenvolver as capacidades de leitura e interpretação de textos, análise e síntese;
 Capacitar o aluno para produção criativa de textos de natureza diversa.

Ao final de cada unidade temática da disciplina, o aluno deverá realizar actividades ou exercícios
de fixação, com vista a avaliar o grau de assimilação da matéria durante as aulas, como parte
integrante e importante do processo de aprendizagem do aluno.

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UNIDADE TEMATICA I – Comunicação, Linguagem e Língua--------------------------7
1. Comunicação --------------------------------------------------------------------------------------7
1.1 Conceito. ---------------------------------------------------------------------------------------7
1.2 A importância da comunicação no mundo contemporâneo.-----------------------------8
1.3 Processos de Comunicação.------------------------------------------------------------------9
1.4 Comunicação oral e escrita------------------------------------------------------------- ----10
1.4.1 Comunicação oral ---------------------------------------------------------------------10
1.4.2 Comunicação escrita-------------------------------------------------------------------11
1.5 Competência comunicativa---------------------------------------------------------------- -12
2. Linguagem ------------------------------------------------------------------------------------- -13

2. 1 Linguagem não-verbal e verbal linguagem. ----------------------------------------14

2.1.1 Linguagem não-verbal ----------------------------------------------------------15


2.1.2 Linguagem verbal e Funções ---------------------------------------------------15
3. Língua-----------------------------------------------------------------------------------------------16

3.1 Signos linguísticos.----------------------------------------------------------------------16


3.2 Actividade 1------------------------------------------------------------------------------17

UNIDADE II – Técnicas de Leitura, Resumo e Redação Textual--------------------------19

4. Técnicas de Leitura---------------------------------------------------------------------------------19

4.1 Resumo ----------------------------------------------------------------------------------------22


4.2 Actividade-- -----------------------------------------------------------------------------------23
4.2 Técnicas de tomar notas e Elaboração de fichas------------------------------------------24
4.3 Técnicas de Redação de textos.-------------------------------------------------------------24
4.4 Actividade 2-----------------------------------------------------------------------------------27

UNIDADE III - Coerência e Coesão Textual---------------------------------------------------28

5. Coerência e Coesão Textual-----------------------------------------------------------------------28

5.1.1 Coerência -------------------------------------------------------------------------------31


5.1.2 Coesão textual -----------------------------------------------------------------------31
5.1.3 Texto e Contexto---------------------------------------------------------------------38
5.2 Intertextualidade-----------------------------------------------------------------------------------39
5.3 Mecanismos de Coesão Textual-----------------------------------------------------------------40
5.4 Actividade 3----------------------------------------------------------------------------------------41

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UNIDADE TEMATICA VI – Ortografia
6 Ortografia----------------------------------------------------------------------------------------44
4.1 O Emprego das letras ------------------------------------------------------------------------------44
4.1.1 Actual acordo ortográfico ------------------------------------------------------------------46
4.1.2 O uso do Hífen -------------------------------------------------------------------------------46
4.2 Acentuação-------------------------------------------------------------------------------------------47
4.3. Actividade 4-----------------------------------------------------------------------------------------48
4.4 Dúvidas Gráficas acerca de expressões e algumas “inutilidades”----------------------------48
4.5 Pontuação---------------------------------------------------------------------------------------------54
4.6 Actividade 5------------------------------------------------------------------------------------------62

UNIDADE TEMATICA III – Tipologia Textual e Géneros Textuais

5. Tipologia Textual------------------------------------------------------------------------------------63

5.1 Conceito de texto --------------------------------------------------------------------------63


5.1.2 Texto Dissertativo---------------------------------------------------------------------64
5.2 Texto Narrativa-----------------------------------------------------------------------------67
5.4 Texto Descrição----------------------------------------------------------------------------68
5.4 Texto Informativo--------------------------------------------------------------------------69
5.5 Actividade 6--------------------------------------------------------------------------------71
5.5 Géneros Textuais---------------------------------------------------------------------------71
5.6 Actividade7---------------------------------------------------------------------------------81

UNIDADE TEMATICA IV – Estudo de Frase, Período e Oração

6. Frase ---------------------------------------------------------------------------------------------------83
6.1 Período e Oração-------------------------------------------------------------------------------83
6.2 Tipos de frases ---------------------------------------------------------------------------------83
6.3 Actividade 8-------------------------------------------------------------------------------------88
6.4 Colocação correcta de Pronomes oblíquos (Próclise, Mesóclise e Ênclise) -----------89
6.5 Actividade 9-------------------------------------------------------------------------------------92

UNIDADE TEMATICA V – Concordância Verbal e Nominal


7. Concordância verbal ----------------------------------------------------------------------------94
7.1 Concordância nominal---------------------------------------------------------------------97
7.2.1 Concordância do adjetivo com dois ou mais substantivos-----------------------97
7.2 Casos Particulares---------------------------------------------------------------------------98
7.3 Actividade-10-----------------------------------------------------------------------------100

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UNIDADE TEMATICA I – Comunicação, Linguagem e Língua

Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática que está dividida em três subunidades;
Comunicação, linguagem e língua. Primeiro veremos o conceito de Comunicação, sua
importância no mundo contemporâneo e os elementos que a compõem. De seguida iremos falar
da Linguagem que compreende duas partes: a linguagem oral e a linguagem verbal e suas
funções. Através de exemplos claros iremos compreender como é que a Linguagem se manifesta,
e porquê o seu domínio é de extrema importância para o processo de comunicação em geral. E por
último veremos a Língua (os signos linguísticos), nesta subunidade iremos discutir os elementos
que compõe língua, concretamente os signos linguísticos (seus sentidos e significados e por fim
sua função na sociedade.
Ao final desta unidade o estudante será capaz:
 Definir o conceito de comunicação;
 Explicar com propriedade os elementos do processo de comunicação;
 Distinguir comunicação verbal de comunicação não-verbal;
 Conhecer os tipos de competências comunicativas necessárias para o usuário da língua.

1. Comunicação
A Comunicação é uma ferramenta imprescindível de trabalho para o bom desempenho em
qualquer área profissional. Pois é através da comunicação que interagimos com outras pessoas,
aprender e repassar conhecimentos, dialogar, seja oralmente ou escrita.

Ao final desta subunidade, o estudante irá realizar atividades sugeridas, com o objetivo de fixar o
conteúdo ensinado de forma eficiente, podendo pôr em prática o que foi aprendido ao longo da
unidade.

1.1. O Conceito de Comunicação


Segundo Pires a palavra comunicação origina-se do latim communicare, que significa partilhar,
dividir, tornar comum, associar, trocar opiniões. O homem, sendo um ser social que se difere dos
outros seres pela capacidade de julgar e discernir e estabelecer regras para a vida em sociedade.

Tal concepção, nascida em A Política, de Aristóteles, implica estabelecer a necessidade de


linguagem para que o homem possa se comunicar com os outros e, juntos, estabelecerem um
código de vida em comum.

No entendimento de Garcia (2010, p.30) “a comunicação pode expressar um juízo, indicar uma
ação, estado ou fenômeno, transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar emoções.”

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Partindo desse ponto, a comunicação compreende vários aspectos a partir do uso de símbolos
comuns que podem ser verbais e não-verbais. Assim, a comunicação pode ser entendida como
todo um conjunto de processo de transmissão de informações, sentimentos, desejo, emoções,
pensamentos ou opiniões, seja pelo uso de símbolos ou códigos que permitem ser interpretados no
contexto.

Portanto, a comunicação não significa apenas enviar uma informação ou mensagem, mas torná-la
comum entre as pessoas envolvidas. Para que haja comunicação, é preciso que o destinatário da
informação a receba e a compreenda. A finalidade da comunicação é pôr em comum não apenas
ideias, sentimentos, mas também compartilhar formas de comportamento, modos de vida,
determinados por regras de carácter social.

Desse ponto de vista, comunicação é também convivência, que traz implícita a noção de
comunidade, vida em comum, agrupamento solidário, baseado no consenso espontâneo dos
indivíduos. Assim, consenso significa acordo tácito, que pressupõe compreensão-e, em última
análise, o objectivo da comunicação é este: o entendimento entre os homens.

1.2 A Importância da comunicação no mundo contemporâneo

A comunicação é poderosa e pode ser utilizada para o bem da humanidade ou manipulada em


sentido oposto. A comunicação informa, motiva, ensina, emociona, vende, distrai, entusiasma, dá
status, constrói mitos, destrói reputações, forma opiniões, deforma pensamentos, distorce fatos,
orienta, desorienta, faz rir, faz chorar, inspira, narcotiza, reduz a solidão. No cenário
contemporâneo, em que a velocidade de comunicação possibilita trocas comerciais e de
informação em âmbito global, torna-se cada vez mais necessário que as empresas e organizações
busquem soluções de comunicação eficientes a fim de alcançarem positivamente suas metas. Com
o objetivo de buscar a eficácia da comunicação nas organizações, os profissionais envolvidos
precisam dedicar enorme atenção à forma como se expressam, tanto ao falar quanto ao escrever.

Nesse sentido, a comunicação deve fluir com simplicidade, objetividade, clareza e precisão,
elementos que formam a base para o sucesso das trocas de informação e, consequentemente,
permitem o desenvolvimento igualmente bem-sucedido dos processos naturais ao dia-a-dia
profissional.

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1.3 Processos da comunicação

 Emissor - É aquele que emite a mensagem (falada, escrita ou por meio de sinais não-
verbal). Pode ser um indivíduo, um grupo, uma empresa, uma instituição, por meio da
codificação do pensamento.

O processo de codificação da mensagem exige do emissor que ele:

a) Conheça o código utilizado e suas peculiaridades;

b) Construa sua fala dentro das regras convencionadas pela língua;

c) Estruture sua fala de forma inteligível e clara;

d) Escolha o canal adequado para fazer sua mensagem chegar ao receptor;

e) Perceba o contexto da comunicação e se seu receptor compartilha esse mesmo


referencial.

 Receptor ou destinatário - É aquele que recebe a mensagem. Pode ser uma pessoa, um
grupo, uma empresa ou uma instituição. No entanto, é preciso distinguir recepção de
compreensão da mensagem.

Para que a mensagem seja compreendida, é necessário que o receptor:

a) Conheça o código utilizado e suas peculiaridades;

b) Reconheça as regras da língua utilizada pelo emissor;

c) Compreenda o sentido expresso na mensagem;

d) Tenha o canal aberto para receber a mensagem;

e) Compartilhe o mesmo referencial em que se baseia a mensagem do emissor.

 Mensagem – É o objeto da comunicação. É constituída pelo conteúdo das informações


transmitidas. A mensagem pode ser: visual (que recorre a imagens, ícones, desenhos,
fotografias); simbólica (que utiliza símbolos, letras, números – a escrita ortográfica);
sonora (linguagem falada, palavras, músicas, sons diversos); táctil (pressão, choque,
trepidação, vibração); olfativa (o cheiro do gás, por exemplo, que passa a mensagem de
perigo como um vazamento) e gustativa (tempero “quente” – apimentado ou não).
 Código – É a organização da mensagem, a codificação. É formado por um conjunto de
sinais, combinados de acordo com determinadas regras que dão significados a eles. O
código utilizado deve ser comum ao emissor e ao receptor.

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 Canal de comunicação – é a via, física ou virtual de circulação da mensagem, que garante
o contato entre emissor e receptor. Como exemplo, há as ondas sonoras, no caso da
mensagem sonora.

 Contexto – é a situação a qual a mensagem se refere. O contexto pode se constituir nas


circunstâncias de espaço e tempo em que se encontra o destinador da mensagem. Pode
também dizer respeito aos aspectos do mundo textual da mensagem.

 Ruído – são os elementos que perturbam, dificultam a compreensão pelo destinador, como,
por exemplo, o barulho ou mesmo uma voz muito baixa. O ruído pode ser também de
ordem visual, como borrões, rabiscos.

1.4 Comunicação oral e escrita


1.4.1 Comunicação oral

A língua falada é improvisada e dinâmica (espontânea) e temos o próprio corpo, tom de voz,
expressões coloquiais, gírias como facilitadores da comunicação. Pode apresentar expressões que
denotam pouco acesso à educação formal, cheia de erros gramaticais (vulgar); linguajar mais
básico, utilizado no dia-a-dia, com gírias e certa preocupação com as normas gramaticais
(coloquial) ou um vocabulário mais pomposo, imitando a escrita “padrão”, muito ouvida nos
discursos (formal).

Todas as comunicações orais são geralmente classificadas em três áreas distintas de acordo com
o seu objectivo: informar, persuadir e entreter. A comunicação cuja finalidade é entreter é
aquela em que a informação é destinada a divertir a audiência, embora não seja necessário que o
humor esteja sempre presente. Informação interessante, não usual ou humorística caracterizam
este tipo de comunicação.

Alguns textos produzidos com a influência da fala manifesta-se sobretudo por enunciados longos,
em que se misturam subordinação e a coordenação e não há uma estruturação definida das ideias.
Veja-se o exemplo a seguir:

a) A droga e a violência são considerados um dos maiores fatores de desintegração da


sociedade, o jovem quando está principalmente num momento de fraqueza não consegue
dizer não ao motivo de tanta destruição que exclui de forma estas pessoas da vida que
deveriam ter um ambiente, a tão sonhada sociedade que devia ser limpa e justa, e é claro
que não é fácil. Mas que com esforço tudo se pode conseguir.
Paulo de Tarso Galembeck

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A frase é excessivamente longa, porque as estruturas não são divididas em períodos menores, e
elas se amontoam sem um plano definido. A estruturação é complexa, o que pode ser verificado
no trecho: “o jovem... justa”. Nesse sentido há uma oração principal (“o jovem não consegue dizer
não ao motivo de tanta destruição”) e, encaixadas nela, uma oração adverbial e uma adjetiva.
Subordinada a essa adjetiva, aparece outra adjetiva.

No final do enunciado há um trecho que não possui relação estrita com os enunciados anteriores,
e funciona como um pós-pensamento, um acréscimo ao que foi dito.

Veja-se o exemplo a seguir:


b) Mas nós podemos mudar essa história, na hora de votar, temos que pensar muito bem no
que estamos fazendo e não vender nosso voto, então, na hora de votar pense no que está
fazendo, porque o futuro da nossa nação está em nossas mãos.

Aqui há outro período longo e mal estruturado, no qual demostra a fala de o escreve: aos jatos,
sem a preocupação de expor as ideias de forma clara e concatenada. Isso ocorre porque o autor
mantém-se preso à realização falada, e não sente a necessidade de uma organização clara, pois crê
que, como no diálogo, poderá justificar-se e prestar esclarecimentos. Considere-se, também, que
a segunda parte do enunciado repete o que foi dito na primeira, e isso também constitui uma marca
da língua falada.

1.4.2 Comunicação escrita/literária

Já a língua escrita exige um treino constante, foco e vasto vocabulário. Não admite gírias e
expressões vulgares ou aspectos da linguagem falada; preocupa-se em seguir as normas
gramaticais estabelecidas. A literária apresenta uma preocupação com a estética, pouca
preocupação com as normas gramaticais e é praticada pelos escritores.

Um texto tem tamanho variável e deve ser escrito com coesão e coerência. Pode ser classificado
como literário e não-literário.

Os textos literários apresentam uma função estética. Geralmente são escritos em linguagem
expressiva e poética, com o objetivo de atrair o interesse e emocionar o leitor. O autor segue um
determinado estilo e usa as palavras de forma harmoniosa para expressar as suas ideias. Há uma
predominância da função poética e da linguagem conotativa (subjetiva). São exemplos de textos
literários: romances, poesias, contos, novelas, textos sagrados, etc. Os textos não-literários
possuem função utilitária ao informar e explicar ao leitor de forma clara e objetiva. São textos
informativos sem preocupação estética. Há uma predominância da função referencial e da
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linguagem denotativa (objetiva). São exemplos de textos não-literários: notícias e reportagens
jornalísticas, textos científicos e didáticos, etc. Toda linguagem possui suas regras, sendo assim,
para que a comunicação se estabeleça de forma coerente, é preciso que o autor (do texto ou do
discurso) adapte suas expressões conforme o público que deseja alcançar e utilize-se dessas regras
como forma de aproximação. No entanto, a comunicação como um processo, envolve a língua,
cultura e os movimentos organizacionais e seus comportamentos. Durante uma interacção
comunicativa, o falante deve possuir algumas das componentes de uma serie de competências para
que a sua mensagem seja compreendia e aceite.

1.4.3 Competência comunicativa

Segundo Bitti e Zani (1997), entendem como competência comunicativa a capacidade do usuário
da língua de produzir e compreender textos adequados a produção de efeitos de sentidos desejados
em situações específicas e concretas de interacção comunicativa. A competência comunicativa,
envolve a competência linguística ou gramatical para produzir frases vistas não só pertencentes a
língua, mas apropriadas ao que se quer dizer em dada circunstância.

Competência linguística que é a capacidade de produzir e interpretar signos verbais. Esta


competência, pode se subdividir em:

 Competência paralinguística – capacidade de modular algumas características do


significante, como por exemplo a ênfase e a cadência da pronúncia, além de intercalar
risos, exclamações, etc.

 Competência cinésica – capacidade de se comunicar por signos gestuais, isto é, acenos,


mímicas, movimentos do rosto, das mãos ou do corpo, postura, etc. Exemplo: o acenar ou
abanar a mão como sinal de despedida.

 Competência proxémica – é a capacidade de variar as atitudes espaciais e as distâncias


interpessoais do acto da comunicação, como o tocar-se, o estar ou não em contacto, estas
distancias culturalmente tem um significado determinado.

Por exemplo, em certas culturas, a distância que um filho ou uma mulher deve manter
quando estiver diante do seu pai ou esposo para lhe dar uma determinada informação não
é a mesma que deve manter entre amigos, irmãos, etc.

 Competência executiva – capacidade de actuação social, comporta o acto linguístico ou


não para realizar a interacção comunicativa.

 Competência pragmática – capacidade de usar signos sejam estes linguísticos ou não, de


um modo adequado a situação e as intenções.
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 Competência sociocultural – capacidade de reconhecer as situações sociais e as relações
entre os papéis desempenhados, também pode ser entendida como a capacidade de
reconhecer elementos distintivos de uma determinada cultura.

Pode se considerar uma pessoa dotada de uma competência meramente linguística quando conhece
as regras gramaticais da língua, mas que não sabe quando pode falar, quando pode ficar calada,
que opções sociolinguísticas usaria em determinadas situações.

Exemplo, na cultura Rhonga e Thswa, quando chega a visita, se for um homem, quem saudar
primeiro é o homem (chefe da família) e quando for mulher será cumprimentado pela mulher
(dona de casa). O visitante simplesmente pede licença e ao entrar na casa não pode dirigir a palavra
a ninguem antes que seja cumprimentado.

2. Linguagem
De acordo com Maya (2006. P. 23), a linguagem é uma capacidade ou faculdade mental que
todos os seres humanos – e apenas os seres humanos possuem. É uma capacidade inata que
nascemos com ela, ou seja, não a aprendemos no curso de nossa experiência de vida. E Para
Paskal e Ulisse (2010. P.9), esta capacidade de se comunicar se manifesta por meio de uma
língua.

Exemplo:
 Uma criança quando nasce chora, é uma forma de se comunicar. Ela nasce com essa
capacidade comunicativa.
É por isso que aos dois, três anos, uma criança humana é capaz de falar frases que nunca ouviu
antes, fazer perguntas, pedidos, comentários originais e criativos que não são apenas a repetição
de frases iguais as que ouviu em sua volta, como fazem os papagaios.
Exemplo:
 O papagaio, ou mesmo os macacos, por mais espertos que possam ser, não têm essa
faculdade em sua mente e é por essa razão que até podem aprender a reconhecer ou
produzir algumas palavras isoladas, mas não são capazes de formar frases originais.

A Linguagem é representada por qualquer sistema de signos vocais ou escritos, visuais, fisio-
nômicos sonoros e gestuais capazes de servir à comunicação dos indivíduos. Logo, toda acção
comunicativa que procuramos exercer, não pode se materializar fora da linguagem. É a
linguagem que define o indivíduo quando ele se enuncia como locutor pela construção
linguística particular de que se serve (o Discurso): linguagem em uso.

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Em volta disso tudo, a linguagem, pode ser entendida como atividade humana de falar, ela
apresenta cinco dimensões universais:
 Criatividade (ou enérgica).
 Materialidade,
 Semanticidade,
 Alteridade e historicidade.

c) Criatividade, porque a linguagem, forma de cultura que é, se manifesta como atividade livre e
criadora, ou “do espírito”, isto é, como algo que vai mais além do aprendido, que não
simplesmente repete o que já foi produzido.

d) Materialidade, porque a linguagem é, primeiramente, uma atividade condicionada fisiológica


e psiquicamente, pois implica, em relação ao falante, a capacidade de utilizar os órgãos de
fonação, produzindo signos fonéticos articulados (fonemas, grafemas, quando representados
na escrita, etc.) com que estabelece diferenças de significado (por exemplo, Pala, Vala, Mala,
Tala, Rala, etc.); enquanto em relação ao ouvinte, implica a capacidade de perceber tais
fonemas e interpretar o percebido como referência ao conteúdo configurado pelo falante
mediante os signos fonéticos articulados. É o nível biológico da linguagem.

e) Semanticidade, porque a cada forma corresponde um conteúdo significativo, já que na


linguagem tudo significa, tudo é semântico. A semanticidade é a “diferencia specifica” da
linguagem em relação às outras formas de cultura.

f) Alteridade, porque o significar é originariamente e sempre um “ser com outros”, próprio da


natureza político-social do homem, de indivíduos que são homens juntos a outros e, por
exemplo, como falantes e ouvintes, são sempre co-falantes e co-ouvintes. A alteridade é o
traço distintivo do significar linguístico em relação aos outros tipos de “conteúdo” das formas
de expressão e é, por sua vez, fundamento da historicidade da linguagem.

g) Historicidade, porque a linguagem se apresenta sempre sob a forma de língua, isto é, de


tradição linguística de uma comunidade histórica. Não existe língua desacompanhada de sua
referência histórica: só há língua portuguesa, língua francesa, língua inglesa, língua
espanhola, língua latina, etc. Geralmente se ouve que a língua é imposta ao homem, porque
este é obrigado a dizer que determinado objeto conhecido por sua comunidade como livro é
livro, e não lápis ou mesa.

Destas cinco dimensões, a criatividade e a materialidade são universais de todas as formas da


cultura, pois são todas atividades criadoras que se realizam no mundo de forma material, sem o
que não poderiam existir nem passar ao conhecimento dos outros membros da comunidade. Por
fim, há de se levar em conta, na capacidade geral de expressão, a execução de atividades que
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acompanham e às vezes até a substituem, já que não falamos só com as unidades linguísticas,
com a língua concreta. Estas são formas de expressão extralinguísticas, tais como a mímica, a
entonação, o ritmo, as pausas e silêncios, os gestos, os recursos gráficos, em fim, há diversos
tipos de linguagem: a linguagem jornalística, a linguagem humorística, as placas de trânsito, os
cartuns e outros.

2.1 Linguagem verbal e linguagem não-verbal

Quando falamos da linguagem verbal referimo-nos daquela que se manifesta através da fala
ou escrita, utilizando se de mensagens simbólicas e sonoras para ser comunicada. Ao passo que
a linguagem não-verbal é aquela composta por ícones, imagens, sons diversos, vibrações, cores,
cheiros, sabores etc. A língua falada é improvisada e dinâmica (espontânea) e temos o próprio
corpo, tom de voz, expressões coloquiais, gírias como facilitadores da comunicação. Pode
apresentar expressões que denotam pouco acesso à educação formal, cheia de erros gramaticais
(vulgar); linguajar mais básico, utilizado no dia-a-dia, com gírias e certa preocupação com as
normas gramaticais (coloquial) ou um vocabulário mais pomposo, imitando a escrita “padrão”,
muito ouvida nos discursos (formal). Já a língua escrita exige um treino constante, foco e vasto
vocabulário. Pode ser considerada como: vulgar, que reproduz gírias e aspectos da linguagem
falada; padrão, que não admite gírias e expressões vulgares, demonstrando preocupação em
seguir as normas gramaticais; ou literária, que apresenta uma preocupação com a estética, pouca
preocupação com as normas gramaticais e é praticada pelos escritores.

Toda linguagem possui suas regras, sendo assim – para que a comunicação se estabeleça de
forma coerente –, é preciso que o autor (do texto ou do discurso) adapte suas expressões
conforme o público que deseja alcançar e utilize-se dessas regras como forma de aproximação.

2.1.2 Linguagem verbal

A Linguagem Verbal é aquela que faz uso das palavras para comunicar algo. Ou seja, ela se
manifesta através da fala, palavras (o verbo).

2.1.3 Funções da Linguagem verbal.

1. Função expressiva ou emotiva - Centrada sobre o sujeito emissor. Uma expressão directa da
atitude do sujeito em relação àquilo de que fala. Tende a dar a impressão de uma certa emoção,
verdadeira ou fingida. As interjeições representam o estrato da língua puramente emotivo, mas a
função emotiva é inerente, em vário grau, a qualquer mensagem, quer se considere o nível fónico,

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quer o nível gramatical ou lexical. A informação veiculada pela linguagem não pode ser restringida
à informação do tipo cognitivo.

2. Função apelativa - Orientada para o destinatário, encontra a sua manifestação mais pura no
vocativo e no imperativo. As frases imperativas, ao contrário das declarativas, não podem ser
submetidas a uma prova de verdade, nem transformadas em frases interrogativas.

3. Função referencial - Também chamada denotativa ou cognitva, orientada para o referente, para
o contexto.

4. Função fática - É predominante nas mensagens que têm por finalidade estabelecer, prolongar
ou interromper a comunicação, verificar se o circuito funciona, fixar a atenção do interlocutor.
5. Função metalinguística - Ocorre quando o emissor e/ou o receptor julgam necessário averiguar
se ambos utilizam na verdade o mesmo código. Quando o discurso está centrado no código,
desempenha uma função metalinguística. Esta função representa um instrumento importante nas
investigações lógicas, mas o seu papel é também relevante na linguagem quotidiana.

6. Função poética - Centrada sobre a própria mensagem. Esta função não constitui a função
exclusiva do conjunto de textos que Jakobson designa por "arte da linguagem", trata-se apenas
da sua função dominante. A função poética pode, contudo, desempenhar um papel secundário,
embora muito importante, em mensagens cuja função dominante seja uma das outras funções
(publicidade, propaganda política), em que a função dominante é a função apelativa.

2.1.4 Linguagem não-verbal


A linguagem pode ser ainda verbal e não-verbal ao mesmo tempo, como é nos casos das, cartoons
e anúncios publicitários.
Há, ainda, a linguagem mista, como o cinema, o teatro e os programas de televisão, que reúnem
diferentes linguagens, como o desenho, a palavra, o figurino, a música, o cenário, etc.
Recentemente, com o uso da informática, surgiu também a linguagem digital, que permite
armazenar informações em meios eletrônicos.
Aquele que produz a linguagem – que fala, pinta, dança – é chamado de locutor; aquele que recebe
a linguagem, locutário. No processo de comunicação e interação, ambos são interlocutores.

3. LÍNGUA
Para Paskal e Ulisse (2010, p.9) a linguagem é capacidade de ser humano se comunicar através da
uma língua, esta, que é um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma
comunidade. Ou seja um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos
representativos, tais elementos são chamados signos linguísticos. Nesse sentido, a língua é o
Romão Adriano

16
produto social da faculdade da linguagem de uma sociedade, ou seja, um conjunto de convenções
necessárias adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício da linguagem.

3.1 Os signos linguísticos


Um signo linguístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: um significante
e um significado, unidos num todo indissolúvel. Os signos linguísticos estabelecem uma relação
dupla entre o conceito e a imagem.

Exemplo:
 Ao ouvir a palavra “arvore”, você reconhece os sons que a formam. Esses sons se
identificam com a lembrança deles que esta presente em sua memoria. Essa memória é o
significante do signo “árvore”. Ao ouvir essa palavra, você logo pensa num “vegetal lenhoso cujo
caule, chamado tronco, só se ramifica bem acima do nível do solo, ao contrário do arbusto, que
exibe ramos desde junto ao solo”. Esse conceito que não se refere a um vegetal particular, mas
engloba uma gama de vegetais, é o significado do signo “arvore” - e também se encontra
armazenado em sua memória. O signo linguístico é arbitrário ou convencional. Isto é, não há uma
relação intrínseca entre o significante (palavra) e o significado (imagem). Pois as línguas variam
nas suas codificações.

Exemplo:
Ao ouvir a palavra gato estamos perante o referente, já as diferentes formas de conjuntos de sons
que encontramos ao expressar este conceito, variam de língua para outra língua e isso é o que se
entende por significante. E a imagem que nos vem em mente ao ouvirmos a palavra gato,
constituído o significado. Veja a imagem a figura a seguir!

Fig. 1
Maia (2006, p. 53)

O uso regrado e adequado de signos da língua, obedecendo padrões determinados de organização


tornar-te na produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Conhecer
a língua em que se vive e pensa e investir no ser humano que tu és. Então, a linguagem, capacidade
Romão Adriano

17
comunicativa dos seres, constrói vínculos entre os homens e possibilita a transmissão de culturas,
além de garantir a eficácia dos mecanismos de funcionamento dos grupos sociais.

ACTIVIDADE 1

a) Identifique as três distintas da comunicação oral e explique a cada uma.


b) Explique claramente de que forma a linguagem humana se manifesta.
c) Caracterize a linguagem não-verbal e apresente exemplos claros.
d) Através de exemplos da sua autoria explique como os signos linguísticos são
articulados no contexto de comunicação verbal e não-verbal.
e) Apresente um exemplo de um individuo que esteve em uma comunidade e foi capaz
de decifrar os códigos da língua local e por isso demonstrou competências. Explique
de forma clara e objectiva.

Referências bibliográficas
CARLOS L.L.L & GOMES E.P.M (2017) PORTUGUÊS INSTRUMENTAL: 1ª Edição, Editora
INTA, SP.

GARCIA, Othon M. (2010) COMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA: Aprenda a Escrever,

Aprendendo a Pensar, 27ªEdição, Editora FGV. Rio de Janeiro.

BITTI, P, e ZANI, B (2001). A comunicação como um processo social. Editorial Estampa, Lisboa.

MAIA, Marcos (Manual de Linguística: subsídios para a formação de professores indígenas na

área de linguagem

Jakobson Roman (1993). LINGUISTICA E COMUNICAÇÃO: 1ª Edição, Editora CULTRIX

LDA, São Paulo. SP.

ULISSIS, Infante & CIPO, Pasquale Neto (2008) GRAMATICA DA LINGUA PORTUGUESA:

3ª Edição, Editora ABDR – afiliada, São Paulo.

JAKOBSON, R. e HALLE, M. (1956). The Fundamentales of Language. The Hague: Mouton.

Romão Adriano

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UNIDADE VII – TÉCNICAS DE LEITURA, RESUMO E REDAÇÃO TEXTUAL

2. Técnicas de Leitura
2.1. Tomar notas
2.2 Técnicas de elaboração de fichas
2.2.1 Tipos de Fichas
2.3 Técnicas de Redação de textos.

Introdução
Nessa unidade pretende-se estudar as técnicas de a leitura, resumo e produção textual. Para o
aprofundamento da matéria, iremos privilegiar a prática de exercícios em cada subunidade desta
unidade temática. E ao final desta unidade, o estudante estará apto a:
 Conhecer e aplicar as técnicas de leitura para vários tipos de textos;
 Ler e interpretar textos de forma clara e concisa;
 Conhecer aplicar as técnicas de resumo e
 Fazer resumo de diferentes tipos de textos.

2 Técnicas de Leitura
1. O que é ler?
2. O que é leitura?
O ato de ler é um ato de recriação do mundo. Nos primeiros sete segundos de leitura já um mundo
novo é criado pelo leitor no fecundo espaço da sua maginação. A geografia física e espiritual do
mundo ficcional e poético surge diante de quem lê, que passa então, a reescrever a obra, da qual
se torna também o autor.
Para JOUVE, (2002, p. 17), ler é construir significados constituindo o leitor como um sujeito
activo nesse processo. Ainda nessa ideia, ler pressupõe o envolvimento de múltiplos processos
que envolvem uma atividade de várias facetas.
Ao lermos infringimos em várias faculdades, tais como, a identificação e memorização dos signos,
o entendimento do que está escrito, a identificação afetiva com o texto, a intenção argumentativa
que poderá levar a uma conclusão ou desviá-la dela e o sentido da leitura.
O ato de ler é um ato de fusão dialética entre razão e sensibilidade.

“Se é praticando que se aprende a nadar, se é praticando que se aprende a trabalhar.


É praticando também que se aprende a ler e escrever.
Vamos praticar para aprender e aprender para praticar melhor.... (Paulo Freire)”

Romão Adriano

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Ampliando a noção de leitura
Qualquer que seja o tipo de texto, o leitor sempre será interpelado pelo conhecimento que já
adquiriu ao longo de sua vida. Nesse sentido, ‘ler’ não é apenas decodificar o que está escrito,
mas, também isso, é compreender os significados mediatizados no texto. A compreensão é um
processo dinâmico, no qual fazemos uso dos nossos conhecimentos prévios e interagindo com as
pistas fornecidas vamos construindo o sentido global do texto. Assim, “o texto, como se vê, pode
apenas programar a leitura: é o leitor que deve concretizá-la” (JOUVE, 2002, p.74).
À medida que avançamos na leitura do texto vamos realizando vários processos mentais de modo
que possamos continuar a leitura.
Na maioria dos casos, a leitura solicita uma competência mínima que o leitor deve possuir para
prossegui-la.

A leitura ao jeito de cada leitor


Objectivo da leitura

Para Fry (2000, P.60) aponta seis razoes fundamentais para as lerem:

1. Aprender uma certa mensagem.


2. Para descobrir detalhes importantes.
3. Para responder a uma questão específica.
4. Para avaliar o que se esta a ler.
5. Para aplicar o que se lê.
6. Para ocupar o tempo.

As três formas de Leitura

1. Leitura de referência rápida – destina-se a procurar informação específica, que respeita


a uma questão ou interesse particular
2. Leitura Critica ou analítica - é usada para distinguir claramente ideias e conceitos que
requerem uma análise mais aprofundada. é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é
capaz de fazer. É ativa em grau elevado. Tem em vista principalmente o entendimento;
3. Leitura estética ou prazer – faz-se por puro entretenimento ou para apreciar o estilo de
um autor.

Técnicas de Leitura

Delimitar a unidade de leitura (seleção) – isto é, dividir o livro e capítulos ou secções,


principalmente a parte do conteúdo em busca.

1. Identificar o tema do texto – O leitor deve conhecer o tema procurado ou em análise.

Romão Adriano

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2. Localizar o texto no tempo e no espaço - Nesse passo, o estudante deve procurar conhecer
o autor do texto, o ano da publicação do texto ou livro, as condições da época em que escreveu o
livro e a linha do seu pensamento ou o que influenciou (inspirou) o autor para escrever.

3. Elaborar uma síntese do texto – O leitor deve fazer uma seleção e uma organização dos
elementos mais importantes do texto, estabelecendo um critério de relevância (o que é mais
importante? o que é menos importante?).

4. Organizar as próprias ideias com relação aos elementos relevantes - Nesse ponto, é
preciso um posicionamento do leitor que decorrerá da avaliação do que foi dito com base nos
critérios que se resolveu adotar para a elaboração da síntese. É importante verificar os
conhecimentos prévios que se já possui sobre o tema. Com base nesses conhecimentos, adota-se
uma posição em relação às novas informações: concorda com elas? Discorda delas? Por quê?

5. Demonstrar capacidade para interpretar dados e fatos apresentados - Agora, a partir das
relações estabelecidas, o leitor deverá construir uma resposta para a seguinte pergunta: que
sentido faz o que eu acabei de ler?

6. Elaborar hipóteses explicativas para fundamentar sua análise das questões discutidas no
texto - O leitor deve procurar uma explicação para a razão de elas serem o que são. A elaboração
das hipóteses explicativas para o conjunto de informações obtidas pela leitura do texto vai além
do que foi dito pelo autor e permite que se construa um novo conhecimento acerca da questão do
tema. Estamos, pois, diante da conclusão do processo de leitura e construção de sentido do texto,
isto é, a apropriação do texto lido pelo leitor.

Todos esses passos sugeridos para a garantia de uma boa leitura podem ser sintetizados nos cinco
elementos que todo leitor deve identificar num texto. Ei-los:
 Tema – ideia central ou assunto tratado pelo autor, o fenômeno que se discute no decorrer
do texto;
 Problema – aquilo que “provocou” o autor, isto é, pode ser visto como o questionamento
de motivação do autor;
 Tese: a ideia de afirmação do autor a respeito do assunto. O que o autor fala sobre esse
tema? Que posição assume, que ideia defende? O que quer demonstrar?
 Objetivo – a finalidade que o autor busca atingir. O objetivo pode estar implícito ou
explícito no texto;
 Ideias Centrais – ideias principais do texto. A cada parágrafo podemos selecionar ideias
centrais ou secundárias.

Romão Adriano

21
2.1 Resumo
Resumir um texto e reproduzir com poucas palavras aquilo que o autor disse. Um resumo nada
mais e do que um texto reduzido as suas ideias principais, sem a presença de comentários ou
julgamentos. Platão & Luiz (2007).
Resumir um texto significa condensa-lo a sua estrutura essencial sem perder de vista três
elementos:
 As partes essenciais do texto;
 A progressão em que elas aparecem no texto;
 A correlação entre cada uma das partes.

Para se realizar um bom resumo, são necessárias algumas técnicas:

1. Ler todo o texto para descobrir o tema ou o assunto.

2. Reler uma ou mais vezes, sublinhando frases ou palavras importantes. Isto ajuda a

identificar as ideias e a esclarecer possíveis dúvidas de vocabulário.

3. Distinguir e separar os exemplos ou detalhes, das ideias principais.

4. Destacar as frases-núcleo (partes indispensáveis a interpretação) de cada parágrafo.

5. Observar as palavras que fazem a ligação entre as diferentes ideias do texto,


também chamadas de conectivos: por causa de, assim sendo, alem do mais, pois,
em decorrência de, por outro lado, da mesma forma. Estas palavras trazem
diferentes significados como: conclusão, finalidade, explicação, oposição de
ideias etc.
6. Fazer o resumo de cada parágrafo, porque cada um deles encerra uma ideia
diferente no texto.
7. Ler os parágrafos resumidos e observar se há uma estrutura coerente entre eles,
isto é, se todas as partes estão bem encadeadas e se formam um todo significativo
que represente perfeitamente o tema do texto original. Se assim proceder, estarás a
produzir um novo texto a partir do anterior, que será seu resumo.
8. Em um resumo, não se devem comentar as ideias do autor. Deve-se registrar apenas
o que ele escreveu, sem usar expressões como "segundo o autor", "o autor afirmou
que" etc.
9. O tamanho do resumo pode variar conforme o tipo de assunto abordado. É
recomendável que nunca ultrapasse vinte por cento da extensão do texto original.

Romão Adriano

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ACTIVIDADE 2
Leia o texto a seguir depois faça resumo:

O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e
desertos prados do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.
O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a
China à Europa e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda,
até cair em desuso, seis séculos atrás.
Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios
de informática fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.
A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de
camelos e cavalos a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do centro-oeste chinês, mais conhecida por
seus guerreiros de terracota − era a capital da China.
As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que
acompanham as fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia
Central até o mar Cáspio e além.
Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação
marítima se expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica
do país migrou na direção da costa.
Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China
dispararam na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do
país.
O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai – e de
lá por navios que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez – é algo que leva cinco semanas. O trem da
Rota da Seda reduz esse tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem,
mas o custo do tempo agregado por mar é considerável.
Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar
o frete ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a
carga das temperaturas que podem atingir 40 °C negativos.
(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473).

Romão Adriano

23
2.1. Técnicas de tomar notas e elaboração de fichas de leitura

Saber tomar notas de leitura é coisa muito importante. Mas, primeiro, é preciso saber o que anotar,
segundo, como anotar, terceiro, onde anotar. Não se toma nota de tudo, evidentemente, mas apenas
daquilo que possa interessar ao esquema do trabalho. Procure resumir as informações importantes;
neste caso, convém ter presente ao espírito que a maioria dos parágrafos tem a sua ideia-núcleo
expressa no tópico frasal. Se o tópico frasal for muito extenso, reduza-o a nominal. Tendo o
cuidado, sempre, de anotar de maneira precisa todas as indicações necessárias à localização do
trecho transcrito (nome do autor, título completo da obra, local, editora, data e páginas.

 Fichas de leituras

De acordo com Garcia (2010, p.411), as fichas podem ser tomadas em cartolina de mais ou menos
15 cm × 10 cm (o formato-padrão é de 125 mm × 75 mm), que se encontram nas papelarias. Mas,
como tais fichas estão agora pela hora da morte, é mais prático e mais econômico reduzir uma
folha de papel de máquina, tipo ofício, a oito fichinhas de mais ou menos 11 cm × 8 cm, tamanho
reduzido, sem dúvida, mas suficiente para a maioria das notas.
Existem diferentes concepções e, por decorrência, diferentes modalidades ou opções para dar
conta desta atividade acadêmica, conforme encontradas nos manuais de Metodologia Científica e,
mais recentemente, nos manuais de gêneros acadêmicos.

o fichamento é, portanto, uma técnica de trabalho intelectual que consiste no registro sintético e
documentado das ideias e/ou informações mais relevantes (para o leitor) de uma obra científica,
filosófica, literária ou mesmo de uma matéria jornalística.

 Tipos de fichas:

Existem três tipos de fichas:

1. Ficha de resumo.
2. Ficha de transcrição, de citação direta;
3. Ficha de indicação bibliográfica, que deve conter o nome do autor, o título da obra e o
assunto de que trata a obra em questão;

Exemplo de Ficha de resumo:

Nesse tipo de ficha expõe-se, abreviadamente, as principais ideias do autor ou sintetiza-se as


ideias principais de um texto ou de uma aula. A ficha de resumo deve ser breve e redigida com
as próprias palavras, não precisando obedecer a estrutura da obra.

Romão Adriano

24
MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Ciência e conhecimento Científico. In: ______.
Metodologia do trabalho científico. 4ª. Edição. São Paulo: editora Atlas, 1995, p.08-22.
O conhecimento científico se caracteriza pela possibilidade de se comprovar os dados obtidos nas
investigações acerca dos objetos. Para que o conhecimento seja considerado científico, é
necessário analisar as particularidades do objeto ou fenômeno em estudo. A partir desse
pressuposto, Lakatos & Marconi apresentam dois aspectos importantes:
a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade;
b) Um mesmo objeto ou fenômeno pode ser observado tanto pelo cientista quanto pelo homem
comum; o que leva ao conhecimento científico é a forma de observação do fenômeno.

 Ficha de citação
Consiste na transcrição fiel de trechos fundamentais de obras ou capítulos estudadas. Ou seja,
apresenta-se o raciocínio, a argumentação do autor da obra ou do texto que "comanda" o trabalho
de resumo do leitor.
Obedece algumas normas:
1. toda citação deve vir entre aspas;
2. após a citação, deve constar entre parênteses o número da página de onde foi extraída a
citação;
3. a transcrição tem que ser textual e não esquemática;
4. a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se no local da
omissão, três pontos, entre colchetes [...];
5. nos casos de acréscimos ou comentários, colocar dentro dos colchetes [ ];
6. a ficha não deve conter opiniões ou posicionamentos do leitor;
7. não deve acrescentar novas informações ao que foi exposto pelo texto.
8. Se houver erros de grafia ou gramaticais, copia-se como está no original e escreve-se
entre parênteses (sic).

Exemplo de ficha de citação

MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Ciência e conhecimento Científico. In: ______.


Metodologia do trabalho científico. 4ª. Edição, Editora Atlas, São Paulo. (1995. p.08-22

“O conhecimento popular e o científico possui objetivo comum, mas o que os diferencia é a


forma, o modo e os instrumentos do ‘conhecer’. Uma das diferenças é quanto à condição ou
possibilidade de se comprovar o conhecimento que se adquire no trato direto com as coisas e o
ser humano”. (p.10).

Romão Adriano

25
“Além de ser uma sistematização de conhecimentos, [...] ciência é um conjunto de proposições
logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar.”
(p. 12-13)
“O conhecimento popular caracteriza-se (sic) por ser predominantemente: superficial, isto é
conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto
das coisas: expressa-se por frases como ‘porque o vi’, ‘porque o senti’, ‘porque o disseram’,
‘porque todo mundo diz’ “. (p.15).

 Ficha Bibliográfica

Deve conter o nome do autor (na chamada), o título da obra, edição, local de publicação, editora,
ano da publicação, número do volume se houver mais de um e número de páginas.
E no corpo do texto, um resumo sobre o assunto do livro ou do artigo, incluindo detalhes
importantes sobre o tema tratado que possam ajudar ao pesquisador em sua tarefa de pesquisa,
seja em que nível de for.

Exemplo de ficha bibliográfica

Referência:

MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Metodologia do trabalho científico. 4. Edição. São


Paulo: Atlas, 1995. 214 p.

O livro trata de questões relevantes para a metodologia do trabalho científico. Seu propósito
fundamental é evidenciar que, embora a ciência não seja o único caminho de acesso ao
conhecimento e à verdade, há diferenças essenciais entre o conhecimento científico e o senso
comum, vulgar ou popular, resultantes muito mais do contexto metodológico de que
emergem do que propriamente do seu conteúdo. Real, contingente, sistemático e verificável,
o conhecimento científico, não obstante falível e nem sempre absolutamente exato, resulta
de toda uma metodologia de pesquisa, a que são submetidas hipóteses básicas, rigorosamente
caracterizadas e subsequentemente submetidas à verificação. Mostrando todo o
encadeamento da metodologia do conhecimento científico, o conteúdo deste livro aborda
ciência e conhecimento científico, métodos científicos, fatos, leis e teorias, hipóteses,
variáveis, elementos constitutivos das hipóteses e plano de prova - verificação das hipóteses.

Referencias Bibliográficas
JOUVE Vincent (2002) A Leitura: acessado na internet https://kupdf.net. Download.vinc.
PLATÃO, Savioli F. & LUIZ Florin J. (2007) Para entender o texto: leitura e redação. 17ªEdicao,
Editora Ática. São Paulo.
Romão Adriano

26
FREIRE, Paulo (1989). A importância do ato de ler: em três artigos que se completam.23. ed. São
Paulo: Autores Associados: Cortez,
FRY, Roony (2000), O Guia do Bom Estudante: 1ª Edição, Editora Presença, Lisboa.

ACTIVIDADE 3

6.1 Leia a partir da página 50 à 93 do livro de Marcushi.


a) Faca o resumo.

Romão Adriano

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UNIDADE VI - Coerência e Coesão Textual

Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática que apresenta a Coerência e Coesão
Textual. O objetivo deste capítulo é possibilitar uma visão necessária e básica sobre o que se tem
chamado, nos estudos linguísticos, de coerência e coesão textuais, como também discorrer sobre
os instrumentos necessários para entender o fenômeno da textualidade em suas várias
manifestações.

Ao final desta unidade, o estudante para ser capaz de:

 Definir o processo de coerência e coesão textual;

 Conhecer os elementos e mecanismos de subordinação das orações na produção de


textos;

 Caracterizar os mecanismos que actuam no processo de coesão e coerência textual

 Aplicar corretamente os elementos de ligação para construção de frases com sentido


logico;

 Produzir textos inteligíveis.

5. Coesão e Coerência.

O texto é um conjunto harmônico de elementos,associados entre si por processos de coordenação


ou subordinação. Os fonemas (sons da fala), representados graficamente pelas letras, se unem
constituindo as palavras. Estas, por sua vez, ligam-se para formar as orações, que passam a se
agrupar constituindo os períodos. A reunião de períodos dá origem aos parágrafos. Estes também
se unem, e temos então o conjunto final, que é o texto. No meio de tudo isso, há certos elementos
que permitem que o texto seja inteligível, com suas partes devidamente relacionadas. Se a ligação
entre as partes do texto não for bem feita, o sentido lógico será prejudicado.

5.1 Coerência

Um texto é coerente quando aquilo que ele transmite está de acordo com o conhecimento que cada
locutor e interlocutor têm do mundo.

a) As ruas estão molhadas porque não choveu.

b) Ele estuda tanto que não sabe nada.

É possível, por processos linguísticos, reparar esta anormalidade de situações:


c) As ruas estão molhadas apesar de não ter chovido.
Romão Adriano

28
d) É impressionante: ele estuda tanto e não sabe nada!
As expressões sublinhadas assinalam que a situação descrita não deve ser interpretada dentro do
que é expectável de acordo com o nosso conhecimento dos factos.
A incoerência dos enunciados resulta dos nexos estabelecidos nos mesmos, os quais não respeitam
o conhecimento que temos do mundo.

Exemplo:
“Levantamos muito cedo. Fazia frio e a água havia congelado nas torneiras. Até os animais,
acostumados com baixas temperaturas, permaneciam, preguiçosamente, em suas tocas. Apesar
disso, deixamos de fazer nossa caminhada matinal comas crianças.”
Vamos analisar.
O trecho é composto por vários períodos, agrupados em dois segmentos distintos.
 No primeiro, fala-se do frio intenso e suas consequências;
 no segundo, adecisão de não fazer a caminhada matinal.
O que aparece para fazer a ligação entre esses dois segmentos? A locução apesar disso. Ora, esse
termo tem valor concessivo, liga duas coisas contraditórias, opostas; mas o que segue a ele é uma
consequência do frio que fazia naquela manhã. Dessa forma, no lugar de apesar disso, deveríamos
usar por isso, por causa disso, em virtude disso etc. Conclui-se o seguinte: as partes do texto não
estavam devidamente ligadas. Diz-se então que faltou coesão. Consequentemente, o trecho ficou
sem coerência, isto é, sem sentido lógico. Resumindo, podemos dizer que a coesão é a ligação, a
união entre partes de um texto; coerência é o sentido lógico.
 Progressao tematica
A coerência textual depende, ainda, da progressão temática; introdução da informação nova que
faz evoluir o texto, da continuidade semântica e recorrência da informação que assegura a
unidade do texto. Portanto, o texto articulado coerentemente deve possuir relações estabelecidas,
firmemente, entre suas informações, e essas têm a ver umas com as outras. A relação em um texto
refere-se à forma como seus conceitos se encadeiam, como se organizam, que papeis exercem uns
em relação aos outros. As relações entre os fatos têm que estar presentes e ser pertinentes. Para
tal, há necessidade de observar os princípios de relação de sentidos.

 Princípios de relação de sentidos

A coerência depende, assim, das relações de sentido que se estabelecem entre as palavras. Essas
relações devem obedecer a três princípios:

 O princípio da relevância ou de relação,


 O princípio da não contradição,
 O princípio da não redundância ou não tautologia.

Romão Adriano

29
 Princípio da relevância ou de relação (exclui a representação de situações ou eventos
que não estejam logicamente relacionados entre si). Um texto coerente tem unidade, já que
nele há a permanência de elementos constantes no seu desenvolvimento. Um texto que
trate a cada passo de assuntos diferentes sem um explícito ponto comum não tem
continuidade. Um texto coerente apresenta continuidade semântica na retomada de
conceitos, ideias. Isto fica evidente na utilização de recursos linguísticos específicos como
pronomes, repetição de palavras, sinônimos, hipónimos, hiperónimos etc. Os processos
coesivos de continuidade só se podem dar com elementos expressos na superfície textual;
um elemento coesivo sem referente expresso, ou com mais de um referente possível, torna
o texto malformado.
Exemplo:
Primeiro, revejo o texto, depois faço um primeiro esboço e, por fim, planifico as minhas ideias.

 Princípio da não contradição ou de sequência logica (exclui a representação de


situações logicamente incompatíveis).
Um texto precisa respeitar princípios lógicos elementares. Não pode afirmar A e o contrário de A.
Suas ocorrências não podem se contradizer, devem ser compatíveis entre si e com o mundo a que
se referem, já que o mundo textual tem que ser compatível com o mundo que representa. Esta não-
contradição expressa-se nos elementos linguísticos, no uso do vocabulário, por exemplo. Em
redações escolares, costuma-se encontrar significantes que não condizem com os significados
pretendidos. Isso resulta do desconhecimento, por parte do emissor, do vocabulário a que recorreu.

Exemplo:

O Júlio é alto e baixo, magro e gordo.

 Princípio da Progressão ou de não redundância (um texto não pode ser nulamente
informativo).
O texto deve retomar seus elementos conceituais e formais, mas não deve limitar-se a isso. Deve,
sim, apresentar novas informações a propósito dos elementos mencionados. Os acréscimos
semânticos fazem o sentido do texto progredir. No plano da coerência, percebe-se a progressão
pela soma das ideias novas às que são já tratadas. Há muitos recursos capazes de conferir
sequenciação a um texto.

Exemplo: Aproximei-me da casa, ou seja, aproximei-me da moradia dela, isto é, cheguei perto do
sítio onde ela passava muito do seu tempo.

Romão Adriano

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5.1.1 Coesão
Falamos de coesão textual quando nos referimos ao modo como os componentes superficiais do
texto (palavras; frases; períodos; parágrafos) se encontram ligados entre si. Isto é, a coesão textual
diz respeito aos mecanismos gramaticais de tipo sintático-semântico que se utilizam para explicitar
as relações existentes entre as frases, os períodos e os parágrafos de um texto. Um texto não é
somente uma concatenação de frases isoladas, sendo necessário que o falante possua uma
competência textual, que consiste na capacidade de distinguir quando um texto é correcto e
adequado a uma situação, bem como produzir textos com características distintas.

5.2.1 Tipos e mecanismos e Coesão

Segundo Mira Mateus (1983), "todos os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam
recuperável) uma ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície
textual podem ser encarados como instrumentos de coesão" que se organizam da seguinte forma:

1. Gramatical – Frásica, Interfrásica, Temporal e Referencia.


2. Lexical – Reiteração e substituição
3. Coesão Frásica - Respeita à ligação entre os componentes da frase.Verifica-se ao nível da
concordância entre o nome e os seus determinantes, entre o sujeito e o verbo, entre o sujeito
e os seus predicadores, bem como ao nível da ordem dos vocábulos na oração e ao nível
da regência nominal e verbal.

Exemplos:
f) O Pico é a ilha mais bonita do arquipélago açoriano.
g) Elas trouxeram camisolas amarelas.
h) O homem admirava a bailarina que dançava com um olhar lânguido.
i) O homem, com um olhar lânguido, admirava a bailarina que dançava.
j) O homem admirava a bailarina que, com um olhar lânguido, dançava.

 Coesão Interfrásica
Consiste na articulação relevante e adequada de frases ou de sequências de frases (segmentos
textuais). A coesão interfrásica é assegurada pelos marcadores discursivos (articuladores ou
conetores). Deste modo, quando escrevemos, ou falamos, devemos assegurar-nos de que usamos
o conetor adequado à relação que queremos expressar.
 Coesão Temporal
A coesão temporal é assegurada pela sequencialização dos enunciados de acordo com uma lógica
temporal que é assegurada através do emprego adequado dos tempos verbais, do uso de

Romão Adriano

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advérbios/expressões adverbiais que ajudam a situar o leitor no tempo e do uso de grupos nominais
e preposicionais com valor temporal.
Exemplos:
k) Quando ela acordou já ele tinha saído de casa.
l) Só começarei a estudar amanhã; agora estou a jogar PSP.
m) Choveu durante todo o dia. Estive a ler até às oito horas.

 Coesão Referencial

Este tipo de coesão refere-se a um conjunto de termos/expressões que remetem para a mesma

entidade presente no texto. Assim, a coesão referencial realiza-se através de:

 Anáfora (gramatical) - Elemento que se interpreta em relação a um elemento lexical


aparecido anteriormente no discurso – antecedente.
Exemplo:
n) A Rosa faltou hoje à aula, mas ela nunca falta!

 Catáfora - Designa um tipo particular de anáfora, em que o termo anafórico precede o


antecedente. O elemento que antecede a anáfora e com o qual ela se referencia é chamado
antecedente referencial.
Exemplo:
o) Ela nunca falta à aula, mas a Rosa hoje faltou.
 Coesão Referencial
A anáfora gramatical realiza-se com elementos tipicamente gramaticais:
1. Pronomes pessoais de 3.ª pessoa (ele, ela, lhe…);
2. Determinantes e pronomes possessivos de 3.ª pessoa (seu, sua, suas…);
3. Morfemas verbais de 3.ª pessoa – ele cantou, ela cantava, ele tinha cantado, ela
cantaria);
4. Advérbios;
5. Pronome relativo que, que pela sua natureza sintática de referência a um
antecedente é também anafórico.

A anáfora pode ser gramatical ou lexical. Enquanto a gramatical respeita à coesão referencial, a
anáfora lexical respeita à coesão lexical.

Exemplo:
p) O menino quando viu o seu avô começou a correr pelas escadas. A correria foi tanta que o
pequenito não viu o último degrau que tinha água e ele caiu.
Neste enunciado há seis elementos claramente anafóricos. Uns são gramaticais; outros lexicais.
Romão Adriano

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O menino quando viu o seu avô começou a correr pelas escadas. A correria foi tanta que o
pequenito não viu o último degrau que tinha água e ele caiu.

Anáforas gramaticais:

1. O possessivo seu de “seu avô”, cuja interpretação leva directamente ao grupo nominal
antecedente “o menino”;
2. O pronome relativo que, cujo antecedente é o nome “degrau”;
3. O pronome pessoal ele que substitui os antecedentes lexicais “o menino”, “o pequenito”.

O menino quando viu o seu avô começou a correr pelas escadas. A correria foi tanta que o
pequenito não viu o último degrau que tinha água e ele caiu.

Anáforas lexicais:
1. O grupo nominal o pequenito que entra numa relação de sinonímia com o seu
antecedente “O menino”;
2. O grupo nominal A correria que se interpreta em relação ao antecedente verbal “correr”;
3. O grupo nominal o último degrau que está associado ao nome antecedente “escadas”.

 Coesão Lexical

A coesão lexical realiza-se através de:

 Anáfora lexical que, por seu turno, se realiza através de: Repetição

Exemplo:

q) Ele comprou um carro. O carro atinge 180 km por hora.


1. Sinonímia

Exemplo:

r) Aconselhei o rapaz. Mas o adolescente não me ouviu.

Atenção! Por vezes, as relações de sinonímia dependem dos saberes compartilhados pelos falantes
ou escreventes/leitores.

s) O Benfica venceu o campeonato.


t) A equipa da Luz venceu o campeonato.
u) A equipa da Águia venceu o campeonato.

Romão Adriano

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 Coesão Lexical
2. Hiperonímia

Exemplo:

v) Ele comprou um carro. O veículo é muito rápido.


3. Hiponímia

Exemplo:

w) Um veículo agrícola atravessou-se na estrada. O trator era conduzido por um inexperiente.


4. Nominalização

Exemplo:

x) Ele comprou um carro veloz e seguro. A velocidade e a segurança entusiasmaram-no.

Atenção! A anáfora por nominalização consiste, neste caso, na transformação de adjetivos


(veloz/seguro) em nomes (velocidade/segurança).

Coesão Lexical

5. Holonímia/meronímia

Exemplo:

y) Ele comprou um carro. Depois verificou que o volante não estava alinhado.

A coesão lexical realiza-se, ainda, através de:

6. Elipse

Exemplo:

z) A Joana comprou o vestido azul e ø deu o ø amarelo.

Exemplo:

aa) A Joana comprou o vestido azul e ela deu o vestido amarelo.

 Correferência não anafórica


Duas ou mais expressões linguísticas podem identificar o mesmo referente, sem que nenhuma
delas seja referencialmente dependente da outra. Fala-se, então, de correferência não anafórica.

Exemplo:
bb) O Rui foi trabalhar para África. Finalmente, o marido da Ana conseguiu concretizar o seu
sonho.

Romão Adriano

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Ora vejamos;

A interpretação dos dois termos como remetendo para o mesmo referente exige que os
interlocutores partilhem esse conhecimento; isto é, que ambos saibam que o Rui e o marido da
Ana são uma e a mesma pessoa.

 Elementos conectores
Qualquer vínculo estabelecido entre as palavras, as orações, os períodos ou os parágrafos podemos
chamar de coesão. Toda palavra ou expressão quese refere a coisas passadas no texto, ou mesmo
às que ainda virão, são elementos conectores. Os termos a que eles se referem podem ser chamados
de referentes. Eis os conectores mais importantes:

 Pronomes pessoais, retos ou oblíquos

Exemplo:

f) O meu filho está na escola. Ele tem uma provahoje.


g) Ele = O meu filho (referente)
h) Carlos trouxe o memorando e o entregou ao chefe.
i) O=memorando (referente).
 Pronomes possessivos
Exemplo:
a) O Pedro, chegou a sua maior oportunidade.
b) Sua = o Pedro (de Pedro).

 Pronomes demonstrativos
Os demonstrativos estão entre os maisimportantes conectores da língua
portuguesa.Frequentemente se criam questões deinterpretação ou compreensão com base em
seuemprego.

Veja os seguintes exemplos:

a) O filho está demorando, e isso preocupa a mãe.


b) Isso=O filho está demorando.
c) Isto preocupa a mãe: o filho está demorando.
d) Isto=o filho está demorando.

Isso (esse, esses, essa, essas) é usado para fazerreferência a coisas ou fatos já citados no texto.
Isto(este, estes, esta, estas) refere-se a coisas ou fatos queainda serão citados no texto.

Romão Adriano

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e) O homem e a mulher estavam sorrindo.
Aquele porque foi promovido; esta por ter recebido um presente.
f) Aquele = homem esta=mulher. Temos aqui uma situação especial de coesão: evitar
arepetição de termos por meio do emprego de este(estes, esta, estas) e aquele (aqueles,
aquela, aquelas).

Não se usa, aqui, o pronome esse (esses, essa, essas).Com relação ao exemplo, a palavra aquele
refere-se aotermo mais afastado (homem), enquanto esta, ao maispróximo (mulher).

d) Pronomes indefinidos.

Exemplo:

e) Naquela época, os homens, as mulheres, as crianças,


f) Todos acreditavam na vitória.
g) todos = homens, mulheres, crianças

 Pronomes relativos.

Exemplo:

h) Havia ali pessoas que me ajudavam.(que= as quais)

i) Que=pessoas

No caso do pronome relativo, o seu referente costuma ser chamado de antecedente.

 Pronomes interrogativos

Exemplo:

1. Quem será responsabilizado?


2. O rapaz do almoxarifado, por não ter conferido os materiais.
3. Quem = o rapaz do almoxarifado

 Substantivos

Exemplo:

4. José e Helena chegaram de férias.


5. As Crianças ainda, não entendem o que aconteceu com o professor.
6. Crianças = José e Helena

Romão Adriano

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 Advérbios

Exemplo:

7. A faculdade ensinou-o a viver. Lá se tornou um homem.


8. Lá=faculdade

 Preposições

Ligam palavras dentro de uma mesma oração. Em casos excepcionais, ligam duas orações. Elas
não possuem referentes no texto, simplesmente estabelecem vínculos.

Exemplo:

9. Preciso de ajuda.
10. Morreu de frio.

Nas duas frases, a preposição liga um verbo a um substantivo. Na primeira, em que introduz um
objecto indireto (complemento verbal compreposição exigida pelo verbo), ela é destituída de
significado. Diz-se que tem apenas valor relacional. Na segunda, em que introduz adjunto
adverbial, possui valor semântico ou nocional, uma vez que aexpressão que ela inicia tem um
valor de causa.

Veja a seguir, os principais valores semânticos das preposições.

11. De causa:Perdemos tudo coma seca.


12. De matéria:Trouxe copos de papel.
13. De assunto:Falavam de política.
14. De fim ou finalidade:Vivia para o estudo.
15. De meio:Falaram por telefone.
16. De instrumento:Feriu-se com a tesoura.
17. De condição:Ele não vive sem feijão.
18. De posse:A cheiolivro de André.
19. De modo: Agiu com tranquilidade.
20. De tempo:Retomaram de manhã.
21. De companhia:Passe ou coma irmã.
22. De afirmação:Irei com certeza.
23. De lugar:Ele veio de casa.

Romão Adriano

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ACTIVIDADE 4
a) Analise o seguinte texto e comente sobre as relações de sentido dos enunciados,

“João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também os misseis
são caríssimos. Os misseis são lancados no espaco. Segundo a teoria da relatividade, o espaço e
curvo. A geometria rimaniana da conta desse fenómeno.” Marcuschi

5.1.3 Texto e Contexto


A leitura de um texto se dá primeiramente a partir do processo de decodificação, quando temos
contato com o “conteúdo” e buscamos compreendê-lo.
Existem elementos que nos ajudam a interpretar os textos que estão a nossa volta, mas para que
se possa compreender bem um texto é necessário identificar o contexto (social, cultural, estético,
político) no qual ele está inserido.
Texto é um tecido verbal estruturado de tal forma que as ideias formam um todo coeso, uno
coerente. A imagem de tecido contribui para esclarecer que não se trata de feixe de fios
entrelaçados (frases que se inter-relacionam).
Todas as partes de um texto devem estar interligadas e manifestar um direcionamento único
Todas as partes de um texto devem estar interligadas e manifestar um direcionamento único.
Assim, um fragmento que trata de diversos assuntos não pode ser considerado texto. Da mesma
forma, se lhe falta coerência, se as ideias são contraditórias, também não constituirá um texto. Se
os elementos da frase que possibilitam a transição de uma ideia para outra não estabelecem coesão
entre as partes expostas, o fragmento não se configura texto. Essas três qualidades – unidade,
coerência e coesão – são essenciais para a existência de um texto. Um texto é mais ou menos
eficaz dependendo da competência de quem o produz, ou da interação de autor-leitor, ou emissor-
receptor. O texto exige determinadas habilidades do produtor, como conhecimento do código, das
normas gramaticais que regem a combinação dos signos. A competência na utilização dos signos
possibilita melhor desempenho.
Define-se como informações que acompanham o texto. Por isso, sua compreensão depende da
compreensão do contexto. Assim sendo, não basta a leitura do texto, é preciso retomar os
elementos do contexto, aqueles que estiveram presentes na situação de sua construção.

O contexto deve ser visto em suas duas dimensões: estrutura de superfície e estrutura de
profundidade. A estrutura de superfície considera os elementos do enunciado, enquanto a estrutura
de profundidade considera a semântica das relações sintáticas. Num caso, o leitor busca o primeiro
sentido pelo produzido pelas orações; no outro, vasculha a visão do mundo que enforma o texto.

O Contexto pode ser imediato ou situacional.

Romão Adriano

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O contexto imediato relaciona-se com os elementos que seguem ou precedem o texto
imediatamente. São os chamados referentes textuais. O contexto situacional é formado por
elementos exteriores ao texto. Esse contexto acrescenta informações, quer históricas, quer
geográficas, quer sociológicas, quer literárias, para maior eficácia da leitura que se imprime ao
texto. Informação diz respeito aos atos de transmitir uma notícia, de dar instruções, oferecer um
ensinamento ou um determinado tipo de conhecimento, uma opinião sobre o procedimento de
alguém, um parecer técnico.

A comunicação, por sua vez, implica em relação. Nela também está contida a informação, inserida
na mensagem que o receptor quer transmitir ao destinatário ou público-alvo, contudo, há uma
amplitude maior. A comunicação é o processo pelo qual ideias são transmitidas entre pessoas,
tornando possível a interação social. Uma campanha de vacinação, por exemplo, é um tipo de
divulgação, que leva uma determinada informação ao público geral. Já a construção do
conhecimento depende de interação, participação de todas as partes envolvidas no processo, de
feedback.

A comunicação e a informação andam lado a lado porque se apreendermos a comunicação básica,


que envolve um receptor que direciona uma mensagem a um destinatário, veremos que a
informação é também um tipo de comunicação, de um modo restrito. Quando alguém coloca um
aviso na portaria de um prédio e todos leem, é um modo básico de comunicação, sem troca, sem
perguntas, mas ainda é comunicação.

Então, o grande ponto a ser ressaltado na comunicação assertiva é o modo como a informação é
concebida e gerada. Se ela não pode ser transformada, tocada por todos e valorizar a compreensão,
contribuição e proatividade, então, ela cumpriu um simples papel: saiu de um ponto e chegou a
outro.

5.2 Intertextualidade

Todos os textos fazem referência a outros textos; quer dizer, não existem textos que não
mantenham algum aspecto intertextual, pois nenhum texto se acha isolado e solitário. Concerne
aos fatores que tornam a interpretação de um texto dependente da interpretação de outros. Cada
texto constrói-se, não isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual abstrai alguns aspectos
para dar-lhes outra feição. O contexto de um texto também pode ser outros textos com os quais se
relaciona. Quando produzimos um texto, sempre faremos referência a alguma outra forma de texto
(um discurso, um documentário, uma reportagem, uma obra literária, uma notícia etc.).

Romão Adriano

39
1. Intencionalidade

Refere-se ao esforço do produtor do texto em construir uma comunicação eficiente capaz de


satisfazer os objetivos de ambos os interlocutores. Quer dizer, o texto produzido deverá ser
compatível com as intenções comunicativas de quem o produz.

2. Aceitabilidade

O texto produzido também deverá ser compatível com a expectativa do receptor em colocar-se
diante de um texto coerente, coeso, útil e relevante. O contrato de cooperação estabelecido pelo
produtor e pelo receptor permite que a comunicação apresente falhas de quantidade e de qualidade,
sem que haja vazios comunicativos. Isso se dá porque o receptor esforça-se em compreender os
textos produzidos.

3. Informatividade

É a medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, pelo
receptor. Um discurso menos previsível tem mais informatividade. Sua recepção é mais
trabalhosa, porém mais interessante, envolvente. O excesso de informatividade pode ser rejeitado
pelo receptor, que não poderá processá-lo. O ideal é que o texto se mantenha num nível mediano
de informatividade, que fale de informações que tragam novidades, mas que venham ligadas a
dados conhecidos.

4. Situacionalidade

É a adequação do texto a uma situação comunicativa, ao contexto. Note-se que a situação orienta
o sentido do discurso, tanto na sua produção como na sua interpretação. Por isso, muitas vezes,
menos coeso e, aparentemente, menos claro pode funcionar melhor em determinadas situações do
que outro de configuração mais completa. É importante notar que a situação comunicativa
interfere na produção do texto, assim como este tem reflexos sobre toda a situação, já que o texto
não é um simples reflexo do mundo real. O homem serve de mediador, com suas crenças e ideias,
recriando a situação. O mesmo objeto é descrito por duas pessoas distintamente, pois elas o
encaram de modo diverso. Muitos linguistas têm-se preocupado em desenvolver cada um dos
fatores citados, ressaltando sua importância na construção dos textos. Todos os textos fazem
referência a outros textos; quer dizer, não existem textos que não mantenham algum aspecto
intertextual, pois nenhum texto se acha isolado e solitário.

Romão Adriano

40
5.3 ACTIVIDADE 5

1. Abaixo, apresentamos alguns segmentos de discurso separados por ponto final. Retire o ponto
final e estabeleça entre eles o tipo de relação que lhe parecer compatível, usando para isso os
elementos de coesão adequados.
a) O solo do norte de Maputo é muito seco e aparentemente árido. Quando caem as chuvas,
imediatamente brota a vegetação.
b) Uma seca desoladora assolou a região norte, principal celeiro do país. Vai faltar alimento e os
preços vão disparar.
c) O trânsito na cidade de Maputo ficou completamente paralisado dia 15, das 14 às 18 horas.
Fortíssimas chuvas inundaram a cidade.

2. No texto a seguir há um trecho que, se tomado literalmente (ao pé da letra), leva uma
interpretação absurda.

"Um cadáver morto foi encontrado boiando em canal."(TV Noticias 2020.)

a) Identifique o trecho problemático.


b) Diga qual a interpretação absurda que se pode extrair desse trecho.
c) Qual a interpretação pretendida pelo autor?
d) Reescreva o trecho de forma que deixe explícita tal interpretação.

3. Estabeleça a coesão do texto abaixo, valendo-se de expressões que substituam o excesso do


emprego da palavra "golfinho". Utilize expressões que, mesmo não-oficiais, possam servir como
substitutas.

"O golfinho nada velozmente e sai da água em grandes saltos fazendo acrobacias. É mamífero e,
como todos os mamíferos, só respira fora da água. O golfinho vive em grupos e comunica-se com
outros golfinhos através de gritos estranhos que são ouvidos a quilômetros de distância. É assim
que golfinho pede ajuda quando está em perigo ou avisa os golfinhos onde há comida. O golfinho
aprende facilmente os truques que o homem ensina e é por isso que muitos golfinhos são
aprisionados, treinados e exibidos em espetáculos em todo o mundo." Revista Ciência Hoje.

4. Leia o texto abaixo e responda às questões A e B.

Na Cidade, as gangues dos meninos de rua – que roubam e auxiliam traficantes para andar com
roupa e tênis da moda – sabem que esse guarda-roupa não combina com a imundície dos locais
onde dormem, chamados mocós em quase todo o país.
Contornam a dificuldade de banho nos chafarizes das praças ou se valem da boa vontade de grupos
religiosos e donos de lanchonetes que os deixam usar os chuveiros.

Romão Adriano

41
Limpos, fortes e bem vestidos, não passam, porém, por garotos de classe média, como pretendem.
São traídos por visíveis erupções de pele no rosto e nos braços, provocadas por constantes
intoxicações. É esse o resultado da inalação da cola de sapateiro, do consumo de drogas mais
pesadas e da alimentação suspeita que obtêm nas ruas.
Jornal O Estado de São Paulo. FARACO & MOURA.

5. Indique as expressões do texto a que se referem os seguintes mecanismos de coesão:


a) que (linha 01)
b) esse guarda-roupa (linha 02)
c) onde (linha 02)
d) os (os deixam/ linha 05)

6. Leia o texto abaixo:


O QUE É SER GENTE DIREITA?
Dificilmente alguém será aclamado direito por todos os seres humanos, pois cada um pensa de
uma maneira e tem uma concepção formada do que é certo ou errado.
A pessoa ser considerada direita pelos outros é muito relativo; por exemplo: se você roubasse
algum bem de valor e desse a seu pai, você poderia ser considerado um bom filho; todavia, perante
a sociedade, essa pessoa seria um ladrão.
Gente direita é alguém que diante do seu modo de pensar, da sua maneira de agir, de sua criação,
do lugar em que habita, tem na sua consciência que aquilo que está fazendo é certo.
(Texto da aluna Ana Raquel Sá da Nóbrega, matrícula 94110750, turma 2560)

7. Destaque do texto uma passagem em que a conjunção indique as relações lógico-semânticas de:
a) causa:
b) condição:
c) adição:
d) oposição:

8. Leia o texto antes de resolver as questões propostas.

PODERÍAMOS VIVER SEM CHUVA


À primeira vista, parece que a chuva devia cair sempre à noite, porque é precisamente quando
mais benefícios traz e menos prejudica nossos afazeres e divertimentos; mas quer ela cais em dias
de festa ou de noite, enquanto dormimos tranquilamente, a chuva é sempre necessária.
Seus efeitos consistem em penetrar na terra e ser absorvida pelas raízes das plantas, que dela
necessitam para viver. Se não houvesse chuva, a vida seria possível no mar. Nas regiões onde não
há chuva, não há também vida, e noutras onde a chuva escasseia ou só cai certas estações do ano,

Romão Adriano

42
as populações esperam-na e desejam-na, e até há costume de elevar preces ao céu para que a
envie em tempo próprio.
Devemos ver na chuva, por consequência, um agente que limpa e purifica o ar, alimenta a vida
vegetal, da qual depende a nossa e nos fornece a água de que necessitamos durante todo o ano, nas
regiões onde chove bastante.

A) Indique a expressão a que se referem os seguintes itens linguísticos:


a) seus (linha 04)
b) dela (linha 04)
c) onde (linha 05)
d) na (linha 07)
e) da qual (linha 10)

9. Identifique as relações de sentido que se estabelecem no texto através dos seguintes conectivos.
a) porque (linha 01)
b) enquanto (linha 03)
c) mas (linha 02)
d) para que (linha 07)
e) e (linha 10)

Referencias Bibliográficas
CARLOS L.L.L & GOMES E.P.M (2017) PORTUGUÊS INSTRUMENTAL: 1ª Edição, Editora
INTA, SP.
GARCIA, Othon M. (2010) COMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA: Aprenda a Escrever,
Aprendendo a Pensar, 27ªEdição, Editora FGV. Rio de Janeiro.
PILASTRE, Bruno (2009) TEXTO: Coesão e Coerência Textuais; Semântica:
MARCUSCHI, L (2008) PRODUÇÃO TEXTUAL, ANÁLISE DE GÊNEROS E COMPREENSÃO.
Parábola Editorial, São Paulo.
ANTUNES, Irandé (2005) LUTAR COM PALAVRAS: coesão e coerência. Parábola Editorial: São
Paulo.

Romão Adriano

43
UNIDADE TEMATICA II – Ortografia
Nesta unidade veremos as regras da ortografia, mas por se tratar de inúmeras regras iremos ver
aqui algumas regras muito cobradas, mas é contraproducente tentar decorar o “porquê” das grafias.
Para ter sucesso nesse tema, treine com exercícios e melhore sua memória visual. As próprias
gramáticas tradicionais admitem que não há uma sistematização total, então uma regra pode prever
a ortografia de muitas palavras, mas haverá exceções.

Ao final desta unidade o aluno será capaz de:

 Grafar correctamente as palavras, usando o padrão de acordos ortográficos estabelecido


pela lei;
 Pontuar e acentuar correctamente as grafias no processo de produção de textos.

4. Ortografia

Ortografia é a parte da gramática que se preocupa com a representação das palavras na escrita e
estabelece a forma correta de escreve-las, ou seja, é a ortografia que fixa padrões de correção para
a grafia das palavras.

A forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos que envolvem os diversos países
em que a língua portuguesa é oficial, grafar correta uma palavra significa, portanto, adequar-se a
um padrão estabelecido por lei.

4.1 O emprego das letras

O emprego das letras depende da origem da palavra, contudo, existem algumas orientações que
podem facilitar bastante.

Usa-se x em vez de ch

a) Depois de ditongos - ameixa, faixa, paixão.

Exceto: recauchutar (e derivados) e guache.

b) Depois das iniciais me e en - mexer, enxada, enxuto

Exceto: mecha (e derivados), enchova, encher (derivado de cheio), encharcar (derivado de charco)

Usa-se c e ç

a) Depois de ditongos - foice, coice, ouço, traição

b) Palavras de origem árabe ou africana - cetim, miçanga

c) Nos sufixos -ação, -aço, -iço e -iça - acentuação, ricaço, caniço, carniça

Romão Adriano

44
d) Nomes derivados do verbo ter - deter – detenção / ater – atenção

Usa-se s

a) Depois de ditongos - pausa, maisena, deusa, coisa

b) No sufixo -ês (indicando origem, procedência) - chinês, francês, polonês

c) Nos sufixos –esa e –isa (formando feminino) - princesa, profetisa, freguesa

d) Palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais terminados por nd - compreender –


compreensão / pretender – pretensão; ascender – ascensão / expandir – expansão

Usa-se z

a) Substantivos abstratos derivados de adjetivos - moleza (derivado de “mole”), certeza


(derivado de “certo”)

b) No sufixo -triz (formando feminino) - imperatriz, atriz

c) Nos sufixos formadores de aumentativos e diminutivos - florzinha, paizinho, cafezinho,


paizão.

ATENÇÃO!

Quando o radical da palavra terminar por -s, este será conservado: rosa - rosinha / lápis –
lapisinho

d) Nos verbos formados pelo sufixo -izar - utilizar, atualizar, hospitalizar.

ATENÇÃO!

Quando o radical da palavra terminar por -s, este será conservado: análise = analisar / friso =
frisar

Usa-se j

e) Nas palavras de origem tupi, africana ou árabe - jiboia, canjica, alfanje (foice para roçar o
mato)

f) Nas palavras derivadas de outras que já contêm a letra j - varejo - varejista

g) Na conjugação de verbos terminados em –jar - viajar, bocejar, cacarejar

Usa-se g

h) Nos substantivos terminados por –agem, -igem, -ugem - barragem, vertigem, ferrugem

Exceto: pajem, lambujem


Romão Adriano

45
i) Nas terminações –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio - pedágio, colégio, vestígio, relógio, refúgio.

4.2 Atual acordo ortográfico

Alfabeto - ganha três letras

Antes: 23 letras.

Depois: 26 letras: entram k, w e y.

Quando utilizá-las:

 Em nomes próprios estrangeiros – Kafka;


 Siglas, símbolos e unidades de medidas internacionais – km, kg;
 Palavras estrangeiras usadas por nós com a grafia original – show.

Trema - desaparece em todas as palavras

Antes: Freqüente, lingüiça, aguentar (fica o TREMA em nomes como Müller).

Depois: Frequente, linguiça, aguentar.

4.2.1 O uso do Hífen

Hífen - veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos:

Prefixos: agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini,
semi, sobre, supra, tele, ultra.
- Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo: auto-hipnose,
auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel.

- Em todos os demais casos ”juntamos”: autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole,


antiracista, antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom.

- Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: Hiper, inter, super, super-homem, inter-
regional.
- Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico.

- Sub / Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: sub-base, sub-reino, sub-humano( a


forma subumano também é correta).

- Em todos os demais casos: subsecretário, subeditor.

- Vice e Ex sempre mantém o hífen: vice-rei, vice-presidente , ex-vereador, ex-aluno.


- Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão.

Romão Adriano

46
- Pan, circum - Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: pan-hispanismo, pan-
mágico, pan-negritude, pan-africano, pan-eslávico, pan-iconográfico, pan-ótico. Circum-
hospitalar, circum-meridiano, circum-navegação, circum-ambiente, circum-escolar, circum-
uretral.
Diante de casos mais complexos ou dúvidas, recorra a um bom dicionário!

Tabela 1:

4.3 Acentuação

 Acento tônico

Palavras de apenas uma sílaba

 TÔNICAS (com uma sílaba forte)

O (S); E(S); A(S)

Exemplo: pó, sós; fé, pés; já, pás.

Palavras de mais de uma sílaba

 OXÍTONAS (em que a última sílaba é forte)

O (S); E(S); A(S); EM (ENS)

Exemplos: avó, cipó; café, cafés; Pará, Carajás; porém, vinténs. 16


Romão Adriano

47
 PAROXÍTONAS (em que a penúltima sílaba é forte)

Terminadas em: us- vírus


r - caráter i, is - júri, júris
l - provável ã, ãs - órfã,
x - tórax um, uns - álbum, álbuns
n - hífen* ditongos (ea, ia, io, ua etc)-área, pátria, próprio, água
ps- bíceps *Não acentuadas se terminarem em – ENS - hifens
 PROPAROXÍTONAS (em que a sílaba tônica (forte) é a antepenúltima)

Todas são acentuadas

Exemplo: supersônico, lâmpada, cândido, mórbido, tétano, dúvidas, pântano, código, sólido,
árvore etc.
]

ACTIVIDADE 4

1. Assinale a opção cuja palavra sublinhada não deve ser acentuada:


a) Todo ensino deveria ser gratuito (certo)
b) Não vês que eu não tenho tempo?
c) É difícil lidar com pessoas sem caracter (carácter).
d) Saberias dizer o conteudo da carta (conteúdo)?

2. Aponte a opção em que as duas palavras são acentuadas devido à mesma regra:
a) saí - dói (certo)

b) dá – custará (certo)

c) relógio - própria (relógio = objecto = própria, substantivo ou pronome demonstrativo)

d) até – pé ( até = preposição indicativa de um tempo no espaço, pé= parte inferior da perna)

e) só – sóis (só = adjectivo, sozinho, sóis = plural de sol


3. Assinale a opção em que os vocábulos não obedecem à mesma regra de acentuação gráfica:
a) céu - herói - escarcéu
b) concluído - saúde - atribuí-lo
c) amá-lo - fazê-lo - pô-lo (fazê-lo e pô-lo, forma de conjugação verbal na segunda pessoa do
singular.
d) consequência - mágoa - homogêneo
Romão Adriano

48
e) táxi - ninguém – amável

4. Assinale a alternativa cujas palavras estão corretas quanto à acentuação:


a) Luis, apoio, nódoa, próton, chapéuzinho (chapeuzinho =, não e acentuado)
b) gratuíto, próton, ítem, pêras, álbuns (a palavra peras não leva o acento novo acordo
ortográfico)
c) sanduíche, ritmo, refém, puní-lo, amável
d) âmago, ônus, amá-lo, itens, táxi

5. Assinale a série em que todas as palavras estão acentuadas corretamente:


a) idéia, tabú, suíno, ênclise (exemplo da enclesi - fê-lo)
b) bíceps, heróico, ítem, fóssil
c) tênis, fôsseis, caíste, japonesa
d) fútil, hífen, ânsia, decaído
e) apóia, tapête, órfã, ruína

4.4 Dúvidas Gráficas acerca de expressões e algumas “inutilidades”


As dúvidas, a seguir, são acerca de expressões. Primeiramente, a palavra “acerca”.

Leia: acerca de, há cerca de, a cerca de. Qual o significado de cada uma destas expressões?

No início da frase, quando se afirma que as dúvidas são acerca de expressões, já há a “dica” do
significado desta expressão. Acerca (junto) significa sobre, a respeito.

Assim:

Escreve-se sobre as dúvidas, acerca das dúvidas, a respeito das dúvidas.

Pode-se, também, falar acerca de alguém, isto é, sobre alguém, a respeito de alguém.

Agora, observe

Há cerca de dez expressões difíceis no texto. (Neste caso, substitua a expressão por existem perto
de).

Há cerca de 775 alunos estudando Português Instrumental neste semestre.

Havia cerca de dez provas para revisar.

Houve cerca de 772 aprovações.

Observe outro exemplo:

Não entro na plataforma há cerca de vinte dias. (Substitua por faz perto de.)

Romão Adriano

49
Entretanto, muito cuidado ao utilizar a expressão a cerca de. Tal expressão deve ser usada quando
há a ideia de futuro ou de distância.

Observe

Encontrar-nos-emos daqui a cerca de dez dias. (FUTURO)

O corpo se encontra a cerca de três metros da calçada. (DISTÂNCIA).

Do famoso “a nível de”.

Houve um momento, antes de renomados gramáticos informarem que a expressão era inexistente,
que era “chic” falar o “a nível de”. Ouvia-se alto e bom som a expressão nos telejornais, nos
programas de entrevistas, entre outros. (Cabe destacar que a expressão alto e bom som assim deve
ser falada e escrita: ouvi alto e bom som e não “em alto e bom-tom”, pois tente substituir por “em
baixo...”) Assim, ouvia-se nos “salões nobres da vida”, a nível de informática, a nível de Brasil, a
nível de economia mundial, a nível de Educação, a nível de globalização, mundialização e
planetarização, e por aí segue uma extensa lista da utilização dessa expressão. Tal expressão deve
ser evitada. É modismo!

No entanto, a expressão EM NÍVEL DE existe! E pode ser utilizada quando houver a ideia de
nivelamento.

Observe

A reunião será em nível de diretoria. (Isto quer dizer em termos de, no plano de, em outras
palavras, trata-se de uma reunião somente para diretores — gerentes e supervisores não estão
convocados.)

Cabe lembrar que há a forma ao nível de, com o significado de “à mesma altura”, por exemplo,
“está ao nível do mar”.

Mais uma expressão para a sua apreciação: HAJA VISTA.

É uma expressão invariável com o sentido de “tendo em vista”. Atenção: não existe “haja visto”.
Exemplos

 Ele tirou dez, haja vista que estudou em demasia.


 Ela foi aprovada, haja vista as notas do boletim.

Outro assunto: modismo? Sim! De tempos em tempos, surgem expressões utilizadas por muitos,
entretanto, com significado duvidoso e inútil.

É o caso de expressão a fim de continuar a ler este modulo?

Romão Adriano

50
Observe:

 Eu estou a fim de ir ao teatro assistir à peça “o homem na garrafa —”, no cine teatro
Gilberto Mendes.
 Ela está a fim de terminar os estudos de Filosofia.

No sentido de finalidade, com o propósito de, você deve usar a expressão desta forma (escreve-
se separadamente) A FIM DE, isto é, no intuito de, com a intenção de.

Agora, caro(a) aluno (a), na expressão afim de, há a ideia de afinidade.

Exemplos:

 O português é uma língua afim do espanhol.


 Descobrimos que eles são parentes afins (isto é, parentes por afinidade).

Em princípio, parece fácil. No entanto, é preciso exercitar, praticar, pôr as informações no papel
ou na tela do computador, é preciso aplicar as informações adquiridas.

Observe a palavra em negrito: em princípio.

Em princípio é diferente de a princípio.

Em princípio significa teoricamente, em tese, de um modo geral, em termos.

A princípio significa no começo, inicialmente.

Por exemplo

Em princípio, não somos contra o ensino da Gramática Normativa.

(Teoricamente não somos contra.)

Onde foi que paramos? Aonde tu vais? Continue a leitura!

Onde paramos? Esse "onde" é um advérbio.

Agora, observe a frase abaixo:

Aprecio o autor onde você se baseou. ONDE?

O pronome onde deve ser usado caso o antecedente forneça a ideia de “lugar”. Nesse caso, onde
é pronome relativo e não advérbio.

Observe que a palavra “autor” não dá a ideia de lugar, portanto, você deve usar em que.

Assim - Aprecio o autor em que você se baseou.

Agora - Fomos à cidade onde você nasceu.


Romão Adriano

51
Cidade dá a ideia de lugar. Também pode ser “em que” você nasceu ou “na qual” você nasceu.

Outra forma de uso: onde substituindo quando.

No ano de 1898, onde as pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas diferentes.

A palavra anterior não dá a ideia de lugar e sim de tempo, portanto: No ano de 1898, quando as
pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas diferentes.

E como se deve usar onde e aonde (como advérbio)?

Resposta – deve se usar a palavra onde com verbos que não indicam movimento.

Por exemplo – Onde tu estás? Tu estás onde?

Entretanto, com verbos que indicam movimento, deve se usar aonde.

Por exemplo - Aonde tu vais? Tu vais aonde?

— Queres chegar aonde com essas informações? — Tu perguntas me?

Note bem: a palavra muitas vezes. Evite escrever muita das vezes. É inadequado.

Repetindo, utilize: muitas vezes.

Esta atividade é de reciclagem ou de actualização?

Certamente de actualização. Vamos fazer um curso de actualização em Informática?

Vamos fazer um curso de actualização em História? Em Educação Artística?

Nós nos actualizamos! Entretanto, usamos a palavra reciclar para coisas, por exemplo, reciclar
o lixo, reciclar latinhas etc.

Observe que os nomes de disciplinas devem ser escritos com letras maiúsculas ou minúsculas,
pois o actual Acordo ortográfico, assim o permite, isto é, tornou-se opcional.

Introdução à Filosofia ou introdução à filosofia; Teoria da Comunicação ou teoria da


comunicação; Banco de Dados ou banco de dados; Algoritmos ou algoritmos; Matemática ou
matemática; Língua Portuguesa IV ou língua portuguesa IV; Oficina de Redação ou oficina de
redação etc.

E a palavra através, como usá-la?

É preferível usar esta palavra com o seu sentido original, equivalente a “por dentro de”, que dá a
ideia de atravessar.

Por exemplo - A bala passou através do pequenino corpo.

Romão Adriano

52
Jogou o olhar através da janela e viu a bela cena.

Entretanto, já é aceitável o uso desta locução prepositiva (através de) no sentido de “por meio de”,
“por intermédio de”.

Como dito anteriormente, é preferível o sentido original.

Observe.

Começou a estudar através de livros esotéricos.

Começou a estudar com livros esotéricos.

Fez a edificação através de muito esforço.

Fez a edificação com muito esforço.

Elaborou a pesquisa através de investigação bibliográfica.

Elaborou a pesquisa por meio de investigação bibliográfica.

 Há ou A?

Usa-se "há", quando o espaço de tempo já tiver decorrido e puder ser substituído por "faz".

Por exemplo - "Eu nasci há dez mil anos." (Faz dez mil anos que eu nasci.)

Usa-se "A", quando o espaço de tempo ainda não transcorreu (e, mesmo se tiver transcorrido, não
puder ser substituído por "faz").

Por exemplo - Ele estará aqui daqui a duas horas. 20

 MAS E MAIS

Observe as frases.

Ela é mais esperta que a irmã e também é mais bonita, mas tem um gênio...

Mais - advérbio de intensidade.

Mas - conjunção adversativa (pode ser substituída por porém, entretanto, contudo, todavia, no
entanto).

 OS PORQUÊS

a) POR QUÊ

Usado no final de frase (também antes de um ponto e vírgula ou dois pontos).

Você parou por quê? Ela parou, mas eu não sei por quê.
Romão Adriano

53
b) PORQUÊ

"Porquê" junto e com acento = motivo ou indagação.

Está substantivado e admite artigo ou pronome adjetivo.

Exemplos - Não sei o porquê de você ter parado de tocar esse instrumento.

Estou procurando resposta aos teus porquês.

c) PORQUE

Esse porque, junto e sem acento significa "pois", enfim, uma explicação.

Parei de tocar o instrumento porque quis.

d) POR QUE

No início da frase (ou após – menos no final), uma indagação, escreve-se separado e sem acento.

Por que você parou? Então, diga-me por que você parou?

Por que = por que motivo, pelo qual, por qual, o motivo pelo qual

Não sei por que você parou.

Não sei por que estrada elas foram.

 MAL e MAU

Mal é o contrário de bem - é um advérbio.

Seu mal é relembrar o passado. Mal ele chegou, ela saiu.

Mau é o contrário de bom - é um adjetivo.

Ele não é mau.

*Mal pode ser também um substantivo.

Exemplo - A dengue é um mal que assola o país.

4.4 Pontuação

Pontuar é, antes de mais nada, dividir o discurso, separar-lhe as partes quando for necessário.
“Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as
rédeas da frase.

Romão Adriano

54
Pontuar bem é ter ordem no pensar e na expressão”. Para que bem se efectue esse domínio,
empregam-se os sinais de pontuação os quais se dividem em sinais de pausa e sinais de entonação
ou melódicos.
 Sinais de pausa
a) A vírgula ( , ).
A vírgula marca uma pausa ligeira na oralidade, mais curta do que no caso do ponto final.
No interior das frases, a vírgula separa determinados elementos dentro de uma oração ou
orações dentro o mesmo período.
• Separação/Coordenação dos termos da oração
A vírgula separa os elementos coordenados que têm função sintática idêntica, e que, ao mesmo
tempo, não estão ligados por conjunção (e, ou e nem).

Exemplo: Achava os homens declamadores, grosseiros, cansativos, pesados, frívolos, chulos,


triviais. (Machado de Assis)
Separamos sempre os pleonasmos e as repetições:
Exemplo: A casa é linda, linda.

Quando a conjunção «e» se repete várias vezes, costuma-se separar os elementos ainda por vírgula.
Aqui, esta conjunção não tem a verdadeira função sintática, mas estilística. No exemplo, podemos
ver que os objetos diretos estão relacionados com o mesmo predicado «levou».
A conjunção «e» é utilizada excessivamente e os dois primeiros casos parece redundantes.
Contudo, a repetição acentua que a ventania removeu verdadeiramente muitas coisas:
Exemplo: A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

Coloca-se também atrás do nome do lugar, que está seguido pela datação de um escrito.
Exemplo: Maputo, 2021.

É muito importante distinguir o vocativo do resto do enunciado para não o confundir com o objeto
direto. Separamos o termo com que se interpela o ouvinte no início e também no fim de uma frase.
Exemplo: Como é que tu te chamas, o rapaz? (Luís Bernardo Honwana)

Separamos os advérbios sim e não, quando os podemos isolar do resto da frase de acordo com o
sentido da mesma. Acontece no princípio da oração, principalmente nas respostas.

Na língua falada, não é necessário fazer uma pausa quando a resposta segue rapidamente.
Exemplo: Não, desejo ficar. Não quero partir.
E finalmente, separamos a saudação no início da carta, embora não seja indispensável.
O texto do parágrafo seguinte deve ser iniciado pela maiúscula, ao contrário do que acontece no
checo.
Exemplo: Caro António, Ontem, recebi a carta de ...
Romão Adriano

55
• Subordinação
A vírgula também separa os termos de uma oração com funções sintáticas diversas. É importante
que a empreguemos adequadamente para evitar ambiguidades semânticas. A oração independente
absoluta aparece sem vírgula. Nunca são separados por vírgulas, nem os termos essenciais da
oração entre si (sujeito e predicado), nem o elemento essencial dos termos integrantes da
oração.
Apenas a supressão (elipse, zeugma) de uma ou mais palavras, especialmente do predicado, é
indicada por vírgulas.
O significado deve ser facilmente compreensível. Neste caso, a eliminação do termo essencial da
oração pode ter a função poética que vemos no exemplo:
Exemplo: A tarde, de ouro pálido, e o mar, tranquilo como o céu. (Gilberto Amado)

Os pleonasmos, elementos repetidos dos motivos emocionais, são isolados por vírgulas. Esta regra
pode aplicar-se aos termos essenciais, bem como aos integrantes da oração.
Exemplo: Só minha, minha, minha, eu quero! (Luandino Vieira)

No que diz respeito aos termos acessórios da oração, o adjunto adnominal liga-se à frase sempre
sem vírgula. Pelo contrário, o adjunto adverbial antecipado deve ser separado por vírgula, ao passo
que o mesmo termo da oração no fim da frase, não.
Exemplo: Fora, a ave agitou-se medonhamente. (Óscar Ribas)

O aposto, o termo de carácter nominal que explica o termo que vem antes ou depois, é isolado por
vírgula.
Exemplo: A meu pai, com efeito, ninguém fazia falta. (Otto Lara Resende)

Um dos seus tipos, o aposto aparente, não obriga a vírgula, quando se coloca no fim da frase.
Exemplo: Os castanheiros ouviam subir a seivas grandes e concentrados.

• Separação/Coordenação das orações dentro do mesmo período


As orações coordenadas são separadas por vírgula, sejam sindéticas (incluindo as conjunções ou
e nem), sejam assindéticas. «E», ligando as orações independentes coordenadas aditivas,
representa somente uma exceção, na maioria dos casos não é apropriado pormos a vírgula antes
esta conjunção. Existem duas exceções (da exceção mencionada por cima).
Quando as orações têm um sujeito diferente, separamo-los geralmente.
Exemplo: A mulher morreu, e cada um dos filhos procurou o seu destino. (Fernando Namora)

A segunda exceção ocorre no caso especial, no que se refere à oração coordenada aditiva. A
conjunção «e» é anteposta à vírgula quando, na língua falada, separamos o elemento coordenado
por uma pausa que nos indica uma informação complementar ou um acrescento.

Romão Adriano

56
Exemplo: Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quanta podia obter.
(Carlos de Laet).

No que diz respeito às coordenadas aditivas, separamos sempre as orações reduzidas do particípio
passado, gerúndio ou reduzidas do infinitivo.
Exemplo: Fatigado, ia dormir. (Lima Barreto)
Costuma-se pôr a vírgula entre as orações independentes coordenadas adversativas, separadas
pela conjunção adversativa, como mas, porém, no entanto, não obstante, contudo, todavia, senão.
Na maioria das vezes, a conjunção é posicionada no início da oração – neste caso, pomos somente
uma vírgula para separar a oração principal da subordinada. Às vezes, podemos encontrar a
conjunção adversativa dentro da oração, entre as suas palavras, que deve ser isolada por vírgulas.
Na oralidade, a pausa entre as orações será mais demorada que na vírgula que separa a conjunção.
Por isso, esta vírgula podia ser substituída por um ponto e vírgula, como podemos ver nos
exemplos seguintes:

Exemplo: Vá aonde quiser, fique, porém, morando connosco.


Vá aonde quiser; fique, porém, morando connosco.

A mesma situação acontece no caso das conjunções conclusivas como logo, portanto, por
conseguinte, então ou assim; e explicativas: porquanto, porque e pois.
A última deve mesmo vir sempre posposta a um termo da oração, portanto, separada por vírgulas.
Pomos entre vírgulas palavras ou frases intercaladas, quando são independentes da construção
ou sentido da oração. Trata-se, muito frequentemente, da separação entre o discurso direto e o
discurso indireto.
Exemplo: Não lhe posso dizer com certeza, respondi eu. (Machado de Assis)
• Subordinação
Os três tipos das orações subordinadas – substantivas, adjetivas e adverbiais – diferem no que diz
respeito à separação por sinais de pontuação. O primeiro tipo não tem uma regra clara para a
utilização da vírgula. Não é recomendável o uso da vírgula entre a oração subordinada
substantiva e a principal.
Talvez, a análise dos artigos nos ajude a determinar o melhor sistema para as orações
subordinadas substantivas.
Exemplo: Esperamos que você concorde com nossas ideias.

Há dois tipos de orações adjetivas, segundo a proximidade ao subordinante. As orações adjetivas


explicativas significam uma qualidade acessória do termo antecedente, portanto são separadas por
vírgulas. As orações restritivas, facilmente confundidas com as explicativas, não se colocam entre
vírgulas. Têm uma relação estreita com o substantivo ou pronome antecedente; são indispensáveis

Romão Adriano

57
ao sentido da frase. Pode ocorrer uma situação em que a oração restritiva é tão extensa que o seu
predicado se confunde com o outro. Neste caso, é conveniente limitá-la por vírgulas.

Exemplo: No meio da confusão que produzira por toda a parte este acontecimento inesperado e
cujo motivo e circunstâncias inteiramente se ignoravam, ninguém reparou nos dois cavaleiros...
(Alexandre Herculano).
As orações subordinadas apositivas e relativas são sempre separadas por vírgula.
Separamos também as orações adverbiais, sobretudo antepostas. É recomendável, mas não é
obrigatório.

Exemplo: Quando se levantou, sentia um cansaço imenso.

b) O ponto e vírgula ( ; ). No discurso, para indicar uma pausa mais longa do que a vírgula,
mas mais curta do que o ponto final, ligamos as frases com o ponto e vírgula. Este sinal
pode separar as orações coordenadas que já contêm elementos subdivididos por vírgulas.
Trata-se de períodos extremamente longos nos quais o ponto e vírgula ajuda a clarificar a
estrutura do texto. Quando as orações subordinadas dependem da mesma subordinante,
podemos dividi-las por ponto e vírgula:

Exemplo:
É bom saber que temos um amigo; que podemos contar com alguém nos momentos difíceis; que
não estamos sós.
Entre os vários elementos de uma enumeração, podemos usar o ponto e vírgula, também, para
tornar claro o texto, que tem, frequentemente, caráter científico ou académico.
Separamos assim os diversos itens de enunciados enumerativos. Para acentuar o sentido
adversativo, o ponto e vírgula usa-se às vezes (no lugar da vírgula) antes das conjunções
adversativas e conclusivas.

a) O ponto ( . )
Podemos distinguir dois tipos de pontos: o ponto final e o ponto de abreviatura. Têm a mesma
forma gráfica, contudo o segundo tipo pode aparecer também dentro da frase.
O ponto final marca uma pausa no fim de uma frase declarativa. Pode aparecer no fim do período
simples ou composto. Este sinal confirma que a afirmação está completa. Marca uma pausa
relativamente demorada na língua falada depois de um grupo fónico.
A pausa máxima ocorre, quando o ponto final encerra não somente um período, mas também um
parágrafo. Bechara define o ponto parágrafo como um ponto que separa um grupo de períodos
cujo conteúdo tem o mesmo centro de interesse.

 O ponto de abreviatura indica a supressão de letras.


Por exemplo, Exmo. Sr. Dr.
Romão Adriano

58
Representam três abreviaturas na saudação de Excelentíssimo Senhor Doutor. Se a palavra assim
reduzida aparece no fim de um período, este, não termina com dois pontos – o ponto de abreviatura
funde-se com o ponto final.
 Sinais de entonação ou melódicos
b) Os dois-pontos ( : ). Apesar de marcar uma pausa demorada no discurso, este sinal indica
uma frase não concluída. A pausa não é mais longa do que no caso do ponto. Usamo-lo
nos seguintes casos:
 quando introduzimos a conversa no discurso direto;
 se indicamos uma citação;
 quando iniciamos uma enumeração;
 o Se a frase seguinte explica, sintetiza ou confirma a ideia contida na oração anterior;
 o Alguns escritores de cartas e requerimentos podem usar dois pontos depois do
vocativo inicial.

c) O ponto de exclamação/ponto de admiração ( ! ). Coloca-se no fim de uma frase


exclamativa ou imperativa. Usamo-lo depois das interjeições, frases imperativas, vocativos
intensivos e apóstrofes. Tem tanto valor pausativo como valor melódico. Na fala, a voz
fica fortemente levantada durante toda a proposição que termina como o ponto de
exclamação. Este sinal exprime emoções fortes, positivas ou negativas. O uso excessivo
do ponto de exclamação pode indicar uma emoção demasiado intensa (surpresa, raiva,
irritação), e não se trata de um erro gráfico.
Podemos co-utilizar este sinal com o ponto de interrogação. A ordem dos sinais irá ditar o
tipo de mensagem que se quer passar: quando o ponto de exclamação antecede o ponto de
interrogação, significa que o tom exclamativo é dominante, e vice-versa.
A repetição deste sinal usa-se para intensificar a questão, mostrar surpresa, mostrar que é
muito importante saber a resposta imediatamente. Mostra ao locutor que deve intensificar
a voz.
Em textos informais, o ponto de interrogação entre parênteses ou entre travessões (depois
do ponto no fim da frase antecedente) usa-se para manifestar sentimento e transmitir ao
locutor a mímica adequada.

d) O ponto de interrogação ( ? ). Coloca-se no fim de uma frase interrogativa direta, onde


usamos o ponto de interrogação, mesmo se não esperamos uma resposta. Nunca se usa no fim
da frase interrogativa indireta. No discurso, marca sobretudo a melodia. Podemos juntá-lo
com o ponto de exclamação, como explicaremos abaixo. Quando a pergunta envolve dúvida
ou espera, o ponto de interrogação pode ser seguido de reticências.
 Sinais que separam várias expressões
Romão Adriano

59
e) As reticências ( … ). Os três pontos, cujo número é imutável, são apelidados de
«reticências». Este sinal mostra que o sentido da frase não está completo. Pode ser
substituídas por «etc.». Marca uma pausa na fala, uma suspensão da melodia, mas não tão
forte como no caso do ponto final.
Às vezes, mostra ao leitor (ou ouvinte) o subentendimento para que este possa prever, com
base nas palavras precedentes, aquilo que não é dito explicitamente. Pode, de igual modo,
manifestar sentimentos como a hesitação, a dúvida, a indecisão...Na tipografia, o sinal de
«três pontos» representa o termo diferente. Indica palavras suprimidas no início, no meio
ou no fim de uma citação. Há uma tendência para mudar este sinal para quatro pontos para
evitar confusões com as reticências.

f) Aspas comas, vírgulas dobradas ( “ ” ). Trata-se de dois símbolos que indicam palavras
determinadas. Colocam-se no princípio e no fim da fala, em transcrições, em citações ou
em títulos de obras, distinguindo-os do resto do texto.
Usam-se também para destacar uma palavra ou expressão pouco utilizada, quer dizer os
estrangeirismos, arcaísmos, neologismos ou vulgarismos. Este tipo de expressão pode ser
marcado também em letras itálicas.
Podem usar-se para substituir o valor do travessão nos diálogos, colocando-se as aspas
antes e depois da fala.

Exemplo: «Bom dia, senhora!» disse Antônio.

g) Os parênteses ( ). Os, assim chamados, parêntesis são usados para isolar as palavras, as
expressões, as orações intercaladas ou os períodos completos. Marcam uma pausa ligeira
e contêm as informações que completam, explicam, precisam ou comentam um assunto
precedente.40
No caso de um período completo se encontrar entre parênteses, o sinal de pontuação
correspondente (ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação) deve-se colocar
também dentro desses parênteses. Contudo, a pontuação que pertence à frase no exterior
dos parênteses tem de ser escrita também por fora.
h) Os Colchetes/parênteses retos [ ]. Quando a parte que queríamos separar já contem uma
ou mais expressões já divididas por parênteses, existe um outro tipo de sinal com valor
superior que nos pode ajudar. Usa-se, por vezes, na matemática, informática e nos escritos
científicos. Na filologia, a transcrição fonética de uma palavra coloca-se dentro de
parênteses retos. Quando uma parte de uma citação é suprimida, indicamo-lo com
reticências dentro de colchetes.

Romão Adriano

60
i) Sinais de textos formais
Existem alguns sinais de pontuação com um valor tipográfico. Estes sinais podem ser encontrados
em textos científicos e oficiais.

j) Parágrafo §
Dois ss entrelaçados formam o símbolo de parágrafo que é utilizado como indicação de separação
de dois parágrafos em textos oficiais da lei e do direito. Trata-se precisamente de um sinal de
tipografia, mas com um valor semelhante ao do ponto parágrafo.
O início de um parágrafo pode ser indicado também pelo pé-de-mosca (¶)

k) Chave ou chaveta { }. Este sinal aparece nos livros e artigos científicos. Indica uma obra
utilizada ou citada no texto.
l) Alínea a) b). É utilizada nas enumerações de elementos de um mesmo grupo. Cada
elemento ocupa uma linha independente para esclarecer as notas.
m) Barra /. Este sinal, muito utilizado na matemática e na informática, tem o seu uso também
nos livros sobre gramática, onde evidencia alterações de palavras. Nos textos formais,
incluindo o jornalismo, a barra é usada para mostrar as variedades, possibilidades.

Exemplo: O dicionário português/inglês podemos comprar mesmo na livraria no país


assírio/siríaco.
Pode ser utilizada para registro de uma datação.
Exemplo: 14/09/2021.
Pode ter a mesma função que a alínea, quando reescrevemos poesia no parágrafo corrido.
 Asterisco
Se é necessário precisarmos ou explicarmos alguma expressão, mas não é conveniente
escrevermos a nota diretamente no texto, podemos colocar o asterisco depois da palavra
problemática, e remeter a explicação para o fundo da página, onde encontraremos a
expressão, anteposta de asterisco, seguida do respetivo esclarecimento.

Romão Adriano

61
ACTIVIDADE 5

01. Reescreva o texto a seguir, inserindo a pontuação adequada.

Aprender a escrever é aprender a pensar


Aprender a escrever é em grande parte, se não, principalmente aprender a pensar, aprender a
encontrar idéias e a concatená-las; pois, assim como não é possível dar o que não se tem, não se
pode transmitir o que a mente não criou ou não aprovisionou.
Quando nós professores nos limitamos a dar aos alunos temas para redação sem lhes sugerirmos
roteiros; ou rumos para fontes de idéias sem por assim dizer lhes fertilizarmos a mente, o resultado
é quase sempre desanimador; um aglomerado de frases desconexas, mal redigidas, mal
estruturadas, um acúmulo de palavras que se atropelam sem sentido e sem propósito, frases em
que procuram fundir idéias que não tinham ou que foram mal pensadas ou mal dirigidas.
Não podiam dar o que não tinham, mesmo que dispusessem de palavras-palavras quer dizer,
palavras de dicionário e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase. É que palavras não criam
idéias, estas se existem é que forçosamente acabam corporificando-se naquelas, desde que se
aprenda como associa-las e concatena-las, fundindo-as em moldes frasais adequados. Quando o
estudante tem algo a dizer porque pensou e pensou com clareza, sua expressão é geralmente
satisfatória. (MARCEL MATIAS)

Referências Bibliográficas

SVOBODOVÁ, Iva (2014). Sinais de pontuação em português e o uso da vírgula em linguagem


jornalística: Acessado na Internet, https:/docer.com.br.doc, 10/09/2021.
BECHARA, Evanildo, (2009). MODERNA GRAMÁTICA PORTUGUESA: 37.ª Edição, Editora
Nova Fronteira, Rio de Janeiro.
CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley (2005). GRAMATICA DO PORTUGUES
CONTEPORANEO: 18ª Edição, Editora Sá da Costa LDA, Lisboa.

Romão Adriano

62
UNIDADE TEMATICA III – Tipologia Textual e Géneros Textuais
Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática de Tipologia Textual e Géneros Textuais,
a unidade esta dividida em dois subunidades e, no primeiro tema veremos o conceito de Texto
e Tipologia Textual e na segunda subunidade iremos estudar os Géneros Textuais.
O estudo da tipologia textual, no meio acadêmico, prepara o estudante para reconhecer e produzir
qualquer tipo de gênero textual de maneira progressiva, superando as dificuldades que se
apresentam na língua materna e, também, de acordo com as suas necessidades comunicativas e
aos fins a que se destinam.
Ao fina desta unidade, o estudante para ser capaz de:
 Definir claramente o texto
 Identificar os tipos de Textos e suas estruturas.
 Identificar os Géneros textuais (textos formais e não formais)
 Produzir textos com sentido logico (coesão e coerência)
 Conhecer as formas de tratamento (formal e informa).

5. A Tipologia textual,

O termo Tipologia textual designa uma sequência definida pela natureza linguística de sua
composição, ou seja, está relacionado com questões estruturais da língua, determinadas por
aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal. Se configura por estabelecer a
estrutura dos textos, seu objetivo e finalidade. Ou seja, resumidamente, os tipos textuais são
responsáveis pela forma como um texto se apresenta.

Os tipos textuais diferem dos gêneros textuais por serem limitados, abrangendo categorias
conhecidas como: Apesar dessa tentativa arbitrária de diferenciação entre gêneros e tipos textuais
– o tema costuma provocar polêmica até mesmo entre linguistas –, é importante observar que essas
duas noções estão intrinsecamente relacionadas.

5.1 Conceito de Texto


Texto será aqui entendido como uma unidade linguística concreta (percetível pela visão ou
audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação
de interação comunicativa, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função
comunicativa reconhecível e reconhecida, independente da sua extensão.

Romão Adriano

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5.1.1 Texto Dissertativo
Aquilo que chamamos didaticamente de dissertação consiste na exposição de ideias, razões. Se,
por um lado, na descrição e narração predominam termos concretos, que se referem a pessoas do
mundo, ao menos presumidamente, real, na dissertação, predominam os conceitos abstratos,
muitas vezes fora das esferas do tempo e do espaço. Não há, portanto, em princípio, uma
progressão temporal entre os enunciados, mas relações de natureza lógica (causa e efeito, uma
premissa e uma conclusão...).
Em textos de concursos públicos, costuma-se subdividir os textos dissertativos em duas
modalidades – o texto dissertativo expositivo e o texto dissertativo opinativo-argumentativo. O
primeiro tem por objetivo discutir um assunto, expor o que se sabe sobre ele sem defesa de ponto
de vista do autor. Já a segunda modalidade tem como meta a persuasão, o convencimento – neste
tipo de texto o autor utiliza estratégias argumentativas que visam defender sua tese.

 Dissertativo Expositivo

É o texto que expõe ideias, explana, discute, revela o que o autor sabe sobre determinado assunto.
Sua linguagem é objetiva, clara, impessoal. Traz abordagem abrangente sobre um tema,
permitindo que o leitor desenvolva sua própria opinião sobre o assunto. Nesse texto, o autor não
manifesta, ao menos explicitamente, suas opiniões sobre o tema tratado. Ainda que em alguns
momentos do texto ele opine, sua intenção não é defender seu ponto de vista sobre o tema em
questão.

Exemplo:

“Desde o quarto semestre de 2019, com o surto do Corona Vírus que espalhou-se por todo o
planeta, ao mesmo tempo mudava o modo de ser e estar em todas sociedades. No ano de 2020, a
Organização Mundial da Saúde emitiu um alerta sobre a propagação do Vírus e contaminação de
pessoas em massa, a todos lugares do mundo, dando orientações claras e importantes para a
prevenção.”

Como se vê, nesse tipo de texto, o autor expõe aquilo que sabe sobre determinado assunto, sem a
preocupação de julgar, emitir opinião em relação ao assunto sobre o qual discorre.

Há textos expositivos que apresentam informações sobre um objeto ou fato específico, sua
descrição, a enumeração de suas características, com o objetivo de aumentar o conhecimento do
leitor sobre determinado assunto.

Romão Adriano

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 Dissertativo Argumentativo

Também chamado de opinativo. Esse texto difere do dissertativo expositivo, pois, além de expor
o que se sabe sobre um assunto – e, muitas vezes, também informar –, o texto dissertativo
argumentativo tem por finalidade principal persuadir o leitor sobre determinado assunto, modificar
seu comportamento. Trabalha com ideias, por isso é temático e não, figurativo. Como seu objetivo
é defender um ponto de vista, argumentar em defesa de uma tese, opera, predominantemente, com
palavras abstratas. As afirmações estabelecem relações de causa, consequência, condição,
concessão, tempo, etc., por isso não se pode alterar a ordem do texto. Estabelece-se um raciocínio
que supõe uma organização do pensamento e, para chegar à conclusão que se deseja, há de haver
uma ordem de ideias, a que denominamos progressividade. É uma disposição organizada de ideias
a respeito de um tema (exteriorização de reflexões de maneira impessoal), no qual o autor defende
sua tese por meio de argumentos colocados em progressão.

Para efeito didático, podem distinguir-se dois tipos de textos dissertativos: os expositivos e os
argumentativos.

Dissertação expositiva – é a simples apresentação por alguém de um saber próprio ou de uma


opinião, sem a intenção de influenciar e formar a opinião do receptor da mensagem.

Dissertação argumentativa – é a apresentação por alguém de um saber próprio ou de uma


opinião, com a intenção de influenciar e formar a opinião do receptor da mensagem.

Exemplo:

“Viver ‘purgado’ a uma corrente de pessoas e informações pode ser divertido e útil. Mas agride
o que o ser humano tem de melhor e mais insubstituível: o seu gosto, o seu erro, a sua miséria e
sua glória.”

Aqui, o autor emite sua opinião, por meio do auxílio de adjetivos com valor subjetivo (“melhor”,
“insubstituível”). Assim, a mensagem transmitida ao autor deixa de ser fato, para ser julgamento
– característica do texto opinativo. Muitas vezes, o autor, com o intuito de transparecer seu
posicionamento, utiliza-se de algumas marcas linguísticas capazes de persuadir o leitor, tais como
verbos na 1ª pessoa do singular ou plural e expressões de modalidade – os modalizadores
(vocábulos indicativos da opinião do autor).

É o que se pode observar no seguinte texto:

“O dever do Estado é proteger a propriedade de todos da sanha de cada um e a propriedade de


cada um da sanha de todos. A pichação dos bens públicos ou particulares viola ambos os princípios
e, portanto, é dever da autoridade competente tomar medidas coercitivas. Eu, como milhões de

Romão Adriano

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cidadãos, gosto de ver a minha cidade limpa. Faço minha parte, de um lado mantendo meu muro
pintado e de outro pagando impostos para que o governo faça o mesmo com os nossos
monumentos. Se os pechadores têm seus “direitos” de expressarem-se livremente, eu também
tenho os meus de querer minha cidade em ordem e bonita. Com uma diferença: eu pago impostos
para exercer a minha cidadania e eles, tão-somente, adquirem uma lata de sardinha.”

Por meio de pronomes da 1ª pessoa do singular (“Eu”, “minha”, “meu”) ou da 1ª pessoa do plural
(“nossos”), aquele que redige emite seu juízo de valor acerca do assunto abordado. Além disso,
expressões, como “viola”, “faço minha parte”, “cidade em ordem e bonita”, demonstram
comprometimento com o assunto retratado – são os modalizadores textuais. Assim, todos esses
recursos estão sendo utilizados a favor de um único objetivo: o de o autor demonstrar a validade
de seus argumentos, de suas opiniões sobre o tema discutido.

Estrutura do Texto Dissertativo


Classicamente, uma redação deve constar de três partes:
 Introdução;
 Desenvolvimento;
 Conclusão.

Introdução: significa “levar para dentro”. Na introdução, portanto, conduzimo-nos para dentro
do tema, do assunto.
Ela é muito importante. Sendo o contato inicial do leitor com o texto, deve atraí-lo, despertar-lhe
o interesse. Assim, deve ser objetiva, simpática e, sobretudo, não pode ser longa.
A introdução apresenta a ideia que vai ser discutida, nada lhe acrescentando. Enfim, na introdução,
o importante é falar do tema da redação.

Desenvolvimento: é o corpo da redação. Sua parte principal. É aqui que aparecem as ideias, os
argumentos, a originalidade. A introdução corresponde à tese, e o desenvolvimento vem a ser o
debate da tese. É a parte mais longa.
Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando detidamente as ideias e
exemplificando de maneira rica e suficiente o pensamento.
Só comece a escrever depois que você souber, com certeza, quais as ideias, aquilo que e sobre
o que você vai escrever.

Desenvolvimento: é necessário que as ideias sejam corretas e objetivamente expostas. Não se


deve cansar o leitor com um milhão de argumentos diferentes, nem com períodos longos e
maçantes que fatalmente, resultam confusos.

Conclusão: é o acabamento da redação. E, não se deve iniciar abruptamente a redação, também


não se deve terminá-la de súbito.
Romão Adriano

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A conclusão resume todas as ideias apresentadas e discutidas no desenvolvimento, tomando uma
posição sobre o problema apresentado.
Ela é, a princípio, retirada da melhor ideia, que achamos ter no momento da reflexão inicial sobre
o tema. É a nossa posição em face de um problema qualquer, a sua solução, ou a projeção futura.
Dissertação
Características - Discute um assunto apresentando pontos de vista e juízos de valor.
Introdução - Apresenta a síntese do ponto de vista a ser discutido (tese).
Desenvolvimento - Amplia e explica o parágrafo introdutório. Expõe argumentos que evidenciam
posição crítica, analítica, reflexiva, interpretativa, opinativa sobre o assunto.
Conclusão - Retoma sinteticamente as reflexões críticas ou aponta as perspectivas de solução para
o que foi discutido.
Recursos - Linguagem referencial, objetiva; evidências, exemplos, justificativas e dados.
O que se pede - Capacidade de organizar ideias (coesão), conteúdo para discussão (cultura geral),
linguagem clara, objetiva, vocabulário adequado e diversificado.

5.1.2 Texto Narrativa


A Narrativa caracteriza-se pela representação de fatos com personagens fictícios ou reais que
ocorrem num período de tempo. Fatos reais são mais normais em livros científicos, jornais, livros
de histórias entre outros, se sua história for com fatos fictícios você vai ter toda liberdade para
criar.
Os verbos nesse tipo de redação são em primeira pessoa quando o narrador for um narrador-
personagem, caso contrário serão em terceira pessoa.
Narrar é discorrer sobre fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto que relate episódios,
acontecimentos.
Ao contrário da descrição, que é estática, a narração é eminentemente dinâmica. Nela predominam
os verbos. Aqui o importante está na ação.
No que aconteceu. A sua essência é a criatividade.
O quê? – O acontecimento a ser narrado;
Quem? – A personagem principal (protagonista);
Quem? – O antagonista;
Como? – A maneira como se desenrolou o acontecimento;
Quando? – O tempo da ação;
Onde? – O local do acontecimento;
Por quê? – A razão do fato;
Por isso – resultado ou consequência.

Romão Adriano

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Esta modalidade de texto transita por um fio condutor que leva a uma situação denominada
“clímax” ou “nó”, decaindo numa “resolução” ou
epílogo. O segredo da narrativa concentra-se no grau de suspense criado, bem como no fecho
surpreendente.
Características - Situa seres e objetos no tempo (história).

Estrutura do texto Narrativo

 Introdução - Apresenta as personagens, localizando-as no tempo e no espaço.

 Desenvolvimento - Por meio de ações das personagens, constroem-se a trama e o

suspense, que culminam no clímax da redação.

 Conclusão - Existem várias maneiras de concluir-se uma narração. Esclarecer a trama é

apenas uma delas.

 Recursos - Verbos de ação, geralmente no tempo passado; narrador personagem,

observador ou onisciente; discursos direto, indireto e indireto livre.

 O que se pede - Imaginação para compor uma história que entretenha o leitor, provocando
expectativa e tensão. Pode ser romântica, dramática ou humorística.
O texto Narrativo apresenta seguintes elementos: Narrador participante – aquele que conta a
hiostoria e participa dela; Narrador não participante –que conta a história mas não participa
dela, Personagens – são queles que compõe a narrativa, podendo ser classificados em:
Protagonistas e antagonistas e adjuvantes ou coadjuvantes; Tempo – a data ou o momento em que
a história ocorre, podendo ser tempo cronológico ou psicológico; Espaço – Local onde a narrativa
se desenvolve, podendo ser num ambiente físico, psicológico ou social.

5.1.3 Texto Descritivo


Descrever é traduzir com palavras aquilo que se viu e se observou. É a representação, por meio
das palavras, de um objeto ou imagem.
As características que existem em um texto descritivo estão focadas nos detalhes, o texto descrito
tem como objetivo mostrar ao leitor as minúcias da história ou do objeto que está se descrevendo.
Os substantivos e adjetivos são predominantes nesse tipo de texto, a descrição é uma forma de
foto textual no qual o leitor submerge a leitura.
A descrição tem que ser organizada podendo – ou não – ter comparações, utiliza-se também
metáforas ou outras figuras de linguagens, o uso do verbo no presente ou no pretérito imperfeito
traz uma relação de perspectiva.

Romão Adriano

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 Descrição Denotativa: a descrição é denotativa quando a linguagem representativa do
objeto é objetiva, clara, direta, sem metáforas ou outras figuras literárias. Na descrição
denotativa, as palavras são tomadas no seu sentido de dicionário, único. Exemplos: as
descrições científicas, as descrições dos livros didáticos, etc.
 Descrição Conotativa: é a descrição literária, na qual as palavras são tomadas em sentindo
simbólico, ricas em polivalência. Visam retratar uma realidade além da realidade.
 Características - Situa seres e objetos no espaço (fotografia)
Estrutura de uma Descrição
 Introdução - A perspectiva do observador focaliza o ser ou objeto, distingue seus aspectos

gerais e os interpreta.

 Desenvolvimento - Capta os elementos numa ordem coerente com a disposição em que

eles se encontram no espaço, caracterizando-os objetiva e subjetivamente, física e

psicologicamente na redação.

 Conclusão - Não há um procedimento específico para conclusão. Considera-se concluído

o texto quando se completa a caracterização.

 Recursos - Uso dos cinco sentidos: audição, gustação, olfato, tato e visão, que,

combinados, produzem a sinestesia. Adjetivação farta, verbos de estado, linguagem

metafórica, comparações e prosopopeias.

 O que se pede - Sensibilidade para combinar e transmitir sensações físicas (cores, formas,

sons, gostos, odores) e psicológicas (impressões subjetivas, comportamentos). Pode ser

redigida num único parágrafo.

5.1.4 Texto Informativo.

Com linguagem objetiva e impessoal, este tipo de texto pressupõe acréscimo de informação para
quem o lê. O texto dissertativo informativo é o tipo de texto que procura tratar de assunto de
interesse do leitor e busca a novidade – algo que, ao menos presumidamente, seja desconhecido
do público ao qual é veiculado.

Romão Adriano

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Exemplo:

“Recente documento, elaborado pelo MICOA (Ministério Para Coordenação e Acção Ambiental),
revela que Moçambique é um país mergulhado na sujeira: metade dos municípios não têm serviço
de esgoto sanitário, 70% do lixo das cidades são jogados em lixeiras e alagados (rios, lagos, mar,
etc.) e apenas poucos municípios fazem coleta seletiva de lixo.”

Nesse caso, o objetivo do texto é aumentar o número de informações do leitor sobre o assunto do
lixo. Por meio de dados estatísticos e exemplos e de uma linguagem objetiva, o autor atinge seu
objetivo – apresentar possíveis novidades ao seu leitor.

Estrutura do Texto Informativo

 Introdução – Na introdução se expõe a informação básica e mais importante a ser


explorada durante a publicação
 Desenvolvimento – Aqui se dispõe a informação completa mais detalhada, dados
relevantes e que caracterizam todo o aspecto do objecto em análise.
 Conclusão – Finalização do texto por meio de exposição ou apanhado geral da
ideia central do conteúdo analisado.

ACTIVIDADE 6

Analise os períodos abaixo.

• “A prestação do carro está vencendo, a crise roeu suas economias e o computador travou de vez
(...).”

• “...o estresse representa um sinal de que estamos saudáveis. (...) é uma carga de ansiedade que
todos recebemos para evoluir na vida.”

• “...o cortisol, conhecido como hormônio do estresse e liberado pelo cérebro em situações de
pressão.”

Eles exemplificam, respectivamente, os seguintes tipos de textos:

a) argumentação - argumentação - descrição.


b) argumentação - descrição - narração.
c) descrição - narração - argumentação.
d) narração - descrição - descrição.
e) narração - descrição - argumentação.

-Escreva um texto dissertativo argumentativo, o máximo de uma página, falando do estágio actual
da corona vírus. Cite os autores consultados e respeite todas as regras da ortografia.

Romão Adriano

70
a) Explique o que vem a ser o bloqueio de redação._____________________________

b) Explique o que é o texto narrativo.________________________________________

c) Explique o que é o texto descritivo._______________________________________

d) Explique o que é o texto dissertativo._____________________________________

ACTIVIDADE 9

a) Leia o texto a seguir e identifique-o quanto ao tipo.

O coveiro

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na
distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu.
Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu.

Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a
noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado.

A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite
escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares
naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da
cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima,
perguntou o que havia: O que é que há?

O coveiro então gritou, desesperado: Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível! Mas,
coitado! – Condoeu-se o bêbado – Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima
de você, meu pobre mortinho! E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.
Millôr Fernandes.

5.2 Géneros Textuais

Os gêneros textuais são aqueles que encontramos em nossa vida diária, inclusive em nossos
momentos de interação verbal. Quando nos comunicamos verbalmente, fazemos, intuitivamente,
uso de algum gênero textual. Sendo assim, a língua, sob a perspectiva dos gêneros textuais, é
compreendida por seus aspectos discursivos e enunciativos, e não em suas peculiaridades formais.
Os gêneros privilegiam a funcionalidade da língua, ou seja, a maneira como os falantes podem
dela dispor, e não seus aspectos estruturais. Os gêneros textuais são textos que cumprem uma
função social em uma dada situação comunicativa. Diferente dos tipos textuais, os gêneros textuais

Romão Adriano

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não têm uma estrutura limitada e definida, logo, eles são bastante diversos. Além disso, eles
podem sofrer algumas modificações ao longo do tempo, devidos as mudanças de comunicação na
sociedade. Dentre os gêneros textuais alguns mais comuns estão:

3.2.1 Aviso
3.2.2 Circular
3.2.3 Convocatória
3.2.4 Acta
3.2.5 Monografia
 Aviso

Definição:

É um documento escrito por meio do qual as empresas e instituições transmitem informações,


ordens, convites, notificações a empregados ou a terceiros com quem elas tenham interesse em
comum.

Técnicas de elaboração de um aviso:

 Deve ser escrito em papel timbrado (com a marca da instituição);


 Deve conter apenas o teor da comunicação. O conteúdo deve ser escrito em
linguagem e objetiva, para que não haja dúvidas quanto à interpretação;
Sua estrutura é bem simples:
 Título, que é a palavra AVISO (em letras maiúsculas);
 Indicação da pessoa a quem se destina o aviso;
 Texto contendo a mensagem;
 Fecho simples (dispensável conforme o caso);
 Assinatura, nome e qualificação (cargo) ou identificação do responsável.

Organização do Texto
O aviso te a seguinte estrutura:
 Cabeçalho (local e nome da instituição que emite o aviso).
 Corpo de texto (a mensagem a transmitir).
 Encerramento (data e a assinatura da entidade que emite o aviso).

 Tipo de Linguagem
O aviso deve procurar ser o mais objectivo e o mais claro possível, pois visa conseguir a
comunicação. O aviso enfatiza determinada palavra ou frase que se quer que seja mais
rápida e claramente compreendida, apresentando-a separada do resto do texto ou em
caracteres diferenciados.
Romão Adriano

72
Modelo de aviso
AVISO
AOS ….................................................................................................

…................................... levam ao conhecimento de todos que, a partir de ….................................,


darão inicio a …............................................., e desejam informar àqueles
…......................................, devem comparecer à …......................................... para
…................................................... .
Atenciosamente,
Maputo, aos …..... de …................ de 20…...
(Assinatura)
…............................................................
(O responsável)

OBS: este tipo de aviso acima pode ser distribuído individualmente ou afixado em local
considerado visível pelos interessados, como os quadros de aviso.

 Circular

A circular é uma carta destinada a funcionários de um determinado setor, remetida pelo chefe
da repartição ou do departamento. Tem como objetivo de transmitir normas, ordens, avisos,
pedidos, ou seja, de delimitar comportamentos e homogeneizar condutas de um grupo de
pessoas. A circular tem a particularidade de usar apenas um único original no qual se tiram
tantas cópias quantos os envios que se queiram efectuar. O conteúdo deste documento é o
mesmo, apenas variam os destinatários, que se incluem posteriormente em cada uma das
cópias. Tem o nome de circular porque indica a função de divulgar as informações entre todos
os destinatários.

Este documento oficial deve ter:

 Timbre (logotipo do órgão, brasão, símbolo do departamento);


 Título e número (circular nº 02/2021);
 Data (sem a localidade, nome da cidade);
 Ementa (síntese do assunto que será abordado no texto);
 Vocativo ou invocação com o pronome de tratamento adequado;
 Texto (bem explicado e claro);
 Despedida breve;
 Assinatura (sem linha e sobre o nome datilografado, com o cargo de quem assina).

Romão Adriano

73
 Tipos de circulares
Distinguem-se dois tipos de circulares:
Circulares externas:
São as que se fundem fora do âmbito da empresa. Através destas cartas empresas informam a
outras empresas ou particulares de algum facto que deve ser conhecido por todos aqueles que
mantem relações comerciais co a empresa remetente.
Na circular é conveniente que contenha não só a comunicação, mas também as suas causas, sempre
que seja possível, e as vantagens ou inconvenientes que esse facto terá para o destinatário.
 Circulares internas:
São as que se fundem dentro de uma mesma empresa, através desta, comunicam-se assuntos que
são de interesse para todas as pessoas que trabalham na empresa ou para um grupo delas.
As circulares internas são usadas por empresas com elevado número de trabalhadores, ou que tem
uma grande extensão territorial, já que permite difundir a informação de forma rápida.
O conteúdo de uma circular interna pode variar desde reuniões, alterações de horários, normas da
empresa, elaboração de projectos, etc. Ao final da página, caso haja necessidade de um controle
maior por parte da administração, pode-se colocar (em letras menores) as iniciais de quem redigiu
e de quem digitou a circular.
 Organização Do Texto

A circular apresenta a seguinte estrutura:

1. Cabeçalho (local, número da circular, assunto, nome da instituição que a emite, etc.).
2. Corpo de texto (a mensagem a transmitir).
3. Encerramento (data e a assinatura da entidade que emite a circular).

 Tipo de Linguagem

A circular usa uma linguagem:

 Clara
 Objectiva
 Vocabulário técnico especializado.
 Há um predomínio de uso do futuro.

Romão Adriano

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Modelo de Circular

Fundação Amizade
Email: fundamiza@gmail.com

Rua nº 407 – Maxixe

CIRCULAR Nº 02/21. Em 20 de Janeiro de 2021.

Ementa: ...........................

Exmo Senhores...............................:

Comunicamos que no dia .......... de ........... teremos expediente normal. Porém, nos dias
............ e .......... que, respectivamente, antecede e precede a data ...................., não haverá
expediente. Em relação a este fato, estimo bom descanso a todos.

..........................................................
(O responsável)

 Convocatória

É um texto normativo utilizado por instituições com objectivo de oficializar a marcação de


reuniões para a discussão de assuntos de interesse das mesmas.

O prazo de publicação de uma convocatória obedece a normas aprovadas pelos órgãos


competentes das respectivas instituições. A definição deste prazo tem como objectivo o
conhecimento atempado da realização da reunião por todos os interessados.

Numa convocatório deve conter as seguintes informações:

 Nome da instituição que convoca a reunião.


 Indicação da pessoa ou grupo de pessoas que deverão participar na reunião.
 Data, hora e local da reunião.
 Motivo/agenda da reunião (ordem de trabalhos).

Ata é o documento em que se registam, de forma exata e metódica, as ocorrências, resoluções e


decisões das assembleias, reuniões ou sessões realizadas por comissões, conselhos, congregações,
corporações ou outras entidades semelhantes.
É documento de valor jurídico. Por essa razão, deve ser redigida de tal maneira que não se possa
modificá-la posteriormente. Geralmente é lançada em livros próprios, devidamente autenticados,
cujas páginas são rubricadas por quem redigiu os termos de abertura e de encerramento, o que lhes
dá cunho oficial.
Romão Adriano

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Na ata não se fazem parágrafos ou alíneas; escreve-se tudo seguidamente para evitar que nos
espaços em branco se façam acréscimos. Existem, no entanto, tipos de ata que, por se referirem a
atos rotineiros e de procedimento padronizado, são lançados em formulários a serem preenchidos.
Mesmo nesses tipos de ata é conveniente, com a finalidade de prevenir qualquer fraude, preencher
os eventuais espaços em branco com pontos ou outros sinais convencionais.
Não se admitem rasuras. Para ressalvar erro constatado durante a redação, usa-se a palavra “digo”,
depois da qual se repete a palavra ou expressão anterior ao mesmo erro.

 Acta

Modelo de Acta

COMISSÃO ESPECIAL DE INQUÉRITO

Acta da Reunião da Comissão ________ das irregularidades existentes no________.


Aos ________ dias do mês de ________ de ________, às dez horas e trinta minutos, no Plenário
________, do Edifício ________, na Provincia de Maputo, realizou-se a oitava Reunião da
Comissão Especial de Inquérito constituída com a finalidade de proceder a um levantamento das
condições e irregularidades existentes no Sistema ________, sob a Presidência do(a) ________,
em que estiveram presentes os(as) Senhores(as) ________, ________ e ________. Havendo
número regimental, o(a) Senhor(a) Presidente declarou abertos os trabalhos. Concedida a palavra
inicialmente ao Doutor ________, este fez uma explanação sobre o sistema ________, suas falhas
e problemas, e sobre a busca de soluções. Nada mais havendo a tratar, ________ agradeceu a
presença de todos e declarou encerrada a reunião, da qual eu, ________, Secretário da Comissão,
lavrei a presente Acta, que vai assinada pelo Senhor Presidente, por mim e pelos presentes.

[ASSINATURA(S)]

Romão Adriano

76
 Relatório
Relatório é uma descrição de fatos passados, analisados com o objetivo de orientar o servidor
interessado ou o superior imediato, para determinada ação. Relatório, do ponto de vista da
administração pública, é um documento oficial no qual uma autoridade expõe a atividade de uma
repartição, ou presta contas de seus atos a uma autoridade de nível superior.
O relatório não é um ofício desenvolvido. Ele é exposição ou narração de atividades ou fatos,
com a discriminação de todos os seus aspectos ou elementos. Existem muitos tipos de relatórios,
classificáveis sob vários pontos de vista. O exposto a seguir refere-se apenas àqueles relatórios
menos complexos ou mais informais que um servidor produz com o objetivo de prestar contas de
tarefas ou encargos de que foi incumbido.
Partes:
a) Título: denominação do documento (relatório);
b) Invocação: tratamento e cargo ou função da autoridade a quem é dirigido, seguidos,
preferencialmente, de dois -pontos;
c) Texto: exposição do assunto.

O texto do relatório deve obedecer à seguinte sequência:

1. Introdução: referência à disposição legal ou à ordem superior que motivou ou determinou


a apresentação do relatório e breve menção ao assunto ou objeto. A introdução serve para dizer
por que o relatório foi feito e indicar os problemas ou fatos examinados;

2. Análise: apreciação do assunto, com informações e esclarecimentos que se façam


necessários à sua perfeita compreensão. A análise deve ser honesta, objetiva e imparcial. O relator
deve apenas registrar os fatos de que tenha conhecimento direto, ou através de fontes seguras,
abstendo-se de divagações ou apreciações de natureza subjetiva sobre fatos desconhecidos ou
pouco conhecidos. Quando se fizer necessário, o relatório poderá ser acompanhado de tabelas,
gráficos, fotografias e outros elementos que possam contribuir para o perfeito esclarecimento dos
fatos e sua melhor compreensão por parte da autoridade a quem se destina o documento. Esses
elementos podem ser colocados no corpo do relatório ou, se muito extensos, reunidos a ele em
forma de anexo;

3. Conclusão: determinados os fatos e feita sua apreciação, chega o momento de se tirarem


as conclusões, deduzidas logicamente da argumentação que as precede. Não podem ir além da
análise feita, o que as tornaria insubsistentes e, por isso mesmo, despidas de qualquer valor;

4. Sugestões ou recomendações: muitas vezes, além de tirar conclusões, o relator também


apresenta sugestões ou recomendações sobre medidas a serem tomadas, em decorrência do que
constatou e concluiu. Essas sugestões ou recomendações devem ser precisas, práticas e

Romão Adriano

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concretas, devendo relacionar-se com a análise anteriormente feita. Os diversos parágrafos do
texto, com exceção do primeiro, podem ser numerados (com algarismos arábicos) e, se
necessário, divididos em alíneas. É recomendável a numeração dos parágrafos, principalmente
em relatórios mais extensos, pois, além de dar maior destaque às diferentes partes do texto,
facilita as eventuais referências que a elas se queira fazer;

d) Fecho: fórmula de cortesia.


Trata -se de parte dispensável:
e) Local e data: Ex.: São Paulo, _____ de _____ de _____;
f) Assinatura: nome e cargo ou função da(s) autoridade(s) ou servidor(es) que apresenta(m)
o relatório.

Modelo de Relatório

RELATÓRIO
Senhor Diretor,
Conforme determinação, relatamos a Vossa Senhoria os acontecimentos ocorridos no dia _______
de _______ último, nesta repartição.
Encontrávamo-nos em atividades funcionais, quando entrou na repartição o senhor _______,
residente nesta cidade, o qual solicitou informações sobre _______. Não estando esta repartição
em condições de atender à consulta solicitada, comunicamos _______. Não se conformando com
a resposta, o referido senhor passou a nos agredir com palavras de baixo calão e _______. Como
continuasse a nos provocar, telefonamos para _______. Ainda ouvimos quando o cidadão dizia
que iria comunicar à Imprensa _______. Procuramos, durante os acontecimentos, manter a atitude
compatível com nosso cargo, porém _______. Dessa forma, embora desconhecendo as acusações
feitas contra nós, _______.Sendo esta a nossa informação.
Maputo, _______ de _______ de _______.
[ASSINATURA] [NOME] [CARGO]

Romão Adriano

78
 Resumo Cientifico

No resumo, apresentam-se os pontos mais relevantes do texto e este deve ser apresentado de forma
concisa, clara e inteligível;
 Deve ressaltar o objetivo, o tema, o método, resultados e conclusões do trabalho;
 A norma NBR 6028 recomenda a utilização de parágrafo único e com extensão de 150 a
500 palavras (fonte tamanho 10, espaço simples entre linhas e em itálico).
 Deve conter palavras-chave representativas do conteúdo do trabalho, logo abaixo do
resumo.
 Utilizar uma sequência concisa de frases e não uma enumeração de tópicos;
 Não utilizar parágrafos, frases negativas, símbolos e ilustrações, empregos de Deve
aparecer em folha distinta, precedendo o texto;
 Usar espaçamento simples para o texto do resumo, devendo ser encabeçado.

ATENÇÃO: Um resumo, em geral, apresenta os cinco movimentos, mesmo que não apresente
todos os passos.

Exemplo de resumo da monografia:

Resumo:
Este trabalho analisa alguns recursos e estratégias que caracterizam a argumentação na
carta argumentativa na UEM, diferenciando-a, assim, da argumentação desenvolvida na
dissertação. Para isso, primeiramente, é apresentada uma exposição geral do contexto e
da Comissão de Exame da UEM, mais especificamente, da Prova de Admissão, a partir
do material produzido pela Comissão de Exame O objetivo é entender quais são os
objetivos e expectativas que permeiam a produção da carta argumentativa. Em segundo
lugar, é feita uma análise das propostas de carta argumentativa de 1995 a 2000, visando
alguns elementos mobilizados na produção da carta. São analisadas a proposta de carta
argumentativa do ano de 1990 e dez cartas produzidas por candidatos neste mesmo ano.
Esse corpus é um exemplo representativo da concepção da Prova de Admissão acerca
da carta argumentativa do período de 1995 a 2000. O objetivo é mostrar a ocorrência
das estratégias e recursos sugerido pela proposta na argumentação das cartas e analisar
como elas são trabalhadas em função da ficcionalização criada na proposta,
caracterizando a argumentação desenvolvida na carta no período de 1995 a 2000 e
corroborando a diferenciação entre a argumentação na carta e na dissertação. O
objetivo dessa análise é mostrar a influência da organização das propostas na produção

Romão Adriano

79
da carta argumentativa, mais precisamente, na argumentação. Pode-se verificar que as
propostas incitam a mobilização de algumas estratégias e recursos na argumentação
desenvolvida na carta, diferenciando-a da argumentação desenvolvida na dissertação.
Pode-se verificar, ainda, que algumas mudanças ocorridas na Comissão do Exame no
ano de 2004, especificamente em relação à organização da Coletânea de Textos,
interferem na mobilização de algumas estratégias utilizadas na argumentação na carta
no período anterior às mudanças.
Palavras-chave: Língua Portuguesa - Exame, comunicação, argumentação e admissão

Exemplo de resumo científico para apresentação de trabalho em congressos, simpósios,


seminários etc:

Resumo:

A cena enunciativa de abertura das diretrizes do PNLL: o ethos em construção nas vozes de
dois ministros de Estado

Ana Bié (Bolsista Fapemig)


Co-orientadora: Cacilda Antonio Comandar

Este estudo tem por objetivo analisar o ethos discursivo manifesto no texto de apresentação
das diretrizes do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), lançado em março de 2016, numa
tentativa de ação coordenada entre o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano
(MEDH) e o Ministério da Cultura e Turismo (MICTUR). Esse texto de apresentação, na
verdade, subdivide-se em dois textos, cada qual assinado por um dos ministros representante
dos ministérios envolvidos: As ministras Eldevina Materula (MICTUR) e Carmelita Rita
Namashulua (MEDH). Tal apresentação é chamada aqui de cena de abertura e ocupa sete
páginas do caderno que traz as diretrizes do plano. Para empreendermos a análise utilizamos
o conceito de ethos desenvolvido por Amossy (2005), para quem o sujeito enunciador deixa
entrever uma imagem de si, não só pelo que ele diz, como também pela forma como diz.
Retomamos igualmente a relação estabelecida por Maingueneau (2005) entre ethos e cena de
enunciação. A partir de Charaudeau & Maingueneau (2004), postulamos que o ethos
discursivo relaciona-se estreitamente à imagem prévia que o alocutário pode ter do locutor,
ou pelo menos, com a ideia que este faz do modo como seus alocutários o percebem. Nosso
trabalho evidencia que, especialmente no discurso político, a questão do ethos prévio funciona
como um dispositivo que ajuda a construir o ethos discursivo, haja vista que o tom poético do

Romão Adriano

80
artista se manifestou na Palavra do Ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula
(MICTUR), e o tom do professor que defende uma visão sistêmica da educação e a inclusão
social, Carmelita Rita Namashulua, também aparece na Palavra do Ministro da Educação e
Desenvolvimento Humano (MEDH).
Palavras-chave: Ethos discursivo, imagens da leitura, cena enunciativa, discurso.

REUMO DE UM ARTIGO CIENTÍFICO

ARTIGO CIENTÍFICO
Paula Chambal
(Mestre em Letras: discurso e representação social)
Resumo:
Este trabalho apresenta as normas e os elementos básicos comuns ao gênero textual artigo científico e visa
servir de orientação para a escrita de artigos, de acordo com os padrões da ABNT-NBR 6022/2003 e com os
pressupostos teóricos da produção do gênero textual acadêmico científico. São abordadas as questões
fundamentais envolvidas na planificação de um artigo, as características, a estrutura e o detalhamento dessa
estrutura. Desta forma, obtém-se uma maior preparação do iniciante para a escrita do texto no âmbito deste
gênero científico.
Palavras-chave: artigo científico, especificidades, gênero textual.

Adaptado em Magna Campos

ACTIVIDADE 7

j) Faça uma convocatória aos sócios da empresa Manda Comer, para uma reunião de balanço
das Actividades anual 2021. (imaginário)
k) Depois produza Acta da Reunião.

Referencias Bibliográficas

MARTINO, Agnaldo (2014). PORTUGUÊS ESQUEMATIZADO: GRAMÁTICA,


INTERPRETAÇÃO DE TEXTO, REDAÇÃO OFICIAL, REDAÇÃO DISCURSIVA: 3ª Edição,
Editora Saraiva, São Paulo.

PEREIRA, Tarcísio José (2014) LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO: 1º Edição, Brasília.

Romão Adriano

81
UNIDADE TEMATICA IV – Estudo de Frase, Período E Oração

Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática que apresenta o Estudo da Frase, Período
e Oração. Na primeira subunidade veremos o conceito de Frase, tipos de Frase e sua estrutura,
e na segunda subunidade iremos estudar o período e Oração.

Ao fina desta unidade, o estudante para ser capaz de:

 Definir claramente a Frase;

 Conhecer os tipos de Frase e sua estrutura;

 Identificar o período e oração na estrutura da frase;

 Conhecer diferentes tipos de orações;

 Produzir frases simples e complexos.

6. FRASE

De acordo com Garcia (1992, p. 6), Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
estabelecer comunicação. Pode expressar um juízo, indicar uma acção, estado ou fenômeno,
transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar emoções. Frase é uma unidade linguística
concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela visão (na escrita), que tem unidade de sentido e
intencionalidade comunicativa. Num texto o sentido de cada parte é definido pela relação que
mantém com as demais constituintes do todo; o sentido do todo não é a mera soma das partes, mas
é dado pelas múltiplas relações que se estabelecem entre elas.

Frases que expressam juízo

a) O aço é um metal - (expressa o juízo de facto)


b) O caderno tem folhas - (expressa juízo de facto)

Essas frases apresentam características reias do aço e do caderno.

c) Os políticos são mentirosos - (expressa um juízo de valor)


d) Os jornalistas violam os princípios éticos da comunicação - (expressa o juízo de valor)

Vendo essas frases, estamos lidando com uma avaliação pessoal e critica sobre o comportamento
dos políticos e dos jornalistas.

Frases que indicam uma acção

e) O Paulo bateu no irmão com vara - (indica uma acção verbal “bateu”)
f) O Paulo caiu na armadilha da Ana - (indica uma verbal “caiu”)
Romão Adriano

82
Frases que indica estado ou fenômeno

g) O João está triste - (indica estado emocional do sujeito “ser/estar”);


h) Ontem choveu torrencialmente - (indica uma acção fenomenal da natureza “chover”)

Exercício:

Agora, escreva frases 3 frases que expressam apelo, ordem e emoções, explicando a acção de cada
verbo em cada frase.

6.2 Tipos de frases

As frases podem ser do tipo, declarativas, interrogativas, negativas, exclamativas, imperativas.

1. Declarativa – quando o emissor constata um facto


l) Paulo esteve aqui.
2. Interrogativa – quando o emissor exprime uma duvida
m) Paulo esteve aqui?
3. Negativa – quando há discordância, oposição ou recusa de algum facto ou acção.
n) Paulo não esteve aqui.
4. Exclamativa – quando o emissor quer manifestar uma emoção
o) Que situação triste!
5. Imperativa - Formula uma ordem, sem pedido nem conselho, uma execução, conclui com
ponto final ou reticencias
p) Paulo, use a máscara.

São frases pois estão construídas com palavras combinadas de acordo com as regras de boa
formação da língua portuguesa.

Exercício:

Agora produza um diálogo/texto coerente, incorporando as 4 frases: declarativas, interrogativas,


negativas, exclamativas.

6.1 Período e Oração


Toda frase com uma ou mais orações constitui um período, que se encerra com ponto de
exclamação, ponto de interrogação ou com reticências. O período é simples quando só traz uma
oração, chamada absoluta; o período é composto quando traz mais de uma oração.
Exemplo:
j) O prédio pegou fogo. (Período simples, oração absoluta.);
k) Quero que tu aprendas. (Período composto.)

Romão Adriano

83
Existe uma maneira prática de saber quantas orações há num período: é contar os verbos ou
locuções verbais. Num período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções
verbais nele existentes.
Exemplos:
l) O prédio pegou fogo. (um verbo, uma oração).

 Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)


 Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma oração)
 Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções verbais, duas orações)
Há três tipos de período composto: por coordenação, por subordinação e por coordenação e
subordinação ao mesmo tempo (também chamada de misto).

7 Período Composto por Coordenação – Orações Coordenadas


Considere, por exemplo, este período composto:
m) Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos de infância.

1ª Oração: Passeamos pela praia


2ª Oração: brincamos
3ª Oração: recordamos os tempos de infância.

As três orações que compõem esse período têm sentido próprio e não mantêm entre si nenhuma
dependência sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de sentido, mas,
como já dissemos, uma não depende da outra sintaticamente.
As orações independentes de um período são chamadas de orações coordenadas (OC), e o
período formado só de orações coordenadas é chamado de período composto por coordenação.

As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e sindéticas. As orações coordenadas


são assindéticas (OCA) quando não vêm introduzidas por conjunção.
Exemplo:
n) Os torcedores gritaram – OCA;
o) Eles sofreram – OCA;
p) Elas vibraram – OCA;

As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm introduzidas por conjunção
coordenativa.
Exemplo:
q) O homem saiu do carro – OCA;
r) O homem saiu do carro e entrou na casa OCS
.

Romão Adriano

84
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com o sentido expresso pelas
conjunções coordenativas que as introduzem. Pode ser:
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... mas também, não só... mas ainda.

Exemplo:
s) Saí da escola – OCA;
t) Saí da escola e fui à cantina – OCS Aditiva.

Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa Ideia de acréscimo ou
adição com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva.

Exemplo:
u) A doença vem a cavalo e volta a pé.
v) As pessoas não se mexiam nem falavam.

- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no


entanto.

Exemplo:
w) Estudei bastante – OCA;
x) Estudei bastante mas não passei no teste –OCS Adversativa.

Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa Ideia de oposição à
oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa adversativa.
Exemplo:
y) A espada vence, mas não convence;
z) Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.

- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por isso, pois, logo.

Exemplo:
a) Ele me ajudou muito – OCA;
b) Ele me ajudou muito, portanto merece minha gratidão – OCS Conclusiva.

Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa idéia de conclusão de
um fato enunciado na oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.

Exemplo:
c) Vives mentindo; logo, não mereces fé;
d) Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade;
e) Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar.

- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer.

Romão Adriano

85
f) Seja mais educado – OCA;
g) Seja mais educado ou retire-se da reunião! OCS Alternativa

Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que estabelece uma relação de
alternância ou escolha com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
alternativa.

h) Venha agora ou perderá a vez;


i) “Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo;” (Machado de Assis)
j) “Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço muito caro;” (Renato Inácio
da Silva)
k) “A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente;” (Luís Jardim)

- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque, pois, porquanto.


l) Vamos andar depressa – OCA;
m) Vamos andar depressa que estamos atrasados – OCS Explicativa
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção que expressa Ideia de explicação, de
justificativa em relação à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa explicativa.

Leve-lhe uma lembrança, que ela completa anos amanhã.


“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico Veríssimo)
“Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te abençoo.” (Fernando Sabino)

ACTIVIDADE 8
01. Relacione as orações coordenadas por meio de conjunções:
a) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram.
b) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
c) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração sublinhada pode indicar uma
ideia de:
a) concessão
b) oposição
c) condição
e) lugar
f) consequência
04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, entre as orações de cada item, uma
correta relação de sentido.
a) Correu demais,... caiu.

Romão Adriano

86
b) Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
d) A matéria perece, ... a alma é imortal.
e) Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com detalhes.
f) Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
Conjunções
a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto.
b) por isso, porque, mas, portanto, que.
c) logo, porém, pois, porque, mas.
d) porém, pois, logo, todavia, porque.
e) entretanto, que, porque, pois, portanto.

05. Reúna as três orações em um período composto por coordenação, usando conjunções
adequadas.
a) Os dias já eram quentes.
b) A água do mar ainda estava fria.
c) As praias permaneciam desertas.

06. No período "Penso, logo existo", oração em destaque é:


a) coordenada sindética conclusiva
b) coordenada sindética aditiva
c) coordenada sindética alternativa
d) coordenada sindética adversativa

07. Por definição, oração coordenada que seja desprovida de conectivo é denominada
assindética.
Observando os períodos seguintes:
a) Não caía um galho, não balançava uma folha.
b) O filho chegou, a filha saiu, mas a mãe nem notou.
c) O fiscal deu o sinal, os candidatos entregaram a prova. Acabara o exame.
Nota-se que existe coordenação assindética em:
a) I apenas
b) II apenas
c) III apenas
d) I e III
e) nenhum deles.

"Vivemos mais uma grave crise, repetitiva dentro do ciclo de graves crises que ocupa a energia
desta nação. A frustração cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados à condição

Romão Adriano

87
de liderança oficial se reúnem, em eventos como este, para lamentar o estado de coisas. O que
dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pungente ou a autoabsolvição? É da história do
mundo que as elites nunca introduziram mudanças que favorecessem a sociedade como um todo.
Estaríamos nos enganando se achássemos que estas lideranças empresariais aqui reunidas teriam
motivação para fazer a distribuição de poderes e rendas que uma nação equilibrada precisa ter.
Aliás, é ingenuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo empobrecimento da
elite. É também ocioso pensar que nós, de tal elite, temos riqueza suficiente para distribuir. Faço
sempre, para meu desânimo, a soma do facturamento das nossas mil maiores e melhores empresas,
e chego a um número menor do que o facturamento de apenas duas empresas japonesas. Digamos,
a Mitsubishi e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais somos irrelevantes
como potência econômica, mas o mesmo tempo extremamente representativos como população."
("Discurso de Semler aos empresários", Folha de São Paulo)

Dentre os períodos transcritos do texto acima, um é composto por coordenação e contém uma
oração coordenada sindética adversativa. Assinalar a alternativa correspondente a este período:
a) A frustração cresce e a desesperança não cede.
b) O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pungente ou a autoabsolvição.
c) É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos riqueza suficiente para distribuir.
d) Sejamos francos.
e) Em termos mundiais somos irrelevantes como potência econômica, mas ao mesmo
tempo extremamente representativos como população.

09. “O tédio, portanto, foi um produto de luxo, e isso até tão recentemente que Baudelaire, para,
há meio século e meio, descrevê-lo, comparou-se ao rei de um país chuvoso [...]”
O termo destacado apresenta uma ideia de:
a) causa.
b) concessão.
c) conclusão.
d) consequência.

Romão Adriano

88
6.2 Colocação correcta de Pronomes oblíquos (Próclise, Mesóclise e Ênclise)
Pronomes são palavras variáveis que acompanham ou substituem o substantivo.
A colocação pronominal na sintaxe da língua portuguesa é o modo como se dispõem os pronomes
relativamente aos outros elementos de uma oração. Existem vários fatores que determinam a
ordem dos pronomes, a função sintática do pronome na oração, o tempo verbal, a regência do
verbo principal, a ocorrência de advérbios e de outros pronomes na mesma oração.

Na língua portuguesa, os pronomes retos (eu, tu, ele/a, nós, vós, eles/as), os quais em geral
expressam o sujeito da oração, distinguem-se dos pronomes oblíquos (me, mim, te, ti, etc...), que
indicam uma entidade afetada pela ação descrita pelo verbo. Grande parte da variação na
colocação se dá no uso dos pronomes oblíquos, sobretudo nos pronomes oblíquos átonos (me, te,
se, nos, vos, o, a, lhe, os, as, lhes). Não possuem acento próprio. São clíticos.

O nosso estudo será direcionado aos pronomes oblíquos átonos (Próclise, Mesóclise e Ênclise).

 Próclise, Mesóclise e Ênclise

Na gramática tradicional, há três posições relativas do pronome pessoal em relação ao verbo:

Posição clítica Localização Nome Exemplo


Pronome proclítico Antes do verbo Próclise Isso não se faz.
Pronome mesoclítico No meio do verbo Mesóclise Chamar-me-iam de louco.
Pronome enclítico Depois do verbo Ênclise Quero-lhe muito bem.

 Usos normativos
Todas as conjugações verbais permitem próclise e, com exceção do particípio e dos tempos futuro
do presente [fará, dirá, verá] e futuro do pretérito [faria, diria, veria], permitem também ênclise.
Somente os tempos futuros do presente e futuro do pretérito permitem mesóclise.

Pronome Particípio Futuro do Futuro do pretérito / Demais


Condicional
presente formas
Próclise permite permite permite permite
Ênclise não permite não permite não permite não permite
Mesóclise não permite permite permite não permite

 Próclise

Denomina-se próclise a colocação dos pronomes oblíquos átonos antes do verbo.


Proibição
Não deve ser usada no início de oração ou período, com uma exceção feita à licença poética.
Exemplo:*Se faz justiça com as próprias mãos naquele lugar.
Romão Adriano

89
Correção: Faz-se justiça com as próprias mãos naquele lugar.

Note que uma oração pode iniciar-se a meio de uma frase, por exemplo, depois de uma vírgula,
ponto e vírgula, dois-pontos, exclamação, interrogação ou reticências.

Exemplo:*Naquele lugar, se faz justiça com as próprias mãos.

Correção: Naquele lugar, faz-se justiça com as próprias mãos.

Nos infinitivos há uma tendência à ênclise, mas também é possível a próclise. A ênclise só é
mesmo rigor quando o pronome tem a forma o (principalmente no feminino a) e o infinitivo vem
regido da preposição a.
Exemplo: Se soubesse, não continuaria a lê-lo.
Existem determinadas palavras da língua que são consideradas "atractores" dos pronomes pessoais
oblíquos átonos pois, nos enunciados em que elas ocorrem, esses pronomes devem ficar em
posição proclítica com relação ao verbo que complementam.

 Uso
A próclise é obrigatória quando há antes do verbo:
 Palavra negativa
Exemplo: Nunca nos esqueceremos deste lugar.
 Pronome relativo
Exemplo: Aceitou a sugestão que te dei?
 Pronome indefinido
Exemplo: Alguém te falou isso?
 Pronome interrogativo ou advérbio interrogativo
Exemplo: Quem nos ajudará nos testes? Por que vos maltrataram?
 Conjunção subordinativa, mesmo que oculta na oração subordinada.
Exemplo: Quando se fala de informática, ele é um especialista.
Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos.
 Advérbio sem vírgula
Exemplo: Hoje me sinto seu amigo.
 Orações iniciadas por palavras exclamativas, bem como nas orações optativas (aquelas que
expressam desejo), com a palavra ''só'' no sentido de ''apenas'', ''somente'', com conjunções
coordenativas aditivas ou alternativas.
Exemplo: Como te pareces com teu pai!
• A terra lhes seja leve!
• Só se lembram de estudar na véspera das provas.
• Ou se diverte, ou fica em casa.

Romão Adriano

90
 Gerúndio precedido de preposição em ou palavra atrativa, bem como preposição +
pronome + infinitivo pessoal (flexionado)
Exemplo: Em se tratando das contas, pagarei todas.
• Foram embora, não nos dizendo nenhuma razão.
• Por me faltar ao respeito, você será punido.
Se o verbo estiver no infinitivo impessoal e ocorrer uma dessas palavras antes do verbo, o uso da
próclise ou da ênclise será facultativo.

 Ênclise
Em gramática, denomina-se ênclise a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo.
É usada principalmente nos casos:
 Quando o verbo inicia a oração;
 Quando o verbo está no imperativo afirmativo;
 Quando o verbo está no infinitivo impessoal;
 Quando o verbo está no gerúndio (sem a preposição em ou palavra atrativa)
Não deve ser usada quando, o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito.
Neste caso utiliza‐se a mesóclise.
Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las quando estão ligados
a verbos terminados em r, s ou z. Nesse caso, o verbo perde sua última letra e a nova forma deverá
ser re-acentuada de acordo com as regras de acentuação da língua.
Por exemplo:
"tirar-a" torna-se "tirá-la";
"faz-os" torna-se "fá-los";
"comes-o" torna-se "come-lo" (não há mudança de acentuação);

"Vou comer-o" torna-se "vou comê-lo".


No caso de verbos terminados em m, õe ou ão, ou seja, sons nasais, os pronomes o, a, os, as
assumem as formas no, na, nos, nas, e o verbo é mantido inalterado. Por exemplo:
"peguem-os" torna-se "peguem-nos";
"põe-as" torna-se "põe-nas".
No português brasileiro vernáculo (mas não no padrão), o pronome reto substitui o oblíquo — por
exemplo: "peguem eles!" Não se usa muito o pronome em posição enclítica.
 Mesóclise
Em gramática, denomina-se mesóclise ou tmese a colocação do pronome oblíquo átono no meio
do verbo. Utiliza-se quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito e não há,
antes do verbo, palavra que justifique o uso da próclise. É uma colocação exclusiva da linguagem
formal e da modalidade literária, não ocorrendo em uma fala espontânea.

Romão Adriano

91
Exemplo:
• Convidar-me-ão para a solenidade de posse da nova diretoria.
• Convidar-te-ia para viajar comigo, se pudesse.
Se houver pronome pessoal reto ou palavra que justifique o uso da próclise, desfaz-se a mesóclise.
Exemplo:
• Sempre te convidaria para viajar comigo, se pudesse. (O advérbio ''sempre'' exige o uso de
próclise.)
• Hoje me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria. (O advérbio ''hoje'' exige
o uso de próclise.)
Construção inovadora de futuro analítico (formado por mais de uma palavra).
Ter + ei ⇒ terei
Ter + ás ⇒ terás
Ter + á ⇒ terá
Ter + emos ⇒ teremos
Ter + eis ⇒ tereis
Ter + ão ⇒ terão
Ter + havia ⇒ teria
Ter + havias ⇒ terias
Ter + havia ⇒ teria
Ter + havíamos ⇒ teríamos
Ter + havíeis ⇒ teríeis
Ter + haviam ⇒ teriam

ACTIVIDADE 9
I. Substitua os termos sublinhados pelos pronomes pessoais adequados. Lembre-se: o pronome
reto substitui o sujeito. Já o oblíquo substitui o complemento.
a) Entregou os documentos necessários? (os / eles / lhes)
b) Continuam as acusações ao Judiciário. (nas / elas)
c) Os processos muito demorados constituem afastamento da regra geral. (no / ele)
d) De seu esforço e força de vontade emergem os trabalhadores. (nos / eles)
e) Pagaram ao funcionário as suas férias? (lhe / a ele / ele)
f) Encontrou um grupo de desconhecidos. (o / ele / lhe)
g) Pusemos o livro na estante. (lo / ele)
h) Brotam as flores por toda parte. (nas / elas / lhes)
i) É necessário fechar suas fronteiras. (las / elas)

Romão Adriano

92
j) O país toma medidas protecionistas. (as / elas)
k) É fundamental defender o contribuinte. (lo / ele / lhe)
l) Estamos obrigados a liquidar a fatura. (la / ela / lhe)
m) A enorme variedade de canções de Noel, quase todas produzidas em cerca de seis anos,
havia conferido genialidade ao artista. (ela / a ela)
n) Uma vez que tal medida implica transformações lesivas ao egoísmo do “establishment”.
(as / elas)
o) Pobre é a vida de um homem. (ela / a ela)
q) Na favela, tal como está organizada, reproduz-se semelhante estrutura. (na / lhe / ela)
r) Foi então que surgiu o problema. (o / ele / lhe)
s) Esses momentos históricos apresentam facetas negativas. (nas / elas / lhes)
t) Mandei o mordomo entrar. (ele / o)
u) Fez o amigo pagar a conta. (lo / ele)

Supondo-se que queira se dirigir a um juiz, utilizando uma linguagem correta e adequada, faça as
devidas alterações nos trechos a seguir:
1. Meritíssimo Juiz, Sua Excelência deveis saber que o réu é pessoa que goza de merecido prestígio
entre empresários, pois já tomastes conhecimento pelos órgãos da imprensa de seus inúmeros
empreendimentos.
_____________________________________________________________________________
2. Pelo que dizeis em vossa bem escrita sentença, foram os meus atos que vos deram o
discernimento que manifestastes em vossa decisão.
____________________________________________________________________________

Referencias Bibliográficas

FIGUEIREDO, Adriana (2015) GRAMÁTICA COMENTADA COM INTERPRETAÇÃO DE


TEXTOS PARA CONCURSOS: 4ª Edição, Editora Saraiva, São Paulo.
GARCIA, Othon M.( 2010) COMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA : Aprenda a Escrever,
Aprendendo a Pensar, 27ªEdição, Editora FGV. Rio de Janeiro.
CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley (2005). GRAMATICA DO PORTUGUES
CONTEPORANEO: 18ª Edição, Editora Sá da Costa LDA, Lisboa.

Romão Adriano

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UNIDADE TEMATICA V – CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática que apresenta o Estudo da Concordância
Verbal e Nominal. Iremos ver como o verbo ou o nome seleciona os elementos que se dispõe para
que haja harmonia na formação frásica, seja ela verbal ou nominal, respeitando as regras
gramaticais estabelecidas na língua portuguesa.

Ao fina desta unidade, o estudante para ser capaz de:

 Identificar as frases que estão em concordância com o seu núcleo, seja verbal ou
nominal;

 Aplicar corretamente os elementos que dispõe a concordância frásica;

 Produzir frases simples e complexos com uma correspondência flexional correta.

7. CONCORDÂNCIA VERBAL

Concordância é a correspondência de flexão entre dois termos, podendo ser verbal ou nominal.
A regra básica da concordância verbal é o verbo concordar em número (singular ou plural) e pessoa
(1ª, 2ª ou 3ª) com o sujeito da frase. Ou seja, a concordância Verbal ocorre quando o verbo se
flexiona para concordar com seu sujeito.

 Sujeito Simples Regra Geral


O sujeito sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa.

Veja os exemplos:
a) A orquestra tocou uma valsa longa.
3ª p. Singular 3ª p. Singular
b) Os pares que rodeavam a nós dançavam bem.
3ª p. Plural 3ª p. Plural
7.1 Casos Particulares
Há muitos casos em que o sujeito simples é constituído de formas que fazem o falante hesitar
no momento de estabelecer a concordância com o verbo. Às vezes, a concordância puramente
gramatical é contaminada pelo significado de expressões que nos transmitem noção de plural,
apesar de terem forma de singular ou vice-versa. Por isso, convém analisar com cuidado os casos
a seguir.
Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso
de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo
ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural.

Romão Adriano

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Exemplo:
c) A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
d) Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram nenhuma proposta interessante.

Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos coletivos, quando especificados:
\

Exemplo:

e) Um bando de vândalos destruiu / destruíram o monumento.

Observe: nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma
plural confere destaque aos elementos que formam esse conjunto. Quando o sujeito é formado
por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto de...)
seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo.

Exemplo:
f) Cerca de mil pessoas participaram da manifestação.
g) Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
h) Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas.

Observa: quando a expressão se associar a verbos que exprimem “mais de um" reciprocidade,
o plural é obrigatório:

Exemplo:
i) Mais de um colega se ofenderam na tumultuada discussão de ontem. (ofenderam um ao
outro)
Quando se trata de nomes que só existem no plural, a concordância deve ser feita levando-se em
conta a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve ficar no singular. Quando há
artigo no plural, o verbo deve ficar o plural.

Exemplos:

j) Os Estados Unidos possuem grandes universidades.


k) Bazaruto impressiona pela beleza das praias.
l) As Minas Gerais são inesquecíveis.
m) Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
n) Os Sertões imortalizaram Euclides da Cunha.

Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos, alguns,


poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido por "de nós" ou "de vós", o verbo pode concordar
com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome pessoal.

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Exemplo:
o) Quais de nós são / somos capazes?
p) Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? Vários de nós propuseram /
propusemos sugestões inovadoras.
Quando a expressão que indica percentagem não é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
com o número.

Exemplo:
q) 25% querem a mudança. 1% conhece o assunto.
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando
alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos", esta pessoa está se
incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós
sabiam de tudo e nada fizeram." A frase soa como uma denúncia.
Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica percentagem seguida de substantivo,
o verbo deve concordar com o substantivo.

Exemplos:
r) 25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação.
s) 85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito.
t) 1% do eleitorado aceita a mudança.
u) 1% dos alunos faltaram à prova.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular.

Exemplo:

v) Qual de nós é capaz?


w) Algum de vós fez isso.
Quando o sujeito é o pronome relativo "que", a concordância em número e pessoa é feita com
o antecedente do pronome.
Exemplos:
x) Fui eu que paguei a conta.
y) Fomos nós que pintamos o muro.
z) És tu que me fazes ver o sentido da vida.
aa) Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de um homem.
Com a expressão "um dos que", o verbo deve assumir a forma plural.
Exemplo:
bb) Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encantaram os poetas.
cc) Se você é um dos que admiram o escritor, certamente lerá seu novo romance.
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Atenção:
A tendência, na linguagem corrente, é a concordância no singular. O que se ouve efetivamente,
são construções como:
dd) "Ele foi um dos deputados que mais lutou para a aprovação da emenda".
ee) Ao compararmos com um caso em que se use um adjetivo, temos:
ff) "Ela é uma das alunas mais brilhante da sala.“

A análise da construção acima torna evidente que a forma no singular é inadequada. Assim, as
formas aceitáveis são:

gg) " Das alunas mais brilhantes da sala, ela é uma."


hh) " Dos deputados que mais lutaram pela aprovação da emenda, ele é um".

7.2 Concordância Nominal


As relações que as palavras estabelecem com o substantivo que as rege constitui o que em
gramática se chama de sintagma nominal. Essa relação caracteriza os casos de concordância
nominal. Concordância de gênero e número entre o núcleo nominal e os artigos que o precedem
– os pronomes indefinidos variáveis, os demonstrativos, os possessivos, os numerais cardinais e
os adjetivos.
Concordância nominal é assunto que será dividido em duas partes: no primeiro segmento,
apresentaremos os casos em que, antes de se fazer a concordância do adjetivo, é preciso detectar
a função sintática que ele desempenha na frase.
Por exemplo:
Tiradentes possuía cabelos e barba longos/longa.
Nessa frase, antes de fazer a flexão do adjetivo longo, tu precisarias identificar sua função
sintática. O fato de ele ser um adjunto adnominal posposto aos substantivos permite as duas
opções: ele pode concordar com todos os substantivos ou apenas com o mais próximo.
É na primeira parte do assunto, iremos identificar as funções sintáticas do adjetivo e todas as
possibilidades de concordância que tais funções permitem.
No segundo segmento do assunto, iremos conhecer os casos especiais da concordância nominal.
Vejamos alguns exemplos:

7.2.1 Concordância do adjetivo com dois ou mais substantivos.


Substantivos do mesmo gênero – o adjetivo irá para o plural desse gênero ou concordará com o
mais próximo (concordância atrativa).
Exemplo:
ii) Bondade e alegria raras/rara.
jj) Um luar claro e belíssimo.

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Substantivos de gêneros diferentes – o adjetivo irá para o masculino plural ou concordará com o
mais próximo.

Exemplo:
kk) Atitude e caráter apropriados/apropriado.

Adjetivo anteposto aos substantivos – nos dois casos acima, a norma geral é que ele concorde
com o substantivo mais próximo.

Exemplo:
ll) Mantenha desligadas as lâmpadas e os eletrodomésticos.
Substantivos com sentido equivalente ou que expressam gradação – o adjetivo concorda com
o mais próximo.

Exemplo:.
mm) Revelava pura alma e espírito.

7.2.2 Casos Particulares

1. Possível
 Precedido de “o mais”, “o menor”, “o melhor”, “o pior” – singular;
 Precedido de “os mais”, “os menores”, “os melhores”, “os piores” – plural.

Exemplos:
nn) Estampas o mais possível claras.
oo) Estampas as mais claras possíveis.

2. Anexo/Incluso
 Adjetivos concordam com o substantivo a que se referem.
Exemplo:
pp) Envio-lhe anexos/inclusos os documentos. (As expressões “em anexo” e “junto a” são
invariáveis.)

3. Leso
 Adjetivo = lesado, prejudicado – concorda com o substantivo com o qual forma uma
composição.

Exemplo:
qq) Cometeu crime de lesa-pátria.

4. Predicativo
 Substantivo com sentido indeterminado (sem artigo) – adjetivo no masculino.

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Exemplo:
rr) É proibido entrada.
Substantivo com sentido determinado (com artigo) – adjetivo concorda com o substantivo.

Exemplo:
ss) É necessária muita cautela.
5. Meio
 Numeral = metade (variável)
Exemplo:
tt) Falou meias verdades.
Advérbio = parcialmente (variável)
Exemplo:
uu) Encontrava-se meio fatigada.

6. Muito, Pouco, Bastante, Tanto

 Pronomes = variáveis
Exemplo:
vv) Li bastantes livros.
Advérbios = invariáveis
Exemplo:
ww) Estavam bastante felizes.
xx) Eles se sentiam sós

7. Só
Adjetivo = sozinho (variável)
Palavra denotativa de exclusão (invariável).
Exemplo:
y) Só os alunos compareceram à reunião (= somente).

8. Pseudo, Alerta, Salvo, Exceto – Palavras Invariáveis.

Exemplo:
z) La é pseudo administradora. Por isso, fiquemos sempre alerta.
9. Quite = Livre – concorda com aquele termo a que se refere.
Exemplo:
Estamos quites com a mensalidade.

10. Obrigado, Mesmo, Próprio – concordam com o gênero e número da pessoa a que se
referem.

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Exemplo:
Ela disse: “Muito obrigada. Eu mesma cuidarei do assunto”.

ACTIVIDADE 10
Observe a construção sintática do seguinte trecho:

É o interesse, e também a incerteza das apreciações, que explica o fato...

2. Reescreva-o de modo que a expressão “o interesse e a incerteza” desempenhe a


função de sujeito composto.
Qualquer uma destas respostas está correta:
a) São o interesse e a incerteza das apreciações que explicam o fato...
b) O interesse e a incerteza das apreciações é que explicam o fato...
c) O interesse e a incerteza das apreciações explicam o fato...
Complete as frases com seguintes adjectivos: Belicosas ou Belicosos; Europeia/Europeias;
limitado ou limitados; bovino ou bovinas e antigo ou antigas

a) Gestos e atitudes _______________. (belicoso)


b) Aprecio a cultura e a história _______________. (europeia)
c) A área e os meios de atuação dos funcionários tornam-se _______________. (limitado)
d) Torna-se _______________ a área e os meios de atuação dos funcionários. (limitado)
e) Comprou frutas, ovos e carne _______________.(bovino)
f) Essa professora contou-nos _______________. lendas e contos. (antigo).

Referencias Bibliográficas
FIGUEIREDO, Adriana (2015) GRAMÁTICA COMENTADA COM INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS PARA CONCURSOS: 4ª Edição, Editora Saraiva, São Paulo.
CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley (2005). GRAMATICA DO PORTUGUES
CONTEPORANEO: 18ª Edição, Editora Sá da Costa LDA, Lisboa.

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