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DA PERSONALIDADE PSICANALÍTICA
SANDRO FONTANA
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Composição de imagens
https://posterstore.es/ | Vecteezy | Eyestetix Studio
Imagem de Freud museu de Londres
Rabisco de Freud: Hera Brigagão
Capa: Shay Brunelle
Diagramação: Sandro Fontana
Direito Autoral
Todos os direitos reservados ao autor
| Palavras chav
1. Psicanálise, 2. Personalidades,
3. Autismo 4. TEA, 5. Psicologi
7. Estruturas da personalidade,
8. Psicoterapia, 9. Manejo clínic
Psicanálise, generalidades,
língua Portugues
ISBN: 978-65-87578-01-9
Contato do autor:
cmte.fontana@gmail.com
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A Quarta Estrutura da Personalidade Psicanal tica Sandro Fontana
SUMÁRIO
PREFÁCIO .........................................................................................................4
INTRODUÇÃO .................................................................................................6
AS ESTRUTURAS DA PERSONALIDADE PSICANALÍTICA ...............................11
A POSIÇÃO DO ANALISTA NOS TRATAMENTOS PSICANALÍTICOS..............21
A QUARTA ESTRUTURA ................................................................................31
O AUTISMO (TEA) ..........................................................................................60
O MANEJO CLÍNICO PARA A QUARTA ESTRUTURA ....................................80
POSFÁCIO ......................................................................................................95
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PREFÁCIO
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A Quarta Estrutura da Personalidade Psicanal tica Sandro Fontana
INTRODUÇÃO Capítulo 1
E
mbora seja um tanto incomum, é possível
encontrarmos em vários escritos de Sigmund Freud,
textos sobre seu interesse de que a psicanálise se
tornasse uma ciência, ou ao menos, uma disciplina cientí ca.
Esta intenção é exposta em diversos livros de sua obra histórica e
esse desejo, daquele que elaborou toda uma teoria, através de
observações empíricas, vem se tornando parte de um
conhecimento atual da neurociência que, utilizando de
equipamentos modernos, tem identi cado coerência nas tópicas
freudianas.
Acredito que a grande maioria dos psicanalistas já
possuem o conhecimento de que a teoria psicanalítica difere em
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Capítulo 2
AS ESTRUTURAS DA
PERSONALIDADE PSICANALÍTICA
S
igmund Freud, no decorrer de toda sua obra
psicanalítica, percebeu e categorizou a existência
de três personalidades características dos seres
humanos: O neurótico, o perverso e o psicótico.
Embora os nomes dessas personalidades estruturais nos
remonte à ideias errôneas, em sua essência e signi cado técnico,
elas fazem parte de uma base teórica muito importante para os
adeptos da psicanálise, principalmente no que se refere ao
manejo clínico no setting analítico. Em sua teoria, Freud elabora
a partir desses per s toda uma gama de psicopatologias
interligadas, ou seja, cada per l, pode-se desenvolver uma
patologia da mente, e essa virá a ocorrer em um modelo e padrão
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A Personalidade Neurótica
Pessoas com esse per l tendem a ser muito emotivas,
com tendência e “super-valorizarem” seus problemas,
pensamentos e ações, mas a principal característica que forma
essa personalidade é o notório sentimento de culpa, seja por algo
que zeram ou por algo que deixaram de fazer.
Em geral são pessoas sensíveis e com uma excelente
percepção aos detalhes. São pessoas organizadas e empáticas.
Com suas características, quando em níveis mais
elevados, surgem os diversos problemas, tais como a
obsessividade compulsiva (TOC) em uma de suas tendências.
Como exemplo clássico, a compulsividade na limpeza ou outras,
como excesso de metodologias, organização etc. No entanto
sentimentos de culpa, inconscientes ou conscientes, em demasia
e por longo período de tempo poderão acarretar em um
transtorno de ansiedade que pode vir a ocasionar problemas
físicos (psicossomatização).
A Personalidade Perversa
O perverso é o oposto do neurótico. Enquanto o
neurótico tende a sentir-se culpado por muitas coisas, o perverso
possui uma tendência a não sentir culpa, portanto com uma
propensão muito menor à empatia. Isso não quer dizer que o
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A Personalidade Psicótica
Este per l se caracteriza principalmente pela falha em
viver a realidade objetiva. Em outras palavras, as pessoas de per l
psicótico tendem a fugir da realidade factual e criam as suas
próprias realidades, no entanto, em se tratando de per l da
personalidade, isso ocorre de forma muito sutil.
Quanto a relação com a culpa, enquanto o neurótico
sente-se o culpado e o perverso não sente a culpa, o psicótico
direciona (projeta) a culpa aos outros.
Resumidamente, podemos dizer que existem duas
realidades básicas: a objetiva (os fatos e uma predominância
global de entendimento); e a realidade psíquica (a forma como as
pessoas veem e compreendem [ou ignoram] os fatos).
Pessoas com per s psicóticos são predispostos a serem
muito falantes e impulsivas, geralmente se articulando muito bem
na parte expressiva da comunicação, chegando a serem
controladores, entretanto tendem a ter problemas nas execuções
dos planejamentos (por serem ilusórios - muitas vezes). Vivem
muito no imaginário e podem ter complicações no momento em
que as confrontam com a realidade usual, inclui-se aqui os
relacionamentos amorosos, comerciais/ nanceiros, sociais etc.
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A POSIÇÃO DO ANALISTA
NOS TRATAMENTOS
Capítulo 3
PSICANALÍTICOS
N
o meio psicanalítico nós podemos perceber a
existência de diversas escolas. Essas escolas a
que me re ro agora não são as escolas de
pensamento mas sim as escolas (associações e institutos) de
treinamento e ensino, uma vez que é possível notar uma falha
substancial na preparação de muitos dos pro ssionais. Por esse
motivo considero importante abordar alguns pontos que
merecem uma auto-re exão analítica mais profunda e com isso
balizar a atuação do pro ssional no consultório, tanto sico
como virtual.
Imparcialidade e invisibilidade
O pro ssional necessita estar balizado fortemente por
uma ética e seguindo uma vigilância constante sobre si mesmo.
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Um professor às vezes
Embora alguns psicanalistas defendam a ideia de que o
terapeuta não deve abandonar a Associação Livre, sob pena de
não estar mais fazendo psicanálise, um outro grupo de
pro ssionais não possuem uma mesma visão. Desse modo, em
muitos momentos, se pode interromper uma fala para pontuar
sobre os conhecimentos da psicanálise ou neuropsicanálise. Em
outras palavras, pode fazer parte de uma sessão, o psicanalista
abordar sobre o complexo de Édipo e explicar os efeitos positivos
e negativos que determinada situação possa causar. Um exemplo
prático seria numa sessão de terapia de casal, onde estão os dois
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Talvez esse alerta possa soar um tanto duro, mas digo isso
pois o tratamento é uma responsabilidade do psicanalista e não
cabe a outra pessoa, ou instituição, tal feito. O paciente, se não
se sentir seguro para falar ou con ante com a imagem do
analista, talvez demore um tempo para perceber que o
tratamento não dará certo, e quando isso ocorrer já se passaram
longas sessões e dinheiro investido. Precisamos ter em mente que
a terapia não é um tratamento barato e o cliente espera por
algum resultado. Por esse motivo é importante que o psicanalista
tome uma ação o quanto antes, sob pena de sua imagem ou
trabalho ser mal falado ou divulgado, mesmo sabendo que isso
não necessariamente tem a ver com a qualidade do pro ssional.
Conseguir uma boa transferencia não é tão difícil, mas
recupera-la é quase impossível.
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epois de algum tempo com o trabalho
psicanalítico, baseado no consultório
(principalmente virtual), foi possível detectar um
per l estrutural que parecia não se encaixar com os demais
categorizados por Freud, e que as sintomáticas se confundiam
facilmente com as três estruturas, o que não parecia condizente e
coerente. Inconscientemente acabei agindo por eliminação de
traços característicos e dessa forma surgiu um alerta para um
caso em especí co.
Antes disso é importante enfatizar que cada terapeuta
possui seu estilo de trabalho e a psicanálise permite isso, o que é
saudável, a nal, a liberdade de pensamento e estilo faz parte da
cultura da pro ssão. Nem mesmo Freud gostava de falar pela
psicanálise como totalitária, mas como uma ou outra linha de
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Estudo de Caso 1.
Paciente, Sra E., do sexo feminino, 58 anos, solteira. Vive
com a mãe idosa que depende dela para tudo. A Sra. E. informou
que tem um lho na faixa dos 40 anos de idade.
A Sra E. me procurou para atendimento psicanalítico sob
uma demanda de ter um sofrimento contínuo que perdura pela
vida toda. Ela se demonstrou muito preocupada em obter um
diagnóstico pois já havia recebido vários e nenhum deles parecia
fazer sentido para ela. Reclamou de muitas medicações, uma vez
que fez uso durante longo tempo e nenhum lhe surtia efeito
desejado, ao contrário, ela sentia-se mal com as medicações para
controle de humor, depressão etc. A paciente informou ter
recebido vários diagnósticos ao longo da vida: arritmia cerebral,
bipolaridade e borderline (por pro ssionais diferentes).
Durante todo o período de 6 meses de sessões comigo (1
vez por semana), ela sempre se demonstrou calma e tranquila,
apenas sempre angustiada com um sofrimento constante. Ela
dizia: “Se eu penso na minha vida, eu nunca lembro de ter sido
feliz.”. No entanto ela mesma relatava que haviam momentos em
que ela se irritava e perdia o controle, e tinha medo de, em
algum momento, machucar a mãe a qual ela cuidava.
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Parecer Psicanalítico
Cada psicanalista possui sua liberdade de atuação.
Alguns optam por um caminho no setting analítico e outros
escolhem outras técnicas ou métodos variantes da associação
livre.
Eu possuo o hábito de ir formando uma visão do per l
estrutural de cada paciente para que seja possível escolher o
manejo adequado para cada um deles, obviamente, ajustando o
tratamento à subjetividade e característica própria do analisando.
Considero isso importante pois não é possível um manejo
adequado, senão até arriscado, quando não se conhece bem o
paciente e as técnicas psicanalíticas, por exemplo, trazer
pacientes com per l psicótico para a realidade objetiva pode
desencadear um surto psicótico.
No caso da Sra E., eu não conseguia “encaixa-la” nos
per s estruturais da personalidade padrões, elaborados por Freud.
Embora tudo sugerisse um per l psicótico(devido histórico de
diagnósticos), ela não se encaixava nas várias características, por
exemplo: em geral o per l psicótico não tem sentimentos de
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Estudo de Caso 2.
A resolução de uma demanda numa sessão de 35
minutos? Ao ler isso, parece algo muito pouco provável, não?
Para melhor explicar o caso 2, necessito recorrer a Lacan no que
se refere ao tempo de uma sessão, mas antes, expõe-se o caso:
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mundo. Acho que meu pai me ama mas não sabe demonstrar
muito bem isso, como se fosse parecer uma fraqueza para ele.”
A conversa (ou sessão?) se alongou por mais alguns
minutos e ouvi-la relatando sobre a relação com o pai e suas
características, me fez decidir comentar com ela sobre uma tese
na qual eu vinha amadurecendo a ideia e confrontando hipóteses
com fatos.
Expliquei rapidamente à Srta. C sobre os per s estruturais
da psicanálise e que eu pretendia aprofundar meus estudos sobre
a possibilidade de um quarto per l psicanalítico: o autista.
Expliquei a ela também que o per l não se trata necessariamente
de uma psicopatologia, mas sim de características que as pessoas
possuem e, se forem desenvolver alguma doença psíquica/
psicológica, essa tenderá para caminhos especí cos do TEA.
Nesse momento eu inverti a situação, isto é, eu procurei
falar à ela sobre as características do autismo leve como uma
personalidade. No momento em que eu acabei de expor as cerca
de 20 situações ela me olhou e disse: “Nossa! Você acabou de
descrever o meu pai! E você nem o conhece!”.
Eu respondi a ela: “Então é muito provável, pois não
posso a rmar nada sem conhecê-lo ou tratá-lo, que seu pai
possua uma personalidade do autismo” (fato que não implica em
ser um autista devido o nível das variáveis).
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Parecer Psicanalítico
Segundo Lacan, as sessões não necessitam de um padrão
de tempo especí co, desde que o analisando consiga obter
algum tipo de aproveitamento. Inicialmente eu não acreditava
muito nessa teoria, mas hoje penso diferente.
No caso citado, foi possível perceber uma real e cácia
numa breve sessão de casualidade. Ela não era minha paciente,
mas é muito comum eu ajudar vários amigos e colegas a se
compreenderem melhor, pela psicanálise e neuropsicanálise.
Mesmo assim, foi possível perceber que a elaboração e os
insights não necessariamente precisam ocorrer somente pela fala
do paciente. As vezes a livre associação ocorre através de alguma
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Estudo de Caso 3.
Para ser mais didático e exempli cativo, além do Caso 1, que foi
uma experiência antiga, relato um caso recente, demonstrando assim que
algumas características de personalidade estrutural autista se repetem e o
manejo sugerido no capítulo 6 pode ser funcional, até que seja
aprimorado ou remodelado.
Paciente Sra V., sexo feminino e 39 anos de idade. Procurou
terapia devido uma demanda constante de se sentir perdida e não
entender sobre um sofrimento que lhe a igia durante sua vida toda. Em
geral sentiu-se sempre comandada, usada e sem muita chance de
escolhas.
Sra V. nasceu em uma família aparamente desestruturada, onde o
pai parecia ser submisso a mãe, e esta sem muita atenção com as
crianças. Paciente relatou vários abusos sexuais durante a infância e
adolescência, onde haviam festas em sua casa com diversas pessoas e
mãe conivente.
Em certo momento da infância o pai adoece e torna-se acamado,
e dependente para tudo. Nesse tempo, Sra. V. percebe os maus tratos e as
traições da mãe com o pai, e foi quando a mãe opta pelo caminho da
prostituição; A Sra V. cou com pai até certa idade e depois foi criada pela
irmã mais velha.
Sra V. é casada e tem 2 lhos. Relata descontentamento com o
casamento, onde alegou não ter escolhido o marido; esta escolha feita por
sua mãe. Conta também, nas sessões, que sofreu com abusos e traições do
esposo, mas atualmente lida melhor com a situação. Comenta que
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pretende se separar mas não o faz por estar com uma lha ainda pequena
e não conseguir manter-se nanceiramente.
Atualmente trabalha como autônoma e estagia em uma clínica,
porém, planeja dar andamento em duas atividades pro ssionais por algum
tempo até nalizar seus estudos.
A Sra V, relatou que faz uso de benzodiazepina para controle da
ansiedade e colaboração para o sono.
Como faz parte de minha rotina, desde nossa primeira sessão eu
busquei analisar a subjetividade da paciente, suas demandas (que na
época era a descrita acima) e seu per l estrutural da personalidade. No
início eu cheguei a acreditar que ela possuía uma estrutura neurótica,
baseando-me nos diversos relatos, onde ela sugeriu-me se sentir vítima de
todo um contexto em sua vida etc. Conforme as sessões ocorreram, eu
havia desistido de tal pensamento, logo, o manejo esperado não seria
apropriado. Daquele momento em diante eu comecei a indagar qual
personalidade lhe parecia “dominadora”, uma vez que nem sequer
cogitei, na época, uma personalidade estrutural autista. Pensei
secundariamente num estrutural psicótico, descartando a personalidade
perversa (não haviam traços claros e nem subjetivos naquele tempo).
A personalidade estrutural psicótica pode ser muito empecida de
se veri car no início, principalmente quando seu “grau” é muito baixo/
sutil. Sendo assim, a realidade apresentada pela paciente pode ser algo
sem relação alguma com a realidade objetiva, di cultando a percepção
do psicanalista. Uma paciente pode chegar ao consultório e contar toda
uma estória, mas essa pode não ser necessariamente algo verdadeiro ou
real. Algo que deve ser analisado, é quando a estória não se sustenta e
acaba se contradizendo ao longo do percurso do tratamento.
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onde sempre foi levada a fazer o que os outros lhe impunham, e isso
associado com uma baixa percepção de informações subliminares
(indiretas).
A Sra V. parece ter poucas amizades e mantem-se muito
reservada e descon ada com algumas pessoas, quando não, em muitas
vezes, ingênua.
Parecer Psicanalítico
Talvez uma forma oportuna e didática para analisarmos o caso 3,
seria compararmos com o estudo de caso da Sra E. (Caso 1).
Ambas as condições são muito parecidas, mas o que pode ser
bem destacado, ao observado, foi a “intensidade das características”, ou
seja, o “grau da personalidade”. Enquanto a Sra E. sugeria um caso de TEA
nível 1, a Sra V. estava mais distante de uma psicopatologia/transtorno, isto
é, ao que percebi, neste caso, eram as mesmas atribuições, porém de uma
forma muito branda, onde não a igiu o cognitivo, e com características
pouco pronunciadas da estereotipia adulta ou com alguma reclamação
relativa a tipos de sons ou ruídos especí cos. Sobre esse aspecto, a Sra. V.
relatou nas sessões, que locais barulhentos a incomodam, assim como
considera um massagear das mãos, um hábito estereotipado.
Uma certa frieza emocional parecia muito evidente nas sessões
com a Sra. V., identi cado pelo relato do momento da facada no marido,
assim como o fato de gostar de car só, de se considerar muito metódica,
de haver certa di culdade de socialização, da existência de muita
organização e do prazer em manter rotinas, dentre outros.
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om o objetivo de complementar o capítulo
anterior, abordemos o Transtorno do Espectro do
Autismo de forma a enriquecer o conhecimento
do psicanalista para a sua atividade, no entanto devemos lembrar
que o per l estrutural da personalidade autista não representa o
transtorno em si, mas sim características tênues deste.
Segundo o DSM 5, que é um manual destinado orientar
pro ssionais da saúde para elaborarem diagnósticos, o TEA
possui uma série de características:
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3The genetics of human personality (2018); Continuity of Genetic and Environmental In uences on
Cognition across the Life Span: A Meta-Analysis of Longitudinal Twin and Adoption Studies (2014);
Genetic and Environmental Contributions to Personality Trait Stability and Change Across
Adolescence: Results From a Japanese Twin Sample (2015)
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5 Mapping genomic loci implicates genes and synaptic biology in schizophrenia (2022);
Schizophrenia in a genomic era: a review from the pathogenesis, genetic and environmental etiology
to diagnosis and treatment insights (2020);
6Genetic and environmental contributions to the relationship between violent victimization and
criminal behavior (2012);
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O MANEJO CLÍNICO
PARA A QUARTA
ESTRUTURA Capítulo 6
O
per l estrutural da personalidade autista, ainda
em teoria, consiste em um grande desa o aos
pro ssionais da área. Uma mesclagem de
características das demais personalidades padrões o compõe e
isso torna a demanda mais desa adora do ponto de vista
terapêutico. Como compreender e lidar com uma mente que
possui sentimentos de culpa em alguns casos, demonstrando uma
presença atuante do SuperEgo, mas em outros momentos é
totalmente inerte a sentir-se culpado ou sequer percebe o
inapropriado momento de atitudes? Como agir com aquele que
vive uma realidade objetiva mas não consegue interagir bem
socialmente? Como ajudar aquele que muitas vezes é
considerado um “bobo” por não perceber ironias ou brincadeiras
maldosas? Como contribuir para uma melhor independência
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muito dela e algo tiver que mudar, sei que isso poderá me
incomodar, mas não devo focar nisso, devo pensar que logo tudo
se resolve e vou focar na próxima rotina.
Em termos psicanalíticos, essa condução e postura traz o
inconsciente para o consciente e gera certa previsão. Quando o
paciente possui essa consciência, seu Ego está mais apto e “forte”
para lidar com essas variações, uma vez que eles não se irritavam
(ou ao menos mantinham sob controle) simplesmente porque não
percebiam o que estava acontecendo.
Um dos momentos difíceis e que acabaram necessitando
de mais atenção são algumas demandas de expressar
sentimentos. Em geral, dependendo no nível e espectro, a pessoa
de personalidade autista pode não conseguir demonstrar seus
sentimentos, e algumas vezes nem os tê-lo mesmo. Para esses
casos, o que foi direcionado era uma conscientização da
necessidade de formalidades, algo como tarefas a serem
cumpridas. Deveriam então dar um abraço numa visita
importante e até lembrar de ser simpático, se fez necessário. É
importante salientar que essa característica atingia apenas cerca
de 50% dos pacientes tratados.
Paralelo a quarta fase, se conduziu um manejo para a
auto-investigação e conscientização de suas limitações. Isso se
fez necessário porque, um paciente mais atento (qualquer que
seja) e consciente de suas limitações, geram menos expectativas
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