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Sumário
Psicopatologia ................................................................................................. 3
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 39
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NOSSA HISTÓRIA
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Psicopatologia
A etimologia da expressão Psicopatologia é composta de três palavras gregas:
psychê, que produziu "psique", "psiquismo", "psíquico", "alma"; pathos, que resultou
em "paixão", "excesso", "passagem", "passividade", "sofrimento", "assujeitamento",
"patológico" e logos, que resultou em "lógica", "discurso", "narrativa", "conhecimento".
Dessa forma, Psicopatologia pode ser compreendida como um discurso ou um saber
(logos) sobre a paixão, (pathos) da mente, da alma (psiquê). Ou seja, um discurso
representativo a respeito do pathos psíquico; um discurso sobre o sofrimento psíquico
sobre o padecer psíquico. A psychê é
alada; mas a direção que ela toma lhe
é dada pelo pathos, pelas paixões.
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A Mania, loucura profética, foi descrita por Homero, na Grécia Antiga,
atribuindo-se a ela um sentido de sabedoria oracular e mística. A loucura ritual ou
dionisíaca é outra manifestação de loucura entre os gregos, a qual deu origem aos
carnavais, que trazia a ideia de que é necessário se liberar das forças “subterrâneas,
instintivas” da natureza para não enlouquecer.
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Relata Foucault que no auge do racionalismo, favorecida pelos escritos de
Hegel, a razão surgiu como soberana. Foi, todavia, com Descartes que Foucault e
outros encontraram, já na modernidade, o primeiro corte radical entre a loucura e a
razão. Na “Primeira” das Meditações Metafísicas, que tem o título “Das coisas que se
podem duvidar”, escreve Descartes:
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Século XVIII: Loucura como enfermidade mental: Nascimento da clínica
psiquiátrica
Influenciado por Locke, Pinel via o conhecimento como um processo cuja base
é a observação empírica dos fenômenos que constituem a realidade, ou seja, o
conhecimento tem origem na experiência, nas percepções dos sentidos. Ao introduzir
o método de análise, ele estrutura a clínica: experiência que privilegia o olhar que
observa e procura traduzir o visível no enunciável.
A ideia básica era que o alienado, ainda que muito enfermo ou desprovido de
sua identidade e liberdade moral, conservava um pé no mundo dos civilizados e
então, reconduzindo-se as paixões a um novo estado de harmonia, ele recobraria a
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ordem e a clareza que havia perdido. Hegel foi quem captou o vestígio de razão que
seguia coabitando com a loucura e fez até um elogio a Pinel.
Deve-se destacar, não obstante, que esta ideia de Hegel a respeito de Pinel
não é compartilhada por muitos autores atuais. Como exemplo cita-se o próprio
Foucault, o qual considera que o trabalho de Pinel libertou os pacientes de suas jaulas
e algemas, mas os sujeitou à noção de enfermidade, ao asilo e à disciplina
psiquiátrica. A loucura reduzida quase completamente à enfermidade (nosologia), a
criação de asilo (institucionalização), a promoção do tratamento moral (caráter
terapêutico) e a lei de 30 de junho de 1838 (caráter legal) são expressões do trabalho
deste homem que propunha erradicar o termo “folie” e substituí-lo por “alienation
mentale”, no rigoroso intento de fazer entrar a loucura no discurso médico. Alienação
era definida por ele e seus seguidores como um processo único que aglutinava não
somente as possíveis e profundas variedades mórbidas, mas também os estados de
afetação moral que induzem a uma perda de liberdade em conseqüência das lesões
do entendimento.
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Segundo Teixeira (1997), as noções introduzidas por Pinel consolidaram novos
conceitos operatórios:
(3) uma abordagem clínica, que parte dos sintomas para chegar aos quadros
clínicos; e
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1838, conhecida como “Lei sobre os alienados”, em vigor até 1990. Quando se depara
com o texto de lei escrito naquela época se vê sua riqueza. Nele constavam três
títulos:
3. Disposições gerais.
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Bayle correlacionou a referida alienação mental, que denominou de paralisia
geral, com uma lesão determinada, uma meningite crônica tendo como agente
etiológico o treponema pallium. Construiu com sua tese o paradigma
neuropsiquiátrico que fascinou as gerações seguintes, orientando a investigação
psicopatológica em direção à neuropatologia e transformando definitivamente a
loucura clássica em uma enfermidade do cérebro e de suas membranas. Ao publicar
sua tese em Medicina arrasou as ideias da nosologia sindrômica forjada por Pinel e
Esquirol. Tudo o que estes haviam postulado (mania, melancolia, monomania,
demência e idiotia) ficou reunido em uma
única enfermidade cuja evolução se articulava
formando uma sequência.
Enquanto vimos nos clássicos franceses vários nomes como Pinel, Esquirol,
Bayle entre outros, na escola alemã um nome sobressaiu e dominou amplamente o
cenário, o de Kraepelin. Publicou em 1883 seu Compêndio de Psiquiatria, com 380
páginas, que foi revisado e reeditado várias vezes, sendo que na oitava edição, em
1913, seu Compêndio continha 4 volumes com 2.500 páginas. Influenciado por
Griesinger, o fundador da escola alemã que entendia serem as doenças mentais,
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antes de tudo, afecções cerebrais, Kraepelin se orienta na busca do suposto curso
natural das enfermidades mentais e, mais especificamente, nas manifestações de
suas formas terminais.
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Leonel Gomes Velho, em sua tese
“Do degenerado e sua capacidade civil”,
de 1905, apresenta as idéias de Morel e
de alguns de seus seguidores, procurando
inicialmente apontar as diferentes
definições de “degenerado” e de como
este se encontra presente em todos os
recantos da vida – não existem só os degenerados débeis, pouco aptos para as lutas
pela existência, mas também os superiores, aqueles indivíduos “originais, bizarros e
excêntricos que, apesar de serem triunfantes na vida e até ocuparem elevadas
posições sociais, são tão anormais sob o ponto de vista cerebral quanto os idiotas.
Devido a este fato, os débeis, por serem impotentes, são menos prejudiciais à
sociedade que os degenerados superiores” (s/esp). Assim, a degenerescência não
estaria ligada somente à alienação mental, mas à idéia de desvio de modo geral. As
causas da degeneração são pensadas como podendo ser tanto físicas quanto morais.
Como possíveis causas físicas são apontadas a insalubridade dos climas, a má
higiene e a insuficiência das moradias e da nutrição, sendo atribuída especial
importância ao meio enquanto produtor de condições propícias à instalação de
processos degenerativos. Como causas morais, por outro lado, figuram a ignorância,
a avareza, a sede de prazeres, a prostituição, os fanatismos, entre muitas outras.
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Século XX: Movimentos críticos à tradição psiquiátrica
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da doença mental e a criação de novas formas de convívio entre a sociedade e a
loucura.
No final dos anos 70, terminada a ditadura militar, num movimento muito vivo
de reorganização de forças democráticas do país, alguns dos trabalhadores de Saúde
Mental de vários estados brasileiros se reúnem em torno de propostas de reforma.
Ainda no final dos anos 80, acontecem no Brasil importantes eventos relativos
à saúde pública. A saúde é afirmada como direito do cidadão e dever do Estado, e
concebida em sua determinação pela organização social e política, em seus laços
com a qualidade de vida, o trabalho, o lazer; cria-se o Sistema Único de Saúde – o
SUS – com garantia da universalidade do acesso, da eqüidade, da descentralização
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de recursos e decisões, priorizando-se o nível local; garante-se o controle social, onde
a Saúde se torna desde então uma área pioneira.
No início dos anos 90, o movimento dos trabalhadores da Saúde Mental, que
já se intitulava como antimanicomial, procede à sua organização, em nível nacional,
como movimento social autônomo, independente de serviços, administradores ou
partidos. Experiências como a psiquiatria democrática, textos como os de Foucault,
têm sido referências importantes para esse movimento: Basaglia e Foucault, cada
qual à sua maneira, mostram que o processo histórico de exclusão da loucura não
tem suas raízes na natureza da loucura, não são características inerentes ao sujeito
louco que geram tal exclusão; esse processo resulta de uma série de embates,
enfrentamentos, correlações de força, no âmbito de uma cultura que acredita
demasiadamente em sua própria razão.
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História da Psicopatologia
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Sims (2001) refere que a psicopatologia é
“o estudo sistemático do comportamento, da
cognição e da experiência anormais; o estudo
dos produtos de uma mente com um transtorno
mental. Isto inclui as psicopatologias
explicativas, nas quais existem supostas
explicações, de acordo com conceitos teóricos
(p. ex., a partir de uma base psicodinâmica,
comportamental ou existencial, e assim por diante), e a psicopatologia descritiva, que
consiste da descrição e da categorização precisas de experiências anormais, como
informadas pelo paciente e observadas em seu comportamento”.
Como aponta Pereira (2000), “há um problema teórico e ético que acompanha
toda a história da psicopatologia: qual a relação do sujeito com o seu próprio
sofrimento, com sua própria loucura? Seria ele vítima do acaso, do acidental, daquilo
sobre o que ele não tem como interferir enquanto existente? Ou, ao contrário, seria o
homem, de alguma forma, o paradoxal sujeito de seu próprio sofrimento?”
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Existem alguns fatos importantes
que marcam a psicopatologia desde o final
da Segunda Guerra Mundial até o
momento atual:
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com ele. Transcreve as vivências patológicas e descreve as condutas anormais do
doente, indagando sempre a essência dos fenômenos apresentados.
Ainda que na tendência atual algo pareça estar mudando, até hoje são
encontrados dois grupos claros na psicopatologia: aqueles que se interessam pela
investigação básica dos processos psicopatológicos subjetivos e aqueles
interessados na prática clínica, que procura evitar os modelos etiológicos e se
interessa mais pelas técnicas e procedimentos diagnóstico a partir de uma posição
próxima da fenomenologia.
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De fato, cada disciplina que se ocupa do sofrimento psíquico produz modelos
específicos de psicopatologia, coerentes no interior do referencial teórico em que se
inscrevem e respondendo a certos problemas inerentes à clínica. Os diferentes
enfoques ou abordagens atuais na psicopatologia, de acordo com Ionescu (1997),
são:
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transtornos podem ser explicados a partir de um mau funcionamento de alguns
componentes desse sistema.
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Síndromes psicopatológicas
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Transtornos de ansiedade: ansiedade normal e patológica
Dalgalarrondo (2008, p. 302) ainda faz uma distinção entre dois tipos de
transfundo: os estáveis e duradouros e os mutáveis e momentâneos.
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A associação de fatores precipitantes com vulnerabilidade constitucional e
fatores predisponentes ocorre ao longo da história de vida dos sujeitos, dentro de um
contexto sociocultural específico. Portanto, cada sujeito produzirá uma sintomatologia
única e pessoal.
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Fase – refere-se principalmente às fases de depressão (diminuição da
atividade psíquica) ou da mania dos transtornos afetivos.
Transtornos da ansiedade
Segundo Nunes (1996), a ansiedade normal é uma sensação difusa (não está
concentrada em nenhuma parte específica do corpo), é desagradável, de apreensão
(sentimos que algo de ruim vai acontecer, mas não conseguimos saber exatamente
o que) e, em geral, vem acompanhada de sensações físicas: mal-estar epigástrico,
aperto no tórax, palpitações, sudorese excessiva, cefaleia, súbita necessidade de
evacuar, inquietação etc. Esses sintomas podem
variar de pessoa para pessoa. Fazer uma distinção
precisa entre medo e ansiedade é uma tarefa
complicada. O medo é uma reação normal,
fundamental para a proteção dos sujeitos. Se não
tivéssemos medo, sairíamos de madruga para
lugares perigosos, não tentaríamos nos proteger. O
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medo aparece em situações que apresentam um perigo real ou imaginário.
Os transtorno de personalidade
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notados no final da infância ou início da adolescência. O diagnóstico só pode ser
efetivado após os 18 anos de idade.
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Transtornos do humor
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Ciclotimia
Transtorno bipolar
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baseado em um único episódio é possível, embora o transtorno seja recorrente na
maioria dos casos.
O luto pode induzir grande sofrimento, mas não costuma provocar um episódio
de transtorno depressivo maior. Quando ocorrem em conjunto, os sintomas
depressivos e o prejuízo funcional tendem a ser mais graves, e o prognóstico é pior
comparado com o luto que não é acompanhado de transtorno depressivo maior.
Os transtornos esquizofrênicos
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da atividade tireoidiana). Na sexta edição do seu tratado, em 1899, a dementia
praecox ganhou a autonomia para se contrapor à “loucura maníaco-depressiva”.
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preparada a festa, ela subitamente tem uma espécie de revelação e passa a acreditar
que a faca está ali para feri-la, para matá-la.
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sentimentos, impulsos ou vontade, empobrecimento afetivo, intuição delirante e
alterações do ânimo de colorido depressivo maniatiforme.
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4. Diminuição da vontade (avolição) e hipopragmatismo – Incapacidade de
realizar ações, trabalhos ou tarefas que exigem o mínimo de iniciativa e organização.
Exemplo: Lucia deixou de cuidar da casa, de suas tarefas cotidianas. Passa o tempo
todo sentada diante de uma janela fechada.
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6. Neologismos – palavras novas, ou com significado único e particular para o
paciente. Ex.: Leandra criou a palavra fogteu – que significa que seu namorado era
ateu.
Espectro da esquizofrenia
Delírios persecutórios – crença de que a pessoa irá ser prejudicada por outra
pessoa, grupos ou organização.
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Delírios somáticos – crença de que se está com alguma doença física;
preocupação excessiva com a saúde.
Delírios religiosos – crença de que a pessoa é escolhida por deus, tem ligações
fortes com entidades religiosas ou acredita que é um profeta ou santo.
Delírio bizarro – a crença de que, por exemplo, a pessoa sofreu uma cirurgia e
lhe trocaram o cérebro. Delírio não bizarro – a crença de que, por exemplo, a polícia
o está vigiando.
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REFERÊNCIAS
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BOROSSA, Julia. Conceitos da psicanálise: histeria. Rio de Janeiro: Viver,
2005.
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ROSA, P. O. Drogas e biopolítica: uma genealogia da redução de danos. Tese
(Doutorado em Ciências Sociais)-Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo, 2012.
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