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Universidade de Brasília – UnB

Departamento de Línguas Estrangeira e Tradução (LET)


Disciplina: Cultura Japonesa 1
Professor: Sachio Negawa
Aluno(a): Lígia Dib Carneiro / 0416771

ARQUITETURA ANTIGA DO JAPÃO

Brasília, DF, 27 de julho de 2006

Introdução

Este trabalho irá tratar sobre o conceito de cultura e mostrar através da arquitetura antiga
um pouco da cultura japonesa. A arquitetura antiga japonesa engloba um âmbito muito
amplo e variado, por isso será abordado com maior ênfase o tema que se refere aos
Pagodes japoneses de três e cinco níveis, os famosos “arranha-céus” da antiguidade, tendo
como objetivo principal desvendar os segredos que protegem essas construções tão antigas
contra forças sísmicas, como os terremotos bastante freqüentes no Japão. Além de
curiosidades da arquitetura antiga como a influência do budismo, do Zen - budismo, estilos
arquitetônicos tradicionais e as casa japonesas (uma mistura do velho e do novo). Podendo,
assim, ser compreendido ao longo do trabalho o por quê das imagens tão estereotipadas ao
se falar de Japão antigo tentando desmistifica-las através do que será abordado.

O que é “cultura” para mim?

Numerosos são os conceitos sobre cultura. O mais antigo que se tem registrado é
possivelmente o de Tylor (1871) : complexo total de conhecimentos, artes, moral, leis,
costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da
sociedade. Há quem a defina como parte do ambiente feita pelo homem ou como o total da
tradição social. Asheley Montagu disse que cultura é a resposta dos homens às suas
necessidades básicas, ou seja, é o modo de vida de um povo, o ambiente que um grupo de
seres humanos, ocupando um território comum, criou em forma de idéias, instituições,
linguagem e instrumentos.
“A cultura é sempre um complexo, é uma criação do homem. É recebida como
herança dentro do grupo em que cada pessoa nasce, é adquirida ao contato com os
grupos”. Talvez, poucas pessoas descordem que cultura é uma criação do homem, já que
somente ele tem a capacidade de cria-la, possuí-la e transmiti-la. As sociedades animais e
vegetais a desconhecem. Portanto, graças à cultura, a humanidade “distanciou-se” do
mundo animal. Porém, dizer que a cultura é uma herança que o homem recebe depois de
nascer, que determina o comportamento humano e justifica as suas ações, é ser
convictamente determinista, o que contradiz a teoria do Inatismo, a qual afirma a existência
de idéias inatas, que são, segundo certos filósofos, idéias que não provêm da experiência,
mas estão em nosso espírito desde que nascemos.
Então, de acordo com a teoria Inatista, a cultura não é um processo de
aprendizagem, conceito mais óbvio que se pode ter acerca deste tema. Logo, qual teria
contradiz a outra? Não cabe a mim dizer a mais ou a menos correta, mas me vale avaliar
cultura no me “eu”.
Acredito que podemos sim nascer com algumas características, características
essas que não determinam um comportamento seu no futuro. Pois, ao longo de uma vida,
milhares de coisas são aprendidas e assimiladas, seja pelo meio em que se vive, seja com
as pessoas ao seu redor. Portanto, todo o processo de assimilação e aprendizado, sejam
estes políticos, econômicos ou sociais, que o homem é capaz de adquirir e transmitir, pode-
se dizer, em verdade, que é Cultura.
A cultura japonesa torna-se bastante visível ao se falar da sua arquitetura, na
qual durante muito tempo a madeira serviu de base. Embora seja um país relativamente
pequeno, o Japão foi agraciado com abundantes recursos florestais, e a madeira é o
material mais adequado para o clima quente e úmido. A pedra não se adequa à construção
no Japão tanto por razões de suprimento como de economia. Um traço notável da
arquitetura japonesa é a coexistência de tudo, desde os estilos tradicionais, que foram
transmitidos de geração a geração, até as modernas estruturas que empregam as mais
avançadas técnicas de engenharia.

Influência do Budismo
O budismo que chegou ao Japão através da China, no século VI, exerceu uma grande
influência sobre a arquitetura japonesa. A arquitetura dos templos budistas transmite, com
seus imponentes materiais de construção e escala arquitetônica, uma magnífica imagem do
continente. O salão que guarda a estátua do Daibutsu (Grande Buda), no templo Todaiji, em
Nara, concluído no século VIII, é a maior estrutura de madeira do mundo.
A introdução do budismo em 538 d.C. levou a um período cultural de súbito florescimento
artístico, que atingiu seu auge no período cultural Asuka (538-645), quando as artes foram
encorajadas pelo apoio imperial. Foram construídos muitos templos budistas, inclusive o
célebre Templo Horyuji próximo a Nara, que se acredita ser a construção de madeira mais
antiga do mundo. A influência budista é particularmente evidente na escultura figurativa que
floresceu nesse período. A ênfase era dada à solenidade e à sublimidade e os traços eram
idealizados.
Tanto Nara como Kyoto, antigas capitais do Japão, construídas no século VIII, foram
projetadas segundo o método chinês de planejamento urbano, que dispõe as ruas em um
padrão de tabuleiro de xadrez. A Kyoto moderna conserva a forma que teve à época.
O desenvolvimento de estilos japoneses nativos: no período Heian (794-1192), o budismo
sofreu uma japonização gradual. O Shinden-zukuri, o estilo arquitetônico empregado nas
mansões e casas da nobreza, é característico da arquitetura residencial desse período. O
telhado coberto de casca de árvore do cipestre repousa em pilares de madeira e vigas; o
interior tem assoalho de madeira sem divisórias fixas dos aposentos; e ouso de biombos
flexíveis e de uma só folha, o tatami e de outros materiais leves, possibilitava a livre
definição do espaço vital. O Gosho de Kyoto (Palácio Imperial), lar de gerações de
imperadores, ainda exemplifica muito bem essa disposição. Alguns traços do aspecto
exterior, como os materiais de construção, o telhado de declividade abrupta e calhas largas
ainda pode ser visto nas moradias japonesas de hoje.
Uma outra característica do Período Heian foi o aparecimento dos jardins com tanques e
pavilhões de pesca.
O Hakuho, ou o chamado período inicial da cultura Nara (645-710), que se seguiu ao
período Asuka, foi uma época de forte influência chinesa e indiana. O achatamento da forma
e a rigidez da expressão na escultura do período Asuka foram substituídos, pela graça e o
vigor. O Tempyo, ou o chamado período final da cultura Nara (710-794), foi a era de ouro do
budismo e da escultura budista no Japão. Hoje em dia podem ser vistas algumas das
grandes obras desses períodos em Nara e em seus arredores. Ela reflete um grande
realismo combinado com uma rara serenidade.

Influência do Zen
A influência do Zen: no período Kamakura (1192-1338), os samurais assumiram poder,
depondo a nobreza como classe dominante na sociedade. A chegada do Zen-budismo da
China nessa era fez surgir o estilo arquitetônico Tang nos templos e mosteiros de Kyoto e
Kamakura. Em um dado momento, ele se transformou na arquitetura de vários andares de
templos como o Kinkakuji (templo do Pavilhão Dourado) e o Ginkakuji (templo do Pavilhão
Prateado) em Kyoto. Tornaram-se populares os jardins de paisagem seca, nos quais são
usados areia, pedras e arbustos para simbolizar montanhas e água. Embora todos eles
fossem meios muito extravagantes dos samurais e da nobreza mostrarem seu poder, deles
resultou também o florescimento de uma cultura artística singularmente japonesa.
A austeridade do regime da classe guerreira e do Zen-budismo foi refletida no período
subseqüente Kamakura (1192-1338), quando a escultura tornou-se extremamente realista
no estilo e vigorosa na expressão. A influência do Zen foi refletida na pureza e simplicidade
da arquitetura desse período. Ainda hoje em dia podem ser encontrados na arquitetura
japonesa, traços da influência da tradição estabelecida no período Kamakura. Os rolos
ilustrados e as pinturas de retratos também estiveram em voga durante esse período.
O período Azuchi-Momoyama (1573-1602), que se seguiu, foi um tempo de transição.
Também foi um período de grande sofisticação artística. Os artistas expressavam-se com
cores vivas e desenhos elaborados. Foram introduzidos os suntuosos biombos flexíveis. Os
castelos e templos eram decorados com elaboradas esculturas de madeira.

Pagode japonês
O pagode de cinco níveis é uma estranha peça de arquitetura: fortes terremotos acontecem
com freqüência no Japão, mas não há registro de que um pagode sequer tenha sido
derrubado por algum abalo sísmico. O Grande Terremoto de Hanshin Awaji de 1995 abateu
muitos edifícios modernos na área de Kobe, mas ficaram livres de danos os 13 pagodes de
três níveis existentes em Hyogo, província onde se localiza Kobe. Serão desvendados,
então, os segredos que protegem os pagodes de três e cinco níveis dos terremotos.
O primeiro segredo é o material utilizado: toda a estrutura do pagode de cinco níveis é de
madeira. Ao ser sujeita a uma força física, a madeira pode vergar ou deformar-se, mas não
se quebra facilmente. E, quando a força é neutralizada, a madeira volta à sua forma anterior.
Sendo flexível, a madeira pode absorver tensões sísmicas.
O segundo segredo, de ordem estrutural, complementa a flexibilidade da madeira. Nos
pagodes, a junção das peças de madeira é feita em ensambladura macho-e-fêmea,
praticamente sem o uso de pregos: a lingüeta devidamente entalhada na extremidade de
uma das peças é embutida na ranhura da extremidade de outra e assim por diante. Deste
modo, quando o chão começa a tremer, a superfície da madeira nas juntas passa por um
processo de torção w fricção que ajuda a impedir a condução da energia sísmica muito para
cima na torre. Há aproximadamente mil grandes juntas de encaixe em um pagode de cinco
níveis, tornando toda a estrutura praticamente tão flexível quanto um bloco de konnyaku, um
alimento gelatinoso feito do tubérculo de uma planta da família das aráceas.
O terceiro segredo tem a ver co a estrutura em camadas dos pagodes. Quando colocado em
posição vertical sobre sua base menor, um bloco alongado de konnyaku não se mantém
nessa posição, mas cinco blocos de tamanho crescentemente menor colocados uns sobre
os outros permanecem em pé. O termo que designa pagode de cinco níveis japonês, “go-ju
no to”, é traduzível como “ torre de cinco camadas.” A referência a camadas é muito precisa
porque o pagode consiste basicamente em uma estrutura com várias caixas dispostas uma
sobre as outras, semelhante às caixas sobrepostas japonesas tradicionais para colocar
comida. Nos pagodes, as “caixas” são conectadas com juntas de encaixe. Quando a terra
treme, cada uma destas camadas encaixadas balança lenta e independentemente em
relação às demais.
O quarto segredo envolve um efeito de bamboleio. Cada camada do pagode permite um
balanço suave em certa medida, mas se houvesse um deslocamento excessivo para fora do
centro os diversos níveis acabariam desabando. Há muito tempo, um carpinteiro
especializado nas técnicas de construção da sua época observou por acaso o movimento de
um pavilhão de cinco níveis durante um forte terremoto. Ele relatou que, quando a camada
mais inferior balançava para a esquerda, a camada imediatamente acima se deslocava para
a direita, a outra mais acima movia-se para a esquerda e assim por diante. A torre executava
uma espécie de dança da serpente. O bamboleio assemelhava-se ao brinquedo tradicional
japonês de balanço yajirobe, cujas camadas de diferente tamanho balançam em direções
opostas uma às outras e por fim retornam à posição vertical.
Mas seria de esperar que um terremoto realmente forte conseguisse empurrar uma camada
do pagode para fora de sua base, fazendo desabar toda a sua estrutura. Um componente
estrutural que evita essa queda é o quinto segredo. Imagine um experimento com uma
“torre” de cinco tigelas posicionadas de boca para baixo sobre uma bandeja. Um simples
toque na bandeja é suficiente para que as tigelas despenquem. Mas basta fazer um furo no
fundo de cada tigela, enfiar um longo pauzinho através dos furos e firmar o pauzinho
verticalmente para que as tigelas forme uma torre robusta e permaneçam em pé mesmo que
se balance um pouco a bandeja. Se uma das tigelas se deslocar levemente para o lado,
essa própria tigela e as demais serão mantidas no lugar pelo pauzinho. É o que se poderia
chamar de “ Tigelas de Colombo”, por inspiração do ovo de Colombo, que ficou em pé por
causa da remoção da casca em uma extremidade. O pauzinho vertical mantém unidas as
tigelas, de modo semelhante a um ferrolho que conserva uma porta fechada embora esteja
em posição horizontal. No pagode o “ferrolho” é o espesso pilar central que se estende da
base ao topo da construção. Se uma das camadas do pagode começa a deslizar
lateralmente para fora, o robusto pilar faz com que a camada retorne ao centro.
Durante um terremoto, o pilar central balança um pouco, como um pêndulo invertido, para
se contrapor à força sísmica. Os pagodes podem ainda ter outros segredos arquitetônicos a
revelar!

Estilos Arquitetônicos Tradicionais


Arquitetura de Santurário: uma das formas mais antigas sobreviventes no Japão de hoje é
a arquitetura de santuário. O santuário Ise Jingu em Ise, na prefeitura de Mie, cujas origens
são desconhecidas, é um monumento arquitetônico especialmente importante, que é
reconstruído a cada vinte anos com o uso das técnicas originais de construção. A
construção simples de cipreste japonês sem pintura reflete o aspecto e espírito da antiga
arquitetura japonesa, que se destinava a mesclar-se de maneira harmoniosa com o
ambiente em volta.

A casa de chá: O chá, que foi transmitido ao Japão pela China, popularizou-se entre as
classes altas na era Muromachi (1338-1573). O espírito da casa de chá, que era construída
especialmente para a cerimônia do chá, eventualmente passou a influenciar a arquitetura
residencial e desenvolveu-se um estilo arquitetônico chamado sukiya-zukuri, ou estilo da
cabana da cerimônia do chá. A Katsura Rukyu de Kyoto, que antes foi uma vila imperial, é o
exemplo máximo desse estilo. Construída na primeira parte do período Edo (1603-1868),
sua estrutura é famosa por sua soberba harmonia e rara simplicidade. O jardim é
considerado um dos melhores exemplos da jardinagem paradisíaca japonesa.

A construção de castelos: muitos castelos foram construídos no Japão durante o século


XVI, quando o espírito guerreiro dominou a sociedade japonesa. Embora fossem
construídos como bases militares, os castelos também cumpriam um importante papel em
tempos de paz como símbolo do prestígio de um senhor e como centro de administração.
Por esta razão, eles eram projetados não apenas para os propósitos militares, mas também
tendo em mente a estética. Hoje em dia sobrevive um grande número de castelos em
cidades espalhadas pelo país. Talvez o mais proeminente deles seja o Castelo Himeji.

Casas Japonesas : uma mistura do velho e do novo

As moradias no Japão mudaram muito nos últimos cem anos. As casa tradicionais podem
ainda ser encontradas nas áreas rurais do país. Elas são feitas de madeira e argila, com
telhados de telhas.
A grande maioria das casas atuais é construída em estilo moderno. Essas habitações
modernas são feitas principalmente de aço, concreto e madeira. Como a terra é escassa,
especialmente nas cidades, as casa são quase sempre muito caras e bastante pequenas.
Nas áreas rurais, as casas tendem a ser maiores, com espaço para reuniões e cerimônias
que os moradores das cidades fazem em restaurantes e centros comunitários. Embora as
pessoas queiram ter suas próprias casas, atualmente constroem-se mais conjuntos
habitacionais (danchi) do que casas individuais.
O verão no Japão é quente e úmido, por isso as casas são planejadas para serem bem
ventiladas. Os cômodos em geral têm portas e janelas deslizantes. Elas podem ser
removidas para transformar dois pequenos aposentos em um maior.
Numa casa tradicional, o piso da entrada (genkan), dos corredores e da cozinha é de
madeira, enquanto que o dos outros cômodos é forrado com esteiras (tatami). Atualmente,
porém, a maioria das casas e dos apartamentos usa pisos de madeira ou carpetes, embora
sempre haja um aposento de cão de tatami.
Obviamente, todas as casas possuem eletrecidade e água corrente. No entanto, o
aquecimento central não é comum, com exceção da ilha de Hokkaido, onde os invernos são
rigorosos. No resto do Japão, os aposentos são aquecidos apenas quando estão sendo
usados. Uma maneira tradicional e prática de aquecer-se é usar um kotatsu, uma mesa
baixa que possui um aquecedor elétrico especial preso na parte debaixo dela e coberta com
um edredom. Para se aquecer, senta-se numa almofada quadrada e achatada ( zabuton)
escondendo as pernas embaixo do edredom. Naturalmente existem também muitos
aparelhos modernos de aquecimento.

Conclusão

Este trabalho teve como objetivo tornar um pouco mais conhecida e próxima a cultura
japonesa através da sua arquitetura, a qual para ser estudada, teve-se de fazer toda uma
retrospectiva de sua história milenar, de suas influências, que foram citadas ao longo do
trabalho, e de alguns exemplos de arquiteturas antigas conhecidas mundialmente.
Ao perguntar a uma pessoa qual a imagem que se tem do Japão, a resposta poderá
ser uma imagem do Japão antigo, com seus famosos templos, os grandes arranha-céus da
antiguidade, ou virá à mente o Japão do mundo tecnológico, com famosas construções
apropriadas para terremotos, com suas “cidades subterrâneas”, etc. No trabalho
apresentado, juntamente com o trabalho cujo tema é “Arquitetura atual do Japão” pode-se
notar que o país do sol nascente não é somente uma coisa ou outra – quero dizer o velho ou
o novo – como muitos imaginam que seja. E aí entra o grande objetivo do trabalho,
desmistificar, ou seja, quebrar uma imagem estereotipada formada por muitos ao se tratar
deste assunto. O país dos grandes templos antigos é ao mesmo tempo uma grande
potência tecnológica mundial. É justamente essa mistura de “velho e novo” que se pode
encontrar no Japão, desde arquiteturas famosas até uma simples construção de uma casa
japonesa.
O famoso Pagode, citado no trabalho, apesar de ser uma construção antiga,
consegue resistir a grandes forças sísmicas, como os freqüentes terremotos. Podendo-se
concluir que não apenas as novas construções de alta tecnologia têm essa propriedade.
Logo, o Pagode poderia ser um grande instrumento para poder-se quebrar estereótipos
formados por outras sociedades acerca deste tema no Japão.

Bibliografia

- BENTON, Willian. Enciclopédia Barsa. Ed. Ltda. Rio de Janeiro, São Paulo – 1969;
- Grande Enciclopédia Larousse Cultural. Ed. Nova Cultural. São Paulo – 1998;
- VISTAS DO JAPÃO. Tóquio, 05/1997. Pág. 18 e19;
- NIPPONIA n° 33. Tóquio: Heibonsha, 06/2005. Pág.22 à 25;
- NIPPONIA n° 30. Tóquio: Heibonsha, 09/2004.
- www.google.com.br
Universidade de Brasília - UNB
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução
Disciplina: Cultura Japonesa I
Período: 1º semestre de 2006
Professor: Sachio Negawa
Aluno: Evandro Prioli Duarte
Matrícula: 05/81445

As Artes Marciais na Cultura Japonesa

Sumário

• Introdução
• O que são as artes marciais?
• Origem das artes marciais
• Budô, o caminho das artes marciais
• Sumô, o esporte nacional japonês
• Judô, a arte japonesa baseada no jiu-jitsu
• Kendô, derivado das técnicas com espadas do Japão feudal, o Kenjutsu
• Karatê, educação física aliada à filosofia dos samurais, a "técnica das mãos nuas"
• Aikido, o caminho da harmonia da energia vital
• Conclusão
• Bibliografia

Introdução

O motivo pelo qual escolhi tratar do tema das artes marciais japonesas é minha
apreciação pela forma de combate desarmado, e que de todas as fascinantes formas de
arte japonesas, a marcial é a que mais se assemelha à minha personalidade.

Neste artigo busco dar uma explicação geral sobre as artes marciais e aplicar os
conhecimentos adquiridos durante o curso de Cultura Japonesa, para isso vou dirigir minha
análise, partindo do conceito e origem das artes marciais, atingindo a profundidade das que
considerei mais relevantes categorias de artes marciais, atravessando uma abordagem de
sua prática no Japão (passado histórico e contemporâneo), realizando um paralelo dessas
práticas no Brasil e por fim demonstrar como as artes marciais foram um componente
fundamental na formação da cultura japonesa, logo derivando num comportamento
disciplinado, formador de uma sociedade avançada e organizada, e através de uma visão
mais sociológica que antropológica, demonstrar os benefícios dessa aplicação em escala
internacional.

Quando disse que minha abordagem será voltada para o plano sociológico e menos
para o antropológico, é uma questão de como encaro a necessidade da abordagem. Como
diz a própria definição de sociologia, ao expressar que o mundo está ficando menor e mais
integrado, pretendo fazer um análise da macro-estrutura social que envolve o conceito das
artes marciais, conceito este, que foi primeiramente explorado pelo filósofo japonês Inazo
Nitobe (01/09/1862 – 15/10/1933), em sua obra Bushido: Alma de Samurai (Bushido, the
Soul of Japan). Nesta obra, Nitobe trata do Bushido, o chamado “código samurai”, que
originaria o Budô, que pode ser considerado um estilo de vida no Japão atual. Apesar disso,
as artes marciais não são largamente praticadas no Japão, como muitos supõem (incluindo
a mim mesmo, antes dessa pesquisa). Entretanto, a filosofia e estilo de vida das artes
marciais ainda é mantido no dia-a-dia das pessoas, caracterizando um dos fatores culturais
mais importantes. Outras formas de artes, como o teatro Nô, o Kabuki e o Bundaku,
retratam histórias tradicionais de grandes guerreiros e artistas marciais.

Por fim, a problemática que proponho é uma questão de como a metodologia


aplicada no estudo das artes marciais, também pode ser aplicado no conceito de vida. Veja,
que esta não é apenas uma retratação do modo de vida japonês, mas de como um de seus
componentes culturais, pode, mesclando-se traços de outras culturas, tornar-se um agente
benéfico no desenvolvimento de um comportamento sadio de auto-aperfeiçoamento, por
parte da população de qualquer Estado-nação – com inclusões óbvias de focalizações
voltadas para o cenário brasileiro.

O que são as artes marciais?

As artes marciais são sistemas de práticas e tradições para treinamento de combate,


usualmente (mas nem sempre) sem o uso de armas de fogo ou outros dispositivos
modernos. Sua origem confunde-se com o desenvolvimento da civilização, quando, logo
após o desenvolvimento da onde tecnológica agrícola, alguns começaram a acumular
riqueza e poder, dando início ao surgimento de cobiça, inveja, e sua externalização, a
agressão. A necessidade abriu espaço para a profissionalização da defesa pessoal.

Atualmente, pessoas de todo o mundo estudam artes marciais por diferentes motivos
como condicionamento físico, defesa pessoal, coordenação física, lazer, desenvolvimento
de disciplina, participação em um grupo social ou estruturação de uma personalidade sadia,
pois a prática possibilita o extravasamento da tensão que harmoniza o indivíduo focalizando-
o positivamente.

Origem das artes marciais

Não existem registros escritos precisos sobre a origem das artes marciais, no
entanto, acredita-se que elas tenham suas raízes mais remotas na India, há mais de dois mil
anos atrás. Há indícios de que nessa época tenha surgido a primeira forma de luta
organizada, chamada Vajramushti, que seria um sistema de luta de guerreiros indianos. A
história das artes marciais começa a tomar uma forma mais concreta a partir do século VI,
quando no ano 520 d.C. um monge budista indiano chamado Bodhidharma – 28º patriarca
do Budismo e fundador do Budismo Zen – deixou seu país e partiu numa longa jornada em
busca da iluminação espiritual.

Bodhidharma (conhecido no Japão como Daruma) viajou da India para a China,


pernoitando nos templos que encontrava pelo caminho e pregando sua doutrina aos monges
ou a quem quer que fosse. Depois de ter perambulado por boa parte do território chinês, o
destino o conduziu ao Templo Shaolin, localizado na província de Honan. Diz a lenda que,
ao penetrar no velho mosteiro, Bodhidharma deparou-se com a precária condição de saúde
dos monges, fruto de sua inatividade. Foi então que ele iniciou os monges na prática de uma
série de exercícios físicos, ao mesmo tempo em que lhes transmitia os fundamentos da
filosofia Zen, com o objetivo de reabilitá-los tanto física quanto espiritualmente.

Budô, o caminho das artes marciais

Conforme as lendas sobre a criação das artes marciais, elas teriam sido criadas por
monges budistas, mas que também cultuavam o panteão xintoísta, como forma de mostrar
ao povo que Butsu era de fato o principal kami – deus. Sendo assim, as lutas não poderiam
ser justificadas apenas como uma forma de defesa pessoal, muito menos como forma de
ataque, pois isso era inadmissível numa doutrina tão rígida como a budista. Assim, para
contornar o problema criado pela religião, os monges adaptaram para tais lutas uma rígida
filosofia de vida, na qual as próprias artes marciais teriam seu kami. Ele seria Budo, o deus
da guerra.
Para cultura Budo, os monges e outros adeptos das artes marciais deveriam fazer
uma série de orações e juramentos, tais como o de nunca portar armas e o de evitar o
combate até o último instante, só optando por ele na falta de uma opção pacífica. Faziam
parte dos treinamentos uma série de privações, tais como treinamentos em montanhas,
onde o ar é rarefeito e a respiração torna-se difícil, ou mesmo treinos ao ar livre nos piores
dias do inverno. Toda essa penitência visava não só cultuar Budo, como também, e talvez
principalmente, trabalhar a mente dos praticantes no sentido de que eles aprendessem a
controlar a dor, o frio e a respiração. Tanto que a principal filosofia das artes marciais
japonesas (me referindo especificamente ao Karatê e ao Judô) é o autocontrole. Com ele,
acredita-se que é possível concentrar toda a energia do corpo em um só ponto e depois
utilizá-la contra o adversário. O local de concentração energética se localizaria dois dedos
abaixo do umbigo, e a energia é denominada ki.

Sumô, o esporte nacional japonês

O esporte mais popular no Japão há milênios, apareceu pela primeira vez no livro
Kojiki, de 712 d.C., reza a lenda relatada no livro, que no século 5, o arquipélago, atual
território japonês, tinha suas ilhas habitadas por diferentes povos e cada uma delas possuía
seus próprios deuses, que teriam lutado, pois o soberano de todas elas seria definido
através da luta de sumô. De confronto em confronto, surgiu Takemi Kazuchi, um Deus de
força monstruosa, que reinou absoluto por vários séculos. Assim, essas ilhas e tribos rivais
acabaram se fundindo num único povo.
No século 7, já havia competições e segundo consta, o imperador Seiwa conquistou
o direito de ocupar o trono, graças a uma luta de sumô realizada em 858 d.C. Nessa época,
a corte imperial promovia competições para assegurar boas colheitas e no século 16, já
realizava-se torneios por todo país.
Com a regulamentação inicial de 51 golpes, o esporte começou a se tornar popular
na era Tokugawa (1603-1868), o sumô se tornou profissional, financiado pelos daimyo
(senhores feudais das províncias) e apoiados pela população. Desde então, a estrutura
organizacional do sumô moderno consolidou-se e seus elementos fundamentais
permaneceram em grande parte, inalterados até os dias de hoje. Baseado na crença de que
o sumô fortalece o espírito e melhora o controle mental, a luta chegou as escolas, ao
exército e as empresas.
Ainda hoje, os lutadores de sumô são como mitos e heróis no Japão. Existe no sumô
um sistema de hierarquia e o título máximo que um lutador pode alcançar é o de Yokozuna,
“campeão supremo”. A associação de sumô promove seis grandes torneios por ano. Durante
o torneio que costuma durar 15 dias, todos os lutadores se enfrentam e cada lutador faz
uma luta por dia. É declarado vencedor aquele que conseguir somar o maior número de
pontos. Os lutadores ganham prêmios em dinheiro e são classificados num minucioso e
complexo ranking.
O sumô vem crescendo internacionalmente e fez com que diversos atletas de
diferentes esportes de luta aderissem à pratica do sumô. Wrestlers, judo-kas e samboítas
completam equipes de vários países na tentativa de se adaptarem ao esporte.

Judô, a arte japonesa baseada no jiu-jitsu

O judô foi criado no Japão no final do século XIX por Jigoro Kano, um praticante de
jiu-jitsu, com base em suas observações e conhecimentos de outras artes marciais
japonesas, ele desenvolveu aperfeiçoando, principalmente, as técnicas de projeções e
imobilizações. Kano selecionou as melhores técnicas de jiu-jitsu, os golpes mais eficazes e
os mais racionais.
O jiu-jitsu era uma prática guerreira baseada na leveza do corpo e do espírito, no
entanto tinha diversas técnicas perigosas que foram eliminadas, aperfeiçoou a maneira de
cair, criou uma vestimenta especial de treino (judo-gi), pois não havia um traje específico
para a pratica do jiu-jitsu, e dedicou-se particularmente aos métodos de projeção ao solo,
aperfeiçoando vários golpes de sua autoria. Estabeleceu normas a fim de tornar o
aprendizado mais fácil e racional. Idealizou regras para um confronto esportivo, baseado no
espírito do ippon-shobu (luta pelo ponto completo). Procurou demonstrar que o judô, além
de sua utilização para defesa pessoal, poderia oferecer aos praticantes, extraordinárias
oportunidades no sentido de serem superadas as própria limitações do ser humano.

Kendô, derivado das técnicas com espadas do Japão feudal, o Kenjutsu

Kendô é uma arte marcial japonesa moderna, desenvolvida a partir das técnicas
tradicionais de combate com espadas dos samurais do Japão feudal, o Kenjutsu.
Após a proibição do uso de armas no Japão no fim da década de 1860, a esgrima
japonesa foi praticamente extinta, mas a Guerra do Sudoeste ocorrida em 1867 valorizou
novamente o kenjutsu. Isso levou à criação do estilo da “Polícia” (Keishichô-riû) e, com a
fundação da escola Dai Nihon Butokukai, foi desenvolvido um conjunto unificado de técnicas
práticas e conceitos de esgrima japonesa, que se tornou a base do kendô atual e foi
introduzido no sistema educacional japonês na época.
Foi somente a partir disso que o kendô se disseminou, recebendo um impulso
adicional considerável por ocasião dos três torneios realizados perante o Imperador no início
do século 20. Com a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, o kendô foi novamente
proibido, sendo permitido apenas anos depois, sob a tutela da Federação Japonesa de
Kendô (Zen Nihon Kendô Renmei ou ZNKR).
Atualmente o kendô é regido em nível mundial pela IFK (International Kendo
Federation), tendo federações oficialmente filiadas e reconhecidas em diversos países. No
Brasil, é a CBK (Confederação Brasileira de Kendô) a entidade responsável pelo kendô,
sendo a única oficialmente autorizada a conferir graduações na arte.

Karatê, educação física aliada à filosofia dos samurais, a "técnica das mãos nuas"

O karatê é uma arte marcial japonesa que se originou em Okinawa e foi introduzida
nas principais ilhas do arquipélago japonês em 1922. O caratê enfatiza as técnicas de
defesa (bloqueios, socos e chutes) ao invés das técnicas de luta com projeções e
imobilizações. O treinamento do caratê pode ser dividido em três partes principais: kihon,
kumite e kata. Kihon é o estudo dos movimentos básicos, kumite significa luta e pode ser
executada de forma definida ou de forma livre e kata significa forma e é uma espécie de luta
contra um inimigo imaginário expressa em seqüências fixas de movimentos.
O grande responsável pelo desenvolvimento do karatê, foi o mestre Gichin
Funakoshi, que introduziu o karatê como esporte no Japão e foi convidado pelo ministério da
educação japonês, para dar aulas de karatê nas escolas e universidades do país. O mestre
Funakoshi pretendeu com seu método que visava a educação física como forma de defesa
pessoal, aliada à filosofia dos samurais, mas com base científica, ajudar os estudantes em
sua formação como homens e cidadãos úteis a sociedade, tudo isso, sem perder o
verdadeiro espírito marcial da luta.

Aikido, o caminho da harmonia da energia vital

O aikido foi criado no Japão nas décadas de 1920 a 1960 pelo mestre Morihei
Ueshiba, a quem os praticantes desta arte respeitosamente chamam O-Sensei (grande
mestre) ou Fundador. Ueshiba concebeu o aikido a partir da sua experiência com dezenas
de artes marciais, sendo as principais o daito-ryu aikijujutsu, o kenjutsu (técnica da espada)
e o jojutsu (técnica do bastão curto). O termo aikido é composto por três caracteres kanji:
• 合 Ai: União, harmonia
• 気 Ki: Espírito, energia vital
• 道 Dô: Caminho filosófico
Então, dessa, teria um significado como: "caminho da harmonia da energia vital". É
uma arte marcial espiritualizada, que não tem competições e cujo treino procura desenvolver
sentimentos de fraternidade e cooperação. Essencialmente defensiva, baseia-se em
movimentos fluidos e circulares. Os ataques são neutralizados através da absorção da
energia do atacante, que é então incorporada ao movimento de defesa. Além das técnicas
de mãos vazias, os treinos também podem incluir armas: bokken ou bokutô (espada de
madeira), jô (bastão curto) e tanken ou tantô (faca de madeira). Os estilos do aikido são
Aikikai, Iwama, Shin Shin Toitsu Aikido, Shodokan, Yoshinkan, Yoseikan Budo, Shin'ei Taido
e Korindo.
Na sua teoria espiritual o aikido busca a harmonia dos seres com a energia universal
chamada ki, tratada anteriormente. Este termo não tem uma tradução estrita para o
português, podendo denotar diversos conceitos: respiração, sopro vital, espírito, energia, ou
intenção.

Conclusão

Chegando até aqui, suponho que o nível de conhecimento prático e histórico seja
suficiente para fazer diferenciações e distinguir as diferentes artes marciais. Todas possuem
diferentes técnicas e estilos, origens e objetos diversos, assim como suas filosofias. Mas
existe algo em comum em todos os conceitos de arte marcial.
Primeiramente, no próprio termo “marcial” esta claro o aspecto combativo dessas
“artes”, com o intuito de combate entre dois ou mais seres humanos. O conceito bélico
ligado ao termo, remete a outro aspecto: disciplina. Essa é a idéia que busquei transpor para
este trabalho, quando disse no início, sobre quão organizada e disciplinada é a sociedade
japonesa.
Também não espero com isso, demonstrar que a arte marcial é a causa de toda a
formação cultural do Japão, pois isso seria rídiculo. Apenas busquei tratá-la como um
paralelo da sociedade na qual ela esta inserida, refletindo no dia-a-dia do cidadão japonês,
mesmo que as razões disso estejam enterradas no passado, como uma filosofia de vida
nem sempre seguida conscientemente.
O fato de tantas artes marciais terem se originado no Japão, é prova de que elas
refletem a cultura do país. Seja por razões geográficas, históricas, de acessibilidade,
religiosas, ou o que seja, elas existem, e são um objeto do estudo do comportamento,
através da visão sociológica. E justamente através da sociologia que procurei descobrir a
ligação das artes marciais com o desenvolvimento japonês, como a longevidade de seus
cidadãos, seus avanços científicos, seu crescimento econômico, seu conceito de estrutura
familiar, etc,; e esta ligação se resume ao aspecto que citei: disciplina.
Assim, considero que o padrão de disciplina japonês, seria um dos agente benéficos
que poderiam ser aplicados a outros povos, sobretudo no Brasil. E finalmente para encerrar
esse ponto, concluo com a filosofia do kendô (mas poderia ser de qualquer outra), que
deixei propositalmente para este final.

“O propósito de se praticar kendô é: moldar a mente e o corpo, para cultivar um


espírito vigoroso, e pelo treinamento rígido e correto, lutar para desenvolver-se na arte do
kendô, obter respeito à cortesia e à honra, para relacionar-se com os outros com
sinceridade, e para sempre ter como objetivo o auto-aperfeiçoamento.
Dessa maneira será possível uma pessoa amar seu país e sociedade, contribuir para
o desenvolvimento da cultura e promover a paz e prosperidade entre todos os povos.”
Bibliografia

• Aikido - UESHIBA, Kisshomaru, - Tokyo: Hozansha, 1969


• Arte do judô – VIRGILHO, Stanlei. Campinas: Papirus, 1986
• Fundamental kendô – Autor desconhecido. San Francisco: Japan Públ.
• Clínica de esportes – SASAKI, Yasuyuki. 2 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo,
1989
• Melhor do karate - NAKAYAMA, Masatoshi. Sao paulo: Cultrix, 1996
• Sumo: The sport and the tradition - SARGEANT, J. A. Rutland: C E Tuttle, 1968
• Ningen kakumei to ningen no jouken - IKEDA, Daisaku; MALRAUX, André. Tokyo:
Mizuumi, 1976
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
LET - Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução
Disciplina: CULTURA JAPONESA 1
Professor: Sachio Negawa
Nome: Lu Yen Jen
Matrícula: 02/87946

A Cultura da Internet no Japão – Uma Subcultura Exclusiva

Introdução
Internet, uma ferramenta cada dia mais popular no mundo inteiro, dentro dele, é um outro
mundo limitado, e ao mesmo tempo, infinito.
Para maioria de nós, internet é apenas um recurso de pesquisa, um meio de diversão, uma
porta para acessar às notícias, ou ainda, uma loja sem precisar sair de casa.
Mas para os países com técnicas ainda mais desenvolvidas, o papel de internet está indo
muito além. Ele faz parte da vida das pessoas, influenciando a cultura, costume e até
mesmo a política, economia de um país; ou seja, ele não é apenas uma simples ferramenta,
ao mesmo tempo ele também é uma grande potência que espera a nossa exploração
adequada.
No Japão, este fenômeno também é muito evidente. O uso de internet pode ser encontrado
em qualquer canto das vidas cotidianas japonesas.
A escolha deste tema, tem como objetivo mostrar alguns aspectos do papel de internet no
Japão, apresentar as conseqüências positivas e negativas, e as influências que ele traz para
o povo japonês, e também mostrar alguns fenômenos produzidos de um dos sites mais
populares no Japão: 2channel.
Este trabalho também tem o objetivo de mostrar uma subcultura exclusiva japonesa, a
definição e a interpretação desta palavra (subcultura) e o papel de subcultura dentro da
cultura-mãe, em forma de dissertação.
Para ter mais conhecimentos nesta área, serão feitas as pesquisas virtuais nos sites
orientais, tais como os chineses e japoneses, além dos sites em inglês e português.

Definição
Na sociologia, a subcultura indica uma cultura menor ou um certo grupo de pessoas que
possuem comportamentos ou crenças diferentes dentro de uma cultura-mãe. O que
diferencia a subcultura com um grupo qualquer da sociedade, é que as pessoas quem
pertencem à esta subcultura são conscientes que os próprios vestidos, músicas ou
interesses são especiais e exclusivos.
O conceito de subcultura se solidificou nas décadas de 70 e 80, no campo de Estudos
Culturais do Centro de Estudos Culturais Contemporâneos da Universidade de Birmingham
(CCCS). Dick Hebdige, na obra Subculture, the meaning of style(1996), publicado
originalmente em 1979, apresenta a seguinte definição para a subcultura:
Subculturas são então formas expressivas mas o que elas expressam, em última instância,
é uma tensão fundamental entre aqueles no poder e aqueles condenados a posições
subordinadas e vidas de segunda-classe [...] Tenho interpretado subcultura como uma forma
de resistência em que contradições experienciadas e objeções a esta ideologia dominante
são obliquamente representadas no estilo (HEBDIGE, 1996, p. 132, 133; tradução nossa)
Nesta definição, o autor usou a palavra estilo para apresentar os códigos, atividades,
interesses, atitudes e músicas de subcultura. O estilo da subcultura e o da corrente principal
são diferentes pois o estilo da subcultura é fabricado propositalmente, nele contém uma
construtividade; e o da corrente principal possui uma tradição.
Geralmente, numa cultura existe várias subculturas; e a maior parte das subculturas são
conjuntas com a cultura-mãe. No entanto, em certos aspectos e dimensões, é demonstrada
uma diferença extrema entre a cultura-mãe com a subcultura. E quando as diferenças
chegarem em um certo nível, esta receberá um nome próprio, como por exemplo o emo,
hippies, otaku1, entre outros.
E a cultura da internet é ainda mais específica e especial.
Com o uso da internet cada dia mais popular no mundo inteiro, as culturas de todos os
cantos da Terra, além de serem colocadas e compartilhadas nas redes para as pessoas as
conhecerem, ao mesmo tempo são assimiladas, integradas, produzidas dentro dela; e ainda
mais: uma cultura de internet pode ser criada a partir de uma outra existente, ou até as
subculturas do mundo real podem ser derivadas a partir dela. E por isso é extremamente
rápida a velocidade de transformação e transmissão desta cultura de mundo virtual.
A palavra cultura da internet engloba todos os conjuntos de estilos, comportamentos e meios
desenvolvidos a partir da internet, e são totalmente independentes do mundo real. Embora
que existam conteúdos e estilos evidentemente diferentes entre as atividades de zonas
virtuais diferentes (e estas geralmente são definidas através da diferença de países), os
meios, funções, essências e processos realizados são os mesmos no mundo inteiro; ou
seja, existem linguagens diferentes na internet para zonas virtuais diferentes, elas têm
origens, usos, composições e significados distintos, mas possuem a mesma função de
comunicação, expressão ou abreviação.
Estas culturas podem ser classificadas pela região (países, línguas usadas, codificações),
pelo serviço (fórum, diversão, guestbook) ou pelo desenvolvimento cultural e social (música,
mitologia, alimentação, jogos, políticas).

A cultura de internet no Japão


Como um país desenvolvido com alta tecnologia, o uso da internet no Japão é muito
popular. E isso acelera a consolidação de uma cultura da internet exclusiva no Japão. Outro
elemento que concretiza esta exclusividade, é o uso de caracteres de língua japonesa –
uma língua apenas usada na comunidade japonesa. Este segundo fato dificulta a
penetração e a influência de outras culturas e torna-se uma chave indispensável para
acessar neste mundo virtual japonês.
Será apresentado a seguir um dos aspectos mais especiais e específicos na cultura de
internet no Japão: 2channel.

Visão geral
2channel (2 ちゃんねる, pronunciado ni chan’neru, abreviado como 2ch) é o maior fórum do
mundo. Em 2001, já possuía mais de 10 milhões de usuários por dia. 2ch é um enorme
conjunto de BBS2, a influência dele cresce cada dia mais na sociedade japonesa e está
começando a pressionar o espaço de sobrevivência das mídias tradicionais tais como
televisão, revista e rádio.
Criado pelo Hiroyuki Nishimura (西村博之, conhecido como Hiroyuki-ひろゆき) e hoje em dia
a maior parte de manutenções de fóruns é feita de grupos voluntários. 2ch não tem uma

1
Otaku:
Este termo, おたく, refere-se geralmente às pessoas que tenham um interesse extremamente grande
sobre certos aspectos de subcultura tais como mangá, anime e jogos. O termo japonês,
originalmente, tinha um significado pejorativo; no entanto, com o uso cada dia mais freqüente no
mundo inteiro, este termo torna-se mais neutro. No Japão, atualmente, este vocábulo tem tendência
de incluir também as pessoas que interessam exaustivamente na cultura-mãe ou pessoas que tem
uma competência relevante em próprio ramo profissional.
2
BBS:
abreviatura de inglês Bulletin Board System, é um sistema informático que permite: descarregar e
enviar software e dados; ler notícias; trocar mensagens (conversar) com outros usuários e
moderadores; participar em fóruns de discussão ou se divertir com jogos on-line – dependendo o
estilo de cada BBS.
finalidade lucrativa e o sistema é sustentado através de propagandas e serviços de pesquisa
de mensagens anteriores.

Características, estilos e culturas de 2ch


 Sistema anônimo: esta característica faz que um usuário possa mandar mensagens,
usando “sem nome” ( 名 無 し ) como a identidade. Não é necessário se registrar no
sistema e os usuários podem opinar com tranqüilidade, livres de pressão de serem
grupo minoritário ou calouros. Mas por outro lado as pessoas também podem
aproveitar este sistema para provocar brigas, mandar vírus, deixar exploit3, entre
outros.
 ASCII ART
Uma arte feita a partir de uso das letras e símbolos de ASCII Code. Abreviado como AA.
Alguns exemplos:

3
Exploit:
Um código capaz de explorar uma falha em um software. Exploit em inglês pode significar "explorar"
ou "façanha". Em segurança de dados, denomina-se "exploit" um programa capaz de se aproveitar de
um bug em algum outro software para conseguir acesso ao sistema "bugado".
 Emoticon
Forma de comunicação paralingüística, um emoticon (em alguns casos, chamado como
smiley) é uma seqüência de caracteres tipográficos, tais como: :), ou ^-^ e :-); ou, também,
uma imagem (usualmente, pequena), que traduzem ou querem transmitir o estado
psicológico, emotivo, de quem os emprega, por meio de ícones ilustrativos de uma
expressão facial.
Alguns exemplos de emoticons ocidentais:

Alguns exemplos de emoticons orientais (no meio são emoticons derivados de 2ch):
E algumas aplicações:

A partir dos exemplos, podemos ver que, com o uso de ASCII ART, há uma variação muito
maior nos emoticons orientais. E os emoticons de 2ch ainda mostra uma diversificação
maior, comparando com outros emoticons fora de 2ch.

 Personagens criados no 2ch:


Os personagens são feitos a partir de ASCII Code também, e são usados com muita
freqüencia ao expressar as emoções de usuários, nas brincadeiras e comunicações.
Alguns exemplos (com derivações):
Mona (モナー)
Gato Guiko (ギコ猫)
Senhor Bom Descanso (おやすみ君)

Uma série de ações:


 Fenômenos sociais conseqüentes:
2ch possui uma influência grande na sociedade japonesa, e também aconteceram vários
casos significantes a partir deste; entre eles há tanto positivos quanto negativos:
 Positivos:
- Através de pressão de opinião pública, força certos grupos e organizações a corrigir os
erros, problemas e falhas.
- Traz espaço de comunicação para os hikikomori4 e otaku.
 Negativos (a responsabilidade não está em próprio 2ch):
- Algumas pessoas imitam os crimes relatados dentro de 2ch ou deixam mensagens sobre
a intensão de cometer um crime.
 Neutros (outras influências):
- Criação de personagens exclusivos de 2ch.
- Imitação de sistema anônimo em outros países.
- Influência de algumas expressões em outros países.

Conclusão
Como apresentado acima, a função de internet há tanto positiva quanto negativa,
dependendo como ele será explorado pelos usuários. E o fenômeno causado pelo internet,
não apenas influencia o próprio Japão, com a globalização esta influência chega aos
quaisquer cantos do mundo inteiro.
Conhecendo o Japão, não podemos entender apenas as culturas tradicionais e as
modernas, devemos nos aprofundar mais nas subculturas atrás desta cultura-mãe, para ter
uma visão mais clara e real; e esta é o objetivo principal deste trabalho: mostrar uma das
subculturas japonesas, e através disso demonstra uma possibilidade de diversificação e
variação dentro de cultura japonesa.

Bibliografia:
Recursos em português e em inglês:
Feitosa, Ricardo Augusto de Sabóia. Perspectivas de abordagem sobre “autenticidade” e
“originalidade” na cena de música eletrônica. Disponível em:
<http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/404nOtF0und/404_34.htm>. Acesso em: 18 jun.
2006.
Uol. Linha defensiva: Dicionário. Disponível em: <http://linhadefensiva.uol.com.br/di
cionario>. Acesso em 17 jun. 2006.
Wikipedia. 2channel. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/2channel>. Acesso em 16
jun. 2006.
Wikipédia. BBS. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/BBS>. Acesso em: 15 jun.
2006.
Wikipédia. Emoticon. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Emoticon>. Acesso em: 14
jun. 2006.
Wikipedia. Hikikomori. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Hikikomori>. Acesso em:
17 jun. 2006.

Recursos em chinês:
Wikipedia. 次文化. Disponível em: <http://zh.wikipedia.org/wiki/%E6%AC%A1%E6%
96%87%E5%8C%96>. Acesso em: 14 jun. 2006.
4
Hikikomori:
引き篭り ou ひきこもり, um termo japonês usado para referir ao fenômeno em que os adolescentes e
jovens se isolam da sociedade, demonstram baixo interesse na vida social e se consideram
impossíveis de conseguir um espaço na sociedade. Os hikikomori geralmente não saiam de casa dos
pais ou se trancam num quarto com um longo tempo. Segundo a pesquisa, existem no Japão cerca
de 1 milhão de hikikomori, praticamente 10% dos adolescentes de todo país.
Wikipedia. 網路文化. Disponível em: <http://zh.wikipedia.org/wiki/%E7%BD%91%E7
%BB%9C%E6%96%87%E5%8C%96>. Acesso em: 14 jun. 2006.
Wikipedia. 二頻道. Disponível em: < http://zh.wikipedia.org/wiki/%E4%BA%8C%E9%
A0%BB%E9%81%93>. Acesso em: 16 jun. 2006.
Wikipedia. 隱蔽青年. Disponível em: <http://zh.wikipedia.org/wiki/%E9%9A%B1%E
8%94%BD%E9%9D%92%E5%B9%B4>. Acesso em 17 jun. 2006.

Recursos em japonês:
2ch BBS. Disponível em: <http://www2.2ch.net/2ch.html>. Acesso em: 20 jun. 2006.
Wikipedia. ア ス キ ー ア ー ト . Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%82%A2%E3
%82%B9%E3%82%AD%E3%83%BC%E3%82%A2%E3%83%BC%E3%83%88 >. Acesso
em 19 jun. 2006.
Wikipedia. おやすみ君. Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%81%8A%E3%82
%84%E3%81%99%E3%81%BF%E5%90%9B> Acesso em 18 jun. 2006.
Wikipedia. 顔文字. Disponível em: < http://ja.wikipedia.org/wiki/%E9%A1%94%E6%96%87
%E5%AD%97> Acesso em 10 jul. 2006.
Wikipedia. ギコ猫. Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%82%AE%E3%82%B3
%E7%8C%AB> Acesso em 18 jun. 2006.
Wikipedia. チャーハン作るよ. Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%83%81
%E3%83%A3%E3%83%BC%E3%83%8F%E3%83%B3%E4%BD%9C%E3%82%8B%E3%
82%88%21>. Acesso em 18 jun. 2006.
Wikipedia. モナー. Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%83%A2%E3%83%8A
%E3%83%BC> Acesso em 19 jun. 2006.
Wikipedia. 2 ちゃんねる. Disponível em: < http://ja.wikipedia.org/wiki/2%E3%81%A
1%E3%82%83%E3%82%93%E3%81%AD%E3%82%8B>. Acesso em: 16 jun. 2006.
Universidade de Brasília – UnB
Disciplina: Cultura Japonesa
Professor: Sachio Negawa.
Edvânia Rosa dos Santos
Matricula: 03/08897

O Comércio japonês em Brasília

Brasília, 27 de julho de 2006.

SUMÁRIO

1. – Considerações Iniciais
1.– Objetivo...................................................................03
2.– Justificativa .............................................................04
2 – A história................. ..................................................................05
3 – A migração para Brasília........................................................... 07
4 – Entrevistas.................................................................................08
5 – Observações..............................................................................11
6 – Anexos
– Fotos..........................................................................12
7 – Considerações finais
– A ordem inversa – Dekasseguis................................30

8 – Referências bibliográficas consultas..........................................31

Objetivo

Pretendo, em meu seminário, falar um pouco sobre a história dos primeiros japoneses que
chegaram aqui em Brasília atrás de um pedaço de chão para plantar e hoje se tornaram
comerciantes, na maioria das vezes bem sucedidos.
Escolhi o referido tema por achar que se trata de um assunto fundamental para que
possamos entender um pouco mais sobre a vida desses trabalhadores e também para que
possamos entender sobre a história do comércio brasiliense. Para isso narrarei a trajetória
do poro japonês até a chegada em Brasília em 1956, citarei exemplos de alguns desses
personagens através de entrevistas e, para ilustrar, anexo algumas fotos de comércios
japoneses existentes em alguns pontos do Distrito Federal.

Justificativa

Escolhi o referido tema por considera-lo como uma forma de aquisição de letramento
cultural e também porque contribui para o fim da visão estereotipada que temos em relação
à outra cultura. Que são objetivos dessa disciplina (Cultura japonesa).
É uma forma de aquisição do letramento cultural porque através do tema ocorre o ensino da
outra cultura (a japonesa) e contribui para o fim da visão estereotipada da cultura japonesa
porque normalmente pensamos nos japoneses como grandes empresários, pessoas ligadas
à alta tecnologia e extremamente conservadores em relação aos negócios; o que não é
exatamente observado na pesquisa na qual mostra-se a mudança de cidade (migração) e
mudança de ramo (versatilidade) e que tais mobilidades também são observadas nos casos
dos vendedores ambulantes e nos casos dos Dekasseguis.
A história

1- Os primeiros japoneses chegaram ao Brasil em 1908 através de um esquema de


imigração subsidiada. Houve oposição inicial à imigração desta etnia, que acabou sendo
aceita como alternativa as dificuldades impostas pelo governo italiano à imigração
subsidiada de italianos para o Brasil.

2- Os japoneses concentraram-se no estado de São Paulo. E o fluxo imigratório de


japoneses ganhou relevo no período posterior a 1930 quando a imigração de italianos e
de espanhóis reduziu consideravelmente. Entre 1932 e 1935, cerca de 30% dos
imigrantes que ingressaram no Brasil eram de nacionalidade japonesa.

3- Eles foram destinados inicialmente as fazendas de café, mas gradativamente tornaram-


se pequenos e médios proprietários rurais. Dentre todos os grupos imigrantes foram os
que se concentraram no período mais longo nas atividades rurais, em se destacaram
pela diversificação da produção dos hortifrutigranjeiros.

4- Em anos recentes, houve forte migração de descendentes de japoneses para os centros


urbanos, onde passaram a ocupar posições importantes nas várias atividades.

A migração para Brasília.


Busca por dias melhores

O sonho que moveu todas as barreiras para a concretização da Capital da Esperança,


dando condições a todos que quisessem inovar, avançar e ousar trouxeram os japoneses
para cá.
A agricultura também teve uma atenção especial, como projeto estratégico para a auto-
suficiência da Nova Capital. Sendo o Brasil um país essencialmente agrícola, naquela
época, Brasília deveria experimentar e indicar as novas formas de organização da produção,
baseadas nas Colônias Agrícolas, no Cooperativismo, dedicados à piscicultura, aos
hortifrutigranjeiros e toda sorte de produtos, frutos do desenvolvimento de novas tecnologias
e de novos processos de produção e abastecimento. É dessa época a migração de
japoneses, que vieram para o cerrado com a missão de desenvolver novas técnicas de
manejo agrícola, num solo ainda desconhecido.

Entrevistas

Entrevista 1
Quando chegou a Brasília, em 1964, Kiokasu Uema ficou encantado com a cidade. ‘‘que
luzes lindas’’, pensou, enquanto olhava pela janela do ônibus vindo de São Paulo. ‘‘parecia
uma grande vitrine de natal’’, lembra. Mas, no caso dele, a primeira impressão não foi a que
ficou. Aliás, só durou até o sol nascer. ‘‘De dia, isso aqui era uma grande terra vermelha. Só
tinha poeira e construção’’, ri o simpático seu Antônio, nome como kiokasu ficou conhecido
em vargem bonita, onde mora desde 1964. A família dos Uema, unida a centenas de
conterrâneos, lutou ao lado do presidente Juscelino Kubitschek e de Israel Pinheiro, então
diretor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), pela construção de Brasília.
Eles deixaram o Japão, onde apenas 15% da terra é adequada à lavoura para herdar alguns
hectares de puro cerrado no coração do Brasil. Os mais velhos contam que os primeiros
japoneses chegaram aqui em 1956. Analisaram o solo, para ver se era possível fazer
pomares e desanimados :‘‘A terra aqui é muito ruim para plantar’’, reclamaram, sem
esperança. O diretor da Novacap não pensou dois segundos e retrucou: ‘‘Vocês acham que
se ela fosse boa precisaria de japonês?’’.
Antônio Uema não foi o primeiro da família a vir de São Paulo para cá. O pai, Luis Uema,
saiu do Japão em 1934 para trabalhar nas fazendas paulistas de plantio do algodão.
Acompanhou a construção de Brasília desde 1958, quando o presidente Kubitschek
idealizou a criação do cinturão verde em volta da nova cidade. Animado com a proposta do
presidente, o patriarca, que morreu em 1982, trouxe para o Planalto Central os filhos que
estavam em São Paulo e no Japão, além de outras nove famílias da cidade de Okinawa,
sua terra natal. A viagem de navio dos imigrantes brasileiros levou 30 dias em alto-mar, até
que eles finalmente chegaram ao porto de Santos. ‘‘A história de imigração dos japoneses é
parecida com a dos italianos que vemos na novela Terra Nostra, da Rede Globo’’, conta o
filho Antônio. Mais alguns dias de trem e pronto: a comunidade de Vargem Bonita estava
praticamente formada. Hoje, das 67 chácaras, pelo menos 45 estão nas mãos dos
japoneses e seus descendentes.
A vila, próxima ao Park Way, preserva a cultura de um povo que cresceu junto com Brasília.
‘‘Todos os japoneses que imigraram naquela época chegaram com uma mão na frente e
outra atrás. Mas valeu a pena vir’’, conta Antônio. Quando construíram as primeiras casas, o
lugar era bem desconfortável. ‘‘Não tínhamos energia, água e nem telefone. Éramos tão
isolados da cidade que quase não sentimos a mudança do governo do Jango para os
militares (em 64), mesmo morando a 40 km de distância do Palácio da Alvorada’’, diz o
pioneiro. Ainda na época do regime militar, os imigrantes ganharam a infra-estrutura básica.
Mas, no começo, a situação era tão precária que os japoneses adultos se locomoviam em
carroças. Seus filhos iam de bicicleta até o Núcleo Bandeirante, onde estava o ônibus que
os levaria à escola no Plano Piloto. ‘‘Graças a Deus que não é mais tão difícil assim’’, brinca
o caçula de Antônio, Rodrigo no caminho da faculdade. Hoje, os chacareiros nisseis se
preocupam ao ver os herdeiros escolhendo profissões bem distantes da realidade da roça.
Os três filhos de Antônio, por exemplo, têm nível superior. Ricardo, de 22 anos, terminou a
faculdade de Ciências da Computação, mesmo curso do caçula, Rodrigo. A primogênita de
Antônio, Denise, estudou Contabilidade e, assim como
Ricardo é bancária. ‘‘Dos três, nenhum quer saber de enxada’’, lamenta o pai, que nem
chegou a terminar o segundo grau. Mas os dois garotos ajudam Antônio na hora de vender
seus produtos no varejão do Ceasa, todos os sábados. ‘‘Tempo bom mesmo foi o da
Sociedade de Abastecimento de Brasília, a SAB. O caminhão vinha buscar as hortaliças e
frutas na nossa casa’’, conta Antônio, em tom de nostalgia. Os campos de alface, couve,
tomates e outras verduras e legumes em Vargem Bonita são resultado de muito trabalho no
Brasil, combinado com a velha técnica japonesa. Segundo os pioneiros, a terra era ácida
demais e não existia calcário. ‘‘Em São Paulo plantávamos milho, algodão, hortelã e outros
cereais sem usar um punhado de adubo sequer. Mas tivemos de estudar muito o solo deste
cerradão até fazer nascer comida aqui’’, explica Antônio.

Entrevista 2
O imigrante Assao Suzuki é a história viva da trajetória dos comerciantes japoneses que
participaram da formação do local. Ele está ali desde a sua fundação. “Aqui, vivi bons
momentos, fiz grandes amigos e consegui dar estudo para os meus filhos”, revela. Suzuki é
natural da província de Ibaraki e veio ao Brasil já na adolescência, aos 17 anos. Ele foi o
pioneiro na venda do cogumelo shiitake no entreposto e, certamente, um dos primeiros no
Brasil. “Ainda bem que os brasileiros começaram a se interessar por comidas exóticas”, diz.

Entrevista 3
Para o imigrante, a redução de comerciantes japoneses no mercado é devido às
dificuldades em trabalhar com a falta de compromisso de muitas empresas. “O que nós
aprendemos aqui nenhuma faculdade do mundo ensinaria. Nós, comerciantes, precisamos
saber lidar com o produtor, o consumidor e com a companhia, onde todo mundo quer sair
lucrando. É uma vida difícil”, desabafa. Kelsen Sato.

Entrevista 4
No dia 30 de junho, o Centro Estadual de Abastecimento de São Paulo (Ceasa), hoje
conhecido como Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de S.P), prepara
uma grande festa para comemorar seus 40 anos. Para marcar a data, está prevista uma
série de homenagens, em especial aos nipo-brasileiros. “A história do entreposto confunde-
se com a da comunidade japonesa no Ceasa. Sem sombra de dúvida, hoje o local é tudo o
que é graças à dedicação dos comerciantes japoneses”, diz o gerente Carmo Zeitune.

Entrevista 5
A homenagem aos nikkeis tem explicação. Há 40 anos, algo em torno de 90% dos
permissionários que trabalhavam no local eram de origem japonesa. Hoje, apenas 30%
permanecem na companhia. “Para nós, essa homenagem é motivo de orgulho. É o
reconhecimento de um longo trabalho”, declara Keiji Kato, vice-presidente do Sindicato dos
Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo
(Sincaesp).

Observações

As mais de duas mil famílias de ascendência nipônicas que vivem atualmente no Distrito
Federal — cerca de cinco mil pessoas — nem podem ser consideradas uma colônia
estrangeira, pois os filhos de japoneses (nisseis) e netos (sanseis) se misturaram aos
goianos, cariocas e mineiros que também vieram para cá. Hoje é possível encontrar gente
dessa comunidade de olhos puxados em todos os cantos. Os japoneses que conservaram a
tradição do plantio vivem em núcleos rurais como Vargem Bonita, Alexandre Gusmão e Incra
(próximos a Brazlândia); Sobradinho e em Vicente Pires (colônia perto de Águas Claras). Já
os que partiram para o ramo de comércio se concentram em Taguatinga, Núcleo
Bandeirante e Plano Piloto.

Assim sendo, anexo a seguir, fotos que consiro representativas e entendo estarem
relacionadas ao tema proposto neste trabalho. Estão distribuidas da seguinte maneiera: foto
do Ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e do presidente da Câmara do
comércio e industria japonesa do Brasil, Makoto Tanaka; fotos de comércios japoneses
localizados em alguns lugares da cidade de Taguatinga – DF e, por último, fotos dos
produtos vendidos dentro destes estabelecimentos comerciais.

Dekasseguis
A ordem inversa

Na atualidade é comum abordar a migração de descendentes de japoneses que vão


trabalhar no Japão na qualidade de trabalhadores não especializados, aproveitando a falta
deste tipo de mão-de-obra naquele país. Realizam o fluxo inverso de seus pais e avós que
chegaram ao Brasil no início do século com a mesma perspectiva, ou seja, poder retornar ao
país e iniciar uma vida com condições melhores junto a seus familiares.

Referências bibliográficas:

CATTA P. Andrea - Correio Braziliense - Brasília, terça-feira, 21 de março de 2000.


MELCHIOR, Lilían; Mestranda em Geografia, Universidade Estadual Paulista, Presidente
Prudente, São Paulo. Bolsista CNPq/Brasil

Sites consultados:
www2.correioweb.com.br/hotsites/bsb40anos.

Fotos:
Edvânia Rosa dos Santos Santiago
UnB – Universidade de Brasília

A culinária japonesa

Aluno: Elisa Costa Nascimento 01/23030

Trabalho apresentado como parte da avaliação do curso Cultura Japonesa, ministrada pelo
professor Sachio Negawa.

2006

UnB – Universidade de Brasília


IL - Instituto de Letras
LET - Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução
Disciplina: Cultura Japonesa 1
Aluno: Elisa Costa Nascimento - 01/23030

A culinária japonesa

1. Culinária é cultura?

A culinária é um dos elementos culturais. Cultura é aquilo que diferencia um povo de


todos os demais. É aquilo que não faz parte da genética dos seres humanos, mas que se
aprende no convívio em sociedade durante toda a vida. Cada povo tem seus próprios
costumes, seus hábitos culturais, e a culinária é um dos aspectos através dos quais se pode
identificar um povo. Se pensarmos em culinária tipicamente brasileira pensaremos, por
exemplo, na feijoada. Se pensarmos em culinária chinesa, lembraremos d frango xadrez.
Enfim, dentre os diversos hábitos culturais que compõe uma nação, um dos mais marcantes
é a comida. Tanto é assim que em Brasília, por exemplo, existem restaurantes
especializados em comidas típicas de vários países, inclusive japonesa.

2. Hipótese a ser defendida

A intenção deste trabalho é quebrar o estereótipo que se tem em relação ao Japão


no que diz respeito à sua culinária. Hoje, no Brasil, quando alguém afirma que vai, por
exemplo, almoçar em um restaurante japonês, o que logo se escuta é “Odeio peixe cru!”.
Será mesmo que tudo o que compõe a alimentação deste fantástico povo é o peixe cru? Há
alimentos que de fato são feitos a partir desse ingrediente, como alguns tipos de sushi e o
sashimi, mas a minha pesquisa foi iniciada justamente na curiosidade em saber o que mais
faz parte da alimentação um povo tão culturalmente rico em tradições.
A tese a ser defendida neste trabalho final de curso é que a alimentação japonesa, apesar
de realmente ser rica em frutos do mar, vai muito além do tal “peixe cru”, e que os alimentos
que são diretamente associados aos japoneses muitas vezes nem sequer fazem parte de
sua alimentação diária. Além disso, pretendo também demonstrar a diferença da relação
entre ser humano e alimento na nossa cultura e na cultura japonesa e relacionar alguns
pratos e rituais típicos dos orientais. Pretendo comprovar que, de fato, os hábitos
alimentares japoneses são bem diferentes daqueles que compõe a cultura brasileira, mas
que é possível conhecer e valorizar aquilo que, para nós, é diferente, e inclusive aprender
com a cultura do próximo.

3. A relação dos japoneses com o alimento

Os japoneses encontram no alimento uma forma de conexão com a natureza. Isso


significa que se procura preservar e respeitar, ao máximo, aquilo que é naturalmente
oferecido. Um exemplo de como isso se manifesta é que os japoneses procuram sempre, ao
preparar alimentos, utilizar aqueles que são próprios da estação, gerando uma grande
variedade nos tipos de comida consumidos ao longo do ano. Assim, legumes, verduras e
peixes utilizados nos alimentos são aqueles mais fáceis de se encontrar naquele período e
que, portanto, não irá desequilibrar o meio ambiente. Outra característica da culinária
japonesa é que ela busca agradar não só ao paladar: os pratos são verdadeiras obras de
arte, a fim de que se possa admirar a beleza. Procura-se, portanto, harmonizar as cores, o
estilo, a fim de que os pratos sejam também um banquete para os olhos.
Uma grande diferença entre a culinária japonesa e a ocidental é que os japoneses permitem
que os alimentos tenham seu sabor próprio. Na cultura ocidental, é comum usar-se uma
enorme quantidade de tempero: muito sal, muito açúcar, pimenta do reino, etc. Para os
japoneses, os alimentos não precisam ter um sabor tão forte.
A comida japonesa tem por característica o extremo cuidado na preparação, nos sabores e
na apresentação dos pratos. Os ocidentais estão sempre à procura de alimentos de preparo
muito rápido, sanduíches, comidas pré-prontas. Os japoneses valorizam o ritual, a
manipulação cuidadosa e delicada dos ingredientes, a simbologia que há por trás de cada
prato.

4. A base da culinária

A base da alimentação é o arroz, alimento profundamente ligado à cultura japonesa.


Ele chegou ao Japão pelo continente eurasiático por volta do ano 300 a.C., durante a era
Yayoi. Foi nesse período que imigrantes, vindos da China devido a problemas políticos,
migraram para o Japão, introduzindo o plantio do arroz. Assim, japoneses nativos foram
deixando a caça e a pesca para também se dedicarem à rizicultura. Em menos de cem anos
a partir de então, o plantio de arroz passou a ser a principal atividade econômica do
arquipélago japonês. Para se ter idéia da importância do arroz para a culinária japonesa,
durante a Idade Média o arroz era utilizado como moeda no pagamento de impostos, além
do nome japonês para arroz cozido, gohan, ter se tornado sinônimo de refeição para os
japoneses. O destaque da rizicultura sobre outros tipos de plantio deve-se ao fato do Japão
ser um país de estações muito definidas, ou seja, faz muito frio no inverno e um calor
excessivo no verão. A maior parte dos vegetais utilizados na agricultura não sobrevive a
essas variações altíssimas, mas o arroz adaptou-se perfeitamente ao clima japonês. O arroz
é utilizado para acompanhar qualquer tipo de prato, e serve como ingrediente na preparação
de iguarias específicas, como o onigiri, um bolinho de arroz coberto com alga e recheado
com peixe ou picles.

5. Restaurantes japoneses em Brasília

Há, em Brasília, restaurantes dedicados à culinária japonesa, mas quando há uma


transposição de elementos de uma cultura para outra, acaba acontecendo uma mistura dos
elementos das duas culturas. Assim, quando se tem um restaurante japonês no Brasil,
alguns aspectos são modificados e adaptados à nossa cultura: nos restaurantes de comida
japonesa em Brasília, por exemplo, suhis, sashimis e outras iguarias orientais são feitas em
grande quantidade e colocados em balcões para que cada cliente se sirva daquilo que mais
lhe agradar, o que de certa maneira fere a idéia de comer o alimento perfeitamente fresco e
na medida certa. Além disso, são preparados sushis que incorporam elementos que fazem
parte da nossa cultura, e não da alimentação japonesa. Em visita recente a um dos mais
acessíveis restaurantes japoneses na cidade, foi possível verificar que havia sushis, por
exemplo, de chocolate, cream cheese ou recheados com frutas como morango e manga, ou
ainda com queijo e goiabada, mistura típica da nossa culinária.

6. Tipos de comida
6.1 O shushi

Foi em restaurante especializado em comida japonesa, localizado em Brasília, que tive


contato, pela primeira vez, com o sushi, por exemplo, a iguaria que tem por base o arroz,
temperado com vinagre, e recheado com peixe, frutos do mar, vegetais ou ovo. É importante
ressaltar que, para os japoneses, a palavra sushi denomina uma grande variedade de
alimentos preparados tendo por base o arroz temperado com vinagre, enquanto que, para a
maioria dos brasileiros, que tem apenas um contato superficial com a cultura japonesa,
sushi é sinônimo de peixe cru. Alguns exemplos de tipos de sushi são o Makisushi, o
Hozomaki, o Tekkamaki e o Oshizushi. Infelizmente, o estereótipo do peixe cru ainda
permanece na mente dos brasileiros no que se refere à culinária japonesa: o hábito n Brasil
é cozinhar, assar ou fritar tudo aquilo que se consome, inclusive verduras e legumes,
raramente consumidos crus, a idéia de pratos que levam um tipo de carne crua apavora a
maioria das brasileiros, que nem chegam a experimentar pratos japoneses por puro
preconceito. No entanto, o peixe cru é utilizado apenas no preparo de alguns dos pratos, e
inclusive não costuma estar diariamente na mesa dos japoneses, é considerado uma iguaria
de festas e comemorações. É claro que, como o Japão é um país cercado pelo mar, tenham
sido desenvolvidas várias maneiras de preparar o peixe, mas a realidade é que os
japoneses utilizam muito mais o peixe seco, principalmente no preparo de caldos e
temperos, e o peixe grelhado. A tradicional refeição matinal japonesa traz sempre o himono
(peixe salgado, seco ao sol e grelhado na chama quente antes de servir). Este costume de
secar o peixe ao sol vem do período Nara: os peixes eram secos ao sol para servirem de
oferenda aos deuses. O peixe seco demora mais a estragar e mantém melhor as proteínas
e componentes do sabor.

6.2 O sashimi

Além do sushi, um dos pratos mais conhecidos da culinária japonesa, aqui no Brasil, é o
sashimi, também facilmente encontrado em restaurantes especializados em culinária
japonesa. Ele é composto por frutos do mar muito frescos, fatiados delicadamente, servidos
apenas com um molho de mergulhar, geralmente molho de soja. Embora a maioria dos
ingredientes seja, de fato, servida crua, alguns elementos, como o polvo, por exemplo,
costumam ser servidos cozidos. Em refeições formais japonesas, o sashimi é o primeiro
prato a ser servido. Como ele tem sabor leve e delicado, deve ser comido antes que outros
temperos mais fortes afetem o paladar. A preparação e apresentação do sashimi constituem
uma cerimônia chamada shikibocho. O mestre corta muito rapidamente uma carpa crua em
delicados filés, utilizando, para isso, uma faca extremamente afiada e hashi ou pauzinhos
para comer.

6.3 O camarão e outros frutos do mar

Além do peixe, outros frutos do mar são comumente usados na alimentação japonesa.
Camarões, por exemplo, são bastante apreciados e geralmente consumidos frescos e crus.
Existe um ritual para ingestão de camarões conhecido como odori: os camarões são
comidos vivos e retorcendo-se (OdoriI significa dança): o camarão é retirado vivo de um
tanque, limpo em menos de cinco segundos, apanhado pelo rabo, mergulhado em um molho
e comido. Os gourmets dizem que o sabor é infinitamente superior.

6.4 As sopas

Também de grande importância na culinária japonesa é a sopa. No Brasil, é comum o


consumo de sopas, principalmente em dias frios (geralmente sopas “pesadas”, que levam
em sua preparação carnes e macarrão) ou como entrada, antes do prato principal, para que
o sabor do mesmo seja mais bem apreciado, sem que a pessoa esteja com fome demais.
No Japão, entretanto, a sopa acompanha o prato principal, para facilitar a digestão do arroz.
Ela é tomada aos poucos durante toda a refeição, para realçar o sabor dos alimentos, e ao
final dela, para limpar o paladar e completar o cardápio. Essas sopas dividem-se em caldos,
sumashi-jiru, e sopas de missô, missô-shiru. Os caldos são preparados a partir do caldo de
peixe, temperado com sal e shoyu. Utilizam-se flocos de peixe seco, conforme já citado
anteriormente, e algas. Já na sopa de missô o caldo de peixe é misturado a uma pasta de
soja fermentada (missô), e seu sabor varia de região para região, e até mesmo entre
famílias, já que os ingredientes sólidos e as consistências são bastante variados.

6.5 O macarrão

Outro alimento bastante comum no Japão é o macarrão. Os dois principais tipos de


macarrão são o udon, feito a partir de farinha de trigo, e o sobá, feito a partir do trigo
sarraceno. O soba faz parte de uma importante tradição japonesa: é preparado na noite de
31 de dezembro e servido na comemoração do ano novo. Essa tradição é comemorada
desde o período Edo e acredita-se que traga vida longa (isso porque o fio do soba é fino e
comprido). Qualquer que seja o tipo de macarrão escolhido, ele é comido às vezes quente e
coberto com carne, ovo ou outros ingredientes, com um molho à base de shoyu, mas
também pode ser servido gelado, o que para a cultura brasileira é bem difícil compreender.
Um tipo de macarrão geralmente consumido na primavera e no verão, estações mais
quentes do ano, é o somen, macarrão fino, à base de farinha de tricô, a cuja massa se
adiciona óleo de gergelim e é preparado em uma série de diferentes sabores. Ele é servido
acompanhado de caldo gelado e cubos de gelo. Há também um macarrão que é servido nas
estações de metrô, em uma espécie de fast-food japonês: todo o processo dura quatro
minutos apenas. O macarrão é conhecido como “tati- udom”, a palavra “udon” significa “em
pé”, ou seja, é uma refeição para ser comida realmente de maneira rápida, sem que ao
menos se sente para fazê-lo.

6.6 O tofu

É necessário, também, dar-se destaque a um importante componente da culinária japonesa:


o tofu. Na época em que o consumo de carne era proibido por motivos religiosos, o tofu era
utilizado como importante fonte de proteínas. Ele é produzido à base de grãos de soja secos
e leite de soja. 90% do tofu é composto de água. Normalmente, serve-se tofu cortado em
cubos dentro da sopa de missô, mas ele é utilizado como ingrediente no preparo de diversas
iguarias.

7. A alimentação cotidiana dos japoneses

Conforme objetivo descrito deste trabalho, a alimentação habitual japonesa baseia-se em


arroz branco, geralmente com algum legume cozido no shoyu, legumes e verduras em uma
espécie de conserva, carne e sopa (missoshiru). O almoço é a refeição menos importante
para os japoneses, pois a essa hora do dia o pai de família geralmente está trabalhando e
as crianças estão na escola. Dessa forma, são muito mais valorizados o café-da-manhã e o
jantar.
Algumas regras de etiqueta durante as refeições, no Japão, são, ante de comer, dizer
“Itadakimasu”, que significa algo como ‘bom apetite’, ‘vamos comer’ ou ‘obrigado pela
comida’. É uma forma de gratidão antecipada pela comida. Ao terminar a refeição, deve-se
dizer gochisousama deshita, que é uma forma de agradecimento.
A comida é servida em uma mesa baixa, ao lado da qual as pessoas ajoelham-se ou
sentam-se com os pés sob ela. Para comer, ao invés de garfo, faca e colher (uso comum no
ocidente), os orientais, inclusive os japoneses, utilizam-se de hashi, os famosos “pauzinhos”,
outro desafio para os brasileiros que tentam ter maior contato com a culinária japonesa. O
hashi é utilizado como se fosse um prolongamento dos dedos da mão. Assim, deve-se
segurar a comida como se faria com o indicador e o polegar, caso se fosse come-la com as
mãos. Espetar a comida com o hashi, lambê-lo, usá-lo para puxar uma tigela ou apontar
algo é considerado extremante rude e mal educado. Alguns alimentos japoneses são
consumidos com colheres, como a sopa de macarrão. Garfos e facas são utilizados para
comer iguarias da culinária ocidental.

8. A cerimônia do chá

Outro importante aspecto da culinária japonesa que não se pode deixar de mencionar é a
importância do chá na alimentação e a tradicional cerimônia do chá. O hábito de tomar chá
teve origem na China, mas, com o contato e interação entre os dois países, estabeleceu-se
e desenvolveu-se também no Japão. O preparo e apreciação da bebida tornaram-se uma
arte japonesa. Uma reunião para tomar chá, no Japão, envolve uma série de preparativos: a
sala onde ele será servido é cuidadosamente ornamentada, uma refeição é preparada, as
pessoas chegam com antecedência. Este ritual de preparar e tomar o chá ficu conhecido
como Chado, ou caminho do chá. Utiliza-se, nesta cerimônia, o chá verde, cada vez mais
popular no Brasil por suas propriedades medicinais e introduzido no Japão por mestres Zen.
Entretanto, o mais conhecido e considerado como quem instituiu a cerimônia do chá foi Sem
Rikkiu, que definiu o chá da seguinte maneira: “O Chá nada mais é do que isso: primeiro
você aquece a água, depois você prepara o chá. Depois você bebe adequadamente. Isso é
tudo o que você precisa saber”. Rikkiu resume em quatro os princípios básicos do Chado: o
primeiro é Wa, ou seja, harmonia. O segundo é Kei, ou respeito. O terceiro é Sei, traduzido
como pureza. O quarto é Jaku, que é a tranqüilidade resultante dos três outros princípios.
Como é possível perceber, a cerimônia do chá é algo ligado diretamente à espiritualidade e
à harmonia entre os seres humanos e entre estes e a natureza, com base nos princípios do
Zen budismo. Para a cerimônia do chá, as seguintes regras devem ser observadas: o chá é
servido em uma casa de chá (cha-shitsu), em que deve haver uma sala de espera, uma sala
de preparo e um caminho ajardinado por onde passem os participantes da cerimônia. As
roupas utilizadas pelos participantes devem ser de cores discretas. Os convidados devem
levar um leque dobrável e uma almofada de kaishi. A cerimônia tradicional e completa do
chá leva em torno de quatro horas. O chá verde é consumido puro, sem açúcar ou leite.
Encontrar um pedaço da erva boiando na xícara é sinal de boa sorte.

9. A carne e a relação com a culinária ocidental

Com o grande consumo de frutos do mar, os japoneses não tinham costume de comer
carne, inclusive por motivos religiosos. Entretanto, a partir do século XIX, com a restauração
Meiji e a abertura do Japão a culturas estrangeiras, o consumo da carne passou a ser
bastante comum. A partir desse período, grandes redes alimentícia (inclusive fast-foods,
passaram a se instalarem no país, agradando bastante ao paladar dos japoneses,
principalmente jovens e crianças.

Conclusão:

Por esta breve explanação deve ter sido possível perceber que, para a maioria dos
brasileiros, a culinária japonesa é um total mistério, coberta de mitos e preconceitos. É por
isso que, neste trabalho,tentei apresentar os pratos mais conhecidos da culinária japonesa
no Brasil, mostrando seu modo de preparo e suas variedades, quanto aqueles de que pouco
se conhece. Procurei também explicar também alguns hábitos japoneses, como a maneira
correta de se portar à mesa, comparando com hábitos de nossa própria cultura, para que as
diferenças, sendo melhor conhecidas, possam ser valorizadas como individualizadoras,
particulares. Acredito que a culinária seja um forte reflexo da história de um país e, portanto,
um dos fortes aspectos culturais dele. Espero ter podido demonstrar, através deste trabalho,
o quanto a culinária japonesa vai além do estereótipo que os brasileiros têm dela e contribuir
para divulgar uma cultura tão rica.

Bibliografia

Sites:

Site do restaurante Sushi Yoshi, em Pernambuco:


http://paginas.terra.com.br/arte/yuka/imigrao.htm#texto2
Artigo das professoras Akiko Kurihara, Hiroko Nishizawa e Hurenai Nagahama:
http://www.nippobrasil.com.br/2.historia_jp/256.shtml
Artigo escrito por Cristina Brayner:
http://cybercook4.uol.com.br/exibir_materia.php?codmat=267
Site do colégio Joana D’arc:
http://www.colegiojoanadarc.com.br/cursoonline/japao/texto3.htm
Wikipédia, vocábulo “história do sushi”
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_sushi#Origem
Site Portal do Japão
http://www.japao.org.br/
Material fornecido pelo Centro de Chado Urasenke do Brasil:
http://www.nihonsite.com/ceri/index.cfm
Site dos alunos do curso de Cerimônia do chá da Universidade de São Paulo:
http://br.geocities.com/chanoyu_usp/
Guia da cultura japonesa, por Eije Kitsune:
http://br.geocities.com/tmhp4/cultura.htm#comida

Revistas:

Nipponia – nº 26, nº 27 e nº30.

Livros:
Nações do mundo – Japão. Editora Cidade Cultural, Rio de Janeiro. (O livro tem vários
autores).
Universidade de Brasília
Cultura Japonesa 1
Trabalho Final
Júlio César Santana da Silva Filho 03/43897
Apresentação em 18 de julho de 2006

Esse trabalho pretende apresentar a indústria japonesa de videogames; para essa


tarefa, apresento o quadro mundial do setor e, ao final, destaco o mais renomado
personagem nacional da área de desenvolvimento de jogos no Japão, Hideo Kojima, bem
como sua principal obra, a Metal Gear Series. Não pretendo ser exaustivo em minhas
linhas, mas abranger o escopo suficiente e adequado às exigências da disciplina. Ao final do
trabalho, apresento alguns gráficos e tabelas que ilustram as minhas argumentações
tecidas no corpo do ensaio.

Justificativa/Conclusão

Conhecer a cultura de um país significa conhecer a maneira pela qual os habitantes


desse país se humanizam por meio de práticas que criam a existência social, econômica,
política, religiosa, intelectual e artística.

No Japão, a paixão por tecnologia é bastante difundida, especialmente nas grandes


cidades. Isso abraça a indústria de videogame, diversão que faz parte do dia-a-dia de
muitos japoneses, sendo integrante de sua cultura.

Decidi, então, realizar esse ensaio focado na indústria de videogame japonesa para
compreender melhor a sua realidade no país, centrando o seu aspecto mercadológico
devido aos meus interesses pessoais na área de relações internacionais, que inclui o
comércio internacional. Isso permite alimentar o letramento cultural em relação à cultura
nipônica, revelando a fragilidade dos esteriótipos. Um Japão tão diverso e tão diferente das
imagens que são vendidas pela mídia está longe de ser um exemplo de inclusão tecnológica
e de amplo acesso aos aparatos sofisticados como os videogames, que, ao contrário, têm
perdido espaço no mercado doméstico.

Indústria de videogame

A indústria de videogame é o setor econômico envolvido no desenvolvimento,


marketing e venda de jogos e equipamentos desse estilo. O setor abraça uma grande
variedade de tipos de trabalho e emprega milhares de pessoas em todo o mundo. Esses
empregados são, muitas vezes, especializados em algumas áreas comerciais tradicionais,
mas alguns são dedicados exclusivamente ao setor de videogames (programador, designer,
produtor, artistas etc). A maioria desses profissionais são contratados por vídeo game
developers e video game publishers.

A emergência dessa indústria data de 1971, com o lançamento do Pong, o primeiro


videogame internacionalmente oferecido. A partir daí, o setor tornou-se uma cultura de
hobby, mais especificamente no final dos anos 70, em coincidência com a distribuição
mundial de computadores pessoais. A indústria cresceu junto com o avanço da tecnologia
da computação, e, muitas vezes, conduziu o desenvolvimento desta. Atualmente, trata-se de
um símbolo de desenvolvimento.

Apesar de estar madura, a indústria de videogame ainda apresenta-se muito volátil,


com developers de categoria inferior aglomerando-se e, da mesma maneira súbita,
perdendo espaço no mercado. O setor tem experimentado uma fase de consolidação e de
integração vertical como uma reação de custos crescentes. Há algumas décadas, os custos
de desenvolvimento eram mínimos e os videogames poderiam ser bastante lucrativos – os
jogos eram desenvolvidos por um único programador ou por um pequeno grupo destes. À
medida que aumentaram o poder de computação e poder gráfico, também cresceu o
tamanho desses grupos de trabalho. Os jogos modernos exigem números crescentes de
força de trabalho e de equipamentos. Essa dinâmica torna os publishers (que financiam os
developers), muito mais importantes do que em outras áreas de tecnologia. A indústria de
videogame continua a crescer enquanto produz tanto jogos de baixa qualidade e sem
originalidade quanto títulos populares e inovadores.

A indústria de videogame japonesa

A indústria de videogames do Japão é marcadamente diferente daquelas dos Estados


Unidos e da Europa. Geralmente, os jogos têm muito mais atenção cultural no Japão do que
no Estados Unidos e sua parcela total do mercado de diversão é também mais ampla. O
Japão tem desenvolvido alguns dos maiores e mais caros títulos já criados, como Final
Fantasy X e a série Metal Gear Solid, e, provavelmente, seguirá liderando, mundialmente, o
caminho de altos valores de produção e de grandes equipes. Além disso, a estrutura e a
cultura de um game developer japonês são muito diferentes dos padrões ocidentais. Ao
longo da história do game design japonês, muitos developers têm preferido o anonimato,
usando, inclusive, pseudônimos nos créditos dos videogames.

Os fabricantes japoneses de jogos e dos próprios videogames têm dominado esse


mercado mundialmente. A indústria tem aumentado o valor de seus carregamentos desde
1998, especialmente para mercados internacionais. O mercado doméstico foi reduzido, em
2002 e 2003, devido a poucos lançamentos de títulos de sucesso e a um crescente aumento
dos jogos em aparelhos celulares. O Instituto de Pesquisa Yano estima que o mercado
japonês reduziu em aproximadamente 20% em 2003.

O mercado japonês de videogame está saturado, o que tem levado os principais


fabricantes nacionais a se concentrarem, cada vez mais, nos mercados internacionais. As
vendas internacionais crescentes têm ajudado alguns fabricantes a superar as fracas e
declinantes vendas domésticas, aumentando sua performance operacional total. Há ainda
um aumento no número de fusões e parcerias entre os fabricantes japoneses. A estrutura
dessa indústria tem sido modificada drasticamente.

Estrutura da indústria (hardware e software)

Hardwares são os próprios videogames. Existem dois tipos de hardware: stationary


ou console (máquinas que são conectadas a uma televisão para jogos em domicílio) e
portable ou handheld (máquinas equipadas com tela de cristal líquido que podem ser
carregadas para jogos fora de domicílio).

Softwares são, em geral, os jogos utilizados nos videogames. No final de 2002,


existiam, aproximadamente, duzentos fabricantes japoneses de software (também
conhecidos como publishers). Uma vez que hardwares fabricados pela Nintendo, Sony e
Microsoft são mutuamente incompatíveis, os fabricantes de software devem criar e vender
títulos com padrões específicos para cada equipamento. Estes fabricantes pagam royalties
àqueles. Todos os três fabricantes de hardware, no Japão, desenvolvem, fabricam e vendem
seus próprios softwares, sendo considerados também como publishers. Outros fabricantes
de software com negócios no Japão são Capcom, Koei, Square Enix, Sega e Konami. Esta
última será tratada mais detalhadamente adiante.

Os fabricantes de software têm baixado seus custos pelo desenvolvimento e venda


de uma menor quantidade de títulos. Em lugar de produzir títulos inéditos, seqüências de
sucessos anteriores têm sido produzidas e lançadas em números consideráveis. No entanto,
esse tratamento tem, ao mesmo tempo, conduzido o setor a uma queda de inovação e
assumido o perigo de uma tendência de perda de interesse dos consumidores em relação a
esses jogos. Os gêneros mais populares de jogos são os role-playing games (RPG), os de
ação e os simuladores. O preço aceito pelos consumidores tem sido reduzido devido a
tendências como o crescente número de lojas de desconto. Títulos de baixo custo têm-se
tornado o principal segmento do mercado.

As elevadas exportações da indústria japonesa, em contraste com a importação


bastante limitada, destina-se, majoritariamente, ao mercado norte-americano.
Internacionalmente, o Japão é extremamente competitivo em videogames, mas essa
competição tem aumentado como um resultado do aumento dos jogos online na Coréia do
Sul, e estratégia global da Microsoft e outros fatores.

HIDEO KOJIMA

Nascido em 24 de agosto de 1963, Hideo Kojima é um videogame designer na


Konami. Ex-vice-presidente da Konami Computer Entertainment Japan, ele é, atualmente, o
diretor da Kojima Productions, uma nova equipe dedicada ao desenvolvimento de jogos
criativos. Kojima é o criador e diretor de muitos jogos de sucesso, incluindo a série Metal
Gear (apresentada mais adiante).

Seu estilo marcante tem-lhe servido para tratar muitos aspectos e questões amplas e
importantes na vida humana de modo filosófico e prolixo. Ele tem sido, algumas vezes,
interpretado como um dos poucos game designers pós-modernistas; a própria série Metal
Gear é repleta de realismo mágico. Sua paixão por filmes é também visível em seus jogos,
nos quais ele presta homenagem através de suas histórias e personagens. Kojima é
também conhecido por seu senso de humor caprichoso e irreverente.

Carreira no desenvolvimento de jogos

Nascido em Setagaya, Tokyo, Kojima mudou-se, aos três anos, para Kobe.
Inicialmente com ambições de se tornar um diretor de cinema, ele integrou a equipe da
Konami para o MSX home computer division, em 1986, como um designer.

Seu primeiro jogo lançado foi Metal Gear, em 1987, rumo ao sucesso. Com o
lançamento de Metal Gear Solid, em 1998, para o Playstation, Kojima tornou-se uma
celebridade internacional em sua área.

Kojima Productions

Em 1º de abril de 2005, após a Konami ter absorvido muitas de suas subsidiárias, a


equipe de Kojima, na Konami Computer Entertainment Japan, transformou-se na Kojima
Productions. Com essa nova equipe, Kojima já não está envolvido nas responsabilidades
burocrático-administrativas de antes, focando mais estritamente a criação de jogos. No
entanto, em edição especial da revista Weekly Famitsu, de junho de 2005, Kojima afirmou
que, na verdade, assumiu o papel de diretor e de designer.

Metal Gear

Metal Gear é um jogo de espionagem desenhado por Hideo Kojima e desenvolvido e


publicado pela Konami. O jogo serviu como título inaugural da série Metal Gear. Muitas
versões da série foram lançadas para várias plataformas de hardware.
O jogo

Em 1995, a 200km de Galzburgo, África do Sul, encontra-se Outer Heaven, um


estado fortificado fundado por um legendário mercenário no final dos anos 80. Rumores
invadiram o mundo ocidental de que, nas profundezas de Outer Heaven, uma arma de
destruição em massa estava sendo construída. Os agentes públicos convocaram
FOXHOUND, a unidade de alta tecnologia das Forças Especiais, para infiltrar a fortaleza,
desvendar a situação e neutralizar a ameaça.

Em uma missão conhecida como “Operation: Intrude N313”, o operador da


FOXHOUND, Gray Fox, infiltrou o estado. Alguns dias mais tarde, perde-se o contato com
Gray Fox e sua última transmissão diz apenas “Metal Gear...”. O operador Solid Snake, o
novo recrutado da FOXHOUND, é convocado pelo líder Big Boss a resgatar Gray Fox e
concluir sua missão.

Usando todas as suas habilidades e equipamentos, Snake consegue resgatar Fox,


que conta a ele que Metal Gear é o codinome de um tanque de guerra nuclear, destinado a
dominar todas as formas de combate assim como lançar suas ogivas nucleares de qualquer
localidade. Outer Heaven planeja usar o Metal Gear para impor-se como a nova
superpotência mundial.

Munido com informações sobre como destruir Metal Gear, além de sua habilidade e
espírito indomável, Snake luta contra as forças de Outer Heaven. Ao destruir o poderoso
sistema de defesa de Outer Heaven, Snake pode neutralizar Metal Gear. Através de sua
aventura em Outer Heaven, ele enfrenta o misterioso líder mercenário das forças do estado,
que, descobre-se, é o próprio Big Boss.

Big Boss tinha usado suas conexões com o governo norte-americano para
estabelecer sua própria força mercenária, corromper e adentrar a inteligência militar, além
de financiar suas atividades. Sua meta era fazer de Outer Heaven a potência mais poderosa
do mundo, sendo liderada por ele próprio. Ele queria que Snake entrasse em Outer Heaven
para que fosse capturado e pudesse passar informações falsas ao governo dos Estados
Unidos.

Após perder o Metal Gear e muita força, Big Boss começa a destruir Outer Heaven, e
conduz uma batalha subterrânea com Solid Snake. Apesar de machucado, Snake derrota
Big Boss e escapa de Outer Heaven, enquanto esta se destrói em chamas. Big Bossa fica
para trás e, supostamente, morre após a explosão.

A versão mais atualizada da série Metal Gear é Metal Gear Solid 3: Snake Eater, de
2004, para Palystation 2. O jogo se passa, em 1964, na Guerra Fria. Dessa vez, Big Boss é
o personagem controlado pelo jogador; no entanto, ele ainda não ganhou tal título nessa
época. Resumo da história: um cientista de armas russo chamado Sokolov pede abrigo aos
Estados Unidos, que o resgata, mas, logo após, a Rússia pede o cientista de volta e, em
troca, tiraria seus mísseis de Cuba. Os Estados Unidos concordam e devolvem o cientista,
mas ele pede para ser salvo novamente, de onde descobrem que ele estaria desenvolvendo
uma arma nuclear que seria capaz de aniquilar os Estados Unidos. Snake é enviado para
resgatá-lo.
ÍNDICE

CULTURA..........................................................................................................02
O GO..................................................................................................................05
O GO NO OCIDENTE........................................................................................08
JUSTIFICATIVA.................................................................................................09
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................10

Universidade de Brasília - UnB


Instituto de Letras – Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução
Curso de Letras Portuguesa - Licenciatura
Cultura Japonesa I
Prof: Sachio Negawa
Aluno: Pedro Henrique Arazine de Carvalho Costandrade Matrícula: 06/37858
Turma: A Período: Noturno

Cultura

A questão da cultura deve ser vista e tratada com cuidado, pois, não raro, os povos formam
juízos de valor acerca das formas de vida que diferem dos seus próprios, quando tais povos
estudam sistemáticamente, a comparação entre as diferentes formas de condutas dão
origem às classificações dos modelos de vida. Emitem-se juízos morais sobre os princípios
éticos que guiam a conduta e estuturalizam os sistemas de valores dos diferentes povos.
Organizam-se suas estruturas econômicas, sociais, políticas, crenças religiosas,
manifestações artisticas por ordem de complexidade, eficácia e desejabilidade.

No entanto, torna-se cada vez mais latente que tais avaliações desse tipo subsistam ou
desmoronam com a aceitação ou não das premissas de que derivam. Aqlém disso, tais
critérios se baseiam em juízos incompatíveis com o povo estudade, de modo que que as
conclusões formuladas da definição do que é desejável não coincidem com as conclusões
baseadas em uma outra formulação de valores. Fica claro que se considerarmos os valores
dos que vivem em tais sociedades diferentes da nossa há a possibilidade de respostas
alternativas baseadas em diferentes concepções daquilo que se tem por desejável.

Devido a tais aspectos surgiu o príncipio do relativismo cultural, que se apoia em uma vasta
acumulação de dados obtidos mediante a aplicação de técnicas nos estudos de campo que
permitiu aos cientistas penetrarem nos sistemas de valores subjacentes às sociedade de
costumes diversos. Dessa forma tal princípio seria de que os juízos de valor baseiam-se na
experiência, e a experiência é interpretade pelo indíviduo de acordo com sua própria
endoculturação.

Nesse sentido surge o problema dos valores, pois os critérios morais apenas direcionam a
conduta no ponto em que concordem com as orientações de um certo povo em um certo
período de sua história. Segundo Cassier a realidade só pode ser experimentada através do
simbolismo da linguagem. Dessa forma a realidade é definida e redefinida pelos
simbolismos variantes de cada período histórico de um dado povo. Todos os fatos do mundo
fisico são interpetados mediante a endocultura do indivíduo, dessa forma, a percepção do
tempo, distância, peso, tamanho e outras “realidades” são condicionadas pelas convenções
culturais do grupo.

Após terem sido tratados o problema dos diferenets valores de cada sociedade e da mesma
sociedade variando na história da mesma, cabe definir o que seria cultura. Dessa forma,
nenhuma cultura é um sistema fechado, inerte as alterações sociais e aos progrssos
realizados nas arás de conhecimento humano. Nesse sentido M. J. Herskovits traz duas
definições de cultura, a saber: pela natureza da cultura, reduz-se a uma soma da conduta
dos habituais modos de pensar das pessoas que em tempo e lugar determinados
constituem uma sociedade particular e, graças ao hábito da aprendizagem se submetem
aos modos do grupo dentro do qual nasceram, mas variam, todavia, em suas relações às
situações da vida com que em comum se deparam. Traz, também, que a soma de condutas
que são chamadas de cultura é flexível, não rigida, e contém muitas possibilidades de
escolha em sua ampla armação, dessa forma, identificar os valores reconhecidos por um
determinado grupo não implica de forma alguma que eles constituam um fator constante nas
vidas das gerações sucessivas do mesmo grupo.

Diante de tudo o que foi exposto pode-se afirmar que a definição daquilo que é normal ou
anormal, está reacionado com a endoculturação do sujeito que emite o valor. Como forma
de avaliação de cultura, prevalece o etnocentrismo, sendo, este, o ponto de vista segundo o
qual o próprio modo de vida é preferível aos demais modos existentes. Daí a importância da
relativização cultura, pois aquilo que é bom para um certo grupo não o é necessariamente a
outro, nem o que seja ruim para outro grupo o seja necessariamente mal para um terceiro
grupo. Atualmente, a superioridade tecnológica é usada para definir o que seria melhor ou
pior em termos de sociedade, no entanto, mesmo este aspecto não pode ser usado ao
extremo, pois se para nós andar de carro é melhor que andar a pé, para alguns grupos
andar a pé ou à cavalo seja mais aconselhável.

O Go

A referência mais antiga desse jogo milenar data da China de 548 A.C., no entanto, de
acordo com a lenda, o jogo foi usado como ferramenta de ensino após o antigo Imperador
chinês Yao, que criou o jogo para seu filho, Danzhu, que ele imaginava que precisava
aprender disciplina, concentração e balanço. Outra teoria sobre o surgimento do Go
considera que os Senhores da guerra e os generais costumavam colocar pedras em um
mapa para estudar posições de ataque.

Uma terceira teoria sobre a origem do Go, diz que as 361 interscções do tabuleiro
correspondem aos dias do ano (no antigo calendário chinês haviam apenas 361 dias), que
cada uma das faces do tabuleiro representava uma estação do ano e que uma volta
completa no tabuleiro simbolizaria um ano. Segundo essa corrente, o Go estaria ligado a
adivinhação do futuro e suas pedras brancas e pretas representariam as forças opostas que
agem no ser humano.

Seja qual for a origem do jogo, é um jogo fascinante. Sua complexidade vai muito além da
imaginada por alguém que simplesmente vê seu tabuleiro vazio. Em um tabuleiro de Go
existem não menos que 3361×0.012 = 2.1×10170 posições possiveis.

O Go chegou ao Japão por volta do século VII D.C., e se tornou popular na corte Imperial no
século VIII D.C., no entanto, apenas no inicio do século XIII o jogo passou a ser jogado pelo
público em geral no Japão. Logo no inicio do século XVII foi fundada a primeira escola de
Go no Japão, e, para seu direto, foi indicado Honinbo Sansa, então o melhor jogador do
Japão, esta escola elevou o nivel dos jogos de maneira fenomenal e introduziu o sistema
das artes marciais de classificar os jogadores em rankings. Com o fim da era Togugawa o
governo deixou de estimular a pratica do jogo.

Uma das coisas que faz deste jogo algo ainda mais facinante é a simplicidade das regras,
apesar dessa simplicidade não se refletir nas estratégias do jogo. Um movimento feito no
início do jogo de um lado do tabuleiro pode influenciar a forma e os conflitos que irão surgir
no fim do jogo do outro lado do tabuleiro. O jogo enfatiza a importância do balanço em
diferentes níveis e tem tensos internas.

Para garantir uma área do tabuleiro, é bom fazer jogadas perto uma das outras, mas para
cobrir a maior área possível o jogador tem que espalhar suas jogadas. Para ter certeza que
um jogador não irá perder o jogo, é necessário um jogo expansionista, no entanto jogar
muito agressivamente deixa fraquezas que, não defendidas, podem ser exploradas. Jogar
muito próximo das extremidades do tabuleiro assegura território insuficiente e pouca
influência, mas jogar muito longe das extremidades permite que o oponente invada seu
território. Muitos consideram o jogo atrativo pela sua “reflexão das necessidades
contraditórias da vida real”.

O Computador não pode derrotar um ser humano no GO, pelo menos não aqueles que já
tenha jogado por no mínimo um mês. Para jogar GO, uma pessoa deve ser capaz de
identificar formas, confiar na intuição e antecipar movimentos, levando em conta o tabuleiro
como um todo. Estes são atributos do ser humano que o poder de processamento do
computador com a força bruta ainda não é capaz de realizar. Por exemplo, o
supercomputador Deep Blue da IBM (processa 200 milhões de posições por segundo),
gastou três minutos em cada movimento para derrotar o Campeão Mundial de Xadrez Garry
Kasparov em 1997. Para analisar a mesma quantidade de movimentos no jogo de Go, o
Deep Blue levaria mais de 1,5 anos e provavelmente ainda faria um lance errado. "O GO
pode ser o último refúgio da inteligência humana" segundo Dallas Morning News. Ou, pelo
menos, como um programador declarou "o Cálice Sagrado da programação de
computadores" e "o maior dos desafios na ciência de computação" - artigo na página da
Trend Micro, Inc.

Atualmente, no Japão, o Go (mais conhecido por Igo) possui uma liga profissional, que
acabou por se expandir pelo mundo, possuindo uma filial em São Paulo, outras nos Estados
Unidos e em outras partes do mundo. Anualmente se realiza nos Estados Unidos uma
conferência internacional sobre este jogo milenar onde mais de 150 mil jogadores passam,
desde profissionais a amadores. Além disso, os executivos da atualidade, têm encarado
este jogo como um mapa de como expandir e desenvolver seus negócios dando uma outra
característica ao jogo.

O Go no Ocidente

Embora inventado pelos chineses, foi o Japão que se encarregou de divulgar e


profissionalizar o jogo. Hoje a Nihon Ki-in, Associação Japonesa de Go, organiza diversos
campeonatos – amadores e profissionais – com premiações que podem a chegar a 400 mil
dólares. O próprio Brasil esteve representado em uma das últimas competições mundiais da
categoria disputada em Abril deste ano em Tóquio.

Acredita-se que haja mais de 50 milhões de jogadores no mundo, 10 milhões só no Japão.


No Brasil, de acordo com o Clube de Go de São Paulo, o jogo deve ter em torno de 10 mil
adeptos. Para aumentar a divulgação do Go no País, o Clube de Go de São Paulo está
oferecendo cursos gratuitos à população e iniciou recentemente um projeto para ensinar o
jogo nas escolas.
O Go chegou ao ocidente através de um engenheiro alemão que morou no Japão entre
1878 e 1886, Oscar Korschelt. Ele publicou um artigo detalhado sobre Go em 1880 e alguns
anos depois publicou um livro, ele foi o responsável por levar o jogo para a Alemanha e para
a Áustria. Como ele aprendeu Go no Japão os termos do jogo no ocidente, bem como
padrões e formas de jogar, vem, também, do Japão.

Na década de 1950 foi que o Go passou a ter maior expressão no mundo ocidental, e,
somente, em 1978 um ocidental recebeu um certificado de jogador profissional de uma
entidade de Go asiática. E, apenas, em 2000 um ocidental foi promovido a 9-dan, o maior
rank no mundo do Go.

A partir disso, a pratica do Go no ocidente tem crescido e se difundido, sendo aplicada a


outras áreas que não apenas o entretenimento. Diversos livros têm sido publicados se
referindo a potencialidade das estratégias desse maravilhoso jogo no mundo dos negócios,
e, até, no dia-a-dia das pessoas.

Justificativa

Juntamente com o Go, surge a necessidade de pesquisar sobre a cultura japonesa, que de
forma decisiva influenciou a construção do Go atual, seja no mundo oriental, seja no mundo
ocidental. A infinidade de termos encotnrados no Go de origem japonesa acabam por
requerer uma busca sobre as origens do Go. Não se pode jogar Go sem entender suas
estrategias e origens, sua complexidade.

Qualquer jogador de Go que queira se aventurar mais a fundo neste mundo tem como pré-
requisito entender como o Go se encontra estruturado no Japão atualmente, as práticas
rotineiras que acontecem no mundo do Go japones, pois esse mundo não pode ser
deslocado do mundo do Go como um todo.

A curiosidade sobre a sociedade e cultura japonesa acabam por contribuir para gerar uma
visão despreconceituosa e uma melhor compreensão da cultura japonesa, corroborando
com a formação do letramento cultural.

Referências Bibliográficas

HERSKOVITS, M. J.. O problema do relativismo cultural.


IN WOOTMANN, Ellen F.; GUIDI, Maria L. M.; MOREIRA, Maria R. De L. P.. Respeito à
Diferença: Uma Introdução à Antropologia. Brasília – D.F.: CESPE/UnB, 1999.

REALE, Miguel. Lições Preliminares de direito. São Paulo: Saraiva,2002.

http://en.wikipedia.org/wiki/Go_(board_game) – Acesso em 17/06/2006

http://paginas.terra.com.br/esporte/go/ - Acesso em 17/06/2006

Brasília, D.F., 27 de julho de 2006.

Pedro Henrique Arazine de Carvalho Costandrade


Universidade de Brasília
Instituto de Letras – IL
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Disciplina Cultura Japonesa 1
Professor Sachio Negawa

Samurais Modernos

Aluno
Bruno Moura..........bruno.spoon@gmail.com
(03/17136)

1 - Justificativa

Escolhi o tema “Samurais Modernos” por ser uma oportunidade de falar sobre os
guerreiros que estiveram no controle do Japão por mais de 700 anos e que influenciaram
com seu modo de vida, a sociedade japonesa. Em fato até os dias atuais os ensinamentos
samurais podem ser seguidos para o aprimoramento do espírito e do corpo. E em uma
sociedade com cada vez menos valores é valido resgatar a sabedoria antiga para melhorar
o dia dia.
O samurai moderno não se engaja em batalhas sangrentas mas dependendo do ponto de
vista nossa época é mais cruel do que o japão feudal. Esse observação pode ser um pouco
exagerado mas também não é exagerada a busca do lucro de qualquer forma sem respeito
a vida e o que está no caminho ? Este conceito de ultilizar técnicas da espada no cotidiano
vem sido apresentado como samurais modernos que fazem proveito desses ensinamentos
nas mais diversas áreas inclusive em outros esportes como auxílio para se concentrar e
treinar com mais eficiência.
Então aprender mais sobre os samurais e aplicar seus ensinamentos no cotidiano é uma
forma de quebra de esteriótipo e ao mesmo tempo letramento cultural.

2- Conceito de cultura

O foco deste trabalho é a quebra de esteriótipo e a transmissão de letramento cultural para


aquele que for lê-lo, através da apresentação dos ensinamentos da espada. Mas para isto é
preciso primeiramente definir o termo “cultura” que será usado. “Cultura” é o conjunto de
regras, costumes e tradições. Muito mais que isso, a “cultura” é a argamassa que mantém a
sociedade. Essa argamassa é aquilo que aprendemos e repassamos, é o modo de nos
vestir e falar até o modo de andar é um aspecto cultural de um povo. Então o conceito de
“cultura” usado neste trabalho é o mais abrangente possível é o molde que faz um povo ser
como tal.

3- Introdução

“Os homens devem moldar seu caminho. A partir do momento em que você ver o caminho
em tudo o que fizer, você se tornará o caminho.” Miyamoto Musashi [1]
O verdadeiro guerreiro é aquele que persegue seu objetivo sem deixar que seja
atrapalhado, porque a única coisa que pode ficar entre ele e seu caminho, é ele mesmo.
Perseguir um objetivo seguindo as regras da boa conduta do seu código de ética é a
essencia do samurai. Suas 7 virtudes GI - Justiça e Moralidade
Atitude direta, razão correta, decidir sem hesitar; YU - Coragem
Bravura heróica; JIN – Compaixão Benevolência, simpatia, amor incondicional para com a
humanidade; REI - Polidez e Cortesia Amabilidade; MAKOTO – Sinceridade Veracidade
total, nunca mentir; MEIYO – Honra Glória; 7.CHUGO - Dever e Lealdade
Devoção, Lealdade [1] são características adimiráveis e que se estivessem presente em
mais pessoas, poderiamos estar vivendo em uma socidade mais justa. Mas como a
realidade do mundo é outra, ditada pelas regras de sobrevivência, vivemos em um mundo
cada dia mais competitivo e para nos destacaramos precisamos de características distintas.
É onde podemos recorrer ao bushido afim de nos educarmos, absorver o que é bom e
cabível para a vida urbana agitada.
O samurai deve ser um mestre na pena e na espada, deve ser um ser humano completo,
conhecer da sua história e estar ciente acontecimentos conteporâneos, apreciar as artes
quando não estiver ocupado com seus afazeres militares em suma para o cotidiano a
pessoa completa deve se destacar conhecendo não somente o ramo em que atua como
também as areas adjacentes e ademais para sempre estar refescando seu conhecimento
com idéias novas. Além disso devemos nos dedicar a uma prática que nos eleve o espírito,
os antigos samurais praticavam shodô (caminho da caligrafia) e chadô (cerimônia do chá)
entre muitas outras artes. Cada movimento samurai nessas praticas era executado com
perfeição e graça como se aquele fosse o último. Isso de fato era algo que os samurais
carregavam consigo no dia. Para a vida de hoje, executar tudo com perfeição como se
aquela tarefa fosse a ultima ou a mais importante, vivenciar o momento com sinceridade é
um fator que pode diferenciar quem se destaca da multidão. O bushido exige que a conduta
do guerreiro seja correta em todos os sentidos e abomina qualquer forma de preguiça, não
deixe pra fazer amanhã o que pode ser feito hoje, amanhã pode ser muito tarde ou até ja
está feito. O homem que se transformar no guerreiro será bem sucedido.[2]

4 - Os Samurais e o Bushido

Os samurais surgiram na época Heian e incialmente protegiam os donos latifundios


(daymio) ou a nobreza, esta que seria mais tarde a classe mais respeitada e adimirada do
Japão foram os mais letais guerreiros que já existiram. A princípio qualquer um podia ser um
samurai bastanto ser forte, dominar artes marciais e ter uma boa reputação para ser
contratado por um senhor feudal. Os samurais que perdessem seu daymio em cicunstancias
que não fossem sua responsabilidade, eram chamados ronin ,samurais desempregados que
muitas vezes tinha que vender suas espadas para pode se alimentar. Isto gerava um grande
problema esses ronin por muitas vezes se tornavam bandidos. Mais tarde o título de
samurai se tornou uma casta, passado de pai para filho e era um título de nobreza a partir
dai é mais apropriado se referir a eles como bushi (guerreiro) porque o termo samurai é
poco específico como será explicado mais tarde. Os bushi eram homens que seguiam a
risca os ensinamentos do bushido ( caminho do gurreiro) que era transmitido de forma oral e
ditava o estilo de vida do guerreiro. Esse código de honra talvez seja umas das qualidades
que mais fascina sobre esses notáveis guerreiros pois o samurai dormia samurai e acorda
da mesma forma e devia manter sua postura a todo instante[3][4].
O bushido foi influenciado por fortes correntes budistas, xintoistas e confucionista que por
consequencia moldaram o carater da classe dos samurais e fazem parte da cultura
japonesa. A falta de medo de morrer foi conferido aos bushi pelos ensinamentos budistas
que pregavam haver vida após a morte e que os guerreiros reencarnariam novamente como
guerreiros. O xintoismo se fazia presente no forte patriotismo fortalecido pelo isolamento do
japão e a crença de que a Terra não existe apenas para suprir as necessidades das pessoas
"É a residência sagrada dos deuses, dos espíritos de seus antepassados..." A Terra deve ser
cuidada, protegida e alimentada por um patriotismo intenso. O Confucionismo oferece ao
bushido sua crença em relação aos seres humanos e suas famílias, ressalta o dever filial e
as relações entre senhor e servo, pai e filho, marido e mulher, irmão mais velho e mais novo
e entre amigos, que são seguidas pelos samurais. Junto com estas virtudes, o bushido
também prega a justiça, a benevolência, o amor, a sinceridade, a honestidade, e o
autocontrole[2][1].
A palavra samurai vem do verbo saburai, que significa "aquele que serve ao senhor" por isso
é um termo vasto, depois de virar uma classe os guerreiros devem ser chamados bushi. A
classe dos bushi, dominou a história do Japão por cerca de 700 anos. Sua função passsou
de guerreiros para os senhores do japão nos períodos dos shogunatos. O bushi cada vez
mais um cargo burocrático foi abolido como classe na restauração Meiji com a proibição de
andar carregando o símbolo da alma bushi , as 2 espadas wakisashi (espada curta 40cm) e
a kataná(apartir de 60cm) mas até o presente esta facinante classe se faz presente e nos
influencia[3].
5 - Samurais Modernos

"Seguir o bushido, é dar ênfase à lealdade, fidelidade, auto-sacrifício, justiça, bons modos,
humildade, espírito marcial e honra acima de tudo, morrer com dignidade"[5].
Esse é um tema já foi aborado várias vezes em reportagens recentes, pesquisa do
na internet são facilmente encontradas reportagens em várias revistas de grandes editoras,
muitas pessoas inclusive executivos praticam os antigos ensinamentos na forma de artes
marciais, há inúmeros centros e dojos que oferecem aulas. Na publicidade é comum que os
profissionais leiam a Arte da Guerra livro escrtito por Sun Tzu escrito no século IV a.C obra
que se mantem incrivelmente atual mesmo passados mais de 2500 anos. No japão é quase
obrigatória a leitura pelos executivos do livro de Miyamoto Musashi os 5 anéis como
aperfeiçoamento pessoal e profissional. Os ensinamentos buscam ensinar equilibrio e
disciplina o que ajuda no controle de situações e a dominar também as emoções para que
essas não dirijam a pessoa a tomar decisões erradas por impulso. Os empresários encaram
desafios diários como batalhas então precisam estar sempre concentrados e estar afrente
do conconrrente, aqui que se encaixam os ensinamentos da espada adptados para a
realidade moderna. A procura dos empresários brasileiros pelas técnicas da espada foi tal
que, foi criada uma modalidade específica.
O Instituto Niten é um dos estabelecimentos mais famosos que oferecem as artes da
espada kendo e kenjutsu sob o comando do sensei Jorge Kishikawa que há mais de 34
anos estuda as artes samurais e a 10 transmite seu conhecimento à seus dicipulos. Umas
das artes marciais mais procuradas é o kenjutsu onde o aluno treina com uma espada de
madeira maciça chamada boken ou bokuto que reproduz a kataná (espada utilizada pelos
samurais) e trajam hakamás (uma espécie de calça folgada com 7 pregas que representam
as virtudes samurais) e um gi (parte superior). Um dos métodos criados pelo sensei é o KIR
(Ken Intensive Recuperation) ou recuperação intensiva pela espada e busca recuperar os
talentos ocultos nas pessoas atrvéz da espada. O instuto também oferece a modalidade KIR
empresarial que é que mais se encaixa nesse trabalho. Em palestras e workshops
solicitados sob demanda pela empresa os ensinamentos do bushido são disseminados
tendo como objetivo a obtenção de maior discplina, força de vontade, trabalho em equipe,
respeito a hierarquia e lealdade. Tudo isso tendo em vista maior produtividade na empresa e
mais entrosamento entre os empregados. Sem dúvida o modo de vida samurai tem ainda
muito ao que somar na vida do homem moderno[6].

6 - Conclusão

A arte da espada traz um grande enriquecimento, atingir o equilíbrio leva tempo, paciência e
dedicação para realizar tal feito precisamos, estar concentrados e motivados. Esses valores
são ensinados atravéz da espada, no dojo o aluno deve manter sempre a postura, estar
atento e por o coração nos movimentos porque todos devem ser executados com precisão,
perfeição e eficiência atingindo o adversário da melhor forma com mínimo de esforço o
aluno também aprende a esperar com paciência hora certa de atacar e também a se
sacrificar para ganhar uma luta, as vezes é preciso perder um pouco de território para
vencer. Seja pelo kenjutsu, kendo ou iaido aquele que praticar, se dedicar e viver a filosofia
por traz da espada será um vencedor mesmo que não seja um guerreiro[7].

7 – Referências
1- Wilipedia – Bushido - http://pt.wikipedia.org/wiki/Bushido acesso em 20 de junho de 2006
2- Yuzan, DAIDON – Bushido o código do samurai. São Paulo: Madras, 2005. 125 p.
3- Bushido Online - http://www.bushido-online.com.br/samurai.htm acesso em 20 de junho
de 2006
4- Wikipedia – Samurai - http://pt.wikipedia.org/wiki/Samurai acesso em 20 de junho de
2006
5- Kenjutsu - http://www.kenjutsu.com.br/filosofia.html acesso em 20 de junho de 2006
6- Niten KIR - http://www.kir.com.br/metkir.htm acesso em 20 de junho de 2006
7- Kishikawa, JORGE – ShinHagakure. São Paulo: Conrad, 2004. 136 p.
Universidade de Brasília – Unb
Instituto de Letras – IL
Disciplina: Cultura Japonesa 1
Professor: Sachio Negawa
Estudante: Raquel Moita Vianna
Matrícula: 99/10298

SUSHI

BRASIL – JAPÃO

INTRODUÇÃO

Minha história com o sushi apesar de não ser muito antiga, não é menos profunda.
Aprendi a fazer sushi no mesmo dia em que experimentei pela primeira vez. Acompanhei
todos os procedimentos e participei efetivamente da sua “confecção”. Fiquei absolutamente
encantada pela singularidade das técnicas e seu belíssimo resultado. Me apaixonei também
pelos sabores tão diferentes de tudo o que já tinha experimentado até então. Desde aquela
noite tenho feito sushi de vez em quando para os amigos, trocado receitas e aprendido a
cada dia um pouco mais sobre essa arte.

Há um certo tempo vinha me perguntando sobre as suas origens e, ao começar o curso de


Cultura Japonesa 1 confesso que me surpreendi ao aprender que não se trata de uma
culinária tradicional japonesa. Optei, portanto, pelo tema “Sushi Brasil-Japão”, em que
pretendo desenvolver um panorama histórico do surgimento e desenvolvimento do sushi no
Japão, descrever as modalidades de sushi no Japão e traçar um comparativo com a versão
brasileira dessa técnica, tendo por base a noção de que qualquer tipo de manifestação
cultural própria de um país qualquer (inclusive a culinária), ao se instalar em país
estrangeiro, recebe interferência direta da cultura local. Com o sushi não foi diferente.
Pretendo enfocar no meu trabalho esse panorama comparativo, em que gostaria de
alcançar as diferenças nos sabores e nas preferências entre apreciadores dos dois países.

DESENVOLVIMENTO

Panorama Histórico – Japão

Não se pode dizer com absoluta certeza das origens do Sushi no Japão. Sabe-se
que antigamente costumava-se acondicionar os alimentos em caixas de madeira e conta-se
que certo dia um homem resolveu guardar um peixe grelhado e salgado numa caixa que
continha uma certa quantidade de arroz. O homem esqueceu-se de que tinha colocado o
peixe na caixa do arroz e, ao lembrar-se dele alguns dias depois constatou que o peixe
havia fermentado ali dentro e exalava, portanto, um cheiro azedo. Como naquela época
havia muita dificuldade de se conseguir comida, o homem teve pena de jogar o peixe fora e
resolveu provar um pedaço dele. O gosto era diferente, azedo e meio adocicado, e o homem
achou até agradável. Como não passou mal, ele tentou repetir a façanha algumas outras
vezes. Até hoje se faz uma modalidade de sushi em que se acrescenta, numa caixinha de
madeira, um pouco de arroz, coloca-se peixe por cima e depois uma camada de legumes.
As técnicas de preparação do Sushi desenvolveram-se ao longo de muitos anos, os
pescadores comiam com as mãos bolinhos de arroz com peixe cru por cima, envoltos com
alga, parecidos com esses que temos hoje em dia.
.

Por ser um país insular, os japoneses usam uma variedade de peixes, ovas de peixe
e mariscos que não encontramos no Brasil. Esse é o principal motivo dos altos custos desse
prato.

Panorama Histórico – Brasil

Os primeiros Japoneses chegaram ao Brasil em 1908, no navio Kasato-Maru e se


depararam com uma culinária completamente diferente da sua. Acostumados com o
tradicional chá verde, cheio de propriedades medicinais, depararam-se com o potente café.
Acostumados com peixes e mariscos, depararam-se com carnes pesadas como a carne
seca, o charque, além das farinhas de milho, de trigo, enfim, tudo muito diferente e pesado
demais para o paladar japonês. Começaram a formar uma pequena comunidade na região
que corresponde ao atual bairro da Liberdade, onde possuíam pequenas fábricas de tofu,
udon, tudo muito simples e feito para o consumo interno, dos próprios japoneses. Naquela
época não tínhamos o hábito de comer fora de casa e a comida japonesa não era agradável
ao paladar brasileiro, então os pequenos restaurantes japoneses, tradicionais e caros, não
resistiram e acabaram falindo.

A contribuição Contemporânea e a Questão do Estereótipo

No Ocidente, mais precisamente nos EUA, alguns executivos japoneses não conseguindo
se adaptar ao paladar ocidental, importaram do Japão o know-how da culinária japonesa e
logicamente as técnicas começaram a sofrer algumas alterações. Devido à impossibilidade
de se ter acesso a alguns peixes e mariscos muito caros, os sushimans criaram
modalidades de sushi mais baratos utilizando frutas e legumes, além do salmão, kani-kama,
atum etc.
No Brasil, os Sushi-Bar tiveram lugar mais efetivamente na década de 80 e alguns,
menos tradicionalistas acrescentaram as modalidades importadas dos EUA, mas ainda
assim podemos encontrar alguns restaurantes que permanecem, de alguma maneira, mais
fiéis ao estilo japonês de preparar e servir esse prato maravilhoso. Hoje em dia, com a
globalização, está em alta a comida dita “light”, sem gorduras, portanto a comida japonesa é
um “prato feito” para o homem ocidental contemporâneo de maneira geral.
Sushi no Japão pressupõe uma culinária para ser apreciada. Aprecia-se os sabores,
visualmente aprecia-se as cores e formas e também a louça. Como o Japão possui
estações do ano bem definidas, os ingredientes também obedecem essa ordem natural.
Assim sendo, existem ingredientes típicos das estações do ano (Exemplo: O Atum é um
peixe típico do outono- inverno Japonês) e existem diferenças para os sushis e para as
louças de acordo com a estação do ano em que forem servidos.
A maneira de se servir o sushi nos restaurantes Japoneses também é muito
diferenciada. Há saudações de chegada e de despedida oferecidas aos clientes, o sushiman
fica à disposição dos mesmos e serve sushis na hora em que termina de prepará-los.
Devem ser servidos frios, quase gelados.
No Brasil é muito diferente. Encontramos, além dos restaurantes japoneses, sushis
sendo vendidos em restaurantes self-service, junto com outros tipos de comida, como a
chinesa, por exemplo. Não conhecemos outros ingredientes mais tradicionais, tampouco
podemos apreciar as louças. Nunca fomos saudados ao entrar num restaurante tipicamente
Japonês. É uma pena...
Ao contrário do que se pensa, a comida Japonesa não se resume ao Sushi, que é
um prato muito caro. Existem pratos quentes, sopas, chás, uma variedade de pratos leves e
bastante nutritivos compõem o cardápio cotidiano dos Japoneses.

CONCLUSÃO

Aprendi muito sobre essa culinária maravilhosa. Já sabia que encontraria algo novo e
diferente do que conhecia (mesmo porque conhecia muito pouco), mas não imaginava que
seriam tantas essas diferenças. Acabei ficando ainda mais curiosa e ainda mais encantada e
não pretendo parar essa pesquisa por aqui.
Universidade de Brasili – UnB 12/06/2006
Departamento de línguas estrangeiras e tradução – LET
Cultura japonesa 1
Professor: Sachio Negawa
Aluno: Taygoro Braga de Brito Kudo
Matricula – 04/20352

Ainu

Indice

As origens do povo japonês 03


O povo Ainu 04
Historia 05
Língua 06
Literatura 07
Folclore 08
Situação atual 09

As origens do povo japonês

Durante a ultima era glacial há registros de que o Japão era ligado ao continente asiático por
uma camada de gelo. Grupos nômades de caçadores migraram da Ásia central,
atravessando pelo gelo em duas rotas, uma delas pelo norte e a outra pelo sul. A migração
feita pelo sul ocorreu primeiro, a cerca de cinqüenta mil anos antes de Cristo, quando as
ilhas de Honshu, Shikoku e Kyushu eram interligadas devido à glaciação, formando uma
grande ilha. Enquanto a migração desse povo pelo norte se deu por volta de dezoito mil
anos antes de cristo. Como pode se ver no mapa, a grande ilha formada pelo gelo e
Hokkaido não possuíam nenhuma formação glacial que servisse de ponte entre essas duas
ilhas. Sendo assim esses dois povos ficaram separados desde o inicio. O que fez com que
essa diferença de tempo evidenciasse a diferença de fisionomia entre ambos os povos.

Imagem retirada da pagina fieldmuseum.com

Por muito tempo o grupo do qual os Ainu se originaram ficou indefinido. Alguns
pesquisadores achavam que eles eram caucasóides enquanto outros achavam que eram
australóides ou mongolóides devido a características físicas, mas exames de sangue
puderam identificar um padrão mais próximo dos mongolóides.

O povo Ainu

Em geral Ainu, termo quase que genérico para definir as diversas tribos residentes no
território das ilhas ao norte, são aborigenes, de origem controversa que habitam as ilhas de
Hokkaido, ao norte do Japão, Kurile e Sakhalin ao sul da Rússia. Sempre passaram por
situações de discriminação por parte do povo japonês, mas nem sempre foram a minoria
que se apresenta hoje. Eles habitavam a região norte da ilha de Honshu e foram com o
tempo sendo isolados na região ao extremo norte, em Hokkaido. E com as leis de proteção,
sua cultura está sendo preservada e ensinada, de modo a tentar diminuir a discriminação
com relação a esse povo e preservar parte da historia do arquipélago japonês.

Mapa representando a região habitada pelo povo Ainu entre 1200 e 1500 d.C.
Imagem retirada do site fieldmuseum.com

Historia

Por volta de 300 A.C. enquanto o Japão, ilha de Honshu, estava passando pelos períodos
Yayoi e Muromachi, a ilha de Hokkaido, que ainda não era considerada parte integrante do
Japão, foi habitada por povos de culturas de desenvolvimento diferente, como Zoku-Jomon,
Satsumon e Okhotsk.
A “cultura ainu” como conhecida hoje provavelmente foi definida entre 1400 e 1700 e de
acordo com algumas teorias essa cultura é a mistura da cultura Satsumon com a cultura
Okhotsk.
Nesse período a civilização japonesa presente em honshu começou a se espalhar pelo
norte e sul de Hokkaido, essa “invasão” teria sido motivo das guerras de Kosyamain em
1457, Syaksyain em 1669, e a guerra de Kunasiri-Menasi em 1789. A perda consecutiva
dessas guerras fez com que a opressão e o preconceito surgissem como força maior na
relação entre os japoneses e os Ainu.
Até a restauração meiji os Ainu remanescentes no arquipélago japonês foram proibidos de
utilizar suas roupas tradicionais e passaram a ter que utilizar roupas japonesas.
Com a restauração meiji uma lei de proteção ao povo Ainu foi promulgada, mas apesar
dessa nova lei proteger a cultura ainu, ela evidenciava mais ainda a diferença entre os
povos ainu e japoneses e com essa nova lei a exploração do povo ainu deu lugar a
discriminação, que é u problema social atualmente.

Lingua

A Lingua dos Ainu, que não se aproxima de nenhuma outra, estava sendo deixando de ser
utilizada como língua primaria, atualmente apenas algumas poucas pessoas tem o Ainugo
como sendo sua primeira língua. Isso se da devido a grande migração japonesa para a
região de Hokkaido e também por causa das associações de proteção aos Ainu, que apesar
de tentar proteger a cultura tem como maioria dos funcionários, falantes do idioma japonês.

Uma curiosidade com relação à língua ainu, é que ela apesar de ter a mesma origem, o
isolamento entre as tribos fez com que fossem criados diversos dialetos, estes que muitas
vezes são inteligíveis, tornando-se um problema na união entre as tribos.
Literatura

Por não haver alfabeto não há registros escritos pelos Ainu, por esse motivo sua literatura se
tornou exclusivamente de natureza oral, e muito pouco foi escrito em outras linguas antes do
século 19. Muitas dessas histórias ocorrem na forma de poemas, conhecidos como yukar,
kamuy yukar, uepeker e ikopepka que narram épicos, lendas e a história do povo Ainu.

Os Yukar são estórias que contam geralmente façanhas de heróis, normalmente órfãos, ou
deuses que juntamente com os humanos participam de varias situações dramáticas.Os
personagens humanos são chamados por diversos tipos de nomes, como Poiyaunpe, Pon-
shinutapkaunkur, Pon-otasamunkur, e Yayresupo, dependendo da região, e os deuses pelos
nomes Aeoynakamuy, Ainurakkur e Okikurmi. Esses contos são narrados por uma pessoa
que se senta ao lado de uma lareira e portando uma vara ou bastão, chamado repni, narra
as estórias e assim passando as para próximas gerações. O yukar também é conhecido
como yayerap, sakorpe, ou haw e na ilha de Sakhalin é conhecido como hawki.

Os Kamuy Yukar são estórias que também contam façanhas, mas o que diferenciam essas
estórias são os personagens, que são animais e deuses importantes na cultura dos Ainu que
fazem o papel dos heróis e vilões. Assim como em outras culturas a presença de animais
como personagens principais de historias está ligada a lições de moral.

Os uepeker, também é conhecido por tuitak em algumas áreas e por uchashkuma em


Sakhalin. Diferente dos yukar, que contam contos mais fantasiosos, os uepeker contam
vivencias de pessoas reais da historia dos Ainu, e assim passando para as outras gerações
como as pessoas em tempos antigos, fizeram coisas importantes e que marcaram a historia
desse povo.

As ikopepka ou upashkuma são histórias que também relatam veracidades da história dos
Ainu, mas por apresentar uma narração mais fantasiosa, ela fica com um aspecto mais
parecido com o de lendas.

As yaysama são um tipo de literatura lirica, onde as mulheres cantam exprimindo suas
emoções e como muitas das palavras dessas canções são emprestadas para outras
gerações, elas também são consideradas um tipo de literatura oral.

Abaixo podemos ver um exemplo de literatura Ainu

“Quando o Criador terminou de criar o mundo e retornou ao céu, ele enviou uma
galinha para a terra para ver se o mundo estava bom ou não, com ordens de voltar
logo. Mas o mundo era tão belo que a galinha sem conseguir parar continuou
observando por vários dias. Até que então depois de muito tempo a galinha resolveu
voar de volta para o céu. Então Deus, não contente com sua desobediência jogou a
galinha na terra e disse: “você não mais é bem-vinda no céu”
E é por isso que desde então as galinhas não podem voar alto.
(escrito por memória. Contado por Penri, 18 de Julho de 1886)
Folclore

O povo Ainu adora coisas usuais para eles ou que estão alem do seu controle, como
kamui(deuses). Diariamente eles rezam e executam diferentes cerimônias para os deuses.
Dentro desses deuses estão incluídos as divindades da natureza, como fogo, água, vento e
trovão, as divindades animais, como ursos, raposas, corujas e golfinhos, as divindades das
plantas, dos objetos e as divindades que protegem as casas, montanhas e lagos. A palavra
Ainu, que na língua nativa destes aborígines significa ser humano, é utilizada com um
significado como se fosse o oposto a condição de deus.
O folclore Ainu influencia diretamente no seu cotidiano, um exemplo bem evidente são as
crianças, que no momento em que nascem até por volta de cinco anos, são chamados de
“resto”, “excremento” etc, para que assim as divindades não visem essas crianças.

Situação atual

Atualmente os Ainu ocupam principalmente Hokkaido e são protegidos pela Hokkaido Utari
Association que trabalha pela preservação e divulgação da cultura Ainu. Mas mesmo com os
esforços eles ainda sofrem com discriminação.

A população, segundo um senso realizado pelo governo de Hokkaido em 1984, é de 24.381


pessoas. Mas este senso não é preciso. Muitos dos ainu passaram a se identificarem como
japoneses o que da uma grande margem de erro dentro das estatísticas.
A miscigenação entre as duas etnias também é um outro fator que atrapalha na contagem
correta, mas isso mostra que apesar de ter sido criado um estereótipo de que a cultura Ainu
é vitima de discriminação japonesa, vem acontecendo a união de ambos os lados e que
mesmo em pequeno numero, vem contribuindo para a sua preservação.
Recentemente a faixa etária mais jovem do povo Ainu vem tentando resgatar sua cultura e
língua. Eles vêm se organizando de modo que muitas das apresentações organizadas pelas
associações de proteção e pelos museus Ainu são executadas por esses membros jovens.

O material que pode ser encontrado a respeito dos Ainu tem crescido. Não apenas a internet
e livros em japonês, mas também livros em inglês têm retratado a historia e outros aspectos
mais detalhadamente.

Bibliografia:

http://www.ainu-museum.or.jp/
http://www.sacred-texts.com/shi/ainu/index.htm
http://www.fieldmuseum.org/
AINO FOLK-TALES. Basil Hall Chamberlain, London, 1888
Kodansha encyblopedia of Japan
Universidade de Brasília
Faculdade de Letras
Disciplina: Cultura Japonesa 1
Aluno: Narciso Portela
Matrícula: 02/98395

Trabalho de Cultura Japonesa: O suicídio no Japão

Índice

Introdução _______________________________________________________________3
Histórico ________________________________________________________________4
Aspectos Culturais e Econômicos ___________________________________________5-6
A questão do gênero _______________________________________________________7
Os fatores Psicológicos _____________________________________________________8
As novas mídias __________________________________________________________9
O budismo e a morte ______________________________________________________10
Conclusão ____________________________________________________________11-12
Referências bibliográficas __________________________________________________13

Introdução

Todos os anos milhares de japoneses cometem suicídio. O país convive com uma alta taxa
de suicídios que, atualmente, gira em torno dos 30 mil. Em 2005, foram 32 mil casos,
mesmo número verificado em 2004 e 34 mil em 2003. Mesmo com números tão elevados o
Japão não chega a ser o recordista nesta área. Perde, em números absolutos, para a
Rússia e para a Índia. Também segundo dados da OMS, pouco mais de 50 mil russos
cometeram suicídio naquele país no ano de 2002 (último dado disponível), número que se
mantém mais ou menos constante desde 1995. No mesmo ano no Japão foram
aproximadamente 30 mil casos. Já na Índia, ocorreram, segundo dados da OMS, 104.713
casos em 1998, último ano com informações disponíveis. Cabe lembrar que a população da
Índia é quase dez vezes maior que a do Japão. O mesmo vale para a situação nos Estados
Unidos. O número de suicidas japoneses (30 mil) é praticamente igual ao de norte-
americanos, mas os Estados Unidos têm mais que o dobro da população do Japão.
O que chama a atenção então para o suicídio no Japão não é exatamente o número, mas as
razões que levam tantos japoneses a escolherem esse fim. É no Japão que o ato de tirar a
própria vida ganha contornos histórico-culturais, chegando mesmo a oficializar-se a prática
durante o Xogunato Tokugawa. Daí porque esse trabalho volta-se para esse aspecto pouco
comum no estudo da cultura de um país. Conhecer as causas e explicações do suicídio no
Japão é uma forma de letramento cultural dado que a prática está enraizada na cultura
desse país. Aspectos econômicos, sociais, históricos e tecnológicos se misturam e o suicídio
não pode ser explicado senão pelas peculiaridades da cultura japonesa.

Histórico

O suicídio como prática corrente no Japão remonta à época dos Samurais. A relação com o
suicídio é tida por muitos autores como uma herança deixada pelo código de ética dos
samurais – o bushido, que corresponde, segundo Lebra à “disponibilidade para a morte”
(1972:190). Para o código samurai, era honroso cometer suicídio para evitar ser capturado
pelo inimigo ou para limpar a reputação. Ainda de acordo com Lebra, “o encorajamento à
morte voluntária pode ter sido reforçado pela legitimação do seppuku ou harakiri [corte
transversal do abdômen realizado da esquerda para direita] sob o Xogunato Tokugawa”.
Para a autora, o ritual é indicativo de que a sociedade japonesa fez um “investimento
cultural” na morte.
O Japão passou por três ondas de suicídio. O primeiro ciclo inicia-se em 1955, o segundo
por volta de 1985 e o terceiro por volta de 1998. A primeira onde ocorreu então cerca de dez
anos depois de os pilotos kamikazes japoneses desabarem como bombas sobre as cabeças
e navios dos soldados americanos durante a 2ª Guerra Mundial. Como afirma Lebra, os
ataques suicidas atingiram legitimidade tal que não eram concebidos como suicídio. O chu,
a obrigação para com o Imperador, como veremos mais tarde, e o suicídio estavam de tal
forma arraigados na cultura japonesa que não houve necessidade de doutrinação, segundo
explica Ruth Benedict em “O Crisântemo e a Espada”. Segundo Benedict, os japoneses
acreditavam que durante a guerra “estavam sob os olhos do mundo e deveriam mostrar o
seu estofo”. A preocupação com o mundo exterior, de acordo com a autora, encontrava-se
igualmente embutida na cultura japonesa e isso terá implicações sobre a taxa de suicídio.

Aspectos culturais e econômicos

A cultura japonesa é marcada segundo Ruth Benedict pelo respeito à hierarquia, aos papéis
socialmente designados para cada um – em acordo com a idade, gênero e primogenitura.
Os japoneses desenvolveram o que a autora classifica de “linguagem de respeito”, em que
“cada cumprimento, cada contato deve indicar a espécie e grau de distância social entre os
homens”. Isso significa que a forma de tratamento, o que inclui variações lingüísticas, irá
depender de uma série de fatores, como o fato de o interlocutor fazer parte da família ou
não, de ser um inferior ou de um superior.
Dentro desse ponto de vista, encontra-se o que os japoneses definem como “on”,
obrigações a cumprir. O simples fato de aceitar um cigarro gera um “on”, ou um débito a
pagar. Toda a organização social e a linguagem se baseiam (ou se adaptaram), portanto, no
pagamento ou recebimento de “on”. O on, segundo Benedict, ocorre mesmo numa compra.
Daí terem, os japoneses, palavras para designar situações específicas. Arigatô, por
exemplo, equivale a “Oh, esta coisa difícil”, e usado pelo comprador devido ao grande favor
de comprar naquela loja. Os lojistas respondem com um sumimasen, “Oh, isto não acaba”,
literalmente. Pode ser traduzido por obrigado, perdão, desculpe-me.
Isso mostra como a sociedade está amarrada nesta teia de relações e como o
cumprimento do dever e das obrigações assumidas são importantes para o japonês. Deixar
de pagar um on é cair em desgraça. Daí os japoneses viverem sob pressão, no trabalho,
nas escolas, nas relações com pai e mãe. A cobrança tem certamente um papel importante
também nas taxas de suicídio. Tanto é que Benedict afirma que o básico postulado da
japonesa é o grande débito “automaticamente incorrido através do nascimento”. O japonês é
devedor dos pais pelo nascimento, dedicação e cuidados.
O pagamento do Ko (o on devido aos pais) é absoluto e jamais poderá ser pago. Talvez por
isso muitos dos estudantes cruzam o caminho do suicídio diante da impossibilidade de
corresponder aos anseios dos pais, que tornam-se, verdadeiramente os deles. Outra
obrigação que também está na raiz de muitos suicídios é o giri, o pagamento – em
proporções matemáticas – de obrigações sociais. Diferentemente das outras obrigações,
aceitas e cumpridas em virtude da própria estruturação da cultura japonesa, o giri
normalmente é pago a contragosto. Segundo a autora, envolve relações contratuais, como o
casamento (sogra na língua japonesa é “mãe-por-giri”), e abrange um sem número de
relações sociais e por isso mesmo é de difícil definição. Nesse caso é o giri para o mundo.
Há ainda o giri para com o nome, a obrigação de limpar a reputação diante de um fracasso
ou de uma infâmia. A origem do giri, segundo Benedict, está ligada aos samurais e às
relações de dependência com o senhor feudal e com os companheiros de armas. É para
limpar o nome de vergonha, e honrar a família que homens de negócio condenados por
corrupção, ou aqueles em decadência financeira cometem suicídio.
Da mesma forma um professor não pode admitir ignorância, um homem de negócios ou um
diplomata não podem admitir fracassos. Por isso, os japoneses evitam ao máximo a
exposição à competição, que tem, inclusive, efeito nocivo para a produção pessoal. Os
japoneses acreditam afinal que têm um lugar a ocupar no mundo e também na sociedade e
isso tem a ver com um relativo status e com a possibilidade de levar uma vida digna. Daí
porque durante as crises econômicas, os suicídios aumentam. O desemprego está
fortemente ligado às taxas de suicídio no Japão.

A questão do gênero

O fato de ser homem ou mulher, como afirma Benedict, irá influir na posição ocupada
na sociedade japonesa e, conseqüentemente, nas taxas de suicídio. Mais homens do que
mulheres são levados a tirar a própria vida. Em 2002, dos 30 mil casos de suicídio, 21 mil
foram protagonizados por homens e cerca de nove mil por mulheres. Por faixa etária, o
período crítico para ambos os sexos inicia-se aos 25 anos e atinge seu ápice entre 45 e 64
anos. O fato de o Japão ser uma sociedade patriarcal em muitos aspectos – Benedict
ressalta que a mulher tem papéis fundamentais na cultura japonesa e goza de liberdade
muito maior do que em outros países asiáticos – pode ser uma explicação para isso.
Ao explicar como funcionam as regras de hierarquia que todo japonês começa a
aprender no âmbito familiar, a autora afirma: “A esposa inclina-se diante do marido; a
criança, diante do pai; os irmãos mais jovens diante dos mais velhos e a irmã, diante de
todos os irmãos, independentemente da idade” (1997:48). Segundo a autora, a posição
social depende do gênero.

Os fatores psicológicos

Sugyiama, mais do que Ruth, desce mais a fundo nas implicações e motivações
psicológicas do suicídio. Entre as motivações para a o suicídio, a autora aponta um bloqueio
de comuncação. Como não conseguem se comunicar ou persuadir o outro usam o suicídio
como uma forma drástica de serem ouvidos. Dois fatos culturais influenciam: a crença de
que não se pode confiar nas palavras e o senso de culpa japonês. Nas mensagens deixadas
por muitos, segundo a autora, é possível identificar motivos intrapunitivos (o problema está
na pessoa, uma falha, um fracasso) ou extrapunitivos (o problema estás nos outros e o
suicídio é uma forma de vingança).
Em muitos casos, diz a autora, o suicídio está relacionado a fatores de coesão social,
especialmente nas relações interpessoais baseadas em lealdade, estima, amor ou um
simples desejo de pertencimento. Nesses casos, o ego, isto é, o eu consciente, pode achar
o suicídio tentador porque irá culminar na coesão com o Alter (o outro eu, nesse caso um
próximo), ou porque colocará um fim a sua frustração com a falta de coesão. Implica a
relação com um outro, o amor, um superior, etc.
Há ainda o suicídio cometido em razão de uma identificação compulsiva com ou um
comprometimento com o status e o papel que alguém detém ou aspira. É, em tradução livre,
“o narcisismo do cargo”, “uma intensa identificação com o cargo ocupado”. Ocorre em razão
de erros pessoas ou de pessoas por quem se é responsável. É o caso de jovens estudantes
diante da pressão por ocupar um status determinado diante da cobrança pessoal, familiar e
social. É importante ressaltar que todos os casos citados pela autora podem ser explicados
também a partir dos aspectos culturais como já visto acima. Cultura e psicologia devem ser
parte de uma mesma análise sobre as causas dos suicídios no Japão.

As novas mídias

Relatório da Organização Mundial de Saúde divulgado este ano mostra que o Japão
é um dos líderes em acesso à tecnologia, especialmente, em relação à Internet. A
introdução desses novos meios de acesso à informação precisa ser estudada a fim de
quantificar o quanto as novas mídias têm relação com o número de suicídios no Japão. Isso
porque a divulgação de suicídios incentiva pessoas com tendência suicida a seguirem o
caminho visto nos meios de comunicação. Estudos mostraram, por exemplo, que logo após
a publicação do livro.
Os sofrimentos do Jovem Werther, obra de Goethe em que o personagem principal põe fim
a vida com uma bala na cabeça, o número de casos de suicídio aumentou. Para evitar o
chamado “Efeito Werther”, a OMS publicou uma cartilha orientando os meios de
comunicação sobre como agir diante de um caso de suicídio. A opção por não divulgar
esses casos faz parte até do próprio código de ética de muitas emissoras.
Ocorre que a Internet é terreno livre. Cada um alimenta a rede com informações sem estar
sujeito às regulações às quais se submetem os veículos midiáticos tradicionais. Pelo menos
em outros países como veremos a seguir. O jornal português Público, acessível via rede
mundial, divulgou notícias sobre suicídios combinados no Japão pela Internet. Mas mesmo
jornais japoneses noticiaram os suicídios combinados pela rede. Em artigo publicado no site
Espaço Acadêmico, a socióloga Kayoko Ueno relata um desses casos. Segundo Ueno, em
2003 um pacto suicida foi noticiado em uma série de reportagens na mídia japonesa. Assim,
as novas mídias se juntam aos aspectos culturais e econômicos, aos fatores psicológicos e
de gênero nas explicação do suicídio no Japão.

O budismo e a morte

Há ainda um outro fator importante para explicar os índices de suicídio no Japão: a relação
com a morte. Diferentemente das culturas ocidentais cristãs, não há na cultura japonesa o
chamado pecado original, o sentimento de culpa. Para eles, como explica Benedict, o que
importa é o espírito, como ficou evidente no caso dos kamikazes. A morte significava a
vitória do espírito. Os japoneses “não trabalham com o conceito de bem e mal, mas com o
de certo ou errado para o círculo de obrigações”. Sobre isso é interessante destacar uma
passagem inteira de O Crisântemo e a Espada: “Eles não têm uma teologia que exclama
junto com o salmista: “Vede, forjaram-me na iniqüidade e minha mãe concebeu-me no
pecado”. Segundo Benedict, os japoneses nada sabem sobre a queda do homem. “O seu
sofrimento não advém do julgamento de Deus sobre eles, revela, antes, que cumpriram seu
dever”. No Brasil, a taxa de suicídio gira em torno de sete mil casos por ano. É lícito supor,
embora esse tipo de avaliação não tenha respaldo científico, que, assim como no Japão, a
religião tem um papel importante nos números relativamente baixos. O último dado
disponível na OMS é de 1995, quando 6584 brasileiros cometeram suicídio. O bem maior
para o catolicismo (maior religião brasileira) é a vida e só a Deus é dado o poder de decidir
sobre a hora da partida. O suicídio é tido como pecado e condenado pela Igreja. Ao passo
que na Índia, país onde a maioria da população – cerca de 80% – é hinduísta, a taxa de
suicídio alcança supreendentes 104.713 casos. Também os hinduístas acreditam, como no
Budismo, em um ciclo de morte e reencarnação e no carma, evidências de uma outra
relação com a morte.

Conclusão

Qualquer análise sobre os casos de suicídio no Japão devem levar em conta todos
os fatores citados acima. De alguma maneira, a cultura, principalmente, mas a economia, os
aspectos históricos e psicológicos, a questão de gênero, a religião e as novas mídias
introduzidas no cotidiano das pessoas com a modernização tecnológica se relacionam para
produzir o alto índice de suicídio japonês. Os aspectos psicológicos requerem especial
atenção. São eles que podem explicar – ou pelo menos tentar – porque diante de situações
consideradas vergonhosas no Japão alguns optam por colocar fim à própria vida e outros se
recuperam se seguem. Cabe, no entanto, como ideal antropológico, analisar a questão a
partir do ponto de vista japonês, das características próprias daquela sociedade.
Os números e os aspectos culturais levantados por Ruth Benedict mostram uma relação
com a morte diferente da que temos no Ocidente. Há que se discutir se essa taxa de
suicídios – e o ato em si – é realmente um problema e de que ordem. A visão ocidental
tende a ver o suicídio como um problema por questões religiosas. Mas será que a decisão
de acabar com a própria vida não cabe apenas a quem pratica o suicídio? No Brasil não há
legislação que o proíba, visto que, como lembra o jornalista Helio Schwartsman em artigo,
“não há em nossos códigos uma única linha que penalize o suicida. A própria Constituição,
em seu artigo 5º, inciso II, garante que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude da lei". Excetuando-se aí, talvez, os casos em há
diagnóstico de doenças, como depressão, que podem levar ao suicídio. Haveria aí, uma
evidente tarefa do Estado, pelo menos, de garantir a saúde de sua população.
Da mesma forma, há pelo menos um problema a apontar nas altas taxas de suicídio
no Japão. Na concepção de Aristóteles, a função do Estado é garantir e promover o bem
comum. Ocorre que a taxa de natalidade japonesa é declinante (há 23 anos), ao passo que
a taxa de mortalidade é crescente. Hoje, apenas cerca de 13% da população do país é
formada por crianças. Em 2005, o número de morto superou o número de nascimentos e
pela primeira vez na história desde que os números são contabilizados – há mais de um
século – a população japonesa diminuiu de tamanho.

No futuro, mantida a atual situação a população japonesa terminará 2050 com 20 milhões a
menos de pessoas, número que pode prejudicar a saúda da economia do país. Não se
esqueça de que a economia do Japão só agora ameaça sair de uma recessão de mais de
uma década. Lembre-se, então, que o número de pessoas que cometem suicídio no Japão
é formado em boa parte por homens (mais que o dobro da taxa feminina) e mulheres em
idade produtiva, dos 15 aos 55 anos. É um dado ruim a mais para um país que ainda ensaia
sair da recessão.

Referência biliográfica

Benedict, R., O Crisântemo e a Espada, Perspectiva, 1980.

Lebra, S., Jappanese Patterns of Behavior, University of Hawaii Press, 1976.

Ueno, K., O suicídio é o maior produto de exportação do Japão? Notas sobre a cultura de
suicídio no Japão Espaço Acadêmico, www.espacoacademico.com.br/044/44eueno.htm

Schwartsman, H., Mercadores de Órgãos,


http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult510u250.shtml

____________, Censura química,


http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult510u220.shtml

Aristóteles, Política, Martin Claret, 2002.


Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Letra – IL
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Disciplina: Cultura Japonesa I
Professor: Sachio Negawa
Aluna: Suelen Lívia Moreira de Abreu Inatomi Matrícula: 04/20158

Brasília, 27 de julho de 2006.


UM OUTRO PAÍS
ABAIXO

DA SUPERFÍCIE
INTRODUÇÃO
A Arquitetura Moderna Japonesa desdobra-se em posturas arquitetônicas bem
peculiares. Desenvolveu-se um “cenário” funcional equilibrado, onde todo espaço deve ser
aproveitado da melhor maneira possível.

Após a 2ª Guerra mundial, a vida no Japão mudou significativamente, tornando mais


ocidentalizada. Isso se reflete na alimentação, vestuário e arquitetura (principalmente na
habitação). A maioria das residências do Japão, de antes da guerra, era de madeira coberta com
telhados, e tatames no chão, em todos os cômodos. Atualmente, de modo geral, as estruturas
residenciais têm cômodos em estilo ocidental com pisos de madeira e, em áreas urbanas,
muitas famílias vivem em prédios de vários andares.

Porém, a “grande novidade” na arquitetura deste país, é a construção de uma nova vida
abaixo da superfície. No Japão, acontece muita coisa no subsolo. O país é populoso e, dada a
limitada área disponível, o espaço subterrâneo tem sido usado de forma cada vez mais criativa
desde a década de 70. Hoje, até 10 milhões de pessoas usam o metrô diariamente, há uma
infinidade de estabelecimentos comerciais nas galerias subterrâneas, e cabos e tubulações
conduzem sinais de telecomunicações e energia por baixo da superfície...

1 – FUNCIONALIDADE SUBTERRÂNEA
Há um grande complexo subterrâneo na zona central de quase todas as metrópoles
japonesas. Alguns deles são concorridas áreas comerciais; outros, movimentados labirintos
que interligam convenientemente estações ferroviárias e edifícios adjacentes. Estas “ruas”
subterrâneas permitem um aproveitamento eficaz dos valorizadíssimos terrenos e
proporcionam atraentes espaços para usufruir.

1.1 – CIDADE QUE CRESCE EM TODAS AS DIREÇÕES

No século 20, os arquitetos usaram técnicas de construção inovadoras para desenvolver


espaços artificiais nas grandes cidades. A possibilidade de construir tanto para cima como para
baixo proporciona um aproveitamento muito eficaz dos terrenos urbanos.
O primeiro espaço comercial subterrâneo do leste da Ásia foi inaugurado em abril de
1930 junto à Estação de Ueno, em Tóquio. As “lojas do metrô”, como eram chamadas, reuniam
produtos do cotidiano a preços reduzidos e restaurantes com cardápio popular. O principal
objetivo dos planejadores fora tornar a área mais conveniente para o público, de modo especial
para os passageiros do metrô.
Em Osaka, por volta da mesma época, havia planos de construção de uma galeria
comercial subterrânea junto à Estação de Nanba, do metrô. Mas a idéia foi abandonada diante
da oposição dos proprietários de muitos estabelecimentos comerciais da superfície, que
receavam perder sua freguesia. Depois, em torno de 1940, três diferentes espaços do subsolo –
a estação subterrânea das ferrovias elétricas Hanshin em Umeda; a estação do metrô de Umeda;
e a área subterrânea de varejo da loja de departamentos Hankyu – foram interligadas por
corredores subterrâneos. Umeda tornava-se assim um verdadeiro modelo de cidade
subterrânea.
Em 1942, no artigo intitulado “Osaka abaixo do chão”, o jornalista Kitao Ryonosuke
escreveu que os espaços subterrâneos de Osaka eram, mais que outras partes da cidade, “uma
convergência caótica e fora de controle inteiramente contrária ao planejado”. Na época, as
empresas ferroviárias e lojas de departamentos afixavam nos corredores do subsolo suas
próprias indicações de forma descoordenada, gerando o caos descrito pelo jornalista. Ele
também escreveu que, no futuro, todos os prédios do centro de Osaka poderiam vir a ser
interligados por passagens subterrâneas, “criando áreas de circulação de pedestres ocultas da
superfície”.

1.2 – A FREGUESIA DESCE AO SUBSOLO

As previsões do jornalista tornaram-se em parte realidade na década de 50. A empresa


Osaka Chikagai, que recebia suporte financeiro da Prefeitura de Osaka, construiu sucessivos
centros subterrâneos em várias áreas, como nos terminais ferroviários de Nanba e Umeda, nos
distritos comerciais de Sennichi-mae e Abeno, e nas áreas de prédios de escritórios de
Nakanoshima e Dojima. Com a expansão da economia japonesa, as cidades cresciam para o
alto e firmavam raízes no subsolo de maneira cada vez mais complexa.
A característica mais evidente de uma cidade subterrânea é ela se constituir num
verdadeiro labirinto. Passagens subterrâneas, andares do subsolo de lojas de departamentos ou
prédios comerciais e novos shoppings subterrâneos interligam-se por uma intricada rede de
vias subterrâneas.
Projetistas aplicam várias técnicas para tornar mais agradáveis as compras abaixo da
superfície. Criam, por exemplo, muitas áreas de lazer interessantes para o público em espaços
comerciais, através do uso de fontes ou quedas-d’água. No Hankyu Sanban Gai, de Osaka,
águas circulam engenhosamente para formar um rio subterrâneo artificial.

1.3 – NATURALMENTE ESTILIZADO

Nos últimos anos, recursos arquitetônicos como jardins rebaixados e estruturas


envidraçadas têm sido usados em muitos locais para proporcionar luz natural no subsolo.
Canteiros de flores transformam corredores em verdadeiras praças. Água, luz solar, plantas e
outros elementos da natureza são usados para reduzir a sensação de abatimento que os tetos
impõem ao ambiente.

2 – LINHAS DE METRÔ DE TÓQUIO


Artérias de transporte entrecruzam-se por toda a metrópole de Tóquio – são vias
expressas, linhas ferroviárias de diversas companhias, etc. Abaixo da superfície, as linhas de
metrô estendem-se por todas as direções.
A primeira linha de metrô do Japão – e a primeira da Ásia – começou a funcionar 75
anos atrás, em dezembro de 1927. Era uma linha com somente 2,2 quilômetros de extensão,
entre Asakusa e Ueno, em Tóquio. Hoje as 13 linhas de metrô de Tóquio tem uma extensão
total em operação de 286,2 quilômetros, no que vem a ser a terceira maior malha metroviária
do mundo.
Com tantas linhas de metrô, pode-se em geral chegar bastante perto do ponto de destino.
É permitido fazer baldeação de uma linha de metrô para outra e de linhas de metrô para trens
subterrâneos operados por várias companhias privadas ou pela Empresa Ferroviária Japão
Leste (JR). Esta integração facilita a transferência entre as diversas linhas, mas em geral a
configuração da malha metroviária e os corredores de ligação para baldeação entre as linhas
são considerados muito complexos.
Para usar linhas diferentes nem sempre é necessário fazer baldeação, pois muitos trens
de metrô e trens suburbanos de diferentes empresas circulam em trilhos comuns. Por exemplo,
a linha de metrô Hanzomon liga-se com a linha Tokyu Den-em Toshi em Shibuya; a linha de
metrô Chiyoda, com a linha Joban (JR) em Ayase, e as linhas de metrô Toei Mita e Nanboku,
com a linha Tokyu Meguro em Meguro.
Os usuários de metrô na imensa metrópole de Tóquio aspiram a uma conveniência ainda
maior, o que leva ao planejamento de novas linhas e extensões. A malha metroviária de
Tóquio, assim como as artérias subterrâneas da metrópole, continua a evoluir.

3– TRABALHO AFASTADO DA LUZ SOLAR

O espaço subterrâneo tem todos os tipos de usos, e, seja qual for o uso dado ao espaço,
invariavelmente há pessoas trabalhando nele.

3.1 – SAQUÊ ESPECIAL É FEITO NO PORÃO

Há um velho santuário que se chama Kanda Myojin em Soto Kandra, no Distrito de


Chiyoda, região central de Tóquio. Bem à esquerda do pórtico torii do santuário, encontra-se a
Ama-zakédokoro Amano-ya, uma casa comercial inaugurada mais de 160 anos atrás. O
estabelecimento vende um vinho adocicado de arroz chamado ama-zaké, que se prepara
através da fermentação de arroz com levedura koji. O gosto adocicado do ama-zaké tem
satisfeito o paladar de trabalhadores de ambos os sexos desde por volta do século 17.
O porão tem aproximadamente 30 metros quadrados de área, e seu piso fica
aproximadamente 6 metros abaixo da superfície. O arroz fumegante é recoberto com fermento
koji. Então a mistura é deixada no porão durante quatro dias para permitir que o fermento se
impregne bem no arroz. O porão constitui um ambiente ideal para fermentação, e o resultado é
um excelente malte. As paredes do porão mantêm a umidade em nível adequado para o koji.

3.2 – CULTIVADOR DE PLANTAS EM BURACOS

No Japão, há uma planta cultivada no subsolo que se chama nanpaku-udo – um vegetal


suavemente esbranquiçado usado em pratos sofisticados. O udo é uma planta perene da família
das Araliáceas. É apreciado por sua textura quebradiça, sendo usado em tempura, sopas e
molhos de miso avinagrados. O cultivo distante da luz solar torna a planta macia e atribui-lhe a
coloração alva.
A região oeste de Tóquio situa-se sobre uma espessa camada de cinzas vulcânicas,
transformada pelo tempo em um solo vermelho chamado “barro de Kanto”. Forte o bastante
para não desmoronar quando escavado, o barro torna assim possível o cultivo de udo.
4 – PESQUISAS SUBTERRÂNEAS DE INTERESSE
MUNDIAL

O ar da superfície não penetra em áreas muito profundas do subsolo, permitindo assim


que a temperatura e a umidade permaneçam constantes. Centros de experimentação de alta
tecnologia no Japão têm tirado proveito deste ambiente subterrâneo ideal, com resultados que
vêm atraindo grande interesse de cientistas em várias partes do mundo.

4.1 – VANGUARDA EM EXPERIÊNCIAS SEM GRAVIDADE

Experiências de alta tecnologia em ambiente sem gravidade podem levar ao


desenvolvimento de novos materiais, contribuir para o avanço da pesquisa biotécnica e dar
indícios sobre condições prevalecentes no espaço cósmico. Não é de admirar, portanto, que a
microgravidade, ou seja, a ausência de peso, esteja tanto em voga hoje em dia. No Centro de
Microgravidade do Japão (JAMIC) em Kamisunagawa-cho, Hokkaido, experimentos criam
um estado quase pleno de ausência de peso. As instalações do centro são usadas para pesquisa
e desenvolvimento em diversos campos.
Situado próximo do centro, o Palácio da Ciência Microgravitacional Kamisunagawa
exibe aparelhos experimentais e resultados de pesquisas feitas pelo centro, permitindo aos
visitantes observar pessoalmente experiências de microgravidade. O Palácio de Ciência
Microgravitacional vem se tornando renomado no campo de estudos da ausência de peso.

4.2 – VIVER NO SUBSOLO SERÁ NORMAL ALGUM DIA?

Prédios estão aglomerados muito próximos uns dos outros em muitas partes da Grande
Tóquio, tornando cada vez mais difícil encontrar espaço para viver na superfície. Em vista
disso, o Conceito Geotropolis está sendo promovido para o desenvolvimento de um ambiente
urbano subterrâneo inteiramente novo, que inclua ruas comerciais e estações de metrô de alta
velocidade. A pesquisa está sendo feita na região oeste da Grande Tóquio, a mais de 50 metros
da superfície.
Desde que o experimento foi iniciado, em 1989, a meta era transformar em realidade o
Conceito Geotropolis. A construtora Tokyu lançou o projeto Desenvolvimento Urbano
Subterrâneo (STUD) com a escavação de um poço de 50 metros de profundidade para
desenvolver novas tecnologias que assegurem a segurança e o conforto do ser humano no
subsolo. O projeto é implementado em Sagamihara, Província de Kanagawa.
Uma espessa camada de xisto limoso existe embaixo da região da Grande Tóquio,
inclusive onde se situa Sagamihara. A camada é muito sólida, sendo ideal para o
desenvolvimento de instalações a grande profundidade. Se o Conceito Geotropolis levar ao
desenvolvimento de um ambiente de vida confortável abaixo da superfície, será possível tirar
proveito de condições subterrâneas específicas, como o excelente isolamento do calor e do
frio, e a proteção contra terremotos. Algum dia, o espaço de vida no Japão poderá expandir-se
para locais abaixo da superfície.

5 – INFRA-ESTRUTURA PARA O CONFORTO DIÁRIO


Seria difícil imaginar a vida moderna no Japão sem as inúmeras instalações implantadas
no subsolo. E elas evoluem continuamente, tornando a vida mais segura, conveniente e
confortável do que nunca.

5.1 – CANALIZAÇÕES PARA CONTROLE TÉRMICO E TELECOMUNICAÇÕES

Um número surpreendente de fios e tubos está instalado debaixo da terra para a


circulação de eletricidade, gás, água e sinais telefônicos.
Debaixo das ruas do importante distrito comercial de Shinjuku, tubulações com cerca de
2 quilômetros de extensão conduzem vapor e água resfriada através de canais subterrâneos
com aproximadamente 4 metros de diâmetro. Ambos são usados para manter escritórios em
uma temperatura confortável. O vapor é aquecido em um único local, tornando possível usar o
calor de exaustão e assegurar um controle centralizado, para maior eficiência.
Também os fios estão indo parar debaixo da terra no setor das telecomunicações. Os
canais subterrâneos têm uma extensão total de 641 quilômetros e estão dispostos cerca de 10
metros abaixo da superfície. Dentro dos canais subterrâneos, conjuntos de cabos de fibra
óptica e feixes de fios estão afixados ao longo das paredes, deixando apenas o espaço
suficiente para uma pessoa passar. A fibra óptica tornou-se um elemento fundamental em
telecomunicações no Japão, e canalizações subterrâneas ajudam a assegurar um serviço
ininterrupto.

5.2 – PETRÓLEO BEM GUARDADO

A crise do petróleo de 1973 afetou gravemente nações importadoras de petróleo como o


Japão. Mostrando ter aprendido com a crise, o governo japonês baixou regulamentação que
obriga o setor petrolífero a armazenar um volume suficiente do combustível para abastecer o
país em caso de uma nova crise. O governo também começou a armazenar petróleo por conta
própria.
O petróleo pode ser armazenado em tanques acima ou abaixo da superfície, ou no mar.
Mas em Kushikino um método especial é utilizado – grandes cavernas abertas em leito de
rocha firme são usadas para armazenar petróleo, a 42 metros de profundidade. Há três
cavernas, cada uma com 18 metros de largura e 22 metros de altura. Uma das cavernas tem
1.100 metros de extensão e as demais, o dobro desse comprimento. Juntas, elas são capazes de
armazenar 1,75 milhões de quilolitros.

5.3 – BIBLIOTECA DA DIETA NACIONAL

A Biblioteca da Dieta Nacional no Distrito de Chiyoda, Tóquio, tem um acervo maior do


que qualquer outra biblioteca do Japão – aproximadamente 7,5 milhões de volumes. Segundo
estipula a Lei da Biblioteca da Dieta Nacional, todos os livros publicados no Japão devem
fazer parte do acervo. A cada ano, de 80.000 a 100.000 livros são acrescentados à coleção.
Aproximadamente a metade deste imenso acervo é mantido em um prédio anexo à
biblioteca que foi inaugurado em 1986. O prédio anexo mede cerca de 148 metros de
comprimento, no sentido
leste-oeste e 43 metros de largura, no sentido norte-sul. Tem 12 andares, oito dos quais
subterrâneos. A parte mais baixa do prédio fica a 30 metros de profundidade. Nas salas de
estantes dos andares subterrâneos, a temperatura é mantida em 22 graus Celsius e a umidade,
em 55% - condições ideais para a conservação de livros. Como medida para prevenir
infiltrações de água ou excesso de umidade nas salas de estantes, não há banheiros nos andares
subterrâneos, havendo somente um lavabo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Japão configura como um país que possui alta tecnologia e, em um país onde há
uma área limitada, cabe à criatividade o papel de utilizar ao máximo o pouco espaço
disponível. Por isso, o Japão é um país que cresce de todos os lados, ou seja, é como se
existisse um outro país, só que abaixo da superfície.

Tem de tudo, desde áreas comerciais, linhas de metrô, fabricação de saquê e cultivo de
plantas, pesquisas, cabos de energia até biblioteca. Mas o importante é o crescimento
tecnológico e a quebra de estereótipos, de que o Japão por ser pequeno, não tem lugar para
toda a estrutura arquitetônica.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

• NIPPONIA, revista. N° 23, 2002. pp. 5 a 18.

• VISTAS DO JAPÃO, revista. N° 01, 2004. pp 12 a 15.

• Enciclopédia Barsa.

• Internet.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PEDAGOGIA - MAGISTÉRIO PARA O INÍCIO DA ESCOLARIZAÇÃO
ROBERTO CARLOS DA FONSECA

BUDISMO JAPONÊS NO BRASIL

Brasília – DF
2006
ROBERTO CARLOS DA FONSECA
(Matrícula 00/62961)

BUDISMO JAPONÊS NO BRASIL

Trabalho de conclusão de disciplina


Cultura Japonesa

Orientador: Sachio Negawa

Brasília – DF
2006
“Se queres conhecer o passado
olhe o presente que é o seu resultado.
Se queres conhecer o futuro,
olhe o presente que é sua causa.”

(Provérbio japonês)
RESUMO

A escolha do tema contempla o interesse surgido na interação com outras

pessoas de origem ocidental que buscam compreender as razões pela procura e

iniciação em religiões que estão, de certa forma, distanciadas do processo cultural

em que nos desenvolvemos.

Há uma marcante busca pela melhoria na qualidade de vida, uma valorização

do sentimento emocional e filosófico nessa transformação do dia-a-dia, aliada aos

meios de comunicação que exaltam como condição sine qua non a busca pela

sabedoria e a prática da compaixão, desta premissa à busca de um sentimento

religioso é apenas um lapso de tempo.

O rompimento com a cultura tradicional, visto como uma das possibilidades,

leva ao caminho de culturas tão diferentes da ocidental e brasileira particularmente,

logo, o interesse pelas coisas de além-mar fica evidenciado pela adoção de uma

nova forma de se representar diante do mundo, caracterizada pela religião, que

incide como força motivadora no desenvolvimento dessa representação.

Assim, o principal objetivo deste trabalho é mostrar, no escopo apresentado,

algumas das escolas e ramificações do budismo japonês na realidade brasileira,

como forma de aproximação do pensamento e da cultura oriental.


INTRODUÇÃO

Ao observar um templo budista a sensação das pessoas é de curiosidade e

admiração, não só pela arquitetura imponente, equilibrada e rica em detalhes, ainda

que tenha traços singelos, mas pela aura mística e até mesmo exótica para pessoas

não afeitas à diversidade cultural.

O apelo destas necessidades humanas leva o observador ao interior do

templo, onde a sensação de paz e tranqüilidade, proporcionada pela luz tênue, o

silêncio, o cheiro de incenso, a simbologia proporcionada pelos altares, a imagem

tradicional do Sakyamuni com suas mãos juntas como se oferecesse uma prece aos

que adentram àquele espaço.

Tudo isso provoca uma impressão de bem-estar físico e espiritual, como se a

dura realidade do dia-a-dia ficasse do lado de fora, não importando se existem

problemas de compreensão da língua utilizada ou se os princípios doutrinários e

filosóficos são compreensíveis, aplicáveis à existência de cada indivíduo ali

presente.

Ao acreditar que esta prática seja tão fácil, desprovida de dogmas, cobranças

e penitências, levem a pensar que basta apenas presenciar o ambiente de um

templo para ser um convertido ao budismo, entendido aqui como abrangência

destas escolas que se propagam no Brasil, permitindo ver que é possível, pela

diversidade cultural e socio-antropológica com que foi constituído o povo brasileiro, a

ocorrência do sincretismo religioso.

Por outro lado, esta leveza aparente esconde a complexidade do pensamento

filosófico do budismo original e, foco principal deste escrito, do budismo japonês,

carregado de aspectos reflexivos e existenciais, surgido como doutrina universal.


Outro segmento que se soma, também objeto deste trabalho, é o dos

descendentes de orientais que carregam a hereditariedade dos conceitos culturais

de seus ancestrais e se vinculam com maior ou menor intensidade aos costumes

praticados na origem e que fornecem dados acerca do desenvolvimento do budismo,

tendências existentes acerca do proselitismo ou o distanciamento das práticas

religiosas.

Assim, alinhadas em diversas escolas, com diversas orientações, tradicionais

ou reformistas, tendo-se a base deste pensamento as matrizes orientais temos a

formação do que hoje poderíamos chamar de Budismo verde-amarelo.


DESENVOLVIMENTO

1. Aspectos históricos

O budismo começa a ser introduzido no Brasil a partir da chegada de

imigrantes japoneses em 1908, pelo porto de Santos – SP.

A realidade dos dois países oferecia condições para que este processo de

imigração acontecesse, o Brasil, independente desde 1822, mas que tinha a força

do trabalho rural oriunda do regime escravocrata, situação que só se transforma em

1888, com a abolição da escravidão e que provoca a necessidade de mão-de-obra

na produção rural.

O Japão, por sua vez, saía do sistema feudal e encarava as reformas do

governo Meiji, que ocasionava profundas alterações na sociedade japonesa.

O sistema de hereditariedade existente em sua sociedade que assegurava ao

filho mais velho o cuidado com as propriedades da família bem como o culto aos

antepassados, impele o governo japonês a incentivar a imigração para o Brasil,

situação que os imigrantes consideravam ser transitórias, que duraria somente até o

momento de amealhar economias e retornar à origem. Assim algumas providências

são adotadas para facilitar a assimilação na nova terra, como por exemplo, a

proibição da vinda de monges nesse primeiro momento, em contrapartida há intensa

discussão entre os senadores brasileiros, apoiados em publicações nos jornais

acerca da incapacidade de assimilação destes imigrantes.

A fixação dos contingentes imigrantes na zona rural, favoreceu a prática de

aspectos da religiosidade somente no âmbito das famílias assentadas, não havendo

condições de propagação da doutrina.


Outro aspecto que pode ser questionado é o da presença do nacionalismo

exacerbado existente na era Meiji e que de certa forma ofuscaria as manifestações

religiosas budistas.

Esta situação permanece inalterada até o incremento das colônias já nas

décadas de 20 e 30, com a tomada de consciência por parte dos imigrantes que o

sistema de trabalho que lhes era proporcionado não era satisfatório, pois o trabalho

na cultura cafeeira não atendia suas expectativas, anteriormente firmadas no

contrato de vinda para o Brasil, a existência de muitos imigrantes sem o pendor para

o trabalho na agricultura e o investimento do governo japonês na compra de terras

para criação destas colônias, todavia começava o fluxo para os centros urbanos.

Com o advento da criação destas colônias o culto religioso passa a ter maior

importância, inclusive com a criação de espaços próprios e a vinda de religiosos do

Japão com a finalidade não só de atendimento espiritual, mas também incremento

das escolas religiosas.

Durante o período da Segunda Grande Guerra, os imigrantes japoneses e

seus descendentes passam por um período de recrudescimento das suas

manifestações culturais, sendo vedado o uso da língua em locais públicos,

manifestações religiosas ou culturais e até mesmo a circulação de mídias em idioma

japonês.

Com o final da Guerra, ponderando a situação pela qual passava o Japão, o

pensamento de retorno à terra natal começa a ser esquecido havendo a

permanência no Brasil e conseqüente expansão socio-econômica da colônia

nipônica, fato este corroborado pela existência de proprietários de terra, latifúndios e

melhoria de classe econômica.


A partir dos anos 50 a retomada da liberdade religiosa é um fato, porém já

bastante desgastada pelos anos de contenção, há a forte presença do catolicismo e

protestantismo em meio aos nipo-descendentes, como resultado do esforço

anteriormente dispendido para a assimilação da cultura brasileira e inserção na

sociedade.

É deste ponto que traçamos um perfil conceitual clássico do Budismo no

Brasil, percorrendo os dois principais caminhos, o Budismo de Imigração e o

Budismo de Conversão, vale ressaltar a influência da regionalização, bem como a

orientação estruturada de cada escola, todavia para que este trabalho seja moldado

aos objetivos da disciplina, atentaremos somente às escolas oriundas do Japão.

2. O modelo conceitual

O modelo conceitual básico é o referencial aceito pela comunidade

acadêmica mundial e mais amplamente discutido. Enfoca duas vertentes: o Budismo

de Conversão e o Budismo de Imigração.

O Budismo de Conversão está ligado ao processo de imigração asiática, que

propiciou a aproximação cultural e particularmente em países da Europa e os

Estados Unidos, pode ser discutido e estudado com maior ênfase, estruturando o

conhecimento.

Thomas Tweed propõe, para o período estudado de 1875-1912, na realidade

norte-americana, uma divisão dos budistas nas seguintes categorias: românticos,

que seriam os convertidos levados pela atração estética e cultural, mas também

movidos pelo exotismo cultural oriental; esotéricos, pela crença em uma realidade

transcendente e racionalista, com o foco na razão e no estudo das escrituras

budistas como forma de prática da religião.


Martin Baumann, vê para o mesmo período na Inglaterra e Alemanha a

existência das mesmas características, o que na continuidade propiciou o caráter

reformista do Budismo, implicando no engajamento maior da compreensão dos

fundamentos, a valorização do indivíduo, estudo racionalizado das escrituras

budistas.

Dois estudiosos brasileiros, o Professor Frank Usarski e o Professor Rafael

Shoji, discutem em trabalhos acadêmicos, posições acerca do Budismo de

Conversão, as quais trataremos adiante.

O Budismo de Imigração reporta-se aos fluxos migratórios e trata das

condições em que o ensinamento original, proveniente do país de origem, é

desenvolvido sob os aspectos da fixação do povo japonês primeiramente nas

fazendas de café, posteriormente já como donos da terra e em outras formas de

trabalho na zona urbana das cidades.

Contempla as dificuldades políticas e sociais encontradas pela necessidade

da manutenção dos imigrantes no Brasil, tanto por fatores locais assim como os que

se desenvolviam no Japão, segue pelo período da Segunda Guerra e a flexibilização

que se inicia nos anos 50.

Pelo Budismo de Imigração podemos traçar a trajetória das escolas budistas

existentes no período, a abrangência das ações, bem como verificar a

intencionalidade dos processos proselitistas presentes.

3. O Budismo de Imigração

Os fundamentos do chamado Budismo de Imigração surgem antes mesmo da

chegada dos japoneses ao Brasil, remontam ao longínquo ano de 1810, com os


primeiros chineses que aportaram com vistos de trabalho temporários, todavia a

representatividade desta presença só se efetiva com a imigração japonesa cem

anos depois, a bordo do vapor Kasato Maru, em 1908, além do contingente de

trabalhadores havia a presença do reverendo Guenju Ibaragui entre os imigrantes e

que segundo escritos da escola Honmon-butsuryû-shû, sua vinda ao Brasil era

revestida somente de objetivos missionários.

Os argumentos já discorridos na conceituação histórica, tais como a fixação

do trabalhador imigrante nas plantações de café obedecendo a uma distribuição

pelas regiões de origem e atendendo a manutenção da estrutura familiar, a

dificuldade em organizar-se estruturadamente em comunidades, a criação posterior

de colônias e o êxodo rural, a radicalização das ações contra-cultura nipônica como

salvaguarda para o Brasil no período da 2ª Guerra Mundial, bloqueiam a evolução

do sentimento religioso budista de propagar-se e até mesmo alcançar uma maior

importância na vida dos colonos.

Somente após a decisão de permanência no Brasil, após o encerramento da

Guerra, é que as escolas e tradições religiosas passam a ter mais objetividade na

manutenção de suas comunidades e amplitude do proselitismo.

Como grande parcela dos trabalhadores que aqui aportaram provinham de

regiões onde o Amidismo ou Amida-Budismo era marcante, essa representatividade

também foi reproduzida aqui, embora não havendo o isolamento social, não houve

uma explosão no desenvolvimento do Budismo, três fatores indicam esta posição: a

fusão do Budismo com o culto aos ancestrais, fator que mantinha a ligação com a

origem sem rivalizar com o processo de aculturação necessário para a vida no novo

país; a ênfase na devoção e na recitação segundo a tradição Amidista, sem as

reflexões e discussões teóricas que outras correntes iniciavam; e a prática dos


preceitos religiosos no ambiente familiar, que se em um primeiro momento era uma

imposição, passa em seguida a ser uma forma de autodefesa e recolhimento em

uma sociedade culturalmente diferente da sua.

4. O Budismo de conversão

Existem várias classificações que objetivam identificar e analisar os

fenômenos que levam à conversão.

Como já referenciado anteriormente, dois estudiosos brasileiros apresentam

suas perspectivas.

Frank Usarski, divide esse processo de conversão em “primeira geração” ou

primeira onda, com a característica da erudição, da universalidade e da

individualidade e a “segunda geração” ou segunda onda como sendo de um

budismo globalizado, formado pelo Zen ocidentalizado, pela sociedade Soka Gakkai

e pelo budismo tibetano.

O budismo de conversão de “primeira geração” contempla um olhar

intelectualizado e que se distancia da visão desfavorável que tanto os imigrantes

como o Japão tinham no Brasil da primeira metade do século XX.

A busca pelo entendimento do budismo com uma prática holística e universal

caracteriza as adesões em todas as escolas, embora não haja uma participação

ativa na vida de um determinado templo, tendo os seus seguidores optado por uma

prática individual e autônoma.

Essa visão humanista atingiu não só esses novos seguidores como também

influenciou o ambiente étnico japonês, resultando em uma maior flexibilidade nas

comunidades tradicionais, provocando, assim, o melhor entendimento nas relações

com os não-descendentes.
A presença de intelectuais entre os seguidores dessa primeira geração

permitiu a produção de textos traduzidos para o português, organização e

publicação de textos, que contribuíam para suprir a deficiência deste material.

O budismo de conversão de “segunda geração” não está preso a etnias, ao

contrário, apresenta a diversidade racial e cultural.

Logo, a presença destes indivíduos é notada em amplo espectro de tradições

e escolas, o que nos permite visualizar que não há o comprometimento com uma

doutrina específica.

Essa tendência leva a acreditar na influência de outras matrizes religiosas

assim como o caráter mais global e diversificado, que influenciam na proliferação

das escolas e difusão do referencial teórico das mesmas.

É, em conseqüência, a corrente que tem mais apelo junto à sociedade

brasileira, onde a dificuldade lingüística não se manifesta, a facilidade de

comunicação entre os participantes é mais efetiva, assim como há a facilidade na

busca de publicações, sendo comum a realização de eventos que visem não só os

aspectos religiosos, mas também a divulgação para o público leigo.

Já na interpretação de Rafael Shoji, o processo de conversão está

condicionado pela motivação e aponta duas situações: uma em que há um budismo

intelectualizado e outra em que há o budismo de resultados.

O budismo intelectualizado passa a ter maior representatividade nos anos 60

com a atração pelo Zen Budismo e pela meditação, seguindo uma tendência

observada nos países europeus e nos Estados Unidos.

Apesar de manifestar um distanciamento da ligação étnica, o budismo

intelectualizado não conseguiu tornar-se independente, institucionalmente, do

budismo de imigração japonesa.


A outra concepção, a do budismo globalizado, inicialmente impulsionada pelo

Zen, segue agora mais pelo interesse da cultura japonesa e a prática de artes

marciais, difundidas em profusão e, ainda tidas como exóticas.

O grande número de escolas e tradições existentes influi na ocorrência dessa

globalização, apoiada na disseminação do sincretismo e ecumenismo presentes no

povo brasileiro.

5. Conclusão

Nota-se que a grande maioria das pessoas que se proclamam budistas na

atualidade brasileira, estão ligadas de alguma forma às escolas Nichiren, ao Zen e

ao neo-budismo da Soka-Gakkai, que apresentam um perfil apropriado às

aspirações dos seguidores do budismo praticado no Brasil.

Desta forma o que se busca na prática religiosa nestas instituições, passa a

ser um budismo de resultados, onde a resolução de problemas de família, de saúde

e financeiros é costumeiramente presente.

Assim com a permissividade para com a presença de seguidores de outras

religiões, principalmente a católica, que favorece a ressignificação de conceitos

como o culto aos antepassados, o carma e aceitação da recitação dos sutras, o

favorecimento a ações de cunho social chama a atenção para os princípios de sua

doutrina, possibilitando entender como uma prática ao alcance de todos, com

resultados possíveis.

Pode-se considerar que a propagação do budismo no Brasil, siga em passos

largos para um conceito de budismo popular, ao alcance das classes menos

favorecidas economicamente, levando ao público o que ele necessita, com

pinceladas do conhecimento contido em cada escola.


BIBLIOGRAFIA

1. USARSKI, Frank: Rever – Revista de Estudos da Religião, nº 52, Ed. PUC-SP,


2004
2. _____________: O Budismo no Brasil - Um Resumo Sistemático in: idem. [org.] O
Budismo no Brasil, São Paulo, Lorosae, 2002, pp.9-33
3. GONÇALVES, Ricardo Mário: Textos Budistas e Zen Budistas, São Paulo, Cultrix,
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4. _______________________: A religião no Japão na época da emigração para o


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5. _______________________: O Budismo Japonês no Brasil: Reflexões de um


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7. MATSUE, Regina Yoshie: O Paraíso de Amida: Três Escolas Budistas em Brasília,


Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasil, 1998.

8. SHOJI, Rafael: Rever – Revista de Estudos da Religião, nº 2, Ed. PUC-SP, 2002

9. ROCHA, Cristina Moreira da: Zen in Brazil: The Quest for Cosmopolitan
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10. SHOJI, Rafael: The Nativization of East Asian Buddhism in Brazil, Dissertação de
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