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PROBLEMAS DE

APRENDIZAGEM
E

TRANSTORNOS DE
APRENDIZAGEM
Por que as crianças não aprendem?

1. Se alguém não está aprendendo, existe um


motivo que deve ser investigado.

2. É um sintoma de que algo não está bem

3. Pode ser algo pontual , passageiro ou


persistente, exigindo avaliação mais extensa
e uma intervenção direcionada.
É muito comum constatarmos
encaminhamentos, sejam eles escolares ou
médicos, de crianças e adolescentes no espaço
“queixa” relativas às “dificuldades de
aprendizagem”.

Mas será que em todos os casos realmente são


apenas dificuldades? Qual a diferença entre as
Dificuldades de Aprendizagem e os Transtornos
de Aprendizagem?
Dificuldades de Aprendizagem
De acordo com Ciasca (2003), as dificuldades têm suas causas
externas à criança:

*Emocional (perda de um ente querido, separação dos pais,


nascimento de irmão);

*Cultural (ambiente com pouco estímulo para a leitura ou demais


atividades voltadas ao letramento);

*Escolar (metodologias inadequadas, vínculo com a professora,


mudança de escola);
Ou até mesmo algum quadro clínico concomitante ao período de
desenvolvimento da criança, e a tendência é que diminuam com as
intervenções e adaptações até mesmo dentro do espaço escolar.
TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

O transtorno é uma inabilidade específica seja


em leitura (Dislexia), escrita (Disortografia),
matemática (Discalculia) ou inabilidades
associadas.
Todos esses transtornos pertencem a um
grupo maior denominado de Transtornos do
Neurodesenvolvimento.
 A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-5 – 2013), situa os Transtornos
de Aprendizagem na secção 2 do Manual, na categoria dos
Transtornos do Neurodesenvolvimento e assim os define:

Transtorno de Aprendizagem Específico é uma desordem


neurodesenvolvimental, de origem biológica, que é a base
das dificuldades, em nível cognitivo, que estão associadas às
expressões comportamentais do transtorno. A origem
biológica inclui uma interação de fatores genéticos,
epigenéticos e ambientais os quais afetam a habilidade
cerebral de perceber ou processar informação verbal ou
não-verbal de forma eficiente e precisa. (2013, p. 68)
As modificações definidas pelo DSM-5 para
os critérios diagnósticos do TA são
decorrentes de dados obtidos por pesquisas
recentes (Cavendish, 2013; DuPaul et al.,
2012; Scanlon, 2013; Tannock, 2012).

Cabe lembrar que a Associação Americana de


Psiquiatria (APA), que elabora e publica o
DSM em suas diferentes revisões, formou
equipes de acordo com as áreas de estudo
para elaboração do DSM-5.
A Classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento - CID 10 (2003) denomina
como transtornos quando as modalidades
habituais de aprendizado estão alteradas
desde as primeiras etapas do
desenvolvimento.
A CID-10 é a 10ª revisão da Classificação
Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde, uma lista de
classificação médica da Organização Mundial
da Saúde.
O Transtorno de Aprendizagem não está
relacionado à incapacidade intelectual mesmo
que os indivíduos apresentem resultados
significativamente inferiores ao seu nível de
desenvolvimento e escolaridade.

Uma vez que os transtornos são de origem


neurobiológica, os sinais serão para toda a vida,
porém com as intervenções adequadas os
déficits serão atenuados.
É importante destacar que, em ambos os casos, há
um desempenho abaixo do esperado em relação
aos pares. No entanto, independente da natureza
desse baixo desempenho, existem formas de
intervir junto as crianças, adolescentes e adultos.

Daí a importância em diagnosticá-las o quanto


antes para intervir e evitar prejuízos futuros.
RELEVÂNCIA DE DIFERENCIAR OS TERMOS

Quando identificamos que a criança vem


apresentando entraves, que estão
impedindo seu avanço no processo de
aprendizagem , em especial na fase de
alfabetização nos referimos a investigar
quais são os reais problemas que estão
interferindo no seu desenvolvimento. 
É de extrema importância discriminar se os déficits
são dificuldades ou transtornos para intervir de forma
adequada, adotando as estratégias mais eficazes que
possam contribuir na evolução favorável desses
sujeitos.

É possível sensibilizar e orientar os pais quanto às


condutas psicoeducativas em relação à resolução de
tarefas diárias, trabalhos escolares e provas
bimestrais, bem como conscientizá-los do que seu
filho de fato apresenta.
PERTURBAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESPECÍFICA
DSM 5

• Perturbação da Leitura
• Perturbação da Escrita
• Perturbação do Cálculo
Transtorno com Perturbação na Leitura
1. DISLEXIA: acarreta problemas no reconhecimento preciso ou fluente
de palavras, problemas de decodificação e dificuldade de ortografia. Por
essa razão ele é um transtorno específico das habilidades de leitura. É
sempre importante lembrar que essas dificuldades não se relacionam com
deficiências sensoriais ou escolarização precária.

Os critérios usados para identificar o Transtorno da Leitura (DSM-5) são:


* Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço (leitura de
palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante,
frequentemente adivinha palavras, tem dificuldades de soletrá-las, escrita
confusa, trocas nas letras).

* Dificuldades para compreender o sentido do que é lido, ou seja, leitura


do texto com precisão, mas não há compreensão da sequência, as
relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido. Forte
caráter de hereditariedade.
Transtorno com Perturbação na Escrita

 DISORTOGRAFIA: Ocorre quando a pessoa expressa, adicionalmente


às dificuldades elencadas na dislexia, o prejuízo na expressão escrita ou
na precisão gramatical, especialmente no campo ortográfico e na
pontuação. É comum que haja a combinação de dificuldades na
capacidade de compor textos escritos, evidenciada por erros de
gramática e pontuação dentro das frases, má organização dos
parágrafos, múltiplos erros ortográficos ou má caligrafia.

 O Transtorno da Escrita, de acordo com os critérios diagnósticos do


DSM-5, são: * Dificuldades para escrever ortograficamente( adicionar,
omitir ou substituir vogais e consoantes).

 * Dificuldades com a expressão escrita ( comete múltiplos erros de


gramática ou pontuação nas frases; empregar organização inadequada
de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza, escrita lenta).
Transtorno com Perturbação na Matemática
O terceiro é especificado como transtorno na matemática,
também chamado de DISCALCULIA. Diz respeito ao modo
como a pessoa associa as habilidades matemáticas ao uso social
e ao seu cotidiano. Por essa razão, traz problemas no
processamento de informações numéricas, aprendizagem de
fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes.

As características observadas no Transtorno na matemática,


segundo o DSM-5, são: * Dificuldades para dominar o senso ou
fatos numéricos ou cálculos ( efetua relações de forma
insatisfatória; conta com os dedos para adicionar números de
mais de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético, perde-se
nos cálculos e pode trocar as operações ao solucionar
problemas).
Transtorno do Déficit de Atenção/
Hiperatividade (TDAH)
O Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade
(TDA/H) é um transtorno neurobiológico com etiologia
multifatorial incluindo fatores genéticos e ambientais. Sua
prevalência mundial é de cerca de 5,29% em crianças e
adolescentes (Polanczyk, Lima, Horta, Biederman, &
Rohde, 2007).

Além disso, é um dos transtornos mentais da infância e da


adolescência que determina grande procura por
atendimento médico, psicológico e psicopedagógico
(Costa, 2009; Rohde, Dorneles, & Costa, 2006). O
transtorno é, em geral, evidenciado na infância, e
frequentemente acompanha o indivíduo durante a vida
adulta.
O desempenho escolar pode estar
comprometido nas crianças com déficits
de atenção significativos, associados ou
não à hiperatividade, já que a atenção
seletiva a informações relevantes é
condição necessária para que ocorra
aprendizagem, especialmente as
escolares (DuPaul, Gormley, & Laracy,
2012; Zentall, 2007).
Estudos (Barkley, 2008; Rief, 2006) indicam
que os estudantes com TDAH correm de duas a
três vezes mais riscos de fracassarem na escola
do que crianças sem TDAH e com inteligência
equivalente.

Na idade escolar, esses estudantes apresentam


maior probabilidade de repetência, evasão
escolar, baixo rendimento acadêmico e
dificuldades emocionais e de relacionamento
social (Carroll, Maughan, Goodman, &
Meltzer, 2005; Rohde et al., 1999).
DORNELES, B. V. et al.. Impacto do DSM-5 no diagnóstico
de transtornos de aprendizagem em crianças e adolescentes
com TDAH: um estudo de prevalência. Psicologia:
Reflexão e Crítica, v. 27, n. 4, p. 759–767, out. 2014.
Disponível em:https://doi.org/10.1590/1678-7153.2014274167
Acesso em 30 de abril de 2023.

PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de


aprendizagem. Porto Alegre: ARTMED, 2007.

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