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CONCEPÇÕES
PSICODINÂMICAS
Todo conteúdo deste documento se baseia no material adquirido do Livro “Fundamentos
psicanalíticos” de David. E. Zimerman, caso encontre alguma divergência teórica ou técnica,
por favor, me contate para que a devida correção seja feita.
Marcos Aciole
Primórdios da psicanálise
1856
Nascia Sigmund Freud que aos 17 anos, iniciou a
sua formação em medicina na universidade de
Viena.
Naquele período, a medicina era fortemente
fundamentada em princípios biológicos,
enquanto a psicologia era predominantemente
estudada por filósofos, a psiquiatria, por sua
vez, era associada à neurologia.
1882
Breuer introduziu Freud ao método hipnótico
usado com sua paciente histérica, Ana O.
Durante o transe, a paciente relembrava
traumas passados, aliviando os sintomas,
levando Breuer a chamar isso de "catarse"
1885
Charcot, destacado neurologista, liderou
avanços na hipnose científica na Salpetrière, em ´
Paris. Suas notáveis descobertas alcançaram
Freud, que obteve financiamento para estagiar
com Charcot, esse período foi crucial para a
formação de Freud, influenciando sua
abordagem na psicanálise.
1895
Foi publicado o livro "Estudos sobre a Histeria",
desenvolvido por Freud e Breuer.
Posteriormente, Breuer, discordando das
concepções de Freud, que estavam cada vez mais
focadas na sexualidade infantil, optou por
encerrar definitivamente sua colaboração.
Freud deu-se conta de que era um mau
hipnotizador e que a técnica da hipnose tinha
algumas limitações, por conta disso, resolveu
experimentar a "livre associação de ideias" que
acabou se tornando um método mais adequado.
Freud notou que as barreiras para recordar e
associar eram de natureza inconsciente,
representando resistências involuntárias. Isso
sugeriu que as resistências estavam
relacionadas à repressão de memórias proibidas,
incluindo traumas reais e fantasias reprimidas,
concebeu o conflito psíquico como uma batalha
entre instintos e forças repressoras, com os
sintomas representando esse conflito,
1897
simbolicamente.
Freud desenvolveu o conceito de libido Freud percebeu que sua teoria original do
como a manifestação do instinto sexual trauma era insuficiente, pois os relatos de
e o associou ao represamento da suas pacientes histéricas estavam
energia sexual como causa das contaminados por fantasias inconscientes
neuroses, incluindo a histeria, neurose relacionadas a desejos proibidos. Freud
obsessiva, neurastenia e neurose de propôs a divisão da mente em três “lugares”
angústia. Ele inicialmente acreditava que Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente,
o conflito psíquico resultava de introduzindo o paradigma de "tornar
repressões de traumas de sedução consciente o que estiver no inconsciente." Em
sexual passados, que retornavam como 1900, com "A Interpretação dos Sonhos,"
sintomas e postulou que os "neuróticos Freud revelou o significado simbólico dos
sofrem de “reminiscências", com a cura sonhos e sintomas, marcando o início da
psicanálise como ciência. Isso levou a
envolvendo "lembrar o que estava
mudanças na prática psicanalítica, incluindo a
esquecido". Essa fórmula continua
compreensão do princípio da
relevante na psicanálise atual, onde a
multideterminação dos sintomas, o paciente
necessidade de desfazer repressões
assumindo um papel mais ativo na terapia, o
introduziu a descoberta das resistências
analista adotando uma postura mais
inconscientes e o uso de interpretações compreensiva, a substituição da hipnose pela
pelo psicanalista como elementos técnica da associação livre devido à
essenciais na teoria. identificação de resistências, reconhecimento
e trabalho com a transferência.
Teoria Estrutural.
Freud expandiu sua teoria topográfica, reconhecendo que a mente era uma estrutura dinâmica
em que diversas demandas, funções e proibições do consciente e do inconsciente interagiam
constantemente com a realidade externa. A partir de "O Ego e o Id" (1923), ele concebeu a
estrutura tripartida da mente: o id (com suas pulsões), o ego (com funções e representações) e o
superego (com ameaças e castigos). Ele resumiu o paradigma técnico da psicanálise como "onde
houver id e superego, o ego deve estar.
1ª Tópica
Resistência - uma força que surge como
Inconsciente - Refere-se à parte mais antiga
resultado da repressão, ou seja, da tentativa
do aparelho psíquico, onde existem pulsões,
do indivíduo de manter fora da consciência
resultantes de uma herança genética. Além
pensamentos, sentimentos ou memórias que
disso, o inconsciente atua como um depósito
eram perturbadores ou dolorosos, no
de repressões, que podem emergir de forma
entanto, ao longo do desenvolvimento da
disfarçada no consciente, através de sonhos,
psicanálise, Freud ampliou sua compreensão
atos falhos, chistes e sintomas.
da resistência, passou a reconhecer que a
Dentro do inconsciente, também se encontra
resistência não se limitava apenas à
registros de experiências e sensações que
repressão de lembranças desagradáveis, mas
tivemos quando éramos muito pequenos,
também estava relacionada à relutância do
antes de conseguirmos colocar palavras
paciente em confrontar impulsos inaceitáveis,
nelas, imagine como fotos ou vídeos mentais
muitas vezes de natureza sexual.
das coisas que vimos, ouvimos e sentimos,
sendo esses registros de suma importância,
Repressão ou Recalque - mecanismo de
influenciando nosso jeito de ser. Onde essas
defesa no qual uma pessoa reprime ou
coisas são armazenadas, opera de acordo
suprime pensamentos, desejos ou memórias
com algo chamado "processo primário". Isso
que são considerados ameaçadores para o
significa que ele funciona mais pelo impulso de
seu eu consciente. Freud argumentava que
buscar prazer imediato do que por pensar
esse processo ocorre para proteger o ego
logicamente.
contra ansiedades ou conflitos internos. O
material recalcado muitas vezes consiste em
Pré-consciente - É concebido como
desejos sexuais ou agressivos considerados
conectado ao consciente e atua como uma
socialmente inaceitáveis.
"barreira de contato". Funciona como uma
peneira, decidindo o que pode ou não passar
Sintomas - São considerados expressões
para a consciência. Além disso, o pré-
simbólicas de desejos reprimidos, conflitos
consciente atua como um arquivo de
internos ou experiências traumáticas que
registros lembráveis, ou seja, memórias que
residem no inconsciente. Eles são formas de a
podem ser recuperadas de forma voluntaria.
mente lidar com conteúdos que causariam
Consciente – É a parte da mente ativa, desconforto se fossem trazidos à
lidando com informações do mundo externo e consciência, são formados por meio de
interno, registrando dados de prazer ou processos psicológicos, como o recalque. O
desprazer, mas não os retendo recalque envolve a repressão de desejos ou
permanentemente. As atividades mentais memórias para o inconsciente, e esses
parte das funções perceptivo-cognitivas- conteúdos reprimidos podem se manifestar
motora como pensar, perceber e julgar como sintomas
ocorrem principalmente no consciente, no
entanto, ele opera em conjunto, porém muitas
vezes em oposição, ao sistema inconsciente,
2ª Tópica
que age "por trás das cortinas", influenciando
nossas ações e pensamentos de maneiras
não conscientes ID - na perspectiva psicanalítica de Freud,
representa a instância psíquica que coincide
Princípio do prazer - destaca a tendência com o inconsciente, o id, o qual é
inata de buscar prazer imediato, muitas vezes considerado o pólo psicobiológico da
ignorando as limitações da realidade, um personalidade, fundamentalmente composto
exemplo destacado por Freud é a "satisfação pelas pulsões e sob o ponto de vista
alucinatória dos desejos", na qual um bebê, econômico e energético, é simultaneamente
diante da falta do seio materno, busca a um reservatório e uma fonte de energia
gratificação chupando seu próprio polegar. psíquica.
Em estados adultos, exemplos equivalentes Funcionalmente, o id é governado pelo
incluem devaneios, fantasias inconscientes, princípio do prazer, operando por meio do
crenças ilusórias, produções delirantes, processo primário, buscando a satisfação
impulsividade, entre outros. imediata de desejos sem considerar a lógica
ou a realidade. Na dinâmica psíquica, o id
Princípio da realidade - É uma contrapartida interage com as funções do ego e com os
ao "princípio do prazer" na organização do objetos, tanto no mundo exterior quanto
funcionamento psíquico. Enquanto o "princípio com aqueles internalizados no superego.
do prazer" busca a gratificação imediata das Essa interação frequentemente resulta em
pulsões, o "princípio da realidade" refere-se à conflitos, dado que o superego abriga
consideração das limitações e exigências da normas sociais internalizadas que muitas
realidade externa, ou seja, a instauração vezes contradizem os impulsos do id.
deste princípio se dá a partir da frustração Apesar dos conflitos frequentes, o id não
da não satisfação do prazer e exposição do raramente estabelece formas de aliança e
“mundo real”. conluio com o superego.
Em resumo, o id é uma parte fundamental Superego - como uma instância psíquica
da psique, buscando a gratificação imediata, separada do ego, assume o papel de juiz
armazenando energia psíquica e interagindo moral, legislador de leis e executor de
dinamicamente com outras instâncias da proibições. Ele demonstra sua capacidade de
personalidade, mesmo que muitas vezes em dominar o ego, originando estados
conflito, e ocasionalmente estabelecendo melancólicos nos quais o indivíduo é criticado
alianças com o superego. por uma parte interna que emite
mandamentos de dentro dele mesmo. Essa
estrutura refere-se a objetos internalizados,
Ego - Freud afirmou que "no princípio tudo frequentemente atribuídos a características
era id", indicando que, inicialmente, concebeu persecutórias, que emitem mandamentos, se
o desenvolvimento do ego a partir do id, sob opõem às pulsões do id, ameaçam e
a influência persistente do mundo externo e boicotam as funções do ego, distorcem a
da necessidade de adaptação. Contudo, realidade externa e, ao mesmo tempo, se
desde Melanie Klein até os autores modernos, submetem a ela, impondo determinações
prevalece a visão de que o ego não se forma sobre as ações do sujeito. Esse conflito
a partir do id, mas é inato, possuindo energia interno induz
própria, desde o nascimento, mesmo de
forma rudimentar, o ego do bebê já interage
com a mãe.
A ideia de que o ego não se sobrepõe ao id,
mas tem raízes no inconsciente, diferencia a
1ª e a 2ª Tópicas, essas abordagens não se
excluem, mas se complementam. A definição
clássica persiste, considerando o ego como a
principal instância psíquica, mediando entre
as pulsões do id, as demandas do superego e
as exigências da realidade exterior.
É útil abordar o ego de três perspectivas:
como aparelho psíquico, com funções
conscientes essenciais para a adaptação à
realidade exterior; como sede de funções
mais complexas, em grande parte
inconscientes, como a produção de angústias,
mecanismos de defesa, identificações e
formação de símbolos; e como sede de
representações que moldam a imagem do
sujeito e estruturam seu sentimento de
identidade e autoestima. Em resumo, o ego
desempenha papéis complexos, conscientes e
inconscientes, na adaptação à realidade e na
construção da identidade