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ANTIPSIQUIATRIA E

PSIQUIATRIA
DEMOCRÁTICA
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Situar historicamente o surgimento do


modelo de Reforma Psiquiátrica
estudado e quais críticas propunham ao
tratamento psiquiátrico do momento.

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ANTIPSIQUIATRIA

 A década de 1950 e sobretudo a de 1960 foram marcadas por


constantes revisões dos valores e costumes sociais. Foi nesse
contexto que os movimentos de juventude ocuparam a cena,
sendo a contracultura o maior deles.
 Os que estavam no poder, entretanto, classificaram como loucura
os comportamentos e as atitudes de seus adeptos.
 Contra essa forma de fabricação da loucura surgiu uma corrente
de pensamento denominada antipsiquiatria, que questionaria a
psiquiatria em seu cerne.

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ANTIPSIQUIATRIA

 Contrários as essas formas violentas de tratamentos da doença


mental alguns psiquiatras começaram a questionar a psiquiatria
por dentro.
 Marcados pelo pensamento de esquerda, David Cooper, David
Laing e Gregory Bateson formaram a base da antipsiquiatria.
 Esse movimento questionava a psiquiatria em seu cerne, negando
todas as formas de tratamento tradicional da loucura e seus
seguidores acreditavam que a loucura é construída, fabricada
pelas relações de poder e a partir de práticas discursivas.

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ANTIPSIQUIATRIA

 Embora o termo antipsiquiatria tenha sido inventado por David


Cooper num contexto muito preciso, ele serviu para designar um
movimento político de contestação radical do saber psiquiátrico,
desenvolvido entre 1955 e 1975 na maioria dos grandes países em
que se haviam implantado a psiquiatria e a psicanálise: na Grã-
Bretanha, com Ronald Laing e David Cooper; na Itália, com
Franco Basaglia; e nos Estados Unidos, com as comunidades
terapêuticas, os trabalhos de Thomas Szasz e a escola de Palo Alto
de Gregory Bateson.

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ANTIPSIQUIATRIA

 Segundo o psicólogo João Francisco Duarte Júnior (1983), a


antipsiquiatria decorreu de estudos revolucionários sobre o
comportamento humano.
 Em poucas palavras, a antipsiquiatria negava praticamente tudo o
que a psiquiatria tradicional afirmava a respeito da doença mental.
Por isso mesmo, o fundamento da ideologia antipsiquiatria era a
total extinção dos manicômios e a eliminação da própria ideia de
doença mental.

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ANTIPSIQUIATRIA

 Para a antipsiquiatria os sintomas manifestados por um indivíduo têm


origem nas relações que ele mantém; relações ‘doentias’, portanto, se
refletem nos indivíduos, que então passam a ser considerados, eles
próprios, ‘doentes’.
 O pressuposto é que não há seres humanos isolados, mas apenas em
relação com os outros; nossa vida se dá e se define a partir dos
relacionamentos que mantemos nos diferentes grupos sociais a que
pertencemos. Por isso, tudo o que se passa com uma pessoa não se passa
apenas com ela; se estende àqueles com os quais ela mantém algum tipo
de relação.

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PSIQUIATRIA DEMOCRÁTICA

 A psiquiatria democrática teve seu processo mais significativo na década


de 1960, quando Franco Basaglia assume a direção do Hospital
Provincial Psiquiátrico de Gorizia e se intensifica a partir de 1971,
quando ele assume a direção do Hospital Psiquiátrico de Trieste.
 Esse movimento estava centrado na luta contra o manicômio e pela
revisão jurídico-normativa, que visava à plena recuperação da cidadania
pelos doentes mentais, e expandiu-se rapidamente pelo país como o
ideário de uma verdadeira reforma.

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Apontar quais os temas centrais do


modelo estudado e sua relação com o
momento histórico das experiências que
estavam em curso

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Compreender como a
desinstitucionalização é uma meta
essencial no cuidado com os indivíduos
com sofrimento psicológico.

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DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

 A história da reforma psiquiátrica brasileira é um processo em construção


e um projeto com diferentes versões. A mais atual, que fundamenta as
políticas de saúde mental, é a da desinstitucionalização entendida como
desconstrução de saberes, discursos e práticas psiquiátricos que
sustentam a loucura reduzida ao signo da doença mental e reforçam a
instituição hospitalar como a principal referência da atenção à saúde
mental.

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DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

 Esta dificuldade gera, dentre outras problemáticas, o fato de que os


serviços que deveriam ser substitutivos ao hospital psiquiátrico não
atendem à demanda em saúde mental da população, colaborando para a
existência de discursos segundo os quais a reforma psiquiátrica tem
promovido desassistência e justificando a manutenção da estrutura
psiquiátrica tradicional.
 Temos, então, que a desinstitucionalização, como processo efetivo de
desconstrução de saberes e práticas manicomiais, ainda se coloca como
um projeto cujas bases precisam ser mais bem desenvolvidas.

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DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

 Quando analisamos a realidade da saúde mental brasileira, observamos


que existe uma série de impasses que dificultam a concretização deste
projeto de desinstitucionalização. Dentre esses impasses, encontram-se a
redução da reforma a um processo de desospitalização sem a real
desmontagem do hospital psiquiátrico e o deslocamento completo da
atenção em saúde mental para serviços substitutivos territoriais
integrados à rede de saúde mais ampla.

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DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

 Num nível macropolítico, está a necessidade de políticas públicas que


exijam e possibilitem aos serviços a articulação com a vida " lá fora" , na
construção de redes de conexão e diálogo nos diferentes espaços onde
cada usuário circula e constrói sua vida de modo a garantir a
(des)construção permanente das práticas de cuidado de acordo com as
necessidades específicas de saúde de cada usuário.

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DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

 Num nível micropolítico, estaria a articulação entre os próprios técnicos,


moradores e comunidade mais ampla, na produção/invenção do cuidado
destes moradores. Aqui estaria talvez a própria condição de se pensar que
este tipo de serviço trabalha para não ser mais necessário ao morador
que, como uma pessoa qualquer na cidade, poderia buscar um "serviço de
saúde" quando necessitasse.

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DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

 Um desafio seria, então, o de viabilizar que a circulação desses


moradores na vida cotidiana, na cidade múltipla, diversa e imprevisível,
comporte a possibilidade de encontros "aumentativos de potência",
produzindo liberdade e vida. E que essa viabilidade seja tomada como
algo que espontaneamente vai se fazendo também para além das ações
dos profissionais de saúde, desde que as intervenções por eles realizadas
nesse contexto sejam constantemente objeto de reflexão, não se
reproduzindo em "pequenos manicômios" .

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REFERÊNCIAS
1 - Oliveira, William Vaz de. A fabricação da loucura: contracultura e antipsiquiatria. História, Ciências, Saúde-
Manguinhos [online]. 2011, v. 18, n. 1 [Acessado 9 Maio 2022] , pp. 141-154. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0104-59702011000100009>. Epub 01 Jun 2011. ISSN 1678-4758.
https://doi.org/10.1590/S0104-59702011000100009.
2 - Kyrillos Neto, Fuad. (2003). Reforma psiquiátrica e conceito de esclarecimento: reflexões críticas. Mental, 1(1), 71-
82. Recuperado em 09 de maio de 2022, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
44272003000100006&lng=pt&tlng=pt.
3 - AMORIM, Ana Karenina de Melo Arraes; DIMENSTEIN, Magda. Desinstitucionalização em saúde mental e
práticas de cuidado no contexto do serviço residencial terapêutico. Ciência & Saúde Coletiva, [S.L.], v. 14, n. 1, p. 195-
204, fev. 2009. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1413-81232009000100025.

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