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PROCESSUAL
PENAL
Ação Penal
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ação Penal
Sumário
Fábio Roque e Caroline Argôlo
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Ação Penal..................................................................................................................................................... 4
1. Persecução Penal......................................................................................................................... 4
2. Conceito e Características da Ação Penal.............................................................................. 4
3. Espécies de Ação Penal.............................................................................................................. 5
3.1. Considerações Gerais............................................................................................................... 5
3.2. Ação penal Pública Incondicionada...................................................................................... 6
3.3. Ação Penal Pública Condicionada......................................................................................... 8
3.4. Ação Penal Privada................................................................................................................. 11
4. Condições da Ação.. ....................................................................................................................15
4.1. Legitimidade ad causam. . .......................................................................................................15
4.2. Interesse de Agir.. ....................................................................................................................16
4.3. Possibilidade Jurídica do Pedido.. ........................................................................................16
4.4. Justa Causa. . .............................................................................................................................16
5. Modalidades de Ação Penal. . ................................................................................................... 18
6. Informativos de Jurisprudência.. .............................................................................................19
Resumo............................................................................................................................................. 27
Questões de Concurso.................................................................................................................. 35
Gabarito............................................................................................................................................68
Referências...................................................................................................................................... 69
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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo
Apresentação
Olá, futuro(a) concursado(a)!
Nós e toda a equipe do Gran estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí-
cios, respondendo questões de concurso e criando questões inéditas para que você consiga
fixar todo o conteúdo estudado!
As referências bibliográficas estarão presentes ao final da aula. Assim, você terá um supor-
te caso queira um aprofundamento sobre os temas.
Traremos, também, jurisprudência atualizada, pois, sabemos, não basta saber a legislação
ou as considerações doutrinárias sobre o Direito Processual Penal, sendo imprescindível que
estejam atentos às compreensões dos tribunais.
Esperamos que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: ma-
terial obrigatório! Então, fica ligado(a) no curso Gran. Estamos esperando as dúvidas no Fó-
rum do aluno!
Vamos começar?
Caroline Argolo (@professoracarolineargolo):
• advogada, professora e autora de obras jurídicas;
• mestra em Ciências Criminológico-Forenses e Mestra em Políticas Sociais e Cidadania;
• especialista em Direito Penal, Especialista em Direito do Estado e Especialista em Com-
pliance e Direito Anticorrupção.
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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo
AÇÃO PENAL
1. Persecução Penal
Conforme vimos em aulas anteriores, a persecução penal (persecutio criminis) consiste
no poder-dever do Estado de investigar e punir as infrações penais. Vimos, ainda, que ele se
divide em duas fases bem distintas: a primeira, é a fase pré-processual, que é informativa,
preliminar e inquisitiva – trata-se da investigação criminal que antecede o processo; já a
segunda fase, a processual, é o momento criminal em juízo, a ação penal propriamente dita,
objeto desta aula.1
1
ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10. ed. Salvador: Editora
JusPodivm, 2021.
2
Oskar Von Bülow percebe o processo como uma relação jurídica e é esta a previsão do CPC. Tal previsão não
consta no CPP, todavia, trata-se de compreensão largamente aceita na doutrina e na jurisprudência.
3
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2021.
4
Idem.
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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo
E a peça inicial?
5
ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10. ed. Salvador: Editora
JusPodivm, 2021.
6
Idem.
7
ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10. ed. Salvador: Editora
JusPodivm, 2021.
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Ação Penal
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Queixa-crime
Ação penal privada
(peça privativa de advogado8)
Ademais, conforme art. 41 do CPP, são os requisitos para a denúncia e para queixa-crime:
• a exposição do fato criminoso, com as suas circunstâncias: não é válida a denúncia ge-
nérica. Como o réu se defende dos fatos, é salutar a narrativa fática a fim de que o réu
possa exercer seu direito de defesa;
• a qualificação do acusado ou identificação do acusado: o ideal é que se tenha a qua-
lificação completa. Contudo, caso não tenha a qualificação completa, informações ou
sinais característicos que possam identificar o réu já são suficientes;
• a classificação da infração: é o enquadramento típico do fato imputado na denúncia ou
queixa;
• rol de testemunhas: se a acusação tiver testemunhas a arrolar deve ser colocada na
petição inicial, sendo este o momento, sob pena de preclusão. Mas pode ocorrer de não
haver testemunhas a arrolar, sendo produzidas outras provas.
Os dois primeiros requisitos são considerados essenciais. Caso não estejam presentes, a
petição inicial acusatória será considerada inepta e deve ser rejeitada. Os outros dois últimos
requisitos não são essenciais. A ausência destes não acarretará inépcia da petição inicial.
8
Art. 44 do CPP: A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instru-
mento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos
dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
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3.2.1. Princípios
a) Obrigatoriedade ou compulsoriedade
b) Indisponibilidade
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c) (In) divisibilidade
Em razão do art. 5º, XLV, da CF/1988, os efeitos da ação penal não transcendem a pes-
soa do réu.
e) Oficialidade
A ação penal pública é titularizada por um Órgão oficial do Estado, qual seja, o Ministé-
rio Público.
f) Autoritariedade
g) Oficiosidade
A ação penal pública é um dever-poder, cujo exercício se dará ex officio pelo membro do
MP (regra – ação penal pública incondicionada – art. 100 do CP). Em se tratando de ação penal
pública condicionada, só poderá o MP agir se presente a condição a que se subordina (repre-
sentação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça).
9
HC n. 101.570/RJ.
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Em regra, a representação deve ser apresentada pela vítima ou por seu representante legal,
caso seja aquela menor de 18 (dezoito) anos.
Ocorrendo a morte ou a declaração judicial da ausência da vítima, a representação poderá
ser apresentada pelo cônjuge (ou companheiro/a), ascendente, descendente ou irmão (CADI).
Este rol de legitimados é preferencial e taxativo (art. 24, § 1º, CPP).
Pessoa jurídica: caso a pessoa jurídica seja vítima de um delito de ação penal pública condi-
cionada, a representação será apresentada pelas pessoas indicadas no ato constitutivo ou, na
omissão deste, pelos diretores ou sócios-gerentes (analogia ao art. 37, CPP).
10
Nesse sentido, o art. 39 do CPP: Conforme art. 39 do CPP: “O direito de representação poderá ser exercido,
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao
órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. [...] § 1º A representação feita oralmente ou por escrito,
sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida
a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido
dirigida [...]”.
11
HC n. 130.000/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 13/08/2009.
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Nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher12, apenas poderá ser realizada até
o recebimento (e não oferecimento) da denúncia, ouvido o Parquet, e em audiência específica
para este fim, devendo estar presentes o magistrado e o membro do MP (art. 16 da Lei Maria
da Penha).
É importante destacar que o STF julgou procedente a ADI n. 4.424/DF (Rel. Min. Marco
Aurélio) para assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão
corporal, praticado mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. Não é outro o
entendimento do STJ, conforme Súmula n. 542: “A ação relativa ao crime de lesão corporal
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”.
Assevere-se, no entanto, que outros delitos, como, por exemplo, a ameaça (art. 147, pa-
rágrafo único, CP), continuam persecutíveis por ação pública condicionada, mesmo quando
atingir a mulher no seio familiar.
• Requisição do Ministro da Justiça13
12
Lei n. 11.340/2006 Lei Maria da Penha.
13
Temos três casos no CP e dois deles são crimes contra a honra, como nas hipóteses de crimes contra a honra
do Presidente da República e de chefe de governo estrangeiro. A terceira hipótese se encontra expressa no art.
7º, § 3º, do CP e diz respeito aos crimes cometidos no exterior por estrangeiro contra brasileiro. Além destas,
existem outras hipóteses previstas na Lei de Segurança Nacional (Lei n. 7.170/1983).
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nada impede que ele pleiteie o arquivamento ou mesmo que enquadre o fato a tipo penal dis-
tinto daquele plasmado na requisição.
− Retratação
14
Conforme a Súmula 714 do STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério
público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor
público em razão do exercício de suas funções”.
15
Atentem-se, porém, que no caso de injúria real, o entendimento majoritário é de que se trata de crime de ação
penal pública incondicionada. Ademais, os crimes contra a honra também podem se processar mediante ação
penal pública incondicionada, quando previstos no Código Eleitoral, praticados no bojo da propaganda eleitoral
ou visando a fins de propaganda eleitoral.
16
Atualmente, só existem dois casos de ação penal privada personalíssima, que estão previstos no art. 236 do
CP, que são crimes contra o casamento. Em qualquer das duas hipóteses previstas no art. 236, o cônjuge ludi-
briado só poderá processar criminalmente o cônjuge criminoso após a anulação do casamento na esfera cível.
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mente dita) ou subsidiária da pública, no caso de morte ou declaração de ausência por decisão
judicial do ofendido, o direito de oferecer a queixa-crime não passa para terceiros. Este é o único
caso do nosso ordenamento jurídico em que a morte da vítima extingue a punibilidade do agente.
A ação penal privada subsidiária da pública, também chamada de supletiva, refere-se ao
caso de crime de ação penal pública, na qual caberia ao ofendido oferecer a queixa-crime, no
lugar da denúncia, em virtude da inércia do Ministério Público.17
O prazo para a propositura da queixa (06 meses) será contado a partir da inércia minis-
terial. É dizer, é sabido que, concluído o inquérito policial, o MP terá as seguintes possibilida-
des: oferecer a denúncia; requerer diligências; promover o arquivamento; requerer o declínio de
competência; suscitar o conflito de competência. Em regra, o prazo para adotar uma dessas
possibilidades é de 05 dias, se o investigado estiver preso e, de 15 dias, se o investigado esti-
ver solto.18 Assim, o prazo de 06 meses para o ofendido oferecer a queixa-crime é contado a
partir do escoamento destes prazos do MP.
É importante salientar que, ao contrário da ação penal privada personalíssima e exclusiva,
nas quais o escoamento do prazo de seis meses implica em extinção de punibilidade do agen-
te, na ação penal privada subsidiária da pública, com o escoamento do prazo de 6 meses, cabe
ao MP oferecer a denúncia, desde que não sobrevenha a prescrição, embora não caiba mais
ao ofendido oferecer a queixa-crime.
Por fim, registre-se que na ação penal privada subsidiária da pública o MP atua como cus-
tos legis ou custos juris. Assim, ele poderá participar das audiências e atuar em todos os atos
do processo. Além disso, poderá produzir provas, recorrer, aditar a queixa e, se for o caso, po-
derá repudiar a queixa,19 oferecendo denúncia substitutiva e, com isso, retomar a ação como
parte principal, já que ele continua sendo o titular da mesma (art. 29 do CPP).
3.4.1. Princípios
a) Oportunidade (facultatividade ou conveniência)
17
É importante salientar, que só cabe a ação penal privada subsidiária da pública nos crimes em que há um ofen-
dido definido, não cabendo no caso de crimes vagos.
18
Já na Lei de Drogas e no Código Eleitoral, o prazo é de 10 dias, sem distinção entre o investigado preso e o
investigado solto; e na Lei n. 1.521/1951 (Lei de Crimes contra a Economia Popular) o prazo é de 02 dias.
19
A doutrina interpreta que o poder-dever do MP de repudiar a queixa e oferecer denúncia substitutiva, só é cabí-
vel nos casos em que ele demonstre que não houve inércia, ou que essa foi justificável, ou, ainda, nos casos em
que o ofendido apresenta um comportamento desidioso.
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Ação Penal
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É uma declaração expressa (renúncia expressa) da vítima de que não pretende exercer
ação penal privada ou, então, é a prática de um ato incompatível com a intenção de ver o parti-
cipante do delito processado (renúncia tácita). Trata-se de ato unilateral.
A renúncia oportuniza a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada material) que
declara extinta a punibilidade em relação aos participantes (autor, coautor ou partícipe) da in-
fração penal (art. 107, V, CP).
Haja vista a consequência da renúncia, qual seja, a extinção da punibilidade, uma vez exa-
rada não permite retratação. Da mesma forma, o pedido de arquivamento do inquérito poli-
cial pelo ofendido (não previsto em lei) consubstancia renúncia tácita e, uma vez arquivado,
mesmo diante do surgimento de novas provas, não há que se falar em desarquivamento pelo
oferecimento da ação penal.
Nas infrações de menor potencial ofensivo, processadas mediante ação penal privada ou
pública condicionada à representação, a composição civil dos danos devidamente homologa-
da pelo magistrado acarreta a renúncia ao direito de exercer a ação penal ou renúncia ao direito
de representação (art. 74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/1995).
Se a renúncia for ofertada em benefício de apenas uma parcela dos infratores, estender-
-se-á aos demais. Renunciando a vítima em proveito de um ou alguns, todos se beneficiam
(princípio da indivisibilidade da ação penal privada – art. 49, CPP).
b) Princípio da disponibilidade
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Ato da vítima que expressamente declara que não deseja continuar a ação penal (perdão
expresso dentro ou fora dos autos), ou a prática de um comportamento incompatível com a
vontade de levar adiante o processo (perdão tácito).
O perdão, assim como a renúncia, acarreta a prolação de uma sentença de mérito (coi-
sa julgada material) que declara a extinção da punibilidade em relação aos infratores (art.
107, V, CP).
O perdão é um ato bilateral, ou seja, requer a aquiescência do destinatário. O assentimento
poderá ser expresso ou tácito. A oferta ou o aceite do perdão, se operados fora do processo,
constarão de declaração assinada pelo querelado, querelante ou por procurador (independen-
temente de ser advogado) com poderes especiais.
O perdão, uma vez declarado nos autos, será notificado ao destinatário para que em 03
(três) dias se manifeste aceitando-o ou não. A omissão do pretenso infrator materializa seu
aceite ao perdão que lhe fora ofertado. O perdão oferecido a apenas um participante da infra-
ção penal beneficiará aos demais. Isso porque a ação penal privada é indivisível, como se verá
adiante. Ofertando o perdão, o querelante beneficiará todos os réus que desejem aceitá-lo.
Caso um ou alguns não o aceitem, o processo seguirá normalmente em relação a eles.
Cumpre ressaltar que o perdão em estudo não se confunde com o perdão judicial. Este
exige expressa previsão legal e independe da concordância do réu. Ocorre em situações em
que a lei reconhece a existência do crime, mas dispensa a aplicação da pena, que se tornara
desnecessária. É o que ocorre, por exemplo, no caso do crime de homicídio culposo, quando as
consequências do crime são muito gravosas para o próprio criminoso (ex.: pessoa que mata,
culposamente, ente querido).
• Perempção
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c) Princípio da indivisibilidade
Este Princípio estabelece que a ação penal privada é una e indivisível, não podendo ser
fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima exerça a ação penal, deverá
fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos da infração penal.
O membro do MP atua no processo deflagrado por ação penal privada como custos
legis, devendo zelar pela obediência ao princípio da indivisibilidade.
d) Intranscendência ou da pessoalidade
A ação penal só poderá ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do
delito, ou seja, os efeitos da ação não transcendem a pessoa do réu.
3.4.2. Prazo
4. Condições da Ação
O CPP, assim como o de Processo Civil, adotou a teoria eclética do direito de ação que
exige o implemento de determinados requisitos para que o Estado-juiz possa proferir uma
decisão de mérito (art. 395, II, CPP). Vejamos:
20
No processo penal, há 02 prazos decadenciais: o prazo de 06 meses para que o ofendido faça a representação; e o prazo
de 06 meses para o ofendido oferecer a queixa-crime. Os prazos decadenciais são sempre para o ofendido.
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Para cada crise jurídica existe uma tutela jurisdicional específica e procedimento próprio
para solvê-la.
Assevere-se que parte da doutrina entende que a adequação não se insere no juízo valo-
rativo relativo às condições da ação (interesse de agir), e, sim, aos pressupostos processuais
(objetivo: regularidade formal).
• Utilidade
A ação penal deve ser apta a concretizar a imposição de uma sanção penal ao infrator da
norma, ou seja, é imprescindível que haja, ao menos, esperança de se aplicar a sanção ao su-
posto delinquente, sob pena de o exercício da ação penal se mostrar inútil.21
a justa causa para interposição de denúncia diz respeito ao mínimo de lastro probatório
– mesmo que meramente Indiciário – que aponte para a autoria do acusado em relação
ao delito que lhe é imputado.22
21
Registre que a prescrição virtual, em perspectiva ou antecipada, consubstanciada no reconhecimento de que o
MP pode virtualizar, ao analisar o inquérito policial ou extrapolicial, a provável pena que seria aplicada em futura
sentença condenatória e, se concluir que em razão dela o crime estará prescrito, poderia pleitear pelo arquiva-
mento das peças de informação, não é admitida pelo STF e pelo STJ (Súmula n. 438 do STJ).
22
AP n. 815/DF, rel. Min. Og Fernandes, j. 07.06.17.
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Convém esclarecer que, muito embora seja considerada uma condição autônoma da ação
pela doutrina majoritária, a justa causa foi explicitada no art. 395, CPP, como uma outra hi-
pótese de rejeição da denúncia ou queixa (e não como modalidade de ausência de condi-
ção da ação).
Por fim, há a seguinte classificação25 acerca da justa causa:
• simples: é a necessidade, como visto, de lastro probatório mínimo da infração penal;
EXEMPLO
Elementos mínimos do roubo. Então, será necessário demonstrar lastro mínimo em rela-
ção ao crime de roubo.
• duplicada: é a necessidade de lastro probatório mínimo em relação ao crime acessório
(parasitário), i.e., aquele que depende da existência de outro, principal;
23
STF, HC n. 158.319/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 26.06.18.
24
Registre-se, porém, o exame de corpo de delito é imprescindível para que o magistrado possa prolatar a sen-
tença, sob pena de nulidade (art. 564, III, “b”, CPP).
25
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2021.
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Ação Penal
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EXEMPLO
Elementos mínimos do crime de receptação e do crime anterior, do qual a coisa provém,
como o furto. Assim, será necessário demonstrar lastro mínimo em relação às duas infrações:
receptação e furto.
• triplicada: é a necessidade de lastro probatório mínimo em relação ao crime acessório
(parasitário), i.e., aquele que depende da existência de outro, que também é acessório
(parasitário).
EXEMPLO
Elementos mínimos em relação ao crime de lavagem de dinheiro, cujo crime antecedente é
uma receptação, cuja origem do bem é de um roubo. Logo, será necessário demonstrar lastro
mínimo em relação às três infrações: lavagem, receptação e roubo.
Não existe mais a possibilidade de o processo penal ser iniciado de ofício, a partir de uma
portaria do juiz ou do delegado (antigo processo judicialiforme), pois é necessária alguma pro-
vocação da parte.
• Ação penal popular
É aquela que visa a imposição de uma medida de segurança, ou seja, nela, o acusador já
sabe que a pessoa que será processada é inimputável por doença mental e, assim, propõe a
ação não para pedir a condenação, mas a absolvição imprópria.
Assevere-se, porém, que nada obsta que a sentença seja declaratória, como de extinção da
punibilidade pela prescrição, que não se confunde com a de absolvição.
• Ação penal adesiva
A ação penal adesiva se verifica quando há conexão entre crimes de ação penal pública e cri-
mes de ação penal privada. Nesse caso, o MP oferece a denúncia pelo crime de ação penal pública
e o ofendido a queixa pelo crime de ação penal privada e, assim, uma ação penal adere à outra.
• Ação penal primária e secundária
É o ocorre na situação em que a lei prevê um tipo de ação penal, mas excepciona permitin-
do um outro tipo de ação penal.
26
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2021.
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EXEMPLO
O crime de injúria é, primariamente, de ação penal privada, entretanto, nos casos de injúria
qualificada é, secundariamente, de ação penal pública condicionada à representação.
• Ação penal pública subsidiária da pública
6. Informativos de Jurisprudência
STF/903 – Suspensão condicional do processo. Art. 89 da Lei n.. 9.099/1995. De acordo
com o art. 89 da Lei n. 9.099/95, a suspensão condicional do processo é instituto de
política criminal, benéfico ao acusado, que visa a evitar a sua sujeição a um processo
penal, cujos requisitos encontram-se expressamente previstos na norma em questão. É
constitucional a norma do art. 89 da Lei n. 9.099/95, que estabelece os requisitos para
a concessão do benefício da suspensão condicional do processo, entre eles o de não
responder o acusado por outros delitos. Assim, a existência de ações penais em curso
contra o denunciado impede a concessão do sursis processual por força do art. 89 da Lei
n. 9.099/95. STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018.
STF/793 – HC e trancamento da ação penal. A Primeira Turma deu provimento a
recurso ordinário em habeas corpus para trancar ação penal por falta de justa causa.
No caso, a paciente fora denunciada, em setembro de 2013, por não ter entregado ao
seu constituinte valor resultante de reclamação trabalhista. Na denúncia, consigna-
ra-se que o prejudicado provocara a instauração de procedimento disciplinar perante
a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Ocorre que, no juizado especial cível, hou-
vera acordo e a recorrente, então ré, assumira a obrigação de realizar o pagamento.
O magistrado determinara que se oficiasse à delegacia de polícia, onde apresentada
a notícia do crime de apropriação indébita, sobre o referido ajuste. A Turma salien-
tou que o acordo firmado no juízo cível que colocara fim à pendência ocorrera em
novembro de 2012 e que a denúncia fora formalizada quase um ano após. Assim, não
houvera a indispensável comunicação, sendo o Judiciário acionado pelo Ministério
Público. A excepcionalidade da situação seria suficiente para se trancar a ação penal.
Consignou, ainda, que a relação jurídica cível repercutira, inclusive, sobre cobrança
junto ao juizado especial. Ademais, o acerto de contas teria se dado em data anterior
à propositura da ação penal. RHC 125283/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 4.8.2015. (RHC-
125283)
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo
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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo
STF/815 – Crime sexual contra vulnerável e titularidade da ação penal – 1. O Plenário, por
maioria, denegou a ordem em habeas corpus impetrado com base na suposta ilegitimi-
dade do Ministério Público para intentar ação penal pública contra o paciente, denunciado
pela alegada prática, em 2007, do crime de atentado violento ao pudor com violência pre-
sumida (CP, art. 214, c/c o art. 224, “a”, na redação originária). No caso, o representante
da vítima apresentara requerimento perante a autoridade policial (CP, art. 225, na antiga
redação) e ajuizara queixa-crime. Posteriormente, o Ministério Público manifestara-se
pela rejeição da queixa por ilegitimidade da parte e oferecera denúncia. A queixa-crime
fora, então, rejeitada, e a parte fora admitida como assistente da acusação. Prevaleceu o
voto do Ministro Roberto Barroso, no que acompanhado pelos Ministros Luiz Fux, Gilmar
Mendes e Dias Toffoli. Entendeu que a controvérsia acerca da recepção do art. 225 do CP
pela atual ordem constitucional não poderia levar à eventual desproteção da vítima. Em
outras palavras, não se poderia, num primeiro momento, declarar a inviabilidade de ação
penal privada e, posteriormente, a impossibilidade de ação penal pública, para deixar o
bem jurídico violado sem tutela. Assim, necessário interpretar esse dispositivo à luz do
art. 227 da CF (“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao ado-
lescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negli-
gência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”). Dessa forma, inter-
pretar o art. 225 do CP de modo a não entender cabível qualquer tipo de sanção em face
da conduta perpetrada implicaria negar aplicação ao art. 227 da CF. Necessário, portanto,
excepcionar a aplicabilidade da redação antiga do art. 225 do CP para a situação dos
autos, tendo em conta a relevância do aludido dispositivo constitucional. O Ministro Luiz
Fux ressaltou que eventual juízo de não recepção do art. 225 do CP poderia implicar inse-
gurança jurídica, tendo em conta diversos casos já julgados de acordo com essa norma.
Ademais, em relação a possível decadência do direito de ação em hipóteses semelhan-
tes, seria possível concluir que o menor, ao adquirir a maioridade, poderia propor ação
penal no que se refere a bem jurídico que lhe dissesse respeito. O Ministro Dias Toffoli
salientou que o tema seria delicado por envolver relações e dramas familiares, e que não
caberia ao Estado invadir essa problemática. O Ministro Gilmar Mendes frisou o princípio
da proteção insuficiente para afirmar que a decisão da Corte não poderia implicar esva-
ziamento da tutela do bem jurídico no caso concreto. HC 123971/DF, rel. orig. Min. Teori
Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 25.2.2016.
Crime sexual contra vulnerável e titularidade da ação penal – 2. Por sua vez, os Ministros
Edson Fachin e Rosa Weber também denegaram a ordem, mas o fizeram com fulcro na
não recepção, pela Constituição, do art. 225 do CP, na redação anterior à Lei 12.015/2009,
na parte em que estabelecia ser privada a ação penal quando o crime fosse cometido
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Ação Penal
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contra criança ou adolescente. O Ministro Edson Fachin apontou que o dispositivo viola
o art. 227 da CF. Condicionar o exercício do poder punitivo estatal em crimes graves à
iniciativa dos representantes legais de crianças ou adolescentes não cumpriria com o
ditame de assegurar a essas pessoas, com prioridade, o direito à dignidade, ao respeito
e à liberdade. Ademais, a regra nova do preceito penal em comento não retroagiria, uma
vez que prevalecia o disposto no art. 100 do CP, desde a entrada em vigor da Constitui-
ção. Portanto, a ação penal, na hipótese, sempre seria pública. Além disso, assentou que
o princípio da retroatividade de norma penal mais benéfica aplica-se às leis penais, e
não a entendimentos jurisprudenciais. Seria possível, contudo, que certo posicionamento
tivesse efeitos retroativos apenas se dissesse respeito à tipicidade ou não de determi-
nada conduta, mas, no caso, se cuidaria da legitimidade ativa para exercício da ação
penal. Ainda que essa legitimidade pudesse influir na punibilidade, não se poderia sus-
tentar que alguém tem o direito subjetivo de não ser punido porque, no momento em
que praticado o fato, entendia-se que a titularidade da ação penal pertencia a outrem, de
acordo com a orientação jurisprudencial dominante à época. Vencidos os Ministros Teori
Zavascki (relator), Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski (Presidente), que concediam
parcialmente a ordem para reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público, com o
consequente arquivamento dos autos. HC 123971/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red.
p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 25.2.2016.
STF/675 – AP 470/MG – 6 – “Mensalão” – Princípio da obrigatoriedade. Rejeitou-se,
também, preliminar de inépcia da denúncia, à luz do que decidido quando do recebi-
mento da peça acusatória. Assim, a matéria estaria preclusa. Afastou-se, ademais, preli-
minar de nulidade do processo por suposta violação ao princípio da obrigatoriedade da
ação penal pública. Argumentava-se que o Ministério Público teria deixado de incluir,
na exordial, os administradores de empresa alegadamente envolvida no esquema nar-
rado. Registrou-se que o parquet formaria sua opinio delicti de forma independente,
pelo que não caberia ao Judiciário impor àquele órgão que compartilhasse do entendi-
mento de determinado acusado, no sentido de haver outras pessoas no polo passivo da
ação. Bem assim, outros envolvidos teriam sido denunciados perante a justiça comum,
o que seria a hipótese dos referidos administradores. Anotou-se que eles teriam firmado
acordo de delação premiada, razão pela qual fora pedido o perdão judicial de ambos. Ato
contínuo, rejeitou-se preliminar de inclusão do ex-Presidente da República no polo pas-
sivo da ação. Resgatou-se o que já firmado pela Corte a respeito desse pedido. Ocorre
que o autor da inicial seria a autoridade competente para oferecer acusação. Ademais,
seria juridicamente impossível que o STF impusesse ao parquet a inclusão de qualquer
pessoa na peça acusatória. Rejeitou-se, outrossim, preliminar de nulidade de depoimen-
tos colhidos por juízo ordenado, em que houvera atuação de Procurador da República tido
por suspeito, porque no polo passivo de ação de reparação de danos movida por pessoa
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RESUMO
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de nossa sexta aula. Mas antes que possamos nos
despedir, vamos revisar os conceitos estudados com um breve resumo!
• Persecução penal: a segunda fase da persecução penal, a fase processual, é o momen-
to criminal em juízo, a ação penal propriamente dita.
É o instrumento processual por meio do qual se vale a acusação (MP ou ofendido, a depen-
der da espécie de ação penal) para fazer aplicar a lei penal objetiva ao fato delituoso.
Trata-se de um direito:
• autônomo: o direito de ação existe completamente desvencilhado do direito material;
• abstrato: o direito de ação independe do resultado do processo;
• público: a atividade jurisdicional é pública, por isso é que a ação penal é movida contra
o chamado Estado-juiz;
• subjetivo: é o direito de agir por parte do acusador (MP ou ofendido), exigindo a presta-
ção jurisdicional ao Poder Judiciário;
• instrumental: o direito de ação tem por objetivo a instauração do processo, visando à
composição do conflito de interesses;
• determinado: a ação está ligada a um fato ocorrido;
• específico: o conteúdo da ação penal é específico, qual seja, a imputação de um fato
criminoso a alguém.
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É a ação penal titularizada privativamente pelo MP. É a grande regra do nosso ordenamento
jurídico, ou seja, se a lei não dispuser de maneira contrária, o crime será de ação penal pública
incondicionada.
Princípios
• Obrigatoriedade ou compulsoriedade: havendo prova da materialidade e indícios razoá-
veis de autoria ou participação, o MP está obrigado a oferecer a ação penal.
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Institutos condicionantes
• Representação (delatio criminis postulatória)
− Consiste em qualquer manifestação inequívoca da vontade do ofendido de deflagrar
a persecução criminal em juízo.
− Em regra, a representação deve ser apresentada pela vítima ou por seu representante
legal, caso seja aquela menor de 18 (dezoito) anos.
− Ocorrendo a morte ou a declaração judicial da ausência da vítima, a representação
poderá ser apresentada pelo cônjuge (ou companheiro/a), ascendente, descendente
ou irmão (CADI). Este rol de legitimados é preferencial e taxativo (art. 24, § 1º, CPP).
− Caso a pessoa jurídica seja vítima de um delito de ação penal pública condicionada,
a representação será apresentada pelas pessoas indicadas no ato constitutivo ou, na
omissão deste, pelos diretores ou sócios-gerentes (analogia ao art. 37, CPP).
Retratação:
− até o oferecimento da denúncia, poderá a vítima retratar-se da representação apre-
sentada;
− admite-se a retratação da retratação da representação, desde que não haja a conclu-
são do prazo decadencial;
− a representação (mero requerimento) não possui força que o vincule o privativo juízo
do membro do parquet;
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− nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, apenas poderá ser reali-
zada até o recebimento (e não oferecimento) da denúncia, ouvido o Parquet, e em au-
diência específica para este fim, devendo estar presentes o magistrado e o membro
do MP (art. 16 da Lei Maria da Penha).
Obs.: Importante destacar que o STF (ADI n. 4.424/DF) e o STJ (Súmula n. 542) compreen-
dem a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal,
praticado mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. Todavia, outros
delitos, como, por exemplo, a ameaça, continuam persecutíveis por ação pública con-
dicionada, mesmo quando atingir a mulher no seio familiar.
• Requisição do Ministro da Justiça
− É um pedido-autorização, de feição eminentemente política, que condiciona o início
da persecução penal de determinados delitos. Sua natureza jurídica é de condição de
procedibilidade ou condição especial da ação.
− A lei não fixou um prazo decadencial para que haja a requisição, logo, poderá ser
apresentada a qualquer tempo, observado, contudo, o prazo prescricional da infra-
ção penal (art. 109, CP).
− Não possui força que vincule o privativo juízo do membro do parquet.
Retratação
Há controvérsia doutrinária acerca da possibilidade de retratação na Requisição do Minis-
tro da Justiça. O STF e o STJ jamais se pronunciaram sobre o assunto.
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Princípios
b) Princípio da disponibilidade
Lastreado na discricionariedade (oportunidade e conveniência), este princípio revela que a
vítima, uma vez deflagrada a ação penal privada, poderá desistir do seu processamento até o
trânsito em julgado da sentença penal.
b.1. Institutos que revelam o Princípio da disponibilidade
• Perdão: ato da vítima que expressamente declara que não deseja continuar a ação penal
(perdão expresso dentro ou fora dos autos), ou a prática de um comportamento incom-
patível com a vontade de levar adiante o processo (perdão tácito).
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Fábio Roque e Caroline Argôlo
− Acarreta a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada material) que declara
a extinção da punibilidade.
− É um ato bilateral, ou seja, requer a aquiescência do destinatário.
− Ofertando o perdão, o querelante beneficiará todos os réus que desejem aceitá-lo. Caso
um ou alguns não o aceitem, o processo seguirá normalmente em relação a eles.
− Não se confunde com o perdão judicial.
• Perempção: sanção processual em virtude do descaso do titular da ação penal privada
em impulsioná-la.
− As hipóteses de perempção foram dispostas, exemplificativamente, pelo art. 60 do
CPP. As hipóteses são:
◦ quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos;
◦ quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qual-
quer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 (art. 60,
II, do CPP);
◦ quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de conde-
nação nas alegações finais;
◦ quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
− Havendo concurso de infrações, pode ocorrer perempção em face de apenas algu-
mas delas.
− Ocasiona a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada material) que declara
a extinção da punibilidade.
c) Princípio da indivisibilidade
Estabelece que a ação penal privada é una e indivisível, não podendo ser fracionada no que
toca aos infratores, ou seja, caso a vítima exerça a ação penal, deverá fazê-lo em detrimento de
todos os participantes conhecidos da infração penal.
d) Intranscendência ou da pessoalidade
Os efeitos da ação não transcendem a pessoa do réu.
Prazo
Condições da ação
• Legitimidade ad causam: a possibilidade conferida pela lei para que alguém integre um
dos polos da relação jurídica processual.
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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo
EXEMPLO
Elementos mínimos do roubo. Então, será necessário demonstrar lastro mínimo em rela-
ção ao crime de roubo.
• Duplicada: é a necessidade de lastro probatório mínimo em relação ao crime acessório
(parasitário), i.e., aquele que depende da existência de outro, principal.
EXEMPLO
Elementos mínimos do crime de receptação e do crime anterior, do qual a coisa provém,
como o furto. Assim, será necessário demonstrar lastro mínimo em relação às duas infrações:
receptação e furto.
• Triplicada: é a necessidade de lastro probatório mínimo em relação ao crime acessório
(parasitário), i.e., aquele que depende da existência de outro, que também é acessório
(parasitário).
EXEMPLO
Elementos mínimos em relação ao crime de lavagem de dinheiro, cujo crime antecedente é
uma receptação, cuja origem do bem é de um roubo. Logo, será necessário demonstrar lastro
mínimo em relação às três infrações: lavagem, receptação e roubo.
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Ação Penal
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EXEMPLO
O crime de injúria é, primariamente, de ação penal privada, entretanto, nos casos de injúria
qualificada é, secundariamente, de ação penal pública condicionada à representação.
• Ação penal pública subsidiária da pública: alguns admitem esta possibilidade.
EXEMPLO
Hipótese de federalização de crime contra os direitos humanos que se inicia na Justiça
Estadual e que migra para a Justiça Federal, neste caso, a atribuição do MP estadual passa a
ser, subsidiariamente, do MP Federal.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (FACET CONCURSOS/PREFEITURA DE CAPIM-PB/ASSISTENTE JURÍDICO/2020/
ADAPTADA) Sobre a ação penal, julgue o item a seguir.
Segundo entendimento jurisprudencial consolidado no Supremo Tribunal Federal, nos crimes
contra a honra praticado em desfavor de funcionário público em razão de suas funções, a legi-
timidade para propositura da ação penal será exclusivamente do Ministério Público.
Errado.
A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento
do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimen-
tos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Errado.
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Conforme vimos, no que diz respeito à ação penal privada subsidiária da pública, ao contrário
da ação penal privada personalíssima e exclusiva, nas quais o escoamento do prazo de seis
meses implica em extinção de punibilidade do agente, com o escoamento do prazo, cabe ao
MP oferecer a denúncia, desde que não sobrevenha a prescrição, embora não caiba mais ao
ofendido oferecer a queixa-crime.
Errado.
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Fábio Roque e Caroline Argôlo
Conforme vimos nesta aula, o STF julgou procedente a ADI n. 4.424/DF (Rel. Min. Marco Au-
rélio) para assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão cor-
poral, praticado mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. Nos demais casos,
será de ação penal pública condicionada à representação. Não é outro o entendimento do STJ,
conforme Súmula n. 542:
Errado.
Conforme vimos, a ação penal privada subsidiária da pública, também chamada de supletiva,
refere-se ao caso de crime de ação penal pública, na qual caberia ao ofendido oferecer a quei-
xa-crime, no lugar da denúncia, em virtude da inércia do Ministério Público. Se houve a promo-
ção de arquivamento, cuja competência é do Ministério Público, não há que se fala em inércia.
Certo.
Conforme vimos, o princípio da indivisibilidade estabelece que a ação penal privada é una
e indivisível, não podendo ser fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima
exerça a ação penal, deverá fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos da
infração penal.
Assim, se a renúncia for ofertada em benefício de apenas uma parcela dos infratores, esten-
der-se-á aos demais. Renunciando a vítima em proveito de um ou alguns, todos se beneficiam
(princípio da indivisibilidade da ação penal privada – art. 49, CPP).
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Certo.
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Letra b.
Conforme vimos nesta aula, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da denúncia (art.
25 do CPP).
Letra a.
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Letra b.
a) Errada. Conforme vimos, a justa causa é o lastro probatório mínimo – presente no binômio
prova da materialidade (existência) do crime e indícios de autoria ou participação – que em-
basa a acusação. Inexistentes esses elementos mínimos de informação, a ação penal a ser
proposta será temerária, razão pela qual o magistrado rejeitará a inicial acusatória. Portanto, a
justa causa, diferente do que diz a assertiva, é uma das condições da ação penal.
b) Certa. Conforme art. 363 do CPP, que será oportunamente estudado.
c) Certa. Conforme art. 5º, p. 2º, do CPP:
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Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: [...] § 2º Do despacho que indeferir o
requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
d) Certa. Conforme art. 70 do CPP, que será oportunamente estudado.
Letra a.
a) Errada. Conforme vimos nesta aula, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da de-
núncia (art. 25 do CPP).
b) Certa. Conforme art. 37 do CPP:
Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
d) Errada. Conforme art. 62 do CPP:
No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o
Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.
Letra b.
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a) Errada. Conforme vimos nesta aula, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da de-
núncia (art. 25 do CPP).
b) Errada. A ação penal privada é titularizada pela vítima ou por seu representante legal, na
condição de substitutos processuais, já que atuam em nome próprio pleiteando direito alheio,
qual seja, o jus puniendi (dever de punir) do Estado.
c) Errada. Conforme vimos, de acordo com o princípio da indisponibilidade, uma vez deflagra-
do o processo pelo recebimento da ação penal, o MP não poderá abandonar a relação jurídica
processual penal (art. 42, CPP). Estando convencido de que não há razões para condenar o réu,
deverá o membro do MP requerer a sua absolvição, mas jamais a desistência da ação penal.
d) Certa. Conforme vimos, a renúncia é uma declaração expressa (renúncia expressa) da víti-
ma de que não pretende exercer ação penal privada ou, então, é a prática de um ato incompa-
tível com a intenção de ver o participante do delito processado (renúncia tácita).
Se a renúncia for ofertada em benefício de apenas uma parcela dos infratores, estender-se-á
aos demais. Renunciando a vítima em proveito de um ou alguns, todos se beneficiam (princípio
da indivisibilidade da ação penal privada – art. 49, CPP).
Letra d.
O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à au-
toridade policial.
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autori-
dade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
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§ 2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da
autoria.
§ 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou,
não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autori-
dade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo
de quinze dias.
Letra e.
Conforme vimos nesta aula, são princípios que regem a ação penal privada:
• Oportunidade (facultatividade ou conveniência): o exercício da ação penal privada se
insere no âmbito de conveniência e oportunidade do seu titular ativo (vítima ou repre-
sentante legal), que jamais estará obrigado a lançar mão dela. Trata-se de um Princípio
que rege a ação penal privada antes mesmo da sua propositura, ou seja, é analisado na
fase pré-processual.
• Princípio da disponibilidade: lastreado na discricionariedade (oportunidade e conveni-
ência), este princípio revela que a vítima, uma vez deflagrada a ação penal privada, po-
derá desistir do seu processamento até o trânsito em julgado da sentença penal (art.
106, § 2º, CP). O princípio em tela é o reflexo ou projeção do Princípio da oportunidade
na fase processual.
• Princípio da indivisibilidade: este Princípio estabelece que a ação penal privada é una e
indivisível, não podendo ser fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima
exerça a ação penal, deverá fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos
da infração penal.
• Intranscendência ou da pessoalidade: a ação penal só poderá ser proposta contra a pes-
soa a quem se imputa a prática do delito, ou seja, os efeitos da ação não transcendem
a pessoa do réu.
Letra a.
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Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer,
dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio
importará aceitação.
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
Letra a.
a) Errada. Conforme vimos, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão (art. 24, §1º, do CPP).
b) Errada. Conforme vimos nesta aula, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da de-
núncia (art. 25 do CPP).
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O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à au-
toridade policial.
Letra d.
Conforme vimos, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da denúncia. Caso a vítima
assim proceda, restará configurada a renúncia ao direito de representar, fato este que obsta o
início da persecução penal.
Letra c.
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O crime de estupro não admite retratação nem perdão pela vítima, cabendo ao Ministério Pú-
blico oferecer a denúncia no prazo de cinco dias, estando Tales preso.
O estupro é um crime de ação penal pública incondicionada. Logo, não há que se falar em qual-
quer manifestação de vontade da vítima. Ademais, conforme art. 46 do CPP:
O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em
que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver
solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16),
contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
Certo.
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( ) Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
( ) O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
( ) Qualquer pessoa poderá intentar a ação privada.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
a) V, V, V.
b) V, V, F.
c) V, F, V.
d) F, F, V.
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Conforme vimos nesta aula, a ação penal privada subsidiária da pública, também chamada de
supletiva, refere-se ao caso de crime de ação penal pública, na qual caberia ao ofendido ofere-
cer a queixa-crime, no lugar da denúncia, em virtude da inércia do Ministério Público.
O prazo para a propositura da queixa (06 meses) será contado a partir da inércia ministerial. É
dizer, é sabido que, concluído o inquérito policial, o MP terá as seguintes possibilidades: ofe-
recer a denúncia; requerer diligências; promover o arquivamento; requerer o declínio de com-
petência; suscitar o conflito de competência. Em regra, o prazo para adotar uma dessas pos-
sibilidades é de 05 dias, se o investigado estiver preso e, de 15 dias, se o investigado estiver
solto. Assim, o prazo de 06 meses para o ofendido oferecer a queixa-crime é contado a partir
do escoamento destes prazos do MP.
É importante salientar que, ao contrário da ação penal privada personalíssima e exclusiva, nas
quais o escoamento do prazo de seis meses implica em extinção de punibilidade do agente, na
ação penal privada subsidiária da pública, com o escoamento do prazo de 6 meses, cabe ao
MP oferecer a denúncia, desde que não sobrevenha a prescrição, embora não caiba mais ao
ofendido oferecer a queixa-crime.
Por fim, registre-se que na ação penal privada subsidiária da pública o MP atua como custos
legis ou custos juris. Assim, ele poderá participar das audiências e atuar em todos os atos do
processo. Além disso, poderá produzir provas, recorrer, aditar a queixa e, se for o caso, poderá
repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva e, com isso, reassumir a titularidade da
ação penal.
Letra d.
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Conforme vimos, o estupro é um crime de ação penal pública incondicionada. Nesse sentido:
STJ/553 – Direito processual penal. Natureza da ação penal em crime contra a liber-
dade sexual. Procede-se mediante ação penal condicionada à representação no crime
de estupro praticado contra vítima que, por estar desacordada em razão de ter sido ante-
riormente agredida, era incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da ocorrência
dos atos libidinosos. De fato, segundo o art. 225 do CP, o crime de estupro, em qualquer
de suas formas, é, em regra, de ação penal pública condicionada à representação, sendo,
apenas em duas hipóteses, de ação penal pública incondicionada, quais sejam, vítima
menor de 18 anos ou pessoa vulnerável. A própria doutrina reconhece a existência de
certa confusão na previsão contida no art. 225, caput e parágrafo único, do CP, o qual,
ao mesmo tempo em que prevê ser a ação penal pública condicionada à representação
a regra tanto para os crimes contra a liberdade sexual quanto para os crimes sexuais
contra vulnerável, parece dispor que a ação penal do crime de estupro de vulnerável é
sempre incondicionada. A interpretação que deve ser dada ao referido dispositivo legal é
a de que, em relação à vítima possuidora de incapacidade permanente de oferecer resis-
tência à prática dos atos libidinosos, a ação penal seria sempre incondicionada. Mas, em
se tratando de pessoa incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da ocorrência
dos atos libidinosos – não sendo considerada pessoa vulnerável –, a ação penal perma-
nece condicionada à representação da vítima, da qual não pode ser retirada a escolha de
evitar ostrepitus judicii. Com este entendimento, afasta-se a interpretação no sentido de
que qualquer crime de estupro de vulnerável seria de ação penal pública incondicionada,
preservando-se o sentido da redação do caput do art. 225 do CP. HC 276.510-RJ, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/11/2014, DJe 1º/12/2014.
Ademais, presentes estão as condições da ação, quais sejam: legitimidade ad causam, haja
vista que a titularidade da ação é do MP; interesse de agir, constituído pelo trinômio necessida-
de-adequação-utilidade; possibilidade jurídica do pedido, que na seara processual penal está
condicionada à existência de um tipo penal descrevendo a conduta criminosa (Princípio da re-
serva legal) imputada ao réu na peça inicial acusatória; e a justa causa, a qual, conforme o STJ:
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diz respeito ao mínimo de lastro probatório – mesmo que meramente Indiciário – que
aponte para a autoria do acusado em relação ao delito que lhe é imputado.
Letra a.
I – Errado. Na ação penal privada subsidiária da pública o MP atua como custos legis ou cus-
tos juris. Assim, ele poderá participar das audiências e atuar em todos os atos do processo.
Além disso, poderá produzir provas, recorrer, aditar a queixa e, se for o caso, poderá repudiar
a queixa, oferecendo denúncia substitutiva e, com isso, retomar a ação como parte principal,
conforme art. 29 do CPP, vez que ele continua sendo o titular dela.
II – Errado. Conforme art. 28 do CPP:
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III – Certo. O princípio da divisibilidade estabelece que a ação penal privada é una e indivisível,
não podendo ser fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima exerça a ação
penal, deverá fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos da infração penal.
IV – Certo. Conforme art. 39 do CPP:
O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à auto-
ridade policial. [...]
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autori-
dade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida [...].
Letra c.
a) Certa. Nos crimes de ação penal pública condicionada a representação, esta é condição de
procedibilidade da ação, conforme vimos nesta aula. Ademais, conforme art. 395 do CPP:
A denúncia ou queixa será rejeitada quando: [...] II – faltar pressuposto processual ou condição para
o exercício da ação penal; [...].
b) Errada. Conforme art. 38 do CPP:
Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
c) Errada. Conforme art. 25 do CPP:
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d) Errada. Conforme vimos nesta aula, os princípios da conveniência e oportunidade são apli-
cáveis no caso de ação penal privada, não na ação penal pública condicionada, onde a titulari-
dade se mantém exclusiva do MP.
Letra a.
Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
Portanto, o prazo é de 06 meses, já em curso.
Entretanto, é importante sinalizar que, conforme art. 60, II, do CPP:
Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
[...] II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo,
para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem
couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
Letra c.
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Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
Ainda, conforme art. 39 do CPP:
O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à
autoridade policial.
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autori-
dade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da
autoria.
§ 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou,
não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autori-
dade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem ofere-
cidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no
prazo de quinze dias.
Letra e.
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c) pode ser intentada tanto pelo ofendido quanto por quem tenha qualidade para representá-lo.
d) deve ser proposta no prazo de trinta dias da descoberta do crime pelo ofendido.
e) pode ser exercida por qualquer pessoa que saiba do crime e independe da vontade
do ofendido.
O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à au-
toridade policial [...].
Letra c.
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Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas depen-
derá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou
de quem tiver qualidade para representá-lo.
Letra d.
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d) intranscendência.
e) obrigatoriedade.
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O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou es-
tiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
c) Certa. Conforme art. 5º do CPP:
Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do, do dia em que se esgotar o prazo para o ofereci-
mento da denúncia.
e) Errada. Conforme art. 17 do CPP:
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Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas depende-
rá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de
quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de
representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão [...]
Letra c.
Conforme vimos, a ação de prevenção penal é aquela que visa a imposição de uma medida de
segurança, ou seja, nela, o acusador já sabe que a pessoa que será processada é inimputável
por doença mental e, assim, propõe a ação não para pedir a condenação, mas a absolvição
imprópria.
Certo.
Conforme vimos, a ação de prevenção penal é aquela que visa a imposição de uma medida de
segurança, ou seja, nela, o acusador já sabe que a pessoa que será processada é inimputável
por doença mental e, assim, propõe a ação não para pedir a condenação, mas a absolvição
imprópria. Assevere-se, porém, que nada obsta que a sentença seja declaratória, como de ex-
tinção da punibilidade pela prescrição, que não se confunde com a de absolvição.
Errado.
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Conforme vimos, a ação penal de ofício (ou sem demanda), não é cabível em nosso atual orde-
namento jurídico. É dizer, não existe mais a possibilidade de o processo penal ser iniciado de
ofício, a partir de uma portaria do juiz ou do delegado (antigo processo judicialiforme), pois é
necessária alguma provocação da parte.
Errado.
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c) Errada. A ação penal privada é exercida pelo ofendido. Já a ação penal pública condicionada,
dependerá de representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça.
d) Errada. A ação penal pública incondicionada será promovida por denúncia do Ministério
Público, mas dependerá, quando a lei exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de repre-
sentação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. O erro da questão está na
inserção da palavra incondicionada.
e) Certa. Conforme art. 24 do CPP:
Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público (incondiciona-
da), mas dependerá (condicionada), quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou
de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Letra e.
No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Mi-
nistério Público, declarará extinta a punibilidade.
Certo.
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Conforme vimos, o STF julgou procedente a ADI n. 4.424/DF (Rel. Min. Marco Aurélio) para as-
sentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal, praticado
mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. Não é outro o entendimento do STJ,
conforme Súmula n. 542:
Assevere-se, no entanto, que outros delitos, como, por exemplo, a ameaça (art. 147, parágrafo
único, CP), continuam persecutíveis por ação pública condicionada, mesmo quando atingir a
mulher no seio familiar.
Letra e.
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Conforme vimos, a decadência é a perda da faculdade de exercer a ação penal privada em ra-
zão do exaurimento do lapso temporal fixado em lei (06 meses). O referido prazo é contado a
partir da identificação da autoria, não da data dos fatos.
Acerca da perempção, trata-se de um efeito processual penal decorrente da desídia do autor
da ação em praticar um ato necessário ao andamento regular do procedimento processual. As
hipóteses foram dispostas, exemplificativamente, pelo art. 60 do CPP:
• quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo duran-
te 30 dias seguidos;
• quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 (art. 60, II, do CPP);
• quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;
• quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Quanto à renúncia, trata-se de uma declaração (expressa ou tácita) da vítima de que não pre-
tende exercer ação penal privada ou, então, é a prática de um ato incompatível com a intenção
de ver o participante do delito processado. A renúncia oportuniza a prolação de uma sentença
de mérito (coisa julgada material) que declara extinta a punibilidade em relação aos participan-
tes (autor, coautor ou partícipe) da infração penal (art. 107, V, CP). Trata-se de ato unilateral.
Já o perdão é ato da vítima que expressamente declara que não deseja continuar a ação penal,
ou a prática de um comportamento incompatível com a vontade de levar adiante o processo.
Assim como a renúncia, acarreta a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada mate-
rial) que declara a extinção da punibilidade em relação aos infratores (art. 107, V, CP). Trata-se,
porém, de ato bilateral, ou seja, requer a aquiescência do destinatário.
Letra b.
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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo
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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo
Art. 38: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de
queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que
vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para
o oferecimento da denúncia. [...]
Art. 39: O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com pode-
res especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou
à autoridade policial [...].
Letra e.
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GABARITO
1. E 37. c
2. E 38. C
3. C 39. E
4. E 40. E
5. E 41. C
6. C 42. e
7. C 43. b
8. E 44. C
9. C 45. C
10. d 46. e
11. b 47. b
12. a 48. e
13. b 49. C
14. a 50. E
15. b
16. d
17. e
18. a
19. a
20. d
21. c
22. C
23. c
24. b
25. d
26. a
27. c
28. a
29. c
30. e
31. c
32. b
33. d
34. e
35. e
36. c
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4ª ed. Salvador: JusPo-
divm, 2021.
ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10. ed.
Salvador: JusPodivm, 2021.
______. Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha. Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal,
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providên-
cias. Texto publicado em 7 de agosto de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em 08 de junho de 2021.
Fábio Roque
Juiz federal. Doutor e mestre em Direito Público pela UFBA. Professor. Autor.
Caroline Argôlo
Advogada. Parecerista. Professora. Autora. Mestra em Ciências Criminológico-Forenses. Especialista
em Direito Penal. Especialista em Direito do Estado. Especialista em Compliance e Direito Anticorrupção.
Mestranda em Políticas Públicas e Cidadania.
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