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DIREITO

PROCESSUAL
PENAL
Ação Penal

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ação Penal

Sumário
Fábio Roque e Caroline Argôlo

Apresentação. . .................................................................................................................................. 3

Ação Penal..................................................................................................................................................... 4
1. Persecução Penal......................................................................................................................... 4
2. Conceito e Características da Ação Penal.............................................................................. 4
3. Espécies de Ação Penal.............................................................................................................. 5
3.1. Considerações Gerais............................................................................................................... 5
3.2. Ação penal Pública Incondicionada...................................................................................... 6
3.3. Ação Penal Pública Condicionada......................................................................................... 8
3.4. Ação Penal Privada................................................................................................................. 11
4. Condições da Ação.. ....................................................................................................................15
4.1. Legitimidade ad causam. . .......................................................................................................15
4.2. Interesse de Agir.. ....................................................................................................................16
4.3. Possibilidade Jurídica do Pedido.. ........................................................................................16
4.4. Justa Causa. . .............................................................................................................................16
5. Modalidades de Ação Penal. . ................................................................................................... 18
6. Informativos de Jurisprudência.. .............................................................................................19

Resumo............................................................................................................................................. 27

Questões de Concurso.................................................................................................................. 35
Gabarito............................................................................................................................................68
Referências...................................................................................................................................... 69

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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo

Apresentação
Olá, futuro(a) concursado(a)!
Nós e toda a equipe do Gran estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí-
cios, respondendo questões de concurso e criando questões inéditas para que você consiga
fixar todo o conteúdo estudado!
As referências bibliográficas estarão presentes ao final da aula. Assim, você terá um supor-
te caso queira um aprofundamento sobre os temas.
Traremos, também, jurisprudência atualizada, pois, sabemos, não basta saber a legislação
ou as considerações doutrinárias sobre o Direito Processual Penal, sendo imprescindível que
estejam atentos às compreensões dos tribunais.
Esperamos que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: ma-
terial obrigatório! Então, fica ligado(a) no curso Gran. Estamos esperando as dúvidas no Fó-
rum do aluno!
Vamos começar?
Caroline Argolo (@professoracarolineargolo):
• advogada, professora e autora de obras jurídicas;
• mestra em Ciências Criminológico-Forenses e Mestra em Políticas Sociais e Cidadania;
• especialista em Direito Penal, Especialista em Direito do Estado e Especialista em Com-
pliance e Direito Anticorrupção.

Fábio Roque Araújo (@professorfabioroque):


• juiz federal, professor e autor de obras jurídicas;
• doutor e mestre em Direito Público pela UFBA;
• canal no Youtube: Fábio Roque Araújo.

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AÇÃO PENAL
1. Persecução Penal
Conforme vimos em aulas anteriores, a persecução penal (persecutio criminis) consiste
no poder-dever do Estado de investigar e punir as infrações penais. Vimos, ainda, que ele se
divide em duas fases bem distintas: a primeira, é a fase pré-processual, que é informativa,
preliminar e inquisitiva – trata-se da investigação criminal que antecede o processo; já a
segunda fase, a processual, é o momento criminal em juízo, a ação penal propriamente dita,
objeto desta aula.1

2. Conceito e Características da Ação Penal


Segundo Francesco Carnelutti, ação é o direito público subjetivo de exigir do Estado, que
diga o direito a ser aplicado ao caso concreto. Em outras palavras, ação é o direito de exigir
do Estado-juiz que exerça a jurisdição (juris + dicere).
É muito comum confundir ação penal com o processo criminal, todavia, estes não se
confundem, pois, a ação penal é o direito público subjetivo de se reportar ao estado-juiz
exigindo a aplicação do direito no caso concreto, enquanto o processo penal é a relação jurí-
dica.2 Temos, pois, que o processo é uma relação jurídica animada por um procedimento em
contraditório. Neste diapasão, com o direito de ação, a parte autora demanda ao Estado-juiz
exigindo que este diga o direito a ser aplicado ao caso concreto. A partir daí será desenvolvi-
da uma relação jurídica triangularizada, com autor, juiz e réu.
Assim, podemos conceituar a ação penal como um direito público subjetivo, autônomo
e abstrato, com previsão constitucional de exigir do Estado-juiz a aplicação do Direito Penal
Material ao caso concreto, para solucionar uma crise jurídica de natureza criminal. É dizer,
a ação penal é o instrumento processual por meio do qual se vale a acusação (MP ou ofen-
dido, a depender da espécie de ação penal) para fazer aplicar a lei penal objetiva ao fato
delituoso.3
Quanto ao direito de ação, resta fundamentado no art. 5º, XXXV da CF, cuja disposição é
a seguinte: “a lei não excluirá da apreciação do Poder judiciário lesão ou ameaça de direito”.
Quanto às características4 da ação penal, trata-se de um direito:

1
ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10. ed. Salvador: Editora
JusPodivm, 2021.
2
Oskar Von Bülow percebe o processo como uma relação jurídica e é esta a previsão do CPC. Tal previsão não
consta no CPP, todavia, trata-se de compreensão largamente aceita na doutrina e na jurisprudência.
3
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2021.
4
Idem.

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• autônomo: o direito de ação existe completamente desvencilhado do direito material.


Para cada direito material há uma ação que o tutela, ou seja, para a diversidade de crises
jurídicas existe uma pluralidade de tutelas jurisdicionais aptas a solvê-las;5
• abstrato: o direito de ação independe do resultado do processo, ou seja, a procedência
ou improcedência do pedido não condicionam a existência do direito de ação;6
• público: a atividade jurisdicional é pública, por isso é que a ação penal é movida contra o
chamado Estado-juiz. Como se verá, mesmo no caso de ação penal privada, ela é apenas
uma ação penal “de iniciativa privada”, mas sempre dirigida contra o Estado, mantendo-
-se sua característica de pública;
• subjetivo: é o direito de agir por parte do acusador (MP ou ofendido), exigindo a presta-
ção jurisdicional ao Poder Judiciário;
• instrumental: o direito de ação tem por objetivo a instauração do processo, visando à
composição do conflito de interesses;
• determinado: a ação está ligada a um fato ocorrido;
• específico: o conteúdo da ação penal é específico, qual seja, a imputação de um fato
criminoso a alguém.

3. Espécies de Ação Penal7


3.1. Considerações Gerais
No Brasil, a ação penal pode ser:
• de iniciativa pública (titularizada pelo MP – art. 129, I, CF)
− incondicionada
− condicionada
◦ à representação do ofendido
◦ à requisição do Ministro da Justiça
• de iniciativa privada (titularizada pelo ofendido)
− exclusiva ou propriamente dita
− personalíssima
− subsidiária da pública ou supletiva

E a peça inicial?

5
ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10. ed. Salvador: Editora
JusPodivm, 2021.
6
Idem.
7
ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10. ed. Salvador: Editora
JusPodivm, 2021.

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Ação penal pública Denúncia

Queixa-crime
Ação penal privada
(peça privativa de advogado8)

Ademais, conforme art. 41 do CPP, são os requisitos para a denúncia e para queixa-crime:
• a exposição do fato criminoso, com as suas circunstâncias: não é válida a denúncia ge-
nérica. Como o réu se defende dos fatos, é salutar a narrativa fática a fim de que o réu
possa exercer seu direito de defesa;
• a qualificação do acusado ou identificação do acusado: o ideal é que se tenha a qua-
lificação completa. Contudo, caso não tenha a qualificação completa, informações ou
sinais característicos que possam identificar o réu já são suficientes;
• a classificação da infração: é o enquadramento típico do fato imputado na denúncia ou
queixa;
• rol de testemunhas: se a acusação tiver testemunhas a arrolar deve ser colocada na
petição inicial, sendo este o momento, sob pena de preclusão. Mas pode ocorrer de não
haver testemunhas a arrolar, sendo produzidas outras provas.

Os dois primeiros requisitos são considerados essenciais. Caso não estejam presentes, a
petição inicial acusatória será considerada inepta e deve ser rejeitada. Os outros dois últimos
requisitos não são essenciais. A ausência destes não acarretará inépcia da petição inicial.

3.2. Ação penal Pública Incondicionada


É a ação penal titularizada privativamente pelo MP e que representa a pedra angular do
sistema acusatório (art. 129, I, da CF/1988 e art. 257, CPP). Com a CF/1988, foi abolido do
nosso ordenamento jurídico o processo judicialiforme, que era aquele deflagrado a partir de
uma portaria baixada pelo magistrado ou pelo delegado de polícia, sem qualquer intervenção
do MP, para a devida valoração jurisdicional da pretensão acusatória nascida com a prática de
uma contravenção penal (art. 26, CPP).
É a grande regra do nosso ordenamento jurídico, ou seja, se a lei não dispuser de maneira
contrária, o crime será de ação penal pública incondicionada. Isto significa que o titular da
ação, que é o Ministério Público, não está subordinado ou submetido a nenhuma condição.

8
Art. 44 do CPP: A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instru-
mento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos
dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.

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3.2.1. Princípios
a) Obrigatoriedade ou compulsoriedade

Havendo prova da materialidade e indícios razoáveis de autoria ou participação, o MP


está obrigado a oferecer a ação penal.
• Mitigações ao princípio da obrigatoriedade (situações nas quais o membro do MP terá
a prova da materialidade e os indícios de autoria ou participação e não estará obrigado
a oferecer a denúncia, pois existe permissão legal neste sentido):
− A transação penal (art. 76 da Lei n. 9.099/1995), instituto jurídico de justiça consen-
sual, relativizou o referido Princípio, razão pela qual passou a ser reconhecido como
obrigatoriedade mitigada ou discricionariedade regrada, afinal, uma vez aceita a
proposta de imposição de medida alternativa, a inicial acusatória não será ofertada.

E se o acordo de transação, homologado judicialmente, for descumprido?

− Segundo o STF, Súmula Vinculante n. 35, admite-se “a continuidade da persecução


penal mediante oferecimento da denúncia ou requisição de inquérito policial”. Logo,
a homologação da transação penal não tem aptidão à imutabilidade pela coisa jul-
gada material.
− A colaboração premiada, no combate ao crime organizado, já que o MP poderá dei-
xar de oferecer a denúncia ao colaborador que não for líder da facção criminosa e
que primeiro prestar efetiva contribuição (art. 4º, § 4º, Lei n. 12.850/2013).
− O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), cuja finalidade é evitar o oferecimento
da ação penal.

b) Indisponibilidade

Trata-se do princípio da obrigatoriedade na fase processual, ou seja, uma vez deflagrado


o processo pelo recebimento da ação penal, o MP não poderá abandonar a relação jurídi-
ca processual penal (art. 42, CPP). Estando convencido de que não há razões para conde-
nar o réu, deverá o membro do MP requerer a sua absolvição, mas jamais a desistência da
ação penal.
• Mitigações ao princípio da indisponibilidade:
− O instituto jurídico da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n.
9.099/1995), medida de justiça consensual, relativizou este Princípio.
− O acordo de colaboração premiada pode justificar o requerimento pelo MP de con-
cessão do perdão judicial, que se for atendido, extingue a punibilidade, mitigando-
-se, mais uma vez, a indisponibilidade (art. 4º, § 2º, Lei n. 12.850/2013).

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c) (In) divisibilidade

Há uma controvérsia em relação à terminologia a ser empregada. No entanto, para a dou-


trina majoritária e para a nossa jurisprudência o que vale é o princípio da divisibilidade.
Trata-se da feição subjetiva do Princípio da obrigatoriedade, ou seja, em havendo justa
causa, a denúncia deve imputar os fatos a todos aqueles que foram investigados na fase pré-
-processual da persecução penal.
Segundo o STF e STJ,9 a ação penal pública não é informada pelo Princípio da indivisibili-
dade, mas sim pelo da divisibilidade, já que o membro do MP poderá aditar posteriormente a
inicial acusatória (denúncia) para que sejam supridas eventuais omissões.

d) Princípio da intranscendência ou da pessoalidade

Em razão do art. 5º, XLV, da CF/1988, os efeitos da ação penal não transcendem a pes-
soa do réu.

e) Oficialidade

A ação penal pública é titularizada por um Órgão oficial do Estado, qual seja, o Ministé-
rio Público.

f) Autoritariedade

O membro do MP é uma autoridade pública.

g) Oficiosidade

A ação penal pública é um dever-poder, cujo exercício se dará ex officio pelo membro do
MP (regra – ação penal pública incondicionada – art. 100 do CP). Em se tratando de ação penal
pública condicionada, só poderá o MP agir se presente a condição a que se subordina (repre-
sentação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça).

3.3. Ação Penal Pública Condicionada


É aquela titularizada pelo MP que depende, todavia, de uma manifestação de vontade do le-
gítimo interessado para que seja iniciada, até mesmo, a persecução penal. Tem, por teleologia,
evitar o escândalo do processo, privilegiando a preservação da vida privada da vítima (streptus
judici). A previsão de ação penal pública condicionada é dada de forma expressa.

9
HC n. 101.570/RJ.

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3.3.1. Institutos condicionantes


• Representação (delatio criminis postulatória): consiste em qualquer manifestação ine-
quívoca da vontade do ofendido de deflagrar a persecução criminal em juízo. Não se
exige, portanto, qualquer rigor formal na formulação da representação.10 Por esta razão,
entende o STJ que a mera notitia criminis, prestada pelo ofendido perante a autoridade
policial, já constitui válido exercício do direito de representação.11

Em regra, a representação deve ser apresentada pela vítima ou por seu representante legal,
caso seja aquela menor de 18 (dezoito) anos.
Ocorrendo a morte ou a declaração judicial da ausência da vítima, a representação poderá
ser apresentada pelo cônjuge (ou companheiro/a), ascendente, descendente ou irmão (CADI).
Este rol de legitimados é preferencial e taxativo (art. 24, § 1º, CPP).

Pessoa jurídica: caso a pessoa jurídica seja vítima de um delito de ação penal pública condi-
cionada, a representação será apresentada pelas pessoas indicadas no ato constitutivo ou, na
omissão deste, pelos diretores ou sócios-gerentes (analogia ao art. 37, CPP).

− Prazo para a apresentação da representação: 06 (seis) meses (art. 38 do CPP). Este


prazo fluirá a partir do efetivo conhecimento do autor ou partícipe da infração penal
(actio nata).

A representação possui natureza decadencial e, portanto, não está submetido às hipóte-


ses de suspensão, interrupção ou prorrogação. Uma vez exaurido, acarreta a perda do direito
de representar e, consequentemente, a extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP).
É contado à luz do art. 10 do Código Penal (contagem de direito material), incluindo-se o
primeiro dia e excluindo-se, contudo, o último dia da contagem.
O prazo decadencial de apresentação da representação não tem seu fluxo iniciado em
detrimento daquele que não possui capacidade para representar. Por isto, somente com o ad-
vento da maioridade este prazo começará a fluir.
− Retratação: até o oferecimento da denúncia, poderá a vítima retratar-se da represen-
tação apresentada. Caso a vítima assim proceda, restará configurada a renúncia ao
direito de representar, fato este que obsta o início da persecução penal.

10
Nesse sentido, o art. 39 do CPP: Conforme art. 39 do CPP: “O direito de representação poderá ser exercido,
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao
órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. [...] § 1º A representação feita oralmente ou por escrito,
sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida
a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido
dirigida [...]”.
11
HC n. 130.000/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 13/08/2009.

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Ademais, a posição majoritária da doutrina admite a retratação da retratação da represen-


tação, desde que não haja a conclusão do prazo decadencial.
Em virtude da independência funcional do MP e de sua legitimidade ativa privativa para
ofertar a ação penal pública, a representação (mero requerimento) não possui força que o
vincule, ou seja, a delimitação subjetiva e objetiva da denúncia está submetida ao privativo
juízo do membro do parquet. Sendo assim, nada impede que ele pleiteie o arquivamento das
peças de informação ou mesmo que enquadre o fato a tipo penal distinto daquele plasmado
na representação.

Nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher12, apenas poderá ser realizada até
o recebimento (e não oferecimento) da denúncia, ouvido o Parquet, e em audiência específica
para este fim, devendo estar presentes o magistrado e o membro do MP (art. 16 da Lei Maria
da Penha).

É importante destacar que o STF julgou procedente a ADI n. 4.424/DF (Rel. Min. Marco
Aurélio) para assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão
corporal, praticado mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. Não é outro o
entendimento do STJ, conforme Súmula n. 542: “A ação relativa ao crime de lesão corporal
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”.
Assevere-se, no entanto, que outros delitos, como, por exemplo, a ameaça (art. 147, pa-
rágrafo único, CP), continuam persecutíveis por ação pública condicionada, mesmo quando
atingir a mulher no seio familiar.
• Requisição do Ministro da Justiça13

É um pedido-autorização, de feição eminentemente política, que condiciona o início da per-


secução penal de determinados delitos. Sua natureza jurídica é de condição de procedibilidade
ou condição especial da ação.
A lei não fixou um prazo decadencial para que haja a requisição, logo, poderá ser apresenta-
da a qualquer tempo, observado, contudo, o prazo prescricional da infração penal (art. 109, CP).
Aqui, assim como na representação, em virtude da independência funcional do MP e de
sua legitimidade ativa exclusiva para ofertar a ação penal pública, a requisição (requerimento
– interpretação progressiva) não possui força que o vincule, ou seja, a delimitação subjetiva e
objetiva da requisição está submetida ao privativo juízo do membro do parquet. Sendo assim,

12
Lei n. 11.340/2006 Lei Maria da Penha.
13
Temos três casos no CP e dois deles são crimes contra a honra, como nas hipóteses de crimes contra a honra
do Presidente da República e de chefe de governo estrangeiro. A terceira hipótese se encontra expressa no art.
7º, § 3º, do CP e diz respeito aos crimes cometidos no exterior por estrangeiro contra brasileiro. Além destas,
existem outras hipóteses previstas na Lei de Segurança Nacional (Lei n. 7.170/1983).

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nada impede que ele pleiteie o arquivamento ou mesmo que enquadre o fato a tipo penal dis-
tinto daquele plasmado na requisição.
− Retratação

Há duas correntes doutrinárias sobre o tema retratação na Requisição do Ministro


da Justiça.
◦ Para a primeira (Guilherme de Souza Nucci e Luiz Flávio Gomes), o ato de requisi-
ção do Ministro da Justiça é retratável, sob o fundamento de analogia focada no
instituto da representação (art. 25, CPP);
◦ Para uma segunda corrente (Tourinho Filho e Fernando Capez), a retratação da re-
quisição é impossível, haja vista a preservação da imagem do Presidente da Repú-
blica e da falta de previsão legal. Para esta corrente de pensamento, permitir-se a
retratação da requisição equivaleria à demonstração de uma acentuada fragilidade
institucional do Estado.

 Obs.: O STF e o STJ jamais se pronunciaram sobre a possibilidade de retratação da requisi-


ção do Ministro da Justiça.

3.4. Ação Penal Privada


É a ação titularizada pela vítima ou por seu representante legal, na condição de substi-
tutos processuais, já que atuam em nome próprio pleiteando direito alheio, qual seja, o jus
puniendi (dever de punir) do Estado.
Conforme vimos, o ofendido deverá oferecer a queixa-crime (peça inicial acusatória da
ação penal privada), tornando-se querelante, em oposição ao réu, querelado.
Os crimes procedidos mediante ação penal de iniciativa privada são exceção em nosso
ordenamento jurídico. Dentre as hipóteses é possível citar os três casos de crimes contra a
honra14, calúnia (art.138, CP), difamação (art. 139, CP) e injúria (art. 140, CP), que, em regra, são
casos de iniciativa privada.15
A ação penal privada personalíssima16 é aquela na qual apenas o ofendido pode processar
criminalmente, ou seja, diferentemente do que ocorre na ação penal privada exclusiva (propria-

14
Conforme a Súmula 714 do STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério
público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor
público em razão do exercício de suas funções”.
15
Atentem-se, porém, que no caso de injúria real, o entendimento majoritário é de que se trata de crime de ação
penal pública incondicionada. Ademais, os crimes contra a honra também podem se processar mediante ação
penal pública incondicionada, quando previstos no Código Eleitoral, praticados no bojo da propaganda eleitoral
ou visando a fins de propaganda eleitoral.
16
Atualmente, só existem dois casos de ação penal privada personalíssima, que estão previstos no art. 236 do
CP, que são crimes contra o casamento. Em qualquer das duas hipóteses previstas no art. 236, o cônjuge ludi-
briado só poderá processar criminalmente o cônjuge criminoso após a anulação do casamento na esfera cível.

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mente dita) ou subsidiária da pública, no caso de morte ou declaração de ausência por decisão
judicial do ofendido, o direito de oferecer a queixa-crime não passa para terceiros. Este é o único
caso do nosso ordenamento jurídico em que a morte da vítima extingue a punibilidade do agente.
A ação penal privada subsidiária da pública, também chamada de supletiva, refere-se ao
caso de crime de ação penal pública, na qual caberia ao ofendido oferecer a queixa-crime, no
lugar da denúncia, em virtude da inércia do Ministério Público.17
O prazo para a propositura da queixa (06 meses) será contado a partir da inércia minis-
terial. É dizer, é sabido que, concluído o inquérito policial, o MP terá as seguintes possibilida-
des: oferecer a denúncia; requerer diligências; promover o arquivamento; requerer o declínio de
competência; suscitar o conflito de competência. Em regra, o prazo para adotar uma dessas
possibilidades é de 05 dias, se o investigado estiver preso e, de 15 dias, se o investigado esti-
ver solto.18 Assim, o prazo de 06 meses para o ofendido oferecer a queixa-crime é contado a
partir do escoamento destes prazos do MP.
É importante salientar que, ao contrário da ação penal privada personalíssima e exclusiva,
nas quais o escoamento do prazo de seis meses implica em extinção de punibilidade do agen-
te, na ação penal privada subsidiária da pública, com o escoamento do prazo de 6 meses, cabe
ao MP oferecer a denúncia, desde que não sobrevenha a prescrição, embora não caiba mais
ao ofendido oferecer a queixa-crime.
Por fim, registre-se que na ação penal privada subsidiária da pública o MP atua como cus-
tos legis ou custos juris. Assim, ele poderá participar das audiências e atuar em todos os atos
do processo. Além disso, poderá produzir provas, recorrer, aditar a queixa e, se for o caso, po-
derá repudiar a queixa,19 oferecendo denúncia substitutiva e, com isso, retomar a ação como
parte principal, já que ele continua sendo o titular da mesma (art. 29 do CPP).

3.4.1. Princípios
a) Oportunidade (facultatividade ou conveniência)

O exercício da ação penal privada se insere no âmbito de conveniência e oportunidade do


seu titular ativo (vítima ou representante legal), que jamais estará obrigado a lançar mão dela.
Trata-se de um Princípio que rege a ação penal privada antes mesmo da sua propositura, ou
seja, é analisado na fase pré-processual.
A ideia é a de que o ofendido oferecerá a queixa se ele quiser.

17
É importante salientar, que só cabe a ação penal privada subsidiária da pública nos crimes em que há um ofen-
dido definido, não cabendo no caso de crimes vagos.
18
Já na Lei de Drogas e no Código Eleitoral, o prazo é de 10 dias, sem distinção entre o investigado preso e o
investigado solto; e na Lei n. 1.521/1951 (Lei de Crimes contra a Economia Popular) o prazo é de 02 dias.
19
A doutrina interpreta que o poder-dever do MP de repudiar a queixa e oferecer denúncia substitutiva, só é cabí-
vel nos casos em que ele demonstre que não houve inércia, ou que essa foi justificável, ou, ainda, nos casos em
que o ofendido apresenta um comportamento desidioso.

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Ação Penal
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a.1. Institutos jurídicos que revelam o Princípio:


• Decadência

É a perda da faculdade de exercer a ação penal privada em razão do exaurimento do lapso


temporal fixado em lei (06 meses). Registre-se que o referido prazo é contato a partir da iden-
tificação da autoria do fato criminoso.
A decadência gera uma decisão judicial de mérito (coisa julgada material) que declara a
extinção da punibilidade em relação aos participantes (autores, coautores e partícipes) da in-
fração penal (art. 107, CP).
A pendência do inquérito policial não tem o condão de dilatar, postergar o fim do prazo de-
cadencial, já que este não se interrompe, não se suspende, nem tampouco se prorroga (art. 10,
CP). Neste caso, caberá à vítima ou a seu representante legal exercer a ação e, posteriormente,
anexar aos autos a aludida peça de informação.
• Renúncia

É uma declaração expressa (renúncia expressa) da vítima de que não pretende exercer
ação penal privada ou, então, é a prática de um ato incompatível com a intenção de ver o parti-
cipante do delito processado (renúncia tácita). Trata-se de ato unilateral.
A renúncia oportuniza a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada material) que
declara extinta a punibilidade em relação aos participantes (autor, coautor ou partícipe) da in-
fração penal (art. 107, V, CP).
Haja vista a consequência da renúncia, qual seja, a extinção da punibilidade, uma vez exa-
rada não permite retratação. Da mesma forma, o pedido de arquivamento do inquérito poli-
cial pelo ofendido (não previsto em lei) consubstancia renúncia tácita e, uma vez arquivado,
mesmo diante do surgimento de novas provas, não há que se falar em desarquivamento pelo
oferecimento da ação penal.
Nas infrações de menor potencial ofensivo, processadas mediante ação penal privada ou
pública condicionada à representação, a composição civil dos danos devidamente homologa-
da pelo magistrado acarreta a renúncia ao direito de exercer a ação penal ou renúncia ao direito
de representação (art. 74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/1995).
Se a renúncia for ofertada em benefício de apenas uma parcela dos infratores, estender-
-se-á aos demais. Renunciando a vítima em proveito de um ou alguns, todos se beneficiam
(princípio da indivisibilidade da ação penal privada – art. 49, CPP).

b) Princípio da disponibilidade

Lastreado na discricionariedade (oportunidade e conveniência), este princípio revela que


a vítima, uma vez deflagrada a ação penal privada, poderá desistir do seu processamento até
o trânsito em julgado da sentença penal (art. 106, § 2º, CP). O princípio em tela é o reflexo ou
projeção do Princípio da oportunidade na fase processual.

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b.1. Institutos que revelam o Princípio da disponibilidade:


• Perdão

Ato da vítima que expressamente declara que não deseja continuar a ação penal (perdão
expresso dentro ou fora dos autos), ou a prática de um comportamento incompatível com a
vontade de levar adiante o processo (perdão tácito).
O perdão, assim como a renúncia, acarreta a prolação de uma sentença de mérito (coi-
sa julgada material) que declara a extinção da punibilidade em relação aos infratores (art.
107, V, CP).
O perdão é um ato bilateral, ou seja, requer a aquiescência do destinatário. O assentimento
poderá ser expresso ou tácito. A oferta ou o aceite do perdão, se operados fora do processo,
constarão de declaração assinada pelo querelado, querelante ou por procurador (independen-
temente de ser advogado) com poderes especiais.
O perdão, uma vez declarado nos autos, será notificado ao destinatário para que em 03
(três) dias se manifeste aceitando-o ou não. A omissão do pretenso infrator materializa seu
aceite ao perdão que lhe fora ofertado. O perdão oferecido a apenas um participante da infra-
ção penal beneficiará aos demais. Isso porque a ação penal privada é indivisível, como se verá
adiante. Ofertando o perdão, o querelante beneficiará todos os réus que desejem aceitá-lo.
Caso um ou alguns não o aceitem, o processo seguirá normalmente em relação a eles.
Cumpre ressaltar que o perdão em estudo não se confunde com o perdão judicial. Este
exige expressa previsão legal e independe da concordância do réu. Ocorre em situações em
que a lei reconhece a existência do crime, mas dispensa a aplicação da pena, que se tornara
desnecessária. É o que ocorre, por exemplo, no caso do crime de homicídio culposo, quando as
consequências do crime são muito gravosas para o próprio criminoso (ex.: pessoa que mata,
culposamente, ente querido).
• Perempção

É a sanção processual em virtude do descaso do titular da ação penal privada em impul-


sioná-la, ou seja, é um efeito processual penal decorrente da desídia do autor da ação em
praticar um ato necessário ao andamento regular do procedimento processual. As hipóteses
de perempção foram dispostas, exemplificativamente, pelo art. 60 do CPP. As hipóteses são:
− quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos;
− quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 (art. 60, II, do CPP);
− quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação
nas alegações finais;
− quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
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Havendo concurso de infrações, pode ocorrer perempção em face de apenas algumas


delas. Já quanto à existência de vários querelantes, a perempção em razão de parte deles
não prejudica os demais.
A perempção ocasiona a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada mate-
rial) que declara a extinção da punibilidade em relação aos participantes do delito (art.
107, IV, CP).

c) Princípio da indivisibilidade

Este Princípio estabelece que a ação penal privada é una e indivisível, não podendo ser
fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima exerça a ação penal, deverá
fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos da infração penal.
O membro do MP atua no processo deflagrado por ação penal privada como custos
legis, devendo zelar pela obediência ao princípio da indivisibilidade.

d) Intranscendência ou da pessoalidade

A ação penal só poderá ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do
delito, ou seja, os efeitos da ação não transcendem a pessoa do réu.

3.4.2. Prazo

Conforme vimos, o prazo para que haja a representação é de 06 meses, contados a


partir do conhecimento da autoria. A natureza desse prazo é decadencial.20

4. Condições da Ação
O CPP, assim como o de Processo Civil, adotou a teoria eclética do direito de ação que
exige o implemento de determinados requisitos para que o Estado-juiz possa proferir uma
decisão de mérito (art. 395, II, CPP). Vejamos:

4.1. Legitimidade ad causam


É a pertinência subjetiva da ação, ou seja, a possibilidade conferida pela lei para que
alguém integre um dos polos da relação jurídica processual.
• Polo ativo: MP ou querelante.
• Polo passivo: pessoa natural ou jurídica.

20
No processo penal, há 02 prazos decadenciais: o prazo de 06 meses para que o ofendido faça a representação; e o prazo
de 06 meses para o ofendido oferecer a queixa-crime. Os prazos decadenciais são sempre para o ofendido.

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4.2. Interesse de Agir


Constituído pelo trinômio necessidade-adequação-utilidade.
• Necessidade

A aplicação da sanção de natureza penal, por um imperativo de ordem constitucional, re-


quer o devido processo legal (formal) cuja deflagração se dá por meio do exercício da ação.
Portanto, a necessidade, na seara penal, é presumida (princípio da jurisdicionariedade ou da
necessidade do processo).
• Adequação

Para cada crise jurídica existe uma tutela jurisdicional específica e procedimento próprio
para solvê-la.
Assevere-se que parte da doutrina entende que a adequação não se insere no juízo valo-
rativo relativo às condições da ação (interesse de agir), e, sim, aos pressupostos processuais
(objetivo: regularidade formal).
• Utilidade

A ação penal deve ser apta a concretizar a imposição de uma sanção penal ao infrator da
norma, ou seja, é imprescindível que haja, ao menos, esperança de se aplicar a sanção ao su-
posto delinquente, sob pena de o exercício da ação penal se mostrar inútil.21

4.3. Possibilidade Jurídica do Pedido


Na seara processual penal, a possibilidade jurídica do pedido está condicionada à existên-
cia de um tipo penal descrevendo a conduta criminosa (princípio da reserva legal) imputada ao
réu na peça inicial acusatória.
Pedido possível é, portanto, o fato imputado ao indivíduo, que encontra efetiva descrição
na lei penal (fato típico).

4.4. Justa Causa


Conforme o STJ:

a justa causa para interposição de denúncia diz respeito ao mínimo de lastro probatório
– mesmo que meramente Indiciário – que aponte para a autoria do acusado em relação
ao delito que lhe é imputado.22

21
Registre que a prescrição virtual, em perspectiva ou antecipada, consubstanciada no reconhecimento de que o
MP pode virtualizar, ao analisar o inquérito policial ou extrapolicial, a provável pena que seria aplicada em futura
sentença condenatória e, se concluir que em razão dela o crime estará prescrito, poderia pleitear pelo arquiva-
mento das peças de informação, não é admitida pelo STF e pelo STJ (Súmula n. 438 do STJ).
22
AP n. 815/DF, rel. Min. Og Fernandes, j. 07.06.17.

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É, pois, o lastro probatório mínimo – presente no binômio prova da materialidade (exis-


tência) do crime e indícios de autoria ou participação – que embasa a acusação. Inexistentes
esses elementos mínimos de informação, a ação penal a ser proposta será temerária, razão
pela qual o magistrado rejeitará a inicial acusatória. Ainda, a ausência de justa causa autoriza
o trancamento da ação penal23.
Importante asseverar que o exame de corpo de delito não é imprescindível para o recebi-
mento da inicial acusatória, exceto em se tratando dos delitos previstos pela nova lei de tóxi-
cos e nos crimes contra a propriedade imaterial que deixam vestígios (art. 525, CPP), quando
ele é uma condição de procedibilidade da persecução penal24.

Interessante questão envolve a lavagem de dinheiro. É que a conectividade entre a lavagem de


dinheiro e a infração que a antecede, revelando a origem ilícita dos valores, normalmente é des-
crita na própria inicial acusatória. Como é necessário lastro probatório revelando a ocorrência
da lavagem de capitais e da infração que a antecedeu, convencionou-se chamar tal exigência
de “justa causa duplicada”, afinal, a denúncia deve conter:
• a descrição do crime de lavagem de capitais;
• a descrição da origem ilícita dos bens, direitos ou valores obtidos em razão da infração
antecedente.

Convém esclarecer que, muito embora seja considerada uma condição autônoma da ação
pela doutrina majoritária, a justa causa foi explicitada no art. 395, CPP, como uma outra hi-
pótese de rejeição da denúncia ou queixa (e não como modalidade de ausência de condi-
ção da ação).
Por fim, há a seguinte classificação25 acerca da justa causa:
• simples: é a necessidade, como visto, de lastro probatório mínimo da infração penal;

EXEMPLO
Elementos mínimos do roubo. Então, será necessário demonstrar lastro mínimo em rela-
ção ao crime de roubo.
• duplicada: é a necessidade de lastro probatório mínimo em relação ao crime acessório
(parasitário), i.e., aquele que depende da existência de outro, principal;

23
STF, HC n. 158.319/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 26.06.18.
24
Registre-se, porém, o exame de corpo de delito é imprescindível para que o magistrado possa prolatar a sen-
tença, sob pena de nulidade (art. 564, III, “b”, CPP).
25
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2021.

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EXEMPLO
Elementos mínimos do crime de receptação e do crime anterior, do qual a coisa provém,
como o furto. Assim, será necessário demonstrar lastro mínimo em relação às duas infrações:
receptação e furto.
• triplicada: é a necessidade de lastro probatório mínimo em relação ao crime acessório
(parasitário), i.e., aquele que depende da existência de outro, que também é acessório
(parasitário).

EXEMPLO
Elementos mínimos em relação ao crime de lavagem de dinheiro, cujo crime antecedente é
uma receptação, cuja origem do bem é de um roubo. Logo, será necessário demonstrar lastro
mínimo em relação às três infrações: lavagem, receptação e roubo.

5. Modalidades de Ação Penal26


• Ação penal de ofício (ou sem demanda)

Não existe mais a possibilidade de o processo penal ser iniciado de ofício, a partir de uma
portaria do juiz ou do delegado (antigo processo judicialiforme), pois é necessária alguma pro-
vocação da parte.
• Ação penal popular

Está prevista na Lei de Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/50). Entretanto, em verdade,


nem fala sobre crime propriamente dito, mas sobre crime de responsabilidade (que são infra-
ções políticas e não penais). Consta que qualquer cidadão poderia dar início ao procedimento.
• Ação de prevenção penal

É aquela que visa a imposição de uma medida de segurança, ou seja, nela, o acusador já
sabe que a pessoa que será processada é inimputável por doença mental e, assim, propõe a
ação não para pedir a condenação, mas a absolvição imprópria.
Assevere-se, porém, que nada obsta que a sentença seja declaratória, como de extinção da
punibilidade pela prescrição, que não se confunde com a de absolvição.
• Ação penal adesiva

A ação penal adesiva se verifica quando há conexão entre crimes de ação penal pública e cri-
mes de ação penal privada. Nesse caso, o MP oferece a denúncia pelo crime de ação penal pública
e o ofendido a queixa pelo crime de ação penal privada e, assim, uma ação penal adere à outra.
• Ação penal primária e secundária

É o ocorre na situação em que a lei prevê um tipo de ação penal, mas excepciona permitin-
do um outro tipo de ação penal.
26
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2021.

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EXEMPLO
O crime de injúria é, primariamente, de ação penal privada, entretanto, nos casos de injúria
qualificada é, secundariamente, de ação penal pública condicionada à representação.
• Ação penal pública subsidiária da pública

Alguns admitem esta possibilidade.


EXEMPLO
Hipótese de federalização de crime contra os direitos humanos que se inicia na Justiça
Estadual e que migra para a Justiça Federal, neste caso, a atribuição do MP estadual passa a
ser, subsidiariamente, do MP Federal.

6. Informativos de Jurisprudência
STF/903 – Suspensão condicional do processo. Art. 89 da Lei n.. 9.099/1995. De acordo
com o art. 89 da Lei n. 9.099/95, a suspensão condicional do processo é instituto de
política criminal, benéfico ao acusado, que visa a evitar a sua sujeição a um processo
penal, cujos requisitos encontram-se expressamente previstos na norma em questão. É
constitucional a norma do art. 89 da Lei n. 9.099/95, que estabelece os requisitos para
a concessão do benefício da suspensão condicional do processo, entre eles o de não
responder o acusado por outros delitos. Assim, a existência de ações penais em curso
contra o denunciado impede a concessão do sursis processual por força do art. 89 da Lei
n. 9.099/95. STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018.
STF/793 – HC e trancamento da ação penal. A Primeira Turma deu provimento a
recurso ordinário em habeas corpus para trancar ação penal por falta de justa causa.
No caso, a paciente fora denunciada, em setembro de 2013, por não ter entregado ao
seu constituinte valor resultante de reclamação trabalhista. Na denúncia, consigna-
ra-se que o prejudicado provocara a instauração de procedimento disciplinar perante
a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Ocorre que, no juizado especial cível, hou-
vera acordo e a recorrente, então ré, assumira a obrigação de realizar o pagamento.
O magistrado determinara que se oficiasse à delegacia de polícia, onde apresentada
a notícia do crime de apropriação indébita, sobre o referido ajuste. A Turma salien-
tou que o acordo firmado no juízo cível que colocara fim à pendência ocorrera em
novembro de 2012 e que a denúncia fora formalizada quase um ano após. Assim, não
houvera a indispensável comunicação, sendo o Judiciário acionado pelo Ministério
Público. A excepcionalidade da situação seria suficiente para se trancar a ação penal.
Consignou, ainda, que a relação jurídica cível repercutira, inclusive, sobre cobrança
junto ao juizado especial. Ademais, o acerto de contas teria se dado em data anterior
à propositura da ação penal. RHC 125283/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 4.8.2015. (RHC-
125283)

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STJ/657 – Habeas Corpus. Prejudicado. Superveniência de acordo de transação penal.


A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em
que se busca o trancamento da ação penal. HC 495.148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, Sexta Turma, por maioria, julgado em 24/09/2019, DJe 03/10/2019.
STJ/652 – Investigação deflagrada com base em notitia criminis de cognição imediata.
Notícia veiculada em imprensa. Reportagem jornalística. Possibilidade. É possível a
deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística. RHC 98.056-
CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
04/06/2019, DJe 21/06/2019.
STF/905 – Súmula 608 do STF. A Súmula 608 do STF prevê que “no crime de estupro,
praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.” O entendi-
mento dessa súmula pode ser aplicado independentemente da existência da ocorrência
de lesões corporais nas vítimas de estupro. A violência real se caracteriza não apenas
nas situações em que se verificam lesões corporais, mas sempre que é empregada força
física contra a vítima, cerceando-lhe a liberdade de agir segundo a sua vontade. Assim, se
os atos foram praticados sob grave ameaça, com imobilização de vítimas, uso de força
física e, em alguns casos, com mulheres sedadas, trata-se de crime de estupro que se
enquadra na Súmula 608 do STF e que, portanto, a ação é pública incondicionada. STF. 2ª
Turma. RHC 117978, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 05/06/2018.
STF/903 – Suspensão condicional do processo. Art. 89 da Lei n. 9.099/1995. De acordo
com o art. 89 da Lei n. 9.099/95, a suspensão condicional do processo é instituto de
política criminal, benéfico ao acusado, que visa a evitar a sua sujeição a um processo
penal, cujos requisitos encontram-se expressamente previstos na norma em questão. É
constitucional a norma do art. 89 da Lei n. 9.099/95, que estabelece os requisitos para
a concessão do benefício da suspensão condicional do processo, entre eles o de não
responder o acusado por outros delitos. Assim, a existência de ações penais em curso
contra o denunciado impede a concessão do sursis processual por força do art. 89 da Lei
n. 9.099/95. STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018.
STF/ 892 – A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei n.
12.015/2009. Assim, em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal
é pública incondicionada mesmo após a Lei n. 12.015/2009. STF. 1ª Turma. HC 125360/
RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/2/2018.
STF/888 – Julgamento ação penal – Verificado empate no julgamento de ação penal,
deve prevalecer a decisão mais favorável ao réu. Esse mesmo entendimento deve ser
aplicado em caso de empate no julgamento dos embargos de declaração opostos contra
o acórdão que julgou a ação penal. Terminando o julgamento dos embargos empatado,
aplica-se a decisão mais favorável ao réu. STF. Plenário. AP 565 ED-ED/RO, Rel. Min.
Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2017.

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STF/815 – Crime sexual contra vulnerável e titularidade da ação penal – 1. O Plenário, por
maioria, denegou a ordem em habeas corpus impetrado com base na suposta ilegitimi-
dade do Ministério Público para intentar ação penal pública contra o paciente, denunciado
pela alegada prática, em 2007, do crime de atentado violento ao pudor com violência pre-
sumida (CP, art. 214, c/c o art. 224, “a”, na redação originária). No caso, o representante
da vítima apresentara requerimento perante a autoridade policial (CP, art. 225, na antiga
redação) e ajuizara queixa-crime. Posteriormente, o Ministério Público manifestara-se
pela rejeição da queixa por ilegitimidade da parte e oferecera denúncia. A queixa-crime
fora, então, rejeitada, e a parte fora admitida como assistente da acusação. Prevaleceu o
voto do Ministro Roberto Barroso, no que acompanhado pelos Ministros Luiz Fux, Gilmar
Mendes e Dias Toffoli. Entendeu que a controvérsia acerca da recepção do art. 225 do CP
pela atual ordem constitucional não poderia levar à eventual desproteção da vítima. Em
outras palavras, não se poderia, num primeiro momento, declarar a inviabilidade de ação
penal privada e, posteriormente, a impossibilidade de ação penal pública, para deixar o
bem jurídico violado sem tutela. Assim, necessário interpretar esse dispositivo à luz do
art. 227 da CF (“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao ado-
lescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negli-
gência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”). Dessa forma, inter-
pretar o art. 225 do CP de modo a não entender cabível qualquer tipo de sanção em face
da conduta perpetrada implicaria negar aplicação ao art. 227 da CF. Necessário, portanto,
excepcionar a aplicabilidade da redação antiga do art. 225 do CP para a situação dos
autos, tendo em conta a relevância do aludido dispositivo constitucional. O Ministro Luiz
Fux ressaltou que eventual juízo de não recepção do art. 225 do CP poderia implicar inse-
gurança jurídica, tendo em conta diversos casos já julgados de acordo com essa norma.
Ademais, em relação a possível decadência do direito de ação em hipóteses semelhan-
tes, seria possível concluir que o menor, ao adquirir a maioridade, poderia propor ação
penal no que se refere a bem jurídico que lhe dissesse respeito. O Ministro Dias Toffoli
salientou que o tema seria delicado por envolver relações e dramas familiares, e que não
caberia ao Estado invadir essa problemática. O Ministro Gilmar Mendes frisou o princípio
da proteção insuficiente para afirmar que a decisão da Corte não poderia implicar esva-
ziamento da tutela do bem jurídico no caso concreto. HC 123971/DF, rel. orig. Min. Teori
Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 25.2.2016.
Crime sexual contra vulnerável e titularidade da ação penal – 2. Por sua vez, os Ministros
Edson Fachin e Rosa Weber também denegaram a ordem, mas o fizeram com fulcro na
não recepção, pela Constituição, do art. 225 do CP, na redação anterior à Lei 12.015/2009,
na parte em que estabelecia ser privada a ação penal quando o crime fosse cometido

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contra criança ou adolescente. O Ministro Edson Fachin apontou que o dispositivo viola
o art. 227 da CF. Condicionar o exercício do poder punitivo estatal em crimes graves à
iniciativa dos representantes legais de crianças ou adolescentes não cumpriria com o
ditame de assegurar a essas pessoas, com prioridade, o direito à dignidade, ao respeito
e à liberdade. Ademais, a regra nova do preceito penal em comento não retroagiria, uma
vez que prevalecia o disposto no art. 100 do CP, desde a entrada em vigor da Constitui-
ção. Portanto, a ação penal, na hipótese, sempre seria pública. Além disso, assentou que
o princípio da retroatividade de norma penal mais benéfica aplica-se às leis penais, e
não a entendimentos jurisprudenciais. Seria possível, contudo, que certo posicionamento
tivesse efeitos retroativos apenas se dissesse respeito à tipicidade ou não de determi-
nada conduta, mas, no caso, se cuidaria da legitimidade ativa para exercício da ação
penal. Ainda que essa legitimidade pudesse influir na punibilidade, não se poderia sus-
tentar que alguém tem o direito subjetivo de não ser punido porque, no momento em
que praticado o fato, entendia-se que a titularidade da ação penal pertencia a outrem, de
acordo com a orientação jurisprudencial dominante à época. Vencidos os Ministros Teori
Zavascki (relator), Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski (Presidente), que concediam
parcialmente a ordem para reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público, com o
consequente arquivamento dos autos. HC 123971/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red.
p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 25.2.2016.
STF/675 – AP 470/MG – 6 – “Mensalão” – Princípio da obrigatoriedade. Rejeitou-se,
também, preliminar de inépcia da denúncia, à luz do que decidido quando do recebi-
mento da peça acusatória. Assim, a matéria estaria preclusa. Afastou-se, ademais, preli-
minar de nulidade do processo por suposta violação ao princípio da obrigatoriedade da
ação penal pública. Argumentava-se que o Ministério Público teria deixado de incluir,
na exordial, os administradores de empresa alegadamente envolvida no esquema nar-
rado. Registrou-se que o parquet formaria sua opinio delicti de forma independente,
pelo que não caberia ao Judiciário impor àquele órgão que compartilhasse do entendi-
mento de determinado acusado, no sentido de haver outras pessoas no polo passivo da
ação. Bem assim, outros envolvidos teriam sido denunciados perante a justiça comum,
o que seria a hipótese dos referidos administradores. Anotou-se que eles teriam firmado
acordo de delação premiada, razão pela qual fora pedido o perdão judicial de ambos. Ato
contínuo, rejeitou-se preliminar de inclusão do ex-Presidente da República no polo pas-
sivo da ação. Resgatou-se o que já firmado pela Corte a respeito desse pedido. Ocorre
que o autor da inicial seria a autoridade competente para oferecer acusação. Ademais,
seria juridicamente impossível que o STF impusesse ao parquet a inclusão de qualquer
pessoa na peça acusatória. Rejeitou-se, outrossim, preliminar de nulidade de depoimen-
tos colhidos por juízo ordenado, em que houvera atuação de Procurador da República tido
por suspeito, porque no polo passivo de ação de reparação de danos movida por pessoa

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jurídica à qual vinculados os réus suscitantes da preliminar. Articulou-se que o titular da


presente ação seria o Procurador-Geral da República – PGR, e aquele membro do Minis-
tério Público atuara apenas em nome e por delegação deste. Ainda assim, não atuara
sozinho, mas com outro Procurador da República, também designado. Demonstrou-se
que o aludido Procurador da República teria sido excluído do polo passivo da citada ação
de reparação de danos. Ademais, consignou-se a preclusão da matéria, apenas ventilada
em alegações finais, já que deveria ter sido levantada em recurso próprio. AP 470/MG, rel.
Min. Joaquim Barbosa, 13 a 16.8.2012.
STF/654 – Lei Maria da Penha e ação penal condicionada à representação – 3. Enten-
deu-se não ser aplicável aos crimes glosados pela lei discutida o que disposto na Lei
9.099/95, de maneira que, em se tratando de lesões corporais, mesmo que de natureza
leve ou culposa, praticadas contra a mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabí-
vel seria pública incondicionada. Acentuou-se, entretanto, permanecer a necessidade de
representação para crimes dispostos em leis diversas da 9.099/95, como o de ameaça
e os cometidos contra a dignidade sexual. Consignou-se que o Tribunal, ao julgar o HC
106212/MS (DJe de 13.6.2011), declarara, em processo subjetivo, a constitucionalidade
do art. 41 da Lei 11.340/2006, no que afastaria a aplicação da Lei dos Juizados Especiais
relativamente aos crimes cometidos com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista. ADI 4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.2.2012.
STJ/657 – Habeas Corpus. Prejudicado. Superveniência de acordo de transação penal.
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em
que se busca o trancamento da ação penal. HC 495.148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, Sexta Turma, por maioria, julgado em 24/09/2019, DJe 03/10/2019.
STJ/654 – União estável homoafetiva. Ajuizamento de ação penal privada por compa-
nheira. Legitimidade. Status de cônjuge. Interpretação extensiva. Art. 3º c/c art. 24, §
1º, do CPP. A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo
status de cônjuge para o processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a ação penal
privada. APn 912-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Corte Especial, por unanimidade, julgado em
07/08/2019, DJe 22/08/2019.
STJ/645 – Art. 218-B, § 2º, I, do Código Penal. Favorecimento da prostituição ou de
outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. Agente
que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso. Habitualidade. Desnecessária – O
crime previsto no inciso I do § 2º do artigo 218-B do Código Penal se consuma inde-
pendentemente da manutenção de relacionamento sexual habitual entre o ofendido e o
agente. STJ – Quinta Turma – HC 371.633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, por unanimidade,
julgado em 19/03/2019, DJe 26/03/2019.
STJ/645 – Art. 218-B do Código Penal. Favorecimento da prostituição ou de outra forma
de exploração sexual de criança, adolescente ou vulnerável. Tipicidade. Enquadramento

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dos adolescentes no conceito de relativamente vulneráveis – No artigo 218-B do Código


Penal não basta aferir a idade da vítima, devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito)
anos ou a pessoa enferma ou doente mental, não tem o necessário discernimento para
a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer resistência. STJ – Quinta Turma
– HC 371.633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, por unanimidade, julgado em 19/03/2019, DJe
26/03/2019.
STJ/604 – Crime de lesões corporais cometidos contra mulher no âmbito doméstico e
familiar. Natureza da ação penal. Revisão do entendimento do STJ. Adequação à orien-
tação da ADI 4.424/DF – STF. Ação pública incondicionada. A ação penal nos crimes de
lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e fami-
liar, é pública incondicionada. Sobre o tema, a Terceira Seção do Superior Tribunal de
Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial Representativo da Controvérsia
n. 1.097.042-DF, submetido ao rito dos recursos especiais repetitivos – regulado pelo
art. 543-C do CPC de 1973 –, firmou o entendimento de que “a ação penal nos crimes de
lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e familiar,
é pública condicionada à representação da vítima” (Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
Rel. p/ acórdão Min. Jorge Mussi, DJe 21/5/2010 – Tema 177). Todavia, em sessão rea-
lizada em 9/2/2012, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, julgou
procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 4.424, com efeito erga omnes, em
que atribuiu orientação, conforme à Constituição, aos arts. 12, I, 16 e 41, todos da Lei n.
11.340/2006, acolhendo, assim, tese oposta à jurisprudência consolidada desta Corte, ao
assentar que os crimes de lesão corporal praticados contra a mulher no âmbito domés-
tico e familiar são de ação penal pública incondicionada. Concluiu-se, em suma, que, não
obstante permanecer imperiosa a representação para crimes dispostos em leis diversas
da Lei n. 9.099/95, como o de ameaça e os cometidos contra a dignidade sexual, nas
hipóteses de lesões corporais, mesmo que de natureza leve ou culposa, praticadas contra
a mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabível seria pública incondicionada. Já
em consonância com o referido julgamento do Excelso Pretório acerca do tema, a Ter-
ceira Seção houve por bem editar a Súmula n. 542, publicada no DJe 26/8/2015 – o que
reforça, ainda mais, a revisão da tese fixada no REsp representativo da controvérsia n.
1.097.042-DF, a fim de adequá-lo ao entendimento externado pela Suprema Corte, consi-
derando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia, nos
termos dos arts. 927, § 4º, do CPC de 2015 e 256-S do Regimento Interno do STJ (Emenda
Regimental n. 24/2016). Pet 11.805-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção,
por unanimidade, julgado em 10/5/2017, DJe 17/5/2017. (Tema 177 – Revisão)
STJ/553 – Direito processual penal. Natureza da ação penal em crime contra a liberdade
sexual. Procede-se mediante ação penal condicionada à representação no crime de
estupro praticado contra vítima que, por estar desacordada em razão de ter sido ante-

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riormente agredida, era incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da ocorrên-


cia dos atos libidinosos. De fato, segundo o art. 225 do CP, o crime de estupro, em qual-
quer de suas formas, é, em regra, de ação penal pública condicionada à representação,
sendo, apenas em duas hipóteses, de ação penal pública incondicionada, quais sejam,
vítima menor de 18 anos ou pessoa vulnerável. A própria doutrina reconhece a existência
de certa confusão na previsão contida no art. 225, caput e parágrafo único, do CP, o qual,
ao mesmo tempo em que prevê ser a ação penal pública condicionada à representação
a regra tanto para os crimes contra a liberdade sexual quanto para os crimes sexuais
contra vulnerável, parece dispor que a ação penal do crime de estupro de vulnerável é
sempre incondicionada. A interpretação que deve ser dada ao referido dispositivo legal é
a de que, em relação à vítima possuidora de incapacidade permanente de oferecer resis-
tência à prática dos atos libidinosos, a ação penal seria sempre incondicionada. Mas, em
se tratando de pessoa incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da ocorrência
dos atos libidinosos – não sendo considerada pessoa vulnerável –, a ação penal perma-
nece condicionada à representação da vítima, da qual não pode ser retirada a escolha de
evitar ostrepitus judicii. Com este entendimento, afasta-se a interpretação no sentido de
que qualquer crime de estupro de vulnerável seria de ação penal pública incondicionada,
preservando-se o sentido da redação do caput do art. 225 do CP. HC 276.510-RJ, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/11/2014, DJe 1º/12/2014.
STJ/509 – Direito penal e processual penal. Lesão corporal leve ou culposa no âmbito
doméstico. Ação penal pública incondicionada. O crime de lesão corporal, mesmo que
leve ou culposa, praticado contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, deve ser
processado mediante ação penal pública incondicionada. No julgamento da ADI 4.424-
DF, o STF declarou a constitucionalidade do art. 41 da Lei n. 11.340⁄2006, afastando a
incidência da Lei n. 9.099⁄1995 aos crimes praticados com violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, independentemente da pena prevista. Precedente citado do STF:
ADI 4.424-DF, DJe 17/2/2012; do STJ: AgRg no REsp 1.166.736-ES, DJe 8/10/2012, e HC
242.458-DF, DJe 19/9/2012. AREsp 40.934-DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembarga-
dora convocada do TJ-SE), julgado em 13/11/2012.
STF/643 – Lei Maria da Penha*. Audiência de retratação deve anteceder recebimento da
denúncia. A 2ª Turma denegou habeas corpus em que condenado pela prática do delito
de lesão corporal qualificada por violência doméstica (CP, art. 129, § 9º) pretendia o
trancamento de ação penal contra ele instaurada. A impetração alegava que a suposta
vítima, esposa do paciente, admitira, no decorrer do processo, ser a responsável pelas
agressões por ter iniciado o entrevero e, ainda, que o art. 16 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria
da Penha) dispunha que deveria haver audiência para renúncia à representação perante o
juiz. No tocante à primeira assertiva, reputou-se que a pretensão deveria ter sido apurada
no decorrer do processo de conhecimento, e não em sede de habeas corpus, conforme

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requerido. Em relação à audiência de retratação da delação postulatória, aduziu-se que,


com fulcro no dispositivo mencionado (“Art. 16. Nas ações penais públicas condicio-
nadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à
representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade,
antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público”), esta poderia ocorrer,
em caso de violência contra a mulher, mas somente antes do recebimento da denúncia.
HC 109176/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 4.10.2011.
STJ/656 – Violência doméstica. Lesão corporal leve. Representação. Retratação no car-
tório da Vara. Irrelevância. Art. 16 da Lei n. 11.340/2006. Audiência específica. Neces-
sidade. Não atende ao disposto no art. 16 da Lei Maria da Penha, a retratação da suposta
ofendida ocorrida em cartório de Vara, sem a designação de audiência específica neces-
sária para a confirmação do ato. HC 138.143-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma,
por unanimidade, julgado em 03/09/2019, DJe 10/09/2019.
STJ/483 – Audiência de retratação depende de prévia manifestação da vítima. Trata-se
de RMS em que se pretende o reconhecimento do direito líquido e certo da mulher que
tenha sofrido violência doméstica e familiar de não ser obrigada a participar de audiência
confirmatória da representação pela persecução penal. Para tanto, alega-se que a audi-
ência prevista no art. 16 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) só pode ser determi-
nada pelo magistrado quando a vítima manifestar interesse em retratar-se da represen-
tação. A Turma entendeu que a audiência prevista no art. 16 da mencionada lei não deve
ser realizada ex officio como condição da abertura da ação penal, sob pena de constrangi-
mento ilegal à mulher, vítima de violência doméstica e familiar, pois isso configuraria ato
de ratificação da representação, inadmissível na espécie. Consignou-se que a realização
da audiência deve ser precedida de manifestação de vontade da ofendida, se assim ela
o desejar, em retratar-se da representação registrada, cabendo ao magistrado verificar
a espontaneidade e a liberdade na prática de tal ato. Com esse entendimento, a Turma
concedeu a segurança para determinar que a audiência de retratação da representação
da ação penal de natureza pública condicionada somente seja realizada após prévia
manifestação da ofendida. Precedentes citados: HC 178.744-MG, DJe 24/6/2011; HC
168.003-ES, DJe 1º/6/2011, e HC 96.601-MS, DJe 22/11/2010. RMS 34.607-MS, Rel. Min.
Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJ/RJ), julgado em 13/9/2011. *
Nos termos do julgamento da ADI 4424 (STF – Inf. 654), é constitucional o art. 41 da Lei
Maria da Penha e a ação penal no crime de lesão corporal de natureza leve é pública incon-
dicionada, dispensando, assim, manifestação da vítima.

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Ação Penal
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RESUMO
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de nossa sexta aula. Mas antes que possamos nos
despedir, vamos revisar os conceitos estudados com um breve resumo!
• Persecução penal: a segunda fase da persecução penal, a fase processual, é o momen-
to criminal em juízo, a ação penal propriamente dita.

Conceito e características da ação penal

É o instrumento processual por meio do qual se vale a acusação (MP ou ofendido, a depen-
der da espécie de ação penal) para fazer aplicar a lei penal objetiva ao fato delituoso.
Trata-se de um direito:
• autônomo: o direito de ação existe completamente desvencilhado do direito material;
• abstrato: o direito de ação independe do resultado do processo;
• público: a atividade jurisdicional é pública, por isso é que a ação penal é movida contra
o chamado Estado-juiz;
• subjetivo: é o direito de agir por parte do acusador (MP ou ofendido), exigindo a presta-
ção jurisdicional ao Poder Judiciário;
• instrumental: o direito de ação tem por objetivo a instauração do processo, visando à
composição do conflito de interesses;
• determinado: a ação está ligada a um fato ocorrido;
• específico: o conteúdo da ação penal é específico, qual seja, a imputação de um fato
criminoso a alguém.

Espécies de ação penal

No Brasil, a ação penal pode ser:


• Pública (titularizada pelo MP – art. 129, I, CF)
− incondicionada
− condicionada
◦ à representação do ofendido
◦ à requisição do Ministro da Justiça

Peça inicial: Denúncia.


• Privada (titularizada pelo ofendido)
− exclusiva ou propriamente dita
− personalíssima
− subsidiária da pública ou supletiva

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Ação Penal
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Peça inicial: Queixa-crime.

São os requisitos para a denúncia e para queixa-crime (art. 41 do CPP):


• a exposição do fato criminoso, com as suas circunstâncias, não sendo válida a denúncia
genérica (requisito essencial);
• a qualificação do acusado ou identificação do acusado (requisito essencial);
• a classificação da infração (requisito não essencial);
• rol de testemunhas (requisito não essencial).

Ação penal pública incondicionada

É a ação penal titularizada privativamente pelo MP. É a grande regra do nosso ordenamento
jurídico, ou seja, se a lei não dispuser de maneira contrária, o crime será de ação penal pública
incondicionada.

Princípios
• Obrigatoriedade ou compulsoriedade: havendo prova da materialidade e indícios razoá-
veis de autoria ou participação, o MP está obrigado a oferecer a ação penal.

Mitigações ao princípio da obrigatoriedade:


− a transação penal (art. 76 da Lei n. 9.099/1995);
− a colaboração premiada (art. 4º, § 4º, Lei 12.850/2013);
− o Acordo de Não Persecução Penal – ANPP (art. 28-A, CPP).
• Indisponibilidade: uma vez deflagrado o processo pelo recebimento da ação penal, o MP
não poderá abandonar a relação jurídica processual penal (art. 42, CPP).

Mitigações ao princípio da indisponibilidade:


− o instituto jurídico da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/1995);
− o acordo de colaboração premiada.
• (In)divisibilidade: há uma controvérsia quanto à nomenclatura. Para a doutrina majoritá-
ria e para a nossa jurisprudência o que vale é o princípio da divisibilidade. Em havendo
justa causa, a denúncia deve imputar os fatos a todos aqueles que foram investigados
na fase pré-processual da persecução penal.
• Princípio da intranscendência ou da pessoalidade: em razão do art. 5º, XLV, da CF/1988,
os efeitos da ação penal não transcendem a pessoa do réu.
• Oficialidade: a ação penal pública é titularizada por um Órgão oficial do Estado, qual
seja, o Ministério Público.
• Autoritariedade: o membro do MP é uma autoridade pública.

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• Oficiosidade: a ação penal pública é um dever-poder, cujo exercício se dará ex officio


pelo membro do MP (regra – ação penal pública incondicionada – art. 100 do CP). Em
se tratando de ação penal pública condicionada, só poderá o MP agir se presente a
condição a que se subordina (representação do ofendido ou requisição do Ministro da
Justiça).

Ação penal pública condicionada

É aquela titularizada pelo MP que depende, todavia, de uma manifestação de vontade do


legítimo interessado para que seja iniciada, até mesmo, a persecução penal.

Institutos condicionantes
• Representação (delatio criminis postulatória)
− Consiste em qualquer manifestação inequívoca da vontade do ofendido de deflagrar
a persecução criminal em juízo.
− Em regra, a representação deve ser apresentada pela vítima ou por seu representante
legal, caso seja aquela menor de 18 (dezoito) anos.
− Ocorrendo a morte ou a declaração judicial da ausência da vítima, a representação
poderá ser apresentada pelo cônjuge (ou companheiro/a), ascendente, descendente
ou irmão (CADI). Este rol de legitimados é preferencial e taxativo (art. 24, § 1º, CPP).
− Caso a pessoa jurídica seja vítima de um delito de ação penal pública condicionada,
a representação será apresentada pelas pessoas indicadas no ato constitutivo ou, na
omissão deste, pelos diretores ou sócios-gerentes (analogia ao art. 37, CPP).

Prazo para a apresentação da representação:


− 06 (seis) meses (art. 38 do CPP), contados a partir do efetivo conhecimento do autor
ou partícipe da infração penal. Uma vez exaurido, acarreta a perda do direito de repre-
sentar e, consequentemente, a extinção da punibilidade (prazo decadencial);
− é contado à luz do art. 10 do Código Penal (contagem de direito material), incluindo-
-se o primeiro dia e excluindo-se, contudo, o último dia da contagem;
− somente com o advento da maioridade este prazo começará a fluir.

Retratação:
− até o oferecimento da denúncia, poderá a vítima retratar-se da representação apre-
sentada;
− admite-se a retratação da retratação da representação, desde que não haja a conclu-
são do prazo decadencial;
− a representação (mero requerimento) não possui força que o vincule o privativo juízo
do membro do parquet;

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− nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, apenas poderá ser reali-
zada até o recebimento (e não oferecimento) da denúncia, ouvido o Parquet, e em au-
diência específica para este fim, devendo estar presentes o magistrado e o membro
do MP (art. 16 da Lei Maria da Penha).

 Obs.: Importante destacar que o STF (ADI n. 4.424/DF) e o STJ (Súmula n. 542) compreen-
dem a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal,
praticado mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. Todavia, outros
delitos, como, por exemplo, a ameaça, continuam persecutíveis por ação pública con-
dicionada, mesmo quando atingir a mulher no seio familiar.
• Requisição do Ministro da Justiça
− É um pedido-autorização, de feição eminentemente política, que condiciona o início
da persecução penal de determinados delitos. Sua natureza jurídica é de condição de
procedibilidade ou condição especial da ação.
− A lei não fixou um prazo decadencial para que haja a requisição, logo, poderá ser
apresentada a qualquer tempo, observado, contudo, o prazo prescricional da infra-
ção penal (art. 109, CP).
− Não possui força que vincule o privativo juízo do membro do parquet.

Retratação
Há controvérsia doutrinária acerca da possibilidade de retratação na Requisição do Minis-
tro da Justiça. O STF e o STJ jamais se pronunciaram sobre o assunto.

Ação penal privada


• É a ação titularizada pela vítima ou por seu representante legal, na condição de substitu-
tos processuais, já que atuam em nome próprio pleiteando direito alheio, qual seja, o jus
puniendi (dever de punir) do Estado.
• A ação penal privada personalíssima é aquela na qual apenas o ofendido pode proces-
sar criminalmente, ou seja, diferentemente do que ocorre na ação penal privada exclu-
siva (propriamente dita) ou subsidiária da pública, no caso de morte ou declaração de
ausência por decisão judicial do ofendido, o direito de oferecer a queixa-crime não passa
para terceiros. Este é o único caso do nosso ordenamento jurídico em que a morte da
vítima extingue a punibilidade do agente.
• A ação penal privada subsidiária da pública, também chamada de supletiva, refere-se ao
caso de crime de ação penal pública, na qual caberia ao ofendido oferecer a queixa-cri-
me, no lugar da denúncia, em virtude da inércia do Ministério Público.
− O prazo para a propositura da queixa (06 meses) será contado a partir da inércia mi-
nisterial (em regra, o prazo do MP para adotar as medidas é de 05 dias, se o investiga-
do estiver preso e, de 15 dias, se o investigado estiver solto).

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo

− Ao contrário da ação penal privada personalíssima e exclusiva, nas quais o escoa-


mento do prazo de seis meses implica em extinção de punibilidade do agente, aqui,
com o escoamento do prazo de 6 meses, cabe ao MP oferecer a denúncia, desde que
não sobrevenha a prescrição.
− Aqui, o MP continua sendo o titular da ação, mas atua como custos legis ou custos ju-
ris. Assim, ele poderá participar das audiências e atuar em todos os atos do processo.
Além disso, poderá produzir provas, recorrer, aditar a queixa e, se for o caso, poderá
repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva e, com isso, retomar a ação como
parte principal.

Princípios

a) Oportunidade (facultatividade ou conveniência): o exercício da ação penal privada se inse-


re no âmbito de conveniência e oportunidade do seu titular ativo (vítima ou representante legal).
a.1. Institutos jurídicos que revelam o Princípio:
• Decadência
− Trata-se da perda da faculdade de exercer a ação penal privada em razão do exauri-
mento do lapso temporal fixado em lei (06 meses).
− Gera uma decisão judicial de mérito (coisa julgada material) que declara a extinção
da punibilidade.
− O prazo decadencial não se interrompe, não se suspende, nem tampouco se prorroga.
• Renúncia
− É uma declaração (expressa ou tácita) da vítima de que não pretende exercer ação
penal privada, caracterizando-se, inclusive, com a prática de um ato incompatível com
a intenção de ver o participante do delito processado. Trata-se de ato unilateral.
− Oportuniza a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada material) que decla-
ra extinta a punibilidade.
− Uma vez exarada não permite retratação.
− Se a renúncia for ofertada em benefício de apenas uma parcela dos infratores, esten-
der-se-á aos demais.

b) Princípio da disponibilidade
Lastreado na discricionariedade (oportunidade e conveniência), este princípio revela que a
vítima, uma vez deflagrada a ação penal privada, poderá desistir do seu processamento até o
trânsito em julgado da sentença penal.
b.1. Institutos que revelam o Princípio da disponibilidade
• Perdão: ato da vítima que expressamente declara que não deseja continuar a ação penal
(perdão expresso dentro ou fora dos autos), ou a prática de um comportamento incom-
patível com a vontade de levar adiante o processo (perdão tácito).

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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo

− Acarreta a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada material) que declara
a extinção da punibilidade.
− É um ato bilateral, ou seja, requer a aquiescência do destinatário.
− Ofertando o perdão, o querelante beneficiará todos os réus que desejem aceitá-lo. Caso
um ou alguns não o aceitem, o processo seguirá normalmente em relação a eles.
− Não se confunde com o perdão judicial.
• Perempção: sanção processual em virtude do descaso do titular da ação penal privada
em impulsioná-la.
− As hipóteses de perempção foram dispostas, exemplificativamente, pelo art. 60 do
CPP. As hipóteses são:
◦ quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos;
◦ quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qual-
quer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 (art. 60,
II, do CPP);
◦ quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de conde-
nação nas alegações finais;
◦ quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
− Havendo concurso de infrações, pode ocorrer perempção em face de apenas algu-
mas delas.
− Ocasiona a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada material) que declara
a extinção da punibilidade.

c) Princípio da indivisibilidade
Estabelece que a ação penal privada é una e indivisível, não podendo ser fracionada no que
toca aos infratores, ou seja, caso a vítima exerça a ação penal, deverá fazê-lo em detrimento de
todos os participantes conhecidos da infração penal.
d) Intranscendência ou da pessoalidade
Os efeitos da ação não transcendem a pessoa do réu.

Prazo

Seis meses, contados a partir do conhecimento da autoria, de natureza decadencial.

Condições da ação
• Legitimidade ad causam: a possibilidade conferida pela lei para que alguém integre um
dos polos da relação jurídica processual.

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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo

− Polo ativo: MP ou querelante.


− Polo passivo: pessoa natural ou jurídica.
• Interesse de agir: constituído pelo trinômio necessidade-adequação-utilidade.
• Possibilidade jurídica do pedido: na seara processual penal, a possibilidade jurídica do
pedido está condicionada à existência de um tipo penal descrevendo a conduta crimino-
sa (Princípio da reserva legal) imputada ao réu na peça inicial acusatória.
• Justa causa: trata-se do lastro probatório mínimo – presente no binômio prova da ma-
terialidade (existência) do crime e indícios de autoria ou participação – que embasa a
acusação. Inexistentes esses elementos mínimos de informação, a ação penal a ser pro-
posta será temerária, razão pela qual o magistrado rejeitará a inicial acusatória. Ainda, a
ausência de justa causa autoriza o trancamento da ação penal.

Classificação da justa causa:


• Simples: é a necessidade, como visto, de lastro probatório mínimo da infração penal.

EXEMPLO
Elementos mínimos do roubo. Então, será necessário demonstrar lastro mínimo em rela-
ção ao crime de roubo.
• Duplicada: é a necessidade de lastro probatório mínimo em relação ao crime acessório
(parasitário), i.e., aquele que depende da existência de outro, principal.

EXEMPLO
Elementos mínimos do crime de receptação e do crime anterior, do qual a coisa provém,
como o furto. Assim, será necessário demonstrar lastro mínimo em relação às duas infrações:
receptação e furto.
• Triplicada: é a necessidade de lastro probatório mínimo em relação ao crime acessório
(parasitário), i.e., aquele que depende da existência de outro, que também é acessório
(parasitário).

EXEMPLO
Elementos mínimos em relação ao crime de lavagem de dinheiro, cujo crime antecedente é
uma receptação, cuja origem do bem é de um roubo. Logo, será necessário demonstrar lastro
mínimo em relação às três infrações: lavagem, receptação e roubo.

Outras modalidades de ação penal


• Ação penal de ofício (ou sem demanda): não existe mais a possibilidade de o processo
penal ser iniciado de ofício, a partir de uma portaria do juiz ou do delegado (antigo pro-
cesso judicialiforme), pois é necessária alguma provocação da parte.

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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo

• Ação penal popular: prevista na Lei de Crimes de Responsabilidade (Lei n. 1.079/1950).


Entretanto, em verdade, nem fala sobre crime propriamente dito, mas sobre crime de
responsabilidade (que são infrações políticas e não penais).
• Ação de prevenção penal: visa a imposição de uma medida de segurança, ou seja, nela,
o acusador já sabe que a pessoa que será processada é inimputável por doença mental
e, assim, propõe a ação não para pedir a condenação, mas a absolvição imprópria.
• Ação penal adesiva: verifica-se quando há conexão entre crimes de ação penal pública e
crimes de ação penal privada. Nesse caso, o MP oferece a denúncia pelo crime de ação
penal pública e o ofendido a queixa pelo crime de ação penal privada e, assim, uma ação
penal adere à outra.
• Ação penal primária e secundária: é o ocorre na situação em que a lei prevê um tipo de
ação penal, mas excepciona permitindo um outro tipo de ação penal.

EXEMPLO
O crime de injúria é, primariamente, de ação penal privada, entretanto, nos casos de injúria
qualificada é, secundariamente, de ação penal pública condicionada à representação.
• Ação penal pública subsidiária da pública: alguns admitem esta possibilidade.

EXEMPLO
Hipótese de federalização de crime contra os direitos humanos que se inicia na Justiça
Estadual e que migra para a Justiça Federal, neste caso, a atribuição do MP estadual passa a
ser, subsidiariamente, do MP Federal.

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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo

QUESTÕES DE CONCURSO
001. (FACET CONCURSOS/PREFEITURA DE CAPIM-PB/ASSISTENTE JURÍDICO/2020/
ADAPTADA) Sobre a ação penal, julgue o item a seguir.
Segundo entendimento jurisprudencial consolidado no Supremo Tribunal Federal, nos crimes
contra a honra praticado em desfavor de funcionário público em razão de suas funções, a legi-
timidade para propositura da ação penal será exclusivamente do Ministério Público.

Conforme a Súmula n. 714 do STF:

É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, con-


dicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de
servidor público em razão do exercício de suas funções.

Errado.

002. (FACET CONCURSOS/PREFEITURA DE CAPIM-PB/ASSISTENTE JURÍDICO/2020/


ADAPTADA) Sobre a ação penal, julgue o item a seguir.
Nos crimes motivadores de ação penal privada, a queixa poderá ser apresentada por procura-
dor ao qual tenha sido concedido pela vítima os poderes da cláusula ad judicia, sendo suficien-
te que na procuração conste a qualificação do querelado.

De acordo com o art. 44 do CPP:

A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento
do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimen-
tos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Errado.

003. (FACET CONCURSOS/PREFEITURA DE CAPIM-PB/ASSISTENTE JURÍDICO/2020/


ADAPTADA) Sobre a ação penal, julgue o item a seguir.
Pelo princípio da obrigatoriedade, nos crimes de ação penal pública o Ministério Público deve
propor ação penal pública quando estiver diante de fato típico, ilícito e culpável, todavia, a tran-
sação penal se apresenta como instituto que mitiga a aplicação do citado princípio.

De acordo com o princípio da obrigatoriedade ou compulsoriedade, havendo prova da ma-


terialidade e indícios razoáveis de autoria ou participação, o MP está obrigado a oferecer a
ação penal.
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Ação Penal
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Entretanto, conforme vimos, existem mitigações ao princípio da obrigatoriedade (situações


nas quais o membro do MP terá a prova da materialidade e os indícios de autoria ou participa-
ção e não estará obrigado a oferecer a denúncia, pois existe permissão legal neste sentido):
• A transação penal (art. 76 da Lei n. 9.099/1995), instituto jurídico de justiça consensual,
relativizou o referido Princípio, razão pela qual passou a ser reconhecido como obriga-
toriedade mitigada ou discricionariedade regrada, afinal, uma vez aceita a proposta de
imposição de medida alternativa, a inicial acusatória não será ofertada.
E se o acordo de transação, homologado judicialmente, for descumprido? Segundo o STF, Sú-
mula Vinculante n. 35, admite-se “a continuidade da persecução penal mediante oferecimento
da denúncia ou requisição de inquérito policial”. Logo, a homologação da transação penal não
tem aptidão à imutabilidade pela coisa julgada material.
• A colaboração premiada, no combate ao crime organizado, já que o MP poderá deixar de
oferecer a denúncia ao colaborador que não for líder da facção criminosa e que primeiro
prestar efetiva contribuição (art. 4º, § 4º, Lei n. 12.850/2013).
• O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), cuja finalidade é evitar o oferecimento da
ação penal.
Certo.

004. (FACET CONCURSOS/PREFEITURA DE CAPIM-PB/ASSISTENTE JURÍDICO/2020/


ADAPTADA) Sobre a ação penal, julgue o item a seguir.
Será admitida a ação penal privada nos crimes de ação pública, quando esta não for intentada
no prazo legal. Nesta hipótese, a ação penal privada deverá ser apresentada no prazo de 06
(seis) meses a contar da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia, sen-
do declarada extinta a punibilidade do agente em razão da decadência, quando a ação penal
privada for intempestiva.

Conforme vimos, no que diz respeito à ação penal privada subsidiária da pública, ao contrário
da ação penal privada personalíssima e exclusiva, nas quais o escoamento do prazo de seis
meses implica em extinção de punibilidade do agente, com o escoamento do prazo, cabe ao
MP oferecer a denúncia, desde que não sobrevenha a prescrição, embora não caiba mais ao
ofendido oferecer a queixa-crime.
Errado.

005. (FACET CONCURSOS/PREFEITURA DE CAPIM-PB/ASSISTENTE JURÍDICO/2020/


ADAPTADA) Sobre a ação penal, julgue o item a seguir.
De acordo com entendimento jurisprudencial consolidado no Superior Tribunal de Justiça, o
crime lesão corporal praticado mediante violência doméstica contra a mulher é motivador de
ação penal pública condicionada a representação.

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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo

Conforme vimos nesta aula, o STF julgou procedente a ADI n. 4.424/DF (Rel. Min. Marco Au-
rélio) para assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão cor-
poral, praticado mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. Nos demais casos,
será de ação penal pública condicionada à representação. Não é outro o entendimento do STJ,
conforme Súmula n. 542:

A ação relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a


mulher é pública incondicionada.

Errado.

006. (CEBRASPE/TCE-RJ/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/2021) Considerando aspec-


tos gerais do direito penal brasileiro, julgue o item subsecutivo.
Não cabe ação penal privada subsidiária da pública se o Ministério Público, em vez de oferecer
denúncia, promover o arquivamento do inquérito policial dentro do prazo legal.

Conforme vimos, a ação penal privada subsidiária da pública, também chamada de supletiva,
refere-se ao caso de crime de ação penal pública, na qual caberia ao ofendido oferecer a quei-
xa-crime, no lugar da denúncia, em virtude da inércia do Ministério Público. Se houve a promo-
ção de arquivamento, cuja competência é do Ministério Público, não há que se fala em inércia.
Certo.

007. (CEBRASPE/CODEVASF/ASSESSOR JURÍDICO/2021) Com relação ao processo penal,


julgue o item subsequente.
As limitações ao direito de renúncia e ao perdão do ofendido são decorrentes da indivisibilida-
de da ação penal privada.

Conforme vimos, o princípio da indivisibilidade estabelece que a ação penal privada é una
e indivisível, não podendo ser fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima
exerça a ação penal, deverá fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos da
infração penal.
Assim, se a renúncia for ofertada em benefício de apenas uma parcela dos infratores, esten-
der-se-á aos demais. Renunciando a vítima em proveito de um ou alguns, todos se beneficiam
(princípio da indivisibilidade da ação penal privada – art. 49, CPP).

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Mesmo raciocínio se aplica ao perdão. Ofertando o perdão, o querelante beneficiará todos os


réus que desejem aceitá-lo. Caso um ou alguns não o aceitem, o processo seguirá normalmen-
te em relação a eles.
Certo.

008. (CEBRASPE/CODEVASF/ASSESSOR JURÍDICO/2021) Com relação ao processo penal,


julgue o item subsequente.
Ocorrerá perempção se o representante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qual-
quer ato do processo a que deva estar presente.

Conforme vimos, perempção é a sanção processual em virtude do descaso do titular da ação


penal privada em impulsioná-la, ou seja, é um efeito processual penal decorrente da desídia do
autor da ação em praticar um ato necessário ao andamento regular do procedimento proces-
sual. As hipóteses de perempção foram dispostas, exemplificativamente, pelo art. 60 do CPP.
As hipóteses são:
• quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo duran-
te 30 dias seguidos;
• quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
• quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;
• quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Ocorre, todavia, que a assertiva fala em REPRESENTANTE, quando deveria falar QUERELANTE.
Errado.

009. (TJ-PR/COMARCA DE SÃO JOÃO/JUIZ LEIGO/2019) Julgue o item a seguir.


O juiz pode deixar de homologar transação penal em razão de atipicidade, ocorrência de pres-
crição ou falta de justa causa para a ação penal, equivalendo tal decisão à rejeição da denúncia
ou queixa.

ENUNCIADO 73 – O juiz pode deixar de homologar transação penal em razão de atipici-


dade, ocorrência de prescrição ou falta de justa causa para a ação penal, equivalendo tal
decisão à rejeição da denúncia ou queixa (XVI Encontro – Rio de Janeiro/RJ).

Certo.

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Ação Penal
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010. (TJ-MS/COMARCA DE BONITO/JUIZ LEIGO/2018) Nos crimes de ação penal de inicia-


tiva privada,
a) a renúncia ao exercício do direito de queixa se estenderá a todos os querelantes.
b) a renúncia é ato unilateral, voluntário e necessariamente expresso.
c) a perempção pode ocorrer no curso do inquérito policial.
d) o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia,
efeito em relação ao que o recusar.

a) Errada. Conforme o art. 49 do CPP, a renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação


a um dos autores do crime (querelados), a todos se estenderá.
b) Errada. Conforme o art. 57 do CPP, a renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os
meios de prova. Ou seja, a renúncia poderá ser tácita, diferente do que diz a assertiva.
c) Errada. Perempção é a sanção processual em virtude do descaso do titular da ação penal
privada em impulsioná-la, ou seja, é um efeito processual penal decorrente da desídia do autor
da ação em praticar um ato necessário ao andamento regular do procedimento processual.
d) Certa. Conforme vimos, o perdão oferecido a apenas um participante da infração penal
beneficiará aos demais. Isso porque a ação penal privada é indivisível. Ofertando o perdão, o
querelante beneficiará todos os réus que desejem aceitá-lo. Caso um ou alguns não o aceitem,
o processo seguirá normalmente em relação a eles.
Letra d.

011. (FGV/MPE-RJ/ESTÁGIO FORENSE/2016) Quando em discussão, ocorrida entre o casal


Luciano e Vanessa, casados há muitos anos, o cônjuge-varão vem a agredir sua esposa, cau-
sando-lhe lesões corporais leves. Levados à delegacia de polícia local, Luciano é preso em fla-
grante delito. Vanessa, por seu turno, se revela arrependida de ter acionado o aparato policial,
razão pela qual afirma ao delegado de polícia seu desejo de “retirar a queixa”, tendo a autorida-
de policial esclarecido, à ocasião, que sua manifestação de vontade seria fator absolutamente
irrelevante para o prosseguimento dos atos de investigação penal. No caso, a hipótese é de:
a) lesão corporal qualificada pela violência doméstica, que se persegue pela via da ação penal
pública condicionada, sendo, portanto, indispensável expressa autorização da vítima.
b) lesão corporal qualificada pela violência doméstica, que se persegue pela via da ação pe-
nal pública incondicionada, conforme orientação já pacificada no âmbito do Supremo Tribu-
nal Federal.
c) ação de iniciativa privada, cabendo à vítima, ou a qualquer interessado, a deflagração da
ação penal.
d) ação penal pública incondicionada, que pode ser deflagrada pela própria autoridade policial
ou por terceiro interessado.

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e) arquivamento, a critério da autoridade policial, que deverá recorrer, de ofício, ao chefe


de polícia.

Conforme a Súmula n. 542 do STJ:

A ação relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a


mulher é pública incondicionada.

No mesmo sentido, o STF:

654 – Lei Maria da Penha e ação penal condicionada à representação – 3. Entendeu-se


não ser aplicável aos crimes glosados pela lei discutida o que disposto na Lei 9.099/95,
de maneira que, em se tratando de lesões corporais, mesmo que de natureza leve ou cul-
posa, praticadas contra a mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabível seria pública
incondicionada. Acentuou-se, entretanto, permanecer a necessidade de representação
para crimes dispostos em leis diversas da 9.099/95, como o de ameaça e os cometidos
contra a dignidade sexual. Consignou-se que o Tribunal, ao julgar o HC 106212/MS (DJe
de 13.6.2011), declarara, em processo subjetivo, a constitucionalidade do art. 41 da Lei
11.340/2006, no que afastaria a aplicação da Lei dos Juizados Especiais relativamente
aos crimes cometidos com violência doméstica e familiar contra a mulher, independente-
mente da pena prevista. ADI 4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.2.2012.

Letra b.

012. (TJ-AP/ESTAGIÁRIO/2019) A representação será irretratável:


a) Depois de oferecida a denúncia.
b) Após instaurado o inquérito policial.
c) Antes de instaurado o inquérito policial.
d) Depois de recebida a denúncia.

Conforme vimos nesta aula, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da denúncia (art.
25 do CPP).
Letra a.

013. (FUNDAÇÃO CEFET BAHIA/PREFEITURA DE IRECÊ-BA/ADVOGADO/2017) Conside-


rando o quanto disposto no Código de Processo Penal, bem assim a orientação jurisprudencial
do Supremo Tribunal Federal, a legitimidade ativa para a propositura de ação penal por crime
contra a honra de servidor público, analise as assertivas e identifique com V as verdadeiras e
com F as falsas.
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( ) Pode ser do ofendido, mediante queixa.


( ) Pode ser do Ministério Público, independentemente de representação do ofendido.
( ) É alternativa entre o ofendido, mediante queixa, e o Ministério Público, independentemente
de representação do ofendido.
( ) É concorrente entre o ofendido, mediante queixa, e o Ministério Público, condicionada à
representação do ofendido.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é
a) V V F F.
b) V F F V.
c) V F V F.
d) F F V V.
e) F V V F.

Conforme Súmula 714 do STF:

É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condi-


cionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servi-
dor público em razão do exercício de suas funções.

Letra b.

014. (TJ-AC/JUIZ LEIGO/2015) Assinale a alternativa INCORRETA:


a) A justa causa não é considerada como uma das condições da ação penal.
b) O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado.
c) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o
chefe de Polícia.
d) A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

a) Errada. Conforme vimos, a justa causa é o lastro probatório mínimo – presente no binômio
prova da materialidade (existência) do crime e indícios de autoria ou participação – que em-
basa a acusação. Inexistentes esses elementos mínimos de informação, a ação penal a ser
proposta será temerária, razão pela qual o magistrado rejeitará a inicial acusatória. Portanto, a
justa causa, diferente do que diz a assertiva, é uma das condições da ação penal.
b) Certa. Conforme art. 363 do CPP, que será oportunamente estudado.
c) Certa. Conforme art. 5º, p. 2º, do CPP:

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Ação Penal
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Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: [...] § 2º Do despacho que indeferir o
requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
d) Certa. Conforme art. 70 do CPP, que será oportunamente estudado.
Letra a.

015. (TJ-AC/CONCILIADOR/2016) No tocante à ação penal:


a) A representação, segundo o CPP, é retratável até o recebimento da denúncia.
b) As fundações, associações e sociedade legalmente constituídas poderão exercer ação penal.
c) Em regra, o ofendido ou seu representante tem prazo de 30 (trinta) dias para oferecimento
da queixa.
d) No caso de morte do ofendido, extingue-se imediatamente a punibilidade do autor do fato.

a) Errada. Conforme vimos nesta aula, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da de-
núncia (art. 25 do CPP).
b) Certa. Conforme art. 37 do CPP:

As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal,


devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no si-
lêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
c) Errada. Conforme art. 38 do CPP:

Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
d) Errada. Conforme art. 62 do CPP:

No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o
Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.
Letra b.

016. (GUALIMP/CÂMARA DE NOVA VENÉCIA-ES/PROCURADOR JURÍDICO/2018) De acor-


do com o Código de Processo Penal, marque a alternativa correta no que se refere à Ação Penal:
a) A representação é retratável, ainda que já oferecida à denúncia.
b) Ao ofendido, a quem tenha qualidade para representá-lo ou ao Ministério Público caberá
intentar a ação privada.
c) É facultado ao Ministério Público a desistência da Ação Penal.
d) A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos
se estenderá.

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Ação Penal
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a) Errada. Conforme vimos nesta aula, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da de-
núncia (art. 25 do CPP).
b) Errada. A ação penal privada é titularizada pela vítima ou por seu representante legal, na
condição de substitutos processuais, já que atuam em nome próprio pleiteando direito alheio,
qual seja, o jus puniendi (dever de punir) do Estado.
c) Errada. Conforme vimos, de acordo com o princípio da indisponibilidade, uma vez deflagra-
do o processo pelo recebimento da ação penal, o MP não poderá abandonar a relação jurídica
processual penal (art. 42, CPP). Estando convencido de que não há razões para condenar o réu,
deverá o membro do MP requerer a sua absolvição, mas jamais a desistência da ação penal.
d) Certa. Conforme vimos, a renúncia é uma declaração expressa (renúncia expressa) da víti-
ma de que não pretende exercer ação penal privada ou, então, é a prática de um ato incompa-
tível com a intenção de ver o participante do delito processado (renúncia tácita).
Se a renúncia for ofertada em benefício de apenas uma parcela dos infratores, estender-se-á
aos demais. Renunciando a vítima em proveito de um ou alguns, todos se beneficiam (princípio
da indivisibilidade da ação penal privada – art. 49, CPP).
Letra d.

017. (FEPESE/SAP-SC/AGENTE PENITENCIÁRIO/2019) De acordo com o Código de Proces-


so Penal, é correto afirmar:
a) O direito de representação somente poderá ser exercido pessoalmente pelo ofendido.
b) A ação penal deverá ser proposta no prazo de até quinze dias após reduzida a representa-
ção a termo.
c) A representação deverá ser feita diretamente à autoridade policial.
d) Ação penal decorrente de representação criminal deverá ser instruída, obrigatoriamente,
com a cópia do inquérito policial.
e) A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e
da autoria.

Conforme art. 39 do CPP:

O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à au-
toridade policial.
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autori-
dade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.

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§ 2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da
autoria.
§ 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou,
não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autori-
dade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo
de quinze dias.
Letra e.

018. (FUNRIO/CÂMARA DE SÃO JOÃO DE MARITI-RJ/ANALISTA LEGISLATIVO/2018)


Quando o Código de Processo Penal estabelece que a queixa contra qualquer dos autores do
crime obrigará ao processo de todos está determinando a:
a) indivisibilidade da ação penal.
b) solidariedade da ação penal.
c) responsabilidade da ação penal.
d) unificação da ação penal.
e) conjunção da ação penal.

Conforme vimos nesta aula, são princípios que regem a ação penal privada:
• Oportunidade (facultatividade ou conveniência): o exercício da ação penal privada se
insere no âmbito de conveniência e oportunidade do seu titular ativo (vítima ou repre-
sentante legal), que jamais estará obrigado a lançar mão dela. Trata-se de um Princípio
que rege a ação penal privada antes mesmo da sua propositura, ou seja, é analisado na
fase pré-processual.
• Princípio da disponibilidade: lastreado na discricionariedade (oportunidade e conveni-
ência), este princípio revela que a vítima, uma vez deflagrada a ação penal privada, po-
derá desistir do seu processamento até o trânsito em julgado da sentença penal (art.
106, § 2º, CP). O princípio em tela é o reflexo ou projeção do Princípio da oportunidade
na fase processual.
• Princípio da indivisibilidade: este Princípio estabelece que a ação penal privada é una e
indivisível, não podendo ser fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima
exerça a ação penal, deverá fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos
da infração penal.
• Intranscendência ou da pessoalidade: a ação penal só poderá ser proposta contra a pes-
soa a quem se imputa a prática do delito, ou seja, os efeitos da ação não transcendem
a pessoa do réu.
Letra a.

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019. (IMA/PREFEITURA DE SANTANA DE PARNAÍBA-SP/ASSISTENTE TÉCNICO JURÍDI-


CO/2019) Em consonância com o artigo 58 do Código de Processo Penal, concedido o perdão,
mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de _______
dia(s), se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará
__________. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
a) um / deliberação.
b) dois / concessão.
c) três / aceitação.
d) quatro / desfeita.

Conforme art. 58 do CPP:

Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer,
dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio
importará aceitação.
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
Letra a.

020. (INAZ DO PARÁ/CRF-AC/ADVOGADO/2019) Acerca da Ação Penal, é correto afirmar:


a) No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito
de oferecer queixa decairá ou será extinta a ação se já houver uma em curso.
b) A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, só a este
se aproveitará.
c) O perdão concedido a um dos querelados aproveitará somente a este, o qual terá direito
de recusa.
d) As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação
penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem.
e) O direito de representação somente poderá ser exercido pessoalmente pelo ofendido, por
se tratar de parte legítima, sendo de forma escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério
Público, ou à autoridade policial.

a) Errada. Conforme vimos, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão (art. 24, §1º, do CPP).
b) Errada. Conforme vimos nesta aula, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da de-
núncia (art. 25 do CPP).

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c) Errada. Conforme vimos, o perdão oferecido a apenas um participante da infração penal


beneficiará aos demais. Isso porque a ação penal privada é indivisível. Ofertando o perdão, o
querelante beneficiará todos os réus que desejem aceitá-lo. Caso um ou alguns não o aceitem,
o processo seguirá normalmente em relação a eles.
d) Certa. Conforme art. 37 do CPP:

As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal,


devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no si-
lêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
e) Errada. Conforme art. 39 do CPP:

O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à au-
toridade policial.
Letra d.

021. (VUNESP/PC-BA/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2018) Segundo o art. 25 do Código de Pro-


cesso Penal, “a representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia”. Com isso, o
legislador quis afirmar que
a) a Autoridade Policial não poderá representar pela decretação da prisão preventiva.
b) pedida a instauração de inquérito por parte da vítima, não poderá mais ser oferecida a re-
presentação.
c) após o Ministério Público oferecer a denúncia, a vítima não poderá desautorizar o Ministério
Público a proceder com a ação penal.
d) a denúncia não poderá ser aditada.
e) a vítima não poderá ser representada pelo ascendente, descendente, cônjuge ou irmão após
o oferecimento da denúncia.

Conforme vimos, a retratação poderá ocorrer até o oferecimento da denúncia. Caso a vítima
assim proceda, restará configurada a renúncia ao direito de representar, fato este que obsta o
início da persecução penal.
Letra c.

022. (CEBRASPE/MPE-CE/TÉCNICO MINISTERIAL/2020) Tales foi preso em flagrante em


um parque de Fortaleza pela prática do crime de estupro, tendo sido reconhecido pela vítima,
Marta, com a qual não possuía relação anterior. Há indícios de que Tales tenha praticado ou-
tros crimes sexuais, tendo sido também reconhecido por outras vítimas.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.

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O crime de estupro não admite retratação nem perdão pela vítima, cabendo ao Ministério Pú-
blico oferecer a denúncia no prazo de cinco dias, estando Tales preso.

O estupro é um crime de ação penal pública incondicionada. Logo, não há que se falar em qual-
quer manifestação de vontade da vítima. Ademais, conforme art. 46 do CPP:

O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em
que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver
solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16),
contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
Certo.

023. (CEBRASPE/MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2020) João sofreu calúnia, mas veio


a falecer dentro do prazo decadencial de seis meses, antes de ajuizar ação contra o ofensor.
Ele não tinha filhos e mantinha um relacionamento homoafetivo com Márcio, em união estável
reconhecida. João era filho único e tinha como parente próximo sua mãe.
Nessa situação hipotética, o ajuizamento de ação pelo crime de calúnia
a) somente poderá ser promovido pela mãe de João.
b) poderá ser realizado pelo Ministério Público.
c) poderá ser realizado por Márcio.
d) não é cabível, haja vista a morte de João
e) deverá ser realizado por curador especial, a ser nomeado para essa finalidade.

Conforme vimos, a representação (delatio criminis postulatória) consiste em qualquer mani-


festação inequívoca da vontade do ofendido de deflagrar a persecução criminal em juízo. Não
se exige, portanto, qualquer rigor formal na formulação da representação. Por esta razão, en-
tende o STJ que a mera notitia criminis, prestada pelo ofendido perante a autoridade policial, já
constitui válido exercício do direito de representação.
Em regra, a representação deve ser apresentada pela vítima ou por seu representante legal,
caso seja aquela menor de 18 (dezoito) anos.
Ocorrendo a morte ou a declaração judicial da ausência da vítima, a representação poderá
ser apresentada pelo cônjuge (ou companheiro/a), ascendente, descendente ou irmão (CADI).
Este rol de legitimados é preferencial e taxativo (art. 24, § 1º, CPP).
Letra c.

024. (IBFC/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/2020) No que se refere às disposições do Códi-


go de Processo Penal sobre a ação penal, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro
(V) ou Falso (F):

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( ) Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
( ) O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
( ) Qualquer pessoa poderá intentar a ação privada.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
a) V, V, V.
b) V, V, F.
c) V, F, V.
d) F, F, V.

Conforme vimos, a ação penal pública poderá ser incondicionada ou condicionada.


A ação penal pública incondicionada é titularizada privativamente pelo MP e representa a pe-
dra angular do sistema acusatório (art. 129, I, da CF/1988 e art. 257, CPP). É a grande regra do
nosso ordenamento jurídico, ou seja, se a lei não dispuser de maneira contrária, o crime será
de ação penal pública incondicionada. Isto significa que o titular da ação, que é o MP, não está
subordinado ou submetido a nenhuma condição.
Ademais, dentre os princípios que a norteia, temos o da indisponibilidade, que implica que
uma vez deflagrado o processo pelo recebimento da ação penal, o MP não poderá abandonar a
relação jurídica processual penal (art. 42, CPP). Estando convencido de que não há razões para
condenar o réu, deverá o membro do MP requerer a sua absolvição, mas jamais a desistência
da ação penal.
Sobre a ação penal pública condicionada, ela é igualmente titularizada pelo MP, mas depende,
todavia, de uma manifestação de vontade do legítimo interessado para que seja iniciada, até
mesmo, a persecução penal. A previsão de ação penal pública condicionada é dada de forma
expressa em lei.
São os institutos condicionantes da ação penal pública condicionada: a) representação, que
consiste em qualquer manifestação inequívoca da vontade do ofendido de deflagrar a perse-
cução criminal em juízo, cujo prazo é de 06 meses, a contar do efetivo conhecimento do autor
ou partícipe da infração penal, sob pena de decadência; b) Requisição do Ministro da Justiça,
que é um pedido-autorização, de feição eminentemente política, que condiciona o início da per-
secução penal de determinados delitos. Sua natureza jurídica é de condição de procedibilidade
ou condição especial da ação.
Assevere-se que a lei não fixou um prazo decadencial para que haja a requisição, logo, poderá
ser apresentada a qualquer tempo, observado, contudo, o prazo prescricional da infração penal
(art. 109, CP).
Letra b.

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025. (VUNESP/TJ-RJ/JUIZ SUBSTITUTO/2019) Oferecendo o ofendido ação penal privada


subsidiária da pública, o Ministério Público, nos exatos termos do art. 29 do CPP,
a) perde interesse processual e deixa de intervir nos autos.
b) pode intervir em todos os termos do processo, contudo, sem capacidade recursal.
c) perde a possibilidade de representar pelo arquivamento do inquérito e não pode repu-
diar a queixa.
d) pode aditar a queixa.
e) deixa de ser parte e passa a atuar como custos legis e não pode, por exemplo, fornecer ele-
mentos de prova.

Conforme vimos nesta aula, a ação penal privada subsidiária da pública, também chamada de
supletiva, refere-se ao caso de crime de ação penal pública, na qual caberia ao ofendido ofere-
cer a queixa-crime, no lugar da denúncia, em virtude da inércia do Ministério Público.
O prazo para a propositura da queixa (06 meses) será contado a partir da inércia ministerial. É
dizer, é sabido que, concluído o inquérito policial, o MP terá as seguintes possibilidades: ofe-
recer a denúncia; requerer diligências; promover o arquivamento; requerer o declínio de com-
petência; suscitar o conflito de competência. Em regra, o prazo para adotar uma dessas pos-
sibilidades é de 05 dias, se o investigado estiver preso e, de 15 dias, se o investigado estiver
solto. Assim, o prazo de 06 meses para o ofendido oferecer a queixa-crime é contado a partir
do escoamento destes prazos do MP.
É importante salientar que, ao contrário da ação penal privada personalíssima e exclusiva, nas
quais o escoamento do prazo de seis meses implica em extinção de punibilidade do agente, na
ação penal privada subsidiária da pública, com o escoamento do prazo de 6 meses, cabe ao
MP oferecer a denúncia, desde que não sobrevenha a prescrição, embora não caiba mais ao
ofendido oferecer a queixa-crime.
Por fim, registre-se que na ação penal privada subsidiária da pública o MP atua como custos
legis ou custos juris. Assim, ele poderá participar das audiências e atuar em todos os atos do
processo. Além disso, poderá produzir provas, recorrer, aditar a queixa e, se for o caso, poderá
repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva e, com isso, reassumir a titularidade da
ação penal.
Letra d.

026. (CEBRASPE/TJ-PA/OFICIAL DE JUSTIÇA/2020) Maria foi vítima de estupro praticado


por um desconhecido em um parque. Ao comparecer à delegacia, ela comunicou formalmente
o ocorrido e submeteu-se a exame de corpo de delito, que comprovou a violência sexual; em
seguida, foi feito o retrato falado do estuprador. Apesar dos esforços da autoridade policial, o
autor do crime somente foi identificado e reconhecido pela vítima sete meses após a ocorrên-
cia do fato.

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Nessa situação hipotética, concluídas as investigações, o Ministério Público deve


a) oferecer a denúncia, visto que estão presentes as condições da ação penal.
b) manifestar-se pelo arquivamento do inquérito policial por falta de interesse de agir.
c) manifestar-se pelo arquivamento do inquérito policial por falta de possibilidade jurídica
do pedido.
d) manifestar-se pelo arquivamento do inquérito policial por falta de justa causa.
e) oficiar à vítima para que ela informe se ainda tem interesse na propositura da ação penal.

Conforme vimos, o estupro é um crime de ação penal pública incondicionada. Nesse sentido:

STJ/553 – Direito processual penal. Natureza da ação penal em crime contra a liber-
dade sexual. Procede-se mediante ação penal condicionada à representação no crime
de estupro praticado contra vítima que, por estar desacordada em razão de ter sido ante-
riormente agredida, era incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da ocorrência
dos atos libidinosos. De fato, segundo o art. 225 do CP, o crime de estupro, em qualquer
de suas formas, é, em regra, de ação penal pública condicionada à representação, sendo,
apenas em duas hipóteses, de ação penal pública incondicionada, quais sejam, vítima
menor de 18 anos ou pessoa vulnerável. A própria doutrina reconhece a existência de
certa confusão na previsão contida no art. 225, caput e parágrafo único, do CP, o qual,
ao mesmo tempo em que prevê ser a ação penal pública condicionada à representação
a regra tanto para os crimes contra a liberdade sexual quanto para os crimes sexuais
contra vulnerável, parece dispor que a ação penal do crime de estupro de vulnerável é
sempre incondicionada. A interpretação que deve ser dada ao referido dispositivo legal é
a de que, em relação à vítima possuidora de incapacidade permanente de oferecer resis-
tência à prática dos atos libidinosos, a ação penal seria sempre incondicionada. Mas, em
se tratando de pessoa incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da ocorrência
dos atos libidinosos – não sendo considerada pessoa vulnerável –, a ação penal perma-
nece condicionada à representação da vítima, da qual não pode ser retirada a escolha de
evitar ostrepitus judicii. Com este entendimento, afasta-se a interpretação no sentido de
que qualquer crime de estupro de vulnerável seria de ação penal pública incondicionada,
preservando-se o sentido da redação do caput do art. 225 do CP. HC 276.510-RJ, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/11/2014, DJe 1º/12/2014.

Ademais, presentes estão as condições da ação, quais sejam: legitimidade ad causam, haja
vista que a titularidade da ação é do MP; interesse de agir, constituído pelo trinômio necessida-
de-adequação-utilidade; possibilidade jurídica do pedido, que na seara processual penal está
condicionada à existência de um tipo penal descrevendo a conduta criminosa (Princípio da re-
serva legal) imputada ao réu na peça inicial acusatória; e a justa causa, a qual, conforme o STJ:

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diz respeito ao mínimo de lastro probatório – mesmo que meramente Indiciário – que
aponte para a autoria do acusado em relação ao delito que lhe é imputado.

Letra a.

027. (CEBRASPE/TJ-PA/AUXILIAR JUDICIÁRIO/2020) Acerca de ação penal, julgue os


itens a seguir.
I – Havendo inércia do Ministério Público em oferecer denúncia, a titularidade da ação pe-
nal passa ao ofendido, que atuará no polo ativo.
II – Em caso de pedido de arquivamento de inquérito policial pelo Ministério Público, o juízo
poderá designar outro promotor para dar início à ação penal.
III – Em se tratando de ação penal privada, se houver pluralidade de agentes, o ofendido não
poderá processar apenas um dos autores do delito.
IV – Nas ações penais condicionadas à representação, a representação poderá ser realizada
oralmente, desde que devidamente reduzida a termo por autoridade competente.

Estão certos apenas os itens


a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

I – Errado. Na ação penal privada subsidiária da pública o MP atua como custos legis ou cus-
tos juris. Assim, ele poderá participar das audiências e atuar em todos os atos do processo.
Além disso, poderá produzir provas, recorrer, aditar a queixa e, se for o caso, poderá repudiar
a queixa, oferecendo denúncia substitutiva e, com isso, retomar a ação como parte principal,
conforme art. 29 do CPP, vez que ele continua sendo o titular dela.
II – Errado. Conforme art. 28 do CPP:

Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma


natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial
e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma
da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial,
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão
da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios,
a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial.

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III – Certo. O princípio da divisibilidade estabelece que a ação penal privada é una e indivisível,
não podendo ser fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima exerça a ação
penal, deverá fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos da infração penal.
IV – Certo. Conforme art. 39 do CPP:

O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à auto-
ridade policial. [...]
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autori-
dade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida [...].
Letra c.

028. (CEBRASPE/TJ-PA/AUXILIAR JUDICIÁRIO/2020) A ação penal pública pode ser incondi-


cionada ou condicionada à representação. Em relação à ação penal pública condicionada à repre-
sentação, há a exigência da manifestação do ofendido ou de quem tenha qualidade para repre-
sentá-lo. Acerca da ação penal pública condicionada à representação, assinale a opção correta.
a) A representação é uma condição de procedibilidade da ação penal, e sua ausência impede
o Ministério Público de oferecer a denúncia.
b) Opera-se a decadência da ação penal condicionada à representação se o direito de repre-
sentar não for exercido no prazo de seis meses, a contar da data do fato criminoso.
c) O ofendido pode, a qualquer tempo, exercer o direito de se retratar da representação, sendo
a extinção da punibilidade sem resolução de mérito o efeito da retratação.
d) A ação penal pública condicionada à representação é essencialmente de interesse privado
e regida pelos princípios da conveniência e oportunidade.
e) A irretratabilidade da representação inicia-se com a instauração do inquérito policial.

a) Certa. Nos crimes de ação penal pública condicionada a representação, esta é condição de
procedibilidade da ação, conforme vimos nesta aula. Ademais, conforme art. 395 do CPP:

A denúncia ou queixa será rejeitada quando: [...] II – faltar pressuposto processual ou condição para
o exercício da ação penal; [...].
b) Errada. Conforme art. 38 do CPP:

Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
c) Errada. Conforme art. 25 do CPP:

A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

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Ação Penal
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d) Errada. Conforme vimos nesta aula, os princípios da conveniência e oportunidade são apli-
cáveis no caso de ação penal privada, não na ação penal pública condicionada, onde a titulari-
dade se mantém exclusiva do MP.
Letra a.

029. (FCC/TRF – 3ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2019) Maurício esteve em uma festa


realizada em uma casa noturna, situada na cidade de São Paulo, no dia 10 de julho de 2019.
Acabou se envolvendo em uma briga e foi agredido por duas pessoas não identificadas. Maurí-
cio registrou Boletim de Ocorrência e foi submetido a exame de corpo de delito, que constatou
que ele sofreu lesões corporais de natureza leve. No curso das investigações, de posse das
imagens das câmeras de segurança do estabelecimento, foi possível identificar os dois agres-
sores. Maurício compareceu ao Distrito Policial e realizou o reconhecimento pessoal dos seus
agressores em 15 de agosto de 2019, os quais foram devidamente qualificados nessa data.
No dia 10 de setembro de 2019, Maurício faleceu em decorrência de um infarto, deixando uma
esposa, Fabíola. No caso hipotético apresentado, tratando-se de crime que se processa me-
diante representação do ofendido, Fabíola, na condição de cônjuge do falecido, deverá ofertar
a necessária representação para ver os agressores do seu finado esposo processados crimi-
nalmente no prazo de
a) 03 meses, contado a partir da data do óbito de Maurício.
b) 06 meses, contado a partir do dia 10 de julho de 2019.
c) 06 meses, contado a partir do dia 15 de agosto de 2019.
d) 06 meses, contado a partir da data do óbito de Maurício.
e) 03 meses, contado a partir do dia 10 de julho de 2019.

Conforme art. 38 do CPP:

Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
Portanto, o prazo é de 06 meses, já em curso.
Entretanto, é importante sinalizar que, conforme art. 60, II, do CPP:

Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
[...] II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo,
para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem
couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
Letra c.

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030. (FEPESE/SJC-SC/AGENTE PENITENCIÁRIO/2019) De acordo com o Código de Proces-


so Penal, é correto afirmar:
a) O direito de representação somente poderá ser exercido pessoalmente pelo ofendido.
b) A ação penal deverá ser proposta no prazo de até quinze dias após reduzida a representa-
ção a termo.
c) A representação deverá ser feita diretamente à autoridade policial.
d) Ação penal decorrente de representação criminal deverá ser instruída, obrigatoriamente,
com a cópia do inquérito policial.
e) A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e
da autoria.

Conforme art. 38 do CPP:

Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
Ainda, conforme art. 39 do CPP:

O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à
autoridade policial.
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autori-
dade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da
autoria.
§ 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou,
não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autori-
dade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem ofere-
cidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no
prazo de quinze dias.
Letra e.

031. (FCC/CÂMARA DE FORTALEZA/AGENTE ADMINISTRATIVO/2019) Sobre a ação penal


privada é correto afirmar que
a) será promovida por denúncia do Ministério Público ou por requisição do Ministro da Justiça.
b) seu exercício depende de representação do Ministério Público e aceitação da vítima.

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c) pode ser intentada tanto pelo ofendido quanto por quem tenha qualidade para representá-lo.
d) deve ser proposta no prazo de trinta dias da descoberta do crime pelo ofendido.
e) pode ser exercida por qualquer pessoa que saiba do crime e independe da vontade
do ofendido.

Conforme art. 39 do CPP:

O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes es-
peciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à au-
toridade policial [...].
Letra c.

032. (FGV/MPE-RJ/OFICIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2019) João ofereceu queixa-crime


em face de José, imputando-lhe a prática do crime de calúnia majorada. No curso da instrução,
após recebimento da queixa-crime, João não compareceu para dar prosseguimento ao feito,
sendo certificado pelo oficial de justiça que não foi possível intimar João pelo fato de a área de
sua residência ser de risco. O Ministério Público, na qualidade de custos legis, através de seus
próprios servidores, auxiliou o Oficial de Justiça e foi realizada a intimação do querelante para
dar prosseguimento ao feito e informando sobre a data da audiência designada. Passados 30
(trinta) dias, João manteve-se inerte e não compareceu à audiência de instrução e julgamento.
Considerando apenas os fatos narrados, é correto afirmar que:
a) o reconhecimento da extinção da punibilidade em razão do perdão do ofendido ocorrido
depende de requerimento do Ministério Público, não podendo ser declarada de ofício pelo
magistrado.
b) a perempção restou configurada, gerando a extinção da punibilidade do agente, aplicando-
-se o princípio da disponibilidade das ações penais privadas.
c) a renúncia restou configurada, gerando a extinção da punibilidade do querelado, em respeito
ao princípio da oportunidade das ações penais privadas.
d) o perdão do ofendido restou configurado, gerando a extinção da punibilidade do querelado,
independentemente de sua concordância.
e) o procedimento deve prosseguir, cabendo ao Ministério Público assumir o polo ativo diante
da omissão do querelante.

Conforme vimos, perempção é um efeito processual penal decorrente da desídia do autor da


ação em praticar um ato necessário ao andamento regular do procedimento processual. As
hipóteses foram dispostas, exemplificativamente, pelo art. 60 do CPP:
• quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo duran-
te 30 dias seguidos;
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• quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em


juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 (art. 60, II, do CPP);
• quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;
• quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Quanto à renúncia, trata-se de uma declaração (expressa ou tácita) da vítima de que não pre-
tende exercer ação penal privada ou, então, é a prática de um ato incompatível com a intenção
de ver o participante do delito processado. A renúncia oportuniza a prolação de uma sentença
de mérito (coisa julgada material) que declara extinta a punibilidade em relação aos participan-
tes (autor, coautor ou partícipe) da infração penal (art. 107, V, CP). Trata-se de ato unilateral.
Já o perdão é ato da vítima que expressamente declara que não deseja continuar a ação penal,
ou a prática de um comportamento incompatível com a vontade de levar adiante o processo.
Assim como a renúncia, acarreta a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada mate-
rial) que declara a extinção da punibilidade em relação aos infratores (art. 107, V, CP). Trata-se,
porém, de ato bilateral, ou seja, requer a aquiescência do destinatário.
Letra b.

033. (CEBRASPE/TJ-PR/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2019) Ação penal pública incondicionada é


promovida mediante
a) queixa pela vítima.
b) queixa pelo Ministério Público.
c) denúncia pela vítima.
d) denúncia pelo Ministério Público.
e) queixa pelo Ministério Público após representação da vítima.

Conforme art. 24 do CPP:

Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas depen-
derá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou
de quem tiver qualidade para representá-lo.
Letra d.

034. (FGV/TJ-RJ/TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA/2014) NÃO é aplicável às ações pe-


nais privadas o seguinte princípio:
a) indivisibilidade.
b) oportunidade.
c) disponibilidade.
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d) intranscendência.
e) obrigatoriedade.

Conforme vimos, a ação penal privada é regida pelos seguintes princípios:


• Oportunidade (facultatividade ou conveniência), o que implica, em linhas gerais, que o
seu exercício se insere no âmbito de conveniência e oportunidade do seu titular ativo
(vítima ou representante legal), que jamais estará obrigado a lançar mão dela.
• Princípio da disponibilidade, o qual, lastreado na discricionariedade (oportunidade e con-
veniência), revela que a vítima, uma vez deflagrada a ação penal privada, poderá desistir
do seu processamento até o trânsito em julgado da sentença penal (art. 106, § 2º, CP).
• Princípio da indivisibilidade, que estabelece que a ação penal privada é una e indivisível,
não podendo ser fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima exerça a
ação penal, deverá fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos da infra-
ção penal.
• Intranscendência ou da pessoalidade, que determina que a ação penal só poderá ser
proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito, ou seja, os efeitos da
ação não transcendem a pessoa do réu.
Letra e.

035. (FGV/TJ-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2019) Hugo foi vítima de crime de dano simples,


tendo ele identificado que a autora do fato seria sua ex-namorada Joana. Acreditando que a
ex-namorada adotou o comportamento em um momento de raiva, demonstra seu desinteresse
em vê-la processada criminalmente. Ocorre que os fatos chegaram ao conhecimento da auto-
ridade policial e do Ministério Público.
Considerando que o crime de dano simples é de ação penal privada, se aplica, ao caso, o
princípio da:
a) indivisibilidade, de modo que Hugo tem obrigação de apresentar queixa-crime em desfavor
de todos os autores do fato, a partir da identificação da autoria.
b) disponibilidade, podendo, porém, o Ministério Público oferecer denúncia em caso de omis-
são do ofendido pelo prazo de 06 (seis) meses.
c) obrigatoriedade, devendo Hugo apresentar queixa-crime em desfavor de Joana, sob pena de
intervenção do Ministério Público.
d) disponibilidade, de modo que deve ser reconhecido que houve, na hipótese, perempção.
e) oportunidade, de modo que cabe a Hugo decidir por apresentar ou não queixa-crime em
desfavor de Joana.

Conforme vimos, a ação penal privada é regida pelos seguintes princípios:

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• Oportunidade (facultatividade ou conveniência), o que implica, em linhas gerais, que o


seu exercício se insere no âmbito de conveniência e oportunidade do seu titular ativo
(vítima ou representante legal), que jamais estará obrigado a lançar mão dela.
• Princípio da disponibilidade, o qual, lastreado na discricionariedade (oportunidade e con-
veniência), revela que a vítima, uma vez deflagrada a ação penal privada, poderá desistir
do seu processamento até o trânsito em julgado da sentença penal (art. 106, § 2º, CP).
• Princípio da indivisibilidade, que estabelece que a ação penal privada é una e indivisível,
não podendo ser fracionada no que toca aos infratores, ou seja, caso a vítima exerça a
ação penal, deverá fazê-lo em detrimento de todos os participantes conhecidos da infra-
ção penal.
• Intranscendência ou da pessoalidade, que determina que a ação penal só poderá ser
proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito, ou seja, os efeitos da
ação não transcendem a pessoa do réu.
Letra e.

036. (FGV/TJ-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2019) Gabriel, funcionário público do Tribunal de


Justiça do Ceará, foi vítima de um crime de injúria, sendo a ofensa relacionada ao exercício
de sua função pública. Optou, porém, por nada fazer em desfavor do autor da ofensa. Ocorre
que a chefia imediata de Gabriel, informada sobre o ocorrido, e revoltada com o desrespeito,
compareceu à delegacia e narrou o fato para autoridade policial, que instaurou procedimento e
fixou prazo inicial de 20 dias para investigações. Após 19 dias, concluídas as investigações, o
Delegado se prepara para apresentar relatório final. Ao tomar conhecimento dos fatos, Gabriel
procura seu advogado para assistência jurídica.
Considerando as informações narradas e o Enunciado 704 da Súmula de Jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal (É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Mi-
nistério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a
honra de servidor público em razão do exercício de suas funções), o advogado de Gabriel deverá
esclarecer que:
a) a denúncia por parte do Ministério Público depende de representação do ofendido, a ser ofe-
recida no prazo de 06 (seis) meses a contar do conhecimento da autoria, ainda que o inquérito
policial possa ser instaurado independentemente da manifestação de vontade de Gabriel.
b) as investigações em inquérito policial não poderiam ocorrer pelo prazo inicial de 20 (vinte)
dias, considerando a previsão legislativa de que o inquérito deve ter prazo máximo de 10 (dez)
dias, apenas podendo ser prorrogado por igual prazo.
c) o inquérito policial não poderia ter sido instaurado pela autoridade policial sem a concordân-
cia do ofendido, considerando a natureza da ação penal do crime investigado.
d) a queixa, caso Gabriel opte por apresentá-la, deverá ser oferecida no prazo máximo de 06
(seis) meses a contar da data do fato, ainda que outra data seja a do conhecimento da autoria.
e) a autoridade policial poderá, entendendo pela ausência de materialidade delitiva, arquivar
diretamente o inquérito policial.

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a) Errada. Conforme art. 5º do CPP:

Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: [...]


§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, NÃO poderá sem
ela ser iniciado.
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial SOMENTE PODERÁ proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
b) Errada. Conforme art. 10 do CPP:

O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou es-
tiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
c) Certa. Conforme art. 5º do CPP:

Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: [...]


§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, NÃO poderá sem
ela ser iniciado.
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial SOMENTE PODERÁ proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
d) Errada. Conforme art. 38 do CPP:

Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do, do dia em que se esgotar o prazo para o ofereci-
mento da denúncia.
e) Errada. Conforme art. 17 do CPP:

A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.


Letra c.

037. (FCC/MPE-MT/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) Ao tratar da iniciativa da ação penal, o


Código de Processo Penal, estabelece, como regra, que a iniciativa será do Ministério Público.
Todavia, mesmo nos crimes de ação pública, por vezes, a lei exige a representação do ofendi-
do. Declarado judicialmente ausente o ofendido, terão qualidade para representá-lo APENAS
a) os herdeiros necessários, o curador especial ou advogado constituído.
b) o cônjuge, ascendente ou descendente.
c) o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
d) os sucessores ou curador.
e) os sucessores ou tutor.

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Conforme art. 24:

Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas depende-
rá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de
quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de
representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão [...]
Letra c.

038. (INSTITUTO CONSULPLAN/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) A ação de pre-


venção penal é aquela ajuizada com a finalidade de se aplicar medida de segurança a acusado
que, em virtude de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era,
ao tempo da ação ou omissão, absolutamente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Conforme vimos, a ação de prevenção penal é aquela que visa a imposição de uma medida de
segurança, ou seja, nela, o acusador já sabe que a pessoa que será processada é inimputável
por doença mental e, assim, propõe a ação não para pedir a condenação, mas a absolvição
imprópria.
Certo.

039. (CEBRASPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) O Estado exerce sua pretensão punitiva a


partir do ingresso da ação penal, garantindo-se ao acusado o devido e justo processo legal.
Acerca do processo penal, julgue o item a seguir.
A sentença proferida em ação de prevenção penal será exclusivamente de absolvição, ainda
que aplique especificamente medida de segurança aos inimputáveis que praticarem fato defi-
nido como crime ou contravenção penal.

Conforme vimos, a ação de prevenção penal é aquela que visa a imposição de uma medida de
segurança, ou seja, nela, o acusador já sabe que a pessoa que será processada é inimputável
por doença mental e, assim, propõe a ação não para pedir a condenação, mas a absolvição
imprópria. Assevere-se, porém, que nada obsta que a sentença seja declaratória, como de ex-
tinção da punibilidade pela prescrição, que não se confunde com a de absolvição.
Errado.

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040. (CEBRASPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) O Estado exerce sua pretensão pu-


nitiva a partir do ingresso da ação penal, garantindo-se ao acusado o devido e justo processo
legal. Acerca do processo penal, julgue o item a seguir.
Em se tratando de contravenção penal punida com pena de multa, admite-se subsidiariamente,
em caso de inércia do Ministério Público, a ação penal sem demanda.

Conforme vimos, a ação penal de ofício (ou sem demanda), não é cabível em nosso atual orde-
namento jurídico. É dizer, não existe mais a possibilidade de o processo penal ser iniciado de
ofício, a partir de uma portaria do juiz ou do delegado (antigo processo judicialiforme), pois é
necessária alguma provocação da parte.
Errado.

041. (CEBRASPE/PGE-PE/ANALISTA JUDICIÁRIO DA PROCURADORIA/2019) A respeito de


ação penal, espécies e cominação de penas, julgue o item a seguir.
Em se tratando de crimes sujeitos a ação penal pública condicionada, a representação do ofen-
dido é irretratável depois de oferecida a denúncia.

Conforme art. 25 do CPP: “A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia”.


Atentem-se, porém, que nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, poderá
ser realizada até o recebimento (e não oferecimento) da denúncia, ouvido o Parquet, e em
audiência específica para este fim, devendo estar presentes o magistrado e o membro do MP
(art. 16 da Lei Maria da Penha).
Certo.

042. (INSTITUTO AOCP/PC-ES/PERITO OFICIAL/2019) No que se refere à Ação Penal e suas


espécies, assinale a alternativa correta.
a) A ação penal privada é exercida pelo ofendido, mediante denúncia do Ministério Público.
b) A ação penal pública condicionada é exercida pelo ofendido e independe de denúncia do
Ministério Público.
c) A ação penal privada é exercida pelo ofendido, mediante requisição do Ministro da Justiça.
d) A ação penal pública incondicionada será promovida por denúncia do Ministério Público,
mas dependerá, quando a lei exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
e) A ação penal pública incondicionada será promovida por denúncia do Ministério Público.

a) Errada. A ação penal privada é exercida pelo ofendido, mediante QUEIXA.


b) Errada. A ação penal pública condicionada é exercida pelo MP, e dependerá de representa-
ção do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça.
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c) Errada. A ação penal privada é exercida pelo ofendido. Já a ação penal pública condicionada,
dependerá de representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça.
d) Errada. A ação penal pública incondicionada será promovida por denúncia do Ministério
Público, mas dependerá, quando a lei exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de repre-
sentação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. O erro da questão está na
inserção da palavra incondicionada.
e) Certa. Conforme art. 24 do CPP:

Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público (incondiciona-
da), mas dependerá (condicionada), quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou
de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Letra e.

043. (INSTITUTO AOCP/PC-ES/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2019) Em se tratando de ação penal


pública condicionada, assinale a alternativa correta em relação à representação do ofendido.
a) A representação é retratável até a sentença de primeiro grau.
b) Oferecida a denúncia, a representação torna-se irretratável.
c) A representação é retratável em qualquer fase do processo.
d) Uma vez efetivada a representação, não há que se falar em retratação.
e) Recebida a denúncia, a representação torna-se irretratável.

Conforme art. 25 do CPP: “A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia”.


Letra b.

044. (CEBRASPE/ANALISTA DO MPU/2018) Em cada um dos itens a seguir é apresentada


uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada em consonância com a dou-
trina majoritária e com o entendimento dos tribunais superiores acerca de provas no processo
penal, prisão e liberdade provisória e habeas corpus.
No curso de um processo criminal, antes do interrogatório, foi noticiada a morte do réu no
momento da oitiva das testemunhas de defesa e de acusação. Nessa situação, para que seja
declarada extinta a punibilidade, a morte do réu não poderá ser demonstrada com base apenas
na prova testemunhal.

Conforme art. 62 do CPP:

No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Mi-
nistério Público, declarará extinta a punibilidade.
Certo.

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Ação Penal
Fábio Roque e Caroline Argôlo

045. (CEBRASPE/MPU/ANALISTA DO MPU/2018) Em relação a inquérito policial, ação penal


e competência, julgue o próximo item, de acordo com o entendimento da doutrina majoritária
e dos tribunais superiores.
É de seis meses o prazo para que o ministro da Justiça requeira a instauração de inquérito po-
licial em crime de ação penal pública condicionada. Findo esse prazo, opera-se a decadência
do direito de ação.

Vimos que a requisição do ministro da Justiça é um pedido-autorização, de feição eminente-


mente política, que condiciona o início da persecução penal de determinados delitos. Sua natu-
reza jurídica é de condição de procedibilidade ou condição especial da ação. A lei não fixou um
prazo decadencial para que haja a requisição, logo, poderá ser apresentada a qualquer tempo,
observado, contudo, o prazo prescricional da infração penal (art. 109, CP).
Certo.

046. (UEG/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A natureza da ação penal no crime de ame-


aça praticado em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher é
a) pública incondicionada.
b) de iniciativa privada exclusiva.
c) pública condicionada a requisição.
d) de iniciativa privada personalíssima.
e) pública condicionada à representação.

Conforme vimos, o STF julgou procedente a ADI n. 4.424/DF (Rel. Min. Marco Aurélio) para as-
sentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal, praticado
mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. Não é outro o entendimento do STJ,
conforme Súmula n. 542:

A ação relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a


mulher é pública incondicionada.

Assevere-se, no entanto, que outros delitos, como, por exemplo, a ameaça (art. 147, parágrafo
único, CP), continuam persecutíveis por ação pública condicionada, mesmo quando atingir a
mulher no seio familiar.
Letra e.

047. (FGV/TJ-SC/ANALISTA JURÍDICO/2018) O Código de Processo Penal prevê uma série


de institutos aplicáveis às ações penais de natureza privada.
Sobre tais institutos, é correto afirmar que:

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a) a renúncia ao exercício do direito de queixa ocorre antes do oferecimento da inicial acusató-


ria, mas deverá ser expressa, seja através de declaração do ofendido seja por procurador com
poderes especiais.
b) o perdão do ofendido oferecido a um dos querelados poderá a todos aproveitar, podendo, porém,
ser recusado pelo beneficiário, ocasião em que não produzirá efeitos em relação a quem recusou.
c) a renúncia ao exercício do direito de queixa ocorre após o oferecimento da inicial acusatória,
gerando extinção da punibilidade em relação a todos os querelados.
d) a decadência ocorrerá se o ofendido não oferecer queixa no prazo de 06 meses a contar da
data dos fatos, sendo irrelevante a data da descoberta da autoria.
e) a perempção ocorre quando o querelante deixa de comparecer a atos processuais para os
quais foi intimado, ainda que de maneira justificada.

Conforme vimos, a decadência é a perda da faculdade de exercer a ação penal privada em ra-
zão do exaurimento do lapso temporal fixado em lei (06 meses). O referido prazo é contado a
partir da identificação da autoria, não da data dos fatos.
Acerca da perempção, trata-se de um efeito processual penal decorrente da desídia do autor
da ação em praticar um ato necessário ao andamento regular do procedimento processual. As
hipóteses foram dispostas, exemplificativamente, pelo art. 60 do CPP:
• quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo duran-
te 30 dias seguidos;
• quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 (art. 60, II, do CPP);
• quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;
• quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Quanto à renúncia, trata-se de uma declaração (expressa ou tácita) da vítima de que não pre-
tende exercer ação penal privada ou, então, é a prática de um ato incompatível com a intenção
de ver o participante do delito processado. A renúncia oportuniza a prolação de uma sentença
de mérito (coisa julgada material) que declara extinta a punibilidade em relação aos participan-
tes (autor, coautor ou partícipe) da infração penal (art. 107, V, CP). Trata-se de ato unilateral.
Já o perdão é ato da vítima que expressamente declara que não deseja continuar a ação penal,
ou a prática de um comportamento incompatível com a vontade de levar adiante o processo.
Assim como a renúncia, acarreta a prolação de uma sentença de mérito (coisa julgada mate-
rial) que declara a extinção da punibilidade em relação aos infratores (art. 107, V, CP). Trata-se,
porém, de ato bilateral, ou seja, requer a aquiescência do destinatário.
Letra b.

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048. (VUNESP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2018) Mévio, durante um mês, foi vítima de


crime de ameaça, processável por ação penal pública, condicionada à representação. As ame-
aças eram feitas por carta, mensagens de celular e ligações telefônicas. No dia 20 de janeiro
de 2017, enquanto dirigia, ele recebeu, via celular, vídeo mostrando seu carro, saindo há pouco
da garagem do prédio onde se encontrava, seguido das palavras: “estou atrás de você”. Em
desespero, Mévio bate o carro e, com ferimentos sérios, após passar por cirurgia, fica interna-
do. Impossibilitado de comparecer à Delegacia, a esposa de Mévio noticia o fato à autoridade
policial. A autoridade policial, passados poucos dias, identifica a pessoa que seguia o carro de
Mévio no dia do acidente. Tratava-se um vizinho de bairro que, meses antes, teve com Mévio
uma discussão, em jogo de futebol. Ouvido o vizinho, em 10 de fevereiro de 2017, este con-
fessou ser o autor das ameaças, mas disse que tudo não passara de brincadeira. Mévio, ainda
internado, contrata advogado e outorga a ele poderes especiais para representar contra o vi-
zinho, para que fosse processado e condenado pelo crime de ameaça praticado. O advogado
contratado por Mévio comparece à Delegacia, para representar contra o vizinho, somente em
05 de agosto de 2017, tendo juntado a procuração. Passado um tempo, Mévio e o vizinho, em
uma nova partida de futebol, reconciliam-se e passam a bradar a todos que tudo não passou
de uma brincadeira. Mévio, agora pessoalmente, comparece à Delegacia, em 10 de outubro
de 2017, e se retrata da representação anteriormente feita, dizendo não mais querer proces-
sar o amigo.
Diante da situação hipotética, assinale a alternativa correta, levando em conta o Código de
Processo Penal.
a) A representação, por previsão legal, pode ser objeto de retratação, desde que a vítima se
retrate antes do prazo de seis meses, contados da data da representação. Tendo se retratado
no prazo, o vizinho não mais poderá ser processado pelo crime praticado.
b) A representação, por previsão legal, só pode ser feita pessoalmente, pela própria vítima.
Assim sendo, a representação feita pelo advogado de Mévio, ainda que com procuração espe-
cífica, não possui validade.
c) A representação, por previsão legal, não pode ser objeto de retratação. Assim, ainda que
arrependido e reconciliado com o autor do fato, Mévio não poderá voltar atrás da decisão de
processá-lo.
d) A representação, por previsão legal, deve ser feita no prazo máximo de seis meses da data
do fato, sob pena de decadência. Tendo sido feita fora do prazo, a representação feita por Mé-
vio, ainda que mediante procuração, não tem validade.
e) A representação, por previsão legal, deve ser feita no prazo máximo de seis meses da data
em que se descobrir o autor do fato, sob pena de decadência. Tendo sido feita dentro do prazo,
ainda que mediante procuração específica, é regular.

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a) Errada. Conforme vimos, a representação é retratável até o oferecimento da denúncia, na


forma do art. 25 do CPP.
b) Errada. Conforme vimos, a representação pode ser feita por procurador com poderes espe-
ciais, na forma do art. 39 do CPP.
c) Errada. Conforme vimos, a representação é retratável até o oferecimento da denúncia, na
forma do art. 25 do CPP.
d) Errada. Conforme vimos, a representação deve ser feita no prazo de 06 meses a contar da
data da ciência da autoria, nos termos do art. 38 do CPP.
e) Certa. Conforme os artigos 38 e 39 do CPP:

Art. 38: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de
queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que
vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para
o oferecimento da denúncia. [...]
Art. 39: O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com pode-
res especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou
à autoridade policial [...].
Letra e.

049. (CEBRASPE/1ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2017) A respeito da ação penal, julgue


o item a seguir.
O Ministério Público detém, privativamente, a legitimidade para propor ação penal pública, ain-
da que a proposição seja condicionada à representação do ofendido ou à requisição do minis-
tro da Justiça.

A ação penal pública, seja ela incondicionada ou condicionada, é de titularidade do Ministério


Público. Quanto à incondicionada, entretanto, temos que ela depende de uma manifestação de
vontade do legítimo interessado para que seja iniciada, até mesmo, a persecução penal.
Certo.

050. (CEBRASPE/TRF – 1ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/2017) Com relação aos princí-


pios aplicáveis ao direito processual penal, à ação penal e ao inquérito policial, julgue o item
que se segue.
Dado o princípio da indivisibilidade, o não oferecimento de denúncia, em ação penal pública,
pelo Ministério Público relativamente a um fato criminoso imputado ao indiciado impede que
este seja objeto de ação penal posterior.

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Vimos que há uma controvérsia em torno do princípio da (in)divisibilidade, justamente no que


tange à terminologia empregada. Para a doutrina majoritária e para a nossa jurisprudência o
que vale é o princípio da divisibilidade.
Segundo o STF e STJ, a ação penal pública não é informada pelo Princípio da indivisibilidade,
mas sim pelo da divisibilidade, já que o membro do MP poderá aditar posteriormente a inicial
acusatória (denúncia) para que sejam supridas eventuais omissões (HC n. 101.570/RJ).
Errado.

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GABARITO
1. E 37. c
2. E 38. C
3. C 39. E
4. E 40. E
5. E 41. C
6. C 42. e
7. C 43. b
8. E 44. C
9. C 45. C
10. d 46. e
11. b 47. b
12. a 48. e
13. b 49. C
14. a 50. E
15. b
16. d
17. e
18. a
19. a
20. d
21. c
22. C
23. c
24. b
25. d
26. a
27. c
28. a
29. c
30. e
31. c
32. b
33. d
34. e
35. e
36. c

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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Fábio Roque; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. 4ª ed. Salvador: JusPo-
divm, 2021.

ARAÚJO, Fábio Roque; TÁVORA, Nestor. Código de Processo Penal para concursos. 10. ed.
Salvador: JusPodivm, 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Texto constitucional pro-


mulgado em 5 de outubro de 1988, com alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais,
até a de n. 97, de 4 de outubro de 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em 25 de abril de 2021.

______. Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha. Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal,
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providên-
cias. Texto publicado em 7 de agosto de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em 08 de junho de 2021.

Fábio Roque
Juiz federal. Doutor e mestre em Direito Público pela UFBA. Professor. Autor.

Caroline Argôlo
Advogada. Parecerista. Professora. Autora. Mestra em Ciências Criminológico-Forenses. Especialista
em Direito Penal. Especialista em Direito do Estado. Especialista em Compliance e Direito Anticorrupção.
Mestranda em Políticas Públicas e Cidadania.

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