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Livro Eletrônico

Aula 00

Direito Penal para Carreiras Policiais - Com Videoaulas - Curso Regular 2018

Professor: Equipe Direito Penal e Processo Penal (EC), Renan Araujo


SUMÁRIO PÁGINA
1. Apresentação 02
2. Cronograma do curso 04
3. Noções introdutórias 06
4. Princípio da Legalidade 10
5. Princípio da Responsabilidade Pessoal 19
6. Princípio da individualização da pena 20
7. Princípio da limitação das penas 21
8. Princípio da Presunção de inocência 22
9. Princípio da intervenção mínima 23
10. Princípio da insignificância 25
11. Princípio da Lesividade 29
12. Princípio da adequação social 29
13. Princípio da proporcionalidade 30
14. Princípio do ne bis in idem 30
15.Princípio da exclusiva proteção ao bem jurídico 31
16. Exercícios 31
17- Exercícios gabaritados 32
APRESENTAÇÃO

Olá!
Vamos iniciar agora nossa jornada, tenha certeza que todo seu esforço
será recompensado!!!
A muito tempo leciono direito penal para as carreiras policiais e acabei
identificando os temas que usualmente são cobrados nas provas. Diante disso,
resolvi escrever um curso mais “enxuto”, direcionado ao que realmente “cai”
nessas carreiras. O nosso curso será direcionado para a PM, PC, PF, PRF,
AGEPEN etc. Para você que está estudando para Delegado de Polícia, escreverei
um curso específico para o cargo, com o aprofundamento necessário ao
certame.
Quero, desde já, fazer um trato com vocês, aqui no nosso curso terá tudo
que você precisa para aprovação: doutrina pontual, questões comentadas e
os mais recentes julgados. Então qual a sua parte no trato? Sentar a porra da
bunda na cadeira e estudar!! Com vontade, com foco!! Afinal, você quer
conquistar estabilidade, colocar uma .40 na cintura, um distintivo no peito,
vestir um farda, ter ótimas condições de trabalho, ganhar uma ótima
remuneração, sem fazer esforço? Acorda, “não existe almoço grátis”,
parceiro (a)! Você irá “ralar” para conseguir sua almejada aprovação!!!
Mas calma kk, a partir de agora você tem um aliado nessa jornada, pode
entrar em contato sempre que precisar!!

A propósito, meu nome é Vitor Falcão, tenho 35 anos, sou Delegado da


Polícia Civil do DF, e especialista em Direito Penal. Antes, além de
aprovado em outros concursos, fui servidor da Justiça Federal, certame em
que fui aprovado em 2° Lugar, onde exerci o cargo de Técnico Judiciário, por
cinco anos. Sou formado na Universidade Católica de Brasília (Direito) e
especialista em Direito Penal.

Para saber um pouco mais sobre a minha trajetória nos concursos, leia o
artigo que escrevi no site do estratégia concursos:

https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/como-fui-aprovado-para-o-cargo-
de-delegado-de-policia-civil/
Agora, falando especificamente sobre a sua preparação, sem dúvida
alguma, o principal é a escolha do material, e aqui quero lhe parabenizar, uma
vez que o estratégia concursos possui índices altíssimos de aprovação!

Confiamos plenamente na qualidade dos nossos cursos, quer uma prova?


o Estratégia concursos dá a você o prazo de 30 DIAS para testar o material. Isso
mesmo, você pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente o material e,
se não gostar, devolvemos seu dinheiro.

Sem mais delongas, vamos ao nosso curso!

Nosso curso será desenvolvido de acordo com a seguinte metodologia:


- curso completo em vídeo, onde explico todos os tópicos exigidos no seu edital
de Direito Penal, e resolvo alguns exercícios. Aqui também quero fazer um
diferencial, nossas aulas serão completas, trarei para as aulas em vídeo
toda minha experiência em sala de aula. Objetivando que seja uma aula
completa e que, aliada ao PDF, garanta a sua aprovação.
- curso escrito completo (em PDF), formado por doutrina pontual ( o
necessário à sua aprovação), exercícios comentados e os principais julgados sobre
o tema!!!
- fórum de dúvidas, onde você pode entrar em contato direto comigo quando
julgar necessário.

Quer tirar alguma dúvida antes de adquirir o curso? Deixo abaixo meus
contatos:

Instagram: @deltavitorfalcao

Email:Profvitorfalcão@gmail.com
CRONOGRAMA DO CURSO

Aula 00 Disponível
Princípios constitucionais e gerais de Direito Penal
Aula 01 Disponível
Aplicação da lei penal. Tempo do crime. Lei excepcional e temporária.
Irretroatividade da lei Penal. Conflito aparente de normas penais.
Aula 02 Disponível
Aplicação da lei no espaço- Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal.
Pena cumprida no estrangeiro. Aplicação da lei penal em relação às pessoas.
Eficácia da sentença estrangeira. Contagem de prazo. Interpretação da lei penal
Aula 03 Disponível em 30/04/2018
Simulado sobre aula 00, 01 e 02.
Aula 04 Disponível em 15/05/2018
Teoria do delito - (parte I)- Infração penal: elementos, espécies, sujeito ativo e
sujeito passivo. O fato típico e seus elementos (conduta, nexo, resultado e
tipicidade). Crime consumado e tentado. Pena da tentativa
Aula 05 Disponível em 30/05/2018
Teoria do delito (Parte II). Ilicitude e causas de exclusão. Excesso punível.
Culpabilidade (elementos e causas de exclusão). Imputabilidade penal.
Aula 06 Disponível em 16/06/2018
Teoria do delito (Parte III). Culpabilidade (elementos e causas de exclusão).
Imputabilidade penal.
Aula 07 Disponível em 20/06/2018
Simulado sobre as aulas 04, 05 e 06.
Aula 08 Disponível em 30/06/2018
Concurso de pessoas e concurso de crimes
Aula 09 Disponível em 12/07/2018
Punibilidade. Extinção da punibilidade
Aula 10 Disponível em 12/07/2018
Crimes contra a pessoa

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4
Aula 11 Disponível em 15/07/2018
Simulado das aulas 08, 09 e 10
Aula 12 Disponível em 23/07/2018
Crimes contra o patrimônio.
Aula 13 Disponível em 13/08/2018
Crimes contra a dignidade sexual.
Aula 14 Disponível em 20/08/2018
Simulado sobre as aulas 12 e 13.
Aula 15 Disponível em 03/09/2018
Crimes contra a fé pública
Aula 16 Disponível em 15/09/2018
Crimes contra a Administração Pública
Aula 17 Disponível em 15/09/2018
Simulado sobre as aulas 15 e 16.
Aula 18 Disponível em 10/10/2018
Simulado geral.

Sem mais, vamos ao nosso curso!

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5
Noções introdutórias

O conceito de Direito Penal é tradicionalmente conceituado como


um conjunto de normas estabelecidas por lei, que descrevem
comportamentos considerados socialmente graves ou intoleráveis e que
ameaça com reações repressivas como as penas ou as medidas de
segurança.1
O Direito Penal atua como o instrumento mais contundente de
que dispõe o Estado para levar a cabo o controle social, traduzindo-se em
um mecanismo para a preservação da ordem e paz social.
Uma diferenciação que é cobrada em provas é a de Direito Penal
objetivo e Direito Penal Subjetivo.
Direto Penal Objetivo é o conjunto de normas editadas pelo
Estado, definindo crimes e contravenções, ou seja, impondo ou impedindo
determinadas condutas sob ameaça de pena ou medida de segurança2.
Em síntese, é o conjunto de normas penais vigentes.
Já o Direito Penal Subjetivo é o jus puniendi estatal, o direito de
punir do Estado.
Mas qual será a função do Direito Penal? Isso será aprofundado
em aula específica, mas já podemos afirmar que prevalece que o
objetivo do Direito Penal é proteger os bens jurídicos mais
importantes para sociedade, assim, como o Direito Penal protege os
bens jurídicos mais importantes da vida humana individual ou coletiva,
como consequência, reserva as reprimendas mais severas, ele ira privar
sua liberdade, seus direitos!! A lesão ou ameaça de lesão a esses bens
jurídicos irá desencadear as consequências mais graves do ordenamento
jurídico, quais sejam, as penas e as medidas de segurança.

1
GARCIA, Basileu, Instituições de Direito Penal. 3. ED. São Paulo.
2
Greco, Rogério. Curso de Direito Penal- Parte Geral- Impetus. Rio de Janeiro 2014, p. 7.

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6
Objetivo- conjunto de
normas editadas pelo
Estado.

Direito penal

Direito Penal Subjetivo é


o jus puniendi estatal, o
direito de punir do Estado.

FONTES DO DIREITO PENAL


São os lugares de onde nasce o Direito Penal e a forma como se
exterioriza.
Quais são as fontes do Direito Penal? Podemos dividir as fontes do
Direito Penal em fontes de produção (fonte material) e fontes de
conhecimento (fonte formal).
As fontes materiais são os órgãos encarregados de produzir o
Direito Penal. No Brasil, cabe tão somente a União, como única fonte de
produção, criar normas gerais de Direito Penal. A fonte material de
Direito Penal é a União (art. 22, I, CF/88). Contudo, pode ser
conferido aos estados-membros, por meio de Lei Complementar, o poder
de legislar sobre questões específicas sobre Direito Penal, de interesse
estritamente local, nos termos do § único do art. 22 da Constituição)
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
As fontes formais (fontes de conhecimento), por sua vez, são os
meios pelos quais o Direito Penal se exterioriza. São classificadas em
imediatas e mediatas.
A única fonte imediata de direito penal é a lei.
As fontes formais mediatas, são fontes secundárias: São os
costumes, os princípios gerais do Direito e os atos administrativos.

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Esquematizando

Lei complementar pode


Material - A fonte material autorizar os Estados a
de Direito Penal é a União legislarem sobre questões
(art. 22, I, CF/88). específicas. (art. 22,
parágrafo único).
Fontes do Direito Penal
Imediata – é a lei
(reserva legal).
Formais - são os meios
pelos quais o Direito Penal
se exterioriza
Mediata - São os costumes,
os princípios gerais do
Direito e os atos
administrativos.

Princípios constitucionais

Os princípios são os valores fundamentais do sistema jurídico,


funcionando como um vetor que orienta a elaboração e a aplicação
de uma determinada norma.

Na clássica lição de Celso Antônio Bandeira de Mello:

“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema,


verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre
diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a
sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e
a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção
das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome
sistema jurídico positivo". (grifei).

Alguns desses princípios possuem envergadura constitucional,


ou seja, devido a sua importância, o legislador fez questão de

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inseri-los no texto constitucional. Lembrando que os princípios
possuem força normativa, assim, caso não sejam respeitados,
podem ensejar reconhecimento de inconstitucionalidade. Lembro
que os princípios constitucionais podem ser explícitos ou implícitos.
Os princípios constitucionais estão praticamente em todos os
editais das carreiras policiais, são eles:

Princípios da legalidade-
Art. 5°, XXXIX, CF/88.

Princípio da responsabilidade
pessoal/ intranscendência da
pena. Art. 5°, XLV CF/88

Princípio da individualização
das penas. Art. 5°, XLVI,
Princípios constitucionais CF/88
Penais

Princípio da presunção de
inocência. Art. 5°, LVII,
CF/88

Princípio da humanidade
das penas. Art. 5°, XLVII,
CF/88

Passemos ao estudo individualizado de cada um.

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Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade tem sua origem na Magna Carta, da


Inglaterra, de 1.215, que os barões ingleses impuseram ao
monarca João Sem Terra. Como uma das garantias contra o arbítrio
do rei, ficou estabelecido que os seus súditos deveriam ser julgados
pela “lei da terra” (law of the land).
Todos tem uma ideia geral de legalidade, firmado no conceito
de que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei. O estudante mais atento, sabe que no
Direito Administrativo, tendo em vista que o gestor lida com a coisa
pública, temos uma legalidade mais robusta, existindo uma relação
de subordinação à lei, só podendo fazer o que a lei autoriza. Agora,
não podemos esquecer que, a finalidade do Direito Penal é tutelar
os bens jurídicos mais importantes (Roxin), assim, para cumprir
sua missão, o Direito Penal reserva as reprimendas mais severas
(restrição de Liberdade, restrição de direitos), logo, é necessário
que exista um limitador desse poder de punir do Estado.
É aqui que entra o princípio da legalidade, funcionando como
limitador do jus puniendi estatal.
O princípio da legalidade, sem dúvida, é o mais importante
do Direito Penal, uma vez que não se pode sequer falar na
existência de crime se não houver uma lei definindo.
Encontra previsão legal no art. 5°, XXXIX da Constituição
Federal:

Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o


defina, nem pena sem prévia cominação legal;

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10
Possui, também, previsão expressa no Código Penal, em seu
art. 1°:

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não


há pena sem prévia cominação legal.

O artigo deve ser lido assim: Não há crime ou


contravenção sem lei anterior que o defina. Não há pena ou
medida de segurança sem prévia cominação legal.
Muito importante saber a literalidade dos artigos acima,
contudo, o mais importante sobre o princípio da legalidade, são os
seus desdobramentos.
Para que possamos falar em respeito ao princípio da
legalidade, devemos respeitar todos os seus desdobramentos, a lei
penal deve ser em sentido estrito (Lei ordinária ou
complementar), anterior, escrita e estrita.

Lei estrita – Ordinária


ou complementar.

Lei anterior

Princípio da Legalidade

Lei escrita

Lei certa / taxativa

Passemos a estudar cada um dos seus desdobramentos.

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Lei em SENTIDO ESTRITO (reserva legal)

De acordo com o Princípio da reserva legal, a infração penal


somente pode ser criada por lei em sentido estrito, ou seja, lei
ordinária e, excepcionalmente, lei complementar.
Podemos concluir que não podem ser utilizados para criar
crimes:
• Decretos;
• Resoluções;
• Leis Delegadas.
E quanto as Medida Provisórias, será que essa espécie
normativa pode criar crime (Direito Penal Incriminador)?
A constituição Federal veda a edição de Medidas Provisórias
relativas a Direito Penal (CF,. 62, § 1°, I, alinea b), ou seja, não
sendo lei em sentido estrito, mas ato do Poder Executivo com força
normativa, a Medida Provisória não cria crime e não comina
pena.
Mas cuidado!!!O STF tem admitido a edição de Medida
Provisória sobre Direito Penal, desde que benéficas ao agente.3
Como exemplo de medida provisória benéfica em material penal,
pode-se citar a Medida provisória n° 417/2008 que autorizou a
entrega espontânea de arma de fogo à Polícia Federal, afastando a
ocorrência do crime de porte ilegal de arma de fogo.
Em resumo, sempre será vedada a edição de medidas
provisórias para criar crimes/contravenções e cominar
penas/medidas de segurança, ou seja, medida provisória não
pode tratar de Direito Penal incriminador.

3
STF, RE 254.818-PR.

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Entretanto, se a questão trouxer que o STF entende ser
possível medida provisória tratando de Direito Penal não
incriminador, a questão estará correta.

Lei ANTERIOR

A lei penal produz efeitos a partir da data em que entra em


vigor, ou seja, não se aplica a fatos pretéritos, salvo para
beneficiar o réu (art. 5°, XL).
Veremos com muitos detalhes esse assunto quando
estudarmos a lei penal no tempo, por enquanto, quero que gravem
apenas que a lei penal deve ser prévia ao fato cuja punição se
pretende.
A lei penal somente irá produzir seus efeitos a partir do
momento que entrar em vigor, não regulando fatos anteriores,
exceto para beneficiar o réu (art. 5°, XL).
É possível a aplicação da lei penal durante o período de
vacatio legis?
Vale lembrar que, embora já publicada e formalmente válida,
a lei penal ainda não estará em vigor, assim, não poderá ser
aplicada durante esse período!!!

Lei ESCRITA.

Apesar de parecer meio óbvio que a lei deve ser escrita, o


quer queremos dizer com isso é que o princípio da legalidade
proibido o costume incriminador.
Entende-se por costume a reiteração de uma conduta, de
modo constante e uniforme por força da convicção de sua

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obrigatoriedade. Ressalte-se que essa reiteração não tem
aptidão para criar e nem revogar crimes.
Mas professor, então podemos dizer que o costume
penal é totalmente irrelevante para o Direito Penal? Não, a
doutrina4 nos ensina que os costumes servem como vetor
interpretativo, como por exemplo, na elucidação de alguns tipos
penais, como a expressão “repouso noturno” (art. 155, §1°, CP).
Para que tenhamos a real compreensão do que seria o “repouso
noturno” temos que saber qual o costume da localidade. No
interior, o povo costuma repousar bem mais cedo do que em uma
grande capital.
E o chamado costume contra legem? Também conhecido
como desuetudo5 é aquele costume que contraria a lei, mas não
tem o condão de revogá-la. É o que ocorre, por exemplo, com a
contravenção penal do jogo do bicho em que o STJ decidiu6 “ O
sistema jurídico brasileiro não admite possa uma lei perecer pelo
desuso, porquanto, assentado no princípio da supremacia da
lei escrita, sua obrigatoriedade somente termina com sua
revogação por outra lei” (grifei).

Resumindo: Costume não cria e nem revoga


crimes, entretanto, é admissível o costume
interpretativo.

Lei ESTRITA.

A lei penal precisa ser taxativa, precisa, descrevendo o


conteúdo do tipo penal e da sanção penal. Como desdobramento

4
Cunha, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 85.
5
Masson, Cleber. Direito Penal esquematizado – parte geral-2015.pág 19.
6
REsp 30.705/SP – Rel. Min. Adhemar Maciel-6° Turma

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lógico da taxatividade, temos a vedação da analogia in malam
partem.
Galera, nas lições de Rogério Greco:
“Define-se analogia como uma forma de autointegração da
norma consistente em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a
disposição legal relativa a um caso semelhante.”7
Ou seja, não existe a norma no caso concreto e o juiz aplica
uma norma parecida.
Existem duas espécies de analogia:
• Analogia in bonam partem (para beneficiar).
• Analogia in malam parte (para prejudicar).
Notem que dissemos que o princípio da legalidade veda à
utilização da analogia incriminadora (in malam partem), uma vez
que a analogia para beneficiar (in bonam partem) é admitida!!
Todo mundo aqui já ouviu falar do famoso “gatonet”, aliás,
tomem cuidado, olha a sindicância da vida pregressa ai hein!!rs.
Pois bem, o Supremo Tribunal Federal declarou a atipicidade (não
considerou crime) da conduta do agente que furta sinal de TV à
cabo, sob o fundamento de ser impossível fazer a analogia ( in
malam partem) com o furto de energia elétrica, essa sim, prevista
no artigo 155, §3°, CP.8
Artigo 155, §3º, CP: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(...)
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra
que tenha valor econômico. (negritei).

EMENTA HC 97.261: HC . DIREITO PENAL. ALEGAÇÃO DE


ILEGITIMIDADE RECURSAL DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO.

7
Greco, Rogério. Curso de Direito Penal- Parte Geral- Impetus. Rio de Janeiro 2014, p. 47.
8
STF- Segunda turma- HC 97261- Rel, Min. Joaquim Barbosa – Dje-02/05/2011.

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15
IMPROCEDÊNCIA. INTERCEPTAÇÃO OU RECEPTAÇÃO NÃO AUTORIZADA
DE SINAL DE TV A CABO. FURTO DE ENERGIA (ART. 155, §3º, DO
CÓDIGO PENAL). A DEQUAÇÃO TÍPICA NÃO EVDENCIADA. CONDUTA
TÍPICA PREVISTA NO ART. 35 DA L EI 8.977/95. I NEXISTÊNCIA DE
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. APLICAÇÃO DE ANALOGIA IN MALAM
PARTEM PARA COMPLEMENTAR A NORMA. INADMISSIBILIDADE.
OBEDIÊNCIA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ESTRITA LEGALIDADE
PENAL. PRECEDENTES. O assistente de acusação tem legitimidade para
recorrer de decisão absolutória nos casos em que o MP não interpõe
recurso. Decorrência do enunciado da Súmula 210 do STF. O sinal de
TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do
delito previsto no art. 155, § 3º, do Código Penal. Daí a
impossibilidade de se equiparar o desvio de sinal de TV a cabo ao
delito descrito no referido dispositivo. Ademais, na esfera penal
não se admite a aplicação da analogia para suprir lacunas, de
modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in
malam partem), sob pena de violação ao princípio constitucional da
estrita legalidade. Precedentes. Ordem concedida. (grifei)9

Outro exemplo de analogia para prejudicar, seria reconhecer


o crime de bigamia para aquele que sendo casado, passasse a viver
em união estável com outra pessoa, sendo que o tipo penal do
artigo 235 exige que a pessoa seja casada. Não podemos pegar
algo parecido (união estável) e aplicar ao caso concreto.
Mas lembremos, a analogia para beneficiar é admitida!!
Exemplo clássico, temos a hipótese do inciso I do artigo 181
do Código penal, que diz ser isento de pena quem praticar qualquer
dos crimes previstos no Título II, em prejuízo do cônjuge, durante
a constância da sociedade conjugal. Trata-se da chamada escusa
absolutória, que será estudada com profundidade quando tratarmos
dos crimes contra o patrimônio.
9
O STJ possui entendimento diverso (...) o sinal de TV a cabo pode ser equiparado à
energia elétrica para fins de incidência do artigo 155, §3°, do Código Penal (RHC
30.847/RJ – relatoria Min. Jorge Mussi, 5ª Turma- 20/08/2013.

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16
Agora surge a pergunta, será que se a subtração for
realizada pelo companheiro (a), que vive em união estável, poderá
incidir a escusa? A resposta só pode ser positiva, uma vez que
nesse caso estaremos utilizando a analogia in bonam partem, ou
seja, para beneficiar o acusado.
Resumindo: É possível analogia em Direito Penal? Sim,
desde que seja benéfica ao réu.
Muito cuidado, não==0==
confundam analogia com
interpretação analógica observe o artigo 121 do Código Penal:
Art. 121. § 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

Na primeira parte do inciso ele dá exemplo de torpeza e na


segunda parte ele dá o encerramento genérico, permitindo ao
intérprete (juiz) encontrar outros meios torpes, assumindo, assim,
o legislador que não tem como prever todos os meios torpes
existentes. É impossível para o legislador realizar a previsão em
abstrato de todas as formas de matar alguém de maneira torpe,
então ele dá exemplos e termina com uma fórmula genérica “ou
outro motivo torpe”.
Perceba que na interpretação analógica, a norma existe,
diferentemente na analogia, onde existe uma lacuna que precisa
ser preenchida.
A interpretação analógica, sendo técnica de interpretação
será plenamente admitida, já a analogia, como já dito, apenas se
beneficiar o réu.
Não obstante sabermos que a norma penal deva ser certa,
precisa, taxativa, não podemos esquecer que existem as
chamadas NORMAS PENAIS EM BRANCO.
As normas penais em branco são aquelas que dependem de
outra norma para que sua aplicação seja possível, é aquela cujo

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17
preceito primário (descrição da conduta) é indeterminado quanto a
seu conteúdo, porém determinável. A norma penal em branco
também é chamada de “norma cega”. Como diria Franz Von Listz,
são como “corpos errantes em busca de alma”.

A Doutrina divide, ainda, as normas penais em branco10

• Norma penal em branco homogênea (em sentido lato) – o complemento


tem a mesma natureza jurídica e emana da mesma fonte de produção
normativa.
Por exemplo, podemos citar o art. 169 do CP, parágrafo único, I, que trata da
apropriação de tesouro. Para que saibamos o conceito de tesouro, recorremos
ao Código Civil (art. 1264). Perceba que as duas normas possuem como
fonte o legislador.
• Norma penal em branco Heterogênea (em sentido estrito) - O seu
complemento não emana do legislador, mas sim de fonte normativa
diversa.
Exemplo clássico está na lei de Drogas (11.3434/2006), onde a definição de
Drogas está em uma portaria da Anvisa. Novamente perceba que uma
norma foi editada pelo legislador (lei de drogas), mas o seu
complemento deriva de uma Portaria da Anvisa, ou seja, fontes
normativas diversas.

ATENÇÃO! Existe ainda a lei penal em


branco inversa ou ao avesso – neste caso, o preceito
primário é completo (descrição da conduta), entretanto, o
preceito secundário reclama complementação!! Por exemplo
o artigo 1° da lei de genocídio (2.889/1956), ele descreve
perfeitamente a conduta, mas não cuida diretamente da
pena, nos remetendo a outras leis para que saibamos a
pena cominada.

10
Masson, Cleber. Direito Penal Esquematizado- V.1-Parte Geral- Método-São Paulo 2015, p. 122.

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18
Mas afinal, a norma penal em branco ofende o princípio da
legalidade? A doutrina majoritária entende ser constitucional a
norma penal em branco.

Lei NECESSÁRIA

O Direito penal somente deverá intervir quando todos os outros


ramos do direito falharem (ultima ratio), assim, quando a conduta
indesejada puder ser inibida pelos outros ramos do direito não é
necessária a intervenção do Direito Penal.

PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL

Preconiza o inciso XLV do artigo 5° da Constituição Federal:


XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido; ( g r i f e i )

Em razão do referido princípio, também conhecido como princípio


da intranscendência da pena, somente o condenado é que irá se
submeter a sanção que foi condenado. Em outras palavras, somente o
condenado, e mais ninguém, poderá responder pela infração praticada.
Professor, então quer dizer que se o condenado morrer o Estado não
poderá punir mais ninguém? Exatamente!!! A morte é causa de extinção
da punibilidade (art. 107, CP), não existe possibilidade de se punir um
terceiro!

ATENÇÃO! isso não impede que os


sucessores do condenado falecido sejam obrigados a
reparar os danos civis causados pelo fato (por exemplo, a

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19
reparação cível devida a família da vítima de homicídio).
Porém, só responderão nos limites do valor
patrimonial transferido.
Fique ligado! No caso de morte do condenado, não
poderá o valor da pena de multa ser cobrada dos herdeiros.
Isso porque a pena de multa é uma sanção penal, logo, não
poderá passar da pessoa do condenado! E sendo sanção
penal, com a morte do agente, ocorrera a extinção da
punibilidade, nos termos do artigo 107 do Código Penal.
Resumindo
Reparação cível – pode ser transferida aos herdeiros até o
limite da herança.
Pena de multa – é uma espécie de sanção penal, logo, em
respeito à instranscendência da pena, não poderá ser
transferida aos herdeiros.
BILIDADE PESSOAL

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

A Constitucional Federal, em seu artigo 5°, inciso XLVI, prevê:


XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes:

A individualização da pena ocorre em três momentos distintos e nas


três esferas, legislativa, judicial e administrativa.11
No legislativo a individualização ocorre no momento que o legislador
define uma conduta como crime e determina a sua pena. A
individualização judicial, complementa a legislativa, atuando agora no
plano concreto, nos termos do sistema trifásico adotado pelo CP no artigo
68.
Finalmente, a individualização administrativa é materializada
durante a execução da pena. Por esta razão, em 2006, o STF declarou a
inconstitucionalidade do artigo da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90)
que previa a impossibilidade de progressão de regime nesses casos,
determinando que o réu cumprisse a pena em regime fechado. Desta

11
Masson, Cleber. Op. cit., p. 46.

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20
forma, entendeu a Suprema Corte que a obrigatoriedade do regime
fechado feria o princípio da individualização da pena.

PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DAS PENAS

A Constituição Federal, visando garantir o respeito à dignidade da


pessoa humana, fundamento nuclear do ordenamento jurídico,
estabeleceu no inciso XLVII do seu artigo 5°:
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Como dito anteriormente, o objetivo principal desse princípio é
resguarda a dignidade humana, e, para isso, ela veda a cominação de
algumas espécies de penas.
Devemos lembrar que, não obstante a vedação da pena de morte,
ela é prevista no nosso ordenamento no caso de guerra declarada. Outro
ponto importante, é que sua proibição consiste em uma cláusula pétrea,
desta forma, não seria possível a instituição da pena de morte nem
mesmo por Emenda Constitucional (art. 60, §4°, IV, CF/88).
Quanto aos trabalhos forçados, temos que ter cuidado! A Lei de
Execução Penal menciona a obrigatoriedade do trabalho do preso, o que
não se confunde com a pena de trabalho forçado. A Constituição teve
como objetivo proibir trabalhos degradantes. Lembram dos desenhos
animados onde os presos eram condenados a ficar martelando pedras,
sob ameaça do chicote do Agente Penitenciário? Pois é, esse tipo de
trabalho que a Constituição quis proibir. O trabalho previsto na Lei de
Execução Penal tem como objetivo ajudar na ressocialização do preso,
além de gerar a conquista de diversos benefícios.

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21
Quanto as demais proibições, uma leitura atenta é suficiente para
acertar a questão da prova, geralmente o examinador quer saber se você
sabe quais as penas que são vedadas pela Constituição Federal de 1988.

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

A Constituição Federal em seu artigo 5°, inciso LVII, determina que:


LVII – Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal

condenatória.

Antes de mais nada, sentença penal transitada em julgado


significa aquela sentença que não cabe mais recurso, é uma
sentença irrecorrível.

CUIDADO! Dois detalhes sobre esse princípio merecem sua


atenção pois tem potencialidade de ser questão de prova: Primeiro; as prisões
provisórias (preventiva, temporária, NÃO ferem o princípio da culpabilidade,
desde que sejam medida excepcional. Segundo; no julgamento do HC 126.292
o STF decidiu que o cumprimento da pena pode se iniciar com a mera
condenação em segunda instância por um órgão colegiado, o u s e j a , o STF
relativizou o princípio da presunção de inocência, sob o fundamento que a
“culpa”, pelo menos para fins de cumprimento de pena, já estaria formada a
partir da condenação em segunda instância!!!!

Ainda como decorrência do princípio da presunção de inocência,


temos a inversão do ônus da prova. Já que o acusado é presumidamente
inocente, cabe a acusação demonstrar a sua culpa. Destarte, se
estivermos em uma situação de dúvida na condenação, adotaremos o
entendimento em favor do réu (in dubio pro reo).
Galera, passaremos agora ao estudo dos princípios gerais que
regem o Direito Penal.

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22
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA

O direito penal só deve intervir quanto estritamente necessário


(ultima ratio). Dessa forma, sua aplicação apenas será legitima quando
todos os outros ramos do direito se revelarem incapazes de proteger os
bens mais importantes para a sociedade (subsidiariedade). Ademais,
apenas os bens jurídicos mais importantes e necessários à vida em
sociedade merecem a proteção do Direito Penal (fragmentariedade). Isso
quer dizer que o Direito Penal não irá tutelar todos os bens existentes,
mas apenas fragmentos deles, ou seja, os mais importantes.

IMPORTANTE

• Princípio da Subsidiariedade - o Direito Penal deve atuar de forma


subsidiária (Ultima ratio), isto é, somente quando insuficientes as outras
formas de controle social.
• Princípio da fragmentariedade - o Direito Penal não deve tutelar todos os
bens jurídicos, mas somente os mais relevantes para a sociedade (vida,
liberdade, patrimônio etc).

Intervenção mínima

Subsidiariedade Fragmentariedade

Importante ressaltar que o princípio da intervenção mínima possui


dupla finalidade. De um lado, é o responsável pela indicação dos bens de

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23
maior importância que merecem proteção penal, do outro, se presta,
também, a fazer com que ocorra a chamada descriminalização.12
Imagine uma infração de trânsito que, em regra, não é crime. A
multa é suficiente para tutelar o bem jurídico em questão, assim, não
seria legitimo criminalizar as infrações de trânsito, já que o Direito
Administrativo se mostrou capaz.
Agora, no caso de um homicídio, nenhum outro ramo do Direito é
capaz de lidar com a situação, destarte, subsidiariamente, iremos
recorrer ao Direito Penal (ultima ratio).
A outra finalidade da intervenção mínima está de servir de norte ao
legislador para retirar a proteção penal de alguns bens jurídicos que já
podem, satisfatoriamente, serem tutelados por outros ramos do Direito.
Como exemplo, é só lembrarmos do adultério, que era considerado crime
até o ano de 2006, mas o legislador, atento a evolução da sociedade,
percebeu que o Direito Civil era capaz de cuidar do caso. Em outras
palavras, traição não interessa ao Direito Penal, o parceiro traído que
procure uma indenização no cível.
Pessoal, devido ao seu caráter fragmentário, além do direito
penal não tutelar todos os bens, mas apenas os mais importantes, ainda
assim, ele só irá se ocupar dos ataques mais intoleráveis. Pensemos na
seguinte situação: o nosso patrimônio com certeza merece a atenção do
Direito Penal, mas será que a subtração de uma “caneta bic” pode ser
considerado um ataque ao patrimônio? Será que o Direito Penal deve ser
ocupar dessa conduta? Para responder a essas questões surge o princípio
da insignificância.

12
Greco, Rogério. Op. cit., p. 51.

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24
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA13

Como dissemos, o legislador somente irá selecionar para fins de


proteção pelo Direito Penal, os bens jurídicos mais importantes para a
vida em sociedade. Mas, ainda assim, somente as lesões intoleráveis, que
realmente lesem o bem jurídico protegido deverão ser sancionadas.
Imagine a seguinte situação: Tício subtrai um bombom no
supermercado, no valor de R$ 2,00 (dois reais). Bem, se pensarmos
formalmente, a conduta de Tício se amolda perfeitamente ao artigo 155
do CP (furto). Agora, será que que podemos falar que houve lesão ao
patrimônio do supermercado? A resposta aqui é negativa. Existe a
tipicidade formal, mas não existe a tipicidade material. O princípio da
insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade
material! Muito importante lembrar disso, a prova irá tentar te induzir
em erro dizendo que o princípio da insignificância exclui a ilicitude ou a
culpabilidade.
IMPORTANTE

• Tipicidade Formal– é a adequação entre a conduta praticada e a


conduta prevista abstratamente no tipo penal (subtrair uma caneta
bic é formalmente furto (art. 155 CP), uma vez que houve
subtração de coisa alheia móvel).
• Tipicidade Material - é a efetiva lesão ou ameaça de lesão ao bem
jurídico tutelado pelo tipo penal.

Sem desespero!!! Estudaremos a tipicidade com mais calma na aula


sobre teoria do crime. Por enquanto, preciso apenas que saibam esses
conceitos de tipicidade para que entendam o princípio da insignificância.

13
O Princípio da insignificância também é conhecido como “princípio da bagatela” ou “infração
bagatelar própria”.

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25
Professor, qual a previsão legal do princípio da insignificância? Não
existe previsão legal, trata-se de criação doutrinária e jurisprudencial, por
isso que é uma causa supralegal.
Tomem muito cuidado com um detalhe, o critério para aplicação do
princípio da insignificância não é apenas patrimonial, existem outros
fatores que devem ser levados em consideração. Como por exemplo: o
valor sentimental do bem (imagine o furto de um disco de vinil que a
vítima ganhou do seu pai e que costumavam escutarem juntos quando o
pai era vivo); a condição econômica da vítima (furto de uma bicicleta
toda acabada, mas que era o único meio de transporte da vítima);
condições pessoais do agente (um furto praticado por um juiz,
promotor é muito mais reprovável). Na prova de vocês, basta lembrarem
que o critério para aplicação do princípio da insignificância não é
apenas patrimonial.
O STF idealizou quatro requisitos objetivos para a aplicação do
princípio da insignificância14

Mínima ofensividade da conduta


Ausência de periculosidade social da ação
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
Inexpressividade da lesão jurídica
Aqui não tem jeito, você precisa decorar esses requisitos, então para
facilitar lembrem-se da palavra MARI.
Além dos requisitos objetivos os tribunais também exigem requisitos
subjetivos. Aqui, não estamos falando mais a respeito do fato, mas sobre
o agente e a vítima do fato.
Quanto à vítima do fato, já falamos que devem ser levados em
consideração o valor sentimental do bem, sua condição econômica e suas
condições pessoais.

14
HC 84.412-0/SP

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Agora, quanto ao agente, duas condições merecem análise:
reincidência e habitualidade criminosa.
No caso da reincidência, o STF15 já aceitou o princípio da
insignificância ao reincidente genérico, vedando sua aplicação apenas
ao reincidente específico.
O STJ tem posição dividida: a 5ª Turma possui entendimento no
sentido de que não cabe aplicação deste princípio se o réu é reincidente16.
Lado outro, a 6ª Turma entende que a reincidência, por si só, não é apta a
afastar a aplicação do princípio17. Essa questão não deve ser cobrada
em uma prova objetiva, uma vez que, na verdade, vai depender das
circunstâncias do caso concreto.
Quanto a habitualidade, o STJ já decidiu que o réu não poderá ser
um criminoso habitual18.
Em relação aos crimes que admitem a aplicação do princípio da
insignificância, atualmente, temos a seguinte posição jurisprudencial:
Antes faço uma observação, o STF já aplicou o princípio da
insignificância para a conduta de portar uma única munição utilizada
como pingente, observe que a regra geral ainda é negar a aplicação aos
crimes previstos no estatuto do desarmamento, entretanto, se a questão
trouxer esse caso específico, o examinador estará querendo saber se você
conhece esse julgado.
Abaixo colaciono algumas posições doutrinárias consolidadas em
relação à aplicação do princípio da insignificância, claro que o quadro não
exaure as hipóteses, mas nas provas, são as que mais aparecem.
Muito cuidado com o valor para aplicação do princípio da
insignificância no crime de descaminho, tradicionalmente o valor era 10

15 HC 114.723/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, 2ª Turma.


16 RHC 48.510/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
07/10/2014
17 AgRg no AREsp 490.599/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
18 HC 260.375/SP, Rel. Moura Ribeiro, 5ª Turma.

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27
mil reais para o STJ e 20 mil reais para o STF. Contudo, esse
entendimento jurisprudencial mudou e fixou o valor de R$ 20 mil tanto
para o STJ, quando para o STF.

Aceitam a aplicação: Rejeitam a aplicação:


• Furto simples • Lesão corporal
• Atos infracionais • Roubo
• Crimes contra a ordem • Tráfico de drogas
tributária. • Moeda falsa
• Descaminho (Cuidado!!Para • Contrabando
fins de insignificância o valor • Posse ou porte de arma ou
adotado no caso de munição
descaminho é: 20 mil reais • Crimes militares
tanto para o STJ quanto • Violência doméstica
para o STF.
• Crimes ambientais

Aprofundando: A doutrina19 distingue a bagatela própria da


imprópria. A bagatela própria se aplica aos fatos que já nascem irrelevantes
para o direito penal, por exemplo, furto de um pacote de biscoito.
Já na bagatela imprópria o fato nasce relevante, porém, a pena, diante
do caso concreto, se mostra desnecessária, por exemplo, no caso do
homicídio culposo cujas consequência da infração atingem o agente de forma
tão grave que a pena se torna desnecessária, o juiz pode aplicar o perdão
judicial (art. 121, §5°, CP). Só imaginar a mãe que esquece o filho recém-
nascido no banco de trás do carro e, ao voltar, o encontra morto. A conduta
dessa mãe é relevante, mas as consequências da infração recaíram sobre ela
de forma tão grave que a pena, no caso concreto, se tornou desnecessária.

19
Cunha, Rogério Sanches. Op. cit., p79.

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PRINCÍPIO DA LESIVIDADE

Para que seja punida pelo Direito Penal, a conduta praticada deve
exceder ao âmbito do próprio Autor, ou seja, não existe infração penal se
a conduta não tiver oferecido ao menos perigo de lesão à bem jurídico, o
referido princípio exige que ocorra efetiva lesão ou perigo de lesão ao
bem jurídico tutelado.
Segundo as lições de Rogério Greco20 as funções do princípio da
lesividade são:
• Proibir a incriminação de uma atitude interna (a cogitação não é
punível).
• Proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do
próprio Autor (não se pune a autolesão). Princípio da alteridade,
a conduta deve lesar um bem jurídico de terceiro.
• Proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais
(O moderno Direito Penal é um direito do fato e não do Autor).
• Proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetem
qualquer bem jurídico (o Direito Penal não tutela a moral, só vocês
lembrarem que o incesto não é crime!).

PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL

Segundo esse princípio, uma conduta, apesar de típica, não será


considerada crime se for socialmente adequada ou reconhecida, ou seja,
se for aceita pela sociedade.
Muito cuidado, o princípio da adequação social, por si só, não tem
aptidão para revogar tipos penais, pode até orientar o legislador para que

20
Greco, Rogério. Op. cit., p. 55.

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29
retire a criminalização de certas condutas, mas isso só poderá ocorrer por
força de lei.
Só lembrar da pratica da venda de CD e DVD piratas, atividade aceita
pela sociedade em geral. Não obstante essa aceitação (adequação social)
a conduta continua sendo considerada criminosa. O STJ, inclusive, já
sumulou esse entendimento:

Súmula 502 do STJ - PRESENTES A MATERIALIDADE E A


AUTORIA, AFIGURA-SE TÍPICA, EM RELAÇÃO AO CRIME
PREVISTO NO ART. 184, § 2º, DO CP, A CONDUTA DE EXPOR
À VENDA CDS E DVDS PIRATAS.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

As penas aplicadas devem ser proporcionais aos bens jurídicos que


se procura proteger, ou seja, o princípio da proporcionalidade proíbe
penas excessivas ou desproporcionais.
Importante destacar, que a proporcionalidade possui uma dupla
face: De um lado proíbe o excesso, vedando a aplicação de penas
exageradas. Imaginemos uma pena de 30 anos para o crime de furto
simples, art 155, CP); do outro, proíbe a proteção insuficiente, pois
não tolera penas que fique aquém da importância do bem jurídico
tutelado (por exemplo, cominar uma pena de 2 anos para o crime de
homicídio, art. 121, CP)

PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM

Previsto no artigo 8°, 4, do Pacto de São José Da Costa Rica, do qual


o Brasil é signatário, o referido princípio proíbe a dupla punição pelo
mesmo fato. Assim ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo
crime, nem poderá ser condenado pela segunda vez pelo mesmo fato.

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30
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO AO BEM JURÍDICO

O direito penal não tutela a moral ou questões filosóficas / políticas /


religiosas etc... O direito penal irá se preocupar exclusivamente com os
bens jurídicos e, ainda assim, não serão todos os bens jurídicos que irão
receber a tutela do direito penal, mas apenas aqueles mais importantes
para a sociedade (fragmentariedade). Dessa forma, o direito penal não
pode punir intenções e pensamentos, mas apenas quando essas condutas
internas se exteriorizem e atinjam, de forma intolerável, um bem jurídico.

01 (Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: Agente de


Polícia Civil)
Assinale a alternativa que indica corretamente o princípio de que o
direito penal não deve se preocupar com condutas que, embora típicas, o
resultado ocorrido a partir delas não é suficientemente reprovável a ponto
de sujeitar ou haver a necessidade do exercício do poder punitivo do
Estado.

a) princípio do juiz natural.


b) princípio da reserva de lei.
c) princípio da insignificância.
d) princípio do exasperação da pena.
e) princípio da humanidade da pena.

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31
02-(Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 5ª REGIÃO Prova: Juiz
federal)
Assinale a opção que apresenta princípios que devem ser observados
pelas leis penais por expressa previsão constitucional.

a) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, economicidade,


individualização da pena
b) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da
inocência, eficiência da pena
c) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da
inocência, individualização da pena
d) legalidade, irretroatividade, moralidade, presunção da inocência,
individualização da pena
e) legalidade, impessoalidade, irretroatividade, presunção da inocência,
individualização da pena
03-( Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PJC-MT Prova: Delegado de
Polícia)
De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princípio da
insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se
caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)

a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.


b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) mínima periculosidade social da ação.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva lesão jurídica provocada.

04-(Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: DPE-RS Prova: Analista –


Processual)

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O que nos parece é que as duas dimensões do bem jurídico-penal a
valorativa e a pragmática apresentam áreas de intensa
interpenetração, o que origina a tendencial convergência entre elevada
dignidade penal e necessidade de tutela penal, assim como,
inversamente, entre reduzida dignidade penal e desnecessidade de tutela
penal.
(CUNHA, Maria da Conceição Ferreira da. Constituição e crime: uma
perspectiva da criminalização e da descriminalização. Porto: Universidade
Católica Portuguesa Editora, 1995, p. 424)

Nesse tópico, o tema central do raciocínio da jurista portuguesa radica


primacialmente no campo da ideia constitucional de

a) individualização.
b) dignidade humana.
c) irretroatividade.
d) proporcionalidade.
e) publicidade.

05-(Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: Delegado de


Polícia)
Com relação aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, em especial no que
se refere ao princípio da adequação social, assinale a alternativa correta.

a) O Direito Penal deve tutelar bens jurídicos mais relevantes para a vida
em sociedade, sem levar em consideração valores exclusivamente morais
ou ideológicos.
b) só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não
forem suficientes.

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c) Deve-se analisar se houve uma mínima ofensividade ao bem jurídico
tutelado, se houve periculosidade social da ação e se há reprovabilidade
relevante no comportamento do agente.
d) Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a bem jurídico
tutelado pelo Direito Penal.
e) Apesar de uma conduta subsumir ao modelo legal, não será
considerada típica se for historicamente aceita pela sociedade.
06- (Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: Delegado de
Polícia)
No que diz respeito aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, analise os
textos a seguir.

A proteção de bens jurídicos não se realiza só mediante o Direito Penal,


senão que nessa missão cooperam todo o instrumental do ordenamento
jurídico.
ROXIN, Claus. Der echo penai- parte geral. Madrid:
Civitas, 1997.1.1, p. 65.

A criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio


necessário para a proteção de ataques contra bens jurídicos importantes.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratada de direito penal: parte geral. 20.
ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 54.

Nesse sentido, é correto afirmar que os textos se referem ao

a) princípio da intervenção mínima, imputando ao Direito Penal somente


fatos que escapem aos meios extrapenais de controle social, em virtude
da gravidade da agressão e da importância do bem jurídico para a
convivência social.
b) princípio da insignificância, que reserva ao Direito Penal a aplicação de
pena somente aos crimes que produzirem ataques graves a bem jurídicos

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protegidos por esse Direito, sendo que agir de forma diferente causa
afronta à tipicidade material.
c) princípio da adequação social em que as condutas previstas como
ilícitas não necessariamente revelam-se como relevantes para sofrerem a
intervenção do Estado, em particular quando se tornarem socialmente
permitidas ou toleradas.
d) princípio da ofensividade, pois somente se justifica a intervenção do
Estado para reprimir a infração com aplicação de pena, quando houver
dano ou perigo concreto de dano a determinado interesse socialmente
relevante e protegido pelo ordenamento jurídico.
e) princípio da proporcionalidade, em que somente se reserva a
intervenção do Estado, quando for estritamente necessária a aplicação de
pena em quantidade e qualidade proporcionais à gravidade do dano
produzido e a necessária prevenção futura.
07- (Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: Delegado de
Polícia)
“O suicídio é um crime (assassínio) [...]. Aniquilar o sujeito da moralidade
na própria pessoa é erradicar a existência da moralidade mesma do
mundo, o máximo possível, ainda que a moralidade seja um fim em si
mesma. Consequentemente, dispor de si mesmo como um mero meio
para algum fim discricionário é rebaixar a humanidade na própria pessoa
(homo noumenon), à qual o ser humano (homo phaenomenon) foi,
todavia, confiado para preservação” (KANT, Immanuel, a Metafísica dos
Costumes).
A extinção da própria vida já foi objeto de sancionamento penal em
diversos países. Esclarece Galdino Siqueira (Tratado, tomo III, p. 68) que
o direito romano punia com confisco de bens o ato de suicidar-se para
fugir a uma acusação ou à pena por outro delito. A mesma pena foi
aplicada em França. O confisco-segundo o autor-persistia na Inglaterra no
início do século XX, desde que o suicídio não fosse efeito de uma

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desordem mental provada. Tendo por base o confisco de bens outrora
pertencentes ao suicida - que tem herdeiros - como forma de punição
penal, é correto afirmar que responsabilização de terceiros pela conduta
de alguém viola o princípio penal, denominado:

a) individualização judicial da pena.


b) taxatividade
c) intranscendência.
d) ofensividade.
e) inderrogabilidade.
08-(Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: DPE-PR Prova: Defensor
Público)
O princípio da intervenção mínima no Direito Penal encontra reflexo

a) no princípio da fragmentariedade e na teoria da imputação objetiva.


b) no princípio da subsidiariedade e na teoria da imputação objetiva.
c) nos princípios da subsidiariedade e da fragmentariedade.
d) no princípio da fragmentariedade e na proposta funcionalista
sistêmica.
e) na teoria da imputação objetiva e na proposta funcionalista sistêmica

09-(CESPE / TJ-AC / Técnico Judiciário )


Dado o princípio da legalidade, o Poder Executivo não pode majorar as
penas cominadas aos crimes cometidos contra a administração pública
por meio de decreto.
10-(FGV - 2012)
Em relação ao princípio da insignificância:
A) O principio da insignificância funciona como causa de exclusão da
culpabilidade. A conduta do agente, embora típica e ilícita, não é culpável.
B) A mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social
da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a

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inexpressividade da lesão jurídica constituem, para o Supremo Tribunal
Federal, requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação do
princípio da insignificância.
C) A jurisprudência predominante dos tribunais superiores é acorde em
admitir a aplicação do princípio da insignificância em crimes praticados
com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa (a exemplo do
roubo).
D) O princípio da insignificância funciona como causa de diminuição de
pena.

11- (CESPE - 2013 - DPE-ES - Defensor Público)


O princípio da insignificância ou da bagatela exclui
A) a punibilidade.
B) a executividade.
C) a tipicidade material.
D) a ilicitude formal.
E) a culpabilidade
12- (FGV - 2014)
O Presidente da República, diante da nova onda de protestos, decide, por
meio de medida provisória, criar um novo tipo penal para coibir os atos de
vandalismo. A medida provisória foi convertida em lei, sem impugnações.
Com base nos dados fornecidos, assinale a opção correta.
A) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais
por meio de medida provisória, quando convertida em lei.
B) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais
por meio de medida provisória, pois houve avaliação prévia do Congresso
Nacional.
C) Há ofensa ao principio da reserva legal, pois não é possível a criação
de tipos penais por meio de medida provisória.

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D) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não cabe ao Presidente da
República a iniciativa de lei em matéria penal.

13- ( 2016- CESPE- PC-PE- Agente de Polícia)


Acerca dos princípios básicos do direito penal brasileiro, assinale
a) O princípio da fragmentariedade ou o caráter fragmentário do direito
penal quer dizer que a pessoa cometerá o crime se sua conduta coincidir
com qualquer verbo da descrição desse crime, ou seja, com qualquer
fragmento de seu tipo penal.
b) O princípio da anterioridade, no direito penal, informa que ninguém
será punido sem lei anterior que defina a conduta como crime e que a
pena também deve ser prevista previamente, ou seja, a lei nunca poderá
retroagir.
c) É possível que uma lei penal mais benigna alcance condutas anteriores
à sua vigência, seja para possibilitar a aplicação de pena menos severa,
seja para contemplar situação em que a conduta tipificada passe a não
mais ser crime.
d) O princípio da insignificância no direito penal dispõe que nenhuma vida
humana será considerada insignificante, sendo que todas deverão ser
protegidas.
e) O princípio da ultima ratio ou da intervenção mínima do direito penal
significa que a pessoa só cometerá um crime se a pessoa a ser
prejudicada por esse crime o permitir.
14- (2016 - CESPE - TCE-PR - Auditor)
A respeito dos princípios aplicáveis ao direito penal, julgue os itens.
Conforme o entendimento doutrinário dominante relativamente ao
princípio da intervenção mínima, o direito penal somente deve ser
aplicado quando as demais esferas de controle não se revelarem eficazes
para garantir a paz social. Decorrem de tal princípio a fragmentariedade e
o caráter subsidiário do direito penal.

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15-(2016 - CESPE - TCE-PR - Auditor)
A respeito dos princípios aplicáveis ao direito penal, julgue os itens. Dado
o princípio da intranscendência da pena, o condenado não pode
permanecer mais tempo preso do que aquele estipulado pela sentença
transitada em julgado.
16- (2012-IPAD-PC-AC-Agente de Polícia Civil)
Maria, empregada de uma rede de supermercados, subtraiu,
conscientemente, de forma furtiva, a quantia de R$ 17,00 (dezessete
reais), em espécie, do caixa da loja em que trabalha. Descoberta tal
prática, foi oferecida denúncia, mas, em sentença, a ré foi absolvida.
Pode-se concluir, acerca dos fatos narrados, que Maria foi beneficiada
pela aplicação do princípio do(a):
a) actio libera in causa.
b) in dubio pro reo.
c) presunção de inocência.
d) insignificância.
e) retroatividade da lei mais benéfica.
17- (2008-PC-RJ-PC-RJ-Inspetor de Polícia)
Relativamente aos princípios de direito penal, assinale a
afirmativa incorreta.
a) Não há crime sem lei anterior que o defina.
b) Não há pena sem prévia cominação legal.
c) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da anterioridade da
lei penal.
d) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de
considerar crime.
e) A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente aplica-se aos
casos anteriores.
18- (2008-CESPE-PC-TO-Delegado de Polícia)

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Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o
direito penal, da aplicação da lei penal e do concurso de
pessoas:

Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do


condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da instranscendência.

19- (CESPE - 2013 - POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL – POLICIAL


RODOVIÁRIO FEDERAL)
O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas
penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente
podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.

20- (2014- ACAFE- PC-SC- Agente de Polícia)


Acerca dos princípios constitucionais e infraconstitucionais do Direito
Penal, é correto afirmar, exceto:
a) A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d)
prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
b) O princípio da intervenção mínima preconiza que a criminalização de
uma conduta só se legítima se constituir meio necessário para a proteção
de determinado bem jurídico.
c) O princípio da lesividade proíbe a incriminação de uma conduta que
não exceda o âmbito do próprio autor.

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40
d) O princípio da adequação social restringe a abrangência do tipo penal,
limitando sua interpretação e dele excluindo as condutas consideradas
socialmente adequadas e aceitas pela sociedade.
e) Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, não podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser
estendidas aos sucessores.

21 - (2014- VUNESP- PC-SP-Delegado de Polícia)


Assinale a alternativa que apresenta o princípio que deve ser atribuído a
Claus Roxin, defensor da tese de que a tipicidade penal exige uma ofensa
de gravidade aos bens jurídicos protegidos.
a) Insignificância.
b) Intervenção mínima.
c) Fragmentariedade.
d) Adequação social.
e) Humanidade.

22 - (2014-FUNCAB-PJC-MT-Investigador)
O princípio da fragmentariedade do Direito Penal significa:
a) que, uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a
lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem, esses bens
passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo
Direito Penal.
b) que o legislador valora as condutas, cominando-lhes penas que variam
de acordo com a importância do bem a ser tutelado.
c) que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será
considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se
estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente
condicionada.

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41
d) que as proibições penais somente se justificam quando se referem a
condutas que afetem gravemente direitos de terceiros.
e) que a lei é a única fonte do Direito Penal quando se quer proibir ou
impor condutas sob a ameaça de sanção.

23- (2008-CESPE-PC-TO-Delegado de Polícia)


Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o
direito penal, da aplicação da lei penal e do concurso de
pessoas:

Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do


condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
Referido dispositivo constitucional traduz

24- (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIÁRIO)


O direito penal brasileiro não admite penas de banimento e de trabalhos
forçados.

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Exercícios gabaritados
01 (Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: Agente de
Polícia Civil)
Assinale a alternativa que indica corretamente o princípio de que o
direito penal não deve se preocupar com condutas que, embora típicas, o
resultado ocorrido a partir delas não é suficientemente reprovável a
ponto de sujeitar ou haver a necessidade do exercício do poder punitivo
do Estado.

a) princípio do juiz natural.


b) princípio da reserva de lei.
c) princípio da insignificância. Lembre-se que um dos critérios
para a aplicação do princípio da insignificância é o reduzido grau
de reprovabilidade.
d) princípio do exasperação da pena.
e) princípio da humanidade da pena.

02-(Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 5ª REGIÃO Prova: Juiz


federal)
Assinale a opção que apresenta princípios que devem ser observados
pelas leis penais por expressa previsão constitucional.

a) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, economicidade,


individualização da pena.
b) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da
inocência, eficiência da pena
c) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal,
presunção da inocência, individualização da pena.
d) legalidade, irretroatividade, moralidade, presunção da inocência,
individualização da pena

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43
e) legalidade, impessoalidade, irretroatividade, presunção da inocência,
individualização da pena
03-( Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PJC-MT Prova: Delegado de
Polícia)
De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princípio da
insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se
caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)

a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento. Só


lembrar da palavra mari.
Mínima ofensividade da conduta
Ausência de periculosidade social da ação
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
Inexpressividade da lesão jurídica

b) desvalor relevante da conduta e do resultado.


c) mínima periculosidade social da ação.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva lesão jurídica provocada.

04-(Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: DPE-RS Prova: Analista –


Processual)
O que nos parece é que as duas dimensões do bem jurídico-penal a
valorativa e a pragmática apresentam áreas de intensa
interpenetração, o que origina a tendencial convergência entre
elevada dignidade penal e necessidade de tutela penal, assim
como, inversamente, entre reduzida dignidade penal e
desnecessidade de tutela penal.

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44
(CUNHA, Maria da Conceição Ferreira da. Constituição e crime: uma
perspectiva da criminalização e da descriminalização. Porto: Universidade
Católica Portuguesa Editora, 1995, p. 424)

Nesse tópico, o tema central do raciocínio da jurista portuguesa radica


primacialmente no campo da ideia constitucional de

a) individualização.
b) dignidade humana.
c) irretroatividade.
d) proporcionalidade. A questão aqui é de português kk! O que ele
esta dizendo é que a pena deve ser proporcional ao bem jurídico
que se procura proteger.
e) publicidade.

05-(Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: Delegado de


Polícia)
Com relação aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, em especial no que
se refere ao princípio da adequação social, assinale a alternativa correta.

a) O Direito Penal deve tutelar bens jurídicos mais relevantes para a vida
em sociedade, sem levar em consideração valores exclusivamente morais
ou ideológicos. Exclusiva proteção ao bem jurídico.
b) só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não
forem suficientes. Subsidiariedade do Direito Penal.
c) Deve-se analisar se houve uma mínima ofensividade ao bem jurídico
tutelado, se houve periculosidade social da ação e se há reprovabilidade
relevante no comportamento do agente. Critérios relacionados ao
princípio da insignificância.
d) Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a bem jurídico
tutelado pelo Direito Penal. Princípio da Lesividade.

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45
e) Apesar de uma conduta subsumir ao modelo legal, não será
considerada típica se for historicamente aceita pela sociedade.
Alternativa correta. Princípio da adequação social.
06- (Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: Delegado de
Polícia)
No que diz respeito aos princípios aplicáveis ao Direito Penal, analise os
textos a seguir.

A proteção de bens jurídicos não se realiza só mediante o Direito Penal,


senão que nessa missão cooperam todo o instrumental do ordenamento
jurídico.
ROXIN, Claus. Der echo penai- parte geral. Madrid:
Civitas, 1997.1.1, p. 65.

A criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio


necessário para a proteção de ataques contra bens jurídicos importantes.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratada de direito penal: parte geral. 20.
ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 54.

Nesse sentido, é correto afirmar que os textos se referem ao

a) princípio da intervenção mínima, imputando ao Direito Penal


somente fatos que escapem aos meios extrapenais de controle
social, em virtude da gravidade da agressão e da importância do
bem jurídico para a convivência social. Comentário: Perceba que o
enunciado diz que a conduta só se legitima se constituir meio
necessário para a proteção de ataques contra bens jurídicos
importantes. Ou seja, não serão todos os bens tutelados, mas
apenas aqueles mais importantes (fragmentariedade) e, ainda
assim, somente quando os outros ramos do direito falharem nessa
proteção (subsidiariamente).

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46
b) princípio da insignificância, que reserva ao Direito Penal a aplicação de
pena somente aos crimes que produzirem ataques graves a bem jurídicos
protegidos por esse Direito, sendo que agir de forma diferente causa
afronta à tipicidade material.
c) princípio da adequação social em que as condutas previstas como
ilícitas não necessariamente revelam-se como relevantes para sofrerem a
intervenção do Estado, em particular quando se tornarem socialmente
permitidas ou toleradas.
d) princípio da ofensividade, pois somente se justifica a intervenção do
Estado para reprimir a infração com aplicação de pena, quando houver
dano ou perigo concreto de dano a determinado interesse socialmente
relevante e protegido pelo ordenamento jurídico.
e) princípio da proporcionalidade, em que somente se reserva a
intervenção do Estado, quando for estritamente necessária a aplicação de
pena em quantidade e qualidade proporcionais à gravidade do dano
produzido e a necessária prevenção futura.

07- (Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: Delegado de


Polícia)
“O suicídio é um crime (assassínio) [...]. Aniquilar o sujeito da moralidade
na própria pessoa é erradicar a existência da moralidade mesma do
mundo, o máximo possível, ainda que a moralidade seja um fim em si
mesma. Consequentemente, dispor de si mesmo como um mero meio
para algum fim discricionário é rebaixar a humanidade na própria pessoa
(homo noumenon), à qual o ser humano (homo phaenomenon) foi,
todavia, confiado para preservação” (KANT, Immanuel, a Metafísica dos
Costumes).
A extinção da própria vida já foi objeto de sancionamento penal em
diversos países. Esclarece Galdino Siqueira (Tratado, tomo III, p. 68) que
o direito romano punia com confisco de bens o ato de suicidar-se para

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fugir a uma acusação ou à pena por outro delito. A mesma pena foi
aplicada em França. O confisco-segundo o autor-persistia na Inglaterra no
início do século XX, desde que o suicídio não fosse efeito de uma
desordem mental provada. Tendo por base o confisco de bens outrora
pertencentes ao suicida - que tem herdeiros - como forma de punição
penal, é correto afirmar que responsabilização de terceiros pela conduta
de alguém viola o princípio penal, denominado:

a) individualização judicial da pena.


b) taxatividade
c) intranscendência. Nenhuma pena poderá passar da pessoa do
condenado.
d) ofensividade.
e) inderrogabilidade.
08-(Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: DPE-PR Prova: Defensor
Público)
O princípio da intervenção mínima no Direito Penal encontra reflexo

a) no princípio da fragmentariedade e na teoria da imputação objetiva.


b) no princípio da subsidiariedade e na teoria da imputação objetiva.
c) nos princípios da subsidiariedade e da fragmentariedade. Item
correto. Conforme esquematizamos, da intervenção mínima
decorrem o caráter subsidiário e fragmentário do direito penal.
d) no princípio da fragmentariedade e na proposta funcionalista
sistêmica.
e) na teoria da imputação objetiva e na proposta funcionalista sistêmica

09-(CESPE / TJ-AC / Técnico Judiciário )


Dado o princípio da legalidade, o Poder Executivo não pode majorar as
penas cominadas aos crimes cometidos contra a administração pública
por meio de decreto.

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48
Comentários: Questão correta. Somente por lei (ordinária ou
complementar) o legislador pode tratar do Direito Penal
incriminador. Seja criando crimes, seja cominando ou aumentando
penas.
10-(FGV - 2012)
Em relação ao princípio da insignificância:
A) O principio da insignificância funciona como causa de exclusão da
culpabilidade. A conduta do agente, embora típica e ilícita, não é culpável.
Lembra que eu falei que o examinador tentaria te confundir? Mas
já sabemos que o princípio da insignificância excluía a tipicidade
material.
B) A mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade
social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a
inexpressividade da lesão jurídica constituem, para o Supremo Tribunal
Federal, requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação do
princípio da insignificância. Exato. Só lembrar da palavra mari.
Mínima ofensividade da conduta
Ausência de periculosidade social da ação
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
Inexpressividade da lesão jurídica

C) A jurisprudência predominante dos tribunais superiores é acorde em


admitir a aplicação do princípio da insignificância em crimes praticados
com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa (a exemplo do
roubo). Errado, a jurisprudência nega a aplicação do princípio da
insignificância em caso de crimes cometidos com violência ou
grave ameaça.

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49
D) O princípio da insignificância funciona como causa de diminuição de
pena. Já sabemos que o referido princípio funciona como causa
supralegal da exclusão de tipicidade (material).

11- (CESPE - 2013 - DPE-ES - Defensor Público)


O princípio da insignificância ou da bagatela exclui
A) a punibilidade.
B) a executividade.
C) a tipicidade material.
D) a ilicitude formal.
E) a culpabilidade
Comentários: Mais uma vez o examinador querendo te confundir. Mas já
sabemos que o princípio da insignificância exclui a tipicidade material.
Alternativa C.

12- (FGV - 2014)


O Presidente da República, diante da nova onda de protestos, decide, por
meio de medida provisória, criar um novo tipo penal para coibir os atos de
vandalismo. A medida provisória foi convertida em lei, sem impugnações.
Com base nos dados fornecidos, assinale a opção correta.
A) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais
por meio de medida provisória, quando convertida em lei. Errado. Para
criação de tipos penais, apenas lei sem sentido estrito (ordinário
ou complementar).
B) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais
por meio de medida provisória, pois houve avaliação prévia do Congresso
Nacional. Mesmo comentário item anterior.
C) Há ofensa ao principio da reserva legal, pois não é possível a criação
de tipos penais por meio de medida provisória. Correto. Não é possível

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a criação de tipos penais por medida provisória, mas lembre-se, o
STF aceita MP tratar de Direito Penal não incriminador.
D) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não cabe ao Presidente da
República a iniciativa de lei em matéria penal. Errado, a ofensa ao
princípio está na espécie normativa utilizada.

13- ( 2016- CESPE- PC-PE- Agente de Polícia)


Acerca dos princípios básicos do direito penal brasileiro, assinale:
a) O princípio da fragmentariedade ou o caráter fragmentário do direito
penal quer dizer que a pessoa cometerá o crime se sua conduta coincidir
com qualquer verbo da descrição desse crime, ou seja, com qualquer
fragmento de seu tipo penal. Errado, a fragmentariedade quer dizer
que nem todos os bens serão tutelados pelo Direito Penal, mas
apenas aqueles mais importantes para a vida em sociedade.
b) O princípio da anterioridade, no direito penal, informa que ninguém
será punido sem lei anterior que defina a conduta como crime e que a
pena também deve ser prevista previamente, ou seja, a lei nunca poderá
retroagir. Questão quase certa rsrs. Apenas o final está errado, pois
a lei poderá retroagir para beneficiar o réu.
c) É possível que uma lei penal mais benigna alcance condutas anteriores
à sua vigência, seja para possibilitar a aplicação de pena menos severa,
seja para contemplar situação em que a conduta tipificada passe a não
mais ser crime. Correto, para beneficiar o réu, é possível que a lei
penal retroaja.
d) O princípio da insignificância no direito penal dispõe que nenhuma vida
humana será considerada insignificante, sendo que todas deverão ser
protegidas. Questão errada.
e) O princípio da ultima ratio ou da intervenção mínima do direito penal
significa que a pessoa só cometerá um crime se a pessoa a ser
prejudicada por esse crime o permitir. Questão errada, a intervenção

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51
mínima quer dizer que o Direito Penal só irá agir quando todos os
outros ramos do Direito falharem (subsidiariedade) e apenas irá
proteger os bens jurídicos mais importantes (fragmentariedade).
14- (2016 - CESPE - TCE-PR - Auditor)
A respeito dos princípios aplicáveis ao direito penal, julgue os itens.
Conforme o entendimento doutrinário dominante relativamente ao
princípio da intervenção mínima, o direito penal somente deve ser
aplicado quando as demais esferas de controle não se revelarem eficazes
para garantir a paz social. Decorrem de tal princípio a fragmentariedade e
o caráter subsidiário do direito penal. Item correto. a intervenção
mínima quer dizer que o Direito Penal só irá agir quando todos os
outros ramos do Direito falharem (subsidiariedade) e apenas irá
proteger os bens jurídicos mais importantes (fragmentariedade).

15 - (2016 - CESPE - TCE-PR - Auditor)


A respeito dos princípios aplicáveis ao direito penal, julgue os itens. Dado
o princípio da intranscendência da pena, o condenado não pode
permanecer mais tempo preso do que aquele estipulado pela sentença
transitada em julgado. Errado. O princípio em questão quer dizer
que a pena não passará da pessoa do condenado.

16- (2012-IPAD-PC-AC-Agente de Polícia Civil)


Maria, empregada de uma rede de supermercados, subtraiu,
conscientemente, de forma furtiva, a quantia de R$ 17,00 (dezessete
reais), em espécie, do caixa da loja em que trabalha. Descoberta tal
prática, foi oferecida denúncia, mas, em sentença, a ré foi absolvida.
Pode-se concluir, acerca dos fatos narrados, que Maria foi beneficiada
pela aplicação do princípio do(a):
a) actio libera in causa. Estudaremos na aula de culpabilidade.

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52
b) in dubio pro reo. Significa que em caso de dúvida, devemos
adotar a posição mais favorável ao réu.
c) presunção de inocência. Errado. Tal princípio diz que ninguém será
considerado culpado até a sentença pena condenatória
irrecorrível.
d) insignificância. Correto. O furto de R$ 17,00 não é capaz de
causar lesão ao patrimônio da rede de supermercados.
e) retroatividade da lei mais benéfica. Errado. Não tem nenhuma
relação com a questão.

17- (2008-PC-RJ-PC-RJ-Inspetor de Polícia)


Relativamente aos princípios de direito penal, assinale a
afirmativa incorreta.
a) Não há crime sem lei anterior que o defina.Correto. Lei anterior.
b) Não há pena sem prévia cominação legal. Correto.
c) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da anterioridade da
lei penal. Errado. Todas as leis penais que prejudicam o réu estão
sujeitas a anterioridade.
d) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de
considerar crime. Correto. Estudaremos o abolitio criminis na
próxima aula.
e) A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente aplica-se aos
casos anteriores. Correto. Trata-se da retroatividade benéfica da lei
penal.

18- (2008-CESPE-PC-TO-Delegado de Polícia)


Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o
direito penal, da aplicação da lei penal e do concurso de
pessoas:

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53
Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da instranscendência
da pena. Correto. A questão traz o conceito perfeito do referido
princípio.

19- (CESPE - 2013 - POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL – POLICIAL


RODOVIÁRIO FEDERAL)
O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas
penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente
podem ser criados por meio de lei em sentido estrito. Correto. Apenas
lei em sentido estrito (ordinária e complementar) podem criar
crimes (contravenções) ou cominar penas (medidas de
segurança).

20- (2014- ACAFE- PC-SC- Agente de Polícia)


Acerca dos princípios constitucionais e infraconstitucionais do Direito
Penal, é correto afirmar, exceto:
a) A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d)
prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de
direitos. Correto. Lembra que falei que uma leitura do dispositivo
legal seria o suficiente para resolver a questão?!
b) O princípio da intervenção mínima preconiza que a criminalização de
uma conduta só se legítima se constituir meio necessário para a proteção
de determinado bem jurídico. Exato. O direito penal só irá agir
quando os demais ramos do direito falharem.

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54
c) O princípio da lesividade proíbe a incriminação de uma conduta que
não exceda o âmbito do próprio autor. Perfeito. O direito penal não
pune a autolesão.
d) O princípio da adequação social restringe a abrangência do tipo penal,
limitando sua interpretação e dele excluindo as condutas consideradas
socialmente adequadas e aceitas pela sociedade. Correto.
e) Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, não podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser
estendidas aos sucessores. Errado. A obrigação de reparar o dano
pode ser estendia aos herdeiros, nos limites da herança.

21 - (2014- VUNESP- PC-SP-Delegado de Polícia)


Assinale a alternativa que apresenta o princípio que deve ser atribuído a
Claus Roxin, defensor da tese de que a tipicidade penal exige uma ofensa
de gravidade aos bens jurídicos protegidos.
a) Insignificância.
b) Intervenção mínima.
c) Fragmentariedade.
d) Adequação social.
e) Humanidade.
Comentários: Aqui, no final de aula, todos nós já sabemos que apenas
as lesões intoleráveis devem ser receber atenção do Direito Penal.
22 - (2014-FUNCAB-PJC-MT-Investigador)
O princípio da fragmentariedade do Direito Penal significa:
a) que, uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a
lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem, esses bens
passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo
Direito Penal. Correto. A questão traz o conceito perfeito de
fragmentariedade.

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55
b) que o legislador valora as condutas, cominando-lhes penas que variam
de acordo com a importância do bem a ser tutelado. O enunciado se
relaciona com o princípio da proporcionalidade.
c) que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será
considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se
estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente
condicionada. Errado. O enunciado diz respeito ao princípio da
adequação social.
d) que as proibições penais somente se justificam quando se referem a
condutas que afetem gravemente direitos de terceiros. Errado. Aqui tem
relação com a intervenção mínima e lesividade.
e) que a lei é a única fonte do Direito Penal quando se quer proibir ou
impor condutas sob a ameaça de sanção. Errado. A alternativa trata
do princípio da legalidade.

23- (2008-CESPE-PC-TO-Delegado de Polícia)


Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o
direito penal, da aplicação da lei penal e do concurso de
pessoas:
Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da instranscendência
da pena. Correto.

24- (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIÁRIO)


O direito penal brasileiro não admite penas de banimento e de trabalhos
forçados. Item correto. Repito, precisam decorar esse disposto da
constituição!!!

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56
Pessoal, a aula de hoje foi um breve aquecimento para o nosso
curso.
Até o nosso próximo encontro, onde iremos com “sangue no olho”
atrás do nosso objetivo.
Abraço,
Prof. Vitor Falcão
Instagram: @deltavitorfalcao

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