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DIREITO
ADMINISTRATIVO
COMPLETO
2019
SOBRE O AUTOR
Juliano Heinen
Doutorando em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul – UFRGS;
Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul –
UNISC;
Procurador do Estado do Rio Grande do Sul;
Ex-Defensor Público do Estado do Rio Grande do Sul;
Primeiro lugar no Concurso Público para Procurador do
Município de Porto Alegre/RS;
Primeiro lugar na seleção do Programa de Doutorado da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
Aprovado em inúmeros concursos e seleções;
Prêmio Diogo de Figueiredo Moreita Neto concedido pela
Associação Nacional de Procuradores do Estado;
Láurea Acadêmica – Fundação Escola Superior do Ministério
Público;
Professor de Graduação e de Pós-Graduação em Direito, bem
como de cursos preparatórios para concursos públicos há mais de
quinze anos;
Palestrante nacional e internacional;
Autor de dezenas de livros na área de direito administrativo.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.
1. SENTIDOS, CONCEPÇÕESOU NOÇÕES DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2. ATO ADMINISTRATIVO
3. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
4. ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
5. PODERES ADMINISTRATIVOS
6. RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL DO
ESTADO
7. SERVIDORES PÚBLICOS
8. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
9. LICITAÇÕES
10. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
11. DOMÍNIO PÚBLICO
12. SERVIÇOS PÚBLICOS
13. LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO
14. CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
15. ESTUDO PRÁTICO-PROFISSIONAL
16. EXERCÍCIOS COMENTADOS
INTRODUÇÃO
“A satisfação que temos em ensinar é a satisfação que temos em construir”.
Ao longo dos anos de docência, seja ministrando aulas nos cursos de
Graduação em Direito, seja preparando candidatos às provas e seleções, nos
mais variados níveis, sentiu-se a necessidade de fornecer a este público em
específico o material que ora se apresenta. Mais do que apenas trazer
informações e dados de qualidade na matéria de Direito Administrativo,
queremos “conversar” com aquele que nos lê. E nesta conversa, pretendemos
que o estudante compreenda efetivamente a matéria.
Cada detalhe passou a ser pensado com a dedicação de quem pretendia,
humildemente, entregar algo que pudesse ser fácil e amplo. Tentei a todo
momento conceber um trabalho assim: simples, eficaz e completo. Como
disse, “tentamos ao máximo”, e torcemos para que assim tenhamos
conseguido.
Então, para todo aquele que precisará estudar direito administrativo,
fornecemos uma obra com inúmeros “facilitadores”, que intencionam
potencializar a retenção e a compreensão dos conteúdos que estão inseridos
neste ramo do direito. Temos a certeza de que coisas complexas devem ficar
simples ao leitor, assim como coisas simples não devem ficar complexas. Eis
o espírito do conteúdo que segue. Assim que convidamos a todos para que
aproveitem ao máximo esta obra. Você ainda pode encontrar muito mais em:
www.julianoheinen.com.br.
Boa leitura!
Prof. Juliano Heinen.
I. SENTIDOS, CONCEPÇÕES OU NOÇÕES DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. CLASSIFICAÇÃO
O termo “administração pública” pode ser visto em dois sentidos:
PARA MEMORIZAR
Técnica PARA MEMORIZAR, podemos lembrar da regra do
“MATOFU” e do “FORMORGS”. Acompanhe:
NÃO CONFUNDA!
ATOS DA ADMINISTRAÇÃO com ATOS ADMINISTRATIVOS
Ato da administração é todo o ato praticado pelo estado.
Ato da administração é o GÊNERO do qual são ESPÉCIES: o
ato administrativo, o ato de gestão, o ato político, o fato
administrativo, o ato material.
Assim, nem todo ato praticado pela administração, é um ato
administrativo.
PARA GABARITAR
PARA MEMORIZAR
Veja o esquema que segue, para visualizar tudo o que tratamos até aqui:
ATO ADMINISTRATIVO
NÃO TEM!
(a) ATO JURÍDICO
(a1) manifestação de vontade FATO
ADMININISTRATIVO
NÃO TEM!
NÃO TEM!
NÃO TEM!
(c) UNILATERALIDADE
CONTRATO ADMINISTRATIVO
2. PRERROGATIVAS, CARACTERÍSTICAS ou ATRIBUTOS DO ATO
ADMINISTRATIVO
2.2 PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE OU VERACIDADE:
1. CONCEITO:
Informa que os motivos de fato e de direito enunciados para a prática desse
ato presumem-se verdadeiros, até prova em contrário. Toda a vez que o poder
público pratica um ato de acordo com o seu rol de competências terá
presunção de veracidade (fé pública). Tais motivos, então, possuem
relevância ao plano da validade do ato.
2. FUNDAMENTO:
Presume-se que o Estado pratica sempre atos conforme a lei, ou seja, que a
administração pública sempre cumpre o que está na lei e guarnece o interesse
público. Assim, o fundamento da presunção de legitimidade ou veracidade é
o PRINCIPIO DA LEGALIDADE, pois se determina que a administração
pública tem de fazer o que a lei determina. Então, induz-se que seus atos são
verdadeiros, de modo que caberá ao administrado provar que o ato
administrativo está fora da lei.
3. EFEITOS:
a- Gera uma presunção relativa (juris tantum), pois se admite prova em
contrário.
2.2 IMPERATIVIDADE
A. CONCEITO
(a) Ato negocial – aquele que reclama, para ser praticado, da anuência do
particular. Exemplo: Carteira Nacional de Habilitação, posse em cargo
público etc.;
(b) Ato enunciativo – apenas declara uma situação de fato ou de direito.
Exemplo: certidão (declara uma situação de direito) e atestado
(declara uma situação de fato);
(c) Ato opinativo: enuncia apenas uma opinião técnica sobre determinado
assunto (Exemplo: parecer, salvo o parecer vinculante).
PARA GABARITAR
B. OBJETO:
2.3 AUTOEXECUTORIEDADE:
1. CONCEITO:
É o atributo do ato administrativo que permite com que o Poder Público
possa executar as suas obrigações, ônus ou deveres, sem reserva de
jurisdição, ou seja, sem a necessidade de se promover uma demanda
judicial específica.
Exemplo: O particular não pode pegar, por seus meios, um bem do seu
devedor, para abater o débito, pois configuraria o crime de exercício
arbitrário das próprias razões. Porém, o Estado pode derrubar uma construção
irregular, apreender mercadorias, fechar um estabelecimento comercial
irregular etc., sem precisar mover ação judicial neste sentido, devido ao
atributo da autoexecutoriedade.
2. REQUISITOS:
2.4 TIPICIDADE:
A. CONCEITO:
PARA MEMORIZAR
Regra PARA MEMORIZAR: lembrar da P A T I (PATI)
P resunção de legitimidade
A utoexecutoriedade
T ipicidade
I mperatividade
B. PECULIARIDADES:
A competência é IRRENUNCIÁVEL: O agente público não
pode renunciar a sua competência, pois a atuação do agente
público é um dever – art. 11 da Lei nº 9.784/99;
A competência é TRANSFERÍVEL: É possível a transferência
da competência, desde que PARCIAL e TEMPORÁRIA. A
transferência da competência pode ser por motivos técnicos ou
geográficos.
A transferência da competência se dá de duas FORMAS: por DELEGAÇÃO
ou por AVOCAÇÃO.
Em resumo:
TRANSFERÊNCIA DA COMPETÊNCIA
- Parcial;
- Temporária.
PARA MEMORIZAR
3.2 FORMA:
A. CONCEITO:
É a maneira como o ato administrativo se exterioriza. Trata-se do elemento
que identifica o modo como será exteriorizado o ato.
NÃO CONFUNDA!
FORMA não se confunde com FORMALIDADE:
FORMALIDADE: É a explicação da forma.
B. CARACTERISTICAS:
A forma dos atos administrativos segue o PRINCIPIO DA
INFORMALIDADE (conforme art. 22 da Lei nº 9.784/99): se não há forma
definida em lei, o gestor público pode praticar o ato de qualquer modo.
Porém, se a lei estabelecer uma forma definida, deverá observar a forma
especificada, sob pena de o ato ser nulo.
Exemplo: não há forma definida em lei para intimar uma testemunha para
comparecer na audiência de um processo administrativo. Assim, o presidente
da comissão processante pode intimar ou notificar a testemunha referida de
qualquer maneira, desde que cumpra a finalidade do ato e não viole direitos
fundamentais (a intimação, no caso, poderia ser por carta registrada,
telegrama, termo nos autos etc.).
Exemplo: caso se tenha uma forma definida em lei, ela deve ser respeitada,
como ocorre no art. 40 da Lei nº 8.666/93, que estabelece os requisitos do
instrumento convocatório da licitação.
PARA GABARITAR
Nem todos os atos administrativos devem ser escritos. É possível existir
ATOS ADMINISTRATIVOS VERBAIS, como, por exemplo, os silvos
(apitos) do guarda de trânsito.
PARA MEMORIZAR
3.3 MOTIVO
A. CONCEITO
O motivo representa as razões pelas quais se pratica um ato administrativo.
Pode ser de duas espécies:
DE FATO (acontecimento);
DE DIREITO (comando legal)
NÃO CONFUNDA!
NÃO CONFUNDA MOTIVO e MOTIVAÇÃO: motivação é a explicação
lógico-sistemática dos motivos.
Fica a pergunta: todo o ato administrativo deve ser motivado? Enfim, todo
ato possui motivos, mas será que estes devem sempre ser explicados? Temos
duas posições:
(a) Parte da doutrina que diz que nem todo ato administrativo deve ser
motivado, como, por exemplo, a nomeação e exoneração de cargo em
confiança (art. 37, inciso II, parte final, da CF/88);
(b) O STF diz que pelo teor do art. 93, incisos IX e X, da CF/88 o Poder
Judiciário deve motivar todos os atos judiciais e administrativos, de
modo que, com mais razão, o Poder Executivo deveria também
motivar os seus atos administrativos, pois a função administrativa é
típica do poder executivo.
B. CARACTERÍSTICAS DO MOTIVO
Deve ele ser PRÉVIO ou CONTEMPORÂNEO à prática do ato
administrativo.
NÃO CONFUNDA!
NÃO CONFUNDA motivo ou motivação com MÓVEL do ato
administrativo, o qual se consubstancia na INTENSÃO do agente público.
Assim, o MOTIVO é OBJETIVO, e o MÓVEL, SUBJETIVO.
C. TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES:
Quando, para a pratica de um ato administrativo, o gestor público externar
certo motivo, esta razão de decidir acaba por fazer parte do plano de
validade do ato, mesmo para os atos que dispensam motivação. Portanto,
caso o motivo seja considerado falso ou inexistente, o ato administrativo
deve ser reputado nulo.
Exemplo: um delegado de polícia era gestor de empresa e advogava
privadamente, sendo estas duas condutas vedadas pelo seu estatuto. A
administração pública demite-o motivando o ato apenas por ele exercer
advocacia privada. Todavia, é provado que ele nunca exerceu tais funções de
advogado, mas apenas geriu uma empresa, de modo que o ato administrativo
de demissão não pode ser mantido, ainda que tenha gerido a empresa, pois
isso não foi o motivo que ensejou o ato de demissão. Enfim, ele não
determinou a demissão.
3.4 FINALIDADE:
A. CONCEITO
A finalidade impõe que o poder público pratique os atos administrativos
tendo por objetivo a satisfação do interesse público.
PARA GABARITAR
TREDESTINAÇÃO: ocorre quando o gestor público dá ao bem
desapropriado uma finalidade diversa (lícita ou ilícita) daquela externada no
decreto expropriatório (desvio de finalidade). Exemplo: o decreto anunciou
que no imóvel expropriado se construiria uma creche. Mas, no local, edificam
uma quadra de esportes.
Espécies: a jurisprudência diferenciou a tredestinação em duas espécies:
1. TREDESTINAÇÃO LÍCITA: é aquela que não viola ao
interesse público, de modo que não tem direito a retrocessão, ou
seja, à retomada do bem pelo particular;
2. TREDESTINAÇÃO ILÍCITA: é a aquela viola ao interesse
público, de modo que o cidadão tem direito a retrocessão.
Exemplo: o Poder Público desapropria para construir uma escola,
mas no local constrói uma praça, sendo que o bairro não necessita
deste último equipamento urbano, mas sim, do estabelecimento
educacional mencionado.
NÃO CONFUNDA!
NÃO CONFUNDA tredestinação com ADESTINAÇÃO: esta última ocorre
quando o Poder Público não dá destino algum ao bem desapropriado, em
certo lapso de tempo. Na desapropriação pelo DL nº 3.365/41, o prazo para
dar destino ao bem é de 5 anos. A adestinação também dá direito a
retrocessão. Exemplo: o Estado desapropria para construir o posto de saúde,
e passa cinco anos sem fazer nada.
3.4 OBJETO:
A. CONCEITO
É o conteúdo do ato administrativo, ou seja, o resultado a que pretende
atingir.
Exemplo: o objeto da desapropriação é uma aquisição compulsória da
propriedade.
Exemplo: o objeto da penalidade de trânsito é impor um valor pecuniário ao
infrator.
Exemplo: o objeto da demissão consiste na aplicação de uma sanção, que se
consubstancia no rompimento do vínculo do agente para com Poder Público,
bem como gera a consequente vacância do cargo.
PARA MEMORIZAR
DISCRICIONÁRIO VINCULADO
COMPETÊNCIA NÃO SIM
FORMA DIVERGENTE * SIM
FINALIDADE NÃO SIM
OBJETO SIM SIM
MOTIVO SIM SIM
JURISPRUDÊNCIA
DECADÊNCIA CONVALIDAÇÃO
(art. 54 da Lei nº 9.784/99) (art. 55 da Lei nº 9.784/99)
(a) Tenha se passado 5 (cinco) (a) Tem de estar diante de
anos da prática do ato; defeito sanável. Exemplos:
diante de víciuo de forma
probatória (não essencial);
quando a competência não é
exclusiva (STJ, REsp. nº
1.348.472-RS) etc.;
(b) Sem má-fé do (b) Sem prejuízo ao interesse
administrado; público;
Assim, cada qual dos institutos possui três elementos cumulativos, enfim,
para se convalidar ou para decair o direito de anular um ato administrativo,
devem estar presentes todos os três. Faltando um, não se aplicam os
institutos.
Ambos os institutos têm por fundamento a SEGURANÇA JURÍDICA.
Observações:
NÃO CONFUNDA!
RATIFICAÇÃO = feita pela mesma autoridade;
CONFIRMAÇÃO = feita por autoridade diversa;
REFORMA = exclui parte do ato e aproveita outra parte;
SANEAMENTO = feita por ato de particular.
Gabarito comentado:
A) A Administração possui o prazo de cinco anos para anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários,
conforme disposto no Art. 54 da Lei nº 9.784/99. Quanto à restituição da
quantia paga a maior, por não terem os servidores dado causa ao equívoco e
estarem de boa-fé, bem como diante do caráter alimentar e do princípio da
confiança legítima, não será cabível.
B) Sim, a Administração deve obrigatoriamente motivar o ato, conforme
disposto no Art. 50, inciso I, da Lei nº 9.784/99 OU no Art. 50, incisos VI ou
VIII, da Lei nº 9.784/99.
(b) Contraposição;
(c) Cassação;
(d) Caducidade;
(e) Compensação.”
Resposta: Letra C, cassação.
A. ANULAÇÃO e B. REVOGAÇÃO
Por questões didáticas, preferimos estudar estas duas espécies de retirada em
conjunto, dado que elas são cobradas, nas provas, comparativamente.
Primeiramente, podemos dizer que ambas as espécies de extinção do ato
administrativo têm por base o PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA ou DA
AUTOSIDICABILIDADE (são termos sinônimos).
Logo, o Poder Público tem o dever de anular os atos administrativos
ilegais, e o poder de revogar os atos administrativos inconveniente e
inoportunos. Conferir o texto da:
Súmula nº 473, STF: “Administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.”;
Súmula nº 346, STF: “Administração Pública pode declarar a
nulidade dos seus próprios atos”.
Lei nº 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo Federal), art.
53: “A Administração deve anular seus próprios atos, quando
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.”.
Atente que estes verbetes jurisprudenciais ou o dispositivo mencionado
podem cair em prova, ok?
PARA MEMORIZAR
REVOGAÇÃO ANULAÇÃO
É ato DISCRICIONÁRIO É ato VINCULADO
Baseada em um juízo de Baseada numa situação de
OPORTUNIDADE e/ou de ILEGALIDADE ou ILICITUDE
CONVENIÊNCIA
SÓ A ADMINISTRAÇÃO A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA pode revogar o ato PÚBLICA e o PODER
JUDICIÁRIO podem anular o
ato
Possui EFEITOS EX NUNC Possui efeitos EX TUNC
(prospectivos) (retroativos)
Observações:
C. CASSAÇÃO:
É a extinção do ato administrativo por conta da inadimplência (não
cumprimento) por parte do particular em relação aos requisitos ou aos
deveres para se manter usufruindo deste ato. Exemplo: Cassação da
autorização de uso da orla de um rio, destinada à construção de uma marina
para ofertar aulas de vela a crianças carentes, porque, ao invés disto, o
beneficiário da autorização de uso passou a utilizar o local para festas.
Vamos a outro exemplo: cassação da licença para conduzir veículo
automotor, porque o motorista foi flagrado embriagado ao volante.
D. CADUCIDADE:
É a extinção do ato administrativo por conta da revogação de uma lei que
lhe dava base. Aqui, o ato administrativo não possui mais base normativa
suficiente a se permitir sua existência. Exemplo: é concedida uma licença
capacitação a um servidor, com base na “Lei 1”, por um período de três anos.
Porém, já no primeiro ano esta norma é revogada pela “Lei 2”. Assim, o ato
que permitiu a licença deixou de deter base normativa, sendo retirado por
caducidade. Vamos ver esta situação a partir do seguinte esquema:
E. CONTRAPOSIÇÃO:
É a extinção do ato administrativo por conta da prática de outro ato
posterior e contrário ao ato originariamente praticado. Exemplo: a
nomeação de um sujeito a titularizar cargo em comissão (ou cargo de
confiança) é contrariada pela posterior exoneração dele. Enfim, a exoneração
é contrária à nomeação. Nesse caso, o ato que desliga o servidor dos quadros
do serviço público não precisa dizer expressamente que extingue a nomeação,
pois, como são atos contrários, há uma extinção do primeiro de modo
“tácito”, de modo que automaticamente teremos a retirada, devido a
contraposição.
PARA GABARITAR
Para que se possa distinguir cada uma das espécies de extinção do ato
administrativo durante o certame, vamos apresentar as “chaves de memória”
que seguem, ou seja, visualizando uma palavra ou sinônimo na prova, sabe-
se de qual espécie de extinção se está a falar.
Quanto aos princípios implícitos, podemos dizer que eles são verificados por
meio de uma interpretação das normas da CF. Por exemplo: a
razoabilidade é retirada da cláusula do devido processo legal (na sua
versão substancial) – art. 5º, inciso LIV, da CF/88. Acaba por impor a
necessidade de coerência e de prudência em relação à administração pública.
NÃO CONFUNDA!
Cuidado para não confundir com palavras similares. Exemplo: trocar:
“legalidade” por “legitimidade”;
“impessoalidade” por “igualdade” ou por “imparcialidade”;
“moralidade” por “motivação”;
“publicidade” por “publicação”;
“eficiência” por “eficácia” ou por “efetividade”.
Exemplo de como isso poderia ser cobrado em prova:
“São princípios expressos no art. 37 ‘caput” da Constituição Federal de
1988, EXCETO:
(a) Legalidade;
(b) Imparcialidade;
(c) Moralidade;
(d) Publicidade;
(e) Eficiência.
Resposta: letra “(b)”, porque imparcialidade não é princípio expresso no
mencionado dispositivo da CF/88, mas sim um termo com fonética similar à
“impessoalidade”.
C. EXCEÇÃO À LEGALIDADE:
A reserva legal prevista na Constituição Federal de 1988 seria relativa,
permitindo a regulamentação infralegal. Mesmo que a legalidade não
estivesse prevista no art. 37 “caput”, ela ainda assim seria compreendida
como ela é hoje.
(a) Medida provisória: Não é lei, tendo somente força de lei.
(b) Decreto autônomo: é ato normativo que é produzido pelo Poder
Executivo sem ter base em lei e sem a participação (anuência) do
Poder Legislativo. Quando a Constituição Federal expressamente
autoriza, é possível o Poder Executivo regulamentar certa matéria por
decreto. Exemplo: art. 237 da CF: “Compete à câmara do comércio
exterior regular a exportação”. Assim, o mencionado órgão
regulamentou que não se poderia importar vários itens que não era
novos. Neste caso, o poder de regular por meio de decreto autônomo
poderia ser considerado uma exceção à legalidade advinda da lei
formal, pois é um ato normativo primário com base direta na CF.
Outro exemplo é o decreto de indulto.
2.2 IMPESSOALIDADE:
A. CONCEITO: Demarca a atuação do gestor público, fazendo com que ele
não possa satisfazer interesses pessoais ou de terceiros, salvo se existir
previsão legal expressa autorizando atuar neste sentido. Pode ser interpretado
de três formas:
(a) Relacionado ao princípio da isonomia ou da igualdade: o
administrador não pode beneficiar, nem perseguir outrem;
(b) Relacionado à finalidade administrativa. Vamos a um exemplo:
o administrador não pode usar do cargo para fins pessoais, como
quando utiliza publicidade dos atos estatais sem observar dois
critérios: caráter informativo (exemplo: diário oficial, publicidade
legal nos periódicos) ou caráter educativo/pedagógico (campanha para
se conseguir menos mortes no trânsito) – art. 37, §1º, da CF/88;
(c) Pode estar relacionada à imparcialidade: quando o gestor público
atua de modo neutro.
PARA MEMORIZAR
Então, podemos ligar a impessoalidade a três elementos:
- violação do elemento FINALIDADE dos atos administrativos (Hely
Lopes Meirelles);
- violação da IGUALDADE (Celso Bandeira de Mello);
- violação da IMPARCIALIDADE (Ana Paula Ávila).
2.3 MORALIDADE:
A. CONCEITO:
Ocorre quando o gestor público viola os padrões de conduta ética impostos
à sua boa atuação. Tanto que o princípio da moralidade é associado a várias
ideias, como a da “boa administração”..
NÃO CONFUNDA!
Moralidade administrativa não se confunde com moralidade filosófica
(por exemplo, aquela evidenciada por filósofos), pois pode um agente público
praticar um ato legal, mas violar a moralidade imposta ao ato administrativo,
e não à humanidade, à sociedade etc. Em verdade, a moralidade pode ser
reconduzida a uma espécie de “ética da Administração Pública”, que
poderia fundamentar, por exemplo, o desvio de poder ou de finalidade.
JURISPRUDÊNCIA
Sobre a aplicação prática do princípio da moralidade, conferir, ainda: AgR
em Rcl nº 23.131, STF; Rcl nº 18.564, STF; Rcl nº 19.529, STF.
2.4 PUBLICIDADE:
A. CONCEITO: o princípio da publicidade visa a permitir:
(a) o CONHECIMENTO dos atos administrativos;
(b) a EFICÁCIA deles;
(c) e o CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS.
O art. 1º da CF/88 é a base constitucional primeira da transparência, uma
vez que, se “todo poder emana do povo”, ele tem direito de acessar estes
dados. Além disso, os dados públicos podem ser considerados um “bem
público” e, portanto, pertencente, em última análise, aos cidadãos – art. 5º,
inciso XXXIII, da CF/88. Muito embora, é bom que se diga, que a
transparência é um “valor maior” (mais “amplo”) do que a publicidade.
O princípio da publicidade seria uma exigência de maximizar a
transparência dos atos administrativos. Assim, a transparência poderia
ser vista como:
- um princípio: porque induziria a um estado de coisas a atingir;
- uma regra: porque seria um dever;
- um postulado: porque seria um critério de ponderação de princípios.
B. FORMAS:
A publicidade pode ser feita por duas principais maneiras:
(a) por PUBLICAÇÃO: é a publicidade feita em caráter geral.
Exemplo: edital de licitação sempre deve ser por publicação, para dar
conhecimento a terceiros e ao máximo possível de pessoas.
(b) por NOTIFICAÇÃO: é a publicidade em caráter individual.
Exemplo 1: a nomeação e aprovado em concurso público tem que ser
por notificação. Exemplo 2: Ato de infração de trânsito deve ter uma
publicidade por notificação – individualizada, portanto.
O ato aministrativo não tem eficácia se não publicizado, enfim, só gerará
efeitos quando tiver publicação. Exemplo: Governador assina nomeação de
um candidato aprovado em concurso público para Delegado de Polícia.
Contudo, este ato só possui eficácia quando for publicado no diário oficial.
2.5 EFICIÊNCIA:
A. ORIGEM e BASE CIENTÍFICA: Antes da sua previsão expressa no art.
37 “caput” da CF/88, já havia um controle de eficiência pelos órgãos internos
responsáveis por exercer esta função (art. 74, inciso II, da CF/88). Porém, foi
expressamente incluída no rol de princípios que disciplinam a Administração
Pública a partir da EC nº 19/98 (art. 37 “caput” da CF).
No caso, o princípio da eficiência tem base no ESTADO GESTOR ou na
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE RESULTADOS, momento em que se
deixa de dar ênfase ao que se chamava de “Estado burocrático” ou
“Administração Pública burocrática”. Então, é a “Administração Pública de
Resultados” ou “Estado Gestor” que dá fundamento ao princípio da
eficiência. Estamos diante de um o Estado que busca maximizar e oferecer
aos cidadãos maior qualidade na prestação dos serviços públicos.
Opõe-se ao que se chama de “Estado Burocrático” (elaborado com
detalhamento por Max Weber). Este último visa a dar previsibilidade,
estabilidade, segurança jurídica, entre outros fins. Veja que um
procedimento previamente fixado esyabelece tratamento igual para todo
mundo que dele se valhe. Assim, por exemplo, o concurso público é uma
conquista do “Estado Burocrático”, pois visa a dar igualdade para todo
mundo.
NÃO CONFUNDA!
Não pense que as agências executivas seriam mais um ente da Administração
Pública indireta. Isto não é verdade! Tal administração é composta pelas:
autarquias (que inclui, aqui, a agência reguladora), fundações públicas,
empresas públicas, sociedades de economia mista e consórcios públicos ou
associações públicas. As agências executivas não são entes da
administração pública indireta, não sendo sequer uma pessoa jurídica,
mas uma qualidade atribuída a um órgão ou a um ente.
NÃO CONFUNDA!
Não devem ser confundidas as expressões “administração” e “governo”, as
quais podem ser consultadas a partir da seguinte diferenciação:
ADMINISTRAÇÃO GOVERNO
TÉCNICA POLÍTICO
PERMANENTE TEMPORÁRIO
NEUTRA IDEOLÓGICO
PARA MEMORIZAR
OUTORGA DELEGAÇÃO
Cria pessoa jurídica Não cria pessoa jurídica
Não se submetem a licitação Submetem-se a licitação
Permanente Temporária (De modo que a
qualquer momento, inclusive
durante o prazo de delegação,
pode ser retomada a execução
pelo poder público, por meio de
encampação (art. 37 da Lei nº
8.987/95).
Transfere a titularidade Transfere a execução.
Feita por lei Feita por contrato administrativo
de concessão ou permissão
Art. 1º, § 2º, da Lei nº 9.784/99: “Para os fins desta Lei, consideram-se:
PARA GABARITAR
Como saber quais são os entes passiveis de serem demandados? Basta
memorizar as seguintes regras:
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA (U, E, DF, M) e
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA (regra da “A F A S E”).
Enfim, somente estas pessoas possuem capacidade processual e
personalidade jurídica para demandar ou ser demandadas em juízo.
Exemplo: IBAMA e INSS são autarquias, de modo que se pode demandar
diretamente ao IBAMA ou INSS, e não contra a União. O TCE é um órgão
do Estado, de modo que deve demandar contra o Estado. E assim, por diante.
4.1 AUTARQUIA
A. CONCEITO E CARACTERISTICAS
Um ente para ser considerado uma Autarquia, deve possuir os seguintes
elementos:
- Sendo ela CRIADA POR LEI ESPECÍFICA (art. 37, inciso XIX, da
CF);
- Exerce FUNÇÕES TIPICAMENTE PÚBLICAS.
NÃO CONFUNDA!
O art. 37, inciso XIX, da CF/88 estabelece que a autarquia é criada por lei
específica, diferentemente da fundação, da sociedade de economia mista, e
da empresa pública, as quais são AUTORIZADAS POR LEI
ESPECÍFICA. Assim, com a vigência da lei, a autarquia já existe. De outro
lado, porém, com a vigência da lei autorizativa, a fundação, a sociedade de
economia mista e a empresa pública não existem, pois apenas foi autorizado
o processo de criação. Vamos a um esquema:
“LEI específica CRIA AUTARQUIA” e “LEI específica AUTORIZA
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, EMPRESA PÚBLICA e
FUNDAÇÃO”. Em outros termos:
JURISPRUDÊNCIA
Outros julgados:
4.2 FUNDAÇÕES
A. CONCEITO
É um patrimônio, ou seja, uma “reunião de bens” (universalidade),
destinado a um fim altruístico (v.g. lazer, saúde, educação, meio ambiente,
cultura etc.).
Código Civil, art. 62: “Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por
escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se
para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do
patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança
alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio
ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa
científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de
sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos
técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da
democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas;”.
B. NATUREZA JURÍDICA:
Por longos anos estivemos diante de uma dúvida: o Estado poderia instituir
fundações de direito privado, ou fundações de direito público, ou ambas?
- O Decreto-lei nº 200/67 dizia que era só de direito privado (Decreto-lei nº
200/67, art. 5º, inciso IV: “Fundação Pública - a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, (...)”;
- A redação original do art. 37 “caput” da CF/88 dava a entender que a
fundação instituída pelo Estado seria somente de direito público;
- Depois de muita discussão, o STF disse que o Estado pode tanto instituir
fundação de direito público, como fundação de direito privado, de modo
o que vai determinar sua natureza é a lei autorizadora da fundação. No
entanto, se for uma fundação de direito pública terá natureza jurídica de
autarquia.
JURISPRUDÊNCIA
STF, ADI nº 191-RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, Pleno, j.
29/11/2007.
STJ, REsp.nº 204.822-RJ, Rel. Min. Thereza de Assis Moura,
Sexta Turma, j. 26/06;2007.
A. SEMELHANÇAS
Tanto a sociedade de economia mista, como a empresa pública
são PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO. Logo,
não se submetem ao regime jurídico de direito público;
Ambas são AUTORIZADAS POR LEI ESPECÍFICA – art. 37,
inciso XIX, da CF (Lembra? Estudamos logo antes);
Ambas NÃO SE SUJEITAM À FALÊNCIA OU À
RECUPERAÇÃO DE EMPRESA, detendo um processo
especifico de dissolução (art. 2º, inciso I, da lei 11.101/05);
O TETO CONSTITUCIONAL PARA A REMUNERAÇÃO
DE SEUS AGENTES somente é aplicado se as sociedades de
economia mista e as empresas públicas receberem recursos
públicos para o custeio de seus recursos humanos. Do
contrário, não se aplica o limite máximo em questão. Por
exemplo: imagine que um banco estatal não dependa do tesouro
para custeio de seus recursos humanos. Nesta situação, o diretor
da referida instituição, por exemplo, poderia auferir remuneração
acima do que recebem os Ministros do STF (v.g. teto máximo
para os gastos com o funcionalismo público).
SUBSIDIÁRIAS: O art. 37, inciso XX, da CF/88 diz que:
“depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de
subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior
[AUTARQUIA, FUNDAÇÃO, SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA e EMPRESAS PÚBLICAS], assim como a participação
de qualquer delas em empresa privada;”.
Então, para as sociedades de economia mista e empresas públicas
criarem subsidiarias é necessária a edição lei especifica. Porém, o
STJ julgando o caso da PETROBRÁS decidiu que, embora precisasse
de uma lei especifica, esta lei poderia ser genérica, ou seja, não
precisa que seja editada uma lei para cada uma das subsidiarias a
serem criadas, bastando uma lei especifica genérica. Hoje, a matéria
ficou disciplinada com mais específicdade na Lei nº 13.303/16.
ACUMULAÇÃO DE CARGOS E DE EMPREGOS
PÚBLICOS: a proibição de acumular estende-se a empregos e
funções de empresas públicas e de sociedades de economia mista,
e suas subsidiárias (art. 37, inciso XVII, da CF/88), salvo nos
casos constitucionalmente admitidos, como nas situações do
inciso XVI do art. 37;
DEVER DE LICITAR: aqui temos uma dissonância entre a
posição da legislação e da jurisprudência. Acompanhe:
(a) A Lei nº 13.303/16 (Lei das Empresas Estatais) abrange toda e
qualquer empresa pública e sociedade de economia mista da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que
explore atividade econômica de produção ou comercialização de
bens ou de prestação de serviços, ainda que a atividade econômica
esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de
prestação de serviços públicos. Assim, os arts. 27 e seguintes da
mencionada legislação tratam das licitações e contratos destas
pessoas jurídicas da Administração Pública indireta;
(b) Antes, o art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93 tratava das
licitações e contratos administrativos quanto às sociedades de
economia mista e empresas públicas;
(c) Antes da Lei nº 13.303/16, a jurisprudência do STF entendia que as
sociedades de economia mista e as empresas públicas que prestem
serviços públicos se submetiam à Lei nº 8666/93; já as sociedades
de economia mista e as empresas públicas que atuam na ordem
econômica: (b1) se for atividade-meio (atividade que permite a
consecução da atividade-fim),não se submetem à Lei nº 8666/93,
mas a um procedimento simplificado de contratação; (b2) se for
atividade-fim, não se submetem à Lei nº 8666/93, nem a
qualquer outro procedimento (STF, RE nº 441.280-RS,
Informativo 634 - Julgamento não concluído.
B. DIFERENÇAS
NÃO CONFUNDA!
Diversamente, o convênio poderia ser feito entre dois entes públicos ou um
ente público e outro ente privado (art. 116 da Lei nº 8.666/93). Ademais, a
formalização de tal ajuste não gera uma pessoa jurídica, como ocorre com o
consórcio público, do qual deriva uma associação (pública ou privada).
Ambos os institutos (consórcio e convênio) possuem interesses paralelos, e
não contrapostyos, como ocorre com os contratos administrativos.
Confira: Lei nº 8.666/93, art. 116: “ Aplicam-se as disposições desta Lei, no
que couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos
congêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração.
§ 1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou entidades
da Administração Pública depende de prévia aprovação de competente plano
de trabalho proposto pela organização interessada, o qual deverá conter, no
mínimo, as seguintes informações:
I - identificação do objeto a ser executado;
II - metas a serem atingidas;
III - etapas ou fases de execução;
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
V - cronograma de desembolso;
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão
das etapas ou fases programadas;
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação
de que os recursos próprios para complementar a execução do objeto estão
devidamente assegurados, salvo se o custo total do empreendimento recair
sobre a entidade ou órgão descentralizador.
§ 2º Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará ciência do
mesmo à Assembleia Legislativa ou à Câmara Municipal respectiva.
§ 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estrita conformidade com o
plano de aplicação aprovado, exceto nos casos a seguir, em que as mesmas
ficarão retidas até o saneamento das impropriedades ocorrentes:
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular aplicação da
parcela anteriormente recebida, na forma da legislação aplicável, inclusive
mediante procedimentos de fiscalização local, realizados periodicamente
pela entidade ou órgão descentralizador dos recursos ou pelo órgão
competente do sistema de controle interno da Administração Pública;
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos recursos,
atrasos não justificados no cumprimento das etapas ou fases programadas,
práticas atentatórias aos princípios fundamentais de Administração Pública
nas contratações e demais atos praticados na execução do convênio, ou o
inadimplemento do executor com relação a outras cláusulas conveniais
básicas;
III - quando o executor deixar de adotar as medidas saneadoras apontadas
pelo partícipe repassador dos recursos ou por integrantes do respectivo
sistema de controle interno.
§ 4º Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão obrigatoriamente
aplicados em cadernetas de poupança de instituição financeira oficial se a
previsão de seu uso for igual ou superior a um mês, ou em fundo de
aplicação financeira de curto prazo ou operação de mercado aberto
lastreada em títulos da dívida pública, quando a utilização dos mesmos
verificar-se em prazos menores que um mês.
§ 5º As receitas financeiras auferidas na forma do parágrafo anterior serão
obrigatoriamente computadas a crédito do convênio e aplicadas,
exclusivamente, no objeto de sua finalidade, devendo constar de
demonstrativo específico que integrará as prestações de contas do ajuste.
§ 6º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção do convênio,
acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanescentes, inclusive os
provenientes das receitas obtidas das aplicações financeiras realizadas,
serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo
improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da imediata
instauração de tomada de contas especial do responsável, providenciada
pela autoridade competente do órgão ou entidade titular dos recursos.”
ASSOCIAÇÃO ASSOCIAÇÃO
PÚBLICA PRIVADA
AUTARQUIA ASSOCIAÇÃO
Art. 6º, inciso I, e § 1º, Art. 6º, inciso II, e § 2º,
da Lei nº 11.107/05 da Lei nº 11.107/05
Trata-se de consorcio Trata-se de consorcio
público de direito público público de direito
– terá natureza de privado – terá natureza
autarquia. de associação (código
civil).
Constituído a partir da Constituído a partir do
vigência das leis de atendimento dos
ratificação do protocolo requisitos da legislação
de intenções. civil.
O consórcio público com O consórcio público
personalidade jurídica de com personalidade
direito público integra a jurídica de direito
administração indireta de privado, o consórcio
todos os entes da público observará as
Federação consorciados. normas de direito
público no que concerne
à realização de licitação,
celebração de contratos,
prestação de contas e
admissão de pessoal,
que será regido pela
Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT.
D. PROCEDIMENTO DE CONSTITUIÇÃO
A Lei nº 11.107/05 estabelece um procedimento para a criação do consórcio,
a ser estabelecida a partir das seguintes etapas, as quais revelam a
necessidade de se tomar providências ou constituir certos acordos firmados
em contrato:
1) PROTOCOLO DE INTENÇÕES: se faz uma espécie de “esboço” do
consorcio público, entre os entes que pretendem se associar;
2) LEIS DE RATIFICAÇÃO: são aprovadas pelo Poder legislativo de cada
ente consorciado;
3) CONTRATO PROGRAMA ou CONSÓRCIO PÚBLICO: que
estabelece as etapas de instituição do consórcio, e como ele irá funcionar;
4) CONTRATO DE RATEIO: tal ajuste identifica a fonte de recursos para
a manutenção do consórcio. Em outros termos, cada ente consorciado dirá de
onde sairão, do seu orçamento, os recursos públicos que irão manter o
consorcio;
5) OBTENÇÃO DO CNPJ DA ASSOCIAÇÃO: aqui, tomam-se as
providências administrativas para que a associação ganhe personalidade
jurídica, especialmente se for de natureza privada (art. 6º, inciso II, da Lei nº
11.107/05).
PARA GABARITAR
Vamos fazer algumas observações importantes que podem bem ser objeto de
questões de prova:
O consorcio público pertencerá à Administração Pública indireta
de todos os entes consorciados;
Será fiscalizado por todos os tribunais de contas que toma as
contas dos entes públicos consorciados (art. 9º, parágrafo único,
da Lei nº 11.109/05).;
A qualquer momento o ente consorciado pode se desassociar,
mas ele deve continuar a enviar os recursos públicos pelo
prazo que se comprometeu no contrato de rateio (art. 11).
A União somente participará de consórcios públicos em que
também façam parte todos os Estados em cujos territórios
estejam situados os Municípios consorciados – art. 1º, § 2º.
Veja no esquema:
COMO CAIU NA PROVA OBJETIVA
(XIX Exame OAB - 2016.1) O Estado X e os Municípios A, B e C
subscreveram protocolo de intenções para a constituição de um consórcio
com personalidade jurídica de direito privado para atuação na coleta, descarte
e reciclagem de lixo produzido no limite territorial daqueles municípios. Com
base no caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
A) Por se tratar de consórcio a ser constituído entre entes de hierarquias
diversas, a saber, Estado e Municípios, é obrigatória a participação da União.
B) O consórcio de direito privado a ser constituído pelo Estado e pelos
Municípios não está alcançado pela exigência de prévia licitação para os
contratos que vier a celebrar.
C) O consórcio entre o Estado e os Municípios será constituído por contrato e
adquirirá personalidade jurídica mediante o atendimento dos requisitos da
legislação civil.
D) Por se tratar de consórcio para atuação em área de relevante interesse
coletivo, não se admite que seja constituído com personalidade de direito
privado.
1. CONCEITO DE PODER
Tradicionalmente, conceitua-se poder como o exercício da capacidade
plena em determinada área. Enfim, estamos diante do exercício do poder
quando o agente possui capacidade plena de exercer suas faculdades em
certo âmbito.
Todavia, entende-se, em outra perspectiva, que poder seria a capacidade de
alterar condutas. Em outros termos, seria o exercício de um mister passível
de modificar relações jurídicas. Especificamente, aqui, vamos dizer que o
poder administrativo é o poder de gerir a administração pública.
2. SEPARAÇÃO DE PODERES
Montesquieu, na obra “O espírito das leis”, defendeu que cada uma das
funções de Estado deveria estar especializada em um certo órgão. E esta
teoria foi adotada, com algumas ressalvas, pela CF/88 – art. 2º. Tais funções
(poderes) são indelegáveis, e sua separação é cláusula pétrea – art. 60, § 4º,
III, CF/88.
JURISPRUDÊNCIA
TÍPICAS ATÍPICAS
EXECUTIVO - Atos de- Medida
chefia de Provisória
Estado, de (art. 62)
Governo e- Julgamento
Administrativa de recursos
administrativos
LEGISLATIVO- Legislar - Dispor sobre
- Fiscalizar sua
organização
- Julga
recursos
administrativos
e
Impeachment
JUDICIÁRIO - Prestar- Fazer seu
jurisdição regimento
interno (art.
96, I, “a”,
CF/88);
- Administrar
(art. 96, I,
“f”, CF/88);
3. CLASSIFICAÇÃO
PODER INTROVERSO: Exercido no âmbito interno da Administração
Pública. Exemplo: o poder disciplinar é de natureza introversa. Tal poder
atinge as pessoas que estão ligadas diretamente, por lei ou por contrato,
com os entes estatais, como, por exemplo, quando se aplica multas por
descumprimento de contrato firmado com a administração pública ou uma
pena de demissão ao funcionário público. Temos aqui uma “relação especial
de sujeição”.
PODER EXTROVERSO: Exercido ao âmbito externo da Administração
Pública. Exemplo: o poder de polícia seria uma espécie de poder extroverso,
pois atinge as pessoas naturais ou jurídicas externas a administração pública,
ou seja, que não possuem um “vínculo especial de sujeição” – como
quando se aplicam multas de trânsito.
4. PODERES INTROVERSOS
4.1 PODER HIERARQUICO
A. CONCEITO: O poder hierárquico é a capacidade que tem um agente do
Poder Público de fiscalizar, rever, delegar, avocar, ordenar um agente
subordinado. Atua sempre diante de uma relação entre um superior, e um
inferior.
B. CARACTERÍSTICAS: O poder hierárquico é AUTOMÁTICO e
PERMANENTE, ou seja, com a criação de um novo nível hierárquico, o
poder em questão surge automaticamente, e até enquanto durar esse novo
nível.
PARA MEMORIZAR
Com a criação de uma nova estrutura (indicada pela letra “B”), subordinada
ao órgão “A”, surge automática e permanentemente o poder hierárquico de
“A” para com “B”.
Gabarito comentado:
A) Não é viável recorrer administrativamente, na hipótese. A norma geral do
processo administrativo determina o cabimento de recurso por até três esferas
administrativas, que já se consumaram na hipótese, tal como se depreende do
Art. 57 da Lei nº 9.784/99.
B) Sim. A Administração está autorizada a majorar a penalidade aplicada ao
particular que se mostre contrária à lei, em decorrência do princípio da
autotutela OU do poder-dever de zelar pela legalidade dos atos
administrativos, na forma do Art. 64 da Lei nº 9.784/99.
4.2 PODER DISCIPLINAR
A. CONCEITO: É a capacidade que possui a Administração Pública de
aplicar sanções a quem possui um vínculo direto com o pertinente ente
estatal que está a punir, ou seja, que está subjugado a “RELAÇÕES
ESPECIAIS DE SUJEIÇÃO”. Estas relações constituem situações jurídicas
em que o particular está submetido a direitos e deveres constantes de um
regime jurídico administrativo. O poder disciplinar deriva tanto da lei, como
do contrato.
SINDICÂNCIA PROCESSO
ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR
É sigilosa. É público, salvo casos de
sigilo estabelecidos em
lei.
É sem ampla defesa e É com ampla defesa e
contraditório. contraditório.
É sem aplicação de É com a possibilidade de
pena*. aplicação de pena.
(a) advertência ou de
(b) suspensão até 30 dias
Mas, neste caso, a sindicância será pública e com ampla defesa – art.
145, inciso II, da Lei nº 8.112/90 (Art. 145: “Da sindicância poderá
resultar: I - arquivamento do processo; II - aplicação de penalidade de
advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias; III - instauração de
processo disciplinar.”..
5. PODERES EXTROVERSOS
5.1 PODER DE POLÍCIA
A. CONCEITO: O poder de polícia encontra-se conceituado no art. 78 do
CTN, uma vez que é um fato gerador da taxa. Vamos a seu texto:
“Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática
de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão
ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.
Tal poder é considerado regular quando: “[...] desempenhado pelo órgão
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo
legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem
abuso ou desvio de poder.” – art. 78, parágrafo único, do CTN.
Gabarito comentado:
A) Sim. O ato administrativo em questão decorre do exercício do poder de
polícia que goza do atributo da imperatividade ou coercibilidade, por meio do
qual a Administração pode impor unilateralmente obrigações válidas.
B) A resposta é negativa. O ato administrativo em questão goza do atributo
da autoexecutoriedade, que autoriza a Administração a executar diretamente
seus atos e a fazer cumprir suas determinações, sem recorrer ao Judiciário.
D. EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA POR PARTICULARES: Há
uma dúvida se isto seria ou não possível. Esse tema ganhou relevância no
STF, a partir do momento em que julgou a ADI nº 1.717, não permitindo que
o poder de polícia fosse relegado a particulares. Tratava-se, aqui, de
declaração de inconstitucionalidade de certa lei que declarou que os
Conselhos Profissionais (como o CREA, CREFITO etc.) deveriam ser
considerados pessoas jurídicas com natureza privada. Contudo, como eles
exercem poder de polícia (porque cassam diploma, aplicam multas etc.), não
poderiam deter este status. Logo, o STF considerou-os como pessoas
jurídicas de direito público, na modalidade de autarquias.
PARA MEMORIZAR
Assim, montamos um esquema para bem compreender o que pode ser
delegado:
STF STJ
(ADI nº (REsp. nº
1717) 817.534-
MG)
a) LEGISLAÇÃO DE NÃO NÃO
POLÍCIA = condiciona as
atividades privadas e o uso
dos bens por meio de
normas;
b) CONSENTIMENTO DE NÃO SIM
POLÍCIA = anuência prévia
da AP para a prática de
determinadas atividades;
c) FISCALIZAÇÃO DE NÃO SIM
POLÍCIA = verifica se os
cidadãos estão cumprindo
com as determinações
normativas;
d) SANÇÃO DE POLÍCIA NÃO NÃO
= caso exista o
descumprimento, a AP
aplica uma punição ou
impõe um ônus.
JURISPRUDÊNCIA
Então, para o STJ, o poder de polícia pode ser delegado nos casos de
consentimento e fiscalização (STJ, REsp. n. 817.534-MG, Rel. Min. Mauro
Campbell, Segunda Turma, j. 10-11-2009). A matéria ganha repercussão
geral no STF (RE n. 662.186-MG, Rel. Min. Luiz Fux, substituído para
julgamento pelo RE nº 840.230).
PARA MEMORIZAR
B. ESPÉCIES DE PODER REGULAMENTAR OU DE SEGUNDO
GRAU
A partir desse panorama, podemos encontrar atos normativos:
SECUNDUM LEGEM = explica a lei; podem ser emitidos;
CONTRA LEGEM = contra lei; não podem ser emitidos;
INTRA LEGEM = explicam “standards”, ou seja, “padrões” contidos
em termos abstratos da lei; ou a lei expressamente delega (remete) ao
ato de segundo grau a normatização de determinado tema. Eles podem
ser emitidos (STF, RE nº 140.669-PE (aplica-se, aqui, a “Teoria do
filling up standards”). Exemplo: a atualização os valores das
modalidades de licitação de que trata o art. 23 da Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993, pode ser feita por Decreto (exemplo: Decreto
federal nº 9.412/18), comnforme permissive constant no art. 120 da
Lei Geral de Licitações e Contratos Públicos;
PRAETER LEGEM = os atos infralegais tratam de matérias a par da
previsão da lei. Enfim, um decreto é praticado sem existir lei
mediando. Eles podem ser emitidos, desde que a Constituição faça
previsão expressa. Aqui temos a figura do “DECRETO
AUTÔNOMO”.
Os decretos autônomos podem ser objeto de controle concentrado de
constitucionalidade, por meio de ação direta junto ao STF. Conforme a
jurisprudência desta corte (STF, ADI nº 3.731): “Pode ser objeto de ação
direta de inconstitucionalidade, o ato normativo subalterno cujo conteúdo
seja de lei ordinária em sentido material e, como tal, goze de autonomia
nomológica”.
Resumindo: pela perspectiva de que o poder normativo pode ser secundum
legem, concluímos que é possível que um ato normativo de segundo grau
esteja de acordo com a lei. Exemplo: art. 84, inciso IV, CF/88. Mas ele não
poderia ser contra legem, porque não é possível que um ato normativo de
segundo grau esteja em desacordo com a lei. Teríamos que perfazer, aqui, um
controle de legalidade. Já o poder intra legem é possível de ser aplicado,
quando um ato normativo de primeiro grau deixe o poder regulamentar para
o de segundo grau, nos casos, por exemplo, de conceitos jurídicos
indeterminados e cláusulas gerais. Exemplo: o Regime Diferenciado de
Contratações (Lei nº 12.462/11) diz que compete ao gestor público
normatizar certos institutos. E assim se fez por meio do Decreto federal nº
7.581/11.
CONCEITO CLÁUSULA
JURÍDICO GERAL
INDETERMINADO
Suporte fático Abstrato Abstrato
Preceito Concreto Abstrato
CF/88, art. 37, § 6º: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”.
PARA GABARITAR
Regra de verificação: primeiro, devemos ver se é omissão para configurar
uma responsabilidade subjetiva. Depois devemos ver se é um caso de
responsabilidade integral. Somente se não for caso de omissão ou
responsabilidade integral é que podemos afirmar que um caso de
responsabilidade objetiva por risco administrativo. Exemplo: no caso de
acidente por animal na pista, ou de danos por buraco em rodovia, ou de danos
por bueiro entupido se aplica a teoria da falta do serviço, devendo comprovar
dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva).
4.3 DANO
Para que se implemente este elemento da responsabilidade civil, reclama-se
que o DANO seja:
(a) CERTO: não pode ter responsabilidade civil por dano incerto, SALVO
dano por “perda de uma chance”. Exemplo: Advogado que perde o
prazo de contestação;
(b) DIRETO: não pode ter responsabilidade civil por dano indireto,
SALVO o “dano por ricochete”. Exemplo: batida na traseira de um
carro que acarreta colisão na traseira de outro carro (engavetamento
no trânsito). Neste caso, o último motorista que tomou a pancada no
seu veículo automotor pode cobrar o primeiro condutor, que causou o
dano em toda a cadeia;
(c) JURÍDICO: não se pode responsabilizar civelmente alguém por dano
meramente econômico. Exemplo: a transferência de um museu para
outro bairro acarreta dano econômico para loja em frente do local
originário, que vendia suvenires relativos ao referido museu. Trata-se,
aqui, de dano meramente econômico.
5. ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE
Há a responsabilidade civil:
(a) Por AÇÃO – ATIVA = gera a RESPONSABILIDADE
OBJETIVA como regra;
(b) Por OMISSÃO – OMISSIVA = esta pode gerar dois tipos de
responsabilidade:
(b1) Omissão GERAL: quando o Estado não exercer um
dever que tinha para com todo mundo = em regra, entende-
se que a hipótese acarreta a RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA. Exemplo: Falta de segurança acarreta furtos;
(b2) Omissão ESPÉCIFICA: quando o Estado não exercer
um dever que tinha para com algumas pessoas
determinadas = gera a RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
Exemplo: Militar aquartelado sofre um dano; aluno é ferido
dentro da escola pública; detento que sofre dano à sua
incolumidade física dentro de presídio – nestes casos, o Poder
Público assumiu para si o dever de cuidado destas pessoas.
PARA MEMORIZAR
PARA MEMORIZAR
Observação: O tabelião (delegado de função) não se submete ao art. 37,
§6º, da CF/88, até porque é pessoa física exercendo função pública em
caráter privado. Sua responsabilidade será SUBJETIVA pelos termos da
Lei nº 8.935/94 – “Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente
responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou
dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que
autorizarem, assegurado o direito de regresso.” (Redação dada pela Lei nº
13.286, de 2016).
Vamos a uma segunda forma de ver o art. 37, § 6º: o Estado pode, em AÇÃO
DE REGRESSO, demandar o agente público causador do dano. Porém,
enquanto o regime de responsabilidade entre o cidadão e o Estado é em regra
objetivo, o regime de responsabilidade entre o Estado e o agente público é
subjetivo, ou seja, terá que provar dolo e culpa do agente público.
O seguinte esquema pode bem elucidar o que estamos a dizer:
Observações:
(b) STF = não pode, pois, o agente público somente poderá ser
demandado pelo Estado – questão pendente de julgamento
final. Aplica-se a “teoria da dupla proteção”.
PARA GABARITAR
Conforme o que dispõe a Lei nº 13.655/18, a qual alterou o Decreto-Lei nº
4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro): “Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas
decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.”
Gabarito comentado:
A) Sim. Cabe a responsabilização objetiva porque caracterizada a
inobservância do dever de proteção ou custódia pelo Estado e o nexo de
causalidade com a morte de João, em conformidade com o disposto no Art.
37, § 6º, da CRFB/88 OU com a tese de repercussão geral reconhecida pelo
STF.
B) Sim. A situação descrita (falta de condições mínimas de habitação nos
estabelecimentos penais) revela grave violação à integridade física e moral de
Roberto, do que resulta o dever de indenização por danos, inclusive morais,
conforme o Art. 5º, XLIX, da CRFB/88 OU tese de repercussão geral
reconhecida pelo STF OU Art. 186 do Código Civil.
VII. SERVIDORES PÚBLICOS
1. ELEMENTOS PARA SE CONFIGURAR UM AGENTE PÚBLICO
Todo o servidor público é um agente estatal ou agente público (vamos tratar
estas expressões como sinônimos). Para ser considerado agente estatal, deve
ter um requisito subjetivo (necessária uma regular investidura) e outro
requisito objetivo (necessário que desempenhe uma função pública). Há
várias legislações que fazem uma interpretação aiutêntica, conceituando, para
cada qual, o que considera como sendo um “agente público”. Confira:
“Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas
no artigo anterior.”.
Código Penal:
“Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública.”
PARA MEMORIZAR
RELAÇÃO COM A MATÉRIA
INVESTIDURA é a relação jurídica mantida entre o poder público e o
servidor, de onde se extraem direitos e deveres.
PARA GABARITAR
A falta o requisito subjetivo, em regra, gera nulidade do ato, dado existir
defeito no elemento competência, já que praticado por quem não foi
regularmente investido. Contudo, surge uma teoria, aqui, que modifica a
situação diante do terceiro de boa-fé, que é a “TEORIA DO
FUNCIONÁRIO PÚBLICO DE FATO” ou “DO AGENTE PÚBLICO
DE FATO”.
Antes de a explicarmos, vamos a um exemplo: na Roma antiga, o escravo
Barbaros Filipos foge de seu dono e se disfarça de cidadão romano, a tal
ponto que chega a ser nomeado pretor, proferindo várias sentenças.
Descoberto o engodo, em tese, as sentenças seriam nulas. Contudo, Ulpiano
sugere uma solução mais equânime: elas seriam nulas, mas eficazes para
com o terceiro de boa-fé.
Surge, aqui, a “TEORIA DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO DE FATO” ou
“TEORIA DO AGENTE PÚBLICO DE FATO” que diz que, diante de um
agente público irregularmente investido, os atos administrativos por ele
praticados são consideram-se nulos, mas eficazes para com o terceiro de
boa-fé, a fim de garantir a segurança jurídica. Assim, o direito
administrativo admite atos nulos, mas eficazes. O nulo, em regra, não gera
efeitos, salvo no caso de “funcionário público de fato”, como dito, em face do
terceiro boa-fé.
Resumindo: os agentes públicos, para serem assim considerados, reclamam
dois requisitos:
(a) Objetivo desempenho de atividade pública;
(b) Subjetivo investidura (STJ, AgRg no AREsp. nº 116.481-GO,
Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 4-12-2012).
NÃO CONFUNDA!
NÃO CONFUNDA agente público de fato com o usurpador de função,
que é aquele que exerce funções como se agente público fosse, sem possuir
qualquer vínculo com o Poder Público, ainda que formal. Trata-se de um
sujeito que pratica um ato sem ter qualquer competência. Exemplo: um
particular encontra um talonário de multas de trânsito que estava perdido, e
passa a aplicar penalidades de trânsito em relação a outros cidadãos. Os atos
praticados pelo usurpador são considerados inexistentes, bem como
caracterizam crime previsto no art. 328 do Código Penal.
2. CLASSIFICAÇÃO
Vamos apresentar uma classificação apoiada na maioria da doutrina e
cobrada em provas e seleções. Sabemos bem que cada autor possui a sua
classificação. Contudo, optamos por deixar esta categoria jurídica
subdividida nos seguintes itens, de acordo com a opção feita pela maioria da
doutrina. Não nos esqueçamos, contudo, que algumas variações podem
existir.
PARA MEMORIZAR
Não há nepotismo: AGENTE POLÍTICO em relação à AGENTE
POLÍTICO.
Há nepotismo (é vedado): do AGENTE POLÍTICO em relação à
AGENTE ADMINISTRATIVO.
Gabarito comentado:
A) A resposta é negativa. A vedação ao nepotismo não depende de lei
ordinária para a sua aplicação, que decorre diretamente dos princípios
consagrados na CRFB/88, conforme o Art. 37, caput, da CRFB/88 OU a
Súmula Vinculante nº 13, do STF, notadamente os da isonomia, moralidade e
eficiência.
B) A resposta é negativa. A vedação ao nepotismo não se aplica à investidura
de servidores por efeito de aprovação em regular concurso público, sob pena
de violar o disposto no Art. 37, inciso II, da CRFB/88.
B. DELEGADO DE FUNÇÃO
Não se submete a aposentadoria compulsória;
Não se submete ao Estatuto;
Não se submete ao teto constitucional;
É fiscalizado pela Corregedoria de Justiça do Tribunal pertinente;
Tem um regime de serventia próprio;
Tem um regime jurídico hibrido (público e privado);
2.3 AGENTE ADMINISTRATIVO ou SERVIDOR PÚBLICO
Vamos contextualizar os agentes administrativos ou servidores públicos,
retomado a classificação proposta:
PARA GABARITAR
A partir do entendimento ficada na ADI nº 3.395, STF, a qual declarou a
constitucionalidade da alteração do art. 114 da CF feita pela EC nº 45/04, que
trata da competência da justiça trabalhista, a Suprema Corte entendeu que,
quando o empregado temporário tem seu regime jurídico disposto num
estatuto, a competência para julgar eventual demanda movida por esse
servidor é da justiça comum, e não da justiça trabalhista.
CF/88, art. 37, inciso IX: “A lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público;”
PARA MEMORIZAR
Vamos resumir o que vimos até aqui:
4. CARGO PÚBLICO
4.1 CONCEITO (Art. 3º da Lei nº 8.112/90):
PARA GABARITAR
A alteração do cargo público deve se dar por lei, e sua extinção deve se dar
por lei (aplicando-se, aqui, a “teoria do paralelismo das formas”, já estudada).
EXCEÇÃO: SALVO quando o cargo está vago, momento em que a extinção
pode se dar por DECRETO (Art. 84, inciso VI, alínea “b”, da CF/88).
Então, cargo é:
NÃO CONFUNDA!
REQUISITOS DO CARGO: devem ser fixados por LEI. Exemplo: Limite
de idade, exame psicotécnico (Súmuça Vinculante nº 44, STF), prática
jurídica, qualificação técnica. Tudo isto tem de estar previsto em lei, não se
admitindo a previsão apenas no edital do concurso.
REQUISITOS DO CONCURSO: podem estar previstos em ato
administrativo (v.g. no edital). Exemplo: prova oral pode ser prevista apenas
no edital do concurso, pois cabe ao gestor público definir quantas e como
devem ser feitas as provas para definir a competência do selecionado.
Gabarito comentado:
A) Sim. O exame psicotécnico pode constituir etapa de concurso público,
desde que exista previsão em lei e no respectivo edital, na forma do Art. 37,
inciso I, da CRFB/88 OU da Súmula Vinculante nº 44 do STF.
B) Sim, porque é cabível a remoção, a pedido, para outra localidade,
independentemente do interesse da Administração para acompanhamento de
cônjuge que tenha sido deslocado no interesse da Administração, como se
extrai do Art. 36, parágrafo único, inciso III, alínea a, da Lei nº 8.112/90.
Gabarito comentado:
A) Sim. Por se tratar de profissionais da área da saúde, a acumulação de
cargos é lícita, desde que haja compatibilidade de horários, conforme
previsão constante do Art. 37, inciso XVI, alínea c, da CRFB/88.
B) Não. O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em
concurso público, às vagas reservadas aos deficientes, conforme Súmula 377
do Superior Tribunal de Justiça.
PARA MEMORIZAR
COMO PODE CAIR NA PROVA
Há três maneiras de se cobrar esta matéria na prova:
(a) A prova fornece um CONCEITO de cada instituto, e cobra do
candidato saber qual o signo que corresponde (técnica do SIGNO
CONCEITO). Exemplo: “A forma de provimento em que o servidor
em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental
verificada em inspeção médica é:
A) Reintegração;
B) Promoção;
C) Recondução;
D) Readaptação
E) Reversão.”
Resposta: letra “D” – art. 24 “caput” da Lei nº 8.112/90.
(b) Também, o examinador pode cobrar do candidato a memorização da
LISTA de formas de provimento, sendo que a questão colocará, em
uma das alternativas, uma forma de provimento que não existe.
Exemplo:
“São formas de provimento de cargo público, EXCETO:
A) Reintegração;
B) Remoção;
C) Reversão;
D) Recondução;
E) Aproveitamento.”
Resposta: letra “B”, porque a “remoção” não é forma de
provimento de cargo público.
(c) Saber alguma PECULIARIDADE destes institutos.
NÃO CONFUNDA!
Para a primeira forma de abordar a questão, vamos, antes de tudo, aprender
alguns conceitos!
NÃO CONFUNDA!
NÃO CONFUNDA promoção com:
(a) PROGRESSÃO: trata-se de um avanço, com melhora remuneratória,
dentro do mesmo cargo. Não é forma de provimento derivado;
(b) ASCENSÃO: há mudança de carreira, sendo que o funcionário
público passa a titularizar outro cargo de outra carreira, por meio de
concurso interno – é inconstitucional por violar o art. 37, inciso II, da
CF/88;
(c) TRANSFERÊNCIA: trata-se da mudança de carreira por meio do
envio de um servidor de um cargo a outro pertencente, como dito, a
outra carreira. Exemplo: sujeito faz concurso público e é nomeado ao
cargo de professor estadual (carreira do magistério). Tempos depois, é
transferido ao cargo de Defensor Público (mudando, pois, de carreira,
sem ser aprovado em concurso público). Também é inconstitucional,
pelo mesmo motivo (Súmula Vinculante nº 43, STF).
Todas estas três figuras jurídicas NÃO SÃO FORMAS DE
PROVIMENTO DE CARGO PÚBLICO, e as duas últimas NEM
EXISTEM MAIS, porque inconstitucionais. A prova tentará confundir o
candidato, dizendo que se tratam de formas de provimento. Isso não é
verdade, como vimos.
PARA GABARITAR
As DUAS únicas formas de PROVIMENTO E VACÂNCIA AO MESMO
TEMPO são a READPATAÇÃO e a PROMOÇÃO. Basta combinar o art.
8º (formas de provimento) e o art. 33 (formas de vacância), ambos da Lei nº
8.112/90.
A.3 REINTEGRAÇÃO: é a forma de provimento de cargo público
decorrente da anulação da demissão. Em outros termos: é a reinvestidura do
servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de
sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão
administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
Confira: “A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo
anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação,
quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
com ressarcimento de todas as vantagens.” (art. 28 “caput” da Lei nº
8.112/90).
(a) Se o cargo, neste meio tempo foi EXTINTO: o servidor público é
colocado em DISPONIBILIDADE (art. 28, § 1º, da Lei nº 8.112/90);
(b) Se o cargo está PROVIDO por outro ocupante:
(b1) o seu eventual ocupante será RECONDUZIDO ao cargo
de origem, sem direito à indenização ou
(b2) APROVEITADO em outro cargo, ou, ainda,
(b3) posto em DISPONIBILIDADE.
Não é uma forma de provimento e vacância ao mesmo tempo, pois temos
primeiro um ato de demissão (vacância), e, depois, exara-se ato de
reintegração (provimento). Vamos a um esquema:
A.4 REVERSÃO: é a forma de provimento de cargo público derivado da
anulação da aposentadoria por invalidez, após avaliação da junta médica;
ou diante da manifestação do servidor e concordância do poder público.
Sendo ainda mais específico: trata-se do retorno à atividade de servidor
aposentado (art. 25 da Lei nº 8.112/90):
(a) por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes
os motivos da aposentadoria; caso o cargo esteja provido, ele será
incluído como excedente, passado a exercer suas funções nesta
situação (Lei nº 8.112/90, art. 25, § 2º); ou
(b) no interesse da administração, desde que:
(b1) o servidor tenha solicitado a reversão;
(b1) a aposentadoria tenha sido voluntária;
(b3) estável quando na atividade;
(b4) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores
à solicitação;
(b5) haja cargo vago.
(Aqui, o servidor terá os proventos calculados com base nas
regras atuais se permanecer pelo menos cinco anos no cargo –
art. 25, § 5º, da Lei nº 8.112/90).
Com a reversão, não pode o servidor vir a titularizar outro cargo, porque ela
se dará no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transformação (Lei
nº 8.112/90, art. 25, § 1º). O seu retorno não pode prejudicar sua
remuneração, de modo que o “[...] servidor que retornar à atividade por
interesse da administração perceberá, em substituição aos proventos da
aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com
as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à
aposentadoria.” (§ 4º do art. 25 da Lei nº 8.112/90).
Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado setenta anos de
idade (Lei nº 8.112/90, art. 27), porque, nesta situação, já atingiu o limite de
idade para lhe ser aplicada a aposentadoria compulsória – a lei federal fala
em “70 anos” (art. 27 da Lei nº 8.112/90). Destacamos, que a reversão não é
uma forma de provimento e vacância ao mesmo tempo.
PARA MEMORIZAR
(1) Vamos retomar os conceitos para gravar:
(a) CLASSE, NÍVEL ou GRAU: é a disposição horizontal de cargos de
mesmo nível de complexidade. Exemplo: Juiz classe inicial, classe
intermediária, classe final...; delegado grau um, grau dois, grau três...;
(b) CARREIRA: é a disposição vertical de classe, níveis ou graus.
Observe que nem todo o cargo tem plano de carreira;
(c) QUADRO: é a soma de carreiras e cargos isolados dentro de um
mesmo ente. Exemplo: a Polícia Civil tem a carreira de escrivão, de
inspetor e a carreira de delegado.
(2) E vamos fazer uma tabela para que, na hora da prova, você lembre a
palavra exata que define cada uma das formas de promoção:
FORMA DE
PALAVRA-CHAVE
PROVIMENTO
REINTEGRAÇÃO Demissão
REVERSÃO Aposentadoria
APROVEITAMENTO Disponibilidade
ATENÇÃO! NÃO É FORMA DE PROVIMENTO!
Para os casos em que as questões abordem a “técnica da lista”, mencionada
anteriormente, elaboramos as seguintes tabelas para que o candidato consiga
memorizar o que é forma de provimento de cargo público, e o que não é:
PARA GABARITAR
SÚMULA VINCULANTE N. 43: “É inconstitucional toda modalidade de
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a
carreira na qual anteriormente investido”.
A contratação em desrespeito à regra de que deva ter concurso público pode
levar à configurar caso de improbidade administrativa (STJ, REsp. nº
915.322-MG, Rel. Min. Humberto Martins, j. 23/9/2008). E se a
contratação, o sujeito em questão só tem direito aos salários e ao FGTS
(STF, Informativo nº 556).
4.3 FORMAS DE VACÂNCIA
Ocorre a vacância do cargo público quando ele deixa de ser provido. Não
se confunde, é claro, com o afastamento temporário do exercício das funções
(Exemplo: servidor em licença saúde, de férias etc.; nestes casos, não há
vacância no cargo). São espécies de vacância (art. 33 da Lei nº 8.112/90):
(a) EXONERAÇÃO (de ofício ou a pedido do servidor);
(b) DEMISSÃO;
(c) PROMOÇÃO;
(d) READAPTAÇÃO;
(e) APOSENTADORIA;
(f) POSSE EM OUTRO CARGO INACUMULÁVEL;
(g) FALECIMENTO.
PARA GABARITAR
Nenhuma espécie de LICENÇA ou de AFASTAMENTO gera a vacância
do cargo, porque tais atos ocasionam o desligamento temporário do
exercício das funções, e não do cargo. Diferente da VACÂNCIA DO
CARGO, que gera o afastamento definitivo das funções.
PARA MEMORIZAR
Assim, o concurso público pode ter prazo menor de 2 anos, e só pode ser
prorrogado pelo mesmo prazo. Tal prorrogação é discricionária.
5.6 PECULIARIDADES DO CONCURSO PÚBLICO
(A) Técnica do afunilamento ou clausula de barreira
A “técnica do afunilamento” ou “cláusula de barreira” consiste em
disposição prevista no edital do certame, determinando que somente um certo
número de candidatos mais bem classificados possam passar para uma
próxima fase do certame. Vamos a um exemplo: um concurso “X” tem quatro
fases. A primeira consiste em uma prova objetiva (de assinalar a alternativa
correta). Para a segunda fase, que consiste em responder questões de modo
dissertativo, somente participam os duzentos mais bem classificados na etapa
anterior. Importante dizer que esta técnica foi declarada constitucional em
vários julgados pelo STF: Informativos nº 646 e 736; STF, ARE nº 635.739-
AL, Rel. Min. Gilmar Mendes, (Repercussão Geral).
(B) Testes físicos (de aptidão física)
O STF não vem permitindo que seja repetido o teste físico. Porém, o STJ tem
entendimento que permite a parturiente repetir o teste físico.
(C) Direito subjetivo à nomeação
O número de vagas previsto no edital vincula a administração pública
(deverá nomear todos os aprovados dentro deste montante, até o prazo final
de validade do certame) – Tema nº 161 do STF. Contudo, perceba que o
candidato poderá ser chamado dentro do prazo de validade, ou seja, a
qualquer momento dentro deste limite (há uma discricionariedade, aqui).
Caso venha a provar que tem algum sujeito exercendo as funções daquele
cargo, mas este exercício se deu por outra via (contratação temporária,
nomeação em cargo em comissão), o aprovado tem direito a ser chamado –
porque o Poder Público demonstrou que tem a necessidade de as funções
públicas pertinentes sejam prestadas. Neste caso, deveria ter nomeado o
aprovado em concurso, e não implementada a prestação das funções por outra
via.
JURISPRUDÊNCIA
6.2 POSSE
POSSE é o ato em que o particular manifesta sua aceitação em assumir o
cargo, ou seja, em assumir as responsabilidades e deveres daquele. Ela dar-
se-á pela assinatura do respectivo termo. Só haverá posse nos casos de
provimento de cargo por nomeação (§ 4º do art. 13).
PARA GABARITAR
PERGUNTA: Posse é um ato personalíssimo? Resposta: não é, porque a
posse poderá dar-se mediante PROCURAÇÃO específica (§ 3º do art. 13 da
Lei nº 8.112/90). Logo, não precisa ser praticada por uma pessoa em
específico.
Cuide: a procuração deverá conter poderes específicos para aquele fim, que
é a aceitação da nomeação em nome do mandatário.
6.3 EXERCÍCIO
EXERCÍCIO consiste no efetivo desempenho das atribuições do cargo
público ou da função de confiança (art. 15 da Lei nº 8.112/90). Cada
servidor terá um assento funcional, em que constam, por exemplo, o início,
a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício, que serão ali
registrados (art. 16 da Lei nº 8.112/90).
NÃO CONFUNDA!
O exercício é contínuo em TODA A carreira. Não há um exercício em
cada classe nível ou grau. Então cuide bem: a PROMOÇÃO NÃO
INTERROMPE O TEMPO DE EXERCÍCIO.
6.4 PRAZOS
Após a nomeação, o sujeito possui 30 (trinta) dias para tomar posse,
contados da publicação do ato de provimento (art. 13, § 1º, da Lei nº
8.112/90). Caso isto não ocorra, a nomeação TORNA-SE SEM EFEITO (§
6º do art. 13 da Lei nº 8.112/90).
De outro lado: é de 15 (quinze) dias o prazo para o servidor empossado em
cargo público entrar em exercício, contados da data da posse (art. 15, § 1º).
Caso assim não o faça, será exonerado do cargo ou será tornado sem
efeito o ato de sua designação para função de confiança.
Contudo, o servidor que deva ter exercício em outro município em razão de
ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em
exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de
prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo
desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo
necessário para o deslocamento para a nova sede. Na hipótese de o servidor
encontrar-se em licença ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este
artigo será contado a partir do término do impedimento. O servidor poderá
declinar destes prazos – tudo conforme a redação do art. 18 da Lei nº
8.112/90.
PARA MEMORIZAR
NOMEAÇÃO dá direito subjetivo a POSSE, estabelecendo uma relação
jurídica entre AGENTE e ESTADO chamada de INVESTIDURA. Então:
7. ESTÁGIO PROBATÓRIO
O estágio probatório INICIA quando o servidor público entra em
EXERCÍCIO (art. 20 “caput” da Lei nº 8.112/90). Em outros termos, a partir
do momento que o agente estatal entra em exercício, este período inicia. Tem
por finalidade avaliar a qualidade do desempenho das funções públicas
pelo sujeito recentemente investido, percebendo-se se ele se adapta às
responsabilidades, se ele desempenha suas atribuições a contento etc.
Quatro meses antes do término do estágio probatório, o servidor será
submetido à competente a avaliação do desempenho, realizada por
comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a
lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo (§ 1º do art. 20 da Lei nº
8.112/90).
7.1 REQUSITOS PARA SER APROVADO
Os requisitos do estágio probatório são (art. 41, § 4º, da CF):
(a) Três anos de efetivo exercício;
(b) Avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão
constituída para essa finalidade. Não pode demandar
judicialmente a estabilidade, enquanto não se efetivar a avaliação
final.
PARA MEMORIZAR
PARA GABARITAR
ESTÁGIO PROBATÓRIO - Critérios de avaliação: (Art. 20)
Em outros termos:
O QUE MARCAR NA LEGISLAÇÃO
CF/88, art. 41: “São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla
defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.”.
Lei nº 8.112/90: “Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude
de sentença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo
disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.”.
8. REMUNERAÇÃO
8.1 FORMAS E ESPÉCIES DE REMUNERAÇÃO
A remuneração dos agentes públicos pode se dar, basicamente, de três
formas:
(a) Por VENCIMENTO = consiste em uma parcela fixa (PF),
chamada de “básico”;
(b) Por REMUNERAÇÃO OU VENCIMENTOS = trata-se de uma
parcela fixa (PF), acrescida das vantagens pecuniárias
permanentes (VPP), que podem consistir, por exemplo, em
triênios, quinquênios, avanços, progressões, funções gratificadas
incorporadas, a depender de cada estatuto;
(c) Por SUBSÍDIO = que é uma parcela fixa (PF), sem que se
acresçam outras vantagens, salvo às de caráter indenizatório.
Existem duas ESPÉCIES DE SUBSIDIO:
(c1) SUBSIDIO OBRIGATÓRIO: certos agentes devem receber
por subsidio:
(c1.1) Aqueles listados no art. 39, §4º, da CF/8, que são os
membros de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
Municipais;
(c1.2) as carreiras de segurança pública (art. 144, § 9º, da
CF).
(c2) SUBBSIDIO FACULTATIVO: pode ser aplicado a quaisquer
outros servidores.
A. LIMITES
Efetivamente, estes dispositivos, de certa forma, são confusos. Então,
pretendemos sistematizar tudo da seguinte forma:
2) Subteto único :
2.1) EXECUTIVO
e JUDICIÁRIO:
Subsídio dos
Desembargadores
do TJ (o subsídio
do
Desembargador é
90,25% do
subsídio do
Ministro do STF).
2.2)
LEGISLATIVO:
o máximo, setenta e
cinco por cento
daquele
estabelecido, em
espécie, para os
Deputados Federais
(§ 2º do art. 27),
não estando sujeito
ao subsídio dos
Desembargadores.
B. QUEM SE SUBMETE?
TODOS, independentemente do tipo de vínculo (se estatutário, celetista,
temporário, comissionado, político.).
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA: toda ela;
AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES: todas elas;
EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA
MISTA: o teto somente se aplica aos empregados públicos se a
empresa pública ou a sociedade de economia mista receber
recursos públicos para custeio de seu pessoal (art. 37, § 9º, da
CF/88). Se ela custear sua folha de pagamento com recursos
próprios, não se submete ao teto de gastos.
E. BASE DE CÁLCULO
Incide no valor após aplicar o ABATE-TETO (STF, Informativo nº 781).
8.3 LIMITES NO PAGAMENTO DA REMUNERAÇÃO
O art. 37, inciso XIII da CF estabelece que nenhuma remuneração poderá ter
EQUIPARAÇÃO ou VINCULAÇÃO. O objetivo é evitar o “efeito
cascata”, em que se dá um aumento para uma carreira e repercute em outras
carreiras. Por exemplo: veda-se a vinculação do vencimento a qualquer índice
de correção (IGPM, IPCA, correção monetária etc.) – Súmula Vinculante nº
42, STF: “É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de
servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.”.
Devemos perceber, contudo, que é possível equiparações salariais quando
a Constituição Federal expressamente permitiu. Exemplo: art. 27, § 2º:
estabelece um teto máximo aos subsídios dos Deputados Estaduais em
relação aos Deputados Federais.
JURISPRUDÊNCIA
STF, ADI nº 668-AL: “A jurisprudência da Corte é pacífica no que tange ao
não cabimento de qualquer espécie de vinculação da remuneração de
servidores públicos, repelindo, assim, a vinculação da remuneração de
servidores do Estado a fatores alheios à sua vontade e ao seu controle; seja às
variações de índices de correção editados pela União; seja aos pisos salariais
profissionais.”
JURISPRUDÊNCIA
STF, Informativo nº 747: “Cargo técnico é aquele que reclama conhecimento
específico de determinado saber, e não atividades meramente burocráticas,
para fins de acumulação indevida, vedada pela Constituição Federal de 1988
(art. 37, inciso XVI).”.
Professor é todo o profissional que contribui para o ensino da criança ou
adolescente, não necessariamente aquele que só ministra aula. É
abrangido pela permissão constitucional de acumular cargo o diretor de
escola, o pedagogo etc. Não se estende a profissionais administrativos, tais
como merendeiro, atendentes de escola etc. (STF, ADI nº 3.772)
Caso exista compatibilidade de horários, é possível a acumulação do cargo
de médico militar com o de professor de instituição pública de ensino
(STJ, RMS nº 39.157-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 26/2/2013).
O QUE MARCAR NA LEGISLAÇÃO
Art. 37, inciso XVI: “[...] é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
qualquer caso o disposto no inciso XI: [TETO CONSTITUCIONAL]
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com
profissões regulamentadas;
NÃO CONFUNDA!
MULTA não é considerada uma penalidade. Mas ela pode ser aplicada nos
casos do art. 130, §2º, da Lei nº 8.112/90, ou seja, nos casos de pena de
SUSPENSÃO: “Quando HOUVER CONVENIÊNCIA PARA O SERVIÇO,
a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50%
(cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o
servidor obrigado a permanecer em serviço.”.
PARA MEMORIZAR
O art. 138 da Lei nº 8.112/90 faz uma interpretação autêntica do que seja
ABANDONO DE CARGO, que pode sujeitar o agente público à pena de
demissão: art. 132, inciso II: “Configura abandono de cargo a ausência
intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.”
Veja que tal dispositivo reclama dois requisitos, um objetivo e outro
subjetivo:
OBJETIVO: afastamento por MAIS DE TRINTA DIAS
CONSECUTIVOS;
SUBJETIVO: intenção de se afastar.
B. TERMO INICIAL
O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou
conhecido. Veja que o prazo não começa com o “cometimento” do fato,
ou seja, seu termo inicial não se relaciona com a ocorrência do fato. Mas com
sua ciência (§ 1º do art. 142).
10.3 PROCEDIMENTO
Quando uma autoridade pública tem ciência de que existe uma falta
funcional, ela tem a OBRIGAÇÃO de promover sua apuração (ato
vinculado), por meio de sindicância ou de processo administrativo
disciplinar (art. 143 “caput” da Lei nº 8.112/90). Então, podemos dividir o
procedimento disciplinar (visto amplamente) em duas espécies: a
SINDICÂNCIA e o PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR,
este último conhecido como “PAD”.
A sindicância é um procedimento que visa a apurar indícios da ocorrência do
fato e da autoria da infração. Normalmente é aberta quando não se sabe
exatamente quem foi o autor da irregularidade, ou se ela ocorreu
efetivamente.
Já o processo disciplinar é “[...] o instrumento destinado a apurar
responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas
atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se
encontre investido.” – art. 148 da Lei nº 8.112/90.
SINDICÂNCIA PROCESSO
ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR
Sigilosa Público
Sem ampla defesa e Com ampla defesa e
contraditório contraditório
Sem possibilidade de Com possibilidade de
aplicar pena – aplicar pena
CUIDADO QUE HÁ
EXCEÇÃO a seguir
exposta
Prazo de conclusão: 30 Prazo de conclusão: 60
dias, podendo ser dias, contados da data de
prorrogada uma vez (art. publicação do ato que
145, parágrafo único) constituir a comissão,
admitida a sua
prorrogação por igual
prazo, quando as
circunstâncias o exigirem
(art. 152 “caput”).
PARA GABARITAR
Não deixe de lembrar da Súmula Vinculante 5: “A falta de defesa técnica
por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.”.
1. PREVISÃO NORMATIVA
A IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA tem sua previsão constitucional
no art. 37, § 4º. Tal dispositivo permite a possibilidade de aplicar penas
quando se evidenciar cometimento de ato de improbidade administrativa, sem
prejuízo das punições penais. Este dispositivo é uma norma constitucional
de eficácia limitada (na classificação de José Afonso da Silva quanto à
eficácia das normas constitucionais), pois para gerar plenos efeitos reclama
que o legislador faça uma lei regulamentando. Ainda, o art. 14, § 9º, o art. 15,
inciso V e o art. 85, inciso V, da CF também fazem menção à punição por ato
de improbidade administrativa.
O dispositivo constitucional do art. 37, § 4º, da CF/88 foi regulamentado
pela Lei nº 8.429/92. E sua NATUREZA JURÍDICA é de LEI
NACIONAL, ou seja, vale, indistintamente, a todos os entes federados
(União, Estados, Municípios e Distrito Federal), e não somente à União,
quando, então, estaríamos diante de uma lei federal – que, como vimos, não é
o caso.
Há quem defenda que a Lei nº 8.429/92 seria verdadeira LEI MISTA,
porque o art. 13 trataria de norma federal, e não nacional (“A posse e o
exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de
declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim
de ser arquivada no serviço de pessoal competente.”). Mas é divergente.
2. CONCEITO
Podemos dizer que IMPROBIDADE não se confunde com
IMORALIDADE. Aquela seria mais ampla do que esta. A improbidade
seria verdadeira “desonestidade qualificada”, com a prática de atos contrários
lesivos ao patrimônio público, ou que gerem enriquecimento ilícito, ou que
violem princípios administrativos. Reclama má-fé do autor do ato. A
improbidade administrativa não precisa ser veiculada por ato
administrativo (exemplo: servidor subtrai um automóvel do Poder Público).
Trata-se, portanto, de verdadeira “CORRUPÇÃO ADMINISTRATIVA”,
momento em que se evidencia um desvirtuamento das funções públicas,
por meio do exercício nocivo de uma função pública.
PARA GABARITAR
Queremos destacar que a improbidade reclama uma “ilegalidade qualificada”,
ou seja, MÁ-FÉ do autor do fato (STJ, Informativo nº 540). Normalmente
os exemplos de prova que pendem para o candidato analisar casos de
improbidade focam neste aspecto, ou seja, em se saber se há ou não a
presença da má-fé. Então, o ato de improbidade administrativa reclama
este elemento subjetivo (STJ, Informativo nº 461).
STJ, Informativo nº 523. Logo, como bem disse o Min. Joaquim Barbosa:
são entidades “Distintas e que não se excluem, podendo ser processadas
separadamente, em procedimentos autônomos, com resultados
absolutamente distintos, embora desencadeados pelos mesmos fatos.” (STF,
voto-vista do Min. Joaquim Barbosa na Rcl nº 2138-DF, Rel. Min. Nelson
Jobim. Rel. para o acórdão Min. Gilmar Mendes, j. 13/06/2007).
JURISPRUDÊNCIA
PARA GABARITAR
‘PROVA DOS NOVE”: Assim, diante de um caso a ser analisado, o
candidato deverá encontrar, no exemplo, a presença de um ato praticado por
um agente que detém vínculo com o Poder Público. Assim, para que o
particular (sem vínculo) seja processado por improbidade administrativa
temos que nos perguntar, também, se há recursos públicos.
JURISPRUDÊNCIA
JURISPRUDÊNCIA
STF, Reclamação nº 2.138, Rel. Orig. Min. Nelson Jobim, Rel.
Para o acórdão, Min. Gilmar Mendes = não poderia existir dupla
punição = reconheceu-se a existência de bis in idem;
Entendimento não-repetido na STF, Pet. nº 3.923, QO, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, j. 13/6/2007. Foi reconhecido que existe dois
regimes de responsabilidade, um previsto no art. 37, §4º, da
CF/88, regido pela Lei nº 8.429/92, e outro regido pelo art. 102,
inciso I, alínea c, da CF/88, o qual é disciplinado pela Lei nº
1.079/50. Sem contar que a parte final do § 4º do mencionado art.
37 é claro em determinar a punição por ato de improbidade “sem
prejuízo às sanções penais cabíveis”. São regime que possuem
finalidades diversas. No mesmo sentido: STJ, Informativo nº 436:
“Vereadores sujeitam-se à Lei de Improbidade, não ao Decreto-
Lei nº 201/67”;
Contudo, a questão ainda não ficou de todo definida, e possui
repercussão geral reconhecida (STF, ARE nº 683.235-PA, Rel.
Min. Gilmar Mendes) “Aplicação da Lei de Improbidade
Administrativa – Lei 8.429/1992 a prefeitos.”;
O STF somente afastou a possibilidade de punir por improbidade
administrativa no caso do Presidente da República, em vista do
que consta o art. 85, inciso V, CF/88.
rt. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas
no artigo anterior.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que,
mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato
de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Gabarito comentado:
A) A resposta é afirmativa. Mário é servidor público que pode ser
considerado sujeito ativo por ato de improbidade, independentemente de
ainda não gozar de estabilidade ou de não auferir remuneração específica
para a realização da atribuição em comento, considerando que a lei de
improbidade adotou conceito amplo de agente público, tal como se depreende
do Art. 2º da Lei nº 8.429/92.
B) O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as
sanções previstas no Art. 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92, podendo, mediante
adequada fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a gravidade
e as consequências da infração. Mas, uma vez comprovado o prejuízo ao
erário, o ressarcimento, em correspondência aos danos efetivamente causados
ao poder público, constitui consequência necessária do ato de improbidade,
por aplicação do disposto no Art. 5º da Lei nº 8.429/92.
Gabarito:
1) D
2) D
3) D
4) A
B. PENAS
Como se pode perceber, a Lei nº 8.429/92 ampliou as penas previstas no art.
37, § 4º, da CF/88. O STJ (STJ, REsp. nº 440.178) entendeu que é possível
que a legislação infraconstitucional fizesse previsão de outras penas além
daquelas listadas no texto constitucional. Vamos analisar esta questão a
partir da tabela que segue:
PARA GABARITAR
Se um mesmo ato ofende os arts. 9º, 10 e 11, ou seja, os três casos
de previsão de infrações por improbidade administrativa, não se
aplicam sanções relativas aos três incisos do art. 12
respectivamente (incisos I, II e III). Aplica-se as penas mais
graves.
Atualmente, o art. 12 “caput”, parte final, da Lei nº 8.429/92,
permite que o juiz aplique apenas parte das penas cominadas
em cada um dos quatro incisos, ou seja, não é necessário
ministrar todas as penas previstas em cada inciso do art. 12.
Então, pode aplicar uma, algumas ou todas as sanções, de acordo
com a razoabilidade (STJ, REsp. nº 505.068; 300.184).
Então, não pode o julgador aplicar a pena de um inciso e também
de outro, combinando sanções de dispositivos diversos. Exemplo:
um cidadão desvia recursos públicos da União. Ele comete ato de
improbidade previsto no art. 9º (porque enriqueceu ilicitamente),
no art. 10 (porque causou lesão ao erário) e no art. 11 (porque
violou o princípio da honestidade, por exemplo). Sendo assim,
não pode o juiz, por exemplo, aplicar as penas de perda direitos
políticos do inciso I do art. 12 (que corresponde ao art. 9º) e a
expiação de proibição de contratar com os entes públicos prevista
no inciso II do art. 12 (que corresponde ao art. 10).
Porém, caso exista lesão ao erário, a pena de ressarcimento
sempre deve constar na sentença condenatória, dada a
incidência do princípio da indisponibilidade do patrimônio
público (STJ, Informativo nº 409; STJ, REsp. nº 1.238.466-SP,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 06/09/2012).
Autor da demanda de improbidade nem precisa especificar no
pedido a pena que quer vir a ser ministrada. Este dever compete
ao magistrado (STJ, Informativo nº 441).
Pelo texto da Lei nº 8.429/92, não existe PERDA de direitos
políticos, mas apenas SUSPENSÃO destes direitos.
As penas de perda de função pública e de suspensão de
direitos políticos somente são aplicáveis a partir do trânsito em
julgado da decisão de condenação.
PARA MEMORIZAR
Se o Ministério Público for o autor da ação, a pessoa jurídica interessada
pode atuar no polo ativo, ou no polo passivo (defendendo o ato
administrativo praticado), ou não fazer nada – ficando inerte.
Quando o magistrado se manifesta sobre o recebimento ou não da inicial:
7.4 MEDIDAS CAUTELARES
A INDISPONIBILIDADE DE BENS está prevista no art. 7º da Lei nº
8.429/92.
(a) Requisitos: existência de ato de improbidade que:
(a1) cause lesão ao patrimônio público; ou
(a2) Enseje enriquecimento ilícito;
(b) Legitimidade: Ministério Público, podendo ser provocado por
representação da autoridade administrativa responsável pelo inquérito.
(c) Objeto: A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem o
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito – art. 7º, parágrafo único.
Muito embora o STJ (Informativo nº 426) afirme que a indisponibilidade
possa abranger a multa civil, não servindo só ao ressarcimento ou a
recuperar o ganho patrimonial indevido. Cabe ainda dizer que a cautelar de
indisponibilidade de bens em ação de improbidade, tem por limite o
ressarcimento ao erário e o pagamento de eventual multa (STJ,
Informativo nº 442).
O perigo da demora (periculum in mora) para decretar a indisponibilidade
de bens decorrente do ato de improbidade administrativa (art. 37, § 4º, da CF)
é presumido, nos termos do art. 7º da Lei nº 8.429/1992 (STJ, Informativo nº
503).
NÃO CONFUNDA!
NÃO CONFUNDA a cautelar de indisponibilidade de bens com a cautelar
de SEQUESTRO DE BENS ESPECÍFICOS, prevista no art. 16 da Lei de
Improbidade.
(a) Requisitos: existem fundados indícios de responsabilidade;
(b) Legitimidade: Ministério Público ou a procuradoria do órgão
prejudicado
(c) Objeto: sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
A referida cautelar é processada conforme a legislação processual civil (art.
301 do CPC).
PARA MEMORIZAR
INDISPONIBILIDADE SEQUESTRO DE
DE BENS BENS
Art. 7º Art. 16
Fundamentos: Ato de improbidade que Fundados indícios de
cause lesão ao patrimônio responsabilidade.
público; ou que enseje
enriquecimento ilícito.
Legitimidade: Ministério Público. Ministério Público ou
a procuradoria do
órgão prejudicado.
Objeto: Bens que assegurem o Sequestro dos bens do
integral ressarcimento do agente ou terceiro que
dano, ou sobre o acréscimo tenha enriquecido
patrimonial resultante do ilicitamente ou
enriquecimento ilícito. causado dano ao
patrimônio público.
8. PRESCRIÇÃO
A prescrição pelo cometimento de atos de improbidade segue a disciplina do
art. 23 da Lei de Improbidade, em dois incisos. Vamos sistematizar a matéria
da seguinte forma:
Gabarito comentado:
A) A resposta é negativa. Na mencionada ação de improbidade, o marco
inicial para a contagem do prazo de prescrição da pretensão punitiva é o
término do mandato do prefeito, segundo o Art. 23, inciso I, da Lei nº
8.429/92.
B) A resposta é negativa. Os sucessores de Odorico respondem pela prática
de atos que tenham causado prejuízos ao erário, até o limite do valor da
herança, na forma do Art. 8º da Lei nº 8.429/92.
IX. LICITAÇÕES
1. PREVISÃO NORMATIVA
1.1 PREVISÃO CONSTITUCIONAL
O art. 37, XXI, da CF/88 estabelece que as licitações são obrigatórias toda
vez que o poder público quer efetuar uma contratação, salvo exceção legal.
Assim, somente a lei pode prever casos que excepcionam a
obrigatoriedade de licitação (seriam as situações de contratação direta a
serem a seguir estudados): hipóteses de inexigibilidade (art. 25), de dispensa
de licitação (art. 24) ou de licitação dispensada (art. 17).
Ainda, podemos destacar os seguintes dispositivos:
Art. 37, inciso XXI, da CF/88: "Ressalvados os casos
especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos
termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.";
Art. 175 da CF/88: "Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre
através de licitação, a prestação de serviços públicos.";
Art. 22, inciso XXVII, CF/88: "Compete privativamente à União
legislar sobre: (...) normas gerais de licitação e contratação, em
todas as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do
art. 173, § 1°, III.";
Art. 173, §1º, inciso III, CF/88: deve haver uma legislação sobre
licitação para Empresas Públicas e para Sociedade Economia
Mista, exploradoras atividade econômica.
1.2 PREVISÃO LEGAL
PARA MEMORIZAR
(a) NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 22, inciso XXVII = competência para legislar sobre
licitações;
Art. 37, inciso XXI = obrigatoriedade em licitar, salvo exceção
legal;
Art. 175 = obrigatoriedade em licitar, nos casos de delegação de
serviço público (concessão e permissão);
Art. 173, § 1º, III, da CF = deve haver uma legislação sobre
licitação para Empresas Públicas ou Sociedades de Economia
Mista, exploradoras de atividade econômica – que foi regulada
pela Lei nº 13.303/13 (Lei das Empresas Estatais).
2. CONTRATAÇÃO DIRETA
As hipóteses em que a lei geral permite a contratação sem o processamento
do pertinente certame são os casos de:
(1) INEXIGIBILIDADE, de
(2) DISPENSA DE LICITAÇÃO ou LICITAÇÃO DISPENSÁVEL, bem
como de
(3) LICITAÇÃO DISPENSADA.
Na inexigibilidade, mesmo que o poder público queira, ele não tem como
fazer licitação, por ausência de um pressuposto lógico, ou seja, por
inviabilidade de competição. Já no caso de dispensa de licitação, o Poder
Público até pode, no caso concreto, fazer licitação, mas a lei autoriza que, por
oportunidade e conveniência, contrate diretamente.
DISPENSA DE LICITAÇÃO
INEXIGIBILIDADE
LICITAÇÃO DISPENSADA
Art. 25 Art. 24 Art. 17
Ato
Ato VINCULADO Ato VINCULADO
DISCRICIONÁRIO
Casos
Casos TAXATIVOS Casos TAXATIVOS
EXEMPLIFICATIVOS
Gabarito comentado:
A) A resposta é afirmativa. É possível a contratação direta de arquiteto com
base em inexigibilidade de licitação, desde que o serviço técnico (elaboração
do projeto básico) seja de natureza singular e o profissional seja de notória
especialização, conforme o Art. 25, inciso II, c/c o Art. 13, inciso I, ambos da
Lei nº 8.666/93.
B) A resposta é negativa. A ligação entre o autor do projeto básico e a
sociedade licitante é suficiente para direcionar a licitação ou conceder
vantagens indevidas. O fundamento normativo é a violação aos princípios da
isonomia e da impessoalidade, essenciais aos procedimentos licitatórios, nos
termos do Art. 3º da Lei nº 8.666/93 OU a vedação explícita contida no Art.
9º, inciso I , da Lei nº 8.666/93.
PARA GABARITAR
Resumo: é importante saber as hipóteses do art. 25 (os casos dos três
incisos), porque só são três! Assim, quando o exemplo do examinador não
se encaixar nas hipóteses de inexigibilidade, temos que entender que é caso
de dispensa de licitação. Pronto!
3. CONCEITO
Licitação é um procedimento, ou seja, é uma sucessão de atos,
previamente encadeados, tendentes a um fim, que são os seus objetivos
previstos no art. 3º, “caput”, primeira parte, da Lei nº 8.666/93.
“Licitação é o procedimento administrativo destinado à escolha de pessoa a
ser contratada pela Administração ou a ser beneficiada por ato
administrativo singular, no qual são assegurados tanto o direito dos
interessados à disputa como a seleção do beneficiário mais adequado ao
interesse público” (SUNDFELD, Carlos Ari. Licitação e contrato
administrativo. São Paulo: Malheiros, 1994, p. 15).
Vamos ver um exemplo resumido de uma “sucessão de atos” em uma
licitação na modalidade de concorrência:
Publicação do edital possibilidade de impugná-lo Habilitação
Recurso Julgamento das propostas Recurso Adjudicação
Homologação.
NÃO CONFUNDA!
A Lei nº 8.666/93, no art. 4º, parágrafo único, informa que: “O procedimento
licitatório previsto nesta lei caracteriza ATO ADMINISTRATIVO
FORMAL, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração
Pública.”. Ora, licitação é uma sucessão de atos, tal qual é um procedimento,
como poderia então ser um “ato administrativo formal”?
Em verdade, o legislador pretendeu criar uma “ficção jurídica”, sendo que se
considera que o referido procedimento se consubstancia em um ato
administrativo formal. Assim, cuidado na prova! Apesar de a licitação ser
um procedimento, ficticiamente será ela um ato administrativo formal.
PARA GABARITAR
O que, na prática, o art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93 quer revelar?
Ora, se a regra em questão considera que o procedimento de licitação
“ficticiamente” é um ato administrativo “único” e “formal”, a nulidade
de qualquer ato do procedimento gera a nulidade de todo o certame.
Ainda que já estejamos em fase adiantada, com contrato assinado ou mesmo
com a execução do ajuste em curso, o procedimento poderia ser anulado,
porque todo ele é considerado, como dito, um “ato formal único”.
Assim, o examinador formulará uma questão induzindo que eventual
nulidade no certame precluiu (desfez seus efeitos) em momento posterior, ou
porque se inaugurou uma nova fase, ou porque a licitação foi homologada, ou
porque houve adjudicação. Isso não procede, como vimos. Não entre nesta
“onda”!
Além disso, o legislador deixou claro no mencionado art. 4º, parágrafo único,
da Lei nº 8.666/93 que os atos praticados no limiar da licitação podem ser
questionados por Mandado de Segurança.
4. OBJETIVOS
O art. 3º, “caput”, primeira parte, da Lei nº 8.666/93 determina que a licitação
deve pretender garantir:
(a) a ISONOMIA;
(b) a SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA para a
administração; e
(c) a PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL;
Gabarito comentado:
A) Sim. O tratamento favorecido dado às microempresas e empresas de
pequeno porte tem respaldo constitucional, na forma do Art. 170, inciso IX,
da CRFB/88 OU no Art. 179 da CRFB/88.
B) Não. A licitação destinada exclusivamente às microempresas e às
empresas de pequeno porte não pode ser aplicada quando não houver um
mínimo de 3 (três) fornecedores competitivos sediados no local ou
regionalmente, e que sejam capazes de cumprir as exigências estabelecidas
no instrumento convocatório, consoante o disposto no Art. 49, inciso II, da
Lei Complementar nº 123/06.
4.2 A SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA compreende
aquela definida pelo Poder Público como a mais adequada e economicamente
viável. Não necessariamente é a mais barata, pois o Poder Público pode
pretender um produto de maior qualidade, que em tese é mais caro. Assim, o
que dirá qual a proposta mais vantajosa são os tipos de licitação.
5. PRINCÍPIOS
A licitação pública é regida por vários princípios, os quais estão previstos no
art. 3º, “caput”, segunda parte, da Lei nº 8.666/93. Para gravar os princípios
que regrem as licitações e contratos administrativos, não vamos aplicar a
regra do “L I M P E” – ensinada PARA MEMORIZAR os princípios do art.
37 “caput” da CF/88.
PARA MEMORIZAR
Vamos memorizá-los por meio da regra do “L I M P I PRO VI JU”
(“limpiproviju”). Logo, estamos a falar da:
L EGALIDADE
I MPESSOALIDADE
M ORALIDADE
P UBLICIDADE
I GUALDADE
PRO BIDADE
VI NCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO
JU LGAMENTO OBJETIVO
Vamos falar de dois destes princípios, até porque muitos deles já foram antes
abordados.
(a) O princípio da vinculação do instrumento convocatório determina que
este documento vincula tanto a Administração Pública, quanto o particular
(licitante). Se uma pretensão de qualquer das partes não estiver prevista no
contrato, mas estiver prevista no edital, esta poderá exigir do particular o que
está previsto no edital, pois “o edital é a lei da licitação”.
NÃO CONFUNDA!
PRINCÍPIOS OBJETIVOS
L egalidade
I mpessoalidade
M oralidade Seleção da proposta
P ublicidade mais vantajosa
I gualdade Isonomia
PRO bidade
VI nculação ao Desenvolvimento
instrumento convocatório nacional Sustentável
JU lgamento objetivo
6. PROCEDIMENTOS (MODALIDADES)
6.1 INTRODUÇÃO
Com o intuito de possibilitar o controle do procedimento licitatório, em
especial para aferição do atendimento dos princípios que lhe são
correspondentes, o art. 38 da Lei Geral de Licitações normatiza e sistematiza
o processo administrativo referente à licitação, especificando os
documentos que ali deverão estar encartados, conforme se infere:
MODALIDADES GERAIS
Critério distintivo – VALOR DA AQUISIÇÃO
Modalidade Dispositivo Objeto
CONCORRÊNCIA Art. 22, § 1º Bens, serviços e
obras
TOMADA DE Art. 22, § 2º Bens, serviços e
PREÇOS obras
CONVITE Art. 22, § 3º Bens, serviços e
e §§ 6º a 8º obras
MODALIDADES ESPECIAIS
Critério distintivo – OBJETO
Modalidade Dispositivo Objeto
CONCURSO Art. 22, § 4º Trabalho
técnico,
científico ou
artístico,
LEILÃO Art. 22, § 5º Venda de bens
móveis
inservíveis para
a administração
ou de produtos
legalmente
apreendidos ou
penhorados
(Sobre o termo
“penhorados”,
conferir a
exposição que
segue).
PREGÃO Lei nº Bens e serviços
10.520/02 comuns
MODALIDADE ESPECÍFICA
Critério distintivo – ÁREA DE ATUAÇÃO
Modalidade Dispositivo Objeto
Regime Lei nº Bens, serviços e
Diferenciado de 12.462/11 obras
Contratações -
RDC
PARA MEMORIZAR
O esquema pode ser memorizado de outro modo. Confira:
MODALIDADES GERAIS
V Modalidade
A CONCORRÊNCIA
L TOMADA DE PREÇOS
O CONVITE
R
MODALIDADES ESPECIAIS
O Modalidade
B CONCURSO
J LEILÃO
E PREGÃO
T
O
MODALIDADE ESPECÍFICA
Á Modalidade
R Regime Diferenciado de Contratações - RDC
E
A
PARA GABARITAR
De outra forma para gabaritar. Para tanto, lembre da regra do
“COTOCOCOLEPRE”:
COncorrência
TOmada de preços
COnvite
COncurso
LEilão
PREgão
PARA GABARITAR
Não se pode combinar as modalidades de licitação ou “misturar” seus
ritos. Em outros termos, não se pode, a partir de duas ou mais modalidade,
“criar” um procedimento inédito.
PARA GABARITAR
A Lei nº 8.666/93 apresenta apenas duas modalidades licitatórias para se
alienar bens:
(a) Por LEILÃO: nos quatro casos apresentados (bens móveis inservíveis
para a administração; produtos legalmente apreendidos; bens penhorados;
bens imóveis derivados de dação em pagamento ou de processos judiciais –
aqui também cabe concorrência);
(b) Por CONCORRÊNCIA, nos demais casos.
Regra para gabaritar: se não for um dos casos de leilão, poderá ser
concorrência.
PARA MEMORIZAR
Em resumo, os licitantes, na primeira rodada – primeira oportunidade –,
apresentam as suas propostas, as quais são classificadas. Para a segunda
rodada, somente participam as empresas que se distanciaram em até 10% da
proposta mais vantajosa, as quais poderão dar seus novos lances. Se todas se
distanciarem em mais de 10%, teremos no mínimo 3 licitantes para a segunda
fase.
A. CONTRATAÇÃO INTEGRADA
Nas licitações de obras e serviços de engenharia, no âmbito do RDC, poderá
ser utilizada a contratação integrada, desde que técnica e economicamente
justificada e cujo objeto envolva, pelo menos, uma das seguintes condições
(art. 9º da Lei n. 12.462/2011):
a) inovação tecnológica ou técnica;
b) possibilidade de execução com diferentes metodologias; ou
c) possibilidade de execução com tecnologias de domínio restrito no
mercado.
O § 1º do mencionado dispositivo diz que a “contratação integrada
compreende a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e
executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a
realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e
suficientes para a entrega final do objeto”. Este seria o objeto desta nova
modalidade de contratação.
Houve inovações legislativas que se processaram no limiar do RDC.
Antigamente, o inc. III do § 2º do art. 9º da Lei n. 12.462/2011 determinava
que a contratação integrada se utiliza somente um tipo de licitação: o critério
de julgamento de técnica e preço. Isto mudou ainda em 2013 porque tal
dispositivo foi revogado pela Medida Provisória n. 630/2013, posteriormente
convertida na Lei n. 12.980/2014, permitindo que este tipo de contratação se
desse por qualquer critério de escolha da proposta mais vantajosa. Assim,
esta assertiva está errada, e não deveria ter sido assinalada.
Mas, afinal, o que é a “contratação integrada”, sendo uma das maiores
inovações proporcionadas pela RDC? Ela consiste em um modelo contratual
no qual o particular se incumbe tanto da confecção do projeto básico,
como da execução da obra, derivada deste documento. Gera-se, com isto, a
obtenção de ganho de eficiência no momento em que se transfere para o
contratado o risco do projeto, e as consequências financeiras decorrentes da
imperfeição dele. Além disso, quer-se, com isto, eliminar a fase de
planejamento da contratação, que é uma das mais burocráticas do certame.
Este ônus é transferido ao particular” (HEINEN, Juliano. Regime
diferenciado de contratações – Lei n. 12.462/2011. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2015).
Destaca-se que “não é permitida a renegociação contratual (aditivos), salvo
quando para a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro decorrente
de caso fortuito ou força maior, ou quando existir a necessidade de alteração
do projeto ou das especificações para melhor adequação técnica aos objetivos
da contratação, a pedido da administração pública, desde que não decorrentes
de erros ou omissões por parte do contratado, observados os limites previstos
na lei geral de licitações” (Idem).
B. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
A remuneração variável, de acordo com o que dissemos na obra
mencionada, “[...] não é uma novidade em termos de legislação, porque já era
prevista no âmbito das parcerias público-privadas (Lei nº 11.079/2004, art.
6º, “§ 1º O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro privado de
remuneração variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e
padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato”). De outro
lado, o Tribunal de Contas da União permitiu realizar contratações de risco
(exemplo emptio spei ou emptio rei speratae) muito similares ao instituto em
foco.
JURISPRUDÊNCIA
TCU, Acórdão n. 589/2004. Tratava-se de situação em que o Poder Público
contratou escritório de advocacia que seria remunerado por um percentual
sobre as benesses eventualmente obtidas para a Administração Pública.
C. ORÇAMENTO SIGILOSO
O RDC traz outra novidade: o orçamento sigiloso. “Este é um mecanismo
muito peculiar trazida pelo RDC e que gerou todo o tipo de debates e críticas.
Tal regime determina que o orçamento feito pelo Poder Público fique
reservado, ou seja, não possa ser conhecido pelos interessados e pelo público
em geral até o encerramento da licitação – art. 6º da Lei n. 12.462/2011.
Eis o que se denominou de “orçamento sigiloso”. Já a Lei n. 8.666/93, no art.
7º, § 2º, inciso II, justamente determina uma providência contrária, qual seja,
que, com fundamento no princípio da publicidade, os custos estimados para
a contratação devem ser conhecidos dos interessados desde a publicação do
edital” (Ibidem).
Por questões lógica, o orçamento sigiloso não se aplica aos critérios de
julgamento por maior desconto e por melhor técnica – art. 6º, §§ 1º e 2º,
da Lei n. 12.462/2011. Veja que. Nestes casos, o interessado deverá conhecer
o
Ainda, podemos dizer que: “O critério inédito acolhido pelo RDC, previsto
no inciso V do art. 18, escolherá a melhor proposta baseado no maior
retorno econômico, que nada mais é do que o resultado da economia
gerada com a execução do programa de trabalho apresentado pelo particular.
Esse tipo de contratação tem larga utilização, há muito, nos Estados Unidos e
no Reino Unido. Nesses negócios jurídicos são estabelecidos padrões de
remuneração, sendo que quanto maior for a economia gerada aos cofres
públicos, maior será a remuneração, proporcionalmente estabelecida. Há a
obrigação de que se produza um resultado em determinado prazo.
Geram-se, assim, os denominados “contratos de eficiência”, que são
remunerados por uma parcela de economia que a Administração Pública
aufere” (Ibidem). O § 3º do art. 23 disciplina as providências necessárias que
se possam efetivar para o caso de o contratado não cumprir com as metas.
Uma delas é: “§ 3º Nos casos em que não for gerada a economia prevista no
contrato de eficiência: I – a diferença entre a economia contratada e a
efetivamente obtida será descontada da remuneração da contratada”.
D. PUBLICIDADE NO RDC
Por fim, trataremos do tema da publicidade dos atos administrativos
praticados no limiar do RDC. Podemos dizer que: “A publicidade no regime
diferenciado teve inspiração nítida no Decreto federal n. 5.450/2005, que
disciplina a modalidade licitatória de pregão (Lei n. 10.520/2002), na forma
eletrônica. Esta semelhança pode ser notada a partir do que dispõe o art. 13, §
2º, do Decreto federal n. 7.581/2011, o qual justamente faz remissão ao ato
normativo primeiramente citado, ou seja, que as licitações sob a forma
eletrônica poderão ser feitas pela via do sistema eletrônico utilizado ao
pregão. Caso esta seja a opção do administrador público, considera-se
necessário que o procedimento do pregão eletrônico seja adaptado às
especificidades do regime diferenciado. Assim, ficou decidido que o RDC
admite duas maneiras de publicidade (art. 15, § 1º):
(a) No diário oficial de cada ente federado licitante; bem como
(b) No sítio eletrônico de cada entidade federada.
Aquilo que está contido no art. 15, § 1º, da Lei n. 12.462/2011 merece ser
transcrito: “A publicidade a que se refere o caput deste artigo, sem prejuízo
da faculdade de divulgação direta aos fornecedores, cadastrados ou não, será
realizada mediante: “I – publicação de extrato do edital no Diário Oficial da
União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, ou, no caso de
consórcio público, do ente de maior nível entre eles, sem prejuízo da
possibilidade de publicação de extrato em jornal diário de grande circulação;
e II – divulgação em sítio eletrônico oficial centralizado de divulgação de
licitações ou mantido pelo ente encarregado do procedimento licitatório na
rede mundial de computadores.”.
Há uma ideia de que todas as licitações, em pouco tempo, sejam rodadas em
meio eletrônico. Isso facilita contundentemente o controle das contas
públicas. Esta será a tendência, até porque o risco de se fraudar as licitações
eletrônicas é muito menor.
Gabarito comentado:
A) A resposta é afirmativa. O Regime Diferenciado de Contratações é
aplicável às licitações e contratações de obras e aos serviços de engenharia
para construção de estabelecimentos penais, na forma do Art. 1º, inciso VI,
da Lei nº 12.462/11.
B) A resposta é afirmativa. Para a obra pública em questão, a Administração
pode optar pelo regime da contratação integrada, certo que este regime
determina o desenvolvimento dos projetos básico e executivo pelo futuro
contratado, consoante o disposto no Art. 9º da Lei nº 12.462/11.
7. TIPOS DE LICITAÇÃO ou CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA
PROPOSTA MAIS VANTAJOSA
Os critérios ou o critério para se selecionar a proposta considerada mais
vantajosa deve estar expresso no instrumento convocatório. Segundo o § 1º
do art. 45 da Lei nº 8.666/93: “Para os efeitos deste artigo, constituem tipos
de licitação, exceto na modalidade concurso:
1) MENOR PREÇO
2) MELHOR TÉCNICA;
3) TÉCNICA E PREÇO;
4) MAIOR LANCE OU OFERTA;
Este último tipo é aplicado aos casos de alienação de bens ou concessão de
direito real de uso.
PARA MEMORIZAR
Grave bem: T I P O S de licitação é assim grafado, porque é “T” de
“TÉCNICA”, e “P” de “PREÇO”. Na palavra “MODALIDADE”, as
letras mencionadas não aparecem. Assim, quando o examinador quer saber as
modalidades de licitação ou os tipos, ou mesmo quando pretende fixar uma
comparação entre ambos, lembre do esquema: “T i P o”, é “T” de “técnica”,
e “P” de “preço”. Confira:
T ÉCNICA
I
P REÇO
PARA MEMORIZAR
Vamos a um esquema PARA MEMORIZAR:
PARA MEMORIZAR
10. EXTINÇÃO DA LICITAÇÃO
Os casos de extinção da licitação seguem a mesma lógica dos casos de
retirada (extinção) do ato administrativo, com uma peculiaridade quando
trata da revogação da licitação: a autoridade competente para a aprovação
do procedimento somente poderá revogar o certame por razões de interesse
público decorrentes de fato superveniente devidamente comprovado, para
justificar tal conduta. Já a anulação ocorre por motivo de ilegalidade, de
ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e
devidamente fundamentado.
Então, a revogação da licitação não é de todo “discricionária”, pois só se
pode assim praticar diante de motivo superveniente, excepcional e
devidamente motivado.
PARA MEMORIZAR
Vamos memorizar:
11. PROCEDIMENTOS AUXILIARES
Os procedimentos auxiliares não são institutos autônomos ou satisfativos,
mas sim, afetos a melhorar a dinâmica dos demais procedimentos ou para
reduzir sua complexidade. Servem, portanto, aos outros ritos, porque não
produzem, por si mesmos, um resultado útil à Administração Pública ou ao
interessado particular. Vamos nos concentrar, aqui, apenas no procedimento
de registro de preços.
11.1 REGISTRO DE PREÇOS (art. 15, inciso II, e §1º a 8º, da lei nº
8666/93)
A. Natureza jurídica: é um procedimento auxiliar que complementa as
outras modalidades de licitação.
B. Objeto: serve a contratação de bens em que o estado precisa
cotidianamente e que não sabe o quantitativo exato. Viabiliza, portanto,
diversas contratações concomitantes ou sucessivas, sem a realização de um
específico procedimento licitatório para cada uma delas
C. Procedimento: é imprescindível que os entes públicos adotem uma
metodologia comum, ou seja, padronizada. De todo modo, vamos
sistematizar o procedimento: o Poder Público licitante faz uma licitação na
modalidade ou de CONCORRÊNCIA, ou de PREGÃO, ou pelo REGIME
DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES, a fim de gerar uma ata de
registro de preços, que tem prazo de validade de no máximo UM ano.
PARA MEMORIZAR
PARA MEMORIZAR
CONTRATO ADMINISTRATIVO
DUAS PARTES uma sendo uma ESTADO e
outra o PARTICULAR
+
OBJETO deve guarnecer o INTERESSE
PÚBLICO
+
VONTADE DE CONTRATAR
+
PRESENÇA DE CLÁUSULAS EXORBITANTES
ou REGIME DERROGATÓRIO
(decorrentes do regime jurídico-administrativo)
NÃO CONFUNDA!
NÃO CONFUNDA CONTRATOS ADMINISTRATIVOS com
CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO. Nem todo o contrato que o
Estado faz é um contrato administrativo, pois o Estado pode fazer contratos
tipicamente privados, chamados de “contratos da administração”.
No caso, o art. 62, § 3º, da Lei nº 8.666/93 trata como CONTRATOS DA
ADMINISTRAÇÃO, os seguintes negócios feitos pelo Estado:
(a) contratos de seguro;
(b) contratos de financiamento;
(c) contratos de locação em que o Poder Público seja locatário;
(d) aos demais contratos cujo conteúdo seja regido,
predominantemente, por norma de direito privado.
Assim, a prova poderá dizer que estas espécies de negócios seriam típicos
casos de “contratos administrativos”, quando não necessariamente são.
PARA MEMORIZAR
Vamos memorizar este tema a partir do fluxograma ora apresentado:
PARA GABARITAR
Como a prova poderia cobrar esta matéria? Normalmente ela faz algumas
frases confundindo o candidato. Vamos a elas:
“Contratos da administração é gênero do qual é espécie o
contrato administrativo.”. Resposta: VERDADEIRO;
“Contrato da administração é todo o negócio jurídico feito pelo
poder público, de modo que os contratos da administração são
tanto os contratos administrativos como os contratos privados.”.
Resposta: VERDADEIRO;
“Contrato administrativo é gênero, sendo o contrato da
administração uma espécie.”. Resposta: FALSO;
“Todo contrato administrativo é um contrato da administração”.
Resposta: VERDADEIRO;
“Todo contrato da administração é um contrato administrativo”.
Resposta: FALSO;
“Todo contrato administrativo é um contrato feito pelo Estado”.
Resposta: VERDADEIRO;
“Todo contrato da administração é um contrato feito pelo
Estado”. Resposta: VERDADEIRO;
“Todos os contratos feitos pela Administração Pública são
contratos administrativos”. Resposta: FALSO;
Compreendeu o “jogo de expressões” utilizado pelo examinador?
PARA MEMORIZAR
Vamos simplificar a matéria de modo a deixar mais fácil a memorização dos
prazos contratuais em questão:
Hipóteses Prazo
Prazo geral Vigência dos respectivos
créditos orçamentários
Créditos previstos no plano plurianual Quatro anos
Aluguel de equipamentos e à utilização de Quarenta e oito meses
programas de informática
Serviços contínuos Sessenta meses,
prorrogável por mais
doze meses
Casos de possibilidade de Cento e vinte meses
comprometimento da segurança nacional;
compras de material de uso pelas Forças
Armadas; bens e serviços, produzidos ou
prestados no País, que envolvam,
cumulativamente, alta complexidade
tecnológica e defesa nacional; bens e
serviços ligados à inovação e à pesquisa
científica e tecnológica no ambiente
produtivo.
Vamos a um esquema:
Veja que, aqui, não há nenhum evento externo à relação contratual, mas uma
inadimplência em uma das cláusulas do contrato administrativo.
PARA MEMORIZAR
FATO DO PRÍNCEPE Evento EXTERNO à relação
contratual;
Gabarito comentado:
A) A resposta é afirmativa. No exercício da autotutela, a Administração deve
anular o ato portador de vício insanável, mediante parecer escrito e
devidamente fundamentado, conforme o Art. 49, caput, da Lei nº 8.666/93,
certo que a nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, na
forma do Art. 49, § 2º, da Lei nº 8.666/93.
B) A resposta é afirmativa. Por surtir efeitos na esfera jurídica do contratante,
deve ser assegurada ampla defesa e o contraditório na anulação do contrato
decorrente de vício no procedimento licitatório, como decorrência da garantia
constitucional prevista no Art. 5º, inciso LV, da CRFB/88 OU na forma do
Art. 49, § 3º, da Lei nº 8.666/93.
XI. DOMINIO PÚBLICO
A matéria de domínio público pode ser subdividida em dois temas:
(a) DOMÍNIO PATRIMONIAL ou BENS PÚBLICOS = trata da relação
do Estado para com os bens que lhe pertencem, ou seja, de sua propriedade; e
(b) DOMÍNIO EMINENTE ou INTERVENÇÃO DO ESTADO NA
PROPRIEDADE ALHEIA = trata da relação do Estado com os bens que
não lhe pertencem, enfim, que estão no domínio do cidadão.
Então, “domínio público” é gênero, do qual são espécies o “domínio
patrimonial” (ou “bens públicos”) e o “domínio eminente” (ou “intervenção
do Estado na propriedade alheia”).
1.1 CLASSIFICAÇÃO
Os bens públicos podem ser classificados segundo alguns critérios.
A) QUANTO À TITULARIDADE
Tal classificação dá foco a quem pertencem os bens públicos, enfim, qual
dos entes federados (ou entes políticos) é o titular de determinado
patrimônio. Quem deu cabo de disciplinar esta matéria foi a Constituição
Federal. Então, os bens podem ser
Significa dizer, portanto, que se um bem público não estiver no rol daqueles
listados como pertencentes à União ou aos Estados federados, será
considerado bem municipal.
Além disso, devemos destacar que a Lei nº 6.383/76 dispõe sobre o processo
discriminatório de terras devolutas da União. Enfim, este ente arrecadará
tais imóveis ao seu domínio por meio da ação discriminatória.
NÃO CONFUNDA!
Não pode ser confundido TERRA DEVOLUTA (que pertence aos Estados
ou em certos casos à União) com FAIXA DE FRONTEIRA, cuja porção de
terras continua a pertencer ao particular, mas pode ter sua ocupação e
utilização reguladas em lei. As questões pegarão os elementos de cada qual,
misturarão, para deixar o candidato confuso. Vamos ver como isto acontece:
QUESTÃO: Marque verdadeiro ou falso: “Constitui terra devoluta
pertencente à União a faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura,
ao longo das fronteiras terrestres.”
Resposta: falso, porque se confundiu terra devoluta com faixa de fronteira.
PARA GABARITAR
Pode ser cobrado pela utilização de bens de uso comum do povo (chamados
de “bens de uso comum do povo anormais”) – art. 103 do CC: “O uso
comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for
estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.”.
Assim, não estranhe se uma questão fornecer um exemplo de uso de um bem
público que tipicamente é de uso comum (exemplo: praça, praia etc.), e disser
que o ingresso nele depende do pagamento de emolumentos. Isso pode
efetivamente acontecer, a depender da legislação específica.
Vamos a alguns exemplos: cobrança de ingresso para ingressar em museu;
pedágios em estradas etc.
PARA GABARITAR
A (des)afetação ou a (des)consagração pode ser:
(a) EXPRESSA
(a1) por lei; ou
(a2) por ato administrativo;
PARA GABARITAR
Desse modo, as acessões (construção e plantação) instituídas sobre bens
públicos não são passiveis de indenização, porque o ocupante será sempre
mero detentor, SALVO se autorizado pelo poder público.
JURISPRUDÊNCIA
Observa-se que em algumas situações a Suprema Corte relativiza a
impenhorabilidade, como, por exemplo, diante de constrição de rendas
públicas para garantir o custeio de tratamento de saúde. Vide: STF, RE
nº 436.996; idem STJ, REsp. nº 801.860.
NÃO CONFUNDA!
Vimos que um particular não pode usucapir bem público. E que aquele
sujeito que ocupa bem desta natureza é mero detentor. Mas pode o
particular usucapir o direito real de uso de bem público de outro
particular (Sobre o tema: STJ, REsp. nº 507.798-RS; STJ, Informativo nº
202). Ou, o que é ainda mais interessante: um sujeito que ocupa um bem
público pode propor ações possessórias contra outro particular que
intente turbar ou esbulhar o bem público ocupado.
JURISPRUDÊNCIA
STJ, REsp. nº 792.527/DF, 3ª Turma, j. 1º/04/2008: “REINTEGRAÇÃO DE
POSSE. BEM DA UNIÃO OCUPADO POR PARTICULAR. ESBULHO
COMETIDO PELO DISTRITO FEDERAL. (...) 3. A alegação de posse de
bem público não pode ser oposta, pelo possuidor, apenas ao ente público
titular do domínio. Para terceiros, a ocupação deve ser vista como verdadeira
posse, a ser protegida por reintegração, no caso de esbulho, ou manutenção,
no caso de turbação.”.
PARA MEMORIZAR
Veja que a precariedade ou não induz a necessidade de indenizar ou não o
particular, mas não gera efeitos na possibilidade ou não de revogar o ato ou
contrato administrativo.
NÃO CONFUNDA!
A concessão de uso e permissão de uso não se confunde com concessão e
permissão de serviço público, sendo que estas últimas se referem à
delegação do exercício desta atividade a particular, na forma do art. 175 da
CF/88.
Exemplo: Cidadão que utiliza a orla do Guaíba para colocar uma marina tem
uma autorização, de modo que pode ser revogado a qualquer tempo sem
indenização.
PARA GABARITAR
Imagine que um sujeito esteja a cultivar plantas psicotrópicas em apenas uma
pequena parte de uma área de terras maior (conforme o esquema que seque,
seria apenas na área circular pintada). Confiscar-se-ia toda a área, ou só
aquela parte levada a cabo ao cultivo mencionado?
O entendimento do STF é que a área de terras, ainda que tenha apenas uma
parte com cultivo de plantas psicotrópicas, deverá ser confiscada na sua
integralidade.
(B) DESAPROPRIAÇÃO
(B1) Previsão normativa: o instituto da desapropriação tem previsão nos
seguintes dispositivos da Constituição Federal de 1988.
- Art. 184: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins
de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função
social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será
definida em lei. § 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas
em dinheiro. § 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social,
para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de
desapropriação. § 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento
contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de
desapropriação. § 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de
títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender
ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º São isentas de impostos
federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária.”.
JURISPRUDÊNCIA
STJ, Informativo nº 435: Município não pode desapropriar das empresas
públicas ou das sociedades de economia mista federais sem autorização do
Presidente da República, por decreto.
PARA GABARITAR
A União pode desapropriar um bem do Estado, do Município e do cidadão. O
Estado, ao seu turno, pode desapropriar um bem do Município sediado em
sua circunscrição e do cidadão. E, por fim, o Município pode desapropriar
bens do cidadão. Sendo assim, o Estado não pode desapropriar bens da
união, e o Município não pode desapropriar bens do Estado e da União.
Além disto, como vimos, o Estado não pode desapropriar bem do
Município que esteja fora da sua circunscrição territorial.
Gabarito comentado:
A) A resposta é afirmativa. É possível que a entidade administrativa promova
a desapropriação e, consequentemente, ajuíze a respectiva ação, na forma do
Art. 3º do Decreto-lei nº 3.365/41, desde que haja autorização expressa em lei
ou no contrato.
B) A resposta é afirmativa. Os legitimados para promover a desapropriação
por utilidade pública possuem o prazo de 5 (cinco) anos, a contar da
expedição do decreto, para o ajuizamento da respectiva ação, sob pena de
caducidade, consoante o Art. 10 do Decreto-lei nº 3.365/41.
JURISPRUDÊNCIA
JURISPRUDÊNCIA
PARA MEMORIZAR
PARA GABARITAR
Ainda que a desapropriação seja extraordinária, as acessões (construções e
plantações) ou benfeitorias serão pagas em dinheiro. O que será
indenizado em títulos da dívida pública é somente a área de terra nua.
CF/88, art. 184, § 1º: “As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas
em dinheiro.”.
JURISPRUDÊNCIA
STJ, Informativo nº 454: “O pagamento da indenização em desapropriação
direta restringe-se à área registrada constante do decreto expropriatório,
incumbindo à parte o ingresso em via ordinária própria para a apuração de
eventual esbulho de área excedente (art. 34 do DL n. 3.365/1941 e do art.
6º, § 1º, da LC n. 76/1993). Isso porque o Poder Público estaria indenizando
por uma área cuja propriedade não se evidencia.”.
JURISPRUDÊNCIA
PARA MEMORIZAR
PARA MEMORIZAR
Perícia: caso exista controvérsia acerca do real valor do bem expropriado, o
magistrado deverá determinar a realização de perícia (STJ, Informativo nº
467).
PARA GABARITAR
Quando há uma discordância acerca do valor do bem desapropriado e houver,
então, uma perícia, pode, em demanda expropriatória, o juiz fixar em
sentença valor inferior ao que foi pedido, não violando os limites objetivos da
lide (STJ, Informativo nº 435). Exemplo: se o Estado oferta ao bem o valor
de 100, e o sujeito demandado (desapropriado) diz em contestação que o
valor justo é de 200, o juiz deverá determinar realização de perícia. O
experto, ao avaliar a coisa objeto de disputa, diz que vale 50. O magistrado
poderá condenar ao pagamento de valor inferior àquele oferecido na inicial,
seguindo, neste caso, o montante atribuído na prova técnica.
NÃO CONFUNDA!
Não se deve confundir a requisição administrativa com a desapropriação.
Vamos expor suas diferenças de modo didático:
DESAPROPRIAÇÃO REQUISIÇÃO
BENS BENS e SERVIÇOS
DEFINITIVA TEMPORÁRIA
COM INDENIZAÇÃO INDENIZA SÓ SE HOUVER
DANO
AQUISIÇÃO DA USO DA PROPRIEDADE
PROPRIEDADE
DEPENDE DE AUTO-EXECUTÓRIA
PROCEDIMENTO
JURISPRUDÊNCIA
STF, RE nº 114.468-PR, DJU 24/06./988): “Limitação administrativa. Prédio
considerado unidade de interesse de preservação, por decreto do Prefeito
Municipal de Curitiba. Limitação genérica, gratuita e unilateral ao exercício
do direito dos proprietários, em prol da memória da cidade, que tem base no
parágrafo único do artigo 180 da Constituição da República [de 1967].
Recusa de autorização para demolição que não importa afronta ao direito de
propriedade. Recurso não conhecido.”.
Espécies:
(a) Negativa
(b) Positiva
(c) Permissiva (dever de tolerar).
JURISPRUDÊNCIA
STF, Informativo nº 278. Conferir também o STJ, REsp. nº 17.137-SP, 2ª
Turma, Rel. Min. Hélio Mosimann, DJU 20/02/95.
Exceção: quando a limitação administrativa (e também o tombamento, a
seguir analisado) gerar prejuízo a determinada pessoa (sujeito específico),
o dever de indenizar se impõe (STJ, REsp. nº 922.786-SC, 1º Turma, DJ
18/08/2008; STJ, REsp. nº 317.507-SP, 2ª Turma, Rel. Min. Faciulli Netto,
DJU 31/03/2003). Exemplo: determinado cidadão possui uma área de terras
onde criava gado para engorda e alienação futura. Certa feita, esta área de
terras sofre uma limitação administrativa, transformando-a em área de
preservação permanente, o que a torna imprópria ao cultivo ou à criação de
animais. Veja que o proprietário privado sofre um prejuízo em benefício de
toda a comunidade, que contará, agora, com um meio-ambiente protegido
neste local. Então “toda comunidade”, na pessoa do Estado, deverá indenizar
o proprietário que suportou o ônus.
Objeto: ônus real sobre bems imóveis. Pode existir servidão administrativa
sobre bens públicos (Exemplo: postes de luz sobre bens públicos).
Indenização:
(a) Art. 36, DL nº 3.365/41: se atrelada à obras públicas, e ligada à
desapropriação, há indenização (STJ, REsp. nº 174.326-PR, Rel. Min. Ari
Pagendler);
(b) Art. 5º, inciso XXIII e art. 170, inciso III, ambos da CF/88: se atrelada à
serviços ou atividades públicas (Exemplo: imóvel para receber uma subseção
eleitoral, a captar os votos em eleições), é sem indenização;
(c) Art. 58, inciso V e art. 80, inciso II, ambos da Lei nº 8.666/93: pode ter
indenização;
(d) Art. 35, §§ 2º a 4º, da Lei nº 8.987/95: pode ter indenização.
(E) TOMBAMENTO
Introdução: no ano de 1375, o arquivo de Lisboa foi transferido à Torre do
Tombo. Então, tudo o que vinha a ser inscrito no arquivo, ou seja, era
“levado” a referida torre, dizia-se que estava a ser “ “tombado”. Daí a
nomenclatura.
Previsão normativa:
CF/88, art. 24, inciso VII, CF-88 – competência concorrente para
legislar sobre a matéria relativa à proteção ao patrimônio
histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
CF/88, Art. 216, § 1º e 5º: trata da proteção patrimônio cultural
brasileiro;
Decreto-lei nº 25/37: dispõe sobre a proteção do patrimônio
histórico e artístico nacional.
Objeto:
(a) Formal (bem juridicamente protegido): a proteção do patrimônio
histórico, cultural e artístico nacional;
(b) Material (objetos passíveis de serem tombados):
Bens IMÓVEIS;
Bens MÓVEIS (exemplo: um automóvel de valor histórico);
Bens IMATERIAIS (exemplo: tombar a receita do acarajé, a
forma de fazer a literatura de cordel etc.);
Uma REGIÃO ou LOCAL inteiro (exemplo: tombar o Plano
Diretor de Brasília-DF, ou toda a cidade de Ouro Preto-MG etc.);
Bens PÚBLICOS.
Excluem-se da possibilidade de tombamento aqueles listados no art. 3º do
Decreto-lei nº 25/37: “Exclúem-se do patrimônio histórico e artístico
nacional as obras de orígem estrangeira: 1) que pertençam às representações
diplomáticas ou consulares acreditadas no país; 2) que adornem quaisquer
veiculos pertecentes a emprêsas estrangeiras, que façam carreira no país; 3)
que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da Introdução do Código
Civíl, e que continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário; 4) que
pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos; 5) que
sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais: 6)
que sejam importadas por emprêsas estrangeiras expressamente para adôrno
dos respectivos estabelecimentos. Parágrafo único. As obras mencionadas
nas alíneas 4 e 5 terão guia de licença para livre trânsito, fornecida pelo
Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.”.
Espécies de tombamento:
(a) Quanto ao MOMENTO do tombamento:
(a1) Provisório: ocorre preventivamente, ou seja, antes de se ter
terminado o processo administrativo respectivo. Ocorre com a
notificação do proprietário. A partir deste ato incidem todas as
obrigações que do tombamento decorrem, com exceção do dever de
registro. Prepara ao tombamento à sua definitividade, até para evitar o
desmonte do bem, pelos proprietários ou por terceiro, enquanto corre
o processo em questão;
(a2) Definitivo: ocorre depois de se ter terminado o processo
administrativo relativo ao tombamento. Efetiva-se com a inscrição da
coisa ou do local em livro próprio (no âmbito federal, chama-se de
“livro tombo”). O registro e o ato subsequente ao tombamento, para
dar conhecimento e oposição a terceiros, deve ser feito também na
matrícula do imóvel (art. 13).
PARA GABARITAR
Observação: a notificação é obrigatória (STF, MS nº 25.351).
Observação: O tombamento provisório gera os mesmos efeitos práticos
do definitivo (STJ Informativo nº 846).
PARA MEMORIZAR
DE VOLUNTÁRIO COMPULSÓRIO
OFÍCIO
INICIATIVA Estatal Privada Estatal
NATUREZA Estatal Privado Privado
DO BEM
PARA GABARITAR
Todos os entes podem tombar um bem de outro (Exemplo: Município
pode tombar bem da União, e vice-versa).
JURISPRUDÊNCIA
STF, RE nº 219.292-MG, publicado no Informativo nº 194: "Tombamento de
bem imóvel para limitar sua destinação a atividades artístico-culturais.
Preservação a ser atendida por meio de desapropriação. Não pelo emprego da
modalidade do chamado tombamento de uso. Recurso da Municipalidade do
qual não se conhece, porquanto não configurada a alegada contrariedade,
pelo acórdão recorrido, do disposto no art. 216, § 1º, da Constituição."
Indenização: em regra, não indeniza. Exemplo: o Poder Público tomba uma
obra de arte que fica na posse do particular, fato que não evidencia prejuízos
a serem ressarcidos.
Exceções: quando o proprietário provar que o tombamento lhe gera
prejuízos econômicos ou à normal utilização do bem (STF, AI nº 127.174,
Rel. Min. Celso de Mello; STJ, REsp. nº 49.865-SP), ou quando se tem
gastos para sua conservação (Decreto-lei nº 25/37, art. 19). Assim, quando
há obrigação de fazer ou se esvazia direito de propriedade, há o dever de
indenizar (STJ, REsp. nº 1.098.640).
2. CLASSIFICAÇÃO
(A) QUANTO AOS TITULARES: o serviço público pode ser federal
(prestado pela União), estadual (fornecido pelos Estados-federados) ou
municipal (prestado pelo Município). Aqui temos uma competência não só
para prestar, mas também para legislar.
Sendo assim, o texto constitucional estabeleceu, em certas áreas, qual ente
público deveria prestar certo serviço público, sendo ele de sua titularidade.
Exemplo: fornecimento e produção de energia elétrica, transporte aéreo de
passageiros, transporte interestadual de passageiros, telefonia etc. são
serviços públicos federais.
JURISPRUDÊNCIA
“Os serviços públicos podem ser próprios e gerais, sem possibilidade de
identificação dos destinatários. São financiados pelos tributos e prestados
pelo próprio Estado, tais como segurança pública, saúde, educação, etc.
Podem ser também impróprios e individuais, com destinatários determinados
ou determináveis. Neste caso, têm uso específico e mensurável, tais como os
serviços de telefone, água e energia elétrica. Os serviços públicos impróprios
podem ser prestados por órgãos da administração pública indireta ou,
modernamente, por delegação, como previsto na CF (art. 175). São regulados
pela Lei 8.987/95, que dispõe sobre a concessão e permissão dos serviços
público.” (STJ, REsp. nº 1.062.975-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma,
j. 23/09/2008).
PARA GABARITAR
STF, Súmula Vinculante nº 41: “O serviço de iluminação pública não pode
ser remunerado mediante taxa.”
PARA MEMORIZAR
PARA GABARITAR
Súmula Vinculante 41: “O serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa.”.
STF, Súmula nº 670: “O serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa.”.
JURISPRUDÊNCIA
Os serviços públicos se sujeitam ao Código de Defesa do Consumidor
(CDC) – Lei nº 8.078/90? O STJ entende que somente um serviço público
uti singuli remunerado por tarifa se sujeita ao CDC, pois os serviços uti
universi, como não sei quem é que consome não temos como formar uma
relação de consumo. E o serviço uti singuli remunerado por taxa há uma
relação jurídico administrativa que não se coaduna com os princípios do
CDC.
Ademais, é possível cobrar taxa de serviço público posto à disposição, ainda
que o usuário não tenha interesse em utilizar aquele serviço público, o que
não se coaduna com o CDC, que não permite cobrar por algo que não se
consumiu, ou seja, como dito, “posto à disposição”. (Conferir: STJ, REsp. nº
1.062.975-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma, j. 23/09/2008).
Observação: contudo, a Lei nº 13460/17 de certa forma enaltece este
panorama, ao disciplinar acerca da participação, proteção e defesa dos
direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública. Veja o
que dispõe o § 2º do art. 1º: “A aplicação desta Lei não afasta a necessidade
de cumprimento do disposto: I - em normas regulamentadoras específicas,
quando se tratar de serviço ou atividade sujeitos a regulação ou supervisão;
e II - na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, quando caracterizada
relação de consumo.”. Logo, o CDC continua se aplicando à prestação de
serviços públicos que caracterizem uma relação consumeirista, o que é
ratificado pela legislação ora destacada.
PARA GABARITAR
O “serviço concorrencial” ou “serviços de interesse econômico geral",
como vimos, pode ser prestado tanto por um particular, como pelo Estado,
independentemente de elegação formal deste último. Contudo, questiona-se
se este serviço, quando prestado pelo particular, seria um “serviço público”
ou “serviço de utilidade pública”, o que os norte-americanos chamam de
“public utility”, ou seja, uma atividade privada altamente regulada e
fiscalizada pelo Poder Público, os quais prescindem de prévia delegação
estatal e portanto são consideradas, na origem, atividades de natureza
privada.
Não há consenso acerca deste assunto, sendo que há quem considere serviço
público, e há quem considere serviço de utilidade pública. Contudo, não se
tem dúvidas de que estas atividades concorrenciais, quando prestadas pelo
Estado, são serviços públicos. Como vimos, repito, a dúvida remanesce no
que se refere às atividades concorrenciais prestadas pelo particular. O STF
possui julgado afirmando que estas últimas seriam “serviço de utilidade
pública”, ou seja, é uma atividade altamente regulamentada e fiscalizada e
que visa também a satisfazer as necessidades sociais (Observação: um debate
importante sobre o tema foi feito na ADI nº 1.923 (STF, Informativo nº
621)).
JURISPRUDÊNCIA
Entendendo que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT)
presta serviço público, foi-lhe concedida, inclusive, imunidade tributária
(STF, RE nº 407.099-RS, Rel. Min. Carlos Velloso, Pleno, DJ 06/08/2004;
STF RE nº 601392-PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Pleno, j. 16/11/2011).
PARA MEMORIZAR
PARA MEMORIZAR
O QUE MARCAR NA LEGISLAÇÃO
PARA MEMORIZAR
NÃO CONFUNDA!
Não confundir com permissão e concessão de uso de bem público com
permissão e concessão de serviço público. Como vimos, são coisas
diversas, porque o primeiro franqueia a utilização de bens que pertencem ao
Poder Público, enquanto que o segundo, autoriza a execução de uma
atividade de titularidade dos entes estatais e que se classifica como “serviço
público”.
CONCESSÃO PERMISSÃO
Pessoa jurídica ou Pessoa jurídica ou
consórcio de pessoas pessoa física
jurídicas
Pode envolver obra Não pode envolver obra
Licitação da na Sujeita-se a qualquer
modalidade de modalidade de licitação
concorrência
Caráter não precário Caráter precário*
*
Lembramos que a precariedade de um ato permite a sua retirada a qualquer
tempo sem indenização. Então a concessão de serviço público é um
contrato NÃO precário, de modo que é revogável a qualquer momento,
com o pagamento de indenização (v.g encampação). Já a permissão é um
contrato precário, de modo que é revogável a qualquer momento, sem o
pagamento de indenização.
PARA MEMORIZAR
PARA GABARITAR
Pode haver subconcessão da execução do serviço público, ou seja,
transferência a terceiros, desde que:
(a) haja autorização do Poder Público concedente;
(b) aquele a quem é transferida a concessão ou permissão deverá deter os
mesmos requisitos exigidos ao concessionário originário;
(c) atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e
regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e
(d) comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em
vigor.
Gabarito:
1) B
2) A
3) B
4) D
HIPÓTESES DE SIGILO;
PRAZOS DE SIGILO.
De resto, raras vezes é cobrado conhecimento de outro dado que não estes
mencionados. Então, vamos ao estudo dos itens listados.
2. CLASSIFICAÇÃO
Assim, é essencial, no tema, compreender a classificação destas várias
maneiras de implementar o controle da atividade administrativa. Vamos à
classificação.
PARA GABARITAR
No que tange à aprovação das contas públicas, devemos diferenciar se elas
se tratam daquelas prestadas por Chefe do Poder Executivo (Presidente da
República, Governado de Estado ou do Distrito Federal, ou e Prefeito), ou se
estamos diante de controle e julgamento das contras prestadas por outra
autoridade. No primeiro caso, as contas serão aprovadas ou não pelo
legislativo respectivo (Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e
Câmara de Vereadores, respectivamente), com o auxílio do Tribunal de
Contas respectivo (art. 71, inciso I, da CF/88). No segundo caso, será este
tribunal quem julgará esta prestação de contas, e não o Poder Legislativo
(inciso II do art. 71 da CF/88).
PARA MEMORIZAR
Autoridade que presta as Competência para apreciar
contas (julgar as contas)
Chefe do Poder Executivo Legislativo respectivo
Demais autoridades Tribunal de Contas respectivo
Ou
Ou
pelos motivos de fato e de direito que passa a expor. Assim, pede seja
recebido o presente recurso ordinário e, após a regula tramitação, seja
encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a fim de que seja
reformada a decisão que negou a segurança do presente Mandado de
Segurança.
Nesses termos, pede e espera deferimento.
[CIDADE (UF), DATA].
_________________________
Advogado
OAB/[UF] [Nº]
O presente Recurso Ordinário tem por objeto acórdão exarado pelo Tribunal
de Justiça do Estado Alfa, que denegou a ordem em relação aos pedidos
formulados pelo Recorrente nos autos do presente Mandado de Segurança.
Conforme será demonstrado, a decisão merece ser reformada, pelas razões
expostas neste recurso.
FATOS
No dia 05/06/2015, o estado Alfa fez publicar edital de concurso público para
o preenchimento de cinco vagas para o cargo de médico do quadro da
Secretaria de Saúde, com previsão de remuneração inicial de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), para uma jornada de trabalho de 20 horas semanais. O
concurso teria prazo de validade de um ano, prorrogável por igual período.
Felipe foi aprovado em quinto lugar, conforme resultado devidamente
homologado em 23/08/2015. No interregno inicial de validade do concurso,
foram convocados apenas os quatro primeiros classificados, e prorrogou-se o
prazo de validade do certame.
Em 10/03/2017, o estado Alfa fez publicar novo edital, com previsão de
preenchimento de dez vagas, para o cargo de médico, para jornada de 40
horas semanais e remuneração inicial de R$ 6.000,00 (seis mil reais), com
prazo de validade de um ano prorrogável por igual período, cujo resultado foi
homologado em 18/05/2017, certo que os três primeiros colocados deste
último certame foram convocados, em 02/06/2017, pelo Secretário de Saúde,
que possui atribuição legal para convocação e nomeação, sem que Felipe
houvesse sido chamado.
Em 11/09/2017, o advogado constituído por Felipe impetrou mandado de
segurança, cuja inicial sustentou a violação de seu direito líquido e certo de
ser investido no cargo para o qual havia sido aprovado em concurso, nos
exatos termos previstos no respectivo instrumento convocatório, com a carga
horária de 20 horas semanais e remuneração de R$ 5.000,00 (cinco mil reais),
mediante fundamentação nos argumentos jurídicos pertinentes, sendo certo
que as normas de organização judiciária estadual apontavam para a
competência do Tribunal de Justiça local.
Sobreveio acórdão, unânime, que denegou a segurança, sob o fundamento de
que o Judiciário não deve se imiscuir em matéria de concurso público, por se
tratar de atividade sujeita à discricionariedade administrativa, sob pena de
violação do princípio da separação de Poderes. Foram opostos embargos de
declaração, rejeitados por não haver omissão, contradição ou obscuridade a
ser sanada.
Desta forma, tendo em vista a manifesta ilegalidade cometida da autoridade
coatora, bem como diante dos fundamentos do Acórdão recorrido, interpõe-se
o presente recurso, pleiteando a reforma da decisão que denegou a segurança
da presente ação constitucional.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
INFORMAÇÕES
(a) [Nome e endereço completo do(a) procurador(a) da Parte Agravante];
(b) [Nome e endereço completo do(a) procurador(a) da Parte Agravada];
(c) Preparo: feito conforme documento ora anexado.
(d) Tempestividade: a parte Agravante foi devidamente intimada da decisão,
conforme certidão cartorária em anexo. Assim, considerando-se os termos do
art. 1003, “caput” e § 5º, mostra-se tempestivo o presente recurso.
(e) Documentos: junta-se com o presente recurso cópias:
(e.1) I da petição inicial;
(e.2) da contestação;
(e.3) da decisão agravada;
(e.4) da certidão da respectiva intimação [ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade]; e
(e.5) das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
Colenda Câmara.
Eminente Relator.
PEDIDOS FINAIS
Em face ao que foi exposto, a parte Agravante requer seja o presente agravo
de instrumento conhecido e processado:
(a) deferindo-se o pedido de efeito suspensivo ao recurso, a fim de
suspender a decisão ora impugnada, até o deslinde final da decisão;
(b) seja dada ciência à parte Agravada, para apresentar contraminuta de
agravo, querendo;
(c) ao final, seja dado provimento integral ao presente recurso, reformando-
se a decisão atacada, a fim de confirmar o efeito suspensivo pleiteado,
promovendo-se a reforma da decisão que admitiu a denunciação à lide, a fim
de que o denunciado seja excluído da demanda, bem como a condenação em
custas e honorários advocatícios;
Nesses termos, pede e espera deferimento.
[CIDADE (UF), DATA].
_________________________
Advogado
OAB/[UF] [Nº]
3. XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
3.1 PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL
Em 25/11/2016, o Ministério Público ajuizou ação civil pública de
improbidade administrativa exclusivamente em face da sociedade empresária
Veloz Ltda. e de seu antigo administrador, Marcelo, por infração ao disposto
no Art. 10 da Lei nº 8.429/92, em decorrência de se haver beneficiado, por
dispensa indevida de licitação, do contrato de compra de veículos oficiais
para a Assembleia Legislativa, firmado em 03/04/2010 pela autoridade
competente, deputado estadual cujo mandato terminou em 31/01/2011.
No curso da fase probatória, restou demonstrado que a dispensa de licitação
foi efetivamente indevida, bem como caracterizada a culpa dos demandados
na formalização do contrato. Igualmente, verificou-se que os veículos foram
entregues em momento oportuno e que foi cobrado preço compatível com o
mercado, além de comprovada a boa reputação da sociedade empresária
Veloz Ltda.
Na sentença, o Juízo da 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital
do Estado Alfa julgou procedente o pedido, condenando tanto a sociedade
Veloz Ltda. quanto o antigo administrador Marcelo às seguintes penas
previstas no Art. 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92:
i) ressarcimento ao erário consistente na devolução de todos os valores
recebidos com base na contratação indevida;
ii) multa civil de três vezes o valor do dano; e
iii) proibição, pelo prazo de cinco anos, de contratar com o Poder Público
ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual fossem
sócios majoritários.
Inconformados com a condenação, mantida mesmo após a oposição de
embargos de declaração, cuja decisão foi publicada na última sexta-feira, os
novos administradores da sociedade empresária Veloz Ltda. procuram um(a)
advogado(a) para apresentar a medida judicial cabível em defesa dos
interesses da pessoa jurídica.
Redija a peça pertinente, alinhando todos os fundamentos jurídicos
adequados. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação
3.2 GABARITO COMENTADO PELA FGV
A peça a ser apresentada é um Recurso de Apelação.
O recurso deve ser endereçado ao Juízo da causa (2ª Vara de Fazenda Pública
da Comarca da Capital do Estado Alfa), com as razões recursais dirigidas ao
Tribunal, que as apreciará.
Recorrente é a sociedade empresária Veloz Ltda. e recorrido é o Ministério
Público. A fundamentação do recurso deve conter os seguintes argumentos:
A) Preliminarmente:
1) ausência de legitimidade passiva, diante da impossibilidade de a ação
civil pública de improbidade ser ajuizada exclusivamente em face de
particulares, sendo indispensável a presença concomitante de agente público
no polo passivo da demanda;
2) prescrição da pretensão punitiva para a ação de improbidade, diante da
aplicação do disposto no Art. 23, inciso I, da Lei nº 8.429/92, considerando
que o termo inicial para a contagem do prazo para particulares é o mesmo
aplicável ao agente público que praticou a ilicitude, ou seja, o término do
mandato do deputado estadual.
B) Em caso de não acolhimento das preliminares e pela necessidade de
devolução de toda a matéria ao segundo grau, deve ser alegado, ainda:
1) inexistência de lesão ao erário, considerando que foram cobrados
preços compatíveis com os de mercado, de modo a não se configurar o ato de
improbidade previsto no Art. 10 da Lei nº 8.429/92;
2) ilegalidade da multa civil fixada, cujo valor extrapolou os limites do
Art. 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92, que estabelece que a sanção deve ser de
até duas vezes o valor do dano, que, por sua vez, não existe;
3) ilegalidade de ressarcimento da integralidade dos valores recebidos
pelo contrato, considerando que os veículos foram entregues ao Poder
Público, sob pena de enriquecimento indevido da Administração OU violação
do Art. 884 do Código Civil;
4) violação dos princípios da proporcionalidade OU da razoabilidade,
sobretudo com relação a necessidade de que as sanções atendam à natureza,
gravidade e consequências da ilicitude praticada, sendo desproporcional a
aplicação de penalidades em seu limite máximo.
Ao final, deve ser formulado pedido de reforma da sentença, a fim de que
seja dado provimento ao apelo e a sociedade empresária Veloz Ltda. seja
isentada de qualquer responsabilidade ou condenação, ou, caso assim não se
entenda, que sejam reduzidas as penalidades para que atendam ao princípio
da proporcionalidade.
Arremata a peça a indicação de local, data, espaço para assinatura do
advogado e número de sua inscrição na OAB.
EGRÉGIA CÂMARA.
EMINENTES JULGADORES.
BREVE SÍNTESE DOS FATOS
Em 25/11/2016, o Ministério Público ajuizou ação civil pública de
improbidade administrativa exclusivamente em face da sociedade empresária
Veloz Ltda. e de seu antigo administrador, Marcelo, por infração ao disposto
no Art. 10 da Lei nº 8.429/92, em decorrência de se haver beneficiado, por
dispensa indevida de licitação, do contrato de compra de veículos oficiais
para a Assembleia Legislativa, firmado em 03/04/2010 pela autoridade
competente, deputado estadual, cujo mandato terminou em 31/01/2011.
No curso da fase probatória, restou demonstrado que a dispensa de licitação
foi efetivamente indevida, bem como caracterizada a culpa dos demandados
na formalização do contrato. Igualmente, verificou-se que os veículos foram
entregues em momento oportuno e que foi cobrado preço compatível com o
mercado, além de comprovada a boa reputação da sociedade empresária
Veloz Ltda.
Na sentença, o Juízo da 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital
do Estado Alfa julgou procedente o pedido, condenando tanto a sociedade
Veloz Ltda. quanto o antigo administrador Marcelo às seguintes penas
previstas no Art. 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92:
i) ressarcimento ao erário consistente na devolução de todos os valores
recebidos com base na contratação indevida;
ii) multa civil de três vezes o valor do dano; e
iii) proibição, pelo prazo de cinco anos, de contratar com o Poder Público
ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual fossem
sócios majoritários.
Inconformada com a condenação, mantida mesmo após a oposição de
embargos de declaração, a empresa Veloz Ltda. interpõe o presente Recurso
de Apelação, pedindo o seu conhecimento e, no mérito, o seu provimento.
FUNDAMENTAÇÃO
A) Preliminarmente:
1) Deve ser reconhecida a ausência de legitimidade passiva da empresa Veloz
Ltda., ora recorrente, diante da impossibilidade de a ação civil pública de
improbidade ser ajuizada exclusivamente em face de particulares, sendo
indispensável a presença concomitante de agente público no polo passivo da
demanda, conforme dispõe os artigos 2º e 3º da Lei nº 8.429/92.
2) Caso não acolhido o pedido de reconhecimento da ilegitimidade passiva,
requer seja reconhecida a prescrição da pretensão punitiva para a ação de
improbidade, diante da aplicação do disposto no Art. 23, inciso I, da Lei nº
8.429/92, considerando que o termo inicial para a contagem do prazo para
particulares é o mesmo aplicável ao agente público que praticou a ilicitude.
No caso, o prazo prescricional iniciou em 31/01/2011, memomento em que
ocorreu o término do mandato do deputado estadual. Como a demanda em
pauta foi promovida mais de cinco anos depois desta data, deve ser
reconhecida a prescrição da pretensão punitiva.
B) Questões de fundo:
Em caso de não acolhimento das preliminares e pela necessidade de
devolução de toda a matéria ao segundo grau (artigo 1.013 do CPC), o
recurso de apelação deve ser provido, para o fim de absolver a sociedade
Veloz Ltda., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
1) Inexiste lesão ao erário, considerando que foram cobrados preços
compatíveis com os de mercado, de modo a não se configurar o ato de
improbidade previsto no Art. 10 da Lei nº 8.429/92;
2) É ilegal a multa civil fixada, cujo valor extrapolou os limites do Art. 12,
inciso II, da Lei nº 8.429/92, que estabelece que a sanção deve ser de até duas
vezes o valor do dano, que, por sua vez, não existe;
3) De outro lado, há ilegalidade na condenação ao ressarcimento da
integralidade dos valores recebidos pelo contrato, considerando que os
veículos foram entregues ao Poder Público, sob pena de enriquecimento
indevido da Administração Pública e violação do Art. 884 do Código Civil;
4) Percebe-se que a R. Sentença violou o princípio da
proporcionalidade/razoabilidade, sobretudo com relação a necessidade de que
as sanções atendam à natureza, gravidade e consequências da ilicitude
praticada, sendo desproporcional a aplicação de penalidades em seu limite
máximo, tudo na forma do que dispõe o art. 12, “caput” e parágrafo único, da
Lei de Improbidade Administrativa.
Assim, requer seja reformada a respeitável sentença objeto deste recurso, a
fim de que seja dado provimento ao apelo.
PEDIDO
Diante de todo o exposto, o Recorrente requer seja o presente Recurso de
Apelação conhecido e, no mérito, provido, para que a sociedade empresária
Veloz Ltda. seja isentada de qualquer responsabilidade ou condenação, ou,
caso assim não se entenda, que sejam reduzidas as penalidades para que
atendam ao princípio da proporcionalidade.
Nesses termos, pede e espera deferimento.
[CIDADE (UF), DATA].
_________________________
Advogado
OAB/[UF] [Nº]
4. XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO
4.1 PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL
Diante de fortes chuvas que assolaram o Município Alfa, fez-se editar na
localidade legislação que criou o benefício denominado “aluguel social” para
pessoas que tiveram suas moradias destruídas por tais eventos climáticos,
mediante o preenchimento dos requisitos objetivos estabelecidos na
mencionada norma, dentre os quais, a situação de hipossuficiência e a
comprovação de comprometimento das residências familiares pelos
mencionados fatos da natureza.
Maria preenche todos os requisitos determinados na lei e, ao contrário de
outras pessoas que se encontravam na mesma situação, teve indeferido o seu
pedido pela autoridade competente na via administrativa. Em razão disso,
impetrou Mandado de Segurança perante o Juízo de 1º grau competente, sob
o fundamento de violação ao seu direito líquido e certo de obter o benefício
em questão e diante da existência de prova pré-constituída acerca de suas
alegações.
A sentença denegou a segurança sob o fundamento de que a concessão de
“aluguel social” está no âmbito da discricionariedade da Administração e que
o mérito não pode ser invadido pelo Poder Judiciário, sob pena de violação
do princípio da separação dos Poderes.
Considerando que já foram apresentados embargos de declaração, sem
qualquer efeito modificativo, por não ter sido reconhecida nenhuma
obscuridade, contradição, omissão ou erro material na sentença, e que existe
prazo para a respectiva impugnação, redija a peça cabível para a defesa dos
interesses de Maria. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
4.2 GABARITO COMENTADO PELA FGV
A medida cabível é a Apelação em Mandado de Segurança, na forma do Art.
14 da Lei nº 12.016/2009.
A apelação deve ser apresentada ao Juízo que prolatou a sentença (pode ser
Vara de Fazenda Pública, Vara Cível ou Vara Única da Comarca do
Município Alfa), com as razões recursais dirigidas ao Tribunal que as
apreciará.
Na qualificação das partes, deve constar Maria como recorrente e o
Município Alfa como recorrido. Na fundamentação, a peça recursal deve:
(i) impugnar o fundamento constante da sentença, no sentido de que a
concessão do “aluguel social” se submete à discricionariedade da
Administração, pois, se a lei elenca os requisitos que impõem a concessão do
benefício, sem qualquer margem de escolha para o Administrador, trata-se de
ato vinculado, que confere direito subjetivo a quem atenda aos requisitos
constantes da norma;
(ii) destacar a inexistência de violação ao princípio da separação de
Poderes, em decorrência do controle de legalidade ou juridicidade a ser
realizado sobre tal ato, notadamente porque o Art. 5º, inciso XXXV, da
CRFB/88 consagra o princípio da inafastabilidade de jurisdição;
(iii) apontar a existência de violação de direito líquido e certo da apelante à
concessão do benefício, diante do preenchimento de todos os requisitos
estabelecidos na lei de regência;
(iv) indicar, ainda, a violação ao princípio da isonomia, diante do
deferimento do benefício a outras pessoas que estão na mesma situação de
Maria, bem como a proteção constitucional ao direito de moradia, constante
do Art. 6º da CRFB/88.
Ao final, a peça deve formular pedido de reforma da sentença, para que seja
concedida a segurança, com o fim de determinar à Administração que defira
o “aluguel social” para Maria, diante do preenchimento por esta dos
requisitos estabelecidos em lei.
Arremata a peça a indicação de local, data, espaço para assinatura do(a)
advogado(a) e o número de sua inscrição na OAB.
4.3 DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS
ITEM PONTUAÇÃO
Endereçamento da apelação:
Exmo Sr. Dr. Juiz de Direito da 0,00/0,10
Vara de Fazenda Pública OU
Vara Cível OU Vara Única da
Comarca do Município Alfa
(0,10)
Endereçamento das razões da 0,00/0,10
apelação:
Tribunal de Justiça do Estado
(0,10)
Qualificação das partes:
Apelante: Maria (0,10). 0,00/0,10/0,20
Apelado: Município Alfa (0,
10).
Fundamentação da pretensão
recursal: 0,00/0,90
i) impugnar o fundamento
constante da sentença no
sentido de que a concessão do
“aluguel social” se submete à
discricionariedade da
Administração, pois trata-se de
ato vinculado (0,90).
ii) inexistência de violação ao
princípio da separação de 0,00/0,90/
poderes, em decorrência do 1,00
controle de legalidade ou
juridicidade a ser exercido
sobre tal ato (0,90), diante do
princípio da inafastabilidade de
jurisdição OU conforme o Art.
5º, inciso XXXV, da CRFB/88
(0,10).
iii) violação de direito líquido e 0,00/0,60
certo da apelante à concessão
do benefício, diante do
preenchimento de todos os
requisitos estabelecidos na lei
(0,60).
iv) violação ao princípio da
isonomia OU da 0,00/0,60/0,70
impessoalidade, diante do
deferimento do benefício a
outras pessoas que estão na
mesma situação de Maria
(0,60), conforme o art. 5º,
caput, OU o art. 37, caput, da
CRFB/88 (0,10)
v) proteção constitucional ao 0,00/0,50/0,60
direito de moradia (0,50),
constante do Art. 6º da
CRFB/88 (0,10).
Pedidos:
i) Reforma da sentença OU 0,00/0,35
provimento da apelação, a fim
de que seja concedida a
segurança (0,35),
ii) Determinar à Administração 0,00/0,35
que defira o aluguel social para
a impetrante (0,35).
Fechamento do recurso: 0,00/0,10
Local, data, assinatura e
número de inscrição na OAB
(0,10)
PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer seja o presente Recurso de Apelação
conhecido e, no mérito, provido, para que seja reformada a sentença, a fim
de que seja concedida a segurança, com o fim de determinar à Administração
Pública deferir o “aluguel social” para Maria, diante do preenchimento por
esta dos requisitos estabelecidos em lei.
Nesses termos, pede e espera deferimento.
[CIDADE (UF), DATA].
_________________________
Advogado
OAB/[UF] [Nº]
5. XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO
5.1 PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL
João, ao retornar de um doutorado no exterior, é surpreendido com a presença
de equipamentos e maquinário do Estado X em imóvel urbano de sua
propriedade, e que, segundo informação do engenheiro responsável pela obra,
o referido imóvel estaria sem uso há três anos e meio, e, por essa razão, teria
sido escolhido para a construção de uma estação de metrô no local.
Inconformado com a situação, João ingressa com “ação de desapropriação
indireta” perante o Juízo Fazendário do Estado X, tendo obtido sentença de
total improcedência em primeiro grau de jurisdição, sob os seguintes
fundamentos:
i) impossibilidade de reivindicação do bem, assim como da pretensão à
reparação financeira, em decorrência da supremacia do interesse público
sobre o privado;
ii) o transcurso de mais de três anos entre a ocupação do imóvel e a
propositura da ação, ensejando a prescrição de eventual pleito indenizatório;
e
iii) a subutilização do imóvel por parte de João, justificando a referida
medida de política urbana estadual estabelecida.
Como advogado(a) de João, considerando que a sentença não padece de
qualquer omissão, contradição ou obscuridade, elabore a peça adequada à
defesa dos interesses de seu cliente, apresentando os fundamentos jurídicos
aplicáveis ao caso. (Valor: 5,00)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do
dispositivo legal não confere pontuação.
5.2 GABARITO COMENTADO PELA FGV
O examinando deve elaborar o recurso de apelação em face da sentença de
improcedência da pretensão, dirigido ao Juízo Fazendário do Estado X, com
as razões recursais dirigidas ao Tribunal de Justiça do Estado X, que as
apreciará.
O apelante é João e, o apelado, o Estado X.
No mérito, o examinando deverá afastar o argumento utilizado pelo Juízo a
quo, no sentido da impossibilidade de indenização em decorrência da
desapropriação indireta, nos termos do Art. 35 do Decreto 3.365/41, pois a
perda da propriedade por meio da desapropriação pressupõe a prévia e justa
indenização em dinheiro, nos termos do Art. 5º, inciso XXIV, da CRFB/88, o
que não foi observado no caso concreto.
A supremacia do interesse público sobre o privado não autoriza que João
perca sua propriedade como uma modalidade de sanção, de modo que ele
deve ser reparado financeiramente.
Ademais, o examinando deverá apontar que o Art. 10, parágrafo único, do
Decreto nº 3.365/41, fixa em
5 (cinco) anos o prazo prescricional para a propositura da ação para a
reparação dos danos decorrentes da desapropriação indireta, afastando a
incidência do Art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil, por sua
especificidade. Desse modo, não há de se falar em prescrição sobre o direito
de João.
O examinando deverá, ainda no mérito, argumentar que o Estado não detém
competência constitucional para desapropriar como medida de política
urbana, a qual é do Município (Art. 182 da CRFB/88).
Por fim, o examinando deverá formular pedido de reforma da sentença para
que seja reconhecido o direito de indenização pelos prejuízos causados.
EGRÉGIA CÂMARA.
EMINENTES JULGADORES.
BREVE SÍNTESE DOS FATOS
João, ao retornar do exterior, momento em que cursava programa de
doutoramento, é surpreendido com a presença de equipamentos e maquinário
do Estado X em imóvel urbano de sua propriedade, e que, segundo
informação do engenheiro responsável pela obra, o referido imóvel estaria
sem uso há três anos e meio, e, por essa razão, teria sido escolhido para a
construção de uma estação de metrô no local. Inconformado com a situação,
João ingressou com “ação de desapropriação indireta” perante o Juízo
Fazendário do Estado X, tendo obtido sentença de total improcedência em
primeiro grau de jurisdição, sob os seguintes fundamentos:
i) impossibilidade de reivindicação do bem, assim como da pretensão à
reparação financeira, em decorrência da supremacia do interesse público
sobre o privado;
ii) transcurso de mais de três anos entre a ocupação do imóvel e a propositura
da ação, ensejando a prescrição de eventual pleito indenizatório; e
iii) subutilização do imóvel por parte de João, justificando a referida medida
de política urbana estadual estabelecida.
Inconformada com os termos da decisão mencionadada, João interpõe o
presente Recurso de Apelação, pleiteando seja conhecido e provido.
FUNDAMENTAÇÃO
A decisão monocrática recorrida deve ser reformada. Merece ser afastado o
argumento utilizado pelo Juízo “a quo”, no sentido da impossibilidade de
indenização em decorrência da desapropriação indireta, nos termos do artigo
35 do Decreto-Lei nº 3.365/41, pois a perda da propriedade por meio da
desapropriação pressupõe a prévia e justa indenização em dinheiro, nos
termos do artigo 5º, inciso XXIV, da CF/88, o que não foi observado no caso
concreto. Vale dizer, também, que a supremacia do interesse público sobre o
privado não autoriza que João perca sua propriedade como uma modalidade
de sanção, de modo que ele deve ser reparado financeiramente.
Ademais, o art. 10, parágrafo único, do Decreto-Lei nº 3.365/41, fixa em 5
(cinco) anos o prazo prescricional para a propositura da ação para pleitear a
reparação dos danos decorrentes da desapropriação indireta, afastando a
incidência do art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil, por sua especificidade.
Desse modo, não há de se falar em prescrição sobre o direito de João.
Argumenta-se, ainda, que o Estado X não detém competência constitucional
para desapropriar como medida de política urbana, a qual é do Município, de
acordo com os termos do art. 182 da CF/88. Assim, requer seja reformada a
respeitável sentença objeto deste recurso, a fim de que seja dado provimento
ao apelo.
PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer seja o presente Recurso de Apelação
conhecido e, no mérito, provido, para que seja reformada a sentença, para
que seja reconhecido o direito de indenização pelos prejuízos causados.
Nesses termos, pede e espera deferimento.
[CIDADE (UF), DATA].
_________________________
Advogado
OAB/[UF] [Nº]
XVI. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Questão 1
Assinale a alternativa INCORRETA:
COMENTÁRIOS
A letra “a” aborda um interessante debate que surge nas Cortes nacionais:
consiste na possibilidade (ou não) de se utilizar, nos concursos públicos e
seleções, a “técnica do afunilamento”. Em melhores termos, debateu-se com
intensidade se poderia ser limitado certo número de candidatos mais bem
classificados, quando do ingresso em uma fase seguinte do certame.
Exemplificando: imagine que um concurso público possua três fases. A
primeira constituída de uma prova objetiva (em que se escolhe uma
alternativa entre muitas em cada questão). A segunda etapa seria constituída
de provas escritas (subjetivas), mas somente poderão ingressar nela os
duzentos candidatos que alcançassem a maior nota, e não todos. Justamente
esta “cláusula de barreira” que ficou sendo questionada perante o Poder
Judiciário. Em verdade, trata-se de prática comumente adotada pela
Administração Pública, como uma forma de melhor organizar e planejar o
certame. O STF (STF, RMS 23.596-DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma,
j. 25/10/2011, com repercussão geral reconhecida – RE 635.739-AL). decidiu
que o estabelecimento de condições de afunilamento para que apenas os
candidatos melhores classificados continuem no certame é constitucional e
legal, desde que previstas no edital. A questão não deve ser marcada, porque
CORRETA.
GABARITO: Opção D
Questão 2
Acerca das licitações e contratos administrativos, marque a assertiva
CORRETA:
COMENTÁRIOS
A letra “e” modifica a parte final do inciso III do art. 25 da Lei n. 8.666/93, q
qual veda a inexigibilidade no caso de atividades ligadas à publicidade ou à
criação. Portanto, INCORRETA esta questão.
GABARITO: Opção A
Questão 3
Assinale a alternativa CORRETA:
COMENTÁRIOS
O servidor estável não será, no caso, exonerado, mas demitido. Assim, deve
ser considerada EQUIVOCADA a assertiva.
A letra “c” é CORRETA, tendo em vista que a ADIn nº 2.135,. STF, gerou a
conseqüência prática no sentido de que, a partir da publicação da decisão
liminar na ADIn 2.135, as pessoas jurídicas de direito público não podem
mais introduzir em seus quadros um regime celetista, mesmo no caso de
contratações temporárias, conforme julgados mais recentes do STF têm
afirmado (cf. p. ex. Rcl 5.381; Rcl 7.109). Logo, com base na interpretação
dada pela ADI n. 3.395, STF, compete à Justiça Comum julgar os contratos
temporários. Por todos: “A jurisprudência desta Corte é no sentido de que a
relação entre o servidor designado temporariamente para o exercício de
função pública e o Estado é uma relação jurídico-administrativa, sendo a
Justiça comum competente para sua apreciação, ainda que se discuta eventual
nulidade na contratação. 2. Agravo regimental ao qual se nega provimento.”
(STF, RE 588.960, AgR).
A questão “d” exigia atenção do candidato, porque impunha que cuidasse que
a promoção, por ser provimento derivado,não permite a mudança de
carreira. A promoção pressupõe "movimento", há que também se pressupor
dentro da carreira a existência de CLASSES ou NÍVEIS hierárquicos
internos, que serão galgados ou atingidos no decorrer do tempo pelo servidor
público ocupante do cargo. Assim, a questão deve ser reputada
INCORRETA.
“STF (RE 167.635, in DJU 07.02.1997, p. 1355; RDA 191/100, 197/91) "O
critério do mérito aferível por concurso público de provas ou de provas e
títulos é, no atual sistema constitucional, ressalvados os cargos em comissão
declarados em lei de livre nomeação e exoneração, indispensável para cargo
ou emprego público isolado ou em carreira. Para o isolado, em qualquer
hipótese; para o em carreira, para o ingresso nela, que só se fará na classe
inicial e pelo concurso público de provas ou de provas e títulos, não o sendo,
porém, para os cargos subseqüentes que nela se escalonam até o final dela,
pois, para estes, a investidura se fará pela forma de provimento que é a
"promoção". Estão, pois, banidas das formas de investidura admitidas pela
Constituição a ascensão e a transferência, que são formas de ingresso em
carreira diversa daquela para a qual o servidor público ingressou por
concurso, e que não são, por isso mesmo, ínsitas ao sistema de provimento
em carreira, ao contrário do que sucede com a promoção, sem a qual
obviamente não haverá carreira, mas, sim, uma sucessão ascendente de
cargos isolados. O inciso II do artigo 37 da Constituição Federal também não
permite o "aproveitamento", uma vez que, nesse caso, há igualmente o
ingresso em outra carreira sem o concurso exigido pelo mencionado
dispositivo."
GABARITO: Opção C
Questão 4
Sobre a matéria de serviços públicos, marque a alternativa CORRETA:
COMENTÁRIOS
Legislação básica sobre o tema: CF 1988; Lei nº 8.987/95 – Lei dos serviços
públicos; Lei nº 9.074/95 – Complementa a Lei nº 8.987/95; Lei nº 11.079/04
– Parcerias público-privadas; Lei nº 11.107/05 – Lei dos consórcios públicos.
Há exemplos de legislação setorial: Lei nº 4.117/62 – Código brasileiro de
telecomunicações; Lei nº 7.565/86 – Código brasileiro de aeronáutica; Lei nº
8.630/93 – Lei de portos; Lei nº 9.277/96 – Lei de delegação de portos e
rodovias federais aos Estados, DF e Municípios; Lei nº 9.427/95 – Lei da
energia elétrica (ANEEL); Lei nº 9.472/96 – Lei das telecomunicações
(ANATEL); Lei nº 10.233/01 – Reestruturação dos serviços federais de
transportes aquaviários e terrestres (ANTT e ANTAQ); Lei nº 11.182/05 –
Lei da ANAC; Lei nº 11.445/07 – Lei geral de diretrizes gerais do
saneamento básico; Lei nº 11.652/08 – Lei da radiodifusão.
CONCESSÃO PRMISSÃO
COM PRAZO DETERMINADO SEM PRAZO DETERMINADO
(PRECÁRIA)
>>> art. 40 <<<
Obs. Ainda que se tenha
divergência doutrinária a respeito
EMPRESAS OU CONSÓRCIOS PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA
DE EMPRESAS
LICITAÇÃO NA NADA DIZ
MODALIDADE DE
CONCORRÊNCIA
OBRA OU SERVIÇO PÚBLICO SOMENTE SERVIÇO
PÚBLICO
Obs.
LEI 8.987/94 = PERMISSÃO É CONTRATO
LEI 9.472/94 = PERMISSÃO É ATO ADM. (art. 118, parágrafo único)
GABARITO: Opção B
Questão 5
São elementos do ato administrativo, EXCETO:
a) Forma;
b) Finalidade;
c) Autoexecutoriedade;
d) Objeto;
e) Motivo.
COMENTÁRIOS
P RESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE
A UTOEXECUTORIEDADE
T IPICIDADE
I MPERATIVIDADE
GABARITO: Opção C
Questão 6
Sobre o poder de polícia, julgue as assertivas que seguem:
1. O STJ não permite que empresas públicas exerçam poder de
polícia sancionador;
2. O STF compreendeu que os conselhos profissionais teriam
natureza de autarquias, e não de pessoas jurídicas de direito
privado;
3. Os atos materiais de polícia podem ser delegados a
particulares.
COMENTÁRIOS
No caso mineiro, o STJ, disse que o tema deve ser visualizado no que
considerou como sendo o “ciclo de polícia”. Logo, informa o exercício do
poder de polícia em fases. Assim, montamos um esquema para bem
compreender o que pode ser delegado:
STF STJ
(ADI 1717) (Resp.
817.534-MG)
a) LEGISLAÇÃO DE POLÍCIA = NÃO NÃO
condiciona as atividades privadas e o uso dos
bens por meio de normas;
b) CONSENTIMENTO DE POLÍCIA = NÃO SIM
anuência prévia da AP para a prática de
determinadas atividades;
c) FISCALIZAÇÃO DE POLÍCIA = verifica NÃO SIM
se os cidadãos estão cumprindo com as
determinações normativas;
d) SANÇÃO DE POLÍCIA = caso exista o NÃO NÃO
descumprimento, a AP aplica uma punição
ou impõe um ônus.
Então, para o STJ, o poder de polícia pode ser delegado nos casos de
consentimento e fiscalização (STJ, Resp. 817.534-MG, Rel. Min. Mauro
Campbell, Segunda Turma, j. 10/11/2009). A matéria ganha repercussão
geral no STF (RE 662.186-MG, Rel. Min. Luiz Fux).
GABARITO: Opção E
Questão 7
Sobre o poder de polícia, marque a assertiva INCORRETA:
COMENTÁRIOS
O primeiro item traz um conceito bastante condizente com aquilo que está
disposto no art. 78, do CTN, tendo em vista que este dispositivo específico
positiva definição de “poder de polícia”: “onsidera-se poder de polícia
atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais
ou coletivos.”.
As letras “c”, “d” e “e” abordam o conteúdo de três verbetes do STJ e STF.
Confira:
STF, Súmula nº 645: "É competente o Município para fixar
o horário de funcionamento de estabelecimento comercial."
STF, Súmula nº 646: “Ofende o princípio da livre
concorrência lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área.” Perceba que a proibição deve ser, pois,
em relação a uma atividade genericamente considerada.
STJ, Súmula nº 19: "A fixação do horário bancário, para
atendimento ao público, é da competência da União." Este
verbete reflete a jurisprudência do STF, que entende que
em relação ao horário do funcionamento dos bancos não
predomina o interesse local, e, sim, o nacional, em virtude
da necessidade do funcionamento unificado do serviço de
compensações bancárias.
GABARITO: Opção B
Questão 8
Julgue as assertivas que seguem:
COMENTÁRIOS
Por fim, o último item contraria o art. 84, inciso VI, da CF/88, que permite a
extinção de cargos ou de funções públicas por decreto, quando estiverem
vagos. Esta é uma exceção à teoria do paralelismo das formas. Então, o item
é incorreto. A assertiva a ser escolhida deveria ser a de letra “C”.
GABARITO: Opção C
Questão 9
Marque a alternativa CORRETA:
COMENTÁRIOS
A assertiva “b” destoa do texto do art. 12, da Lei nº 9.784/99, na parte em que
impõe que a delegação de competência seja feita necessariamente de um
órgão de hierarquia superior, a um inferior. Isto não é correto, porque se
admite a delegação de competência entre órgãos de mesma hierarquia. Será a
avocação (art. 15, da Lei nº 9.784/99) que só pode ser praticada entre agentes
de hierarquias diversas. A delegação não. Eis o erro a ser apontado.
GABARITO: Opção A
Questão 10
Determinado Governador do Estado, a fim de se comunicar com a
população, pretende instalar um canal de televisão pública, a fim de
veicular programas ligados às funções exercidas pelo referido Estado-
federado. A partir do exemplo hipotético, marque a assertiva
INCORRETA:
COMENTÁRIOS
A letra “a” nos informa aquilo que dispõe o art. 223, da Constituição Federal.
Confira o texto do referido diploma normativo, combinado com os demais e
que se ligam ao tema. Você perceberá que a assertiva é adaptada a partir do
texto constitucional, o que faz com que a referida assertiva seja considerada
correta:
Então:
ÓRGÃO ENTE
a) SEM COM
PERSONALIDADE
JURÍDICA
b) PATRIMÔNIO SEM COM
PRÓPRIO
c) TITULARIDADE SEM COM
DE DEVERES
EXCEÇÃO = ÓRGÃOS INSTITUTIONALIZADOS = não possuem
personalidade jurídica, mas possuem deveres (ex. exército);
d) RELAÇÃO COM HIERARQUIA TUTELA
A ADM. PÚB.
CENTRAL
e) DESCENTRALIZAÇÃO DESCONSENTRAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO
d) LEGITIMIDADE SEM COM
PROCESSUAL
EXCEÇÃO = TEORIA DA PERSONIFICAÇÃO DO ÓRGÃO = os
órgãos possuem legitimidade processual quando para a defesa de suas
prerrogativas, agredidas e vilipendiadas pelo próprio ente do qual
compõem. (ex. Secretaria da Saúde não recebe verbas do orçamento).
Por fim, ainda que não tenha ligação direta com o tema, peço que seja
conferido parte do acórdão que julgou a ADI 1.642, STF, porque se trata de
leading case e que falava sobre a possibilidade de o Executivo indicar
diretores das Sociedades de Economia Mista em MG: “(...) 2. As sociedades
de economia mista e as empresas públicas que explorem atividade econômica
em sentido estrito estão sujeitas, nos termos do disposto no § 1º do artigo 173
da Constituição do Brasil, ao regime jurídico próprio das empresas privadas.
3. Distinção entre empresas estatais que prestam serviço público e empresas
estatais que empreendem atividade econômica em sentido estrito 4. O § 1º do
artigo 173 da Constituição do Brasil não se aplica às empresas públicas,
sociedades de economia mista e entidades (estatais) que prestam serviço
público.”
GABARITO: Opção C
Questão 11
Assinale a alternativa CORRETA:
COMENTÁRIOS
Sendo assim, por ter se sonegado o adjetivo “DIRETA”, a questão não está
em conformidade com o texto constitucional. Sempre lembrando que a
atuação do Estado de maneira INDIRETA pode se dar de variadas maneiras:
controle do câmbio, regulação da taxa de juros etc.
De outro lado, o domínio público abrange todos os bens que estão submetidos
a uma atividade e/ou finalidade pública, e portanto a um regime de direito
administrativo. A assertiva “b” também está incorreta, porque contraria o que
dispõe o art. 103, do Código Civil: “O uso comum dos bens públicos pode ser
gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a
cuja administração pertencerem.”. Assim, a utilização de bens de uso comum
do povo pode ser sim onerosa, o que se caracterizaria por “bens de uso
comum do povo anormais”.
Mas o STJ decidiu que a revogação deveria ser motivada em um caso: STJ,
RMS 9.437/RJ, in DJU 01.07.1999, p. 118.
GABARITO: Opção C
Questão 12
Sobre a matéria de improbidade administrativa e sua legislação
correlata, marque a assertiva INCORRETA:
COMENTÁRIOS
Muito se discutiu se o magistrado deveria aplicar as penas do art. 12, e
incisos, da Lei nº 8.429/92, “em bloco”, ou poderia ministrar uma ou alguma
das sanções de acordo com a gravidade da ilicitude cometida, bem como
conforme o seu juízo de razoabilidade. A jurisprudência sempre se
manifestou no sentido de que não era necessário aplicar as penalidades “em
bloco”. Poder-se-ia ministra-las de acordo com a razoabilidade, das
circunstâncias (V.g. STJ, REsp. 505.068, STJ, REsp. 300.184). Em 2009,
mudança legislativa específica no “caput” do art. 12 da Lei de Improbidade
Administrativa incorporou este entendimento (Redação dada pela Lei nº
12.120, de 2009). “Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato
de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato”. Assim, o
que fizemos foi subverter este texto, deixando a assertiva “a” incorreta.
A letra “b” está correta e, portanto, não deveria ser marcada. O ato de
improbidade administrativa reclama a prova da má-fé, sendo este seu
elemento subjetivo (STJ, Informativo nº 461). Isso porque, a improbidade
deve ser traduzida como verdadeira “corrupção administrativa”, provocando
um desvirtuamento das funções públicas, por meio do exercício nocivo de
uma função pública.
Chamamos a atenção à letra “e”, por conta de ser um espelho do que dispõe o
art. 23, da Lei nº 8.429/92:
As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em
comissão ou de função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de
exercício de cargo efetivo ou emprego.
GABARITO: Opção A
Questão 13
Sobre a matéria de licitações, julgue os itens que seguem:
COMENTÁRIOS
GABARITO: Opção B
Questão 14
Marque a alternativa CORRETA no que se refere à responsabilidade
civil extracontratual do Estado:
COMENTÁRIOS
A assertiva “a” traz à tona uma discussão bastante profícua a respeito de qual
seria o prazo de prescrição das ações de responsabilidade civil contra o
Estado. A dúvida consistia em se aplica o art. 1º, do Decreto-Lei nº
20.910/32, ou seja, o prazo de CINCO ANOS, ou os TRÊS ANOS do Art.
206, §3º, V, do Código Civil. Visualizou-se, aqui, uma “antinomia jurídica
positiva complexa. Primeiro, defendeu-se que o prazo seria de três anos,
porque o prazo prescricional do Decreto-Lei nº 20.910/32 veio justamente
para diminuir o prazo prescricional do CC/1916, que era de vinte anos. Ora,
se essa era a mens legis, o prazo ficou igualado para os particulares e para
com o Estado[14].
Só para constar, informo que, apesar dos termos do art. 236, da CF/88, que
diz que a delegação de função de notário e de registrador será transferida ao
particular EM CARÁTER PRIVADO, o STJ mantém o entendimento de que
quem responde é o titular da serventia, mas reconhece a responsabilidade
subsidiária do Estado. (STJ, REsp 1.163.652, REsp 1.087.862; idem: STF,
RE 101.595).
A assertiva “c” não pode ser reputada como correta, justamente porque se
permite a responsabilidade civil do Estado, mesmo que ele pratique um ato
lícito, ou seja, conforme o direito. Neste caso, o fundamento para a imposição
do dever de indenizar consiste, exatamente, na incidência do princípio da
igualdade.
A letra “d” deve ser considerada incorreta, porque a dívida por dano
extrapatrimonial ao Estado não pode ser inscrita em dívida ativa, porque não
se sabe a certeza do dano (STJ, Informativo nº 418).
GABARITO: Opção E
Questão 15
Julgue as assertivas que seguem acerca dos contratos administrativos:
I – possuem a característica de serem intuito personae;
II – à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que
poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos
com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a
administração, limitada a sessenta meses, sem a possibilidade de
prorrogação;
III – segundo a Lei nº 8.666/93, O contratado é responsável pelos
encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
execução do contrato, sendo que a inadimplência do contratado, com
referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à
Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento. No que se
refere aos encargos previdenciários, a Administração Pública responde
subsidiariamente.
COMENTÁRIOS
GABARITO: Opção A
Questão 16
Assinale a alternativa CORRETA:
a) o prazo de validade do concurso público será de dois anos,
prorrogável uma vez, por igual período;
b) O ato de prorrogação de prazo de validade de concurso público é
de natureza discricionária, ou seja, não há obrigatoriedade de que
o concurso seja automaticamente prorrogado;
c) Deve ser reputada inconstitucional, porque violadora do princípio
da igualdade, o uso da “técnica do afunilamento”, durante os
certames de seleção de pessoal;
d) É possível a acumulação de um cargo público de professor, com
outro de notário ou de registrador;
e) Quando a Administração Pública estiver diante de caso em que
perceba a acumulação ilegal de cargos públicos, deverá, de ofício,
exonerar o servidor de um dos cargos providos, como corolário do
princípio da autotutela;
COMENTÁRIOS
Conforme dispõe o art. 37, inciso III, da Constituição Federal de 1988, “[...] o
prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma
vez, por igual período;”. Este texto deve ser interpretado de forma estrita, ou
seja, sem qualquer incidência de uma hermenêutica extensiva ou restritiva.
Até porque seu texto é por deveras objetivo e claro. Bem por isto que a
assertiva “a” mostrou-se incorreta, porque o erro está em termos suprimido a
preposição “até”, que faz toda a diferença no caso.
Significa dizer que o prazo de validade dos certames que visam a contratar
recursos humanos para se proverem cargos ou empregos públicos é de até 2
(dois) anos, prorrogável por igual período. Em outros termos, o Poder
Público pode, de forma discricionária, mas motivada, atribuir validade de um
certame por período de trinta dias, seis meses, um ano, dois anos etc. O que
não se pode é ter, por óbvio, concurso públicos que tenham validade de dois
anos e meio, três anos etc.
A opção “c” não está correta. Aborda, outro ponto que gerou um interessante
debate nas Cortes nacionais consiste na possibilidade (ou não) de se utilizar,
nos concursos públicos e seleções, a “técnica do afunilamento”. Em melhores
termos, debateu-se com intensidade se poderia ser limitado certo número de
candidatos mais bem classificados, quando do ingresso em uma fase seguinte
do certame. Exemplificando: imagine que um concurso público possua três
fases. A primeira constituída de uma prova objetiva (em que se escolhe uma
alternativa entre muitas em cada questão). A segunda etapa seria constituída
de provas escritas (subjetivas), mas somente poderão ingressar nela os
duzentos candidatos que alcançassem a maior nota, e não todos. Justamente
esta “cláusula de barreira” que ficou sendo questionada perante o Poder
Judiciário.
Em verdade, trata-se de prática comumente adotada pela Administração
Pública, como uma forma de melhor organizar e planejar o certame. O
STF[16] decidiu que o estabelecimento de condições de afunilamento para que
apenas os candidatos melhores classificados continuem no certame é
constitucional e legal, desde que previstas no edital.
GABARITO: Opção B
Questão 17
Marque a assertiva correta:
a) Diante de atos administrativos complexos, o prazo para de
decadência para anulá-los começar a fluir da primeira
manifestação de vontade;
b) A competência, como elemento do ato administrativo que é, pode
ser renunciada por meio da delegação e da avocação;
c) Nem todo ato administrativo possui presunção de legitimidade;
d) O direito da Administração de anular os atos administrativos,
desde que cominados de nulidade sanál, de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários, decai em cinco anos, contados da
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé;
e) Diante de parcelas contínuas ou de benefícios que se renovam
continuamente, ou seja, mês a mês, o prazo de decadência renova-
se a cada parcela paga;
COMENTÁRIOS
Características:
1) Exercício obrigatório;
2) Irrenunciável;
3) Imodificável pela vontade do administrador;
4) Não admite transação;
5) Imprescritível;
6) Improrrogável. Só pode fazer o que está na lei. O fato de ser
incompetente não muda pelo decurso do tempo ou qd o agente quer.
7) Delegável: a delegação – transferência de competência - deve ser
excepcional, depende de justificação, cria uma concorrência cumulativa (
quanto de quem delega, como de quem recebe).
GABARITO: Opção E
Questão 18
Sobre o processo administrativo, julgue os itens que seguem:
COMENTÁRIOS
A Lei do Processo Administrativo Federal conferiu inúmeros requisitos para
a concretização da delegação da competência administrativa[19]. A
providência adotada pelo legislador é extremamente profícua, porque
intenciona evitar abusos por parte do agente delegante. A ausência de
parâmetros poderia causar um transpasse desmedido de funções de uma
autoridade a outra, especialmente no limiar de um vínculo hierárquico, sendo
que a autoridade que receberia tais múnus ficaria, assim, sobrecarregada. Diz
o art. 14, “caput”, da Lei nº 9.784/99 que: “Art. 14. O ato de delegação e sua
revogação deverão ser publicados no meio oficial.”. Assim, o item I está
correto.
GABARITO: Opção C
Questão 19
Marque a alternativa INCORRETA no que se refere aos contratos
administrativos:
COMENTÁRIOS
Grave:
- Alteração qualitativa das especificações do projeto
- Alteração quantitativa
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
HIPÓTESES:
A) FATO DO PRÍNCIPE: é a atuação do poder público geral e abstrata
que vai onerar o nosso contrato de forma indireta ou reflexa. Ex: alteração de
alíquota de um tributo. Ex: cobrança do ISS, responsável pela cobrança de
lixo, com o aumento da alíquota do tributo, devendo se alterar o valor do
valor.
B) FATO DA ADMINISTRAÇÃO: vem daquela atuação específica do
poder público e que vai atingir diretamente o contrato. Ex: negativa de
desapropriação. Se o poder público atinge diretamente o contrato, impedindo
que se faça um túnel.
C) INTERFERÊNCIAS IMPREVISTAS: são situações preexistentes,
mas que só podem ser descobertas na execução. Ex: característica de solo.
Escola que se começa a construir, mas se descobre que há um lençol freático.
A estrutura deverá ser feita de forma muito mais forte, comprometendo o
valor do contrato.
Por fim, a questão “e” não está em conformidade com o que dispõe o art. 59,
parágrafo único, da Lei nº 8.666/93, ou seja: “A nulidade não exonera a
Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver
executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos
regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável,
promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.”. Lembre-se que,
se assim fosse considerado, ter-se-ia verdadeiro enriquecimento sem causa
por parte do Poder Público.
GABARITO: Opção E
Questão 20
Marque a alternativa INCORRETA:
a) Cassação gera a extinção do ato administrativo quando há o
descumprimento das condições inicialmente impostas.
b) Caducidade gera a extinção do ato administrativo quando há a
retirada do ato administrativo pela superveniência de uma norma
jurídica que é com ele incompatível.
c) Contraposição gera a extinção do ato administrativo quando há
dois atos administrativos, no qual o segundo elimina os efeitos do
primeiro;
d) Anulação é a retirada de um ato ilegal por ato da administração
com lastro no princípio da autotutela
e) Todas as alternativas possuem assertivas corretas;
COMENTÁRIOS
Questão 21
Assinale a alternativa INCORRETA:
a) O controle dos atos administrativos pode ser posterior,
concomitante ou prévio. Um exemplo de controle concomitante é a
propositura de ação popular por um cidadão, visando a anular ato
administrativo ilegal;
b) Após sucessivas reclamações, bem como diante de vistoria feita
por você, Defensor Público, constata-se que determinado
estabelecimento prisional reclama emergenciais reformas. Diante
deste quadro, você propõe ação civil pública para tutelar as
melhorias no referido presídio. Podemos afirmar que o controle
judicial de políticas públicas é possível, tal como pretendido pela
mencionada demanda.
c) Tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo
existencial, inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário
estabeleça a inclusão de determinada política pública nos planos
orçamentários do ente político, mormente quando não houver
comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da
pessoa estatal.
d) Não há como falar em ofensa aos arts. 4º, 6º e 60 da Lei 4.320/1964
(que preveem a necessidade de previsão orçamentária para a
realização das obras em apreço;
e) Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é
ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de
recurso administrativo.
COMENTÁRIOS
• CONTROLE DE LEGALIDADE
• CONTROLE DE MÉRITO
• LEGISLATIVO
• JUDICIAL
• EXECUTIVO
• DE OFÍCIO
• PROVOCADO
Assim, a assertivas “b”, “c” e “d” devem ser reputadas como corretas.
GABARITO: Opção A
Questão 22
Marque a assertiva CORRETA:
a) Segundo o art. 71, inciso III, da Constituição Federal de 1988,
compete ao Tribunal de Contas da União apreciar, para fins de
registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, bem como as
nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a
das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas
as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do
ato concessório;
b) No caso, os atos de registro praticados pelas Cortes de Contas
devem ser classificados como atos administrativos compostos;
c) O prazo de decadência para anular um ato administrativo
complexo começa a contar da primeira manifestação de vontade;
d) O ato administrativo complexo não se desfaz pela vontade de um
só dos órgãos que dele participam: assim, não pode ser
impugnado judicialmente, sem a citação dos seus autores;
e) No ato administrativo composto, é importante frisar, há o
concurso de vontades para um determinado fim, ou seja, há a
conjugação de vontades que se completam e que não subsistem
isoladamente.
COMENTÁRIOS
A letra “c” demanda saber quando inicia o prazo de decadência para anular os
atos administrativos, diante de um ato de natureza complexa. Sempre
lembrando, antes de tudo, como o ato complexo só existe e é válido a partir
da última vontade, é somente a partir desta última vontade que se conta o
prazo para impugnação por invalidade (independentemente de a invalidade
ou vício estar em vontade anterior à última) - em outras palavras: o prazo
decadencial para sua impugnação conta-se a partir da prática do último ato
requerido. Significa dizer também que o ato complexo só é impugnável a
partir da emanação da última vontade requerida. “STF (RTJ 56/459)
“Mandado de Segurança - É inidôneo para amparar ato administrativo
complexo, antes dele se tornar perfeito, ou de adquirir caráter definitivo e,
conseqüentemente, força executória.”.
GABARITO: Opção D
Questão 23
Sobre as desapropriações, julgue os itens que seguem:
COMENTÁRIOS
O primeiro item aborda uma questão muitas vezes cobrada em provas. Deve
ficar claro ao candidato: em ação de desapropriação, não se discutem
questões de alta indagação, como a titularidade do bem, os limites efetivos de
um imóvel etc. Estes debates devem migrar à ações próprias, sendo que o
valor relativo à justa indenização ficará depositado judicialmente, aguardando
a solução destas controvérsias. Confira o recente julgado sobre o tema: “A
perícia, em desapropriação, constatou que a área efetivamente medida não
corresponde à registrada. O juiz deve, então, determinar o pagamento só da
área registrada e o depósito do remanescente ficar aguardando a manifestação
do expropriado.” – STJ, Informativo nº 540. Portanto, a assertiva é correta.
O item “II” está correto, porque copia os termos do art. 2º, do Decreto-Lei nº
3.365/41. Contudo, trazemos à tona esta questão para o fim de chamar à
atenção dos candidatos para a seguinte situação: muito embora o DECRETO-
LEI (legislação) venha a dizer que “todos os bens podem ser desapropriados”
(sic.), na prática, isto não é verdadeiro. Veja que dinheiro, a pessoa jurídica,
bens facilmente encontrados no comércio etc. não são suscetíveis de
expropriação por esta via. Assim, deve-se ficar atento à dicotomia entre o
texto da lei e a lógica das coisas.
GABARITO: Opção A
Questão 24
Sobre os bens públicos, marque a assertiva correta:
a) Uma característica dos bens de uso comum do povo consiste no fato
de eles permitirem o acesso universal dos cidadãos, como ocorre
com a praia, a praça pública, o rio. Logo, a legislação veda que,
para o uso destes, possa se cobrar emolumentos.
b) A inexistência de prévio título específico para uso privativo de bem
de uso comum ou especial pelo particular torna tal utilização ilícita.
Isso não impede que o particular possa reter o bem por realização de
benfeitorias ou acessões, sob pena de o Poder Público obter um
enriquecimento sem causa.
c) Autorização de uso de bem público é ato administrativo
discricionário, precário, unilateral, revogável a qualquer tempo em
nome do interesse público, gratuito ou oneroso, emitido sem prévia
licitação.
d) A concessão de uso de bem público é ato administrativo bilateral e
não precário, emitido sem prévia licitação.
e) A concessionária de serviço público, por ser pessoa jurídica de
direito privado e por não ser um ente da Administração Pública,
deve pagar pelo uso de bens públicos.
COMENTÁRIOS
O uso de bens públicos, inclusive no que se refere aos comuns do povo, pode
ser remunerado ou gratuito. No caso, estar-se-ia diante do que se denomina
de “bens de uso comum do povo anormais”. Confira o que dispõe o art. 103,
CC "O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem." Exemplos: cobrança de pedágio em vias públicas; a cobrança
de ingresso em teatro, museu, ou galeria de arte pública; cobrança de taxa ou
contribuição contra turistas que visitam a ilha de Fernando de Noronha (para
dificultar o acesso indiscriminado de pessoas, e preservação do meio
ambiente). Deve ser destacado que o referido art. 103, CC regula apenas a
possibilidade de cobrança pelo uso comum de bens públicos, não
disciplinando o uso privativo destes bens. Logo, a assertiva “a” deve ser
considerada incorreta.
A letra “b”, ao seu turno, também não é correta. A inexistência desse prévio
título que franqueie o particular a usar com exclusividade parte ou todo um
bem público, torna ilícita a ocupação. Nesse caso, descabe, por exemplo, falar
em retenção do bem por realização de benfeitorias. Assim, a questão não
deveria ter sido marcada.
GABARITO: Opção C
Questão 25
Marque a alternativa CORRETA:
a) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios executarem obras e serviços públicos por meio de
concessão e permissão de serviço público, sem lei que lhes autorize
e fixe os termos;
b) Nos casos de contratação direta, por dispensa de licitação, para
concessão ou permissão de serviço público, as concessionárias ou
permissionárias ainda assim deverão comprovar todos os
requisitos de habilitação exigidos pela lei;
c) A concessão de serviço público será feita pelo poder concedente,
mediante licitação, por qualquer modalidade, à pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.
d) A permissão de serviço público será formalizada mediante
contrato de adesão à pessoa jurídica, consórcio de empresas ou
pessoa física, que observará os termos da Lei nº 8.987/95, das
demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive
quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato
pelo poder concedente.
e) A outorga de concessão ou permissão não terá caráter de
exclusividade, no caso de inviabilidade técnica ou econômica.
COMENTÁRIOS
Diz o art. 2º, Lei nº 9.074/95, que: "É vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios executarem obras e serviços públicos por
meio de concessão e permissão de serviço público, sem lei que lhes autorize
e fixe os termos, dispensada a lei autorizativa nos casos de saneamento
básico e limpeza urbana e nos já referidos na Constituição Federal, nas
Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e
Municípios, observado, em qualquer caso, os termos da Lei no 8.987, de
1995.". Esse dispositivo institui uma reserva legal para o regramento de
delegações de serviços públicos. Assim, a administração pública fica
impedida de livremente dispor – por ato administrativo, p. ex. – acerca dos
serviços públicos. Assim, fica excluída de plano a possibilidade de atos
normativos da própria Administração Pública, por exemplo, mediante
Decreto do Chefe do Poder Executivo, regularem a "autorização e fixação
dos termos" dos contratos de concessão e permissão. Logo, a primeira
assertiva deve ser reputada como sendo correta e deveria ter sido assinalada.
Vamos às demais assertivas. A letra “b” está errada, porque não existe
contratação direta de concessão ou de permissão de serviços públicos, na
linha do que dispõe o art. 175, CF/88, citado. Conferir: STJ, REsp 912.402.
CONCESSÃO PERMISSÃO
NÃO PERCÁRIA PRECÁRIA
>>> art. 40 <<<
EMPRESAS OU EMPRESAS PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA
(SÓ)
LICITAÇÃO NA NADA DIZ
MODALIDADE DE
CONCORRÊNCIA
OBRA OU SERVIÇO PÚBLICO SOMENTE SERVIÇO
PÚBLICO
A letra “b” peca ao violar o art. 2º, inciso II, da Lei nº 8.987/95, pois este
dispositivo exige que a delegação seja operada por meio de licitação na
modalidade de concorrência. A letra “d” viola o art. 40, da Lei nº 8.987/95[23],
pois a permissão jamais pode ser transferida à consórcio de empresas.
Por fim, a letra “e” viola o art. 16, da Lei nº 8.987/95 é claro em alertar que
"a outorga de concessão ou permissão não terá caráter de exclusividade, salvo
no caso de inviabilidade técnica ou econômica". Logo, o concessionário não
tem o direito subjetivo de impedir que o Poder Concedente possa delegar o
serviço a mais de um interessado, que poderá atuar, inclusive, na mesma área.
Assim, a referida assertiva inverteu a lógica do dispositivo, porque
transformou a exceção, em exemplo, dizendo, portanto, justamente o
contrário.
GABARITO: Opção A
Questão 26
Assinale a alternativa INCORRETA:
(a) A autoexecutoriedade é a prerrogativa contida em certos atos
administrativos e que permite que a Administração possa assumir
a execução deles, sem reserva de jurisdição.
(b) Os recursos administrativos devem ser recebidos apenas no efeito
devolutivo, salvo previsão expressa em contrário.
(c) O poder de emitir ordens e de criar obrigações, ou seja, a
prerrogativa da imperatividade dos atos administrativos encontra-se
em todos os órgãos que detêm uma autoridade pública a garantir a
tutela da aplicação do direito em determinada matéria e território.
(d) Os termos “executoriedade” e “exigibilidade”, em direito
administrativo, devem ser reputados como senso sinônimos.
(e) A tipicidade é característica sempre presente nos atos
administrativos.
COMENTÁRIOS
Questão 27
São modalidades de licitação, EXCETO:
a) A concorrência.
b) A tomada de preços.
c) A melhor técnica.
d) O convite.
e) O pregão.
COMENTÁRIOS
GABARITO: Opção C
Questão 28
Marque a assertiva INCORRETA:
a) O disposto no artigo 54 da Lei nº 9.784/99, a revelar o prazo de
decadência para a Administração Pública rever os próprios atos,
por pressupor situação jurídica constituída, não se aplica à
aposentadoria, porque esta reclama atos sequenciais.
b) Não se aplica a decadência administrativa para atos
inconstitucionais.
c) Ante o princípio da legalidade estrita, pode-se dizer de boa-fé no
que percebidas prestações sucessivas, em virtude da eficácia de
medida acauteladora judicial.
d) O desligamento de prestador de serviço público há de fazer-se
observando-se o devido processo legal administrativo.
e) O princípio constitucional da estabilidade econômico-financeira
seria uma das expressões jurídicas do princípio da segurança
jurídica.
COMENTÁRIOS
A primeira assertiva está correta e não deveria ter sido assinalada. Ela espelha
aquilo que foi decidido no STF, Informativo nº 695: “O disposto no artigo 54
da Lei nº 9.784/99, a revelar o prazo de decadência para a Administração
Pública rever os próprios atos, por pressupor situação jurídica constituída,
não se aplica à aposentadoria, porque esta reclama atos sequenciais.”.
A assertiva “c” está incorreta, e deveria ter sido assinalada. Conforme disse o
STF, Informativo nº 696: “Ante o princípio da legalidade estrita, não se pode
dizer de boa-fé no que percebidas, em virtude da eficácia de medida
acauteladora, prestações sucessivas.”. Assim, não se pode alegar boa-fé
diante de medida judicial precária, como um provimento liminar.
A última assertiva está também correta, e não deveria ter sido marcada.
Espelha o que disse o STF, no Informativo nº 705: “O princípio
constitucional da estabilidade econômico-financeira seria uma das expressões
jurídicas do princípio da segurança jurídica, garantindo à empresa-contratada,
tanto quanto possível, a permanência das circunstâncias e das expectativas
que a animaram a assumir a execução, por sua conta e risco, no interesse
público, de atribuições que competiriam a pessoa jurídica de direito
público.”.
GABARITO: Opção C
Questão 29
Sobre a matéria de intervenção do estado na propriedade alheia, julgue os
itens que seguem:
I) A retrocessão pode ter por fundamento a tredestinação ou a
adestinação;
II) A tredestinação lícita não dá direito à retrocessão;
III) A adestinação ocorre a partir de cinco anos, caso se trate de
desapropriação por necessidade pública, da data da expedição do
respectivo decreto;
COMENTÁRIOS
A Administração Pública, quando desapropria um bem, não poderia destiná-
lo a outra finalidade que não aquela para o qual este foi expropriado. Caso
isto ocorra, estamos diante do que se conhece por tredestinação, a qual pode
das direito à retrocessão.
GABARITO: Opção E
Questão 30
Marque a alternativa CORRETA:
a) Em se tratando de desapropriação indireta, a promessa de compra e
venda, só habilita os promissários compradores a receber a
indenização pelo esbulho praticado pelo ente público, caso
registrada na matrícula do imóvel.
b) Os juros moratórios destinam-se a recompor a perda decorrente
do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão
final de mérito de ação de desapropriação, e somente serão
devidos à razão de até doze por cento ao ano, a partir de 1º de
janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria
ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição Federal.
c) Tem-se requisição administrativa no caso de iminente perigo
público. Permite0se, neste caso, que a autoridade competente
possa usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização justa;
d) Tendo em vista que a limitação administrativa é em caráter geral
e abstrato, não há de se falar em direito à indenização.
e) A partir tombamento provisório, incidem todas as obrigações que
do tombamento decorrem, com exceção do dever de registro.
COMENTÁRIOS
A primeira opção não está correta, tendo em vista que o STJ decidiu
diversamente: “em se tratando de desapropriação indireta, a promessa de
compra e venda, ainda que não registrada no cartório de imóveis, habilita os
promissários compradores a receber a indenização pelo esbulho praticado
pelo ente público.” (STJ, Informativo nº 493). A desapropriação dita
“indireta” consiste no procedimento irregular de tomada da propriedade. É a
prática em que o Poder Público, sem o devido procedimento legal, usurpa a
propriedade privada.
A letra “b” está incorreta e não deveria ter sido assinalada. Ela contraria
aquilo que dispõe o art. 15-B, do Decreto-lei nº 3.365/41: “os juros
moratórios destinam-se a recompor a perda decorrente do atraso no efetivo
pagamento da indenização fixada na decisão final de mérito, e somente serão
devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do
exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos
do art. 100 da Constituição.”. Este dispositivo não foi atingido pela ADI nº
2.332-DF, STF. O erro, como visto, está em considerar como corretos os
juros de 12% ao ano, quando o correto seria de 6%.
A assertiva “c” está incorreta e não poderia ser assinalada. Ela destoa do que
dispõe o art. 5º, inciso XXV, da CF/88: “no caso de iminente perigo público,
a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
proprietário indenização ulterior, se houver dano;”. Para auxiliar os
candidatos, podemos sistematizar as diferenças entre requisição e
desapropriação – muitas vezes cobradas em prova, da seguinte maneira:
DESAPROPRIAÇÃO REQUISIÇÃO
BENS BENS e SERVIÇOS
DEFINITIVA TEMPORÁRIA
COM INDENIZAÇÃO INDENIZA SÓ SE HOUVER
DANO
AQUISIÇÃO DA USO DA PROPRIEDADE
PROPRIEDADE
DEPENDE DE AUTO-EXECUTÓRIA
PROCEDIMENTO
A assertiva “e” está correta, e deveria ter sido assinalada, porque de acordo
com o texto do art. 10, “caput” e parágrafo único, e art. 13, ambos do
Decreto-Lei nº 25/637:
Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será
considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo
iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos referidos bens no
competente Livro do Tombo.
Parágrafo único. Para todos os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei,
o tombamento provisório se equiparará ao definitivo.
Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade partcular será, por
iniciativa do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo dos
oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição do domínio.
GABARITO: Opção E
[1]
STJ, RMS 38.867-AC, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, j.
18/10/2012.
[2]
“Na hipótese em questão, o edital permitia antever que haveria
comunicação por carta ou outro meio, além da publicação no DOE. Ademais,
como o candidato foi aprovado na condição de compor o cadastro de reserva,
não havia como prever se haveria a real condição de surgir vaga, bem como
se seria convocado para a posse, motivo pelo qual seria ainda mais necessário
o envio de comunicação pessoal para que pudesse exercer o seu direito à
nomeação e posse. Assim, dada a colocação do impetrante, justifica-se, na
espécie, a analogia com situações nas quais havia longo transcurso temporal,
pois foram previstas poucas vagas, não sendo possível construir uma
expectativa evidente de nomeação em curto prazo.” (STJ, AgRg no RMS
35.494-RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 20/3/2012).
[3]
Decisão referendada posteriormente: AgRg no RMS 37.227-RS, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, j. 6/12/2012.
[4]
STF (RE-ED 256.588, in DJU 03.10.2003) "SERVIÇO DE LIMPEZA DE
LOGRADOUROS PÚBLICOS E DE COLETA DOMICILIAR DE LIXO.
UNIVERSALIDADE. COBRANÇA DE TAXA. IMPOSSIBILIDADE.
Tratando-se de taxa vinculada não somente à coleta domiciliar de lixo, mas,
também, à limpeza de logradouros públicos, que é serviço de caráter
universal e indivisível, é de se reconhecer a inviabilidade de sua cobrança.
Precedente: RE 206.777. Embargos de divergência conhecidos e providos."
[5]
Por não ter competência administrativa para a prática do ato atacado, fica,
portanto, afastada a legitimação passiva do Procurador-Chefe da Fazenda
Nacional. A “teoria da encampação” não pode ser invocada quando, como no
caso, a autoridade apontada como
coatora (e que “encamparia” o ato atacado), não mantém qualquer relação de
hierarquia com a que deveria, legitimamente, figurar no processo. Não se
pode ter por eficaz, juridicamente, qualquer “encampação” (que melhor
poderia ser qualificada como usurpação) de competência por autoridade
incompetente para a prática do ato requerido.
(STJ, Resp. 692.973-RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, j.
27/5/2008).