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DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE PSIQUIATRIA, PSICOLOGIA E

PSICANÁLISE

Discente: Deronilson Almeida Santos

Para discutirmos acerca das semelhanças e diferenças entre estas três


áreas específicas do estudo da psicologia, é necessário entendermos seus
conceitos e aplicações na área de Direito.

Psicologia Jurídica

A psicologia jurídica é uma área da ciência psicológica que tem como


característica sua interface com o Direito. Segundo Trindade (2009) o termo
psicologia jurídica, engloba qualquer prática aplicada da ciência e da profissão
de psicologia para os problemas e questões legais. Para Jesus (2010 p.52) a
psicologia jurídica constitui-se de um “campo especializado de investigação
psicológica, que estuda o comportamento dos atores jurídicos no âmbito do
direito, da lei e da justiça.”

Sabaté (1980, apud Trindade, 2009 p. 24) explica que o objetivo seria
explicar a essência do fenômeno jurídico, isto é, a fundamentação psicológica
do direito uma vez que todo o direito está repleto de conteúdos psicológicos.
Essa tarefa de investigação psicológica do direito recebeu a denominação de
psicologismo jurídico. Portanto a psicologia jurídica é aplicada como ciência
auxiliar do direito (TRINDADE, 2009)

Psiquiatria

A Psiquiatria é um ramo da ciência médica que é intrinsecamente ligada


às questões da mente humana e tem por escopo o estudo das perturbações
psíquicas, buscando prevenir, diagnosticar, tratar e reabilitar os distúrbios da
mente sejam eles de cunho orgânico ou funcional. Dentre as
subespecialidades, temos a psiquiatria forense/judicial, em que Rigonatti (2003)
a define como “a subespecialidade que faz uso dos conhecimentos
psiquiátricos a serviço da justiça”.

Utiliza-se para informar não somente o magistrado, mas de modo geral


os operadores do direito sobre a condição psíquica do jurisdicionado, bem
como, sobre a capacidade dele de entender as consequências de seus atos, e
se ele tem ou não autocontrole de suas ações, para que apliquem a lei da
maneira mais adequada. Segundo Palomba (2003) “Psiquiatria forense ou
judicial é a aplicação dos conhecimentos psiquiátricos aos misteres da justiça,
visando esclarecer os casos nos quais o indivíduo, por seu estado alterado de
saúde mental, necessita de consideração especial diante da lei”.

Psicanálise

A Psicanálise trata-se de uma ciência que estuda o inconsciente


humano, sendo concebida a partir da análise das relações humanas. Tendo em
vista que o direito é uma construção social e uma ciência que regula as
relações sociais, a psicanálise torna-se útil para o estudo do Direito, ajudando a
compreender estas relações.

A Psicanálise, dessa forma, pode auxiliar o Direito a compreender o ser


humano, o que o motiva a agir de determinada forma e, consequentemente, a
criar leis que atendam às suas necessidades. E, as relações humanas no ponto
de vista do psicanalista são fundamentais para a análise das relações jurídicas.
Dessa forma, a Psicanálise contribui para o Direito, pois auxilia a compreender
o ser humano, o que o motiva a agir de determinada forma e,
consequentemente, a criar leis que atendam às suas necessidades.

Conclusão

A partir dos conceitos apresentados é possível identificar as diferenças destas


áreas de estudo da ciência psicológica, e inferir que suas aplicações no Direito
se diferem de acordo com a situação estudada. A psicologia e o direito
possuem um destino comum, pois ambos lidam com o comportamento
humano. De acordo com Trindade (2007), enquanto a psicologia foca no
comportamento humano, o direito é o conjunto de regras que busca regular
esse comportamento para um adequado convívio em sociedade.

Desta forma, o comportamento humano é um objeto de estudo que pode ser


apropriado por diversos saberes e diferentes perspectivas. Portanto, podemos
concluir que a contribuição da Psicanálise para o Direito é inestimável, pois
ajuda a compreender o ser humano, o que o motiva a agir de determinada
forma e, consequentemente, a criar leis que atendam às suas necessidades.
Isso não significa que o direito deve se reduzir à psicologia, mas sim que a
psicologia pode ser uma ferramenta útil para o estudo do direito, tendo uma
relação de complementaridade entres as áreas.

Referências Bibliográficas

FIUZA, César; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira; SÁ, Maria de Fátima Freire
de. Direito Civil: Atualidades II - da autonomia privada nas situações jurídicas
patrimoniais e existenciais. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.

JESUS, Fernando. Psicologia Aplicada a Justiça. Goiânia: AB, 2010

MAIA, C. Y. M. (2015). A trajetória da Psicologia Jurídica. Material didático da


disciplina Antropologia e Psicologia Jurídica – Instituto de Educação Superior
da Paraíba (IESP) - Curso de Direito, 2015.1. Disponível em:
https://www.iesp.edu.br/sistema/uploads/arquivos/publicacoes/a-trajetoria-da-
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PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de Psiquiatria Forense Civil e Penal.


Atheneu. São Paulo, 2003.

RIGONATTI, Sérgio Paulo. Temas em Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica.


Vetor. São Paulo, 2003.

SOUZA, C. J. (2014). Psicologia jurídica: encontros e desencontros em sua


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https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-
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TRINDADE, J. (2007). Manual de Psicologia Jurídica para Operadores do


Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado.

XAVIER, T. M., MOREIRA, G. R. M. (2015). A interface entre Psiquiatria e o


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http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/viewFile/
5113/4680.

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