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A relevância dos estudos de psicologia e de psiquiatria para o


direito penal │Jhenniffer Keyse Rezende Souza
Posted on 7 de março de 2019

Jhenniffer Keyse Rezende Souza, graduada em Direito


pelo Centro Universitário do Planalto de Araxá.
Membro Associado da ICCS – International Center for
Criminal Studies. Advogada em Araxá/MG.

A relevância dos estudos de psicologia e de


psiquiatria para o Direito Penal
 

RESUMO

A interdisciplinaridade torna-se cada vez mais necessária, sendo ela de suma importância nos
estudos. Quando é feito uma pesquisa ou até mesmo julgamento tomando por base
informações precisas, em conjunto, de várias áreas, sem sombra de dúvidas o resultado será
mais satisfatório e indiscutível. As ciências da saúde mental como a psicologia e a psiquiatria,
estudadas em conjunto com o direito, podem ajudar a deixar mais compreensíveis
determinadas atitudes baseadas no emocional de indivíduos, auxiliando por fim, o julgador. O
Direito poderá julgar os casos não somente baseando no que há na Lei escrita, mas também
com o próprio comportamento do sujeito, corroborando em conjunto ao caminho até a
conclusão do que o levou a realizar determinada ação. Palavras-chaves: Psicologia. Psiquiatria.
Direito. Interdisciplinaridade.

ABSTRACT

Interdisciplinarity becomes more and more necessary, being of paramount importance in


studies. When a search is made or even judgment based on precise information, together, of
several areas, without a doubt the result will be more satisfactory and indisputable. Mental
health sciences such as psychology and psychiatry, studied in conjunction with law, can help to
make certain attitudes toward the emotional state of individuals more supportive, ultimately
assisting the judgmental. The Law can judge cases not only based on what is in the written Law,
but also with the subject’s own behavior, corroborating together the path to the conclusion of
what led him to perform a certain action. Keywords:  Psychology. Psychiatry. Law.
Interdisciplinarity.

 1.    INTRODUÇÃO

A relação entre Direito e as Ciências da Saúde não é atual, desde os primórdios eles vem se
relacionando e aprimorando as ferramentas individuais que quando juntos acabam por
beneficiar as duas áreas. Contudo nas épocas passadas não se tinha tal distinção como hoje,
por isso havia a impressão que este campo de estudo não atuava consideravelmente. Podendo
influenciar e beneficiar o Direito em muitas áreas, pois as Ciências da Saúde estudam a
personalidade do indivíduo na tentativa de explicar seus atos e assim poderá ser usada no
Direito para a explicação e julgamento de criminosos, como por exemplo, assassinos
psicopatas.
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2.    O DIREITO E A PSICOLOGIA

A estreita relação entre Direito e Psicologia não é recente, no século XIX, na França, médicos já
eram designados para elucidar mistérios que certos crimes apresentavam. Eram aqueles
crimes que não se tinha de forma aparente uma justificativa, ou seja, sem razão aparente, ou
ações que não se encaixavam nos quadros de loucura da época. (CARRARA, 1998, p.70)[1].

Apesar do Direito e da Psicologia serem consideradas áreas distintas, elas acabam se


completando. A psicologia jurídica é uma das áreas de grande relevância para os operadores do
Direito. (MARQUES; OLIVEIRA, 2014)[2]

A Psicologia Jurídica atua, então, sobretudo, em dois momentos: na identificação do perfil


psicológico do acusado e definição se é necessário ou não um acompanhamento psicossocial
(aplicação de Medida de Segurança) e, posteriormente, no acompanhamento do interno em sua
recuperação psicológica e reeducação, contexto no qual podemos destacar a chamada
Psicologia Penitenciária. (OLIVEIRA, 2011)[3].

A presença do profissional da psicologia é fundamental no decorrer de trâmites legais, tanto na


atuação junto às partes envolvidas quanto em relação ao auxílio ao corpo jurídico, como na
elaboração de avaliações psicológicas determinadas pelos juízes.

A psicologia para o Direito é de tão grande importância que pode influenciar e muito a decisão
de uma causa. São os casos de declaração de inimputabilidade. Através do art.  26  e
seu parágrafo único do Código Penal (BRASIL, 1940), que dispõe:

Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.

Nota-se, mais uma vez, a necessidade da Psicologia para o Direito. Essa indispensabilidade do
trabalho conjunto entre várias matérias pode ser notada ainda nos outros artigos que seguem:

Art. 4º – § 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer


assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos,
de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.

Art. 8º A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico


devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM do Estado onde se
localize o estabelecimento.

3. O DIREITO E A PSICANÁLISE
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A psicanálise é a área, dentro da psiquiatria, que estuda a maior parte da mente humana, o
inconsciente, lá estão localizados os traumas de infância ou experiências traumáticas que
acarretam as pulsões e as atitudes que o indivíduo toma no presente momento.

Para a esfera criminal, a psicanálise contribuiu de modo significativo ao revelar o inconsciente


como causa dilatada e mais poderosa da vida psíquica. Revelou que o psicológico humano é
formado pela força dos instintos, pelas experiências pretéritas traumatizantes da formação da
personalidade do ser. E o único modo de estudo desses fenômenos, é através da psicanálise.
(HERZMANN, 2014)[4].

O Direito se apresenta bastante incompleto se analisado de forma isolada, autônoma e


independente dos demais saberes. O jurista que visualiza o direito a partir de concepções
estritamente legalistas, analisando o corpo seco da lei sob uma ótica técnico-instrumental,
mostra-se muito despreparado para a promoção da justiça em um caso concreto que demande
o uso de uma gama de saberes operando em conjunto. O jurista verdadeiramente preocupado
com a aplicação justa do mandamento de uma lei deve ter consciência de suas limitações e
entender que deve agir em parceria com outros profissionais que tenham um domínio maior de
instrumentos e técnicas que podem ser usados na complementaridade de determinado caso.
(OLIVEIRA, 2011)[5].

Conhecer precisamente o diagnóstico em um estudo transdisciplinar da psicopatia é de


fundamental importância para uma aplicação efetiva de medidas jurídico-terapêuticas que
visem recuperar o indivíduo para a vida em sociedade. Os métodos punitivos atuais se mostram
inócuos, e a medida de segurança se mostra desaconselhada, à luz dos conhecimentos médicos
e psicológicos contemporâneos.

Destarte, o tratamento a ser despendido deve levar em consideração a situação particular do


portador de personalidade antissocial, bem como sua anatomia cerebral diferenciada, e não é
aconselhado que nas penitenciárias ou em institutos psiquiátricos forenses eles sejam tão-
somente confinados.

A psiquiatria forense exerce a sua competência a pedido dos juízes, dos advogados, das familias
e, em determinadas circunstâncias do próprio arguido ou parte visada. A maior parte dos
problemas da personalidade em psiquiatria forense são: Personalidade Psicopática;
Personalidade Dissocial; Personalidade Impulsiva; Personalidade Narcísica; Personalidade
Borderline; Personalidade Sádica.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que se deve concluir, portanto, é a inevitabilidade da interdisciplinaridade do Direito com


outras fontes. O que se precisa ter em mente, é que essa abertura do Direito para várias áreas
do saber somente lhe trará benefícios, pois os verdadeiros operadores do Direito são aqueles
que se preocupam com a aplicação justa do mandamento, admitindo as limitações de sua área e
aceitando o auxílio e a parceria com diversas técnicas e instrumentos oriundos de outras
esferas de estudo para assim ajudarem na conclusão de determinado caso.

Muitas vezes tem-se o desconhecimento da função e relevância de diferentes áreas dentro do


Direito, aqui está explicito a verdadeira ação das Ciências da Saúde dentro da área jurídica,
estudando o emocional e auxiliando nos julgamentos.

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As conclusões que serão tiradas deste estudo servirão como base para cada vez mais se buscar
a união entre âmbitos de estudo e estudiosos, de forma que se esta parceria torne os estudos
concluídos mais abrangentes, pois já terão na sua natureza a opinião e o peso de cada esfera,
fazendo com que esse pensamento conjunto não precise ser feito posteriormente.

Cabe ao Direito regular e controlar o social e o real, o que consequentemente implica uma
constante mutação e revisão, devido às mudanças sociais que permanentemente ocorrem na
sociedade. A questão da culpabilidade ou não culpabilidade por anomalia psíquica é bem
antiga, contudo impossível de esquecer, ressaltando daqui que ao invés de se apurar se o
individuo é culpável ou não por anomalia psíquica, deveriam de existir mais leis que criassem e
garantissem a sua própria aplicação, no que respeita a estruturas e mecanismos de observação
e prevenção, na área da saúde mental, já que o fenómeno da psicopatologia é emergente e
frequente como se pode verificar pelo Relatório de Saúde Mental, 2001 da OMS.

[1] CARRARA, Sérgio. Crime e Loucura: o aparecimento do manicômio judiciário na passagem


do século.  Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998. Disponível em:
<http://www.eduerj.uerj.br/download/crime_loucura.pdf>. Acesso em: 22 de setembro de
2016.

[2] MARQUES, Matheus Souza; OLIVEIRA, Thomaz.  A atuação dos psicólogos jurídicos no
âmbito do Sistema Prisional Brasileiro. Disponível em:
<http://stefanocmm.jusbrasil.com.br/artigos/115363264/a-atuacao-dos-psicologos-juridicos-
no-ambito-do-sistema-prisional-brasileiro-1>. Acesso em: 02 de outubro de 2016.

[3] OLIVEIRA, Heitor Moreira de. A psicologia jurídica e a psicanálise freudiana como bases
teórico-práticas para uma abordagem interdisciplinar do Direito. Disponível em:
<http://www.red.unb.br/index.php/redunb/article/download/7117/5610>. Acesso em: 22 de
setembro de 2016.

[4] HERZMANN, Edgar.  O Comportamento ilícito para a psicanálise. Disponível em:


<http://edgarherzmann.jusbrasil.com.br/artigos/129534783/o-comportamento-ilicito-
paraapsicanalise>. Acesso em: 02 de outubro de 2016.

[5] OLIVEIRA, Heitor Moreira de. A psicologia jurídica e a psicanálise freudiana como bases
teórico-práticas para uma abordagem interdisciplinar do Direito. Disponível em:
<http://www.red.unb.br/index.php/redunb/article/download/7117/5610>. Acesso em: 22 de
setembro de 2016.

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Artigo escrito pelo Dr. Miguel


Ángel Asturias, Doutor em
Direito Penal, especialista em
Direito Ambiental, professor
universitário e Diretor da
Asociación de Investigaciones
en Derecho Penal Ambiental y
Climático (AIDPAC).
http://iccs.com.br/analisis-de-
los-proyectos-legislativos-…/

iccs@iccs.com.br





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