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AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1925424 - AM (2021/0061983-3)

RELATOR : MINISTRO FRANCISCO FALCÃO


AGRAVANTE : MUNICÍPIO DE MANAUS
ADVOGADO : MARGAUX GUERREIRO DE CASTRO E OUTRO(S) -
AM003917
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL. ESTRUTURA E
FUNCIONALIDADE. CORREÇÃO DAS IRREGULARIDADES.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ASTREIENTES.
PROPORCIONALIDADE. PRETENSÃO DE REEXAME FÁTICO-
PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ.
I - Na origem, trata-se de ação civil pública ajuizada pelo
Ministério Público do Estado do Amazonas contra o Município de Manaus
objetivando regularizar as condições estruturais e funcionais da Escola
Municipal Felismino Francisco Soares, sob a alegação de não possuir
elevadores e saídas de emergências, dentre outras irregularidades
estruturais. Na sentença, julgou-se procedente o pedido, condenando a
municipalidade a corrigir as irregularidades, no prazo máximo de 6 meses,
sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), limitados a 30
dias multa. No Tribunal a quo, a sentença foi mantida. Nesta Corte, não se
conheceu do recurso especial.
II - A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no
sentido de que a pretensão de redução do valor das astreintes, via de regra,
implica a incidência do óbice da Súmula n. 7/STJ, quando se pretende
revisa-lo no âmbito do recurso especial, exceção aceitável somente diante
de situações de evidente irrisoriedade ou exorbitância no valor.
III - As decisões ordinárias determinaram o cumprimento das
respectivas medidas em até 6 meses, fixando a multa diária no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais), mas esta, limitada a 30 dias multa. Então,
diferente do que alega a municipalidade recorrente, a multa só pode chegar
ao valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), devendo a
conclusão das obras se dar no prazo de 6 meses, mas são situações diversas.
IV - Esta Corte possui jurisprudência excepcional, em casos
análogos, na qual houve a redução ou fixação das astreintes em valores
inferiores a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) dia. A propósito: (AgInt no
AREsp 1.659.806/SP, relatora Ministra Assusete Magalhães, Segunda
Turma, julgado em 19/10/2020, DJe 23/10/2020 - valor: R$ 2.000,00 (dois
mil reais), limitado a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e REsp
1.779.361/RJ, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
em 26/2/2019, DJe 23/4/2019 - valor: R$ 500,00 - quinhentos reais).
V - Na hipótese o valor diário das astreintes foi fixado em R$
5.000,00 (cinco mil reais), mas limitado a 30 dias. Assim, ainda que exista
jurisprudência no STJ, em casos análogos, nos quais houve a redução do
valor para outros patamares, o fato é que a particularidade dos autos, em
que a multa somente poderá alcançar o patamar máximo de R$ 150.000,00
(cento e cinquenta mil reais), inviabiliza novo debate nesta instância, por
incidir no óbice da Súmula n. 7/STJ.
VI - Agravo interno improvido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam
os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,
negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Og Fernandes, Mauro Campbell
Marques e Assusete Magalhães votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques.

Brasília, 14 de fevereiro de 2022.

MINISTRO FRANCISCO FALCÃO


Relator
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1925424 - AM (2021/0061983-3)

RELATOR : MINISTRO FRANCISCO FALCÃO


AGRAVANTE : MUNICÍPIO DE MANAUS
ADVOGADO : MARGAUX GUERREIRO DE CASTRO E OUTRO(S) -
AM003917
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL. ESTRUTURA E
FUNCIONALIDADE. CORREÇÃO DAS IRREGULARIDADES.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ASTREIENTES.
PROPORCIONALIDADE. PRETENSÃO DE REEXAME FÁTICO-
PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ.
I - Na origem, trata-se de ação civil pública ajuizada pelo
Ministério Público do Estado do Amazonas contra o Município de Manaus
objetivando regularizar as condições estruturais e funcionais da Escola
Municipal Felismino Francisco Soares, sob a alegação de não possuir
elevadores e saídas de emergências, dentre outras irregularidades
estruturais. Na sentença, julgou-se procedente o pedido, condenando a
municipalidade a corrigir as irregularidades, no prazo máximo de 6 meses,
sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), limitados a 30
dias multa. No Tribunal a quo, a sentença foi mantida. Nesta Corte, não se
conheceu do recurso especial.
II - A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no
sentido de que a pretensão de redução do valor das astreintes, via de regra,
implica a incidência do óbice da Súmula n. 7/STJ, quando se pretende
revisa-lo no âmbito do recurso especial, exceção aceitável somente diante
de situações de evidente irrisoriedade ou exorbitância no valor.
III - As decisões ordinárias determinaram o cumprimento das
respectivas medidas em até 6 meses, fixando a multa diária no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais), mas esta, limitada a 30 dias multa. Então,
diferente do que alega a municipalidade recorrente, a multa só pode chegar
ao valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), devendo a
conclusão das obras se dar no prazo de 6 meses, mas são situações diversas.
IV - Esta Corte possui jurisprudência excepcional, em casos
análogos, na qual houve a redução ou fixação das astreintes em valores
inferiores a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) dia. A propósito: (AgInt no
AREsp 1.659.806/SP, relatora Ministra Assusete Magalhães, Segunda
Turma, julgado em 19/10/2020, DJe 23/10/2020 - valor: R$ 2.000,00 (dois
mil reais), limitado a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e REsp
1.779.361/RJ, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
em 26/2/2019, DJe 23/4/2019 - valor: R$ 500,00 - quinhentos reais).
V - Na hipótese o valor diário das astreintes foi fixado em R$
5.000,00 (cinco mil reais), mas limitado a 30 dias. Assim, ainda que exista
jurisprudência no STJ, em casos análogos, nos quais houve a redução do
valor para outros patamares, o fato é que a particularidade dos autos, em
que a multa somente poderá alcançar o patamar máximo de R$ 150.000,00
(cento e cinquenta mil reais), inviabiliza novo debate nesta instância, por
incidir no óbice da Súmula n. 7/STJ.
VI - Agravo interno improvido.

RELATÓRIO

Trata-se de agravo interno interposto contra monocrática que decidiu recurso

especial interposto pelo Município de Manaus, com fundamento no art. 105, III, a, da

CF/1988.

O recurso visa reformar acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do


Amazonas, assim ementado (fl. 636):

DIREITO CONSTITUCIONAL. APELAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


IRREGULARIDADES EM ESCOLA MUNICIPAL. ATENDIMENTO AOS PADRÕES
MÍNIMOS DE QUALIDADE EDUCACIONAL. INGERÊNCIA DO PODER
JUDICIÁRIO. VIOLAÇÃO À SEPARAÇÃO DOS PODERES. INOCORRÊNCIA.
ASTREINTES. VALOR ADEQUADO. NATUREZA INIBITÓRIA. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. Verificada inconformidades estruturais e funcionais em escola pública, bem como a
omissão do Poder Público quanto aos direitos constitucionais assegurados às crianças e
adolescente, configura-se correta a decisão judicial que determinou a execução de medidas
corretivas a fim de adequar o estabelecimento educacional e proporcionar aos estudantes um
ambiente propício ao regular desenvolvimento das atividades escolares, com garantia de
proteção, segurança e saúde;
2. Ademais, não ofende o princípio da separação dos poderes a intervenção judicial
para compelir os órgãos da administração a cumprir a obrigação constitucional de realizar
obras de reforma em prédio de escola municipal, em razão da precariedade das instalações,
para reforçar a segurança, eliminar os riscos para alunos e demais usuários e propiciar
adequado espaço físico para o desenvolvimento do ensino público de qualidade;
3. A astreinte constitui meio coercitivo de compelir o réu a cumprir decisão judicial.
Em razão de sua natureza inibitória, pode e deve ser fixada em valor suficientemente
oneroso ao demandado, de modo a desencorajar o descumprimento da determinação
judicial.

Na origem, trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do

Estado do Amazonas contra o Município de Manaus objetivando regularizar as condições

estruturais e funcionais da Escola Municipal Felismino Francisco Soares, sob a alegação

de não possuir elevadores e saídas de emergências, dentre outras irregularidades

estruturais. Na sentença, julgou-se procedente o pedido, condenando a municipalidade a

corrigir as irregularidades, no prazo máximo de 6 meses, sob pena de multa diária de R$

5.000,00 (cinco mil reais), limitados a 30 dias multa. No Tribunal a quo, a sentença foi

mantida. Nesta Corte, não se conheceu do recurso especial.

No recurso especial, o Município de Manaus alega violação do art. 537, §1º,

do CPC/2015, sustentando a desproporcionalidade na fixação do valor e do limite

temporal das astreintes, cujo montante pode chegar a R$ 900.000,00 (novecentos mil

reais) no final de 6 meses.

Alega já ter cumprido grande parte das medidas que lhe foram impostas,

pendendo somente um item, o que ratifica o pedido de redução e limitação das astreintes.

A decisão recorrida tem o seguinte dispositivo: "Ante o exposto, com

fundamento no art. 255, § 4º, I, do RISTJ, não conheço do recurso especial."

Interposto agravo interno, a parte agravante traz argumentos contrários aos

fundamentos da decisão, nestes termos (fl. 773):

[...] é patente a contradição do julgado, pois a decisão que não conheceu o recurso
especial, traz expressamente consignado que o óbice da súmula 7/STJ pode ser afastado em
situações excepcionais, quando verificado o excesso da importância arbitrada, em evidente
ofensa aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, hipótese claramente
configurada nos autos.

É o relatório.
VOTO

O recurso não merece provimento.

A decisão deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos, pois aplicou a

jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, firme no sentido de que a pretensão de

redução do valor das astreintes, via de regra, implica a incidência do óbice da Súmula n.

7/STJ, quando se pretende revisa-lo no âmbito do recurso especial, exceção aceitável

somente diante de situações de evidente irrisoriedade ou exorbitância no valor.

As decisões ordinárias determinaram o cumprimento das respectivas medidas

em até 6 meses, fixando a multa diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), mas

esta, limitada a 30 dias multa. Então, diferente do que alega a municipalidade recorrente,

a multa só pode chegar ao valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), devendo

a conclusão das obras se dar no prazo de 6 meses, mas são situações diversas.

É fato que esta Corte possui jurisprudência excepcional, em casos análogos,

em que houve a redução ou fixação das astreintes em valores inferiores a R$ 5.000,00

(cinco mil reais) dia.

A propósito:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBRAS PARA
ADAPTAR ACESSO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS ÀS
ESCOLAS. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 1.022 DO CPC/2015. INEXISTÊNCIA DE
VÍCIOS, NO ACÓRDÃO RECORRIDO. INCONFORMISMO. AUSÊNCIA DE
INTERESSE DE AGIR. QUESTÃO DECIDIDA COM BASE EM CLÁUSULAS DE
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE, EM
RECURSO ESPECIAL. POSSIBILIDADE DE IMPOSIÇÃO DE ASTREINTES CONTRA
A FAZENDA PÚBLICA. RAZÕES DO AGRAVO QUE NÃO IMPUGNAM,
ESPECIFICAMENTE, A DECISÃO AGRAVADA. SÚMULA 182/STJ. PRETENSÃO DE
REDUÇÃO DO VALOR FIXADO A TÍTULO DE ASTREINTES. REEXAME DE
PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO INTERNO PARCIALMENTE CONHECIDO
E, NESSA EXTENSÃO, IMPROVIDO.
I. Agravo interno aviado contra decisão que julgara recurso interposto contra decisum
publicado na vigência do CPC/2015.
II. No acórdão objeto do Recurso Especial, o Tribunal de origem manteve sentença
que julgou procedente o pedido em Ação Civil Pública, ajuizada pelo Ministério Público do
Estado de São Paulo, ora agravado, contra o Município de Bebedouro, a Fundação para o
Desenvolvimento da Educação - FDE e a Fazenda do Estado de São Paulo, ora agravante,
na qual postula a condenação dos réus a realizarem adaptações nas instalações de escolas,
para fins de permitir o acesso às pessoas portadoras de necessidades especiais, conforme
normas técnicas da ABNT.
III. Não há falar, na hipótese, em violação ao art. 1.022 do CPC/2015, porquanto a
prestação jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida, de vez que os votos
condutores do acórdão recorrido e do acórdão proferido em sede de Embargos de
Declaração apreciaram fundamentadamente, de modo coerente e completo, as questões
necessárias à solução da controvérsia, dando-lhes, contudo, solução jurídica diversa da
pretendida.
IV. Na forma da jurisprudência do STJ, não se pode confundir decisão contrária ao
interesse da parte com ausência de fundamentação ou negativa de prestação jurisdicional.
Nesse sentido: STJ, REsp 801.101/MG, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA
TURMA, DJe de 23/04/2008; REsp 1.672.822/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 30/06/2017; REsp 1.669.867/SC, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 30/06/2017.
V. No que se refere à alegada ofensa ao art. 485, VI, do CPC/2015, nos termos em
que a causa fora decidida, infirmar os fundamentos do acórdão recorrido - notadamente no
sentido de que "a obrigação assumida pela Secretaria Estadual de Educação não abrange as
escolas do Município de Bebedouro, até porque estes não participaram do TAC firmado,
razão pela qual não há que sustentar carência da ação"- demandaria o reexame de matéria
fática e das cláusulas do referido TAC, o que é vedado em Recurso Especial, nos termos das
Súmulas 5 e 7/STJ.
VI. Interposto Agravo interno com razões que não impugnam, especificamente, os
fundamentos da decisão agravada - mormente quanto ao fundamento de que "a Primeira
Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.474.665/RS, de relatoria
do Ministro BENEDITO GONÇALVES, submetido ao rito do art. 543-C do CPC/73,
concluiu pela possibilidade de imposição de multa diária à Fazenda Pública" -, não prospera
o inconformismo, quanto ao ponto, em face da Súmula 182 desta Corte.
VII. No que concerne ao valor arbitrado a título de astreintes, a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento no sentido de que somente pode ser
revisto excepcionalmente, quando irrisório ou exorbitante, sob pena de ofensa ao disposto
na Súmula 7 desta Corte, o que não ocorre, na espécie, em que não consta já ter sido fixado
um valor específico.
VIII. Agravo interno parcialmente conhecido e, nessa extensão, improvido.
(AgInt no AREsp 1659806/SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma,
julgado em 19/10/2020, DJe 23/10/2020 - valor: R$ 2.000,00 (dois mil reais), limitado a R$
500.000,00 (quinhentos mil reais).)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER E INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. REDE DE ESGOTAMENTO
SANITÁRIO NO "CANAL DO ANIL". FALHA NA INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
DO SERVIÇO. LEGITIMIDADE PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO INDIVIDUAL.
INTERESSE INDIVIDUAL HOMOGÊNEO. ACESSO A JUSTIÇA.
RESPONSABILIDADE CIVIL DA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO.
DANO MORAL CARACTERIZADO. PROPORCIONALIDADE DAS ASTREINTES
IMPOSTAS.SÚMULA 7/STJ.
1. No tocante à alegada violação das Leis 7.347/1985, 8.078/1990, 11.445/2007, a
insurgente restringe-se a alegar genericamente ofensa às citadas leis sem, contudo,
demonstrar de forma clara e fundamentada como o aresto recorrido teria violado a legislação
federal apontada. Incide na espécie, por analogia, o princípio estabelecido na Súmula
284/STF.
[...]
5. É inviável analisar seguintes as seguintes teses defendidas no Recurso Especial: os
autores são usuários irregulares do serviço, não havendo sequer cobrança; o problema
existente decorre da ausência de galerias de águas pluviais e não de falha na instalação e
manutenção da rede de esgoto; não há dano moral e a responsabilidade pela realização das
obras de esgotamento sanitário é do Município do Rio de Janeiro. Não há como rever o
conjunto probatório dos autos para afastar as premissas fáticas estabelecidas pelo acórdão
recorrido em sentido contrário ao defendido pela recorrente. Aplica-se, portanto, o óbice da
Súmula 7/STJ.
6. No que concerne ao pleito para redução das astreintes, modificar o entendimento
adotado pelo aresto vergastado relativamente à proporcionalidade da multa imposta
demanda novo exame do acervo fático-probatório constante dos autos, o que é vedado na
via estreita do Recurso Especial, conforme o óbice previsto na citada Súmula 7/STJ.
7. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, não provido.
(REsp 1779361/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 26/02/2019, DJe 23/04/2019 - valor: R$ 500,00 - quinhentos reais.)

Ocorre que conforme já considerado, na hipótese o valor diário das astreintes

foi fixado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), mas limitado a 30 dias. Assim, ainda que

exista jurisprudência no STJ, em casos análogos, nos quais houve a redução do valor para

outros patamares, o fato é que a particularidade dos autos, em que a multa somente

poderá alcançar o patamar máximo de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais),

inviabiliza novo debate nesta instância, por incidir no óbice da Súmula n. 7/STJ.

Ante o exposto, não havendo razões para modificar a decisão recorrida, nego

provimento ao agravo interno.

É o voto.
TERMO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
AgInt no REsp 1.925.424 / AM
Número Registro: 2021/0061983-3 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
0001279-38.2020.8.04.0000 06213184320168040001 12793820208040000 6213184320168040001

Sessão Virtual de 08/02/2022 a 14/02/2022

Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : MUNICÍPIO DE MANAUS


PROCURADOR : MARGAUX GUERREIRO DE CASTRO E OUTRO(S) - AM003917
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS

ASSUNTO : DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO -


SERVIÇOS - ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : MUNICÍPIO DE MANAUS


ADVOGADO : MARGAUX GUERREIRO DE CASTRO E OUTRO(S) - AM003917
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS

TERMO

A SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidiu negar


provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Og Fernandes, Mauro Campbell Marques e Assusete
Magalhães votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques.

Brasília, 15 de fevereiro de 2022

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