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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0416.11.001194-5/003 Númeração 1525678-


Relator: Des.(a) Mônica Libânio
Relator do Acordão: Des.(a) Mônica Libânio
Data do Julgamento: 14/09/2022
Data da Publicação: 14/09/2022

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


- EXECUÇÃO DA MULTA COMINATÓRIA - REDUÇÃO DE MULTA
VENCIDA - POSSIBILIDADE. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça permite a revisão das astreintes a qualquer tempo, inclusive as
vencidas, quando o valor se mostrar irrisório ou exorbitante, uma vez que a
fixação da multa cominatória não faz coisa julgada material. A aplicação de
multa cominatória (astreintes) visa ao cumprimento do mandamento judicial,
devendo ser fixada em valor razoável, a fim de motivar o cumprimento da
decisão.

AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0416.11.001194-5/003 - COMARCA


DE MERCÊS - AGRAVANTE(S): AIDA APARECIDA FALCO, JOANA
JUSTINA - AGRAVADO(A)(S): PEDRO AVELINO DE CAMPOS

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 11ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.

DESA. MÔNICA LIBÂNIO ROCHA BRETAS

RELATORA

DESA. MÔNICA LIBÂNIO ROCHA BRETAS (RELATORA)

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

VOTO

Trata-se de agravo de instrumento interposto por AIDA APARECIDA


FALCO E OUTRA contra decisão de ordem 50, proferida nos autos da AÇÃO
ORDINÁRIA, em fase de cumprimento de sentença, proposta em desfavor de
PEDRO AVELINO DE CAMPOS, em que a MMª. Juiza de Direito da Vara
Única da Comarca de Mercês, reduziu o valor devido pelo executado, nos
seguintes termos:

Trata-se de cumprimento de sentença ajuizado por AIDA APARECIDA


FALCO em face de PEDRO AVELINO DE CAMPOS.

A parte autora requer o cumprimento da sentença proferida às fls. 375 (ID


7498313192).

O executado apresentou impugnação ao cumprimento de sentença em ID


7500297999, informando o pagamento dos danos morais, honorários
advocatícios e honorário do perito.

Contudo, quanto a multa diária alegou serem elas inexigíveis, vez que as
medidas determinadas na liminar foram executadas no prazo fixado.

Apresentou guias de depósito às fls. 433/436 (ID 7500298001).

Expedição de alvará para parte autora às fls. 444/445 (ID 7500298001).

A parte autora requereu às fls. 528 a indisponibilidade dos bens executado,


vez que ele não pagou a multa diária pelo descumprimento de liminar e
estaria se desfazendo de seus bens.

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Vieram-me os autos conclusos.

É o sucinto relatório.

Tendo visto e ponderado, passo a decidir.

Analisando detidamente os autos, vejo que o que encontra-se em discussão


é o valor da multa pelo descumprimento da liminar deferida.

Em tutela de urgência deferida às fls. 63/64 (7498313159), foi determinado


que o requerido procedesse a contenção da fundação/alicerce da casa das
requerentes, devendo a construção começar no prazo de cinco dias e
terminar em até trinta dias, sob multa diária de R$ 300,00 (trezentos reais).

O requerido foi citado da decisão que deferiu a tutela em 15/12/2011.

Realizada a inspeção judicial, conforme termo de fls. 106 (ID 7498313166),


foi determinado a suspensão do feito para a realização das obras deliberadas
pelo engenheiro.

Em inspeção feita em 27/01/2014 pela defesa civil, constatou que as


regularizações não foram totalmente cumpridas, conforme ofício de fls. 150
(ID 7498313169).

Foi determinado o cumprimento das medidas determinadas pelo prazo de 24


horas, com fixação de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em caso
de descumprimento.

A parte exequente alega em petição de fls. 453/453 (ID 7500298001 e


7500298003) que o valor da multa encontra-se no montante de 5.798.600,00
(cinco milhões, setecentos e noventa e oito mil e seiscentos reais).

De acordo com documentos juntados o Imóvel foi avaliado em R$

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400.000,00 (quatrocentos mil reis).

Verifico que a multa diária, por falha do juízo foi arbitrada sem quantum
máximo.

Destarte, a finalidade das astreintes é conferir efetividade ao comando


judicial, coibindo o comportamento desidioso da parte contra a qual foi
imposta obrigação judicial.

Seu escopo, como se viu acima, não é indenizar ou substituir o


adimplemento da obrigação, tampouco servir ao enriquecimento imotivado da
parte credora, devendo, pois, serem observados os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.

Nessa toada, a própria legislação que prevê a possibilidade de imposição de


multa cominatória autoriza o magistrado, a requerimento da parte ou de
ofício, a alterar o valor e a periodicidade da multa, quando, em observância
aos referidos princípios, entender ser esta insuficiente ou excessiva, nos
termos do art. 537, § 1º, do CPC.

Além disso, no julgamento do Recurso Especial 1.333.988/SP, sob a


sistemática dos recursos repetitivos, a SEGUNDA SEÇÃO, no Tema
Repetitivo nº 706, consolidou a tese de que " a decisão que comina
astreintes não preclui, não fazendo tampouco coisa julgada ".

Nesse sentido, é o entendimento do STJ:

(...)

Dito isso, entendo que deve ser revisado o valor devido pelo executado a
título de astreintes, porque manifestamente exagerado e, a eu ver, já
desvirtuado da sua finalidade coercitiva, bem como, conforme exposto acima,
ela não pode ensejar no enriquecimento ilícito da parte beneficiária.

Assim, tendo em vista os princípios da proporcionalidade e

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razoabilidade, REDUZO o valor devido pelo executado, a título de multa, por


reputá-lo exacerbado, quantificando-o no importe em R$ 20.000,00 (vinte mil
reais).

Em sendo assim, intime-se o executado para comprovar o pagamento, no


prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de execução forçada.

Em suas razões recursais, busca a parte Agravante a reforma da decisão


de origem, ao fundamento, em síntese, de que não se deve reduzir o valor
das astreintes, diante do descaso do Réu, ora Agravado, em cumprir com a
determinação judicial.

Asseguram que "reduzir uma multa, que só se aplica em caso de


descumprimento de decisão judicial, para menos de 0,5% (meio por cento)
de seu valor, é chancelar a desobediência do particular para com os
comandos judiciais, não só desvirtuando, como subvertendo a razão de
existir do Poder Judiciário.".

Ressaltam que "(...) o quantum da multa diária no momento da sua


fixação correspondia, em um primeiro momento, no valor de R$300,00
(trezentos reais) por dia de descumprimento, contudo, tendo

o agravado descumprido a ordem do juízo a quo, em duas oportunidades,


fora proferida decisão (ID 7498313169), fixando a multa diária no patamar de
R$5.000,00 (cinco mil reais), encontrando-se o montante arbitrado
proporcional e razoável aos objetivos a que se destina, não havendo que se
falar em enriquecimento sem causa da parte agravada.".

Requerem, de tal modo, a reforma da decisão de origem para condenar o


Agravado ao valor integral da multa devida pelo descumprimento da decisão
judicial.

Eventualmente, pleiteiam que a multa não seja arbitrada em montante


inferior a R$400.000,00 (quatrocentos mil reais), valor este correspondente
ao imóvel danificado pela parte adversa.

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Pugnam, ainda, pela decretação de "indisponibilidade dos bens do


executado, ora agravado, através da Central Nacional de Indisponibilidade de
Bens - CNIB, a fim de coibir a dilapidação do patrimônio do executado, que
poderá levá-lo à insolvência na presente execução.".

Decisão inicial à ordem 27, recebendo o recurso em seu regular efeito.

O Magistrado de origem prestou informações à ordem 32, comunicando a


manutenção da decisão agravada.

Contraminuta à ordem 42.

É o relatório.

Os pressupostos de admissibilidade foram apreciados quando da decisão


inicial. Passa-se, assim, à análise do mérito do recurso.

Cinge-se a controvérsia em verificar se a Magistrada de primeiro grau


agiu com acerto ao reduzir a multa cominatória fixada por ocasião do
deferimento da tutela de urgência para R$20.000,00 (vinte mil reais).

Ao fundamentar a sua decisão, a MMª. Juiza a quo salientou que o


imóvel objeto da lide foi avaliado em R$400.000,00 (quatrocentos mil reais),
mas o Exequente pretende executar montante de R$ 5.798.600,00 (cinco
milhões, setecentos e noventa e oito mil e seiscentos reais), o que
representaria enriquecimento sem causa, já que manifestamente exagerado
e desvirtuado da sua finalidade coercitiva, bem como para não pode ensejar
no enriquecimento ilícito da parte beneficiária.

Pois bem.

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Primeiramente, cumpre destacar a possibilidade de imposição de multa


cominatória à hipótese é inequívoca, por se tratar de medida adotada a fim
de dar coercibilidade à obrigação de fazer imputada à Agravada, nos termos
do art. 297 do CPC:

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas


para efetivação da tutela provisória.

Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas


referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber.

O colendo Superior Tribunal de Justiça permite a revisão das astreintes a


qualquer tempo, inclusive de ofício, quando o valor se mostrar irrisório ou
exorbitante, uma vez que a fixação da multa cominatória não faz coisa
julgada material.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. REDUÇÃO


DO VALOR DA MULTA DIÁRIA ARBITRADA NAS INSTÂNCIAS
ORDINÁRIAS. IMPOSSIBILIDADE. DESPROPORCIONALIDADE NÃO
EVIDENCIADA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.

1. A jurisprudência desta Casa é iterativa no sentido de que a decisão que


comina a multa não preclui nem faz coisa julgada material. Assim, é possível
a modificação do valor dessa sanção até mesmo de ofício, a qualquer tempo,
inclusive na fase de execução, quando irrisório ou exorbitante.

2. Para verificar se o valor da multa cominatória é exorbitante ou irrisório, ou


seja, se está fora do patamar de proporcionalidade e de razoabilidade, deve-
se considerar o quantum da multa diária no

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momento da sua fixação, em vez de comparar o seu total alcançado com a


integralidade da obrigação principal, tendo em vista que este critério
prestigiaria a conduta de recalcitrância do devedor em cumprir a decisão
judicial, além de estimular a interposição de recursos a esta Corte para a
redução da sanção, em total desprestígio à atividade jurisdicional das
instâncias ordinárias.

(...)

4. Agravo interno desprovido.

(AgInt no AREsp 1362273/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,


TERCEIRA TURMA, julgado em 18/02/2019, DJe 21/02/2019).

No caso, verifica-se que o MM. Juiz de origem concedeu a tutela de


urgência, fixando a multa diária, nos seguintes termos:

A parte Ré, ora Agravada, não cumpriu a obrigação determinada pelo


juízo, o que levou o Magistrado, após 03 (três) anos, a majorar a penalidade:

Em cumprimento de sentença, verifica-se que a parte Agravante pretende


executar o importe de R$ 5.798.600,00 (cinco milhões, setecentos e noventa
e oito mil e seiscentos reais) a título de multa pela "tutela antecipada não
cumprida". Esse cálculo compreende o valor diário de R$300,00 (trezentos
reais) fixado na primeira decisão, de natureza interlocutória e na segunda
decisão, no valor diário de R$ 5.0000,00 (cinco mil reais), também de
natureza interlocutória (fl. 414, ordem 30).

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É sabido que a multa diária tem nítido caráter coercitivo, visando influir
sobre o ânimo da parte recalcitrante, compelindo-a a cumprir os termos de
obrigação emanada de ordem judicial.

Nesse sentido, como instrumento vocacionado a despertar no


jurisdicionado o receio de sofrer as consequências de eventual
descumprimento do conteúdo obrigacional contido na decisão, as astreintes
devem guardar uma relação de proporcionalidade com o objeto ao qual estão
atreladas.

Com efeito, é vedada a estipulação de multa cominatória num patamar


pecuniário notoriamente exagerado, ensejando o enriquecimento sem causa,
ou em modestíssima cifra que torne a medida despida de coercibilidade.

Sobre os parâmetros que devem guiar o magistrado por ocasião da


fixação da multa diária, colaciona-se o entendimento sedimentado no âmbito
do Colendo STJ:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. OBRIGAÇÃO DE FAZER E


INDENIZATÓRIA. ORDEM JUDICIAL DETERMINANDO QUE A RÉ RETIRE
GRAVAMES DE VEÍCULO NO DETRAN, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA.
ASTREINTES. PARÂMETROS DE FIXAÇÃO. 1. É verdade que, para a
consecução da "tutela específica", entendida essa como a maior coincidência
possível entre o resultado da tutela jurisdicional pedida e o cumprimento da
obrigação, poderá o juiz determinar as medidas de apoio a que faz menção,
de forma exemplificativa, o art. 461, §§ 4º e 5º do CPC/1973, dentre as quais
se destacam as denominadas astreintes, como forma coercitiva de
convencimento do obrigado a cumprir a ordem que lhe é imposta. 2. No
tocante especificamente ao balizamento de seus valores, são dois os
principais vetores de ponderação: a) efetividade da tutela prestada, para cuja
realização as astreintes devem ser suficientemente persuasivas; e b)
vedação ao enriquecimento sem causa do beneficiário, porquanto a multa
não é, em si, um bem jurídico perseguido em juízo. 3. O arbitramento da
multa coercitiva e a definição de sua exigibilidade, bem como

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eventuais alterações do seu valor e/ou periodicidade, exige do magistrado,


sempre dependendo das circunstâncias do caso concreto, ter como norte
alguns parâmetros: i) valor da obrigação e importância do bem jurídico
tutelado; ii) tempo para cumprimento (prazo razoável e periodicidade); iii)
capacidade econômica e de resistência do devedor; iv) possibilidade de
adoção de outros meios pelo magistrado e dever do credor de mitigar o
próprio prejuízo (duty to mitigate de loss). (...) 7. Recurso especial
parcialmente provido. (AgInt no AgRg no AREsp 738.682/RJ, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/11/2016, DJe 14/12/2016)
(grifei)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PROCESSUAL


CIVIL. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO
CONFIGURADA. JULGAMENTO EXTRA PETITA. NÃO OCORRÊNCIA.
ARREMATAÇÃO DE IMÓVEL EM LEILÃO. SERVIDÃO NÃO CONSTANTE
DA MATRÍCULA DO IMÓVEL. INFORMAÇÃO NÃO ESPECIFICADA NO
EDITAL. OFENSA À BOA-FÉ. ABANDONO DO IMÓVEL PELO ALIENANTE.
NEGATIVA DE ACESSO PELO PROPRIETÁRIO SERVIENTE. FALHA NO
DEVER DE INFORMAÇÃO. PERDA DE UMA CHANCE. EXPLORAÇÃO
ECONÔMICA DA ÁREA ADQUIRIDA. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL CONFIGURADO. MULTA EM
VALOR ADEQUADO E PROPORCIONAL. AGRAVO NÃO PROVIDO. (...) 4.
Considerando as peculiaridades do caso concreto, a limitação da multa por
descumprimento de decisão judicial ao valor máximo da arrematação do
imóvel mostra-se de acordo com a orientação jurisprudencial desta Corte,
segundo a qual a multa cominatória deve ser fixada em valor razoável, de
modo a evitar o enriquecimento sem causa de uma das partes, sem,
contudo, ignorar o caráter preventivo e repressivo inerente ao instituto. 5.
Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1260150/PR, Rel.
Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 25/06/2019, DJe
28/06/2019) (grifei)

No caso sub judice, em inspeção realizada no dia 27 de janeiro de 2014,


aproximadamente 03 anos após o deferimento da tutela de

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urgência pleiteada pela Autora/Agravante, constatou-se que as


determinações impostas não foram totalmente cumpridas (fl. 150, ordem nº
19). Frisa-se que, até a data da sentença dos autos originários, a parte
Ré/Agravada não havia cumprido de forma satisfativa a determinação
judicial:

A sentença foi proferida em meados do ano de 2017. Logo, somam-se


aproximadamente 06 anos de inércia do Réu/Agravado, desde o deferimento
da liminar até a norma individual concreta proferida pela MM. Juíza.

De tal modo, combinando-se o lapso temporal empreendido pelo réu em


cumprir a determinação de contenção da fundação/alicerce da casa dos
Agravantes (mais de seis anos), o valor de avaliação do imóvel objeto da lide
(R$400.000,00), bem como todo o exposto acima, entendo que a multa no
importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) mostra-se insuficiente ao propósito
a que se destina.

Por outro lado, entendo que o valor cobrado pela Agravante mostra-se
excessivo, na medida em que ultrapassa a finalidade coercitiva da astreinte,
configurando claro enriquecimento ilícito da parte beneficiária.

Desse modo, atentando ao caráter preventivo e repressivo próprio da


multa por descumprimento de decisão judicial e, ainda, evitando-se o
enriquecimento sem causa de uma das partes, entendo que a decisão de
origem deve ser reformada, a fim de se fixar a multa em R$100.000,00 (cem
mil reais).

Por fim, indefiro o pedido de inscrição do nome da parte Agravada na


Central Nacional de Indisponibilidade de Bens - CNIB, diante da inexistência
de elementos que evidenciem a dilapidação de seu patrimônio para fins de
frustrar o presente cumprimento de sentença.

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DISPOSITIVO

Por todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO para,


reformando a decisão agravada, fixar o valor devido pelo executado, a título
de multa, em R$100.000 (cem mil reais).

Custas recursais pelas partes, na proporção de 50% para cada,


suspensa a exigibilidade em relação à Agravante por força da gratuidade da
justiça.

DESA. SHIRLEY FENZI BERTÃO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MARCELO PEREIRA DA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO"

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