ESTADO DA BAHIA

PREFEITURA MUNICIPAL DE BARRA DO MENDES

CNPJ/MF: 13.702.238/0001-00
Gabinete do Prefeito – Procuradoria Geral do Município

Barra do Mendes – BA, em 28 de julho de 2022.

Ofício nº 012208/2022
REF: CONVENIO SUCAB 048/2002

Ao Sr. Vicente José de Lima Neto - Diretor Geral

SUDESB: Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia

Venho por meio destes, oficia Vossa Senhoria, para que seja removido o apontamento
de inadimplência do município de barra do Mendes no sistema SIAFI-BA em decorrência
das irregularidades apontadas no convenio SUCAB 048/2002, que vem constrangendo
indevidamente o município no momento da obtenção de recursos de convênios.

O Convenio 048/02, firmado entre o município e a extinta SUCAB, após sucessivas

renovações, teve o término de sua vigência em 28/12/2004, conforme costa no Relatório
de situação dos Convenentes do SICON, consta, que o Sr. José Carlos Sodré dos
Santos, gestor do município a época da vigência do convenio SUCAB 048/02 deixou de
proceder a regular prestação de contas, o que levou a inadimplência do município.

Ocorre que a gravação de inadimplência do município em decorrência do convenio

SUCAB 048/02, mostra-se totalmente temerária, visto que o Sr. Manuel Gabriel dos
Santos, que sucedeu como prefeito deste município o Sr. José Carlos Sodré dos
Santos, encaminhou Prestação de contas, conforme ofício 23/2010, recepcionado na
extinta SUCAB em 09/02/2010, conforme cópia do ofício anexa. Alem disso, o município
buscando sanar os danos ao Erário, ingressou com a Ação Civil Pública nº 0000050-
02.2010.8.05.0021, em tramite perante a 1ª V DOS FEITOS DE REL DE CONS CIV E
COMERCIAIS DE BARRA DO MENDES, em face do Sr. José Carlos Sodré dos Santos,

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para que este arcasse com os prejuízos decorrentes de sua má gestão em relação ao
convenio SUCAB 048/02.
Cabe ressaltar que embora a vigência do convenio tenha se encerrado em 28/12/2004,
a SUCAB instaurou a comissão para tomadas contas especial através da Portaria no 68
de 16 de março de 2010, publicada no diário oficial em 17 de março de 2010, ou seja,
mais de 05 anos após o fim da vigência do convenio.

Consoante a todos estes fatos cabe mencionar que o gestor municipal que ingressou
após o gestor inadimplente domou todas as providencias necessárias para sanar as
irregularidades e mitigar o dano ao Erário, diante disso, resta evidente que o município
não pode ser inscrito como inadimplente perante o convenio, visto que o gestor sucessor
ao gestor inadimplente, tomo as providencias cabíveis, inclusive ingressando em juízo
contra o gestor anterior.

O entendimento do município que não pode ser inscrito como inadimplente por
pendências da gestão municipal do Sr. José Carlos Sodré dos Santos, é corroborado
pela Súmula 615 do Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do

município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na
gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as
providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente
cometidos.

Caminhando na mesma linha da Súmula 615-STJ, os Tribunais Pátrios, vem

reconhecendo que uma vez que o município em uma nova gestão tenha tomado
providencias em face do antigo gestor, não pode este continuar gravado com a
inadimplência, conforme segue:

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ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM ARESP. MANDADO

DE SEGURANÇA IMPETRADO PELO MUNICÍPIO DE
NOBRES/MT, A FIM DE SE ASSEGURAR A CELEBRAÇÃO DE
CONVÊNIO E REPASSE DE VERBAS PÚBLICAS,
INDEPENDENTEMENTE DA INSCRIÇÃO DO MUNICÍPIO EM
CADASTROS DE INADIMPLENTES. IRREGULARIDADES
ATRIBUÍDAS A PRETÉRITO ALCAIDE. O TRIBUNAL DE ORIGEM
DEIXOU EXPRESSAMENTE CONSIGNADO QUE FORAM
ADOTADAS PROVIDÊNCIAS OBJETIVANDO O
RESSARCIMENTO DO ERÁRIO FRENTE AO EX-GESTOR,
RAZÃO PELA QUAL NÃO HÁ CAUSA MATERIAL PARA QUE
PERSEVEREM RESTRIÇÕES À OBTENÇÃO DE RECURSOS E
TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS EM VIRTUDE DE
INSCRIÇÃO DA URBE EM CADASTRO DE INADIMPLENTES.
AGRAVO INTERNO DA UNIÃO DESPROVIDO.
1. Esta Corte Superior tem a diretriz de que, comprovada a adoção
de providências contra ex-Prefeito para reparar os danos
eventualmente cometidos, preserva-se o Município do
constrangimento de ser incluído no rol dos inadimplentes (AREsp
1.535.729/DF, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 05.11.2019).
2. No mérito, o Tribunal de origem, a partir dos elementos factuais
que se represaram no aresto, reconheceu que o Município de
Nobres/MT tomou as providências cabíveis visando regularizar a
sua situação nos cadastros de inadimplência, tanto que comprovou
a instauração da Tomada de Contas Especial com vistas à
apuração das responsabilidades do ex-prefeito pelas
irregularidades ocorridas no aludido convênio (fls. 270).
3. Inviável, nesse contexto, a pretensão recursal do ente federal de
que seja reconhecida, nessa instância extraordinária, a ausência de
comprovação de que o atual Alcaide tenha tomado todas as

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devidas providências tendentes à regularização da situação de

inadimplência municipal junto ao SIAFI/CAUC. Nesse sentido: AgInt
no AREsp 1.077.974/MA, Rel. Min. ASSUSETE MAGALHÃES, DJe
24.11.2017; AgRg no AREsp 787.120/MG, Rel. Min. SÉRGIO
KUKINA, DJe 11.12.2015.
4. Agravo Interno da UNIÃO a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 948.690/MT, relator Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Turma, julgado em 16/12/2019, DJe de
19/12/2019.)

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. INSCRIÇÃO DO

MUNICÍPIO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. ATOS DA
GESTÃO ANTERIOR. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na
vigência do CPC/1973.
2. O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de
que, comprovada a adoção de providências contra ex-prefeito para
reparar os danos eventualmente cometidos, se preserva o
Município do constrangimento de ser incluído no rol dos
inadimplentes.
Precedentes: AgRg no REsp 1.555.687/PB, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 19/11/2015, DJe 4/2/2016;
REsp 1.561.784/PE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 3/11/2015, DJe 2/2/2016; AgRg no AREsp
214.518/DF, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma,
julgado em 22/9/2015, DJe 28/9/2015; AgRg no AREsp
283.917/PB, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
julgado em 10/2/2015, DJe 19/2/2015.
3. O Tribunal local, apreciando a prova dos autos, concluiu que o
sucessor adotou providências tendentes ao ressarcimento do erário

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municipal, premissa cuja alteração é inviável por demandar

incursão no acervo fático-probatório dos autos, nos termos do óbice
da Súmula 7/STJ.
4. Recurso especial não provido.
(REsp n. 1.590.268/RN, relatora Ministra Diva Malerbi
(desembargadora Convocada TRF 3ª Região), Segunda Turma,
julgado em 16/8/2016, DJe de 23/8/2016.)

Sabendo que o município adotou as medidas necessárias contra o ex-prefeito em

relação ao convenio SUCAB 048/02, mostra-se totalmente indevida a inscrição do
município de Barra do Mendes como inadimplente em relação ao mencionado convenio,
conforme entendimento do STJ sumulado e em todo o arcabouço jurisprudência.

Alem disso, os procedimentos que gravaram as pendências findaram-se apenas em

2014, tendo levado um longo período até sua conclusão, extrapolando assim qualquer
prazo razoável.

Conforme bem consta do texto do art. 1º do Decreto 20.910 de 1932, fixa em 5 anos o
prazo prescricional das dívidas passivas dos entes públicos, conforme segue:

Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios,

bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda
federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual
se originarem.

Assim, tem-se que qualquer cobrança relativa ao município e sua inadimplência deveria
ser concluída no prazo máximo de cinco anos, sendo portanto indevida a anotação de
inadimplência do Município de Barra do Mendes. Nesse diapasão caminha a
jurisprudência dos tribunais, in verbis:

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ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUSPENSÃO

DE INSCRIÇÃO NO SIAFI/CAUC. MUNICÍPIO. CONVÊNIO COM O
FNDE. INADIMPLÊNCIA. DECURSO DE 5 ANOS. DECRETO Nº
20.910/32. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DO FNDE DE
INSCREVER O MUNICÍPIO NO SIAFI/CAUC. SUSPENSÃO DA
INADIMPLÊNCIA. CABIMENTO.
- Possibilidade de suspensão da inscrição do Município agravante
do SIAFI, tendo em vista o longo período decorrido entre o término
da vigência do convênio e a tomada de contas especial que
constatou irregularidades na sua execução financeira.
- Prestadas as contas por parte do administrador do município
agravante, em junho de 2002, somente em junho de 2008 o FNDE
procedeu à análise financeira da prestação de contas, entendendo
irregular a gestão do convênio.
- Decorrido mais de 5 anos entre a prestação de contas e sua
análise por parte do órgão concedente, deve-se afastar a
inadimplência do Município, não merecendo acolhida a tese do
FNDE de que o prazo prescricional somente começaria a correr
após o término da análise das contas apresentadas.
- Havendo legislação específica (Decreto 20.910/32), afasta-se a
regra geral da prescrição decenal, insculpida do Código Civil de
2002.
- Configurado o periculum in mora para fins de concessão da
antecipação dos efeitos da tutela, justificado pela iminência de
danos ao Município agravante, que poderá sofrer obstáculos na sua
atuação administrativa em decorrência da suspensão do repasse de
recursos federais e proibição de firmar novos convênios.
- Agravo de Instrumento provido para determinar a suspensão da
inscrição do Município agravante no SIAFI/CAUC, em relação à

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inadimplência verificada no convênio nº 750753/2001 firmado com o

FNDE.
(PROCESSO: 200905000656610, AGRAVO DE INSTRUMENTO,
DESEMBARGADOR FEDERAL FREDERICO PINTO DE AZEVEDO
(CONVOCADO), 4ª TURMA, JULGAMENTO: 11/05/2010,
PUBLICAÇÃO: 20/05/2010)

Nesta senda, resta evidente que se operou a prescrição do direito do Estado inscrever o
município como inadimplente, bem como está nítido que o gestor subsequente ao gestor
inadimplente, realizou os atos necessários para reparar os danos eventualmente
causados pelo ex-prefeito, não podendo o município ser inscrito como inadimplente.

Diante disso, requer seja removida a inscrição do Município de Barra do Mendes como
inadimplente pelo convenio SUCAB 048/2002.

Na oportunidade, certo do pronto atendimento do aqui solicitado, renovo protestos de

estima e consideração.

Antônio Barreto de Oliveira

Prefeito do Município de Barra do Mendes/BA

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