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FACULDADE DE DIREITO
TRABALHO PARA A N1
TEORIA GERAL DA PENA
SÃO PAULO
2023
1) Resuma os problemas da Justiça Criminal enumerados por cada um dos
participantes: Drauzio Varella, Danillo Félix, Emerson Ferreira, Sheila de Carvalho e
Marina Dias Werneck.
Danillo Félix: Danillo Félix foi preso injustamente em 2020, onde ficou 55 dias na
cadeia por um crime de roubo que não cometeu. Em 2020, uma vitima de um assalto foi à
delegacia e descreveu o assaltante (um homem negro, com cabelos curtos e bigode) no
qual presumiram ser Félix, por conta de uma foto antiga do rapaz, quando na verdade não
era ele, como a própria vítima eventualmente afirmou. Danillo contou como foi sua
experiência na prisão: passou fome, ficou doente, além das torturas psicológicas e
condições precárias que vivia, por um crime que não havia cometido. Ele critica
principalmente a falha nos processos de investigação que costumam envolver jovens
negros e pobres, já que a justiça criminal, age de forma seletiva encarcerando
majoritariamente os pobres e reprimindo movimentos populares. O desafio seria portanto
quebrar essa trajetória de desigualdade de tratamento, seletividade e punitividade na qual
segue a justiça criminal. Seu caso demonstra que um sujeito envolvido com o conflito não
tem “capacidade de sublimação”, ou seja, de sair do próprio conflito já que Félix não teve
uma chance de provar que não tinha sido ele o responsável pelo assalto.
Emerson Ferreira: Preso em regime fechado por tráfico de drogas, Emerson
Ferreira comenta o quanto foi traumatizante a sua experiência na prisão e o quanto as
pessoas estão tentadas a entrar para o tráfico por conta da pobreza. Depois de sair da
cadeia, relata que foi condenado a pagar uma multa de 17 mil reais ao estado, que, se não
o fizesse, perderia documentos essenciais para o exercício da cidadania como o título de
eleitor e o passaporte. Sua principal crítica foi em torno dessa multa, uma vez que a maioria
das pessoas presas por tráfico de drogas são pobres, então, não faria sentido cobrar
valores altos sabendo o juiz que o réu não terá como pagar. Além de que, a obrigação da
justiça criminal é a reinserção do preso na sociedade e removendo o direito de cidadania
dos presos, isso se torna improvável. Dessa forma, de acordo com as palavras de Emerson,
o sistema é “quase como uma prisão perpétua” uma vez que traz consequências para a
vida inteira.
Sabe-se que o perfil dos presos no Brasil são de maioria pobre e negro, dessa
forma, conclui-se que o sistema de justiça criminal brasileiro segue uma trajetória de
seletividade e punitividade voltada a desigualdade de tratamento desses grupos
vulneráveis. Essa desigualdade afeta de maneira significativa o sistema prisional do país
por gerar uma revolta e contribuir para um sistema ainda mais violento. Os presidiários não
se sentem capazes de reverter a situação em que se encontram por conta de tanta
repressão, dessa forma, acabam por se juntar em facções criminosas como uma garantia
que terão condições de vida melhores das quais estavam antes de entrarem na cadeia, já
que o sistema dificulta muito a inclusão do preso na sociedade após cumprir sua pena. A
título de exemplificação, há o exemplo da multa, expresso no podcast, no qual o preso deve
ao estado valores absurdamente altos após sair da cadeia, e que se não pagarem, o que a
maioria não têm condições, não terão direito à uma documentação nem exercer sua
cidadania. Portanto, conclui-se que, enquanto a justiça criminal agir de forma seletiva,
encarcerando majoritariamente os pobres, haverá maior violência.