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RESUMO
ABSTRACT
This article discusses the importance of education in convicts reintegration process. Was
carried a literature search on the objectives of the prison system and the difficulties faced by this to
fulfill its main objective, which is the social reintegration, as well as the role of education as an
essential tool for effecting this process. It is reported an initiative developed in the city of Cruz Alta,
the Project City of Refuge, which provides volunteer services to support inmates who are in the State
Prison of the municipality. It is considered in this study, that the prison education process, both
technical and professional level and in relation to moral and civic principles are sorely needed for the
prison system fulfill its role resocializing, though the state still need to move much in the
implementation of such policies, so that the high recidivism rates can be reduced.
1.INTRODUÇÃO
O Sistema prisional tem o objetivo não de apenas punir o infrator mas também proporcionar
ao apenado condições para que ele possa ser reinserido na sociedade. Infelizmente, esta não é a
realidade atual observada no Brasil, os índices de reincidência criminal são alarmantes, o que
comprova que o sistema penitenciário tem fracassado em seu papel ressocializador.
Isso mostra a urgente necessidade do desenvolvimento de programas educacionais dentro
do sistema penitenciário, que trabalhem não apenas a alfabetização ou ensino técnico, mas também
conceitos de cidadania, buscando conscientizar o apenado sobre a sua responsabilidade e o seu
lugar na sociedade.
O presente artigo pretende discutir a importância da educação no processo de
ressocialização de apenados, através de uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto, bem como
relatar a experiência do Projeto Cidade de Refúgio, desenvolvido junto ao Presídio Estadual de Cruz
Alta, por meio da Instituição Debaixo da Videira, que através do ensino de valores, por meio de
1
Mestrando em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social, na Universidade de Cruz Alta. Contato:
edureck@hotmail.com
2
Mestrando em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social, na Universidade de Cruz Alta. Contato:
vavareck@hotmail.com
3
Doutora em Educação; docente do Mestrado em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social da
Universidade de Cruz Alta. Contato slauxen@unciruz.edu.br
trabalhos com músicas, indicação de literatura e aconselhamento pessoal, pretende auxiliar nesse
processo.
A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, no artigo 137, determina que a política
penitenciária do Estado deve ter como objetivo a reeducação, a reintegração social e a
ressocialização do preso. A Lei 7.210/84, também denominada Lei de Execução Penal (LEP), ao art.
10, dispõe que “a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o
crime e orientar o retorno à convivência em sociedade”.
Desta forma, percebe-se a dupla finalidade da execução penal qual seja, dar sentido e
efetivação do que foi decidido criminalmente além de dar ao apenado condições efetivas para que ele
consiga aderir novamente ao seio social e assim não cair nas antigas malhas do crime.
Segundo Mirabete (2002, p. 32): “A justiça penal não termina com o trânsito em julgado da
sentença condenatória, mas realiza-se principalmente na execução”. E a lei de execução foi criada
para garantir aos condenados que todos os seus direitos não atingidos pela sentença estariam
assegurados e a inobservância desses direitos significaria a imposição de uma pena suplementar não
revista em lei.
As formas de assistência aos presos de acordo com o artigo 11 da LEP são: “material, à
saúde, jurídica, educacional, social e religiosa”, aduz, com este artigo que a reabilitação social
constitui uma finalidade do sistema de execução penal e que os presos devem ter o direito aos
serviços obrigatoriamente oferecidos pelo Estado dentro das penitenciárias.
A prisão deve servir para contribuir para o aprendizado do sujeito, não apenas ser um
estabelecimento onde se joga os homens e mulheres condenados. O que se vê atualmente no
Brasil, no entanto, são instituições penitenciárias conhecidas como escolas do crime que não
cumprem seu papel ressocializante, como afirma Mirabete (2002, p. 24):
Pessoas que não conseguem viver plenamente a sua humanidade, não conseguem
também ver a humanidade do outro. O preso quando sai das prisões brasileiras, saem sem
perspectiva, sem aprendizado algum, pelo menos positivo. Alguns saem revoltados (mais do que
quando entrou) pois não encontraram nenhum amparo da instituição que em tese deveria tê-lo
ajudado e, não raro, volta à criminalidade
O Estado quando condena um indivíduo a pena restritiva da liberdade, teoricamente,
acredita que após o cumprimento da sentença, o mesmo estará pronto voltar ao convívio social, no
entanto, o Sistema Penitenciário Brasileiro não consegue atingir esse objetivo. A superlotação das
prisões, as precárias e insalubres instalações físicas, a falta de treinamento dos funcionários
responsáveis pela reeducação da população carcerária e a própria condição social dos apenados,
são alguns dos principais fatores que contribuem para o fracasso do sistema penitenciário brasileiro.
Além disso, o baixo nível de escolaridade e a falta de qualificação profissional, características estas
verificadas em muitos que, após o cumprimento da pena, procuram se reinserir no mercado de
trabalho, torna ainda mais difícil a busca por um emprego.
A realidade prisional precisa sofrer uma transformação, caso contrário, continuará
fracassando em seu objetivo. Assim, entende-se que os processos de reeducação social, tanto a
nível técnico e profissional, quanto em relação a moral e valores precisam ser urgentemente
inseridos, formal e eficientemente, no interior dos estabelecimentos prisionais, dando uma
perspectiva ao recluso que ao cumprir sua pena poderá exercer uma atividade laboral digna na
sociedade.
Diante deste contexto, a Instituição Debaixo da Videira, uma entidade de assistência social,
não-governamental e sem fins lucrativos, realiza o Projeto Cidade de Refúgio, um trabalho de apoio
psicológico, emocional e espiritual aos apenados do Presídio Estadual de Cruz Alta, por meio do
ensino de valores morais e éticos, que tem por objetivo proporcionar a conscientização dos mesmos,
auxiliando no processo de reinserção social, valorização da cidadania e no combate a reincidência
criminal.
O projeto é realizado por voluntários da instituição, com visitas semanais aos apenados,
que através de palestras, aconselhamento pessoal, indicação de literatura e trabalho com músicas,
procuram ensinar os princípios éticos e valores morais contidos na Bíblia, visando conscientizar o
apenado sobre a necessidade de uma mudança comportamental a fim de que o mesmo possa ser
reinserido na sociedade.
A música exerce uma força sobre o ambiente e especialmente sobre o ser humano. Os
sentimentos induzidos pela música têm implicações significativas para o comportamento social. De
acordo com Blacking a música pode influenciar e iniciar uma ação social, dessa forma “a música
passa a ser um dos meios pelas quais a estrutura social é criada” e “a música não é apenas reflexiva,
mas também gerativa, tanto como sistema cultural quanto como capacidade humana” (BLACKING,
2007).
Ao mesmo tempo em que as pessoas procuram música como uma profissão, outras
procuram ela como um refúgio; pois expressando os nossos sentimentos através dos sons relaxamos
o corpo e alma sentindo uma grande satisfação por fazer algo para nós mesmos, e isso faz com que
no dia a dia tudo o que fazemos fique melhor, inclusive o convívio com os demais.
Por meio da Bíblia e de literatura complementar o projeto busca o ensino de valores e
princípios fundamentais para o convívio social, como:
Submissão às autoridades – respeito as leis:
Segundo o autor, o aconselhamento tem por objetivo geral oferecer para as pessoas a
oportunidade de trabalhar o seu ser, com modalidades por elas definidas, com o intuito de que levem
“uma vida mais satisfatória e rica de recursos, seja como indivíduos, seja como membros de uma
sociedade mais ampla”. (p.37)
O aconselhamento pessoal facilita ao máximo o desenvolvimento de uma pessoa, em cada
estágio da vida, afim de que esta também contribua para o crescimento das pessoas que a cercam,
também contribui para que o aconselhando se liberte de bloqueios e medos, encontre a si mesmo a
fim de que possa viver uma vida plena de sentido e satisfação. Ajuda as pessoas a desfrutar um
relacionamento aberto e crescente com Deus, capacitando-as a viver de uma forma promotora de
crescimento em meio às perdas, aos conflitos e às tragédias da vida no mundo, encontrando assim a
sua vocação (sua causa), na qual possam investir suas vidas com propósito, compromisso e alegria.
O Projeto Cidade de Refúgio ainda realizada visitas mensais aos familiares dos apenados,
buscando conhecer suas realidades e identificar as suas necessidades. Através da parceria com o
Banco de Alimentos de Cruz Alta, são distribuídas cestas básicas a estas famílias.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Brasília: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1969.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história de violência nas prisões (27a ed.). Petrópolis: Vozes,
1987
GADOTTI, M.. Palestra de encerramento. In: MAIDA, M. J. D. (Org.). Presídios e Educação. São
Paulo: FUNAP, 1999.
RIO GRANDE DO SUL. Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, de 3 de outubro de 1989
SALLA, Fernando. As prisões em São Paulo. 1822 – 1940. São Paulo: Annablume, 1999.
SANTOS, Juarez Cirino dos. O Sistema penal precisa ser reduzido. O Estado do Paraná, 23 de
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