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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO PROCESSO DE REINSERÇÃO DE APENADOS

RECK, Eduardo Muller1 RECK, Vanessa Costa Corrêa,2


LAUXEN, Sirlei de Lourdes3

RESUMO

O presente artigo pretende discutir a importância da educação no processo de reinserção


de apenados. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os objetivos do sistema prisional e as
dificuldades enfrentadas por este para cumprir o seu principal objetivo, que é a reintegração social,
bem como o papel da educação como ferramenta indispensável para efetivação desse processo.
Relata-se uma iniciativa desenvolvida na cidade de Cruz Alta, pelo Projeto Cidade de Refúgio, que
presta serviços voluntários de apoio aos detentos que estão no Presídio Estadual do município.
Considera-se com este estudo, que os processos de educação prisional, tanto a nível técnico e
profissional quanto em relação a princípios morais e cívicos são extremamente necessários para que
o sistema penitenciário cumpra o seu papel de ressocializador, entretanto o Estado ainda precisa
avançar muito na implementação de políticas deste tipo, a fim de que os altos índices de reincidência
criminal possa ser reduzidos.

Palavras chave: Reinserção. Apenados. Educação. Sistema Prisional. Valores.

ABSTRACT

This article discusses the importance of education in convicts reintegration process. Was
carried a literature search on the objectives of the prison system and the difficulties faced by this to
fulfill its main objective, which is the social reintegration, as well as the role of education as an
essential tool for effecting this process. It is reported an initiative developed in the city of Cruz Alta,
the Project City of Refuge, which provides volunteer services to support inmates who are in the State
Prison of the municipality. It is considered in this study, that the prison education process, both
technical and professional level and in relation to moral and civic principles are sorely needed for the
prison system fulfill its role resocializing, though the state still need to move much in the
implementation of such policies, so that the high recidivism rates can be reduced.

Key Words: Reintegration. Convicts. Education. Prison system. Values.

1.INTRODUÇÃO

O Sistema prisional tem o objetivo não de apenas punir o infrator mas também proporcionar
ao apenado condições para que ele possa ser reinserido na sociedade. Infelizmente, esta não é a
realidade atual observada no Brasil, os índices de reincidência criminal são alarmantes, o que
comprova que o sistema penitenciário tem fracassado em seu papel ressocializador.
Isso mostra a urgente necessidade do desenvolvimento de programas educacionais dentro
do sistema penitenciário, que trabalhem não apenas a alfabetização ou ensino técnico, mas também
conceitos de cidadania, buscando conscientizar o apenado sobre a sua responsabilidade e o seu
lugar na sociedade.
O presente artigo pretende discutir a importância da educação no processo de
ressocialização de apenados, através de uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto, bem como
relatar a experiência do Projeto Cidade de Refúgio, desenvolvido junto ao Presídio Estadual de Cruz
Alta, por meio da Instituição Debaixo da Videira, que através do ensino de valores, por meio de

1
Mestrando em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social, na Universidade de Cruz Alta. Contato:
edureck@hotmail.com
2
Mestrando em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social, na Universidade de Cruz Alta. Contato:
vavareck@hotmail.com
3
Doutora em Educação; docente do Mestrado em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social da
Universidade de Cruz Alta. Contato slauxen@unciruz.edu.br
trabalhos com músicas, indicação de literatura e aconselhamento pessoal, pretende auxiliar nesse
processo.

2.1. Sistema Prisional – Objetivos e fragilidades

A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, no artigo 137, determina que a política
penitenciária do Estado deve ter como objetivo a reeducação, a reintegração social e a
ressocialização do preso. A Lei 7.210/84, também denominada Lei de Execução Penal (LEP), ao art.
10, dispõe que “a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o
crime e orientar o retorno à convivência em sociedade”.
Desta forma, percebe-se a dupla finalidade da execução penal qual seja, dar sentido e
efetivação do que foi decidido criminalmente além de dar ao apenado condições efetivas para que ele
consiga aderir novamente ao seio social e assim não cair nas antigas malhas do crime.
Segundo Mirabete (2002, p. 32): “A justiça penal não termina com o trânsito em julgado da
sentença condenatória, mas realiza-se principalmente na execução”. E a lei de execução foi criada
para garantir aos condenados que todos os seus direitos não atingidos pela sentença estariam
assegurados e a inobservância desses direitos significaria a imposição de uma pena suplementar não
revista em lei.
As formas de assistência aos presos de acordo com o artigo 11 da LEP são: “material, à
saúde, jurídica, educacional, social e religiosa”, aduz, com este artigo que a reabilitação social
constitui uma finalidade do sistema de execução penal e que os presos devem ter o direito aos
serviços obrigatoriamente oferecidos pelo Estado dentro das penitenciárias.
A prisão deve servir para contribuir para o aprendizado do sujeito, não apenas ser um
estabelecimento onde se joga os homens e mulheres condenados. O que se vê atualmente no
Brasil, no entanto, são instituições penitenciárias conhecidas como escolas do crime que não
cumprem seu papel ressocializante, como afirma Mirabete (2002, p. 24):

A ressocialização não pode ser conseguida numa instituição como a prisão.


Os centros de execução penal, as penitenciárias, tendem a converter-se
num microcosmo no qual se reproduzem e se agravam as grandes
contradições que existem no sistema social exterior

Segundo dados do Departamento de Segurança e Execução Penal (SUSEPE), no que


concerne ao sistema prisional do Rio Grande do Sul, existem 29.121 apenados no Estado, dos quais
somente 9.308 estão cumprindo a pena pela primeira vez. Isso significa que 68,04% dos apenados
são reincidentes. A simples análise destes dados já permite identificar a ineficiência do Estado em
garantir essa pretendida reintegração social.
Para Santos (2010, p. 1), o sistema prisional tem fracassado em seu objetivo de ressocialização
e correção:

os objetivos do sistema prisional de ressocialização e correção estão


fracassando há 200 anos, e muito pouco está sendo feito para mudar a
situação. Prisão nenhuma cumpre estes objetivos, no mundo todo. O
problema se soma ao fato de que não há políticas efetivas de tratamento dos
presos e dos egressos. Fora da prisão, o preso perde o emprego e os laços
afetivos. Dentro da prisão, há a prisionalização, quando o sujeito, tratado
como criminoso, aprende a agir como um. Ele desaprende as normas do
convívio social para aprender as regras da sobrevivência na prisão, ou seja,
a violência e a malandragem. Sendo assim, quando retorna para a
sociedade e encontra as mesmas condições anteriores, vem à reincidência.

Pessoas que não conseguem viver plenamente a sua humanidade, não conseguem
também ver a humanidade do outro. O preso quando sai das prisões brasileiras, saem sem
perspectiva, sem aprendizado algum, pelo menos positivo. Alguns saem revoltados (mais do que
quando entrou) pois não encontraram nenhum amparo da instituição que em tese deveria tê-lo
ajudado e, não raro, volta à criminalidade
O Estado quando condena um indivíduo a pena restritiva da liberdade, teoricamente,
acredita que após o cumprimento da sentença, o mesmo estará pronto voltar ao convívio social, no
entanto, o Sistema Penitenciário Brasileiro não consegue atingir esse objetivo. A superlotação das
prisões, as precárias e insalubres instalações físicas, a falta de treinamento dos funcionários
responsáveis pela reeducação da população carcerária e a própria condição social dos apenados,
são alguns dos principais fatores que contribuem para o fracasso do sistema penitenciário brasileiro.
Além disso, o baixo nível de escolaridade e a falta de qualificação profissional, características estas
verificadas em muitos que, após o cumprimento da pena, procuram se reinserir no mercado de
trabalho, torna ainda mais difícil a busca por um emprego.
A realidade prisional precisa sofrer uma transformação, caso contrário, continuará
fracassando em seu objetivo. Assim, entende-se que os processos de reeducação social, tanto a
nível técnico e profissional, quanto em relação a moral e valores precisam ser urgentemente
inseridos, formal e eficientemente, no interior dos estabelecimentos prisionais, dando uma
perspectiva ao recluso que ao cumprir sua pena poderá exercer uma atividade laboral digna na
sociedade.

2.2. A Educação como Processo de Reinserção Social

É possível constatar que a privação da liberdade única exclusivamente não favorece a


ressocialização e a punição por si só não muda o comportamento transgressor do ser humano, é
preciso reeducá-lo. Desta forma é urgente a necessidade do desenvolvimento de programas
educacionais dentro do sistema penitenciário com o objetivo não apenas de alfabetizar, mas também
trabalhar para a construção da cidadania do apenado. Conforme o sociólogo Salla (1999, p. 67), “por
mais que a prisão seja incapaz de ressocializar, um grande número de detentos deixa o sistema
penitenciário e abandona a marginalidade porque teve a oportunidade de estudar”.
Um aspecto relevante a ser considerado é o perfil da população penitenciária, que segundo
os dados fornecidos pela Superintendência de Serviços Penitenciários (SUSEPE), no Rio grande do
Sul, 71,18% da massa carcerária não concluiu o Ensino Fundamental e 92,38% não concluiu o
Ensino Médio. Assim, podemos constatar que a criminalidade está intimamente ligada à baixa
escolaridade e consequentemente a questão econômica e social, pois um indivíduo que viveu na
miséria e por conta disso não teve acesso a uma educação adequada, encontra grandes dificuldades
para encontrar uma forma de sustento digna, e muitas vezes encontra na criminalidade sua única
opção.
De acordo com Gadotti (1999, p. 62) é necessário trabalhar no reeducando “o ato
antissocial e as consequências desse ato, os transtornos legais, as perdas pessoais e o estigma
social.” Ou seja, desenvolver nos educandos a capacidade de reflexão, fazendo-os compreender a
realidade, a fim de que a partir dessa compreensão possam então desejar sua transformação.
O sistema penitenciário necessita de uma educação que trabalhe conceitos fundamentais
como: família, amor, dignidade, liberdade, cidadania, valores, trabalho, sociedade, cultura, dentre
outros, e que se preocupe prioritariamente em desenvolver a capacidade crítica e criadora do
educando, para que o mesmo possa compreender a importância da liberdade e estar ciente de quais
são as suas possibilidades de escolhas e a importância dessas escolhas para a sua vida. Sobre isso,
Gadotti (1999, p. 62) assinala que “educar é libertar [...] dentro da prisão, a palavra e o diálogo
continuam sendo a principal chave. A única força que move um preso é a liberdade; ela e a grande
força de pensar”
A ressocialização só é possível através de uma ação conscientizadora capaz de
instrumentalizar o educando para que ele firme um compromisso de mudança com sua história no
mundo. Em sua análise, Paulo Freire (1980, p. 26) afirma que:

A conscientização é [...] um teste de realidade. Quanto mais


conscientização, mais “dês-vela” a realidade, mais se penetra na essência
fenomênica do objeto, frente ao qual nos encontramos para analisá-lo. Por
esta mesma razão, a conscientização não consiste em “estar frente à
realidade” assumindo uma posição falsamente intelectual. A
conscientização não pode existir fora da “práxis”, ou melhor, sem o ato
ação-reflexão. Esta unidade dialética constituí, de maneira permanente, o
modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens.

A conscientização trabalha a favor da desmistificação de uma realidade e é a partir dela que


a educação pode dar o passo mais importante para o processo de reinserção social dos apenados,
na medida em que conseguir superar a falsa premissa de que, “uma vez bandido, sempre bandido”.
A Constituição de 1988, no artigo 208, atribui ao Estado o dever de proporcionar educação
para todos, inclusive para os que não tiveram acesso na idade própria. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996, no artigo 1º incentiva a criação de
propostas de educação para promover igualdade de condições para o acesso e a permanência do
aluno o processo educativo. O artigo 5º afirma que o Ensino Fundamental é um direito público
subjetivo de todos os cidadãos. De acordo com Foucault (1987, p. 224), “a educação do detento é,
por parte do poder público, ao mesmo tempo uma precaução indispensável no interesse da
sociedade e uma obrigação para com o detento”
Podemos afirmar que a maioria da população carcerária brasileira é fruto de um processo
de exclusão social histórico. São crianças que não tiveram oportunidade de frequentar a escola e que
consequentemente acabaram sendo recrutadas ainda na adolescência para o mundo do crime.
Diante dessa realidade é notório que a personalidade desses jovens encontra-se moldada para o
delito. São pessoas cuja história de vida está marcada pela delinquência, a maioria desconhece
conceitos morais e de respeito ao próximo, uma vez que tais valores são construídos no âmbito da
família ou da escola, e este, infelizmente, é um mundo desconhecido para muitos presidiários.
O Estado deve buscar mecanismos que possam ser utilizados na tentativa de ressocializar
o preso, e um desses mecanismos, comprovadamente o mais eficiente, é a educação, prevista na
própria lei de execução penal, mas que, no entanto, raramente é cumprido. Por falta de uma política
de ressocialização de presos, a realidade na maioria dos presídios brasileiros é de ociosidade dos
internos, situação que aliada a outras, convertem-se em instrumentos motivadores para a
transgressão. Fato pelo qual torna ainda mais premente à inserção do processo educacional nos
estabelecimentos prisionais, com objetivo de oportunizar ao preso uma nova perspectiva após o
cumprimento da pena, bem como promover a sua reaproximação com a sociedade e ao convívio
familiar.

2.3. O Projeto Cidade de Refúgio

Diante deste contexto, a Instituição Debaixo da Videira, uma entidade de assistência social,
não-governamental e sem fins lucrativos, realiza o Projeto Cidade de Refúgio, um trabalho de apoio
psicológico, emocional e espiritual aos apenados do Presídio Estadual de Cruz Alta, por meio do
ensino de valores morais e éticos, que tem por objetivo proporcionar a conscientização dos mesmos,
auxiliando no processo de reinserção social, valorização da cidadania e no combate a reincidência
criminal.
O projeto é realizado por voluntários da instituição, com visitas semanais aos apenados,
que através de palestras, aconselhamento pessoal, indicação de literatura e trabalho com músicas,
procuram ensinar os princípios éticos e valores morais contidos na Bíblia, visando conscientizar o
apenado sobre a necessidade de uma mudança comportamental a fim de que o mesmo possa ser
reinserido na sociedade.
A música exerce uma força sobre o ambiente e especialmente sobre o ser humano. Os
sentimentos induzidos pela música têm implicações significativas para o comportamento social. De
acordo com Blacking a música pode influenciar e iniciar uma ação social, dessa forma “a música
passa a ser um dos meios pelas quais a estrutura social é criada” e “a música não é apenas reflexiva,
mas também gerativa, tanto como sistema cultural quanto como capacidade humana” (BLACKING,
2007).
Ao mesmo tempo em que as pessoas procuram música como uma profissão, outras
procuram ela como um refúgio; pois expressando os nossos sentimentos através dos sons relaxamos
o corpo e alma sentindo uma grande satisfação por fazer algo para nós mesmos, e isso faz com que
no dia a dia tudo o que fazemos fique melhor, inclusive o convívio com os demais.
Por meio da Bíblia e de literatura complementar o projeto busca o ensino de valores e
princípios fundamentais para o convívio social, como:
 Submissão às autoridades – respeito as leis:

Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o


bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a
autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Visto que a
autoridade é ministro de Deus para o teu bem; entretanto, se
fizeres o mal, teme; porque não é seu motivo que ela traz a
espada; pois é ministro de Deus vingador; para castigar o que
pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não
somente por causa do temor da punição, mas também por
dever de consciência. (Romanos 13.1-7).
 Perdão – como lidar com as ofensas: “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor
vos perdoou, assim também perdoai vós”. (colossenses 3.13).
 Confissão – como lidar com seus próprios erros: “Se confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. (I
João 1.9). Também “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos
outros, para serdes curados, muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”. (Tiago 5.16).
 O medo e a insegurança: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas
petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de
graças” (Filipenses 4.6).
 Amizades: “Anda com os sábios e serás sábio, mas o companheiro dos tolos será
afligido”. (Provérbios 13. 20;).
 Honestidade – mentira: “Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho
homem com os seus feitos” (Colossenses 3.9).
 Responsabilidade: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo;
porque não se agrada de tolos; o que votares, paga. Melhor é que não votes do que votes e
não pagues” (Eclesiastes 5. 4-5).
Através do aconselhamento pessoal, busca-se estimular a auto-reflexão e transformação
comportamental individual, libertando as pessoas de atitudes inadequadas e distorções de percepção
quanto à realidade, bem como dos medos, culpas e ira.
De acordo com a Associação Européia de Counseling (EAC), Counseling, palavra inglesa
usada para aconselhamento, apresenta-se como:

um processo de interação entre conselheiro (counselor) e um cliente,


ou mais clientes, que aborda vários temas, como: na área social, o
ambiente cultural, culturais, econômicos e emotivos. Pode
concentrar-se sobre o modo de enfrentar e resolver problemas
específicos, favorecer um processo decisório, ajudar a superar uma
crise, melhorar os relacionamentos com os outros, facilitar o
desenvolvimento, aumentar o conhecimento, a consciência de si e
permitir a elaboração de emoções e conflitos interiores. (Danon,
2003, p.36)

Segundo o autor, o aconselhamento tem por objetivo geral oferecer para as pessoas a
oportunidade de trabalhar o seu ser, com modalidades por elas definidas, com o intuito de que levem
“uma vida mais satisfatória e rica de recursos, seja como indivíduos, seja como membros de uma
sociedade mais ampla”. (p.37)
O aconselhamento pessoal facilita ao máximo o desenvolvimento de uma pessoa, em cada
estágio da vida, afim de que esta também contribua para o crescimento das pessoas que a cercam,
também contribui para que o aconselhando se liberte de bloqueios e medos, encontre a si mesmo a
fim de que possa viver uma vida plena de sentido e satisfação. Ajuda as pessoas a desfrutar um
relacionamento aberto e crescente com Deus, capacitando-as a viver de uma forma promotora de
crescimento em meio às perdas, aos conflitos e às tragédias da vida no mundo, encontrando assim a
sua vocação (sua causa), na qual possam investir suas vidas com propósito, compromisso e alegria.
O Projeto Cidade de Refúgio ainda realizada visitas mensais aos familiares dos apenados,
buscando conhecer suas realidades e identificar as suas necessidades. Através da parceria com o
Banco de Alimentos de Cruz Alta, são distribuídas cestas básicas a estas famílias.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, podemos concluir que a educação possui um papel imprescindível no


processo de reinserção social dos apenados, não apenas em relação a educação formal ou técnica,
mas também o ensino de valores morais e princípios de cidadania, que contribuem para a
conscientização do indivíduo em relação ao seu papel na sociedade.
Neste sentido, o Projeto Cidade de Refúgio, desenvolvido no Presídio Estadual de Cruz
Alta, procura auxiliar neste processo prestando apoio emocional, psicológico e espiritual aos
detentos, levando-os a refletir sobre os seus atos e incentivando-os a uma nova postura frente as
dificuldades da vida, com atitudes mais éticas e responsáveis.
Embora muitos apenados demonstrem um desejo sincero de mudar o seu estilo de vida,
ainda existem muitas dificuldades enfrentadas pelos mesmos em relação a sua recolocação no
mercado de trabalho, principalmente em virtude da baixa escolaridade, falta de qualificação
profissional e também o preconceito da sociedade em relação à ex-presidiários.
O Estado ainda precisa avançar muito em políticas públicas de reinserção social,
disponibilizando bons programas de reeducação e qualificação profissional, a fim de que as pessoas
que se encontram em regime privativo de liberdade tenham oportunidade de concluir seus estudos e
se aprimorar para o mercado de trabalho.
A sociedade, por sua vez, precisa acreditar na capacidade de reabilitação do sujeito, e estar
disposta a oferecer oportunidades de emprego, aqueles que já cumpriram a sua pena, bem como
buscar juntamente com o Estado, parcerias e novas propostas que contriguam para a redução da
reincidência criminal, afinal, este é um problema que traz sérios prejuízos a toda a comunidade.
4. REFERÊNCIAS

BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Brasília: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1969.

BLACKING, John. Música, cultura e experiência. Trad. André- Kees de Moraes Schouten.


Cadernos de Campos. São Paulo, n.16, pp.201-218, 2007.

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil; promulgada em 5 de outubro de 1988.

______. Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional.

______. Lei nº 7.210, de 11 de Julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal

DANON, Marcella. Counseling: uma nova profissão de ajuda. Curitiba: Sociedade Educacional e


Editora IATES, 2003.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história de violência nas prisões (27a ed.). Petrópolis: Vozes,
1987

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao


pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 1980.

GADOTTI, M.. Palestra de encerramento. In: MAIDA, M. J. D. (Org.). Presídios e Educação. São
Paulo: FUNAP, 1999.

MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução Penal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

RIO GRANDE DO SUL. Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, de 3 de outubro de 1989

SALLA, Fernando. As prisões em São Paulo. 1822 – 1940. São Paulo: Annablume, 1999.

SANTOS, Juarez Cirino dos. O Sistema penal precisa ser reduzido. O Estado do Paraná, 23 de
fevereiro de 2010. Disponível em: <http://infodireito.blogspot.com/2010/02/sistema-penal-precisa-ser-
reduzido-diz.html>. Acesso em: 25 out. 2014.

SUSEPE, Superintendência dos Serviços Penitenciários. Estatísticas. Disponível em


http://www.susepe.rs.gov.br/conteudo.php?cod_menu=39. Acessado em 01/07/2015.

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