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CENTRO REGIONAL UNIVERSITÁRIO DE ESPÍRITO SANTO DO

PINHAL – UNIPINHAL –
FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO PINHALENSE DE
ENSINO

O SISTEMA PRISIONAL MINEIRO


Um estudo Criminológico

Espírito Santo do Pinhal/SP


– 2021 –
AMANDA MESSIAS DE FREITAS

O SISTEMA PRISIONAL MINEIRO


Um estudo Criminológico

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Direito do Centro Regional
Universitário de Espírito Santo do Pinhal/SP
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Direito.

Professor Orientador: Dianne Florence Brandão


Junqueira

Espírito Santo do Pinhal/SP


– 2021 –
Amanda Messias de Freitas

O SISTEMA PRISIONAL MINEIRO: Um estudo Criminológico

Monografia aprovada em _____/_____/_____ como requisito parcial para


obtenção do título de Bacharel no curso de graduação em Direito no Centro
Universitário de Espírito Santo do Pinhal/SP.

Banca Examinadora:

Orientador: Prof. Dianne Florence Brandão Junqueira

__________________________________________________
Professor(a) Membro

__________________________________________________
Professor(a) Membro

__________________________________________________
Professor(a) Membro
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Epígrafe
RESUMO

Aqui se abordou tema importante para o Direito dada a endemia de violência que
assola o país em simbiose aos problemas sociais já enraizados no próprio
contexto de construção do Brasil como nação: a realidade do preso dentro do
sistema carcerário. A pena restritiva de liberdade, mais que uma sanção, é
medida de viés recuperatório. Versa quanto à reintrodução do apenado na
sociedade sem que o mesmo volte a delinquir. Porém, a realidade verificável foi
que as prisões não são ambientes de recuperação, pelo contrário, são locais
onde o encarcerado fica exposto a inúmeros efetivos negativos, os quais,
futuramente, podem influenciar em novas incursões delitivas. O esfacelamento
do sistema carcerário, aliás, serve de catalizador para a criação de organizações
criminosas, as quais, de dentro dos presídios, continuam a aterrorizar a
sociedade. Mas, em que pese toda a lástima do sistema carcerário, seu
abandono pelo poder público e sua estrutura precária, isto nada deve afetar a
progressão de regime, os direitos dos apenados e a manutenção do preso em
ambiente digno. O que se pretendeu com este estudo foi analisar as
consequências da ressocialização do preso para a sociedade e como uma
reforma do sistema carcerário poderia auxiliar neste empreendimento. Como
recorte, devido ao estado de pandemia da Covid-19 e as restrições quanto a
aglomerações e atendimentos presenciais, na parte referente ao estudo de caso,
tomou-se como base o Sistema Prisional de Minas Gerais, estado onde a autora
reside.

Palavras-chave: preso. ressocialização. pena. sistema carcerário. criminologia.


ABSTRACT

An important issue for the Law was addressed here, given the endemic violence
that plagues the country in symbiosis with social problems already rooted in the
context of building Brazil as a nation: the reality of prisoners within the prison
system. The penalty restricting freedom, more than a sanction, is a measure of
recovery bias. It deals with the reintroduction of the inmate in society without the
same offending again. However, the verifiable reality was that prisons are not
recovery environments, on the contrary, they are places where the incarcerated
is exposed to numerous negative forces, which, in the future, may influence new
criminal incursions. The breakdown of the prison system, in fact, serves as a
catalyst for the creation of criminal organizations, which, from within the prisons,
continue to terrorize society. But, despite all the pity of the prison system, its
abandonment by the government and its precarious structure, this should not
affect the progression of the regime, the rights of inmates and the maintenance
of the prisoner in a decent environment. The aim of this study was to analyze the
consequences of the prisoner's resocialization for society and how a reform of
the prison system could help in this undertaking. As an outline, due to the state
of pandemic of Covid-19 and the restrictions regarding crowding and face-to-face
assistance, in the part referring to the case study, the Prison System of Minas
Gerais, the state where the author lives, was taken as a base.

Keywords: arrested. resocialization. pity. prison system. criminology.


LISTA DE SIGLAS

ART Artigo
CP Código Penal
CPP Código de Processo Penal
CF Constituição Federal
CF/88 Constituição Federal de 1988
ONU Organização das Nações Unidas
LEP Lei de Execuções Penais
STJ Superior Tribunal de Justiça
STF Supremo Tribunal Federal
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 10

2. A PENA E SUAS FUNÇÕES............................................................................... 12


2.1. Conceito............................................................................................................ 12
2.2. Teorias Jurídicas da Pena – função.................................................................. 12
2.2.1. Teoria Retributiva ou Absoluta....................................................................... 12
2.2.2. Teoria relativa da pena.................................................................................. 13
2.2.2.1. Prevenção Geral......................................................................................... 14
2.2.2.1.1. Negativa................................................................................................... 14
2.2.2.1.2. Positiva..................................................................................................... 14
2.2.2.2. Prevenção Especial.................................................................................... 15
2.2.2.2.1. Negativa................................................................................................... 15
2.2.2.2.2. Positiva..................................................................................................... 15
2.2.3. Teoria mista ou unificada............................................................................... 16
2.3. Finalidade da pena privativa de liberdade, ressocialização.............................. 26

3. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE – REALIDADE PRISIONAL..................... 19


3.1. Influência negativa da prisão na pessoa humana............................................. 19

4. A REALIDADE DO CÁRCERE EM MINAS GERAIS.......................................... 21


4.1. População carcerário mineira........................................................................... 21
4.1.1. O problema da superlotação dos presídios em Minas Gerais....................... 21
4.2. As Organizações Criminosas e sua atuação nos presídios mineiros............... 22
4.3. As organizações criminosas no contexto atual................................................. 25

5. PERSPECTIVAS PARA RESSOCIALIZAÇÃO.................................................. 26


5.1. Ressocialização no sistema progressivo de pena............................................ 26
5.1.1. Recuperação do detento por meio da educação............................................. 27
5.1.2. Recuperação do detento por meio do trabalho............................................... 28
5.2. Em busca de um sistema penitenciário mais humano e racional..................... 29
6. CONCLUSÃO...................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 34
12

1. INTRODUÇÃO

Por aspectos dos mais diversos, crise social, política, queda dos valores e de
do modelo tradicional de família, a falta de perspectiva, uma educação de péssima
qualidade, falência do sistema carcerário, o qual não recupera ninguém, o Brasil tem
uma das maiores populações carcerárias do mundo, e é um país com mais de 60 mil
mortes violentas por ano, número maior que as baixas anotadas em zonas de guerra
(IBGE, 2018).
Como muitas são as causas, a solução para problema da criminalidade e a
reinserção do preso na sociedade de modo com que o mesmo deixa de delinquir,
também depende de série de transformações, adaptações, revisões, avanços e
retrocessos no tocante ao Direito Penal e o trato da população carcerária.
Para esta obra, de maneira a melhor posicionar o leitor diante de quadro tão
eclético, decidiu-se por fatiar uma porção do problema da criminalidade e propor um
estudo com ênfase na existência de falhas durante a fase de execução de pena dentro
do sistema penitenciário mineiro e como tal realidade prejudica no processo de
ressocialização do preso no estado de Minas Gerais, sendo este o objetivo da
empreita aqui proposta.
Assim, o primeiro aspecto de destaque do estudo será exaurir o assunto,
função da pena, delimitando seu conceito as teorias norteadoras e sua execução.
Adiante, necessário proceder com breve relato quanto à ressocialização dos
apenados e a finalidade destas medidas dentro da execução da pena privativa de
liberdade. Os indivíduos que transgredem as leis e ofendem a norma penalista, postos
em julgamento, quando condenados são apartados do convício social e têm-se
privada sua liberdade – a liberdade é a regra no ordenamento jurídico, sendo o cárcere
sanção penal. Contudo, adquirem o direito de, ainda no cumprimento da pena,
receber do estado condições de ressocialização.
Em Minas Gerais, respeitando-se o direito penal pátrio, o cumprimento da pena
restritiva de liberdade, visa à reintrodução do indivíduo na sociedade, devendo o
estado promover os meios necessários a tal reinserção, garantindo uma readequação
ao convívio social quando finda a pena.
Sendo a ressocialização finalidade primeira da pena, aparece assim o
questionamento: No cumprimento da pena restritiva de liberdade, malfadadas as
13

medidas de ressocialização, quais as consequências de tal omissão estatal para o


apenado e para a sociedade?
Tal questionamento deverá ser respondido do decurso do presente estudo. Os
próximos capítulos elucidarão, em ordem, quanto à prisão e suas consequências na
vida do apenado e a existência de uma mini sociedade dentro das prisões, com leis
próprias, hierarquia, tribunais penais, etc. Adiante, serão estudadas a ausência ou
ineficiência das medidas de ressocialização no sistema carcerário mineiro e suas
consequências.
Também, mister discorrer considerações quanto a necessidade de
ressocialização dos apenados, com ênfase no sistema de progressão de regime.
Assim, será analisado tal benefício e listados os requisitos para sua concessão.
Em caráter finalista, o trabalho se posicionará acerca do conteúdo apreendido
e emitirá considerações no sentido de filiar seu entendimento a corrente doutrinária
que entender ser necessária uma reforma do sistema prisional, passando o mesmo a
operar de modo mais humano e racional, primando pela recuperação do apenado e
não somente mantê-lo fechado no decurso da pena.
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2. A PENA E SUAS FUNÇÕES

2.1. Conceito

Incialmente, ainda em caráter preliminar e demarcatório, antes de iniciar o


estudo da função da pena, importante estabelecer seu conceito. A palavra pena,
etimologicamente, significa punição, um castigo imposto por intermédio de lei a algum
crime, contravenção ou delito (FERREIRA, 1999).
A pena seria a contraprestação ao agente que delinquiu, em virtude do mal
injusto o qual deu causa. Em consulta a doutrina, para Rogério Greco pena é a:
Presume-se, assim, que o Estado moderno se associa, em algumas partes,
ao conceito de pena. É o Estado que fixa a pena, além de arrogar apenas para si o
poder de punir os contraventores (ZAFFARONI, 2001).
Assim, a pena, dentro do Direito Penal, é consequência do mal injusto
provocado pelo sujeito criminoso e que tem por viés penalizá-lo, reprovar sua conduta
criminal, sendo de incumbência exclusiva do Estado, sendo aplicável mediante devido
processo legal.

2.2. Teorias Jurídicas da Pena - função

Abaixo, lista-se as teorias jurídicas da pena dentro do Direito Penal pátrio:

2.2.1. Teoria Retributiva ou Absoluta

Para esta teoria, dentro de uma ótica liberal de concepção do Estado, a pena
vê-se esvaziada de seu fundamento originário quando há a dissociação da figura do
soberano e Deus, apartando-se a religião do Estado. Assim, a pena passa a ser
compreendida apenas em seu caráter retributivo.
A teoria absoluta/retributiva, só se alcança a justiça quando há aplicação da
pena; em outros termos, a pena visaria apenas retribuir ao autor do delito o mal por
ele praticado (NORONHA, 1999).
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Destarte, a pena é consequência da infração, é apenas uma reação ao delito


cometido. Por isso, na teoria em análise, não há de se falar em função social da pena,
pois seu caráter é meramente compensatório (BITENCOURT, 2001).
Em avanço, a teoria retributiva encontra respaldo principalmente na filosofia
de Kant e Hegel, os quais se apresentam como expoentes máximos das teorias puras
da pena, sendo, todavia, importante destacar que para Kant, a fundamentação da
pena se basearia na ética, enquanto que em Hegel, o fundamento seria a ordem
jurídica (BITENCOURT, 2001). Senão:

[...] o réu deve ser castigado pela única razão de haver delinquido, sem
nenhuma consideração sobre a utilidade da pena para ele ou para os demais
integrantes da sociedade. Com esse argumento, Kant nega toda e qualquer
função preventiva – especial ou geral da pena. [...] na concepção de Hegel a
pena é a lesão, ou melhor, a maneira de compensar o delito e recuperar o
equilíbrio perdido. Ou seja, a pena tem a função de restabelecer o equilíbrio
perdido com a prática do crime (BITENCOURT, 2001, 113).

Portanto, o caráter retributivo da pena vem satisfazer os anseios de justiça da


sociedade. Punindo-se o mal injusto. Ademais, tal teoria parte do pressuposto que o
criminoso, agindo de modo consciente quando viola a lei, opta pela punição (GRECO,
2009).
Todavia, tal teoria se afasta do atual momento do Direito Penal enquanto
matéria não apenas jurídica, mas também social, não sendo possível sua aplicação
literal.
Então, importante ressaltar que para o Direito Penal atual a pena perdeu sua
função meramente punitiva – retributiva, absoluta – sendo que nos próximos tópicos
as novas funcionais da pena serão apresentadas e pormenorizadas.

2.2.2. Teoria relativa da pena

Para esta teoria, a função da pena não seria punir, mas sim prevenir ilícitos,
por isto, para alguns estudiosos, tal teoria também pode ser chamada de Teoria
Preventiva da Pena. Nesta visão, o crimino, após cumprir a pena que lhe fora imputado
por cometimento de algum delito, não retornaria a criminalidade em função da sanção
que sofreu (NORONHA, 1999).
Ademais, tal teoria se divide em duas vertentes, a teoria relativa de prevenção
geral e a teoria relativa de prevenção especial (GRECO, 2009).
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2.2.2.1. Prevenção Geral

A prevenção geral opera toda a sociedade, tendo por mote intimidar potenciais
delinquentes (NORONHA, 1999).
Para a doutrina, a prevenção geral é o meio que o Estado encontra de
intimidar possíveis transgressões daqueles que vivem perigosamente perto das iras
do Código Penal, pessoas que necessitam de freios legais, sem os quais, certamente
agiriam de maneira desordeira, sem respeitar o próximo e seus bens (NORONHA,
1999).
Tal teoria objetiva prevenir a prática delitiva de modo geral, evitando crimes
futuros por intermédio de uma forma negativa e uma positiva de agir:

2.2.2.1.1. Negativa

Baseia-se na intimidação, sendo que as penas aplicadas aos criminosos


serviriam de exemplo à coletividade, o que coibiria outras pessoas a participar de
empreitadas criminosas. Assim, a função da pena não seria de retribuição, mas
inibição de novas atitudes delitivas (BARATTA, 2002).
Não seria, portanto, a gravidade da pena e o rigor em sua execução os
elementos que inibiriam a ação delitiva, mas a certeza que o empreendimento
criminoso seria punido, afastando então potenciais criminosos de condutas que
pudessem ferir as leis penais (SANTOS, 2005).
Em resumo, tal teoria faz do temor a pena aplicável, edifício inibidor de delitos.

2.2.2.1.2. Positiva

Posicionada do lado oposto ao seu par negativo, a prevenção positiva tem


duplo viés, um limitador e outro limitador. Neste sentido, para Bitencourt (2007) a
teoria fundamentadora apresenta o Direito Penal como instituição que tem como
compromisso uma função ético-social, onde, mais imprescindível que a proteção de
bens jurídicos, deve-se primar e ensejar pela garantia de vigência real dos valores de
ação da atitude jurídica, ao passo que a prevenção limitadora, se expressa na própria
limitação do jus puniendi do Estado.
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Objetiva esta teoria conscientizar a sociedade quanto a necessidade de se


obedecer às leis, as normas.

2.2.2.2. Prevenção Especial

Aqui, tem-se por finalidade impedir que o criminoso volte a praticar crimes. A
pena aplicada tem por função exclusiva a reintrodução do delinquente na sociedade,
sua recuperação (CAPEZ, 2011).
Como é de se notar, segundo tal teoria, a prevenção especial não se pauta
na intimidação da sociedade com leis severas, menos ainda na retribuição de um mal
injusto, o foco total da teoria é o criminoso, de modo a evitar que este pratique novos
delitos. Em complemento, seu caráter é de prevenção (CAPEZ, 2011).
Também, aqui há uma subdivisão da teoria em forma positiva e negativa
(CAPEZ, 2011).

2.2.2.2.1. Negativa

Tal teoria busca neutralizar o delinquente até usa efetiva ressocialização. A


neutralização se dá com o encarceramento do apenado, privando-o do convício social.
A teoria pode ser expressa em três verbos, intimidar, corrigir e inocular
(BITENCOURT, 2001).

2.2.2.2.2. Positiva

A prevenção especial positiva também busca a ressocialização do apenado,


porém, ao invés do encarceramento, outros métodos são utilizados para que o
delinquente não seja reincidente:
A função da pena é puramente ressocializador, educativo, e prima que
reintrodução do indivíduo – recuperado – na sociedade (GRECO, 2009).

2.2.3. Teoria mista ou unificada

Há nesta teoria a unificação de duas funções da pena: a) função retributiva da


pena; b) função preventiva – tanto geral, como especial. A teoria mista pretende
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agrupar em único conceito mais de um objetivo da pena. Para tal corrente, deve existir
uma colisão dos aspectos de maior destaque das teorias absolutas e relativas
(BITENCOURT, 2001).
Para tal teoria, é função da pena retribuir ao apenado o mal injusto por ele
desferido. Porém, buscam-se outros fins, pois, dentro da ótica unificada, a pena, além
do viés retributivo, objetiva a neutralização do delinquente, afastando-o
provisoriamente do convívio com a sociedade – prevenção especial negativa; a
prevenção geral – intimidação; a prevenção geral positiva, pautada em se
conscientizar a sociedade quanto ao dever de obediência às leis (CAPEZ, 2011).
Quanto a tais penas, verifica-se que têm índole retributiva, mas objetivam
também a reeducação do delinquente, além da intimidação de maneira ampla. São,
então, penas de natureza mista, retributiva e com função utilitária (NORONHA, 1999).
Portanto, é visível que o art. 59 do CP identifica que a pena tem dupla função
no ordenamento pátrio, adotando assim a teoria mista (ou unificada).

Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta


social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime (BRASIL, 2018).

Nota-se que o artigo em destaque positiva a pena com função dupla,


reprovação e prevenção, ou seja, adotando a teoria mista.

2.3. Finalidade da pena privativa de liberdade, ressocialização

A ressocialização – torna a socializar-se – objetiva a reintrodução do


criminoso na sociedade. Não apenas uma reintrodução após cumprido um prazo de
cárcere, esperasse que o apenado tenho absorvido valores nobres, respeito as
instituições e as normas sociais, evitando assim nova empreita no crime (FERREIRA,
1999).
Conforme o art. 59, anteriormente citado, a pena será ministrada pelo
magistrado visando duas funções, reprovar o mal injusto e prevenção com viés de
ressocialização, além de coibir a prática de novos delitos por criminosos em potencial
(CAPEZ, 2011).
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Posto nestes termos tem-se então que a função da pena privativa de liberdade
é a ressocialização do apenado, de modo a remaneja-lo provisoriamente para fora do
convívio em sociedade (BORGES, 2008).
É de se notar então que por muito tempo acreditou-se que apenas a pena
privativa de liberdade teria condição de recuperar o apenado, ou seja, a
ressocialização como fim da execução da pena. Mas, no atual momento do direito, a
ideia de ressocialização advém de uma série de medidas de caráter social e humano.
A reabilitação do apenado depende muito mais de uma ação estatal no sentido de
recuperá-lo mentalmente, de que impor uma pena privativa de liberdade (CAPEZ,
2011).
As prisões não recuperam o preso. A pena privativa de liberdade, tratada
como forma de distanciar o apenado da sociedade, sem, entretanto, de dar condições
de ressocializar, perde sua efetividade, retrocedendo a uma mera retribuição ao mal
injusto tal como descrito anteriormente (CAPEZ, 2011).
O ambiente carcerário é, em realidade, área de violência e abusos. A
dignidade dos apenados não é respeitada e os direitos humanos são ignorados. A
taxa de reincidência é alta, havendo uma comunidade carcerária que se afasta da
comunidade social (FOUCAULT, 2007).
A alta taxa de reincidência visualizada na realidade carcerária do país só vem
a corroborar a ideia de que a pena privativa de liberdade com função ressocializadora
é ilusória; senão:

Um dos grandes obstáculos à ideia ressocializadora é a dificuldade de colocá-


la efetivamente em prática. Parte-se da suposição de que, por meio do
tratamento penitenciário – entendido como conjunto de atividades dirigidas à
reeducação e reinserção social dos apenados -, o terno se converterá em
uma pessoa respeitadora da lei penal. E, mais, por causa do tratamento,
surgirão nele atitudes de respeito a si próprio e de responsabilidade individual
e social em relação à sua família, ao próximo e à sociedade. Na verdade, a
afirmação referida não passa de uma carta de intenções, pois não se pode
pretender, em hipótese alguma, reeducar ou ressocializar uma pessoa para
a liberdade em condições de não liberdade, constituindo isso verdadeiro
paradoxo. (BITENCOURT, 2001, p. 139).
[...]
É preciso reconhecer que a pena privativa de liberdade é um instrumento,
talvez dos mais graves, com que conta o Estado para preservar a vida social
de um grupo determinado. Esse tipo de pena, contudo, não resolveu o
problema da ressocialização do delinqüente: a prisão não ressocializa. As
tentativas para eliminar as penas privativas de liberdade continuam. A
pretendida ressocialização deve sofrer profunda revisão. (BITENCOURT,
2001, p. 141).
20

Nestes termos, impossível recuperar-se o apenado apenas pela sua exclusão


temporária do convívio social. Faz-se necessário que haja meios de recuperação mais
eficientes, medidas educativas, acompanhamento clínico, psíquico e psicológico,
meios de qualificação profissional e oportunidades de emprego (GRECO, 2009).
Ademais, é imprescindível que a readaptação se dê em contato com a
comunidade, pois o propósito é que o preso a ela retorne, não podendo o ambiente
em questão se apresentar como um desafio. A readaptação ao convício social
respeitando-se a lei e a ordem, criando empatia pelos semelhantes, isso só se dá com
o contato pessoal, não é algo que se possa modelar (CAPEZ, 2017).
Pelo exposto, necessário que haja uma discussão séria quanto ao sistema
carcerário e sua falência no sentido de ressocializar o apenado, lhe devolvendo ao
convívio social apto a se realizar e contribuir para o desenvolvimento humano em
sociedade (CAPEZ, 2011).
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3. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE – REALIDADE PRISIONAL

3.1. Influência negativa da prisão na pessoa humana

Como se viu anteriormente, para o Direito Penal atual, a prisão deve ser um
local para a ressocialização dos apenados, onde estes cumpririam suas penas
privativas de liberdade e receberiam do Poder Público assistência social e de saúde
mental para retornarem a sociedade aptos a desempenhar papel de relevância nesta,
contribuindo com seu desenvolvimento, afastando-se definitivamente de atividades
ilícitas. Porém, a realidade mostra finalidade contrária. As instituições do sistema
prisional acarretam no indivíduo inúmeros efeitos negativos. As penitenciárias
nacionais se tornaram refúgio de quadrilhas, as quais fomentam a criminalidade desde
dentro destas instituições (BITENCOURT, 2001).
Quando não há por parte do estado a assistência necessária a recuperação
do preso, o cárcere cria certa apatia psicológica, o que com o passar do tempo acaba
degradando o caráter. Em contrapartida, há uma rígida hierarquia do crime nas
penitenciárias, o que acaba por incluir o preso em um processo maior, onde o mesmo
passa a fazer parte de grupos criminosos e, quando solto, tem compromisso de
lealdade para com o crime, não mais consigo mesmo ou com normas estatais ou
sociais e de conduta (FRANCO, 2008).
Um encarceramento que não dá aos apenados condições de recuperação tem
sua função invertida. O preso perde progressivamente sua identidade, autoestima, se
torna improdutivo e se vê sem perspectiva (FOUCAULT, 2007).
O isolamento também torna a pessoa agressiva e avessa a novas
experiências. Em muitos casos, apenados que nunca tiveram problemas de saúde
passam a apresentar distúrbios psicológicos, quadro de alucinações e distorção da
realidade. Em casos mais graves, cria a falsa ilusão de que a sociedade os persegue
e por isto, faz-se necessário ataca-la (FOUCAULT, 2007).
Soma-se aos efeitos negativos de ordem pessoal, o alto consumo de drogas
nos cárceres, comércio que fomenta a violência física, estupros, estados de
submissão, criando-se uma cultura do crime a partir de relacionamentos interpessoais
marcados pelo convívio truculento e abusivo (FOUCAULT, 2007).
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Cezar Roberto Bitencourt (2001) transporte tal entendimento para a realidade


nacional, verbis:

O ambiente penitenciário perturba ou impossibilita o funcionamento dos


mecanismos compensadores da psique, que são os que permitem conservar
o equilíbrio e a saúde mental. Tal ambiente exerce uma influência tão
negativa que a ineficácia dos mecanismos de compensação psíquica a
aparição de desequilíbrio que podem ir desde uma simples reação
psicológica momentânea até um intenso e duradouro quadro psicótico,
segundo a capacidade de adaptação que o sujeito tenha. (BITENCOURT,
2001, p. 195).

A estrutura do cárcere, sua composição e mecânica desestabilizam o


emocional do preso, contribuindo para os transtornos elencados. Os apenados
imensos neste meio sofrem adquirem patologias que acabam por modificar sua
relação com a família, a sociedade, as estruturas que permeiam a vida cotidiana:
estado; igreja; moral; etc. (YONG, 2012).
Há ainda o caráter desconstrutivo da cultura do apenado. Tal situação impede
que o preso consiga fazer conexões básicas, alienando o mesmo, criando um vazio
intelectual que passa a ser ocupado pela maquinação delituosa (GRECO, 2009).
Enfim, a pena, esvaziada de seu caráter ressocializador, traz aos apenados
sérios transtornos físicos e psicológicos, expondo o preso a condições desumanas,
aumentando as chances de o mesmo voltar a praticar crimes. A pena privativa de
liberdade como se nota na realidade brasileira, além de afrontar a lei penal, contribui
com o aumento da criminalidade, se assemelhando mais com uma punição no sentido
retributivo, de que a constituição da pena como meio de transformação do indivíduo e
sua readequação social.
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4. A REALIDADE DO CÁRCERE EM MINAS GERAIS

4.1. População carcerário mineira

O estado de Minas Gerais concentra em seus presídios o segundo maior


número de presos do Brasil, perdendo apenas para São Paulo, estado mais populoso
do país. Segundo da DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional – no ano de
2014 a população carcerária mineira beirava os 60 mil detentos (PORTAL DE
NOTÍCIAS “EM”, 2017).
Em número, Minas Gerais tinha em 2016 183 unidades prisionais, sendo que
apenas 20% dos detentos trabalham ou estudam. Ademais, 2016 também apontou a
existência de 17.523 agentes penitenciários no estado, média de um agente para cada
3,5 presos (PORTAL DE NOTÍCIAS “EM”, 2017).
Para o presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da Ordem dos
Advogados do Brasil, seção Minas Gerais, Dr. Fábio Piló:

A realidade prisional em Minas exige medidas urgentes, mas acredito que o


quadro tende a piorar. Há uma crise econômica generalizada no país e o
governo do estado ainda decretou estado de calamidade pública, o que
interfere na destinação de recursos para abertura de novas vagas que
possam amenizar o problema da superlotação.
[...]
A superlotação é notória em todas as unidades. Falta mão de obra de
servidores públicos, o que compromete o atendimento de saúde e segurança.
Há muitas queixas sobre alimentação e material de higiene pessoal. As
unidades sofrem com a falta de manutenção e há locais onde o calor e mau
cheiro são insuportáveis (PILÓ, 2017).

A este respeito, a superpopulação carcerária mineira:

4.1.1. O problema da superlotação dos presídios em Minas Gerais

Dados recente da SEAP (Secretaria de Estado de Administração Prisional)


trazem à tona números alarmantes. O estado mineiro conta com pouco menos de 35
mil vagas em seu sistema carcerário, abrigando, como se viu acima, algo em torno de
60 mil detentos, isto significa que o sistema opera 85% acima de sua capacidade
(PORTAL DE NOTÍCIAS “EM”, 2017).
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A superlotação é causa para um grande número de rebeliões, motins que,


muitas vezes, ceifam vidas de ambos os lados da cela (PORTAL DE NOTÍCIAS “EM”,
2017).
Em 2016 foram registrados 11 motins dentro dos presídios de Minas Gerais,
quase uma ocorrência por mês. Para o coordenador do Centro de Apoio Operacional
das Promotorias de Justiça Criminais do Ministério Público de Minas Gerais, Dr.
Marcelo Mattar:

Minas tem uma situação de risco, que merece atenção. Além de ser rota do
tráfico, conta com a presença de grupos criminosos de outros estados em
suas unidades, tem um déficit prisional enorme e convive com infraestrutura
física precária e superlotação (MATTAR, 2016).

A crise do sistema carcerário mineiro é agravada pela crise financeira do


estado. O governo do estado tem dificuldade em honrar o pagamento dos servidores
de várias áreas, o que afeta também os agentes penitenciários. Os salários são pagos,
muitas vezes, parcelados, sempre existindo vencimentos em atraso (PORTAL DE
NOTÍCIAS “O TEMPO”, 2018).
Um colapso no sistema quase ocorreu em março de 2018 quando por muito
pouco o fornecimento de alimentação aos presidiários foi interrompido por problemas
de pagamento (PORTAL DE NOTÍCIAS “O TEMPO”, 2018).

4.2. As Organizações Criminosas e sua atuação nos presídios mineiros

A lei é omissa quanto à definição de organização criminosa. O termo não está


positivado no ordenamento e a Lei Contra as Organizações Criminosas – Lei nº
9.034/95 não lhe conceituou. Assim, resta recorrer a doutrina para se ter um amparo
quanto ao tema. Organização criminosa é:

[...] àquela cuja intensa atividade, nos mais variados campos da


criminalidade, com especial ênfase ao emprego da violência, perturbe e
desestabilize a paz e a tranquilidade públicas, subvertendo a ordem jurídica
em certos meios, através da instauração de uma outra ordem, [...] baseada
na submissão das comunidades pelo uso da força. Cuida-se, portanto, de
grupos que, mesmo agindo sem fins políticos formais, disputam o poder e
substituem o Estado (SANTOS; PRADO, 1995, p. 42).

Então, tem-se que organização criminosa é a associação de no mínimo três


indivíduos – pluralidade de agentes – que exibe como marca uma estrutura complexa,
25

cujo objetivo é a prática de crime para obtenção de vantagem econômica ilícita


(GRECO, 2009).
Como demonstrado no capítulo anterior, à precariedade do sistema prisional
nacional acaba criando às condições necessárias a associação de pessoas com
interesse em atos ilícitos. As prisões, ao que tudo indica, estimulam a delinquência. É
a já famosa escola do crime, onde, em contato com outros apenados, o preso se vê
envolto a uma atmosfera de degradação, a qual, por ser a única existente acaba por
se misturar e confundir com a própria psique dos encarcerados (YONG, 2012).
Para Baratta (2002) as casas de detenção foram reduzidas a objetivos
avessos a sua originalidade. Reeducação, reinserção do apenado, sua recuperação,
tudo isto foi esquecido.
Em continuidade, já se percebeu que o jus puniendi do Estado se dá por meio
do sistema penitenciário. Porém, a estrutura precária, a falta de qualificação dos
agentes penitenciários, os quais não recebem do poder públicas as condições
necessárias para o bom exercício de suas funções, as superlotações das cadeias,
dentre outros fatores, contribuem para que o sistema não consiga realizar de modo
satisfatório sua função (FRANCO, 2008).
Esta ineficácia do sistema prisional abre caminho para o crescimento de
organizações criminosas dentro das penitenciárias. Segundo José Henrique Kaster
Franco (2008):

As duas maiores organizações criminosas conhecidas no Brasil, Comando


Vermelho e Primeiro Comando da Capital, nasceram, provavelmente, de um
vácuo estatal. Supõe-se que o primeiro tenha surgido para evitar a tortura de
presos. O segundo, para auxiliar as famílias dos encarcerados.
Evidentemente, cooptaram muitos adeptos, que, ao deixarem as prisões,
retribuem a proteção e os favores recebidos, associando-se definitivamente
a uma carreira criminosa. (FRANCO, 2008, p. 1).

Em mesmo sentido o sociólogo francês Michel Foucault (2007) assevera:

A prisão torna possível, ou melhor, favorece a organização de um meio de


delinquentes, solitários entre si, hierarquizados, prontos para todas as
cumplicidades futuras [...]. E nesses é feita a educação do jovem delinquente
que está em sua primeira condenação [...]. (FOUCAULT, 2007, p. 222).

As penitenciárias mineiras tornaram-se estabelecimentos propícios ao


surgimento de organizações criminosas, é o que atesta Fernando Salla (2008) quanto
ao nascimento do conhecido PCC – Primeiro Comando da Capital:
26

[...] junto à massa carcerária teve por base o estabelecimento de uma malha
de solidariedade entre os presos, que envolvia a imposição da violência e do
medo, mas também pela construção de uma percepção de pertencimento,
revelada na expressão própria aos membros do grupo como ‘irmãos’.
(SALLA, 2008, p. 375).

De origem carioca, o Comando Vermelho, e o já mencionado PCC, o ADA –


Amigos dos Amigos, a Facção do Norte, dentre outros, são exemplos de organizações
criminosas que surgiram dentro dos presídios e que desde seu interior influenciam o
cotidiano social, operando de maneira intensa, cometendo crimes e aliciando mais
presos para sua estrutura (SALLA, 2008).
Ainda descrevendo a realidade das organizações criminosas no Brasil, em um
primeiro instante, durante o período do Regime Militar (1964-1985), houve um
movimento para formação de comunidades de presos. Naquela época, presos
políticos foram postos em contato com criminosos comuns, surgindo daí uma troca de
experiências. Os presos políticos ensinaram às comuns técnicas de guerrilha urbana
e consciência de luta. Os segundos, a como controlar o tráfico de drogas, explorar o
jogo do bicho, etc. (OLIVA; ASSIS, 2007).
É desta troca de experiências que nascem as primeiras organizações de
presos. A princípio, seu objetivo não era a prática de crimes, mas defender os
interesses da população carcerária, reivindicando melhores condições de vida dentro
dos centros de detenção. Posteriormente, porém, passaram a atuar com objetivos
ilícitos, sendo que estes foram facilitados pela omissão do Estado (OLIVA; ASSIS,
2007).
Os ataques terroristas ocorridos no estado de São Paulo em 2005 por ordem
de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC, o qual se encontrava
preso, dão ideia do poder que as organizações criminosas adquiriam dentro do
sistema prisional (SALLA, 2008).
Portanto, pode-se dizer que o surgimento das organizações criminosas e sua
atuação desde dentro dos presídios foi uma resposta à ingerência do Estado nas
áreas de Segurança Pública e do Sistema prisional, pois, ao invés de inibir e coibir
ações delituosas, além de promover a ressocialização do apenado por meio de
incursões educacionais, orientação psicológica, promoção de algum oficio, as
autoridades mantiveram-se inertes, deixando ao banditismo o protagonismo (SALLA,
2008).
27

4.3. As organizações criminosas no contexto atual

Ultrapassadas quase duas décadas do novo século, as atividades das


organizações criminosas se consolidaram nos grandes centros urbanos, estendendo-
se, aliás, ao interior do país e a estados periféricos. O crime organizado, característico
de regiões como o grande Rio e a grande São Paulo e grande Belo Horizonte, hoje se
encontra presente em cidades minúsculas. Seu modelo de atuação mais parece uma
rede de franquias, onde parte dos lucros é destinada a uma central, a qual comanda
todo o esquema, redistribuindo funções, criando lideranças regionais, objetivando o
crescimento e expansão das atividades – aqui, ilícitas e danosas a sociedade (SALLA,
2008).
Dentro dos presídios, o crime atua e dificulta o processo de ressocialização,
pois acaba arregimentando grande quantidade de apenadas para compor suas
fileiras, os quais, ao regressar a sociedade continuam a pratica de crimes, passando,
até mesmo, ao cometimento de crimes mais graves e violentos (CAPEZ, 2011).
Assim, o cumprimento da pena em sistema prisional com as características
dos presídios mineiros, além de não recuperar o apenado e reintegra-lo a sociedade,
acaba, em giro oposto, auxiliando no crescimento da criminalidade por intermédio de
organizações criminosas e congêneres.
28

5. PERSPECTIVAS PARA RESSOCIALIZAÇÃO

Como se viu, a pena no Brasil tem um duplo caráter, educativo, punitivo, com
vistas a ressocialização do apenado. Não teria sentido que posse diferente. Portanto,
importante destacar como ocorre a pretensa recuperação dos apenados no sistema
prisional mineiro.

5.1. Ressocialização no sistema progressivo de pena

Uma maneira de ver a pena exaurida em sua função mista, o sistema


progressivo é ferramenta importante ao processo de ressocialização do condenado,
uma vez que possibilita, de modo gradativo, a sua reintrodução na sociedade;
inclusive, estimulando o apenado a manter bom comportamento adequado no decurso
da execução de sua pena (CAPEZ, 2011).
Quanto ao sistema progressivo de cumprimento de pena, ensina Júlio Fabbrini
Mirabete:

Diante das deficiências apresentadas pelos estabelecimentos penais e a


irracionalidade na forma de cumprimento da pena privativa de liberdade, a
partir do século XVIII procurou-se uma nova filosofia penal, propondo-se,
afinal, sistemas penitenciários que correspondessem a essas novas ideias.
Do Sistema de Filadélfia, fundado no isolamento celular absoluto do
condenado, passou-se para o Sistema de Auburn, que preconizava o trabalho
em comum em absoluto silêncio, e se chegou ao Sistema Progressivo.
Consistia este, no sistema irlandês, na execução da pena em quatro estágios:
o primeiro de recolhimento celular absoluto, o segundo de isolamento noturno
com trabalho e estudo durante o dia, o terceiro de semiliberdade com trabalho
fora da prisão e o quarto no livramento condicional. Ainda hoje o sistema
progressivo é adotado em várias legislações. (MIRABETE, 2004, p. 386).

Na Lei de Execuções Penais consta a progressão de regime – art. 112 da LEP


– como instituto que transfere a para ao regime menos rigoroso quando o apenado
demonstrar merecimento, sendo este atestado por seu bom comportamento
carcerário (GRECO, 2009).
Mister, a LEP, além do bom comportamento, é necessária também o
cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena. Novamente em Mirabete:

Tendo em vista a finalidade da pena, de integração ou reinserção social, o


processo de execução deve ser dinâmico, sujeito a mutação ditadas pela
29

resposta do condenado ao tratamento penitenciário. Assim, ao dirigir a


execução para a “forma progressiva”, estabelece o art. 112 a progressão, ou
seja, a transferência de regime mais rigoroso a outro menos rigoroso quando
demonstra condições de adaptação ao mais suave. (MIRABETE, 2004, p.
387).

O sistema progressivo traz ao apenado, quando preenchidos os requisitos


preestabelecidos por lei, progredir do regime mais rígido – fechado – para o regime
semiaberto e, posteriormente, aberto. Destarte: não é permitida a progresso por pulos,
ou seja, do sistema fechado para o aberto, necessariamente, o apenado deverá
cumprir uma parte da pena no regime semiaberto (BORGES, 2008).
Continuando o raciocínio, a progressão de regime incentiva o apeado, não
apenas pela possibilidade da migração de regime, mas também por lhe franquear
acesso a estabelecimento de ensino, auxiliando na sua capacitação profissional, seu
desenvolvimento intelectual e humano (BORGES, 2008).
Ademais, o sistema progressivo também permite ao apenado exercer sua
profissão ainda quando do cumprimento da pena, garantindo-lhe uma renda que
poderá contribuir com o sustento de sua família e possibilitar mesmo ao preso uma
condição mais digna de sobrevivência no cárcere (OLIVA; ASSIS, 2007).
Assim, frente a atual situação de abandono do sistema prisional e da omissão
governamental, o sistema de progressão de regime é uma forma de, por meios
próprios, o apenado se arrepender de seu passado no crime e enveredar-se por
caminhos mais condignos (MIRABETE, 2004).

5.1.1. Recuperação do detento por meio da educação

A LEP prevê a educação como medida auxiliar a ressocialização do apenado


dentro do sistema prisional. O art. 17 estabelece que a assistência educacional será
feita através da instrução escolar e da formação e capacitação profissional dos
apenados detentos. Já o art. 18 postula que o ensino fundamental será obrigatório e
integrado ao sistema escolar da unidade federativa, em outros termos, todos os
detentos deveriam ter acesso ao ensino fundamental (BRASIL, 2021).
Adiante, também na LEP, o art. 21 dispõe quanto a obrigatoriedade da
implantação de bibliotecas em unidades prisionais para o uso dos apenados,
independente do regime em que se encontrarem. A biblioteca deverá contar com livros
instrutivos, didáticos e recreativos (BRASIL, 2021).
30

Neste sentido, vale um apêndice para relembrar o leitor quanto ao


emblemático caso do juiz Márcio Umberto Bragaglia, juiz Criminal da comarca de
Joaçaba, Santa Catariana, que desde 2012 coordena um projeto de leitura onde os
detentos têm acesso a grandes clássicos da literatura universal. Os apenados são
incentivados a lerem as obras e apresentar resumos das mesmas, diminuindo assim
seu tempo de cárcere. A ação do juiz é reconhecida intencionalmente como benéfica
aos apenados e a sociedade como um todo (PORTAL DE NOTÍCIAS “G1”, 2012).
Em Minas Gerais, segundo dados do Sindicato dos Professores de Minas
Gerais – SINPROMINAS – apenas 13% dos detentos participam de alguma atividade
educativa. Ademais, quase 10% dos detentos do estado não tem qualquer instrução,
são considerados analfabetos. Os números são mais aterrorizantes quando se atesta
que 70% dos detentos não concluiu o ensino fundamental e 92% não concluíram o
ensino médio (SINPROMINAS, 2017).
Os números são alarmantes, pois, uma vez postos em liberdade, sem a devida
instrução e qualificação, as portas do mercado de trabalho tendem a se fechar,
empurrando os ressocializados novamente ao crime.

5.1.2. Recuperação do detento por meio do trabalho

Se a educação ainda é uma realidade distante do Sistema Prisional mineiro,


por outro turno, o estado lidera o ranking nacional quando o tema é percentual de
presos trabalhando (PORTAL “AGÊNCIA MINAS”, 2018).
Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), vinculado
ao Ministério da Justiça, Minas Gerais é o estado com maior número de presos com
ocupação laboral se comparado as demais unidades federativas. De acordo com o
levantamento, até dezembro de 2017 18.889 detentos mineiros trabalhavam, um
percentual de 30% da população carcerária do estado (PORTAL “AGÊNCIA MINAS”,
2018).
A LEP dispõe que o trabalho dos presos é obrigatório apenas aqueles que já
tenham sido condenados. Quanto a isto, sabendo-se que o número de presos
condenados no Estado de Minas Gerais gira em torno de 33 mil detentos, pode-se
dizer que mais de 50% dos presos que se encaixam no contexto de trabalho dentro
do sistema prisional do estado, desenvolvem algum tipo de atividade laboral, número
31

muito superior à média nacional – menos de 20% (PORTAL “AGÊNCIA MINAS”,


2018).
Os presos que participam de alguma atividade produtiva têm direito a remição
da pena. Para cada três dias de trabalho, é descontado um na condenação. Há ainda
uma remuneração, que deverá ser de ¾ do salário mínimo vigente, nos termos da
LEP (BRASIL, 2021).

5.2. Em busca de um sistema penitenciário mais humano e racional

Até aqui, acredita-se que o estudo conseguiu demostrar como o sistema


penitenciário mineiro, apesar dos bons exemplos, como o grande número de
apenados trabalhando, não consegue cumprir em sua totalidade a lei Penal, não
garantindo aos apenados sua ressocialização, ferindo a lei e os mais altos princípios
constitucionais, como o da dignidade da pessoa humana e do acesso à justiça –
acesso à justiça pois, quando a pena perde sua função legal, deixa de atender seu
objetivo, furtando do apenado direito que lhe é delegado pelo legislador originário
(CAPEZ, 2011).
Também se demonstrou como as organizações criminosas se aproveitaram
da letargia estatal para assumirem, ainda que informalmente, o controle de complexos
penitenciários inteiros, subjugando assim um sem número de apenados que poderiam
ser recuperados e contribuir com a sociedade humana (YONG, 2012).
Por isto, a busca por um modelo de gestão do sistema prisional que prime por
um tratamento humano e racional se mostra como imprescindível e necessário, senão:

Falar de luta contra o crime significa, hoje, assinalar uma finalidade ao direito
penal, qual seja, à pena. Apesar de inserida na Lei de Execução Penal à
perspectiva de recuperação do condenado e sua readequação ao convívio
social, presenciamos que os fins propostos pela sanção penal não passam
de uma falácia, e o Estado além de não ter controle da comunidade carcerária
existente, interveem de maneira falha e tardia. Logo, como reflexo imediato,
existe uma execução penal “primitiva” que necessita de constantes reparos,
a fim de evitar a dessocialização do criminoso. (OLIVA; ASSIS, 2007, p. 1).

Completando tal raciocínio, tem-se que a pena deve trazer em seu escopo a
finalidade humanística de promoção do indivíduo como pessoa humana, com fito no
alcance por este de seus objetivos mais nobres. A punição por um ato antijurídico não
32

retira do apenado sua dignidade, consagrada pela CF/88 – art. 1º, III. É o que comenta
Henrique Viana B. Moraes (2007):

Ao contrário do que se vivencia, a dignidade do homem e os direitos humanos


não são contrapontos do sistema penal. É um equívoco colocar, como se tem
feito, o paradigma humanitário como inimigo da persecução punitiva, já que
essa função do Estado pode se realizar plenamente, e alcançar sua
finalidade, sem ofensa aos valores jurídicos-políticos máximos, que na
realidade são sua base. (MORAES, 2007, p. 8).

Este entendimento deixa claro que o apenado deve ser respeitado durante o
período de execução da pena, devendo-se afastar, do mesmo, qualquer possibilidade
de violação de direitos, condições de humilhação ou que possam lhe ferir física,
moralmente ou em sua honra. O tratamento dispensado aos apenados deve ser
humano, tendo a dignidade do ser como norte, garantindo-lhes seus direitos e
promovendo seus deveres. Assim, acredita-se, o empenho pela ressocialização
conseguirá lograr êxito (BITENCOURT, 2001).
Em comento acerca de um sistema penitenciário humano e racional, precifica
a doutrina:

Embora Beccaria tenha concentrado seu interesse sobre outros aspectos do


direito penal, expôs algumas idéias sobre a prisão que contribuíram para o
processo de humanização e racionalização da pena privativa de liberdade.
Não renunciou à idéia de que a prisão tem um sentido punitivo e sancionador,
mas já insinuava uma finalidade reformadora da pena privativa de liberdade.
(BITENCOURT, 2001,p. 37-38).

Já AZEVEDO (2008), acredita que o atual sistema nacional prisional não é


recuperável, devendo-se mudar de paradigma. Aposta que para que ocorra uma
humanização, uma mudança nas bases estruturantes do sistema é imprescindível:

A mudança é possível, necessária e urgente, e a municipalização da


execução da pena é fundamental, pois a idéia é a participação da
comunidade preparando e se preparando para receber o sentenciado, finda
a sua pena, porquanto a par do sofrimento vivenciado ao longo da
permanência no cárcere, buscando a reparação da infração cometida, mister
a melhoria do condenado, seja pelo estudo, seja pelo trabalho, seja pela
convivência com seus amigos e familiares [...]. (AZEVEDO, 2008, p. 294).

A ideia de municipalização da execução da pena se apresenta como


instrumento essencial ao anseio de ressocialização dos apenados, uma vez que
possibilitaria uma maior interação entre comunidade e ressociáveis.
33

Ademais, é essencial que no decurso do processo de ressocialização o preso


seja assisto por medidas educativas, acompanhamento psicológico, promoção de sua
qualificação profissional, reinserção no mercado de trabalho e convívio familiar.
34

6. CONCLUSÃO

A presente obra se propôs a estuda a ressocialização do preso dentro do atual


modelo prisional adotado no Estado de Minas Gerais e como tal sistema pode
contribuir ou limitar a reinserção do preso na sociedade.
Viu-se que a pena no Brasil tem dupla função, a de reprovar o mal injusto e
de prevenir novos delitos. Assim, verificou-se que o Direito Penal Brasileiro se filia a
teoria mista ou unificada da pena.
Ainda, de acordo com a LEP, a qual regula as execuções penais no
ordenamento pátrio, a pena possui caráter social preventivo, toma por norte a
repressão criminal de modo a impedir a prática de novos empreendimentos
criminosos.
Quanto a pena e sua função, viu-se que mesmo prevista no ordenamento, a
ressocialização está longe de ser uma constante. Especialmente em Minas Gerais,
estado objeto de estudo, o sistema carcerário não consegue cumprir seu papel social
de recuperação dos apenados.
Neste sentido, o que se tem é uma completa violação das leis, o que
impossibilita o processo de ressocialização, contribui com a reincidência e o aumento
das atividades criminais. Estudos que constaram no presente estudo precificaram que
a taxa de reincidência varia entre 70% a 80%. Isto solidifica a ideia de que a pena
apenas com viés de privação da liberdade não alcança a função de ressocializar o
apenado, pois, a pena privativa de liberdade por si só afasta totalmente o detento do
convívio com a sociedade, o que, como se viu, traz efeitos negativos a sua saúde
mental, dificultando sua reintegração posterior.
Os efeitos negativos aqui expostos aproximam os apenados ainda mais das
incursões delitivas e, pela realidade caótica do sistema penitenciário, onde as
violações aos direitos humanos são constantes, criasse na comunidade carcerária um
sentimento de revolta e união, que os coloca em colisão com a sociedade.
A omissão do poder público diante de tão grande tragédia contribui como fator
determinante para o surgimento de um poder paralelo dentro dos presídios. As
organizações criminosas, antes meras associações de presos em busca de melhores
condições de vida e tratamento no cárcere, hoje se tornarão grandes
35

empreendimentos voltados a práticas ilícitas, cooptando os apenados, impedindo que


estes sejam recuperados.
Porém, como contraponto, mesmo diante da fadiga do modelo de prisional, a
progressão de regime da maneira como apresentada é uma forma eficiente de trazer
ao apenado a possibilidade de ressocialização, possibilitando, ainda que de modo
gradativo, sua reinserção na sociedade – frisa-se, respeitando-se os requisitos legais
para concessão de tal benefício.
Neste sentido, viu-se também que a progressão de regime contribui para a
manutenção da paz dentro dos presídios, pois o bom comportamento carcerário é
requisito para sua concessão.
Por último, o trabalho demonstrou a necessidade de se repensar o modelo
penitenciário, se posicionando de modo favorável a uma reestruturação do mesmo,
pois, o atual modelo não cumpre a sua função de ressocializar o apenado.
Como ideia de reestruturação, a municipalização dos presídios, combinada a
maiores investimentos na área de segurança pública, se mostrou como a mais
pautável solução.
36

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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