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PINHAL – UNIPINHAL –
FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO PINHALENSE DE
ENSINO
Banca Examinadora:
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Professor(a) Membro
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Professor(a) Membro
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Professor(a) Membro
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Epígrafe
RESUMO
Aqui se abordou tema importante para o Direito dada a endemia de violência que
assola o país em simbiose aos problemas sociais já enraizados no próprio
contexto de construção do Brasil como nação: a realidade do preso dentro do
sistema carcerário. A pena restritiva de liberdade, mais que uma sanção, é
medida de viés recuperatório. Versa quanto à reintrodução do apenado na
sociedade sem que o mesmo volte a delinquir. Porém, a realidade verificável foi
que as prisões não são ambientes de recuperação, pelo contrário, são locais
onde o encarcerado fica exposto a inúmeros efetivos negativos, os quais,
futuramente, podem influenciar em novas incursões delitivas. O esfacelamento
do sistema carcerário, aliás, serve de catalizador para a criação de organizações
criminosas, as quais, de dentro dos presídios, continuam a aterrorizar a
sociedade. Mas, em que pese toda a lástima do sistema carcerário, seu
abandono pelo poder público e sua estrutura precária, isto nada deve afetar a
progressão de regime, os direitos dos apenados e a manutenção do preso em
ambiente digno. O que se pretendeu com este estudo foi analisar as
consequências da ressocialização do preso para a sociedade e como uma
reforma do sistema carcerário poderia auxiliar neste empreendimento. Como
recorte, devido ao estado de pandemia da Covid-19 e as restrições quanto a
aglomerações e atendimentos presenciais, na parte referente ao estudo de caso,
tomou-se como base o Sistema Prisional de Minas Gerais, estado onde a autora
reside.
An important issue for the Law was addressed here, given the endemic violence
that plagues the country in symbiosis with social problems already rooted in the
context of building Brazil as a nation: the reality of prisoners within the prison
system. The penalty restricting freedom, more than a sanction, is a measure of
recovery bias. It deals with the reintroduction of the inmate in society without the
same offending again. However, the verifiable reality was that prisons are not
recovery environments, on the contrary, they are places where the incarcerated
is exposed to numerous negative forces, which, in the future, may influence new
criminal incursions. The breakdown of the prison system, in fact, serves as a
catalyst for the creation of criminal organizations, which, from within the prisons,
continue to terrorize society. But, despite all the pity of the prison system, its
abandonment by the government and its precarious structure, this should not
affect the progression of the regime, the rights of inmates and the maintenance
of the prisoner in a decent environment. The aim of this study was to analyze the
consequences of the prisoner's resocialization for society and how a reform of
the prison system could help in this undertaking. As an outline, due to the state
of pandemic of Covid-19 and the restrictions regarding crowding and face-to-face
assistance, in the part referring to the case study, the Prison System of Minas
Gerais, the state where the author lives, was taken as a base.
ART Artigo
CP Código Penal
CPP Código de Processo Penal
CF Constituição Federal
CF/88 Constituição Federal de 1988
ONU Organização das Nações Unidas
LEP Lei de Execuções Penais
STJ Superior Tribunal de Justiça
STF Supremo Tribunal Federal
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 34
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1. INTRODUÇÃO
Por aspectos dos mais diversos, crise social, política, queda dos valores e de
do modelo tradicional de família, a falta de perspectiva, uma educação de péssima
qualidade, falência do sistema carcerário, o qual não recupera ninguém, o Brasil tem
uma das maiores populações carcerárias do mundo, e é um país com mais de 60 mil
mortes violentas por ano, número maior que as baixas anotadas em zonas de guerra
(IBGE, 2018).
Como muitas são as causas, a solução para problema da criminalidade e a
reinserção do preso na sociedade de modo com que o mesmo deixa de delinquir,
também depende de série de transformações, adaptações, revisões, avanços e
retrocessos no tocante ao Direito Penal e o trato da população carcerária.
Para esta obra, de maneira a melhor posicionar o leitor diante de quadro tão
eclético, decidiu-se por fatiar uma porção do problema da criminalidade e propor um
estudo com ênfase na existência de falhas durante a fase de execução de pena dentro
do sistema penitenciário mineiro e como tal realidade prejudica no processo de
ressocialização do preso no estado de Minas Gerais, sendo este o objetivo da
empreita aqui proposta.
Assim, o primeiro aspecto de destaque do estudo será exaurir o assunto,
função da pena, delimitando seu conceito as teorias norteadoras e sua execução.
Adiante, necessário proceder com breve relato quanto à ressocialização dos
apenados e a finalidade destas medidas dentro da execução da pena privativa de
liberdade. Os indivíduos que transgredem as leis e ofendem a norma penalista, postos
em julgamento, quando condenados são apartados do convício social e têm-se
privada sua liberdade – a liberdade é a regra no ordenamento jurídico, sendo o cárcere
sanção penal. Contudo, adquirem o direito de, ainda no cumprimento da pena,
receber do estado condições de ressocialização.
Em Minas Gerais, respeitando-se o direito penal pátrio, o cumprimento da pena
restritiva de liberdade, visa à reintrodução do indivíduo na sociedade, devendo o
estado promover os meios necessários a tal reinserção, garantindo uma readequação
ao convívio social quando finda a pena.
Sendo a ressocialização finalidade primeira da pena, aparece assim o
questionamento: No cumprimento da pena restritiva de liberdade, malfadadas as
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2.1. Conceito
Para esta teoria, dentro de uma ótica liberal de concepção do Estado, a pena
vê-se esvaziada de seu fundamento originário quando há a dissociação da figura do
soberano e Deus, apartando-se a religião do Estado. Assim, a pena passa a ser
compreendida apenas em seu caráter retributivo.
A teoria absoluta/retributiva, só se alcança a justiça quando há aplicação da
pena; em outros termos, a pena visaria apenas retribuir ao autor do delito o mal por
ele praticado (NORONHA, 1999).
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[...] o réu deve ser castigado pela única razão de haver delinquido, sem
nenhuma consideração sobre a utilidade da pena para ele ou para os demais
integrantes da sociedade. Com esse argumento, Kant nega toda e qualquer
função preventiva – especial ou geral da pena. [...] na concepção de Hegel a
pena é a lesão, ou melhor, a maneira de compensar o delito e recuperar o
equilíbrio perdido. Ou seja, a pena tem a função de restabelecer o equilíbrio
perdido com a prática do crime (BITENCOURT, 2001, 113).
Para esta teoria, a função da pena não seria punir, mas sim prevenir ilícitos,
por isto, para alguns estudiosos, tal teoria também pode ser chamada de Teoria
Preventiva da Pena. Nesta visão, o crimino, após cumprir a pena que lhe fora imputado
por cometimento de algum delito, não retornaria a criminalidade em função da sanção
que sofreu (NORONHA, 1999).
Ademais, tal teoria se divide em duas vertentes, a teoria relativa de prevenção
geral e a teoria relativa de prevenção especial (GRECO, 2009).
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A prevenção geral opera toda a sociedade, tendo por mote intimidar potenciais
delinquentes (NORONHA, 1999).
Para a doutrina, a prevenção geral é o meio que o Estado encontra de
intimidar possíveis transgressões daqueles que vivem perigosamente perto das iras
do Código Penal, pessoas que necessitam de freios legais, sem os quais, certamente
agiriam de maneira desordeira, sem respeitar o próximo e seus bens (NORONHA,
1999).
Tal teoria objetiva prevenir a prática delitiva de modo geral, evitando crimes
futuros por intermédio de uma forma negativa e uma positiva de agir:
2.2.2.1.1. Negativa
2.2.2.1.2. Positiva
Aqui, tem-se por finalidade impedir que o criminoso volte a praticar crimes. A
pena aplicada tem por função exclusiva a reintrodução do delinquente na sociedade,
sua recuperação (CAPEZ, 2011).
Como é de se notar, segundo tal teoria, a prevenção especial não se pauta
na intimidação da sociedade com leis severas, menos ainda na retribuição de um mal
injusto, o foco total da teoria é o criminoso, de modo a evitar que este pratique novos
delitos. Em complemento, seu caráter é de prevenção (CAPEZ, 2011).
Também, aqui há uma subdivisão da teoria em forma positiva e negativa
(CAPEZ, 2011).
2.2.2.2.1. Negativa
2.2.2.2.2. Positiva
agrupar em único conceito mais de um objetivo da pena. Para tal corrente, deve existir
uma colisão dos aspectos de maior destaque das teorias absolutas e relativas
(BITENCOURT, 2001).
Para tal teoria, é função da pena retribuir ao apenado o mal injusto por ele
desferido. Porém, buscam-se outros fins, pois, dentro da ótica unificada, a pena, além
do viés retributivo, objetiva a neutralização do delinquente, afastando-o
provisoriamente do convívio com a sociedade – prevenção especial negativa; a
prevenção geral – intimidação; a prevenção geral positiva, pautada em se
conscientizar a sociedade quanto ao dever de obediência às leis (CAPEZ, 2011).
Quanto a tais penas, verifica-se que têm índole retributiva, mas objetivam
também a reeducação do delinquente, além da intimidação de maneira ampla. São,
então, penas de natureza mista, retributiva e com função utilitária (NORONHA, 1999).
Portanto, é visível que o art. 59 do CP identifica que a pena tem dupla função
no ordenamento pátrio, adotando assim a teoria mista (ou unificada).
Posto nestes termos tem-se então que a função da pena privativa de liberdade
é a ressocialização do apenado, de modo a remaneja-lo provisoriamente para fora do
convívio em sociedade (BORGES, 2008).
É de se notar então que por muito tempo acreditou-se que apenas a pena
privativa de liberdade teria condição de recuperar o apenado, ou seja, a
ressocialização como fim da execução da pena. Mas, no atual momento do direito, a
ideia de ressocialização advém de uma série de medidas de caráter social e humano.
A reabilitação do apenado depende muito mais de uma ação estatal no sentido de
recuperá-lo mentalmente, de que impor uma pena privativa de liberdade (CAPEZ,
2011).
As prisões não recuperam o preso. A pena privativa de liberdade, tratada
como forma de distanciar o apenado da sociedade, sem, entretanto, de dar condições
de ressocializar, perde sua efetividade, retrocedendo a uma mera retribuição ao mal
injusto tal como descrito anteriormente (CAPEZ, 2011).
O ambiente carcerário é, em realidade, área de violência e abusos. A
dignidade dos apenados não é respeitada e os direitos humanos são ignorados. A
taxa de reincidência é alta, havendo uma comunidade carcerária que se afasta da
comunidade social (FOUCAULT, 2007).
A alta taxa de reincidência visualizada na realidade carcerária do país só vem
a corroborar a ideia de que a pena privativa de liberdade com função ressocializadora
é ilusória; senão:
Como se viu anteriormente, para o Direito Penal atual, a prisão deve ser um
local para a ressocialização dos apenados, onde estes cumpririam suas penas
privativas de liberdade e receberiam do Poder Público assistência social e de saúde
mental para retornarem a sociedade aptos a desempenhar papel de relevância nesta,
contribuindo com seu desenvolvimento, afastando-se definitivamente de atividades
ilícitas. Porém, a realidade mostra finalidade contrária. As instituições do sistema
prisional acarretam no indivíduo inúmeros efeitos negativos. As penitenciárias
nacionais se tornaram refúgio de quadrilhas, as quais fomentam a criminalidade desde
dentro destas instituições (BITENCOURT, 2001).
Quando não há por parte do estado a assistência necessária a recuperação
do preso, o cárcere cria certa apatia psicológica, o que com o passar do tempo acaba
degradando o caráter. Em contrapartida, há uma rígida hierarquia do crime nas
penitenciárias, o que acaba por incluir o preso em um processo maior, onde o mesmo
passa a fazer parte de grupos criminosos e, quando solto, tem compromisso de
lealdade para com o crime, não mais consigo mesmo ou com normas estatais ou
sociais e de conduta (FRANCO, 2008).
Um encarceramento que não dá aos apenados condições de recuperação tem
sua função invertida. O preso perde progressivamente sua identidade, autoestima, se
torna improdutivo e se vê sem perspectiva (FOUCAULT, 2007).
O isolamento também torna a pessoa agressiva e avessa a novas
experiências. Em muitos casos, apenados que nunca tiveram problemas de saúde
passam a apresentar distúrbios psicológicos, quadro de alucinações e distorção da
realidade. Em casos mais graves, cria a falsa ilusão de que a sociedade os persegue
e por isto, faz-se necessário ataca-la (FOUCAULT, 2007).
Soma-se aos efeitos negativos de ordem pessoal, o alto consumo de drogas
nos cárceres, comércio que fomenta a violência física, estupros, estados de
submissão, criando-se uma cultura do crime a partir de relacionamentos interpessoais
marcados pelo convívio truculento e abusivo (FOUCAULT, 2007).
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Minas tem uma situação de risco, que merece atenção. Além de ser rota do
tráfico, conta com a presença de grupos criminosos de outros estados em
suas unidades, tem um déficit prisional enorme e convive com infraestrutura
física precária e superlotação (MATTAR, 2016).
[...] junto à massa carcerária teve por base o estabelecimento de uma malha
de solidariedade entre os presos, que envolvia a imposição da violência e do
medo, mas também pela construção de uma percepção de pertencimento,
revelada na expressão própria aos membros do grupo como ‘irmãos’.
(SALLA, 2008, p. 375).
Como se viu, a pena no Brasil tem um duplo caráter, educativo, punitivo, com
vistas a ressocialização do apenado. Não teria sentido que posse diferente. Portanto,
importante destacar como ocorre a pretensa recuperação dos apenados no sistema
prisional mineiro.
Falar de luta contra o crime significa, hoje, assinalar uma finalidade ao direito
penal, qual seja, à pena. Apesar de inserida na Lei de Execução Penal à
perspectiva de recuperação do condenado e sua readequação ao convívio
social, presenciamos que os fins propostos pela sanção penal não passam
de uma falácia, e o Estado além de não ter controle da comunidade carcerária
existente, interveem de maneira falha e tardia. Logo, como reflexo imediato,
existe uma execução penal “primitiva” que necessita de constantes reparos,
a fim de evitar a dessocialização do criminoso. (OLIVA; ASSIS, 2007, p. 1).
Completando tal raciocínio, tem-se que a pena deve trazer em seu escopo a
finalidade humanística de promoção do indivíduo como pessoa humana, com fito no
alcance por este de seus objetivos mais nobres. A punição por um ato antijurídico não
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retira do apenado sua dignidade, consagrada pela CF/88 – art. 1º, III. É o que comenta
Henrique Viana B. Moraes (2007):
Este entendimento deixa claro que o apenado deve ser respeitado durante o
período de execução da pena, devendo-se afastar, do mesmo, qualquer possibilidade
de violação de direitos, condições de humilhação ou que possam lhe ferir física,
moralmente ou em sua honra. O tratamento dispensado aos apenados deve ser
humano, tendo a dignidade do ser como norte, garantindo-lhes seus direitos e
promovendo seus deveres. Assim, acredita-se, o empenho pela ressocialização
conseguirá lograr êxito (BITENCOURT, 2001).
Em comento acerca de um sistema penitenciário humano e racional, precifica
a doutrina:
6. CONCLUSÃO
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITENCOURT, C. R. Código Penal comentado. 4ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2007
______. Falência da pena de prisão: causas e alternativas. 2ª. ed. São Paulo:
Saraiva, 2001.
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal. 12ª ed. - São Paulo: Saraiva, 2011.
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G1. Presos que lerem Dostoiévski terão pena reduzida em comarca de SC.
Disponível em: <http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2012/11/presos-que-
lerem-dostoievski-terao-pena-reduzida-em-comarca-de-sc.html>. Acesso em 15 de
ago. 2021.
MIRABETE, J. F.; FABBRINI, R. N. Manual de Direito Penal. 26ª ed. São Paulo:
Atlas, 2009.
PRADO, L. R. Curso de direito penal brasileiro. 13ª. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
QUEIROZ, P. Direito Penal – Volume I, Parte Geral. 12ª Ed. São Paulo: JusPodivm,
2016.