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SEJUS- ES

Secretaria de Estado da Justiça do Estado do Espírito Santo

Agente Penitenciário

A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com

base no Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

OT075-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Secretaria de Estado da Justiça do Estado do Espírito Santo

Cargo: Agente Penitenciário

(Baseado no EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO nº 001/2012)

• Língua Portuguesa
• Matemática
• Atualidades
• Direitos Humanos
• Lei de Execução Penal
• Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do Estado do Espírito
Santo (lei complementar estadual n.° 046, De 31/01/1994).
• Definição dos crimes de tortura

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação/ Editoração Eletrônica


Elaine Cristina
Ana Luiza Cesário
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Leandro Filho

Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários). ............................................................................ 01


Sinônimos e antônimos. ....................................................................................................................................................................................... 07
Sentido próprio e figurado das palavras. ....................................................................................................................................................... 07
Pontuação. .................................................................................................................................................................................................................. 14
Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e
sentido que imprimem às relações que estabelecem. .............................................................................................................................. 17
Concordância verbal e nominal. ........................................................................................................................................................................ 55
Regência verbal e nominal. .................................................................................................................................................................................. 60
Colocação pronominal. ......................................................................................................................................................................................... 66
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 68

Matemática

Operações com números reais. ..............................................................................................................................................................................01


Mínimo múltiplo comum e máximo divisor comum. ....................................................................................................................................07
Razão e proporção. ......................................................................................................................................................................................................11
Porcentagem. ..................................................................................................................................................................................................................74
Regra de três simples e composta. .......................................................................................................................................................................15
Média aritmética simples e ponderada. ..............................................................................................................................................................43
Juro simples. ...................................................................................................................................................................................................................77
Equação do 1.º e 2.º graus. Sistema de equações do 1.º grau. .................................................................................................................23
Relação entre grandezas: tabelas e gráficos. ....................................................................................................................................................37
Sistemas de medidas usuais. ....................................................................................................................................................................................19
Noções de geometria: forma, perímetro, área, volume, ângulo, teorema de Pitágoras. ................................................................48
Raciocínio lógico. ..........................................................................................................................................................................................................95
Resolução de situaçõesproblema............................................................................................................................................................................95

Atualidades

Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir do
1º semestre de 2012, divulgados na mídia local e/ou nacional.................................................................................................................01

Direitos Humanos

Declaração Universal dos Direitos Humanos (adotada e proclamada pela Resolução 217-A (III) – da Assembleia Geral
das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948)..................................................................................................................................... 01
Os Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988 (artigos 5.º ao 15.º)................................................................................... 10
Regras mínimas para o tratamento de pessoas presas, da ONU.......................................................................................................... 43

Lei de Execução Penal

LEI N.º 7.210/84......................................................................................................................................................................................................... 01


SUMÁRIO

Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do Estado do Espírito


Santo (lei complementar estadual n.° 046, De 31/01/1994).

Capítulos I, II e IX; Título III: Capítulos I e II; Título IV: Capítulos I, II, III, V, VI; Títulos V: Capítulo Único Título VII; Título
VIII: Capítulos I e II; Título IX: Capítulos I, II, IV, V; Títulos X: Capítulos I, II e III; Títulos XII.......................................................... 01

Definição dos crimes de tortura

LEI N.º 9.455/97......................................................................................................................................................................................................... 01


LÍNGUA PORTUGUESA

Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários). ............................................................................ 01


Sinônimos e antônimos. ....................................................................................................................................................................................... 07
Sentido próprio e figurado das palavras. ....................................................................................................................................................... 07
Pontuação. .................................................................................................................................................................................................................. 14
Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e
sentido que imprimem às relações que estabelecem. .............................................................................................................................. 17
Concordância verbal e nominal. ........................................................................................................................................................................ 55
Regência verbal e nominal.................................................................................................................................................................................... 60
Colocação pronominal........................................................................................................................................................................................... 66
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 68
LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem não literária é objetiva, denotativa,


LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS preocupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra em
TIPOS DE TEXTOS (LITERÁRIOS E NÃO seu sentido próprio, utilitário, sem preocupação artística.
LITERÁRIOS). Geralmente, recorre à ordem direta (sujeito, verbo, com-
plementos).

Leia com atenção os textos a seguir e compare as lin-


Sabemos que a “matéria-prima” da literatura são as pa- guagens utilizadas neles.
lavras. No entanto, é necessário fazer uma distinção entre
a linguagem literária e a linguagem não literária, isto é, Texto A
aquela que não caracteriza a literatura. Amor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que pre-
Embora um médico faça suas prescrições em deter- dispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma
minado idioma, as palavras utilizadas por ele não podem coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de
ser consideradas literárias porque se tratam de um voca- sua terra. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser
a outro ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração: amor
bulário especializado e de um contexto de uso específi-
à Pátria; amor a uma causa. 3. Inclinação ditada por laços
co. Agora, quando analisamos a literatura, vemos que o
de família: amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação forte por
escritor dispensa um cuidado diferente com a linguagem
pessoa de outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas
escrita, e que os leitores dispensam uma atenção diferen-
que apresenta grande variedade e comportamentos e rea-
ciada ao que foi produzido. ções.
Outra diferença importante é com relação ao trata- Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário
mento do conteúdo: ao passo que, nos textos não literá- da Língua Portuguesa, Nova Fronteira.
rios (jornalísticos, científicos, históricos, etc.) as palavras
servem para veicular uma série de informações, o texto Texto B
literário funciona de maneira a chamar a atenção para a Amor é fogo que arde sem se ver;
própria língua (FARACO & MOURA, 1999) no sentido de É ferida que dói e não se sente;
explorar vários aspectos como a sonoridade, a estrutura É um contentamento descontente;
sintática e o sentido das palavras. é dor que desatina sem doer.
Veja abaixo alguns exemplos de expressões na lin- Luís de Camões. Lírica, Cultrix.
guagem não literária ou “corriqueira” e um exemplo de
uso da mesma expressão, porém, de acordo com alguns Você deve ter notado que os textos tratam do mesmo
escritores, na linguagem literária: assunto, porém os autores utilizam linguagens diferentes.
No texto A, o autor preocupou-se em definir “amor”,
Linguagem não literária: usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupa-
1- Anoitece. ção artística.
2- Teus cabelos loiros brilham. No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com
3- Uma nuvem cobriu parte do céu. ... preocupação literária, artística. De fato, o poeta entra no
campo subjetivo, com sua maneira própria de se expres-
Linguagem literária: sar, utiliza comparações (compara amor com fogo, ferida,
1- A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvaren- contentamento e dor) e serve-se ainda de contrastes que
ga Peixoto) acabam dando graça e força expressiva ao poema (con-
2- Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz! tentamento descontente, dor sem doer, ferida que não se
sente, fogo que não se vê).
(Mário Quintana)
3- um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua
Questões
nascença. (José Cândido de Carvalho)
1-) Leia o trecho do poema abaixo.
Como distinguir, na prática, a linguagem literária da
não literária? O Poeta da Roça
- A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras Sou fio das mata, cantô da mão grosa
(palavras de sentido figurado), em que as palavras adqui- Trabaio na roça, de inverno e de estio
rem sentidos mais amplos do que geralmente possuem. A minha chupana é tapada de barro
- Na linguagem literária há uma preocupação com a Só fumo cigarro de paia de mio.
escolha e a disposição das palavras, que acabam dando Patativa do Assaré
vida e beleza a um texto.
- Na linguagem literária é muito importante a manei-
ra original de apresentar o tema escolhido.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A respeito dele, é possível afirmar que TEXTO II

(A) não pode ser considerado literário, visto que a lin- A cana-de-açúcar
guagem aí utilizada não está adequada à norma culta for-
mal. Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no
(B) não pode ser considerado literário, pois nele não Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A re-
se percebe a preservação do patrimônio cultural brasileiro. gião que durante séculos foi a grande produtora de cana-de
(C) não é um texto consagrado pela crítica literária. -açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os férteis
(D) trata-se de um texto literário, porque, no processo solos de massapé, além da menor distância em relação ao
criativo da Literatura, o trabalho com a linguagem pode mercado europeu, propiciaram condições favoráveis a esse
aparecer de várias formas: cômica, lúdica, erótica, popular cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de
etc -açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio
(E) a pobreza vocabular – palavras erradas – não permi- de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar, que em
te que o consideremos um texto literário. parte é exportado e em parte abastece o mercado interno, a
cana serve também para a produção de álcool, importante
Leia os fragmentos abaixo para responder às questões nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A imen-
que seguem: sa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São
Paulo, está ligada ao uso do álcool como combustível.
TEXTO I
O açúcar 2-) Para que um texto seja literário:
O branco açúcar que adoçará meu café a) basta somente a correção gramatical; isto é, a expres-
nesta manhã de Ipanema são verbal segundo as leis lógicas ou naturais.
não foi produzido por mim b) deve prescindir daquilo que não tenha correspondên-
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. cia na realidade palpável e externa.
Vejo-o puro c) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capaci-
e afável ao paladar dade de compreensão do leitor.
como beijo de moça, água d) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento. O
na pele, flor escritor revela, ao escrever, o mundo, e, em especial, revela o
que se dissolve na boca. Mas este açúcar Homem aos outros homens.
não foi feito por mim. e) deve revelar diretamente as coisas do mundo: senti-
Este açúcar veio mentos, ideias, ações.
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia. 3-) Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção
Este açúcar veio incorreta
de uma usina de açúcar em Pernambuco a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real,
ou no Estado do Rio ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principal-
e tampouco o fez o dono da usina. mente como um meio de refletir e recriar a realidade.
Este açúcar era cana b) No texto II, de expressão não literária, o autor informa
e veio dos canaviais extensos o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é
que não nascem por acaso produzida, como teve início seu cultivo no Brasil, etc.
no regaço do vale. c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum
Em lugares distantes, onde não há hospital – açúcar – e vai ampliando seu potencial significativo, explo-
nem escola, rando recursos formais para estabelecer um paralelo entre o
homens que não sabem ler e morrem de fome açúcar – branco, doce, puro – e a vida do trabalhador que o
aos 27 anos produz – dura, amarga, triste.
plantaram e colheram a cana d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos
que viraria açúcar. de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento de
Em usinas escuras, novas formas de dizer.
homens de vida amarga e) O texto II não é literário porque, diferentemente do lite-
e dura rário, parte de um aspecto da realidade, e não da imaginação.
produziram este açúcar
branco e puro Gabarito
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
1-) D
Fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228) 2-) D – Esta alternativa está correta, pois ela remete ao
caráter reflexivo do autor de um texto literário, ao passo
em que ele revela às pessoas o “seu mundo” de maneira
peculiar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) E – o texto I também fala da realidade, mas com um Condições básicas para interpretar
cunho diferente do texto II. No primeiro há uma colocação
diferenciada por parte do autor em que o objetivo não é Fazem-se necessários:
unicamente passar informação, existem outros “motiva- a) Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
dores” por trás desta escrita. literários, estrutura do texto), leitura e prática;
b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
É muito comum, entre os candidatos a um cargo pú- texto) e semântico;
blico, a preocupação com a interpretação de textos. Isso Observação – na semântica (significado das palavras)
acontece porque lhes faltam informações específicas a incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
respeito desta tarefa constante em provas relacionadas tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
a concursos públicos. gem, entre outros.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão aju- c) Capacidade de observação e de síntese e
dar no momento de responder às questões relacionadas d) Capacidade de raciocínio.
a textos.
Interpretar X compreender
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela-
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz Interpretar significa
de produzir interação comunicativa (capacidade de co- - explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
dificar e decodificar ). - Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
Contexto – um texto é constituído por diversas fra- - O autor permite concluir que...
ses. Em cada uma delas, há uma certa informação que a - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando
condições para a estruturação do conteúdo a ser trans- Compreender significa
mitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão está escrito.
grande que, se uma frase for retirada de seu contexto - o texto diz que...
original e analisada separadamente, poderá ter um sig- - é sugerido pelo autor que...
nificado diferente daquele inicial. - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
ção...
Intertexto - comumente, os textos apresentam re- - o narrador afirma...
ferências diretas ou indiretas a outros autores através
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Erros de interpretação

Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias,
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, a) Extrapolação (viagem)
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias
na prova. que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do
tema quer pela imaginação.
Normalmente, numa prova, o candidato é convi-
dado a: b) Redução
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a
1. Identificar – é reconhecer os elementos funda- um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de
mentais de uma argumentação, de um processo, de uma ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendi-
época (neste caso, procuram-se os verbos e os advér- mento do tema desenvolvido.
bios, os quais definem o tempo).
2. Comparar – é descobrir as relações de semelhança c) Contradição
ou de diferenças entre as situações do texto. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do can-
3. Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado didato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
com uma realidade, opinando a respeito. quentemente, errando a questão.
4. Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou se-
cundárias em um só parágrafo. Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
5. Parafrasear – é reescrever o texto com outras pa- e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova
lavras. de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
que o autor diz e nada mais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que - Falante não pode negar que tenha querido transmitir
relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre a informação expressa pelo pressuposto, mas pode negar
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de que tenha desejado transmitir a informação expressa pelo
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pro- subentendido.
nome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se - Negação da informação não nega o pressuposto.
vai dizer e o que já foi dito. - Pressuposto não verdadeiro – informação explícita
absurda.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia - Principais marcadores de pressupostos: a) adjetivos;
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e b) verbos; c) advérbios; d) orações adjetivas; e) conjunções.
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer QUESTÕES
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- (Agente Estadual de Trânsito – DETRAN - SP – Vu-
cedente. nesp/2013)
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de O uso da bicicleta no Brasil
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, A utilização da bicicleta como meio de locomoção no
a saber: Brasil ainda conta com poucos adeptos, em comparação
com países como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
quais a bicicleta é um dos principais veículos nas ruas. Ape-
mas depende das condições da frase.
sar disso, cada vez mais pessoas começam a acreditar que
qual (neutro) idem ao anterior.
a bicicleta é, numa comparação entre todos os meios de
quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois transporte, um dos que oferecem mais vantagens.
o objeto possuído. A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicle-
como (modo) tas e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e
onde (lugar) jamais na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são
quando (tempo) todos considerados veículos, com direito de circulação pe-
quanto (montante) las ruas e prioridade sobre os automotores.
Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à
Exemplo: bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade,
Falou tudo QUANTO queria (correto) pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria consomem petróleo e produzem muito menos sucata de
aparecer o demonstrativo O ). metais, plásticos e borracha; a diminuição dos congestio-
Dicas para melhorar a interpretação de textos namentos por excesso de veículos motorizados, que atin-
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do gem principalmente as grandes cidades; o favorecimento
assunto; da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a economia no combustível, na manutenção, no seguro e,
a leitura; claro, nos impostos.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto No Brasil, está sendo implantado o sistema de com-
pelo menos duas vezes;
partilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo,
- Inferir;
o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitu-
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do ra, em parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com
autor; quase um ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor Paulo, Santos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo
compreensão; país aderirem a esse sistema, mais duas capitais já estão
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de com o projeto pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do
cada questão; compartilhamento é semelhante em todas as cidades. Em
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; Porto Alegre, os usuários devem fazer um cadastro pelo
site. O valor do passe mensal é R$10 e o do passe diário,
Segundo Fiorin: R$5, podendo-se utilizar o sistema durante todo o dia, das
-Pressupostos – informações implícitas decorrentes 6h às 22h, nas duas modalidades. Em todas as cidades que
necessariamente de palavras ou expressões contidas na já aderiram ao projeto, as bicicletas estão espalhadas em
frase. pontos estratégicos.
- Subentendidos – insinuações não marcadas clara- A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção
mente na linguagem. não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda
- Pressupostos – verdadeiros ou admitidos como tal. não sabem que a bicicleta já é considerada um meio de
- Subentendidos – de responsabilidade do ouvinte. transporte, ou desconhecem as leis que abrangem a bike.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na confusão de um trânsito caótico numa cidade grande, não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir,
carros, motocicletas, ônibus e, agora, bicicletas, misturam- mas também se engajam num comportamento de risco –
se, causando, muitas vezes, discussões e acidentes que po- algumas até agem especificamente para irritar o outro mo-
deriam ser evitados. torista ou impedir que este chegue onde precisa.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá
A verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando
estão totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. um motorista a tomar decisões irracionais.
Por isso é tão importante usar capacete e outros itens de Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocio-
segurança. A maior parte dos motoristas de carros, ônibus, nante. Para muitos de nós, os carros são a extensão de
motocicletas e caminhões desconhece as leis que abran- nossa personalidade e podem ser o bem mais valioso que
gem os direitos dos ciclistas. Mas muitos ciclistas também possuímos. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para
ignoram seus direitos e deveres. Alguém que resolve in- alguns, mas também é uma atividade que tende a aumen-
tegrar a bike ao seu estilo de vida e usá-la como meio de tar os níveis de estresse, mesmo que não tenhamos cons-
locomoção precisa compreender que deverá gastar com ciência disso no momento.
alguns apetrechos necessários para poder trafegar. De Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez
acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as bicicletas que entra no trânsito, você se junta a uma comunidade
devem, obrigatoriamente, ser equipadas com campainha, de outros motoristas, todos com seus objetivos, medos e
sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, habilidades ao volante. Os psicólogos Leon James e Diane
além de espelho retrovisor do lado esquerdo. Nahl dizem que um dos fatores da ira de trânsito é a ten-
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. dência de nos concentrarmos em nós mesmos, descartan-
Adaptado) do o aspecto comunitário do ato de dirigir.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito,
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como o Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsi-
meio de locomoção nas metrópoles brasileiras to não são os congestionamentos ou mais motoristas nas
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra ruas, e sim como nossa cultura visualiza a direção agressi-
devido à falta de regulamentação. va. As crianças aprendem que as regras normais em relação
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido ao comportamento e à civilidade não se aplicam quando
incentivado em várias cidades. dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela em comportamentos de disputa ao volante, mudando de
maioria dos moradores. faixa continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sem-
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com pre com pressa para chegar ao destino.
os demais meios de transporte. Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era des-
arriscada e pouco salutar. carregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a
descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode
objetivos centrais do texto é transformar um incidente em uma violenta briga.
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do Com isso em mente, não é surpresa que brigas vio-
ciclista. lentas aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta está predisposta a apresentar um comportamento irracio-
é mais seguro do que dirigir um carro. nal quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bi- maior parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada
cicleta no Brasil. quando dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos,
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como é estar ciente de seu estado emocional e fazer as escolhas
meio de locomoção se consolidou no Brasil. corretas, mesmo quando estiver tentado a agir só com a
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista emoção.
deve dar prioridade ao pedestre. (Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.
uol.com.br/furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013.
(Oficial Estadual de Trânsito - DETRAN-SP - Vunesp Adaptado)
2013) Leia o texto para responder às questões de 3 a 5
3-) Tomando por base as informações contidas no tex-
Propensão à ira de trânsito to, é correto afirmar que
(A) os comportamentos de disputa ao volante aconte-
Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente cem à medida que os motoristas se envolvem em decisões
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais se- conscientes.
guro do mundo, existem muitas variáveis de risco no trân- (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são cau-
sito, como clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas. E sadas pela constante preocupação dos motoristas com o
com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas aspecto comunitário do ato de dirigir.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas 6-) Considere:
é o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma di- I. Segundo o texto, na ficção científica abordam-se,
reção agressiva. com distanciamento de tempo e espaço, questões con-
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de ex- troversas e moralmente incômodas da sociedade atual, de
periências e atividades não só individuais como também modo que a solução oferecida pela fantasia possa ser apli-
sociais. cada para resolver os problemas da realidade.
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle II. Parte do poder de convencimento da ficção cientí-
das emoções positivas por parte dos motoristas. fica deriva do fato de serem apresentados ao espectador
objetos imaginários que, embora não existam na vida real,
4. A ira de trânsito estão, de algum modo, conectados à realidade.
A) aprimora uma atitude de reconhecimento de regras. III. A ficção científica extrapola os limites da realidade,
(B) implica tomada de decisões sem racionalidade. mas baseia-se naquilo que, pelo menos em teoria, acredi-
(C) conduz a um comportamento coerente. ta-se que seja possível.
(D) resulta do comportamento essencialmente comu- Está correto o que se afirma APENAS em
nitário dos motoristas. (A) III.
(E) decorre de imperícia na condução de um veículo. (B) I e II.
(C) I e III.
5. De acordo com o perito Dr. James, (D) II e III.
(A) os congestionamentos representam o principal fa- (E) II.
tor para a ira no trânsito.
(B) a cultura dos motoristas é fator determinante para 7-) Sem prejuízo para o sentido original e a correção
o aumento de suas frustrações. gramatical, o termo sonhar, em ... a sociedade se permite
(C) o motorista, ao dirigir, deve ser individualista em sonhar seus piores problemas... (2o parágrafo), pode ser
suas ações, a fim de expressar sua liberdade e garantir que substituído por:
outros motoristas não o irritem. (A) descansar.
(D) a principal causa da direção agressiva é o desco- (B) desprezar.
nhecimento das regras de trânsito. (C) esquecer.
(E) o comportamento dos pais ao dirigirem com ira (D) fugir.
contradiz o aprendizado das crianças em relação às regras (E) imaginar.
de civilidade.
(TRF 3ª região/2014) Atenção: Para responder às ques-
(TRF 3ª região/2014) Para responder às questões de tões de números 8 a 10 considere o texto abaixo.
números 6 e 7 considere o texto abaixo. Texto I
Toda ficção científica, de Metrópolis ao Senhor dos O canto das sereias é uma imagem que remonta às
anéis, baseia-se, essencialmente, no que está acontecen-
mais luminosas fontes da mitologia e da literatura gregas.
do no mundo no momento em que o filme foi feito. Não
As versões da fábula variam, mas o sentido geral da trama
no futuro ou numa galáxia distante, muitos e muitos anos
é comum.
atrás, mas agora mesmo, no presente, simbolizado em pro-
As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de
jeções que nos confortam e tranquilizam ao nos oferecer
extraordinária beleza, viviam sozinhas numa ilha do Medi-
uma adequada distância de tempo e espaço.
terrâneo, mas tinham o dom de chamar a si os navegantes,
Na ficção científica, a sociedade se permite sonhar seus
graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraí-
piores problemas: desumanização, superpopulação, totali-
dos por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes
tarismo, loucura, fome, epidemias. Não se imita a realida-
submersos da beira-mar e naufragavam. As sereias então
de, mas imagina-se, sonha-se, cria-se outra realidade onde
possamos colocar e resolver no plano da imaginação tudo devoravam impiedosamente os tripulantes.
o que nos incomoda no cotidiano. O elemento essencial Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com
para guiar a lógica interna do gênero, cuja quebra implica vida do canto das sereias? A literatura grega registra duas
o fim da magia, é a ciência. Por isso, tecnologia é essen- soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída encontrada por
cial ao gênero. Parte do poder desse tipo de magia cine- Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.
matográfica está em concretizar, diante dos nossos olhos, Quando a embarcação na qual ele navegava entrou
objetos possíveis, mas inexistentes: carros voadores, robôs inadvertidamente no raio de ação das sereias, ele conse-
inteligentes. Como parte dessas coisas imaginadas acaba guiu impedir a tripulação de perder a cabeça tocando uma
se tornando realidade, o gênero reforça a sensação de que música ainda mais sublime do que aquela que vinha da
estamos vendo na tela projeções das nossas possibilidades ilha. O navio atravessou incólume a zona de perigo.
coletivas futuras. A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma
(Adaptado de: BAHIANA, Ana Maria. Como ver um fil- para vencer as sereias foi o reconhecimento franco e cora-
me. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. formato ebook.) joso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a aceitação dos
seus inescapáveis limites humanos.

6
LÍNGUA PORTUGUESA

Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza


para resistir ao apelo das sereias. Por isso, no momento SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS.
em que a embarcação se aproximou da ilha, mandou que SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS
todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e orde- PALAVRAS.
nou que o amarrassem ao mastro central do navio. O sur-
preendente é que Ulisses não tapou com cera os próprios
ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora, Ulisses
foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os Semântica é o estudo da significação das palavras e
tripulantes a deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus das suas mudanças de significação através do tempo ou
subordinados, contudo, cumpriram fielmente a ordem de em determinada época. A maior importância está em dis-
não soltá-lo até que estivessem longe da zona de perigo. tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e
Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
como mortal. Ao se aproximar das sereias, a escolha diante
do herói era clara: a falsa promessa de gratificação ime- Sinônimos
diata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de
vida − prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa-
Penélope −, do outro. A verdadeira vitória de Ulisses foi beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar
contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o oportunismo - abolir.
suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são
sua própria alma.
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Auto-engano. São
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quan-
Paulo, Cia. das Letras, 1997. Formato eBOOK)
do, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela
8-) Há no texto outra, em determinado enunciado (aguardar e esperar).
(A) comparação entre os meios que Orfeu e Ulisses
usam para enfrentar o desafio que se apresenta a eles. Observação: A contribuição greco-latina é respon-
(B) rivalidade entre o mortal Ulisses e o divino Orfeu, sável pela existência de numerosos pares de sinônimos:
cujo talento musical causava inveja ao primeiro. adversário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo
(C) juízo de valor a respeito das atitudes das sereias em e hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; coló-
relação aos navegantes e elogio à astúcia de Orfeu. quio e diálogo; transformação e metamorfose; oposição e
(D) crítica à forma pouco original com que Orfeu deci- antítese.
de enganar as sereias e elogio à astúcia de Ulisses.
(E) censura à atitude arriscada de Ulisses, cuja ousadia Antônimos
quase lhe custou seu projeto de vida.
São palavras que se opõem através de seu significado:
9-) Depreende-se do texto que as sereias atingiam ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
seus objetivos por meio de mal - bem.
(A) intolerância.
(B) dissimulação. Observação: A antonímia pode se originar de um
(C) lisura. prefixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldi-
(D) observação. zer; simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia
(E) condescendência. e discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista
e anticomunista; simétrico e assimétrico.
10-) O navio atravessou incólume a zona de perigo. (4o
parágrafo). Mantém-se o sentido original do texto substi- Homônimos e Parônimos
tuindo-se o elemento grifado por
(A) insolente. - Homônimos = palavras que possuem a mesma gra-
(B) inatingível.
fia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes.
(C) intacto.
Podem ser
(D) inativo.
(E) impalpável.
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife-
GABARITO rentes na pronúncia:
rego (subst.) e rego (verbo);
1- B 2-A 3-D 4-B 5-E colher (verbo) e colher (subst.);
6- D 7-E 8-A 9-B 10-C jogo (subst.) e jogo (verbo);
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo).

7
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Denotação e Conotação


ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Exemplos de variação no significado das palavras:
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido literal)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido fi-
censo (recenseamento) e senso ( juízo); gurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
As variações nos significados das palavras ocasionam o
c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo (co-
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia: notação) das palavras.
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.); Denotação
livre (adj.) e livre (verbo). Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
apresenta seu significado original, independentemente do
- Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po- contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado mais
rém de formas relativamente próximas. São palavras pa- objetivo e comum, aquele imediatamente reconhecido e
recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de muitas vezes associado ao primeiro significado que aparece
vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o nos dicionários, sendo o significado mais literal da palavra.
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor- A denotação tem como finalidade informar o receptor
rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca-
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor-
(medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medica-
mentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, por
atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pedaço de
(atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
madeira. Outros exemplos:
tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
O elefante é um mamífero.
priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
As estrelas deixam o céu mais bonito!
movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
(ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
Conotação
afundar). Uma palavra é usada no sentido conotativo quando apre-
senta diferentes significados, sujeitos a diferentes interpreta-
Hiperonímia e Hiponímia ções, dependendo do contexto em que esteja inserida, referin-
do-se a sentidos, associações e ideias que vão além do sentido
Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten- original da palavra, ampliando sua significação mediante a cir-
cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o cunstância em que a mesma é utilizada, assumindo um senti-
hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o hipe- do figurado e simbólico. Como no exemplo da palavra “pau”:
rônimo, mais abrangente. em seu sentido conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- um pau), reprovação (tomei pau no concurso).
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- A conotação tem como finalidade provocar sentimen-
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- tos no receptor da mensagem, através da expressividade e
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em
Veículos é um hiperônimo de carros. conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu-
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em blicitários, entre outros. Exemplos:
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili- Você é o meu sol!
zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita Minha vida é um mar de tristezas.
a repetição desnecessária de termos. Você tem um coração de pedra!

Fontes de pesquisa: * Dica: Procure associar Denotação com Dicionário: tra-


http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos, ta-se de definição literal, quando o termo é utilizado com o
-antonimos,-homonimos-e-paronimos sentido que consta no dicionário.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Fontes de pesquisa:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São cao/
Paulo: Saraiva, 2010. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
Portuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. Paulo: Saraiva, 2010.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Polissemia De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,


ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma in-
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir terpretação. Para fazer a interpretação correta é muito im-
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de portante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
mas que abarca um grande número de significados dentro do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
de seu próprio campo semântico. comicidade. Repare na figura abaixo:
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se
em consideração as situações de aplicabilidade. Há uma
infinidade de exemplos em que podemos verificar a ocor-
rência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.

Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-


computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co- cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
“entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, mas duas seriam:
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Corte e coloração capilar
“jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
ou
formato quadriculado que têm.
Faço corte e pintura capilar
Polissemia e homonímia
Fontes de pesquisa:
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante co-
htm
mum. Quando a mesma palavra apresenta vários significados,
estamos na presença da polissemia. Por outro lado, quando Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
duas ou mais palavras com origens e significados distintos reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
têm a mesma grafia e fonologia, temos uma homonímia. Paulo: Saraiva, 2010.
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
polissemia porque os diferentes significados para a pala-
vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra Figura de Linguagem, Pensamento e Construção
polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabe-
to, o texto de uma canção ou a caligrafia de um determi- Figura de Palavra
nado indivíduo. Neste caso, os diferentes significados es-
tão interligados porque remetem para o mesmo conceito, A figura de palavra consiste na substituição de uma
o da escrita. palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico,
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja
Polissemia e ambiguidade por uma associação, uma comparação, uma similaridade.
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na - permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de pala-
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode vras: a metáfora e a metonímia.
ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação Metáfora
específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
uma frase. Vejamos a seguinte frase: Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen- em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
temente são felizes. virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa
Neste caso podem existir duas interpretações diferen- e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
tes: palavra fora de seu sentido normal.
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são Observação: toda metáfora é uma espécie de com-
felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equi- paração implícita, em que o elemento comparativo não
librada. aparece.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Seus olhos são como luzes brilhantes. 10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so-
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse
através do emprego da palavra como. mundo).
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. 11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram
ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, chamadas, não apenas uma mulher).
qualidade do que é semelhante. 12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta 13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
é a verdadeira metáfora. Alguns astronautas foram à Lua).
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
Observe outros exemplos: derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).

1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de
Pessoa) extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquan-
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que to que a metonímia abrange apenas os casos de analogia
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio ou de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fa-
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando zer distinção entre ambas as figuras.
a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).
Catacrese
2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar
algum. Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando,
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão por falta de um termo específico para designar um con-
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustiada- ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a
mente inútil), há uma comparação subentendida: Minha empregar algumas palavras fora de seu sentido original.
alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma es- Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do ros-
trada de terra que leva a lugar algum. to”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.

A Amazônia é o pulmão do mundo. Perífrase ou Antonomásia


Em sua mente povoa só inveja.
Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
Metonímia
um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
É a substituição de um nome por outro, em virtude de
tifique:
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
pode acontecer dos seguintes modos:
atraindo visitantes do mundo todo.
A Cidade-Luz (=Paris)
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
O rei das selvas (=o leão)
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= Observação: quando a perífrase indica uma pes-
As lâmpadas iluminam o mundo). soa, recebe o nome de antonomásia. Exemplos:
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
da cruz. (= Não te afastes da religião). cando o bem.
4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
Havana. (= Fumei um saboroso charuto). jovem.
5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só- O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
crates tomou veneno).
6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu Sinestesia
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo). Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
(= Bebeu todo o líquido que estava no cálice). cruzamento de sensações distintas.
8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os micro- Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
fones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram auditivo; áspero = tátil)
atrás dos jogadores). No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressa- cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
damente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)

10
LÍNGUA PORTUGUESA

Fontes de pesquisa: Prosopopeia ou Personificação


http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
php É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa mados a seres inanimados, ou características humanas a
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seres não humanos. Observe os exemplos:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- As pedras andam vagarosamente.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um
Paulo: Saraiva, 2010. cego que guia.
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
Antítese Chora, violão.
Consiste no emprego de palavras que se opõem Apóstrofe
quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envol-
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi-
vidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos
sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso,
mesmos. Observe os exemplos:
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-
“O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
O corpo é grande e a alma é pequena. se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele
“Quando um muro separa, uma ponte une.” imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe
Não há gosto sem desgosto. a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim
a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr
Paradoxo ou oximoro em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do
vocativo. Exemplos:
É a associação de ideias, além de contrastantes, con- Moça, que fazes aí parada?
traditórias. Seria a antítese ao extremo. “Pai Nosso, que estais no céu”
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa. Deus, ó Deus! Onde estás?
Ouvimos as vozes do silêncio.
Gradação
Eufemismo
Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen-
bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa ás- dente (anticlímax). Observe este exemplo:
pera, desagradável ou chocante. Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se- com seus olhos claros e brincalhões...
nhor. (= morreu)
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) O objetivo do narrador é mostrar a expressividade
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se re-
Faltar à verdade. (= mentir) fere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em
Ironia ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos:
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do
amor”. (Olavo Bilac)
que as palavras ou frases expressam, geralmente apresen-
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
tando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem
lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
construída para que cumpra a sua finalidade; mal cons-
truída, pode passar uma ideia exatamente oposta à dese-
jada pelo emissor. Fontes de pesquisa:
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5.
mínima. php
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
que estão por perto. Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
O governador foi sutil como um elefante. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
Hipérbole Paulo: Saraiva, 2010.

É a expressão intencionalmente exagerada com o in- As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe)
tuito de realçar uma ideia. ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) maior expressividade que se dá ao sentido.
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Elipse Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais:


eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as
Consiste na omissão de um ou mais termos numa três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um
oração e que podem ser facilmente identificados, tanto desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con-
por elementos gramaticais presentes na própria oração, corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que
quanto pelo contexto. está inscrita no sujeito. Exemplos:
A catedral da Sé. (a igreja catedral) O que não compreendo é como os brasileiros persista-
Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es- mos em aceitar essa situação.
tádio) Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar-
Zeugma dins públicos.” (Machado de Assis)

Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita Observe que os verbos persistamos, temos e somos
a omissão de um termo já mencionado anteriormente. não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos
Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de (brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira
português) pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só brasileiros, os agricultores e os cariocas).
modernos. (só havia móveis)
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de) Polissíndeto / Assíndeto

Silepse Para estudarmos as duas figuras de construção é ne-


cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
A silepse é a concordância que se faz com o termo período composto. No período composto por coordena-
que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A
É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti- é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
pos de silepse: de gênero, número e pessoa. dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
figuras de construção:
Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe-
minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân- 1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela re-
cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos: petição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O
menino resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
calor intenso. 2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela au-
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando sência, pela omissão das conjunções coordenativas, re-
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence sultando no uso de orações coordenadas assindéticas.
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo Exemplos:
(a cidade de Porto Velho). Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)
2) Vossa Excelência está preocupado.
O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes- Pleonasmo
soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
Excelência. Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é
Silepse de Número - Os números são singular e plu- realçar a ideia, torná-la mais expressiva.
ral. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.
não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração,
mas com a ideia que nele está contida. Exemplos: Nesta oração, os termos “o problema da violência”
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto.
de Salvador. Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico.
Outro exemplo:
Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei- Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
tos das orações (que se encontram no singular, procissão
e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o
isso que os verbos estão no plural. pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo-
nástico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan- Figuras de Som


do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
pleonasmo vicioso: Aliteração - Consiste na repetição de consoantes
Vi aquela cena com meus próprios olhos. como recurso para intensificação do ritmo ou como efei-
Vamos subir para cima. to sonoro significativo.
Ele desceu pra baixo. Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Anáfora Quem com ferro fere com ferro será ferido.

É a repetição de uma ou mais palavras no início de Assonância - Consiste na repetição ordenada de


várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de sons vocálicos idênticos:
coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em cau- “Sou um mulato nato no sentido lato mulato demo-
sa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar crático do litoral.”
determinado elemento textual. Os termos anafóricos po-
dem muitas vezes ser substituídos por pronomes. Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir
Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe- na forma de palavras os sons da realidade:
cia. Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
ba.” (Padre Vieira) Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.
Anacoluto php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Consiste na mudança da construção sintática no meio Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
da frase, ficando alguns termos desligados do resto do Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
período. É a quebra da estrutura normal da frase para a
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma
Paulo: Saraiva, 2010.
ligação sintática com as demais.
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Questões
Morrer, todo haveremos de morrer.
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BI-
BLIOTECONOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo, de-
os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de
veria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma in-
terrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer- um tipo de linguagem figurada denominada
cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é (A) metonímia.
chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma (B) eufemismo.
interrupção na sequência lógica do pensamento. (C) hipérbole.
(D) metáfora.
Observação: o anacoluto deve ser usado com finali- (E) catacrese.
dade expressiva em casos muito especiais. Em geral, evi-
te-o. 1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu
contexto convencional (denotativo) e transportá-la para
Hipérbato / Inversão um novo campo de significação (conotativa), por meio de
uma comparação implícita, de uma similaridade existente
É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da entre as duas.
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o (Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portu-
sujeito venha depois do predicado: gues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.
Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O htm)
amor venceu ao ódio) RESPOSTA: “D”.
Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
Eu cuido dos meus problemas)

* Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
tumbante de um povo heroico”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar algu-
ma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” no
lugar de “que morreram por nós”.
RESPOSTA: “D”.

3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/UFAL/2014)


Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, ho-
rário do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.

O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de lingua-
gem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?
A) Eufemismo.
B) Hipérbole.
C) Paradoxo.
D) Metonímia.
E) Hipérbato.

3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para representar o calor excessivo que está fazendo. A figura que é
utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a hipérbole.
RESPOSTA: “B”.

PONTUAÇÃO.

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem para compor a coesão e a coerência textual, além de
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Um texto escrito adquire diferentes significados quando pontuado
de formas diversificadas. O uso da pontuação depende, em certos momentos, da intenção do autor do discurso. Assim,
os sinais de pontuação estão diretamente relacionados ao contexto e ao interlocutor.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Principais funções dos sinais de pontuação Ponto de Exclamação (!)

Ponto (.) 1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,


susto, súplica, etc.
1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
cerrando o período.
2- Depois de interjeições ou vocativos
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- Ai! Que susto!
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- João! Há quanto tempo!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exem- Ponto de Interrogação (?)
plo: Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e
não “etc..”) Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do vedo)
ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Reticências (...)
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá-
pis, canetas, cadernos...
4- Os números que identificam o ano não utilizam
ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os 2- Indica interrupção violenta da frase.
números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”

Ponto e Vírgula ( ; ) 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este


mal... pega doutor?
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei-
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
xa, depois, o coração falar...
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
Vírgula (,)
(VIEIRA)
Não se usa vírgula
2- Separa partes de frases que já estão separadas
por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros,
* separando termos que, do ponto de vista sintático,
montanhas, frio e cobertor. ligam-se diretamente entre si:
- entre sujeito e predicado:
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de Todos os alunos da sala foram advertidos.
motivos, decreto de lei, etc. Sujeito predicado
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; - entre o verbo e seus objetos:
Caminhada na praia; O trabalho custou sacrifício aos
Reunião com amigos. realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.
Dois pontos (:)
Usa-se a vírgula:
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: - Para marcar intercalação:
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
2- Antes de um aposto dância, vem caindo de preço.
Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
tarde e calor à noite. produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven- querem abrir mão dos lucros altos.
do a rotina de sempre.
- Para marcar inversão:
4- Em frases de estilo direto a) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
Maria perguntou: ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de portas
- Por que você não toma uma decisão? fechadas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos Questões


pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani-
mais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar:
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasi-
leira, possui um trânsito caótico.
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

Observações:
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre- (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-
guemos etc. precedido de vírgula: Falamos de política, fu-
gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontua-
tebol, lazer, etc.
ção está correta em:
A) Hagar disse, que não iria.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir,
combinados o ponto de interrogação e o de exclamação:
bifes e lagostas, aos vizinhos.
Você falou isso para ela?!
C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
para Hagar e Helga
- Temos, ainda, sinais distintivos:
D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse,
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
ração de siglas (IOF/UPC); Hagar à Helga.
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas E) Helga chegou com o recado: fomos convidados,
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção pelos Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
aos parênteses, principalmente na matemática;
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a 1-) Correções realizadas:
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre
nome que não se quer mencionar. verbo e seu complemento (objeto)
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
Fontes de pesquisa: fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ seu complemento (objeto)
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir- C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
gula.htm para Hagar e Helga.
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São gar à Helga.
Paulo: Saraiva, 2010. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa pelos Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. RESPOSTA: “E”.

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA-


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al-
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- Observe outros exemplos:
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separa- de águia aquilino
do entre pontuações. Exemplos: de aluno discente
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa!
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! de anjo angelical
RESPOSTA: “CERTO”. de ano anual

4-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em de aranha aracnídeo


apenas uma das opções a vírgula foi corretamente em- de boi bovino
pregada. Assinale-a. de cabelo capilar
A) No dia seguinte, estavam todos cansados.
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. de cabra caprino
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas de campo campestre ou rural
perplexas.
de chuva pluvial
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e
fundamental. de criança pueril
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em pe- de dedo digital
quena parte do território.
de estômago estomacal ou gástrico
5-) de falcão falconídeo
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta de farinha farináceo
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). de fera ferino
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas de ferro férreo
perplexas = não se separa sujeito do predicado.
de fogo ígneo
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e
fundamental = não se separa sujeito do predicado. de garganta gutural
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- de gelo glacial
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado
RESPOSTA: “A”. de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, de inverno hibernal ou invernal
ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, de lago lacustre
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO:
de leão leonino
EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS
RELAÇÕES QUE ESTABELECEM. de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou de mestre magistral
característica do ser e se relaciona com o substantivo,
de ouro áureo
concordando com este em gênero e número.
de paixão passional
As praias brasileiras estão poluídas. de pâncreas pancreático
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de porco suíno ou porcino
(plural e feminino, pois concordam com “praias”). dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução adjetiva
de sonho onírico
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne- de velho senil
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma
de vento eólico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição +
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vidro vítreo ou hialino
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por de virilha inguinal
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio
de visão óptico ou ótico
(paixão desenfreada).

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observação: nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por exem-
plo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.

Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como
adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

Adjetivo Pátrio (ou gentílico)

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas- Grau do Adjetivo
culino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no fe- Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-
minino somente o último elemento: o moço norte-america- tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adje-
no, a moça norte-americana. tivo: o comparativo e o superlativo.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda. Comparativo

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
como para o feminino: homem feliz e mulher feliz. buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi-
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de
feminino: conflito político-social e desavença político-social. igualdade, de superioridade ou de inferioridade.
Número dos Adjetivos
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
Plural dos adjetivos simples
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão.
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
boa e boas. rioridade Analítico
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça No comparativo de superioridade analítico, entre os
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pala- dois substantivos comparados, um tem qualidade supe-
vra que estiver qualificando um elemento for, originalmente, rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...
um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: do que” ou “mais...que”.
a palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se
estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Su-
Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza. perioridade Sintético

Veja outros exemplos: Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de


Motos vinho (mas: motos verdes) superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
Paredes musgo (mas: paredes brancas). eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). rior, grande/maior, baixo/inferior.
Observe que:
Adjetivo Composto a) As formas menor e pior são comparativos de su-
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau,
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normal- respectivamente.
mente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o últi- b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
mo elemento concorda com o substantivo a que se refere; os (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações
demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos ele- feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento, de-
mentos que formam o adjetivo composto seja um substan- ve-se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais
tivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará invariável.
grande e mais pequeno. Por exemplo:
Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, um substan-
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
tivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará
elementos.
como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, forma-
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
rá um adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado,
o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja: duas qualidades de um mesmo elemento.
Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
Olhos verde-claros. ferioridade
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. Sou menos passivo (do) que tolerante.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relati-
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, ves- vo e apresenta as seguintes modalidades:
tidos cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- de um ser é intensificada, sem relação com outros seres.
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. Apresenta-se nas formas:

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio Advérbio


de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado. Compare estes exemplos:
2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo. O ônibus chegou.
O ônibus chegou ontem.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sentido
benéfico - beneficentíssimo do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo, de modo,
de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio advérbio.
bom - boníssimo ou ótimo Estudei bastante. = modificando o verbo estudei
comum - comuníssimo Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
(bem)
cruel - crudelíssimo
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad-
difícil - dificílimo jetivo (claros)
doce - dulcíssimo
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres-
fácil - facílimo
centar ideia de:
fiel - fidelíssimo Tempo: Ela chegou tarde.
Lugar: Ele mora aqui.
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de Modo: Eles agiram mal.
um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres. Negação: Ela não saiu de casa.
Essa relação pode ser: Dúvida: Talvez ele volte.
1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
todas. Flexão do Advérbio
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
todas. Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios,
* Note bem: porém, admitem a variação em grau. Observe:
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por
meio dos advérbios muito, extremamente, excepcional- Grau Comparativo
mente, antepostos ao adjetivo.
2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- modo que o comparativo do adjetivo:
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re-
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, nato fala tão alto quanto João.
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
popular é constituída do radical do adjetivo português + Renato fala menos alto do que João.
o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. - de superioridade:
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o super- 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
lativo com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os fala mais alto do que João.
terminados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
cheio – cheíssimo. melhor que João.

Fontes de pesquisa: Grau Superlativo


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf32.php O superlativo pode ser analítico ou sintético:
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- - Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São fala muito alto.
Paulo: Saraiva, 2010. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa de modo
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altís-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. simo.

* Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-


nho, etc.) são comuns na língua popular.
Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
A criança levantou cedinho. (muito cedo)

20
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação dos Advérbios Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido

De acordo com a circunstância que exprime, o advér- Há palavras como muito, bastante, que podem apare-
bio pode ser de: cer como advérbio e como pronome indefinido.
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
adentro, afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à
direita, à esquerda, ao lado, em volta. * Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio
Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, (não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante”
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já,
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja:
enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessi-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito,
vamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente,
pois “muitos” não dá!). = advérbio
de vez em quando, de quando em quando, a qualquer mo-
mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia. 2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estu-
Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, dei muitos capítulos) = pronome indefinido
acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse Advérbios Interrogativos
modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
“-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa- por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes
cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen- às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
te, bondosamente, generosamente.
Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti- Interrogação Direta Interrogação Indireta
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. Onde mora? Indaguei onde morava.
Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel- Por que choras? Não sei por que choras.
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Aonde vai? Perguntei aonde ia.
Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, Donde vens? Pergunto donde vens.
assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de Quando voltas? Pergunto quando voltas.
todo, de muito, por completo, extremamente, intensamen-
te, grandemente, bem (quando aplicado a propriedades Locução Adverbial
graduáveis).
Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Bran- ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
do, o vento apenas move a copa das árvores. expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. nariamente por uma preposição. Veja:
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
adolescência. dentro, por aqui, etc.
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
meus amigos por comparecerem à festa. geral, frente a frente, etc.
tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
hoje em dia, nunca mais, etc.
* Saiba que:
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-
* Observações:
se ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Fi-
- tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
carei o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o
cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
menos tarde possível. Chegou muito cedo. (advérbio)
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, Joana é muito bela. (adjetivo)
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O alu- De repente correram para a rua. (verbo)
no respondeu calma e respeitosamente.

21
LÍNGUA PORTUGUESA

- Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais * Quando indicado no singular, o artigo definido pode
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio: indicar toda uma espécie:
Essa matéria é mais bem interessante que aquela. O trabalho dignifica o homem.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
- O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér- * No caso de nomes próprios personativos, denotando a
bio: Cheguei primeiro. ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do
artigo:
- Quanto a sua função sintática: o advérbio e a lo- Marcela é a mais extrovertida das irmãs.
cução adverbial desempenham na oração a função de O Pedro é o xodó da família.
adjunto adverbial, classificando-se de acordo com as cir-
cunstâncias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao * No caso de os nomes próprios personativos estarem
advérbio. Exemplo: no plural, são determinados pelo uso do artigo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad- Os Maias, os Incas, Os Astecas...
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi- * Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
dade e de tempo, respectivamente. para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o arti-
go), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Fontes de pesquisa:
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
(qualquer classe)
morf75.php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- * Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São cultativo:
Paulo: Saraiva, 2010. Preparei o meu curso. Preparei meu curso.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. * A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa de aproximação numérica:
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. O máximo que ele deve ter é uns vinte anos.

Artigo * O artigo também é usado para substantivar palavras


pertencentes a outras classes gramaticais:
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo- Não sei o porquê de tudo isso.
se como o termo variável que serve para individualizar ou
generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero * Há casos em que o artigo definido não pode ser usado:
(masculino/feminino) e o número (singular/plural). - antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas:
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va- O professor visitará Roma.
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”). Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a presen-
ça do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela Roma.
Artigos definidos – São aqueles usados para indicar
seres determinados, expressos de forma individual: - antes de pronomes de tratamento:
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Vossa Senhoria sairá agora?
muito. Exceção: O senhor vai à festa?

- após o pronome relativo “cujo” e suas variações:


Artigos indefinidos – São aqueles usados para indi-
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
car seres de modo vago, impreciso:
Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas!
Fontes de pesquisa:
http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Saraiva, 2010.
numeral “ambos”: Português: novas palavras: literatura, gramática, redação /
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCONI, Luiz
Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Paulo: Nova Geração, 2010.
do artigo, outros não: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjunção 3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-


sando ideia de alternância ou escolha, indicando fatos
Além da preposição, há outra palavra também inva- que se realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou,
riável que, na frase, é usada como elemento de ligação: ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
palavras de mesma função em uma oração:
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e 4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
São Paulo. que expressa ideia de conclusão ou consequência. São
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito. elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguin-
te, por isso, assim.
Morfossintaxe da Conjunção Marta estava bem preparada para o teste, portanto
não ficou nervosa.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer- Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
Classificação da Conjunção que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas:
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as Não demore, que o filme já vai começar.
conjunções podem ser classificadas em coordenativas e Falei muito, pois não gosto do silêncio!
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso- Conjunções Subordinativas
lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
sentido que cada um dos elementos possui. Já no segun- São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas
do caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção dependente da outra. A oração dependente, introduzida
depende da existência do outro. Veja: pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começa-
Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo. do quando ela chegou.
Podemos separá-las por ponto: O baile já tinha começado: oração principal
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo. quando: conjunção subordinativa (adverbial tempo-
ral)
Temos acima um exemplo de conjunção (e, con- ela chegou: oração subordinada
sequentemente, orações coordenadas) coordenativa –
“mas”. Já em: As conjunções subordinativas subdividem-se em in-
Espero que eu seja aprovada no concurso! tegrantes e adverbiais:
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada
principal): por elas introduzida completa ou integra o sentido da
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos principal. Introduzem orações que equivalem a substan-
uma oração subordinada substantiva objetiva direta (ela tivos, ou seja, as orações subordinadas substantivas. São
exerce a função de objeto direto do verbo da oração prin- elas: que, se.
cipal). Quero que você volte. (Quero sua volta)

Conjunções Coordenativas 2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada


exerce a função de adjunto adverbial da principal. De
São aquelas que ligam orações de sentido completo acordo com a circunstância que expressam, classificam-
e independente ou termos da oração que têm a mesma se em:
função gramatical. Subdividem-se em: a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando ocorrência da oração principal. São elas: porque, que,
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não), como (= porque, no início da frase), pois que, visto que,
não só... mas também, não só... como também, bem como, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas ainda. Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
A sua pesquisa é clara e objetiva.
Não só dança, mas também canta. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquan-
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não to, etc.
obstante. Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a i) Consecutivas: introduzem uma oração que ex-
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São pressa a consequência da principal. São elas: de sorte que,
elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde de modo que, sem que (= que não), de forma que, de jeito
que, a menos que, sem que, etc. que, que (tendo como antecedente na oração principal uma
Se precisar de minha ajuda, telefone-me. palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc.
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção exame.
condicional “se” também é conjunção integrante. A di-
ferença é clara ao ler as orações que são introduzidas Atenção: Muitas conjunções não têm classificação
por ela. Acima, ela nos dá a ideia da condição para que única, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de
recebamos um telefonema (se for preciso ajuda). Já na acordo com o sentido que apresentam no contexto
oração: (grifo da Zê!).
Não sei se farei o concurso...
Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: O bom relacionamento entre as conjunções de um
o verbo da oração principal (sei) pede complemento texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú-
(objeto direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”).
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
Portanto, a oração em destaque exerce a função de ob-
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e
jeto direto da oração principal, sendo classificada como
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios
oração subordinada substantiva objetiva direta.
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
d) Conformativas: introduzem uma oração que ex- pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o conjun-
prime a conformidade de um fato com outro. São elas: to das relações que garantem a coesão do enunciado. O
conforme, como (= conforme), segundo, consoante, etc. sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
O passeio ocorreu como havíamos planejado. cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que
estas interferem semanticamente no enunciado.
e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi- Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração prin- junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
cipal. São elas: para que, a fim de que, que, porque (= textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
para que), que, etc. são de circunstâncias fundamentais à condução da histó-
Toque o sinal para que todos entrem no salão. ria, como as noções de tempo, finalidade, causa e conse-
quência. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes
f) Proporcionais: introduzem uma oração que ex- a linha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso
pressa um fato relacionado proporcionalmente à ocor- das exposições e argumentações construídas por meio de
rência do expresso na principal. São elas: à medida que, contrastes e oposições, que implicam o uso das adversati-
à proporção que, ao passo que e as combinações quanto vas e concessivas.
mais... (mais), quanto menos... (menos), quanto menos...
(mais), quanto menos... (menos), etc. Fontes de pesquisa:
O preço fica mais caro à medida que os produtos es- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
casseiam. php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
nais à medida em que, na medida que e na medida em Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
que. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
g) Temporais: introduzem uma oração que acres-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
centa uma circunstância de tempo ao fato expresso na
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes que,
Interjeição
depois que, logo que, todas as vezes que, desde que, sem-
pre que, assim que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
A briga começou assim que saímos da festa. ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
h) Comparativas: introduzem uma oração que ex- maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
pressa ideia de comparação com referência à oração a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
principal. São elas: como, assim como, tal como, como se, rente de uma situação particular, um momento ou um
(tão)... como, tanto como, tanto quanto, do que, quanto, contexto específico. Exemplos:
tal, qual, tal qual, que nem, que (combinado com menos Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ou mais), etc. ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição

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LÍNGUA PORTUGUESA

O significado das interjeições está vinculado à manei- Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
ra como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva!
sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto em Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus!
que for utilizada. Exemplos: Silêncio: Psiu! Silêncio!
Psiu! Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
contexto: alguém pronunciando esta expressão na
rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha- * Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
mando! Ei, espere!” isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
Psiu! aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig- cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên- se trata de um processo natural desta classe de palavra,
cio!” mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
Locução Interjetiva
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
As interjeições cumprem, normalmente, duas fun- tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise
ções: dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha-
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale- me Deus!, Quem me dera!
gria, tristeza, dor, etc.
Ah, deve ser muito interessante! * Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
b) Sintetizar uma frase apelativa. Por exemplo:
Cuidado! Saia da minha frente. Ué! (= Eu não esperava por essa!)
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
As interjeições podem ser formadas por:
a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô 2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
b) palavras: Oba! Olá! Claro! seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gra-
c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu maticais podem aparecer como interjeições. Por exemplo:
Deus! Ora bolas! Viva! Basta! (Verbos)
Fora! Francamente! (Advérbios)
Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
Atenção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
quá!, etc.
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Ânimo! Adiante!
5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Essa não! Chega! Basta! “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Deus!
Desculpa: Perdão! Fontes de pesquisa:
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus
Pô! Ora! Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.

25
LÍNGUA PORTUGUESA

Numeral Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais


Numeral é a palavra variável que indica quantidade flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- triplas do medicamento.
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter- Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
minada sequência. número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
duas terças partes.
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
que os números indicam em relação aos seres. Assim, dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
quando a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
etc.) não se trata de numerais, mas sim de algarismos. nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a de sentido. É o que ocorre em frases como:
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- “Me empresta duzentinho...”
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, É artigo de primeiríssima qualidade!
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
dúzia, par, ambos(as), novena. segunda divisão de futebol)

Classificação dos Numerais Emprego e Leitura dos Numerais

- Cardinais: indicam quantidade exata ou determina- - Os numerais são escritos em conjunto de três alga-
da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de
sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé- centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
cada, bimestre. separação através de ponto ou espaço correspondente a
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
- Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém - Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
ou alguma coisa ocupa numa determinada sequência: pri-
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
meiro, segundo, centésimo, etc.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
* Observação importante:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.
final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
são classificadas como adjetivos, não ordinais.
* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina
por dois zeros, usa-se o “e”:
- Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc. Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. até décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o nume-
ral venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/ Ordinais Cardinais


uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/ João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
duzentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/ D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
cardinais são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esfor- Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
ço e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e
outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua utilização
exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é dispensado
caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Função sintática do Numeral

O numeral tem mais de uma função sintática:


- se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer papel
de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto direto ou indireto.

Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.


Objeto direto = cinco casas
Núcleo do objeto direto = casas
Adjunto adnominal = cinco
Objeto indireto = de duas
Núcleo do objeto indireto = duas

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos

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LÍNGUA PORTUGUESA

cem centésimo cêntuplo centésimo


duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão
do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.

2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja, for-
madas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.

3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente
a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gênero
ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.

* Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:

1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocábulos
não sofrem alteração.
2. Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o =
do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pronome
“aquilo”).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dicas sobre preposição Utilizando pronomes, teremos:


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
- O “a” pode funcionar como preposição, pronome pes- a destrói...
soal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter-
um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo para mos (homem e natureza).
determiná-lo como um substantivo singular e feminino.
A matéria que estudei é fácil! Grande parte dos pronomes não possuem significa-
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a re-
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. ferência exata daquilo que está sendo colocado por meio
Irei à festa sozinha. dos pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos
Entregamos a flor à professora! pronomes interrogativos e indefinidos, os demais prono-
*o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição. mes têm por função principal apontar para as pessoas do
discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situa-
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o ção no tempo ou no espaço. Em virtude dessa caracterís-
lugar e/ou a função de um substantivo. tica, os pronomes apresentam uma forma específica para
Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos. cada pessoa do discurso.

Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
por meio das preposições: [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
Destino = Irei a Salvador. [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
Modo = Saiu aos prantos. fala]
Lugar = Sempre a seu lado. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Assunto = Falemos sobre futebol. [dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
Tempo = Chegarei em instantes.
se fala]
Causa = Chorei de saudade.
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
Instrumento = Escreveu a lápis.
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
Posse = Vi as roupas da mamãe.
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência
Autoria = livro de Machado de Assis
através do pronome seja coerente em termos de gênero
Companhia = Estarei com ele amanhã.
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
Matéria = copo de cristal.
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Meio = passeio de barco.
Origem = Nós somos do Nordeste.
Conteúdo = frascos de perfume. Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. nossa escola neste ano.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
cia adequada]
* Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo- [neste: pronome que determina “ano” = concordância
cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre- adequada]
positiva por trás de. [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con-
cordância inadequada]
Fontes de pesquisa:
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- Pronomes Pessoais
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. São aqueles que substituem os substantivos, indi-
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação cando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
Pronome quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom- referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
forma. ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
O homem julga que é superior à natureza, por isso o ou do caso oblíquo.
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronome Reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos


- 2.ª pessoa do plural (vós): vos
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- - 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flo-
res. * Observações:
- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê- se apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união
nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a entre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”.
principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Por acompanhar diretamente uma preposição, o prono-
Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim con- me “lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na
figurado: oração.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser obje-
- 1.ª pessoa do singular: eu tos diretos como objetos indiretos.
- 2.ª pessoa do singular: tu Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
- 3.ª pessoa do singular: ele, ela objetos diretos.
- 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós - Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com-
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a
formas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos,
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usados lha, lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la,
como complementos verbais na língua-padrão. Frases vo-las. Observe o uso dessas formas nos exemplos que
como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxe- seguem:
ram eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem Trouxeste o pacote?
ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua Sim, entreguei-to ainda há pouco.
formal, devem ser usados os pronomes oblíquos corres- Não contaram a novidade a vocês?
pondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxe- Não, no-la contaram.
ram-me até aqui”.
No Brasil, essas combinações não são usadas; até
mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
* Observação: frequentemente observamos a omis-
são do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas
porque as próprias formas verbais marcam, através de
especiais depois de certas terminações verbais.
suas desinências, as pessoas do verbo indicadas pelo pro-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
nome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Pronome Oblíquo fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na dizer + a = dizê-la
sentença, exerce a função de complemento verbal (ob-
jeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto - Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
indireto) assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
viram + o: viram-no
* Observação: o pronome oblíquo é uma forma va- repõe + os = repõe-nos
riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in- retém + a: retém-na
dica a função diversa que eles desempenham na oração: tem + as = tem-nas
pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblí-
quo marca o complemento da oração. Pronome Oblíquo Tônico
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo
com a acentuação tônica que possuem, podendo ser áto- Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi-
nos ou tônicos. dos por preposições, em geral as preposições a, para, de
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a
Pronome Oblíquo Átono função de objeto indireto da oração. Possuem acentuação
tônica forte.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tôni- - 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
ca fraca: Ele me deu um presente. - 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
Tabela dos pronomes oblíquos átonos - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
- 1.ª pessoa do singular (eu): me - 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2.ª pessoa do singular (tu): te - 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe - 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observe que as únicas formas próprias do pronome - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). Conhece a ti mesmo.
As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso
reto. - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
Guilherme já se preparou.
- As preposições essenciais introduzem sempre pro- Ela deu a si um presente.
nomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do Antônio conversou consigo mesmo.
caso reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso
da língua formal, os pronomes costumam ser usados des- - 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
ta forma: Lavamo-nos no rio.
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos.
Não há nenhuma acusação contra mim. Vós vos beneficiastes com esta conquista.
Não vá sem mim.
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
* Atenção: Há construções em que a preposição, Eles se conheceram.
apesar de surgir anteposta a um pronome, serve para in- Elas deram a si um dia de folga.
troduzir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses
casos, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito * O pronome é reflexivo quando se refere à mesma
for um pronome, deverá ser do caso reto. pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. ** É pronome recíproco quando indica reciprocidade
Não vá sem eu mandar. de ação:
Nós nos amamos.
* A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” Olhamo-nos calados.
está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
Pronomes de Tratamento
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
mim!
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
- A combinação da preposição “com” e alguns pro-
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
nomes originou as formas especiais comigo, contigo, con-
soa. Alguns exemplos:
sigo, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
de companhia. Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
Ele carregava o documento consigo. sos em geral
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
Ela veio até mim, mas nada falou. sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais,
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido governadores, secretários de Estado, presidente da Repú-
de) inclusão, usaremos as formas retas: blica (sempre por extenso)
Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu) Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, pró- até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de
prios, todos, ambos ou algum numeral. igual categoria
Você terá de viajar com nós todos. Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes
Estávamos com vós outros quando chegaram as más de direito
notícias. Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
Ele disse que iria com nós três. cerimonioso
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
Pronome Reflexivo
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun- nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são emprega-
cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao dos no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no trata-
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe mento familiar. Você e vocês são largamente empregados
a ação expressa pelo verbo. no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
Quadro dos pronomes reflexivos: de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma
- 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim. vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou
Eu não me lembro disso. literária.

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: * Note que: A forma do possessivo depende da pes-


* Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de soa gramatical a que se refere; o gênero e o número con-
tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em cordam com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua
relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se- contribuição naquele momento difícil.
nhor Ministro, compareça a este encontro.
* Observações:
** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado,
Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro- seu José.
priedade.
- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
- Os pronomes de tratamento representam uma forma se. Podem ter outros empregos, como:
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
anos.
- 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi- lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa. - Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. trouxe sua mensagem?

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou - Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-


nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. anotações.
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto - Em algumas construções, os pronomes pessoais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa. oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou se-
guir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (errado) - O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular lugares.
ou
Pronomes Demonstrativos
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular São utilizados para explicitar a posição de certa pala-
vra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode
Pronomes Possessivos
ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
(coisa possuída). *Em relação ao espaço:
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do - Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
singular) pessoa que fala:
Este material é meu.
NÚMERO PESSOA PRONOME - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da
singular primeira meu(s), minha(s) pessoa com quem se fala:
singular segunda teu(s), tua(s) Esse material em sua carteira é seu?
singular terceira seu(s), sua(s) - Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
plural primeira nosso(s), nossa(s) distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
plural segunda vosso(s), vossa(s) quem se fala:
Aquele material não é nosso.
plural terceira seu(s), sua(s) Vejam aquele prédio!

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LÍNGUA PORTUGUESA

*Em relação ao tempo: Elas mesmas fizeram isso.


- Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em Eles próprios cozinharam.
relação à pessoa que fala: Os próprios alunos resolveram o problema.
Esta manhã farei a prova do concurso! - semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.

- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, - tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
porém relativamente próximo à época em que se situa a
pessoa que fala: * Note que:
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! - Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en-
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta- tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em
remoto: primeiro lugar.
Naquele tempo, os professores eram valorizados.
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
*Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala- irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará: com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta,
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or- disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
tografia, concordância. = naquilo)

- Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende Pronomes Indefinidos


fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
mos! so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
quantidade indeterminada.
- Este e aquele são empregados quando se quer fazer Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém
-plantadas.
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao
termo referido em primeiro lugar e este para o referido por
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
último:
soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
ser humano que seguramente existe, mas cuja identidade
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
é desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
aquele [Palmeiras])
ou
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres na
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo; frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano,
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo], nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
aquele [Palmeiras])
Algo o incomoda?
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Quem avisa amigo é.
invariáveis, observe:
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque- - Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
la(s). ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quanti-
Invariáveis: isto, isso, aquilo. dade aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).

* Também aparecem como pronomes demonstrativos: Cada povo tem seus costumes.
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e Certas pessoas exercem várias profissões.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) * Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti-
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te vos, ora pronomes indefinidos adjetivos:
indiquei.) algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
gênero quando têm caráter reforçativo: qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem. tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vá-
Eu mesma refiz os exercícios. rios, várias.

33
LÍNGUA PORTUGUESA

Menos palavras e mais ações. Pronomes Relativos


Alguns se contentam pouco.
São aqueles que representam nomes já mencionados
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
riáveis e invariáveis. Observe: as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, um grupo racial sobre outros.
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne- tros = oração subordinada adjetiva).
nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, O pronome relativo “que” refere-se à palavra “siste-
outras, quantas. ma” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a pa-
lavra “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
algo, cada.
nome demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu- Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
ral é feito em seu interior). expresso.
Quem casa, quer casa.
- Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: Observe:
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) quantas.
Trabalho todo dia. (= todos os dias) Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.

São locuções pronominais indefinidas: cada qual, Note que:


cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), - O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
Cada um escolheu o vinho desejado. seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
Indefinidos Sistemáticos A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
a qual)
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi- quais)
ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm as quais)
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade - O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
e qualquer, que generaliza.
(que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
Essas oposições de sentido são muito importantes na
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen- coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
de que fazem parte: neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de São
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado
prático. (quem me deixou encantado: o sítio ou minha tia?).
Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
pessoas quaisquer. dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
za-se o qual / a qual)
*Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
que se refere à unidade. Repare: - O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
Nenhum candidato foi aprovado. e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
numeral)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o con- ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
sequente (o ser possuído, com o qual concorda em gêne- gente que conversava, (que) ria, observava.
ro e número); não se usa artigo depois deste pronome;
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais. Pronomes Interrogativos
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente) São usados na formulação de perguntas, sejam elas
diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini-
*interpretação do pronome “cujo” na frase acima: dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im-
ações das pessoas. É como se lêssemos “de trás para fren- preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e
te”. Outro exemplo: variações), quanto (e variações).
Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro) Com quem andas?
Qual seu nome?
** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro- Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
nome:
O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu- Sobre os pronomes:
se a)
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun-
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por an- ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblí-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) quo quando desempenha função de complemento.
e tudo: 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
Emprestei tantos quantos foram necessários. 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
(antecedente) lhe ajudar.
Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente) Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem- reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce fun-
pre precedido de preposição. ção de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
É um professor a quem muito devemos. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur-
(preposição) so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an- sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
casa onde morava foi assaltada.
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
dos de preposição.
ou em que.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
eu estava fazendo.
no exterior.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
mim o que eu estava fazendo.
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as
palavras: Fontes de pesquisa:
- como (= pelo qual) – desde que precedida das pala- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
vras modo, maneira ou forma: morf42.php
Não me parece correto o modo como você agiu sema- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
na passada. Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
- quando (= em que) – desde que tenha como antece- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
dente um nome que dê ideia de tempo: Paulo: Saraiva, 2010.
Bons eram os tempos quando podíamos jogar video- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
game. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

- Os pronomes relativos permitem reunir duas ora- Substantivo


ções numa só frase.
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
esporte. veis, as quais denominam todos os seres que existem,
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
fenômenos, os substantivos também nomeiam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

-lugares: Alemanha, Portugal Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode
-sentimentos: amor, saudade ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes-
-estados: alegria, tristeza soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro
-qualidades: honestidade, sinceridade... ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um
-ações: corrida, pescaria... substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, qualida-
Morfossintaxe do substantivo des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (es-
Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun- tado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sen-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como timento).
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, Substantivos Coletivos
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do ob- Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
jeto ou como núcleo do vocativo. Também encontramos outra abelha, mais outra abelha.
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem- Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
penhadas por grupos de palavras.
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
Classificação dos Substantivos cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
Substantivos Comuns e Próprios palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan-
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de
Observe a definição: seres da mesma espécie (abelhas).

Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca- O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda
a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
(em oposição aos bairros). mesmo estando no singular, designa um conjunto de se-
res da mesma espécie.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada Substantivo coletivo Conjunto de:
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
tivo comum. assembleia pessoas reunidas
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de alcateia lobos
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
acervo livros
homem, mulher, país, cachorro.
Estamos voando para Barcelona. antologia trechos literários selecionados
arquipélago ilhas
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
banda músicos
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de bando desordeiros ou malfeitores
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. banca examinadores

Substantivos Concretos e Abstratos batalhão soldados


cardume peixes
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser caravana viajantes peregrinos
que existe, independentemente de outros seres.
cacho frutas
Observação: os substantivos concretos designam se- cancioneiro canções, poesias líricas
res do mundo real e do mundo imaginário. colmeia abelhas
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Brasília. concílio bispos
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- congresso parlamentares, cientistas
ma. elenco atores de uma peça ou filme
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres esquadra navios de guerra
que dependem de outros para se manifestarem ou exis- enxoval roupas
tirem.

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LÍNGUA PORTUGUESA

falange soldados, anjos Substantivo Composto: é aquele formado por dois


ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passa-
fauna animais de uma região tempo.
feixe lenha, capim
Substantivos Primitivos e Derivados
flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de
girândola fogos de artifício nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O
substantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se ori-
horda bandidos, invasores
ginou a partir da palavra limão.
médicos, bois, credores, Substantivo Derivado: é aquele que se origina de
junta
examinadores outra palavra.
júri jurados
Flexão dos substantivos
legião soldados, anjos, demônios
leva presos, recrutas O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
malta malfeitores ou desordeiros vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
manada búfalos, bois, elefantes,
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
matilha cães de raça meninão / Diminutivo: menininho
molho chaves, verduras
Flexão de Gênero
multidão pessoas em geral
insetos (gafanhotos, Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-
nuvem
mosquitos, etc.) vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito
penca bananas, chaves a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram
pinacoteca pinturas, quadros a seres animais providos de sexo, quer designem apenas
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
quadrilha ladrões, bandidos Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
ramalhete flores feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
rebanho ovelhas que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja
estes títulos de filmes:
repertório peças teatrais, obras musicais O velho e o mar
réstia alhos ou cebolas Um Natal inesquecível
romanceiro poesias narrativas Os reis da praia

revoada pássaros Pertencem ao gênero feminino os substantivos que


sínodo párocos podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
talha lenha A história sem fim
Uma cidade sem passado
tropa muares, soldados As tartarugas ninjas
turma estudantes, trabalhadores
vara porcos Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes

Formação dos Substantivos Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam


Substantivos Simples e Compostos uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mu-
lher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,
terra. que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
O substantivo chuva é formado por um único elemen- Classificam-se em:
to ou radical. É um substantivo simples.
- Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
Substantivo Simples: é aquele formado por um úni- se faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fê-
co elemento. mea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. jacaré fêmea.
Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por - Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a
composto. vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in- Formação do Feminino dos Substantivos Unifor-
dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e mes
a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
Epicenos:
Saiba que: Substantivos de origem grega termina- Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
dos em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema,
o sistema, o sintoma, o teorema. Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
- Existem certos substantivos que, variando de gêne- forma para indicar o masculino e o feminino.
ro, variam em seu significado: Alguns nomes de animais apresentam uma só for-
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz) ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo) chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
o capital (dinheiro) e a capital (cidade) houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba) palavras macho e fêmea.
o lente (professor) e a lente (vidro de aumento) A cobra macho picou o marinheiro.
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclu- A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
são)
o praça (soldado raso) e a praça (área pública) Sobrecomuns:
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emis- Entregue as crianças à natureza.
sora)
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
Formação do Feminino dos Substantivos Bifor- masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
mes nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno A criança chorona chamava-se João.
- aluna. A criança chorona chamava-se Maria.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
ao masculino: freguês - freguesa Outros substantivos sobrecomuns:
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
de três formas: boa criatura.
1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã Marcela faleceu
3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Comuns de Dois Gêneros:
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
- sultana
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
- Substantivos terminados em -or:
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
A distinção de gênero pode ser feita através da análi-
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs-
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante;
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa /
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa;
duque - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
repórter francês - repórter francesa
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e
final por -a: elefante - elefanta - A palavra personagem é usada indistintamente nos
dois gêneros.
- Substantivos que têm radicais diferentes no mascu- a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
lino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nu-
vens os personagens dos contos de carochinha.
- Substantivos que formam o feminino de maneira b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femi-
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras ante- nino: O problema está nas mulheres de mais idade, que
riores: czar – czarina, réu - ré não aceitam a personagem.

- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo


fotográfico Ana Belmonte.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Flexão de Número do Substantivo

Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó Em português, há dois números gramaticais: o singu-


(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
proclama, o pernoite, o púbis. do plural é o “s” final.
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a Plural dos Substantivos Simples
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- - cânones.
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, - Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra- em “ns”: homem - homens.
coma, o hematoma.
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
* Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.

Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções, * Atenção: O plural de caráter é caracteres.
nomes de cidades são femininos.
A histórica Ouro Preto. - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
A dinâmica São Paulo. se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
A acolhedora Porto Alegre. col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul
Uma Londres imensa e triste. e cônsules.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras:
Gênero e Significação
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Muitos substantivos têm uma significação no mascu-
lino e outra no feminino. Observe: Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai
à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bas- - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
tão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou duas maneiras:
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do 1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a 2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capi- riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
tal (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabelei-
ra), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural
(cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na admi- de três maneiras.
nistração da crisma e de outros sacramentos), a crisma 1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato 2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães
de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta 3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
planície de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
guia (documento, pena grande das asas das aves), o grama
o látex - os látex.
(unidade de peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da
caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamentos), o lente Plural dos Substantivos Compostos
(professor), a lente (vidro de aumento), o moral (ânimo), a
moral (honestidade, bons costumes, ética), o nascente (lado - A formação do plural dos substantivos compostos
onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), o maria-fumaça depende da forma como são grafados, do tipo de palavras
(trem como locomotiva a vapor), maria-fumaça (locomoti- que formam o composto e da relação que estabelecem en-
va movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte anterior tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
do boné ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor), a como os substantivos simples: aguardente/aguardentes,
rádio (emissora), o voga (remador), a voga (moda). girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malme-
queres.

39
LÍNGUA PORTUGUESA

O plural dos substantivos compostos cujos elementos Plural dos Diminutivos


são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
- Flexionam-se os dois elementos, quando forma-
dos de: pãe(s) + zinhos = pãezinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per- animai(s) + zinhos = animaizinhos
feitos botõe(s) + zinhos = botõezinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
mens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quan-
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
do formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas flore(s) + zinhas = florezinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e mão(s) + zinhas = mãozinhas
alto-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re- papéi(s) + zinhos = papeizinhos
cos nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quan-
do formados de: túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água- pai(s) + zinhos = paizinhos
de-colônia e águas-de-colônia pé(s) + zinhos = pezinhos
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
valo-vapor e cavalos-vapor pé(s) + zitos = pezitos
substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o Plural dos Nomes Próprios Personativos
tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
peixe-espada - peixes-espada. sempre que a terminação preste-se à flexão.

- Permanecem invariáveis, quando formados de: Os Napoleões também são derrotados.


verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora As Raquéis e Esteres.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
ca-rolhas Plural dos Substantivos Estrangeiros

* Casos Especiais Substantivos ainda não aportuguesados devem ser


escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
o louva-a-deus e os louva-a-deus shorts, os jazz.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho-
o joão-ninguém e os joões-ninguém. pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
os réquiens.
Plural das Palavras Substantivadas
Observe o exemplo:
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras Este jogador faz gols toda vez que joga.
classes gramaticais usadas como substantivo, apresen- O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras. Plural com Mudança de Timbre
O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos. Certos substantivos formam o plural com mudança de
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
* Observação: numerais substantivados terminados fonético chamado metafonia (plural metafônico).
em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais
consegui muitos seis e alguns dez.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Singular Plural - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho


do ser. Pode ser:
Corpo (ô) corpos (ó) Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti-
esforço esforços vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
fogo fogos Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de diminuição. Por exemplo: casinha.
forno fornos
fosso fossos Fontes de pesquisa:
imposto impostos http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf12.php
olho olhos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
osso (ô) ossos (ó) Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ovo ovos Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
poço poços Paulo: Saraiva, 2010.
porto portos
posto postos Verbo
tijolo tijolos Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
etc. outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
* Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha). Estrutura das Formas Verbais

Particularidades sobre o Número dos Substanti- Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
vos os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o sig-
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o nificado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava;
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. fal-am. (radical fal-)
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsa- - Tema: é o radical seguido da vogal temática que
mes, as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. indica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo:
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do fala-r. São três as conjugações:
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida- 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática -
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos). E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas - Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
com sentido de plural: signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
Aqui morreu muito negro. falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicati-
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em cape- vo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
las improvisadas. - Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número
Flexão de Grau do Substantivo (singular ou plural):
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir (indica a 3.ª pessoa do plural.)
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
* Observação: o verbo pôr, assim como seus deriva-
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside- dos (compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação,
rado normal. Por exemplo: casa pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”,
apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad- Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
dicador de aumento. Por exemplo: casarão. dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-

41
LÍNGUA PORTUGUESA

to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, * Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, ama-
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do nhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Ama-
radical): opinei, aprenderão, amaríamos. nheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido
figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em sen-
Classificação dos Verbos tido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou
seja, terá conjugação completa.
Classificam-se em: Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
- Regulares: são aqueles que apresentam o radical Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
inalterado durante a conjugação e desinências idênticas
às de todos os verbos regulares da mesma conjugação. * São impessoais, ainda:
Por exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, - o verbo passar (seguido de preposição), indicando
conjugados no presente do Modo Indicativo: tempo: Já passa das seis.

canto falo - os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição


“de”, indicando suficiência:
cantas falas Basta de tolices.
canta falas Chega de promessas.
cantamos falamos
- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
cantais falais Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem re-
cantam falam ferência a sujeito expresso anteriormente (por exemplo:
“ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito
* Dica: Observe que, retirando os radicais, as desinên- como hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.
cias modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se - o verbo dar + para da língua popular, equivalente de
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju- “ser possível”. Por exemplo:
gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo. Não deu para chegar mais cedo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do Dá para me arrumar uma apostila?
verbo andar). Viu? Fácil!
- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con-
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera- jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse. plural. São unipessoais os verbos constar, convir, ser (=
* Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra- preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de ani-
dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso mais (cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).
de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o * Observação: os verbos unipessoais podem ser usa-
fonema permanece inalterado. dos como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju- O que é que aquela garota está cacarejando?
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
putar, reaver, abolir, falir. Principais verbos unipessoais:

- Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. (preciso, necessário):
Os principais verbos impessoais são: Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
bastante)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali- Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
zar-se ou fazer (em orações temporais). É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Existiam) 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, se-
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) guidos da conjunção que.
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão) Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz) à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo) vejo. (Sujeito: que não a vejo)
Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci. * Observação: todos os sujeitos apontados são ora-
Estava frio naquele dia. cionais.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escre-
ver/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui)
e ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa
das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

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LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita
no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade
já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito Formas Nominais


(eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai so-
bre ela mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for-
vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma mas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas nominais. Observe:
serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical 1-) Infinitivo
do próprio verbo. 1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
respectivos pronomes): substantivo. Por exemplo:
Eu me arrependo Viver é lutar. (= vida é luta)
Tu te arrependes É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen-
Vós vos arrependeis te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
exemplo:
Eles se arrependem
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.
2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos
em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto
1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa
três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular,
do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai so-
não apresenta desinências, assumindo a mesma forma do
bre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos
impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
com os pronomes mencionados, formando o que se cha- 1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
ma voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava. 2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexi- 3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
va pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
exemplo: A garota penteou-me.
2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adje-
* Observações: tivo ou advérbio. Por exemplo:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os prono- Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de
mes oblíquos átonos dos verbos pronominais não pos- advérbio)
suem função sintática. Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)
- Há verbos que também são acompanhados de pro-
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmen- Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação
te pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; * Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundis-
me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular mo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando
Modos Verbais futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas
pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadei- Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada,
ro. Existem três modos: pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no mo-
mento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a lo-
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu cução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro
estudo para o concurso. em andamento, exigindo, no caso, a construção “verifica-
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: rei” ou “vou verificar”.
Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, 3-) Particípio: quando não é empregado na formação
colega! dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o
resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
nero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamen-
te terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
Ele estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou
desejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele
vier à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

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LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

50
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

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LÍNGUA PORTUGUESA

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pe-
dido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.
fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões sobre Verbo

1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é:
A) Houveram eleições em outros países este ano.
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos.
D) Fazem três anos que não tiro férias.
E) Esse homem possue muitos bens.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Correções à frente: associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso


A) Houveram eleições em outros países este ano = prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o ter-
houve mo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem a
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha che- necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
gado Temos: faz, haver, têm.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”. Vozes do Verbo

2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA- Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con- se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância. que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - pre-
térito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agen-
te da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o
verbo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
“veio”, portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
ele não deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa
B. Como não há outro item com a mesma opção, chega- O menino feriu-se.
mos à resposta rapidamente!
RESPOSTA: “A”. * Observação: não confundir o emprego reflexivo do
3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO verbo com a noção de reciprocidade:
– VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir. Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Já __________ alguns anos que estudos a respeito da Nós nos amamos. (um ama o outro)
utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos Formação da Voz Passiva
para associar alguns comportamentos dos adolescentes
ao uso prolongado desses aparelhos, e _________ alertado A voz passiva pode ser formada por dois processos:
os pais para que avaliem a necessidade de estabelecer analítico e sintético.
limites aos seus filhos.
De acordo com a norma-padrão da língua portugue- 1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte
sa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e maneira:
respectivamente, com:
(A) faz … haver … têm Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exem-
(B) fazem … haver … tem plo:
(C) faz … haverem … têm A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos:
(D) fazem … haverem … têm os alunos pintarão a escola)
(E) faz … haverem … tem O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns * Observação: o agente da passiva geralmente é
anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos smar- acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a
tphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas acre- construção com a preposição de. Por exemplo: A casa fi-
ditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos para cou cercada de soldados.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Pode acontecer de o agente da passiva não estar * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma- ** Saiba que:
ção das frases seguintes: - com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo) porque o sujeito não pode ser visto como agente, pacien-
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per- te ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa) Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) morf54.php
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
tivo) Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assu- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
me o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz
ativa. Observe a transformação da frase seguinte: Questões
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, se- (A) que o instituto Endeavor traz;
guido do pronome apassivador “se”. Por exemplo: (B) que o instituto Endeavor trouxe;
Abriram-se as inscrições para o concurso. (C) trazida pelo instituto Endeavor;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
(E) que traz o instituto Endeavor.
* Observação: o agente não costuma vir expresso na
voz passiva sintética. 1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa te-
remos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva tempo verbal no pretérito – assim como na passiva).
RESPOSTA: “B”.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar
substancialmente o sentido da frase.
2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 -
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por
Sujeito da Ativa objeto Direto muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal:
A apostila foi comprada pelo concurseiro. A) consideravam.
(Voz Passiva) B) consideram.
Sujeito da Passiva Agente da Passi- C) considerem.
va D) considerarão.
E) considerariam.
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva;
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo 2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então
tempo. Observe: na ativa teremos UM: muitos o consideram o maior mara-
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alu- tonista de todos os tempos.
nos. RESPOSTA: “B”.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe-
los mestres. 3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014)
- Eu o acompanharei. Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar
Ele será acompanhado por mim. uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal
resultante deverá ser

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) terei glosado Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular


(B) seria glosada enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
(C) haverá de ser glosada destaque aos elementos que formam esse conjunto.
(D) será glosada
(E) terá sido glosada 2) Quando o sujeito é formado por expressão que
indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos
3-) “vou glosar uma observação de Machado de As- de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo
sis” – “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na concorda com o substantivo.
passiva: uma observação de Machado de Assis será glo- Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
sada por mim. Perto de quinhentos alunos compareceram à solenida-
RESPOSTA: “D”. de.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
mas Olimpíadas.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL. Observação: quando a expressão “mais de um” asso-


ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
(ofenderam um ao outro)
Os concurseiros estão apreensivos.
Concurseiros apreensivos. 3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, deve ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar o plural.
sivos” está concordando em gênero (masculino) e número Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
(plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Estados Unidos possui grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Alagoas impressiona pela beleza das praias.
nero correspondem-se. As Minas Gerais são inesquecíveis.
A correspondência de flexão entre dois termos é a Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
concordância, que pode ser verbal ou nominal.
4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
Concordância Verbal indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos,
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o ver-
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com bo pode concordar com o primeiro pronome (na terceira
seu sujeito. pessoa do plural) ou com o pronome pessoal.
Quais de nós são / somos capazes?
a) Sujeito Simples - Regra Geral Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino-
em número e pessoa. Veja os exemplos: vadoras.
A prova para ambos os cargos será aplicada
às 13h. Observação: veja que a opção por uma ou outra for-
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular ma indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando
alguém diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e
Os candidatos à vaga chegarão às 12h. nada fizemos”, ele está se incluindo no grupo dos omis-
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural sos. Isso não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós
sabiam de tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma
Casos Particulares denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti-
1) Quando o sujeito é formado por uma expressão ver no singular, o verbo ficará no singular.
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, Qual de nós é capaz?
a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida Algum de vós fez isso.
de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode
ficar no singular ou no plural. 5) Quando o sujeito é formado por uma expressão
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. que indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram deve concordar com o substantivo.
proposta. 25% do orçamento do país será destinado à Educação.
85% dos entrevistados não aprovam a administração
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos do prefeito.
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda- 1% do eleitorado aceita a mudança.
los destruiu / destruíram o monumento. 1% dos alunos faltaram à prova.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando a expressão que indica porcentagem não é 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a ne-
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nhum sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
número. gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de existir;
25% querem a mudança. Fazer indicando tempo; Aqueles que indicam fenômenos
1% conhece o assunto. da natureza. Exemplos:
Havia muitas garotas na festa.
Se o número percentual estiver determinado por ar- Faz dois meses que não vejo meu pai.
tigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com Chovia ontem à tarde.
eles:
Os 30% da produção de soja serão exportados. b) Sujeito Composto
Esses 2% da prova serão questionados.
1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
6) O pronome “que” não interfere na concordância; bo, a concordância se faz no plural:
Pai e filho conversavam longamente.
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
Sujeito
singular.
Fui eu que paguei a conta.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fomos nós que pintamos o muro. Sujeito
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Sou eu quem faz a prova. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
Não serão eles quem será aprovado. gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguin-
te maneira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as- sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece
sumir a forma plural. sobre a terceira (eles). Veja:
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
taram os poetas. Primeira Pessoa do Plural (Nós)
Este candidato é um dos que mais estudaram!
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos Segunda Pessoa do Plural (Vós)
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular:
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
*Quando “um dos que” vem entremeada de substan-
tivo, o verbo pode: Observação: quando o sujeito é composto, formado
a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atra- por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira
vessa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que (ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do
faça o mesmo). plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no
b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão lugar de “tomaríeis”.
poluídos (noção de que existem outros rios na mesma
condição). 3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
passa a existir uma nova possibilidade de concordância:
em vez de concordar no plural com a totalidade do sujei-
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
to, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
do sujeito mais próximo.
Vossa Excelência está cansado?
Faltaram coragem e competência.
Vossas Excelências renunciarão? Faltou coragem e competência.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se Compareceu o banca e todos os candidatos.
de acordo com o numeral.
Deu uma hora no relógio da sala. 4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor-
Deram cinco horas no relógio da sala. dância é feita no plural. Observe:
Soam dezenove horas no relógio da praça. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Baterão doze horas daqui a pouco. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.

Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra Casos Particulares


relógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse su-
jeito. 1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Soa quinze horas o relógio da matriz. Descaso e desprezo marca seu comportamento.
A coragem e o destemor fez dele um herói.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
dispostos em gradação, verbo no singular: pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se- mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
gundo me satisfaz. verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
3) Quando os núcleos do sujeito composto são uni- Nordeste.
dos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
acordo com o valor semântico das conjunções: notícia.
Drummond ou Bandeira representam a essência da
poesia brasileira. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
é feita com esse termo resumidor.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa-
“adição”. Já em: tia.
Juca ou Pedro será contratado. Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim- na vida das pessoas.
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular. 1) O Verbo e a Palavra “SE”
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem duas de particular interesse para a concordância verbal:
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
Um ou outro compareceu à festa. b) quando é partícula apassivadora.
Nem um nem outro saiu do colégio. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na
singular: Um e outro farão/fará a prova.
terceira pessoa do singular:
Precisa-se de funcionários.
5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Confia-se em teses absurdas.
“com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re-
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
cebem um mesmo grau de importância e a palavra “com”
verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in-
tem sentido muito próximo ao de “e”.
diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes-
O pai com o filho montaram o brinquedo.
se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
O governador com o secretariado traçaram os planos
Exemplos:
para o próximo semestre.
O professor com o aluno questionaram as regras. Construiu-se um posto de saúde.
Construíram-se novos postos de saúde.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se Aqui não se cometem equívocos
a ideia é enfatizar o primeiro elemento. Alugam-se casas.
O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos para ** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivado-
o próximo semestre. ra ou índice de indeterminação do sujeito, tente trans-
O professor com o aluno questionou as regras. formar a frase para a voz passiva. Se a frase construída
for “compreensível”, estaremos diante de uma partícula
Observação: com o verbo no singular, não se pode apassivadora; se não, o “se” será índice de indetermina-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez ção. Veja:
que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” Precisa-se de funcionários qualificados.
são adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é Tentemos a voz passiva:
como se houvesse uma inversão da ordem. Veja: Funcionários qualificados são precisados (ou preci-
“O pai montou o brinquedo com o filho.” sos)? Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice
“O governador traçou os planos para o próximo semes- de indeterminação do sujeito.
tre com o secretariado.” Agora:
“O professor questionou as regras com o aluno.” Vendem-se casas.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta!
*Casos em que se usa o verbo no singular: Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu
Café com leite é uma delícia! passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per-
O frango com quiabo foi receita da vovó. cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).

57
LÍNGUA PORTUGUESA

2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”


A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
do sujeito. xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.

Quando o sujeito ou o predicativo for: b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
tivo sofre flexão:
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER As crianças parece gostarem do desenho.
concorda com a pessoa gramatical: (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
Ele é forte, mas não é dois. crianças)
Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no
subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural:
Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles
Quando o verbo SER indicar se ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
metros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas de-
nunciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:
c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade a) Adjetivo anteposto aos substantivos:
e for seguido de palavras ou expressões como pouco, mui- - O adjetivo concorda em gênero e número com o
to, menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular: substantivo mais próximo.
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Duas semanas de férias é muito para mim. Encontramos caído o prendedor e a roupa.

d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) - Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
o verbo.
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
No meu setor, eu sou a única mulher.
Aqui os adultos somos nós. b) Adjetivo posposto aos substantivos:
- O adjetivo concorda com o substantivo mais pró-
Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre- ximo ou com todos eles (assumindo a forma masculina
dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo plural se houver substantivo feminino e masculino).
concorda com o pronome sujeito. A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
Eu não sou ela. A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
Ela não é eu. A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o Observação: os dois últimos exemplos apresentam
verbo SER concordará com o predicativo. maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente
A grande maioria no protesto eram jovens. se refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo
O resto foram atitudes imaturas. foi flexionado no plural masculino, que é o gênero predo-
minante quando há substantivos de gêneros diferentes.

58
LÍNGUA PORTUGUESA

- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o Casos Particulares


adjetivo fica no singular ou plural.
A beleza e a inteligência feminina(s). É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É
O carro e o iate novo(s). permitido

3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o subs- adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se refe-
tantivo não for acompanhado de nenhum modificador: rem possuir sentido genérico (não vier precedido de ar-
Água é bom para saúde. tigo).
É proibido entrada de crianças.
b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for Em certos momentos, é necessário atenção.
modificado por um artigo ou qualquer outro determina- No verão, melancia é bom.
tivo: Esta água é boa para saúde. É preciso cidadania.
Não é permitido saída pelas portas laterais.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os
b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as
minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
muito felizes.
como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
5) Nas expressões formadas por pronome indefinido
Esta salada é ótima.
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + A educação é necessária.
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino São precisas várias medidas na educação.
singular: Os jovens tinham algo de misterioso.
Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem Quite
função adjetiva e concorda normalmente com o nome a
que se refere: Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
Cristina saiu só. mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Cristina e Débora saíram sós. Seguem anexas as documentações requeridas.
A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Observação: quando a palavra “só” equivale a “so- Muito obrigadas, disseram as senhoras.
mente” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, por- Seguem inclusos os papéis solicitados.
tanto, invariável: Eles só desejam ganhar presentes. Estamos quites com nossos credores.
** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Se a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de ad- Bastante - Caro - Barato - Longe
vérbio, portanto, invariável; se houver coerência com o
segundo, função de adjetivo, então varia: Estas palavras são invariáveis quando funcionam
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad- rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
vérbio tivos, ou numerais.
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
de “só”, haverá, novamente, um adjetivo: (pronome adjetivo)
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descan-
As casas estão caras. (adjetivo)
sando)
Achei barato este casaco. (advérbio)
7) Quando um único substantivo é modificado por
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as
construções: Meio - Meia
a) O substantivo permanece no singular e coloca-se
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espa- a) A palavra “meio”, quando empregada como adjeti-
nhola e a portuguesa. vo, concorda normalmente com o nome a que se refere:
Pedi meia porção de polentas.
b) O substantivo vai para o plural e omite-se o ar-
tigo antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e b) Quando empregada como advérbio permanece in-
portuguesa. variável: A candidata está meio nervosa.

** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim


saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
candidata está um pouco nervosa”.

59
LÍNGUA PORTUGUESA

Alerta - Menos 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”,


indireto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem não gosto.
sempre invariáveis. RESPOSTA: “E”.
Os concurseiros estão sempre alerta.
Não queira menos matéria! 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada
a substituição do segmento grifado pelo que está entre
* Tome nota! parênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá
Não variam os substantivos que funcionam como ad- permanecer no singular está em:
jetivos: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Bomba – notícias bomba quisadores)
Chave – elementos chave (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
Monstro – construções monstro ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Padrão – escola padrão (C) No sistema havia também uma estação... (várias
estações)
Fontes de pesquisa: (D) ... a civilização maia da América Central tinha um
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
php que habitavam a América Central)
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- (E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
Saraiva, 2010. blicado).
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-)
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação (A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con-
tribuíram) (as mudanças do clima)
Questões (C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá
no singular
1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA (D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti-
E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS- nham) (os povos que habitavam a América Central)
TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar (E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos-
satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado).
estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
RESPOSTA: “C”.
Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Excelência”.
( ) CERTO ( ) ERRADO REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.

1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-


nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome (regência nominal) e seus complementos.
de tratamento, apenas).
RESPOSTA: “ERRADO”. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO

2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO A regência verbal estuda a relação que se estabelece
RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA- entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”, adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regên-
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a cia, o que corresponde à diversidade de significados que
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver- estes verbos podem adquirir dependendo do contexto
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão, em que forem empregados.
deveria ser A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador. contentar.
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador. A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no elevador. agrado ou prazer”, satisfazer.
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no elevador. Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
(E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no eleva- “agradar a alguém”.
dor.

60
LÍNGUA PORTUGUESA

Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente


O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sendo Amam aquele rapaz. / Amam-no.
dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação
formas em frases distintas. de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de
1-) Verbos Intransitivos terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos
são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se uti-
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É lizam os pronomes o, os, a, as como complementos de
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos
- Chegar, Ir
tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos prono-
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
mes átonos lhe, lhes.
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
indicar destino ou direção são: a, para.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Fui ao teatro.
- Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Adjunto Adverbial de Lugar
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi-
Ricardo foi para a Espanha. tos iguais para todos.
Adjunto Adverbial de Lugar
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
- Comparecer mentos introduzidos pela preposição “a”:
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
em ou a. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o úl-
timo jogo. - Responder - Tem complemento introduzido pela
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indi-
2-) Verbos Transitivos Diretos car “a quem” ou “ao que” se responde.
Respondi ao meu patrão.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondemos às perguntas.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição Respondeu-lhe à altura.
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos Observação: o verbo responder, apesar de transitivo
o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes indireto quando exprime aquilo a que se responde, admi-
podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais te voz passiva analítica:
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas O questionário foi respondido corretamente.
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, Todas as perguntas foram respondidas satisfatoria-
quando complementos verbais, objetos indiretos. mente.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, mentos introduzidos pela preposição “com”.
castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender, Antipatizo com aquela apresentadora.
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar. vernam para uma minoria privilegiada.

61
LÍNGUA PORTUGUESA

4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Saiba que:


- A construção “pedir para”, muito comum na lin-
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom- guagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na
panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem língua culta. No entanto, é considerada correta quando a
destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São palavra licença estiver subentendida.
verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
e objeto indireto relacionado a pessoas.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
Agradeço aos ouvintes a audiência. uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini-
Objeto Indireto Objeto tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Prefiro trem a ônibus.
com particular cuidado:
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. Mudança de Transitividade - Mudança de Significado
Informar
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e obje- Há verbos que, de acordo com a mudança de transi-
to indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. tividade, apresentam mudança de significado. O conheci-
Informe os novos preços aos clientes. mento das diferentes regências desses verbos é um recur-
so linguístico muito importante, pois além de permitir a
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
correta interpretação de passagens escritas, oferece pos-
vos preços)
sibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os
principais, estão:
- Na utilização de pronomes como complementos,
veja as construções:
AGRADAR
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre-
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
ços.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou Sempre agrada o filho quando.
sobre eles) Aquele comerciante agrada os clientes.
Observação: a mesma regência do verbo informar é - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cienti- agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
ficar, prevenir. introduzido pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes.
Comparar O cantor não lhes agradou.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple- *O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-
mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com to: O cantor desagradou à plateia.
o) de uma criança.
ASPIRAR
Pedir - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
de pessoa. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi-
Pedi-lhe favores. rávamos a ele)
Objeto Indireto Objeto Direto
* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
tantiva Objetiva Direta Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)

62
LÍNGUA PORTUGUESA

ASSISTIR IMPLICAR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres- - Como transitivo direto, esse verbo tem dois senti-
tar assistência a, auxiliar. dos:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. implicavam um firme propósito.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, pre- acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
senciar, estar presente, caber, pertencer.
Assistimos ao documentário. - Como transitivo direto e indireto, significa compro-
Não assisti às últimas sessões. meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
Essa lei assiste ao inquilino. econômicas.

*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in- * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa quem não trabalhasse arduamente.
conturbada cidade.
NAMORAR
CHAMAR - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, dois anos.
solicitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha- OBEDECER - DESOBEDECER
má-la. - Sempre transitivo indireto:
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre- *Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
dicativo preposicionado ou não. “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário. PROCEDER
A torcida chamou o jogador de mercenário. - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
A torcida chamou ao jogador de mercenário. cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
adverbial de modo.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronomi-
As afirmações da testemunha procediam, não havia
nal: Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
como refutá-las.
Você procede muito mal.
CUSTAR
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver-
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito.
do pela preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti- Procedeu-se aos exames.
vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração O delegado procederá ao inquérito.
reduzida de infinitivo.
QUERER
Muito custa viver tão longe da - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
família. vontade de, cobiçar.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Querem melhor atendimento.
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Queremos um país melhor.

Custou-me (a mim) crer nisso. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afei-
Objeto Indireto Oração Subordinada ção, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
VISAR
*A Gramática Normativa condena as construções que - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
pessoa: Custei para entender o problema. = Forma O homem visou o alvo.
correta: Custou-me entender o problema. O gerente não quis visar o cheque.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR

- São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:


Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

Importante: A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a
preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que
vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo
significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes corres-
pondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:

Obedecer a algo/ a alguém.


Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados:
paralela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta
da língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es-


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro forçou.
viajar de ônibus a dirigir e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu nidade.
nome
C) Você assistiu à cena toda? = correta f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
oficina pela manhã lhe disse isso?
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe-
deço às leis de trânsito 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quan-
RESPOSTA: “C”. to se ofendem!

2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- Que Deus o ajude.
guinte trecho para responder à questão.
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o prono-
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imu- me reto ou sujeito expresso:
nológica melhor a essa medida, similar _______________ . Eu lhe entregarei o material amanhã.
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: Tu sabes cantar?
(A) das mulheres
(B) às mulheres Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
(C) com das mulheres verbo. A mesóclise é usada:
(D) à das mulheres
(E) ao das mulheres Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
em prol da paz no mundo.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
RESPOSTA: “D”.
lizará”:
realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma pa-
lavra que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria.
Veja: Não se realizará...
COLOCAÇÃO PRONOMINAL. Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
(com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos nharia nessa viagem).
pronomes oblíquos átonos na frase.
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun- A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
ção de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: forem possíveis:
OBlíquo = OBjeto!
1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Embora na linguagem falada a colocação dos pro- Quando eu avisar, silenciem-se todos.
nomes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
devem ser observadas na linguagem escrita. 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
Não era minha intenção machucá-la.
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada: 3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não
se inicia período com pronome oblíquo).
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que Vou-me embora agora mesmo.
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: Levanto-me às 6h.
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
jamais, etc.: Não se desespere! 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
b) Advérbios: Agora se negam a depor.
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
quem tudo!
proposta fazendo-se de desentendida.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Colocação pronominal nas locuções verbais A) Há políticas que a reconhecem.


- após verbo no particípio = pronome depois do ver- B) Há políticas que reconhecem-a.
bo auxiliar (e não depois do particípio): C) Há políticas que reconhecem-na.
Tenho me deliciado com a leitura! D) Há políticas que reconhecem ela.
Eu tenho me deliciado com a leitura! E) Há políticas que lhe reconhecem.
Eu me tenho deliciado com a leitura!
- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indire-
to. Como temos a presença do “que” – independente de
- quando há um fator para próclise nos tempos com- sua função no período (pronome relativo, no caso!) – a
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome regra pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo):
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocu- que a reconhecem.
par (e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente
Emprego de o, a, os, as foi realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
2-)
tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu =
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
correta
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = cor-
reta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em,
(C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na,
(D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.
* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B” e
Paulo: Saraiva, 2010. “D”. Ao iniciarmos um parágrafo (já que no enunciado te-
mos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzando
Questões -os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.

67
LÍNGUA PORTUGUESA

** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou


CRASE. A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especific�
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais cado, ocorrerá crase. Veja:
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo Irei à Salvador de Jorge Amado.
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- * A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
qual, às quais. regente exigir complemento regido da preposição “a”.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona- Entregamos a encomenda àquela menina.
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal (preposição + pronome demonstrativo)
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - Iremos àquela reunião.
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o (preposição + pronome demonstrativo)
termo regido é aquele que completa o sentido do termo
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
contratada recentemente. (preposição + pronome demonstrativo)
Após a junção da preposição com o artigo (destaca- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
dos entre parênteses), temos: verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento gra-
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata- ve:
da recentemente. - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
pressas, à vontade...
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos re- de...
ferimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o
pronome demonstrativo aquela (àquela).
* Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
Observação importante: Alguns recursos servem de
Eu adoro a noite!
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
da crase. Eis alguns:
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
preposição.
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase
está confirmada.
Os dados foram solicitados à diretora. Casos passíveis de nota:
Os dados foram solicitados ao diretor.
*a crase é facultativa diante de nomes próprios femi-
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui- ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na ex-
pressão “voltar da”, há a confirmação da crase. *também é facultativa diante de pronomes possessi-
Faremos uma visita à Bahia. vos femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirma-
da) *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fica-
rá aberta até as (às) dezoito horas.
Não me esqueço da viagem a Roma.
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja- * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
mais vividos. tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se por comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
está confirmada. * Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
praias. a queima de fogos a distância.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Entretanto, se o termo vier determinado, teremos Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo,
foi arremessado à distância de cem metros. o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede,
no caso de o termo regente exigir a preposição.
- De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
-, faz-se necessário o emprego da crase.
Ensino à distância. *não ocorre crase antes de nome feminino utilizado
Ensino a distância. em sentido genérico ou indeterminado:
Estamos sujeitos a críticas.
* Em locuções adverbiais formadas por palavras repe- Refiro-me a conversas paralelas.
tidas, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor. Fontes de pesquisa:
Eu o seguirei passo a passo. http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
se-.html
Casos em que não se admite o emprego da crase: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
* Antes de vocábulos masculinos. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
As produções escritas a lápis não serão corrigidas. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
Esta caneta pertence a Pedro. Paulo: Saraiva, 2010.
* Antes de verbos no infinitivo. Questões
Ele estava a cantar.
Começou a chover.
1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamen-
* Antes de numeral.
te as lacunas da frase a seguir.
O número de aprovados chegou a cem.
Quando________ três meses disse-me que iria _________
Faremos uma visita a dez países.
Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
-la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
Observação:
A-) a - há - à - à - às
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio-
B-) há - à - a - a – às
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. C-) há - a - há - à - as
D-) a - à - a - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está E-) a - a - à - há – as
confirmada, visto que estes não podem ser empregados
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
aluna da classe. me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para
visitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando A (ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais
essa não se apresentar determinada: Chegamos todos tinha direito (tinha direito a quê? às milhas – regência no-
exaustos a casa. minal). Teremos: há, à, a, a, às.
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto RESPOSTA: “B”.
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
exaustos à casa de Marcela. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
VUNESP/2014)
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a trabalho para proceder _____ medidas necessárias _____
terra, já era noite. exumação dos restos mortais do ex-presidente João Gou-
Contudo, se o termo estiver precedido por um de- lart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-pre-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. sidente morreu de causas naturais, ou seja, devido ____
O astronauta voltou à Terra. uma parada cardíaca – que tem sido a versão considerada
oficial até hoje –, ou se sua morte se deve ______ envene-
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem namento.
o uso do artigo. (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Os livros foram entregues a mim. governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
Dei a ela a merecida recompensa. go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as


lacunas da frase devem ser completadas, correta e res- ANOTAÇÕES
pectivamente, por
(A) a ... à ... a ... a
(B) as ... à ... a ... à ___________________________________________________
(C) às ... a ... à ... a
(D) à ... à ... à ... a ___________________________________________________
(E) a ... a ... a ... à
___________________________________________________
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo ___________________________________________________
de trabalho para proceder a medidas (palavra no plural,
generalizando) necessárias à (regência nominal pede pre- ___________________________________________________
posição) exumação dos restos mortais do ex-presidente
João Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com ___________________________________________________
a exumação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex ___________________________________________________
-presidente morreu de causas naturais, ou seja, devido a
uma (artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a ___________________________________________________
versão considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se
deve a (regência verbal) envenenamento. A / à / a / a ___________________________________________________
RESPOSTA: “A”.
___________________________________________________
3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) ___________________________________________________
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fize-
ram uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga ci- ___________________________________________________
dade de Tikal, na Guatemala.
O a empregado na frase acima, imediatamente depois ___________________________________________________
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso
___________________________________________________
o segmento grifado seja substituído por:
(A) Uma tal ilação. ___________________________________________________
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. ___________________________________________________
(D) Emitir uma opinião desse tipo.
(E) Semelhante resultado. ___________________________________________________

___________________________________________________
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento gra- ___________________________________________________
ve antes de artigo)
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (an- ___________________________________________________
tes de palavra no plural e o “a” no singular)
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- ___________________________________________________
vação ___________________________________________________
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir
(verbo no infinitivo) ___________________________________________________
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pa-
lavra masculina) ___________________________________________________
RESPOSTA: “C”.
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

70
MATEMÁTICA

Números inteiros e racionais: operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação); expressões numéricas;
Frações e operações com frações..................................................................................................................................................................... .01
Múltiplos e divisores, Máximo divisor comum e Mínimo divisor comum ........................................................................................ 07
Números e grandezas proprocionais: Razões e proporções; Divisão em partes proporcionais............................................... 11
Regra de três.............................................................................................................................................................................................................. 15
Sistema métrico decimal........................................................................................................................................................................................ 19
Equações e inequações.......................................................................................................................................................................................... 23
Funções ....................................................................................................................................................................................................................... 29
Gráficos e tabelas..................................................................................................................................................................................................... 37
Estatística Descritiva, Amostragem, Teste de Hipóteses e Análise de Regressão ........................................................................... 43
Geometria.................................................................................................................................................................................................................... 48
Matriz, determinantes e sistemas lineares...................................................................................................................................................... 62
Sequências, progressão aritmética e geométrica........................................................................................................................................ 70
Porcentagem.............................................................................................................................................................................................................. 74
Juros simples e compostos................................................................................................................................................................................... 77
Taxas de Juros, Desconto, Equivalência de Capitais, Anuidades e Sistemas de Amortização.................................................... 80
Lógica: proposições, valor-verdade negação, conjunção, disjunção, implicação, equivalência, proposições
compostas..........................................................................................................................................................................................................95
Equivalências lógicas. ........................................................................................................................................................................................95
Problemas de raciocínio: deduzir informações de relações arbitrárias entre objetos, lugares, pessoas e/ou eventos
fictícios dados. ......................................................................................................................................................................................................95
Diagramas lógicos, tabelas e gráficos....................................................................................................................................................... 112
Princípios de contagem e noção de probabilidade.............................................................................................................................. 117
MATEMÁTICA

Exemplo 2
NÚMEROS INTEIROS E RACIONAIS:
OPERAÇÕES (ADIÇÃO, SUBTRAÇÃO, 40 – 9 x 4 + 23
MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, 40 – 36 + 23
4 + 23
POTENCIAÇÃO); EXPRESSÕES
27
NUMÉRICAS; FRAÇÕES E OPERAÇÕES COM
FRAÇÕES. Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25

Números Naturais Números Inteiros


Os números naturais são o modelo mate- Podemos dizer que este conjunto é composto pelos
mático necessário para efetuar uma contagem. números naturais, o conjunto dos opostos dos números
Começando por zero e acrescentando sempre uma unida- naturais e o zero. Este conjunto pode ser representado por:
de, obtemos o conjunto infinito dos números naturais Z={...-3, -2, -1, 0, 1, 2,...}
Subconjuntos do conjunto :
1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero
Z*={...-2, -1, 1, 2, ...}
- Todo número natural dado tem um sucessor
a) O sucessor de 0 é 1. 2) Conjuntos dos números inteiros não negativos
b) O sucessor de 1000 é 1001. Z+={0, 1, 2, ...}
c) O sucessor de 19 é 20.
3) Conjunto dos números inteiros não positivos
Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. Z-={...-3, -2, -1}

Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um pode ser expresso na forma , onde a e b são inteiros
antecessor (número que vem antes do número dado). quaisquer, com b≠0
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente São exemplos de números racionais:
de zero. -12/51
a) O antecessor do número m é m-1. -3
b) O antecessor de 2 é 1. -(-3)
c) O antecessor de 56 é 55. -2,333...
d) O antecessor de 10 é 9.
As dízimas periódicas podem ser representadas por
Expressões Numéricas fração, portanto são consideradas números racionais.
Como representar esses números?
Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra- Representação Decimal das Frações
ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex- Temos 2 possíveis casos para transformar frações em
pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos: decimais

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o nú-
operações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão mero decimal terá um número finito de algarismos após a
primeiramente, na ordem em que elas aparecerem e so- vírgula.
mente depois a adição e a subtração, também na ordem
em que aparecerem e os parênteses são resolvidos primei-
ro.

Exemplo 1

10 + 12 – 6 + 7
22 – 6 + 7
16 + 7
23

1
MATEMÁTICA

2º) Terá um número infinito de algarismos após a vír- Exemplo 2


gula, mas lembrando que a dízima deve ser periódica para
ser número racional Seja a dízima 1,1212...
OBS: período da dízima são os números que se repe-
tem, se não repetir não é dízima periódica e assim números Façamos x = 1,1212...
irracionais, que trataremos mais a frente. 100x = 112,1212... .
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99

Números Irracionais
Identificação de números irracionais

- Todas as dízimas periódicas são números racionais.


- Todos os números inteiros são racionais.
Representação Fracionária dos Números Decimais - Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irra-
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar cionais.
com o denominador seguido de zeros. - Todas as raízes inexatas são números irracionais.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma - A soma de um número racional com um número irra-
casa, um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim cional é sempre um número irracional.
por diante. - A diferença de dois números irracionais, pode ser um
número racional.
-Os números irracionais não podem ser expressos na
forma , com a e b inteiros e b≠0.

Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.

- O quociente de dois números irracionais, pode ser


um número racional.

Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.

- O produto de dois números irracionais, pode ser um


número racional.
2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, en-
tão como podemos transformar em fração? Exemplo: . = = 7 é um número racional.

Exemplo 1 Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um nú-


mero natural, se não inteira, é irracional.
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízi- Números Reais
ma dada de x, ou seja
X=0,333...
Se o período da dízima é de um algarismo, multiplica-
mos por 10.

10x=3,333...

E então subtraímos:

10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
X=3/9
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de


período.

2
MATEMÁTICA

Fonte: www.estudokids.com.br Semirreta direita, fechada de origem a – números reais


maiores ou iguais a a.
Representação na reta

Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais


maiores que a.

INTERVALOS LIMITADOS
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou
iguais a e menores do que b ou iguais a b. Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x>a}

Intervalo:[a,b] Potenciação
Conjunto: {x∈R|a≤x≤b} Multiplicação de fatores iguais

Intervalo aberto – números reais maiores que a e me- 2³=2.2.2=8


nores que b.
Casos
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
Intervalo:]a,b[
Conjunto:{x∈R|a<x<b}

Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores


que a ou iguais a a e menores do que b.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio


número.
Intervalo:{a,b[
Conjunto {x∈R|a≤x<b}
Intervalo fechado à direita – números reais maiores
que a e menores ou iguais a b.

3) Todo número negativo, elevado ao expoente par,


resulta em um número positivo.
Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

INTERVALOS IIMITADOS
4) Todo número negativo, elevado ao expoente ím-
Semirreta esquerda, fechada de origem b- números par, resulta em um número negativo.
reais menores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b} 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas-
sar o sinal para positivo e inverter o número que está na
Semirreta esquerda, aberta de origem b – números base.
reais menores que b.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}

3
MATEMÁTICA

6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o Técnica de Cálculo
valor do expoente, o resultado será igual a zero. A determinação da raiz quadrada de um número tor-
na-se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado
em números primos. Veja:

Propriedades

1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de


mesma base, repete-se a base e soma os expoentes.

Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mes- 64=2.2.2.2.2.2=26


ma base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes.
Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “ti-
Exemplos: ra-se” um e multiplica.
96 : 92 = 96-2 = 94

Observe: 1 1
1

3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e mul-


3.5 = (3.5) 2 = 3 2 .5 2 = 3. 5
tiplica-se os expoentes.
Exemplos: De modo geral, se
(52)3 = 52.3 = 56
a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,
então:

n
a.b = n a .n b
4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores eleva-
dos a um expoente, podemos elevar cada um a esse mes- O radical de índice inteiro e positivo de um produto
mo expoente. indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
(4.3)²=4².3² dos fatores do radicando.

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, Raiz quadrada de frações ordinárias


podemos elevar separados. 1 1
2 2 2 2 2
2
=  = 1 =
3 3 3
Observe: 32
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação De modo geral,

a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * ,
se

então:

a na
n =
b nb

4
MATEMÁTICA

O radical de índice inteiro e positivo de um quociente 1º Caso:Denominador composto por uma só parcela
indicado é igual ao quociente dos radicais de mesmo índi-
ce dos termos do radicando.

Raiz quadrada números decimais

Operações
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.

Operações
Devemos multiplicar de forma que obtenha uma dife-
Multiplicação rença de quadrados no denominador:

Exemplo

QUESTÕES

Divisão 01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível


Superior II - Direito – FGV/2017) Em um concurso, há
150 candidatos em apenas duas categorias: nível superior
e nível médio.
Sabe-se que:
Exemplo
• dentre os candidatos, 82 são homens;
• o número de candidatos homens de nível superior é
igual ao de mulheres de nível médio;
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mu-
Adição e subtração lheres.

O número de candidatos homens de nível médio é

Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20. (A) 42.


(B) 45.
(C) 48.
(D) 50.
(E) 52.

02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária


- MSCONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda,
Isabella e José foram a uma prova de hipismo, na qual ga-
nharia o competidor que obtivesse o menor tempo final.
A cada 1 falta seriam incrementados 6 segundos em seu
Caso tenha: tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria Eduarda fez
1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni fez
1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a
colocação, é correto afirmar que o vencedor foi:
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo. (A) José
(B) Isabella
Racionalização de Denominadores (C) Maria Eduarda
(D) Raoni
Normalmente não se apresentam números irracionais
com radicais no denominador. Ao processo que leva à eli-
minação dos radicais do denominador chama-se racionali-
zação do denominador.

5
MATEMÁTICA

03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - De acordo com esses dados, ao longo da existência
MSCONCURSOS/2017) O valor de √0,444... é: desse prédio comercial, a fração do total de situações de
(A) 0,2222... risco de incêndio geradas por descuidos ao cozinhar cor-
(B) 0,6666... responde à
(C) 0,1616... (A) 3/20.
(D) 0,8888... (B) 1/4.
(C) 13/60.
04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU- (D) 1/5.
NESP/2017) Se, numa divisão, o divisor e o quociente são (E) 1/60.
iguais, e o resto é 10, sendo esse resto o maior possível,
então o dividendo é 07. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técni-
(A) 131. co I - Técnico em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a
(B) 121. alternativa que apresenta o valor da expressão
(C) 120.
(D) 110.
(E) 101.

05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expres- (A) 1.


sões numéricas abaixo apresentam resultados que seguem (B) 2.
um padrão específico: (C) 4.
(D) 8.
1ª expressão: 1 x 9 + 2 (E) 16.

2ª expressão: 12 x 9 + 3 08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRV-


GO/2017)
3ª expressão: 123 x 9 + 4
Qual o resultado de ?
...
(A) 3
7ª expressão: █ x 9 + ▲ (B) 3/2
(C) 5
Seguindo esse padrão e colocando os números ade- (D) 5/2
quados no lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª
expressão será 09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-
sor – FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .
(A) 1 111 111.
(B) 11 111. Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:
(C) 1 111. (A) 1;
(D) 111 111. (B) 2;
(E) 11 111 111. (C) 3;
(D) 4;
06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um (E) 6.
treinamento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio
comercial informou que, nos cinquenta anos de existência 10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-
do prédio, nunca houve um incêndio, mas existiram muitas sor – FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de deter-
situações de risco, felizmente controladas a tempo. Segun- minada empresa tem o mesmo número de mulheres e de
do ele, 1/13 dessas situações deveu-se a ações criminosas, homens. Certa manhã, 3/4 das mulheres e 2/3 dos homens
enquanto as demais situações haviam sido geradas por di- dessa equipe saíram para um atendimento externo.
ferentes tipos de displicência. Dentre as situações de risco
geradas por displicência, Desses que foram para o atendimento externo, a fra-
ção de mulheres é
− 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inade- (A) 3/4;
quadamente; (B) 8/9;
− 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas; (C) 5/7;
− 1/3 deveu-se a vazamentos de gás e (D) 8/13;
− as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar. (E) 9/17.

6
MATEMÁTICA

RESPOSTAS

01.Resposta: B. 08. Resposta: D.


150-82=68 mulheres
Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37
são de nível médio. 09. Resposta: C.
Portanto, há 37 homens de nível superior. 2-2(1-2N)=12
82-37=45 homens de nível médio. 2-2+4N=12
4N=12
02. Resposta: D. N=3
Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o
vencedor. 10. Resposta: E.
Como tem o mesmo número de homens e mulheres:
03. Resposta: B.
Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração

X=0,4444....
10x=4,444... Dos homens que saíram:
9x=4

Saíram no total

04. Resposta: A.
Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número
11 que é igua o quociente.
11x11=121+10=131

05. Resposta: E.
A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111

06. Resposta: D.
MÚLTIPLOS E DIVISORES, MÁXIMO
DIVISOR COMUM E MÍNIMO MÚLTIPLO
COMUM.
Gerado por descuidos ao cozinhar:

Múltiplos

Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1- Um número é múltiplo de outro quando ao dividirmos
1/13) o primeiro pelo segundo, o resto é zero.
Exemplo

07.Resposta: C.
O conjunto de múltiplos de um número natural não-
-nulo é infinito e podemos consegui-lo multiplicando-se o
número dado por todos os números naturais.
M(3)={0,3,6,9,12,...}

Divisores

Os números 12 e 15 são múltiplos de 3, portanto 3 é


divisor de 12 e 15.

7
MATEMÁTICA

D(12)={1,2,3,4,6,12}
D(15)={1,3,5,15} Assim, o mmc
Observações:
Exemplo
- Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
- Todo número natural é múltiplo de 1. O piso de uma sala retangular, medindo 3,52 m × 4,16
- Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos m, será revestido com ladrilhos quadrados, de mesma di-
múltiplos. mensão, inteiros, de forma que não fique espaço vazio
- O zero é múltiplo de qualquer número natural. entre ladrilhos vizinhos. Os ladrilhos serão escolhidos de
modo que tenham a maior dimensão possível.
Máximo Divisor Comum Na situação apresentada, o lado do ladrilho deverá
O máximo divisor comum de dois ou mais números medir
naturais não-nulos é o maior dos divisores comuns desses (A) mais de 30 cm.
números. (B) menos de 15 cm.
Para calcular o m.d.c de dois ou mais números, deve- (C) mais de 15 cm e menos de 20 cm.
mos seguir as etapas: (D) mais de 20 cm e menos de 25 cm.
• Decompor o número em fatores primos (E) mais de 25 cm e menos de 30 cm.
• Tomar o fatores comuns com o menor expoente
• Multiplicar os fatores entre si. Resposta: A.

Exemplo:

Devemos achar o mdc para achar a maior medida pos-


sível
E são os fatores que temos iguais:25=32
O fator comum é o 3 e o 1 é o menor expoente.
m.d.c Exemplo2
(MPE/SP – Oficial de Promotora I – VUNESP/2016)
No aeroporto de uma pequena cidade chegam aviões de
três companhias aéreas. Os aviões da companhia A che-
Mínimo Múltiplo Comum gam a cada 20 minutos, da companhia B a cada 30 minutos
O mínimo múltiplo comum (m.m.c) de dois ou mais nú- e da companhia C a cada 44 minutos. Em um domingo, às
meros é o menor número, diferente de zero. 7 horas, chegaram aviões das três companhias ao mesmo
Para calcular devemos seguir as etapas: tempo, situação que voltará a se repetir, nesse mesmo dia,
• Decompor os números em fatores primos às
• Multiplicar os fatores entre si (A) 16h 30min.
(B) 17h 30min.
Exemplo: (C) 18h 30min.
(D) 17 horas.
(E) 18 horas.

Resposta: E.

Mmc(20,30,44)=2².3.5.11=660

1h---60minutos
Para o mmc, fica mais fácil decompor os dois juntos. x-----660
Basta começar sempre pelo menor primo e verificar a x=660/60=11
divisão com algum dos números, não é necessário que os
dois sejam divisíveis ao mesmo tempo. Então será depois de 11horas que se encontrarão
Observe que enquanto o 15 não pode ser dividido, 7+11=18h
continua aparecendo.

8
MATEMÁTICA

QUESTÕES 05. (TJM/SP - Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2017) Em um pequeno mercado, o dono resolveu
01. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU- fazer uma promoção. Para tanto, cada uma das 3 caixas re-
NESP/2017) No depósito de uma loja de doces, há gistradoras foi programada para acender uma luz, em inter-
uma caixa contendo n bombons. Para serem vendidos, valos de tempo regulares: na caixa 1, a luz acendia a cada
devem ser repartidos em pacotes iguais, todos com 15 minutos; na caixa 2, a cada 30 minutos; e na caixa 3, a
a mesma quantidade de bombons. Com os bombons luz acendia a cada 45 minutos. Toda vez que a luz de uma
dessa caixa, podem ser feitos pacotes com 5, ou com 6, caixa acendia, o cliente que estava nela era premiado com
ou com 7 unidades cada um, e, nesses casos, não falta- um desconto de 3% sobre o valor da compra e, quando as 3
rá nem sobrará nenhum bombom. Nessas condições, o luzes acendiam, ao mesmo tempo, esse desconto era de 5%.
menor valor que pode ser atribuído a n é Se, exatamente às 9 horas de um determinado dia, as luzes
(A) 280. das 3 caixas acenderam ao mesmo tempo, então é verdade
(B) 265. que o número máximo de premiações de 5% de desconto
(C) 245. que esse mercado poderia ter dado aos seus clientes, das
(D) 230. 9 horas às 21 horas e 30 minutos daquele dia, seria igual a
(E) 210. (A) 8.
(B) 10.
02. (EMBASA – Agente Administrativo – (C) 21.
IBFC/2017) Considerando A o MDC (maior divisor co- (D) 27.
mum) entre os números 24 e 60 e B o MMC (menor (E) 33.
múltiplo comum) entre os números 12 e 20, então o
valor de 2A + 3B é igual a: 06. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – Agente Administrativo
(A) 72 – MSCONCURSOS/2017) Sabendo que a sigla M.M.C. na
(B) 156 matemática significa Mínimo Múltiplo Comum e que M.D.C.
significa Máximo Divisor Comum, pergunta-se: qual o valor
(C) 144
do M.M.C. de 6 e 8 dividido pelo M.D.C. de 30, 36 e 72?
(D) 204
(A) 8
(B) 6
03. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO
(C) 4
/2017) Em um determinado zoológico, a girafa deve
(D) 2
comer a cada 4 horas, o leão a cada 5 horas e o maca-
co a cada 3 horas. Considerando que todos foram ali-
07. (CELESC – Assistente Administrativo – FEPE-
mentados às 8 horas da manhã de domingo, é correto
SE/2016) Em uma excursão participam 120 homens e 160
afirmar que o funcionário encarregado deverá servir a mulheres. Em determinado momento é preciso dividir os
alimentação a todos concomitantemente às: participantes em grupos formados somente por homens
(A) 8 horas de segunda-feira. ou somente por mulheres, de maneira que os grupos te-
(B) 14 horas de segunda-feira. nham o mesmo número de integrantes.
(C) 10 horas de terça-feira. Neste caso, o número máximo de integrantes em um
(D) 20 horas de terça-feira. grupo é:
(E) 9 horas de quarta-feira. (A) 10.
(B) 15.
04. (EMBASA – Assistente de Laboratório – (C) 20.
IBFC/2017) Um marceneiro possui duas barras de fer- (D) 30.
ro, uma com 1,40 metros de comprimento e outra com (E) 40.
2,45 metros de comprimento. Ele pretende cortá-las em
barras de tamanhos iguais, de modo que cada pedaço 08. (PREF. DE GUARULHOS/SP – Assistente de Ges-
tenha a maior medida possível. Nessas circunstâncias, o tão Escolar – VUNESP/2016) Para iniciar uma visita moni-
total de pedaços que o marceneiro irá cortar, utilizando torada a um museu, 96 alunos do 8º ano e 84 alunos do 9º
as duas de ferro, é: ano de certa escola foram divididos em grupos, todos com
(A) 9 o mesmo número de alunos, sendo esse número o maior
(B) 11 possível, de modo que cada grupo tivesse somente alunos
(C) 12 de um único ano e que não restasse nenhum aluno fora
(D) 13 de um grupo. Nessas condições, é correto afirmar que o
número total de grupos formados foi
(A) 8.
(B) 12.
(C) 13.
(D) 15.
(E) 18.

9
MATEMÁTICA

09. (PREF. DE JAMBEIRO – Agente Administrativo –


JOTA CONSULTORIA/2016) O MMC(120, 125, 130) é:
(A) 39000
(B) 38000
(C) 37000
(D) 36000
(E) 35000

10. (MPE/SP – Analista Técnico Científico – VU- Mmc(12,20)=2²⋅3⋅5=60


NESP/2016) Pretende-se dividir um grupo de 216 pessoas, 2A+3B=24+180=204
sendo 126 com formação na área de exatas e 90 com for-
mação na área de humanas, em grupos menores contendo, 03. Resposta: D.
obrigatoriamente, elementos de cada uma dessas áreas, de Mmc(3, 4, 5)=60
modo que: (1) o número de grupos seja o maior possível; 60/24=2 dias e 12horas
(2) cada grupo tenha o mesmo número x de pessoas com Como foi no domingo às 8h d amanhã, a próxima ali-
formação na área de exatas e o mesmo número y de pes- mentação será na terça às 20h.
soas com formação na área de humanas; e (3) cada uma
das 216 pessoas participe de um único grupo. Nessas con-
dições, e sabendo-se que no grupo não há pessoa com
ambas as formações, é correto afirmar que, em cada novo
grupo, a diferença entre os números de pessoas com for-
mação em exatas e em humanas, nessa ordem, será igual a 04. Resposta: B.
(A) 1
(B) 2 Mdc=5⋅7=35
(C) 3 140/35=4
(D) 4 245/35=7
(E) 5 Portanto, serão 11 pedaços.

05. Resposta: D.
RESPOSTAS

01. Resposta: E.

Mmc(15, 30, 45)=90 minutos


Ou seja, a cada 1h30 minutos tem premiações.
Das 9 ate as 21h30min=12h30 minutos

Mmc(5,6,7)=2⋅3⋅5⋅7=210

02. Resposta: E. 9 vezes no total, pois as 9 horas acendeu.


Como são 3 premiações: 9x3=27

06. Resposta: C.

Para o cálculo do mdc, devemos multiplicar os comuns:


MDC(24,60)=2²⋅3=12

10
MATEMÁTICA

Mdc(90, 125)=2.3²=18

Então teremos
126/18 = 7 grupos de exatas
90/18 = 5 grupos de humanas
A diferença é de 7-5=2
Mmc(6,8)=24
- eles são múltiplos de 2, pois terminam com números
Mdc(30, 36, 72) =2x3=6 pares.
Portanto: 24/6=4 E são múltiplos de 3, lembrando que para ser múltiplo
de 3, basta somar os números e ser múltiplo de 3.
36=3+6=9
90=9+0=9
162=1+6+2=9

NÚMEROS E GRANDEZAS
PROPORCIONAIS: RAZÕES E
07. Resposta: E.
PROPORÇÕES; DIVISÃO EM PARTES
MDC(120,160)=8x5=40 PROPORCIONAIS

08. Resposta:B.

Razão

Chama-se de razão entre dois números racionais a e


b, com b 0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a
para b por a/b ou a : b.
Exemplo:
Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25
moças. Encontre a razão entre o número de rapazes e o
número de moças. (lembrando que razão é divisão)
MDC(84,96)=2²x3=12

09. Resposta: A.

Proporção

Proporção é a igualdade entre duas razões. A propor-


ção entre A/B e C/D é a igualdade:

Propriedade fundamental das proporções


Numa proporção:
Mmc(120, 125, 130)=2³.3.5³.13=39000

10. Resposta: B.
O cálculo utilizado aqui será o MDC (Máximo Divisor
Comum) Os números A e D são denominados extremos enquan-
to os números B e C são os meios e vale a propriedade: o
produto dos meios é igual ao produto dos extremos, isto é:
AxD=BxC

Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8,


pois:

11
MATEMÁTICA

ou  

   
Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3
esteja em proporção com 4/6.
Grandezas Diretamente Proporcionais
Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte for-
Duas grandezas variáveis dependentes são diretamen-
ma:
te proporcionais quando a razão entre os valores da 1ª
grandeza é igual a razão entre os valores correspondentes
da 2ª, ou de uma maneira mais informal, se eu pergunto:
Quanto mais.....mais....
.
Exemplo
Distância percorrida e combustível gasto
Segunda propriedade das proporções
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença
dos dois primeiros termos está para o primeiro, ou para Distância(km) Combustível(litros)
o segundo termo, assim como a soma ou a diferença dos 13 1
dois últimos termos está para o terceiro, ou para o quarto
termo. Então temos: 26 2
39 3
52 4
   

  ou      Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível?


Diretamente proporcionais
Se eu dobro a distância, dobra o combustível

Grandezas Inversamente Proporcionais


Ou
Duas grandezas variáveis dependentes são inversa-
mente proporcionais quando a razão entre os valores da
1ª grandeza é igual ao inverso da razão entre os valores
correspondentes da 2ª.
     ou    Quanto mais....menos...

Exemplo
   velocidadextempo a tabela abaixo:

Terceira propriedade das proporções Velocidade (m/s) Tempo (s)


Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença 5 200
dos antecedentes está para a soma ou a diferença dos con-
sequentes, assim como cada antecedente está para o seu 8 125
respectivo consequente. Temos então: 10 100
16 62,5
     20 50

ou     Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo??


Inversamente proporcional
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela me-
tade.

Ou Diretamente Proporcionais
Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn di-
retamente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um
     sistema com n equações e n incógnitas, sendo as somas
X1+X2+...+Xn=M e p1+p2+...+pn=P.

12
MATEMÁTICA

QUESTÕES

01. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITU-


TO AOCP/2017) João e Marcos resolveram iniciar uma so-
A solução segue das propriedades das proporções: ciedade para fabricação e venda de cachorro quente. João
iniciou com um capital de R$ 30,00 e Marcos colaborou
com R$ 70,00. No primeiro final de semana de trabalho, a
arrecadação foi de R$ 240,00 bruto e ambos reinvestiram
R$ 100,00 do bruto na sociedade, restando a eles R$ 140,00
Exemplo de lucro. De acordo com o que cada um investiu inicial-
Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. mente, qual é o valor que João e Marcos devem receber
Carlos entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ga- desse lucro, respectivamente?
nhem o prêmio de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada (A) 30 e 110 reais.
um, se o combinado entre os dois foi de dividirem o prê- (B) 40 e 100 reais.
mio de forma diretamente proporcional? (C) 42 e 98 reais.
(D) 50 e 90 reais.
(E) 70 e 70 reais.

02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Em uma


empresa, trabalham oito funcionários, na mesma função,
mas com cargas horárias diferentes: um deles trabalha 32
horas semanais, um trabalha 24 horas semanais, um tra-
balha 20 horas semanais, três trabalham 16 horas sema-
nais e, por fim, dois deles trabalham 12 horas semanais.
Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00. No final do ano, a empresa distribuirá um bônus total de
R$ 74.000,00 entre esses oito funcionários, de forma que
Inversamente Proporcionais a parte de cada um seja diretamente proporcional à sua
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., carga horária semanal.
Xn inversamente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decom- Dessa forma, nessa equipe de funcionários, a diferença
por este número M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente entre o maior e o menor bônus individual será, em R$, de
proporcionais a 1/p1, 1/p2, ..., 1/pn. (A) 10.000,00.
A montagem do sistema com n equações e n incógni- (B) 8.000,00.
tas, assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso (C) 20.000,00.
(D) 12.000,00.
(E) 6.000,00.

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) Para uma pesquisa, foram realizadas entrevis-
cuja solução segue das propriedades das proporções: tas nos estados da Região Sudeste do Brasil. A amostra foi
composta da seguinte maneira:

– 2500 entrevistas realizadas no estado de São Paulo;

– 1500 entrevistas realizadas nos outros três estados


da Região Sudeste.

Desse modo, é correto afirmar que a razão entre o nú-


mero de entrevistas realizadas em São Paulo e o número
total de entrevistas realizadas nos quatro estados é de
(A) 8 para 5.
(B) 5 para 8.
(C) 5 para 7.
(D) 3 para 5.
(E) 3 para 8.

13
MATEMÁTICA

04. (UNIRV/60 – Auxiliar de Laboratório – UNIRV- 08. (DPE/RS - Analista - FCC/2017) A razão entre as al-
GO/2017) Em relação à prova de matemática de um con- turas de dois irmãos era 3/4 e, nessa ocasião, a altura do irmão
curso, Paula acertou 32 das 48 questões da prova. A razão mais alto era 1,40 m. Hoje, esse irmão mais alto cresceu 10 cm.
entre o número de questões que ela errou para o total de Para que a razão entre a altura do irmão mais baixo e a altura
questões da prova é de do mais alto seja hoje, igual a 4/5 , é necessário que o irmão
(A) 2/3 mais baixo tenha crescido, nesse tempo, o equivalente a
(B) 1/2 (A) 13,5 cm.
(C) 1/3 (B) 10,0 cm.
(D) 3/2 (C) 12,5 cm.
(D) 14,8 cm.
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- (E) 15,0 cm.
GO/2017) José, pai de Alfredo, Bernardo e Caetano, de 2, 5
e 8 anos, respectivamente, pretende dividir entre os filhos a 09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017)
quantia de R$ 240,00, em partes diretamente proporcionais O transporte de 1980 caixas iguais foi totalmente repartido
às suas idades. Considerando o intento do genitor, é possí- entre dois veículos, A e B, na razão direta das suas respectivas
vel afirmar que cada filho vai receber, em ordem crescente capacidades de carga, em toneladas. Sabe-se que A tem capa-
de idades, os seguintes valores: cidade para transportar 2,2 t, enquanto B tem capacidade para
(A) R$ 30,00, R$ 60,00 e R$150,00. transportar somente 1,8 t. Nessas condições, é correto afirmar
(B) R$ 42,00, R$ 58,00 e R$ 140,00. que a diferença entre o número de caixas carregadas em A e o
(C) R$ 27,00, R$ 31,00 e R$ 190,00. número de caixas carregadas em B foi igual a
(D) R$ 28,00, R$ 84,00 e R$ 128,00. (A) 304.
(E) R$ 32,00, R$ 80,00 e R$ 128,00. (B) 286.
(C) 224.
06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU- (D) 216.
NESP/2017) Sabe-se que 16 caixas K, todas iguais, ou 40 (E) 198.
caixas Q, todas também iguais, preenchem totalmente cer-
to compartimento, inicialmente vazio. Também é possível 10. (EMDEC – Assistente Administrativo – IBFC/2016)
preencher totalmente esse mesmo compartimento com- Paulo vai dividir R$ 4.500,00 em partes diretamente propor-
pletamente vazio utilizando 4 caixas K mais certa quantida- cionais às idades de seus três filhos com idades de 4, 6 e 8
de de caixas Q. Nessas condições, é correto afirmar que o anos respectivamente. Desse modo, o total distribuído aos
número de caixas Q utilizadas será igual a dois filhos com maior idade é igual a:
(A) 10. (A) R$2.500,00
(B) R$3.500,00
(B) 28.
(C) R$ 1.000,00
(C) 18.
(D) R$3.200,00
(D) 22.
(E) 30.
RESPOSTAS
07. (IPRESB/SP – Agente Previdenciário – VU-
NESP/2017) A tabela, onde alguns valores estão substituí-
01. Resposta: C.
dos por letras, mostra os valores, em milhares de reais, que 30k+70k=140
eram devidos por uma empresa a cada um dos três forne- 100k=140
cedores relacionados, e os respectivos valores que foram K=1,4
pagos a cada um deles. 30⋅1,4=42
70⋅1,4=98
Fornecedor A B C
02. Resposta: A.
Valor pago 22,5 X 37,5
Vamos dividir o prêmio pelas horas somadas
Valor devido Y 40 z 32+24+20+3⋅16+2⋅12=148
74000/148=500
Sabe-se que os valores pagos foram diretamente propor- O maior prêmio foi para quem fez 32 horas semanais
cionais a cada valor devido, na razão de 3 para 4. Nessas con- 32⋅500=16000
dições, é correto afirmar que o valor total devido a esses três 12⋅500=6000
fornecedores era, antes dos pagamentos efetuados, igual a A diferença é: 16000-6000=10000
(A) R$ 90.000,00.
(B) R$ 96.500,00. 03. Resposta:B.
(C) R$ 108.000,00. 2500+1500=4000 entrevistas
(D) R$ 112.500,00.
(E) R$ 120.000,00.

14
MATEMÁTICA

04. Resposta: C. 09. Resposta: E.


Se Paula acertou 32, errou 16. 2,2k+1,8k=1980
4k=1980
K=495
2,2x495=1089
1980-1089=891
1089-891=198
05. Resposta: E.
2k+5k+8k=240 10. Resposta: B.
15k=240
K=16
Alfredo: 2⋅16=32
Bernardo: 5⋅16=80
Caetano: 8⋅16=128 A+B+C=4500
4p+6p+8p=4500
06. Resposta: E. 18p=4500
Se, com 16 caixas K, fica cheio e já foram colocadas 4 P=250
caixa, faltam 12 caixas K, mas queremos colocar as caixas Q, B=6p=6x250=1500
então vamos ver o equivalente de 12 caixas K C=8p=8x250=2000
1500+2000=3500

REGRA DE TRÊS
Q=30 caixas

07. Resposta: E.
Regra de três simples

Regra de três simples é um processo prático para re-


solver problemas que envolvam quatro valores dos quais
conhecemos três deles. Devemos, portanto, determinar um
Y=90/3=30
valor a partir dos três já conhecidos.

Passos utilizados numa regra de três simples:


1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da
X=120/4=30 mesma espécie em colunas e mantendo na mesma linha
as grandezas de espécies diferentes em correspondência.
2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou in-
versamente proporcionais.
3º) Montar a proporção e resolver a equação.
Z=150/3=50 Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de
400Km/h, faz um determinado percurso em 3 horas. Em
Portanto o total devido é de: 30+40+50=120000 quanto tempo faria esse mesmo percurso, se a velocidade
utilizada fosse de 480km/h?
08. Resposta: E.
Solução: montando a tabela:

1) Velocidade (Km/h) Tempo (h)


400-----------------3
X=1,05 480---------------- x
Se o irmão mais alto cresceu 10cm, está com 1,50
2) Identificação do tipo de relação:
Velocidade----------tempo
400↓-----------------3↑
480↓---------------- x↑
X=1,20
Obs.: como as setas estão invertidas temos que inver-
Ele cresceu: 1,20-1,05=0,15m=15cm ter os números mantendo a primeira coluna e invertendo a
segunda coluna ou seja o que está em cima vai para baixo e
o que está em baixo na segunda coluna vai para cima

15
MATEMÁTICA

Velocidade----------tempo QUESTÕES
400↓-----------------X↓
480↓---------------- 3↓ 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciá-
rios- VUNESP/2017) Para imprimir 300 apostilas destina-
480x=1200 das a um curso, uma máquina de fotocópias precisa traba-
X=25 lhar 5 horas por dia durante 4 dias. Por motivos administra-
tivos, será necessário imprimir 360 apostilas em apenas 3
Regra de três composta dias. O número de horas diárias que essa máquina terá que
Regra de três composta é utilizada em problemas com trabalhar para realizar a tarefa é
mais de duas grandezas, direta ou inversamente propor- (A) 6.
cionais. (B) 7.
(C) 8.
Exemplos: (D) 9.
(E) 10.
1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m³ de
areia. Em 5 horas, quantos caminhões serão necessários 02. (SEPOG – Analista em Tecnologia da Informação
para descarregar 125m³? e Comunicação – FGV/2017) Uma máquina copiadora A
faz 20% mais cópias do que uma outra máquina B, no mes-
Solução: montando a tabela, colocando em cada co- mo tempo.
luna as grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as A máquina B faz 100 cópias em uma hora.
grandezas de espécies diferentes que se correspondem: A máquina A faz 100 cópias em
(A) 44 minutos.
Horas --------caminhões-----------volume (B) 46 minutos.
8↑----------------20↓----------------------160↑ (C) 48 minutos.
5↑------------------x↓----------------------125↑ (D) 50 minutos.
(E) 52 minutos.
A seguir, devemos comparar cada grandeza com aque-
la onde está o x. 03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária
Observe que: - MSCONCURSOS/2017) Para a construção de uma ro-
Aumentando o número de horas de trabalho, pode- dovia, 12 operários trabalham 8 horas por dia durante 14
mos diminuir o número de caminhões. Portanto a relação dias e completam exatamente a metade da obra. Porém, a
é inversamente proporcional (seta para cima na 1ª coluna). rodovia precisa ser terminada daqui a exatamente 8 dias,
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o e então a empresa contrata mais 6 operários de mesma
número de caminhões. Portanto a relação é diretamente capacidade dos primeiros. Juntos, eles deverão trabalhar
proporcional (seta para baixo na 3ª coluna). Devemos igua- quantas horas por dia para terminar o trabalho no tempo
lar a razão que contém o termo x com o produto das outras correto?
razões de acordo com o sentido das setas. (A) 6h 8 min
Montando a proporção e resolvendo a equação temos: (B) 6h 50min
(C) 9h 20 min
Horas --------caminhões-----------volume (D) 9h 33min
8↑----------------20↓----------------------160↓
5↑------------------x↓----------------------125↓ 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-
NESP/2017 ) Um restaurante “por quilo” apresenta seus
Obs.: Assim devemos inverter a primeira coluna fican- preços de acordo com a tabela:
do:

Horas --------caminhões-----------volume
5----------------20----------------------160
8------------------x----------------------125 Rodolfo almoçou nesse restaurante na última sexta-fei-
ra. Se a quantidade de alimentos que consumiu nesse al-
moço custou R$ 21,00, então está correto afirmar que essa
quantidade é, em gramas, igual a

(A) 375.
Logo, serão necessários 25 caminhões (B) 380.
(C) 420.
(D) 425.
(E) 450.

16
MATEMÁTICA

05. . (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU- 10. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VU-
NESP/2017 ) Um carregamento de areia foi total- NESP/2016) Para organizar as cadeiras em um auditório, 6
mente embalado em 240 sacos, com 40 kg em cada funcionários, todos com a mesma capacidade de produção,
saco. Se fossem colocados apenas 30 kg em cada trabalharam por 3 horas. Para fazer o mesmo trabalho, 20
saco, o número de sacos necessários para embalar funcionários, todos com o mesmo rendimento dos iniciais,
todo o carregamento seria igual a deveriam trabalhar um total de tempo, em minutos, igual a
(A) 420. (A) 48.
(B) 375. (B) 50.
(C) 370. (C) 46.
(D) 345. (D) 54.
(E) 320. (E) 52.

06. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório –


UNIRVGO/2017) Quarenta e oito funcionários de RESPOSTAS
uma certa empresa, trabalhando 12 horas por dia,
produzem 480 bolsas por semana. Quantos funcio- 01. Resposta: C.
nários a mais, trabalhando 15 horas por dia, podem ↑Apostilas ↑ horas dias↓
assegurar uma produção de 1200 bolsas por semana? 300------------------5--------------4
(A) 48 360-----------------x----------------3
(B) 96
(C) 102 ↑Apostilas ↑ horas dias↑
(D) 144 300------------------5--------------3
360-----------------x----------------4
07. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE-
GO/2017) Durante 90 dias, 12 operários constroem
uma loja. Qual o número mínimo de operários neces-
sários para fazer outra loja igual em 60 dias?
900x=7200
(A) 8 operários.
X=8
(B) 18 operários.
(C) 14 operários.
02. Resposta: D.
(D) 22 operários.
Como a máquina A faz 20% a mais:
(E) 25 operários
Em 1 hora a máquina A faz 120 cópias.
120------60 minutos
08. (FCEP – Técnico Artístico – AMAUC/2017) 10-------x
A vazão de uma torneira é de 50 litros a cada 3 mi- X=50 minutos
nutos. O tempo necessário para essa torneira encher
completamente um reservatório retangular, cujas 03. Resposta: C.
medidas internas são 1,5 metros de comprimento, 1,2 ↑Operário ↓horas dias↑
metros de largura e 70 centímetros de profundidade 12--------------8------------14
é de: 18----------------x------------8
(A) 1h 16min 00s Quanto mais horas, menos operários
(B) 1h 15min 36s Quanto mais horas, menos dias
(C) 1h 45min 16s
(D) 1h 50min 05s
(E) 1h55min 42s

09. (CRMV/SC – Assistente Administrativo – IE- 8⋅18x=14⋅12⋅8


SES/2017) Trabalhando durante 6 dias, 5 operários X=9,33h
produzem 600 peças. Determine quantas peças serão 9 horas e 1/3 da hora
produzidas por sete operários trabalhando por 8 dias: 1/3 de hora é equivalente a 20 minutos
(A) 1120 peças 9horas e 20 minutos
(B) 952 peças
(C) 875 peças 04. Resposta:C.
(D) 1250 peças 12,50------250
21----------x
X=5250/12,5=420 gramas

17
MATEMÁTICA

05. Resposta: E.
Sacos kg
240----40
x----30

Quanto mais sacos, menos areia foi colocada(inversamente)

30x=9600
X=320

06. Resposta: A.
↓Funcionários ↑ horas bolsas↓
48------------------------12-----------480
x-----------------------------15----------1200
Quanto mais funcionários, menos horas precisam
Quanto mais funcionários, mais bolsas feitas

X=96 funcionários
Precisam de mais 48 funcionários

07. Resposta: B.
Operários dias
12-----------90
x--------------60
Quanto mais operários, menos dias (inversamente proporcional)

60x=1080
X=18

08. Resposta: B.
V=1,5⋅1,2⋅0,7=1,26m³=1260litros
50litros-----3 min
1260--------x
X=3780/50=75,6min
0,6min=36s
75min=60+15=1h15min

09. Resposta: A.
↑Dias ↑ operários peças↑
6-------------5---------------600
8--------------7---------------x

30x=33600
X=1120

18
MATEMÁTICA

10. Resposta: D.

Como o exercício pede em minutos, vamos transformar 3 horas em minutos

3x60=180 minutos
↑Funcionários minutos↓
6------------180
20-------------x
As Grandezas são inversamente proporcionais, pois quanto mais funcionários, menos tempo será gasto.
Vamos inverter os minutos
↑Funcionários minutos↑
6------------x
20-------------180
20x=6.180
20x=1040
X=54 minutos

SISTEMA MÉTRICO DECIMAL

Unidades de Comprimento
km hm dam m dm cm mm
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os submúltiplos, para pequenas distân-
cias. Para medidas milimétricas, em que se exige precisão, utilizamos:

mícron (µ) = 10-6 m angströn (Å) = 10-10 m

    Para distâncias astronômicas utilizamos o Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano):
Ano-luz = 9,5 · 1012 km

Exemplos de Transformação

1m=10dm=100cm=1000mm=0,1dam=0,01hm=0,001km
1km=10hm=100dam=1000m

Ou seja, para trasnformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 10 e para a esquerda divide por
10.

Superfície
A medida de superfície é sua área e a unidade fundamental é o metro quadrado(m²).

Para transformar de uma unidade para outra inferior, devemos observar que cada unidade é cem vezes maior que a
unidade imediatamente inferior. Assim, multiplicamos por cem para cada deslocamento de uma unidade até a desejada.

Unidades de Área
km 2
hm 2
dam 2
m2 dm2 cm2 mm2
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2

19
MATEMÁTICA

Exemplos de Transformação

1m²=100dm²=10000cm²=1000000mm²
1km²=100hm²=10000dam²=1000000m²

Ou seja, para trasnformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 100 e para a esquerda divide por
100.

Volume

Os sólidos geométricos são objetos tridimensionais que ocupam lugar no espaço. Por isso, eles possuem volume. Po-
demos encontrar sólidos de inúmeras formas, retangulares, circulares, quadrangulares, entre outras, mas todos irão possuir
volume e capacidade.

Unidades de Volume
km 3
hm 3
dam 3
m3 dm3 cm3 mm3
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

Capacidade
Para medirmos a quantidade de leite, sucos, água, óleo, gasolina, álcool entre outros utilizamos o litro e seus múltiplos
e submúltiplos, unidade de medidas de produtos líquidos.
Se um recipiente tem 1L de capacidade, então seu volume interno é de 1dm³

1L=1dm³

Unidades de Capacidade
kl hl dal l dl cl ml
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

Massa

Toda vez que andar 1 casa para direita, multiplica por 10 e quando anda para esquerda divide por 10.
E uma outra unidade de massa muito importante é a tonelada
1 tonelada=1000kg

Tempo

A unidade fundamental do tempo é o segundo(s).


É usual a medição do tempo em várias unidades, por exemplo: dias, horas, minutos

20
MATEMÁTICA

Transformação de unidades Divisão

Deve-se saber:
1 dia=24horas
1hora=60minutos 5h 20 minutos :2
1 minuto=60segundos
1hora=3600s 1h 20 minutos, transformamos para minutos
:60+20=80minutos
Adição de tempo

Exemplo: Estela chegou ao 15h 35minutos. Lá, bateu QUESTÕES


seu recorde de nado livre e fez 1 minuto e 25 segundos.
Demorou 30 minutos para chegar em casa. Que horas ela 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciá-
chegou? rios- VUNESP/2017) Uma gráfica precisa imprimir um lote
de 100000 folhetos e, para isso, utiliza a máquina A, que
imprime 5000 folhetos em 40 minutos. Após 3 horas e 20
minutos de funcionamento, a máquina A quebra e o servi-
ço restante passa a ser feito pela máquina B, que imprime
4500 folhetos em 48 minutos. O tempo que a máquina B
levará para imprimir o restante do lote de folhetos é
Não podemos ter 66 minutos, então temos que trans- (A) 14 horas e 10 minutos.
ferir para as horas, sempre que passamos de um para o (B) 14 horas e 05 minutos.
outro tem que ser na mesma unidade, temos que passar 1 (C) 13 horas e 45 minutos.
hora=60 minutos (D) 13 horas e 30 minutos.
(E) 13 horas e 20 minutos.
Então fica: 16h 6 minutos 25segundos
02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-
Vamos utilizar o mesmo exemplo para fazer a operação
NESP/2017) Renata foi realizar exames médicos em uma
inversa.
clínica. Ela saiu de sua casa às 14h 45 min e voltou às 17h 15
min. Se ela ficou durante uma hora e meia na clínica, então o
Subtração
tempo gasto no trânsito, no trajeto de ida e volta, foi igual a
Vamos dizer que sabemos que ela chegou em casa as
(A) 1/2h.
16h 6 minutos 25 segundos e saiu de casa às 15h 35 minu- (B) 3/4h.
tos. Quanto tempo ficou fora? (C) 1h.
(D) 1h 15min.
(E) 1 1/2h.

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) Uma indústria produz regularmente 4500 li-
Não podemos tirar 6 de 35, então emprestamos, da tros de suco por dia. Sabe-se que a terça parte da produ-
mesma forma que conta de subtração. ção diária é distribuída em caixinhas P, que recebem 300
1hora=60 minutos mililitros de suco cada uma. Nessas condições, é correto
afirmar que a cada cinco dias a indústria utiliza uma quan-
tidade de caixinhas P igual a
(A) 25000.
(B) 24500.
(C) 23000.
(D) 22000.
Multiplicação (E) 20500.

Pedro pensou em estudar durante 2h 40 minutos, mas 04. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIR-
demorou o dobro disso. Quanto tempo durou o estudo? VGO/2017) Uma empresa farmacêutica distribuiu 14400
litros de uma substância líquida em recipientes de 72 cm3
cada um. Sabe-se que cada recipiente, depois de cheio,
tem 80 gramas. A quantidade de toneladas que representa
todos os recipientes cheios com essa substância é de
(A) 16
(B) 160
(C) 1600
(D) 16000

21
MATEMÁTICA

05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- 09. (ANP – Técnico Administrativo – CESGRAN-
GO/2017) João estuda à noite e sua aula começa às RIO/2016) Um caminhão-tanque chega a um posto de abas-
18h40min. Cada aula tem duração de 45 minutos, e o tecimento com 36.000 litros de gasolina em seu reservatório.
intervalo dura 15 minutos. Sabendo-se que nessa escola Parte dessa gasolina é transferida para dois tanques de arma-
há 5 aulas e 1 intervalo diariamente, pode-se afirmar que zenamento, enchendo-os completamente. Um desses tanques
o término das aulas de João se dá às: tem 12,5 m3, e o outro, 15,3 m3, e estavam, inicialmente, vazios.
(A) 22h30min Após a transferência, quantos litros de gasolina resta-
(B) 22h40min ram no caminhão-tanque?
(C) 22h50min (A) 35.722,00
(D) 23h (B) 8.200,00
(E) Nenhuma das anteriores (C) 3.577,20
(D) 357,72
06. (IBGE – Agente Censitário Administrativo- (E) 332,20
FGV/2017) Quando era jovem, Arquimedes corria 15km
10. (DPE/RR – Auxiliar Administrativo – FCC/2015)
em 1h45min. Agora que é idoso, ele caminha 8km em
Raimundo tinha duas cordas, uma de 1,7 m e outra de 1,45
1h20min.
m. Ele precisava de pedaços, dessas cordas, que medissem
40 cm de comprimento cada um. Ele cortou as duas cordas
Para percorrer 1km agora que é idoso, comparado em pedaços de 40 cm de comprimento e assim conseguiu
com a época em que era jovem, Arquimedes precisa de obter
mais: (A) 6 pedaços.
(A) 10 minutos; (B) 8 pedaços.
(B) 7 minutos; (C) 9 pedaços.
(C) 5 minutos; (D) 5 pedaços.
(D) 3 minutos; (E) 7 pedaços.
(E) 2 minutos.

07. (IBGE – Agente Censitário Administrativo- RESPOSTAS


FGV/2017) Lucas foi de carro para o trabalho em um ho-
rário de trânsito intenso e gastou 1h20min. Em um dia 01. Resposta: E.
sem trânsito intenso, Lucas foi de carro para o trabalho 3h 20 minutos-200 minutos
a uma velocidade média 20km/h maior do que no dia de
trânsito intenso e gastou 48min. 5000-----40
x----------200
A distância, em km, da casa de Lucas até o trabalho é: x=1000000/40=25000
(A) 36;
(B) 40; Já foram impressos 25000, portanto faltam ainda 75000
(C) 48; 4500-------48
(D) 50; 75000------x
(E) 60. X=3600000/4500=800 minutos
800/60=13,33h
13 horas e 1/3 hora
08. (EMDEC - Assistente Administrativo Jr –
13h e 20 minutos
IBFC/2016) Carlos almoçou em certo dia no horário das
12:45 às 13:12. O total de segundos que representa o
tempo que Carlos almoçou nesse dia é:
(A) 1840
(B) 1620
(C) 1780
(D) 2120
02. Resposta: C.
Como ela ficou 1hora e meia na clínica o trajeto de ida
e volta demorou 1 hora.

03. Resposta:A.
4500/3=1500 litros para as caixinhas
1500litros=1500000ml
1500000/300=5000 caixinhas por dia
5000.5=25000 caixinhas em 5 dias

22
MATEMÁTICA

04. Resposta:A. 10.Resposta: E.


14400litros=14400000 ml 1,7m=170cm
1,45m=145 cm
170/40=4 resta 10
145/40=3 resta 25
4+3=7
200000⋅80=16000000 gramas=16 toneladas

05. Resposta: B.
5⋅45=225 minutos de aula EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES
225/60=3 horas 45 minutos nas aulas mais 15 minutos
de intervalo=4horas
18:40+4h=22h:40
Equação 1º grau
06. Resposta: D. Equação é toda sentença matemática aberta represen-
1h45min=60+45=105 minutos tada por uma igualdade, em que exista uma ou mais letras
que representam números desconhecidos.
15km-------105 Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação
1--------------x redutível à forma ax+b=0, em que a e b são números reais,
X=7 minutos chamados coeficientes, com a≠0.
Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numé-
1h20min=60+20=80min rico de x que, substituindo no 1º membro da equação, tor-
na-se igual ao 2º membro.
8km----80
1-------x Nada mais é que pensarmos em uma balança.
X=10minutos

A diferença é de 3 minutos

07. Resposta: B.
V------80min
V+20----48
Quanto maior a velocidade, menor o tempo(inversa-
mente)

A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a


equação também.
80v=48V+960
No exemplo temos:
32V=960
3x+300
V=30km/h
Outro lado: x+1000+500
E o equilíbrio?
30km----60 min
3x+300=x+1500
x-----------80
Quando passamos de um lado para o outro invertemos
o sinal
3x-x=1500-300
2x=1200
60x=2400
X=600
X=40km
Exemplo
08 Resposta: B.
(PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas –
12:45 até 13:12 são 27 minutos
FGV/2015) A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao do-
27x60=1620 segundos
bro da soma das idades de seus dois filhos, Paulo e Pierre.
Pierre é três anos mais velho do que Paulo. Daqui a dez
09. Resposta: B.
anos, a idade de Pierre será a metade da idade que Pedro
1m³=1000litros
tem hoje.
36000/1000=36 m³
36-12,5-15,3=8,2 m³x1000=8200 litros

23
MATEMÁTICA

A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje


é: Se for negativo, não há solução no conjunto dos
(A) 72; números reais.
(B) 69;
(C) 66; Se for positivo, a equação tem duas soluções:
(D) 63;
(E) 60.
Resolução
A ideia de resolver as equações é literalmente colocar
na linguagem matemática o que está no texto. Exemplo
“Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
Pi=Pa+3
“Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da
idade que Pedro tem hoje.”
, portanto não há solução real.

A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da


soma das idades de seus dois filhos,
Pe=2(Pi+Pa)
Pe=2Pi+2Pa

Lembrando que:
Pi=Pa+3

Substituindo em Pe
Pe=2(Pa+3)+2Pa
Pe=2Pa+6+2Pa
Pe=4Pa+6

Se não há solução, pois não existe raiz quadrada


real de um número negativo.
Pa+3+10=2Pa+3
Pa=10 Se , há duas soluções iguais:
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
Pe=40+6=46
Soma das idades: 10+13+46=69
Se , há soluções reais diferentes:
Resposta: B.

Equação 2º grau

A equação do segundo grau é representada pela fór- Relações entre Coeficientes e Raízes
mula geral:
Dada as duas raízes:

Onde a, b e c são números reais,

Discussão das Raízes


Soma das Raízes
1.
1.

24
MATEMÁTICA

Produto das Raízes Inequação


Uma inequação é uma sentença matemática expressa
por uma ou mais incógnitas, que ao contrário da equação
que utiliza um sinal de igualdade, apresenta sinais de desi-
gualdade. Veja os sinais de desigualdade:
Composição de uma equação do 2ºgrau, conheci-
das as raízes >: maior
<: menor
Podemos escrever a equação da seguinte maneira: ≥: maior ou igual
≤: menor ou igual
x²-Sx+P=0
O princípio resolutivo de uma inequação é o mesmo da
Exemplo equação, onde temos que organizar os termos semelhan-
tes em cada membro, realizando as operações indicadas.
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau. No caso das inequações, ao realizarmos uma multiplicação
de seus elementos por –1 com o intuito de deixar a parte
Solução da incógnita positiva, invertemos o sinal representativo da
S=x1+x2=-2+7=5 desigualdade.
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0 Exemplo 1
4x + 12 > 2x – 2
Exemplo 4x – 2x > – 2 – 12
(IMA – Analista Administrativo Jr – SHDIAS/2015) A 2x > – 14
soma das idades de Ana e Júlia é igual a 44 anos, e, quando x > –14/2
somamos os quadrados dessas idades, obtemos 1000. A x>–7
mais velha das duas tem:
(A) 24 anos Inequação-Produto
(B) 26 anos
(C) 31 anos Quando se trata de inequações-produto, teremos uma
(D) 33 anos desigualdade que envolve o produto de duas ou mais fun-
ções. Portanto, surge a necessidade de realizar o estudo
Resolução da desigualdade em cada função e obter a resposta final
A+J=44 realizando a intersecção do conjunto resposta das funções.
A²+J²=1000 Exemplo
A=44-J
(44-J)²+J²=1000
1936-88J+J²+J²=1000
2J²-88J+936=0
Dividindo por2:
J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
∆=1936-1872=64 a)(-x+2)(2x-3)<0

Inequação-Quociente
Na inequação-quociente, tem-se uma desigualdade
de funções fracionárias, ou ainda, de duas funções na qual
uma está dividindo a outra. Diante disso, deveremos nos
atentar ao domínio da função que se encontra no denomi-
nador, pois não existe divisão por zero. Com isso, a função
que estiver no denominador da inequação deverá ser dife-
Substituindo em A rente de zero.
A=44-26=18 O método de resolução se assemelha muito à resolu-
Ou A=44-18=26 ção de uma inequação-produto, de modo que devemos
analisar o sinal das funções e realizar a intersecção do sinal
Resposta: B. dessas funções.

25
MATEMÁTICA

Exemplo
Resolva a inequação a seguir:

x-2≠0

Portanto:
S = { x R | x ≤ - 1} ou S = ] - ∞ ; -1]

Inequação 2º grau
Chama-se inequação do 2º grau, toda inequação que
x≠2 pode ser escrita numa das seguintes formas:
ax²+bx+c>0
ax²+bx+c≥0
ax²+bx+c<0
Sistema de Inequação do 1º Grau ax²+bx+c<0
Um sistema de inequação do 1º grau é formado por ax²+bx+c≤0
duas ou mais inequações, cada uma delas tem apenas uma ax²+bx+c≠0
variável sendo que essa deve ser a mesma em todas as
outras inequações envolvidas. Exemplo
Veja alguns exemplos de sistema de inequação do 1º Vamos resolver a inequação 3x² + 10x + 7 < 0.
grau:
Resolvendo Inequações
Resolver uma inequação significa determinar os valo-
res reais de x que satisfazem a inequação dada.
Assim, no exemplo, devemos obter os valores reais de
x que tornem a expressão 3x² + 10x +7 negativa.

Vamos achar a solução de cada inequação.

4x + 4 ≤ 0
4x ≤ - 4
x≤-4:4

x≤-1

S1 = {x R | x ≤ - 1}

Fazendo o cálculo da segunda inequação temos:


x+1≤0
x≤-1

A “bolinha” é fechada, pois o sinal da inequação é igual.

S2 = { x R | x ≤ - 1}
Calculando agora o CONJUTO SOLUÇÃO da inequação S = {x ∈ R / –7/3 < x < –1}

temos:
S = S1 ∩ S2

26
MATEMÁTICA

QUESTÕES 06. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRV-


GO/2017) O valor de m para que a equação (2m -1) x² - 6x
01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - + 3 = 0 tenha duas raízes reais iguais é
MSCONCURSOS/2017) O dobro do quadrado de um nú- (A) 3
mero natural aumentado de 3 unidades é igual a sete vezes (B) 2
esse número. Qual é esse número? (C) −1
(A) 2 (D) −6
(B) 3
(C) 4 07. (IPRESB - Agente Previdenciário – VUNESP/2017)
(D) 5 Em setembro, o salário líquido de Juliano correspondeu a
4/5 do seu salário bruto. Sabe-se que ele destinou 2/5 do
02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU- salário líquido recebido nesse mês para pagamento do alu-
NESP/2017) Um carro parte da cidade A em direção à guel, e que poupou 2/5 do que restou. Se Juliano ficou, ain-
cidade B pela rodovia que liga as duas cidades, percorre da, com R$ 1.620,00 para outros gastos, então o seu salário
1/3 do percurso total e para no ponto P. Outro carro parte bruto do mês de setembro foi igual a
da cidade B em direção à cidade A pela mesma rodovia, (A) R$ 6.330,00.
percorre 1/4 do percurso total e para no ponto Q. Se a (B) R$ 5.625,00.
soma das distâncias percorridas por ambos os carros até os (C) R$ 5.550,00.
pontos em que pararam é igual a 28 km, então a distância (D) R$ 5.125,00.
entre os pontos P e Q, por essa rodovia, é, em quilômetros, (E) R$ 4.500,00.
igual a
(A) 26. 8. (SESAU/RO – Técnico em Informática – FUN-
(B) 24. RIO/2017) Daqui a 24 anos, Jovelino terá o triplo de sua
(C) 20. idade atual. Daqui a cinco anos, Jovelino terá a seguinte
(D) 18. idade:
(E) 16. (A) 12.
(B) 14.
03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU- (C) 16.
NESP/2017) Nelson e Oto foram juntos a uma loja de ma- (D) 17.
teriais para construção. Nelson comprou somente 10 uni- (E) 18.
dades iguais do produto P, todas de mesmo preço. Já Oto
comprou 7 unidades iguais do mesmo produto P, e gastou 09. (PREF. DE FAZENDA RIO GRANDE/PR – Profes-
mais R$ 600,00 na compra de outros materiais. Se os valo- sor – PUC/2017) A equação 8x² – 28x + 12 = 0 possui raí-
res totais das compras de ambos foram exatamente iguais, zes iguais a x1 e x2. Qual o valor do produto x1 . x2?
então o preço unitário do produto P foi igual a (A) 1/2 .
(A) R$ 225,00. (B) 3.
(B) R$ 200,00. (C) 3/2 .
(C) R$ 175,00. (D) 12.
(D) R$ 150,00. (E) 28.
(E) R$ 125,00.
10 (PREF.DO RIO DE JANEIRO – Agente de Adminis-
04. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técni- tração – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Ao perguntar
co I - Técnico em Eletrônica – NCUFPR/2017) Considere para João qual era a sua idade atual, recebi a seguinte res-
a equação dada por 2x² + 12x + 3 = -7. Assinale a alternati- posta:
va que apresenta a soma das duas soluções dessa equação. - O quíntuplo da minha idade daqui a oito anos, di-
(A) 0. minuída do quíntuplo da minha idade há três anos atrás
(B) 1. representa a minha idade atual.
(C) -1. A soma dos algarismos do número que representa, em
(D) 6. anos, a idade atual de João, corresponde a:
(E) -6. (A) 6
(B) 7
05. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRV- (C) 10
GO/2017) Num estacionamento encontram-se 18 motos, (D) 14
15 triciclos e alguns carros. Se Pedrinho contou um total de
269 rodas, quantos carros tem no estacionamento?
(A) 45
(B) 47
(C) 50
(D) 52

27
MATEMÁTICA

RESPOSTAS 07. Resposta: B.


Salário liquido: x
01. Resposta: B.
2x²+3=7x
2x²-7x+3=0
∆=49-24=25

10x+6x+40500=25x
9x=40500
X=4500
Como tem que ser natural, apenas o número 3 convém.
Salario fração
02. Resposta: C. y---------------1
4500---------4/5
Mmc(3,4)=12

4x+3x=336
7x=336
X=48
A distância entre A e B é 48km 08. Resposta: D.
Como já percorreu 28km
48-28=20 km entre P e Q. Idade atual: x
X+24=3x
03. Resposta:B. 2x=24
Sendo x o valor do material P X=12
10x=7x+600 Ele tem agora 12 anos, daqui a 5 anos: 17.
3x=600
X=200 09. Resposta: C.
∆=(-28)²-4.8.12
04. Resposta: E. ∆=784-384
2x²+12x+10=0 ∆=400
∆=12²-4⋅2⋅10
∆=144-80=64

A soma das duas é -1-5=-6 10. Resposta: C.


Atual:x
05. Resposta:B. 5(x+8)-5(x-3)=x
Vamos fazer a conta de rodas: 5x+40-5x+15=x
Motos tem 2 rodas, triciclos 3 e carros 4 X=55
18⋅2+15⋅3+x⋅4=269 Soma: 5+5=10
4x=269-36-45
4x=188
X=47

06. Resposta: B
∆=-(-6)²-4⋅(2m-1) ⋅3=0
36-24m+12=0
-24m=-48
M=2

28
MATEMÁTICA

O conjunto A é denominado domínio da função, indi-


FUNÇÕES cada por D. O domínio serve para definir em que conjun-
to estamos trabalhando, isto é, os valores possíveis para a
variável x.
O conjunto B é denominado contradomínio, CD.
Cada elemento x do domínio tem um correspondente
Diagrama de Flechas y no contradomínio. A esse valor de y damos o nome de
imagem de x pela função f. O conjunto de todos os valores
de y que são imagens de valores de x forma o conjunto
imagem da função, que indicaremos por Im.

Exemplo
Com os conjuntos A={1, 4, 7} e B={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}
criamos a função f: A→B.definida por f(x) = x + 5 que tam-
bém pode ser representada por y = x + 5. A representação,
utilizando conjuntos, desta função, é:

Gráfico Cartesiano

No nosso exemplo, o domínio é D = {1, 4, 7}, o contra-


domínio é = {1, 4, 6, 7, 8, 9, 12} e o conjunto imagem é Im
= {6, 9, 12}

Classificação das funções

Injetora: Quando para ela elementos distintos do do-


mínio apresentam imagens também distintas no contrado-
Muitas vezes nos deparamos com situações que en-
mínio.
volvem uma relação entre grandezas. Assim, o valor a ser
pago na conta de luz depende do consumo medido no
período; o tempo de uma viagem de automóvel depende
da velocidade no trajeto.
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas,
o domínio e a imagem são conjuntos numéricos, e pode-
mos definir com mais rigor o que é uma função matemáti-
ca utilizando a linguagem da teoria dos conjuntos.

Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f


Sobrejetora: Quando todos os elementos do contra-
uma relação de A em B.
domínio forem imagens de pelo menos um elemento do
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada
domínio.
elemento x do conjunto A está associado um e apenas um
elemento y do conjunto B.

Notação: f:A→B (lê-se função f de A em B)

Domínio, contradomínio, imagem


O domínio é constituído por todos os valores que po-
dem ser atribuídos à variável independente. Já a imagem
da função é formada por todos os valores corresponden-
tes da variável dependente.

29
MATEMÁTICA

Bijetora: Quando apresentar as características de fun-


ção injetora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou seja,
elementos distintos têm sempre imagens distintas e todos
os elementos do contradomínio são imagens de pelo me-
nos um elemento do domínio.

Raiz da função
Função 1 grau Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor
A função do 1° grau relacionará os valores numéricos em que a reta cruza o eixo x, para isso consideremos o
obtidos de expressões algébricas do tipo (ax + b), consti- valor de y igual a zero, pois no momento em que a reta
tuindo, assim, a função f(x) = ax + b. intersecta o eixo x, y = 0. Observe a representação gráfica
a seguir:
Estudo dos Sinais
Definimos função como relação entre duas grandezas
representadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau,
sua lei de formação possui a seguinte característica: y = ax
+ b ou f(x) = ax + b, onde os coeficientes a e b pertencem
aos reais e diferem de zero. Esse modelo de função possui
como representação gráfica a figura de uma reta, portanto,
as relações entre os valores do domínio e da imagem cres-
cem ou decrescem de acordo com o valor do coeficiente a.
Se o coeficiente possui sinal positivo, a função é crescente, Podemos estabelecer uma formação geral para o cál-
e caso ele tenha sinal negativo, a função é decrescente. culo da raiz de uma função do 1º grau, basta criar uma ge-
neralização com base na própria lei de formação da função,
Função Crescente: a > 0 considerando y = 0 e isolando o valor de x (raiz da função).
De uma maneira bem simples, podemos olhar no grá- X=-b/a
fico que os valores de y vão crescendo.
Dependendo do caso, teremos que fazer um sistema
com duas equações para acharmos o valor de a e b.

Exemplo:
Dado que f(x)=ax+b e f(1)=3 e f(3)=5, ache a função.

F(1)=1a+b
3=a+b

F(3)=3a+b
5=3a+b

Isolando a em I
a=3-b
Função Decrescente: a < 0 Substituindo em II
Nesse caso, os valores de y, caem.
3(3-b)+b=5
9-3b+b=5
-2b=-4
b=2

30
MATEMÁTICA

Portanto, Raízes
a=3-b
a=3-2=1

Assim, f(x)=x+2

Função Quadrática ou Função do 2º grau


Em geral, uma função quadrática ou polinomial do se-
gundo grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
f(x)=a(x-x1)(x-x2)
É essencial que apareça ax² para ser uma função qua-
drática e deve ser o maior termo.
Vértices e Estudo do Sinal
Considerações Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para
cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem
Concavidade concavidade voltada para baixo e um ponto de máximo V.
A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para Em qualquer caso, as coordenadas de V são
baixo se a<0

Veja os gráficos:

Discriminante(∆)

∆=b²-4ac

∆>0
A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois
pontos distintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da
equação ax²+bx+c=0

∆=0
Quando , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao

eixo x, no ponto

Repare que, quando tivermos o discriminante , as


duas raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais

∆<0

A função não tem raízes reais

31
MATEMÁTICA

Equação Exponencial
É toda equação cuja incógnita se apresenta no expoente de uma ou mais potências de bases positivas e diferentes de 1.

Exemplo
Resolva a equação no universo dos números reais.

Solução

Função exponencial

A expressão matemática que define a função exponencial é uma potência. Nesta potência, a base é um número real
positivo e diferente de 1 e o expoente é uma variável.

Função crescente
Se temos uma função exponencial crescente, qualquer que seja o valor real de x.
No gráfico da função ao lado podemos observar que à medida que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamen-
te vemos que a curva da função é crescente.

Função decrescente
Se temos uma função exponencial decrescente em todo o domínio da função.
Neste outro gráfico podemos observar que à medida que x aumenta, y diminui. Graficamente observamos que a cur-
va da função é decrescente.

32
MATEMÁTICA

A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1)
O número e é um número irracional e positivo e em função da definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1
Este número é denotado por e em homenagem ao matemático suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a
estudar as propriedades desse número.
O valor deste número expresso com 10 dígitos decimais, é:
e = 2,7182818284
Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
ex = exp(x)

Propriedades dos expoentes


Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número racional, então:
- ax ay= ax + y
- ax / ay= ax - y
- (ax) y= ax.y
- (a b)x = ax bx
- (a / b)x = ax / bx
- a-x = 1 / ax  

Logaritmo
Considerando-se dois números N e a reais e positivos, com a ≠1, existe um número c tal que:

A esse expoente c damos o nome de logaritmo de N na base a

Ainda com base na definição podemos estabelecer condições de existência:

Exemplo

Consequências da Definição

33
MATEMÁTICA

Propriedades 02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Um


vendedor recebe um salário mensal composto de um valor
fixo de R$ 1.300,00 e de uma parte variável. A parte variá-
vel corresponde a uma comissão de 6% do valor total de
vendas que ele fez durante o mês. O salário mensal desse
vendedor pode ser descrito por uma expressão algébrica
f(x), em função do valor total de vendas mensal, represen-
Mudança de Base tado por x.
A expressão algébrica f(x) que pode representar o salá-
rio mensal desse vendedor é
Exemplo (A) f(x) = 0,06x + 1.300.
Dados log 2=0,3010 e log 3=0,4771, calcule: (B) f(x) = 0,6x + 1.300.
a)log 6 (C) f(x) = 0,78x + 1.300.
b) log1,5 (D) f(x) = 6x + 1.300.
c) log 16 (E) f(x) = 7,8x + 1.300.
Solução
a) Log 6=log 2⋅3=log2+log3=0,3010+0,4771=0,7781 03. (CONSANPA – Técnico Industrial – FADESP/2017)
Um reservatório em formato de cilindro é abastecido por
uma fonte a vazão constante e tem a altura de sua coluna
d’água (em metros), em função do tempo (em dias), descri-
ta pelo seguinte gráfico:
Função Logarítmica
Uma função dada por , em que
a constante a é positiva e diferente de 1, denomina-se fun-
ção logarítmica.

Sabendo que a altura do reservatório mede 12 metros,


o número de dias necessários para que a fonte encha o
reservatório inicialmente vazio é
(A) 18
(B) 12
(C) 8
(D) 6

04. (TRT – 14ªREGIÃO -Técnico Judiciário –


QUESTÕES FCC/2016) Carlos presta serviço de assistência técnica de
computadores em empresas. Ele cobra R$ 12,00 para ir até
01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Uma o local, mais R$ 25,00 por hora de trabalho até resolver o
locadora de automóveis oferece dois planos de aluguel de problema (também são cobradas as frações de horas traba-
carros a seus clientes: lhadas). Em um desses serviços, Carlos resolveu o problema
e cobrou do cliente R$ 168,25, o que permite concluir que
Plano A: diária a R$ 120,00, com quilometragem ele trabalhou nesse serviço
livre. (A) 5 horas e 45 minutos.
Plano B: diária a R$ 90,00, mais R$ 0,40 por quilô- (B) 6 horas e 15 minutos.
metro rodado. (C) 6 horas e 25 minutos.
(D) 5 horas e 25 minutos.
Alugando um automóvel, nesta locadora, quantos qui- (E) 5 horas e 15 minutos.
lômetros precisam ser rodados para que o valor do aluguel
pelo Plano A seja igual ao valor do aluguel pelo Plano B?
(A) 30.
(B) 36.
(C) 48.
(D) 75.
(E) 84.

34
MATEMÁTICA

05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) No 09. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) O gráfico
sistema de coordenadas cartesianas da figura abaixo, en- que melhor representa a função y = 2x , para o domínio
contram-se representados o gráfico da função de segundo em R+ é:
grau f, definida por f(x), e o gráfico da função de primeiro
grau g, definida por g(x). (A)

(B)

(C)

Os valores de x, soluções da equação f(x)=g(x), são


(A) -0,5 e 2,5.
(B) -0,5 e 3.
(C) -1 e 2.
(D) -1 e 2,5. (D)
(E) -1 e 3.

06. (EMBASA – Agente Administrativo – IBFC/2017)


A soma das coordenadas do vértice da parábola da função
f(x) = – x² + 8x – 12 é igual a:
(A) 4
(B) 6
(C) 8 (E)
(D) 10

07. (EMBASA – Assistente de Laboratório –

IBFC/2017) Substituindo o valor da raiz da função


, na função g(x) = x2 - 4x + 5, encontra-
mos como resultado:
(A) 12
(B) 15
(C) 16
(D) 17 10. (PETROBRAS - Técnico de Enfermagem do Tra-
balho Júnior -CESGRANRIO/2017) Qual o maior valor de
08. (PETROBRAS - Técnico de Enfermagem do Tra- k na equação log(kx) = 2log(x+3) para que ela tenha exa-
balho Júnior -CESGRANRIO/2017) Quantos valores reais tamente uma raiz?
de x fazem com que a expressão as- (A) 0
suma valor numérico igual a 1? (B) 3
(A) 2 (C) 6
(B) 3 (D) 9
(C) 4 (E) 12
(D) 5
(E) 6

35
MATEMÁTICA

11. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técni-


co I - Técnico em Eletrônica – NCUFPR/2017) Conside-
rando que log105 = 0,7, assinale a alternativa que apresenta
o valor de log5100.
(A) 0,35.
(B) 0,50.
(C) 2,85.
(D) 7,00. 06. Resposta:C.
(E) 70,00.

RESPOSTAS

01. Resposta: D.

90+0,4x=120
0,4x=30 A soma das coordenadas é igual a 8
X=75km
07. Resposta: D.
02. Resposta: A.

6%=0,06
Como valor total é x, então 0,06x
E mais a parte fixa de 1300
0,06x+1300

03. Resposta: A.

2x=36
X=18 -2x=-12
X=6
04.Resposta: B. Substituindo em g(x)
F(x)=12+25x G(6)=6²-4(6)+5=36-24+5=17
X=hora de trabalho
08. Resposta: D.
168,25=12+25x Para assumir valor 1, o expoente deve ser igual a zero.
25x=156,25 X²+4x-60=0
X=6,25 horas ∆=4²-4.1.(-60)
1hora---60 minutos ∆=16+240
0,25-----x ∆=256
X=15 minutos

Então ele trabalhou 6 horas e 15 minutos

05. Resposta: E.
Como a função do segundo grau, tem raízes -2 e 2:
(x-2)(x+2)=x²-4
A função do primeiro grau, tem o ponto (0, -1) e (2,3)
Y=ax+b
-1=b
3=2a-1 A base pode ser igual a 1:
2a=4 X²-5x+5=1
A=2 X²-5x+4=0
Y=2x-1 ∆=25-16=9

Igualando a função do primeiro grau e a função do se-


gundo grau:
X²-4=2x-1
X²-2x-3=0
∆=4+12=16

36
MATEMÁTICA

A base for -1 desde que o expoente seja par:


X²-5x+5=-1
X²-5x+6=0

∆=25-24=1

Vamos substituir esses dois valores no expoente


X=2:
X²+4x-60
2²+8-60==48
X=3
3²+12-60=-39
Portanto, serão 5 valores.

09. Resposta: A.
Um gráfico de função exponencial não começa do zero, é é uma curva.

10. Resposta: E.
Kx=(x+3)²
Kx=x²+6x+9
X²+(6-k)x+9=0
Para ter uma raiz, ∆=0
∆=b²-4ac
, ∆=(6-k)²-36=0
36-12k+k²-36=0
k²-12k=0
k=0 ou k=12

11. Resposta:C.

GRÁFICOS E TABELAS

Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento entre dois dados relacionados entre si.
A escolha do tipo e a forma de apresentação sempre vão depender do contexto, mas de uma maneira geral um
bom gráfico deve:
-Mostrar a informação de modo tão acurado quanto possível.
-Utilizar títulos, rótulos, legendas, etc. para tornar claro o contexto, o conteúdo e a mensagem.
-Complementar ou melhorar a visualização sobre aspectos descritos ou mostrados numericamente através de tabelas.
-Utilizar escalas adequadas.
-Mostrar claramente as tendências existentes nos dados.

37
MATEMÁTICA

Tipos de gráficos

Barras- utilizam retângulos para mostrar a quantidade.

Barra vertical

Fonte: tecnologia.umcomo.com.br

Barra horizontal

Setor ou pizza- Muito útil quando temos um total e


queremos demonstrar cada parte, separando cada pedaço
como numa pizza.

Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br

Histogramas
Fonte: educador.brasilescola.uol.com.br
São gráfico de barra que mostram a frequência de uma
variável específica e um detalhe importante que são faixas Linhas- É um gráfico de grande utilidade e muito co-
de valores em x. mum na representação de tendências e relacionamentos
de variáveis

38
MATEMÁTICA

QUESTÕES

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na Pes-


quisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, rea-
lizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), foram obtidos os dados da taxa de desocupação da
população em idade para trabalhar. Esses dados, em por-
centagem, encontram-se indicados na apresentação gráfi-
ca abaixo, ao longo de trimestres de 2014 a 2017.

Pictogramas – são imagens ilustrativas para tornar mais


fácil a compreensão de todos sobre um tema.

Dentre as alternativas abaixo, assinale a que apresenta


a melhor aproximação para o aumento percentual da taxa
de desocupação do primeiro trimestre de 2017 em relação
à taxa de desocupação do primeiro trimestre de 2014.

(A) 15%.
(B) 25%.
(C) 50%.
(D) 75%.
Da mesma forma, as tabelas ajudam na melhor visua- (E) 90%.
lização de dados e muitas vezes é através dela que vamos
fazer os tipos de gráficos vistos anteriormente. 02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
NESP/2017) A tabela seguinte, incompleta, mostra a distri-
Podem ser tabelas simples: buição, percentual e quantitativa, da frota de uma empresa
de ônibus urbanos, de acordo com o tempo de uso destes.
Quantos aparelhos tecnológicos você tem na sua casa?

aparelho quantidade
televisão 3
celular 4
Geladeira 1

Até as tabelas que vimos nos exercícios de raciocínio O número total de ônibus dessa empresa é
lógico
(A) 270.
(B) 250.
(C) 220
(D) 180.
(E) 120.

39
MATEMÁTICA

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU- 05. (TCE/PR – Conhecimentos Básicos – CESPE/2016)
NESP/2017) O gráfico mostra o número de carros vendi-
dos por uma concessionária nos cinco dias subsequentes à
veiculação de um anúncio promocional.

O número médio de carros vendidos por dia nesse pe-


ríodo foi igual a Tendo como referência o gráfico precedente, que mos-
(A) 10. tra os valores, em bilhões de reais, relativos à arrecadação
(B) 9. de receitas e aos gastos com despesas do estado do Paraná
(C) 8. nos doze meses do ano de 2015, assinale a opção correta.
(D) 7. (A) No ano considerado, o segundo trimestre caracte-
(E) 6. rizou-se por uma queda contínua na arrecadação de recei-
tas, situação que se repetiu no trimestre seguinte.
04. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VU- (B) No primeiro quadrimestre de 2015, houve um pe-
NESP/2017) Uma professora elaborou um gráfico de se- ríodo de queda simultânea dos gastos com despesas e da
tores para representar a distribuição, em porcentagem, dos arrecadação de receitas e dois períodos de aumento simul-
cinco conceitos nos quais foram agrupadas as notas obti- tâneo de gastos e de arrecadação.
das pelos alunos de uma determinada classe em uma prova (C) No último bimestre do ano de 2015, foram regis-
de matemática. Observe que, nesse gráfico, as porcenta- trados tanto o maior gasto com despesas quanto a maior
gens referentes a cada conceito foram substituídas por x arrecadação de receitas.
ou por múltiplos e submúltiplos de x. (D) No ano em questão, janeiro e dezembro foram os
únicos meses em que a arrecadação de receitas foi ultra-
passada por gastos com despesas.
(E) A menor arrecadação mensal de receitas e o menor
gasto mensal com despesas foram verificados, respecti-
vamente, no primeiro e no segundo semestre do ano de
2015.

Analisando o gráfico, é correto afirmar que a medida


do ângulo interno correspondente ao setor circular que re-
presenta o conceito BOM é igual a
(A) 144º.
(B) 135º.
(C) 126º
(D) 117º
(E) 108º.

40
MATEMÁTICA

06. (BRDE – Assistente Administrativo – FUNDA- 07. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015) A
TEC/2015) Assinale a alternativa que representa a no- distribuição de salários de uma empresa com 30 funcioná-
menclatura dos três gráficos abaixo, respectivamente. rios é dada na tabela seguinte.

Salário (em salários mínimos) Funcionários


1,8 10
2,5 8
3,0 5
5,0 4
8,0 2
15,0 1

Pode-se concluir que


(A) o total da folha de pagamentos é de 35,3 salários.
(B) 60% dos trabalhadores ganham mais ou igual a 3
salários.
(C) 10% dos trabalhadores ganham mais de 10 salários.
(D) 20% dos trabalhadores detêm mais de 40% da ren-
da total.
(E) 60% dos trabalhadores detêm menos de 30% da
renda total.

08. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015)


Considere a tabela de distribuição de frequência seguinte,
em que xi é a variável estudada e fi é a frequência absoluta
dos dados.

xi fi
30-35 4
35-40 12
40-45 10
45-50 8
50-55 6
TOTAL 40
Assinale a alternativa em que o histograma é o que
melhor representa a distribuição de frequência da tabela.

(A)
(A) Gráfico de Setores – Gráfico de Barras – Gráfico de
Linha.
(B) Gráfico de Pareto – Gráfico de Pizza – Gráfico de
Tendência.
(C) Gráfico de Barras – Gráfico de Setores – Gráfico de (B)
Linha.
(D) Gráfico de Linhas – Gráfico de Pizza – Gráfico de
Barras.
(E) Gráfico de Tendência – Gráfico de Setores – Gráfico
de Linha.

(C)

41
MATEMÁTICA

10. (DEPEN – Agente Penitenciário Federal – CES-


PE/2015)

(D)

(E)

09. (DEPEN – Agente Penitenciário Federal – CES-


PE/2015)
A partir das informações e do gráfico apresentados,
julgue o item que se segue.
Se os percentuais forem representados por barras ver-
ticais, conforme o gráfico a seguir, então o resultado será
denominado histograma.

Ministério da Justiça — Departamento Penitenciário


Nacional
— Sistema Integrado de Informações Penitenciárias –
InfoPen,
Relatório Estatístico Sintético do Sistema Prisional Bra-
sileiro,
dez./2013 Internet:<www.justica.gov.br> (com adap-
tações) ( ) Certo ( ) Errado

A tabela mostrada apresenta a quantidade de deten- RESPOSTAS


tos no sistema penitenciário brasileiro por região em 2013.
Nesse ano, o déficit relativo de vagas — que se define pela 01. Resposta: E.
razão entre o déficit de vagas no sistema penitenciário e 13,7/7,2=1,90
a quantidade de detentos no sistema penitenciário — re- Houve um aumento de 90%.
gistrado em todo o Brasil foi superior a 38,7%, e, na média
nacional, havia 277,5 detentos por 100 mil habitantes. 02. Resposta:D
Com base nessas informações e na tabela apresentada, 81+27=108
julgue o item a seguir. 108 ônibus somam 60%(100-35-5)
Em 2013, mais de 55% da população carcerária no Bra- 108-----60
sil se encontrava na região Sudeste. x--------100
x=10800/60=180
( )certo ( ) errado
03. Resposta: C.

42
MATEMÁTICA

04. Resposta: A.
ESTATÍSTICA DESCRITIVA, AMOSTRAGEM,
X+0,5x+4x+3x+1,5x=360 TESTE DE HIPÓTESES E ANÁLISE DE
10x=360
REGRESSÃO
X=36
Como o conceito bom corresponde a 4x: 4x36=144°

05. Resposta: B.
Analisando o primeiro quadrimestre, observamos que os Teste de Hipóteses
dois primeiros meses de receita diminuem e os dois meses Definição: Processo que usa estatísticas amostrais para
seguintes aumentam, o mesmo acontece com a despesa. testar a afirmação sobre o valor de um parâmetro popula-
cional.

Para testar um parâmetro populacional, você deve afir-


mar cuidadosamente um par de hipóteses – uma que re-
presente a afirmação e outra, seu complemento. Quando
uma é falsa, a outra é verdadeira.
Uma hipótese nula H0 é uma hipótese estatística que
contém uma afirmação de igualdade, tal como ≤, =, ≥
A hipótese alternativa Ha é o complemento da hipó-
tese nula. Se H0 for falsa, Ha deve ser verdadeira, e contém
afirmação de desigualdade, como <, ≠, >.

Vamos ver como montar essas hipóteses


Um caso bem simples.

06. Resposta: C.
Como foi visto na teoria, gráfico de barras, de setores
ou pizza e de linha
Assim, fica fácil, se H0 for falsa, Ha é verdadeira
07. Resposta: D. Há uma regrinha para formular essas hipóteses
(A) 1,8x10+2,5x8+3,0x5+5,0x4+8,0x2+15,0x1=104 sa-
lários
(B) 60% de 30=18 funcionários e se juntarmos quem Formulação verbal Formulação Formulação
ganha mais de 3 salários (5+4+2+1=12) H0 Matemática verbal Ha
(C)10% de 30=0,1x30=3 funcionários
E apenas 1 pessoa ganha A média é A média é
(D) 40% de 104=0,4x104= 41,6 ...maior ou igual ...menor que k
20% de 30=0,2x30=6 a k.
5x3+8x2+15x1=46, que já é maior. ... abaixo de k
(E) 60% de 30=0,6x30=18 ....pelo menos k.
30% de 104=0,3x104=31,20da renda: 31,20
...menos que k.
...não menos que k.
08. Resposta: A.
Colocando em ordem crescente: 30-35, 50-55, 45-50, ...menor ou igual ..maior que k
40-45, 35-40, a k.
... acima de k
09. Resposta: CERTA. ....no máximo k.
555----100% ...mais do que
x----55% ...não mais que k. k.
x=305,25
Está correta, pois a região sudeste tem 306 pessoas. ... igual a k. ... não igual
a k.
10. Resposta: ERRADO. .... k.
Como foi visto na teoria, há uma faixa de valores no .... diferente
eixo x e não simplesmente um dado. ...exatamente k. de k.

...não k.
Referências
http://www.galileu.esalq.usp.br

43
MATEMÁTICA

Exemplo: Um fabricante de torneiras anuncia que o 58 2


índice médio de fluxo de água de certo tipo de torneira é
menor que 2,5 galões por minuto. 60 2
Total 20

Distribuição de frequência com intervalos de classe:


Quando o tamanho da amostra é elevado é mais racional
Referências efetuar o agrupamento dos valores em vários intervalos de
Larson, Ron. Estatística Aplicada. 4ed – São Paulo: Pear- classe.
son Prentice Hall, 2010.

Frequências Classes Frequências


A primeira fase de um estudo estatístico consiste em 41 |------- 45 7
recolher, contar e classificar os dados pesquisados sobre
uma população estatística ou sobre uma amostra dessa 45 |------- 49 3
população. 49 |------- 53 4

Frequência Absoluta 53 |------- 57 1


É o número de vezes que a variável estatística assume 57 |------- 61 5
um valor. Total 20
Frequência Relativa
Média aritmética
É o quociente entre a frequência absoluta e o número
Média aritmética de um conjunto de números é o valor
de elementos da amostra.
que se obtém dividindo a soma dos elementos pelo núme-
Na tabela a seguir, temos exemplo dos dois tipos:
ro de elementos do conjunto.
Representemos a média aritmética por .
A média pode ser calculada apenas se a variável envol-
vida na pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular a
média aritmética para variáveis quantitativas.
Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre
diferentes grupos, se for possível calcular a média, ficará
mais fácil estabelecer uma comparação entre esses grupos
e perceber tendências.
Considerando uma equipe de basquete, a soma das al-
turas dos jogadores é:
Distribuição de frequência sem intervalos de classe:
É a simples condensação dos dados conforme as repeti-
ções de seu valores. Para um ROL de tamanho razoável
esta distribuição de frequência é inconveniente, já que exi- Se dividirmos esse valor pelo número total de jogado-
ge muito espaço. Veja exemplo abaixo: res, obteremos a média aritmética das alturas:

Dados Frequência
41 3
42 2 A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m.

43 1 Média Ponderada
44 1 A média dos elementos do conjunto numérico A relati-
va à adição e na qual cada elemento tem um “determinado
45 1
peso” é chamada média aritmética ponderada.
46 2
50 2
51 1
52 1 Mediana (Md)
Sejam os valores escritos em rol:
54 1
57 1

44
MATEMÁTICA

1. Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo tal Seja o conjunto de números , tal que é
que o número de termos da sequência que precedem é
igual ao número de termos que o sucedem, isto é, é termo sua média aritmética. Chama-se variância desse conjunto,
médio da sequência ( ) em rol.
e indica-se por , o número:
2. Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido
pela média aritmética entre os termos e , tais que o
Isto é:
número de termos que precedem é igual ao número de
termos que sucedem , isto é, a mediana é a média arit-
mética entre os termos centrais da sequência ( ) em rol.
E para amostra
Exemplo 1:
Determinar a mediana do conjunto de dados:
{12, 3, 7, 10, 21, 18, 23}

Solução:
Exemplo 1:
Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se: (3,
Em oito jogos, o jogador A, de bola ao cesto, apresen-
7, 10, 12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio desse rol.
tou o seguinte desempenho, descrito na tabela abaixo:
Logo: Md=12
Resposta: Md=12.
Jogo Número de pontos
Exemplo 2: 1 22
Determinar a mediana do conjunto de dados:
{10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}. 2 18
3 13
Solução:
Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se: 4 24
(3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmé- 5 26
tica entre os dois termos centrais do rol.
6 20
Logo: 7 19
8 18
Resposta: Md=15
a) Qual a média de pontos por jogo?
Moda (Mo) b) Qual a variância do conjunto de pontos?
Num conjunto de números: , chama-se
moda aquele valor que ocorre com maior frequência.
Solução:
a) A média de pontos por jogo é:
Observação:
A moda pode não existir e, se existir, pode não ser única.

Exemplo 1:
O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda igual
a 8, isto é, Mo=8.

Exemplo 2: b) A variância é:
O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.

Medidas de dispersão
Duas distribuições de frequência com medidas de ten-
dência central semelhantes podem apresentar característi-
cas diversas. Necessita-se de outros índices numéricas que
informem sobre o grau de dispersão ou variação dos dados Desvio médio
em torno da média ou de qualquer outro valor de concen- Definição
tração. Esses índices são chamados medidas de dispersão. Medida da dispersão dos dados em relação à média de
uma sequência. Esta medida representa a média das dis-
Variância tâncias entre cada elemento da amostra e seu valor médio.
Há um índice que mede a “dispersão” dos elementos de
um conjunto de números em relação à sua média aritmética,
e que é chamado de variância. Esse índice é assim definido:

45
MATEMÁTICA

Desvio padrão Número de Número de candidatos


Definição acertos
Seja o conjunto de números , tal que é
sua média aritmética. Chama-se desvio padrão desse con- 5 204
junto, e indica-se por , o número: 4 132
3 96
2 78
1 66
Isto é: 0 24

A média de acertos por prova foi de


(A) 3,57.
(B) 3,43
(C) 3,32.
Exemplo: (D) 3,25.
As estaturas dos jogadores de uma equipe de basque- (E) 3,19.
tebol são: 2,00 m; 1,95 m; 2,10 m; 1,90 m e 2,05 m. Calcular:
a) A estatura média desses jogadores. 03. (PREF. GUARULHOS/SP – Assistente de Gestão
b) O desvio padrão desse conjunto de estaturas. Escolar – VUNESP/2016) Certa escola tem 15 classes no
período matutino e 10 classes no período vespertino. O
Solução: número médio de alunos por classe no período matutino
é 20, e, no período vespertino, é 25. Considerando os dois
Sendo a estatura média, temos: períodos citados, a média aritmética do número de alunos
por classe é
(A) 24,5.
(B) 23.
Sendo o desvio padrão, tem-se: (C) 22,5.
(D) 22.
(E) 21.

04. (SEGEP/MA – Técnico da Receita Estadual –


FCC/2016) Para responder à questão, considere as infor-
QUESTÕES mações abaixo.
Três funcionários do Serviço de Atendimento ao Clien-
01. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VU- te de uma loja foram avaliados pelos clientes que atribuí-
NESP/2017) Uma empresa tem 120 funcionários no total: ram uma nota (1; 2; 3; 4; 5) para o atendimento recebido. A
70 possuem curso superior e 50 não possuem curso supe- tabela mostra as notas recebidas por esses funcionários em
rior. Sabe-se que a média salarial de toda a empresa é de um determinado dia.
R$ 5.000,00, e que a média salarial somente dos funcioná-
rios que possuem curso superior é de R$ 6.000,00. Desse
modo, é correto afirmar que a média salarial dos funcioná-
rios dessa empresa que não possuem curso superior é de
(A) R$ 4.000,00.
(B) R$ 3.900,00.
(C) R$ 3.800,00.
(D) R$ 3.700,00. Considerando a avaliação média individual de cada
(E) R$ 3.600,00. funcionário nesse dia, a diferença entre as médias mais
próximas é igual a
02. (TJM/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU- (A) 0,32.
NESP/2017) Leia o enunciado a seguir para responder a (B) 0,21.
questão. (C) 0,35.
A tabela apresenta o número de acertos dos 600 candi- (D) 0,18.
datos que realizaram a prova da segunda fase de um con- (E) 0,24.
curso, que continha 5 questões de múltipla escolha

46
MATEMÁTICA

05. (UFES – Assistente em Administração – 07. (COSANPA - Químico – FADESP/2017) Algumas


UFES/2017) Considere n números x1, x2, … , xn, em que x1 ≤ Determinações do teor de sódio em água (em mg L-1) fo-
x2 ≤ ⋯ ≤ xn . A mediana desses números é igual a x(n + 1)/2, ram executadas (em triplicata) paralelamente por quatro
se n for ímpar, e é igual à média aritmética de xn ⁄ 2 e x(n + laboratórios e os resultados são mostrados na tabela abai-
2)/2, se n for par. Uma prova composta por 5 questões foi xo.
aplicada a uma turma de 24 alunos. A tabela seguinte rela-
ciona o número de acertos obtidos na prova com o número Replicatas Laboratório
de alunos que obtiveram esse número de acertos.
1 2 3 4
Número de acertos Número de 1 30,3 30,9 30,3 30,5
alunos 2 30,4 30,8 30,7 30,4
0 4 3 30,0 30,6 30,4 30,7
1 5 Média 30,20 30,77 30,47 30,53
2 4 Desvio 0,20 0,15 0,21 0,15
3 3 Padrão
4 5
Utilize essa tabela para responder à questão.
5 3 O laboratório que apresenta o maior erro padrão é o
de número
A penúltima linha da tabela acima, por exemplo, indica (A) 1.
que 5 alunos tiveram, cada um, um total de 4 acertos na (B) 2.
prova. A mediana dos números de acertos é igual a (C) 3.
(D) 4.
(A) 1,5
(B) 2 08. (ANAC – Analista Administrativo- ESAF/2016)
(C) 2,5 Os valores a seguir representam uma amostra
(D) 3
(E) 3,5 331546248

06. (UFAL – Auxiliar de Biblioteca – COPEVE/2016) Então, a variância dessa amostra é igual a
A tabela apresenta o número de empréstimos de livros de (A) 4,0
uma biblioteca setorial de um Instituto Federal, no primeiro (B) 2,5.
semestre de 2016. (C) 4,5.
(D) 5,5
Mës Empréstimos (E) 3,0

Janeiro 15 09. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VU-


Fevereiro 25 NESP/2016) A média de salários dos 13 funcionários de
uma empresa é de R$ 1.998,00. Dois novos funcionários
Março 22 foram contratados, um com o salário 10% maior que o do
Abril 30 outro, e a média salarial dos 15 funcionários passou a ser
Maio 28 R$ 2.013,00. O menor salário, dentre esses dois novos fun-
cionários, é igual a
Junho 15 (A)) R$ 2.002,00.
(B) R$ 2.006,00.
Dadas as afirmativas, (C) R$ 2.010,00.
I. A biblioteca emprestou, em média, 22,5 livros por (D) R$ 2.004,00.
mês. (E) R$ 2.008,00.
II. A mediana da série de valores é igual a 26.
III. A moda da série de valores é igual a 15. 10. (PREF. DE NITERÓI – Agente Fazendário –
FGV/2015) Os 12 funcionários de uma repartição da pre-
Verifica-se que está(ão) correta(s) feitura foram submetidos a um teste de avaliação de co-
(A) II, apenas. nhecimentos de computação e a pontuação deles, em uma
(B) III, apenas. escala de 0 a 100, está no quadro abaixo.
(C) I e II, apenas.
(D) I e III, apenas. 50 55 55 55 55 60
(E) I, II e III. 62 63 65 90 90 100

47
MATEMÁTICA

O número de funcionários com pontuação acima da 05.Resposta: B.


média é: Como 24 é um número par, devemos fazer a segunda
(A) 3; regra:
(B) 4;
(C) 5;
(D) 6;
(E) 7.

06. Resposta: D.
RESPOSTAS

01. Resposta: E. Mediana


S=cursam superior Vamos colocar os números em ordem crescente
M=não tem curso superior

15,15,22,25,28,30

S+M=600000 Moda é o número que mais aparece, no caso o 15.

07. Resposta: C.
Como o desvio padrão é maior no 3, o erro padrão é
S=420000 proporcional, portanto também é maior em 3.
M=600000-420000=180000
08. Resposta: C.

02. Resposta:B.

03. Resposta: D.

09. Resposta: C.
M=300 Vamos chamar de x a soma dos salários dos 13 funcio-
nários
x/13=1998
X=13.1998
V=250 X=25974
Vamos chamar de y o funcionário contratado com me-
nor valor e, portanto, 1,1y o com 10% de salário maior, pois
ele ganha y+10% de y
Y+0,1y=1,1y
04. Resposta: B. (x+y+1,1y)/15=2013
25974+2,1y=15∙2013
2,1y=30195-25974
2,1y=4221
Y=2010

10. Resposta: A.

3,36-3,15=0,21 M=66,67
Apenas 3 funcionários estão acima da média.

48
MATEMÁTICA

Ângulo Reto:

GEOMETRIA - É o ângulo cuja medida é 90º;


- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendi-
culares.

Ângulos

Denominamos ângulo a região do plano limitada por


duas semirretas de mesma origem. As semirretas recebem
o nome de lados do ângulo e a origem delas, de vértice do
ângulo.

Triângulo

Elementos

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que
liga um vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do Um triângulo tem três medianas.
que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo in-


tercepta o lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da


Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do bissetriz de um ângulo do triângulo que liga um vértice a
que 90º. um ponto do lado oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.

Ângulo Raso:

- É o ângulo cuja medida é 180º;


- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.
Altura de um triângulo é o segmento que liga um vér-
tice a um ponto da reta suporte do lado oposto e é perpen-
dicular a esse lado.

Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

49
MATEMÁTICA

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpen-


dicular a esse segmento pelo seu ponto médio.

Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Triângulo equilátero: três lados iguais.

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo:tem os três ângulos agudos


Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do
triângulo que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.

Triângulo retângulo:tem um ângulo reto

Classificação

Quanto aos lados

Triângulo escaleno:três lados desiguais.

Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso

50
MATEMÁTICA

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base


maior, b é a medida da base menor e h é medida da altura.
2- Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da
base e h é a medida da altura.
3- Retângulo: A = b.h

4- Losango: , onde D é a medida da diagonal


maior e d é a medida da diagonal menor.
Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos 5- Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é me-
nor que a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao Polígono
maior ângulo opõe-se o maior lado, e vice-versa. Chama-se polígono a união de segmentos que são
chamados lados do polígono, enquanto os pontos são cha-
QUADRILÁTEROS mados vértices do polígono.

Quadrilátero é todo polígono com as seguintes pro-


priedades:

- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

Diagonal de um polígono é um segmento cujas extre-


midades são vértices não-consecutivos desse polígono.

- é paralelo a

- Losango: 4 lados congruentes


- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Número de Diagonais

- Observações:

- No retângulo e no quadrado as diagonais são


congruentes (iguais)
- No losango e no quadrado as diagonais são per-
pendiculares entre si (formam ângulo de 90°) e são bisse-
trizes dos ângulos internos (dividem os ângulos ao meio).

51
MATEMÁTICA

Ângulos Internos Semelhança de Triângulos


A soma das medidas dos ângulos internos de um polí- Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os
gono convexo de n lados é (n-2).180 seus ângulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas
Unindo um dos vértices aos outros n-3, conveniente- medidas, e os lados correspondentes forem proporcionais.
mente escolhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das
medidas dos ângulos internos do polígono é igual à soma Casos de Semelhança
das medidas dos ângulos internos dos n-2 triângulos. 1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vérti-
ces correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

Ângulos Externos

2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes
proporcionais e os ângulos compreendidos entre eles con-
gruentes, então esses dois triângulos são semelhantes.

A soma dos ângulos externos=360°

Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, en-
tão a razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal
é igual à razão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que
são válidas as seguintes proporções:

3º Caso: LLL(lado-lado-lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes pro-
porcionais, então esses dois triângulos são semelhantes.
Exemplo

52
MATEMÁTICA

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²
Considerando o triângulo retângulo ABC.

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado


triangulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:
Temos:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipo-
tenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes en-
tre os diversos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da


Fórmulas Trigonométricas hipotenusa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cos-
seno de um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.
2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipo-
tenusa pela altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das pro-


jeções dos catetos sobre a hipotenusa.

53
MATEMÁTICA

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos QUESTÕES


quadrados dos catetos (Teorema de Pitágoras).
01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciá-
rios- VUNESP/2017) Um terreno retangular ABCD, com 40
m de largura por 60 m de comprimento, foi dividido em
Posições Relativas de Duas Retas três lotes, conforme mostra a figura.
Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo
plano. Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem
também não estar no mesmo plano. Nesse caso, são deno-
minadas retas reversas.

Retas Coplanares
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum

-Duas retas concorrentes podem ser: Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é
864 m², o perímetro do lote 2 é
1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.
(A) 100 m.
(B) 108 m.
2. Oblíquas:r e s não são perpendiculares. (C) 112 m.
(D) 116 m.
(E) 120 m.

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)


Considere um triângulo retângulo de catetos medindo
3m e 5m. Um segundo triângulo retângulo, semelhante
ao primeiro, cuja área é o dobro da área do primeiro, terá
como medidas dos catetos, em metros:
b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são (A) 3 e 10.
coincidentes. (B) 3√2 e 5√2 .
(C) 3√2 e 10√2 .
(D) 5 e 6.
(E) 6 e 10.

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, encontra-se representada uma cinta esticada
passando em torno de três discos de mesmo diâmetro e
tangentes entre si.

54
MATEMÁTICA

Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o 06. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária
comprimento da cinta acima representada é - MSCONCURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a
(A) 8/3 π + 8 . seguir, de vértices A, B e C, representa uma praça de uma
(B) 8/3 π + 24. cidade. Qual é a área dessa praça?
(C) 8π + 8 .
(D) 8π + 24.
(E) 16π + 24.

04. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H
são pontos médios dos lados do quadrado ABCD e são os
centros de quatro círculos tangentes entre si.
(A) 120 m²
(B) 90 m²
(C) 60 m²
(D) 30 m²

07. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) A figura, com dimensões indicadas em centíme-
tros, mostra um painel informativo ABCD, de formato retan-
gular, no qual se destaca a região retangular R, onde x > y.

A área da região sombreada, da figura acima apresen-


tada, é
(A) 100 - 5π .
(B) 100 - 10π .
(C) 100 - 15π .
(D) 100 - 20π .
(E) 100 - 25π .
Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados
05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) No correspondentes do retângulo ABCD e da região R é igual
cubo de aresta 10, da figura abaixo, encontra-se represen- a 5/2 , é correto afirmar que as medidas, em centímetros,
tado um plano passando pelos vértices B e C e pelos pon- dos lados da região R, indicadas por x e y na figura, são,
tos P e Q, pontos médios, respectivamente, das arestas EF respectivamente,
e HG, gerando o quadrilátero BCQP.
(A) 80 e 64.
(B) 80 e 62.
(C) 62 e 80.
(D) 60 e 80.
(E) 60 e 78.

08. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) O piso de um salão retangular, de 6 m de
comprimento, foi totalmente coberto por 108 placas qua-
dradas de porcelanato, todas inteiras. Sabe-se que quatro
placas desse porcelanato cobrem exatamente 1 m2 de
A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é piso. Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro
desse piso é, em metros, igual a
(A) 25√5. (A) 20.
(B) 50√2. (B) 21.
(C) 50√5. (C) 24.
(D) 100√2 . (D) 27.
(E) 100√5. (E) 30.

55
MATEMÁTICA

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi- 12. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária –
sor – FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular MSCONCURSOS/2017) Fábio precisa comprar arame para
resolveu cercá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de ma- cercar um terreno no formato a seguir, retângulo em B e C.
deira. Colocou uma estaca em cada um dos quatro cantos Considerando que ele dará duas voltas com o arame no ter-
do terreno e as demais igualmente espaçadas, de 3 em 3 reno e que não terá perdas, quantos metros ele irá gastar?
metros, ao longo dos quatro lados do terreno. (considere √3 =1,7; sen30º=0,5; cos30º=0,85; tg30º=0,57).
O número de estacas em cada um dos lados maiores
do terreno, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do nú-
mero de estacas em cada um dos lados menores, também
incluindo os dois dos cantos.
A área do terreno em metros quadrados é:
(A) 240;
(B) 256;
(C) 324; (A) 64,2 m
(D) 330; (B) 46,2 m
(E) 372. (C) 92,4 m
(D) 128,4 m
10. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário- VU-
NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão in-
dicadas em metros, mostra as regiões R1 e R2 , ambas com
formato de triângulos retângulos, situadas em uma praça
e destinadas a atividades de recreação infantil para faixas
etárias distintas.

Respostas

01. Resposta: D.

Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é, em


metros, igual a

(A) 54.
(B) 48.
(C) 36.
(D) 40.
(E) 42.

11. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária –


MSCONCURSOS/2017)

Seja a expressão definida em


0< x < π/2 . Ao simplificá-la, obteremos:

(A) 1
(B) sen²x
(C) cos²x
(D) 0

96h=1728
H=18

56
MATEMÁTICA

Como I é um triângulo: O ladao AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o


60-36=24 ponto Médio
X²=24²+18² X²=5²+5²
X²=576+324 X²=25+25
X²=900 X²=50
X=30 X=5√2
Como h=18 e AD é 40, EG=22 X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos,
temos 2 círculos inteiros.
Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116
A área de um círculo é
02. Resposta: B.

A sombreada=100-25π

05. Resposta: C.
CQ é hipotenusa do triângulo GQC.
01. CQ²=10²+5²
CQ²=100+25
CQ²=125
CQ=5√5
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC
A=5√5⋅10=50√5
Lado=3√2
Outro lado =5√2 06. Resposta: C
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x.
03. Resposta: D.
17²=x²+8²
Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente 289=x²+64
a mesma medida da parte reta da cinta. X²=225
Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado X=15
esticado tem 8x3=24 m
A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo, 07. Resposta: A.
como são três partes, é a mesma medida de um círculo.
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π
Portanto, a cinta tem 8π+24
5y=320
04. Resposta: E.
Y=64
Como o quadrado tem lado 10,a área é 100.

5x=400
X=80

08. Resposta: B.
108/4=27m²
6x=27
X=27/6

O perímetro seria

57
MATEMÁTICA

09. Resposta: C.
Número de estacas: x
X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contan-
do duas vezes o canto
6x=30
X=5 X=6
Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas
a cada 3m
4 espaços de 3m=12m
Lado maior 10 estacas
9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m²
Y=10,2
10. Resposta: B. 2 voltas=2(12+18+10,2+6+18)=128,4m

Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de
centro O contido num deles, e uma reta s concorrente com
os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião
9x=108 de todos os segmentos paralelos a s, com extremidades no
X=12 círculo e no outro plano.

Para encontrar o perímetro do triângulo R2:

Classificação
Y²=16²+12² Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando
Y²=256+144=400 as geratrizes são perpendiculares às bases.
Y=20 Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é
equilátero.
Perímetro: 16+12+20=48 Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.

11. Resposta: C.

1-cos²x=sen²x

12. Resposta: D. Área


Área da base: Sb=πr²

58
MATEMÁTICA

Volume Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao nú-
mero de lados da base.

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α,
um ponto V que não pertence ao plano.
A figura geométrica formada pela reunião de todos os
segmentos de reta que tem uma extremidade no ponto V
e a outra num ponto do círculo denomina-se cone circular.

Área e Volume
Área lateral:
Onde n= quantidade de lados

Classificação Prismas
-Reto:eixo VO perpendicular à base; Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R
Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângu- contido em α e uma reta r concorrente aos dois.
lo em torno de um de seus catetos. Por isso o cone reto é
também chamado de cone de revolução.
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é
denominado cone equilátero.

Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião


de todos os segmentos paralelos a r, com extremidades no
polígono R e no plano β.

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Área
Área lateral:
Área da base:
Área total:

Volume

59
MATEMÁTICA

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces con-


gruentes e paralelas cujas outras faces são paralelogramos
obtidos ligando-se os vértices correspondentes das duas
faces paralelas.

Classificação

Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares


às bases
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces


quadradas.

Classificação pelo polígono da base Prisma Regular


Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regu-
lares, o prisma é dito regular.
As faces laterais são retângulos congruentes e as bases
são congruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...)

Área
Área cubo:
Área paralelepípedo:
A área de um prisma:
-Triangular Onde: St=área total
Sb=área da base
Sl=área lateral, soma-se todas as áreas das faces late-
-Quadrangular rais.

Volume
Paralelepípedo:V=a.b.c
Cubo:V=a³
Demais:

QUESTÕES

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Um


cilindro reto de altura h tem volume V. Para que um cone
reto com base igual a desse cilindro tenha volume V, sua
E assim por diante... altura deve ser igual a
(A) 1/3h.
Paralelepípedos (B) 1/2h.
Os prismas cujas bases são paralelogramos denomi- (C) 2/3h.
nam-se paralelepípedos. (D) 2h.
(E) 3h.

60
MATEMÁTICA

02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária – 05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE-
MSCONCURSOS/2017) Qual é o volume de uma lata de GO/2017) Frederico comprou um aquário em formato de
óleo perfeitamente cilíndrica, cujo diâmetro é 8 cm e a al- paralelepípedo, contendo as seguintes dimensões:
tura é 20 cm? (use π=3)
(A) 3,84 l
(B) 96 ml
(C) 384 ml
(D) 960 ml

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-


NESP/2017) Inicialmente, um reservatório com formato
de paralelepípedo reto retângulo deveria ter as medidas
indicadas na figura. Estando o referido aquário completamente cheio, a sua
capacidade em litros é de:
(A) 0,06 litros.
(B) 0,6 litros.
(C) 6 litros.
(D) 0,08 litros.
(E) 0,8 litros.

06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos de
madeira A, B e C, sendo A e B de formato cúbico e C com
formato de paralelepípedo reto retângulo, cujos respecti-
vos volumes, em cm³, são representados por VA, VB e VC.

Em uma revisão do projeto, foi necessário aumentar


em 1 m a medida da largura, indicada por x na figura, man-
tendo-se inalteradas as demais medidas. Desse modo, o
volume inicialmente previsto para esse reservatório foi au-
mentado em
(A) 1 m³ .
(B) 3 m³ .
(C) 4 m³ .
(D) 5 m³ .
(E) 6 m³ .
Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do
04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU- bloco C, indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a
NESP/2017) A figura mostra cubinhos de madeira, todos (A) 15,5.
de mesmo volume, posicionados em uma caixa com a for- (B) 11.
ma de paralelepípedo reto retângulo. (C) 12,5.
(D) 14.
(E) 16

07. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017)


Um recipiente na forma de um prisma reto de base quadra-
da, com dimensões internas de 10 cm de aresta da base e
25 cm de altura, está com 20% de seu volume total preen-
chido com água, conforme mostra a figura. (Figura fora de
escala)

Se cada cubinho tem aresta igual a 5 cm, então o volu-


me interno dessa caixa é, em cm³ , igual a
(A) 3000.
(B) 4500.
(C) 6000.
(D) 7500.
(E) 9000.

61
MATEMÁTICA

Para completar o volume total desse recipiente, serão 10. (PREF. DE ITAPEMA/SC – Técnico Contábil – MS-
despejados dentro dele vários copos de água, com 200 mL CONCURSOS/2016) O volume de um cone circular reto,
cada um. O número de copos totalmente cheios necessá- cuja altura é 39 cm, é 30% maior do que o volume de um
rios para completar o volume total do prisma será: cilindro circular reto. Sabendo que o raio da base do cone
(A) 8 copos é o triplo do raio da base do cilindro, a altura do cilindro é:
(B) 9 copos (A) 9 cm
(C) 10 copos (B) 30 cm
(D) 12 copos (C) 60 cm
(E) 15 copos (D) 90 cm

08. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSU- Respostas


FG/2017) figura a seguir representa um cubo de aresta a.
01. Resposta:

Volume cilindro=πr²h

Para que seja igual a V, a altura tem que ser igual a 3h

Considerando a pirâmide de base triangular cujos vér-


tices são os pontos B, C, D e G do cubo, o seu volume é
dado por
(A) a³/6 02. Resposta: D
(B) a³/3 V= πr²h
(C) a³/3√3 V=3⋅4²⋅20=960 cm³=960 ml
(D) a³/6√6
03. Resposta:E.
09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VU- V=2⋅3⋅x=6x
NESP/2017) De um reservatório com formato de parale- Aumentando 1 na largura
lepípedo reto retângulo, totalmente cheio, foram retirados V=2⋅3⋅(x+1)=6x+6
3 m³ de água. Após a retirada, o nível da água restante no Portanto, o volume aumentou em 6.
reservatório ficou com altura igual a 1 m, conforme mostra
a figura. 04. Resposta:E.
São 6 cubos no comprimento: 6⋅5=30
São 4 cubos na largura: 4⋅5=20
3 cubos na altura: 3⋅5=15
V=30⋅20⋅15=9000

05. Resposta: C.
V=20⋅15⋅20=6000cm³=6000ml==6 litros

06. Resposta:C.
VA=125cm³

Desse modo, é correto afirmar que a medida da altura VB=1000cm³


total do reservatório, indicada por h na figura, é, em me-
tros, igual a
(A) 1,8.
(B) 1,75.
(C) 1,7.
(D) 1,65.
(E) 1,6.
180h=2250
H=12,5

62
MATEMÁTICA

07. Resposta: C. Representação da matriz


V=10⋅10⋅25=2500 cm³ Forma explicita (ou forma de tabela)
2500⋅0,2=500cm³ preenchidos. A matriz A é representada indicando-se cada um de seus
Para terminar de completar o volume: elementos por uma letra minúscula acompanhada de dois
2500-500=2000 cm³ índices: o primeiro indica a linha a que pertence o elemen-
2000/200=10 copos to: o segundo indica a coluna a que pertence o elemento,
isto é, o elemento da linha i e da coluna j é indicado por ij.
08. Resposta: A. Assim, a matriz A2 x 3 é representada por:
A base é um triângulo de base a e altura a

Forma abreviada
A matriz A é dada por (aij)m x n e por uma lei que fornece
aij em função de i e j.
A=(aij)2 x 2, onde aij=2i+j

09. Resposta: E.
V=2,5⋅2⋅1=5m³
Como foi retirado 3m³
5+3=2,5⋅2⋅h
8=5h
H=1,6m

10. Resposta: D. Portanto,


Cone
Tipos de Matriz

Matriz linha

Chama-se matriz linha a toda matriz que possui uma


Cilindro única linha.
V=Ab⋅h Assim, [2 3 7] é uma matriz do tipo 1 x 3.
V=πr²h
Como o volume do cone é 30% maior: Matriz coluna
117πr²=1,3 πr²h
H=117/1,3=90 Chama-se matriz coluna a toda matriz que possui uma
única coluna.

Assim, é uma matriz coluna do tipo 2 x 1.


MATRIZ, DETERMINANTES E SISTEMAS
LINEARES Matriz quadrada

Chama-se matriz quadrada a toda matriz que possui


número de linhas igual ao número de colunas. Uma matriz
Matriz quadrada A do tipo n x n é dita matriz quadrada de ordem
Chama-se matriz do tipo m x n, m ∈N* e n∈N*, a toda n e indica-se por An. Exemplo:
tabela de m.n elementos dispostos em m linhas e n colunas.
Indica-se a matriz por uma letra maiúscula e colocar seus
elementos entre parênteses ou entre colchetes como, por
exemplo, a matriz A de ordem 2x3.

Diagonais
Diagonal principal é a sequência tais que i=j, ou seja,
(a11, a22, a33,..)
Diagonal secundária é a sequência dos elementos tais
que i+j=n+1, ou seja, (a1n, a2 n-1,...)

63
MATEMÁTICA

portanto

Propriedades da adição
Comutativa: A + B = B + A
Matriz diagonal Associativa: (A + B) + C = A + (B + C)
Elemento neutro: A + O = O + A = A
Uma matriz quadrada de ordem n(n>1) é chamada de Elemento Oposto: A + (-A) = (-A) + A = O
matriz diagonal se, e somente se, todos os elementos que Transposta da soma: (A + B)t = At + Bt
não pertencem à diagonal principal são iguais a zero.
Subtração de matrizes

Sejam A=(aij), B=(bij) e C=(cij), matrizes do mesmo tipo


m x n. Diz-se que C é a diferença A-B, se, e somente se,
C=A+(-B).
Matriz identidade

Uma matriz quadrada de ordem n(n>1) é chamada de


matriz identidade se, e somente se, os elementos da diago-
nal principal são iguais a um e os demais são iguais a zero.

Multiplicação de um número por uma matriz


Matriz nula Considere:
É chamada matriz nula se, e somente se, todos os ele-
mentos são iguais a zero.
Multiplicação de matrizes

O produto (linha por coluna) de uma matriz A = (aij)


por uma matriz B = (bij)p x n é uma matriz C = (cij)m x n,
Matriz Transposta mxp
de modo que cada elemento cij é obtido multiplicando-se
ordenadamente os elementos da linha i de A pelos ele-
Dada a matriz A=(aij) do tipo m x n, chama-se matriz mentos da coluna j de B, e somando-se os produtos assim
transposta de A a matriz do tipo n x m. obtidos.
Dada as matrizes:

Adição de Matrizes

Sejam A= (aij), B=(bij) e C=(cij) matrizes do mesmo tipo


m x n. Diz-se que C é a soma de A com B, e indica-se por Matriz Inversa
A+B.
Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Uma matriz B
é chamada inversa de A se, e somente se,
Dada as matrizes:

64
MATEMÁTICA

Exemplo: Regra 2
Determine a matriz inversa de A.

Solução

Seja

detA= a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a32 a21 a13 - a31 a22 a13 -a12
a21 a33 - a32 a23 a11

Sistema de equações lineares


Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto
de m equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.
Temos que x=3; y=2; z=1; t=1

Logo,

Determinante
Dada uma matriz quadrada, chama-se determinante o
número real a ela associado.

Cálculo do determinante Em que:


Determinante de ordem 1

Determinante de ordem 2 Sistema Linear 2 x 2


Dada a matriz
O determinante é dado por: Chamamos de sistema linear 2 x 2 o conjunto de equa-
ções lineares a duas incógnitas, consideradas simultanea-
Determinante de ordem 3 mente.
Regra 1: Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:

a1 x + b1 y = c1

a2 + b2 y = c2

Sistema Linear 3x3

Repete a primeira e a segunda coluna


Sistemas Lineares equivalentes

Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto


solução são ditos equivalentes. Por exemplo:

São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto


solução S={(1,2)}

65
MATEMÁTICA

Denominamos solução do sistema linear toda sequên- Sistema Escalonado


cia ordenada de números reais que verifica, simultanea- Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as
mente, todas as equações do sistema. incógnitas das equações lineares estão escritas em uma
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar mesma ordem e o 1º coeficiente não-nulo de cada equa-
todas as sequências ordenadas de números reais que satis- ção está à direita do 1º coeficiente não-nulo da equação
façam as equações do sistema. anterior.

Matriz Associada a um Sistema Linear Exemplo


Sistema 2x2 escalonado.
Dado o seguinte sistema:

Sistema 3x3
Matriz incompleta A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a
segunda tem dois e a terceira, apenas um.

Sistema 2x3
Classificação

1. Sistema Possível e Determinado Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento

Podemos transformar qualquer sistema linear em um


outro equivalente pelas seguintes transformações elemen-
tares, realizadas com suas equações:
O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois -trocas as posições de duas equações
-Multiplicar uma das equações por um número real di-
ferente de 0.
-Multiplicar uma equação por um número real e adi-
cionar o resultado a outra equação.
Como não existe outro par que satisfaça simultanea- Exemplo
mente as duas equações, dizemos que esse sistema é SP-
D(Sistema Possível e Determinado), pois possui uma única
solução.
2. Sistema Possível e Indeterminado
Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é
conveniente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação.

esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valo-


res de x e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema
a seguir, x e y podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação
(2,2), (3,1) e etc. Multiplicando a equação por -2:

3. Sistema Impossível

Somando as duas equações:

Não existe um par real que satisfaça simultaneamente


as duas equações. Logo o sistema não tem solução, por-
tanto é impossível.

66
MATEMÁTICA

Sistemas com Número de Equações Igual ao Núme-


ro de Incógnitas Assim, .

Quando o sistema linear apresenta nº de equações Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e
igual ao nº de incógnitas, para discutirmos o sistema, ini-
cialmente calculamos o determinante D da matriz dos coe- considerando a matriz , cujo determinante é
ficientes (incompleta), e:
- Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado. indicado por Dx = ed – bf, obtemos , D ≠ 0.
- Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou
impossível.
QUESTÕES
Para identificarmos se o sistema é possível, indetermi-
nado ou impossível, devemos conseguir um sistema esca- 01. (POLICIA CIENTÍFICA – Perito Criminal –
lonado equivalente pelo método de eliminação de Gauss. IBFC/2017)
Dadas a matriz e a
Exemplos
matriz , assinale a alternativa que apre-
- Discutir, em função de a, o sistema: senta a matriz C que representa a soma da matriz A e B, ou
seja, C = A + B:
x + 3 y = 5

2 x + ay = 1

Resolução

1 3
D= = a−6
2 a

D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6
02. (POLICIA CIENTÍFICA – Perito Criminal –
Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado. IBFC/2017)
Para a ≠ 6, temos:
Dadas a matriz e a matriz ,
x + 3 y = 5
 assinale a alternativa que apresenta a matriz C que repre-
x + 3 y = 5 senta a subtração da matriz A e B, ou seja, C = A - B.
2 x + 6 y = 1 ~
 ← −2 0 x + 0 y = −9

Que é um sistema impossível.


Assim, temos:
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a = 6 → SI (Sistema impossível)

Regra de Cramer

Consideramos os sistema .
03. (POLICIA CIENTÍFICA – Perito Criminal –
Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz in IBFC/2017)

completa desse sistema é , cujo determi- Dada a matriz e a matriz , assi-


nante é indicado por D = ad – bc. nale a alternativa que apresenta a matriz C que representa
o produto da matriz A e B, ou seja, C=A*B.
Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de
y) pela coluna dos coeficientes independentes,

obteremos ,cujo determinante é indicado por


Dy = af – ce.

67
MATEMÁTICA

07. (PREF. DE BIGUAÇU/SC – Professor – UNI-


SUL/2016)
Considere

04. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – Agente Fiscal de Pos-


turas – MSCONCURSOS/2017)
Sejam as matrizes Assinale a alternativa CORRETA:

(A) A + B = 20
. (B) A - 3B2 = -51
(C) √2A + 1- 5 = -2
A matriz A-B é igual a (D) A/B +1 =23
(E) 3A -2B + 9 = 25

08. (PREF. DE TAQUARITUBA/SP – Professor – INS-


TITUTO EXCELÊNCIA/2016)

Dada a matriz

, assinale a alternativa que te-


nha respectivamente os números dos elementos a12, a23,
a33 e a35.
05. (UNITINS – Assistente Administrativo – UNI- (A) 0, 0, 7, 5.
TINS/2016) (B) 0, 7, 7, 5.
Sejam os determinantes das matrizes (C) 6, 7, 0, 0.
(D) Nenhuma das alternativas.

09. (MGS – Serviços Técnicos Contábeis – IBFC/2015)


Sejam as matrizes quadradas de e então o valor ordem
e , então o valor do
O valor de x²-2xy+y² é igual a
(A) 8 determinante da matriz C = A + B é igual a:
(B) 6 (A) -2
(C) 4 (B) 2
(D) 2 (C) 6
(E) 0 (D) -6

06. (PREF. DE ITAPEMA/SC – Técnico Contábil – MS- 10. (PREF. DE SANTO ANDRÉ – Assistente Econômi-
CONCURSOS/2016) Sabendo que o determinante da co Financeiro – IBAM/2015) Considere as seguintes ma-
trizes:

matriz é 10, então o determinante


da

matriz é: Sendo “a” um número real, para que tenhamos A . B =


C, o valor da variável “a” deverá ser:
(A) um número inteiro, ímpar e primo.
(A) -20 (B) um número inteiro, par, maior que 1 e menor que 5
(B) -10 (C) um número racional, par, maior que 5 e menor que
(C) 3 10.
(D) 20 (D) um número natural, impar, maior que 1 e menor
que 5.

68
MATEMÁTICA

11. (BRDE – Analista de Sistemas – FUNDATE/2015) 05. Resposta:C.


A solução do seguinte sistema linear detA=15+10+4x+6+2x-50=-19
6x=0
X=0

é: detB=0+40-y-0-12y+6=72
-13y=26
(A) S={(0,2,-5)} Y=-2
(B) S={(1,4,1)}
(C) S={(4,0,6)} X²-2xy+y²=0²-0+4=4
(D) S={(3/2 ,6, -7/2)}
(E) Sistema sem solução. 06. Resposta: A.
Observe a primeira coluna: foi multiplicado por 2.
12. (BRDE – Assistente Administrativo – FUNDA- Observe a segunda coluna: foi multiplicada por -1
TEC/2015) A solução do sistema linear Portanto, fazemos as mesmas operações com o deter-
minante: 10.2.-1=-20

é: 07. Resposta: B.
Da primeira matriz, para fazer o determinante, basta
(A) S={(4, ¼)} multiplicar os números da diagonal principal:
(B) S={(3, 3/2 )} detA=-1⋅3⋅2⋅-4=24
(C) S={(3/2 ,3 )}
(D) S={(3,− 3/2 )} A matriz B, devemos multiplicar os números da dia-
(E) S={(1,3/2 )} gonal secundária e multiplicar ainda por -1(pois, quando
fazemos determinante, sempre colocamos o menos antes
13. (SEDUC/PI – Professor – Matemática – NUCE- de fazer a diagonal secundária)
PE/2015) O sistema linear detB=-(-1/2⋅1⋅10⋅-1)=-5
Fazendo por alternativa:
A-A+B=20
24-5=20
é possível e indeterminado se: 19=20(F)

(A) m ≠ 2 e n = 2 . (B) A-3B²=-51


(B) m ≠ 1/2 e n = 2 . 24-3⋅(-5)²=-51
(C) m = 2 e n = 2 . 24-75=-51
(D) m = 1/2 e n = 2 . -51=-51(V)
(E) m = 1/2 e n ≠ 2 .
08. Resposta: A.
A12=0
RESPOSTAS A23=0
A33=7
01. Resposta: E. A35=5

09. Resposta: D.

02. Resposta: E.

03. Resposta: E.

10. Resposta: A.

04. Resposta: A.

69
MATEMÁTICA

m=1/2

a+2=9
a=7
(n-4+9)-(-3+6+2n)=0
11. Resposta: D. n+5-2n-3=0
Da II equação tiramos: -n=-2
X=5+z n=2

Da III equação:
Y=13+2z
SEQUÊNCIAS, PROGRESSÃO
Substituindo na I ARITMÉTICA E GEOMÉTRICA
5+z+2(13+2z)+z=10
5+z+26+4z+z=10
6z=10-31
6z=-21 Sequências
Z=-21/6 Sempre que estabelecemos uma ordem para os ele-
Z=-7/2 mentos de um conjunto, de tal forma que cada elemento
seja associado a uma posição, temos uma sequência.
X=5+z O primeiro termo da sequência é indicado por a1,o se-
gundo por a2, e o n-ésimo por an.

Termo Geral de uma Sequência


Algumas sequências podem ser expressas mediante
uma lei de formação. Isso significa que podemos obter um
12. Resposta: A. termo qualquer da sequência a partir de uma expressão,
que relaciona o valor do termo com sua posição.
Para a posição n(n∈N*), podemos escrever an=f(n)

Progressão Aritmética
Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência
em que cada termo, a partir do segundo, é obtido adicio-
nando-se uma constante r ao termo anterior. Essa constan-
te r chama-se razão da PA.

Somando as duas equações:


Exemplo
144y=36 A sequência (2,7,12) é uma PA finita de razão 5:

-x+28y=3
-x+7=3
-x=3-7
X=4 Classificação
As progressões aritméticas podem ser classificadas de
13. Resposta: D. acordo com o valor da razão r.
Para ser possível e indeterminado, D=Dx=Dy=Dz=0 r<0, PA decrescente
r>0, PA crescente
r=0 PA constante

Propriedades das Progressões Aritméticas


-Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a
D=(3m+4m+3)-(3m+6m+2)=0 média aritmética entre o anterior e o posterior.
7m+3-9m-2=0
-2m=-1

70
MATEMÁTICA

-A soma de dois termos equidistantes dos extremos é Em notação matemática temos:


igual à soma dos extremos.

Termo Geral da PA
Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...)
da seguinte forma:

Assim sendo:
Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao O primeiro termo desta sucessão é igual a -14.
primeiro número de razões r igual à posição do termo me-
nos uma unidade. Progressão Geométrica
Denomina-se progressão geométrica(PG) a sequência
em que se obtém cada termo, a partir do segundo, multi-
Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética plicando o anterior por uma constante q, chamada razão
Considerando a PA finita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34). da PG.
6 e 34 são extremos, cuja soma é 40 Exemplo
Dada a sequência: (4, 8, 16)

Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes


dos extremos é igual à soma dos extremos. q=2

Soma dos Termos Classificação


Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que per- As classificações geométricas são classificadas assim:
mite calcular a soma dos n primeiros termos de uma pro-
gressão aritmética. - Crescente: Quando cada termo é maior que o ante-
rior. Isto ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e
0 < q < 1.
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o an-
terior. Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1
< 0 e q > 1.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal con-
trário ao do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto
ocorre quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA
Exemplo de razão r = 0. A PG constante é também chamada de PG
Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O estacionaria.
último é igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o pri- - Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto
meiro termo? ocorre quando a1 = 0 ou q = 0.
Solução
Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o Termo Geral da PG
termo central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada
e mais 19 à sua direita. Então temos os seguintes dados termo é obtido multiplicando-se o primeiro por uma po-
para solucionar a questão: tência cuja base é a razão. Note que o expoente da razão é
igual à posição do termo menos uma unidade.

Sabemos também que a soma de dois termos equidis- Portanto, o termo geral é:
tantes dos extremos de uma P.A. finita é igual à soma dos
seus extremos. Como esta P.A. tem um número ímpar de
termos, então o termo central tem exatamente o valor de
metade da soma dos extremos.

71
MATEMÁTICA

Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica QUESTÕES


Finita
Seja a PG finita de razão q e de soma 01. (PETROBRAS - Técnico de Enfermagem do Tra-
dos termos Sn: balho Júnior -CESGRANRIO/2017) A soma dos n primei-
1º Caso: q=1 ros termos de uma progressão geométrica é dada por

2º Caso: q≠1 Quanto vale o quarto termo dessa progressão geomé-


trica?
Exemplo
Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular: (A) 1
a) A soma dos 6 primeiros termos (B) 3
b) O valor de n para que a soma dos n primeiros ter- (C) 27
mos seja 29524 (D) 39
(E) 40
Solução
02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Para
que a sequência (4x-1 , x² -1, x - 4) forme uma progressão
aritmética, x pode assumir, dentre as possibilidades abaixo,
o valor de
(A) -0,5.
(B) 1,5.
(C) 2.
(D) 4.
(E) 6.

03. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) O valor da expressão

2(1 - 2 + 3 - 4 + 5 - 6 + 7- ... + 2015 - 2016 + 2017) é:

(A)2014;
Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica (B) 2016;
Infinita (C) 2018;
1º Caso:-1<q<1 (D) 2020;
(E) 2022.
Quando a PG infinita possui soma finita, dizemos que a
série é convergente. 04. (FCEP – Técnico Artístico – AMAUC/2017) Consi-
dere a equação do 1º grau: 2(x - 2) = 3(x/3 + 4) . A raiz da
2º Caso: equação é o segundo termo de uma Progressão Aritmética
A PG infinita não possui soma finita, dizemos que a sé- (P.A.). O primeiro termo da P.A. corresponde aos 3/4 da raiz
rie é divergente da equação. O valor do décimo termo da P.A. é:
(A) 48
3º Caso: (B) 36
Também não possui soma finita, portanto divergente (C) 32
(D) 28
Produto dos termos de uma PG finita (E) 24

05. (ARTESP – Agente de Fiscalização à Regulação


de Transporte – FCC/2017) Em um experimento, uma
planta recebe a cada dia 5 gotas a mais de água do que
havia recebido no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu
374 gotas de água, no 1° dia do experimento ela recebeu
(A) 64 gotas.
(B) 49 gotas.
(C) 59 gotas.
(D) 44 gotas.
(E) 54 gotas.

72
MATEMÁTICA

06. (ARTESP – Agente de Fiscalização à Regulação RESPOSTAS


de Transporte – FCC/2017) Mantido o mesmo padrão na
sequência infinita 5, 6, 7, 8, 9, 7, 8, 9, 10, 11, 9, 10, 11, 12, 01.Resposta: A.
13, 11, 12, 13, 14, 15, . . . , a soma do 19° e do 31° termos
é igual a
(A) 42.
(B) 31.
(C) 33.
(D) 39. Como S3 é a soma dos 3 primeiros e S4 é a soma dos 4
(E) 36. primeiros termos, se subtrairmos um do outro, obteremos
o 4º termo.
07. (POLICIA CIENTIFICA/PR – Auxiliar de Necropsia
– IBFC/2017) Considere a seguinte progressão aritmética: 02. Resposta: B.
(23, 29, 35, 41, 47, 53, ...) Para ser uma PA:
Desse modo, o 83.º termo dessa sequência é: X²-1-(4x-1)=x-4-(x²-1)
(A) 137 X²-1-4x+1=x-4-x²+1
(B) 455 X²+x²-4x-x-3=0
(C) 500 2x²-5x-3=0
(D) 515 ∆=25-24=1
(E) 680

08. (CEGAS – Assistente Técnico – IES/2017) Deter-


mine o valor do nono termo da seguinte progressão geo-
métrica (1, 2, 4, 8, ...):
(A) 438 03. Resposta: C.
(B) 512 Os termos ímpares formam uma PA de razão 2 e são os
(C) 256 números ímpares.
(D) 128 Os termos pares formam uma PA de razão -2
Vamos descobrir quantos termos há:
09. (CRF/MT – Agente Administrativo – QUA-
DRIX/2017) Maria criou uma conta no Instagram. No 2017=1+(n-1)⋅2
mesmo dia, quatro pessoas começaram a segui-la. Após 2017=1+2n-2
1 dia, ela já tinha 21 seguidores e após 2 dias, já eram 38 2017=-1+2n
seguidores. Maria percebeu que, a cada dia, ela ganhava 17 2n=2018
seguidores. Mantendo-se essa tendência, ela ultrapassará a n=1009
barreira de 1.000 seguidores após:
(A) 57 dias.
(B) 58 dias.
(C) 59 dias.
(D) 60 dias.
(E) 61 dias. Para a sequência par:
-2016=-2+(n-1)⋅(-2)
10.. (PREF. DE CHOPINZINHO – Procurador Munici- -2016=-2-2n+2
pal – FAU/2016) Com base na sequência numérica a seguir 2n=2016
determine o sexto termo da sequência: N=1008
196 ;169 ;144 ;121 ; ...
(A) 115.
(B) 100.
(C) 81.
(D) 69. 1018081-1017072=1009
(E) 49. 2⋅1009=2018

04. Resposta: A.
Raiz da equação:
2x-4=x+12
X=16 é 0 segundo termo da PA
Primeiro termo:

73
MATEMÁTICA

PA
(12,16,...) PORCENTAGEM
R=16-12=4

=48
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100,
05. Resposta: E.
seu símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que
a encontramos nos meios de comunicação, nas estatísticas,
em máquinas de calcular, etc.
A1=374-320
Os acréscimos e os descontos é importante saber por-
A1=54
que ajuda muito na resolução do exercício.
06. Resposta: B.
Acréscimo
Observe os números em negrito:
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um deter-
9, 11, 13, 15,...
minado valor, podemos calcular o novo valor apenas multi-
São os números ímpares, a partir do 9 e a cada 5 nú-
plicando esse valor por 1,10, que é o fator de multiplicação.
meros.
Se o acréscimo for de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim
Ou seja, o 9 está na posição 5
por diante. Veja a tabela abaixo:
O 11 está na posição 10 e assim por diante.
O 19º termo, já temos na sequência que é o 14
Seguindo os termos: Acréscimo ou Lucro Fator de
25º termo é o 17 Multiplicação
30º termo é 19 10% 1,10
Como o número seguinte a esses, abaixa duas unida-
des 15% 1,15
O 31º termo é o 17. 20% 1,20
14+17=31
47% 1,47
07. Resposta: D. 67% 1,67
Observe a razão: 29-23=6
A83=a1+82r     Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 te-
A83=23+82⋅6 mos:
A83=23+492
A83=515

08. Resposta: C. Desconto


Q=2 No caso de haver um decréscimo, o fator de multipli-
cação será:
    Fator de Multiplicação =  1 - taxa de desconto (na
forma decimal)
    Veja a tabela abaixo:

09. Resposta: C. Desconto Fator de


1000=21+17(n-1) Multiplicação
1000=21+17n-17
1004=17n 10% 0,90
N=59 25% 0,75

10. Resposta: C. 34% 0,66


A sequência tem como base os quadrados perfeitos 60% 0,40
14, 13, 12, 11, 10, 9 90% 0,10
Portanto o 6º termo é o 9²=81
    Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 te-
mos:

74
MATEMÁTICA

Chamamos de lucro em uma transação comercial de 02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) A equipe de
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o segurança de um Tribunal conseguia resolver mensalmen-
preço de custo. te cerca de 35% das ocorrências de dano ao patrimônio
Lucro=preço de venda -preço de custo nas cercanias desse prédio, identificando os criminosos e
os encaminhando às autoridades competentes. Após uma
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem reestruturação dos procedimentos de segurança, a mes-
de duas formas: ma equipe conseguiu aumentar o percentual de resolução
mensal de ocorrências desse tipo de crime para cerca de
63%. De acordo com esses dados, com tal reestruturação,
a equipe de segurança aumentou sua eficácia no combate
ao dano ao patrimônio em
(A) 35%.
(B) 28%.
(C) 63%.
(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala (D) 41%.
de aula com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está (E) 80%.
com gripe. Se x% das meninas dessa sala estão com gripe,
o menor valor possível para x é igual a 03. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Três ir-
(A) 8. mãos, André, Beatriz e Clarice, receberam de uma tia he-
(B) 15. rança constituída pelas seguintes joias: um bracelete de
(C) 10. ouro, um colar de pérolas e um par de brincos de diamante.
(D) 6. A tia especificou em testamento que as joias não deveriam
(E) 12. ser vendidas antes da partilha e que cada um deveria ficar
com uma delas, mas não especificou qual deveria ser dada
Resolução a quem. O justo, pensaram os irmãos, seria que cada um
45------100% recebesse cerca de 33,3% da herança, mas eles achavam
X-------60% que as joias tinham valores diferentes entre si e, além disso,
X=27 tinham diferentes opiniões sobre seus valores. Então, deci-
O menor número de meninas possíveis para ter gripe diram fazer a partilha do seguinte modo:
é se todos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 − Inicialmente, sem que os demais vissem, cada um
meninas estão. deveria escrever em um papel três porcentagens, indican-
do sua avaliação sobre o valor de cada joia com relação ao
valor total da herança.
− A seguir, todos deveriam mostrar aos demais suas
Resposta: C. avaliações.
− Uma partilha seria considerada boa se cada um deles
recebesse uma joia que avaliou como valendo 33,3% da
QUESTÕES herança toda ou mais.
As avaliações de cada um dos irmãos a respeito das
01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária joias foi a seguinte:
- MSCONCURSOS/2017) Um aparelho de televisão que
custa R$1600,00 estava sendo vendido, numa liquidação,
com um desconto de 40%. Marta queria comprar essa te-
levisão, porém não tinha condições de pagar à vista, e o
vendedor propôs que ela desse um cheque para 15 dias,
pagando 10% de juros sobre o valor da venda na liquida-
ção. Ela aceitou e pagou pela televisão o valor de: Assim, uma partilha boa seria se André, Beatriz e Clari-
(A) R$1120,00 ce recebessem, respectivamente,
(B) R$1056,00 (A) o bracelete, os brincos e o colar.
(C) R$960,00 (B) os brincos, o colar e o bracelete.
(D) R$864,00 (C) o colar, o bracelete e os brincos.
(D) o bracelete, o colar e os brincos.
(E) o colar, os brincos e o bracelete.

75
MATEMÁTICA

04. (UTFPR – Técnico de Tecnologia da Informação 08. (CRM/MG – Técnico em Informática- FUN-
– UTFPR/2017) Um retângulo de medidas desconhecidas DEP/2017) Veja, a seguir, a oferta da loja Magazine Bom
foi alterado. Seu comprimento foi reduzido e passou a ser Preço:
2/ 3 do comprimento original e sua largura foi reduzida e
passou a ser 3/ 4 da largura original. Aproveite a Promoção!
Pode-se afirmar que, em relação à área do retângulo Forno Micro-ondas
original, a área do novo retângulo: De R$ 720,00
(A) foi aumentada em 50%. Por apenas R$ 504,00
(B) foi reduzida em 50%.
(C) aumentou em 25%. Nessa oferta, o desconto é de:
(D) diminuiu 25%. (A) 70%.
(E) foi reduzida a 15%. (B) 50%.
(C) 30%.
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- (D) 10%.
GO/2017) Paulo, dono de uma livraria, adquiriu em uma
editora um lote de apostilas para concursos, cujo valor uni- 09 (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) Consi-
tário original é de R$ 60,00. Por ter cadastro no referido dere que uma caixa de bombom custava, em novembro, R$
estabelecimento, ele recebeu 30% de desconto na compra. 8,60 e passou a custar, em dezembro, R$ 10,75. O aumento
Para revender os materiais, Paulo decidiu acrescentar 30% no preço dessa caixa de bombom foi de:
sobre o valor que pagou por cada apostila. Nestas condi- (A) 30%.
ções, qual será o lucro obtido por unidade? (B) 25%.
(A) R$ 4,20. (C) 20%.
(B) R$ 5,46. (D) 15%
(C) R$ 10,70.
(D) R$ 12,60. 10. (ANP – Técnico em Regulação de Petróleo e De-
(E) R$ 18,00. rivados – CESGRANRIO/2016) Um grande tanque estava
vazio e foi cheio de óleo após receber todo o conteúdo de
06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- 12 tanques menores, idênticos e cheios.
GO/2017) Joana foi fazer compras. Encontrou um vestido Se a capacidade de cada tanque menor fosse 50% maior
de R$ 150,00 reais. Descobriu que se pagasse à vista teria do que a sua capacidade original, o grande tanque seria
um desconto de 35%. Depois de muito pensar, Joana pa- cheio, sem excessos, após receber todo o conteúdo de
gou à vista o tal vestido. Quanto ela pagou? (A) 4 tanques menores
(A) R$ 120,00 reais (B) 6 tanques menores
(B) R$ 112,50 reais (C) 7 tanques menores
(C) R$ 127,50 reais (D) 8 tanques menores
(D) R$ 97,50 reais (E) 10 tanques menores
(E) R$ 90 reais

07. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU- RESPOSTAS


NESP/2017) A empresa Alfa Sigma elaborou uma previsão
de receitas trimestrais para 2018. A receita prevista para o 01. Resposta:B.
primeiro trimestre é de 180 milhões de reais, valor que é Como teve um desconto de 40%, pagou 60% do pro-
10% inferior ao da receita prevista para o trimestre seguin- duto.
te. A receita prevista para o primeiro semestre é 5% inferior
à prevista para o segundo semestre. Nessas condições, é 1600⋅0,6=960
correto afirmar que a receita média trimestral prevista para Como vai pagar 10% a mais:
2018 é, em milhões de reais, igual a 960⋅1,1=1056
(A) 200.
(B) 203. 02. Resposta: E.
(C) 195. 63/35=1,80
(D) 190. Portanto teve um aumento de 80%.
(E) 198.
03. Resposta: D.
Clarice obviamente recebeu o brinco.
Beatriz recebeu o colar porque foi o único que ficou
acima de 30% e André recebeu o bracelete.

76
MATEMÁTICA

04. Resposta: B.
A=b⋅h JUROS SIMPLES E COMPOSTOS

Matemática Financeira
Portanto foi reduzida em 50%
A Matemática Financeira possui diversas aplicações
no atual sistema econômico. Algumas situações estão pre-
05. Resposta: D.
sentes no cotidiano das pessoas, como financiamentos
Como ele obteve um desconto de 30%, pagou 70% do
de casa e carros, realizações de empréstimos, compras a
valor:
crediário ou com cartão de crédito, aplicações financeiras,
60⋅0,7=42
investimentos em bolsas de valores, entre outras situações.
Ele revendeu por:
Todas as movimentações financeiras são baseadas na esti-
42⋅1,3=54,60
pulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um em-
Teve um lucro de: 54,60-42=12,60
préstimo a forma de pagamento é feita através de presta-
ções mensais acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação
06. Resposta: D.
do empréstimo é superior ao valor inicial do empréstimo. A
Como teve um desconto de 35%. Pagou 65%do vestido
essa diferença damos o nome de juros.
150⋅0,65=97,50
Capital
07. Resposta: C.
O Capital é o valor aplicado através de alguma opera-
Como a previsão para o primeiro trimestre é de 180
ção financeira. Também conhecido como: Principal, Valor
milhões e é 10% inferior, no segundo trimestre temos uma
Atual, Valor Presente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se
previsão de
Present Value (indicado pela tecla PV nas calculadoras fi-
180-----90%
nanceiras).
x---------100
x=200
Taxa de juros e Tempo
    A taxa de juros indica qual remuneração será paga
200+180=380 milhões para o primeiro semestre
ao dinheiro emprestado, para um determinado período.
380----95
Ela vem normalmente expressa da forma percentual, em
x----100
seguida da especificação do período de tempo a que se
x=400 milhões
refere:
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).
Somando os dois semestres: 380+400=780 milhões
10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
780/4trimestres=195 milhões
    Outra forma de apresentação da taxa de juros é a
unitária, que é igual a taxa percentual dividida por 100, sem
08. Resposta: C.
o símbolo %:
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre)

Montante
Ou seja, ele pagou 70% do produto, o desconto foi de 30%.
Também conhecido como valor acumulado é a soma
OBS: muito cuidado nesse tipo de questão, para não
do Capital Inicial com o juro produzido em determina-
errar conforme a pergunta feita.
do tempo.
Essa fórmula também será amplamente utilizada para
09. Resposta: B.
resolver questões.
8,6(1+x)=10,75
M=C+J
8,6+8,6x=10,75
M = montante
8,6x=10,75-8,6
C = capital inicial
8,6x=2,15
J = juros
X=0,25=25%
M=C+C.i.n
M=C(1+i.n)
10. Resposta: D.
50% maior quer dizer que ficou 1,5
Juros Simples
Quantidade de tanque: x
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro
A quantidade que aumentaria deve ficar igual a 12 tan-
pelo empréstimo de um capital financeiro, a uma taxa com-
ques
binada, por um prazo determinado, produzida exclusiva-
1,5x=12
mente pelo capital inicial.
X=8

77
MATEMÁTICA

Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial A maioria das operações envolvendo dinheiro uti-
aplicado é diretamente proporcional ao seu valor e ao tem- liza juros compostos. Estão incluídas: compras a médio e
po de aplicação. longo prazo, compras com cartão de crédito, empréstimos
A expressão matemática utilizada para o cálculo das bancários, as aplicações financeiras usuais como Caderneta
situações envolvendo juros simples é a seguinte: de Poupança e aplicações em fundos de renda fixa, etc. Ra-
J = C i n, onde: ramente encontramos uso para o regime de juros simples:
J = juros é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do processo
C = capital inicial de desconto simples de duplicatas.
i = taxa de juros O cálculo do montante é dado por:
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, se-
mestre, ano...)
Observação importante: a taxa de juros e o tempo de Exemplo
aplicação devem ser referentes a um mesmo período. Ou Calcule o juro composto que será obtido na aplicação
seja, os dois devem estar em meses, bimestres, trimestres, de R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses
semestres, anos... O que não pode ocorrer é um estar em C=25000
meses e outro em anos, ou qualquer outra combinação de i=25%aa=0,25
períodos. i=72 meses=6 anos
Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das pala-
vras “JUROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
Outro ponto importante é saber que essa fórmula
pode ser trabalhada de várias maneiras para se obter cada
um de seus valores, ou seja, se você souber três valores,
poderá conseguir o quarto, ou seja, como exemplo se você M=C+J
souber o Juros (J), o Capital Inicial (C) e a Taxa (i), poderá J=95367,50-25000=70367,50
obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para qualquer
combinação.
QUESTÕES
Exemplo
Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à 01. (TRE/PR – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma
vista. Como não tinha essa quantia no momento e não geladeira está sendo vendida nas seguintes condições:
queria perder a oportunidade, aceitou a oferta da loja de − Preço à vista = R$ 1.900,00;
pagar duas prestações de R$ 45,00, uma no ato da compra − Condições a prazo = entrada de R$ 500,00 e paga-
e outra um mês depois. A taxa de juros mensal que a loja mento de uma parcela de R$ 1.484,00 após 60 dias da data
estava cobrando nessa operação era de: da compra.
(A) 5,0% A taxa de juros simples mensal cobrada na venda a
(B) 5,9% prazo é de
(C) 7,5% (A) 1,06% a.m.
(D) 10,0% (B) 2,96% a.m.
(E) 12,5% (C) 0,53% a.m.
Resposta Letra “e”. (D) 3,00% a.m.
(E) 6,00% a.m.
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois
a primeira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria 02. (FUNAPEP - Analista em Gestão Previdenciária-
R$40 (85-45) e a parcela a ser paga de R$45. -FCC/2017) João emprestou a quantia de R$ 23.500,00 a
Aplicando a fórmula M = C + J: seu filho Roberto. Trataram que Roberto pagaria juros sim-
45 = 40 + J ples de 4% ao ano. Roberto pagou esse empréstimo para
J=5 seu pai após 3 anos. O valor total dos juros pagos por Ro-
Aplicando a outra fórmula J = C i n: berto foi
5 = 40 X i X 1 (A) 3.410,00.
i = 0,125 = 12,5% (B) R$ 2.820,00.
(C) R$ 2.640,00.
Juros Compostos (D) R$ 3.120,00.
o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir (E) R$ 1.880,00.
do saldo no início de correspondente intervalo. Ou seja: o
juro de cada intervalo de tempo é incorporado ao capital
inicial e passa a render juros também.

Quando usamos juros simples e juros compostos?

78
MATEMÁTICA

03. (IFBAIANO – Técnico em Contabilidade – 08. (PREF. DE NITERÓI/RJ – Agente Fazendário –


FCM/2017) O montante acumulado ao final de 6 meses FGV/2016) Para pagamento de boleto com atraso em pe-
e os juros recebidos a partir de um capital de 10 mil reais, ríodo inferior a um mês, certa instituição financeira cobra,
com uma taxa de juros de 1% ao mês, pelo regime de capi- sobre o valor do boleto, multa de 2% mais 0,4% de juros de
talização simples, é de mora por dia de atraso no regime de juros simples. Um bo-
(A) R$ 9.400,00 e R$ 600,00. leto com valor de R$ 500,00 foi pago com 18 dias de atraso.
(B) R$ 9.420,00 e R$ 615,20. O valor total do pagamento foi:
(C) R$ 10.000,00 e R$ 600,00. (A) R$ 542,00;
(D) R$ 10.600,00 e R$ 600,00. (B) R$ 546,00;
(E) R$ 10.615,20 e R$ 615,20. (C) R$ 548,00;
(D) R$ 552,00;
04. (CEGAS – Assistente Técnico – IESES/2017) O (E) R$ 554,00.
valor dos juros simples em uma aplicação financeira de $
3.000,00 feita por dois trimestres a taxa de 2% ao mês é 09. (CASAN – Assistente Administrativo – INSTITUTO
igual a: AOCP/2016) Para pagamento um mês após a data da com-
(A) $ 360,00 pra, certa loja cobrava juros de 25%. Se certa mercadoria tem
(B) $ 240,00 preço a prazo igual a R$ 1500,00, o preço à vista era igual a
(C) $ 120,00 (A) R$ 1200,00.
(D) $ 480,00 (B) R$ 1750,00.
(C) R$ 1000,00.
05. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciá- (D) R$ 1600,00.
rios- VUNESP/2017) Um capital foi aplicado a juros sim- (E) R$ 1250,00.
ples, com taxa de 9% ao ano, durante 4 meses. Após esse
período, o montante (capital + juros) resgatado foi de R$ 10. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
2.018,80. O capital aplicado era de AOCP/2016) A fatura de um certo cartão de crédito cobra
(A) R$ 2.010,20. juros de 12% ao mês por atraso no pagamento. Se uma
(B) R$ 2.000,00. fatura de R$750,00 foi paga com um mês de atraso, o valor
(C) R$ 1.980,00. pago foi de
(D) R$ 1.970,40. (A) R$ 970,00.
(E) R$ 1.960,00. (B) R$ 777,00.
(C) R$ 762,00.
06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- (D) R$ 800,00.
GO/2017) Em um investimento no qual foi aplicado o va- (E) R$ 840,00.
lor de R$ 5.000,00, em um ano foi resgatado o valor total
de R$ 9.200,00. Considerando estes apontamentos e que 11. (DPE/PR – Contador – INAZ DO PARÁ/2017) Em
o rendimento se deu a juros simples, é verdadeiro afirmar 15 de junho de 20xx, Severino restituiu R$ 2.500,00 do seu
que a taxa mensal foi de: imposto de renda. Como estava tranquilo financeiramente,
(A) 1,5% resolveu realizar uma aplicação financeira para retirada em
(B) 2 % 15/12/20xx, período que vai realizar as compras de natal. A
(C) 5,5% uma taxa de juros de 3% a.m., qual é o montante do capital,
(D) 6% sabendo-se que a capitalização é mensal:
(E) 7% (A) R$ 2.985,13
(B) R$ 2.898,19
07. (UFES – Assistente em Administração – (C) R$ 3.074,68
UFES/2017) No regime de juros simples, os juros em cada (D) R$ 2.537,36
período de tempo são calculados sobre o capital inicial. Um (E) R$ 2.575,00
capital inicial C0 foi aplicado a juros simples de 3% ao mês.
Se Cn é o montante quando decorridos n meses, o menor 12. (TRE/PR – Analista Judiciário- FCC/2017) A Cia.
valor inteiro para n, tal que Cn seja maior que o dobro de Escocesa, não tendo recursos para pagar um empréstimo
C0, é de R$ 150.000,00 na data do vencimento, fez um acordo
(A) 30 com a instituição financeira credora para pagá-la 90 dias
(B) 32 após a data do vencimento. Sabendo que a taxa de juros
(C) 34 compostos cobrada pela instituição financeira foi 3% ao
(D) 36 mês, o valor pago pela empresa, desprezando-se os centa-
(E) 38 vos, foi, em reais,
(A) 163.909,00.
(B) 163.500,00.
(C) 154.500,00.
(D) 159.135,00.

79
MATEMÁTICA

13. (FUNAPE – Analista em Gestão Previdenciária – 05. Resposta: E.


FCC/2017) O montante de um empréstimo de 4 anos da 4meses=1/3ano
quantia de R$ 20.000,00, do qual se cobram juros compos- M=C(1+in)
tos de 10% ao ano, será igual a 2018,80=C(1+0,09⋅1/3)
(A) R$ 26.000,00. 2018,80=C+0,03C
(B) R$ 28.645,00. 1,03C=2018,80
(C) R$ 29.282,00. C=1960
(D) R$ 30.168,00.
(E) R$ 28.086,00. 06. Resposta: E.
M=C(1+in)
14. (IFBAIANO - Técnico em Contabilidade- 9200=5000(1+12i)
FCM/2017) A empresa Good Finance aplicou em uma 9200=5000+60000i
renda fixa um capital de 100 mil reais, com taxa de juros 4200=60000i
compostos de 1,5% ao mês, para resgate em 12 meses. O I=0,07=7%
valor recebido de juros ao final do período foi de
(A) R$ 10.016,00. 07. Resposta: C.
(B) R$ 15.254,24. M=C(1+in)
(C) R$ 16.361,26. Cn=Co(1+0,03n)
(D) R$ 18.000,00. 2Co=Co(1+0,03n)
(E) R$ 19.561,82. 2=1+0,03n
1=0,03n
15. (POLICIA CIENTIFICA – Perito Criminal – N=33,33
IBFC/2017) Assinale a alternativa correta. Uma empresa Ou seja, maior que 34
recebeu um empréstimo bancário de R$ 120.000,00 por 1
ano, pagando o montante de R$ 180.000,00. A taxa anual 08. Resposta: C.
de juros desse empréstimo foi de: M=C(1+in)
(A) 0,5% ao ano C=500+500x0,02=500+10=510
(B) 5 % ao ano M=510(1+0,004x18)
(C) 5,55 % ao ano M=510(1+0,072)=546,72
(D) 150% ao ano
(E) 50% ao ano 09. Resposta: A.
M=C(1+in)
1500=C(1+0,25x1)
RESPOSTAS 1500=C(1,25)
C=1500/1,25
01. Resposta: D. C=1200
J=500+1484-1900=84
C=1900-500=1400 10. Resposta: E.
J=Cin M=C(1+in)
84=1400.i.2 M=750(1+0,12)
I=0,03=3% M=750x1,12=840

02. Resposta: B. 11. Resposta: A.


J=Cin D junho a dezembro: 6 meses
J=23500⋅0,04⋅3 M=C(1+i)t
J= 2820 M=2500(1+0,03)6
M=2500⋅1,194=2985
03. Resposta: D.
J=Cin 12. Resposta: A.
J=10000⋅0,01⋅6=600 90 dias=3 meses
M=C+J M=C(1+i)t
M=10000+600=10600 M=150000(1+0,03)3
M=150000⋅1,092727=163909,05
04. Resposta: A. Desprezando os centavos: 163909
2 trimestres=6meses
J=Cin 13. Resposta: C.
J=3000⋅0,02⋅6 M=C(1+i)t
J=360 M=20000(1+0,1)4
M=20000⋅1,4641=29282

80
MATEMÁTICA

14. Resposta: E. Temos a chamada taxa de juros nominal, quando esta


J=Cin não é realmente a taxa utilizada para o cálculo dos juros (é
J=10000⋅0,015⋅12=18000 uma taxa “sem efeito”). A capitalização (o prazo de formação
e incorporação de juros ao capital inicial) será dada através de
Não, ninguém viu errado. outra taxa, numa unidade de tempo diferente, taxa efetiva.
Como ficaria muito difícil de fazer sem calculadora, a Como calcular a taxa que realmente vai ser utilizada;
tática é fazer o juro simples, e como sabemos que o com- isto é, a taxa efetiva?
posto vai dar maior que esse valor, só nos resta a alterna- Vamos acompanhar através do exemplo
tiva E. Você pode se perguntar, e se houver duas alternati-
vas com números maiores? Olha pessoal, não creio que a Taxa Efetiva
banca fará isso, e sim que eles fizeram mais para usar isso Calcular o montante de um capital de R$ 1.000,00 (mil
mesmo. reais), aplicados durante 18 (dezoito) meses, capitalizados
mensalmente, a uma taxa de 12% a.a. Explicando o que é
15. Resposta: E. taxa Nominal, efetiva mensal e equivalente mensal:
M=C(1+i)t Respostas e soluções:
180000=120000(1+i) 1) A taxa Nominal é 12% a.a; pois o capital não vai ser
180000=120000+120000i capitalizado com a taxa anual.
60000=120000i 2) A taxa efetiva mensal a ser utilizada depende de
i=0,5=50% duas convenções: taxa proporcional mensal ou taxa equi-
valente mensal.
a) Taxa proporcional mensal (divide-se a taxa anual por
12): 12%/12 = 1% a.m.
TAXAS DE JUROS, DESCONTO,
b) Taxa equivalente mensal (é aquela que aplicado aos
EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS, ANUIDADES E R$ 1.000,00, rende os mesmos juros que a taxa anual apli-
SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO cada nesse mesmo capital).

Cálculo da taxa equivalente mensal:

Podemos definir a taxa nominal como aquela em que


a unidade de referência do seu tempo não coincide com a
unidade de tempo dos períodos de capitalização. É usada
no mercado financeiro, mas para cálculo deve-se encontrar onde:
a taxa efetiva. Por exemplo, a taxa nominal de 12% ao ano, iq : taxa equivalente para o prazo que eu quero
capitalizada mensalmente, resultará em uma taxa mensal it : taxa para o prazo que eu tenho
de 1% ao mês. Entretanto, quando esta taxa é capitalizada q : prazo que eu quero
pelo regime de juros compostos, teremos uma taxa efetiva t : prazo que eu tenho
de 12,68% ao ano.

Taxa Nominal
A taxa nominal de juros relativa a uma operação finan- iq = 0,009489 a.m ou iq = 0,949 % a.m.
ceira pode ser calculada pela expressão:
Taxa nominal = Juros pagos / Valor nominal do emprés- 3) Cálculo do montante pedido, utilizando a taxa efe-
timo tiva mensal

Assim, por exemplo, se um empréstimo de $100.000,00, a) pela convenção da taxa proporcional:


deve ser quitado ao final de um ano, pelo valor monetário M = c (1 + i)n
de $150.000,00, a taxa de juros nominal será dada por: M = 1000 (1 + 0,01) 18 = 1.000 x 1,196147
Juros pagos = Jp = $150.000 – $100.000 = $50.000,00 M = 1.196,15
Taxa nominal = in = $50.000 / $100.000 = 0,50 = 50%
b) pela convenção da taxa equivalente:
Sem dúvida, se tem um assunto que gera muita con- M = c (1 + i)n
fusão na Matemática Financeira são os conceitos de taxa M = 1000 (1 + 0,009489) 18 = 1.000 x 1,185296
nominal, taxa efetiva e taxa equivalente. Até na esfera judi- M = 1.185,29
cial esses assuntos geram muitas dúvidas nos cálculos de
empréstimos, financiamentos, consórcios e etc. NOTA: Para comprovar que a taxa de 0,948% a.m é
Vamos tentar esclarecer esses conceitos, que na maio- equivalente a taxa de 12% a.a, basta calcular o montante
ria das vezes nos livros e apostilas disponíveis no mercado, utilizando a taxa anual, neste caso teremos que transfor-
não são apresentados de uma maneira clara. mar 18 (dezoito) meses em anos para fazer o cálculo, ou
seja : 18: 12 = 1,5 ano. Assim:

81
MATEMÁTICA

M = c (1 + i)n Vamos encontrar uma relação entre as taxas de juros


M = 1000 (1 + 0,12) 1,5 = 1.000 x 1,185297 nominal e real. Para isto, vamos supor que um determinado
M = 1.185,29 capital P é aplicado por um período de tempo unitário, a
certa taxa nominal in
Conclusões: O montante S1 ao final do período será dado por S1 =
- A taxa nominal é 12% a.a, pois não foi aplicada no P(1 + in).
cálculo do montante. Normalmente a taxa nominal vem Consideremos agora que durante o mesmo período, a
sempre ao ano! taxa de inflação (desvalorização da moeda) foi igual a j. O
- A taxa efetiva mensal, como o próprio nome diz, é capital corrigido por esta taxa acarretaria um montante S2
aquela que foi utilizado para cálculo do montante. Pode = P (1 + j).
ser uma taxa proporcional mensal (1 % a.m.) ou uma taxa A taxa real de juros, indicada por r, será aquela aplicada
equivalente mensal (0,949 % a.m.). ao montante S2, produzirá o montante S1. Poderemos en-
- Qual a taxa efetiva mensal que devemos utilizar? Em tão escrever: S1 = S2 (1 + r)
se tratando de concursos públicos, a grande maioria das Substituindo S1 e S2 , vem:
bancas examinadoras utilizam a convenção da taxa propor- P(1 + in) = (1+r). P (1 + j)
cional. Em se tratando do mercado financeiro, utiliza-se a Daí então, vem que:
convenção de taxa equivalente. (1 + in) = (1+r). (1 + j), onde:
in = taxa de juros nominal
Taxa Equivalente j = taxa de inflação no período
Taxas Equivalentes são taxas que quando aplicadas ao r = taxa real de juros
mesmo capital, num mesmo intervalo de tempo, produzem Observe que se a taxa de inflação for nula no período,
montantes iguais. Essas taxas devem ser observadas com isto é, j = 0, teremos que as taxas nominal e real são coin-
muita atenção, em alguns financiamentos de longo prazo, cidentes.
somos apenas informados da taxa mensal de juros e não Exemplo
tomamos conhecimento da taxa anual ou dentro do pe- Numa operação financeira com taxas pré-fixadas, um
ríodo estabelecido, trimestre, semestre entre outros. Uma banco empresta $120.000,00 para ser pago em um ano
expressão matemática básica e de fácil manuseio que nos com $150.000,00. Sendo a inflação durante o período do
fornece a equivalência de duas taxas é: empréstimo igual a 10%, pede-se calcular as taxas nominal
1 + ia = (1 + ip)n, onde: e real deste empréstimo.
ia = taxa anual Teremos que a taxa nominal será igual a:
ip = taxa período in = (150.000 – 120.000)/120.000 = 30.000/120.000 =
n: número de períodos 0,25 = 25%
Portanto in = 25%
Observe alguns cálculos: Como a taxa de inflação no período é igual a j = 10% =
0,10, substituindo na fórmula anterior, vem:
Exemplo 1 (1 + in) = (1+r). (1 + j)
Qual a taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês? (1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,10)
Temos que: 2% = 2/100 = 0,02 1,25 = (1 + r).1,10
1 + ia = (1 + 0,02)12 1 + r = 1,25/1,10 = 1,1364
1 + ia = 1,0212 Portanto, r = 1,1364 – 1 = 0,1364 = 13,64%
1 + ia = 1,2682
ia = 1,2682 – 1 Se a taxa de inflação no período fosse igual a 30%, te-
ia = 0,2682 ríamos para a taxa real de juros:
ia = 26,82% (1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,30)
A taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês é de 1,25 = (1 + r).1,30
26,82%. 1 + r = 1,25/1,30 = 0,9615
Portanto, r = 0,9615 – 1 = -,0385 = -3,85% e, portanto
As pessoas desatentas poderiam pensar que a taxa teríamos uma taxa real de juros negativa.
anual nesse caso seria calculada da seguinte forma: 2% x
12 = 24% ao ano. Como vimos, esse tipo de cálculo não Exemplo
procede, pois a taxa anual foi calculada de forma correta e $100.000,00 foi emprestado para ser quitado por
corresponde a 26,82% ao ano, essa variação ocorre porque $150.000,00 ao final de um ano. Se a inflação no período
temos que levar em conta o andamento dos juros compos- foi de 20%, qual a taxa real do empréstimo?
tos ( juros sobre juros). Resposta: 25%

Taxa Real Taxas Proporcionais


A taxa real expurga o efeito da inflação. Um aspecto Para se compreender mais claramente o significado
interessante sobre as taxas reais de juros, é que elas podem destas taxas deve-se reconhecer que toda operação envol-
ser inclusive, negativas. ve dois prazos:

82
MATEMÁTICA

- o prazo a que se refere à taxa de juros; e Nos juros compostos:


- o prazo de capitalização (ocorrência) dos juros. (AS-
SAF NETO, 2001). Amortiza- Saldo deve-
n Juros Prestação
ção dor
Taxas Proporcionais: duas (ou mais) taxas de juro
simples são ditas proporcionais quando seus valores e 0 - - - 100.000,00
seus respectivos períodos de tempo, reduzidos a uma
mesma unidade, forem uma proporção. (PARENTE, 1996). 1 - - 103.000,00
3.000,00
Exemplos
Prestação = amortização + juros 2 - - 106.090,00
Há diferentes formas de amortização, conforme des- 3.090,00
critas a seguir.
3 -
Para os exemplos numéricos descritos nas tabelas, em 3.182,70 100.000,00 109.272,70
todas as diferentes formas de amortização, utilizaremos
o mesmo exercício: uma dívida de valor inicial de R$ 100 Sistema Price (Sistema Francês)
mil, prazo de três meses e juros de 3% ao mês.
Foi elaborado para apresentar pagamentos iguais ao
Pagamento único longo do período do desembolso das prestações. A fórmu-
É a quitação de toda a dívida (amortização + juros) la para encontrarmos a prestação é dada a seguir:
em um único pagamento, ao final do período. Utilizamos
a mesma fórmula do montante: PMT = VP . _i.(1+i)n_
(1+i)n -1
Nos juros simples:
M = C (1 + i×n) PMT = valor da prestação
M = montante VP = valor inicial do empréstimo
C = capital inicial i = taxa de juros
i = taxa de juros n = período
n = período
A fórmula foi desenvolvida, considerando-se apenas a
Nos juros compostos: capitalização por juros compostos. O resultado é listado a
M = C (1+i)n seguir:
M = montante
C = capital inicial
Amortiza- Saldo
i = taxa de juros n Juros Prestação
ção devedor
n = período
0 - - -
Nos juros simples: 100.000,00

1
Amortiza- Saldo de- 3.000,00 32.353,04 35.353,04 67.646,96
n Juros Prestação
ção vedor
2
2.029,41 33.323,63 35.353,04 34.323,33
0 - - -
100.000,00
3 -
1.029,71 34.323,33 35.353,04
1 - -
3.000,00 103.000,00

2 - - Sistema de Amortização Misto (SAM)


3.000,00 106.000,00

3 - É a média aritmética das prestações calculadas nas


3.000,00 100.000,00 109.000,00 duas formas anteriores (SAC e Price). É encontrado pela
fórmula:

PMTSAM = (PTMSAC + PMTPRICE) / 2

83
MATEMÁTICA

Amortiza- Saldo deve-


n Juros Prestação
ção dor
0 - - - 100.000,00

1 67.156,81
3.000,00 32.843,19 35.843,19

2 33.828,32
2.014,70 33.328,49 35.343,19

3 -
1.014,87 33.828,32 34.843,19

Sistema de Amortização Crescente (SACRE)


Este sistema, criado pela Caixa Econômica Federal (CEF), é uma das formas utilizadas para o cálculo das prestações
dos financiamentos imobiliários. Usa-se, para o cálculo do valor das prestações, a metodologia do sistema de amortização
constante (SAC) anual, desconsiderando-se o valor da Taxa Referencial de Juros (TR). Esta é incluída posteriormente, resul-
tando em uma amortização variável. Chamar de “amortização crescente” parece-nos inadequado, pois pode resultar em
amortizações decrescentes, dependendo da ocorrência de TR com valor muito baixo.

Sistema Alemão
Neste caso, a dívida é liquidada também em prestações iguais, exceto a primeira, onde no ato do empréstimo (momen-
to “zero”) já é feita uma cobrança dos juros da operação. As prestações, a primeira amortização e as seguintes são definidas
pelas três seguintes fórmulas:

PMT = _ Vp.i _
1- (1+i)n
PMT = valor da prestação
VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
n = período

A1 = PMT . (1- i)n-1


A1 = primeira amortização
PMT = valor da prestação
i = taxa de juros
n = período

An = An-1 _
(1- i)
An = amortizações posteriores (2º, 3º, 4º, ...)
An-1 = amortização anterior
i = taxa de juros
n = período

84
MATEMÁTICA

n Juros Amor- Pres- Saldo


tização tação devedor
0 -
3.000,00 3.000,00 100.000,00
1
2.030,30 32.323,34 34.353,64 67.676,66
2
1.030,61 33.323,03 34.353,64 34.353,63
3 -
34.353,64 34.353,64 (0,01)

OBS: os resíduos em centavos, como saldo devedor final na tabela anterior, são resultados de arredondamento do
cálculo e serão desconsiderados.

Sistema de Amortização Constante – SAC


Consiste em um sistema de amortização de uma dívida em prestações periódicas, sucessivas e decrescentes em pro-
gressão aritmética, em que o valor da prestação é composto por uma parcela de juros uniformemente decrescente e outra
de amortização que permanece constante.
Sistema de Amortização Constante (SAC) é uma forma de amortização de um empréstimo por prestações que incluem
os juros, amortizando assim partes iguais do valor total do empréstimo.
Neste sistema o saldo devedor é reembolsado em valores de amortização iguais. Desta forma, no sistema SAC o valor
das prestações é decrescente, já que os juros diminuem a cada prestação. O valor da amortização é calculado dividindo-se
o valor do principal pelo número de períodos de pagamento, ou seja, de parcelas.
O SAC é um dos tipos de sistema de amortização utilizados em financiamentos imobiliários. A principal característica
do SAC é que ele amortiza um percentual fixo do saldo devedor desde o início do financiamento. Esse percentual de amor-
tização é sempre o mesmo, o que faz com que a parcela de amortização da dívida seja maior no início do financiamento,
fazendo com que o saldo devedor caia mais rapidamente do que em outros mecanismos de amortização.

Exemplo:
Um empréstimo de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) a ser pago em 12 meses, a uma taxa de juros de 1% ao mês
(em juros simples). Aplicando a fórmula para obtenção do valor da amortização, iremos obter um valor igual a R$ 10.000,00
(dez mil reais). Essa fórmula é o valor do empréstimo solicitado divido pelo período, sendo nesse caso: R$ 120.000,00 / 12
meses = R$ 10.000,00. Logo, a tabela SAC fica:

Saldo
Nº Pres- Presta- Amortiza-
Juros Deve-
tação ção ção
dor
0 120000
1 11200 1200 10000 110000
2 11100 1100 10000 100000
3 11000 1000 10000 90000
4 10900 900 10000 80000
5 10800 800 10000 70000
6 10700 700 10000 60000
7 10600 600 10000 50000
8 10500 500 10000 40000
9 10400 400 10000 30000
10 10300 300 10000 20000
11 10200 200 10000 10000
12 10100 100 10000 0

85
MATEMÁTICA

Note que o juro é sempre 10% do saldo devedor do mês anterior, já a prestação é a soma da amortização e o juro.
Sendo assim, o juro é decrescente e diminui sempre na mesma quantidade, R$ 100,00. O mesmo comportamento tem as
prestações. A soma das prestações é de R$ 127.800,00, gerando juros de R$ 7.800,00.
Outra coisa a se observar é que as parcelas e juros diminuem em progressão aritmética (PA) de r=100.

Sistema Americano
O tomador do empréstimo paga os juros mensalmente e o principal, em um único pagamento final.

Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
2 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
3 3.000,00 100.000,00 103.000,00 -

Sistema de Amortização Constante (SAC) ou Sistema Hamburguês


O tomador do empréstimo amortiza o saldo devedor em valores iguais e constantes ao longo do período.

Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 33.333,33 36.333,33 66.666,67
2 2.000,00 33.333,33 35.333,33 33.333,34
3 1.000,00 33.333,34 34.333,34 -

Qual a melhor forma de amortização?


A tabela abaixo lista o fluxo de caixa nos diversos sistemas de amortização discutidos nos itens anteriores.

Pgto único (jrs Sistema Ameri-


N SAC PRICE SAM Alemão
comp.) cano
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (3.000,00) (36.333,33) (35.353,04) (35.843,19) (34.353,64)
2 - (3.000,00) (35.333,33) (35.353,04) (35.343,19) (34.353,64)
3 (109.272,70) (103.000,00) (34.333,34) (35.353,04) (34.843,19) (34.353,64)

As várias formas de amortização utilizadas pelo mercado brasileiro, em sua maioria, consideram o regime de capitali-
zação por juros compostos. A comparação entre estas, por meio do VPL (vide item 6.2), demonstra que o custo entre elas
se equivale. Vejam: no nosso exemplo, todos, exceto no sistema alemão, os juros efetivos cobrados foram de 3% ao mês
(regime de juros compostos) ou 9,27% no acumulado dos três meses.

86
MATEMÁTICA

Pgto único (jrs Sistema Ameri-


n SAC PRICE SAM Alemão
comp.) cano

0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00


100.000,00

1 - (2.912,62) (34.323,34) (34.799,21) (33.353,04)


(35.275,08)

2 - (2.827,79) (33.323,63) (33.314,35) (32.381,60)


(33.305,05)

3 (100.000,00) (94.259,59) (32.353,04) (31.886,45) (31.438,44)


(31.419,87)
VPL - - - - - (173,09)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa ( juros compostos) de 3% ao mês.
Considerando o custo de oportunidade de 2% ao mês, isto é, abaixo do valor do empréstimo, teríamos a tabela abaixo.
Isso seria uma situação mais comum: juros do empréstimo mais caro que uma aplicação no mercado. Neste caso, quanto
menor (em módulo) o VPL, melhor para o tomador do empréstimo, ou seja, o sistema SAC seria o melhor sob o ponto de
vista financeiro.

Pgto único (jrs Sistema Ameri-


n SAC PRICE SAM Alemão
comp.) cano
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.941,18) (35.620,91) (34.659,84) (35.140,38) (33.680,04)
2 - (2.883,51) (33.961,29) (33.980,24) (33.970,77) (33.019,64)
3 (102.970,11) (97.059,20) (32.353,07) (33.313,96) (32.833,52) (32.372,20)
VPL (2.970,11) (2.883,88) (1.935,28) (1.954,04) (1.944,67) (2.071,88)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa ( juros compostos) de 2% ao mês.
Outra situação seria considerarmos um empréstimo com taxa de juros abaixo do mercado. Neste exemplo a seguir,
teremos como custo de oportunidade a taxa de 4% ao mês. Isso, na vida real, não será comum: juros do empréstimo mais
barato do que uma aplicação no mercado. Assim, como no exemplo anterior, quanto maior o VPL, melhor para o tomador
do empréstimo, ou seja, o sistema de pagamento único, sob o ponto de vista financeiro, é o melhor, como no caso abaixo.

Pgto único (jrs Sistema Ameri-


n SAC PRICE SAM Alemão
comp.) cano
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.884,62) (34.935,89) (33.993,31) (34.464,61) (33.032,34)
2 - (2.773,67) (32.667,65) (32.685,87) (32.676,77) (31.761,87)
3 (97.143,03) (91.566,62) (30.522,21) (31.428,72) (30.975,47) (30.540,26)
VPL 2.856,97 2.775,09 1.874,24 1.892,10 1.883,16 1.665,53

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa ( juros compostos) de 4% ao mês.

Referências
Passei Direto. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/1599335/exercicios_matematica_finaceiraexercicios_
matematica_finaceiraNos juros compostos:

M = C (1+i)n
M = montante
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = período

87
MATEMÁTICA

Nos juros simples:

Saldo deve-
n Juros Amortização Prestação
dor
0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - - 103.000,00
2 3.000,00 - - 106.000,00
3 3.000,00 100.000,00 109.000,00 -

Nos juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - - 103.000,00
2 3.090,00 - - 106.090,00
3 3.182,70 100.000,00 109.272,70 -

Sistema Price (Sistema Francês)

Foi elaborado para apresentar pagamentos iguais ao longo do período do desembolso das prestações. A fórmula para
encontrarmos a prestação é dada a seguir:

PMT = VP . _i.(1+i)n_
(1+i)n -1

PMT = valor da prestação


VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
n = período

A fórmula foi desenvolvida, considerando-se apenas a capitalização por juros compostos. O resultado é listado a seguir:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 32.353,04 35.353,04 67.646,96
2 2.029,41 33.323,63 35.353,04 34.323,33
3 1.029,71 34.323,33 35.353,04 -

Sistema de Amortização Misto (SAM)

É a média aritmética das prestações calculadas nas duas formas anteriores (SAC e Price). É encontrado pela fórmula:

PMTSAM = (PTMSAC + PMTPRICE) / 2

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 32.843,19 35.843,19 67.156,81
2 2.014,70 33.328,49 35.343,19 33.828,32
3 1.014,87 33.828,32 34.843,19 -

88
MATEMÁTICA

Sistema de Amortização Crescente (SACRE)


Este sistema, criado pela Caixa Econômica Federal (CEF), é uma das formas utilizadas para o cálculo das prestações
dos financiamentos imobiliários. Usa-se, para o cálculo do valor das prestações, a metodologia do sistema de amortização
constante (SAC) anual, desconsiderando-se o valor da Taxa Referencial de Juros (TR). Esta é incluída posteriormente, resul-
tando em uma amortização variável. Chamar de “amortização crescente” parece-nos inadequado, pois pode resultar em
amortizações decrescentes, dependendo da ocorrência de TR com valor muito baixo.

Sistema Alemão
Neste caso, a dívida é liquidada também em prestações iguais, exceto a primeira, onde no ato do empréstimo (momen-
to “zero”) já é feita uma cobrança dos juros da operação. As prestações, a primeira amortização e as seguintes são definidas
pelas três seguintes fórmulas:

PMT = _ Vp.i _
1- (1+i)n
PMT = valor da prestação
VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
n = período

A1 = PMT . (1- i)n-1


A1 = primeira amortização
PMT = valor da prestação
i = taxa de juros
n = período

An = An-1 _
(1- i)
An = amortizações posteriores (2º, 3º, 4º, ...)
An-1 = amortização anterior
i = taxa de juros
n = período

n Juros Amortiza- Prestação Saldo devedor


ção
0 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
1 2.030,30 32.323,34 34.353,64 67.676,66
2 1.030,61 33.323,03 34.353,64 34.353,63
3 - 34.353,64 34.353,64 (0,01)

OBS: os resíduos em centavos, como saldo devedor final na tabela anterior, são resultados de arredondamento do
cálculo e serão desconsiderados.

Sistema de Amortização Constante – SAC


Consiste em um sistema de amortização de uma dívida em prestações periódicas, sucessivas e decrescentes em pro-
gressão aritmética, em que o valor da prestação é composto por uma parcela de juros uniformemente decrescente e outra
de amortização que permanece constante.
Sistema de Amortização Constante (SAC) é uma forma de amortização de um empréstimo por prestações que incluem
os juros, amortizando assim partes iguais do valor total do empréstimo.
Neste sistema o saldo devedor é reembolsado em valores de amortização iguais. Desta forma, no sistema SAC o valor
das prestações é decrescente, já que os juros diminuem a cada prestação. O valor da amortização é calculado dividindo-se
o valor do principal pelo número de períodos de pagamento, ou seja, de parcelas.
O SAC é um dos tipos de sistema de amortização utilizados em financiamentos imobiliários. A principal característica
do SAC é que ele amortiza um percentual fixo do saldo devedor desde o início do financiamento. Esse percentual de amor-
tização é sempre o mesmo, o que faz com que a parcela de amortização da dívida seja maior no início do financiamento,
fazendo com que o saldo devedor caia mais rapidamente do que em outros mecanismos de amortização.

89
MATEMÁTICA

Exemplo:
Um empréstimo de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) a ser pago em 12 meses, a uma taxa de juros de 1% ao mês
(em juros simples). Aplicando a fórmula para obtenção do valor da amortização, iremos obter um valor igual a R$ 10.000,00
(dez mil reais). Essa fórmula é o valor do empréstimo solicitado divido pelo período, sendo nesse caso: R$ 120.000,00 / 12
meses = R$ 10.000,00. Logo, a tabela SAC fica:

Saldo
Nº Prestação Prestação Juros Amortização
Devedor
0 120000
1 11200 1200 10000 110000
2 11100 1100 10000 100000
3 11000 1000 10000 90000
4 10900 900 10000 80000
5 10800 800 10000 70000
6 10700 700 10000 60000
7 10600 600 10000 50000
8 10500 500 10000 40000
9 10400 400 10000 30000
10 10300 300 10000 20000
11 10200 200 10000 10000
12 10100 100 10000 0

Note que o juro é sempre 10% do saldo devedor do mês anterior, já a prestação é a soma da amortização e o juro.
Sendo assim, o juro é decrescente e diminui sempre na mesma quantidade, R$ 100,00. O mesmo comportamento tem as
prestações. A soma das prestações é de R$ 127.800,00, gerando juros de R$ 7.800,00.
Outra coisa a se observar é que as parcelas e juros diminuem em progressão aritmética (PA) de r=100.

Sistema Americano
O tomador do empréstimo paga os juros mensalmente e o principal, em um único pagamento final.

Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
2 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
3 3.000,00 100.000,00 103.000,00 -

Sistema de Amortização Constante (SAC) ou Sistema Hamburguês


O tomador do empréstimo amortiza o saldo devedor em valores iguais e constantes ao longo do período.

90
MATEMÁTICA

QUESTÕES 04. (TST – Analista Judiciário – FCC/2017) Um in-


vestidor aplicou R$ 10.000,00 em títulos que remuneram à
01. (TRE/PR – Analista Judiciário – FCC/2017) Para taxa de juros compostos de 10% ao ano e o prazo para res-
comprar um automóvel, Pedro realizou uma pesquisa em gate da aplicação foi de 2 anos. Sabendo-se que a inflação
3 concessionárias e obteve as seguintes propostas de fi- no prazo total da aplicação foi 15%, a taxa real de remune-
nanciamento: ração obtida pelo investidor no prazo total da aplicação foi
(A) 5,00%.
Concessionária 1: Entrada de R$ 12.000,00 + 1 presta- (B) 6,00%.
ção de R$ 29.120,00 para 30 dias após a entrada. (C) 5,22%.
Concessionária 2: Entrada de R$ 13.000,00 + 1 presta- (D) 5,00% (negativo).
ção de R$ 29.120,00 para 60 dias após a entrada. (E) 4,55%.
Concessionária 3: Entrada de R$ 13.000,00 + 2 presta-
ções R$ 14.560,00 para 30 e 60 dias após a entrada, respec- 05. (TST - Analista Judiciário - FCC/2017) Uma em-
tivamente. presa obteve um empréstimo no valor de R$ 100.000,00
para ser liquidado em uma única parcela no final do prazo
Sabendo que a taxa de juros compostos era 4% ao de 2 meses. A taxa de juros compostos negociada foi 3% ao
mês, para a aquisição do automóvel mês e a empresa deve pagar, adicionalmente, na data da
(A) a melhor proposta é a 1, apenas. obtenção do empréstimo, uma taxa de cadastro no valor
(B) a melhor proposta é a 2, apenas. de R$ 1.000,00. Na data do vencimento do empréstimo a
(C) a melhor proposta é a 3, apenas. empresa deve pagar, junto com o valor que pagará à ins-
(D) as melhores propostas são 2 e 3, por serem equi- tituição financeira, um imposto no valor de R$ 530,00. O
valentes. custo efetivo total para a empresa no prazo do emprésti-
(E) as melhores propostas são 1 e 2, por serem equi- mo, foi
valentes. (A) 7,70%.
(B) 6,09%.
02. (TST – Analista Judiciário – FCC/2017) Um emprés- (C) 7,62%.
timo foi obtido para ser liquidado em 10 parcelas mensais de (D) 6,00%.
R$ 2.000,00, vencendo-se a primeira parcela um mês após (E) 7,16%.
a data da obtenção. A taxa de juros negociada com a insti-
tuição financeira foi 2% ao mês no regime de capitalização 06. (TRE/PR - Analista Judiciário - FCC/2017) A Cia.
composta. Se, após o pagamento da oitava parcela, o deve- Ted está avaliando a alternativa de compra de um novo
dor decidir liquidar o saldo devedor do empréstimo nesta equipamento por R$ 480.000,00 à vista. Estima-se que a
mesma data, o valor que deverá ser pago, desprezando-se vida útil do equipamento seja de 3 anos, que o valor residual
os centavos, é, em reais, de revenda no final do terceiro ano seja R$ 70.000,00 e que
(A) 3.846,00. os fluxos líquidos de caixa gerados por este equipamento
(B) 3.883,00. ao final de cada ano sejam R$ 120.000,00, R$180.000,00 e
(C) 3.840,00. R$ 200.000,00, respectivamente. Sabendo que a taxa míni-
(D) 3.880,00. ma de atratividade é de 10% a.a., a alternativa
(E) 3.845,00. (A) apresenta valor presente líquido positivo.
(B) apresenta valor presente líquido negativo.
03. (POLICIA CIENTIFICA/PR – Perito Criminal – (C) apresenta taxa interna de retorno maior que 10%
IBFC/2017) Assinale a alternativa correta. Uma pessoa a.a.
comprou um vídeo game de última geração em uma loja, (D) é economicamente viável à taxa mínima de atrati-
parcelando em 12 prestações mensais de 140,00 cada uma, vidade de 10% a.a..
sem entrada. Sabendo-se que a taxa de juros compostos (E) é economicamente viável à taxa mínima de atrativi-
cobrada pela loja foi de 3% ao mês, sendo que os valores dade de 12% a.a..
estão arredondados e que: (1,03)12 = 1,4258
(1,03)12 x 0,03 = 0,0428 07. (FUNAPE – Analista em Gestão Previdenciária –
0,4258/0,0428 = 9,95 FCC/2017) Um empréstimo foi contratado com uma taxa
O valor do vídeo game era de: nominal de juros de 6% ao trimestre e com capitalização
(A) R$ 1.393 mensal. A taxa efetiva desse empréstimo é igual a
(B) R$ 1.820 (A) 6,2302%.
(C) R$ 1.680 (B) 6,3014%.
(D) R$ 1.178 (C) 6,1385%.
(E) R$ 1.423 (D) 6,2463%.
(E) 6,1208%.

91
MATEMÁTICA

08. (TRE/BA – Técnico Judiciário – CESPE/2017) Um Concessionária 3


banco emprestou a uma empresa R$ 100.000, entregues no
ato, sem prazo de carência, para serem pagos em quatro
prestações anuais consecutivas pelo sistema de amortiza-
ção constante (SAC). A taxa de juros compostos contratada 02. Resposta: B.
para o empréstimo foi de 10% ao ano, e a primeira presta-
ção será paga um ano após a tomada do empréstimo.
Nessa situação, o valor da segunda prestação a ser
paga pela empresa será
(A) superior a R$ 33.000.
(B) inferior a R$ 30.000. 03. Resposta: A.
(C) superior a R$ 30.000 e inferior a R$ 31.000. Sendo PMT o valor da parcela e PV o valor presente,
(D) superior a R$ 31.000 e inferior a R$ 32.000. usaremos o sistema de amortização PRICE, por ser parcelas
(E) superior a R$ 32.000 e inferior a R$ 33.000. fixas:

09. (EMBASA – Contador – IBFC/2017) Um clien-


te fez um empréstimo no valor de R$ 2.000,00 no Banco
ABC em 31/12/2013 para reaplicar em um investimento
em sua empresa. A taxa de juros cobrada pelo Banco era
de 10% ao ano. Após um ano, em 31/12/2014, o fluxo de
caixa da empresa foi de R$ 1.100,00. Após dois anos, em
31/12/2015, o fluxo de caixa da empresa foi de R$ 1.210,00
e em 31/12/2016, após três anos, o fluxo de caixa da em-
presa foi de R$ 1.331,00.
O valor presente líquido dos valores do fluxo de caixa,
trazidos a valor presente em 31/12/2013, era de: 04. Resposta: C.
(A) R$ 1.100,00 Sendo i a taxa de juros nominal
(B) R$ 1.000,00 R a taxa de juros real
(C) R$ 2.210,00 J a taxa de juros de inflação
(D) R$ 2.331,00 1+i=(1+r)(1+j)
(1+0,1)²=(1+r)⋅(1+0,15)
10.(DPE/PR – Contador – INAZ DO PARÁ/2017) Um 1,1²=(1+r) ⋅1,15
comerciante recebeu, no meio do mês, uma excelente ofer- 1,21=1,15+1,15r
ta de compra de material para sua empresa no valor de 0,06=1,15r
R$8.000,00. No entanto, por estar desprovido de recursos, R=0,05217≅0,0522=5,22%
precisou tomar um empréstimo junto ao seu banco, em
parcelas de 15 vezes a uma taxa de juros 2,5% a.m. Deter- 05. Resposta: A.
mine o valor da última prestação do empréstimo, lembran- M=C(1+i)t
do que o Sistema de financiamento usado é o SAC. M=100000(1+0,03)²=106090
(A) R$ 533,33 Como teve uma taxa de 1000, a empresa recebeu en-
(B) R$ 733,33 tão 99000
(C) R$ 653,33 A empresa teve eu pagar 106090+530=106620
(D) R$ 560,00 106620=99000(1+i)
(E) R$ 546,67 106620=99000+99000i
7620=99000i
Respostas I=0,0769=7,69%

01. Resposta: B. 06. Resposta: B.


VPL = valor presente das entradas – valor presente das
Concessionária 1 saídas

Concessionária 2

92
MATEMÁTICA

07. Resposta: E. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


Temos que transformar os 6% ao trimestre em capita-
lização mensal 1. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁ-
6/3=2%a.m RIA DE CLASSE I – VUNESP/2013) Em uma seção de uma
1,02³=1,061208=6,1208% empresa com 20 funcionários, a distribuição dos salários
mensais, segundo os cargos que ocupam, é a seguinte:
08. Resposta: E.
SD=100000
A=100000/4=25000
J=(100000-25000)⋅0,1
J=7500
P=A+J
P=25000+7500=32500

09. Resposta: B. Sabendo-se que o salário médio desses funcionários é


de R$ 1.490,00, pode-se concluir que o salário de cada um
dos dois gerentes é de
A) R$ 2.900,00.
10. Resposta: E. B) R$ 4.200,00.
8000/15 = 533,33 C) R$ 2.100,00.
Portanto, a última parcela será de 533,33⋅1,025=546,66 D) R$ 1.900,00.
E) R$ 3.400,00.

2! + 8 ∙ 1700 + 10 ∙ 1200
!é!"# =
20
2! + 8 ∙ 1700 + 10 ∙ 1200
1490 =
20

2! + 13600 + 12000 = 29800


2! = 4200
! = 2100
!
Cada um dos gerentes recebem R$ 2100,00

RESPOSTA: “C”.

2. (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012) Em


época de Natal, uma pesquisadora colheu dados de opi-
nião dos clientes sobre shopping centers, seguindo os cri-
térios da tabela seguinte:

93
MATEMÁTICA

Um shopping recebeu nota 8 para “estacionamento” e 4. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/PB – ASSESSOR TÉCNI-


“preços” e nota 7 para os demais critérios. Logo, a média CO LEGISLATIVO – FCC/2013) A média aritmética simples
final atingida por esse shopping foi entre dois números é igual à metade da soma desses nú-
A) 7,5. meros. Utilizando essa definição, a média aritmética sim-
B) 7,6. ples entre é igual a
C) 7,7. A) ½
D) 7,8. B) 2/9
E) 7,9. C) 8/9 !
D) ! !
!
8∙3+8∙2+7∙3+7∙2 E) !
= 7,5 ( )²!
!
10
!
RESPOSTA: “A”. Pela definição:

3. (SEED/SP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – VU-


1 5 3+5 8
+9 8 4 2
NESP/2013) Em certo departamento, trabalham homens e 3 = 9 =9= = = ( )²
mulheres, sendo que nesse grupo há 10 homens a mais 2 2 2 18 9 3
que o número de mulheres. A média salarial desse depar- !
tamento é de R$ 3.800,00. Entretanto, calculando separa-
damente, verifica-se que a média salarial dos homens é de RESPOSTA: “D”.
R$ 4.000,00, enquanto a média salarial das mulheres é de
R$ 3.500,00. O número de homens que trabalham nesse 5. (PC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VU-
departamento é igual a NESP/2014) Em uma empresa com 5 funcionários, a soma
A) 20. dos dois menores salários é R$4.000,00, e a soma dos três
B) 40. maiores salários é R$12.000,00. Excluindo-se o menor e
C) 30. o maior desses cinco salários, a média dos 3 restantes é
D) 25. R$3.000,00, podendo-se concluir que a média aritmética
E) 15. entre o menor e o maior desses salários é igual a
A) R$3.500,00.
Salário homens: SH B) R$3.400,00.
Salário mulher:SM C) R$3.050,00.
Homens: x+10 D) R$2.800,00.
Mulheres: x E) R$2.500,00.

!" X1+x2+x3+x4+x5
= 4000!!!!" = 4000! + 40000 X1+x2=4000
!!!"
X3+x4+x5=12000
!"
! ! = 3500!!!!!" = 3500! x2+x3+x4=9000

!!!!!! + !! + !! + !! + !! = 4000 + 12000 = 16000!


!"!!"
= 3800 Sendo x1 e x5 o menor e o maior salário respectiva-
!!!!!"
mente:
!"!!" !! + 9000 + !! = 16000
= 3800
!!!!" !!! + !! = 16000 − 9000 = 7000
!
7600! + 38000 = !" + !" Então, a média aritmética:
!
! ! !! ! !"""
Substituindo SH e SM: = = 3500
! !
7600x+38000=4000x+40000+3500x !
100x=2000
X=20 RESPOSTA: “A”.
Homens:x+10=20+10=30

RESPOSTA: “C”.

94
MATEMÁTICA

I. Princípio da não Contradição: uma proposição não


1. LÓGICA: PROPOSIÇÕES, VALOR-VERDADE pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
NEGAÇÃO, CONJUNÇÃO, DISJUNÇÃO, II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição
IMPLICAÇÃO, EQUIVALÊNCIA, PROPOSIÇÕES “ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se
COMPOSTAS. sempre um desses casos e nunca um terceiro caso.
2. EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS.
3. PROBLEMAS DE RACIOCÍNIO: DEDUZIR Valor Lógico das Proposições
INFORMAÇÕES DE RELAÇÕES ARBITRÁRIAS Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a
ENTRE OBJETOS, LUGARES, PESSOAS E/OU verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se
EVENTOS FICTÍCIOS DADOS. a proposição é falsa (F).

Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)= V essa é a simbologia para indicar que o valor
Proposição lógico de p é verdadeira, ou
Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos V(p)= F
que exprimem um pensamento de sentido completo.
Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou fal-
Nossa professora, bela definição! so, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor
Não entendi nada! lógico falso.

Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que Classificação
fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas
também no sentido lógico. Proposição simples: não contém nenhuma outra pro-
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser posição como parte integrante de si mesma. São geral-
proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verda- mente designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r,s...
deira ou falsa. E depois da letra colocamos “:”

Exemplos: Exemplo:
(A) A Terra é azul. p: Marcelo é engenheiro
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é q: Ricardo é estudante
uma proposição.
(B) >2
Proposição composta: combinação de duas ou mais
proposições. Geralmente designadas pelas letras maiúscu-
Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico
las P, Q, R, S,...
falso.

Todas elas exprimem um fato. Exemplo:


P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante.
Agora, vamos pensar em uma outra frase: Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante.
O dobro de 1 é 2?
Sim, correto? Se quisermos indicar quais proposições simples fazem
Correto. Mas é uma proposição? parte da proposição composta:
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos
declarar se é falso ou verdadeiro. P(p,q)

Bruno, vá estudar. Se pensarmos em gramática, teremos uma proposição


É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não composta quando tiver mais de um verbo e proposição
conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não simples, quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que para
é proposição. ser proposição, temos que conseguir definir o valor lógico.

Passei! Conectivos
Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos Agora vamos entrar no assunto mais interessante: o
de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque que liga as proposições.
é uma sentença exclamativa. Antes, estávamos vendo mais a teoria, a partir dos co-
Vamos ver alguns princípios da lógica: nectivos vem a parte prática.

95
MATEMÁTICA

Definição - Disjunção Exclusiva


Palavras que se usam para formar novas proposições,
a partir de outras. Extensa: Ou...ou...
Símbolo: ∨
Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma
coisa? p: Vitor gosta de estudar.
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conetivo q: Vitor gosta de trabalhar
terá um nome, vamos ver?
p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra-
-Negação balhar.

-Condicional
Extenso: Se...,então..., É necessário que, Condição ne-
Exemplo cessária
p: Lívia é estudante. Símbolo: →
~p: Lívia não é estudante.
Exemplos
q: Pedro é loiro. p→q: Se chove, então faz frio.
¬q: É falso que Pedro é loiro. p→q: É suficiente que chova para que faça frio.
p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio.
r: Érica lê muitos livros. p→q: É necessário que faça frio para que chova.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros. p→q: Fazer frio é condição necessária para chover.

s: Cecilia é dentista. -Bicondicional


¬s: É mentira que Cecilia é dentista. Extenso: se, e somente se, ...
Símbolo:↔
-Conjunção
p: Lucas vai ao cinema
q: Danilo vai ao cinema.

p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai


ao cinema.
Nossa, são muitas formas de se escrever com a con-
junção. Referências
Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais: “e”, ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemá-
“mas”, “porém” tica – São Paulo: Nobel – 2002.

Exemplos
p: Vinícius é professor.
q: Camila é médica. Questões
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica. 01. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica. FCM/2017) Considere que os valores lógicos de p e q são
V e F, respectivamente, e avalie as proposições abaixo.
- Disjunção I- p → ~(p ∨ ~q) é verdadeiro
II- ~p → ~p ∧ q é verdadeiro
III- p → q é falso
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q é falso
p: Vitor gosta de estudar.
Está correto apenas o que se afirma em:
q: Vitor gosta de trabalhar

p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de traba- (A) I e III.


lhar. (B) I, II e III.
(C) I e IV.
(D) II e III.
(E) III e IV.

96
MATEMÁTICA

02. (TERRACAP – Técnico Administrativo – QUA- 05. (EBSERH – Médico – IBFC/2017) Sabe-se que p,
DRIX/2017) Sabendo-se que uma proposição da forma q e r são proposições compostas e o valor lógico das pro-
“P→Q” — que se lê “Se P, então Q”, em que P e Q são pro- posições p e q são falsos. Nessas condições, o valor lógico
posições lógicas — é Falsa quando P é Verdadeira e Q é Fal- da proposição r na proposição composta {[q v (q ^ ~p)] v r}
sa, e é Verdadeira nos demais casos, assinale a alternativa cujo valor lógico é verdade, é:
que apresenta a única proposição Falsa.
(A) falso
(A) Se 4 é um número par, então 42 + 1 é um número (B) inconclusivo
primo. (C) verdade e falso
(B) Se 2 é ímpar, então 22 é par. (D) depende do valor lógico de p
(C) Se 7 × 7 é primo, então 7 é primo. (E) verdade
(D) Se 3 é um divisor de 8, então 8 é um divisor de 15.
(E) Se 25 é um quadrado perfeito, então 5 > 7. 06. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS-
CONCURSOS/2017) Qual das seguintes sentenças é clas-
03. (IFBAIANO – Assistente Social – FCM/2017) sificada como uma proposição simples?
Segundo reportagem divulgada pela Globo, no dia
17/05/2017, menos de 40% dos brasileiros dizem praticar (A) Será que vou ser aprovado no concurso?
esporte ou atividade física, segundo dados da Pesquisa Na- (B) Ele é goleiro do Bangu.
cional por Amostra de Domicílios (Pnad)/2015. Além disso, (C) João fez 18 anos e não tirou carta de motorista.
concluiu-se que o número de praticantes de esporte ou de (D) Bashar al-Assad é presidente dos Estados Unidos.
atividade física cresce quanto maior é a escolaridade.
(Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/me-
07.(EBSERH – Assistente Administrativo –
nos-de-40-dos-brasileiros-dizem-praticar-esporte-ou-ati-
IBFC/2017) Assinale a alternativa incorreta com relação
vidade-fisica-futebol-e-caminhada-lideram-praticas.ghtml.
aos conectivos lógicos:
Acesso em: 23 abr. 2017).
Com base nessa informação, considere as proposições
p e q abaixo: (A) Se os valores lógicos de duas proposições forem
falsos, então a conjunção entre elas têm valor lógico falso.
p: Menos de 40% dos brasileiros dizem praticar esporte (B) Se os valores lógicos de duas proposições forem
ou atividade física falsos, então a disjunção entre elas têm valor lógico falso.
q: O número de praticantes de esporte ou de atividade (C) Se os valores lógicos de duas proposições forem
física cresce quanto maior é a escolaridade falsos, então o condicional entre elas têm valor lógico ver-
dadeiro.
Considerando as proposições p e q como verdadeiras, (D) Se os valores lógicos de duas proposições forem
avalie as afirmações feitas a partir delas. falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
falso.
I- p ∧ q é verdadeiro (E) Se os valores lógicos de duas proposições forem
II- ~p ∨ ~q é falso falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
III- p ∨ q é falso verdadeiro.
IV- ~p ∧ q é verdadeiro
08. (DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de
Está correto apenas o que se afirma em: direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu-
(A) I e II. mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e
(B) II e III. as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu
(C) III e IV. vocabulário particular constava, por exemplo:
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV. P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
04. (UFSBA - Administrador – UFMT /2017) Assinale R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
a alternativa que NÃO apresenta uma proposição.
são no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
(A) Jorge Amado nasceu em Itabuna-BA.
(B) Antônio é produtor de cacau.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não re-
(C) Jorge Amado não foi um grande escritor baiano.
(D) Queimem os seus livros. cordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue
o item que se segue.

97
MATEMÁTICA

A proposição “Caso tenha cometido os crimes A e B, 02. Resposta:.E.


não será necessariamente encarcerado nem poderá pagar Vamos fazer por alternativa:
fiança” pode ser corretamente simbolizada na forma (P∧- (A) V→V
Q)→((~R)∨(~S)). V
( )Certo ( )Errado
(B) F→V
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Administrador - V
PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere-se a seguinte
proposição: “Se chove, então Mariana não vai ao deserto”. (C)V→V
Com base nela é logicamente correto afirmar que: V
(A) Chover é condição necessária e suficiente para Ma-
riana ir ao deserto. (D) F→F
V
(B) Mariana não ir ao deserto é condição suficiente
para chover.
(E) V→F
(C) Mariana ir ao deserto é condição suficiente para
F
chover.
(D) Não chover é condição necessária para Mariana ir
03. Resposta: A.
ao deserto.
p∧q é verdadeiro
~p∨~q
10. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi-
nistração – PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere- F∨F
-se a seguinte proposição: F
p∨q
P: João é alto ou José está doente. V∨V
V
O conectivo utilizado na proposição composta P cha-
ma-se: ~p∧q
(A) disjunção F∧V
(B) conjunção F
(C) condicional
(D) bicondicional 04. Resposta: D.
As frases que você não consegue colocar valor lógico
(V ou F) não são proposições.
RESPOSTAS Sentenças abertas, frases interrogativas, exclamativas,
imperativas
01. Resposta: D.
I- p → ~(p ∨ ~q) 05. Resposta: E.
(V) →~(V∨V) Sabemos que p e q são falsas.
V→F q∧~p =F
F q∨( q∧~p)
F∨F
II- ~p → ~p ∧ q F
F→F∧V Como a proposição é verdadeira, R deve ser verdadeira
F→F para a disjunção ser verdadeira.
V
06. Resposta: D.
III- p → q A única que conseguimos colocar um valor lógico.
V→F A C é uma proposição composta.
F
07. Resposta: D.
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q Observe que as alternativas D e E são contraditórias,
~(F∨F) →V∧V portanto uma delas é falsa.
V→V Se as duas proposições têm o mesmo valor lógico, a
→V bicondicional é verdadeira.

98
MATEMÁTICA

08. Resposta: Errado. -Negação


“...encarcerado nem poderá pagar fiança”. p ~p
“Nem” é uma conjunção(∧) V F
F V
09. Resposta: D.
Não pode chover para Mariana ir ao deserto. Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico
oposto, faz sentido, não?
10. Resposta: A. - Conjunção
O conectivo ou chama-se disjunção e também é repre-
sentado simbolicamente por ∨ Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se eu
tiver as duas coisas, certo?
Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
Tabela-verdade
chocolate.
Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor
E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
lógico de proposições compostas facilmente, analisando
cada coluna.
p q p ∧q
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V ou V V V
V(p)=F V F F
F V F
p F F F
V
F -Disjunção

Quando temos duas proposições, não basta colocar só Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o co-
nectivo “ou”.
VF, será mais que duas linhas.
Eu comprei bala ou chocolate.
p q Eu comprei bala e também comprei o chocolate, está
V V certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
V F Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
F V forma se eu comprei apenas chocolate.
F F Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
certo.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF
E a segunda intercalou VFVF.
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 possi- p q p ∨q
bilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver um V V V
padrão para se tornar mais fácil! V F V
As possibilidades serão 2n,
F V V
Onde:
n=número de proposições F F F
p q r -Disjunção Exclusiva
V V V
V F V Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
chocolate OU comprei bala.
V V F
Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mesmo
V F F tempo.
F V V
F F V p q p∨q
V V F
F V F
V F V
F F F F V V
F F F
A primeira proposição, será metade verdadeira e me-
tade falsa.
A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF.
E a terceira VVFFVVFF.
Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos
operadores lógicos?

99
MATEMÁTICA

-Condicional A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da


não contradição. Está lembrado?
Se chove, então faz frio.
Princípio da não Contradição: uma proposição não
Se choveu, e fez frio pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Estamos dentro da possibilidade.(V)
P ~p p∧~p ~(p∧p)
Choveu e não fez frio V F F V
Não está dentro do que disse. (F) F V F V
Não choveu e fez frio.. A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do
Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover, Terceiro excluído.
certo?(V)
Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é
Não choveu, e não fez frio verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses
Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V) casos e nunca um terceiro caso.
p q p →q
V V V P ~p p∨~p
V F F V F V
F V V F V V
F F V
Esses são os exemplos mais simples, mas normalmente
-Bicondicional conseguiremos resolver as questões com base na tabela
verdade, por isso insisto que a tabela verdade dos opera-
Ficarei em casa, se e somente se, chover. dores, têm que estar na “ponta da língua”, quase como a
tabuada da matemática.
Estou em casa e está chovendo.
A ideia era exatamente essa. (V) Veremos outros exemplos

Estou em casa, mas não está chovendo. Exemplo 1


Você não fez certo, era só pra ficar em casa se choves- Vamos pensar nas proposições
se. (F) P: João é estudante
Q: Mateus é professor
Eu sai e está chovendo. Se João é estudante, então João é estudante ou Mateus
Aiaiai não era pra sair se está chovendo. (F) é professor.
Não estou em casa e não está chovendo. Em simbologia: p→p∨q
Sem chuva, você pode sair, ta? (V)
P Q pVq p→p∨q
p q p ↔q V V V V
V V V V F V V
V F F F V V V
F V F F F F V
F F V
A coluna inteira da proposição composta deu verda-
Tentei deixar de uma forma mais simples, para enten- deiro, então é uma tautologia.
der a tabela verdade de cada conectivo, pois sei que será
difícil para decorar, mas se você lembrar das frases, talvez Exemplo 2
fique mais fácil. Bons estudos! Vamos às questões!
Com as mesmas proposições anteriores:
Tautologia João é estudante ou não é verdade que João é estu-
dante e Mateus é professor.
Definição: Chama-se tautologia, toda proposição com- p∨~(p∧q)
posta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se P Q p∧q ~(p∧q) p∨~(p∧q)
a coluna da proposição composta for verdadeira é tauto- V V V F V
logia. V F F V V
Vamos ver alguns exemplos. F V F V V
F F F V V

100
MATEMÁTICA

Novamente, coluna deu inteira com valor lógico verda-


deiro, é tautologia.

Exemplo 3
Se João é estudante ou não é estudante, então Mateus
é professor.

P Q ~p p∨~p p∨~p→q
V V F V V
V F F V F
F V V V V
F F V V V

Deu uma falsa e agora?


Não é tautologia.
Completando a tabela, se necessário, assinale a opção
que mostra, na ordem em que aparecem, os valores lógi-
cos na coluna correspondente à proposição S, de cima para
Referências baixo.
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemá- (A) V / V / F / F / F / F / F / F
tica – São Paulo: Nobel – 2002. (B) V / V / F / V / V / F / F / V
(C) V / V / F / V / F / F / F / V
(D) V / V / V / V / V / V / V / V
Questões (E) V / V / V / F / V / V / V / F

01. (TRT 7ªREGIÃO – Conhecimentos Básicos – CES- 03. (UTFPR – pedagogo – UTFPR/2017) A operação
PE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P lógica descrita pela tabela verdade da função Z, cujos ope-
A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- randos são p e q, é:
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga-
mento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
A quantidade mínima de linhas necessárias na tabela-
-verdade para representar todas as combinações possíveis
para os valores lógicos das proposições simples que com-
põem a proposição P do texto CB1A5AAA é igual a:

(A) 32.
(A) Conjunção.
(B) 4.
(B) Disjunção.
(C) 8.
(C) Disjunção exclusiva.
(D) 16. (D) Implicação.
(E) Bicondicional.
02. (SERES/PE – Agente de Segurança Penitenciária 04. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017)
– CESPE/2017) A partir das proposições simples P: “Sandra Considere a tabela-verdade abaixo, em que nas duas pri-
foi passear no centro comercial Bom Preço”, Q: “As lojas meiras colunas encontram-se os valores-verdade de duas
do centro comercial Bom Preço estavam realizando liquida- proposições A e B. Considere que V é usado para proposi-
ção” e R: “Sandra comprou roupas nas lojas do Bom Preço” ção verdadeira e F para proposição falsa.
é possível formar a proposição composta S: “Se Sandra foi
passear no centro comercial Bom Preço e se as lojas desse
centro estavam realizando liquidação, então Sandra com-
prou roupas nas lojas do Bom Preço ou Sandra foi passear
no centro comercial Bom Preço”. Considerando todas as
possibilidades de as proposições P, Q e R serem verdadei-
ras (V) ou falsas (F), é possível construir a tabela-verdade da
proposição S, que está iniciada na tabela mostrada a seguir.

101
MATEMÁTICA

Assinale a sequência que completa correta e respecti- 08. A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre ver-
vamente a tabela com os valores-verdade de x, y, z, t. dadeira, independentemente das valorações de P e Q como
verdadeiras ou falsas.
(A) V, F, V, V ( )certo ( )errado
(B) V, F, F, F
(C) F, V, V, F
(D) F, V, F, V 09. Tendo como referência essa situação hipotética,
julgue o item que se segue.
05. (AGREBRA – Técnico em Regulação – IBFC/2017)
A sentença P→S é verdadeira.
Assinale a alternativa correta. O valor lógico do bicondicio-
nal entre duas proposições é falso se:
( )certo ( )errado
(A) os valores lógicos das duas proposições forem fal-
sos .
(B) o valor lógico de cada uma das proposições for ver- 10. Tendo como referência essa situação hipotética,
dade. julgue o item que se segue.
(C) o valor lógico da primeira proposição for falso.
(D) o valor lógico da segunda proposição for falso. A sentença Q→R é falsa.
(E) somente uma das proposições tiver valor lógico fal- ( )certo ( )errado
so.

06. (PREF. DE SÃO JOSÉ DO CERRITO/SC – Assitente 11. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere as
Social – IESES/2017) Assinale a alternativa INCORRETA so- seguintes proposições:
bre lógica proposicional:
I) p ∧ ~p
(A) A disjunção inclusiva é falsa apenas quando ambas II) p → ~p
as proposições são falsas. III) p ∨ ~p
(B) A negação de uma proposição é falsa se ela for ver-
IV) p →~q
dadeira, e vice-versa.
(C) A conjunção é verdadeira apenas quando ambas as
proposições são verdadeiras. Assinale a alternativa correta.
(D) A implicação ou condicional é falsa quando ambas
as proposições são falsas. (A) Somente I e II são tautologias.
(B) Somente II é tautologia.
07. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS- (C) Somente III é tautologia.
CONCURSOS/2017) A tabela-verdade da proposição (p (D) Somente III e a IV são tautologias.
->q) ^r <->(p^~r) possui: (E) Somente a IV é tautologia.

(A) 4 linhas
(B) 8 linhas 12 (FUNDAÇÃO HEMOCENTRO DE BRASILIA/DF – Ad-
(C) 16 linhas ministração – IADES/2017) Assinale a alternativa que apre-
(D) 32 linhas senta uma tautologia.

(DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de di- (A) p∨(q∨~p)


reito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou (B) (q→p) →(p→q)
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu- (C) p→(p→q∧~q)
mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e (D) p∨~q→(p→~q)
as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu (E) p∨q→p∧q
vocabulário particular constava, por exemplo:

P: Cometeu o crime A.
Respostas
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
são no regime fechado. 01. Resposta: C.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança. P: A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não denciárias.
recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafian- Q: apresentou os comprovantes de pagamento.
çável. R: o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue Número de linhas: 2³=8.
os itens que se seguem.

102
MATEMÁTICA

02. Resposta: D. -Bicondicional


A proposição S é composta por: (p∧q)→(r∨p) p q p ↔q
V V V
P Q R p∧q r∨p S(p∧q)→(r∨p) V F F
V V V V V V F V F
F F V
V V F V V V
V F V F V V 09. Resposta: Errado
Apesar da tendência de falar que é verdadeira, pois fala
V F F F V V que o crime B é inafiançável, logo A é pode optar por pagar
F V V F V V a fiança, não é correto, pois não sabemos sobre o crime A,
F V F F F V se ele é inafiançável ou não.
F F V F V V
10. Resposta: Errado.
F F F F F V Se temos V(Q)=V
Para a proposição Q→R ser falsa, R deve ser falso.
03. Resposta: A. Mas, se o crime B é inafiançável, então R é verdadeiro,
É uma conjunção, pois só é verdadeira quando as duas tornando Q→R verdadeira, por isso está errado.
proposições são verdadeiras.
11. Resposta: C.
04. Resposta:A. P ou a própria negação é tautologia.
A B ¬A ¬A ou B
V V F V 12. Resposta: A.
V F F F Antes de entrar em desespero que tenha que fazer to-
F V V V das as tabela verdade, vamos analisar:
F F V V Provavelmente terá uma alternativa que tenha uma
proposição com conectivo de disjunção e a negação:
05. Resposta: E. p∨~p
p q p ↔q Logo na alternativa A, percebemos que temos algo pa-
V V V recido.
V F F Para confirmar, podemos fazer a tabela verdade:
F V F P Q ~p q∨~p p∨(q∨~p)
F F V V V F V V
V F F F V
06. Resposta: D. F V V V V
A condicional é falsa, apenas quando a primeira for F F V V V
verdadeira e a segunda falsa.

07. Resposta: B. EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS


São três proposições: 2³=8
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente
08. Resposta: Certo. equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se as
Analisando as duas tabelas, qualquer valor lógico que tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊNTICAS.
colocarmos dará verdadeiro. Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguinte
Exemplo: notação:
V(P)=V P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..)
V(Q)=V
V(~P)=F Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha,
V(~Q)=F mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas.
V(P→Q)=V
V(~Q→~P)=V Regra da Dupla negação
V((P→Q)↔((~Q→(~P))==V ~~p⇔p

-Condicional
p ~p ~~p
p q p →q V F V
V V V F V F
V F F
F V V São iguais, então ~~p⇔p
F F V

103
MATEMÁTICA

Regra de Clavius b) p ∨ q ⇔ q ∨ p
~p→p⇔p p q p∨q q∨ p
V V V V
p ~p ~p→p V F V V
V F V F V V V
F V F F F F F
Regra de Absorção c) p ∨ q ⇔ q p
p→p∧q⇔p→q p q p∨q q∨p
V V F F
p q p∧q p→p∧q p→q V F V V
V V V V V F V V V
V F F F F F F F F
F V F V V
F F F V V d) p ↔ q ⇔ q ↔ p
p q p↔q q↔p
Condicional V V V V
V F F F
Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são F V F F
as mais pedidas nos concursos F F V V
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-
-verdades idênticas Equivalências notáveis:

p ~p q p∧q p→q ~p∨q 1 - Distribuição (equivalência pela distributiva)


V F V V V V a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
V F F F F F
F V V F V V q p ∧ (q p∧ p (p ∧ q) ∨ (p
F V F F V V p q r
∨r ∨ r) q ∧r ∧ r)

Exemplo V V V V V V V V
p: Coelho gosta de cenoura V V F V V V F V
q: Coelho é herbívoro. V F V V V F V V
V F F F F F F F
p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é her- F V V V F F F F
bívoro. F V F V F F F F
~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her- F F V V F F F F
bívoro F F F F F F F F

A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)

p q ~p ~q ~p→~q p∨~q q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∧ (p
p q r
V V F F V V ∧r ∧ r) q ∨r ∨ r)
V V V V V V V V
V F F V V V
V V F F V V V V
F V V F F F
V F V F V V V V
F F V V V V
V F F F V V V V
Equivalência fundamentais (Propriedades Funda- F V V V V V V V
mentais): a equivalência lógica entre as proposições goza F V F F F V F F
das propriedades simétrica, reflexiva e transitiva. F F V F F F V F
F F F F F F F F
1 – Simetria (equivalência por simetria)
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p 2 - Associação (equivalência pela associativa)
p q p∧q q∧p a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)

V V V V q p ∧ (q p (p ∧ q) ∧ (p
V F F F p q r p∧q
∧r ∧ r) ∧r ∧ r)
F V F F V V V V V V V V
F F F F V V F F F V F F
V F V F F F V F

104
MATEMÁTICA

V F F F F F F F 3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p)


F V V V F F F F p q ~q p → ~q ~p q → ~p
F V F F F F F F V V F F F F
F F V F F F F F V F V V F V
F F F F F F F F F V F V V V
F F V V V V
b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
5 - Pela bicondicional
q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∨ (p a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição
p q r
∨r ∨ r) q ∨r ∨ r) p q p ↔ q p → q q → p (p → q) ∧ (q → p)
V V V V V V V V V V V V V V
V V F V V V V V V F F F V F
V F V V V V V V F V F V F F
V F F F V V V V F F V V V V
F V V V V V V V
F V F V V V F V b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q)
F F V V V F V V p
~q → ~p → (~q → ~p) ∧
F F F F F F F F p q ↔ ~q ~p
~p ~q (~p → ~q)
q
3 – Idempotência V V V F F V V V
a) p ⇔ (p ∧ p) V F F V F F V F
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas F V F F V V F F
colunas com p: F F V V V V V V

p p p∧p c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q)


V V V p p
~p ∧ (p ∧ q) ∨ (~p
F F F p q ↔ ∧ ~p ~q
~q ∧ ~q)
q q
b) p ⇔ (p ∨ p) V V V V F F F V
V F F F F V F F
p p p ∨p F V F F V F F F
V V V F F V F V V V V
F F F
6 - Pela exportação-importação
4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se [(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]
outra condicional equivalente à primeira, apenas inverten- p q r p ∧ q (p ∧ q) → r q → r p → (q → r)
do-se e negando-se as proposições simples que as com- V V V V V V V
põem. V V F V F F F
V F V F V V V
Da mesma forma que vimos na condicional mais acima, V F F F V V V
temos outros modos de definir a equivalência da condicio- F V V F V V V
nal que são de igual importância F V F F V F V
F F V F V V V
1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p) F F F F V V V
p q ~p ~q p → q ~q → ~p
V V F F V V Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)
V F F V F F
F V V F V V Chama-se proposições associadas a p → q as três pro-
F F V V V V posições condicionadas que contêm p e q:
– Proposições recíprocas: p → q: q → p
2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p) – Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p
p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V
V F F V V V
F V V V F V
F F V F V F

105
MATEMÁTICA

Observe a tabela verdade dessas quatro proposições: 05. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Considere
como verdadeira a seguinte sentença: “Se todas as flores são
q vermelhas, então o jardim é bonito”.
p→ ~p → ~q → É correto concluir que:
p q ~p ~q →
q ~q ~p
p
V V F F V V V V (A) se todas as flores não são vermelhas, então o jardim
V F F V F V V F não é bonito;
F V V F V F F V (B) se uma flor é amarela, então o jardim não é bonito;
F F V V V V V V (C) se o jardim é bonito, então todas as flores são ver-
melhas;
Observamos ainda que a condicional p → q e a sua (D) se o jardim não é bonito, então todas as flores não
recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO são vermelhas;
EQUIVALENTES. (E) se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor
não é vermelha.
Questões
06. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017)
01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU- Uma proposição equivalente a Se há fumaça, há fogo, é:
NESP/2017) Uma afirmação equivalente para “Se estou fe-
liz, então passei no concurso” é: (A) Se não há fumaça, não há fogo.
(A) Se passei no concurso, então estou feliz. (B) Se há fumaça, não há fogo.
(B) Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(C) Se não há fogo, não há fumaça.
(C) Não passei no concurso e não estou feliz.
(D) Estou feliz e passei no concurso. (D) Se há fogo, há fumaça.
(E) Passei no concurso e não estou feliz.
07. (DPE/RR – Técnico em Informática – INAZ DO
02. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere a PARÁ/2017) Diz-se que duas preposições são equivalen-
frase: tes entre si quando elas possuem o mesmo valor lógico. A
Se Marco treina, então ele vence a competição. sentença logicamente equivalente a: “ Se Maria é médica,
A frase equivalente a ela é: então Victor é professor” é:
(A) Se Marco não treina, então vence a competição.
(B) Se Marco não treina, então não vence a competição. (A) Se Victor não é professor então Maria não é médica
(C) Marco treina ou não vence a competição.
(B) Se Maria não é médica então Victor não é professor
(D) Marco treina se e somente se vence a competição.
(E) Marco não treina ou vence a competição. (C) Se Victor é professor, Maria é médica
(D) Se Maria é médica ou Victor é professor
03. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES- (E) Se Maria é médica ou Victor não é professor
PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o 08. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador –
próximo item. PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma proposição lo-
Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é gicamente equivalente a “se eu não posso pagar um táxi,
equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”. então vou de ônibus” é a seguinte:
( ) Certo
( ) Errado
(A) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi
04. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário – FGV/2017) (B) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus
Considere a sentença: “Se Pedro é torcedor do Avaí e Marce- (C) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
la não é torcedora do Figueirense, então Joana é torcedora (D) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar
da Chapecoense”. um táxi
Uma sentença logicamente equivalente à sentença dada é:
(A) Se Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce- 09. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi-
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha- nistração – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma pro-
pecoense. posição logicamente equivalente a “todo ato desonesto é
(B) Se Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torce- passível de punição” é a seguinte:
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
pecoense.
(C) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora (A) todo ato passível de punição é desonesto.
do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense. (B) todo ato não passível de punição é desonesto.
(D) Se Joana não é torcedora da Chapecoense, então (C) se um ato não é passível de punição, então não é
Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torcedora do Fi- desonesto.
gueirense. (D) se um ato não é desonesto, então não é passível
(E) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora de punição.
do Figueirense e Joana é torcedora da Chapecoense.

106
MATEMÁTICA

10. (TJ/PI – Analista Judiciário – FGV/2015) Conside- 08. Resposta: A.


re a sentença: “Se gosto de capivara, então gosto de javali”. Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p
~p∨q
Uma sentença logicamente equivalente à sentença Nesse caso, como temos apenas condicional nas alter-
dada é: nativas.
Nega as duas e troca
(A) Se não gosto de capivara, então não gosto de javali. p: não posso pagar um táxi
(B) Gosto de capivara e gosto de javali. q: vou de ônibus
(C) Não gosto de capivara ou gosto de javali. ~p: Posso pagar um táxi
(D) Gosto de capivara ou não gosto de javali. ~q: Não vou de ônibus
(E) Gosto de capivara e não gosto de javali. Se não vou de ônibus, então posso pagar um táxi
Respostas 09. Resposta: C.
Vamos pensar da seguinte maneira:
01. Resposta: B. Se todo ato é desonesto, então é passível de punição
p→q⇔~q→~p Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
p: Estou feliz “~p∨q”
q: passei no concurso Nesse caso, as alternativas nos mostram condicional.
A equivalência ficaria: Se um ato não é passível de punição, então não é de-
Se não passei no concurso, então não estou feliz. sonesto.

02. Resposta: E. 10. Resposta: C.


Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou Lembra da tabela da teoria??
“~p∨q” p q p→q ~p ~p∨q
P: Marcos treina V V V F V
Q: ele vence a competição V F F F F
Marcos não treina ou ele vence a competição F V V V V
F F V V V
03. Resposta: Certo.
Uma dica é que normalmente quando tem vírgula é Então
condicional, não é regra, mas acontece quando você não p: Gosto de capivara
acha o conectivo. q: Gosto de javali
04. Resposta: C. Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p, mas não
Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou temos essa opção.
“~p∨q” Portanto, deve ser ~p∨q
~p: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
Não gosto de capivara ou gosto de javali.
dora do Figueirense
~q→~p: Se Joana não é torcedora da Chapecoense,
Referências
então Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemá-
do Figueirense
tica – São Paulo: Nobel – 2002.
~p∨q: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de
dora do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro:
05. Resposta: E. Elsevier, 2013.
Equivalência: p→q⇔~q→~p
Para negar Todos:
Pelo menos faz o contrário, ou seja, no nosso caso,
pelo menos uma flor não é vermelha
~p: Pelo menos uma flor não é vermelha SEQUËNCIA LÓGICA
Se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor
não é vermelha. As sequências lógicas aparecem com frequências nas
provas de concurso. São vários tipos: números, letras, figu-
06. Resposta: C. ras, baralhos, dominós e como é um assunto muito abran-
Nega as duas e troca de lado. gente, e pode ser pedido de qualquer forma, o que ajudará
Se não há fogo, então não há fumaça. nos estudos serão as práticas de exercícios e algumas dicas
que darei. Em cada exemplo, darei algumas dicas para toda
07. Resposta: A. vez que você visualizar esse tipo de questão já ajude a ana-
Nega as duas e troca de lado. lisar que tipo será. Vamos lá?
Se Victor não é professor, então Maria não é medica.

107
MATEMÁTICA

Sequência de Números (A) 9.


Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multipli- (B) 11.
cação. (C) 26.
Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA, ela (D) 27.
vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão, alguns
serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se assuste se Resolução
achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será isso e pon- Quando há uma sequência que não parece progressão
to. aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para soma os
Vamos ver alguns tipos de sequências: dois anteriores, soma 1, e assim por diante.
No caso se somarmos os dois primeiros para dar o ter-
-Progressão Aritmética ceiro: 3+6=9
2 5 8 11 Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3
Vamos ver se ficará certo com o restante
Progressão aritmética sempre terá a mesma razão. 6+3=9
No nosso exemplo, a razão é 3, pois para cada número 9/3=3
seguinte, temos que somar 3. 3+2=5
5/3
-Progressão Geométrica Opa...parece que deu certo
9 18 36 72 Então:

E agora para essa nova sequência?


Se somarmos 9, não teremos uma sequência, então
não é soma.
O próximo que tentamos é a multiplicação,9x2=18
18x2=36
36x2=72
Opa, deu certo? Resposta: D.
Progressão geométrica de razão 2.
Sequência de Letras
Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difícil
-Incremento em Progressão
de falar, pois podem ser de vários tipos.
1 2 4 7
Às vezes temos que substituir por números, outras ana-
lisar o padrão de como aparecem. Vamos ver uns exemplos?
Observe que estamos somando 1 a mais para cada nú-
mero.
Exemplo 1
1=1=2
(AGERIO – Analista de Desenvolvimento – FDC/2015)
2+2=4
Considerando a sequência de vocábulos:
4+3=7 galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré
-Série de Fibonacci A alternativa lógica que substitui X é:
1 1 2 3 5 8 13
Cada termo é igual à soma dos dois anteriores. (A) boi
(B) siri
-Números Primos (C) sapo
2 3 5 7 11 13 17 (D) besouro
Naturais que possuem apenas dois divisores naturais. (E) gaivota
-Quadrados Perfeitos Resolução
1 4 9 16 25 36 49 Primeiro tentamos número de sílabas ou letras.
Números naturais cujas raízes são naturais. Letras já não deu certo.

Exemplo 1 Galo=4
Pato=4
(UFPB – Administrador – IDECAN/2016) Considere a Carneiro=8
sequência numérica a seguir: Cobra=4
3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . . Jacaré=6
Não tem um padrão
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de
formação a partir do terceiro termo, então o denominador Número de sílabas
do próximo termo da sequência é: Está dividido em 2 e 3 e sem padrões

108
MATEMÁTICA

Começadas com as letras dos meses?não... (A)


Difícil...
São animais, então:

Galo e pato são aves (B)


Cobra e jacaré são répteis
O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
procurar outro mamífero que no caso é o boi
Resposta: A.
(C)
Exemplo 2
(IBGE - Técnico em Informações Geográficas e Esta-
tísticas – FGV/2016) Considere a sequência infinita
(D)
IBGEGBIBGEGBIBGEG...

A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respec-


tivamente:
(A) BG; (E)
(B) GE;
(C) EG;
(D) GB;
(E) BI.
Resposta: B.
Resposta: E.
Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado
É uma sequência com 6 E depois 2 riscos e assim por diante.
Cada letra equivale a sequência Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D?
I=1 É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de
B=2 todos.
G=3
E=4 Questões
G=5
B=0 01. ( TRE/RJ - Técnico Judiciário - Operação de
Computadores – CONSULPLAN/2017) Os termos de uma
2016/6=336 resta 0 determinada sequência foram sucessivamente obtidos se-
2017/6=336 resta 1 guindo um determinado padrão:

Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será equiva- (5, 9, 17, 33, 65, 129...)
lente a última letra
O décimo segundo termo da sequência anterior é um
E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira
número
letra.
(A) menor que 8.000.
Sequência de Figuras (B) maior que 10.000.
(C) compreendido entre 8.100 e 9.000.
Do mesmo modo que a sequência de letras, é um tema (D) compreendido entre 9.000 e 10.000.
abrangente, pois a banca pode pedir a figura que convém.
02. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITU-
(FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tecno- TO AOCP/2017) Uma máquina foi programada para dis-
logia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que contém a tribuir senhas para atendimento em uma agência bancária
próxima figura da sequência. alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha
o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na se-
guinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas informações
mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª senhas,
respectivamente, são:

109
MATEMÁTICA

(A) 69 e Z. 06. (EBSERH – Assistente Administrativo –


(B) 90 e Y. IBFC/2017) Considerando a sequência de figuras @, % , &,
(C) T e 88. # , @, %, &, #,..., podemos dizer que a figura que estará na
(D) 77 e Z. 117ª posição será:
(E) Y e 100. (A) @
(B) %
03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na (C) &
figura abaixo, encontram-se representadas três etapas da (D) #
construção de uma sequência elaborada a partir de um (E) $
triângulo equilátero.
07. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217)
Considere a seguinte sequência de figuras formadas por
círculos:

Continuando a sequência de maneira a manter o mes-


Na etapa 1, marcam-se os pontos médios dos lados mo padrão geométrico, o número de círculos da Figura 18 é:
do triângulo equilátero e retira-se o triângulo com vértices (A) 334.
nesses pontos médios, obtendo-se os triângulos pretos. Na (B) 314.
etapa 2, marcam-se os pontos médios dos lados dos triân- (C) 342.
gulos pretos obtidos na etapa 1 e retiram-se os triângulos (D) 324.
com vértices nesses pontos médios, obtendo-se um novo (E) 316.
conjunto de triângulos pretos. A etapa 3 e as seguintes
mantêm esse padrão de construção. 08. (CODEBA – Guarda Portuário – FGV/2016) Para
passar o tempo, um candidato do concurso escreveu a sigla
Mantido o padrão de construção acima descrito, o nú- CODEBA por sucessivas vezes, uma após a outra, formando
mero de triângulos pretos existentes na etapa 7 é a sequência:
C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ...
(A) 729.
(B) 1.024. A 500ª letra que esse candidato escreveu foi:
(C) 2.187.
(D) 4.096. (A) O
(E) 6.561. (B) D
(C) E
04. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Ob- (D) B
serve a sequência: 43, 46, 50, 55, 61, ... (E) A

O próximo termo é o: 09. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VU-


(A) 65. NESP/2016) A sequência ((3, 5); (3, 3, 3); (5; 5); (3, 3, 5);
...) tem como termos sequências contendo apenas os nú-
(B) 66.
meros 3 ou 5. Dentro da lógica de formação da sequência,
(C) 67.
cada termo, que também é uma sequência, deve ter o me-
(D) 68.
nor número de elementos possível. Dessa forma, o número
(E) 69.
de elementos contidos no décimo oitavo termo é igual a:
(A) 5.
05. (TRT 24ª REGIÃO – Analista Judiciário – (B) 4.
FCC/2017) Na sequência 1A3E; 5I7O; 9U11A; 13E15I; (C) 6.
17O19U; 21A23E; . . ., o 12° termo é formado por algaris- (D) 7.
mos e pelas letras (E) 8.
(A) EI.
(B) UA. 10. (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) A se-
(C) OA. quência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui deter-
(D) IO. minada lógica em sua formação. O número corresponden-
(E) AE. te ao décimo elemento dessa sequência é:

110
MATEMÁTICA

(A) 91 08. Resposta: A.


(B) 88. É uma sequência com 6 letras:
(C) 87 500/6=83 e resta 2
(D) 84 C=1
O=2
D=3
Respostas E=4
B=5
01. Resposta: C. A=0
Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
Como restaram 2, então será igual a O.
Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos
213+1=8193
09. Resposta: A.
Vamos somar os números:
02. Resposta: D. 3+5=8
A 51ª senha segue a sequência ímpar que são: (2, 5, 3+3+3=9
8,...) 5+5=10
51/2=25 e somamos 1, para saber qual posição ocupa- 3+3+5=11
rá na sequência. Portanto será a 26 Observe que
A26=a1+25r os termos formam uma PA de razão 1.
A26=2+25⋅3 a18=?
A26=2+75=77 a18=a1+17r
a18=8+17
A 52ª senha ocupará a posição 26 também, mas na se- a18=25
quência par, ou seja, a 26ª letra do alfabeto que é a letra Z.
Para dar 25, com o menor número de elementos possí-
03 Resposta:C veis, devemos ter (5,5,5,5,5)
É uma PG de razão 3 e o a1 também é 3.
10. Resposta: A.
A princípio, queremos ver a sequência com os termos
seguidos mesmo, o que seria:
99+4=103
103-7=96
04. Resposta: D. 96+4=100
Observe que de 43 para 46 são 3 100-7=93
50-46=4 Alternando essa sequência, mas se conseguirmos vi-
55-50=5 sualizar uma outra maneira, ficará mais fácil.
61-55=6
Portanto, o próximo será somando 7 Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam
61+7=68 uma PA de razão r=-3
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão
05. Resposta: D. também r=-3
A partir do 5º termo começa a repetir as letras, por-
tanto: Como a10 é par, devemos tomar como base a sequên-
12/5=2 e resta 2 cia par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos tra-
Assim, será igual ao segundo termo, IO. tando apenas dela, a10=a5
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por
06. Resposta: A. diante.
117/4=29 e resta 1 A5=a1+4r
A5=103-12
Portanto, é igual a figura 1 @
A5=31
07. Resposta: D.
Figura 1:1
Figura 2:4
Figura 3:9
Figura 4:16
O número de círculos é o quadrado da posição
Figura 18: 18²=324

111
MATEMÁTICA

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras?
4. DIAGRAMAS LÓGICOS, TABELAS E
GRÁFICOS Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex-
trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)

Todo A é B é necessariamente falsa.


As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro- Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?
posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução
requer que desenhemos figuras, os chamados diagramas. Algum A é B é necessariamente falsa.
Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.
Definição das proposições
Algum A não é B necessariamente verdadeira.
Todo A é B.
Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos
O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
não sejam mas, se já está dizendo algum vou concordar.
elemento de A também é elemento de B.
Algum A é B.
Podemos representar de duas maneiras:
Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em
comum com o conjunto B.

Temos 4 representações possíveis:

a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen-


tos em comum.

Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras?
Pensemos nessa frase: Toda criança é linda.

Nenhum A é B é necessariamente falsa.


Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
que TODA criança é linda? Por isso é falsa.

Algum A é B é necessariamente verdadeira


Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
lindas. b) Todos os elementos de A estão em B.

Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está


contido em B.
Alguma criança não é linda, bem como já vimos impos-
sível, pois todas são.

Nenhum A é B.
A e B não terão elementos em comum.

112
MATEMÁTICA

c) Todos os elementos de B estão em A. a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen-
tos em comum

d) O conjunto A é igual ao conjunto B.


b) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras? c) Não há elementos em comum entre os dois conjun-
Frase: Algum copo é de vidro. tos

Nenhum A é B é necessariamente falsa


Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né?
Porque assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei de
falar que algum copo é de vidro, ou seja, tenho pelo menos
1 copo de vidro.

Todo A é B , não conseguimos determinar, podendo ser


verdadeira ou falsa (podemos analisar também os diagra-
mas mostrados nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.

Algum A não é B não conseguimos determinar, poden- Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
do ser verdadeira ou falsa(contradiz com as figuras b e d) como ficam os valores lógicos das outras?
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se to- Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior
dos os copos são de vidros, pode ser verdadeira. Frase: Algum copo não é de vidro.

Algum A não é B. Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as


O conjunto A tem pelo menos um elemento que não figuras a e b)
pertence ao conjunto B. Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
todos não são de vidro.
Aqui teremos 3 modos de representar:
Todo A é B , é necessariamente falsa
Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
não era.

113
MATEMÁTICA

Algum A é B é indeterminada Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).


Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem Negação: (∀x)(~Q(x)).
algum de vidro ou não. (∃x)(2x-1=3)
Negação: (∀x)(2x-1≠3)
Quantificadores são elementos que, quando associa-
dos às sentenças abertas, permitem que as mesmas sejam Questões
avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser
qualificadas como sentenças fechadas. 01. (UFES - Assistente em Administração –
UFES/2017) Em um determinado grupo de pessoas:
O quantificador universal
• todas as pessoas que praticam futebol também pra-
O quantificador universal, usado para transformar sen- ticam natação,
tenças (proposições) abertas em proposições fechadas, é • algumas pessoas que praticam tênis também prati-
indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que seja”, cam futebol,
“para todo”, “para cada”. • algumas pessoas que praticam tênis não praticam
natação.
Exemplo:
(∀x)(x + 2 = 6) É CORRETO afirmar que no grupo
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6” (fal-
sa). (A) todas as pessoas que praticam natação também
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a praticam tênis.
afirmação ser verdadeira. (B) todas as pessoas que praticam futebol também pra-
ticam tênis.
O quantificador existencial (C) algumas pessoas que praticam natação não prati-
cam futebol.
O quantificador existencial é indicado pelo símbolo (D) algumas pessoas que praticam natação não prati-
“∃” que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe cam tênis.
um”. (E) algumas pessoas que praticam tênis não praticam
futebol.
Exemplos: 02. (TRT - 20ª REGIÃO /SE - Técnico Judiciário –
(∃x)(x + 5 = 9) FCC/2016) que todo técnico sabe digitar. Alguns desses
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verda- técnicos sabem atender ao público externo e outros desses
deira). técnicos não sabem atender ao público externo. A partir
Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...claro dessas afirmações é correto concluir que:
que existe algum número que essa afirmação será verda-
(A) os técnicos que sabem atender ao público externo
deira.
não sabem digitar.
(B) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
Ok?? Sem maiores problemas, certo? terno não sabem digitar.
(C) qualquer pessoa que sabe digitar também sabe
Representação de uma proposição quantificada atender ao público externo.
(D) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
(∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15) terno sabem digitar.
Quantificador: ∀ (E) os técnicos que sabem digitar não atendem ao pú-
Condição de existência da variável: x ∈ N . blico externo.
Predicado: x + 3 > 15.
03. (COPERGAS – Auxiliar Administrativo –
(∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)] FCC/2016) É verdade que existem programadores que não
Quantificador: ∃ gostam de computadores. A partir dessa afirmação é cor-
Condição de existência da variável: não há. reto concluir que:
Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”.
(A) qualquer pessoa que não gosta de computadores é
Negações de proposições quantificadas ou funcionais um programador.
Seja uma sentença (∀x)(A(x)). (B) todas as pessoas que gostam de computadores não
Negação: (∃x)(~A(x)) são programadores.
(C) dentre aqueles que não gostam de computadores,
Exemplo alguns são programadores.
(∀x)(2x-1=3) (D) para ser programador é necessário gostar de com-
Negação: (∃x)(2x-1≠3) putador.
(E) qualquer pessoa que gosta de computador será um
bom programador.

114
MATEMÁTICA

04. (COPERGAS/PE - Analista Tecnologia da Infor- (C) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
mação gosta de matemática.
- FCC/2016) É verdade que todo engenheiro sabe ma- (D) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
temática. É verdade que há pessoas que sabem matemática não é professor de matemática.
e não são engenheiros. É verdade que existem administra-
dores que sabem matemática. A partir dessas afirmações é
possível concluir corretamente que: 08. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-
NESP/2015) Se todo estudante de uma disciplina A é tam-
(A) qualquer engenheiro é administrador. bém estudante de uma disciplina B e todo estudante de
(B) todos os administradores sabem matemática. uma disciplina C não é estudante da disciplina B, e ntão é
(C) alguns engenheiros não sabem matemática. verdade que:
(D) o administrador que sabe matemática é engenhei-
(A) algum estudante da disciplina A é estudante da dis-
ro. ciplina C.
(E) o administrador que é engenheiro sabe matemática. (B) algum estudante da disciplina B é estudante da dis-
ciplina C.
05. (CRECI 1ª REGIÃO/RJ – Advogado – MSCON- (C) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
CURSOS/2016) Considere como verdadeiras as duas pre- disciplina C.
missas seguintes: (D) nenhum estudante da disciplina B é estudante da
disciplina A.
I – Nenhum professor é veterinário; (E) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
II – Alguns agrônomos são veterinários. disciplina B.

A partir dessas premissas, é correto afirmar que, neces-


sariamente: 09. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-
(A) Nenhum professor é agrônomo. NESP/2015) Considere verdadeira a seguinte afirmação:
(B) Alguns agrônomos não são professores. “Todos os primos de Mirian são escreventes”.
(C) Alguns professores são agrônomos.
Dessa afirmação, conclui­se corretamente que
(D) Alguns agrônomos são professores.
(A) se Pâmela não é escrevente, então Pâmela não é
06. (EMSERH - Auxiliar Administrativo – FUN- prima de Mirian.
CAB/2016) Considere que as seguintes afirmações são (B) se Jair é primo de Mirian, então Jair não é escre-
verdadeiras: vente.
(C) Mirian é escrevente
“Algum maranhense é pescador.” (D) Mirian não é escrevente.
“Todo maranhense é trabalhador.” (E) se Arnaldo é escrevente, então Arnaldo é primo de
Mirian
Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que:

(A) Algum maranhense pescador não é trabalhador 10. (DPE/MT – Assistente Administrativo –
(B) Algum maranhense não pescar não é trabalhador FGV/2015) Considere verdadeiras as afirmações a seguir.
(C) Todo maranhense trabalhadoré pescador
(D) Algum maranhense trabalhador é pescador • Existem advogados que são poetas.
(E) Todo maranhense pescador não é trabalhador. • Todos os poetas escrevem bem.
07. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Assistente Ad- Com base nas afirmações, é correto concluir que
ministrativo – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2015) Em certa
(A) se um advogado não escreve bem então não é poe-
comunidade, é verdade que:
ta.
(B) todos os advogados escrevem bem.
- todo professor de matemática possui grau de mestre;
(C) quem não é advogado não é poeta.
- algumas pessoas que possuem grau de mestre gos-
(D) quem escreve bem é poeta.
tam de empadão de camarão;
(E) quem não é poeta não escreve bem.
- algumas pessoas que gostam de empadão de cama-
rão não possuem grau de mestre.

Uma conclusão necessariamente verdadeira é:

(A) algum professor de matemática gosta de empadão


de camarão.
(B) nenhum professor de matemática gosta de empa-
dão de camarão.

115
MATEMÁTICA

Respostas 04. Resposta: E.

01. Resposta: E.

02. Resposta: D. 05. Resposta: B.


Podemos excluir as alternativas que falam que não sa- Alguns agrônomos são veterinários e podem ser só
bem digitar, pois todos os técnicos sabem digitar. agrônomos.

06. Resposta: D.

03. Resposta: C.

07. Resposta: D.

116
MATEMÁTICA

Podemos ter esses dois modelos de diagramas: 10. Resposta: A.


(A) não está claro se os mestres que gostam de empa- Se o advogado não escreve bem, ele faz parte da área
dão são professores ou não. hachurada, portanto ele não é poeta.
(B) podemos ter o primeiro diagrama
(C) pode ser o segundo diagrama.

08. Resposta: C.
O diagrama C deve ficar para fora, pois todo estudante
de C não é da disciplina B, ou seja, não tem ligação nenhuma.

Referências
Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Pro-
vas e Concursos, 2010.

Assim, os estudantes da disciplina A, também não fa-


zem disciplina C e vice-versa. 16. PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E NOÇÃO DE
PROBABILIDADE.
09. Resposta: A.

Análise Combinatória
A Análise Combinatória é a área da Matemática que
trata dos problemas de contagem.

Princípio Fundamental da Contagem


Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrên-
cia de um evento composto de duas ou mais etapas.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a
decisão E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número
de maneiras de se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.

Como Pâmela não é escrevente, ela está em um diagra- Exemplo


ma a parte, então não é prima de Mirian.
Analisando as alternativas erradas:

(B) Todos os primos de primo são escrevente.


(C) e (D) Não sabemos se Mirian é escrevente ou não.
(E) Não necessariamente, pois há pessoas que são es-
creventes, mas não primos de Mirian.

O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(cal-


ças). 3(blusas)=6 maneiras

Fatorial
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o
produto de uma multiplicação cujos fatores são números
naturais consecutivos. Para facilitar adotamos o fatorial.

117
MATEMÁTICA

Arranjo Simples Exemplo


Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
p, toda sequência de p elementos distintos de E. Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Per-
Exemplo mutações. Como temos uma letra repetida, esse número
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números será menor.
de 2 algarismos distintos podemos formar? Temos 3P, 2A, 2L e 3 E

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos,
podemos formar subconjuntos com p elementos. Cada sub-
conjunto com i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos
que podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos.
Solução

Observe que os números obtidos diferem entre si: Números Binomiais


Pela ordem dos elementos: 56 e 65 O número de combinações de n elementos, tomados
Pelos elementos componentes: 56 e 67 p a p, também é representado pelo número binomial .
Cada número assim obtido é denominado arranjo sim-
ples dos 3 elementos tomados 2 a 2.
Indica-se

Binomiais Complementares
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma
dos denominadores é igual ao numerador são iguais:
Permutação Simples
Chama-se permutação simples dos n elementos, qual-
quer agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
O número de permutações simples de n elementos é
indicado por Pn. Relação de Stifel

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO? Triângulo de Pascal
Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n ob-
jetos, dos quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são
iguais a C etc.

118
MATEMÁTICA

Considerando-se essa mesma forma de distribuição,


de quantas maneiras distintas esses livros podem ser orga-
Binômio de Newton nizados na estante?
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da for- (A) 30 maneiras
ma , com n∈N. Vamos desenvolver alguns binômios: (B) 60 maneiras
(C) 120 maneiras
(D) 360 maneiras
(E) 720 maneiras

04. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação


– UTFPR/2017) Em um carro que possui 5 assentos, irão
viajar 4 passageiros e 1 motorista. Assinale a alternativa
que indica de quantas maneiras distintas os 4 passageiros
Observe que os coeficientes dos termos formam o podem ocupar os assentos do carro.
triângulo de Pascal. (A) 13.
(B) 26.
(C) 17.
(D) 20.
(E) 24.

05. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação –


UTFPR/2017) A senha criada para acessar um site da inter-
Questões net é formada por 5 dígitos. Trata-se de uma senha alfanu-
01. (UFES - Assistente em Administração – mérica. André tem algumas informações sobre os números
UFES/2017) Uma determinada família é composta por e letras que a compõem conforme a figura.
pai, por mãe e por seis filhos. Eles possuem um automó-
vel de oito lugares, sendo que dois lugares estão em dois
bancos dianteiros, um do motorista e o outro do carona, e
os demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão
no automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão
um dos dois bancos dianteiros. O número de maneiras de
dispor os membros da família nos lugares do automóvel é Sabendo que nesta senha as vogais não se repetem e
igual a: também não se repetem os números ímpares, assinale a
(A) 1440 alternativa que indica o número máximo de possibilidades
(B) 1480 que existem para a composição da senha.
(C) 1520 (A) 3125.
(D) 1560 (B) 1200.
(E) 1600 (C) 1600.
(D) 1500.
02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) To- (E) 625.
mando os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números
pares de 4 algarismos distintos podem ser formados? 06. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSUF-
(A) 120. GO/2017) Uma empresa de limpeza conta com dez faxi-
(B) 210. neiras em seu quadro. Para atender três eventos em dias
(C) 360. diferentes, a empresa deve formar três equipes distintas,
(D) 630. com seis faxineiras em cada uma delas. De quantas manei-
(E) 840. ras a empresa pode montar essas equipes?
(A) 210
03. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros (B) 630
diferentes estão distribuídos em uma estante de vidro, con- (C) 15.120
forme a figura abaixo: (D) 9.129.120

119
MATEMÁTICA

07. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/ Números ímpares: 1,3,5,7,9


IAUPE – 2017) No carro de João, tem vaga apenas para
3 dos seus 8 colegas. De quantas formas diferentes, João
pode escolher os colegas aos quais dá carona?
(A) 56
(B) 84
(C) 126 5⋅5⋅4⋅4⋅3=1200
(D) 210
(E) 120 06. Resposta: D.

08. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/


IAUPE – 2017) Num grupo de 15 homens e 9 mulheres,
quantos são os modos diferentes de formar uma comissão Como para os três dias têm que ser diferentes:
composta por 2 homens e 3 mulheres? __ __ __
(A) 4725 210⋅209⋅208=9129120
(B) 12600
(C) 3780 07. Resposta: A.
(D) 13600
(E) 8820

09. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Um


torneio de futebol de várzea reunirá 50 equipes e cada
equipe jogará apenas uma vez com cada uma das outras. 08. Resposta: E.
Esse torneio terá a seguinte quantidade de jogos:
(A) 320.
(B) 460.
(C) 620.
(D) 1.225.
(E) 2.450.

10. (IFAP – Engenheiro de Segurança do Trabalho 09. Resposta: D.


– FUNIVERSA/2016) Considerando-se que uma sala de
aula tenha trinta alunos, incluindo Roberto e Tatiana, e que
a comissão para organizar a festa de formatura deva ser
composta por cinco desses alunos, incluindo Roberto e Ta-
tiana, a quantidade de maneiras distintas de se formar essa 10. Resposta: D.
comissão será igual a:
(A) 3.272. Roberto Tatiana __ ___ ___
(B) 3.274.
(C) 3.276. São 30 alunos, mas vamos tirar Roberto e Tatiana que
(D) 3.278. terão que fazer parte da comissão.
(E) 3.280. 30-2=28

Respostas

01. Resposta: A.
P2⋅P6=2!⋅6!=2⋅720=1440
Experimento Aleatório
02. Resposta: C.
__ ___ __ __ Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é im-
6⋅ 5⋅ 4⋅ 3=360 previsível, por depender exclusivamente do acaso, por
exemplo, o lançamento de um dado.
03. Resposta: E.
P6=6!=6⋅5⋅4⋅3⋅2⋅1=720
04. Resposta: E.
P4=4!= 4⋅3⋅2⋅1=24

05. Resposta: B.
Vogais: a, e, i, o, u

120
MATEMÁTICA

Espaço Amostral Note que


Num experimento aleatório, o conjunto de todos os
resultados possíveis é chamado espaço amostral, que se
indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face volta- Exemplo
da para cima, tem-se: Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas
E={1,2,3,4,5,6} coloridas. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retira-
No lançamento de uma moeda, observando a face vol- da uma bola vermelha é Calcular a probabilidade de ter
tada para cima: sido retirada uma bola que não seja vermelha.
E={Ca,Co}
Solução
Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que são complementares.
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}:
Ocorrer um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo Adição de probabilidades


Considere o seguinte experimento: registrar as faces Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E,
voltadas para cima em três lançamentos de uma moeda. finito e não vazio. Tem-se:

a) Quantos elementos tem o espaço amostral?


b) Descreva o espaço amostral. Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de
Solução se obter um número par ou menor que 5, na face superior?
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lan-
çamento, há duas possibilidades. Solução
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
2x2x2=8 Sejam os eventos
b) E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(- A={2,4,6} n(A)=3
C,R,R),(R,R,R)} B={1,2,3,4} n(B)=4

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amos-
tral E com n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento
com n(A) amostras.

Probabilidade Condicional
Eventos complementares É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A ocorreu o evento B, definido por:
um evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se
por , o evento formado por todos os elementos de E que
não pertencem a A.
E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

121
MATEMÁTICA

Eventos Simultâneos 06. (PREF. DE PIRAUBA/MG – Assistente Social –


Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espa- MSCONCURSOS/2017) A probabilidade de qualquer uma
ço amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por: das 3 crianças de um grupo soletrar, individualmente, a pa-
lavra PIRAÚBA de forma correta é 70%. Qual a probabili-
dade das três crianças soletrarem essa palavra de maneira
errada?
Questões (A) 2,7%
(B) 9%
01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Em (C) 30%
cada um de dois dados cúbicos idênticos, as faces são nu- (D) 35,7%
meradas de 1 a 6. Lançando os dois dados simultaneamen-
te, cuja ocorrência de cada face é igualmente provável, a 07. (UFTM – Tecnólogo – UFTM/2016) Lançam-se si-
probabilidade de que o produto dos números obtidos seja multaneamente dois dados não viciados, a probabilidade
um número ímpar é de:
de que a soma dos resultados obtidos seja nove é:
(A) 1/4.
(A) 1/36
(B) 1/3.
(B) 2/36
(C) 1/2.
(D) 2/3. (C) 3/36
(E) 3/4. (D) 4/36

02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária 08. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
- MSCONCURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pes- AOCP/2016) Um empresário, para evitar ser roubado, es-
soas, entre homens e mulheres. Numa escolha ao acaso, a condia seu dinheiro no interior de um dos 4 pneus de um
probabilidade de se sortear um homem é de 5/12 . Quan- carro velho fora de uso, que mantinha no fundo de sua
tas mulheres foram à excursão? casa. Certo dia, o empresário se gabava de sua inteligência
(A) 20 ao contar o fato para um de seus amigos, enquanto um
(B) 24 ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão tinha
(C) 28 tempo suficiente para escolher aleatoriamente apenas um
(D) 32 dos pneus, retirar do veículo e levar consigo. Qual é a pro-
babilidade de ele ter roubado o pneu certo?
03. (UPE – Técnico em Administração – UPE- (A) 0,20.
NET/2017) Qual a probabilidade de, lançados simulta- (B) 0,23.
neamente dois dados honestos, a soma dos resultados ser (C) 0,25.
igual ou maior que 10? (D) 0,27.
(A) 1/18 (E) 0,30.
(B) 1/36
(C) 1/6 09. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Em
(D) 1/12 uma urna há quinze bolas iguais numeradas de 1 a 15. Re-
(E) ¼ tiram-se aleatoriamente, em sequência e sem reposição,
duas bolas da urna.
04. (UPE – Técnico em Administração – UPE-
NET/2017) Uma pesquisa feita com 200 frequentadores
A probabilidade de que o número da segunda bola re-
de um parque, em que 50 não praticavam corrida nem ca-
tirada da urna seja par é:
minhada, 30 faziam caminhada e corrida, e 80 exercitavam
corrida, qual a probabilidade de encontrar no parque um (A) 1/2;
entrevistado que pratique apenas caminhada? (B) 3/7;
(A) 7/20 (C) 4/7;
(B) 1/2 (D) 7/15;
(C)1/4 (E) 8/15.
(D) 3/20
(E) 1/5 10. (CASAN – Advogado – INSTITUTO AOCP/2016)
Lançando uma moeda não viciada por três vezes consecu-
05. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Perito Criminal – tivas e anotando seus resultados, a probabilidade de que a
IBFC/2017) A probabilidade de se sortear um número face voltada para cima tenha apresentado ao menos uma
múltiplo de 5 de uma urna que contém 40 bolas numera- cara e ao menos uma coroa é:
das de 1 a 40, é: (A) 0,66.
(A) 0,2 (B) 0,75.
(B) 0,4 (C) 0,80.
(C) 0,6 (D) 0,98.
(D) 0,7 (E) 0,50.
(E) 0,8

122
MATEMÁTICA

Respostas 09. Resposta: D.


Temos duas possibilidades
01. Resposta: A. As bolas serem par/par ou ímpar/par
Para o produto ser ímpar, a única possibilidade, é que Ser par/par:
os dois dados tenham ímpar:
Os números pares são: 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14

02. Resposta: C.
Como para homens é de 5/12, a probabilidade de es- Ímpar/par:
colher uma mulher é de 7/12
Os números ímpares são: 1, 3, 5, 7, 9, 11 ,13, 15

12x=336
X=28
A probabilida de é par/par OU ímpar/par
03. Resposta: C.
P=6x6=36
Pra ser maior ou igual a 10:
4+6
5+5
5+6 10. Resposta: B.
6+4
São seis possibilidades:
6+5
Cara, coroa, cara
6+6

Cara, coroa, coroa


04. Resposta: A.
Praticam apenas corrida: 80-30=50
Apenas caminhada:x
X+50+30+50=200
70
P=70/200=7/20 Cara, cara, coroa

05. Resposta: A.
M5={5,10,15,20,25,30,35,40}
P=8/40=1/5=0.2
Coroa, cara, cara
06. Resposta:A.
A probabilidade de uma soletrar errado: 0,3
__ __ __
0,3⋅0,3⋅0,3=0,027=2,7%
Coroa, coroa, cara
07. Resposta: D. Coroa, cara, coroa
Para dar 9, temos 4 possibilidades
3+6
6+3
4+5
5+4

P=4/36

08. Resposta: C.
A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o
dinheiro está em 1.
1/4=0,25

123
MATEMÁTICA

ANOTAÇÕES

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124
MATEMÁTICA

ANOTAÇÕES

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125
MATEMÁTICA

ANOTAÇÕES

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126
ATUALIDADES

1 Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educa-
ção, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia....................... 01
ATUALIDADES

2 - Questão das armas nos EUA


1 TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE Historicamente, os Estados Unidos têm políticas mais
DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO SEGURANÇA, flexíveis de porte armas para os cidadãos, uma questão
TRANSPORTES, POLÍTICA, ECONOMIA, bastante inserida na cultura do país, diferentemente de
nações como o Brasil.
SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA,
Contudo, com os altos índices de ataques e tiroteios
TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES
em escolas e outros locais publicados, na maioria das ve-
INTERNACIONAIS, DESENVOLVIMENTO zes crimes causados por civis com porte de armas, tem
SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA. suscitado a discussão sobre endurecer o acesso às armas,
com políticas menos flexíveis.
No governo de Barack Obama (2009-2017), essas
discussões foram intensificadas. O então presidente de-
1 - Febre amarela
monstrava ser favorável à implantação de medidas mais
Desde 2016, algumas regiões do Brasil têm enfren-
rígidas, mas encontrou grande resistência de seus opo-
tado um surto de febre amarela, mas foi em 2018 que a
nentes no Partido Republicano.
crise se intensificou, com aumento de casos da doença. A
No atual governo de Donald Trump, que assumiu em
febre amarela é transmitida por mosquitos silvestres, que
2017, essa discussão é tida pela Casa Branca como um
ocorre em áreas de florestas e matas. Na área urbana, o
assunto que pode esperar, por não se tratar de prioridade
mosquito transmissor é o Aedes aegypti.
para o atual governo. A camada da sociedade norte-a-
A única forma de se prevenir é recorrer à vacinação,
mericana inclinada a leis mais rígidas, defende que haja
disponível nos postos de saúde, por meio do Sistema
restrição na venda de armas.
Único de Saúde (SUS). Segundo dados do Ministério da
Saúde, entre de 1º julho de 2017 a 28 de fevereiro, foram
723 casos e 237 óbitos. Em 2017, houve 576 casos e 184
óbitos. Por isso, uma das indicações segundo especialistas #FicaDica
na área da saúde, é evitar áreas rurais, caso a pessoa ainda É importante ressaltar que a questão das armas
não esteja vacinado. A vacina dura cerca de 10 anos. é um tema que divide a sociedade dos Estados
As áreas mais atingidas pela febre amarela são os Es- Unidos. Camadas da sociedade, desde ONGs e
tados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e São Paulo. pessoas da esfera política, defendem o controle
De acordo com os especialistas, os índices atuais apontam das armas como forma de minimizar os ataques
que a atual situação supera o surto dos anos 80. Os prin- recentes. Porém quem é contra a ideia, acredita
cipais sintomas da doença são febre, dor de cabeça, dores que o momento é propício para armar ainda
mais a população.
musculares, fadiga, náuseas, vômitos, entre outros.

#FicaDica
FIQUE ATENTO!
Um dos pontos de mais destaque na mídia,
quando se trata de febre amarela, é a falta de Não é difícil de imaginar que algumas questões
vacinas nos postos de saúde, devido à alta previstas em concursos relacionem o tema a
procura pela vacina, em janeiro de 2018. Na Donald Trump, que claramente se mostrou
ocasião, as vacinas foram fracionadas para favorável a ao direito de armar a população.
conter a alta demanda pelo serviço, por parte da Além disso, é possível que seja relacionado
população. ainda a polêmica de envolve a indústria de
armas, ou seja, para os críticos da flexibilidade
de armamento, manter as atuais leis interessa
FIQUE ATENTO! esse mercado milionário, que vive um bom
momento em 2018.
As provas em concursos públicos podem tratar
sobre a alta procura pela vacina, motivada pela
escassez, em meio à euforia popular em se
vacinar, por conta dos índices de mortes. Vale
também manter atenção quanto às formas de
transmissão e de que a vacina, de fato, é melhor
forma de se prevenir.

1
ATUALIDADES

3 - Guerra comercial - China e EUA 4 - Crise na Venezuela


De um lado os gigantes norte-americanos, de ou- Pelo menos há quatro ou cinco anos, a Venezuela tem
tro a poderosa China. O embate comercial entre as duas enfrentado instabilidade econômica, principalmente pelo
potências tem influenciado o mercado de outros países. desabastecimento de produtos básicos para consumo
Em resumo, ambas as nações implementaram no final do diário e crescente pobreza populacional. Também é pre-
primeiro semestre de 2018 políticas mais rígidas e restri- ciso considerar que a queda no valor do preço do petró-
ções de produtos dos dois países no mercado interno do leo contribuiu para o empobrecimento do país, levando
oponente. em conta de que se trata da principal economia da nação.
A primeira polêmica começou com imposição de ta- Os conflitos políticos também ganharam espaço, em
rifas dos EUA sobre cerca de US$ 34 bilhões em produtos meio a protestos violentos entre manifestantes contrários
da China, em julho de 2018. A justificativa da Casa Branca e favoráveis ao governo de Nicolás Maduro, o atual presi-
é que a medida fortalece o mercado interno. A nação ain- dente do país. A rivalidade entre os grupos se intensificou
da acusou a China de roubo de propriedade intelectual de após a morte de Hugo Chávez e chegada de Maduro ao
produtos norte-americanos. poder.
O governo chinês retaliou e aplicou taxas compatíveis Em 2018, a situação econômica se agravou trazendo
em relação a centenas de produtos dos Estados Unidos, mais miséria à população e busca por melhores condições
o que representa também cerca de US$ 34 bilhões. Esse de vida em outros países, especialmente o Brasil. A quan-
cenário trouxe a maior guerra comercial de todos os tem- tidade diária de venezuelanos que chegaram ao país, a
pos. partir de Roraima, tem suscitado conflitos na região, com
As medidas afetam a exportações de diversos produ- crescimento de hostilidade da população em relação aos
tos no mundo, desde petróleo, gás e outros produtos re- vizinhos sul-americanos.
finados. Numa economia globalizada, embates como esse
causam turbulência no mercado.
#FicaDica
#FicaDica A crise venezuelana é complexa e traz muitas
Antes das medidas, o presidente dos Estados narrativas, mas é preciso considerar um tema de
Unidos, Donald Trump, já havia anunciado a muito destaque em 2018: a imigração. A chegada
necessidade de rever as políticas comerciais maciça de venezuelanos ao Brasil enfatiza mais
com a China dando sinais de que seria rígido um cenário de xenofobia em território nacional,
quanto às taxas. Nesse mesmo cenário, os em meio à rejeição da população de Roraima à
chineses defenderam políticas mais favoráveis chegada dos imigrantes.
à integração, em um mundo o qual vigora
economias globalizadas.

FIQUE ATENTO!
Pode haver questões de atualidades com
FIQUE ATENTO! enunciados que requerem atenção e
interpretação de texto. Uma boa compreensão
É importante manter atenção quanto à do enunciado pode ser fundamental para
influência desse tema em relação ao Brasil. chegar à resposta correta.
Há quem defenda que a situação favorece
a comercialização de commodities para o
mercado chinês.

2
ATUALIDADES

5 - Fake news nas eleições presidenciais 6 – Desmatamento atinge recordes em 2018


Em tempos de novas tecnologias e redes sociais, o Pesquisa divulgada em setembro de 2018, pelo Insti-
fenômeno fake news ganha espaço e torna-se um desafio tuto Ibope Inteligência, cita que 27% dos brasileiros acre-
para o mundo, à medida que a propagação de notícias ditam que o desmatamento é a maior ameaça para o meio
falsas se espalha facilmente. A circulação desse tipo de ambiente. As informações são da Agência Brasil.
informação não é algo novo, esteve sempre presente na Além desse estudo, um relatório da revista Science
história da humanidade, e no passado não havia como mostra que o desmatamento não tem reduzido quando
checar dados facilmente. se trata de espaço para produção de commodities. Esses
Nos dias atuais, conviver com as notícias falsas tende produtos, em geral, requerem grande espaço para cultivo.
a ser danoso, por promover alienação e desinformação Porém em entrevista à BBC, o analista de dados Philip
entre a população. Muitos são os casos de mensagens Curtis, colaborador da organização não governamental
falsas que circulam no WhatsApp sobre supostos ações The Sustainability Consortium, afirma que os commodi-
ou medidas polêmicas diversas que geram desconforto ties não podem ser culpados. Levando em conta que a
às pessoas. produção desses produtos é necessária para suprir o au-
E em ano eleitoral, vigora a demanda por minimizar mento populacional.
os efeitos da fake news, para que não haja comprome- Cerca de 27% do desmatamento é causado pela pro-
timento quanto aos processos democráticos. Em 2017, dução de commodities. Além disso, 26% dos impactos
em plena eleição dos Estados Unidos, onde culminou na ambientais se referem ao manejo comercial florestal, e
eleição de Donald Trump, circulou informações falsas que 24% corresponde à agricultura, com produção de produ-
favoreceram a campanha do republicano, diante da opo- tos para subsistência.
nente, Hillay Clinton, do Partido Republicano.
No Brasil, a situação não é diferente. Em tempos de
pleito, sempre circula nas redes sociais notícias falsas re- #FicaDica
forçadas em correntes e posts que priorizam a propaga- O estudo cita ainda que incêndios florestais
ção de inverdades. correspondem a 23% dos danos. No caso, a
urbanização chega a menos de 1%.

#FicaDica
Nos últimos anos, gigantes como Google e
Facebook são acusados de não criarem limites FIQUE ATENTO!
para bloquearem a onda de fake news. Porém Nos países ao Norte e mais desenvolvidos,
em 2018, o Facebook anunciou a compra de o desmatamento é causado principalmente
uma startup empenhada em combater as por incêndios florestais. Na porção mais ao
notícias falsas na rede. Sul, entre as nações em desenvolvimento, a
produção de commodities e a agricultura têm
impacto no desmatamento.

FIQUE ATENTO!
E na batalha contra as notícias falsas surgem
diversas agências de notícias no mundo
especializadas em checar a procedência das
informações (fact-checking). No Brasil, um dos
nomes mais conhecidos é a Agência Lupa, a
primeira empresa do gênero.

3
ATUALIDADES

7 - EUA e questão imigratória 8 - Facebook: crise e perda de popularidade


Historicamente, os Estados Unidos têm mantido polí- A rede social mais popular do mundo sempre foi vis-
ticas rígidas quando se trata de imigração, num combate ta como um dos maiores fenômenos dos últimos anos,
à entrada ilegal de estrangeiros no país, em busca de uma capaz de faturar como nenhuma empresa e atrair uma
vida melhor. Com a eleição do republicano Donald Trump, multidão para navegar em suas páginas. E essa reputação
em 2017, a política imigratória tem sido endurecida, o que imbatível enfrentou pela primeira vez momentos tensos
trouxe críticas por parte da comunidade internacional em que culminaram no comprometimento da credibilidade
relação às medidas adotadas. da plataforma.
Um dos momentos mais tensos quanto às políticas Tudo começou quando a rede social de Mark Zucker-
de imigração no país ocorreu quando o governo Trump berg foi acusada de ter facilitado o vazamento de dados
decidiu separar crianças pequenas de seus pais, na situa- de usuários sem autorização. Na prática, a empresa britâ-
ção em que ocorre detenção de adultos ao atravessar a nica Cambridge Analytica coletou informações de perfis
fronteira de forma ilegal. A medida faz parte do programa na rede social em 2014. E por meio disso, as pessoas rece-
“Tolerância Zero”, que busca reduzir o índice de imigra- beram mensagens e posts de caráter eleitoral, durante o
ções ilegais no país. pleito em 2016, nos Estados Unidos.
Essa prática que separa pais e crianças foi duramente A situação trouxe crise ao Facebook com perda de va-
criticada por entidades e organizações internacionais. A lores das ações da empresa no mercado financeiro. E além
justificativa do governo quanto à ação era de que não se- disso, a rede social teve de enfrentar perda de popularida-
ria possível abrigar as crianças junto aos pais, nos centros de e comprometimento de sua reputação.
de detenção federal reservados aos adultos. Por isso, os Zuckerberg prestou depoimento no congresso dos
menores foram encaminhados a abrigos. Estados Unidos e Parlamento Europeu em 2018. Em am-
Além disso, as instalações foram consideradas pre- bas as situações, ele foi duramente criticado pelo caso e
cárias para receber as crianças, na opinião de críticos da acusado de ter negligenciado a situação, o que compro-
medida. Após a repercussão negativa desse caso, a Casa meteu e expôs a privacidade de milhões de usuários em
Branca voltou atrás quanto à separação das famílias, mas todo mundo. O co-fundador da rede social se desculpou
críticas prevalecem quanto à tolerância zero. pela situação e prometeu investir e priorizar medidas para
proteger os dados dos usuários.

#FicaDica
A política de imigração nos Estados Unidos de- #FicaDica
monstra uma tendência por parte de nações O caso do Facebook põe em discussão a segu-
ricas quanto aos imigrantes, em meio à intole- rança dos usuários e garantia de que seus dados
rância que pode culminar em xenofobia. Na Eu- e privacidade sejam resguardados. E o desafio
ropa, por exemplo, destino de milhões de imi- para as empresas e a sociedade é criar mecanis-
grantes de várias partes do planeta, a aversão mos que minimizam acessos indevidos e sem
ao estrangeiro, sobretudo em relação a países autorização na internet.
pobres e marginalizados, tem aumentado signi-
ficativamente.

FIQUE ATENTO!
Pode haver questões com abordagem da crise
FIQUE ATENTO! enfrentada pelo Facebook, que minou sua
Quando se fala de imigração e xenofobia, é reputação diante da opinião pública, mas
importante ressaltar que mesmo mantendo também é preciso se atentar a questões sobre
historicamente uma cultura que recebe todos, privacidade, vazamentos e violações nas redes.
o Brasil tem registrado casos dessa natureza
nos últimos anos, como hostilização e
preconceitos em relação a haitianos, bolivianos
e venezuelanos.

4
ATUALIDADES

9 - Inteligência artificial cada vez mais presente na 10 - Cuba aprova projeto reforma constitucional
sociedade A aprovação do projeto da reforma constitucional em
Num mundo cada vez mais conectado e imerso nas Cuba, em 22 de julho de 2018, representa um processo de
redes sociais, as inovações tecnológicas estabelecem no- mudança significativa na ilha depois de décadas. Um dos
vas configurações nas relações sociais e de trabalho. A in- pontos destaque é a substituição do termo comunismo
teligência artificial se constitui num mecanismo que traz por construção do socialismo, a ser citado na Constituição
mudanças nas formas como as pessoas se relacionam e do país. Além disso, fica estabelecido o reconhecimento
nas funções que exercem. da propriedade privada e medidas que podem viabilizar a
No campo profissional, por exemplo, a inteligência união entre homossexuais.
artificial – por meio de máquinas ou robôs –, já realiza de O país hoje é governado por Miguel Díaz- Canel. Raul
forma automatizada funções anteriormente exercidas por Castro ficou no poder entre 2008 a 2018, sucedendo Fidel
pessoas. Hoje, por exemplo, softwares e máquinas reali- Castro, seu irmão que esteve no poder entre 1976 e 2008.
zam relatórios e análises que eram feitas por profissionais O conteúdo aprovado passará por consulta popular
preparados para essa função. até novembro de 2018, depois o projeto será discutido
Outro exemplo é o uso de atendentes virtuais em novamente com atualizações impostas pela consulta po-
chats de relacionamento com clientes. A GOL Linhas Aé- pular. Em seguida, o objetivo é levar a medida para apro-
reas mantém uma atendente- robô em sua página para vação e referendo com participação dos cidadãos, por
esclarecer dúvidas mais frequentes do usuários. meio de voto.
Uma das questões mais complexas quando se fala
nessa tecnologia, é a perda de profissões que passam a
ser exercidas por máquinas. Num futuro nem tão distante #FicaDica
assim a tendência é essa. E de certa forma, as carreiras No governo de Barack Obama, Cuba e Estados
profissionais vão se adaptando à tecnologia e passam por Unidos vivenciaram uma aproximação histórica
transformações intensas para saber lidar com essas mu- depois de décadas de afastamento e hostilida-
danças. de entre as nações. O presidente estadunidense
prometeu melhorar a relação entre os países e
encerrar o embargo econômico sofrido por Ha-
#FicaDica vana.
Em julho de 2018, uma equipe de cientistas es-
trangeiros assinou um acordo em que se com-
prometiam a não criar máquinas e robôs que
possam ameaçar a vida e integridade da raça FIQUE ATENTO!
humana. A reaproximação dos países aconteceu
por mediação do Papa Francisco, que teria
articulado internamente para promover um
encontro entre Obama e Raul Castro, que estava
FIQUE ATENTO! no poder na época, em 2016.
Inteligência artificial é um tema bem
contemporâneo e está ligado à realidade das
pessoas, à medida que interfere nas atividades
profissionais e formas de se relacionar. Por isso,
é um assunto bem relevante.

5
ATUALIDADES

11 - Intervenção na Segurança no Rio de Janeiro 12 – Agrotóxicos


Uma das medidas mais celebradas pelo governo de Como um dos maiores exportadores de produtos
Michel Temer, a intervenção na segurança pública no Rio como soja, açúcar e laranja, o Brasil é ainda considerado
de Janeiro tem provocado polêmicas desde sua implanta- um dos países que mais utilizam agrotóxicos no cultivo
ção, decretada em fevereiro de 2018. agrícola. Os setores do agronegócio há algum tempo rei-
Na prática, o governo federal e as Forças Armadas as- vindicam a flexibilização na regulamentação. E em con-
sumem o comando das polícias no Estado. A justificativa trapartida, movimentos sociais e ONGs nutrem apoio a
do Planalto é de que o Rio de Janeiro vive intensa crise políticas mais rígidas quanto ao uso desses produtos.
na segurança, em meio à guerra contra o tráfico, sendo Em 25 de junho de 2018, foi aprovado um projeto de
urgente adotar tal medida. lei por uma comissão especial da Câmara dos Deputados
A ação foi criticada por setores da sociedade que con- que flexibiliza as regras. Um dos pontos discutidos é cen-
sideraram a prática mal planejada e que não trará os re- tralizar a regulamentação dos agrotóxicos no Ministério
sultados esperados. Os críticos também apontam o risco da Agricultura. Atualmente, o Ministério da Saúde e Meio
de haver aumento de repressão em comunidades caren- Ambiente também dividem a função de liberar os produ-
tes por conta de ações arbitrárias e truculentas. tos.
Em 2018, o governo federal ainda criou o ministério Além disso, um dos pontos mais marcantes do projeto
da Segurança Pública, com Raul Jungmann no posto. Os de lei busca eliminar o termo “agrotóxico” por “pesticida”.
departamentos das Polícias Federal e Federal Rodoviária No texto original apresentado, o termo usado era “fitos-
passaram a compor a pasta, assim como outros órgãos sanitário”.
que faziam parte do Ministério da Justiça. Outras mudanças discutidas é reduzir o prazo de libe-
ração de agrotóxicos, que atualmente é de cerca de dois
anos, mas pode chegar a mais de cinco anos. A ideia, en-
tão, seria estabelecer o prazo de 30 dias a 24 meses, em
#FicaDica média. Quem defende a mudança diz que se trata de re-
Saiba que uma intervenção federal está prevista duzir o preconceito e depreciação da prática, além disso,
na Constituição brasileira. E essa ação não havia para a bancada ruralista na Câmara, a mudança do nome
sido usada anteriormente desde 1988. segue a tendência internacional.

FIQUE ATENTO! #FicaDica


Lembrando que essa intervenção não implica Entidades e ONGs de meio ambiente apelida-
em adoção de um regime militar no governo ram o projeto de lei de “Pacote do Veneno”. Na
fluminense. No caso, ocorre atuação do Estado opinião dessas organizações, flexibilizar as re-
direcionado à segurança pública.
gras quanto aos agrotóxicos representa ignorar
os efeitos nocivos do uso desses produtos para
saúde das pessoas e meio ambiente.

FIQUE ATENTO!
Hoje, é a lei 7.802, de 1989 que regulamenta
o uso desses produtos. Para os órgãos que
defendem a manutenção das atuais práticas, é
preciso realizar pequenos ajustes, mas a lei atual
é considerada adequada.

6
ATUALIDADES

13 - Morte de Jonh McCain e saia-justa para Trump 14 - Acordo para reconstrução da Síria
Antes de falecer, o senador norte-americano Jonh Desde 2011, a Síria enfrenta uma intensa guerra civil
McCain, que morreu aos 81 anos no dia 25 de agosto, que já deixou milhões de mortos e refugiados. O país hoje
deixou bem claro que não queria a presença do colega de vive um cenário de miséria em meio à devastação. Dados
partido e presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. da Organização das Nações Unidas (ONU) citam que o
O senador era um crítico ferrenho às políticas implantadas conflito custou mais de US$ 380 bilhões de dólares.
pelo presidente estadunidense. Na época das eleições Em 2018, a sociedade mundial tem discutido a im-
em 2016, disse que não votaria em Trump. plantação de um plano para a reconstrução da Síria. Mas
McCain enfrentava um câncer e decidiu suspender o a atrair investimentos externos tem sido desafiante para a
tratamento dias antes de morrer. Em carta de despedi- nação, tendo em vista as sanções impostas pelos Estados
da póstuma, afirmou aos norte-americanos que era uma Unidos, por conta de denúncias de violações de direitos
pessoa de sorte, mesmo se preparando para se despedir humanos sob a gestão de Bashar al-Assad, o presidente
da vida que tanto amava. do país. Atualmente, Rússia, China e Irã investiram na na-
Após a morte do senador, a Casa Branca emitiu nota ção nos últimos e são os países aliados do governo.
oficial que evitou citar McCain como “herói”, o que teria Com as sanções, a Síria fica impedida de exportar e
sido um pedido de Trump, segundo a imprensa interna- até receber investimentos estadunidenses. Na opinião de
cional. Durante a Guerra do Vietnã (1955 – 1975), o sena- especialistas em relações internacionais, executar um pla-
dor foi preso e torturado. no de reconstrução depende da exclusão das sanções e
Em seu Twitter, Trump apenas publicou uma mensa- participações de mais nações que possam investir no país.
gem simples e curta, a qual presta solidariedade à família
de McCain.
#FicaDica
Em mais de sete anos de guerra civil, mais de 5,6
#FicaDica milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas
Em 2008, o senador perdeu as eleições presi- casas em busca de uma vida melhor em outros
denciais para Barack Obama, mas ambos man- países. Além disso, mais de 500 mil pessoas vi-
tiveram boas relações. Ao contrário de Trump, vem deslocadas dentro país.
Obama esteve no funeral de McCain. George W.
Bush, ex-presidente dos Estados Unidos, tam-
bém compareceu.
FIQUE ATENTO!
De acordo com a ONU, a maioria dos refugiados
que vive nos países vizinhos se encontra abaixo
FIQUE ATENTO! da linha da pobreza em situação de miséria.
Obama e Bush discursaram durante o funeral e
prestaram tributo à família de McCain em clima
de cordialidade.

7
ATUALIDADES

15 - Nova versão do vírus ebola 16 - Primeira mulher latino-americana como pre-


Em agosto de 2018, cientistas dos Estados Unidos sidente da Assembleia Geral da ONU
anunciaram a descoberta de uma nova versão do vírus A equatoriana María Fernanda Espinosa assumiu em
ebola, chamada de Bombali. A descoberta foi feita em setembro a presidência da Assembleia Geral da ONU, um
Serra Leoa, por pesquisadores da Universidade da Cali- fato inédito. Pela primeira vez uma mulher da América La-
fórnia (EUA). tina assume o cargo.
O vírus foi encontrado em morcegos e tem força para Um dos grandes desafios da nova presidente é co-
atingir seres humanos. A descoberta possibilitará à ciên- mandar acordos dentro da entidade, em questões po-
cia estudar e compreender a dinâmica de vírus desenvol- lêmicas como a crise dos refugiados e guerra comercial
vidos em animais e mensurar a capacidade para atingir as liderada pelos Estados Unidos. O órgão presidido por ela
pessoas. vai receber nos próximos meses encontros importantes
Com a novidade, os cientistas acreditam que, de fato, entre líderes globais.
os morcegos são os hospedeiros do ebola. Para os pes- Em entrevista à imprensa internacional, Espinosa ad-
quisadores, compreender sobre quais são os hospedeiros mitiu que a imigração é uma das questões mais desafian-
é fundamental para combater a doença. tes em seu mandato. A crise na Venezuela também é uma
demanda importante a ser discutida nessa gestão.

#FicaDica
O ebola é transmitido por meio de secreção #FicaDica
ou sangue. A doença é de alto risco e de difícil María Fernanda Espinosa também afirmou que
cura. Um dos principais sintomas é a febre pretende incentivar debate e buscar soluções
hemorrágica. para a questão ambiental e também a desigual-
dade de gênero.

FIQUE ATENTO!
Com a descoberta atual, pela primeira vez, a FIQUE ATENTO!
doença é identificada em hospedeiro antes que
ocorra um surto. A gestão de Espinosa dura apenas um ano
e em seu mandato terá a função de propor
debates e discussões, sem imposições, mas com
propostas de diálogo e até votações em questões
importantes.

8
ATUALIDADES

17 – Mata Atlântica e maior erosão nos últimos 18 - Depósitos de gelo na Lua


tempos De acordo com a Agência Espacial dos Estados Uni-
A biodiversidade brasileira sofreu grande impacto re- dos (Nasa, na sigla em inglês), os dois polos e algumas
lativo à erosão nos últimos anos, especialmente na mata partes mais escuras e geladas da Lua contam com depó-
atlântica. No caso, o bioma conta com apenas menos de sitos gelo. A descoberta ainda não explica com exatidão
30% dos mamíferos existentes, quando em comparação a presença das camadas de gelo, mas algumas hipóteses
ao cenário do ano de 1500, época em que o Brasil foi apontam que um choque com meteoritos e cometas no
descoberto. satélite pode ter influenciado esse cenário.
O estudo foi divulgado pela revista Plos One. Em re- A novidade é fruto de um estudo da Universidade do
sumo, a mata atlântica teria perdido mais de 70% de es- Havaí, Brown University e do Centro de Pesquisas da Nasa,
pécies de mamíferos. Na atualidade, algumas áreas locais que utilizou o equipamento Moon Mineralogy Mapper
têm sofrido com a erosão no bioma, como aponta repor- (M3). As análises da Nasa ainda atestam que boa parte
tagem de “O Globo”. das camadas de gelo se encontra nas crateras da Lua.
A maioria dos animais extintos da mata atlântica era Em julho deste ano também foram descobertas 12 no-
de grande porte. Além disso, mais de 50% dos mamíferos vas Luas ao redor de Júpiter, totalizando mais de 79 Luas.
do bioma foram extintos nas últimas décadas. Um dos destaques entre os satélites descobertos é uma
pequena Lua com somente um quilômetro de diâmetro.

#FicaDica
Uma das causas do cenário, segundo pesquisa- #FicaDica
dores, é o uso excessivo da terra e extração de Outras pesquisas já indicaram que a Lua teria
madeira. A ação humana tem contribuído deci- tido condições de ser habitada há bilhões de
sivamente quanto aos índices citados. anos.

FIQUE ATENTO!
Animais como onças pintadas e pardas sofre- FIQUE ATENTO!
ram com 79% de perda, de acordo com os dados Porém pesquisadores admitem que para
apontados. conhecer a fundo se realmente o satélite abrigou
vidas ou desenvolveu organismos, será preciso
investimento maciço em pesquisas e exploração
por lá.

9
ATUALIDADES

19 - Feminicídios no Brasil 20 - Cristiane Brasil é denunciada


O Brasil é um dos países como mais casos de feminicí- A deputada Cristiane Brasil (PT-RJ) foi um dos nomes
dio do mundo. Segundo informações da “Agência Brasil”, denunciados pela Procuradoria- Geral da República (PGU)
nos primeiros sete meses de 2018, o serviço 180 (Central por crime de organização criminosa na Operação Regis-
de Atendimento à Mulher) registrou mais de 740 ocorrên- tro Espúrio, no final de julho de 2018. A ação investiga
cias do crime ou tentativas de homicídio. suspeitas de irregularidades nas concessões de registros
Desse índice, houve 78 casos de feminicídio e 665 sindicais.
tentativas. Além disso, o serviço de atendimento recebeu A operação investiga o pagamento de propina aos
mais de 80 mil relatos de violência contra as mulheres, denunciados em troca de obtenção de registros sindicais
sendo que 80% está relacionado a denúncias de violência no Ministério do Trabalho. Entre os denunciados também
doméstica. está ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional
O crime de femicídio é previsto em lei desde 2015 e do PTB e pai de Cristiane.
seu conceito está ligado a desigualdade ou crime hedion-
do com base no gênero. Em 10 anos, houve aumento de
mais 6,4% nos casos de assassinatos contra as mulheres.
#FicaDica
No início do ano, Cristiane Brasil foi nomeada
#FicaDica pelo presidente Michel Temer para ocupar o
A mídia retratou em junho de 2018 um caso cargo de ministra do Trabalho, mas sua posse foi
marcante dessa natureza, onde o biólogo Luiz suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Felipe Manvaile foi acusado de matar a mulher, Um dos motivos é o fato da deputada ter sido
Tatiana Spitzner. A vítima caiu do quarto andar condenada pela Justiça do Trabalho a pagar R$
do apartamento do casal, em Guarapuava, no 60 mil em dívidas.
interior do Paraná.

FIQUE ATENTO!
FIQUE ATENTO! Em resposta à ação, a deputada emitiu uma nota
O canal 180 foi criado em 2005 pela então em que cita ter sido “vítima de machismo e sem
Secretaria de Políticas para as Mulheres da a chance de se defender” do caso.
Presidência da República (SPM-PR), no governo
Lula, com intuito de orientar as mulheres
quanto a direitos e serviços. E em 2014, o canal
se transformou em um dique-denúncia.

10
ATUALIDADES

Questões Resposta: Errado. Essas mobilizações ainda são


centro de discussões e, de fato, embora houvesse com-
Polícia Militar/MA - 1° Tenente PM - Psicólogo paração com Diretas Já e Caras-pintadas, não se configu-
-CESPE /2017. ra em um mesmo movimento. Isso porque os protestos
O vertiginoso processo de urbanização no Brasil deu de junho acabaram abraçando várias causas e demandas,
origem, em poucas décadas, a centros urbanos de todo enquanto que ambos os movimentos citados defendiam
porte, que, espalhados pelo país, passaram a ordenar os bandeiras específicas, sem pulverização.
fluxos de pessoas, mercadorias, informações e capitais
no território brasileiro, configurando uma complexa rede PF- Escrivão – CESPE/2013
geográfica de cidades. Com relação ao texto apresentado No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro
e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue os se- de São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As
guintes itens. quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacio-
As cidades que apresentam maior grau de complexi- nal. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram
dade socioeconômica e polarizam todo o território bra- às manifestações. Também começam atos em Viçosa e
sileiro e parte da América do Sul são as metrópoles na- Votuporanga.
cionais. O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo
( ) certo depois, as autoridades começam a baixar as tarifas de
( ) errado transporte. Seis dias depois, as maiores manifestações se
concentraram nas cidades que receberam jogos da Copa
Resposta: Certo. Metrópoles como São Paulo, Rio de das Confederações, como Belo Horizonte.
Janeiro e Belo Horizonte apresentam cenários socioeco- O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adapta-
nômicos complexos e disparidades sociais, além de serem ções).
regiões bem populosas.
A desconcentração espacial das atividades econômi- Considerando o texto acima e a amplitude do tema
cas, a partir de 1990, promoveu o crescimento das cidades por ele focalizado, julgue os itens.
médias. Embora com alguma variação de cidade para cidade,
( ) certo as manifestações citadas no texto foram organizadas para
( ) errado protestar contra as deficiências dos serviços prestados
pelo poder público, notadamente nas áreas de transporte,
Resposta: Certo. Foi um período marcado pela des- saúde, educação e segurança.
centralização populacional, com saída do campo em dire- ( ) certo
ção às cidades. ( ) errado

PF- Escrivão – CESPE/2013 Resposta: Certo. Esses temas foram uma das deman-
No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro das pedidas nas ruas naquela ocasião. Por isso, a resposta
de São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As está correta.
quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacio-
nal. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram
às manifestações. Também começam atos em Viçosa e
Votuporanga.
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo de-
pois, as autoridades começam a baixar as tarifas de trans-
porte. Seis dias depois, as maiores manifestações se con-
centraram nas cidades que receberam jogos da Copa das
Confederações, como Belo Horizonte.
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adapta-
ções).

Considerando o texto acima e a amplitude do tema


por ele focalizado, julgue os itens.
Ainda que as opiniões sobre as manifestações de ju-
nho de 2013, no Brasil,se distingam em vários aspectos,os
analistas políticos convergem para o seguinte entendi-
mento: essas manifestações populares em nada diferem
dos movimentos das Diretas-Já e dos Caras-Pintadas.
( ) certo
( ) errado

11
ATUALIDADES

PF- Escrivão – CESPE/2013 PF- Perito Criminal /CESPE-2013


No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro
de São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As de São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As
quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacio- quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacio-
nal. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram nal. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram
às manifestações. Também começam atos em Viçosa e às manifestações. Também começam atos em Viçosa e
Votuporanga. Votuporanga.
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo de- O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo
pois, as autoridades começam a baixar as tarifas de trans- depois, as autoridades começam a baixar as tarifas de
porte. Seis dias depois, as maiores manifestações se con- transporte. Seis dias depois, as maiores manifestações se
centraram nas cidades que receberam jogos da Copa das concentraram nas cidades que receberam jogos da Copa
Confederações, como Belo Horizonte. das Confederações, como Belo Horizonte.

O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adapta- O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adapta-
ções). ções).
Considerando o texto acima e a amplitude do tema Nas duas maiores cidades brasileiras — São Paulo e
por ele focalizado, julgue os itens. Rio de Janeiro —, o problema das tarifas do transporte
A convocação, pelo Poder Executivo, de uma assem- público permanece insolúvel visto que a fixação desses
bleia constituinte exclusiva para promover uma ampla re- valores depende de lei a ser votada pelas respectivas câ-
forma política foi uma evidente resposta do governo bra- maras municipais e assembleias legislativas estaduais.
sileiro às manifestações que tomaram conta de centenas ( ) certo
de cidades brasileiras. ( ) errado
( ) certo
( ) errado Resposta: Errado. Na ocasião, os governos de ambas
as cidades mantiveram o preço da tarifa estável, conforme
Resposta: Errado. A implantação da assembleia reivindicação defendida nas manifestações.
constituinte não aprovada nessa ocasião. Uma das justifi-
cativas do governo federal na época era de que não havia PF- Perito Criminal – CESPE/2013
tempo hábil para essa mudança. No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro
de São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As
PF- Perito Criminal – CESPE/2009 quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacio-
Com relação à Usina Hidrelétrica de Itaipu e ao acor- nal. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram
do firmado entre Brasil e Paraguai, em julho de 2009, no às manifestações. Também começam atos em Viçosa e
qual são revistas cláusulas do Tratado de Itaipu, julgue os Votuporanga.
itens que se seguem O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo de-
Por esse acordo, o Paraguai tornou-se sócio minori- pois, as autoridades começam a baixar as tarifas de trans-
tário da Usina Hidrelétrica de Itaipu, com 30% de parti- porte. Seis dias depois, as maiores manifestações se con-
cipação nos lucros advindos da distribuição de energia centraram nas cidades que receberam jogos da Copa das
elétrica, em razão de as águas da represa terem inundado Confederações, como Belo Horizonte.
parte do território paraguaio. O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adapta-
( ) certo ções).
( ) errado
A condenação dos gastos feitos pelo Brasil para se-
Resposta: Errado. A usina pertence a ambos países diar duas grandes competições promovidas pela FIFA, a
de forma igualitária. Copa das Confederações e a Copa do Mundo, tornou-se
bandeira presente em muitas das manifestações a que o
texto alude, algumas das quais transformadas em atos de
violência e vandalismo.
( ) certo
( ) errado

Resposta: Certo. Uma das bandeiras utilizadas foram


os gastos com a Copa. Os manifestantes utilizaram mui-
to mensagens como “Não vai ter Copa” e fizeram críticas
quanto aos gastos, os quais poderiam ser direcionados à
educação e saúde, na opinião deles.

12
ATUALIDADES

PF-Delegado- CESPE/2004 PF-Delegado- CESPE/2004


Nos últimos 13 anos, a América Latina cumpriu gran- Mais de 340 pessoas — entre elas 155 crianças —
de parte de suas tarefas econômicas. Mesmo assim, a de- morreram no desfecho trágico da tomada de reféns na
sigualdade e a pobreza aumentaram na região. O diag- escola de Beslan. Funcionários dos hospitais da região in-
nóstico é da Comissão Econômica para a América Latina dicam que pelo menos 531 pessoas foram hospitalizadas,
e o Caribe (CEPAL), que propõe para a região uma nova das quais 336 eram crianças.
estratégia de desenvolvimento produtivo. Para o secretá- O presidente russo Vladimir Putin culpou o terror in-
rio executivo do órgão das Nações Unidas, a maior inte- ternacional pelo ataque, após visitar o local do massacre
gração da região foi um ganho dos últimos anos. e ordenar o fechamento das fronteiras da região da Ossé-
Sua aposta para reduzir a forte desigualdade que ain- tia do Norte, para evitar a fuga de um número indefinido
da existe é a união de crescimento econômico com prote- de terroristas que escapou. Para especialistas ocidentais,
ção social. Ele propôs a substituição do conceito de mais a operação das forças de segurança russas foi um fiasco
mercado e menos Estado por uma visão que aponta para total. Mortos no massacre passam de 340. In: O Estado de
“mercados que funcionem bem e governos de melhor S. Paulo, 5/9/2004, capa (com adaptações)
qualidade”. América Latina cresceu sem dividir. In: Jornal Tendo o texto acima como referência inicial e conside-
do Brasil, 25/6/2004, p. 19A (com adaptações). rando algumas características marcantes do mundo con-
Tendo o texto acima como referência inicial e consi- temporâneo, julgue os itens que se seguem.
derando a amplitude do tema por ele abordado, julgue os A hipotética presença de terroristas árabes — anun-
itens subseqüentes. ciada pelo governo russo — no episódio focalizado no
Ao relatar que os países latino-americanos cumpriram texto indica que, pela primeira vez depois do 11 de se-
“grande parte de suas tarefas econômicas” nos últimos tembro de 2001, esses terroristas resolveram atacar no
anos, o texto permite supor a existência de algum tipo de Ocidente, escolhendo um alvo estratégico e de grande
receituário que a região deveria seguir para se modernizar visibilidade internacional.
e se desenvolver. ( ) certo
( ) certo ( ) errado
( ) errado
Resposta: Errado. A questão na Ossétia do Norte é
Resposta: Certo. A lógica retratada se refere a mer- algo bem específica e regional, envolvendo Rússia e Geór-
cados que funcionem bem e não contribuam para inten- gia. Não se compara a dimensões de conflitos de impacto
sificar a desigualdade social e governos com ações sociais global.
relevantes.

13
ATUALIDADES

ANOTAÇÕES

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14
DIREITOS HUMANOS

Declaração Universal dos Direitos Humanos (adotada e proclamada pela Resolução 217-A (III) – da Assembleia Geral
das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948)..................................................................................................................................... 01
Os Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988 (artigos 5.º ao 15.º)................................................................................... 10
Regras mínimas para o tratamento de pessoas presas, da ONU.......................................................................................................... 43
DIREITOS HUMANOS

A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas


DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS quando da abertura dos campos de concentração nazis-
DIREITOS HUMANOS (ADOTADA E tas, nos quais os cadáveres esqueléticos do que não eram
PROCLAMADA PELA RESOLUÇÃO 217-A considerados seres humanos perante aquele regime polí-
(III) – DA ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES tico se amontoavam. Aquelas pessoas não eram conside-
radas iguais às demais por possuírem alguma caracterís-
UNIDAS, EM 10 DE DEZEMBRO DE 1948).
tica, crença ou aparência que o Estado não apoiava. Daí a
importância de se atentar para os antecedentes históricos
e compreender a igualdade de todos os homens, indepen-
Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da dentemente de qualquer fator.
Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro Considerando essencial que os direitos humanos sejam
de 1948 protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não
seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tira-
Preâmbulo nia e a opressão,
Por todo o mundo se espalharam, notadamente du-
O preâmbulo é um elemento comum em textos cons- rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários alta-
titucionais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jor- mente opressivos, não só por parte das Potências do Eixo
ge Miranda1 define: “[...] proclamação mais ou menos so- (Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos Aliados
lene, mais ou menos significante, anteposta ao articulado (Rússia e o regime de Stálin).
constitucional, não é componente necessário de qualquer Considerando essencial promover o desenvolvimento de
Constituição, mas tão somente um elemento natural de relações amistosas entre as nações,
Constituições feitas em momentos de ruptura histórica ou Depois de duas grandes guerras a humanidade conse-
de grande transformação político-social”. Do conceito do guiu perceber o quanto era prejudicial não manter relações
autor é possível extrair elementos para definir o que re- amistosas entre as nações, de forma que o ideal de paz ga-
presentam os preâmbulos em documentos internacionais: nhou uma nova força.
proclamação dotada de certa solenidade e significância Considerando que os povos das Nações Unidas reafirma-
que antecede o texto do documento internacional e, em- ram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na
bora não seja um elemento necessário a ele, merece ser dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de
considerada porque reflete o contexto de ruptura histórica direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promo-
e de transformação político-social que levou à elaboração ver o progresso social e melhores condições de vida em uma
do documento como um todo. No caso da Declaração de liberdade mais ampla,
1948 ficam evidentes os antecedentes históricos inerentes Considerando que os Estados-Membros se compromete-
às Guerras Mundiais. ram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o
Considerando que o reconhecimento da dignidade ine- respeito universal aos direitos humanos e liberdades funda-
rente a todos os membros da família humana e de seus di- mentais e a observância desses direitos e liberdades,
reitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da Considerando que uma compreensão comum desses di-
justiça e da paz no mundo, reitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno
O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo qual cumprimento desse compromisso,
todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade Todos os países que fazem parte da Organização das
e para que ela seja preservada é preciso que os direitos Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto
inerentes à pessoa humana sejam garantidos, já aparece no os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos
preâmbulo constitucional, sendo guia de todo documento. demais países do mundo), totalizando 193, assumiram o
Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade compromisso de cumprir a Carta da ONU, documento que
dos direitos humanos, pela qual os direitos humanos não a fundou e que traz os princípios condutores da ação da
possuem conteúdo econômico patrimonial, logo, são in- organização.
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da A Assembleia Geral proclama
autonomia privada. A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos di- como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas
reitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultraja- as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão
ram a consciência da Humanidade e que o advento de um da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se
mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, esforce, através do ensino e da educação, por promover o res-
de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da peito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do
progressivas de caráter nacional e internacional, por assegu-
homem comum,
rar o seu reconhecimento e a sua observância universais e
1 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição.
efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros,
Lisboa: Petrony, 1978. quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

1
DIREITOS HUMANOS

A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo das sim, desde logo a Declaração estabelece seus parâmetros
Nações Unidas, no qual há representatividade de todos os fundamentais, com esteio na Declaração dos Direitos do
membros e por onde passam inúmeros tratados interna- Homem e do Cidadão de 1789 e na Constituição Francesa
cionais. de 1791, quais sejam igualdade, liberdade e fraternidade.
Embora os direitos de 1ª, 2ª e 3ª dimensão, que se baseiam
Artigo I nesta tríade, tenham surgido de forma paulatina, devem
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade ser considerados em conjunto proporcionando a plena
e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir realização do homem4.
em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a
O primeiro artigo da Declaração é altamente represen- igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta
tativo, trazendo diversos conceitos chaves de todo o do- igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
cumento: um grau satisfatório de dignidade.
a) Princípios da universalidade, presente na palavra Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
todos, que se repete no documento inteiro, pelo qual os verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmati-
direitos humanos pertencem a todos e por isso se encon- vas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor,
tram ligados a um sistema global (ONU), o que impede o as garantias aos portadores de deficiência, entre outras
retrocesso. medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi-
Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas
igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta diferenças.
igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
um grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, as dis- Artigo II
criminações legais asseguram a verdadeira igualdade, por Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as
exemplo, com as ações afirmativas, a proteção especial ao liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção
trabalho da mulher e do menor, as garantias aos porta- de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, reli-
dores de deficiência, entre outras medidas que atribuam gião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional
a pessoas com diferentes condições, iguais possibilidades, ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
protegendo e respeitando suas diferenças.2 Reforça-se o princípio da igualdade, bem como o da digni-
b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a dig- dade da pessoa humana, de forma que todos seres humanos são
nidade é um atributo da pessoa humana, segundo o qual iguais independentemente de qualquer condição, possuindo os
ela merece todo o respeito por parte dos Estados e dos mesmos direitos visando a preservação de sua dignidade.
demais indivíduos, independentemente de qualquer fator O dispositivo traz um aspecto da igualdade que impede
como aparência, religião, sexualidade, condição financeira. a distinção entre pessoas pela condição do país ou território a
Todo ser humano é digno e, por isso, possui direitos que que pertença, o que é importante sob o aspecto de proteção
visam garantir tal dignidade. dos refugiados, prisioneiros de guerra, pessoas perseguidas po-
c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, liticamente, nacionais de Estados que não cumpram os preceitos
os direitos humanos dividem-se em três dimensões, cada das Nações Unidas. Não obstante, a discriminação não é proibi-
qual representativa de um momento histórico no qual se da apenas quanto a indivíduos, mas também quanto a grupos
evidenciou a necessidade de garantir direitos de certa ca- humanos, sejam formados por classe social, etnia ou opinião em
tegoria. A primeira dimensão, presente na expressão livres, comum5.
refere-se aos direitos civis e políticos, os quais garantem a “A Declaração reconhece a capacidade de gozo indistinto
liberdade do homem no sentido de não ingerência esta- dos direitos e liberdades assegurados a todos os homens, e não
tal e de participação nas decisões políticas, evidenciados apenas a alguns setores ou atores sociais. Garantir a capacidade
historicamente com as Revoluções Americana e Francesa. de gozo, no entanto, não é suficiente para que este realmente se
A segunda dimensão, presente na expressão iguais, refere- efetive. É fundamental aos ordenamentos jurídicos próprios dos
-se aos direitos econômicos, sociais e culturais, os quais Estados viabilizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a
garantem a igualdade material entre os cidadãos exigindo fim de que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto se dá
prestações positivas estatais nesta direção, por exemplo, não somente com a igualdade material diante da lei, mas tam-
assegurando direitos trabalhistas e de saúde, possuindo bém, e principalmente, através do reconhecimento e respeito
como antecedente histórico a Revolução Industrial. A ter- das desigualdades naturais entre os homens, as quais devem ser
ceira dimensão, presente na expressão fraternidade, refere- resguardadas pela ordem jurídica, pois é somente assim que será
-se ao necessário olhar sobre o mundo como um lugar de possível propiciar a aludida capacidade de gozo a todos”6.
todos, no qual cada qual deve reconhecer no outro seu
semelhante, digno de direitos, olhar este que também se ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
lança para as gerações futuras, por exemplo, com a preser-
4 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
vação do meio ambiente e a garantia da paz social, sendo Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
o marco histórico justamente as Guerras Mundiais.3 As- 5 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
2 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 6 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
3 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso Lafer. 9. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

2
DIREITOS HUMANOS

Artigo III A abolição da escravidão foi uma luta histórica em todo


Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança o globo. Seria totalmente incoerente quanto aos princípios
pessoal. da liberdade, da igualdade e da dignidade se admitir que
Segundo Lenza7, “abrange tanto o direito de não ser mor- um ser humano pudesse ser submetido ao outro, ser trata-
to, privado da vida, portanto, direito de continuar vivo, como do como coisa. O ser humano não possui valor financeiro e
também o direito de ter uma vida digna”. Na primeira esfera, nem serve ao domínio de outro, razão pela qual a escravi-
enquadram-se questões como pena de morte, aborto, pesqui- dão não pode ser aceita.
sas com células-tronco, eutanásia, entre outras polêmicas. Na
segunda esfera, notam-se desdobramentos como a proibição Artigo V
de tratamentos indignos, a exemplo da tortura, dos trabalhos Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento
forçados, etc. ou castigo cruel, desumano ou degradante.
A vida humana é o centro gravitacional no qual orbitam to- Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por
dos os direitos da pessoa humana, possuindo reflexos jurídicos, crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma
confissão, informação ou simplesmente por prazer da pes-
políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí existir uma dificul-
soa que tortura. A tortura é uma espécie de tratamento ou
dade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma
castigo cruel, desumano ou degradante. A Convenção das
pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida.
Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ou
Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Resolução n°
primeiro valor moral de todos os seres humanos. Trata-se de um 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas) foi estabe-
direito que pode ser visto em 4 aspectos, quais sejam: a) direito lecida em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil
de nascer; b) direito de permanecer vivo; c) direito de ter uma em 28 de setembro de 1989. Em destaque, o artigo 1 da
vida digna quanto à subsistência e; d) direito de não ser privado referida Convenção:
da vida através da pena de morte8.
Por sua vez, o direito à liberdade é posto como consectário Artigo 1º, Convenção da ONU contra Tortura e Outros
do direito à vida, pois ela depende da liberdade para o desen- Tratamentos ou Penas Cruéis
volvimento intelectual e moral. Assim, “[...] liberdade é assim a 1. Para os fins da presente Convenção, o termo “tor-
faculdade de escolher o próprio caminho, sendo um valor ine- tura” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos
rente à dignidade do ser, uma vez que decorre da inteligência e agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente
da volição, duas características da pessoa humana”9. a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pes-
O direito à segurança pessoal é o direito de viver sem medo, soa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela
protegido pela solidariedade e liberto de agressões, logo, é uma ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de
maneira de garantir o direito à vida10. ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras
Artigo IV pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são
escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no
as suas formas. exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com
“O trabalho escravo não se confunde com o trabalho o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará
servil. A escravidão é a propriedade plena de um homem como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequên-
sobre o outro. Consiste na utilização, em proveito próprio, cia unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes
do trabalho alheio. Os escravos eram considerados seres a tais sanções ou delas decorram.
humanos sem personalidade, mérito ou valor. A servidão, 2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a
por seu turno, é uma alienação relativa da liberdade de restringir qualquer instrumento internacional ou legislação
nacional que contenha ou possa conter dispositivos de al-
trabalho através de um pacto de prestação de serviços ou
cance mais amplo.
de uma ligação absoluta do trabalhador à terra, já que a
servidão era uma instituição típica das sociedades feudais.
Artigo VI
A servidão, representava a espinha dorsal do feudalismo.
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares,
O servo pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima pela reconhecida como pessoa perante a lei.
utilização do solo, que superava a metade da colheita”11. “Afinal, se o Direito existe em função da pessoa hu-
mana, será ela sempre sujeito de direitos e de obrigações.
7 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
Negar-lhe a personalidade, a aptidão para exercer direi-
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
tos e contrair obrigações, equivale a não reconhecer sua
8 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. própria existência. [...] O reconhecimento da personalidade
9 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
jurídica é imprescindível à plena realização da pessoa hu-
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. mana. Trata-se de garantir a cada um, em todos os lugares,
10 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração a possibilidade de desenvolvimento livre e isonômico”12.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. O sistema de proteção de direitos humanos estabeleci-
11 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 12 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

3
DIREITOS HUMANOS

do no âmbito da Organização das Nações Unidas é global, Artigo X


razão pela qual não cabe o seu desrespeito em qualquer Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma
localidade do mundo. Por isso, um estrangeiro que visite audiência justa e pública por parte de um tribunal in-
outro país não pode ter seus direitos humanos violados, dependente e imparcial, para decidir de seus direitos e
independentemente da Constituição daquele país nada deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal
prever a respeito dos direitos dos estrangeiros. A pessoa contra ele.
humana não perde tal caráter apenas por sair do território “De acordo com a ordem que promana do preceito
de seu país. Em outras palavras, denota-se uma das facetas acima reproduzido, as pessoas têm a faculdade de exigir
um pronunciamento do Poder Judiciário, acerca de seus
do princípio da universalidade.
direitos e deveres postos em litígio ou do fundamento de
acusação criminal, realizado sob o amparo dos princípios
Artigo VII
da isonomia, do devido processo legal, da publicidade dos
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qual- atos processuais, da ampla defesa e do contraditório e da
quer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a imparcialidade do juiz”13.
igual proteção contra qualquer discriminação que viole a Em outras palavras não é possível juízo ou tribunal de
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal dis- exceção, ou seja, um juízo especialmente delegado para o
criminação. julgamento do caso daquela pessoa. O juízo deve ser esco-
Um dos desdobramentos do princípio da igualdade lhido imparcialmente, de acordo com as regras de organi-
refere-se à igualdade perante à lei. Toda lei é dotada de zação judiciária que valem para todos. Não obstante, o juí-
caráter genérico e abstrato que evidencia não aplicar-se a zo deve ser independente, isto é, poder julgar independen-
uma pessoa determinada, mas sim a todas as pessoas que temente de pressões externas para que o julgamento se dê
venham a se encontrar na situação por ela descrita. Não num ou noutro sentido. O juízo também deve ser imparcial,
significa que a legislação não possa estabelecer, em abstra- não possuindo amizade ou inimizade em graus relevantes
to, regras especiais para um grupo de pessoas desfavoreci- para com o acusado. Afinal, o direito à liberdade é consa-
do socialmente, direcionando ações afirmativas, por exem- grado e para que alguém possa ser privado dela por uma
plo, aos deficientes, às mulheres, aos pobres - no entanto, condenação criminal é preciso que esta se dê dentro dos
todas estas ações devem respeitar a proporcionalidade e a trâmites legais, sem violar direitos humanos do acusado.
razoabilidade (princípio da igualdade material).
Artigo XI
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito
Artigo VIII
de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento
competentes remédio efetivo para os atos que violem os público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garan-
direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela tias necessárias à sua defesa.
constituição ou pela lei. O princípio da presunção de inocência ou não culpa-
Não basta afirmar direitos, é preciso conferir meios bilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocorra
para garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz aos Estados a condenação criminal transitada em julgado, isto é, pro-
partes o dever de estabelecer em suas legislações inter- cessada até o último recurso interposto pelo acusado, este
nas instrumentos para proteção dos direitos humanos. Ge- deve ser tido como inocente. Durante o processo penal,
ralmente, nos textos constitucionais são estabelecidos os o acusado terá direito ao contraditório e à ampla defesa,
direitos fundamentais e os instrumentos para protegê-los, bem como aos meios e recursos inerentes a estas garan-
por exemplo, o habeas corpus serve à proteção do direito à tias, e caso seja condenado ao final poderá ser considerado
liberdade de locomoção. culpado. A razão é que o estado de inocência é inerente ao
ser humano até que ele viole direito alheio, caso em que
Artigo IX merecerá sanção.
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exi- “Através desse princípio verifica-se a necessidade de o
Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo presumido
lado.
inocente. Está diretamente relacionado à questão da pro-
Prisão e detenção são formas de impedir que a pessoa
va no processo penal que deve ser validamente produzida
saia de um estabelecimento sob tutela estatal, privando-a
para ao final do processo conduzir a culpabilidade do in-
de sua liberdade de locomoção. Exílio é a expulsão ou mu- divíduo admitindo-se a aplicação das penas previamente
dança forçada de uma pessoa do país, sendo assim tam- cominadas. Entretanto, a presunção de inocência não afas-
bém uma forma de privar a pessoa de sua liberdade de ta a possibilidade de medidas cautelares como as prisões
locomoção em um determinado território. Nenhuma des- provisórias, busca e apreensão, quebra de sigilo como me-
tas práticas é permitida de forma arbitrária, ou seja, sem o didas de caráter excepcional cujos requisitos autorizadores
respeito aos requisitos previstos em lei. devem estar previstos em lei”14.
Não significa que em alguns casos não seja aceita a pri- 13 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
vação de liberdade, notadamente quando o indivíduo tiver Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
praticado um ato que comprometa a segurança ou outro 14 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
direito fundamental de outra pessoa. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

4
DIREITOS HUMANOS

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou Artigo XIII


omissão que, no momento, não constituíam delito peran- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção
te o direito nacional ou internacional. Tampouco será im- e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
posta pena mais forte do que aquela que, no momento da Não há limitações ao direito de locomoção dentro do
prática, era aplicável ao ato delituoso. próprio Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar que
Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei penal a legislação interna pode estabelecer casos em que tal di-
in pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual uma reito seja relativizado, por exemplo, obrigando um funcio-
lei penal elaborada posteriormente não pode se aplicar a nário público a residir no município em que está sediado
atos praticados no passado - nem para um ato que não ou impedindo o ingresso numa área de interesse estatal.
era considerado crime passar a ser, nem para que a pena São exceções à liberdade de locomoção: decisão judi-
de um ato que era considerado crime seja aumentada. cial que imponha pena privativa de liberdade ou limitação
Evidencia não só o respeito à liberdade, mas também - e da liberdade, normas administrativas de controle de vias e
principalmente - à segurança jurídica. veículos, limitações para estrangeiros em certas regiões ou
áreas de segurança nacional e qualquer situação em que
Artigo XII
o direito à liberdade deva ceder aos interesses públicos18.
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país,
privada, na sua família, no seu lar ou na sua corres-
pondência, nem a ataques à sua honra e reputação. inclusive o próprio, e a este regressar.
Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais inter- A nacionalidade é um direito humano, assim como
ferências ou ataques. a liberdade de locomoção. Destaca-se que o artigo não
A proteção aos direitos à privacidade e à personali- menciona o direito de entrar em qualquer país, mas sim o
dade se enquadra na primeira dimensão de direitos fun- de deixá-lo.
damentais no que tange à proteção à liberdade. Enfim, o
exercício da liberdade lega-se também às limitações a este Artigo XIV
exercício: de que adianta ser plenamente livre se a liberda- 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de
de de um interfere na liberdade - e nos direitos inerentes procurar e de gozar asilo em outros países.
a esta liberdade - do outro. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de per-
“O direito à intimidade representa relevante manifes- seguição legitimamente motivada por crimes de direito
tação dos direitos da personalidade e qualifica-se como comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios
expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em das Nações Unidas.
reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espa- O direito de asilo serve para proteger uma pessoa per-
ço indevassável destinado a protegê-la contra indevidas seguida por suas opiniões políticas, situação racial, con-
interferências de terceiros na esfera de sua vida privada”15. vicções religiosas ou outro motivo político em seu país de
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimi- origem, permitindo que ela requeira perante a autoridade
dade, ao abordar a proteção da vida privada - que, em de outro Estado proteção. Claro, não se protege aquele
resumo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do que praticou um crime comum em seu país e fugiu para
domicílio e de círculos de amigos -, Silva16 entende que outro, caso em que deverá ser extraditado para responder
“o segredo da vida privada é condição de expansão da pelo crime praticado.
personalidade”, mas não caracteriza os direitos de perso- O direito dos refugiados é o que envolve a garantia de
nalidade em si. “O direito à honra distancia-se levemente asilo fora do território do qual é nacional por algum dos
dos dois anteriores, podendo referir-se ao juízo positivo motivos especificados em normas de direitos humanos,
que a pessoa tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positi-
notadamente, perseguição por razões de raça, religião, na-
vo que dela fazem os outros (honra objetiva), conferindo-
cionalidade, pertença a um grupo social determinado ou
-lhe respeitabilidade no meio social. O direito à imagem
convicções políticas. Diversos documentos internacionais
também possui duas conotações, podendo ser entendido
em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da disciplinam a matéria, a exemplo da Declaração Universal
pessoa, por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou de 1948, Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refu-
em sentido subjetivo, significando o conjunto de qualida- giados, Quarta Convenção de Genebra Relativa à Proteção
des cultivadas pela pessoa e reconhecidas como suas pelo das Pessoas Civis em Tempo de Guerra de 1949, Conven-
grupo social”17. ção relativa ao Estatuto dos Apátridas de 1954, Convenção
O artigo também abrange a proteção ao domicílio, local sobre a Redução da Apatridia de 1961 e Declaração das
no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e pode de- Nações Unidas sobre a Concessão de Asilo Territorial de
senvolver sua personalidade; e à correspondência, enviada 1967. Não obstante, a constituição brasileira adota a con-
ao seu lar unicamente para sua leitura e não de terceiros, cessão de asilo político como um de seus princípios nas
preservando-se sua privacidade. relações internacionais (art. 4º, X, CF).
“A prática de conceder asilo em terras estrangeiras a
15 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito
constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. pessoas que estão fugindo de perseguição é uma das ca-
16 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. racterísticas mais antigas da civilização. Referências a essa
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. prática foram encontradas em textos escritos há 3.500
17 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito 18 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

5
DIREITOS HUMANOS

anos, durante o florescimento dos antigos grandes impé- multiplicaram, incluindo agora as catástrofes naturais ou
rios do Oriente Médio, como o Hitita, Babilônico, Assírio e ecológicas e a extrema pobreza. Daí que muitos dos atuais
Egípcio antigo. refugiados não se enquadrem na definição da Convenção
Mais de três milênios depois, a proteção de refugiados relativa ao Estatuto dos Refugiados. Esta Convenção refe-
foi estabelecida como missão principal da agência de refu- re-se a vítimas de perseguição por razões de raça, religião,
giados da ONU, que foi constituída para assistir, entre ou- nacionalidade, pertença a um grupo social determinado
tros, os refugiados que esperavam para retornar aos seus ou convicções políticas. [...]
países de origem no final da II Guerra Mundial.
A Convenção de Refugiados de 1951, que estabeleceu Existe uma relação evidente entre o problema dos re-
o ACNUR, determina que um refugiado é alguém que ‘te- fugiados e a questão dos direitos humanos. As violações
mendo ser perseguida por motivos de raça, religião, na- dos direitos humanos constituem não só uma das princi-
cionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra pais causas dos êxodos maciços, mas afastam também a
fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em opção do repatriamento voluntário enquanto se verifica-
virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse rem. As violações dos direitos das minorias e os conflitos
país’. étnicos encontram-se cada vez mais na origem quer dos
êxodos maciços, quer das deslocações internas. [...]
Desde então, o ACNUR tem oferecido proteção e assis-
Na sua segunda sessão, no final de 1946, a Assembleia
tência para dezenas de milhões de refugiados, encontran-
Geral criou a Organização Internacional para os Refugia-
do soluções duradouras para muitos deles. Os padrões da
dos (OIR), que assumiu as funções da Agência das Nações
migração se tornaram cada vez mais complexos nos tem- Unidas para a Assistência e a Reabilitação (ANUAR). Foi
pos modernos, envolvendo não apenas refugiados, mas investida no mandato temporário de registrar, proteger,
também milhões de migrantes econômicos. Mas refugia- instalar e repatriar refugiados. [...] Cedo se tornou evidente
dos e migrantes, mesmo que viajem da mesma forma com que a responsabilidade pelos refugiados merecia um
frequência, são fundamentalmente distintos, e por esta maior esforço da comunidade internacional, a desenvolver
razão são tratados de maneira muito diferente perante o sob os auspícios da própria Organização das Nações
direito internacional moderno. Unidas. Assim, muito antes de terminar o mandato da
Migrantes, especialmente migrantes econômicos, de- OIR, iniciaram-se as discussões sobre a criação de uma
cidem deslocar-se para melhorar as perspectivas para si organização que lhe pudesse suceder.
mesmos e para suas famílias. Já os refugiados necessitam O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Re-
deslocar-se para salvar suas vidas ou preservar sua liber- fugiados (ACNUR) Na sua Resolução 319 A (IV) de 3 de
dade. Eles não possuem proteção de seu próprio Estado e Dezembro de 1949, a Assembleia Geral decidiu criar o Alto
de fato muitas vezes é seu próprio governo que ameaça Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. O
persegui-los. Se outros países não os aceitarem em seus Alto Comissariado foi instituído em 1 de Janeiro de 1951,
territórios, e não os auxiliarem uma vez acolhidos, pode- como órgão subsidiário da Assembleia Geral, com um
rão estar condenando estas pessoas à morte ou à uma vida mandato inicial de três anos. Desde então, o mandato do
insuportável nas sombras, sem sustento e sem direitos”19. ACNUR tem sido renovado por períodos sucessivos de cin-
As Nações Unidas20 descrevem sua participação no co anos [...]”.
histórico do direito dos refugiados no mundo:
“Desde a sua criação, a Organização das Nações Uni- Artigo XV
das tem dedicado os seus esforços à proteção dos refu- 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
giados no mundo. Em 1951, data em que foi criado o Alto 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua na-
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (AC- cionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
NUR), havia um milhão de refugiados sob a sua responsa- Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele pas-
bilidade. Hoje este número aumentou para 17,5 milhões,
se a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de
para além dos 2,5 milhões assistidos pelo Organismo das
direitos e obrigações. Não é aceita a figura do apátrida ou
Nações Unidas das Obras Públicas e Socorro aos Refugia-
heimatlos, o indivíduo que não possui nenhuma naciona-
dos da Palestina, no Próximo Oriente (ANUATP), e ainda lidade.
mais de 25 milhões de pessoas deslocadas internamente. É possível mudar de nacionalidade nas situações
Em 1951, a maioria dos refugiados eram Europeus. Hoje, a previstas em lei, naturalizando-se como nacional de outro
maior parte é proveniente da África e da Ásia. Atualmente, Estado que não aquele do qual originalmente era nacional.
os movimentos de refugiados assumem cada vez mais a Geralmente, a permanência no território do pais por um
forma de êxodos maciços, diferentemente das fugas indi- longo período de tempo dá direito à naturalização, abrin-
viduais do passado. Hoje, oitenta por cento dos refugiados do mão da nacionalidade anterior para incorporar a nova.
são mulheres e crianças. Também as causas dos êxodos se
Artigo XVI
19 http://www.acnur.org/t3/portugues/a-quem-ajudamos/
refugiados/
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito
20 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Direitos
Humanos e Refugiados. Ficha normativa nº 20. Disponível em: <http://
de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam
www.gddc.pt/direitos-humanos/Ficha_Informativa_20.pdf >. Acesso em: de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e
13 jun. 2013. sua dissolução.

6
DIREITOS HUMANOS

2. O casamento não será válido senão com o livre e concretiza a liberdade de ter ou não ter religião, ter ou não
pleno consentimento dos nubentes. ter opinião político-partidária ou qualquer outra manifes-
O casamento, como todas as instituições sociais, varia tação positiva ou negativa da consciência24.
com o tempo e os povos, que evoluem e adquirem novas No que tange à exteriorização da liberdade de religião,
culturas. Há quem o defina como um ato, outros como um ou seja, à liberdade de expressão religiosa, não é devida
contato. Basicamente, casamento é a união, devidamente nenhuma perseguição, assim como é garantido o direito de
formalizada conforme a lei, com a finalidade de construir praticá-la em grupo ou individualmente.
família. A principal finalidade do casamento é estabele-
cer a comunhão plena de vida, impulsionada pelo amor e Artigo XIX
afeição existente entre o casal e baseada na igualdade de Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e ex-
direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência.21 pressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência,
Não é aceitável o casamento que se estabeleça à força ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações
para algum dos nubentes, sendo exigido o livre e pleno e ideias por quaisquer meios e independentemente de fron-
consentimento de ambos. Não obstante, é coerente que a teiras.
lei traga limitações como a idade, pois o casamento é uma Silva25 entende que a liberdade de expressão pode ser
instituição séria, base da família, e somente a maturidade vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de comu-
pode permitir compreender tal importância. nicação, ou liberdade de informação, que consiste em um
conjunto de direitos, formas, processos e veículos que viabi-
Artigo XVII lizam a coordenação livre da criação, expressão e difusão da
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em so- informação e do pensamento. Contudo, o a manifestação do
ciedade com outros. pensamento não pode ocorrer de forma ilimitada, devendo
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro- se pautar na verdade e no respeito dos direitos à honra, à
priedade. intimidade e à imagem dos demais membros da sociedade.
“Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo
o ordenamento jurídico estabelecer suas modalidades de
Artigo XX
aquisição, perda, uso e limites. O direito de propriedade,
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e
constitucionalmente assegurado, garante que dela nin-
associação pacíficas.
guém poderá ser privado arbitrariamente [...]”22. O direito
O direito de reunião pode ser exercido independente-
à propriedade se insere na primeira dimensão de direitos
mente de autorização estatal, mas deve se dar de maneira
humanos, garantindo que cada qual tenha bens materiais
pacífica, por exemplo, sem utilização de armas.
justamente adquiridos, respeitada a função social.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
associação.
Artigo XVIII
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lí-
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião; este direito inclui a liberdade de citos, vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto,
mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar ninguém poderá ser compelido a associar-se e, uma vez
essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto associado, será livre, também, para decidir se permanece
e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou associado ou não”26.
em particular.
Silva23 aponta que a liberdade de pensamento, que Artigo XXI
também pode ser chamada de liberdade de opinião, é 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no gover-
considerada pela doutrina como a liberdade primária, eis no de seu país, diretamente ou por intermédio de repre-
que é ponto de partida de todas as outras, e deve ser en- sentantes livremente escolhidos.
tendida como a liberdade da pessoa adotar determinada 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço
atitude intelectual ou não, de tomar a opinião pública que público do seu país.
crê verdadeira. Tal opinião pública se refere a diversos as- 3. A vontade do povo será a base da autoridade do
pectos, entre eles religião e crença. A liberdade de religião governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas
atrela-se à liberdade de consciência e à liberdade de pen- e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou pro-
samento, mas o inverso não ocorre, porque é possível exis- cesso equivalente que assegure a liberdade de voto.
tir liberdade de pensamento e consciência desvinculada de “Na sociedade moderna, nascida de transformações
cunho religioso. Aliás, a liberdade de consciência também que culminaram na Revolução Francesa, o indivíduo é vis-
to como homem (pessoa privada) e como cidadão (pes-
21 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed.
São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6. 24 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
22 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República 25 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
23 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 26 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

7
DIREITOS HUMANOS

soa pública). O termo cidadão designava originalmente 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
o habitante da cidade. Com a consolidação da sociedade igual remuneração por igual trabalho.
burguesa, passa a indicar a ação política e a participação 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remune-
do sujeito na vida da sociedade”27. ração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de sua família, uma existência compatível com a dignidade hu-
governo em que o poder de tomar decisões políticas está mana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios
de proteção social.
com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e ne-
reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão po- les ingressar para proteção de seus interesses.
lítica) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de O trabalho é um instrumento fundamental para asse-
eleger um representante). Uma democracia pode existir gurar a todos uma existência digna: de um lado por pro-
num sistema presidencialista ou parlamentarista, republi- porcionar a remuneração com a qual a pessoa adquirirá
cano ou monárquico - somente importa que seja dado aos bens materiais para sua subsistência, de outro por gerar
cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou por si só o sentimento de importância para a sociedade por
por seu representante eleito), nos termos que este artigo parte daquele que faz algo útil nela. No entanto, a geração
da Declaração prevê. A principal classificação das demo- de empregos não se dá automaticamente, cabendo aos
cracias é a que distingue a direta da indireta - a) direta, Estados desenvolverem políticas econômicas para diminuir
os índices de desemprego o máximo possível.
também chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua
A remuneração é a retribuição financeira pelo trabalho
vontade por voto direto e individual em casa questão re- realizado. Nesta esfera também é necessário o respeito ao
levante; b) indireta, também chamada representativa, em princípio da igualdade, por não ser justo que uma pessoa
que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto que desempenhe as mesmas funções que a outra receba
para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais menos por um fator externo, característico dela, como sexo
escolhido(s) representa(m) todos os eleitores. ou raça. No âmbito do serviço público é mais fácil con-
Não obstante, se introduz a dimensão do Estado So- trolar tal aspecto, mas são inúmeras as empresas privadas
cial, de forma que ao cidadão é garantida a prestação de que pagam menor salário a mulheres e que não chegam a
serviços públicos. Isto se insere na segunda dimensão de ser levadas à justiça por isso. Não obstante, a remuneração
direitos humanos, referentes aos direitos econômicos, so- deve ser suficiente para proporcionar uma existência dig-
na, com o necessário para manter assegurados ao menos
ciais e culturais - sem os quais não se consolida a igualdade
minimamente todos os direitos humanos previstos na De-
material. claração.
Os sindicatos são bastante comuns na seara trabalhista
Artigo XXII e, como visto, a todos é garantida a liberdade de associa-
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à ção, não podendo ninguém ser impedido ou forçado a in-
segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela gressar ou sair de um sindicato.
cooperação internacional e de acordo com a organização e
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais Artigo XXIV
e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desen- Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a
volvimento da sua personalidade. limitação razoável das horas de trabalho e férias perió-
dicas remuneradas.
Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a
Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem
segunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto in- somente dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma,
ternacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de assegura-se horários livres para que a pessoa desfrute de
1966 é o documento que especifica e descreve tais direi- momentos de lazer e descanso, bem como impede-se a
tos. de uma maneira geral, são direitos que não dependem fixação de uma jornada de trabalho muito exaustiva. São
puramente do indivíduo para a implementação, exigindo medidas que asseguram isto a previsão de descanso se-
prestações positivas estatais, geralmente externadas por manal remunerado, a limitação do horário de trabalho, a
políticas públicas (escolhas políticas a respeito de áreas concessão de férias remuneradas anuais, entre outras.
que necessitam de investimento maior ou menos para pro- Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é forneci-
porcionar um bom índice de desenvolvimento social, dimi- do “[...] um conjunto mínimo de direitos dos trabalhadores.
De forma geral, os dispositivos em comento versam so-
nuindo desigualdades). Entre outros direitos, envolvem o
bre o direito ao trabalho, principal meio de sobrevivência
trabalho, a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o dos indivíduos que ‘vendem’ força de trabalho em troca de
lazer, etc. Como são inúmeras as áreas que necessitam de uma remuneração justa. Ademais, estabelecem a liberdade
investimento estatal, naturalmente o atendimento a estes do cidadão de escolher o trabalho e, uma vez obtido o em-
direitos se dá de maneira gradual. prego, o direito de nele encontrar condições justas, tanto
no tocante à remuneração, como no que diz respeito ao
Artigo XXIII limite de horas trabalhadas e períodos de repouso (dispo-
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre esco- sição constante do artigo XXIV da Declaração). Garantem
lha de emprego, a condições justas e favoráveis de tra- ainda o direito dos trabalhadores de se unirem em associa-
balho e à proteção contra o desemprego. ção, com o objetivo de defesa de seus interesses”28.
27 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: 28 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
CARDI, Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

8
DIREITOS HUMANOS

Artigo XXV sidades, formando profissionais de maior especialidade


1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz numa área profissional, com amplo conhecimento, razão
de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusi- pela qual dura mais tempo e é mais onerosa. As duas últi-
ve alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os mas são de maior custo e não podem ser instituídas de tal
serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso forma que sejam garantidas vagas para todas as pessoas
de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros em sociedade, entretanto, exige-se um critério justo para
casos de perda dos meios de subsistência fora de seu con- a seleção dos ingressos, o qual seja baseado no mérito (os
trole.     mais capacitados conseguirão as vagas de ensino técnico-
O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão -profissional e superior).
de vida suficiente para garantir sua dignidade em todas as Ainda, a Declaração de 1948 deixa clara que a educa-
esferas: alimentação, vestuário, moradia, saúde, etc. Bem se ção não envolve apenas o aprendizado do conteúdo pro-
sabe que é um objetivo constante do Estado Democrático gramático das matérias comuns como matemática, portu-
de Direito proporcionar que pessoas cheguem o mais pró- guês, história e geografia, mas também a compreensão de
ximo possível - e cada vez mais - desta circunstância. abordagens sobre assuntos que possam contribuir para a
Fala-se em segurança no sentido de segurança pública, formação da personalidade da pessoa humana e conscien-
de dever do Estado de preservar a ordem pública e a inco- tizá-la de seu papel social.
lumidade das pessoas e do patrimônio público e privado29. Não obstante, da parte final da Declaração extrai-se
Neste conceito enquadra-se a seguridade social, na qual o a consciência de que a educação não é apenas a formal,
Estado, custeado pela coletividade e pelos cofres públicos, aprendida nos estabelecimentos de ensino, mas também
garante a manutenção financeira dos que por algum moti- a informal, transmitida no ambiente familiar e nas demais
vo não possuem condição de trabalhar. áreas de contato da pessoa, como igreja, clubes e, notada-
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados mente, a residência. Por isso, os pais têm um papel direto
e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou na escolha dos meios de educação de seus filhos.
fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
A proteção da maternidade tem sentido porque sem Artigo XXVII
isto o mundo não continua. É preciso que as crianças se- 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente
jam protegidas com atenção especial para que se tornem da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de par-
adultos capazes de proporcionar uma melhora no planeta. ticipar do processo científico e de seus benefícios.
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses
Artigo XXVI morais e materiais decorrentes de qualquer produção cien-
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução tífica, literária ou artística da qual seja autor.
será gratuita, pelo menos nos graus elementares e funda- Os conflitos que se dão entre a liberdade e a proprieda-
mentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução de intelectual se evidenciam, principalmente, sob o aspecto
técnico-profissional será acessível a todos, bem como a ins- da liberdade de expressão, na esfera específica da liber-
trução superior, esta baseada no mérito. dade de comunicação ou informação, que, nos dizeres de
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desen- Silva30, “compreende a liberdade de informar e a liberdade
volvimento da personalidade humana e do fortalecimento de ser informado”. Sob o enfoque do direito à liberdade e
do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fun- do direito de acesso à cultura, seria livre a divulgação de
damentais. A instrução promoverá a compreensão, a tole- toda e qualquer informação e o acesso aos dados disponí-
rância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais veis, independentemente da fonte ou da autoria. De outro
ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas lado, há o direito de propriedade intelectual, o qual possui
em prol da manutenção da paz. um caráter dualista: moral, que nunca prescreve porque
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gêne- o autor de uma obra nunca deixará de ser considerado
ro de instrução que será ministrada a seus filhos. como tal, e patrimonial, que prescreve, perdendo o autor
A Declaração Universal de 1948 divide a disponibili- o direito de explorar benefícios econômicos de sua obra31.
dade e a obrigatoriedade da educação em níveis. Aquela Cada vez mais esta dualidade entre direitos se encontra em
educação que é considerada essencial, qual seja, a ele- conflito, uma vez que a evolução tecnológica trouxe meios
mentar, deve ser gratuita e obrigatória. Já a educação fun- para a cópia em massa de conteúdos protegidos pela pro-
damental, de grande importância, deve ser gratuita, mas priedade intelectual.
não é obrigatória. Esta nomenclatura adotada pela Decla-
ração equipara-se ao ensino fundamental e ao ensino mé- Artigo XVIII
dio no Brasil, sendo elementar o primeiro e fundamental Toda pessoa tem direito a uma ordem social e inter-
o segundo. A educação técnico-profissional refere-se às nacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na
escolas voltadas ao ensino de algum ofício, não complexo presente Declaração possam ser plenamente realizados.
a ponto de exigir formação superior e, justamente por isso,
30 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
possuem menor duração e menor custo; ao passo que a 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
educação superior é a que se dá no âmbito das univer- 31 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet: liberdade de
29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. informação, privacidade e responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas,
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 2006.

9
DIREITOS HUMANOS

Como já destacado, o sistema de proteção dos direitos Nenhum direito humano é ilimitado: se o fossem, seria
humanos tem caráter global e cada Estado que assumiu impossível garantir um sistema no qual todas as pessoas
compromisso perante a ONU ao integrá-la deve garantir o tivessem tais direitos plenamente respeitados, afinal, es-
respeito a estes direitos no âmbito de seu território. Com tes necessariamente colidiriam com os direitos das outras
isso, a pessoa estará numa ordem social e internacional na pessoas, os quais teriam que ser violados. Este é um dos
qual seus direitos humanos sejam assegurados, preservan- sentidos do princípio da relatividade dos direitos huma-
do-se sua dignidade. Em outras palavras, “devidamente nos - os direitos humanos não podem ser utilizados como
emparelhadas, portanto, a ordem social e a ordem inter- um escudo para práticas ilícitas ou como argumento para
nacional se manifestam, a seu modo, como as duas faces afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos
das instituições humanitárias, tanto estatais quanto parti- ilícitos, assim os direitos humanos não são ilimitados e
culares, orientando seus passos a serviço da comunidade encontram seus limites nos demais direitos igualmente
humana”32. consagrados como humanos. Isto vale tanto para os in-
divíduos, numa atitude perante os demais, quanto para
Artigo XXIX os Estados, ao externar o compromisso global assumido
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, perante a ONU.
em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalida-
de é possível.
OS DIREITOS HUMANOS NA
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei,
(ARTIGOS 5.º AO 15.º).
exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhe-
cimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de
satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e
do bem-estar de uma sociedade democrática.
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin-
alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e prin- tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e
cípios das Nações Unidas. coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre-
Explica Canotilho33 que “a ideia de deveres fundamentais vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e
é suscetível de ser entendida como o ‘outro lado’ dos direi- 13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
tos fundamentais. Como ao titular de um direito fundamental Em termos comparativos à clássica divisão tridimen-
corresponde um dever por parte de um outro titular, poder- sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior
-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos funda- parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os
mentais como destinatário de um dever fundamental. Neste direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi-
sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pres- tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se-
suporia um dever correspondente”. Esta é a ideia que a De- gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e
claração de 1948 busca trazer: não será assegurada nenhuma os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu-
liberdade que contrarie a lei ou os demais direitos de outras meração de direitos humanos na Constituição vai além dos
pessoas, isto é, os preceitos universais consagrados pelas Na- direitos que expressamente constam no título II do texto
ções Unidas. constitucional.
Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac-
Artigo XXX terísticas principais:
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos,
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer ativida- adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en-
de ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quadra a noção de dimensões de direitos.
quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. b) Universalidade: os direitos fundamentais perten-
“A colidência entre os direitos afirmados na Declara- cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do
ção é natural. Busca-se com o presente artigo evitar que, caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na
no eventual choque entre duas normas garantistas, os su-
perspectiva de prevalência dos direitos humanos.
jeitos nela mencionados se valham de uma interpretação
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não
tendente a infirmar qualquer das disposições da Declara-
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in-
ção ao argumento de que estão respeitando um direito
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
em detrimento de outro”34.
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da
32 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração autonomia privada.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po-
33 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta-
teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998. lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa
34 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração humana.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

10
DIREITOS HUMANOS

e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem 1) Brasileiros e estrangeiros


deixar de ser observados por disposições infraconstitucio- O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu- conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen-
lidades. te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in-
um único conjunto de direitos porque não podem ser ana- terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi-
lisados de maneira isolada, separada. dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera-
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não nia do país.
se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in-
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
falta de uso (prescrição). então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
h) Relatividade: os direitos fundamentais não po- seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
ou como argumento para afastamento ou diminuição da pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos titulares de direitos políticos.
igualmente consagrados como humanos.
2) Relação direitos-deveres
Vale destacar que a Constituição vai além da proteção O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação
destes, bem como remédios constitucionais a serem utili- direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen-
zados caso estes direitos e garantias não sejam preserva- tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a pre-
dos. Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias as missa reconhecida nos direitos fundamentais de que não
previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições de- há direito que seja absoluto, correspondendo-se para cada
direito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamen-
claratórias e as garantias são as disposições assecuratórias.
tais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre
relativos.
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
Explica Canotilho36 quanto aos direitos fundamentais:
comunicação, independentemente de censura ou licença”
“a ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser enten-
– o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a
dida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como
vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca-
ao titular de um direito fundamental corresponde um de-
sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia
ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o
em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada particular está vinculado aos direitos fundamentais como
no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
artigo 5º, LXV35. dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda-
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio- mental conferido à pessoa corresponde o dever de respei-
lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu- to ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas.
cionais.
Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé- 3) Direitos e garantias em espécie
dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu
de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di- caput:
reitos.
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
Direitos e deveres individuais e coletivos distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deve- do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
res individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do propriedade, nos termos seguintes [...].
capítulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos
do indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um
maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto dos principais (senão o principal) artigos da Constituição
constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as
alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucio- cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere-
nais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança
mandado de segurança coletivo). e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas
35 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon- 36 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional
ferência. e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.

11
DIREITOS HUMANOS

esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es- Ações afirmativas


pecíficas que ganham também destaque no texto consti- Neste sentido, desponta a temática das ações
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos afirmativas,que são políticas públicas ou programas
constitucionais-penais. privados criados temporariamente e desenvolvidos com
a finalidade de reduzir as desigualdades decorrentes de
- Direito à igualdade discriminações ou de uma hipossuficiência econômica ou
Abrangência física, por meio da concessão de algum tipo de vantagem
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o compensatória de tais condições.
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
dade: em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
um grupo específico não pode ser usada como critério de
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer
propriedade, nos termos seguintes [...]. a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro discriminação reversa.
inciso: Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
defende que elas representam o ideal de justiça
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi- compensatória (o objetivo é compensar injustiças passadas,
tos e obrigações, nos termos desta Constituição. dívidas históricas, como uma compensação aos negros por
tê-los feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de distributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-
-se uma concretização do princípio da igualdade material);
igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne-
bem como promovem a diversidade.
nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e
verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmati-
obrigações.
vas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor,
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
as garantias aos portadores de deficiência, entre outras
mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers-
medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi-
pectiva mais ampla.
ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
diferenças37. Tem predominado em doutrina e jurisprudên-
de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro cia, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações
enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil, afirmativas são válidas.
enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi- - Direito à vida
tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual- Abrangência
dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio-
falando na igualdade perante a lei. nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômi-
que não bastava igualar todos os homens em direitos e cos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em con-
deveres para torná-los iguais, pois nem todos possuem ceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa
as mesmas condições de exercer estes direitos e deveres. possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida.
Logo, não é suficiente garantir um direito à igualdade for- Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa,
mal, mas é preciso buscar progressivamente a igualdade é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma-
material. No sentido de igualdade material que aparece o nos38.
direito à igualdade num segundo momento, pretendendo- No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de
-se do Estado, tanto no momento de legislar quanto no de nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como
aplicar e executar a lei, uma postura de promoção de polí- pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e
ticas governamentais voltadas a grupos vulneráveis. aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá- engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral,
veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação 37 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e
uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda- II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi- dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
38 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte.
dade de discriminações positivas com relação a grupos vul- Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal. tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For-
tium, 2008, p. 15.

12
DIREITOS HUMANOS

incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo
a garantia de recursos que permitam viver a vida com dig- a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
nidade. regime fechado.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado
nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de - Direito à liberdade
um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi- teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos
cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com que o seguem.
células tronco, pena de morte, eutanásia, etc.
Liberdade e legalidade
Vedação à tortura Prevê o artigo 5º, II, CF:
De forma expressa no texto constitucional destaca-se
a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
previsão no inciso III do artigo 5º: xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem O princípio da legalidade se encontra delimitado nes-
a tratamento desumano ou degradante. te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei
A tortura é um dos piores meios de tratamento de- assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei,
sumano, expressamente vedada em âmbito internacional, a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve-
como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina niente.
constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela-
os crimes de tortura e dá outras providências, destacando- ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo
-se o artigo 1º: à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres-
samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer
Art. 1º Constitui crime de tortura: tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer
I - constranger alguém com emprego de violência ou maneira que a lei não proíba.
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confis- Liberdade de pensamento e de expressão
são da vítima ou de terceira pessoa; O artigo 5º, IV, CF prevê:
b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen-
nosa;
to, sendo vedado o anonimato.
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de
dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
pensamento e da liberdade de expressão.
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento.
pessoal ou medida de caráter preventivo.
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de
Pena - reclusão, de dois a oito anos. reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa-
ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de
em lei ou não resultante de medida legal. opinião”39. Em outras palavras, primeiro existe o direito de
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, ter uma opinião, depois o de expressá-la.
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na No mais, surge como corolário do direito à liberdade
pena de detenção de um a quatro anos. de pensamento e de expressão o direito à escusa por con-
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou vicção filosófica ou política:
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
I - se o crime é cometido por agente público; política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por- legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al-
tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) ternativa, fixada em lei.
anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro. Trata-se de instrumento para a consecução do direito
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função assegurado na Constituição Federal – não basta permitir
ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona-
dobro do prazo da pena aplicada. mento.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de 39 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano.
graça ou anistia. Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

13
DIREITOS HUMANOS

Com efeito, este direito de liberdade de expressão é para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer- de igrejas e suas relações com o Estado.
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as-
por manifestações que contrariem a lei. segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte- tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen- tares de internação coletiva.
dentemente de censura ou licença.
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres- prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
são, referente de forma específica a atividades intelectuais, Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli-
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com giosa o direito à escusa por convicção religiosa:
relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia. Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe- motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po-
dir a divulgação e o acesso a informações como modo de lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
controle do poder. A censura somente é cabível quando a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
necessária ao interesse público numa ordem democrática, tiva, fixada em lei.
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
exploração sexual infanto-juvenil é adequado. Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in- exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis-
denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar- tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha
tida para aquele que teve algum direito seu violado (no- fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó-
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma
tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
contrarie tais preceitos.
expressão.
Liberdade de informação
Liberdade de crença/religiosa
O direito de acesso à informação também se liga a uma
Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o
artigo 5º, XIV, CF:
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in-
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-
aos locais de culto e a suas liturgias. sário ao exercício profissional.
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé Trata-se da liberdade de informação, consistente na
como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma liberdade de procurar e receber informações e ideias por
crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe-
profissão desta fé possa se realizar em locais próprios. rência.
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao
distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda- passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís-
des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liber- tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo
dade de organização religiosa. e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento:
Consoante o magistério de José Afonso da Silva40, entra não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é
na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade
a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de a sociedade.
não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de
descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos- todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber- pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível
os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou que a imprensa divulgue com quem obteve a informação
em público, bem como a de recebimento de contribuições divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre-
40 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po- judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao
sitivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. público.

14
DIREITOS HUMANOS

Especificadamente quanto à liberdade de informação Liberdade de locomoção


no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
previsões. tigo 5º, XV, CF:
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos ór- nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
gãos públicos informações de seu interesse particular, ou de termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da bens.
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo si-
gilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di-
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 território do país em tempos de paz (em tempos de guerra
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor- liberdade de sair do país não significa que existe um direito
mação. de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre-
dentemente do pagamento de taxas: sa nos casos autorizados pela própria Constituição Fede-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa ral. A despeito da normativa específica de natureza penal,
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; reforça-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para locomoção pela prisão civil por dívida.
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
pessoal.
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi-
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum- da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol- infiel.
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
apreciação de um pedido que um cidadão quer apresentar” qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a
(muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “demo- única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento
ra para responder aos pedidos formulados” (administrativa é a que se refere à obrigação alimentícia.
e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou
condições para a formulação de petição”, traz a chamada Liberdade de trabalho
insegurança jurídica, que traz desesperança e faz proliferar O direito à liberdade também é mencionado no artigo
as desigualdades e as injustiças. 5º, XIII, CF:
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra-
cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de- balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez profissionais que a lei estabelecer.
na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que O livre exercício profissional é garantido, respeitados
gera confusões conceituais no sentido do direito de obter os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profis-
certidões ser dissociado do direito de petição. são de advogado aquele que não se formou em Direito
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, e não foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados
CF: do Brasil; não pode exercer a medicina aquele que não fez
faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o
Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade cadastro no Conselho Regional de Medicina.
dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem. Liberdade de reunião
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o
será quando a intimidade merecer preservação (ex: proces- Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen-
so criminal de estupro ou causas de família em geral) ou te, sem armas, em locais abertos ao público, independen-
quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos- temente de autorização, desde que não frustrem outra
sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sen-
instrumento para a efetivação da liberdade de informação. do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.

15
DIREITOS HUMANOS

Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes- Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do
poder público para que ele organize o policiamento e a as- Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi-
sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias A liberdade de associação envolve não somente o di-
ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto- reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam-
rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con-
tal substância ilícita fosse utilizada). forme artigo 5º, XX, CF:

Liberdade de associação Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, associar-se ou a permanecer associado.
XVII, CF:
- Direitos à privacidade e à personalidade
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Abrangência
Prevê o artigo 5º, X, CF:
A liberdade de associação difere-se da de reunião por
sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida
exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso- privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
ciação implica na formação de um grupo organizado que direito a indenização pelo dano material ou moral decorren-
se mantém por um período de tempo considerável, dotado te de sua violação.
de estrutura e organização próprias.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso- O legislador opta por trazer correlacionados no mes-
ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem ar- mo dispositivo legal os direitos à privacidade e à persona-
mas e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente lidade.
à estatal. Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
O texto constitucional se estende na regulamentação de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu-
da liberdade de associação. mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: e de círculos de amigos –, Silva41 entende que “o segredo
da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for- mas não caracteriza os direitos de personalidade em si.
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização, A união da intimidade e da vida privada forma a pri-
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um
Neste sentido, associações são organizações resultan- grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da
sem personalidade jurídica, para a realização de um obje- intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria
tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão,
associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser
em suas atividades econômicas. conferida à esfera (as esferas são representadas pela inti-
Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF: midade, pela vida privada, e pela publicidade).
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an-
Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com- teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa
pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa-
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi-
em julgado. lidade no meio social. O direito à imagem também pos-
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido
O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por
a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido
preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as- subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas
sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”42.
de reverter a decisão e permitir que a associação continue
41 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
sitivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou 42 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons-
seja, no curso de um processo judicial. titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

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DIREITOS HUMANOS

Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon- Direito à indenização e direito de resposta


dência Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
comunicações. resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:

Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo- proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para terial, moral ou à imagem.
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa-
morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju-
domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou diciário com a consequente responsabilidade civil e penal
para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju-
sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle
determinação judicial. da matéria que divulga”43.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica- O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF: de se defender de críticas públicas no mesmo meio em
que foram publicadas garantida exatamente a mesma
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica- resposta não é possível reverter plenamente os danos
ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, causados pela manifestação ilícita de pensamento,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
investigação criminal ou instrução processual penal. A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau-
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que
O sigilo de correspondência e das comunicações está pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô-
melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. mico e não econômico.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio
Personalidade jurídica e gratuidade de registro (material ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe- financeiramente e indenizado.
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju- que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa-
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido trimonial contido nos direitos da personalidade (como a
como pessoa perante a lei. vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro,
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem)
necessário o registro. Por ser instrumento que serve como ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o
pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse- estado de família)”44.
gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có-
com ele arcar. digo Civil:
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci- administração da justiça ou à manutenção da ordem públi-
damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas- ca, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
cimento; b) a certidão de óbito. publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem pre-
O reconhecimento do marco inicial e do marco final juízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
da personalidade jurídica pelo registro é direito individual, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria comerciais.
absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
ção de documentos para que ela seja reconhecida como 43 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucio-
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos nal. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
menos favorecidos. 44 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabili-
dad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982.

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DIREITOS HUMANOS

- Direito à segurança A propriedade, segundo Silva46, “[...] não pode mais ser
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- considerada como um direito individual nem como institui-
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in- ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direi-
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, tos individuais, ela não mais poderá ser considerada puro
desde sua integridade física e mental, até a própria segu- direito individual, relativizando-se seu conceito e significa-
rança jurídica. do, especialmente porque os princípios da ordem econô-
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes- mica são preordenados à vista da realização de seu fim:
soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli- assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada,
garantir o direito à vida. que, ademais, tem que atender a sua função social, fica vin-
culada à consecução daquele princípio”.
Nesta linha, para Silva45, “efetivamente, esse conjunto
Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro-
mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade
algum direito individual fundamental (intimidade, liberda- da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em
de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”. geral é um direito assegurado na Constituição Federal e,
Especificamente no que tange à segurança jurídica, como todos os outros, se encontra limitado pelos demais
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser
humano.
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad- A Constituição Federal delimita o que se entende por
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. função social:

Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida- Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba-
de da lei. no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire-
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
Direito Brasileiro: desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
e a coisa julgada.
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado volvimento e de expansão urbana.
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua
o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como função social quando atende às exigências fundamentais de
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou ordenação da cidade expressas no plano diretor47.
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
judicial de que já não caiba recurso. propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité-
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
- Direito à propriedade requisitos:
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- I - aproveitamento racional e adequado;
teção do direito à propriedade, tanto material quanto inte- II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
lectual, delimitada em alguns incisos que o seguem. veis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as rela-
Função social da propriedade material ções de trabalho;
O artigo 5º, XXII, CF estabelece: IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie-
tários e dos trabalhadores.
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
Desapropriação
dade. No caso de desrespeito à função social da proprieda-
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o pode-se depreender do texto constitucional duas possibi-
principal fator limitador deste direito: lidades de desapropriação: por desrespeito à função social
e por necessidade ou utilidade pública.
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
ção social. 46 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
sitivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
47 Instrumento básico de um processo de planejamento mu-
nicipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano,
45 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po- norteando a ação dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001
sitivo... Op. Cit., p. 437. - Estatuto da cidade).

18
DIREITOS HUMANOS

A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa- Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
propriação por desatendimento à função social: procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
processo judicial de desapropriação.
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu-
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei-
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu
sucessivamente, de: artigo 5º:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-
bana progressivo no tempo; sos de utilidade pública:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos a) a segurança nacional;
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo b) a defesa do Estado;
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em c) o socorro público em caso de calamidade;
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real d) a salubridade pública;
da indenização e os juros legais48. e) a criação e melhoramento de centros de população,
seu abastecimento regular de meios de subsistência;
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in- f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural minerais, das águas e da energia hidráulica;
que não esteja cumprindo sua função social, mediante g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração,
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medici-
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no nais;
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
emissão, e cuja utilização será definida em lei49. i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
logradouros públicos; a execução de planos de urbanização;
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
serão indenizadas em dinheiro. melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons-
trução ou ampliação de distritos industriais;
No que tange à desapropriação por necessidade ou j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF: k) a preservação e conservação dos monumentos históri-
cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes
para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e,
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do-
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui- tados pela natureza;
ção. l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar-
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF: tístico;
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co-
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba- memorativos e cemitérios;
nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou-
so para aeronaves;
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF: o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu-
reza científica, artística ou literária;
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel p) os demais casos previstos por leis especiais.
como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
riza a União a propor a ação de desapropriação. Um grande problema que faz com que processos que
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in-
48 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de
imóvel urbano por desatendimento à função social é necessário to-
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge-
mar duas providências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edi- ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido,
ficação compulsórios; depois, o estabelecimento de imposto sobre a necessitando o Judiciário intervir em prol da correta ava-
propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo. Se am- liação.
bas medidas restarem ineficazes, parte-se para a desapropriação por Outra questão reside na chamada tredestinação, pela
desatendimento à função social. qual há a destinação de um bem expropriado (desapro-
49 A desapropriação em decorrência do desatendimento da priação) a finalidade diversa da que se planejou inicial-
função social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desa-
mente. A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita
propriação por necessidade ou utilidade pública, já que na primeira
há violação do ordenamento constitucional pelo proprietário, mas na
quando resultante de desvio do propósito original; e será
segunda não. Por isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na lícita quando a Administração Pública dê ao bem finalidade
prática não são tão valorizados quanto o dinheiro. diversa, porém preservando a razão do interesse público.

19
DIREITOS HUMANOS

Política agrária e reforma agrária VII - a eletrificação rural e irrigação;


Enquanto desdobramento do direito à propriedade VIII - a habitação para o trabalhador rural.
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda § 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
o artigo 5º, XXVI, CF: agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as- agrícola e de reforma agrária.
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor- As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá-
meios de financiar o seu desenvolvimento. ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a
concessão, a qualquer título, de terras públicas com área
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe- superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física
quena propriedade será assegurado que permaneça com ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de
ela e a torne mais produtiva. prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso
A preservação da pequena propriedade em detrimento de alienações ou concessões de terras públicas para fins de
dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes- reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
-guias da regulamentação da política agrária brasileira, que Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho-
tem como principal escopo a realização da reforma agrária.
mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não pode-
Parte da questão financeira atinente à reforma agrária
rão negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189,
se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
CF).
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição
Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física
o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen-
montante de recursos para atender ao programa de reforma
derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190,
agrária no exercício.
CF).
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es-
taduais e municipais as operações de transferência de imó- Usucapião
veis desapropriados para fins de reforma agrária. Usucapião é o modo originário de aquisição da pro-
priedade que decorre da posse prolongada por um lon-
Como a finalidade da reforma agrária é transformar go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras
terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a
função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran- posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo-
gidos pela reforma agrária: dado, a ponto de se tornar proprietário.
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em
fins de reforma agrária: casos específicos, denominados usucapião especial urbana
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida e usucapião especial rural.
em lei, desde que seu proprietário não possua outra; O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião
II - a propriedade produtiva. especial urbana:
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana
dos requisitos relativos a sua função social. de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
187: desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou
rural.
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe- § 1º O título de domínio e a concessão de uso
cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,
de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, independentemente do estado civil.
bem como dos setores de comercialização, de armazena- § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo
mento e de transportes, levando em conta, especialmente: possuidor mais de uma vez.
I - os instrumentos creditícios e fiscais; § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a usucapião.
garantia de comercialização;
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
IV - a assistência técnica e extensão rural; pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
V - o seguro agrícola; seguintes requisitos específicos:
VI - o cooperativismo;

20
DIREITOS HUMANOS

a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali- Uso temporário


zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba- No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para XXV, CF:
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
localização. Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi-
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar se houver dano.
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado, Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno). de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos
dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que Direito sucessório
só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só O direito sucessório aparece como uma faceta do di-
porque antes não existia e o prazo não podia correr, como reito à propriedade, encontrando disciplina constitucional
também não se poderia prejudicar o proprietário. no artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse. Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei-
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be-
Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
O direito à herança envolve o direito de receber – seja
taca-se o artigo 191, CF:
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou
vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as-
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui- segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
rir-lhe-á a propriedade. brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri- país estrangeiro).
dos por usucapião.
Direito do consumidor
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
seguintes requisitos específicos: Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da
a) Imóvel rural lei, a defesa do consumidor.
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda-
Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru- de a partir do momento em que garante à pessoa que irá
ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres-
assunto muito controverso. tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da
outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do
área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade consumidor.
antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não. O Direito do Consumidor pode ser considerado um
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re-
na área rural. gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº
e) Nenhum outro imóvel. 8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado pela Constituição Federal de 1988, que também estabele-
a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais
labore”. Dependerá do caso concreto. Transitórias:

21
DIREITOS HUMANOS

Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem,
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có- basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi-
digo de defesa do consumidor. ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de
dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi que estas modalidades de utilização podem se dar a título
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações oneroso ou gratuito.
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de “Os direitos autorais, também conhecidos como copyri-
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou ght (direito de cópia), são considerados bens móveis, po-
faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor. dendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-
-se que a permissão a terceiros de utilização de criações
Propriedade intelectual artísticas é direito do autor. [...] A proteção constitucional
Além da propriedade material, o constituinte protege abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que o primei-
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo ro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou produzida
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF: por terceiros, como se fosse própria, a segunda configura
a reprodução de obra alheia sem a necessária permissão
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex- do autor”50.
clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; - Direitos de acesso à justiça
A formação de um conceito sistemático de acesso à
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon-
a) a proteção às participações individuais em obras taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in- básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas
clusive nas atividades desportivas; foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di-
b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco- reito moderno conforme implementadas as bases da onda
nômico das obras que criarem ou de que participarem aos anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên-
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações cia de uma nova onda quando superada a afirmação das
sindicais e associativas; premissas da onda anterior, restando parcialmente imple-
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in- pleno atendimento em todas as ondas).
ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza- Primeiro, Cappelletti e Garth51 entendem que surgiu
ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie- uma onda de concessão de assistência judiciária aos po-
dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera-
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi- ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação
mento tecnológico e econômico do País. de um aparato estrutural para a prestação da assistência
pelo Estado.
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Gar-
que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto th52, veio a onda de superação do problema na representa-
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, ção dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional
a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os de processo como algo restrito a apenas duas partes indi-
direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes vidualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui-
são conexos”. ções, como o Ministério Público.
O artigo 7° do referido diploma considera como obras Finalmente, Cappelletti e Garth53 apontam uma terceira
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor onda consistente no surgimento de uma concepção mais
os textos de obras de natureza literária, artística ou científi- ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
cinematográficas e televisivas; as composições musicais; “[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla va-
fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ- riedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
neas e enciclopédias; entre outras. procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di- raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-
gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou 50 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron- teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
tar sua honra ou imagem.
1997.
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos 51 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça.
artigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris
contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do Editor, 1998, p. 31-32.
falecimento do último coautor, ou contados do primeiro 52 Ibid., p. 49-52
ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza 53 Ibid., p. 67-73

22
DIREITOS HUMANOS

modificações no direito substantivo destinadas a evitar li- de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com-
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque, petente para a matéria específica do caso antes mesmo do
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas, fato ocorrer.
que vão muito além da esfera de representação judicial”.
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga- Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que exceção.
para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário
que se aplique o direito material de maneira justa e célere. Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, criado para uma situação pretérita, bem como não reco-
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: nhecido como legítimo pela Constituição do país.
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Tribunal do júri
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
artigo 5º, XXXVIII, CF:
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o prin-
cípio de Direito Processual Público subjetivo, também Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri,
cunhado como Princípio da Ação, em que a Constituição com a organização que lhe der a lei, assegurados:
garante a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes a) a plenitude de defesa;
na vida em sociedade. Sempre que uma controvérsia for b) o sigilo das votações;
levada ao Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de c) a soberania dos veredictos;
admissibilidade, ela será resolvida, independentemente de
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
contra a vida.
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí-
dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên- não magistrados, no caso de determinados crimes que por
cia de recursos. sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio-
nal.
O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces- Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto
so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti- a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada
vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi-
45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição: ciais e administrativos.
Sigilo das votações envolve a realização de votações
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad- secretas, preservando a liberdade de voto dos que com-
ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro- põem o conselho que irá julgar o ato praticado.
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami- A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo,
tação. a soberania dos veredictos veda a alteração das decisões
dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tri-
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir bunal do Júri para que seja procedido novo julgamento
o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar
significa que se deve acelerar o processo em detrimento o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de
de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é jurisdição.
preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem Por fim, a competência para julgamento é dos crimes
menos que o necessário para a efetiva realização da justiça dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o
no caso concreto. risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho-
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui-
- Direitos constitucionais-penais cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é
mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29,
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex- X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
ceção
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: Anterioridade e irretroatividade da lei
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que
princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

23
DIREITOS HUMANOS

É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in-
da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina- Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
crime sem lei anterior que o defina. concedida antes da sentença final ou depois da condena-
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito
-se o artigo 5º, XL, CF: em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e
beneficiar o réu. solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra
anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos
definido um fato como crime e dado certo tratamento pe- (previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo disso, são crimes que não aceitam fiança.
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
dade da lei penal mais benéfica.
Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradi-
ção de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com
Menções específicas a crimes
tráfico ilícito de entorpecentes:
O artigo 5º, XLI, CF estabelece:

Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado,
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento
Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela ma da lei.
qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
entanto, o constituinte entendeu por bem prever trata- Personalidade da pena
mento específico a certas práticas criminosas. A personalidade da pena encontra respaldo no artigo
Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF: 5º, XLV, CF:

Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
nos termos da lei. decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es-
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes do valor do patrimônio transferido.
resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão O princípio da personalidade encerra o comando de o
provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu
de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de- turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
curso do tempo). grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF: atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian- uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles Individualização da pena
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo A individualização da pena tem por finalidade concre-
evitá-los, se omitirem. tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia-
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes ridades do agente.
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e A primeira menção à individualização da pena se en-
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto contra no artigo 5º, XLVI, CF:

24
DIREITOS HUMANOS

Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
a) privação ou restrição da liberdade; termos do art. 84, XIX;
b) perda de bens; b) de caráter perpétuo;
c) multa; c) de trabalhos forçados;
d) prestação social alternativa; d) de banimento;
e) suspensão ou interdição de direitos. e) cruéis.

Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe- dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar
cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in- sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde- lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”54 .
nado, consideradas as características do agente e do delito. Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se
com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le-
do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser
prisional, por um determinado tempo.
praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri-
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição
do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969),
do patrimônio do indivíduo delituoso. que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento
A prestação social alternativa corresponde às penas nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas militares em tempo de guerra.
privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có- Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais-
digo Penal. quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
Por seu turno, a individualização da pena deve também lhos forçados, de banimento e cruéis.
se fazer presente na fase de sua execução, conforme se No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar
depreende do artigo 5º, XLVIII, CF: que o trabalho obrigatório não é considerado um trata-
mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe- forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi-
lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar
a idade e o sexo do apenado. a capacidade física e intelectual do condenado; como o
trabalho não existe independente da educação, cabe in-
A distinção do estabelecimento conforme a natureza centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter-
do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi- no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e
ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo, segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi-
o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta- pamentos de proteção, deverão ser respeitados.
cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam Respeito à integridade do preso
ser exclusivamente para homens ou para mulheres. Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
Também se denota o respeito à individualização da
pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF: Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
à integridade física e moral.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo-
dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da
te o período de amamentação.
pessoa humana.
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
Preserva-se a individualização da pena porque é toma- estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição
da a condição peculiar da presa que possui filho no perío- Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura
do de amamentação, mas também se preserva a dignidade e de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III,
da criança, não a afastando do seio materno de maneira CF), o que vale na execução da pena.
precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen- No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
tação.
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
Vedação de determinadas penas submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de previstas em lei.
penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF: 54 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16.
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

25
DIREITOS HUMANOS

Se uma pessoa possui identificação civil, não há por- Ação penal privada subsidiária da pública
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des-
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri-
moral. mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal.
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF: A chamada ação penal privada subsidiária da pública
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou são do poder público na atividade de persecução criminal
de seus bens sem o devido processo legal. não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o
interessado a proponha.
Pelo princípio do devido processo legal a legislação
deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al- Prisão e liberdade
guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
pena de nulidade processual. por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade.
Surgem como corolário do devido processo legal o Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos,
contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi- porque práticas atentatórias a direitos fundamentais impli-
mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, cam na tipificação penal, autorizando a restrição da liber-
o artigo 5º, LV, CF: dade daquele que assim agiu.
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
ela inerentes.
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
O devido processo legal possui a faceta formal, pela
lei.
qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica-
ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante
pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou
faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas
que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
porcionalidade. primeiras independente do trânsito em julgado, preen-
chidos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da
Vedação de provas ilícitas condenação).
Conforme o artigo 5º, LVI, CF: Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso:
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
vas obtidas por meios ilícitos. Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo-
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti- juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons- indicada.
titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
de direito material, constitucional ou legal, no momento Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo
o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir: entrar em contato com sua família e com um advogado,
seria paradoxal. conforme artigo 5º, LXIII, CF:

Presunção de inocência Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di-
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado.
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:

Consolida-se o princípio da presunção de inocência, Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e policial.
garantias constitucionais.

26
DIREITOS HUMANOS

Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata Para o tratado internacional ingressar no ordenamen-
do depoimento do interrogatório são assinados pelas au- to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen- complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne-
tais. gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para do Presidente da República), submissão do tratado assina-
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação
da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro-
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo55.
relaxada pela autoridade judiciária. Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ- tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou
são do artigo 5º, LXVI, CF: seja, tratado internacional de direitos humanos.
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima-
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin-
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido
com ou sem fiança.
pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O
princípio da primazia dos direitos humanos nas relações
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os
ao princípio da presunção de inocência, entende-se que tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei-
ela não deve ser mantida presa quando não preencher os ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol-
requisitos legais para prisão preventiva ou temporária. tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem
ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a
Indenização por erro judiciário outras normas”56.
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá- Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres-
rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF: sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico
brasileiro porque somente existe previsão constitucional
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti-
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma-
tempo fixado na sentença. nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata-
dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação significa que tais direitos eram menos importantes devido
e julgamento de um processo criminal, resultando em con- ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos
denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde- implícitos.
nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio-
além do tempo que foi condenada a cumprir. nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti-
tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de
4) Direitos fundamentais implícitos direitos humanos foram equiparados às emendas consti-
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe- tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
deral: cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação
em dois turnos e com três quintos dos votos dos respecti-
vos membros:
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna-
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem tes às emendas constitucionais.
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape- Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados
nas exemplificativo, não taxativo. de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju-
rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma-
5) Tratados internacionais incorporados ao ordena- nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante
mento interno ao da emenda constitucional.
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan-
55 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e
tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados
Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.
internacionais em que a República Federativa do Brasil 56 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacio-
seja parte”. nal Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.

27
DIREITOS HUMANOS

Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à Os direitos assegurados nesta categoria encontram


possibilidade de considerar como hierarquicamente cons- menção genérica no artigo 6º, CF:
titucional os tratados internacionais de direitos humanos
que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante- Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a
riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor-
deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista te, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José à maternidade e à infância, a assistência aos desampa-
da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes rados, na forma desta Constituição.
da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi-
revogaria a Constituição no ponto controverso). tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
6) Tribunal Penal Internacional dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º: estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma-
Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes- Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
tado adesão. II que aborda os direitos sociais não se perceba uma in-
tensa regulamentação destes, à exceção dos direitos tra-
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi balhistas, o Título VIII da Constituição Federal, que aborda
promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se- a ordem social, se concentra em trazer normativas mais
tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em detalhadas a respeitos de direitos indicados como sociais.
Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res- 1) Igualdade material e efetivação dos direitos so-
ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão ciais
internacional (artigo 1º, ETPI). Independentemente da categoria de direitos que este-
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju- ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional sentido meramente formal, mas necessariamente material.
compete o processo e julgamento de violações contra indi- Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra existem certas distinções que não só devem ser aceitas,
da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes como também se mostram essenciais.
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está No que tange aos direitos sociais percebe-se que a
restrita a uma situação específica”57. igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta
Resume Mello58: “a Conferência das Nações Unidas so- categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es-
bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com
em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma- suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter- moradia, assim como nem todos se encontram na posição
nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão. população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
Para o crime de genocídio usa a definição da convenção posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para
de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados: que progressivamente atinjam uma posição de igualdade
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter- real, já que não é por conta desta posição desfavorável que
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer- direitos fundamentais.
ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi- Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual-
nas forças inimigas, etc.”. dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente
aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
Direitos sociais dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria mais plena possível.
normas programáticas e que necessitam de uma postura Há se ressaltar também que o Estado não possui ape-
interventiva estatal em prol da implementação. nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos,
sociais e culturais, mas também um indireto, quando por
57 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público &
Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram
58 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Inter- condições para sustentarem suas necessidades pertencen-
nacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. tes a esta categoria de direitos.

28
DIREITOS HUMANOS

2) Reserva do possível e mínimo existencial Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso


Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun-
notadamente porque estão previstos em normas progra- do entendimento predominante as normas do artigo 7º,
máticas e porque a implementação deles gera um ônus CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte-
para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista
dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi- assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração
tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores
em prol da efetivação destes. agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne- nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên- cluindo o ensino médio gratuito).
cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
Público como determinador de que particulares respeitem social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os
a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
administradores, conseguem cumprir o que consta de seu amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
Estatuto Máximo59. lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
a cláusula da reserva do possível como argumento para a de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
não implementação de determinado direito social – seja na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há
pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá- entendimento dominante.
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica). 4) Direito individual do trabalho
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi-
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que
viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi- os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co- no espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de assédio moral).
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
Fundamental do Estado”60. despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos.
possível, embora viável, não pode servir de muleta para
que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste Significa que a demissão, se não for motivada por justa
viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada, causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização
entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre-
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen- gador.
to de que não há orçamento específico para isso – ele de-
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de-
atender esta demanda. semprego involuntário.
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad- do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
a serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Po- luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
der Judiciário em prol de sua efetivação. contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de
3) Princípio da proibição do retrocesso assistência financeira temporária.
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
retrocesso, de modo que um direito social garantido não viço.
pode deixar de o ser.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
59 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí-
nimo existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em
teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57. constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
60 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO. cada trabalhador, quando o empregador efetua o primei-

29
DIREITOS HUMANOS

ro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
depósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalen- remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
tes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador Também conhecido como gratificação natalina, foi ins-
tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra-
ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
da casa própria ou da aposentadoria e em situações de da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no
dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo-
causa ou em caso de algumas doenças graves. sentado no final de cada ano.

Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio- Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades superior à do diurno.
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
porte e previdência social, com reajustes periódicos que durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ção para qualquer fim. cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
T noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
rata-se de uma visível norma programática da Cons- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo horas do dia seguinte.
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07, constituindo crime sua retenção dolosa.
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese)”61. Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo
à complexidade do trabalho. 7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre- de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, cha- XXXIX, CF).
mado de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento
dentro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul-
estabelecido em conformidade com a data base da cate- tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
goria, por isso ele é definido em conformidade com um participação na gestão da empresa, conforme definido em
acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e lei.
trabalhador.
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o conhecida também por Programa de Participação nos Re-
disposto em convenção ou acordo coletivo. sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, de- empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
missão em massa durante uma crise, situações que devem dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
ser negociadas em convenção ou acordo coletivo. cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.

Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.

O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, Salário-família é o benefício pago na proporção do


mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
baseada em comissões por venda e metas); condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual-
quer idade, independente de carência e desde que o salá-
61 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-mini- rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
mo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/

30
DIREITOS HUMANOS

MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário- O salário das férias deve ser superior em pelo menos
-família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de um terço ao valor da remuneração normal, com todos os
qualquer idade será de R$ 24,66. adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi-
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su- aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
facultada a compensação de horários e a redução da jorna- cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. serão diminuídos de acordo com o número de faltas).

Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor- Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
normal. dias.

A legislação trabalhista vigente estabelece que a du- O salário da trabalhadora em licença é chamado de
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple- do último mês de gestação, sendo que o período de licen-
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo, ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in- momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença após o parto, a mulher não pode ser demitida.
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des- xados em lei.
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
superior à da hora normal. mãe nos processos pós-operatórios.

Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba- Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
salvo negociação coletiva.
Embora as mulheres sejam maioria na população de
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho- 10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres- ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados.
samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva, Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po-
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre- pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res- relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen-
tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que do que os homens recebem mais porque os empregadores
o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- entendem que eles necessitam de um salário maior para
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio- manter a família. Tais disparidades colocam em evidência
lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido
psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com de forma especial.
a própria família.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem-
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
ferencialmente aos domingos. da lei.

O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
munerado coincidente com um domingo a cada período, mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). trabalhado ou indenizado.

31
DIREITOS HUMANOS

Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu- dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida-
rança. de em creches e pré-escolas.

Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias
do trabalho salubre. Fiorillo62 destaca que o equilíbrio do com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es-
meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri- paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses,
dade e na ausência de agentes que possam comprometer enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço
a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores. aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu-
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as meses. O valor desse auxílio será determinado conforme
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
lei. convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias
registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida-
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva
específica previsão sobre o adicional de penosidade. na empresa.
São consideradas atividades ou operações insalubres
as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, acordos coletivos de trabalho.
exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí-
micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de Neste dispositivo se funda o direito coletivo do traba-
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba- lho, que encontra regulamentação constitucional nos ar-
lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário tigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acordos
base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais coletivos, entidades representativas da categoria dos
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen- trabalhadores entram em negociação com as empresas na
te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau
defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos
máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
direitos sociais;
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau
mínimo.
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação,
O adicional de periculosidade é um valor devido ao
na forma da lei.
empregado exposto a atividades perigosas. São conside-
radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do tra- homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma má-
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor quina que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado
do adicional de periculosidade será o salário do empre- para que possa operá-la).
gado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da em- Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra-
presa. balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten- a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des-
tes adicionais. Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tra-
tar do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. definição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata
de legislação específica sobre o tema, mas sim de uma nor-
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra- ma que dispõe sobre as modalidades de benefícios da pre-
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que vidência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade So- que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
cial (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ- trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi- que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
to social no próprio artigo 6º, CF. temporária, da capacidade para o trabalho.
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
62 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Am- buição com natureza de tributo que as empresas pagam
biental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21. para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de

32
DIREITOS HUMANOS

trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual-
especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen- mente relevantes e contribuem todos para a sociedade,
to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por
que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos, se enquadrar numa ou outra categoria.
físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno,
atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho. quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
Neste sentido, nada impede que a empresa seja res- condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibi- Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
lidade de cumulação do benefício previdenciário, assim cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
compreendido como prestação garantida pelo Estado ao o trabalho em condições desfavoráveis.
trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com
a indenização devida pelo empregador em caso de culpa Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra-
(responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla- balhador com vínculo empregatício permanente e o tra-
mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do balhador avulso.
Trabalho;
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan- presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o trabalhador com vínculo empregatício permanente.
limite de dois anos após a extinção do contrato de tra- A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
balho. PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
do artigo 7º:
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate-
jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim,
goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
há um período de tempo que o empregado tem para re-
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra-
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum-
contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5
primento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
(cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
vigência do contrato de trabalho.
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
a sua integração à previdência social.
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
de exercício de funções e de critério de admissão por motivo 5) Direito coletivo do trabalho
de sexo, idade, cor ou estado civil. Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
Há uma tendência de se remunerar melhor homens dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida-
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve,
patente a diferença remuneratória para com pessoas de substituição processual, participação e representação clas-
diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta sista63.
contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti- A liberdade de associação profissional ou sindical tem
tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala- escopo no artigo 8º, CF:
rial judicialmente.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina- cal, observado o seguinte:
ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha- I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
dor portador de deficiência. a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li- intervenção na organização sindical;
mitações, possui condições de ingressar no mercado de II - é vedada a criação de mais de uma organização
trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
sua deficiência. profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais 63 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
respectivos. esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

33
DIREITOS HUMANOS

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes- Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que
questões judiciais ou administrativas; ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em assim de direitos e obrigações.
se tratando de categoria profissional, será descontada em Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo
folha, para custeio do sistema confederativo da representa- não é a mesma coisa que população. População é o con-
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es-
prevista em lei; trangeiros residentes no país e os apátridas.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
filiado a sindicato; 1) Nacionalidade como direito humano fundamen-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas tal
negociações coletivas de trabalho; Os direitos humanos internacionais são completamen-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo- te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o
tado nas organizações sindicais; indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes-
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá-
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité-
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta rios legais previstos no texto constitucional no que tange à
grave nos termos da lei. perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se brasileiro não admite a figura do apátrida.
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes- Contudo, é exatamente por ser um direito que a na-
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à
pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar- passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por
um processo conhecido como naturalização.
tigo 9º, CF:
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”.
sobre os interesses que devam por meio dele defender.
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
aprofunda-se em meios para garantir que toda pessoa te-
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis nha uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar
da comunidade. o critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não
penas da lei. tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di-
versas.
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre “Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa
o exercício do direito de greve, define as atividades essen- humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um
ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo,
da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não de um governante, de um poder despótico, de decisões
for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra-
esta é a legislação que se aplica, segundo o STF. ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão
não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui-
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba- to séria”64.
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú- Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in-
blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá- ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no
rios sejam objeto de discussão e deliberação. direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
Por fim, aborda-se o direito de representação classista perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti-
no artigo 11, CF: ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios
das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em- desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi-
pregados, é assegurada a eleição de um representante to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten- humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve-
dimento direto com os empregadores. riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais
como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
Nacionalidade cometeram tais violações.
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que 64 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Univer-
um nacional pode adquirir direitos políticos. sal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88.

34
DIREITOS HUMANOS

2) Naturalidade e naturalização b) Brasileiros naturalizados


O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego- Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é II - naturalizados:
diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
Estado. portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira e idoneidade moral;
tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-
voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con- anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é requeiram a nacionalidade brasileira.
nacional brasileiro.
A naturalização deve ser voluntária e expressa.
a) Brasileiros natos O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a
Art. 12, CF. São brasileiros: questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no
I - natos: artigo 112:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con-
a serviço de seu país; cessão da naturalização:
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço II - ser registrado como permanente no Brasil;
da República Federativa do Brasil; III - residência contínua no território nacional, pelo
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores
mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti- ao pedido de naturalização;
ção brasileira competente ou venham a residir na Repú- IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as
blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, condições do naturalizando;
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra- V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
sileira. manutenção própria e da família;
VI - bom procedimento;
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação
atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi-
notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada,
em território do país independentemente da nacionalidade
superior a 1 (um) ano; e
dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen-
VIII - boa saúde.
de do local de nascimento mas sim da descendência de um
nacional do país (critério comum em países que tiveram
Destaque vai para o requisito da residência contínua.
êxodo de imigrantes).
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi- contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter- o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo, o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te- se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
nha nascido no território brasileiro. ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato ria no artigo 12, II, “a”.
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais Outra diferença sensível é que à naturalização ordiná-
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, ria se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, se-
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não gundo o qual “a satisfação das condições previstas nesta
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte- Lei não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”.
rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território Logo, na naturalização ordinária não há direito subjetivo à
brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos, Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali- mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
dade brasileira ou não. do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
Judiciário para fazê-lo valer65.

65 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas


em teleconferência.

35
DIREITOS HUMANOS

c) Tratamento diferenciado As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci-


A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi-
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se
sentido, o artigo 12, § 2º, CF: o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin- suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea-
ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca- mente direitos políticos nos dois países.
sos previstos nesta Constituição.
4) Perda da nacionalidade
Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta- Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio-
belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele- nalidade do brasileiro que:
cer as hipóteses de distinção. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
enumeradas no parágrafo seguinte.
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato
lei estrangeira;
os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei-
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con-
III - de Presidente do Senado Federal; dição para permanência em seu território ou para o exercício
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; de direitos civis.
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas; A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818,
VII - de Ministro de Estado da Defesa. de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e
a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po-
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e
exercício da presidência da República ou de cargo que pos- a iniciativa de propositura é do Procurador da República.
sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo,
país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden- percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea
te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden- “a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira
te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea-
o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b”
do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio-
anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido nalidade do outro país for uma exigência para continuar
num critério de revezamento nenhum membro pode ser lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se
naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma
impacto em termos de representação do país ou de segu- nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona-
rança nacional. lidade brasileira.
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi-
leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli- 5) Deportação, expulsão e entrega
ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário A deportação representa a devolução compulsória de
de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens,
um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir-
salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi-
regular no território nacional, estando prevista na Lei nº
bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha
6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou-
praticado crime comum antes da naturalização ou, depois
dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois,
mera irregularidade de visto.
3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses A expulsão é a retirada “à força” do território brasi-
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica-
dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência 6.815/1980:
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es-
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran-
ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce-
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República cionais.
Federativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es-
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). trangeiro que:

36
DIREITOS HUMANOS

a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per- Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da
manência no Brasil; nação e permitem o seu reconhecimento nacional e inter-
b) havendo entrado no território nacional com infração nacionalmente.
à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre-
para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação; visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou aborda o tema.
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
Direitos políticos
para estrangeiro.
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di-
reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular
nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país de direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direi-
faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en- tos políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar
tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal que nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro,
Internacional (competência reconhecida na própria Consti- mas somente aquele que for titular do direito de sufrágio
tuição no artigo 5º, §4º). universal.

6) Extradição 1) Sufrágio universal


A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobera-
e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna- nia popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou Sufrágio universal é a soma de duas capacidades elei-
torais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia
condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
direta – e a capacidade passiva – ser eleito como represen-
O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos tante no modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrá-
mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham gio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser
praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio,
opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na- deverá ser direto e secreto.
turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa,
de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim,
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei- capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capa-
ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime cidade passiva tenha necessariamente a ativa.
objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex-
traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes 2) Democracia direta e indireta
que foram objeto do pedido de extradição. Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su-
frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado
para todos, e, nos termos da lei, mediante:
deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, I - plebiscito;
além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní- II - referendo;
vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países, III - iniciativa popular.
p. ex., não pode ocorrer a extradição).
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de A democracia brasileira adota a modalidade semidire-
um tratado de extradição entre dois países ter sido cele- ta, porque possibilita a participação popular direta no po-
brado após a ocorrência do crime não impede a extradição. der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe-
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas,
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan-
pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza- temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
da, salvo se houver a comutação da pena, transformação sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
para uma pena aceita no Brasil. Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento
para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe-
7) Idioma e símbolos rendo é o momento da consulta à população: no plebis-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a
República Federativa do Brasil. decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a política e depois se consulta a população. Embora os dois
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado,
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
poderão ter símbolos próprios. bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é
que os dois são “formas de consulta ao povo para que de-
Idioma é a língua falada pela população, que confere libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
caráter diferenciado em relação à população do resto do constitucional, legislativa ou administrativa”66.
mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de 66 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
uma nação. esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

37
DIREITOS HUMANOS

Na iniciativa popular confere-se à população o poder Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, analfabetos.
mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3% Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo,
artigo 61, §2°, CF: para ser eleito é preciso ser cidadão.
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio- de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto
nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me- Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim,
nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. para se candidatar a cargo no município, deve ter domicílio
eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, deve
3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para se
voto candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de de- em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a trans-
zoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade ferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das
para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os eleições.
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. A filiação partidária implica no lançamento da candi-
datura por um partido político, não se aceitando a filiação
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são: avulsa.
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisi-
II - facultativos para: to etário, com faixa etária mínima para o desempenho de
a) os analfabetos; cada uma das funções, a qual deve ser auferida na data da
b) os maiores de setenta anos;
posse.
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
5) Inelegibilidade
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais
Atender às condições de elegibilidade é necessário
brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:
para poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso
não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegi-
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores
bilidade.
os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri-
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na
gatório, os conscritos.
absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan- atingidos determinados cargos.
do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas
disponíveis para os dias da eleição. Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
analfabetos.
4) Elegibilidade
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen- dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser
chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a
capacidade passiva do sufrágio universal. faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci-
so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis-
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor,
forma da lei: portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros
I - a nacionalidade brasileira; e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral; Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos
V - a filiação partidária; e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
VI - a idade mínima de: mandatos poderão ser reeleitos para um único período sub-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente sequente.
da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili-
Estado e do Distrito Federal; dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; dato, este vice somente poderá ser eleito para um período
d) dezoito anos para Vereador. subsequente.

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DIREITOS HUMANOS

Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou-
último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida- fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree- para exercício de mandato considerada vida pregressa do
leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con-
de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício
em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011- de função, cargo ou emprego na administração direta ou
2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o indireta.
mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos
que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode
do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu-
2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con- tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei
correndo por isso a uma vaga no Senado Federal. Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina
Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi-
o Presidente da República, os Governadores de Estado e do cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti- nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu
vos mandatos até seis meses antes do pleito. artigo 1º, que segue.

São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis:
os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus man- I - para qualquer cargo:
datos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das a) os inalistáveis e os analfabetos;
eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces- b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias
sário que tivesse renunciado até 04/04/2014. Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici-
pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin-
gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti-
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju-
tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden-
Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea-
te da República, de Governador de Estado ou Território, do
lizarem durante o período remanescente do mandato para o
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
da legislatura;
de mandato eletivo e candidato à reeleição.
d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se- apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
de quem os tenha substituído ao final do mandato, a não como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
ser que seja já titular de mandato eletivo e candidato à (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
reeleição. e) os que forem condenados, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
atendidas as seguintes condições: o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- Lei Complementar nº 135, de 2010)
tar-se da atividade; 1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- plementar nº 135, de 2010)
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
os militares que não podem se alistar ou os que podem, 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me- 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe- liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo). cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
135, de 2010)

39
DIREITOS HUMANOS

6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; l) os que forem condenados à suspensão dos direitos
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
tortura, terrorismo e hediondos; administrativa que importe lesão ao patrimônio público e
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº
Complementar nº 135, de 2010) 135, de 2010)
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) decisão sancionatória do órgão profissional competente, em
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8
com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso
dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de 135, de 2010)
cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in- n) os que forem condenados, em decisão transitada em
sanável que configure ato doloso de improbidade adminis- julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou
se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi- de união estável para evitar caracterização de inelegibilida-
ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a o) os que forem demitidos do serviço público em decor-
todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda- rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei
h) os detentores de cargo na administração pública di- Complementar nº 135, de 2010)
reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter- p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Lei Complementar nº 135, de 2010) q) os magistrados e os membros do Ministério Público
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
go ou função de direção, administração ou representação, de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili- 2010)
dade; II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
j) os que forem condenados, em decisão transitada em a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, de seus cargos e funções:
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por 1. os Ministros de Estado:
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas militar, da Presidência da República;
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo- 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído da Presidência da República;
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- República;
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos da Aeronáutica;
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi- 8. os Magistrados;
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni- quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período fundações públicas e as mantidas pelo poder público;
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído Territórios;
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 11. os Interventores Federais;

40
DIREITOS HUMANOS

12. os Secretários de Estado; I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos


13. os Prefeitos Municipais; órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
Estados e do Distrito Federal; dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal; Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos
Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios integrais;
e as pessoas que ocupem cargos equivalentes; III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores Distrito Federal;
à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-
qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea- -Presidente da República especificados na alínea a do inciso
ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se
do Senado Federal; tratar de repartição pública, associação ou empresas que
c) (Vetado); operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser-
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem vados os mesmos prazos;
competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas de seus cargos ou funções:
e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, 1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador
do Estado ou do Distrito Federal;
ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades;
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e
e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham
Zona Aérea;
exercido cargo ou função de direção, administração ou re-
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as-
presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da
sistência aos Municípios;
Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm- 4. os secretários da administração municipal ou mem-
bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas bros de órgãos congêneres;
influir na economia nacional; IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti- os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para
(seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o a desincompatibilização;
abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores
de empresas; ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante- c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí-
riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad- cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
ministração ou representação em entidades representativas V - para o Senado Federal:
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e -Presidente da República especificados na alínea a do in-
repassados pela Previdência Social; ciso II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando
h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun- se tratar de repartição pública, associação ou empresa que
ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe- opere no território do Estado, observados os mesmos prazos;
rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope- b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis
rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes-
e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos;
ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla-
tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden-
vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor-
tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal,
rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;
nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
prazos;
hajam exercido cargo ou função de direção, administração
VII - para a Câmara Municipal:
ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
mantenha contrato de execução de obras, de prestação de os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos
serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a de-
Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que sincompatibilização;
obedeça a cláusulas uniformes; b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao para a desincompatibilização .
pleito;

41
DIREITOS HUMANOS

§ 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con-
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos.
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi-
até 6 (seis) meses antes do pleito. litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa
§ 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o moral ou religiosa.
Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos, O inciso V se refere à ação de improbidade administra-
preservando os seus mandatos respectivos, desde que, nos tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi-
últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham su- dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a
cedido ou substituído o titular. suspensão dos direitos políticos.
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, Os direitos políticos somente são perdidos em dois
o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
6 (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se
mandato eletivo e candidato à reeleição. naturaliza em outro país e assim deixa de ser considera-
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I do um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos
deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de
definidos em lei como de menor potencial ofensivo, direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a
nem aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei Administração Pública por parte do servidor, mas apenas
Complementar nº 135, de 2010) suspensão.
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização A cassação de direitos políticos, consistente na retirada
com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção dos direitos políticos por ato unilateral do poder público,
de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que
ao disposto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente
Complementar nº 135, de 2010). vedado pelo texto constitucional.

6) Impugnação de mandato 8) Anterioridade anual da lei eleitoral


Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im-
pugnação de mandato. Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im- ção que ocorra até um ano da data de sua vigência.
pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. menos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na Partidos políticos
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo
político e encontra respaldo enquanto direito fundamental,
7) Perda e suspensão de direitos políticos já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
tada em julgado; Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
II - incapacidade civil absoluta; de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o
III - condenação criminal transitada em julgado, en- regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda-
quanto durarem seus efeitos;
mentais da pessoa humana [...].
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe-
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
lecendo a Constituição um limite de números de partidos
§ 4º.
políticos que possam ser constituídos, permitindo também
O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, que sejam extintos, fundidos e incorporados.
o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por- Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-
tanto, deixe de ser titular de direitos políticos. ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de
da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, atividade política no âmbito interno do país; proibição de
entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio univer- recebimento de recursos financeiros de entidade ou gover-
sal. no estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder

42
DIREITOS HUMANOS

Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação dos sistemas contemporâneos mais adequados - os princí-
de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar pios e as regras de uma boa organização penitenciária e da
a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de prática relativa ao tratamento de prisioneiros.
acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo 2. É evidente que devido a grande variedade de condi-
17, §4º, CF). ções jurídicas, sociais, econômicas e geográficas existentes
O respeito a estes ditames permite o exercício do par- no mundo, todas estas regras não podem ser aplicadas in-
tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or- distintamente em todas as partes e a todo tempo. Devem,
ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF: contudo, servir para estimular o esforço constante com
vistas à superação das dificuldades práticas que se opõem
Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto- a sua aplicação, na certeza de que representam, em seu
nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun- conjunto, as condições mínimas admitidas pelas Nações
cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime Unidas.
de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu-
lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, 3. Por outro lado, os critérios que se aplicam às ma-
distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer térias referidas nestas regras evoluem constantemente e,
normas de disciplina e fidelidade partidária. portanto, não tendem a excluir a possibilidade de expe-
riências e práticas, sempre que as mesmas se ajustem aos
Os estatutos que tecem esta regulamentação devem princípios e propósitos que emanam do texto das regras.
ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, De acordo com esse espírito, a administração penitenciá-
CF). ria central sempre poderá autorizar qualquer exceção às
Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à regras.
mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
4.
Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re- 1.A primeira parte das regras trata das matérias relati-
cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à vas à administração geral dos estabelecimentos peniten-
televisão, na forma da lei. ciários e é aplicável a todas as categorias de prisioneiros,
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de criminais ou civis, em regime de prisão preventiva ou já
organização paramilitar. condenados, incluindo aqueles que tenham sido objeto de
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os medida de segurança ou de medida de reeducação orde-
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o nada por um juiz.
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato,
a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa 2.A segunda parte contém as regras que são aplicáveis
filiação considerada para fins de distribuição dos recursos somente às categorias de prisioneiros a que se refere cada
do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio seção. Entretanto, as regras da seção A, aplicáveis aos pre-
e de televisão.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº sos condenados, serão igualmente aplicáveis às categorias
97, de 2017) de presos a que se referem as seções B, C e D, sempre que
não sejam contraditórias com as regras específicas dessas
seções e sob a condição de que sejam proveitosas para tais
prisioneiros.
REGRAS MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO
DE PESSOAS PRESAS, DA ONU. 5.
1.Estas regras não estão destinadas a determinar a or-
ganização dos estabelecimentos para delinquentes juvenis
(estabelecimentos Borstal, instituições de reeducação etc.).
Adotadas pelo 1º Congresso das Nações Unidas sobre Todavia, de um modo geral, pode-se considerar que a pri-
Prevenção do Crime e Tratamento de Delinquentes, rea- meira parte destas regras mínimas também é aplicável a
lizado em Genebra, em 1955, e aprovadas pelo Conselho esses estabelecimentos.
Econômico e Social da ONU através da sua resolução 663
C I (XXIV), de 31 de julho de 1957, aditada pela resolução 2.A categoria de prisioneiros juvenis deve compreen-
2076 (LXII) de 13 de maio de 1977. Em 25 de maio de 1984, der, em qualquer caso, os menores sujeitos à jurisdição de
através da resolução 1984/47, o Conselho Econômico e So- menores. Como norma geral, os delinquentes juvenis não
cial aprovou treze procedimentos para a aplicação efetiva deveriam ser condenados a penas de prisão.
das Regras Mínimas (anexo).
Observações preliminares PARTE I
1. O objetivo das presentes regras não é descrever de- Regras de aplicação geral
talhadamente um sistema penitenciário modelo, mas ape-
nas estabelecer - inspirando-se em conceitos geralmente Princípio Fundamental
admitidos em nossos tempos e nos elementos essenciais

43
DIREITOS HUMANOS

6. 2.Quando se recorra à utilização de dormitórios, estes


1.As regras que se seguem deverão ser aplicadas im- deverão ser ocupados por presos cuidadosamente escolhi-
parcialmente. Não haverá discriminação alguma baseada dos e reconhecidos como sendo capazes de serem alojados
em raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou qual- nessas condições. Durante a noite, deverão estar sujeitos a
quer outra opinião, origem nacional ou social, fortuna, nas- uma vigilância regular, adaptada ao tipo de estabelecimen-
cimento ou em qualquer outra situação. to prisional em que se encontram detidos.

2.Ao contrário, é necessário respeitar as crenças reli- 10. Todas os locais destinados aos presos, especial-
giosas e os preceitos morais do grupo a que pertença o mente aqueles que se destinam ao alojamento dos pre-
preso. sos durante a noite, deverão satisfazer as exigências da
higiêne, levando-se em conta o clima, especialmente no
Registro que concerne ao volume de ar, espaço mínimo, iluminação,
aquecimento e ventilação. 11. Em todos os locais onde os
7. presos devam viver ou trabalhar:
1.Em todos os lugares em que haja pessoas detidas,
deverá existir um livro oficial de registro, atualizado, con-
a.As janelas deverão ser suficientemente grandes para
tendo páginas numeradas, no qual serão anotados, relati-
que os presos possam ler e trabalhar com luz natural, e
vamente a cada preso:
deverão estar dispostas de modo a permitir a entrada de ar
a.A informação referente a sua identidade; fresco, haja ou não ventilação artificial.
b.As razões da sua detenção e a autoridade competen- b.A luz artificial deverá ser suficiente para os presos
te que a ordenou; poderem ler ou trabalhar sem prejudicar a visão.
c.O dia e a hora da sua entrada e da sua saída.
12. As instalações sanitárias deverão ser adequadas
2.Nenhuma pessoa deverá ser admitida em um esta- para que os presos possam satisfazer suas necessidades
belecimento prisional sem uma ordem de detenção válida, naturais no momento oportuno, de um modo limpo e de-
cujos dados serão previamente lançados no livro de regis- cente.
tro.
13. As instalações de banho deverão ser adequadas
Separação de categorias para que cada preso possa tomar banho a uma tempera-
tura adaptada ao clima, tão frequentemente quanto neces-
8. As diferentes categorias de presos deverão ser man- sário à higiene geral, de acordo com a estação do ano e a
tidas em estabelecimentos prisionais separados ou em di- região geográfica, mas pelo menos uma vez por semana
ferentes zonas de um mesmo estabelecimento prisional, em um clima temperado.
levando-se em consideração seu sexo e idade, seus ante-
cedentes, as razões da detenção e o tratamento que lhes 14. Todos os locais de um estabelecimento penitenciá-
deve ser aplicado. Assim é que: rio frequentados regularmente pelos presos deverão ser
mantidos e conservados escrupulosamente limpos.
a.Quando for possível, homens e mulheres deverão fi-
car detidos em estabelecimentos separados; em estabele- Higiene pessoal
cimentos que recebam homens e mulheres, o conjunto dos
locais destinados às mulheres deverá estar completamente 15. Será exigido que todos os presos mantenham-se
separado; limpos; para este fim, ser-lhes-ão fornecidos água e os arti-
b.As pessoas presas preventivamente deverão ser
gos de higiene necessários à sua saúde e limpeza.
mantidas separadas dos presos condenados;
c.Pessoas presas por dívidas ou por outras questões de
16. Serão postos à disposição dos presos meios para
natureza civil deverão ser mantidas separadas das pessoas
presas por infração penal; cuidarem do cabelo e da barba, a fim de que possam se
d.Os presos jovens deverão ser mantidos separados apresentar corretamente e conservem o respeito por si
dos presos adultos. mesmos; os homens deverão poder barbear-se com regu-
laridade.
Locais destinados aos presos
Roupas de vestir, camas e roupas de cama
9.
1.As celas ou quartos destinados ao isolamento no- 17.
turno não deverão ser ocupadas por mais de um preso. 1.Todo preso a quem não seja permitido vestir suas
Se, por razões especiais, tais como excesso temporário da próprias roupas, deverá receber as apropriadas ao clima e
população carcerária, for indispensável que a administra- em quantidade suficiente para manter-se em boa saúde.
ção penitenciária central faça exceções a esta regra, deverá Ditas roupas não poderão ser, de forma alguma, degradan-
evitar-se que dois reclusos sejam alojados numa mesma tes ou humilhantes.
cela ou quarto individual.

44
DIREITOS HUMANOS

2.Todas as roupas deverão estar limpas e mantidas em cilidades hospitalares em um estabelecimento prisional, o
bom estado. A roupa de baixo será trocada e lavada com a respectivo equipamento, mobiliário e produtos farmacêuti-
frequência necessária à manutenção da higiêne. cos serão adequados para o tratamento médico dos presos
doentes, e deverá haver pessoal devidamente qualificado.
3.Em circunstâncias excepcionais, quando o preso ne-
cessitar afastar-se do estabelecimento penitenciário para 3.Cada preso poderá servir-se dos trabalhos de um
fins autorizados, ele poderá usar suas próprias roupas, que dentista qualificado.
não chamem atenção sobre si.
23.
18. Quando um preso for autorizado a vestir suas pró- 1.Nos estabelecimentos prisionais para mulheres de-
prias roupas, deverão ser tomadas medidas para se asse- vem existir instalações especiais para o tratamento de pre-
gurar que, quando do seu ingresso no estabelecimento pe- sas grávidas, das que tenham acabado de dar à luz e das
nitenciário, as mesmas estão limpas e são utilizáveis. convalescentes. Desde que seja possível, deverão ser toma-
das medidas para que o parto ocorra em um hospital civil.
19. Cada preso disporá, de acordo com os costumes Se a criança nascer num estabelecimento prisional, tal fato
locais ou nacionais, de uma cama individual e de roupa de não deverá constar no seu registro de nascimento.
cama suficiente e própria, mantida em bom estado de con-
servação e trocada com uma frequência capaz de garantir 2.Quando for permitido às mães presas conservar as
sua limpeza. respectivas crianças, deverão ser tomadas medidas para
organizar uma creche, dotada de pessoal qualificado, onde
Alimentação as crianças possam permanecer quando não estejam ao
cuidado das mães.
20.
1.A administração fornecerá a cada preso, em horas 24. O médico deverá ver e examinar cada preso o mais
determinadas, uma alimentação de boa qualidade, bem depressa possível após a sua admissão no estabelecimen-
preparada e servida, cujo valor nutritivo seja suficiente para to prisional e depois, quando necessário, com o objetivo
a manutenção da sua saúde e das suas forças. de detectar doenças físicas ou mentais e de tomar todas
as medidas necessárias para o respectivo tratamento; de
2.Todo preso deverá ter a possibilidade de dispor de separar presos suspeitos de doenças infecciosas ou con-
água potável quando dela necessitar. tagiosas; de anotar deformidades físicas ou mentais que
possam constituir obstáculos à reabilitação dos presos, e
Exercícios físicos de determinar a capacidade de trabalho de cada preso.

21. 25.
1.O preso que não trabalhar ao ar livre deverá ter, se 1.O médico deverá tratar da saúde física e mental dos
o tempo permitir, pelo menos uma hora por dia para fazer presos e deverá diariamente observar todos os presos
exercícios apropriados ao ar livre. doentes e os que se queixam de dores ou mal-estar, e qual-
quer preso para o qual a sua atenção for chamada.
2.Os presos jovens e outros cuja idade e condição físi-
ca o permitam, receberão durante o período reservado ao 2.O médico deverá informar o diretor quando consi-
exercício uma educação física e recreativa. Para este fim, derar que a saúde física ou mental de um preso tenha sido
serão colocados à disposição dos presos o espaço, as ins- ou venha a ser seriamente afetada pelo prolongamento da
talações e os equipamentos necessários. situação de detenção ou por qualquer condição específica
dessa situação de detenção.
Serviços médicos
26.
22. 1.O médico deverá regularmente inspecionar e acon-
1.Cada estabelecimento penitenciário terá à sua dispo- selhar o diretor sobre:
sição os serviços de pelo menos um médico qualificado, a.A quantidade, qualidade, preparação e serviço da ali-
que deverá ter certos conhecimentos de psiquiatria. Os mentação;
serviços médicos deverão ser organizados em estreita li- b.A higiene e limpeza do estabelecimento prisional e
gação com a administração geral de saúde da comunidade dos presos;
ou nação. Deverão incluir um serviço de psiquiatria para o c.As condições sanitárias, aquecimento, iluminação e
diagnóstico, e em casos específicos, para o tratamento de ventilação do estabelecimento prisional;
estados de anomalia. d.A adequação e limpeza da roupa de vestir e de cama
dos presos;
2.Os presos doentes que necessitem tratamento espe- e.A observância das regras concernentes à educação
cializado deverão ser transferidos para estabelecimentos física e aos desportos, quando não houver pessoal técnico
especializados ou para hospitais civis. Quando existam fa- encarregado destas atividades.

45
DIREITOS HUMANOS

2.O diretor levará em consideração os relatórios e os b.O mesmo se aplicará a qualquer outra punição que
pareceres que o médico lhe apresentar, de acordo com as possa ser prejudicial à saúde física ou mental de um preso.
regras 25(2) e 26, e no caso de concordar com as reco- Em nenhum caso deverá tal punição contrariar ou divergir
mendações apresentadas tomará imediatamente medidas do princípio estabelecido na regra 31.
no sentido de pôr em prática essas recomendações; se as
mesmas não estiverem no âmbito da sua competência, ou c.O médico visitará diariamente os presos sujeitos a tais
caso não concorde com elas, deverá imediatamente enviar punições e aconselhará o diretor caso considere necessário
o seu próprio relatório e o parecer do médico a uma auto- terminar ou alterar a punição por razões de saúde física ou
ridade superior. mental.

Disciplina e sanções Instrumentos de coação

27. A disciplina e a ordem serão mantidas com firme- 33. A sujeição a instrumentos tais como algemas, cor-
za, mas sem impor mais restrições do que as necessárias à rentes, ferros e coletes de força nunca deve ser aplicada
manutenção da segurança e da boa organização da vida como punição. Correntes e ferros também não serão usa-
comunitária. dos como instrumentos de coação. Quaisquer outros ins-
trumentos de coação não serão usados, exceto nas seguin-
28. tes circunstâncias:
1.Nenhum preso pode ser utilizado em serviços que
lhe sejam atribuídos em consequência de medidas disci- a.Como precaução contra fuga durante uma transfe-
plinares. rência, desde que sejam retirados quando o preso com-
parecer perante uma autoridade judicial ou administrativa;
2.Esta regra, contudo, não impedirá o conveniente b.Por razões médicas e sob a supervisão do médico;
funcionamento de sistemas baseados na autogestão, nos c.Por ordem do diretor, se outros métodos de contro-
quais atividades ou responsabilidades sociais, educacionais le falharem, a fim de evitar que o preso se moleste a si
ou esportivas específicas podem ser confiadas, sob ade- mesmo, a outros ou cause estragos materiais; nestas cir-
quada supervisão, a presos reunidos em grupos com obje- cunstâncias, o diretor consultará imediatamente o médico
tivos terapêuticos. e informará à autoridade administrativa superior.

29. A lei ou regulamentação emanada da autoridade 34. As normas e o modo de utilização dos instrumen-
administrativa competente determinará, para cada caso: tos de coação serão decididos pela administração prisional
central.
a.O comportamento que constitua falta disciplinar; Tais instrumentos não devem ser impostos senão pelo
b.Os tipos e a duração da punição a aplicar; tempo estritamente necessário.
c.A autoridade competente para impor tal punição.
Informação e direito de queixa dos presos
30.
1.Nenhum preso será punido senão de acordo com a 35.
lei ou regulamento, e nunca duas vezes pelo mesmo crime. 1.Quando for admitido, cada preso receberá informa-
ção escrita sobre o regime prisional para a sua categoria,
2.Nenhum preso será punido a não ser que tenha sido sobre os regulamentos disciplinares do estabelecimento
informado do crime de que é acusado e lhe seja dada uma e os métodos autorizados para obter informações e para
oportunidade adequada para apresentar defesa. A au- formular queixas; e qualquer outra informação necessá-
toridade competente examinará o caso exaustivamente. ria para conhecer os seus direitos e obrigações, e para se
adaptar à vida do estabelecimento.
3) Quando necessário e possível, o preso será autoriza-
do a defender-se por meio de um intérprete. 2.Se o preso for analfabeto, tais informações ser-lhe-ão
comunicadas oralmente.
31. Serão absolutamente proibidos como punições por
faltas disciplinares os castigos corporais, a detenção em 36.
cela escura e todas as penas cruéis, desumanas ou degra- 1.Todo preso terá, em cada dia de trabalho, a oportuni-
dantes. dade de apresentar pedidos ou queixas ao diretor do esta-
belecimento ou ao funcionário autorizado a representá-lo.
32.
a.As penas de isolamento e de redução de alimentação 2.As petições ou queixas poderão ser apresentadas ao
não deverão nunca ser aplicadas, a menos que o médico inspetor de prisões durante sua inspeção. O preso poderá
tenha examinado o preso e certificado por escrito que ele falar com o inspetor ou com qualquer outro funcionário
está apto para as suportar. encarregado da inspeção sem que o diretor ou qualquer
outro membro do estabelecimento se faça presente.

46
DIREITOS HUMANOS

3.Todo preso deve ter autorização para encaminhar, 3.Não será recusado o acesso de qualquer preso a um
pelas vias prescritas, sem censura quanto às questões de representante qualificado de qualquer religião. Por outro
mérito mas na devida forma, uma petição ou queixa à ad- lado, se qualquer preso levantar objeções à visita de qual-
ministração penitenciária central, à autoridade judicial ou a quer representante religioso, sua posição será inteiramente
qualquer outra autoridade competente. respeitada.

4.A menos que uma solicitação ou queixa seja eviden- 42. Tanto quanto possível, cada preso será autorizado a
temente temerária ou desprovida de fundamento, a mes- satisfazer as necessidades de sua vida religiosa, assistindo
ma deverá ser examinada sem demora, dando-se uma res- aos serviços ministrados no estabelecimento ou tendo em
posta ao preso no seu devido tempo. sua posse livros de rito e prática religiosa da sua crença.

Contatos com o mundo exterior Depósitos de objetos pertencentes aos presos

37. Os presos serão autorizados, sob a necessária su- 43.


pervisão, a comunicar-se periodicamente com as suas fa- 1.Quando o preso ingressa no estabelecimento prisio-
mílias e com amigos de boa reputação, quer por corres- nal, o dinheiro, os objetos de valor, roupas e outros bens
pondência quer através de visitas. que lhe pertençam, mas que não possam permanecer em
seu poder por força do regulamento, serão guardados em
38. um lugar seguro, levantando-se um inventário de todos
1.Aos presos de nacionalidade estrangeira, serão con- eles, que deverá ser assinado pelo preso. Serão tomadas
cedidas facilidades razoáveis para se comunicarem com os as medidas necessárias para que tais objetos se conservem
representantes diplomáticos e consulares do Estado a que em bom estado.
pertencem.
2.Os objetos e o dinheiro pertencentes ao preso ser-
2.A presos de nacionalidade de Estados sem represen- -lhe-ão devolvidos quando da sua liberação, com exceção
tação diplomática ou consular no país, e a refugiados ou do dinheiro que ele foi autorizado a gastar, dos objetos
apátridas, serão concedidas facilidades semelhantes para que tenham sido remetidos para o exterior do estabeleci-
mento, com a devida autorização, e das roupas cuja des-
comunicarem-se com os representantes diplomáticos do
truição haja sido decidida por questões higiênicas. O preso
Estado encarregado de zelar pelos seus interesses ou com
assinará um recibo dos objetos e do dinheiro que lhe forem
qualquer entidade nacional ou internacional que tenha
restituídos.
como tarefa a proteção de tais indivíduos.
3.Os valores e objetos enviados ao preso do exterior
39. Os presos serão mantidos regularmente informados
do estabelecimento prisional serão submetidos às mesmas
das notícias mais importantes através da leitura de jornais,
regras.
periódicos ou publicações especiais do estabelecimento
prisional, através de transmissões de rádio, conferências ou 4.Se o preso estiver na posse de medicamentos ou de
quaisquer outros meios semelhantes, autorizados ou con- entorpecentes no momento do seu ingresso no estabele-
trolados pela administração. cimentoprisional, o médico decidirá que uso será dado a
eles.
Biblioteca
Notificação de morte, doenças e transferências
40. Cada estabelecimento prisional terá uma biblioteca
para o uso de todas as categorias de presos, devidamente 44.
provida com livros de recreio e de instrução, e os presos 1.No caso de morte, doença ou acidente grave, ou
serão estimulados a utilizá-la. da transferência do preso para um estabelecimento para
doentes mentais, o diretor informará imediatamente o
Religião cônjuge, se o preso for casado, ou o parente mais próximo,
e informará, em qualquer caso, a pessoa previamente de-
41. signada pelo preso.
1.Se o estabelecimento reunir um número suficiente
de presos da mesma religião, um representante qualificado 2.Um preso será informado imediatamente da morte
dessa religião será nomeado ou admitido. Se o número de ou doença grave de qualquer parente próximo. No caso de
presos o justificar e as condições o permitirem, tal serviço doença grave de um parente próximo, o preso será auto-
será na base de tempo completo. rizado, quando as circunstâncias o permitirem, a visitá-lo,
escoltado ou não.
2.Um representante qualificado, nomeado ou admiti-
do nos termos do parágrafo 1, será autorizado a celebrar 3.Cada preso terá o direito de informar imediatamente
serviços religiosos regulares e a fazer visitas pastorais par- à sua família sobre sua prisão ou transferência para outro
ticulares a presos da sua religião, em ocasiões apropriadas. estabelecimento prisional.

47
DIREITOS HUMANOS

Transferência de presos 48. Todos os membros do pessoal deverão conduzir-


-se e cumprir suas funções, em qualquer circunstância, de
45. modo a que seu exemplo inspire respeito e exerça uma
1.Quando os presos estiverem sendo transferidos para influência benéfica sobre os presos.
outro estabelecimento prisional, deverão ser vistos o me-
nos possível pelo público, e medidas apropriadas serão 49.
adotadas para protegê-los contra qualquer forma de insul- 1.Na medida do possível dever-se-á agregar ao pes-
tos, curiosidade e publicidade. soal um número suficiente de especialistas, tais como psi-
quiatras, psicólogos, assistentes sociais, professores e ins-
2.Será proibido o traslado de presos em transportes trutores técnicos.
com ventiliação ou iluminação deficientes, ou que de qual-
quer outro modo possam submetê-los a sacrifícios desne- 2.Os serviços dos assistentes sociais, dos professores
cessários. e instrutores técnicos deverão ser mantidos permanente-
mente, sem que isto exclua os serviços de auxiliares a tem-
3.O transporte de presos será efetuado às expensas da po parcial ou voluntários.
administração, em condições iguais para todos eles.
50.
Pessoal penitenciário 1.O diretor do estabelecimento prisional deverá estar
devidamente qualificado para sua função por seu caráter,
46. sua capacidade administrativa, uma formação adequada e
1.A administração penitenciária escolherá cuidado- por sua experiência na matéria.
samente o pessoal de todas as categorias, posto que, da
integridade, humanidade, aptidão pessoal e capacidade 2.O diretor deverá consagrar todo o seu tempo à sua
profissional desse pessoal, dependerá a boa direção dos função oficial, que não poderá ser desempenhada com res-
estabelecimentos penitenciários. trição de horário.

2.A administração penitenciária esforçar-se-á constan- 3.O diretor deverá residir no estabelecimento prisional
temente por despertar e manter no espírito do pessoal e na ou perto dele.
opinião pública a convicção de que a função penitenciária
constitui um serviço social de grande importância e, sendo 4.Quando dois ou mais estabelecimentos estejam sob
assim, utilizará todos os meios apropriados para ilustrar o a autoridade de um único diretor, este os visitará com fre-
público. quência. Cada um desses estabelecimentos estará dirigido
por um funcionário responsável residente no local.
3.Para lograr tais fins, será necessário que os membros
trabalhem com exclusivadade como funcionários peniten- 51.
ciários profissionais, tenham a condição de funcionários 1.O diretor, o subdiretor e a maioria do pessoal do
públicos e, portanto, a segurança de que a estabilidade em estabelecimento prisional deverão falar a língua da maior
seu emprego dependerá unicamente da sua boa conduta, parte dos reclusos ou uma língua compreendida pela maior
da eficácia do seu trabalho e de sua aptidão física. A remu- parte deles.
neração do pessoal deverá ser adequada, a fim de se obter
e conservar os serviços de homens e mulheres capazes. De- 2.Recorrer-se-á aos serviços de um intérprete toda vez
terminar-se-á os benefícios da carreira e as condições do que seja necessário.
serviço tendo em conta o caráter penoso de suas funções.
52.
47. 1.Nos estabelecimentos prisionais cuja importância
1.Os membros do pessoal deverão possuir um nível in- exija o serviço contínuo de um ou vários médicos, pelo
telectual satisfatório. menos um deles residirá no estabelecimento ou nas suas
proximidades.
2.Os membros do pessoal deverão fazer, antes de in-
gressarem no serviço, um curso de formação geral e es- 2.Nos demais estabelecimentos, o médico visitará dia-
pecial, e passar satisfatoriamente pelas provas teóricas e riamente os presos e residirá próximo o bastante do es-
práticas. tabelecimento para acudir sem demora toda vez que se
apresente um caso urgente.
3.Após seu ingresso no serviço e durante a carreira, os
membros do pessoal deverão manter e melhorar seus co- 53.
nhecimentos e sua capacidade profissionais fazendo cursos 1.Nos estabelecimentos mistos, a seção das mulheres
de aperfeiçoamento, que se organizarão periodicamente. estará sob a direção de um funcionário responsável do
sexo feminino, a qual manterá sob sua guarda todas as
chaves de tal seção.

48
DIREITOS HUMANOS

2.Nenhum funcionário do sexo masculino ingressará 58. O fim e a justificação de uma pena de prisão ou de
na seção feminina desacompanhado de um membro femi- qualquer medida privativa de liberdade é, em última ins-
nino do pessoal. tância, proteger a sociedade contra o crime. Este fim so-
mente pode ser atingido se o tempo de prisão for aprovei-
3.A vigilância das presas será exercida exclusivamente tado para assegurar, tanto quanto possível, que depois do
por funcionários do sexo feminino. Contudo, isto não ex- seu regresso à sociedade o delinquente não apenas queira
cluirá que funcionários do sexo masculino, especialmente respeitar a lei e se auto-sustentar, mas também que seja
os médicos e o pessoal de ensino, desempenhem suas fun- capaz de fazê-lo.
ções profissionais em estabelecimentos ou seções reserva-
das às mulheres. 59. Para alcançar esse propósito, o sistema peniten-
ciário deve empregar, tratando de aplicá-los conforme as
54. necessidades do tratamento individual dos delinquentes,
1.Os funcionários dos estabelecimentos prisionais não todos os meios curativos, educativos, morais, espirituais e
usarão, nas suas relações com os presos, de força, exceto de outra natureza, e todas as formas de assistência de que
em legítima defesa ou em casos de tentativa de fuga, ou pode dispor.
de resistência física ativa ou passiva a uma ordem funda-
mentada na lei ou nos regulamentos. Os funcionários que 60.
tenham que recorrer à força, não devem usar senão a es- 1.O regime do estabelecimento prisional deve tentar
tritamente necessária, e devem informar imediatamente o reduzir as diferenças existentes entre a vida na prisão e a
incidente ao diretor do estabelecimento prisional. vida livre quando tais diferenças contribuirem para debili-
tar o sentido de responsabilidade do preso ou o respeito à
2.Será dado aos guardas da prisão treinamento físico dignidade da sua pessoa.
especial, a fim de habilitá-los a dominarem presos agres-
sivos. 2.É conveniente que, antes do término do cumprimen-
to de uma pena ou medida, sejam tomadas as providências
3.Exceto em circunstâncias especiais, os funcionários, necessárias para assegurar ao preso um retorno progressi-
no cumprimento de funções que impliquem contato direto
vo à vida em sociedade. Este propósito pode ser alcançado,
com os presos, não deverão andar armados. Além disso,
de acordo com o caso, com a adoção de um regime prepa-
não será fornecida arma a nenhum funcionário sem que o
ratório para a liberação, organizado dentro do mesmo es-
mesmo tenha sido previamente adestrado no seu manejo.
tabelecimento prisional ou em outra instituição apropria-
da, ou mediante libertação condicional sob vigilância não
Inspeção
confiada à polícia, compreendendo uma assistência social
eficaz.
55. Haverá uma inspeção regular dos estabelecimen-
tos e serviços prisionais por inspetores qualificados e ex-
perientes, nomeados por uma autoridade competente. É 61. No tratamento, não deverá ser enfatizada a ex-
seu dever assegurar que estes estabelecimentos estão sen- clusão dos presos da sociedade, mas, ao contrário, o fato
do administrados de acordo com as leis e regulamentos de que continuam a fazer parte dela. Com esse objetivo
vigentes, para prosseguimento dos objetivos dos serviços deve-se recorrer, na medida ao possível, à cooperação de
prisionais e correcionais. organismos comunitários que ajudem o pessoal do estabe-
lecimento prisional na sua tarefa de reabilitar socialmente
PARTE II os presos. Cada estabelecimento penitenciário deverá con-
Regras aplicáveis a categorias especiais tar com a colaboração de assistentes sociais encarregados
A. Presos condenados de manter e melhorar as relações dos presos com suas fa-
Princípios mestres mílias e com os organismos sociais que possam lhes ser
úteis. Também deverão ser feitas gestões visando proteger,
56. Os princípios mestres enumerados a seguir têm por desde que compatível com a lei e com a pena imposta, os
objetivo definir o espírito segundo o qual devem ser admi- direitos relativos aos interesses civis, os benefícios dos di-
nistrados os sistemas penitenciários e os objetivos a serem reitos da previdência social e outros benefícios sociais dos
buscados, de acordo com a declaração constante no ítem presos.
1 das
Observações preliminares das presentes regras. 62. Os serviços médicos do estabelecimento prisional
se esforçarão para descobrir e deverão tratar todas as de-
57. A prisão e outras medidas cujo efeito é separar um ficiências ou enfermidades físicas ou mentais que consti-
delinquente do mundo exterior são dolorosas pelo próprio tuam um obstáculo à readaptação do preso. Com vistas
fato de retirarem do indivíduo o direito à auto-determina- a esse fim, deverá ser realizado todo tratamento médico,
ção, privando-o da sua liberdade. Logo, o sistema prisional cirúrgico e psiquiátrico que for julgado necessário.
não deverá, exceto por razões justificáveis de segregação
ou para a manutenção da disciplina, agravar o sofrimento
inerente a tal situação.

49
DIREITOS HUMANOS

63. 2.Em relação a cada preso condenado a uma pena ou


1.Estes princípios exigem a individualização do trata- medida de certa duração, que ingresse no estabelecimento
mento que, por sua vez, requer um sistema flexível de clas- prisional, será remetida ao diretor, o quanto antes, um in-
sificação dos presos em grupos. Portanto, convém que os forme completo relativo aos aspectos mencionados no pa-
grupos sejam distribuidos em estabelecimentos distintos, rágrafo anterior. Este informe será acompanhado por o de
onde cada um deles possa receber o tratamento necessá- um médico, se possível especializado em psiquiatria, sobre
rio. o estado físico e mental do preso.

2.Ditos estabelecimentos não devem adotar as mes- 3.Os informes e demais documentos pertinentes for-
mas medidas de segurança com relação a todos os grupos. marão um arquivo individual. Estes arquivos serão manti-
É conveniente estabelecer diversos graus de segurança dos atualizados e serão classificados de modo que o pes-
conforme a que seja necessária para cada um dos diferen- soal responsável possa consultá-los sempre que seja ne-
tes grupos. Os estabelecimentos abertos - nos quais inexis- cessário.
tem meios de segurança física contra a fuga e se confia na
autodisciplina dos presos - proporcionam, a presos cuida- Classificação e individualização
dosamente escolhidos, as condições mais favoráveis para a
sua readaptação. 67. Os objetivos da classificação deverão ser:

3.É conveniente evitar que nos estabelecimentos fe- a.Separar os presos que, por seu passado criminal ou
chados o número de presos seja tão elevado que constitua sua má disposição, exerceriam uma influência nociva sobre
um obstáculo à individualização do tratamento. Em alguns os companheiros de detenção;
países, estima-se que o número de presos em tais esta-
belecimentos não deve passar de quinhentos. Nos estabe- b.Repartir os presos em grupos, a fim de facilitar o tra-
lecimentos abertos, o número de presos deve ser o mais tamento destinado à sua readaptação social.
reduzido possível.
68. Haverá, se possível, estabelecimentos prisionais se-
4.Ao contrário, também não convém manter estabe-
parados ou seções separadas dentro dos estabelecimentos
lecimentos demasiadamente pequenos para que se possa
para os distintos grupos de presos.
organizar neles um regime apropriado.
69. Tão logo uma pessoa condenada a uma pena ou
64. O dever da sociedade não termina com a libertação
medida de certa duração ingresse em um estabelecimen-
do preso. Deve-se dispor, por conseguinte, dos serviços de
to prisional, e depois de um estudo da sua personalidade,
organismos governamentais ou privados capazes de pres-
será criado um programa de tratamento individual, tendo
tar à pessoa solta uma ajuda pós-penitenciária eficaz, que
tenda a diminuir os preconceitos para com ela e permitam em vista os dados obtidos sobre suas necessidades indivi-
sua readaptação à comunidade. duais, sua capacidade e suas inclinações.

Tratamento Privilégios

65. O tratamento dos condenados a uma punição ou 70. Em cada estabelecimento prisional será instituído
medida privativa de liberdade deve ter por objetivo, en- um sistema de privilégios adaptado aos diferentes grupos
quanto a duração da pena o permitir, inspirar-lhes a von- de presos e aos diferentes métodos de tratamento, a fim
tade de viver conforme a lei, manter-se com o produto do de estimular a boa conduta, desenvolver o sentido de res-
seu trabalho e criar neles a aptidão para fazê-lo. Tal trata- ponsabilidade e promover o interesse e a cooperação dos
mento estará direcionado a fomentar-lhes o respeito por presos no que diz respeito ao seu tratamento.
si mesmos e a desenvolver seu senso de responsabilidade.
Trabalho
66.
1.Para lograr tal fim, deverá se recorrer, em particular, à 71.
assistência religiosa, nos países em que ela seja possível, à 1.O trabalho na prisão não deve ser penoso.
instrução, à orientação e à formação profissionais,
aos métodos de assistência social individual, ao assesso- 2.Todos os presos condenados deverão trabalhar, em
ramento relativo ao emprego, ao desenvolvimento físico conformidade com as suas aptidões física e mental, de
e à educação do caráter moral, em conformidade com as acordo com a determinação do médico.
necessidades individuais de cada preso. Deverá ser levado
em conta seu passado social e criminal, sua capacidade e 3.Trabalho suficiente de natureza útil será dado aos
aptidão físicas e mentais, suas disposições pessoais, a du- presos de modo a conservá-los ativos durante um dia nor-
ração de sua condenação e as perspectivas depois da sua mal de trabalho.
libertação.

50
DIREITOS HUMANOS

4.Tanto quanto possível, o trabalho proporcionado será 76.


de natureza que mantenha ou aumente as capacidades dos 1.O trabalho dos reclusos deverá ser remunerado de
presos para ganharem honestamente a vida depois de li- uma maneira equitativa.
bertados.
2.O regulamento permitirá aos reclusos que utilizem
5.Será proporcionado treinamento profissional em pelo menos uma parte da sua remuneração para adquirir
profissões úteis aos presos que dele tirarem proveito, es- objetos destinados a seu uso pessoal e que enviem a outra
pecialmente aos presos jovens. parte à sua família.

6.Dentros dos limites compatíveis com uma seleção 3.O regulamento deverá, igualmente, prever que a
profissional apropriada e com as exigências da administra- administração reservará uma parte da remuneração para
ção e disciplina prisionais, os presos poderão escolher o a constituição de um fundo, que será entregue ao preso
tipo de trabalho que querem fazer.
quando ele for posto em liberdade.
72.
Educação e recreio
1.A organização e os métodos de trabalho peniten-
ciário deverão se assemelhar o mais possível aos que se
aplicam a um trabalho similar fora do estabelecimento pri- 77.
sional, a fim de que os presos sejam preparados para as 1.Serão tomadas medidas para melhorar a educação
condições normais de trabalho livre. de todos os presos em condições de aproveitá-la, incluindo
instrução religiosa nos países em que isso for possível. A
2.Contudo, o interesse dos presos e de sua formação educação de analfabetos e presos jovens será obrigatória,
profissional não deverão ficar subordinados ao desejo de prestando-lhe a administração especial atenção.
se auferir benefícios pecuniários de uma indústria peniten-
ciária. 2.Tanto quanto possível, a educação dos presos estará
integrada ao sistema educacional do país, para que depois
73. da sua libertação possam continuar, sem dificuldades, a
1.As indústrias e granjas penitenciárias deverão ser di- sua educação.
rigidas preferencialmente pela administração e não por
empreiteiros privados. 78. Atividades de recreio e culturais serão proporciona-
das em todos os estabelecimentos prisionais em benefício
2.Os presos que se empregarem em algum trabalho
da saúde física e mental dos presos.
não fiscalizado pela administração estarão sempre sob a
vigilância
Relações sociais e assistência pós-prisional
do pessoal penitenciário. A menos que o trabalho seja
feito para outros setores do governo, as pessoas por ele
beneficiadas pagarão à administração o salário nor- 79. Será prestada especial atenção à manutenção e
malmente exigido para tal trabalho, levando-se em conta o melhora das relações entre o preso e sua família, que se
rendimento do preso. mostrem de maior vantagem para ambos.

74. 80. Desde o início do cumprimento da pena de um


1.Nos estabelecimentos penitenciários, serão tomadas preso, ter-se-á em conta o seu futuro depois de libertado,
as mesmas precauções prescritas para a proteção, seguran- devendo ser estimulado e auxiliado a manter ou estabele-
ça e saúde dos trabalhadores livres. cer relações com pessoas ou organizações externas, aptas
a promover os melhores interesses da sua família e da sua
2.Serão tomadas medidas visando indenizar os presos própria reabilitação social.
que sofrerem acidentes de trabalho e enfermidades profis-
sionais em condições similares às que a lei dispõe para os 81.
trabalhadores livres. 1.Serviços ou organizações, governamentais ou não,
75. que prestam assistência a presos libertados, ajudando-os
1.As horas diárias e semanais máximas de trabalho dos
a reingressarem na sociedade, assegurarão, na medida do
presos serão fixadas por lei ou por regulamento adminis-
possível e do necessário, que sejam fornecidos aos presos
trativo, tendo em consideração regras ou costumes locais
libertados documentos de identificação apropriados, casas
concernentes ao trabalho das pessoas livres.
adequadas e trabalho, que estejam conveniente e adequa-
2.As horas serão fixadas de modo a deixar um dia de damente vestidos, tendo em conta o clima e a estação do
descanso semanal e tempo suficiente para a educação e ano, e que tenham meios materiais suficientes para chegar
para outras atividades necessárias ao tratamento e reabili- ao seu destino e para se manter no período imediatamente
tação dos presos. seguinte ao da sua libertação.

51
DIREITOS HUMANOS

2.Os representantes oficiais dessas organizações terão 86. Os presos não julgados dormirão sós, em quartos
todo o acesso necessário ao estabelecimento prisional e separados.
aos presos, sendo consultados sobre o futuro do preso
desde o início do cumprimento da pena. 87. Dentro dos limites compatíveis com a boa ordem
do estabelecimento prisional, os presos não julgados po-
3.É recomendável que as atividades dessas organiza- dem, se assim o desejarem, mandar vir alimentação do ex-
ções estejam centralizadas ou sejam coordenadas, tanto terior às expensas próprias, quer através da administração,
quanto possível, a fim de garantir a melhor utilização dos quer através da sua família ou amigos. Caso contrário, a
seus esforços. administração fornecer-lhes-á alimentação.

B. Presos dementes e mentalmente enfermos 88.


1.O preso não julgado será autorizado a usar a sua pró-
82. pria roupa de vestir, se estiver limpa e for adequada.
1.Os presos considerados dementes não deverão fi- 2.Se usar roupa da prisão, esta será diferente da forne-
car detidos em prisões. Devem ser tomadas medidas para cida aos presos condenados.
transferí-los, o mais rapidamente possível, para instituições
destinadas a enfermos mentais. 89. Será sempre dada ao preso não julgado oportuni-
dade para trabalhar, mas não lhe será exigido trabalhar. Se
2.Os presos que sofrem de outras doenças ou anoma- optar por trabalhar, será pago.
lias mentais deverão ser examinados e tratados em institui-
ções especializadas sob vigilância médica. 90. O preso não julgado será autorizado a adquirir, às
expensas próprias ou às expensas de terceiros, livros, jor-
3.Durante sua estada na prisão, tais presos deverão ser nais, material para escrever e outros meios de ocupação
compatíveis com os interesses da administração da justiça
postos sob a supervisão especial de um médico.
e a segurança e a boa ordem do estabelecimento prisional.
4.O serviço médico ou psiquiátrico dos estabelecimen-
91. O preso não julgado será autorizado a receber a
tos prisionais proporcionará tratamento psiquiátrico a to-
visita e ser tratado por seu médico ou dentista pessoal,
dos os presos que necessitam de tal tratamento.
desde que haja motivo razoável para tal pedido e que ele
possa suportar os gastos daí decorrentes.
83. Será conveniente a adoção de disposições, de
acordo com os organismos competentes, para que, caso 92. O preso não julgado será autorizado a informar
necessário, o tratamento psiquiátrico prossiga depois da imediatamente à sua família sobre sua detenção, e ser-lhe-
libertação do preso, assegurando-se uma assistência social -ão dadas todas as facilidades razoáveis para comunicar-se
pós-penitenciária de caráter psiquiátrico. com sua família e amigos e para receber as visitas deles,
sujeito apenas às restrições e supervisão necessárias aos
C. Pessoas detidas ou em prisão preventiva interesses da administração da justiça e à segurança e boa
ordem do estabelecimento prisional.
84.
1.As pessoas detidas ou presas em virtude de acusa- 93. O preso não julgado será autorizado a requerer
ções criminais pendentes, que estejam sob custódia policial assistência legal gratuita, onde tal assistência exista, e a
ou em uma prisão, mas que ainda não foram submetidas receber visitas do seu advogado para tratar da sua defe-
a julgamento e condenadas, serão designados por “presos sa, preparando e entregando-lhe instruções confidenciais.
não julgados” nestas regras. Para esse fim ser-lhe-á fornecido, se ele assim o desejar,
material para escrever. As conferências entre o preso não
2.Os presos não julgados presumem-se inocentes e julgado e o seu advogado podem ser vigiadas visualmente
como tal devem ser tratados. por um policial ou por um funcionário do estabelecimen-
to prisional, mas a conversação entre eles não poderá ser
3.Sem prejuízo das normas legais sobre a proteção da ouvida.
liberdade individual ou que prescrevem os trâmites a serem
observados em relação a presos não julgados, estes deve- D. Pessoas condenadas por dívidas ou à prisão civil
rão ser beneficiados por um regime especial, delineado na
regra que se segue apenas nos seus requisitos essenciais. 94. Nos países em que a legislação prevê a possibi-
lidade de prisão por dívidas ou outras formas de prisão
85. civil, as pessoas assim condenadas não serão submetidas
1.Os presos não julgados serão mantidos separados a maiores restrições nem a tratamentos mais severos que
dos presos condenados. os necessários à segurança e à manutenção da ordem. O
2.Os presos jovens não julgados serão mantidos sepa- tratamento dado a elas não será, em nenhum caso, mais
rados dos adultos e deverão estar, a princípio, detidos em rígido do que aquele reservado às pessoas acusadas, res-
estabelecimentos prisionais separados. salvada, contudo, a eventual obrigação de trabalhar.

52
DIREITOS HUMANOS

E. Pessoas presas, detidas ou encarceradas sem acu- Comentário:


sação Este procedimento lembra que as Regras Mínimas, as-
sim como as leis e os regulamentos nacionais relativos à
95. Sem prejuízo das regras contidas no artigo 9 do sua aplicação, devem ser colocados à disposição de todas
Pacto de Direitos Civis e Políticos, será dada às pessoas de- as pessoas que participem na sua aplicação, em especial
tidas ou presas sem acusação a mesma proteção concedi- dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei e do
da nos termos da Parte I e da seção C da Parte II. As regras pessoal penitenciário. É possível que a aplicação das Re-
da seção A da Parte II serão do mesmo modo aplicáveis gras exija, ademais, que o organismo administrativo central
sempre que beneficiarem este grupo especial de indiví- encarregado dos aspectos correcionais organize cursos de
duos sob detenção; todavia, medida alguma será tomada capacitação. A difusão dos presentes procedimentos é exa-
se considerado que a reeducação ou a reabilitação são, por minada nos procedimentos 7 a 9.
qualquer forma, inapropriadas a indivíduos não condena-
dos por qualquer crime. Procedimento 4
As Regras Mínimas, na forma em que se incorporaram
à legislação e demais regulamentos nacionais, também se-
ANEXO rão colocadas à disposição de todos os presos e de todas
Procedimentos para a aplicação efetiva das Regras Mí- as pessoas detidas ao ingressarem em instituições peniten-
nimas para o Tratamento de Prisioneiros ciárias e durante sua reclusão.

Comentário:
Procedimento 1 Para se alcançar o objetivo das Regras Mínimas, é
Todos os Estados cujas normas de proteção a todas necessário que as Regras, assim como as leis e as regula-
as pessoas submetidas a qualquer forma de detenção ou mentações nacionais destinadas a dar-lhes aplicação, se-
prisão não estiverem à altura das Regras Mínimas para o jam postas à disposição dos presos e de todas as pessoas
Tratamento de Prisioneiros, adotarão essas regras mínimas. detidas (regra 95), a fim de que todos eles saibam que as
Regras representam as condições mínimas aceitas pelas
Comentário: Nações Unidas. Assim, este procedimento complementa o
A Assembléia Geral, em sua Resolução 2.858 (XXVI), de disposto no procedimento 3. Um requisito análogo - que
20 de dezembro de 1971, chamou a atenção dos Estados as Regras sejam colocadas à disposição das pessoas para
membros para as Regras Mínimas e recomendou que eles cuja proteção foram elaboradas - figura já nos quatro Con-
as aplicassem na administração das instituições penais e vênios de Genebra, de 12 de agosto de 1949, cujos artigos
correcionais e que considerassem favoravelmente a pos- 47 do primeiro Convênio, 48 do segundo, 127 do tercei-
sibilidade de incorporá-las em sua legislação nacional. É ro e 144 do quarto contêm a mesma disposição: “As Altas
possível que alguns Estados tenham normas mais avança- Partes contratantes comprometem-se a difundir, o mais
das que as Regras e, portanto, não se pede aos mesmos amplamente possível, em tempo de paz e em tempo de
que as adotem. guerra, o texto do presente Convênio em seus respectivos
Quando os Estados considerarem que as Regras ne- países, e especialmente a incorporar seu estudo aos pro-
cessitam ser harmonizadas com seus sistemas jurídicos e gramas de instrução militar e, em sendo possível, também
adaptadas à sua cultura, devem ressaltar a intenção e não civil, de modo que seus princípios sejam conhecidos pelo
a letra fria das Regras. conjunto da população, particularmente das forças arma-
das combatentes, do pessoal da saúde e dos capelães.”
Procedimento 2
Adaptadas, se necessário, às leis e à cultura existentes, Procedimento 5
mas sem distanciar-se do seu espírito e do seu objetivo, as Os Estados informarão a cada cinco anos, ao Secretá-
Regras Mínimas serão incorporadas à legislação nacional e rio-Geral das Nações Unidas, em que medida cumpriram as
demais regulamentos. Regras Mínimas e os progressos que se realizaram em sua
aplicação, assim como os fatores e inconvenientes, se exis-
Comentário: tirem, que afetam sua aplicação, respondendo a questioná-
Este procedimento ressalta a necessidade de se incor- rio do Secretário Geral. Tal questionário, que se baseará em
porar as Regras Mínimas à legislação e aos regulamentos um programa específico, deveria ser seletivo e limitar-se a
nacionais, com o que se abrange também alguns aspectos perguntas concretas visando permitir o estudo e o exame
do procedimento 1. aprofundado dos problemas selecionados. O Secretário-
-Geral, levando em conta os informes dos governos, assim
Procedimento 3 como todas as demais informações pertinentes, disponíveis
As Regras Mínimas serão postas à disposição de to- dentro do sistema das Nações Unidas, preparará um infor-
das as pessoas interessadas, em particular dos funcionários me periódico independente sobre os progressos realizados
responsáveis pela aplicação da lei e do pessoal penitenciá- na aplicação das Regras Mínimas. Na preparação desses
rio, a fim de permitir sua aplicação e execução dentro do informes, o Secretário-Geral também poderá obter a coo-
sistema de justiça penal. peração de organismos especializados das organizações

53
DIREITOS HUMANOS

intergovernamentais e não-governamentais competentes, natureza tem como predecessor o sistema existente de


reconhecidas pelo Conselho Econômico e Social como en- apresentação periódica de informações sobre direitos hu-
tidades consultivas. O Secretário-Geral apresentará os in- manos, estabelecida pelo Conselho Econômico e Social em
formes ao Comitê de Prevenção do Delito e Luta contra sua Resolução 624 B (XXII), de 1º de agosto de 1956.
a Delinquência para sua consideração e para a adoção de
novas medidas, se for o caso. Procedimento 7
O Secretário-Geral divulgará as Regras Mínimas e os
Comentário: presentes procedimentos de aplicação no maior número
Como se recorda, o Conselho Econômico e Social, em possível de idiomas e se colocará a disposição de todos
sua Resolução 663 C (XXIV), de 31 de julho de 1957, re- os Estados e organizações intergovernamentais e não-go-
comendou que o Secretário-Geral fosse informado, a cada vernamentais interessadas, a fim de lograr que as Regras
período de cinco anos, sobre os progressos alcançados na Mínimas e os procedimentos de aplicação recebam a maior
aplicação das Regras Mínimas, e autorizou o Secretário- difusão possível.
-Geral a tomar as providências cabíveis para a publicação,
quando fosse o caso, da informação recebida e para que Comentário:
solicitasse, se necessário, informações complementares. É evidente a necessidade de dar-se uma maior
É prática generalizada nas Nações Unidas rogar a coope- divulgação possível às Regras Mínimas. É importante
ração dos organismos especializados e das organizações estabelecer uma íntima relação com todas as organizações
intergovernamentais e não-governamentais competentes. intergovernamentais e não-governamentais competentes
Na preparação do seu informe independente sobre os pro- para se lograr uma difusão e aplicação mais eficazes das
gressos realizados em relação à apliicação das Regras Mí- Regras. A Secretaria deverá, para tanto, manter estreitos
nimas, o Secretário-Geral levará em conta, dentre outras contatos com tais organizações e colocar à sua disposição
coisas, a informação de que dispõem os órgãos das Nações a informação e os dados pertinentes. Deverá, também, in-
Unidas dedicados aos direitos humanos, incluindo a Co- centivá-las a difundir informação sobre as Regras Mínimas
missão de Direitos Humanos, a Subcomissão de Prevenção e os procedimentos de aplicação.
de Discriminações e Proteção às Minorias, o Comitê de Di-
reitos Humanos criado em virtude do Pacto Internacional Procedimento 8
de Direitos Civis e Políticos e o Comitê para a Eliminação da O Secretário-Geral divulgará seus informes sobre a
Discriminação Racial. Também poderia ser considerado o aplicação das Regras Mínimas, incluídos os resumos analíti-
trabalho de aplicação relacionado com a futura convenção cos dos estudos periódicos, os informes do Comitê de Pre-
contra a tortura, bem como toda a informação que possa venção do Delito e Luta contra a Delinquência, os informes
ser reunida com referência ao conjunto de princípios para preparados pelos congressos das Nações Unidas sobre a
a proteção das pessoas presas e detidas que está sendo prevenção do crime e o tratamento dos delinquentes, as-
atualmente preparado pela Assembléia Geral. sim como os informes desses congressos, as publicações
científicas e demais documentação pertinente se necessá-
Procedimento 6 rio naquele momento para promover a aplicação das Re-
Como parte da informação mencionada no proce- gras Mínimas.
dimento 5, os Estados fornecerão ao Secretário-Geral: a)
cópias ou resumos de todas as leis, regulamentos e dis- Comentário:
posições administrativas relativas a aplicação das Regras Este procedimento reflete a prática atual de divulgar os
Mínimas a pessoas detidas e aos lugares e programas de informes de referência como parte da documentação dos
detenção; b) quaisquer dados e materiais descritivos so- órgãos competentes das Nações Unidas ou como artigos
bre os programas de tratamento, o pessoal e o número no Anuário de Direitos Humanos, na Revista Internacional
de pessoas detidas, qualquer que seja o tipo de detenção, de Política Criminal, no Boletim de Prevenção do Delito e
assim como estatísticas, se dispuserem delas; c) qualquer Justiça Penal e em outras publicações pertinentes.
outra informação pertinente à aplicação das Regras, assim
como informação sobre as possíveis dificuldades em sua Procedimento 9
aplicação. O Secretário-Geral zelará para que, em todos os pro-
gramas pertinentes das Nações Unidas, incluídas as ativi-
Comentário: dades de cooperação técnica, se mencione e se utilize da
Este requisito tem origem na Resolução 663 C (XXIV) forma mais ampla possível o texto das Regras Mínimas.
do Conselho Econômico e Social e nas recomendações dos
congressos das Nações Unidas sobre a prevenção do cri- Comentário:
me e o tratamento do delinquente. Embora os elementos Deveria se garantir que todos os órgãos pertinentes
de informação solicitados neste procedimento não este- das Nações Unidas incluíssem as Regras e os procedimen-
jam expressamente previstos, parece factível recolher tal tos de aplicação, ou fizessem referência a eles, contribuin-
informação com o objetivo de auxiliar os Estados mem- do desse modo para uma maior difusão e um maior co-
bros a superar as dificuldades mediante o intercâmbio de nhecimento, entre os organismos especializados, os órgãos
experiências. Além disso, um pedido de informação dessa governamentais, intergovernamentais e não-governamen-

54
DIREITOS HUMANOS

tais e o público em geral, das Regras e do empenho do Procedimento 11


Conselho Econômico e Social e da Assembléia Geral em O Comitê das Nações Unidas de Prevenção do Delito e
assegurar sua aplicação. À medida em que as Regras têm Luta contra a Delinquência:
efeitos práticos nas instâncias correcionais depende consi- a.examinará regularmente as Regras Mínimas visando
deravelmente da forma como se incorporam às práticas le- a elaboração de novas regras, normas e procedimentos
gislativas e administrativas locais. É indispensável que uma aplicáveis ao tratamento das pessoas privadas de sua li-
ampla gama de profissionais e de não profissionais em berdade;
todo o mundo conheça e compreenda estas Regras. Por b.observará os presentes procedimentos de aplicação,
conseguinte, é sumamente importante dar-lhes a maior incluída a apresentação periódica de informes prevista no
publicidade possível, objetivo esse que também pode ser procedimento 5, supra.
alcançado mediante frequentes referências às Regras e
campanhas de informação pública. Comentário:
Considerando-se que uma boa parte da informação
Procedimento 10 reunida nas consultas periódicas e por ocasião das missões
de assistência técnica será transmitida ao Comitê de Pre-
Como parte de seus programas de cooperação técnica venção do Delito e Luta contra a Delinquência, a tarefa de
e desenvolvimento, as Nações Unidas: garantir a eficácia das Regras em relação à melhoria das
a.ajudarão os governos, quando estes solicitarem, a práticas correcionais é responsabilidade do Comitê, cujas
criar e consolidar sistemas correcionais amplos e humani- recomendações determinarão a orientação futura da apli-
tários; cação das Regras, juntamente com os procedimentos de
b.colocarão os serviços de peritos e de assessores re- aplicação. Em consequência, o Comitê deverá individualizar
gionais e inter-regionais em matéria de prevenção de de- claramente as fendas na aplicação das Regras ou os motivos
lito e justiça penal à disposição dos governos que os soli- pelos quais elas não são aplicadas por outros meios, esta-
citarem; belecendo contatos com os juízes e com os ministérios de
c.promoverão a celebração de seminários nacionais e
Justiça dos países interessados com vistas a sugerir medi-
regionais e outras reuniões de nível profissional e não pro-
das corretivas adequadas.
fissional para fomentar a difusão das Regras Mínimas e dos
presentes procedimentos de aplicação;
Procedimento 12
d.reforçarão o apoio que se presta aos institutos regio-
O Comitê de Prevenção do Delito e Luta contra a De-
nais de investigação e capacitação em matéria de preven-
linquência ajudará a Assembléia Geral, o Conselho Econô-
ção de delito e justiça penal associados as Nações Unidas.
mico e Social e todos os demais órgãos das Nações Unidas
Os institutos regionais de investigação e capacitação em
que se ocupam dos direitos humanos, segundo correspon-
matéria de prevenção de delito e justiça penal das Nações
Unidas deverão elaborar, em cooperação com as institui- da, formulando recomendações relativas aos informes das
ções nacionais, planos de estudo e material instrutivo, ba- comissões especiais de estudo, no que disser respeito a
seados nas Regras Mínimas e nos presentes procedimentos questões relacionadas com a aplicação e com a implemen-
de aplicação, adequados para seu uso em programas edu- tação prática das Regras Mínimas.
cativos sobre justiça penal em todos os níveis, assim como
em cursos especializados em direitos humanos e outros Comentário:
temas conexos. Já que o Comitê de Prevenção do Delito e Luta con-
tra a Delinquência é o órgão competente para examinar
Comentário: a aplicação das Regras Mínimas, também deveria prestar
O objetivo deste procedimento é conseguir que os assistência aos órgãos antes mencionados.
programas de assistência técnica das Nações Unidas e as
atividades de capacitação dos institutos regionais das Na- Procedimento 13
ções Unidas sejam utilizados como instrumentos indire- Nenhuma das disposições previstas nestes procedi-
tos para a aplicação das Regras Mínimas e dos presentes mentos será interpretada no sentido de excluir a utiliza-
procedimentos de aplicação. Afora os cursos ordinários de ção de quaisquer outros meios ou recursos disponíveis, de
capacitação para o pessoal penitenciário, os manuais de acordo com o direito internacional ou estabelecidos por
instrução e outros textos similares, se deveria dispor do ne- outros órgãos e organismos das Nações Unidas, para a
cessário - particularmente a nível da elaboração de políti- reparação de violações dos direitos humanos, inclusive o
cas e da tomada de decisões - para que se pudesse contar procedimento relativo aos quadros persistentes de mani-
com o assessoramento de expertos em relação às ques- festas violações dos direitos humanos, conforme a Reso-
tões apresentadas pelos Estados membros, incluindo um lução 1503 (XLVIII) do Conselho Econômico e Social, de 27
sistema de remissão aos expertos à disposição dos Estados de maio de 1970; o procedimento de comunicação previsto
interessados. Tudo indica que tal sistema seja necessário no Protocolo Facultativo do Pacto Internacional de Direitos
sobretudo para garantir a aplicação das Regras de acordo Civis e Políticos, e o procedimento de comunicação previs-
com o seu espírito e levando em consideração a estrutura to na Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas
sócio-econômica dos países que solicitam dita assistência. as Formas de Discriminação Racial.

55
DIREITOS HUMANOS

EXERCÍCIOS (A) são objetivos fundamentais da república federati-


va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu-
1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de zir as desigualdades sociais e regionais.
Constituição, assinale a alternativa CORRETA. (B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político
(A) É o estatuto que regula as relações entre Estados não são fundamentos da república federativa do brasil.
soberanos. (C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e alguma coisa senão em virtude de lei.
(D) é livre a manifestação de pensamento, sendo
deveres de um povo.
vedado o anonimato.
(C) É a lei fundamental e suprema de um Estado,
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é
que contém normas referentes à estruturação, à formação um dos objetivos fundamentais da república federativa do
dos poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos Brasil.
cidadãos.
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os RESPOSTAS
direitos e deveres de um povo nas suas relações.
1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que
2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas um documento escrito que fica no ápice do ordenamen-
de classificação das Constituições, uma delas é quanto à to jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e
origem. organização do Estado, mas tem um significado intrínseco
Em relação às características de uma Constituição sociológico, político, cultural e econômico. Independente
quanto à sua origem, assinale a alternativa CORRETA. do conceito, percebe-se que o foco é a organização do Es-
(A) Dogmáticas ou históricas. tado e a limitação de seu poder.
(B) Materiais ou formais.
2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição
(C) Analíticas ou sintéticas. pode ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo
(D) Promulgadas ou outorgadas. agente revolucionário, ou promulgada, quando é votada,
sendo também conhecida como democrática ou popular.
3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia
da Constituição da República, assinale a alternativa COR- 3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais
RETA. atos normativos que compõem o denominado bloco de
(A) A supremacia está no fato de o controle da cons- constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio-
titucionalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tri- nais e tratados internacionais de direitos humanos apro-
bunal Federal. vados com quórum especial após a Emenda Constitucional
(B) A supremacia está na obrigatoriedade de submis- nº 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo
são das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma es-
instituído. trita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais.
Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujei-
(C) A supremacia está no fato de a interpretação da
tam a controle de constitucionalidade.
constituição não depender da observância dos princípios
que a norteiam. 4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito
(D) A supremacia está no fato de que os princípios e de Constituição não está na Constituição em si, mas nas
fundamentos da constituição se resumam na declaração de decisões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sen-
soberania. do assim, o conceito de Constituição será estruturado por
fatores como o regime de governo e a forma de Estado
4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons-
os chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à Cons- tituição é o produto de uma decisão política e variará con-
tituição, existe um que realiza a distinção entre Constituição forme o modelo político à época de sua elaboração.
e lei constitucional. Assinale a alternativa que o contempla.
(A) Sentido político 5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca-
(B) Sentido sociológico. racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito
que é a República Federativa brasileira, notadamente: er-
(C) Sentido jurídico.
radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar-
(D) Sentido culturalista.
tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político
(E) Sentido simbólico. (artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II,
CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção
5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú- de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo
blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se e pluralismo político não são fundamentos da República
em Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF). Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no
Com base no enunciado acima é correto afirmar, ex- artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de
ceto: um Estado Democrático de Direito.

56
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

LEI N.º 7.210/84......................................................................................................................................................................................................... 01


LEI DE EXECUÇÃO PENAL

TÍTULO II
LEI N.º 7.210/84 Do Condenado e do Internado
CAPÍTULO I
Da Classificação

Institui a Lei de Execução Penal. Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os


seus antecedentes e personalidade, para orientar a indivi-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o dualização da execução penal.
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Comentário: Objetiva orientar a individualização da
TÍTULO I execução da pena, segundo os antecedentes e personali-
Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal dade do condenado, através da Comissão técnica de clas-
sificação (art. 6º da Lep) – que deverá existir em todos os
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as estabelecimentos prisionais;
disposições de sentença ou decisão criminal e proporcio-
nar condições para a harmônica integração social do con- Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica
denado e do internado. de Classificação que elaborará o programa individualizador
da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou
preso provisório.
Comentário: A Lei n. 7.210/84, legislação que dispõe
sobre a execução das penas, teve origem em 1933, através
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existen-
do projeto do Código Penitenciário da República elabora-
te em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor
do por Cândido Mendes, Lemos de Brito e Heitor Carrilho
e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1
(publicado em 25/02/37), que, em razão das discussões
(um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente so-
e promulgação do atual Código Penal de 1940, foi logo
cial, quando se tratar de condenado à pena privativa de
abandonado. liberdade.
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do
Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exer- serviço social.
cida, no processo de execução, na conformidade desta Lei
e do Código de Processo Penal. Comentário: A Comissão Técnica de Classificação será
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao composta pelo Diretor do estabelecimento prisional - que
preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou a presidirá -, no mínimo de dois chefes de serviço, um psi-
Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à juris- quiatra, um psicólogo e um assistente social, quando se
dição ordinária. tratar de condenado à pena privativa de liberdade. Nos
demais casos será integrada por fiscais do Serviço Social e
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegura- atuará junto ao Juízo da Execução penal;
dos todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela
lei. Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de na- de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame
tureza racial, social, religiosa ou política. criminológico para a obtenção dos elementos necessários
a uma adequada classificação e com vistas à individualiza-
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da co- ção da execução.
munidade nas atividades de execução da pena e da medida Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo po-
de segurança. derá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena
privativa de liberdade em regime semiaberto.
Comentários aos artigos 1, 2, 3 e 4. A presente le-
gislação dispõe sobre a execução das penas e teve origem Comentário: Exame criminológico: Deve ser subme-
em 1933, através do projeto do Código Penitenciário da tido o condenado à pena em regime fechado (art. 8º da
República elaborado por Cândido Mendes, Lemos de Brito Lep c/c o caput do art. 34 do CP). A realização do exame
e Heitor Carrilho. criminológico é obrigatória, tendo em vista a gravidade do
Possui natureza mista: Direito administrativo, Constitu- fato delituoso e/ou as condições pessoais do sentenciado
cional, Penal e Processo Penal; (art. 8º da Lep c/c o caput do art. 34 do CP). O condenado
O objetivo desta Lei é o cumprimento das sanções im- à pena em regime semi-aberto poderá ser submetido ao
postas na sentença ou decisão criminal e reintegração so- exame criminológico.
cial do condenado e do internado;
Art. 9º. A Comissão, no exame para a obtenção de da-
dos reveladores da personalidade, observando a ética pro-
fissional e tendo sempre presentes peças ou informações
do processo, poderá:

1
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

I - entrevistar pessoas; - Egresso: Condenado liberado definitivamente, pelo


II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos pri- prazo de 01 ano a contar da saída do estabelecimento ou
vados, dados e informações a respeito do condenado; em benefício do livramento condicional, durante o período
III - realizar outras diligências e exames necessários. de prova (art. 26 da Lep), que tem direito à assistência (arts.
25 e 27 da Lep);
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosa-
mente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou SEÇÃO II
por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, Da Assistência Material
de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamen-
te, à identificação do perfil genético, mediante extração de Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado
DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e ins-
indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) talações higiênicas.
§ 1o A identificação do perfil genético será armazenada
em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e
expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654,
serviços que atendam aos presos nas suas necessidades
de 2012)
pessoais, além de locais destinados à venda de produtos
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração.
requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instau-
rado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil
genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) Comentários aos artigos 11 e 12: A Assistência ma-
terial consiste no fornecimento de alimentação, vestuário
Comentário: Haverá obrigatoriamente à identificação e instalações higiênicas, obedecendo-se às regras mínimas
do perfil genético mediante extração de DNA dos conde- previstas em mandamentos internacionais sobre os direitos
nados por crime praticado com dolo, a qual será armazena- da pessoa presa.
da em banco de dados, conforme o presente artigo.
SEÇÃO III
CAPÍTULO II Da Assistência à Saúde
Da Assistência
SEÇÃO I Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado
Disposições Gerais de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendi-
mento médico, farmacêutico e odontológico.
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever § 1º (Vetado).
do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retor- § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver
no à convivência em sociedade. aparelhado para prover a assistência médica necessária,
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. esta será prestada em outro local, mediante autorização da
direção do estabelecimento.
Art. 11. A assistência será: § 3o Será assegurado acompanhamento médico à mu-
I - material; lher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo
II - à saúde; ao recém-nascido.
III -jurídica;
IV - educacional; Comentário: A Assistência à saúde visa prevenir e re-
V - social; mediar os problemas de saúde que possam acometer o
VI - religiosa.
condenado. O ambiente prisional é, por natureza, dotado
de um maior risco para o surgimento de determinadas
Comentário: Tipos de assistência (art. 11 da Lep): Ma-
doenças.
terial (art. 12 e 13 da Lep), à saúde (art. 14 da Lep), jurídica
(arts. 15 e 16 da Lep), educacional (arts. 17/21 da Lep), so- Tal assistência garante ao preso o tratamento odonto-
cial (arts. 22 e 23 da Lep) e religiosa (art. 24 da Lep); lógico, médico e ambulatorial bem como, o recebimento
- Assistência jurídica: Os estabelecimentos prisionais de medicação necessária.
deverão contar com serviço de assistência jurídica (art. 16
da Lep). O próprio preso, independentemente de advoga-
do, pode formular requerimentos de benefícios previstos SEÇÃO IV
na Lep diretamente ao Juiz da execução penal (art. 195 da Da Assistência Jurídica
Lep);
- Assistência educacional: O ensino de 1º grau será Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos
obrigatório; e aos internados sem recursos financeiros para constituir
- Auxílio reclusão: Os familiares do preso têm direito ao advogado.
Auxílio–Reclusão (art. 201, IV da CF). Outras categorias pro-
fissionais disciplinam também a forma de concessão desse Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços
benefício, p. ex., arts. 229 e 241 da Lei n. 8.112/90 (Regime de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria
jurídico único dos servidores civis da União. Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.

2
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

§ 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:
estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exer- I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
cício de suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento,
penais. os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido;
§ 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local III - acompanhar o resultado das permissões de saídas
apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Pú- e das saídas temporárias;
blico.( IV - promover, no estabelecimento, pelos meios dispo-
§ 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão imple- níveis, a recreação;
mentados Núcleos Especializados da Defensoria Pública V - promover a orientação do assistido, na fase final do
para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar
aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus fami- o seu retorno à liberdade;
liares, sem recursos financeiros para constituir advogado. VI - providenciar a obtenção de documentos, dos be-
nefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no
trabalho;
Comentários aos artigos 15 e 16: A Assistência Ju-
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família
rídica visa assegurar aos presos e internados as garantias
do preso, do internado e da vítima.
do contraditório, ampla defesa, duplo grau de jurisdição,
imparcialidade do juiz, devido processo legal, direito à pro-
SEÇÃO VII
dução de provas no curso do procedimento, direito de pe- Da Assistência Religiosa
tição e autodefesa.
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto,
SEÇÃO V será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-
Da Assistência Educacional -lhes a participação nos serviços organizados no estabele-
cimento penal, bem como a posse de livros de instrução
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a ins- religiosa.
trução escolar e a formação profissional do preso e do in- § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para
ternado. os cultos religiosos.
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integran- a participar de atividade religiosa.
do-se no sistema escolar da Unidade Federativa.
Comentários aos artigos 12 a 24: Os presentes arti-
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível gos aqui tratados dizem respeito aos tipos de assistência,
de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. quais sejam: Material (art. 12 e 13 da Lep), à saúde (art. 14
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino pro- da Lep), jurídica (arts. 15 e 16 da Lep), educacional (arts.
fissional adequado à sua condição. 17/21 da Lep), social (arts. 22 e 23 da Lep) e religiosa (art.
24 da Lep);
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto
de convênio com entidades públicas ou particulares, que SEÇÃO VIII
instalem escolas ou ofereçam cursos especializados. Da Assistência ao Egresso

Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se- Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de to- I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em
liberdade;
das as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos,
II - na concessão, se necessário, de alojamento e ali-
recreativos e didáticos.
mentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de
2 (dois) meses.
Comentários aos artigos 17, 18, 19, 20 e 21: A Assis-
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II po-
tência Educacional diz respeito ao acesso do preso à ins- derá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por de-
trução escolar e formação profissional e tem fundamento claração do assistente social, o empenho na obtenção de
no direito à educação constante na Constituição Federal. emprego.

Comentário: Assistência ao egresso: orientação e


SEÇÃO VI apoio para reintegração à vida em liberdade; . se neces-
Da Assistência Social sário, concessão de alojamento e alimentação, pelo pra-
zo de 02 meses, em estabelecimento adequado. Podendo
Art. 22. A assistência social tem por finalidade ampa- esse benefício ser prorrogado por mais uma vez, desde que
rar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à comprovado o empenho na obtenção de emprego, me-
liberdade. diante declaração da assistente social ( parágrafo único do
art. 25 da Lep).

3
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei: - Situações que autorizam a entrega do saldo do pecú-
I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a lio ao preso: Arts. 29, § 2º e 138, todos da Lep;
contar da saída do estabelecimento;
II - o liberado condicional, durante o período de prova. Art. 30. As tarefas executadas como prestação de servi-
ço à comunidade não serão remuneradas.
Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o
egresso para a obtenção de trabalho. Comentário: As referidas tarefas executadas como
prestação de serviço serão devidamente pagas.
CAPÍTULO III
Do Trabalho SEÇÃO II
SEÇÃO I Do Trabalho Interno
Disposições Gerais
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e
condição de dignidade humana, terá finalidade educativa capacidade.
e produtiva. Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do
trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene. estabelecimento.
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da
Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas
em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessida-
Comentário: O condenado está obrigado ao trabalho; des futuras do preso, bem como as oportunidades ofereci-
das pelo mercado.
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, median-
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o
te prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quar-
artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões de
tos) do salário mínimo.
turismo.
§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar
atender:
ocupação adequada à sua idade.
a) à indenização dos danos causados pelo crime, des-
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente
de que determinados judicialmente e não reparados por
exercerão atividades apropriadas ao seu estado.
outros meios;
b) à assistência à família;
c) a pequenas despesas pessoais; Comentários aos artigos 31 e 32: O condenado estará
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas obrigado a trabalhar na medida de sua capacidade e com-
com a manutenção do condenado, em proporção a ser fi- petência para o trabalho. Os maiores de 60 anos, doentes
xada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras an- e deficientes físicos, exercerão ocupação adequada a sua
teriores. idade e ao seu estado.
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será
depositada a parte restante para constituição do pecúlio, Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior
em Caderneta de Poupança, que será entregue ao a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos
condenado quando posto em liberdade. domingos e feriados.
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial
Comentário: O trabalho do preso será sempre remu- de trabalho aos presos designados para os serviços de con-
nerado (art. 39 do CP e 29 da Lep); servação e manutenção do estabelecimento penal.
- Valor da remuneração (2ª parte do art. 29 da Lep):
Nunca inferior a ¾ do Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por funda-
salário mínimo; ção, ou empresa pública, com autonomia administrativa, e
- Prestação de serviço à comunidade (pena restritiva de terá por objetivo a formação profissional do condenado.
direitos): Não é § 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerencia-
remunerado; dora promover e supervisionar a produção, com critérios e
- Direitos trabalhista e Previdenciário: Embora não su- métodos empresariais, encarregar-se de sua comercializa-
jeito ao regime da CLT ção, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de
(art. 28, § 2º da Lep), tem direito à previdência social remuneração adequada.
(arts. 41, III da Lep e 39 do CP); § 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão
- Destinação da remuneração do preso: § 1º do art. 29 celebrar convênio com a iniciativa privada, para implanta-
da Lep; ção de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio
- Pecúlio: Parte da remuneração que deve ser deposita- dos presídios.
da em caderneta de poupança;

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta CAPÍTULO IV


da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Muni- Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina
cípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os SEÇÃO I
bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não Dos Deveres
for possível ou recomendável realizar-se a venda a parti-
culares. Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de
com as vendas reverterão em favor da fundação ou empre- execução da pena.
sa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do
estabelecimento penal. Comentário: Os presos devem submeter-se às normas
disciplinares dos estabelecimentos prisionais;
Comentário aos artigos 33, 34 e 35: O Horário espe-
cial de trabalho é permitido aos presos que trabalham na Art. 39. Constituem deveres do condenado:
manutenção e conservação do estabelecimento prisional; I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da
O trabalho interno é obrigatório com exceção do preso sentença;
provisório e político; II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa
com quem deva relacionar-se;
SEÇÃO III III - urbanidade e respeito no trato com os demais con-
Do Trabalho Externo denados;
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
presos em regime fechado somente em serviço ou obras V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens re-
públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou cebidas;
Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cau- VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
telas contra a fuga e em favor da disciplina. VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10%
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das des-
(dez por cento) do total de empregados na obra.
pesas realizadas com a sua manutenção, mediante descon-
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à
to proporcional da remuneração do trabalho;
empresa empreiteira a remuneração desse trabalho.
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
depende do consentimento expresso do preso.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que
couber, o disposto neste artigo.
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autori-
zada pela direção do estabelecimento, dependerá de apti-
dão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento Comentário: O presente artigo trata dos deveres aos
mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. quais o condenado deve submeter-se. As normas são im-
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de traba- postas também aos presos provisórios.
lho externo ao preso que vier a praticar fato definido como
crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento SEÇÃO II
contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo. Dos Direitos

Comentário aos artigos 36 e 37: Trabalho Externo Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito
é permitido no regime fechado (somente em serviços ou à integridade física e moral dos condenados e dos presos
obras públicas, com cautelas de segurança) e no semiaber- provisórios.
to (podendo também frequentar cursos profissionalizantes,
de 2º grau ou superior). Requisitos para o trabalho externo: Art. 41 - Constituem direitos do preso:
Será deferida pela administração prisional (direito ad- I - alimentação suficiente e vestuário;
ministrativo), após o cumprimento de 1/6 da pena, aptidão, II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
disciplina e responsabilidade. Carga horária: Não inferior a III - Previdência Social;
6, nem superior a 8 horas, com descanso aos domingos e IV - constituição de pecúlio;
feriados, salvo aquele que for prestado na manutenção ou V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o
conservação do estabelecimento prisional; trabalho, o descanso e a recreação;
Crime hediondo e trabalho externo: A Lei n. 8.072, de VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais,
25/7/90 que dispõe sobre os crimes hediondos, não veda artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis
o exercício de trabalho externo, nem o direito à remição com a execução da pena;
da pena, desde que preenchidos todos os requisitos legais; VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional,
- Horário especial de trabalho (§ único do art. 33 da social e religiosa;
Lep): Permitido aos presos que trabalham na manutenção VIII - proteção contra qualquer forma de sensaciona-
e conservação do estabelecimento prisional; lismo;

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; § 1º As sanções não poderão colocar em perigo a
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e integridade física e moral do condenado.
amigos em dias determinados; § 2º É vedado o emprego de cela escura.
XI - chamamento nominal; § 3º São vedadas as sanções coletivas.
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigên-
cias da individualização da pena; Comentário: Princípio da anterioridade da lei, pois
XIII - audiência especial com o diretor do estabeleci- somente haverá sanção disciplinar com expressa previsão
mento; legal.
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, É expressamente proibido a aplicação de sanções
em defesa de direito; disciplinares ilegais.
XV - contato com o mundo exterior por meio de cor-
respondência escrita, da leitura e de outros meios de infor- Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da exe-
mação que não comprometam a moral e os bons costumes. cução da pena ou da prisão, será cientificado das normas
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmen- disciplinares.
te, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária
competente. Comentário: Ao entrar no estabelecimento prisional o
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X condenado ou o preso provisório deve ser cientificado das
e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato normas disciplinares a que está sujeito;
motivado do diretor do estabelecimento.
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena priva-
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido tiva de liberdade, será exercido pela autoridade administra-
à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta tiva conforme as disposições regulamentares.
Seção.
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico poder disciplinar será exercido pela autoridade administra-
de confiança pessoal do internado ou do submetido a tra- tiva a que estiver sujeito o condenado.
tamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes,
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade repre-
a fim de orientar e acompanhar o tratamento.
sentará ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118,
Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial
inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei.
e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução.
Comentário art. 47 e 48: No que diz respeito à execu-
Comentário aos artigos 40, 41, 42 e 43: O presente
ção das penas privativas de liberdade, caberá à autoridade
artigo dispõe sobre os direito dos condenados e presos
administrativa indicada;
provisórios e ainda ao submetido à medida de segurança,
Já nas penas restritivas de direitos, caberá à autoridade
devendo, portanto, todas as autoridades o respeito à inte-
gridade física e moral dos mesmos. O artigo 41 especifica administrativa responsável pelo condenado;
os direitos a fim de esclarece-los de forma clara e cabal.
O artigo 43 Traz o direito ao internado ou submetido SUBSEÇÃO II
a tratamento a contratar médico de confiança pessoa para Das Faltas Disciplinares
realizar seu tratamento.
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves,
SEÇÃO III médias e graves. A legislação local especificará as leves e
Da Disciplina médias, bem assim as respectivas sanções.
SUBSEÇÃO I Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção cor-
Disposições Gerais respondente à falta consumada.

Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a or- Comentário: As faltas disciplinares são classificadas
dem, na obediência às determinações das autoridades e em: Leves, médias e graves. Frise-se que a pena disciplinar
seus agentes e no desempenho do trabalho. pelo cometimento de falta disciplinar tentada, será a mes-
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condena- ma aplicada à falta consumada.
do à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e
o preso provisório. Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena priva-
tiva de liberdade que:
Comentário: Ao ingressar no estabelecimento prisio- I - incitar ou participar de movimento para subverter a
nal o condenado ou o preso provisório deve ser cientifica- ordem ou a disciplina;
do das normas disciplinares a que está sujeito; II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem ofender a integridade física de outrem;
expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. IV - provocar acidente de trabalho;

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

V - descumprir, no regime aberto, as condições impos- IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado,
tas; nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo,
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, observado o disposto no artigo 88 desta Lei.
do artigo 39, desta Lei. V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão
com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento
pela Lei nº 11.466, de 2007) e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no juiz competente.
que couber, ao preso provisório. § 1o A autorização para a inclusão do preso em regi-
me disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restri- elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra auto-
tiva de direitos que: ridade administrativa.
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em re-
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da gime disciplinar será precedida de manifestação do Minis-
obrigação imposta; tério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, quinze dias.
do artigo 39, desta Lei.
Art. 55. As recompensas têm em vista o bom compor-
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso tamento reconhecido em favor do condenado, de sua co-
constitui falta grave e, quando ocasione subversão da or- laboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho.
dem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou
condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disci- Art. 56. São recompensas:
plinar diferenciado, com as seguintes características: I - o elogio;
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem II - a concessão de regalias.
prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos
mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; estabelecerão a natureza e a forma de concessão de rega-
II - recolhimento em cela individual; lias.
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as
Comentários aos artigos 53 a 56: As sanções disci-
crianças, com duração de duas horas;
plinares serão aplicadas pelo diretor do estabelecimento,
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas
por meio de Advertência verbal, repreensão; suspensão ou
diárias para banho de sol.
restrição de direitos, por até 30 dias; e, isolamento na pró-
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também pode-
pria cela, por até 30 dias, ressalvada a hipótese do regime
rá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou
disciplinar diferenciado, devidamente comunicado ao juiz
estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a
da execução.
segurança do estabelecimento penal ou da sociedade.
As sanções serão aplicadas por prévio e fundamentado
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar di-
despacho do juiz competente.
ferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual O artigo 56 trata das recompensas existentes as quais
recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participa- consistem no elogio e concessão de regalias, em razão do
ção, a qualquer título, em organizações criminosas, quadri- bom comportamento, colaboração com a disciplina e de-
lha ou bando. dicação ao trabalho.
Comentários aos artigos 50, 51 e 52: Faltas graves SUBSEÇÃO IV
praticadas pelo condenado à pena privativa de liberdade Da Aplicação das Sanções
O artigo 50 dispõe acerca das faltas graves praticadas
pelo condenado à pena restritiva de direitos. O cometi- Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-
mento de crime doloso pelo sentenciado, constitui falta -se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e
grave, sem prejuízo da sanção penal correspondente as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e
seu tempo de prisão.
SUBSEÇÃO III Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as san-
Das Sanções e das Recompensas ções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei.

Art. 53. Constituem sanções disciplinares: Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de di-
I - advertência verbal; reitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipó-
II - repreensão; tese do regime disciplinar diferenciado.
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, pa- Parágrafo único. O isolamento será sempre comunica-
rágrafo único); do ao Juiz da execução.

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

SUBSEÇÃO V II - contribuir na elaboração de planos nacionais de de-


Do Procedimento Disciplinar senvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da políti-
ca criminal e penitenciária;
Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instau- III - promover a avaliação periódica do sistema criminal
rado o procedimento para sua apuração, conforme regula- para a sua adequação às necessidades do País;
mento, assegurado o direito de defesa. IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
Parágrafo único. A decisão será motivada. V - elaborar programa nacional penitenciário de for-
mação e aperfeiçoamento do servidor;
Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção
o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez de estabelecimentos penais e casas de albergados;
dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferencia- VII - estabelecer os critérios para a elaboração da esta-
do, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, de- tística criminal;
penderá de despacho do juiz competente. VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos pe-
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão nais, bem assim informar-se, mediante relatórios do Con-
preventiva no regime disciplinar diferenciado será compu- selho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios,
tado no período de cumprimento da sanção disciplinar. acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados,
Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela
TÍTULO III incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento;
Dos Órgãos da Execução Penal IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
CAPÍTULO I administrativa para instauração de sindicância ou proce-
Disposições Gerais dimento administrativo, em caso de violação das normas
referentes à execução penal;
Art. 61. São órgãos da execução penal: X - representar à autoridade competente para a inter-
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten- dição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.
ciária;
II - o Juízo da Execução; Comentários aos artigos 62, 63 e 64: Os artigos deste
III - o Ministério Público; Capítulo tratam do Conselho Nacional de Política Criminal
IV - o Conselho Penitenciário; e Penitenciária, especificando sua integração, suas ativida-
V - os Departamentos Penitenciários; des e ainda a elencando minuciosamente a incumbência
VI - o Patronato; do referido Conselho, o qual possui sede na Capital da Re-
VII - o Conselho da Comunidade. pública e é subordinado ao Ministério da Justiça.
VIII - a Defensoria Pública.
CAPÍTULO III
CAPÍTULO II Do Juízo da Execução
Do Conselho Nacional de Política Criminal e Peni-
tenciária Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado
na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e Pe- da sentença.
nitenciária, com sede na Capital da República, é subordina-
do ao Ministério da Justiça. Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qual-
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e Pe- quer modo favorecer o condenado;
nitenciária será integrado por 13 (treze) membros designa- II - declarar extinta a punibilidade;
dos através de ato do Ministério da Justiça, dentre profes- III - decidir sobre:
sores e profissionais da área do Direito Penal, Processual a) soma ou unificação de penas;
Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por b) progressão ou regressão nos regimes;
representantes da comunidade e dos Ministérios da área c) detração e remição da pena;
social. d) suspensão condicional da pena;
Parágrafo único. O mandato dos membros do Conse- e) livramento condicional;
lho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) f) incidentes da execução.
em cada ano. IV - autorizar saídas temporárias;
V - determinar:
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direi-
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito tos e fiscalizar sua execução;
federal ou estadual, incumbe: b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa
I - propor diretrizes da política criminal quanto à pre- em privativa de liberdade;
venção do delito, administração da Justiça Criminal e exe- c) a conversão da pena privativa de liberdade em res-
cução das penas e das medidas de segurança; tritiva de direitos;

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

d) a aplicação da medida de segurança, bem como a III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto-
substituição da pena por medida de segurança; ridade judiciária, durante a execução.
e) a revogação da medida de segurança; Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visita-
f) a desinternação e o restabelecimento da situação rá mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a
anterior; sua presença em livro próprio.
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
em outra comarca; Comentários aos artigos 67 e 68: O Ministério Públi-
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § co tem como função primordial a fiscalização. Assim, giza o
1º, do artigo 86, desta Lei. art. 67 da Lei de Execução Penal que tal órgão “fiscalizará a
i) (VETADO); execução da pena e da medida de segurança, oficiando no
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da me- processo executivo e nos incidentes da execução”.
dida de segurança; Outrossim, a título exemplificativo, incumbi-lhe ainda,
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos dentre outras atividades, o rol disposto no art. 68 da LEP,
penais, tomando providências para o adequado funciona- vez que o mesmo não é taxativo.
mento e promovendo, quando for o caso, a apuração de
CAPÍTULO V
responsabilidade;
Do Conselho Penitenciário
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento
penal que estiver funcionando em condições inadequadas Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e
ou com infringência aos dispositivos desta Lei; fiscalizador da execução da pena.
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade. § 1º O Conselho será integrado por membros
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito Federal
e dos Territórios, dentre professores e profissionais da área
Comentários aos artigos 65 e 66: A competência do do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências
juiz da execução se inicia, em regra, com a possibilidade correlatas, bem como por representantes da comunidade. A
de que se execute a pena, seja pelo trânsito em julgado da legislação federal e estadual regulará o seu funcionamento.
sentença condenatória. § 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenciário
A competência do Juiz da Execução Penal encontra-se terá a duração de 4 (quatro) anos.
no artigo 66 da presente Lei, rol que por sua vez, é mera-
mente exemplificativo, vez que na Lei de Execução Penal Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
é possível encontrar outras competências e atribuições do I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena,
juiz da execução criminal que não estão inseridas no art. 66. excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no
Dentre as competências do juiz da execução criminal estado de saúde do preso;
está a de efetivar a lei penal mais benéfica, mesmo que II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
esta tenha sido publicada após o trânsito em julgado da III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano,
sentença condenatória. ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária,
relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;
CAPÍTULO IV IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistên-
Do Ministério Público cia aos egressos.

Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da Comentários aos artigos 69 e 70: O Conselho Peni-
pena e da medida de segurança, oficiando no processo tenciário é órgão consultivo e fiscalizador da execução da
pena, devendo emitir parecer sobre livramento condicio-
executivo e nos incidentes da execução.
nal, indulto, comutação de pena e inspecionar os estabele-
cimentos penais.
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
O Conselho Penitenciário é integrado por profissionais
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhi- da área do Direito Penal, Processo Penal, Penitenciário e
mento e de internamento; ciências correlatas, nomeados pelo governador do Estado,
II - requerer: cabendo a legislação federal e estadual regular seu funcio-
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- namento.
mento do processo executivo;
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio CAPÍTULO VI
de execução; Dos Departamentos Penitenciários
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a SEÇÃO I
substituição da pena por medida de segurança; Do Departamento Penitenciário Nacional
d) a revogação da medida de segurança;
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, su-
nos regimes e a revogação da suspensão condicional da bordinado ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da
pena e do livramento condicional; Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento financeiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Pe-
da situação anterior. nitenciária.

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário I - ser portador de diploma de nível superior de Direito,
Nacional: ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Servi-
I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execu- ços Sociais;
ção penal em todo o Território Nacional; II - possuir experiência administrativa na área;
II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabele- III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o
cimentos e serviços penais; desempenho da função.
III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabele-
implementação dos princípios e regras estabelecidos nesta cimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à
Lei; sua função.
IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante
convênios, na implantação de estabelecimentos e serviços Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será orga-
penais; nizado em diferentes categorias funcionais, segundo as
V - colaborar com as Unidades Federativas para a rea- necessidades do serviço, com especificação de atribuições
lização de cursos de formação de pessoal penitenciário e relativas às funções de direção, chefia e assessoramento do
de ensino profissionalizante do condenado e do internado. estabelecimento e às demais funções.
VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades
federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especia-
estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de lizado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a vo-
penas privativas de liberdade aplicadas pela justiça de ou- cação, preparação profissional e antecedentes pessoais do
tra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a candidato.
regime disciplinar. § 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a
Parágrafo único. Incumbem também ao Departamento progressão ou a ascensão funcional dependerão de cursos
a coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e específicos de formação, procedendo-se à reciclagem
de internamento federais. periódica dos servidores em exercício.
§ 2º No estabelecimento para mulheres somente se
Comentários aos artigos 71 e 72: Departamento Pe- permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo
nitenciário Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça, quando se tratar de pessoal técnico especializado.
é órgão executivo da Política Penitenciária Nacional e de
apoio administrativo e financeiro do CNPCP. É um órgão Comentários aos artigos 75, 76 e 77: Os artigos desta
superior de controle, destinado a instrumentar a aplicação seção tratam da Direção e do Pessoal dos Estabelecimen-
da LEP e das diretrizes da política criminal adotadas pelo tos Penais. O Diretor de estabelecimentos penais deverá
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. obedecer aos requisitos do artigo 75, devendo ainda residir
A finalidade do Departamento é viabilizar condições no estabelecimento penal ou nas proximidades, com dedi-
para que se possa implantar um ordenamento adminis- cação exclusiva à função.
trativo e técnico, harmônico e homogênico, capaz de de- O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado em
diferentes categorias funcionais, segundo as necessidades
senvolver bem a política penitenciária. O referido Conse-
do serviço, conforme disposto nos artigos 76 e 77 desta Lei.
lho realiza dentre suas atribuições, o acompanhamento da
aplicação das normas de execução penal em todo o Terri-
CAPÍTULO VII
tório Nacional, a inspeção dos estabelecimentos prisionais,
Do Patronato
e assistência técnica as Unidades Federativas.
Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a
SEÇÃO II
prestar assistência aos albergados e aos egressos (artigo
Do Departamento Penitenciário Local 26).
Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento Art. 79. Incumbe também ao Patronato:
Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que es- I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos;
tabelecer. II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação
de serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão III - colaborar na fiscalização do cumprimento das con-
similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar os dições da suspensão e do livramento condicional.
estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que
pertencer. Comentários aos artigos 78 e 79: O Patronato é uma
instituição indispensável ao exercício da execução penal,
SEÇÃO III que tem como função precípua prestar assistência jurídica
Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Pe- integral e gratuita aos presos e egressos[5], conforme art.
nais 78 da Lei n.º 7.210/84 – Lei de Execução Penal, exercendo
suas atividades tanto na fase cautelar, quanto na fase exe-
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabeleci- cutória. O patronato pode ser público ou privado.
mento deverá satisfazer os seguintes requisitos:

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Dentre suas atribuições estão a assistência aos alber- g) a aplicação de medida de segurança e sua revoga-
gados e egressos, bem como à orientação sobre as penas ção, bem como a substituição da pena por medida de se-
restritivas de direito, a fiscalização do cumprimento das pe- gurança;
nas de prestação de serviço à comunidade, das condições h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a
da suspensão, do livramento condicional e limitação de fim suspensão condicional da pena, o livramento condicional,
de semana. a comutação de pena e o indulto;
i) a autorização de saídas temporárias;
CAPÍTULO VIII j) a internação, a desinternação e o restabelecimento
Do Conselho da Comunidade da situação anterior;
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança
Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da Co- em outra comarca;
munidade composto, no mínimo, por 1 (um) representan- l) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
te de associação comercial ou industrial, 1 (um) advogado 1o do art. 86 desta Lei;
indicado pela Seção da Ordem dos Advogados do Brasil,
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a
1 (um) Defensor Público indicado pelo Defensor Público
cumprir;
Geral e 1 (um) assistente social escolhido pela Delegacia
III - interpor recursos de decisões proferidas pela au-
Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais.
toridade judiciária ou administrativa durante a execução;
Parágrafo único. Na falta da representação prevista
neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
dos integrantes do Conselho. administrativa para instauração de sindicância ou proce-
dimento administrativo em caso de violação das normas
Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade: referentes à execução penal;
I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimen- V - visitar os estabelecimentos penais, tomando pro-
tos penais existentes na comarca; vidências para o adequado funcionamento, e requerer,
II - entrevistar presos; quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução VI - requerer à autoridade competente a interdição, no
e ao Conselho Penitenciário; todo ou em parte, de estabelecimento penal.
IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e hu- Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará
manos para melhor assistência ao preso ou internado, em periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a
harmonia com a direção do estabelecimento. sua presença em livro próprio.

Comentários aos artigos 80 e 81: Os Conselhos da Comentários aos artigos 81-A e 81B: A Defensoria
Comunidade têm como atribuições legais visitar, pelo me- Pública (a) é instituição permanente, essencial à função ju-
nos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes risdicional do Estado, sendo expressão e instrumento da
na comarca; entrevistar os presos; apresentar relatórios democracia cuja atribuição precípua é a orientação jurídica,
mensais ao juiz da execução e ao Conselho Penitenciário a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos
e diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos fundamentais de forma integral e gratuita aos vulneráveis.
para melhor assistência ao preso ou internado, em harmo- Todos esses conceitos foram estampados com a Emenda
nia com a direção do respectivo estabelecimento prisional. Constitucional nº 80 no artigo 134 da Constituição Federal
de 1988.
CAPÍTULO IX A Defensoria na LEP atua na defesa dos interesses do
DA DEFENSORIA PÚBLICA
hipossuficiente diante da demanda individual atua na Exe-
cução Penal junto às Varas de Execução Penal, funcionando
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular exe-
como órgão que realiza a defesa processual necessária dos
cução da pena e da medida de segurança, oficiando, no
indivíduos que não possuam condições de arcar com as
processo executivo e nos incidentes da execução, para a
defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias, de custas de um Advogado. Essa forma de atividade exercida
forma individual e coletiva. pela Defensoria Pública se relaciona com a proteção dos
hipossuficientes, prestando a assistência jurídica gratuita,
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: nos moldes da atuação tradicional do órgão. As incumbên-
I - requerer: cias da Defensoria pública estão elencadas no artigo 81-B.
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi-
mento do processo executivo; TÍTULO IV
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que Dos Estabelecimentos Penais
de qualquer modo favorecer o condenado; CAPÍTULO I
c) a declaração de extinção da punibilidade; Disposições Gerais
d) a unificação de penas;
e) a detração e remição da pena; Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio condenado, ao submetido à medida de segurança, ao pre-
de execução; so provisório e ao egresso.

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, A definição dos tipos de estabelecimentos penais ba-
serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sicamente é a finalidade original das unidades. De acordo
sua condição pessoal. com a presente Lei, penitenciária é a unidade prisional des-
§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá tinada aos condenados a cumprir pena no regime fechado,
abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que enquanto as colônias agrícolas, industriais ou similares são
devidamente isolados. destinadas aos presos do regime semiaberto e a casa do al-
bergado, aqueles em regime aberto. Detentos provisórios
Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua na- devem aguardar o julgamento em cadeia pública. Há ainda
tureza, deverá contar em suas dependências com áreas e os hospitais de custódia, onde deve cumprir medida de se-
serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, gurança quem cometeu crime por algum problema mental
recreação e prática esportiva. e foi, por isso, considerado inimputável ou semi-imputável.
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de
estudantes universitários. CAPÍTULO II
§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres Da Penitenciária
serão dotados de berçário, onde as condenadas possam
cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à
até 6 (seis) meses de idade. pena de reclusão, em regime fechado.
§ 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste arti- Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distri-
go deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo femi- to Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias
nino na segurança de suas dependências internas. destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e con-
§ 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos denados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regi-
do ensino básico e profissionalizante. me disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei.
§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria Pública.
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual
Art. 84. O preso provisório ficará separado do conde- que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
nado por sentença transitada em julgado. Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade ce-
§ 1° O preso primário cumprirá pena em seção distinta lular:
daquela reservada para os reincidentes. a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fa-
§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da tores de aeração, insolação e condicionamento térmico
Administração da Justiça Criminal ficará em dependência adequado à existência humana;
separada. b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).

Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a peni-
compatível com a sua estrutura e finalidade. tenciária de mulheres será dotada de seção para gestante
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Cri- e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de
minal e Penitenciária determinará o limite máximo de ca- 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade
pacidade do estabelecimento, atendendo a sua natureza e de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver
peculiaridades. presa.
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela creche referidas neste artigo:
Justiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo
em outra unidade, em estabelecimento local ou da União. com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e
§ 1o A União Federal poderá construir estabelecimento em unidades autônomas; e
penal em local distante da condenação para recolher os II – horário de funcionamento que garanta a melhor
condenados, quando a medida se justifique no interesse da assistência à criança e à sua responsável.
segurança pública ou do próprio condenado.
§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em
poderão trabalhar os liberados ou egressos que se local afastado do centro urbano, à distância que não res-
dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento de terras trinja a visitação.
ociosas.
§ 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da au- Comentários sobre os artigos 87, 88, 89 e 90: Peni-
toridade administrativa definir o estabelecimento prisional tenciária terá uma cela individual com dormitório, aparelho
adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, sanitário e lavatório, com área mínima de 6 metros qua-
em atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos. drados;
A União Federal, os Estados e o Distrito Federal po-
Comentários aos artigos 82 a 86: Os estabelecimen- derão construir penitenciária exclusivamente para presos
tos penais são destinados aos condenados (regime fecha- provisórios e aos presos em regime fechado, sujeitos ao
do, semiaberto e aberto), aos submetidos à medida de se- Regime Disciplinar Diferenciado.
gurança, ao preso provisório e ao egresso

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

CAPÍTULO III Comentários aos artigos 96, 97 e 98. Centro de ob-


Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar servação é local utilizado para realização dos exames gerais
e o criminológico. Onde os exames poderão ser realizados
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar des- pela Comissão Técnica de Classificação.
tina-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.

Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compar- CAPÍTULO VI


timento coletivo, observados os requisitos da letra a, do Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
Parágrafo único. São também requisitos básicos das Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátri-
dependências coletivas: co destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos
a) a seleção adequada dos presos; no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal.
b) o limite de capacidade máxima que atenda os obje- Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber,
tivos de individualização da pena. o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.

Comentários sobre os artigos 91 e 92: Colônia agrí- Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames
cola, industrial ou similar para pena de reclusão ou deten- necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os
ção em regime semi-aberto: Alojamento coletivo, dentre internados.
outros requisitos;
Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo
CAPÍTULO IV 97, segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hos-
Da Casa do Albergado pital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro
local com dependência médica adequada.
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumpri-
mento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e Comentários aos artigos 99, 100, 101. O Hospital de
da pena de limitação de fim de semana. custódia e tratamento psiquiátrico é Destinado aos doen-
tes mentais, aos portadores de desenvolvimento mental in-
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, completo ou retardado e aos que manifestam perturbação
separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se das faculdades mentais. O referido estabelecimento possui
pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga. os mesmos requisitos da Penitenciária;

Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa CAPÍTULO VII
do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos Da Cadeia Pública
para acomodar os presos, local adequado para cursos e
palestras. Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações de presos provisórios.
para os serviços de fiscalização e orientação dos conde-
nados. Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) ca-
deia pública a fim de resguardar o interesse da Administra-
Comentários aos artigos 93, 94 e 95: Casa do alber- ção da Justiça Criminal e a permanência do preso em local
gado é destinada ao cumprimento do regime aberto e à próximo ao seu meio social e familiar.
pena de limitação de fim de semana. O Prédio é desprovido
de obstáculos para fuga. Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo
será instalado próximo de centro urbano, observando-se
CAPÍTULO V na construção as exigências mínimas referidas no artigo 88
Do Centro de Observação e seu parágrafo único desta Lei.

Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os Comentários acerca dos artigos 102, 103 e 104. A
exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos pro-
encaminhados à Comissão Técnica de Classificação. visórios. Acerca da Cadeia pública que é destinada ao pre-
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas so provisório, haverá, pelo menos, uma em cada Comarca,
pesquisas criminológicas. com os mesmos requisitos da penitenciária;

Art. 97. O Centro de Observação será instalado em uni-


dade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.

Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comis-


são Técnica de Classificação, na falta do Centro de Obser-
vação.

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

TÍTULO V Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença men-


Da Execução das Penas em Espécie tal será internado em Hospital de Custódia e Tratamento
CAPÍTULO I Psiquiátrico.
Das Penas Privativas de Liberdade
SEÇÃO I Comentário: A Superveniência de doença mental gera
Disposições Gerais o internação do condenado em hospital de custódia e tra-
tamento psiquiátrico, cujo prazo será o do restante da pena
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar privativa de liberdade
pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser
preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado
para a execução. será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por
outro motivo não estiver preso.
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escri-
vão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o Comentário: Com cumprimento integral da pena ha-
Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida verá a expedição de alvará de soltura, caso não permaneça
da execução e conterá: preso por outro.
I - o nome do condenado;
II - a sua qualificação civil e o número do registro geral SEÇÃO II
no órgão oficial de identificação; Dos Regimes
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condena-
tória, bem como certidão do trânsito em julgado; Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no
IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privati-
instrução; va de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus
V - a data da terminação da pena; parágrafos do Código Penal.
VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis
ao adequado tratamento penitenciário.
Comentário: Regime prisional. Haverá obrigatorieda-
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de
de, sob pena de nulidade da sentença penal condenatória.
recolhimento.
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que
Art. 111. Quando houver condenação por mais de um
sobrevier modificação quanto ao início da execução ou ao
crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a
tempo de duração da pena.
determinação do regime de cumprimento será feita pelo
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário
resultado da soma ou unificação das penas, observada,
da Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia,
menção dessa circunstância, para fins do disposto no § 2°, quando for o caso, a detração ou remição.
do artigo 84, desta Lei. Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da
execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sen-
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento do cumprida, para determinação do regime.
de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela
autoridade judiciária. Comentário: Existindo várias condenações em proces-
§ 1° A autoridade administrativa incumbida da sos distintos ou no mesmo processo o regime de cumpri-
execução passará recibo da guia de recolhimento para mento será o que resultar da soma dessas penas. Ocor-
juntá-la aos autos do processo, e dará ciência dos seus rendo nova condenação durante o cumprimento de outra,
termos ao condenado. será esta somada ao restante daquela para fixação do regi-
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em livro me. Nesse caso, poderá ocorrer a regressão do regime de
especial, segundo a ordem cronológica do recebimento, e cumprimento da pena.
anexadas ao prontuário do condenado, aditando-se, no
curso da execução, o cálculo das remições e de outras Art. 112. A pena privativa de liberdade será executa-
retificações posteriores. da em forma progressiva com a transferência para regime
menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o pre-
Comentários aos artigos 105, 106 e 107: O início da so tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime
execução das penas privativas de liberdade ocorre com o anterior e ostentar bom comportamento carcerário, com-
trânsito em julgado da decisão para a acusação (execução provado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as
provisória) e com a prisão do condenado; normas que vedam a progressão.
A Guia de recolhimento é um título executivo que via- § 1o A decisão será sempre motivada e precedida de
biliza a execução das penas, cuja expedição compete ao manifestação do Ministério Público e do defensor.
juízo da condenação e a retificação ao da execução. § 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão
Sempre que houver alteração da pena no decorrer da de livramento condicional, indulto e comutação de penas,
execução, haverá a retificação da Guia de recolhimento. respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Comentário: Os requisitos para progressão de regi- Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade fi-
me são: o cumprimento de, pelo menos, 1/6 da pena no cará sujeita à forma regressiva, com a transferência para
regime anterior, ostentar bom comportamento carcerário, qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condena-
comprovado pelo diretor do estabelecimento, ouvidos o do:
Ministério Público e o defensor; I - praticar fato definido como crime doloso ou falta
grave;
Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena,
supõe a aceitação de seu programa e das condições im- somada ao restante da pena em execução, torne incabível
postas pelo Juiz. o regime (artigo 111).
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se,
Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar
o condenado que: os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de cumulativamente imposta.
fazê-lo imediatamente; § 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior,
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resul- deverá ser ouvido previamente o condenado.
tado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de
que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsa- Comentário: A execução da pena está sujeita a forma
bilidade, ao novo regime. regressiva quando o apenado praticar fato definido como
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho crime doloso ou falta grave. Nesse caso, antes da regressão
as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei. de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado – art.
118, § 2° - audiência de justificativa. * quando o apenado
Comentários aos artigos 113 e 144: Progressão para sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena
o regime aberto. Requisitos: Além dos previstos no caput restante com a nova condenação torne impossível a manu-
do art. 112 da Lep e seu § 1º, o condenado deve estar tenção do regime (art. 111).
trabalhando ou comprovar que poderá fazê-lo imediata- É importante ilustrar que é nula a decisão que regride o
regime prisional sem a prévia oitiva do apenado nos casos
mente, devendo aceitar o seu programa e as condições im-
do inciso I do artigo 118 da LEP.
postas na sentença.
Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais
complementares para o cumprimento da pena privativa de
para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das se-
liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código Pe-
guintes condições gerais e obrigatórias:
nal).
I - permanecer no local que for designado, durante o
repouso e nos dias de folga;
SEÇÃO III
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; Das Autorizações de Saída
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem auto- SUBSEÇÃO I
rização judicial; Da Permissão de Saída
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as
suas atividades, quando for determinado. Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regi-
me fechado ou semi-aberto e os presos provisórios pode-
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabe- rão obter permissão para sair do estabelecimento, median-
lecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da te escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
autoridade administrativa ou do condenado, desde que as I - falecimento ou doença grave do cônjuge, compa-
circunstâncias assim o recomendem. nheira, ascendente, descendente ou irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo úni-
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do bene- co do artigo 14).
ficiário de regime aberto em residência particular quando Parágrafo único. A permissão de saída será concedida
se tratar de: pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave; Art. 121. A permanência do preso fora do estabeleci-
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mento terá a duração necessária à finalidade da saída.
mental;
IV - condenada gestante. Comentários aos artigos 120 e 121: Permissão de
saída é autorização concedida pelo diretor do estabeleci-
Comentário: Para cumprir a pena em residência parti- mento penal aos presos em regime fechado, semi-aberto e
cular o preso deverá estar em regime aberto e se enqua- provisório, para saírem do estabelecimento prisional, com
drar em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da pre- escolta, pelo tempo necessário para: falecimento ou doen-
sente Lei. ça grave do cônjuge, companheira, ascendente, descen-
dente ou irmão; ou, para tratamento médico;

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

SUBSEÇÃO II te, bem como de instrução de 2º grau, ou superior e para


Da Saída Temporária participação em atividades que concorram para retorno ao
convívio social, após a satisfação dos seguintes requisitos:
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em re- Se primário, o cumprimento de mais de 1/6 da pena, e ¼
gime semi-aberto poderão obter autorização para saída se reincidente; bom comportamento; e, compatibilidade
temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos do benefício com os objetivos da pena, ouvida a adminis-
seguintes casos: tração do estabelecimento e ainda o Ministério Público.
I - visita à família;
II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem Art. 125. O benefício será automaticamente revogado
como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do quando o condenado praticar fato definido como crime
Juízo da Execução; doloso, for punido por falta grave, desatender as condições
III - participação em atividades que concorram para o impostas na autorização ou revelar baixo grau de aprovei-
retorno ao convívio social. tamento do curso.
Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não Parágrafo único. A recuperação do direito à saída tem-
impede a utilização de equipamento de monitoração ele- porária dependerá da absolvição no processo penal, do
trônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração
da execução. do merecimento do condenado.

Art. 123. A autorização será concedida por ato motiva- Comentário: O presente artigo trata da revogação da
do do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a saída temporária e da Recuperação do benefício.
administração penitenciária e dependerá da satisfação dos
seguintes requisitos: SEÇÃO IV
I - comportamento adequado; Da Remição
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena,
se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reinci- Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime
dente; fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da estudo, parte do tempo de execução da pena. .
pena. § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita
à razão de:
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de fre-
superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 quência escolar - atividade de ensino fundamental, médio,
(quatro) vezes durante o ano. inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de re-
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao qualificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três)
beneficiário as seguintes condições, entre outras que en- dias;
tender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situa- II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
ção pessoal do condenado: § 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste
I - fornecimento do endereço onde reside a família a artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou
ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo por metodologia de ensino a distância e deverão ser cer-
do benefício; tificadas pelas autoridades educacionais competentes dos
II - recolhimento à residência visitada, no período no- cursos frequentados.
turno; § 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e es- horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de
tabelecimentos congêneres. forma a se compatibilizarem.
§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profis- § 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosse-
sionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o guir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se
tempo de saída será o necessário para o cumprimento das com a remição.
atividades discentes. § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída so- será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do
mente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 ensino fundamental, médio ou superior durante o cumpri-
(quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra. mento da pena, desde que certificada pelo órgão compe-
tente do sistema de educação.
Comentários aos artigos 122, 123 e 124: Os referi- § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto
dos artigos tratam da possibilidade dos condenados que ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional po-
cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter au- derão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou
torização para saída temporária do estabelecimento, sem de educação profissional, parte do tempo de execução da
vigilância direta. A saída temporária é própria do regime pena ou do período de prova, observado o disposto no
semi-aberto, a ser deferida pelo Juiz da execução, em 5 inciso I do § 1o deste artigo.
oportunidades de 7 dias (total de 35 dias), para visita à § 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de
família, frequência a curso supletivo ou profissionalizan- prisão cautelar.

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

§ 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
ouvidos o Ministério Público e a defesa. c) não mudar do território da comarca do Juízo da exe-
cução, sem prévia autorização deste.
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar § 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional,
até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto entre outras obrigações, as seguintes:
no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e
infração disciplinar. à autoridade incumbida da observação cautelar e de pro-
teção;
Art. 128. O tempo remido será computado como pena b) recolher-se à habitação em hora fixada;
cumprida, para todos os efeitos. c) não frequentar determinados lugares.
d) (VETADO)
Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará
mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de Comentário: Condições estabelecidas pelo magistrado
todos os condenados que estejam trabalhando ou estu- na sentença concessiva do livramento condicional obriga-
dando, com informação dos dias de trabalho ou das horas tórias:
de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada - Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se
um deles. for apto para o trabalho;
§ 1o O condenado autorizado a estudar fora do estabe- - Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; e,
lecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio - Não mudar do território da Comarca do Juízo da Exe-
de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequên- cução, sem autorização prévia.
cia e o aproveitamento escolar.
§ 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias re- Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da
midos. comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sen-
tença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se
Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código houver transferido e à autoridade incumbida da observa-
Penal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço ção cautelar e de proteção.
para fim de instruir pedido de remição.
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de
Comentário aos artigos 126, 127, 128, 129 e 130: A apresentar-se imediatamente às autoridades referidas no
Remição é o desconto de 1 dia da pena a cada 3 dias tra- artigo anterior.
balhados para os condenados em regime fechado e semi-
-aberto. O condenado em regime aberto, em livramento Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livra-
condicional e à pena restritiva de direitos, não tem direito mento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para as
à remição; providências cabíveis.
A remição será para o preso impossibilitado de traba-
lhar por doença (§ 2º do art. 126 da Lep): Tem direito à Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a car-
remição de pena: o preso que não trabalha por não ter sido ta de livramento com a cópia integral da sentença em 2
atribuído trabalho pelo estabelecimento penal; a remição (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa
pelo estudo: Alguns tribunais de justiça estaduais têm con- incumbida da execução e outra ao Conselho Penitenciário.
cedido o benefício. A utilização do tempo remido ocorre
não apenas para o livramento e indulto, mas também, para Comentário: A carta de livramento citada no presente
progressão prisional. artigo, corresponde a guia de recolhimento.
Frise-se por fim que a prática de falta grave gera a per-
da de todo o tempo remido por sentença. Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será
realizada solenemente no dia marcado pelo Presidente do
SEÇÃO V Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sen-
Do Livramento Condicional do cumprida a pena, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos
Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedi- demais condenados, pelo Presidente do Conselho Peniten-
do pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo ciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o II - a autoridade administrativa chamará a atenção do
Ministério Público e Conselho Penitenciário. liberando para as condições impostas na sentença de li-
vramento;
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as con- III - o liberando declarará se aceita as condições.
dições a que fica subordinado o livramento. § 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo liberando,
obrigações seguintes: ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se § 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da
for apto para o trabalho; execução.

17
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, modificar as condições especificadas na sentença, devendo
ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que o respectivo ato decisório ser lido ao liberado por uma das
lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade ju- autoridades ou funcionários indicados no inciso I do caput
diciária ou administrativa, sempre que lhe for exigida. do art. 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e
§ 1º A caderneta conterá: III e §§ 1o e 2o do mesmo artigo.
a) a identificação do liberado;
b) o texto impresso do presente Capítulo; Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal,
c) as condições impostas. o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Pe-
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado nitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do
um salvo-conduto, em que constem as condições do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará
livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação dependendo da decisão final.
ou o seu retrato pela descrição dos sinais que possam
identificá-lo. Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interes-
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver sado, do Ministério Público ou mediante representação do
espaço para consignar-se o cumprimento das condições Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de
referidas no artigo 132 desta Lei. liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação.

Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas Comentário: O presente artigo trata do prazo do Li-
por serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho da vramento condicional sem causa de revogação, da extinção
Comunidade terão a finalidade de: da punibilidade.
I - fazer observar o cumprimento das condições espe-
cificadas na sentença concessiva do benefício; Seção VI
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução Da Monitoração Eletrônica
de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de ativida-
de laborativa.
Art. 146-A. (VETADO).
Parágrafo único. A entidade encarregada da observa-
ção cautelar e da proteção do liberado apresentará relató-
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio
rio ao Conselho Penitenciário, para efeito da representação
da monitoração eletrônica quando:
prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.
I - (VETADO);
II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-
III - (VETADO);
-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código
IV - determinar a prisão domiciliar;
Penal.
Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na V - (VETADO);
hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir o Parágrafo único. (VETADO).
liberado ou agravar as condições.
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cui-
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração pe- dados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e
nal anterior à vigência do livramento, computar-se-á como dos seguintes deveres:
tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo I - receber visitas do servidor responsável pela moni-
permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do toração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir
tempo das 2 (duas) penas. suas orientações;
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
se computará na pena o tempo em que esteve solto o libe- eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
rado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, III - (VETADO);
novo livramento. Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:
do Ministério Público, mediante representação do Conse- I - a regressão do regime;
lho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado. II - a revogação da autorização de saída temporária;
III - (VETADO);
Comentário: Acerca do presente artigo, é preciso ilus- IV - (VETADO);
trar que o liberado deverá sempre ser ouvido antes da re- V - (VETADO);
vogação do livramento condicional. VI - a revogação da prisão domiciliar;
VII - advertência, por escrito, para todos os casos em
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério que o juiz da execução decida não aplicar alguma das me-
Público, da Defensoria Pública ou mediante representação didas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo.
do Conselho Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá

18
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revo- SEÇÃO II


gada: Da Prestação de Serviços à Comunidade
I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que Art. 149. Caberá ao Juiz da execução:
estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta gra- I - designar a entidade ou programa comunitário ou
ve. estatal, devidamente credenciado ou convencionado, junto
ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de
Comentários aos artigos 146 B, 146 C e 146 D: Os acordo com as suas aptidões;
artigos aqui tratados, dispõe acerca da monitoração ele- II - determinar a intimação do condenado, cientifican-
trônica. do-o da entidade, dias e horário em que deverá cumprir a
O juiz da execução poderá sentenciar a fiscalização por pena;
meio eletrônico nas hipóteses de autorização à saída tem- III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às
porária no regime semiaberto e na prisão domiciliar. modificações ocorridas na jornada de trabalho.
Frise- se que a utilização do monitoramento eletrônico
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais
requer cuidados e deveres pelo apenado, devendo receber
e será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em
visitas do servidor responsável pela monitoração eletrôni-
dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de
ca, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações
e não remover, violar, modificar ou violar o dispositivo e trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz.
nem permitir que outra pessoa o faça. § 2º A execução terá início a partir da data do primeiro
O artigo 146-D traz em seu contexto os casos de revo- comparecimento.
gação da sentença que determina a utilização do monito-
ramento eletrônico nas hipóteses em se tornar desneces- Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de
sário ou inadequado ou se o acusado ou condenado violar serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução,
os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou, relatório circunstanciado das atividades do condenado,
ainda, quando cometer falta grave. bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausên-
Ilustre-se a importância do monitoramento eletrônico cia ou falta disciplinar.
não só como ferramenta de segurança pública, mas tam-
bém pela redução de custos aos cofres do Estado com a SEÇÃO III
manutenção do condenado. Da Limitação de Fim de Semana

CAPÍTULO II Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a inti-


Das Penas Restritivas de Direitos mação do condenado, cientificando-o do local, dias e ho-
SEÇÃO I rário em que deverá cumprir a pena.
Disposições Gerais Parágrafo único. A execução terá início a partir da data
do primeiro comparecimento.
Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou
a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, du-
ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a exe- rante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou atri-
cução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, buídas atividades educativas.
a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a parti- Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
culares. contra a mulher, o juiz poderá determinar o compareci-
mento obrigatório do agressor a programas de recupera-
Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz,
ção e reeducação.
motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das pe-
nas de prestação de serviços à comunidade e de limitação
de fim de semana, ajustando-as às condições pessoais do Art. 153. O estabelecimento designado encaminhará,
condenado e às características do estabelecimento, da en- mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim
tidade ou do programa comunitário ou estatal. comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta discipli-
nar do condenado.
Comentário aos artigos 147 e 148: O presente Ca-
pítulo trata das penas restritivas de direito. É imprescindí- SEÇÃO IV
vel ilustrar recente decisão do Superior Tribunal de Justiça Da Interdição Temporária de Direitos
(STJ), que suspendeu a execução de pena restritiva de direi-
tos antes do trânsito em julgado da condenação – e deferiu Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à auto-
o pedido de liminar em habeas corpus HC 431242. Frise-se ridade competente a pena aplicada, determinada a intima-
que embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha deci- ção do condenado.
dido pela viabilidade da execução antecipada da pena após § 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47,
condenação em segunda instância, essa possibilidade não inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte
se estende às penas restritivas de direitos, tendo em vista o e quatro) horas, contadas do recebimento do ofício, baixar
artigo 147 da Lei de Execução Penal (LEP). ato, a partir do qual a execução terá seu início.

19
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

§ 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do § 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar
Código Penal, o Juízo da execução determinará a apreensão imediatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais,
dos documentos, que autorizam o exercício do direito qualquer fato capaz de acarretar a revogação do benefício,
interditado. a prorrogação do prazo ou a modificação das condições.
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
Art. 155. A autoridade deverá comunicar imediatamen- feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do
te ao Juiz da execução o descumprimento da pena. local da nova residência, aos quais o primeiro deverá
Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo apresentar-se imediatamente.
poderá ser feita por qualquer prejudicado.
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for
concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as condi-
Comentários aos artigos 154 e 155: Interdição tem-
ções do benefício.
porária de direitos, consiste na proibição do exercício de § 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal
cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato modificar as condições estabelecidas na sentença recorrida.
eletivo; proibição do exercício de profissão, atividade ou § 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional
ofício que dependam de habilitação, de licença ou autori- da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução a
zação do poder público e a suspensão de autorização de incumbência de estabelecer as condições do benefício, e,
habilitação para dirigir veículo em qualquer caso, a de realizar a audiência admonitória.

CAPÍTULO III Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenató-


Da Suspensão Condicional ria, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o
das consequências de nova infração penal e do descumpri-
Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 mento das condições impostas.
(dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com
liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma prevista
prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer injustifica-
nos artigos 77 a 82 do Código Penal. damente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem
efeito e será executada imediatamente a pena.
Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar
pena privativa de liberdade, na situação determinada no Art. 162. A revogação da suspensão condicional da
artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, so- pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão na
bre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a de- forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Código Pe-
negue. nal.

Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará as Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com
condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo fi- a nota de suspensão em livro especial do Juízo a que cou-
xado, começando este a correr da audiência prevista no ber a execução da pena.
artigo 160 desta Lei. § 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o
fato averbado à margem do registro.
§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situação
§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para
pessoal do condenado, devendo ser incluída entre as
efeito de informações requisitadas por órgão judiciário ou
mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou limitação pelo Ministério Público, para instruir processo penal.
de fim de semana, salvo hipótese do artigo 78, § 2º, do
Código Penal. Comentários aos artigos 156 a 163: O Sursis ou Sus-
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a pensão Condicional da Pena, é aplicada à execução da
requerimento do Ministério Público ou mediante proposta pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
do Conselho Penitenciário, modificar as condições e regras podendo ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde
estabelecidas na sentença, ouvido o condenado. que: o condenado não seja reincidente em crime doloso; a
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e persona-
reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal lidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias
por normas supletivas, será atribuída a serviço social autorizem a concessão do benefício; e não seja indicada ou
penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou cabível a substituição por penas restritivas de direitos.
instituição beneficiada com a prestação de serviços,
CAPÍTULO IV
inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério
Da Pena de Multa
Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por
ato, a falta das normas supletivas. Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à com trânsito em julgado, que valerá como título executivo
entidade fiscalizadora, para comprovar a observância das judicial, o Ministério Público requererá, em autos aparta-
condições a que está sujeito, comunicará, também, a sua dos, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez)
ocupação e os salários ou proventos de que vive. dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora.

20
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, § 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de


ou o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à liberdade ou obtiver livramento condicional, sem haver
penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos termos deste
execução. Capítulo.
§ 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior § 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos
execução seguirão o que dispuser a lei processual civil. casos em que for concedida a suspensão condicional da
pena.
Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos
apartados serão remetidos ao Juízo Cível para prossegui- TÍTULO VI
mento. Da Execução das Medidas de Segurança
CAPÍTULO I
Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-á Disposições Gerais
prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164, desta
Lei. Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar
medida de segurança, será ordenada a expedição de guia
Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa para a execução.
quando sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52
do Código Penal). Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Cus-
tódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamen-
Comentário: Pena de multa e superveniência de doen- to ambulatorial, para cumprimento de medida de seguran-
ça mental (art. 167 da Lep c/c o art. 52 do CP): A execução ça, sem a guia expedida pela autoridade judiciária.
da pena de multa ficará suspensa
Comentário aos 171 e 172: Início da execução da me-
Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da didas de segurança: Com o trânsito em julgado da senten-
multa se efetue mediante desconto no vencimento ou sa- ça, a expedição da “Guia” de internamento ou tratamento
lário do condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º, do ambulatorial e o início da medida.
Código Penal, observando-se o seguinte:
I - o limite máximo do desconto mensal será o da quar- Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento am-
ta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo; bulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas
II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida à au-
quem de direito; toridade administrativa incumbida da execução e conterá:
III - o responsável pelo desconto será intimado a reco- I - a qualificação do agente e o número do registro
lher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância geral do órgão oficial de identificação;
determinada. II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver
aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do
Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o ar- trânsito em julgado;
tigo 164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o III - a data em que terminará o prazo mínimo de inter-
pagamento da multa em prestações mensais, iguais e su- nação, ou do tratamento ambulatorial;
cessivas. IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis
§ 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar ao adequado tratamento ou internamento.
diligências para verificar a real situação econômica do § 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de
condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número recolhimento e de sujeição a tratamento.
de prestações. § 2° A guia será retificada sempre que sobrevier
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de modificações quanto ao prazo de execução.
situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, revogará o benefício executando-se a Comentário: Requisitos da “Guia de internamento” ou
multa, na forma prevista neste Capítulo, ou prosseguindo- “Guia de tratamento ambulatorial” (incisos do art. 173 da
se na execução já iniciada. Lep):
A qualificação do agente e o número do registro geral
Comentário: O condenado poderá requerer ao juiz o do órgão oficial de identificação;
pagamento da multa em prestações mensais no prazo de O inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver
10 dias. aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do
trânsito em julgado;
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumu- A data em que terminará o prazo mínimo de interna-
lativamente com pena privativa da liberdade, enquanto ção, ou do tratamento ambulatorial;
esta estiver sendo executada, poderá aquela ser cobrada Outras peças do processo reputadas indispensáveis ao
mediante desconto na remuneração do condenado (artigo adequado tratamento ou internamento.
168).

21
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de se- Os artigos tratam também das espécies de medidas de
gurança, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e segurança com Internação em Hospital de custódia e tra-
9° desta Lei. tamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento
adequado e tratamento ambulatorial em hospital de cus-
CAPÍTULO II tódia e tratamento psiquiátrico ou em outro local com de-
Da Cessação da Periculosidade pendência adequada.

Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada TÍTULO VII


no fim do prazo mínimo de duração da medida de segu- Dos Incidentes de Execução
rança, pelo exame das condições pessoais do agente, ob- CAPÍTULO I
servando-se o seguinte: Das Conversões
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de
expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2
ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos,
revogação ou permanência da medida; desde que:
II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico; I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as dili- II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto)
gências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Públi- da pena;
co e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para III - os antecedentes e a personalidade do condenado
cada um; indiquem ser a conversão recomendável.
IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente
que não o tiver; Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do arti-
das partes, poderá determinar novas diligências, ainda que go 45 e seus incisos do Código Penal.
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade
expirado o prazo de duração mínima da medida de segu-
será convertida quando o condenado:
rança;
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que
sabido, ou desatender a intimação por edital;
se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou
prazo de 5 (cinco) dias.
programa em que deva prestar serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço
Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do
que lhe foi imposto;
prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá
d) praticar falta grave;
o Juiz da execução, diante de requerimento fundamenta- e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa
do do Ministério Público ou do interessado, seu procura- de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
dor ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a § 2º A pena de limitação de fim de semana será
cessação da periculosidade, procedendo-se nos termos do convertida quando o condenado não comparecer ao
artigo anterior. estabelecimento designado para o cumprimento da pena,
recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou
Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a se ocorrer qualquer das hipóteses das letras «a», «d» e «e»
cessação da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for do parágrafo anterior.
aplicável, o disposto no artigo anterior. § 3º A pena de interdição temporária de direitos será
convertida quando o condenado exercer, injustificadamente,
Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de libe- o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses
ração (artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o dis- das letras «a» e «e», do § 1º, deste artigo.
posto nos artigos 132 e 133 desta Lei.
Art. 182. (Revogado)
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expe-
dirá ordem para a desinternação ou a liberação. Art. 183. Quando, no curso da execução da pena pri-
vativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturba-
Comentário aos artigos 171 a 179: Sistema “vicarian- ção da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do
te” ou “unitário, aplica-se somente uma das sanções, pena Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade
ao imputável ou medida de segurança ao inimputável, administrativa, poderá determinar a substituição da pena
obrigatoriamente, ou ao semi-imputável, facultativamente por medida de segurança.
e em substituição à pena quando o acusado necessitar de
especial tratamento curativo. Comentário: O juiz poderá determinar a substituição
As medidas de segurança têm caráter exclusivamente da pena por medida de segurança, no caso do aparecimen-
preventivo e assistencial, aplicadas em decorrência da peri- to de doença mental.
culosidade do agente.

22
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser conver- mento deste depois da prisão, emitindo seu parecer sobre
tido em internação se o agente revelar incompatibilidade o mérito do pedido e esclarecendo qualquer formalidade
com a medida. ou circunstâncias omitidas na petição.
Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de
internação será de 1 (um) ano. Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com do-
cumentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição
Comentário: O presente artigo trata da conversão do será submetida a despacho do Presidente da República, a
tratamento ambulatorial em internação em hospital de quem serão presentes os autos do processo ou a certidão
custódia e tratamento psiquiátrico pelo prazo mínimo de de qualquer de suas peças, se ele o determinar.
um ano. Este ocorrerá caso o agente revele incompatibili-
dade com a medida, como p.ex., deixar de comparecer ao Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos có-
tratamento prescrito e revele periculosidade. pia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará
a execução aos termos do decreto, no caso de comutação.
CAPÍTULO II
Do Excesso ou Desvio Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto
coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado,
Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sem- do Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho Peni-
pre que algum ato for praticado além dos limites fixados na tenciário ou da autoridade administrativa, providenciará de
sentença, em normas legais ou regulamentares. acordo com o disposto no artigo anterior.

Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou des- Comentário aos artigos 187 a 193: A Anistia é me-
vio de execução: dida de interesse coletivo, em regra inspirada por motivos
I - o Ministério Público; políticos, concedida pelo Congresso Nacional, atendendo
II - o Conselho Penitenciário; pedido de parte interessada (art. 48, VIII, da CF);
III - o sentenciado; O indulto é denominado ato de clemência do Poder
IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal. Público de competência exclusiva do Presidente da Repú-
blica (art. 84, XII da CF) em favor de um réu condenado (in-
Comentários aos artigos 185 e 186: Direitos preser- dulto individual) ou de natureza coletiva (indulto coletivo),
vados ao condenado e ao internado: O condenado tem o quando abrange vários condenados, desde que satisfeitos
direito de cumprir sua pena, tal como lhe foi imposta, no os requisitos do decreto presidencial.
regime fixado e pelo prazo determinado. Quem possui legitimidade para requerer a anistia ou
Haverá excesso quando ocorre violação de direito do indulto é o condenado; o Ministério Público; o Conselho
sentenciado e desvio quando ela se afasta dos parâmetros Penitenciário; ou a autoridade administrativa.
legais estabelecidos. O artigo 186 traz os legitimados para
suscitar o excesso ou desvio de execução. TÍTULO VIII
Do Procedimento Judicial
CAPÍTULO III
Da Anistia e do Indulto Art. 194. O procedimento correspondente às situações
previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante
Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a reque- o Juízo da execução.
rimento do interessado ou do Ministério Público, por pro-
posta da autoridade administrativa ou do Conselho Peni-
tenciário, declarará extinta a punibilidade. Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício,
a requerimento do Ministério Público, do interessado, de
Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descen-
petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, dente, mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou,
do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrati- ainda, da autoridade administrativa.
va.
Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-
Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos do- -se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Público,
cumentos que a instruírem, será entregue ao Conselho Pe- quando não figurem como requerentes da medida.
nitenciário, para a elaboração de parecer e posterior enca- § 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz
minhamento ao Ministério da Justiça. decidirá de plano, em igual prazo.
§ 2º Entendendo indispensável a realização de prova
Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos pericial ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a
do processo e do prontuário, promoverá as diligências que produção daquela ou na audiência designada.
entender necessárias e fará, em relatório, a narração do ilí-
cito penal e dos fundamentos da sentença condenatória, a Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá re-
exposição dos antecedentes do condenado e do procedi- curso de agravo, sem efeito suspensivo.

23
LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Comentário aos artigos 194 a 197: Será competente § 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades
para execução penal o juiz indicado na lei de organização Federativas, em convênio com o Ministério da Justiça,
judiciária local e, na sua ausência, o da sentença conde- projetar a adaptação, construção e equipamento de
natória, salvo cumprimento da pena em local diverso da estabelecimentos e serviços penais previstos nesta Lei.
condenação. § 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser
O procedimento judicial perante o juízo da execução providenciada a aquisição ou desapropriação de prédios
penal será iniciado de ofício, a requerimento do Ministé- para instalação de casas de albergados.
rio Público; do interessado; de quem o represente; de seu § 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo poderá
cônjuge; parente ou descendente; mediante proposta do ser ampliado, por ato do Conselho Nacional de Política
Conselho Penitenciário; ou, da autoridade administrativa. Criminal e Penitenciária, mediante justificada solicitação,
Frise-se que a portaria ou petição será autuada ouvin- instruída com os projetos de reforma ou de construção de
do-se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Pú- estabelecimentos.
blico, quando não figurem como requerentes da medida. § 4º O descumprimento injustificado dos deveres
O procedimento judicial previsto na execução penal terá estabelecidos para as Unidades Federativas implicará na
início pela autuação da portaria ou petição. O Recurso ca- suspensão de qualquer ajuda financeira a elas destinada
bível das decisões proferidas pelo Juiz da execução penal pela União, para atender às despesas de execução das pe-
será o recurso de agravo no prazo de cinco dias, sem efeito nas e medidas de segurança.
suspensivo, com o processamento do recurso em sentido
estrito. Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente
com a lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, revo-
TÍTULO IX gadas as disposições em contrário, especialmente a Lei nº
Das Disposições Finais e Transitórias 3.274, de 2 de outubro de 1957.

Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execu- Brasília, 11 de julho de 1984; 163º da Independência e
ção penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência que 96º da República.
perturbe a segurança e a disciplina dos estabelecimentos, JOÃO FIGUEIREDO
bem como exponha o preso à inconveniente notoriedade, Ibrahim Abi-Ackel
durante o cumprimento da pena.

Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por


decreto federal.

Art. 200. O condenado por crime político não está obri-


gado ao trabalho.

Comentário: Não haverá obrigatoriedade ao trabalho


para o condenado por crime político.

Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o


cumprimento da prisão civil e da prisão administrativa se
efetivará em seção especial da Cadeia Pública.

Comentário: Inexistindo estabelecimento para cum-


primento das referidas prisões civis e administrativas, as
mesmas serão realizadas em Cadeia Pública.

Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da


folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por auto-
ridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia
ou referência à condenação, salvo para instruir processo
pela prática de nova infração penal ou outros casos expres-
sos em lei.

Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da publi-


cação desta Lei, serão editadas as normas complementares
ou regulamentares, necessárias à eficácia dos dispositivos
não autoaplicáveis.

24
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Capítulos I, II e IX; Título III: Capítulos I e II; Título IV: Capítulos I, II, III, V, VI; Títulos V: Capítulo Único Título VII; Título VIII:
Capítulos I e II; Título IX: Capítulos I, II, IV, V; Títulos X: Capítulos I, II e III; Títulos XII.................................................................. 01
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

III - nas autarquias e fundações públicas, por com-


CAPÍTULOS I, II E IX; TÍTULO III: CAPÍTULOS petência do seu dirigente superior.
I E II; TÍTULO IV: CAPÍTULOS I, II, III, V, VI; Art. 10 A investidura em cargo público ocorrerá com a
TÍTULOS V: CAPÍTULO ÚNICO TÍTULO VII; posse, completando-se com o exercício.
TÍTULO VIII: CAPÍTULOS I E II; TÍTULO IX: Seção II
CAPÍTULOS I, II, IV, V; TÍTULOS X: CAPÍTULOS Da Função Gratificada
I, II E III; TÍTULOS XII.
Art. 11 Função gratificada é o encargo de chefia ou ou-
tro que a lei determinar, cometido a servidor público efeti-
vo, mediante designação.
CAPÍTULOS I, II E IX; Parágrafo único - No âmbito do Poder Executivo, são
Capítulo I competentes para a expedição dos atos de designação
Das Disposições Gerais para funções gratificadas os Secretários de Estado, au-
Seção I toridades de nível equivalente e dirigentes superiores de
Do Provimento autarquias e fundações públicas e, nos demais Poderes, a
autoridade definida em seus regimentos.
Art. 4º Os cargos públicos podem ser de provimento
efetivo e em comissão. Capítulo II Da Nomeação
Art. 5º A investidura em cargo público de provimento Seção I
efetivo depende de aprovação prévia em concurso público Das Disposições Gerais
de provas ou de provas e títulos.
Art. 6º São requisitos básicos para o ingresso no servi- Art. 12 A nomeação far-se-á:
ço público: I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de
I - nacionalidade brasileira ou equiparada; carreira;
II - quitação com as obrigações militares e eleitorais; II - em comissão, para cargo de confiança, de livre
III - idade mínima de dezoito anos; nomeação e exoneração.
IV - sanidade física e mental comprovada em inspeção Parágrafo único - Na nomeação para cargo em comis-
médica oficial; são, dar-se-á preferência ao servidor público efetivo ocu-
V - atendimento às condições especiais previstas em lei pante de cargo de carreira técnica ou profissional, atendi-
para determinadas carreiras. dos os requisitos definidos em lei.
Art. 7º À pessoa portadora de deficiência é assegurado Art. 13 A nomeação para cargo efetivo dar-se-á no iní-
o direito de se inscrever em concurso público para provi- cio da carreira, atendidos os pré-requisitos e a prévia habi-
mento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com litação em concurso público de prova ou de provas e títu-
sua deficiência. los na forma do art. 5º, obedecida a ordem de classificação
Parágrafo único - Os editais para abertura de concur- e o prazo de sua validade.
sos públicos de Provas ou de Provas e Títulos reservarão Parágrafo único - Os demais requisitos para o ingresso
percentual de até 20% (vinte por cento) das vagas dos car- e o desenvolvimento do servidor público na carreira serão
gos públicos para candidatos portadores de deficiência. estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes dos planos de
(Redação dada pela LC nº 97/97 - D.O.E. 16/05/97). carreiras e de vencimentos na administração pública esta-
Redação anterior: dual e por seu regulamento.
Parágrafo único - Os editais para abertura de concur-
sos públicos de provas ou de provas e títulos reservarão Seção II
Do Concurso Público
percentual de até cinco por cento das vagas dos cargos
públicos para candidatos portadores de deficiência.”
Art. 14 Os concursos públicos serão de provas ou
Art. 8º Os cargos públicos são providos por:
de provas e títulos, complementados, quando exigido,
I - nomeação;
por frequência obrigatória em programa específico de
II - ascensão; (declarada a inconstitucionalidade pela
formação inicial, observadas as condições prescritas em lei
Adin nº 1345-9, Plenário, 20.09.95 - DJ 25.04.2003).
e regulamento.
III - aproveitamento; Parágrafo único - O concurso público terá validade de
IV - reintegração; até dois anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
V - recondução; igual período.
VI - reversão. Art. 15 O prazo de validade do concurso, o número de
Art. 9º Os atos de provimento dos cargos far-se-ão: cargos vagos, os requisitos para inscrição dos candidatos,
I - na administração direta do Poder Executivo o dis- e as condições de sua realização serão fixados em edital.
posto nos incisos I, IV, V e VI do artigo anterior, por com- § 1º - No âmbito da administração direta do Poder
petência do Governador do Estado e, os demais, do Secre- Executivo, os concursos públicos serão realizados pela
tário de Estado responsável pela administração de pessoal; Secretaria de Estado responsável pela administração de
II - nos Poderes Legislativo e Judiciário, por competência da pessoal, salvo disposição em contrário prevista em lei
autoridade definida em seus respectivos regimentos; específica.

1
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 2º - Nas autarquias e fundações públicas, os concursos § 6º - Só poderá ser empossado aquele que, em
públicos serão realizados pelas próprias entidades sob a inspeção médica oficial, for julgado apto física e mental-
supervisão e acompanhamento da Secretaria de Estado mente para o exercício do cargo.
responsável pela administração de pessoal. § 7º - O prazo para posse em cargo de carreira, de
§ 3º - É assegurada ao sindicato ou, na falta deste, à concursado investido em mandato eletivo, ou licenciado,
entidade representativa de servidores públicos, a indicação será contado a partir do término do impedimento, exceto
de um membro para integrar as comissões responsáveis no caso de licença para tratar de interesses particulares ou
pela realização de concursos. por motivo de deslocamento do cônjuge, quando a posse
§ 4º - (Aplicabilidade suspensa pela Adin nº 1568-1, deverá ocorrer no prazo previsto no § 4º.
Plenário, 26.05.97 § 8º - A posse será formalizada, no âmbito do Poder
Redação Anterior: Executivo:
§ 4º - A inscrição para concurso público destinado ao a) na secretaria responsável pela administração de pes-
provimento de cargos nos órgãos da administração direta, soal, quando se tratar de cargo de provimento efetivo da
indireta ou fundacional do estado do Espírito Santo, não administração direta;
terá custo superior a vinte por cento do salário mínimo b) nos demais órgãos, quando se tratar de cargo de
e será gratuita para quem esteja desempregado ou não provimento em comissão;
possuir renda familiar superior a dois salários mínimos, c) nas autarquias e fundações públicas, quanto aos
comprovadamente. (Parágrafo inserido pela LC nº 66/95, seus respectivos cargos.
- D.O.E. 14/11/200) . § 9º - Nos demais Poderes a posse será formalizada no
respectivo setor de pessoal.
Seção III § 10 - Será tornada sem efeito a nomeação, quando a
Da Posse posse não se verificar no prazo legal.

Art. 16 Posse é o ato de aceitação expressa das atribui- Seção IV Do Exercício


ções, deveres e responsabilidades inerentes ao cargo pú-
blico, com o compromisso de bem-servir, formalizado com Art. 17 Exercício é o efetivo desempenho, pelo servidor
a assinatura do termo próprio pelo empossando ou por público, das atribuições de seu cargo.
seu representante especialmente constituído para este fim. § 1º - É de quinze dias o prazo para o servidor público
§ 1º - Só haverá posse no caso de provimento de cargo entrar em exercício, contados da data da posse, quando
por nomeação na forma do art. 12. esta for exigida, ou da publicação do ato, nos demais casos.
§ 2º - No ato da posse, o empossando apresentará, § 2º - Ao responsável pela unidade administrativa
obrigatoriamente, declaração de bens e valores que onde o servidor público tenha sido alocado ou localizado
constituem seu patrimônio, e os demais documentos e compete dar-lhe exercício.
informações previstos em lei específica, regulamento ou § 3º - Não ocorrendo o exercício no prazo previsto no
edital do concurso. (Redação dada pela LC nº 880/2017 – § 1º, o servidor público será exonerado.
DOE 27.12.2017). Art. 18 Ao entrar em exercício, o servidor público apre-
Redação anterior: sentará ao órgão competente os elementos necessários ao
§ 2º - No ato da posse, o empossando apresentará, seu assentamento individual, à regularização de sua inscri-
obrigatoriamente, declaração dos bens e valores que ção no órgão previdenciário do Estado e ao cadastramento
constituem seu patrimônio. no PIS/PASEP.
NOTA: (LC nº 191/2000- Declarada sua inconstitucio- Art. 19 O início, a interrupção e o reinício do exercício
nalidade pela a ADIN n.º 2.420-5 - Penário: 3.3.2005, D.O.U. serão registrados nos assentamentos individuais do servi-
11.3.2005. Redação dada pela LC nº 191/2000 dor público.
§ 2º - No ato da posse, o empossado apresentará, obri-
gatoriamente, os seguintes documentos: Seção V
I - declaração dos bens e valores que constituem seu Da Jornada de Trabalho e da Frequência ao Serviço
patrimônio;
II - certidão negativa criminal; Art. 20 A jornada normal de trabalho do servidor públi-
III - atestado de bons antecedentes. co estadual será definida nos respectivos planos de carrei-
§ 3º - É requisito para posse a declaração do ras e de vencimentos, não podendo ultrapassar quarenta e
empossando de que exerce ou não outro cargo, emprego quatro horas semanais, nem oito horas diárias, excetuan-
ou função pública. do- se o regime de turnos, facultada a compensação de
§ 4º - A posse verificar-se-á no prazo de até trinta dias horário e a redução da jornada mediante acordo coletivo
contados da publicação do ato de nomeação. de trabalho.
§ 5º - A requerimento do interessado ou de seu § 1º - A jornada normal de trabalho será de oito horas
representante legal, o prazo para a posse poderá ser diárias para o exercício de cargo em comissão ou de função
prorrogado pela autoridade competente, até o máximo de gratificada, exigindo-se do seu ocupante dedicação inte-
trinta dias a contar do término do prazo de que trata o gral ao serviço. (Parágrafo incluído pela LC nº 880/2017 –
parágrafo anterior. DOE 27.12.2017).

2
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 2º - A jornada dos servidores públicos estaduais do Art. 28 A fixação do horário de trabalho do servidor
Poder Executivo em regime de teletrabalho equivalerá ao público será feita pela autoridade competente, podendo
cumprimento das metas de desempenho estabelecidas. ser alterada por conveniência da administração.
(Parágrafo incluído pela LC nº 880/2017 – DOE 27.12.2017). Art. 29 O servidor público perderá:
Art. 21 Poderá haver prorrogação da duração normal I - a remuneração do dia em que faltar injustificada-
do trabalho, por necessidade do serviço ou por motivo de mente ao serviço ou deixar de participar do programa de
força maior. formação, especialização ou aperfeiçoamento em horário
§ 1º - A prorrogação de que trata este artigo, será de expediente;
remunerada na forma do art. 101 e não poderá exceder II - um terço do vencimento diário, quando compare-
o limite de duas horas diárias, salvo nos casos de jornada cer ao serviço dentro da hora seguinte à marcada para o
especial ou regime de turnos. início dos trabalhos ou quando se retirar dentro da hora
§ 2º - Em situações excepcionais e de necessidade anterior à fixada para o término do expediente, computan-
imediata as horas que excederem a jornada normal serão do- se nesse horário a compensação a que se refere o art.
compensadas pela correspondente diminuição em dias
26, parágrafo único;
subsequentes.
III - o vencimento correspondente a um dia, quando o
Art. 22 Atendida a conveniência do serviço, ao servidor
comparecimento ao serviço ultrapassar o horário previsto
público que seja estudante, será concedido horário espe-
no inciso anterior;
cial de trabalho, sem prejuízo de sua remuneração e de-
mais vantagens, observadas as seguintes condições: IV - um terço da remuneração durante os afastamen-
I - comprovação da incompatibilidade dos horários tos por motivo de prisão em flagrante ou decisão judicial
das aulas e do serviço, mediante atestado fornecido pela provisória, com direito à diferença, se absolvido a final.
instituição de ensino onde esteja matriculado; § 1º - O servidor público que for afastado em virtude
II - apresentação de atestado de frequência mensal, de condenação por sentença definitiva, a pena que não
fornecido pela instituição de ensino. resulte em demissão ou perda do cargo, terá suspensa a
Parágrafo único - O horário especial a que se refere sua remuneração e seus dependentes passarão a perceber
este artigo importará compensação da jornada normal auxílio- reclusão, na forma definida no art. 219.
com a prestação de serviço em horário antecipado ou pror- § 2º - No caso de falta injustificada ao serviço os dias
rogado, ou no período correspondente às férias escolares. imediatamente anteriores e posteriores aos sábados,
Art. 23 Entre duas jornadas de trabalho haverá um pe- domingos e feriados ou aqueles entre eles intercalados
ríodo mínimo de onze horas consecutivas para descanso. serão também computados como falta.
Art. 24 Nos serviços permanentes de datilografia, digi- § 3º - Na hipótese de não-comparecimento do servidor
tação, operações de telex, escriturações ou cálculo, a cada público ao serviço ou escala de plantão, o número total de
período de noventa minutos de trabalho consecutivo cor- faltas abrangerá, para todos os efeitos legais, o período
responderá um repouso de dez minutos não deduzidos da destinado ao descanso.
duração normal do trabalho. Art. 30 Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor pú-
Art. 25 A frequência do servidor público será apurada blico ausentar-se do serviço:
por meio de registros a serem definidos pela administra- I - por um dia, para apresentação obrigatória em ór-
ção, pelos quais se verificarão, diariamente, as entradas e gão militar;
saídas, excetuando-se aqueles servidores que atuam em II - por um dia, a cada três meses, para doação de
regime de teletrabalho, aplicando-se a estes o previsto na sangue;
Lei Complementar específica que trata desta matéria. (Re- III - até oito dias consecutivos, por motivo de casa-
dação dada pela LC nº 874/2017 – DOE 15.12.2017).
mento;
Art. 26 O registro de frequência deverá ser efetuado
IV - por cinco dias consecutivos, por motivo de faleci-
dentro do horário determinado para o início do expediente,
mento do cônjuge, companheiro, pais, filhos, irmãos;
com uma tolerância máxima de quinze minutos, no limite
V - pelos dias necessários à:
de uma vez por semana e no máximo três ao mês, salvo em
relação aos cargos em comissão ou funções gratificadas, a) realização de provas ou exames finais, quando
cuja frequência obedecerá ao que dispuser o regulamento. estudante matriculado em estabelecimento de ensino ofi-
Parágrafo único - O atraso no registro da frequência, cial ou reconhecido;
com a utilização da tolerância prevista neste artigo, terá b) participação de júri e outros serviços obrigatórios
que ser obrigatoriamente compensado no mesmo dia. por lei;
Art. 27 Compete ao chefe imediato do servidor público c) prestação de concurso público.
o controle e a fiscalização de sua frequência, sob pena de Art. 31 Em qualquer das hipóteses previstas no artigo
responsabilidade funcional e perda de confiança, passível anterior caberá ao servidor público comprovar, perante a
de exoneração ou dispensa. chefia imediata, o motivo da ausência.
Parágrafo único - A falta de registro de frequência ou Art. 32 Pelo não-comparecimento do servidor público
a prática de ações que visem à sua burla, pelo servidor ao serviço, para tratar de assuntos de seu interesse pessoal,
público, implicarão adoção obrigatória, pela chefia serão abonadas até seis faltas, em cada ano civil, desde que
imediata, das providências necessárias à aplicação da pena o mesmo não tenha, no exercício anterior, nenhuma falta
disciplinar cabível. injustificada.

3
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 1º - Os abonos não poderão ser acumulados, devendo Parágrafo único - Na hipótese do servidor público
sua utilização ocorrer, no máximo, uma vez a cada mês, encontrar-se afastado pelos motivos previstos no art. 30
respeitado o limite anual previsto neste artigo. ou licença prevista no art. 122, I a IV e X, o prazo a que
§ 2º - A comunicação das faltas será feita se refere este artigo será contado a partir do término do
antecipadamente, salvo motivo relevante devidamente afastamento.
comprovado. Art. 37 Ao servidor público estudante que for localiza-
do ex officio e a seus dependentes, é assegurada na locali-
Seção VI dade de nova residência ou na mais próxima, matrícula em
Da Lotação e da Localização instituição de ensino público em qualquer época, indepen-
dentemente de vaga.
Art. 33 Os servidores públicos dos Poderes Legislativo Parágrafo único - Não havendo, na nova localidade,
e Judiciário e das autarquias e fundações públicas serão lo- instituição de ensino público ou o curso frequentado pelo
tados nos referidos órgãos ou entidades, e a localização ca- servidor público ou por seus dependentes, o Estado arcará
berá à autoridade competente de cada órgão ou entidade. com o ônus do ensino, em estabelecimento particular, na
§ 1º - O servidor público da administração direta
mesma localidade.
do Poder Executivo será lotado na Secretaria de Estado
responsável pela administração de pessoal, onde ficarão
Seção VII
centralizados todos os cargos, ressalvados os casos
Do Estágio Probatório
previstos em lei.
§ 2º - A Secretaria de Estado referida no parágrafo
anterior alocará às demais secretarias e órgãos de hierar- Art. 38 Estágio probatório é o período de 3 (três) anos
quia equivalente os servidores públicos necessários à exe- em que o servidor público nomeado para cargo de pro-
cução dos seus serviços, passando os mesmos a ter neles vimento efetivo ficará em avaliação, a contar da data do
o seu exercício. início de seu exercício e, durante o qual, serão apuradas
§ 3º - As autarquias e fundações públicas referidas sua aptidão e capacidade para permanecer no exercício do
neste artigo informarão permanentemente à Secretaria cargo. (Redação dada pela LC nº 500, de 26.10.2009 – DOE
de Estado responsável pela administração de pessoal as de 29.10.2009).
alterações de seus respectivos quadros. § 1º Ficam os Poderes do Estado autorizados a
Art. 34 A mudança de um para outro setor da mes- regulamentar a matéria e a instituir Comissão de Avaliação
ma Secretaria de Estado, em localidade diversa ou não da de Estágio Probatório.
anterior, será promovida pela autoridade competente de § 2º O servidor público, ao ser investido em novo
cada órgão ou entidade em que o servidor público tenha cargo de provimento efetivo, não estará dispensado do
sido alocado, mediante ato de localização publicado no cumprimento integral do período de 3 (três) anos de
Diário Oficial do Estado. estágio probatório no novo cargo.
Art. 35 A localização do servidor público dar-se-á: § 3º Na hipótese de acumulação legal, o estágio
I - a pedido; probatório deverá ser cumprido em relação a cada cargo
II - de ofício. para o qual o servidor público tenha sido nomeado.
§ 1º - A localização por permuta será processada à vista Redação Anterior: Art. 38 Estágio probatório é o perío-
do pedido conjunto dos interessados, desde que ocupantes do inicial de até dois anos de efetivo exercício do servidor
do mesmo cargo. público nomeado em virtude de concurso público, quando
§ 2º - Se de ofício e fundada na necessidade de pessoal, a sua aptidão e capacidade para permanecer no cargo se-
a escolha da localização recairá, preferencialmente, sobre o rão objeto de avaliação.
servidor público: Parágrafo único - O servidor público estadual já está-
a) de menor tempo de serviço;
vel ficará sujeito ao estágio probatório, quando nomeado
b) residente em localidade mais próxima;
ou ascendido para outro cargo, por período de seis meses,
c) menos idoso.
durante o qual o cargo de origem não poderá ser provido.
§ 3º - É vedada, de ofício, a localização de servidor
Art. 39 Durante o período de estágio probatório será
público:
I - licenciado para atividade política, no período entre observado, pelo servidor público, o cumprimento dos
o registro da candidatura perante a Justiça Eleitoral e o dia seguintes requisitos, a serem disciplinados em regula-
seguinte ao do resultado oficial da eleição; mento: (Redação dada pela LC nº 500, de 26.10.2009 – DOE
II - investido em mandato eletivo, desde a expedição de 29.10.2009).
do diploma até o término do mandato; I - idoneidade moral e ética;
III - à disposição de entidade de classe. II - disciplina;
Art. 36 Quando a assunção de exercício implicar mu- III - dedicação ao serviço;
dança de localidade, o servidor público fará jus a um pe- IV - eficiência.
ríodo de trânsito de até oito dias exceto se a mudança for 1º Os requisitos, de que trata o caput deste artigo, se-
para Municípios integrantes da Região Metropolitana da rão avaliados semestralmente, conforme procedimento a
Grande Vitória. ser estabelecido em regulamento.

4
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 2º A qualquer tempo, e antes do término do § 5º - É assegurada a participação do sindicato e, na


período de cumprimento do estágio probatório, se o falta deste, das entidades de classe representativas dos
servidor público deixar de atender a um dos requisitos diversos segmentos de servidores públicos no comitê
estabelecidos neste artigo, as chefias mediata e imediata, técnico, conforme dispuser o regulamento.
em relatório circunstanciado, informarão o fato à Comissão Art. 41 Durante o cumprimento do estágio probató-
de Avaliação para, em processo sumário, promover a rio, o servidor que se afastar do cargo terá o cômputo
averiguação necessária, assegurando-se em qualquer do período de avaliação suspenso enquanto perdurar o
hipótese, o direito de ampla defesa. afastamento, exceto nas seguintes hipóteses, nas quais
Redação Anterior: Art. 39 Durante o período de estágio não haverá suspensão: (Redação dada pela LC nº 500, de
probatório será observado, pelo servidor público, o cum- 26.10.2009 – DOE de 29.10.2009).
primento dos seguintes requisitos: I - nos casos dos afastamentos previstos no artigo 30,
I - assiduidade; incisos I, II, III, IV e V, alíneas “a” e “b”, e artigo 57;
II - pontualidade; II - por motivo das licenças previstas no artigo 122, in-
III - disciplina, salvo em relação a falta punível com de- cisos I e II, por até 60 (sessenta) dias, e nos incisos III e
missão; X; (Redação dada pela LC nº 854, de 11.5.2017 – DOE de
IV - produtividade; 12.5.2017).
V - responsabilidade. III - nos casos de exercício de cargo de provimento em
§ 1º - Os requisitos do estágio probatório serão aferidos comissão ou de função gratificada, no âmbito do Poder Pú-
em instrumento próprio a ser preenchido pela chefia blico Estadual.
imediata do servidor, conforme dispuser o regulamento. Parágrafo único. Ao servidor público em estágio
§ 2º - Na hipótese de acumulação legal, o estágio probatório não serão concedidas as licenças previstas no
probatório deverá ser cumprido em relação a cada cargo artigo 122, V e VIII.
para o qual o servidor público tenha sido nomeado. Redação Anterior dada pela LC nº 80/96 - D.O.E.
Art. 40 Será exonerado o servidor em estágio probató- 1.3.1996:
rio que, no período de cumprimento do estágio, apresentar Art. 41 A qualquer tempo, e antes do término do pe-
qualquer das seguintes situações: (Redação dada pela LC ríodo do estágio probatório, se o servidor público deixar
nº 500, de 26.10.2009 – DOE de 29.10.2009). de atender a um dos requisitos estabelecidos no art. 39, a
I - não atingir o desempenho mínimo estipulado em chefia imediata, em relatório circunstanciado, denunciará o
regulamento; fato ao comitê técnico para, em processo sumário, promo-
II - incorrer em mais de 30 (trinta) faltas, não justifica- ver a averiguação necessária, assegurando-se em qualquer
das e consecutivas ou a mais de 40 (quarenta) faltas não
hipótese, o direito da defesa.
justificadas, interpoladamente, durante o período de 12
Art. 42 A avaliação final do servidor em estágio pro-
(doze) meses;
batório será homologada, no âmbito do Poder Executivo,
III - sentença penal condenatória irrecorrível.
pelo Secretário de cada Pasta, na Administração Direta, e
§ 1º - A avaliação do servidor público em estágio
pelo dirigente máximo de cada entidade, na Administra-
probatório será promovida nos prazos estabelecidos em
ção Indireta, dela dando-se ciência ao servidor interessa-
regimento pela chefia imediata, que a submeterá à chefia
do. (Redação dada pela LC nº 500, de 26.10.2009 – DOE de
mediata.
Redação Anterior original: 29.10.2009).
§ 1º - A avaliação final do servidor público será § 1º Caberá aos Poderes Legislativo e Judiciário
promovida pela chefia imediata, que a submeterá à chefia estabelecer a autoridade competente para a homologação
mediata e decido os seguintes da avaliação final do servidor em estágio probatório
I - no décimo oitavo mês do estágio probatório, em se pertencente aos seus respectivos quadros.
tratando de primeira investidura em cargo público § 2º Das avaliações funcionais do servidor caberá
estadual recurso dirigido à Comissão de Avaliação, no prazo de 15
II - no quarto mês do estágio probatório, em se tratan- (quinze) dias consecutivos, excluindo-se o dia do início e
do de estagiário já servidor público estável. incluindo-se o dia do vencimento, a contar da ciência do
§ 2º - As conclusões das chefias imediata e mediata servidor em estágio probatório.
serão apreciadas, em caráter final, por um comitê técnico, § 3º O recurso deverá ser instruído com as provas em
especialmente criado para esse fim. que se baseia o servidor em estágio probatório interessado
§ 3º - Caso as conclusões das chefias sejam pela em obter a reforma da avaliação funcional, sendo-lhe
exoneração do servidor público, ou pela sua recondução ao assegurado o contraditório e a ampla defesa.
cargo anteriormente ocupado, a autoridade competente, § 4º O recurso da avaliação funcional do servidor em
antes da decisão final, concederá ao servidor público um estágio probatório deverá ser concluído no prazo de 15
prazo de quinze dias para a apresentação de sua defesa. (quinze) dias consecutivos, excluindo-se o dia do início e
§ 4º - Pronunciando-se pela exoneração do servidor incluindo-se o dia do vencimento, admitida apenas 1 (uma)
público, o comitê técnico encaminhará o processo à prorrogação por igual prazo, em face de circunstâncias ex-
autoridade competente, no máximo, até trinta dias antes cepcionais, devidamente justificadas.
de findar o prazo do estágio probatório, para a edição do
ato correspondente.

5
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Redação Anterior: Art. 54-A - A cessão de servidor público de um para


outro Poder ou órgão independente do próprio Esta-
Art. 42 Durante o período de cumprimento do estágio do somente poderá ocorrer para o exercício de cargo de
probatório, o servidor público não poderá afastar-se do provimento em comissão ou função de confiança, desde
cargo para qualquer fim exceto: que sem ônus para o cedente, pelo prazo de até 05 (cin-
I - para o exercício de cargo em comissão, função gra- co) anos, prorrogável a critério do Governador, salvo situa-
tificada ou de direção de entidades vinculadas ao poder ções específicas em lei. (Art. incluído pela LC nº 715 - DOE
público estadual; 16.10.2013).
II - nos casos de licença previstas no art. 122, II, III e X; Art. 55 - Revogado (pela LC nº 222, art. 26 - DOE
28.12.2001)
III - nos casos de licença previstas no art. 122, I e IV, por Redação anterior:
prazo de até noventa dias. Art. 56 O servidor público que tenha sido colocado à
disposição de órgão estranho à administração pública es-
Seção VIII tadual apenas poderá afastar-se novamente do cargo, com
Da Estabilidade a mesma finalidade ou para gozar licença para o trato de
interesses particulares, após prestar serviços ao Estado por
Art. 43 O servidor habilitado em concurso público e período igual ao do afastamento.
empossado em cargo de provimento efetivo adquire es- Art. 57 É permitido ao servidor público estadual au-
tabilidade no serviço público ao completar 3 (três) anos sentar-se da repartição em que tenha exercício, sem perda
de efetivo exercício. (Redação dada pela LC nº 500, de de seus vencimentos e vantagens, mediante autorização
26.10.2009 – DOE de 29.10.2009). expressa da autoridade competente de cada Poder, para:
Parágrafo único - Revogado pela LC nº 500, de (Redação dada pela LC nº 80 - DOE 1.3.1996).
26.10.2009 – DOE de 29.10.2009). Redação anterior:
Art. 44 O servidor público estável só perderá o cargo Art. 57 - É permitido ao servidor público efetivo au-
em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou sentar-se da repartição em que tenha exercício, sem perda
de processo administrativo-disciplinar em que lhe seja as- de seus vencimentos e vantagens, mediante autorização
segurada ampla defesa. expressa da autoridade competente de cada Poder, para:
I - participar de congressos e outros certames cul-
turais, técnicos,
Capítulo IX
científicos ou desportivos;
Dos Afastamentos
II - cumprir missão de interesse do serviço;
III - frequentar curso de aperfeiçoamento, atualização
Art. 53 O servidor público não poderá servir fora da re-
ou especialização que se relacione com as atribuições do
partição em que for lotado ou estiver alocado, salvo quan-
cargo efetivo de que seja titular.
do autorizado, para fim determinado e por prazo certo, por
§ 1º - O afastamento para participar de competições
autoridade competente. desportivas só se dará quando se tratar de representação
Art. 54 - O servidor público poderá ser cedido aos do Estado ou do Brasil em competições oficiais.
Governos da União, de outros Estados, dos Territórios, do § 2º - O afastamento para cumprimento de missão
Distrito Federal ou dos Municípios para exercer cargo de de interesse do serviço fica condicionado à iniciativa da
provimento em comissão ou função de confiança, desde administração, justificada, em cada caso, a sua necessidade.
que sem ônus para o Estado, pelo prazo de até 05 (cinco) § 3º - No caso do inciso III, o servidor público fica
anos, prorrogável a critério do Governador, salvo situações obrigado a permanecer a serviço do Estado, após a
especificadas em lei. (Redação dada pela LC nº 715 - DOE conclusão do curso pelo prazo correspondente ao
16.10.2013). período de afastamento, sob pena de restituir, em valores
§ 1º - Findo o prazo da cessão, o servidor público atualizados ao Tesouro do Estado o que tiver recebido a
retornará ao seu lugar de origem, sob pena de incorrer em qualquer título se renunciar ao cargo antes desse prazo.
abandono de cargo. (Redação dada pela LC nº 715 § 4º - Não será permitido o afastamento referido no
- DOE 16.10.2013). inciso III a ocupante de cargo em comissão.
§ 2º - O servidor público poderá ser cedido, desde Art. 58 Ao servidor público em exercício de mandato
que sem ônus para o Estado, ainda que esteja em estágio eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
probatório, para acompanhar cônjuge ou companheiro, I - tratando-se de mandato eletivo federal ou estadual,
também servidor público civil ou militar, de qualquer dos ficará afastado de seu cargo efetivo;
Poderes ou órgãos independentes da União, dos Estados, do II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
Distrito Federal e dos Municípios, que tenha sido nomeado cargo efetivo, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
para provimento de cargo efetivo, desde que a relação ração;
conjugal tenha sido estabelecida antes da nomeação. III - investido no mandato de Vereador, havendo com-
(Redação dada pela LC nº 715 - DOE 16.10.2013). patibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu car-
§ 3º - A cessão prevista no § 2º deste artigo suspenderá go efetivo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo,
o cômputo do período de avaliação do estágio probatório. e não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do
(Redação dada pela LC nº 715 - DOE 16.10.2013). inciso anterior;

6
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o Parágrafo único - A reposição de que trata este artigo
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será não será procedida quando a exoneração decorrer da no-
contado para todos os efeitos legais, exceto para promo- meação para outro cargo público estadual.
ção por merecimento; Art. 65 Para exonerar, são competentes as autoridades
V - para efeito de benefício previdenciário, nos casos dirigentes dos órgãos ou entidades referidos no art. 16, §§
de afastamento, os valores de contribuição serão determi- 8º e 9º, salvo delegação de competência.
nados como se o servidor público em exercício estivesse.
TÍTULO IV: CAPÍTULOS I, II, III, V, VI;
Art. 59 Preso preventivamente, denunciado por crime
funcional, ou condenado por crime inafiançável, em pro-
Título IV
cesso no qual não haja pronúncia, o servidor público efeti-
vo será afastado do exercício de seu cargo, até decisão final Dos Direitos e Vantagens
transitada em julgado. Capítulo I
Do Vencimento e da Remuneração
TÍTULO III: CAPÍTULOS I E II;
Art. 66 Vencimento é a retribuição pecuniária mensal
Capítulo I devida ao servidor público civil pelo efetivo exercício do
Das Disposições Gerais cargo, fixada em lei.
Art. 67 Os vencimentos do servidor público, acrescidos
Art. 60 A vacância de cargo público decorrerá de: das vantagens de caráter permanente, e os proventos são
I - exoneração; irredutíveis, observarão o princípio da isonomia, e terão
II - demissão; reajustes periódicos que preservem seu poder aquisitivo.
III - ascensão; NOTA: declarada a inconstitucionalidade § 1º - O princípio da isonomia objetiva assegurar
pela Adin nº 1345-9, Plenário, 20.09.95 - DJ 25.04.2003.
o mesmo tratamento, a equivalência e a igualdade de
IV - aposentadoria;
remuneração entre os cargos de atribuições iguais ou
V - falecimento;
VI - declaração de perda de cargo; assemelhadas.
VII - destituição de cargo em comissão. § 2º - Na avaliação da ocorrência da isonomia serão
levados em consideração a escolaridade, as atribuições tí-
Capítulo II Da Exoneração picas do cargo, a jornada de trabalho e demais requisitos
exigidos para o exercício do cargo.
Art. 61 A exoneração do servidor público dar-se-á: Art. 68 Os vencimentos dos servidores públicos dos
a) de ofício; Poderes Executivo,
b) a pedido.
§ 1º - Se de ofício, a exoneração do servidor público Legislativo e Judiciário são idênticos para cargo de atri-
efetivo será aplicada: buições iguais ou
a) quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
batório; assemelhadas, observando-se como parâmetro aque-
b) quando, tendo tomado posse, o servidor público
les atribuídos aos servidores do Poder Executivo.
não assumir o exercício do cargo no prazo previsto no art.
17, § 1º. Art. 69 Remuneração é o vencimento do cargo, acresci-
§ 2º - A exoneração de cargo em comissão dar-se-á: do das vantagens pecuniárias estabelecidas em lei.
a) a juízo da autoridade competente; Art. 70 A revisão geral da remuneração dos servido-
b) a pedido do próprio servidor público. res públicos da administração direta, das autarquias e das
Art. 62 O servidor público ocupante de cargo em co- fundações públicas far-se-á sempre na mesma data e nos
missão, se exonerado durante o período de licença mé- mesmos índices.
dica ou férias, fará jus ao recebimento da remuneração § 1º - Os vencimentos e os proventos dos servidores
respectiva, até o prazo final do afastamento. públicos estaduais deverão ser pagos até o último dia
Art. 63 O servidor público que solicitar exoneração útil do mês de trabalho, corrigindo-se os seus valores, se
deverá conservar-se em exercício, até quinze dias após a tal prazo ultrapassar o décimo dia do mês subsequente
apresentação do pedido. ao vencido, com base nos índices oficiais de variação da
Parágrafo único - Não havendo prejuízo para o serviço, economia do país. (Redação dada pela LC nº 80/96 – DOE
a critério do chefe da repartição, a permanência do servi-
1.3.2013)
dor público em exercício poderá ser dispensada.
Art. 64 Não será concedida exoneração ao servidor pú- Redação Anterior:
blico efetivo que, tendo se afastado para frequentar curso § 1º - Os vencimentos e os proventos dos servidores
especializado, não houver promovido a reposição das im- públicos estaduais deverão ser pagos até o último dia útil
portâncias recebidas, durante o período do afastamento, do mês de trabalho, corrigindo-se os seus valores, se tal
em valores atualizados, caso em que será demitido, após prazo ultrapassar o décimo dia útil do mês subsequente
trinta dias, por abandono do cargo, sendo a importância ao vencido, com base nos índices oficiais de variação da
devida inscrita em dívida ativa. economia do país.

7
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 2º - As vantagens pecuniárias devidas ao servidor Art. 75 A remuneração ou provento que o servidor pú-
público serão pagas com base nos valores vigentes no mês blico falecido tenha deixado de receber será pago ao côn-
de pagamento inclusive quanto às parcelas em atraso. juge ou companheiro sobrevivente ou à pessoa a quem o
Art. 71 Nenhum servidor público poderá perceber, alvará judicial determinar.
mensalmente, a título de remuneração ou provento, im-
portância superior à soma dos valores fixados como re- Capítulo II
muneração, em espécie, a qualquer título, por membro da Das Vantagens Pecuniárias
Assembléia Legislativa, Desembargadores e Secretários de Seção I
Estado, respectivamente, de acordo com o Poder a cujo Da Especificação
quadro de pessoal pertença, observado o disposto no art.
69. Art. 76 Juntamente com o vencimento, serão pagas ao
§ 1º - Excluem-se do teto da remuneração os adicionais servidor público as seguintes vantagens pecuniárias:
e gratificações constantes do art. 93, I, c a i, II, a, b e c, e III, I - indenização;
o décimo terceiro vencimento, as indenizações e os auxílios II - auxílios financeiros;
pecuniários previstos nesta Lei. III - gratificações e adicionais;
§ 2º - O menor vencimento atribuído aos cargos de IV - décimo terceiro vencimento.
carreira não poderá ser inferior a um trinta avos do maior § 1º - As indenizações e os auxílios financeiros não
vencimento, na forma deste artigo, incluída a gratificação se incorporam ao vencimento ou provento para qualquer
de representação, quando houver. efeito.
Art. 72 O servidor público efetivo enquanto em exercí- § 2º - As vantagens pecuniárias não serão computadas
cio de cargo em comissão deixará de perceber o vencimen- nem acumuladas para efeito de concessão de quaisquer
to ou remuneração do cargo efetivo, ressalvado o direito outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo
de opção, na forma do art. 96. título ou idêntico fundamento.
Art. 73 O vencimento, a remuneração e os proventos § 3º - As gratificações e os adicionais incorporam-
não sofrerão descontos além dos previstos em lei, nem se- se ao vencimento ou provento, nos casos e condições
rão objeto de arresto, sequestro ou penhora, salvo quando indicados em lei.
se tratar de: § 4º - Nenhuma vantagem pecuniária poderá ser
I - prestação de alimentos, resultante de decisão judi- concedida sem autorização específica na lei de diretrizes
cial; orçamentárias.
II - reposição de valores pagos indevidamente pela Fa-
zenda Pública estadual, hipótese em que o desconto será
Seção II
promovido em parcelas mensais não excedentes a vinte
Das Indenizações
por cento da remuneração, ou provento.
§ 1º - Caso os valores recebidos a maior sejam
Art. 77 Constituem indenizações ao servidor público:
superiores à cinquenta por cento da remuneração que de-
I - ajuda de custo;
veria receber, fica o servidor público obrigado a devolvê-lo
II - diária;
de uma só vez no prazo de setenta e duas horas.
III - transporte.
§ 2º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda
Pública Estadual em virtude de alcance, desfalque, remissão
Subseção I
ou omissão em efetuar recolhimentos ou entradas
nos prazos legais será feita de uma só vez, em valores Da Ajuda de Custo
atualizados.
§ 3º - O servidor público em débito com o erário, que Art. 78 A ajuda de custo é a retribuição concedida ao
for demitido, exonerado ou que tiver a sua aposentadoria servidor público estadual para compensar as despesas de
ou disponibilidade cassadas, terá o prazo de até sessenta sua mudança para novo local, em caráter permanente, no
dias, a partir da publicação do ato, para quitá-lo. interesse do serviço, pelo afastamento referido no art. 83,
§ 4º - A não-quitação do débito no prazo previsto por prazo superior a 15 (quinze) dias e pelo afastamento
no parágrafo anterior implicará sua inscrição em dívida previsto nos arts. 57, II e 128 devendo ser paga adianta-
ativa, sendo o mesmo tratamento observado nas hipóteses damente. (Redação dada pela LC nº 80/96 – DOE 1.3.2013)
previstas no § 2º. § 1º - Correrão à conta da administração pública as
Art. 74 Mediante autorização do servidor público, po- despesas com transporte do servidor público e de sua
derá haver consignação em folha de pagamento, a favor de família, inclusive um empregado.
terceiros, custeada pela entidade correspondente, a critério § 2º - Nos casos de serviço ou cumprimento de missão
da administração, na forma definida em regulamento. em outro Estado ou no estrangeiro, a ajuda de custo será
Parágrafo único - A soma das consignações facultativas paga para fazer face às despesas extraordinárias.
e compulsórias não poderá ultrapassar setenta por cento § 3º - À família do servidor público que falecer na nova
do vencimento e vantagens permanentes atribuídos ao sede são assegurados ajuda de custo e transporte para a
servidor público. localidade de origem.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Redação Anterior: § 3º - A diária também será devida ao servidor público


Art. 78 - Ajuda de custo é a retribuição concedida ao designado para participar de órgão colegiado estadual,
servidor público estadual para compensar as despesas de quando resida em localidade diversa daquela em que são
sua mudança para novo local, em caráter permanente, no realizadas as sessões do órgão, bem como ao pessoal
interesse do serviço e pelo afastamento previsto nos arts. cedido para prestar serviços ao governo estadual.
57, II e 128 devendo ser paga adiantadamente. § 4º - Não será devida diária quando o deslocamento
Art. 79 A ajuda de custo será fixada pelo Chefe do do servidor ocorrer entre os municípios da Região
Poder competente e será calculada sobre a remuneração Metropolitana da Grande Vitória (Vitória, Vila Velha, Serra,
mensal do servidor público, não podendo exceder a im- Cariacica e Viana), entre municípios limítrofes ou quando
portância correspondente a 03 (três) meses de vencimento, a distância entre as suas sedes for inferior a 150 (cento e
salvo a hipótese de cumprimento de missão no exterior. cinquenta quilômetros), salvo, neste último caso, se ocor-
(Redação dada pela LC nº 80/96 – DOE 1.3.2013). rer pernoite. (Redação dada pela LC nº 147, de 17.5.1999
Redação Anterior: – DOE de 18.5.1999).
Art. 79 - A ajuda de custo será fixada pelo chefe do Art. 84 O servidor público que receber diária e não se
Poder competente e será calculada sobre a remuneração afastar da sede, por qualquer motivo, ou o que retornar à
mensal do servidor público, não podendo exceder a impor- sede em prazo menor do que o previsto para o seu afas-
tância correspondente a 03 (três) meses de vencimentos, tamento, restituirá o valor total das diárias recebidas ou o
nem ser inferior a um, salvo a hipótese de designação para que exceder o que lhe for devido, no prazo de cinco dias, a
serviço ou cumprimento de missão no estrangeiro. contar do recebimento ou retorno, conforme o caso. (Inci-
Art. 80 Não será concedida ajuda de custo ao servidor so incluído pela LC nº 80/96 – DOE de 1.3.1996).
público que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude Art. 85 A diária será fixada com observância dos valores
de mandato eletivo, por ter sido cedido, na forma dos arts. médios de despesas com pousada e alimentação. (Redação
54, 55 e 56 ou afastado na forma do art. 57, I e III. dada pela LC nº 80/96 – DOE 1.3.1996).
Art. 81 O servidor público restituirá a ajuda de custo Parágrafo único - Na hipótese de necessidade de afas-
quando: tamento por prazo superior a 15 (quinze) dias, o servidor
I - não se transportar para a nova sede no prazo de- fará jus a ajuda de custo. (Parágrafo incluído pela LC nº
terminado; 80/96 – DOE 1.3.996).
II - pedir exoneração ou abandonar o serviço; Art. 86 Ocorrendo reajuste no valor da diária durante
III - não comprovar a participação em missão a que se o afastamento do servidor público, será este reembolsado
refere o art. 57, II; da diferença.
IV - ocorrer qualquer das hipóteses previstas no art. 84.
Parágrafo único - O servidor público não estará obriga- Subseção III
do a restituir a ajuda de custo quando seu regresso à sede Do Transporte
anterior for determinado de ofício ou decorrer de doença
comprovada na sua pessoa ou em pessoa de sua família. Art. 87 A indenização de transporte é concedida ao ser-
Art. 82 Será concedida a ajuda de custo àquele que, vidor público que utilize meio próprio de locomoção para
sendo servidor público do Estado, for nomeado para cargo execução de serviços externos, mediante apresentação de
em comissão, com mudança de domicílio. relatório.
Parágrafo único - A utilização de meio próprio de loco-
Subseção II moção depende de prévia e expressa autorização, na forma
Das Diárias definida em regulamento.

Art. 83 Ao servidor público que a serviço, se afastar do Seção III


Município onde tenha exercício regular, em caráter even- Dos Auxílios Financeiros
tual ou transitório, por período de até quinze dias, será Subseção I
concedida, além da passagem, diária para cobrir as despe- Da Especificação Art. 88 Serão concedidos ao ser-
sas com pousada e alimentação, na forma disposta em re- vidor público:
gulamento. (Redação dada pela LC nº 80/96 – DOE 1.3.996).
§ 1º - A diária será concedida por dia de afastamento, I - auxílio-transporte;
sendo também devida em valores a serem definidos em II - auxílio-alimentação;
regulamento, quando não houver pernoite, e será paga III - auxílio-creche;
adiantadamente. (Redação dada pela LC nº 80/96 – DOE IV - bolsa de estudo.
1.3.996).
§ 2º - Quando o deslocamento ocorrer para fora do Subseção II
Estado, o servidor público fará jus a uma complementação Do Auxílio-Transporte
de diária, destinada a cobrir despesas com transporte
urbano, a ser definida em regulamento. (Redação dada Art. 89 O auxílio-transporte será devido ao servidor pú-
pela LC 80/96 – DOE 1.3.996). blico ativo, na forma da lei, para pagamento das despesas
com o seu deslocamento da residência para o trabalho e

9
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

do trabalho para a residência, por um ou mais modos de III - gratificação de representação.


transporte público coletivo, computados somente os dias IV - gratificação especial de participação em comissão
trabalhados. de licitação e de pregão. (Inciso inserido pela LC nº 291,
Parágrafo único - Também fará jus ao auxílio-transporte DOE 2.7.2004).
o servidor público matriculado e que esteja frequentando § 1º - Para conceder as gratificações previstas
curso de formação ou especialização na Escola de Serviço neste artigo, exceto as referidas no inciso I, alíneas a, d e
Público ou em outro órgão público. e, são competentes:
I - na administração Direta do Poder Executivo, o Se-
Subseção III cretário responsável pela administração de pessoal;
Do Auxílio-Alimentação II - nas autarquias e fundações públicas, os respectivos
dirigentes.
Art. 90 O auxílio-alimentação será devido ao servidor § 2º - As gratificações excepcionadas no parágrafo
público ativo na forma e condições estabelecidas em re- anterior serão concedidas pelos secretários das respectivas
gulamento. pastas.
Subseção IV Do Auxílio-Creche § 3º - Nos demais Poderes é competente para
Art. 91 O auxílio-creche será devido ao servidor público concessão das gratificações e adicionais a autoridade de
ativo que possua filho em idade de zero a seis anos, em igual nível hierárquico ao de Secretário de Estado.
creche, na forma e condições estabelecidas em regulamen-
to. Subseção II
Da Gratificação por Exercício de Função Gratificada
Subseção V
Da Bolsa de Estudos Art. 94 Ao servidor público efetivo investido em função
gratificada é devida uma gratificação pelo seu exercício.
Art. 92 Fará jus a bolsa de estudos o servidor público Parágrafo único - A gratificação prevista neste artigo
regularmente matriculado em curso específico de forma- será fixada por lei e recebida concomitantemente com o
ção inicial ou curso de especialização, em qualquer nível, e vencimento ou remuneração do cargo efetivo.
em estabelecimento oficial de ensino, ou na Escola de Ser- Art. 95 Não perderá a gratificação o servidor público
viço Público do Estado do Espírito Santo, quando exigido que se ausentar em virtude de férias, luto, casamento, li-
em cargo da mesma carreira em que se encontre. cenças previstas no art. 122, I a IV e X, e serviço obrigatório
Parágrafo único - O valor e as condições de concessão por lei.
da bolsa de estudos serão fixados em regulamento.
Subseção III
Seção IV Da Gratificação por Exercício de Cargo em Comis-
Das Gratificações e Adicionais são
Subseção I Da Especificação
Art. 96 A gratificação por exercício de cargo em comis-
Art. 93 Poderão ser concedidos ao servidor público:
são será concedida ao servidor público que, investido em
I - gratificação por;
cargo de provimento em comissão, optar pelo vencimento
a) exercício de função gratificada;
do seu cargo efetivo.
b) exercício de cargo em comissão;
Parágrafo único - A gratificação a que se refere este
c) exercício de atividades em condições insalubres,
artigo corresponderá 65% (sessenta e cinco por cento) do
perigosas e penosas;
vencimento do cargo em comissão. (Redação dada pela LC
d) execução de trabalho com risco de vida;
nº 408, de 26 de Julho de 2007)
e) prestação de serviço extraordinário;
f) prestação de serviço noturno;
g) Revogado (Alínea revogada pelo Art. 7º da LC nº Subseção IV
80/96 – DOE 1.3.1996). Da Gratificação por Exercício de Atividade em Con-
Redação Anterior: dições Insalubres, Perigosas ou Penosas
g) participação como membro de banca ou comis-
são de concurso; Art. 97 O servidor público que trabalhe com habitua-
h) encargo de professor ou auxiliar em curso oficial- lidade em locais considerados insalubres ou perigosos ou
mente instituído, para treinamento e aperfeiçoamento fun- que exerça atividades penosas fará jus a uma gratificação
cional; calculada sobre o vencimento do cargo efetivo ou em co-
i) produtividade; missão que exerça.
II - adicional de: § 1º - Considera-se insalubre o trabalho realizado em
a) tempo de serviço; contato com portadores de moléstias infecto-contagiosas
b) férias; ou com substâncias tóxicas, poluentes e radioativas ou em
c) assiduidade; atividades capazes de produzir sequelas.

10
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 2º - Considera-se perigoso o trabalho realizado em § 2º - A gratificação somente será devida ao servidor


contato permanente com inflamáveis, explosivos e em público efetivo que trabalhe além da jornada normal,
setores de energia elétrica sob condições de periculosidade. vedada sua incorporação à remuneração.
§ 3º - Consideram-se penosas as atividades normalmente
cansativas ou excepcionalmente desgastantes exercidas Subseção VII
com habitualidade pelo servidor público, na forma prevista Da Gratificação por Prestação de Serviço Noturno
em regulamento.
§ 4º - As gratificações referidas neste artigo serão Art. 102 O serviço noturno será remunerado com o
fixadas em percentuais variáveis entre quinze e quarenta acréscimo de vinte e cinco por cento ao valor da hora nor-
por cento do respectivo vencimento, de acordo com o mal, considerando-se para os efeitos deste artigo, os ser-
grau de insalubridade, periculosidade ou penosidade a que viços prestados em horário compreendido entre as vinte
esteja exposto o servidor público, e que será definido em e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte.
regulamento. Parágrafo único - A hora de trabalho do serviço notur-
Art. 98 Será alterado ou suspenso o pagamento da gra- no será computada como de cinquenta e dois minutos e
tificação de insalubridade, periculosidade ou penosidade trinta segundos. (Parágrafo alterado pela LC 80/96 – DOE
durante o afastamento do efetivo exercício do cargo ou 1.3.1996).
função, exceto nos casos de férias, licenças previstas no art.
122, I, II, IV e X, casamento, luto e serviço obrigatório por Subseção VIII
lei, ou quando ocorrer a redução ou eliminação da insalu- Da Gratificação por Participação como Membro de
bridade, periculosidade ou penosidade ou forem adotadas Banca ou Comissão de Concurso
medidas de proteção contra os seus efeitos.
Art. 103 Revogado (Artigo e seus incisos revogados
Art. 99 É proibida a atribuição de trabalho em ativi-
pelo LC nº 80/96 – DOE 1.3.1996).
dades ou operações consideradas insalubres, perigosas ou
Redação anterior:
penosas à servidora pública gestante ou lactante.
Art. 103 O servidor público que for designado para in-
tegrar banca ou comissão de concurso fará jus a uma gra-
Subseção V tificação a ser fixada:
Da Gratificação por Execução de Trabalho com Ris- I - pelo Secretário de Estado responsável pela adminis-
co de Vida tração de pessoal, no âmbito do Poder Executivo;
II - pelo chefe de Poder competente nos demais casos.
Art. 100 A gratificação por execução de trabalho com
risco de vida será concedida ao servidor público que de- Subseção IX
sempenhe atribuições ou encargos em circunstâncias po- Da Gratificação por Encargo de Professor ou Auxi-
tencialmente perigosas à sua integridade física, com possi- liar em Curso Oficialmente Instituído, para Treinamen-
bilidade de dano à vida. to e Aperfeiçoamento Funcional
§ 1º - A gratificação de que trata este artigo variará
entre os limites de vinte e quarenta por cento, calculados Art. 104 A gratificação por encargo de professor ou
sobre o valor do vencimento do cargo exercido e será fixa- auxiliar em curso para treinamento e aperfeiçoamento fun-
da em regulamento. cional será devida ao servidor público que for designado
§ 2º - A gratificação por execução de trabalho com para participar como professor ou auxiliar em curso da Es-
risco de vida apenas será devida enquanto o servidor cola de Serviço Público, devendo ser fixada pelo Secretário
público execute suas atividades nas mesmas condições que de Estado responsável pela administração de pessoal.
deram causa à concessão da vantagem, mantido o direito à
percepção da mesma apenas nas ausências por motivo de Subseção X
férias, luto, casamento, licenças previstas no art. 122, I a IV Da Gratificação por Produtividade
e X, e serviço obrigatório por lei.
§ 3º - A gratificação prevista neste artigo não será Art. 105 A gratificação de produtividade só será de-
concedida ao servidor público que já estiver percebendo a vida ao ocupante de cargo efetivo, na forma e condições
gratificação constante do art. 97. definidas em Lei. (Redação dada pela LC nº 80/96 - DOE
1.3.1996).
Subseção VI Redação Anterior:
Da Gratificação por Prestação de Serviço Extraor- Art. 105 A gratificação por produtividade será devida
dinário ao ocupante de cargo efetivo, na forma e condições defini-
das em lei ou regulamento.
Art. 101 O serviço extraordinário será remunerado com
acréscimo de cinquenta por cento em relação à hora nor- Subseção XI
mal de trabalho. Do Adicional de Tempo de Serviço
§ 1º - Somente será permitido serviço extraordinário
para atender a situações excepcionais e temporárias, Art. 106 O Adicional de Tempo de Serviço, respeitado
respeitado o limite máximo de duas horas diárias, e não o disposto no art. 166, será concedido ao servidor público,
excederá cento e oitenta dias por ano. a cada 05 (cinco) anos de efetivo exercício, no percentual

11
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

de 5% (cinco por cento), limitado a 35% (trinta e cinco por Redação Anterior dada pela LC nº 92/96 - DOE
cento) e calculado sobre o valor do respectivo vencimento. 30.12.19/96: Art. 108 Após cada decênio ininterrupto de
(Caput do artigo com redação dada pela LC nº 92/96 - DOE efetivo exercício prestado à administração direta, autar-
30.12.1996). quias e fundações do Estado do Espírito Santo, o servidor
Art. 1º Para os servidores públicos nomeados até 08 de público em atividade terá direito a um adicional de assidui-
janeiro de 1997, o adicional de tempo de serviço previsto dade, em caráter.
no artigo 106 da Lei Complementar 46, de 31 de janeiro § 1º - A gratificação de assiduidade para o decênio em
de 1994, com as alterações introduzidas pela Lei Comple- curso na data de promulgação desta Lei Complementar
mentar nº 92, de 30 de dezembro de 1996, será concedido será calculada proporcionalmente e de forma mista. (§ 1º
a cada 05 (cinco) anos de efetivo exercício, limitado a 60% reinserido pela LC nº 141/99 - DOE 18.1.1999).
(sessenta por cento) e calculado sobre o vencimento básico § 2º - Para aplicação do disposto no § 1º será
do cargo, nas seguintes bases: considerado percentual de 5 % (cinco por cento) para os
I - do primeiro ao décimo quinto ano de serviço, 5% anos já trabalhados e de 2 % (dois por cento) para os anos
(cinco por cento); a serem trabalhados até a complementação do decênio. (§
II - do décimo sexto ao trigésimo ano de serviço, 10% 2º reinserido pela LC nº 141/99 - DOE 18.1.1999).
(dez por cento); Art. 109 Interrompem a contagem do tempo de ser-
III - do trigésimo primeiro ao trigésimo quinto ano de viço, para efeito de cômputo de decênio previsto no “ca-
serviço, 15% (quinze por cento). put” deste artigo, os seguintes afastamentos: (Art. 109 e
seus dispositivos com redação dada pela LC n 80/96 - DOE
Redação Anterior: 1.3.1996).
Art. 106 - O Adicional de Tempo de Serviço, respeitado I - licença para trato de interesses particulares;
o disposto no art. 166, será concedido anualmente ao ser- II - licença por motivo de deslocamento do cônjuge ou
vidor público, mediante aplicação de um percentual variá- companheiro, quando superiores a 30 (trinta) dias ininter-
vel, calculado sobre o valor do respectivo vencimento, nas ruptos ou não;
seguintes bases: III - licença por motivo de doença em pessoa da
I - do primeiro até o décimo ano de serviço, um por família, quando superiores a 30 (trinta) dias ininterruptos
cento ao ano; ou não;
II - do décimo primeiro até o décimo quinto ano de IV - licença para tratamento da própria saúde, quando
serviço, um e meio por cento ao ano; superiores a 60 (sessenta) dias, ininterruptos ou não;
III - do décimo sexto ao vigésimo ano de serviço, dois V - faltas injustificadas;
por cento ao ano; IV - do vigésimo primeiro ano em diante, VI - suspensão disciplinar, decorrente de conclusão de
dois e meio por cento ao ano, até o limite máximo de ses- processo administrativo disciplinar;
senta e cinco por cento. VII - prisão mediante sentença judicial, transitada em
Parágrafo único - Em caso de acumulação legal, o adi- julgado.
cional de tempo de serviço será devido em razão do tempo § 1º - A interrupção do exercício de que trata o “caput”
prestado em cada cargo. deste artigo, determinará o reinício da contagem do tempo
de serviço para efeito de aquisição do benefício, a contar
Subseção XII da data do término do afastamento.
Do Adicional de Férias § 2º - Excetuam-se do disposto no inciso IV deste
artigo os afastamentos decorrentes de licença por acidente
Art. 107 Por ocasião das férias do servidor público, ser- em serviço ou doença profissional e aqueles superiores a
-lhe-á devido um adicional de um terço da remuneração 60 (sessenta) dias ininterruptos de licença concedidos por
percebida no mês em que se iniciar o período de fruição. junta médica oficial.
Parágrafo único - O adicional de férias será devido § 3º - A exceção constante do parágrafo anterior
apenas uma vez em cada exercício. aplica-se à hipótese de afastamento determinado por
junta médica oficial para tratamento de doenças graves
Subseção XIII especificadas no art. 131, independente do período de
Do Adicional de Assiduidade licença concedido.
§ 4º - As licenças concedidas em decorrência de
Art. 108 Após cada decênio ininterrupto de efetivo acidente em serviço após o período no § 2º desde que
exercício prestado à administração direta, autarquias e fun- necessárias ao prosseguimento de tratamento terapêutico,
dações do Estado do Espírito Santo, o servidor público em serão consideradas como de efetivo exercício para a
atividade terá direito a um adicional de assiduidade, em concessão do adicional de assiduidade.
caráter permanente, correspondente a 2 % (dois por cento) § 5º - As licenças da natureza gravídica da servidora
do vencimento básico do cargo, respeitando o limite de 15 concedidas antes ou após a licença de gestação, serão
% (quinze por cento) com integração da mesma vantagem também consideradas como de efetivo exercício para a
concedida anteriormente sob regime jurídico diverso. (Re- concessão do adicional de assiduidade.
dação dada pela LC nº 141/99 - DOE 18.1.1999).

12
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Redação Anterior: I – concorrência ou tomada de preços - 60 (sessenta)


Art. 109 Suspenderão a contagem do tempo de serviço Valores de Referência do Tesouro Estadual - VRTEs;
para o período aquisitivo do adicional de assiduidade os II – carta convite - 40 (quarenta) VRTEs;
afastamentos decorrentes de: III – pregão;
I - licença: a) 60 (sessenta) VRTEs, quando o valor for equivalente
a) para tratamento da própria saúde; à concorrência ou tomada de preços, e
b) por motivo de doença em pessoa da família; b) 40 (quarenta) VRTEs, quando o valor for referente à
c) por motivo de deslocamento do cônjuge ou com- carta convite.
panheiro; § 1º - A gratificação prevista no “caput” deste artigo,
d) para o serviço militar obrigatório; devida aos presidentes e pregoeiros, será acrescida de 20
e) para trato de interesses particulares; % (vinte por cento).
II - prisão, mediante sentença judicial transitada em § 2º - Independente da quantidade de licitação ou
julgado. pregão realizado por mês, o pagamento da gratificação
Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se prevista no «caput» deste artigo não será inferior a 300
também aos afastamentos do servidor público para ficar (trezentos) VRTEs e não poderá ultrapassar a 550 (quinhen-
à disposição de órgão da União, de outros Estados, dos tos e cinquenta) VRTEs.
Territórios, Distrito Federal e dos Municípios, na forma do § 3º - Para fins de remuneração da gratificação instituída
art. 54. neste artigo, o número de integrantes das comissões de
Art. 110 As faltas injustificadas ao serviço, bem como as licitação e do pregão não poderá ser superior a 04 (quatro)
decorrentes de penalidades disciplinares e de suspensão, efetivos.
retardarão a concessão da assiduidade na proporção de § 4º - O membro suplente somente receberá a
sessenta dias por falta. gratificação quando formalmente designado para
Art. 111 O servidor público com direito ao adicional de substituição durante o período de férias de membro efetivo
assiduidade poderá optar pelo gozo de 3 (três) meses de da respectiva comissão ou equipe”.
férias-prêmio, na forma prevista no art.
118. (Redação dada pela LC n 80/96 - DOE 1.3.1996).
Seção V
Redação Anterior:
Do Décimo Terceiro Vencimento
Art. 111 O servidor público com direito ao adicional
de assiduidade poderá optar pelo gozo de seis meses de
Art. 114 O servidor público terá direito anualmente ao
férias-prêmio, na forma prevista no art. 118.
décimo terceiro vencimento, com base no número de me-
Art. 112 Em caso de acumulação legal, o servidor públi-
co fará jus ao adicional de assiduidade em relação a cada ses de efetivo exercício no ano, na remuneração integral
um dos cargos, isoladamente. que estiver percebendo ou no valor do provento a que o
mesmo fizer jus, conforme dispuser o regulamento. (Caput
Subseção XIV do Art. e dispositivos com redação dada pela LC nº 148 –
Da Gratificação de Representação DOE 18.5.1999)
§ 1º - O 13º vencimento será pago no mês de dezembro,
Art. 113 A gratificação de representação destina-se a proporcionalmente aos meses trabalhados, à razão de
atender às despesas extraordinárias, decorrentes de com- 1/12 (um doze avos) por mês de efetivo exercício no ano.
promissos de ordem social ou profissional inerentes a re- (Redação dada pela LC nº 880 – DOE 27.12.2017)
presentatividade de ocupantes de cargos de proeminência § 2º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será
e destaque dentro da administração pública estadual. considerada como mês integral. (Redação dada pela LC nº
§ 1º - A gratificação de que trata este artigo não poderá 880 – DOE 27.12.2017)
ser percebida cumulativamente pelo servidor público que § 3º - No mês de aniversário do servidor será efetuado
ocupe cargo efetivo e em comissão aos quais a mesma seja o pagamento de adiantamento do 13º vencimento,
atribuída, distintamente, sendo facultada, nesta hipótese, a deduzidos os valores correspondentes ao Imposto de
opção pela de maior valor. Renda e à contribuição previdenciária do servidor, os quais
§ 2º - A gratificação de representação será fixada por serão liquidados no mês de dezembro. (Redação dada pela
lei até o limite máximo de cinquenta por cento do venci- LC nº 880 – DOE 27.12.2017)
mento do cargo. § 4º - Quando a admissão do servidor ocorrer durante
o decurso do ano civil, o pagamento do 13º vencimento
Subseção XV será feito exclusivamente no mês de dezembro, na pro-
Da Gratificação Especial de Participação em Comis- porção dos meses de efetivo exercício, observada a regra
são de Licitação e de Pregão prevista no § 1º. (Parágrafo acrescido pela LC nº 880 – DOE
(Subseção inserida pela LC nº 291, DOE 2.7.2004) 27.12.2017)
§ 5º Quando o servidor se afastar do exercício do cargo,
.Art. 113-A – Aos presidentes e membros das comis- antes do recebimento do adiantamento do 13º vencimento,
sões de licitação, aos pregoeiros e aos membros das equi- o pagamento será efetuado no mês subsequente ao do
pes de pregão será atribuída uma gratificação especial, a afastamento, à razão de 1/12 (um doze avos) por mês de
ser paga mensalmente, observada a seguinte especificação efetivo exercício. (Parágrafo acrescido pela LC nº 880 – DOE
por modalidade de licitação: 27.12.2017)

13
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 6º Quando ocorrer o afastamento do exercício Redação Anterior:


do cargo, após o recebimento do adiantamento do 13º Art. 115 O servidor público fará jus, anualmente, a trin-
vencimento, o servidor restituirá ao Erário os valores ta dias de férias, que poderão ser acumuladas até o máxi-
antecipados, à razão de 1/12 (um doze avos) por mês não mo de dois períodos, no caso de necessidade do serviço,
trabalhado no ano em curso. (Parágrafo acrescido pela LC ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica.
nº 880 – DOE 27.12.2017) I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado
§ 7º São hipóteses de afastamento a que se referem os ao serviço mais de 5 (cinco) vezes;
§§ 5º e 6º: II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver
I - licenças sem vencimentos; tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;
II - afastamento para exercício de mandato eletivo; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de
15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas;
III - exoneração;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24
IV - falecimento;
(vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas.
V – aposentadoria (Parágrafo e alíneas acrescidos pela
§ 1º - Vencidos os dois períodos de férias deverá ser,
LC nº 880 – DOE 27.12.2017) obrigatoriamente, concedido um deles antes de completa-
Redação Anterior: do o terceiro período.
§ 1º - O 13º vencimento será pago no valor § 2º - Somente após completado o primeiro ano de
correspondente à remuneração percebida no mês efetivo exercício adquirirá o servidor público, o direito a
de aniversário do servidor, salvo nas hipóteses a gozar férias. (§ 2º com redação dada pela LC nº 148 – DOE
seguir enumeradas, quando o pagamento será feito 18.5.1999)
proporcionalmente aos meses trabalhados e no mês de Redação Anterior:
afastamento, à razão de 1/12 (um doze avos) por mês de § 2º - Somente depois do primeiro ano de exercício
efetivo exercício no ano correspondente e desde que o adquirirá o servidor público direito a férias.
benefício ainda não lhe tenha sido pago: § 3º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta
I - afastamento por motivo de licença para o trato de ao serviço.
interesses particulares; § 4º - As férias observarão a escala previamente
II - afastamento para acompanhamento do cônjuge publicada, não sendo permitido o afastamento, em um só
também servidor, quando sem vencimentos; mês, de mais de um terço dos servidores públicos de cada
III - afastamento para o exercício de mandato eletivo; setor.
IV - exoneração antes do recebimento do 13º venci- § 5º - Nos caso de afastamento para mandatos eletivos,
serão considerados como de férias os períodos de recesso.
mento;
§ 6º - O servidor público afastado em mandato classista
V - falecimento;
deverá observar, com relação às férias, o disposto neste
VI - aposentadoria. artigo.
§ 2º - O servidor exonerado após receber o 13º § 7º - O período referência, para apurar as faltas
vencimento, restituirá ao erário público, os meses não previstas nos incisos I a IV deste artigo, será o ano civil
trabalhados, a razão de 1/12 (um doze avos). anterior ao ano que corresponde o direito as férias. (§ 7º
§ 3º - No caso de posse e exercício do servidor durante com redação dada pela LC nº 148 – DOE 18.5.1999)
o decurso do ano civil, o pagamento do 13º vencimento Redação Anterior:
será feito excepcionalmente no mês de dezembro, § 7º - As férias gozadas conforme referido nos §§ 5º e 6º,
proporcionalmente aos meses de efetivo exercício, deverão ser comunicadas ao órgão de pessoal competente,
observada a mesma regra prevista nos §§ 1º e 2º deste para efeito de registro nos assentamentos funcionais do
artigo. servidor público.
Redação Anterior: § 8º - A exoneração de servidor com períodos de
Art. 114 Será pago anualmente ao servidor público o férias completos ou incompletos determinará um cálculo
décimo terceiro vencimento com base na remuneração in- proporcional, à razão de 1/12 (um doze avos) por mês: (§ 8º
tegral que estiver percebendo ou no valor do provento a e alíneas incluídos pela LC nº 148 – DOE 18.5.1999)
que o mesmo fizer jus, conforme dispuser o regulamento. a) para indenização do servidor, na hipótese das férias
não terem sido gozadas;
b) para ressarcimento ao erário público, na hipótese
Capítulo III Das Férias
das férias terem sido gozadas sem ter completado período
aquisitivo.
Art. 115 O servidor público terá direito anualmente ao
§ 9º - O servidor perderá o direito ao gozo ou
gozo de um período de férias por ano de efetivo exercício, indenização das férias, que não atender o limite disposto
que poderão ser acumuladas até o máximo de dois pe- no § 1º deste artigo. (§ 9º incluído pela LC nº 148 – DOE
ríodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as 18.5.1999)
hipóteses em que haja legislação específica, na seguinte § 10 - Aplica-se ao servidor, no ano em que se der a sua
proporção: (Caput do Art. com redação dada pela LC nº aposentadoria, o disposto nos §§ 8º e 9º deste artigo. (§ 10
148 – DOE 18.5.1999) incluído pela LC nº 148 – DOE 18.5.1999)

14
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 11 - As férias somente poderão ser interrompidas § 3º - As licenças previstas nos incisos V a X serão
por motivo de calamidade pública, convocação para júri, concedidas, no âmbito de cada Poder e, pela autoridade
serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço responsável pela administração de pessoal.
declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. § 4º - A licença prevista no inciso IV deste artigo, somente
(§ 11 incluído pela LC nº 148 – DOE 18.5.1999) será concedida ao servidor ocupante exclusivamente de
§ 12 - O período de férias interrompido será gozado cargo de provimento em comissão pelo prazo máximo
de uma só vez, observando o disposto no artigo 115. (§ 12 de 15 (quinze) dias. (Redação dada pela LC nº 880 – DOE
incluído pela LC nº 148 – DOE 18.5.1999) 27.12.2017)
§ 13 - As férias regulamentares de servidores públicos Art. 123 Finda a licença, o servidor público deverá reas-
cônjuges poderão ser usufruídas no mesmo mês, desde sumir imediatamente o exercício do cargo, salvo prorroga-
que requeridas, ainda que os servidores estejam lotados ção por determinação constante de laudo médico.
em órgãos distintos da Administração Pública Estadual, § 1º - A prorrogação dar-se-á de ofício ou a pedido.
e que não tragam prejuízos para o funcionamento da
§ 2º - O pedido de prorrogação deverá ser apresentado
máquina administrativa. (§ 13 incluído pela LC nº 792 – DOE
antes de findo o prazo da licença.
18.11.2014).
§ 3º - Caso seja indeferido o pedido de prorrogação
§ 14 - As férias regulamentares de servidores públicos
da licença, o servidor público terá considerados como
poderão ser fracionadas para serem gozadas em dois
de licença para trato de interesses particulares os dias a
períodos de 15 (quinze) dias cada, a pedido do servidor e descoberto.
no interesse da administração pública. (§ 13 incluído pela Art. 124 O servidor público que se encontrar fora do
LC nº 792 – DOE 18.11.2014). Estado deverá, para fins de concessão ou prorrogação de
Art. 116 Os afastamentos por motivo de licença para licença, dirigir-se à autoridade a que estiver subordinado
o trato de interesses particulares e para frequentar cursos diretamente, juntando laudo médico do serviço oficial de
com duração superior a doze meses, suspendem o período saúde do local em que se encontre e indicando o seu en-
aquisitivo para efeito de férias, reiniciando-se a contagem dereço.
a partir do retorno do servidor público. Parágrafo único - A licença concedida na forma deste
Art. 117 O servidor público que opere direta e perma- artigo não poderá ser superior a trinta dias nem prorrogá-
nentemente com Raios X e substâncias radioativas goza- vel por mais de duas vezes.
rá, obrigatoriamente, vinte dias consecutivos de férias, por Art. 125 O servidor público licenciado na forma do art.
semestre de atividade profissional, proibida, em qualquer 122, I, II, III e IV, não poderá dedicar-se a qualquer atividade
hipótese, a acumulação. de que aufira vantagem pecuniária, sob pena de cassação
imediata da licença, com perda total da remuneração, até
Capítulo V que reassuma o exercício do cargo.
Das Licenças Art. 126 Em se tratando de licença para tratamento da
Seção I própria saúde, de ocupante de dois cargos públicos em re-
Das Disposições Gerais gime de acumulação legal, a licença poderá ser concedida
em apenas um deles, quando o motivo prender-se, exclusi-
Art. 122 Conceder-se-á licença ao servidor público em vamente, ao exercício de um dos cargos.
decorrência de: Art. 127 O servidor público em licença médica, não será
I - tratamento da própria saúde; obrigado a interrompê-la em decorrência dos atos de pro-
II - acidente em serviço ou doença profissional; vimento de que trata o art. 8º.
III - gestação, à lactação e adoção; Art. 128 Ao licenciado para tratamento de saúde que
se deslocar do Estado para outro ponto do território nacio-
IV - motivo de doença em pessoa da família;
nal, por exigência de laudo médico oficial, será concedido
V - motivo de deslocamento do cônjuge ou compa-
transporte, por conta do Estado, inclusive para uma pessoa
nheiro;
da família.
VI - serviço militar obrigatório;
VII - atividade política; Seção II
VIII - trato de interesses particulares e licença es- Da Licença para Tratamento da Própria Saúde
pecial; (Inciso com redação dada pela LC nº 137- DOE
13.1.1999). Art. 129 A licença para tratamento da própria saúde
IX - desempenho de mandato classista; será concedida a pedido ou de ofício, com base em perí-
X - paternidade. cia médica, sem prejuízo da remuneração a que o servidor
§ 1º As licenças previstas nos incisos V, VI, VII, VIII e IX público fizer jus.
não se aplicam aos ocupantes exclusivamente de cargos Art. 130 As inspeções médicas para concessão de licen-
em comissão. (§ 1º com redação dada pela LC nº 80 – DOE ças serão feitas:
1.3.1996). I - pela unidade central de perícias médicas, para as
§ 2º - As licenças previstas nos incisos I, II, III e IV serão licenças por qualquer período e em prorrogação;
concedidas pelo setor de perícias médicas. II - pelas unidades regionais de saúde, para:

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

a) licença por prazo de até trinta dias; I - lesão corporal;


b) licença para gestação. II - perturbação física que possa vir a causar a morte;
§ 1º - Sempre que necessário, a inspeção médica III - perda ou redução permanente ou temporária da
realizar-se-á na residência do servidor público ou no capacidade para o trabalho.
estabelecimento hospitalar onde este se encontrar § 1º - Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
internado. a) decorrente de agressão sofrida e não provocada
§ 2º - Não sendo possível a realização de inspeção pelo servidor público no exercício de suas atribuições, in-
médica na forma prevista neste artigo e no parágrafo clusive quando em viagem para o desempenho de missão
anterior, as licenças poderão ser concedidas com base oficial ou objeto de serviço;
em laudo de outros médicos oficiais ou de entidades b) sofrido no percurso da residência para o trabalho e
conveniadas. vice-versa;
§ 3º - Inexistindo, no local, médico de órgão oficial, c) sofrido no percurso para o local de refeição ou de
será aceito laudo passado por médico particular, o qual só volta dele, no intervalo do trabalho.
produzirá efeitos depois de homologado pelo setor com-
§ 2º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica
petente.
ao acidente sofrido pelo servidor público que, por interesse
§ 4º - O laudo fornecido por cirurgião-dentista, dentro
pessoal, tenha interrompido ou alterado o percurso.
de sua especialidade, equipara-se a laudo médico, para os
efeitos desta Lei. Art. 134 A prova do acidente será feita em processo
§ 5º - A concessão de licença superior a trinta dias regular, devidamente instruído, inclusive acompanhado de
dependerá sempre de inspeção por junta médica oficial. declaração das testemunhas do fato, cabendo ao órgão
§ 6º - É lícito ao servidor público licenciado para médico de pessoal descrever circunstanciadamente o es-
tratamento de saúde desistir do restante da mesma, caso tado geral do acidentado, mencionando as lesões produzi-
se julgue em condições de reassumir o exercício do cargo, das e, bem assim, as possíveis consequências que poderão
devendo, para isso, submeter-se previamente à inspeção de advir do acidente.
saúde procedida pela unidade central de perícias médicas Parágrafo único - Cabe à chefia imediata do servidor
ou pelas unidades regionais. público adotar as providências necessárias para dar início
§ 7º - O servidor público não poderá permanecer ao processo regular de que trata este artigo, no primeiro
em licença para tratamento da própria saúde por prazo dia útil seguinte ao fato ocorrido. (Redação dada pela LC nº
superior a vinte e quatro meses, sendo aposentado a 880 – DOE 27.12.2017)
seguir, na forma da lei, se julgado inválido. Art. 135 O tratamento do acidentado em serviço cor-
§ 8º - O período necessário à inspeção médica será rerá por conta dos Cofres do Estado ou de instituição de
considerado, excepcionalmente, como de prorrogação assistência social, mediante acordo com o Estado.
de licença, sempre que ultrapassar o prazo previsto no Art. 136 Entende-se por doença profissional aque-
parágrafo anterior. la que possa ser considerada consequente das condições
Art. 131 Ao servidor público acometido de tuberculo- inerentes ao serviço ou a fatos nele ocorridos, devendo o
se ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira ou laudo médico estabelecer-lhe a rigorosa caracterização.
visão reduzida, hansenismo, psicose epiléptica, paralisia ir-
reversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Pa- Seção IV
rkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, Da Licença por Gestação, Lactação e Adoção
estado avançado de Paget, osteíte deformante, síndrome
de imunodeficiência adquirida (SIDA ou AIDS) ou outros Art. 137 Será concedida licença remunerada à servido-
que vierem a ser definidos em lei com base na medicina
ra pública gestante por 180 (cento e oitenta) dias consecu-
especializada, será concedido até dois anos de licença,
tivos, mediante inspeção médica, sem prejuízo da remune-
quando a inspeção não concluir pela necessidade imediata
ração. (Redação dada pela LC nº 855, de 15.5.2017 – D.O.E.
de aposentadoria.
17.5.2017). (...).” (NR)
Art. 132 O atestado médico ou laudo da junta médica
nenhuma referência fará ao nome ou à natureza da doença Redação Anterior:
de que sofre o servidor público, salvo em se tratando de le- Art. 137 Será concedida licença à servidora pública efe-
sões produzidas por acidente em serviço, doença profissio- tiva, gestante, por 180 (cento e oitenta) dias consecutivos,
nal ou qualquer das moléstias referidas no artigo anterior. mediante inspeção médica, sem prejuízo da remunera-
ção. Redação dada pela LC nº 418 de 20.11.2007 – D.O.E.
Seção III 21.11.2007)
Da Licença por Acidente em Serviço ou Doença § 1º - A licença poderá ser concedida a partir do
Profissional primeiro dia do nono mês de gestação, salvo antecipação
por prescrição médica.
Art. 133 Considera-se acidente em serviço o dano físico § 2º - No caso de nascimento prematuro, a licença terá
ou mental sofrido pelo servidor público que se relacione início a partir do dia do parto.
mediata ou imediatamente com o exercício das atribuições § 3º - No caso de natimorto, decorridos trinta dias do
inerentes ao cargo, provocando uma das seguintes situa- evento, a servidora pública será submetida a exame médico
ções: e, se julgada apta, reassumirá o exercício.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 4º - No caso de aborto não criminoso, atestado por Seção VI


médico oficial ou particular, a servidora pública terá direito Da Licença por Motivo de Deslocamento do Cônju-
a trinta dias de licença. ge ou Companheiro
Art. 138 Para amamentar o próprio filho, até a idade
de seis meses, a servidora pública lactante terá direito, du- Art. 143 Será concedida licença ao servidor público
rante a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que efetivo para acompanhar cônjuge ou companheiro, tam-
poderá ser parcelada em dois períodos, de meia hora cada. bém servidor público efetivo, que for deslocado para servir
Parágrafo único - A servidora pública lactante deverá em outro ponto do território estadual, ou fora deste, inclu-
submeter-se mensalmente a inspeção médica oficial, para sive para o exterior, ou, ainda, quando eleito para exercício
fins de obtenção do competente laudo médico pericial re- de mandato eletivo ou nomeado para cargo público que
lativo ao aleitamento. implique transferência de residência.
Art. 139 Aos servidores públicos que adotarem ou ob- § 1º - A licença dependerá de requerimento
tiverem a guarda judicial de criança serão concedidos 180
devidamente instruído e será concedida pelo prazo de até
(cento e oitenta) dias de licença remunerada, para ajusta-
quatro anos e sem remuneração.
mento do adotado ao novo lar. (Redação dada pela LC nº
§ 2º - Existindo no novo local, repartição do serviço
855, de 15.5.2017 – D.O.E. 17.5.2017).
Parágrafo único - Quando ocorrer a adoção ou guarda público estadual em que possa exercer o seu cargo, o
judicial por casal, em que ambos sejam servidores públicos, servidor público efetivo será nela localizado e nela terá
somente um servidor terá direito à licença. (Redação dada exercício enquanto ali durar a permanência de seu cônjuge
pela LC nº 855, de 15.5.2017 – D.O.E. 17.5.2017). ou companheiro.
Art. 140 A licença prevista no art. 139 será concedida § 3º - Finda a causa da licença, o servidor público
no âmbito de cada Poder, pela autoridade responsável pela efetivo deverá reassumir o exercício dentro de trinta dias,
administração de pessoal, a requerimento da interessada, sob pena de ficar incurso em abandono de cargo.
mediante prova fornecida pelo juiz competente. § 4º - Caberá ao dirigente de cada Poder e aos dirigentes
Art. 141 Fica garantida à servidora pública enquanto dos órgãos da administração indireta a concessão da
gestante, mudança de atribuições ou funções, nos casos licença de que trata este artigo.
em que houver recomendação médica oficial, sem prejuízo
de seus vencimentos e demais vantagens do cargo. Seção VII
Parágrafo único - Após o parto e término da licença à Da Licença para o Serviço Militar Obrigatório
gestante, a servidora pública retornará às atribuições do
seu cargo, independentemente de ato. Art. 144 Ao servidor público efetivo que for convoca-
do para o serviço militar obrigatório e outros encargos da
Seção V segurança nacional, será concedida licença com remune-
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da ração, na forma e condições previstas na legislação espe-
Família cífica.
§ 1º - A licença será concedida à vista de documento
Art. 142 O servidor público efetivo poderá obter licen- oficial que prove a incorporação.
ça por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, fi-
lhos, pais e irmãos, mediante comprovação médica, desde § 2º - Concluído o serviço militar obrigatório, o servidor
que prove ser indispensável a sua assistência pessoal e que público efetivo terá o prazo de quinze dias para reassumir
esta não possa ser prestada simultaneamente com o exer-
o exercício do cargo.
cício do cargo.
§ 3º - A licença de que trata este artigo será concedida
§ 1º - A comprovação da necessidade de
acompanhamento do doente pelo servidor público será pelo dirigente de cada Poder, ou por dirigente de autarquia
feita através do serviço social. ou fundação pública.
§ 2º - A licença será concedida:
a) com remuneração integral, até um ano; Seção VIII
b) com redução de um terço, após este prazo até o Da Licença para Atividade Política
vigésimo quarto mês;
c) a partir do vigésimo quarto mês, sem remuneração. Art. 145 O servidor público terá direito à licença quan-
§ 3º - Não se considera assistência pessoal a do candidato a cargo eletivo, na forma e condições previs-
representação pelo servidor público dos interesses tas na legislação específica.
econômicos ou comerciais do doente. Parágrafo único - A licença prevista neste artigo será
§ 4º - Em qualquer hipótese, a licença prevista neste concedida por ato da autoridade competente e comunica-
artigo será obrigatoriamente renovada de três em três da ao setor de pessoal do órgão ou entidade para fins de
meses. assentamentos funcionais.
§ 5º - Em casos especiais, poderá ser dispensada a
ida do doente ao órgão médico de pessoal do Estado,
aceitando-se laudo fornecido por outra instituição médica
oficial da União, de outro Estado ou dos Municípios, ou
entidades sediadas fora do País.

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Seção IX § 9º - Nos Poderes Legislativo e Judiciário, a licença


Da Licença para Trato de Interesses Particulares e de que trata este artigo será concedida pela autoridade
Licença Especial indicada em seus respectivos regulamentos.
(Redação dada pela LC nº137/99 – DOE 13.1.1999). § 10 - A inobservância da exigência contida no § 6º
Redação anterior: implicará interrupção da licença.
Da Licença para Trato de Interesses Particulares. § 11 - A requerimento do interessado e observada a
conveniência administrativa, poderá ser concedida ao ser-
Art. 146 A critério da administração, poderá ser con- vidor público estável, detentor do cargo efetivo, licença
cedido ao servidor público estável licença para o trato de especial remunerada pelo prazo de 04 (quatro) anos. (§ 11
interesses particulares, sem remuneração, pelo prazo máxi- incluído pela LC nº 137/1999 – DOE 13.01.1999)
mo de até dez anos. (Caput do art. 146 com redação dada § 12 - O servidor licenciado através de licença especial
pela LC nº 208/01- DOE 24.8.2001). perceberá: (§ 12 incluído pela LC nº 137/1999 – DOE
Redação Anterior dada pela LC nº157/99 - DOE 13.01.1999)
28.6.1999): a) no primeiro ano de afastamento 30% (trinta por
Art. 146 A critério da Administração, poderá ser con- cento) de sua remuneração mensal permanente, excluída a
cedida ao servidor público estável licença para o trato de gratificação de produtividade;
interesses particulares, sem remuneração, pelo prazo de b) no segundo ano de afastamento 20% (vinte por cen-
até 03 (três) anos consecutivos, prorrogável uma única to) de sua remuneração, excluída a gratificação de produ-
vez por período não superior a esse limite. Redação Origi- tividade;
nal: c) no terceiro ano de afastamento, 10% (dez por cento)
Art. 146 A critério da administração, poderá ser con- de sua remuneração, excluída a gratificação de produtivi-
cedido ao servidor público estável licença para o trato de dade;
interesses particulares, sem remuneração, pelo prazo máxi- d) no quarto ano de afastamento 5% (cinco por cento)
mo de até quatro anos consecutivos de sua remuneração, excluída a gratificação de produtivi-
§ 1º - Requerida a licença, o servidor público aguarda- dade.
rá em exercício a decisão. § 13 - A licença poderá ser interrompida a qualquer
§ 2º - A licença poderá ser interrompida a qualquer tempo em virtude de interesse da administração. (§ 13
tempo, a pedido do servidor público ou no interesse do incluído pela LC nº 137/1999 – DOE 13.01.1999)
serviço. § 14 - A licença prevista neste artigo não será concedida
a servidor público em estágio probatório. (§ 14 incluído
§ 3º - Os servidores públicos em licença para trato de
pela LC nº 137/1999 – DOE 13.01.1999)
interesses particulares, sem remuneração, poderão prorro-
§ 15 - O servidor público estável licenciado na forma
gá-la por mais de um período cuja somatória não ultrapas-
deste artigo continua como segurado da Previdência
se a dez anos. (§ 3º do art. 146 com redação dada pela LC
Estadual. (§ 15 incluído pela LC nº 137/1999 – DOE
nº 208/01-DOE 24.8.2001).
13.01.1999)
§ 3º - Não se concederá nova licença, com igual
§ 16 - A concessão da licença de que trata o presente
finalidade, antes de decorrido período igual ao prazo da artigo será da competência do Secretário da Administração
licença. e dos Recursos Humanos (SEAR). (§ 16 incluído pela LC nº
§ 4º - A licença prevista neste artigo não será concedida 137/1999 – DOE 13.01.1999)
a servidor público em estágio probatório, nem ao servidor § 17 - O servidor afastado em licença para trato de
público que tenha sido colocado à disposição de qualquer interesse particular que retornar à atividade somente
órgão estranho ao de sua lotação e que, após o retorno poderá obter a licença de que trata este artigo decorrido o
não haja permanecido a serviço do órgão de origem por prazo de 01 (um) ano contado da data em que reassumir
prazo igual ao do afastamento. o exercício do seu cargo efetivo. (§ 17 incluído pela LC nº
§ 5º - Não poderá obter a licença de que trata este 137/1999 – DOE 13.01.1999)
artigo o servidor público que esteja obrigado à devolução § 18 - O período de afastamento do servidor em gozo
ou indenização aos Cofres do Estado, a qualquer título. de licença especial será contado exclusivamente para
§ 6º - O servidor público estável licenciado na forma aposentadoria. (§ 18 incluído pela LC nº 137/1999 – DOE
deste artigo continua como segurado do instituto de 13.01.1999)
previdência e assistência dos servidores do Estado,
cabendo-lhe recolher as contribuições devidas junto à Seção X
entidade referida. Da Licença para o Desempenho de Mandato Clas-
§ 7º - Na hipótese da licença ser interrompida no inte- sista
resse do serviço, o servidor público estável terá o prazo de
trinta dias para assumir o exercício. Art. 147 É assegurado ao servidor público, na forma
§ 8º - Compete ao Secretário de Estado responsável do art. 122, IX, o direito à licença para o desempenho de
pela administração de pessoal, na administração direta, mandato em associação de classe, sindicato, federação ou
e aos dirigentes de autarquias e fundações públicas, na confederação, representativos da categoria de servidores
administração indireta, a concessão da licença de que trata públicos, com todos os direitos e vantagens inerentes ao
este artigo. cargo.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
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§ 1º - Somente poderão ser licenciados servidores Capítulo VI


públicos eleitos para cargos de diretoria nas referidas Do Direito de Petição
entidades, em qualquer grau, até o máximo de oito, na for- Seção I
ma da lei. Da Formalização dos Expedientes
§ 2º - A licença terá duração igual à do mandato,
podendo ser prorrogada no caso de reeleição. Art. 149 É assegurado ao servidor público o direito de
§ 3º - Quando for o servidor público ocupante de requerer ou representar, pedir reconsideração e recorrer
dois cargos em regime de acumulação legal e atendido aos poderes públicos.
o disposto no caput relativamente a ambos os cargos, § 1º - O requerimento será dirigido à autoridade
poderá a licença de que trata este artigo ser concedida em competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
ambos os cargos, quando forem os mesmos integrantes da daquela a que estiver imediatamente subordinado o
categoria representada. requerente.
§ 4º - Compete ao dirigente de cada Poder e aos das § 2º - O requerimento poderá ser apresentado através
autarquias e fundações públicas a concessão da licença de procurador legalmente constituído.
prevista neste artigo. Art. 150 A representação será obrigatoriamente apre-
§ 5º - Ao ocupante de cargo em comissão ou exercente ciada pela autoridade superior àquela contra a qual é for-
de função gratificada não se concederá a licença de que mulada.
trata este artigo. Art. 151 O pedido de reconsideração será dirigido à
§ 6º - A licença remunerada prevista neste artigo autoridade que houver expedido o ato ou proferido a pri-
estende-se aos exercentes de mandato eletivo de cargo de meira decisão, não podendo ser renovado.
Direção nos Conselhos Federais e Regionais representativos Parágrafo único - O requerimento e o pedido de re-
das categorias profissionais. (§ 6º incluído pela LC nº consideração de que tratam os artigos anteriores deverão
252/02-DOE 15.07.2002) ser despachados no prazo de cinco dias e decididos dentro
NOTA: A constitucionalidade da Lei Complementar de trinta dias.
252, que inseriu o parágrafo 6º ao art. 147, está sendo Art. 152 Caberá recurso:
questionada no STF na ADI 2715 (aguardando julgamento I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
da liminar). II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
terpostos.
Seção XI Parágrafo único - O recurso será dirigido à autoridade
Da Licença-Paternidade imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou pro-
ferido a decisão e, sucessivamente, em escala ascendente,
Art. 148 O servidor público terá direito, pelo nascimen- às demais autoridades.
to ou adoção de filhos, à licença-paternidade de 20 (vinte) Art. 153 A autoridade recorrida poderá, alternativa-
dias consecutivos. (Redação dada pela LC nº 852/2017 - mente, reconsiderar a decisão ou submeter o feito, devida-
DOE 7.4.2017). mente instruído, à apreciação da autoridade superior.
§ 1º O nascimento e a adoção deverão ser comprovados Art. 154 O prazo para interposição de pedido de recon-
de acordo com a legislação civil. (Redação dada pela LC nº sideração ou de recurso é de trinta dias, a contar da publi-
852/2017 - DOE 7.4.2017). cação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.
§ 2º - Compete ao chefe imediato do servidor público a Art. 155 O recurso poderá ser recebido com efeito sus-
concessão da licença de que trata este artigo, comunicando pensivo, a juízo da autoridade recorrida.
ao setor de pessoal do órgão ou entidade para fins de Parágrafo único - Em caso de provimento do pedido de
assentamentos funcionais. reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroa-
§ 3º Em caso de óbito da gestante, no parto, o pai girão à data do ato impugnado.
servidor público, na condição de responsável pela guarda
da criança, fará jus à licença de até 180 (cento e oitenta) Seção II
dias para cuidar do filho.” (NR) (Redação dada pela LC nº Da Prescrição
852/2017 - DOE 7.4.2017).
Redação anterior: Art. 156 O direito de pleitear na esfera administrativa e
Art. 148 A licença-paternidade será concedida ao ser- o evento punível prescreverão:
vidor público pelo parto de sua esposa ou companheira, I - em cinco anos:
para fins de dar-lhe assistência, durante o período de cinco a) quanto aos atos de demissão e cassação de aposen-
dias, a contar da data do nascimento do filho. tadoria ou disponibilidade;
§ 1º - O nascimento deverá ser comprovado mediante b) quanto aos atos que impliquem pagamento de van-
certidão do registro civil. tagens pecuniárias devidas pela Fazenda Pública estadual,
inclusive diferenças e restituições;
II - em dois anos, quanto às faltas sujeitas à pena de
suspensão;
III - em cento e oitenta dias, nos demais casos, salvo
quando outro prazo for fixado em lei.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Art. 157 O prazo da prescrição contar-se-á da data da público estadual e o exercício em outro cargo público tam-
publicação oficial do ato impugnado ou, da data da ciência, bém estadual, quando o interregno se constituir de dias
pelo interessado, quando não publicado. não úteis;
§ 1º - Para a revisão do processo administrativo-dis- XIV - afastamento preventivo, se inocentado a final;
ciplinar, a prescrição contar-se-á da data em que forem XV - férias-prêmio;
conhecidos os atos, fatos ou circunstâncias que deram mo- XVI - prisão por ordem judicial, quando vier a ser con-
tivo ao pedido de revisão. siderado inocente.
§ 2º - Em se tratando de evento punível, o curso da XVII - licença para tratamento da própria saúde de
prescrição começa a fluir da data do referido evento e até sessenta dias, ininterruptos ou não, por ano de efetivo
interrompe-se pela abertura da sindicância ou do processo exercício. (Inciso incluído pela LC nº 880 – DOE 27.12.2017)
administrativo-disciplinar. Art. 167 O tempo de afastamento do servidor público
Art. 158 A falta também prevista na lei penal como cri- para o exercício de mandato eletivo será computado para
me ou contravenção prescreverá juntamente com este. todos os efeitos legais, exceto para promoção por mereci-
Art. 159 O requerimento, o pedido de reconsideração mento.
e o recurso, quando cabíveis, interrompem a prescrição. Art. 168 É contado para efeito de aposentadoria e dis-
Art. 160 Para o exercício do direito de petição, é asse- ponibilidade, o tempo de serviço público prestado à União,
gurada ao servidor público ou a procurador por ele consti- aos demais Estados, aos Municípios, Territórios e suas Au-
tuído, vista, na repartição, do processo ou documento. tarquias e Fundações Públicas.
Parágrafo único - O tempo de serviço a que se refere
TÍTULOS V: CAPÍTULO ÚNICO este artigo não poderá ser contado com quaisquer acrésci-
Título V Capítulo Único mos ou em dobro. (Redação dada pela LC nº 89/96 - DOE
Do Tempo De Serviço 30.12..1996).
Art. 169 Contar-se-á para efeito de aposentadoria e
Art. 165 É computado para todos os efeitos o tempo disponibilidade:
de serviço público efetivamente prestado ao Estado do Es- I - licença para tratamento da própria saúde e de pes-
soa da família;
pírito Santo, desde que remunerado.
II - serviço prestado sob qualquer forma de admis-
Art. 166 São considerados como de efetivo exercício,
são, desde que remunerado pelos Cofres do Estado;
salvo nos casos expressamente definidos em norma espe-
III - afastamento por aposentadoria ou disponibilidade;
cífica, os afastamentos e as ausências ao serviço em virtude IV - serviço militar obrigatório e outros encargos de
de: segurança nacional;
I - férias; V - serviço prestado à instituição de caráter privado
II - exercício em órgãos de outro Poder ou em autar- que tiver sido transformada em estabelecimento ou órgão
quias e fundações públicas, do próprio Estado; do serviço público estadual;
III - freqüência a curso de formação inicial e participa- VI - período de serviço militar ativo prestado durante
ção em programa de treinamento regularmente instituído; a paz, computando- se pelo dobro o tempo em operação
IV - desempenho de mandato eletivo federal, estadual de guerra;
e municipal; VII - licença para atividade política nos termos do art.
V - abonos previstos nos arts. 30 e 32; 145;
VI - licenças; VIII - o tempo correspondente ao desempenho de
a) por gestação, adoção, lactação e paternidade; mandato eletivo federal, estadual ou municipal anterior ao
b) por motivo de acidente em serviço ou doença pro- ingresso no serviço público estadual.
fissional; Art. 170 É vedada a contagem cumulativa de tempo
c) por convocação para o serviço militar obrigatório; de serviço prestado concomitantemente em mais de um
d) para atividade política, quando remunerada; cargo, emprego ou função em órgãos ou entidades dos
e) para desempenho de mandato classista; Poderes da União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Mu-
VII - deslocamento para nova sede, conforme previsto nicípios e suas autarquias, fundações públicas, sociedades
no art. 36; de economia mista e empresas públicas.
VIII - participação em competição desportiva oficial Art. 171 Em caso de aposentadoria por um dos cargos
ou convocação para integrar representação desportiva, no exercidos em regime de acumulação, as parcelas de tem-
país ou no exterior, conforme dispuser o regulamento; po de serviço não concomitantes que não forem utilizadas,
IX - participação em congressos e outros certames cul- poderão sê-lo em relação ao outro cargo, para idêntico fim.
turais, técnicos e científicos; Art. 172 A apuração do tempo de serviço será feita em
dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano
X - cumprimento de missão de interesse de serviço;
como de trezentos e sessenta e cinco dias, salvo quando
XI - freqüência a curso de aperfeiçoamento, atualiza-
bissexto.
ção ou especialização que se relacione com as atribuições Art. 173. Revogado (LC nº 80/96 – DOE 1.3.1996).
do cargo efetivo de que seja titular; Art. 174 O tempo de serviço público estadual será
XII - convênio em que o Estado se comprometa a par- computado a vista de registros próprios que comprovem a
ticipar com pessoal; XIII - interregno entre a exoneração freqüência do servidor público.
de um cargo, dispensa ou rescisão de contrato com órgão

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Art. 175 O tempo de serviço prestado a outros Poderes VI - o livre acesso, na qualidade de dirigente sin-
do próprio Estado, a órgãos da administração indireta, à dical, aos locais de trabalho de seus filiados.
União, a outros Estados, aos Municípios e Territórios, e em Art. 184 Ao sindicato representativo de categoria de
atividade privada será computado à vista de certidão pas- servidores públicos é assegurado:
sada pela autoridade competente. I - a participação obrigatória nas negociações coletivas;
§ 1º - A averbação de tempo de serviço será requerida II - a obtenção, junto à administração pública, de
em formulário próprio, acompanhado das respectivas informações de interesse geral da categoria;
certidões, não sendo admitidas outras formas de III - o direito de requerer, pedir reconsideração ou re-
comprovação de tempo de serviço. correr de decisões, para defesa de direitos e interesses co-
§ 2º - A certidão de tempo de serviço deverá conter a letivos ou individuais da categoria de servidores públicos
finalidade, os atos de admissão e dispensa, os afastamentos que representa;
e seus motivos, as penalidades porventura aplicadas, a IV - representar contra atos de autoridades, lesivos aos
conversão do tempo de serviço em anos, meses e dias, des- interesses dos servidores públicos;
contadas as faltas, ausências ou afastamentos não conside- V - o desconto em folha de pagamento, quanto aos
radas como de efetivo exercício e qual o regime jurídico do seus filiados, do valor das mensalidades e da contribuição
servidor público. para custeio do sistema confederativo da representação
Art. 176 A ausência de elementos comprobatórios de sindical respectiva.
tempo de serviço poderá ser suprida mediante justificação Art. 185 A taxa de fortalecimento sindical ou asseme-
judicial, quando não houver a possibilidade de apresenta- lhada em favor da entidade sindical representativa do ser-
ção de certidão de tempo de serviço, desde que funda- vidor público, deliberada em assembléia geral da categoria,
mentada em um indício razoável de prova material, não será descontada em folha de pagamento.
sendo admitida prova exclusivamente testemunhal. Parágrafo único - A taxa referida neste artigo incidirá
§ 1º - A justificação judicial somente poderá ser aceita sobre o vencimento ou remuneração dos servidores pú-
quando, em virtude de roubo, incêndio ou destruição, blicos integrantes da categoria profissional, independen-
desaparecerem os documentos necessários à extração de temente de filiação, desde que o benefício resultante da
certidão de tempo de serviço. atuação da entidade sindical seja extensivo a estes servido-
§ 2º - A justificação judicial deverá ser instruída com res, na forma definida em assembléia geral.
certidão negativa da inexistência de registros funcionais, Art. 186 A devolução das contribuições ou taxas previs-
não sendo suficiente a declaração de que nada foi tas nos arts. 184 e 185, indevidamente descontadas do ser-
encontrado nos livros de ponto e folhas de pagamento. vidor público será de inteira responsabilidade da entidade
sindical respectiva.
§ 3º - Não será objeto de averbação a justificação judicial
Art. 187 Os descontos previstos nos arts. 184, V, e 185
que não for processada com a assistência de representante
serão efetuados sem qualquer custo, e repassados à enti-
legal do Estado, que deverá ser obrigatoriamente citado.
dade sindical respectiva no prazo de até dez dias.
§ 4º - Poderá ser também averbado o tempo apurado
Art. 188 Compete aos servidores públicos civis decidir
mediante justificação judicial, relativo a serviços que não
sobre a oportunidade de exercer o direito de greve e sobre
tenham sido prestados ao próprio Estado, desde que
os interesses que devam por meio dela defender.
tenha sido o respectivo tempo reconhecido pela unidade
federativa competente ou pelo órgão previdenciário TÍTULO VIII: CAPÍTULOS I E II;
federal, que deverá fornecer a certidão referente ao mesmo.
Título VIII
TÍTULO VII; Da Seguridade Social
Título VII Capítulo I
Capítulo Único Das Disposições Gerais
Da Livre Associação Sindical
Art. 189 O Estado instituirá, mediante contribuição, pla-
. 183 Ao servidor público civil é assegurado, nos termos nos e programas únicos de previdência e assistência social
da Constituição Federal, o direito à livre associação sindical, para seus servidores ativos e inativos e respectivos depen-
garantindo-se-lhe: dentes, neles incluída, entre outros benefícios, a assistência
I - o direito à greve, que será exercido nos termos e nos médica, odontológica, psicológica, hospitalar, ambulatorial
limites definidos em lei complementar; e jurídica, além de serviços de creche.
II - a inamovibilidade, desde o registro de sua candida- Art. 190 A previdência, sob a forma de benefícios e
tura à direção de órgão sindical até um ano após o final do serviços, será prestada pelo instituto de previdência e as-
mandato, exceto se a pedido; sistência estadual, ao qual será obrigatoriamente filiado o
III - licença para desempenho de mandato classista na servidor público, mediante contribuição do servidor públi-
forma do art. 147; IV - a percepção do vencimento, bene- co e do Estado.
fícios e vantagens a que fizer jus, quando afastado para Art. 191 A assistência médica, odontológica, psicológi-
cargo de direção de entidade sindical; ca, hospitalar e ambulatorial poderá ser prestada mediante
V - a liberação para participar de fóruns e discussões convênio ou concessão de auxílio financeiro destinado es-
sindicais, quando indicado pela entidade a que pertença; pecificamente a este fim, quando julgado conveniente.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Art. 192 Nenhum benefício ou serviço de previdência § 2º - O salário-família será devido a partir do mês
social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a cor- em que tiver ocorrido o fato ou ato que lhe der origem e
respondente fonte de custeio total. deixará de ser devido no mês seguinte ao ato ou fato que
Art. 193 Os benefícios de que trata o art. 194, I e alíneas determinar sua supressão.
e II, alínea b, serão concedidos pela autoridade competen- § 3º - Em caso de falecimento do servidor público, o
te, no âmbito de cada Poder ou entidade. salário-família continuará a ser pago aos seus beneficiários
diretamente ou através de seus representantes legais, até
Capítulo II as idades-limite.
Dos Benefícios Previdenciários Art. 212 O valor do salário-família corresponderá à me-
tade do valor atribuído à Unidade Padrão Fiscal do Espírito
Art. 194 Os benefícios decorrentes do plano e progra- Santo - UPFES.
ma único de previdência são: Parágrafo único - O valor do salário-família por depen-
I - quanto aos servidores: dente incapaz corresponde ao dobro do valor estabelecido
a) Revogado (pela LC nº 282, DOE 26.4.2004): Redação neste artigo.
Anterior: Art. 213 O salário-família não está sujeito a qualquer
a) aposentadoria; tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição,
b) Revogado (pela LC nº 282, DOE 26.4.2004) Redação inclusive para a previdência social.
Anterior:
b) auxílio-natalidade; Seção IV
c) salário-família; Do Auxílio-Doença
d) auxílio-doença;
II - Revogado (pela LC nº 282, DOE 26.4.2004) Art. 214 O auxílio-doença será concedido ao servidor
público ativo após o período de doze meses consecutivos
Seção I em gozo de licença, em conseqüência das doenças es-
Revogada (pela LC nº 282, D.O.E 26/04/2004) pecificadas no art. 131. (Revogado pela LC nº 880 – DOE
27.12.2017)
Seção I
Parágrafo único - O auxílio-doença terá o valor equiva-
Do Auxílio-Natalidade
lente a um mês de remuneração do beneficiário.
Art. 207 Revogado (LC nº 282, DOE 26.4.2004)
TÍTULO IX: CAPÍTULOS I, II, IV, V;
Art. 208 Revogado (LC nº 282, DOE 26.4.2004)
Título IX
Do Regime Disciplinar
Seção III
Capítulo I
Do Salário-Família
Dos Deveres do Servidor Público
Art. 209 O salário-família é devido ao servidor público
ativo ou inativo, por dependente econômico. Art. 220 São deveres do servidor público:
Parágrafo único - Consideram-se dependentes econô- I - ser assíduo e pontual ao serviço;
micos, para efeito de percepção do salário-família: II - guardar sigilo sobre assuntos da repartição;
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, de qualquer III - tratar com urbanidade os demais servidores públi-
condição, inclusive os enteados, os adotivos e o menor que cos e o público em geral;
viva sob a tutela, a guarda e sustento do servidor público IV - ser leal às instituições constitucionais e administra-
mediante autorização judicial, até vinte e um anos de idade tivas a que servir;
ou, se estudante, até vinte e quatro anos ou, ainda, se invá- V - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car-
lido com qualquer idade; go ou função;
II - a mãe, o pai, a madrasta e o padrasto se inválidos. VI - observar as normas legais e regulamentares;
Art. 210 Não se configura a dependência econômica VII - obedecer às ordens superiores, exceto quando
quando o dependente do salário-família perceber rendi- manifestamente ilegais;
mento do trabalho de qualquer fonte, inclusive pensão ou VIII - levar ao conhecimento da autoridade as irregula-
provento de aposentadoria, em valor igual ou superior ao ridades de que tiver ciência em razão do cargo ou função;
salário mínimo. IX - zelar pela economia do material e conservação do
Art. 211 O pagamento do salário-família ao servidor patrimônio público; X - providenciar para que esteja sem-
público far-se-á: pre em ordem no assentamento individual, a sua declara-
I - a um dos pais, quando viverem em comum; ção de família;
XI - atender com presteza e correção:
II a pai ou mãe, quando separados, e conforme a guar- a) ao público em geral, prestando as informações
da dos dependentes. requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
§ 1º - Equiparam-se ao pai e à mãe, o padrasto e a b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos direito ou esclarecimentos de situações de interesse pes-
incapazes. soal;

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública es- XVIII - solicitar ou receber propinas, presentes, emprés-
tadual; timos pessoais ou vantagens de qualquer espécie, para si
XII - manter conduta compatível com a moralidade pú- ou para outrem, em razão do cargo; XIX - participar, na
blica; qualidade de proprietário, sócio ou administrador, de em-
XIII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso presa fornecedora de bens e serviços, executora de obras
de poder, de que tenha tomado conhecimento, indicando ou que realize qualquer modalidade de contrato, de ajus-
elementos de prova para efeito de apuração em processo te ou compromisso com o Estado; XX - praticar usura sob
apropriado; qualquer de suas formas;
XIV - comunicar no prazo de quarenta e oito horas ao XXI - falsificar, extraviar, sonegar ou inutilizar livro ofi-
setor competente, a existência de qualquer valor indevida- cial ou documento ou usá-los sabendo-os falsificados;
mente creditado em sua conta bancária. XXII - retardar ou deixar de praticar indevidamente ato
de ofício ou praticá- lo contra disposição expressa de lei,
Capítulo II Das Proibições para satisfazer interesse ou sentimento pessoal;
XXIII - dar causa, mediante ação ou omissão, ao não
Art. 221 Ao servidor público é proibido:
recolhimento, no todo ou em parte, de tributos, ou contri-
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
buições devidas ao Estado;
prévia autorização do chefe imediato;
XXIV - facilitar a prática de crime contra a Fazenda Pú-
II - recusar fé a documentos públicos;
III - referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso a blica estadual;
autoridades públicas ou a atos do poder público, ou outro, XXV - valer-se ou permitir dolosamente que terceiros
admitindo-se a crítica em trabalho assinado; tirem proveito de informação, prestígio ou influência ob-
IV - manter, sob sua chefia imediata, cônjuge, compa- tidas em função do cargo, para lograr, direta ou indireta-
nheira ou parente até o segundo grau civil; mente proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da
V - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição dignidade da função pública;
em serviços ou atividades particulares; XXVI - exercer quaisquer atividades incompatíveis com
VI - opor resistência injustificada ao andamento de do- o exercício do cargo ou função, ou ainda, com o horário de
cumento e processo ou à realização de serviços; trabalho.
VII - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe-
tente, qualquer documento ou objeto do local de trabalho; Capítulo IV
VIII - cometer a outro servidor público atribuições es- Das Responsabilidades
tranhas às do cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias ou nas hipóteses previstas nesta Art. 225 O servidor público responde civil, penal e ad-
Lei; ministrativamente, pelo exercício irregular de suas atribui-
IX - compelir ou aliciar outro servidor público a filiar-se ções.
a associação profissional ou sindical ou a partido político; Parágrafo único - A exoneração, aposentadoria ou dis-
X - cometer a pessoa estranha ao serviço, fora dos ca- ponibilidade do servidor público não extingue a responsa-
sos previstos em lei, o desempenho de encargo que lhe bilidade civil, penal ou administrativa oriunda de atos ou
competir ou a seu subordinado; omissões no desempenho de suas atribuições.
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a Art. 226 A responsabilidade civil decorre de ato omissi-
órgãos públicos estaduais, salvo quando se tratar de be- vo ou comissivo, doloso ou culposo, que importe prejuízo
nefícios previdenciários ou assistenciais e percepção de à Fazenda Pública estadual ou a terceiros.
remuneração ou proventos de cônjuge, companheiro e pa- § 1º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda
rentes até terceiro grau civil;
Pública estadual deverá ser liquidada na forma prevista no
XII - fazer afirmação falsa, como testemunha ou perito,
art. 73, § 2º.
em processo administrativo-disciplinar;
§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros,
XIII - dar causa a sindicância ou processo administra-
tivo-disciplinar, imputando a qualquer servidor público in- responderá o servidor público perante a Fazenda Pública
fração de que o sabe inocente; estadual, em ação regressiva.
XIV - praticar o comércio de bens ou serviços, no local § 3º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos
de trabalho, ainda que fora do horário normal do expe- sucessores e contra eles será executada, até o limite do
diente; valor da herança recebida.
XV - representar em contrato de obras, de serviços, de Art. 227 A responsabilidade penal abrange os crimes e
compra, de arrendamento e de alienação sem a devida rea- contravenções imputados ao servidor público, nessa qua-
lização do processo de licitação pública competente; lidade.
XVI - praticar violência no exercício da função ou a Art. 228 A responsabilidade administrativa resulta de
pretexto de exercê-la; XVII - entrar no exercício de fun- ato ou omissão, ocorrido no desempenho do cargo ou fun-
ção pública antes de satisfeitas as exigências legais ou ção.
continuar a exercê-las sem autorização, depois de saber Art. 229 As cominações civis, penais e administrativas
oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou poderão cumular-se, sendo independentes entre si, bem
suspenso; assim as instâncias.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Art. 230 A absolvição criminal só afasta a responsabili- Art. 237 Será cassada a aposentadoria ou disponibili-
dade civil ou administrativa do servidor público, se concluir dade do servidor público que houver praticado, na ativida-
pela inexistência do fato ou lhe negar a autoria. de, falta punível com demissão.
Art. 238 A destituição de função de confiança ou de
Capítulo V cargo em comissão dar- se-á nos casos de violação das
Das Penalidades proibições constantes do art. 221, IV a XXVI, pelo não-cum-
primento das disposições contidas no art. 220, I a XIV.
Art. 231 São penas disciplinares: Parágrafo único - Em se tratando de servidor público
I - advertência verbal ou escrita; ocupante de cargo efetivo, além da pena prevista neste ar-
II - suspensão; tigo, ficará o mesmo sujeito à aplicação das penas de sus-
III - demissão; pensão ou demissão.
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; Art. 239 O ato de imposição da penalidade mencionará
V - destituição de função de confiança ou de cargo em sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
comissão. Art. 240 A demissão e a destituição de função de con-
Art. 232 A advertência será aplicada verbalmente ou fiança ou de cargo em comissão incompatibilizam o ex-ser-
por escrito nos casos de violação de proibição constante
vidor público para nova investidura em cargo ou função
do art. 221, I a III, e de inobservância de dever funcional
pública estadual, por prazo não inferior a dois e nem
previsto nesta Lei, que não justifique imposição de penali-
superior a cinco anos.
dade mais grave.
Art. 233 A suspensão será aplicada em caso de reinci- Art. 241 A demissão e destituição de função de con-
dência das faltas punidas com advertência e nos casos de fiança ou de cargo em comissão, nos casos do art. 234, IV,
violação das proibições constantes do art. 221, IV a XVIII, VIII, XI e XII, implicam indisponibilidade dos bens e no res-
não podendo exceder noventa dias. sarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
Parágrafo único - A aplicação da penalidade de sus- Art. 242 Deverão constar do assentamento individual
pensão acarreta o cancelamento automático do pagamen- todas as penas disciplinares impostas ao servidor público,
to da remuneração do servidor público, durante o período devendo ser oficialmente publicadas as previstas no art.
de sua vigência. 231, II a V.
Art. 234 A demissão será aplicada nos seguintes casos: Art. 243 Na aplicação das penalidades serão conside-
I - crime contra a administração pública; radas a natureza e a gravidade da infração cometida, os
II - abandono de cargo; danos que dela provierem para o serviço público e os an-
III - inassiduidade habitual; tecedentes funcionais.
IV - improbidade administrativa; Art. 244 São circunstâncias agravantes:
V - incontinência pública; I - premeditação;
VI - insubordinação grave em serviço; II - reincidência;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor público ou a III - conluio;
particular, salvo em legítima defesa, própria ou de outrem; IV - dissimulação ou outro recurso que dificulte a ação
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; disciplinar;
IX - procedimento desidioso, entendido como tal V - prática continuada de ato ilícito;
a falta ao dever de diligência no cumprimento de suas VI - cometimento do ilícito com abuso de poder.
funções; Art. 245 São circunstâncias atenuantes:
X - revelação de segredo apropriado em razão do car- I- haver sido mínima a cooperação do servidor público
go; no cometimento da infração;
XI - lesão aos Cofres do Estado e dilapidação do patri- II - ter o servidor público:
mônio estadual;
a) procurado espontaneamente e com eficiência, logo
XII - corrupção;
após o cometimento da infração, evitar-lhe ou minorar-lhe
XIII - acumulação remunerada de cargos, empregos ou
as conseqüências, ou ter reparado o dano civil antes do
funções públicas, ressalvadas as hipóteses do permissivo
julgamento;
constitucional;
XIV - transgressões previstas no art. 221, XIX a XXVI. b) cometido a infração sob coação irresistível de supe-
Parágrafo único - Dependendo da gravidade dos fatos rior hierárquico ou sob influência de violenta emoção pro-
apurados a pena de demissão poderá também ser aplicada vocada por ato injusto de terceiros;
nas transgressões tipificadas no art. 221, IV a XVIII, hipótese c) confessado espontaneamente a autoria da infração,
em que ficará afastada a aplicação da pena de suspensão. ignorada ou imputada a outro;
Art. 235 Configura abandono de cargo a ausência in- d) ter mais de cinco anos de serviço, com bom compor-
tencional e injustificada ao serviço por mais de trinta dias tamento, antes da infração;
consecutivos. III - quaisquer outras causas que hajam concorrido
Art. 236 Entende-se por inassiduidade habitual a falta para a prática do ilícito, revestidas do princípio de justiça
ao serviço sem causa justificada, por quarenta dias interpo- e de boa-fé.
ladamente, durante o período de doze meses. Art. 246 As penas disciplinares serão aplicadas por:

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
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I - chefe do respectivo Poder ou pelo dirigente superior Redação Anterior:


de autarquia ou fundação, nos casos de demissão e cassa- § 2º - Da sindicância somente poderá decorrer a
ção de aposentadoria ou disponibilidade; pena de advertência, sendo obrigatório ouvir o servidor
II - Secretário de Estado, ou autoridade equivalente, público denunciado.
ou dirigente de autarquia ou fundação no caso de suspen- § 3º - São competentes para determinar a realização da
são e de advertência; sindicância os chefes de órgãos diretamente subordinados
III - autoridade que houver feito a nomeação ou desig- aos dirigentes de cada Poder, os chefes de órgãos em
nação, nos casos de destituição de cargo em comissão ou regime especial, autarquias e fundações públicas.
de função gratificada. § 4º - Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
Parágrafo único - As penas disciplinares de servidores público ensejar a imposição de penalidade não prevista
públicos integrantes dos Poderes Legislativo e Judiciário no § 2º, será obrigatória a instauração de processo
serão aplicadas pelas autoridades indicadas em seus res- administrativo-disciplinar.
pectivos regulamentos.
Capítulo II
TÍTULOS X: CAPÍTULOS I, II E III; Do Afastamento Preventivo

Título X Art. 250 Como medida cautelar e a fim de que o servi-


Do Processo Administrativo-Disciplinar dor público não venha a influir na apuração da irregularida-
Capítulo I de ao mesmo atribuída, a autoridade instauradora do pro-
Das Disposições Gerais cesso administrativo-disciplinar, verificando a existência de
veementes indícios de responsabilidades, poderá ordenar
Art. 247 A autoridade que tiver ciência de irregularidade o seu afastamento do exercício do cargo pelo prazo de 90
no serviço público é obrigada a promover a sua apuração (noventa) dias prorrogáveis por mais 60 (sessenta) dias.
imediata, mediante sindicância ou processo administrati- (Redação dada pela LC nº 151, DOE 1.6.1999)
vo-disciplinar, assegurada ao denunciado ampla defesa. Parágrafo único - Nos casos de indiciamentos capitu-
Art. 248 As denúncias sobre irregularidades serão obje- lados nos incisos I, IV, VIII, XI e XII do art. 234 desta Lei
to de apuração, mesmo que não contenham a identificação Complementar, o servidor perceberá durante o afastamen-
do denunciante, devendo ser formuladas por escrito. to exclusivamente o valor de seu vencimento básico e as
Art. 249 A sindicância se constituirá de averiguação su- gratificações de assiduidade e tempo de serviço, acaso de-
mária promovida no intuito de obter informações ou es-
vidas. (Redação dada pela LC nº 151, DOE 1.6.1999)
clarecimentos necessários à determinação do verdadeiro
Redação Anterior:
significado dos fatos denunciados.
Art. 250 Como medida cautelar e a fim de que o ser-
§ 1º - A sindicância de que trata este artigo será
vidor público não venha a influir na apuração da irregula-
procedida por Comissão Processante, composta por
ridade ao mesmo atribuída, a autoridade instauradora do
servidores públicos estaduais efetivos e estáveis, integrantes
processo administrativo-disciplinar poderá ordenar o seu
das Corregedorias, devendo ser concluída no prazo de 30
afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até ses-
(trinta) dias, a contar da data de sua instauração, podendo
senta dias, sem prejuízo da remuneração.
esse prazo ser prorrogado, desde que haja fundamentadas
razões, mediante decisão da autoridade que determinou Parágrafo único - O afastamento poderá ser prorroga-
abertura da sindicância. (Redação dada pela LC nº 328, do por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos,
DOE 6.9.2005). ainda que não concluído o processo.
Redação Anterior dada pela LC nº 151,– DOE 1.6.199:
§ 1º - A sindicância de que trata este artigo será Capítulo III
procedida por servidores públicos estaduais efetivos, Do Processo Administrativo-Disciplinar
designados para tal fim, devendo ser concluída no prazo de Seção I
10 (dez) dias a contar da data da sua designação, podendo Das Disposições Gerais
este prazo ser prorrogado por, no máximo, 5 (cinco) dias
desde que haja motivo justo. Art. 251 O processo administrativo-disciplinar é o ins-
Redação Anterior Original: trumento destinado a apurar responsabilidade do servidor
§ 1º - A sindicância de que trata este artigo será público pela infração praticada no exercício de suas atribui-
procedida por servidores públicos designados para tal fim, ções ou que tenha relação com as atribuições do cargo em
devendo ser concluída no prazo de quinze dias a contar da que se encontre investido.
data da designação, podendo este prazo ser prorrogado Art. 252 No âmbito do Poder Executivo da administra-
por igual período, desde que haja motivo justo. ção direta, a sindicância e o processo administrativo-dis-
§ 2º - Da sindicância poderá resultar: ciplinar serão conduzidos pelas Corregedorias, compostas
I - arquivamento do processo; por 2 (duas) comissões processantes, constituídas cada
II - aplicação de penalidade de advertência, sendo uma de 01 (um) Presidente e 02 (dois) membros, ocupan-
obrigatório ouvir o servidor. tes de cargo efetivo, estáveis no serviço público. (Redação
III - instauração de processo administrativo-disciplinar. dada pela LC nº 328, DOE 6.92005.

25
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Redação Anterior: Redação Anterior:


Art. 252 No âmbito do Poder Executivo o processo Art. 253 No âmbito dos demais Poderes, nas autarquias
administrativo- disciplinar será conduzido por órgão es- e fundações públicas, o processo administrativo-disciplinar
pecífico, integrante da Secretaria de Estado responsável será conduzido por comissão composta de três servidores
pela administração de pessoal que o atribuirá às comis- públicos efetivos e estáveis, designados pelo dirigente do
sões constituídas para sua realização, compostas por três órgão, que indicará, dentre eles, o seu presidente, aplican-
membros ocupantes de cargo efetivo, estáveis no serviço do-se-lhe o disposto nos §§ 1º a 4º do artigo anterior.
público, na forma do regulamento. Art. 254 O processo administrativo-disciplinar inicia-se
§ 1º - O Corregedor e o Presidente de Comissão com a publicação do ato que determinar a sua abertura e
Processante deverão
compreenderá:
possuir reputação ilibada e formação de nível superior,
I - inquérito administrativo;
preferencialmente, serem Bacharel em Direito. (Redação
dada pela LC nº 328, DOE 6.9.2005. II - julgamento do feito.
Redação Anterior: Art. 255 Quando o processo administrativo-disciplinar
§ 1º - A comissão terá como seu secretário um servidor ocorrer por determinação do Governador do Estado, pode-
público designado pelo seu presidente, não podendo a rá ser criada uma comissão especial, composta por servido-
designação recair em qualquer de seus membros. res públicos efetivos e estáveis, subordinados ao Secretário
§ 2º - Não poderá integrar a Corregedoria parente da Pasta ou dirigente do órgão onde se der a apuração.
do denunciado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou (Redação dada pela LC nº 328, DOE 6.9.2005).
colateral, até o 3º (terceiro) grau. (Redação dada pela LC nº Redação Anterior:
328, DOE 6.9.2005). Art. 255 Quando o processo administrativo-disciplinar
Redação Anterior: ocorrer por determinação do Governador do Estado, po-
§ 2º - Não poderá participar de comissão de sindicância derá ser criada uma comissão especial constituída de três
ou de processo administrativo-disciplinar parente do servidores públicos ocupantes de cargo efetivo e estáveis
denunciado, consangüíneo ou afim, em linha reta ou cola-
que atuarão independentemente do órgão específico a
teral, até terceiro grau.
§ 3º - As Corregedorias exercerão suas atividades que se refere o art. 252.
com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse Seção II
da administração. (Redação dada pela LC nº 328, DOE Do Inquérito Administrativo
6.9.2005).
Art. 256 O inquérito administrativo será contraditório,
§ 4º - O ato de instauração do processo assegurada ao denunciado ampla defesa com a utilização
administrativo-disciplinar será atribuição do Secretário da dos meios e recursos admitidos em direito, inclusive o for-
Pasta. (Redação dada pela LC nº 328, DOE 6.9.2005). necimento de cópias das peças que forem solicitadas.
§ 5º Os Presidentes e membros das Comissões Art. 257 O relatório da sindicância integrará o inquéri-
Processantes da Corregedoria da Secretaria de Estado to administrativo, como peça informativa da instrução do
da Fazenda terão substitutos formalmente designados processo.
para eventuais impedimentos ou afastamentos, os quais
Parágrafo único - Na hipótese do relatório da sindicân-
deverão ser ocupantes de cargos efetivos e estáveis no
serviço público, sem prejuízo do disposto nos § § 1º e 2º. cia concluir pela prática de crime, a autoridade competente
(Acrescentado pela LC nº 474, DOE 24.12.2008). oficiará à autoridade policial, para abertura do inquérito
§ 6º Os servidores substitutos, formalmente designados administrativo, independentemente da imediata instaura-
na forma do § 5º, durante o período da substituição, farão jus ção do processo administrativo-disciplinar.
à percepção do valor da função gratificada correspondente Art. 258 O prazo para conclusão do processo adminis-
à do titular da Comissão Processante. (Acrescentado pela trativo-disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, conta-
LC nº 474, DOE 24.12.2008). dos da data da publicação do ato de sua instauração, ad-
§ 7º A designação de qualquer um dos substitutos, mitida sua prorrogação, desde que haja fundamentadas
não cessará a percepção da gratificação do titular. razões, mediante decisão da autoridade que determinou a
(Acrescentado pela LC nº 474, DOE 24.12.2008). abertura do processo administrativo-disciplinar. (Redação
Art. 253 No âmbito dos demais Poderes, nas autar- dada pela LC nº 328, DOE 6.9.2005.)
quias e fundações públicas do Poder Executivo, o proces- § 1º - Sempre que necessário, a comissão dedicará
so administrativo-disciplinar será conduzido por comissão
tempo integral aos seus trabalhos.
composta por servidores públicos efetivos e estáveis, de-
§ 2º - As reuniões da comissão serão registradas em
signados pelos Chefes de Poderes e dirigentes dos órgãos.
(Redação dada pela LC nº 328, DOE 6.9.2005). atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
Parágrafo Único . O ato de instauração do processo § 3º - O membro da comissão ou autoridade
administrativo-disciplinar, no âmbito dos Poderes e Órgãos competente que der causa à não- conclusão do inquérito
mencionados no “caput” deste artigo, será atribuição dos administrativo no prazo estabelecido neste artigo, ficará
Chefes dos Poderes e dos dirigentes dos órgãos. (Parágrafo sujeito às penalidades inscritas no art. 231, salvo motivo
único incluído pela LC nº 328, DOE 6.9.2005.) justificado.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Redação Anterior dada pela LC nº 151, DOE 1.6.1999: Parágrafo único - O incidente de sanidade mental será
Art. 258 O prazo para a conclusão do inquérito admi- processado em auto apartado e apenso ao processo prin-
nistrativo não excederá 30 (trinta) dias, contados da data cipal, após a expedição do laudo pericial.
da publicação do ato de sua instauração, admitida sua Art. 265 Tipificada a infração disciplinar, será elaborada
prorrogação por 15 (quinze) dias, quando as circunstâncias a peça de instrução do processo, com a indiciação do ser-
o exigirem. vidor público.
Redação Anterior Original: § 1º - O indiciado será citado por mandado expedido
Art. 258 O prazo para a conclusão do inquérito admi- pelo presidente da comissão para apresentar defesa escrita,
nistrativo não excederá sessenta dias, contados da data da no prazo de dez dias, assegurando-se-lhe vista do proces-
publicação do ato de sua instauração, admitida sua pror- so na repartição.
rogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigi- § 2º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será
rem.” comum. (§ 2º dada pela LC nº 151, DOE 1.6.1999)
Art. 259 Na fase do inquérito administrativo, a comis- Redação Anterior:
são promoverá a tomada de depoimento, acareações, in- § 2º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será
vestigações e diligências cabíveis, objetivando a coleta de de vinte dias.
prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, § 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo
de modo a permitir a completa elucidação dos fatos. dobro, para diligências reputadas indispensáveis.
Art. 260 É assegurado ao servidor público o direi- § 4º - No caso de recusa do indiciado em apor o ciente
to de acompanhar o processo administrativo-disciplinar, na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data
pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e declarada em termo próprio, pelo membro da comissão
reinquirir testemunhas, produzir provas e contra-provas e que procedeu à citação.
formular quesitos quando se tratar de prova pericial. Art. 266 O indiciado que mudar de residência fica obri-
§ 1º - O presidente da comissão poderá denegar pedidos gado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser en-
considerados impertinentes, meramente protelatórios ou contrado.
de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. Art. 267 Achando-se o indiciado em lugar incerto e não
§ 2º - Será indeferido o pedido de prova pericial, quando sabido, será, para apresentar defesa, citado por edital, pu-
a comprovação do fato independer de conhecimento blicado no Diário Oficial do Estado, por três vezes.
especial de perito.
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o prazo
Art. 261 As testemunhas serão convidadas para depor
para defesa será de quinze dias, a partir da última publica-
mediante mandado ou Aviso de Recepção - AR - expedido
ção do edital.
pelo presidente da comissão, devendo a segunda via ser
Art. 268 Considerar-se-á revel o indiciado que, regular-
anexada aos autos.
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
Parágrafo único - Se a testemunha for servidor público,
§ 1º - A revelia será declarada por termo, nos autos do
a expedição do mandado será imediatamente comunicada
processo e devolverá o prazo para a defesa.
ao chefe da repartição onde serve, com indicação do dia e
§ 2º - Para defender o indiciado revel, o presidente da
hora marcados para a inquirição.
Art. 262 O depoimento será prestado oralmente e re- comissão designará um defensor dativo, recaindo a escolha
duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por em servidor público de igual nível e grau do indiciado, ou
escrito. superior.
§ 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente. Art. 269 Apreciada a defesa, a comissão elaborará rela-
§ 2º - Na hipótese de depoimentos contraditórios tório minucioso, onde resumirá as peças principais dos au-
ou que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os tos e mencionará as provas em que se baseou para formar
depoentes. a sua convicção.
Art. 263 Concluída a inquirição das testemunhas, a co- § 1º - O relatório será sempre conclusivo quanto à
missão promoverá o interrogatório do denunciado, obser- inocência ou à responsabilidade do servidor público.
vados os procedimentos previstos nos arts. 261 e 262. § 2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor
§ 1º - No caso de mais de um denunciado, cada um público, a comissão indicará o dispositivo legal ou
deles será ouvido separadamente, e sempre que divergirem regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será agravantes ou atenuantes.
promovida a acareação entre eles. Art. 270 O processo administrativo-disciplinar, com o
§ 2º - O procurador do denunciado poderá assistir ao relatório da comissão, será remetido à autoridade que de-
interrogatório, bem como a inquirição das testemunhas, terminou a sua instauração, para julgamento.
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las por intermédio do Seção III
presidente da comissão. Do Julgamento
Art. 264 Quando houver dúvida sobre a sanidade men-
tal do denunciado, a comissão proporá à autoridade com- Art. 271 No prazo de sessenta dias, contados do rece-
petente que ele seja submetido a exame por junta médica bimento do processo administrativo-disciplinar, a autori-
oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra. dade julgadora proferirá a sua decisão.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

§ 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada Art. 282 A revisão correrá em apenso ao processo ori-
da autoridade instauradora do processo administrativo- ginário.
disciplinar, este será encaminhado à autoridade Parágrafo único - Na petição inicial, o requerente pe-
competente, que decidirá em igual prazo. dirá dia e hora para a produção de provas e inquirição das
§ 2º - Havendo mais de um indiciado e diversidade de testemunhas que arrolar.
sanções, o julgamento caberá à autoridade competente Art. 283 A comissão revisora terá até sessenta dias para
para a imposição da pena mais grave. a conclusão dos trabalhos, prorrogável por igual prazo,
Art. 272 No julgamento, quando o relatório da comis- quando as circunstâncias o exigirem.
são contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora Art. 284 Aplicam-se aos trabalhos da comissão revi-
poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, sora, no que couber, as normas e procedimentos próprios
abrandá-la, ou isentar o servidor público de responsabi- aplicados ao inquérito administrativo.
lidade. Art. 285 O julgamento caberá à autoridade que aplicou
Art. 273 Verificada a existência de vício insanável, a au- a penalidade, nos termos do art. 246.
toridade julgadora declarará a nulidade total ou parcial Art. 286 Julgada procedente a revisão, será declarada
do processo administrativo-disciplinar e ordenará instau- sem efeito a penalidade aplicada, ou reintegrado o servi-
ração de um novo processo. dor público, restabelecendo-se todos os direitos atingidos,
Art. 274 Extinta a punibilidade pela prescrição, a auto- exceto em relação à destituição de cargo em comissão
ridade julgadora determinará o registro do fato nos assen- ou função gratificada, hipótese em que ocorrerá apenas a
tamentos individuais do servidor público.
conversão da penalidade em exoneração.
Art. 275 Quando a infração estiver capitulada como cri-
Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá
me, o processo administrativo-disciplinar será remetido ao
resultar agravamento de penalidade.
Ministério Público, para instauração da ação penal, ficando
traslado na repartição.
Art. 276 O servidor público que responder a processo TÍTULOS XII.
administrativo- disciplinar só poderá ser exonerado a pedi-
do, ou aposentado voluntariamente, após sua conclusão e Título XI Capítulo Único
o cumprimento da penalidade, caso aplicada. Das Contratações Temporárias de Excepcional
Art. 277 Serão assegurados transporte e diárias: Interesse Público
I - ao servidor público convocado para prestar depoi-
mento fora da sede de sua repartição, na condição de tes- Art. 287 Revogado (pela LC nº 193 – DOE 1.12.2000).
temunha, denunciado ou indiciado; Redação Anterior:
II - aos membros da comissão de inquérito administra- Art. 287 Para atender a necessidades temporárias de
tivo e ao secretário, quando obrigados a se deslocarem da excepcional interesse público, poderá o Estado celebrar
sede dos trabalhos para a realização de missão essencial ao contrato administrativo de prestação de serviços, por
esclarecimento dos fatos. tempo determinado.
Art. 288 As contratações a que se refere o artigo
Seção IV anterior somente poderão ocorrer nos seguintes casos:
Da Revisão do Processo I - calamidade pública;
II - combate a surtos epidêmicos;
Art. 278 O processo administrativo-disciplinar poderá III - atendimento de serviços essenciais, em casos de
ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quan- vacância ou afastamento do titular do cargo, quando não
do se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis seja possível a redistribuição de tarefas.
de justificar a inocência do punido ou a inadequação da § 1º - As contratações previstas neste artigo terão
penalidade aplicada. dotação específica e não poderão ultrapassar o prazo de
Parágrafo único - A revisão de que trata este artigo po- seis meses que será improrrogável.
derá ser requerida: § 2º - As contratações serão autorizadas pelo chefe
I - em caso de falecimento, ausência ou desapareci-
do Poder competente e, na administração indireta pelos
mento do servidor público, por qualquer pessoa da família;
dirigentes das autarquias e fundações públicas, após prévia
II - em caso de incapacidade mental do servidor públi-
manifestação do Conselho Estadual de Política de Pessoal
co, pelo respectivo curador.
Art. 279 No processo revisional, o ônus da prova cabe - CEPP.
ao requerente. § 3º - O contratado não poderá ser ocupante de cargo
Art. 280 A simples alegação de injustiça da penalidade público, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade da
não constitui fundamento para revisão, que requer elemen- autoridade solicitante da admissão, exceto as acumulações
tos novos, ainda não apreciados no processo originário. permitidas constitucionalmente.
Art. 281 O requerimento de revisão do processo será § 4º - O contratado na forma do art. 287 não poderá,
dirigido ao chefe do Poder competente, o qual, se autori- findo o prazo do contrato original, ser novamente
zar a revisão, encaminhará o pedido ao órgão processante contratado, sujeitando-se a penalidades legais a autoridade
da entidade onde se originou o processo administrativo- responsável pela contratação.
-disciplinar.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Art. 289 Os contratados para atender a necessidade


temporária de excepcional interesse público estão sujeitos
aos mesmos deveres e proibições, e ao mesmo regime de
responsabilidades vigentes para os servidores públicos
integrantes do órgão ou entidade a que forem vinculados.
Art. 290 A rescisão do contrato administrativo para
prestação de serviços, antes do prazo previsto para seu
término, ocorrerá:
I - a pedido do contratado;
II - por conveniência da administração, a juízo da
autoridade que procedeu à contratação;
III - quando o contratado incorrer em falta disciplinar.
Parágrafo único - Ao término do contrato administrativo
ou em caso de rescisão por conveniência da administração,
quando o prazo de duração do mesmo for superior a trinta
dias, o contratado fará jus ao décimo terceiro vencimento
proporcional ao tempo de serviço prestado.
Art. 291 É assegurado aos contratados o direito ao gozo
de licença para tratamento da própria saúde, por acidente
em serviço, doença profissional, gestação e paternidade,
vedadas quaisquer outras espécies de afastamento, não
podendo a concessão das licenças ultrapassar o prazo
previsto no ato de admissão.
§ 1º - O contratado temporariamente terá direito à
aposentadoria por invalidez decorrente de acidente em
serviço.
§ 2º - Se o contratado vier a falecer, será pago auxílio-
funeral à sua família, observadas as normas previstas nos
arts. 215 e 216.
Art. 292 As informações relativas ao exercício do
contratado constarão de seu assentamento funcional,
considerando-se tal exercício como tempo de serviço
público, caso o mesmo venha a exercer cargo público.

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REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

ANOTAÇÕES

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30
DEFINIÇÃO DOS CRIMES DE TORTURA

LEI N.º 9.455/97......................................................................................................................................................................................................... 01


DEFINIÇÃO DOS CRIMES DE TORTURA

[...]”. No documento o conceito de tortura pode ser assim


(LEI N.º 9.455/97) subdividido: a) ação, não omissão; b) praticada por funcio-
nário público ou alguém sob sua autoridade; c) com dolo
(intenção); d) contra uma pessoa; e) consistente em penas
ou sofrimentos graves, físicos ou mentais; f) visando - ob-
No Brasil, o uso da tortura - seja como meio de obten- tenção de informação ou confissão, castigo ou intimidação.
ção de provas através da confissão, seja como forma de Pelo mesmo dispositivo, a pena privativa de liberdade
castigo a prisioneiros - data dos tempos da Colônia. Le- que seja aplicada em obediência à lei, ou seja, sem arbi-
gado da Inquisição, a tortura nunca deixou de ser aplicada trariedade, em respeito aos direitos humanos consagrados
durante os 322 anos de período colonial e nem posterior- nas Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos, não é
mente - nos 67 anos do Império e no período republicano. tortura. O que constitui tortura é “[...] uma forma agravada
Durante os chamados anos de chumbo, assim como na e deliberada de tratamento ou de pena cruel, desumana ou
ditadura Vargas (período denominado Estado Novo ou Re- degradante”.
pública Nova, em alusão à República Velha, que se findava), Merece evidência, ainda, o artigo 3º da Declaração:
houve a prática sistemática da tortura contra presos políti- “Nenhum Estado poderá tolerar a tortura ou tratos ou
cos - aqueles considerados subversivos, que alegadamente penas cruéis, desumanos ou degradantes. Não poderão
ameaçavam a segurança nacional. Durante o regime militar ser invocadas circunstâncias excepcionais tais como es-
de 1964, os torturadores brasileiros eram em sua grande tado de guerra ou ameaça de guerra, instabilidade política
maioria militares das forças armadas, em especial do exér- interna ou qualquer outra emergência pública como justi-
cito. Os principais centros de tortura no Brasil, nesta época, ficativa da tortura ou outros tratamentos ou penas cruéis,
eram os DOI/CODI, órgãos militares de defesa interna. desumanos ou degradantes”. A tortura é uma ofensa ta-
No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, as di- manha à dignidade da pessoa humana que em nenhuma
taduras militares do Brasil e de outros países da América hipótese pode ser praticada, suspendendo ou excetuando
do Sul criaram a chamada Operação Condor, para perse- as garantias que a envolvem.
guir, torturar e eliminar opositores. Receberam o suporte Os outros artigos da Declaração tratam dos deveres
de especialistas militares norte-americanos, ligados à CIA, estatais de criminalização e punição da tortura, bem como
que ensinaram novas técnicas de tortura para obtenção de de conscientização em treinamento de seus agentes a res-
informações. peito de sua vedação e de reparação dos danos causados,
Com a redemocratização, em 1985, cessou a prática da encerrando com a invalidação de qualquer declaração ou
tortura com fins políticos. Mas as técnicas foram incorpo- confissão proferida nestas condições.
radas por muitos policiais, que passaram a aplicá-las contra Em geral, a Convenção mencionada apenas amplia as
os presos comuns, “suspeitos” ou detentos. questões protetivas tratadas na Declaração, merecendo
O artigo V da Declaração de 1948 prevê que “ninguém destaque o seu artigo 1º, que diferente do primeiro artigo
será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo da Declaração traz uma fórmula genérica para a finalida-
cruel, desumano ou degradante”, previsão repetida no ar- de da tortura consistente em qualquer motivo baseado
tigo 7º do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
em discriminação de qualquer natureza. Não obstante,
e no artigo 5º da Convenção Americana sobre os Direitos
exclui as sanções legítimas e lembra que se a lei nacional
Humanos. Vale lembrar que a tortura é o clássico tipo de
ou internacional trouxer conceito mais amplo este preva-
tratamento cruel.
lecerá.
Há uma preocupação especial da comunidade interna-
No Brasil, a Constituição de 1988 prevê no artigo 5o, III
cional de vedar tais práticas. Neste sentido, na esfera das
que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
Nações Unidas, tem-se a Declaração sobre a Proteção de
desumano ou degradante” e considera a prática de tortura
Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Trata-
mentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela como crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia
Assembleia Geral em 9 de dezembro de 1975, e a Conven- (para o STF, a proibição se estende ao indulto).
ção contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Pela lei infraconstitucional, a tortura é disciplinada pela
Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assembleia Ge- Lei no 9.455, de 07 de abril de 1997, que tipifica o crime de
ral em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil em tortura em seu artigo 1o, com pena de reclusão de 2 a 8
28 de setembro de 1989. anos.
Na referida Declaração, o artigo 1º traz um conceito Diferentemente da disciplina internacional, a tortu-
de tortura: “1. Sob os efeitos da presente declaração, será ra não é ato exclusivamente praticado por funcionário
entendido por tortura todo ato pelo qual um funcionário público ou terceiro particular às suas ordens (seria crime
público, ou outra pessoa a seu poder, inflija intencional- próprio) e sim ato que pode ser praticado, em regra, por
mente a uma pessoa penas ou sofrimentos graves, sendo qualquer pessoa. Desta feita, o que distinguirá a tortura de
eles físicos ou mentais, com o fim de obter dela ou de outros tipos penais não será a condição do agente, mas sim
um terceiro informação ou uma confissão, de castigá-la a finalidade do ato ou mesmo a intensidade do sofrimen-
por um ato que tenha cometido ou seja suspeita de que to causado (esse é o critério para distinguir da prática de
tenha cometido, ou de intimidar a essa pessoa ou a outras. maus-tratos, art. 136, CP).

1
DEFINIÇÃO DOS CRIMES DE TORTURA

LEI NO 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997 Elemento subjetivo: dolo.


Tipo objetivo: submeter a sofrimento físico ou men-
Define os crimes de tortura e dá outras providências. tal diverso de ato típico previsto em lei ou resultante de
medida legal, que é plurissubsistente, admitindo tentativa.
Art. 1º Constitui crime de tortura: Evidente que a pena e a medida de segurança tipicamente
I - constranger alguém com emprego de violência geram um tipo de sofrimento, não é este abrangido pela
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou conduta típica.
mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
confissão da vítima ou de terceira pessoa; quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
pena de detenção de um a quatro anos.
Tortura-prova ou tortura-persecutória
Omissão perante a tortura
Sujeito ativo: pessoa que tivesse autoridade para evitar
b) para provocar ação ou omissão de natureza cri- ou apurar as condutas.
minosa; Sujeito passivo: qualquer pessoa.
Tortura para a prática de crime ou tortura-crime Elemento subjetivo: dolo.
Tipo objetivo: tratando-se de conduta omissiva, não
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; admite tentativa.
Tortura discriminatória ou tortura-racismo
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa. gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
Sujeito passivo: qualquer pessoa. resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Elemento subjetivo: dolo, específico, variando para Tortura qualificada
cada um dos três tipos. Tortura + lesão grave ou gravíssima = reclusão, 4 a 10
Tipo objetivo: constranger alguém mediante violência anos.
ou grave ameaça, gerando sofrimento físico ou mental, é Tortura + morte = reclusão, 8 a 16 anos.
conduta plurissubsistente, logo, admite tentativa. Em ambos casos, vai se verificar se o autor da condu-
ta realmente não quis nem assumiu o risco de produzir o
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou au- resultado da lesão grave/gravíssima ou da morte, ou seja,
a lesão grave/gravíssima ou a morte não podem ter sido
toridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a
almejadas pelo autor, se forem, há concurso formal entre a
intenso sofrimento físico ou mental, como forma de apli-
tortura e a lesão (art. 129, §§ 1o e 2o, CP) ou então homicídio
car castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. qualificado pela tortura (art. 121, §2o, III, CP).
Tortura-castigo
Sujeito ativo: crime próprio, pois a pessoa deve ter atri- § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
buto especial consistente em guarda, poder ou autoridade I - se o crime é cometido por agente público;
sobre a outra. II – se o crime é cometido contra criança, gestante,
Sujeito passivo: qualquer pessoa que esteja sob guar- portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
da, poder ou autoridade de outrem. (sessenta) anos;
Elemento subjetivo: dolo, específico pois deve ser for- III - se o crime é cometido mediante sequestro.
ma de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Causas de aumento de pena
Tipo objetivo: a conduta de submeter alguém a violên- Se aplicam a todos os tipos anteriores.
cia ou grave ameaça, intenso sofrimento físico ou mental, é Se houver mais de uma causa presente, o juiz apenas
plurissubsistente e, como tal, admite tentativa. aumenta a pena uma vez, no montante máximo de 1/3.

Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, fun-
ção ou emprego público e a interdição para seu exercí-
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa cio pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Se o sujeito ativo for funcionário público, perderá o
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento fí-
cargo, função ou emprego; se não for, ficará impedido de
sico ou mental, por intermédio da prática de ato não pre-
obtê-lo ou de tentar retornar a cargo diverso, pelo dobro
visto em lei ou não resultante de medida legal. do prazo da pena empregada.
Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de
segurança § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível
Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa, mas na de graça ou anistia.
prática será comumente cometido por quem tenha pode- Também é insuscetível de indulto.
res no âmbito da detenção, como carcereiro ou agente pri-
sional, ou da medida de segurança, como enfermeiro. § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo
Sujeito passivo: apenas pode ser pessoa presa ou sujei- a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
ta a medida de segurança. regime fechado.

2
DEFINIÇÃO DOS CRIMES DE TORTURA

Salvo no caso de omissão para a prática de tortura, o pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido
regime inicial de cumprimento da pena seria fechado. En- por agente público; II - se o crime é cometido contra crian-
tretanto, o STF afastou a obrigatoriedade de início de pena ça, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior
em regime fechado para crimes hediondos e equiparados de 60 (sessenta) anos; III - se o crime é cometido mediante
(HC 111.840/ES). Caberá ao juiz individualizar a pena, inclu- sequestro”.
sive quanto ao regime de cumprimento.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o


crime não tenha sido cometido em território nacional,
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
em local sob jurisdição brasileira.
Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondi-
cionada da lei penal. O legislador quis garantir a punição
da prática repulsiva da tortura independentemente da lo-
calização da vítima (sendo ela brasileira) ou da nacionalida-
de do agente (estando ele sob jurisdição brasileira).

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-


ção.

Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de


julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e


109º da República.

EXERCÍCIOS

1. (UECE-CEV/2017 - SEAS - CE - Assistente Social /


Pedagogo / Psicólogo) O disposto na Lei Federal nº 9.455
de 1997 (Lei da Tortura)
a) aplica-se quando o crime não tenha sido cometido
em território nacional, sendo a vítima estrangeira, ainda
que o agente não se encontre em local sob jurisdição bra-
sileira.
b) não se aplica quando o crime não tenha sido come-
tido em território nacional.
c) aplica-se quando o crime não tenha sido cometido
em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encon-
trando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
d) não se aplica quando o crime tenha sido cometido
em território nacional, mas a vítima seja estrangeira.
R: C. Prevê a Lei de Tortura (Lei no 9.455/97): “art. 2º.
O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima
brasileira ou encontrando-se o agente em local sob juris-
dição brasileira”.

2. (CONSULPLAN/2017 - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico


Judiciário - Segurança e Transporte) Os crimes previstos
na Lei de Tortura (Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997) NÃO
terão a sua pena aumentada de um sexto até um terço se
o crime for cometido
a) por agente público.
b) mediante sequestro.
c) contra vítima de 55 anos.
d) contra portador de deficiência.
R: C. Preconiza o art. 1o em seu §4o: “Aumenta-se a

3
DEFINIÇÃO DOS CRIMES DE TORTURA

ANOTAÇÕES

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