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Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

TJ-MA
Técnico Judiciário – Apoio Técnico Administrativo

AG025-19
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OBRA

Tribunal de Justiça do Estado do Marinhão - TJ-MA

Técnico Judiciário – Apoio Técnico Administrativo

Edital de Abertura de Inscrições

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Raciocínio Lógico-Matemático - Profº Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil
Noções de Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto
História e Geografia do Estado do Maranhão - Profº Heitor Ferreira
Organização Judiciária Estadual - Profº Ricardo Razaboni
Noções de Administração - Profº Fernando Zantedeschi
Noções de Administração Pública - Profº Fernando Zantedeschi
Noções de Administração Financeira e Orçamentária - Profª Silvana Guimarães
Noções de Direito Constitucional - Profº Ricardo Razaboni
Noções de Direito Administrativo - Profº Fernando Zantedeschi

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Érica Duarte
Christine Liber
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Thais Regis
Renato Vilela

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação de texto................................................................................................................................................................................... 01
Funções da linguagem.................................................................................................................................................................................. 13
Ortografia e acentuação............................................................................................................................................................................... 19
Articulação do texto: coesão e coerência.............................................................................................................................................. 24
Classes de palavras........................................................................................................................................................................................ 25
Sintaxe. Termos da oração. Processos de coordenação e subordinação. Tempos, modos e vozes verbais. Flexão
nominal e verbal.............................................................................................................................................................................................. 63
Concordância nominal e verbal................................................................................................................................................................. 73
Regência nominal e verbal........................................................................................................................................................................... 79
Ocorrência da Crase....................................................................................................................................................................................... 85
Pontuação.......................................................................................................................................................................................................... 87

RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Números inteiros e racionais: operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação); expressões
numéricas; múltiplos e divisores de números naturais; problemas. Frações e operações com frações....................... 01
Números e grandezas proporcionais: razões e proporções; divisão em partes proporcionais; regra de três;
porcentagem e problemas.......................................................................................................................................................................... 21
Sistemas de medidas: medidas de tempo; sistema decimal de medidas; sistema monetário brasileiro..................... 32
Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; deduzir novas
informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas
relações.............................................................................................................................................................................................................. 41
Compreensão e elaboração da lógica das situações por meio de: raciocínio verbal, raciocínio matemático,
raciocínio sequencial, orientação espacial e temporal, formação de conceitos, discriminação de elementos.......... 41
Compreensão do processo lógico que, a partir de um conjunto de hipóteses, conduz, de forma válida, a
conclusões determinadas............................................................................................................................................................................ 41

NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows 7 e 10), organização e gerenciamento de arquivos,
pastas e programas, compactação de arquivos, BIOS e SETUP.................................................................................................... 01
Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office 2010, 2013 e LibreOffice 5, 6)................. 15
Noções de webmail e correio eletrônico (Microsoft Outlook 2010 e 2013). Redes de computadores: tipos de
redes, dispositivos básicos de redes, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e Intranet, conexão
padrão (HTTP) e conexão segura (HTTPS). Navegadores web (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e
Google Chrome).............................................................................................................................................................................................. 105
Noções de proteção e segurança da informação, tipos de malware, técnicas e recursos para proteção de
informações e sistemas computacionais............................................................................................................................................... 120

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO


História do Maranhão:
França equinocial: expedição de Daniel de La Touche................................................................................................................... 01
SUMÁRIO
Fundação de São Luís................................................................................................................................................................................. 01
Batalha de Guaxenduba.............................................................................................................................................................................. 02
A invasão holandesa..................................................................................................................................................................................... 04
A expulsão dos holandeses....................................................................................................................................................................... 04
O Estado do Maranhão e Grão-Pará: a Revolta de Bequimão. Causas.................................................................................... 05
Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará..................................................................................................................... 06
Os objetivos da Revolta............................................................................................................................................................................. 06
Período do Império: adesão do Maranhão.......................................................................................................................................... 06
A Independência do Brasil. Causas da não adesão: a Batalha do Jenipapo........................................................................... 08
A Balaiada: caracterização e causas do movimento........................................................................................................................ 09
Período Republicano: adesão do Maranhão à República............................................................................................................... 10
A Revolução de 1930 no Maranhão........................................................................................................................................................ 10
O Vitorinismo e a Greve de 1951............................................................................................................................................................ 11
Os principais fatos políticos, econômicos e sociais ocorridos no Maranhão na segunda metade do século XX.... 12

Geografia do Maranhão:
Localização do Estado do Maranhão: superfície; limites; linhas de fronteira; pontos extremos;................................... 16
Áreas de Proteção Ambiental (APA)....................................................................................................................................................... 16
Parques nacionais.......................................................................................................................................................................................... 16
Climas do Maranhão: pluviosidade e temperatura.......................................................................................................................... 17
Geomorfologia............................................................................................................................................................................................... 18
Geologia e recursos minerais no Maranhão......................................................................................................................................... 18
Classificação do relevo maranhense: planaltos, planícies e baixadas....................................................................................... 19
Características dos rios maranhenses: bacias dos rios limítrofes: bacia do Parnaíba, do Gurupi e do Tocantins-
19
Araguaia. Bacias dos rios genuinamente maranhenses.................................................................................................................
Principais formações vegetais: floresta, cerrado e cocais.............................................................................................................. 20
Geografia da População: população absoluta; povoamento; urbanização; densidade demográfica; movimentos
20
populacionais..................................................................................................................................................................................................
A agricultura maranhense: caracterização e principais produtos agrícolas; caracterização da pecuária.
21
Extrativismo: vegetal, animal e mineral................................................................................................................................................
Parque industrial: indústrias de base e indústrias de transformação. Setor terciário: comércio, telecomunicações,
21
transportes. Malha viária. Portos e aeroportos...................................................................................................................................
A cultura maranhense.................................................................................................................................................................................. 24

ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL


Código de Divisão e Organização Judiciária do Estado do Maranhão (Lei Complementar nº 14, de 17 de
dezembro de 1991 e suas alterações)..................................................................................................................................................... 01
Estatuto do Servidor Público Estadual (Lei nº 6.107, de 27 de julho de 1994).......................................................................... 17
Custas Judiciais e emolumentos extrajudiciais (Lei nº 6.584, de 15 de janeiro de 1996). Tabelas de custas judiciais
e emolumentos extrajudiciais (Lei nº 6.760, de 06 de dezembro de 1996)............................................................................... 29
Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Maranhão................................................................................................................. 30
SUMÁRIO

Da Justiça Estadual. Da Divisão Judiciária do Maranhão. Comarcas, termos e zonas judiciárias. Entrâncias e
instâncias. Dos Órgão do Poder Judiciário do Maranhão. Do Tribuna de Justiça. Da Corregedoria Geral da
Justiça. Dos Juízes de Direito: ingresso na carreira, juízes substitutos, juízes auxiliares, juízes titulares. Do
Tribunal do Júri e da Justiça Militar Estadual. Dos juizados especias e da Justiça de Paz. Dos magistrados:
posse, exercício, antiguidade, direitos e garantias, subsídios, licença e férias, deveres e sanções. Dos
serviços judiciais e dos servidores do Poder Judiciário: serviços auxiliares da Justiça e dos servidores do
Poder Judiciário. Da secretaria do Tribunal de Justiça, da secretaria da Corregedoria Geral da Justiça, das
secretarias judiciais e das secretarias de diretorias de fórum: nomeação, atribuições, substituições. Dos
oficiais de justiça. Dos serventuários e dos funcionários: nomeação, posse, compromisso, exercício, direitos
e garantias, férias, licenças, disponibilidade e aposentadoria, deveres e sanções. Do processo administrativo
disciplinar............................................................................................................................................................................................................ 34
Plano de Cargos, Carreiras e vencimentos dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Maranhão (Leis nº 8.032,
de 10 de dezembro de 2003, nº 8.597, de 04 de maio de 2007; nº 8.715, de 19 de novembro de 2007; e nº 8.727, de 7
de dezembro de 2007). Dos serviços extrajudiciais: notários e registradores, auxiliares, concurso de remoção e de
ingresso. Da fiscalização do Poder Judiciário....................................................................................................................................... 34

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Noções de Administração: Funções da administração: planejar, organizar, dirigir e controlar. Conceitos de
eficiência, eficácia e efetividade. Processo administrativo: pensamento sistêmico e visão estratégica. Novas
tecnologias na gestão. Caracterização das organizações: tipos de estruturas organizacionais....................................... 01
Aspectos comportamentais: liderança, motivação, clima e cultura organizacional............................................................... 39
Gestão de Pessoas: relacionamento interpessoal, gestão por Competências; gerenciamento de conflitos............... 50
Gestão da qualidade: conceitos, ferramentas da qualidade, qualidade no atendimento..................................................... 76
Processo decisório: tipos de decisões...................................................................................................................................................... 87
Noções de Administração de material e logística: Conceitos, Classificação dos materiais, Funções da administração
de materiais, Logística................................................................................................................................................................................... 95

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Noções de Administração pública: Modelos de Administração Pública e sua evolução. Administração
patrimonialista. Administração burocrática. Administração pública gerencial.......................................................................... 01
Gestão pública, Governabilidade, Governança e Accountability. Gestão pública empreendedora. Inovação no
setor público....................................................................................................................................................................................................... 15

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Orçamento Público: Conceito, Princípios Orçamentários............................................................................................................... 01
Ciclo Orçamentário: Elaboração da Proposta, Estudo e Aprovação, Execução e Avaliação da Execução
Orçamentária. Orçamento Público no Brasil: Lei Federal nº 4.320/1964 atualizada. Finanças Públicas e Orçamento
na Constituição Federal de 1988. Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orçamentária Anual........... 06
Despesa Orçamentária: Estrutura da Programação Orçamentária. Acompanhamento e Controle da Execução
Orçamentária. Despesas de Exercícios Anteriores. Suprimento de Fundos............................................................................. 20
Receita Orçamentária: Classificação por Natureza: Categoria Econômica, Origem, Espécie, Desdobramentos
para Identificação de Peculiaridades da Receita, Tipo. Classificação da Receita por Esfera Orçamentária.
Recursos Arrecadados em Exercícios Anteriores. Créditos Orçamentários Iniciais e Adicionais. Etapas da Receita
Orçamentária e da Despesa Orçamentária............................................................................................................................................ 25
SUMÁRIO
Restos a Pagar................................................................................................................................................................................................... 29
Dívida Ativa........................................................................................................................................................................................................ 31
Lei Complementar nº 101/2000 atualizada: Disposições Preliminares, Planejamento, Receita e Despesa Pública,
Transferências voluntárias, Destinação de Recursos para o Setor Privado, Dívida e Endividamento. Gestão
Patrimonial e Contábil. Lei de Responsabilidade fiscal...................................................................................................................... 31

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Noções de Direito Constitucional: A Constituição. Conceito. Classificação............................................................................. 01
Princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988. Direitos e Garantias Fundamentais. Direitos e deveres
individuais e coletivos. Direitos sociais................................................................................................................................................... 04
Organização do Estado................................................................................................................................................................................. 08
Administração pública. Servidores públicos civis e militares........................................................................................................ 10
Organização dos Poderes. Do Poder Legislativo. Do Poder Executivo. Do Poder Judiciário. Disposições Gerais.
Do Supremo Tribunal Federal. Do Superior Tribunal de Justiça. Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes
Federais. Dos Tribunais e Juízes dos Estados........................................................................................................................................ 15
Das funções essenciais à Justiça................................................................................................................................................................ 35

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Princípios básicos da Administração Pública..................................................................................................................................... 01
Organização administrativa: administração direta e indireta; centralizada e descentralizada; autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista................................................................................................ 03
Consórcios públicos (Lei nº 11.107/2005)............................................................................................................................................ 08
Órgãos públicos............................................................................................................................................................................................ 12
Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos; anulação, revogação e convalidação; discricionariedade e
vinculação......................................................................................................................................................................................................... 15
Poderes e deveres dos administradores públicos: uso e abuso do poder, poderes vinculado, discricionário,
hierárquico, disciplinar e regulamentar, poder de polícia, deveres dos administradores públicos.............................. 21
Agentes Públicos........................................................................................................................................................................................... 26
Regime Jurídico dos Servidores Públicos Federais: Lei nº 8.112/90 com alterações posteriores. Provimento.
Vacância. Direitos e Vantagens. Dos deveres. Das proibições. Da acumulação. Das responsabilidades. Das
penalidades. Do processo administrativo disciplinar e sua revisão........................................................................................... 30
Serviços públicos: conceito, regime jurídico, princípios, titularidade e competência. Delegação: concessão,
permissão e autorização............................................................................................................................................................................ 59
Licitação e contratos administrativos: Lei nº 8.666/93 com alterações posteriores: Dos princípios. Das
modalidades. Dos contratos. Da execução. Da inexecução e da rescisão. Das sanções................................................... 70
Lei nº 10.520/02: Do pregão...................................................................................................................................................................... 105
Do processo administrativo (Lei n° 9.784/99).................................................................................................................................... 108
Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92)................................................................................................................................... 111
Bens públicos: regime jurídico; classificação; administração; aquisição e alienação; utilização; autorização de
uso, permissão de uso, concessão de uso, concessão de direito real de uso e cessão de uso..................................... 114
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretação de texto................................................................................................................................................................................................ 01
Funções da linguagem............................................................................................................................................................................................... 13
Ortografia e acentuação............................................................................................................................................................................................ 19
Articulação do texto: coesão e coerência............................................................................................................................................................ 24
Classes de palavras...................................................................................................................................................................................................... 25
Sintaxe. Termos da oração. Processos de coordenação e subordinação. Tempos, modos e vozes verbais. Flexão nominal
e verbal............................................................................................................................................................................................................................ 63
Concordância nominal e verbal.............................................................................................................................................................................. 73
Regência nominal e verbal........................................................................................................................................................................................ 79
Ocorrência da Crase.................................................................................................................................................................................................... 85
Pontuação....................................................................................................................................................................................................................... 87
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. ção...
O narrador afirma...

Interpretação Textual Erros de interpretação

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela-  Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz do contexto, acrescentando ideias que não estão
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- no texto, quer por conhecimento prévio do tema
ficar e decodificar). quer pela imaginação.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases.  Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para um texto é um conjunto de ideias), o que pode ser
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- insuficiente para o entendimento do tema desen-
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento volvido.
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada  Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
de seu contexto original e analisada separadamente, po- contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
derá ter um significado diferente daquele inicial. clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- questão.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Observação:
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun- de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
damentações), as argumentações (ou explicações), que que o autor diz e nada mais.
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na
prova. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
 Identificar os elementos fundamentais de uma um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
argumentação, de um processo, de uma época pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, que se vai dizer e o que já foi dito.
os quais definem o tempo).
 Comparar as relações de semelhança ou de dife- São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
renças entre as situações do texto. eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
com uma realidade. aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
 Parafrasear = reescrever o texto com outras pa- semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
lavras. tecedente.
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
Condições básicas para interpretar terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- cia, a saber:
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação te, mas depende das condições da frase.
e de síntese; capacidade de raciocínio. qual (neutro) idem ao anterior.
quem (pessoa)
Interpretar/Compreender cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído.
Interpretar significa: como (modo)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. onde (lugar)
Através do texto, infere-se que... quando (tempo)
LÍNGUA PORTUGUESA

É possível deduzir que... quanto (montante)


O autor permite concluir que...
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Compreender significa: Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito. aparecer o demonstrativo O).
O texto diz que...
É sugerido pelo autor que...

1
Dicas para melhorar a interpretação de textos plícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o
leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para
 Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
candidatos na disputa, portanto, quanto mais infor- mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Há
mação você absorver com a leitura, mais chances duas formas: a Paráfrase e a Paródia.
terá de resolver as questões.
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- Paráfrase
rompa a leitura.
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia
forem necessárias. do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre
 Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos
conclusão). do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi
 Volte ao texto quantas vezes precisar. dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano
 Não permita que prevaleçam suas ideias sobre Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):
as do autor.
 Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me- Texto Original
lhor compreensão.
 Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado Minha terra tem palmeiras
de cada questão. Onde canta o sabiá,
 O autor defende ideias e você deve percebê-las. As aves que aqui gorjeiam
 Observe as relações interparágrafos. Um parágra- Não gorjeiam como lá.
fo geralmente mantém com outro uma relação de (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi-
que muito bem essas relações. Paráfrase
 Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou
seja, a ideia mais importante. Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
 Nos enunciados, grife palavras como “correto” Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
na hora da resposta – o que vale não somente Eu tão esquecido de minha terra...
para Interpretação de Texto, mas para todas as de- Ai terra que tem palmeiras
mais questões! Onde canta o sabiá!
 Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin- (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con- Bahia”).
clusão.
 Olhe com especial atenção os pronomes relativos, Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia.
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o
tem a outros vocábulos do texto. texto primitivo conservando suas ideias, não há mudança
do sentido principal do texto, que é a saudade da terra
SITES natal.
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos.
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> Paródia
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar
-provas> outros textos, há uma ruptura com as ideologias impos-
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. tas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de inter-
html> pretação, a voz do texto original é retomada para trans-
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- formar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> de suas verdades incontestadas anteriormente. Com esse
processo há uma indagação sobre os dogmas estabeleci-
Intertextualidade dos e uma busca pela verdade real, concebida através do
raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem
uso contínuo dessa arte. Frequentemente os discursos
LÍNGUA PORTUGUESA

Intertextualidade acontece quando há uma referên-


cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também de políticos são abordados de maneira cômica e contes-
pode ocorrer com outras formas além do texto, música, tadora, provocando risos e também reflexão a respeito
pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer da demagogia praticada pela classe dominante. Com o
alusão à outra ocorre a intertextualidade. mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora,
Apresenta-se explicitamente quando o autor informa uma paródia.
o objeto de sua citação. Num texto científico, por exem-
plo, o autor do texto citado é indicado; já na forma im-

2
Texto Original Em nosso cotidiano, somos cercados por informações
subentendidas. A publicidade, por exemplo, parte de há-
Minha terra tem palmeiras bitos e pensamentos da sociedade para criar subentendi-
Onde canta o sabiá, dos. Já a anedota é um gênero textual cuja interpretação
As aves que aqui gorjeiam depende da quebra de subentendidos.
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). Disponível em:
https://www.normaculta.com.br/pressuposto-e-su-
Paródia bentendido/
http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estu-
Minha terra tem palmares do-do-texto/implicitos-e-pressupostos.html
onde gorjeia o mar Acesso em: 01 jun. 2019
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá. Níveis de Linguagem
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
A língua é um código de que se serve o homem para
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs- elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por funcionais:
Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sen- A) a língua funcional de modalidade culta, língua
tido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à culta ou língua-padrão, que compreende a lín-
escravidão existente no Brasil. gua literária, tem por base a norma culta, forma
linguística utilizada pelo segmento mais culto e
Pressupostos e Subentendidos influente de uma sociedade. Constitui, em suma,
a língua utilizada pelos veículos de comunicação
Informações Implícitas de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de
Muitos candidatos a vagas em Concursos se pergun- serem aliados da escola, prestando serviço à socie-
tam como melhorar sua capacidade de interpretação dade, colaborando na educação;
dos textos. Primeiramente, é preciso ter em mente que B) a língua funcional de modalidade popular; lín-
um texto é formado por informações explícitas e implí- gua popular ou língua cotidiana, que apresenta
citas. As explícitas são aquelas manifestadas pelo autor gradações as mais diversas, tem o seu limite na gí-
no próprio texto; as implícitas, não, mas podem ser su- ria e no calão.
bentendidas. Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura
eficiente, é preciso ir além do que foi dito, ou seja, ler nas Norma culta
entrelinhas.
Nos concursos, fazer inferências é uma habilidade A norma culta, forma linguística que todo povo civili-
fundamental para a interpretação adequada dos textos zado possui, é a que assegura a unidade da língua nacio-
e dos enunciados. nal. E justamente em nome dessa unidade, tão importan-
Há dois tipos de informações que podem ser inferi- te do ponto de vista político-cultural, que é ensinada nas
das: as pressupostas e as subentendidas. escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontâ-
nea e criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva
Pressupostos e subentendidos são informações im-
e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:
plícitas em um texto, não expressas formalmente, mas
Estou preocupado. (norma culta)
sugeridas por meio de marcas linguísticas ou pelo con-
Tô preocupado. (língua popular)
texto. Cabe ao leitor, em uma leitura proficiente, ir além
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)
da informação que se encontra explícita, identificando e
compreendendo as informações implícitas - lendo nas
Não basta conhecer apenas uma modalidade de
entrelinhas.
Os pressupostos são de mais fácil identificação, pois língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
estão sugeridos no texto; são facilmente compreendidos espontaneidade, expressividade e enorme criatividade,
devido a palavras ou expressões presentes na frase que para viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
permitem ao leitor identificar essa informação implícita. Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
Assim, o pressuposto é verdadeiro e irrefutável. normas da língua culta.
Ao contrário das informações pressupostas, as su-
O conceito de erro em língua
LÍNGUA PORTUGUESA

bentendidas não são marcadas no próprio enunciado,


são apenas sugeridas, ou seja, podem ser entendidas
como insinuações. Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
O uso de subentendidos faz com que o enunciador se casos de ortografia. O que normalmente se comete são
esconda atrás de uma afirmação, pois não quer se com- transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num
prometer com ela. Por isso, diz-se que os subentendidos momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele
são de responsabilidade do receptor, enquanto os pres- falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans-
supostos são partilhados por enunciadores e receptores. gride a norma culta.

3
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare- escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis- rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola. deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que da língua popular para a língua culta”.
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi- conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
deradas perfeitamente normais construções do tipo: norma culta.
Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar. Língua escrita e língua falada - Nível de linguagem
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse! A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. falada.
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda-
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor-
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções mações e a evoluções.
se alteram: Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
Eu não a vi hoje. tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar
Ninguém o deixou falar. a língua falada com base na língua escrita, considerada
Deixe-me ver isso! superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as
Eu te amo, sim, mas não abuses! emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida-
Considera-se momento neutro o utilizado nos veí- de ou inferioridade, que em verdade inexiste.
culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
transgressões da norma culta na pena ou na boca de de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve dialetos, consequência natural do enorme distanciamen-
refletir serviço à causa do ensino. to entre uma modalidade e outra.
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
poética, caracterizado por construções de rara beleza. borada que a língua falada, porque é a modalidade que
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. mantém a unidade linguística de um povo, além de ser
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem-
de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será
comete, passando, assim, a constituir fato linguístico ou possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo isso mesmo, processam-se lentamente e em número
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos: consideravelmente menor, quando cotejada com a mo-
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) dalidade falada.
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir) Importante é fazer o educando perceber que o nível
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
dispersar e Não vamos dispersar-nos) com a situação em que se desenvolve o discurso.
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-
de sair daqui bem depressa) gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro-
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um
seu posto) padre não fala com uma criança como se estivesse em
uma missa, assim como uma criança não fala como um
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso,
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei-
LÍNGUA PORTUGUESA

exemplos também de transgressões ou “erros” que se ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje por- de fala no recesso do lar e na sala de aula.
que a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bas- esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co-
tou para se arcaizarem as formas então legítimas impido, tidiano, a que já fizemos referência.
despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-es-
colarizada tem coragem de usar.

4
Falar dessa gente pouco importante é buscar dialogar
com personagens reais e concretos. Suas vidas comuns
EXERCÍCIOS COMENTADOS foram, de fato, extraordinárias, cada uma a seu modo.
Seres humanos verdadeiros, que fazem a História acon-
1. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZO- tecer todos os dias.
NAS – ASSISTENTE TÉCNICO DE DEFENSORIA – FCC (Adaptado de: Patrícia Sampaio. Disponível em: http://amazo-
– 2018) niareal.com.br. 06.08.2014)

Crônica de gente pouco importante: Manaus, sé- O texto tem caráter


culo XIX
a) literário, o que se justifica pelo discurso ficcional, e re-
Sei que vocês nunca ouviram falar de Apolinária. Nem presenta de modo estereotipado e cômico alguns per-
poderiam. Ela faz parte de um conjunto de pessoas que sonagens à margem dos registros históricos oficiais.
jamais usufruíram de notoriedade. b) documental, embora não exclua certa subjetividade,
Era junho de 1855 quando Apolinária, 24 anos, cabinda, e chama a atenção para a importância de pessoas co-
africana livre, afinal desembarcou no porto de Manaus. muns na construção da identidade amazonense.
No início do século XIX, quando o tráfico de escravos se c) confessional, visto que tem como ponto de partida a
tornou ilegal como parte de um conjunto de acordos in- experiência de vida da autora, e destaca a trajetória
ternacionais, os africanos livres eram os indivíduos que de homens comuns que ganharam notabilidade com
compunham a carga dos navios apreendidos no tráfi- o tempo.
co ilícito. Pela lei de 1831, se a apreensão ocorresse em d) jornalístico, haja vista ater-se a fatos da esfera pública,
águas brasileiras, eles ficavam sob tutela estatal e deviam e objetiva informar os leitores sobre como Manaus se
prestar serviços ao Estado ou a particulares por 14 anos construiu a partir do trabalho escravo.
até sua emancipação. Com isso, os africanos livres che- e) didático, por divulgar informações de maneira categó-
garam aos quatro cantos do Império, inclusive ao Ama- rica e impessoal, e assume um tom apelativo ao apre-
zonas.
sentar figuras públicas de prestígio como pessoas do
Apolinária foi designada para trabalhar na recém-insta-
povo.
lada Olaria Provincial. Suas crianças foram junto. Ali já
estavam outros africanos livres que, além da fabricação
Resposta: Letra B. No texto: Falar dessa gente pouco
de telhas, potes e tijolos, também eram responsáveis
importante é buscar dialogar com personagens reais e
pela supervisão do trabalho dos índios que vinham das
concretos. Suas vidas comuns foram, de fato, extraor-
aldeias para servir nas obras públicas. Eram cerca de 20
dinárias, cada uma a seu modo. Seres humanos verda-
pessoas que viviam no mesmo lugar em que trabalhavam
e assim foi até 1858, quando a olaria foi fechada para se deiros, que fazem a História acontecer todos os dias. =
transformar em uma nova escola: os Educandos Artífices. chama a atenção para a importância de pessoas co-
A rotina na Olaria era dura e foi com alegria que Apoliná- muns na construção da identidade amazonense.
ria soube que seria a lavadeira dos Educandos. Diferente
dos outros, não ia precisar se mudar para o outro lado 2. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZO-
do igarapé. Podia continuar ali com os filhos, o marido NAS – ASSISTENTE TÉCNICO DE DEFENSORIA – FCC
Gualberto, o cozinheiro Bertoldo e Severa, filha de Do- – 2018) Uma das críticas expressas no texto recai sobre
mingos Mina. O salário não era grande coisa, mas a ami-
zade antiga com Bertoldo garantia alimento extra à mesa a) a falta de fiscalização dos navios de escravos que che-
para todos. A tranquilidade durou pouco. O diretor dos garam ao Brasil após a lei de 1831.
Educandos, certamente mal informado pela boataria ma- b) o fato de os brasileiros desconhecerem a importância
ledicente, a demitiu do cargo alegando que era ladra e de Apolinária para a emancipação dos escravos.
dada a bebedeiras. Menos de 3 meses depois, Apolinária c) o tratamento degradante dado aos africanos em seu
já estava de volta ao trabalho nas obras públicas, com trajeto até os portos brasileiros no século XIX.
destino incerto. d) a maneira como historiadores negligenciaram a parti-
Sou incapaz de dizer mais alguma coisa sobre o que cipação africana na sociedade amazonense.
aconteceu com Apolinária porque ela desapareceu da e) o modo subserviente como escravos recém-libertos se
documentação, mas os fragmentos de sua vida que pude relacionavam com seus antigos senhores.
recuperar são poderosos para iluminar cenas da vida
desta cidade que estavam nas sombras. A presença ne- Resposta: Letra D. Busquemos informações no texto:
gra no Amazonas é tratada de modo marginal na histo- (...) A presença negra no Amazonas é tratada de modo
riografia local e só muito recentemente vemos mudanças marginal na historiografia local e só muito recentemen-
neste cenário. Há ainda muitas zonas de silêncio. A his- te vemos mudanças neste cenário. Há ainda muitas zo-
LÍNGUA PORTUGUESA

tória de Apolinária nos ajuda a colocar problemas novos, nas de silêncio.


entre eles, o fato de que a trajetória dessas pessoas que
cruzaram o Atlântico e, depois, o Império permite aces-
sar um mundo bem pouco visível na história do Brasil: a
diversidade de experiências que uniram índios, escravos,
libertos e africanos livres no mundo do trabalho no sé-
culo XIX.

5
3. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZO- A advertência de Hobsbawm, indicada para o fragmento
NAS – ASSISTENTE TÉCNICO DE DEFENSORIA – FCC citado, seria a de que
– 2018) O comentário que interpreta adequadamente o
vocábulo destacado, em seu contexto, está em: a) as experiências valorizadas apenas em seu próprio
presente, visto como perpétuo, acabam por desconsi-
a) Sei que vocês nunca ouviram falar de Apolinária. (1.º derar todo e qualquer sentido do passado.
parágrafo) – refere-se a um número reservado de his- b) os historiadores devem reconhecer que sua importân-
toriadores, público-alvo do texto, a quem a autora se cia é diretamente proporcional à importância que se
reporta com formalidade e deferência. dê ao tempo das experiências contemporâneas.
b) [...] deviam prestar serviços ao Estado ou a particula- c) o passado público, com seu conjunto de experiências,
res por 14 anos até sua emancipação. (2.º parágrafo) só terá sentido caso seja compreendida a interpreta-
– refere-se aos senhores de escravos e expressa ideia ção que lhes deram os antigos historiadores.
de posse. d) os jovens do final do século XX perderam sua relação
c) Diferente dos outros, não ia precisar se mudar para o orgânica com os tempos passados em razão do des-
outro lado do igarapé. (4.º parágrafo) – refere-se a um crédito em que caíram os historiadores da época.
sujeito indeterminado, que não se pode deduzir da e) as experiências pessoais só alcançam algum sentido
leitura do texto. quando o historiador, em função de seu ofício, vin-
d) O diretor dos Educandos [...] a demitiu do cargo [...]. cula-as às experiências de um passado mais remoto.
(4.º parágrafo) – refere-se a Apolinária e indica que ela
sofre a ação do verbo demitir. Resposta: Letra A.
e) [...] iluminar cenas da vida desta cidade que estavam Em “a”: Certo – as experiências valorizadas apenas em
nas sombras. (5.º parágrafo) – refere-se à cidade e po- seu próprio presente, visto como perpétuo, acabam
deria ser substituído por a qual. por desconsiderar todo e qualquer sentido do passa-
do.
Resposta: Letra D. Em “b”: Errado – os historiadores devem reconhecer
Em “a”: Errado – Sei que vocês nunca ouviram falar de que sua importância é diretamente proporcional à im-
Apolinária. (1.º parágrafo) = refere-se a nós - leitores. portância que se dê ao tempo das experiências con-
Em “b”: Errado – [...] deviam prestar serviços ao Estado temporâneas.
ou a particulares por 14 anos até sua emancipação = Em “c”: Errado – o passado público, com seu conjunto
refere-se aos indivíduos que compunham a carga dos de experiências, só terá sentido caso seja compreen-
navios apreendidos. dida a interpretação que lhes deram os antigos histo-
Em “c”: Errado – Diferente dos outros, não ia precisar riadores.
se mudar para o outro lado do igarapé. (4.º parágrafo) Em “d”: Errado – os jovens do final do século XX perde-
– refere-se aos outros africanos. ram sua relação orgânica com os tempos passados em
Em “d”: Certo – O diretor dos Educandos [...] a demitiu razão do descrédito em que caíram os historiadores
do cargo = refere-se a Apolinária e indica que ela sofre da época.
a ação do verbo demitir. Em “e”: Errado – as experiências pessoais só alcançam
Em “e”: Errado – [...] iluminar cenas da vida desta cidade algum sentido quando o historiador, em função de
que estavam nas sombras = refere-se às cenas da vida. seu ofício, vincula-as às experiências de um passado
mais remoto.
4. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SER-
GIPE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO – FCC – 2018) 5. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – CONSULTOR TÉC-
NICO – FCC – 2018)
Juventude e história
Juventude de hoje, de ontem e de amanhã
Eric Hobsbawm (1917-2012) foi um dos maiores histo-
riadores da era moderna. Longevo, viveu como também A juventude é estranha porque é a velhice do mundo
sua praticamente toda a história do século XX. É dele este passada indefinidamente a limpo. Uma geração lega à
importante fragmento, que vale como uma advertência: outra um magma de erros e sabedoria, de vícios e vir-
“A destruição do passado - ou melhor, dos mecanismos tudes, de esperanças e desilusões. O jovem é o mais
sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das ge- velho exemplar da humanidade. Pesa-lhe a herança dos
rações passadas - é um dos fenômenos mais caracterís- conhecimentos acumulados; pesa-lhe o desafio do que
ticos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os não foi conquistado; a inadequação entre o idealismo e
jovens de hoje crescem numa espécie de presente contí- o egoísmo prático; pesa-lhe o inconsciente da raça, esta
nuo, sem qualquer relação orgânica com o passado pú- sessão espírita permanente, através da qual cada homem
LÍNGUA PORTUGUESA

blico da época em que vivem. Por isso os historiadores, se comunica com os mortos.
cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tornam-se No encontro de duas gerações, a que murcha e a que
mais importantes que nunca no fim do segundo milênio.” floresce, há uma irrisão dramática, um momento de cul-
(Adaptado de: Era dos extremos - O breve século XX. Trad. Mar- pas, apreensões e incertezas. As duas figuras se contem-
cos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 13.) plam: o jovem é o passado do velho, e este é o futuro que
o jovem contempla com horror. Assim, o momento desse
encontro é um espelho cujas imagens o tempo deforma,

6
sem que se desfaça, para o moço e para o velho, a sinis- buição da renda nacional. Na esfera dos bens simbólicos,
tra impressão de que as duas figuras são uma coisa só, esse objetivo se alcança, em primeiro e principal lugar,
um homem só, uma tragédia só. construindo o suporte de um sistema educacional sólido
O poeta romântico inglês Shelley poderia ser o pa- conjugado com um programa de apoio à pesquisa igual-
drão do adolescente de todas as épocas: nasceu de mente coeso e contínuo.
família respeitável e rica, foi bonito, sincero, revoltado, A sociedade brasileira não tem uma “cultura” já deter-
idealista, violento, amoroso, apaixonado pela vida e pela minada. O Brasil é, ao mesmo tempo, um povo mestiço,
morte, inteligente, confuso e, sobretudo, de uma sensi- com raízes indígenas, africanas, europeias e asiáticas, um
bilidade crispada. Não era um monstro: seus atos eram a país onde o ensino médio e universitário tem alcançado,
consequência lógica de suas ideias, da lealdade às suas em alguns setores, níveis internacionais de qualidade e
crenças. E enquanto escrevia versos musicais, fecunda- um vasto território cruzado por uma rede de comunica-
dos de amor cósmico, esperança e idealismo social, atira- ções de massa portadora de uma indústria cultural cada
va-se feroz contra o conformismo do clero, a monarquia, vez mais presente.
as leis vigentes, o farisaísmo universal. O que se chama, portanto, de “cultura brasileira” nada
(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São tem de homogêneo ou de uniforme. A sua forma com-
Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 135-136) plexa e mutante resulta de interpenetrações da cultura
erudita, da cultura popular e da cultura de massas. Se al-
O poeta inglês Shelley, segundo o autor do texto, poderia gum valor deve presidir à ação do Poder Público no trato
ser o padrão do adolescente de todas as épocas porque com a “cultura”, este não será outro que o da liberdade e
nele o do respeito pelas manifestações espirituais as mais di-
versas que se vêm gestando no cotidiano do nosso povo.
a) o espírito revoltoso de um marginalizado fazia dele Em face dessa corrente de experiências e de significa-
uma personalidade arrebatada pelos mais ferozes res- dos tão díspares, a nossa Lei Maior deveria abster-se de
sentimentos. propor normas incisivas, que soariam estranhas, porque
b) a sensibilidade à flor da pele fazia com que ele se dedi- exteriores à dialética das “culturas” brasileiras. Ao contrá-
casse plenamente ao culto dos mais altos ideais. rio, um certo grau de indeterminação no estilo de seus
c) as qualidades negativas deixavam em segundo plano artigos e parágrafos é, aqui, recomendável.
as positivas, o que favorecia sua expressão romântica. (Adaptado de: BOSI, Alfredo. Entre a Literatura e a História. São
d) os impulsos amorosos, idealistas e esperançosos con- Paulo: Editora 34, 2013, p. 393-394)
viviam com duras invectivas contra o que julgasse ma-
ligno. Se na esfera socioeconômica cabe ao Estado propiciar
e) as intenções críticas mais contundentes acabavam su- uma melhor distribuição de renda, na esfera dos bens
cumbindo ao lirismo e à índole mística de seu tempe- simbólicos um objetivo equivalente se alcança com
ramento.
a) uma configuração coerente da meta educacional com
Resposta: Letra D. o sistema financeiro.
Em “a”: Errado – o espírito revoltoso de um margina- b) uma legislação escolar minuciosa com incentivos à
lizado fazia dele uma personalidade arrebatada pelos pesquisa pura.
mais ferozes ressentimentos. c) um processo de integração mais coeso entre produção
Em “b”: Errado – a sensibilidade à flor da pele fazia e consumo cultural.
com que ele se dedicasse plenamente ao culto dos d) um sistema educacional voltado para a pesquisa de
mais altos ideais. ponta e de longo prazo.
Em “c”: Errado – as qualidades negativas deixavam em e) um programa de educação consistente aliado à pes-
segundo plano as positivas, o que favorecia sua ex- quisa sistemática.
pressão romântica.
Em “d”: Certo – os impulsos amorosos, idealistas e espe- Resposta: Letra E. Ao texto: “Na esfera dos bens sim-
rançosos conviviam com duras invectivas contra o que bólicos, esse objetivo se alcança, em primeiro e princi-
julgasse maligno. pal lugar, construindo o suporte de um sistema edu-
Em “e”: Errado – as intenções críticas mais contunden- cacional sólido conjugado com um programa de
tes acabavam sucumbindo ao lirismo e à índole místi- apoio à pesquisa igualmente coeso e contínuo.”
ca de seu temperamento. Em “a”: Errado – uma configuração coerente da meta
educacional com o sistema financeiro.
6. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – CONSULTOR TÉC- Em “b”: Errado – uma legislação escolar minuciosa
NICO – FCC – 2018) com incentivos à pesquisa pura.
Em “c”: Errado – um processo de integração mais coe-
LÍNGUA PORTUGUESA

Uma palavra sobre cultura e Constituição so entre produção e consumo cultural.


Em “d”: Errado – um sistema educacional voltado para
Todas as Constituições brasileiras foram lacônicas e a pesquisa de ponta e de longo prazo.
genéricas ao tratar das relações entre cultura e Estado. Em “e”: Certo – um programa de educação consistente
Não creio que se deve propriamente lamentar esse vazio aliado à pesquisa sistemática.
nos textos da Lei Maior. Ao Estado cumpre realizar uma
tarefa social de base cujo vetor é sempre a melhor distri-

7
7. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – TÉCNICO LEGISLA- Em “c”: Errado – Dom Casmurro, domingo vou jantar
TIVO – FCC – 2018) Leia abaixo o Capítulo I do romance com você = bilhete/fala de um amigo do autor.
Dom Casmurro, de Machado de Assis. Em “d”: Errado – Nem por isso me zanguei = autor
narrando a história.
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Em “e”: Errado – Dom veio por ironia, para atribuir-me
Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do fumos de fidalgo = autor narrando a história.
bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumpri-
mentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos 8. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018)
ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era
curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente O pintor Carlos Scliar atinge no momento presente
maus. Sucedeu, porém, que como eu estava cansado, fe- uma serenidade que é característica simples e pura de
chei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que um artista sem ansiedades e sem inquietações, sereni-
ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. dade que esteve sempre presente num José Pancetti e
– Continue, disse eu acordando. que permanece também unanimemente na obra de um
– Já acabei, murmurou ele. Milton Dacosta, de um Guignard ou Iberê Camargo, se-
– São muito bonitos. renidade que é uma espécie de densidade, de conteúdo
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, irredutível e inalienável, símbolo de uma fatalidade e de
mas não passou do gesto; estava amuado. No dia se- uma vontade de arte que deixa de ser esforço para ser
guinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou al- personalidade e natureza.
cunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gos- Na hora exata em que os pintores, na sua maioria, se
tam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso comprazem com o exame tão só das derivações da cor,
à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. a apreciação de um pintor que leva as suas indagações
Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, mais além, isto é, às derivações da luz, da semelhança, das
chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, formas objetiva ou indeterminada merece ser meditada
domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis, dentro de uma avaliação mais detida e menos sumária.
dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se dei- Scliar faz parte do número desses artistas que não
xas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns dão à ocupação com as artes um sentido partidário, não
quinze dias comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não é “concretista”, nem “figurista”, nem “geométrico”, nem
cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá “informal”, quero crer que também em sua vida habitual
aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe não torce pelo Flamengo ou pelo Vasco, e sendo assim apar-
cama; só não lhe dou moça.” tidário é bem o exemplo daquele pintor que leva as suas
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no indagações além da fixação das diferenciações de um único
sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de atributo da pintura. Diz Ortega y Gasset, com boa parte de
homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, verdade, que o homem é uma máquina de preferir; apenas
para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar co- com boa parte de verdade, digo eu, porque esta preferência
chilando! Também não achei melhor título para a minha não é constante e imutável, mas sofre incessantemente as
narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai flutuações do desejo, da esperança e da curiosidade.
este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que A insistência numa única e determinada coisa preferi-
não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o da revela um espírito de ascese e solidão, de hermetismo
título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que e alheamento que se distancia da vida − e a maior parte
apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto. da pintura moderna se distancia da vida! Por isso o pintor
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Carlos Scliar, revalorizando certas qualidades estéticas,
Letras, 2016, p. 79-80.) fazendo novamente e humanamente respeitar os valo-
res da exatidão, da virtuosidade e da dificuldade, procura
O narrador dirige-se diretamente a seu leitor no seguinte reintegrar a pintura na sua totalidade e na sua grande-
trecho: za. Procura reintegrá-la numa verdade da qual nunca se
afastou, podemos afirmar, a arte musical, tantas vezes to-
a) Não consultes dicionários. (6.º parágrafo) mada como exemplo ou paradigma para as outras artes.
b) – Continue, disse eu acordando. (2.º parágrafo) As preferências de Scliar, entretanto, não fogem de
c) Dom Casmurro, domingo vou jantar com você. (5.º pa- ser limitadas apenas nesses valores específicos e abstra-
rágrafo) tos, também se realizam em termos mais genéricos: na
d) Nem por isso me zanguei. (5.º parágrafo) natureza-morta, na paisagem, no retrato. As variações
e) Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidal- de cor, de luz, de tonalidades das suas naturezas-mor-
go. (6.º parágrafo) tas demonstram uma intimidade com os objetos, uma
variável constância, uma assiduidade, uma vigília; os se-
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra A. res prediletos dos seus quadros de natureza-morta dão


Em “a”: Certo – Não consultes dicionários = o narrador a impressão de que estão velando, de que estão assistin-
fala diretamente com o leitor, solicitando-lhe que não do ao pintor no trabalho e no cuidado da obra elabora-
consulte o dicionário para procurar o significado da da, estão ali prestando-lhe o conforto da sua utilidade,
palavra “casmurro”. trazendo-lhe a evidência do seu mutismo e docilidade,
Em “b”: Errado – Continue, disse eu acordando = o confiando-lhe, silenciosamente, os segredos de Morandi.
autor fala com o “poeta do trem”. (CARDOZO, J. “Carlos Scliar”, Habitat, SP, 1961)

8
De acordo com o texto, to sem ruído, a expressão misteriosa do olhar, a repeti-
ção dos gestos, o olhar em transe, fitando as asas de um
a) o pintor Carlos Scliar, a despeito de inúmeros elogios, inofensivo beija-flor... O gato encarna uma subjetividade
é criticado pelo autor do texto por seu caráter indeciso lírica que reitera o ditado chinês.
quanto à filiação a uma das escolas modernistas de (Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São
arte, razão pela qual é ironizado em comparação com Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 209)
times de futebol.
b) o autor discorda parcialmente de Ortega y Gasset, Para bem compreender o ditado chinês referido no texto,
pois, muito embora seja o homem uma “máquina de deve-se associar ao
preferir”, tal característica é matizada pelo desejo, que
o desvia constantemente de suas escolhas. a) gato o esforço necessário para se compor uma narra-
c) o pintor Carlos Scliar é caracterizado como possuidor tiva atribulada, capaz de espelhar a inteira complexi-
de uma personalidade renitente, alheia ao diálogo e às dade de uma vida.
mudanças de temática e estilo, a ponto de sua pintura b) cachorro o movimento premeditado de palavras me-
ter aspecto passadista. ditadas longamente que atingem seu objetivo num
d) com perspectivas limitadas, a pintura de Carlos Scliar único lance ardiloso, na convicção de atingir o alvo.
endossa o argumento de Ortega y Gasset, de que o c) gato o aprofundamento característico de palavras que
homem, enquanto “máquina de preferir”, tende a fi- tanto nascem da interioridade do sujeito como se
xar-se em um universo limitado de escolhas. mostram aptas à ação súbita.
e) o aprimoramento técnico leva Carlos Scliar a perscru- d) cachorro a orientação das expressões verbais mais
tar questões herméticas e a distanciar-se do cotidiano, contraditórias, armadas para figurarem as oscilações
o que torna sua arte pouco assimilável, apesar de não próprias da subjetividade dramática.
limitada a escolhas simples quanto à temática. e) cachorro e ao gato as características complementares,
que também ocorrem com um romance e com um po-
Resposta: Letra B. ema, expressões da mesma personalidade.
Em “a”: Errado – o pintor Carlos Scliar, a despeito de
inúmeros elogios, é criticado pelo autor do texto. Resposta: Letra C.
Em “b”: Certo – o autor discorda parcialmente de Or- Em “a”: Errado – gato o esforço necessário para se
tega y Gasset, pois, muito embora seja o homem uma compor uma narrativa atribulada, capaz de espelhar a
“máquina de preferir”, tal característica é matizada pelo inteira complexidade de uma vida.
desejo, que o desvia constantemente de suas escolhas. Em “b”: Errado – cachorro o movimento premeditado
Em “c”: Errado – o pintor Carlos Scliar é caracteriza- de palavras meditadas longamente que atingem seu
do como possuidor de uma personalidade renitente, objetivo num único lance ardiloso, na convicção de
alheia ao diálogo e às mudanças de temática e estilo, atingir o alvo.
a ponto de sua pintura ter aspecto passadista. Em “c”: Certo – gato o aprofundamento característico
Em “d”: Errado – com perspectivas limitadas, a pintu- de palavras que tanto nascem da interioridade do sujei-
ra de Carlos Scliar endossa o argumento de Ortega to como se mostram aptas à ação súbita.
y Gasset, de que o homem, enquanto “máquina de Em “d”: Errado – cachorro a orientação das expressões
preferir”, tende a fixar-se em um universo limitado de verbais mais contraditórias, armadas para figurarem as
escolhas. oscilações próprias da subjetividade dramática.
Em “e”: Errado – o aprimoramento técnico leva Carlos Em “e”: Errado – cachorro e ao gato as características
Scliar a perscrutar questões herméticas e a distanciar- complementares, que também ocorrem com um ro-
-se do cotidiano, o que torna sua arte pouco assimilá- mance e com um poema, expressões da mesma per-
vel, apesar de não limitada a escolhas simples quanto sonalidade.
à temática.
10. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – TÉCNICO MINISTE-
9. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – ANALISTA MINISTE- RIAL – FCC – 2018)
RIAL – FCC – 2018)
Presente para Maria da Graça
Gatos, cães e gêneros literários
Quando ela chegou à idade avançada de quinze anos
Ao contrário dos cães, gatos não fazem festa nem eu lhe dei de presente o livro Alice no País das Maravi-
estardalhaço, não são excessivamente carentes de afe- lhas. Esse livro é doido, Maria da Graça. Isto é: o sentido
to, podem dormir e sonhar por um século e esquecer o dele está em ti.
LÍNGUA PORTUGUESA

mundo ao redor. Não por acaso, um ditado chinês diz: “O Escuta: se não descobrires algum sentido que há em
cachorro é um romance, e o gato, um poema”. toda loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saí-
Nesse sábio ditado oriental reside uma delicada de- da para a grande vida, a ler esse livro como um simples
finição de gêneros literários. Pense no cotidiano de um manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive
cão: as peripécias, o corre-corre, os momentos de exal- as loucuras. A realidade, Maria, é louca.
tação e melancolia, ganidos de dor, saltos estabanados, Não te espantes quando o mundo amanhecer irre-
ataques de raiva... Agora imagine o discreto cotidiano de conhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas
um gato: a pose hierática, a atitude ensimesmada, o sal- vezes por ano. “Quem sou eu neste mundo?” Essa in-

9
dagação perplexa é o lugar-comum de toda história de ele fugiu de casa para se tornar marinheiro. Na primeira
gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão escala, porém, seu pai conseguiu apanhá-lo − e depois
entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte quem apanhou foi o pequeno Verne. Reza a lenda que
ficarás. Não importa qual seja a resposta: o importante ele teria jurado não voltar a viajar, a não ser em sua ima-
é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira. ginação e fantasia.
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos es- Um dos fatos que mais chamam a atenção em suas
critórios, nos negócios, na política, todos vivem apos- obras são as previsões feitas pelo escritor que se concre-
tando corrida. São competições tão confusas, tão cheias tizaram séculos depois. Por exemplo, oitenta anos antes
de truques, tão desnecessárias que, quando os corredo- dos noticiários televisivos surgirem, Júlio Verne descre-
res chegam exaustos a um ponto costumam perguntar: veu a alternativa para os jornais: “Em vez de ser impresso,
“Quem ganhou?” Bobagem, Maria. Há mais sentido nas o ‘Crônicas da Terra’ seria falado, teria assinantes e parti-
saudáveis loucuras da nossa imaginação do que na serie- ria de conversas interessantes dos repórteres e cientistas
dade que atribuímos a algumas bobagens que chama- que contariam as notícias do dia”. Ele também imaginou
mos de “realidade”. o “fonotelefoto”, que seria usado pelos repórteres para
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Pau- registrar e transmitir sons e imagens.
lo: Companhia das Letras, 2013, p. 191-192) (Adaptado de: MARASCIULO, Marilia. Júlio Verne: previsões do
autor que se tornaram realidade. Disponível em: https://revistagali-
Ao oferecer o livro que escolheu para presentear Maria leu.globo.com)
da Graça, o narrador afirma que “esse livro é doido”,
Conforme o texto, as viagens mais interessantes de Júlio
a) desconsiderando assim qualquer utilidade do presen- Verne
te: uma história inteiramente desprovida de sentido.
b) imaginando que sua precoce amiga de quinze anos a) tiveram Nantes como destino principal.
está habilitada a enfrentar difíceis textos teóricos. b) foram feitas antes dos onze anos.
c) aconteceram enquanto foi marinheiro.
c) justificando que as loucuras da história nele imagina-
d) ocorreram em companhia de seu pai.
das têm a ver com as loucuras que há em nossa vida.
e) realizaram-se no plano da fantasia.
d) ironizando o fato de que ainda há muita gente que
enxerga sabedoria na pura imaginação.
Resposta: Letra E.
e) ponderando que no mundo real dos negócios sai-se
Em “a”: Errado – tiveram Nantes como destino prin-
melhor quem melhor uso faz da fantasia criativa.
cipal.
Em “b”: Errado – foram feitas antes dos onze anos.
Resposta: Letra C. Em “c”: Errado – aconteceram enquanto foi marinheiro.
Em “a”: Errado – desconsiderando assim qualquer uti- Em “d”: Errado – ocorreram em companhia de seu pai.
lidade do presente: uma história inteiramente despro- Em “e”: Certo – realizaram-se no plano da fantasia.
vida de sentido.
Em “b”: Errado – imaginando que sua precoce amiga 12. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM-
de quinze anos está habilitada a enfrentar difíceis tex- BIENTAL – FCC – 2018)
tos teóricos.
Em “c”: Certo – justificando que as loucuras da história Não ameis à distância!
nele imaginadas têm a ver com as loucuras que há em
nossa vida. Em uma cidade há um milhão e meio de pessoas, em
Em “d”: Errado – ironizando o fato de que ainda há outra há outros milhões; e as cidades são tão longe uma
muita gente que enxerga sabedoria na pura imagina- da outra que nesta é verão quando naquela é inverno.
ção. Em cada uma dessas cidades há uma pessoa; e essas
Em “e”: Errado – ponderando que no mundo real dos pessoas tão distantes acaso podem cultivar em segredo,
negócios sai-se melhor quem melhor uso faz da fan- como plantinha de estufa, um amor à distância?
tasia criativa. Andam em ruas tão diferentes e passam o dia falan-
do línguas diversas. Não se telefonam mais; é tão caro e
11. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM- demorado e tão ruim e, além disso, que se diriam? Escre-
BIENTAL – FCC – 2018) vem-se. Mas uma carta leva dias para chegar; ainda que
venha cheia de sentimento, quem sabe se no momento
Júlio Verne: previsões do autor que se tornaram re- em que é lida já não poderia ter sido escrita? A carta não
alidade diz o que a outra pessoa está sentindo, diz o que sentiu
na semana passada... e as semanas passam de maneira
O escritor francês Júlio Verne é considerado por mui- assustadora.
LÍNGUA PORTUGUESA

tos o pai da ficção científica. Suas obras influenciaram E ao que ama o que importa é a pessoa amada hoje,
gerações e inspiraram filmes e séries de TV. Há quase agora, aqui − e isso não há. Então a outra pessoa vira
cem filmes baseados em mais de 30 livros assinados por retratinho no bolso, borboleta perdida no ar, brisa que
ele. a testa recebe na esquina, tudo o que for eco, sombra,
Júlio Verne nasceu na cidade de Nantes em fevereiro imagem, um pequeno fantasma, e nada mais.
de 1828. Sua verdadeira paixão eram as viagens, que na (Adaptado de: BRAGA, Rubem. A traição das elegantes. Rio de
época eram feitas principalmente de navio. Aos 11 anos, Janeiro, Record, 1982, p. 34)

10
No último parágrafo, por meio das expressões encadea- a) perseveram sem sucesso em seu ofício e os que se
das em retratinho no bolso, borboleta perdida no ar, brisa impõem ao seu público valendo-se da generosidade
que a testa recebe na esquina, tudo o que for eco, sombra, deste.
imagem, um pequeno fantasma, o autor sugere que, aos b) triunfam pela audácia, mesmo quando sem talento, e
poucos, o ser amado os que atingem sucesso relativo na continuidade tei-
mosa de seu trabalho.
a) escreve cartas com sentimentos intensos. c) fazem sucesso em meio aos seus pares e os que, por
b) começa a se aproximar fisicamente. obra do talento maior, conquistam logo o acolhimen-
c) passa a despertar maior admiração. to de um grande público.
d) fica mais esperançoso quanto ao futuro. d) são reconhecidos por força de qualidades inatas e os
e) torna-se apenas uma vaga lembrança. que, como é o seu caso, se impõem pela força de um
irresistível talento.
Resposta: Letra E. e) impõem a todos, audaciosamente, seu talento natural
Em “a”: Errado – escreve cartas com sentimentos in- e os que se afirmam entre seus pares porque perseve-
tensos. ram em seu ofício.
Em “b”: Errado – começa a se aproximar fisicamente.
Em “c”: Errado – passa a despertar maior admiração. Resposta: Letra E.
Em “d”: Errado – fica mais esperançoso quanto ao fu- Em “a”: Errado – perseveram sem sucesso em seu ofí-
turo. cio e os que se impõem ao seu público valendo-se da
Em “e”: Certo – torna-se apenas uma vaga lembrança generosidade deste.
Em “b”: Errado – triunfam pela audácia, mesmo quan-
13. (SEAD-AP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FCC do sem talento, e os que atingem sucesso relativo na
– 2018) continuidade teimosa de seu trabalho.
Em “c”: Errado – fazem sucesso em meio aos seus pa-
Vocação de escritor res e os que, por obra do talento maior, conquistam
logo o acolhimento de um grande público.
Os escritores, como os oficiais das forças armadas, Em “d”: Errado – são reconhecidos por força de quali-
são promovidos, seja por merecimento, seja por antigui- dades inatas e os que, como é o seu caso, se impõem
dade. Alguns impõem-se ao público e aos seus pares em pela força de um irresistível talento.
poucos golpes de audácia e talento. São os escritores na- Em “e”: Certo – impõem a todos, audaciosamente, seu
tos, de vocação imperiosa e irresistível. Outros - e talvez talento natural e os que se afirmam entre seus pares
seja este o meu caso - crescem na estima da classe inte- porque perseveram em seu ofício.
lectual graças à continuidade de um trabalho de muitos e
muitos anos. Escrevem por força do ofício, mas é possível 14. (SP-PARCERIAS-SP – ANALISTA TÉCNICO – FCC
que preferissem permanecer como leitores inveterados. – 2018)
Quando vejo e revejo a minha vida, que já vai longa,
passam-me pela memória várias imagens, as mais anti- Esportes, negócios
gas às vezes, mais nítidas que as recentes. Verifico então,
não sem surpresa, que fiz muitas coisas com as quais não Comecinho dos anos 60, nosso professor de educação
contava e deixei de fazer outras tantas que planejara, é física, um homem já encanecido (por isso, considerado
verdade que no plano superficial da vontade, não das um velho bem velho, na nossa perspectiva de adolescen-
forças mais profundas da personalidade. tes), não tinha dúvida em nos dizer: “Não briguem por
Na minha meninice, sonhei muito em ser poeta. De- causa de futebol. Futebol como esporte não existe mais,
pois, já na adolescência, na hora difícil de optar por uma desde que se profissionalizou. Só fazia sentido quando
profissão, desejei ser médico, como meu pai, casando, todos eram amadores e jogavam só pelo prazer do jogo
de certo modo, clínica e literatura. Já no fim dos estudos e pelo amor à camisa”. Era uma opinião radical, mas que
superiores, na falta de melhor, tentei ser professor de fi- nos fazia pensar em sua consistência.
losofia, matéria que, apesar de não ter “a cabeça metafí- Por certo o professor estava se referindo a experiên-
sica”, ensinei por bastante tempo em colégios estaduais, cias de sua meninice e adolescência, nos anos 30 e 40,
sem qualquer proveito para Aristóteles e Kant, mas com quando o futebol ainda era uma espécie de arte pela
imenso prazer pessoal e alguma aquiescência dos alu- arte, sem a intromissão decisiva dos chamados “inte-
nos. Não podia imaginar que, levado, certa vez, a escre- resses do mercado”. Às vezes acho que a nostalgia de
ver uma crítica de teatro, estava definindo, para sempre, meu professor tinha toda a razão de ser: era possível e
o meu futuro. Confesso que tenho orgulho em haver desejável gostar de um esporte apenas pelas qualidades
contribuído, na medida das minhas forças, para que o
LÍNGUA PORTUGUESA

intrínsecas desse esporte.


teatro saísse da posição humilhante de primo pobre que Altos negócios no mundo das atrações de massa
ocupava entre as artes literárias brasileiras. supõem muito dinheiro, plena visibilidade e excesso de
(Adaptado de: PRADO, Décio de Almeida. Seres, coisas, lugares. celebração. Nada disso falta, hoje, aos esportes de alto
São Paulo: Companhia das Letras, 1997, 181-182) rendimento que sejam também negociáveis, isto é, que
constituam matéria de interesse para milhões de consu-
No primeiro parágrafo, ao falar sobre escritores, o autor midores. Com isso, perde-se aquela dimensão de gratui-
considera a distinção que há entre aqueles que dade que havia nos esportistas empenhados numa tarefa

11
em que a competitividade não eliminava o prazer, que por sua vez não se rendia a poderosos empresários. “O que
passou passou. / Jamais acenderás de novo / o lume / do tempo que passou”- já desabafou o poeta Ferreira Gullar, num
momento de versos céticos. O que é uma pena, diria nosso velho professor de educação física.
(Jayme de Souto Albuquerque, inédito)

Deve-se entender do texto que, na visão do professor de educação física,

a) o amadorismo, por se preocupar com a competividade e o alto rendimento nos esportes, favorece o desenvolvimen-
to deles.
b) o jogo de futebol foi prejudicado em seu desempenho técnico quando a habilidade do atleta cedeu lugar a com-
promissos empresariais.
c) o fim do amadorismo no futebol representou o fim de sua prática essencialmente lúdica, por conta dos interesses
financeiros que se agregaram a esse esporte.
d) a gratuidade do esporte desagradava aos homens de negócio, razão pela qual passaram a investir apenas nos atletas
que proporcionassem retorno econômico.
e) o profissionalismo no futebol, apesar de prejudicar a pureza natural desse esporte, passou a favorecer os justos in-
teresses da economia de mercado.

Resposta: Letra C.
Em “a”: Errado – o amadorismo, por se preocupar com a competividade e o alto rendimento nos esportes, favorece
o desenvolvimento deles.
Em “b”: Errado – o jogo de futebol foi prejudicado em seu desempenho técnico quando a habilidade do atleta cedeu
lugar a compromissos empresariais.
Em “c”: Certo – o fim do amadorismo no futebol representou o fim de sua prática essencialmente lúdica, por conta dos
interesses financeiros que se agregaram a esse esporte.
Em “d”: Errado – a gratuidade do esporte desagradava aos homens de negócio, razão pela qual passaram a investir
apenas nos atletas que proporcionassem retorno econômico.
Em “e”: Errado – o profissionalismo no futebol, apesar de prejudicar a pureza natural desse esporte, passou a favo-
recer os justos interesses da economia de mercado.

15. (TRT-2.ª REGIÃO-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – BIBLIOTECONOMIA – FCC – 2018)

De cabeça pra baixo

− Esse mundo está ficando de cabeça pra baixo!


É uma conhecida frase, que sucessivas gerações vêm frequentando. Ela logo surge a propósito de qualquer coisa
que se considere uma novidade despropositada, irritante: modelo de roupa mais ousada, último grande sucesso mu-
sical, aumento milionário no salário de um jogador de futebol, a longa estiagem na estação chuvosa, a avalanche de
crimes no jornal... A ideia é sempre demonstrar que a vida e o mundo já foram muito melhores, que a passagem do
tempo leva inexoravelmente à perversão ou ao desmoronamento dos valores autênticos, que uma geração construiu
e que a seguinte apagou.
Parece que na história da humanidade o fenômeno é comum e cíclico: as pessoas enaltecem seus hábitos passados
e condenam os presentes. “Ah, no meu tempo...” é uma expressão que vale um suspiro e uma acusação. Algo de muito
melhor ficou para trás e se perdeu. A missão dessa juventude de hoje é desviar-se da Civilização...
A ironia é que justamente nesses “desvios” e por conta deles a História caminha, ainda que não se saiba para onde.
Fosse tudo uma repetição conservadora, nenhuma descoberta jamais se daria, sem contar que os mais velhos já não
teriam do que se queixar e a quem imputar a culpa por todos os desassossegos que assaltam todas as gerações hu-
manas, desde que existimos.
(Romildo Pacheco, inédito)

A frase que abre o texto é nele analisada de modo a fazer compreender que ela corresponde a

a) uma justa acusação, promovida por membros de uma geração que, por muitas razões, logrou obter sucesso em
todos os seus projetos coletivos.
b) um desabafo sem qualquer critério, uma vez que quem o faz não sabe por que o faz, apenas dá vazão a sentimentos
LÍNGUA PORTUGUESA

confusos de insatisfação.
c) um discreto gesto de incentivo, acenado aos jovens pelos mais velhos, para que a nova geração possa cumprir as
altas metas humanas que foram estabelecidas no passado.
d) uma frustração cíclica ao longo da História, que deixa ver o desejo de cada geração perpetuar seus próprios valores,
dados como definitivamente positivos.
e) um sentimento de alta expectativa diante de novos fenômenos sociais, sentidos ao mesmo tempo como ameaças e
possibilidades de criativa renovação dos costumes.

12
Resposta: Letra D.
Em “a”: Errado – uma justa acusação, promovida por membros de uma geração que, por muitas razões, logrou obter
sucesso em todos os seus projetos coletivos.
Em “b”: Errado – um desabafo sem qualquer critério, uma vez que quem o faz não sabe por que o faz, apenas dá
vazão a sentimentos confusos de insatisfação.
Em “c”: Errado – um discreto gesto de incentivo, acenado aos jovens pelos mais velhos, para que a nova geração
possa cumprir as altas metas humanas que foram estabelecidas no passado.
Em “d”: Certo – uma frustração cíclica ao longo da História, que deixa ver o desejo de cada geração perpetuar seus
próprios valores, dados como definitivamente positivos.
Em “e”: Errado – um sentimento de alta expectativa diante de novos fenômenos sociais, sentidos ao mesmo tempo
como ameaças e possibilidades de criativa renovação dos costumes.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM.

FIGURA DE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CONSTRUÇÃO

Disponível em: <http://www.terapiadapalavra.com.br/figuras-de-linguagem-na-escrita-literaria/> Acesso abr, 2018.

A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja
por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São
construções que transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem
nova.

1. Tipos de Figuras de Linguagem

1.1. Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam
LÍNGUA PORTUGUESA

blem, blem, blem.


Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos
Lyra)

13
1.2. Figuras de Palavras ou de Pensamento Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
1.2.1. Metáfora Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones
foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão dos jogadores).
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada-
em virtude da circunstância de que o nosso espírito as mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).
associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o em- Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem
prego da palavra fora de seu sentido normal. nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse
mundo).
Observação: Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir
Toda metáfora é uma espécie de comparação implíci- às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram
ta, em que o elemento comparativo não aparece. chamadas, não apenas uma mulher).
Seus olhos são como luzes brilhantes. Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (=
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
através do emprego da palavra como. Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Al-
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. guns astronautas foram à Lua).
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá
ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).
qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. 1.2.3. Catacrese
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes.
Esta é a verdadeira metáfora. Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando,
Outros exemplos: por falta de um termo específico para designar um con-
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a
Pessoa) empregar algumas palavras fora de seu sentido original.
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do aba-
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando caxi”.
a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar 1.2.4. Perífrase ou Antonomásia
algum.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustia- um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
damente inútil), há uma comparação subentendida: Mi- por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
nha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma tifique:
estrada de terra que leva a lugar algum. A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
atraindo visitantes do mundo todo.
A Amazônia é o pulmão do mundo. A Cidade-Luz (=Paris)
Em sua mente povoa só inveja. O rei das selvas (=o leão)

1.2.2. Metonímia (ou sinédoque) Observação:


Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
É a substituição de um nome por outro, em virtude de nome de antonomásia. Exemplos:
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
pode acontecer dos seguintes modos: cando o bem.
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis). jovem.
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
As lâmpadas iluminam o mundo).
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da 1.2.4. Sinestesia
cruz. (= Não te afastes da religião).
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
LÍNGUA PORTUGUESA

Havana. (= Fumei um saboroso charuto). sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócra- cruzamento de sensações distintas.
tes tomou veneno). Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu auditivo; áspero = tátil)
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro- No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
duzo). cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)

14
1.2.5. Antítese 1.3. Figuras de Construção ou de Sintaxe

Consiste no emprego de palavras que se opõem 1.3.1. Apóstrofe


quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en- Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi-
volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso,
dos mesmos. Observe os exemplos: que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-
“O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa) -se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele
O corpo é grande e a alma é pequena. imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe
“Quando um muro separa, uma ponte une.” a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim
Não há gosto sem desgosto. a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr
em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do
1.2.6. Paradoxo ou oximoro vocativo. Exemplos:
Moça, que fazes aí parada?
É a associação de ideias, além de contrastantes, con- “Pai Nosso, que estais no céu”
traditórias. Seria a antítese ao extremo. Deus, ó Deus! Onde estás?
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
Ouvimos as vozes do silêncio. 1.3.2. Gradação (ou clímax)

1.2.7. Eufemismo Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-


mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen-
É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- dente (anticlímax). Observe este exemplo:
bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
áspera, desagradável ou chocante. com seus olhos claros e brincalhões...
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se- O objetivo do narrador é mostrar a expressividade
nhor. (= morreu) dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em
Faltar à verdade. (= mentir) ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos:
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
1.2.8. Ironia amor”. (Olavo Bilac)
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre-
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito 1.3.3. Elipse
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à Consiste na omissão de um ou mais termos numa
desejada pelo emissor. oração e que podem ser facilmente identificados, tanto
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota por elementos gramaticais presentes na própria oração,
mínima. quanto pelo contexto.
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos A catedral da Sé. (a igreja catedral)
que estão por perto. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es-
O governador foi sutil como um elefante. tádio)

1.2.9. Hipérbole 1.3.4. Zeugma

É a expressão intencionalmente exagerada com o in- Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
tuito de realçar uma ideia. a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) português)
O concurseiro quase morre de tanto estudar! Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
modernos. (só havia móveis)
1.2.10. Prosopopeia ou Personificação Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
LÍNGUA PORTUGUESA

É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani- 1.3.5. Silepse


mados a seres inanimados, ou características humanas a
seres não humanos. Observe os exemplos: A silepse é a concordância que se faz com o termo
As pedras andam vagarosamente. que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz
cego que guia. com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. pos de silepse: de gênero, número e pessoa.
Chora, violão.

15
Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe- B) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela au-
minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân- sência, pela omissão das conjunções coordenati-
cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos: vas, resultando no uso de orações coordenadas
assindéticas. Exemplos:
A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
calor intenso. “Vim, vi, venci.” (Júlio César)
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence 1.3.7. Pleonasmo
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
(a cidade de Porto Velho). Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é
B) Vossa Excelência está preocupado. realçar a ideia, torná-la mais expressiva.
O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes- O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.
soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vos-
sa Excelência. Nesta oração, os termos “o problema da violência”
e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto.
Silepse de Número - Os números são singular e Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o
plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico.
oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da Outro exemplo:
oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos: Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
de Salvador.
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o pro-
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
nome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleonástico.
Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei- Observação:
tos das orações (que se encontram no singular, procissão O pleonasmo só tem razão de ser quando confere
e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonas-
contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por mo vicioso:
isso que os verbos estão no plural. Vi aquela cena com meus próprios olhos.
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Vamos subir para cima.
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles Ele desceu pra baixo.
(as três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há
um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não 1.3.8. Anáfora
concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa
que está inscrita no sujeito. Exemplos: É a repetição de uma ou mais palavras no início de
O que não compreendo é como os brasileiros persista- várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de
mos em aceitar essa situação. coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em cau-
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. sa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar- determinado elemento textual. Os termos anafóricos po-
dins públicos.” (Machado de Assis) dem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te co-
Observe que os verbos persistamos, temos e somos nhecia.
não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
(brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira ba.” (Padre Vieira)
pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os
brasileiros, os agricultores e os cariocas). 1.3.9. Anacoluto

Consiste na mudança da construção sintática no meio


1.3.6. Polissíndeto / Assíndeto
da frase, ficando alguns termos desligados do resto do
período. É a quebra da estrutura normal da frase para a
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne-
introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
ligação sintática com as demais.
período composto. No período composto por coordena- Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A Morrer, todo haveremos de morrer.
oração coordenada ligada por uma conjunção (conecti-
LÍNGUA PORTUGUESA

Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?


vo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é
assindética. Recordado esse conceito, podemos definir as A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
duas figuras de construção: deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela re- interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não
petição enfática dos conectivos. Observe o exem- exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto tam-
plo: O menino resmunga, e chora, e grita, e nin- bém é chamado de “frase quebrada”, pois corresponde
guém faz nada. a uma interrupção na sequência lógica do pensamento.

16
Observação:
O anacoluto deve ser usado com finalidade expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.

1.3.10. Hipérbato / Inversão

É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o sujeito
venha depois do predicado:

Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor venceu ao ódio)
Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria: Eu cuido dos meus problemas)

#FicaDica
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já que, na ordem direta, teríamos: “As margens plácidas
do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico”.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO-


TECONOMIA SUPERIOR – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, faz-se o uso de um tipo
de linguagem figurada denominada

a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.

Resposta: Letra D. A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma simila-
ridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)

2. (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – SUPERIOR - CONPASS/2014)


Identifique a figura de linguagem presente na tira seguinte:

a) metonímia
b) prosopopeia
c) hipérbole
LÍNGUA PORTUGUESA

d) eufemismo
e) onomatopeia

Resposta: Letra D. “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para
comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas
vidas por nós” no lugar de “que morreram por nós”.

17
3. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE – SUPE- Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emis-
RIOR - COPEVE/UFAL/2014) sor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. transmitida sob o ponto de vista do emissor, a men-
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de sagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto,
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- exclamação, interrogação e reticências) é uma caracterís-
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato, tica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é
local alcançasse aproximadamente 90ºC. comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: romântico.
22 jan. 2014.
Função conativa ou apelativa: O objetivo é de in-
O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá fluenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio
para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar
linguagem? no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2.ª ou
3.ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu
a) Eufemismo. desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em
b) Hipérbole. textos publicitários, em discursos políticos ou de auto-
c) Paradoxo. ridade.
d) Metonímia.
e) Hipérbato. Função metalinguística: Essa função se refere à me-
talinguagem, que é quando o emissor explica um códi-
go usando o próprio código. Quando um poema fala da
Resposta: Letra B. A expressão é um exagero! Ela ser- própria ação de se fazer um poema, por exemplo:
ve apenas para representar o calor excessivo que está “Pegue um jornal
fazendo. A figura que é utilizada “mil vezes” (!) para Pegue a tesoura.
atingir tal objetivo é a hipérbole. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você de-
seja dar a seu poema.
Recorte o artigo.”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poe-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa ma dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. próprio ato de fazer um poema.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer
– São Paulo: Saraiva, 2010. uma relação com o emissor, um contato para verificar
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira conversa. Quando estamos em um diálogo, por exemplo,
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, esta-
São Paulo: Saraiva, 2002. mos utilizando este tipo de função; ou quando atende-
mos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.
SITES
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Função poética: O objetivo do emissor é expressar
coes/estil/estil8.php> seus sentimentos através de textos que podem ser enfa-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- tizados por meio das formas das palavras, da sonoridade,
coes/estil/estil5.php> do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de com-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- binações dos signos linguísticos. É presente em textos
coes/estil/estil2.php> literários, publicitários e em letras de música.
Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0
Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José
FUNÇÕES DA LINGUAGEM de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que pas-
sa a ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo com
Função referencial ou denotativa: transmite uma o poeta.
informação objetiva, expõe dados da realidade de modo
objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmen-
LÍNGUA PORTUGUESA

te, o texto se apresenta na terceira pessoa do singular


ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem é
denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra in-
terpretação além da que está exposta. Em alguns textos
é mais predominante essa função, como nos científicos,
jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências
comerciais.

18
O fonema z
ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO.
São escritos com S e não Z
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é
Ortografia substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da corre- princesa.
ta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som deve  Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são tamorfose.
grafados segundo acordos ortográficos.  Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- quis, quiseste.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,  Nomes derivados de verbos com radicais termi-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções empreender - empresa / difundir – difusão.
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de  Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís
etimologia (origem da palavra). - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
 Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
Regras ortográficas  Verbos derivados de nomes cujo radical termina
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
O fonema S – pesquisar.

São escritas com S e não C/Ç São escritos com Z e não S


 Palavras substantivadas derivadas de verbos com  Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo –
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as- beleza.
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão / Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori-
submergir - submersão / divertir - diversão / im- gem não termine com s): final - finalizar / concreto
pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir – concretizar.
- repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /  Consoante de ligação se o radical não terminar
sentir - sensível / consentir – consensual. com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
Exceção: lápis + inho – lapisinho.
São escritos com SS e não C e Ç
 Nomes derivados dos verbos cujos radicais ter- O fonema j
minem em gred, ced, prim ou com verbos ter-
minados por tir ou -meter: agredir - agressivo / São escritas com G e não J
imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder  Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
- cessão / exceder - excesso / percutir - percussão / gesso.
regredir - regressão / oprimir - opressão / compro-  Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
meter - compromisso / submeter – submissão. gim.
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé- bege, foge.
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir. Exceção: pajem.

 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.  Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
Exemplos: ficasse, falasse. litígio, relógio, refúgio.
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
São escritos com C ou Ç e não S e SS gir, mugir.
 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açú-  Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
car. surgir.
 Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:  Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter-
cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique. minado com j: ágil, agente.
 Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car- São escritas com J e não G
LÍNGUA PORTUGUESA

niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.  Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção  Palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. boia, manjerona.
 Após ditongos: foice, coice, traição.  Palavras terminadas com aje: ultraje.
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab-
sorto – absorção.

19
O fonema ch Alguns Usos Ortográficos Especiais

São escritas com X e não CH Por que / por quê / porquê / porque
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
caxi, xucro. POR QUE (separado e sem acento)
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
lagartixa. É usado em:
 Depois de ditongo: frouxo, feixe. 1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. gação) = Por que você não veio ontem?
Exceção: quando a palavra de origem não derive de 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
que faltara à aula ontem.
São escritas com CH e não X 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
 Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal- POR QUÊ (separado e com acento)
sicha.
As letras “e” e “i” Usos:
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
 Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. Você faltou. Por quê?
 Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar 2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es- quê?
crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
-air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui. PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)

Há palavras que mudam de sentido quando substituí- Usos:


mos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária (me- 1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
lodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
(vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto
anda a pé), pião (brinquedo). final) = Compre agora, porque há poucas peças.
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto- por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar que se antecipou.
o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP),
elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
de referência até mesmo para a criação de dicionários,
pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o signifi- Usos:
cado). Na Internet, o endereço é www.academia.org.br. 1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “razão”
ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge-
Informações importantes ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê
da discussão. É uma pessoa cheia de porquês.
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
núncias diferentes para palavras com a mesma significa- ONDE / AONDE
ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in- Onde = empregado com verbos que não expressam
farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re- a ideia de movimento = Onde você está?
lampejar/relampear/relampar/relampadar.
Os símbolos das unidades de medida são escritos Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar que expressam movimento = Aonde você vai?
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
20km, 120km/h. MAU / MAL
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
LÍNGUA PORTUGUESA

Na indicação de horas, minutos e segundos, não como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, mau elemento.
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
nutos e trinta e quatro segundos). Mal = pode ser usado como
O símbolo do real antecede o número sem espaço: 1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar- “logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
ra vertical ($). 2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
mal na prova?

20
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
não compensa. etc.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa 10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
char - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform. semi-hospitalar, super-homem.
– São Paulo: Saraiva, 2010. 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo-
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li- prefixo termina com a mesma vogal do segundo
teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000. elemento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno,
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, auto-observação, etc.
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo: O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
Saraiva, 2002. mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.

SITE
Disponível em: http://www.pciconcursos.com.br/au- #FicaDica
las/portugues/ortografia
Lembrete da Zê!
Ao separar palavras na translineação (mu-
dança de linha), caso a última palavra a ser
Hífen
escrita seja formada por hífen, repita-o na
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
para ligar os elementos de palavras compostas (como
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
(hífen em ambas as linhas). Devido à diagra-
nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
mação, pode ser que a repetição do hífen na
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
translineação não ocorra em meus conteú-
uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
dos, mas saiba que a regra é esta!
compa-/nheiro).

Uso do hífen que continua depois da Reforma Or- Não se emprega o hífen:
tográfica:
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefi-
1. Em palavras compostas por justaposição que for- xo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos em “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
que se unem para formam um novo significado: consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente- microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
ro, recém-casado. inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
gumas exceções continuam por já estarem con- o segundo elemento começar com “o”: coopera-
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, ção, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, coedição, coexistir, etc.
queima-roupa, deus-dará. 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas paraquedista, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

combinações históricas ou ocasionais: Áustria- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
-Hungria, Angola-Brasil, etc. feito, benquerer, benquerido, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
per- quando associados com outro termo que é Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
-racional, etc. não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di- do, pressuposto, propor.
retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.

21
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio- Regras básicas
so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
-humano, super-realista, alto-mar. A acentuação tônica está relacionada à intensida-
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, com menos intensidade, são denominadas de átonas.
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
cadas como:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – papel
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
SITE ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/au-
las/portugues/ortografia> Proparoxítonas – a sílaba tônica está na antepenúlti-
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus

EXERCÍCIO COMENTADO Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são


os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando
tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó – ré.
1. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM-
BIENTAL – FCC – 2018) A frase em que todas as pa- Os acentos
lavras estão grafadas em conformidade com a norma-
-padrão da língua é: A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”,
“u” e “e” do grupo “em” – indica que estas letras re-
a) Júlio Verne idealisou um objeto usado pelos repórteres presentam as vogais tônicas de palavras como pá, caí,
com o proposito de capiturar sons e imagens. público. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da toni-
b) Os cidadãos de Nantes sempre tiveram orgulho de
cidade, timbre aberto: herói – céu (ditongos abertos).
pertencer à terra em que nasceu o escritor Júlio Verne.
B) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras
c) Na obra de Júlio Verne, a ciencia deteem papel de des-
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fe-
taque e até hoje escita a imaginação de seus leitores.
chado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
d) Há muitas analises das obras de Júlio Verne, e todas
C) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
são unânemes quando discrevem a capacidade criati-
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
va do escritor.
D) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi to-
e) Júlio Verne tinha curiozidade em saber como as pesso-
as viverião em um tempo futuro à sua própria epoca. talmente abolido das palavras. Há uma exceção: é
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios
Resposta: Letra B. estrangeiros: mülleriano (de Müller).
Em “a”: Errado – Júlio Verne idealisou (idealizou) um E) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam
objeto usado pelos repórteres com o proposito (pro- vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã.
pósito) de capiturar (capturar) sons e imagens.
Em “b”: Certo – Os cidadãos de Nantes sempre tiveram Regras fundamentais
orgulho de pertencer à terra em que nasceu o escritor Jú-
lio Verne. A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas
Em “c”: Errado – Na obra de Júlio Verne, a ciencia (ci- terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não
ência) deteem (detém) papel de destaque e até hoje do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
escita (excita) a imaginação de seus leitores. Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
Em “d”: Errado – Há muitas analises (análises) das Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
obras de Júlio Verne, e todas são unânemes (unâni- seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há.
mes) quando discrevem (descrevem) a capacidade Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se-
criativa do escritor. guidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo.
Em “e”: Errado – Júlio Verne tinha curiozidade (curio-
sidade) em saber como as pessoas viverião (viveriam) B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas
em um tempo futuro à sua própria época (época). terminadas em:
i, is: táxi – lápis – júri
LÍNGUA PORTUGUESA

us, um, uns: vírus – álbuns – fórum


Acentuação l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
fórceps ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
Quanto à acentuação, observamos que algumas pa- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
Por isso, vamos às regras!

22
#FicaDica #FicaDica
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que Quando, na frase, der para substituir o “por”
esta palavra apresenta as terminações das por “colocar”, estaremos trabalhando com
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U um verbo, portanto: “pôr”; nos demais ca-
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. As- sos, “por” é preposição: Faço isso por você.
sim ficará mais fácil a memorização! / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?

Regra do Hiato
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quan-
do a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí- da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
tonas são acentuadas, independentemente de sua acento: saída – faísca – baú – país – Luís.
terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere. Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Regras especiais Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se es-
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos tiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba.
palavras paroxítonas. Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí-
tonas):
FIQUE ATENTO!
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos Antes Agora
abertos estiverem em uma palavra oxítona
(herói) ou monossílaba (céu) ainda são acen- bocaiúva bocaiuva
tuados: dói, escarcéu. feiúra feiura
Sauípe Sauipe

Antes Agora O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi


assembléia assembleia abolido:
idéia ideia
Antes Agora
geléia geleia
crêem creem
jibóia jiboia
lêem leem
apóia (verbo apoiar) apoia
vôo voo
paranóico paranoico
enjôo enjoo
Acento Diferencial

Representam os acentos gráficos que, pelas regras de #FicaDica


acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala- Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
vras e/ou tempos verbais. Por exemplo: verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per- que não recebem mais acento como antes:
feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do CRER, DAR, LER e VER.
Indicativo do mesmo verbo). Repare:
Se analisarmos o “pôr” – pela regra das monossílabas: O menino crê em você. / Os meninos creem
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada, em você.
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, Elza lê bem! / Todas leem bem!
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição. Espero que ele dê o recado à sala. / Espera-
LÍNGUA PORTUGUESA

Os demais casos de acento diferencial não são mais mos que os garotos deem o recado!
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti- Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama- Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! /
ticais são definidos pelo contexto. Eles vêm à tarde!
Polícia para o trânsito para que se realize a operação
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
junção (com relação de finalidade).

23
As formas verbais que possuíam o acento tônico na cais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons-
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de truído com os elementos corretos, confere-se a ele uma
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: unidade formal.
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun-
Antes Depois ciado não se constrói com um amontoado de palavras e
orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de
apazigúe (apaziguar) apazigue dependência e independência sintática e semântica, reco-
averigúe (averiguar) averigue bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam
estes princípios”.
argúi (arguir) argui
Não se deve escrever frases ou textos desconexos –
é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes- frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Re-
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm lembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, rela-
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos ção, nexo entre os elementos que compõem a estrutura
conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, textual.
ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
– eles convêm. Formas de se garantir a coesão entre os elementos
de uma frase ou de um texto:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa  Substituição de palavras com o emprego de sinô-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nimos – palavras ou expressões do mesmo campo
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- associativo.
char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.  Nominalização – emprego alternativo entre um
– São Paulo: Saraiva, 2010. verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente
(desgastar / desgaste / desgastante).
SITE  Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama- Embora não gostassem de estudar, participaram da
tica/acentuacao.htm> aula.
 Emprego adequado de pronomes, conjunções,
preposições, artigos:
ARTICULAÇÃO DO TEXTO: COESÃO E
COERÊNCIA. O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
Coesão e Coerência pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.
Na construção de um texto, assim como na fala, usa-  Uso de hipônimos – relação que se estabelece
mos mecanismos para garantir ao interlocutor a com- com base na maior especificidade do significado
preensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos lin- de um deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e
guísticos que estabelecem a coesão e retomada do que móvel (mais genérico).
foi escrito – ou falado – são os referentes textuais, que  Emprego de hiperônimos - relações de um termo
buscam garantir a coesão textual para que haja coerên- de sentido mais amplo com outros de sentido mais
cia, não só entre os elementos que compõem a oração, específico. Por exemplo, felino está numa relação
como também entre a sequência de orações dentro do de hiperonímia com gato.
texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de  Substitutos universais, como os verbos vicários.
modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores
que os participantes do processo têm com o tema. Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima- no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
ginária – composta de termos e expressões – que une fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque
os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela- preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”,
ções de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego evitando repetição desnecessária.
de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição,
substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co-
pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad-
LÍNGUA PORTUGUESA

frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus-
– decorre daí a coerência textual. tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior,
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O
o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas
as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e,
incoerência é resultado do mau uso dos elementos de
assim, estabelece a relação entre as duas orações).
coesão textual. Na organização de períodos e de pará-
grafos, um erro no emprego dos mecanismos gramati-

24
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou freio (paixão desenfreada). Observe outros exemplos:
ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa fun-
ção de progressão textual, dada sua característica: são de águia aquilino
elementos que não significam, apenas indicam, remetem
aos componentes da situação comunicativa. de aluno discente
Já os componentes concentram em si a significação. de anjo angelical
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito:
de ano anual
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais in- de aranha aracnídeo
dicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes
demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, de boi bovino
bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento de cabelo capilar
da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterio- de cabra caprino
ridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste
momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, de campo campestre ou rural
há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, de chuva pluvial
no próximo ano, depois de (futuro).”
de criança pueril
A coerência de um texto está ligada: de dedo digital
1. à sua organização como um todo, em que devem
estar assegurados o início, o meio e o fim; de estômago estomacal ou gástrico
2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um de falcão falconídeo
texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência de farinha farináceo
fundamentada em comprovações, apresentação
de estatísticas, relato de experiências; um texto de fera ferino
informativo apresenta coerência se trabalhar com de ferro férreo
linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos,
por outro lado, trabalham com a linguagem figura- de fogo ígneo
da, livre associação de ideias, palavras conotativas. de garganta gutural
de gelo glacial
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa. de guerra bélico
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – de homem viril ou humano
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
de ilha insular
SITE de inverno hibernal ou invernal
Disponível em: http://www.mundovestibular.com.br/
articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paa- de lago lacustre
cutegina1.html de leão leonino
de lebre l eporino
CLASSES DE PALAVRAS. de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
Classes de Palavras e Suas Flexões de mestre magistral
de ouro áureo
Adjetivo
de paixão passional
É a palavra que expressa uma qualidade ou caracte- de pâncreas pancreático
rística do ser e se relaciona com o substantivo, concor-
de porco suíno ou porcino
dando com este em gênero e número.
As praias brasileiras estão poluídas. dos quadris ciático
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de rio fluvial
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de sonho onírico
LÍNGUA PORTUGUESA

Locução adjetiva de velho senil


Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne- de vento eólico
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes- de vidro vítreo ou hialino
ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
de virilha inguinal
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo-
cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). de visão óptico ou ótico

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Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.

Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

Adjetivo Pátrio (ou gentílico)

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.


LÍNGUA PORTUGUESA

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.

26
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
A) Comparativo
B) Uniformes – têm uma só forma tanto para o mas- Nesse grau, comparam-se a mesma característica
culino como para o feminino: homem feliz e mulher atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
feliz. rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável de igualdade, de superioridade ou de inferioridade.
no feminino: conflito político-social e desavença po- Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
lítico-social. No comparativo de igualdade, o segundo termo da
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto
Número dos Adjetivos ou quão.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
Plural dos adjetivos simples rioridade

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In-
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos ferioridade
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e
ruins, boa e boas. Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pa- eles: bom/melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
lavra que estiver qualificando um elemento for, original- rior, grande/maior, baixo/inferior.
mente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva.
Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um substanti- Observe que:
vo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcio-  As formas menor e pior são comparativos de su-
nará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: cami- perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
sas cinza, ternos cinza. mau, respectivamente.
Motos vinho (mas: motos verdes)  Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
Paredes musgo (mas: paredes brancas). (melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). rações feitas entre duas qualidades de um mesmo
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais
Adjetivo Composto bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por
exemplo:
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- Pedro é maior do que Paulo – Comparação de dois
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape- elementos.
nas o último elemento concorda com o substantivo a que Pedro é mais grande que pequeno – comparação de
se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. duas qualidades de um mesmo elemento.
Caso um dos elementos que formam o adjetivo com- Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo ferioridade
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” Sou menos passivo (do) que tolerante.
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua-
lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso B) Superlativo
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo O superlativo expressa qualidades num grau muito
composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
composto inteiro ficará invariável. Veja: tivo e apresenta as seguintes modalidades:
Camisas rosa-claro. B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
Ternos rosa-claro. dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Olhos verde-claros. seres. Apresenta-se nas formas:
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Observação:  Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre Observe alguns superlativos sintéticos:
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste,
vestidos cor-de-rosa.
benéfico – beneficentíssimo
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-
LÍNGUA PORTUGUESA

mentos flexionados: crianças surdas-mudas. bom – boníssimo ou ótimo


comum – comuníssimo
Grau do Adjetivo
cruel – crudelíssimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in- difícil – dificílimo
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad-
doce – dulcíssimo
jetivo: o comparativo e o superlativo.

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fácil – facílimo Flexão do Advérbio
fiel – fidelíssimo Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios,
B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade porém, admitem a variação em grau. Observe:
de um ser é intensificada em relação a um conjunto de A) Grau Comparativo
seres. Essa relação pode ser: Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo
 De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de modo que o comparativo do adjetivo:
todas.  de igualdade: tão + advérbio + quanto (como):
 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de Renato fala tão alto quanto João.
todas.  de inferioridade: menos + advérbio + que (do
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio que): Renato fala menos alto do que João.
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,  de superioridade:
antepostos ao adjetivo. A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob fala mais alto do que João.
duas formas: uma erudita – de origem latina – e outra A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato
popular – de origem vernácula. A forma erudita é cons- fala melhor que João.
tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
-íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; B) Grau Superlativo
a popular é constituída do radical do adjetivo português O superlativo pode ser analítico ou sintético:
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re-
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo nato fala muito alto.
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
nados em –eio, com apenas um “i”: feio – feíssimo, cheio de modo
– cheíssimo. B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al-
tíssimo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- Observação:
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
– São Paulo: Saraiva, 2010. comuns na língua popular.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. A criança levantou cedinho. (muito cedo)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Classificação dos Advérbios

SITE De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- bio pode ser de:
coes/morf/morf32.php> A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
Advérbio perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
Compare estes exemplos: aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis-
O ônibus chegou. tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
O ônibus chegou ontem. esquerda, ao lado, em volta.
B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constante-
do próprio advérbio. mente, entrementes, imediatamente, primeiramen-
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei te, provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de
(bem) quando em quando, a qualquer momento, de tempos
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- em tempos, em breve, hoje em dia.
jetivo (claros) C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
LÍNGUA PORTUGUESA

pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-


Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
centar ideia de: poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Tempo: Ela chegou tarde. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Lugar: Ele mora aqui. vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
Modo: Eles agiram mal. te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
Negação: Ela não saiu de casa. pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
Dúvida: Talvez ele volte. dalosamente, bondosamente, generosamente.

28
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
Interrogação Direta Interrogação Indireta
efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
bitavelmente. Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, Onde mora? Indaguei onde morava.
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro- Por que choras? Não sei por que choras.
vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, Aonde vai? Perguntei aonde ia.
quem sabe.
Donde vens? Pergunto donde vens.
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto, Quando voltas? Pergunto quando voltas.
quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, Locução Adverbial
extremamente, intensamente, grandemente, bem
(quando aplicado a propriedades graduáveis). Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
Brando, o vento apenas move a copa das árvores. nariamente por uma preposição. Veja:
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece para dentro, por aqui, etc.
durante a adolescência. B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer em geral, frente a frente, etc.
aos meus amigos por comparecerem à festa. D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
hoje em dia, nunca mais, etc.
Saiba que:
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei o adjetivo e outro advérbio:
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos Chegou muito cedo. (advérbio)
tarde possível. Joana é muito bela. (adjetivo)
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, De repente correram para a rua. (verbo)
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente. Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
cer como advérbio e como pronome indefinido. bio: Cheguei primeiro.
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo adverbial desempenham na oração a função de adjunto
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
bio. Exemplo:
#FicaDica Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Como saber se a palavra bastante é advérbio
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
(não varia, não se flexiona) ou pronome
dade e de tempo, respectivamente.
indefinido (varia, sofre flexão)? Se der, na
frase, para substituir o “bastante” por “muito”,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
estamos diante de um advérbio; se der para
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
substituir por “muitos” (ou muitas), é um
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
pronome. Veja:
– São Paulo: Saraiva, 2010.
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
LÍNGUA PORTUGUESA

(estudei muitos capítulos) = pronome indefinido


Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

Advérbios Interrogativos SITE


Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? coes/morf/morf75.php>
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:

29
Artigo Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo- bela Roma.
-se como o termo variável que serve para individualizar
ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê- Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural). sairá agora?
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va- Exceção: O senhor vai à festa?
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns]). Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
A) Artigos definidos – São usados para indicar seres é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
determinados, expressos de forma individual: O didato cuja nota foi a mais alta.
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
muito. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova- char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
da! Umas candidatas foram aprovadas! – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
teúdo. char - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de SITE
Janeiro, Veneza, A Bahia... Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
tica/artigo.htm>
Quando indicado no singular, o artigo definido pode
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. Conjunção

No caso de nomes próprios personativos, denotando Além da preposição, há outra palavra também inva-
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas
Pedro é o xodó da família. palavras de mesma função em uma oração:
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
No caso de os nomes próprios personativos estarem São Paulo.
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
Os Incas, Os Astecas...
Morfossintaxe da Conjunção
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- Classificação da Conjunção
dos. (qualquer classe)
De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
ter é uns vinte anos. no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
conjunção depende da existência do outro. Veja:
O artigo também é usado para substantivar palavras Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
LÍNGUA PORTUGUESA

pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por-


quê de tudo isso. / O bem vence o mal. Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.

Há casos em que o artigo definido não pode ser Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
usado: quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
“mas”. Já em:
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas Espero que eu seja aprovada no concurso!
conhecidas: O professor visitará Roma.

30
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração elas introduzida completa ou integra o sentido da prin-
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te- cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos,
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas:
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração que, se.
principal). Quero que você volte. (Quero sua volta)

Conjunções Coordenativas Adverbiais – Indicam que a oração subordinada exer-


ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
São aquelas que ligam orações de sentido completo com a circunstância que expressam, classificam-se em:
e independente ou termos da oração que têm a mesma A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em: ocorrência da oração principal. São elas: porque,
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando que, como (= porque, no início da frase), pois que,
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
não), não só... mas também, não só... como também, que, etc.
bem como, não só... mas ainda. Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
A sua pesquisa é clara e objetiva.
Não só dança, mas também canta. B) Concessivas: introduzem uma oração que expres-
sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, impedir sua realização. São elas: embora, ainda
expressando ideia de contraste ou compensação. que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, mais que, posto que, conquanto, etc.
no entanto, não obstante. Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres- a hipótese ou a condição para ocorrência da prin-
sando ideia de alternância ou escolha, indicando cipal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a
fatos que se realizam separadamente. São elas: ou, não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal- Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
vez... talvez.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
#FicaDica
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
que expressa ideia de conclusão ou consequência. Você deve ter percebido que a conjunção
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por condicional “se” também é conjunção inte-
conseguinte, por isso, assim. grante. A diferença é clara ao ler as orações
Marta estava bem preparada para o teste, portanto que são introduzidas por ela. Acima, ela nos
não ficou nervosa. dá a ideia da condição para que recebamos
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. um telefonema (se for preciso ajuda). Já na
oração: Não sei se farei o concurso.
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração Não há ideia de condição alguma, há? Ou-
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São tra coisa: o verbo da oração principal (sei)
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. pede complemento (objeto direto, já que
Não demore, que o filme já vai começar. “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
Falei muito, pois não gosto do silêncio! a oração em destaque exerce a função de
objeto direto da oração principal, sendo
Conjunções Subordinativas classificada como oração subordinada subs-
tantiva objetiva direta.
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de-
las dependente da outra. A oração dependente, intro-
duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha prime a conformidade de um fato com outro. São
começado quando ela chegou. elas: conforme, como (= conforme), segundo, con-
O baile já tinha começado: oração principal soante, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

quando: conjunção subordinativa (adverbial tempo- O passeio ocorreu como havíamos planejado.
ral)
ela chegou: oração subordinada E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração
As conjunções subordinativas subdividem-se em in- principal. São elas: para que, a fim de que, que, por-
tegrantes e adverbiais: que (= para que), que, etc.
Toque o sinal para que todos entrem no salão.

31
F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex- Interjeição
pressa um fato relacionado proporcionalmente
à ocorrência do expresso na principal. São elas: Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
à medida que, à proporção que, ao passo que e ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
as combinações quanto mais... (mais), quanto me- guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me- maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas
nos... (menos), etc. sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
O preço fica mais caro à medida que os produtos es- decorrente de uma situação particular, um momento ou
casseiam. um contexto específico. Exemplos:
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
Observação: ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
São incorretas as locuções proporcionais à medida Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
em que, na medida que e na medida em que. hum: expressão de um pensamento súbito = inter-
jeição
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen-
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na O significado das interjeições está vinculado à ma-
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as- em que for utilizada. Exemplos:
sim que), etc. Psiu!
A briga começou assim que saímos da festa. contexto: alguém pronunciando esta expressão na
rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex- mando! Ei, espere!”
pressa ideia de comparação com referência à ora-
ção principal. São elas: como, assim como, tal como, Psiu!
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên-
binado com menos ou mais), etc. cio!”
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres- puxa: interjeição; tom da fala: euforia
sa a consequência da principal. São elas: de sorte
que, de modo que, sem que (= que não), de forma Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na puxa: interjeição; tom da fala: decepção
oração principal uma palavra como tal, tão, cada,
tanto, tamanho), etc. As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
exame. gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
sante!
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
FIQUE ATENTO! minha frente.
Muitas conjunções não têm classificação
única, imutável, devendo, portanto, ser clas- As interjeições podem ser formadas por:
sificadas de acordo com o sentido que apre-  simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
sentam no contexto (destaque da Zê!).  palavras: Oba! Olá! Claro!
 grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
Deus! Ora bolas!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Classificação das Interjeições


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Comumente, as interjeições expressam sentido de:
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. Atenção! Olha! Alerta!
– São Paulo: Saraiva, 2010. B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!


literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
SITE Ânimo! Adiante!
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
coes/morf/morf84.php> G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen-
te! Essa não! Chega! Basta!

32
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ra Deus! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
J) Desculpa: Perdão! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! - Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! – volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! SITE
Puxa! Pô! Ora! Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! coes/morf/morf89.php>
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Numeral
Deus!
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio! Numeral é a palavra variável que indica quantidade
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa! numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-
Saiba que: minada sequência.
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
frem variação em gênero, número e grau como os no- Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme-
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al- pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata trata de numerais, mas sim de algarismos.
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem- a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. palavras consideradas numerais porque denotam quan-
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
Locução Interjetiva década, dúzia, par, ambos(as), novena.

Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma Classificação dos Numerais
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla- nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor- século, par, dúzia, década, bimestre.
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera! B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
ou alguma coisa ocupa numa determinada sequ-
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté- ência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe) As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
final e penúltimo também indicam posição dos seres,
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é mas são classificadas como adjetivos, não ordinais.
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
classes gramaticais podem aparecer como inter- C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
Francamente! (Advérbios) quintos, etc.
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio!
Fique quieto! Flexão dos numerais

4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique- duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
LÍNGUA PORTUGUESA

-taque! Quá-quá-quá!, etc. quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo «ó» cardinais são invariáveis.
com a sua homônima «oh!», que exprime admira- Os numerais ordinais variam em gênero e número:
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois
do «oh!» exclamativo e não a fazemos depois do
«ó» vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie-
dosa e pura!” (Olavo Bilac)

33
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e
conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas
do medicamento.

Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
terças partes.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego e Leitura dos Numerais


Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!
LÍNGUA PORTUGUESA

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

34
Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
LÍNGUA PORTUGUESA

ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. nino: A matéria que estudei é fácil!
– São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.
SITE Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- go; o segundo, preposição.
coes/morf/morf40.php>
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
Preposição lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
apostila. = Nós a trouxemos.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, por meio das preposições:
normalmente há uma subordinação do segundo termo
em relação ao primeiro. As preposições são muito im- Destino = Irei a Salvador.
portantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coe- Modo = Saiu aos prantos.
são textual e possuem valores semânticos indispensáveis Lugar = Sempre a seu lado.
para a compreensão do texto. Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
Tipos de Preposição Causa = Chorei de saudade.
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Instrumento = Escreveu a lápis.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Posse = Vi as roupas da mamãe.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Autoria = livro de Machado de Assis
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Companhia = Estarei com ele amanhã.
com. Matéria = copo de cristal.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Meio = passeio de barco.
gramaticais que podem atuar como preposições, Origem = Nós somos do Nordeste.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Conteúdo = frascos de perfume.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segun- Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
do, senão, visto. Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
lendo como uma preposição, sendo que a última Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de, locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, prepositiva por trás de.
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
cima de, por trás de. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a ou- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
tras palavras e, assim, estabelecer concordância em gênero char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + a = pela. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Essa concordância não é característica da preposição, AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
mas das palavras às quais ela se une. literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
Esse processo de junção de uma preposição com ou-
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: SITE
 Combinação: união da preposição “a” com o ar- Disponível em: <http://www.infoescola.com/portu-
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, gues/preposicao/>
aos. Os vocábulos não sofrem alteração.
 Contração: união de uma preposição com outra Pronome
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo-
LÍNGUA PORTUGUESA

nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
de + aquele = daquele, em + isso = nisso. panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- forma.
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal O homem julga que é superior à natureza, por isso o
do pronome “aquilo”). homem destrói a natureza...
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
superior à natureza, por isso ele a destrói...

36
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- Os pronomes retos apresentam flexão de número,
mos (homem e natureza). gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
Grande parte dos pronomes não possuem significa- discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação assim configurado:
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 1.ª pessoa do singular: eu
referência exata daquilo que está sendo colocado por 2.ª pessoa do singular: tu
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- 3.ª pessoa do singular: ele, ela
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- 1.ª pessoa do plural: nós
mais pronomes têm por função principal apontar para as 2.ª pessoa do plural: vós
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
dessa característica, os pronomes apresentam uma for- Esses pronomes não costumam ser usados como
ma específica para cada pessoa do discurso. complementos verbais na língua-padrão. Frases como
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
fala] -me até aqui”.
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem Frequentemente observamos a omissão do pronome
se fala] reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
formas verbais marcam, através de suas desinências, as
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú- boa viagem. (Nós)
mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe-
rência através do pronome seja coerente em termos de Pronome Oblíquo
gênero e número (fenômeno da concordância) com o
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
enunciado. sentença, exerce a função de complemento verbal
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
nossa escola neste ano. jeto indireto)
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
cia adequada] Observação:
[neste: pronome que determina “ano” = concordân- O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
cia adequada] me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
cordância inadequada] marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. suem, podendo ser átonos ou tônicos.

Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono

São aqueles que substituem os substantivos, indican- São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os nica fraca: Ele me deu um presente.
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a Lista dos pronomes oblíquos átonos
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer 1.ª pessoa do singular (eu): me
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. 2.ª pessoa do plural (vós): vos
LÍNGUA PORTUGUESA

3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes


Pronome Reto

Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-


tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
flores.

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A combinação da preposição “com” e alguns prono-
FIQUE ATENTO! mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
Os pronomes o, os, a, as assumem formas es- go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
peciais depois de certas terminações verbais: frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o de companhia: Ele carregava o documento consigo.
pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao
mesmo tempo que a terminação verbal é su- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
primida. Por exemplo: Ela veio até mim, mas nada falou.
fiz + o = fi-lo Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
fazeis + o = fazei-lo inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
dizer + a = dizê-la prova, até eu! (= inclusive eu)

2. Quando o verbo termina em som nasal, o As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
pronome assume as formas no, nos, na, nas. por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
Por exemplo: soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
viram + o: viram-no próprios, todos, ambos ou algum numeral.
repõe + os = repõe-nos Você terá de viajar com nós todos.
retém + a: retém-na Estávamos com vós outros quando chegaram as más
tem + as = tem-nas notícias.
Ele disse que iria com nós três.

Pronome Oblíquo Tônico Pronome Reflexivo

Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi- São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
dos por preposições, em geral as preposições a, para, de cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
função de objeto indireto da oração. Possuem acentua- a ação expressa pelo verbo.
ção tônica forte. Lista dos pronomes reflexivos:
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo lembro disso.
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas lherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Observe que as únicas formas próprias do pronome Antônio conversou consigo mesmo.
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
caso reto.
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
As preposições essenciais introduzem sempre pronomes com esta conquista.
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto.
Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da língua 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
formal, os pronomes costumam ser usados desta forma: conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim. #FicaDica
Não vá sem mim. O pronome é reflexivo quando se refere à mes-
ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu
Há construções em que a preposição, apesar de sur- me arrumei e saí.
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma É pronome recíproco quando indica recipro-
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver- cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo-
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- -nos calados.
LÍNGUA PORTUGUESA

nome, deverá ser do caso reto. O “se” pode ser usado como palavra expletiva
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. ou partícula de realce, sem ser rigorosamente
Não vá sem eu mandar. necessária e sem função sintática: Os explora-
dores riam-se de suas tentativas. / Será que eles
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” se foram?
está correta, já que “para mim” é complemento de “fá-
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
para mim!

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Pronomes de Tratamento 5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri- ao longo do texto, a pessoa do tratamento esco-
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por- lhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começa-
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira mos a chamar alguém de “você”, não poderemos
pessoa. Alguns exemplos: usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver-
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques bo na terceira pessoa.
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli- Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
giosos em geral teus cabelos. (errado)
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
professores de curso superior, ministros de Estado e de seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden- ou
te da República (sempre por extenso).
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de univer- Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
sidades teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
Pronomes Possessivos
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi-
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio- São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
nários de igual categoria (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes (coisa possuída).
de direito Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento singular)
cerimonioso
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se- singular primeira meu(s), minha(s)
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em- singular segunda teu(s), tua(s)
pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em- singular terceira seu(s), sua(s)
pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a plural primeira nosso(s), nossa(s)
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, plural segunda vosso(s), vossa(s)
ultraformal ou literária. plural terceira seu(s), sua(s)

Observações: Note que:


1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega- a que se refere; o gênero e o número concordam com o
dos em relação à pessoa com quem falamos: Es- objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este naquele momento difícil.
encontro.
Observações:
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli- obrigado, seu José.
ca, agiu com propriedade.
2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
3. Os pronomes de tratamento representam uma for- posse. Podem ter outros empregos, como:
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo- A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex- B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à anos.
excelência que esse deputado supostamente tem C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
para poder ocupar o cargo que ocupa. lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
LÍNGUA PORTUGUESA

4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,


2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes celência trouxe sua mensagem?
possessivos e os pronomes oblíquos empregados
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa. 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. livros e anotações.

39
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos) Paulo], aquele [Palmeiras])
ou
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
para que não ocorra redundância: Coloque tudo lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São
nos respectivos lugares. Paulo], aquele [Palmeiras])

Pronomes Demonstrativos Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou


invariáveis, observe:
São utilizados para explicitar a posição de certa pa- Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação aquela(s).
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Também aparecem como pronomes demonstrativos:
A) Em relação ao espaço:  o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa que fala: aquilo.
Este material é meu. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disses-
te.)
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
 mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va-
riam em gênero quando têm caráter reforçativo:
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
Eu mesma refiz os exercícios.
quem se fala:
Elas mesmas fizeram isso.
Aquele material não é nosso.
Eles próprios cozinharam.
Vejam aquele prédio!
Os próprios alunos resolveram o problema.
B) Em relação ao tempo:
 semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
relação à pessoa que fala:  tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
Esta manhã farei a prova do concurso!
1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
rém relativamente próximo à época em que se situa a (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
pessoa que fala: fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! à mencionada em primeiro lugar.
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
remoto:
Naquele tempo, os professores eram valorizados. 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
falará ou escreverá): que estava vendo. (no = naquilo)
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa- Pronomes Indefinidos
lará:
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
ortografia, concordância. so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
quantidade indeterminada.
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: -plantadas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-


mos! Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
Este e aquele são empregados quando se quer fazer forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao um ser humano que seguramente existe, mas cuja iden-
termo referido em primeiro lugar e este para o referido tidade é desconhecida ou não se quer revelar. Classifi-
por último: cam-se em:

40
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
lugar do ser ou da quantidade aproximada de se- um grupo racial sobre outros.
res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. tros = oração subordinada adjetiva).
Algo o incomoda?
Quem avisa amigo é. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sis-
tema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um a palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de que.
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
certa(s). nome demonstrativo o, a, os, as.
Cada povo tem seus costumes. Não sei o que você está querendo dizer.
Certas pessoas exercem várias profissões. Às vezes, o antecedente do pronome relativo não
vem expresso.
Note que: Quem casa, quer casa.
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
nomes indefinidos adjetivos: Observe:
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui- Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne- quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), quantas.
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
vários, várias. Note que:
Menos palavras e mais ações. O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
Alguns se contentam pouco. go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- seu antecedente for um substantivo.
riáveis e invariáveis. Observe: O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, a qual)
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, quais)
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan- as quais)
tas.
 Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
nada, algo, cada. pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- (que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
plural é feito em seu interior). coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in- minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou en-
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) cantado (quem me deixou encantado: o sítio ou minha
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) tia?).
Trabalho todo dia. (= todos os dias) Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, za-se o qual / a qual)
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
ou outra, etc. deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
Cada um escolheu o vinho desejado.
LÍNGUA PORTUGUESA

O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com


Pronomes Relativos o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
quente (o ser possuído, com o qual concorda em gêne-
São aqueles que representam nomes já mencionados ro e número); não se usa artigo depois deste pronome;
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem “cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
as orações subordinadas adjetivas. Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)

41
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Emprestei tantos quantos foram necessários.
(antecedente)
Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente)

O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.


É um professor a quem muito devemos.
(preposição)

“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.

Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.

Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:


 como (= pelo qual) – desde que precedida das palavras modo, maneira ou forma:
Não me parece correto o modo como você agiu semana passada.

 quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase.


O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente
que conversava, (que) ria, observava.

Pronomes Interrogativos

São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações),
quanto (e variações).
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.

O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar.

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).

Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos de preposição.
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que eu estava fazendo.
LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira You-
sseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo: Saraiva, 2002.

42
SITE Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Brasília.
coes/morf/morf42.php> Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
ma.
Substantivo
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres
Substantivo é a classe gramatical de palavras variá- que dependem de outros para se manifestarem ou existi-
veis, as quais denominam todos os seres que existem, rem. Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes-
fenômenos, os substantivos também nomeiam: soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro
 lugares: Alemanha, Portugal ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um
 sentimentos: amor, saudade substantivo abstrato.
 estados: alegria, tristeza Os substantivos abstratos designam estados, quali-
 qualidades: honestidade, sinceridade dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem
 ações: corrida, pescaria ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
(estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
Morfossintaxe do substantivo (sentimento).

Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun- Substantivos Coletivos


ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di- Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, outra abelha, mais outra abelha.
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje- Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
adjuntos adverbiais – quando essas funções são desem- cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
penhadas por grupos de palavras. mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs-
Classificação dos Substantivos tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto
de seres da mesma espécie (abelhas).
Substantivos Comuns e Próprios O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
Observe a definição: mesmo estando no singular, designa um conjunto de se-
res da mesma espécie.
Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
Substantivo coletivo Conjunto de:
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
cidade (em oposição aos bairros). assembleia pessoas reunidas
alcateia lobos
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada acervo livros
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan- antologia trechos literários selecio-
tivo comum. nados
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
arquipélago ilhas
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
homem, mulher, país, cachorro. banda músicos
Estamos voando para Barcelona. bando desordeiros ou malfeitores

O substantivo Barcelona designa apenas um ser da banca examinadores


espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – batalhão soldados
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
cardume peixes
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
caravana viajantes peregrinos
Substantivos Concretos e Abstratos
LÍNGUA PORTUGUESA

cacho frutas

Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser cancioneiro canções, poesias líricas
que existe, independentemente de outros seres. colmeia abelhas
Observação:
concílio bispos
Os substantivos concretos designam seres do mundo
real e do mundo imaginário. congresso parlamentares, cientistas

43
elenco atores de uma peça ou Substantivo Simples: é aquele formado por um úni-
filme co elemento.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
esquadra navios de guerra agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois
enxoval roupas elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é compos-
to.
falange soldados, anjos
fauna animais de uma região Substantivo Composto: é aquele formado por dois
feixe lenha, capim ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passa-
tempo.
flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus Substantivos Primitivos e Derivados
girândola fogos de artifício Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de
horda bandidos, invasores nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O
junta médicos, bois, credores, substantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se
examinadores originou a partir da palavra limão.

júri jurados Substantivo Derivado: é aquele que se origina de


legião soldados, anjos, demônios outra palavra.
leva presos, recrutas Flexão dos substantivos
malta malfeitores ou desordeiros
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
manada búfalos, bois, elefantes,
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
matilha cães de raça exemplo, pode sofrer variações para indicar:
molho chaves, verduras Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
meninão / Diminutivo: menininho
multidão pessoas em geral
nuvem insetos (gafanhotos, mos- Flexão de Gênero
quitos, etc.)
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-
penca bananas, chaves
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito
pinacoteca pinturas, quadros a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram
quadrilha ladrões, bandidos a seres animais providos de sexo, quer designem apenas
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
ramalhete flores Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
rebanho ovelhas feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.
repertório peças teatrais, obras mu-
Veja estes títulos de filmes:
sicais
O velho e o mar
réstia alhos ou cebolas Um Natal inesquecível
romanceiro poesias narrativas Os reis da praia
revoada pássaros Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
sínodo párocos podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim
talha lenha
Uma cidade sem passado
tropa muares, soldados As tartarugas ninjas
turma estudantes, trabalhadores
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
vara porcos
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
Formação dos Substantivos tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito – prefeita
LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivos Simples e Compostos 2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única


forma, que serve tanto para o masculino quanto
Chuva – subst. Fem. 1 – água caindo em gotas sobre para o feminino. Classificam-se em:
a terra. A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
O substantivo chuva é formado por um único ele- se faz mediante a utilização das palavras “macho”
mento ou radical. É um substantivo simples. e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
macho e o jacaré fêmea.

44
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes Alguns nomes de animais apresentam uma só for-
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste- ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in- chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
divíduo. houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: palavras macho e fêmea.
indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o A cobra macho picou o marinheiro.
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
a artista.
Sobrecomuns:
Substantivos de origem grega terminados em ema Entregue as crianças à natureza.
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
sintoma, o teorema. A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
 Existem certos substantivos que, variando de gê- nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
nero, variam em seu significado: ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça A criança chorona chamava-se João.
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e A criança chorona chamava-se Maria.
a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au- Outros substantivos sobrecomuns:
mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con- a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública); criatura.
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora). o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu.
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
Comuns de Dois Gêneros:
Regra geral: troca-se a terminação –o por –a: aluno Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
– aluna.
 Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
ao masculino: freguês – freguesa É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
 Substantivos terminados em -ão: fazem o femini- vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
no de três formas: A distinção de gênero pode ser feita através da análi-
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs-
2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã tantivo: o colega – a colega; o imigrante – a imigrante;
3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona um jovem – uma jovem; artista famoso – artista famosa;
Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão - repórter francês – repórter francesa.
sultana
A palavra personagem é usada indistintamente nos
 Substantivos terminados em -or: dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora acentuada preferência pelo masculino: O menino desco-
troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino:
 Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: O problema está nas mulheres de mais idade, que não
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe- aceitam a personagem.
tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
- profetisa Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
 Substantivos que formam o feminino trocando o fotográfico Ana Belmonte.
-e final por -a: elefante - elefanta
 Substantivos que têm radicais diferentes no mas- Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca (pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
 Substantivos que formam o feminino de maneira maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras proclama, o pernoite, o púbis.
anteriores: czar – czarina, réu - ré
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
Formação do Feminino dos Substantivos Unifor- a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
mes
LÍNGUA PORTUGUESA

libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).

Epicenos: São geralmente masculinos os substantivos de ori-


Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
forma para indicar o masculino e o feminino. coma, o hematoma.

45
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal – quintais;
Gênero dos Nomes de Cidades – Com raras exce- caracol – caracóis; hotel – hotéis. Exceções: mal e males,
ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro cônsul e cônsules.
Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
gre. / Uma Londres imensa e triste. duas maneiras:
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. 1. Quando oxítonos, em “is”: canil – canis.
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil – mísseis.
Gênero e Significação
Observação:
Muitos substantivos têm uma significação no mascu- A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma-
lino e outra no feminino. Observe: neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
o baliza (soldado que à frente da tropa, indica os mo-
vimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), duas maneiras:
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do acréscimo de “es”: ás – ases / retrós – retroses
corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a variáveis: o lápis – os lápis / o ônibus – os ônibus.
cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a ca-
pital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (ca- Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
beleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), de três maneiras.
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
na administração da crisma e de outros sacramentos), a 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
(vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou- Observação:
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves), Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun- dois – e até três – plurais:
cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen- aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos
tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo- ancião – anciões/anciães/anciãos
ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética), charlatão – charlatões/charlatães
o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), corrimão – corrimãos/corrimões
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria- guardião – guardiões/guardiães
-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a vilão – vilãos/vilões/vilães
pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
(aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador), Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
a voga (moda). o látex – os látex.

Flexão de Número do Substantivo Plural dos Substantivos Compostos

Em português, há dois números gramaticais: o singu- A formação do plural dos substantivos compostos
lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, depende da forma como são grafados, do tipo de pa-
que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte- lavras que formam o composto e da relação que esta-
rística do plural é o “s” final. belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen
comportam-se como os substantivos simples: aguar-
Plural dos Substantivos Simples dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
malmequer/malmequeres.
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e O plural dos substantivos compostos cujos elementos
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
ímãs; hífen – hifens (sem acento, no plural). e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
Exceção: cânon – cânones. A) Flexionam-se os dois elementos, quando forma-
dos de:
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
em “ns”: homem – homens. substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
LÍNGUA PORTUGUESA

Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- feitos


ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz – adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
raízes. mens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
Atenção:
O plural de caráter é caracteres. B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
quando formados de:

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verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas colhere(s) + zinhas = colherezinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
alto-falantes flore(s) + zinhas = florezinhas
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco- mão(s) + zinhas = mãozinhas
-recos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
quando formados de: funi(s) + zinhos = funizinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água-
-de-colônia e águas-de-colônia túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca- pai(s) + zinhos = paizinhos
valo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como deter- pé(s) + zinhos = pezinhos
minante do primeiro, ou seja, especifica a função pé(s) + zitos = pezitos
ou o tipo do termo anterior: palavra-chave - pa-
lavras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio, ho- Plural dos Nomes Próprios Personativos
mem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
D) Permanecem invariáveis, quando formados de: sempre que a terminação preste-se à flexão.
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora Os Napoleões também são derrotados.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os As Raquéis e Esteres.
saca-rolhas
Plural dos Substantivos Estrangeiros
Casos Especiais
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
o louva-a-deus e os louva-a-deus escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
o bem-te-vi e os bem-te-vis shorts, os jazz.
o bem-me-quer e os bem-me-queres Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho-
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
os réquiens.
Plural das Palavras Substantivadas Observe o exemplo:
Este jogador faz gols toda vez que joga.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
classes gramaticais usadas como substantivo, apresen-
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos. Plural com Mudança de Timbre
Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves. Certos substantivos formam o plural com mudança
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos. de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico).
Observação:
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos Singular Plural
seis e alguns dez. corpo (ô) corpos (ó)
esforço esforços
fogo fogos
Plural dos Diminutivos forno fornos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi- fosso fossos
nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo. imposto impostos
olho olhos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
osso (ô) ossos (ó)
LÍNGUA PORTUGUESA

animai(s) + zinhos = animaizinhos


ovo ovos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
poço poços
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
porto portos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
posto postos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
tijolo tijolos

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Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
etc. no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).

Observação: Estrutura das Formas Verbais


Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
molho (ó) = feixe (molho de lenha). Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
os seguintes elementos:
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, -ava; fal-am. (radical fal-)
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida- exemplo: fala-r. São três as conjugações:
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos). 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática -
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
com sentido de plural: C) Desinência modo-temporal: é o elemento que
Aqui morreu muito negro. designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indica-
improvisadas. tivo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do
subjuntivo)
Flexão de Grau do Substantivo D) Desinência número-pessoal: é o elemento que
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir número (singular ou plural):
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
1. Grau Normal – Indica um ser de tamanho conside- (indica a 3.ª pessoa do plural.)
rado normal. Por exemplo: casa
2. Grau Aumentativo – Indica o aumento do tama-
nho do ser. Classifica-se em: FIQUE ATENTO!
Analítico = o substantivo é acompanhado de um
O verbo pôr, assim como seus derivados
adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conju-
grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- gação, pois a forma arcaica do verbo pôr era
dicador de aumento. Por exemplo: casarão. poer. A vogal “e”, apesar de haver desapareci-
do do infinitivo, revela-se em algumas formas
3. Grau Diminutivo – Indica a diminuição do tama- do verbo: põe, pões, põem, etc.
nho do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adje-
tivo que indica pequenez. Por exemplo: casa pe- Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
quena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
dicador de diminuição. Por exemplo: casinha. dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Classificação dos Verbos
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Classificam-se em:
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002. A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
cal inalterado durante a conjugação e desinências
SITE idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver-
LÍNGUA PORTUGUESA

coes/morf/morf12.php> bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do


Modo Indicativo:
Verbo
canto falo
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantas falas
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo

48
canta falas Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
cantamos falamos Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
cantais falais
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
cantam falam tempo: Já passa das seis.

5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição


#FicaDica “de”, indicando suficiência:
Observe que, retirando os radicais, as desi- Basta de tolices.
nências modo-temporal e número-pessoal Chega de promessas.
mantiveram-se idênticas. Tente fazer com
outro verbo e perceberá que se repetirá o 6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
fato (desde que o verbo seja da primeira Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem re-
conjugação e regular!). Faça com o verbo ferência a sujeito expresso anteriormente (por exemplo:
“andar”, por exemplo. Substitua o radical “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo como hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.
andar). Viu? Fácil!
7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte- Dá para me arrumar uma apostila?
rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
fizesse. E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con-
jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
Observação: plural. São unipessoais os verbos constar, convir, ser (=
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de ani-
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/ mais (cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema Os verbos unipessoais podem ser usados como ver-
permanece inalterado. bos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con- O que é que aquela garota está cacarejando?
jugação completa. Os principais são adequar, pre-
caver, computar, reaver, abolir, falir. Principais verbos unipessoais
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito
e, normalmente, são usados na terceira pessoa do  Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, pare-
singular. Os principais verbos impessoais são: cer, ser (preciso, necessário):
Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali- bastante)
zar-se ou fazer (em orações temporais). Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Acontece-  Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo,
ram) seguidos da conjunção que.
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão) Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz) à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
vejo. (Sujeito: que não a vejo)
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos na Europa. F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou
Era primavera quando o conheci. mais formas equivalentes, geralmente no particí-
Estava frio naquele dia. pio, em que, além das formas regulares terminadas
em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas cur-
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
LÍNGUA PORTUGUESA

tas (particípio irregular).


reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado
amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o
“Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em irregular é empregado na voz passiva, ou seja, com
sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, emprega- os verbos ser, ficar e estar. Observe:
do em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser
pessoal, ou seja, terá conjugação completa.

49
Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escre-
ver/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
LÍNGUA PORTUGUESA

50
Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret. mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. do Pretérito
sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles
LÍNGUA PORTUGUESA

51
ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret. mais-q-perf. Fut. do Pres. Fut. do Preté
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret. Mais-Q-Perf. Fut. do Pres. Fut. do Pretérito
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
LÍNGUA PORTUGUESA

hajas houvesses houveres há hajas


haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

52
HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
Haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté. mais-q-perf. Fut. do Pres. Fut. do Pretérito
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
LÍNGUA PORTUGUESA

pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.

53
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

Infinitivo

Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo.
Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não apre-
senta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
LÍNGUA PORTUGUESA

Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os
candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

54
(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

Tempos do Modo Indicativo

Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.


Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
Ele estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

Tempos do Modo Subjuntivo

Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


LÍNGUA PORTUGUESA

CANTAR VENDER PARTIR


cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS

55
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM
Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
LÍNGUA PORTUGUESA

cantar á vender á partir á


cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

56
Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Modo Subjuntivo

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
LÍNGUA PORTUGUESA

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

57
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
LÍNGUA PORTUGUESA

cantarES venderES partirES


cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

58
 O verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras: literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php>

Correlação Verbal

Damos o nome de correlação verbal à coerência que, em uma frase ou sequência de frases, deve haver entre as
formas verbais utilizadas. Ou seja, é preciso que haja articulação temporal entre os verbos, que eles se correspondam,
de maneira a expressar as ideias com lógica. Tempos e modos verbais devem, portanto, combinar entre si.
Vejamos este exemplo:

Seu eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderia a lição.

No caso, o verbo dormir está no pretérito imperfeito do subjuntivo. Sabemos que o subjuntivo expressa dúvida,
incerteza, possibilidade, eventualidade. Assim, em que tempo o verbo aprender deve estar, de maneira a garantir que
o período tenha lógica?

Na frase, aprender é usado no futuro do pretérito (aprenderia), um tempo que expressa, dentre outras ideias,
uma afirmação condicionada (que depende de algo), quando esta se refere a fatos que não se realizaram e que,
provavelmente, não se realizarão. O período, portanto, está correto, já que a ideia transmitida por dormisse é
exatamente a de uma dúvida, a de uma possibilidade que não temos certeza se ocorrerá.

Para tornar mais clara a questão, vejamos o mesmo exemplo, mas sem correlação verbal:
Se eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderei a lição.

Temos dormir no subjuntivo, novamente. Mas aprender está conjugado no futuro do presente, um tempo verbal que
expressa, dentre outras ideias, fatos certos ou prováveis.

Ora, nesse caso não podemos dizer que jamais aprenderemos a lição, pois o ato de aprender está condicionado não
a uma certeza, mas apenas à hipótese (transmitida pelo pretérito imperfeito do subjuntivo) de dormir.

Correlações verbais corretas

A seguir, veja alguns casos em que os tempos verbais são concordantes:

presente do indicativo + presente do subjuntivo: Exijo que você faça o dever.

pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo: Exigi que ele fizesse o dever.

presente do indicativo + pretérito perfeito composto do subjuntivo: Espero que ele tenha feito o dever.
LÍNGUA PORTUGUESA

pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfeito composto do subjuntivo: Queria que ele tivesse feito o dever.

futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo: Se você fizer o dever, eu ficarei feliz.

pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do indicativo: Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas.

pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo + futuro do pretérito composto do indicativo: Se você tivesse
feito o dever, eu teria lido suas respostas.

59
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo: Quando você fizer o dever, dormirei.

futuro do subjuntivo + futuro do presente composto do indicativo: Quando você fizer o dever, já terei dormido.

Vozes do Verbo

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a pre-
posição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.

 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.

 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
LÍNGUA PORTUGUESA

O vento ia levando as folhas. (gerúndio)


As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

60
Observação: c) Acredita Sêneca que toda lição sabiamente apreendida
O agente não costuma vir expresso na voz passiva por um poderá servir-nos a todos, uma vez reconhe-
sintética. cidos como seres igualmente unos em nós mesmos.
d) Esse equilíbrio, suporia que aceitemos as tensões que
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva venham a polarizar nossa natureza dividida por exem-
plo, entre o estado de solidão e a vida comunicativa.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar e) Caso a solidão venha a ocorrer, como um estigma de-
substancialmente o sentido da frase. finitivo, seria possível que se perca de vez a própria
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) necessidade de comunicação, que estaria na nossa
Sujeito da Ativa objeto Direto natureza.
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
(Voz Passiva) Resposta: Letra C. Indicações entre parênteses:
Sujeito da Passiva Agente da Passiva Em “a”, Sêneca ( , ) numa de suas reflexões mais sábias
( , ) acredita (acreditou) que nossa natureza, (X) dividi-
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; da pode (poderia) compensar essa divisão, (X) com o
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo recurso da consciente alternância.
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo Em “b”, Se a solidão não nos impulsionasse, (X) para o
tempo. reconhecimento de nós mesmos, não haverá (haveria)
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos. qualquer vantagem, (X) em nos rendermos ocasional-
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe- mente a ela.
los mestres. Em “c”, Acredita Sêneca que toda lição sabiamente
apreendida por um poderá servir-nos a todos, uma vez
Eu o acompanharei. reconhecidos como seres igualmente unos em nós mes-
Ele será acompanhado por mim. mos.
Em “d”, Esse equilíbrio, (X) suporia (supõe) que aceite-
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não mos as tensões que venham a polarizar nossa nature-
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: za dividida ( , ) por exemplo, entre o estado de solidão
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. e a vida comunicativa.
Em “e”, Caso a solidão venha a ocorrer, como um es-
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, tigma definitivo, seria (é) possível que se perca de vez
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle- a própria necessidade de comunicação, que estaria
xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente, (está) na nossa natureza.
paciente ou agente paciente.
2. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIENTAL – FCC – 2018) Considere o emprego do vo-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa cábulo destacado no trecho: Reza a lenda que ele teria
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. jurado não voltar a viajar, a não ser em sua imaginação
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- e fantasia.
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. A forma destacada exprime ideia de
– São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: a) desejo.
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. b) certeza.
c) suposição.
SITE d) reprovação.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- e) conselho.
coes/morf/morf54.php>
Resposta: Letra C. Reza a lenda que ele teria jurado
não voltar a viajar, a não ser em sua imaginação e fan-
tasia = não é somente o verbo destacado (que está no
EXERCÍCIOS COMENTADOS futuro do pretérito) que nos dá a ideia de suposição; o
início do período também (Reza a lenda = segundo a
1. (TRT-15.ª REGIÃO - CAMPINAS-SP – ANALISTA lenda, ou seja, não se sabe ao certo).
JUDICIÁRIO – FCC – 2018) A pontuação e a correlação
entre tempos e modos verbais ocorrem de modo plena- 3. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – ANALISTA MINIS-
TERIAL – FCC – 2018) Há adequada correlação entre
LÍNGUA PORTUGUESA

mente adequado na frase:


os tempos verbais e pleno atendimento às normas de
a) Sêneca numa de suas reflexões mais sábias acredita concordância na frase:
que nossa natureza, dividida pode compensar essa di-
visão, com o recurso da consciente alternância. a) Houvesse no gato e no cachorro outros atributos ca-
b) Se a solidão não nos impulsionasse, para o reconhe- racterísticos desses animais, não seria aceitável a ana-
cimento de nós mesmos, não haverá qualquer vanta- logia que faz o ditado chinês entre eles e os gêneros
gem, em nos rendermos ocasionalmente a ela. literários.

61
b) Caso não se compreenda bem as distinções entre pro- Em “b”, Numa época em que a velocidade se impuser
sa e poesia, não seria fácil distinguir entre as alusões de forma ainda mais drástica, valerá a pena buscar al-
que o ditado chinês faz ao comportamento do gato e ternativas.
do cachorro. Em “c”, Se ninguém vir (vier) a buscar caminhos alter-
c) As atribuições em que se empenham o ditado chinês nativos, nenhuma possibilidade real de libertação se-
para distinguir entre cachorro e gato dificilmente fos- ria (será) explorada.
sem compreensíveis sem a consciência do que seja as Em “d”, Nosso estilo de vida levará-nos (nos levará) a
artes da poesia e da prosa. impasses urbanos que dificilmente encontrariam (en-
d) Se o cachorro encarnasse alguns dos atributos da po- contrarão) alguma forma de solução.
esia e o gato alguns da prosa, o ditado chinês poderá Em “e”, A convicção do poeta acena para a criação
ser contestado quanto às analogias que promovem. nossa de caminhos próprios, da qual advisse (adviesse)
e) À medida que fôssemos observando o comportamen- um novo prazer de viver.
to do cachorro e do gato, seremos levados a concor-
dar com o que se asseguram nas palavras do ditado 5. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZO-
chinês. NAS – ASSISTENTE TÉCNICO DE DEFENSORIA – FCC
– 2018) Há correspondência entre tempos e modos en-
Resposta: Letra A. tre as formas verbais empregadas em:
Em “a”, Houvesse no gato e no cachorro outros atribu-
tos característicos desses animais, não seria aceitável a a) Caso estivesse vivo hoje, o filósofo Auguste Comte te-
analogia que faz o ditado chinês entre eles e os gêneros ria a oportunidade de constatar o quanto suas suposi-
literários. ções se distanciaram da experiência.
Em “b”, Caso não se compreenda (compreendam) bem b) Independentemente da época em que fossem expres-
as distinções entre prosa e poesia, não seria (será) fácil sas, as previsões sobre o futuro sempre dirão muito
distinguir entre as alusões que o ditado chinês faz ao mais sobre o presente de quem se arriscar a fazê-las.
comportamento do gato e do cachorro. c) Por mais precisos que nossos instrumentos de medi-
Em “c”, As atribuições em que se empenham (empe- ção de engarrafamentos venham a se tornar, é im-
nha) o ditado chinês para distinguir entre cachorro e provável que fôssemos capazes de fazer previsões a
gato dificilmente fossem (serão) compreensíveis sem longo prazo.
a consciência do que seja (sejam) as artes da poesia d) Quando a extensão do cosmo puder ser medida, ti-
e da prosa. véssemos chegado a um novo patamar da experiência
Em “d”, Se o cachorro encarnasse alguns dos atributos humana, nunca vislumbrado por cientistas ou filóso-
fos.
da poesia e o gato alguns da prosa, o ditado chinês
e) O conhecimento humano possui limitações, mas é fun-
poderá (poderia) ser contestado quanto às analogias
ção da ciência pôr essas limitações à prova, a fim de
que promovem (promove).
que poderíamos avançar continuamente.
Em “e”, À medida que fôssemos (formos) observando
o comportamento do cachorro e do gato, seremos le-
Resposta: Letra A. Correções entre parênteses:
vados a concordar com o que se asseguram (assegura)
Em “a”: Caso estivesse vivo hoje, o filósofo Auguste
nas palavras do ditado chinês.
Comte teria a oportunidade de constatar o quanto
suas suposições se distanciaram da experiência. = cor-
4. (DETRAN-MA – ASSISTENTE DE TRÂNSITO – FCC reta
– 2018) A flexão das formas verbais e a articulação entre
Em “b”: Independentemente da época em que fossem
seus tempos e modos estão plenamente adequadas na (foram) expressas, as previsões sobre o futuro sempre
frase: dirão (disseram) muito mais sobre o presente de quem
se arriscar (arriscou) a fazê-las.
a) Quem caminhasse pelas grandes cidades virá a consta- Em “c”: Por mais precisos que nossos instrumentos de
tar que elas contessem muitas surpresas. medição de engarrafamentos venham a se tornar, é
b) Numa época em que a velocidade se impuser de forma improvável que fôssemos (sejamos) capazes de fazer
ainda mais drástica, valerá a pena buscar alternativas. previsões a longo prazo.
c) Se ninguém vir a buscar caminhos alternativos, nenhu- Em “d”: Quando a extensão do cosmo puder ser medi-
ma possibilidade real de libertação seria explorada. da, tivéssemos (teremos) chegado a um novo patamar
d) Nosso estilo de vida levará-nos a impasses urbanos da experiência humana, nunca vislumbrado por cien-
que dificilmente encontrariam alguma forma de so- tistas ou filósofos.
lução. Em “e”: O conhecimento humano possui limitações,
e) A convicção do poeta acena para a criação nossa de
LÍNGUA PORTUGUESA

mas é função da ciência pôr essas limitações à prova,


caminhos próprios, da qual advisse um novo prazer a fim de que poderíamos (possamos) avançar continu-
de viver. amente.

Resposta: Letra B.
Em “a”, Quem caminhasse (caminhar) pelas grandes
cidades virá a constatar que elas contessem (contêm)
muitas surpresas.

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6. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SER- Resposta: Letra E.
GIPE-SE – TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) Em “a”, Nos diálogos forjados nas redes sociais, os
uma tendência que já coroava as edições anteriores do usuários selecionam aqueles dos quais (com os quais)
prêmio estão dispostos a interagir.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do que Em “b”, A maioria das pessoas hoje acessa as redes
se encontra acima está sublinhado em: sociais em cuja (cuja) influência revolucionou a forma
de compartilhar notícias.
a) por meio do qual definia uma suposta obra de arte Em “c”, Deve-se reagir com cautela à recepção de con-
b) o novo prêmio atenderia ao mercado teúdos aos quais (que/os quais) são disseminados nas
c) ou o que o contraria mídias digitais.
d) o leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas Em “d”, As mídias sociais são acusadas de formar re-
e) ele contempla os títulos com mais chances dutos no qual (dos quais) o usuário consome um con-
teúdo que o agrade.
Resposta: Letra A. O verbo “coroava” está no pretéri- Em “e”, A esfera pública, na qual os mais engajados pre-
to imperfeito do Indicativo: valecem, parece tomada por uma intensa polarização.
Em “a”, por meio do qual definia = pretérito imperfeito
do Indicativo 9. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – TÉCNICO LEGISLA-
Em “b”, o novo prêmio atenderia = futuro do pretérito TIVO – FCC – 2018 – ADAPTADA)
do Indicativo − No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e
Em “c”, ou o que o contraria = presente do Indicativo acabou alcunhando-me Dom Casmurro
Em “d”, o leitor elegerá = futuro do presente − Contei a anedota aos amigos da cidade
Em “e”, ele contempla = presente do Indicativo − Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do
teatro amanhã
7. (TRT-15.ª REGIÃO - CAMPINAS-SP – ANALISTA Nos trechos transcritos, os termos destacados consti-
tuem, respectivamente,
JUDICIÁRIO – FCC – 2018) Tratando do estado de so-
lidão ou da necessidade de convívio, Sêneca vê no estado
a) pronome, artigo e artigo.
de solidão uma contrapartida da necessidade de convívio,
b) artigo, artigo e pronome.
assim como vê na necessidade de convívio uma abertura
c) preposição, preposição e pronome.
para encontrar satisfação no estado de solidão.
d) artigo, preposição e artigo.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substi-
e) preposição, artigo e pronome.
tuindo-se os elementos grifados, na ordem dada, por:
Resposta: Letra E.
a) naquele − desta − nesta − naquele − No dia seguinte entrou a dizer = preposição
b) nisso − daquilo − naquela − deste − Contei a anedota aos amigos da cidade = artigo
c) este − do outro − na primeira − no último − Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso
d) nisto − disso − naquela − desse do teatro = pronome
e) na primeira − do segundo − numa – noutra

Resposta: Letra A. Tratando do estado de solidão ou


da necessidade de convívio, Sêneca vê naquele (= o SINTAXE. TERMOS DA ORAÇÃO.
termo mais distante) uma contrapartida desta (= ter- PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E
mo mais próximo), assim como vê nesta uma abertura SUBORDINAÇÃO. TEMPOS, MODOS E
para encontrar satisfação naquele. VOZES VERBAIS. FLEXÃO NOMINAL E
VERBAL.
8. (TRT-6.ª REGIÃO-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
FCC – 2018) Está correto o uso do elemento sublinhado
na seguinte frase: Frase, oração e período
Sintaxe da Oração e do Período
a) Nos diálogos forjados nas redes sociais, os usuários Termos da Oração
selecionam aqueles dos quais estão dispostos a inte- Coordenação e Subordinação
ragir.
b) A maioria das pessoas hoje acessa as redes sociais em Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
cuja influência revolucionou a forma de compartilhar estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
notícias. dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Deve-se reagir com cautela à recepção de conteúdos toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
aos quais são disseminados nas mídias digitais. jou muito ontem à noite.
d) As mídias sociais são acusadas de formar redutos no
qual o usuário consome um conteúdo que o agrade. Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
e) A esfera pública, na qual os mais engajados prevale- verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi-
cem, parece tomada por uma intensa polarização. nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a
partir de seu sentido global:

63
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem A função do sujeito é basicamente desempenhada
formula uma pergunta: Que dia é hoje? por substantivos, o que a torna uma função substantiva
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais-
faz um pedido: Dê-me uma luz! quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es- pria) também podem exercer a função de sujeito.
tado afetivo: Que dia abençoado! Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A tantivo)
prova será amanhã. Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
plo: substantivo)
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais: Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
sujeito e predicado. tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo
O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver- do sujeito.
bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara Um sujeito é determinado quando é facilmente
algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a identificado pela concordância verbal. O sujeito determi-
parte da frase que contém “a informação nova para o ou- nado pode ser simples ou composto.
vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que possível identificar claramente a que se refere a concor-
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos Estão gritando seu nome lá fora.
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica- Trabalha-se demais neste lugar.
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
de ligação): O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
(predicado verbal) plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai-
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú- xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
cleo é “fácil” (predicado nominal)
Nós estudaremso juntos.
A humanidade é frágil.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
Ninguém se move.
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
tido completo. O período pode ser simples ou composto.
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis.
Período simples é aquele constituído por apenas
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Chove. O sujeito composto é o sujeito determinado que
A existência é frágil. apresenta mais de um núcleo.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. Alimentos e roupas custam caro.
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Período composto é aquele constituído por duas ou O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi. Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
Quero que você estude mais. referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
Termos da Oração do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
pela desinência verbal ou pelo contexto.
Termos essenciais Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu)
O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
para a formação das orações. No entanto, existem ora- meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter- pronomes não estejam explícitos.
mo que estabelece concordância com o verbo. Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
O candidato está preparado. to na desinência verbal “-mos”
LÍNGUA PORTUGUESA

Os candidatos estão preparados. Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
sinência verbal “-ais”
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno- Mas:
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
no singular: candidato = está).

64
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito = uma ideia estranha
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = passou-me pelo pensamento
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi- Para o estudo do predicado, é necessário verificar
nado de duas maneiras: se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
o sujeito não tenha sido identificado anteriormente: siderar também se as palavras que formam o predicado
Bateram à porta; referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi- oração.
nistro.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples de opinião.
ou composto: Predicado
Os meninos bateram à porta. (simples)
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) O predicado acima apresenta apenas uma palavra
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres- ligam direta ou indiretamente ao verbo.
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos A cidade está deserta.
verbos que não apresentam complemento direto:
Precisa-se de mentes criativas. O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
Vivia-se bem naqueles tempos. -se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
Trata-se de casos delicados. elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
Sempre se está sujeito a erros. sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
predicativo do sujeito).
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
de indeterminação do sujeito. O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
significativo um verbo:
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre- Chove muito nesta época do ano.
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A Estudei muito hoje!
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi- Compraste a apostila?
pais casos de orações sem sujeito com:
 os verbos que indicam fenômenos da natureza: Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
Amanheceu. apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
Está trovejando. processos.

 os verbos estar, fazer, haver e ser, quando in- O predicado nominal é aquele que tem como nú-
dicam fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade
tempo em geral: ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo
Está tarde. do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou-
Já são dez horas. tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de
Faz frio nesta época do ano. ligação).
Há muitos concursos com inscrições abertas. Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas do sujeito: Os dados parecem corretos.
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia O verbo parecer poderia ser substituído por estar,
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex- elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que relacionadas.
difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
Chove muito nesta época do ano. A função de predicativo é exercida, normalmente, por
Houve problemas na reunião. um adjetivo ou substantivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
objeto direto. predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
As questões estavam fáceis! O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
Sujeito simples = as questões nificativo, indicando processos. É também sempre por
Predicado = estavam fáceis intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
o termo a que se refere.

65
O dia amanheceu ensolarado; Ao traidor, nada lhe devemos.
As mulheres julgam os homens inconstantes.
O termo que integra o sentido de um nome chama-se
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta complemento nominal, que se liga ao nome que com-
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de pleta por intermédio de preposição:
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
um verbal e outro nominal. vra “necessária”
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado. Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”

No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona Termos acessórios da oração e vocativo
o complemento homens com o predicativo “inconstan-
tes”. Os termos acessórios recebem este nome por serem
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
Termos integrantes da oração junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o oração.
complemento nominal são chamados termos integrantes
da oração. O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
Os complementos verbais integram o sentido dos ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
verbos transitivos, com eles formando unidades signifi- sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com- adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
plementos diretamente, sem a presença de preposição, exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
ou indiretamente, por intermédio de preposição. a pé àquela velha praça.

O objeto direto é o complemento que se liga direta- O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
mente ao verbo. termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
Houve muita confusão na partida final. ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas
Queremos sua ajuda. que exercem o papel de adjunto adnominal na oração.
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os
O objeto direto preposicionado ocorre principal- numerais e os pronomes adjetivos.
mente: O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co- amigo de infância.
muns referentes a pessoas:
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais. O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs-
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi- tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o
na-se: objeto direto preposicionado) predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um
verbo.
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes O poeta português deixou uma obra originalíssima.
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero O poeta deixou-a.
cansar a Vossa Senhoria. (originalíssima não precisou ser repetida, portanto:
adjunto adnominal)
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri-
se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo O poeta português deixou uma obra inacabada.
prejudica a crise) O poeta deixou-a inacabada.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
O objeto indireto é o complemento que se liga indi- do objeto)
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Gosto de música popular brasileira. Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
Necessito de ajuda. substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
relaciona apenas ao substantivo.
Objeto Pleonástico
O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
É a repetição de objetos, tanto diretos como indi- explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
retos. Normalmente, as frases em que ocorrem objetos termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
LÍNGUA PORTUGUESA

objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- gunda-feira passei o dia mal-humorado.
ves Dias) O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
objeto pleonástico valor na oração, em:

66
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma- B) Coordenadas Sindéticas
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
com o mundo. entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
coisas: amor, arte, ação. orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin-
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so- co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
nho, tudo forma o carnaval. explicativas.
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes,
fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida. Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
O vocativo é um termo que serve para chamar, in- principais conjunções são: e, nem, não só... mas
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não também, não só... como, assim... como.
mantendo relação sintática com outro termo da oração. Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan- Comprei o protetor solar e fui à praia.
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
tantivadas esse papel na linguagem.  Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
João, venha comigo! suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
Traga-me doces, minha menina! davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
senão.
Períodos Compostos Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi!
Período Composto por Coordenação  Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora;
O período composto se caracteriza por possuir mais quer...quer; seja...seja.
de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração)
 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à
suas principais conjunções são: logo, portanto, por
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
orações)
posto ao verbo).
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
Passei no concurso, portanto comemorarei!
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
A situação é delicada; devemos, pois, agir.
ções).

Há dois tipos de relações que podem se estabelecer  Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
entre as orações de um período composto: uma relação suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa-
de coordenação ou uma relação de subordinação. ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo).
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco mingo.
de informações, marcado pela pontuação final), mas têm, Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. Período Composto Por Subordinação
(Período Composto)
Podemos dizer: Quero que você seja aprovado!
1. Estou comprando um protetor solar. Oração principal oração subordinada
2. Irei à praia.
Observe que na oração subordinada temos o verbo
Separando as duas, vemos que elas são independen- “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
tes. Tal período é classificado como Período Composto lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
por Coordenação. por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por
Sindéticas. conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou explí-
citas. Podemos modificar o período acima. Veja:
Quero ser aprovado.
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são li- Oração Principal Oração Subordinada
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus-
tapostas. A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su-
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas

67
orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implícitas (como no exemplo acima).

Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente,
introduzidas por preposição.

Orações Subordinadas Substantivas

A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção integran-
te (que, se).

Não sei se sairemos hoje.


Oração Subordinada Substantiva

Temos medo de que não sejamos aprovados.


Oração Subordinada Substantiva

Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como).

O garoto perguntou qual seu nome.


Oração Subordinada Substantiva

Não sabemos quando ele virá.


Oração Subordinada Substantiva

Classificação das Orações Subordinadas Substantivas

Conforme a função que exerce no período, a oração subordinada substantiva pode ser:

1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do verbo da oração principal:


É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito

É fundamental que você compareça à reunião.


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva

FIQUE ATENTO!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos
um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.

Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:


 Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece
certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.

 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado,
Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
LÍNGUA PORTUGUESA

 Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer


Convém que não se atrase na entrevista.

Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do
singular.

68
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do verbo da oração principal:
Todos querem sua aprovação no concurso.
Objeto Direto

Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:


 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
O pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
Eu não sei por que ela fez isso.

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.

Meu pai insiste em meu estudo.


Objeto Indireto
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste nisso)
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por pre-
posição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal

Sentimos orgulho de que você se comportou. (= Sentimos orgulho disso.)


Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é ne-
cessário levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal:
o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome.

5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo
ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa

6. Apositiva = exerce função de aposto de algum termo da oração principal.


Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
Aposto

Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!


Oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo
LÍNGUA PORTUGUESA

(Fernanda tinha um grande sonho: isso)

Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

Orações Subordinadas Adjetivas

Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.

69
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma fun-
ção sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso, “redação”
é sujeito, então o “que” também funciona como sujeito).

FIQUE ATENTO!
Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser substi-
tuído por: o qual – a qual – os quais – as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Forma das Orações Subordinadas Adjetivas

Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.

No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo
“que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adje-
tiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas

Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do termo a que se referem, individuali-
zando-o. Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem tam-
bém orações que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra suficientemente
definido. Estas orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1:
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que passava naquele momento.
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva

No período acima, observe que a oração em destaque restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra-
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos os homens,
mas sim àquele que estava passando naquele momento.

Exemplo 2:
O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa

Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explicita
uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de “homem”.
LÍNGUA PORTUGUESA

Saiba que:
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da oração principal por uma pausa que, na escrita, é represen-
tada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as orações explicativas
das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.

70
Orações Subordinadas Adverbiais A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
Uma oração subordinada adverbial é aquela que teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora- senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem- qual ela se subordina. Repare:
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando 1. Faltei à aula porque estava doente.
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro- Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a
a introduz (assim como acontece com as coordenadas oração sublinhada relata um fato que aconteceu depois,
sindéticas). já que primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. vermelhos.
Oração Subordinada Adverbial
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal.
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
acessórios que indicam uma circunstância referente, via estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver- Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
bial depende da exata compreensão da circunstância que (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
exprime. Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de concretizando-os.
minha vida. Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu-
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de zida de Infinitivo)
minha vida.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe
No primeiro período, “naquele momento” é um ad- como necessário para a realização ou não de um
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal fato. As orações subordinadas adverbiais condicio-
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol- na oração principal.
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina- Principal conjunção subordinativa condicional: se.
tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo Outras conjunções condicionais: caso, contanto
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria que, desde que, salvo se, exceto se, a não ser que,
possível reduzi-la, obtendo-se: a menos que, sem que, uma vez que (seguida de
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi- verbo no subjuntivo).
nha vida. Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
certamente o melhor time será campeão.
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma Caso você saia, convide-me.
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). da oração principal, isto é, admitem uma contra-
dição ou um fato inesperado. A ideia de conces-
Observação: são está diretamente ligada ao contraste, à quebra
A classificação das orações subordinadas adverbiais de expectativa. Principal conjunção subordinativa
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun- concessiva: embora. Utiliza-se também a con-
tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela junção: conquanto e as locuções ainda que, ainda
oração. quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar
de que.
Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais Só irei se ele for.
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
àquilo que provoca um determinado fato, ao moti- Compare agora com:
LÍNGUA PORTUGUESA

vo do que se declara na oração principal. Principal Irei mesmo que ele não vá.
conjunção subordinativa causal: porque. Outras
conjunções e locuções causais: como (sempre in- A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
troduzido na oração anteposta à oração principal), irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
pois, pois que, já que, uma vez que, visto que. A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito concessiva.
forte. Observe outros exemplos:
Já que você não vai, eu também não vou. Embora fizesse calor, levei agasalho.

71
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre-
sença do conectivo)
E) Comparativa = As orações subordinadas adver-
biais comparativas estabelecem uma comparação Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
com a ação indicada pelo verbo da oração princi- “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
pal. Principal conjunção subordinativa comparati- É preciso estudar = oração subordinada substantiva
va: como. subjetiva reduzida de infinitivo
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) É preciso que se estude = oração subordinada subs-
Você age como criança. (age como uma criança age) tantiva subjetiva
 geralmente há omissão do verbo. Orações Intercaladas
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou São orações independentes encaixadas na sequência
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a
do período, utilizadas para um esclarecimento, um apar-
execução do que se declara na oração principal. Principal
te, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou tra-
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Ou-
vessões.
tras conjunções conformativas: como, consoante e segun-
do (todas com o mesmo valor de conforme). Nós – continuava o relator – já abordamos este as-
Fiz o bolo conforme ensina a receita. sunto.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
direitos iguais. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
se declara na oração principal. Principal conjunção CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
subordinativa final: a fim de. Outras conjunções Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
finais: que, porque (= para que) e a locução con- Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
juntiva para que. São Paulo: Saraiva, 2002.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova. SITE
Disponível em: http://www.pciconcursos.com.br/au-
H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou las/portugues/frase-periodo-e-oracao
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
principal. Principal locução conjuntiva subordinati-
va proporcional: à proporção que. Outras locuções
conjuntivas proporcionais: à medida que, ao passo EXERCÍCIO COMENTADO
que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior),
quanto maior...(menor), quanto menor...(maior), 1. (SEFAZ-SC – AUDITO FISCAL DA RECEITA ESTA-
quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quan- DUAL – FCC – 2018 – ADAPTADA)
to mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto ... qualquer tipo de atividade no mercado que lhes garan-
menos...(menos). tisse o mínimo necessário...
À proporção que estudávamos mais questões acertá- O verbo da frase acima possui, no contexto, o mesmo
vamos.
tipo de complemento do que se encontra em:
À medida que lia mais culto ficava.
a) ... o ambiente de privação material e ignorância em
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
expresso na oração principal, podendo exprimir que nasce [....] o indivíduo...
noções de simultaneidade, anterioridade ou poste- b) Na Inglaterra oitocentista de Marshall, existia um vasto
rioridade. Principal conjunção subordinativa tem- contingente de indivíduos...
poral: quando. Outras conjunções subordinativas c) ... o que permitirá ao filho do trabalhador mais simples
temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas: a obtenção da melhor educação teórica e prática...
assim que, logo que, todas as vezes que, antes que, d) Com isso, aumenta o poder de ganho dos indivíduos
depois que, sempre que, desde que, etc. no mercado...
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. e) ... é uma tônica constante da economia clássica...
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) Resposta: Letra C. O verbo da frase (garantisse) é
LÍNGUA PORTUGUESA

transitivo direto (objeto direto = o mínimo necessário)


Orações Reduzidas e indireto (objeto indireto = lhes/a eles):
Em “a”, o ambiente de privação material e ignorância
As orações subordinadas podem vir expressas como em que nasce = intransitivo
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas Em “b”, Na Inglaterra oitocentista de Marshall, existia
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec- um vasto = intransitivo
tivo subordinativo que as introduza.

72
Em “c”, o que permitirá ao filho do trabalhador (= B) Quando o sujeito é formado por expressão que
objeto indireto) mais simples a obtenção da melhor indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
educação (= objeto direto) teórica e prática = transi- menos de, perto de...) seguida de numeral e subs-
tivo direto e indireto tantivo, o verbo concorda com o substantivo.
Em “d”, Com isso, aumenta o poder de ganho = tran- Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
sitivo direto Perto de quinhentos alunos compareceram à solenida-
Em “e”, é uma tônica = verbo de ligação de.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
mas Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.
Observação:
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver-
Os concurseiros estão apreensivos. bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Concurseiros apreensivos. Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende-
ram um ao outro)
No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
terceira pessoa do plural, concordando com o seu su- C) Quando se trata de nomes que só existem no
jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo plural, a concordância deve ser feita levando-se
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino) em conta a ausência ou presença de artigo. Sem
e número (plural) com o substantivo a que se refere: con- artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo
curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, no plural, o verbo deve ficar o plural.
número e gênero se correspondem. A correspondência Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
de flexão entre dois termos é a concordância, que pode Estados Unidos possui grandes universidades.
ser verbal ou nominal. Alagoas impressiona pela beleza das praias.
As Minas Gerais são inesquecíveis.
Concordância Verbal Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

É a flexão que se faz para que o verbo concorde com D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
seu sujeito. indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou
Sujeito Simples - Regra Geral “de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo pronome pessoal.
em número e pessoa. Veja os exemplos: Quais de nós são / somos capazes?
A prova para ambos os cargos será aplicada Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
às 13h. Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino-
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular vadoras.

Os candidatos à vaga chegarão às 12h. Observação:


3.ª p. Plural 3.ª p. Plural Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
Casos Particulares ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize-
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
metade de, a maioria de, a maior parte de, grande Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti-
parte de...) seguida de um substantivo ou pronome ver no singular, o verbo ficará no singular.
no plural, o verbo pode ficar no singular ou no Qual de nós é capaz?
plural. Algum de vós fez isso.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
Metade dos candidatos não apresentou / apresenta- E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
ram proposta. que indica porcentagem seguida de substantivo, o
verbo deve concordar com o substantivo.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos 25% do orçamento do país será destinado à Educação.
LÍNGUA PORTUGUESA

dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân- 85% dos entrevistados não aprovam a administração
dalos destruiu / destruíram o monumento. do prefeito.
1% do eleitorado aceita a mudança.
Observação: 1% dos alunos faltaram à prova.
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque  Quando a expressão que indica porcentagem não
aos elementos que formam esse conjunto. é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
com o número.

73
25% querem a mudança. Havia muitas garotas na festa.
1% conhece o assunto. Faz dois meses que não vejo meu pai.
Chovia ontem à tarde.
 Se o número percentual estiver determinado por
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se- Sujeito Composto
-á com eles:
Os 30% da produção de soja serão exportados. A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
Esses 2% da prova serão questionados. bo, a concordância se faz no plural:
Pai e filho conversavam longamente.
F) O pronome “que” não interfere na concordância; Sujeito
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa
do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
Sou eu quem faz a prova. gramaticais diferentes, a concordância ocorre da
Não serão eles quem será aprovado. seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as- sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:
sumir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
 Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no Pais e filhos precisam respeitar-se.
singular: Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Observação:
Quando o sujeito é composto, formado por um ele-
 Quando “um dos que” vem entremeada de subs- mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é
tantivo, o verbo pode: possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves- (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio de “tomaríeis”.
que faça o mesmo).
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po- C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
luídos (noção de que existem outros rios na mesma passa a existir uma nova possibilidade de concor-
condição). dância: em vez de concordar no plural com a tota-
lidade do sujeito, o verbo pode estabelecer con-
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o cordância com o núcleo do sujeito mais próximo.
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. Faltaram coragem e competência.
Vossa Excelência está cansado? Faltou coragem e competência.
Vossas Excelências renunciarão? Compareceram todos os candidatos e o banca.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
de acordo com o numeral. D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor-
Deu uma hora no relógio da sala. dância é feita no plural. Observe:
Deram cinco horas no relógio da sala. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Soam dezenove horas no relógio da praça. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Baterão doze horas daqui a pouco.
Casos Particulares
Observação:
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,  Quando o sujeito composto é formado por nú-
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito. cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. no singular.
LÍNGUA PORTUGUESA

Soa quinze horas o relógio da matriz. Descaso e desprezo marca seu comportamento.
A coragem e o destemor fez dele um herói.
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-  Quando o sujeito composto é formado por nú-
gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de cleos dispostos em gradação, verbo no singular:
existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi- Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se-
cam fenômenos da natureza. Exemplos: gundo me satisfaz.

74
 Quando os núcleos do sujeito composto são uni- Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
dos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no Nordeste.
plural, de acordo com o valor semântico das con- Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
junções: notícia.
Drummond ou Bandeira representam a essência da
poesia brasileira. Quando os elementos de um sujeito composto são
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
é feita com esse termo resumidor.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa-
“adição”. Já em: tia.
Juca ou Pedro será contratado. Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim- na vida das pessoas.
píada.
Outros Casos
Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular. O Verbo e a Palavra “SE”

 Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
outro”, a concordância costuma ser feita no sin- duas de particular interesse para a concordância verbal:
gular. A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
Um ou outro compareceu à festa. B) quando é partícula apassivadora.
Nem um nem outro saiu do colégio. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos in-
 Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou diretos e de ligação, que obrigatoriamente são
no singular: Um e outro farão/fará a prova. conjugados na terceira pessoa do singular:
 Precisa-se de funcionários.
 Quando os núcleos do sujeito são unidos por Confia-se em teses absurdas.
“com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os nú-
cleos recebem um mesmo grau de importância e Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
a palavra “com” tem sentido muito próximo ao de verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in-
“e”. diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes-
O pai com o filho montaram o brinquedo. se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
O governador com o secretariado traçaram os planos Exemplos:
para o próximo semestre. Construiu-se um posto de saúde.
O professor com o aluno questionaram as regras. Construíram-se novos postos de saúde.
Aqui não se cometem equívocos
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se Alugam-se casas.
a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos #FicaDica
para o próximo semestre. Para saber se o “se” é partícula apassivadora
O professor com o aluno questionou as regras. ou índice de indeterminação do sujeito, ten-
te transformar a frase para a voz passiva. Se
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito a frase construída for “compreensível”, esta-
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres- remos diante de uma partícula apassivadora;
sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos se não, o “se” será índice de indeterminação.
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou- Veja:
vesse uma inversão da ordem. Veja: Precisa-se de funcionários qualificados.
“O pai montou o brinquedo com o filho.” Tentemos a voz passiva:
“O governador traçou os planos para o próximo semes- Funcionários qualificados são precisados (ou
tre com o secretariado.” precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
“O professor questionou as regras com o aluno.” tacado é índice de indeterminação do sujeito.
Agora:
Casos em que se usa o verbo no singular Vendem-se casas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Voz passiva: Casas são vendidas. Construção


Café com leite é uma delícia! correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
O frango com quiabo foi receita da vovó. vadora. (Dá para eu passar para a voz passi-
va. Repare em meu destaque. Percebeu seme-
Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex- lhança? Agora é só memorizar!)
pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
o verbo ficará no plural.

75
O Verbo “Ser” O Verbo “Parecer”

A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân-
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo cias:
do sujeito.  Ocorre variação do verbo parecer e não se flexiona
o infinitivo: As crianças parecem gostar do dese-
Quando o sujeito ou o predicativo for nho.

A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo  A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
SER concorda com a pessoa gramatical: tivo sofre flexão:
Ele é forte, mas não é dois. As crianças parece gostarem do desenho.
Fernando Pessoa era vários poetas. (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
A esperança dos pais são eles, os filhos. aas crianças)

B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica no
no plural, o verbo SER concordará, preferencial- singular. Por exemplo: As paredes parece que têm ouvidos.
mente, com o que estiver no plural: (Parece que as paredes têm ouvidos = oração subordina-
Os livros são minha paixão! da substantiva subjetiva).
Minha paixão são os livros!
Concordância Nominal
Quando o verbo SER indicar
A concordância nominal se baseia na relação entre
 horas e distâncias, concordará com a expressão nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
numérica: ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
É uma hora. adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
São quatro horas. normalmente, o substantivo funciona como núcleo de
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno-
metros. minal.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
 datas, concordará com a palavra dia(s), que pode seguintes regras gerais:
estar expressa ou subentendida: A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
Hoje é dia 26 de agosto. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
Hoje são 26 de agosto. denunciavam o que sentia.

 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida- B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
de e for seguido de palavras ou expressões como a concordância pode variar. Podemos sistematizar
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER essa flexão nos seguintes casos:
fica no singular:
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.  Adjetivo anteposto aos substantivos:
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. O adjetivo concorda em gênero e número com o
Duas semanas de férias é muito para mim. substantivo mais próximo.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
 Quando um dos elementos (sujeito ou predica- Encontramos caída a roupa e os prendedores.
tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este Encontramos caído o prendedor e a roupa.
concordará o verbo.
No meu setor, eu sou a única mulher. Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
Aqui os adultos somos nós. parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Observação: Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com  Adjetivo posposto aos substantivos:
o pronome sujeito. O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
Eu não sou ela. ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural
LÍNGUA PORTUGUESA

Ela não é eu. se houver substantivo feminino e masculino).


A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o A indústria oferece localização e atendimento perfei-
verbo SER concordará com o predicativo. tos.
A grande maioria no protesto eram jovens. A indústria oferece atendimento e localização perfei-
O resto foram atitudes imaturas. tos.

76
Observação:  O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos portuguesa.
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
no plural masculino, que é o gênero predominante quan- Casos Particulares
do há substantivos de gêneros diferentes.
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad- É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
jetivo fica no singular ou plural. mitido
A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).  Estas expressões, formadas por um verbo mais um
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: referem possuir sentido genérico (não vier precedido
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti- de artigo).
vo não for acompanhado de nenhum modificador: É proibido entrada de crianças.
Água é bom para saúde. Em certos momentos, é necessário atenção.
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for No verão, melancia é bom.
modificado por um artigo ou qualquer outro de- É preciso cidadania.
terminativo: Esta água é boa para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

D) O adjetivo concorda em gênero e número com os  Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o
trou-as muito felizes. verbo como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido Esta salada é ótima.
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição A educação é necessária.
DE + adjetivo, este último geralmente é usado no São precisas várias medidas na educação.
masculino singular: Os jovens tinham algo de mis-
terioso. Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
Quite
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
função adjetiva e concorda normalmente com o Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
nome a que se refere: mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Cristina saiu só. Seguem anexas as documentações requeridas.
Cristina e Débora saíram sós. A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Observação: Seguem inclusos os papéis solicitados.
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape- Estamos quites com nossos credores.
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
Eles só desejam ganhar presentes.
Bastante - Caro - Barato - Longe

#FicaDica Estas palavras são invariáveis quando funcionam


como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
Se a frase ficar coerente com o primeiro, tivos, ou numerais.
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
houver coerência com o segundo, função de Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
adjetivo, então varia: (pronome adjetivo)
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
Ele está só descansando. (apenas descansan- As casas estão caras. (adjetivo)
do) - advérbio Achei barato este casaco. (advérbio)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
depois de “só”, haverá, novamente, um ad-
jetivo: Meio - Meia
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
descansando) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
LÍNGUA PORTUGUESA

concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi


G) Quando um único substantivo é modificado por meia porção de polentas.
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa- Quando empregada como advérbio permanece inva-
das as construções: riável: A candidata está meio nervosa.
 O substantivo permanece no singular e coloca-se
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa.

77
Em “d”, Milhares ou milhões de anos pouco, de fato,
#FicaDica representa para aquele que tira os olhos do universo
e os interiorizam (interioriza) em si mesmos (mesmo).
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim Em “e”, Fôssemos todos imortais e provavelmente ha-
saberei que se trata de um advérbio, não veria (haveríamos) de experimentarmos (experimentar)
de adjetivo: “A candidata está um pouco o tédio de não sentir (sentirmos) o limite das grandes
nervosa”. aventuras.

Alerta - Menos 2. (TRT-6.ª REGIÃO-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO –


FCC – 2018) As normas de concordância verbal estão
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem plenamente observadas na frase:
sempre invariáveis.
Os concurseiros estão sempre alerta. a) Nunca ocorreram aos grandes cronistas, em seus tex-
Não queira menos matéria! tos, basearem-se tão somente nas experiências de
fato vividas por eles.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS b) Devem haver mentiras montadas de forma tão convin-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- cente e elegante que são possíveis de soarem como se
char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. fossem verdades.
– São Paulo: Saraiva, 2010. c) Deve-se a um bom biógrafo as elucidações que cabem para
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa se associarem uma obra aos acontecimentos de uma vida.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. d) Não é de se esperar que provenham de um cronista de
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: jornal, de um discreto Rubem Braga, confissões como
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. as que dele emergiam.
e) A nenhum dos leitores de Rubem Braga conviriam jul-
gar que a imaginação dos fatos pode ser mais forte do
SITE
que a sua verdade imediata.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/sint/sint49.php>
Resposta: Letra D.
Em “a”, Nunca ocorreram (ocorreu) aos grandes cro-
nistas, em seus textos, basearem-se tão somente nas
EXERCÍCIOS COMENTADOS experiências de fato vividas por eles.
Em “b”, Devem (Deve) haver mentiras montadas de
forma tão convincente e elegante que são (é) pos-
1. (BANRISUL-RS – ESCRITURÁRIO – FCC – 2019) Há síveis (possível) de soarem como se fossem verdades.
pleno atendimento às normas de concordância verbal na Em “c”, Deve-se (Devem-se) a um bom biógrafo as elu-
frase: cidações que cabem para se associarem uma obra aos
acontecimentos de uma vida.
a) O tempo de antes de nascer e o de depois de morrer Em “d”, Não é de se esperar que provenham de um cro-
constitui incógnitas indevassáveis à percepção huma- nista de jornal, de um discreto Rubem Braga, confissões
na. como as que dele emergiam.
b) A imensidão do universo, com suas incontáveis es- Em “e”, A nenhum dos leitores de Rubem Braga convi-
trelas, aturdem e atemorizam a muitos de nós, sejam riam (conviria) julgar que a imaginação dos fatos pode
crentes ou ateus. ser mais forte do que a sua verdade imediata.
c) Caso lhes faltasse a imaginação, não teriam os homens
qualquer preocupação com a vastidão do espaço que 3. (SP-PARCERIAS-SP – ANALISTA TÉCNICO – FCC –
alcançam perceber. 2018) As normas de concordância verbal estão adequa-
d) Milhares ou milhões de anos pouco, de fato, repre- da e plenamente atendidas na frase:
senta para aquele que tira os olhos do universo e os
interiorizam em si mesmos. a) Remontam aos anos 60, às minhas aulas de educação
e) Fôssemos todos imortais e provavelmente haveria de física, a convicção das ideias de meu professor quan-
experimentarmos o tédio de não sentir o limite das to aos ônus que acarretaram a profissionalização do
grandes aventuras. futebol.
b) Ao nosso professor de educação física não impressio-
Resposta: Letra C. Acertos entre parênteses: navam as supostas condições vantajosas a que veio se
Em “a”, O tempo de antes de nascer e o de depois de submeter a prática do futebol profissional.
morrer constitui (constituem) incógnitas indevassáveis c) Quem viveu nos anos 30 certamente se deparou com
LÍNGUA PORTUGUESA

à percepção humana. uma realidade do esporte que não podiam imaginar


Em “b”, A imensidão do universo, com suas incontáveis susceptíveis às rupturas que implicariam a profissio-
estrelas, aturdem (aturde) e atemorizam (atemoriza) a nalização.
muitos de nós, sejam (sejamos) crentes ou ateus. d) Sensível à fatalidade dos anos que inapelavelmente
Em “c”, Caso lhes faltasse a imaginação, não teriam os transcorre, o poeta Ferreira Gullar deixou que em seus
homens qualquer preocupação com a vastidão do espa- versos se expressasse, mais que uma nostalgia, as im-
ço que alcançam perceber. possibilidades da memória.

78
e) O prazer de jogar e o amor à camisa, na época do 5. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM-
amadorismo, não podia faltar ao praticante de um BIENTAL – FCC – 2018) Há quase cem filmes baseados
esporte cujos prazeres tornava dispensável qualquer em mais de 30 livros assinados por ele.
outra retribuição. Considerando a concordância segundo a norma-padrão,
a forma verbal destacada pode ser substituída por:
Resposta: Letra B.
Em “a”, Remontam (Remonta) aos anos 60, às minhas a) Registram-se.
aulas de educação física, a convicção das ideias de b) Existe.
meu professor quanto aos ônus que acarretaram a c) Registra-se.
profissionalização do futebol. d) Existem-se.
Em “b”, Ao nosso professor de educação física não im- e) Existe-se.
pressionavam as supostas condições vantajosas a que
veio se submeter a prática do futebol profissional. Resposta: Letra A. O verbo “haver”, quando empre-
Em “c”, Quem viveu nos anos 30 certamente se depa- gado com o sentido de “existir”, é impessoal, não sofre
rou com uma realidade do esporte que não podiam variação. Mas, ao ser substituído, os verbos apresen-
(poderia) imaginar susceptíveis (suscetível) às rupturas tados nos itens devem ir para o plural, pois concorda-
que implicariam (implicaria) a profissionalização. rão com “cem filmes”. “Existem-se quase cem filmes”
Em “d”, Sensível à fatalidade dos anos que inapelavel- = construção errada, á que seria “Existem”; portanto, a
mente transcorre (transcorrem), o poeta Ferreira Gullar única adequada é “registram-se”.
deixou que em seus versos se expressasse (expressas-
sem), mais que uma nostalgia, as impossibilidades da
memória. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL.
Em “e”, O prazer de jogar e o amor à camisa, na época
do amadorismo, não podia (podiam) faltar ao prati-
cante de um esporte cujos prazeres tornava (torna- Dá-se o nome de regência à relação de subordina-
vam) dispensável qualquer outra retribuição. ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um
nome (regência nominal) e seus complementos.
4. (SEFAZ-SC – AUDITO FISCAL DA RECEITA ESTA-
DUAL – FCC – 2018) O verbo em destaque deve sua Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
flexão ao termo sublinhado em:
A regência verbal estuda a relação que se estabele-
a) ... devem ser obtidos os mesmos resultados quando ce entre os verbos e os termos que os complementam
esses experimentos forem repetidos em pessoas. (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
b) Que a solidão causa mudanças comportamentais nin- juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
guém duvida... regência, o que corresponde à diversidade de significa-
c) ... esse hormônio faz parte do mecanismo que provoca dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
os efeitos da solidão e está envolvido com o apareci- contexto em que forem empregados.
mento dos sintomas... A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
d) Ela provoca depressão, facilita o aparecimento de do- contentar.
enças... A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
e) Os cientistas, ao examinar os cérebros desses animais, agrado ou prazer”, satisfazer.
observaram um enorme aumento na quantidade de Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
NkB. “agradar a alguém”.

Resposta: Letra C. Enumerei de modo igual os termos O conhecimento do uso adequado das preposições
que se relacionam: é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
Em “a”, devem (1) ser obtidos os mesmos resulta- verbal (e também nominal). As preposições são capazes
dos(1) quando esses experimentos(2) forem(2) repe- de modificar completamente o sentido daquilo que está
tidos em pessoas. sendo dito.
Em “b”, Que (invariável) a solidão(3) causa(3) mudan- Cheguei ao metrô.
ças comportamentais ninguém duvida... Cheguei no metrô.
Em “c”, esse hormônio(4) faz parte do mecanismo que No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
provoca os efeitos da solidão e está(4) envolvido com segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
o aparecimento dos sintomas...
Em “d”, Ela(5) provoca depressão, facilita(5) o apare-
LÍNGUA PORTUGUESA

A voluntária distribuía leite às crianças.


cimento de doenças... A voluntária distribuía leite com as crianças.
Em “e”, Os cientistas(6), ao examinar os cérebros des- Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi emprega-
ses animais, observaram(6) um enorme aumento na do como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto
quantidade de NkB. (objeto indireto: às crianças); na segunda, como transiti-
O verbo destacado deve sua flexão termo destacado vo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjun-
em “esse hormônio está”. to adverbial).

79
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver- Verbos Transitivos Indiretos
bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife- Os verbos transitivos indiretos são complementados
rentes formas em frases distintas. por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
gem uma preposição para o estabelecimento da relação
Verbos Intransitivos de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de
terceira pessoa que podem atuar como objetos indire-
Os verbos intransitivos não possuem complemento. tos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se
É importante, no entanto, destacar alguns detalhes re- utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos
lativos aos adjuntos adverbiais que costumam acompa- de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos
nhá-los. que não representam pessoas, usam-se pronomes oblí-
quos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos
Chegar, Ir pronomes átonos lhe, lhes.
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad-
verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
para indicar destino ou direção são: a, para. Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Fui ao teatro. posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di-
Adjunto Adverbial de Lugar reitos iguais para todos.
Ricardo foi para a Espanha. Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
Adjunto Adverbial de Lugar mentos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Comparecer Eles desobedeceram às leis do trânsito.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a. Responder - Tem complemento introduzido pela
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para in-
último jogo. dicar “a quem” ou “ao que” se responde.
Respondi ao meu patrão.
Verbos Transitivos Diretos Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
Os verbos transitivos diretos são complementados
por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo-
Observação:
sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes
do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após analítica:
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, O questionário foi respondido corretamente.
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), Todas as perguntas foram respondidas satisfatoria-
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, mente.
objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, mentos introduzidos pela preposição “com”.
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au- Antipatizo com aquela apresentadora.
xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre- vernam para uma minoria privilegiada.
judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver,
visitar. Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
como o verbo amar: Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom-
Amo aquele rapaz. / Amo-o. panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
Amo aquela moça. / Amo-a. destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São
Amam aquele rapaz. / Amam-no. verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi-
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. sas e objeto indireto relacionado a pessoas.

Observação: Agradeço aos ouvintes a audiência.


Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos Objeto Indireto Objeto
LÍNGUA PORTUGUESA

para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Direto


adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Paguei o débito ao cobrador.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car- Objeto Direto Objeto Indireto
reira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
mor) com particular cuidado:

80
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Observação:
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Paguei minhas contas. / Paguei-as. prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi-
Informar cado
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. Há verbos que, de acordo com a mudança de transi-
Informe os novos preços aos clientes. tividade, apresentam mudança de significado. O conhe-
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no- cimento das diferentes regências desses verbos é um re-
vos preços) curso linguístico muito importante, pois além de permitir
a correta interpretação de passagens escritas, oferece
Na utilização de pronomes como complementos, veja possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den-
as construções: tre os principais, estão:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre-
ços. Agradar
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
sobre eles) nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
Observação: Aquele comerciante agrada os clientes.
A mesma regência do verbo informar é usada para os
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
Comparar introduzido pela preposição “a”.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite O cantor não agradou aos presentes.
as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple- O cantor não lhes agradou.
mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com
o) de uma criança. O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-
to: O cantor desagradou à plateia.
Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente Aspirar
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins-
de pessoa. pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)

Pedi-lhe favores. Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter


Objeto Indireto Objeto Direto como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As-
pirávamos a ele)
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
tantiva Objetiva Direta soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
A construção “pedir para”, muito comum na lingua- Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín- Aspiravam a ela)
gua culta. No entanto, é considerada correta quando a
palavra licença estiver subentendida. Assistir
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
casa. tar assistência a, auxiliar.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro- As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
ciar, estar presente, caber, pertencer.
LÍNGUA PORTUGUESA

Preferir Assistimos ao documentário.


Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto Não assisti às últimas sessões.
indireto introduzido pela preposição “a”: Essa lei assiste ao inquilino.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus. No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
conturbada cidade.

81
Chamar
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá chamá-la.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.

Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.

Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal: Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.

Custar
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas
e verduras não deveriam custar muito.

No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração redu-
zida de infinitivo.

Muito custa viver tão longe da família.


Verbo Intransitivo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

Custou-me (a mim) crer nisso.


Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

A Gramática Normativa condena as construções que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pes-
soa: Custei para entender o problema.
= Forma correta: Custou-me entender o problema.

Implicar
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes implicavam um firme propósito.

B) ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar: Uma ação implica reação.

Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econô-
micas.

No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.

Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois anos.

Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto:
Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.

Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.

Proceder
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa segun-
LÍNGUA PORTUGUESA

da acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.


As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.

82
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.

Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

Importante:
A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
LÍNGUA PORTUGUESA

um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

83
Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php>
LÍNGUA PORTUGUESA

84
Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
OCORRÊNCIA DA CRASE. rerá crase. Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais idên- Irei à Salvador de Jorge Amado.
ticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com o ar-
tigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pronomes A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com o “a” per- aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
tencente ao pronome relativo a qual (as quais). Casos estes regente exigir complemento regido da preposição “a”.
em que tal fusão encontra-se demarcada pelo acento grave Entregamos a encomenda àquela menina.
( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às quais. (preposição + pronome demonstrativo)
O uso do acento indicativo de crase está condiciona-
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal Iremos àquela reunião.
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo (preposição + pronome demonstrativo)
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
termo regido é aquele que completa o sentido do termo criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). (preposição + pronome demonstrativo)
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
contratada recentemente. A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
Após a junção da preposição com o artigo (destaca- verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
dos entre parênteses), temos: grave:
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-  locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
da recentemente. pressas, à vontade...
 locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, cura de...
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos  locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi- que.
ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a +
o pronome demonstrativo aquela (àquela). Cuidado: quando as expressões acima não exercerem
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
Observações importantes: Eu adoro a noite!
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns: objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
 Substitui-se a palavra feminina por uma masculina preposição.
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
crase está confirmada. Casos passíveis de nota
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor.  A crase é facultativa diante de nomes próprios fe-
mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
 No caso de nomes próprios geográficos, substitui-  Também é facultativa diante de pronomes posses-
-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
na expressão “voltar da”, há a confirmação da crase. empresa.
Faremos uma visita à Bahia.  Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) ficará aberta até as (às) dezoito horas.
 Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
Não me esqueço da viagem a Roma. sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja- implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:
mais vividos. Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
moda de Luís XV)
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução
FIQUE ATENTO!
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,
Nas situações em que o nome geográfico se observamos a queima de fogos a distância.
apresentar modificado por um adjunto ad- Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
nominal, a crase está confirmada.
LÍNGUA PORTUGUESA

uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-


Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades tre foi arremessado à distância de cem metros.
de suas praias.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou  De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a -, faz-se necessário o emprego da crase.
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra Ensino à distância.
quê?) Ensino a distância.
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)

85
 Em locuções adverbiais formadas por palavras re- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
petidas, não há ocorrência da crase. char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
Ela ficou frente a frente com o agressor. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Eu o seguirei passo a passo.
SITE
Casos em que não se admite o emprego da crase Disponível em: http://www.portugues.com.br/grama-
tica/o-uso-crase-.html
Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Antes de verbos no infinitivo.
Ele estava a cantar. 1. (SEMEF-MANAUS-AM – ASSISTENTE TÉCNICO
Começou a chover. FAZENDÁRIO – FCC – 2019) Quanto à pontuação e ao
emprego de crase, está plenamente correta a frase que
Antes de numeral. se encontra em:
O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. a) O fim da Guerra Fria traria como forma definitiva de
governo, à universalização da democracia liberal oci-
Observações: dental.
 Nos casos em que o numeral indicar horas – fun- b) Atrelada às necessidades de construir uma sociedade
cionando como uma locução adverbial feminina – civil forte, havia a necessidade de assegurar a neutrali-
ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove dade de instituições de Estado fundamentais.
horas. c) O sistema político se estabilizava, à medida que, um
 Diante de numerais ordinais femininos a crase está país passava a ser rico e, ao mesmo tempo, democrá-
confirmada, visto que estes não podem ser empre- tico.
gados sem o artigo: As saudações foram direciona- d) Cientistas políticos, impressionados com à estabilida-
das à primeira aluna da classe. de sem paralelo das democracias ricas viram no pós-
 Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando -guerra um período de consolidação democrática.
essa não se apresentar determinada: Chegamos to- e) A controversa obra de Francis Fukuyama associou-se,
dos exaustos a casa. no pensamento político, à ideais do triunfo da demo-
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto cracia.
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
exaustos à casa de Marcela. Resposta: Letra B.
Em “a”, O fim da Guerra Fria traria como forma defini-
 Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa tiva de governo , (X) à (a) universalização da democra-
indicar chão firme: Quando os navegantes regres- cia liberal ocidental.
saram a terra, já era noite. Em “b”, Atrelada às necessidades de construir uma so-
Contudo, se o termo estiver precedido por um de- ciedade civil forte, havia a necessidade de assegurar a
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. neutralidade de instituições de Estado fundamentais
Paulo viajou rumo à sua terra natal. = ok
O astronauta voltou à Terra. Em “c”, O sistema político se estabilizava , (X) à medida
que , (X) um país passava a ser rico e, ao mesmo tem-
 Não ocorre crase antes de pronomes que reque- po, democrático.
rem o uso do artigo. Em “d”, Cientistas políticos, impressionados com à (a)
Os livros foram entregues a mim. estabilidade sem paralelo das democracias ricas ( , )
Dei a ela a merecida recompensa. viram no pós-guerra um período de consolidação de-
mocrática.
 Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos Em “e”, A controversa obra de Francis Fukuyama as-
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o sociou-se, no pensamento político, à (aos/a) ideais do
uso da crase está confirmado no “a” que os antece- triunfo da democracia.
de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. 2. (TRT-14.ª REGIÃO - AC E RO – ANALISTA JUDICI-
ÁRIO – ESPECIALIDADE PSICOLOGIA – FCC – 2018)
Não ocorre crase antes de nome feminino utiliza- Quanto ...... origens do ruído, o pensador David le Breton
LÍNGUA PORTUGUESA


do em sentido genérico ou indeterminado: ...... associa ao utilitarismo, com que se relaciona, por ve-
Estamos sujeitos a críticas. zes, ...... racionalismo, que dispõe a experiência dos senti-
Refiro-me a conversas paralelas. dos em segundo plano.
Preenche as lacunas da frase acima, correta e respectiva-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS mente, o que se encontra em:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

86
a) as − às − ao b) às – a – ao
b) a − a − ao c) as – à – ao
c) às − às − ao d) às – a – o
d) as − as − o e) as – à – o
e) às − as – o
Resposta: Letra A.“O soberano de uma República,
Resposta: Letra E. Quanto às origens do ruído, o pen- seja ele uma assembleia ou um homem, não está ab-
sador David le Breton as associa ao utilitarismo, com solutamente sujeito às leis civis / E, para medirmos
que se relaciona, por vezes, o racionalismo, que dispõe a inovação assim introduzida, basta recorrermos à
a experiência dos sentidos em segundo plano. frase de um teólogo do século XII: “A diferença entre
o príncipe e o tirano é que o príncipe obedece à Lei e
3. (TRT-2.ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – governa o seu povo em conformidade com o Direito.”
FCC – 2018 – ADAPTADA) O sinal indicativo de crase
pode ser acrescido, por ser facultativo, à expressão des-
tacada em: PONTUAÇÃO.

a) Meditar é aprender a estar aqui, agora.


b) se voltavam ávidos a técnicas milenares de relaxamen- Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
to... servem para compor a coesão e a coerência textual, além
c) Agora sente o sol aquecendo as escamas. de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
d) o macarrão que esfria, a minha frente. Um texto escrito adquire diferentes significados quando
e) Esquece as moscas. pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
depende, em certos momentos, da intenção do autor do
Resposta: Letra D. discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-
Em “a”, Meditar é aprender a estar = proibido (antes te relacionados ao contexto e ao interlocutor.
de verbo no infinitivo)
Em “b”, se voltavam ávidos a técnicas = proibido (pa- Principais funções dos sinais de pontuação
lavra no plural – generaliza)
Em “c”, Agora sente o sol aquecendo as escamas = Ponto (.)
artigo
Em “d”, o macarrão que esfria, a minha frente = “à mi-  Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
nha frente” – facultativo antes de pronome possessivo. cerrando o período.
Em “e”, Esquece as moscas = artigo  Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
4. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – TÉCNICO LEGISLA- de período, este não receberá outro ponto; neste
TIVO – FCC – 2018) caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
“A primeira marca do príncipe soberano é o poder de dar de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
lei a todos em geral, e a cada em particular. Mas isso não ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)
basta, e é necessário acrescentar: sem o consentimento  Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
de maior nem igual nem menor que ele.” “O soberano de ponto, assim como após o nome do autor de uma
uma República, seja ele uma assembleia ou um homem, citação:
não está absolutamente sujeito ______I_______ leis civis. Haverá eleições em outubro
Pois tendo o poder de fazer ou desfazer as leis, pode, O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
quando lhe apraz, livrar-se dessa sujeição revogando as leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
leis que o incomodam e fazendo novas.”  Os números que identificam o ano não utili-
zam ponto nem devem ter espaço a separá-los,
A primeira destas frases é do francês Jean Bodin (1576). A bem como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
segunda é de Thomas Hobbes (1651). Ambos conferem 17600-250.
ao Príncipe legítimo uma potência (potestas) tal que o
exercício do seu poder acha-se, como se vê, liberto de Ponto e Vírgula (;)
toda norma ou regra. E, para medirmos a inovação as-
sim introduzida, basta recorrermos ___ II___ frase de um  Separa várias partes do discurso, que têm a mes-
teólogo do século XII: “A diferença entre o príncipe e o ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
tirano é que o príncipe obedece à Lei e governa ___III__ lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
LÍNGUA PORTUGUESA

seu povo em conformidade com o Direito.” generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí-
(Adaptado de: LEBRUN, Gérard. O que é poder. Tradução de Renato rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
Janine Ribeiro e Silvia Lara. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 28-29.)  Separa partes de frases que já estão separadas por
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
Preenchem corretamente as lacunas I, II e III do texto, na tros, montanhas, frio e cobertor.
ordem dada:  Separa itens de uma enumeração, exposição de
motivos, decreto de lei, etc.
a) às – à – o Ir ao supermercado;

87
Pegar as crianças na escola; B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
Caminhada na praia; produzindo, todavia, altas quantidades de alimen-
Reunião com amigos. tos.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
Dois pontos (:) trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto
é, não querem abrir mão dos lucros altos.
 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
Coutinho trata este assunto: 2. Para marcar inversão:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agra- A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite. ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es- portas fechadas.
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
a rotina de sempre. pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
 Em frases de estilo direto C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
3. Para separar entre si elementos coordenados
Ponto de Exclamação (!) (dispostos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cóle- A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani-
ra, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me mais.
casar com você!
 Depois de interjeições ou vocativos 4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
Ai! Que susto! remos comer pizza; e vocês, churrasco.
João! Há quanto tempo!
5. Para isolar:
Ponto de Interrogação (?) A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra-
sileira, possui um trânsito caótico.
 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
vedo)
Observações:
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
Reticências (...)
são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá- dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
pis, canetas, cadernos... acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... que- guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política,
ro dizer... é verdad... Ah!” futebol, lazer, etc.
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
mal... pega doutor? As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei- binados o ponto de interrogação e o de exclamação:
xa, depois, o coração falar... Você falou isso para ela?!

Vírgula (,) Temos, ainda, sinais distintivos:


 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
Não se usa vírgula ração de siglas (IOF/UPC);
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
Separando termos que, do ponto de vista sintático, pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
ligam-se diretamente entre si: opção aos parênteses, principalmente na matemá-
1. Entre sujeito e predicado: tica;
Todos os alunos da sala foram advertidos.  o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
Sujeito predicado nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
um nome que não se quer mencionar.
2. Entre o verbo e seus objetos:
O trabalho custou sacrifício aos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
realizadores. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
LÍNGUA PORTUGUESA

V.T.D.I. O.D. O.I. char - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Usa-se a vírgula SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Para marcar intercalação:
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua
abundância, vem caindo de preço.

88
SITE Resposta: Letra A.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/portu- Em “a”, Diferente da notação matemática, que é neutra
gues/pontuacao/> e exata, a linguagem se presta a vieses de todo tipo =
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama- termo explicativo
tica/uso-da-virgula.htm> Em “b”, O jornalismo pode ser qualificado, embora
com certo exagero, = opinião do autor
Em “c”, os veículos, desde que comprometidos com o
debate dos problemas públicos, servem como arena de
EXERCÍCIOS COMENTADOS ideias e soluções = opinião do autor
Em “d”, de forma que, se são incomuns textos de fato
1. (PREFEITURA DE RECIFE-PE – ANALISTA DE GES- isentos, mais raro ainda que sejam reconhecidos como
TÃO ADMINISTRATIVA – FCC – 2019) A exclusão da tais = oração deslocada
vírgula alterará o sentido da seguinte frase: Em “e”, São líderes comunitários, professores, empre-
sários, políticos, sindicalistas, cientistas, artistas = cita-
a) Ao longo da História, muitos pensadores manifesta- ção de exemplos
ram seu temor pelos poderes da música.
b) Obviamente, não é a todos que desconcerta surpreen- 3. (SEFAZ-GO – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES-
der-se com os poderes da música. TADUAL – FCC – 2018) Os sinais de pontuação estão
c) A música afeta aos ouvintes atentos, que conhecem empregados corretamente em:
seus mágicos poderes.
d) Nem todos temem a música, porque nem todos reco- a) Será descredenciada a empresa que após ter sido no-
nhecem seus mágicos poderes. tificada, descumprir as exigências estabelecidas na
e) Aos que gostam da música, garante-se uma inesgotá- legislação tributária relativa à certificação requerida,
vel fonte de prazer e de sensualidade. para a industrialização ou comercialização de produ-
tos de origem animal.
Resposta: Letra C.. b) Para efetuar o cadastro de beneficiário, o cidadão de-
Em “a”, Ao longo da História, muitos pensadores ma- verá preencher o formulário disponível no site da se-
nifestaram seu temor pelos poderes da música = não cretaria, por meio do qual também encaminhará cópia
haveria alteração dos documentos solicitados para análise pelo profis-
Em “b”, Obviamente, não é a todos que desconcerta sional responsável.
surpreender-se com os poderes da música = não ha- c) O contribuinte que fabrica ou comercializa água mine-
veria alteração ral, natural ou artificial fica obrigado a utilizar o selo
Em “c”, A música afeta aos ouvintes atentos, que co- fiscal de controle nos lacres de água envasada em va-
nhecem seus mágicos poderes = haveria alteração, silhame retornável – independentemente, da unidade
pois, no caso, temos uma oração subordinada adjetiva da federação de origem.
explicativa (generaliza o termo “ouvintes”); sem vírgu- d) Ao produtor contratado será exigido disponibilizar à
la, teríamos uma adjetiva restritiva (restringiria os ter- secretaria, acesso a um sistema digital que possibilite,
mos ouvintes atentos). a realização de pedidos, homologações, consultas ao
Em “d”, Nem todos temem a música, porque nem to- status dos pedidos em análise – como condição para a
dos reconhecem seus mágicos poderes = não haveria continuidade do contrato.
alteração e) O sistema de controle de informação conforme esta-
Em “e”, Aos que gostam da música, garante-se uma belecido em contrato, precisa assegurar: sigilo, inte-
inesgotável fonte de prazer e de sensualidade = não gridade, autenticidade e disponibilidade dos dados,
haveria alteração para viabilizar a execução das ações de fiscalização e
monitoramento dos processos.
2. (TRT-6.ª REGIÃO-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
FCC – 2018) As vírgulas foram empregadas para isolar Resposta: Letra B.
um segmento explicativo em: Em “a”, Será descredenciada a empresa que ( , ) após
ter sido notificada, descumprir as exigências estabele-
a) Diferente da notação matemática, que é neutra e exa- cidas na legislação tributária relativa à certificação re-
ta, a linguagem se presta a vieses de todo tipo... querida, (X) para a industrialização ou comercialização
b) O jornalismo pode ser qualificado, embora com certo de produtos de origem animal.
exagero, como um mal necessário. Em “b”, Para efetuar o cadastro de beneficiário, o cida-
c) ... os veículos, desde que comprometidos com o de- dão deverá preencher o formulário disponível no site
LÍNGUA PORTUGUESA

bate dos problemas públicos, servem como arena de da secretaria, por meio do qual também encaminhará
ideias e soluções. cópia dos documentos solicitados para análise pelo pro-
d) ... de forma que, se são incomuns textos de fato isen- fissional responsável.
tos, mais raro ainda que sejam reconhecidos como Em “c”, O contribuinte que fabrica ou comercializa
tais. água mineral, natural ou artificial fica obrigado a utili-
e) São líderes comunitários, professores, empresários, zar o selo fiscal de controle nos lacres de água enva-
políticos, sindicalistas, cientistas, artistas. sada em vasilhame retornável – (X) ( , ) independente-
mente, (X) da unidade da federação de origem.

89
Em “d”, Ao produtor contratado será exigido disponi-
bilizar à secretaria, (X) acesso a um sistema digital que
possibilite, (X) a realização de pedidos, homologações, HORA DE PRATICAR!
consultas ao status dos pedidos em análise – (X) como
condição para a continuidade do contrato. 1. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SER-
Em “e”, O sistema de controle de informação ( , ) con- GIPE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO – FCC – 2018)
forme estabelecido em contrato, precisa assegurar: si-
gilo, integridade, autenticidade e disponibilidade dos [Linguagens e culturas]
dados, para viabilizar a execução das ações de fiscali-
zação e monitoramento dos processos. Este livro estuda as modificações que se deram na
cultura das classes populares ao longo das últimas déca-
4. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE das, de modo especial aquelas que podem ser atribuídas
SERGIPE-SE - TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018 à influência das publicações de massa. Creio que obte-
– ADAPTADA) Está correta a pontuação do seguinte ríamos resultados muito semelhantes caso tomássemos
segmento: como exemplos algumas outras formas de comunicação,
como o cinema, o rádio ou a televisão.
a) Mais do que nunca, atualmente, pôr em dúvida, essa Penso que tenho sempre tentado dirigir-me princi-
ideia generalizada de leitor, soa antipático e antide- palmente ao “leitor comum” sério ou “leigo inteligente”
mocrático. de qualquer classe social. Não significa isto que eu tenha
b) É curioso que, um dos poucos prêmios literários bra- tentado adotar qualquer tom de voz específico, ou que
sileiros de prestígio tenha incorporado a lógica pleo- tenha evitado o uso de quaisquer termos técnicos, para
nástica dos algoritmos que estruturam a rede: o que só empregar expressões banais. Escrevi tão claramente
mais se lê também é cada vez mais lido. quanto o permitiu a minha compreensão do assunto, e
c) Vi a propaganda, no mesmo dia, em que se anunciou apenas usei termos técnicos quando me pareceram sus-
ceptíveis de se tornarem úteis e sugestivos.
a nova categoria do prêmio Jabuti; dos melhores ro-
O “leigo inteligente” é uma figura vaga, e a populari-
mances, contos, crônicas e poesia - na opinião dos
zação uma tarefa perigosa; mas parece-me que aqueles
leitores.
de nós que consideram uma urgente necessidade escre-
d) Os prêmios literários não foram criados, para corres-
ver para ele devem continuar a tentá-lo. Porque um dos
ponder a critérios objetivos de mercado: a despeito de
mais nefastos aspectos da nossa condição cultural é a
seus eventuais equívocos, que não são poucos.
divisão entre a linguagem dos peritos e o nível extraordi-
e) Fazer o indivíduo acreditar que não precisa se esforçar
nariamente baixo daquela utilizada nos órgãos de comu-
para entender o que lhe escapa, como propõe a pro- nicação de massa.
paganda da Bienal, tem a ver com o estreitamento de (Adaptado de: HOGGART, Richard. As utilizações da cultura.
seus horizontes intelectuais. Trad. de Maria do Carmo Cary. Lisboa: Editorial Presença, 1973.)

Resposta: Letra E. Ao introduzir um livro no qual estudará o efeito das pu-


Em “a”, Mais do que nunca, atualmente, pôr em dúvi- blicações de massa sobre a cultura das classes populares,
da, (X) essa ideia generalizada de leitor, (X) soa antipá- o autor preocupa-se, inicialmente, com
tico e antidemocrático.
Em “b”, É curioso que, (X) um dos poucos prêmios li- a) a complexidade do tema, cuja importância pode até
terários brasileiros de prestígio tenha incorporado a mesmo ser menosprezada por algum leitor preconcei-
lógica pleonástica dos algoritmos que estruturam a tuoso, algum “leigo inteligente”.
rede: (X) ( - ) o que mais se lê também é cada vez mais b) a complexidade da linguagem a utilizar, uma vez que
lido. buscará evitar tanto uma terminologia técnica como
Em “c”, Vi a propaganda, (X) no mesmo dia, (X) em que expressões excessivamente simplificadoras.
se anunciou a nova categoria do prêmio Jabuti; (X) ( : ) c) as controvérsias envolvidas na discussão do tema, di-
dos melhores romances, contos, crônicas e poesia - na vididas entre referendar ou negar o fenômeno de uma
opinião dos leitores. cultura de massa que seja autêntica.
Em “d”, Os prêmios literários não foram criados, (X) d) as controvérsias decorrentes de uma posição política
para corresponder a critérios objetivos de mercado: extremada, pela qual se nega qualquer influência en-
(X) ( - ) a despeito de seus eventuais equívocos, que tre diferentes áreas da cultura.
não são poucos. e) as polêmicas que levantará, entre leitores leigos, uma
Em “e”, Fazer o indivíduo acreditar que não precisa se linguagem fatalmente limitada pelo apuro de uma ter-
esforçar para entender o que lhe escapa, como propõe minologia técnica.
a propaganda da Bienal, tem a ver com o estreitamento
LÍNGUA PORTUGUESA

de seus horizontes intelectuais. 2. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SER-


GIPE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO – FCC – 2018)
Considerando-se o contexto, deve-se entender que

a) os dois casos de emprego das aspas (2.º parágrafo)


justificam-se pelo fato de buscar o autor a criação de
um efeito de sentido altamente irônico.

90
b) o segmento resultados muito semelhantes (1.º pará- 5. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SER-
grafo) deixa ver que o autor está se referindo a pes- GIPE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO – FCC – 2018)
quisas que ele já realizou, com conclusões taxativas.
c) o segmento tão claramente quanto o permitiu (2.º pa- No voo da caneta
rágrafo) ressalta a fatalidade de escrever um livro para
leigos numa linguagem inevitavelmente imprópria. Numa das cartas ao amigo Mário de Andrade, asse-
d) a frase e a popularização uma tarefa perigosa (3.º pa- gurava-lhe o poeta Carlos Drummond de Andrade que
rágrafo) faz subentender que a forma verbal é da frase era com uma caneta na mão que vivia suas maiores emo-
anterior. ções. Comentando isso com um jovem aluno, entrevi sua
e) o pronome sublinhado no segmento continuar a ten- discreta expressão de piedade por aquele poeta sitiado
tá-lo (3.º parágrafo) faz referência a “leigo inteligente”, e infeliz, homem de gabinete que não se atirou à vida.
no início do período. Não tive como lhe dizer, naquele momento, que entre as
tantas formas de se atirar à vida está a de se valer de uma
3. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SER- caneta para perseguir poemas e achar as falas humanas
GIPE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO – FCC – 2018) Ao mais urgentes e precisas, essenciais para quem as diz,
optar precisamente pelo nível de linguagem que adotou indispensáveis para quem as ouve, vivas para além do
em seu livro, o autor manifesta a esperança de que tempo e do espaço imediatos.
(Joelson Figueiredo, inédito)
a) a supressão de qualquer terminologia técnica faça com
que seu tema fique mais preciso para os responsáveis Considerando-se o contexto, o segmento entrevi sua dis-
pelas publicações de massa. creta expressão de piedade ganha nova redação, na qual
b) o “leitor comum” ou mesmo o “leigo inteligente” se- se mantém seu sentido básico, no enunciado
jam capazes de compreender o rigor com que os ter-
mos técnicos foram multiplicadamente empregados. a) constatei sua íntima disposição sentimental.
c) o uso incontornável de esporádicos termos especiali- b) percebi seu contido sentimento de adesão.
zados acabe por fazê-los compreensíveis e proveito- c) absorvi uma implícita reação de sua nostalgia.
sos para o leitor comum. d) dei pela sua reservada impressão solidária.
d) a adesão a uma terminologia altamente técnica redun- e) divisei sua refreada manifestação de compadecimento.
de em algum benefício para os leitores mais afeitos às
questões a serem analisadas. 6. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SER-
e) a profundidade de sua análise sociológica compense GIPE-SE – TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) A
o esforço que o leitor haverá de fazer para absorver principal ressalva à inovação democrática do Jabuti, en-
toda a terminologia técnica. tretanto, é que já existe um prêmio do leitor.
Mantendo-se a correção e o sentido, sem que nenhuma
4. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SER- outra modificação seja feita na frase, o elemento subli-
GIPE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO – FCC – 2018) Está nhado acima pode ser substituído por:
plenamente adequada a pontuação do seguinte período:
a) embora
a) Tivesse vivido muito menos Eric Hobsbawm, esse b) conquanto
grande historiador moderno talvez não pudesse com c) todavia
a mesma autoridade, dar seu testemunho, sobre esse d) porquanto
período histórico que batizou como Era dos extremos. e) Assim
b) Tivesse vivido muito menos, Eric Hobsbawm, esse
grande historiador moderno, talvez não pudesse, com 7. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – CONSULTOR TÉC-
a mesma autoridade, dar seu testemunho sobre esse NICO – FCC – 2018)
período histórico, que batizou como Era dos extremos.
c) Tivesse vivido muito menos Eric Hobsbawm, esse gran- Juventude de hoje, de ontem e de amanhã
de historiador moderno, talvez não pudesse - com a
mesma autoridade - dar seu testemunho, sobre esse A juventude é estranha porque é a velhice do mundo
período histórico que batizou: como Era dos extremos. passada indefinidamente a limpo. Uma geração lega à
d) Tivesse vivido, muito menos, Eric Hobsbawm - esse outra um magma de erros e sabedoria, de vícios e vir-
grande historiador moderno, talvez não pudesse, com tudes, de esperanças e desilusões. O jovem é o mais
a mesma autoridade, dar seu testemunho, sobre esse velho exemplar da humanidade. Pesa-lhe a herança dos
período histórico que batizou - como Era dos extre- conhecimentos acumulados; pesa-lhe o desafio do que
mos.
LÍNGUA PORTUGUESA

não foi conquistado; a inadequação entre o idealismo e


e) Tivesse vivido muito menos Eric Hobsbawm - esse o egoísmo prático; pesa-lhe o inconsciente da raça, esta
grande historiador moderno - talvez não pudesse sessão espírita permanente, através da qual cada homem
com, a mesma autoridade, dar seu testemunho sobre se comunica com os mortos.
esse período histórico que batizou como Era dos ex- No encontro de duas gerações, a que murcha e a que
tremos. floresce, há uma irrisão dramática, um momento de cul-
pas, apreensões e incertezas. As duas figuras se contem-
plam: o jovem é o passado do velho, e este é o futuro que

91
o jovem contempla com horror. Assim, o momento desse a) Reconheçam-se na geração de hoje as experiências
encontro é um espelho cujas imagens o tempo deforma, das gerações passadas, para que bem se compreenda
sem que se desfaça, para o moço e para o velho, a sinis- a importância da transmissão dos valores.
tra impressão de que as duas figuras são uma coisa só, b) Não fossem as experiências dos mais velhos, cada ge-
um homem só, uma tragédia só. ração haverá de contar apenas com suas intuições e
O poeta romântico inglês Shelley poderia ser o pa- pressentimentos.
drão do adolescente de todas as épocas: nasceu de c) Muitos jovens terão deixado de reconhecer a impor-
família respeitável e rica, foi bonito, sincero, revoltado, tância das experiências de outras gerações, mesmo
idealista, violento, amoroso, apaixonado pela vida e pela que vierem a desfrutar delas.
morte, inteligente, confuso e, sobretudo, de uma sensi- d) Ainda que muitos jovens acreditassem que nada os
bilidade crispada. Não era um monstro: seus atos eram a ligava às gerações passadas, não terão como deixar de
consequência lógica de suas ideias, da lealdade às suas reconhecer o respeito que lhes devem.
crenças. E enquanto escrevia versos musicais, fecunda- e) Caso o comportamento de um jovem pareça monstru-
dos de amor cósmico, esperança e idealismo social, atira- oso, pelo que guarda de paradoxal, é preciso conside-
va-se feroz contra o conformismo do clero, a monarquia, rar a força que o leva às indecisões.
as leis vigentes, o farisaísmo universal.
(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São 10. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – CONSULTOR TÉC-
Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 135-136) NICO – FCC – 2018)

A afirmação inicial A juventude é estranha encontra em Uma palavra sobre cultura e Constituição
seguida uma justificativa quando o autor argumenta que
os jovens, Todas as Constituições brasileiras foram lacônicas e
genéricas ao tratar das relações entre cultura e Estado.
a) assim como os mais velhos, dão a vida passada por Não creio que se deve propriamente lamentar esse vazio
vivida, recusando-se a crer que ainda haja ideais a se- nos textos da Lei Maior. Ao Estado cumpre realizar uma
rem perseguidos. tarefa social de base cujo vetor é sempre a melhor distri-
b) ao contrário dos velhos, buscam passar seu próprio buição da renda nacional. Na esfera dos bens simbólicos,
tempo a limpo, livrando-o da carga pesada dos erros esse objetivo se alcança, em primeiro e principal lugar,
passados. construindo o suporte de um sistema educacional sólido
c) incorporando valores de outros tempos, acumulam er- conjugado com um programa de apoio à pesquisa igual-
ros e acertos do passado, como se numa transmissão mente coeso e contínuo.
sobrenatural. A sociedade brasileira não tem uma “cultura” já deter-
d) rejeitando as heranças culturais disponíveis, têm a ilu- minada. O Brasil é, ao mesmo tempo, um povo mestiço,
são de que renovam tudo, ainda quando repitam erros com raízes indígenas, africanas, europeias e asiáticas, um
do passado. país onde o ensino médio e universitário tem alcançado,
e) espelhando-se em si mesmos, acabam reabilitando e em alguns setores, níveis internacionais de qualidade e
nobilitando ideais que se perderam em antigos com- um vasto território cruzado por uma rede de comunica-
bates. ções de massa portadora de uma indústria cultural cada
vez mais presente.
8. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – CONSULTOR TÉC- O que se chama, portanto, de “cultura brasileira” nada
NICO – FCC – 2018) Está clara e correta a redação deste tem de homogêneo ou de uniforme. A sua forma com-
livre comentário sobre o texto: plexa e mutante resulta de interpenetrações da cultura
erudita, da cultura popular e da cultura de massas. Se al-
a) Não parece ao autor do texto, que os mais jovens omi- gum valor deve presidir à ação do Poder Público no trato
tam experiências antigas, de sorte que as carregam com a “cultura”, este não será outro que o da liberdade e
nos valores aonde elas se embutem. o do respeito pelas manifestações espirituais as mais di-
b) Ao buscar entender os jovens – Paulo Mendes Cam- versas que se vêm gestando no cotidiano do nosso povo.
pos, poeta e cronista, acredita que lhes caracteriza so- Em face dessa corrente de experiências e de significa-
bretudo o peso dos antecedentes. dos tão díspares, a nossa Lei Maior deveria abster-se de
c) O cronista encontrou no poeta Shelley, uma espécie propor normas incisivas, que soariam estranhas, porque
de paradigma da juventude, conquanto a representa exteriores à dialética das “culturas” brasileiras. Ao contrá-
tanto nos erros como nos acertos. rio, um certo grau de indeterminação no estilo de seus
d) O autor não postula a convicção de que os jovens se- artigos e parágrafos é, aqui, recomendável.
jam tão criativos, a ponto de se deixarem denegar das (Adaptado de: BOSI, Alfredo. Entre a Literatura e a História. São
experiências mais antigas. Paulo: Editora 34, 2013, p. 393-394)
LÍNGUA PORTUGUESA

e) O autor do texto – cronista e poeta dos bons – acredita


que cada nova geração absorve as experiências das A frase Não creio que se deve propriamente lamentar esse
que a antecederam. vazio nos textos da Lei Maior (1.º parágrafo) é justificada
pelo autor com base na sua convicção de que
9. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – CONSULTOR TÉC-
NICO – FCC – 2018) Há emprego de voz passiva e ade- a) o Poder Público não pode interferir em qualquer as-
quada correlação entre os tempos e modos verbais na pecto de uma cultura nacional, que deve ser espontâ-
frase: nea e livre do alcance da Constituição.

92
b) a sociedade brasileira, conquanto não seja homogê- 13. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – TÉCNICO LEGIS-
nea, é suficientemente madura para formular as nor- LATIVO – FCC – 2018) Leia abaixo o Capítulo I do ro-
mas que devem reger sua cultura tradicional. mance Dom Casmurro, de Machado de Assis.
c) a complexidade das culturas brasileiras não deve ser
objeto de uma legislação que venha a abranger e de- Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho
terminar tão diversas manifestações. Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do
d) o Estado não pode permitir que seja lacunosa a legis- bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumpri-
lação sobre matérias culturais, que deve ser rigorosa e mentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos
o mais específica possível. ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era
e) a dinâmica das várias culturas existentes no país ga- curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente
rante que não haja entre elas algum atrito que ponha maus. Sucedeu, porém, que como eu estava cansado, fe-
em risco a impermeabilidade de cada uma. chei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que
ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
11. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – CONSULTOR TÉC- – Continue, disse eu acordando.
NICO – FCC – 2018) Observando-se a construção da – Já acabei, murmurou ele.
frase Não creio que se deve propriamente lamentar esse – São muito bonitos.
vazio nos textos da Lei Maior, é correto afirmar que Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso,
mas não passou do gesto; estava amuado. No dia se-
a) a oração Não creio tem por sujeito a oração subse- guinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou al-
quente. cunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gos-
b) no caso de substituição da forma Não creio por Não é tam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso
crível, o sujeito manter-se-á o mesmo.
à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei.
c) os termos nos textos e da Lei Maior são complementos verbais.
Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça,
d) no caso de substituição de Não creio por Não tenho a
chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro,
convicção, a regência seguinte passará a ser nominal.
domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis,
e) uma forma da voz ativa equivalente a que se deve pro-
dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se dei-
priamente lamentar é que deve ser propriamente la-
xas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns
mentado.
quinze dias comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não
12. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – CONSULTOR TÉC- cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá
NICO – FCC – 2018) Está plenamente adequada a pon- aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou--lhe
tuação da seguinte frase: cama; só não lhe dou moça.”
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no
a) Ao comentar, em termos incisivos a relação entre cul- sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de
tura e Constituição o autor do texto, faz ver a partir homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia,
de seguras ponderações, que o Estado tendo tarefas para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar co-
sociais de fundamental importância, não deve ainda chilando! Também não achei melhor título para a minha
assim determinar quais sejam, as diversas manifesta- narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai
ções culturais em nosso país. este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que
b) Ao comentar, em termos incisivos, a relação entre cul- não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o
tura e Constituição, o autor do texto faz ver, a partir título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que
de seguras ponderações, que o Estado, tendo tarefas apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
sociais de fundamental importância, não deve, ainda (ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das
assim, determinar quais sejam as diversas manifesta- Letras, 2016, p. 79-80.)
ções culturais em nosso país.
c) Ao comentar em termos incisivos, a relação entre cul- De acordo com o texto,
tura e Constituição, o autor do texto faz ver a partir
de seguras ponderações, que o Estado tendo tarefas a) os amigos da cidade passam a se valer da alcunha Dom
sociais de fundamental importância, não deve ainda Casmurro por condenarem os versos do narrador.
assim determinar quais sejam, as diversas manifesta- b) o narrador sente-se incomodado com a forma como
ções culturais em nosso país. os amigos da cidade passam a se dirigir a ele.
d) Ao comentar em termos incisivos a relação, entre cul- c) o narrador ficou amuado quando o rapaz do trem
tura e Constituição, o autor do texto faz ver, a partir ameaçou tirar novamente os versos do bolso.
de seguras ponderações que o Estado, tendo tarefas d) os vizinhos passam a reproduzir a alcunha Dom Cas-
sociais, de fundamental importância, não deve ainda murro por censurarem os hábitos reclusos do narra-
assim, determinar quais sejam as diversas manifesta- dor.
LÍNGUA PORTUGUESA

ções culturais em nosso país. e) o rapaz do trem inventa a alcunha porque o narrador
e) Ao comentar em termos incisivos, a relação entre cul- censurou-lhe os versos.
tura e Constituição o autor do texto faz ver, a partir
de seguras ponderações que o Estado, tendo tarefas
sociais de fundamental importância não deve, ainda
assim, determinar quais sejam, as diversas manifesta-
ções culturais em nosso país.

93
14. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – TÉCNICO LEGIS- cidades, em vez de oferecerem espaços de circulação ou
LATIVO - CATEGORIA SECRETÁRIO – FCC – 2018) acolhimento, impõem-nos caminhos intransitáveis, pa-
− Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, ralisantes. Nosso estilo de vida levou-nos aos impasses
mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido urbanos que impositivamente configuram nossa rotina.
consigo. (6.º parágrafo) Dizia o poeta espanhol António Machado que o ca-
− O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guar- minho se faz caminhando, que os caminhantes é que tra-
do rancor. (6.º parágrafo) çam e qualificam seu destino. Essa convicção deveria ins-
pirar não apenas os responsáveis diretos pelo uso mais
Os pronomes destacados referem-se, respectivamente, a desfrutável do espaço urbano, mas todos aqueles que
sentem seu compromisso com os rumos e o andamento
a) dicionários, Casmurro e rancor. da civilização.
b) vizinhos, Casmurro e poeta. (Hermínio Toledo, inédito)
c) dicionários, Casmurro e poeta.
d) vizinhos, sentido e rancor. O autor do texto parece referendar a afirmação atribuída
e) dicionários, sentido e poeta. ao poeta espanhol António Machado, pois ambos

15. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – TÉCNICO LEGIS- a) repudiam os caminhos que configuram autoritaria-
LATIVO – FCC – 2018) mente o espaço de nossa circulação pelo mundo.
...como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro b) desconsideram a alternativa imaginária de um cami-
vezes... (1.º parágrafo) nho mais prazeroso do que o traçado de uma linha
reta.
Em relação à oração que a sucede, a oração destacada c) se deixam atrair pela possibilidade de atravessar os
expressa sentido de espaços e o tempo de modo a configurar uma rotina.
d) consideram que é possível conciliar a rota dos cami-
a) causa. nhos impostos com aquela que anima o nosso espí-
b) comparação. rito.
c) consequência. e) acreditam que os congestionamentos induzem-nos a
d) proporção. esquecer a ditadura dos relógios e dos compromissos.
e) conclusão.
18. (DETRAN-MA – ASSISTENTE DE TRÂNSITO –
16. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – TÉCNICO LEGIS- FCC – 2018) Considerando-se o contexto, traduz-se
LATIVO – FCC – 2018) Ao se transpor o trecho – Já aca- adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
bei, murmurou ele. (3.º parágrafo) para o discurso indire-
to, o verbo “acabei” assume a seguinte forma: a) uma espécie de paradigma geral (1.º parágrafo) = um
tipo de princípio irredutível.
a) tinha acabado. b) experimentar alternativas (1.º parágrafo) = habilitar
b) acabou. revezamentos.
c) estava acabando. c) desistindo de se submeter (2.º parágrafo) = renuncian-
d) acabaria. do a prevalecer.
e) estaria acabando. d) impositivamente configuram (2.º parágrafo) = articu-
lam de modo positivo.
17. (DETRAN-MA – ASSISTENTE DE TRÂNSITO – e) uso mais desfrutável (3.º parágrafo) = utilização mais
FCC – 2018) aprazível.

Percursos 19. (DETRAN-MA – ASSISTENTE DE TRÂNSITO –


FCC – 2018)
Não há dúvida de que uma linha reta é o caminho
mais curto entre dois pontos. Mas ninguém pode afir- [Viagem sem volta]
mar que seja também o melhor, o mais indicado, o mais
proveitoso, por ser mais alegre, mais bonito ou mais sur- Uma das nossas contradições fundamentais é a gente
preendente. Quem caminha pelas cidades sabe que há desejar viver na cidade grande e levar no inconsciente
trajetos e trajetos: uns para a pressa, outros para animar a intenção de criar em torno de nós a aldeia natal. Sa-
o espírito. Numa época em que a velocidade se tornou bemos que a tranquilidade e a solidariedade da vila são
uma espécie de paradigma geral, vale a pena experimen- imprescindíveis à respiração normal do psiquismo; mes-
tar alternativas para o nosso modo de atravessar os es- mo assim, no dia de cumprir nosso destino enfiamos as
LÍNGUA PORTUGUESA

paços e o tempo. roupas melhorzinhas e partimos para a cidade, onde as


Imagino quantos motoristas presos num congestio- aflições são certas, mas podem vir misturadas com um
namento não sonharão em abandonar o carro, ou quan- novo prazer, com uma alegria inédita.
tos passageiros em deixar o ônibus, e sair à toa e a pé em Movidos por essa sensualidade das experiências no-
busca de novos caminhos, desistindo de se submeter à vas e desafiadoras é que trocamos a paz preguiçosa e
ditadura do relógio e dos compromissos. Se ninguém faz angelical da nossa província pelo festival demoníaco da
isso, o desejo de libertação existe para todos. As grandes metrópole. Pensará o jovem: “a terra de meu pai está

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cansada para as batatas...” E é assim que tantos partem 22. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018)
para os grandes centros, agravando a poluição humana e
deixando preocupado o ministro da Agricultura. Tomando resolutamente a sério as narrativas dos
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. O mais es- “selvagens”, a análise estrutural nos ensina, já há alguns
tranho dos países. São Paulo, Companhia das Letras, anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias
2013, p. 104) e que nelas se articula um sistema de interrogações que
elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento
O tema do texto prende-se a relações de contraste, tal propriamente dito. Sabendo a partir de agora, graças às
como a que se representa, por exemplo, entre os seg- Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos não
mentos falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos
um novo prestígio; e, certamente, investi-los assim de tal
a) viver na cidade grande / onde as aflições são certas gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra.
(1.º parágrafo) Talvez, entretanto, o interesse muito recente que sus-
b) levar no inconsciente / criar em torno de nós a aldeia citam os mitos corra o risco de nos levar a tomá-los mui-
natal (1.º parágrafo) to “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua
c) cumprir nosso destino / partimos para a cidade (1.º dimensão de pensamento. Se, em suma, deixássemos na
parágrafo) sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difun-
d) sensualidade das experiências novas / partem para os dir-se uma espécie de mitomania esquecida de um traço
grandes centros (2.º parágrafo) todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo de sua
e) a paz preguiçosa / festival demoníaco da metrópole gravidade: o seu humor.
(2.o parágrafo) Não menos sérios para os que narram (os índios, por
exemplo) do que para os que os recolhem ou leem, os
20. (DETRAN-MA – ASSISTENTE DE TRÂNSITO – mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa im-
FCC – 2018) Ao se considerar que muitos partem para a pressão de cômico; eles desempenham às vezes a função
experiência de uma alegria inédita, enfatiza-se a circuns-
explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hila-
tância de que
ridade. Se estamos preocupados em preservar integral-
mente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o
a) a vida na metrópole não deixa de ser, de qualquer
alcance real do riso que eles provocam e considerar que
modo, um prolongamento da paz preguiçosa e ange-
um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e
lical da província.
fazer rir aqueles que o escutam.
b) o festival demoníaco que identifica o modo de vida na
A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua du-
metrópole impede o desfrute de algum novo prazer.
reza, não se desenvolve sempre sob o signo do esforço
c) o prazer do novo acabará por eliminar de vez a suspei-
ta de que nos grandes centros as aflições são certas. ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se ver-
d) tal descoberta ocorre em meio a experiências outras, dadeiros momentos de distensão, e seu senso agudo do
como a da poluição humana proporcionada pelos ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temo-
grandes centros. res. Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a
e) essa busca ilusória acarretará, entre outras consequên- tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa
cias, prejuízos para a qualidade de vida nas pequenas forma, sua existência.
cidades. Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas
nem por isso desprovidas de alguma poesia, são bem co-
21. (DETRAN-MA – ASSISTENTE DE TRÂNSITO – nhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos;
FCC – 2018) É correto considerar que no segmento mas, quando eles têm vontade de rir realmente, pedem a
algum velho versado no saber tradicional para contá-las
a) levar no inconsciente a intenção, o termo sublinhado mais uma vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do
exerce a mesma função sintática que o elemento su- início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso explode
blinhado em Movidos por essa sensualidade. em francas gargalhadas que acabam transformando-se
b) enfiamos as roupas melhorzinhas, o termo sublinhado em uivos de alegria.
está empregado de modo irônico, com o sentido con- (Adaptado de: CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado.
trário, portanto. São Paulo, Ubu, 2017)
c) onde as aflições são certas, o termo sublinhado pode
ser corretamente substituído por aonde. As frases abaixo dizem respeito à pontuação do texto.
d) são imprescindíveis à respiração normal, uma alteração
adequada, mediante o uso de um pronome, ocorrerá I. No segmento ... não exclusivo de sua gravidade: o seu
humor... (2.º parágrafo), os dois-pontos podem ser subs-
LÍNGUA PORTUGUESA

com lhe são imprescindíveis.


e) trocamos a paz preguiçosa (...) pelo festival, uma reda- tituídos por travessão, uma vez que se segue um aposto
ção substitutiva do segmento sublinhado deverá ser relativo ao termo “traço”, presente na mesma frase.
trocamos-lhe. II. No segmento ... para os que narram (os índios, por
exemplo)... (3.º parágrafo), os parênteses podem ser su-
primidos, mantendo-se a correção, desde que se acres-
cente uma vírgula imediatamente após “exemplo”.

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III. No segmento ... do esforço ou da inquietude; também 26. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018)
eles sabem... (4.º parágrafo), o ponto e vírgula pode ser Pode-se inferir da argumentação de Pierre Clastres que
substituído por dois-pontos, sem prejuízo da correção,
uma vez que a ele se segue uma explicação. a) as diferenças culturais se atenuam das mais diversas
formas, quando se analisam as crenças de cada povo,
Está correto o que consta APENAS de: seja pelo uso do humor, seja pela seriedade.
b) nos falta muitas vezes um conhecimento aprofundado
a) III. de nossa própria cultura, para que possamos estabe-
b) I e III. lecer confrontos produtivos com a cultura indígena.
c) I e II. c) nossos métodos de pesquisa se acomodam rapida-
d) I. mente às primeiras descobertas, quando, na verdade,
e) II e III. poderiam ser refutadas por um raciocínio consequen-
te.
23. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) d) costumamos interpretar com seriedade as narrativas
Mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido mitológicas, o que nem sempre é adequado no tocan-
original, os termos sublinhados em Sabendo a partir de te aos mitos indígenas.
agora, graças às Mitológicas... (1.º parágrafo) e ... desdra- e) os mitos guardam um sentido profundo da verdade
matizando, de certa forma, sua existência... (4.º parágrafo) de seus povos de origem, ainda que sua interpretação
podem ser substituídos por: não possa prescindir de bases universais de análise.

a) Uma vez que se sabe − de modo a desdramatizar 27. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018)
b) Ainda que se saiba − a fim de desdramatizar
c) Conquanto se sabe − porque se desdramatize O pintor Carlos Scliar atinge no momento presente
d) Uma vez que se saiba − à medida que se desdramatize uma serenidade que é característica simples e pura de
e) Muito embora se sabe − a ponto de desdramatizar-se um artista sem ansiedades e sem inquietações, sereni-
dade que esteve sempre presente num José Pancetti e
24. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) que permanece também unanimemente na obra de um
deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados Milton Dacosta, de um Guignard ou Iberê Camargo, se-
(2.º parágrafo) renidade que é uma espécie de densidade, de conteúdo
eles desempenham às vezes a função explícita (3.º pará-
irredutível e inalienável, símbolo de uma fatalidade e de
grafo)
uma vontade de arte que deixa de ser esforço para ser
senso agudo do ridículo os faz várias vezes (4.º parágrafo)
personalidade e natureza.
Na hora exata em que os pintores, na sua maioria, se
Os termos sublinhados acima referem-se respectivamente a:
comprazem com o exame tão só das derivações da cor,
a apreciação de um pintor que leva as suas indagações
a) mitos − os que narram − primitivos
mais além, isto é, às derivações da luz, da semelhança, das
b) pensamento − mitos − primitivos
c) mitos − mitos − primitivos formas objetiva ou indeterminada merece ser meditada
d) mitos − os que narram − momentos de distenção dentro de uma avaliação mais detida e menos sumária.
e) pensamento − mitos − momentos de distenção Scliar faz parte do número desses artistas que não
dão à ocupação com as artes um sentido partidário, não
25. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) é “concretista”, nem “figurista”, nem “geométrico”, nem
... não devemos subestimar o alcance real do riso que eles “informal”, quero crer que também em sua vida habitual
provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tem- não torce pelo Flamengo ou pelo Vasco, e sendo assim
po falar de coisas solenes... (3.º parágrafo) apartidário é bem o exemplo daquele pintor que leva as
Uma nova redação para a frase acima, em que se man- suas indagações além da fixação das diferenciações de
têm a clareza, o sentido e a correção, está em: um único atributo da pintura. Diz Ortega y Gasset, com
boa parte de verdade, que o homem é uma máquina
a) Não devemos subestimar o alcance real do riso que de preferir; apenas com boa parte de verdade, digo eu,
eles provocam e, todavia, considerar que um mito porque esta preferência não é constante e imutável, mas
pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes... sofre incessantemente as flutuações do desejo, da espe-
b) Não só devemos subestimar o alcance real do riso que rança e da curiosidade.
eles provocam, mas também considerar que um mito A insistência numa única e determinada coisa preferi-
pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes... da revela um espírito de ascese e solidão, de hermetismo
c) Não devemos subestimar o alcance real do riso que e alheamento que se distancia da vida − e a maior parte
da pintura moderna se distancia da vida! Por isso o pintor
LÍNGUA PORTUGUESA

eles provocam, a fim de considerar que um mito pode


ao mesmo tempo falar de coisas solenes... Carlos Scliar, revalorizando certas qualidades estéticas,
d) Não devemos nem subestimar o alcance real do riso fazendo novamente e humanamente respeitar os valo-
que eles provocam, nem considerar que um mito pode res da exatidão, da virtuosidade e da dificuldade, procura
ao mesmo tempo falar de coisas solenes... reintegrar a pintura na sua totalidade e na sua grande-
e) Não devemos subestimar o alcance real do riso que za. Procura reintegrá-la numa verdade da qual nunca se
eles provocam, mas considerar que um mito pode ao afastou, podemos afirmar, a arte musical, tantas vezes to-
mesmo tempo falar de coisas solenes... mada como exemplo ou paradigma para as outras artes.

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As preferências de Scliar, entretanto, não fogem de 29. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – ANALISTA MINIS-
ser limitadas apenas nesses valores específicos e abstra- TERIAL – FCC – 2018)
tos, também se realizam em termos mais genéricos: na
natureza-morta, na paisagem, no retrato. As variações Ciência e mercado
de cor, de luz, de tonalidades das suas naturezas-mor-
tas demonstram uma intimidade com os objetos, uma A ciência moderna e a economia de mercado figuram,
variável constância, uma assiduidade, uma vigília; os se- sem o menor favor, entre as mais notáveis e fecundas
res prediletos dos seus quadros de natureza-morta dão realizações humanas. A civilização europeia oriunda do
a impressão de que estão velando, de que estão assistin- Renascimento é inconcebível sem elas; a Revolução Cien-
do ao pintor no trabalho e no cuidado da obra elabora- tífica do século XVII e a Revolução Industrial do século
da, estão ali prestando-lhe o conforto da sua utilidade, XVIII foram apenas o prelúdio singelo do que viria em se-
trazendo-lhe a evidência do seu mutismo e docilidade, guida - a revolução permanente dos últimos três séculos.
confiando-lhe, silenciosamente, os segredos de Morandi. Ciência e mercado são apostas na liberdade: liberdade
(CARDOZO, J. “Carlos Scliar”, Habitat, SP, 1961) balizada por padrões impessoais de argumentação e vali-
dação de teorias, no primeiro caso; e por regras que fixam
A respeito da pontuação do texto, está INCORRETO o os marcos dentro dos quais a busca do ganho econômico
que consta de: por parte das pessoas é livre, no segundo. Por mais bri-
lhantes, entretanto, que sejam suas inegáveis conquistas,
a) Em e sendo assim apartidário é bem o exemplo daque- é preciso ter uma visão clara do que podemos esperar que
le pintor (3.º parágrafo), o segmento sublinhado pode façam ou não por nós: assim como a ciência jamais aplaca-
ser isolado por vírgulas, uma vez que se trata de ora- rá a nossa fome de sentido, o mercado nada nos diz sobre
ção intercalada. a ética - como usar a nossa liberdade e o que fazer de nos-
b) Em e a maior parte da pintura moderna se distancia da sas vidas. O mercado não decide, em nome dos que nele
vida! (4.º parágrafo), o ponto de exclamação, por ser atuam, os resultados finais das operações; isso dependerá
sobretudo dos valores e das escolhas das pessoas. Assim
justamente pontuação expressiva, torna evidente que
como, na linguagem comum, a gramática não determina o
o aposto em questão guarda uma opinião do autor
valor das mensagens, mas apenas as regras das interações
do texto.
verbais, também o mercado não estabelece de antemão o
c) Em esteve sempre presente num José Pancetti e que per-
que será feito e escolhido pelos que dele participam, mas
manece também (1.º parágrafo), pode-se acrescentar
apenas as normas dentro das quais isso será feito.
uma vírgula imediatamente após “Pancetti”, uma vez
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo:
que o “e” subsequente liga duas orações de sujeitos
Companhia das Letras, 2016, p. 51-52)
diferentes.
d) Em das formas objetiva ou indeterminada merece ser A analogia entre a gramática e o mercado, feita pelo au-
meditada (2.º parágrafo), pode-se acrescentar uma tor ao final do texto, baseia-se na consideração de que
vírgula imediatamente após o termo “indeterminada”,
por questão de clareza do enunciado. a) as trocas regradas pela primeira, que estipulam o sen-
e) No 3.º parágrafo, o uso das aspas denota o afastamen- tido da linguagem, são semelhantes às que dão senti-
to do autor do texto quanto às agremiações artísticas do ético ao mercado.
presas a um único atributo pictórico. b) a linguagem de que nos valemos está carregada dos
valores que devemos levar em conta para qualificar o
28. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) sentido que o mercado deve ter.
Quem observar seriamente a situação das artes plás- c) ambos os elementos constituem uma linguagem obje-
ticas modernas, e em especial a pintura, há de concluir tiva, pela qual nós devemos nos guiar para estabelecer
...... elas, depois de tantas transformações benfazejas ...... com clareza o sentido de nossas escolhas.
passaram, estão hoje reduzidas a simples material de d) as regras de funcionamento estabelecidas nessas duas
pesquisa, em laboratório de análise, ...... foram banidas instâncias não predeterminam por si mesmas a signifi-
as qualidades mais ardentes do espírito: o sentimento, a cação daquilo que produzem.
emoção, a inspiração etc., substituídas pela observação e) as normas que disciplinam o uso da linguagem e o
fria e a experiência racional. objetivo do mercado constituem uma espécie de gra-
(CARDOZO, J. Gravuras de Carlos Scliar, Módulo, RJ, 1956.) mática que determina o sentido de uma e de outro.

Preenche respectivamente as lacunas o que se encontra 30. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – ANALISTA MINIS-
em: TERIAL – FCC – 2018) Está clara e correta a redação
deste livre comentário sobre o texto:
LÍNGUA PORTUGUESA

a) por − por que − de que


b) porque − pelas quais − em que a) Tão importante quanto a Revolução Científica como a
c) porque − às quais − que Industrial constituem a ciência e o mercado, nos quais
d) que − por que − de onde domínios o homem vem se afirmando há três séculos.
e) que − às quais – aonde b) Caso não hajam espaços de liberdade para ambos, a
ciência e o mercado não deixarão de alcançar os al-
tos objetivos a que se destina no empenho que fazem
pela civilização.

97
c) O fato de que o mercado e a ciência constituem avan- 33. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – ANALISTA MINIS-
ços libertários para a humanidade não elimina o dever TERIAL – FCC – 2018)
que temos de estabelecer as melhores escolhas nas
operações de ambos. Gatos, cães e gêneros literários
d) Mesmo que confiemos no inestimável funcionamento
do mercado e da ciência nem por isso estamos des- Ao contrário dos cães, gatos não fazem festa nem
providos de que se escolha para ambos as melhores estardalhaço, não são excessivamente carentes de afe-
opções de valor. to, podem dormir e sonhar por um século e esquecer o
e) Talvez se possam ver o mercado e a ciência como ins- mundo ao redor. Não por acaso, um ditado chinês diz: “O
trumentos técnicos pelos quais nos habilitam a atingir cachorro é um romance, e o gato, um poema”.
metas de uma civilização em cujo melhor caminho não Nesse sábio ditado oriental reside uma delicada de-
devemos nos afastar. finição de gêneros literários. Pense no cotidiano de um
cão: as peripécias, o corre-corre, os momentos de exal-
31. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – ANALISTA MINIS- tação e melancolia, ganidos de dor, saltos estabanados,
TERIAL – FCC – 2018) Ocorre emprego de forma verbal ataques de raiva... Agora imagine o discreto cotidiano de
na voz passiva e pleno atendimento às normas de con- um gato: a pose hierática, a atitude ensimesmada, o sal-
cordância na frase: to sem ruído, a expressão misteriosa do olhar, a repeti-
ção dos gestos, o olhar em transe, fitando as asas de um
a) Veem-se a ciência e o mercado como expressões de inofensivo beija-flor... O gato encarna uma subjetividade
uma liberdade que sempre devem os homens estipu- lírica que reitera o ditado chinês.
lar qual seja e arbitrar como precisa funcionar. (Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São
b) Ele se considera um bom cientista, mas nem por isso Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 209)
julga que quaisquer empregos de suas experiências
estejam isentas de uma justa apreciação ética. A frase O gato encarna uma subjetividade lírica que reitera
c) Não é papel do gramático definir o sentido de uma
o ditado chinês encontra outra redação, igualmente correta
frase, mas tão somente reconhecer as operações lin-
e coerente com o sentido original, no seguinte caso:
guísticas que se torne admissível na construção dela.
d) Por mais que pareçam imediatamente produtivos, aos
a) A poesia subjetiva, que o gato elabora vai de encontro
avanços da ciência e ao aperfeiçoamento do merca-
ao que repete o ditado chinês.
do devem corresponder rigor similar em sua avaliação
b) No ditado chinês, confirma-se o mistério que o gato
ética.
costuma refutar.
e) É possível que nem todos julguem igualmente impor-
c) Alude-se no provérbio chinês, que cabe ao gato con-
tantes o significado das contribuições que a ciência e
o mercado vem dando para o nosso avanço civiliza- firmar sua indisposição íntima.
tório. d) A subjetividade poética incorporada pelo gato confir-
ma a máxima chinesa.
32. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – ANALISTA MINIS- e) O ditame chinês é reiterado pelo gato onde este forta-
TERIAL – FCC – 2018) Atente para estas três orações: lece a poesia lírica.
A ciência e o mercado são altas realizações humanas.
A ciência e o mercado não constituem uma ética por si 34. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – ANALISTA MINIS-
mesmos. TERIAL – FCC – 2018) Está correto o emprego do seg-
O homem decide a ética da ciência e do mercado. mento sublinhado na seguinte frase:

Ao se integrarem as orações acima num período único, a a) Opõe-se as manifestações de segurança do gato a in-
redação estará coerente e correta no seguinte caso: decisão do cachorro.
b) Os cachorros são acometidos àquelas carências que
a) Ainda que sejam altas realizações humanas, o sentido são também nossas.
ético que o homem decide para a ciência e o mercado c) É graças aquele ensimesmamento em que lhes é carac-
não valem por si mesmos. terístico que faz os gatos admirados.
b) Ao decidir qual é o sentido ético que deve manter a d) O autocontrole dos gatos é um traço forte do qual
ciência e o mercado, o homem vê que essas altas rea- devemos nos render.
lizações não prescindem do mesmo. e) Àquela insegurança típica dos cães contrapõe-se a so-
c) Altas realizações humanas, a ciência e o mercado, não berania íntima dos gatos.
tendo em si mesmos um sentido ético, requerem que
os homens decidam qual deva ser esse sentido. 35. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – TÉCNICO MINISTE-
LÍNGUA PORTUGUESA

d) A ciência e o mercado, constituem realizações huma- RIAL – FCC – 2018)


nas das mais altas, tanto assim que pedem que lhes
seja decidido o valor ético que devem possuir. A família dos porquês
e) Não tendo uma ética em si mesmas, a ciência e o mer-
cado levam o homem a decidir-se qual valor devam A lógica costuma definir três modalidades distintas
ter, para serem ambas tão altas realizações humanas. no uso do termo “porque”: o “porque” causal (“a jarra
quebrou porque caiu”); o explicativo (“recusei o doce

98
porque desejo emagrecer”); e o indicador de argumento b) Por razões categóricas, o autor acredita de que mesma
(“volte logo, você sabe por quê”). Mas há outros aspectos as razões da ciência não é possível cobrir o âmbito das
que precisam ser considerados. infatigáveis curiosidades humanas.
Imagine, por exemplo, que alguém inconformado c) Mesmo que não houvessem perguntas tão difíceis,
com a morte de uma pessoa especialmente querida acabaríamos por proferir indagações cujas a melhor
exclama: “Eu não consigo entender, isso não podia ter ciência ainda assim não se preparou para responder
acontecido, por que não eu? Por que uma criatura tão convenientemente.
jovem e cheia de vida morre assim?” Um médico solícito, d) O fato de que cabe a ciência dar respostas às nossas
se a ouvir nesse desabafo inconformado, poderá dizer- aflições, isso não justifica de que ela não as tenha, oca-
-lhe: “Sinto muito pela perda, mas eu examinei o caso de sionalmente, em seu processo altamente expeculativo.
sua filha e posso dizer-lhe o que houve: ela padecia de e) As perguntas em que damos maior importância são
má-formação vascular e foi vítima da ruptura da artéria também as mais difíceis, à medida em que nossa
carótida que irriga o lobo temporal direito.” curiosidade avança por territórios em cuja exploração
A explicação do médico é irretocável, mas seria a res- não somos capazes de levar à cabo.
posta ao “por quê” do pai inconsolável? Os porquês da
ciência são por vezes rasos: mapas, registros e explica- 38. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – TÉCNICO MINISTE-
ções cada vez mais precisas e minuciosas da superfície RIAL – FCC – 2018) Está plenamente adequada a pontu-
causal do que acontece. Eles excluem de antemão como ação da seguinte frase:
ilegítimos os porquês que mais importam. O “porque” da
ciência médica nem sequer arranha o “por quê” do pai a) Não é comum note-se bem, que alguém considere a
desconsolado. loucura, para além da mera insanidade, vendo nela
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: uma possibilidade criativa embora pouco explorada,
Companhia das Letras, 2016, p. 30-31.) da nossa imaginação.
b) Não é comum - note-se bem - que alguém considere,
Ao considerar os distintos empregos da palavra “por- a loucura, para além da mera insanidade: vendo nela
que”, o autor do texto defende sobretudo a ideia de que uma possibilidade criativa, embora pouco explorada,
da nossa imaginação.
a) os distintos usos lógicos dessa palavra asseguram que c) Não é comum, note-se bem, que alguém considere a
há respostas para todas as perguntas. loucura, para além da mera insanidade, vendo nela,
b) as causas e as explicações apontadas por esse termo uma possibilidade criativa embora pouco explorada,
esgotam suas funções no campo da linguagem. da nossa imaginação.
c) o campo aberto pelas interrogações humanas vai mui- d) Não é comum: note-se bem que alguém considere a
to além das respostas dadas pela ciência. loucura, para além da mera insanidade, vendo nela
d) a ciência se vale dessa palavra tanto para interrogar uma possibilidade criativa - embora pouco explorada
como para explicar o que nos parecia inexplicável. da nossa imaginação.
e) a razão de ser dessa palavra é expressar a curiosidade e) Não é comum, note-se bem, que alguém considere
que sentimos diante dos fenômenos naturais. a loucura para além da mera insanidade, vendo nela
uma possibilidade criativa, embora pouco explorada,
36. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – TÉCNICO MINISTE- da nossa imaginação.
RIAL – FCC – 2018)
Analisando-se a pergunta do pai e a resposta do médico, 39. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO
deve-se concluir que AMBIENTAL – FCC – 2018)

a) a explicação clínica fornecida, como costuma ocorrer, Júlio Verne: previsões do autor que se tornaram
está longe de ser “irretocável”. realidade
b) a medicina tem explicações que vão muito além das
nossas necessidades de conhecimento. O escritor francês Júlio Verne é considerado por mui-
c) a indagação do pai leva o médico a satisfazê-la com tos o pai da ficção científica. Suas obras influenciaram ge-
uma explicação objetiva e minuciosa. rações e inspiraram filmes e séries de TV. Há quase cem
d) os esforços do médico em consolar o pai desesperado filmes baseados em mais de 30 livros assinados por ele.
levaram-no à máxima precisão científica. Júlio Verne nasceu na cidade de Nantes em fevereiro
e) os porquês levantados pelo pai ultrapassam em muito de 1828. Sua verdadeira paixão eram as viagens, que na
a “superfície causal” da sua experiência. época eram feitas principalmente de navio. Aos 11 anos,
ele fugiu de casa para se tornar marinheiro. Na primeira
LÍNGUA PORTUGUESA

37. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – TÉCNICO MINISTE- escala, porém, seu pai conseguiu apanhá-lo − e depois
RIAL – FCC – 2018) Está clara e correta a redação deste quem apanhou foi o pequeno Verne. Reza a lenda que
livre comentário sobre o texto: ele teria jurado não voltar a viajar, a não ser em sua ima-
ginação e fantasia.
a) Nas considerações que faz, o autor releva a possibi- Um dos fatos que mais chamam a atenção em suas
lidade de haver perguntas essenciais para as quais a obras são as previsões feitas pelo escritor que se concre-
ciência não está habilitada a responder de forma ca- tizaram séculos depois. Por exemplo, oitenta anos antes
tegórica. dos noticiários televisivos surgirem, Júlio Verne descre-

99
veu a alternativa para os jornais: “Em vez de ser impresso, O assunto central do texto é
o ‘Crônicas da Terra’ seria falado, teria assinantes e parti-
ria de conversas interessantes dos repórteres e cientistas a) a dificuldade do relacionamento amoroso entre duas
que contariam as notícias do dia”. Ele também imaginou pessoas que estão longe.
o “fonotelefoto”, que seria usado pelos repórteres para b) a diferença de estilos de vida em duas cidades que se
registrar e transmitir sons e imagens. distanciam no espaço.
(Adaptado de: MARASCIULO, Marilia. Júlio Verne: previsões do c) o amor proibido entre pessoas que pertencem a clas-
autor que se tornaram realidade. Disponível em: https://revistagali- ses sociais opostas.
leu.globo.com) d) a beleza do amor verdadeiro, que se fortalece com o
decorrer do tempo.
De acordo com o texto, Júlio Verne e) o primeiro encontro entre amantes que se conhece-
ram por correspondência.
a) dedicou grande parte de sua vida a fazer experimentos
científicos visando prever o futuro. 42. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM-
b) inventou e desenvolveu muitos artefatos que se torna- BIENTAL – FCC – 2018) Não se telefonam mais; é tão
ram célebres ao longo dos séculos. caro e demorado e tão ruim e, além disso, que se diriam?
c) produziu suas obras inspirado nos livros de ficção Preservando-se o sentido do texto, a expressão que
científica que lia na infância. substitui o sinal de ponto e vírgula na frase acima é
d) previu o jornalismo televisivo antes mesmo que fosse
inventado o aparelho de TV. a) por que.
e) foi o primeiro a noticiar eventos usando um aparelho b) porém.
que registrava e transmitia sons e imagens. c) porque.
d) por em.
40. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM- e) porquê.
BIENTAL – FCC – 2018) Considere o trecho: Ele também
43. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM-
imaginou o “fonotelefoto”, que seria usado pelos repórte-
BIENTAL – FCC – 2018) O autor chama a atenção para
res para registrar sons e imagens. As aspas em “fonotele-
o fato de que os amantes desejam estar próximos um do
foto” sinalizam uma palavra
outro no trecho:
a) usada frequentemente.
a) Em cada uma dessas cidades há uma pessoa...
b) com sentido oposto ao usual.
b) Andam em ruas tão diferentes e passam o dia falando
c) citada da obra de Júlio Verne. línguas diversas.
d) criada pela autora do texto. c) E ao que ama o que importa é a pessoa amada hoje,
e) com uso restrito ao jornalismo. agora, aqui...
d) Em uma cidade há um milhão e meio de pessoas, em
41. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM- outra há outros milhões...
BIENTAL – FCC – 2018) e) ... e as cidades são tão longe uma da outra que nesta é
verão quando naquela é inverno.
Não ameis à distância!
44. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM-
Em uma cidade há um milhão e meio de pessoas, em BIENTAL – FCC – 2018) O vocábulo Então, em destaque
outra há outros milhões; e as cidades são tão longe uma no último parágrafo, introduz uma
da outra que nesta é verão quando naquela é inverno.
Em cada uma dessas cidades há uma pessoa; e essas a) oposição.
pessoas tão distantes acaso podem cultivar em segredo, b) finalidade.
como plantinha de estufa, um amor à distância? c) comparação.
Andam em ruas tão diferentes e passam o dia falan- d) conformidade.
do línguas diversas. Não se telefonam mais; é tão caro e e) consequência.
demorado e tão ruim e, além disso, que se diriam? Escre-
vem-se. Mas uma carta leva dias para chegar; ainda que 45. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM-
venha cheia de sentimento, quem sabe se no momento BIENTAL – FCC – 2018) Considerando-se as regras de
em que é lida já não poderia ter sido escrita? A carta não regência verbal, está empregado em conformidade com
diz o que a outra pessoa está sentindo, diz o que sentiu a norma-padrão o segmento destacado em:
na semana passada... e as semanas passam de maneira
assustadora. a) O amado escrevia cartas à sua amada semanalmente,
LÍNGUA PORTUGUESA

E ao que ama o que importa é a pessoa amada hoje, mas ela já não as lia com afeto.
agora, aqui − e isso não há. Então a outra pessoa vira b) O autor dirigiu-se ao leitor e o perguntou se aquele
retratinho no bolso, borboleta perdida no ar, brisa que amor resistiria ao tempo e ao distanciamento.
a testa recebe na esquina, tudo o que for eco, sombra, c) Os amantes correspondiam-se regularmente, mas as
imagem, um pequeno fantasma, e nada mais. cartas não os diziam o que estavam sentindo.
(Adaptado de: BRAGA, Rubem. A traição das elegantes. Rio de d) Todas as segundas-feiras, o rapaz esperava que o car-
Janeiro, Record, 1982, p. 34) teiro o entregasse uma carta da amada.

100
e) Hoje, com a internet, as pessoas recebem instantanea- Do ponto de vista e em termos de posição sociocul-
mente as mensagens que as enviam. tural do “branco”, o que ganha o centro do palco não é
o “preconceito de cor”, mas uma realidade moral reativa,
46. (SABESP-SP – ANALISTA DE GESTÃO – FCC – que bem poderia ser designada como o “preconceito de
2018 – ADAPTADA) Em Há qualquer coisa de estranho não ter preconceito”.
neste tipo de raciocínio, o segmento em destaque tem (Adaptado de: FLORESTAN, Fernandes. O Negro no Mundo dos
função sintática equivalente ao que se encontra subli- Brancos. São Paulo: Difel, 1972, pp. 23-25)
nhado em:
De acordo com o texto,
a) sendo apenas uma, não pode ser nada mais do que
uma coisa a) em decorrência de uma dubiedade no plano dos va-
b) a retomada do discurso daqueles que foram “catalo- lores, que separa o plano da efetividade de um ou-
gados” tro plano, o ideal, o preconceito racial no Brasil ganha
c) garantias jurídicas fundamentais que permitiam asse- uma roupagem dissimulada, o que o autor chama de
gurar “preconceito de não ter preconceito”.
d) o conjunto de discursos que afirmam quem é este b) o fato de se manter, no Brasil, a liberdade no plano das
homem-objeto ideias, fez com que não se chegasse a extremos, como
e) Creio que o presidente faria melhor em outros países, e o “preconceito de cor”, como é
referido pelo autor, não se tornasse efetivo, mas sim
47. (SABESP-SP – ANALISTA DE GESTÃO – FCC – permanecesse encoberto.
2018) Em Se os países africanos suprimirem a palavra c) o desdobramento de uma oposição – o caráter ultra-
“pobreza”, ela desaparece?, mantêm-se a adequada cor- jante da ação sofrida e o caráter degradante da ação
relação entre os verbos substituindo-os respectivamente praticada – confere ao Brasil uma posição singular em
por: relação ao “preconceito de cor”, que é mais sentido do
que manifestado, uma vez que em nenhum momento
a) tenham suprimido − desaparecera deixa de ser condenado de modo irrestrito.
b) suprimam − desapareça d) o branco, ao tornar-se mais consciente de sua reali-
c) tem suprimido − tinha desaparecido dade social, passa a condenar as atitudes racistas, em
d) teriam suprimido − há de desaparecer consonância com seu pensamento, com a liberdade e
e) suprimissem – desapareceria o decoro sociais, ainda que se esteja longe de resolver
o problema da discriminação no Brasil.
48. (SABESP-SP – ANALISTA DE GESTÃO – FCC – e) a herança colonial caracterizou um regime social, no
2018) Brasil, que se acomodou ao racismo, a ponto de ape-
nas no fim da década de 1960, quando é escrito o tex-
O que há de mais evidente nas atitudes dos brasi- to, medidas resolutivas serem postas em prática, dei-
leiros diante do “preconceito de cor” é a tendência a xando o plano ideal e ganhando efetividade.
considerá-lo como algo ultrajante (para quem o sofre) e
degradante (para quem o pratique). 49. (SEAD-AP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FCC
Contudo, na situação imperante nos últimos 40 anos – 2018)
(de 1927 até hoje), tem prevalecido uma considerável
ambiguidade axiológica. Os valores vinculados à ordem Vocação de escritor
social tradicionalista são antes condenados no plano
ideal que repelidos no plano da ação concreta e direta. Os escritores, como os oficiais das forças armadas,
Daí uma confusa combinação de atitudes e verbalizações são promovidos, seja por merecimento, seja por antigui-
ideais que nada têm a ver com as disposições efetivas de dade. Alguns impõem-se ao público e aos seus pares em
atuação social. Tudo se passa como se o “branco” assu- poucos golpes de audácia e talento. São os escritores na-
misse maior consciência parcial de sua responsabilidade tos, de vocação imperiosa e irresistível. Outros - e talvez
na degradação do “negro” e do “mulato” como pessoa seja este o meu caso - crescem na estima da classe inte-
mas, ao mesmo tempo, encontrasse sérias dificuldades lectual graças à continuidade de um trabalho de muitos e
em vencer-se a si próprio. muitos anos. Escrevem por força do ofício, mas é possível
O lado curioso dessa ambígua situação de transição que preferissem permanecer como leitores inveterados.
aparece na saída espontânea que se deu a esse drama
de consciência. Sem nenhuma espécie de farisaísmo Quando vejo e revejo a minha vida, que já vai longa,
consciente, tende-se a uma acomodação contraditória. passam-me pela memória várias imagens, as mais anti-
O “preconceito de cor” é condenado sem reservas, como
LÍNGUA PORTUGUESA

gas às vezes, mais nítidas que as recentes. Verifico então,


se constituísse um mal em si mesmo, mais degradante não sem surpresa, que fiz muitas coisas com as quais não
para quem o pratique do que para quem seja sua víti- contava e deixei de fazer outras tantas que planejara, é
ma. A liberdade de preservar os antigos ajustamentos verdade que no plano superficial da vontade, não das
discriminatórios e preconceituosos, porém, é tida como forças mais profundas da personalidade.
intocável, desde que se mantenha o decoro e suas mani- Na minha meninice, sonhei muito em ser poeta. De-
festações possam ser encobertas ou dissimuladas. pois, já na adolescência, na hora difícil de optar por uma
profissão, desejei ser médico, como meu pai, casando,

101
de certo modo, clínica e literatura. Já no fim dos estudos e) Aos alunos de colégio (brindar) o professor com suas
superiores, na falta de melhor, tentei ser professor de fi- aulas sobre Kant e Aristóteles, de modo modesto, se-
losofia, matéria que, apesar de não ter “a cabeça metafí- gundo ele mesmo confessa.
sica”, ensinei por bastante tempo em colégios estaduais,
sem qualquer proveito para Aristóteles e Kant, mas com 52. (SEAD-AP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FCC
imenso prazer pessoal e alguma aquiescência dos alu- – 2018)
nos. Não podia imaginar que, levado, certa vez, a escre-
ver uma crítica de teatro, estava definindo, para sempre, Conversa sobre o liberalismo
o meu futuro. Confesso que tenho orgulho em haver
contribuído, na medida das minhas forças, para que o O liberalismo promoveu uma ideia curiosa: para fazer
teatro saísse da posição humilhante de primo pobre que a felicidade de todos (ou, ao menos, da maioria), não se-
ocupava entre as artes literárias brasileiras. ria necessário decidir qual é o bem comum e, logo, impor
(Adaptado de: PRADO, Décio de Almeida. Seres, coisas, lugares. aos cidadãos que se esforçassem para realizá-lo. Seria
São Paulo: Companhia das Letras, 1997, 181-182) suficiente que cada um se preocupasse com seus inte-
resses e seu bem-estar. Essa atitude espontânea garanti-
No segmento no plano superficial da vontade, não das ria o melhor mundo possível para todos. Afinal, nenhum
forças mais profundas da personalidade, no contexto do malandro seria tolo a ponto de perseguir seu interesse
2.º parágrafo, fica estabelecida uma oposição entre particular de maneira excessiva, pois isso comprometeria
o bem-estar dos outros e produziria conflitos que rever-
a) a exterioridade dos desejos aparentes e a consistência teriam contra o suposto malandro.
das motivações mais pessoais. Ora, o liberalismo, aparentemente, pegou pra valer.
b) a fragilidade dos desejos mais pessoais e os impulsos Não paro de encontrar pessoas convencidas de que, cui-
que nos chamam da vida exterior. dando só de seus interesses, elas, no mínimo, não fazem
c) a ilusão dos desejos dados como profundos e a força mal a ninguém. O caso seguinte ilustra o que digo.
do que o destino já planejou para cada um. Converso com o moço que dirige o táxi. Falamos de
d) os bloqueios da nossa personalidade profunda e a for- perspectivas políticas. Ele está indignado com a corrup-
ma pela qual os desejos se mostram superficiais. ção das altas e das baixas esferas da política, conven-
e) a força imperiosa dos desejos manifestos e o pouco cido de que, não fossem os ladrões, o país avançaria e
controle que sobre eles tem a personalidade oculta. resolveríamos todos os nossos problemas. Concordo,
mas aponto que, mesmo calculando generosamente,
50. (SEAD-AP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FCC o dinheiro que some na corrupção não seria suficiente
– 2018) No terceiro parágrafo, confessa o autor que sua para mudar o Brasil. Sem dúvida, deve ser bem inferior
atividade como crítico de teatro ao dinheiro que o governo deixa de arrecadar por causa
da sonegação banal: rendas não declaradas, notas fiscais
a) deveu-se sobretudo à força insuspeita de uma voca- que só aparecem sob pedido e por aí vai. Pergunto-lhe
ção autêntica que ele sempre reprimira. então quanto ele paga de Imposto de Renda. Ganho a
b) manifestou-se por uma circunstância fortuita, mas famosa resposta: “Não adianta pagar, porque nada volta
acabou por se estabelecer de modo definitivo. para a gente.” Alego que não adianta esperar que algo
c) acabou por substituir sua vocação real, que ele exerci- volte se a gente não paga.
tou temporariamente no magistério. (Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São
d) foi motivada principalmente pela situação humilhante Paulo: Publifolha, 2004, p. 252-253)
em que se encontrava o teatro nacional.
e) nasceu por iniciativa de terceiros, que o convocaram Em relação ao que se costuma entender por liberalismo,
para sanar os equívocos do teatro brasileiro. o autor acredita que

51. (SEAD-AP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FCC a) o objetivo de uma realização coletiva só é alcançado
– 2018) O verbo indicado entre parênteses deverá flexio- quando já se garantiu plenamente o direito de uma
nar-se de modo a concordar com o elemento sublinhado realização pessoal.
em: b) é equivocada a ideia de que a busca espontânea de
satisfazer os interesses individuais redunda em bene-
a) Não (faltar) ao autor, a despeito de suas vocações fício para todos.
aparentes, bastante ânimo para reerguer o prestígio c) essa corrente de pensamento não obteve êxito por
do teatro nacional. não convencer as pessoas de que o interesse privado
b) Quando a alguém não (ocorrer) atender seus impul- é também um ideal público.
sos primeiros, é possível que venha a atender sua vo- d) os adeptos dessa tendência filosófica moderna inte-
LÍNGUA PORTUGUESA

cação essencial. ressam-se em promover uma tarefa de caráter social


c) Diante das condições que (atravessar), naqueles anos, que a política não toma para si.
o teatro nacional, não hesitou o autor em buscar re- e) somente pela imposição dessas novas ideias liberais
dimi-lo. a cada cidadão é que as políticas coletivistas podem
d) Seria preciso que o (recomendar) amigos para a fun- obter algum sucesso.
ção de crítico teatral para que o autor efetivamente se
consagrasse nesse trabalho.

102
53. (SEAD-AP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FCC d) O sujeito passivo tem direito, independentemente de
– 2018) Na conversa que manteve com o motorista do prévio protesto, à restituição total ou parcial do tribu-
táxi, o autor firmou uma posição pessoal, representada to e seus acréscimos, seja qual for a modalidade do
no segmento seu pagamento, quando for constatada a ocorrência
de erro no cálculo do montante do débito.
a) nenhum malandro seria tolo a ponto de perseguir seu e) As operações de saída com destino a empresas do co-
interesse particular de maneira excessiva (1.º parágra- mércio varejista de insumos agropecuários dispõe-se
fo). de isenção fiscal e redução de base de cálculo, confor-
b) isso comprometeria o bem-estar dos outros (1.º pará- me já prevê-se em lei, desde que observados os requi-
grafo). sitos exigidos para cada caso.
c) Falamos de perspectivas políticas (3.º parágrafo).
d) não fossem os ladrões, o país avançaria e resolveríamos 56. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES-
todos os nossos problemas (3.º parágrafo). TADUAL – FCC – 2018)
e) não adianta esperar que algo volte se a gente não paga
(3.º parágrafo). Existe uma estreita relação entre nutrição, saúde e
educação, de um lado, e capacidade de trabalho e inicia-
54. (SEFAZ-GO – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES- tiva de outro. A incompetência econômica do indivíduo
TADUAL – FCC – 2018) A frase escrita com clareza e resulta em privação material: sua demanda por bens não
correção, no que se refere ao emprego das formas ver- corresponde a uma demanda recíproca, no mercado, por
bais, é: aquilo que ele é capaz de oferecer. Ao mesmo tempo, a
pobreza de uma geração se torna o berço da incompe-
a) Será vedada a autorização para a aquisição de ma- tência da geração seguinte: o ambiente de privação ma-
téria-prima ao contribuinte que não estivesse regular terial e ignorância em que nasce (e se forma) o indivíduo
com o pagamento dos impostos na forma e no prazo impede que ele desenvolva todas as qualidades físicas,
que se estabeleceu na legislação tributária.
morais e intelectuais das quais dependerá sua compe-
b) Para participar da licitação, a empresa deverá possuir
tência na vida prática e sua sobrevivência no mercado.
tecnologias gráficas de segurança que correspondes-
Fecha-se assim o elo entre pobreza e improficiência.
se às especificações do edital, além de obter todas as
Entre os economistas do século XIX, foi Marshall
autorizações para operação no estado.
aquele que melhor compreendeu a importância da for-
c) Apenas depois que efetuasse o pagamento de todos
mação de capital humano - do investimento na qualida-
os impostos e que mantivesse regularizada sua situa-
de da força de trabalho - para um programa de reforma
ção junto aos órgãos responsáveis é que as lojas estão
social eficaz, voltado para a erradicação da pobreza e a
aptas a abrir suas portas ao consumidor.
d) Tendo em vista ser este um projeto piloto, aqueles que promoção da riqueza e do desenvolvimento sociais. Na
se oporem ao novo sistema de arrecadação seriam Inglaterra oitocentista de Marshall, existia um vasto con-
convidados a manifestar suas críticas através de dife- tingente de indivíduos trabalhando com um nível baixís-
rentes canais, como internet, telefone, além de deba- simo de produtividade, semiocupados ou até incapaci-
tes com as lideranças. tados de exercer qualquer tipo de atividade no mercado
e) Os crimes de sonegação, que vêm persistindo a des- que lhes garantisse o mínimo necessário para um padrão
peito do arrefecimento da fiscalização, atentam contra de vida tolerável.
os cofres públicos e promovem a concorrência desleal, A bandeira da educação compulsória e universal, fi-
prejudicando o trabalhador honesto. nanciada e pelo menos parcialmente provida pelo Esta-
do, é uma tônica constante da economia clássica desde
55. (SEFAZ-GO – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES- Adam Smith. Malthus, para citar apenas um exemplo,
TADUAL – FCC – 2018) A frase redigida em conformida- sugeria que o investimento público maciço em educa-
de com a norma-padrão da língua é: ção seria uma resposta mais eficaz do que a Poor Law
(sistema de assistência social aos pobres) no combate ao
a) Conclui-se, após análise criteriosa do caso em questão, pauperismo.
de que a colocação de embalagem definitiva, que visa O ponto crucial, contudo, é que os economistas clás-
acondicionar o produto na forma sobre que ele será sicos ainda tendiam a abordar a questão da educação
apresentado e adquirido pelo consumidor final, carac- mais sob o ângulo do bem-estar social, da mudança de
teriza industrialização. atitudes e valores que acarretava, do que sob o ângu-
b) Esta gerência, tendo apoiado-se na análise de peritos lo do capital humano, isto é, como parte do esforço de
no assunto, firmou o entendimento que as mercado- investimento e formação de capital produtivo de uma
nação.
LÍNGUA PORTUGUESA

rias relacionadas no documento subescrito não estão


sujeitas ao regime de substituição tributária pelas Foi apenas com os “Princípios de economia” de Mar-
operações posteriores. shall que os economistas passaram a tratar a educação,
c) Cabe ao estabelecimento fornecedor emitir nota fis- além da saúde, alimentação etc. - o investimento em se-
cal em nome do estabelecimento adquirente, a qual, res humanos em suma -, não mais como uma questão
além das exigências já previstas, devem constar nome, simplesmente humanitária (embora, é claro, também
endereço e número de inscrição estadual do estabele- o seja), mas como parte do esforço de acumulação de
cimento aonde os produtos serão entregues. capital: como investimento na capacidade produtiva da

103
população, entendida como resultante de sua saúde e 57. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES-
educação básica, bem como de seu grau de competência TADUAL – FCC – 2018) Fecha-se assim o elo entre pobre-
profissional. za e improficiência. (1.º parágrafo)
O núcleo do argumento marshalliano é a noção de Em relação aos argumentos que a antecedem, a frase aci-
que o verdadeiro gargalo com que se defrontam as eco- ma exprime noção de
nomias menos desenvolvidas não é a escassez de capital
financeiro, mas a escassez de capital humano. É a falta a) conclusão.
de capacitação da comunidade para integrar-se de forma b) causa.
dinâmica à economia mundial que compromete o esfor- c) concessão.
ço de crescimento numa economia atrasada. d) finalidade.
Mas o que é, afinal, o capital humano? O capital hu- e) oposição.
mano representa a capacitação do indivíduo para o tra-
balho qualificado. Ele é constituído não somente pelo 58. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES-
resultado do investimento da família e da sociedade na TADUAL – FCC – 2018) Considere as afirmações abaixo
competência produtiva das pessoas, mas também por a respeito da pontuação do texto.
elementos de natureza ética como, por exemplo, a ca-
pacidade dos indivíduos de agir com base nos interes- I. Mantendo-se a correção e o sentido, o sinal de interro-
ses comuns. Com isso, aumenta o poder de ganho dos gação da frase Mas o que é, afinal, o capital humano? (7.º
indivíduos no mercado e eles aprendem que é do seu parágrafo) pode ser suprimido, uma vez que se trata de
próprio interesse respeitar regras gerais de conduta das pergunta retórica, cuja finalidade é estimular a reflexão.
quais todos os participantes da sociedade se beneficiam, II. Sem prejuízo da correção e do sentido, o sinal de dois-
embora para isso precisem restringir alguns de seus inte- -pontos em A incompetência econômica do indivíduo re-
resses pessoais mais imediatos. sulta em privação material: sua demanda por bens... (1.º
É importante frisar que Marshall sustentou um argu- parágrafo) pode ser substituído por “pois” antecedido de
mento de caráter econômico quando defendeu a distri- vírgula.
buição menos desigual da riqueza e da renda, de modo a III. Os travessões que isolam o segmento do investimento
promover a formação de capital humano. Seu argumen- na qualidade da força de trabalho (2.º parágrafo) podem
to chama a atenção para os ganhos obtidos a partir da ser substituídos por parênteses, sem prejuízo da corre-
melhora na educação da população: “nenhuma mudança ção.
favoreceria tanto um crescimento mais rápido da rique-
za material quanto uma melhoria das nossas escolas [...], Está correto o que se afirma APENAS em
desde que possa ser combinada com um amplo sistema
de bolsas de estudo, o que permitirá ao filho do traba- a) I e II.
lhador mais simples a obtenção da melhor educação teó- b) II.
rica e prática que nossa época é capaz de oferecer a ele.” c) I e III.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. O elogio do vira-lata e d) II e III.
outros ensaios. Companhia das Letras, 2018, edição digital.) e) III.

Infere-se do texto que a teoria econômica de Marshall 59. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES-
TADUAL – FCC – 2018) Está correta a redação do co-
a) é tida como altruísta e estabeleceu um marco na con- mentário, baseado em ideias do texto, que se encontra
quista dos valores humanitários, uma vez que tratou em:
da ascensão social de toda uma geração de trabalha-
dores. a) Os Princípios de economia, de Marshall, tratam-se de
b) foi responsável, na Inglaterra, pela maior distribuição ideias que visavam considerar o investimento na saú-
da riqueza e da renda, advinda das práticas governa- de e educação dos seres humanos como uma questão
mentais que tomaram por base seus princípios. de ordem econômica.
c) serviu de alicerce ao sistema de assistência social aos b) A questão da educação era abordada por economistas
pobres, conhecido na Inglaterra como “Poor Law” e clássicos sob o ângulo do bem-estar social, da mu-
defendido por Adam Smith. dança de atitudes e valores que acarretava.
d) gerou uma mudança de paradigma, pois, a partir de c) Teorias à respeito da promoção de oportunidades para
tal teoria, o investimento em seres humanos passou a os trabalhadores foram o que influenciaram Marshall a
ser interpretado como parte do empenho para a acu- recomendar um esforço concentrado na frente educa-
mulação de capital. cional, prioritariamente na base do sistema.
e) é incompatível com a teoria proposta por Malthus, d) Constam entre os argumentos de caráter econômico
LÍNGUA PORTUGUESA

segundo a qual o financiamento da educação com- defendidos por Marshall a distribuição menos desi-
pulsória e universal deve ser compartilhado entre a gual da riqueza e da renda, que promoveria a forma-
iniciativa privada e o Estado. ção de capital humano.
e) Não se desenvolve, em ambiente de privação material
e ignorância todas as qualidades físicas, morais e inte-
lectuais necessárias para a competência do indivíduo
na vida prática e sua sobrevivência no mercado.

104
60. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES- dos resultados. Em vez de competição, associação de es-
TADUAL – FCC – 2018) forços; em vez de rivalidade, encontro de competências.
... que é do seu próprio interesse respeitar regras gerais de Seja em que campo se der, a boa parceria é a que se faz
conduta das quais todos os participantes da sociedade se para servir melhor a mais alguém. É esse, me parece, o
beneficiam... (7.º parágrafo) sentido que deve ganhar o movimento que acaba por
Mantêm-se a correção e, em linhas gerais, o sentido ori- unir os melhores parceiros.
ginal da frase acima substituindo-se o segmento subli- (Valdemar Gasparetto, inédito)
nhado por:
Considera-se no texto que a parceria entre o compositor
a) a que todos os participantes da sociedade se vanglo- Tom Jobim e o poeta Vinicius de Moraes acabou confir-
riam mando o fato de que, numa canção bem sucedida,
b) as quais todos os participantes da sociedade tiram
proveito a) a excelência da letra faz o ouvinte se esquecer da ex-
c) que favorecem todos os participantes da sociedade celência da música, assim como também pode ocorrer
d) de que todos os participantes da sociedade contam o inverso disso.
para seu benefício b) o músico e o poeta revezam-se em suas habilidades,
e) às quais trazem proveito a todos os participantes da de modo que ao fim e ao cabo não se sabe quem fez
sociedade exatamente o quê.
c) a letra e a música ajustam-se de tal modo que suas
61. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES- linguagens concorrem para que uma reforce o poder
TADUAL – FCC – 2018) Nas sociedades modernas, a so- de expressão da outra.
lidão atinge até 50% das pessoas com mais de 60 anos. d) o trabalho dos parceiros é tão inspirador, em seu fe-
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma cundo companheirismo, que acaba propiciando a for-
verbal resultante será: mação de novas parcerias.
e) a qualidade da música e a qualidade da letra derivam
a) era atingida. diretamente da amistosa competição que deve haver
b) são atingidas. entre os bons parceiros.
c) é atingida.
d) atinge-se. 63. (SP-PARCERIAS-SP – ANALISTA TÉCNICO – FCC
e) foram atingidas – 2018) No 3.º parágrafo do texto, o autor dá como con-
clusiva a sua tese de que
62. (SP-PARCERIAS-SP – ANALISTA TÉCNICO – FCC
– 2018) a) o trabalho das parcerias mais bem-sucedidas repre-
senta um maior benefício para terceiros.
Parcerias b) a insuficiência pessoal é sempre superada na soma de
esforços que constituem uma parceria.
Tom Jobim e Vinicius de Moraes constituíram, sem c) a associação entre parceiros deve estimular a saudável
dúvida, uma das grandes parcerias da nossa música. Na rivalidade de que nasce um trabalho bem-sucedido.
verdade, a parceria ia além da arte do compositor e do d) o objetivo precípuo de toda parceria é estreitar os la-
poeta que se juntaram nas mesmas canções: era a par- ços de companheirismo entre os parceiros.
ceria de amorosa amizade, de inabalável companheirismo. e) a autossuficiência de cada um dos parceiros acaba re-
A música é uma linguagem sem palavras, e as palavras dundando em benefício de um trabalho em comum.
têm em si mesmas uma música própria. Mas sempre há a
possibilidade de que a música fale com as palavras que a 64. (SP-PARCERIAS-SP – ANALISTA TÉCNICO – FCC
cantam, e de que as palavras cantem o que a música diz - é – 2018)
o que ocorre numa canção. No caso de Tom e Vinicius, a
excelência da composição musical uniu-se à excelência do Uma compreensão da História
texto poético - e deu nas maravilhas que conhecemos.
Penso em que outras atividades pode haver parcerias Eu entendo a História num sentido sincrônico, isto é,
igualmente felizes. Penso em Lucio Costa e Niemeyer, em que tudo acontece simultaneamente. Por conseguin-
engenharia e arquitetura construindo uma cidade pe- te, o que procura o romancista - ao menos é o que eu
las mãos fortes de uma multidão de parceiros operários tento fazer - é esboçar um sentido para todo esse caos
entregues à tarefa comum de plantar edifícios no campo de fatos gravados na tela do tempo. Sei que esses fatos
aberto. Penso, sim, na parceria artilheira de Pelé e Coutinho se deram em tempos distintos, mas procuro encontrar
LÍNGUA PORTUGUESA

no mítico Santos dos anos 50 e 60. Penso nos parceiros de um fio comum entre eles. Não se trata de escapar do
mutirão, que se unem para plantar, colher, ou levantar as presente. Para mim, tudo o que aconteceu está a aconte-
paredes e cobrir o telhado de uma nova casa. Penso na cer. E isto não é novo, já o afirmava o pensador italiano
parceria de um professor e de um aluno, quando os une o Benedetto Croce, ao escrever: “Toda a História é História
mesmo interesse por uma investigação em comum. contemporânea”. Se tivesse que escolher um sinal que
As boas parcerias não nascem da insuficiência pessoal marcasse meu norte de vida, seria essa frase de Croce.
de cada um dos parceiros; nascem como uma aspiração (SARAMAGO, José. As palavras de Saramago. São Paulo: Com-
deles a que a junção de talentos multiplique o sucesso panhia das Letras, 2010, p. 256)

105
A frase citada de Benedetto Croce despertou toda a ad- pretenderam imobilizar o passado nacional em seu benefí-
miração de José Saramago porque ela cio, dando-lhe dimensões de mito ou inventando-o quan-
do necessário. Para o fascismo italiano, o ponto de referên-
a) traduz à perfeição a convicção de ambos, segundo a cia era a Roma antiga, imperial; para a Alemanha de Hitler,
qual o fato de a História não se repetir não significa uma combinação de bárbaros radicalmente puros das flo-
atraso ou paralisia. restas teutônicas com nobreza medieval; para a Espanha
b) expressa o sentido da sincronicidade que rege e ca- de Franco, a era dos triunfantes governantes católicos que
racteriza o tempo da História, tese que é também a do expulsaram os infiéis e resistiram a Lutero. A União Soviética
escritor português. teve mais dificuldade para adotar o legado dos czares que
c) representa a convicção de que na contemporaneida- a Revolução tinha sido feita, afinal de contas, para destruir,
de a evolução da História vai suprimindo o caos dos mas Stálin acabou achando conveniente mobilizá-lo.
eventos passados. O que ficou da arte do poder nesses países? Sur-
d) denota o otimismo dos historiadores do tempo pre- preendentemente, pouco na Alemanha, mais na Itália,
sente, segundo os quais a civilização do futuro incor- talvez mais ainda na Rússia. Só uma coisa todos perde-
porará os acertos do passado. ram: o poder de mobilizar a arte e o povo como teatro
e) encerra a antiga sabedoria dos historiadores clássicos, público. Isso, o mais sério impacto do poder na arte entre
que não viam razão para deixar de cultuar a memória 1930 e 1945, desapareceu com os regimes que tinham
das antigas civilizações. garantido sua sobrevivência através da repetição regular
de rituais públicos. Desapareceram para sempre, junta-
65. (SP-PARCERIAS-SP – ANALISTA TÉCNICO – FCC mente com aquele poder.
– 2018) Está plenamente adequada a pontuação da se- (Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados. Trad. Berilo
guinte frase: Vargas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 276)

a) Na visão de Saramago o papel de um romancista, Deve-se depreender da leitura do 2.º parágrafo do texto
diferentemente do de um historiador é: tratar ficcio- que a arte promovida pelos ditadores entre 1930 e 1945
nalmente de fatos que podem ocorrer, em qualquer
tempo da história uma vez que, ainda de acordo com a) manteve, surpreendentemente, um efeito residual
esse grande escritor português - a progressão dos fa- nada desprezível, conforme se verificou de modo es-
tos vividos, pode ser compreendida sincronicamente. pecial na Alemanha e na Itália.
b) Na visão de Saramago, o papel de um romancista b) deixou de ter, por conta da fragilidade de suas pre-
diferentemente do de um historiador, é tratar ficcio- missas estéticas, repercussão efetiva junto às massas
nalmente de fatos que podem ocorrer, em qualquer nacionalistas.
tempo da história; uma vez que ainda de acordo com c) obteve nesse período o poder de mobilização progra-
esse grande escritor português, a progressão dos fa- mada para encenar teatralmente uma aliança entre a
tos vividos pode ser compreendida sincronicamente. ditadura e o povo.
c) Na visão de Saramago o papel de um romancista, di- d) subsistiu sem perder força tão somente na Rússia,
ferentemente, do de um historiador, é tratar ficcio- onde foi possível revitalizar antigos rituais públicos
nalmente de fatos que podem ocorrer em qualquer por meio de sua repetição.
tempo da história - uma vez que ainda de acordo com e) teve logo esgotado o seu prestígio inicial, por conta do
esse grande escritor português, a progressão dos fa- que havia de repetitivo no retorno ritual a uma mito-
tos vividos pode ser compreendida sincronicamente. logia anacrônica.
d) Na visão de Saramago, o papel de um romancista,
diferentemente do de um historiador, é tratar ficcio- 67. (TRT-2.ª REGIÃO-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO –
nalmente de fatos que podem ocorrer em qualquer FCC – 2018) Para o autor do texto, a tarefa assumida
tempo da história, uma vez que, ainda de acordo com pelos ditadores em relação ao passado histórico nacional
esse grande escritor português, a progressão dos fa- consiste em
tos vividos pode ser compreendida sincronicamente.
e) Na visão de Saramago, o papel de um romancista a) valorizar nele uma mitologia adequada para figurar
diferentemente do de um historiador é tratar, ficcio- uma nova representação nacionalista, identificada
nalmente, de fatos que podem ocorrer, em qualquer com o projeto ditatorial.
tempo da história: uma vez que ainda de acordo, com b) recuperar dos velhos mitos os que se formalizam numa
esse grande escritor português, a progressão dos fa- estética que possa representar pela arte os interesses
tos vividos pode ser compreendida, sincronicamente. legitimamente populares.
c) adulterar a narrativa convencional dos feitos do passa-
66. (TRT-2.ª REGIÃO-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – do, acusando-os como fracassos que podem ser redi-
LÍNGUA PORTUGUESA

FCC – 2018) midos pelo novo regime.


d) rever as conquistas épicas de um povo, para submetê-
Artes e ditadores -las a uma nova apreciação crítica que identifique a
razão de seu esquecimento.
Os ditadores sempre quiseram que a arte expressasse e) esvaziar o sentido objetivo das antigas conquistas,
seu ideal de “povo”, de preferência em momentos de de- para que elas percam o valor numa comparação os-
voção ou entusiasmo pelo regime. Para isso, os ditadores tensiva com as conquistas do presente.

106
68. (TRT-2.ª REGIÃO-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – terceiro milênio, tendo chegado à Lua e à engenharia ge-
FCC – 2018) Alterando-se os tempos e modos verbais nética, os seres humanos se voltavam ávidos a técnicas
de um segmento do texto, mantém-se uma coerente e milenares de relaxamento na esperança de encontrar al-
adequada articulação entre eles, na seguinte frase: guma paz e algum sentido para suas vidas simultanea-
mente atribuladas e vazias”.
a) Era uma conhecida frase, que sucessivas gerações vies- Um lagarto, penso, jamais faria um curso de medi-
sem a frequentar. tação. “Sente a pedra. A barriga na pedra. Relaxa a cau-
b) Ela logo surgiria a propósito de qualquer coisa que da. Agora sente o sol aquecendo as escamas. Esquece
se houver considerado uma novidade despropositada. as moscas. Esquece as cobras rondando a toca. Inspira.
c) A ideia seria sempre demonstrar que a vida e o mundo Expira.” Eu imagino que o lagarto sinta a pedra. A barriga
já tivessem sido muito melhores. na pedra. O prazer simples e ancestral de lagartear sob
d) Algo de muito melhor haverá de ficar para trás e se o sol.
perdera. Se o lagarto consegue esquecer as moscas ou a co-
e) Vindo a ser tudo uma repetição conservadora, nenhu- bra rondando a toca, já não sei. A parte mais interna e
ma descoberta houvera de se dar. mais antiga do nosso cérebro é igual à dos répteis. É dali
que vem o medo, ferramenta evolutiva fundamental para
69. (TRT-2.ª REGIÃO-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – trazer nossos genes triunfantes e nossos cérebros aflitos
FCC – 2018) através dos milênios até aquela roda, no décimo segun-
do andar de um prédio na cidade de São Paulo.
Necessidade interior Não há nada de místico na meditação. Pelo contrá-
rio. Meditar é aprender a estar aqui, agora. Eu acho que
Uma coisa que não podemos fazer é forçar o tem- nunca estive aqui, agora. O ansioso está sempre em ou-
po interior. Cada coisa tem seu momento de maturação, tro lugar. Sempre pré-ocupado. Às vezes acho que nasci
e apressá-la significaria debilitá-la, uma fatal distorção. meia hora atrasado e nunca recuperei esses trinta minu-
Num segmento do teu tempo, tens um conjunto de coi- tos. “Inspira. Expira”.
sas que estão desorganizadas, e subitamente se introduz Não é um problema só meu. A revista dominical do
aí um elemento que organiza tudo. “New York Times” fez uma matéria de capa ano passa-
Algo assim me ocorreu de uma maneira muito inten- do sobre o tema. Dizia que vivemos a era da ansiedade.
sa, em meados de 1960. Uma vivência sentimental que Todas as redes sociais são latifúndios produzindo ansie-
tive, muito forte, pôs-se de repente a exigir de mim uma dade. Mesmo o presente mais palpável, como um prato
fumegante de macarrão, nós conseguimos digitalizar e
expressão, uma manifestação que fosse além da expres-
transformar em ansiedade. Eu preciso postar a minha
são direta desse sentimento mesmo. Senti que tinha algo
selfie dando a primeira garfada neste macarrão, depois
a dizer, a criar. Foi dessa forma tão elementar que tudo
nem vou conseguir comer o resto do macarrão, ou sentir
começou. Foi assim que me fiz escritor.
o gosto do macarrão, porque estarei ocupado conferin-
(Adaptado de: SARAMAGO, José. As palavras de Saramago. São
do quantas pessoas estão comentando a minha foto co-
Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 75)
mendo o macarrão que esfria, a minha frente.
“Inspira, expira.” A voz da instrutora é tão calma e se-
De acordo com o segundo parágrafo do texto, deve-se gura que me dá a certeza de que ela consegue comer o
entender que o escritor José Saramago macarrão e me dá a esperança de que também eu, um
dia, aprenderei a comer o macarrão. É só o que eu peço
a) encontrou na literatura uma forma de encarar e tradu- a cinco mil anos de tradição acumulada por monges e
zir as intensas experiências emocionais. budas e maharishis e demais sábios barbudos ou im-
b) valeu-se de sua vocação para escritor a fim de evitar berbes do longínquo Oriente. “Inspira. Expira.” Foco no
ser atingido por algum excesso de pressão sentimen- macarrão.
tal. (Adaptado de: PRATA, Antonio. Folha de S. Paulo. Disponível em:
c) tornou-se um criador celebrado por ter sabido ficar www.folha.uol.com.br)
imune às vivências dolorosas que o atormentavam.
d) resolveu exceder os limites da literatura, vivenciando A repetição do comando “Inspira, expira” ao longo do
de modo mais direto seus traumas afetivos. texto
e) buscou encontrar na literatura um consolo para poder
suportar seus delírios passionais. a) simboliza o ato de concentrar-se no aqui e agora rea-
lizado em sua plenitude pela instrutora, ato que é re-
70. (TRT-2.ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – produzido pelo autor quando este reflete sobre seu
FCC – 2018) papel na sociedade do terceiro milênio.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) representa textualmente a dificuldade que o autor tem


Meditação e foco no macarrão em meditar, tendo em vista que se lança a conjecturas
a respeito da condição de ansiedade generalizada da
“Sente os pés no chão”, diz a instrutora, com a voz sociedade atual.
serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, c) enfatiza o esforço do autor em seguir as orientações
“sente a respiração”. da instrutora, o qual tem o resultado esperado, evi-
“Inspira, expira”, ela diz, mas o narrador dentro da dente quando é invocada a sabedoria que sábios acu-
minha cabeça fala mais alto: “Eis então que no início do mularam ao longo dos anos.

107
d) explicita uma ação que inicialmente o autor realiza de ta, o romance ou o filme para explicar seu sentido junto
maneira mecânica, mas que vai sendo cada vez mais ao público. Certamente haverá oportunidade para todos
reproduzida de modo consciente à medida que ele refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artís-
adentra um profundo estado meditativo. tica que atingiu o nosso interesse e provocou o nosso
e) revela o tom de deboche do autor com relação à pos- prazer; mas nada será mais forte do que a mobilização
tura daqueles que ainda se esforçam em controlar sua emocional e intelectual que a obra já despertou em nós,
ansiedade, já que ele deixa claro seu ceticismo quanto no primeiro contato.
aos benefícios da meditação. (Aristeu Valverde, inédito)

71. (TRT-2.ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – A pergunta que constitui o título do texto encontra sua
FCC – 2018) Ao comparar o humano ao lagarto, o autor resposta, conforme se posiciona o autor, no seguinte
segmento:
a) sugere que o homem deve se inspirar na natureza para
perceber o quanto o medo pode ser nocivo, especial- a) materiais organizados num espaço físico de modo a
mente em situações que exigem o dispêndio de ener- constituírem uma obra de arte (1.º parágrafo).
gia criativa. b) os materiais eram, em si mesmos, insuficientes para sig-
b) satiriza a forma como o homem, mesmo após chegar nificarem alguma coisa (2.º parágrafo).
à Lua e dominar a engenharia genética, ainda anseia c) O grande músico, o grande escritor, o grande cineasta
por ter suas habilidades racionais equiparadas às de não precisam interpor-se entre a sonata, o romance ou
um réptil. o filme (3.º parágrafo).
c) elenca as características que tornam o homem supe- d) oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido di-
rior aos demais animais, frisando que a curiosidade e nâmico de uma obra artística (3.º parágrafo).
a capacidade criativa humana garantem sua contínua e) atingiu o nosso interesse e provocou o nosso prazer (3.º
evolução. parágrafo).
d) cria um efeito cômico, pois dá a entender que o la-
garto se mostra mais evoluído do que o homem, por 73. (TRT-6.ª REGIÃO-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO –
ser capaz de viver o instante sem se deixar influenciar FCC – 2018) Da posição assumida pelo autor do texto
pelo medo. em relação às instalações e às obras de arte em geral,
e) reforça que, em ambos, o medo é crucial para a pre- deduz-se sua convicção de que as obras de arte
servação da vida, destacando que a ansiedade típica
do homem está atrelada à necessidade de dar sentido a) não favorecem debates ou reflexões, em vista da au-
a sua existência. tossuficiência do sentido que exprimem de modo di-
reto.
72. (TRT-6.ª REGIÃO-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – b) devem ser esclarecidas por aquele que lhes emprestou
FCC – 2018) determinado sentido, ao criá-las com função estética.
c) desvendam-se por si mesmas, a menos que seu autor
A arte requer “explicação”? seja capaz de nos mostrar que seu sentido explica-se
conforme sua intenção.
Aqui e ali, quem frequenta bienais, salões de arte ou d) valem-se de uma força já presente em sua linguagem,
exposições de artes plásticas encontrará de repente não o que não impede que venhamos a refletir e ponderar
um quadro, uma escultura ou algum objeto de significa- sobre elas.
ção histórica, mas uma instalação – nome que se dá, se- e) dispensam qualquer explicação quando não se pro-
gundo o dicionário Houaiss, a “alguma obra de arte que põem a ser grandiosas, preferindo tirar partido de sua
consiste em construção ou empilhamento de materiais, simplicidade.
permanente ou temporário, em que o espectador pode
participar, manipulando-a, ou, sendo, às vezes, de tama- 74. (TRT-6.ª REGIÃO-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO –
nho tão grande, que o espectador pode nela entrar”. Tra- FCC – 2018) Transpondo-se para o discurso direto, em
ta-se, em outras palavras, de materiais organizados num linguagem adequada, o segmento Disse-me o artista na
espaço físico de modo a constituírem uma obra de arte. exposição que aquela sua instalação deveria comover-nos
Ocorre, porém, com grande parte das instalações, mesmo sem a sua explicação, obtém-se a construção:
um fenômeno curioso: com muita frequência o criador Disse-me o artista na exposição:
é convidado a explicar – e o faz com linguagem mui-
to sofisticada – o sentido profundo que pretendeu dar a) – Essa instalação minha deveria comover mesmo que
àquele conjunto de materiais, àquela instalação que ele vocês não a explicassem.
concebeu. Para o público, restará a impressão final de b) – Eis uma instalação minha cuja comoção não necessi-
LÍNGUA PORTUGUESA

que os materiais eram, em si mesmos, insuficientes para ta mesmo de sua explicação.


significarem alguma coisa: precisavam da explicação de c) – Esta minha instalação deverá comovê-los mesmo
quem os utilizou. que eu não a explique.
As verdadeiras obras de arte se impõem por si mes- d) – Aquela instalação deveria comover vocês ainda que
mas, independentemente de qualquer explicação prévia não a expliquem.
ou justificativa final. O grande músico, o grande escritor, e) – Aquela minha instalação deve comover-lhes mesmo
o grande cineasta não precisam interpor-se entre a sona- sem o que a explique.

108
75. (TRT-6.ª REGIÃO-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – c) À medida que notícias e opiniões são disseminadas
FCC – 2018) pela prática jornalística, os leitores munem-se de
ferramentas para exercer a cidadania de forma mais
Uma entrevista sincera consciente.
d) Mesmo se o jornalista se propor a abordar assuntos
Quando morreu Rubem Braga, nosso maior cronista, com seriedade, o jornalismo, por suas próprias ca-
a parte mais importante de sua vida sobreviveu guardada racterísticas fazem com que os fatos sejam apurados
nas mais de 15 mil crônicas que ele escreveu em 62 anos apressadamente.
de atividade jornalística. Tomei então uma decisão: resolvi e) Expressa-se por meio da linguagem, de modo incons-
usar as crônicas como se fossem uma longa e sincera en- ciente, as visões de mundo de quem escreve; logo,
trevista que Braga tivesse me concedido antes de morrer. mesmo que imparcial o relato jornalístico passa pela
A maior parte dos relatos deste livro não tem a preten- interpretação subjetiva do leitor.
são de ser uma reconstituição fiel dos fatos, mas apenas
sua evocação. A maioria absoluta das descrições e dos 77. (TRT-15.ª REGIÃO – CAMPINAS-SP – FCC – 2018)
diálogos deve ser lida, apenas, como uma recriação. A
crônica foi, para ele, um gênero eminentemente confes- [Cientistas e artistas]
sional, e os fatos, nada mais do que os fatos, sua matéria-
-prima. Mas, ao ler seus escritos, logo se percebe que es- Por meio de seu processo criativo, o cientista viabiliza
sas toneladas de acontecimentos estão cimentadas pela sua visão de mundo. Na minha opinião, a obra de um
força do lirismo e de vasta imaginação, ou simplesmente cientista, assim como a de um artista, é um reflexo de
desmoronariam. Em outras palavras: sem a capacidade sua personalidade, da escolha do tema de pesquisa ao
de sonhar, os fatos não subsistem e se tornam pó. Só a estilo e às técnicas usadas na solução de problemas. Cla-
mentira bem dita é capaz de moldar a verdade perdida. ro, o veículo e as linguagens da expressão do cientista e
Este livro não pretende ser uma biografia clássica de do artista são completamente diferentes. Mas existe um
momento entre o surgir de uma ideia e sua expressão,
Rubem Braga, mas apenas um retrato minimalista de um
seja por meio de uma equação ou de uma aquarela, que
dos maiores escritores que o Brasil já teve, que nos en-
é essencialmente idêntico.
sinou que vidas não são feitas apenas de fatos, mas so-
Ao recriar o mundo matematicamente, o cientista
bretudo do modo como os torneamos. Não basta viver, é
reinventa a realidade à sua volta, representando-a com
preciso dar sentido ao viver, ou tudo se evapora.
símbolos universais. Mesmo que o processo criativo
(CASTELLO, José. Na cobertura de Rubem Braga. Rio de Janeiro:
científico seja tão subjetivo quanto o processo criativo
José Olympio, 1996, p.9-10)
artístico, o produto final do trabalho do cientista é aces-
sível a qualquer outro cientista que domine o vocabulá-
Nesse texto de apresentação de seu livro, José Castello rio técnico da ciência. E, espero, também ao público não
caracteriza o cronista Rubem Braga como um escritor especializado, pelo esforço da comunidade científica em
para quem transmitir suas ideias de modo acessível.
Em princípio, não deve existir subjetividade na inter-
a) a fidedignidade aos fatos vividos deve ser a preocu- pretação de uma obra científica; os modelos criados por
pação maior de quem escreve sobre as próprias ex- cientistas são universais. É justamente nessa universali-
periências. dade que reside a força da ciência. As equações que des-
b) a capacidade de sonhar deve restringir-se ao mundo crevem um fenômeno são idênticas para todos os cien-
da imaginação, sem contato com as vivências da rea- tistas, independentes de diferenças religiosas, raciais ou
lidade. políticas. A Natureza não se presta a jogar nossos tolos
c) os acontecimentos ganham sentido e interesse na me- jogos de poder. A ciência, em sua versão mais pura, é
dida em que sejam trabalhados pela força da imagi- uma das formas mais humanas de conhecimento.
nação. (Adaptado de: GLEISER, Marcelo. Retalhos cósmicos. São Paulo:
d) os fatos dignos de representação literária são aqueles Companhia das Letras, 1999, p. 24-25)
que marcam nossa vida por sua excepcionalidade.
e) as crônicas devem burilar a imaginação de modo a A comparação possível entre a obra de um cientista e
fazer o leitor se dar conta de que tudo é mero produto a obra de um artista repousa no fato de que em ambas
da fantasia.
a) a forma de conhecimento, sendo essencialmente a
76. (TRT-6.ª REGIÃO-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – mesma, acaba por levar a resultados próximos que, no
FCC – 2018) Está correta a redação da seguinte frase: limite, chegam a confundir-se.
b) verifica-se uma mesma motivação do criador, qual
LÍNGUA PORTUGUESA

a) Haveriam grandes doses de jornalismo recreativo sen- seja, a de materializar uma ideia por meio de uma ex-
do oferecidas para a maioria, desde o tempo em cujo pressão que a revele para o público.
principal veículo de massas era o tabloide, depois che- c) projeta-se um reflexo da personalidade do criador, o
gando à televisão e internet. que dispensa o público de ter qualquer familiaridade
b) Enquanto questiona-se as bases materiais do jornalis- com linguagens específicas.
mo profissional, multiplica-se leitores na internet, ao d) a recriação da Natureza se faz segundo princípios bá-
passo que, viabiliza-se a possibilidade de universalizar sicos e objetivos, que alcançam uma validade logo re-
o ensino superior. conhecida como universal.

109
e) o efeito que provocam no público depende de que b) uma oposição entre sentimentos supostamente incon-
este reconheça o valor universal e objetivo dos mode- ciliáveis que, no entanto, ganham complementaridade
los empregados pelo criador. em sua alternância.
c) uma contenda entre duas iniciativas de comportamen-
78. (TRT-15.ª REGIÃO – CAMPINAS-SP – FCC – 2018) to na qual ambas são superadas pelo surgimento de
A frase Ao recriar o mundo matematicamente, o cientis- uma terceira alternativa.
ta reinventa a realidade à sua volta, representando-a com d) uma alternância entre duas soluções para um único
símbolos universais permanecerá correta e preservará seu problema, qual seja, o do indivíduo que só deseja su-
sentido caso se substituam as formas sublinhadas, respec- perar seu estado de isolamento.
tivamente, por e) um confronto entre duas providências radicalmente
opostas, que devem ser mantidas nessa condição es-
a) Se recriasse − reinventara − representá-la-á tática para se fortalecerem.
b) Para recriar − há de reinventar − representá-la
c) Uma vez que recriasse − terá de reinventá-la − quando 80. (TRT-15.ª REGIÃO – CAMPINAS-SP – TÉCNICO
a representará JUDICIÁRIO – FCC – 2018) Em O fato de que o objeto
d) Vindo a recriar − reinventaria − tendo-a representado de estudo está situado dentro da cabeça do próprio pes-
e) Caso venha a recriar − reinventará − ao representá-la quisador não é necessariamente um empecilho, caso se
substitua o segmento sublinhado por “A possibilidade”,
79. (TRT-15.ª REGIÃO – CAMPINAS-SP – FCC – 2018) as formais verbais deverão ser alteradas, respectivamen-
te, para:
Sabedoria de Sêneca
a) esteja situado − seja
Entre as tantas reflexões sábias que o filósofo estoico b) estivesse situado − seria
Sêneca nos deixou encontra-se esta: “Deve-se misturar e c) teria se situado − teria sido
alternar a solidão e a comunicação. Aquela nos incutirá o d) estivesse situado − seja
desejo do convívio social, esta, o desejo de nós mesmos; e) se situe – fosse
e uma será o remédio da outra: a solidão curará nossa
aversão à multidão, a multidão, nosso tédio à solidão”. É 81. (AGÊNCIA DE FOMENTO DO AMAPÁ-AP – ANA-
uma proposta admirável de equilíbrio, válida tanto para o LISTA DE FOMENTO ADVOGADO – FCC – 2019)
século I, na pujança do Império Romano em que Sêneca
viveu, como para o nosso, em que precisamos viver. É [Vocação de professor]
próprio, aliás, dos grandes pensadores, formular verda-
des que não envelhecem. Escritor nas horas vagas, sou professor por vocação e
Nesse seu preciso aconselhamento, Sêneca encontra destino. “A quem os deuses odeiam, fazem-no pedago-
a possibilidade de harmonização entre duas necessida- go”, diz o antigo provérbio; assim, pois, dando minhas
des opostas e aparentemente inconciliáveis. O decidido aulas há tantos anos, talvez esteja expiando algum crime
amor à solidão ou a necessidade ingente de convívio que ignoro, cometido porventura nalguma existência an-
com os outros excluem-se, a princípio, e marcariam per- terior. Apesar disso, não tenho maiores queixas de um
sonalidades radicalmente distintas. Mas Sêneca sabe que ofício que, mantendo-me sempre no meio dos moços,
ambas podem ser insatisfatórias em si mesmas: a natureza me dá a ilusão de envelhecer menos rapidamente do que
humana comporta impulsos contraditórios. Por isso está aqueles que passam a vida inteira entre adultos solenes
no sistema filosófico dos estoicos a noção de equilíbrio e estereotipados.
como princípio inescapável para o que consideram, como Outra vantagem da minha profissão principal é for-
o melhor dos nossos destinos, a “tranquilidade da alma”. necer material copioso para a profissão acessória. Se fos-
Esse equilíbrio supõe aceitarmos as tensões polari- se ficcionista, que mina não teria à mão no mundo da
zadas de nossa natureza dividida e aproveitar de cada adolescência, mina ainda insuficientemente explorada e
polaridade o que ela tenha de melhor: a solidão nos im- cheia de tesouros! Mas, como não sou ficcionista, utilizo-
pulsiona para o reconhecimento de nós mesmos, para a -me desse cabedal apenas para observação e reflexão; às
nossa identidade íntima, para a diferença que nos identi- vezes o aproveito nalgum monólogo inócuo, como este.
fica entre todos; a companhia nos faz reconhecer a iden- (Adaptado de: RÓNAI, Paulo. Como aprendi o Português e ou-
tidade do outro, movida pela mesma força que constitui tras aventuras. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014, p. 109)
a nossa. Sêneca, ao reconhecer que somos unos em nós
mesmos, lembra que essa mesma instância de unidade Na condição de professor por vocação e destino, o autor
está em todos nós, e tem um nome: humanidade.
LÍNGUA PORTUGUESA

se vê como
(Altino Sampaio, inédito)
Em síntese, a reflexão de Sêneca transcrita no texto inci- a) um velho pedagogo odiado pelos deuses, que está se
de sobre redimindo dos defeitos que demonstrou na condução
de sua carreira profissional.
a) um diálogo entre duas situações radicalmente opos- b) alguém que está envelhecendo na benfazeja compa-
tas, no qual cada uma só se afirma na medida em que nhia de jovens cujo universo, além de tudo, poderia
suprime a outra. propiciar-lhe farta matéria para a arte da ficção.

110
c) um escritor a quem o destino brindou com o talento 83. (AGÊNCIA DE FOMENTO DO AMAPÁ-AP – ANA-
da boa pedagogia, fazendo justiça a quem os deuses LISTA DE FOMENTO ADVOGADO – FCC – 2019) A
prezam pelo exercício dessa qualidade. estratégia exposta com brutal franqueza pelo presidente
d) um profissional dividido, uma vez que a pedagogia e a da Allied Stores (2.º parágrafo) consiste em admitir que
arte literária constituem um campo de disputas incon-
ciliáveis entre ficção e ensino. a) a indução a um sentimento de insuficiência e de mal-
e) alguém a quem foi reservado tanto o privilégio da cria- -estar nas mulheres é o método próprio da indústria
ção literária como o gosto pela avaliação crítica dos da beleza.
resultados dessa criação. b) os insistentes gastos das mulheres com produtos de
beleza dão origem aos altos investimentos desse setor
82. (AGÊNCIA DE FOMENTO DO AMAPÁ-AP – ANA- industrial.
LISTA DE FOMENTO ADVOGADO – FCC – 2019) c) um mau negócio seria provocar nas mulheres alguma
obsessão por um ideal de beleza que não têm como
[Beleza e propaganda] atingir.
d) um bom negócio implica sempre uma satisfação ob-
A crescente padronização do ideal de beleza femini- jetiva dos anseios dos clientes, despertados por um
na foi um dos efeitos imprevistos da popularização da produto.
fotografia, das revistas de grande circulação e do cinema e) a ansiedade feminina deve ser canalizada para os pro-
a partir do início do século XX. Não é à toa que esse mo- dutos que efetivamente possam satisfazer a mulher de
vimento coincide com a decolagem e vertiginosa ascen- imediato.
são da indústria da beleza (hoje um mercado com receita
global acima de 200 bilhões de dólares). Como vender “a 84. (AGÊNCIA DE FOMENTO DO AMAPÁ-AP – ANA-
esperança dentro de um pote?” LISTA DE FOMENTO ADVOGADO – FCC – 2019) É
As estratégias variam ao infinito, porém a mais dia- plenamente regular o emprego das formas sublinhadas
bólica e (possivelmente) eficaz dentre todas - verdadeira na frase:
premissa oculta do marketing da beleza - foi explicitada
com brutal franqueza, em 1953, pelo então presidente da a) Compara-se os atrativos dos cosméticos para com a
megavarejista de cosméticos americana Allied Stores: “O “esperança dentro de um pote”.
nosso negócio é fazer as mulheres infelizes com o que b) Associam-se os atrativos dos cosméticos à “esperança
têm”. dentro de um pote”.
O atiçar cirúrgico da insegurança estética e a explo- c) Aproximam-se o que há de atrativo nos cosméticos
ração metódica das hesitações femininas no universo da diante da “esperança dentro de um pote”.
beleza abrem as portas ao infinito. Os números e lucros d) Podem equiparar-se a atração dos cosméticos como
do setor reluzem, mas quem estimará a soma de todo o uma “esperança dentro de um pote”.
mal-estar causado pelo massacre diuturno de um padrão e) Estabeleceu-se no texto os nexos dos cosméticos à
ideal de beleza? uma “esperança dentro de um pote”.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo:
Companhia das Letras, 2013, p. 104-105) 85. (BANRISUL-RS – ESCRITURÁRIO – FCC – 2019)

O autor do texto se posiciona claramente contra A chave do tamanho

a) os efeitos nocivos da propaganda, quando se vale de O antes de nascer e o depois de morrer: duas eter-
recursos das artes tradicionais para vender produtos nidades no espaço infinito circunscrevem o nosso breve
de grande significação social. espasmo de vida. A imensidão do universo visível com
b) as teses idealistas acerca do que seja o belo, que pro- suas centenas de bilhões de estrelas costuma provocar
pagam modelos estéticos ligados a um passado clássi- um misto de assombro, reverência e opressão nas pes-
co que hoje não guardam qualquer sentido. soas. “O silêncio eterno desses espaços infinitos me aba-
c) a exploração comercial de produtos ligados à estética te de terror”, afligia-se o pensador francês Pascal. Mas
feminina, como os cosméticos, que ele julga perverter será esse necessariamente o caso?
o padrão ideal de beleza. O filósofo e economista inglês Frank Ramsey respon-
d) a disseminação de padrões de beleza inatingíveis que de à questão com lucidez e bom humor: “Discordo de
atendem a um ávido interesse econômico e acarretam alguns amigos que atribuem grande importância ao ta-
infelizes obsessões às mulheres. manho físico do universo. Não me sinto absolutamente
e) a reprodução de modelos de beleza que levam as mu- humilde diante da vastidão do espaço. As estrelas po-
LÍNGUA PORTUGUESA

lheres a encontrar em si mesmas uma fonte de prazer dem ser grandes, mas não pensam nem amam - qualida-
sem qualquer relevância social. des que impressionam bem mais do que o tamanho. Não
acho vantajoso pesar quase cento e vinte quilos”.
Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada
um de nós, não apenas um punhado de décadas, mas
centenas de milhares ou milhões de anos? O valor da
vida e o enigma da existência renderiam, por conta disso,
os seus segredos? E se nos fosse concedida a imortalida-

111
de, isso teria o dom de aplacar de uma vez por todas o 28 D
nosso desamparo cósmico e as nossas inquietações? Não
creio. Mas o enfado, para muitos, seria difícil de suportar. 29 D
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. 30 C
São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 35)
31 A
Ao longo do texto, o autor sustenta a ideia de que a in- 32 C
finitude 33 D
a) do universo acalenta nossa confiança na infinitude da 34 E
espécie humana. 35 C
b) dos espaços cósmicos refreia o nosso anseio de imor-
talidade. 36 E
c) do tempo universal impede-nos de usufruir o tempo 37 A
de nossa finitude. 38 E
d) dos espaços ou do tempo não garante a vantagem de
uma suposta imortalidade. 39 D
e) das coisas nunca representou alguma restrição à nossa 40 C
sensação de liberdade.
41 A
42 C
GABARITO 43 C
44 E
1 B 45 A
2 B 46 E
3 C 47 E
4 B 48 A
5 E 49 A
6 C 50 B
7 C 51 D
8 E 52 B
9 A 53 E
10 C 54 E
11 D 55 D
12 B 56 D
13 D 57 A
14 C 58 D
15 A 59 B
16 A 60 C
17 A 61 B
18 E 62 C
19 E 63 A
20 D 64 B
21 D 65 D
22 B 66 C
LÍNGUA PORTUGUESA

23 A 67 A
24 C 68 C
25 E 69 A
26 D 70 B
27 C 71 E

112
72 C ANOTAÇÕES
73 D
74 C
________________________________________________
75 C
76 C _________________________________________________
77 B _________________________________________________
78 E
_________________________________________________
79 B
_________________________________________________
80 B
81 B _________________________________________________
82 D _________________________________________________
83 A _________________________________________________
84 B
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85 D
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LÍNGUA PORTUGUESA

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113
ANOTAÇÕES

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114
ÍNDICE

RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Números inteiros e racionais: operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação); expressões numéricas;
múltiplos e divisores de números naturais; problemas. Frações e operações com frações.......................................................... 01
Números e grandezas proporcionais: razões e proporções; divisão em partes proporcionais; regra de três; porcentagem
e problemas................................................................................................................................................................................................................... 21
Sistemas de medidas: medidas de tempo; sistema decimal de medidas; sistema monetário brasileiro................................. 32
Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; deduzir novas informações
das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações................................. 41
Compreensão e elaboração da lógica das situações por meio de: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio
sequencial, orientação espacial e temporal, formação de conceitos, discriminação de elementos........................................... 41
Compreensão do processo lógico que, a partir de um conjunto de hipóteses, conduz, de forma válida, a conclusões
determinadas................................................................................................................................................................................................................ 41
quer, temos que seu antecessor será sempre de-
NÚMEROS INTEIROS E RACIONAIS: finido como m-1. Para ficar claro, seguem alguns
OPERAÇÕES (ADIÇÃO, SUBTRAÇÃO, exemplos:
MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, Ex: O antecessor de 2 é 1.
POTENCIAÇÃO); EXPRESSÕES NUMÉRICAS; Ex: O antecessor de 56 é 55.
Ex: O antecessor de 10 é 9.
MÚLTIPLOS E DIVISORES DE NÚMEROS
NATURAIS; PROBLEMAS. FRAÇÕES E
OPERAÇÕES COM FRAÇÕES. FIQUE ATENTO!
O único número natural que não possui an-
tecessor é o 0 (zero) !
NÚMEROS NATURAIS E SUAS OPERAÇÕES
FUNDAMENTAIS
1.1. Operações com Números Naturais
1. Definição de Números Naturais
Agora que conhecemos os números naturais e temos
Os números naturais como o próprio nome diz, são um sistema numérico, vamos iniciar o aprendizado das
os números que naturalmente aprendemos, quando es- operações matemáticas que podemos fazer com eles.
tamos iniciando nossa alfabetização. Nesta fase da vida, Muito provavelmente, vocês devem ter ouvido falar das
não estamos preocupados com o sinal de um número, quatro operações fundamentais da matemática: Adição,
mas sim em encontrar um sistema de contagem para Subtração, Multiplicação e Divisão. Vamos iniciar nossos
quantificarmos as coisas. Assim, os números naturais são estudos com elas:
sempre positivos e começando por zero e acrescentando
sempre uma unidade, obtemos os seguintes elementos: Adição: A primeira operação fundamental da Aritmé-
tica tem por finalidade reunir em um só número, todas
as unidades de dois ou mais números. Antes de surgir
ℕ = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, … . os algarismos indo-arábicos, as adições podiam ser rea-
lizadas por meio de tábuas de calcular, com o auxílio de
Sabendo como se constrói os números naturais, pode- pedras ou por meio de ábacos. Esse método é o mais
mos agora definir algumas relações importantes entre eles: simples para se aprender o conceito de adição, veja a
figura a seguir:
a) Todo número natural dado tem um sucessor (nú-
mero que está imediatamente à frente do número
dado na seqüência numérica). Seja m um núme-
ro natural qualquer, temos que seu sucessor será
sempre definido como m+1. Para ficar claro, se-
guem alguns exemplos:
Ex: O sucessor de 0 é 1.
Ex: O sucessor de 1 é 2.
Ex: O sucessor de 19 é 20.
Observando a historinha, veja que as unidades (pe-
b) Se um número natural é sucessor de outro, então dras) foram reunidas após o passeio no quintal. Essa reu-
os dois números que estão imediatamente ao lado nião das pedras é definida como adição. Simbolicamen-
do outro são considerados como consecutivos. Ve- te, a adição é representada pelo símbolo “+” e assim a
jam os exemplos: historinha fica da seguinte forma:
Ex: 1 e 2 são números consecutivos.
Ex: 5 e 6 são números consecutivos. 3
+
2
=
5
Ex: 50 e 51 são números consecutivos. 𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑒𝑔𝑢𝑒𝑖 𝑛𝑜 𝑞𝑢𝑖𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜

c) Vários números formam uma coleção de números Como toda operação matemática, a adição possui al-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

naturais consecutivos se o segundo for sucessor gumas propriedades, que serão apresentadas a seguir:
do primeiro, o terceiro for sucessor do segundo, o
quarto for sucessor do terceiro e assim sucessiva- a) Fechamento: A adição no conjunto dos números
mente. Observe os exemplos a seguir: naturais é fechada, pois a soma de dois números
Ex: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos. naturais será sempre um número natural.
Ex: 5, 6 e 7 são consecutivos.
Ex: 50, 51, 52 e 53 são consecutivos. b) Associativa: A adição no conjunto dos números
naturais é associativa, pois na adição de três ou
d) Analogamente a definição de sucessor, podemos mais parcelas de números naturais quaisquer é
definir o número que vem imediatamente antes possível associar as parcelas de quaisquer modos,
ao número analisado. Este número será definido ou seja, com três números naturais, somando o pri-
como antecessor. Seja m um número natural qual-

1
meiro com o segundo e ao resultado obtido somarmos um terceiro, obteremos um resultado que é igual à soma
do primeiro com a soma do segundo e o terceiro. Apresentando isso sob a forma de números, sejam A,B e C, três
números naturais, temos que:
𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 𝐴 + (𝐵 + 𝐶)

c) Elemento neutro: Esta propriedade caracteriza-se pela existência de número que ao participar da operação de
adição, não altera o resultado final. Este número será o 0 (zero). Seja A, um número natural qualquer, temos que:

𝐴+0 = 𝐴

d) Comutativa: No conjunto dos números naturais, a adição é comutativa, pois a ordem das parcelas não altera a
soma, ou seja, somando a primeira parcela com a segunda parcela, teremos o mesmo resultado que se somando
a segunda parcela com a primeira parcela. Sejam dois números naturais A e B, temos que:

𝐴+𝐵 =𝐵 +𝐴
Subtração: É a operação contrária da adição. Ao invés de reunirmos as unidades de dois números naturais, vamos
retirar uma quantidade de um número. Voltando novamente ao exemplo das pedras:

Observando a historinha, veja que as unidades (pedras) que eu tinha foram separadas. Essa separação das pedras
é definida como subtração. Simbolicamente, a subtração é representada pelo símbolo “-” e assim a historinha fica da
seguinte forma:
5 3 2
− =
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑎𝑚𝑖𝑔𝑜 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜

A subtração de números naturais também possui suas propriedades, definidas a seguir:

a) Não fechada: A subtração de números naturais não é fechada, pois há um caso onde a subtração de dois núme-
ros naturais não resulta em um número natural. Sejam dois números naturais A,B onde A < B, temos que:
A−B< 0
Como os números naturais são positivos, A-B não é um número natural, portanto a subtração não é fechada.

b) Não Associativa: A subtração de números naturais também não é associativa, uma vez que a ordem de reso-
lução é importante, devemos sempre subtrair o maior do menor. Quando isto não ocorrer, o resultado não será
um número natural.
c) Elemento neutro: No caso do elemento neutro, a propriedade irá funcionar se o zero for o termo a ser subtraído
do número. Se a operação for inversa, o elemento neutro não vale para os números naturais:
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

d) Não comutativa: Vale a mesma explicação para a subtração de números naturais não ser associativa. Como a
ordem de resolução importa, não podemos trocar os números de posição

Multiplicação: É a operação que tem por finalidade adicionar o primeiro número denominado multiplicando ou
parcela, tantas vezes quantas são as unidades do segundo número denominadas multiplicador. Veja o exemplo:

Ex: Se eu economizar toda semana R$ 6,00, ao final de 5 semanas, quanto eu terei guardado?

Pensando primeiramente em soma, basta eu somar todas as economias semanais:


6 + 6 + 6 + 6 + 6 = 30

2
Quando um mesmo número é somado por ele mesmo repetidas vezes, definimos essa operação como multiplica-
ção. O símbolo que indica a multiplicação é o “x” e assim a operação fica da seguinte forma:
6+6+6+6+6 6𝑥5
= = 30
𝑆𝑜𝑚𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖çõ𝑒𝑠

A multiplicação também possui propriedades, que são apresentadas a seguir:

a) Fechamento: A multiplicação é fechada no conjunto dos números naturais, pois realizando o produto de dois ou
mais números naturais, o resultado será um número natural.

b) Associativa: Na multiplicação, podemos associar três ou mais fatores de modos diferentes, pois se multiplicar-
mos o primeiro fator com o segundo e depois multiplicarmos por um terceiro número natural, teremos o mesmo
resultado que multiplicar o terceiro pelo produto do primeiro pelo segundo. Sejam os números naturais m,n e
p, temos que:
𝑚 𝑥 𝑛 𝑥 𝑝 = 𝑚 𝑥 (𝑛 𝑥 𝑝)

c) Elemento Neutro: No conjunto dos números naturais também existe um elemento neutro para a multiplicação
mas ele não será o zero, pois se não repetirmos a multiplicação nenhuma vez, o resultado será 0. Assim, o ele-
mento neutro da multiplicação será o número 1. Qualquer que seja o número natural n, tem-se que:
𝑛𝑥1=𝑛

d) Comutativa: Quando multiplicamos dois números naturais quaisquer, a ordem dos fatores não altera o produto,
ou seja, multiplicando o primeiro elemento pelo segundo elemento teremos o mesmo resultado que multiplican-
do o segundo elemento pelo primeiro elemento. Sejam os números naturais m e n, temos que:

𝑚𝑥𝑛 = 𝑛𝑥𝑚

e) Prioridade sobre a adição e subtração: Quando se depararem com expressões onde temos diferentes opera-
ções matemática, temos que observar a ordem de resolução das mesmas. Observe o exemplo a seguir:

Ex: 2 + 4 𝑥 3

Se resolvermos a soma primeiro e depois a multiplicação, chegamos em 18.


Se resolvermos a multiplicação primeiro e depois a soma, chegamos em 14. Qual a resposta certa?
A multiplicação tem prioridade sobre a adição, portanto deve ser resolvida primeiro e assim a resposta correta é 14.

FIQUE ATENTO!
Caso haja parênteses na soma, ela tem prioridade sobre a multiplicação. Utilizando o exemplo, temos que: .
(2 + 4)𝐱3 = 6 𝐱 3 = 18 Nesse caso, realiza-se a soma primeiro, pois ela está dentro dos parênteses

f) Propriedade Distributiva: Uma outra forma de resolver o exemplo anterior quando se a soma está entre parên-
teses é com a propriedade distributiva. Multiplicando um número natural pela soma de dois números naturais,
é o mesmo que multiplicar o fator, por cada uma das parcelas e a seguir adicionar os resultados obtidos. Veja o
exemplo:
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

2 + 4 x 3 = 2x3 + 4x3 = 6 + 12 = 18

Veja que a multiplicação foi distribuída para os dois números do parênteses e o resultado foi o mesmo que do item
anterior.

Divisão: Dados dois números naturais, às vezes necessitamos saber quantas vezes o segundo está contido no pri-
meiro. O primeiro número é denominado dividendo e o outro número é o divisor. O resultado da divisão é chamado
de quociente. Nem sempre teremos a quantidade exata de vezes que o divisor caberá no dividendo, podendo sobrar
algum valor. A esse valor, iremos dar o nome de resto. Vamos novamente ao exemplo das pedras:

3
Resposta: Letra D. Dado o preço inicial de R$ 1700,00,
basta subtrair a entrada de R$ 500,00, assim: R$
1700,00-500,00 = R$ 1200,00. Dividindo esse resulta-
do em 12 prestações, chega-se a R$ 1200,00 : 12 = R$
100,00

NÚMEROS INTEIROS E SUAS OPERAÇÕES


FUNDAMENTAIS
No caso em particular, conseguimos dividir as 8
pedras para 4 amigos, ficando cada um deles como 2 1.1 Definição de Números Inteiros
unidades e não restando pedras. Quando a divisão não
possui resto, ela é definida como divisão exata. Caso con- Definimos o conjunto dos números inteiros como a
trário, se ocorrer resto na divisão, como por exemplo, se união do conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3,
ao invés de 4 fossem 3 amigos: 4,..., n,...}, com o conjunto dos opostos dos números na-
turais, que são definidos como números negativos. Este
conjunto é denotado pela letra Z e é escrito da seguinte
forma:
ℤ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, … }
Sabendo da definição dos números inteiros, agora é
possível indiciar alguns subconjuntos notáveis:

a) O conjunto dos números inteiros não nulos: São


todos os números inteiros, exceto o zero:
Nessa divisão, cada amigo seguiu com suas duas pe-
dras, porém restaram duas que não puderam ser distri-
ℤ∗ = {… , −4, −3, −2, −1, 1, 2, 3, 4, … }
buídas, pois teríamos amigos com quantidades diferen-
tes de pedras. Nesse caso, tivermos a divisão de 8 pedras b) O conjunto dos números inteiros não negativos:
por 3 amigos, resultando em um quociente de 2 e um São todos os inteiros que não são negativos, ou
resto também 2. Assim, definimos que essa divisão não seja, os números naturais:
é exata. ℤ+ = 0, 1, 2, 3, 4, … = ℕ
Devido a esse fato, a divisão de números naturais não
é fechada, uma vez que nem todas as divisões são exa- c) O conjunto dos números inteiros positivos: São to-
tas. Também não será associativa e nem comutativa, já dos os inteiros não negativos, e neste caso, o zero
que a ordem de resolução importa. As únicas proprieda- não pertence ao subconjunto:
des válidas na divisão são o elemento neutro (que segue ℤ∗+ = 1, 2, 3, 4, …
sendo 1, desde que ele seja o divisor) e a propriedade
distributiva. d) O conjunto dos números inteiros não positivos:
São todos os inteiros não positivos:
ℤ_ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, }
FIQUE ATENTO!
e) O conjunto dos números inteiros negativos: São
A divisão tem a mesma ordem de priorida-
todos os inteiros não positivos, e neste caso, o zero
de de resolução que a multiplicação, assim
não pertence ao subconjunto:
ambas podem ser resolvidas na ordem que
aparecem. ℤ∗ _ = {… , −4, −3, −2, −1}

1.2 Definições Importantes dos Números inteiros

Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a


RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

EXERCÍCIO COMENTADO distância ou afastamento desse número até o zero, na


reta numérica inteira. Representa-se o módulo pelo sím-
bolo | |. Vejam os exemplos:
1. (Pref. De Bom Retiro – SC) A Loja Berlanda está com
promoção de televisores. Então resolvi comprar um tele-
Ex: O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0
visor por R$ 1.700,00. Dei R$ 500,00 de entrada e o res-
Ex: O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7
tante vou pagar em 12 prestações de:
Ex: O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9
a) R$ 170,00
a) O módulo de qualquer número inteiro, diferente de
b) R$ 1.200,00
zero, é sempre positivo.
c) R$ 200,00
d) R$ 100,00

4
Números Opostos: Voltando a definição do inicio do Ex: −8 + +5 = ?
capítulo, dois números inteiros são ditos opostos um do
outro quando apresentam soma zero; assim, os pontos Usando a regra, temos que:
que os representam distam igualmente da origem. Vejam
os exemplos: -8 = Perder 8
Ex: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é 2, +5 = Ganhar 5
pois 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0
Ex: No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de Logo: (Perder 8) + (Ganhar 5) = (Perder 3)
a é – a, e vice-versa.
Ex: O oposto de zero é o próprio zero. Após a definição de adição de números inteiros, va-
mos apresentar algumas de suas propriedades:
1.3 Operações com Números Inteiros
a) Fechamento: O conjunto Z é fechado para a adi-
Adição: Diferentemente da adição de números natu- ção, isto é, a soma de dois números inteiros ainda é um
rais, a adição de números inteiros pode gerar um pouco número inteiro.
de confusão ao leito. Para melhor entendimento desta
operação, associaremos aos números inteiros positivos o b) Associativa: Para todos 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ ℤ :
conceito de “ganhar” e aos números inteiros negativos o
conceito de “perder”. Vejam os exemplos: 𝑎 + (𝑏 + 𝑐) = (𝑎 + 𝑏) + 𝑐

Ex: (+3) + (+5) = ? Ex: 2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7

Obviamente, quem conhece a adição convencional, Comutativa: Para todos a,b em Z:


sabe que este resultado será 8. Vamos ver agora pelo a+b=b+a
conceito de “ganhar” e “perder”: 3+7=7+3
+3 = Ganhar 3
+5 = Ganhar 5 Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a
cada z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
Logo: (Ganhar 3) + (Ganhar 5) = (Ganhar 8) z+0=z
7+0=7
Ex: (−3) + (−5) = ?
Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em
Agora é o caso em que temos dois números negati- Z, tal que
vos, usando o conceito de “ganhar” ou “perder”: z + (–z) = 0
-3 = Perder 3 9 + (–9) = 0
-5 = Perder 5
Subtração de Números Inteiros
Logo: (Perder 3) + (Perder 5) = (Perder 8)
Neste caso, estamos somando duas perdas ou dois A subtração é empregada quando:
prejuízos, assim o resultado deverá ser uma perda maior. - Precisamos tirar uma quantidade de outra quanti-
E se tivermos um número positivo e um negativo? Va- dade;
mos ver os exemplos: - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
uma delas tem a mais que a outra;
Ex: (+8) + (−5) = ? - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
falta a uma delas para atingir a outra.
Neste caso, temos um ganho de 8 e uma perda de 5,
que naturalmente sabemos que resultará em um ganho A subtração é a operação inversa da adição.
de 3:
+8 = Ganhar 8 Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9
-5 = Perder 5
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

diferença
Logo: (Ganhar 8) + (Perder 5) = (Ganhar 3) subtraendo

Se observarem essa operação, vocês irão perceber minuendo


que ela tem o mesmo resultado que 8 − 5 = 3. Basica- Considere as seguintes situações:
mente ambas são as mesmas operações, sem a presença
dos parênteses e a explicação de como se chegar a essa 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião
simplificação será apresentado nos itens seguintes deste passou de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da
capítulo. temperatura?
Agora, e se a perda for maior que o ganho? Veja o Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6)
exemplo: – (+3) = +3

5
2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, du- (-1) x (-1) = (+1)
rante o dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura bai-
xou de 3 graus. Qual a temperatura registrada na noite Com o uso das regras acima, podemos concluir que:
de terça-feira?
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + Sinais dos números Resultado do produto
(–3) = +3
Iguais Positivo
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que Diferentes Negativo
(+6) – (+3) é o mesmo que (+5) + (–3).
Propriedades da multiplicação de números intei-
Temos: ros: O conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3 é, a multiplicação de dois números inteiros ainda é um
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3 número inteiro.
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3
Associativa: Para todos a,b,c em Z:
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros a x (b x c) = (a x b) x c
é o mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do 2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7
segundo.
Comutativa: Para todos a,b em Z:
axb=bxa
3x7=7x3
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por
1. Calcule: todo z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
zx1=z
a) (+12) + (–40) ; 7x1=7
b) (+12) – (–40)
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) zero, existe um inverso z–1=1/z em Z, tal que
z x z–1 = z x (1/z) = 1
Resposta: Aplicando as regras de soma e subtração 9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1
de inteiros, tem-se que:
a) (+12) + (–40) = 12 – 40 = -28 Distributiva: Para todos a,b,c em Z:
b) (+12) – (–40) = 12 + 40 = 52 a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) = +5 -16 – 9 + 20 = 25 3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5)
– 25 = 0
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) = -3 + 6 – 4 – 2 – 15 1.5. Divisão de Números Inteiros
= 6 – 24 = -18

1.4. Multiplicação de Números Inteiros

A multiplicação funciona como uma forma simplifi-


cada de uma adição quando os números são repetidos.
Poderíamos analisar tal situação como o fato de estar-
mos ganhando repetidamente alguma quantidade, como Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
por exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes consecutivas, 40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40
significa ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser in- 36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36
dicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a di-
2 + 2 + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60 visão exata de números inteiros. Veja o cálculo:
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos:


(–2) + (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60 (–20) : (+5) = q  (+5) . q = (–20)  q = (–4)
Observamos que a multiplicação é um caso particular Logo: (–20) : (+5) = +4
da adição onde os valores são repetidos.
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode Considerando os exemplos dados, concluímos que,
ser indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum para efetuar a divisão exata de um número inteiro por
sinal entre as letras. outro número inteiro, diferente de zero, dividimos o mó-
Para realizar a multiplicação de números inteiros, de- dulo do dividendo pelo módulo do divisor. Daí:
vemos obedecer à seguinte regra de sinais: - Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal,
(+1) x (+1) = (+1) o quociente é um número inteiro positivo.
(+1) x (-1) = (-1) - Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferen-
(-1) x (+1) = (-1) tes, o quociente é um número inteiro negativo.

6
- A divisão nem sempre pode ser realizada no con- Radiciação de Números Inteiros
junto Z. Por exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são
divisões que não podem ser realizadas em Z, pois A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a
o resultado não é um número inteiro. é a operação que resulta em outro número inteiro não
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é negativo b que elevado à potência n fornece o número a.
associativa e não tem a propriedade da existência O número n é o índice da raiz enquanto que o número a
do elemento neutro. é o radicando (que fica sob o sinal do radical).
A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro
1- Não existe divisão por zero. a é a operação que resulta em outro número inteiro não
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não existe negativo que elevado ao quadrado coincide com o nú-
um número inteiro cujo produto por zero seja igual a –15. mero a.
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, dife-
rente de zero, é zero, pois o produto de qualquer número Observação: Não existe a raiz quadrada de um nú-
inteiro por zero é igual a zero. mero inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 /b) 0 : (+6) = 0 /c) 0 : (–1) = 0
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais
1.6. Potenciação de Números Inteiros didáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas apare-
cimento de:
A potência an do número inteiro a, é definida como
um produto de n fatores iguais. O número a é denomina- 9 = ±3
do a base e o número n é o expoente.
an = a x a x a x a x ... x a mas isto está errado. O certo é:
a é multiplicado por a n vezes
9 = +3
Exemplos:
33 = (3) x (3) x (3) = 27 Observamos que não existe um número inteiro não
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125 negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um
(-7)² = (-7) x (-7) = 49 número negativo.
(+9)² = (+9) x (+9) = 81
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a
- Toda potência de base positiva é um número intei- é a operação que resulta em outro número inteiro que
ro positivo. elevado ao cubo seja igual ao número a. Aqui não res-
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9 tringimos os nossos cálculos somente aos números não
negativos.
- Toda potência de base negativa e expoente par é
um número inteiro positivo. Exemplos
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64
(a)
3
8 = 2, pois 2³ = 8.
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar
é um número inteiro negativo. (b)
3
−8 = –2, pois (–2)³ = -8.
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125
(c)
3
27 = 3, pois 3³ = 27.
Propriedades da Potenciação:

Produtos de Potências com bases iguais: Conserva- (d)


3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
-se a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6
= (–7)9 Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o
produto de números inteiros, concluímos que:
Quocientes de Potências com bases iguais: Conser-
va-se a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 (a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de núme-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

= (+13)8 – 6 = (+13)2 ro inteiro negativo.

Potência de Potência: Conserva-se a base e multipli- (b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a
cam-se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10 raiz de qualquer número inteiro.

Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1


= +9 (–13)1 = –13 Multiplicidade e Divisibilidade

Potência de expoente zero e base diferente de Um múltiplo de um número é o produto desse núme-
zero: É igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1 ro por um número natural qualquer. Já um divisor de um
número é um número cujo resto da divisão do número
pelo divisor é zero.

7
Ex: Sabe-se que 30 ∶ 6 = 5, porque 5× 6 = 30. Divisibilidade por 3: Um número é divisível por 3
quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos
Pode-se dizer então que: é divisível por 3.
“30 é divisível por 6 porque existe um numero natural
(5) que multiplicado por 6 dá como resultado 30.” Exs:
Um numero natural a é divisível por um numero na- a) 65385 é divisível por 3, pois 6 + 5 + 3 + 8 + 5 = 27,
tural b, não-nulo, se existir um número natural c, tal que e 27 é divisível por 3.
c.b=a. b) 15443 não é divisível por 3, pois 1+ 5 + 4 + 4 + 3 =
Voltando ao exemplo 30 ∶ 6 = 5 , conclui-se que: 30 é 17, e 17 não é divisível por 3.
múltiplo de 6, e 6 é divisor de 30.
Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4
Analisando outros exemplos: quando termina em 00 ou quando o número formado
a) 20 : 5 = 4 → 20 é múltiplo de 5 (4×5=20), e 5 é pelos dois últimos algarismos for divisível por 4.
divisor de 20
b) 12 : 2 = 6 → 12 é múltiplo de 2 (6×2=12), e 2 é Exs:
divisor de 12 a) 536400 é divisível por 4, pois termina em 00.
b) 653524 é divisível por 4, pois termina em 24, e 24
1. Conjunto dos múltiplos de um número natural: é divisível por 4.
c) 76315 não é divisível por 4, pois termina em 15, e
É obtido multiplicando-se o número natural em ques- 15 não é divisível por 4.
tão pela sucessão dos números naturais: 0, 1, 2, 3, 4, 5,
6,... Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5
Ex: Conjunto dos múltiplos de 7. Para encontrar esse quando termina em 0 ou 5.
conjunto basta multiplicar por 7 cada um dos números Exs:
da sucessão dos naturais: a) 35040 é divisível por 5, pois termina em 0.
7x0=0 b) 7235 é divisível por 5, pois termina em 5.
7x1=7 c) 6324 não é divisível por 5, pois termina em 4.
7 x 2 = 14
7 x 3 = 21
7 x 4 = 28
7 x 5 = 35 EXERCÍCIO COMENTADO

O conjunto formado pelos resultados encontrados 1. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos
forma o conjunto dos múltiplos de 7: M(7) = {0, 7, 14, de 5 positivos menores que 30.
21, 28,...}.
Resposta: Seguindo a tabuada do 5, temos que:
Observações: {5,10,15,20,25}.
- Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
- Todo número natural é múltiplo de 1.
- Todo número natural, diferente de zero, tem infini- Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6
tos múltiplos. quando é divisível por 2 e por 3.
- O zero é múltiplo de qualquer número natural.
- Os múltiplos do número 2 são chamados de núme- Exs:
ros pares, e a fórmula geral desses números é . a) 430254 é divisível por 6, pois é divisível por 2 (ter-
Os demais são chamados de números ímpares, e a fór- mina em 4) e por 3 (4 + 3 + 0 + 2 + 5 + 4 = 18).
mula geral desses números é . b) 80530 não é divisível por 6, pois não é divisível por
3 (8 + 0 + 5 + 3 + 0 = 16).
1.1. Critérios de divisibilidade: c) 531561 não é divisível por 6, pois não é divisível por
2 (termina em 1).
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

número é ou não divisível por outro, sem efetuarmos a Divisibilidade por 7: Para verificar a divisibilidade
divisão. por 7, deve-se fazer o seguinte procedimento.

Divisibilidade por 2: Um número é divisível por 2 - Multiplicar o último algarismo por 2


quando ele é par, ou seja, quando ele termina em 0, 2, - Subtrair o resultado do número inicial sem o últi-
4, 6 ou 8. mo algarismo
- Se o resultado for um múltiplo de 7, então o núme-
Exs: ro inicial é divisível por 7.
a) 9656 é divisível por 2, pois termina em 6.
b) 4321 não é divisível por 2, pois termina em 1. É importante ressaltar que, em caso de números com
vários algarismos, será necessário fazer o procedimento
mais de uma vez.

8
Ex: Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11
Analisando o número 1764 quando a diferença entre a soma dos algarismos de posi-
Procedimento: ção ímpar e a soma dos algarismos de posição par resulta
- Último algarismo: 4. Multiplica-se por 2: 4×2=8 em um número divisível por 11.
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o úl-
timo algarismo: 176-8=168 Exs:
- O resultado é múltiplo de 7? Para isso precisa veri- a) 43813 é divisível por 11. Vejamos o porquê
ficar se 168 é divisível por 7.
Os algarismos de posição ímpar são os algarismos
Aplica-se o procedimento novamente, agora para o nas posições 1, 3 e 5. Ou seja, 4,8 e 3. A soma desses
número 168. algarismos é 4 + 8 + 3 = 15
- Último algarismo: 8. Multiplica-se por 2: 8×2=16
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o úl- Os algarismos de posição par são os algarismos nas
timo algarismo: 16-16=0 posições 2 e 4. Ou seja, 3 e 1. A soma desses algarismos
- O resultado é múltiplo de 7? Sim, pois zero (0) é é 3+1 = 4
múltiplo de qualquer número natural.
15 – 4 = 11→ A diferença divisível por 11. Logo 43813
Portanto, conclui-se que 168 é múltiplo de 7. Se 168 é é divisível por 11.
múltiplo de 7, então 1764 é divisível por 7.
b) 83415721 não é divisível por 11. Vejamos o porquê
Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8
quando termina em 000 ou quando o número formado Os algarismos de posição ímpar são os algarismos
pelos três últimos algarismos for divisível por 8. nas posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses
Exs: algarismos é
a) 57000 é divisível por 8, pois termina em 000. Os algarismos de posição ímpar são os algarismos
b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos alga- nas posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses
rismos formam o número 24, que é divisível por 8. algarismos é 8+4+5+2 = 19
c) 34125 não é divisível por 8, pois seus três últimos
algarismos formam o número 125, que não é divi- Os algarismos de posição par são os algarismos nas
sível por 8. posições 2, 4 e 6. Ou seja, 3, 1 e 7. A soma desses algaris-
mos é 3+1+7 = 11
19 – 11 = 8→ A diferença não é divisível por 11. Logo
83415721 não é divisível por 11.
EXERCÍCIO COMENTADO
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12
2. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de quando é divisível por 3 e por 4.
8 compreendidos entre 30 e 50.
Exs:
Resposta: Seguindo a tabuada do 8, a partir do 30: a) 78324 é divisível por 12, pois é divisível por 3 ( 7 + 8
{32,40,48}. + 3 + 2 + 4 = 24) e por 4 (termina em 24).

b) 652011 não é divisível por 12, pois não é divisível


Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9 por 4 (termina em 11).
quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos
formam um número divisível por 9. c) 863104 não é divisível por 12, pois não é divisível
por 3 (8 + 6 + 3 +1 + 0 + 4 = 22).
Exs:
a) 6253461 é divisível por 9, pois 6 + 2 + 5 + 3 + 4 + Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15
6 + 1 = 27 é divisível por 9. quando é divisível por 3 e por 5.
b) 325103 não é divisível por 9, pois 3 + 2 + 5 + 1 + 0
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

+ 3 = 14 não é divisível por Exs:


a) 650430 é divisível por 15, pois é divisível por 3 (6 +
Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10 5 + 0 + 4 + 3 + 0 =18) e por 5 (termina em 0).
quando termina em zero.
b) 723042 não é divisível por 15, pois não é divisível
Exs: por 5 (termina em 2).
a) 563040 é divisível por 10, pois termina em zero.
b) 246321 não é divisível por 10, pois não termina em c) 673225 não é divisível por 15, pois não é divisível
zero. por 3 (6 + 7 + 3 + 2 + 2 + 5 = 25).

9
POTENCIAÇÃO a) 23×24 = 23+4 = 27
b) 34×36 = 34+6=310
Define-se potenciação como o resultado da multi- c) 152×154 = 152+4=156
plicação de fatores iguais, denominada base, sendo o
número de fatores igual a outro número, denominado Propriedade 6: divisão de potências de mesma
expoente. Diz-se “b elevado a c”, cuja notação é: base
Em uma divisão de duas potências de mesma base, o
𝑏𝑐 = 𝑏 × 𝑏 × ⋯ × 𝑏 resultado é obtido conservando-se a base e subtraindo-
𝑐 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠
-se os expoentes.
Por exemplo: 4 =4×4×4=64, sendo a base igual a 4 e
3
Em resumo: xa : xb = xa-b
o expoente igual a 3.
Esta operação não passa de uma multiplicação com Exemplos:
fatores iguais, como por exemplo: 23 = 2 × 2 × 2 = 8 → a) 25 : 23 = 25-3=22
53 = 5 × 5 × 5 = 125 b) 39 : 36 = 39-6=33
c) 1512 : 154 = 1512-4 = 158
1. Propriedades da Potenciação
FIQUE ATENTO!
Propriedade 1: potenciação com base 1
Uma potência cuja base é igual a 1 e o expoente na- Dada uma potência xa , onde o número real
tural é n, denotada por 1n, será sempre igual a 1. Em re- a é negativo, o resultado dessa potência é
sumo, 1n=1 igual ao inverso de x elevado a a, isto é,
1
𝑥𝑎 = se a<0.
Exemplos: 𝑥𝑎 1 1
a) 13 = 1×1×1 = 1 Por exemplo, 2−3 = , 5−1 = 1 .
23 5
b) 17 = 1×1×1×1×1×1×1 = 1

Propriedade 2: potenciação com expoente nulo


Propriedade 7: potência de potência
Se n é um número natural não nulo, então temos que
Quando uma potência está elevado a outro expoen-
nº=1.
te, o expoente resultante é obtido multiplicando-se os
expoentes
Exemplos:
Em resumo: (xa )b=xa×b
a) 5º = 1
b) 9º = 1
Exemplos:
a) (25 )3 = 25×3=215
Propriedade 3: potenciação com expoente 1
b) (39 )2 = 39×2=318
c) (612 )4= 612×4=648
Qualquer que seja a potência em que a base é o nú-
mero natural n e o expoente é igual a 1, denotada por n1 Propriedade 8: potência de produto
, é igual ao próprio n. Em resumo, n1=n Quando um produto está elevado a uma potência, o
resultado é um produto com cada um dos fatores eleva-
Exemplos: do ao expoente
a) 5¹ = 5 Em resumo: (x×y)a=xa×ya
b) 64¹ = 64
Exemplos:
Propriedade 4: potenciação de base 10 a) (2×3)3 = 23×33
Toda potência 10n é o número formado pelo algaris- b) (3×4)2 = 32×42
mo 1 seguido de n zeros. c) (6×5)4= 64×54

Exemplos:
a) 103 = 1000 #FicaDica
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

b) 108 = 100.000.000 Em alguns casos podemos ter uma multi-


c) 104 = 10.000 plicação ou divisão potência que não está
na mesma base (como nas propriedades 5 e
Propriedade 5: multiplicação de potências de mes- 6), mas pode ser simplificada. Por exemplo,
ma base 43×25 =(22 )3×25= 26×25= 26+5=211 e 33:9 = 33
Em uma multiplicação de duas potências de mesma : 32 = 31.
base, o resultado é obtido conservando-se a base e so-
mando-se os expoentes.

Em resumo: xa × xb = x a+b
Exemplos:

10
960 + 1920 2880
= = 18
EXERCÍCIOS COMENTADOS 160 160

1. (MPE-RS – 2017) A metade de 440 é igual a: 4. (ARTESP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGU-


LAÇÃO DE TRANSPORTE - TECNOLOGIA DE IN-
a) 220 FORMAÇÃO – FCC - 2017) A expressão numérica
b) 239 é igual a
c) 240
d) 279
e) 280 a) 0.
b) -1/4.
Resposta: Letra D. Para encontrar a metade de 440, c) 1,5.
40
basta dividirmos esse número por 2, isto é, 4 . Uma d) -1/2.
2
forma fácil de resolver essa fração é escrever o nu- e) 4/3.
merador e denominador dessa fração na mesma base
como mostrado a seguir: Resposta: Letra A.
−1
440 22 40 280 34 10
= = = 280−1 = 279 −1
3,4 = =
2 2 2 . 24. 10 34
Note que para resolver esse exercício utilizamos as
propriedades 6 e 7. 10 68 2 4
� − +
34 10 3 3
2. (DPE/RS - ANALISTA - PROCESSUAL – FCC - 2017)
Sabendo que o número decimal F é 0,8666 . . . , que o nú- 68 6
mero decimal G é 0,7111 . . . e que o número decimal H é −
0,4222 . . . , então, o triplo da soma desses três números
34 3
decimais, F, G e H, é igual a 2−2 = 0

a) 6,111 . . .
b) 5,888 . . .
c) 6
NÚMEROS PRIMOS, MDC E MMC
d) 3
e) 5,98
O máximo divisor comum e o mínimo múltiplo co-
mum são ferramentas extremamente importantes na
Resposta: Letra C. matemática. Através deles, podemos resolver alguns
0,866+0,711+0,422=1,999 problemas simples, além de utilizar seus conceitos em
Aproximadamente 2: outros temas, como frações, simplicação de fatoriais, etc.
3x2=6 Porém, antes de iniciarmos a apresentar esta teoria, é
Essa é a forma mais rápida de se fazer, para ter o valor importante conhecermos primeiramente uma classe de
exato, seria fazendo a fração de cada dízima periódica. números muito importante: Os números primos.
3. (FUNAPE - ANALISTA EM GESTÃO PREVIDEN- 1. Números primos
CIÁRIA – FCC - 2017) Em um programa de ampliação
do acervo das bibliotecas públicas de um município, fo- Um número natural é definido como primo se ele tem
ram comprados R$ 960,00 de livros ao custo unitário de exatamente dois divisores: o número um e ele mesmo.
R$ 24,00 e, com o dobro desse dinheiro, foram compra- Já nos inteiros, p ∈ ℤ é um primo se ele tem exatamente
dos livros ao custo unitário de R$ 16,00. O custo médio quatro divisores: ±1 e ±𝑝 .
unitário dos livros comprados nesse programa foi igual a
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

a) R$ 18,00. FIQUE ATENTO!


b) R$ 20,00.
c) R$ 22,00. Por definição, 0, 1 e − 1 não são números
d) 2.000. primos.
e) 2.100.
Existem infinitos números primos, como demonstra-
Resposta: Letra A. do por Euclides por volta de 300 a.C.. A propriedade de
960/24=40 ser um primo é chamada “primalidade”, e a palavra “pri-
1920/16=120 mo” também são utilizadas como substantivo ou adje-
Total de livros: 40+120=160 tivo. Como “dois” é o único número primo par, o termo
“primo ímpar” refere-se a todo primo maior do que dois.

11
O conceito de número primo é muito importante
na teoria dos números. Um dos resultados da teoria dos #FicaDica
números é o Teorema Fundamental da Aritmética, que
afirma que qualquer número natural diferente de 1 pode Um número natural tem uma quantidade fi-
ser escrito de forma única (desconsiderando a ordem) nita de divisores. Por exemplo, o número 6
como um produto de números primos (chamados fato- poderá ter no máximo 6 divisores, pois tra-
res primos): este processo se chama decomposição em balhando no conjunto dos números natu-
fatores primos (fatoração). É exatamente este conceito rais não podemos dividir 6 por um número
que utilizaremos no MDC e MMC. Para caráter de me- maior do que ele. Os divisores naturais de 6
morização, seguem os 100 primeiros números primos são os números 1, 2, 3, 6, o que significa que
positivos. Recomenda-se que memorizem ao menos os o número 6 tem 4 divisores.
10 primeiros para MDC e MMC:
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, MDC
59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113,
127, 131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, Agora que sabemos o que são números primos, múl-
191, 193, 197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251, tiplos e divisores, vamos ao MDC. O máximo divisor co-
257, 263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317, mum de dois ou mais números é o maior número que é
331, 337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397, divisor comum de todos os números dados.
401, 409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463, Ex. Encontrar o MDC entre 18 e 24.
467, 479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541 Divisores naturais de 18: D(18) = {1,2,3,6,9,18}.
Divisores naturais de 24: D(24) = {1,2,3,4,6,8,12,24}.
2. Múltiplos e Divisores Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e
24: D(18)∩ D (24) = {1,2,3,6}.
Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro Observando os divisores comuns, podemos identifi-
natural b, se existe um número natural k tal que: car o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja:
MDC (18,24) = 6.
𝑎 = 𝑘. 𝑏 Outra técnica para o cálculo do MDC:

Ex. 15 é múltiplo de 5, pois 15=3 x 5 Decomposição em fatores primos: Para obter o


MDC de dois ou mais números por esse processo, proce-
Quando a=k.b, segue que a é múltiplo de b, mas tam- de-se da seguinte maneira:
bém, a é múltiplo de k, como é o caso do número 35 que Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
é múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 x 5. O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos, cada
Quando a = k.b, então a é múltiplo de b e se conhe- um deles elevado ao seu menor expoente.
cemos b e queremos obter todos os seus múltiplos, basta Exemplo: Achar o MDC entre 300 e 504.
fazer k assumir todos os números naturais possíveis.
Ex. Para obter os múltiplos de dois, isto é, os números Fatorando os dois números:
da forma a = k x 2, k seria substituído por todos os nú-
meros naturais possíveis.

FIQUE ATENTO!
Um número b é sempre múltiplo dele mes-
mo. a = 1 x b ↔ a = b.

A definição de divisor está relacionada com a de múl-


tiplo.
Um número natural b é divisor do número natural a, Temos que:
se a é múltiplo de b. 300 = 22.3 .52
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Ex. 3 é divisor de 15, pois , logo 15 é múltiplo de 3 e 504 = 23.32 .7


também é múltiplo de 5.
O MDC será os fatores comuns com seus menores
expoentes:
Mdc (300,504)= 22.3 = 4 .3=12

MMC

O mínimo múltiplo comum de dois ou mais números


é o menor número positivo que é múltiplo comum de
todos os números dados. Consideremos:
Ex. Encontrar o MMC entre 8 e 6

12
Múltiplos positivos de 6: M(6) = NÚMEROS RACIONAIS: FRAÇÕES, NÚMEROS
{6,12,18,24,30,36,42,48,54,...} DECIMAIS E SUAS OPERAÇÕES
Múltiplos positivos de 8: M(8) =
{8,16,24,32,40,48,56,64,...} 1. Números Racionais

Podem-se escrever, agora, os múltiplos positivos co- Umm número racional é o que pode ser escrito na for-
muns: M(6)∩M(8) = {24,48,72,...} ma n , onde m e n são números inteiros, sendo que n
Observando os múltiplos comuns, pode-se identificar deve ser diferente de zero. Frequentemente usamos m
o mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou seja: para significar a divisão de m por n . n
Outra técnica para o cálculo do MMC: Como podemos observar, números racionais podem
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros,
razão pela qual, o conjunto de todos os números racio-
Decomposição isolada em fatores primos: Para ob- nais é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na
ter o MMC de dois ou mais números por esse processo, literatura a notação:

{ }
procedemos da seguinte maneira: m
- Decompomos cada número dado em fatores pri- Q= : m e n em Z,n diferente de zero
n
mos.
- O MMC é o produto dos fatores comuns e não- No conjunto Q destacamos os seguintes subconjun-
-comuns, cada um deles elevado ao seu maior ex- tos:

poente. • 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos;
• 𝑄+ = conjunto dos racionais não negativos;
Ex. Achar o MMC entre 18 e 120. • 𝑄+∗
= conjunto dos racionais positivos;
• − = conjunto dos racionais não positivos;
𝑄
Fatorando os números: • 𝑄−∗ = conjunto dos racionais negativos.

Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto


que representa esse número ao ponto de abscissa zero.
33 3 3
Exemplo: Módulo de - 2 é 2 . Indica-se − =
2 2
Módulo de+ 3 é 3 . Indica-se 3 = 3
2 2 2 2
3 3
18 = 2 .32 Números Opostos: Dizemos que− 2 e 2 são núme-
120 = 23.3 .5 ros racionais opostos ou simétricos e cada um deles é
o oposto do outro. As distâncias dos pontos− 3 e 3 ao
mmc (18, 120) = 23 � 32 � 5 = 8 � 9 � 5 = 360 ponto zero da reta são iguais. 2 2

1.1. Soma (Adição) de Números Racionais


EXERCÍCIO COMENTADO
Como todo número racional é uma fração ou pode
1. (FEPESE-2016) João trabalha 5 dias e folga 1, enquan- ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
to Maria trabalha 3 dias e folga 1. Se João e Maria folgam a c
entre os números racionais e , , da mesma forma que
no mesmo dia, então quantos dias, no mínimo, passarão b d
para que eles folguem no mesmo dia novamente? a soma de frações, através de:

a) 8 a c a�d+b�c
b) 10 + =
b d b�d
c) 12
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

d) 15 1.1.1. Propriedades da Adição de Números Racio-


e) 24 nais

Resposta: Letra C. O período em que João trabalha O conjunto é fechado para a operação de adição,
e folga corresponde a 6 dias enquanto o mesmo pe- isto é, a soma de dois números racionais resulta em um
ríodo, para Maria, corresponde a 4 dias. Assim, o pro- número racional.
blema consiste em encontrar o mmc entre 6 e 4. Logo, - Associativa: Para todos em : a + ( b + c ) = ( a + b ) + c
eles folgarão no mesmo dia novamente após 12 dias - Comutativa: Para todos em : a + b = b + a
pois mmc(6,4)=12. - Elemento neutro: Existe em , que adicionado a
todo em , proporciona o próprio , isto é: q + 0 = q
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em
Q, tal que q + (–q) = 0

13
1.2. Subtração de Números Racionais Observação: É possível encontrar divisão de frações
a
A subtração de dois números racionais e é a própria da seguinte forma: b
c .
. O procedimento de cálculo é o
operação de adição do número com o oposto de q, isto mesmo.
d
é: p – q = p + (–q)
1.5. Potenciação de Números Racionais
1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racio- 𝐧
nais A potência q do número racional é um produto
de fatores iguais. O número é denominado a base e o
Como todo número racional é uma fração ou pode número é o expoente.
ser escrito na forma de umaa fração, definimos o produto n

de dois números racionais b e d , da mesma forma que o


c q = q � q � q � q � . . .� q, (q aparece n vezes)
produto de frações, através de:
Exs:
a c a�c
a)  2  =  2  .  2  .  2  =
3
8
� =
b d b� d 5 3 5 5 5
125

b)  − 1  =  − 1  .  − 1  .  − 1  = 1
  −
O produto dos números racionais a e b também pode  2  2  2  2 8
ser indicado por a × b, a.b ou ainda ab sem nenhum sinal c) (– 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25
entre as letras.
Para realizar a multiplicação de números racionais, d) (+5)² = (+5) � (+5) = 25
devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em
toda a Matemática:
(+1)�(+1) = (+1) – Positivo Positivo = Positivo 1.5.1. Propriedades da Potenciação aplicadas a nú-
(+1)�(-1) = (-1) - Positivo Negativo = Negativo meros racionais
(-1)�(+1) = (-1) - Negativo Positivo = Negativo
(-1)� (-1) = (+1) – Negativo Negativo = Positivo Toda potência com expoente 0 é igual a 1.

#FicaDica  2
0

+  = 1
O produto de dois números com o mesmo  5
sinal é positivo, mas o produto de dois
números com sinais diferentes é negativo. - Toda potência com expoente 1 é igual à própria
base.
1
1.3.1. Propriedades da Multiplicação de Números  9 9
Racionais −  =−
 4 4
O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é,
- Toda potência com expoente negativo de um núme-
o produto de dois números racionais resulta em um nú-
ro racional diferente de zero é igual a outra potência que
mero racional.
- Associativa: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b ∙ c ) = ( a tem a base igual ao inverso da base anterior e o expoente
∙b)∙c igual ao oposto do expoente anterior.
- Comutativa: Para todos a,b em Q: a ∙ b = b ∙ a
- Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado  3  5
−2
25 2

por todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: −  = −  =


q∙1=q a b
 5  3 9
- Elemento inverso: Para todo q = b em Q, a di-
q−1 =

ferente de zero, existe em Q: q � q−1 = 1, ou seja, - Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo
a
×
b
=1 sinal da base.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

b a
- Distributiva: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b + c ) = ( a 2 2
3
2 2 8
∙ b ) + ( a∙ c )   =  . .  =
3 3 3 3 27
1.4. Divisão de Números Racionais
- Toda potência com expoente par é um número po-
A divisão de dois números racionais p e q é a própria sitivo.
operação de multiplicação do número p pelo inverso de
q, isto é: p ÷ q = p × q-1 2
 1  1  1 1
De maneira prática costuma-se dizer que em uma di- −  = −  .−  =
visão de duas frações, conserva-se a primeira fração e  5   5   5  25
multiplica-se pelo inverso da segunda:

14
- Produto de potências de mesma base. Para redu-
zir um produto de potências de mesma base a uma só FIQUE ATENTO!
potência, conservamos a base e somamos os expoentes. Um número racional, quando elevado ao
quadrado, dá o número zero ou um número
racional positivo. Logo, os números racio-
2 3 2+3 5
 2  2  2 2 2 2 2  2 2
  .   =  . . . .  =   =  nais negativos não têm raiz quadrada em Q.
 5  5 5 55 5 5 5 5
100
- Quociente de potências de mesma base. Para redu- O número − não tem raiz quadrada em Q, pois
zir um quociente de potências de mesma base a uma só tanto − 10 como +9 10 , quando elevados ao quadrado, dão
3
potência, conservamos a base e subtraímos os expoen- 100 . 3

tes. 9
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no
3 3 3 3 3 conjunto dos números racionais se ele for um quadrado
5 2 . . . . 5− 2 3
perfeito.
3 3
    2 2 2 2 2 3 3
  :  = =  = 
2 2 3 3 2 2 O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não
. 3
2 2 existe número racional que elevado ao quadrado dê
2.
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de 3
potência a uma potência de um só expoente, conserva-
mos a base e multiplicamos os expoentes. Frações

 1  2 
3 2 2 2 2+ 2+ 2 3+ 2 6 Frações são representações de partes iguais de um
1 1 1 1 1 1 todo. São expressas como um quociente de dois núme-
   =   .  .  =   =  = 
x
 2   2 2 2 2 2 2 ros , sendo x o numerador e y o denominador da
y
fração, com y ≠ 0 .
1.6. Radiciação de Números Racionais
1. Frações Equivalentes
Se um número representa um produto de dois ou
mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do São frações que, embora diferentes, representam a
número. Vejamos alguns exemplos: mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente
a outra quando pode ser obtida multiplicando o nume-
Ex: rador e o denominador da primeira fração pelo mesmo
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz número.
quadrada de 4. Indica-se 4 = 2. Ex: 3 e 6 .
5 10
Ex: A segunda fração pode ser obtida multiplicando o
2
1 1 1 1 numerador e denominador de 3 por 2:
Representa o produto . ou   . 5
9 3 3 3 3�2 6
=
1 1 1 1 5 � 2 10
Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
3 9 9 3 Assim, diz-se que
6
é uma fração equivalente a 3
10 5
Ex: 2. Operações com Frações
0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 .
Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 0,216 = 0,6 .
3

2.1. Adição e Subtração


RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Assim, podemos construir o diagrama: 2.1.1. Frações com denominadores iguais:

Ex:
Jorge comeu 3 de um tablete de chocolate e Miguel
8
5
desse mesmo tablete. Qual a fração do tablete de cho-
8
colate que Jorge e Miguel comeram juntos?

A figura abaixo representa o tablete de chocolate.


Nela também estão representadas as frações do tablete
que Jorge e Miguel comeram:

15
3 2 5
Observe que = = Representa 4/5 do conteúdo da caixa
8 8 8

Portanto, Jorge e Miguel comeram juntos 5


do table-
te de chocolate.
8

Na adição e subtração de duas ou mais frações que


têm denominadores iguais, conservamos o denominador
comum e somamos ou subtraímos os numeradores. Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa.
Outro Exemplo:
Repare que o problema proposto consiste em calcular
3 5 7 3+5−7 1 2
o valor de de 4 que, de acordo com a figura, equivale
+ − = = 3 5
2 2 2 2 2
a 8 do total de frutas. De acordo com a tabela acima, 2
15 3
2 4
2.1.2. Frações com denominadores diferentes: de 4 equivale a � . Assim sendo:
5 3 5
3 5
Calcular o valor de + Inicialmente, devemos re-
8 6 2 4 8
duzir as frações ao mesmo denominador comum. Para � =
3 5 15
isso, encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) en-
Ou seja:
tre os dois (ou mais, se houver) denominadores e, em se-
guida, encontramos as frações equivalentes com o novo 2 de 4 2 4 2�4 8
denominador: = � 5 = 3�5 = 15
3 5 3

3 5 9 20 O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo


mmc (8,6) = 24 = = = numerador é o produto dos numeradores e cujo deno-
8 6 24 24
minador é o produto dos denominadores das frações
dadas.
24 ∶ 8 � 3 = 9
2 4 7 2�4�7 56
24 ∶ 6 � 5 = 20 Outro exemplo: � � = =
3 5 9 3 � 5 � 9 135

Devemos proceder, agora, como no primeiro caso,


simplificando o resultado, quando possível:
#FicaDica
9 20 29
+ = Sempre que possível, antes de efetuar a
24 24 24
multiplicação, podemos simplificar as fra-
ções entre si, dividindo os numeradores e os
3 5 9 20 29 denominadores por um fator comum. Esse
Portanto: + = + = processo de simplificação recebe o nome de
8 6 24 24 24
cancelamento.

#FicaDica
Na adição e subtração de duas ou mais fra-
ções que têm os denominadores diferentes,
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

reduzimos inicialmente as frações ao menor


2.3. Divisão
denominador comum, após o que procede-
mos como no primeiro caso.
Duas frações são inversas ou recíprocas quando o nu-
merador de uma é o denominador da outra e vice-versa.
2.2. Multiplicação
Exemplo
Ex: 2 é a fração inversa de 3
De uma caixa de frutas, 4 são bananas. Do total de 3 2
2 5
bananas, estão estragadas. Qual é a fração de frutas 5 ou 5 é a fração inversa de 1
3 1 5
da caixa que estão estragadas?
Considere a seguinte situação:

16
− 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inade-
Lúcia recebeu de seu pai os 4 dos chocolates con- quadamente;
5 − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
tidos em uma caixa. Do total de chocolates recebidos,
− 1/3 deveu-se a vazamentos de gás e
Lúcia deu a terça parte para o seu namorado. Que fração
− as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.
dos chocolates contidos na caixa recebeu o namorado
de Lúcia?
De acordo com esses dados, ao longo da existência des-
se prédio comercial, a fração do total de situações de
A solução do problema consiste em dividir o total de
risco de incêndio geradas por descuidos ao cozinhar cor-
chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja,
responde à
4
:3
5 a) 3/20.
b) 1/4.
Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1
c) 13/60.
desse algo. 3
d) 1/5.
e) 1/60.
Portanto: : 3 = de 4
4 1
5 3 5
Resposta: Letra D.
1 4 1 4 4 1
Como de 5= 3 � 5 = � , resulta que 1 1 1
3 5 3 + +
4 4 3 4 1 5 4 3
:3 = : = �
5 5 1 5 3 Mmc (5,4,3)=60

3 1
12 15 20 47
Observando que as frações e são frações inver- + + =
1 3 60 60 60 60
sas, podemos afirmar que:
47 13
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a pri- 1− =
60 60
meira pelo inverso da segunda.
4 4 3 4 1 4
13 12
Portanto 5 : 3 = 5 ∶ 1 = 5 � 3 = 15 𝑑𝑒
60 13
Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu 4
do total de 13 12 12 1
� = =
chocolates contidos na caixa.
15
60 13 60 5
4 8 41 5 5
Outro exemplo: : = . 2 =
3 5 3 8 6 2. (DPE/RS – ANALISTA DE CONTABILIDADE – FCC -
Observação:
2017) Carlos comeu a terça parte de uma pizza. Angelina
chegou depois e comeu a metade do que Carlos havia
Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão
deixado da pizza. Por último, Beatriz chegou e comeu o
3 1
: correspondente à metade do que Angelina havia comi-
2 5
do. A fração que sobrou dessa pizza foi

a) 1/6
Portanto
b) 3/8
c) 2/9
d) 1/5
e) 1/12
EXERCÍCIO COMENTADO
Resposta: Letra A.
1. (TST - TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA JU-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Carlos:
1

DICIÁRIA – FCC - 2017) Durante um treinamento, o 3

chefe da brigada de incêndio de um prédio comercial in-


Angelina: � =
1 2 1
formou que, nos cinquenta anos de existência do prédio, 2 3 3
nunca houve um incêndio, mas existiram muitas situa-
Beatriz: � =
1 1 1
ções de risco, felizmente controladas a tempo. Segundo
2 3 6
ele, 1/13 dessas situações deveu-se a ações criminosas,
enquanto as demais situações haviam sido geradas por 1 1 1 6 −2 − 2− 1 1
diferentes tipos de displicência. Dentre as situações de 1− − − = =
3 3 6 6 6
risco geradas por displicência,

17
3. (TRT 24ªREGIÃO /MS- TÉCNICO JUDICIÁRIO - - Igualamos o número de casas decimais, acrescen-
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO– FCC - 2017) Fran- tando zeros.
cisco verificou que havia x pastas em um diretório. Ele - Colocamos os números um abaixo do outro, deixan-
abriu 1/3 dessas pastas, deixou as restantes fechadas e do vírgula embaixo de vírgula.
foi embora. Geraldo encontra as pastas como Francisco - Somamos ou subtraímos os números decimais
havia deixado, abre 5/7 das pastas que ainda estavam como se eles fossem números naturais.
fechadas e foi embora. Humberto observa a situação das - Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vír-
pastas após a intervenção de Geraldo, fecha 7/34 das gula dos números dados.
pastas que encontrou abertas e abre metade das pastas
que encontrou fechadas. Após a intervenção de Humber- Exemplo
to, a fração, das x pastas, que ficaram abertas é igual a
2,35 + 14,3 + 0, 0075 + 5
a) 9/21
b) 31/42 Disposição prática:
c) 5/34 2,3500
d)  13/21
e) 15/34 14,3000
+ 0,0075
Resposta: Letra D.
5,0000
Francisco abre 1/3, sobra 2/3 fechada.
Geraldo abre 5/7, sobra 2/7 fechada. 21,6575
Fechadas? � =
2 2 4
3 7 21 1.2. Multiplicação
Abertas: 17/21
Humberto: fecha 7/34, ou seja, deixa 27/34 abertas Vamos calcular o valor do seguinte produto:
27 17 9 2,58 � 3,4 .
� = Transformaremos, inicialmente, os números decimais
34 21 14 em frações decimais:
Abre metade das fechadas:
1 4 2
� =
2 21 21
258 34 8772
2 9 4 27 31 2,58 � 3,4 = � = = 8,772
+ = + = 100 10 1000
21 14 42 42 42
Portanto 2,58 � 3,4 = 8,772

NÚMEROS DECIMAIS
#FicaDica
De maneira direta, números decimais são números Na prática, a multiplicação de números
que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587; decimais é obtida de acordo com as
0,004; etc. seguintes regras:
- Multiplicamos os números decimais como
1. Operações com Números Decimais se eles fossem números naturais.
- No resultado, colocamos tantas casas
1.1. Adição e Subtração decimais quantas forem as do primeiro fator
somadas às do segundo fator.
Vamos calcular o valor da seguinte soma:
5,32 + 12,5 + 0, 034 Exemplo:

Transformaremos, inicialmente, os números decimais Disposição prática:


RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

em frações decimais:

5,32 + 12,5 + 0,034 =


532
+
125
+
34
=
5320
+
12500
+
34
=
652,2
17854
=

17,854
1 casa decimal
100 10 1000 1000 1000 1000 1000
X 2,03  2 casas decimais
532 125 34 5320 12500 34 17854 19 566
34 = + + = + + = = 17,854
100 10 1000 1000 1000 1000 1000

Portanto: 5,32 + 12,5 + 0, 034 = 17, 854 1 304 4

1 323,966  1 + 2 = 3 casas decimais


Na prática, a adição e a subtração de números deci-
mais são obtidas de acordo com a seguinte regra:

18
1.3. Divisão Se quisermos continuar uma divisão aproximada, de-
vemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir dividin-
do cada número obtido pelo divisor. Ao mesmo tempo
em que colocamos o primeiro zero no primeiro resto,
colocamos uma vírgula no quociente.

Vamos, por exemplo, efetuar a seguinte divisão:


24 ∶ 0,5
Ex: 0,14 ∶ 28
Inicialmente, multiplicaremos o dividendo e o divisor
da divisão dada por 10.

24 ∶ 0,5 = (24 � 10) ∶ (0,5 � 10) = 240 ∶ 5


Ex: 2 ∶ 16
A vantagem de tal procedimento foi a de transformar-
mos em número natural o número decimal que aparecia
na divisão. Com isso, a divisão entre números decimais
se transforma numa equivalente com números naturais.

Portanto: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48

2. Representação Decimal das Frações


#FicaDica p
Tomemos um número racional q tal que não seja
Na prática, a divisão entre números deci- múltiplo de . Para escrevê-lo na forma decimal, basta efe-
mais é obtida de acordo com as seguintes tuar a divisão do numerador pelo denominador.
regras:
- Igualamos o número de casas decimais do Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
dividendo e do divisor.
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divi- 1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
são como se os números fossem naturais. um número finito de algarismos. Decimais Exatos:
2
= 0,4
5
Ex: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48
1
= 0,25
Disposição prática: 4
35
= 8,75
4
153
= 3,06
50
Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim
sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quocien- 2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
te é exato. infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se pe-
riodicamente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Ex: 9,775 ∶ 4,25


1
= 0,333 …
Disposição prática: 3

1
= 0,04545 …
22

167
Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero. = 2,53030 …
Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada 66
e o quociente é aproximado.

19
Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . .
FIQUE ATENTO!
Se após as vírgulas os algarismos não são pe- Subtraindo membro a membro, temos:
riódicos, então esse número decimal não está
contido no conjunto dos números racionais. 99x = 512 x = 512⁄99
512
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
3.Representação Fracionária dos Números Deci- 99
mais Ex:
Seja a dízima 1,23434...
Trata-se do problema inverso: estando o número ra-
cional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo Façamos
na forma de fração. Temos dois casos: x = 1,23434 … ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …

1º) Transformamos o número em uma x = fração cujo… ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …
1,23434
numerador é o número decimal sem a vírgula e o deno-
minador é composto pelo numeral 1, seguido de tantos Subtraindo membro a membro, temos:
zeros quantas forem as casas decimais do número deci-
mal dado: 990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 122

9 1222
0,9 = 990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222 x =
990
10

611
57 Simplificando, obtemos x = , a fração geratriz
5,7 = da dízima 1,23434... 495
10
Analisando todos os exemplos, nota-se que a idéia
consiste em deixar após a vírgula somente a parte pe-
76 riódica (que se repete) de cada igualdade para, após a
0,76 =
100 subtração membro a membro, ambas se cancelarem.

348 EXERCÍCIO COMENTADO


3,48 =
100 1. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das
páginas de um livro numa semana. Na segunda semana,
leu mais 2/3 de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta)
5 1 páginas do livro, então o total de páginas do livro é de:
0,005 = =
1000 200
a) 300
b) 360
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; c) 400
para tanto, vamos apresentar o procedimento através de d) 450
alguns exemplos: e) 480
Ex: Resposta: Letra D.
Seja a dízima 0,333...
Façamos e multipliquemos ambos os membros por Mara leu 1 2 3+10 13 do livro.
10: + = =
5 3 15 15
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

10x = 0,333 13 15−13 2


Logo, ainda falta 1 − 15 = = 15 para ser
lido. 15
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade
da segunda: Essa fração que falta ser lida equivale a 60 páginas
3
10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x = 2 1
9 Assim:  60 páginas. Portanto,  30
páginas.15 15
3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
Ex: 9 Logo o livro todo (15/15) possui: 15∙30=450 páginas
Seja a dízima 5,1717...

20
Razão entre grandezas de mesma espécie: A razão
NÚMEROS E GRANDEZAS entre duas grandezas de mesma espécie é o quociente
PROPORCIONAIS: RAZÕES E PROPORÇÕES; dos números que expressam as medidas dessas grande-
DIVISÃO EM PARTES PROPORCIONAIS; zas numa mesma unidade.
REGRA DE TRÊS; PORCENTAGEM E Ex. Um automóvel necessita percorrer uma estrada de
PROBLEMAS 360 km. Se ele já percorreu 240 km, qual a razão entre a
distância percorrida em relação ao total?
Como os dois números são da mesma espécie (dis-
Razão tância) e estão na mesma unidade (km), basta fazer a ra-
zão:
Quando se utiliza a matemática na resolução de pro- 240 𝑘𝑚 2
𝑟= =
blemas, os números precisam ser relacionados para se 360 𝑘𝑚 3
obter uma resposta. Uma das maneiras de se relacionar
os números é através da razão. Sejam dois números reais No caso de mesma espécie, porém em unidades di-
a e b, com b ≠ 0,define-se razão entre a e b (nessa ordem) ferentes, deve-se escolher uma das unidades e converter
𝑎
o quociente a ÷ b, ou . a outra.
𝑏

A razão basicamente é uma fração, e como sabem, Ex. Uma maratona possui aproximadamente 42 km de
frações são números racionais. Entretanto, a leitura des- extensão. Um corredor percorreu 36000 metros. Qual a
te número é diferente, justamente para diferenciarmos razão entre o que falta para percorrer em relação à ex-
quando estamos falando de fração ou de razão. tensão da prova?
3
Veja que agora estamos tentando relacionar metros
a) Quando temos o número 5 e estamos tratando de com quilômetros. Para isso, deve-se converter uma das
fração, lê-se: “três quintos”. unidades, vamos utilizar “km”:
3
36000 m=36 km
b) Quando temos o número 5
e estamos tratando
de razão, lê-se: “3 para 5”. Como é pedida a razão entre o que falta em relação
ao total, temos que:
Além disso, a nomenclatura dos termos também é
diferente: 42 𝑘𝑚 − 36 𝑘𝑚 6 𝑘𝑚 1
𝑟= = =
42 𝑘𝑚 42 𝑘𝑚 7
O número 3 é numerador
Ex. Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse compri-
mento é representado num desenho por 20 cm. Qual é a
3
a) Na fração 5
razão entre o comprimento representado no desenho e
o comprimento real?
Convertendo o comprimento real para cm, temos
O número 5 é denominador que:

O número 3 é antecedente 20 𝑐𝑚 1
𝑒= =
800 𝑐𝑚 40

b) Na razão
3
5 #FicaDica
A razão entre um comprimento no desenho
e o correspondente comprimento real, cha-
O número 5 é consequente
ma-se escala
Ex. A razão entre 20 e 50 é = já a razão entre 50
20 2
50 5
e 20 é
50 5
= . Ou seja, deve-se sempre indicar o antece- Razão entre grandezas de espécies diferentes: É
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

20 2
dente e o consequente para sabermos qual a ordem de possível também relacionar espécies diferentes e isto
montarmos a razão. está normalmente relacionado a unidades utilizadas na
física:
Ex.Numa classe de 36 alunos há 15 rapazes e 21 mo-
ças. A razão entre o número de rapazes e o número de Ex. Considere um carro que às 9 horas passa pelo qui-
lômetro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilô-
moças é 15 , se simplificarmos, temos que a fração equi-
5 21
metro 170. Qual a razão entre a distância percorrida e o
valente 7 , o que significa que para “cada 5 rapazes há 7 tempo gasto no translado?
moças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapa- Para montarmos a razão, precisamos obter as infor-
zes e o total de alunos é dada por 15 = 5 , o que equivale mações:
36 12
a dizer que “de cada 12 alunos na classe, 5 são rapazes”. Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h

21
Calculamos a razão entre a distância percorrida e o Observemos que o produto 3 x 10=30 é igual ao pro-
tempo gasto para isso: duto 5 x 6=30, o que caracteriza a propriedade funda-
mental das proporções
140 𝑘𝑚 70
𝑣= = = 70 𝑘 𝑚 ⁄ℎ
2ℎ 1
#FicaDica
Como são duas espécies diferentes, a razão entre elas Se multiplicarmos em cruz (ou em x), tere-
será uma espécie totalmente diferente das outras duas. mos que os produtos entre o numeradores
e os denominadores da outra razão serão
iguais.
#FicaDica
A razão entre uma distância e uma medida 2 6
Ex. Na igualdade = , temos 2 x 9=3 x 6=18, logo,
de tempo é chamada de velocidade. 3 9
temos uma proporção.

Ex. Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se


Ex. A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, a seguinte dosagem: 7 gotas para cada 3 kg do “peso” da
Rio de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de criança. Se uma criança tem 15 kg, qual será a dosagem
927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes, correta?
aproximadamente, segundo estimativas projetadas pelo Como temos que seguir a receita, temos que atender
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o a proporção, assim, chamaremos de x a quantidade de
ano de 1995. Qual a razão entre o número de habitantes gotas a serem ministradas:
e a área total?
Dividindo-se o número de habitantes pela área, obte- 7 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑥 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠
remos o número de habitantes por km2 (hab./km2): =
3 𝑘𝑔 15 𝑘𝑔
66288000 ℎ𝑎𝑏 ℎ𝑎𝑏
𝑑= = 71,5 Logo, para atendermos a proporção, precisaremos
927286 𝑘𝑚² 𝑘𝑚2
encontrar qual o número que atenderá a proporção. Mul-
tiplicando em cruz, temos que:
#FicaDica
3x=105
A razão entre o número de habitantes e a
área deste local é denominada densidade 105
demográfica. 𝑥= 3

Ex. Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L x=35 gotas


de gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros per-
corridos pelo número de litros de combustível consumi- Ou seja, para uma criança de 30 kg, deve-se ministrar
dos, teremos o número de quilômetros que esse carro 35 gotas do remédio, atendendo a proporção.
percorre com um litro de gasolina:
Outro jeito de ver a proporção: Já vimos que uma
83,76 𝑘𝑚 𝑘𝑚 proporção é verdadeira quando realizamos a multiplica-
𝑐=
8𝑙
= 10,47
𝑙 ção em cruz e encontramos o mesmo valor nos dois pro-
dutos. Outra maneira de verificar a proporção é verificar
se a duas razões que estão sendo igualadas são frações
#FicaDica
equivalentes. Lembra deste conceito?
A razão entre a distância percorrida em rela-
ção a uma quantidade de combustível é de-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

FIQUE ATENTO!
finida como “consumo médio”
Uma fração é equivalente a outra quando
podemos multiplicar (ou dividir) o nume-
Proporção rador e o denominador da fração por um
mesmo número, chegando ao numerador e
A definição de proporção é muito simples, pois se tra- denominador da outra fração.
ta apenas da igualdade de razões.
3 6
Na proporção = (lê-se: “3 está para 5 assim Ex.
4 12
são frações equivalentes, pois:
5 10 e
como 6 está para 10”). 3 9
4x=12 →x=3
3x=9 →x=3

22
4
Ou seja, o numerador e o denominador de quan-
3
do multiplicados pelo mesmo número (3), chega ao nu- EXERCÍCIOS COMENTADOS
merador e denominador da outra fração, logo, elas são
equivalentes e consequentemente, proporcionais. 4. (TST - TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA JUDI-
CIÁRIA – FCC - 2017) Em uma empresa, trabalham oito
Agora vamos apresentar algumas propriedades da funcionários, na mesma função, mas com cargas horárias
proporção: diferentes: um deles trabalha 32 horas semanais, um tra-
balha 24 horas semanais, um trabalha 20 horas semanais,
a) Soma dos termos: Quando duas razões são pro- três trabalham 16 horas semanais e, por fim, dois deles
porcionais, podemos criar outra proporção soman- trabalham 12 horas semanais. No final do ano, a empresa
do os numeradores com os denominadores e divi- distribuirá um bônus total de R$ 74.000,00 entre esses
dindo pelos numeradores (ou denominadores) das oito funcionários, de forma que a parte de cada um seja
razões originais: diretamente proporcional à sua carga horária semanal.
Dessa forma, nessa equipe de funcionários, a diferença
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14 entre o maior e o menor bônus individual será, em R$, de
= → = → =
2 4 5 10 5 10
a) 10.000,00.
ou b) 8.000,00.
c) 20.000,00.
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14 d) 12.000,00.
= → = → = e) 6.000,00.
2 4 2 4 2 4
Resposta: Letra A.
b) Diferença dos termos: Analogamente a soma, te- 32x+24x+20x+16x+16x+16x+12x+12x=74000
mos também que se realizarmos a diferença entre 148x=74000
os termos, também chegaremos em outras pro- X=500
porções: 32x=32⋅500=16000
4 8 4−3 8−6 1 2 12x=12⋅500=6000
= → = → = 16000-6000=10000
3 6 4 8 4 8
ou 5. (DPE/RS - ANALISTA - ADMINISTRAÇÃO – FCC
- 2017) A razão entre as alturas de dois irmãos era 3/4
4 8 4−3 8−6 1 2 e, nessa ocasião, a altura do irmão mais alto era 1,40 m.
= → = → =
3 6 3 6 3 6 Hoje, esse irmão mais alto cresceu 10 cm. Para que a ra-
zão entre a altura do irmão mais baixo e a altura do mais
c) Soma dos antecedentes e consequentes: A soma alto seja hoje, igual a 4/5 , é necessário que o irmão mais
dos antecedentes está para a soma dos conse- baixo tenha crescido, nesse tempo, o equivalente a
quentes assim como cada antecedente está para o
seu consequente: a) 13,5 cm.
12 3 12 + 3 15 12 3 b) 10,0 cm.
= → = = =
8 2 8+2 10 8 2 c) 12,5 cm.
d) 14,8 cm.
d) Diferença dos antecedentes e consequentes: A e) 15,0 cm.
soma dos antecedentes está para a soma dos con-
sequentes assim como cada antecedente está para Resposta: Letra E.
o seu consequente:
3 𝑥
=
12 3 12 − 3 9 12 3 4 1,40
= → = = =
8 2 8−2 6 8 2 4x=4,20
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

X=1,05m
4 𝑥
FIQUE ATENTO! =
5 1,50
Usamos razão para fazer comparação entre 5x=6
duas grandezas. Assim, quando dividimos uma X=1,2
grandeza pela outra estamos comparando a 1,2-1,05=0,15m=15cm
primeira com a segunda. Enquanto proporção é
a igualdade entre duas razões.

23
6. (DPE/RS - ANALISTA - PROCESSUAL – FCC - 2017)
Foram f =780 processos que deram entrada no mês de 35 20 28
fevereiro em uma repartição pública. No mês seguinte, 𝑘+ 𝑘+ 𝑘 = 24900
420 420 420
março, deram entrada outros m = 624 processos. O nú-
mero mínimo de processos que deverão entrar nessa re- 83
partição, no mês de abril (a), para que a razão entre (a) e 𝑘 = 24900
420
(f) supere a razão entre (f) e (m) é igual a
83k=10458000
a) 810 K=126000
b) 989 1 126000
c) 584 Menor: 𝑘= = 6000
d) 976 21 21
e) 1012 1 126000
Maior: 𝑘= = 10500
12 12
Resposta: Letra D.
10500-6000=4500
𝑎 𝑓 8. (DPE/RS – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC - 2017)
=
𝑓 𝑚 O presidente de uma empresa resolveu premiar os três
vendedores mais eficientes do ano com a quantia de R$
𝑎 780 13.500,00 que será distribuída de forma diretamente pro-
=
780 624 porcional ao número de pontos obtidos por cada um na
avaliação do ano. O vencedor, com 45 pontos, recebeu
780 R$ 6.750,00, e o número de pontos do segundo colo-
𝑎 = 780 � = 975
624 cado foi igual a 27. O número de pontos a menos que
o terceiro colocado conseguiu em relação ao segundo
Ou seja, se entrar um processo a mais, já ultrapassa. colocado foi
Seriam então 976 processos.
a) 12
7. (DPE/RS - ANALISTA - PROCESSUAL – FCC - 2017) b) 8
O diretor de uma empresa designou uma quantia que c) 11
será distribuída para os três melhores funcionários do d) 10
ano. O prêmio de cada um será inversamente propor- e) 9
cional ao total de pontos negativos que cada um obteve
em suas respectivas avaliações. O funcionário que mais Resposta: Letra E.
recebeu tinha uma avaliação com apenas 12 pontos ne- 45k=6750
gativos, o segundo colocado obteve 15 pontos negativos K=150
e o terceiro colocado com 21 pontos negativos. Sabendo 27k=4050
que a quantia total a ser distribuída é R$ 24.900,00, o 4050+6750=10800
maior prêmio superará o menor prêmio em exatos 13500-10800=2700
2700/150=18
a) R$ 2.420,00 27-18=9
b) R$ 3.990,00
c) R$ 7.530,00 9. (TRT 24ª REGIÃO / MS - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
d) R$ 6.180,00 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO– FCC - 2017) Uma
e) R$ 4.500,00 corda será dividida em três pedaços de comprimentos
diretamente proporcionais a 3, 5 e 7. Feita a divisão, ve-
Resposta: Letra E. rificou-se que o maior pedaço ficou com 1 metro a mais
1 1 1 do que deveria ser o correto para a medida do maior pe-
𝑘 + 𝑘 + 𝑘 = 24900 daço, e que o menor pedaço ficou com 1 metro a menos
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

12 21 15 do que deveria ser o correto para a medida do menor


pedaço. Se o único pedaço que saiu na medida correta
ficou com 12 metros de comprimento, o menor dos três
pedaços saiu com comprimento, em metros, igual a

a) 5,6
b) 8,6
c) 7,5
d) 6,2
Mmc(12,15,21)=420 e) 4,8

24
Resposta: Letra D. Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool.
O pedaço do meio ficou com o comprimento correto:
5k=12
K=2,4 #FicaDica
3k=3⋅2,4=7,2
Procure manter essa linha de raciocínio nos di-
Mas, como ficou com 1, a menos: 7,2-1=6,2
versos problemas que envolvem regra de três
simples ! Identifique as variáveis, verifique qual
Regra de Três Simples
é a relação de proporcionalidade e siga este
exemplo !
Os problemas que envolvem duas grandezas direta-
mente ou inversamente proporcionais podem ser resol-
vidos através de um processo prático, chamado regra de Ex: Viajando de automóvel, à velocidade de 60 km/h,
três simples. eu gastaria 4 h para fazer certo percurso. Aumentando
Ex: Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos a velocidade para 80 km/h, em quanto tempo farei esse
litros de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km? percurso?
Solução: Indicando por x o número de horas e colo-
Solução: cando as grandezas de mesma espécie em uma mesma
O problema envolve duas grandezas: distância e litros coluna e as grandezas de espécies diferentes que se cor-
de álcool. respondem em uma mesma linha, temos:
Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
consumido. Velocidade (km/h) Tempo (h)
60 4
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma 80 x
mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que
se correspondem em uma mesma linha: Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), va-
Distância (km) Litros de álcool mos colocar uma flecha:
180 15
210 x Velocidade (km/h) Tempo (h)
60 4
Na coluna em que aparece a variável x (“litros de ál- 80 x
cool”), vamos colocar uma flecha:
Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo
fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas
velocidade e tempo são inversamente proporcionais.
No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se na
coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrário ao
Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo da flecha da coluna “tempo”:
de álcool também duplica. Então, as grandezas distância
e litros de álcool são diretamente proporcionais. No
esquema que estamos montando, indicamos esse fato
colocando uma flecha na coluna “distância” no mesmo
sentido da flecha da coluna “litros de álcool”:

Na montagem da proporção devemos seguir o senti-


do das flechas. Assim, temos:
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Armando a proporção pela orientação das flechas,


temos:

Resposta: Farei esse percurso em 3 h.

25
d) 14.
e) 20.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra C.
1. (CBTU – ASSISTENTE OPERACIONAL – FU- ↑Funcionários ↑propostas horas↓
MARC/2016) Dona Geralda comprou 4 m de tecido im- 8 32 16
portado a R$ 12,00 o metro linear. No entanto, o metro x-----------------48--------------------12
linear do lojista media 2 cm a mais. A quantia que o lojis-
ta deixou de ganhar com a venda do tecido foi:
8 322 12
= �
a) R$ 0,69 𝑥 484 16
b) R$ 0,96
c) R$ 1,08 8 2
=
d) R$ 1,20 𝑥 4

Resposta: Letra B. As grandezas (comprimento e pre- X=32/2


ço) são diretamente proporcionais. Assim, a regra de X=16
três é direta:

Metros Preço Regra de Três Composta


1 12 O processo usado para resolver problemas que en-
0,02 x volvem mais de duas grandezas, diretamente ou inver-
samente proporcionais, é chamado regra de três com-
1 � x = 0,02 � 12 → x = R$ 0,24 posta.
Ex: Em 4 dias 8 máquinas produziram 160 peças. Em
Note que foi necessário passar 2 cm para metros, para quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras produzi-
que as unidades de comprimento fiquei iguais. Assim, riam 300 dessas peças?
cada 2 cm custaram R$ 0,24 para o vendedor. Como
ele vendeu 4 m de tecido, esses 2 cm não foram con- Solução: Indiquemos o número de dias por x. Co-
siderados quatro vezes. Assim, ele deixou de ganhar loquemos as grandezas de mesma espécie em uma só
coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
2. Para se construir um muro de 17m² são necessários 3 correspondem em uma mesma linha. Na coluna em que
trabalhadores. Quantos trabalhadores serão necessários aparece a variável x (“dias”), coloquemos uma flecha:
para construir um muro de 51m²?

Resposta: 9 trabalhadores.

As grandezas (área e trabalhadores) são diretamente


proporcionais. Assim, a regra de três é direta: Comparemos cada grandeza com aquela em que está
o x.
Área N Trabalhadores As grandezas peças e dias são diretamente propor-
17 3 cionais. No nosso esquema isso será indicado colocan-
do-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo sentido
51 x
da flecha da coluna “dias”:
17 � x = 51 � 3 → x = 9 trabalhadores

3. (DPE/RS - ANALISTA - ADMINISTRAÇÃO – FCC


RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

- 2017) Um grupo de 8 funcionários analisou 32 propos-


tas de reestruturação de um determinado setor de uma
empresa em 16 horas de trabalho. Para analisar 48 dessas
As grandezas máquinas e dias são inversamente pro-
propostas, em 12 horas de trabalho, um outro grupo de
porcionais (duplicando o número de máquinas, o número
funcionários, em igualdade de condições do grupo an-
de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema isso
terior, deverá ser composto por um número de pessoas
será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma
igual a
flecha no sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”:
a) 18.
b) 12.
c) 16.

26
• Digitadores e linhas são diretamente proporcio-
nais, pois se a quantidade de digitadores aumenta,
o número de linhas que pode ser digitado também
aumenta.
• Digitadores e horas são inversamente proporcio-
nais, pois se o número de horas trabalhadas au-
menta, então são necessários menos digitadores
Agora vamos montar a proporção, igualando a razão para o serviço e, portanto, a quantidade de digi-
que contém o x, que é 4 , com o produto das outras ra- tadores diminui.
x
zões, obtidas segundo a orientação das flechas 6 � 160 :
8 300 A regra de três fica:

40 2400 12 3
= � �
x 5616 18 2,5
40 86400
→ =
x 252720
→ 86500x = 10108800
→ x = 117 digitadores
Resposta: Em 10 dias.
2. Em uma fábrica de brinquedos, 8 homens montam 20
carrinhos em 5 dias. Quantos carrinhos serão montados
por 4 homens em 16 dias?
FIQUE ATENTO!
Repare que a regra de três composta, Resposta:
embora tenha formulação próxima à
regra de três simples, é conceitualmente Homens Carrinhos Dias
distinta devido à presença de mais de duas
grandezas proporcionais. 8 20 5
4 x 16
Observe que, aumentando o número de homens, a
produção de carrinhos aumenta. Portanto a relação
é diretamente proporcional (não precisamos inverter
EXERCÍCIOS COMENTADOS a razão).
Aumentando o número de dias, a produção de carri-
1. (SEDUC-SP - ANALISTA DE TECNOLOGIA DA IN- nhos aumenta. Portanto a relação também é direta-
FORMAÇÃO – VUNESP/2014) Quarenta digitadores mente proporcional (não precisamos inverter a razão).
preenchem 2 400 formulários de 12 linhas, em 2,5 ho- Devemos igualar a razão que contém o termo x com o
ras. Para preencher 5 616 formulários de 18 linhas, em 3 produto das outras razões.
horas, e admitindo-se que o ritmo de trabalho dos digi- Montando a proporção e resolvendo a equação, te-
tadores seja o mesmo, o número de digitadores neces- mos:
sários será
20 8 5
= �
a) 105 π 4 16
b) 117
c) 123 Logo, serão montados 32 carrinhos.
d) 131
e) 149 3. (TRT 24ªREGIÃO /MS - ANALISTA JUDICIÁRIO -
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC - 2017) Um veículo
Resposta: Letra B. trafegando a uma velocidade média de 75 km/h percorre
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

A tabela com os dados do enunciado fica: determinada distância em 4 horas e 20 minutos. Se a sua
velocidade média cair para 45 km/h, o tempo necessário
Digitadores Formulários Linhas Horas para percorrer a mesma distância será acrescido de um
40 2400 12 2,5 valor que é
x 5616 18 3
a) menor do que uma hora.
b) maior que uma hora e menor que duas horas.
Comparando-se as grandezas duas a duas, nota-se que:
c) maior que quatro horas.
• Digitadores e formulários são diretamente propor-
d) maior que três horas e menor que quatro horas.
cionais, pois se o número de digitadores aumenta,
e) maior que duas horas e menor que três horas.
a quantidade de formulários que pode ser digitada
também aumenta.

27
Resposta: Letra E.
↓75km/h-----4,33h↑ 𝐴 10
𝑝= . 100 = . 100 = 62,5%
45-----------x 𝑉 16
45x=75⋅4,33
X=324,75/45=7,21h Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos.
7,21h-4,33=2,88horas
Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou
48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário
Porcentagem acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi
aprovado?
A definição de porcentagem passa pelo seu próprio Para sabermos se o candidato passou, é necessário
nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou calcular sua porcentagem de acertos:
seja, é uma fração de denominador 100. Representamos
𝐴 48
porcentagem pelo% e lê-se: “por cento”. 𝑝= . 100 = . 100 = 60% > 55%
𝑉 80
50
Deste modo, a fração 100 ou qualquer uma equiva-
lente a ela é uma porcentagem que podemos representar Logo, o candidato foi aprovado.
por 50%.
Calculo do todo (conheço p e A e quero achar V):
A porcentagem nada mais é do que uma razão, que No terceiro caso, temos interesse em achar o total (Nosso
representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos 100%) e para isso basta rearranjar a equação novamente:
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que:
𝑝 𝐴 𝐴
𝑝 𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100
𝐴= .𝑉 100 𝑉 𝑝
100
Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o
Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus
todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta-
tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros,
gem se resumem a três tipos:
quantos tiros ele deu no total?
Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale
Cálculo da parte (Conheço p e V e quero achar A):
o “todo”, assim:
Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, bas- 𝑝
ta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja, 100
por V. Assim: 𝐴 15
𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠
𝑝 𝑝 75
P% de V =A= 100 .V
Forma Decimal: Outra forma de representação de
porcentagens é através de números decimais, pois to-
Ex. 23% de 240 = 23 .240 = 55,2
100 dos eles pertencem à mesma classe de números, que são
os números racionais. Assim, para cada porcentagem, há
Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que
um numero decimal equivalente. Por exemplo, 35% na
67% de uma amostra assistem a certo programa de TV.
forma decimal seriam representados por 0,35. A conver-
Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas
são é muito simples: basta fazer a divisão por 100 que
assistem ao tal programa?
está representada na forma de fração:
Aqui, queremos saber a “parte” da população que as-
siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e o 75
75% = = 0,75
total, basta realizarmos a multiplicação: 100
67 Aumento e desconto percentual
67% de 56000=A= 56000=37520
100
Outra classe de problemas bem comuns sobre por-
Resp. 37 520 pessoas.
centagem está relacionada ao aumento e a redução per-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

centual de um determinado valor. Usaremos as defini-


Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero
ções apresentadas anteriormente para mostrar a teoria
achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o va-
envolvida
lor de p e apenas precisamos rearranjar a mesma:
𝑝 𝐴 Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 V que deve sofrer um aumento de de seu valor. Chame-
100 𝑉
mos de VA o valor após o aumento. Assim:
Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos. p
VA = V + .V
Qual foi sua porcentagem de vitórias? 100
Neste caso, o exercício quer saber qual a porcenta-
Fatorando:
gem de vitórias que esse time obteve, assim:

28
p
VA = ( 1 + ) .V FIQUE ATENTO!
100
Em alguns problemas de porcentagem são
necessários cálculos sucessivos de aumen-
Em que (1 + p ) será definido como fator de au-
tos ou descontos percentuais. Nesses ca-
100 sos é necessário ter atenção ao problema,
mento, que pode estar representado tanto na forma de
pois erros costumeiros ocorrem quando se
fração ou decimal.
calcula a porcentagens do valor inicial para
obter todos os valores finais com descon-
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial
tos ou aumentos. Na verdade, esse cálculo
V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Cha-
só pode ser feito quando o problema diz
memos de VD o valor após o desconto.
que TODOS os descontos ou aumentos
p são dados a uma porcentagem do valor
VD = V – .V
100 inicial. Mas em geral, os cálculos são feitos
como mostrado no texto a seguir.
Fatorando:
p
VD = (1 – ) .V Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos
100
um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer
p dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor
Em que (1 – ) será definido como fator de des- após o primeiro aumento, temos:
100
conto, que pode estar representado tanto na forma de 𝑝1
V1 = V .(1 + )
fração ou decimal. 100
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja,
Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de
após já ter aumentado uma vez, temos que:
janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de au-
mento. Se a empresa deseja que o salário desse funcio- 𝑝2
V2 = V1 .(1 + )
nário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário 100
deve admiti-lo?
Como temos também uma expressão para V1, basta
Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
substituir:
saber o valor de V, assim:
p 𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1 + ) .(1 + )
VA = ( 1 + 100 ).V 100 100
40 Assim, para cada aumento, temos um fator corres-
3500 = ( 1 + ).V
100 pondente e basta ir multiplicando os fatores para chegar
ao resultado final.
3500 =(1+0,4).V
No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V
3500 =1,4.V
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois
3500 descontos sucessivos de p1% e p2%.
V= =2500
1,4
Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:
Resp. R$ 2 500,00
𝑝1
V1 = V.(1 – )
Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar 100
em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um deles
é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação?
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja,
Aqui, basta calcular o valor de VD :
após já ter descontado uma vez, temos que:
p
VD = (1 – ) .V 𝑝2
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

100 V2 = V_1 .(1 – )


20 100
VD = (1 – ) .250,00
100 Como temos também uma expressão para , basta
substituir:
VD = (1 –0,2) .250,00
𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1 – ) .(1 – )
VD = (0,8) .250,00 100 100
Além disso, essa formulação também funciona para
VD = 200,00
aumentos e descontos em sequência, bastando apenas
a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V
Resp. R$ 200,00
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um
aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%.

29
Sendo V1 o valor após o aumento, temos: d) 41%.
𝑝1 e) 80%.
V1 = V .(1+ )
100 12.
Vamos chamar o aumento de x
Sendo V2 o valor após o desconto, temos que: 0,35x=0,63
𝑝2 X=0,63/0,35
V2 = V_1 .(1 – ) X=1,8
100 OU seja, o aumento foi de 80%
Como temos uma expressão para , basta substituir: GABARITO OFICIAL: E
𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1+ ) .(1 – ) 2. (TRT 11ª REGIÃO / AM - RR - ANALISTA JUDI-
100 100 CIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC - 2017) Em
Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois 2015 as vendas de uma empresa foram 60% superiores
sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará as de 2014. Em 2016 as vendas foram 40% inferiores as
ao seu valor original. de 2015. A expectativa para 2017 é de que as vendas se-
jam 10% inferiores as de 2014. Se for confirmada essa ex-
( ) Certo ( ) Errado pectativa, de 2016 para 2017 as vendas da empresa vão

Este problema clássico tem como finalidade concei- a) diminuir em 6,25%.


tuar esta parte de aumento e redução percentual e evitar b) aumentar em 4%.
o erro do leitor ao achar que aumentando p% e dimi- c) diminuir em 4%.
nuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o que d) diminuir em 4,75%.
aprendemos, temos que: e) diminuir em 5,5%.
𝑝1 𝑝2
V2 = V . 1+ . 1– Resposta: Letra A.
100 100
𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 Em 2016
1,6.0,6=0,96
20 20 Em 2017: 0,90
V2 = V .(1+ ) .(1 – ) 0,90/0,96=0,9375
100 100
Diminuiu 0,0625=6,25%
V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 )
3. (TRT 24ª REGIÃO /MS - TÉCNICO JUDICIÁRIO
V2 = V .(1,2) .(0,8) - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO– FCC - 2017) Em
uma pesquisa, perguntou-se a 500 pessoas: “Qual o ca-
96 nal da TV aberta que você mais assiste?”. Todas as pes-
V2 = 0,96.V= V=96% de V soas responderam corretamente a pergunta, sendo que
100
225 disseram não assistir TV aberta, 110 responderam ser
Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e não o canal 5, e 75 responderam ser o canal 4. A porcenta-
100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se assi- gem das 500 pessoas que escolheram um determinado
nalar a opção ERRADO canal da TV aberta, mas que não tenha sido o 5 nem o
4, foi igual a

a) 18%.
EXERCÍCIOS COMENTADOS b) 33%.
c) 15%.
1. (TST - TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA JUDI- d) 22%.
CIÁRIA – FCC - 2017) A equipe de segurança de um Tri- e) 37%.
bunal conseguia resolver mensalmente cerca de 35% das
ocorrências de dano ao patrimônio nas cercanias desse Resposta: Letra A.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

prédio, identificando os criminosos e os encaminhando 500-225-110-75=90


às autoridades competentes. Após uma reestruturação
90
dos procedimentos de segurança, a mesma equipe con- 𝑝= = 0,18 = 18%
seguiu aumentar o percentual de resolução mensal de 500
ocorrências desse tipo de crime para cerca de 63%. De
acordo com esses dados, com tal reestruturação, a equi- 4. (TRT 24ª REGIÃO (MS) - ANALISTA JUDICIÁRIO
pe de segurança aumentou sua eficácia no combate ao - ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC - 2017) Em deter-
dano ao patrimônio em minada semana o preço do tomate é 80% do preço da
batata. Na semana seguinte o preço da batata cai 48% e
a) 35%. o preço do tomate sobe 30%. Nessa segunda situação,
b) 28%. para que o preço da batata se iguale ao preço do tomate,
c) 63%. ele deverá subir

30
a) 80%. 7. (DPE/RS - ANALISTA - ADMINISTRAÇÃO – FCC
b) 100%. - 2017) Joaquim investiu em um fundo de investimento.
c) 90%. Após um mês esse fundo havia se desvalorizado 10%. Jo-
d) 75%. aquim quer retirar seu dinheiro do fundo quando houver
e) 50%. uma valorização de 8% em relação ao que ele havia apli-
cado inicialmente. Para que isso aconteça é necessário
Resposta: Letra B. que esse fundo valorize-se o equivalente a
Batata:b
Tomate:t a) 28%.
B=batata da semana seguinte b) 20%.
T=0,8b c) 25%.
Semana seguinte: d) 22%.
T=0,8⋅1,3b=1,04b e) 18%.
B=0,52b
Sendo x o aumento: Resposta: Letra B.
0,52bx=1,04b Fundo:x
X=1,04/0,52=2 Desvalorização: 0,9x
Portanto, deverá subir 100% Valorização: 1,08x
1,08/0,9=1,2
5. (TRT 11ª REGIÃO/ AM - RR - TÉCNICO JUDICIÁ- Valorização de 20%
RIO - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO– FCC - 2017)
O preço de um sapato, após um aumento de 15%, é R$ 8. (ARTESP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGU-
109,25. Se o preço do sapato não tivesse sofrido esse LAÇÃO DE TRANSPORTE - TECNOLOGIA DE INFOR-
aumento de 15%, mas um aumento de 8%, a diferença, MAÇÃO – FCC - 2017) Uma sala possui área de 50 m².
em reais, entre os preços do sapato com cada aumento Se um tapete ocupa 2.000 cm² da sua área, então, a por-
seria de centagem de área da sala não ocupada por esse tapete
é igual a
a) R$ 7,65.
b) R$ 5,80. a) 97,5%.
c) R$ 14,25. b) 60%.
d) R$ 7,60. c) 99,6%.
e) R$ 6,65. d) 4%.
e) 96%.
Resposta: Letra E.
Sendo x o valor do sapato Resposta: Letra C.
1,15x=109,25 2000
X=95 𝑃= = 0,004
= 500000
95⋅1,08=102,6 1-0,004=0,996=99,6%
109,25-102,6=6,65
9. (ARTESP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGU-
6. (TRE/SP - ANALISTA JUDICIÁRIO – CONTABILI- LAÇÃO DE TRANSPORTE - TECNOLOGIA DE INFOR-
DADE - FCC - 2017) A aplicação de um capital, no va- MAÇÃO – FCC - 2017) Um comerciante pretende fazer
lor de R$ 900.000, em determinada instituição financeira, uma promoção e dar 10% de desconto sobre o preço
por um período de seis meses, foi resgatado pelo valor original de seus produtos. Para iludir os clientes ele pre-
de R$ 1.035.000. Considerando-se que o capital foi apli- parou um cartaz que anuncia desconto de 20% na venda
cado a juros simples, a taxa de juros ao mês foi de de seus produtos. A porcentagem que esse comerciante
aumentou os preços para que, com descontos de 20%,
a) 2,5%. eles de fato sejam 10% a menos que o preço original, é
b) 0,15%. igual a
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

c) 3,0%.
d) 2,0%. a) 22%.
e) 4,0%. b) 8,5%.
c) 13%.
Resposta: Letra A. d.) 12,5%.
M=C+J e) 10%.
1035=900+J
J=135 Resposta: Letra D.
J=Cin Aumento:x
135=900⋅i⋅6 x⋅0,8=0,9
I=135/5400 x=1,125
I=0,025=2,5%7 aumento de 12,5%

31
21. (DPE/RS – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC - 2017) Sabe-se que em uma empresa, 19% dos fun-
cionários se deslocam para o trabalho utilizando automóvel. Os demais funcionários, em núme-
ro de 1053, utilizam transporte público, bicicleta ou se deslocam para o trabalho caminhando. O número de
funcionários que utilizam automóvel para se deslocar para o trabalho é

a) 263
b) 247
c) 195
d) 321
e) 401

Resposta: Letra B.
100-19=81
81----1053
19-----x
X=20007/81=247

SISTEMAS DE MEDIDAS: MEDIDAS DE TEMPO; SISTEMA DECIMAL DE MEDIDAS; SISTEMA


MONETÁRIO BRASILEIRO.

Sistema de Unidades de Medidas

O sistema de medidas e unidades existe para quantificar dimensões. Como a variação das mesmas pode ser gigan-
tesca, existem conversões entre unidades para melhor leitura.

Medidas de Comprimento

A unidade principal (utilizada no sistema internacional de medidas) de comprimento é o metro. Para medir dimen-
sões muito maiores ou muito menores que essa referência, surgiram seis unidades adicionais:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

A conversão de unidades de comprimento segue potências de 10. Para saber o quanto se deve multiplicar (ou divi-
dir), utiliza-se a regra do , onde c é o número de casas que se andou na tabela acima. Adicionalmente, se você andou
para a direita, o número deverá ser multiplicado, se andou para a esquerda, será dividido. As figuras a seguir exempli-
ficam as conversões:

Ex: Conversão de 2,3 metros para centímetros

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

vai converter.

32
2o passo: Conte a
quantidade de casas
que você anda de uma
unidade para a outra. De
metro para centímetro
foram 2 casas.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

Ex: Conversão de 125 000 mm para decâmetro:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1º passo: Inicia-se
da unidade que
você vai converter.

2º passo: Conte a quan-


tidade de casas que você
anda de uma unidade para
a outra. De milímetro para
decâmetro são 4 casas.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Medidas de Área (Superfície)

As medidas de área seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o metro
quadrado e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de , utiliza-se a re-
gra de , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 2. A definição se multiplica ou divide segue
a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:

33
Ex: Conversão de 2 km² para m²

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você
vai converter.

2º passo: Conte a
quantidade de casas que
você andou. Neste caso,
de km2 para m2, andou-
se 3 casas.
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

Ex: Conversão de 20 mm² para cm²

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

2o passo: Conte a quantidade


de casas que você andou.
Neste caso, de mm2 para
cm2, andou-se 1 casa.
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Medidas de Volume (Capacidade)

As medidas de volume seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o
metro cúbico e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

34
km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³
(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de , utiliza-se a re-
gra de , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 3. A definição se multiplica ou divide segue
a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:

Ex: Conversão de 3,7 m³ para cm³

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

2o passo: Conte a
quantidade de
casas que você andou.
Neste caso, de m3
para cm3, forma2 casas.

Ex: Conversão de 50000 dm³ para m³

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)


1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

35
km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³
(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

2o passo: Conte a
quantidade de ca-
sas que você an-
dou. Neste caso, de
m3 para dm3, an-
dou-se 1 casa.

kL hL dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(quilolitro) (hectolitro) (decalitro) (litro) (decilitro) (centilitro) (mililitro)

Para essa tabela, o roteiro para converter unidades de medidas é o mesmo utilizado para as medidas anteriores. A
diferença é que para cada unidade à direita multiplica-se por 10 e para cada unidade à esquerda divide-se por 10 (igual
para unidades de comprimento).

Medidas de Massa

As medidas de massa segue a base 10, como as medidas de comprimento. A unidade principal é o grama (g) e suas
seis unidades complementares estão apresentadas a seguir:

kg hg dag g dg cg mg
(kilograma) (hectograma) (decagrama) (grama) (decígrama) (centígrama) (milígrama)

Os passos para conversão de unidades segue o mesmo das medidas de comprimento. Utiliza-se a regra do , multi-
plicando se caminha para a direita e divide quando caminha para a esquerda.

FIQUE ATENTO!
Outras unidades importantes:
• Massa: A tonelada, sendo que 1 tonelada vale 1000 kg.
• Volume : O litro (l) que vale 1 decímetro cúbico (dm³) e o mililitro, que vale 1 cm³.
• Área: O hectare (ha) que vale 1 hectômetro quadrado (ou 10000 m²) e o alqueire, (varia de região para
região e normalmente a conversão desejada é dada na prova).

Medidas de Tempo

Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que mede intervalos de tempo, é o mais conhecido.
2h = 2 ∙ 60min = 120 min = 120 ∙ 60s = 7 200s
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Para passar de uma unidade para a menor seguinte, multiplica-se por 60.
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 décimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que 0,3h
= 18min.

Para medir ângulos, também temos um sistema não decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na astronomia,
na cartografia e na navegação são necessárias medidas inferiores a 1º. Temos, então:
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)

Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é claro, os mesmos do sistema hora – minuto – segundo. Há uma
coincidência de nomes, mas até os símbolos que os indicam são diferentes:

36
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante 4. Passe 5.200 gramas para quilogramas.
do dia.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. Resposta: 5,2 kg.
Para passarmos 5.200 gramas para quilogramas, deve-
mos dividir (porque na tabela grama está à direita de
#FicaDica quilograma) 5.200 por 10 três vezes, pois para passar-
Por motivos óbvios, cálculos no sistema mos de gramas para quilogramas saltamos três níveis
hora – minuto – segundo são similares a à esquerda.
cálculos no sistema grau – minuto – segun- Primeiro passamos de grama para decagrama, depois
do, embora esses sistemas correspondam a de decagrama para hectograma e finalmente de hec-
grandezas distintas. tograma para quilograma:
5200g:10:10:10 ⟹ 5,2Kg
Isto equivale a passar a vírgula três casas para a es-
querda.
Portanto, 5.200 g são iguais a 5,2 kg.
EXERCÍCIOS COMENTADOS 5. Converta 2,5 metros em centímetros.

1. Raquel saiu de casa às 13h 45min, caminhando até o Resposta: 250 cm.
curso de inglês que fica a 15 minutos de sua casa, e che- Para convertermos 2,5 metros em centímetros, deve-
gou na hora da aula cuja duração é de uma hora e meia. mos multiplicar (porque na tabela metro está à es-
A que horas terminará a aula de inglês? querda de centímetro) 2,5 por 10 duas vezes, pois para
passarmos de metros para centímetros saltamos dois
a) 14h níveis à direita.
b) 14h 30min Primeiro passamos de metros para decímetros e de-
c) 15h 15min pois de decímetros para centímetros:
d) 15h 30min 2,5m∙10∙10 ⟹ 250cm
e) 15h 45min Isto equivale a passar a vírgula duas casas para a di-
reita.
Resposta: Letra D. Basta somarmos todos os valores Logo, 2,5 m é igual a 250 cm.
mencionados no enunciado do teste, ou seja:
13h 45min + 15 min + 1h 30 min = 15h 30min
Logo, a questão correta é a letra D. Sistema Monetário Nacional (Real)

2. 348 mm3 equivalem a quantos decilitros? A Medida Provisória nº 542, de 30.06.1994 (D.O.U. de
30.06.94), instituiu o REAL como unidade do sistema mo-
Resposta: “0, 00348 dl”. netário, a partir de 01.07.1994,
Como 1 cm3 equivale a 1 ml, é melhor dividirmos 348
mm3 por mil, para obtermos o seu equivalente em cen- Atualmente, essas são as notas disponíveis
tímetros cúbicos: 0,348 cm3.
Logo 348 mm3 equivalem a 0, 348 ml, já que cm3 e ml se
equivalem.
Neste ponto já convertemos de uma unidade de me-
dida de volume, para uma unidade de medida de ca-
pacidade.
Falta-nos passarmos de mililitros para decilitros, quan-
do então passaremos dois níveis à esquerda. Dividire-
mos então por 10 duas vezes:
0,348ml:10:100,00348dl
Logo, 348 mm³ equivalem a 0, 00348 dl.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

3. Passe 50 dm2 para hectômetros quadrados.

Resposta: 0, 00005 hm².


Para passarmos de decímetros quadrados para hectô-
metros quadrados, passaremos três níveis à esquerda.
Dividiremos então por 100 três vezes:
50dm2:100:100:100 ⟹ 0,00005hm2
Isto equivale a passar a vírgula seis casas para a es-
querda.
Portanto, 50 dm² é igual a 0, 00005 hm².

37
Moedas disponíveis Faltando 2,75
Usa as 3 de 0,50
2,75=1,50=1,25
E mais 5 de 0,25
4+3+5=12 moedas

3. (PREF CONCHAS/SP – Auxiliar de Serviços Gerais


– Nível Fundamental – METROCAPITAL/2018) Um fun-
cionário de uma empresa tem um salário de R$ 7.863,00.
No entanto, por ter-se ausentado sem justificativa alguns
dias, o patrão decidiu descontar R$ 1.158,00 de seus ven-
cimentos. O funcionário receberá a quantia de:

a) R$ 7.705,00.
Quando vamos falar dos centavos: b) R$ 6.505,00.
50 centavos=R$0,50 c) R$ 6.805,00.
25 centavos=R$0,25 d) R$ 6.405,00.
10 centavos= R$0,10 e) R$ 6.705,00.
5 centavos=R$0,05
Resposta: Letra E.
7863-1158=6705,00
EXERCÍCIOS COMENTADOS 4. (MPE/GO - Secretário Auxiliar – Ceres – Nível Fun-
damental – MPE/2017) Guilherme decidiu contratar
1. (PREF, SANTIAGO/RS – Agente Comunitário de uma empresa para plantar árvores e cortar a grama de
saúde – Nível Fundamental – OBJETIVAS/2018) Em sua casa. Ele quer plantar 3 árvores e cortar 5 metros
determinado cofre, há ao todo 20 unidades de moedas quadrados de grama. Quatro empresas lhe passaram os
de 50 centavos, duas dezenas de moedas de 25 centavos custos do serviço:
e 16 unidades de moedas de um real. A quantia total que
há no cofre é de: 1ª Empresa: R$ 17,00 para cada árvore plantada e R$ 2,50
para cada metro quadrado de grama cortada.
a) R$ 22,50 2ª Empresa: R$ 13,00 para cada árvore plantada e R$ 4,50
b) R$ 26,00 para cada metro quadrado de grama cortada.
c) R$ 26,50 3° Empresa: R$ 15,00 para cada árvore plantada e R$ 3,50
d) R$ 31,00 para cada metro quadrado de grama cortada.
4° Empresa: R$ 14,00 para cada árvore plantada e R$ 4,70
Resposta: Letra D. para cada metro quadrado de grama cortada.
20⋅0,5=10 reais
20⋅0,25=5 reais Qual empresa João deve contratar para que o serviço seja
16 de 1 real feito e ele gaste a menor quantia de dinheiro possível?
10+5+16=31
a) 3ª empresa.
02. (PREF. NOVA CRUZ/RN - Auxiliar de Serviços Ge- b) 1ª empresa.
rais – Nível Fundamental - COMPERVE/UFRN/2018) c) 2ª empresa.
Ao comprar pão e leite em uma panificadora, uma garota d) 4ª empresa.
pagou a conta apenas com moedas. Ela tinha na bolsa e) 1ª ou 3ª empresa, já que o valor é o mesmo.
cinco moedas de R$ 0,10, seis moedas de R$ 0,25, três
moedas de R$ 0,50 e quatro moedas de R$ 1,00. Se a Resposta: Letra C.
compra custou ao todo R$ 6,75 e foi utilizado o menor 1ª Empresa: 17 x 3 + 2,5 x 5 = 63,5
número possível de moedas, ela pagou a conta com: 2ª Empresa: 13 x 3 + 4,5 x 5 = 61,5
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

3° Empresa: 15 x 3 + 3,5 x 5 = 62,5


a) 12 moedas. 4° Empresa: 14 x 3 + 4,7 x 5 = 65,5
b) 14 moedas.
c) 11 moedas.
d). 13 moedas.

Resposta: Letra A.
5⋅0,10=0,50
6⋅0,25=1,50
3⋅0,50=1,50
4⋅1=4,00
Ela pode usar 4 moedas de 1,00=4,00

38
5. (MPE/GO - Secretário Auxiliar – Ceres – Nível Fun- Resposta: Letra C.
damental – MPE/2017) Um grupo de 50 pessoas fez
um orçamento inicial para organizar uma festa, que se- 30
ria dividido entre elas em cotas iguais. Verificou-se ao = 0,15
final que, para arcar com todas as despesas, faltavam 200
R$ 510,00, e que 5 novas pessoas haviam ingressado no
grupo. No acerto foi decidido que a despesa total seria 8. (IBGE – Recenseador – Nível Fundamental -
dividida em partes iguais pelas 55 pessoas. Quem não FGV/2017) Cinco resmas de papel custaram R$90,00. Se
havia ainda contribuído pagaria a sua parte, e cada uma o preço não mudar, dezoito resmas custarão:
das 50 pessoas do grupo inicial deveria contribuir com
mais R$ 7,00. De acordo com essas informações, qual foi a) R$308,00;
o valor da cota calculada no acerto final para cada uma b) R$312,00;
das 55 pessoas? c) R$316,00;
d). R$320,00;
a) R$14,00. e) R$324,00.
b) R$17,00.
c) R$ 22,00. Resposta: Letra E.
d) R$ 32,00. 90/5=18 cada
e) R$ 57,00. 18⋅18=324

Resposta: Letra D. 9. (PREF. DE SANTO EXPEDITO/SP – Motorista – Nível


50⋅7=350 (as 50 tiveram que contribuir com mais 7 Fundamental – PRIME CONCURSOS/2017) Selma tem
reais) um saldo em seu cartão de R$530,00, foi ao mercado e
510-350=160 (falta) gastou R$415,60 em mercadorias, mais tarde retornou e
160/5=32(dividindo pelas pessoas que entraram) gastou mais R$115,89. Qual é o saldo atual do cartão de
Selma?
6. (CÂMARA DE SUMARÉ/SP – Ajudante Administra-
tivo – Nível Fundamental – VUNESP/2017) Guardei so- a) R$ +1,49
mente moedas de R$ 1,00 e de R$ 0,50 num total de 80 b) R$ -1,49
moedas que, juntas, somam R$ 50,00 e vou trocá-las no c) R$ + 0,49
supermercado. A quantidade de moedas de R$ 1,00 que d) R$ - 0,49
guardei foi:
Resposta: Letra B.
a) 60. Gastos:415,60+115,89= 531,49
b) 50. 531,49-530=1,49
c) 40. Ela ficou com saldo negativo de 1,49
d) 20.
e) 10. 10. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – Oficial de Serviço Pú-
blico – Nível Fundamental – MSCOCNURSOS/2017) A
Resposta: Letra D. figura a seguir apresenta 14 notas de R$ 100,00 e 8 notas
Moedas de R$1,00:x de R$ 50,00:
Moedas de R$0,50: y

𝑥 + 𝑦 = 80

𝑥 + 0,5𝑦 = 50

Subtraindo as equações:
0,5y=30
Y=60
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

X=80-60=20

7. (CÂMARA DE SUMARÉ/SP – Ajudante Administra-


tivo – Nível Fundamental – VUNESP/2017) Para execu-
tar um serviço foram comprados 200 pregos iguais por
30 reais. Cada prego custou:

a) R$ 0,05.
b) R$ 0,10.
c) R$ 0,15.
d) R$ 1,18.
e) R$ 1,50.

39
Com essa quantia, um comerciante pretende pagar uma 12. (PREF. MARÍLIA/SP – Agente de Controle de Ende-
dívida com o banco no valor de R$ 1600,00. Em relação mias – Nível Fundamental - VUNESP/2017) André foi
ao valor da dívida e a quantia que o comerciante possui, ao cinema com seus três filhos. Comprou uma entrada
podemos concluir que: inteira, para ele mesmo, e três meias entradas para os
filhos, pagando, ao todo, R$ 65,00. O preço de uma en-
a) Com essa quantia não é possível pagar a dívida. trada inteira mais meia entrada é:
b) É possível pagar a dívida e não sobrará troco para o
comerciante. a) R$ 37,00.
c) Faltariam R$ 200,00 para pagar a dívida. b) R$ 39,00.
d) É possível pagar a dívida e ainda sobrariam R$ 200,00 c) R$ 40,50.
para o comerciante. d) R$ 41,00.
e) R$ 43,50.
Resposta: Letra D.
14⋅100=1400 Resposta: Letra B.
8⋅50=400 Um inteiro+3 meias=1+1,5=2,5
Total:1400+400=1800 Como pagou 65, vamos dividir pra ver quanto custa
1800-1600=200 cada.
65/2,5=26
11. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – Oficial de Serviço Públi- 26⋅1,5=39
co – Nível Fundamental – MSCOCNURSOS/2017) Ob-
serve a figura, a seguir, que representa o extrato bancário 13. (PREF. CONCHAS/SP – Auxiliar de Serviços Gerais
de Antônio. Ele possui uma conta especial e seu limite de – Nível Fundamental - METROCAPITAL/2018) Uma
crédito é de R$ 1 800,00. mãe deseja dividir R$ 5.000,00 entre seus dois filhos, de
modo que o mais novo receba a metade do que recebe o
mais velho, e mais R$ 500,00. Quanto caberá a cada um
dos filhos?

a) R$ 2.500,00 e R$ 2.500,00.
b) R$ 1.500,00 e R$ 3.500,00.
c) R$ 3.000,00 e R$ 2.000,00.
d) R$ 4.000,00 e R$ 1.000,00.
e) R$ 4.500,00 e R$ 500,00.

Resposta: Letra C.
5000-500=4500
Mais velho=4500/1,5=3000
Mais novo=3000/2=1500+500=2000

Observando as movimentações nesse extrato bancário,


pode-se concluir que o saldo na conta corrente de An-
tônio após a última movimentação que ocorreu em 05 ∕
12 ∕ 2016 é:

a) R$ 273 de crédito
b) R$ 1245,02 de crédito
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

c) R$ 1245,02 de débito
d) R$ 1791,02 de crédito

Resposta: Letra C.
-1518,02+273=-1245,02

40
ESTRUTURA LÓGICA DE RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, LUGARES, OBJETOS
OU EVENTOS FICTÍCIOS; DEDUZIR NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES FORNECIDAS E
AVALIAR AS CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER A ESTRUTURA DAQUELAS RELAÇÕES.
COMPREENSÃO E ELABORAÇÃO DA LÓGICA DAS SITUAÇÕES POR MEIO DE: RACIOCÍNIO
VERBAL, RACIOCÍNIO MATEMÁTICO, RACIOCÍNIO SEQUENCIAL, ORIENTAÇÃO ESPACIAL E
TEMPORAL, FORMAÇÃO DE CONCEITOS, DISCRIMINAÇÃO DE ELEMENTOS.
COMPREENSÃO DO PROCESSO LÓGICO QUE, A PARTIR DE UM CONJUNTO DE HIPÓTESES,
CONDUZ, DE FORMA VÁLIDA, A CONCLUSÕES DETERMINADAS.

Conceito Fundamental: A Preposição

No ensino fundamental, nos ensinam que os seres humanos são diferentes dos outros animais e a justificativa é que
os humanos pensam e os animais não pensam. Porém, temos animais com inteligência suficiente para serem treinados
a executar tarefas, como os chimpanzés e os golfinhos. Assim, qual é o real motivo que nos diferenciam de todos os
outros seres vivos?
A resposta envolve não somente o ato se pensar como também o de se comunicar. Primeiro, aprendemos a falar,
depois, a escrita dividiu nossa existência em Pré-História e História. Os registros por escrito guardaram os pensamentos
de nossos antepassados, proporcionando as gerações futuras, dados importantíssimos para se ir além daquilo que já
foi feito.
Porém, acabou surgindo o grande desafio que norteou a disciplina de lógica: Como interpretar esses registros?
A grande diferença do ser humano em relação aos outros seres vivos está nesse ponto, pois tão importante é o ato
se interpretar uma informação quanto é elaborar a mesma. Assim, nossa mente é capaz de receber dados e deles extrair
uma conclusão. Essa habilidade está diretamente ligada ao raciocínio lógico.
Muitos pensam que essa disciplina está voltada apenas para as pessoas de “exatas”, mas ela é voltada para o público
em geral e aqui seguem alguns exemplos que provam nosso conceito:
- Um advogado reúne todas as informações dos autos do processo e através do Raciocínio Lógico, elabora sua tese
de acusação ou defesa;
- Um médico ao estudar todos os exames consegue a partir de raciocínio lógico, elaborar um diagnostico e propor
um tratamento;
- Um CEO de uma empresa, através dos relatórios mensais consegue definir o plano de ação para estimular o cres-
cimento da companhia.

Todos os exemplos acima mostram como será o estudo da disciplina, onde receberemos informações e delas extrai-
remos respostas ou em outras palavras, conclusões.
No Raciocínio Lógico, essas informações terão uma particularidade: Elas sempre serão declarações onde poderemos
classificá-las de duas maneiras, VERDADEIRA ou FALSA. Essas declarações serão chamadas de PROPOSIÇÕES.

As proposições são a base do pensamento lógico. Este pensamento pode ser composto por uma ou mais sentenças
lógicas, formando uma idéia mais complexa. É importante ressaltar que objetivo fundamental de uma proposição é
transmitir uma tese, que afirmam fatos ou juízos que formamos a respeito das coisas.
Sabendo disso, uma questão importante tem que ser respondida: como realmente podemos identificar uma pro-
posição? A única técnica direta que temos é verificar se podemos atribuir o valor de verdadeiro ou falso a elas. Entre-
tanto, existe uma técnica indireta que facilita muito o trabalho de identificação de uma proposição e é frequentemente
cobrada em concursos públicos.
A técnica consiste em sabermos o que não é proposição e por eliminação, achar a proposição. A seguir, seguem
exemplos do que não é proposição e a recomendação é que se memorizem esses tipos para facilitar na hora da prova:

i.) Sentenças Imperativas: Todas as declarações que remeterem a uma ordem não são proposições.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Ex: “Apague a luz.”, “Observe aquele painel”, “Não faça isso”.

ii.) Sentenças Interrogativas: Perguntas não são definidas como proposições:


Ex: “Olá, tudo bem?”, “Qual a raiz quadrada de 5?”, “Onde está minha carteira?”

iii.) Sentenças Exclamativas:


Ex: “Como o dia está lindo!”, “Isto é um absurdo!”, “Não concordo com isto!”

iv.) Sentenças que não tem verbo:


Ex: “A bicicleta de Bruno”, “O cartão de João”.
v.) Sentenças abertas: Este tipo de sentença possui uma grande quantidade de exemplos e os exemplos são impor-
tantes para sabermos identifica-las:

41
Ex: “x é menor que 7 ou x < 7” – Essa expressão por q – Astolfo é advogado;
si só é genérica pois não temos informações de x r – Hermenegildo gosta de pizza;
para saber se ele é ou não menor que 7.Entretanto, s – Raimunda adora samba.
caso seja atribuído um valor a x, essa sentença se
tornará uma proposição, pois será possível atribuir Já as proposições compostas são formadas por uma
VERDADEIRO ou FALSO a sentença original. Assim, ou mais proposições que podem ser divididas, formando
a expressão “Para x=5, tem-se que: 5 é menor que proposições simples. São, geralmente, designadas por
7” é uma proposição e é VERDADEIRA. Por outro letras maiúsculas do alfabeto (P,Q,R,S,...).Exemplos:
lado, “Para x=9, tem-se que: 9 é menor que 7” é P – O rato é branco e comeu o queijo;
uma proposição mas é FALSA. Q – Astolfo é advogado e gosta de jogar futebol;
Ex: “z é a capital da França” – As sentenças abertas R – Hermenegildo gosta de pizza e de suco de uva;
não necessariamente são números, como mostra S – Raimunda adora samba e seu tênis é vermelho.
o exemplo. Se substituirmos “z” por “Toulouse”, a
sentença virará proposição e será FALSA. Se z = Pa- Veja que as proposições acima podem ser divididas
ris, a proposição será VERDADEIRA. em duas partes. Observe:

Valores Lógicos das proposições – Leis de Pensamento

Definido o que é preposição, podemos aprofundar o con-


ceito apresentando as leis fundamentais (axiomas) que nor-
teiam a lógica:

1) Princípio do Terceiro Excluído: “Toda proposição


ou é verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sempre
um destes casos e nunca um terceiro”.
Pode parecer óbvio, mas às vezes as pessoas se con-
fundem em questões de concursos públicos quan- As sentenças compostas dos exemplos acima não são
do aparecem as alternativas “VERDADEIRO”, “FAL- ligadas apenas pela conjunção “e”, podem ser ligadas
SO” ou “NENHUMA DAS ANTERIORES”. Qualquer por outros CONECTORES LÓGICOS (Capítulo 2). Seguem
proposição lógica será verdadeira ou falsa, não alguns exemplos para iniciar sua curiosidade pelo próxi-
existe uma terceira opção. mo capítulo:
2) Principio da identidade: “Se uma proposição é T – Osmar tem uma moto OU Tainá tem um carro.
verdadeira, então todo objeto idêntico a ela tam- U – SE Kléber é asiático ENTÃO eu sou brasileiro.
bém será verdadeiro”.
Esse principio coloca que se duas proposições que
apresentam a mesma informação mas são escritas FIQUE ATENTO!
de maneiras distintas, devem possuir o mesmo va-
lor lógico. Por exemplo, “Bruno é 5 anos mais velho As proposições compostas irão nortear
que João” e “João é 5 anos mais novo que Bruno”. seus estudos nos próximos capítulos, então
As duas proposições dizem a mesma coisa mas de atente-se a saber como dividir as proposi-
maneira diferente. Portanto se uma delas é verda- ções compostas em duas ou mais proposi-
deira, a outra deve ser. ções simples!

3) Princípio da não contradição: “Uma proposição CONECTIVOS LÓGICOS


não pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo tem-
po” Como visto rapidamente no capítulo anterior, os co-
Esse axioma é importante, pois a partir do momen- nectivos lógicos são estruturas usadas para formar pro-
to em uma proposição recebe um valor lógico, ele posições compostas a partir da junção de proposições
deve ser carregado em toda a análise para evitar simples. As proposições compostas são linhas de raciocí-
contradições. nio mais complexas e permitem se formular teses lógicas
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

com vários níveis de pensamento. Observe o exemplo a


Tipos de proposições seguir:
“Otávio gosta de jogar futebol e seu irmão não gosta
Existem dois tipos de proposições: Simples e Compostas de jogar futebol”
As proposições simples são aquelas que não contêm nenhu- Facilmente conseguimos separar essa sentença em
ma outra proposição como parte de si mesma. São, geralmente, duas: “Otávio gosta de jogar futebol” e “O irmão de Otá-
designadas por letras minúsculas do alfabeto (p,q,r,s,...). Uma vio não gosta de jogar futebol”. Entretanto, ao invés de
definição equivalente é de uma proposição que não se conse- tratarmos as duas proposições simples separadamente,
gue dividi-la em partes menores, de tal maneira que as partes ligamos as mesmas com a palavrinha “e”, que é um dos
divididas gerem novas proposições. conectores lógicos que iremos estudar a seguir.
Exemplos: Logo, com esse vínculo, poderemos estudar se a pro-
p – O rato comeu o queijo; posição composta é inteiramente verdadeira ou inteira-

42
mente falsa, dependendo do valor lógico de cada propo- A CONJUNÇÃO – Conectivo “e”
sição simples, ou seja, cada proposição simples interfere
no valor a ser atribuído na proposição composta. O próximo conectivo lógico certamente é um dos
As seções a seguir irão estudar os cinco conectivos mais usados dentro do raciocínio lógico e é também um
lógicos, apresentando suas características principais e as dos mais conhecidos. O “e” também é chamado de con-
combinações possíveis entre duas proposições simples. junção e segue a mesma classificação da própria língua
portuguesa.
A Negação – Conectivo “Não” Diferentemente do conectivo “não”, a conjunção irá
relacionar duas proposições simples, formando uma pro-
O primeiro conectivo a ser estudado é o mais sim- posição composta. Vamos ao exemplo:
ples de todos e remete a negação de uma proposição. p : Carlos gosta de jogar badminton.
A importância deste conectivo se dá na ligação entre o q : Pablo tomou suco de maçã
valor lógico VERDADEIRO e o valor lógico FALSO pois a
negação de um valor lógico será exatamente o outro va- Temos acima duas proposições simples e podemos
lor lógico, ou seja: formar uma proposição composta usando o conectivo
“e”:
i) Se uma proposição for VERDADEIRA, sua negação 𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo
será FALSA. tomou suco de maçã.
ii) Se uma proposição for FALSA, sua negação será
VERDADEIRA. Seguindo as definições do capítulo 1, a proposição
composta será indicada com uma letra maiúscula, neste
Aqui conseguimos observar a importância do “Prin- caso, R. O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒indica a conjunção, ou seja, quando
cípio do terceiro excluído”, explicado no capítulo 1. Se ele aparecer, estaremos usando o conectivo “e”.
tivéssemos mais do que dois valores lógicos, a negação Se invertermos a ordem das proposições simples, for-
se tornaria impossível pois não conseguiríamos criar um maremos outra proposição composta:
vínculo de “ida e volta” entre os valores lógicos. 𝑺 = 𝒒 ∧ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã e Carlos gosta
O conectivo NÃO possui dois símbolos e recomenda- de jogar badminton.
-se que o leitor conheça ambos pois as bancas de con-
cursos não possuem um padrão em qual símbolo usar. No caso da conjunção, o valor lógico da proposição
Observe o exemplo a seguir: composta não se altera com a inversão das proposições
p : A secretária foi ao banco esta tarde. simples, mas outros conectivos que veremos a seguir po-
dem ter alterações dependendo da ordem das proposi-
O exemplo acima já usa os conceitos vistos no capí- ções simples.
tulo 1, onde temos uma proposição simples e chamare- Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí-
mos essa proposição com uma letra minúscula “p” (Lê- veis para uma proposição composta formada pelo co-
-se “proposição p”). Vamos agora negar essa proposição nectivo “e”. No capítulo 3 aprenderemos sobre as tabelas-
usando os dois símbolos possíveis: -verdade e elas ajudarão (e muito!) na memorização das
~ p : A secretária não foi ao banco esta tarde. combinações possíveis dos conectivos lógicos. Por enquan-
¬ p : A secretária não foi ao banco esta tarde. to, vamos enumerar todos os casos para familiarização:
i) Uma proposição composta formada por uma con-
Os símbolos “~” e “¬” são os símbolos que indicam junção será VERDADEIRA se todas as proposições
negação. É Importante frisar que os símbolos de negação simples forem VERDADEIRAS.
não indicam a presença da palavra “não” na frase. Obser- ii) Uma proposição composta formada por uma con-
ve este outro exemplo: junção será FALSA se uma ou mais proposições
q : Bráulio não comprou detergente simples forem FALSAS.

Observe que a proposição q possui a palavra “não” e Recuperando o exemplo anterior:


quando negarmos a mesma, ficaremos com a frase afir- 𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo
mativa: tomou suco de maçã.
~ q : Bráulio comprou detergente. Termos que R será VERDADEIRO somente se p e q
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

¬ q : Bráulio comprou detergente. forem VERDADEIROS. Se uma (ou as duas) proposições


simples for (forem) falsa(s), R será FALSO.
FIQUE ATENTO! A DISJUNÇÃO – Conectivo “OU”
No Raciocínio Lógico, pode-se existir a
“negação da negação” que chamaremos de O conectivo “ou”, também conhecido como disjun-
Dupla Negação e veremos isso mais adian- ção, segue a mesma linha de pensamento que o conec-
te no capítulo 4. O que você precisa saber tivo “e”, relacionando duas proposições simples, forman-
neste momento é que negando uma nega- do uma proposição composta. Vamos manter o exemplo
ção, voltaremos a uma frase afirmativa, ou da seção anterior:
na linguagem coloquial: “O não do não é
o sim”.

43
p : Carlos gosta de jogar badminton. Este caso particular é chamado de “ou exclusivo” pois
q : Pablo tomou suco de maçã implica que as proposições simples são eliminatórias, ou
seja, quando uma delas for VERDADEIRA, a outra será
Temos acima duas proposições simples e vamos for- necessariamente FALSA. Veja o exemplo:
mar agora uma proposição composta usando o conecti- p: Diego nasceu no Brasil
vo “ou”: q: Diego nasceu na Argentina
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
tomou suco de maçã. Temos duas proposições referentes a nacionalidade
de Diego. Fica claro que ele não pode ter nascido em
O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒indica a disjunção, ou seja, quando ele dois locais diferentes, ou seja, se p for VERDADEIRO, q
aparecer, estaremos usando o conectivo “ou”. Observe é necessariamente FALSO e vice-versa. Assim, quando
que ele é o símbolo do conectivo “e” invertido, então, montarmos a disjunção, temos que indicar essa questão
muita atenção na hora de identificar um ou o outro. e será feito da seguinte forma:
Se invertermos a ordem das proposições simples, for- 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen-
maremos outra proposição composta: tina

𝑺 = 𝒒 ∨ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã ou Carlos gos- A leitura da proposição lógica acrescente mais um
ta de jogar badminton. “ou” no início e o restante é como se fosse um operador
“ou” convencional (que para diferenciar, é chamado de
No caso da disjunção, o valor lógico da proposição inclusivo), porém, o símbolo é sublinhado para indicar
composta também não se altera com a inversão das pro- exclusividade:
𝑹=𝒑∨𝒒 . Os casos possíveis para o “ou exclusi-
posições simples (igual a conjunção). vo” são:
Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí- i) Uma proposição composta formada por uma dis-
veis para uma proposição composta formada pelo co- junção exclusiva será VERDADEIRA se apenas uma
nectivo “ou”. Novamente vale lembrar que no capítulo 3 das proposições for VERDADEIRA.
aprenderemos sobre as tabelas-verdade e elas ajudarão ii) Uma proposição composta formada por uma dis-
(e muito!) na memorização das combinações possíveis junção exclusiva será FALSA se todas as proposi-
dos conectivos lógicos. Por enquanto, vamos enumerar ções simples forem FALSAS ou se as duas proposi-
todos os casos para familiarização: ções forem VERDADEIRAS.
i) Uma proposição composta formada por uma dis-
junção será VERDADEIRA se uma ou mais proposi- Perceba que a diferença é sutil entre os casos inclusi-
ções forem VERDADEIRAS. vo e exclusivo e ela se dá no caso das duas proposições
ii) Uma proposição composta formada por uma dis- simples serem VERDADEIRAS. No caso exclusivo, isso é
junção será FALSA se todas as proposições simples uma contradição e assim a proposição composta deve
forem FALSAS. ser FALSA. Usando o exemplo:

Comparando com a conjunção, observa-se que hou- 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen-
ve uma certa “inversão” em relação as combinações das tina
proposições simples. Enquanto na conjunção precisáva-
mos de todas as proposições simples VERDADEIRAS para Temos que R é VERDADEIRO se p for VERDADEIRO e
que a proposição composta ser VERDADEIRA, no ope- q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO. R é FALSO se p e
rador “ou” precisamos de apenas 1 delas para tornar a q forem ambas VERDADEIRAS ou ambas FALSAS.
proposição composta VERDADEIRA.
No caso do valor lógico FALSO também há inversão, A CONDICIONAL – Conectivo “SE...ENTÃO”
onde no conectivo “e” basta 1 proposição simples ser
FALSA e na disjunção, precisamos de todas FALSAS. O conectivo “Se...então”, conhecido como condicio-
nal não é tão conhecido quanto o “e” e o “ou”, porém é
Assim: o que normalmente gera mais dúvidas e o que contém
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo as famosas “pegadinhas” que confundem o candidato
tomou suco de maçã. durante a prova. A principal característica dele é que se
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Termos que R será VERDADEIRO se uma (ou as duas) você inverter a ordem das proposições simples, o valor
proposição (ões) sejam VERDADEIRAS e R será FALSO se lógico da proposição composta muda, o que não acon-
p e q forem FALSOS. tecia na conjunção e na disjunção. Vamos recuperar o
mesmo exemplo das seções 2.2.3 e 2.2.4:
A DISJUNÇÃO exclusiva – Conectivo “OU exclusivo” p : Carlos gosta de jogar badminton.
q : Pablo tomou suco de maçã
O conectivo “ou” possui um caso particular que nor- Temos acima duas proposições simples e vamos for-
malmente é cobrado em concursos públicos de maior mar agora uma proposição composta usando o conecti-
complexidade, porém é importante que o leitor tenha vo “Se...então”:
conhecimento do mesmo pois pode se tornar um dife- 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
rencial importante em concursos públicos de maior dis- tão Pablo tomou suco de maçã.
puta.

44
Observe que agora temos uma condição para que Exemplo:
Pablo tome o suco de maçã. A frase em si pode parecer
sem nexo, mas no Raciocínio Lógico nem sempre fará
sentido a conexão de duas proposições e até por isso
nós montamos esses exemplos para o leitor ficar mais
familiarizado com essa situação!
O símbolo
𝑹 = 𝒑“ → ”𝒒 indica a condicional, mostrando que ii) Falácia de afirmar o consequente: Pode-se dizer
a proposição da esquerda condiciona o acontecimento que é a pegadinha mais clássica da condicional
da proposição da direita. As combinações possíveis para pois induz a pessoa a considerar que se o conse-
esse conector são: quente ocorreu (q), pode-se afirmar que o antece-
i) Uma proposição composta formada por uma condi- dente (p) também ocorreu:
cional será VERDADEIRA se ambas as proposições
forem VERDADEIRAS ou a proposição a esquerda Esse raciocínio está INCORRETO. Para justificar, lem-
do conector for FALSA. bre-se dos casos em que a condicional é VERDADEIRA.
ii) Uma proposição composta formada por uma con- Em um desses casos, se o antecedente (p) for FALSO, não
dicional será FALSA se a proposição a esquerda importa o valor lógico de q, a proposição com condicio-
(antecedente) do conector for VERDADEIRA e a nal será VERDADEIRA. Assim, se q ocorrer não é garantia
proposição a direita (consequente) do conector for que p também ocorreu:
FALSA.
Observe agora que a posição da proposição em rela-
ção ao conector lógico importa no resultado da proposi-
ção composta. Considerando os casos observados, certa-
mente deve haver dúvidas do leitor em relação a situação
onde a proposição a esquerda do conector ser falsa e
isso implicar que a proposição composta seja verdadeira. iii) Modus Tollens: Nessa linha de raciocínio, esta-
A explicação é a seguinte: Na condicional, limitamos mos negando que o consequente (q) ocorreu e se
apenas ao caso da proposição da esquerda do conector olharmos os casos possíveis da condicional, isso
em si e não em relação a sua negação, ou seja, quan- só será possível se o antecedente (p) também não
do montamos 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 , estamos condicionando apenas ao ocorrer:
caso de p ocorrer, ou em outras palavras, p ser VERDA-
DEIRO. Se p for FALSO, não há nenhuma condição para
q, ou seja, não importa o que acontecer com q, já que
p não é VERDADEIRO. Assim, define-se 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 sempre
VERDADEIRO quando p for FALSO. Logo:
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en- Exemplo:
tão Pablo tomou suco de maçã.

Temos R VERDADEIRO se p for FALSO ou se p for


VERDADEIRO e q VERDADEIRO e R é FALSO apenas se p
for VERDADEIRO e q FALSO.
iv) Falácia de negar o antecedente: Novamente um
Pegadinhas da condicional erro de pensamento referente aos casos possí-
veis da condicional. Se você nega o antecedente
Este tópico é uma análise complementar da condi- (p) não é garantia que o consequente (q) não irá
cional. Em concursos mais apurados, sobretudo de en- ocorrer pois a partir do momento que temos ~p, o
sino superior, existem certas “pegadinhas” que testam a valor lógico de q pode ser qualquer um e a condi-
atenção do candidato em relação ao seu conhecimento. cional se manterá VERDADEIRA:
Existem quatro formas de raciocínio que envolvem a con-
dicional que merecem destaque.
i) Modus Ponens: Essa linha de raciocínio é o básico
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

da condicional onde considera a mesma VERDA-


DEIRA e no caso da ocorrência de p, podemos afir-
mar com certeza que q ocorreu: Exemplo:

45
𝒑 ∧ 𝒒 : Temos as proposições simples p e q, ou seja, a
FIQUE ATENTO! proposição composta possui duas proposições;
As pegadinhas da condicional nem sempre (𝒑 ∧ 𝒒) → (~𝒒 ↔ 𝒑) : Esta estrutura possui duas pro-
são cobradas em concursos mas se você posições simples também, p e q. Não se deve considerar
observar os exercícios resolvidos deste ca- a repetição das proposições que no caso de p e q, repe-
pítulo, verá o quanto é importante este co- tiram duas vezes;
nector lógico e o conhecimento de todos 𝒓 ↔ (𝒑 ∨ 𝒒) : Neste caso, com a presença da propo-
os casos possíveis. sição r, temos três proposições simples distintas, p,q e r.
A segunda informação, que é o número de linhas da
tabela verdade, deriva do número de proposições sim-
A BI-CONDICIONAL – Conectivo “SE E SOMENTE SE” ples que a estrutura composta possui. Usando essa conta
simples:
O conectivo “Se e somente se”, conhecido como bi
condicional elimina justamente o limitante da condicio- 𝐿 = 2𝑛
nal de não ser possível inverter a ordem das proposições
sem perder o valor lógico da proposição composta. Ago- Onde L é o número de linhas da tabela-verdade e n
ra, os dois valores lógicos serão limitantes, tanto se a é o número de proposições simples que ela possui. Ou
proposição a esquerda do conector for VERDADEIRA ou seja, para duas proposições simples, temos 4 linhas na
FALSA. Novamente vamos ao mesmo exemplo: tabela-verdade, para 3 proposições simples, 8 linhas na
p : Carlos gosta de jogar badminton. tabela e para 4 proposições simples, a tabela possui 16
q : Pablo tomou suco de maçã linhas. Além disso, para o caso de uma proposição sim-
ples, pode-se aplicar a fórmula também, e teremos duas
Temos acima duas proposições simples e vamos for- linhas na tabela-verdade.
mar agora uma proposição composta usando o conecti- Esses valores são derivados da organização da tabela,
vo “Se e somente se”: para que tenhamos todos os casos possíveis avaliados.
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e Com essa informação, podemos organizar a tabela e isso
somente se Pablo tomou suco de maçã. será apresentado caso a caso nas seções seguintes.
TABELA-VERDADE DE PROPOSIÇÃO SIMPLES: NEGA-
O símbolo
𝑹=𝒑↔𝒒 indica a bi condicional, ou seja, os dois ÇÃO
sentidos devem ser satisfeitos. Em outras palavras, a bi
condicional será VERDADEIRA apenas se os valores lógi- Nós iremos seguir a ordem do capítulo anterior e
cos das duas proposições forem iguais: apresentar a montagem das tabelas-verdade para os
i) Uma proposição composta formada por uma bi operadores lógicos descritos. Inicia-se pele negação, que
condicional será VERDADEIRA se ambas as propo- é uma proposição simples e terá apenas duas linhas na
sições forem VERDADEIRAS ou se ambas as propo- tabela-verdade:
sições forem FALSAS.
ii) Uma proposição composta formada por uma bi
p ~p
condicional será FALSA se uma proposição for
VERDADEIRA e outra for FALSA e vice-versa. V F
F V
Assim:
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e Observe que a tabela possui duas colunas. A primeira
somente se Pablo tomou suco de maçã. contém os valores possíveis para a proposição simples,
A proposição R será VERDADEIRA se p e q forem VER- que pela fundamentação da lógica, é o VERDADEIRO (V)
DADEIROS ou p e q forem FALSOS e R será FALSO se p for e o FALSO (F).
VERDADEIRO e q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO. Já a segunda coluna possui o operador lógico ne-
gação. O operador foi aplicado em casa linha da tabela,
TABELAS VERDADE gerando o resultado correspondente. Ou seja, se a pro-
posição p é V, sua negação será F e vice-versa.
A tabela-verdade é um dispositivo prático muito usa- É importante frisar que as operações da tabela-ver-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

do para a organizar os valores lógicos de proposições dade ocorrem de linha em linha, ou seja, se na primeira
compostas pois ela ilustra todos os possíveis valores lógicos linha temos que a proposição p é V, esse valor perma-
da estrutura composta, correspondentes a todas as possí- necerá assim até que todas as operações daquela linha
veis atribuições de valores lógicos às proposições simples. correspondente tenham terminado.
Para se construir uma tabela verdade, são necessárias
três informações iniciais: O número de proposições que TABELA-VERDADE PARA 2 PROPOSIÇÕES SIMPLES
compõem a proposição composta, o número de linhas que
a tabela-verdade irá ter e a variação dos valores lógicos. Chegamos as seções onde a tabela-verdade fará mais
A primeira informação é puramente visual, basta sentido, pois ela é aplicada em proposições compostas.
olhar a proposição composta e verificar quantas propo- Iniciando com uma estrutura de duas proposições sim-
sições simples a compõem, contando a quantidade de ples, vamos primeiramente explicar a organização destas
letras distintas que existem nela, vejam os exemplos: proposições.

46
Como já sabemos que são duas proposições simples, Tabela Verdade da Conjunção (“e”)
que chamaremos de p e q, temos que a tabela-verdade
terá quatro linhas: Seguindo a ordem do capítulo anterior, temos o ope-
rador lógico “e”, ou a conjunção. Para atribuir valores ló-
p q gicos a essa expressão, cria-se uma terceira coluna na
tabela-verdade e insere no título qual proposição lógica
iremos tratar, desta maneira:

p q
V V
V F
F V
FIQUE ATENTO!
Observe que além das linhas correspon- F F
dentes da tabela-verdade, nós inserimos
uma linha inicial indicando qual a proposi- No caso da conjunção, temos que ela é VERDADEIRA
ção que estamos atribuindo o valor lógico. apenas se as duas proposições compostas, p e q, forem
Isso é de suma importância para se domi- VERDADEIRAS, caso contrário, ela será FALSA. Usando
nar esse conteúdo. essa informação, vamos preencher a tabela:
Na primeira linha, temos que p é VERDADEIRO e q é
VERDADEIRO, logo, a conjunção nesse caso será VERDA-
Agora temos que combinar os dois valores lógicos DEIRA por definição:
possíveis entre as proposições, formando as quatro li-
nhas. Para isso, recomenda-se que sigam os seguintes p q
passos:
i) Na coluna da primeira proposição, atribua o valor V V V
de V para a primeira metade das linhas e F para a V F
segunda metade. Ou seja, as duas primeiras linhas
são V e as duas últimas são F: F V
F F
p q
A segunda linha possui p = V e q = F. Para a conjun-
V ção é necessário que as duas proposições sejam V para
V ela ser V, logo, ela será FALSA:
F
p q
F
V V V
ii) Para a segunda coluna, repita o mesmo procedi- V F F
mento dentro de cada valor lógico atribuído para
a coluna anterior. Ou seja, como temos V nas duas F V
primeiras linhas de p, vamos colocar V na primeira F F
linha e F na segunda. Da mesma forma, vamos fa-
zer o mesmo procedimento para as duas linhas de Seguindo o mesmo raciocínio, a terceira linha possui
p que contém F: p = F e q = V, o que faz a conjunção ser FALSA:

p q p q
V V V V V
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

V F V F F
F V F V F
F F F F

Pronto, a tabela-verdade para duas proposições foi Finalmente, a quarta linha possui as duas proposições
organizada e agora podemos passar para as proposições simples com valor lógico FALSO, o que faz a conjunção
compostas. ser FALSA também:

47
p q p q
V V V V V
V F F V F
F V F F V
F F F F F

Esta é a tabela-verdade para conjunção é deve ser O princípio deste operador lógico está na relação en-
memorizada ou resolvida de forma rápida no caso de ta- tre o antecedente (p) e o consequente (q). Ele será FAL-
belas maiores. SO apenas se 𝑝 = 𝑉 e 𝑞 = 𝐹 , o que ocorre na segunda
linha. Nos outros casos, ele será VERDADEIRO. Em caso
Tabela Verdade da Disjunção (“ou”) de dúvidas deste operador, recomenda-se a releitura do
capítulo 2.
Passando agora para o próximo conectivo, que é a
disjunção (“ou”). Esse operador possui a definição con-
trária a conjunção, onde ele só será FALSO no caso de as p q
duas proposições simples serem FALSAS, caso contrário, V V V
será sempre VERDADEIRO.
V F F
Montando a tabela: F V V
F F V
p q
V V Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)
V F O último operador é o Bicondicional (“Se e somente
F V se”) e a tabela será montada da mesma forma:
F F
p q
A primeira, segunda e terceira linhas possuem ao me-
V V
nos 1 valor lógico VERDADEIRO, ou seja, condição sufi-
ciente para o operador lógico ser VERDADEIRO: V F
F V
F F
p q
V V V Montaremos a tabela usando sua lógica simples: Ele
V F V será VERDADEIRO se as duas proposições simples tive-
rem o mesmo valor lógico e FALSO se tiverem valores
F V V diferentes:
F F
p q
Já a última linha, possui ambas proposições simples
com o valor lógico FALSO, o que faz a disjunção ser FAL- V V V
SA também: V F F
F V F
p q
F F V
V V V
V F V Com essas informações memorizadas é possível
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

montar QUALQUER tabela-verdade.


F V V
F F F Montagem de tabelas usando mais de um operador
lógico
Esta é a tabela da disjunção é também deve ser me-
morizada. Obviamente que as seções acima introduziram as ta-
belas-verdade fundamentais, que vão auxiliar na monta-
Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”) gem de tabelas mais complexas. Vamos apresentar um
exemplo onde isso será aplicado. Considere a seguinte
O próximo conector lógico é a condicional (“Se...en- proposição composta:
tão”) e montaremos a tabela-verdade do mesmo jeito
que os anteriores: (𝒑 ∧ 𝒒) ↔ ~𝒑 ∨ 𝒒

48
Observe que a proposição possui duas proposições Nós temos que utilizar os valores lógicos da quarta e
simples mas possui três operações lógicas. Para mon- segunda colunas em cada linha correspondente da tabe-
tar a tabela-verdade desta proposição, deveremos fazer la. É aqui que muitos candidatos se confundem e acabam
combinações dos resultados fundamentais vistos ante- usando colunas diferentes. Na primeira linha, temos que
riormente. a quarta coluna tem valor F e a segunda coluna tem valor
Iniciando, vamos montar a estrutura inicial, com as V, assim a disjunção entre elas será V:
colunas de p e q:
p q ~p
p q V V V F V
V V V F F F
V F F V F V
F V F F F V
F F
Na segunda linha, temos a quarta e a segunda coluna
Agora, vamos analisar a expressão: temos dois pa- com valores lógicos FALSO, o que faz a disjunção FALSA:
rênteses separados por uma bicondicional, portanto, te-
remos que saber os valores lógicos de cada parêntese p q ~p
antes de resolver o “se e somente se”. Para isso, vamos
criar colunas específicas na tabela para cada informação V V V F V
e depois agrupá-las. V F F F F
Começando com a conjunção no primeiro parêntese
e atribuindo os valores lógico de cada linha, cria-se uma F V F V
terceira coluna a partir da primeira e da segunda: F F F V

p q Na terceira linha, temos ambos VERDADEIROS, o que


faz a disjunção VERDADEIRA:
V V V
V F F p q ~p
F V F V V V F V
F F F V F F F F

Agora, vamos resolver o segundo parêntese. Para F V F V V


isso, precisaremos da negação de p para fazer uma dis- F F F V
junção com q. Logo, vamos criar primeiro uma coluna da
negação e depois faremos a disjunção: E na quarta linha, temos a quarta coluna VERDADEI-
RA e a segunda coluna FALSA, o que faz a disjunção ser
p q ~p VERDADEIRA:

V V V F
p q ~p
V F F F
V V V F V
F V F V
V F F F F
F F F V
F V F V V
Observe que esta quarta coluna é a negação da pri- F F F V V
meira, como deve ser, já que estamos negando a pro-
posição p. Criaremos agora uma quinta coluna, onde
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

faremos a disjunção de ~p (quarta coluna) e q (segunda


coluna): FIQUE ATENTO!
Fizemos uma disjunção entre a quarta e a
segunda coluna, NESTA ORDEM. No caso
p q ~p da disjunção, se fizéssemos invertido, não
V V V F haveria problemas, mas nem sempre isso
acontece. A recomendação é que se man-
V F F F
tenha a ordem da operação lógica.
F V F V
F F F V Finalmente, vamos criar a sexta coluna que será a bi-
condicional da terceira e quinta colunas:

49
p q ~p p q r
V V V F V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

Na primeira linha, temos a terceira coluna VERDADEI-


RA e a quinta também, que pela bicondicional, gera um
valor VERDADEIRO:

p q ~p Para organizar todas as combinações possíveis dos


V V V F V V valores lógicos, vamos usar o mesmo artifício visto na
V F F F F tabela com duas proposições simples. Primeiro, vamos
dividir a primeira coluna em dois blocos de 4 linhas, onde
F V F V V o primeiro bloco será VERDADEIRO e o segundo, FALSO:
F F F V V
p q r
Na segunda linha, temos ambas as colunas FALSAS,
que pela bicondicional, gera um valor VERDADEIRO: V
V
p q ~p V
V V V F V V V
V F F F F V F
F V F V V F
F F F V V F
F
Na terceira e quarta linhas temos o mesmo caso, com
a terceira coluna FALSA e a quinta VERDADEIRA, o que Na segunda coluna, vamos subdividir cada bloco da
gera um valor FALSO na bicondicional: primeira coluna em dois novamente, colocando VERDA-
DEIRO na primeira parte e FALSO na segunda, desta ma-
p q ~p neira:
V V V F V V
V F F F F V p q r

F V F V V F V V

F F F V V F V V
V F
Pronto, esses são os resultados possíveis da proposi- V F
ção composta, variando os valores lógicos das proposi-
ções simples p e q que a compõem. F
F
TABELA VERDADE PARA 3 PROPOSIÇÕES SIMPLES
F
Vamos agora aumentar a complexidade do problema F
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

inserindo uma terceira proposição, que chamaremos de


r. Pela relação de número de linhas da tabela, teremos Veja que o primeiro bloco da primeira coluna, que é
então L=23=8 linhas. A tabela fica na seguinte forma: VERDADEIRO foi dividido em dois blocos de duas linhas
cada, em um, colocamos duas linhas VERDADEIRO e nas
outras duas linhas, FALSO. Fazendo o mesmo para o blo-
co seguinte:

50
p q r p q r ~p 𝒒∧𝒓
V V
V V V F V
V V
V V F F F
V F
V F V F F
V F
V F F F F
F V
F V V V V
F V
F V F V F
F F
F F V V F
F F
F F F V F
A terceira coluna é mais simples, basta subdividir cada
Interessante observar que ficamos apenas com duas
bloco de duas linhas em uma linha cada, colocando V
linhas com o valor lógico VERDADEIRO e isso não é ne-
e F intercalado, montando assim todas as combinações
nhum problema, pois quando se realiza operações lógi-
possíveis:
cas não teremos sempre a divisão de 50% VERDADEIRO e
50% FALSO. Combinando a quarta e quinta colunas, po-
p q r demos formar o primeiro parênteses, que é ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟
V V V :
V V F p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓

V F V V V V F V V
V F F V V F F F V
F V V V F V F F V
F V F V F F F F V
F F V F V V V V V
F F F F V F V F F
F F V V F F
Como exemplo, vamos montar a tabela-verdade da
seguinte proposição composta: ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 ↔ 𝑝 ∨ 𝑟 . Com F F F V F F
a tabela acima, vamos organizar quais informações pre-
cisamos para montar a expressão final. Observando o Antes de montarmos a bicondicional entre os dois
primeiro parênteses, precisaremos da negação de p, ou parênteses, precisamos montar a coluna relativa ao se-
seja, ~p. Criando uma quarta coluna e preenchendo em gundo parênteses da expressão. Colocando a conjunção
função da primeira: a partir da primeira e terceira colunas:

p q r ~p p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓
V V V F
V V V F V V V
V V F F
V V F F F V V
V F V F
V F V F F V V
V F F F
V F F F F V V
F V V V
F V V V V V V
F V F V
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

F V F V F F F
F F V V
F F V V F F V
F F F V
F F F V F F F
Agora precisaremos fazer a conjunção entre q e r no
Finalmente, a oitava coluna é montada a partir da
primeiro parênteses para poder combinar com a negação
combinação entre a sexta e a sétima colunas:
de p. Montando a quinta coluna com , que é a combina-
ção entre a segunda e a terceira coluna, temos que:

51
p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 ↔ 𝒑∨𝒓

V V V F V V V V
V V F F F V V V
V F V F F V V V
V F F F F V V V
F V V V V V V V
F V F V F F F V
F F V V F F V F
F F F V F F F V

O resultado é interessante pois apenas a sétima linha da proposição completa possui valor lógico FALSO. Isso pode
ser facilmente uma questão de concurso, onde pergunta-se quais são os valores lógicos para que a proposição acima
seja FALSA. A resposta correta é p e q FALSOS e r VERDADEIRO.

TABELA VERDADE PARA 4 PROPOSIÇÕES SIMPLES

Os problemas envolvendo 4 proposições simples são mais trabalhosos pois envolvem 16 linhas de análise. Entre-
tanto, a resolução é a mesma dos problemas de duas ou três proposições simples. Considerando as proposições p, q,
r e s, a tabela fica da seguinte maneira:

p q r s

A primeira coluna é dividida em dois blocos de oito linhas, atribuindo V ao primeiro bloco e F ao segundo.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

52
p q r s p q r s
V V V V
V V V V
V V V F
V V V F
V V F V
V V F V
V V F F
V V F F
F F V V
F F V V
F F V F
F F V F
F F F V
F F F V
F F F F
F F F F

A segunda coluna subdivide a primeira novamente A quarta coluna basta intercalar V e F:


em dois, formando blocos de quatro linhas, intercalando
os valores V e F: p q r s
V V V V
p q r s
V V V F
V V
V V F V
V V
V V F F
V V
V F V V
V V
V F V F
V F
V F F V
V F
V F F F
V F
F V V V
V F
F V V F
F V
F V F V
F V
F V F F
F V
F F V V
F V
F F V F
F F
F F F V
F F
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

F F F F
F F
F F
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES SEGUNDO A TA-
A terceira coluna subdivide a segunda em blocos de BELA-VERDADE
duas linhas, intercalando V e F:
Após a montagem de qualquer proposição composta
na tabela-verdade, podemos classificar seu resultado de
três maneiras:

53
Tautologia Contradição

A tautologia ocorre quando todas as linhas da coluna A contradição é exatamente o contrário da tauto-
correspondente a proposição composta seja VERDADEI- logia, onde todos os resultados lógicos da operação da
RA. Ou seja, não importa os valores lógicos das proposi- proposição composta devem ser FALSOS. Observe o
ções simples, a proposição composta terá sempre o valor exemplo:
lógico V. Observe o exemplo:
Tabela verdade para 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞)..
Tabela-verdade para a proposição 𝑝 ∧ 𝑞 → 𝑝 ∨ 𝑞 .
Antes de montarmos a proposição composta, preci-
São duas proposições simples, o que formará quatro saremos montar a negação de q, a bicondicional do pri-
linhas na tabela: meiro parênteses e a disjunção do segundo, assim:

p q p q ~q 𝑝𝑝↔
↔~𝑞
~𝑞 ∧∧(𝑝
(𝑝∧∧𝑞).
𝑞).
V V
V V F F V
V F
V F V V F
F V
F V F V F
F F
F F V F F
Inserindo os dois parênteses na terceira e quarta co-
Combinando a quarta e quinta colunas para montar a
lunas:
disjunção entre os dois parênteses:

p q 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞 p q ~q 𝑝𝑝 ↔
↔ ~𝑞
~𝑞 ∧∧ (𝑝
(𝑝 ∧∧ 𝑞).
𝑞). 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞).
V V V V V V F F V F
V F F V V F V V F F
F V F V F V F V F F
F F F F F F V F F F

Aplicando a condicional entre a terceira e quarta co- Como todas as linhas do resultado final são FALSAS,
lunas: temos uma contradição.

p q 𝑝𝑝∧∧𝑞𝑞 →→ 𝑝𝑝∨∨𝑞𝑞 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞 Contingência

V V V V V A contingência é o caso mais simples de todos pois


são as tabelas-verdade que não são tautologia ou con-
V F F V V tradição, ou seja, possui os dois valores lógicos (V e F) no
F V F V V resultado final.
F F F F V
PROPOSIÇÕES LÓGICAS
O resultado da proposição composta mostra que
As proposições categóricas são formadas basicamen-
todas as linhas geraram um valor lógico VERDADEIRO.
te por três palavras: Todo, Nenhum e o Algum. Desta úl-
Assim, podemos classificar essa proposição composta
tima, deriva-se também o “Algum Não” para completar
como Tautologia.
as quatro proposições fundamentais. Assim, vamos inter-
pretar e representar as seguintes expressões:
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

FIQUE ATENTO!
Todo A é B
O exemplo de tautologia foi com duas
proposições simples mas considere que a A primeira proposição categórica é bem conhecida e
classificação é válida também para três ou facilmente interpretada. Ela afirma que todos os elemen-
mais proposições simples. tos que pertencem ao grupo (ou na nossa linguagem,
conjunto) A também pertencem ao conjunto B. Para este
caso, temos duas representações possíveis:

54
Além disso, são quatro diagramas possíveis para in-
terpretar essa proposição:

O primeiro caso talvez seja o que a maioria das pes-


soas pensam quando se diz que “Todo A é B”, ou seja,
o conjunto A sendo subconjunto do conjunto B. Entre-
tanto, quando ambos os conjuntos são coincidentes, ou
sejam, são exatamente iguais, a proposição ainda é váli-
da, com todos os elementos do conjunto A pertencentes
também ao conjunto B.

FIQUE ATENTO!
Os dois primeiros casos remetem ao conjunto A ser
Observe que quando falamos que “Todo A é subconjunto de B ou vice-versa. Em ambos consegui-
B” não é necessariamente verdade que “Todo mos afirmar que existe ao menos um elemento de A que
B é A” pois o primeiro caso da figura acima pertence a B. O terceiro caso é o mesmo de “Todo A é
justifica que nem todos os elementos de B B” pois, como dissemos, essa proposição afirma que te-
podem pertencer ao conjunto A.”. mos no mínimo um elemento de A que está em B, en-
tão logicamente todos os elementos de A pertencerem
Nenhum A é B a B atendem a “Algum A é B”. E o último caso é aquele
onde temos termos exclusivos de A e B, mas uma região
A segunda proposição categórica é a mais simples de de interseção onde há elementos pertencentes aos dois
se observar através do diagrama de conjuntos pois quan- conjuntos, satisfazendo a proposição.
do falamos que “Nenhum A é B”, conclui-se que nenhum Além disso, é possível inverter os conjuntos de posi-
elemento do conjunto A pertence ao conjunto B, ou seja, ção e manter a lógica correta, ou seja, se falarmos que
são dois conjuntos distintos sem nenhuma intersecção: “Algum A é B”, pode-se afirmar que “Algum B é A”

Algum A não é B

Análogo a proposição anterior, a proposição “Algum


A não é B” estabelece que há ao menos um elemento
de A que não pertence ao conjunto B. Novamente não
se estipula quantos elementos de A não são de B (e po-
dem ser todos eles inclusive), mas sim que não temos
todos os elementos de A pertencendo a B, algum neces-
sariamente não será. São três diagramas para representar
essa proposição categórica:
Diferentemente da proposição “Todo A é B”, dizer que
“Nenhum A é B” é logicamente equivalente a dizer que
“Nenhum B é A”, ou seja, permite-se a inversão dos con-
juntos sem prejudicar o raciocínio.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Algum A é B

As próximas duas proposições também são categóri-


cas, mas não casos extremos como as anteriores em que
ou temos todos os elementos de A pertencente a B ou
não temos nenhum. A expressão “Algum A é B” estabe-
lece que ao menos um elemento pertence também ao
conjunto B. Ela não fala quantos elementos de A perten-
cem a B (podem ser todos inclusive), o que ela descarta
é o fato de nenhum elemento de A pertencer a B, e essa
consideração será importante quando estudarmos a ne-
gação das proposições categóricas.

55
No primeiro caso, como temos elementos exclusivos de As proposições que são contraditórias entre si, ou
A e B, esses elementos exclusivos satisfazem a proposição. seja, aquelas ligadas pela diagonal do problema serão
No segundo caso, temos B como subconjunto de A sem justamente as negações lógicas da proposição categóri-
serem coincidentes, o que também deixam alguns elemen- ca considerada, ou seja:
tos de A não pertencendo a B. Finalmente o terceiro caso, - A negação de “Todo A é B” é “Algum A não é B”
onde A e B não possuem intersecção (coincidente com - A negação de “Nenhum A é B” é “Algum A é B”
“Nenhum A é B”), temos que os elementos de A não per- - A negação de “Algum A é B” é “Nenhum A é B”
tencem a B, bastava apenas 1 mas nesse caso foram todos. - A negação de “Algum A não é B” é “Todo A é B”

CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS Ou seja, nas proposições categóricas, negar uma pro-
posição universal é transformá-la em uma proposição
As quatro proposições categóricas também possuem particular de afirmação contrária e vice-versa. Isso refor-
nomes formalizados que são de importante conhecimen- ça o que foi dito no início do capítulo que a negação
to para se interpretar enunciados de concursos que utili- de “Todo A é B” não é “Nenhum A é B” e agora fica fácil
zarem essas definições. Vamos a elas de entender pois para que “Todo A é B” seja falso, basta
apenas um único elemento de A não pertencer a B, o
Proposição Universal Afirmativa caracteriza a proposição “Algum A não é B”.

A proposição universal afirmativa é equivalente a ex- No caso das relações “subalternas”, quando temos o
pressão “Todo A é B”, ou seja, todo o universo do conjun- valor lógico definido da proposição universal, podemos
to A pertence a B. expandi-lo para a sua correspondente proposição parti-
cular, ou seja:
Proposição Universal Negativa - O valor lógico da proposição particular afirmativa
será o mesmo que o da proposição universal afir-
A proposição universal negativa é equivalente a ex- mativa.
pressão “Nenhum A é B”, ou seja, todo o universo do - O valor lógico da proposição particular negativa será
conjunto A não pertence a B. o mesmo que o da proposição universal negativa.

Proposição Particular Afirmativa ANÁLISE COM MAIS DE UMA PROPOSIÇÃO CATEGÓ-


RICA ENVOLVIDA
A proposição particular afirmativa é equivalente a ex-
pressão “Algum A é B”, ou seja, algum caso de todo o Os problemas envolvendo proposições categóricas
universo do conjunto A pertence a B. podem ser simples de se revolver como visto no exercí-
cio comentado acima, porém, existem casos mais elabo-
Proposição Particular Negativa rados, onde pode haver 3 ou mais conjuntos para serem
analisados. Observe esse exemplo extraído de uma ban-
A proposição particular negativa é equivalente a ex- ca que aborda muito o raciocínio lógico, a ESAF:
pressão “Algum A não é B”, ou seja, algum caso de todo Se é verdade que “Alguns A são R” e que “Nenhum G
o universo do conjunto A não pertence a B. é R”. então é necessariamente verdadeiro que:
a) Algum A não é G
RELAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS b) Algum A é G
c) Nenhum A é G
As proposições categóricas possuem relações entre si d) Algum G é A
para aplicarmos valores lógicos quando necessário. Para e) Nenhum G é A.
ajudar na memorização, construiu-se um diagrama com
as definições apresentadas abaixo: Observem neste caso que temos 3 conjuntos: A,R e
G e eles estão relacionados através de proposições cate-
góricas. Para resolver esse tipo de problema, temos que
utilizar dos diagramas de conjuntos para entende-lo. A
ordem de aplicação das proposições determina seu êxi-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

to no exercício, onde recomenda-se começar pelas pro-


posições universais e depois partir para as particulares.
Iniciando então por “Nenhum G é R”, o diagrama fica da
seguinte forma:

56
Nesse caso, G e R não possuem intersecções. Feito
isso, deve-se analisar a proposição “Algum A é R”, que
possui 4 casos distintos. Além disso, não sabemos se A
intersecta ou não o conjunto G, portanto teremos que
considerar ambos os casos:

- A é subconjunto de R: Nesta primeira situação, A


não poderá intersectar G pois está dentro de R e nenhum
R é G:

Portanto são 6 casos para se analisar e verificar qual


alternativa atende todos simultaneamente:
a) Algum A não é G: Se observarmos os 6 casos, sem-
pre há ao menos um todos os elementos de A que
não pertencem a G, ou seja, não há nenhum caso
onde todos os elementos de A estão dentro de G.
Logo esta alternativa aparenta ser a correta.
b) Algum A é G: No primeiro, terceiro, quarto e sexto
casos, nenhum elemento de A pertence a G, logo
- R é subconjunto de A: Nesta primeira situação, po- esta alternativa não é a correta.
demos ter A intersectando G ou não: c) Nenhum A é G: No segundo e quinto casos, há ele-
mentos de A que estão em G, logo esta alternativa
não é a correta.
d) Algum G é A: Os casos onde A e G não se cruzam
eliminam esta alternativa da mesma forma que na
alternativa b
e) Nenhum G é A: Da mesma forma que as alternativa
b e d, os casos onde A e G possuem intersecção
são suficientes para eliminar esta alternativa.

- A e R são coincidentes: Neste caso, A não cruza G Logo, encontramos a alternativa correta. O que é im-
pois nenhum R é G; portante observar é que problemas envolvendo mais de
uma proposição categórica podem ser complicados e re-
quererem uma análise aprofundada de todos os casos.

EQUIVALÊNCIA LÓGICA

A equivalência lógica é a relação entre duas proposi-


RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

ções lógicas que serão ditas equivalentes, ou seja, ao se


montar a tabela-verdade de ambas, a distribuição dos
valores lógicos será a mesma.
O domínio desta teoria passará ao candidato a se-
gurança de se manipular expressões lógicas, buscando
- A e R possuem intersecção com elementos exclusi- a equivalência correta nas alternativas da questão. Na
vos: Neste caso, pode-se haver intersecção ou não de A maioria das vezes, os enunciados das questões de equi-
em G: valência lógica, usando frases simples como: “A negação
da expressão ... é:” ou também “A expressão logicamente
equivalente a ... é:”.

57
Para resolver esses exercícios, o candidato deverá re-
conhecer na expressão original que tipo de equivalência 𝑝𝑝 ∧∧𝑝𝑞𝑞∧=𝑞 =𝑞∧𝑝
= 𝑞𝑞 ∧∧ 𝑝𝑝
pode ser usada e é isso que iremos apresentar nas seções
𝑝𝑝 ∨∨𝑝𝑞𝑞∨=
𝑞=𝑞∨𝑝
= 𝑞𝑞 ∨∨ 𝑝𝑝
a seguir.
𝑝𝑝 ↔𝑝↔𝑞𝑞 =𝑞↔ 𝑝
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS NOTÁVEIS ↔ 𝑞𝑞 = = 𝑞↔ ↔ 𝑝𝑝

Iniciando pelas equivalências mais simples, apresen- Ou seja, para a disjunção, conjunção e bicondicional é
taremos os cinco primeiros casos de relações lógicas: possível inverter a ordem das proposições simples, man-
tendo o resultado final da proposição composta. Usando
Dupla Negação novamente frases como exemplo, temos que se p = “An-
dei 5km” e q = “Tomei um suco”:
A dupla negação já foi introduzida quando se definiu Andei 5km e tomei um suco = Tomei um suco e andei
o operador lógico negação, ou o “não” e se apresentou 5 km
que “a negação da negação é a própria afirmação”. Em Andei 5km ou tomei um suco = Tomei um suco ou
outras palavras, a dupla negação anula dois operadores andei 5 km
“não” que estão juntos, como no exemplo a seguir: Andei 5km se e somente se tomei um suco = Tomei
um suco se e somente se andei 5 km
~ ~𝑝 = 𝑝
FIQUE ATENTO!
Ou seja, os dois operadores lógicos “~” são retirados, O leitor mais atento percebeu uma poten-
restando apenas a proposição simples. cial “pegadinha” nesta propriedade pois ela
não vale para o operador “Se...então” que
Idempotência
é a condicional. Muita atenção quando for
utilizar essa propriedade!
A idempotência trata de duas relações, uma com o
operador “e” (conjunção) e outra com o operador “ou”
(disjunção). A idéia básica é mostrar que quando se apli-
Associação
ca esses operadores na mesma proposição simples, o re-
sultado é a própria proposição. Vejam os casos:
A propriedade associativa também tem a mesma ca-
𝑝∧𝑝=𝑝 racterística encontrada na matemática, onde você pode
inverter a ordem das operações lógicas. Isso só pode ser
𝑝∨𝑝=𝑝 feito caso tenhamos APENAS disjunção e conjunção nas
operações, observe:
Essa equivalência é fácil verificar na tabela-verdade: 𝑝 ∧𝑝 ∧𝑞 ∧𝑞𝑟∧ 𝑟= =𝑝 ∧𝑝 𝑞∧ 𝑞∧ 𝑟∧ 𝑟
𝑝 ∨𝑝 ∨𝑞 ∨𝑞 𝑟∨ 𝑟= =𝑝 ∨𝑝𝑞∨ 𝑞∨ 𝑟∨ 𝑟
p 𝑝∧𝑝=𝑝 𝑝∨𝑝=𝑝 O que a propriedade nos mostrou é que podemos
fazer a operação entre p e q antes de realizar a operação
V V V entre q e r.
F F F
Distribuição
Tanto na tabela-verdade da disjunção e da conjunção,
quando ambas as proposições são VERDADEIRAS, o re- A propriedade distributiva também segue a analogia
sultado é VERDADEIRO e quando ambas são FALSAS, o da propriedade vista na matemática, sendo conhecida
resultado da proposição composta é FALSO. também como a propriedade “chuveirinho” onde a partir
Usando frases nas proposições, essa propriedade nos de um operador lógico externo aos parênteses, faz-se a
permite dizer que se p = “João é professor”, temos que: distribuição nos elementos internos, desta forma:
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

João é professor e João é professor = João é profes-


sor
João é professor ou João é professor = João é pro- 𝑝 ∧𝑝 ∧𝑞 ∨𝑞𝑟∨ 𝑟= =𝑝 ∧𝑝𝑞∧ 𝑞∨ (𝑝
∨ (𝑝 ∧ 𝑟)
∧ 𝑟)
fessor 𝑝 ∨𝑝 ∨𝑞 ∧𝑞𝑟∧ 𝑟= =𝑝 ∨𝑝𝑞∨ 𝑞∧ (𝑝
∧ (𝑝 ∨ 𝑟)
∨ 𝑟)
Comutação
Observe novamente que essa propriedade também é
A propriedade comutativa da equivalência lógica é válida APENAS para os operadores disjunção (“e”) e con-
análoga a propriedade de mesmo nome da matemática. junção (“ou”), sendo incorreto aplicar na condicional e na
Ela descreve que podemos mudar a ordem das propo- bicondicional. Usando frases como exemplo, considere
sições simples sem afetar o resultado final. Existem três que: p = “Almir é biólogo”, q = “Joseval é escritor” e r
casos: = “Arlequina é bandida”, assim:

58
p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
A propriedade 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟) nos ~ 𝒑∨∼
∧𝒒𝑞 𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞
permite dizer que a proposição:
𝑝 ∨ 𝑞 ∧ 𝑟 “Almir
= 𝑝 ∨é 𝑞biólogo, e Jo-
∧ (𝑝 ∨ 𝑟)
seval é médico ou Arlequina é bandida” é equivalente à V V V F F F F
proposição: “Almir é biólogo e Joseval é escritor, ou Almir V F V F F V F
é biólogo e Arlequina
𝑝 ∧é bandida”
𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟) F V V F V F F
Já a propriedade 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ 𝑟 = 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ (𝑝 ∨ 𝑟) nos F F F V V V V
permite dizer que a proposição: “Almir é biólogo, ou Jo-
seval é médico e Arlequina é bandida” é equivalente à Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o
proposição: “Almir é biólogo ou Joseval é escritor, e Almir mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a
é biólogo ou Arlequina é bandida” equivalência.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p =
NEGAÇÃO DOS OPERADORES LÓGICOS “Andei de bicicleta” e q = “joguei futebol”, a negação
correta de “Eu andei de bicicleta ou joguei futebol” será
Este tópico provavelmente é o mais importante deste “Eu não andei de bicicleta e não joguei futebol”.
capítulo pois apresentará as negações das proposições
lógicas mais utilizadas: “Disjunção”, “Conjunção”, “Condi- Negação da Condicional
cional” e “Bicondicional”
A negação da condicional é uma expressão que vem
Negação da conjunção – Regra de De Morgan derivada de outras duas equivalências lógicas: Regra de
De Morgan e Implicação material (apresentada nos tópi-
As negações da conjunção e da disjunção são conhe- cos seguintes). Como a idéia não é apresentar deduções,
cidas como Regras de De Morgan e são fáceis de memo- vamos mostrar a equivalência e prova-la através da ta-
rizar pela sua estrutura simples: bela-verdade:
∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞 ∼ 𝑝 → 𝑞 = 𝑝 ∧∼ 𝑞

Montando a tabela-verdade:
A regra nos diz que ao negar uma conjunção, po-
demos negar individualmente cada proposição simples p q ~q
𝒑→𝒒 ~ 𝒑→𝒒 𝒑 ∧∼ 𝒒
trocando o operador “e” por um operador “ou”. A prova
desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:
V V V F F F
V F F V V V
p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 =~~𝑝𝒑∨∼
∧ 𝒒𝑞 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞
F V V F F F
V V V F F F F F F V F V F
V F F V F V V
Comparando a quarta e sexta colunas, podemos ob-
F V F V V F V servar que todas as linhas possuem os mesmos valores
F F F V V V V lógicos, comprovando a equivalência desta negação.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p =
Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o “Fiz muitos gols” e q = “Sou o artilheiro”, a negação
mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a correta de “Se fiz muitos gols então sou o artilheiro” será
equivalência. “Fiz muitos gols e não sou o artilheiro”.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p =
“Eu sei nadar” e q = “Eu sei correr”, a negação correta Negação da Bicondicional
de “Eu sei nadar e sei correr” será “Eu não sei nadar ou
não sei correr” Certamente a negação da bicondicional é a expres-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

são mais difícil dentre as apresentadas na equivalência


Negação da disjunção – Regra de De Morgan lógica. Ela não é simples de deduzir e usaremos a mesma
abordagem da negação da condicional, que é apresentar
A negação da disjunção também é conhecida como a expressão e provar com a tabela-verdade:
Regra de De Morgan: ∼ 𝑝 ↔ 𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
∼ 𝑝 ∨ 𝑞 = ~𝑝 ∧∼ 𝑞

A regra nos diz que ao negar uma disjunção, pode-


mos negar individualmente cada proposição simples
trocando o operador “ou” por um operador “e”. A prova
desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:

59
Montando a tabela-verdade:

p q∼ 𝑝 ↔ 𝑞 =∼(𝑝𝑝∧∼
↔ 𝑞) ~p
𝑞 ∼∨=(𝑞
𝑝
(𝑝↔ 𝑞~q𝑞)
~𝑝)
∧∧∼ =∨(𝑝(𝑞∧∼
∧ ~𝑝)
𝑞) ∨∼(𝑞𝑝∧↔
~𝑝)
𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
V V V F F F F F F
V F F V F V V F V
F V F V V F F V V
F F V F V V F F F

Observando a quarta e nona colunas, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equiva-
lência lógica.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Passei de ano” e q = “Tirei 10 na prova”, a negação correta
de “Passei de ano se e somente se tirei 10 na prova” será “Passei de ano e não tirei 10 na prova ou tirei 10 na prova e
não passei de ano”.

Equivalências lógicas da condicional e bicondicional

Além das negações dos operadores lógicos condicional e bicondicional, existem outras equivalências lógicas impor-
tantes que estatisticamente são cobradas com certa frequência nos concursos públicos e serão apresentadas a seguir:

Implicação Material

A implicação material é uma equivalência lógica aplicada ao operador condicional que transforma esse operador
em uma disjunção (“ou”):
𝑝 → 𝑞 = ~𝑝 ∨ 𝑞

Montando a tabela-verdade:

p q ~p
𝑝 → 𝑞 𝑝 =→~𝑝
𝑞 ∨=𝑞~𝑝 ∨ 𝑞

V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

A terceira e quinta colunas possuem os mesmos valores lógicos em todas as linhas, podendo afirmar que são, por-
tanto, proposições equivalentes.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei distraído” e q = “Tropecei na calçada”, uma expres-
são equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Não andei distraído ou tropecei na calçada”

Transposição

A transposição, como o próprio nome diz, é aplicada ao operador condicional, trocando de posição as proposições
simples, algo que não é permitido diretamente pela propriedade comutativa apresentada anteriormente. A equivalên-
cia é a seguinte:
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝

Ou seja, nega-se e inverte-se as proposições simples para formar a equivalência. Comprovando pela tabela-verdade:
p q ~p →𝑝 ~𝑝
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 →~q𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝

V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V

60
Assim, como a terceira e sexta colunas são idênticas, temos a equivalência lógica comprovada.
Usando as frases da implicação material como exemplo novamente, se considerarmos p = “Andei distraído” e q
= “Tropecei na calçada”, uma expressão equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Se não
tropecei na calçada, então não andei distraído”

FIQUE ATENTO!
Sempre que no enunciado de um exercício de equivalência tivermos o operador condicional, desconfie se
não será aplicada as regras de implicação material ou transposição, normalmente elas que serão utilizadas
para resolver a questão!

Equivalência Material

A equivalência material é a última relação que veremos neste capítulo e envolve o operador bicondicional que sem-
pre irá proporcionar expressões maiores para memorização. Além disso, são dois casos para se analisar: O primeiro,
transforma-se a bicondicional em duas operações condicionais:

𝒑↔𝒒 = 𝒑→𝒒 ∧ 𝒒→𝒑

Intuitivamente essa expressão não é difícil pois o próprio nome “bicondicional” já se refere a “duas condicionais”.
O importante é lembrar que as duas condicionais são ligadas por um operador “e” e não por um operador “ou”. A
tabela-verdade fica:

p q 𝒑𝒑 ↔
↔ 𝒒𝒒 =
= 𝒑𝒑 →
→ 𝒒𝒒 ∧∧ 𝒒𝒒
𝒑→→
↔𝒑𝒑𝒒 = 𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒒 → 𝒑
V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V

Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma expressão
equivalente para “A bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “Se a bolsa é azul então o estojo é vermelho
e se o estojo é vermelho então a bolsa é azul”.
O outro caso de equivalência material é a conversão da bicondicional em operadores “ou” e “e”:
𝒑 ↔ 𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒

Essa expressão não é tão intuitiva como o primeiro caso mas dá para se criar um raciocínio imaginando que a bi-
condicional foi separada em duas conjunções das afirmações e negações ligadas por uma disjunção. A tabela-verdade
fica desta maneira:

p q 𝒑 ↔ 𝒒 = ~p
𝒑𝒑→↔𝒒~q
𝒒∧ =𝒒 𝒑
→∧𝒑𝒒 ∨ ~𝒑
𝒑↔∧ ~𝒒
𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒

V V V F F V F V
V F F F V F F F
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

F V F V F F F F
F F V V V F V V

Com a terceira e oitava coluna idênticas, temos a equivalência comprovada. Usando as mesmas frases como exem-
plo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma outra expressão equivalente para “A
bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “A bolsa é azul e o estojo é vermelho ou a bolsa não é azul e
o estojo não é vermelho”.

61
LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO

Tanto o argumento, quanto a proposição, formam as


bases para o estudo da lógica. Todavia, a proposição ain-
da continua sendo o elemento fundamental, pois a partir
dela que são construídos os argumentos. Mas afinal de
contas, o que é um Argumento? Essa definição é impor- Se considerarmos as proposições:
tante para o seguimento do capítulo e será apresentada
a seguir.
Um argumento é feito de uma composição de duas
ou mais proposições. Diferentemente de uma proposi-
ção composta, o argumento apresenta as proposições
de maneira separada, classificando-as em dois tipos:
Premissas e Conclusão. As premissas são as bases e as Ou seja, toda a argumentação é montada sob propo-
informações que irão nortear a Conclusão (que é única, sições compostas ligadas pelos conectivos lógicos. Nos
apenas 1 proposição pode ser a conclusão). Assim, a es- concursos públicos, isso pode aparecer diretamente, ou
trutura básica de um argumento é: Premissas Conclusão. em forma de frases onde o leitor deverá convertê-la para
Normalmente, os argumentos são apresentados na expressões lógicas. Para verificar se o argumento é válido
forma vertical, separando as premissas e a conclusão por ou não, usaremos as técnicas apresentadas a seguir.
um traço, desta maneira:
ANÁLISE DA VALIDADE DOS ARGUMENTOS

Normalmente quando os argumentos são analisados,


a primeira estratégia pensada é o uso dos diagramas de
conjuntos, ou conhecidos também como diagramas de
Euler. Essa estratégia será a primeira a ser apresentada
As três premissas informam que há uma caracterís- nesta seção, porém, é importante que fique claro que
tica genética de olhos azuis na família, onde seu pai e ela funciona em alguns casos específicos e que em casos
você possuem olhos azuis. Dadas essas informações, onde o argumento foi construído sob conectivos lógicos
concluiu-se que seu filho terá a mesma característica, ou (exemplo anterior), sua praticidade não é encontrada.
seja, olho azul. Logo, serão apresentadas 4 estratégias definitivas para
Como este argumento é mais genérico, vamos a um se resolver qualquer problema de argumentação.
mais direto que vocês irão lidar em seus concursos:
FIQUE ATENTO!
Vocês encontrarão exercícios onde mais de
uma técnica pode ser usada para sua reso-
lução. Esta apostila será uma referência para
sugestão de qual técnica utilizar. Caso con-
A argumentação apresenta que o grupo denominado siga resolver por outra técnica, é um ponto
“brasileiros” pertence em sua integralidade ao conjunto a mais no seu aprendizado.
“devedores”. Assim, se eu pertenço ao grupo dos “brasi-
leiros”, naturalmente estarei no grupo “devedores”.
Um ponto importante a se ressaltar neste exemplo Diagramas de Conjuntos (Euler)
é a estrutura particular dele. Quanto tivermos um argu-
mento composto por 2 (duas) premissas e a conclusão, A análise de argumentos usando os diagramas de
ele será considerado um caso particular e terá o nome conjuntos só é efetivamente vantajosa se os argumentos
de silogismo. forem montados com proposições categóricas (capítulo
Ambos os argumentos foram conclusões verdadei- 5). Ou seja, as premissas devem conter as expressões que
ras das premissas que consideramos. Neste caso, iremos designam este tipo, como todo, nenhum, algum e al-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

classifica-los como argumentos válidos, ou seja, as pre- gum não. Algumas variações podem existir, como pelo
missas levam a esta conclusão. menos um e cada um, mas sempre serão remetidas as
A oposição disso é justamente uma ou mais premis- proposições que aprendemos no capítulo anterior.
sas falharem na conclusão, e isso tornará o argumento Este método prevê que desenharemos as premissas
inválido, pois não atende integralmente todas as premis- dentro de cada conjunto correspondente, procurando as
sas. interseções entre eles. Após a construção do diagrama,
Outro caso de argumentos que podem ser cobrados verifica-se a validade do argumento.
são aqueles que envolvem conectivos lógicos, como por Exemplo:
exemplo, neste exercício que caiu em um concurso:

62
O ponto chave da lógica da argumentação é verificar
se a conclusão é uma consequência lógica das premissas.
Isso será feito neste caso usando os conjuntos. A primei-
ra proposição diz que todas as mulheres são morenas,
assim o conjunto “mulheres” está dentro ou é coinciden-
te ao conjunto “morenas”:

ou

A segunda premissa nos mostra que Roberto não é


A segunda proposição diz que nenhuma morena can-
um convidado. Neste caso, veja que temos três possi-
ta, ou seja, não há intersecção entre esses conjuntos:
bilidades, duas no primeiro caso da premissa e um no
segundo caso. A posição de Roberto está indicada com
um “X”:

Assim, a conclusão torna-se válida pois o conjunto


mulheres também não possui intersecção com o conjun-
tos “cantoras”, tornando assim o argumento válido. É im- ou
portante frisar que sabemos que parte das mulheres não
são morenas mas isso não pode interferir na validade do
argumento. A única coisa que devemos ver sob o ponto
de vista lógico é que se as premissas forem verdadeiras,
temos que ter a conclusão verdadeira.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Vamos agora com um exemplo de argumento inváli-


do. Observem:

ou

Repetindo a estratégia do exemplo anterior, temos


que a primeira premissa nos mostra que o conjunto
“convidados” está dentro ou é coincidente ao conjunto
“parentes”:

63
Esse argumento está montado apenas com os valores
lógicos e temos uma proposição simples no terceiro ar-
gumento. Assim, vamos adotar a estratégia de premissas
verdadeiras, ou seja:

A conclusão nos fala que Roberto não é parente, o


que é verdade na segunda e na terceira possibilidade. Na
primeira, ambas as premissas são atendidas mas a con-
clusão é falsa, já que Roberto está dentro do conjunto
parentes.
Quando uma ou mais das possibilidades falha, não Na terceira proposição, temos que R é verdadeiro e
temos garantia integral do argumento, tornando-o invá- a partir disso, para a segunda premissa ser verdadeira,
lido. temos que ter ~Q=V, ou seja Q=F.
Esse resultado implica na primeira premissa, pois se
Q=F, para a condicional ser verdadeira, precisaremos ter
que P seja falso, ou seja, P=F .
EXERCÍCIO COMENTADO Com os três valores lógicos, podemos avaliar a con-
clusão, onde se P=F, temos ~P=V, tornando a conclusão
1. (TCE-RS – ENGENHEIRO – CESPE, 2004). A seguinte verdadeira e o argumento válido.
afirmação é válida: Se após essas associações tivéssemos encontrado
~P=F, teríamos uma contradição, o que tornaria o argu-
Premissa 1: Toda pessoa honesta paga os impostos de- mento inválido.
vidos
Premissa 2: Carlos paga os impostos devidos
Conclusão: Carlos é uma pessoa honesta
EXERCÍCIO COMENTADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
2. (TCE/AC – ANALISTA – CESPE, 2008). Considere que
Resposta: Errado. Montando as premissas dentro do as seguintes proposições são premissas de um argumento:
diagrama de Euler, se o conjunto “pagam impostos”
e “honestos” não forem coincidentes, não há como 1. César é o presidente do tribunal de contas e Tito é um
garantir que Carlos está necessariamente dentro do conselheiro
conjunto “honestos”. Portanto, o argumento torna-se 2. César não é o presidente do tribunal de contas ou
inválido. Adriano impõe penas disciplinares na forma da lei
3. Se Adriano é vice-presidente do tribunal de contas, en-
tão Tito não é o corregedor.
Premissas verdadeiras
Com base nas definições apresentadas no texto acima,
A segunda estratégia já envolve premissas que não assinale a opção em que a proposição apresentada, junto
tenham as proposições categóricas. Ela é eficiente quan- com essas premissas, forma um argumento válido:
do ao menos uma das proposições é simples, ou seja,
não há nenhum conectivo lógico com ela ou se temos a) Adriano não é o vice-presidente do tribunal de contas
uma das premissas com uma conjunção, pois assim con- b) Se César é o presidente do tribunal de contas, então
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

seguimos valorar logicamente as proposições simples Adriano não é o corregedor.


que a compõe. c) Se Tito é o corregedor, então Adriano é o vice-presi-
Para avaliar a validade do argumento, basta adotar dente do tribunal de contas.
que todas as premissas são verdadeiras e a partir da pro- d) Tito não é o corregedor
posição simples, verificar se a conclusão mantém-se ver- e) Adriano impõe penas disciplinares na forma da lei
dadeira.
Se o resultado da conclusão for verdadeiro, o argu- Resposta: Letra E. Utilizando o método de premissas
mento é válido, caso contrário, se a conclusão for falsa verdadeiras, a primeira premissa já nos garante que
ou se você não conseguir definir seu valor lógico, ele será César é o presidente do tribunal de contas e Tito é um
inválido. conselheiro. Na segunda, como temos uma disjunção
Vamos a um exemplo: e a primeira proposição é falsa, já que César é o pre-
sidente do tribunal, temos que ter que Adriano impõe

64
penas disciplinares na forma da lei, o que é exatamente a alternativa E. Para completar, a terceira premissa fica inde-
finida sob o ponto de vista lógico, uma vez que não temos informações suficientes para determinar se Adriano é ou
não vice-presidente do TCE, mas isto não afeta a escolha da alternativa correta.

Tabela verdade

O método de resolução do argumento por tabela verdade é utilizado quando não se consegue resolver pelos dois
métodos anteriores, ou seja, quando não temos proposições categóricas ou quando não temos premissas sob a forma
de proposições simples ou uma delas sendo uma conjunção. Entretanto, mesmo para o caso onde o método de pre-
missas verdadeiras é aplicável, a tabela verdade pode ser utilizada, tornando um método mais genérico.
A resolução se baseia na construção da tabela verdade e temos que olhar as linhas correspondentes a todas as
premissas possuírem o valor VERDADEIRO. Se nessa linha, a conclusão também for VERDADEIRA, temos um argumento
válido, caso contrário, ele será inválido.

FIQUE ATENTO!
Lembre-se que a quantidade de linhas da tabela-verdade é calculada em função da quantidade de propo-
sições simples que formam as premissas. Quanto maior o problema, mais trabalhoso será a sua resolução!

Vamos analisar um exemplo passo a passo:


Analise o argumento a seguir e verifique se ele é válido
Se Pablo é ator e Irene é médica, então João é carpinteiro.
João não é carpinteiro ou Irene é médica.
Logo, Pablo não é ator ou Irene é médica.
Passando para a linguagem lógica, temos que:

Observe que este argumento possui duas premissas e uma conclusão, porém é formado por três proposições sim-
ples. Assim, a tabela-verdade terá 8 linhas e não 4. Construindo a base da tabela:

p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F

As próximas duas colunas serão correspondentes à primeira premissa:

p q r
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

V V V V V
V V F V F
V F V F V
V F F F V
F V V F V
F V F F V
F F V F V
F F F F V

65
As duas colunas seguintes são correspondentes à segunda premissa:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒

V V V V V F V
V V F V F V V
V F V F V F F
V F F F V V V
F V V F V F V
F V F F V V V
F F V F V F F
F F F F V V V

Agora, as próximas três colunas se referem a conclusão:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒
~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒

V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V

Com a tabela construída, temos que identificar as linhas que possuem ambas as premissas verdadeiras, ou seja, te-
mos que analisar a quinta e sétima colunas, procurando as linhas em que ambas são V. Se observarmos, encontraremos
a primeira, quarta, quinta, sexta e oitava linhas nesta configuração:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒

V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Observando essas cinco linhas, temos que a conclusão (última coluna) é VERDADEIRA em quatro delas, excetuan-
do-se apenas a primeira linha, onde a conclusão, assim, como nem todos os casos foram atendidos, o argumento é
inválido. Vale lembrar que basta 1 caso FALSO para o argumento não ser válido.

66
, temos que ter 𝑪 = 𝑽 para atender a primeira premissa.
Finalmente, como 𝑫 = 𝑽 , temos que ter ~𝑪 = 𝑽 ⟹ 𝑪 = 𝑭
EXERCÍCIO COMENTADO , mas isso contradiz a primeira premissa que determinou
que 𝑪 = 𝑽 .
3. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). A sequência de pro- Como houve falha em provar que a conclusão é FAL-
posições a seguir constitui uma dedução correta: SA com as premissas VERDADEIRAS, temos que a conclu-
são é VERDADEIRA o que faz o argumento VÁLIDO!
Se Carlos não estudou, então ele fracassou na prova de
Física.
Se Carlos jogou futebol, então ele não estudou.
Carlos não fracassou na prova de Física EXERCÍCIO COMENTADO
Carlos não jogou futebol
4. (SEGER-ES – TODOS OS CARGOS – CESPE, 2011).
( ) CERTO ( ) ERRADO
- Começo do mês é tempo de receber salário.
Resposta: Certo. Considerando as três primeiras li- - Se as contas chegam, o dinheiro (salário) sai.
nhas como premissas e a última como conclusão, cha- - Se o dinheiro (salário) sai, a conta fica no vermelho mui-
maremos de a: Carlos estudou, b: Carlos fracassou na to rapidamente.
prova de Física e c: Carlos jogou futebol. Construindo - Se a conta fica no vermelho muito rapidamente, então
a tabela-verdade com a ordem estudada nesta apos- a alegria dura pouco
tila, teremos que apenas a linha 4 terá as 3 premissas - As contas chegam.
VERDADEIRAS simultaneamente e nesta linha temos
também a conclusão VERDADEIRA. Logo, este argu- Pressupondo que as premissas apresentadas acima se-
mento é válido. jam verdadeiras e considerando as propriedades gerais
dos argumentos, julgue os itens subsequentes:
A afirmação: “Começo do mês é tempo de receber salá-
Conclusão Falsa rio, porém a alegria dura pouco”, é uma conclusão válida
a partir das premissas apresentadas acima.
Para os casos onde temos um número de proposi-
ções simples maior (acima de 3), uma alternativa ao invés ( ) CERTO ( ) ERRADO
de se aplicar uma tabela verdade que terá muitas linhas
será o método da conclusão Falsa, ou seja, considera-se A afirmação: “Se as contas chegam, então a alegria dura
o valor lógico FALSO na conclusão além de considerar pouco” é uma conclusão válida a partir das premissas
as premissas VERDADEIRAS. Se este caso existir, teremos apresentadas acima.
um argumento inválido, caso contrário, ele será válido.
Este método funciona bem quando a conclusão é uma ( ) CERTO ( ) ERRADO
condicional ou uma conjunção, pois conseguiremos atri-
buir valores lógicos a todas as proposições simples que Resposta: Certo e Certo. Chamando de p: Começo
a compõe. do mês é tempo de receber salário, q: As contas che-
Observe o exemplo a seguir, extraído do livro Racio- gam; r: O dinheiro (salário) sai, s: A conta fica no ver-
cínio Lógico Simplificado, de Sérgio Carvalho e Weber melho muito rapidamente e t: A alegria dura pouco,
Campos, um dos livros que usamos como referência para vamos resolver a primeira afirmação (𝑝 ∧ 𝑡) utilizan-
montar esta apostila: do apenas premissas verdadeiras: Como q=V na quin-
ta premissa, a segunda premissa só será VERDADEI-
RA se r=V. Isso vale para a terceira premissa, fazendo
s=V e na quarta premissa, fazendo t=V. Assim, como
a primeira premissa é o valor lógico de p=V, temos
que 𝑝 ∧ 𝑡 = 𝑉 . Na segunda afirmação, vamos usar a
conclusão FALSA, ou seja, 𝑞 → 𝑡 = 𝐹 . Como a quinta
Temos 4 proposições simples formando o argumento, premissa é q=V, temos que ter t=F, mas isso contradiz
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

o que faria a tabela-verdade ter 16 linhas. Se tentarmos justamente a quarta premissa, onde t=V, mostrando
pelo método de premissas verdadeiras, teríamos muitos que há contradição na conclusão FALSA, tornando-a
casos a analisar, uma vez que as mesmas são condicionais. VERDADEIRA ou um argumento válido.
Para facilitar, vamos então adotar também a conclusão
FALSA, o que para a condicional, tem-se apenas um caso,
que é a proposição da esquerda VERDADEIRA e da direita
FALSA, assim temos que 𝑨 = 𝑽 e ~𝑫 = 𝑭 ⟹ 𝑫 = 𝑽.
Com esses valores lógicos definidos, podemos ir para
a segunda premissa, onde sabemos o valor de ~𝑨 = 𝑭
. Para essa premissa ser verdadeira, teremos que ter
𝑩 = 𝑭. Na primeira premissa, a condicional será verda-
deira, dado que 𝑨 = 𝑽 se 𝑩 ∨ 𝑪 = 𝐕. Como 𝑩 = 𝑭.

67
Análise Combinatória

A análise combinatória surgiu na matemática para re-


solver um problema que pode parecer banal no começo,
mas é de suma relevância no dia a dia: “Aprender a con-
tar”. O leitor pode achar que é uma brincadeira, já que
aprendemos a contar quando ainda somos pequenos.
Porém, vamos provar para vocês que “contar” pode se
tornar complicado.
Imagine o seguinte problema: Você possui 3 camise-
tas (vermelha, preta e verde) e 2 bermudas (azul e verde).
Quantas maneiras distintas você pode se vestir?
A resolução é simples, primeiro você veste a bermuda
azul e varia as três camisetas:

Como são 3 casos para cada bermuda, temos um to-


tal de 6 possibilidades.

Até este ponto, o leitor acha que contagem é fácil,


mas agora, vamos “complicar” um pouco.
Imagine que agora você tenha 5 camisetas diferentes,
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

3 bermudas diferentes, além de 3 tênis diferentes, quan-


tas maneiras distintas você poderá se vestir?
É possível resolver este problema com o procedimen-
to anterior mas levará um bom tempo para contar todas
as soluções. Mas, se nós queremos apenas a quantidade
Depois, você veste a bermuda verde e varia as três total, sem a necessidade de lista-las, será que não tem
camisetas: um meio mais fácil?
A resposta é sim e você verá a seguir.

68
PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO Resolução: Agora, a montagem do problema ganha
uma atenção especial pois não iremos retirar apenas 1
O princípio fundamental da contagem permite quan- elemento do grupo sobremesa, e sim 2. Neste caso, a
tificar situações ou casos de uma determinada situação montagem fica desta maneira:
ou evento. Em outras palavras, é uma maneira sistemáti-
ca de “contar” a quantidade de “coisas”.
A base deste princípio se dá pela separação de ca-
sos e quantificação dos mesmos. Após isso, uma mul- Temos que adicionar uma linha, referente a segunda
tiplicação de todos estes números é feita para achar a sobremesa e diferenciar da primeira, já que o enunciado
quantidade total de possibilidades. O exemplo a seguir fala que são sobremesas diferentes. Em relação aos valo-
irá ilustrar isso. res a serem colocados, os grupos salada, carne e bebida
“ João foi almoçar em um restaurante no centro da seguem a mesma linha do exercício anterior, tirando 1
cidade, ao chegar no local, percebeu que oferecem 3 ti- elemento de cada, logo:
pos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas diferentes e 5
sobremesas diferentes. De quantas maneiras distintas ele
pode fazer um pedido, pegando apenas 1 tipo de cada
alimento? ”
Para a primeira sobremesa, temos a 5 disponíveis,
Resolução: O princípio da contagem depende forte- logo:
mente de uma organização do problema. A sugestão é
sempre organizar cada caso em traços e preenchendo a
quantidade de possibilidades. Como temos 4 casos dis-
tintos (salada, carne, bebida e sobremesa), iremos fazer
4 traços:
Já para a segunda sobremesa, devemos ficar atentos
ao enunciado pois ele trata as mesmas como diferentes,
ou seja, a que foi retirada anteriormente não pode entrar
na contagem, assim, ao invés de 5 possibilidades, a se-
Agora, preencheremos a quantidade de possibilida- gunda sobremesa terá 4, logo:
des de cada caso:

Com tudo organizado, basta aplicar o princípio mul-


tiplicativo:
Finalmente, multiplicamos os números:

Ou seja, 720 maneiras de se montar um prato.


Outra variação dos problemas de princípio multipli-
Assim, João tem 180 possibilidades diferentes de se cativo são os que possuem alguma restrição, ou seja, al-
montar um prato. guns casos devem ser descartados por não atenderem
algum critério dado no enunciado. Veja o exemplo:
Agora que aprendeu o princípio multiplicativo, você
consegue resolver o exemplo das camisetas, bermudas e “Uma empresa de propaganda pretende criar panfle-
tênis da seção anterior? tos coloridos para divulgar certo produto. O papel pode
Se temos 5 camisetas, 3 bermudas e 3 tênis distintos, ser laranja, azul, preto, amarelo, vermelho ou roxo, en-
a quantidade de jeitos de se vestir será 5𝑥3𝑥3 = 45 . quanto o texto é escrito no panfleto em preto, vermelho
Os problemas de princípio multiplicativo são simples ou branco. De quantos modos distintos é possível esco-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

quando os grupos são fáceis de se identificar e se retira lher uma cor para o fundo e uma cor para o texto se, por
apenas 1 elemento de cada grupo. Agora, vamos apro- uma questão de contraste, as cores do fundo e do texto
fundar um pouco mais, considerando que podemos tirar não podem ser iguais? ”
mais de um elemento por grupo. Veja o exemplo do res-
taurante novamente, mas com uma pergunta diferente: Resolução: O problema parece seguir o mesmo pa-
“João foi almoçar em um restaurante no centro da drão do princípio multiplicativo, onde se separa os gru-
cidade, ao chegar no local, percebeu que oferecem 3 ti- pos e faz a multiplicação. Porém temos uma restrição
pos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas diferentes e onde não podemos ter papel e letra do texto iguais. Para
5 sobremesas diferentes. De quantas maneiras distintas resolver este problema a estratégia é simples: Calcula-
ele pode fazer um pedido, pegando 1 salada, 1 carne, 1 -se o total de casos, sem restrições, depois quantifica a
bebida e 2 sobremesas diferentes? ” quantidade de casos que não podem ser contabilizados
e realiza-se a subtração. Veja como fica:

69
10! = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 3628800

Já estamos na casa dos milhões! Para não trabalhar-


mos com valores tão altos, as operações com fatoriais
Sem restrições, temos 18 possibilidades. Olhando as são normalmente feitas por último, procurando fazer o
cores dos papéis e dos textos, percebe-se que não se maior número de simplificações possíveis. Observe este
pode escolher o papel preto com o texto preto e o papel exemplo:
vermelho e o texto vermelho, o que totaliza 2 restrições.
10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
Logo, o número de casos possíveis será o total subtraído Calcule =
das restrições: 18-2=16. 7! 7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1

Resolução: Ao invés de calcular os valores de 7! e 10!


separadamente e depois fazer a divisão, o que levaria
EXERCÍCIO COMENTADO muito tempo, nós simplificamos os fatoriais primeiro.
Pela definição de fatorial, temos o seguinte:
1. (UNESP-SP – VESTIBULAR – VUNESP, 2009). Uma 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
rede de supermercados fornece a seus clientes um car- 7!
=
7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1
tão de crédito cuja identificação é formada por 3 letras
distintas (dentre 26), seguidas de 4 algarismos distintos. Observe que o denominador pode ser inteiramente
Uma determinada cidade receberá os cartões que têm L cancelado, pois 10! Possui todos os termos de 7!. Essa
como terceira letra, o último algarismo é zero e o penúl- é uma particularidade interessante e facilitará demais a
timo é 1. A quantidade total de cartões distintos ofere- simplificação. Se cancelarmos, restará apenas um produ-
cidos por tal rede de supermercados para essa cidade é: to de 3 termos:
a) 33600 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
b) 37800 = = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 = 720
7! 7 ⋅6⋅5 ⋅4⋅3⋅ 2 ⋅1
c) 43200
d) 58500 Essa operação é muito mais fácil que calcular os fato-
e) 67600
riais desde o começo!
Para casos onde temos mais de um fatorial no de-
Resposta: Letra A. Como são algarismos e letras dis-
nominador, a estratégia é mesma e a dica é simplificar o
tintas, temos que ter atenção na hora de avaliar quan-
fatorial do numerador com o maior fatorial que temos no
tas possibilidades terão em cada grupo. Na parte das,
denominador. Veja o exemplo:
como L já é a terceira, a primeira letra terá 25 possibi-
lidades e a segunda 24. Nos algarismos, como temos 1
Calcule 8! 8⋅7⋅6⋅ 5⋅4⋅3⋅2⋅1
e 0 preenchendo as últimas casas, restam outras duas, 5! 3!
=
5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 ⋅ 3!
que terão 8 e 7 possibilidades respectivamente. Assim:
Vamos abrir os fatoriais de 8 e 5:
𝑁 = 25𝑥24𝑥8𝑥7 = 33600
8! 8⋅7⋅6⋅ 5⋅4⋅3⋅2⋅1
=
5! 3! 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 ⋅ 3!
FATORIAL
Simplificamos os termos comuns e ficamos com:
Antes de definirmos casos particulares de contagem, 8!
=
8⋅7⋅6 8⋅ 7⋅6
= = 8 ⋅ 7 = 56
iremos definir uma operação matemática que será uti- 5! 3! 3! 3⋅ 2⋅1
lizada nas próximas seções: o fatorial. Define-se o sinal
de fatorial pelo ponto de exclamação, ou seja, “!“. Assim, Essa estratégia será muito utilizada quando abordar-
quando encontrarmos 2! Significa que estaremos calcu- mos as seções seguintes, que envolvem fatorial em suas
lando o “fatorial de 2” ou “2 fatorial”. A definição de fato- operações.
rial está apresentada a seguir:
n! = n ⋅ n − 1 ⋅ n − 2 ⋅ n − 3 … 3 ⋅ 2 ⋅ 1
EXERCÍCIO COMENTADO
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Ou seja, o fatorial de um número é caracterizado pelo


produto deste número e seus antecessores, até se chegar 2. (ESFCEX – PROFESSOR – ESFCEX, 2006). Para 𝑛 ≥ 2,
ao número 1. Vejam os exemplos abaixo: a expressão 𝑛 − 2 !. 1 − 𝑛 vale:
1

3! = 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 6 a) 𝑛!
5! = 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 120
b) 𝑛 − 1 !
c) 𝑛 + 1 !
d) 𝑛 ⋅ 𝑛 + 1 !
Assim, basta ir multiplicando os números até se che- e) 𝑛 − 2 !
gar ao número 1. Observe que os fatoriais aumentam
muito rápido, veja quanto é 10!:

70
Resposta: Letra A. manipulando o parênteses, chega- e “73_ _ _”. Depois aparece o iniciado com “781_ _” que
-se a 𝑛 , onde o “n” do denominador é cancelado são 2 números, assim como o “782 _ _”. O próximo já
𝑛−1

usando n2. Resta, portanto 𝑛. 𝑛 − 2 ! ⋅ 𝑛 − 1 que rear- será o 78312. Somando: 24+24+24+6+6+6+2+2=94.
ranjando fica 𝑛 ⋅ 𝑛 − 2 ! ⋅ 𝑛 − 1 = 𝑛 ⋅ 𝑛 − 1 ⋅ 𝑛 − 2 ! = 𝑛! Logo, ele será o 95° número

PERMUTAÇÃO Permutações com repetição de elementos

Permutação sem repetições de elementos A fórmula da permutação com repetição terá uma
complementação, para desconsiderar casos repetidos
As permutações são definidas como situações onde o que serão contados 2 ou mais vezes se utilizarmos a fór-
número de elementos é igual ao número de posições em mula sem repetição.
que podemos posicioná-los. Considere o exemplo onde O exemplo mais comum destes casos é o que chama-
temos 5 pessoas e 5 cadeiras alinhadas. Queremos saber mos de Anagramas. Os anagramas são permutações das
de quantas maneiras diferentes podemos posicionar es- letras de uma palavra, formando novas palavras, sem a
sas pessoas. Esquematizando o problema, chamando de necessidade de terem sentido ou não. Usando primeira-
P as pessoas e C as cadeiras: mente um exemplo sem repetição, veja quantos anagra-
mas podemos formar com o nome BRUNO:
Montando a esquematização:

Em problemas onde o número de elementos é igual


ao número de posições, sempre teremos uma permuta- Ou seja, temos que posicionar as letras nas 5 casas
ção. A fórmula da permutação, considerando que não há correspondentes e neste caso, é um problema de permu-
repetição de elementos é a seguinte: tação sem repetição como já foi visto:
Pn = n! P5 = 5! = 120

Ou seja, para permutar 5 elementos em 5 posições, Logo, podemos formar 120 anagramas com a pala-
basta eu calcular o fatorial de 5: vra BRUNO. Agora, vamos olhar o mesmo problema, mas
P5 = 5! = 120 com a palavra MARIANA. Ela possui 7 letras, logo tere-
mos 7 posições:
Logo, eu posso posicionar as pessoas de 120 manei-
ras diferentes na fileira de cadeiras.
Observe que a fórmula geral da permutação é utiliza-
da quando não há repetição de elementos, mas e quan-
do temos elementos repetidos? A seção seguinte tratará
disso.
Entretanto, temos a repetição da letra A. Veja o que
acontece quando montarmos um anagrama qualquer da
palavra:
EXERCÍCIO COMENTADO

3. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). Na sequência cres-


cente de todos os números obtidos, permutando-se os
algarismos 1, 2, 3, 7, 8, a posição do número 78.312 é a : Não conseguimos saber qual letra “A” foi utilizada nas
posições C1,C3 e C5. Se trocarmos as mesmas de posição
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

a) 94ª entre si, ficaremos com os mesmos anagramas, caracte-


b) 95ª rizando uma repetição. Assim, para saber a quantidade
c) 96ª de anagramas com repetição, corrigiremos a fórmula da
d) 97ª permutação da seguinte forma:
e) 98ª
n!
Pna =
Resposta: Letra B. Deve-se contar todos os números a!
anteriores a 78312. Iniciando com 1_ _ _ _, temos 4 es- Ou seja, calcula-se a permutação de “n” elementos
paços, ou seja 4! = 24 números; iniciando com 2 _ _ _ _ com “a” repetições. Considerando que MARIANA tem 7
temos outros 24 números, assim como iniciando com letras (n=7) e a letra “A” se repete 3 vezes, temos que:
3_ _ _ _. Depois temos os números iniciados com “71_ _
_” que são 6 (3!), assim como os iniciados em “72_ _ _”

71
7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
P73 = = = 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 = 840
3! 3⋅2⋅1
Assim, a palavra MARIANA tem 840 anagramas pos-
síveis.
Outro exemplo para deixar este conceito bem claro,
é quando temos dois elementos se repetindo. Por exem-
plo, vamos calcular os anagramas da palavra TALITA:

A primeira vista, o leitor interpreta que este é um pro-


Observe que a letra “T” repete 2 vezes e a letra “A”
blema de permutação sem repetição, já que o número
também repete duas vezes. Na fórmula da permutação
de elementos é igual ao número de posições e simples-
com repetição, faremos duas divisões:
mente calcula o número de possibilidades utilizando a
n! fórmula P5=120.
Pna,b =
a! b! Mas este resultado está INCORRETO. Vamos utilizar
Ou seja, se houver 2 ou mais elementos se repetindo, como exemplo a configuração mais simples, colocando
a correção é feita dividindo pelas repetições de cada um. os elementos em ordem alfabética na direção horária:
Como ambos repetem duas vezes:
6! 6.5.4.3.2.1 6.5.4.3 360
P62,2 = = = = = 180
2! 2! 2.1 .2.1 2.1 2

Assim, a palavra TALITA tem 180 anagramas.


Esse mesmo tipo de problema pode ser feito com nú-
meros e segue o mesmo princípio.

EXERCÍCIO COMENTADO

3. (PUC-RS – TODOS OS CARGOS – PUC-RS, 2008) O


número de Anagramas da palavra CONJUNTO que co-
meçam com C e terminam por T é:
Agora, vamos colocar cada elemento na sua cadeira a
a) 15 esquerda, desta maneira:
b) 30
c) 180
d) 360
e) 720

Resposta: Letra C. Trata-se de um problema de per-


mutação com repetição, além de termos restrições em
algumas posições. Como as letras C e T estão travadas
na primeira e última posições, sobram as 6 posições
entre as duas. Dessas 6 posições, temos que colocar
as letras O,N,J,U,N,O, onde temos a letra O repetindo
duas vezes e a letra N repetindo duas vezes também.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

6!
Calculando a permutação: = 180 .
2! 2!

PERMUTAÇÃO CIRCULAR Finalmente, vamos repetir esse processo mais 3 vezes:

A permutação circular é um caso bem especifico e


normalmente suas questões são diferenciais entre os
candidatos em concursos públicos. Para entender melhor
o conceito, observe o exemplo a seguir: Suponha que 5
amigos, A,B,C,D,E vão se sentar em uma mesa circular de
5 lugares conforme esquema a seguir. De quantas ma-
neiras eles poderão se dispor na mesa?

72
Cada um destes casos está contabilizado dentre os Assim, não se pode aplicar simplesmente a formula
120 casos que calculou-se anteriormente. Mas agora ob- 𝑃𝑛 = 𝑛! . Porém, é possível a partir dela, deduzir a fór-
serve bem cada uma destas 5 configurações: O elemento mula da combinação. Vamos considerar um problema
A tem sempre a sua esquerda o elemento B e a sua direita onde temos n elementos distintos para se posicionar em
o elemento E, não importa a configuração que esteja. Da n posições:
mesma forma podemos ver os mesmos padrões para os
elementos B,C,D e E, ou seja, em casos de meras rotações
nas posições, a disposição dos elementos é a mesma,
tornando-as disposições repetidas. Isso vale para qual-
quer uma disposição destes 5 elementos, assim, como
temos 5 repetições, temos que dividir o valor total de 120
por 5, chegando a resposta correta de 24 possibilidades.
Em outras palavras, na permutação circular, o número
de configurações distintas é dado por:
PnC = n − 1 !
Agora, se posicionarmos p elementos nas p posi-
Onde “C” indica que a permutação é circular. ções, sobrará n-p elementos para fora. Na combinação
simples, a disposição dos elementos não importa e por
isso as configurações repetidas devem ser descartadas.
Lembrando o problema de permutação com repetição,
EXERCÍCIO COMENTADO teremos portanto dois casos para descartar: Os n-p ele-
mentos que não foram posicionados e os p elementos
4. (OBM – OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA – OBM, que estão posicionados, assim:
2014). 𝒏!
Um grupo de 6 crianças decide brincar de ciranda e para
𝒑,𝒏−𝒑
𝑷𝒏 = 𝑪𝒏,𝒑 =
𝒑! 𝒏 − 𝒑 !
isso elas devem das às mãos umas às outras e formar
uma roda. Dentre elas estão Aline, Bianca e Carla. De Logo, a combinação simples nada mais é do que uma
quantas maneiras esta roda pode ser formada sabendo permutação com elementos repetidos. Para facilitar, bas-
que estas três são muito amigas e decidiram ficar sempre ta ter em mente que em casos onde o número de ele-
juntas? mentos é maior que o número de posições e a ordem da
disposição dos elementos não importa, o problema deve
a) 6 ser atacado como uma combinação.
b) 12
c) 18
d) 24
e) 36 EXERCÍCIO COMENTADO

Resposta: Letra E. Atenção a este problema pois ele 5. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO - FCC, 2019). Ana e
não envolve apenas permutação circular. Quando Beatriz são as únicas mulheres que fazem parte de um
se tem a restrição que as amigas devem ficar juntas, grupo de 7 pessoas. O número de comissões de 3 pes-
podemos considera-la um grupo só, restando assim soas que poderão ser formadas com essas 7 pessoas, de
4 elementos (outras 3 pessoas mais o grupo) para 4 maneira que Ana e Beatriz não estejam juntas em qual-
posições. Sendo uma permutação circular, calcula-se quer comissão formada, é igual a
P4C = 4 − 1 ! = 3! = 6 . Porém, o grupo das três amigas
pode permutar internamente, já que a restrição diz a) 20
apenas que elas devem estar juntas e não especifica b) 15
uma ordem. Assim, as 3 amigas permutam 3 posições c) 30
no grupo, chegando a 𝑃3 = 3! = 6 . Multiplicando os d) 18
resultados pelo principio multiplicativo, chega-se a 36. e) 25
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Resposta: Letra C. Problema envolvendo restrição


COMBINAÇÃO SIMPLES onde a estratégia é a mesma, calculando o total de
possibilidades e subtraindo a quantidade de ca-
A combinação simples, juntamente com o arranjo sos restritos. O total de comissões de 3 pessoas que
simples, se difere da permutação por serem casos onde podem ser formadas a partir de um número de 7 é
7!
o número de elementos é maior que o número de posi- C7,3 = = 35 . Os casos que não podem são
3! 7 − 3 !
ções para serem ocupadas, ou seja, restarão elementos
as comissões formadas por Ana, Beatriz e mais uma
que não serão posicionados.
pessoa dentre as 5 possíveis, ou seja, 5 grupos. Logo:
35-5=30.

73
ARRANJO SIMPLES PROBABILIDADES

O arranjo simples segue a mesma linha de pensa- No estudo de probabilidades em todos os casos es-
mento que a combinação simples, onde a quantidade tudados serão considerados experimentos aleatórios, ou
de elementos a serem dispostos é maior que o número seja, experimentos no qual o resultado não seja conhe-
de posições possíveis. Entretanto, a diferença entre com- cido previamente. Diz-se que o resultado é imprevisível.
binação e arranjo se dá na questão da disposição dos Há alguns exemplos clássicos como o lançamento de um
elementos nas posições. Enquanto na combinação a or- dado (qualquer número pode ser o resultado), retirada
dem da disposição dos elementos não importa, para o da carta de um baralho completo, lançamento de uma
arranjo ela é considerada e isso muda completamente o moeda (cara e coroa), entre tantos outros exemplos.
resultado. Para iniciar o estudo de probabilidades é necessário
Partindo da mesma dedução que a combinação, em definir alguns conceitos fundamentais que serão utiliza-
um grupo de n elementos, vamos posicioná-lo em p po- dos em todos os tópicos desse capítulo. São eles: espaço
sições: amostral e evento.

ESPAÇO AMOSTRAL

O espaço amostral é definido como o conjunto uni-


verso de um experimento aleatório qualquer. Em resumo,
é um conjunto que contém todas as possibilidades de
um experimento. Por exemplo, em um lançamento de
uma moeda há duas possibilidades, apenas: cara ou co-
roa. Portanto, o espaço amostral do lançamento de uma
moeda contém dois elementos (cara e coroa). O espaço
amostral é denotado pela letra S, e o número de elemen-
A diferença agora é que a única parte onde a ordem tos por n(S). Assim, nesse caso do lançamento de uma
não importa é nos n-p elementos que sobraram. Assim, a moeda tem-se que: S={Cara, Coroa} e n(S)=2.
permutação com repetição fica: Considerando um outro exemplo, o lançamento de
𝑛! um dado não viciado (ou seja, no lançamento todo nú-
𝑃𝑛 𝑛−𝑝 = 𝐴𝑛,𝑝 = mero tem a mesma chance de ser o resultado), o espaço
𝑛−𝑝 !
amostral é: S={1, 2, 3, 4, 5, 6} e, portanto, n(S)=6.

Outra abordagem é considerar que o problema de EVENTO


Arranjo é simplesmente um problema de combinação,
permutando os elementos que foram posicionados, logo: Evento é um subconjunto do espaço amostral, ou
𝑛! 𝑛!
seja, é uma das possibilidades do experimento aleatório.
𝐴𝑛,𝑝 = 𝐶𝑛,𝑝 � 𝑃𝑝 = � 𝑝! = Considere o primeiro exemplo da seção anterior, o lança-
𝑝! 𝑛 − 𝑝 ! 𝑛−𝑝 !
mento de uma moeda. Após o lançamento há duas pos-
sibilidades: cara e coroa (espaço amostral). Diz-se, então,
que “sair cara” é um evento do experimento aleatório
“lançar uma moeda”. Já no lançamento de um dado, “sair
EXERCÍCIO COMENTADO 3” é um evento desse experimento. Assim como “sair 4”,
e todos os outros números.
6. (AGU – TÉCNICO - IDECAN, 2019). Geralmente, em um exercício de concurso público o
Considerando os algarismos 1, 2, 3, 5, 7 e 9, quantos nú- objetivo é encontrar a probabilidade da ocorrência de
meros pares podem-se formar com 5 algarismos diferen- um evento. Se o exercício pede para calcular a proba-
tes? bilidade de “sair 5 em um lançamento de um dado”, o
evento desejado será “sair 5”.
a) 720 O evento é denotado por E e o número de eventos
b) 120 possíveis é denotado por n(E). Seguindo no exemplo do
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

c) 240 lançamento de um dado, deseja-se saber a probabilidade


d) 1 de “sair um número par”. Os eventos possíveis são E={2,
e) 0 4, 6} e, portanto, há três possibilidades para esse evento.
Logo, n(E)=3.
Resposta: Letra B. Como o número de 5 algarismos
deve ser par, então a posição das unidades só poderá PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER
ser ocupada pelo número 2. Nas outras 4 posições,
temos 5 algarismos distintos para posicionar e a or- A probabilidade da ocorrência de um evento qual-
dem é relevante uma vez que trocando um algaris- quer representa a chance de ocorrência desse evento.
mo de posição, o número final é diferente. Assim: Seja um evento E, contido em um espaço amostral S. A
5! probabilidade de ocorrência de E é definida por:
𝐴5,4 = = 120.
5−4 !

74
𝑛 𝐸 b) a probabilidade da carta sorteada ser uma letra
𝑃 𝐸 = Solução:
𝑛 𝑆 No baralho há cartas com números e letras, sendo
elas J, Q e K (valete, rainha e rei, respectivamen-
É possível ver a aplicação dessa fórmula em situações te). Para cada naipe há três cartas que são letras
simples. Considere o lançamento de um dado não vicia- e como há quatro naipes no baralho, o total de
do. Calculam-se as seguintes probabilidades: cartas que são letras é igual a 4 � 3 = 12 . Assim,
a) probabilidade do resultado do lançamento ser n(E)=12 e a probabilidade pedida é igual a:
igual a 5
𝑛 𝐸 12 3
b) probabilidade do resultado do lançamento ser um 𝑃 𝐸 = = =
número ímpar 𝑛 𝑆 52 13

Solução:
Para ambos os casos, o espaço amostral é S={1, 2, 3, PROBABILIDADE DE EVENTOS INDEPENDENTES
4, 5, 6} e, consequentemente, n(S)=6. No item a), para
o evento (resultado do lançamento ser igual a 5) há so- Eventos são independentes quando a ocorrência de
mente uma possibilidade. Portanto, E={5} e, n(E)=1. As- um não interfere na chance do outro ocorrer. Por exem-
sim, nesse caso, a probabilidade do resultado do lança- plo, ao lançar um dado não viciado duas vezes consecu-
mento ser igual a 5 é: tivas, o resultado do primeiro lançamento não interfere
𝑛 𝐸 1 em nada o resultado do segundo lançamento. Assim,
𝑃 𝐸 = = = 0,166 … = 16,67% dois lançamentos de um mesmo dado são eventos in-
𝑛 𝑆 6
dependentes.
Aqui tem origem o cálculo de probabilidades de
Já no item b), para o evento (resultado do lançamento
eventos independentes e a regra para esse cálculo é
ser um número ímpar) há três possibilidades, E={1, 3, 5} e,
conhecida por “regra do produto”. Sejam dois eventos
n(E)=3. Assim, nesse caso, a probabilidade do resultado
independentes A e B. A probabilidade da ocorrência de
do lançamento ser igual a 5 é:
ambos é denotada por 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = e o𝑃 seu
𝐴 �cálculo
𝑃 𝐵 é dado
por:
𝑛 𝐸 3
𝑃 𝐸 = = = 0,5 = 50% 𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵
𝑛 𝑆 6

FIQUE ATENTO! FIQUE ATENTO!


A resposta de uma probabilidade pode ser Geralmente utiliza-se essa regra quando no
dada tanto na forma de uma fração ou de enunciado há o conectivo “e”, quando se
uma porcentagem. deseja calcular a probabilidade de que am-
bos os eventos ocorram.

Veja um outro exemplo.


Considere um baralho completo (52 cartas, 13 de A seguir um exemplo.
cada naipe – paus, espadas, ouros e copas). Desse bara- Considere um dado não viciado. Qual a probabilida-
lho será sorteada uma carta qualquer. Calcule as seguin- de de que, em dois lançamentos consecutivos, os dois
tes probabilidades: números sejam pares?
a) probabilidade da carta sorteada ser o número 6
Solução: Solução
O espaço amostral corresponde a todas as cartas do O enunciado deseja calcular a probabilidade de que
baralho (não serão todas escritas aqui para não o primeiro número seja par e o segundo, também (note
poluir o texto). Ou seja, n(S)=52, que é o total de o destaque no conectivo “e”). Assim, são considerados
cartas do baralho. Já o evento (carta ser igual ao os dois eventos:
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

número 6), pode ter quatro possibilidades pois em A: resultado do lançamento ser um número par
um baralho completo há 4 cartas de cada número B: resultado do lançamento ser um número par
ou letra, sendo uma de cada naipe,, n(E)=4. Logo, a Nesse caso, ambos os eventos são iguais então basta
probabilidade pedida é igual a: calcular a probabilidade de um deles para utilizar a re-
gra do produto. Vale destacar que não necessariamen-
te as probabilidades dos eventos independentes serão
𝑛 𝐸 4 1 as mesmas, afinal não é sempre que os eventos serão
𝑃 𝐸 = = =
𝑛 𝑆 52 13 iguais.

Como já visto em exemplos anteriores, o espaço


amostral no lançamento de um dado é S={1, 2, 3, 4 ,5,
6} e n(S)=6. Já para o evento “resultado ser par”, tem-se

75
A={2, 4, 6} e, portanto, n(A)=3. Logo, a probabilidade da Resposta: Letra B. Os sorteios, de cada um dos car-
ocorrência do evento A (e consequentemente do even- tões, são eventos independentes. Como não haverá
𝑛 𝐴 3 1 reposição, após o sorteio do primeiro cartão vermelho
to B) é igual a: 𝑃 𝐴 = = = . Agora, aplica-se a restarão 5 cartões na caixa. A probabilidade pedida é
𝑛 𝑆 6 2 6 5 30 1
regra do produto, para calcular a probabilidade de que igual a 𝑃 = � = = .
10 9 90 3
ambos os eventos ocorram:
PROBABILIDADE COM UNIÃO E INTERSECÇÃO DE
1 1 1 EVENTOS
𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 = � = = 0,25 = 25%
2 2 4
Nesse caso, serão considerados dois eventos e de
A seguir, um outro exemplo. um mesmo espaço amostral . É possível que entre es-
Considere uma urna com 4 bolas verdes e 5 bolas ses eventos haja algum elemento em comum ou não. A
amarelas. Uma pessoa irá retirar duas bolas dessa urna, probabilidade de ocorrer a união desses dois eventos é
sem reposição, ou seja, após retirada a bola não retorna calculada por:
para a urna. Calcule a probabilidade de, em um mesmo 𝑃 𝐴∪𝐵 = 𝑃 𝐴 + 𝑃 𝐵 −𝑃 𝐴∩𝐵
sorteio, ambas as bolas sorteadas serem amarelas.

Solução
FIQUE ATENTO!
Problemas com sorteio de objetos são comuns. Aqui
é sempre importante saber se há ou não reposição entre Geralmente utiliza-se essa regra quando no
um sorteio e outro pois isso afeta diretamente o cálcu- enunciado há o conectivo “ou”, quando de-
lo. Nesse caso não há reposição e, portanto, o espaço seja-se calcular a probabilidade de ocorra
amostral muda para cada evento. O exercício deseja sa- um evento ou o outro.
ber a probabilidade de que a primeira bola seja amarela
e a segunda, também. Para o primeiro sorteio, há 9 bolas
na urna e, portanto, n(S)=9. O total de bolas amarelas é A seguir um exemplo.
igual a 5. Logo, a probabilidade de, no primeiro sorteio, a Considere um baralho completo. Qual é a probabili-
bola sorteada ser amarela é igual a 𝑃 𝐴 =
𝑛 𝐴 5
= . Para dade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um valete
𝑛 𝑆 9
o segundo sorteio, como não há reposição, há 8 bolas ou um ás?
na urna sendo 4 delas amarelas. Assim, o espaço amos- Solução:
tral desse evento é igual a n(S)=8 e o total de possibili- Os eventos considerados são os seguintes:
dades para o evento é igual a n(B)=4. A probabilidade A: carta ser um valete
de uma bola sorteada no segundo sorteio ser amarela é: B: carta ser um ás
𝑃 𝐵 = ..
4
8 Nesse caso, os eventos não possuem elementos em
Assim, a probabilidade de que ambas as bolas sortea- comum pois é impossível que a carta sorteada seja, ao
das sejam amarelas é igual a: mesmo tempo, um valete e um ás. Assim, na fórmula
apresentada acima, o último termo é nulo, 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = 0 .
5 4 20 5 Portanto a probabilidade pedida será, simplesmente:
𝑃 𝐴∩𝐵 =𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 = � = =
9 8 72 18
𝑃 𝐴 ∪ 𝐵 = 𝑃 𝐴 + 𝑃(𝐵)

Em um baralho de 52 cartas (n(S)=52), há 4 valetes


EXERCÍCIO COMENTADO (n(A)=4) e 4 ases (n(B)=4). Assim, a probabilidade de
cada um dos eventos será igual a:
1. (AL-RO – ASSISTENTE LEGISLATIVO – FGV, 2018). 𝑛 𝐴 4 1 𝑛 𝐵 4 1
Em uma caixa há 4 cartões amarelos e 6 cartões verme- 𝑃 𝐴 = = = e𝑃 𝐵 = = =
𝑛 𝑆 52 13 𝑛 𝑆 52 13
lhos. Foram retirados, aleatoriamente, 2 cartões da caixa.
A probabilidade de os dois cartões retirados serem ver-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

melhos é de Portanto, a probabilidade pedida será igual a:


1 1 2
a) 1/2 𝑃 𝐴∪𝐵 = + =
13 13 13
b) 1/3
c) 1/4
d) 1/5 Agora, um outro exemplo.
e) 1/6 Considere um baralho completo. Qual é a probabili-
dade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um rei ou
uma carta de espada?
Os eventos considerados são os seguintes:
A: carta ser um rei
B: carta ser de espadas

76
Analogamente ao exemplo anterior, em um baralho Um problema que envolve o cálculo de uma proba-
de 52 cartas (n(S)=52), há 4 reis (n(A)=4) e 13 cartas de bilidade condicional pode ser resolvido com o auxílio do
espadas (n(B)=13). Assim, a probabilidade de cada um Diagrama de Venn. A seguir, um exemplo:
dos eventos será igual a:
Em uma equipe, todos são formados em administra-
𝑃 𝐴 =𝑛
𝑛 𝐴 4 1
= 52 = 13 e 𝑃 𝐵 =
𝑛 𝐵 13 1
= 52 = 4 ção, porém cada um tem uma especialização diferente.
𝑆 𝑛 𝑆 Dos 20 membros da equipe, 12 possuem especialização
Mas nesse caso, os eventos têm um elemento em co- em marketing, 8 possuem especialização em finanças e 2
mum pois, ao sortear uma carta é possível que ela seja ao possuem ambas as especializações. Calcule a probabili-
mesmo tempo um rei de espadas e, portanto, pertence dade de um membro da equipe que possui a especializa-
aos dois eventos simultaneamente. Nesse caso, o terceiro ção em finanças também possuir em marketing.
termo da expressão para o cálculo da probabilidade com
união de eventos, não é nulo e deve ser calculado. Nesse Solução:
caso, como há somente um rei de espadas em 52 cartas, É um problema de probabilidade condicional pois de-
a probabilidade da ocorrência 1simultânea entre os even- seja-se saber a probabilidade de um membro da equipe
tos A e B é igual a 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = . Assim, a probabilidade possuir a especialização em marketing sabendo que ele
52
de carta sorteada ser um rei ou uma carta de espadas é possui especialização em finanças. Para auxiliar, monta-
igual a: -se o diagrama de Venn do problema:
1 1 1 16 4
𝑃 𝐴∪𝐵 = 𝑃 𝐴 +𝑃 𝐵 −𝑃 𝐴∩𝐵 = + − = =
13 4 52 52 13

EXERCÍCIO COMENTADO

2. (UPE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – IAUPE,


2017). Uma loja pretende dar um brinde aos dois primei-
ros clientes do dia. Qual a probabilidade de esses clientes
serem do mesmo sexo? Sejam os eventos
A: ter especialização em marketing
a) 25% B: ter especialização em finanças
b) 5%
c) 100% A probabilidade de que um membro possua ambas a
d) 20% especializações é dada por:
e) 50%
2 1
𝑃 𝐴∩𝐵 = =
Resposta: Letra E. Há duas possibilidades nesse caso: 20 10
ou ambas as clientes são mulheres ou ambos são
homens. A probabilidade de um cliente ser homem A probabilidade de que ele tenha especialização em
ou mulher é de 50%, ou .Assim, a
1 1 1
probabilidade de finanças é igual a
ambas serem mulheres é 𝑃 = 2 � 2 = 4 , que é a mes- 8 2
ma probabilidade de ambos serem homens. Como 𝑃 𝐵 = =
20 5
não é possível que um cliente seja homem e mulher
ao mesmo tempo, a probabilidade pedida é igual a Assim, a probabilidade de um membro ter especiali-
𝑃 = 𝑃 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑛𝑠 + 𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 .→ 𝑃 = + = = → zação
𝑃 =em
0,5marketing
= 50%. sabendo que ele possui especializa-
1 1 2 1

ção em finanças é dada por:


4 4 4 2
1 1 2 1
𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 → 𝑃 = 4 + 4 = 4 = 2 → 𝑃 = 0,5 = 50%.
𝑃 𝐴∩𝐵 1⁄10 1 5 5 1
𝑃 𝐴⁄𝐵 = = = � = =
𝑃 𝐵 2⁄5 10 2 20 4
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

PROBABILIDADE CONDICIONAL

Entende-se por probabilidade condicional a probabi-


lidade da ocorrência de um evento, sabendo-se que um
outro evento dependente já ocorreu. Sejam os eventos
A e B, a probabilidade do evento A ocorrer sabendo-se
da ocorrência de B é denotada por P(A|B) e lê-se “pro-
babilidade de A dado B”. O cálculo dessa probabilidade
é dado por:
𝑃 𝐴∩𝐵
𝑃 𝐴⁄𝐵 =
𝑃 𝐵

77
EXERCÍCIO COMENTADO HORA DE PRATICAR!

3. (CÂMARA DE CURRAIS NOVOS – AGENTE – COM- 1. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO


PERVE, 2017). Em uma pesquisa realizada com 1.100 PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-
moradores da cidade de Currais Novos, identificou-se RIA – FCC – 2015) Em um vagão de trem havia homens
que 650 consomem queijo manteiga e 600 consomem e mulheres. Depois que 9 mulheres desceram do vagão,
queijo coalho. Sabendo que nesse grupo de moradores o número de homens ficou igual ao de mulheres. Em se-
existem aqueles que consomem os dois tipos de quei- guida, 8 homens desceram do vagão e, com isso, o nú-
jos e que todos os pesquisados consomem pelo menos mero de mulheres ficou igual ao triplo do número de ho-
um dos tipos, ao se escolher aleatoriamente um morador mens. Sendo assim, é correto afirmar que, inicialmente,
que gosta de queijo manteiga, a probabilidade de que havia no vagão
ele também consuma queijo coalho é de
a) 3/22 a) 18 homens.
b) 3/13 b) 18 mulheres.
c) 3/10 c) 15 homens.
d) 3/25 d) 21 mulheres.
e) 15 mulheres.
Resposta: Letra B. Trata-se de um problema de pro-
babilidade condicional pois deseja-se saber a proba- 2. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO
bilidade de um morador consumir queijo de coalho PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-
sabendo-se que ele gosta de queijo manteiga. O RIA – FCC – 2015) Um grupo de funcionários do Metrô
diagrama de Venn do problema é o seguinte (não é é formado por mais do que 50 e menos do que 100 pes-
conhecida a quantidade de moradores que consome soas. Os funcionários desse grupo terão que ser distri-
ambos os queijos): buídos em subgrupos menores, todos com o mesmo nú-
mero de funcionários. Para atender a essa regra, se forem
formados subgrupos com 5 funcionários, 3 ficarão de
fora. Se forem formados subgrupos com 7 funcionários,
4 ficarão de fora. Nas circunstâncias descritas, se forem
formados subgrupos com 12 funcionários, o número de
funcionários que ficarão de fora será igual a

a) 6.
b) 4.
c) 7.
Como há 1100 moradores: d) 5.
e) 9.
650 − 𝑥 + 𝑥 + 600 − 𝑥 = 1100 → 1250 − 𝑥 = 1100 → 𝑥 = 150
3. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO
PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-
600 − 𝑥 = 1100 → 1250 − 𝑥 = 1100 → 𝑥 = 150 RIA – FCC – 2015) Pai e filho fazem aniversário no mes-
mo dia. Hoje a idade do pai é 3 anos a menos que quatro
Atualizando o diagrama de Venn: vezes a idade do filho. Daqui a exatos 20 anos, a idade
do pai será 1 ano a mais que o dobro da idade do filho.
Quando o filho tinha 5 anos, a idade do pai, em anos, era
igual a

a) 37.
b) 40.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

c) 43.
d) 38.
e) 35.

4. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAU-


Assim, considerando os 650 moradores que conso- LO-SP – Agente de Segurança Metroviária – FCC –
mem queijo manteiga, desses 650, nota-se que 150 2015) Um número natural é tal que a soma entre a quar-
também consomem queijo de 150coalho.3 A probabilidade ta parte de seu triplo, a terça parte de seu dobro e sua
pedida é, então igual a: 𝑃 = 650 = 13. . metade é também um número natural menor que 25 e
maior que 21. Sendo assim, é correto afirmar que esse
número natural é

78
a) múltiplo de 5. 9. (NOVA CONCURSOS – 2019) Qual a diferença pre-
b) múltiplo de 6. vista entre as temperaturas no Piauí e no Rio Grande
c) divisor de 22. do Sul, num determinado dia, segundo as informações?
d) divisor de 8. Tempo no Brasil: Instável a ensolarado no Sul. Mínima
e) múltiplo de 48. prevista -3º no Rio Grande do Sul. Máxima prevista 37°
no Piauí.
5. (DPE-RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC –
2015) Josué queria multiplicar 72 por 34. Josué se enga- a) 34
nou e multiplicou 72 por 23. O resultado do cálculo que b) 36
ele fez é menor do que o resultado do cálculo que ele c) 38
queria fazer em um número de unidades igual a d) 40
e) 42
a) 642.
b) 792. 10. (NOVA CONCURSOS – 2019 Qual é o produto de
c) 820. três números inteiros consecutivos em que o maior deles
d) 566. é –10?
e) 1656.
a) -1320
6. (DPE-RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC – b) -1440
2015) O resultado da expressão numérica: 3 + 4 × 7 − 8 c) +1320
× 3 é igual a d) +1440
e) nda
a) 9.
b) 123. 11. (NOVA CONCURSOS – 2019 Três números inteiros
c) 7. são consecutivos e o menor deles é +99. Determine o
d) 60. produto desses três números.
e) 23
a) 999.000
b) 999.111
7. (TRF - 4° REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC c) 999.900
– 2014) Em um voo com 117 viajantes, todos nascidos d) 999.999
no Brasil, 35 viajantes eram homens nascidos em algum e) 1.000.000
estado da região sul do país e 38 viajantes eram mu-
lheres não nascidas em estados da região sul do Brasil. 12. (NOVA CONCURSOS – 2019) Adicionando –846 a
Sabe-se ainda que o número de viajantes homens não um número inteiro e multiplicando a soma por –3, ob-
nascidos em estados da região sul do Brasil é o triplo do tém-se +324. Que número é esse?
número de viajantes mulheres nascidas em algum estado
da região sul do Brasil. Sendo assim, o número de viajan- a) 726
tes desse voo não nascidos em estados da região sul do b) 738
Brasil era de c) 744
d) 752
a) 73 e) 770
b) 71
c) 68 13. (NOVA CONCURSOS – 2019) Numa adição com
d) 44. duas parcelas, se somarmos 8 à primeira parcela, e sub-
e) 76 trairmos 5 da segunda parcela, o que ocorrerá com o to-
tal?
8. (TRF - 4° REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC
– 2014) A sequência numérica 1, 7, 8, 3, 4, 1, 7, 8, 3, 4, a) -2
1, 7, 8, 3, 4, 1, ..., cujos dezesseis primeiros termos estão b) -1
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

explicitados, segue o mesmo padrão de formação infi- c) +1


nitamente. A soma dos primeiros 999 termos dessa se- d) +2
quência é igual a e) +3

a) 4596 14. (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC


b) 22954 – 2015) No universo dos números inteiros positivos a di-
c) 4995 visão de N por 7 resulta no quociente A e resto igual a 1.
d) 22996 A divisão de A por 4 resulta no quociente B e resto igual
e) 5746 a 3. A divisão de B por 3 resulta em quociente C e resto
igual a 0. Se N for um número entre os números 130 e
200, a soma A + B + C será igual a

79
a) 23. 20. (TRF - 4° REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC
b) 19. – 2014) Um corredor possui cem armários vazios, fecha-
c) 35. dos e numerados de 1 a 100. Passando por esse corredor,
d) 42. Luiz abriu apenas as portas dos armários de numeração
e) 29. múltiplo de 2. Em seguida, Álvaro passou pelo corredor
e fechou apenas as portas dos armários de numeração
15.(NOVA CONCURSOS – 2019) A alternativa cujo va- múltiplo de 3 que estavam abertos. Por fim, Lígia passou
lor não é divisor de 18.414 é: pelo corredor e colocou livros apenas nos armários aber-
a) 27 tos e de numeração múltiplo de 5. Ao final das operações
b) 31 realizadas por Luiz, Álvaro e Lígia, dos cem armários, per-
c) 37 maneceram vazios
d) 22
a) 93%
16. (NOVA CONCURSOS – 2019) Verifique se os núme- b) 96%
ros abaixo são divisíveis por 4. c) 95%
a) 23418 d) 4%
b) 65000 e) 6%
c) 38036
d) 24004 21. (NOVA CONCURSOS – 2019) A metade de 440 é
e) 58617 igual a:

17.(NOVA CONCURSOS – 2019) a) 220


Critério de divisibilidade por 11 b) 239
Esse critério é semelhante ao critério de divisibilidade por c) 240
9. Um número é divisível por 11 quando a soma alter- d) 279
nada dos seus algarismos é divisível por 11. Por soma e) 280
alternada queremos dizer que somamos e subtraímos
algarismos alternadamente (539 ⇒5 - 3 + 9 = 11). 22. (NOVA CONCURSOS – 2019) O número
Disponível em:<http://educacao.globo.com> . Acesso 102+101+100 é a representação de que número?
em: 07 maio 2014.
a) 100
Se A e B são algarismos do sistema decimal de numera- b) 101
ção e o número 109AB é múltiplo de 11, então c) 010
d) 111
a) B = A e) 110
b) A+B=1
c) B-A=1 23. (DPE-RR – ADMINISTRADOR – 2015 – FCC) Se
d) A-B=10 mudarmos a posição dos parênteses da expressão (-1) 4
e) A+B=-10 .5 + 2.33 para −14 . (5 + 2) .33 o resultado irá

18.(NOVA CONCURSOS – 2019)João, nascido entre a) diminuir em 130 unidades.


1980 e 1994, irá completar, em 2014, x anos de vida. Sa- b) diminuir em 248 unidades.
be-se que x é divisível pelo produto dos seus algarismos. c) diminuir em 378 unidades.
Em 2020, João completará a seguinte idade: d) aumentar em 130 unidades.
e) permanecer inalterado.
a) 32
b) 30 24. (NOVA CONCURSOS – 2019) João trabalha 5 dias
c) 28 e folga 1, enquanto Maria trabalha 3 dias e folga 1. Se
d) 26 João e Maria folgam no mesmo dia, então quantos dias,
no mínimo, passarão para que eles folguem no mesmo
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

19. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – dia novamente?


2015) Rafael quer criar uma senha de acesso para um ar-
quivo de dados. Ele decidiu que a senha será um número a) 8
de três algarismos, divisível por três, e com algarismo da b) 10
centena igual a 5. Nessas condições, o total de senhas c) 12
diferentes que Rafael pode criar é igual a d) 15
e) 24
a) 33.
b) 27.
c) 34.
d) 28.
e) 41.

80
25. (NOVA CONCURSOS – 2019) Para iniciar uma visita d) 16h 06min 36s.
monitorada a um museu, 96 alunos do 8º ano e 84 alunos e) 16h 07min 56s.
do 9º ano de certa escola foram divididos em grupos,
todos com o mesmo número de alunos, sendo esse nú- 29. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO
mero o maior possível, de modo que cada grupo tivesse PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-
somente alunos de um único ano e que não restasse ne- RIA – FCC – 2015) Entre dois números racionais quais-
nhum aluno fora de um grupo. Nessas condições, é cor- quer e diferentes sempre é possível determinar um ter-
reto afirmar que o número total de grupos formados foi ceiro número racional, diferente dos outros dois, que seja
menor que o maior deles e maior que o menor deles. São
a) 8 dados dois números racionais diferentes: 29 e 31 . Um
b) 12 6 8
c) 13 terceiro número racional, diferente desses dois, que se
d) 15 encaixa na condição expressa anteriormente, é
e) 18
59
a) .
26. (NOVA CONCURSOS – 2019) Um ciclista conse- 12

gue fazer um percurso em 12 min, enquanto outro faz o b)


15
.
mesmo percurso 15 min. Considerando que o percurso 4

é circular e que os ciclistas partem ao mesmo tempo do 55


c) 12.
mesmo local, após quanto tempo eles se encontrarão?
133
d) .
a) 15 min
48

b) 30 min
5
e) .
3
c) 1 hora
d) 1,5 horas
e) 2 horas 30. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO
PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-
27. (TRT 9ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC RIA – FCC – 2015) Um trem viaja a uma velocidade mé-
– 2015) Uma empresa é composta por quatro setores dia de 80 km/h, realizando sua viagem de ida em 2 horas
distintos, que têm, respectivamente, 300, 180, 120 e 112 e 15 minutos. Para fazer a viagem de volta, esse mesmo
funcionários. Todos esses funcionários participarão de trem percorre um ramal que torna a viagem 1 mais dis-
3
um treinamento e receberam as seguintes orientações tante do que a de ida. A velocidade média que o trem
para a preparação: deve voltar para realizar sua viagem em 2 horas e 30 mi-
− Devem ser formados grupos com a mesma quantidade nutos é de
de funcionários em cada um.
− Cada grupo deve incluir apenas funcionários de um a) 118,5 km/h.
mesmo setor. b) 124 km/h.
− Os grupos, respeitando as condições anteriores, devem c) 85 km/h.
ser os maiores possíveis. d) 112,5 km/h.
Desse modo, a quantidade total de grupos formados e) 96 km/h.
para o treinamento será
31. (DPE-RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC –
a) 178. 2015) Clarice foi ao mercado e comprou 3 kg de açúcar,
b) 75. a R$ 4,50 o quilograma; 2,5 kg de café, a R$ 12,00 o qui-
c) 114. lograma e comprou também 0,250 kg de sal que estava
d) 32. sendo vendido a R$ 2,40 o quilograma. O total gasto por
e) 253. Clarice foi

28. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO a) R$ 45,90.


PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METRO- b) R$ 42,60.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

VIÁRIA – FCC – 2015) O registro de segurança de um c) R$ 39,40.


equipamento deve ser verificado manualmente a cada d) R$ 53,40.
8 minutos e 40 segundos. Pedro é um funcionário que e) R$ 44,10.
assumiu às 15h 30min 00s a tarefa de fazer a verificação
desse registro. Sabendo-se que a última vez que o re- 32. (DPE-RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC –
gistro foi verificado antes do turno de Pedro aconteceu 2015) O prêmio, em dinheiro, de um concurso é sempre
às 15h 24min 56s, a primeira verificação que Pedro fará um mesmo valor fixo e é dividido igualmente entre os
depois das 16h 00min 00s deverá acontecer às ganhadores. Em uma ocasião foram 8 os ganhadores e
cada um deles recebeu R$ 600,00. Se forem 12 os ga-
a) 16h 07min 36s. nhadores em uma outra ocasião, cada um deles receberá
b) 16h 04min 16s.
c) 16h 08min 16s.

81
a) R$ 400,00.
b) R$ 150,00.
c) R$ 350,00.
d) R$ 750,00.
e) R$ 900,00.

33. (DPE-RR – ADMINISTRADOR – 2015 – FCC) João possui 3 de participação no capital de uma empresa, e sua
1 8
esposa Maria possui 4 . Em determinado momento, Maria vendeu para sua irmã 6 da sua participação no capital da
1

empresa e, em seguida, recebeu de João 3 da participação dele no capital da empresa. Ao final dessas negociações, a
2

participação de Maria no capital da empresa passou a ser um pouco

a) maior do que 45%.


b) maior do que 48%.
c) maior do que 87%.
d) menor do que 42%.
e) menor do que 38%.

34. (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC – 2015) Os números x, y, z, v e w são números inteiros posi-
tivos. Deles, sabe-se que:

− x é igual a 1/3 de y;
− y é igual a 2/3 de z;
− z é igual a 3/2 de v;
− v é igual a 1/2 de w.

Supondo ser o número w, um número maior do que 500 e menor do que 510, o valor da expressão y + v − z será igual a

a) 168.
b) 84.
c) 378.
d) 252.
e) 126.

35. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2015) O número racional F é menor que - e maior que
−1. O número racional G é menor que - e maior que o número racional F. Um par que cumpre as condições estabele-
cidas é

3 7
a) F= - 2 e G = - 8 .
7 3
b) F= - e G = - .
8 5
1 2
c) F= - e G = - .
4 3
11 3
d) F= - eG=- .
15 7
3 4
e) F= - e G = - .
5 5

36. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2015) O estacionamento de um hospital cobra o valor fixo de
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

R$ 5,00 por até duas horas de permanência do veículo, e 2 centavos por minuto que passar das duas primeiras horas
de permanência. Um veículo que permanece das 9h28 de um dia até as 15h08 do dia seguinte terá que pagar ao es-
tacionamento

a) R$ 39,20.
b) R$ 36,80.
c) R$ 41,80.
d) R$ 39,80.
e) R$ 38,20.

82
37. (TRT 9ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2015) A companhia de abastecimento de água de certa região
divulga, em seu website, a seguinte tabela tarifária, vigente a partir de julho de 2015, na qual informa as tarifas mensais
relativas ao consumo de água e ao tratamento de esgoto. A cobrança é sempre feita com base no consumo mensal de
água e, se o imóvel for servido também por tratamento de esgoto, a companhia cobra por este último considerando
que a água consumida retorna na forma de esgoto.

Até 10 m3 de água consumida Excedente a 10 m3 de Excedente a 30 m3 de


água consumida água consumida
Água (todas as localidades) R$ 30,54 R$ 4,58/ m3 R$ 7,81/ m3
Esgoto (Capital) R$ 25,96 R$ 3,89/ m3 R$ 6,64/ m3
Total (Capital) R$ 56,50 R$ 8,47/ m3 R$ 14,45/ m3
Esgoto (demais localidades) R$ 24,43 R$ 3,66/ m3 R$ 6,25/ m3
Total (demais localidades) R$ 54,97 R$ 8,24/ m3 R$ 14,06/ m3

Com o auxílio dessa tabela, considerando o consumo de água mensal e também a despesa relativa ao tratamento de
esgoto, é possível conferir o valor da conta de água. Considere, por exemplo, uma residência da Capital, que é servida
por água e esgoto e que, no mês de outubro de 2015, consumiu 24 m3 de água. Assim, o valor da conta de água dessa
residência, referente a esse mês, deve ser de

a) R$ 80,42.
b) R$ 94,66.
c) R$ 156,20.
d) R$ 175,08.
e) R$ 210,74.

38. (TRT 4ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2014) Um frasco contendo 30 pastilhas idênticas “pesa” 54
gramas. O mesmo frasco contendo apenas 12 dessas pastilhas “pesa” 32,4 gramas. Nas condições dadas, a razão entre
o “peso” de uma pastilha e o do frasco vazio, nessa ordem, é igual a

a) 1/12
b) 1/15
c) 1/4
d) 3/16
e) 2/15

39. (TRT 4ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2014) Da duração total de um julgamento, 3/7 do tempo foi
utilizado pelos advogados de defesa e acusação, 7/8 do tempo remanescente com os depoimentos de testemunhas.
O tempo do julgamento foi ocupado, apenas, pelos advogados de defesa e acusação, pelos depoimentos de testemu-
nhas, e pela fala do juiz, sendo que esta última foi de 7 minutos. De acordo com as informações fornecidas, a duração
total do julgamento foi de 1 hora e

a) 26 minutos
b) 02 minutos
c) 24 minutos
d) 38 minutos
e) 42 minutos

40. (TRT 11ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2015) Em 2015 as vendas de uma empresa foram 60% su-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

periores as de 2014. Em 2016 as vendas foram 40% inferiores as de 2015. A expectativa para 2017 é de que as vendas
sejam 10% inferiores as de 2014. Se for confirmada essa expectativa, de 2016 para 2017 as vendas da empresa vão.

a) diminuir em 6,25%
b) aumentar em 4%
c) diminuir em 4%
d) diminuir em 4,75%
e) diminuir em 5,5%

83
41. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁRIA –
FCC – 2015) Tenho 1 real e ganho 1 real, passo a ter 2 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em 100 %.
Agora tenho 2 reais e ganho 1 real, passo a ter 3 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em 50%.
Agora tenho 3 reais e ganho 1 real, passo a ter 4 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em X%.
Agora tenho 4 reais e ganho 1 real, passo a ter 5 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em Y%.
Agora tenho 5 reais e ganho 1 real, passo a ter 6 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em Z%.
Agora tenho 6 reais e ganho 1 real, passo a ter 7 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em W%.

A soma calculada entre os números racionais indicados por X, Y, Z e W é igual a

a) 250.
b) 150.
c) 125.
d) 95.
e) 133,333...

42. (DPE-RR – ADMINISTRADOR – FCC – 2015) Analisando a carteira de vacinação de 112 crianças, um posto de
saúde verificou que 74 receberam a vacina A, 48 receberam a vacina B, e 25 não foram vacinadas. Do total das 112
crianças, receberam as duas vacinas (A e B) apenas

a) 32,75%.
b) 28,75%.
c) 31,25%.
d) 34,25%.
e) 29,75%.

43. (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC – 2015) O prêmio de um concurso é dividido igualmente
entre os ganhadores. Há duas semanas foram 40 os ganhadores, cabendo a cada um a quantia de R$ 1.250,00. No con-
curso seguinte, há uma semana, o prêmio total havia aumentado em 44%. No entanto, nesse concurso, a quantidade
de ganhadores aumentou em 60%. A diferença, em reais, entre o que um dos ganhadores do concurso que ocorreu há
duas semanas recebeu e o que recebeu um dos ganhadores do concurso seguinte é igual a

a) R$ 75,00.
b) R$ 100,00.
c) R$ 175,00.
d) R$ 150,00.
e) R$ 125,00.

44. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2015) O preço de venda de uma ação na bolsa de va-
lores é x. Esse preço cai y% em uma semana. Na semana seguinte o preço dessa mesma ação sobe 20% e atinge um
valor 2% a mais do que o preço x. Desse modo o valor de y é igual a

a) 18.
b) 0,5.
c) 15.
d) 8.
e) 11.

45. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2015) Quando congelado, um certo líquido aumenta seu vo-
lume em 5%. Esse líquido será colocado em um recipiente de 840 mL que não sofre qualquer tipo de alteração na sua
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

capacidade quando congelado. A quantidade máxima de líquido, em mililitros, que poderá ser colocada no recipiente
para que, quando submetido ao congelamento, não haja transbordamento, é igual a

a) 818.
b) 798.
c) 820.
d) 800.
e) 758.

84
46. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2015) Os 1200 funcionários de uma empresa participaram de
uma pesquisa em que tinham que escolher apenas um dentre quatro possíveis benefícios dados pela empresa. Todos
os funcionários responderam corretamente à pesquisa, cujos resultados estão registrados no gráfico de setores abaixo.

Dos funcionários que participaram da pesquisa, escolheram plano de saúde como benefício.

a) 375.
b) 350.
c) 360.
d) 380.
e) 385.

47. (TRT 9ª REGIÃO – Técnico Judiciário – 2015 – FCC) Em 2014, foi realizada uma extensa pesquisa para avaliar o
nível de letramento científico dos brasileiros que tinham até o ensino superior completo. Foram entrevistadas pessoas
de todas as regiões do país e suas respostas foram padronizadas em quatro diferentes níveis de letramento, sendo o
nível 4 o mais alto. A tabela abaixo correlaciona os níveis de letramento científico e a escolaridade completa final do
entrevistado:

Escolaridade Total Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


Total 1122 146 547 360 69
EF completo 245 24% 51% 23% 1%
EM completo 718 11% 52% 32% 5%
ES completo 159 4% 31% 47% 18%

(Disponível em:<http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2014/08/imagens/indice-LetramentoCientifico.pdf>. Acesso


em: 16/10/2015)

A partir dos dados da tabela, é correto afirmar que, dentre os entrevistados que atingiram o nível 4 de letramento cien-
tífico, aqueles com ensino superior completo (ES completo) representam um percentual de aproximadamente

a) 20%.
b) 41%.
c) 35%.
d) 57%.
e) 81%.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

48. (TRT 4ª REGIÃO – Técnico Judiciário – 2015 – FCC) Um equipamento tem depreciação de 10% a cada ano de
uso sobre seu valor no início de um novo ano de uso. Se, após 3 anos completos de uso, tinha o valor de R$ 36.450,00,
então, o seu valor quando novo, era, em R$, de

a) R$ 45.000,00
b) R$ 48.000,00
c) R$ 52.000,00
d) R$ 50.000,00
e) R$ 40.000,00

85
49. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA II. Lúcia e Cláudia receberão valores, inversamente, pro-
– 2015 – FCC) Uma empresa distribuirá um bônus de porcionais às suas respectivas idades comparadas.
R$ 165.000,00 entre seus quatro melhores funcionários
do setor de vendas. Essa distribuição será feita de forma Sabe-se que Maria tem o dobro da idade de Lúcia que,
diretamente proporcional ao número de contratos de por sua vez, tem a metade da idade de Cláudia que, por
venda finalizados por esses funcionários. O funcionário A sua vez, recebeu R$ 12.000,00 da herança.
finalizou 3 contratos, o funcionário B finalizou 5 contra- Nas condições descritas, a pessoa que recebeu a menor
tos, o funcionário C finalizou 8 contratos e o funcionário porcentagem da herança, e essa porcentagem recebida
D finalizou x contratos. O menor valor de x, inteiro, para por ela, são, respectivamente,
que o funcionário D receba pelo menos R$ 50.000,00 é
igual a a) Cláudia e 15%
b) Maria e 15%
a) 8. c) Lúcia e 20%
b) 5. d) Lúcia e 18%
c) 9. e) Cláudia e 20%.
d) 6.
e) 7. 53. (NOVA CONCURSOS – 2019) Completamente
abertas, 2 torneiras enchem um tanque em 75 min. Em
50. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – quantos minutos 5 torneiras completamente abertas en-
2015 – FCC) Hoje, a soma das idades de pai e filho é cheriam esse mesmo tanque?
igual a 36. A razão entre as idades de ambos, daqui a 7
anos, será igual a 7 . Dessa maneira pode-se calcular que a) 15 min
3
a razão entre a idade do filho há 3 anos e a idade do pai b) 20 min
daqui a 7 anos é c) 30 min
d 45 min
1 e) 60 min
a)
3
54. (NOVA CONCURSOS – 2019) Um trem percorre
3 certa distância em 6 h 30 min, à velocidade média de
b) 42 km/h. Que velocidade deverá ser desenvolvida para o
7
1 trem fazer o mesmo percurso em 5 h 15 min?
c) 4
a) 40 km
1 b) 45 km
d) c) 50 km
7
3 d) 52 km
e) 4 e) 55 km

55. (NOVA CONCURSOS – 2019) Ao participar de um


51. (TRT 9ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2015 treino de fórmula Indy, um competidor, imprimindo a
– FCC) Para proceder à fusão de suas empresas, os pro- velocidade média de 180 km/h, faz o percurso em 20
prietários A, B e C decidem que as partes de cada um, segundos. Se a sua velocidade fosse de 200 km/h, que
na nova sociedade, devem ser proporcionais ao fatura- tempo teria gasto no percurso?
mentos de suas empresas no ano de 2014, que foram,
respectivamente, de R$ 120.000,00; R$ 135.000,00 e R$ a) 18 s
195.000,00. Então, se a empresa resultante da fusão lu- b) 20 s
crar R$ 240.000,00 em 2016, a parte desse lucro devida c) 25 s
ao sócio A foi de d 30 s
e) 32 s
a) R$.110.000,00.
b) R$ 72.000,00.
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

56. (NOVA CONCURSOS – 2019) Com 3 pacotes de


c) R$ 64.000,00. pães de fôrma, Helena faz 63 sanduíches. Quantos pa-
d) R$ 60.000,00. cotes de pães de fôrma ela vai usar para fazer 105 san-
e) R$ 80.000,00. duíches?
52. (TRT 4ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2015
a) 4 pacotes
– FCC) Em um processo de partilha de herança monetá-
b) 5 pacotes
ria entre Maria, Lúcia e Cláudia, ficou decidido que:
c) 6 pacotes
d 7 pacotes
I. Maria será a primeira a receber sua parte na herança,
e) 8 pacotes
e o valor recebido será, diretamente, proporcional à sua
idade, quando comparada com a idade das três herdei-
ras.

86
57. (DPE-RR – Administrador – 2015 – FCC) Certa 62. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA –
quantidade de ração é suficiente para alimentar 15 ca- FCC – 2015) Para realizar a produção de 2000 unidades
chorros de um canil durante 8 dias. Considerando que de um produto, inicialmente a fábrica trabalhou com 18
o canil recebeu mais 5 cachorros, e que cada um consu- funcionários de mesma produtividade por 42 dias, o que
ma a mesma média diária de ração consumida pelos 15 foi suficiente para a produção de 600 unidades. Em se-
demais cachorros, então, o total de ração que havia no guida, a fábrica trabalhou com 12 funcionários, de mes-
canil seria suficiente para alimentar os 20 cachorros por, ma produtividade dos anteriores, por certo número de
no máximo, dias até produzir 400 unidades. Encerrada essa etapa, a
fábrica passou a trabalhar com 21 funcionários, de mes-
a) 4 dias e meio. ma produtividade dos anteriores, até finalizar totalmen-
b) 5 dias. te a tarefa. Conforme os dados, o número total de dias
c) 6 dias e meio. gastos para a produção das 2000 unidades do produto
d) 5 dias e meio. foi igual a
e) 6 dias.
a) 128.
58. (NOVA CONCURSOS – 2019) Uma empreiteira b) 126.
contratou 210 pessoas para pavimentar uma estrada de c) 144.
300 km em 1 ano. Após 4 meses de serviço, apenas 75 d) 168.
km estavam pavimentados. Quantos empregados ainda e) 186.
devem ser contratados para que a obra seja concluída no
tempo previsto? 63. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2015
– FCC) Em um dia de trabalho, 35 funcionários de um es-
a) 315 critório consomem 42 copos de café. Admitindo-se uma
b) 2 2520 redução para a metade do consumo de café diário por
c) 840 pessoa, em um dia de trabalho 210 funcionários consu-
d) 105 miriam um total de copos de café igual a
e) 1 260
a) 145.
59. (NOVA CONCURSOS – 2019) Funcionando 6 dias, b) 350.
5 máquinas produziram 400 peças de uma mercadoria. c) 252.
Quantas peças dessa mesma mercadoria são produzi- d) 175.
das por 7 máquinas iguais às primeiras, se funcionarem e) 126.
9 dias?
64. (AFC-STN – TODOS OS CARGOS - ESAF, 2009). En-
a) 300 peças tre os membros de uma família existe o seguinte arranjo:
b) 840 dias Se Márcio vai ao shopping, Marta fica em casa. Se Marta
c) 520 peças fica em casa, Martinho vai ao shopping. Se Martinho vai
d) 1080 peças ao shopping, Mario fica em casa. Dessa maneira, se Má-
e) 760 peças rio foi ao shopping, pode-se afirmar que

60. (NOVA CONCURSOS – 2019) Um motociclista ro- a) Marta ficou em casa


dando 4 horas por dia, percorre em média 200 km em 2 b) Martinho foi ao shopping
dias. Em quantos dias esse motociclista vai percorrer 500 c) Márcio não foi ao shopping e Marta não ficou em casa
km, se rodar 5 horas por dia? d) Márcio e Martinho foram ao shopping
e) Márcio não foi ao shopping e Martinho foi ao shop-
a) 3 dias ping
b) 4 dias
c) 5 dias 65. (CAERN – TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABA-
d) 6 dias LHO - IBADE, 2018).
e) 7 dias Neto gosta de samba, então Hermis gosta de forró. Mas
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Neto gosta de samba se e somente se Lame gostar de


61. (NOVA CONCURSOS – 2019) Na alimentação de 02 funk. Lame não gosta de funk. Analisando as premissas,
bois, durante 08 dias, são consumidos 2420 kgs de ração. pode-se afirmar que:
Se mais 02 bois são comprados, quantos quilos de ração
serão necessários para alimentá-los durante 12 dias. a) Lame gosta de funk
b) Hermis gosta de samba
a) 3600 kg c) Neto não gosta de samba
b) 4650 kg d) Neto gosta de samba
c) 5620 kg e) Hermis gosta de forró
d) 6440 kg
e) 7260 kg

87
42 C
GABARITO 43 E
44 C
1 D 45 D
2 B 46 C
3 D 47 B
4 B 48 D
5 B 49 E
6 C 50 D
7 B 51 C
8 A 52 A
9 D 53 C
10 A 54 D
11 C 55 A
12 B 56 B
13 E 57 E
14 C 58 D
15 C 59 B
16 B 60 B
17 C 61 E
18 B 62 C
19 A 63 E
20 A 64 C
21 D 65 C
22 D
23 B
24 C
25 D
26 C
27 A
28 C
29 C
30 E
31 E
32 A
33 A
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

34 E
35 B
36 E
37 D
38 B
39 D
40 A
41 D

88
ÍNDICE

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows 7 e 10), organização e gerenciamento de arquivos, pastas
e programas, compactação de arquivos, BIOS e SETUP............................................................................................................................... 01
Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office 2010, 2013 e LibreOffice 5, 6)............................... 15
Noções de webmail e correio eletrônico (Microsoft Outlook 2010 e 2013). Redes de computadores: tipos de redes,
dispositivos básicos de redes, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e Intranet, conexão padrão (HTTP)
e conexão segura (HTTPS). Navegadores web (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome)................... 105
Noções de proteção e segurança da informação, tipos de malware, técnicas e recursos para proteção de informações
e sistemas computacionais....................................................................................................................................................................................... 120
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTES LINUX E WINDOWS 7 E 10), ORGANIZAÇÃO
E GERENCIAMENTO DE ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS, COMPACTAÇÃO DE ARQUIVOS,
BIOS E SETUP.

O Windows, assim como tudo que referente à informática, passa por uma contínua atualização. Os concursos públi-
cos em seus editais acabam variando em suas versões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto as versões
do Windows quanto do Linux.
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um software, um programa de computador desenvolvido por
programadores através de códigos de programação. Os Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares, são
considerados como a parte lógica do computador, uma parte não tangível, desenvolvida para ser utilizada apenas
quando o computador está em funcionamento. O Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é o primeiro
a ser instalado na máquina.
Quando montamos um computador e o ligamos pela primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algumas ro-
tinas presentes nos chipsets da máquina. Para utilizar todos os recursos do computador, com toda a qualidade das pla-
cas de som, vídeo, rede, acessar a Internet e usufruir de toda a potencialidade do hardware, é necessário instalar o SO.
Após sua instalação é possível configurar as placas para que alcancem seu melhor desempenho e instalar os demais
programas, como os softwares aplicativos e utilitários.
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e gerencia os demais programas.
A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits e 64 bits está na forma em que o processador do computa-
dor trabalha as informações. O Sistema Operacional de 32 bits tem que ser instalado em um computador que tenha o
processador de 32 bits, assim como o de 64 bits tem que ser instalado em um computador de 64 bits.
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais memória
que as versões de 32 bits do Windows. “Isso ajuda a reduzir o tempo consumido na permuta de processos para dentro
e para fora da memória, pelo armazenamento de um número maior desses processos na memória de acesso aleatório
(RAM) em vez de fazê-lo no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o desempenho geral do programa”.

Windows XP

O Windows XP foi lançado em 2001 e ele era um sistema operacional completo e confiável, por isso pode-se dizer
que ele foi uma versão muito bem-sucedida. Importante dizer que o encerramento do seu suporte foi em abril de 2014.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 1: Tela de login do Windows XP

1
Figura 2: Desktop do Windows XP

Ele foi sucessor de uma versão considerada fracassada que foi o Windows Me (Millennium Edition), lançado em
2000, e é considerado por muitos o principal responsável em recuperar a confiança dos clientes Microsoft. Seu lança-
mento foi dia 25 de outubro de 2001 e chamou a atenção por trazer uma nova interface gráfica e cortar os problemas
de estabilidade encontrados no ME.
A interface gráfica do Windows XP ficou conhecida por ser muito mais intuitiva e agradável, afinal as janelas cinzas,
e barras quadradas foram substituídas por uma interface colorida, com padrão azul, e botões mais arredondados e visí-
veis. Outra grande inovação foi o botão iniciar, que ficou maior, com mais atalhos e possibilidades de fixar programas.
Essa mudança se manteve até o Windows 7.
Outros aspectos visuais trazidos pelo Windows XP, foram as novas camadas e efeitos para o desktop, além de
apresentar um papel de parede padrão que viria a se tornar um clássico. Os usuários poderiam ainda travar a barra de
tarefas e evitar que houvesse mudanças das configurações no espaço.
O XP foi exibido ainda em diferentes edições, além de estar disponível em 32 e 64 bits. A versão Home Edition era
voltada para o uso doméstico e trazia ferramentas mais simples para o usuário comum. Já a edição Professional, tinha
como público empresas e usuários com conhecimentos avançados. Houve ainda uma versão Media Center Edition, mas
esta nunca foi colocada à venda. Ela era entregue somente sob encomenda.
Em relação às funcionalidades, o grande destaque foi o suporte a dispositivos Plug and Play, famoso plugar e usar
que acabou com etapas burocráticas de instalação, não exigindo que o computador fosse desligado ao remover um
dispositivo externo, como um pendrive.
Outra novidade na funcionalidade foi a tecnologia ClearType, que facilitava a visualização de textos em tela LCD,
grande novidade pra época. Além disso, ele aprimorou o consumo de energia para a utilização em dispositivos móveis
como notebook e tablets, e incluiu a possibilidade de inicializar a máquina mais rapidamente e hibernar.
Além disso, passou a dar suporte às redes Wireless e DSL, otimizando a alternância entre contas de usuários, e
possibilitando que o indivíduo acessasse outra conta sem fechar seus programas abertos. O XP, também estabeleceu a
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

funcionalidade de assistência remota, o que possibilitou que pessoas conectadas à Internet pudessem assumir o con-
trole da máquina para realizar suporte técnico ou auxiliar uma tarefa.
Quanto às atualizações e até mesmo o encerramento do suporte, pode-se dizer que o XP teve três grandes atuali-
zações, que ficaram conhecidas como Service Packs. O primeiro foi lançado no dia 9 de setembro de 2002, adicionando
o suporte ao formato USB 2.0 e a chance de definir padrões de programas. O SP2 chegou em 6 de agosto de 2004 com
foco na segurança do sistema. Já o SP3 foi distribuído em 6 de maio de 2008 com correções de segurança e melhorias
no desempenho.
No dia 8 de abril de 2014, a Microsoft encerrou o suporte ao Windows XP SP3, não disponibilizando mais atualiza-
ções ou correções de segurança para o sistema.

2
Comparando o Windows XP com o Windows 7 - Aero Shake, que ao agitar uma janela faz com que as
demais sejam automaticamente minimizadas
Estabilidade
Essas melhorias na usabilidade não devem ser des-
O Windows 7 é muito mais estável do que o Windows consideradas ou vistas como “pieguice”, pois elas podem
XP, e isso acontece por inúmeros motivos. Inicialmente economizar horas de trabalho por ano! Mais uma vanta-
ele foi desenvolvido para dar maior proteção à memória, gem para o Windows 7 na comparação entre Windows 7
afastando-a de problemas externos. Exemplo clássico: e Windows XP.
você instala um novo driver de placa de vídeo, e ele tra-
va pois tem um bug. Enquanto o Windows XP trava por Segurança
completo (ou o computador é reiniciado), o Windows 7
retoma normalmente do travamento utilizando um dri- Há um mundo de diferenças entra a segurança do
ver padrão de vídeo, e isso não afeta os outros progra- Windows XP e a do Windows 7. Embora algumas pes-
mas abertos. soas achem que basta instalar um navegador atual para
O Windows 7 vem com o Monitor de Confiabilida- se manter seguro na web, nada mais utópico: estes mes-
de. Ele monitora regularmente o computador, salvan- mos navegadores não conseguem proteger o usuário se
do informações importantes quando há algum defeito eles estão sendo executados em um sistema operacional
de aplicativo ou do Windows, e com isso o usuário tem com capacidade de proteção limitada. O navegador não
um cenário geral que permite concluir que aplicativo ou impede ataques remotos nem ataques que utilizam fra-
driver está gerando problemas. Isso é possível pois ele gilidades existentes no sistema operacional.
monitora a data de instalação de drivers e programas, Além disso, as fragilidades no Windows 7 são menos
execução de aplicativos, updates do Windows, abranda- arriscadas do que a mesma fragilidade no Windows XP,
mento de programas, e tudo mais que possa afetar a es- pois o Windows 7 tem diversas proteções adicionais que
tabilidade do sistema operacional - e com isso é fácil fin- diminuem o poder de ação dos malwares. Entre elas es-
dar quando um novo programa ou driver está causando tão ASLR, PatchGuard, UAC, PMIE e outras tecnologias
problemas no sistema operacional. O Monitor de Confia- que bloqueiam e impedem ataques externos por meios
bilidade também tem a opção de verificar soluções para desconhecidos. O antivírus gratuito da Microsoft (MSE –
todos os problemas listados. Microsoft Security Essentials) também pode ser utilizado
Além disso, o Windows 7 também vem com a opção por qualquer pessoa que tenha Windows Original, prote-
de restauração de sistema e drivers, permitindo que você gendo-a contra malwares.
retorne a um status ou driver anterior ao atual caso este
apresente alguma falha. Hardware e Desempenho
Por fim, o NTFS (tipo de partição) do Windows 7 é
mais completo e avançado do que o do Windows XP, Atualmente muitos computadores e notebooks vêm
pois é o mesmo utilizado no Windows Server 2008. com 4GB de memória RAM ou mais - e o Windows XP
Quando ocorre algum problema em disco ou na partição não aproveita isso.
do Windows XP, por exemplo, o sistema operacional ten- Tanto o Windows XP quanto o Windows 7 “alcançam”
ta corrigi-lo (muitas vezes durante horas) via chkdsk no até 4GB RAM nas suas versões 32-bits - mas o oposto do
próximo boot. O NTFS do Windows 7, por outro lado, uti- XP, o Windows 7 tem versões 64-bits perfeitamente utili-
liza o self-healing (autocorreção) e o problema é repara-
záveis, isto é, o mercado lançou programas e periféricos
do imediatamente sem que o usuário sequer saiba disso.
que funcionam perfeitamente no Windows 7, mas não
Além disso, ele permite corrigir problemas em arquivos
para o Windows XP.
de sistema (como o Win32k.sys) - algo que o Windows
Embora haja uma versão 64-bits do Windows XP,
XP não consegue. Neste item Windows 7 x Windows XP,
poucos usam pois não há drivers para periféricos nem
o Windows 7 ganha.
programas que aproveitam a sua capacidade.
Um pormenor que poucos sabem é que o limite de
Usabilidade
4GB de memória se aplica à soma da memória RAM +
O Windows 7 facilita o dia-a-dia das pessoas com no- memória da placa de vídeo + memória dos periféricos
vidades que tornam as tarefas mais rápidas e eficientes. PCI + ACPI + tudo mais que esteja instalado no compu-
Entre elas estão: tador que utilize memória (exceto pendrive, disco rígido
- Central de Contas do Usuário (UAC) que protege o e cartões de memória).
usuário sem incomodá-lo Ou seja, se você utiliza uma resistente placa de vídeo
- Pesquisa integrada ao sistema operacional de 2GB de memória (algo relativamente comum) no Win-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Bibliotecas, que estruturam os arquivos e facilitam o dows XP, este acessará menos de 2GB de memória RAM
seu uso em rede local independentemente da quantidade de memória RAM
- Aero Snap, que ao arrastar uma janela para a lateral instalada no computador. E quanto menos memória
da tela, esta é automaticamente expandida e ocu- RAM, menor desempenho o computador terá. A chave
pa metade da tela (ou tela cheia se for arrastada para isso é utilizar um sistema operacional completo de
para cima) 64-bits como o Windows 7.
- Aero Peek, que converte as janelas transparentes
para você visualizar ou acessar rapidamente o
desktop

3
Custo Benefício - Ligue o seu computador, de forma que o Windows
seja inicializado normalmente, insira do disco de
O Windows XP foi inaugurado em 2001, ou seja, para instalação do Windows 7 ou a unidade flash USB e
hardwares equivalentes da época, os requisitos mínimos desligue o seu computador.
do Windows XP são inferiores até mesmo aos smart- - Reinicie o computador.
phones mais simples de hoje em dia: Pentium 233 MHz, - Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
64MB RAM e 1,5GB de espaço em disco! Nem preciso isso, e siga as instruções exibidas.
dizer mais nada, certo?! - Na página de Instalação Windows, insira seu idioma
O Windows 7 funciona muito bem até mesmo em ou outras preferências e clique em avançar.
hardware limitado, como netbooks com 1GB RAM e pro- - Se a página de Instalação Windows não aparecer e o
cessador de 1GHz, além de estar preparado para utilizar programa não solicitar que você pressione alguma
todo potencial das tecnologias atuais: processadores tecla, pode ser necessário alterar algumas configu-
multi-core, muita memória RAM, discos SSD, drive de rações do sistema. Para ter mais informações sobre
Blu-Ray, USB 3.0, placas de vídeo caseiras que proces- como fazer isso, inicie o seu computador usando
sam 3 trilhões de cálculos por segundo (quatro placas um disco de instalação do Windows 7 ou um pen
dessas trabalhando juntas superam o total de cálculos drive USB.
por segundo do supercomputador mais rápido de todos - Na página Leia os termos de licença, se você aceitar
de 2001 - e ele tinha 8.192 processadores), e tecnologias os termos de licença, clique em aceito os termos
que utilizamos atualmente e que seriam encaradas coisas de licença e em avançar.
de ficção científica quando o Windows XP foi criado. - Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
Na realidade, não há motivos plausíveis para um com- que em Personalizada.
putador utilizar o Windows XP ao invés do Windows 7. - Na página onde deseja instalar Windows? clique em
opções da unidade (avançada).
Windows 7 - Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta: - Quando a formatação terminar, clique em avançar.
1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito - Siga as instruções para concluir a instalação do Win-
em computador e clique em Propriedades. dows 7, inclusive a nomenclatura do computador
2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema. e a configuração de uma conta do usuário inicial.
“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7,
você precisará de um processador capaz de realizar uma
versão de 64 bits do Windows. As vantagens de um sis- FIQUE ATENTO!
tema operacional de 64 bits ficam mais nítidos quando Pastas– São estruturas digitais criadas para
você tem uma grande quantidade de RAM (memória de organizar arquivos, ícones ou outras pastas.
acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB ou Arquivos–são registros digitais criados e
mais. Nesses casos, como um sistema operacional de 64 salvos através de programas aplicativos.
bits pode processar grandes quantidades de memória Por exemplo, quando abrimos o Microsoft
com mais êxito do que um de 32 bits, o sistema de 64 Word, digitamos uma carta e a salvamos no
bits poderá responder melhor ao realizar vários progra- computador, estamos criando um arquivo.
mas ao mesmo tempo e alternar entre eles com frequên- Ícones– São imagens representativas as-
cia”. sociadas a programas, arquivos, pastas ou
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é atalhos.
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse Atalhos– São ícones que indicam um cami-
caso, é possível instalar: nho mais curto para abrir um programa ou
- Sobre o Windows XP; até mesmo um arquivo.
- Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista (Win
Vista), também 32 bits;
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
- Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
- Win 7 em um computador e formatar o HD durante
a insta- lação;
- Win 7 em um computador sem SO;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual


tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
chave do produto, que é um código que será solicitado
durante a instalação.
Vamos adrir a opção de instalação com formatação
de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Cor-
poration:

4
Criação de Pastas(diretórios)

Figura 3: Criação de pastas

#FicaDica
Clicando com o botão direito do mouse em um espaço vazio da área de trabalho ou outro apropriado,
podemos encontrar a opção pasta.
Clicando nesta opção com o botão esquerdo do mouse, temos então uma forma prática de criar uma
pasta.

Figura 4: Criamos Aqui uma Pasta Chamada “Trabalho”.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 5: Tela da Pasta Criada

Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abri-la e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o procedimento botão direito, Novo, Pasta.

5
Área de trabalho:

Figura 6: Área de Trabalho

A figura 6 mostra a primeira tela que vemos quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome de área de tra-
balho, pois a ideia original é que ela sirva como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e documentos para dar
início ou continuidade ao trabalho.
Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra de tarefas, que traz uma série de particularidades, como:

Figura 7: Barra de tarefas

1)Botão Iniciar: é por ele que entram os em contato com todos os outros programas instalados, programas que
fazem parte do sistema operacional e ambientes de configuração e trabalho. Com um clique nesse botão, abri-
mos uma lista, chamada Menu Iniciar, que contém opções que nos permitem ver os programas mais acessados,
todos os outros programas instalados e os recursos do próprio Windows. Ele funciona como uma via de acesso
para todas as opções disponíveis no computador.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 8: Menu Iniciar–Windows7

6
Este é o ponto de acesso principal para os softwares A restauração de arquivo leva-o para o local original
e o conteúdo do seu computador. Localizado à esquerda antes da exclusão.
da barra de tarefas, o botão Iniciar, redondo e decorado
com o logotipo do Windows, quando clicado, dá acesso
ao menu Iniciar. Ele funciona como centro de comando #FicaDica
do PC. Outra forma de restaurar é usar a opção
Nele encontramos atalhos para os softwares nativos “Restaurar este item”, após selecionar o ob-
e instalados depois, assim como para as principais pastas jeto. Lembrando que se for clicado na tecla
que reúnem arquivos de usuário, para a Ajuda e Supor- Shift+Delete o arquivo não vai para a Lixei-
te do Windows ou para o Painel de Controle. Os pro- ra, já é apagado diretamente.
gramas são exibidos no lado esquerdo (clique em ‘Todos
os Programas’ para ver os atalhos) enquanto as pastas e
outros itens ficam no lado direito. Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
O menu Iniciar também contém um campo para fazer que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
uma busca no disco rígido, assim como os botões para está marcada.
suspender, desligar ou reiniciar o computador

Figura 9: Propriedades de data e hora


Figura 11: Bloqueio da Barra de Tarefas
Na Figura 16 é possível qualquer alteração de data e
hora do computador. Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:
Através do clique com o botão direito do mouse na barra de
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos acessar
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po- a janela “Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar”.
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 10: Restauração de arquivos enviados para a Figura 12: Propriedades da barra de tarefas e do
lixeira menu iniciar

7
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na busca
em configurações. Em seguida escolha a opção tela inicial
e escolha a cor da tela. O usuário também pode selecionar
imagens durante a personalização do papel de parede.

Redimensionar as tiles
Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou-
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di-
reito na divisão entre eles e optando pela opção menor.
Você pode destacar aqueles aplicativos que preferir.

Grupos de Aplicativos
Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
parecidos. Isso pode ser feito diversas vezes e os grupos
Figura 13: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu Iniciar podem ser renomeados.

Windows 8 Visualizar as pastas


A interface dos programas no computador pode ser
É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o vista de maneira horizontal com painéis dispostos lado a
Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celula- lado. Para passar de um painel para outro é preciso usar a
res, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente no barra de rolagem que fica no rodapé.
layout, que acabou admirando milhares de usuários habi-
tuados com o antigo visual desse sistema. Compartilhar e Receber
A tela inicial integralmente modificada foi a mudan- Comando utilizado para compartilhar conteúdo, enviar
ça que mais impressionou os usuários. Nela encontra-se uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção Com-
todas as práticas do computador que ficavam no Menu partilhar e depois selecione para onde deseja comparti-
Iniciar. Também é possível visualizar previsão do tempo, lhar. Há também a opção Dispositivo que é usada para
cotação da bolsa, etc. O usuário tem que ordenar as pe- receber e enviar conteúdo de dispositivos conectados ao
quenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial para computador.
ter acesso aos programas que mais utiliza.
Caso você não se localize no novo sistema ou dentro Alternar Tarefas
de uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os pro-
um painel no rodapé da tela. Caso você esteja usando uma gramas abertos no desktop e os aplicativos novos do SO.
das pastas e não encontre algum comando, clique com o Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma lista na
botão direito do mouse para aparecer o painel desejado. lateral esquerda que mostra os aplicativos modernos.
A organização de tela do Windows 8 funciona como
o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com Telas Lado a Lado
imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica- Esse sistema operacional não trabalha com o conceito
tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa de janelas, mas o usuário pode usar dois programas ao
área de trabalho, que representam aplicativos de versões mesmo tempo. É indicado, por exemplo, para quem pre-
anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe- cisa acompanhar o Facebook e o Instagram, pois ocupa ¼
queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem da tela do computador.
tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados
automaticamente. Visualizar Imagens
A tela pode ser customizada conforme o interesse do O sistema operacional agora faz com que cada vez que
usuário. Algumas funções não aparecem nessa tela, mas você clica em uma figura, um programa específico abre e
podem ser encontrados clicando com o botão direito do isso pode deixar seu sistema devagar. Para alterar isso é
mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que um preciso ir em Programas – Programas Default – Selecionar
desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique com Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this Program
o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar na as Default.
Tela Inicial.
Imagem e Senha
Charms Bar O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais “clean” e invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso,
esse recurso possibilita “encobrir” algumas configurações acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo
e aplicações. É uma barra localizada na lateral que pode em seguida clique em More PC Settings. Acesse a opção
ser acessada colocando o mouse no canto direito e infe- Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com
rior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows + C. imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você
Essa função substitui a barra de ferramentas presente no colocar sua senha e o levará para uma tela com um pe-
sistema e configurada de acordo com a página em que queno texto, que possibilita para você escolher uma foto.
você está. Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a
imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você

8
terá que desenhar três formas em touch ou com o mouse: Windows 10 Mobile Enterprise – Projetado para smar-
uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize o tphones e tablets do setor corporativo. Também estará
processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez, repita disponível através do Licenciamento por Volume, ofere-
os movimentos para acessar seu computador. cendo as mesmas vantagens do Windows 10 Mobile com
funcionalidades específicas para o mercado corporativo.
Internet Explorer no Windows 8 Windows 10 IoT Core – IoT vem do termo “Internet
Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá- das Coisas” (Internet ofThings). A Microsoft anunciou que
gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de haverá edições do Windows 10 baseadas no Enterprise e
ferramentas e menus. Mobile Enterprise destinados a dispositivos como caixas
eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de
atendimento para o varejo e robôs industriais. Essa versão
#FicaDica IoT Core será destinada para dispositivos pequenos e de
baixo custo.
O Windows 8 não funcionou como espera- Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro-
vam, por isso o Windows 10 foi a atualiza- soft indica como requisitos básicos dos computadores:
ção do anterior. • Processador de 1 Ghz ou superior;
• 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para
64bits);
Windows 10 • Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600
O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que ou maior.
veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no
mundo dos Sistemas Operacionais. Um dos principais ob-
jetivos é ficar com um visual mais smart e touch. #FicaDica
Muitos questionaram porquê o Windows
10, lançado logo após o Windows 8, não
se chamou Windows 9. A Microsoft batizou
com o nome Windows 10, por ser a décima
versão do Windows, e ela deseja em apenas
atualizá-lo e não criar novas versões.

Conceitos Básicos Sobre Linux e Software Livre

O Linux é um sistema operacional originalmente fun-


Figura 14: Tela do Windows 10 dado em comandos, mas que vem amplificando ambien-
tes gráficos de estruturas e uso similar, e são do Windows.
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes versões Apesar desses ambientes gráficos serem cada vez mais
(com destaque para as duas primeiras): aderidos, os comandos do Linux ainda são amplamente
Windows 10 – É a versão de “entrada” do Windows 10, empregados, sendo de suma importância o conhecer e
que possui a maioria dos recursos do sistema. É voltada estudar.
para Desktops e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Outro termo muito usado quando tratamos do Linux
Surface 3. é o Kernel, que é uma parte do sistema operacional que
Windows 10 Pro – Além dos recursos da versão de en- faz a ligação entre software e máquina. Ele é a camada de
trada, fornece proteção de dados avançada e criptografa- software mais próxima do hardware, considerado o núcleo
da com o BitLocker, permite a hospedagem de uma Co- do sistema. O Linux teve início com o desenvolvimento de
nexão de Área de Trabalho Remota em um computador, um pequeno Kernel, criado por Linus Torvalds, em 1991,
trabalhar com máquinas virtuais, e permite o ingresso em quando era apenas um estudante finlandês. Ao Kernel,
um domínio para realizar conexões a uma rede corporativa. que Linus desenvolveu, colocou o nome de Linux. Como o
Windows 10 Enterprise – Baseada na versão 10 Pro, é Kernel é capaz de fazer gerenciamentos primários básicos
disponibilizada por meio do Licenciamento por Volume, e indispensáveis para o funcionamento da máquina, foi
direcionado às empresas. necessário desenvolver módulos específicos para atender
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows 10 Education – Baseada na versão Enterprise, inúmeras necessidades, como por exemplo um módulo
é destinada a atender as necessidades do meio educa- capaz de utilizar uma placa de rede ou de vídeo lançada
cional. Também tem seu método de distribuição baseado no mercado ou até uma interface gráfica como a que usa-
através da versão acadêmica de licenciamento de volume. mos no Windows.
Windows 10 Mobile – Embora o Windows 10 tente Uma forma de atender a necessidade de comunica-
vender seu nome fantasia como um sistema operacional ção entre Kernel e o aplicativo é a chamada do sistema
único, os smartphones com o Windows 10 possuem uma (SystemCall), que é uma interface entre um aplicativo de
versão específica do sistema operacional compatível com espaço de usuário e um serviço que o Kernel fornece.
tais dispositivos.

9
Como o serviço é fornecido no Kernel, uma chamada -cp - Copia diretórios ‘cp -r’ copia recursivamente
direta não pode ser realizada; ao invés disso, você deve -df - Reporta o uso do espaço em disco do sistema de
utilizar um processo de cruzamento do limite de espaço arquivos
do usuário/Kernel. -dig - Testa a configuração do servidor DNs
No Linux também existem diferentes run levels de -dmesg - Exibe as mensagens da inicialização (log)
operação. O run level de uma inicialização padrão é o de -du - Exibe estado de ocupação dos discos/partições
número 2. -du -msh - Mostra o tamanho do diretório em mega-
Como o Linux também é conhecido por ser um sis- bytes
tema operacional que ainda utiliza bastante comandos -env - Mostra variáveis do sistema
digitados, não podemos deixar de citar o Shell, que é exa- -exit – Sair do terminal ou de uma sessão de root.
tamente o programa que possibilita o usuário digitar co- -/etc – É o diretório onde ficam os arquivos de confi-
mandos que sejam inteligíveis pelo sistema operacional e guração do sistema
realize funções. -/etc/skel – É o diretório onde fica o padrão de arqui-
No MSDOS, por exemplo, o Shell era o command.com, vos para o diretório Home de novos usuários.
por meio do qual era possível realizar comandos como o -fdisk -l – Mostra a lista de partições.
dir, cd e outros. No Linux, o Shell mais usado é o Bash, -find - Comando de busca ex: find ~/ -cmin -3
que, para usuários comuns, aparece como símbolo $, e -find – Busca arquivos no disco rígido.
para o root, aparece com o símbolo #. -halt -p – Desligar o computador.
Há também os termos usuário e superusuário. En- -head - Mostra as primeiras 10 linhas de um arquivo
quanto ao usuário é dada a permissão de utilização de -history – Mostra o histórico de comandos dados no
comandos simples, ao superusuário é possível configurar terminal.
quais comandos os usuários podem utilizar. Se eles po- -ifconfig - Mostra as interfaces de redes ativas e as in-
dem apenas ver ou também alterar e gravar diretórios. for- mações relacionadas a cada uma delas
Sendo assim, ele atua como sendo o administrador do sis- -iptraf - Analisador de tráfego da rede com interface
tema. O diretório padrão que possui os programas usados gráfica baseada em diálogos
pelo superusuário para o gerenciamento e a manutenção -kill - Manda um sinal para um processo. Os sinais sIG-
do sistema é o /sbin. TErm e sIGKILL encerram o processo.
/bin-Comandos utilizados durante o boot e por usuá- -kill -9 xxx – Mata o processo de número xxx.
rios comuns. -killall - Manda um sinal para todos os processos.
/sbin-Como os comandos do/bin, só que não são uti- -less - Mostra o conteúdo de um arquivo de texto com
lizados pelos usuários comuns. controle
Por esse motivo, o diretório sbin foi nomeado de su- -ls - Listar o conteúdo do diretório
perusuário, pois há comandos que só podem ser utiliza- -ls -alh - Mostra o conteúdo detalhado do diretório
dos nesse diretório. Funciona como se quem estivesse -ls –ltr - Mostra os arquivos no formado longo (l) em
no diretório sbin fosse o administrador do sistema, com ordem inversa (r) de data (t)
permissões especiais de inclusões, exclusões e também -man - Mostra informações sobre um comando
de alterações. -mkdir - Cria um diretório. É um comando utilizado na
raiz do Linux para a criação de novos diretórios.
Comandos Básicos
Na imagem a seguir, no prompt ftp, foi criado o dire-
Iniciaremos agora o estudo sobre vários comandos
tório chamado “myfolder”.
que podemos usar no Shell do Linux:
-addgroup - Adiciona grupos
-adduser - Adiciona usuários
-apropos - Faz pesquisa por palavra ou string
-cat - Mostra o conteúdo de um arquivo binário ou
texto
-cd - Entra num diretório (exemplo: cd docs) ou retor-
na para home
cd<pasta> – vai para a pasta especificada. exemplo:
cd /usr/bin/
-chfn - altera informação relativa a um utilizador
-chmod -Altera as permissões de arquivos ou diretó-
rios. É um comando para manipulação de arquivos e di-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

retórios que muda as permissões para acesso para cada


pessoa. Por exemplo, um diretório que poderia ser de es- Figura 15: Prompt “ftp”
crita e leitura, pode passar a ser apenas leitura, impedindo
que seu conteúdo seja alterado. -mount – Montar partições em algum lugar do siste-
-chown - Altera a propriedade de arquivos e pastas ma.
(dono) -mtr - Mostra rota até determinado IP
-clear – Limpa a tela do terminal -mv - Move ou renomeia arquivos e diretórios
-cmd>>txt - adiciona o resultado do comando (cmd) -nano – Editor de textos básico.
ao fim do arquivo (txt)

10
-nfs - Sistema de arquivos nativo do sistema operacio- -umount – Desmontar partições.
nal Linux, para o compartilhamento de recursos pela rede -uname -a – Informações sobre o sistema operacional
-netstat - Exibe as portas e protocolos abertos no sis- -userdel - Remove usuários
tema. -vi - Editor de ficheiros de texto
-nmap - Lista as portas de sistemas remotos/locais -vim - Versão melhorada do editor supracitado
atrás de portas abertas. -which - Exibe qual arquivo binário está sendo chama-
-nslookup - Consultas a serviços DNs do pelo shell quando chamado via linha de comando
-ntsysv - Exibe e configura os processos de inicializa- -who - Informa quem está logado no sistema
ção
-passwd - Modifica senha (password) de usuários Não são só comandos digitados via teclado que po-
-ps - Mostra os processos correntes demos executar no Linux. Várias versões foram expandi-
-ps –aux - Mostra todos os processos correntes no sis- das e o kernel evoluiu bastante. Sobre ele correm as mais
tema diversas interfaces gráficas, baseadas principalmente no
-ps -e – Lista os processos abertos no sistema. servidor de janelas XFree.Entre as mais de vinte interfaces
-pwd - Exibe o local do diretório atual. o prompt pa- gráficas criadas para o Linux, vamos citar o KDE.
drão do Linux mostra apenas o último nome do caminho
do diretório atual. Para mostrar o caminho completo do
diretório atual digite o comando pwd. Linux@fedora11 – é
a versão do Linux que está sendo usada.
help pwd – é o comando que nos mostrará o conteúdo
da ajuda sobre o pwd. A informação do help nos mostra
que pwd imprime o nome do diretório atual.
-reboot – Reiniciar o computador.
-recode - Recodifica um arquivo ex: recode iso-8859-
15..utf8 file_to_change.txt
-rm - Remoção de arquivos (também remove diretó-
rios)
-rm -rf - Exclui um diretório e todo o seu conteúdo
-rmdir - Exclui um diretório (se estiver vazio)
-route - Mostra as informações referentes às rotas Figura 16: MenuK,naversãoSuse–imagemobtidadehttp://
-shutdown -r now – Reiniciar o computador pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interfa-
-split - Divide um arquivo ce_gr%C3%A1fica_KDE
-smbpasswd - No sistema operacional Linux, na ver-
são samba, smbpasswd permite ao usuário alterar sua Um dos motivos que ainda desconvence muitas pes-
senha criptografada smb que é armazenada no arquivo soas a adotarem o Linux como seu sistema operacional, é
smbpasswd (normalmente no diretório privado sob a hie- a quantidade de programas compatíveis com ele, o que
rarquia de diretórios do samba). Os usuários comuns só vem sendo resolvido com o passar do tempo. Sua inter-
podem executar o comando, sem opções. Ele os levará face familiar, semelhante ao do Windows, tem ajudado a
para que sua senha velha smb seja digitada e, em seguida, aumentar os adeptos ao Linux.
pedir-lhes sua nova senha duas vezes, para garantir que Distribuição Linux é um sistema operacional que utiliza
a senha foi digitada corretamente. Nenhuma senha será o núcleo (Kernel) do Linux e outros softwares. Existem vá-
mostrada na tela enquanto está sendo digitada. rias versões do Linux (comerciais ou não): Ubuntu, Debian,
-su - Troca para o superusuário root (é exigida a senha) Fedora, etc. Cada uma com suas vantagens e desvanta-
-su user - Troca para o usuário especificado em ‘user’ gens. O que torna a escolha de uma distribuição bem pes-
(é exigida a senha) soal.
-tac - Semelhante ao cat, mas inverte a ordem
-tail - O comando tail mostra as últimas linhas de um
arquivo texto, tendo como padrão as 10 últimas linhas. FIQUE ATENTO!
Sua sintaxe é: tail nome_do_arquivo. Ele pode ser acres- Distribuições são criadas, normalmente,
centado de alguns parâmetros como o -n que mostra o para atender razões específicas. Por exem-
[numero] de linhas do final do arquivo; o – c [numero] que plo, existem distribuições para rodar em
mostra o [numero] de bytes do final do arquivo e o – f servidores, redes - onde a segurança é prio-
que exibe constantemente os dados do final do arquivo à ridade - e, também, computadores pessoais.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

medida que são adicionados. Assim, não é possível dizer qual é a melhor
-tcpdump sniffer - Sniffer é uma ferramenta que distribuição, já que ela depende do objetivo
“ouve” os pacotes do seu computador
-top – Exibe os processos do sistema e dados do pro-
cessador.
-touch touch foo.txt - Cria um arquivo foo.txt vazio;
também altera data e hora de modificação para agora
-traceroute - Define uma rota do host local até o des-
tino mostrando os roteadores intermediários

11
Sistema de Arquivos: Organização e Gerenciamen- Instalar, Remover e Atualizar Programas
to de Arquivos, Diretórios e Permissões no Linux
Para instalar ou remover um programa, considerando
Dependendo da versão do Linux é possível encontrar o Linux Ubuntu, podemos utilizar a ferramenta Adicionar
gerenciadores de arquivos diferentes. Por exemplo, no Li- /Remover Aplicações, que viabiliza a busca de drives pela
nux Ubuntu, encontramos o Nautilus, que permite a cópia, Internet. Esta ferramenta é encontrada no menu Aplica-
recorte, colagem, movimentação e organização dos arqui- ções, Adicionar/Remover.
vos e pastas. No Linux, vale lembrar que os dispositivos de Na parte superior da janela encontramos uma linha
armazenamento não são nomeados por letras. de busca, na qual podemos digitar o termo do aplicati-
Por exemplo, no Windows, se você possui um HD na vo que desejamos. Ao lado da linha de pesquisa temos a
máquina, ele recebe o nome de C. Se possui dois HDs, um configuração de mostrar apenas os itens suportados pelo
será o C e o outro o E. Já no Linux, tudo fará parte de um Ubuntu.
mesmo sistema da mesma estrutura de pastas. O lado esquerdo lista todas as categorias de progra-
mas, e quando uma categoria é selecionada, sua descrição
é mostrada na parte inferior da janela. Alguns exemplos
de categorias podemos mencionar são: Acessórios, Edu-
cacionais, Jogos, Gráficos, Internet, entre outros.

Manipulação de Hardware e Dispositivos

A manipulação de hardware e dispositivos é possível


ser realizada no menu Locais, Computador, através o qual
acessamos a lista de dispositivos em execução. A maioria
dos dispositivos de hardware instalados no Linux Ubun-
tu são meramente instalados. Quando se trata de um
Figura 17: Linux–Fonte:OLivroOficialdoUbuntu pendrive, após sua conexão física, aparecerá uma janela
do gerenciador de arquivos exibindo o conteúdo do dis-
As principais pastas do Linux são: positivo. É importante, porém, lembrar-se de desmontar
/etc- Contém os arquivos gerais de configuração do corretamente os dispositivos de armazenamento e outros
sistema e dos programas instalados. antes de encerrar seu uso. No caso do pendrive, é pos-
/home– Cada conta de usuário possui um diretório sível clicar com o botão direito do mouse sobre o ícone
salvo na pasta home. localizado na área de trabalho e em seguida, clicar em
/boot arquivos de carregamento do sistema, incluin- Desmontar.
do configuração do gerenciador de boot e o kernel.
/dev– Onde ficam as entradas das placas de dispositi- Agendamento de Tarefas
vos como rede, som e impressoras.
/lib– Bibliotecas do sistema. O agendamento de tarefas no Linux Ubuntu é feito
/media– Contém a instalação de dispositivos como por meio do agendador de tarefas chamado cron, que
drive de CD, pendrives, entre outros. permite determinar horários e intervalos para que tarefas
/opt– Utilizado por desenvolvedores de programas. sejam executadas. Ele possibilita detalhar comandos, data
/proc– Armazena informações sobre o estado atual do sistema. e hora que ficam em um arquivo chamado crontab - ar-
/root–Diretório do super usuário. quivo de texto que armazena a lista de comandos a serem
acionados no horário e data que foram determinados.
O gerenciamento de arquivos e diretórios, ou seja,
copiar, mover, recortar e colar pode ser feito, consideran- Administração de Usuários e Grupos no Linux
do que estamos usando o Nautilus, da seguinte forma:
- Copiar: Clique com o botão direito do mouse sobre Antes de iniciarmos, é preciso ter entendimento de
o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslocado ambos termos:
para a área de transferência, mas o original conti- - Superusuário: É o administrador do sistema. Ele tem
nuará no local. acesso e permissão para executar todos os coman-
- Recortar: Clique com o botão direito do mouse so- dos.
bre o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslo- -Usuário Comum: Tem as permissões configuradas
cado para a área de transferência, sendo removido pelo superusuário para o grupo em que se encon-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do seu local de origem. tra.


- Colar: Clique com o botão direito do mouse no local
desejado e depois em colar. O conteúdo da área de Um usuário pode fazer parte de vários grupos e um
transferência será colado. grupo pode ter vários usuários. Assim, podemos conceder
permissões aos grupos e colocar o usuário que queremos
Outra alternativa é deixar a janela do local de origem que tenha determinada permissão no grupo correspon-
do arquivo aberta e abrir outra com o local de destino. dente.
Pressionar o botão esquerdo do mouse sobre o arquivo
desejado e o transferir para o destino.

12
Comandos Básicos para Grupos

- Para criar grupos: sudo groupadd nome grupo


- Para criar um usuário no grupo: sudo useradd –g
nome grupo nomeusuario
- Definir senha para o usuário: sudo password no-
meusuario
- Remover usuário do sistema: sudo userdel nomeu-
suario

Permissões no Linux

Vale lembrar que apenas o superusuário (root) tem


acesso ilimitado aos conteúdos do sistema. Os outros es-
tão sujeitos à sua permissão para realizar comandos. As
permissões podem ser sobre tipo do arquivo, permissões
Figura 18: Centro de Controle do KDE imagemobtida-
do proprietário, permissões do grupo e permissões para
dehttp://
os outros usuários.
pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interface_
Diretórios são designados com a letra ‘d’ e arquivos
gr%C3%A1fica_KDE
comuns com o ‘-‘.
Alguns dos comandos utilizados em permissões são:
ls – l Lista diretórios e suas permissões rw- permissões
#FicaDica
do proprietário do grupo
r- Permissões do grupo ao qual o usuário pertence r- Como no Painel de controle do Windows,
-Permissão para os outros usuários temos o centro de controle do KDE, onde
As permissões do Linux são: Leitura, escrita e execução. é possível personalizar toda a parte gráfica,
- Leitura: (r, de Read) permite que o usuário apenas fontes, temas, ícones, estilos, área de traba-
veja, ou seja, leia o arquivo. lho, além da Internet, periféricos, acessibili-
- Gravação, ou escrita: (w, de Write) o usuário pode dade, segurança e privacidade, som e con-
criar e alterar arquivos. figurações para o administrador do sistema.
- Execução: (x, de eXecution) o usuário pode executar
arquivos.

Quando a permissão é acompanhada com o ‘-‘, signifi-


ca que ela não é atribuída ao usuário. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Compactação e Descompactação de Arquivos
1. (TRT-14ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA
Comandos básicos para compactação e descompacta-
APOIO ESPECIALIZADO ESPECIALIDADE ESTATÍSTICA
ção de arquivos:
– FCC – 2018) No Explorador de Arquivos do Windows
gunzip[opções][arquivos]Descompacta arquivos
10, um profissional observou a existência de um pen dri-
compactados com gzip.
ve conectado ao computador, onde, dos 64 GB de capa-
gzexe[opções][arquivos]compacta executáveis.
cidade total, há apenas 3,2 GB livres. Nessas condições,
gunzip[opções][arquivos]descompacta arquivos. zca-
será possível armazenar nesse pen drive
t[opções][arquivos]descompacta arquivos.
a) um arquivo de vídeo de 4294967296 bytes.
Fique Atento!
b) um arquivo compactado de 3686 MB.
Comandos básicos para backups
c) vários arquivos de texto que totalizam 3704409292
tar Agrupa vários arquivos em apenas um.
bytes.
compress Faz a compressão de arquivos padrão do
d) vários arquivos de imagem que totalizam 0,0038 TB.
Unix.
e) um arquivo de vídeo de 3290443 KB.
uncompress Descomprime arquivos compactados
pelo compress.
Resposta: Letra E. Ao converter 3,2GB em KB temos
zcat Possibilita visualizar arquivos compactados pelo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3355443KB, logo é totalmente possível armazenar


compress.
uma arquivo de vídeo com 3290443 KB.

13
2. (TRT-6ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA
JUDICIÁRIA – FCC – 2018) Um Analista utiliza um com- #FicaDica
putador com o Windows 10 instalado, em português, e
trabalha frequentemente com diversas janelas de aplica- Por que o Unix é a base dos sistemas ope-
tivos abertas. Para alternar entre as janelas abertas e para racionais?
fechar a janela ativa, ele utiliza, correta e respectivamen- Apesar de não haver uma resposta exata
te, as combinações de teclas: para isso, a esmagadora maioria dos siste-
mas disponíveis atualmente é baseada no
a) Alt + Tab e Alt + F4 Unix. Talvez você nem saiba, mas o sistema
b) Ctrl + Alt + A e Ctrl + Alt T operacional que roda no caixa eletrônico
c) Ctrl + F2 e Ctrl + F3 onde você saca dinheiro, por exemplo, pro-
d) Ctrl + Tab e Ctrl + F4 vavelmente é um do tipo Unix.
e) Alt + A e Alt + X

Resposta: Letra A. As teclas Alt + Tab e Alt + F4 ser- z/OS é um sistema operacional de 64 bits para main-
vem para alternar entre janelas e fechá-las respecti- frames, criado pela IBM. É o sucessor do OS/390, o qual,
vamente. por sua vez, combinou o MVS e o UNIX System Services -
uma implementação UNIX POSIX-aderente para mainfra-
3. (TRT-2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA mes, anteriormente conhecida como MVS Open Edition
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Para visualizar o ende- ou (OpenMVS).
reço IP do computador em linha de comando, no Windo- O z/OS oferece muitos dos atributos de outros sis-
ws e no Linux, o Analista deve utilizar, respectivamente, temas operacionais modernos, mas também conserva
as instruções muito da funcionalidade originada nas década de 1960
e 1970, que frequentemente ainda estão em uso coti-
a) ip /i mscomp e ip –i lxcomp
diano. Isto inclui Customer Information Control System
b) net /ip e lan –ip
(CICS), IBM Information Management System (IMS), IBM
c) show_ip this e get_ip lxcomp
DB2, IBM Resource Access Control Facility (RACF) e IBM
d) ipconfig e ifconfig
Systems Network Architecture (SNA).
e) ipWin e ipLx
O z/OS também executa Java de 64 bits, suporta APIs
e aplicativos UNIX (Single UNIX Specification) e comuni-
Resposta: Letra D. Os comandos ipconfig e ifconfig
ca-se diretamente com o TCP/IP. Um sistema operacional
são utilizados para poder demonstrar o IP de um com-
putador. complementar IBM, o z/VM, fornece o gerenciamento de
sistemas virtuais múltiplos (guests) no mesmo mainframe
físico. Estas novas funções no z/OS e z/VM, e o suporte
Unix e z/OS ao Linux na zSeries, tem encorajado o desenvolvimento
de novos aplicativos para mainframes. Muitos deles uti-
Unix é um sistema operacional criado por Kenneth lizam o WebSphere Application Server para middleware
Thompson após um projeto de sistema operacional não z/OS.
ter dado certo. O Unix foi o primeiro sistema a introduzir A partir de 1º de abril de 2007, o z/OS passou a ter
conceitos muito importantes para SOs como suporte a suporte somente a mainframes de 64 bits (z/Architectu-
multiusuários, multitarefas e portabilidade. re). O z/OS V1R5 foi a última versão a dar suporte ao
Além disso, o Unix suporta tanto alterações por linhas de ESA/390, uma arquitetura de hardware anterior com en-
comando, que dão mais flexibilidade e precisão ao usuário, dereçamento de 31 bits. Aplicativos antigos ainda são
quanto definições via interface gráfica, uma opção normal- suportados na mesma forma binária, usem eles 31 bits
mente mais prática e menos trabalhosa do que a anterior. ou mesmo endereçamento de 24 bits.
Sua história remonta aos anos de 1960, quando
Thompson, Dennis Ritchie e outros desenvolvedores se Uma versão de baixo custo do z/OS, o “z/OS.e”, pos-
juntaram para desenvolver o sistema operacional Mul- sui código idêntico, mas é processado com uma confi-
tics nos Laboratórios Bell da AT&T. A ideia era criar um guração de inicialização que impede a execução de tare-
sistema capaz de comportar centenas de usuários, mas fas “clássicas”, tais como os compiladores COBOL e PL/I.
diferenças entre os grandes grupos envolvidos na pes- O “z/OS.e” era disponibilizado para os mainframes IBM
quisa (AT&T, General Eletronic e Instituto de Tecnologia z800, z890 e z9 BC, mas foi encerrado com a versão V1.8
de Massachusetts) levaram o Multics ao fracasso. Contu- e retirado de mercado em outubro de 2007.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do, em 1969, Thompson começou a reescrever o sistema


com pretensões não tão grandes, e aí surge o Unics.
O passo seguinte foi um retoque no nome e ele passa
a se chamar Unix. Em 1973, com ajuda de Dennis Ritchie,
a linguagem empregada no sistema passa a ser a C, algo
apontado como um dos principais fatores de sucesso do
sistema. Atualmente, uma série de SOs são baseados no
Unix, entre eles, nomes consagrados como Gnu/Linux,
Mac OS X, Solaris e BSD.

14
EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT OFFICE 2010,
2013 E LIBREOFFICE 5, 6)

Word 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 6: Tela do Microsoft Word 2010

As guias foram criadas para serem orientadas por tarefas, já os grupos dentro de cada guia criam subtarefas para as
tarefas, e os botões de comando em cada grupo possui um comando.
As extensões são fundamentais, desde a versão 2007 passou a ser DOCX, mas vamos analisar outras extensões que
podem ser abordadas em questões de concursos na Figura 7.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 7: Extensões de Arquivos ligados ao Word

15
#FicaDica
As guias envolvem grupos e botões de comando, e são organizadas por tarefa. Os Grupos dentro de
cada guia quebram uma tarefa em subtarefas. Os Botões de comando em cada grupo possuem um co-
mando ou exibem um menu de comandos.

Existem guias que vão aparecer apenas quando um determinado objeto aparecer para ser formatado. No exemplo
da imagem, foi selecionada uma figura que pode ser editada com as opções que estiverem nessa guia.

Figura 8: Indicadores de caixa de diálogo

Indicadores de caixa de diálogo – aparecem em alguns grupos para oferecer a abertura rápida da caixa de diálogo
do grupo, contendo mais opções de formatação.
As réguas orientam na criação de tabulações e no ajuste de parágrafos, por exemplo.
Determinam o recuo da primeira linha, o recuo de deslocamento, recuo à esquerda e permitem tabulações esquer-
da, direita, centralizada, decimal e barra.
Para ajustar o recuo da primeira linha, após posicionar o cursor do mouse no parágrafo desejado, basta pressionar
o botão esquerdo do mouse sobre o “Recuo da primeira linha” e arrastá-lo pela régua.
Para ajustar o recuo à direita do documento, basta selecionar o parágrafo ou posicionar o cursor após a linha dese-
jada, pressionar o botão esquerdo do mouse no “Recuo à direita” e arrastá-lo na régua.
Para ajustar o recuo, deslocando o parágrafo da esquerda para a direita, basta selecioná-lo e mover, na régua, como
explicado anteriormente, o “Recuo deslocado”.
Podemos também usar o recurso “Recuo à esquerda”, que move para a esquerda, tanto a primeira linha quanto o
restante do parágrafo selecionado.
Com a régua, podemos criar tabulações, ou seja, determinar onde o cursor do mouse vai parar quando pressionar-
mos a tecla Tab.

Figura 9: Réguas

4. Grupo edição

Permite localizar palavras em um documento, substituir palavras localizadas por outras ou aplicar formatações e
selecionar textos e objetos no documento.
Para localizar uma palavra no texto, basta clicar no ícone Localizar , digitar a palavra na linha do localizar e clicar no
botão Localizar Próxima.
A cada clique será localizada a próxima palavra digitada no texto. Temos também como realçar a palavra que dese-
jamos localizar para facilitar a visualizar da palavra localizada.

Na janela também temos o botão “Mais”. Neste botão, temos, entre outras, as opções:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Diferenciar maiúscula e minúscula: procura a palavra digitada na forma que foi digitada, ou seja, se foi digitada
em minúscula, será localizada apenas a palavra minúscula e, se foi digitada em maiúscula, será localizada apenas
e palavra maiúscula.
- Localizar palavras inteiras: localiza apenas a palavra exatamente como foi digitada. Por exemplo, se tentarmos
localizar a palavra casa e no texto tiver a palavra casaco, a parte “casa” da palavra casaco será localizada, se essa
opção não estiver marcada. Marcando essa opção, apenas a palavra casa, completa, será localizada.
- Usar caracteres curinga: com esta opção marcada, usamos caracteres especiais. Por exemplo, é possível usar o
caractere curinga asterisco (*) para procurar uma sequência de caracteres (por exemplo, “t*o” localiza “tristonho”
e “término”).

16
Veja a lista de caracteres que são considerados curinga, retirada do site do Microsoft Office:

Para localizar digite exemplo


Qualquer caractere único ? s?o localiza salvo e sonho.
Qualquer sequência de caracteres * t*o localiza tristonho e término.
<(org) localiza
O início de uma palavra < organizar e organização,
mas não localiza desorganizado.
(do)> localiza medo e cedo, mas não
O final de uma palavra >
localiza domínio.
Um dos caracteres especificados [] v[ie]r localiza vir e ver
[r-t]ã localiza rã e sã.
Qualquer caractere único neste intervalo [-] Os intervalos devem estar em ordem
crescente.
Qualquer caractere único, exceto os caracteres no intervalo F[!a-m]rro localiza forro, mas não localiza
[!x-z]
entre colchetes ferro.
Exatamente n ocorrências do caractere ou expressão ca{2}tinga localiza caatinga, mas não
{n}
anterior catinga.
Pelo menos n ocorrências do caractere ou expressão
{n,} ca{1,}tinga localiza catinga e caatinga.
anterior
De n a m ocorrências do 10{1,3} localiza 10,
{n,m}
caractere ou expressão anterior 100 e 1000.
Uma ou mais ocorrências do caractere ou expressão ca@tinga localiza
@
anterior catinga e caatinga.

O grupo tabela é muito utilizado em editores de texto, como por exemplo a definição de estilos da tabela.

Figura 10: Estilos de Tabela

Fornece estilos predefinidos de tabela, com formatações de cores de células, linhas, colunas, bordas, fontes e de-
mais itens presentes na mesma. Além de escolher um estilo predefinido, podemos alterar a formatação do sombrea-
mento e das bordas da tabela.
Com essa opção, podemos alterar o estilo da borda, a sua espessura, desenhar uma tabela ou apagar partes de uma
tabela criada e alterar a cor da caneta e ainda, clicando no “Escolher entre várias opções de borda”, para exibir a seguinte tela:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 11: Bordas e sombreamento

17
Na janela Bordas e sombreamento, no campo “Defi- 6. Grupo Links:
nição”, escolhemos como será a borda da nossa tabela:
- Nenhuma: retira a borda; Inserir hyperlink: cria um link para uma página da
- Caixa: contorna a tabela com uma borda tipo caixa; Web, uma imagem, um e – mail. Indicador: cria um indi-
- Todas: aplica bordas externas e internas na tabela cador para atribuir um nome a um ponto do texto. Esse
iguais, conforme a seleção que fizermos nos de- indicador pode se tornar um link dentro do próprio do-
mais campos de opção; cumento.
- Grade: aplica a borda escolhida nas demais opções Referência cruzada: referência tabelas.
da janela (como estilo, por exemplo) ao redor da Grupo cabeçalho e rodapé:
tabela e as bordas internas permanecem iguais. Insere cabeçal
- Estilo: permite escolher um estilo para as bordas hos, rodapés e números de páginas.
da tabela, uma cor e uma largura.
- Visualização: através desse recurso, podemos defi- Grupo texto:
nir bordas diferentes para uma mesma tabela. Por
exemplo, podemos escolher um estilo e, em visu-
alização, clicar na borda superior; escolher outro
estilo e clicar na borda inferior; e assim colocar em
cada borda um tipo diferente de estilo, com cores
e espessuras diferentes, se assim desejarmos.

A guia “Borda da Página”, desta janela, nos traz re-


cursos semelhantes aos que vimos na Guia Bordas. A di-
ferença é que se trata de criar bordas na página de um
documento e não em uma tabela.
Outra opção diferente nesta guia, é o item Arte. Com
ele, podemos decorar nossa página com uma borda que Figura 13: Grupo Texto
envolve vários tipos de desenhos.
Alguns desses desenhos podem ser formatados 1 – Caixa de texto: insere caixas de texto pré-formatadas.
com cores de linhas diferentes, outros, porém não per- As caixas de texto são espaços próprios para inserção
mitem outras formatações a não ser o ajuste da largura. de textos que podem ser direcionados exatamente
Podemos aplicar as formatações de bordas da página onde precisamos. Por exemplo, na figura “Grupo Tex-
no documento todo ou apenas nas sessões que desejar- to”, os números ao redor da figura, do 1 até o 7, fo-
mos, tendo assim um mesmo documento com bordas ram adicionados através de caixas de texto.
em uma página, sem bordas em outras ou até mesmo 2 – Partes rápidas: insere trechos de conteúdos reuti-
bordas de página diferentes em um mesmo documento. lizáveis, incluindo campos, propriedades de docu-
mentos como autor ou quaisquer fragmentos de
5. Grupo Ilustrações: texto pré-formado.
3 – Linha de assinatura: insere uma linha que serve
como base para a assinatura de um documento.
4 – Data e hora: insere a data e a hora atuais no do-
cumento.
5 – Insere objeto: insere um objeto incorporado.
6 – Capitular: insere uma letra maiúscula grande no
início de cada parágrafo. É uma opção de forma-
tação decorativa, muito usada principalmente, em
livros e revistas. Para inserir a letra capitular, bas-
Figura 12: Grupo Ilustrações ta clicar no parágrafo desejado e depois na opção
“Letra Capitular”. Veja o exemplo:
1 – Inserir imagem do arquivo: permite inserir no teto
uma imagem que esteja salva no computador ou Neste parágrafo foi inserida a letra capitular
em outra mídia, como pendrive ou CD.
2 – Clip-art: insere no arquivo imagens e figuras
que se encontram na galeria de imagens do Word.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3 – Formas: insere formas básicas como setas, cubos,


elipses e outras.
4 – SmartArt: insere elementos gráficos para co-
municar informações visualmente.
5 – Gráfico: insere gráficos para ilustrar e comparar
dados.

18
7. Guia revisão lavra considerada inadequada. Em baixo, aparecerão as
sugestões. Caso esteja correto e a sugestão do Word não
7.1. Grupo revisão de texto se aplique, podemos clicar em “Ignorar uma vez”; caso a
regra apresentada esteja incorreta ou não se aplique ao
trecho do texto selecionado, podemos clicar em “Ignorar
regra”; caso a sugestão do Word seja adequada, clicamos
em “Alterar” e podemos continuar a verificação de orto-
grafia e gramática clicando no botão “Próxima sentença”.
Se tivermos uma palavra sublinhada em vermelho,
indicando que o Word a considera incorreta, podemos
apenas clicar com o botão direito do mouse sobre ela e
verificar se uma das sugestões propostas se enquadra.

Figura 14: Grupo revisão de texto


#FicaDica
1 – Pesquisar: abre o painel de tarefas viabilizando
pesquisas em materiais de referência como jornais, Por exemplo, a palavra informática. Se cli-
enciclopédias e serviços de tradução. carmos com o botão direito do mouse so-
2 – Dica de tela de tradução: pausando o cursor sobre bre ela, um menu suspenso nos será mos-
algumas palavras é possível realizar sua tradução trado, nos dando a opção de escolher a
para outro idioma. palavra informática. Clicando sobre ela, a
3 – Definir idioma: define o idioma usado para realizar palavra do texto será substituída e o texto
a correção de ortografia e gramática. ficará correto.
4 – Contar palavras: possibilita contar as palavras, os
caracteres, parágrafos e linhas de um documento. 8. Grupo comentário:
5 – Dicionário de sinônimos: oferece a opção de alte-
rar a palavra selecionada por outra de significado Novo comentário: adiciona um pequeno texto que
igual ou semelhante. serve como comentário do texto selecionado, onde é
6 – Traduzir: faz a tradução do texto selecionado para possível realizar exclusão e navegação entre os comen-
outro idioma. tários.
7 – Ortografia e gramática: faz a correção ortográfica
e gramatical do documento. Assim que clicamos 9. Grupo controle:
na opção “Ortografia e gramática”, a seguinte tela
será aberta:

Figura 16: Grupo controle

1 – Controlar alterações: controla todas as alterações


feitas no documento como formatações, inclusões,
exclusões e alterações.
2 – Balões: permite escolher a forma de visualizar as
alterações feitas no documento com balões no
próprio documento ou na margem.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3 – Exibir para revisão: permite escolher a forma de


exibir as alterações aplicadas no documento.
Figura 15: Verificar ortografia e gramática 4 – Mostrar marcações: permite escolher o tipo de
marcação a ser exibido ou ocultado no documen-
A verificação ortográfica e gramatical do Word, já to.
busca trechos do texto ou palavras que não se enqua- 5 – Painel de revisão: mostra as revisões em uma tela
drem no perfil de seus dicionários ou regras gramaticais separada.
e ortográficas. Na parte de cima da janela “Verificar orto-
grafia e gramática”, aparecerá o trecho do texto ou pa-

19
10. Grupo alterações: putador ou na rede, configurar as propriedades da im-
pressora, podendo estipular se a impressão será em alta
qualidade, econômica, tom de cinza, preto e branca, en-
tre outras opções.
Escolhemos também o intervalo de páginas, ou seja,
se desejamos imprimir todo o documento, apenas a pá-
gina atual (página em que está o ponto de inserção), ou
um intervalo de páginas. Podemos determinar o número
de cópias e a forma como as páginas sairão na impres-
são. Por exemplo, se forem duas cópias, determinamos
se sairão primeiro todas as páginas de número 1, depois
Figura 17: Grupo alterações as de número 2, assim por diante, ou se desejamos que
a segunda cópia só saia depois que todas as páginas da
1 – Rejeitar: rejeita a alteração atual e passa para a primeira forem impressas.
próxima alteração proposta.
2 – Anterior: navega até a revisão anterior para que
seja aceita ou rejeitada. #FicaDica
3 – Próximo: navega até a próxima revisão para que
Perguntas de intervalos de impressão são
possa ser rejeitada ou aceita.
constantes em questões de concurso!
4 – Aceitar: aceita a alteração atual e continua a nave-
gação para aceitação ou rejeição.
Word 2013
Para imprimir nosso documento, basta clicar no bo-
tão do Office e posicionar o mouse sobre o ícone “Im- Vejamos abaixo alguns novos itens implementados
primir”. Este procedimento nos dará as seguintes opções: na plataforma Word 2013:
- Imprimir – onde podemos selecionar uma impresso- Modo de leitura: o usuário que utiliza o software para
ra, o número de cópias e outras opções de confi- a leitura de documentos perceberá rapidamente a di-
guração antes de imprimir. ferença, pois seu novo Modo de Leitura conta com um
- Impressão Rápida – envia o documento diretamente método que abre o arquivo automaticamente no for-
para a impressora configurada como padrão e não mato de tela cheia, ocultando as barras de ferramentas,
abre opções de configuração. edição e formatação. Além de utilizar a setas do teclado
- Visualização da Impressão – promove a exibição do (ou o toque do dedo nas telas sensíveis ao toque) para
documento na forma como ficará impresso, para a troca e rolagem da página durante a leitura, basta o
que possamos realizar alterações, caso necessário. usuário dar um duplo clique sobre uma imagem, tabe-
la ou gráfico e o mesmo será ampliado, facilitando sua
visualização. Como se não bastasse, clicando com o bo-
tão direito do mouse sobre uma palavra desconhecida,
é possível ver sua definição através do dicionário inte-
grado do Word.
Documentos em PDF: agora é possível editar um
documento PDF no Word, sem necessitar recorrer ao
Adobe Acrobat. Em seu novo formato, o Word é capaz
de converter o arquivo em uma extensão padrão e, de-
pois de editado, salvá-lo novamente no formato origi-
nal. Esta façanha, contudo, passou a ser de extensa uti-
lização, pois o uso de arquivos PDF está sendo cada vez
mais corriqueiro no ambiente virtual.
Interação de maneira simplificada: o Word trata nor-
malmente a colaboração de outras pessoas na criação
de um documento, ou seja, os comentários realizados
neste, como se cada um fosse um novo tópico. Com o
Word 2013 é possível responder diretamente o comen-
tário de outra pessoa clicando no ícone de uma folha,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

presente no campo de leitura do mesmo. Esta interação


de usuários, realizada através dos comentários, aparece
em forma de pequenos balões à margem documento.
Compartilhamento Online: compartilhar seus docu-
Figura 18: Imprimir mentos com diversos usuários e até mesmo enviá-lo por
e-mail tornou-se um grande diferencial da nova plata-
As opções que temos antes de imprimir um arqui- forma Office 2013. O responsável por esta apresentação
vo estão exibidas na imagem acima. Podemos escolher online é o Office Presentation Service, porém, para isso,
a impressora, caso haja mais de uma instalada no com- você precisa estar logado em uma Conta Microsoft para

20
acessá-lo. Ao terminar o arquivo, basta clicar em Arquivo / Compartilhar / Apresentar Online / Apresentar Online e
o mesmo será enviado para a nuvem e, com isso, você irá receber um link onde poderá compartilhá-lo também por
e-mail, permitindo aos demais usuários baixá-lo em formato PDF.
Ocultar títulos em um documento: apontado como uma dificuldade por grande parte dos usuários, a rolagem e
edição de determinadas partes de um arquivo muito extenso, com vários títulos, acabou de se tornar uma tarefa mais
fácil e menos desconfortável. O Word 2013 permite ocultar as seções e/ou títulos do documento, bastando os mes-
mos estarem formatados no estilo Títulos (pré-definidos pelo Office). Ao posicionar o mouse sobre o título, é exibida
uma espécie de triângulo a sua esquerda, onde, ao ser clicado, o conteúdo referente a ele será ocultado, bastando
repetir a ação para o mesmo reaparecer.
Enfim, além destas novidades apresentadas existem outras tantas, como um layout totalmente modificado, focado
para a utilização do software em tablets e aparelhos com telas sensíveis ao toque. Esta nova plataforma, também, abre
um amplo leque para a adição de vídeos online e imagens ao documento. Contudo, como forma de assegurar toda
esta relação online de compartilhamento e boas novidades, a Microsoft adotou novos mecanismos de segurança para
seus aplicativos, retornando mais tranquilidade para seus usuários.
O grande trunfo do Office 2013 é sua integração com a nuvem. Do armazenamento de arquivos a redes sociais, os
softwares dessa versão são todos conectados. O ponto de encontro deles é o SkyDrive, o HD na internet da Microsoft.
A tela de apresentação dos principais programas é ligada ao serviço, oferecendo opções de login, upload e down-
load de arquivos. Isso permite que um arquivo do Word, por exemplo, seja acessado em vários dispositivos com seu
conteúdo sincronizado. Até a página em que o documento foi fechado pode ser registrada.
Da mesma maneira, é possível realizar trabalhos em conjunto entre vários usuários. Quem não tem o Office instala-
do pode fazer edições na versão online do sistema. Esses e outros contatos podem ser reunidos no Outlook.
As redes sociais também estão disponíveis nos outros programas. É possível fazer buscas de imagens no Bing ou
baixar fotografias do Flickr, por exemplo. Outro serviço de conectividade é o SharePoint, que indica arquivos a serem
acessados e contatos a seguir baseado na atividade do usuário no Office.
O Office 365 é um novo jeito de usar os tão conhecidos softwares do pacote Office da Microsoft. Em vez de comprar
programas como Word, Excel ou PowerPoint, você agora pode fazer uma assinatura e desfrutar desses aplicativos e de
muitos outros no seu computador ou smartphone.
A assinatura ainda traz diversas outras vantagens, como 1 TB de armazenamento na nuvem com o OneDrive, mi-
nutos Skype para fazer ligações para telefones fixos e acesso ao suporte técnico especialista da Microsoft. Tudo isso
pagando uma taxa mensal, o que você já faz para serviços essenciais para o seu dia a dia, como Netflix e Spotify. Porém,
aqui estamos falando da suíte de escritório indispensável para qualquer computador.

Veja abaixo as versões do Office 365

Figura 19: Versões Office 365

14. LibreOffice Writer

O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como
base o OpenOffice. Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou
seja, é multiplataforma. Os aplicativos dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Impress - editor de apresentações;


• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;
• Math - editor de equações matemáticas.

- O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Applications
(ODF), que é um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress utilizam o
mesmo “prefixo”, que é “od” de “Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer → .odt (Open
Document Text); Calc → .ods (Open Document Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presentations).

21
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades
do aplicativo. Além disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo
Writer.

Figura 20: Tela do Libreoffice Writer

O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a lin-
guagem LibreOffice Basic).
O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As
principais teclas de atalho do Writer são:
Destacar essa tabela devido a recorrência em cair atalhos em concurso
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 21: Atalhos Word x Writer

22
EDITOR DE TEXTO MS WORD 2016

Novidades do Word 2016 para Windows1

O Word 2016 para Windows tem todas as funcionalidades e recursos conhecidos, com alguns aprimoramentos e
novos recursos do Office 2016.

Veja alguns dos novos recursos.


Realize ações rapidamente com o recurso Diga-me
Observe que há uma caixa de texto na Faixa de Opções do Word 2016 com a mensagem O que você deseja fazer.
Esse é um campo de texto no qual você insere palavras ou frases relacionadas ao que deseja fazer e obtém rapidamente
os recursos que pretende usar ou as ações que deseja realizar. Se preferir, use o Diga-me para encontrar ajuda sobre o
que está procurando ou para usar a Pesquisa Inteligente para pesquisar ou definir o termo que você inseriu.

Trabalhe em grupo em tempo real

Ao armazenar um documento online no OneDrive ou no SharePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word
2016 ou Word Online, vocês podem ver as alterações uns dos outros no documento durante a edição. Após salvar o
documento online, clique em Compartilhar para gerar um link ou enviar um convite por email. Quando seus colegas
abrem o documento e concordam em compartilhar automaticamente as alterações, você vê o trabalho em tempo real.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1 Fonte: https://support.office.com/pt-br/article/Novidades-do-Word-2016-para-Windows-4219dfb5-23fc-4853-95aa-b13a674a6670?ui=p-
t-BR&rs=pt-BR&ad=BR

23
Ideias para o trabalho que está realizando

A Pesquisa Inteligente da plataforma Bing apresenta as pesquisas diretamente no Word 2016. Quando você selecio-
na uma palavra ou frase, clica com o botão direito do mouse sobre ela e escolhe Pesquisa Inteligente, o Painel de ideias
é exibido com as definições, os artigos Wiki e as principais pesquisas relacionadas da Web.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Equações à tinta

Incluir equações matemáticas ficou muito mais fácil. Vá até Inserir > Equação > Equação à Tinta sempre que desejar
incluir uma equação matemática complexa em um documento. Se tiver um dispositivo sensível ao toque, use o dedo
ou uma caneta de toque para escrever equações matemáticas à mão, e o Word 2016 vai convertê-las em texto. Caso
não tenha um dispositivo sensível ao toque, use o mouse para escrever. Você pode também apagar, selecionar e fazer
correções à medida que escreve.

24
Histórico de versões melhorado

Vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista completa de alterações feitas a um documento e para acessar
versões anteriores.

Compartilhamento mais simples


Clique em Compartilhar para compartilhar seu documento com outras pessoas no SharePoint, no OneDrive ou no
OneDrive for Business ou para enviar um PDF ou uma cópia como um anexo de email diretamente do Word.

Formatação de formas mais rápida

Quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de preenchimentos pre-
definidos e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado. NOÇÕES DE INFORMÁTICA

25
Interface

Tela de trabalho do MS Word

No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do documento ,


que como é um novo documento apresenta como título “Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido,
que permite acessar alguns comandos mais rapidamente como salvar, desfazer. Você pode personalizar
essa barra, clicando no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mais à esquerda tem a ABA Arquivo.

26
Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, pre-
parar o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos
os grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Página inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visí-
veis para os usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns
destes grupos possuem pequenas marcações na sua direita inferior.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados,
por exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do
elemento selecionado.

27
Explore a galeria de documentos

A galeria de documentos é o local onde você pode criar um documento em branco ou usar um modelo predefinido.
A galeria fica disponível ao abrir o Word ou você pode acessá-la escolhendo Arquivo > Novo se estiver trabalhando
em um documento existente.

Explorar a faixa de opções


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

28
Saiba mais sobre a caixa Diga-me

Diga-Me é uma nova ferramenta de pesquisa e está


disponível no Word, no PowerPoint e no Excel 2016.
Ela exibe os comandos necessários quando você digita
o que deseja fazer. Por exemplo, digite “configurações
de fonte” na janela Diga-me o que você quer fazer. Em Utilizando um modelo
seguida, escolha uma das sugestões exibidas ou esco-
lha Obter Ajuda sobre “configurações de fonte” para Quando você inicia um aplicativo do Office, como o
abrir o visualizador da Ajuda. Word, o Excel, o PowerPoint, o Visio ou o Access, a pri-
meira coisa que você vê é uma lista de modelos que po-
Faça um tour do Word 2016 dem ser usados para criar seus arquivos e documentos.
Para encontrar modelos para os aplicativos do Office
a qualquer momento, selecione Arquivo > Novo. Veja um
exemplo de como isso é exibido no Word:

Quando o Word abrir, clique em Faça um tour ou di-


gite “Bem-vindo ao Word” na caixa Pesquisar modelos
online. O modelo Bem-vindo ao Word é aberto.
Este documento permite que você explore cinco
áreas:
- Usar guias dinâmicas de layout e alinhamento
- Colaborar no Modo de Exibição Marcação Simples
- Inserir Imagens e Vídeos Online Insira uma pesquisa para o tipo de modelo que você
- Desfrutar da Leitura está procurando na caixa de pesquisa que diz Procurar
- Editar conteúdo em PDF no Word modelos online. Para navegar pelos tipos de modelos
populares, selecione qualquer uma das palavras-chave
Criando um documento abaixo da caixa de pesquisa.

Quando você abre o Word, a galeria de documentos


é exibida, permitindo que você escolha o modelo de do-
cumento em branco ou um dos vários outros modelos.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecione a miniatura de um modelo para ver uma


visualização maior de como ele é. Você pode usar as se-
tas em ambos os lados da visualização para rolar pelos
modelos relacionados. Depois de encontrar um modelo
de que você gosta, selecione Criar.

29
#FicaDica
Se você usa um modelo com frequência, pode fixá-lo para que esteja sempre à mão quando você inicia
o aplicativo do Office. Basta selecionar o ícone de pino que aparece abaixo da miniatura na lista de mo-
delos.

Modos de documento e compatibilidade


Quando você abre um documento no Word 2016, ele se encontra em um destes modos:
- Modo Word 2013-2016
- Modo de Compatibilidade do Word 2010
- Modo de Compatibilidade do Word 2007
- Modo de Compatibilidade do Word 97-2003

Caso você veja o Modo de Compatibilidade na barra de título, saiba como descobrir em que modo você está:
- Clique em Arquivo > Informações.
- Na seção Inspecionar Documento, clique em Verificar Problemas e em Verificar Compatibilidade.

Clique em Selecionar versões a exibir para verificar se há uma marca de seleção exibida ao lado do nome do modo
em que o documento se encontra.

Ajustar recuos e espaçamento no Word


Quando você quiser fazer alterações precisas nos recuos e no espaçamento ou quando quiser fazer várias alterações
de uma só vez, use as configurações na guia Recuos e Espaçamento na caixa de diálogo Parágrafo.
Selecione o texto que deseja ajustar.
Clique em Layout e clique na seta para o iniciador da caixa de diálogo no grupo Parágrafo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na guia Recuos e Espaçamento, escolha as configurações (veja abaixo os detalhes de cada configuração) e clique
em OK.

Opções da caixa de diálogo Parágrafo


Escolha uma destas opções na caixa de diálogo Parágrafo. Na parte inferior da caixa de diálogo, a caixa Visualiza-
ção mostra a aparência das opções antes que você as aplique.

30
Geral
Escolha À Esquerda para alinhar o texto à esquerda com uma margem direita irregu-
Alinhamento
lar (ou use o atalho de teclado CTRL+L).
EscolhaCentralizar para centralizar o texto com uma borda esquerda e direita irre-
gulares (CTRL+E).
EscolhaÀ Direita para alinhar o texto à direita com uma margem esquerda irregular
(CTRL+R).
EscolhaJustificar para alinhar o texto à esquerda e à direita, adicionando espaço
entre as palavras (CTRL+J).
Nível da estrutura de tópicos O nível no qual o parágrafo aparece no modo de exibição de Estrutura de Tópicos.
Escolha Recolhido por padrão se quiser que o documento seja aberto com os títulos
recolhidos por padrão.

Recuo
Move-se no lado esquerdo do parágrafo de acordo com quantidade que você
Para a Esquerda
escolher.
Move-se no lado direito do parágrafo de acordo com quantidade que você
Para a Direita
escolher.
Especial Escolha Primeira linha > Por para recuar a primeira linha de um parágrafo.
Escolha Deslocamento > Por para criar um recuo deslocado.
Quando você escolher isso, Esquerda e Direita tornam-se Dentro e Fora. Isso
Espelhar recuos
é para impressão de estilo de livro.
Espaçamento
Antes Ajusta a quantidade de espaço antes de um parágrafo.
Depois Ajusta a quantidade de espaço após um parágrafo
Espaçamento entre linhas Escolha Simples para texto com espaçamento simples.
Escolha 1,5 linhas para definir o espaçamento do texto uma vez e meia o do espaça-
mento único.
Escolha Duplo para texto com espaçamento duplo.
Escolha Pelo menos > Em para definir a quantidade mínima de espaçamento neces-
sário para acomodar a maior fonte ou gráfico na linha.
Escolha Exatamente > Em para definir o espaçamento de linha fixa, expresso em pon-
tos. Por exemplo, se o texto estiver em fonte de 10 pontos, você pode especificar 12
pontos como o espaçamento entre linhas.
EscolhaMúltiplo > Em para definir o espaçamento de linha como um múltiplo ex-
presso em números maiores que 1. Por exemplo, definir o espaçamento entre linhas
como 1,15 aumentará o espaço em 15% e definir o espaçamento entre linhas como
3 aumentará o espaço em 300% (espaçamento triplo).
Escolha Não adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo quando não quiser
Não adicionar …
espaço adicional entre os parágrafos.

Se você quiser salvar as configurações como padrão, clique em Definir como padrão.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clicar em Guias… abre a caixa de diálogo Guias, onde você pode definir precisamente as guias.

Inserir imagens
As imagens podem ser inseridas (ou copiadas) a partir de vários locais diferentes, inclusive de um computador, de
uma fonte online como o Bing.com ou de uma página da Web.
Inserir uma imagem a partir de um computador
Clique no local em que deseja inserir a imagem no documento.
Clique em Inserir > Imagens.

31
Navegue até a imagem que você deseja inserir, selecione-a e clique em Inserir.

OBSERVAÇÃO: Por padrão, o Word insere a imagem em um documento. Mas você pode, de forma alternativa, vin-
cular seu documento à imagem para reduzir seu tamanho. Para fazê-lo, na caixa de diálogo Inserir Imagem, clique na
seta ao lado de Inserir e clique em Vincular ao Arquivo.
Inserir imagem a partir de uma fonte online
Caso não tenha uma imagem ideal no seu computador, experimente inserir uma a partir de uma fonte online, como
o Bing ou o Flickr.
Clique no local onde deseja inserir a imagem no documento.
Clique em Inserir > Imagens Online.

Na caixa de pesquisa, digite uma palavra ou frase que descreva a imagem desejada e pressione Enter.
Na lista de resultados, clique na imagem desejada e em Inserir.
Inserir uma imagem a partir de uma página da Web
Abra seu documento.
Na página da Web, clique com o botão direito do mouse na imagem que deseja e clique em Copiar.
No seu documento, clique com o botão direito do mouse no local que deseja inserir a imagem e clique em Colar.

Inserir uma tabela


Para inserir rapidamente uma tabela, clique em Inserir > Tabela e mova o cursor sobre a grade até realçar o número
correto de colunas e linhas desejado.

Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas
em uma tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

32
Use as Ferramentas de Tabela para escolher diferen- Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria
tes cores, estilos de tabela, adicionar uma borda a uma colunas muito estreitas que são expandidas conforme
página ou remover bordas de uma tabela. Você pode até você adiciona conteúdo.
mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará au-
coluna ou linha de números em uma tabela. tomaticamente a largura de toda a tabela para ajustar-se
Se você tem um texto que ficará melhor em uma ta- ao tamanho de seu documento.
bela, o Word pode convertê-lo em uma tabela. Se quiser que as tabelas criadas tenham uma aparên-
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comporta- cia semelhante à da tabela que você está criando, mar-
mentos de largura personalizada que a caixa Lembrar dimensões para novas tabelas.
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as Projetar sua própria tabela
colunas, use o comando Inserir Tabela. Se quiser ter mais controle sobre a forma das colunas
e linhas de sua tabela ou algo diferente de uma grade
básica, a ferramenta Desenhar Tabela ajuda a desenhar
exatamente a tabela que você deseja.

Assim, você pode criar uma tabela com mais de dez


colunas e oito linhas, além de definir o comportamento
de largura das colunas.
Clique em Inserir > Tabela > Inserir Tabela.
Defina o número de colunas e linhas.

Você mesmo pode desenhar linhas diagonais e célu-


las dentro das células.
Clique em Inserir > Tabela > Desenhar Tabela. O pon-
teiro é alterado para um lápis.
Desenhe um retângulo para fazer as bordas da tabela.
Depois, desenhe linhas para as colunas e linhas dentro
do retângulo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na seção Comportamento de Ajuste Automático, há


três opções para configurar a largura das colunas:
Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word de-
finir automaticamente a largura das colunas com Auto-
mático ou pode definir uma largura específica para todas
as colunas.

33
Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Ferramentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha que
você quer apagar.

Adicionar um cabeçalho ou rodapé


Você pode adicionar muito mais além de números de página aos seus cabeçalhos ou rodapés. Mas para começar,
veja como criar e personalizar um cabeçalho ou rodapé simples.
Clique em Inserir e depois clique em Cabeçalho ou Rodapé.

Dezenas de layouts internos são exibidos. Percorra-os e clique naquele que você deseja.
O espaço de cabeçalho e rodapé será aberto em seu documento, junto com as Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé.
Você precisa fechar as Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé para poder editar o corpo do seu documento novamente.
Digite o texto desejado no cabeçalho ou no rodapé. A maioria dos cabeçalhos e rodapés tem texto do espaço re-
servado (por exemplo, “Título do documento”) que você pode digitar diretamente sobre.
DICA: Escolha entre as Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé para adicionar mais ao seu cabeçalho ou rodapé, como
data e hora, uma imagem e o nome do autor ou outras informações do documento. Você também pode selecionar
opções para cabeçalhos diferentes em páginas pares e ímpares, além de indicar que não deseja que o cabeçalho ou
rodapé apareça na primeira página.
Quando terminar, clique em Fechar Cabeçalho e Rodapé.

#FicaDica
Sempre que você quiser abrir as Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé, clique duas vezes dentro da área
de cabeçalho ou rodapé.

Adicionar números de página a um cabeçalho ou rodapé no Word


OBSERVAÇÃO: Se você não tiver um cabeçalho ou rodapé, ou se você tiver um cabeçalho ou rodapé que você não
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

queira manter, para adicionar rapidamente números de página, clique em Inserir > Número de Página e selecione o
tipo de número da página desejado. Isso substituirá qualquer cabeçalho ou rodapé existente.
Se o documento já tem cabeçalhos ou rodapés, você pode usar o código de campo de Número da Página para
adicionar números de página sem substituir os cabeçalhos ou rodapés.
Com mais uma etapa, você poderá exibir o número de página como Página X de Y.
Usar o código Campo de página para adicionar números de página a um cabeçalho ou rodapé
Clique duas vezes na área do cabeçalho ou rodapé (próxima à parte superior da ou inferior da página). Isso abre a
guiaDesign em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé.

34
Posicione o cursor onde você deseja adicionar o número da página. Para colocar o número da página no centro ou
no lado direito da página, faça o seguinte:
Para colocar o número de página no centro, na guia Design, clique em Inserir Tabulação de Alinhamento >Centra-
lizar > OK.
Para colocar o número de página no lado direito da página, na guia Design, clique em Inserir Tabulação de Alinha-
mento > Direita > OK.
Na guia Inserir, clique em Partes Rápidas e Campo.

Na lista Nomes de campos, clique em Página e em OK.

OBSERVAÇÕES: Para mostrar os números de página como Página X de Y, faça o seguinte:


Digite de após o número de página que você acabou de adicionar.
Na guia Inserir, clique em Partes Rápidas e Campo.
Na lista Nomes de campos, clique em NumPages e em OK.
Para alterar o formato de numeração, na guia Design (em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé), clique em Número
de Página > Formatar Números de Página.

Para retornar ao corpo do documento, clique em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé > Fechar Cabeçalho e Ro-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dapé.

Adicionar números de página no Word


Clique em Inserir > Número de Página, clique em um local (como o Início da Página) e escolha um estilo. O Word
numera as páginas de forma automática.

35
Quando concluir, clique em Fechar Cabeçalho e Rodapé ou clique duas vezes em qualquer lugar fora da área do
cabeçalho ou do rodapé.

DICA : O Word numera as páginas de forma automática, mas você pode alterar essa opção se preferir. Por exemplo,
caso não pretenda exibir o número da página na primeira página do documento, clique duas vezes ou dê um toque
duplo na parte superior ou inferior da página para abrir as ferramentas de cabeçalho e rodapé na guia Design e marque
a caixa Primeira Página Diferente. Escolha Inserir > Número da Página > Formatar Números de Página para saber mais.

Salvar um documento no Word 2016


O local escolhido para salvar seu documento depende da forma como você planeja usá-lo. Para acessar um do-
cumento em praticamente qualquer lugar, compartilhá-lo com outras pessoas ou trabalhar em conjunto com outras
pessoas em tempo real, salve-o online. Mas onde você deve salvá-lo? Veja algumas dicas para ajudá-lo a decidir:
Use o site de equipe do OneDrive for Business ou do SharePoint para documentos que serão usados por seus co-
legas.
Escolha uma pasta pessoal do OneDrive para documentos particulares que somente você pode ver ou que deseja
compartilhar com seus amigos e familiares.
Se pretende trabalhar com um documento no computador que você está usando atualmente, salve em uma pasta
neste computador.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Decida onde salvar seu documento

36
Use a tabela a seguir para ajudá-lo a escolher um local para salvar seu documento:

LOCAL PARA SAL-


USE ESTE PROCEDIMENTO QUANDO QUISER...
VAR
Salvar um documento comercial que você provavelmente desejará compartilhar mais tarde
OneDrive -Organi-
com parceiros de fora de sua equipe ou organização. As opções de compartilhamento per-
zação
mitem escolher as pessoas que você deseja permitir que exibam ou editem o documento.
Salvar um documento comercial que você deseja compartilhar com sua equipe. Para mantê-
Sites -Organização
-lo privado, coloque-o em uma biblioteca que não seja compartilhada com outras pessoas.
Salvar um documento pessoal que você deseja manter privado ou que deseja compartilhar
OneDrive - Pessoal
com amigos e familiares.
Salvar um documento em uma pasta no seu computador. Escolha Este PC e escolha uma
Este PC
pasta.
Adicionar um novo local online. Escolha Adicionar um Local e toque ou clique em Share-
adicionar um local
Point do Office 365ou OneDrive.

Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação do mesmo, quando o documento a ser criado
é longo, salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar se documento em forma de arquivo em seu computador,
pendrive, ou outro dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela.
Será aberta uma tela onde você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

Observe na janela de salvar que o Word procura salvar seus arquivos na pasta Documents do usuário, você pode
mudar o local do arquivo a ser salvo, pela parte esquerda da janela. No campo nome do arquivo, o Word normalmente
preenche com o título do documento, como o documento não possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e
atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e que se aproxime do conteúdo de seu texto. “Em Tipo a
maior mudança, até versão 2003, os documentos eram salvos no formato”. DOC”, a partir da versão 2010, os documen-
tos são salvos na versão”. DOCX”, que não são compatíveis com as versões anteriores. Para poder salvar seu documento
e manter ele compatível com versões anteriores do Word, clique na direita dessa opção e mude para Documento do
Word 97-2003.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na barra de títulos.

37
Abrindo um arquivo do Word
Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo.

Na esquerda da janela, o botão abrir é o segundo abaixo de novo, observe também que ele mostra uma relação de
documentos recentes, nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos pelo Word facilitando a abertura.
Ao clicar em abrir, será necessário localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, outro local ou outro nome, clique no botão Office e escolha
Salvar Como.

Visualização do Documento

Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento. No rodapé a direta da tela temos o controle de
Zoom.·. Anterior a este controle de zoom temos os botões de forma de visualização de seu documento, que
podem também ser acessados pela Aba Exibir.

Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos em miniaturas no rodapé.


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é o formato de como seu documento ficará na folha
impressa.
• Modo de leitura: Ele oculta as barras de seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do
documento à direita, ele possui uma flecha apontado para a próxima página. Para sair desse modo de visualiza-
ção, clique no botão fechar no topo à direita da tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários
postam textos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu documento em tópicos, o formato terá melhor compreensão quando
trabalharmos com marcadores.

38
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar di-
versos recursos de produção de texto, porém não
visualiza como impressão nem outro tipo de meio.

O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição per-


mite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão
Zoom o Word apresenta a seguinte janela:

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefini-


do, ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos
visualizar o documento em várias páginas. E finalizando
essa aba temos as formas de exibir os documentos aber-
to em uma mesma seção do Word.

Configuração de Documentos

Um dos principais cuidados que se deve ter com seus


documentos é em relação à configuração da página. A
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui
um manual de regras para documentações, então é co-
mum escutar “o documento tem que estar dentro das
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

normas”, não vou me atentar a nenhuma das normas es-


pecificas, porém vou ensinar como e onde estão as op- O grupo “Configurar Página”, permite definir as mar-
ções de configuração de um documento. gens de seu documento, ele possui alguns tamanhos
No Word 2016 a ABA que permite configurar sua pá- pré-definidos, como também personalizá-las.
gina é a ABA Layout da Página. Ao personalizar as margens, é possível alterar as
margens superior, esquerda, inferior e direita, definir a
orientação da página, se retrato ou paisagem, configu-
rar a fora de várias páginas, como normal, livro, espelho.
Ainda nessa mesma janela temos a guia Papel.

39
çalho e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se
definir o alinhamento do conteúdo do texto na página. O
padrão é o alinhamento superior, mesmo que fique um
bom espaço em branco abaixo do que está editado. Ao
escolher a opção centralizada, ele centraliza o conteúdo
na vertical. A opção números de linha permite adicionar
numeração as linhas do documento.

Colunas

Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte


de alimentação do papel.

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as


suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-
-definidas, mas você pode colocar em um número maior
de colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a lar-
gura e o espaçamento entre as colunas. Observe que se
você pretende utilizar larguras de colunas diferentes é
preciso desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”.
Atente também que se preciso adicionar colunas a so-
mente uma parte do texto, eu preciso primeiro selecionar
esse texto.

Alterar a cor ou a tela de fundo no Word 2016 para


Windows
Para aumentar o apelo visual do documento, adicione
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uma cor da tela de fundo usando o botão Cor da Página.


A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A pri- Você também pode adicionar uma imagem como marca
meira opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define d’água de tela de fundo.
como será uma nova seção do documento, vamos apren-
der mais frente como trabalhar com seções. Alterar a cor do plano de fundo
Clique em Design > Cor da Página.
Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos Escolha a cor que deseja em Cores do Tema ou Cores
utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pa- Padrão.
res e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabe-

40
Adicionar uma imagem de tela de fundo como uma
marca d’água
Este método é rápido, mas ele não lhe dá muitas op-
ções para a formatação da imagem.
Clique em Design > Marca D’água.

Clique em Marca D’água Personalizada.


Clique em Marca d’água de imagem > Selecionar
Imagem.
Procure (ou pesquise) a imagem desejada e clique em
Inserir.
Selecione uma porcentagem em Escala para inserir a
imagem com um tamanho específico. Verifique se colo-
Caso não veja a cor desejada, clique em Mais Cores e cou uma porcentagem grande o suficiente para preen-
escolha a cor desejada usando qualquer uma das opções cher a página ou simplesmente selecione Automático.
da caixa Cores. Marque a caixa de seleção Desbotar para clarear a
Para adicionar gradiente, textura, padrão ou imagem, imagem de modo que não interfira no texto.
clique em Efeitos de Preenchimento e, em seguida, clique Clique em OK.
nas guias Gradiente, Textura, Padrão ou Imagem para se- Adicionar uma imagem de tela de fundo com mais
lecionar as opções desejadas. opções de formatação
Os padrões e texturas são replicados (ou organizados Inserir uma imagem de tela de fundo como um ca-
lado a lado) para preencher a página toda. Se você salvar beçalho é um pouco mais complexo, mas oferece mais
um documento como página Web, as texturas serão sal- opções de ajuste de fotos.
vas como arquivos JPEG e os padrões e gradientes como Clique em Inserir > Cabeçalho > Editar Cabeçalho.
arquivos PNG. Na guia Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé, clique
Remover a cor da tela de fundo em Imagens.
Para remover a cor da página, clique em Design > Cor Vá até a imagem e clique em Inserir.
da Página > Sem Cor. Na guia Ferramentas de Imagem, clique em Posição
e clique na opção centralizada em Com Quebra Automá-
Adicionar uma imagem como marca d’água em tica de Texto.
tela de fundo no Word 2016 para Windows
Adicionar uma marca d’água de imagem é uma ótima Em Ferramentas de Imagem, clique em Quebra de
maneira de aplicar uma marca em seu documento com Texto Automática > Atrás do Texto.
um logotipo ou adicionar uma tela de fundo atraente. Em Ferramentas de Imagem, selecione as opções de-
Para inserir uma imagem de tela de fundo rapidamente, sejadas no grupo Ajustar. Por exemplo, para dar à ima-
adicione-o como uma marca d’água personalizada. Se gem uma aparência desbotada para que ela não compita
você quiser mais opções para ajustar a imagem de tela com o texto, clique em Cor e, em Recolorir, clique na op-
de fundo, insira-a como um cabeçalho. ção Desbotar:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

41
Clique em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé > Fechar Cabeçalho e Rodapé

Selecionando Textos
Embora seja um processo simples, a seleção de textos é indispensável para ganho de tempo na edição de seu texto.
Através da seleção de texto podemos mudar a cor, tamanho e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse


Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o cursor aponta para a direita.
• Ao dar um clique ele seleciona toda a linha
• Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo.
• Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto

Com o cursor no meio de uma palavra:


• Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi clicado
• Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
• Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo

Podemos também clicar, manter o mouse pressionado e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que
se o mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar ao
final da seleção desejada. Podemos também clicar onde começa a seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde termi-
na a seleção. É possível selecionar palavras alternadas. Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecionando
as partes do texto que deseja modificar.

Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Colar), ou o primeiro grupo na ABA Pagina Inicial.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

42
Este é um processo comum, porém um cuidado importante é quando se copia texto de outro tipo de meio como,
por exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem formatações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao co-
piar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao seu documento, não basta apenas clicar em colar, é necessário
clicar na setinha apontando para baixo no botão Colar, escolher Colar Especial.

Observe na imagem que ele traz o texto no formato HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa manipu-
lá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique em OK.

Localizar e Substituir
Ao final da ABA Pagina Inicial temos o grupo edição, dentro dela temos a opção Localizar e a opção Substituir.
Clique na opção Substituir.

A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

substituir em seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita uma a uma, clicando em substituir,
ou pode ser todas de uma única vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente quan-
do escrita em maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:
• Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pesquisa;
• Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
• Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
• Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você
digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.

43
• Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
palavras em inglês.
• Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da palavra, não será permitida se as opções usar caractere
coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto

Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibilidade de se formatar o texto. No Office 2016 a ABA
responsável pela formatação é a Página Inicial e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.

Formatação de Fonte

A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para
formatar uma palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser forma-
tar somente uma letra também é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra, tamanho,
botões de aumentar fonte e diminuir fonte, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao lado de
sublinhado temos uma seta apontando para baixo, ao clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado – que coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito
e sobrescrito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.

Este botão permite alterar a colocação de letras maiúsculas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos o de
realce – que permite colocar uma cor de fundo para realçar o texto e o botão de cor do texto.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

44
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte. Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das pala-
vras, pois algumas vezes acontece de as letras ficaram
A janela fonte contém os principais comandos de for- com espaçamento entre elas de forma diferente. Uma
matação e permite que você possa observar as altera- ferramenta interessante do Word é a ferramenta pincel,
ções antes de aplica. Ainda nessa janela temos a opção pois com ela você pode copiar toda a formatação de um
Avançado. texto e aplicar em outro.

Formatação de parágrafos
A principal regra da formatação de parágrafos é que
independentemente de onde estiver o cursor a formata-
ção será aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma
linha ou mais. Quando se trata de dois ou mais pará-
grafos será necessário selecionar os parágrafos a serem
formatados. A formatação de parágrafos pode ser locali-
zada na ABA Página Inicial, e os recuos também na ABA
Layout da Página.

Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento


entre os caracteres que pode ser condensado ou com- No grupo da Guia Página Inicial, temos as opções de
primido, a posição é referente ao sobrescrito e subscrito, marcadores (bullets e numeração e listas de vários ní-
permitindo que se faça algo como: . veis), diminuir e aumentar recuo, classificação e botão
Mostrar Tudo, na segunda linha temos os botões de ali-
nhamentos: esquerda, centralizado, direita e justificado,
espaçamento entre linhas, observe que o espaçamento
entre linhas possui uma seta para baixo, permitindo que
se possa definir qual o espaçamento a ser utilizado.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

45
Cor do Preenchimento do Parágrafo. Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta cli-
car antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e
pressionar a tecla TAB no teclado.

Você pode observar que o Word automaticamente


adicionou outros símbolos ao marcador, você pode al-
terar os símbolos dos marcadores, clicando na seta ao
Bordas no parágrafo. lado do botão Marcadores e escolhendo a opção Definir
Novo Marcador.

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

Marcadores e Numeração

Os marcadores e numeração fazem parte do grupo


parágrafos, mas devido a sua importância, merecem um
destaque. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e
Numeração.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-


selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem,
tenha níveis de marcação como, por exemplo, contra- você poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar
tos e petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o no botão importar, poderá utilizar uma imagem externa.
nome já diz permite adicionar símbolos a frente de seus
parágrafos. Bordas e Sombreamento
Podemos colocar bordas e sombreamentos em nos-
so texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e

46
parágrafos. Bordas na página como vimos quando estu-
damos a ABA Layout da Página e sombreamentos. Se-
lecione o texto ou o parágrafo a ser aplicado à borda e
ao clicar no botão de bordas do grupo Parágrafo, você
pode escolher uma borda pré-definida ou então clicar na
última opção Bordas e Sombreamento.
Podemos começar escolhendo uma definição de bor-
da (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar
cada uma das bordas na direita onde diz Visualização.
Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da
linha da borda. A Guia Sombreamento permite atribuir
um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você
pode escolher uma cor base, e depois aplicar uma textu-
ra junto dessa cor.

Data e Hora
O Word Permite que você possa adicionar um campo
de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no
grupo Texto, temos o botão Data e Hora.

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta


clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para
definir as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a
barra passa a ter as propriedades para modificar a forma.

SmartArt

O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas


ao seu documento. Basta selecionar o tipo de organo-
grama a ser trabalhado e clique em OK.

Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em


OK. Se precisar que esse campo sempre atualize data,
marque a opção Atualizar automaticamente.

Inserindo Elementos Gráficos

O Word permite que se insira em seus documentos WordArt


arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc.,
as opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir, Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

grupo ilustrações. temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte


Office, ele ainda mantém a mesma interface desde a ver-
Formas são do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos
Podemos também adicionar formas ao nosso conteú- o botão de WorArt Selecione um formato de WordArt e
do do texto clique sobre ele.

47
Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt

Um dos grupos é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos.
No grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D,
Organizar e Tamanho.

Controlar alterações no Word


Quando quiser verificar quem está fazendo alterações em seu documento, ative o recurso Controlar Alterações.
Clique em Revisar > Controlar Alterações.

Agora, o Word está no modo de exibição Marcação Simples. Ele marca todas as alterações feitas por qualquer pes-
soa no documento e mostra para você onde elas estão, exibindo uma linha ao lado da margem.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word mostra um pequeno balão no local em que alguém fez um comentário. Para ver o comentário, clique no
respectivo balão.

48
Para ver as alterações, clique na linha próxima à mar-
gem. Isso alterna para o modo de exibição Toda a Mar-
cação do Word.

Manter o recurso Controlar Alterações ativado O Word aceita a alteração ou a remove e depois passa
É possível bloquear o recurso Controlar Alterações para a próxima alteração.
com uma senha para impedir que outra pessoa o desa- Para excluir um comentário, selecione-o e clique
tive. (Lembre-se da senha para poder desativar esse re- em Revisão > Excluir. Para excluir todos os comentários,
curso quando estiver pronto para aceitar ou rejeitar as clique em Excluir >Excluir Todos os Comentários do Do-
alterações.) cumento.
Clique em Revisar. DICA: Antes de compartilhar a versão final do seu do-
Clique na seta ao lado de Controlar Alterações e cli- cumento, é uma boa ideia executar o Inspetor de Docu-
que em Bloqueio de Controle. mento. Essa ferramenta verifica comentários e alterações
controladas, além de texto oculto, nomes pessoais em
propriedades e outras informações que talvez você não
queria compartilhar amplamente. Para executar o Inspe-
tor de Documento,

Imprimir um documento no Word


Antes de imprimir, você pode visualizar o documento
e especificar as páginas que você deseja imprimir.
Visualizar o documento
No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para visualizar cada página, clique nas setas para fren-
Digite uma senha e depois digite-a mais uma vez na te e para trás, na parte inferior da página.
caixa Redigite para confirmar.
Clique em OK.
Enquanto as alterações controladas estiverem blo-
queadas, você não poderá desativar o controle de alte-
rações, nem poderá aceitar ou rejeitar essas alterações.
Para liberar o bloqueio, clique na seta ao lado de Con-
trolar Alterações e clique novamente em Bloqueio de
Controle. O Word solicitará que você digite sua senha.
Depois que você digitá-la e clicar em OK, o recurso Con- Quando o texto é pequeno demais e difícil de ler, use
trolar Alterações continuará ativado, mas agora você po- o controle deslizante de zoom na parte inferior da página
derá aceitar e rejeitar alterações. para ampliá-lo.

Desativar o controle de alterações


Para desativar esse recurso, clique no botão Controlar
Alterações. O Word deixará de marcar novas alterações,
mas todas as alterações já realizadas continuarão marca-
das no documento até que você as remova. Escolha o número de cópias e qualquer outra opção
Remover alterações controladas desejada e clique no botão Imprimir.
IMPORTANTE: A única maneira de remover altera-
ções controladas de um documento é aceitá-las ou re-
jeitá-las. Ao escolherSem Marcação na caixa Exibir para
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Revisão ajuda a ver qual será a aparência do documento


final, mas isso apenas oculta temporariamente as altera-
ções controladas. As alterações não são excluídas e apa-
recerão novamente da próxima vez em que o documento
for aberto. Para excluir permanentemente as alterações
controladas, aceite-as ou rejeite-as.
Clique em Revisar > Próxima > Aceitar ou Rejeitar.

49
Para imprimir somente determinadas páginas, siga
um destes procedimentos:
Para imprimir a página mostrada na visualização, se-
lecione a opção Imprimir Página Atual.
Para imprimir páginas consecutivas, como 1 a 3, esco-
lha Impressão Personalizada e insira o primeiro e o últi-
mo número das páginas na caixa Páginas.
Para imprimir páginas individuais e intervalo de pági-
nas (como a página 3 e páginas 4 a 6) ao mesmo tempo,
escolhaImpressão Personalizada e digite os números das
páginas e intervalos separados por vírgulas (por exem-
plo, 3, 4-6).
Imprimir páginas específicas
Estilos
No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Os estilos podem ser considerados formatações pron-
Para imprimir apenas determinadas páginas, algumas
tas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word
das propriedades do documento ou alterações controla-
disponibiliza uma grande quantidade de estilos através
das e comentários, clique na seta em Configurações, ao
do grupo estilos.
lado de Imprimir Todas as Páginas (o padrão), para ver
todas as opções.

Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você


clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um
estilo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro,
porém se algum texto estiver selecionado o estilo será
aplicado somente ao que foi selecionado.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo


Título2 em ambos os textos, mas no de cima como foi
clicado somente no texto, o estilo está aplicado ao pará-

50
grafo, na linha de baixo o texto foi selecionado, então a
aplicação do estilo foi somente no que estava seleciona-
do. Ao clicar no botão Alterar Estilos é possível acessar a
diversas definições de estilos através da opção Conjunto
de Estilos.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo,


Podemos também se necessário criarmos nossos pró- defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de
prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo. criação dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e ini-
ciar um novo parágrafo o próximo será também corpo.
Abaixo definir a formatação a ser aplicada no mesmo. Na
parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos estilos
rápidos e que o mesmo está disponível somente a este
documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo
do estilo aplicado:

Criar um sumário no Word 2016


Para criar um sumário que seja fácil de atualizar, apli-
que estilos de título ao texto que deseja incluir no sumá-
rio. Depois disso, o Word vai compilá-lo automaticamen-
te a partir desses títulos.
Aplicar estilos de título
Escolha o texto que você deseja incluir no sumário e,
em seguida, na guia Página Inicial, clique em um estilo do
título, comoTítulo 1.

Será mostrado todos os estilos presentes no docu-


mento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da jane-
la existem três botões, o primeiro deles chama-se Novo
Estilo, clique sobre ele. Faça isso para todo o texto que você deseja exibir no
sumário.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criar um sumário
O Word usa os títulos no documento para construir
um sumário automático que pode ser atualizado quando
você altera o texto do título, sequência ou nível.
Clique no local que deseja inserir o índice analítico,
normalmente perto do início de um documento.
Clique em Referências > Sumário e escolha um estilo
de Sumário Automático na lista.

51
OBSERVAÇÃO: Se você usar um estilo de Sumário Manual, o Word não utilizará os títulos para criar um sumário e
não será possível atualizá-lo automaticamente. Em vez disso, o Word usará o texto do espaço reservado para criar um
sumário fictício, e você deverá preencher as entradas manualmente.

Caso prefira formatar ou personalizar o sumário, é possível fazê-lo. Por exemplo, você pode alterar a fonte, o núme-
ro de níveis de título e optar por mostrar linhas pontilhadas entre as entradas e os números de página.

Verificar ortografia e gramática no Word 2016 para Windows


O Word verifica automaticamente possíveis erros de ortografia e gramaticais à medida que você digita. Se preferir
esperar para verificar a ortografia e a gramática quando terminar de escrever, você pode desabilitar a verificação orto-
gráfica e gramatical.
Verificar a ortografia e a gramática ao digitar
O Word verifica e marca automaticamente possíveis erros de ortografia com uma linha ondulada vermelha:

O Word também verifica e marca possíveis erros gramaticais com uma linha ondulada azul:

Se os erros de ortografia e gramática não estiverem marcados, talvez seja necessário habilitar a verificação ortográ-
fica e gramatical automática.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando você vir erros ortográficos ou gramaticais, clique com botão direito do mouse ou mantenha pressionada a
palavra ou a frase e escolha uma das opções para corrigir o erro.
Habilitar (ou desabilitar) a verificação ortográfica e gramatical automática
Clique em Arquivo> Opções> Revisão de Texto.
Você pode optar por verificar a ortografia e a gramática automaticamente, uma ou outra, ambas ou nenhuma delas,
ou até mesmo outras opções, como a verificação ortográfica contextual

52
Em Exceções para, você pode optar por ocultar os erros de gramática e de ortografia em seu documento aberto ou,
se deixar as opções desmarcadas mas mantiver qualquer uma das opções acima delas marcada, todos os documentos
novos manterão essas configurações.
Clique em OK para salvar suas alterações.

Verificar a ortografia e a gramática ao mesmo tempo


Verificar a ortografia e a gramática no seu documento é útil quando você quer revisar rapidamente seu texto. Você
pode verificar a existência de possíveis erros e então decidir se concorda com o verificador ortográfico e gramatical.
Clique em Revisão > Ortografia e Gramática (ou pressione F7) para iniciar o verificador ortográfico e gramatical e
veja os resultados nos painéis de tarefas de Ortografia e Gramática.

Se o Word encontrar um possível erro, um painel de tarefas será aberto e mostrará as opções de ortografia e gra-
mática:

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para corrigir um erro, siga um destes procedimentos:


Use uma das sugestões Para usar uma das palavras sugeridas, selecione a palavra na lista de sugestões e clique em
Alterar. (Você também pode clicar em Alterar tudo, se souber que usou essa palavra incorretamente em todo o docu-
mento, para não precisar corrigi-la toda vez que ela aparecer.)

53
Adicionar uma palavra ao dicionário     Se a palavra As senhas diferenciam maiúsculas de minúsculas. Ve-
estiver correta e se for uma que você deseja que o Word rifique se a tecla CAPS LOCK está desativada quando di-
e TODOS os programas do Office reconheçam, clique gitar uma senha pela primeira vez.
em Adicionar para adicioná-la ao dicionário. Isso só fun- Se você perder ou esquecer uma senha, o Word não
ciona para palavras com grafia incorreta. Não é possível conseguirá recuperar suas informações. Portanto, guarde
adicionar uma gramática personalizada ao dicionário. uma cópia da senha em um local seguro ou crie uma
Ignorar a palavra    Clique em Ignorar para ignorar senha forte da qual se lembrará.
apenas aquela ocorrência ou clique em Ignorar Tudo para
ignorar todas as ocorrências da palavra. Habilitar ou desabilitar macros em arquivos do
Depois de corrigir ou ignorar algo marcado como um Office
possível erro, o Word passa para o próximo. Quando o Uma macro é uma série de comandos que podem
Word concluir a revisão do documento, você verá uma ser usados para automatizar uma tarefa repetida e que
mensagem informando que a verificação ortográfica ou podem ser executados durante a tarefa. Este artigo apre-
gramatical foi concluída. senta informações sobre os riscos envolvidos no trabalho
Clique em OK para retornar ao documento. com macros, e você poderá saber mais sobre como habi-
Verificar novamente problemas de ortografia e gra- litar ou desabilitar macros na Central de Confiabilidade.
mática
Você também pode forçar uma nova verificação das Habilitar macros quando a Barra de Mensagens
palavras e da gramática que anteriormente foram igno- for exibida
radas. Quando você abre um arquivo que possui macros, a
Abra o documento que você deseja verificar nova- barra de mensagens amarela aparece com um ícone de
mente. escudo e o botão Habilitar Conteúdo. Se você conhecer
Clique em Arquivo> Opções> Revisão de Texto. a(s) macro(s) como sendo de uma fonte confiável, use as
Em Ao corrigir ortografia e a gramática no Word, cli- instruções a seguir:
que em Verificar Documento Novamente. Na Barra de Mensagens, clique em Habilitar Conteú-
Quando você vir uma mensagem, clique em Sim e do.
clique em OK para fechar a caixa de diálogo Opções do O arquivo é aberto e se trata de um documento con-
Word. fiável.
Em seguida, no seu documento, clique em Revi- A imagem a seguir é um exemplo da Barra de Mensa-
são > Ortografia e Gramática (ou pressione F7). gens quando há macros no arquivo.

Proteger um documento com senha


Ajude a proteger um documento confidencial contra
edições indesejadas atribuindo uma senha. Também é Habilitar macros no modo de exibição Backstage
possível evitar que um documento seja aberto. Outra maneira de habilitar macros em um arquivo é
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Docu- possível pelo modo de exibição Microsoft Office Backs-
mento > Criptografar com Senha. tage, o modo de exibição que aparece depois que você
clica na guia Arquivo,quando a Barra de Mensagens
amarela é exibida.
Clique na guia Arquivo.
Na área Aviso de Segurança, clique em Habilitar Con-
teúdo.
Em Habilitar Todo o Conteúdo, clique em Sempre ha-
bilitar o conteúdo ativo deste documento.
O arquivo se tornará um documento confiável.
A imagem a seguir é um exemplo das opções Habili-
tar Conteúdo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha


e clique em OK. Habilitar macros uma vez quando o Aviso de Segu-
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente rança for exibido
e clique em OK. Use as instruções a seguir para habilitar macros en-
quanto o arquivo permanecer aberto. Quando o arquivo
Observações : for fechado e, em seguida, reaberto, o aviso aparecerá
Você sempre pode alterar ou remover sua senha. novamente.

54
Clique na guia Arquivo.
Na área Aviso de Segurança, clique em Habilitar Conteúdo.
Selecione Opções Avançadas.
Na caixa de diálogo Opções de Segurança do Microsoft Office, clique em Habilitar conteúdo para esta sessão para
cada macro.
Clique em OK.

Alterar configurações de macro na Central de Confiabilidade


As configurações de macro estão localizadas na Central de Confiabilidade. Entretanto, se você trabalha em uma or-
ganização, é possível que o administrador do sistema tenha alterado as configurações padrão para impedir a alteração
das configurações.
Importante: Quando você altera as configurações de macro na Central de Confiabilidade, elas são alteradas apenas
no programa do Office usado no momento. As configurações de macro não são alteradas em todos os programas do
Office.
Clique na guia Arquivo.
Clique em Opções.
Clique em Central de Confiabilidade e em Configurações da Central de Confiabilidade.
Na Central de Confiabilidade, clique em Configurações de Macro.
Faça as seleções desejadas.
Clique em OK.
A imagem a seguir é a área Configurações de Macro da Central de Confiabilidade.

Use as informações da seção a seguir para saber mais sobre as configurações de macro.

Configurações de macro explicadas


Desabilitar todas as macros sem notificação     As macros e os alertas de segurança sobre macros serão desabilita-
dos.
Desabilitar todas as macros com notificação     As macros serão desabilitadas, mas os alertas de segurança serão
exibidos, se houverem macros. Habilite-as, uma de cada vez.
Desabilitar todas as macros, exceto as digitalmente assinadas     As macros são desabilitadas, mas alertas de segu-
rança serão apresentados se houver macros. No entanto, se a macro estiver assinada digitalmente por um fornecedor
confiável, ela será executada se você confiar no fornecedor. Se não confiar no fornecedor, você será notificado para
habilitar a macro assinada e confiar no fornecedor.
Habilitar todas as macros (não recomendável, pois pode executar um código potencialmente perigoso)     Todas as
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

macros serão executadas. Essa configuração deixa seu computador vulnerável a códigos potencialmente mal intencio-
nados.
Confiar no acesso ao modelo de objeto do projeto do VBA     Permitir ou não permitir o acesso programático ao mo-
delo de objeto do Visual Basic for Applications (VBA) de um cliente de automação. Esta opção de segurança destina-se
a código escrito para automatizar um programa do Office e manipular o ambiente e o modelo de objeto VBA.É uma
configuração definida por usuário e por aplicativo, e nega o acesso por padrão, impedindo que programas não autori-
zados compilem código de replicação automática prejudicial. Para que os clientes de automação acessem o modelo de
objeto do VBA, o usuário que executa o código deve conceder acesso. Para ativar o acesso, marque a caixa de seleção.

55
Observação : O Microsoft Publisher e o Microsoft Ac-
cess não têm a opção Confiar no acesso ao modelo de
objeto do projeto do VBA.

O que são macros, quem são suas criadoras e qual é


o risco de segurança?
As macros automatizam tarefas que são usadas fre-
quentemente para economizar o tempo de pressiona-
mento de teclas e ações do mouse. Muitas macros foram
criadas com o uso do VBA (Visual Basic for Applications)
e gravadas por desenvolvedores de software. No entan-
to, algumas macros podem representar um possível risco
para a segurança. Um usuário mal-intencionado, tam-
bém conhecido como hacker, pode introduzir uma ma-
cro destrutiva em um arquivo que possa espalhar vírus Para executar uma macro quando você clicar em um
no computador ou na rede da sua organização. botão, clique em Botão.

Criar ou executar uma macro


Para poupar tempo em tarefas que você costuma
realizar com frequência, compacte as etapas em uma
macro. Em primeiro lugar, grave a macro. Em seguida,
você poderá executá-la clicando em um botão da Barra
de Ferramentas de Acesso Rápido ou pressionando uma Clique na nova macro (cujo nome é algo do tipo Nor-
combinação de teclas. Isso dependerá de como você a mal.NovasMacros.<nome da sua macro>) e clique em
configurar. Adicionar.
Vamos começar com a configuração do botão.

Clique em Exibir > Macros > Gravar Macro.

Digite um nome para a macro.


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para usar essa macro em qualquer novo documento


que você criar, verifique se a caixa Armazenar macro em Clique em Modificar.
exibe Todos os Documentos (Normal.dotm).

56
Para executar a macro, clique no botão.
Criar uma macro com um atalho do teclado

Clique em Exibir > Macros > Gravar Macro.

Escolha uma imagem de botão, digite o nome dese-


jado e clique em OK duas vezes.

Digite um nome para a macro.

Para usar essa macro em qualquer novo documento


que você criar, verifique se a caixa Armazenar macro em
exibe Todos os Documentos (Normal.dotm).
Agora, chegou a hora de gravar as etapas. Clique nos
comandos ou pressione as teclas para cada etapa na ta-
refa. O Word grava seus cliques e pressionamentos de
teclas.
Observação : Use o teclado para selecionar texto en-
quanto você grava a macro. Macros não gravam seleções
feitas com o mouse.
Para parar de gravar, clique em Exibir > Macros > Pa-
rar Gravação.

Para executar sua macro quando você pressionar um


atalho do teclado, clique em Teclado.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O botão da sua macro aparece na Barra de Ferramen-


tas de Acesso Rápido.
Digite uma combinação de teclas na caixa Pressione a
nova tecla de atalho.

57
Verifique se essa combinação já não está atribuída a Clique em Exibir > Macros > Exibir Macros.
outro item. Se estiver, tente uma combinação diferente.
Para usar esse atalho de teclado em qualquer novo
documento criado, verifique se a caixa Salvar alterações
em indica Normal.dotm.
Clique em Atribuir.
Agora, chegou a hora de gravar as etapas. Clique nos
comandos ou pressione as teclas para cada etapa na ta-
refa. O Word grava seus cliques e pressionamentos de
teclas.
Observação: Use o teclado para selecionar texto en-
quanto você grava a macro. Macros não gravam seleções
feitas com o mouse.
Para parar de gravar, clique em Exibir > Macros > Pa- Clique em Organizador.
rar Gravação.

Para executar a macro, pressione as teclas de atalho Clique na macro que você quer adicionar ao modelo
do teclado. Normal.dotm e clique em Copiar.
Adicionar um botão de macro à faixa de opções
Executar uma macro Clique em Arquivo > Opções > Personalizar Faixa de
Para executar uma macro, clique no botão na Barra Opções.
de Ferramentas de Acesso Rápido, pressione o atalho de Em Escolher comandos de, clique em Macros.
teclado ou executar a macro a partir da lista de Macros. Clique na macro desejada.
Clique em Exibir > Macros > Exibir Macros. Em Personalizar a faixa de opções, clique na guia e no
grupo personalizado onde você quer adicionar a macro.
Se não tiver um grupo personalizado, clique em Novo
Grupo e depois clique em Renomear e digite um nome
para o seu grupo personalizado.
Clique em Adicionar.
Clique em Renomear para escolher uma imagem para
a macro e digitar o nome desejado.
Clique em OK duas vezes.

Integração com planilhas


A integração entre diversos aplicativos, sempre foi
uma das principais características da suíte Office da Mi-
crosoft. Na versão 2016, além de importar documentos
prontos, é possível criar pequenas janelas de outros pro-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

gramas e simular sua funcionalidade plena.


Na lista em Nome da macro, clique na macro a ser A partir de um documento do Word, por exemplo,
executada. você pode criar planilhas usufruindo dos mesmos recur-
Clique em Executar. sos do Excel, contando até com a Barra de tarefas do pro-
Disponibilizar uma macro em todos os documentos grama. Em vez de abrir dois programas, esta dica permite
Para disponibilizar uma macro de um documento em que você permaneça na interface do Word, facilitando
todos os novos documentos, adicione-a ao modelo Nor- seu trabalho.
mal.dotm. Dentro da aba “Inserir”, clique sobre a opção “Tabela”
Abra o documento que contém a macro. e escolha “Planilha do Excel”:

58
Ao invés de uma tabela comum, o que você encontra é uma verdadeira miniatura do Excel com todos os recursos
do aplicativo.

Repare que até a Barra de ferramentas tradicional do Word dá espaço para a o editor de planilhas. Basta selecionar
uma porção do texto ou da planilha para alternar entre as ferramentas de ambos os programas do Office.

Principais Atalhos
CTRL+O Abrir um novo documento em branco
CTRL+A Abrir um arquivo já existente
CTRL+V Colar o texto selecionado ou movido
CTRL+X Recortar o texto selecionado
CTRL+T Selecionar o documento inteiro
CTRL+ENTER Iniciar uma nova página em um mesmo documento
CTRL+N Formata o texto selecionado negrito
CTRL+I Formata o texto selecionado para itálico
CTRL+S Formata o texto selecionado para sublinhado
CTRL+J Formata o parágrafo para justificado
CTRL+C Copiar o texto selecionado
CTRL+P Imprimir documento
CTRL+E Formata o parágrafo para centralizado
CTRL+Q Formata o parágrafo para alinhamento à esquerda
CTRL+B ou F12 Salvar como..
CTRL+Z Desfazer a última ação
CTRL+Y Refazer a última ação
CTRL+F10 Maximizar ou restaurar a janela
CTRL+D Alterar formatação de caracteres
ALT+F4 Sair do Word
CTRL+SHIFT+> Aumentar o tamanho da fonte do texto selecionado
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CTRL+SHIFT+< Diminuir o tamanho da fonte do texto selecionado


CTRL+SHIFT+W Aplicar sublinhado somente em palavras
CTRL+ALT+L Aplicar o estilo lista

59
Excel 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 23: Tela Principal do Excel 2013

Barra de Títulos:
A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da pasta de trabalho na janela. Ao iniciar o programa
aparece Pasta 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções:
Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os co-
mandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e,
para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 24: Faixa de Opções


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:


A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões
de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Figura 25: Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

60
Adicionando e Removendo Componentes: Barras de Rolagem: Nos lados direito e inferior da
Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra região de texto estão as barras de rolagem. Clique nas
de ferramentas de acesso rápido podemos clicar com o setas para cima ou para baixo para mover a tela vertical-
botão direito no componente que desejamos adicionar, mente, ou para a direita e para a esquerda para mover a
em qualquer guia. Será exibida uma janela com a opção tela horizontalmente, e assim poder visualizar toda a sua
de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. planilha.
Temos ainda outra opção de adicionar ou remover com-
ponentes nesta barra, clicando na seta lateral. Na jane- Planilha de Cálculo: A área quadriculada representa
la apresentada temos várias opções para personalizar uma planilha de cálculos, na qual você fará a inserção de
a barra, além da opção Mais Comandos..., onde temos dados e fórmulas para colher os resultados desejados.
acesso a todos os comandos do Excel. Uma planilha é formada por linhas, colunas e células.
As linhas são numeradas (1, 2, 3, etc.) e as colunas no-
meadas com letras (A, B, C, etc.).

Figura 26: Adicionando componentes à Barra de Ferra- Figura 29: Planilha de Cálculo
mentas de Acesso Rápido
Cabeçalho de Coluna: Cada coluna tem um cabeça-
lho, que contém a letra que a identifica. Ao clicar na letra,
Para remoção do componente, selecione-o, clique
toda a coluna é selecionada.
com o botão direito do mouse e escolha Remover da
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

Barra de Status:
Localizada na parte inferior da tela, a barra de status
exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algu-
mas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom e os
botões de “Modos de Exibição”.

Figura 27: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de sta-


tus, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela
podemos ativar ou desativar vários componentes de vi-
sualização.
Figura 30: Seleção de Coluna

Ao dar um clique com o botão direito do mouse so-


bre o cabeçalho de uma coluna, aparecerá o menu pop-
-up, onde as opções deste menu são as seguintes:
-Formatação rápida: a caixa de formatação rápida
permite escolher a formatação de fonte e formato
de dados, bem como mesclagem das células (será
abordado mais detalhadamente adiante).
-Recortar: copia toda a coluna para a área de trans-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ferência, para que possa ser colada em outro local


determinado e, após colada, essa coluna é excluída
do local de origem.
-Copiar: copia toda a coluna para a área de transfe-
rência, para que possa ser colada em outro local
determinado.
Figura 28: Personalizar Barra de Status -Opções de Colagem: mostra as diversas opções de
itens que estão na área de transferência e que te-
nham sido recortadas ou copiadas.

61
-Colar especial: permite definir formatos específicos tar o endereço da célula em que deseja posicionar o cur-
na colagem de dados, sobretudo copiados de ou- sor. Após dar um “Enter”, o cursor será automaticamente
tros aplicativos. posicionado na célula desejada.
-Inserir: insere uma coluna em branco, exatamente
antes da coluna selecionada. Guias de Planilhas: Em versões anteriores do Excel,
-Excluir: exclui toda a coluna selecionada, inclusive os ao abrir uma nova pasta de trabalho no Excel, três plani-
dados nela contidos e sua formatação. lhas já eram criadas: Plan1, Plan2 e Plan3. Nesta versão,
-Limpar conteúdo: apenas limpa os dados de toda a somente uma planilha é criada, e você poderá criar ou-
coluna, mantendo a formatação das células. tras, se necessitar. Para criar nova planilha dentro da pas-
-Formatar células: permite escolher entre diversas op- ta de trabalho, clique no sinal + ( ). Para alternar
ções para fazer a formatação das células (tal proce- entre as planilhas, basta clicar sobre a guia, na planilha
dimento será visto detalhadamente adiante). que deseja trabalhar.
-Largura da coluna: permite definir o tamanho da co- Você verá, no decorrer desta lição, como podemos
luna selecionada. cruzar dados entre planilhas e até mesmo entre pastas
-Ocultar: oculta a coluna selecionada. Muitas vezes de trabalho diferentes, utilizando as guias de planilhas.
uma coluna é utilizada para fazer determinados Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das pla-
cálculos, necessários para a totalização geral, mas nilhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá
desnecessários na visualização. Neste caso, utiliza- um menu pop up.
-se esse recurso.
-Re-exibir: reexibe colunas ocultas.

Cabeçalho de Linha: Cada linha tem também um ca-


beçalho, que contém o número que a identifica. Clicando
no cabeçalho de uma linha, esta ficará selecionada.

Figura 33: Menu Planilhas


Figura 31: Cabeçalho de linha
As funções deste menu são as seguintes:
-Inserir: insere uma nova planilha exatamente antes
#FicaDica da planilha selecionada.
-Excluir: exclui a planilha selecionada e os dados que
Célula: As células, são as combinações entre
ela contém.
linha e colunas. Por exemplo, na coluna A, li-
-Renomear: renomeia a planilha selecionada.
nha 1, temos a célula A1. Na Caixa de Nome,
-Mover ou copiar: você pode mover a planilha para
aparecerá a célula onde se encontra o cursor.
outra posição, ou mesmo criar uma cópia da plani-
lha com todos os dados nela contidos.
-Proteger Planilha: para impedir que, por acidente
Sendo assim, as células são representadas como mos- ou deliberadamente, um usuário altere, mova ou
tra a tabela: exclua dados importantes de planilhas ou pastas
de trabalho, você pode proteger determinados
elementos da planilha (planilha: o principal docu-
mento usado no Excel para armazenar e trabalhar
com dados, também chamado planilha eletrôni-
ca. Uma planilha consiste em células organizadas
em colunas e linhas; ela é sempre armazenada em
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uma pasta de trabalho.) ou da pasta de trabalho,


com ou sem senha (senha: uma forma de restrin-
gir o acesso a uma pasta de trabalho, planilha ou
parte de uma planilha. As senhas do Excel podem
Figura 32: Representação das Células ter até 255 letras, números, espaços e símbolos.
É necessário digitar as letras maiúsculas e minús-
Caixa de Nome: Você pode visualizar a célula na qual culas corretamente ao definir e digitar senhas.). É
o cursor está posicionado através da Caixa de Nome, ou, possível remover a proteção da planilha, quando
ao contrário, pode clicar com o mouse nesta caixa e digi- necessário.

62
-Exibir código: pode-se criar códigos de programação Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno
em VBA (Visual Basic for Aplications) e vincular às lembrete sobre a função que iremos usar, e nele é possí-
guias de planilhas (trata-se de tópico de progra- vel clicar e obter ajuda, também. Usaremos, no exemplo
mação avançada, que não é o objetivo desta lição, a seguir, a função = soma(B2:B4).
portanto, não será abordado). Lembre-se, basta colocar a célula que contém o pri-
-Cor da guia: muda a cor das guias de planilhas. meiro valor, em seguida os dois pontos (:) e por último a
-Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha. célula que contém o último valor.
-Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em
todas as planilhas para que possam ser configura- Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois va-
das e impressas juntamente. lores, por isso não precisamos de uma função específica.
Tendo dois valores em células diferentes, podemos
Selecionar Tudo: Clicando-se na caixa Selecionar apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos)
tudo, todas as células da planilha ativa serão seleciona- e depois clicar na segunda célula. Usamos na figura a
das. seguir a fórmula = B2-B3.

Multiplicar: Para realizarmos a multiplicação, proce-


demos de forma semelhante à subtração. Clicamos no
primeiro número, digitamos o sinal de multiplicação que,
para o Excel é o “*” asterisco, e depois, clicamos no último
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B2*B3.
Outra forma de realizar a multiplicação é através da
seguinte função:
=mult(B2;c2) multiplica o valor da célula B2 pelo va-
Figura 34: Caixa Selecionar Tudo lor da célula C2.
Barra de Fórmulas: Na barra de fórmulas são digita- Dividir: Para realizarmos a divisão, procedemos de
das as fórmulas que efetuarão os cálculos. forma semelhante à subtração e multiplicação. Clicamos
A principal função do Excel é facilitar os cálculos com no primeiro número, digitamos o sinal de divisão que,
o uso de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos para o Excel é a “/” barra, e depois, clicamos no último
várias de suas fórmulas. Para iniciar, vamos ter em mente
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B3/B2.
que, para qualquer fórmula que será inserida em uma
célula, temos que ter sinal de “=” no seu início. Esse sinal,
Máximo: Mostra o maior valor em um intervalo de
oferece uma entrada no Excel que o faz diferenciar textos
células selecionadas. Na figura a seguir, iremos calcular
ou números comuns de uma fórmula.
a maior idade digitada no intervalo de células de A2 até
A5. A função digitada será = máximo(A2:A5).
Somar: Se tivermos uma sequência de dados numéri-
Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) –
cos e quisermos realizar a sua soma, temos as seguintes
formas de fazê-lo: refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver
qual é o maior valor. No caso a resposta seria 10.

Mínimo: Mostra o menor valor existente em um in-


tervalo de células selecionadas.
Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digi-
tado no intervalo de A2 até A5. A função digitada será =
mínimo (A2:A5).
Figura 35: Soma simples Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) –
refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver
Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4. qual é o maior valor. No caso a resposta seria R$ 622,00.
Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células,
digitar o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência Média: A função da média soma os valores de uma
até o último valor. sequência selecionada e divide pela quantidade de valo-
Após a sequência de células a serem somadas, clicar res dessa sequência.
no ícone soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=. Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas
A última forma que veremos é a função soma digi- de quatro pessoas, usando a função = média (A2:A4)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tada. Vale ressaltar que, para toda função, um início é Foi digitado “= média )”, depois, foram selecionados
fundamental: os valores das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter
= nome da função ( for pressionada, o resultado será automaticamente colo-
cado na célula A6.
Todas as funções, quando um de seus itens for altera-
do, recalculam o valor final.
1 - Sinal de igual. Data: Esta fórmula insere a data automática em uma
2 – Nome da função. planilha.
3 – Abrir parênteses.

63
Figura 36: Exemplo função hoje

Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da função =hoje(), que aparece na barra de fórmulas.
Inteiro: Com essa função podemos obter o valor inteiro de uma fração. A função a ser digitada é =int(A2). Lembra-
mos que A2 é a célula escolhida e varia de acordo com a célula a ser selecionada na planilha trabalhada.

Arredondar para cima: Com essa função, é possível arredondar um número com casas decimais para o número
mais distante de zero.
Sua sintaxe é: = ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_dígitos)
Onde:
Núm: é qualquer número real que se deseja arredondar.
Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se deseja arredondar núm.

Figura 37: Início da função arredondar para cima

Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial da função, o Excel nos mostra que temos que selecionar o num,
ou seja, a célula que desejamos arredondar e, depois do “;” (ponto e vírgula), digitar a quantidade de dígitos para a
qual queremos arredondar.
Na próxima figura, para efeito de entendimento, deixaremos as funções aparentes, e os resultados dispostos na
coluna C:
A função Arredondar.para.Baixo segue exatamente o mesmo conceito.
Resto: Com essa função podemos obter o resto de uma divisão. Sua sintaxe é a seguinte:
= mod (núm;divisor)
Onde:
Núm: é o número para o qual desejamos encontrar o resto.
divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o número.

Figura 38: Exemplo de digitação da função MOD

Os valores do exemplo a cima serão, respectivamente: 1,5 e 1.

Valor Absoluto: Com essa função podemos obter o valor absoluto de um número. O valor absoluto, é o número
sem o sinal. A sintaxe da função é a seguinte:
=abs(núm)
Onde: aBs(núm)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja obter.

Figura 39: Exemplo função abs

64
Dias 360: Retorna o número de dias entre duas datas com base em um ano de 360 dias (doze meses de 30 dias).
Sua sintaxe é:
= DIAS360(data_inicial;data_final)
Onde:
data_inicial = a data de início de contagem.
Data_final = a data a qual quer se chegar.

No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias faltam para chegar até a data de 14/06/2018, tendo como data inicial
o dia 05/03/2018. A função utilizada será =dias360(A2;B2)

Figura 40: Exemplo função dias360

Vamos usar a Figura abaixo para explicar as próximas funções (Se, SomaSe, Cont.Se)

Figura 41: Exemplo (Se, SomaSe, Cont.se)

Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja, verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.
A sintaxe dessa função é a seguinte:
=SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_falso”)
=: Significa a chamada para uma fórmula/função
SE: função SE
teste_lógico: a pergunta a qual se deseja ter resposta
“valor_se_verdadeiro”: se a resposta da pergunta for verdadeira, define o resultado “valor_se_falso” se a resposta da
pergunta for falsa, define o resultado.
Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’ queremos colocar uma mensagem se o funcionário recebe um
salário igual ou acima do valor mínimo R$ 724,00 ou abaixo do valor mínimo determinado em R$ 724,00.
Assim, temos a condição:
SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O
RESULTADO NA CÉLULA E3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Traduzindo a condição em variáveis teremos:


Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Teste lógico: C3>=724
Valor_se_verdadeiro: “Acima”
Valor_se_falso: “Abaixo”
Assim, com o cursor na célula E3, digitamos:
=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”)
Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e co-
lunas nas células. Nossas fórmulas ficarão assim:

65
E4 ↑ =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”) = : significa a chamada para uma fórmula/função
E5 ↑ =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”) CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
E6 ↑ =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”) intervalo: intervalo de células onde será feita a análise
E7 ↑ =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”) dos dados
E8 ↑ =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”) “critérios”: critérios a serem avaliados nas células do
E9 ↑ =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”) “intervalo”
E10 ↑ =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”) Usando a planilha acima como exemplo, queremos
saber quantas pessoas ganham R$ 1.200,00 ou mais, e
Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma mostrar o resultado na célula D14, e quantas ganham
condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determina- abaixo de R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula
da condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a D15. Para isso precisamos criar a seguinte condição:
seguinte:
=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma) R$ 1.200,00 ou MAIS:
=Significa a chamada para uma fórmula/função SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR
SomaSe: função SOMASE OU IGUAL A 1.200,00, ENTÃO
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
dos dados MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14
“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem ava-
liados a fim de chegar à condição verdadeira Traduzindo a condição em variáveis teremos:
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verifi- Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é
cada a condição para soma dos valores onde devemos digitar a fórmula
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar Intervalo para análise: C3:C10
os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar Critério: >=1200
o resultado na célula D16. E também queremos somar Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:
os salários das funcionárias mulheres e mostrar o resul- =CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)
tado na célula D17. Para isso precisamos criar a seguinte MENOS DE R$ 1.200,00:
condição: SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR ME-
HOMENS: NOR QUE 1200, ENTÃO
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCU- CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
LINO, ENTÃO MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO
INTERVALO D3 ATÉ D10 Traduzindo a condição em variáveis teremos:
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D16 Resultado: será mostrado na célula D15, portanto é
onde devemos digitar a fórmula
Traduzindo a condição em variáveis teremos: Intervalo para análise: C3:C10
Resultado: será mostrado na célula D16, portanto é Critério: <1200
onde devemos digitar a fórmula Assim, com o cursor na célula D15, digitamos:
Intervalo para análise: C3:C10 =CONT.SE(C3:C10;”<1200”)
Critério: “MASCULINO”
Intervalo para soma: D3:D10 Observações: fique atento com o > (maior) e < (me-
Assim, com o cursor na célula D16, digitamos: nor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivés-
=SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10) semos determinado a contagem de valores >1200 (maior
MULHERES: que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMINI- (igual a 1200) não entraria na contagem.
NO, ENTÃO
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN- Formatação de Células: Ao observar a planilha abai-
TERVALO D3 ATÉ D10 xo, fica claro que não é uma planilha bem formatada, va-
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17 mos deixar ela de uma maneira mais agradável.
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é
onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: “FEMININO”
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Intervalo para soma: D3:D10


Assim, com o cursor na célula D17, digitamos:
=SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)

Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de con-


tagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de
registros, SE determinada condição for verdadeira. A sin-
taxe desta função é a seguinte:
=CONT.SE(intervalo;“critérios”) Figura 42: Planilha sem Formatação

66
Vamos utilizar os 3(três) passos apontados na Figura abaixo:

Figura 43: Formatando a planilha

O primeiro passo é mesclar e centralizar o título, para isso utilizamos o botão Mesclar e Centralizar, entre outras
opções de alinhamento, como centralizar, direção do texto, entre outras.

Figura 44: Formatando a planilha (Passo 1)

Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digitado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, podemos
mudar o título para negrito, mudar a cor do fundo e/ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher as for-
matações.

Figura 45: Formatando a planilha (Passo 2)

Para finalizar essa etapa vamos formatar a coluna C para moeda, que é o caso desse exemplo, porém pode ser rea-
lizado vários outros tipos de formatação, como, porcentagem, data, hora, científico, basta clicar no dropbox onde está
escrito geral e escolher.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 46: Formatando a planilha (Passo 3)

67
O resultado final nos traz uma planilha muito mais
agradável e de fácil entendimento:

Figura 48: Gráficos

Utilizando a planilha da Concessionária Grupo Nova,


teremos o seguinte gráfico escolhido

Figura 47: Planilha Formatada

Ordenando os dados: Você pode digitar os dados


em qualquer ordem, pois o Excel possui uma ferramenta
muito útil para ordenar os dados.
Ao clicar neste botão, você tem as opções para classi-
ficar de A a Z (ordem crescente), de Z a A (ordem decres-
cente) ou classificação personalizada.
Para ordenar seus dados, basta clicar em uma célula
da coluna que deseja ordenar, e selecionar a classificação
crescente ou decrescente. Mas cuidado! Se você selecio-
nar uma coluna inteira, nas versões mais antigas do Excel,
você irá classificar os dados dessa coluna, mas vai manter
os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus
dados ficarão alterados. Nas versões mais novas, ele fará
a pergunta, se deseja expandir a seleção e dessa forma,
fazer a classificação dos dados junto com a coluna de ori- Figura 49: Gráfico de Colunas – 3D
gem, ou se deseja manter a seleção e classificar somente
a coluna selecionada. Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas
bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfi-
Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção co na página, clicando nas linhas e arrastando até o local
FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas desejado.
da nossa planilha irá abrir uma seta para fazer a seleção
dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos fil- #FicaDica
trar e visualizar somente os dados do mês de Janeiro ou Importante mencionar que o conceito do Excel
então somente os gastos com contas de consumo, por 365 é o mesmo apontado no Word, ou seja, fa-
exemplo. zem parte do Office 365, que podem ser com-
prados conforme figura 39.
Grupo ferramentas de dados:
- Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célu-
la do Excel em colunas separadas. LibreOffice Calc
- Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma
planilha - Validação de dados: permite especificar O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOf-
valores inválidos para uma planilha. Por exemplo, fice e o seu formato de arquivo padrão é o .ods (Open
podemos especificar que a planilha não aceitará Document Spreadsheet).
receber valores menores que 10. O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em se refere ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é ini-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

um novo intervalo. ciada pelo sinal de igual (=) e seguido por uma sequência
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fór- de valores, referências a células, operadores e funções.
mula na planilha. Algumas diferenças entre o Calc e o Excel:
Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-
Gráficos: Outra forma interessante de analisar os -se o sinal de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6”
dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos retornará a C3 e C4 (interseção entre os dois interva-
rapidamente e é muito fácil. Na Guia Inserir da Faixa de los). No Excel, isso é feito usando um espaço em branco
Opções, temos diversas opções de gráficos que podem (B2:C4 C3:C6).
ser utilizados.

68
Criar uma nova pasta de trabalho
Os documentos do Excel são chamados de pastas de
trabalho. Cada pasta de trabalho contém folhas que, nor-
malmente, são chamadas de planilhas. Você pode adicio-
nar quantas planilhas desejar a uma pasta de trabalho ou
pode criar novas pastas de trabalho para guardar seus
dados separadamente.

Clique em Arquivo e em Novo.


Figura 50: Exemplo de Operação no Calc Em Novo, que em Pasta de trabalho em branco

Para fazer referência a uma célula que esteja em ou-


tra planilha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_
da_planilha + . + célula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz re-
ferência a célula A1 da planilha chamada Plan2. No Excel,
isso é feito usando o sinal de exclamação ! (Plan2!A1).

Menus do Calc
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao do-
cumento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF.
Editar - contém comandos para editar o conteúdo
documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e
Substituir, Cortar, Copiar e Colar.
Exibir - contém comandos para controlar a exibição
de um documento tais como Zoom, Tela Inteira e Nave- Insira os dados
gador. Clique em uma célula vazia.
Inserir - contém comandos para inserção de novos Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As
elementos no documento como células, linhas, colunas, células são referenciadas por sua localização na linha e
planilhas, gráficos. na coluna da planilha, portanto, a célula A1 fica na pri-
Formatar - contém comandos para formatar células meira linha da coluna A.
selecionadas, objetos e o conteúdo das células no do- Inserir texto ou números na célula.
cumento. Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula
Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, seguinte.
Atingir meta, Rastrear erro, etc.
Dados - contém comandos para editar os dados de Usar a AutoSoma para adicionar seus dados
uma planilha. É possível classificar, utilizar filtros, validar, Ao inserir números em sua planilha, talvez deseje so-
etc. má-los. Um modo rápido de fazer isso é usar o AutoSo-
Janela - contém comandos para manipular e exibir ja- ma.
nelas no documento. Selecione a célula à direita ou abaixo dos números
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do Li- que você deseja adicionar.
breOffice. Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique
em AutoSoma no grupo Edição.
PLANILHA ELETRÔNICA MS EXCEL 2016

Tarefas básicas no Excel2

O Excel é uma ferramenta incrivelmente poderosa


para tornar significativa uma vasta quantidade de dados.
Mas ele também funciona muito bem para cálculos sim-
ples e para rastrear de quase todos os tipos de informa-
ções. A chave para desbloquear todo esse potencial
é a grade de células. As células podem conter núme- A AutoSoma soma os números e mostra o resultado
ros, texto ou fórmulas. Você insere dados nas células e as na célula selecionada.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

agrupa em linhas e colunas. Isso permite que você adi-


cione seus dados, classifique-os e filtre-os, insira-os em Criar uma fórmula simples
tabelas e crie gráficos incríveis. Vejamos as etapas básicas Somar números é uma das coisas que você poderá
para você começar. fazer, mas o Excel também pode executar outras opera-
ções matemáticas. Experimente algumas fórmulas sim-
ples para adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir seus
valores.
Escolha uma célula e digite um sinal de igual (=).
2 Fonte: https://support.office.com/pt-br/excel

69
Isso informa ao Excel que essa célula conterá uma Inserir dados em uma tabela
fórmula. Um modo simples de acessar grande parte dos recur-
Digite uma combinação de números e operadores de sos do Excel é colocar os dados em uma tabela. Isso per-
cálculos, como o sinal de mais (+) para adição, o sinal de mite que você filtre ou classifique rapidamente os dados.
menos (-) para subtração, o asterisco (*) para multiplica-
ção ou a barra (/) para divisão. Selecione os dados clicando na primeira célula e ar-
Por exemplo, insira =2+4, =4-2, =2*4 ou =4/2. rastar a última célula em seus dados.
Pressione Enter. Para usar o teclado, mantenha a tecla Shift pressio-
Isso executa o cálculo. nada ao mesmo tempo em que pressiona as teclas de
Você também pode pressionar Ctrl+Enter (se você direção para selecionar os dados.
deseja que o cursor permaneça na célula ativa). Clique no botão Análise Rápida no canto infe-
Aplicar um formato de número rior direito da seleção.
Para distinguir entre os diferentes tipos de números,
adicione um formato, como moeda, porcentagens ou da-
tas.
Selecione as células que contêm números que você
deseja formatar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique na
seta na caixa Geral.

Selecione um formato de número


Clique em Tabelas, mova o cursor para o botão Ta-
bela para visualizar seus dados e, em seguida, clique no
botão Tabela.

Clique na seta no cabeçalho da tabela de uma co-


luna.
Para filtrar os dados, desmarque a caixa de sele-
ção Selecionar tudo e, em seguida, selecione os dados
que você deseja mostrar na tabela.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Caso você não veja o formato de número que está


procurando, clique em Mais Formatos de Número.

70
Clique em Totais, mova o cursos entre os botões para
ver os resultados dos cálculos dos dados e clique no bo-
tão para aplicar os totais.

Adicionar significado aos seus dados


A formatação condicional ou minigráficos podem
destacar os dados mais importantes ou mostrar tendên-
cias de dados. Use a ferramenta Análise Rápida para um
Visualização Dinâmica para experimentar.
Selecione os dados que você deseja examinar mais
detalhadamente.
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior
direito da seleção.
Para classificar os dados, clique em Classificar de A a
Explore as opções nas guias Formatação e Minigráfi-
Z ou Classificar de Z a A.
cos para ver como elas afetam os dados.

Por exemplo, selecione uma escala de cores na ga-


leria Formatação para diferenciar as temperaturas alta,
média e baixa.

Quando gostar da opção, clique nela.

Mostrar os dados em um gráfico


A ferramenta Análise Rápida recomenda o gráfico
correto para seus dados e fornece uma apresentação vi-
sual com apenas alguns cliques.
Clique em OK.
Selecione as células contendo os dados que você
quer mostrar em um gráfico.
Mostrar totais para os números
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior
As ferramentas de Análise Rápida permitem que você
direito da seleção.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

totalize os números rapidamente. Se for uma soma, mé-


Clique na guia Gráficos, mova entre os gráficos re-
dia ou contagem que você deseja, o Excel mostra os re-
comendados para ver qual tem a melhor aparência para
sultados do cálculo logo abaixo ou ao lado dos números.
seus dados e clique no que desejar.
Selecione as células que contêm os números que
você somar ou contar.
Clique no botão Análise Rápida no canto infe-
rior direito da seleção.

71
Siga um destes procedimentos:
Para localizar texto ou números, clique em Localizar.
Para localizar e substituir texto ou números, clique
em Substituir.
Na caixa Localizar, digite o texto ou os números que
você deseja procurar ou clique na seta da caixa Locali-
zar e, em seguida, clique em uma pesquisa recente na
lista.
Você pode usar caracteres curinga, como um aste-
OBSERVAÇÃO: O Excel mostra diferentes gráficos risco (*) ou ponto de interrogação (?), nos critérios da
nesta galeria, dependendo do que for recomendado para pesquisa:
seus dados. Use o asterisco para localizar qualquer cadeia de ca-
racteres. Por exemplo, s*r localizará “ser” e “senhor”.
Salvar seu trabalho Use o ponto de interrogação para localizar um único
Clique no botão Salvar na Barra de Ferramentas de caractere. Por exemplo, s?m localizará “sim” e “som”.
Acesso Rápido ou pressione Ctrl+S.
#FicaDica
Você pode localizar asteriscos, pontos de
interrogação e caracteres de til (~) nos da-
dos da planilha precedendo-os com um til
Se você salvou seu trabalho antes, está pronto. na caixa Localizar. Por exemplo, para locali-
Se esta for a primeira vez que você salva este arquivo: zar dados que contenham “?”, use ~? como
Em Salvar Como, escolha onde salvar sua pasta de critério de pesquisa.
trabalho e navegue até uma pasta.
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a
pasta de trabalho. Clique em Opções para definir ainda mais a pesquisa
Clique em Salvar. e siga um destes procedimentos:
Imprimir o seu trabalho
Clique em Arquivo e, em seguida, clique em Impri-
mir ou pressione Ctrl+P. Para procurar dados em uma planilha ou em uma
Visualize as páginas clicando nas setas Próxima Pági- pasta de trabalho inteira, na caixa Em, clique em Plani-
na e Página Anterior. lha ou Pasta de Trabalho.
Para pesquisar dados em linhas ou colunas, na cai-
xa Pesquisar, clique em Por Linhas ou Por Colunas.
Para procurar dados com detalhes específicos, na cai-
xa Examinar, clique em Fórmulas, Valores ou Comentários.
A janela de visualização exibe as páginas em preto e OBSERVAÇÃO: As opções Fórmulas, Valores e Co-
branco ou colorida, dependendo das configurações de mentários só estão disponíveis na guia Localizar, e so-
sua impressora. mente Fórmulas está disponível na guia Substituir.
Se você não gostar de como suas páginas serão Para procurar dados que diferenciam maiúsculas de
impressas, você poderá mudar as margens da página minúsculas, marque a caixa de seleção Diferenciar maiús-
ou adicionar quebras de página. culas de minúsculas.
Clique em Imprimir. Para procurar células que contenham apenas os ca-
racteres que você digitou na caixa Localizar, marque a
Localizar ou substituir texto e números em uma caixa de seleção Coincidir conteúdo da célula inteira.
planilha do Excel 2016 para Windows Se você deseja procurar texto ou números que tam-
Localize e substitua textos e números usando curin- bém tenham uma formatação específica, clique em For-
gas ou outros caracteres. Você pode pesquisar planilhas, mato e faça as suas seleções na caixa de diálogo Localizar
linhas, colunas ou pastas de trabalho. Formato.
Em uma planilha, clique em qualquer célula.
Na guia Página Inicial, no grupo Edição, clique em Lo-
calizar e Selecionar. #FicaDica
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se você deseja localizar células que corres-


pondam a uma formato específico, exclua
qualquer critério da caixa Localizar e sele-
cione a célula que contenha a formatação
que você deseja localizar. Clique na seta ao
lado de Formato, clique em Escolher forma-
to da célula e, em seguida, clique na célula
que possui a formatação a ser pesquisada.

72
Se você deseja localizar células que correspondam a ximadamente 1/6 pol. ou 0,4 cm). Se a altura da linha for
uma formato específico, exclua qualquer critério da cai- definida como 0 (zero), a linha ficará oculta.
xa Localizar e selecione a célula que contenha a forma- Se estiver trabalhando no modo de exibição de La-
tação que você deseja localizar. Clique na seta ao lado yout da Página (guia Exibir, grupo Modos de Exibição da
de Formato, clique em Escolher formato da célula e, em Pasta de Trabalho, botão Layout da Página), você pode-
seguida, clique na célula que possui a formatação a ser rá especificar uma largura de coluna ou altura de linha
pesquisada. em polegadas. Nesse modo de exibição, a unidade de
medida padrão é polegada, mas você poderá alterá-la
Siga um destes procedimentos: para centímetros ou milímetros (Na guia Arquivo, clique
Para localizar texto ou números, clique em Localizar em Opções, clique na categoria Avançado e, em Exibir,
Tudo ou Localizar Próxima. selecione uma opção na lista Unidades da Régua).

Definir uma coluna com uma largura específica


#FicaDica Selecione as colunas a serem alteradas.
Quando você clicar em Localizar Tudo, Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique
todas as ocorrências do critério que você em Formatar.
estiver pesquisando serão listadas, e você
poderá ir para uma célula clicando nela na
lista. Você pode classificar os resultados de
uma pesquisa Localizar Tudo clicando em
um título de coluna.

Para substituir texto ou números, digite os caracte-


res de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna.
caixa em branco para substituir os caracteres por nada) e Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado.
clique em Localizar ou Localizar Tudo. Clique em OK.

OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver


disponível, clique na guia Substituir. #FicaDica
Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em
andamento pressionando ESC. Para definir rapidamente a largura de uma
Para substituir a ocorrência realçada ou todas as única coluna, clique com o botão direito
ocorrências dos caracteres encontrados, clique em Subs- do mouse na coluna selecionada, clique
tituir ou Substituir tudo. em Largura da Coluna, digite o valor dese-
jado e clique em OK.
#FicaDica
Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica-
O Microsoft Excel salva as opções de for- mente ao conteúdo (AutoAjuste)
matação que você define. Se você pesqui- Selecione as colunas a serem alteradas.
sar dados na planilha novamente e não Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique
conseguir encontrar caracteres que você em Formatar.
sabe que estão lá, poderá ser necessário
limpar as opções de formatação da pesqui-
sa anterior. Na caixa de diálogo Localizar e
Substituir, clique na guia Localizar e depois
em Opções para exibir as opções de forma-
tação. Clique na seta ao lado de Formato e
clique em Limpar ‘Localizar formato’.

Em Tamanho da Célula, clique em Ajustar Largura da


Alterar a largura da coluna e a altura da linha Coluna Automaticamente.
Em uma planilha, você pode especificar uma largu- OBSERVAÇÃO: Para ajustar automaticamente de for-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ra de coluna de 0 (zero) a 255. Esse valor representa o ma rápida todas as colunas da planilha, clique no bo-
número de caracteres que podem ser exibidos em uma tão Selecionar Tudo e, em seguida, clique duas vezes em
célula formatada com a fonte padrãoTE000127106. A lar- qualquer limite entre dois títulos de coluna.
gura de coluna padrão é 8,43 caracteres. Se a largura da
coluna for definida como 0 (zero), a coluna ficará oculta.
Você pode especificar uma altura de linha de 0 (zero)
a 409. Esse valor representa a medida da altura em pon-
tos (1 ponto é igual a aproximadamente 1/72 pol. ou
0,035 cm). A altura de linha padrão é 12,75 pontos (apro-

73
Em Tamanho da Célula, clique em Largura Padrão.
Na caixa Largura padrão da coluna, digite uma nova
medida e clique em OK.
DICA: Para definir a largura de coluna padrão de to-
das as novas pastas de trabalho ou planilhas, você pode-
rá criar um modelo de pasta de trabalho ou de planilha
e utilizá-lo como base para as novas pastas de trabalho
ou planilhas.

Alterar a largura das colunas com o mouse


Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite
Fazer com que a largura da coluna corresponda à de do lado direito do título da coluna até que ela fique do
outra coluna tamanho desejado.
Selecione uma célula da coluna com a largura dese-
jada.
Pressione Ctrl+C ou, na guia Página Inicial, no gru-
po Área de Transferência, clique em Copiar.

Para alterar a largura de várias colunas, selecione as


colunas desejadas e arraste um limite à direita do título
de coluna selecionado.
Para alterar a largura das colunas a fim de ajustá-la ao
conteúdo, selecione as colunas desejadas e clique duas
vezes no limite à direita do título de coluna selecionado.
Para alterar a largura de todas as colunas da plani-
lha, clique no botãoSelecionar Tudo e arraste o limite de
qualquer título de coluna.
Clique com o botão direito do mouse na coluna
de destino, aponte paraColar Especial e clique no bo-
tão Manter Largura da Coluna Original
Alterar a largura padrão de todas as colunas em uma
planilha ou pasta de trabalho
O valor da largura de coluna padrão indica o número
médio de caracteres da fonte padrão que cabe em uma
célula. É possível especificar outro valor de largura de co-
luna padrão para uma planilha ou pasta de trabalho.
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de coluna padrão de uma plani-
lha, clique na guia da planilha.
Para alterar a largura de coluna padrão da pasta de
trabalho inteira, clique com o botão direito do mouse em Definir uma linha com uma altura específica
uma guia de planilha e, em seguida, clique em Selecionar Selecione as linhas a serem alteradas.
Todas as Planilhas no menu de atalhoTE000127572. Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique
em Formatar.

Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

em Formatar.

Em Tamanho da Célula, clique em Altura da Linha.


Na caixa Altura da linha, digite o valor que você dese-
ja e, em seguida, clique em OK.
Alterar a altura da linha para ajustá-la ao conteúdo
Selecione as linhas a serem alteradas.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique
em Formatar.

74
Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Al-
tura da Linha.

DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápida


todas as linhas da planilha, clique no botão Selecionar
Tudo e, em seguida, clique duas vezes no limite abaixo
de um dos títulos de linha. Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao con-
teúdo, clique duas vezes no limite abaixo do título da
linha.

Formatar números como moeda no Excel 2016


Para exibir números como valores monetários, forma-
te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de
número Moeda ou Contábil às células que deseja forma-
tar. As opções de formatação de número estão disponí-
veis na guia Página Inicial, no grupo Número.

Formatar números como moeda


Você pode exibir um número com o símbolo de moe-
da padrão selecionando a célula ou o intervalo de célu-
Alterar a altura das linhas com o mouse las e clicando em Formato de Número de Contabilização
Siga um destes procedimentos: no grupo Número da guia Página Inicial. (Se desejar
aplicar o formato Moeda, selecione as células e pressione
Para alterar a altura de uma linha, arraste o limite Ctrl+Shift+$.)
abaixo do título da linha até que ela fique com a altura Alterar outros aspectos de formatação
desejada. Selecione as células que você deseja formatar.
Na guia Página Inicial, clique no Iniciador de Caixa de
Diálogo ao lado deNúmero.

Para alterar a altura de várias linhas, selecione as li-


nhas desejadas e arraste o limite abaixo de um dos títulos
de linha selecionados.
Para alterar a altura de todas as linhas da planilha,
clique no botão Selecionar Tudo e arraste o limite abaixo
de qualquer título de linha.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DICA: Você também pode pressionar Ctrl+1 para abrir


a caixa de diálogoFormatar Células.
Na caixa de diálogo Formatar Células, na lista Cate-
goria, clique em Moedaou Contábil.

75
As células formatadas com o formato Geral não têm
um formato de número específico.

Operadores e Funções

A função é um método utilizado para tornar mais fá-


cil e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cál-
culos mais complexos e vários valores. Existem funções
para os cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos.
Por exemplo, na função: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo
que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que
com a função o processo passa a ser mais fácil. Ainda
conforme o exemplo pode-se observar que é necessário
sempre iniciar um cálculo com sinal de igual (=) e usa-se
nos cálculos a referência de células (A1) e não somente
valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma
função depende do tipo de função a ser utilizada. Os ar-
Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda de- gumentos podem ser números, textos, valores lógicos,
sejado. referências, etc...
OBSERVAÇÃO: Se desejar exibir um valor monetário
sem um símbolo de moeda, clique em Nenhum. Operadores
Na caixa Casas decimais, insira o número de casas de-
cimais desejadas para o número. Operadores são símbolos matemáticos que permitem
Por exemplo, para exibir R$138.691 em vez de colo- fazer cálculos e comparações entre as células. Os opera-
car R$ 138.690,63 na célula, insira 0 na caixa Casas deci- dores são:
mais. Conforme você faz alterações, preste atenção ao
número na caixa Amostra. Ela mostra como a alteração
das casas decimais afetará a exibição de um número.
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exi-
bição que você deseja usar para números negativos.
Se não quiser usar as opções existentes para exibir
números negativos, você pode criar seu próprio formato
de número.
OBSERVAÇÃO: A caixa Números negativos não está
disponível para o formato de número Contábil. O motivo
disso é que constitui prática contábil padrão mostrar nú-
meros negativos entre parênteses.
Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, cli- Criar uma fórmula simples
que em OK. Você pode criar uma fórmula simples para adicionar,
Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que subtrair, multiplicar ou dividir valores na planilha. As fór-
você aplicar formatação de moeda em seus dados, isso mulas simples sempre começam com um sinal de igual
significará que talvez a célula não seja suficientemente (=), seguido de constantes que são valores numéricos e
larga para exibir os dados. Para expandir a largura da co- operadores de cálculo como os sinais de mais (+), menos
luna, clique duas vezes no limite direito da coluna que (-), asterisco (*) ou barra (/).
contém as células com o erro #####. Esse procedimento Por exemplo, quando você inserir a fórmula =5+2*3,
redimensiona automaticamente a coluna para se ajustar o Excel multiplicará os últimos dois números e adicionará
ao número. Você também pode arrastar o limite direito o primeiro número ao resultado. Seguindo a ordem pa-
até que as colunas fiquem com o tamanho desejado. drão das operações matemáticas, a multiplicação e exe-
cutada antes da adição.
Na planilha, clique na célula em que você deseja in-
serir a fórmula.
Digite o = (sinal de igual) seguido das constantes e
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dos operadores que você deseja usar no cálculo.


Você pode inserir quantas constantes e operadores
forem necessários em uma fórmula, até 8.192 caracteres.
DICA : Em vez de digitar as constantes em sua fórmu-
Remover formatação de moeda la, você pode selecionar as células que contêm os valores
Selecione as células que têm formatação de moeda. que deseja usar e inserir os operadores entre as células
Na guia Página Inicial, no grupo Número, clique na da seleção.
caixa de listagem Geral. Pressione Enter.

76
Para adicionar valores rapidamente, você pode usar
a AutoSoma em vez de inserir a fórmula manualmente
(guia Página Inicial, grupo Edição ).
Para avançar mais uma etapa, você pode usar as re-
ferências de célula e nomes em vez dos valores reais em
uma fórmula simples.
Exemplos
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione 1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul e
F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as o intervalo de células tem uma borda azul com cantos
larguras das colunas para ver todos os dados. quadrados.
2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde
Dados e o intervalo de célula tem uma borda verde com cantos
quadrados.
2 OBSERVAÇÃO : Se não houver um canto quadrado
5 em uma borda codificada por cor, significa que a refe-
rência está relacionada a um intervalo nomeado.
Fórmula Descrição Resultado Pressione Enter.
Adiciona os valores nas DICA : Você também pode inserir uma referência a
‘=A2+A3 =A2+A3
células A1 e A2 um intervalo ou célula nomeada.
Subtrai o valor na célula Exemplo
‘=A2-A3 =A2-A3 Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
A2 do valor em A1
le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
Divide o valor na célula fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione
‘=A2/A3 =A2/A3
A1 pelo valor em A2 F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as
Multiplica o valor na cé- larguras das colunas para ver todos os dados. Use o co-
‘=A2*A3 =A2*A3 mando Definir Nome (guia Formulas, grupo Nomes De-
lula A1 pelo valor em A2
finidos) para definir “Ativos” (B2:B4) e “Passivos” (C2:C4).
Eleva o valor na célula
‘=A2^A3 A1 ao valor exponencial =A2^A3
especificado em A2 Departamento Ativos Passivos
TI 274000 71000
Fórmula Descrição Resultado
Administrador 67000 18000
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2 RH 44000 3000
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2 Fórmula Descrição Resultado
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2 Retorna o to-
tal de ativos
‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
dos três de-
Eleva 5 à segunda po- partamentos
‘=5^2 =5^2
tência no nome defi-
‘=SOMA(Ativos) nido “Ativos”, =SOMA(Ativos)
que é defi-
Usar referências de célula em uma fórmula nido como o
Ao criar uma fórmula simples ou uma fórmula que usa intervalo de
uma função, você pode fazer referência aos dados das células B2:B4.
células de uma planilha incluindo referências de célula (385000)
nos argumentos da fórmula. Por exemplo, quando você Subtrai a
insere ou seleciona a referência de célula A2, a fórmula soma do
usa o valor dessa célula para calcular o resultado. Você nome defini-
também pode fazer referência a um intervalo de células. =SOMA(Ativos)
‘=SOMA(Ativos)- do “Passivos”
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula. - S O M A ( Pa s s i -
-SOMA(Passivos) da soma do
Na barra de fórmulas , digite = (sinal de vos)
nome defini-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

igual). do “Ativos”.
Faça o seguinte: selecione a célula que contém o valor (293000)
desejado ou digite sua referência de célula.
Você pode fazer referência a uma única célula, a um Criar uma fórmula usando uma função
intervalo de células, a um local em outra planilha ou a um Você pode criar uma fórmula para calcular valores
local em outra pasta de trabalho. na planilha usando uma função. Por exemplo, as fórmu-
Ao selecionar um intervalo de células, você pode ar- las =SOMA(A1:A2) e SOMA(A1,A2) usam ambas a função
rastar a borda da seleção da célula para mover a seleção SOMA para adicionar os valores nas células A1 e A2. As
ou arrastar o canto da borda para expandir a seleção. fórmulas sempre começam com um sinal de igual (=)

77
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula. Dados
Para iniciar a fórmula com a função, clique em Inserir
Função . Adiciona todos
O Excel insere o sinal de igual (=) para você. ‘=SOMA(A:A) os números na =SOMA(A:A)
Na caixa Ou selecione uma categoria, selecione Tudo. coluna A
Calcula a mé-
dia de todos
‘=MÉDIA(A1:B4) =MÉDIA(A1:B4)
os números no
intervalo A1:B4

Função Soma
A função soma , uma das funções matemáticas e tri-
gonométricas, adiciona os valores. Você pode adicionar
valores individuais, referências de células ou intervalos
ou uma mistura de todos os três.
Este vídeo faz parte de um curso de treinamento cha-
mado Adicionar números no Excel 2013.
Sintaxe: SOMA(número1,[número2],...)
Por exemplo:
=SUM(A2:A10)
= SUM(A2:A10, C2:C10)

Nome do
Descrição
argumento
O primeiro número que você
Se você estiver familiarizado com as categorias de deseja somar. O número pode
função, também poderá selecionar uma categoria. número1   
ser como “4”, uma referência de
Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá (Obrigatório)
célula, como B6, ou um intervalo
digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na de células, como B2:B8.
caixa Procure por uma função (por exemplo, “adicionar
números” retorna a função SOMA). Este é o segundo número que
Na caixa Selecione uma função, selecione a função número2-255    você deseja adicionar. Você pode
que deseja utilizar e clique em OK. (Opcional) especificar até 255 números des-
Nas caixas de argumento que forem exibidas para a sa forma.
função selecionada, insira os valores, as cadeias de carac-
Soma rápida com a barra de Status
teres de texto ou referências de célula desejadas.
Se você quiser obter rapidamente a soma de um in-
Em vez de digitar as referências de célula, você tam-
tervalo de células, tudo o que você precisa fazer é sele-
bém pode selecionar as células que deseja referenciar.
cionar o intervalo e procure no lado inferior direito da
Clique em para expandir novamente a caixa de diá-
janela do Excel.
logo.
Depois de concluir os argumentos para a fórmula, cli-
que em OK.
Se você usar funções frequentemente, poderá inserir
suas fórmulas diretamente na planilha. Depois de digitar
o sinal de igual (=) e o nome da função, poderá obter
informações sobre a sintaxe da fórmula e os argumentos
da função pressionando F1.
Exemplos
Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em
branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de
fórmulas que usam funções.

Dados
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5 4
2 6
Barra de Status
3 8
7 1 Esta é a barra de Status e exibe as informações sobre
Fórmula Descrição Resultado tudo o que você selecionou, se você tiver uma única célu-
la ou várias células. Se você com o botão direito na barra
de Status de uma caixa de diálogo do recurso será pop-

78
-out exibindo todas as opções que você pode selecionar. O Assistente de AutoSoma detectou automatica-
Observe que ele também exibe valores para o intervalo mente células B2: B5 como o intervalo a serem soma-
selecionado se você tiver esses atributos marcados. dos. Tudo o que você precisa fazer é pressione Enter para
confirmá-la. Se você precisar adicionar/excluir mais célu-
Usando o Assistente de AutoSoma las, você pode manter a tecla Shift > tecla de direção da
A maneira mais fácil de adicionar uma fórmula de sua escolha até que corresponde à sua seleção desejado
soma à sua planilha é usar o Assistente de AutoSoma. e pressione Enter quando terminar.
Selecione uma célula vazia diretamente acima ou abaixo Guia de função Intellisense: a soma (Número1, [núm2])
do intervalo que você quer somar e nas guias página ini- flutuantes marca abaixo a função é o guia de Intellisense.
cial ou fórmula na faixa de opções, pressione AutoSoma Se você clicar no nome de função ou soma, ele se trans-
> soma. O Assistente de AutoSoma automaticamente formará em um hiperlink azul, que o levará para o tópico
detecta o intervalo para ser somados e criar a fórmula de ajuda para essa função. Se você clicar nos elementos
para você. Ele também pode trabalhar horizontalmente de função individual, as peças representantes na fórmula
se você selecionar uma célula para a esquerda ou à direi- serão realçadas. Nesse caso somente B2: B5 seria realçadas
ta do intervalo a serem somados. como há apenas uma referência numérica nesta fórmula.
A marca de Intellisense será exibido para qualquer função.

Exemplo 3 – AutoSoma horizontalmente

AutoSoma horizontalmente
Exemplo 4 – somar células não-contíguas

Use o Assistente de AutoSoma para rapidamente os


intervalos contíguos de soma
A caixa de diálogo de AutoSoma também permite
que você selecione outras funções comuns, como:
Média
Contar números
Máx
Min
Mais funções

Exemplo 2 – AutoSoma verticalmente

Somar células não-contíguas


O Assistente de AutoSoma geralmente só funcionará
para intervalos contíguos, portanto se você tiver linhas
ou colunas vazias no seu intervalo de soma, Excel vai pa-
rada o primeiro espaço. Nesse caso você precisaria soma
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

por seleção, onde você pode adicionar os intervalos indi-


viduais, um por vez. Neste exemplo se você tivesse dados
na célula B4, o Excel seria gerar =SUM(C2:C6) desde que
ele reconheça um intervalo contíguo.
Você pode selecionar rapidamente vários intervalos
não-contíguas com Ctrl + LeftClick. Primeiro, insira “=
soma (“, selecione seu diferentes intervalos e Excel adi-
cionará automaticamente o separador de vírgula entre
AutoSoma verticalmente intervalos para você. Pressione enter quando terminar.

79
Dica: você pode usar ALT + = para adicionar rapida-
mente a função soma para uma célula. Tudo o que você
precisa fazer é selecionar o intervalo (s).
Observação: você pode perceber como o Excel tem
realçado os intervalos de função diferente por cor, e eles
correspondem dentro da própria fórmula, portanto C2:
C3 é azul e C5: C6 é vermelho. Excel fará isso para to-
das as funções, a menos que o intervalo referenciado
esteja em uma planilha diferente ou em outra pasta de
trabalho. Para acessibilidade aprimorada com tecnologia Evite usar o = 1 + 2 ou = métodos A + B
assistencial, você pode usar intervalos nomeados, como Sua fórmula pode quebrar se houver quaisquer valo-
“Semana1”, “Semana2”, etc. e, em seguida, fazer referên- res não numéricos (texto) nas células referenciadas, que
cia a eles, sua fórmula: retornarão um #VALUE! erro. SOMA ignorará valores de
=SUM(Week1,Week2) texto e lhe dar a soma dos valores numéricos.

Práticas Recomendadas
Esta seção aborda algumas práticas recomendadas
para trabalhar com as funções soma. Grande parte desse
pode ser aplicada a trabalhar com outras funções tam-
bém.
♣ a = 1 + 2 ou = A + B Method – enquanto você pode
inserir = 1 + 2 + 3 ou = A1 + B1 + C2 e obter resultados
totalmente precisos, esses métodos estão sujeitos a erros
por vários motivos:
Erros de digitação – Imagine tentando inserir valores SOMA ignora valores de texto
mais e/ou muito maiores assim: #REF! Erro de excluir linhas ou colunas
= 14598.93 + 65437.90 + 78496.23

Em seguida, tente validar se suas entradas estão cor-


retas. É muito mais fácil colocar esses valores em células
individuais e usar uma fórmula de soma. Além disso, você
pode formatar os valores quando eles estão nas células,
tornando-as muito mais legível e quando ela estiverem
em uma fórmula.

Se você excluir uma linha ou coluna, a fórmula não


serão atualizados para excluir a linha excluída e retornará
um #REF! erro, onde uma função soma atualizará auto-
maticamente.

Fórmulas não atualizar referências ao inserir linhas ou


colunas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

#VALUE! erros de referência de texto em vez de nú-


meros.
Se você usar um fórmula como:
= A1 + B1 + C1 ou = A1 + A2 + A3
= Style A + B fórmulas não os atualizará ao adicionar
linhas ou colunas

80
Se você inserir uma linha ou coluna, a fórmula não = SUM(A2:A14) * E2
será atualizada para incluir a linha adicionada, onde uma Dividir em vez de multiplicar você simplesmente
função soma atualizará automaticamente (contanto que substitua a “*” com “/”: = SUM(A2:A14)/E2
você não estiver fora do intervalo referenciado na fórmu- Adicionando ou retirando de uma soma
la). Isso é especialmente importante se você esperar sua i. você pode facilmente adicionar ou subtrair de uma
fórmula para atualizar e não, como ele deixará incomple- soma usando + ou - assim:
tos resultados que você não pode capturar. = SUM(A1:A10) + E2
= SUM(A1:A10)-E2

SOMA 3D
Às vezes você precisa somar uma determinada célu-
la em várias planilhas. Pode ser tentador clique em cada
planilha e a célula desejada e use apenas «+» para adi-
cionar a célula valores, mas que é entediante e pode ser
propensa, muito mais assim que apenas tentando cons-
truir uma fórmula que faz referência apenas uma única
SOMA com referências de célula individuais versus folha.
intervalos i = Planilha1! A1 + Plan2! A1 + Planilha3! A1
Você pode fazer isso muito mais fácil com um 3D ou
Usando uma fórmula como: soma 3 dimensionais:
=SUM(A1,A2,A3,B1,B2,B3)
É igualmente erro sujeitos ao inserir ou excluir linhas
dentro do intervalo referenciada pelas mesmas razões. É
muito melhor usar intervalos individuais, como:

=SUM(A1:A3,B1:B3)
Qual será atualizada ao adicionar ou excluir linhas.
Usando operadores matemáticos com soma
Digamos que você deseja aplicar uma porcentagem
de desconto para um intervalo de células que você já so-
mados.
= SUM(Sheet1:Sheet3! A1)
Qual somará a célula A1 em todas as planilhas da pla-
nilha 1 para a planilha 3.
Isso é especialmente útil em situações em que você
tem uma única folha para cada mês (janeiro a dezembro)
e você precisa total-las em uma planilha de resumo.

= SUM(January:December! A2)
Qual somará célula A2 em cada planilha de janeiro a
dezembro.

Observação: se suas planilhas tem espaços em seus


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

nomes, como “Janeiro vendas”, então você precisa usar


um apóstrofo ao fazer referência os nomes de planilha
= SUM(A2:A14) *-25% em uma fórmula:
Resultará em 25% do intervalo somado, entretanto, = SUM(‘January Sales:December Sales’! A2)
que rígido códigos a 25% da fórmula, e pode ser difícil SOMA com outras funções
encontrar mais tarde se precisar alterá-lo. É muito melhor Absolutamente, você pode usar soma com outras
colocar os 25% em uma célula e referenciando que em funções. Aqui está um exemplo que cria um cálculo da
vez disso, onde ele está check-out em Abrir e facilmente média mensal:
alterados, assim:

81
apenas se um valor é igual a outro e retornar um único
resultado; você também pode usar operadores matemá-
ticos e executar cálculos adicionais dependendo de seus
critérios. Também é possível aninhar várias funções SE
juntas para realizar várias comparações.
OBSERVAÇÃO : Se você for usar texto em fórmulas,
será preciso quebrar o texto entre aspas (por exemplo,
“Texto”). A única exceção é usar VERDADEIRO ou FALSO
que o Excel reconhece automaticamente.

Introdução
A melhor maneira de começar a escrever uma instru-
=SUM(A2:L2)/COUNTA(A2:L2) ção SE é pensar sobre o que você está tentando realizar.
Que usa a soma de A2:L2 dividido pela contagem de Que comparação você está tentando fazer? Muitas vezes,
células não vazias em A2:L2 (maio a dezembro estão em escrever uma instrução SE pode ser tão simples quanto
branco). pensar na lógica em sua cabeça: “o que aconteceria se
essa condição fosse atendida vs. o que aconteceria se
Função SE não fosse?” Você sempre deve se certificar de que suas
A função SE é uma das funções mais populares do etapas sigam uma progressão lógica; caso contrário, sua
Excel e permite que você faça comparações lógicas entre fórmula não executará aquilo que você acha que ela de-
um valor e aquilo que você espera. Em sua forma mais veria executar. Isso é especialmente importante quando
simples, a função SE diz: você cria instruções SE complexas (aninhadas).
SE(Algo for Verdadeiro, faça tal coisa, caso contrário,
faça outra coisa) Mais exemplos de SE
Portanto, uma instrução SE pode ter dois resultados.
O primeiro resultado é se a comparação for Verdadeira, o
segundo se a comparação for Falsa.

Exemplos de SE simples

=SE(C2>B2;”Acima do orçamento”;”Dentro do orça-


=SE(C2=”Sim”;1,2) mento”)
No exemplo acima, a célula D2 diz: SE(C2 = Sim, a No exemplo acima, a função SE em D2 está dizen-
fórmula retorna um 1 ou um 2) do SE(C2 é maior que B2, retorne “Acima do orçamento”,
caso contrário, retorne “Dentro do orçamento”)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

= SE(C2>B2,C2-B2,0)
=SE(C2=1;”Sim”;”Não”) Na ilustração acima, em vez de retornar um resultado
Neste exemplo, a fórmula na célula D2 diz: SE(C2 = de texto, vamos retornar um cálculo matemático. A fór-
1, a fórmula retorna Sim e, caso contrário, retorna Não) mula em E2 está dizendo SE(Valor real for maior que o
Como você pode ver, a função SE pode ser usada Valor orçado, subtraia o Valor orçado do Valor real, caso
para avaliar texto e valores. Ela também pode ser usa- contrário, não retorne nada).
da para avaliar erros. Você não está limitado a verificar

82
=SE(D3=””,”Em branco”,”Não está em branco”)
Essa fórmula diz SE(D3 é nada, retorne “Em branco”,
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Veja um
exemplo de um método muito comum de usar “” para
impedir que uma fórmula calcule se uma célula depen-
dente está em branco:
=SE(D3=””;””;SuaFórmula())
=SE(E7=”Sim”;F5*0,0825;0) SE(D3 é nada, retorne nada, caso contrário, calcule
Neste exemplo, a fórmula em F7 está dizendo SE(E7 = sua fórmula).
“Sim”, calcule o Valor Total em F5 * 8,25%, caso contrário,
nenhum Imposto sobre Vendas é cobrado, retorne 0) Exemplo de SE aninhada

Práticas Recomendadas - Constantes


No último exemplo, você vê dois “Sim” e a Taxa de
Imposto sobre Vendas (0,0825) inseridos diretamente na
fórmula. Geralmente, não é recomendável colocar cons-
tantes literais (valores que talvez precisem ser alterados
ocasionalmente) diretamente nas fórmulas, pois elas po-
dem ser difíceis de localizar e alterar no futuro. É mui-
to melhor colocar constantes em suas próprias células,
onde elas ficam fora das constantes abertas e podem
ser facilmente encontradas e alteradas. Nesse caso, tudo Em casos onde uma simples função SE tem apenas
bem, pois há apenas uma função SE e a Taxa de Impos- dois resultados (Verdadeiro ou Falso), as funções se ani-
to sobre Vendas raramente será alterada. Mesmo se isso nhadas SE podem ter de 3 a 64 resultados.
acontecer, será fácil alterá-la na fórmula. =SE(D2=1;”SIM”;SE(D2=2;”Não”;”Talvez”))
Usar SE para verificar se uma célula está em branco Na ilustração acima, a fórmula em E2 diz: SE(D2 é
Às vezes, é preciso verificar se uma célula está em igual a 1, retorne “Sim”, caso contrário, SE(D2 é igual a 2,
branco, geralmente porque você pode não querer uma retorne “Não”, caso contrário, retorne “Talvez”).
fórmula exiba um resultado sem entrada.
CONT.SE
Use CONT.SE, uma das funções estatísticas, para con-
tar o número de células que atendem a um critério; por
exemplo, para contar o número de vezes que uma cidade
específica aparece em uma lista de clientes.

Sintaxe
CONT.SE(intervalo, critério)
Por exemplo:
=CONT.SE(A2:A5;”maçãs”)
=CONT.SE(A2:A5,A4)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nesse caso, usamos SE com a função ÉCÉL.VAZIA:


=SE(ÉCÉL.VAZIA(D2),”Em branco”,”Não está em bran-
co”)
Que diz SE(D2 está em branco, retorne “Em branco”,
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Você tam-
bém poderia facilmente usar sua própria fórmula para
a condição “Não está em branco”. No próximo exemplo
usamos “” em vez de ÉCÉL.VAZIA. “” basicamente signi-
fica “nada”.

83
quência de caracteres. Para localizar um ponto de inter-
Nome do argumento Descrição
rogação ou asterisco real, digite um til (~) antes do ca-
O grupo de células que ractere.
você deseja contar. Inter- Comentários
valo pode conter números, A função SOMASE retorna valores incorretos quando
intervalo    matrizes, um intervalo no- você a utiliza para corresponder cadeias de caracteres
(obrigatório) meado ou referências que com mais de 255 caracteres ou para a cadeia de caracte-
contenham números. Valo- res #VALOR!.
res em branco e texto são
ignorados. O argumento intervalo_soma não precisa ter o mes-
Um número, expressão, refe- mo tamanho e forma que o argumento intervalo. As
rência de célula ou cadeia de células reais adicionadas são determinadas pelo uso da
texto que determina quais célula na extremidade superior esquerda do argumen-
células serão contadas. tointervalo_soma como a célula inicial e, em seguida,
Por exemplo, você pode usar pela inclusão das células correspondentes em termos de
um número como 32, uma tamanho e forma no argumento intervalo. Por exemplo:
critérios    (obrigatório) comparação, como “> 32”,
uma célula como B4 ou uma Se o intervalo e intervalo_ Então, as células
palavra como “maçãs”. for soma for reais serão
CONT.SE usa apenas um úni-
co critério. Use CONT.SES se A1:A5 B1:B5 B1:B5
você quiser usar vários crité- A1:A5 B1:B3 B1:B5
rios.
A1:B4 C1:D4 C1:D4
Função SOMASE A1:B4 C1:C2 C1:D4
Você pode usar a função SOMASE para somar os va-
lores em uma intervalo que atendem aos critérios que Porém, quando os argumentos intervalo e intervalo_
você especificar. Por exemplo, suponha que, em uma soma na função SOMASE não contêm o mesmo número
coluna que contém números, você quer somar apenas de células, o recálculo da planilha pode levar mais tempo
os valores que são maiores do que 5. Você pode usar a do que o esperado.
seguinte fórmula: = SOMASE (B2:B25,”> 5”).
MÁXIMO (Função MÁXIMO)
Sintaxe Descrição
SOMASE(intervalo, critérios, [intervalo_soma]) Retorna o valor máximo de um conjunto de valores.
A sintaxe da função SOMASE tem os seguintes argu- Sintaxe
mentos: MÁXIMO(número1, [número2], ...)
intervalo    Necessário. O intervalo de células a ser A sintaxe da função MÁXIMO tem os seguintes argu-
avaliada por critérios. Células em cada intervalo devem mentos:
ser números ou nomes, matrizes ou referências que con- Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números sub-
tenham números. Valores em branco e texto são ignora- sequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor
dos. O intervalo selecionado pode conter datas no for- máximo você deseja saber.
mato padrão do Excel (exemplos abaixo). Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes
critérios   Obrigatório. Os critérios na forma de um
ou referências que contenham números.
número, expressão, referência de célula, texto ou função
Os valores lógicos e representações em forma de tex-
que define quais células serão adicionadas. Por exemplo,
to de números digitados diretamente na lista de argu-
os critérios podem ser expressos como 32, “>32”, B5,
mentos são contados.
“32”, “maçãs” ou HOJE().
Se um argumento for uma matriz ou referência, ape-
IMPORTANTE : Qualquer critério de texto ou qualquer
nas os números nesta matriz ou referência serão usados.
critério que inclua símbolos lógicos ou matemáticos deve
Células vazias, valores lógicos ou texto na matriz ou refe-
estar entre aspas duplas (“). Se os critérios forem numéri-
rência serão ignorados.
cos, as aspas duplas não serão necessárias. Se os argumentos não contiverem números, MÁXIMO
intervalo_soma    Opcional. As células reais a serem retornará 0.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

adicionadas, se você quiser adicionar células diferentes Os argumentos que são valores de erro ou texto que
das especificadas no argumento intervalo. Se o argu- não podem ser traduzidos em números causam erros.
mento intervalo_soma for omitido, o Excel adicionará as Se você deseja incluir valores lógicos e representa-
células especificadas no argumento intervalo (as mesmas ções de texto dos números em uma referência como par-
células às quais os critérios são aplicados). te do cálculo, utilize a função MÁXIMOA.
Você pode usar os caracteres curinga – o ponto de Exemplo
interrogação (?) e o asterisco (*) – como o argumento cri- Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
térios. O ponto de interrogação corresponde a qualquer le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
caractere único; o asterisco corresponde a qualquer se- fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione

84
F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as
Dados
larguras das colunas para ver todos os dados.
2
Dados Fórmula Descrição Resultado
10 O menor dos nú-
7 =MÍNIMO(A2:A6) meros no intervalo 2
A2:A6.
9
O menor dos nú-
27
=MIN(A2:A6;0) meros no intervalo 0
2 A2:A6 e 0.
Resulta-
Fórmula Descrição Média
do
Maior valor no Calcula a média aritmética de uma seleção de valores.
=MÁXIMO(A2:A6) 27 Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna
intervalo A2:A6.
de idade na linha de valores máximos E17 e monte a se-
Maior valor no guinte função =MEDIA(E4:E13). Com essa função esta-
=MÁXIMO(A2:A6; 30) intervalo A2:A6 e 30 mos buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é
o valor 30. valor máximo encontrado.
MÍNIMO (Função MÍNIMO) Mesclar células
Descrição A mesclagem combina duas ou mais células para criar
Retorna o menor número na lista de argumentos. uma nova célula maior. Essa é uma excelente maneira de
Sintaxe criar um rótulo que se estende por várias colunas. Por
MÍNIMO(número1, [número2], ...) exemplo, aqui, as células A1, B1 e C1 foram mescladas
A sintaxe da função MÍNIMO tem os seguintes argu- para criar o rótulo “Vendas Mensais” e descrever as infor-
mentos: mações nas linhas de 2 a 7.
Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números sub-
sequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor
MÍNIMO você deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes
ou referências que contenham números.

Os valores lógicos e representações em forma de tex-


to de números digitados diretamente na lista de argu-
mentos são contados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, ape-
nas os números daquela matriz ou referência poderão
ser usados. Células vazias, valores lógicos ou valores de
erro na matriz ou referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÍNIMO Selecione duas ou mais células adjacentes que você
retornará 0. deseja mesclar.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que IMPORTANTE : Verifique se os dados que você deseja
não podem ser traduzidos em números causam erros. agrupar na célula mesclada estão contidos na célula su-
Se você deseja incluir valores lógicos e representa- perior esquerda. Os dados nas outras células mescladas
ções de texto dos números em uma referência como par- serão excluídos. Para preservar os dados das outras cé-
te do cálculo, utilize a função MÍNIMOA. lulas, copie-os em outra parte da planilha antes de fazer
Exemplo a mesclagem.
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co- Clique em Início > Mesclar e Centralizar.
le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione
F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

larguras das colunas para ver todos os dados.

Dados
10
7 Se o botão Mesclar e Centralizar estiver esmaecido,
9 verifique se você não está editando uma célula e se as
células que você quer mesclar não estão dentro de uma
27
tabela.

85
DICA : Para mesclar células sem centralizar, clique na seta ao lado de Mesclar e Centralizar e clique em Mesclar
Através ou Mesclar Células.
Se você mudar de ideia, é possível dividir as células que foram mescladas.

Criar um gráfico no Excel 2016 para Windows


Use o comando Gráficos Recomendados na guia Inserir para criar rapidamente um gráfico ideal para seus dados.
Selecione os dados que você deseja incluir no seu gráfico.
Clique em Inserir > Gráficos Recomendados.

Na guia Gráficos Recomendados, percorra a lista de tipos de gráficos recomendados pelo Excel para seus dados.
Clique em qualquer tipo de gráfico para ver como os seus dados aparecem naquele formato.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DICA : Se não vir um tipo de gráfico que agrade você, clique na guia Todos os Gráficos para ver todos os tipos de
gráfico disponíveis.
Quando você encontrar o tipo de gráfico desejado, clique nele e clique emOK.
Use os botões Elementos do Gráfico, Estilos de Gráfico e Filtros de Gráficopróximos ao canto superior direito do
gráfico para adicionar elementos de gráfico como títulos de eixo ou rótulos de dados, para personalizar a aparência do
seu gráfico ou alterar os dados exibidos no gráfico.

86
DICAS :
Use as opções nas guias Design e Formatar para personalizar a aparência do gráfico.

Se você não vir essas guias, adicione as Ferramentas de gráfico à faixa de opções clicando em qualquer lugar no
gráfico.

Criar uma Tabela Dinâmica no Excel 2016 para analisar dados da planilha
A capacidade de analisar todos os dados da planilha pode ajudar você a tomar decisões de negócios melhores.
Porém, às vezes é difícil saber por onde começar, especialmente quando há muitos dados. O Excel pode ajudar, reco-
mendando e, em seguida, criando automaticamente Tabelas Dinâmicas que são um excelente recurso para resumir,
analisar, explorar e apresentar dados. Por exemplo, veja uma lista simples de despesas:

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

87
Aqui estão os mesmos dados resumidos em uma Tabela Dinâmica:

Criar uma Tabela Dinâmica Recomendada


Se você tiver experiência limitada com Tabelas Dinâmicas ou não souber como começar, uma Tabela Dinâmica Re-
comendada é uma boa opção. Quando você usa este recurso, o Excel determina um layout significativo, combinando
os dados com as áreas mais adequadas da Tabela Dinâmica. Isso oferece um ponto inicial para experimentos adicionais.
Depois que uma Tabela Dinâmica básica é criada, você pode explorar orientações diferentes e reorganizar os campos
para obter os resultados desejados.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Tabela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica Recomendada.

O Excel cria uma Tabela Dinâmica em uma nova planilha e exibe a Lista de Campos da Tabela Dinâmica.
Siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por pa-
drão, campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de
Adicionar um campo
data e hora são adicionadas à área Coluna e os campos numéricos são adicio-
nados à área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para ou-
Mover um campo
tra, por exemplo, de Colunas para Linhas.
Atualizar a Tabela Dinâmica Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.

Criar uma Tabela Dinâmica manualmente


Se você sabe como organizar seus dados, pode criar uma Tabela Dinâmica manualmente.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Tabela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na planilha, os seus dados devem estar envolvidos por uma linha tracejada. Se não estiverem, clique e arraste para
selecionar os dados. Quando você fizer isso, a caixa Tabela/Intervalo será preenchida automaticamente com o intervalo
de células selecionado.

88
Em Escolher onde deseja que o relatório de tabela dinâmica seja colocado, escolha Nova planilha para colocar a
Tabela Dinâmica em uma nova guia de planilha. Se preferir, clique em Planilha existente e clique na planilha para es-
pecificar o local.
Para analisar várias tabelas em uma Tabela Dinâmica, marque a caixaAdicionar estes dados ao Modelo de Dados.
Clique em OK.

Na Lista de Campos da Tabela Dinâmica, siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por padrão,
Adicionar um campo campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de data e hora
são adicionadas à área Colunae os campos numéricos são adicionados à área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para outra, por
Mover um campo
exemplo, de Colunas para Linhas.
Clique na seta ao lado do campo em Valores > Definições do Campo de Valor e, na
caixa Definições do Campo de Valor, altere o cálculo.

Alterar o cálculo usado


em um campo de valor

Atualizar a Tabela Dinâ-


Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.
mica

Proteger com senha uma pasta de trabalho


O Excel oferece várias maneiras de proteger uma pasta de trabalho. Você pode solicitar uma senha para abri-la, uma
senha para alterar dados e uma senha para alterar a estrutura do arquivo (adicionar, excluir ou ocultar planilhas). Você
pode também definir uma senha no modo de exibição Backstage para criptografar a pasta de trabalho.
Lembre-se, no entanto, de que esse tipo de proteção nem sempre criptografa os seus dados. Isso só é possível com
a senha criptografada criada no modo de exibição Backstage. Os usuários podem ainda usar ferramentas de terceiros
para ler dados não criptografados.
Vamos começar solicitando senhas para abrir um arquivo e alterar dados.
Clique em Arquivo > Salvar como.
Clique em um local, como Computador ou a página da Web Meu Site.
Clique em uma pasta, como Documentos ou uma das pastas no seu OneDrive, ou clique em Procurar.
Na caixa de diálogo Salvar como, vá até a pasta que você quer usar, abra a lista Ferramentas e clique em Opções
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Gerais.
Insira a sua senha e clique em OK. Insira a mesma senha para confirmar e clique novamente em OK.
OBSERVAÇÃO: Para remover uma senha, siga as etapas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha
em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de senha usado no Excel.

89
Você pode digitar uma das duas senhas aqui, uma para abrir o arquivo, outra para mudar o arquivo.

Consulte as anotações abaixo para mais informações.


Para proteger a estrutura da sua pasta de trabalho, faça isto:
Clique em Revisar > Proteger Pasta de Trabalho.
Clique em Estrutura.
Consulte as anotações abaixo para saber mais sobre essa opção e a opçãoWindows.
Digite uma senha na caixa Senha.
Clique em OK e redigite a senha para confirmá-la.
OBSERVAÇÕES :
Se você digitar a mesma senha para abrir e alterar a pasta de trabalho, os usuários somente precisarão digitar a
senha uma vez.
Se você solicitar somente uma senha para alterar a pasta de trabalho, os usuários podem abrir uma cópia somente
leitura do arquivo, salvá-la com outro nome e alterar seus dados.
Selecionar a opção Estrutura previne outros usuários de visualizar planilhas ocultas, adicionar, mover, excluir ou
ocultar planilhas e renomear planilhas.
Você pode ignorar a opção Windows. Ela está desabilitada nessa versão do Excel.
Sempre é possível saber quando a estrutura da pasta de trabalho está protegida. O botão Proteger Pasta de Traba-
lho acende.

Criptografar a pasta de trabalho com uma senha


No modo de exibição Backstage, você pode definir uma senha para a pasta de trabalho que fornece criptografia.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Pasta de Trabalho >Criptografar com Senha.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e clique em OK.


Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e clique em OK.

OBSERVAÇÃO : Para remover uma senha, siga as etapas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha
em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de senha usado no Excel.
Por que minha senha desaparece quando salvo no formato do Excel 97-2003?
Você deseja enviar a sua pasta de trabalho protegida por senha para outras pessoas, mas eles ainda estão usando
o Excel 2003, que salva no formato de arquivo Excel 97-2003 (*.xls). Você escolhe “Salvar como” usando o formato 97-
2003, mas então você descobre que a senha definida na pasta de trabalho desapareceu.

90
Isso acontece porque a sua versão do Excel usa um Adicionar ou alterar a cor do plano de fundo das
novo esquema para salvar senhas, e o formato de arqui- células
vo anterior não o reconhece. Como resultado, a senha é É possível realçar dados em células utilizando Cor de
descartada ao salvar seu arquivo para o formato do Excel preenchimento para adicionar ou alterar a cor do plano
97-2003. Defina a senha no arquivo *.xls para proteger a de fundo ou padrão das células. Veja como:
pasta de trabalho novamente. Selecione as células que deseja realçar.
DICAS : Para utilizar uma cor de fundo diferente para
Proteger uma planilha com ou sem uma senha no a planilha inteira, clique no botão Selecionar Tudo. Isso
Excel 2016 irá ocultar as linhas de grade, mas é possível melhorar
Para ajudar a proteger seus dados de alterações não a legibilidade da planilha exibindo bordas ao redor de
intencionais ou intencionais, proteja sua planilha, com ou todas as células.
sem senha. Ela impede que outras pessoas removam a
proteção da planilha: a senha deve ser inserida para des-
proteger a planilha.
Por padrão, quando você protege uma planilha, o
excel bloqueia todas as células nessa planilha. Antes de
proteger a planilha, desbloqueie quaisquer células que
desejar alterar antes de seguir essas etapas.
Clique na guia Revisão e clique em Proteger Planilha.
Verifique se a caixa de seleção Proteger a planilha e o Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de
conteúdo de células bloqueadas está marcada. Preenchimento .
Para usar uma senha, digite-a na caixa Senha para
desproteger a planilha.
Outros usuários podem remover a proteção se você
não usar uma senha.
IMPORTANTE : Anote sua senha e armazene-a em lo-
cal seguro. Nós sinceramente não podemos ajudar você
a recuperar senhas perdidas.
Se você digitou uma senha na etapa 3, redigite-a para
confirmá-la.

Em Cores do Tema ou Cores Padrão, selecione a cor


desejada.

Marque ou desmarque as caixas de seleção em Per-


mitir que todos os usuários desta planilha possam e cli-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

que em OK.

OBSERVAÇÕES :
Para remover a proteção da planilha, clique em Revi-
são, clique emDesproteger Planilha e digite a senha, se
necessário.
Se uma macro não pode executar na planilha prote- Para utilizar uma cor personalizada, clique em Mais
gida, você verá uma mensagem e a macro será interrom- Cores, e em seguida, na caixa de diálogo Cores, selecione
pida a cor desejada.

91
DICA : Para aplicar a cor selecionada mais recente-
mente, clique em Cor de Preenchimento . Você tam-
bém encontrará até 10 cores personalizadas seleciona-
das mais recentemente em Cores recentes.
Aplicar um padrão ou efeitos de preenchimento.
Quando você deseja algo mais do que apenas um
preenchimento de cor sólida, experimente aplicar um
padrão ou efeitos de preenchimento.
Selecione a célula ou intervalo de células que deseja Imprimir cores de célula, padrões ou efeitos de preen-
formatar. chimento em cores
Clique em Página Inicial > iniciador da caixa de diálo- Se as opções de impressão estiverem definidas
go Formatar Células ou pressione Ctrl + Shift + F. como Preto e branco ouQualidade de rascunho — seja
propositalmente ou porque a pasta de trabalho contém
planilhas e gráficos grandes ou complexos que resulta-
ram na ativação automática do modo de rascunho —
não será possível imprimir as células em cores. Veja aqui
como resolver isso:
Clique em Layout da Página > iniciador da caixa de
diálogo Configurar Página.

Na guia Preenchimento, em Cor de Fundo, selecione


a cor desejada.

Na guia Folha, em Imprimir, desmarque as caixas de


seleção Preto e branco e Qualidade de rascunho.
OBSERVAÇÃO : Se você não visualizar cores em sua
planilha, talvez esteja trabalho no modo de alto contras-
te. Se não visualizar cores ao visualizar antes de imprimir,
talvez nenhuma impressora colorida esteja selecionada.

Principais atalhos
CTRL+Menos (-) — Exibe a caixa de diálogo Excluir
para excluir as células selecionadas.
CTRL+; — Insere a data atual.
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da cé-
lula e a exibição de fórmulas na planilha.
CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está aci-
ma da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
Para utilizar um padrão com duas cores, selecione CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células.
uma cor na caixa Cor do Padrão e, em seguida, selecione CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito.
um padrão na caixa Estilo do Padrão. CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico.
Para utilizar um padrão com efeitos especiais, clique CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado.
em Efeitos de Preenchimento, e, em seguida, selecione as CTRL+5 — Aplica ou remove tachado.
opções desejadas. CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir obje-
tos e exibir espaços reservados para objetos.
DICA : Na caixa Amostra, é possível visualizar o plano CTRL+8 — Exibe ou oculta os símbolos de estrutura
de fundo, o padrão e os efeitos de preenchimento sele- de tópicos.
cionados. CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas.
CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Remover cores de célula, padrões, ou efeitos de CTRL+A — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha
preenchimento contiver dados, este comando seleciona a região atual.
Para remover quaisquer cores de fundo, padrões ou Pressionar CTRL+A novamente seleciona a região atual
efeitos de preenchimento das células, basta selecioná- e suas linhas de resumo. Pressionar CTRL+A novamente
-las. Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de seleciona a planilha inteira.
Preenchimento, e então selecione Sem Preenchimento. CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses
do argumento quando o ponto de inserção está à direita
de um nome de função em uma fórmula.
CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito.

92
CTRL+C — Copia as células selecionadas.
CTRL+C (seguido por outro CTRL+C) — exibe a Área de Transferência.
CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para copiar o conteúdo e o formato da célula mais acima de um in-
tervalo selecionado nas células abaixo.
CTRL+F — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir com a guia Localizar selecionada.
SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto SHIFT+F4 repete a última ação de Localizar.
CTRL+SHIFT+F — Abre a caixa de diálogo Formatar Células com a guia Fonte selecionada.
CTRL+G — Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 também exibe essa caixa de diálogo.)
CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir com a guia Substituir selecionada.
CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico.
CTRL+K — Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink para novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink para
os hiperlinks existentes que estão selecionados.
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou localizar um arquivo.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que contêm comentários.
CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.
CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar Células com a guia Fonte selecionada.
CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para copiar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda de
um intervalo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de arquivo, local e formato atual.
CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redução da barra de fórmulas.
CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Disponí-
vel somente depois de ter recortado ou copiado um objeto, texto ou conteúdo de célula.
CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial, disponível somente depois que você recortar ou copiar um
objeto, textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou em outro programa.
CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho selecionada.
CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se possível.
CTRL+Z — Usa o comando Desfazer para reverter o último comando ou excluir a última entrada digitada.
CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer para reverter ou restaurar a correção automática quando
Marcas Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células selecionadas.
CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células selecionadas.
CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem casas decimais.
CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Exponencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês e ano.
CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora e os minutos, AM ou PM.
CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-) para
valores negativos.
CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e colunas
vazias).
CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inserir para inserir células em branco.

Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

diferente.

93
Cálculo Fórmula Explicação Exemplo
=SOMA(A1;A2).
Para aplicar a fórmula de soma
Dica: Sempre separe a indica-
você precisa, apenas, selecionar
ção das células com ponto e
as células que estarão envolvidas
Adição =SOMA(célulaX;célula Y) vírgula (;). Dessa forma, mes-
na adição, incluindo a sequência
mo as que estiverem em loca-
no campo superior do programa
lizações distantes serão consi-
junto com o símbolo de igual (=)
deradas na adição
Segue a mesma lógica da adição,
mas dessa vez você usa o sinal
correspondente a conta que será
Subtração =(célulaX-célulaY) =(A1-A2)
feita (-) no lugar do ponto e vír-
gula (;), e retira a palavra “soma”
da função
Use o asterisco (*) para indicar o
Multiplicação = (célulaX*célulaY) = (A1*A2)
símbolo de multiplicação
A divisão se dá com a barra de
Divisão =(célulaX/célulaY) divisão (/) entre as células e sem =(A1/A2)
palavra antes da função

Fórmulas bastante requisitadas


Outros algoritmos que são bastante importantes nas planilhas são aqueles que mostram valores de média, máxima
e mínimo. Mas para usar essas funções, você precisa estabelecer um grupo de células.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Você deve usar a palavra “media” antes
das células indicadas, que são sempre
Média =MEDIA(célula X:célulaY) separadas por dois pontos (:) e repre- =MEDIA(A1:A10)
sentam o grupo total que você precisa
calcular
Segue a mesma lógica, mas usa a pala-
Máxima =MAX(célula X:célulaY) =MAX(A1:A10)
vra “max”
Mínima =MIN(célula X:célulaY) Dessa vez, use a expressão “min” =MIN(A1:A10)

Função Se
Essa função trata das condições de valores solicitados. Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que precisa
saber se os produtos ainda estão no estoque ou precisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Veja
por que:

Cálculo Fórmula Exemplo


Função Se =se(célulaX<=0 ; “O que =se(B1<=0 ; “a ser enviado” ; “no estoque”)
precisa saber 1” ; “o que Essa linguagem diz ao Excel que se o conteúdo da célula B1 é
precisa saber 2”) menor ou igual a zero ele deve exibir a mensagem “a ser enviado”
na célula que contem a fórmula. Caso o conteúdo seja maior que
zero, a mensagem que aparecerá é “no estoque”

*Fonte:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-sua-
-vida-no-excel#ixzz48neY9XBW

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – FADESP – 2018) Considerando-se o modo de exibição do Microsoft Office
Word 2016 e o modo de exibição de apresentação do Microsoft Office PowerPoint 2016, nas suas verões para área de
trabalho, é correto afirmar que:

94
a) o modo de exibição normal no PowerPoint é utiliza- 3. (TJ-SP – ESCREVENTE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – IN-
do para apresentar os slides em tela cheia, não sendo TERIOR – VUNESP – 2018) Considere o seguinte botão,
possível realizar edições. presente na guia Página Inicial do MS-Word 2016 (versão
b) tanto o Word quanto o PowerPoint possuem o modo em português e em sua configuração padrão).
de exibição layout web, que permite visualizar como o Por meio dele, pode-se adicionar espaçamento
documento ou slide será apresentado em um navega-
dor de Internet. a) antes e depois de parágrafo, apenas.
c) tanto o Word quanto o PowerPoint possuem os modos b) entre linhas de parágrafo, bem como antes e depois
de exibição de leitura e estrutura de tópicos. de parágrafo.
d) não é possível ampliar ou reduzir o zoom de um docu- c) antes de parágrafo, apenas.
mento no Word, quando o modo de exibição de leitu- d) depois de parágrafo, apenas.
ra está habilitado. e) entre linhas de parágrafo, apenas.
e) o modo de exibição classificação de slides no Power-
Point permite reorganizar a ordem e inserir anotações Resposta; Letra B. O nome deste botão do MS-Word
nos slides. 2016 é “Espaçamento de Linha e Parágrafo”, localizado
na Guia Página Inicial, Grupo Parágrafo. Realiza os es-
Resposta; Letra C. Em “a”: Errado – O modo de exibi- paçamentos entre as linhas de parágrafo, assim como
ção normal do PowerPoint não é utilizado para apre- antes e depois de parágrafos.
sentar os slides;
Em “b”: Errado – O PowerPoint não tem o modo de 4. (TJ-SP – ESCREVENTE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – IN-
exibição layout web; TERIOR – VUNESP – 2018) Uma caixa de texto foi in-
Em “c”: Certo – Tanto o Word quanto o PowerPoint serida em um documento que estava sendo editado no
possuem os modos de exibição de leitura e estrutura MS-Word 2016 (versão em português e em sua confi-
de tópicos. guração padrão), por meio da guia Inserir, grupo Texto,
Em “d”: Errado – É possível ampliar ou reduzir o zoom botão Caixa de Texto. Caso se deseje alterar a cor da linha
de um documento no Word, quando o modo de exibi- dessa caixa de texto, basta ajustar esse parâmetro após
ção de leitura está habilitado; se:
Em “e”: Errado – O modo de exibição classificação de
slides no PowerPoint não permite inserir anotações a) selecionar a caixa de texto e pressionar a tecla de ata-
nos slides. lho Ctrl+T, que esse parâmetro será apresentado em
um quadro.
2. (TJ-SP – ESCREVENTE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – IN- b) dar um duplo click com o botão esquerdo do mou-
TERIOR – VUNESP – 2018) Em um documento em edi- se, em sua configuração padrão, sobre a borda dessa
ção no MS-Word 2016 (versão em português e em sua caixa, que esse parâmetro será apresentado em um
configuração padrão), tem-se um parágrafo conforme quadro.
apresentado a seguir: mercado de Peixe. Com esse pará- c) dar um click com o botão direito do mouse, em sua
grafo inteiramente selecionado, acionou-se uma das configuração padrão, dentro dessa caixa de texto e
opções disponibilizadas por meio do botão, presente no selecionar a opção “Formatar Borda...”.
grupo Fonte da guia Página Inicial do aplicativo, e o re- d) dar um click com o botão direito do mouse, em sua
sultado foi o seguinte: Mercado De Peixe. configuração padrão, sobre a borda dessa caixa de
Assinale a alternativa que apresenta a opção acionada a texto e selecionar a opção “Formatar Forma...”.
partir desse botão. e) dar um duplo click com o botão esquerdo do mouse,
em sua configuração padrão, dentro dessa caixa, que
a) minúscula. esse parâmetro será apresentado em um quadro.
b) aLTERNAR mAIÚSC./mINÚSC.
c) Colocar Cada Palavra em Maiúscula. Resposta; Letra D. Em “a”: Errado – Pois o atalho CTR-
d) Primeira letra da frase em maiúscula. L+T serve para selecionar todo o texto;
e) MAIÚSCULAS. Em “b”: Errado – Pois o duplo click não tem efeito al-
gum sobre a borda da caixa de texto;
Resposta; Letra C. Todas as opções descritas como Em “c”: Errado – Pois não existe a opção “Formatar
alternativas aparecem ao acessar o ícone descrito na Borda...” ao clicar com o botão direito do mouse;
questão, porém: Em “e”: Errado – Pois o duplo click dentro da caixa de
• Se fosse utilizado a opção apresentada em “a”, se texto selecionará a palavra onde o cursor for posicio-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

teria como resultado: mercado de peixe. nado.


• Se fosse utilizado a opção apresentada em “b”, iria
alterar as letras minúsculas para maiúsculas e vice-ver-
sa, porém a questão não diz qual é o estado inicial do
texto.
• Se fosse utilizado a opção apresentada em “d”, se
teria como resultado: Mercado de peixe.
• Se fosse utilizado a opção apresentada em “e”, teria
se como resultado: MERCADO DE PEIXE.

95
5. (TJ-SP – ESCREVENTE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – IN- 6. (TJ-SP – ESCREVENTE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – IN-
TERIOR – VUNESP – 2018) Considere a seguinte tabela, TERIOR – VUNESP – 2018) Analise a seguinte janela,
editada no MS-Excel 2016 (versão em português e em gerada quando um usuário estava imprimindo a sua pla-
sua configuração padrão). nilha no MS-Excel 2016 (versão em português e em sua
configuração padrão).

Suponha, ainda, que a fórmula a seguir tenha sido digi-


tada na célula D6.
=SE(MENOR(A1:C4;5)<>MAIOR(A1:C4;6);MENOR(A2:B3;
2);MAIOR(A1:B4;3))
O resultado produzido em D6 é:

a) 12 Ao se apertar o botão Imprimir... dessa janela, em todas


b) 3 as páginas impressas da planilha, será(ão) repetida(s), na
c) 2 parte superior da folha:
d) 1
e) 11 a) as linhas 1 e 3, apenas.
b) a linha 2, apenas.
Resposta; Letra C. A leitura da Função SE é: Se o quin- c) a linha 1, apenas.
to menor valor do intervalo de A1 até C4 for diferente d) a linha 3, apenas.
do sexto maior valor do intervalo de A1 até C4 então e) as linhas de 1 a 3.
deverá mostrar como resultado o segundo menor va-
lor do intervalo de A2 até B3, caso contrário deverá Resposta; Letra E. O símbolo de “dois pontos” signifi-
mostrar como resultado o terceiro maior valor do in- ca junção de intervalo e “ponto e vírgula” significa se-
tervalo de A1 até B4. paração de intervalo, logo temos que vai se repetir “as
Para compreender melhor, vamos analisar individual- linhas de 1 a 3”. A única ressalva desta questão é que
mente: na imagem aparece erroneamente o símbolo “S1:S3”
• MENOR(A1:C4;5) - 5º menor valor, no intervalo de A1 invés de “$1:$3” conforme a imagem a seguir.
até C4. Resultado 4.
• MAIOR(A1:C4;6) - 6º maior valor, no intervalo de A1
até C4. Resultado 5.
• MENOR(A2:B3;2) - 2º menor valor, no intervalo de A2
até B3. Resultado 2.
• MAIOR(A1:B4;3) - 3º maior valor, no intervalo de A1
até B4. Resultado 5.
Portanto:
=SE(teste_lógico;valor_se_verdadeiro;valor_se_falso)
=SE (4<>5;2;5)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

96
7. (TJ-SP – ESCREVENTE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INTERIOR – VUNESP – 2018) Um usuário do MS-Excel 2016 (ver-
são em português e em sua configuração padrão) possui uma planilha com o seguinte conteúdo:

Em um dado momento, esse usuário selecionou as células do intervalo A1 até C3, conforme apresentado a seguir:

Caso, a partir do botão (disponível a partir da guia Página Inicial do aplicativo), seja selecionada a opção Soma, o resul-
tado produzido nas células A3, B3, C1, C2 e C3 será: Dado: O símbolo “–” representa “célula não alterada”.

a) A3: 4; B3: 6; C1: 3; C2: 7; C3: 10


b) A3: –; B3: –; C1: 3; C2: –; C3: –
c) A3: –; B3: –; C1: 3; C2: 7; C3: –
d) A3: 4; B3: –; C1: –; C2: –; C3: –
e) A3: 4; B3: 6; C1: –; C2: –; C3: –

Resposta; Letra A. A opção Soma localizado na Guia Página Inicial, grupo Edição apresenta o uso de diversas fun-
ções do MS Excel, dentre elas, e por padrão a função SOMA, que para o intervalo selecionado produzirá os seguintes
resultados:
• A3 =SOMA(A1:A2), que resulta em 4.
• B3 =SOMA(B1:B2), que resulta em 6.
• C1 =SOMA(A1:B1), que resulta em 3.
• C2 =SOMA(A2:B2), que resulta em 7.
• C3 =SOMA(A3:A3), que resulta em 10.

PowerPoint 2010, 2013 e detalhes gerais

Na tela inicial do PowerPoint, são listadas as últimas apresentações editadas (à esquerda), opção para criar nova
apresentação em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novas apresentações (ao centro).
Ao selecionar a opção de Apresentação em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura abaixo, e descritos nos tópicos a seguir.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

97
Figura 52: Tela Principal do PowerPoint 2013

Barra de Títulos: A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da apresentação na janela. Ao
iniciar o programa aparece Apresentação 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.
Faixa de Opções: Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de
Opções. Os comandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo
de atividade e, para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 53: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido: A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da
tela e pode ser configurada com os botões de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.
Adicionando e Removendo Componentes: Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas
de acesso rápido podemos clicar com o botão direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será
exibida uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 54: Adicionando itens à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. É aberto o
menu Personalizar Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, que apresenta várias opções para personalizar a barra, além
da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do PowerPoint.
Para remoção do componente, no mesmo menu selecione-o. Se preferir, clique com o botão direito do mouse sobre
o ícone que deseja remover e escolha Remover da Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

98
Barra de Status: Localizada na parte inferior da tela, a barra de status permite incluir anotações e comentários na
sua apresentação, mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom
e os botões de ‘Modos de Exibição’.

Figura 55: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.
Durante uma apresentação, os slides do PowerPoint vão sendo projetados no monitor do computador, lembrando
os antigos slides fotográficos.
O apresentador pode inserir anotações, observações importantes, que deverão ser abordadas durante a apresenta-
ção. Estas anotações serão visualizadas somente pelo apresentador quando, durante a apresentação, for selecionado
o Modo de Exibição do Apresentador (basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar esta opção durante a
apresentação).

Modelos e Temas Online: Algumas vezes parece impossível iniciar uma apresentação. Você nem mesmo sabe
como começar. Nestas situações pode-se usar os modelos prontos, que fornecem sugestões para que você possa
iniciar a criação de sua apresentação. A versão PowerPoint 2013 traz vários modelos disponíveis online divididos por
temas (é necessário estar conectado à internet).

Figura 56: Modelos e temas online

Para utilizar um modelo pronto, selecione um tema. Em nosso exemplo, vamos selecionar ‘Negócios’. Aparecerão
vários modelos prontos que podem ser utilizados para a criação de sua apresentação, conforme mostra a figura abaixo.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 57: Apresentações Modelo ‘Negócios’

Procure conhecer os modelos, clicando sobre eles. Utilize as barras de rolagem para rolar a tela, visualizar as possi-
bilidades, e possivelmente escolher um modelo, dentre as inúmeras possibilidades fornecidas, para criar apresentações
profissionais com muita agilidade.

99
Ao escolher um modelo, clique no botão ‘Criar’ e aguarde o download do arquivo. Será criado um novo arquivo em
seu computador, que você poderá salvar onde quiser. A partir daí, basta customizar os dados e utilizá-lo como SUA
APRESENTAÇÃO.
Tanto o layout como o padrão de formatação de fontes, poderão ser alterados em qualquer momento, para atender
às suas necessidades.

Apresentação de Slides:

Antes de começarmos a trabalhar em um novo slide, ou nova apresentação, vamos entender um pouco melhor
como funciona uma apresentação. Escolha um modelo pronto qualquer, faça o download, e inicie a apresentação,
assim:
Na barra ‘Modos de exibição de slides’, localizada na barra de status, clique no botão ‘Modo de Apresentação de
Slides’.
Dê cliques com o mouse para seguir ao próximo slide. Ao clicar na apresentação, são exibidos botões de navegação,
que permitem que você siga para o próximo slide ou volte ao anterior, conforme mostrado abaixo. Além dos botões de
navegação você também conta com outras ferramentas durante sua apresentação.

Figura 58: Botões de Navegação e Outras Ferramentas

Exibição de Slides: Vamos agora começar a personalizar nossa apresentação, tendo como base o modelo criado. Se
ainda estiver com uma apresentação aberta, termine a apresentação, retornando à estrutura. Clique, na faixa de opções,
no menu ‘EXIBIÇÃO’.

Alternando entre os Modos de Exibição


Modo Normal: No modo de exibição ‘Normal’, você trabalha em um slide de cada vez e pode organizar a estrutura
de todos os slides da apresentação.

Figura 59: Modo de Exibição ‘Normal’.

#FicaDica
Para mover de um slide para outro clique sobre o slide (do lado esquerdo) que deseja visualizar na tela,
ou utilize as teclas ‘PageUp’ e ‘PageDown’.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: Este modo de visualização é interessante principalmente durante a
construção do texto da apresentação. Você pode ir digitando o texto do lado esquerdo e o PowerPoint monta os slides
pra você.
Classificação de Slides: Este modo permite ver seus slides em miniatura, para auxiliar na organização e estrutura-
ção de sua apresentação. No modo de classificação de slides, você pode reordenar slides, adicionar transições e efeitos
de animação e definir intervalos de tempo para apresentações eletrônicas de slides.

100
Figura 60: Classificação de Slides

Para alterar a sequência de exibição de slides, clique no slide e arraste até a posição desejada. Você também pode
ocultar um slide dando um clique com o botão direito do mouse sobre ele e selecionando ‘Ocultar Slide’.

Alterando o Design:
O design de um slide é a apresentação visual do mesmo, ou seja, as cores nele utilizadas, tipos de fontes, etc. O
PowerPoint disponibiliza vários temas prontos para aplicar ao design de sua apresentação.
Para inserir um Tema de design pronto nos slides acesse a guia ‘Design’ na Faixa de Opções. Clique na seta lateral
para visualizar todos os temas existentes.
Clique no tema desejado, para aplicar ao slide selecionado. O tema será aplicado em todos os slides.
Variantes -> Cores e Variantes -> Fontes: ainda na guia ‘Design’ podemos aplicar variações dos temas, alterando
cores e fontes, criando novos temas de cores. Clique na seta da caixa ‘Variantes’ para abrir as opções. Passe o mouse
sobre cada tema para visualizar o efeito na apresentação. Após encontrar a variação desejada, dê um clique com o
mouse para aplicá-la à apresentação.

Figura 61: Variantes de Temas de Design

Variantes -> Efeitos: os efeitos de tema especificam como os efeitos são aplicados a gráficos SmartArt, formas e
imagens. Clique na seta do botão ‘Efeitos’ para acessar a galeria de Efeitos. Aplicando o efeito alteramos rapidamente
a aparência dos objetos.

Layout de Texto:
O primeiro slide criado em nossa apresentação é um ‘Slide de título’. Nele não deve ser inserido o conteúdo da
palestra ou reunião, mas apenas o título e um subtítulo pois trata-se do slide inicial.
Clique no quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adicionar um título’, e escreva o título de sua apresentação.
A apresentação que criaremos será sobre ‘Grupo Nova”.
No quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adicionar um subtítulo’ coloque seu nome ou o nome da empresa
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

em que trabalha, ou mesmo um subtítulo ligado ao tema da apresentação.


Formate o texto da forma como desejar, selecionando o tipo da fonte, tamanho, alinhamento, etc., clicando sobre a
‘Caixa de Texto’ para fazer as formatações.
Clique no botão novo slide da guia ‘PÁGINA INICIAL’. Será criado um novo slide com layout diferente do anterior.
Isso acontece porque o programa entende que o próximo slide não é mais de título, e sim de conteúdo, e assim suces-
sivamente para a criação da sua apresentação.

101
Layouts de Conteúdo:
Utilizando os layouts de conteúdo é possível inserir figura ou cliparts, tabelas, gráficos, diagramas ou clipe de mídia
(que podem ser animações, imagens, sons, etc.).
A utilização destes recursos é muito simples, bastando clicar, no próprio slide, sobre o recurso que deseja utilizar.
Salve a apresentação atual como ‘Ensino a Distância’ e, sem fechá-la, abra uma nova apresentação. Vamos ver a
utilização dos recursos de Conteúdo.
Na guia ‘Início’ da Faixa de Opções, clique na seta lateral da caixa Layout. Será exibida uma janela com várias opções.
Selecione o layout ‘Título e conteúdo’.
Aparecerá a caixa de conteúdo no slide como mostrado na figura a seguir. A caixa de conteúdos ao centro do slide
possui diversas opções de tipo de conteúdo que se pode utilizar.
As demais ferramentas da ‘Caixa de Conteúdo’ são:
• Escolher Elemento Gráfico SmartArt
• Inserir Imagem
• Inserir Imagens Online
• Inserir Vídeo

Explore as opções, utilize os recursos oferecidos para enriquecer seus conhecimentos e, em consequência, criar
apresentações muito mais interessantes. O funcionamento de cada item é semelhante aos já abordados.
Agora é com você!
Exercite: crie diversos slides de conteúdo, procurando utilizar todas as opções oferecidas para cada tipo de conteú-
do. Desta forma, você estará aprendendo ainda mais utilizar os recursos do PowerPoint e do Office.
Animação dos Slides: A animação dos slides é um dos últimos passos da criação de uma apresentação. Essa é
uma etapa importante, pois, apesar dos inúmeros recursos oferecidos pelo programa, não é aconselhável exagerar na
utilização dos mesmos, pois além de tornar a apresentação cansativa, tira a atenção das pessoas que estão assistindo,
ao invés de dar foco ao conteúdo da apresentação, passam a dar foco para as animações.
Transições: A transição dos slides nada mais é que a mudança entre um slide e outro. Você pode escolher entre
diversas transições prontas, através da faixa de opções ‘TRANSIÇÕES’. Selecione o primeiro slide da nossa apresentação
e clique nesta opção.
Escolha uma das transições prontas e veja o que acontece. Explore os diversos tipos de transições, apenas clicando
sobre elas e assistindo os efeitos que elas produzem. Isso pode ser bastante divertido, mas dependendo do intuito da
apresentação, o exagero pode tornar sua apresentação pouco profissional.
Ainda em ‘TRANSIÇÕES’ escolha como será feito o avanço do slide, se após um tempo pré-definido ou ‘Ao Clicar
com o Mouse’, dentro da faixa ‘INTERVALO’. Você também pode aplicar som durante a transição.

Animações: As animações podem ser definidas para cada caixa de texto dos slides. Ou seja, durante sua apresen-
tação você pode optar em ir abrindo o texto conforme trabalha os assuntos.
Neste exemplo, selecionaremos o Slide 3 de nossa apresentação para enriquecer as explicações. Clique um uma das
caixas de texto do slide, e na opção ‘ANIMAÇÕES’ abra o ‘PAINEL DE ANIMAÇÃO’.

Figura 62: Animações

Escolheremos a opção ‘Flutuar para Dentro’, mas você pode explorar as diversas opções e escolher a que mais te
agradar. Clique na opção escolhida. No Painel de Animação, abra todas as animações clicando na seta para baixo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 63: Abrindo a lista do Painel de Animações

Cada parágrafo de texto pode ser configurado, bastando que você clique no parágrafo desejado e faça a opção
de animação desejada. O parágrafo pode aparecer somente quando você clicar com o mouse, ou juntamente com o
anterior. Pode mantê-lo aberto na tela enquanto outros estão fechados, etc.

102
Em nosso exemplo, vamos animar da seguinte forma:
os textos da caixa de texto do lado esquerdo vão apare-
cer juntos após clicar. Os textos da caixa do lado direito EXERCÍCIOS COMENTADOS
permanecem fechados. Ao clicar novamente, os dois pa-
rágrafos aparecerão ao mesmo tempo na tela. 1. (ESCRIVÃO – DE POLÍCIA – CESPE 2013) Título, as-
Passo a passo: sunto, palavras-chave e comentários de um documen-
Com a caixa de texto do lado esquerdo selecionada, to são metadados típicos presentes em um documento
clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo, mostrado no produzido por processadores de texto como o BrOffice e
Painel de Animações; o Microsoft Office.
selecione o 2º parágrafo e selecione ‘Iniciar com an-
terior’; ( ) CERTO ( ) ERRADO
selecione a caixa de texto do lado direito e aplique
uma animação; Resposta: Certo. Quando um determinado documen-
no Painel de Animações clique em ‘Iniciar ao clicar’ no to de texto produzido tanto pelo BrOffice quanto pelo
1º parágrafo da caixa de texto Microsoft Office ele fica armazenado em forma de
selecione o 2º parágrafo da caixa de texto e selecione arquivo em uma memória especificada no momento
‘Iniciar com anterior’. da gravação deste. Ao clicar como botão direito do
mouse no arquivo de texto armazenado e clicar em
Impress propriedades é possível por meio da guia Detalhes
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu perceber os metadados “Título, assunto, palavras-cha-
formato de arquivo padrão é o .odp (Open Document ve e comentários”.
Presentations).
- O usuário pode iniciar uma apresentação no Im- 2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere que
press de duas formas: um usuário disponha de um computador apenas com Li-
• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Sli- nux e BrOffice instalados. Nessa situação, para que esse
des -> Iniciar do primeiro slide. computador realize a leitura de um arquivo em formato
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de planilha do Microsoft Office Excel, armazenado em
de Slides -> Iniciar do slide atual. um pendrive formatado com a opção NTFS, será neces-
sária a conversão batch do arquivo, antes de sua leitura
- Menu do Impress: com o aplicativo instalado, dispensando-se a montagem
• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao do sistema de arquivos presente no pendrive.
documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar
como PDF; ( ) CERTO ( ) ERRADO
• Editar - contém comandos para editar o conteúdo
documento como, por exemplo, Desfazer, Locali- Resposta: Errado. Um pendrive formatado com o sis-
zar e Substituir, Cortar, Copiar e Colar; tema de arquivos NTFS será lido normalmente pelo
• Exibir - contém comandos para controlar a exibi- Linux, sem necessidade de conversão de qualquer na-
ção de um documento tais como Zoom, Apresen- tureza. E o fato do suposto arquivo estar em formato
tação de Slides, Estrutura de tópicos e Navegador; Excel (xls ou xlsx) é indiferente também, já que o BrOf-
• Inserir - contém comandos para inserção de novos fice é capaz de abrir ambos os formatos.
slides e elementos no documento como figuras,
tabelas e hiperlinks; 3. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) O BrOffice 3,
• Formatar - contém comandos para formatar o la- que reúne, entre outros softwares livres de escritório, o
yout e o conteúdo dos slides, tais como Modelos editor de texto Writer, a planilha eletrônica Calc e o edi-
de slides, Layout de slide, Estilos e Formatação, Pa- tor de apresentação Impress, é compatível com as pla-
rágrafo e Caractere; taformas computacionais Microsoft Windows, Linux e
• Ferramentas - contém ferramentas como Orto- MacOS-X
grafia, Compactar apresentação e Player de mídia;
• Apresentação de Slides - contém comandos para ( ) CERTO ( ) ERRADO
controlar a apresentação de slides e adicionar efei-
tos em objetos e na transição de slides. Resposta: Certo. O BrOffice 3 faz parte de um conjun-
to de aplicativos para escritório livre multiplataforma
chamado OpenOffice.org.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Distribuída para Microsoft Windows, Unix, Solaris, Li-


nux e Mac OS X, mantida pela Apache Software Fou-
ndation.

103
4. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, a partir
de opção disponível no menu Inserir, é possível inserir
em um documento uma imagem localizada no próprio
computador ou em outros computadores a que o usuá-
rio esteja conectado, seja em rede local, seja na Web.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. A opção Inserir, Ilustrações, Imagem


possibilita a inserção de imagens no documento, se-
jam elas armazenadas no computador, na rede ou na
Internet (no 2013 é possível na opção Imagens on-li-
ne, no 2010 não).

5. (AGENTE – CESPE – 2014) Para criar um documento


no Word 2013 e enviá-lo para outras pessoas, o usuário
deve clicar o menu Inserir e, na lista disponibilizada, sele-
cionar a opção Iniciar Mala Direta.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. A mala direta é usada para criar


correspondências em massa que podem ser persona-
lizadas para cada destinatário. É possível adicionar ele- Considerando a figura acima, que ilustra uma janela do
mentos individuais a qualquer parte de uma etiqueta, Word 2000 contendo parte de um texto extraído e adap-
carta, envelope, ou e-mail, desde a saudação até o tado do sítio http://www.funai.gov.br, julgue os itens
conteúdo do documento, inclusive imagens. O Word subsequentes.
preenche automaticamente os campos com as infor-
mações do destinatário e gera todos os documentos 7. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Conside-
individuais. Contudo, não envia um arquivo a outros re o seguinte procedimento: selecionar o trecho “Funai,
usuários como diz a questão. (...) Federal”; clicar a opção
Estilo no menu ; na janela decorrente dessa ação,
6. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, ao se se- marcar o campo todas em maiúsculas; clicar OK. Esse
lecionar uma palavra, clicar sobre ela com o botão direito procedimento fará que todas as letras do referido trecho
do mouse e, na lista disponibilizada, selecionar a opção fiquem com a fonte maiúscula.
definir, será mostrado, desde que estejam satisfeitas to-
das as configurações exigidas, um dicionário contendo ( ) CERTO ( ) ERRADO
significados da palavra selecionada.
Resposta: Errado. O procedimento correto é: selecio-
( ) CERTO ( ) ERRADO nar o trecho “Funai, (...) Federal”; clicar a opção FONTE
no menu FORMATAR na janela decorrente dessa ação,
Resposta: Certo. A inclusão do dicionário no botão marcar o campo Todas em maiúsculas; clicar OK.
direito na versão Word 2013 é novidade, mas já é an-
tiga no Word pelo comando Shift + F7(dicionário de 8. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) As infor-
sinônimos). mações contidas na figura mostrada permitem concluir
que o documento em edição contém duas páginas e,
caso se disponha de uma impressora devidamente ins-
talada e se deseje imprimir apenas a primeira página do
documento, é suficiente realizar as seguintes ações: clicar
a opção Imprimir no menu ; na janela aberta em
decorrência dessa ação, assinalar, no campo apropriado,
que se deseja imprimir a página atual; clicar OK.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. A opção para imprimir documentos


assim como para efetuar as devidas configurações da
impressão podem ser feitas através do Menu Arquivo
/ Imprimir ou utilizando-se do atalho CTRL+P.

104
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Para en- Resposta: Certo. Com o botão “Pincel” é possível co-
contrar todas as ocorrências do termo “Ibama” no docu- piar toda a formatação de uma célula para outra cé-
mento em edição, é suficiente realizar o seguinte proce- lula, e o procedimento correto foi descrito na questão
dimento: aplicar um clique duplo sobre o referido termo;
clicar sucessivamente o botão .

( ) CERTO ( ) ERRADO NOÇÕES DE WEBMAIL E CORREIO


ELETRÔNICO (MICROSOFT OUTLOOK
Resposta: Errado.O botão mostrado na questão não 2010 E 2013). REDES DE COMPUTADORES:
deve ser utilizado para encontrar ocorrências de um TIPOS DE REDES, DISPOSITIVOS BÁSICOS
determinado termo no documento que se está editan- DE REDES, FERRAMENTAS, APLICATIVOS
do, tal recurso pode ser conseguido através do botão E PROCEDIMENTOS DE INTERNET
Localizar ou do atalho CTRL+L. E INTRANET, CONEXÃO PADRÃO
(HTTP) E CONEXÃO SEGURA (HTTPS).
NAVEGADORES WEB (MICROSOFT
INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX
E GOOGLE CHROME).

Redes de computadores

Redes de Computadores refere-se à interligação por


meio de um sistema de comunicação baseado em trans-
missões e protocolos de vários computadores com o ob-
jetivo de trocar informações, entre outros recursos. Essa
ligação é chamada de estações de trabalho (nós, pontos
ou dispositivos de rede).
Atualmente, existe uma interligação entre computa-
dores espalhados pelo mundo que permite a comunica-
A figura acima mostra uma janela do Excel 2002 com uma
ção entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam
planilha em processo de edição. Com relação a essa figu-
pela internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessá-
ra e ao Excel 2002, e considerando que apenas a célula
C2 está formatada como negrito, julgue o item abaixo. rio utilizar recursos como impressoras para imprimir do-
cumentos, reuniões através de videoconferência, trocar
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) É possí- e-mails, acessar às redes sociais ou se entreter por meio
vel aplicar negrito às células B2, B3 e B4 por meio da se- de jogos, etc.
guinte sequência de ações, realizada com o mouse: clicar Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails,
a célula C2; clicar ; posicionar o ponteiro sobre o centro basta ter um tablet ou smartphone com acesso à inter-
da célula B2; pressionar e manter pressionado o botão net nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens,
esquerdo; posicionar o ponteiro no centro da célula B4; o crescimento das redes de computadores também tem
liberar o botão esquerdo. seu lado negativo. A cada dia surgem problemas que
Em um computador cujo sistema operacional é o Windo- prejudicam as relações entre os indivíduos, como pirata-
ws XP, ao se clicar, com o botão direito do mouse, o ícone ria, espionagem, phishing - roubos de identidade, assun-
, contido na área de trabalho e referente a determi- tos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, sendo
nado arquivo, foi exibido o menu mostrado na figura ao destacados com mais exaltação, entre outros problemas.
lado. A respeito dessa figura e do Windows XP, julgue os Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessida-
itens a seguir. de de compartilhar conhecimento e estabelecer relações
com pessoas a distância. Na década de 1960, durante
a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com
objetivos militares: interconectar os centros de comando
dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alguns tipos de Redes de Computadores

Antigamente, os computadores eram conectados


em distâncias curtas, sendo conhecidas como redes lo-
cais. Mas, com a evolução das redes de computadores,
foi necessário aumentar a distância da troca de infor-
mações entre as pessoas. As redes podem ser classifi-
( ) CERTO ( ) ERRADO cadas de acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet,
DSL, Token ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN,

105
MAN, WLAN, etc.), a topologia (anel, barramento, estrela, Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua
ponto-a-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em
cabo de fibra óptica, trançado, via rádio, etc.). lojas de informática ou produzidos pelo usuário;
Veja alguns tipos de redes: Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância
Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis,
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth; são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA,
Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em suporte não encontrado em computadores mais novos;
que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala, Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de
um prédio ou um campus de universidade; difícil instalação. São velozes e imunes a interferências
Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network – eletromagnéticas.
MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
10km. Ex.: TV à cabo;
#FicaDica
Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network – Após montar o cabeamento de rede
WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área é necessário realizar um teste através
geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km; dos testadores de cabos, adquirido em
Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re- lojas especializadas. Apesar de testar o
des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta- funcionamento, ele não detecta se existem
das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem ligações incorretas. É preciso que um
maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet; técnico veja se os fios dos cabos estão na
Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area posição certa.
Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento. Sistema de Cabeamento Estruturado
Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para Para que essa conexão não prejudique o ambiente de
grandes distâncias. trabalho, em uma grande empresa, são necessárias várias
conexões e muitos cabos, sendo necessário o cabeamen-
Topologia de Redes to estruturado.
Por meio dele, um técnico irá poupar trabalho e tem-
Astopologias das redes de computadores são as es- po, tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção
truturas físicas dos cabos, computadores e componen- da rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que pos-
tes. Existem as topologias físicas, que são mapas que
sibilitam que vários conectores possam ser inseridos em
mostram a localização de cada componente da rede que
um único local, sem a necessidade de serem conectados
serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo
diretamente no hub.
modo que os dados trafegam na rede:
Além disso, o sistema de cabeamento estruturado
Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es-
possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os
tão interconectadas por pares através de um roteamento
cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um
de dados;
concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção
Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon-
to central (concentrador) para a conexão, geralmente um das redes. Eles são adaptados e construídos para serem
hub ou switch; inseridos em um rack.
Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto
automação industrial e na década de 1980 pelas redes do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é
Token Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores pensada de forma a realizar a sua expansão.
são entreligados formando um anel e os dados são pro- Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea-
pagados de computador a computador até a máquina mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebi-
de origem; dos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de
Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri- serem transmissores de informações para outros pontos,
meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se eles também diminuem o desempenho da rede, poden-
a computadores conectados em formato linear, cujo ca- do haver colisões entre os dados à medida que são ane-
beamento é feito sequencialmente; xas outras máquinas. Esse equipamento, normalmente,
Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas encontra-se dentro do hub.
estão interligadas por um mesmo canal através de paco- Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar
tes endereçados (unicast, broadcast e multicast). todos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra


Cabos máquina consegue enviar um determinado sinal até que
os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti-
Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32
física utilizada para conectar computadores em rede, es- portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os
tando relacionados a largura de banda, a taxa de trans- Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis.
missão, padrões internacionais, etc. Há vantagens e des- Bridges: É um repetidor inteligente que funciona
vantagens para a conexão feita por meio de cabeamento. como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além
Os mais utilizados são: de relacionar diferentes arquiteturas.

106
Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub, A evolução não parava, além de atingir fronteiras
mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados continentais, os computadores pessoais evoluíam em
apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas forte escala alcançando forte potencial comercial, a Inter-
portas de entrada e melhor performance, podendo ser net deixou de conectar apenas computadores de univer-
utilizado para redes maiores. sidades, passou a conectar empresas e, enfim, usuários
Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes domésticos. Na década de 90, o Ministério das Comu-
e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona nicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil
como um tipo de ponte na camada de rede do modelo trouxeram a Internet para os centros acadêmicos e co-
OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de inter- merciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta
conexão de sistemas abertos para conectar máquinas de de todos os setores sociais até atingir a amplitude de sua
diferentes fabricantes), identificando e determinando um difusão nos tempos atuais.
IP para cada computador que se conecta com a rede. Um marco que é importante frisar é o surgimento do
Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de da- WWW que foi a possibilidade da criação da interface grá-
dos na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os fica deixando a internet ainda mais interessante e vanta-
roteadores estáticos, capaz de encontrar o menor cami- josa, pois até então, só era possível a existência de textos.
nho para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver con- Para garantir a comunicação entre o remetente e o
gestionada; e os roteadores dinâmicos que encontram destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido
caminhos mais rápidos e menos congestionados para o como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que
tráfego. são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS-
Modem: Dispositivo responsável por transformar a SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de
onda analógica que será transmitida por meio da linha Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo
telefônica, transformando-a em sinal digital original. de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes tanto a conexão entre os computadores, quanto ao en-
de computadores, como por exemplo, envio de arquivos tendimento da informação trocada entre eles.
ou e-mail. Os computadores que acessam determinado A internet funciona o tempo todo enviando e rece-
servidor são conhecidos como clientes. bendo informações, por isso o periférico que permite a
Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunica- conexão com a internet chama MODEM, porque que ele
ção entre os computadores da rede. Cada arquitetura de MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po-
rede depende de um tipo de placa específica. As mais dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP.
utilizadas são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em
anel). Protocolos Web

Conceitos de tecnologias relacionadas à Internet e Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou-
Intranet, busca e pesquisa na Web, mecanismos de tros que são largamente usados na Internet:
busca na Web. - HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de
transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para
O objetivo inicial da Internet era atender necessida- trocar informações na Internet. Quando digitamos um
des militares, facilitando a comunicação. A agência nor- site, automaticamente é colocado à frente dele o http://
te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO- Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br
JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano, Onde:
na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec- http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí-
tar os computadores de departamentos de pesquisas e dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter
bases militares, para que, caso um desses pontos sofres- texto, som, imagem, filmes e links.
se algum tipo de ataque, as informações e comunicação - URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão
não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em de recursos, serve para endereçar um recurso na web,
outros pontos estratégicos. é como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de
O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co- acessar um determinado site.
nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde:
fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador
de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da Faz a solicitação de um arquivo de
informação poderia ser realizado por várias rotas, assim, http://
hiper mídia para a Internet.
caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados
poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre- Estipula que esse recurso está na
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ga da informação, é importante mencionar que a maior rede mundial de computadores


www
distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme- (veremos mais sobre www em um
tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as próximo tópico).
barreiras de distância, passando a interligar e favorecer É o endereço de domínio. Um
a troca de informações de computadores de universi- endereço de domínio representará
dades dos EUA e de outros países, criando assim uma novaconcursos
sua empresa ou seu espaço na
rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu Internet.
nome passa a ser, INTERNET.

107
Indica que o servidor onde esse site que verifica se o endereço de e-mail do destinatá-
está rio está corretamente digitado, se é um endereço
.com existente, se a caixa de mensagens do destinatário
hospedado é de finalidades
está cheia ou se recebeu sua mensagem, na troca
comerciais.
de e-mails ele é o protocolo de saída.
.br Indica queo servidor está no Brasil. - UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP).
Encontramos, ainda, variações na URL de um site, Permite que a aplicação escreva um datagrama en-
que demonstram a finalidade e organização que o criou, capsulado num pacote IP e transportado ao des-
como: tino. É muito comum lermos que se trata de um
.gov - Organização governamental protocolo não confiável, isso porque ele não é im-
.edu - Organização educacional plementado com regras que garantam tratamento
.org - Organização de erros ou entrega.
.ind - Organização Industrial
.net - Organização telecomunicações Provedor
.mil - Organização militar
.pro - Organização de profissões O provedor é uma empresa prestadora de serviços
.eng – Organização de engenheiros que oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é
E também, do país de origem: necessário conectar-se com um computador que já este-
.it – Itália ja na Internet (no caso, o provedor) e esse computador
.pt – Portugal deve permitir que seus usuários também tenham acesso
.ar – Argentina a Internet.
.cl – Chile No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
.gr – Grécia à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos que é a conexão física que interliga o provedor de aces-
que se trata de um site hospedado em um servidor dos so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida
Estados Unidos. como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet
- HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Se- no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse
melhante ao HTTP, porém permite que os dados uma avenida de três pistas e os links como se fossem as
sejam transmitidos através de uma conexão cripto- ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link
grafada e que se verifique a autenticidade do ser- como o backbone possui uma velocidade de transmis-
são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados.
vidor e do cliente através de certificados digitais.
Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
- FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transfe-
Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
rência de arquivo, é o protocolo utilizado para po-
que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces-
der subir os arquivos para um servidor de internet,
so e um endereço eletrônico na Internet.
seus programas mais conhecidos são, o Cute FTP,
FileZilla e LeechFTP, ao criar um site, o profissio-
Home Page
nal utiliza um desses programas FTP ou similares
e executa a transferência dos arquivos criados, o Pela definição técnica temos que uma Home Page é
manuseio é semelhante à utilização de gerencia- um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com-
dores de arquivo, como o Windows Explorer, por putadores rodando um Navegador (Browser), que per-
exemplo. mite o acesso às informações em um ambiente gráfico
- POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de
dos Correios permite, como o seu nome o indica, informações dentro das Home Pages.
recuperar o seu correio num servidor distante (o
servidor POP). É necessário para as pessoas não
ligadas permanentemente à Internet, para pode- #FicaDica
rem consultar os mails recebidos offline. Existem
duas versões principais deste protocolo, o POP2 e O endereço de Home Pages tem o seguinte
o POP3, aos quais são atribuídas respectivamente formato:
as portas 109 e 110, funcionando com o auxílio de http://www.endereço.com/página.html
comandos textuais radicalmente diferentes, na tro- Por exemplo, a página principal do meu pro-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ca de e-mails ele é o protocolo de entrada. jeto de mestrado:


- IMAP (Internet Message Access Protocol): É um pro- http://www.youtube.com/canaldoovidio
tocolo alternativo ao protocolo POP3, que ofere-
ce muitas mais possibilidades, como, gerir vários
acessos simultâneos e várias caixas de correio, 4. Plug-ins
além de poder criar mais critérios de triagem.
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo Os plug-ins são programas que expandem a capaci-
padrão para envio de e-mails através da Internet. dade do Browser em recursos específicos - permitindo,
Faz a validação de destinatários de mensagens. Ele por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja

108
filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas logias projetadas para a comunicação por computador
de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci- entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consis-
dade impressionante. Maiores informações e endereços te em uma rede privativa de computadores que se baseia
sobre plug-ins são encontradas na página: nos padrões de comunicação de dados da Internet pú-
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/ blica, baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas
Software/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/ HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo
Indices/ muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo o custo de implantação relativamente baixo e a facilida-
temos uma relação de alguns deles: de de uso propiciada pelos programas de navegação na
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, Web, os browsers.
etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.). Objetivo de construir uma Intranet
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
PCX, etc.). Organizações constroem uma intranet porque ela é
- Negócios e Utilitários. uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente
- Apresentações. para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis-
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital
INTRANET com conhecimentos das operações e produtos da empresa.

A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de Aplicações da Intranet


uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co-
de comunicação internas baseadas na tecnologia usada municações corporativas em uma intranet dá para sim-
na Internet. Como um jornal editado internamente, e que plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na
pode ser acessado apenas pelos funcionários da empre- mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar
sa. onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais operacional) os diversos profissionais de uma empresa.
e departamentos, mesclando (com segurança) as suas Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por
informações particulares dentro da estrutura de comuni- exemplo:
cações da empresa. - Marketing e Vendas - Informações sobre produ-
O grande sucesso da Internet, é particularmente da tos, listas de preços, promoções, planejamento de
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na eventos;
evolução da informática nos últimos anos. - Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos Trabalho), planejamentos, listas de responsabilida-
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa- des de membros das equipes, situações de proje-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos tos;
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati- - Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste-
zaram o acesso à informação através de redes de com- mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões),
putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca manuais de qualidade;
base de usuários, já familiarizados com conhecimentos - Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos-
básicos de informática e de navegação na Internet. Fi- tilas, políticas da companhia, organograma, opor-
nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de tunidades de trabalho, programas de desenvolvi-
custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga- mento pessoal, benefícios.
nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede”
e começar a acessar e colocar informação. O resultado Para acessar as informações disponíveis na Web cor-
inevitável foi a impressionante explosão na informação porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei-
disponível na Internet, que segundo consta, está dobran- nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se
do de tamanho a cada mês. resume quase somente em clicar nos links que remetem
Assim, não demorou muito a surgir um novo concei- às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in-
to, que tem interessado um número cada vez maior de tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse
empresas, hospitais, faculdades e outras organizações tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro-
interessadas em integrar informações e usuários: a intra- fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com
net. Seu advento e disseminação promete operar uma o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

revolução tão profunda para a vida organizacional quan- quantidade de informações nela armazenadas.
to o aparecimento das primeiras redes locais de compu-
tadores, no final da década de 80. A intranet é baseada em quatro conceitos:

O que é Intranet? - Conectividade - A base de conexão dos computa-


dores ligados por meio de uma rede, e que podem
O termo “intranet” começou a ser usado em meados transferir qualquer tipo de informação digital entre
de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se si;
referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno-

109
- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta
dores e sistemas operacionais podem ser conecta- da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica
dos de forma transparente; foi empregada.
- Navegação - É possível passar de um documento
a outro por meio de referências ou vínculos de palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
hipertexto, que facilitam o acesso não linear aos Mostra resultado para pelo menos uma das palavras
documentos; chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por
- Execução Distribuída - Determinadas tarefas de exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas
acesso ou manipulação na intranet só podem ocor- relevantes sobre pelo menos um dos dois temas - nes-
rer graças à execução de programas aplicativos, se caso, como as duas palavras chaves são populares, os
que podem estar no servidor, ou nos microcompu- dois resultados são apresentados em posição de desta-
tadores que acessam a rede (também chamados que.
de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza
a arquitetura da intranet: cliente-servidor). filetype:tipo
- A vantagem da intranet é que esses programas Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de
são ativados através da WWW, permitindo grande extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi-
flexibilidade. Determinadas linguagens, como Java, letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra
assumiram grande importância no desenvolvimen- chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos
to de softwares aplicativos que obedeçam aos três de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT,
conceitos anteriores. DOC.

Mecanismos de Buscas palavra_chave_01 * palavra_chave_02


Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o *
Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados
exatamente o que você queria pode trazer algumas ho- em que os termos inicial e final aparecem, independente
ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa-
algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem cebook * msn e veja o resultado na prática.
de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça,
lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja Áudio e Vídeo
otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha
acesso a resultados mais relevantes. A popularização da banda larga e dos serviços de
Os mecanismos de buscas contam com operadores e-mail com grande capacidade de armazenamento está
para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro-
entanto, pode não interessar a você, caso não seja um blema é que a profusão de formatos de arquivos pode
praticante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis tornar a experiência decepcionante.
e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de- A maioria deles depende de um único programa para
pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul- rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai neces-
tados podem ser mais especializados em relação ao que sitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player
você procura. de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo
de “COder/DECoder”, codec é uma espécie de comple-
-palavra_chave mento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o
Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa- caso do MPEG, que roda no Windows Media Player, des-
lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca de que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação
por computação, provavelmente encontrarei na relação é automática.
dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa- Com os três players de multimídia mais populares -
ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você
-ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos,
serão omitidos. tanto offline como por streaming (neste caso, o down-
load e a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV
+palavra_chave Terra).
Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de Atualmente, devido à evolução da internet com os
uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais,
ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com- há uma grande demanda por programas para trabalhar
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

putação, terei como retorno uma gama mista de resul- com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a
tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra-
ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento
busca do tipo computação + ciência SP. ou conversão de imagens.
Porém, muitos destes programas não são o que se
“frase_chave” pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão
Retorna uma busca em que existam as ocorrências em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes.
dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia Caso o que você precise seja apenas um programa para
exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples

110
ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar FTP anônimo versus FTP com autenticação existem
uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re- dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada,
cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens. é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um
Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos username ou password (senha) no servidor de FTP, bas-
deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo).
de se utilizar dos editores, para você que não precisa de Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de
tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata- diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do
mento especial para as suas mais variadas imagens. sistema. Isto é muito importante, porque garante um
O Picasa está com uma versão cheia de inovações que nível de segurança adequado, evitando que estranhos
faz dele um aplicativo completo para visualização de fo- tenham acesso a todas as informações da empresa.
tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen- Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”,
tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de o que acontece em geral é que a conexão é posicionada
imagem do computador. no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais
As ferramentas de edição possuem os métodos mais comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo
avançados para automatizar o processo de correção de tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é
imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o indispensável que o usuário possua um username e uma
programa consegue identificar e corrigir todos os olhos password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di-
vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele- zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta-
cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei- belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório
tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais.
criado para a conta do usuário – diretório home, e dali
Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa
ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só
biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen-
escrever e ler arquivos nos quais ele possua.
te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con-
Assim como muitas aplicações largamente utilizadas
tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar
apenas as fotos que contém pessoas. hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema
Depois de tudo organizado em seu computador, você operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon-
pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar- sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet.
tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso
pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via Algumas dicas
Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o
qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em 1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o
poucos segundos. número de conexões simultâneas para evitar uma
O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve sobrecarga na máquina. Uma outra limitação pos-
e com uma interface gráfica simples porém otimizada e sível é a faixa de horário de acesso, que muitas
fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade vezes é considerada nobre em horário comercial,
com este tipo de programa. Ele também dispõe de al- e portanto, o FTP anônimo é temporariamente de-
guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer sativado.
operações como copiar e deletar imagens até o efeito 2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites
de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site
oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e sendo acessado.
alteração de cores em sua imagem por meio de apenas 3. Antes de realizar a transferência de qualquer arqui-
um clique. vo verifique se você está usando o modo correto,
Além disso sempre é possível a visualização de ima- isto é, no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e
gens pelo próprio gerenciador do Windows. no caso de arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav,
etc.), o modo é binário. Esta prevenção pode evitar
Transferência de arquivos pela internet perda de tempo.
4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi-
FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên-
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir
cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte-
que um amigo seu consiga acessar o seu compu-
ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber
tador como um servidor remoto de FTP, bastando
arquivos para, ou de computadores que se caracterizam
que ele tenha acesso ao número IP, que lhe é atri-
como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não buído dinamicamente.
texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico Grupos de Discussão e Redes Sociais
e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é
sempre transferida como uma informação textual, en- São espaços de convivências virtuais em que grupos
quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri- de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en-
zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário). vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo,
Um servidor FTP é um computador que roda um pro- entre outras ações.
grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo-
capaz de se comunicar com outro computador na Rede lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi-
que o esteja acessando através de um cliente FTP. lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu:

111
Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni- As redes também facilitam a relação com quem está
dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,
que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas nem sempre há tempo para que as pessoas se encon-
para que elas próprias criassem suas páginas na internet. trem fisicamente.
Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá-
a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas. pida e eficaz de comunicar algo para um grande número
No mesmo ano, também surge uma plataforma que de pessoas ao mesmo tempo.
permite a interação com antigos colegas da escola, o Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
Classmates. um acontecimento, a preparação de uma manifestação
Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma ou a mobilização de um grupo para um protesto.
que, desta vez, tinha como foco a publicação de foto- No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
grafias. des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas
Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda- é a falta de privacidade.
deira rede social, o Friendster. Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta
social de caráter profissional do mundo. para algumas precauções.
E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o
Facebook, surgem o Orkut e o Flickr.
Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença #FicaDica
entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser:
• Estabelecimento de contatos pessoais (relações de Por ser algo muito atual, tem caído muitas
amizade ou namoro). questões de redes sociais nos concursos
• Networking: partilha e busca de conhecimentos atualmente.
profissionais e procura emprego ou preenchimen-
to de vagas.
• Partilha e busca de imagens e vídeos.
• Partilha e busca de informações sobre temas varia- EXERCÍCIOS COMENTADOS
dos.
• Divulgação para compra e venda de produtos e ser- 1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma
viços. impressora estiver compartilhada em uma intranet por
• Jogos, entre outros. meio de um endereço IP, então, para se imprimir um ar-
quivo nessa impressora, é necessário, por uma questão
Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci- de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar
das, destacamos: no navegador web a seguinte url:
• Facebook: interação e expansão de contatos. , em
• Youtube: partilha de vídeos. que deve estar acessível via rede e
• Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e cha-
madas de voz. deve ser do tipo PDF.
• Instagram: partilha de fotos e vídeos.
• Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
são conhecidas como “tweets”. ( ) CERTO ( ) ERRADO
• Pinterest: partilha de ideias de temas variados.
• Skype: telechamada. Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta afir-
• LinkedIn: interação e expansão de contatos profis- ma que somente arquivos no formato PDF, poderiam
sionais. ser impressos, o que torna o item errado, o comando
• Badoo: relacionamentos amorosos. para impressão não verifica o formato do arquivo, tão
• Snapchat: envio de mensagens instantâneas. somente o local onde está o arquivo a ser impresso.
• Messenger: envio de mensagens instantâneas.
• Flickr: partilha de imagens.
• Google+: partilha de conteúdos.
• Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme-
lhante ao Twitter.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vantagens e Desvantagens

Existem várias vantagens em fazer parte de redes


sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um
crescimento tão significativo ao longo dos anos.
Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lações e o contato com quem está distante, propiciando,
assim, a possibilidade de interagir em tempo real.

112
2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em 3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o ser-
uma intranet, for disponibilizado um portal de informa- vidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar
ções acessível por meio de um navegador, será possível por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir
acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP conexões de saída da estação do usuário com a porta 80
ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja de destino no endereço do proxy.
configurado o servidor do portal.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor pro-


xy e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual,
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/
virtuais separados. Para que uma estação de usuário
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que
o firewall permita conexões de saída na mesma porta
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80.

4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção


de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE
solicite autenticação em toda conexão de Internet que
for realizada.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Somente é solicitado a autentica-


Com base na figura acima, que ilustra as configurações ção se o servidor assim estiver configurado, do con-
da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão trário nenhuma senha é solicitada, além de que foi de-
9, julgue os próximos itens. finido para a rede Interna e não para acesso à Internet.

( ) CERTO ( ) ERRADO 5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere


que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos
Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) computacionais, permanentemente conectados à Inter-
é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que net, que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o
permite ao seu computador trocar informações com Outlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o
um servidor que abriga um site. Isso significa que, uma usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter-
vez conectados sob esse protocolo, as máquinas po- net message access protocol), em detrimento do POP3
dem receber e enviar qualquer conteúdo textual – os (post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o
códigos que resultam na página acessada pelo nave- conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa-
gador. mente, fazer o download das mensagens para o compu-
O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou tador em uso.
outras conexões propícias a phishing (fraude eletrô-
nica) e hackers, pessoas mal-intencionadas podem ( ) CERTO ( ) ERRADO
atravessar o caminho e interceptar os dados transmiti-
dos com relativa facilidade. Portanto, uma conexão em Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos o
HTTP é insegura. padrão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que tem a
Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro- função de baixar as mensagens do servidor de e-mail
tocol Secure), que insere uma camada de proteção na para o computador que o programa foi configurado.
transmissão de dados entre seu computador e o ser- Quando o POP é substituído pelo IMAP, essas men-
vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação sagens são baixadas para o computador do usuário
é criptografada, aumentando significativamente a se- só que apenas uma cópia delas, deixando no servidor
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con- as mensagens originais; quando o acesso é feito por
versassem uma língua que só as duas entendessem, outro computador essas mensagens que estão no ser-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dificultando a interceptação das informações. vidor são baixadas para este outro computador, dei-
Para saber se está navegando em um site com crip- xando sempre a original no servidor.
tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual
será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente, 6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut,
um símbolo de cadeado que denota segurança. Além Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que
disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha-
do site, já que a conexão segura também identifica pá- mento de arquivos entre seus usuários
ginas na Internet por meio de seu certificado.
( ) CERTO ( ) ERRADO

113
Resposta: Errado. Scrap é um recado e sua função 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar-
principal é enviar mensagens e não o compartilha- mazenamento de informações em arquivos denomina-
mento de arquivos. Ainda que algumas redes permi- dos cookies pode constituir uma vulnerabilidade de um
tam o compartilhamento de fotos e gifs animados, o sistema de segurança instalado em um computador. Para
objetivo não é o compartilhamento de arquivos e nem reduzir essa vulnerabilidade, o IE6 disponibiliza recursos
todas as redes citadas na questão permitem. para impedir que cookies sejam armazenados no com-
putador. Caso o delegado deseje configurar tratamentos
7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas referentes a cookies, ele encontrará recursos a partir do
versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que uso do menu .
mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual
são mostrados detalhes como a data da instalação e o ( ) CERTO ( ) ERRADO
usuário que executou a operação.
Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a
( ) CERTO ( ) ERRADO seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer
o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas,
Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas ver- depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade
sões do Firefox, contudo o histórico não contém o e, em Configurações, mover o controle deslizante até
usuário que executou a operação. Este recurso está em cima para bloquear todos os cookies e, em segui-
disponível no menu Firefox – Opções – Avançado – da, clicar em OK.
Atualizações – Histórico de atualizações.
11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o
8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante
Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos, um provedor de Internet acessível por meio de uma co-
o usuário pode registrar os sítios que considera mais im- nexão a uma rede LAN, à qual estava conectado o com-
portantes e recomendá-los aos seus amigos. putador do delegado, é correto concluir que as informa-
ções obtidas pelo delegado transitaram na LAN de modo
( ) CERTO ( ) ERRADO criptografado.

Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um ser- ( ) CERTO ( ) ERRADO


viço online que o Internet Explorer usa para recomen-
dar sítios de que o usuário possa gostar, com base nos Resposta: Errado. Pela barra de endereço se verifica
sítios visitados com frequência. Para acessá-lo, basta que o protocolo utilizado é o HTTP; dessa forma se
clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos. conclui que não há uma criptografia, se fosse o proto-
Considere que um delegado de polícia federal, em uma colo HTTPS, poderia se aferir que haveria algum tipo
sessão de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve a janela de criptografia do tipo SSL.
ilustrada acima, que mostra uma página web do sítio do
DPF, cujo endereço eletrônico está indicado no campo 12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por
. A partir dessas informações, julgue os itens de meio do botão , o delegado poderá obter, desde que
09 a 12. disponíveis, informações a respeito das páginas previa-
mente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita e de
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O con- outras sessões de uso desse aplicativo, em seu computa-
teúdo da página acessada pelo delegado, por conter da- dor. Outro recurso disponibilizado ao se clicar nesse bo-
dos importantes à ação do DPF, é constantemente atua- tão permite ao delegado realizar pesquisa de conteúdo
lizado por seu webmaster. Após o acesso mencionado nas páginas contidas no diretório histórico do IE6.
acima, o delegado desejou verificar se houve alteração
desse conteúdo. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá
condições de verificar se houve ou não a alteração men- Resposta: Certo. É possível através do botão descrito,
cionada, independentemente da configuração do IE6, o botão de histórico, que se encontre informações das
mas desde que haja recursos técnicos e que o IE6 esteja páginas acessadas anteriormente, e também permite
em modo online. que se pesquise a respeito de conteúdos nas páginas
contidas no diretório do IE6.
( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma Ferramentas de internet


nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste
modo o arquivo novamente, se houver alterações, es- Um browser ou navegador é um aplicativo que opera
tas serão exibidas, caso contrário o arquivo será reexi- através da internet, interpretando arquivos e sites web
bido sem alterações. desenvolvidos com frequência em código HTML que
contém informação e conteúdo em hipertexto de todas
as partes do mundo.

114
Navegadores: Navegadores de internet ou browsers
são programas de computador especializados em vi-
sualizar e dar acesso às informações disponibilizadas na
web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet
Explorer e o Netscape, hoje temos uma série de navega-
dores no mercado, iremos fazer uma breve descrição de
cada um deles, e depois faremos toda a exemplificação
utilizando o Internet Explorer por ser o mais utilizado em
todo o mundo, porém o conceito e usabilidade dos ou- Figura 4: Símbolo do Safari
tros navegadores seguem os mesmos princípios lógicos.
Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con- Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o navegador
sequentemente um dos melhores navegadores existen- padrão do Windows. Como o próprio nome diz, é um progra-
tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google ma preparado para explorar a Internet dando acesso a suas in-
é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples formações. Representado pelo símbolo do “e” azul, é possível
muito fácil de utilizar. acessá-lo apenas com um duplo clique em seu símbolo.

Figura 1: Símbolo do Google Chrome


Figura 5: Símbolo do Internet Explorer

#FicaDica #FicaDica
Ultimamente tem caído perguntas Glossário interessante que abordam internet
relacionadas a guia anônima que não deixa e correio eletrônico
rastro (senhas, auto completar, entre outros), Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro de
e é acessado com o atalho CTRL+SHIFT+N mensagens indesejadas.
Browser: Programa utilizado para navegar
na Web, também chamado de navegador.
Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente Exemplo: Mozilla Firefox.
navegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não Cliente de e-mail: Software destinado a
ter uma interface tão amigável, porém é um dos navega- gerenciar contas de correio eletrônico,
dores mais rápidas e com maior segurança contra hac- possibilitando a composição, envio,
kers. recebimento, leitura e arquivamento
de mensagens. A seguir, uma lista de
gerenciadores de e-mail (em negrito os mais
conhecidos e utilizados atualmente):
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook
Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail
(Linux) e Windows Mail.
Figura 2: Símbolo do Mozilla Firefox
Outros pontos importantes de conceitos que podem
Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande ser abordado no seu concurso são:
desempenho, porém especialistas em seguran1ça o con- MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions – Exten-
sidera o navegador com menos segurança. sões multiuso do correio da Internet): Provê mecanismos
para o envio de outros tipo sde informações por e-mail,
como imagens, sons, filmes, entre outros.
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência
de Correio): Termo utilizado para designar os servidores
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de Correio Eletrônico.
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Correio):
Programas clientes de e-mail, como o Mozilla Thunder-
Figura 3: Símbolo do Opera bird, Microsoft Outlook Express etc.
POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de
Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para
navegador considerado pelos especialistas e possui uma receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere
interface bem bonita, apesar de ser um navegador da para o computador as mensagens armazenada sem sua
Apple existem versões para Windows. caixa postal no servidor.

115
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de en- transferência realizam um processo de envio dos agentes
vio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um usuários e servidores de e-mail.
usuário descarregue suas mensagens de umservidor. Os agentes de transferência usam três protoco-
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP. los: SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autori- Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP
zadas ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente é usado para transferir mensagens eletrônicas entre os
de conotação publicitária ou obscena, enviadas em larga computadores. O POP é muito usado para verificar men-
escala para uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de sagens de servidores de e-mail quando ele se conecta ao
discussão. servidor suas mensagens são levadas do servidor para o
computador local. Pode ser usado por quem usa conexão
Um pouco de história discada.

A internet é uma rede de computadores que liga os Já o IMAP também é um protocolo padrão que per-
computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per-
e a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem
fim da década de 60, o Departamento de Defesa norte-a- acessa o e-mail de vários locais diferentes.
mericano resolveu criar um sistema interligado para tro-
car informações sobre pesquisas e armamentos que não
pudesse chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim, #FicaDica
foi criado o projeto Arpanet pela Agência para Projeto Um e-mail hoje é um dos principais meios
de Pesquisa Avançados do Departamento de Defesa dos de comunicação, por exemplo:
EUA. canaldoovidio@gmail.com
Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone- Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba
xão recebeu o nome de internet e até a década de 80 quer dizer na, o gmail é o servidor e o .com
ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela é a tipagem.
chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe-
cutada a World Wide Web (www), sistema que contém
milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons, Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrô-
etc) que também ficou conhecido como rede mundial. nicas em um único computador, sem necessariamente
Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um estarmos conectados à Internet no momento da criação
projeto que pode ser considerado o princípio da World ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de cor-
reio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos,
Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabo-
como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como
rado uma nova proposta para o que ficaria conhecido
o Outlook Express. Os dois programas, assim como vá-
como WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a
rios outros que servem à mesma finalidade, têm recursos
partir disso surgiu o “http” (em português significa pro-
similares. Apresentaremos os recursos dos programas de
tocolo de transferência de hipertexto). Vinton Cerf tam-
correio eletrônico através do Outlook Express que tam-
bém é um personagem importante e inclusive é conheci-
bém estão presentes no Mozilla Thunderbird.
do por muitos como o pai da internet.
Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia
com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos
de teclado para a realização de diversas funções dentro
#FicaDica do Outlook. Para você começar os seus estudos, anote
URL: Tudo que é disponível na Web tem seu alguns atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta
próprio endereço, chamado URL, ele facili- apertar Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada
ta a navegação e possui características es- mensagem aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso
pecíficas como a falta de acentuação gráfi- em consideração inclua os atalhos de teclado na sua ro-
ca e palavras maiúsculas. Uma url possui o tina de estudos e vá preparado para o concurso com os
http (protocolo), www (World Wide Web), principais na cabeça.
o nome da empresa que representa o site, Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para
.com (ex: se for um site governamental o profissionais que compartilham uma mesma área é o
final será .gov) e a sigla do país de origem compartilhamento de calendário entre membros de uma
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

daquele site (no Brasil é usado o BR). mesma equipe.


Por isso mesmo é importante que você tenha o co-
nhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de
concurso que exige os conhecimentos básicos de infor-
CORREIOS ELETRÔNICOS mática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.
Os correios eletrônicos se dividem em duas formas:
os agentes de usuários e os agentes de transferência de
mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo

116
O calendário é uma ferramenta bastante interessante do Outlook que permite que o usuário organize de forma
completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas, compromissos e reuniões de maneira organizada por dia, de for-
ma a ter um maior controle das atividades que devem ser realizadas durante o seu dia a dia.
Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou parte
dele com quem você desejar, de forma a permitir que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o que pode ser
uma ótima pedida para profissionais dentro de uma mesma equipe, principalmente quando um determinado membro
entra de férias.
Para conseguir utilizar essa função basta que você entre em Calendário na aba indicada como Página Inicial. Fei-
to isso, basta que você clique em Enviar Calendário por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta no seu
Outlook.
Nessa janela é que você vai poder escolher todas as informações que vão ser compartilhadas com quem você de-
seja, de forma que o Outlook vai formular um calendário de forma simples e detalhada de fácil visualização para quem
você deseja enviar uma mensagem.
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que trabalha dentro de uma empresa tem uma assinatura própria para
deixar os comunicados enviados por e-mail com uma aparência mais profissional.
Dessa forma, é considerado um conhecimento básico saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que este
conteúdo pode ser cobrado em alguma questão dentro de um concurso público.
Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de seus estudos do conteúdo básico de informática para a sua
preparação para concurso. Ao contrário do que muita gente pensa, a verdade é que todo o processo de criar uma as-
sinatura é bastante simples, de forma que perder pontos por conta dessa questão em específico é perder pontos à toa.
Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão de
Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde você deve
clicar. Feito isso, você vai conseguir adicionar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem maiores problemas.
No Outlook Express podemos preparar uma mensagem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na figura acima,
ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a seguir:

Figura 6: Tela de Envio de E-mail

#FicaDica
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário da
mensagem. Campo obrigatório.
Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário que
servirá para ter ciência desse e-mail.
Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários ficam ocultos.

117
Assunto: campo onde será inserida uma breve des- 2. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) No MS-
crição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase -Outlook 2010, em sua configuração padrão, quando
sobre o conteúdo da mensagem. É um campo opcional, uma mensagem está sendo preparada, o usuário pode
mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento indicar aos destinatários que a mensagem precisa de
pode levar o destinatário a não dar a devida importância atenção utilizando a marca de _________________. Esse re-
à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la. curso pode ser encontrado no grupo Marcas, da guia
Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é Mensagem.
equivalente à folha onde será digitada a mensagem. Assinale a alternativa que apresenta a opção que preen-
A mensagem, após digitada, pode passar pelas for- che corretamente a lacuna do enunciado.
matações existentes na barra de formatação do Outlook:
Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias a) SPAM.
open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation b) Alta Prioridade.
(mesma criadora do Mozilla Firefox). c) Baixa Prioridade.
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que d) Assinatura Personalizada.
não necessita de instalação no computador do usuário, já e) Arquivo Anexado.
que funciona como uma página de internet, bastando o
usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com Resposta: Letra B. É possível sinalizar a mensagem
seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobili- como sendo de alta prioridade quando se deseja que
dade já que não necessita estar na máquina em que um as pessoas saibam que a mensagem precisa de aten-
cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. ção urgente. Se a mensagem é apenas um informati-
vo ou se está enviando um e-mail sobre um tema que
não precisa ser priorizado, defina o indicador de baixa
#FicaDica prioridade.
A maioria dos clientes de e-mail, os destinatários
Segmentos do Outlook Express
veem um indicador específico na lista de mensagens
Painel de Pastas: permite que o usuário salve
ou nos cabeçalhos.
seus e-mails em pastas específicas e dá a Na faixa de opções, é possível saber quando a priori-
possibilidade de criar novas pastas; dade foi definida, pois o botão fica realçado.
Painel das Mensagens: onde se concentra
a lista de mensagens de determinada pasta 3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP – 2017) Um usuá-
e quando se clica em um dos e-mails o rio preparou uma mensagem de correio eletrônico usan-
conteúdo é disponibilizado no painel de do o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração pa-
conteúdo. drão, e enviou para o destinatário. Porém, algum tempo
Painel de Conteúdo: esse painel é onde depois, percebeu que esqueceu de anexar um arquivo.
irá aparecer o conteúdo das mensagens Esse mesmo usuário preparou, então, uma nova men-
enviadas. sagem com o mesmo assunto, e enviou para o mesmo
Painel de Contatos: nesse local se concentram destinatário, agora com o anexo. Assinale a alternativa
as pessoas que foram cadastradas em sua correta.
lista de endereço.
a) A mensagem original, sem o anexo, foi automatica-
mente apagada no computador do destinatário e
substituída pela segunda mensagem, uma vez que
EXERCÍCIOS COMENTADOS ambas têm o mesmo assunto e são do mesmo re-
metente.
b) Como as duas mensagens têm o mesmo assunto, a
1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011) segunda mensagem não foi transmitida, permanecen-
UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB do no computador do destinatário apenas a primeira
(WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que este- mensagem.
jam longe de seu computador pessoal. A partir de qual- c) A segunda mensagem não pode ser transmitida e fica
quer outro computador no mundo, o usuário pode, via bloqueada na caixa de saída do remetente, até que a
Internet, acessar a caixa de correio armazenada no pró- primeira mensagem tenha sido lido pelo destinatário.
prio computador cliente remoto e visualizar eventuais d) O destinatário recebeu 2 mensagens, sendo, a primei-
novas mensagens. ra, sem anexo, e a segunda, com o anexo.
e) O remetente não recebeu nenhuma das mensagens,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO pois não é possível transmitir mais de uma mensagem


com o mesmo assunto e mesmo remetente.
Resposta: Errado. O programa WebMail irá acessar o
servidor de e-mail, e não a máquina dousuário (com- Resposta: Letra D.
putador cliente remoto). Alternativa “A” está incorreta, pois todas mensagens
enviadas são armazenadas de forma independente,
novas mensagens com mesmo assunto ou ainda idên-
ticas a anteriores não influenciam em mensagens já
enviadas.

118
Alternativa “B” está incorreta, pois é perfeitamente c) O conjunto de palavras será excluído dos resultados
possível enviar mensagens com mesmo assunto ou pesquisados.
ainda idênticas, sem prejuízo algum de mensagens d) A pesquisa trará somente as imagens e vídeos não re-
anteriores. lacionados ao argumento digitado.
Alternativa “C” está incorreta, pois Todas as mensa- e) Além das palavras digitadas, a pesquisa também trará
gens serão enviadas, independentemente do destina- os seus sinônimos
tário ler as anteriores.
Alternativa “D” está correta, pois o destinatário rece- Resposta: Letra A. O comando “entre aspas” duran-
beu 2 mensagens, sendo, a primeira, sem anexo, e a te uma busca, efetua a busca pela ocorrência exata
segunda, com o anexo. de tudo que está entre as aspas, agrupado da mesma
Alternativa “E” está incorreta, pois é possível enviar forma, desta forma, para esta questão será retornado
mais de uma mensagem, com mesmo assunto e mes- o resultado da ocorrência “garota de Ipanema”.
mo destinatário. Obs.: As pesquisas com aspas podem excluir resulta-
dos relevantes. Por exemplo, uma pesquisa por “Ale-
4. (SOLDADO – PM DE 2ª CLASSE – VUNESP – 2017) xander Bell” excluirá páginas que se referem a Alexan-
João recebeu uma mensagem de correio eletrônico com der G. Bell.
as seguintes características:
De: Pedro 6. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) Considere a
Para: João; Marta imagem a seguir, extraída do Internet Explorer 11, em sua
Cc: Ricardo; Ana configuração padrão. A página exibida no navegador foi
Usando o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração completamente carregada.
padrão, ele usou um recurso para responder a mensa-
gem que manteve apenas Pedro na lista de destinatários.
Isso significa que João usou a opção:

a) Responder.
b) Arquivar.
c) Marcar como não lida.
d) Responder a todos.
e) Marcar como lida

Resposta: Letra A. Se o João deseja “responder” ao


e-mail recebido de Pedro, e deseja responder apenas
ao remetente já se pode eliminar as alternativas “B”,
“C” e “E” por não terem correspondência com a função
“Resposta”.
Tem-se então, apenas duas alternativas, “A” e “D”, mas
como o João deseja responder apenas para Pedro ele
deve escolher a opção “Responder”, pois se escolhes-
se “Responder a todos”, Marta, Ricardo e Ana também
Ao pressionar o botão F5 do teclado, a página exibida
receberiam a mensagem.
será
5. (AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2013)Observe o ar- a) imediatamente fechada.
gumento de busca que o usuário fará utilizando o Goo- b) enviada para impressão.
gle, na ilustração apresentada a seguir. c) atualizada.
d) enviada por e-mail.
e) aberta em uma nova aba.

Resposta: Letra C.
a) Imediatamente fechada.
۰ Alt + F4 = fecha todas as guias
۰ Ctrl + F4 = fecha só guia atual
b) Enviada para impressão.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

۰ Ctrl + P
c) Atualizada.
Com base na figura e no que foi digitado, assinale a al- ۰ F5
ternativa correta. d) Enviada por e-mail.
۰ CTRL + Enter (MS Outlook)
a) Será pesquisado o conjunto exato de palavras. e) Aberta em uma nova aba.
b) A pesquisa trará como resultados o que encontrar ۰ Ctrl + T = abre uma nova aba
como antônimo do que foi digitado. ۰ Ctrl + N = abre um novo comando

119
- Integridade – especificidade que assegura que a in-
NOÇÕES DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA formação manipulada mantenha todas as caracte-
DA INFORMAÇÃO, TIPOS DE MALWARE, rísticas autênticas estabelecidas pelo proprietário
TÉCNICAS E RECURSOS PARA PROTEÇÃO da informação, incluindo controle de mudanças e
DE INFORMAÇÕES E SISTEMAS garantia do seu ciclo de vida (nascimento, manu-
COMPUTACIONAIS. tenção e destruição).
- Disponibilidade – especificidade que assegura que
a informação esteja sempre disponível para o uso
Segurança da informação: procedimentos de segu- legítimo, ou seja, por aqueles usuários que têm au-
rança torização pelo proprietário da informação.
- Autenticidade – especificidade que assegura que
A Segurança da Informação refere-se às proteções a informação é proveniente da fonte anunciada
existentes em relação às informações de uma determi- e que não foi alvo de mutações ao longo de um
nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou processo.
seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto - Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade
às pessoais. que assegura a incapacidade de negar a autoria
Entende-se por informação todo e qualquer conteú- em relação a uma transação feita anteriormente.
do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ex- Mecanismos de segurança
posta ao público para consulta ou aquisição.
O suporte para as orientações de segurança pode ser
#FicaDica encontrado em:
Controles físicos: são barreiras que limitam o contato
Antes de proteger, devemos saber: ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que
- O que proteger; assegura a existência da informação) que a suporta.
- De quem proteger; Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou
- Pontos frágeis; limitam o acesso à informação, que está em ambien-
- Normas a serem seguidas. te controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro
modo, ficaria exibida a alteração não autorizada por ele-
mento mal-intencionado.
A Segurança da Informação se refere à proteção
existente sobre as informações de uma determinada Existem mecanismos de segurança que sustentam os
empresa ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informa- controles lógicos:
ções corporativas quanto aos pessoais. Entende-se por - Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem
informação todo conteúdo ou dado que tenha valor para a modificação da informação de forma a torná-la
alguma organização ou pessoa. Ela pode estar guardada ininteligível a terceiros. Utiliza-se para isso, algo-
para uso restrito ou exibida ao público para consulta ou ritmos determinados e uma chave secreta para, a
aquisição. partir de um conjunto de dados não criptografa-
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não dos, produzir uma sequência de dados criptografa-
de ferramentas) para definir o nível de segurança que há dos. A operação contrária é a decifração.
e, com isto, estabelecer as bases para análise de melho- - Assinatura digital: Um conjunto de dados cripto-
rias ou pioras de situações reais de segurança. A seguran- grafados, agregados a um documento do qual são
ça de certa informação pode ser influenciada por fatores função, garantindo a integridade e autenticidade
comportamentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo do documento associado, mas não ao resguardo
ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por pessoas
das informações.
mal-intencionadas que têm o objetivo de furtar, destruir
- Mecanismos de garantia da integridade da informa-
ou modificar tal informação.
ção: Usando funções de “Hashing” ou de checa-
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availabi-
gem, é garantida a integridade através de compa-
lity) — Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade
ração do resultado do teste local com o divulgado
— representa as principais características que, atualmen-
pelo autor.
te, orientam a análise, o planejamento e a implementa-
- Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave,
ção da segurança para um certo grupo de informações
que se almeja proteger. Outros fatores importantes são sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligen-
a irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do tes.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

comércio eletrônico e da sociedade da informação, a pri- - Mecanismos de certificação: Atesta a validade de


vacidade é também uma grande preocupação. um documento.
Portanto as características básicas, de acordo com os - Integridade: Medida em que um serviço/informação
padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as se- é autêntico, ou seja, está protegido contra a entra-
guintes: da por intrusos.
- Confidencialidade – especificidade que limita o - Honeypot: É uma ferramenta que tem a função
acesso a informação somente às entidades autên- proposital de simular falhas de segurança de um
ticas, ou seja, àquelas autorizadas pelo proprietário sistema e obter informações sobre o invasor en-
da informação. ganando-o, e fazendo-o pensar que esteja de fato

120
explorando uma fraqueza daquele sistema. É uma número extremamente elevado, em 1997, quebra-
espécie de armadilha para invasores. O HoneyPot ram esse algoritmo através do método de ‘tentati-
não oferece forma alguma de proteção. va e erro’, em um desafio na internet.
- Protocolos seguros: Uso de protocolos que garan- - RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algoritmo mui-
tem um grau de segurança e usam alguns dos me- to utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a 1024
canismos citados. bits. Além disso, ele tem várias versões que dife-
renciam uma das outras pelo tamanho das chaves.
Mecanismos de encriptação - EAS (Advanced Encryption Standard): Atualmente é
um dos melhores e mais populares algoritmos de
criptografia. É possível definir o tamanho da chave
#FicaDica como sendo de 128 bits, 192 bits ou 256 bits.
A criptografia vem, originalmente, da fusão - IDEA (International Data Encryption Algorithm): É
entre duas palavras gregas: um algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido
com o DES. Seu ponto forte é a fácil execução de
• CRIPTO = ocultar, esconder. software.
• GRAFIA= escrever
As chaves simétricas não são absolutamente seguras
quando referem-se às informações extremamente valio-
sas, principalmente pelo emissor e o receptor precisa-
Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma,
códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode
uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o chegar a terceiros.
destinatário que saiba a chave de encriptação possa de- Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a
criptar e ler a mensagem com clareza. pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave
Permitem a transformação reversível da informação pública para codificar e a chave privada para decodificar,
de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os
para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta algoritmos utilizados, estão:
para, a partir de um conjunto de dados não encriptados, - RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algorit-
produzir uma continuação de dados encriptados. A ope- mos de chave assimétrica mais usados, em que dois nú-
ração inversa é a desencriptação. meros primos (aqueles que só podem ser divididos por 1
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave e por eles mesmos) são multiplicados para obter um ter-
privada. ceiro valor. Assim, é preciso fazer fatoração, que significa
A chave pública é usada para codificar as informa- descobrir os dois primeiros números a partir do terceiro,
ções, e a chave privada é usada para decodificar. sendo um cálculo difícil. Assim, se números grandes fo-
Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para rem utilizados, será praticamente impossível descobrir o
‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não código. A chave privada do RSA são os números que são
tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o multiplicados e a chave pública é o valor que será obtido.
emissor e receptor original possui. - El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é
Hoje, a criptografia pode ser considerada um método um problema matemático que o torna mais seguro. É
100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e muito usado em assinaturas digitais.
proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes
e tentativas de invasão. Noções de Vírus
Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’
são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja, Firewall é uma solução de segurança fundamentada
quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
criptografia. um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego
Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma chave de rede para determinar quais operações de transmissão
de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de
decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o
256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe-
de combinações e decodificar a mensagem, que mes- sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá-
mo sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto, fego de dados indesejados e liberar acessos desejados.
quanto maior o número de bits, maior segurança terá a Para melhor compreensão, imagine um firewall como
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

criptografia. sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces-


Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves sário obedecer a determinadas regras, como se identifi-
simétricas e as chaves assimétricas car, ser esperado por um morador e não portar qualquer
Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não
usada para a codificação e decodificação. Entre os algo- se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a
ritmos que usam essa chave, estão: devida autorização.
- DES (Data Encryption Standard): Faz uso de chaves Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de
de 56 bits, que corresponde à aproximadamente ações maliciosas: um malware que utiliza determinada
72 quatrilhões de combinações. Mesmo sendo um porta para se instalar em um computador sem o usuário

121
saber, um programa que envia dados sigilosos para a in- A imagem a seguir ajuda na compreensão do concei-
ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu- to. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar
tadores externos não autorizados, entre outros. diretamente com a internet, há um equipamento entre
Você já sabe que um firewall atua como uma espécie ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e
de barreira que verifica quais dados podem passar ou entre o proxy e a internet. Observe:
não. Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabele-
cimento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo
usuário.
Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser
configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no
computador ou na rede. O problema é que esta condi-
ção isola este computador ou esta rede, então pode-se
criar uma regra para que, por exemplo, todo aplicativo
aguarde autorização do usuário ou administrador para
ter seu acesso liberado. Esta autorização poderá inclusive
ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes se-
rão automaticamente permitidos.
Em um modo mais versátil, um firewall pode ser con-
figurado para permitir automaticamente o tráfego de de-
terminados tipos de dados, como requisições HTTP (veja Figura 91: Proxy
mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras,
como conexões a serviços de e-mail. Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar
Perceba, como estes exemplos, tem políticas de um pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, esta-
firewall que são baseadas, inicialmente, em dois princí- belecer regras que impeçam o acesso de determinados
pios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está expli- endereços externos, assim como que proíbam a comu-
citamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto o nicação entre computadores internos e determinados
que está explicitamente bloqueado. serviços remotos.
Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan- Este controle amplo também possibilita o uso do pro-
do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu- xy para tarefas complementares: o equipamento pode
rança internos mais específicos ou oferecendo um refor- registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; con-
ço extraem procedimentos de autenticação de usuários, teúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espé-
por exemplo. cie de cache (uma página Web muito acessada fica guar-
O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias dada temporariamente no proxy, fazendo com que não
formas. O que define uma metodologia ou outra são fa- seja necessário requisitá-la no endereço original a todo
tores como critérios do desenvolvedor, necessidades es- instante, por exemplo); determinados recursos podem
pecíficas do que será protegido, características do siste- ser liberados apenas mediante autenticação do usuário;
ma operacional que o mantém, estrutura da rede e assim entre outros.
por diante. É por isso que podemos encontrar mais de A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja
um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos. visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis-
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras tentes na internet, fazendo com que, dependendo das
soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean- circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija
do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering), muito trabalho de configuração para bloquear ou autori-
uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada, zar determinados acessos.
embora ofereça um nível de segurança significativo. Proxy transparente: No que diz respeito a limitações,
Para compreender, é importante saber que cada pa- é conveniente mencionar uma solução chamada de pro-
cote possui um cabeçalho com diversas informações a xy transparente. O proxy “tradicional”, não raramente,
seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP exige que determinadas configurações sejam feitas nas
do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi- ferramentas que utilizam a rede (por exemplo, um na-
rewall então analisa estas informações de acordo com as vegador de internet) para que a comunicação aconteça
regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja sem erros. O problema é, dependendo da aplicação, este
para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo tam- trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso.
bém executar alguma tarefa relacionada, como registrar O proxy transparente surge como uma alternativa
o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log. para estes casos porque as máquinas que fazem parte
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O firewall de aplicação, também conhecido como da rede não precisam saber de sua existência, dispensan-
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma do qualquer configuração específica. Todo acesso é feito
solução de segurança que atua como intermediário entre normalmente do cliente para a rede externa e vice-ver-
um computador ou uma rede interna e outra rede, exter- sa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e
na normalmente, a internet. Geralmente instalados em responder adequadamente, como se a comunicação, de
servidores potentes por precisarem lidar com um grande fato, fosse direta.
número de solicitações, firewalls deste tipo são opções É válido ressaltar que o proxy transparente também
interessantes de segurança porque não permitem a co- tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor-
municação direta entre origem e destino. mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como

122
um malware enviando dados de uma máquina para a proprietário de um computador e que cumprem diver-
internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não sas funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e
bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con- perda de dados, alteração de funcionamento, interrup-
seguir se comunicar externamente, o malware teria que ção do sistema e propagação para outros computadores.
ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral- Os antivírus são aplicações de software projetadas
mente não acontece; no proxy transparente não há esta como medida de proteção e segurança para resguardar
limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente. os dados e o funcionamento de sistemas informáticos
caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas
Limitações dos firewalls comumente como vírus ou malware que tem a função de
alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos
computadores.
#FicaDica Um programa de proteção de vírus tem um funcio-
namento comum que com frequência compara o código
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que
de cada arquivo que revisa com uma base de dados de
estas variam conforme o tipo de solução e
a arquitetura utilizada. De fato, firewalls são códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode
recursos de segurança bastante importantes, determinar se trata de um elemento prejudicial para o
mas não são perfeitos em todos os sentidos. sistema. Também pode reconhecer um comportamento
ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus
podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro
Seguem abaixo algumas dessas limitações: do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in-
- Um firewall pode oferecer a segurança desejada, teragir com o mesmo.
mas comprometer o desempenho da rede (ou Como novos vírus são criados de maneira quase
mesmo de um computador). Esta situação pode constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
gerar mais gastos para uma ampliação de infraes- grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
trutura capaz de superar o problema; novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
- A verificação de políticas tem que ser revista perio- necer em execução durante todo tempo que o sistema
dicamente para não prejudicar o funcionamento informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
de novos serviços; ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
- Novos serviços ou protocolos podem não ser devi- malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
damente tratados por proxies já implementados; sites de entrada e saída visitados.
- Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ati- Um antivírus pode ser complementado por outros
vidade maliciosa que se origina e se destina à rede aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-
interna; res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
- Um firewall pode não ser capaz de identificar uma de vírus.
atividade maliciosa que acontece por descuido do Então, antivírus são os programas criados para man-
usuário - quando este acessa um site falso de um ter seu computador seguro, protegendo-o de programas
banco ao clicar em um link de uma mensagem de maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar
e-mail, por exemplo;
dados de seu computador.
- Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou ata-
Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es-
cantes experientes podem tentar descobrir ou ex-
colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es-
plorar brechas de segurança em soluções do tipo;
tão usando este mercado para enganar pessoas com fal-
- Um firewall não pode interceptar uma conexão que
sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa
não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário
seu computador vulnerável aos ataques.
acessar a internet em seu computador a partir de
E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado
uma conexão 3G (justamente para burlar as res-
trições da rede, talvez), o firewall não conseguirá ao baixar programas de segurança em sites desconheci-
interferir. dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta
de informação.
Sistema antivírus Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu-
Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo
spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
precisou formatar seu computador? espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
Os vírus representam um dos maiores problemas seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

para usuários de computador. Para poder resolver esses os espaços do programa original, para não dar a menor
problemas, as principais desenvolvedoras de softwares pista de sua existência.
criaram o principal utilitário para o computador, os an- Cada vírus possui um critério para começar o ataque
tivírus, que são programas com o propósito de detectar propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou gados, o micro começa a travar, documentos que não
depois de ingressar no sistema. são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos-
Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro- tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem
gramas de software que são implementados sem o con- estragos muito grandes.
sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou

123
Existe uma variedade enorme de softwares antivírus a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à In-
no mercado. Independente de qual você usa, mantenha- ternet, poderá ter todas as informações contidas no HD
-o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas
todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve
deles para proteger seu sistema operacional. dentro de um computador alheio sabe as possibilidades
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços oferecidas.
de atualização automática. Abaixo há uma lista com os Worms (vermes) podem ser interpretados como um
antivírus mais conhecidos: tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi-
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br pal diferença entre eles está na forma de propagação:
- Possui versão de teste. os worms podem se propagar rapidamente para outros
McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos- computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma
sui versão de teste. rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma-
AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga neira discreta e o usuário só nota o problema quando o
e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun- computador apresenta alguma anormalidade. O que faz
cionalidades). destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de
Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft- propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail
ware.com.br - Possui versão de teste. em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema
É importante frisar que a maioria destes desenvolve- de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio
dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re- que permita a contaminação de computadores (normal-
mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são mente milhares) em pouco tempo.
criados para combater vírus perigosos ou com alto grau
de propagação. Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não
serem necessariamente vírus, estes três nomes também
representam perigo. Spywares são programas que ficam
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam
informações sobre eles. Para contaminar um computa-
dor, os spywares podem vir embutidos em softwares
desconhecidos ou serem baixados automaticamente
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos,
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado.
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram»
navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex-
Figura 92: Principais antivírus do mercado atual plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página ini-
cial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe
propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala bar-
Tipos de Vírus ras de ferramentas no navegador e podem impedir aces-
so a determinados sites (como sites de software antivírus,
Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” por exemplo).
(Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permi- Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
tem a invasão de um computador alheio com espanto- dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
sa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus.
“amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo ferramenta desenvolvida especialmente para combater
o executa, o programa atua de forma diferente do que aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar
era esperado. no sistema operacional de uma forma que nem antivírus
Ao contrário do que é erroneamente informado na nem anti-spywares conseguem “pegar”.
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de
vírus de computador, sendo que seu objetivo é total- computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

mente diverso. Deve-se levar em consideração, também, novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na
que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classi- rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a
ficam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, ex- mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar
clusivamente, como definição para programas que cap- em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem
turam dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo hoax normalmente costuma dizer que a informação par-
de Tróia é um programa que se aloca como um arquivo tiu de uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e
no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. Des-
informações como passwords, logins e quaisquer dados, considere a mensagem.
sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando

124
Política de segurança da Informação ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada,
falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A
Hoje as informações são bens ativos da empresa, integridade é garantida quando se mantém a informação
imagine uma Universidade perdendo todos os dados no seu formato original.
dos seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com A disponibilidade é a garantia de que os usuários
isso pode-se dizer que a informação se tornou o ativo autorizados obtenham acesso à informação e aos ati-
mais valioso das organizações, podendo ser alvo de uma vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/
série de ameaças com a finalidade de explorar as vulne- IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponível
rabilidades e causar prejuízos consideráveis. A informa- para o acesso, ou seja, quando os servidores estão inope-
ção é encarada, atualmente, como um dos recursos mais rantes por conta de ataques e invasões, considera-se um
importantes de uma organização, contribuindo decisiva- incidente de segurança da informação por quebra de
mente para a uma maior ou menor competitividade, por disponibilidade. Mesmo as interrupções involuntárias de
isso é necessária a implementação de políticas de segu- sistemas, ou seja, não intencionais, configuram quebra
rança da informação que busquem reduzir as chances de de disponibilidade.
fraudes ou perda de informações.
A Política de Segurança da Informação é um docu-
mento que contém um conjunto de normas, métodos e
procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser co-
municados a todos os funcionários, bem como analisado
e revisado criticamente, em intervalos regulares ou quan-
do mudanças se fizerem necessárias.
Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor-
mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC
27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas
para a gestão de segurança da informação, na qual po-
dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar,
implementar, manter e melhorar a gestão de segurança
da informação em uma organização.
Importante mencionar que conforme a ISO/IEC
27002:2005(2005), a informação é um conjunto de dados
que representa um ponto de vista, um dado processado
é o que gera uma informação. Um dado não tem valor
antes de ser processado, a partir do seu processamento,
ele passa a ser considerado uma informação, que pode
gerar conhecimento, logo, a informação é o conheci-
mento produzido como resultado do processamento de
dados.
De fato, com o aumento da concorrência de mercado,
tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão em to-
dos os níveis. Como resultado deste significante aumen-
to da interconectividade, a informação está agora expos-
ta a um crescente número e a uma grande variedade de
ameaças e vulnerabilidades.
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005, p.ix),
“segurança da informação é a proteção da informação de
vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do
negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o re-
torno sobre os investimentos e as oportunidades de ne-
gócio, para isso é muito importante a confidencialidade,
integridade e a disponibilidade, onde:
A confidencialidade é a garantia de que a informa-
ção é acessível somente por pessoas autorizadas a terem
acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio-


nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade.
A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis
para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física.
Um exemplo simples seria o furto do número e da senha
do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta ban-
cária de uma pessoa.
A integridade é a garantia da exatidão e completeza
da informação e dos métodos de processamento (NBR

125
5. (CRM-PI 2016 - Quadrix – Médico Fiscal) Em um
computador com o sistema operacional Windows insta-
HORA DE PRATICAR! lado, um funcionário deseja enviar 50 arquivos, que jun-
tos totalizam 2 MB de tamanho, anexos em um e-mail.
1. (LIQUIGÁS 2012 - CESGRANRIO - ASSISTENTE Para facilitar o envio, resolveu compactar esse conjunto
ADMINISTRATIVO) Um computador é um equipamen- de arquivos em um único arquivo utilizando um softwa-
to capaz de processar com rapidez e segurança grande re compactador. Só não poderá ser utilizado nessa tarefa
quantidade de informações. o software:
Assim, além dos componentes de hardware, os compu-
tadores necessitam de um conjunto de softwares deno- a) 7-Zip.
minado: b) WinZip.
c) CuteFTP.
a) arquivo de dados. d) jZip.
b) blocos de disco. e) WinRAR.
c) navegador de internet.
d) processador de dados. 6. (MPE-CE 2013 - FCC - Analista Ministerial - Direito)
e) sistemaoperacional. Sobre manipulação de arquivos no Windows 7 em portu-
guês, é correto afirmar que,
2. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ADMINISTRATIVA) As características básicas da segu- a) para mostrar tipos diferentes de informações sobre
rança da informação — confidencialidade, integridade e cada arquivo de uma janela, basta clicar no botão
disponibilidade — não são atributos exclusivos dos siste- Classificar na barra de ferramentas da janela e esco-
mas computacionais. lher o modo de exibição desejado.
b) quando você exclui um arquivo do disco rígido, ele
( ) CERTO ( ) ERRADO é apagado permanentemente e não pode ser poste-
riormente recuperado caso tenha sido excluído por
3. (TRE/CE 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – JURÍ- engano.
DICA) São ações para manter o computador protegido, c) para excluir um arquivo de um pen drive, basta clicar
EXCETO: com o botão direito do mouse sobre ele e selecionar a
opção Enviar para a lixeira.
a) Evitar o uso de versões de sistemas operacionais ultra- d) se um arquivo for arrastado entre duas pastas que
passadas, como Windows 95 ou 98. estão no mesmo disco rígido, ele será compartilhado
b) Excluir spams recebidos e não comprar nada anuncia- entre todos os usuários que possuem acesso a essas
do através desses spams. pastas.
c) Não utilizar firewall. e) se um arquivo for arrastado de uma pasta do disco
d) Evitar utilizar perfil de administrador, preferindo sem- rígido para uma mídia removível, como um pen drive,
pre utilizar um perfil mais restrito. ele será copiado.
e) Não clicar em links não solicitados, pois links estranhos
muitas vezes são vírus. 7. (SUDECO 2013 - FUNCAB - Contador) No sistema
operacional Linux,o comando que NÃO está relacionado
4. (Copergás 2016 - FCC – Técnico Operacional Segu- a manipulação de arquivos é:
rança do Trabalho) A ferramenta Outlook :
a) kill
a) é um serviço de e-mail gratuito para gerenciar todos b) cat
os e-mails, calendários e contatos de um usuário. c) rm
b) 2016 é a versão mais recente, sendo compatível com o d) cp
Windows 10, o Windows 8.1 e o Windows 7. e) ftp
c) permite que todas as pessoas possam ver o calendá-
rio de um usuário, mas somente aquelas com e-mail 8. (IBGE 2016 - FGV - Analista - Análise de Sistemas
Outlook.com podem agendar reuniões e responder a - Desenvolvimento de Aplicações - Web Mobile) Um
convites. desenvolvedor Android deseja inserir a funcionalidade
d) funciona apenas em dispositivos com Windows, não de backup em uma aplicação móvel para, de tempos em
funcionando no iPad, no iPhone, em tablets e em tele- tempos, armazenar dados automaticamente. A classe da
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

fones com Android. API de Backup (versão 6.0 ou superior) a ser utilizada é a:
e) versão 2015 oferece acesso gratuito às ferramentas do
pacote de webmail Office 356 da Microsoft.] a) BkpAgent;
b) BkpHelper;
c) BackupManager;
d) BackupOutputData;
e) BackupDataStream.

126
9. (Prefeitura de Cristiano Otoni 2016 - INAZ do Pará 14. (IF-PA 2016 - FUNRIO - Técnico de Tecnologia da
- Psicólogo) Realizar cópia de segurança é uma forma Informação) São dispositivos ou periféricos de entrada
de prevenir perda de informações. Qual é o Backup que de um computador:
só efetua a cópia dos últimos arquivos que foram criados
pelo usuário ou sistema? a) Câmera, Microfone, Projetor e Scanner.
b) Câmera, Mesa Digitalizadora, Microfone e Scanner.
a) Backup incremental c) Microfone, Modem, Projetor e Scanner.
b) Backup diferencial d) Mesa Digitalizadora, Monitor, Microfone e Projetor.
c) Backup completo e) Câmera, Microfone, Modem e Scanner.
d) Backup Normal
e) Backup diário 15. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) Acerca dos ambientes Li-
10. (CRO-PR 2016 - Quadrix - Auxiliar de Departa- nux e Windows, julgue os itens seguintes.2No sistema
mento) Como é chamado o backup em que o sistema operacional Windows 8, há a possibilidade de integrar-se
não é interrompido para sua realização? à denominada nuvem de computadores que fazem parte
da Internet.
a) Backup Incremental.
b) Cold backup. ( ) CERTO ( ) ERRADO
c) Hot backup.
d) Backup diferencial. 16. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁ-
e) Backup normal TICA) Alguns programas do computador de Ana estão
muito lentos e ela receia que haja um problema com o
11. (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo) hardware ou com a memória principal. Muitos de seus
Um funcionário precisa conectar um projetor multimídia programas falham subitamente e o carregamento de ar-
a um computador. Qual é o padrão de conexão que ele quivos grandes de imagens e vídeos está muito demo-
deve usar? rado. Além disso, aparece, com frequência, mensagens
indicando conflitos em drivers de dispositivos. Como ela
a) RJ11 utiliza o Windows 7, resolveu executar algumas funções
b) RGB de diagnóstico, que poderão auxiliar a detectar as causas
c) HDMI para os problemas e sugerir as soluções adequadas.
d) PS2 Para realizar a verificação da memória e, em seguida do
e) RJ45 hardware, Ana utilizou, respectivamente, as ferramentas:

12. (SABESP 2014 - FCC - Analista de Gestão - Ad- a) Diagnóstico de memória do Windows e Monitor de
ministração) Correspondem, respectivamente, aos ele- desempenho.
mentos placa de som, editor de texto, modem, editor de b) Monitor de recursos de memória e Diagnóstico de
planilha e navegador de internet: conflitos do Windows.
c) Monitor de memória do Windows e Diagnóstico de
a) software, software, hardware, software e hardware. desempenho de hardware.
b) hardware, software, software, software e hardware. d) Mapeamento de Memória do Windows e Mapeamen-
c) hardware, software, hardware, hardware e software. to de hardware do Windows.
d) software, hardware, hardware, software e software. e) Diagnóstico de memória e desempenho e Diagnóstico
e) hardware, software, hardware, software e software. de hardware do Windows.

13. (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo) 17. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO -
Um computador à venda em um sítio de comércio ele- EXECUÇÃO DE MANDADOS) Beatriz trabalha em um
trônico possui 3.2 GHz, 8 GB, 2 TB e 6 portas USB. Essa escritório de advocacia e utiliza um computador com o
configuração indica que: Windows 7 Professional em português. Certo dia notou
que o computador em que trabalha parou de se comu-
a) a velocidade do processador é 3.2 GHz. nicar com a internet e com outros computadores ligados
b) a capacidade do disco rígido é 8 GB. na rede local. Após consultar um técnico, por telefone,
c) a capacidade da memória RAM é 2 TB. foi informada que sua placa de rede poderia estar com
d) a resolução do monitor de vídeo é composta de 6 por- problemas e foi orientada a checar o funcionamento do
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tas USB. adaptador de rede. Para isso, Beatriz entrou no Painel de


Controle, clicou na opção Hardware e Sons e, no grupo
Dispositivos e Impressoras, selecionou a opção:

a) Central de redes e compartilhamento.


b) Verificar status do computador.
c) Redes e conectividade.
d) Gerenciador de dispositivos.
e) Exibir o status e as tarefas de rede.

127
18, (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTI- 22. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXE-
CA) No console do sistema operacional Linux, alguns CUÇÃO DE MANDADOS) João trabalha no departamen-
comandos permitem executar operações com arquivos to financeiro de uma grande empresa de vendas no vare-
e diretórios do disco. jo e, em certa ocasião, teve a necessidade de enviar a 768
Os comandos utilizados para criar, acessar e remover um clientes inadimplentes uma carta com um texto padrão,
diretório vazio são, respectivamente, na qual deveria mudar apenas o nome do destinatário e
a data em que deveria comparecer à empresa para nego-
a) pwd, mv e rm. ciar suas dívidas. Por se tratar de um número expressivo
b) md, ls e rm. de clientes, João pesquisou recursos no Microsoft Office
c) mkdir, cd e rmdir. 2010, em português, para que pudesse cadastrar apenas
d) cdir, lsdir e erase. os dados dos clientes e as datas em que deveriam com-
e) md, cd e rd. parecer à empresa e automatizar o processo de impres-
são, sem ter que mudar os dados manualmente. Após
19. (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO imprimir todas as correspondências, João desejava ainda
- ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema imprimir, também de forma automática, um conjunto de
operacional (ambientes Linux e Windows) e de redes de etiquetas para colar nos envelopes em que as correspon-
computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema ope- dências seriam colocadas. Os recursos do Microsoft Offi-
racional aberto, o Linux, comparativamente aos demais ce 2010 que permitem atender às necessidades de João
sistemas operacionais, proporciona maior facilidade de são os recursos
armazenamento de dados em nuvem.
a) para criação de mala direta e etiquetas disponíveis na
( ) CERTO ( ) ERRADO guia Correspondências do Microsoft Word 2010.
b) de automatização de impressão de correspondências
20. (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO) disponíveis na guia Mala Direta do Microsoft Power-
Acerca de organização e gerenciamento de informações, Point 2010.
arquivos, pastas e programas, de segurança da informa- c) de banco de dados disponíveis na guia Correspondên-
ção e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os cias do Microsoft Word 2010.
itens subsequentes.1Um arquivo é organizado logica- d) de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Inserir
mente em uma sequência de registros, que são mapea- do Microsoft Word 2010.
dos em blocos de discos. Embora esses blocos tenham e) de banco de dados e etiquetas disponíveis na guia
um tamanho fixo determinado pelas propriedades físicas Correspondências do Microsoft Excel 2010.
do disco e pelo sistema operacional, o tamanho do re-
gistro pode variar. 23. (TCE/SP 2012 - FCC - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO
FINANCEIRA II) No editor de textos Writer do pacote BR
( ) CERTO ( ) ERRADO Office, é possível modificar e criar estilos para utilização
no texto. Dentre as opções de Recuo e Espaçamento para
21. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉC- um determinado estilo, é INCORRETO afirmar que é pos-
NICO ADMINISTRATIVO - RH) Paulo utiliza em seu tra- sível alterar um valor para
balho o editor de texto Microsoft Word 2010 (em portu-
guês) para produzir os documentos da empresa. Certo a) recuo da primeira linha.
dia Paulo digitou um documento contendo 7 páginas de b) recuo antes do texto.
texto, porém, precisou imprimir apenas as páginas 1, 3, 5, c) recuo antes do parágrafo.
6 e 7. Para imprimir apenas essas páginas, Paulo clicou no d) espaçamento acima do parágrafo.
Menu Arquivo, na opção Imprimir e, na divisão Configu- e) espaçamento abaixo do parágrafo.
rações, selecionou a opção Imprimir Intervalo Personali-
zado. Em seguida, no campo Páginas, digitou 24. CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, para
a) 1,3,5-7 e clicou no botão Imprimir. ordenar, por data, os registros inseridos na planilha, é
b) 1;3-5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora. suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar no
c) 1−3,5-7 e clicou no botão Imprimir. menu Dados e, na lista disponibilizada, clicar ordenar
d) 1+3,5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora. data.
e) 1,3,5;7 e clicou no botão Imprimir.
( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

128
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 E ________________________________________________

2 CERTO _________________________________________________
3 C _________________________________________________
4 B
_________________________________________________
5 C
_________________________________________________
6 E
7 A _________________________________________________
8 C _________________________________________________
9 A
_________________________________________________
10 C
_________________________________________________
11 C
12 E _________________________________________________
13 A _________________________________________________
14 C _________________________________________________
15 CERTO
_________________________________________________
16 A
17 D _________________________________________________

18 C _________________________________________________
19 ERRADO _________________________________________________
20 CERTO
_________________________________________________
21 A
_________________________________________________
22 A
23 C _________________________________________________
24 ERRADO _________________________________________________
25 D
_________________________________________________
26 B
_________________________________________________
27 D
28 E _________________________________________________
29 B _________________________________________________
30 C
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

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129
ANOTAÇÕES

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130
ÍNDICE

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

História do Maranhão:
França equinocial: expedição de Daniel de La Touche................................................................................................................................ 01
Fundação de São Luís............................................................................................................................................................................................... 01
Batalha de Guaxenduba........................................................................................................................................................................................... 02
A invasão holandesa................................................................................................................................................................................................ 04
A expulsão dos holandeses.................................................................................................................................................................................... 04
O Estado do Maranhão e Grão-Pará: a Revolta de Bequimão. Causas.................................................................................................. 05
Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará................................................................................................................................... 06
Os objetivos da Revolta............................................................................................................................................................................................ 06
Período do Império: adesão do Maranhão...................................................................................................................................................... 06
A Independência do Brasil. Causas da não adesão: a Batalha do Jenipapo....................................................................................... 08
A Balaiada: caracterização e causas do movimento..................................................................................................................................... 09
Período Republicano: adesão do Maranhão à República.......................................................................................................................... 10
A Revolução de 1930 no Maranhão................................................................................................................................................................... 10
O Vitorinismo e a Greve de 1951......................................................................................................................................................................... 11
Os principais fatos políticos, econômicos e sociais ocorridos no Maranhão na segunda metade do século XX................. 12

Geografia do Maranhão:
Localização do Estado do Maranhão: superfície; limites; linhas de fronteira; pontos extremos;............................................... 16
Áreas de Proteção Ambiental (APA).................................................................................................................................................................... 16
Parques nacionais...................................................................................................................................................................................................... 16
Climas do Maranhão: pluviosidade e temperatura....................................................................................................................................... 17
Geomorfologia............................................................................................................................................................................................................ 18
Geologia e recursos minerais no Maranhão................................................................................................................................................... 18
Classificação do relevo maranhense: planaltos, planícies e baixadas..................................................................................................... 19
Características dos rios maranhenses: bacias dos rios limítrofes: bacia do Parnaíba, do Gurupi e do TocantinS-Araguaia.
19
Bacias dos rios genuinamente maranhenses...................................................................................................................................................
Principais formações vegetais: floresta, cerrado e cocais........................................................................................................................... 20
Geografia da População: população absoluta; povoamento; urbanização; densidade demográfica; movimentos
20
populacionais...............................................................................................................................................................................................................
A agricultura maranhense: caracterização e principais produtos agrícolas; caracterização da pecuária. Extrativismo:
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vegetal, animal e mineral........................................................................................................................................................................................
Parque industrial: indústrias de base e indústrias de transformação. Setor terciário: comércio, telecomunicações,
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transportes. Malha viária. Portos e aeroportos...............................................................................................................................................
A cultura maranhense.............................................................................................................................................................................................. 24
e ainda por cima querendo-lhes escravizar. Os resulta-
HISTÓRIA DO MARANHÃO: FRANÇA dos desse empreendimento arriscado foi o despontar de
EQUINOCIAL: EXPEDIÇÃO DE DANIEL DE grandes conflitos de caráter local com os grupos indíge-
LA TOUCHE nas que não aceitavam tais medidas.
Com isso, em 1615, uma expedição luso-espanhola
alcançou São Luís e empreendeu o processo de recon-
Quando analisamos o processo histórico do Estado quista dos territórios. Liderados por Jerônimo de Albu-
do Maranhão, é preciso compreender que existem mui- querque e Alexandre de Moura, os portugueses expul-
tas particularidades históricas na construção do estado. saram os franceses e tomaram o Forte de São Luís. Aliados
Desde modo, a chamada França Equinocial (1612-1615) aos Tupinambás, empreenderam o processo de efetivação
se caracterizou pela tentativa de instauração de uma co- de territórios a oeste e fundaram, em 1616, o Forte do Pre-
lônia francesa na parte norte dos territórios portugueses sépio que deu origem à cidade de Belém, capital do Pará.
na América. A partir disso, criaram o Estado do Maranhão, com
Sendo assim, neste período fundaram o forte de São administração independente do Estado do Brasil e es-
Luís, o qual originou São Luís, capital do Maranhão. Esta tabeleceram uma relação direta com a metrópole que
foi a segunda tentativa francesa de estabelecer uma co- teve fim apenas com o processo de Independência do
lonização em território luso. A primeira delas foi a França Brasil em 1822. Assim, a tentativa francesa de estabele-
Antártica (1555-155) que ocorreu na Baía da Guanabara, cer aquela colônia concorreu para a criação do Estado
no Rio de Janeiro. Os principais objetivos dos franceses do Maranhão, uma outra colônia portuguesa na Amé-
eram fortalecer as relações comerciais com os indígenas rica, com administração e características próprias que a
e conquistar territórios no Novo Mundo. diferenciaram, inclusive em termos históricos, da outra
Seguindo essa perspectiva, no contexto em que os colônia portuguesa chamada Estado do Brasil.
franceses se apossam daquela região, esta não passava
de uma possessão registrada nos mapas luso-espanhóis
e fundamentado no Tratado de Tordesilhas, de 1494. A #FicaDica
maioria das Capitanias Hereditárias, que foram estabe-
lecidas a partir de 1534 haviam fracassado pouco tempo Denomina-se França Equinocial aos esfor-
depois de seus estabelecimentos. ços franceses de colonização da América
Ademais, o Governo Geral, instaurado nos idos de do Sul, em torno da linha do Equador, que
1549 não dava conta da administração daquelas regiões. antigamente era denominada de linha Equi-
O norte era tido como verdadeiro sertão (lugar longín- nocial, no século XVII. O mais significativo
quo), onde diferentes nações europeias e indígenas em- legado desse empreendimento colonial é a
preendiam trocas comerciais em larga escala. cidade de São Luís, atual capital do Estado
Deste modo, entre fins do século XVI e início do sé- brasileiro do Maranhã, originalmente uma
culo XVII, holandeses, franceses e ingleses estabeleceram feitoria francesa.
feitorias e dali trocavam manufaturas trazidas da Europa
(machados, facões, contas, tesouras, espelhos, etc.) com
produtos naturais extraídos da floresta (pau-brasil, papa- FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS
gaios, saguis, peixes, frutos, sementes, oleaginosas, peles
e penas de animais) e até cultivados pelos indígenas (al-
godão, tabaco, urucum, dentre outros). São Luís, foi fundada no local de uma aldeia indíge-
Com isso, a região que compreende atualmente os na, deste modo, guarda até hoje um pouco da história
estados do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio do Brasil em seus enormes casarões que refletiam o so-
Grande do Norte era tida como grande problema para nho francês de estabelecer uma “França” nos trópicos, a HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
a administração portuguesa, na época, com capital em “França Equinocial”.
Salvador (Bahia). Somava-se a estas questões, o enfra- Sendo assim, em 1535, quando da divisão do Brasil
quecimento político de Portugal como resultado de sua em capitanias hereditárias, a região de São Luís foi dada
anexação ao trono espanhol no contexto da União Ibéri- pela Coroa a João de Barros, tesoureiro. Na época ele
ca, que ocorreu entre 1580-1640. fundou a cidade de Nazaré, que os historiadores estimam
Desta forma, dadas as dificuldades de acesso luso e ser no mesmo local da atual São Luís. Porém, o local era
facilidade de comércio com os indígenas, os franceses habitado pelos índios tubinambás da aldeia Upaon-Açu
empreenderam o estabelecimento colonial e a posse dos que deram um pouco de dor de cabeça aos invasores.
territórios indígenas no Maranhão. Com o patrocínio da Deste modo, os cerca de 400 índios resistiram à ocu-
Coroa Francesa, Daniel de La Touche e Charles des Vaux pação portuguesa e Nazaré acabou sendo abandonada.
fundaram a França Equinocial. Outro fator que levou ao abandono de Nazaré foi a di-
Assim, as trocas voluntárias que já se processavam a ficuldade de acesso. Logo adiante, em 1612, o francês
mais de um século com os nativos, foi substituída pelo Daniel La Touche, que era conhecido como Senhor de La
domínio da terra e da mão de obra indígena pelos fran- Ravardiére, comandou uma missão para fundar a “França
ceses. Um índio principal dos Tupinambás chamado de Equinocial” na região. E desta vez deu certo. Os índios
Momboréuaçu chegou à conclusão de que, semelhan- acabaram se aliando aos franceses e, inclusive, ajudan-
te aos portugueses, os franceses estavam começando a do-os a resistir às primeiras tentativas portuguesa de re-
se fixar na terra, desrespeitar os costumes de seu povo tomar o local.

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Contudo, em 1615 os portugueses conseguem expul- go Campos parte do Recife com 300 homens e, no Rio
sar os franceses acabando com o sonho da França Tropical, Grande do Norte, se junta a Jerônimo de Albuquerque,
quando Alexandre de Moura recolocou a região sob do- que leva consigo um grande contingente de indígenas. A
mínio português. Mas os franceses deixaram mais do que expedição portuguesa com 500 homens liderados pelo
lembranças: o nome de São Luís, dado em homenagem ao capitão-mor Jerônimo de Albuquerque acampa na barra
rei francês Luís XIII, foi mantido pelos portugueses. do rio Perejá (Periá) com a intenção de buscar um local
Ademais, em 1620 dos açorianos chegaram a São Luís para edificar uma fortificação, enfrentando falta de ali-
e levaram consigo as técnicas para cultivo da cana-de- mentos e de água de qualidade.
-açúcar e da confecção da aguardente que, até a chega- Com isso, um grupo de 14 exploradores portugueses
da dos holandeses comandados por Maurício de Nassau, descobre um local adequado para a construção de um
em 1641, seria as únicas atividades da região. Mas, em forte, e a expedição novamente zarpa em 2 de outubro
1644 os holandeses são expulsos e a Coroa resolve criar de 1614. Em 26 de outubro, chegam a uma área chamada
o Estado do Maranhão e Grão-Pará com o intuito de coi- de Guaxindubá pelos indígenas, na margem direita da
bir as invasões ao local. Baía de São José, entre muitas ilhas e canais estreitos. Ali,
Com isso, em 1682 a criação da Companhia de Co- na praia de Guaxenduba, sob a orientação do engenheiro
mércio do Estado do Maranhão, e as plantações de ca- Francisco Frias de Mesquita é construída uma fortificação
na-de-açúcar, cacau e tabaco para exportação alavancam de forma hexagonal à qual é dado o nome de Forte de
a economia da região. Porém, vários conflitos internos Santa Maria, a cerca de 20 km da atual sede do município
quanto aos impostos e aos modelos de produção levam de Icatu, diante das posições francesas no Forte de São
à Revolta de Beckman. Um conflito de elites que foi o pri- José de Itapari, instalados em São José de Ribamar.
meiro movimento de insurreição a acontecer na colônia. Deste modo, uma vez estabelecidos, os portugueses
Outrossim, com a Guerra da Secessão nos EUA, os passam a trabalhar na construção e vigilância do forte
maranhenses vêem ali uma forma de aumentar suas ex- e no reconhecimento da região. Num primeiro contato
portações de algodão para a Inglaterra propiciando a cria- com os portugueses, alguns indígenas da Ilha diziam que
ção da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará geran- a mesma estava cheia de franceses, outros, que eles ha-
do grande desenvolvimento da cidade e dos seus portos. viam ido embora.
Portanto, ainda no século XVII, são realizadas obras Com isso, em 30 de outubro, um grupo de indígenas
de canalização na cidade e a construção de fontes. São
da ilha matara quatro índias e um índio que acompanha-
Luís cresce como nunca e chega a ocupar o lugar de ter-
vam os portugueses, fazendo-os desconfiar dos nativos e
ceira cidade mais populosa do Brasil atrás apenas de Rio
acreditar que haviam sido enviados pelos franceses para
de Janeiro e Salvador.
reconhecer seus navios. Nos dias do final de outubro, os
portugueses no forte de Santa Maria e na ilha de Santana
FIQUE ATENTO! observam o movimento de navios franceses na Baía de
São José e o desembarque de peças de artilharia.
A capital maranhense, lembrada hoje pelo
enorme casario de arquitetura portuguesa,
Início do enfrentamento francês
no início abrigava apenas ocas de madei-
ra e palha e uma paisagem quase intocada.
Em 10 de novembro de 1614, o sargento-mor do Es-
Aqui, ficava a aldeia de Upaon-Açu, onde os
tado, Diogo de Campos, após se desentender com Jerô-
índios tupinambás viviam da agricultura de
nimo de Albuquerque, envia um grupo de marinheiros
subsistência (pequenas plantações de man-
para defender as embarcações que estavam ancoradas
dioca e batata-doce) e das ofertas da natu-
ou encalhadas no estuário, pedindo que ficassem vigi-
reza, caçando, pescando e coletando frutas.
lantes. Na madrugada de 11 de novembro, os franceses,
Ademais, nos arredores da atual cidade de
guiados por Monsieur de Pisieu, Monsieur du Prat e Fran-
São Luís, habitava a etnia indígena dos po-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

çois Rasilly, se aproximam dos navios silenciosamente.


tiguaras.
Deste modo, quando percebem o ataque, os mari-
nheiros tocam as trombetas e alertam os soldados do
forte, que disparam a artilharia sem cessar, entretanto,
BATALHA DE GUAXENDUBA não gerando nenhum efeito nos franceses. Os marinhei-
ros abandonam e deixam livres as embarcações, das
quais três são capturadas pelos franceses: uma caravela,
Em 1555, os franceses tentaram estabelecer uma co- um patacho Abaeté de guerra e um barco que estavam
lônia no Rio de Janeiro, a França Antártica, que foi extinta mais afastados da terra.
em 1560. Em 1612 no Maranhão, com o apoio dos indí-
genas locais, os franceses novamente tentam estabelecer Confronto
uma colônia no território pertencente a Portugal: em 8 de
setembro, foi fundada a povoação de Saint Louis e iniciada a Foi na manhã de 19 de novembro de 1614, os solda-
construção do Forte de São Luís do Maranhão acima de um dos portugueses notaram que, ao lado do forte de Santa
morro em frente ao mar onde hoje existe o Palácio dos Leões. Maria, o mar estava repleto de embarcações a vela e à
Deste modo, ciente da presença dos franceses ao remo se aproximando da costa. Para atacá-los no desem-
norte da capitania do Maranhão, Gaspar de Souza envia barque, Diogo de Campos dirigiu-se à praia com 80 sol-
tropas de Pernambuco. Em 23 de agosto de 1614, Dio- dados portugueses, mas, percebendo que o número de

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inimigos era muito maior, retrocedeu. Logo, havia cente- frente dos mosquetes dos inimigos, que ainda resistiam.
nas de combatentes na praia. Os franceses dispunham de Turcou, que era o intérprete dos franceses na comuni-
200 soldados, muitos dos quais eram fidalgos, em duas cação com os índios, foi baleado pelos portugueses, e
tropas, levando coletes de aço, espadas e mosquetes com ele, Monsieur de la Fos Benart, líder dos indígenas
de grande qualidade. Contavam com 50 canoas e 2500 que lutavam com os franceses. Sem orientação, os índios
índios, incluindo 2 mil índios de Tapuitapera (atualmen- restantes, mais de 600, começaram a fugir, descendo o
te Alcântara) e 100 índios de Cumã (atual Guimarães). outeiro e a eles se misturaram os soldados franceses, que
Daniel de la Touche, comandante dos franceses, estava não possuíam mais pólvora para atirar.
no mar com mais 200 soldados liderados pelo cavaleiro
François Rasilly. Foi iniciada uma longa troca de tiros e Trégua e expulsão dos franceses
nesse primeiro encontro, foram mortos um soldado por-
tuguês e dois franceses. Após a Batalha de Guaxenduba, as tropas francesas
restantes no Maranhão estavam recolhidas no Forte de
Uso das trincheiras Saint Louis. Para ganhar tempo, Ravardière propôs uma
trégua aos portugueses e sua proposta foi aceita, ficando
Deste modo, diante do forte de Santa Maria havia um estipulado que um oficial português e um francês fossem
outeiro a uma distância igual a um tiro de falcão, limitado à França e um oficial português e um francês fossem a
a norte pelo mar e ao sul pelo rio do qual os portugueses Portugal, para procurar nas cortes desses países uma so-
retiram a água. Os franceses desembarcaram pelo mar. lução para o conflito.
Sob o comando de Monsieur de La Fos-Benart, cerca de
400 tupinambás que lutavam pelo lado francês recebe- Sendo assim, com o cessar-fogo anunciado, portu-
ram a ordem de fortificar o máximo que pudessem seu gueses, franceses e nativos permaneceram em paz. Em
topo: construíram, ao todo, 7 trincheiras com pedras outubro de 1615, chega ao Maranhão o capitão-mor de
grandes, fortificando todo o espaço entre a maré e o Pernambuco, Alexandre de Moura, trazendo um reforço
topo do outeiro, de modo que as canoas que chegavam de tropas e mantimentos. Por ser de patente superior, as-
ficavam parcialmente ocultas. sumiu o comando geral das tropas portuguesas. Sob seu
Com isso, por um caminho secreto, Jerônimo de Albu- comando, os portugueses violaram o tratado feito com os
querque subiu o morro com 75 soldados e 80 arqueiros, franceses e intimaram Daniel de la Touche a abandonar o
enquanto Diogo de Campos atacava os franceses e indí- Maranhão em 5 meses, comprometendo-se a indenizá-lo.
genas que desembarcavam. Em terra, saltou de uma ca- Assim, como garantia de sua palavra, Ravardière
noa com um trombeta (mensageiro), que levava o brasão entrega o Forte de Itapari, ademais, três meses depois,
de armas reais da França e uma carta em francês escrita chegaram da Europa Diogo de Campos e Martim Soares,
por Daniel de La Touche, a qual dizia que os portugueses trazendo mais tropas portuguesas e ordens terminantes da
deviam se render em 4 horas ou seriam massacrados. corte para os franceses abandonarem definitivamente o Bra-
Desta forma, Diogo de Campos percebeu que a carta sil. Com isso, em primeiro de novembro de 1615, Alexandre
era uma tentativa dos franceses de ganhar tempo e obter de Moura ordenou que o Forte de São Luís fosse cercado e
informações sobre o estado das tropas portuguesas. A desembarcou suas tropas na ponta de São Francisco.
esta altura, o grupo de soldados e arqueiros que acom- Deste modo, o forte foi atacado e, após 2 dias de
panhava Jerônimo de Albuquerque já havia chegado à combates, La Ravardière se rendeu. Em vez de indenizar
primeira trincheira. Os índios que a defendiam com os os franceses, como fora combinado, os portugueses os
franceses eram uma grande multidão, e neles, os portu- embarcaram de volta para a França em dois navios, ape-
gueses não perdiam um tiro. nas com o que lhes era indispensável. Alguns franceses
Então, Daniel de La Touche, Senhor de la Ravardière, ficaram no Maranhão, como Charles Des Vaux, que aju-
observava do mar que o exército francês sofria pesadas dava na comunicação com os nativos, os que permane- HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
baixas: em menos de uma hora, a área ao redor do for- ceram eram em sua maioria ferreiros.
te de Santa Maria estava repleta de mortos franceses e Portanto, em janeiro de 1616, Daniel de La Touche foi
indígenas. Ravardière mandou para próximo da praia os levado à força para Pernambuco, onde recebeu uma inde-
navios mais velozes para prevenir maiores danos à sua nização e perdão do governador-geral, para evitar que se
tropa, mas, sob o bombardeio da artilharia portuguesa, juntasse a outros corsários franceses e os liderasse nova-
foi forçado a desistir. Havendo os portugueses dominado mente. Em 1619, ao exigir o aumento da pensão estipula-
o outeiro fortificado, Diogo de Campos ordena que eles da pela Coroa portuguesa, foi preso em Lisboa, permane-
ateiem fogo a todas as canoas, que estavam abicadas na cendo encarcerado por três anos na Torre de Belém.
base do morro.

Desistência da França

Com todas as canoas em chamas, os franceses res-


tantes em terra não tiveram como fugir e tudo o que pu-
deram fazer foi se recolher na fortificação no topo do
outeiro. Entre eles estavam Monsieur de la Fos Benart e
Monsieur de Canonville. Ao final da batalha, próximo ao
outeiro, muitos dos soldados portugueses se punham à

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as terras que havia conquistado e formar nestas uma co-
#FicaDica lônia holandesa no Brasil. Neste período, o príncipe ho-
landês dominou enorme parte do território nordestino.
A Batalha de Guaxenduba foi um confronto
militar ocorrido em 19 de novembro de 1614
próximo de onde hoje se localiza a cidade
de Icatu, no estado do Maranhão, no Brasil, #FicaDica
entre forças portuguesas e tabajaras, de um
lado, e franceses e tupinambás, de outro. A Após algum tempo, ocorreram muitas re-
batalha foi um importante passo dado pelos voltas devido aos altos impostos cobrados
portugueses para a expulsão definitiva dos pelos holandeses. Após muitos conflitos, o
franceses do Maranhão, a qual viria a ocor- governador Maurício de Nassau deixou seu
rer em 4 de novembro de 1615. A expulsão cargo. Este fato facilitou a ação dos portu-
dos franceses possibilitou que grande parte gueses, que tiveram a chance de reagir em
da Amazônia passasse para domínio portu- batalhas como a do Monte das Tabocas e a
guês e, posteriormente, brasileiro. de Guararapes.

A INVASÃO HOLANDESA A EXPULSÃO DOS HOLANDESES

Após domínio da Espanha em Portugal, a Holanda, Chegando no ano de 1640, a presença dos holande-
em busca de açúcar, resolveu enviar suas expedições ses em território brasileiro esteve ameaçada pelo fim da
para invadirem o Nordeste do Brasil, no período colonial. União Ibérica. Nessa época, o envolvimento dos espa-
Sua primeira expedição ocorreu em 1621, na Bahia, con- nhóis em diversas guerras na Europa ameaçava seria-
tudo, esta não foi bem-sucedida, pois, em pouco tempo, mente a hegemonia do espaço colonial formado pelos
os colonos portugueses a mandaram para fora do Brasil. portugueses. Afinal de contas, o fomento de tantas riva-
Deste modo, a Invasão holandesa é o nome normal- lidades poderia resultar na invasão de outras nações aos
mente dado ao projeto de ocupação do nordeste brasi- domínios, que um dia foram controladas diretamente
leiro pelos Países Baixos durante o século XVII. Na ver- pela Coroa Portuguesa.
dade, tendo sido intentado pelos Países Baixos, o nome Com isso, membros da nobreza lusitana mobilizaram-se
correto deveria ser “Invasão neerlandesa”. em um conflito denominado Restauração. Nessa guerra, os
Sendo assim, o conflito iniciou-se no contexto da portugueses deram fim à União Ibérica e empossaram o
chamada Dinastia Filipina (União Ibérica, no Brasil), pe- duque de Bragança, agora dom João IV, como o novo rei de
ríodo compreendido entre 1580 e 1640, quando Portugal Portugal. Nesse momento, a necessidade de se recuperar
e suas colônias estiveram inscritos entre os domínios da do desgaste econômico gerado pela dominação espanhola
Coroa da Espanha. colocava como urgente a recuperação do território colonial
Assim, à época, os Países Baixos lutavam pela sua brasileiro, então dominado pela Holanda.
emancipação do domínio espanhol, vindo a ser procla- Deste modo, ao mesmo tempo em que tal mudança
mada, em 1581, a República das Províncias Unidas, com acontecia, a relação entre os holandeses e os coloniza-
sede em Amsterdã, separando-se da Espanha. dores brasileiros também apontava para novos rumos.
Desta forma, uma das medidas adotadas por Filipe II de Se anteriormente, a presença dos holandeses se colocava
Espanha em represália, foi a proibição do comércio espa- como oportunidade no desenvolvimento da economia
nhol (e português) com os seus portos, o que afetava dire-
açucareira, agora, os senhores de engenhos se mostra-
tamente o comércio do açúcar do Brasil, onde os neerlan-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

vam claramente insatisfeitos com a exigência holandesa


deses eram tradicionais investidores na agro-manufatura
em pagar os empréstimos contraídos e ampliar a produ-
açucareira e onde possuíam pesadas inversões de capital.
ção das lavouras imediatamente.
Diante dessa restrição, os neerlandeses voltaram-se
para o comércio no oceano Índico, vindo a constituir a Assim, nesse clima de forte tensão, eclode em 1645, a
Companhia das Índias Orientais (1602), que passava a ter chamada Insurreição Pernambucana. Tal conflito marcou
o monopólio do comércio oriental, o que garantia a lu- a mobilização dos grandes proprietários de terra em fa-
cratividade da empresa. vor da expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro.
Portanto, o êxito dessa experiência levou os neerlan- Nos anos de 1648 e 1649, a vitória nas batalhas ocorri-
deses à fundação da Companhia das Índias Ocidentais das no Monte dos Guararapes determinou um grande
(1621), a quem os Estados Gerais (seu órgão político su- avanço da população local contra os holandeses. Tempos
premo) concederam o monopólio do tráfico e do comércio mais tarde, a chegada de reforços militares portugueses
de escravos, por 24 anos, na América e na África. O maior acelerou ainda mais o processo de expulsão.
objetivo da nova Companhia, entretanto, era retomar o co- Portanto, no mesmo tempo em que as armas eram
mércio do açúcar produzido no Nordeste do Brasil. utilizadas, devemos também salientar que Portugal ne-
Outrossim, em 1630 houve uma segunda expedição gociava diplomaticamente a saída definitiva dos holan-
e está, ao contrário da primeira, ocorreu em Pernambu- deses do Brasil. Segundo o trabalho recente de espe-
co foi melhor sucedida. Durante seu domínio, a Holanda cialistas no assunto, Portugal teria pago à Holanda uma
enviou seu príncipe, Maurício de Nassau para governar

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pesada indenização de quatro milhões de cruzados (algo Ainda assim, questionavam a utilização da mão de
em torno de 63 toneladas de ouro) para que os holan- obra dos nativos por outros colonos, criando com es-
deses abandonassem o Nordeste. Assim, os holandeses tes uma situação de confronto. Os colonos organizaram
finalmente deixaram nossas terras no ano de 1654. atentados contra os aldeamentos, capturando os indíge-
nas aculturados. A guerra estava declarada.
Logo, os jesuítas conseguiram apoio da Coroa, pois
FIQUE ATENTO! a escravização dos nativos não repercutia em ganhos
Em 1645, os portugueses, que já haviam imediatos a Portugal, sendo proibida a escravização in-
conseguido a emancipação em relação a dígena. Acrescente-se a isso que a política metropolitana
Espanha (1640), apoiam a revolta dos gran- instituiu, em 1682, uma Companhia de Comércio (do Ma-
des proprietários contra a Companhia das ranhão) com vistas a abastecer a área com braço escravo
Índias Ocidentais (pertencente a Holanda), africano.
com isso eclode a Insurreição Pernambuca- Contudo, está companhia não teria apenas o mono-
na. Em 1654 expulsam os holandeses que pólio da venda de escravos, mas de todo o comércio da
levam mudas de cana para as Antilhas Ho- região por vinte anos. Somente os missionários ficaram
landesas, gerando uma concorrência inter- excluídos do monopólio da Companhia.
nacional ao açúcar brasileiro. Desta forma, a insatisfação crescente dos colonos
com o que acreditavam ser um desprestígio da Coroa
logo se cristalizou em revolta declarada. O movimento
cresceu não apenas contra a exploração da Companhia
O ESTADO DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ: de Comércio do Maranhão, mas também contra os je-
A REVOLTA DE BEQUIMÃO. CAUSAS suítas.
A partir da liderança dos irmãos Beckman ou, de
forma aportuguesada, Bequimão (Manuel e Tomás), se-
A revolta de Beckman foi uma rebelião que aconteceu nhores de engenho da região, eclodiu uma guerra com
no ano de 1684 como uma reação dos proprietários ru- a tomada do Armazém da Companhia e ataques aos al-
rais do Maranhão aos abusos que estavam sendo come- deamentos jesuíticos. Autoridades portuguesas foram
tidos pela cora portuguesa. presas e religiosos foram expulsos.
Deste modo, esse conflito entre colonos ocorreu no Seu principal objetivo foi o fim do monopólio da
norte do Brasil, mais precisamente na área que corres- Companhia de Comercio do Maranhão, para que, só as-
ponde ao Maranhão, no século XVII. Desde 1621 a di- sim, se estabelecesse uma relação comercial justa entre
nastia Filipina havia criado o Estado do Maranhão, dire- produtores, vendedores e compradores.
tamente vinculado ao Estado português, do qual faziam Manuel Beckman enviou seu irmão, Tomás Beckman,
parte o Ceará, o Piauí, o Maranhão, o Pará e o Amazonas. para Portugal para negociar com a Corte, mas ele foi pre-
Com isso, a região não era a mais próspera do es- so ao desembarcar e enviado de volta ao Maranhão.
paço colonial, pelo contrário, era marcada pela relativa Em seu retorno, trouxe consigo um novo governador
pobreza dos colonos. Dentre as atividades econômi- para a região, Gomes Freire Andrade, que foi enviado ao
cas desenvolvidas se encontravam a lavoura de cana, a Brasil pela coroa com a intenção de restabelecer a ordem
pecuária (voltada ao curtume), o cultivo do tabaco e o local. E não houve resistência da população.
extrativismo vegetal. Tais atividades eram realizadas em Como ato de Gomes Freire, o novo governador, os
pequena escala, repercutindo na situação de pobreza de políticos que haviam sido depostos na revolta tiveram
seus habitantes. seus cargos restituídos. Os envolvidos na revolta foram
Sendo assim, com parcos recursos, encontravam caçados, presos e julgados.
na escravização dos indígenas uma possibilidade de ga- Portanto, a respeito dos irmãos Beckman, Manuel foi HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
nho e, logo, entraram em confronto com os padres jesuí- condenado à forca em 1685, por ter liderado o movi-
tas que realizavam seus aldeamentos e ensinavam a fé mento. Seu irmão, Tomás, foi condenado ao desterro, ou
cristã aos nativos. seja, foi expulso da sua terra. Os demais participantes, e
Ademais, os missionários se colocaram em defesa dos apoiadores da revolta, também não foram deixados de
nativos, cobrando da Coroa uma atuação mais enérgi- lado. Foram investigados, julgados e tiveram a pena de
ca ao que denominavam abusos dos colonos, atentados prisão perpétua.
contra o gentio convertido à fé cristã.

FIQUE ATENTO!
#FicaDica
É importante observar que os jesuítas, ao A Companhia foi desfeita, no entanto, os
organizarem as missões, catequizavam os missionários continuaram com suas ativi-
índios, mas utilizavam o trabalho e o conhe- dades na região garantidas pela Coroa. Só
cimento dos povos indígenas para coletar adiante, na administração pombalina (1750-
as chamadas “drogas do sertão”. 1777), houve uma sistemática perseguição
metropolitana aos religiosos.

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COMPANHIA DE COMÉRCIO DO #FicaDica
MARANHÃO E GRÃO-PARÁ
O desenvolvimento do Brasil, tanto em ter-
mos populacionais comogeográficos, deve-
Com o objetivo de aumentar os lucros comerciais com -se, em grande parte, às companhias mo-
a exploração das colônias, aprimorar o processo produti- nopolistas decomércio fundadas entre os sé-
vo e ultrapassar os países concorrentes, as nações euro- culos XVII e XVIII.
peias organizaram as Companhias de Comércio. Apesar
de apresentarem administração independente, estes ór-
gãos possuíam uma parte do capital que provinha do Es- OS OBJETIVOS DA REVOLTA
tado. Durante os séculos XVII e XVIII, Portugal, que era o
país colonizador do Brasil, organiza-se em quatro Com-
panhias de Comércio: Companhia Geral do Comércio do O desenvolvimento do Brasil, tanto em termos popu-
Brasil, Companhia do Comércio do Maranhão, Compa- lacionais como geográficos, deve-se, em grande parte, as
nhia Geral do Comércio do Grão-Pará e do Maranhão e companhias monopolistas de comércio fundadas entre
Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba. os séculos XVII e XVIII, que, no entanto, não deixaram de
Deste modo, a primeira a ser criada foi a Companhia suscitar grande controvérsia.
Geral do Comércio do Brasil (1649) e seu objetivo era re- Junta do Comércio, uma instituição do Estado por-
ferente às primeiras necessidades dos colonizadores no tuguês, deu origem, em meados do século XVII, à Com-
País. Fornecia escravos e garantia a locomoção do açúcar panhia para o Comércio do Brasil e teve a seu cargo a
no território europeu, mantinha o auxílio à resistência de organização dos comboios mercantes do e para o Brasil
Pernambuco contra aos invasores da Holanda e apoiava até 1720, aprovou também a criação da Companhia de
a recuperação da agricultura de cana-de-açúcar na re- Cabo Verde e de Cacheu, em1680, a qual teve uma inter-
gião nordeste após os tumultos com os holandeses. venção importante no fomento da atividade comercial
Sendo assim, a segunda companhia de comércio foi no continente americano.
fundada no ano de 1682 e tinha o nome de Companhia Desta forma, esta companhia foi substituída por outra
do Comércio do Maranhão. O intuito desta companhia de curta duração, a Companhia Negreira do Pará e Mara-
era fornecer crédito para a exportação de algodão e açú- nhão em 1682, que tinha o exclusivo do tráfico “negrei-
car e o transporte de produtores e escravos. No século ro”, e fornecia mão de obra para este território america-
XVII, estas foram as mais importantes Companhias de no, o que equivalia a cerca de 10.000 escravos por ano,
Comércio. para além de outro tipo de mercadorias.
Contudo, durante o século XVIII, Portugal apresenta
mais duas companhias. Por intermédio do Marquês de
Pombal, surge, em 1755, a Companhia Geral do Comér- PERÍODO DO IMPÉRIO: ADESÃO DO
cio do Grão-Pará e do Maranhão. Quatro anos depois, MARANHÃO
é fundada a Companhia Geral do Comércio de Pernam-
buco e Paraíba. Nesta época, a mineração de pedras
preciosas como o diamante e o ouro estava em amplo A Capitania do Maranhão teve como último gover-
desenvolvimento no território brasileiro que ficou conhe- nador o Marechal do Exército de Portugal Bernardo da
cido como as “minas gerais”. Porém, mesmo com a alta Silveira Pinto da Fonseca. A qualidade desse político foi
desta atividade comercial, havia necessidade de reforçar a de um excelente administrador. O militar português
o extrativismo na região Norte e Nordeste do País. Neste imprimiu o jornal mais antigo já publicado no estado, O
ponto, as duas Companhias de Comércio do século XVIII Conciliador do Maranhão, fato que marca a chegada da
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

foram importantes. tipografia em território maranhense.


Assim, entre as principais características referentes Contudo, naquela época, a independência já era pre-
às Companhia de Comércio, estão: estabelecimento de vista pelo sentimento de nativismo. As duas forças que
condições de pagamento e formas de financiar, inde- concorreram para a independência foram: uma decisiva e
pendência na organização do transporte ultramarino e outra circunstancial. A força decisiva era a rebelião local.
monopólio em compras e vendas de produtos dentro de Apoiavam a rebelião local os cidadãos do Piauí e os ser-
sua área de ação. tanejos cearenses. Foi repetido pelos cidadãos do Piauí e
Portanto, por meio das Companhias de Comércio, sertanejos cearenses os mesmos caminhos que os índios
Portugal garantia a manutenção das plantações de fumo, andaram 300 anos antes na Serra da Ibiapaba.
algodão, além dos engenhos açucareiros. Desta forma, Deste modo, a segunda força foi circunstancial, quan-
conseguia manter os lucros da burguesia e os impostos do estiveram presentes os navios de Lord Thomas Co-
cobrados pela Coroa. O declínio das companhias ocorreu chrane. Em 1823, o imperador Pedro I do Brasil contratou
devido à má administração e falta de capital. Lord Thomas Cochrane para ser o comandante da esqua-
dra brasileira em combate com os colonizadores vindos
de Portugal. Quando o almirante inglês esteve presente
no Brasil, foi desencorajado por ele qualquer resistência
tentada por parte dos colonizadores vindos de Portu-
gal que moravam em São Luís.

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Assim, os separatistas já haviam feito o domínio das Cunha FIdié veio do Piauí para invadir Caxias. No dia 18
terras em direção ao litoral. Foi completada a vitória por de junho, o tenente-coronel José Félix Pereira de Burgos
Cochrane e assegurada a independência durante a en- foi passado para os independentes e o resto da tropa se
trada no porto e foram obrigados a se render os reforços rendeu.
portugueses que chegaram nos dias anteriores. Foi ini- Com isso, o tenente-coronel José Félix Pereira de Bur-
ciada uma fase de disputas pelo governo. Marcou esta gos era comandante-geral de Itapecuru-Mirim. Entre 18
fase de disputas políticas o contraste entre o nativismo e 20 de julho, ou seja, num período de três dias, Burgos,
exaltado e o conservadorismo moderado. As disputas através de uma câmara geral, fez quatro membros eleitos
políticas foram redundantes em violências contrárias aos para a direção do governo civil, e deixou que o povo da
portugueses. A linha radical teve como principal repre- capital indicasse mais três pessoas. Escolheram a própria
sentante o profissional do direito provisionado Miguel pessoa cujo sobrenome era Burgos para ser o governa-
Inácio dos Santos Freire Bruce. O advogado provisionado dor das armas. No dia 23 de julho, a junta de São Luís foi
expulsou todos os colonizadores vindos de Portugal. A intimada pelo novo governo para a independência a ser
redução da expulsão foi para os portugueses que não proclamada. E, no dia 10 de agosto, em Caxias, Fidié foi
tivessem propriedade ou não fossem profissionais. demitido a si mesmo e o tenente-coronel Luís Manuel de
Com isso, enquanto ocupava o cargo de primeiro Mesquita rendeu-se.
presidente provincial, Lord Cochrane acusou Bruce por Outrossim, naquela época, em São Luís, a junta pro-
causa da veiculação das ideias pró-república, pelo que visória reuniu um conselho e foi pronunciada por ela a
foi preso e deposto pelo oficial da marinha britânica. O independência. Por parte da tropa foi tentada a procla-
almirante inglês mandou o infrator ao Rio de Janeiro, mação, mas receberam a tiros, nas imediações do palácio
onde foi julgado inocente. O principal expoente da ten- do governo, os soldados que juravam fidelidade ao co-
dência moderada foi José Félix Pereira de Burgos. No- mandante português marechal Agostinho de Faria. Du-
meou-se ainda primeiro comandante de armas na vila rante o dia 14, no porto de Itaqui foram atracados sete
de Itapecuru (atual Itapecuru-Mirim). Foi passado então navios com tropas vindas de Portugal, que escapavam da
o comandante para o lado em que se encontravam os derrota em território baiano. A junta dissolveu a câmara
independentes. Foi assegurado a eles que o vale fosse e a tropa que era contra a independência foi comunica-
dominado totalmente. Em troca desse favor, a ação dos da, no momento em que foi deliberado o envio de emis-
portugueses foi limitada. sários aos chefes independentes para a negociação de
Desta forma, os reis Dom João VI de Portugal e Dom armistício, até a solução do caso pelos monarcas Dom
Pedro I do Brasil tiveram como amigo pessoal o bispo Pedro I do Brasil e João VI de Portugal. No dia 26 de
D. Joaquim de Nazareth. Foi defendido por Sua Excelên- junho, o porto de São Luís recebeu a entrada do almi-
cia Reverendíssima que o Brasil fosse unido diretamen- rante Cochrane. Dois dias depois, Cochrane proclamou a
te com Portugal e que fossem desmembradas as que se independência.
chamavam «províncias austrais». O então religioso era Dentro dessa perspectiva, pelos interesses conflituo-
amigo pessoal de João VI de Portugal e de Pedro I do sos, mas especialmente os sentimentais, entre brasilei-
Brasil. A força da exaltação nativista era maior que a do ros que nasceram no Brasil e brasileiros naturalizados foi
nacionalismo liberal de Bruce. Bruce era um nacionalista tomada a época compreendida entre as décadas de 1800
liberal e a exaltação nativista tinha estreita relação com o e 1850 do século XIX. A radicalidade foi do nativismo.
desejo de república. A agitação invadiu São Luís, ao sabor dos acontecimen-
Destarte, as principais pessoas que representavam tos do governo. A grande classe baixa, os mestiços de
o nacionalismo exaltado foram o boiadeiro baiano Sal- brancos com índios e os trabalhadores braçais da escra-
vador Cardoso de Oliveira, Domingos da Silva e o capi- vidão, não tinham limitação em estar presente nos acon-
tão-do-mato João Ferreira do Couto. O boiadeiro baiano tecimentos, porém muitos deles eram tomados em parte
Salvador Cardoso de Oliveira foi o primeiro defensor da dessa multidão oprimida. Entre 1838 e 1840, houve o HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
independência e que fez a sua junção com os cidadãos susto da sociedade no terrível movimento revolucionário
do Piauí e do Ceará, na margem oriental do rio Parnaíba. da balaiada. Depois de vencer os balaios, foi estabilizado
Domingos da Silva era conhecido pelo apelido de Ma- o domínio dos caucasianos e reafirmada a estrutura da
trauá e foi um dos participantes do movimento revolu- sociedade.
cionário da Balaiada. O capitão-do-mato João Ferreira Portanto, desde 1771 teve início a escravidão. Geral-
do Couto esteve à frente de uma guerrilha formada por mente, a atividade econômica dos imigrantes vindos de
quarenta homens. Manga do Iguará foi invadida e o co- Portugal era o comércio. Houve a continuidade da che-
mandante do contingente local morreu assassinado. gada dos imigrantes portugueses pelo porto de São Luís.
Sendo assim, houve uma reunião entre Salvador Car- Era feita domesticação dos indígenas como caboclos. A
doso de Oliveira e os independentes do Piauí no dia 12 profissão dos indígenas nas fazendas era a de agregados
de março de 1823. No dia seguinte, a primeira tropa que ou vaqueiros e na capital a de artífices.
lutou pela independência do Brasil, que era formada
por oitenta homens, foi o contingente militar que teve a
participação na batalha do Jenipapo. No final de março,
no arraial de São João dos Matões, piauienses e mara-
nhenses, que vieram da margem oriental do rio Parnaí-
ba, saudaram o imperador e a independência foi jurada.
No dia 17 de abril, o brigadeiro português João José da

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#FicaDica A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E AS
CAUSAS DA NÃO ADESÃO: A BATALHA DO
Em São Luís, era sofrida pelos indígenas a JENIPAPO
habilidade dos pretos concorrentes, escra-
vos ou na maioria das vezes alforriados, e
dos economicamente desprivilegiados vin- Algumas particularidades do processo de colonização
dos da Europa. Pelas famílias europeias de na região norte da América Portuguesa, que manteve por
baixa renda era trazida de Portugal dos ou- quase dois séculos o Maranhão como um estado colonial
tros países europeus a ciência artesanal que separado do Brasil, contribuiu para essa resistência em
não precisa de capital. reconhecer o governo do imperador Dom Pedro I. Fato-
res de ordem política, econômica e até mesmo geográ-
fica facilitavam o estreitamento dos laços do Maranhão
Para a Província do Maranhão, foi criada pelo segun- com Portugal.
do reinado uma prosperidade sem preocupação. Esta Sendo assim, as guerras de independência que ocor-
prosperidade despreocupada surgiu nos ombros dos tra- reram para garantir a unidade territorial do império bra-
balhadores braçais da escravidão e somente as paixões sileiro que se iniciava com a separação de Portugal, ato
políticas a cortavam. A chegada dos presidentes não era simbolizado no Grito do Ipiranga, são indicativas dos
acostumada com os costumes da terra. Os presidentes conflitos de interesse em jogo naquele contexto, e estão
foram embora após a primeira eleição ou com o gabinete longe de expressar uma independência pacífica e amis-
abolido. tosa como fez crer as interpretações oficiais amplamen-
Assim, nos tempos do Brasil Imperial, o Maranhão era te divulgadas na historiografia e nos materiais didáticos
famoso, ao lado de São Luís, pelos seus belos sobrados, desde o século XIX.
pela sua “civilidade” sofisticada. Isso fez da província o Deste modo, essas lutas pela independência envol-
lugar ideal para quem desejava começar a vida ou buscar veram diferentes grupos sociais com diferentes perspec-
tranquilidade depois de um dia de estresse no trabalho. tivas e interesses, a exemplo dos chamados “homens de
Por essa razão, foram enviados pelos partidos políti- cor”, livres, libertos ou escravos, que imaginaram que a
cos seus representantes famosos: o futuro marquês de independência traria melhoria para sua condição social.
Paranaguá, Pedro Leão Veloso, Leitão da Cunha, Lafayet- Dentro dessa perspectiva, a luta pela independên-
te Rodrigues Pereira, Sousa Carvalho, Franklin Dória, Sil- cia no Maranhão partiu do sertão em direção à capital
vino Elvídio Carneiro da Cunha e José Manuel de Freitas. São Luís, e contou com a participação de tropas vindas
Desta forma, na segunda metade do século XIX, pas- do Piauí e Ceará, as quais adentraram pelo interior da
sou a ser integrado territorialmente o Maranhão. Espe- província formando junto com adeptos da causa da in-
cialmente, devido ao fato de que Cândido Mendes de dependência no Maranhão o chamado “Exército Liber-
Almeida tivesse esforçado, que pelos decretos impe- tador”.
riais foram declarados como parte integrante do Ma- Com isso, essas tropas denominadas de indepen-
ranhão os territórios de Carolina (anteriormente quem dentistas protagonizaram muitas vitórias nos embates
disputava essa região era Goiás) e do Turiaçu. Isso fez travados com as forças oficiais que se mantinham fiéis
com que fosse deslocada a divisa com o Pará em direção à Coroa Portuguesa, gerando medo na capital São Luís.
ao Guarani e incorporado de maneira definitiva a por- Vale destacar a composição heterogênea das tropas in-
ção norte-ocidental. Nessa região, a localização geográ- dependentistas, que contava com livres e escravos, bran-
fica das antigas comunidades quilombolas deu origem cos, negros, mestiços, fazendeiros, caboclos, vaqueiros,
aos vários municípios do Maranhão. pequenos lavradores, enfim, diferentes grupos sociais e
étnicos. O palco da guerra foi a banda oriental (leste) do
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

Maranhão, com destaque para Itapecuru, Brejo, Caxias e


#FicaDica Pastos Bons. Essa mesma região seria o palco mais tarde
da guerra da Balaiada (1838-1841), também conhecida
O dia 28 de julho é a data comemorativa como a Guerra dos Bem-te-vis.
da Adesão do Maranhão à Independência Deste modo, a rendição oficial do governo provincial
do Brasil, ocorrida no ano de 1823. Ainda deu-se com a chegada ao Porto de São Luís do navio
hoje é uma data pouco conhecida dos ma- comandado pelo almirante britânico lorde Cochrane,
ranhenses, embora seja um feriado estadu- enviado pelo imperador Dom Pedro I. A cidade de São
al. A adesão tardia da província do Mara- Luís já sofria com os efeitos do cerco promovido pelo
nhão ao Império do Brasil, assim como de “exército libertador” e estava na iminência de capitular. A
outras províncias como a Bahia, Piauí, Pará e Junta Governativa que presidia o governo avaliou como
a Cisplatina (atual Uruguai) mostra como a mais estratégico a rendição ao comandante enviado pelo
separação política com a metrópole portu- imperador do que aos chamados “senhores da guerra”,
guesa não era um consenso entre as elites na expressão do historiador Mathias Assunção, para os
“brasileiras”. quais deveria fazer maiores concessões.
Portanto, o ato que oficializou a rendição do governo
provincial ocorreu em 28 de julho de 1823 no Palácio dos
Leões, sem a presença do lorde Cochrane, sem grandes

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cerimônias ou comoção popular, como destaca o histo-
riador Marcelo Cheche: “Foi uma cerimônia discreta. Seis #FicaDica
tripulantes do navio se juntaram a 91 cidadãos, entre eles
os membros da Junta de Governo e da Câmara e outras O local onde ocorreu o combate foi oficial-
autoridades, que, discretamente, saudaram a ‘Adesão mente declarado monumento nacional pelo
ao Império Brasílico, e Governo do Imperador, o Senhor decreto presidencial nº 99.058, de 7 de mar-
Dom Pedro Primeiro’. Do lado de fora do Palácio havia ço de 1990.
poucas pessoas.

A BALAIADA: CARACTERIZAÇÃO E CAUSAS


FIQUE ATENTO!
DO MOVIMENTO
A independência foi registrada com um
simples repicar dos sinos, uma salva de tiros
e o reconhecimento da ‘Bandeira Brasílica’”. Nas obras que tratam dos primeiros anos da inde-
pendência política do Brasil, muitos historiadores dão es-
pecial destaque ao fato de que os privilégios e desmandos
Quando pensamos na Batalha do Jenipapo, ela ocor- que marcavam o passado colonial não foram superados com
reu no dia 13 de março de 1823 às margens do riacho de o estabelecimento da independência do país. Um dos casos
mesmo nome na vila de Campo Maior, Piauí, foi um dos em que tal perspectiva é ainda mais evidente encontra-se na
confrontos mais sangrentos da Guerra de Independência revolta da Balaiada, ocorrida em 1838, no Maranhão.
do Brasil. Sendo assim, no século XIX, a economia maranhense
Sendo assim, ela consistiu na luta de piauienses, ma- atravessou uma forte crise, em grande parte decorrente
ranhenses e cearenses contra as tropas do Major João da concorrência do algodão norte-americano no merca-
José da Cunha Fidié, que era o comandante das tropas do internacional. Além disso, o estabelecimento da Lei
portuguesas, encarregadas de manter o norte da ex-co- dos Prefeitos – que concedia ao governador o privilégio
lônia fiel à Coroa Prtuguesa. de nomear os prefeitos municipais – causou outro tipo
Com isso, os brasileiros lutaram com instrumentos de atrito onde o mandonismo político acirrou as relações
simples, não com armas de guerra, não tinham experiên- do povo com as instituições governamentais.
cia. Perderam a batalha, mas fizeram com que a tropa Com isso, podemos ver que a presença de três líde-
desviasse seu destino. Foi uma das mais marcantes ba- res nessa revolta, que muito bem representou a situação
talhas travadas na guerra da independência brasileira, e política ali vivida, impulsionou diversos focos de tensão.
consolidou o território nacional. Raimundo Gomes, um dos primeiros líderes da revolta,
Deste modo, em poucas horas de embate corpo a mobilizou um grupo de escravos, vaqueiros e artesãos
corpo, 200 brasileiros morreram, um número superior ao logo depois de libertar um grupo de vaqueiros aprisiona-
de todas as baixas ocorridas na Independência da Bah- dos em Vila da Manga, a mando de um opositor político
ia (durante o movimento, que se estendeu por um ano e do patrão daqueles mesmos trabalhadores.
quatro meses em Salvador e arredores, houve aproxima- Dessa forma, o artesão Manoel dos Anjos Ferreira,
damente 150 mortes no lado brasileiro). Os portugueses, conhecido como Balaio, começou a lutar contras as au-
em sua maioria mercenários bem treinados, ganharam a toridades provinciais depois de acusar o oficial Antônio
batalha, mas perderam a guerra da independência graças Raymundo Guimarães de ter abusado sexualmente de
às táticas de guerrilha dos sertanejos: após o combate suas filhas. Após conquistar vários adeptos, os revoltosos
do Jenipapo, num assalto de surpresa ao acampamento conseguiram controlar a cidade de Caxias, um dos maiores
militar, eles se apoderaram dos armamentos e da muni- centro comerciais da época. A natureza popular desse mo-
ção, de dinheiro e bagagem do Major Fidié, e cercaram o vimento em muito ameaçou a estabilidade dos privilégios HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
caminho para Oeiras, forçando o comandante português econômicos daqueles que detinham o poder na época.
a se retirar do Piauí. Logo, naquele mesmo ano, o negro Cosme Bento de
Portanto, após alguns movimentos por parte de po- Chagas, contou com o apoio de, aproximadamente, 3 mil
líticos, historiadores e da população, a data foi acrescida escravos fugidos. O grande número de negros envolvi-
à bandeira do Piauí, e está em curso a implantação do dos na revolta deu traços raciais à questão da desigual-
estudo da Batalha do Jenipapo na disciplina de História. dade ali colocada. Em resposta aos levantes, o coronel
Durante as comemorações e reflexões do dia 13 de mar- Luis Alves de Lima e Silva foi nomeado para controlar a
ço o município de Campo Maior faz a entrega da Me- tensa situação da província.
dalha de Mérito Heróis do Jenipapo e o Governador do No ano de 1841, com farto armamento e um grupo
Piauí, a Ordem do Mérito Renascença do Piauí, oportuni- de 8 mil homens, Luis Alves obteve sucesso na contenção
dade em que ele usa a faixa governamental. dos revoltosos e, por isso, recebeu o título de Conde de
Caxias. A desarticulação entre os vários braços revoltosos
da Balaiada e a desunião em torno de objetivos comuns,
facilitou bastante a ação repressora estabelecida pelas
forças governamentais.
Portanto, todos os negros fugidos acusados de envol-
vimento na revolta foram reescravizados. Manoel Francis-
co Gomes foi abatido durante o movimento de retaliação

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da revolta. Já o vaqueiro Raimundo Gomes foi expulso do de 1891. Em 1822, mais precisamente no dia 28 de julho,
Maranhão e, durante sua deportação para São Paulo, fa- foi promulgada uma nova constituição, acrescida das
leceu em uma embarcação. O líder dos escravos, Cosme emendas em 1898, 1904 e 1919.
Bento, foi preso e condenado à forca em 1842.
#FicaDica

#FicaDica O século XX teve como primeiro governa-


dor do Maranhão o senhor João Gualberto
A crise econômica provocada pela concor- Torreão da Costa.
rência com o algodão dos Estados Unidos
no mercado internacional juntamente à
pobreza que assolava a região foram os
motivos que incentivaram a população a A REVOLUÇÃO DE 1930 NO MARANHÃO
lutar por melhores condições de vida. As
populações de baixa renda juntamente aos
escravos formaram a base que compôs o A década de 20 é uma das mais conflitantes da his-
movimento. Além deles, uma camada de tória brasileira. Além dos embates sociais no campo e
profissionais urbanos (bem-te-vis) descon- na cidade, os quartéis se rebelavam e as oposições se
tentes com o governo regencial também movimentavam. Um partido de esquerda surge no país.
participou da luta popular. Era o PCB. No âmbito cultural, a semana de arte moder-
na, abalava os padrões arcaicos revolucionando a cultura
brasileira. Soma-se a isso, as dissensões políticas existen-
tes no interior da política do café-com-leite.
Com isso, este macro senário influencia os aconteci-
PERÍODO REPUBLICANO: ADESÃO DO mentos no Maranhão. No interior, o clima é de grande
MARANHÃO À REPÚBLICA tensão, fazendo com que, camponeses se rebelem sob o
comando de Manoel Bernardino, o “o Lênin do sertão”.
Eles denunciam a exclusão e a pobreza, que já aquela
Desde o movimento revolucionário da balaiada, a
época, atingiam o campesinato maranhense e o poder
Província do Maranhão tornou-se política e socialmente
local.
estável. A atividade econômica da agricultura na época
Sendo assim, no âmbito político, dois grupos dispu-
era o trabalho escravo e de uma vez ou outra a estabili-
tavam o poder na década de 20, após a morte do oligar-
dade política e social teve desafios excessivos. Mas havia
ca Urbano Santos: os “magalhanista”, capitaneados por
a persistência do ideal republicano.
Magalhães de Almeida e os “marcelinistas” que tinham
Sendo assim, como foi visto antes, Lord Cochrane de-
como líder Marcelino Machado. O primeiro, genro do
pôs e prendeu Bruce, primeiro presidente da Província próprio Urbano Santos e o segundo era genro de Be-
do Maranhão que Pedro I do Brasil nomeou, devido à nedito Leite. Ambos disputavam os despojos da política
veiculação das ideias pró-república. Como Bruce foi acu- maranhense. Outro aspecto que antecede a “Revolução”
sado, o conselho de guerra ouviu a sua resposta e foi de 1930 no Maranhão, foi a passagem da Coluna Prestes
julgado inocente; mas o acontecimento, por sua vez, teve no Estado que fortaleceu o sentimento contrário a repú-
expressividade. blica velha.
Ademais, em 1824, pelos chefes da Confederação do Desta forma, sem sombra de dúvidas, o fato mais
Equador que nasceram no Ceará, foram enviados emis- marcante e antecedeu o golpe de 1930 “Reação Republi-
sários ao povo maranhense, na certeza de que seu libera- cana”, movimento que em nível local, foi deflagrado pela
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

lismo permitiria a participação revolucionária. Os chefes oposição contra o poder exercido por Urbano Santos. Es-
cearenses da Confederação do Equador estiveram pre- sas reações assumiram um caráter nacional, em oposição
sentes no Maranhão com as forças expedicionárias. As às oligarquias dominantes. Sobre essas reações locais,
forças expedicionárias tiveram decisão no processo da são enfáticos os historiadores Antonio Paulo Rezende e
independência. Em 1829, os revolucionários leram pro- Maria Thereza Didier: “Apesar do autoritarismo, o povo
clamações republicanas em Pastos Bons. não assistiu passivamente à ação de seus governantes;
Por quem a província teve como último presidente, não se entregou a uma apatia desmobilizante nem se
o desembargador Tito Augusto Pereira de Matos, de- submeteu a vontade quase imperial dos coronéis. As in-
pois que foi abolido o regime monárquico, foi passado quietações da década de 1920 não surgiram do nada.
a administração ao tenente-coronel João Luís Tavares. Mesmo entre as elites governantes havia divergências.
Tavares integrava uma junta de sete cidadãos, dois quais Nem todos concordavam com as práticas utilizadas para
cinco são militares e dois são civis. conservar o poder político, e a ineficiência administrativa
Com isso, foi entregado o poder pela junta ao primei- incomodava a muitos”.
ro governador que Manuel Deodoro da Fonseca nomeou Deste modo, as práticas políticas do oligarca mara-
em 17 de dezembro de 1889. A chegada ao Rio de Janei- nhense Urbano Santos eram abomináveis, não admitindo
ro foi de Pedro Augusto Tavares Júnior. oposição ao seu poder. Usava todos os métodos no con-
Portanto, a Assembleia Legislativa promulgou a pri- trole da máquina política. Assim, mandou fuzilar cerca de
meira constituição política estadual datada de 4 de julho 100 camponeses em Codó, seguidores do líder socialista,

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Manoel Bernardino. Na época, usou a corrupção para ali- Contudo, depois de uma fracassada tentativa de ele-
jar do poder o oposicionista Herculano Parga. ger parlamentares, no âmbito federal e estadual, viaja
Com isso, a oposição local reagiu, aproveitando o cli- para o Rio de Janeiro, a convite do presidente Getúlio
ma de tensão que cercava a disputa eleitoral entre Artur Vargas, para assumir um cargo na câmara ao exercer o
Bernardes e Nilo Peçanha; tomou de assalto o palácio posto de ministro da Viação e obras públicas. A influên-
dos leões, depondo o então governador, colocado por cia de Vitorino torna-se patente. Ele remete verbas ao
Urbano Santos, Raul Machado. Em seu lugar, assumiu estado e nomeia Aliados para cargos estratégicos.
uma junta governativa composta por Tarquínio Lopes Fi- Vitorino Freire, retorna Maranhão na década de 40, a
lho, Leôncio Rodrigues, Carlos Augusto, Araújo Costa e fim de articular a campanha do candidato a presidente,
Rodrigo Otávio Teixeira. A vitória de Bernardes fortaleceu Eurico Gaspar Dutra, seu amigo pessoal. No estado, passa
o governador deposto que reassumiu horas depois do a dirigir a política, em torno da qual ele é o maior nome.
golpe, passando a perseguir os revoltosos, de tal maneira É nessa década que Vitorino monta a sua trajetória rumo
que o Deputado Leôncio Rodrigues recorreu ao suicídio ao poder, exercido até meados da década de 60, quando
para não ser preso. Os demais implicados foram absol- José Sarney assumiu o controle do Estado. A ascensão de
vidos. Vitorino está vinculada as benesses que recebe do go-
Dentre os movimentos que mais combateram as verno federal, a ausência de um grupo político que ele
instituições arcaicas da República Velha, está a Coluna fizesse oposição, bem como a sua articulação política em
Prestes que colaborou decisivamente para a ascensão de torno do principal partido Nacional, o PSD.
Vargas ao poder. A Coluna foi a expressão da insatisfa- Após o ingresso no PSD foi eleito deputado federal
ção da baixa oficialidade do exército, sob a liderança do em 1945 e assim ajudou a elaborar a Constituição de
capitão Luis Carlos Prestes. Percorreu vários estados do 1946. Contudo, em questão de poucos meses, migrou
Brasil exigindo reformas. Chegou ao Maranhão em 1925 para o PPB - Partido Proletário do Brasil e elegeu-se se-
percorrendo várias cidades, como Barra do Corda, Gra- nador em 1947, ano que seu correligionário, Sebastião
jaú, Mirador, Codó, Barão de Grajaú. Por onde passava Archer, elegeu-se governador do Maranhão. Mudar de
era aclamado, além de galvanizar grandes adesões. partido foi a saída que a corrente “vitorinista” encontrou
Ademais, a vinda da coluna ao Maranhão serviu para para conquistar o Palácio dos Leões após a vitória de Ge-
acirrar os ânimos no Estado. É a partir desse senário, que nésio Rego à convenção do PSD.
se pode traçar o golpe militar de 1930. Movimento este Sendo assim, em 1950 discordou da escolha de Altino
que também teve nas forças armadas o seu principal Arantes como candidato a vice-presidente da República via
agente, sendo consequência imediata da deposição do PSD e disputou o cargo de forma avulsa pelo PST e nesse ínte-
então presidente Washington Luís, substituído por uma rim foi o mais votado em todo o Maranhão, o que permitiu ao
junta governativa que tinha como um de seus compo- seu aliado, Eugênio de Barros, eleger-se governador do estado.
nentes, o maranhense Taça Fragoso. Deste modo, reintegrado ao PSD, foi reeleito senador
Portanto, a junta empossou Getúlio Vargas, cujo au- em 1954 e 1962, escolhendo filiar-se à ARENA após a
toritarismo nos estados foi representado pela adoção de outorga do bipartidarismo pelo Regime Militar de 1964.
um regime de interventorias em substituição aos gover- Com isso, a hegemonia do “vitorinismo” terminou em
nadores. O presidente tinha assim os caminhos do auto- 1965 quando o deputado federal José Sarney venceu as
ritarismo e do centralismo político-administrativo. eleições para o governo do Maranhão pela UDN com o
auxílio do presidente Humberto de Alencar Castelo Bran-
co, embora o novo governador, curiosamente, tenha ini-
FIQUE ATENTO! ciado a carreira política no PSD.
Getúlio Vargas tornou-se chefe do Governo Portanto, estabelecida a rivalidade, cada um passou
Provisório com amplos poderes. A constitui- a liderar sua própria facção da ARENA. Graças à amizade
ção de 1891 foi revogada e Getúlio passou de seu líder com o presidente Ernesto Geisel, o “vitori- HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
a governar por decretos. Getúlio nomeou nismo” foi agraciado com a escolha de Osvaldo da Costa
interventores para todos os Governos Esta- Nunes Freire como titular do Palácio dos Leões em 1974.
duais, com exceção de Minas Gerais. Esses
interventores eram na maioria tenentes que
participaram da Revolução de 1930. FIQUE ATENTO!
O vitorinismo caracterizou-se graças ao
prestígio pessoal de Vitorino nas altas esfe-
ras administrativas e junto aos figurões do
O VITORINISMO E A GREVE DE 1951 país (prestígio que se conservou em alta e
afetivo, passando de Presidente a presiden-
te, até sua morte e além dela) como uma
Vitorino Freire nasceu em Pernambuco, onde, na con- época de grandes vantagens para o estado,
dição de Tenente, apoiou o golpe de 1930. No Maranhão, com o carreamento de vultosa as verbas,
sua história começa mais precisamente em 1933, quan- que, se bem aplicadas, teriam dado ao Ma-
do chega àquele estado, advindo de Pernambuco para ranhão um grande progresso.
assumir a chefia do gabinete do interventor Martins de
Almeida, cumprindo funções burocráticas.

11
Greve de 1951 de Sousa Ramos tomou posse. Durante o Estado Novo,
Getúlio Vargas nomeou Sousa Ramos como interventor.
São Luís foi palco de violentos confrontos entre mani- Outrossim, com a Segunda República, foi aprovada
festantes e forças de militares constituídas. Muitas revol- pela Assembleia Constituinte estadual uma nova cons-
tas operárias, ou greves operaria como ficaram conheci- tituição datada de 28 de julho de 1947. José Sarney da
das no Brasil no início do século XX, foram movimentos Costa tomou posse do governo estadual em 1966. Por
liderados por proletariados que lutaram por melhores iniciativa de Sarney foi iniciado o período modernizador
condições de trabalho, de salário e garantias trabalhistas. “Maranhão Novo”, dos quais se destacavam o porto de
Nesse contexto, a forma de luta dos trabalhadores era Itaqui a ser construído e a rodovia São Luís-Teresina a ser
a obtenção de benefícios para si próprios, ou seja, evitan- pavimentada.
do a perda deles. Normalmente, as greves eram utilizadas Deste modo, pelo contrário, apenas nas posteriores
como único recurso durante as tentativas de negociações décadas, com os recursos da SUDAM – Superintendência
entre a classe dos empregados e patrões. Cruzando os do Desenvolvimento da Amazônia e da SUDENE – Su-
braços e deixando de produzir, os trabalhadores causa- perintendência do Desenvolvimento do Nordeste, foi
vam um prejuízo imediato a boa parte das empresas. sobrevindo o que mudou na economia estadual, com a
Desta forma, a greve de 1951, por exemplo, não foi solidez das repercussões no Maranhão: foi entrado em
somente o resultado de uma aliança eleitoral. Significou operação a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança em 1970
o mais formidável movimento urbano da história do Ma- e em 1973 ocorreu a inauguração da indústria papeleira
ranhão. Representou movimento popular amplo, radical (Cepalma), onde a matéria-prima da região é utilizada.
e heterogêneo que mobilizou a massa urbana revoltada Portanto, foi inaugurada a primeira etapa da indústria
com as práticas fraudulentas e coronelistas de Vitorino aluminífera do consórcio Alumar em 1984. Esta fábrica
Freire, cujas consequências foram marcantes. de alumínio foi o primeiro projeto do programa Grande
Com isso, ela também foi um poderoso movimento Carajás. Teve o início da construção do Centro de Lança-
social, onde as multidões obrigaram realmente todas as mento de Alcântara em 1987.
correntes a enfrentar as questões colocadas pelos mani-
festantes maranhenses. Apesar da proibição das forças de
repressão, acabou se desenvolvendo uma manifestação. FIQUE ATENTO!
Assim, se evocou um movimento espontâneo e a ira Esse legado de represálias que a Repúbli-
dos trabalhadores, operários e trabalhadores em geral ca trouxe no seu bojo, perdura até hoje no
foi crucial para o sucesso da revolta. A contradição entre Maranhão, a despeito dos avanços demo-
os revoltosos e a moderação dos dirigentes e políticos, cráticos conquistados pelo povo brasilei-
que não desejavam, aparecia mais claramente nos jornais ro. Se há algo que os detentores do poder
no dia a dia de São Luís. aprenderam com o regime instalado em
Outrossim, durante o desfecho do movimento, como 1889, são as práticas consubstanciadas nas
estratégia, os rebeldes fecharam o porto de São Luís, di- perseguições e nos revanchismos contra os
minuindo a oferta de alimentos no Estado. São Luís ficou eventuais opositores e adversários.
totalmente paralisada por uma greve geral nos meses de
fevereiro, março e posteriormente setembro e outubro.
Portanto, nesse contexto, o movimento alcançou
grande repercussão nacional e internacional, transfor-
mando-se numa campanha de libertação contra o jugo EXERCÍCIOS COMENTADOS
vitorinista: era a “Balaiada Urbana”.
1. A ocorrência de rebeliões, tais como a Cabanagem
(1835-1840), no Pará, a Sabinada (1837-1838), na Bahia,
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

e a Balaiada (1838-1841), no Maranhão, determinou a ca-


OS PRINCIPAIS FATOS POLÍTICOS,
racterização da Regência como um período conturbado.
ECONÔMICOS E SOCIAIS OCORRIDOS NO Todavia, a ocorrência de rebeliões tão distintas apresenta
MARANHÃO NA SEGUNDA METADE DO como aspecto comum a
SÉCULO XX
a) reivindicação popular pela abolição da escravatura,
tornando inviável o apoio das camadas médias urba-
Durante a administração de Benedito Pereira Leite, nas aos movimentos contra a ordem regencial.
pelo presidente eleito do Brasil Afonso Pena, o Mara- b) influência da experiência republicana da América His-
nhão foi visitado em 1906. O movimento revolucionário pânica, decorrente da proximidade intelectual entre as
que entrou no Brasil Meridional tornou-se mais extensa elites imperiais e os criollos.
e os revolucionários depuseram o governador José Pires c) mobilização das camadas populares pelos segmentos
Sexto em 1930. da elite, objetivando o controle do poder nas referidas
Deste modo, a Assembleia Legislativa aprovou uma províncias.
nova constituição do estado datada de 16 de outubro d) tentativa de restabelecer o poder moderador, transfe-
de 1934, durante administração de Antônio Martins de rindo- o para a Regência Una como forma de resistir
Almeida. A Assembleia Legislativa emendou a constitui- às reformas liberais.
ção estadual em 1936 e a administração de Paulo Martins

12
e) rejeição ao regime monárquico, revelador da perma- O movimento liderado por Manuel Beckman no Mara-
nência do privilégio concedido ao português desde a nhão, em 1684, foi motivado pela
Colônia.
a) proibição do ensino laico no Brasil colonial e pelas
Resposta: Letra C. É muito comum compreender a pressões que os jesuítas realizavam para impedir a sua
História a partir da postura das elites, desprezando as liberação.
necessidades, reivindicações e lideranças populares. b) questão da mão de obra indígena e pela insatisfação
Muitos autores – não apenas historiadores – enten- de colonos com as atividades da Companhia de Co-
dem sempre a presença popular como “massa de ma- mércio do Maranhão.
nobra”, conforme propõe o exercício. c) ameaça dos jesuítas de abandonarem a região e pela
Durante esse período, o poder moderador não foi catequese dos povos indígenas sob a sua guarda.
exercido e nem todas as rebeliões eram republicanas d) crítica dos colonos maranhenses ao apoio dos jesuítas
ou antilusitanas. aos interesses espanhóis e holandeses na região.
e) tentativa dos jesuítas em aumentar o preço dos escra-
2. “A dissolução da Assembleia Constituinte e a outorga vos indígenas, contrariando os interesses dos colonos
da Carta de 1824 acirraram os ânimos, principalmente maranhenses.
em Pernambuco. O que incomodava os pernambucanos,
assim como os membros da elite de outras províncias Resposta: Letra B. A questão remete à Revolta de
dos atuais Nordeste e Norte, era a falta de autonomia, Beckman que ocorreu no Maranhão no ano de 1684,
em decorrência da opção de D. Pedro por um regime liderada pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman.
centralizado a partir do Rio de Janeiro.” O Maranhão era uma região muito pobre tendo as
VAINFAS, Ronaldo e outros. História 2: o longo século “drogas do sertão” como o produto mais importante.
XIX. – 2° Ed. Havia também a pequena lavoura com mão de obra
São Paulo: Saraiva, 2013. p. 153. indígena o que desagradava aos jesuítas. Os confli-
tos entre colonos e padres jesuítas eram constantes.
O texto faz referência à política autoritária de D. Pedro I,
Para resolver estes problemas, a coroa portuguesa
a qual ocasionou a
criou, em 1682, a Companhia Geral do Comércio do
Estado do Maranhão visando incentivar a colonização
a) Revolução Praieira.
da região. A Companhia vendia seus produtos a preço
b) Guerra dos Mascates.
mais elevados e oferecia muito pouco pelos produtos
c) Confederação do Equador.
dos colonos como algodão, açúcar e madeira. Assim,
d) Revolta de Beckman.
os irmãos Beckman ocuparam a cidade de São Luís
Resposta: Letra C. A constituição brasileira de 1824 expulsando os representantes da Companhia e os pa-
foi outorgada e centralizadora, basta observar o quar- dres jesuítas.
to poder denominado de “moderador”. Algumas pro-
víncias não gostaram de tamanha centralização do 4. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações
poder, foi o caso de Pernambuco que em 1824 foi pal- abaixo, referentes ao período das invasões holandesas
co da Confederação do Equador, um movimento de no Nordeste brasileiro.
caráter separatista e republicano.
( ) A motivação principal das invasões batavas ao Brasil
3. Reverendo padre reitor, eu, Manoel Beckman, como está relacionada à conjuntura da União Ibérica, que fez
procurador eleito por aquele povo aqui presente, venho com que os adversários da Espanha se tornassem hostis
intimar a vossa reverência, e mais religiosos assistentes a Portugal.
no Maranhão, como justamente alterados pelas vexações ( ) O ataque às regiões produtoras de açúcar, inicial- HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
que padece por terem vossas paternidades o governo mente na Bahia e depois em Pernambuco, foi realizado
temporal dos índios das aldeias, se tem resolvido a lançá- pela Companhia das índias Orientais.
-los fora assim do espiritual como do temporal, então e ( ) Em função do desenvolvimento urbano e de uma
não tem falta ao mau exemplo de sua vida, que por esta política conciliadora entre luso-brasileiros e batavos, o
parte não tem do que se queixar de vossas paternida- governo de Nassau é considerado a “idade de ouro” do
des; portanto, notifico a alterado povo, que se deixem domínio holandês na América.
estar recolhidos ao Colégio, e não saiam para fora dele ( ) A chamada Restauração Pernambucana foi uma con-
para evitar alterações e mortes, que por aquela via se sequência do processo de endividamento dos lavradores
poderiam ocasionar; e entretanto ponham vossas pater- de cana luso-brasileiros com o governo holandês.
nidades cobro em seus bens e fazendas, para deixá-las
em mãos de seus procuradores que lhes forem dados, e A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
estejam aparelhados para o todo tempo e hora se em- de cima para baixo, é
barcarem para Pernambuco, em embarcações que para
este efeito lhes forem concedidas. a) V - F - V - V.
João Felipe Bettendorff, Crônica dos Padres da Compa- b) V - F - F - V.
nhia de Jesus no Estado c) F - V - V - F.
do Maranhão. 2ª Edição, Belém: SECULT, 1990, p.360. d) F - F - V - V.
e) V - V - F - F.

13
Resposta: Letra A. Batavo é uma referência aos ho- III. A repressão militar dos revoltosos da Confederação
landeses. As invasões foram realizadas sob comando do Equador, da Farroupilha e da Balaiada, adeptos de
da Cia das Índias Ocidentais e não orientais. propostas separatistas e/ou federalistas.
IV. A flexibilização das relações escravistas para evitar
5. “As invasões holandesas que ocorreram no século XVII movimentos de fragmentação, insuflados por quilombo-
foram o maior conflito político-militar da Colónia. Em- las e seguidores da Revolução do Haiti.
bora concentradas no nordeste, elas não se resumiram a
um simples episódio regional. Ao contrário, fizeram par- Assinale a alternativa CORRETA.
te do quadro das relações internacionais entre os países
europeus, revelando a dimensão da luta pelo controle a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
do açúcar e das fontes de suprimento de escravos. [...] O b) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
ataque a Pernambuco se iniciou em 1630, com a conquis- c) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
ta de Olinda. A partir desse episódio, a guerra pode ser d) Somente a afirmativa II, III e IV são corretas.
dividida em três períodos distintos. [...] e) Todas as afirmativas são corretas.
O segundo período,entre 1637 e 1644, caracteriza-se
por relativa paz, relacionada com o governo do príncipe Resposta: Letra C. O item IV está incorreto porque
holandês Maurício de Nassau,que foi o responsável por a escravidão permaneceu intocada, pelo menos até a
uma série de importantes iniciativas políticas e realiza- abolição efetiva do tráfico intercontinental de escra-
ções administrativas.” vos, em 1850, sendo que a Lei de 1831, que também
(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, abolia o tráfico negreiro, foi continuamente desres-
2004.p.84 e 85.) peitada. Somente na segunda metade do século XIX
foram aprovadas leis que limitavam a escravidão (Rio
São características do governo Maurício de Nassau, ex- Branco ou Ventre Livre e Saraiva-Cotegipe ou Sexa-
ceto: genários) até a efetivação da Lei Áurea. O item I, na
verdade, aplica uma generalização que poderia ser
a) concessão de créditos aos senhores de engenho. questionada, pois o Poder Moderador poderia prorro-
b) investimentos em obras urbanas, sendo construídas gar ou adiar a Assembleia Geral, formada pela Câmara
pontes e obras sanitárias. dos Deputados e pelo Senado, e dissolver apenas a
c) criação da cidade de Maurícia, hoje um bairro da capi- “Câmara dos Deputados nos casos em que o exigir a
tal pernambucana. salvação do Estado” (Artigo 101, 5º da Constituição
d) a intolerância religiosa, pois Nassau que era calvinista, de 1824).
perseguiu outros segmentos religiosos.
e) estímulo à vinda de artistas, naturalistas, médicos e as- 7. Ao longo do período colonial da História do Brasil, o
trônomos. Império Português foi vítima de assédio e de tentativas
de invasão de seus territórios ultramarinos por parte de
Resposta: Letra D. O “período nassoviano” foi carac- diversas potências rivais. Alguns exemplos de invasões es-
terizado por uma política de modernização, desta- trangeiras na América Portuguesa estão listados a seguir:
cando as obras que remodelaram a cidade de Recife,
também conhecida como “Cidade Maurícia”. A vida 1612 - Estabelecimento da França Equinocial
cultural e intelectual tornou-se dinâmica e região co- 1624 - Tentativa derrotada da invasão holandesa a Sal-
nheceu a recuperação da economia canavieira. Apesar vador
de orientação religiosa calvinista, a política adotada 1630 - Tomada de Recife e Olinda por invasores holan-
foi de tolerância, permitindo as manifestações tradi- deses
cionais do catolicismo, religião dos colonos de origem
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

portuguesa. A interpretação dos dados acima permite identificar que


uma causa direta de todas essas invasões estrangeiras
6. No contexto da Independência do Brasil, os dirigen- foi a
tes políticos, atentos ao processo de fragmentação dos
Vice-Reinados da América espanhola em várias nações a) fuga da Corte portuguesa para a América
independentes, preocuparam-se com a manutenção da b) vitória francesa na Guerra dos Sete Anos
unidade política e territorial da ex-colônia portuguesa na c) conclusão da Reconquista da Península Ibérica
América. d) guerra de Restauração Portuguesa contra a Espanha
e) criação da União das Coroas Ibéricas
As estratégias para manter a unidade política e territorial
do Brasil, nesse contexto, foram: Resposta: Letra E. A questão remete às invasões eu-
ropeias no Brasil durante a União Ibérica, 1580-1640.
O Brasil foi vítima de várias invasões de nações eu-
I. A criação do Poder Moderador, de atribuição exclusiva
ropeias ao longo do período colonial, sobretudo no
do imperador, possibilitando a dissolução da Assembleia
contexto da União Ibérica. Devido ao boicote econô-
Geral e a nomeação de cargos no poder judiciário.
mico realizado pela Espanha contra a Holanda, este
II. A instituição, na Constituição de 1824, do unitarismo,
país criou a Companhia das Índias Ocidentais visando
restringindo as propostas de descentralização da admi-
invadir o Brasil. Em 1624 ocorreu a fracassada inva-
nistração estatal.
são holandesa na Bahia, em 1630 a mesma companhia

14
invadiu Pernambuco montando um império holandês a) A diferença de denominação com relação às comuni-
no Nordeste do Brasil. Em 1612 ocorreu a invasão de dades organizadas pelos escravos no Estado do Grão-
franceses no Maranhão denominada de França Equi- -Pará e Maranhão e no Estado do Brasil devia-se ao
nocial. Esta expedição foi comandada por Daniel de fato de que nos Mocambos se reuniam exclusivamen-
La Toche, fundando o forte de São Luís, Jerônimo de te índios e nos Quilombos, exclusivamente negros,
Albuquerque liderou a expulsão dos franceses. embora com o mesmo objetivo: resistir à colonização.
b) As comunidades organizadas por escravos fugitivos
8. Durante o período colonial, o Brasil sofreu diversas in- acabavam por se tornar postos avançados da coloni-
vasões estrangeiras. Nessas invasões: zação portuguesa na Amazônia, e, paradoxalmente,
garantias do domínio luso na região, já que funciona-
a) a francesa, na Baía da Guanabara, resultou na criação vam como “muralhas do sertão”, ou seja, como barrei-
de uma colônia, a França Antártica, formada principal- ras à penetração de estrangeiros.
mente por católicos interessados no cultivo da cana- c) Nos mocambos ou quilombos, os escravos fugitivos
-de-açúcar e no trabalho de conversão dos índios. montavam um sistema de produção agrícola de ex-
b) a holandesa foi motivada pelo embargo espanhol que, cedente, com o objetivo de fazer comércio com as
por representar uma ameaça à sua economia, levou o cidades vizinhas, o que os tornava concorrentes dos
país a decidir-se pela invasão do Brasil, inicialmente colonos, cuja sobrevivência dependia da venda de sua
pela região do Rio Grande do Norte, onde encontrou produção às populações urbanas.
forte resistência. d) No Estado do Grão-Pará e Maranhão, os mocambos
c) a holandesa, em Pernambuco, foi favorecida pelo constituíam-se em espaços de socialização de um
constante reforço vindo da Holanda, o auxílio de cris- grande contingente de despossuídos, formado por
tãos-novos residentes na região e por estarem seus índios, negros, mestiços e homens brancos pobres,
soldados mais bem armados e mais experientes. que neles construíam uma identidade de interesses
d) a resistência luso-brasileira à invasão pernambucana e passavam a desenvolver estratégias de resistência
foi organizada em grupos de guerrilha e contou com a
coletiva.
liderança de Domingos Fernandes Calabar, morto lu-
e) A excessiva violência dos portugueses na destruição
tando contra os holandeses.
dos mocambos pode ser justificada pela ameaça que
e) embora a resistência luso-brasileira em Pernambuco
essas comunidades representavam para o domínio
contasse com a vantagem do fator surpresa e melhor
luso na região, devido à presença nestas de estran-
conhecimento do terreno, os holandeses acabaram
geiros clandestinos, principalmente provenientes da
por conquistar o Nordeste, onde se estenderam desde
França, de onde fugiam das perseguições movidas por
o Maranhão até a Bahia.
Napoleão.
Resposta: Letra C. Não é padrão de questão para o
atual vestibular. Possui detalhes que enganam os alu- Resposta: Letra D. Os mocambos foram formados
nos e não são relevantes para avaliar Ensino Médio. por foragidos e por despossuídos, de origens diferen-
Ex.: França Antártica católica, Holanda invadindo Rio tes, que tinham em comum a situação de marginali-
Grande do Norte, Calabar lutando contra holandeses, dade. Essas comunidades se desenvolveram de forma
holandeses conquistando Maranhão – dados que le- independente, produziam para subsistência e, eventu-
vam ao erro e são de menor importância. almente, comercializavam excedente com populações
próximas. O fato de se organizarem em áreas mais dis-
9. Leia com atenção o documento a seguir: tantes não foi determinante para a ampliação da ocu-
pação territorial, dado o pouco interesse econômico
[...] as povoações que os escravos fugidos fazem nos Mat- dos portugueses na região.
tos, a que naquele Estado chamam Mocambos, e no Brasil HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
Quilombos em todo tempo foram muito prejudiciais às fa- 10. “A origem política de José Sarney no Maranhão, está
zendas dos moradores, não só pela destruição que fazem a principio claramente associada à liderança do Senador
nas culturas, mas por agregarem a si outros escravos, que Vitorino Freire, chefe oligárquico que dominou a política
convidados da liberdade da vida, e isenção de senhorio maranhense de 1946 a 1965. O período em que Sarney
desamparam as mesmas fazendas, e associados uns com se insere no grupo vitorinista ocorre durante a gestão do
outros cometem todo gênero de insultos [...] Governador Eugênio Barros”.
(Consulta do Conselho Ultramarino para o rei D. João V, (1951-1954)”. (MELO, Francivaldo. História do Maranhão.
sobre a carta dos oficiais da Câmara da cidade de Belém São Luís: Gráfica & Editora Alpha, 2009. p.184).
do Pará, sobre a conveniência de se proceder à escolta
militar dos mocambos, durante a captura dos índios e O trecho nos leva a concluir que:
escravos negros fugidos dos seus Donos, AHU, cx. 31,
doc. 2977). a) A trajetória política de José Sarney está relacionada
com os grupos menos favorecidos na política local.
O documento refere-se à resistência escrava no Estado b) Atividade política de José Sarney tem sua gênese na
do Grão-Pará e Maranhão, onde as comunidades organi- sua relação com grupos tradicionais da oligarquia ma-
zadas por escravos fugitivos eram denominadas de mo- ranhense.
cambos. Com base na leitura do documento, é correto
afirmar:

15
c) Sua ampla atividade política foi favorecida pela sua
oposição ao governo Eugênio de Barros, adversário FIQUE ATENTO!
político de Vitorino Freire, responsável direto pela tra- Até a década de 1960, o Maranhão era um
jetória inicial de José Sarney na política. estado brasileiro praticamente isolado, sem
d) O grupo vitorinista apoio José Sarney na eleição para acessos por terra, que impossibilitava avan-
concorrer com Eugênio Barros. ço em sua economia, tímida, quase inexis-
e) A origem política de José Sarney foi favorecida pela tente perante o restante do país. A partir
oligárquica maranhense e que fazia oposição a Vitori- deste período, com a implantação de linhas
no Freire e apoiava o grupo político de Eugênio Barros. férreas e rodovias, o estado foi interligado a
outras regiões do Brasil.
Resposta: Letra B. A hegemonia do “vitorinismo”
terminou em 1965 quando o deputado federal José
Sarney venceu as eleições para o governo do Mara-
nhão pela UDN com o auxílio do presidente Humberto ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA)
de Alencar Castelo Branco, embora o novo governa-
dor, curiosamente, tenha iniciado a carreira política
no PSD. Deste modo, Sarney tem sua gênese na sua A Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhen-
relação com grupos tradicionais da oligarquia mara- se é uma unidade de conservação localizada no Mara-
nhense. nhão, na região da Baixada Maranhense, sendo assim, a
APA compreende uma área de 1.775.035 hectares.
Foi criada pelo Decreto nº 11.900 de 11 de junho de
GEOGRAFIA DO MARANHÃO: 1991, incorporando uma complexa interface de ecos-
LOCALIZAÇÃO DO ESTADO DO sistemas ou incluindo manguezais, babaçuais, , campos
MARANHÃO: SUPERFÍCIE; LIMITES; abertos e inundáveis, uma série de bacias lacustres em
LINHAS DE FRONTEIRA; PONTOS sistema de “rosário”, um conjunto estuarino e lagunar e
matas ciliares, todos abrigando rica e complexa fauna e
EXTREMOS
flora aquática e terrestre, com destaque para ictiofauna,
avifauna migratória e permanente e às variedades de es-
O Maranhão é uma das 27 unidades federativas do pécies da flora local e regional considerados alguns da-
Brasil, localizado na Região Nordeste do país. Limita-se queles ecossistemas como Reservas Biológicas.
com três estados brasileiros: o Piauí (leste), Tocantins (sul Deste modo, possui características fisiográficas mar-
e sudoeste) e Pará (oeste), além do Oceano Atlânti- cantes como terras baixas, planas inundáveis, caracteri-
co (norte). zada, por campo, mata de galeria, manguezais de bacia
Sendo assim, estando localizado no oeste da Região lacustre. Em sua vegetação destacam-se: castanheiras,
Nordeste, o estado do Maranhão é o único da região que gameleiras, embaúbas, cedros e babaçuais. Nas ilhas flu-
tem parte do território coberto pela floresta Amazônica. tuantes, encontram-se: buritis, aningas e embaúba.
Possui a segunda maior costa litorânea brasileira, com Portanto, na fauna encontram-se diversos animais,
extensão de 640 Km. exemplo: as aves como a garça branca, a garça azul e
Ademais, o relevo apresenta costa recortada e planí- as jaçanãs que são bem abundantes. Os mamíferos mais
cie litorânea com dunas e planaltos no interior. O ponto comuns são: a raposa, guariba, macaco-prego, caititu,
mais elevado é a chapada das Mangabeiras, com 804 me- veado, guaxinim, paca e tamanduá.
tros de altitude. A vegetação do Maranhão é caracteriza-
da por mata de cocais a leste, mangues no litoral, floresta
Amazônica a oeste, cerrado ao sul. O clima é tropical. FIQUE ATENTO!
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

Uma importante área de proteção ambiental é o Parque O território abrange a ilha do Caranguejo,
Nacional dos Lençóis Maranhenses, por onde se espa- localizada no estuário do Mearim ao sul da
lham dunas de até 50 metros de altura. Baía de São Marcos, coberta de manguezais.
A capital do estado é a cidade de São Luís, outras
cidades importantes são: Imperatriz, Caxias, Timon, São
José de Ribamar, Codó, Açailândia, Bacabal, Paço do Lu-
miar, Barra do Corda. Outrossim, os principais rios são: PARQUES NACIONAIS
das Balsas, Gurupi, Itapecuru, Mearim, Parnaíba, Pindaré,
Tocantins, Turiaçu.
O Parque Nacional da Chapada das Mesas é uma uni-
dade de conservação que abrange 160.046 hectares de
Cerrado nos municípios de Carolina, Riachão, Estreito, no
centro-sul do Maranhão.
Deste modo, a criação do parque fez parte do esforço
dos órgãos ambientais do Governo Federal para elevar
a área protegida no Cerrado. Na época de sua criação,
pouco mais de 2,5% do bioma estava resguardado em
unidades de conservação federais e estaduais. Conforme

16
a direção de ecossistemas do IBAMA - Instituto Brasileiro Desta forma, por se tratar de região de expansão da
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, fronteira agrícola, ocorre forte pressão ambiental sobre o
a pressão para novos desmatamentos impulsionados por parque, em razão das da produção de soja do MATOPIBA,
carvoarias e abertura de novas frentes para a agropecuá- bem como da pecuária, o que provoca lixiviação no platô
ria é muito forte, tratando-se de uma corrida contra o da Chapada das Mangabeiras e o assoreamento dos rios.
tempo para salvar grandes remanescentes. Outros conflitos observados são: a extração de madeira, a
Sendo assim, a região que agora está abrigada dentro caça e extração da folhagem das palmeiras buritirana e o
do Parque Nacional é extremamente rica em espécies de tráfico e animais silvestres, em especial a arara-azul.
animais e de plantas, sem falar no alto potencial turísti-
co em decorrência das belezas naturais da Chapada das
Mesas. Os planos do Governo Federal incluíam a criação FIQUE ATENTO!
de novas áreas protegidas no Maranhão, formando um Vale lembra, que o parque é administrado
“mosaico” com parques e reservas estaduais e federais pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes de
e terras indígenas. A criação do parque era debatida e Conservação da Biodiversidade.
avaliada desde 2004, mas ganhou força em 2005, com
a realização de estudos de campo que comprovaram o
valor ecológico, social, econômico e cultural da região. Já o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é uma
Com isso, criado em 2005, o Parque Nacional da Cha- unidade de conservação brasileira de proteção integral
pada das Mesas é composto por florestas de buritizais, à natureza localizada na região nordeste do estado do
sertões, relevo de chapadas vermelhas, compondo um Maranhão. O território do parque, com uma área de
conjunto de curiosas formações rochosas, cânions, ca- 156.584 hectares, está distribuído pelos municípios de
vernas e cachoeiras. Barreirinhas, Primeira Cruz e Santo Amaro do Maranhão.
Vale lembrar, que as cachoeiras que mais se destacam Sendo assim, o parque foi criado com a finalidade
são a de São Romão e a Cachoeira da Prata, São Romão precípua de “proteger a flora, a fauna e as belezas natu-
possui o maior volume de água da região. Essas cachoeiras rais, existentes no local.” Pois, o parque está inserido no
ainda são pouco exploradas, devido a dificuldade do deslo- bioma costeiro marinho, o parque é um exponente dos
camento até elas, que tem que ser feito com a ajuda de guias ecossistemas de mangue, restinga e dunas, associando
locais e por caminhonetes com trações 4x4. Outras atrações ventos fortes e chuvas regulares. Sua grande beleza cêni-
são o trekking até o Morro das Figuras (com inscrições rupes- ca, aliada aos passeios pelos campos de dunas e à possi-
tres) e trilhas ecológicas, como a do Morro do Chapéu. bilidade de banhar-se nas lagoas, atraem turistas de todo
A Pedra Caída é um complexo particular de 12.000 o mundo, que visitam o parque durante o ano inteiro.
hectare administrado pela empresa PIPES, seu interior Deste modo, o parque se localiza na Microrregião
possui uma variedade de cachoeiras. A principal delas ba- dos Lençóis Maranhenses, ao norte do Brasil, no litoral
tizada de santuário, despenca de uma altura de 46 metros. nordeste do estado do Maranhão, com um perímetro de
O local possui teleférico e heliporto oferece também a 270km. Os Lençóis Maranhenses abriga em seu interior
possibilidade para a pratica de diversos esportes radicais aproximadamente 90.000 hectares de dunas livres e la-
como rapel e tirolesa. O Morro do Chapéu é um dos pontos goas interdunares de água doce, além de grandes áreas
mais alto da Chapada das mesas. O trekking até o Morro de restinga e de costa oceânica. A faixa de dunas avança,
do Chapéu é uma subida de 365 metros em rocha arenítica, a partir da costa, de 5 a 25km em direção ao interior. Na
exigindo preparo físico e habilidade dos praticantes. região encontra-se a nascente do rio Preguiças, que cor-
ta o parque até a sua foz no oceano Atlântico.

#FicaDica #FicaDica
A origem do seu nome se dá em razão de O parque nacional dos Lençóis Maranhenses HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
seus platôs, que lembram o formato de me- foi criado em terras devolutas pertencentes
sas de pedra, por meio de seus paredões de à União através do Decreto Nº 86.060, emi-
rocha de arenito formados há milhões de tido em 2 de junho de 1981 pela Presidência
anos. da República.

O Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba é


um parque nacional brasileiro criado através do Decre- CLIMAS DO MARANHÃO: PLUVIOSIDADE E
to de 16 de julho de 2002 e ampliado por Decreto em 12 TEMPERATURA.
de janeiro de 2015, com 749.848 ha de área.
Deste modo, fica localizado na divisa dos estados do
O estado do Maranhão tem um clima tropical, há
Piauí, do Maranhão, da Bahia e do Tocantins.com isso,
muito mais pluviosidade no verão que no inverno. Deste
tem o objetivo de assegurar a preservação dos recursos
modo, a classificação do clima é Aw de acordo com a
naturais e da diversidade biológica, bem como propor-
Köppen e Geiger, tendo uma temperatura média anual
cionar a realização de pesquisas científicas e o desenvol-
em Maranhão é 27.0 °C.. Outrossim, 1893 mm é o valor
vimento de atividades de educação, recreação e turismo
da pluviosidade média anual.
ecológico.

17
O mês mais seco é outubro com 6 mm, o mês de abril
é o mês com maior precipitação, apresentando uma mé- GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS NO
dia de 355 mm. Ademais, outubro é o mês mais quente MARANHÃO.
do ano com uma temperatura média de 27.8 °C. Ao lon-
go do ano fevereiro tem uma temperatura média de 26.4
As ocorrências minerais do Estado do Maranhão são
°C, é a temperatura média mais baixa do ano.
variadas, no entanto apenas as que apresentam poten-
cialidades econômicas serão referidas: calcário, gipsita,
FIQUE ATENTO! bauxita, ouro, cobre, diamante, opala, urânio e manga-
nês. Deste modo, vamos compreender cada um deles:
349 mm é a diferença de precipitação entre Calcário, apresenta larga distribuição regional, desta-
o mês mais seco e o mês mais chuvoso. As cando-se quatro grandes grupos de concentração, des-
temperaturas médias variam 1.4 °C ao lon- te modo, parte da divisa entre Maranhão e Goiás, com
go do ano. direção aproximada de oeste para leste até a localida-
de de Presidente Dutra, daí inflete seguindo rumo nor-
deste, acompanhando aproximadamente o rio Parnaíba,
até atingir o Atlântico, essa faixa de ocorrência da costa
GEOMORFOLOGIA atlântica, tem um conjunto de ocorrências do sudeste do
Estado e ocorrências do alto rio Balsas e Tocantins.
A distribuição no tempo dessas ocorrências e jazi-
A topografia do relevo do Maranhão é plana, são per-
mentos é grande, estendendo-se desde o Carbonífero
tencentes ao estado 75% do território inferiores a 200m
(Formação Piauí) até o Mioceno Inferior (Formação Pira-
de altura e somente dez por cento superiores a 300m.
bas). É encontrado também na Formação Pedra de Fogo,
As duas unidades geomorfológicas são: a baixada litorâ-
aflorando em vários locais (Carolina, Benedito Leite) e
nea e o planalto. A baixada litorânea é dominada por um
posicionando-se estratigraficamente no topo. Os alinha-
relevo cujos acidentes geográficos são colinas e tabulei-
mentos dessas ocorrências calcárias no Estado levam os
ros, que se dividem em arenitos que pertencem à série
pesquisadores a supor a existência de uma continuidade
Barreiras.
lateral desses depósitos.
Deste modo, em algumas partes que ficam no litoral,
Gipsita, apresenta uma ampla distribuição, seme-
incluindo a ilha de Upaon-Açu, que se situa no coração
lhante ao calcário. As ocorrências agrupam-se desde a
do que os geógrafos chamam de Golfão Maranhense, o
divisa de Goiás, a sudeste do Maranhão até a sua por-
alcance desse relevo vai em direção à linha da costa. Nas
ção nordeste, nas proximidades do baixo rio Parnaíba.
demais, o mar separa o golfão maranhense através de
Apenas algumas ocorrências esparsas são observadas ao
uma faixa de terrenos que são planícies, tendo sujeição à
norte, próximo ao litoral.
ocorrência de inundações no período chuvoso. É a planí-
É encontrado na Formação Codó, que no Maranhão é
cie litorânea propriamente dita, que no fundo do golfão
considerada como facies de Formação Itapecuru, sendo
passa a se denominar Campo de Perizes. Na parte orien-
também constante nos sedimentos de Formação Pedra
tal do golfão maranhense, são assumidos por esses ter-
de Fogo, intercalada aos calcários existentes no topo
renos o caráter da amplitude dos areais com formações
dessa Formação.
dunares, que por elas é integrada a região litorânea entre
Ouro, as ocorrências da região do Gurupi – Maraca-
a costa dos Lençóis e a baía de Tutóia.
çumé são conhecidas desde o século XVIII e constituem
Ademais, é ocupado pelo planalto a totalidade do in-
uma possível província aurífera com áreas superior a
terior do estado cujo relevo é de um tabuleiro. É apresen-
30.000 km2.destacam-se os vales dos ros Turiaçu, Ma-
tado pelo planalto um conjunto feito de chapadões que
racaçumé, Grajaú e Gurupi. Oliveira calcula que a relação
se dividem em terrenos de sedimentação (arenitos xisto-
da área conhecida para a área mineralizada seja de cerca
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

sos e folhelhos).
de 1/ 33. Segundo geólogos que estudaram a área, são
três os tipos de jazimento de ouro na região: filonianos
(associados a veios de quartzo, contendo os metassedi-
#FicaDica
mentos do Grupo Gurupi), coluviões e placers.
Perto do golfão maranhense são alcançadas A faixa de ocorrência deste metal apresenta uma dire-
pelas elevações somente as altitudes entre ção grosseiramente NW – SE, estendendo-se desde Mon-
150 e 200m, na extremidade sul, entre 300 tes Áureos até s serra dos Macacos (proximidades da BR
e 400m, e perto do divisor de águas, entre – 316), daí seguindo os aluviões dos rios que compõem
as bacias hidrográficas do Parnaíba e do To- as bacias Gurupi – Maracaçumé, até as proximidades da
cantins, são atingidas as cotas altimétricas costa atlântica. Não foram realizados estudos visando o
de 600m. São delimitados pelos talveques conhecimento da potencialidade econômica dessa pro-
do planalto os chapadões uns dos outros víncia aurífera, mas acredita-se que seja uma das maiores
através da profundidade de entalhes, e por do país, por referências históricas e pelo grande número
isso são apresentados pelos chapadões as de garimpos outrora existentes.
escarpas de difícil subida que contrastam Bauxita Fosforosa, as reservas estão distribuídas
com a regularidade do topo. na serra de Pirocaua (município de Godofredo Viana),
e Ilha Trauíria (município de Cândido Mendes). Na serra
de Pirocaua o minério aflora em blocos de dimensões

18
consideráveis, estendendo-se como um jazimento uni-
forme, delimitado na periferia por taludes cobertos de CARACTERÍSTICAS DOS RIOS
densa vegetação. As reservas medidas em 1977 eram de MARANHENSES: BACIAS DOS RIOS
9. 855.825 toneladas, com espessura de 25 a 30 metros, LIMÍTROFES: BACIA DO PARNAÍBA, DO
recoberta por um manto de chapéu de ferro com dois GURUPI E DO TOCANTINS-ARAGUAIA
metros de espessura, sendo o teor médio de 11,82% de E BACIAS DOS RIOS GENUINAMENTE
P2O5. MARANHENSES.
As reservas da Ilha Trauíra atingem 8,5 milhões de to-
neladas, com um teor médio de 16% de P2O5. Devido
ao grande teor de fósforo existem projetos de aprovei- O Estado do Maranhão possui 12 bacias hidrográfi-
tamento industrial dessa bauxita em fertilizantes e suple- cas. As bacias do Parnaíba, a Leste; do Tocantins, a Su-
mentos minerais. doeste; Gurupi, a Noroeste, correspondem às bacias hi-
Cobre, são poucas as ocorrências registradas e estas drográficas de domínio federal, já as bacias dedomínio
estão relacionadas ao magmatismo básico, ocorrendo ao estadual estão representadas pelos Sistemas hidrográfi-
longo da bacia do Parnaíba. cos estaduais das Ilhas Maranhenses e do Litoral Ociden-
Diamante, são encontrados nos conglomerados bá- tal, bem como as bacias hidrográficas Mearim, Itapecuru,
sicos cretáceos nos depósitos aluvionares terciários, em Munin, Turiaçú, Maracaçumé, Preguiças e Periá.
palio e em neo – aluviões. Sendo assim, na totalidade, estas bacias formam
Opala, é encontrado nos estratos arenosos, consti- uma área de aproximadamente 202.203,50 km², ou seja,
tuindo um exemplo de mineralização epigenética, rela- 60,90% da área total do Estado do Maranhão. Quase
cionada aos diques e soleiras de diabásio e fraturas de toda a rede de drenagem maranhense se faz no sentido:
arenito.
Sul – Norte, através de numerosos rios independentes
Urânio, poucas ocorrências disseminadas em arenitos
que se dirigem para o Atlântico, a exemplo do Gurupi,
grosseiros, concentrados em falhas onde as águas sub-
Turiaçu, Pindaré, Mearim, Itapecuru e Parnaíba. No su-
terrâneas percolantes trouxeram sais solúveis de urânio,
doeste do Estado, uma pequena parte do escoamento se
os quais se precipitaram em associação com limonita.
faz em direção a Oeste.
Manganês e Ferro, as ocorrências de manganês e
Deste modo, a rede hidrográfica maranhense é, em
ferro estão relacionadas a diabásios inclusos nos diversos
sua maior parte, pertencente à bacia do Norte e Nordes-
estratos sedimentares paleozóicos e não apresentam, em
razão da sua tipologia, possibilidades de aproveitamento te. Entre os principais rios do Estado se encontra o Pa-
comercial. ranaíba, dividido com o Piauí na região fronteiriça entre
os dois Estados. Outros rios que banham o território do
Maranhão são o Gurupi (zona de fronteira com o Pará),
CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO o Tocantins (zona de fronteira do Maranhão com Tocan-
MARANHENSE: PLANALTOS, PLANÍCIES E tins), Turiaçu, Itapecuru, Pindaré, Grajaú e Mearim.
Observe abaixo, os rios maranhenses:
BAIXADAS.
 Rio Gurupi
 Rio Itapecuru
O relevo maranhense é basicamente dividido em  Rio Mearim
duas grandes áreas: a região de planície no litoral e a  Rio Munim
região de planalto nas demais áreas do Estado. A planí-  Rio Parnaíba
cie caracteriza-se pela presença de tabuleiros (pequenos  Rio Pindaré
platôs) e baixadas alagadiças. Esta região de planície che-  Rio Tocantins
ga a avançar, a partir de sua região central, em direção  Rio Turiaçu
ao interior do território. Quanto ao planalto, com forma HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
tabular e de formação basáltica a partir do mesozóico, Portanto, A quase totalidade das bacias hidrográfi-
há a presença de áreas de chapadas, com escarpas que cas do estado é feita da parte meridional para a parte
constituem, por exemplo,as serras da Desordem, da Ca- setentrional por meio da quantidade de rios indepen-
nela e das Alpercatas. dentes que deságuam no oceano Atlântico. Já na parte
Sendo assim, a população indígena do Maranhão sul-ocidental do estado uma pequena parte das águas
está entre as mais significativas do país do ponto de vista escoadas dirige-se para a parte ocidental, deste modo,
numérico, sendo estimada em pouco mais de 12,2 mil sendo integrados no sudoeste pequenos afluentes que
habitantes. Está dividida em dezesseis grupos, sendo que deságuam na margem oriental do rio Tocantins.
quatorze destes já vivem em áreas demarcadas para si
pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio).
Portanto, como nos demais Estados nordestinos, a
população maranhense também enfrenta problemas de
infraestruturas, como a rede hospitalar insatisfatória, em
que grande parte dos estabelecimentos são mantidos
por entidades privadas. Outro grave problema social tra-
ta-se dos conflitos rurais resultados da baixa condição
econômica dos trabalhadores rurais, destituídos de terras
próprias para o cultivo e a subsistência.

19
falantes da língua Timbira (Mehim), Kanela (Apanyekra
#FicaDica e Ramkokamekra), Krikati, Gavião (Pukobyê), Kokuirega-
tejê, Timbira do Pindaré e Krejê. No Tronco Tupi a fa-
O estado do Maranhão está inserido em mília tupi-guarani, com os povos falantes das línguas
três regiões hidrográficas, sendo elas: Re- Tenetehára: Guajajara, Tembé e Urubu-Kaapor, além dos
gião Hodrográfica do Atlântico Nordeste Awá-Guajá e e um pequeno grupo Guarani concentrados
Ocidental, Parnaíba e Tocantins-Araguaia, principalmente na pré-Amazônia, no Alto Mearim e na
que se subdividem no estado na Bacia Hi- região de Barra do Corda e Grajaú.
drográfica do Itapecuru, Bacia Hidrográfica Os afrodescendentes são maioria da população, de-
do Maracaçumé, Bacia Hidrográfica do Me- vido ao forte tráfico negreiro entre os séculos XVIII e XIX,
arim, Bacia Hidrográfica do Munim, Bacia que trouxe milhares de negros da Costa da Mina e da
Hidrográfica do Periá, Bacia Hidrográfica do Guiné. Muitas das tradições maranhenses têm a forte
Rio Preguiças e Bacia Hidrográfica do Turia- marca das culturas africanas: culinária (Arroz de Cuxá), re-
çu. ligião (Tambor de Mina e Terecô), festas (Bumba-Meu-Boi
e Tambor de Crioula) e músicas (Reggae). Atualmente, o
Maranhão conta com mais de 700 comunidades quilom-
bolas em toda região da baixada, rio Itapecuru e Mearim.
PRINCIPAIS FORMAÇÕES VEGETAIS:
A população branca, 24,9% é quase exclusivamente
FLORESTA, CERRADO E COCAIS. descendentes de portugueses, dada a pequena migra-
ção de outros europeus para a região. Ainda no início
do século XX a maior parte dos imigrantes portugueses
O fator condicionante do clima é responsável pela
era oriunda dos Açores e da região de Trás-os-Montes.
distinção entre algumas áreas de vegetação: ao noroeste
Também no século XX vieram contingentes significativos
há a presença da Floresta Amazônica ou Hiléia Brasileira,
de sírios e libaneses, refugiados do desmonte do Império
sendo esta região também conhecida como Amazônia
Otomano e que hoje têm grande e tradicional presença
Maranhense, nas regiões de clima caracterizado como
no estado. A proximidade com a cultura portuguesa e
tropical, predomina o cerrado, ao sul do território es-
o isolamento do estado até a metade do século XX ge-
tadual. Já no litoral, há a presença do mangue, ao les-
rou aqui um sotaque próprio e ainda bastante similar ao
te, numa zona de transição entre o cerrado e a floresta
português falado em Portugal, praticando os maranhen-
equatorial, há a Mata dos Cocais, de vegetação relativa-
ses uma conjugação verbal e pronominal vizinha àquela
mente homogênea, onde predomina o babaçu (Orbign-
lusitana.
ya martiana), de grande importância econômica para o
Desta forma, o Maranhão tem um IDH – Índice de
Estado.
Desenvolvimento Humano igual a 0,683, comparável ao
Sendo assim, a cobertura vegetal do Maranhão é
do Brasil em 1980 e superior apenas ao de Alagoas na
composta basicamente de florestas, campos e cerrados.
lista dos estados brasileiros por IDH. O estado possui a
Deste modo, são ocupadas pelas florestas a totalidade
segunda pior expectativa de vida do Brasil, também su-
da porção norte-ocidental do estado (Amazônia Mara-
perior apenas à de Alagoas.
nhense), isto é, muitas partes estão situadas na parte
ocidental do rio Itapecuru. Com isso, nessas matas são
muito abundantes a palmeira do babaçu (mata dos co- FIQUE ATENTO!
cais), produto básico do extrativismo vegetal da região.
Houve forte tráfico negreiro entre os sécu-
Outrossim, os campos são dominantes ao redor do
los XVIII e XIX, que trouxe milhares de ne-
Golfão Maranhense e no litoral ocidental. São revestidas
gros da Costa da Mina e da Guiné, mais pre-
pelos cerrados as regiões leste e sul. No litoral, são assu-
cisamente do Benim, antigo Daomé, Gana
midas pela vegetação feições variadas: campos de inun-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

e Togo, mas também em levas não menos


dação (Baixada Maranhense), mangues e arbustos.
importantes de africanos do Congo, Cabin-
da e Angola. Deste modo, muitas tradições
GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO: maranhenses têm a forte marca das culturas
POPULAÇÃO ABSOLUTA; POVOAMENTO; africanas.
URBANIZAÇÃO; DENSIDADE
DEMOGRÁFICA; MOVIMENTOS
POPULACIONAIS.

O Maranhão é um dos estados mais miscigenados do


país, o que pode ser demonstrado pelo número de 68,8%
de pardos auto-declarados ao IBGE, resultado da grande
concentração de escravos indígenas e africanos nas la-
vouras de cana, arroz e algodão.
Sendo assim, os grupos indígenas remanescentes
e predominantes são dos grupos linguísticos Jê e Tupi.
No tronco Macro-Jê destaca-se a família Jê, com povos

20
Importação: US$ 4,1 bilhões:
A AGRICULTURA MARANHENSE:  Óleo diesel: 71%.
CARACTERIZAÇÃO E PRINCIPAIS  Querosene de aviação: 11%.
PRODUTOS AGRÍCOLAS;  Adubos e fertilizantes: 6%.
CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA E  Produtos das indústrias químicas: 3%.
EXTRATIVISMO: VEGETAL, ANIMAL E  Locomotivas e suas partes: 2%.
MINERAL.  Outros: 7%.

Localizado no oeste da região Nordeste, o Maranhão #FicaDica


possui extensão territorial de 331.935,507 km², divididos
em 217 municípios. Conforme contagem populacional Será construída no Maranhão, mais precisa-
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti- mente no município de Bacabeira, localiza-
ca de 2018, o estado totaliza 7.035.055 habitantes. do a 60 quilômetros da capital, São Luís, a
Sendo assim, durante muitas décadas, o Maranhão maior refinaria da América Latina e uma das
esteve praticamente isolado do restante dos estados bra- maiores do mundo. A Refinaria Premium
sileiros, porém, a partir dos anos de 1960 e 1970 foram proporcionará um novo ciclo industrial no
desenvolvidos projetos de infraestrutura, sendo cons- estado. Estima-se que serão gerados apro-
truídas linhas férreas e rodovias. O estado foi interligado ximadamente 132 mil empregos diretos e
a outras regiões do Brasil, fato que proporcionou o es- indiretos.
coamento da produção e consequente desenvolvimento
econômico. Houve investimentos na agropecuária, extra-
tivismo vegetal e mineral, estimulados por incentivos fis-
cais das superintendências do desenvolvimento da Ama-
zônia (SUDAM) e do Nordeste (SUDENE). PARQUE INDUSTRIAL: INDÚSTRIAS
Com isso, foram desenvolvidos grandes projetos de DE BASE E INDÚSTRIAS DE
criação de gado, plantação de soja e arroz e de extração TRANSFORMAÇÃO; SETOR TERCIÁRIO:
de minério de ferro, como por exemplo, Carajás. Essas COMÉRCIO, TELECOMUNICAÇÕES,
atividades alavancaram a economia do Maranhão, no TRANSPORTES E PORTOS E AEROPORTOS
entanto, intensificaram as desigualdades sociais, aumen-
taram a concentração fundiária e provocaram vários pro-
blemas ambientais. A estrutura econômica do Maranhão até ao século
Desta forma, a contribuição maranhense no Produto XIX esteve sob forte influência da Companhia Geral de
Interno Bruto (PIB) do Brasil continua baixíssima, apenas Comércio do Grão-Pará e Maranhão calcado no modelo
1,3%. A participação dos principais setores da economia pombalino, onde o espaço maranhense deveria voltar-
estadual é a seguinte: serviços – 63,5%; agropecuária – -se para a monocultura algodoeira ou canavieira, ambas
18,6%; indústria – 17,9%. voltadas para a exportação. A primeira foi superada pela
O segmento da indústria representa 17,9% do PIB produção e qualidade Norte Americana, no entanto, foi
maranhense, baseia-se nos setores: metalúrgico, madei- matéria prima de ponta na indústria maranhense do sé-
reira, extrativismo, alimentício e químico. Na agricultura, culo XIX, a Segunda, que ocupou o lugar do algodão,
destacam-se os cultivos de cana-de-açúcar, mandioca, também sofreu concorrência, desta vez, das antilhas, par-
soja, arroz e milho. Com uma costa litorânea de 640 qui- ticularmente a Cubana que superou os arcaicos e despre-
lômetros, a segunda mais extensa do país, apresentan- paradas engenhos do vale do Itapecuru e Pindaré.
do-se inferior apenas à Bahia, o Maranhão tem na pesca, A produção agroindustrial maranhense do século HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
importante atividade econômica. O turismo é outro seg- XIX alternava-se em concorrências, sendo superada pelo
mento fundamental para a economia estadual, as belas mercado internacional que era um grande entrave para
praias, os Lençóis Maranhenses, além do turismo cultural os focos do progresso de pouca durabilidade, articulado
e religioso, atraem milhares de visitantes. pela transição do escravismo para o assalarialismo, onde
Ademais, o complexo portuário integrado pelos ter- o Maranhão gradativamente perdia posições no contex-
minais de Itaqui (possui 420 metros), Ponta da Madeira e to brasileiro.
Alumar é responsável por mais de 50% da movimentação O declínio da economia maranhense no final do sé-
de cargas portuárias do Norte e do Nordeste. São expor- culo XIX acarretará em último momento a formação do
tados principalmente, alumínio, ferro, soja e manganês. parque industrial, visto que a aristocracia rural necessita
urgentemente de uma nova atividade que se somasse a
Exportação: US$ 2,8 bilhões: ela, pois, a crise ocasionada pela falência em massa dos
 Ferro fundido: 29%. engenhos e fazendas algodoeiras fez com que isso acon-
 Alumínio e suas ligas: 23%. tecesse. O investimento na transferência de atividade
 Minério de ferro: 23%. impulsionou um crescimento periódico baseado nas in-
 Soja: 15%. dústrias de pequeno e médio porte voltados para a pro-
 Alumina calcinada: 6%. dução de bens de consumo: calçados, produtos têxteis,
 Outros: 4%. fósforo, pregos, etc.

21
A inexistência do setor agrícola forte, principalmente  Companhia Industrial Caxiense (Caxias Industrial):
algodoeiro, assim como a falta de indústria de base, o Criada em 1880, 130 teares para 250 operários.
frequente êxodo rural e a venda de grandes proprieda-  Companhia de Fiação e Tecidos: Fábrica manufato-
des rurais a preços baixos, parque fabril entra em crise, ra criada em 1889, era localizada na Praça Pedro II,
pois a euforia da indústria, além de passageira, impulsio- atualmente transformada em Centro de Produção
nou o aumento da dependência econômica do Estado, Cultural de Caxias. Faliu em 1950, 220 teares para
assim como, sua decadência frente ao restante do pais, 350 operários.
pois muitas fábricas, não saíram da planificação deixando  Companhia Industrial Maranhense: Criada em
assim uma parcela da indústria têxtil como responsável 1894, localizada a Rua dos Prazeres em São Luís,
pela manutenção da economia local, ainda que de forma 22 teares para 50 operários, 120 t/ano.
frágil e debilitada, dependendo exclusivamente das flu-  Fábrica de Tecidos e Malhas Ewerton: Criada em
tuações do mercado internacional e das pequenas que- 1892, localizada a Rua de Santana; 500 metros de
das dos seus concorrentes, acarretando a falência grada- tecidos e 400 dúzias de meias/mês.
tiva do setor que sobrevive até a metade do século XX.  Fábrica Sanharô: Edificada em Trizidela município
de Caxias; 300 mil metros de tecidos/ano.
Principais Indústrias do Setor Algodoeiro e de Fi-  Fábrica São Tiago (de Martins Irmão & Cia): Loca-
bras Animais e Vegetais lizada no antigo prédio da CINORTE e Depósito
Martins. Cotoniere Brasil Ltda.: Criada na década
 Companhia de Fiação e Tecidos Maranhense: Cria- de trinta, empresa de origem francesa subsidiária
da em 1888/1890, localizada no bairro da Camboa da LILI, tinha por objetivo abastecer aquela indús-
(atualmente prédio da AUVEPAR/Difusora). Faliu tria de algodão de alta qualidade, desativada após
em 1970. Era a mais antiga fábrica do Maranhão; 1945.
300 teares, produção 1.800.000 metros de riscados
anual. Passado o período em que se deu o auge da indústria
 Companhia de Fiação e Tecelagem de São Luis: têxtil no Maranhão, que foi superada pela precariedade
Criada em 1894. Localizada a Rua São Panteleão de tecnologia, o extrativismo vegetal e a agricultura de
junto a CÂNHAMO. Faliu em 1960. Empregava 55 subsistência ocupam a ponta da economia maranhense,
operários; 55 teares para uma produção anual de no entanto, nos últimos anos vem ocorrendo transforma-
350.000 metros de tecidos. ções na agricultura e na indústria, a partir do momento
 Companhia Lanifícios Maranhenses: Era localizada em que o Estado vem se posicionando como corredor de
na atual Rua Cândido Ribeiro (mais tarde passou minérios, produtos, agrícolas e industriais.
a denominar-se Fábrica Santa Amélia), integran- Com a decadência têxtil nos meados do século, a in-
do o grupo cotonifício Candido Ribeiro. Faliu em dustrialização maranhense passa para a de gêneros ali-
1969, produzia 440.000 metros/ano empregando mentícios, utilizando como matéria-prima os produtos
50 operários. C de extração vegetal e principalmente os produtos oriun-
 Companhia Progresso Maranhense: Criada em dos da agropecuária.
1892, era localizada no atual prédio do SIOGE Rua Iniciando um processo de infraestrutura na década de
Antônio Royal (antiga Rua São Jorge). Vide efême- 1960 com construção de portos do Itaqui e a Hidrelétrica
ra 150 teares para uma produção anual de 70.000 de Boa Esperança, o Maranhão não espera sua vocação
metros/ano, 160 operários. industrial, despontando como um dos mais importantes
 Companhia Manufatureira e Agrícola do Mara- polos industriais do futuro do Brasil. Tal vocação foi ali-
nhão: Fábrica de tecido de Codó, criação em 1893. mentada na década de 1980 com a construção da Es-
Produzia 750.000 metros/ano, 250 operários na trada de Ferro Carajás, do terminal da Companhia Vale
do Rio Doce e do complexo de produção de Alumina e
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

fiação e tecelagem.
Alumínio do Consórcio ALUMAR.
 Companhia Fabril Maranhense: Criada em 1893,
O Maranhão aguarda a implantação da ZPE-MA (Zona
era localizada na Rua Senador João Pedro, Apicum
de Processamento de Exportação), ou espécie de zona
(atualmente depósito central do Grupo Lusitana),
de livre comércio, que oferece a melhor infraestrutura
produção anual 3 milhões de metros, 600 operá-
portuária e de transporte rodoferroviário do pais além
rios, faliu em 1971.
de incentivos fiscais, beneficiando empresas nacionais e
 Companhia de Fiação e Tecido do Rio Anil: Criada
estrangeiras que se habilitem a produzir bens destinados
em 1893, localizada no Bairro do Anil (atualmente
ao mercado externo.
Centro Integrado do Rio Anil (CINTRA), escola per-
Enquanto a espera pela ZPE-MA, os incentivos mo-
tencente a Fundação Nice Lobão). Faliu em 1966 mentâneos são oriundos do Governo Estadual através
pertenceu ao grupo Jorge & Santos, produção 1 do PRODEIN Programa de Desenvolvimento Industrial e
milhão metros/ano, 100 operários. do FDIT Fundo Estadual de Desenvolvimento Industrial
 Companhia de Fiação e Tecido do Cânhamo: Criada e Turístico e de âmbito federal através do BNDES, BB,
em 1891, atualmente transformada no Centro de CEF, SUDENE e SUDAM com recurso do FINOR e FINAM
Produção Artesanal do Maranhão (CEPRAMA); na respectivamente.
Rua Senador Costa Rodrigues. Pertenceu ao Gru-
po Neves Sousa. Faliu em 1969, produção anual
1.500.000 metros/ano, 250 operários.

22
Distritos Industriais
#FicaDica
O Maranhão conta 7 distritos industriais, das quais 3
(São Luís, Imperatriz e Balsas), e estão implantados e os De acordo com a distribuição das atividades
restantes (Rosário, Santa Inês, Bacabal e Açailândia), em do setor secundário maranhense, quando
fase de implantação, todos localizados às margens ou em estudada isoladamente, pode-se imaginar
áreas que sofrem influência da Estrada de Ferro Carajás. um Estado bastante industrializada, no en-
O Distrito Industrial mais importante do Estado é o tanto, a posição maranhense em relação as
de São Luís, situado a sudoeste da Ilha, onde estão ins- demais unidades da Federação ainda bas-
taladas as fábricas de Aluminia e Alumínio da ALUMAR tante insignificante, pois a indústria no geral
(considerado uma das maiores do mundo), duas cerve- apresenta-se ainda sob a forma artesanal.
jarias (BRAHMA e ANTARCTICA) e aproximadamente 40
outras empresas que atuam nos setores Químicos, Têxtil,
Malha viária
Gráfico, Imobiliário, Metalúrgicos, Metal Mecânico, Ali-
mentos, Aliagenosas, Fertilizantes, Cerâmicos e Artefatos
No Maranhão, o subsistema rodoviário desempenha
de Borracha e Cimento entro outros.
papel de grande importância no apoio às atividades eco-
Tipos de Indústrias nômicas. O Maranhão possui 53.001 km de estradas, dos
quais apenas 4.926 km são pavimentados.
Indústrias de Produtos Alimentícios: Destacam-se be- Sendo assim, quanto ao transporte ferroviário, a Es-
neficiamento de arroz, panificação, oleaginosas e benefi- trada de  Ferro Carajás - EFC corta o Estado, ligando a
ciamento de produtos da agropecuária em geral. Princi- Serra de Carajás, no estado do Pará, ao porto de Ponta da
pais Centros São Luis, Imperatriz, Caxias, Barra do Corda, Madeira, em São Luís. O trecho já concluído e em opera-
Codó, Santa Inês, Santa Luzia, Açailândia, Pedreiras, Pre- ção da Ferrovia Norte-Sul conecta a EFC a Estreito, numa
sidente Dutra, Bacabal e Zé Doca. extensão de 215m.
Indústria Madeireira: Açailândia, São Luís, Imperatriz, Deste modo, através da Companhia Ferroviária do
Amarante do Maranhão, Grajaú, Barra do Corda, Santa Nordeste, São Luís liga-se a Teresina e às demais capitais
Luzia do Paruá e Cândido Mendes. do Nordeste. O estado do Maranhão conta com dois im-
Construção Civil: São Luís, Caxias, Bacabal, Timon, portantes portos marítimos, Itaqui e Ponta da Madeira,
Açailândia e Imperatriz. este último voltado para a exportação de minério de fer-
Indústria de Minerais não Metálicos: São Luís, Rosário, ro proveniente da Serra de Carajás, no Pará.
Imperatriz, Grajaú, Timon e Caxias. Com isso, no Programa de Arrendamento de Áreas e
Indústria Mecânica: São Luís, Imperatriz, Açailândia, Instalações Portuárias o porto de Itaqui já arrendou 10
Santa Inês e Balsas. lotes com 107 mil m2 e prevê o arrendamento a médio
Indústria Metalúrgica: São Luís, Imperatriz, Pedreiras prazo de 6 lotes com 70 mil m2.
e Açailândia. Indústria do Mobiliário: São Luís, Imperatriz No que tange às hidrovias, os rios do Maranhão per-
e Açailândia. tencem à bacia do Nordeste, formada principalmente por
Indústria de Serviço de Reparação e Conservação: São três grandes rios: o Mearim, o Pindaré e o Grajaú. Contu-
Luís, Bacabal, Imperatriz e Santa Inês. Indústria de Ves- do, não existem portos organizados ao longo dos rios e
tuário e Calçados: São Luís, Imperatriz, Bacabal e Caxias. o transporte é incipiente, sendo realizado por pequenas
Indústria Gráfica: São Luís e Imperatriz Indústria Di- embarcações de, no máximo, 5 toneladas, que servem,
versas: São Luís, Imperatriz, Açailândia, Bacabal, Santa principalmente, às populações ribeirinhas no transporte
Inês e Barra do Corda. de sua produção, alguns insumos básicos e passageiros.
O rio Tocantins, que passa a noroeste do Estado, HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
Outros ramos industriais: apresenta trechos de corredeiras e ressente-se com a fal-
Extração Mineral: São Luís e Imperatriz ta de eclusa em Tucuruí, não sendo, portanto, utilizado
Material de Transporte: São Luís para a navegação. Em 15/6/98 foram assinadas as ordens
Papel, Papelão e Borracha: São Luís de serviço para a retomada das obras das duas eclusas
Química: São Luís, Imperatriz e Bacabal de Tucuruí.
Perfumaria, Sabão e Vela: Caxias, São Luís e Bacabal Deste modo, as eclusas previstas para serem inau-
Têxtil: São Luís guradas em 2002 vão abrir um corredor de 1,5 mil km
Utilidade Pública: São Luís na hidrovia Araguaia-Tocantins, permitindo a navegação
Álcool Etílico: São Luís e Pará desde Nova Xavantina (MT) e Aruanã (GO) até Barbacena
(PA). A previsão é de que o custo do frete dos produtos
agrícolas do Centro-Oeste baixe de US$ 50 para US$ 10.
Desta forma, dos 53.001 km de rodovias do Maranhão,
3.464 km são federais, 5.161 km são estaduais e 44.376
km municipais. Com isso, as principais rodovias federais
são as BRs 010, 135, 222, 226, 230 e 316.
 A BR-010, Belém - Brasília, que liga o Maranhão ao
Sul do país, encontra-se em condições regulares.

23
 A BR-135 liga São Luís ao sul do Piauí. A BR-222,  Aeroporto de Bacabal (Bacabal) ·
que atravessa o Estado ligando Açailândia (Entr.  Aeroporto Regional João Silva (Santa Inês)
BR-010) ao nordeste do Maranhão, encontra-se
com o trânsito precário em vários trechos.
 A BR-226 atravessa o Estado de Porto Franco, divi-
sa com o estado de Tocantins até Timon, na divisa A CULTURA MARANHENSE
com o Piauí.
 A BR-230 atravessa o sul do Estado e a BR-316 cor- O Maranhão respira e exala uma cultura forte e au-
ta o Maranhão de leste a oeste, desde Timon (divi- têntica. A singularidade da arquitetura de sua capital, re-
sa MA/PI) até a divisa MA/PA. Esta rodovia, que liga conhecida mundialmente, a memória histórica das suas
o Maranhão a Belém (PA) e a Teresina (PI), encon- cidades coloniais, a reverência cotidiana às suas crenças
tra-se com trânsito regular, pista com defeitos ao religiosas, seu folclore vivo, o colorido contagiante das suas
longo do trecho e sinalização deficiente. festas, o sincretismo entre o profano e o religioso, o ritmo
das suas músicas e a musicalidade de sua gente, a alma de
sua poesia, os sabores da sua culinária, o artesanato que
FIQUE ATENTO! brota das mãos habilidosas dos seus artesãos e artistas.
O Ministério dos Transportes implantou o Deste modo, um destino que proporciona uma ex-
“Programa de Revitalização dos Eixos Ro- periência cultural marcante, fruto de uma mistura rara: a
doviários” com o objetivo de revitalizar os herança de africanos, portugueses, indígenas, franceses
principais eixos rodoviários da Malha Fede- e holandeses, a influência das rádios caribenhas, em um
ral, sob jurisdição do Governo Federal, res- lugar que é meio Norte e meio Nordeste. E que acolhe,
ponsáveis pelos maiores fluxos de carga e de um jeito espontâneo, festeiro e hospitaleiro, turistas
passageiros no País vindos de toda a parte do Brasil e do mundo, dispostos a
integrar este espetáculo de cores, sons, sabores e magia.
Sendo assim, a seguir, segue alguns aspectos da va-
A ocupação do território maranhense no início do sé- riadíssima e riquíssima cultura popular do Maranhão:
culo XX favoreceu a integração política, social e econô-  A festa, dança, teatro, arte, religiosidade, folguedo,
mica do Estado. Imigrantes se juntaram aos maranhen- ritmo e emoção que é o Bumba-meu-boi (Patri-
ses para fundar vilas, ocupar vales dos rios e contribuir mônio Cultural do Brasil), a maior e mais represen-
para ligação das regiões de matas, cocais, baixada ma- tativa tradição cultural do Maranhão, verdadeira
ranhenses e florestas da pré-Amazônia. Os pioneiros expressão da nossa alma e da formação do nos-
no setor de transportes marcaram uma época ao fazer so povo, cuja base se assenta nos índios, negros e
a transição dos meios de transportes fluvial e ferroviário portugueses.
para o rodoviário.  A diversidade cultural das populações indígenas,
Sendo assim, acompanharam e estimularam a mo- uma das maiores do país (aproximadamente 30
dernização e, por meio de parceria com o Poder Públi- mil), com a maior parte de suas áreas demarcadas
co, tornaram possível a conexão entre os diversos pontos e homologadas e 7 etnias diferentes.
da Ilha. Como bem citou o historiador Wagner Cabral  A capital, São Luís, que constitui o primeiro assen-
da Costa, “mais que pessoas e mercadorias, transporta- tamento europeu às portas da Amazônia, é patri-
ram as paixões e angústias, os desejos e medos, os so- mônio da humanidade, pela sua riqueza cultural e
nhos e esperanças com que foram forjados em chama por possuir o maior acervo arquitetônico colonial
ardente o Maranhão de hoje”. português de origem civil do mundo.
Seguindo essa perspectiva, o estado do Maranhão  É o Estado com a maior população proporcional-
passou a receber uma forte integração, em especial, no mente negra, cafuza, cabocla e mulata do país. O
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

setor hidroviário e aéreo. Sendo assim, o estado do Ma- Maranhão é o estado mais miscigenado do Brasil,
ranhão conta com dois importantes portos marítimos, fato estampado até na sua bandeira.
Itaqui e Ponta da Madeira, este último voltado para a  Tem um carnaval autêntico com variadas e ricas
exportação de minério de ferro proveniente da Serra de manifestações da cultura popular, passando pelas
Carajás, no Pará. escolas e turmas de samba, blocos tradicionais,
Deste modo, os principais portos do estado são: blocos organizados, blocos alternativos, tribos de
 Porto do Itaqui · índios, tambor de crioula (Patrimônio Cultural do
 Terminal Marítimo Ponta da Madeira · Brasil), blocos de sujos, fofões, casinha da roça, etc.
 Cujupe (Terminal de ferry-boat) · O carnaval de rua de São Luís começa em janeiro
 Porto da Alumar e é considerado o terceiro maior e melhor do país.
 As festas juninas, que na verdade se antecipam e
Já no que tange ao transporte aéreo no Maranhão, começam já em maio, com os tradicionais ensaios
existem vários aeroportos, deste modo, segue abaixo al- dos grupos de bumba-meu-boi, são consideradas,
guns dos principais aeroportos do estado: hoje em dia, as melhores do país. O São João do
 Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado Maranhão é um espetáculo cultural à parte na be-
(São Luís) · leza e autenticidade de suas danças, folguedos,
 Base Aérea de Alcântara · ritmos, tambores, batuques e brincadeiras, que
 Aeroporto Prefeito Renato Moreira (Imperatriz) · parecem infinitos. Além do Bumba meu Boi, des-

24
tacam-se o Cacuriá, o Tambor de Crioula, a Dança 2. A economia do Maranhão se baseia em qual setor?
Portuguesa, a Dança do Coco, o Bambaê de Cai-
xa, a Dança do Lelê, Dança do Lindô, o Forró de a) Indústria
Caixa, a Quadrilha e tantos outros. A festa acontece b) Agricultura
espontaneamente na rua e é com certeza uma das c) Base
maiores festas populares do mundo. d) Rodovias
 A vocação para a poesia, lirismo, artes e letras do e) Transportes
maranhense, que já deu ao país grandes escritores,
poetas, jornalistas e eruditos de várias áreas. Resposta: Letra A. A principal fonte econômica do
 A beleza e originalidade do seu artesanato. A va- Estado do Maranhão, está ancorado no setor da in-
riedade e riqueza das embarcações artesanais dústria, logo, sendo aplicado em especial na capital.
(uma delas Patrimônio Cultural do Brasil).
 A especialidade da sua culinária, de origem luso- 3. Qual a quantidade de Municípios existentes no estado
-afro-tupi, com influências do norte e do nordeste do Maranhão?
e muita coisa própria, que só tem aqui.
 Os casarões históricos de Alcântara, antiga morada a) 207
da aristocracia rural maranhense. b) 211
 É o caribe brasileiro: a afinidade cultural e proxi- c) 217
midade com o Caribe é forte (constitui o “caribe d) 219
brasileiro” juntamente com os estados do Pará e e) 221
Amapá) e os ritmos caribenhos são tão presentes
no Maranhão que São Luís é considerada a capital Resposta: Letra C. No Estado do Maranhão, existem
brasileira do reggae, que aqui ganhou peculiarida- hoje 217 municípios, segundo os dados do IBGE.
des regionais e já se incorporou à cultura local.
 É reduto importante das religiões afro-brasileiras, 4. Quais Foram os primeiros europeus a chegarem, em
que vão desde o tambor de mina (culto jeje cul- 1500, à região onde hoje se encontra o Estado do Ma-
tuado no Maranhão), passando pelo terecô, can- ranhão?
domblé, pajelança (influência indígena), tambor da
mata e umbanda. a) Ingleses
b) Franceses
Portanto, o Maranhão é a síntese geográfica e cultural c) Holandeses
do Brasil, e por isso mesmo, brasileiríssimo, é pródigo em d) Espanhóis
influências e rico em particularidades. e) Americanos

Resposta: Letra D. Os Espanhóis foram os primeiros


FIQUE ATENTO! europeus a chegarem, em 1500, à região onde hoje se
A cultura maranhense é um verdadeiro cal- encontra o Estado do Maranhão.
deirão de ritmos, talentos, cores, texturas e
sabores, que também apresentam um gran- 5. O Maranhão fica em qual região do Brasil?
de potencial para o turismo cultural, histó-
rico e rural. a) Sudeste
b) centro-Oeste
c) Nordeste
d) Sul
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
e) Norte
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra C. O Estado do Maranhão compõe a
1. O Estado do Maranhão faz fronteira com quais esta- região Nordeste do Brasil.
dos?
6. Qual a capital do Maranhão?
a) São Paulo e Piauí
b) Piauí, Tocantins e Bahia a) São Luís
c) Tocantins e Pará b) Carolina
d) Tocantins, Piauí e Pará c) São José do Ribamar
e) Rio Grande do Sul e Alagoas d) São Roberto
e) Santo Amaro
Resposta: Letra D. As fronteiras com o Estado do Ma-
ranhão segundo as opções acima, são: Piauí (leste), Resposta: Letra A. São Luís é a Capital do Maranhão.
Tocantins (sudoeste) e Pará (oeste). Fundada pelos franceses em 1612, São Luís foi tomada
pelos portugueses e chegou a ser brevemente ocupa-
da pelos holandeses (1641 a 1644).

25
7. Leia o mapa apresentado sobre as frentes de ocupa- do agronegócio moderno com produção de culturas
ção e de expansão da região Sul do Estado do Maranhão. para a exportação como a soja, a exemplo da região
de Balsas.

8. Na Sub-bacia hidrográfica do Rio Maracanã, na Ilha


do Maranhão, existem duas Unidades de Conservação
(UCs). São elas, o Parque Estadual do Bacanga e a Área
de Proteção Ambiental (APA) do Maracanã que sofrem
impactos ambientais, apesar dos objetivos de proteção
que as norteiam.
SÂO LUÍS (Prefeitura). Projeto Recuperação das águas
degradadas de recarga e descarga do Aquífero Barreiras
da Sub-bacia do Rio Maracanã – Nº 574484/2008. São
Luís, 2011.

As Unidades de Conservação (UC’s) foram criadas para

a) utilizar os seus recursos sob quaisquer formas e pro-


cessos.
b) expressar esforços do homem para alterar as condi-
ções do ambiente.
c) diminuir a degradação ambiental, explorando os re-
cursos da natureza.
d) conservar o estado de equilíbrio do ambiente e dos
recursos naturais.
e) racionalizar as intervenções em determinado lugar
com foco na satisfação do homem.

Resposta : Letra D. Como mencionado corretamente


na alternativa [D], o objetivo das Unidades de Con-
O território que, na atualidade, constitui o Estado do Ma- servação é garantir a preservação da biodiversidade,
ranhão apresenta meios e modos de ocupação distintos promover o desenvolvimento sustentável a partir dos
ao longo do seu processo histórico, resultando em di- recursos naturais e proteger as comunidades tradicio-
nais. Estão incorretas as alternativas seguintes porque
ferentes características socioeconômicas e identidades
as UC’S buscam a sustentabilidade.
regionais.
9. O Brasil possui grande parte do seu território na Ama-
É possível identificar que as transformações ocorridas
zônia. Além dos estados da Região Norte, a Floresta
nas bases socioeconômicas dessa área do Maranhão, nos
abrange áreas de outros estados. Assinale a alternativa
séculos XIX e XX, ocorreram, respectivamente, pela
que apresenta somente estados abrangidos pela Floresta
Amazônica.
a) pecuária intensiva, advinda do leste de criadores nor-
destinos e pela agricultura moderna de fazendeiros do a) Maranhão e Sergipe
centro-oeste do país. b) Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

b) agricultura de subsistência, advinda do leste de mi- c) Mato Grosso e Maranhão


grantes da seca e pela pecuária moderna de fazendei- d) Goiás e Minas Gerais
ros do sul do país. e) Mato Grosso do Sul e Bahia
c) pecuária, advinda do leste de criadores nordestinos e
pela agricultura moderna de fazendeiros do centro-sul Resposta: Letra C. Como mencionado corretamente
do país. na alternativa [C], os estados de Mato Grosso e Ma-
d) agricultura, advinda do leste de fazendeiros nordesti- ranhão tem originalmente, parte de seus territórios
nos e pela atividade pastoril de pecuaristas do norte recobertos pela floresta Amazônica.
do estado.
e) agricultura de subsistência, advinda do leste de mi-
grantes da seca e pela agricultura familiar vinda do
sul do país.

Resposta: Letra C. No século XIX, nordestinos foram


responsáveis para ocupação na porção leste e desen-
volveram a pecuária extensiva e agricultura de sub-
sistência. A partir do final do século XX, a entrada de
imigrantes sulistas foi importante no desenvolvimento

26
giosa entre católicos e protestantes. Seu retorno à Euro-
pa e sua substituição por um ‘triunvirato’ – que alterou
HORA DE PRATICAR! suas práticas administrativas – fez surgir reações e insur-
reições por parte dos senhores de engenho”.
1. Durante o período Regencial (1831-1840) ocorreram
no Brasil várias rebeliões provinciais, expressões, ao mes- O enunciado se refere ao período histórico marcado
mo tempo, das lutas das elites pelo poder local e por
maior autonomia das províncias, e da marginalização das a) pela implantação do Governo-Geral, em 1548, como
camadas populares, empobrecidas e excluídas da parti- forma de resolver o fracasso administrativo das Capi-
cipação política. A revolta que, ocorrida no Maranhão, tanias Hereditárias e garantir a posse e a pacificação
contou também com a participação de escravos foragi- da Colônia.
dos foi: b) pelo domínio francês no Maranhão, no qual o governo
do Conde Nassau trouxe grandes avanços à cultura
a) Farroupilha. canavieira daquela região e o desenvolvimento da ci-
b) Cabanagem. dade de São Luís.
c) Sabinada. c) pelo domínio francês no Rio de Janeiro, que teve na
d) Balaiada. figura de Maurício de Nassau seu grande nome, res-
ponsável por desenvolver a economia e a cidade de
2. Leia o texto a seguir. São Sebastião do Rio de Janeiro.
d) pelo domínio holandês no Nordeste do Brasil, que se
Eleito Jerônimo de Albuquerque por capitão-mor da estendeu desde a Bahia até o Maranhão e que teve na
conquista do Maranhão, como temos dito, se foi logo administração de Nassau seu período de maior desen-
às aldeias do nosso gentio pacífico, e por lhes saber fa- volvimento.
lar bem a língua, e o modo com que se levam, ajuntou
quantos quis: contarei só do que houve em uma aldeia, Para responder à questão a seguir, considere o texto
para que se veja a facilidade com que se leva este gentio abaixo.
de quem os entende e conhece, e foi que pôs a uma par-
te bom feixe de arcos, e flechas, a outra outro de rocas, As colônias que se formaram na América portuguesa ti-
e fusos, e mostrando-lhos lhes disse: “Sobrinhos, eu vou veram, desde o século XVI, o caráter de sociedades es-
à guerra, estas são as armas dos homens esforçados e cravistas. Com o passar do tempo, consolidaram-se em
valentes, que me hão de seguir; estas das mulheres fra- todas elas algumas práticas relacionadas à escravidão
cas, e que hão de ficar em casa fiando; agora quero ouvir que ajudaram a cimentar a unidade e a própria identi-
quem é homem, ou mulher”. As palavras não eram ditas dade dos colonos luso-brasileiros. Dentre essas práticas,
quando se começaram todos a desempunhar, e pegar ressalta-se a combinação entre um avultado tráfico ne-
dos arcos, e flechas, dizendo que eram homens, e que greiro gerido a partir dos portos brasileiros e altas taxas
partissem logo para a guerra; ele os quietou, escolhendo de alforria.
os que havia de levar, e que fizessem mais flechas, e fos- BERBEL, Márcia; MARQUESE, Rafael e PARRON, Tâmis.
sem esperar a armada ao rio Grande, onde de passagem Escravidão e política. Brasil e Cuba, c. 1790-1850. São
os iria tomar. (...) Paulo: Hucitec/Fapesp. 2010. p. 178-179.

Feito isto se embarcaram todos dia de S. Bartolomeu, 24 4. Os holandeses, durante o governo de Maurício de
de agosto da era de 1614 anos, em uma caravela, dois Nassau, lançaram mão de algumas estratégias ao se rela-
patachos e cinco caravelões (...) cionarem com os colonos luso-brasileiros durante o perí-
Frei Vicente de Salvador odo em que dominaram parte do Nordeste brasileiro, no HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO
século XVII. Dentre essas estratégias, incluem-se
É correto afirmar que o relato do Frei Vicente de Salva-
dor está relacionado à retomada do território que ficou a) a busca do controle do tráfico negreiro a partir de um
conhecido como entreposto na África do Sul, a expropriação dos enge-
nhos de açúcar mais produtivos e a difusão do calvi-
a) França Equinocial. nismo aos colonos luso-brasileiros.
b) França Antártica. b) o estímulo à imigração holandesa para o nordeste bra-
c) Brasil holandês. sileiro, a limpeza étnica da porção urbana da região
d) Quilombo dos Palmares. ocupada e a expansão da cultura canavieira para o
e) Cisplatina. Suriname.
c) o controle das rotas comerciais no Atlântico, a implan-
3. Atente ao seguinte enunciado: “Em seu governo, Mau- tação do trabalho livre em sua área de influência, e a
rício de Nassau incentivou a produção de açúcar, que formação de uma colônia judaica na região do Mara-
havia decaído durante a conquista, com a concessão de nhão.
financiamentos; também estimulou a agricultura de sub- d) o estabelecimento de redes de comércio com os pro-
sistência, sobretudo da mandioca, para que não faltas- dutores de uma vasta região da costa nordestina, cer-
sem alimentos aos mais pobres. Homem culto e amante ta tolerância religiosa e a manutenção das relações
das artes, seu governo foi um período de tolerância reli- escravistas.

27
e) a formação de um exército antilusitano de alforriados a) proibição do ensino laico no Brasil colonial e pelas
em Recife, o estabelecimento de alianças com os es- pressões que os jesuítas realizavam para impedir a sua
panhóis e a concessão de créditos aos colonos pro- liberação.
testantes. b) questão da mão de obra indígena e pela insatisfação
de colonos com as atividades da Companhia de Co-
5. Leia texto a seguir. mércio do Maranhão.
c) ameaça dos jesuítas de abandonarem a região e pela
Em 1682, foi criada a Companhia Geral do Comércio do catequese dos povos indígenas sob a sua guarda.
Estado do Maranhão, com o objetivo de controlar os atri- d) crítica dos colonos maranhenses ao apoio dos jesuítas
tos entre fazendeiros e religiosos na disputa pelo traba- aos interesses espanhóis e holandeses na região.
lho indígena, mais barato que o africano, e incentivar a e) tentativa dos jesuítas em aumentar o preço dos escra-
produção local... A companhia venderia aos habitantes vos indígenas, contrariando os interesses dos colonos
do Maranhão produtos europeus, como azeite, vinho e maranhenses.
tecidos, e deles compraria o que produzissem, como al-
godão, açúcar, madeira e as drogas do sertão, para co- 7. A revolta começou a partir de uma série de disputas
mercializar na Europa. Também deveria fornecer à região entre grupos da elite local.
quinhentos escravos por ano, uma fonte alternativa de A instabilidade política provocou a falta de confiança nas
mão de obra, diante da resistência jesuítica em permitir autoridades. As rivalidades acabaram resultando em uma
a escravidão de nativos. Os preços cobrados pela com- revolta popular. Ela se concentrou no sul do Maranhão,
panhia, entretanto, eram abusivos, e ela não cumpria os onde atuavam grupos armados chefiados pelo vaquei-
acordos, como o fornecimento de escravos. ro Raimundo Gomes Vieira Jutaí, o Cara Preta, Manuel
VICENTINO, Claudio e DORIGO, Gianpaolo. História Francisco dos Anjos Ferreira, artesão que fazia cestos, e
Geral e do Brasil. o preto Cosme, ex-escravo que liderava três mil escravos
Editora Scipione, SP, 2010 – p. 358. fugidos.
(Hélio Viana. História do Brasil)
O texto acima descreve uma situação que colaborou para
o acontecimento de um conflito, no período colonial bra- O texto apresentado no enunciado deve ser relacionado
sileiro ocorrido na segunda metade do século XVII, que a uma revolta ocorrida no Brasil durante o Período Re-
ficou conhecido como gencial (1831-1840). Assinale a alternativa que apresente
essa revolta:
a) Revolta de Beckman.
b) Guerra dos Mascates. a) Sabinada;
c) Guerra dos Emboabas. b) Cabanagem;
d) Revolta de Felipe dos Santos. c) Farroupilha;
e) Revolta de Amador Bueno. d) Praieira;
e) Balaiada.
6. Reverendo padre reitor, eu, Manoel Beckman, como
procurador eleito por aquele povo aqui presente, venho 8. Os holandeses desembarcaram em Pernambuco no
intimar a vossa reverência, e mais religiosos assistentes ano de 1630, em nome da Companhia das Índias Oci-
no Maranhão, como justamente alterados pelas vexações dentais (WIC), e foram aos poucos ocupando a costa que
que padece por terem vossas paternidades o governo ia da foz do Rio São Francisco ao Maranhão, no atual
temporal dos índios das aldeias, se tem resolvido a lançá- Nordeste brasileiro. Eles chegaram ao ponto de destruir
-los fora assim do espiritual como do temporal, então e Olinda, antiga sede da capitania de Duarte Coelho, para
não tem falta ao mau exemplo de sua vida, que por esta erguer no Recife uma pequena Amsterdã.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

parte não tem do que se queixar de vossas paternida- NASCIMENTO, R. L. X. A toque de caixas. Revista de His-
des; portanto, notifico a alterado povo, que se deixem tória da Biblioteca Nacional, ano 6, n. 70, jul. 2011.
estar recolhidos ao Colégio, e não saiam para fora dele
para evitar alterações e mortes, que por aquela via se
poderiam ocasionar; e entretanto ponham vossas pater- Do ponto de vista econômico, as razões que levaram os
nidades cobro em seus bens e fazendas, para deixá-las holandeses a invadirem o nordeste da Colônia decorriam
em mãos de seus procuradores que lhes forem dados, e do fato de que essa região
estejam aparelhados para o todo tempo e hora se em-
barcarem para Pernambuco, em embarcações que para a) era a mais importante área produtora de açúcar na
este efeito lhes forem concedidas. América portuguesa.
João Felipe Bettendorff, Crônica dos Padres da Compa- b) possuía as mais ricas matas de pau-brasil no litoral das
nhia de Jesus no Estado Américas.
do Maranhão. 2ª Edição, Belém: SECULT, 1990, p.360. c) contava com o porto mais estratégico para a navega-
ção no Atlântico Sul.
O movimento liderado por Manuel Beckman no Mara- d) representava o principal entreposto de escravos afri-
nhão, em 1684, foi motivado pela canos para as Américas.
e) constituía um reduto de ricos comerciantes de açúcar
de origem judaica.

28
9. Analise o mapa e o texto. Está(ão) correta(s)

a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas I, II e III.
d) apenas III e IV.
e) I, II, III e IV.

10. O processo de independência do Brasil teve raízes na


chegada da Corte Portuguesa ao país, em 1808. A partir
daí, a quebra do pacto colonial resultou em significativas
transformações econômicas que foram exigindo, tam-
bém, um novo estatuto político. Esse processo de mu-
danças culminou com a separação política, quando em
1822 o príncipe regente D. Pedro proclamou a Indepen-
dência do Brasil em relação a Portugal. Sobre o contexto
imediatamente após o 7 de setembro de 1822, assinale a
alternativa correta.

a) O modelo político implantado e que era desejado pe-


las classes conservadoras foi a monarquia absolutista,
com todos os poderes concentrados nas mãos de D.
Os domínios holandeses da colônia portuguesa esten- Pedro I.
deram-se desde o litoral dos atuais Maranhão até Ser- b) O governo implantado e conduzido por D. Pedro I
gipe. Para administrá-los, foi nomeado o conde Mau- atendia unicamente os interesses dos latifundiários,
rício de Nassau, que permaneceu no cargo entre 1637 por isso os comerciantes portugueses que estavam no
e 1644. Preocupado em normalizar a rica produção Brasil se organizaram numa oposição ferrenha, que re-
açucareira, o conde conseguiu a colaboração de mui- sultou na abdicação do Imperador em 1831.
tos senhores de engenho, concedendo- lhes emprésti- c) A forma de governo desejável, segundo os conserva-
mos que permitiram o aumento da produtividade. [...] dores, era a monarquia constitucional, com represen-
A administração de Nassau destacou-se pelas realizações tação limitada, como garantia da ordem e da estabi-
urbanísticas e culturais, saneando e modernizando Reci- lidade social.
fe, que se converteu num centro urbano repleto de notá- d) Este contexto foi conduzido pela aristocracia indus-
veis obras arquitetônicas, passando a chamar-se Maurit- trial, não havendo a participação popular, nem nas
zstadt, ou cidade Maurícia. chamadas guerras de independência, na Bahia, Piauí,
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Maranhão, Pará e Cisplatina.
o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2008. p. 188-189. e) Implantou-se um modelo econômico autônomo, que
(adaptado) embora estivesse baseado na escravidão, voltou-se
para atender as demandas do mercado interno.
A economia colonial portuguesa do nordeste açucarei-
ro constituiu um dos núcleos fundamentais do mercado
mundial em expansão, nos séculos XVI e XVII. As invasões
dos holandeses, o domínio das regiões produtoras e os
investimentos feitos atestam essa importância. GABARITO
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO MARANHÃO

Integram esse contexto histórico, entre outros, os se- 1 D


guintes processos:
2 A
I. o domínio da Espanha sobre Portugal durante a deno- 3 D
minada “União Ibérica”.
4 D
II. as rivalidades entre holandeses e espanhóis na Euro-
pa, fruto das lutas para a formação do Estado Nacional 5 A
holandês em territórios sob o domínio da monarquia es- 6 B
panhola.
7 E
III. a continuidade da produção açucareira, caracterizada
como uma economia colonial típica, voltada para o exte- 8 A
rior, com a função de promover a acumulação primitiva 9 E
do capital.
IV. o enfraquecimento do controle dos senhores sobre 10 C
seus escravos durante o conflito com os holandeses, faci-
litando o aumento das fugas e a ampliação da população
dos quilombos, principalmente o de Palmares.

29
ANOTAÇÕES

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30
ÍNDICE

ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

Código de Divisão e Organização Judiciária do Estado do Maranhão (Lei Complementar nº 14, de 17 de dezembro de
1991 e suas alterações).............................................................................................................................................................................................. 01
Estatuto do Servidor Público Estadual (Lei nº 6.107, de 27 de julho de 1994).................................................................................... 17
Custas Judiciais e emolumentos extrajudiciais (Lei nº 6.584, de 15 de janeiro de 1996). Tabelas de custas judiciais e
emolumentos extrajudiciais (Lei nº 6.760, de 06 de dezembro de 1996)................................................................................................ 29
Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Maranhão............................................................................................................................. 30
Da Justiça Estadual. Da Divisão Judiciária do Maranhão. Comarcas, termos e zonas judiciárias. Entrâncias e instâncias.
Dos Órgão do Poder Judiciário do Maranhão. Do Tribuna de Justiça. Da Corregedoria Geral da Justiça. Dos Juízes
de Direito: ingresso na carreira, juízes substitutos, juízes auxiliares, juízes titulares. Do Tribunal do Júri e da Justiça
Militar Estadual. Dos juizados especias e da Justiça de Paz. Dos magistrados: posse, exercício, antiguidade, direitos
e garantias, subsídios, licença e férias, deveres e sanções. Dos serviços judiciais e dos servidores do Poder Judiciário:
serviços auxiliares da Justiça e dos servidores do Poder Judiciário. Da secretaria do Tribunal de Justiça, da secretaria da
Corregedoria Geral da Justiça, das secretarias judiciais e das secretarias de diretorias de fórum: nomeação, atribuições,
substituições. Dos oficiais de justiça. Dos serventuários e dos funcionários: nomeação, posse, compromisso, exercício,
direitos e garantias, férias, licenças, disponibilidade e aposentadoria, deveres e sanções. Do processo administrativo
disciplinar........................................................................................................................................................................................................................ 34
Plano de Cargos, Carreiras e vencimentos dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Maranhão (Leis nº 8.032,
de 10 de dezembro de 2003, nº 8.597, de 04 de maio de 2007; nº 8.715, de 19 de novembro de 2007; e nº 8.727, de
7 de dezembro de 2007). Dos serviços extrajudiciais: notários e registradores, auxiliares, concurso de remoção e de
ingresso. Da fiscalização do Poder Judiciário.................................................................................................................................................... 34
As zonas judiciárias, numeradas ordinalmente, são
CÓDIGO DE DIVISÃO E ORGANIZAÇÃO constituídas de quatro juízos e destinadas à designação
JUDICIÁRIA DO ESTADO DO MARANHÃO dos juízes de direito substitutos de primeira entrância.
(LEI COMPLEMENTAR Nº 14, DE 17 DE A classificação das comarcas em entrâncias não im-
DEZEMBRO DE 1991 E SUAS ALTERAÇÕES). porta em diversidade de atribuições e competências,
mas visam exclusivamente à ordem das nomeações, das
promoções, do acesso e da fixação dos vencimentos dos
De acordo com a própria Lei, tem-se que este Código respectivos juízes.
regula a Divisão e a Organização Judiciárias do Estado
do Maranhão, compreendendo a constituição, estrutura, Da organização judiciária
atribuições e competência dos Tribunais, Juízes e Servi-
ços Auxiliares da Justiça. São Órgãos do Poder Judiciário:
Compete, assim, ao Poder Judiciário Estadual, à apre- I. Tribunal de Justiça;
ciação de qualquer lesão ou ameaça a direito, que não II. Juízes de Direito;
esteja sujeita à competência de outro órgão jurisdicio- III. Tribunal do Júri;
nal. Ademais, consta ressaltar que somente pelo voto da IV. Juizados Especiais e Turmas Recursais;
maioria absoluta de seus membros poderá o Tribunal de V. Conselho da Justiça Militar;
Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato do VI. Juízes de Paz.
Poder Público.
Para garantir o cumprimento e a execução de seus #FicaDica
atos e decisões poderão os Juízes e Tribunais requisitar
da autoridade competente o auxílio da Força Pública ou A representação do Poder Judiciário esta-
de outros meios necessários àquele fim, os quais não dual compete ao presidente do Tribunal de
lhes poderão ser negados. Essas requisições deverão ser Justiça
prontamente atendidas, sob pena de responsabilidade,
sem que assista à autoridade que deva atendê-las, a fa-
culdade de apreciar os fundamentos ou justiça da deci- Ver-se-á, agora, disposições gerais acerca dos Órgãos
são ou do que deva ser executado ou cumprido. do Poder Judiciário, nos exatos termos da Lei, tendo em
vista a necessidade de contemplar todos os dizeres le-
Da divisão judiciária gistativo acerca do funcionamento e estrutura dos res-
pectivos órgãos.
O território do Estado, para os efeitos da administra-
ção da Justiça Comum, divide-se em comarcas, termos CAPÍTULO II
judiciários e zonas judiciárias. Do Tribunal de Justiça
Importante destacar que: SEÇÃO I
a) A comarca, que pode ser constituída por mais de Da Constituição, da Substituição e do Funciona-
um termo judiciário, terá a denominação daquele que mento
lhe servir de sede
b) As comarcas, divididas em três entrâncias, inicial, Art. 17. O Tribunal de Justiça, com sede na cidade de
intermediária e final, serão classificadas pelo Tribunal São Luís, e jurisdição em todo o Estado, é o órgão su-
de Justiça, por maioria absoluta de seus membros, nos premo do Poder Judiciário Estadual, compor-se-á de
termos desta Lei, obedecendo aos seguintes critérios: 27 (vinte e sete) Desembargadores, dentre os quais
I. comarcas de entrância inicial: as comarcas com um serão escolhidos o Presidente, o Vice-Presidente e o
único juiz; Corregedor-Geral da Justiça, e tem as competências e
II. comarcas de entrância intermediária: as comarcas atribuições presentes na Constituição do Estado, neste
com mais de um juiz; Código e no Regimento Interno. (Redação conforme
III. comarcas de entrância final: as comarcas com mais LC n.º 127, de 13.11.2009) 8
de um juiz e mais de duzentos mil eleitores no termo Art. 18. O Tribunal funcionará em Plenário, em Câma-
sede da comarca. ras Isoladas e Câmaras Reunidas, cujas especialidades
serão especificadas neste Código e no Regimento In-
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

Ademais, a criação de novas comarcas dependerá da terno. (Redação conforme LC n.º 18, de 27.10.1993)
ocorrência dos seguintes requisitos: §1º. São sete as câmaras isoladas, sendo três crimi-
a) população mínima de vinte mil habitantes e cinco nais e quatro cíveis. (Redação conforme LC º 104, de
mil eleitores no termo judiciário que servirá de sede; 26.12.2006)
b) audiência prévia da Corregedoria Geral da Justiça. §2º. As câmaras isoladas, cíveis e criminais, são com-
O Tribunal estabelecerá os requisitos mínimos neces- postas de três desembargadores, sendo presididas, em
sários à instalação e elevação de comarcas, bem sistema de rodízio, a cada ano, pelo desembargador
como à criação de novas varas. mais antigo da câmara, que também exercerá as fun-
ções de relator e revisor. (Redação conforme LC nº 098,
Não obstante, o Tribunal, em decisão motivada e por de 05/09/2006)
maioria absoluta de seus membros, poderá dispensar os §3º. As Câmaras Reunidas, Cíveis e Criminais, serão
requisitos exigidos nos acima (item a e b), quando assim compostas pelos respectivos membros das câmaras
o recomendar o interesse da Justiça isoladas e presididas pelo membro mais antigo de

1
cada uma das câmaras, que também exercerá as fun- representantes de uma dessas classes superem os da
ções de relator e revisor (Redação conforme LC º 104, outra em uma unidade. (Redação conforme LC nº 098,
de 26.12.2006) de 05.09.2006) 9
§ 4º. (Revogado pela LC 91, de 23.12.2005) §3º. Ao advogado nomeado Desembargador compu-
§5º. A competência do Plenário, das Câmaras Reuni- tar-se-á, para efeito de aposentadoria e disponibilida-
das e das Câmaras Isoladas será fixada pelo Regimento de, o tempo de exercício na advocacia, até o máximo
Interno. (Redação conforme LC º 104, de 26.12.2006) de 15 (quinze) anos.
§6º. A nova composição das Câmaras Isoladas, Cíveis Art. 21. Por maioria dos seus membros efetivos e por
e Criminais será feita por escolha individual dos De- votação secreta, o Plenário elegerá o presidente, o vi-
sembargadores, obedecendo-se à ordem de antigüi- ce-presidente e o corregedor geral da Justiça, em ses-
dade. (Redação conforme LC n.º 18, de 27.10.1993) são a ser realizada na primeira quarta-feira do mês
§7º. Ocorrendo vaga no Tribunal, é facultado aos De- de outubro dos anos ímpares, dentre seus juízes mais
sembargadores requererem remoção, até a posse do antigos, em número correspondente ao dos cargos de
novo Desembargador, dando-se preferência ao reque- direção, para mandato de dois anos, proibida a ree-
rente mais antigo. (Redação conforme LC n.º 18, de leição. (Redação conforme LC nº 131, de 18.06.2010)
27.10.1993) §1º. Quem tiver exercido quaisquer cargos de direção
§8º. Terminados seus mandatos ou cessadas suas fun- por 04 (quatro) anos, ou de Presidente, não figurará
ções o Presidente, o Vice- Presidente e Corregedor-Ge- mais entre os elegíveis, até que se esgotem todos os
ral da Justiça integrarão as câmaras a que pertenciam nomes na ordem de antigüidade.
seus respectivos sucessores. (Redação conforme LC n.º §2º. É obrigatória a aceitação do cargo, salvo recusa
18, de 27.10.1993) manifestada e aceita, antes da eleição.
§9º. Se seus sucessores não integravam Câmaras, o §3º. A posse dos eleitos, que será realizada em sessão
Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor-Geral da solene do Plenário, ocorrerá na terceira sexta-feira do
Justiça preencherão respectivamente as vagas dos que mês de dezembro do ano da eleição. (Redação confor-
passaram a ocupar os lugares deixados por aqueles. me LC n.º 74, de 24.03.2004)
(Redação conforme LC n.º 18, de 27.10.1993) §4º. A proibição de reeleição e o disposto no § 1º não
Art. 19. A investidura no Tribunal processar-se-á, al- se aplicam ao desembargador eleito para completar
ternadamente, por antigüidade e por merecimento, período de mandato inferior a um ano. (Redação con-
apurados na última entrância, podendo o Tribunal re- forme LC n.º 74, de 24.03.2004)
cusar o Juiz mais antigo, pelo voto de 2/3 (dois terços) § 5º - Na mesma data será eleito pelo Tribunal o Dire-
de seus membros, repetindo-se a votação, até fixar-se tor do Fórum da Comarca de São Luís, com mandato
de 02 (dois) anos.
a escolha.
Art. 22. O Plenário funcionará com a presença, pelo
menos, de 14(quatorze) Desembargadores, incluin-
§1º. No caso de merecimento, observado o disposto
do o Presidente. Os julga-mentos serão tomados por
no art. 93, inciso II, letras “a” e “b” da Constituição
maioria de votos. (Redação conforme LC n.º 127, de
Federal, o Tribunal elaborará, inicialmente, por escru-
13.11.2009)
tínio secreto, lista tríplice da qual escolherá, em se-
§1º. As Câmaras Cíveis Reunidas funcionarão com
guida aquele que, será promovido pelo Presidente do
no mínimo seis desembargadores, além do seu pre-
Tribunal.
sidente, e as Câmaras Criminais Reunidas, com cinco
§2º. Para a escolha atenderá o Tribunal, principalmen- desembargadores, além do seu presidente. (Redação
te, à integridade moral, comportamento social, cultura conforme LC nº 104, de 26.12.2006)
jurídica, e, ainda, à operosidade dos Juizes na solução §2º. Os julgamentos das Câmaras Isoladas serão rea-
das lides, qualidades estas que constarão de relatório lizados por três desembargadores.
da Presidência. (Redação conforme LC nº 104, de 26.12.2006)
Art. 20. Na composição do Tribunal, 1/5 (um quinto) §3º. Os julgamentos do Plenário, das Câmaras Isola-
dos lugares será preenchido por advogados de notório das e das Câmaras Reunidas serão tomados por maio-
saber jurídico, com mais de 10 (dez) anos de efetiva ria de votos, ressalvadas as exceções previstas em lei.
atividade profissional e de Membros do Ministério Pú- (Redação conforme LC nº 104, de 26.12.2006)
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

blico Estadual, de notório merecimento, com mais de §4º. No Plenário, em casos de licenças, férias, faltas ou
10 (dez) anos de carreira, todos de reputação ilibada e impedimentos, será o presidente substituído pelo vice-
indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de represen- -presidente, e este pelos demais membros, na ordem
tação das respectivas classes. (Redação conforme LC decrescente de antigüidade. (Redação conforme LC nº
n.º 36, de 13.10.1997) 104, de 26.12.2006)
§1º. Recebidas as indicações, o Tribunal formará lis- §5º. Nas Câmaras Reunidas, Cíveis ou Criminais, será
ta tríplice enviando-a ao Poder Executivo que nos 20 o presidente substituído pelo desembargador mais an-
(vinte) dias subseqüentes, escolherá um de seus inte- tigo presente à sessão e que seja membro dessa Câ-
grantes para nomeação. mara. (Redação conforme LC nº 104, de 26.12.2006)
§2º. As vagas destinadas ao quinto constitucional se- §6º. O presidente das Câmaras Isoladas será substituí-
rão, alternada e sucessivamente, preenchidas por ad- do pelo desembargador mais antigo presente à sessão
vogados e por membros do Ministério Público, de tal e que seja membro dessa Câmara. (Redação conforme
forma que, também sucessiva e alternadamente, os LC nº 091, de 23.12.2005)

2
§7º. O julgamento já iniciado prosseguirá, computan- do a escolha ser feita por sorteio, excluídos os que já
do-se os votos já proferidos, mesmo sem a presença tenham exercido substituição por período não inferior
do relator, ainda que por ausência eventual. (Redação a trinta dias no ano, salvo se não houver quem acei-
conforme LC nº 091, de 23.12.2005) te a substituição. (Redação conforme LC nº 091, de
§8º. Salvo motivo de saúde ou outro de força maior, a 23.12.2005)
critério da Presidência, não serão autorizados afasta- Art. 26. Quando, por impedimento ou suspeição de de-
mentos simultâneos de integrantes da mesma Câma- sembargador, não for possível atingir o quorum para
ra Isolada. Não havendo entendimento prévio entre os julgamento no Plenário, nas Câmaras Reunidas e nas
interessados para evitar a coincidência, o presidente Câmaras Isoladas, e, no caso das Câmaras Reunidas e
do Tribunal decidirá sobre o afastamento. (Redação das Câmaras Isoladas não for possível proceder-se à
conforme LC nº 091, de 23.12.2005) substituição na forma prevista no artigo anterior, se-
Art. 23. Em caso de afastamento, a qualquer título, rão convocados juízes de direito. (Redação conforme
por período igual ou superior a trinta dias e igual ou LC nº 091, de 23.12.2005)
inferior a sessenta, os feitos em poder do desembar- Parágrafo único. A convocação será feita por sorteio
gador-relator, exceto aqueles em que tenha lançado dentre os juízes de direito de 4ª entrância, não po-
o relatório ou pedido inclusão em pauta, serão enca- dendo dele participar os já sorteados no ano e os que
minhados ao desembargador convocado para substi- estejam respondendo ao procedimento previsto no art.
tuição. (Redação conforme LC nº 091, de 23.12.2005) 27 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional, ou que
§1º. Os processos dos quais o afastado seja revisor, tenham sido punidos com as penas previstas nos arts.
ainda que incluídos em pauta, serão encaminhados ao 42, I, II, III e IV, da mesma Lei. (Redação conforme LC
desembargador convocado para a substituição. (Reda- nº 091, de 23.12.2005)
ção conforme LC nº 091, de 23.12.2005) Art. 27. A redistribuição de feitos, a substituição nos
§2º. Nos casos de afastamento de desembargador, a casos de ausência ou impedimento eventual e a con-
qualquer título, por período superior a sessenta dias, vocação para completar “quorum” de julgamento, não
ou no caso de vacância, todos os processos, inclusi-
autorizam a concessão de qualquer vantagem.
ve os das exceções previstas no caput deste artigo,
Art. 28. Ordinariamente, o Pleno e as Câmaras Isola-
serão encaminhados ao desembargador convocado
das se reunirão uma vez por semana, e as Câmaras
para a substituição. (Redação conforme LC nº 091, de
Reunidas duas vezes por mês.
23.12.2005)
Parágrafo único - Serão realizadas sessões extraordi-
§3º. Em quaisquer dos casos, retornando o desembar-
nárias sempre que restarem em pauta ou em Mesa
gador ao exercício de suas funções ou tomando posse
mais de vinte feitos sem julgamento, ou a juízo do
o novo desembargador, serão os feitos que se encon-
Presidente do Tribunal ou Câmara, quando requeri-
trarem com o substituto encaminhados a ele, salvo
aqueles nos quais foi lançado relatório ou haja pedido do pelo interessado. (Redação conforme LC n.º 18, de
de pauta, casos em que o substituto será considerado 27.10.1993)
juiz certo do processo. (Redação conforme LC nº 091,
de 23.12.2005) SEÇÃO II
Art. 24. Quando o afastamento do desembargador- Das Atribuições do Tribunal de Justiça
-relator for por período inferior a trinta dias, mas igual
ou superior a três dias úteis, serão redistribuídos, me- Art. 29. São atribuições do Tribunal de Justiça:
diante oportuna compensação, os Habeas Corpus, os I. propor ao Poder Legislativo alteração do Código de
Mandados de Segurança, os Agravos de Instrumento Divisão e Organização Judiciárias do Estado;
que aguardem apreciação de liminar, e outros feitos II. elaborar seu Regimento Interno, organizar sua Se-
que, consoante fundada alegação do interessado, re- cretaria e demais serviços Judiciários, assim como
clamem solução urgente. (Redação conforme LC nº propor ao Poder competente a criação, a extinção de
091, de 23.12.2005) cargos e fixação dos respectivos vencimento;
Parágrafo único. Nos casos de outros feitos, cabe ao III. propor a criação de Tribunais inferiores de Segun-
vice-presidente apreciar o pedido de urgência ale- da instância, observados os requisitos previstos na Lei
gado pela parte. (Redação conforme LC nº 091, de Orgânica da Magistratura Nacional;
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

23.12.2005) IV. propor ao Poder Legislativo a alteração do número


Art. 25. Para composição de quorum de julgamen- dos seus membros;
to das Câmaras Isoladas ou Reunidas, nos casos de V. eleger, tomar compromisso e dar posse ao Presiden-
ausência, impedimento eventual ou afastamento por te, Vice-Presidente e Corregedor- Geral da Justiça;
período inferior a trinta dias, o desembargador será VI. realizar concursos para ingresso na Magistratura,
substituído por membro de outra câmara, de preferên- fazendo o provimento dos cargos iniciais, promoções,
cia da mesma especialidade, na ordem de antigüida- remoções, permutas e disponibilidades;
de e na forma fixada no Regimento Interno. (Redação VII. realizar concursos para ingresso nos demais car-
conforme LC nº 091, de 23.12.2005) gos do Poder Judiciário, provendo- os na forma da Lei;
Parágrafo único. Quando o afastamento de membro VIII. aprovar o orçamento das despesas do Poder Judi-
de Câmara Isolada for por período igual ou superior a ciário, encaminhando ao Poder Legislativo;
trinta dias, a substituição será feita por desembarga- IX. escolher e indicar os Magistrados e Juristas para
dor de outra Câmara da mesma especialidade, deven- composição do Tribunal Regional Eleitoral;

3
X. exercer por seus órgãos competentes, o poder disci- II. julgar em grau de recurso:
plinar sobre seus próprios Membros, Juizes, Serventu- a) as causas decididas em primeira instância, na for-
ários, Funcionários e Auxiliar de Justiça; ma das leis processuais e da Organização Judiciária;
XI. representar sobre intervenção federal no Estado e b) as demais questões, sujeitas por Lei, à sua compe-
nos Municípios; tência.
XII. encaminhar ao Procurador-Geral da Justiça autos Art. 31. O Regimento Interno estabelecerá:
ou quaisquer papéis em que verificar a existência de I.. a competência do Plenário, além dos casos previstos
crime de ação pública ou contravenção penal; neste Código;
XIII. determinar, por motivo de interesse público, em II. a competência das Câmaras bem assim as atribui-
escrutínio e pelo voto de 2/3 (dois terços), de seus ções das Comissões;
Membros efetivos, a remoção ou a disponibilidade de III. as atribuições de competência do Presidente, Vice-
Juizes de categoria inferior, assegurando-lhe prévia -Presidente e do Corregedor-Geral da Justiça;
defesa, podendo proceder da mesma maneira em re- IV. o processo e julgamento dos recursos e dos feitos
lação aos seus próprios Membros, observando, quanto da competência originária do Tribunal e de suas Câ-
ao “quorum”, o disposto no parágrafo único do artigo maras.
24 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional;
XIV. mandar proceder, por intermédio da Corregedo- SUBSEÇÃO I
ria- Geral da Justiça, a sindicâncias, inquéritos ou cor- Da Corregedoria Geral da Justiça
reições gerais ou parciais;
XV. determinar o afastamento do Juiz, funcionários, Art. 32. A Corregedoria Geral da Justiça, órgão de fis-
serventuários ou auxiliares da Justiça submetidos a calização, disciplina e orientação administrativa, com
processo administrativo, sindicância ou processo cri- jurisdição em todo o Estado e sede na sua Capital, será
minal, observado o disposto na Lei Orgânica da Ma- exercida por um Desembargador eleito na forma do
gistratura Nacional. art. 21, com a denominação de Corregedor-Geral da
Art. 30. Compete ao Tribunal de Justiça: Justiça, auxiliado por Juízes de Direito.
I. processar e julgar originariamente: Parágrafo único. Durante o exercício do cargo o Corre-
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato gedor-Geral da Justiça ficará afastado de suas funções
normativo municipal; judicantes, apenas tomando parte do Tribunal Pleno
b) os Deputados Estaduais, os Secretários de Estado, em discussão e votação de matéria constitucional e
os Procuradores-Gerais da Justiça, do Estado e da De- das previstas nos artigos 19, 20 e 29 deste Código.
fensoria Pública, bem como os Membros do Ministério Art. 33. O corregedor-geral da Justiça será auxiliado
Público nos crimes comuns e de responsabilidade; por juízes corregedores que, por delegação, exercerão
c) os Prefeitos, nos crimes comuns; as atribuições em relação aos juízes de direito, aos
d) os Juízes de Direito nos crimes comuns e de res- servidores da Justiça de 1º Grau, aos serviços extraju-
ponsabilidade, ressalvada a competência da Justiça diciais e à polícia judiciária. (Redação conforme LC nº
Eleitoral; 126, de 25/09/2009)
e) o “Habeas-Corpus”, quando forem pacientes quais- §1º. Os Juízes de Direito serão indicados pelo Correge-
quer das pessoas referidas nos incisos anteriores; dor-Geral e aprovados pelo Tribunal de Justiça.
f) o “Habeas-Data” e o Mandado de Segurança contra §2º. Os Juízes de Direito designados ficarão afastados
atos do Governador do Estado, da Mesa, da Assem- de suas funções judicantes e serão substituídos até o
bléia Legislativa, dos Tribunais de Contas do Estado e retorno às suas Varas de origem pelos Juízes de Direito
dos Municípios, dos Procuradores-Gerais, dos Secre- Auxiliares.
tários de Estado, do próprio Tribunal, do seu Presi- §3º. A designação considerar-se-á finda em razão de
dente ou de suas Câmaras, do Presidente destas, do dispensa ou com o término do mandato do Correge-
Corregedor-Geral da Justiça e de Desembargador; dor-Geral que os indicou, salvo se houver recondução.
g) o Mandado de Injunção, quando a elaboração da Art. 34. O Corregedor-Geral poderá requisitar qual-
norma reguladora for atribuição de entidade ou auto- quer processo da inferior instância, tomando ou expe-
ridade estadual da administração direta e indireta do dindo nos próprios autos, ou em provimento, as pro-
próprio Tribunal; vidências ou instruções que entender necessárias ao
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

h) as execuções de sentenças nas causas de sua com- bom e regular andamento do serviço.
petência originária; Art. 35. Todos os serviços judiciários e de polícia judi-
i) os conflitos de jurisdição entre Magistrados de ent- ciária do Estado ficam sujeitos a correições pela forma
rância, inclusive os da Justiça Militar e os conflitos de determinada no Regimento das Correições elaborado
atribuições entre autoridades judiciárias e administra- pela Corregedoria-Geral da Justiça e aprovado pelo
tivas do Estado; Tribunal.
j) a representação do Procurador-Geral da Justiça que Art. 36. O Corregedor-Geral da Justiça será substituído
tenha por objeto a intervenção em Município; em suas férias, licenças e impedimentos pelo Desem-
k) os recursos das decisões da Corregedoria-Geral da bargador Decano do Tribunal.
Justiça; Art. 37. Das decisões originárias do Corregedor da Jus-
l) Ações Rescisórias e Revisões Criminais em processo tiça, salvo disposição em contrário, cabe recurso para
de sua competência. o Tribunal de Justiça, no prazo de 05 (cinco) dias, a
partir do conhecimento da decisão pelo interessado.

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CAPÍTULO III §1º. Quando promovido por antigüidade ou por me-
Dos Juízes de Direito recimento, o juiz de direito de comarca, cuja entrância
SEÇÃO I tenha sido elevada, poderá requerer ao Tribunal, no
Das Disposições Gerais prazo de cinco
dias, contados da sessão que o promoveu, que sua
Art. 38. O ingresso na Magistratura de carreira dar-se- promoção se efetive na comarca ou vara de que era
-á no cargo de Juiz Substituto de Entrância Inicial, me- titular. (Redação conforme LC 104, de 26.12.2006)
diante concurso público de provas e títulos, realizado §2º. O pedido, depois de ouvido o corregedor-geral da
pelo Tribunal de Justiça, com a participação de um re- Justiça, será decidido pelo Plenário, por maioria de vo-
presentante do Conselho Seccional da Ordem dos Ad- tos. (Redação conforme LC 104, de 26.12.2006)
vogados do Brasil, fazendo-se a nomeação pela ordem Art. 43. A diretoria do fórum das comarcas de entrân-
de classificação, facultado aos candidatos o direito de cia intermediária será exercida por um dos juízes titu-
recusa. (Redação conforme LC nº 131, de 18.06.2010) lares designado pelo corregedor-geral da Justiça para
Parágrafo único. Os candidatos serão submetidos a in- o período de um ano. (Redação conforme LC nº 126,
vestigação relativa aos aspectos moral e social e exa- de 25/09/2009)
me de sanidade física e mental bem como a entrevista § 1º A designação obedecerá à ordem de antiguidade
e outras investigações exigidas no regulamento do dos juízes na comarca. (Redação conforme LC nº 126,
concurso, que definirá os requisitos para as inscrições. de 25/09/2009)
Art. 39. O Concurso será realizado com observância de § 2º A ordem de antiguidade poderá ser desconsidera-
Regulamento baixado pelo Tribunal de Justiça. da se o juiz mais antigo declinar da indicação. (Reda-
Art. 40. Aos Juízes de Direito, salvo disposição em contrá- ção conforme LC nº 126, de 25/09/2009)
rio, compete o exercício, em primeira instância, de toda a
jurisdição civil, criminal ou de qualquer outra natureza. CAPÍTULO IV
Art. 41. Ressalvadas as atribuições das autoridades Dos Juízes de Direito, Auxiliares e Substitutos
competentes, cabe, ainda, aos Juízes de Direito, o de- SEÇÃO I
sempenho de funções administrativas, especialmente: Dos Juízes de Direito Auxiliares
I. proceder correição em todos os Cartórios da sede e
dos termos da Comarca, pelo menos, uma vez cada Art. 44. Haverá na Comarca de São Luís 33 (trinta e
ano, remetendo cópia dos relatórios à Presidência do
três) juízes de direito auxiliares.
Tribunal e à Corregedoria Geral da Justiça;
(Redação conforme LC n.º 123, de 15.04.2009)
II. comunicar à Ordem dos Advogados do Brasil as in-
§1º. Os Juízes de Direito Auxiliares tem as seguintes
frações do seu Estatuto, quando praticados por inte-
atribuições:
grantes do quadro da Ordem;
a) jurisdicionar cumulativamente com o titular na Ca-
III. levar ao conhecimento do Procurador-Geral da Jus-
pital ou no interior quando designados pelo Correge-
tiça, as infrações praticadas por membro do Ministério
dor- Geral da Justiça;
Público na Comarca;
IV. conceder férias, licenças para tratamento de saúde b) substituir os titulares nas Varas da Capital nos casos
e licenças para gestantes, de acordo com o disposto de impedimento, férias, licenças ou vacâncias;
nos arts 117, 118 e 118-A deste Código. (Redação con- c) jurisdicionar o serviço de plantão e presidir a dis-
forme LC nº 126, de 25/09/2009) tribuição;
V. remeter ao Tribunal de Justiça e à Corregedoria Ge- d) proceder a correições, sindicâncias, inquéritos ad-
ral da Justiça, até 31 (trinta e um) de março, mapa ministrativos e presidir sessões do Juizado Informal de
completo do movimento do fórum em suas Comarcas, Pequenas Causas, quando designados pelo Correge-
referente ao ano anterior, com indicação dos feitos dor-Geral da Justiça.
recebidos, devolvidos, paralisados em Cartório e em e) Revogado. (Revogado expressamente pela LC n.º 75,
poder do Juiz, esclarecendo sobre os excessos de pra- de 17.05.2004)
zos. Nas Comarcas de duas ou mais Varas cada Juiz §2º. Os Juízes de Direito Auxiliares, quando em juris-
remeterá o Mapa relativo à Vara respectiva; dição cumulativa ou substituição, por prazo determi-
VI. remeter até o dia 10 (dez) de cada mês mapa do nado ou não, terão jurisdição plena, respeitado o prin-
movimento forense mensal, conforme modelo forneci- cípio processual da vinculação à causa, nos casos de
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do pela Corregedoria Geral da Justiça; instrução iniciada em audiência.


VII. decidir as suspensões opostas aos Juízes de Paz, §3º. Nos casos de jurisdição cumulativa a cooperação
Membros do Ministério Público, Serventuários e Auxi- prestada ao Juiz Titular será especificada no ato da
liares da Justiça em suas Comarcas; designação.
VIII. desempenhar atribuições delegadas ou solicita- § 4º As vagas de titulares de varas ou de unidades
das por autoridades Judiciárias federal ou estadual; jurisdicionais dos juizados que ocorrerem na comar-
IX exercer qualquer outra função, atribuição ou com- ca de São Luís, serão preenchidas pelos juízes auxilia-
petência não especificada, mas decorrente de lei, deste res, obedecendo à ordem de antiguidade, ou, na falta
Código, de Regimento ou Regulamento. de juízes auxiliares, por juízes de direito de entrância
Art. 42. A modificação de entrância da Comarca, não intermediária, pelos critérios de antiguidade e mere-
importa em promoção ou disponibilidade do Juiz, que cimento, alternadamente, observado o disposto no
nela permanecerá, com os mesmos vencimentos, até parágrafo seguinte. (Redação conforme LC nº 131, de
ser promovido ou removido. 18.06.2010)

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§5º. Antes da titularização do juiz auxiliar em vara ou §2º. Quando, por qualquer motivo, não funcionar o
juizado, deverão ser apreciados pelo Tribunal os pe- Tribunal do Júri em suas reuniões ordinárias, o Presi-
didos de remoção, porventura existentes. (Redação dente do Tribunal do Júri comunicará o fato ao Presi-
conforme LC n.º 123, de 15.04.2009) dente do Tribunal e ao Corregedor-Geral da Justiça.
(Redação conforme LC nº 088, de 16.11.2005)
SEÇÃO II §3º. Serão convocadas reuniões extraordinárias sem-
Dos Juízes de Direitos Substitutos pre que, por motivo justificado, não se puder efetuar a
reunião ordinária ou quando houver processo de réu
Art. 45. Haverá para as comarcas de entrâncias ini- preso há mais de sessenta dias. (Redação conforme LC
cial e intermediária um Juiz de Direito Substituto de nº 088, de 16.11.2005)
Entrância Inicial, para cada grupo de quatro juízes §4º. O Presidente do Tribunal do Júri é obrigado a
de direito titulares. (Redação conforme LC nº 131, de remeter ao Presidente do Tribunal de Justiça e ao
18.06.2010) Corregedor-Geral da Justiça relatório circunstancia-
§1º. Aos Juízes de Direito Substitutos compete: do de cada reunião. (Redação conforme LC nº 088, de
a) substituir os Juízes de Direito das Comarcas do in- 16.11.2005)
terior dentro de suas respectivas Zonas, em suas fé- Art. 50. Não entrarão em gozo de férias os Juízes que
rias, licenças, impedimentos, afastamentos ocasionais, não cumprirem, nos devidos prazos, o disposto no ar-
bem como em caso de vaga; tigo anterior e seus parágrafos.
b) realizar, por designação do Tribunal, ou da Correge- Art. 51. O sorteio dos jurados far-se-á de 10 (dez) a 15
doria, quando não estiver no exercício de substituição, (quinze) dias antes da data designada para o início da
trabalhos de correição, bem como presidir inquéritos reunião ordinária do Tribunal do Júri.
ou sindicâncias.
§2º. Para efeito do disposto no parágrafo anterior e CAPÍTULO VI
suas alíneas, o Tribunal de Justiça disporá, em Resolu- Da Justiça Militar do Estado
ção, sobre a divisão do Estado em Zonas, apreciando
quadro elaborado pela Corregedoria no prazo de 30 Art. 52. A Justiça Militar Estadual será exercida:
(trinta) dias, contados da vigência do presente Código I. Pelo Tribunal de Justiça, em segundo grau;
com indicação das respectivas sedes. II. Pela Auditoria da Justiça Militar e pelos Conselhos
da Justiça Militar, em primeiro grau, com sede na Ca-
CAPÍTULO V pital e Jurisdição em todo o Estado do Maranhão.
Do Tribunal do Júri Art. 53. Compete à Justiça Militar o processo e julga-
mento dos crimes militares definidos em lei, pratica-
Art. 46. Em cada Município funcionará, pelo menos, 01 dos por Oficiais e Praças da Polícia Militar e do Corpo
(um) Tribunal do Júri, com a composição e organiza- de Bombeiros Militares do Estado do Maranhão.
ção determinadas pelo Código de Processo Penal, as- Art. 54. Os feitos da competência da Justiça Militar se-
segurado o sigilo das votações, a plenitude da defesa e rão processados e julgados de acordo com o Código de
a soberania dos veredictos. Processo Penal Militar e, no que couber, respeitada a
Art. 47. Nas Comarcas de São Luís e Imperatriz, os fei- competência do Tribunal de Justiça, pela Lei de Orga-
tos de competência do Tribunal do Júri serão encami- nização Judiciária Militar.
nhados ao seu presidente, após o trânsito em julgado Art. 55. Ao Tribunal de Justiça caberá decidir sobre a
da sentença de pronúncia. (Redação conforme LC n.º perda do posto e patente dos Oficiais e da graduação
67, de 23.12.2003) dos Praças.
Art. 48. A Presidência do Tribunal do Júri será exerci- Art. 56. A Auditoria da Justiça Militar será composta
da, nas comarcas de São Luís e Imperatriz, pelos juízes de um (01) Juiz-Auditor, um (01) Promotor de Justiça
das varas do Tribunal do Júri; e, nas demais comarcas, e um (01) Defensor Público.
pelos juízes das varas com competência criminal. (Re- Art. 57. O cargo de Juiz Auditor será exercido por um
dação conforme LC nº 088, de 16.11.2005) Juiz de Direito da Comarca de São Luís, sem prejuí-
Parágrafo único. Caberão a todos os juízes com com- zo de suas garantias e vantagens, inclusive remoção,
petência para a presidência do Tribunal do Júri as pro- permuta e acesso ao Tribunal, e sua titularização será
vidências de que tratam os arts. 439, 440 e 441 do feita nos termos do § 4º do art. 44 deste Código. (Re-
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

Código de Processo Penal. (Redação conforme LC nº dação conforme LC nº 131, de 18.06.2010)


088, de 16.11.2005) Parágrafo único. O Juiz Auditor será auxiliado e subs-
Art. 49. Nos termos judiciários das comarcas de São tituído em suas férias, licenças e impedimentos por
Luís e Imperatriz o Tribunal do Júri reunir-se-á, or- um dos Juízes de Direito Auxiliares da Comarca de
dinariamente, no primeiro dia útil da primeira e se- São Luís, designado pelo corregedor-geral da Justiça.
gunda quinzenas de cada mês; nos termos judiciários (Redação conforme LC nº 131, de 18.06.2010)
das demais comarcas o Tribunal do Júri reunir-se-á Art. 58. Ao Juiz-Auditor, além da competência de que
ordinariamente em qualquer dia útil do mês. (Redação trata a legislação federal e estadual, compete:
conforme LC nº 088, de 16.11.2005) I. presidir os Conselhos de Justiça, relatar todos os pro-
§ 1º. O presidente do Tribunal do Júri comunicará ao cesso e redigir as sentenças e decisões do Conselho;
Presidente do Tribunal de Justiça e ao Corregedor- II. expedir alvará, mandados e outros atos, em cumpri-
-Geral da Justiça as datas das reuniões do Tribunal mento às decisões dos Conselhos, ou no exercício de
do Júri. (Redação conforme LC nº 088, de 16.11.2005) suas próprias funções;

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III. conceder Habeas Corpus, quando a coação partir II. designar juiz de outro juizado, vara ou comarca
de autoridade administrativa ou judiciária militar, res- para responder pelo juizado especial nas férias, licen-
salvada a competência do Tribunal de Justiça; ças, impedimentos e ausências eventuais dos juízes ti-
IV. exercer supervisão administrativa dos serviços da tulares; (Redação conforme LC nº 119, de 01.07.2008)
Auditoria e o poder disciplinar sobre servidores que III. realizar correição, pessoalmente ou através do juiz
nela estiverem lotados, respeitada a competência da coordenador, nos juizados especiais; (Redação confor-
Corregedoria Geral da Justiça. me LC nº 119, de 01.07.2008)
Art. 59. Os serviços auxiliares da Justiça Militar serão IV. receber e decidir sobre reclamação da atuação dos
exercidos por um secretário judicial, por dois oficiais juízes dos juizados especiais;
de justiça e pelos demais funcionários necessários. (Redação conforme LC nº 119, de 01.07.2008)
(Revogado pela LC n.º 126, de 25.09.2009) §3º. As atribuições do juiz coordenador serão definidas
Parágrafo único. (Revogado pela LC n.º 126, de no Regimento Interno do Conselho de Supervisão. (Re-
25.09.2009) dação conforme LC nº 119, de 01.07.2008)
Art. 60-B. As Turmas Recursais serão compostas por
CAPÍTULO VII três Juízes titulares e três suplentes, todos togados e
Dos Juizados Especiais de Pequenas Causas e Da em exercício no primeiro grau de jurisdição, designa-
Justiça de Paz dos pelo Presidente do Tribunal de Justiça.
§1º. O Tribunal de Justiça criará tantas turmas quanto
Art. 60. Integram o Sistema de Juizados Especiais: necessárias, designando no ato de criação a sua sede e
(Redação conforme LC n.º 18, de 27.10.1993 e 31, de será presidida pelo Juiz mais antigo na Turma.
01.04.1996.) §2º. Compete às Turmas Recursais Cíveis e Criminais,
I. O Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais; processar e julgar os recursos interpostos contra as de-
II. As Turmas Recursais; cisões dos respectivos Juizados Especiais, bem como
III. Os Juizados Especiais Cíveis; os embargos de declaração de suas próprias decisões.
IV. Os Juizados Especiais Criminais; e, §3º. As Turmas Recursais Cíveis e Criminais são igual-
V. Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. mente competentes para processar e julgar os man-
Art. 60-A. Compõem o Conselho de Supervisão dos dados de segurança e os habeas corpus impetrados
Juizados Especiais: (Redação conforme LC nº 119, de contra Juiz de Direito dos Juizados Especiais.
01.07.2008) §4º. Os mandados de segurança impetrados contra
I. o corregedor-geral da Justiça; (Redação conforme LC ato de Juiz de Turma Recursal ou contra decisões por
nº 119, de 01.07.2008) ela emanadas, serão processados e julgados pela pró-
II. o juiz coordenador; (Redação conforme LC nº 119, pria Turma Recursal, convocado em qualquer caso um
de 01.07.2008) suplente que será o relator.
III. um juiz das turmas recursais; (Redação conforme Art. 60-C. Os Juizados Especiais são presididos por Juí-
LC nº 119, de 01.07.2008) zes de Direito integrantes da carreira da magistratura,
IV. um juiz dos juizados especiais cíveis; (Redação con- cada qual constituindo uma unidade jurisdicional.
forme LC nº 119, de 01.07.2008) §1º. As unidades jurisdicionais dos Juizados Especiais
V. um juiz dos juizados especiais criminais; (Redação serão criadas por lei, condicionada a instalação à cria-
conforme LC nº 119, de 01.07.2008) ção dos respectivos cargos de juiz titular. (Redação
§1º. Compete ao Conselho de Supervisão: (Redação conforme LC n.º 75, de 17.05.2004)
conforme LC nº 119, de 01.07.2008) §2º. Em cada unidade jurisdicional o Juiz de Direito
I. elaborar seu regimento interno, que deverá ser apro- poderá contar com o auxílio de Juízes Leigos, Concilia-
vado pelo Plenário; (Redação conforme LC nº 119, de dores e, eventualmente, Juízes de Paz, mediante de-
01.07.2008) signação do Presidente do Tribunal de Justiça.
II. definir o número de conciliadores para cada juiza- §3º. As atividades dos juízes leigos e conciliadores
do; (Redação conforme LC nº 119, de 01.07.2008) quando exercidas por não servidores do Poder Judici-
III. aprovar o relatório anual das atividades dos juiza- ário serão consideradas serviço público relevante, não
dos especiais, elaborado pelo juiz coordenador; (Reda- importando em vínculo estatutário ou trabalhista com
ção conforme LC nº 119, de 01.07.2008) o Poder Judiciário, mas constituindo títulos em con-
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

IV. organizar encontros estaduais ou regionais dos ju- curso para provimento de cargos do Poder Judiciário.
ízes dos juizados; (Redação conforme LC nº 119, de (Redação conforme LC nº 119, de 01.07.2008)
01.07.2008) §4º. Cada unidade jurisdicional dos Juizados Especiais
V. definir procedimentos visando sua unificação; (Re- contará com um secretário, dois oficiais de justiça e
dação conforme LC nº 119, de 01.07.2008) os demais funcionários necessários para seu funcio-
VI. exercer outras atribuições necessárias ao regular namento.
funcionamento dos juizados; §5º. Os secretários do Juizado Especiais acumularão
(Redação conforme LC nº 119, de 01.07.2008) as funções de escrivão, contador e partidor e os oficiais
§2º. Ao presidente do Conselho de Supervisão compe- de justiça as funções de avaliador.
te: (Redação conforme LC nº 119, de 01.07.2008) §6º. Nas comarcas onde exista mais de um juizado
I. apresentar para aprovação do Plenário os nomes com a mesma competência, o Tribunal fixará, por
dos membros do Conselho de Supervisão; (Redação resolução, as respectivas áreas territoriais, (Redação
conforme LC nº 119, de 01.07.2008) conforme LC n.º 75, de 17.05.2004)

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§7º. O Tribunal de Justiça regulamentará, por meio de Art. 60-G. Nas comarcas onde não existam unidades
resolução, a instalação e o funcionamento das unida- jurisdicionais instaladas as atribuições dos Juizados
des jurisdicionais dos juizados especiais e das turmas Especiais Cíveis e Criminais são atribuídas:
recursais. (Redação conforme LC n.º 75, de 17.05.2004) I. nas comarcas de quatro varas, mediante distribui-
§8º. Ao funcionário do Poder Judiciário, pelo exercício ção, a matéria cível aos juízes da 1ª e 2ª Varas, e a
das atividades de conciliador, se bacharel em Direito, matéria criminal aos juízes da 3ª e 4ª Varas;
será atribuída uma função gratificada (Redação con- II. nas comarcas de três varas, a matéria cível, median-
forme LC nº 119, de 01.07.2008) te distribuição, aos juízes da 1ª e 2ª Varas, e a matéria
Art. 60-D. O Juizado Especial Cível tem competência criminal ao Juiz da 3ª Vara
para conciliação, processo e julgamento das causas cí- III. nas comarcas de duas varas, a matéria cível ao juiz
veis de menor complexidade, assim consideradas: da 1ª Vara e a matéria criminal ao Juiz da 2ª Vara; e,
I. As de valor não excedente a quarenta vezes o salário IV. nas comarcas de vara única, a matéria cível e cri-
mínimo; minal ao respectivo juiz de direito.
II. As enumeradas no artigo 275, inciso II, do Código Parágrafo único. Na vara que disponha de juiz de di-
de Processo Civil; reito substituto auxiliando, a este competirá o proce-
III. As ações de despejo para uso próprio; dimento e julgamento dos processos dos juizados es-
IV. As ações possessórias sobre bens imóveis de valor peciais.
não excedente ao fixado no inciso I deste artigo.
§1º. Compete ao Juizado Especial Cível ou ao Juizado Art. 60-H. As unidades jurisdicionais cíveis e criminais
Especial das Execuções Cíveis onde houver, promover dos juizados especiais poderão funcionar em horário
a execução: noturno, bem como, aos sábados, domingos e feria-
I. Dos seus julgados; dos, atendidas as peculiaridades de cada uma delas
II. Dos títulos executivos extrajudiciais de valor até ou da Comarca.
quarenta vezes o salário mínimo, observados o dis- §1º. Sem prejuízo do funcionamento das unidades ju-
posto no § 1º do art. 8º, da Lei nº 9.099/95 e a regula- risdicionais fixas, em cada Comarca, poderá o Tribu-
mentação da Lei nº 9.541/99. nal de Justiça criar tantos postos avançados quantos
§2º. Ficam excluídas da competência do Juizado Es- necessários ao melhor atendimento do jurisdicionado.
pecial as causas de natureza alimentar, falimentar, §2º. No interesse da Justiça, poderão também as uni-
fiscal e de interesse da Fazenda Pública, assim como dades jurisdicionais atuar de forma móvel ou itineran-
as relativas a acidente do trabalho, a resíduos e ao es- te.
tado e à capacidade das pessoas, ainda que de cunho Art. 60-I. O acesso ao Juizado Especial Cível indepen-
patrimonial. derá, em primeiro grau de Jurisdição, do pagamento
§3º. A opção pelo procedimento previsto no § 3º do de custas, taxas ou despesas. (Redação conforme LC
artigo 3º da Lei nº 9.099/95 importará renúncia ao n.º 46, de 30.11.2000)
crédito que exceder ao limite estabelecido neste arti- §1º. O preparo de recurso, na forma do art. 42 da Lei
go, excetuada a hipótese de conciliação. n.º 9.099/95, compreenderá todas as despesas proces-
§4º. Aos Juizados Especiais Cíveis compete cumprir os suais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau
atos deprecados oriundos de Juizados Especiais Cíveis de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência ju-
de todo o território nacional, mediante distribuição para diciária gratuita.
cada unidade jurisdicional, onde houver mais de uma, §2º. Para o efeito do disposto no § 1º, bem como
após regulamentação pelo Conselho de Supervisão. do contido no artigo 55, primeira parte, da Lei n.º
Art. 60-E. O Juizado Especial Criminal tem competên- 9.099/95, deverão ser cotadas, no curso do processo,
cia para a conciliação, transação, processo, julgamen- as custas, taxas e despesas previstas na Lei de Cus-
to e execução das infrações penais de menor potencial tas, ou em Resolução do Tribunal de Justiça, inclusive
ofensivo, assim consideradas: aquelas que foram inicialmente dispensadas em pri-
I. os crimes a que lei comine pena máxima não supe- meiro grau de jurisdição.
rior a um ano, excetuados aqueles para os quais a lei §3º. Na hipótese de não provimento do recurso, o ven-
preveja procedimento especial; cido arcará com o valor das custas, taxas e despesas
II. as contravenções penais. que foram recolhidas pela parte recorrente na oportu-
Parágrafo único. O termo circunstanciado a que alude nidade da interposição, além de honorários de advo-
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o artigo 69 da Lei 9.099, de 26.09.95, será lavrado pela gado, na forma de Lei n.º 9.099/95.
autoridade policial civil ou militar que tomar conheci- §4º. Na execução serão cotadas custas, mas o seu pa-
mento da ocorrência. gamento ocorrerá apenas se reconhecida a litigância
Art. 60-F. Compete também ao Juizado Especial Cri- de má fé, se julgados improcedentes os embargos do
minal promover a execução dos seus julgados, salvo o devedor ou se tratar de execução de sentença que te-
disposto no artigo 74 da Lei 9.099/95 e nos casos de nha sido objeto de recurso não provido do devedor,
competência exclusiva da Vara de Execuções Penais, sendo que, nesta última hipótese, as custas devem in-
quanto às sentenças penais condenatórias. tegrar, desde o início, o cálculo do débito em execução.
Parágrafo único. Os atos deprecados oriundos de Jui- §5º. A isenção de custas, taxas ou despesas previstas
zados Especiais Criminais de todo o território nacional no caput deste artigo não se aplica a terceiros não
devem ser cumpridos pelas unidades jurisdicionais do envolvidos na relação processual, para efeito de expe-
Estado, mediante distribuição, onde houver mais de dição de certidões pelos Juizados, ressalvados os casos
uma. de pessoas pobres.

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Art. 61. A Justiça de Paz, remunerada, composta de
cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, #FicaDica
com mandato de 04 (quatro) anos, será admitida em
cada Termo das Comarcas de 1ª, 2ª, e 3ª Entrâncias, Nas Sessões do Tribunal Pleno, o primeiro
com competência para, na forma da lei, celebrar casa- dos membros mutuamente impedidos que
mento, verificar, de ofício, ou em face de impugnação votar, excluirá a participação do outro no
apresentada, o processo de habilitação e exercer atri- julgamento.
buições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além
de outras previstas na legislação.
§1º. O Tribunal de Justiça determinará dia para a elei- Não poderão funcionar no mesmo Juízo, como Juízes,
ção, cabendo ao Juiz de Direito da Comarca receber as Promotores ou Serventuários de Justiça, os que, entre si,
inscrições com documentos comprobatórios da idonei- forem marido e mulher, ascendentes e descendentes, so-
dade moral do candidato, grau de instrução, profissão, gro e genro, cunhado ou parentes colaterais até o tercei-
identificação, idade mínima de 21 (vinte e um) anos e ro grau, inclusive.
máxima de 45 (quarenta e cinco).
Dos subsídios e vantagens
§2º. Recebidas as inscrições, o Tribunal nomeará uma
Comissão que examinará os requerimentos podendo
Os magistrados serão remunerados exclusivamente
indeferir os que não se acharem em condições, caben-
por subsídios em parcela única. Ademais, o subsídio dos
do recurso, no prazo de 05 (cinco) dias, para o Tribu-
desembargadores corresponde a noventa inteiros e vin-
nal.
te e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
§3º. Realizado o pleito, o Juiz de Direito da Comarca
ministros do Supremo Tribunal Federal.
fará apuração, remetendo relatório para o Tribunal, Os subsídios dos Juízes de Direito serão fixados com
enumerando os concorrentes na ordem decrescente da a diferença de 5% (cinco por cento) de uma para outra
votação. Homologado o relatório, o Tribunal nomeará entrância, atribuindo-se aos de entrância mais elevada
o eleito, cujo ato será baixado pelo Presidente. 95% (noventa e cinco por cento) dos subsídios dos De-
§4º. Findo o quatriênio, o Juiz de Paz permanecerá no sembargadores.”
exercício do cargo até a posse de quem deva sucedê- Além dos vencimentos, poderão ser outorgados aos
-lo. Magistrados, nos termos da Lei, as seguintes vantagens:
§5º. O Juiz de Paz terá competência para o processo I. ajuda de custo para despesas de transportes e mu-
de habilitação e celebração de casamento, sendo que dança;
nos termos-sede somente funcionará na ausência do II. ajuda de custo, para moradia, nas Comarcas em
Juiz de Direito ou Juiz Substituto, ou por delegação que não houver residência oficial à disposição do Ma-
destes. gistrado;
III. salário-família;
Dos direitos e garantias IV. diárias;
V. representação;
Os Magistrados gozam das seguintes garantias, na VI. gratificação pela prestação de serviços à Justiça
forma da Constituição Federal: Eleitoral, caso o benefício não seja concedido pela
I. vitaliciedade; União;
II. inamovibilidade; VII. gratificação pela prestação de serviço a Justiça do
III. irredutibilidade de vencimentos. Trabalho, nas Comarcas onde não forem instituídas
Juntas de Conciliação e Julgamento;
A vitaliciedade só será adquirida pelos juízes de di- VIII. gratificação adicional de 5% (cinco por cento) por
reito substitutos de entrância inicial, após dois anos de qüinqüênio de serviço, até o limite de 35% (trinta e
efetivo exercício no cargo, contados a partir da data do cinco por cento);
exercício. IX. gratificação pelo efetivo exercício em Comarca de
O corregedor-geral da Justiça apresentará ao Tribu- difícil acesso, assim definida e indicada em Lei.
nal, até três meses antes do final do biênio de que trata X – Gratificação de Direção de Fórum.
o parágrafo anterior, relatório das atividades do juiz de
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direito substituto de entrância inicial. Licença e férias


O Tribunal, por maioria absoluta de seus membros,
poderá exonerar o Juiz de Direito Substituto que revelar Conceder-se-á licença:
escassa capacidade de trabalho ou personalidade incom- I. para tratamento de saúde;
patível com os encargos, deveres e responsabilidades da II. por motivo de doença em pessoa da família;
Magistratura, assegurada ampla defesa. III. para repouso à gestante.
Ademais, no Tribunal de Justiça não poderão ter as- IV. prêmio à assiduidade.
sento na mesma Câmara ou sessão cônjuges e parentes
consanguíneos ou afins em linha reta, bem como em li- Acerca da licença, tem-se que, a licença para trata-
nha colateral até o terceiro grau. mento de saúde por prazo superior a 30 (trinta) dias, bem
como as prorrogações que importem em licença por pe-
ríodo ininterrupto, também superior a 30 (trinta) dias, de-
pendem de inspeção por junta médica.

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Ademais, o Magistrado licenciado não pode exercer CAPÍTULO III
quaisquer das suas funções jurisdicionais ou administra- DAS SECRETARIAS DE DIRETORIA DE FÓRUM
tivas, nem exercitar qualquer função pública ou particu-
lar. Art. 90. Nas comarcas com mais de três varas, a di-
Salvo contra indicação médica o Magistrado licen- retoria do fórum terá uma secretaria, cujo secretário,
ciado poderá proferir decisões em processo que antes indicado pelo juiz diretor do fórum ao presidente do
da licença, lhe hajam sido conclusos para julgamento ou Tribunal de Justiça, será nomeado por este, em comis-
tenham recebido o seu visto como Relator ou Revisor. são, depois de ouvido o Corregedor-Geral da Justiça.
No que se refere à licença-prêmio, tem-se que a cada Parágrafo único. Nas demais comarcas, as atribuições
5 (cinco) anos de efetivo exercício o magistrado fará jus a de secretário de diretoria de fórum serão exercidas,
licença-prêmio à assiduidade de 3 (três) meses. O tempo sem prejuízo de suas funções, pelo serventuário ou
de licença-prêmio à assiduidade não gozada será conta- funcionário da Justiça designado pelo juiz diretor do
do em dobro para efeito de aposentadoria, se o requerer fórum, de acordo com esta Lei.
o interessado.
Não obstante, a licença-prêmio à assiduidade não CAPÍTULO IV
gozada nem contada em dobro para efeito de aposen- DAS SECRETARIAS DAS VARAS
tadoria será convertida em remuneração correspondente
ao período e paga ao membro da Magistratura ao apo- Art. 91. Cada juízo de direito terá uma secretaria que
sentar-se, ou aos seus dependentes, em caso de morte. executará os serviços de apoio aos respectivos juízes,
Por fim, a licença não poderá ser fracionada por pe- nos termos da lei processual e da presente Lei, super-
ríodo inferior a 30 (trinta) dias e poderá ter a metade visionada pelo juiz em exercício e dirigida por um se-
convertida em pecúnia, restando-lhe o gozo oportuno da cretário judicial.
outra metade. §1º. Compete à secretaria de vara e ao seu secretário:
Quanto às férias, tem-se que os magistrados terão I. receber do serviço de distribuição os feitos judiciais,
direito a sessenta dias de férias anuais, gozadas indivi- inquéritos, petições e demais documentos, procedendo
dualmente. à autuação, se for o caso, e levando ao juiz da vara
para despacho;
II. cumprir os despachos e as determinações do juiz e
DOS SERVIÇOS JUDICIAIS E DOS SERVIDORES DO
praticar os demais atos de suas atribuições, decorren-
PODER JUDICIÁRIO
tes de lei, provimento e atos do presidente do Tribunal,
do corregedor- geral e do juiz diretor do fórum;
Os serviços auxiliares da Justiça são executados nas
III. proceder às anotações referentes ao andamento
seguintes secretarias:
dos feitos no sistema de computação;
I. secretaria do Tribunal de Justiça;
IV. preparar expedientes para despachos e audiências;
II. secretaria da Corregedoria Geral da Justiça; V. exibir os processos para consulta pelos advogados e
III. secretarias judiciais; prestar informações sobre os feitos e seu andamento;
IV. secretarias de diretoria de fórum. VI. expedir certidões extraídas dos autos, livros e de-
mais papéis sob sua guarda;
São secretarias judiciais: as secretarias das varas, as VII. elaborar boletim diário contendo os despachos e
secretarias dos juizados especiais e turmas recursais e as demais atos judiciais para publicação no Diário da
secretarias dos serviços de distribuição, contadoria, ava- Justiça e intimação das partes;
liação, partilha e depósito judicial. VIII. elaborar editais para publicação;
IX. expedir mandados, ofícios, cartas precatórias, car-
Vejamos agora os dispositivos acerca das secretarias tas rogatórias e outros expedientes determinados pelo
acima expostas: juiz da vara;
X. realizar diligências determinadas pelo juiz da vara,
CAPÍTULO II diretor do fórum, juízes corregedores e corregedor-
DAS SECRETARIAS DO TRIBUNAL E DA CORREGE- -geral da Justiça;
DORIA XI. lavrar os termos de audiências em duas vias, jun-
tando a via oficial ao livro de registro de termos de
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Art. 89. As secretarias do Tribunal de Justiça e da Cor- audiência, de folhas soltas, e a outra via aos autos res-
regedoria Geral da Justiça são dirigidas por diretores, pectivos;
nomeados em comissão, dentre bacharéis em Direito, XII. registrar as sentenças no livro de sentenças, o que
pelo presidente do Tribunal, após aprovação do Ple- poderá ser feito por cópia ou fotocópia em livro de
nário. folhas soltas;
§1º. A indicação para aprovação pelo Plenário do XIII. quando determinado pelo juiz, abrir vistas dos
nome para o cargo de diretor da Corregedoria Geral autos aos advogados, aos defensores públicos e ao Mi-
da Justiça é feita pelo Corregedor-Geral. nistério Público, fazendo conferência das folhas e cer-
§2º. A estrutura organizacional da secretaria do Tribu- tificando esta circunstância nos autos e no protocolo,
nal de Justiça e da secretaria da Corregedoria Geral da onde deverá ser assinado o recebimento dos autos; e,
Justiça, bem como as atribuições dos seus respectivos quando da devolução, proceder também à conferência
diretores serão definidas em resolução do Tribunal de das folhas, certificando a devolução e a conferência,
Justiça. mediante termo nos autos, dando baixa no protocolo;

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XIV. certificar nos autos os atos praticados; os cidadãos portadores de diploma de curso superior,
XV. prestar ao juiz, no prazo de três dias, informações de preferência bacharéis em direito, que o nomeará,
por escrito nos autos; depois de ouvido o corregedor-geral da Justiça.
XVI. remeter os autos ao Tribunal de Justiça, no prazo §2º. Nas comarcas do interior em que não for pos-
máximo de três dias, contados do despacho de deter- sível a nomeação de secretário de juizado portador
minação de encaminhamento dos processos em grau de diploma de curso superior, poderá o presidente do
de recurso; Tribunal, mediante justificativa do juiz e com autori-
XVII. encaminhar os autos para baixa na distribuição zação do Plenário, nomear portador de certificado de
e arquivo, quando determinado pelo juiz; conclusão do curso de ensino médio.
XVIII. informar ao juiz, por escrito, sobre os autos, cujo §3º. Não poderão exercer cargos de diretor de secre-
prazo de vista esteja excedido, para a adoção das pro- taria de juizado, o cônjuge, companheiro ou parentes,
vidências cabíveis; em linha reta ou colateral até o terceiro grau, do juiz
XIX. informar ao juiz sobre autos indevidamente para- titular.
dos na secretaria; §4º. As turmas recursais terão uma única secretaria
XX. requisitar ao arquivo, quando determinado pelo com seu respectivo secretário.
juiz, a apresentação de autos de processos arquivados; §5º. Aplica-se o disposto no artigo anterior, no que
XXI. executar quaisquer atos determinados pelo Tribu- couber, às secretarias e respectivos secretários dos jui-
nal de Justiça, Corregedoria Geral e juiz da vara; zados e das turmas recursais.
XXII. zelar pelo cumprimento, com a diligência devida,
dos despachos e decisões judiciais. CAPÍTULO VI
§2º. Cada secretaria, além do secretário e de dois ofi- DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA
ciais de justiça, terá os funcionários necessários ao seu
funcionamento. Art. 93. O Tribunal de Justiça terá quinze cargos de
§3º. O Secretário Judicial será indicado pelo juiz de oficiais de justiça e cada juízo de direito e juizado es-
direito ao Presidente do Tribunal de Justiça que o no- pecial contará com dois cargos, todos providos por
meará dentre os portadores de diploma de curso su- concurso público de provas e títulos, constituindo re-
perior, preferencialmente bacharel em Direito, depois quisito para seu ingresso a conclusão de curso superior
de ouvido o Corregedor-Geral da Justiça. (Redação e idade mínima de dezoito anos. (Redação conforme
conforme LC nº 096, de 05/07/2006) LC nº 116, de 11.04.2008)
§4º. Nas comarcas do interior em que não for possível §1º. Nas comarcas de São Luís e Imperatriz, os oficiais
a nomeação de secretário judicial portador de diplo- de justiça ficarão vinculados à Central de Cumprimen-
ma de curso superior, poderá o presidente do Tribunal, to de Mandados, com exceção dos lotados nos Juiza-
mediante justificativa do juiz e com autorização do dos Especiais e nas Varas de Execuções Criminais e da
Plenário, nomear portador de certificado de conclusão Infância e Juventude. (Redação conforme LC 085, de
do curso de ensino médio. 21.06.2005)
§5º. Não poderão exercer cargos de diretor de secre- §2º. Nas demais comarcas de 3ª entrância não abran-
taria, o cônjuge, companheiro ou parentes, em linha gidas pelo § 1º, os oficiais de justiça ficarão vinculados
à diretoria do Fórum, de modo a atender a distribui-
reta ou colateral até o terceiro grau, do juiz titular.
ção de mandados por distrito. (Redação conforme LC
§6º. O corregedor-geral da Justiça regulará, por pro-
085, de 21.06.2005)
vimento, os serviços e livros necessários às secretarias
Art. 94. Aos oficiais de justiça incumbe:
das varas e dos serviços de distribuição, contadoria,
I. fazer as citações, notificações, intimações, penhoras,
partidoria, avaliação e depósito judicial.
arrestos, seqüestros e todas as demais diligências que
§7º. Cada secretário terá o seu substituto permanente,
lhes forem determinadas pelas autoridades judiciárias;
indicado pelo juiz titular e designado pelo corregedor-
II. cumprir os mandados de prisão, sem prejuízo da
-geral da Justiça, que o substituirá nas ausências, ação policial;
impedimentos, férias e licenças, e que terá direito à III. lavrar termos, certidões e autos das diligências que
percepção da diferença de vencimentos quando ocor- efetuarem, devolvendo-os à secretaria da vara;
rer substituição por período igual ou superior a trinta IV. entregar à secretaria da vara, sob pena de respon-
dias. sabilidade, no prazo de vinte e quatro horas, os man-
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dados cumpridos;
CAPÍTULO V V. comparecer, diariamente, ao fórum, e lá permane-
DAS SECRETARIAS DOS JUIZADOS ESPECIAIS cer até quando for necessário;
VI. estar presente nas audiências, cumprindo as de-
Art. 92. Cada juizado especial terá uma secretaria, terminações do juiz, auxiliando-o na manutenção da
supervisionada pelo juiz em exercício e dirigida por ordem, exceto se estiver lotado na Central de Cumpri-
um secretário judicial, que contará, além do secretário, mento de Mandados, caso em que tais funções serão
com dois oficiais de justiça e funcionários necessários desempenhadas pelo oficial de justiça de plantão ou
para o seu funcionamento. pelo secretário judicial, a depender do caso. (Redação
§1º. O secretário será indicado pelo respectivo juiz ao conforme LC 085, de 21.06.2005)
presidente do Tribunal de Justiça, dentre os funcioná- VII. entregar, incontinenti, à secretaria da vara, os va-
rios efetivos portadores de diploma de terceiro grau lores recebidos em cumprimento de ordem judicial,
e, em não havendo nenhum nesta condição, dentre mediante recibo do diretor de secretaria;

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VIII. auxiliar os serviços da secretaria da vara, quando §1º. O cargo em comissão de secretário de distribuição
não estiver realizando diligências; será exercido por portador de diploma de curso supe-
IX. exercer função de porteiro de auditório, quando rior, indicado pelo corregedor-geral da Justiça e nome-
designado pelo juiz, exceto se estiver lotado na Cen- ado pelo presidente do Tribunal, ressalvado o disposto
tral de Cumprimento de Mandados, caso em que tal no § 4º do art. 91.
função será exercida pelo secretário judicial (Redação §2º. Nas demais comarcas, o serviço de distribuição
conforme LC 085, de 21.06.2005) ficará a cargo da secretaria de vara da qual o juiz di-
§1º. No exercício da função de porteiro dos auditórios, retor do fórum for titular.
incumbe ao oficial de justiça: §3º. A distribuição, presidida pelo juiz diretor do fó-
I. apregoar a abertura e encerramento das audiências rum, será feita diariamente.
e fazer a chamada das partes e testemunhas, quando Art. 98. São atribuições do serviço de distribuição,
assim determinar o juiz; além das previstas em lei, em resoluções do Tribunal,
II. apregoar os bens nas praças e leilões judiciais; em provimentos da Corregedoria Geral da Justiça ou
III. passar certidões dos pregões, praças, arrematações em ato do juiz diretor do fórum:
ou de quaisquer outros atos que nessa função praticar. I. distribuir, em audiência pública, em hora certa, os
§2º. A identificação do oficial de justiça, no desempe- feitos judiciais e as petições recebidas durante o dia,
nho de suas funções, será feita mediante apresentação entre os diversos juízes da comarca, na presença do
da carteira funcional, indispensável em todas as dili- diretor do fórum ou de juiz por este designado, de re-
gências, da qual deve estar obrigatoriamente munido. presentante da OAB e do Ministério Público. A ausên-
§3º. As diligências atribuídas ao oficial de justiça de- cia de representantes da OAB e do Ministério Público,
vem ser feitas pessoalmente; são intransferíveis e, so- que será consignada em ata, não impede a distribui-
mente com autorização judicial, poderá ocorrer sua ção dos feitos;
substituição. II. encaminhar, imediatamente após a distribuição, os
§4º. É vedada a entrega pelo oficial de justiça de man- feitos distribuídos às varas, através das respectivas se-
dado para ser cumprido por preposto, mesmo que cretarias;
seja outro oficial de justiça, bem como a realização de III. dar baixa dos autos encaminhados à distribuição
qualquer diligência por meio epistolar ou por telefone, pelas secretarias das varas para esse fim, por força de
constituindo estas práticas falta grave. despacho judicial;
§5º. No mandado cumprido fora do prazo, o oficial de IV. expedir certidão única, negativa ou positiva, de
justiça deverá certificar o motivo da demora. processos distribuídos em andamento, mediante re-
§6º. As férias e licenças, salvo para tratamento de saú- querimento em formulário próprio e recolhidas as
de, serão comunicadas à secretaria da vara pelo oficial custas devidas.
de justiça, com antecedência mínima de dez dias, para Parágrafo único. A classificação dos feitos para fins de
o fim de suspender a distribuição de mandados, a par- distribuição e os livros próprios da secretaria judicial
tir do décimo dia anterior ao previsto para o seu afas- de distribuição serão disciplinados por ato da Corre-
tamento e até o dia imediatamente anterior ao início gedoria Geral da Justiça.
de suas férias ou licenças, devendo o oficial de justiça
restituir, devidamente cumpridos, todos os mandados Dos servidores do poder judiciário
que lhe foram entregues ou justificar a impossibilida-
de de tê-los cumprido. São servidores do Poder Judiciário, os serventuários
§7º. O Tribunal de Justiça poderá conceder ao oficial judiciais e os funcionários do Tribunal de Justiça e da
de justiça gratificação em razão da produtividade, o Justiça de 1º Grau, todos integrantes do Quadro Único
que será regulamentado por resolução do Plenário. do Poder Judiciário do Maranhão.
Art. 95. Nas comarcas de entrâncias inicial e interme- I. quadro de pessoal do Tribunal de Justiça: os servido-
diária e nos juizados especiais, inclusive os da Comar- res do Plenário, da Presidência, da Vice-Presidência,
ca de São Luís, o oficial de justiça exercerá as funções da Corregedoria Geral da Justiça, dos Gabinetes dos
de avaliador judicial, incumbindo-lhe avaliar bens de Desembargadores e da Secretaria do Tribunal de Jus-
qualquer natureza e elaborar os respectivos laudos. tiça;
(Redação conforme LC nº 131, de 18.06.2010) II. quadro de pessoal da Justiça de 1º Grau: os servido-
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res das secretarias de diretoria de fórum e das secre-


CAPÍTULO VII tarias judiciais.
DO SERVIÇO DE DISTRIBUIÇÃO
São denominados serventuários judiciais, tendo fé
Art. 96. Os feitos, petições e demais documentos da pública na prática de seus atos:
competência de dois ou mais juízos estão sujeitos à I. o diretor-geral da secretaria do Tribunal de Justiça, o
previa distribuição por sorteio aleatório. Os demais es- subdiretor-geral e o diretor da secretaria da Correge-
tarão sujeitos somente a registro e encaminhamento. doria Geral da Justiça;
Art. 97. A distribuição dos feitos na comarca de São II. o diretor judiciário da secretaria do Tribunal de Jus-
Luís e nas comarcas com mais de duas varas será rea- tiça, os coordenadores a ele vinculados e os secretários
lizada pela secretaria judicial de distribuição, subordi- das Câmaras e do Plenário;
nada diretamente ao juiz diretor do fórum. III. os secretários judiciais;
IV. os oficiais de justiça.

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II – ao chefe de gabinete da Presidência, quanto aos
FIQUE ATENTO! servidores lotados no gabinete do presidente; (Reda-
Os demais servidores do Poder Judiciário são ção conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
denominados funcionários do Poder Judiciá- III – ao diretor da ESMAM, quanto aos servidores
rio. lotados na Escola da Magistratura;
(Redação conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
IV - ao diretor-geral da secretaria da Corregedoria Ge-
Da nomeação, compromisso, posse e exercício. ral da Justiça, quanto aos servidores lotados na Corre-
gedoria; (Redação conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
Os servidores do Poder Judiciário serão nomeados V - ao diretor de Recursos Humanos, quanto aos de-
pelo presidente do Tribunal de Justiça e tomarão posse mais servidores do Tribunal de Justiça; (Redação con-
em seus cargos dentro de trinta dias, contados da publi- forme LC n.º 126, de 25.09.2009)
cação do ato de nomeação no Diário da Justiça, podendo VI - aos juízes diretores de fórum, quanto aos servi-
esse prazo ser prorrogado, por mais trinta dias, pelo pre- dores lotados na secretaria de diretoria do fórum e
sidente do Tribunal.
nas secretarias judiciais não subordinadas direta-
Os servidores nomeados para o Tribunal de Justiça
mente a outro juiz; (Redação conforme LC n.º 126, de
prestarão compromisso e tomarão posse perante o dire-
25.09.2009)
tor de Recursos Humanos, ressalvado o diretor-geral da
VII - aos juízes de direito de cada unidade jurisdicio-
secretaria e os diretores de diretorias, que tomarão posse
nal, quanto aos servidores lotados em seu gabinete e
perante o presidente do Tribunal de Justiça.
na sua secretaria judicial. (Redação conforme LC n.º
Ademais, os servidores nomeados para a Justiça de 1º
126, de 25.09.2009)
Grau prestarão compromisso e tomarão posse perante
o juiz da unidade jurisdicional ou administrativa em que § 4º As tabelas anuais de férias e suas alterações, bem
forem lotados. como a concessão individual de férias, devem ser co-
Todos os direitos e deveres dos servidores do Poder municadas ao diretor de Recursos Humanos do Tri-
Judiciário só serão considerados a partir da data do exer- bunal de Justiça. (Redação conforme LC n.º 126, de
cício. Não obstante, o exercício dos servidores dos cargos 25.09.2009)
em comissão será concomitante com a respectiva posse. §5º. Revogado pela LC n.º 126, de 25.09.2009 (Reda-
Por fim, tem-se que os servidores de cargos efetivos ção conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
têm trinta dias improrrogáveis para o inicio do exercício, Art. 118. As licenças de servidores para tratamento de
contados da data da posse. saúde, de até trinta dias, serão concedidas mediante
requerimento por escrito, instruído com o devido ates-
Caso não seja respeitado os prazos anteriores, será: tado médico, pelas seguintes autoridades (Redação
I. considerado sem efeito o ato de nomeação se o ser- conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
vidor, após nomeado, não tomar posse; I– o diretor de Recursos Humanos, para os servidores
II. exonerado o servidor, se tomar posse e não iniciar lotados no Tribunal de Justiça;
o seu exercício. (Redação conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
II– o diretor da ESMAM, quanto aos servidores lo-
Dos Direitos e Garantias tados na Escola da Magistratura;
(Redação conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
Os servidores do Poder Judiciário terão os direitos e III– o diretor-geral da Corregedoria, para os servido-
garantias assegurados pela Constituição Estadual, por esta res lotados na Corregedoria Geral de Justiça; (Redação
Lei e pelo Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado. conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
IV- os juízes diretores de fórum, para os servidores lo-
Das férias, licenças, disponibilidade e aposentado- tados na secretaria de diretoria do fórum e nas secre-
ria. tarias judiciais não subordinadas diretamente a outro
Vejamos o que diz a Lei: juiz; (Redação conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
V - os juízes de direito de cada unidade jurisdicional,
Art. 117. São de trinta dias consecutivos as férias anu- para os servidores lotados em seu gabinete e na sua
ais dos servidores do Poder Judiciário. secretaria judicial. (Redação conforme LC n.º 126, de
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

§1º. O acúmulo de férias somente será permitido por 25.09.2009)


imperiosa e comprovada necessidade do serviço e § 1º As licenças por período superior a trinta dias ou
nunca além de dois períodos. suas prorrogações ou, ainda, prorrogação que, soma-
§2º. As tabelas anuais de férias serão organizadas até da ao período anterior, totalize mais de trinta dias, se-
o dia 30 de novembro do ano anterior. rão instruídas com laudo da junta médica do Tribunal
§ 3º A organização das tabelas anuais de férias e de Justiça e concedidas pelo diretor-geral da secretaria
suas alterações, bem como a concessão individual de quanto a funcionário lotado no Tribunal de Justiça e
férias competem: (Redação conforme LC n.º 126, de na Escola da Magistratura e, pelo corregedor-geral da
25.09.2009) Justiça, quanto a funcionário lotado na Corregedoria
I- ao vice-presidente do Tribunal, aos desembargado- Geral da Justiça ou na Justiça de 1º Grau. (Redação
res e ao diretor–geral da secretaria, quanto aos servi- conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
dores lotados em seus respectivos gabinetes; (Redação § 2º São consideradas prorrogações as licenças em
conforme LC n.º 126, de 25.09.2009) que, entre uma e outra, não transcorram, pelo menos,

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três dias úteis, com o respectivo comparecimento do I. permanecer em seu local de trabalho durante o ho-
servidor ao serviço. (Redação conforme LC n.º 126, de rário de expediente ou, por mais tempo, se a necessi-
25.09.2009) dade do serviço o exigir, só se ausentando por motivo
§ 3º Todas as licenças concedidas devem ser comuni- justificado, comunicando imediatamente à autoridade
cadas ao diretor de Recursos Humanos do Tribunal de a que estiver diretamente subordinado;
Justiça. (Redação conforme LC n.º 126, de 25.09.2009) II. agir com disciplina e ordem no serviço, tratando as
§ 4º Havendo reiterados pedidos de licença médica, partes, seus procuradores e o público em geral com a
independentemente de períodos, deve o servidor ser devida urbanidade;
submetido à junta médica do Tribunal de Justiça. (Re- III. exercer pessoalmente suas funções, delas só se
dação conforme LC n.º 126, de 25.09.2009) afastando em gozo de férias ou licença ou por deter-
Art. 118-A. Será concedida licença à servidora ges- minação da autoridade a que estiver subordinado, só
tante por 180 (cento e oitenta) dias consecutivos, sem se admitindo substituições nos casos previstos em lei;
prejuízo da remuneração. (Redação conforme LC nº IV. não receber custas, gratificações, bonificações ou
116, de 11.04.2008) quaisquer doações pela prática dos atos de seu ofício;
§1º. A licença poderá ter início no primeiro dia do nono V. guardar sigilo sobre os processos e diligências que
mês de gestação, salvo antecipação por prescrição devam correr em segredo de Justiça, bem como sobre
médica. (Redação conforme LC nº 116, de 11.04.2008) as decisões deles resultantes;
§2º. No caso de nascimento prematuro, a licença terá VI. prestar, com absoluta fidelidade, informação que
início a partir do parto. (Redação conforme LC nº 116, lhe seja solicitada por autoridade a que estiver subor-
de 11.04.2008) dinado ou a qualquer outra autorizada por lei ou pelo
§3º. No caso de natimorto e de aborto atestado por juiz;
médico oficial, a servidora terá direito a 30 (trinta) VII. prestar o auxílio que lhe for solicitado pelas auto-
dias de repouso remunerado. (Redação conforme LC ridades judiciárias encarregadas de correições, inspe-
nº 116, de 11.04.2008) ções e investigações.
§ 4º As licenças de que trata este artigo serão conce-
didas pelo diretor-geral da Secretaria para os servi-
dores do Tribunal de Justiça; pelo diretor da ESMAM #FicaDica
para os servidores lotados na Escola da Magistratura;
Os servidores do Poder Judiciário residirão,
pelo diretor-geral da Corregedoria para os servidores
lotados na Corregedoria; e pelos juízes de direito, de obrigatoriamente, nos municípios de suas
acordo com os incisos IV e V do artigo anterior, para lotações, salvo autorização do Tribunal de
os servidores lotados na Justiça de 1º Grau. (Redação Justiça.
conforme LC n.º 126, de 25.09.2009)
Art. 119. As demais licenças previstas em lei são apre-
ciadas e concedidas ou não pelo vice-presidente do É vedado aos servidores do Poder Judiciário o exer-
Tribunal de Justiça. cício de suas funções em atos que envolvam interesses
Art. 120. Aplica-se aos servidores do Poder Judiciário, próprios ou de seu cônjuge, parente consangüíneo ou
quanto à disponibilidade e aposentadoria, o Estatuto afim, em linha reta ou colateral, até terceiro grau, inclusi-
dos Servidores Públicos Civis do Estado do Maranhão. ve nos casos de suspeição.
§1º. Compete ao presidente do Tribunal de Justiça Acerca das faltas, tem-se que constitui falta grave do
apreciar o pedido e expedir o devido ato de aposen- servidor, além das proibições do Estatuto dos Servidores
tadoria, bem como expedir os atos de aposentadoria Públicos do Estado:
compulsória e de disponibilidade não punitiva. I. referir-se, por qualquer meio, de forma depreciativa,
§2º. Os proventos dos aposentados não poderão, em a magistrado de qualquer grau, ainda que na ausên-
nenhuma hipótese, ultrapassar os vencimentos do cia deste; ou ao Tribunal de Justiça ou a qualquer ou-
mesmo cargo ou equivalente dos servidores ativos. tro Tribunal do País;
§3º. O valor da aposentadoria dos antigos serventuários II. desrespeitar determinações legais das autoridades a
das serventias mistas, cujos estipêndios se compuserem que estiver direta ou indiretamente subordinado;
de uma parte fixa e outra variável, não poderá exceder III. dar preferência às partes, preterindo outras que as
ao valor da remuneração dos secretários de vara. antecedam, no pedido de atendimento;
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

§4º. Aos escrivães e escreventes juramentados subs- IV. prestar, pessoalmente ou por telefone, a qualquer
titutos que na data da promulgação da Constituição pessoa que não for parte no feito ou seu procurador
Federal de 1988, contavam no mínimo, 05 (cinco) anos constituído, informações sobre atos de processo que
de nomeados pelo Poder Público, ficam assegurados corram em segredo de Justiça;
os direitos de que trata o caput deste artigo V. revelar fato ou informação de natureza sigilosa de
que tenha ciência, em razão do cargo ou função, salvo
Dos deveres e das sanções quando se tratar de depoimento em processo judicial
ou inquérito policial ou administrativo.
Ao servidor do Poder Judiciário, além de exercer o seu
cargo com dignidade, cumprindo as disposições legais, Aos secretários judiciais, além da chefia e direção
mantendo exemplar conduta na vida pública e privada, imediata das respectivas secretarias, bem como dos de-
e dos demais deveres do funcionário público do Estado, mais deveres inerentes aos servidores em geral, incumbe:
incumbe:

14
I. conservar os livros previstos em lei ou determinados A suspensão será aplicada quando:
pela Corregedoria e pela Supervisão Geral dos Juiza- I. praticarem a mesma falta pela qual tenham sido pu-
dos, devidamente regularizados e escriturados; nidos com repreensão;
II. fiscalizar o pagamento das custas devidas pelos II. não mantiverem devidamente escriturados e atuali-
atos praticados na secretaria, com o devido recolhi- zados os livros que lhes são afetos;
mento em banco credenciado; III. não remeterem, diariamente, para a publicação no
III. praticar, à sua custa, os atos a serem renovados Diário da Justiça os resumos dos despachos e senten-
por determinação do juízo, em razão de negligência ças dos juízes e das decisões e acórdãos do Tribunal,
ou por erro próprio, ou de subordinado, quando ao de suas Câmaras e dos relatores;
secretário couber subscrever, também, o ato; IV. não derem os recibos devidos por lei ou exigidos
IV. determinar que sejam renovados os atos praticados pelas partes;
em desconformidade com a lei ou com os provimentos V. portarem-se com notória e reiterada incontinência
da Corregedoria, quando o erro ou negligência resul- pública ou privada;
tar de ato exclusivo do subordinado; VI. insultarem ou criticarem superior hierárquico, den-
V. remeter à Corregedoria ou à Supervisão Geral dos tro ou fora das funções, mas em razão delas;
Juizados a estatística mensal dos serviços cartorários; VII. recusarem-se à prática de atos de seu ofício ou
VI. providenciar para que as partes e os interessados ao fornecimento das certidões que lhes couber expe-
sejam atendidos dentro dos prazos estabelecidos em dir ou, ainda, deixarem de cumprir quaisquer de suas
lei; atribuições.
VII. distribuir os serviços da secretaria, superintenden-
do e fiscalizando sua execução; Também será aplicada pena de suspensão:
VIII. conservar, sob sua guarda e responsabilidade, em I. ao secretário da contadoria que deixar de comunicar
boa ordem e devidamente acautelados, os autos e do- à autoridade judiciária, quando constatar, a cobrança
cumentos que lhe couberem por distribuição ou que indevida de custas ou emolumentos;
lhe forem entregues pelas partes; II. ao secretário judicial que não fizer conclusos os au-
IX. organizar e manter em ordem o arquivo da secre- tos dentro de vinte e quatro horas, sempre que se fizer
taria, de modo a permitir a busca imediata dos autos, necessária tal providência, ou deixar de executar os
papéis e livros findos; atos processuais no prazo estabelecido por lei ou fixa-
X. cumprir e fazer cumprir ordens e decisões judiciais e do pelo juiz ou, ainda, não existindo esses prazos, no
determinações das autoridades superiores; prazo de três dias;
XI. encaminhar mensalmente à Corregedoria ou à III. ao secretário judicial que, independentemente de
Supervisão Geral dos Juizados a frequência dos fun- provocação da parte, não cobrar, dentro de vinte e
cionários lotados na secretaria, controlando-a diaria- quatro horas, os autos que não tenham sido devolvi-
mente; dos à secretaria no vencimento do prazo de vista; ou
XII. fornecer recibo de documentos entregues na secre- não comunicar, no caso de não atendimento da devo-
taria, quando a parte o exigir; tratando-se de petição, lução, a ocorrência à autoridade judiciária;
o recibo será passado na respectiva cópia, se a apre- IV. ao secretário da distribuição que fizer distribuição
sentar o interessado, utilizando-se de carimbo datador contrariamente à ordem estabelecida em lei, neste
onde houver; Código ou em provimento da Corregedoria Geral da
XIII. certificar nos autos a data do recebimento de Justiça;
qualquer importância em dinheiro, com indicação de V. ao oficial de justiça que não cumprir, no tempo e
quem as pagou; forma estabelecidos na lei, os mandados judiciais que
XIV. fornecer certidões às partes ou aos interessados, lhe forem entregues, ou desatender às ordens e ins-
ressalvados os casos de segredo de Justiça. truções da autoridade judiciária a que estiver subor-
dinado.
Acerca das sanções, tem-se que os servidores do Po-
der Judiciário estão sujeitos às seguintes penas discipli- A pena de demissão será aplicada nos casos de:
nares: I. crimes contra a administração pública;
I. advertência; II. abandono do cargo;
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II. repreensão; III. ofensa física em serviço contra servidor ou particu-


III. suspensão; lar, salvo se em legítima defesa;
IV. demissão. IV. reincidência em falta de insubordinação;
V. aplicação irregular de dinheiro público;
Assim, a pena de advertência será aplicada, por escri- VI. transgressão à proibição legal, se comprovada má-
to, em caso de negligência no cumprimento dos deveres -fé ou dolo;
do cargo. VII. reincidência habitual em penalidade de suspen-
A pena de repreensão, por sua vez, também aplicada são, desde que superior a cento e oitenta dias no ano;
por escrito, será em caso de falta de cumprimento dos VIII. recebimento indevido de custas.
deveres previstos na Lei e de reincidência de que tenha
resultado aplicação de pena de advertência.

15
I. estiverem sendo criminalmente processados, en-
#FicaDica quanto tramitar o processo;
II. condenados;
Os servidores nomeados em comissão ou III. pendente de execução, a pena não privativa de li-
em exercício de função gratificada que so- berdade, ou havendo suspensão da mesma;
frerem pena de suspensão superior a trinta IV. a demissão não for pena acessória.
dias serão demitidos de seu cargo ou des-
tituídos de sua função. Não obstante, tem-
-se que na aplicação das penalidades, serão
levadas em conta a natureza e a gravidade #FicaDica
da infração, os meios empregados, os danos
Recebida a denúncia ou transitada em julga-
que dela provierem para o serviço público e
do a sentença, o juiz do processo remeterá
os antecedentes funcionais do servidor, res-
ao presidente do Tribunal e ao corregedor-
peitado o prazo prescricional.
-geral da Justiça cópia da respectiva peça.

Acerca da competência, tem-se que são competentes


Por fim, a prescrição das faltas disciplinares ocorre:
para aplicação das penalidades disciplinares o Tribunal
I. em dois anos, das faltas sujeitas às penalidades de
de Justiça, o presidente do Tribunal, o corregedor-ge-
advertência, repreensão e suspensão;
ral da Justiça e os juízes perante os quais servirem ou a
II. em quatro anos, das faltas sujeitas à pena de de-
quem estiverem subordinados os servidores, observadas
missão.
as seguintes regras:
I. os juízes poderão aplicar as penas de advertência,
repreensão e suspensão igual ou inferior a trinta dias; A falta também prevista na lei penal como crime pres-
II. o presidente do Tribunal e o corregedor-geral da creve juntamente com este.
Justiça poderão aplicar as penas de advertência, de
repreensão e de suspensão até noventa dias; Do processo administrativo disciplinar
III. o Tribunal, as penas de advertência, repreensão,
suspensão e demissão; Ver-se-á, a partir de agora, nos termos exatos da Lei,
IV. o presidente do Tribunal, nos casos de demissão o procedimento de processo administrativo disciplinar.
dos servidores em exercício de cargo em comissão ou Recorda-se que o edital prevê outras leis com procedi-
destituição de função gratificada, independentemente mento disciplinar, devendo-se atentar nas diferenças en-
de qualquer procedimento administrativo. tre elas.
Art. 131. Subordinam-se disciplinarmente ao Tribunal
Importante ressaltar que para aplicação das penas, a e a seu presidente todos os servidores do Poder Judi-
autoridade deverá sempre proceder à devida apuração, ciário.
através de processo competente, assegurando ampla §1º. Os servidores do quadro da Justiça de 1º grau são
defesa ao servidor. Ademais, a autoridade judiciária que também subordinados ao corregedor-geral da Justiça.
aplicar a penalidade poderá revogá-la, em reconsidera- §2º. Os servidores das secretarias judiciais são tam-
ção. bém subordinados aos respectivos juízes de direito.
Art. 132. O processo disciplinar administrativo terá iní-
Se a pena a ser imposta for a de suspensão superior a cio por portaria baixada pelo presidente do Tribunal,
trinta dias ou a de demissão, e o procedimento for inicia- pelo corregedor-geral da Justiça ou pelo juiz onde ha-
do por magistrado de 1º grau, concluído o procedimento jam sido imputados os fatos ao servidor, delimitando
administrativo, os autos serão enviados ao corregedor- o teor da acusação.
-geral da Justiça ou ao presidente do Tribunal de Justiça, §1º. Se houver conveniência, por ato do presidente do
conforme o vínculo do servidor. Não obstante, se houver Tribunal ou do corregedor-geral da Justiça, conforme
responsabilidade criminal a ser apurada, remeter-se-ão o caso, o servidor poderá ser afastado preventivamen-
as peças correspondentes ao Ministério Público, para as te do exercício do cargo ou função, por até trinta dias,
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

providências cabíveis. prorrogáveis, desde que não exceda noventa dias.


Acerca das penalidades de advertência e repreensão, §2º. Os atos instrutórios do processo poderão ser dele-
tem-se que essas terão seus registros cancelados após o gados pelo presidente do Tribunal ou pelo corregedor-
decurso de dois anos de efetivo exercício; e a de suspen- -geral da Justiça a juiz ou servidor efetivo.
são, após o decurso de quatro anos de efetivo exercício, §3º. Instaurado o processo administrativo por deter-
se o servidor não houver, nesse período, praticado nova minação do presidente do Tribunal ou do corregedor-
infração disciplinar. Destaca-se que o cancelamento do -geral da Justiça, este, após receber os autos com re-
registro da penalidade não produzirá efeito retroativo. latório elaborado pela autoridade instrutora, sobre ele
Mediante ato do presidente do Tribunal ou do cor- decidirá ou o relatará perante o Plenário do Tribunal
regedor-geral da Justiça, conforme o caso, os servidores de Justiça, conforme o caso.
efetivos do Poder Judiciário poderão ser afastados do §4º. Aplica-se, no que couber, à sindicância e ao pro-
exercício do cargo quando: cesso administrativo disciplinar, o previsto no Estatuto
dos Servidores Públicos Civis do Estado.

16
Art. 133. Das penalidades impostas pelos juízes caberá
recurso para o corregedor-geral da Justiça, e das im- ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO
postas por este, ou pelo presidente do Tribunal, caberá ESTADUAL (LEI Nº 6.107, DE 27 DE JULHO
recurso ao Plenário do Tribunal de Justiça. DE 1994)
§1º. O prazo para interposição do recurso é de quinze
dias, contados da intimação pessoal, da juntada nos
autos do aviso de recebimento, quando feita por via Inicialmente, consta ressaltar que o presente estatuto
postal, ou da data da publicação da decisão no Diário abrange os servidores públicos dos três poderes do Esta-
da Justiça. do, incluindo autarquias e fundações públicas.
§2º. O recurso será interposto perante a autoridade Nesse sentido: Ficam submetidos ao regime jurídico
que houver aplicado a pena, a qual, se o receber, o instituído por esta Lei:
I - Os servidores do Poder Executivo e de suas autar-
encaminhará à autoridade competente, no prazo de
quias e fundações públicas;
dois dias.
II - Os servidores administrativos dos Poderes Legisla-
§3º. A autoridade judiciária somente poderá deixar de
tivo e Judiciário
receber o recurso no caso de intempestividade.
§4º. O recurso interposto da decisão que aplicar penas
Do provimento, vacância, remoção, redistribuição
disciplinares terá efeito suspensivo.
e substituição

Acerca do provimento, tem-se que a investidura em


EXERCÍCIOS COMENTADOS cargo público imprescinde aprovação prévia em concur-
so público, ressalvadas as nomeações para cargos em co-
misso declarados de livre nomeação e exoneração.
1. São atribuições do Tribunal de Justiça:
Ademais, são requisitos básicos para investidura em
I. propor ao Poder Legislativo alteração do Código de Di-
cargo público:
visão e Organização Judiciárias do Estado;
I - nacionalidade brasileira;
II. elaborar seu Regimento Interno, organizar sua Secre-
II - gozo dos direitos políticos;
taria e demais serviços Judiciários, assim como propor
III - quitação com as obrigações militares e eleitorais;
ao Poder competente a criação, a extinção de cargos e
IV - nível de escolaridade ou habilitação legal exigida
fixação dos respectivos vencimentos;
para o exercício do cargo;
III. propor a criação de Tribunais inferiores de Primeira
V - idade mínima de 18 anos;
instância, observados os requisitos previstos na Lei Or-
VI - aptidão física e mental.
gânica da Magistratura Nacional;
Não obstante, caso o cargo necessite de outra atri-
Quais sentenças estão corretas?
buição, essa poderá ser cobrada.
Em outra seara, são formas de provimento de cargo
a) I, II, III;
público:
b) III e II;
I - nomeação;
c) I e II;
II - promoção;
d) III;
III - readaptação;
e) I e III;
IV - reverso;
V - aproveitamento;
Resposta: Letra C. A única sentença que está em de-
VI - reintegração;
sacordo com a lei é III, pois na verdade é atribuição do
VII – recondução
TJ propor a criação de Tribunais inferiores de Segunda
instância e não primeira.
Visto os meios de provimento acima , observar-se-á
agora o que a Lei contempla acerca do assunto:
2. Acerca da sentença abaixo, assinale a opção correta.
É vedado aos servidores do Poder Judiciário o exercício
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SEÇÃO II
de suas funções em atos que envolvam interesses de seu
DA NOMEAÇÃO
cônjuge, parente consangüíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até terceiro grau, inclusive nos casos de sus-
Art. 12 - A nomeação far-se-á:
peição.
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de
provimento efetivo;
( ) CERTO ( ) ERRADO
II - em comissão, para cargos de confiança, de livre
exoneração;
Resposta: Errado. A questão está errada, pois faltou
III - em substituição, no afastamento legal ou tempo-
dizer que é vedado aos servidores públicos exercer
rário do servidor ocupante de cargo em comissão.
função em atos que envolvam seus interesses pró-
§ 1º - A nomeação para cargo de provimento efetivo
prios. De resto, o parágrafo está correto.
depende de prévia habilitação em concurso público de
provas ou de provas e títulos, obedecida a ordem de

17
classificação e respeitado o prazo de sua validade e § 4º - No ato da posse, o servidor, ainda que ocupan-
ocorrerá, sempre, na classe e referência iniciais do Pla- te de cargo em comissão, apresentará declaração de
no de Carreiras, Cargos e Salários do Estado. bens atualizada e valores que constituem seu patri-
§ 2º - A nomeação para cargos em comissão de asses- mônio e declaração quanto ao exercício ou não de
soramento recairá, preferencialmente, em servidores outro cargo, emprego ou função pública federal, esta-
ocupantes de cargos efetivos. dual ou municipal, inclusive em autarquias, fundações
e empresas públicas e sociedades de economia mista.
SEÇÃO III § 5º - A autoridade que der posse terá de verificar,
DO CONCURSO PÚBLICO sob pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as
exigências estabelecidas na lei para a investidura no
Art. 13 - O concurso será de provas ou de provas e cargo.
títulos, realizando-se de acordo com o disposto em lei § 6º - Será tornado sem efeito o ato de nomeação, se
e regulamento. a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste
Art. 14 - O concurso público terá validade de até 2 artigo.
(dois) anos, a partir da sua homologação, prorrogável, Art. 18 - A posse em cargo público dependerá de pré-
uma vez, por igual período. via inspeção médica oficial.
§ 1º - O prazo de validade do concurso e as condições Parágrafo único - Só poderá ser empossado aque-
de sua realização serão fixados em edital, que será pu- le que for julgado apto física e mentalmente para o
blicado no Diário Oficial do Estado e em jornal diário exercício do cargo por junta médica oficial do Estado.
de grande circulação. Art. 19 - São competentes para dar posse:
§ 2º - Não se abrirá novo concurso enquanto houver I - o Chefe do Poder, aos dirigentes de Órgãos que lhe
candidato aprovado em concurso anterior com prazo são diretamente subordinados;
de validade não expirado. II - os Secretários de Estado, aos dirigentes de Órgãos
Art. 15 - Na realização de concurso público serão obri- que lhes são diretamente subordinados;
III - os dirigentes das autarquias e fundações, aos seus
gatoriamente cumpridas as seguintes etapas:
servidores;
I - publicação no Diário Oficial do Estado de edital de
IV - os titulares da Setorial de Administração, nos de-
abertura de inscrição indicando o prazo de sua reali-
mais casos.
zação, bem como o número de vagas;
Art. 20 - Exercício é o efetivo desempenho das atribui-
II - publicação no Diário Oficial do Estado e em dois (2)
ções do cargo.
jornais de grande circulação da relação dos candida-
§ 1º - É de 30 (trinta) dias o prazo para o servidor en-
tos aprovados em ordem decrescente de classificação;
trar em exercício, contados da data da posse.
III - ato de homologação assinado pelos chefes dos § 2º - Será exonerado o servidor empossado que não
respectivos Poderes. entrar em exercício no prazo previsto no parágrafo
Art. 16 - A realização dos concursos para provimen- anterior.
to dos cargos da administração direta, autárquica e § 3º - _ autoridade competente do órgão ou entidade
fundacional do Poder Executivo competirá à Secreta- para onde for designado o servidor compete dar-lhe
ria de Estado da Administração, Recursos Humanos e exercício.
Previdência. Art. 21 - O início, a suspensão, a interrupção e o rei-
Parágrafo único - Excetuam-se do disposto neste arti- nício do exercício serão registrados no assentamento
go os concursos aos cargos da carreira de Procurador individual do servidor.
do Estado, para os cargos integrantes do Grupo Ocu- Parágrafo único - Ao entrar em exercício, o servidor
pacional Magistério Superior e para outros que a lei apresentará ao órgão competente os elementos neces-
dispuser. sários ao seu assentamento individual.
Art. 22 - O ocupante de cargo de provimento efetivo
SEÇÃO IV fica sujeito a trinta horas semanais de trabalho, salvo
DA POSSE E DO EXERCÍCIO quando a lei estabelecer duração diversa.
Parágrafo único - O exercício de cargo em comissão e
Art. 17 - A posse dar-se-á pela assinatura do respec- de função gratificada implicará obrigatoriedade de 08
tivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os (oito) horas diárias de trabalho.
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deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes


ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados uni- SEÇÃO V
lateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
atos de ofício previstos em lei.
§ 1º - A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias Art. 23 - Ao entrar em exercício, o servidor nomea-
contados da publicação do ato de provimento, pror- do para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
rogável por mais 30 (trinta) dias, a requerimento do estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
interessado. meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade se-
§ 2º - Em se tratando de servidor em licença ou afasta- rão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
do por qualquer outro motivo legal, o prazo será con- observados os seguintes fatores:
tado do término do impedimento. I - assiduidade;
§ 3º - A posse poderá ocorrer mediante procuração II - disciplina;
específica. III - capacidade de iniciativa;

18
IV - produtividade; § 1º - Se julgado incapaz para o serviço público, o re-
V - responsabilidade. adaptando será aposentado.
§ 1º - Quatro meses antes de findo o período do es- § 2º - A readaptação será efetivada, preferencialmen-
tágio probatório, será submetida à homologação da te, em cargo de atribuições afins, respeitada a habili-
autoridade competente a avaliação do desempenho tação exigida.
do servidor, realizada de acordo com o que dispuser § 3º - A readaptação do servidor independerá de vaga.
a lei ou o regulamento, sem prejuízo da continuidade
de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V SEÇÃO XI
deste artigo. DA REVERSÃO
§ 2º - O servidor não aprovado no estágio probatório
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an- Art. 30 - Reversão é o retorno à atividade de servidor
teriormente ocupado, observado o disposto no art. 33. aposentado por invalidez, quando, por junta médica
oficial, forem declarados insubsistentes os motivos da
SEÇÃO VI aposentadoria.
DA ESTABILIDADE § 1º - A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
resultante de sua transformação e dependerá de vaga.
Art. 24 - O servidor habilitado em concurso público e § 2º - Enquanto não houver vaga o servidor permane-
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá cerá em disponibilidade remunerada.
estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) Art. 31 - Não se procederá a reversão se o aposentado
anos de efetivo exercício. já tiver completado 70 (setenta) anos de idade.
Art. 25 - O servidor estável só perderá o cargo em vir-
tude de sentença judicial transitada em julgado ou de SEÇÃO XII
processo administrativo disciplinar no qual lhe seja as- DA REINTEGRAÇÃO
segurada ampla defesa.
Art. 32 - A reintegração é a reinvestidura do servidor
SEÇÃO VII estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
DA PROMOÇÃO resultante de sua transformação, quando invalidada a
sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
Art. 26 - Promoção é a elevação do servidor de uma
com ressarcimento de todas as vantagens.
para outra classe imediatamente superior, no mesmo
§ 1º - Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servi-
cargo, dentro da mesma carreira, de acordo com o es-
dor ficará em disponibilidade remunerada, observado
tabelecido no Plano de Carreiras, Cargos e Salários do
o disposto no art. 33 e seus parágrafos.
Estado e legislação específica.
§ 2º - Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
Parágrafo único - Não poderá ser promovido servidor
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem
em estágio probatório, disponibilidade, licença para
tratar de interesses particulares ou quando colocado à direito a indenização, ou aproveitado em outro cargo,
disposição de órgão ou entidades não integrantes da ou, ainda, posto em disponibilidade remunerada.
administração estadual, salvo por antigüidade. § 3º - A decisão administrativa que determinar a rein-
tegração só pode ser tomada em processo adminis-
SEÇÃO VIII trativo no qual a Procuradoria Geral do Estado tenha
DO ACESSO emitido parecer conclusivo reconhecendo a nulidade
da demissão.
Art. 27 - Acesso é a elevação do servidor da classe final § 4º - O servidor reintegrado será submetido a inspe-
de uma carreira para classe inicial de outra carreira ção médica oficial e aposentado se julgado incapaz.
afim, de acordo com o estabelecido no Plano de Car-
gos, Carreiras e Salários do Estado e legislação especí- SEÇÃO XIII
fica. (revogado pela Lei nº 7.356/98) DA RECONDUÇÃO

SEÇÃO IX Art. 33 - Recondução é o retorno do servidor estável ao


DA TRANSFERÊNCIA cargo anteriormente ocupado.
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

§ 1º - A recondução somente ocorrerá em decorrência


Parágrafo único - A transferência ocorrerá de ofício ou de inabilitação em estágio probatório relativo a outro
a pedido do servidor, atendido o interesse do serviço, cargo, ou no caso de reintegração do anterior ocupan-
mediante a existência de vaga. te.
§ 2º - Quando provido o cargo de origem, o servidor
SEÇÃO X será aproveitado em outro de atribuições e vencimen-
DA READAPTAÇÃO tos compatíveis, respeitada a escolaridade e habilita-
ção legal exigidas.
Art. 29 - Readaptação é a investidura do servidor § 3º - No caso de extinção do cargo de origem e não
estável em cargo de atribuições e responsabilidades havendo outro cargo onde possa ser aproveitado, o
compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua servidor ficará em disponibilidade remunerada.
capacidade física ou mental verificada em inspeção Art. 34 - Em nenhuma hipótese haverá indenização ao
médica. servidor reconduzido.

19
SEÇÃO XIV CAPÍTULO III
DO APROVEITAMENTO E DA DISPONIBILIDADE DA MOVIMENTAÇÃO
SEÇÃO I
Art. 35 - Extinto o cargo ou declarada sua desnecessi- DA REMOÇÃO
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
remuneração integral inerente ao cargo efetivo. Art. 44 - Remoção é o deslocamento do servidor com
Art. 36 - O retorno à atividade de servidor em dispo- o respectivo cargo, a pedido ou de ofício, no âmbito do
nibilidade far-se-á de ofício, mediante aproveitamen- mesmo órgão e Poder, com ou sem mudança de sede.
to obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
compatíveis com o anteriormente ocupado. SEÇÃO II
Art. 37 - O aproveitamento do servidor que se encon- DA REDISTRIBUIÇÃO
tra em disponibilidade dependerá dos seguintes requi-
sitos: Art. 45 - Redistribuição é o deslocamento do servidor,
I - comprovação de sua capacidade física e mental por com o respectivo cargo, para quadro de pessoal de ou-
junta médica oficial do Estado; tro ou entidade do mesmo Poder, observado o interes-
II - possuir a qualificação exigida para o provimento se da administração.
do cargo; § 1º - A redistribuição dar-se-á exclusivamente para
III - não haver completado 70 (setenta) anos de idade; ajustamento de quadros de pessoal às necessidades
IV - que não ocupe cargo inacumulável comprovado dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, ex-
mediante certidão expedida pelo órgão competente. tinção ou criação de órgão ou entidade.
§ 1º - Se julgado apto, o servidor assumirá o exercício § 2º - Nos casos de extinção de órgão ou entidade, os
do cargo no prazo de 30 (trinta) dias contados da pu- servidores estáveis que não puderem ser redistribuí-
blicação do ato de aproveitamento. dos, na forma deste artigo, poderão ser colocados em
§ 2º - Verificada a incapacidade definitiva, o servidor disponibilidade até seu aproveitamento na forma do
em disponibilidade será aposentado. art. 37.
§ 3º - Havendo mais de um concorrente a ser aprovei- § 3º - A redistribuição somente poderá ocorrer no
tado em uma só vaga, a preferência recairá naquele âmbito da administração direta, autárquica e funda-
de maior tempo de disponibilidade e, em caso de em- cional, respeitadas as lotações das respectivas insti-
pate, no de maior tempo de serviço público estadual. tuições.
Art. 38 - Será tornado sem efeito o aproveitamento § 4º - Somente após decorrido 1 (um) ano, poderá o
e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar servidor ser novamente redistribuído.
em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada § 5º - O servidor que se encontrar com a sua situação
pela junta médica oficial do Estado. irregular não será redistribuído até que se proceda a
sua regularização.
CAPÍTULO II
DA VACÂNCIA CAPÍTULO IV
DA SUBSTITUIÇÃO
Art. 39 - A vacância do cargo público decorrerá de:
I - exoneração; Art. 46 - Os servidores ocupantes de cargo em comis-
II - demissão; são e os investidos em função gratificada terão subs-
III - promoção; titutos indicados conforme legislação específica ou, no
VI - readaptação; caso de omissão, previamente designados pela autori-
VII - aposentadoria; dade competente.
IX - perda de cargo por decisão judicial; Parágrafo único - Quando a substituição for por pe-
X - falecimento. ríodo igual ou superior a 30 (trinta) dias, o servidor
Art. 40 - A vacância dar-se-á na data: designado substituto terá direito à percepção da dife-
I - da publicação do ato que a determinar; rença entre seus vencimentos e representação e os do
II - do falecimento do servidor. substituído.
Art. 41 - A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pe-
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dido do servidor, ou de ofício. DOS DIREITOS E VANTAGENS


Parágrafo único - A exoneração de ofício dar-se-á:
I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro- Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício
batório; de cargo público, com valor fixado em lei. Por sua vez, a
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido
em exercício no prazo estabelecido. das vantagens pecuniárias permanentes ou temporárias
Art. 42 - A exoneração de cargo em comissão dar-se-á: estabelecidas em lei.
I -a juízo da autoridade competente; Acerca disso, tem-se que o servidor perderá:
II -a pedido do servidor. I - a remuneração dos dias em que não comparecer ao
Art. 43 - A demissão dar-se-á como penalidade de serviço, salvo os casos previstos neste Estatuto;
acordo com o previsto no Título IV Capitulo IV. II - a parcela da remuneração diária, proporcional aos
atrasos, ausências e saídas antecipadas, iguais ou su-
periores a 60 (sessenta) minutos;

20
III - metade da remuneração, na hipótese de conver- seguintes requisitos: a) - execução de trabalho ou ati-
são da suspensão em multa. vidade relevante ao serviço público; b) que o servidor
seja detentor de nível médio ou superior.
Vantagens V - gratificação por condições especiais de trabalho:
A gratificação por condições especiais de trabalho tem
Além do vencimento poderão ser pagas ao servidor por finalidade: a) atender às reais necessidades de au-
as seguintes vantagens: mento de produtividade nos órgãos e nas entidades
I - indenizações; estaduais quando a natureza do trabalho assim o exi-
II - gratificações; gir; b) fixar o servidor em determinadas regiões;
III - adicionais. VI - gratificação de natureza técnica: Aos servidores
integrantes do Grupo Ocupacional Atividades de Nível
Ademais, as indenizações não se incorporam ao ven- Superior, pelo efetivo exercício das atribuições ineren-
cimento ou provento para qualquer efeito. Nesse sen- tes aos cargos, ainda que à disposição de outro órgão,
tido, as gratificações e os adicionais incorporam-se ao é devida a gratificação de natureza técnica, no per-
vencimento ou provento, nos casos e condições indica- centual de 160% (cento e sessenta por cento) sobre o
dos em lei. vencimento;
Por fim, as vantagens pecuniárias não serão com- VII - gratificação de aumento de produtividade: A gra-
putadas, nem acumuladas, para efeito de concessão de tificação de aumento de produtividade será atribuí-
quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob da aos servidores integrantes do Grupo Ocupacional
o mesmo título ou idêntico fundamento. Tributação, Arrecadação e Fiscalização e destina-se
a incentivar o aumento da arrecadação dos tributos
Indenizações estaduais, conforme o determinado em legislação per-
tinente ou regulamentação específica;
Constituem indenizações ao servidor: VIII - gratificação de recuperação tributária: A gra-
I - ajuda de custo: destina-se a compensar as despesas
tificação de recuperação tributária será concedida
de instalação do servidor que, no interesse do serviço,
exclusivamente aos servidores integrantes do Grupo
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de
Ocupacional Tributação, Arrecadação e Fiscalização
domicílio em caráter permanente.;
que, no exercício das tarefas de fiscalização, efetuem a
II – diárias: O servidor que se deslocar eventualmente
lavratura de Auto de Infração e/ou Termo de Apreen-
e em objeto de serviço da localidade onde tem exercí-
são que venham a resultar em recuperação de receita
cio para outra cidade do território nacional, fará jus a
de tributos, com a entrada, nos cofres do Tesouro Es-
passagens e diárias, para cobrir as despesas de pousa-
tadual, dos recursos financeiros, em conseqüência da
da, alimentação e locomoção urbana.;
III - vale-transporte: Entende-se como vale-transporte ação praticada na forma determinada em legislação
a indenização que o Estado antecipará aos seus ser- ou regulamentação específica;
vidores, em efetivo exercício, para a utilização com IX - gratificação de risco de vida: Pela execução de
despesas de deslocamento residência-trabalho e vice- trabalho de natureza especial com risco de vida será
-versa, por um ou mais meios de transportes coletivos concedida uma gratificação no percentual de 100%
públicos.; (cem por cento) sobre o vencimento aos servidores: a)
ocupantes de cargos efetivos do Grupo Ocupacional
Gratificações e adicionais Polícia Civil quando em efetivo exercício de função
de natureza essencialmente policial; b) ocupantes dos
Além do vencimento e das vantagens previstas nesta cargos de Superintendentes de Polícia Civil, Delegados
Lei, serão deferidas aos servidores as seguintes gratifica- Regionais, Delegados Municipais e Motoristas lotados
ções e adicionais: na Secretaria de Estado da Segurança Pública, ainda
I - gratificação pelo exercício de cargo em comissão: que não pertençam ao Grupo Polícia Civil; c) em efe-
Pelo exercício de cargo em comisso que o servidor te- tivo exercício nos estabelecimentos penais integrantes
nha exercido ou venha a exercer, é devida uma grati- do Sistema Penitenciário Estadual;d) ocupantes dos
ficação de representação em valores fixados em lei.; cargos em comissão de Coordenador do Sistema Pe-
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II - gratificação pelo exercício de função de chefia e as- nitenciário, Corregedor de Presídios e Diretor da Casa
sistência intermediária: Ao servidor efetivo designado de Albergado da Secretaria de Estado da Justiça; e)
para exercer função de direção e assistência interme- servidores de outros órgãos à disposição da Secretaria
diária é devida uma gratificação, em valores estabe- de Estado da Justiça que prestarem efetivo exercício
lecidos por lei.; em estabelecimento penal.f) ocupantes do cargo de
III - gratificação natalina: A gratificação natalina cor- Vigia do Grupo Apoio Administrativo e Operacional,
responde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a no efetivo exercício da função de vigilância de prédios
que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês públicos;
de exercício no respectivo ano.; X - gratificação especial de exercício da função poli-
IV - gratificação técnica: A gratificação técnica será cial: Aos ocupantes dos cargos efetivos de Agente de
concedida pelo Secretário de Estado ao qual esteja Policia, Comissário de Polícia, Escrivão de Polícia e de
subordinado o servidor, dentro dos limites estabeleci- Perito Criminalístico Auxiliar será devida a gratifica-
dos pelo Comitê de Política Salarial e dependera dos ção especial de exercício da função policial, no per-

21
centual de 100% (cem por cento), calculada sobre o § 1º - Quando a licença for de até 15 (quinze) dias, po-
vencimento, desde que estejam no efetivo exercício de derá ser deferida com base em atestado médico par-
função de natureza essencialmente policial.; ticular ou de instituição previdenciária oficial, visado
XI - gratificação especial de exercício; por junta médica oficial do Estado.
XII - adicional por tempo de serviço: O adicional por § 2º - Quando superior a 15 (quinze) dias deverá con-
tempo de serviço é devido à razão de 5% (cinco por ter laudo da junta médica oficial do Estado.
cento) a cada cinco anos de efetivo serviço público § 3º - Sempre que necessário, a inspeção médica rea-
estadual, observado o limite máximo de 35% (trinta lizar-se-á na residência do servidor ou no estabeleci-
e cinco por cento) incidente exclusivamente sobre o mento hospitalar onde se encontrar internado.
vencimento básico do cargo efetivo.; § 4º - Inexistindo médico oficial no local onde o servi-
XIII - adicional pelo exercício de atividades insalubres dor esteja prestando serviços, será acolhido o atestado
e perigosas: Os servidores que habitualmente traba- passado por médico particular.
lhem em locais insalubres, ou em contato permanente § 5º - No caso do parágrafo anterior, o atestado só
com substâncias tóxicas, radioativas, inflamáveis ou produzirá efeito após homologado pela junta médica
com eletricidade ou que causem danos à saúde, fazem oficial do Estado.
jus ao adicional de insalubridade ou de periculosida- Art. 124 - Findo o prazo da licença, o servidor será
de, calculado sobre o vencimento do cargo efetivo.; submetido a nova inspeção médica, devendo o laudo
concluir pela volta ao serviço, pela prorrogação da li-
XIV - adicional pela prestação de serviço extraordi-
cença ou, se for o caso, pela aposentadoria.
nário: A prestação de serviços extraordinários será
Art. 125 - Terminada a licença o servidor reassumirá
remunerada com o acréscimo de, no mínimo, 50%
imediatamente o exercício, salvo prorrogação pleitea-
(cinqüenta por cento) em relação à hora normal de da antes da conclusão da licença.
trabalho. Importante ressaltar que somente será per- Parágrafo único - Contar-se-á como de prorrogação
mitido 2 (duas) horas diárias de serviço extraordinário, de licença o período compreendido entre o dia do seu
a fim de atender situações excepcionais e temporárias; término e o de conhecimento que tiver o interessado
XV - adicional noturno: Adicional por trabalho notur- do resultado denegatório do pedido.
no é o valor pecuniário devido ao servidor cujo traba- Art. 126 - O servidor será licenciado compulsoriamen-
lho seja executado entre 22 (vinte e duas) horas de um te quando acometido de qualquer doença que impeça
dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte e será remunera- a sua locomoção ou torne o seu estado incompatível
do com um acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) com o exercício do cargo.
sobre o salário-hora diurno.; Art. 127 - Verificada a cura clínica, deverá o servidor
XVI - adicional de férias: Independentemente de soli- licenciado nos termos do artigo anterior voltar à ativi-
citação, será pago ao servidor, por ocasião das férias, dade, ainda que permaneça o tratamento, desde que
um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da re- as funções sejam compatíveis com as suas condições
muneração do período das férias; orgânicas.
XVII - outras gratificações ou adicionais previstos em Art. 128 - Para efeito de concessão de licença de ofício,
lei. o servidor é obrigado a submeter-se à inspeção mé-
dica determinada pela autoridade competente para
Das licenças licenciar.
§ 1º - No caso de recusa injustificada, sujeitar-se-á à
Conceder-se-á licença ao servidor: pena prevista no artigo 225, § 3º, considerando-se de
I - para tratamento de saúde; ausência ao serviço os dias que excederem a essa pe-
II - por motivo de acidente em serviço e doença pro- nalidade para fins de processo por abandono de cargo.
fissional; § 2º - Efetuada a inspeção, cessará a suspensão ou
III - por motivo de doença em pessoa da família; ausência.
Art. 129 - O servidor não poderá permanecer em li-
IV - à gestante ou adotante;
cença para tratamento de saúde por mais de 24 (vinte
V - paternidade;
e quatro) meses consecutivos ou intercalados se, entre
VI - para acompanhar cônjuge ou companheiro;
as licenças, mediar um espaço não superior a 60 (ses-
VII - para o serviço militar; senta) dias, ou se a interrupção decorrer de licença por
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VIII - como prêmio à assiduidade; motivo de gestação.


IX - para tratar de interesses particulares; § 1º - Decorrido o prazo estabelecido no artigo ante-
X - para desempenho de mandato classista. rior, o servidor será submetido a inspeção médica.
§ 2º - Considerado apto, reassumirá o exercício do
Vejamos o que diz a Lei acerca do assunto: cargo, sob pena de se apurarem, como faltas injustifi-
cadas, os dias de ausência.
SEÇÃO II § 3º - Se julgado incapacitado definitivamente para o
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE serviço público ou sem condições de ser readaptado,
será aposentado.
Art. 123 - A licença para tratamento de saúde será Art. 130 - O servidor licenciado para tratamento de
concedida a pedido ou de ofício, com base em perícia saúde não poderá dedicar-se a qualquer atividade
médica e duração que for indicada no respectivo lau- remunerada, sob pena de ter cassada a licença, sem
do, sem prejuízo da remuneração. prejuízo de outras providências consideradas cabíveis.

22
SEÇÃO III § 2º - No caso de nascimento prematuro, a licença
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO E DOEN- terá início a partir do dia imediato ao do parto, prova-
ÇA PROFISSIONAL do mediante certidão do registro de nascimento.
§ 3º - No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias
Art. 131 – O servidor acidentado em serviço ou aco- do evento, a servidora será submetida a exame médi-
metido de doença profissional, grave, contagiosa ou co e, se julgada apta, reassumirá o exercício.
incurável, será licenciado com remuneração integral. § 4º - No caso de aborto atestado por médico oficial,
Art. 132 - Configura acidente em serviço o dano físico a servidora terá direito a 30(trinta) dias de repouso
ou mental sofrido pelo servidor, relacionado, mediata remunerado.
ou imediatamente, com o exercício do cargo. § 5º Durante a licença, cometerá falta grave a servi-
Parágrafo único - Equipara-se ao acidente em serviço dora que exercer qualquer atividade remunerada ou
o dano: mantiver a criança em creche ou organização similar.
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada (Redação dada pela Lei n° 8.886 de 7/11/2008)
pelo servidor no exercício do cargo; Art. 140. À servidora que adotar ou obtiver guarda ju-
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho dicial para fins de adoção serão concedidos cento 180
e vice-versa. (cento e oitenta) dias de licença remunerada, a partir
Art. 133 - A concessão da licença depende de inspeção da adoção ou concessão da guarda, independente-
por junta médica oficial do Estado e terá a duração mente da idade da criança. (Redação dada pela Lei nº
que for indicada no respectivo laudo. 10.464, de 7 de junho de 2016)
Art. 134 - Consideram-se doenças profissionais as re- § 1º No caso de adoção ou guarda judicial para fins
lacionadas no artigo 186 e as especificadas em lei. de adoção de criança com mais de um ano de idade,
Art. 135 - O servidor acidentado em serviço que ne- o prazo de que trata este artigo será de sessenta dias.
cessite de tratamento especializado, não prestado pelo (Redação dada pela Lei n° 8.886 de 7/11/2008)
sistema médico-assistencial do Estado, poderá ser tra- § 2º A licença à adotante somente será deferida me-
tado em instituição privada, por conta dos cofres pú- diante apresentação do termo judicial de adoção ou
blicos. guarda para fins de adoção. (Redação dada pela Lei n°
Art. 136 - A prova do acidente será feita em processo 8.886 de 7/11/2008)
especial no prazo de 10 (dez) dias, prorrogável quando
as circunstâncias o exigirem. SEÇÃO VI
DA LICENÇA PATERNIDADE
SEÇÃO IV
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PES- Art. 141 - Pelo nascimento ou adoção de filhos, o ser-
SOA DA FAMÍLIA vidor terá direito à licença-paternidade de 5(cinco)
dias consecutivos, contados a partir do nascimento ou
Art. 137 - Será facultada a licença por motivo de do- da adoção da criança.
ença do cônjuge ou companheiro, de ascendente ou § 1º A licença-paternidade poderá ser prorrogada por
descendente do servidor. mais 15 (quinze) dias, desde que o interessado com-
§ 1º - A licença somente será deferida após compro- prove participação em atividade ou programa de pa-
vação da doença por inspeção médica e desde que a ternidade responsável, promovido pela Secretaria de
assistência direta do servidor se torne indispensável e Estado da Gestão e Previdência. (Acrescido pela Lei nº
não puder ser prestada simultaneamente com o exer- 10.464, de 7 de junho de 2016)
cício do cargo. § 2º O interessado na prorrogação deverá apresentar
§ 2º - A licença de que trata este artigo não poderá requerimento junto à Secretaria de Estado da Gestão
exceder de 01 (um) ano, e será concedida com os ven- e Previdência no prazo de 2 (dois) dias após o parto
cimentos e vantagens percebidos à data de sua con- ou adoção, comprovando, ademais, o atendimento da
cessão até 03 (três) meses, sofrendo, se superior a tal exigência constante no parágrafo anterior.(Acrescido
período, os seguintes descontos: pela Lei nº 10.464, de 7 de junho de 2016)
I - de um terço, quando exceder de três até seis meses; § 3º No período da prorrogação, o servidor não poderá
II - de dois terços, quando exceder de seis até doze exercer nenhuma outra atividade remunerada e deve-
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meses. rá manter a criança sob seus cuidados. (Acrescido pela


Lei nº 10.464, de 7 de junho de 2016)
SEÇÃO V
DA LICENÇA GESTANTE OU ADOTANTE SEÇÃO VII
DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO
Art. 138. A servidora gestante fará jus à licença-ma- CÔNJUGE OU COMPANHEIRO
ternidade pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias
consecutivos, sem prejuízo da remuneração. (Redação Art. 142 - Será concedida licença ao servidor efetivo
dada pela Lei nº 10.464, de 7 de junho de 2016) para acompanhar cônjuge ou companheiro transferi-
§ 1º - A licença poderá ter início no primeiro dia do do para outro ponto do território nacional, para o ex-
8º(oitavo) mês de gestação, salvo prescrição médica terior ou para o exercício de mandato eletivo federal,
em contrário. estadual e municipal.

23
§ 1º - Existindo no novo local de residência repartição trato de assuntos particulares pelo prazo de até três
pública estadual da administração direta, autárquica anos consecutivos, sem remuneração, prorrogável
ou fundacional com atribuições compatíveis com as uma única vez por período não superior a esse limite.
do cargo do servidor, será este colocado à disposição (Redação dada pela Lei nº 7.683, de 28/09/2001)
sem ônus para o órgão de origem. ...........................................................
§ 2º - Não ocorrendo a situação prevista no parágrafo § 1º - O servidor deverá aguardar em exercício a con-
anterior, terá o servidor direito a licença sem venci- cessão da licença.
mento e vantagens, por prazo indeterminado. § 2º - O tempo da licença a que se refere este artigo
não será considerado para nenhum efeito legal.
SEÇÃO VIII § 3º - A licença poderá ser interrompida, a qualquer
DA LICENÇA PARA SERVIÇO MILITAR tempo, a pedido do servidor.

Art. 143 - Ao servidor convocado para o serviço militar SEÇÃO XI


ou outros encargos de segurança nacional, será con- DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO
cedida licença pelo prazo da convocação. CLASSISTA
§ 1º - A licença será concedida à vista de documento
oficial que comprove a incorporação. “Art. 152 É assegurado ao servidor o direito à licença
§ 2º - O servidor poderá optar pelas vantagens do car- sem remuneração para o desempenho de mandato
go ou pelas que resultarem de sua convocação. em confederação, federação, associação de classe ou
Art. 144 - O servidor desincorporado terá o prazo não sindicato representavo da categoria. (Redação dada
excedente a 30 (trinta) dias para reassumir o exercício pela Lei nº 7.487 de 1999)
sem perda da remuneração. § 1º - A licença terá duração igual à do mandato, de-
vendo ser prorrogado no caso de reeleição, observado
SEÇÃO IX o limite de 01 (um) servidor por entidade com até 500
DA LICENÇA PRÊMIO POR ASSIDUIDADE (quinhentos) associados, 02 (dois) servidores por enti-
dade com até 1.000 (mil) associados e 03 (três) servi-
Art. 145 - Após cada qüinqüênio ininterrupto de exer- dores por entidade com mais de 1.000 (mil) associa-
cício, o servidor fará jus a 3(três) meses de licença, a dos. (Redação dada pela Lei nº 7.487 de 1999)
título de prêmio por assiduidade, com a remuneração § 2º - Quando mais de um cargo ou função tenha sido
do cargo efetivo. exercido, será atribuída a vantagem do cargo em co-
§ 1º - Para efeito de licença-prêmio, considera-se de
missão ou função gratificada de maior símbolo, desde
exercício o tempo de serviço prestado pelo servidor em
que lhe corresponda um exercício mínimo de 1 (um)
cargo ou função estadual, qualquer que seja a sua for-
ano ininterrupto, vedada a inclusão na percepção dos
ma de provimento.
proventos da vantagem mencionada no «caput» deste
§ 2º - O ocupante há mais de três anos de cargo em
artigo que o servidor venha a receber a partir de 31 de
comissão ou função gratificada perceberá durante a
dezembro de 1998.» (Redação dada pela Lei nº 7.487
licença a quantia que percebia à data do afastamento.
de 1999)
Art. 146 - Para fins de licença-prêmio, não se conside-
ram intercepção de exercício os afastamentos enume-
rados no art. 170. Do afastamento
Parágrafo único - No caso do inciso I do referido artigo,
somente não se consideram intercepção do exercício O servidor poderá se afastar do exercício funcional
as faltas, abonadas ou não, até o limite de 15 (quinze) desde que devidamente autorizado:
por ano e 45 (quarenta e cinco) por qüinqüênio. I - sem prejuízo da remuneração:
Art. 147 - A requerimento do interessado, a licença- a) quando estudante, como incentivo à sua formação
-prêmio poderá ser concedida em dois períodos não profissional;
inferiores a 30(trinta) dias. b) para realizar missão ou estudo em outro ponto do
Art. 149 - O servidor que estiver acumulando nos ter- território nacional e no exterior;
mos da Constituição terá direito a licença-prêmio pe- c) para participar de curso de doutorado, mestrado,
los dois cargos, contando-se, porém, separadamente o especialização ou aperfeiçoamento no Estado;
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tempo de serviço em relação a cada um deles. d) quando mãe de excepcional;


Art. 150 - O servidor deverá aguardar em exercício a e) para exercer atividade político-partidária;
concessão da licença-prêmio. f) por até 8 (oito) dias, por motivo de casamento;
Parágrafo único - O direito à licença-prêmio não está g) por até 8 (oito) dias, em decorrência de falecimento
sujeito a caducidade. do cônjuge ou companheiro, pais, madrastas, padras-
tos, pais adotivos, filhos, menor sob guarda ou tutela,
SEÇÃO X irmãos;
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTI- h) quando convocado para participar de júri e outros
CULARES serviços obrigatórios por lei;
i) para doação de sangue, por 1(um) dia;
Art. 151 - A critério da Administração, poderá ser con- j) por motivo de alistamento eleitoral, até 2 (dois) dias;
cedida ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde l) quando requisitado pela Justiça Eleitoral, nos termos
que não esteja em estágio probatório, licença para o de lei específica;

24
m) quando convocado pela Justiça Eleitoral para inte- Importante ressaltar que, além da aposentadoria, são
grar mesa receptora ou junta apuradora; benefícios recebidos pelo servidor público:
a) Salário-família;
II - com prejuízo da remuneração, quando se tratar b) Pensão.
de afastamento para o trato de interesses particulares;
III - com ou sem prejuízo da remuneração; Do regime disciplinar
a) para exercer mandato eletivo;
b) para exercer cargo em comissão de direção e asses- Ver-se-á, agora, as principais características discipli-
soramento. nares para os servidores públicos estaduais.
São deveres do servidor:
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições legais e
#FicaDica regulamentares inerentes ao cargo;
II - ser leal às instituições a que servir;
Os afastamentos previstos nas alíneas f, g, h, III - observar as normas legais e regulamentares;
i, j, l, m, deverão ser comprovados prévia ou IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
posteriormente, mediante documento ofi- nifestamente ilegais;
cial, conforme o caso. V - atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações re-
queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
Concedida a autorização, e na dependência de com- b) à expedição de certidões requeridas para defesa
provação posterior sem que esta tenha sido efetuada no de direito ou esclarecimento de situações de interesse
prazo de 30(trinta) dias da data da ocorrência, a autori- pessoal;
dade anulará a autorização, sem prejuízo de outras pro- c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública Es-
vidências que considerar cabíveis. tadual.
VI - zelar pela economia do material e conservação do
Da Aposentadoria patrimônio público;
VII - guardar sigilo sobre assuntos da repartição;
O servidor será aposentado:
VIII - manter conduta compatível com a moralidade
I - por invalidez permanente, com proventos integrais,
administrativa;
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia
IX - ser assíduo e pontual ao serviço;
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
X - tratar com urbanidade os demais servidores e o
especificada em lei, e proporcionais nos demais casos;
público em geral;
II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos de idade,
XI - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
com proventos proporcionais ao tempo de serviço;
III - voluntariamente: de poder;
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, XII - residir no local onde exercer o cargo ou, mediante
e aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; autorização, em localidade vizinha, se não houver in-
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções conveniente para o serviço.
de magistério, se professor, e aos 25 (vinte e cinco) se XIII - manter espírito de cooperação e solidariedade
professora, com proventos integrais; com os companheiros de trabalho;
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 XIV - apresentar-se convenientemente trajado em
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais serviço ou com o uniforme que for determinado para
a esse tempo; cada caso;
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, XV - sugerir providências tendentes à melhoria dos
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos propor- serviços;
cionais ao tempo de serviço. XVI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
razão do cargo ao conhecimento da autoridade supe-
rior ou, quando houver suspeita de envolvimento des-
#FicaDica ta, ao conhecimento de outra autoridade competente
para apuração;
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

Consideram-se moléstias profissionais, do-


enças graves, contagiosas ou incuráveis, a Não obstante, são proibições ao servidor:
que se refere o inciso I do artigo anterior, tu- I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
berculose ativa, alienação mental, esclerose prévia autorização do chefe imediato;
múltipla, neoplasia maligna, cegueira poste- II - retirar, modificar ou substituir, sem prévia anuên-
rior ao ingresso no serviço público, hansení- cia da autoridade competente, qualquer documento
ase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, oficial ou objeto da repartição;
paralisia irreversível e incapacitante, espon- III - recusar fé a documentos públicos;
diloartrose anquilosante, nefropatia grave, IV - opor resistência injustificada ao andamento de
estados avançados do mal de Paget (osteíte documento e processo ou execução de serviço;
deformante), Síndrome da Imunodeficiência V - promover manifestação de apreço ou desapreço no
Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar recinto da repartição;
com base na medicina especializada.

25
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos TÍTULO V
casos previstos em lei, o desempenho de encargo que DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
lhe competir ou a seu subordinado; CAPÍTULO I
VII -coagir ou aliciar subordinados a filiar-se a asso- DISPOSIÇÕES GERAIS
ciação profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII -referir-se de modo depreciativo às autoridades Art. 234 - A autoridade que tiver ciência de irregula-
públicas ou a atos do Poder Público, em requerimen- ridade no serviço público é obrigada, sob pena de res-
to, representação, parecer, despacho ou outros expe- ponsabilidade, a promover-lhe a apuração imediata,
dientes; ficando assegurada ao acusado ampla defesa.
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou Art. 235 - São competentes para determinar a instau-
de outrem, em detrimento da dignidade da função pú- ração do processo administrativo:
blica; I - no Poder Executivo: o Governador do Estado, no
X - participar de diretoria, gerência ou administração caso de apuração de irregularidade praticada por au-
de empresa privada e de sociedade civil prestadora de toridades que lhe são diretamente subordinadas;
serviços ao Estado; II - nos Poderes Legislativo e Judiciário: de acordo com
XI - exercer comércio ou participar de sociedade co- a legislação pertinente e regulamentação específica;
mercial, exceto como acionista, quotista ou comandi- III - os Secretários de Estado e dirigentes das autar-
tário; quias e fundações em suas áreas funcionais, permitida
XII - atuar, como procurador ou intermediário, junto a a delegação de competência.
repartições públicas, salvo quando se tratar de bene- IV - o Secretário de Transparência e Controle, quan-
fícios previdenciários ou assistenciais de parentes até do decidir pela instauração direta ou pela avocação
o segundo grau cível, de cônjuge ou companheiro(a); de sindicância e de processo disciplinar de competên-
XIII - receber propina, comissão, presente ou vantagem cia de qualquer órgão ou entidade da administração
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; pública direta ou indireta. (acrescentado pela LEI Nº
XIV - aceitar comissão, emprego ou pensão de Estado 10.204, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2015)
estrangeiro, salvo se estiver em licença sem remune- Art. 236 – Como medida preparatória a autoridade
ração; poderá determinar a instauração de sindicância para
XV - praticar usura sob qualquer de suas formas; apuração sumária de infração ou infrações funcionais,
XVI - proceder de forma desidiosa; que será conduzida por servidor de nível superior à
XVII -utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti- do sindicado ou sindicados. (Redação dada pela Lei nº
ção em serviços ou atividades particulares; 7.487, de 16/12/99)
XVIII -cometer a outro servidor atribuições estranhas Art. 237 – Da sindicância poderá resultar:
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên- I - arquivamento do processo;
cia e transitórias; II - aplicação da penalidade de advertência,repreensão
XIX - exercer quaisquer atividades que sejam incom- ou suspensão de até 30 (trinta) dias. (Redação dada
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o pela Lei nº 7.487, de 16/12/99)
horário de trabalho; III - instauração de processo disciplinar. (Renumerado
XX -contratar com o Estado ou suas entidades. pela Lei nº 7.487, de 16/12/99)
XXI - utilizar mão-de-obra de menores de dezesseis Parágrafo único - O prazo para conclusão de sindi-
anos de idade em qualquer tipo de trabalho, inclu- cância não excederá 30 (trinta) dias, salvo justifica-
sive no trabalho doméstico, assim como de menores do motivo, a critério da autoridade, que o prorrogará
de dezoito anos em atividades insalubres, perigosas, por igual período. (Redação dada pela Lei nº 7.487, de
penosas ou durante o horário noturno (entre 22 horas 16/12/99)
de um dia e 5 horas do dia seguinte), conforme arts.
7º, XXXIII, e 227, caput e parágrafos, da Constituição CAPÍTULO II
Federal de 1988. DO AFASTAMENTO PREVENTIVO

Penalidades Art. 238 - Como medida cautelar e a fim de que o


servidor não venha a influir na apuração de irregula-
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

São penas disciplinares: ridades, a autoridade instauradora do procedimento


I - advertência; disciplinar, quando julgar necessário, poderá ordenar
II - repreensão; o seu afastamento do cargo, pelo prazo de até 60 (ses-
III - suspensão; senta) dias, sem prejuízo da remuneração.
IV - demissão; Parágrafo único - O afastamento poderá ser prorro-
V - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; gado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus
VI - destituição do cargo em comissão; efeitos, ainda que não concluído o processo.
Art. 239 - O servidor terá direito:
Importante ressaltar que, em diversos casos, as pena- I - à contagem do tempo de serviço relativo ao perío-
lidades serão aplicadas mediante processo administrati- do em que esteja afastado preventivamente, quando
vo disciplinar, diante do seguinte procedimento: do processo não houver resultado pena disciplinar ou
esta se limitar à advertência ou repreensão;

26
II - à contagem do período de afastamento que exce- Art. 246 - Na fase do inquérito, a comissão promoverá
der do prazo da suspensão disciplinar aplicada. a tomada de depoimentos, acareações, investigações
e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
CAPÍTULO III recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
DO PROCESSO DISCIPLINAR modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
Art. 247 - É assegurado ao servidor o direito de acom-
Art. 240 - O processo disciplinar, procedido em instru- panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
ção contraditória, será conduzido por comissão espe- procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir
cial composta de três servidores estáveis, designados provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
pela autoridade competente que indicará, dentre eles, tratar de prova pericial.
o de categoria mais elevada, para presidente. § 1º - O presidente da comissão poderá denegar pedi-
§ 1º - Os membros da comissão deverão ser de cate- dos considerados impertinentes, meramente protela-
goria igual, equivalente ou superior à do acusado. tórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento
§ 2º - A comissão será secretariada por um servidor dos fatos.
designado pelo seu presidente. § 2º - Será indeferido o pedido de prova pericial, quan-
§ 3º - Não poderá participar de comissão de sindi- do a comprovação do fato independer de conhecimen-
cância ou de processo administrativo cônjuge, compa- to especial de perito.
nheiro ou parente do acusado, consangüíneo ou afim, Art. 248 - As testemunhas serão intimadas a depor
até o terceiro grau. mediante mandado expedido pelo presidente da co-
§ 4º - Os trabalhos da comissão terão preferência a missão, devendo a 2ª (segunda) via, com o ciente do
qualquer outro trabalho, ficando os seus membros dis- interessado, ser anexada aos autos.
pensados de outros encargos durante o curso do pro- Parágrafo único - Se a testemunha for servidor pú-
cesso e do registro do ponto. blico, a expedição do mandado será imediatamente
Art. 241 - A comissão assegurará ao processo o sigilo comunicada ao chefe da repartição onde serve, com
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inte- a indicação do dia e hora marcados para inquirição.
resse da administração e exercerá suas atividades com Art. 249 - O depoimento será prestado oralmente e re-
independência e imparcialidade. duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-
Parágrafo único - As reuniões e as audiências das co- -lo por escrito.
missões terão caráter reservado e serão registradas em § 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamen-
atas que deverão detalhar as deliberações adotadas. te.
Art. 242 - O processo disciplinar se desenvolve nas se- § 2º - Na hipótese de depoimentos contraditórios ou
guintes fases: que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os
I - instauração, com a publicação do ato que constituir depoentes.
a comissão;
Art. 250 - Concluída a inquirição das testemunhas, a
II - instrução, defesa e relatório;
comissão promoverá o interrogatório do acusado, ob-
III - julgamento.
servados os procedimentos previstos nos arts. 248 e
Art. 243 - O processo disciplinar se inicia no prazo im-
249.
prorrogável de 05 (cinco) dias na Capital e 15 (quin-
§ 1º - No caso de mais de um acusado, cada um deles
ze) dias no interior, contados da data da publicação,
será ouvido separadamente e, sempre que divergirem
no Diário Oficial do Estado, do ato designando os
em suas declarações sobre os fatos ou circunstâncias,
membros da comissão e será concluído no prazo de
60 (sessenta) dias a contar da data da instalação dos será promovida acareação entre eles.
trabalhos. § 2º - O procurador do acusado poderá assistir ao in-
Parágrafo único - O prazo a que se refere o «caput» terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas,
do artigo, a juízo da autoridade que determinar a ins- sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
tauração do processo administrativo, poderá ser pror- facultando-se-lhe, porém, reinquirí-las por intermédio
rogado por mais 60 (sessenta) dias. do presidente da comissão.
Art. 251 - Quando houver dúvida sobre a sanidade
SEÇÃO I mental do acusado, a comissão proporá à autoridade
DO INQUÉRITO competente que ele seja submetido a exame por junta
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médica oficial, da qual participe pelo menos um mé-


Art. 244 - O inquérito administrativo obedecerá ao dico psiquiatra.
princípio do contraditório, assegurada ao acusado Parágrafo único - O incidente de sanidade mental será
ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos processado em auto apartado e apenso ao processo
admitidos em Direito. principal, após a expedição do laudo pericial.
Art. 245 - Os autos da sindicância integrarão o pro- Art. 252 - Tipificada a infração disciplinar, será formu-
cesso disciplinar, como peça informativa da instrução. lada a indiciação do servidor, com a especificação dos
Parágrafo único - Na hipótese de o relatório da sindi- fatos a ele imputados e das respectivas provas.
cância concluir que a infração está capitulada como § 1º - O indiciado será citado por mandado expedido
ilícito penal, a autoridade competente encaminhará pelo presidente da comissão para apresentar defesa
cópia dos autos ao Ministério Público, independente- escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe
mente da imediata instauração do processo discipli- vista do processo na repartição.
nar.

27
§ 2º - Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo Parágrafo único - Na hipótese prevista na parte final
será comum e de 20 (vinte) dias. deste artigo, a autoridade julgadora poderá, motiva-
§ 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo damente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la
dobro, para diligências reputadas indispensáveis. ou isentar o servidor de responsabilidade.
§ 4º - No caso de recusa do indiciado em apor o ciente Art. 260 - Verificada a existência de vício insanável,
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á a autoridade julgadora declarará a nulidade do pro-
da data declarada, em termo próprio, pelo membro cesso no todo ou em parte e ordenará a constituição
da comissão que fez a citação, com a assinatura de 2 de outra comissão, para instauração de novo processo.
(duas) testemunhas. § 1º - O julgamento fora do prazo legal não implica
Art. 253 - O indiciado que mudar de residência fica nulidade.
obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá § 2º - A autoridade julgadora, que der causa à prescri-
ser encontrado. ção de que trata o art. 233, § 2º, será responsabilizada
Art. 254 - Achando-se o indiciado em lugar incerto e na forma do Capítulo IV, Título IV.
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Art. 261 - No caso do artigo anterior e no esgotamen-
Oficial do Estado e em jornal de grande circulação na to do prazo para a conclusão do processo administra-
localidade do último domicílio conhecido, para apre- tivo disciplinar, o indiciado, se tiver sido afastado do
sentar defesa. cargo, retornará ao seu exercício funcional.
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o prazo Art. 262 - Extinta a punibilidade pela prescrição da
para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última falta disciplinar, a autoridade julgadora determinará o
publicação do edital. registro do fato nos assentamentos do servidor.
Art. 255 - Considerar-se-á revel o indiciado que, regu- Art. 263 - Quando a infração estiver capitulada como
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. crime, o processo disciplinar será remetido ao Minis-
§ 1º - A revelia será declarada por termo nos autos do tério Público para instauração da ação penal, ficando
processo e devolverá o prazo para a defesa. trasladado na repartição.
§ 2º - Para defender o indiciado revel, a autoridade Art. 264 - O servidor que responder a processo disci-
instauradora do processo designará um servidor como plinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposenta-
defensor dativo, ocupante de cargo de nível igual ou do voluntariamente, após a conclusão do processo e o
superior ao do indiciado. cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
Art. 256 - Apreciada a defesa, a comissão elaborará Parágrafo único - Ocorrida a exoneração quando não
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais satisfeitas as condições do estágio probatório, o ato
dos autos e mencionará as provas em que se baseou será convertido em demissão, se for o caso.
para formar a sua convicção. Art. 265 - Assegurar-se-á transporte e diárias:
§ 1º - O relatório será sempre conclusivo quanto à ino- I - ao servidor convocado para prestar depoimento
cência ou à responsabilidade do servidor. fora da sede de sua repartição, na condição de teste-
munha, denunciado ou indiciado
§ 2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor, a
II - aos membros da comissão de inquérito, quando
comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes
a realização de missão essencial ao esclarecimento
ou atenuantes.
dos fatos.
Art. 257 - O processo disciplinar, com o relatório da
comissão, será remetido à autoridade que determinou
SEÇÃO III
a sua instauração, para julgamento.
DA REVISÃO DO PROCESSO
SEÇÃO II Art. 266 - O processo disciplinar poderá ser revisto, a
DO JULGAMENTO pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos
ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência
Art. 258 - No prazo de 20 (vinte) dias, contados do do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
recebimento do processo, a autoridade julgadora pro- § 1º - Tratando-se de servidor falecido, ausente ou de-
ferirá a sua decisão. saparecido, a revisão poderá ser requerida pelo cônju-
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§ 1º - Se a penalidade proposta pela comissão exceder ge, companheiro(a), descendente, ascendente colate-
a alçada da autoridade instauradora do processo, este ral consangüíneo até o segundo grau civil.
será encaminhado à autoridade competente, que de- § 2º - No caso de incapacidade mental do servidor, a
cidirá em igual prazo. revisão será requerida pelo respectivo curador.
§ 2º - Havendo mais de um indiciado e diversidade de Art. 267 - O requerimento de revisão do processo far-
sanções, o julgamento caberá à autoridade competen- -se-á em apenso ao processo original e será dirigido
te para a imposição da pena mais grave. ao Secretário de Estado ou autoridade equivalente
§ 3º - Se a penalidade prevista for a demissão, cassa- que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao
ção de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamen- chefe da repartição onde se originou o processo dis-
to final caberá aos chefes dos Poderes. ciplinar.
Art. 259 - As conclusões e recomendações da comissão Parágrafo único - Na petição inicial, o requerente pe-
merecem fiel acatamento, salvo quando contrárias às dirá dia e hora para a produção de provas e inquirição
provas dos autos. das testemunhas que arrolar.

28
Art. 268 - Recebida a petição, a autoridade compe- Resposta: Certo. De acordo com o art. 264, a senten-
tente constituirá comissão composta de três servidores ça esta correta, pois o servidor só poderá ser exone-
estáveis, de preferência de categoria igual ou superior rado ou aposentado, após a conclusão do processo.
á do requerente.
Art. 269 - A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
para a conclusão dos trabalhos.
Art. 270 - Aplicam-se aos trabalhos da comissão revi- CUSTAS JUDICIAIS E EMOLUMENTOS
sora, no que couber, as normas e procedimentos pró- EXTRAJUDICIAIS (LEI Nº 6.584, DE 15
prios da comissão do processo disciplinar. DE JANEIRO DE 1996). TABELAS DE
Art. 271 - O julgamento caberá : CUSTAS JUDICIAIS E EMOLUMENTOS
I - aos chefes dos Poderes, quando do processo revisto EXTRAJUDICIAIS (LEI Nº 6.760, DE 06 DE
houver resultado pena de demissão ou cassação de DEZEMBRO DE 1996).
aposentadoria e disponibilidade;
II - ao Secretário de Estado, quando houver resultado
pena de suspensão ou de repreensão. A previsão legal acerca das custas judiciais e emolu-
III - aos titulares de autarquias e fundações, quando mentos extrajudicias estão previstas na Lei 6.584/1996.
houver resultado pena de suspensão ou de repreensão. Acerca do assunto, de acordo com concursos pretéri-
Parágrafo único - O prazo para julgamento será de 20 tos, importante destacar que as custas judiciais são devi-
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, no das ao estado, sendo cobradas de acordo com as normas
curso do qual a autoridade julgadora poderá determi- estabelecidas pela lei em análise.
nar diligências. Para isso, consideram-se custas:
Art. 272 - Julgada procedente a revisão, tornar-se-á I – a taxa judiciária;
sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se II – os valores e percentuais previstos nas tabelas ane-
todos os direitos por ela atingidos, exceto em relação à xas;
destituição do cargo em comissão, que será convertida III – as despesas relativas a serviços de comunicações;
em exoneração. IV – as despesas e guarda e conservação de bens pe-
Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá nhorados, arrestados, sequestrados ou apreendidos
resultar agravamento da penalidade. judicialmente a qualquer título;
Art. 273 - No processo revisional, o ônus da prova cabe V – outras despesas judiciais;
ao requerente, favorecendo, na dúvida, a manutenção VI – as multas impostas nos termos das leis processu-
do ato punitivo. ais às partes e aos servidores da Justiça;

Ademais, são isentos de pagamento de custas:


Observação: Sugere-se a leitura seca da Lei estu- I – a União, o Estado, os Municípios e o Distrito Federal
dada no link: http://www.stc.ma.gov.br/legisla-docu- e suas respectivas autarquias;
mento/?id=1034 II – o réu pobre nos feitos criminais;
III – o beneficiário de assistência judiciária;
IV – o Ministério Público;
V – os processos de “habeas corpus”;
EXERCÍCIOS COMENTADOS VI – os processos relativos à criança e adolescente em
situação irregular;
1. O processo disciplinar se desenvolve na ordem das se- VII- nas ações de acidente de trabalho, o acidentado e
guintes fases: seus beneficiários, quando vencidos.

a) instauração, defesa, instrução, relatório e julgamento;


b) instauração, instrução, defesa, relatório e julgamento; Por fim, sugere-se a leitura da letra seca da lei de
c) instauração, instrução, relatório, defesa e julgamento; custas judiciais e emolumentos extrajudiciais (lei nº
d) instauração, relatório, instrução, defesa, e julgamento; 6.584, de 15 de janeiro de 1996) e tabelas de custas
e) instauração, relatório, defesa, instrução, e julgamento; judiciais e emolumentos extrajudiciais (lei nº 6.760,
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

de 06 de dezembro de 1996) no link: https://mpma.


Resposta: Letra B. A alternativa correta é a ‘b’, pois a mp.br/arquivos/biblioteca/publicacoes_institucio-
ordem que o processo disciplinar deve se desenvolver nais/1551_compendio.pdf
da seguinte forma: instauração do processo, instrução,
realização da defesa, relatório e julgamento.

2. Acerca da sentença abaixo, assinale a opção correta.


Caso o servidor responda processo disciplinar, o mesmo
só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado vo-
luntariamente, após a conclusão do processo e o cum-
primento da penalidade, acaso aplicada

( ) CERTO ( ) ERRADO

29
EXERCÍCIO COMENTADO

1. São isentos de pagamento de custas, exceto:

a) Ministério Público, União, réu pobre e o Estado.


b) União, Ministério Público, União e o beneficiário da justiça gratuita.
c) Beneficiário da justiça gratuita, União, processos de habeas corpus e o Município.
d) União, Município, Ministério Público e processos relativos à criança e adolescente em situação irregular.
e) Empresa privada, União, Ministério Público e réu pobre.

Resposta: Letra E. A única alternativa errada é a letra ‘e’, tendo em vista a empresa privada não ser isento de paga-
mento de custas.

REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MARANHÃO.

O regimento interno do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão é subdivido em quatro partes, devendo-se, para
isso, analisar os principais aspectos de cada.

1ª Parte
Contempla todo o regimento, direitos e deveres da primeira e segunda instância, incluindo dos desembargadores
e dos magistrados.
Consta ressaltar que o Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, com sede na cidade de São Luís e jurisdição em
todo o Estado do Maranhão, compõe-se de 27 desembargadores.

2ª Parte
Dispõe acerca do procedimento interno, para registro de processos, preparos e deserção, distribuição, suspensão e
sobrestamento de atos processuais, retirada e devolução de processos por advogados, defensores e Ministério Público,
fornecimento e cópias das certidões.
Não obstante, os julgamentos, audiências e sustentação oral na segunda instância também se encontram estabe-
lecidos.

3ª Parte
Cuida dos processos originários, como Habeas Corpus, Mandado de Segurança, Mandado de Injunção, Habeas
data, Ação direta de inconstitucionalidade, entre outras.

Acerca da presente parte, faz-se necessário o estudo das temáticas principais. Vejamos:

I) Habeas Corpus (Art. 5º, LXVII e CPP)


Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Quanto à natureza jurídica do HC, o Código de Processo Penal enquadra-o como recurso, porém essa afirmação
esta ultrapassada, tendo em vista que a Constituição Federal (que é posterior ao CPP) conferiu ao HC o patamar de
Ação Autônoma de Impugnação.
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

Quanto à legitimidade, tem-se que há três perfis diferentes:

a) Legitimidade ativa: É o impetrante, podendo ser qualquer pessoa, tendo em vista que o HC não é peça privativa
de advogado. Importante lembrar que criança, inimputável, pessoa jurídica não podem impetrar HC.
Na mesma esteira, não se admite HC apócrifo, que é aquele impetrado por pessoa anônima.

b) Legitimidade passiva: Normalmente o HC é impetrado contra funcionário público que praticou abuso/ilegalida-
de. Entretanto, em alguns casos poderá ser impetrado HC contra ato de particular (ex: relações médicas hospitalares).

c) Paciente: É a pessoa que poderá ser beneficiado pelo HC, devendo sempre ser uma pessoa física. Não cabe HC
em favor de objeto ou animal.

30
Quanto à competência do HC, vejamos o quadro a seguir:

AUTORIDADE QUE PRATICOU A ILEGALIDADE COMPETÊNCIA PARA JULGAR O HC


Pessoa comum (ex: diretor de hospital) Juiz de 1º grau
Delegado Estadual Juiz estadual de 1º grau
Delegado Federal Juiz federal de 1º grau
Membro do Ministério Público Estadual Tribunal de Justiça do Estado
Membro do Ministério Público Federal Tribunal Regional Federal
Juiz do juizado especial criminal Turma recursal competente
Turma recursal em âmbito estadual Tribunal de Justiça do Estado
Turma recursal em âmbito federal Tribunal Regional Federal
Juiz estadual de 1º grau Tribunal de Justiça do Estado
Juiz federal de 1º grau Tribunal Regional Federal
Membro do Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal Superior Tribunal de Justiça
Ministro do Superior Tribunal de Justiça Supremo Tribunal Federal

É admissível a concessão de liminar em HC, para que se permita obter imediatamente a ordem pretendida ao final.
Tal fato deve estar amparado pelo perigo da demora e fumaça do bom direito.

II) Mandado de segurança (Art. 5º, LXIX e LXX e Lei 12.016/09)


Utilizado para proteger direito líquido e certo quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autori-
dade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

III) Mandado de injunção (Art. 5º, LXXI e Lei 12.016/09 utilizada por analogia)
Pode ser utilizado sempre que não houver norma regulamentadora, dificultando o exercício dos direitos e liberda-
des constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania.

IV) Habeas Data (Art. 5º, LXXII da CF e Lei 9.507/97)


Caso não consiga administrativamente, pode ser utilizada para assegurar o direito de conhecimento de informações
próprias ou para retificação de dados em órgãos públicos.

V) Direito de petição
Todos podem provocar os Poderes Públicos em defesa de direitos, contra ilegalidades ou abuso de poder, por meio
de petições escritas.

VI) Ação Civil Pública


Ocorre para proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

VII) Ação Popular (art. 5º, LXXII da CF e Lei 4.717/65)


Utilizada para anular ato lesivo ao patrimônio público ou entidade de que o Estado participe, à moralidade admi-
nistrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
Qualquer cidadão pode entrar, desde que em gozo dos direitos políticos.
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

#FicaDica
Sugere-se a leitura dos artigos supracitados, tendo em vista que, em se tratando de matéria Constitucio-
nal, tais são as disposições legais das alusivas ações constitucionais ou remédios constitucionais.

3- Controle de Constitucionalidade

É a forma por onde se analisa certa norma ou ato normativo, verificando-se, dentre outros quesitos, sua cons-
titucionalidade ou inconstitucionalidade.
Pode ser feito por meio do controle difuso (onde um juiz declara a inconstitucionalidade em um caso concreto)
ou pelo controle concentrado (onde haverá uma ação própria direcionada ao STF).

31
Vejamos: busca saber, portanto, é se a lei (lato sensu) é inconsti-
tucional ou não, manifestando-se o Judiciário de forma
a) Controle Difuso: o modelo de controle difuso ou específica sobre o aludido objeto.
incidental, é aquele que permite que qualquer juiz ou Vejamos, a seguir, as espécies de Controle de Cons-
tribunal declare a inconstitucionalidade de leis ou atos titucionalidade Concentrado, conforme previsão consti-
normativos, não havendo qualquer restrição quanto ao tucional. Lembra-se, porém, que demais regras e proce-
tipo de processo. dimentos estão em norma especial.
Importante esclarecer que o sistema difuso perdeu
muito de sua importância com a nova ordem constitu- I) Ação Declaratória de Constitucionalidade:
cional estatuída pela Constituição Federal de 1988, pois, Qualquer órgão previsto no artigo 103 da CF/88 poderá
o alargamento dos legitimados e das possibilidades de requerer para o STF declarar alguma norma constitucio-
se questionar a constitucionalidade dos atos normativos nal. Caso o STF declare a norma constitucional, nenhum
infraconstitucionais, permitiu que, praticamente todas as outro membro do Poder Judiciário ou do Poder Públi-
controvérsias constitucionais relevantes sejam submeti- co poderá declarar a inconstitucionalidade da mesma.
das ao STF, mediante processo de controle concentrado Porém, caso o STF venha declarar a respectiva norma
abstrato de normas (SOUZA, 2016, p. 33) inconstitucional, essa ADCON ou ADC (Ação Declarató-
Gilmar Mendes (2003), no julgamento da ação direta ria de Constitucionalidade) servirá igual uma ADI (Ação
de inconstitucionalidade 1.244-4 SP, observa que: Direta de Inconstitucionalidade).
Convém salientar que, tal como já observado por Anteriormente a redação da EC nº 45/2004, os legiti-
Anschütz ainda no regime de Weimar, toda vez que se mados para propositura da ADC eram: a) presidente da
outorga a um Tribunal especial atribuição para decidir república; b) Mesa do Senado Federal; c) Mesa da Câma-
questões constitucionais, limita-se, explícita ou implici- ra dos Deputados; d) Procurador-Geral da República.
tamente, a competência da jurisdição ordinária para tais Entretanto, hodiernamente, após a revogação do §
controvérsias. 4º e a nova disposição do artigo 103 da CF, a ADC pas-
sou a ter os mesmos legitimados que a ADI genérica e
Por fim, esclarecemos que a inconstitucionalidade (lei
da APDF, quais são: Presidente da República; a Mesa do
ou de ato normativo) pode ser arguida a qualquer tempo
Senado; a Mesa da Câmara dos Deputados; a Mesa da
do processo, e efetuada perante o juiz singular ou tribu-
Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Dis-
nal competente, quando houver sido interposto recurso
trito Federal; o Governador de Estado ou Distrito Federal;
em face da decisão de grau inferior.
o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil; partido político com
representação no Congresso Nacional e confederação
#FicaDica sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Pedro Lenza (2005, p. 106) dispõe que, como II) Ação Direta de Inconstitucionalidade: Prevista
regra geral, os efeitos de qualquer senten- na primeira parte do artigo 102, I, “a” da Constituição
ça valem somente para as partes do litigio, Federal, a referida ação visa a declaração da inconstitu-
não extrapolando os limites estabelecidos cionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual
na lide. No momento em que a sentença perante a própria Constituição. Sua competência origi-
declara que a lei é inconstitucional (controle nária é do Supremo Tribunal Federal e seu procedimento
difuso, realizado incidentalmente), produz está previsto na Lei 9.868/99.
efeitos pretéritos, atingindo a lei desde a sua
edição, tornando-a nula de pleno direito. Os órgãos do artigo 103 da CF/88 poderão requerer
Produz, portanto, efeitos retroativos. Assim, a inconstitucionalidade da norma. Cabe pedido cautelar
no controle difuso, para as partes os efeitos no início da ADIN ou ADI.
serão: a) inter partes e b) ex tunc. Por sua vez, a ADO (Ação Direta de Inconstituciona-
lidade por Omissão) é um dos meios de controle abs-
trato (concentrado) de constitucionalidade exercido pelo
b) Controle Concentrado: o controle concentrado também Supremo Tribunal Federal, consistente em uma
só pode ser exercido por apenas um órgão do Poder Ju- omissão legislativa que vai de encontro à obrigação cons-
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

diciário. Se o parâmetro for a Constituição Federal, quem titucional de legislar. A ideia de omissão ocorre com um
realizará o controle de constitucionalidade será o Supre- descumprimento do legislador do dever constitucional
mo Tribunal Federal, e quando foi de ordem estadual, de legislar, isto é, quando ele deixa de cumprir um dever
quem fará o controle será o Tribunal de Justiça compe- explícito da Constituição, ou identificado pela interpreta-
tente. ção desta, de elaboração normativa. Desta forma, através
Nesse sentido é a lição de Pedro Lenza (2005, p. 113): desta ação, procura-se verificar e sanar a omissão do le-
Ao contrário da via de exceção ou defesa, através da gislador de seu dever constitucional de legislar.
qual o controle (difuso) se verificava em casos concretos
e incidentalmente ao objeto principal da lide, no controle III) Arguição de descumprimento de preceito fun-
concentrado, a representação de inconstitucionalidade, damental: Sendo um controle concentrado, entendida
em razão de ser em relação a um ato normativo em tese, como norma de eficácia limitada na Constituição Federal
tem por objeto principal a declaração de inconstitucio- de 1988, ou seja, com aplicabilidade deferida, mediata,
nalidade da lei ou ato normativo impugnado. O que se que não se encontram devidas para aplicação imedia-

32
ta, necessitando de complementação, através da edição 4ª Parte
de norma infraconstitucional (a Lei. 9.882/1999), ou da Prevê disposições acerca da secretaria e do próprio
atuação do Poder Público para que possam produzir os regimento interno do tribunal. Importante salientar que
efeitos jurídicos por ela previstos, a Arguição de Descum- todas as partes do regimento obtém como matéria o Tri-
primento de Preceito Fundamental poderia ser utilizada bunal como um todo, porém como enfoque na segunda
para normas anteriores (aquelas que foram recepciona- instância.
das) e posteriores à Constituição Federal de 1988 que
contrariem o sentido de preceito fundamental da Carta
Maior vigente. Mas com a suspensão do parágrafo único, Sugere-se a leitura na íntegra pelo acesso ao link:
inciso I da referida Lei, não aplica-se, por ora, a ADPF https://www.migalhas.com.br/arquivos/2016/3/
para atos normativos anteriores à Constituição. Abordar- art20160330-01.pdf
-se-á em breve o presente comentário.
Normativamente falando, a ADPF esta prevista pri-
meira no § 2º do artigo 102 da Constituição Federal, que #FicaDica
prevê: “A arguição de descumprimento de preceito fun-
damental, decorrente desta Constituição, será apreciada AS LEIS Nº 8.032, DE 10 DE DEZEMBRO DE
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei”. 2003, Nº 8.597, DE 04 DE MAIO DE 2007;
Introduzida posteriormente para regular a ADPF como Nº 8.715, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2007; E
norma de eficácia mediata que esta é, a Lei 9.882/1999 Nº 8.727, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2007, em
trouxe em seu primeiro artigo a previsão: “A arguição síntese, reestruturaram a administração dos
prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será serviços auxiliares do Poder Judiciário, insti-
proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por tuíram planos de cargos, carreiras e venci-
objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, mentos dos servidores do Poder Judiciário
resultante de ato do Poder Público” de modo a comple- do Maranhão.
mentar o próprio artigo 102 da Constituição Federal.
No que se refere ao parágrafo único da referida lei,
tem-se a ideia de que caberá também ADPF quando for
relevante o fundamento da controvérsia constitucional
sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, EXERCÍCIO COMENTADO
incluídos anteriores à Constituição. Entretanto, como refe-
rido já em momento anterior, o presente inciso se encontra 1. O controle concentrado pode ser exercido pelo órgão
suspenso por força da ADIn 2.231-8 do ano de 2000. do Poder Judiciário e do Legislativo. Se o parâmetro for a
Diante do exposto acima, retira-se o entendimento Constituição Federal, quem realizará o controle de cons-
que a ADPF observa duas espécies, a originária e a inci- titucionalidade será o Supremo Tribunal Federal, e quan-
dental. A originária, disposta no artigo 1º, caput, prevê a do foi de ordem estadual, quem fará o controle será o
possibilidade de ADPF contra ato comissivo ou omissivo Tribunal de Justiça competente
do Poder Público, para evitar lesão, reparar lesão, inde-
pendente da demonstração de controvérsia relevante, en- ( ) CERTO ( ) ERRADO
quanto a incidental esta direcionada à Lei ou ato normativo
federal, estadual ou municipal e depende de demonstra- Resposta: Errado. O controle concentrado pode ser
ção de controvérsia relevante. Ademais, os atos referidos exercido apenas pelo órgão do Poder Judiciário, e não
acima devem ser entendidos como objeto da ADPF. pelo poder Legislativo também.

#FicaDica
Consideram-se legitimados universais, ou
seja, que não precisam demonstrar qual-
quer pertinência temática para adentrar com
ações de controle concentrado de constitu-
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

cionalidade são: O Presidente da República;


a Mesa do Senado; a Mesa da Câmara dos
Deputados; o Procurador-Geral da Repúbli-
ca; o partido político com representação no
Congresso Nacional; e o Conselho Federal
da Ordem dos Advogados do Brasil.
Consideram-se legitimados especiais, ou
seja, aqueles que necessitam provar perti-
nência temática: O Governador do Estado
ou do Distrito Federal; a Mesa da Assembléia
Legislativa, a Mesa da Câmara Legislativa do
Distrito Federal, a confederação sindical e a
entidade de âmbito nacional.

33
DA JUSTIÇA ESTADUAL. DA DIVISÃO JUDICIÁRIA DO MARANHÃO. COMARCAS,
TERMOS E ZONAS JUDICIÁRIAS. ENTRÂNCIAS E INSTÂNCIAS. DOS ÓRGÃO DO PODER
JUDICIÁRIO DO MARANHÃO. DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DA CORREGEDORIA GERAL DA
JUSTIÇA. DOS JUÍZES DE DIREITO: INGRESSO NA CARREIRA, JUÍZES SUBSTITUTOS, JUÍZES
AUXILIARES, JUÍZES TITULARES. DO TRIBUNAL DO JÚRI E DA JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL.
DOS JUIZADOS ESPECIAIS E DA JUSTIÇA DE PAZ. DOS MAGISTRADOS: POSSE, EXERCÍCIO,
ANTIGUIDADE, DIREITOS E GARANTIAS, SUBSÍDIOS, LICENÇA E FÉRIAS, DEVERES E
SANÇÕES. DOS SERVIÇOS JUDICIAIS E DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO: SERVIÇOS
AUXILIARES DA JUSTIÇA E DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO. DA SECRETARIA
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DA SECRETARIA DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA, DAS
SECRETARIAS JUDICIAIS E DAS SECRETARIAS DE DIRETORIAS DE FÓRUM: NOMEAÇÃO,
ATRIBUIÇÕES, SUBSTITUIÇÕES. DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA. DOS SERVENTUÁRIOS E DOS
FUNCIONÁRIOS: NOMEAÇÃO, POSSE, COMPROMISSO, EXERCÍCIO, DIREITOS E GARANTIAS,
FÉRIAS, LICENÇAS, DISPONIBILIDADE E APOSENTADORIA, DEVERES E SANÇÕES. DO
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.

“Prezado Candidato, os conteúdos acima foi abordado na íntegra no tópico: Código de Divisão e Organiza-
ção Judiciária do Estado do Maranhão (Lei Complementar nº 14, de 17 de dezembro de 1991 e suas alterações)”

PLANO DE CARGOS, CARREIRAS E VENCIMENTOS DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO


DO ESTADO DO MARANHÃO (LEIS Nº 8.032, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2003, Nº 8.597, DE 04
DE MAIO DE 2007; Nº 8.715, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2007; E Nº 8.727, DE 7 DE DEZEMBRO
DE 2007). DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS: NOTÁRIOS E REGISTRADORES, AUXILIARES,
CONCURSO DE REMOÇÃO E DE INGRESSO. DA FISCALIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO.

Em síntese, as leis reestruturaram a administração dos serviços auxiliares do Poder Judiciário, instituíram planos de
cargos, carreiras e vencimentos dos servidores do Poder Judiciário do Maranhão.
Importante ressaltar que integram o plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos do Pessoal do Poder Judiciário:
I- Quadro de Pessoal do Tribunal de Justiça;
II- Quadro de Pessoal da Justiça de 1º Grau;
III- Quadro de Vencimentos.

Ademais, os servidores do Poder Judiciário integram os seguintes quadros:


I- Quadro de pessoal do Tribunal de Justiça: os servidores do Plenário da Presidência, da Vice-Presidência, da Corre-
gedoria-Geral da Justiça, dos Gabinetes dos Desembargadores e da Secretaria-Geral do Tribunal de Justiça; e
II- Quadro de pessoal da Justiça de 1º Grau: os servidores das Secretarias Judiciais e das Secretarias de Diretoria dos
Fóruns.

Por fim, acerca da progressão funcional dos servidores públicos estaduais, tem-se que não será considerado como
tempo:
I- licença para tratamento de interesses particulares;
II- faltas injustificadas;
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

III- suspensão disciplinar


IV- prisão decorrente da decisão judicial;
V- licença para tratamento de saúde que, isolada ou cumulativamente, compreenda período superior a um ano.

34
HORA DE PRATICAR! GABARITO

1. São Órgãos do Poder Judiciário: 1 D


I. Tribunal de Justiça; 2 C
II. Juízes de Direito; 3 A
III. Tribunal do Júri;
4 CERTO
a) I e II;
b) II e III;
c) I e III;
d) Todos estão corretos.
e) Nenhum esta correto.

2. São considerados custas judiciais, exceto;

a) taxa judiciária e os valores e percentuais previstos nas


tabelas anexas.
b) as despesas relativas a serviços de comunicações e as
despesas e guarda e conservação de bens penhora-
dos, arrestados, sequestrados ou apreendidos judicial-
mente a qualquer título.
c) taxa judiciária e procurador.
d) os valores e percentuais previstos nas tabelas anexas e
outras despesas judiciais.
e) multas impostas nos termos das leis processuais às
partes e aos servidores da Justiça e taxa judiciária.

3. Acerca do processo disciplinar, qual alternativa esta


correta?

a) O processo disciplinar, com o relatório da comissão,


será remetido à autoridade que determinou a sua ins-
tauração, para julgamento.
b) Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comis-
são indicará o dispositivo legal ou regulamentar trans-
gredido, excluindo-se as circunstâncias agravantes ou
atenuantes.
c) Apreciada a defesa, a comissão apenas mencionará as
provas em que se baseou para formar a sua convicção.
d) O relatório não precisam ser conclusivo quanto à ino-
cência ou à responsabilidade do servidor.
e) No prazo de 15 (quinze) dias, contados do recebimen-
to do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua
decisão.

4. Quanto a sentença abaixo, assinale a opção correta:


ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o pro-


cesso pessoalmente ou por intermédio de procurador,
arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e con-
traprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova
pericial.

( ) CERTO ( ) ERRADO

35
ANOTAÇÕES

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ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL

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36
ÍNDICE

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Noções de Administração: Funções da administração: planejar, organizar, dirigir e controlar. Conceitos de eficiência,
eficácia e efetividade. Processo administrativo: pensamento sistêmico e visão estratégica. Novas tecnologias na gestão.
Caracterização das organizações: tipos de estruturas organizacionais.................................................................................................... 01
Aspectos comportamentais: liderança, motivação, clima e cultura organizacional............................................................................ 39
Gestão de Pessoas: relacionamento interpessoal, gestão por Competências; gerenciamento de conflitos............................. 50
Gestão da qualidade: conceitos, ferramentas da qualidade, qualidade no atendimento................................................................ 76
Processo decisório: tipos de decisões................................................................................................................................................................... 87
Noções de Administração de material e logística: Conceitos, Classificação dos materiais, Funções da administração de
materiais, Logística........................................................................................................................................................................................................ 95
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO: FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO: PLANEJAR, ORGANIZAR,
DIRIGIR E CONTROLAR. CONCEITOS DE EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE.
PROCESSO ADMINISTRATIVO: PENSAMENTO SISTÊMICO E VISÃO ESTRATÉGICA.
NOVAS TECNOLOGIAS NA GESTÃO. CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES: TIPOS DE
ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS.

Como bem definiu Houaiss, a Administração é o “conjunto de normas e funções cujo objetivo é disciplinar os elementos
de produção e submeter a produtividade a um controle de qualidade, para a obtenção de um resultado eficaz, bem como
uma satisfação financeira”.
O papel profissional do administrador surgiu na gestão das companhias de navegação inglesa a partir do século
XVII, e envolve ações elaborar planos, pareceres, relatórios, desenvolvimento de projetos, fazer uso de indicadores,
medir resultados e desempenhos, sempre com a aplicação dos conhecimentos e técnicas que norteia a Administração.

Segundo Jonh W. Riegel,


“O êxito do desenvolvimento de executivos em uma empresa é resultado, em grande parte, da atuação e da capacida-
de dos seus gerentes no seu papel de educadores. Cada superior assume este papel quando ele procura orientar e facilitar
os esforços dos seus subordinados para se desenvolverem”

Administração – Objetivos, decisões e recursos são as palavras-chaves na definição do conceito de administra-


ção. Administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos.

Segundo CHIAVENATO, as variáveis que representa o desenvolvimento da TGA são: tarefas, estrutura, pessoas,
ambiente, tecnologia e competitividade.
Na ocorrência de novas situações as teorias administrativas se adaptam a fim de continuarem aplicáveis.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Dentre tantas definições já apresentadas sobre o conceito de administração, podemos destacar que:

“Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de al-
cançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais.”
Reinaldo Oliveira da SILVA – 2001)

Como percebe-se, a Administração extrapola a ideia limitada de “gerir uma empresa”.


A administração representa uma habilidade capaz de, através da utilização adequada e inteligente dos diversos
recursos existentes na organização, alcançar os objetivos definidos via planejamento, organização, direção e controle.

1
O ato de administrar é trabalhar com e por intermé- Vejamos alguns aspectos de cada uma delas, inician-
dio de outras pessoas na busca de realizar objetivos da do pela TEORIA CLÁSSICA, considerada a base de todas
organização bem como de seus membros. as teorias posteriores.
Montana e Charnov A primeira Escola foi a Clássica, responsável pela ên-
A Administração compreende um conjunto de ca- fase nas tarefas por Frederick Taylor e Henry Ford e fonte
racterísticas que envolvem atividades interligadas, busca de embasamento de todas as outras teorias posteriores.
por resultados, uso de recursos disponíveis, processos
administrativos e, para isso necessário se faz o uso de As mudanças ocorridas no início do Séc. XX, em de-
mais de uma habilidade, conforme vemos abaixo: corrência da Revolução Industrial, exigiram métodos que
• Habilidades Técnicas: aquelas que fazem uso de aumentassem a produtividade fabril e economizassem
conhecimento especializado e procedimentos es- mão-de-obra evitando desperdícios, ou seja, “a impro-
pecíficos e pode ser obtida através de instrução. visação deve ceder lugar ao planejamento e o empiris-
• Habilidades Humanas: trata-se de aspectos pes- mo à ciência: a Ciência da Administração.” (CHIAVENATO,
soais observados no CHA, envolvem também apti- 2004, p. 43).
dão, pois interage com as pessoas e suas atitudes,
exige compreensão para liderar com eficiência. A abordagem clássica da administração se divide em:
• Habilidades Conceituais: englobam um conheci- - Administração Científica – defendida por Frederick
mento geral das organizações, o gestor precisa Taylor
conhecer cada setor, como ele trabalha e para que - Teoria Clássica – defendida por Henry Fayol
ele existe.
Os dois autores acima citados partiram de pontos dis-
1.ABORDAGENS DA ADMINISTRAÇÃO tintos com a preocupação de aumentar a eficiência na
empresa.
1.1. Abordagens clássica, burocrática e sistêmica Taylor se preocupava basicamente com a execução
da administração. das tarefas enquanto Fayol se preocupava com a estrutu-
ra da organização.
O pensamento administrativo caracteriza um ponto
de vista em relação à organização e sua gestão. Frederick Taylor buscou o aumento produtivo to-
Quando temos vários pontos de vista sobre isso te- mando como base a eficiência dos trabalhadores. Atra-
mos então o conceito de Teorias Administrativas, que vés da observação do comportamento dos trabalhadores
são agrupadas por correntes ou escolas, sendo que es- e dos modos de produção, identificou falhas no processo
sas, conforme definição de Maximiano (2006), trata-se da produtivo responsáveis pela baixa produtividade, des-
mesma linha de pensamento ou conjunto de autores que pertando-o para a necessidade de criação de um méto-
utilizam o mesmo enfoque. do racional padrão de produção. À esse modelo deu-se
PORTANTO: o nome de Administração Cientifica, “devido à tentati-
Diferentes pensamentos administrativos = teorias ad- va de aplicação dos métodos da ciência aos trabalhos
ministrativas = mesma linha de pensamento ou conjunto operacionais a fim de aumentar a eficiência industrial. Os
de autores com mesmo enfoque. principais métodos científicos são a observação e men-
suração.” (CHIAVENATO, 2004, p. 41).
1.2. As teorias administrativas Henri Fayol, enfatizou a estrutura organizacional e de-
fendia que: [...] a eficiência da empresa é muito mais do
As principais teorias ou abordagens sobre adminis- que a soma da eficiência dos seus trabalhadores, e que
tração estão classificadas de acordo com as variáveis pri- ela deve ser alcançada por meio da racionalidade, isto é,
vilegiadas, sendo essas, na ordem, “ênfase em tarefas”, da adequação dos meios (órgãos e cargos) aos fins que
“ênfase em estruturas”, “ênfase nas pessoas”, “ênfase no se deseja alcançar. (CHIAVENATO, 2000, p. 11).
ambiente”, “ênfase na tecnologia”, sendo que, cada uma Fayol traz em sua teoria funcionalista a abordagem
delas tem seu pano de fundo com seus contextos histó- prescritiva e normativa, uma vez que a ciência adminis-
ricos, enfatizando os problemas frequentes e destacáveis trativa, como toda ciência, deve basear-se em leis ou
à época de sua fundamentação, além de, ao focar um princípios globalmente aplicáveis. Sua maior contribui-
aspecto, omitia ou relegava os demais a um plano se- ção para a administração geral são as funções adminis-
cundário. trativas – prever, organizar, comandar, coordenar e con-
Dentre as razões que contribuíram para o surgimento trolar – que são as próprias funções do administrador
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

das teorias da administração podemos destacar: ainda nos dias atuais.


- Consolidação do capitalismo (lógica de mercado) e Nesse modelo, a função administrativa difunde-se
de novos modos de produção e organização de tra- proporcionalmente a todos os níveis hierárquicos, dei-
balho, que levou ao processo de modernização da xando portanto de ser algo inerente à alta gerência.
sociedade (substituição da autoridade tradicional
pela autoridade racional-legal); - Administração Científica - Pressupostos de Fre-
- Crescimento acelerado da produção e força de traba- derick Taylor
lho desqualificada; • Organização Formal.
- Ausência de sistematização de conhecimentos em • Visão de baixo para cima; das partes para o todo.
gestão. • Estudo das Tarefas, Métodos, Tempo padrão.

2
• Salário, incentivos materiais e prêmios de produção. • Controlar: tudo corra de acordo com as regras.
• Sistema fechado: foco nos processos internos e
operacionais. 2.2. Princípios Gerais da Administração Clássica
• Padrão de Produção: eficiência, racionalidade. • Divisão do Trabalho: especializar funções;
• Divisão equitativa de trabalho e responsabilidade • Autoridade e Responsabilidade: direito de mandar e
entre direção e operário. poder de se fazer obedecer;
• Ser humano egoísta, racional e material: homo eco- • Disciplina: estabelecer convenções, formais e infor-
nomicus; mais com seus agentes, para trazer obediência e
• Estudo de Tempos e Movimentos e Métodos; respeito;
• Desenho de Cargos e Tarefas; • Unidade de comando: recebimento de ordens de
• Seleção Científica do Trabalhador (eliminação de to- apenas um superior – princípio escalar;
dos que não adotem os métodos); • Unidade de direção: um só chefe e um só programa
• Preocupação com Fadiga e com as condições de para um conjunto de operações que tenham o mes-
mo objetivo;
trabalho;
• Subordinação do particular ao geral: O interesse da
• Padronização de instrumentos de trabalho;
empresa deve prevalecer ao interesse individual;
• Divisão do Trabalho e Especialização;
• Remuneração do pessoal: premiar e recompensar;
• Supervisão funcional: autoridade relativa e dividida • Centralização: concentrar autoridade no topo;
a depender da especialização e da divisão de tra- • Cadeia escalar ou linha de comando: linha de autori-
balho. dade que vai do topo ao mais baixo escalão;
• Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em
2. Princípios da Administração Científica seu lugar;
• Equidade: tratar de forma benevolente e justa;
• Desenvolvimento de uma ciência de Trabalho: • Estabilidade: manter as pessoas em suas funções
uma investigação científica poderá dizer qual a ca- para que possam desempenhar bem;
pacidade total de um dia de trabalho, para que os • Iniciativa: liberdade de propor, conceber e executar;
chefes saibam a capacidade de seus operários; • Espírito de equipe: harmonia e união entre as pes-
• Seleção e Desenvolvimento Científicos do Empre- soas.
gado: para atingir o nível de remuneração prevista
o operário precisa preencher requisitos; Comparativo entre Administração Científica e Escola
• Combinação da Ciência do trabalho com a Se- Clássica
leção do Pessoal: os operários estão dispostos a Enquanto a administração científica preocupava-se
fazer um bom trabalho, mas os velhos hábitos da na melhoria da produtividade no nível operacional a ges-
administração resistem à inovação de métodos; tão administrativa preocupava-se com a organização em
• Cooperação entre Administração e Empregados: geral e a busca da efetividade.
uma constante e íntima cooperação possibilitará
a observação e medida sistemática do trabalho e 3. Abordagem burocrática
permitirá fixar níveis de produção e incentivos fi-
nanceiros Defendida por Max Weber, que é considerado o “pai
da burocracia”, também tem como base a estrutura or-
2.1. Princípios de Taylor ganizacional.
• Princípio da separação entre o planejamento e a
Weber distingue três tipos de sociedade e autorida-
execução;
des legítimas:
• Princípio do preparo;
• Tradicional: patrimonial, patriarcal, hereditário e de-
• Princípio do controle; legável.
• Princípio da exceção. • Carismática: personalística, mística.
• Legal, racional ou burocrática: impessoal, formal,
Teoria Clássica – Pressupostos de Henry Fayol meritocrática.
• Anatomia – estrutura.
• Fisiologia – funcionamento. Outro ponto destacado por Weber é a distinção entre
• Visão de cima para baixo; do todo para as partes. Autoridade e Poder.
• Funções da Empresa: Técnica, Comercial, Financeira, • Autoridade: probabilidade de que um comando ou
Segurança, Contábil, Administrativa (coordena as ordem específica seja obedecido – poder oficializa-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

demais). do.
• Abordagem Prescritiva e Normativa. • Poder: potencial de exercer influência sobre outros,
imposição de arbítrio de uma pessoa sobre outras.
Funções da Administração Clássica - processo or-
ganizacional A Burocracia surge na década de 40 em razão da fra-
• Prever: adiantar-se ao futuro e traçar plano de ação; gilidade da teoria clássica e relações humanas, buscando
• Organizar: constituir o organismo material e social organizar de forma estável, duradoura e especializada a
da empresa; cooperação de indivíduos, apresentando uma aborda-
• Comandar: dirigir o pessoal; gem descritiva e explicativa, mantendo foco interno e
• Coordenar: ligar, unir e harmonizar os esforços; estudando a organização como um todo.

3
Principais características: • Fronteiras ou limites: define a área da ação do siste-
• Caráter legal das normas; ma e o grau de abertura em relação ao meio am-
• Caráter formal das comunicações; biente;
• Divisão do trabalho e racionalidade; • Diferenciação: os sistemas tendem a criar funções
• Impessoalidade do relacionamento; especializadas – Integração (coordenação);
• Hierarquização da autoridade; • Equifinalidade: um sistema pode alcançar o mesmo
• Rotinas e procedimentos padronizados; estado final a partir de diferentes condições ini-
• Competência técnica e mérito; ciais;
• Especialização da administração – separação do pú- • Resiliência: determina o grau de defesa ou vulnera-
blico e privado; bilidade do sistema a pressões ambientais externas.
• Profissionalização: especialista, assalariado; segue • Holismo: o sistema só pode ser explicado em sua
carreira. globalidade;
• Sinergia: o todo é maior que a soma das partes;
Vantagens Principais: • Morfogênese: capacidade das organizações de mo-
• Racionalidade dificar a si mesmo e a estrutura;
• Precisão na definição do cargo • Fluxos: componentes que entram e saem do sistema
• Rapidez nas decisões (informação, energia, material);
• Univocidade de interpretação • Feedback: é a retroalimentação, como controle do
• Continuidade da organização: sistema, no qual os resultados retornam ao indiví-
• Redução do atrito entre pessoas duo, para que os procedimentos sejam analisados
• Constância e corrigidos;
• Confiabilidade • Homem Funcional: desempenha um papel específi-
• Benefícios para as pessoas co nas organizações, inter-relacionando-se com os
• O nepotismo é evitado, dificulta a corrupção. demais indivíduos.
A maior vantagem é a democracia: em razão da im-
4.1. Evolução da administração e reformas admi-
pessoalidade e das regras legais, que permitem igualda-
nistrativas
de de acesso.
A estruturação da Máquina Administrativa passou por
Desvantagens
sete períodos, vindo de um modelo patrimonial percebida
• Internalização das normas;
até década de 30, na sequencia veio a Era Vargas, onde ve-
• Excesso de formalismo e papelório;
mos o modelo burocrático e na segunda metade da década
• Resistência a mudanças;
• Despersonalização do relacionamento; de 90, deu início a implementação do modelo gerencial.
• Categorização do relacionamento;
• Superconformidade às rotinas e procedimentos; Podemos dividir essa estruturação em sete etapas,
• Exibição de sinais de autoridade; quais sejam:
• Dificuldades com clientes.
1) 1930 a 1945 – Burocratização da Era Vargas:
4. Abordagem sistêmica Nessa primeira etapa, em decorrência do Estado
patrimonial, da falta de qualificação técnica dos
Defendida por Ludwig Von Bertalanffy, a Teoria de servidores, da crise econômica mundial e da di-
Sistemas defende que os sistemas existem dentro de sis- fusão da teoria keynesiana, que pregava a inter-
temas; apresenta a Teoria da forma ou Gestalt; os Siste- venção do Estado na Economia, o governo auto-
mas abertos; tem um objetivo ou propósito; e as partes ritário de Vargas resolve modernizar a máquina
são interdependentes, provocando globalismo. administrativa brasileira através dos paradigmas
burocráticos difundidos por Max Weber. O auge
Características: dessas mudanças ocorre em 1936 com a criação
• Sistema é um conjunto ou combinação de partes, do Departamento Administrativo do Serviço Públi-
formando um todo complexo ou unitário; co (DASP), que tinha como atribuição modernizar
• Organização como sistema vivo: orgânico a máquina administrativa utilizando como instru-
• Comportamento não determinístico e probabilístico; mentos a afirmação dos princípios do mérito, a
• Interdependência entre as partes; centralização, a separação entre público e privado,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Entropia: característico dos sistemas fechados e or- a hierarquia, a impessoalidade, a rigidez e univer-
gânicos, estabelece que todas as formas de orga- salidade das regras e a especialização e qualifica-
nização tendem à desordem ou à morte; ção dos servidores.
• Negentropia ou Entropia negativa: os sistemas so-
ciais se reabastecem de energia, assegurando su- 2) 1956 a 1960 – A administração paralela de JK:
primento contínuo de materiais e pessoas; A administração paralela foi um artifício utilizado
• Homeostase dinâmica ou Estado Firme: regula o sis- pelo governo JK para atingir o seu Plano de Me-
tema interno para manter uma condição estável, tas e seguir seu projeto desenvolvimentista. Surgiu
mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico com a criação de estruturas alheias à Administra-
de ruptura e inovação; ção Direta.

4
3) 1967 – A reforma militar: Durante a ditadura Assim, partindo-se de uma perspectiva histórica, ve-
militar, a administração pública passa por novas rifica-se que a administração pública evoluiu através de
transformações, tais como: A ampliação da fun- três modelos básicos, que representam três reformas ad-
ção econômica do Estado com a criação de várias ministrativas que se destacam, quais sejam, a administra-
empresas estatais, a facilidade de implantação de ção pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial.
políticas – em decorrência da natureza autoritária Essas três formas se sucedem no tempo, sem que, no
do regime, e o aprofundamento da divisão da ad- entanto, qualquer uma delas seja inteiramente abando-
ministração pública, mais especificamente através nada.
do Decreto-Lei 200/67, que distinguiu claramente
a Administração Direta (exercida por órgãos dire-
5. Administração Pública Patrimonialista
tamente subordinados aos ministérios) da indireta
Na sociedade anterior ao capitalismo, o Estado apa-
(formada por autarquias, fundações, empresas pú- recia como um ente “privatizado”, no sentido de que não
blicas e sociedades de economia mista). Essa refor- havia uma distinção clara, por parte dos governantes,
ma trouxe modernização, padronização e norma- entre o patrimônio público e o seu próprio patrimônio
tização nas áreas de pessoal, compras e execução privado, não definia-se limites entre a res publica e a res
orçamentária, estabelecendo ainda, cinco princí- principis, ou seja, a “coisa pública” se confundia com o
pios estruturais da administração pública: planeja- patrimônio particular dos governantes, pois não havia
mento, coordenação, descentralização, delegação uma fronteira muito bem definida entre ambas.
de competências e controle. A corrupção e o nepotismo eram extremamente ca-
racterísticos nesse tipo de administração, tendo como
4) 1988 – A administração pública na nova Cons- foco atender o interesse particular dos soberanos e de
tituição: A nova Constituição da República Fede- seus auxiliares, ao invés de priorizar as necessidades co-
rativa do Brasil voltou a fortalecer a Administração letivas.
Direta instituindo regras iguais as que deveriam ser Quando surge o capitalismo e a democracia, o cená-
seguidas pela administração pública indireta, prin- rio acima perde espaço, passando a existir uma distinção
cipalmente em relação à obrigatoriedade de con- entre Estado e particular, não havendo mais espaço para a
cursos públicos para investidura na carreira e aos administração patrimonialista, ou seja, não cabe mais uma
administração que privilegiava uns poucos em detrimento
procedimentos de compras públicas.
de muitos.
5) 1990 – O governo Collor e o desmonte da má- 5.1. Administração Pública Burocrática
quina pública : Essa etapa da administração públi-
ca brasileira é marcada pelo retrocesso da máquina Surge como forma de combater a corrupção e o ne-
administrativa, o governo promoveu a extinção de potismo patrimonialista.
milhares de cargos de confiança, a reestruturação Como princípios de sua proposta temos a profissio-
e a extinção de vários órgãos, a demissão de outras nalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a im-
dezenas de milhares de servidores sem estabilida- pessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional
de e tantos outros foram colocados em disponi- legal.
bilidade. Segundo estimativas, foram retirados do A forma de controle é sempre a priori, ou seja, con-
serviço público, num curto período e sem qualquer trole dos procedimentos, das rotinas que devem nortear
planejamento, cerca de 100 mil servidores. a realização das tarefas, porem, como a historia ante-
rior gerava desconfiança prévia nos administradores pú-
6) 1995/2002 – O gerencialismo da Era FHC: A re- blicos e nos cidadãos que a eles dirigem suas diversas
forma administrativa foi o ícone do governo Fer- demandas sociais, esses controles rígidos de processos
nando Henrique Cardoso em relação à adminis- como, por exemplo, na admissão de pessoal, nas com-
pras e no atendimento aos cidadãos, passa a ser o foco
tração pública brasileira. A reforma gerencial teve
principal, descaracterizando a missão básica do modelo,
como instrumento básico o Plano Diretor da Re-
que é servir à sociedade.
forma do Aparelho do Estado (PDRAE), que visava A principal qualidade da administração pública bu-
à reestruturação do aparelho do Estado para com- rocrática é o controle dos abusos contra o patrimônio
bater, principalmente, a cultura burocrática. público; o principal defeito, a ineficiência, a incapacida-
de de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos como
7) Nova Administração Pública: O movimento “re- “clientes”.
inventando o governo” difundido nos EUA e a re- Vale aqui destacar alguns comentários adicionais so-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

forma administrativa de 95, introduziram no Brasil bre o termo “Burocracia”, trazidos por Max Weber, que
a cultura do management, trazendo técnicas do na década de 20, publicou estudos sobre o que ele cha-
setor privado para o setor público e tendo como mou o tipo ideal de burocracia, ou seja, um esquema
características básicas: que procura sintetizar os pontos comuns à maioria das
● O foco no cliente organizações formais modernas, que ele contrastou com
● A reengenharia as sociedades primitivas e feudais. As organizações bu-
● Governo empreendedor rocráticas seriam máquinas totalmente impessoais, que
● Administração da qualidade total funcionam de acordo com regras que ele chamou de ra-
cionais – regras que dependem de lógica e não de inte-
resses pessoais.

5
Weber estudou e procurou descrever o alicerce for- A autoridade legal-racional ou autoridade burocrá-
mal-legal em que as organizações reais se assentam. Sua tica substituiu as fórmulas tradicionais e carismáticas
atenção estava dirigida para o processo de autoridade nas quais se baseavam as antigas sociedades. A admi-
obediência (ou processo de dominação) que, no caso das nistração burocrática é a forma mais racional de exercer
organizações modernas, depende de leis. No modelo de a dominação. A burocracia, ou organização burocrática,
Weber, as expressões “organização formal” e “organiza- possibilita o exercício da autoridade e a obtenção da
obediência com precisão, continuidade, disciplina, rigor
ção burocrática” são sinônimas.
e confiança.
“Dominação” ou autoridade, segundo Weber, é a
Portanto, todas as organizações formais são buro-
probabilidade de haver obediência dentro de um grupo cracias. A palavra burocracia identifica precisamente as
determinado. Há três tipos puros de autoridade ou do- organizações que se baseiam em regulamentos. A so-
minação legítima (aquela que conta com o acordo dos ciedade organizacional é, também, uma sociedade bu-
dominados): rocratizada. A burocracia é um estágio na evolução das
organizações.
- Dominação de caráter carismático De acordo com Weber, as organizações formais mo-
Repousa na crença da santidade ou heroísmo de dernas baseiam-se em leis, que as pessoas aceitam por
uma pessoa. A obediência é devida ao líder pela acreditarem que são racionais, isto é, definidas em fun-
confiança pessoal em sua revelação, heroísmo ou ção do interesse das próprias pessoas e não para satisfa-
exemplaridade, dentro do círculo em que se acre- zer aos caprichos arbitrários de um dirigente.
dita em seu carisma. O tipo ideal de burocracia, formulado por Weber,
apresenta três características principais que diferenciam
A atitude dos seguidores em relação ao dominador
estas organizações formais dos demais grupos sociais:
carismático é marcada pela devoção. Exemplos são
• Formalidade: significa que as organizações são
líderes religiosos, sociais ou políticos, condutores constituídas com base em normas e regulamentos
de multidões de adeptos. O carisma está associado explícitos, chamadas leis, que estipulam os direitos
a um tipo de influência que depende de qualida- e deveres dos participantes.
des pessoais. • Impessoalidade: as relações entre as pessoas que
integram as organizações burocráticas são gover-
- Dominação de caráter tradicional nadas pelos cargos que elas ocupam e pelos di-
Deriva da crença quotidiana na santidade das tradi- reitos e deveres investidos nesses cargos. Assim, o
ções que vigoram desde tempos distantes e na que conta é o cargo e não a pessoa. A formalidade
legitimidade daqueles que são indicados por essa e a impessoalidade, combinadas, fazem a burocra-
tradição para exercer a autoridade. cia permanecer, a despeito das pessoas.
A obediência é devida à pessoa do “senhor”, indica- • Profissionalismo: os cargos de uma burocracia ofe-
recem a seus ocupantes uma carreira profissional e
do pela tradição. A obediência dentro da família,
meios de vida. A participação nas burocracias tem
dos feudos e das tribos é do tipo tradicional. Nos
caráter ocupacional.
sistemas em que vigora a dominação tradicional, Apesar das vantagens inerentes nessa forma de orga-
as pessoas têm autoridade não por causa de suas nização, as burocracias podem muitas vezes apre-
qualidades intrínsecas, como acontece no caso ca- sentar também uma série de disfunções, conforme
rismático, mas por causa das instituições tradicio- a seguir:
nais que representam. É o caso dos sacerdotes e • Particularismo – Defender dentro da organização
das lideranças, no âmbito das instituições, como os interesses de grupos internos, por motivos de con-
partidos políticos e as corporações militares. vicção, amizade ou interesse material.
• Satisfação de Interesses Pessoais – Defender inte-
- Dominação de caráter racional resses pessoais dentro da organização.
Decorre da legalidade de normas instituídas racio- • Excesso de Regras – Multiplicidade de regras e exi-
nalmente e dos direitos de mando das pessoas a gências para a obtenção de determinado serviço.
• Hierarquia e individualismo – A hierarquia divi-
quem essas normas responsabilizam pelo exercício
de responsabilidades e atravanca o processo de-
da autoridade. A autoridade, portanto, é a contra-
cisório. Realça vaidades e estimula disputas pelo
partida da responsabilidade. poder.
No caso da autoridade legal, a obediência é devida às • Mecanicismo – Burocracias são sistemas de cargos
normas impessoais e objetivas, legalmente instituí- limitados, que colocam pessoas em situações alie-
das, e às pessoas por elas designadas, que agem nantes.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

dentro de uma jurisdição. A autoridade racional


fundamenta-se em leis que estabelecem direitos Portanto, as burocracias apresentam dois grandes
e deveres para os integrantes de uma sociedade “problemas” ou dificuldades: em primeiro lugar, certas
ou organização. Por isso, a autoridade que Weber disfunções, que as descaracterizam e as desviam de seus
chamou de racional é sinônimo de autoridade for- objetivos; em segundo lugar, ainda que as burocracias
mal. não apresentassem distorções, sua estrutura rígida é
adequada a certo tipo de ambiente externo, no qual não
Uma sociedade, organização ou grupo que depende há grandes mudanças. A estrutura burocrática é, por na-
de leis racionais tem estrutura do tipo legal-racional ou tureza, conservadora, avessa a inovações; o principal é a
burocrática. É uma burocracia. estabilidade da organização.

6
Mas, como vimos, as mudanças no ambiente exter- A administração pública gerencial inspira-se na ad-
no determinam a necessidade de mudanças internas, e ministração de empresas, mas não pode ser confundida
nesse ponto o paradigma burocrático torna-se superado. com esta última. Enquanto a administração de empresas
está voltada para o lucro privado, para a maximização
6. Administração Pública gerencial dos interesses dos acionistas, esperando-se que, através
do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a admi-
Surge na segunda metade do século XX, como res- nistração pública gerencial está explícita e diretamente
posta à expansão das funções econômicas e sociais do Es- voltada para o interesse público.
tado e ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da Neste último ponto, como em muitos outros (pro-
economia mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra fissionalismo, impessoalidade), a administração pública
os problemas associados à adoção do modelo anterior. gerencial não se diferencia da administração pública bu-
Torna-se essencial a necessidade de reduzir custos rocrática. Na burocracia pública clássica existe uma no-
ção muito clara e forte do interesse público. A diferença,
e aumentar a qualidade dos serviços, tendo o cidadão
porém, está no entendimento do significado do interesse
como beneficiário, resultando numa maior eficiência da
público, que não pode ser confundido com o interesse
administração pública. A reforma do aparelho do Estado
do próprio Estado. Para a administração pública burocrá-
passa a ser orientada predominantemente pelos valores
tica, o interesse público é frequentemente identificado
da eficiência e qualidade na prestação de serviços públi-
com a afirmação do poder do Estado.
cos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas
A administração pública gerencial vê o cidadão como
organizações.
contribuinte de impostos e como uma espécie de “clien-
A administração pública gerencial constitui um avan- te” dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado
ço, e até certo ponto um rompimento com a adminis- são considerados bons não porque os processos admi-
tração pública burocrática. Isso não significa, entretanto, nistrativos estão sob controle estão seguros, como quer
que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a ad- a administração pública burocrática, mas porque as ne-
ministração pública gerencial está apoiada na anterior, cessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.
da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus O paradigma gerencial contemporâneo, fundamen-
princípios fundamentais, como: tado nos princípios da confiança e da descentralização
• A admissão segundo rígidos critérios de mérito da decisão, exige formas flexíveis de gestão, de estrutu-
(concurso público); ras, descentralização de funções, incentivos à criatividade.
• A existência de um sistema estruturado e universal Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do rigor técnico
de remuneração (planos de carreira); da burocracia tradicional. À avaliação sistemática, à recom-
• A avaliação constante de desempenho (dos funcio- pensa pelo desempenho, e à capacitação permanente, que
nários e de suas equipes de trabalho); já eram características da boa administração burocrática,
• O treinamento e a capacitação contínua do corpo acrescentam-se os princípios da orientação para o cida-
funcional. dão-cliente, do controle por resultados, e da competição
administrada.
A diferença fundamental está na forma de controle,
que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se 7. A nova gestão pública.
nos resultados. A rigorosa profissionalização da adminis-
tração pública continua sendo um princípio fundamental. Nas últimas décadas, a administração pública brasileira
passou por grandes transformações, sobretudo como par-
Na administração pública gerencial a estratégia vol- te do trânsito para a democracia. Desenvolveram-se novas
ta-se para: práticas e expectativas de modernização, mas muitas de
1. A definição precisa dos objetivos que o administra- suas características tradicionais não foram removidas.
dor público deverá atingir sua unidade; A Revista de Administração Pública (RAP) surgiu numa
2. A garantia de autonomia do administrador na ges- época em que a administração pública possuía forte
tão dos recursos humanos, materiais e financeiros presença na sociedade, não só por causa das funções
que lhe forem colocados à disposição para que de controle não-democrático, mas também porque se
possa atingir os objetivos contratados; procurava o desenvolvimento com base em projetos
3. O controle ou cobrança posterior dos resultados. públicos de grande escala. Pensava-se que a própria ex-
pansão do Estado fosse suficiente para garantir mais e
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Adicionalmente, pratica-se a competição administrada melhores serviços, bem como maior acesso comunitário
no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade e equidade nas decisões distributivas. Nesse sentido, nos
de estabelecer concorrência entre unidades internas. primeiros 20 anos da RAP, a administração pública teve
No plano da estrutura organizacional, a descentrali- crescimento considerável.
zação e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se es- No entanto, a experiência histórica revelou que sim-
senciais. Em suma, afirma-se que a administração pública plesmente expandir as atividades do Estado e as funções
deve ser permeável à maior participação dos agentes serviu menos ao propósito de alcançar maior equidade
privados e/ou das organizações da sociedade civil e des- e eficácia na administração pública do que ao desenvol-
locar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resul- vimento de formas de inserção de novos grupos prefe-
tados (fins). renciais.

7
Nessa época descrevia-se a administração pública bra- o acesso a recursos públicos para reforçar a lealdade
sileira pelos seus aspectos mais patrimonialistas e pater- política de base e preservar a liderança sobre determina-
nalistas. Viam-se as suas relações com a sociedade como dos setores da comunidade. Esses recursos são utilizados
extremamente frágeis. Na verdade, a administração pública para satisfazer não somente interesses políticos de poder
desenvolveu-se como um dos grandes instrumentos para a como também interesses sociais e particulares. Tais grupos
manutenção do poder tradicional, e carregava fortes caracte- dominam máquinas partidárias para evitar que alternativas de
rísticas desse poder. A forma de organização e gestão obedecia política pública, contrárias aos seus interesses, sejam considera-
menos a critérios técnicos racionais e democráticos para a pres- das no processo decisório governamental. Controlam estruturas
tação de serviços e mais a sistemas de loteamento político, para burocráticas de governo para garantir, durante longos períodos,
manter coalizões de poder e atender a grupos preferenciais. o uso preferencial de grandes fatias do orçamento público.
Em grande parte, a expansão do Estado se fez sem O uso de recursos públicos é o mecanismo básico de
alterar substancialmente suas relações com a sociedade. preservação do poder: são utilizados menos para atender
Por ter ainda alicerces frágeis na sociedade, o Estado bra- a demandas e necessidades reais da comunidade e mais
sileiro, como organização, consiste ainda em uma supe- para a troca de favores e os interesses particulares do
restrutura que flutua sobre os cidadãos. grupo. Como a lealdade aos membros do grupo é maior
do que à instituição pública, tais grupos são capazes de
A formalidade institucional possui limites para ex- manter a coalizão a qualquer custo, inclusive às expensas
plicar a evolução da administração pública brasileira. Fa- do aumento dos gastos governamentais.
tores de informalidade prevalecem e determinam muito Normalmente, esses grupos preferem dominar as
do que se decide e se executa na administração brasilei- áreas sociais por serem mais diretamente ligadas às
ra, compreendendo seus três níveis de governo: federal, maiores demandas da população. Setores sociais são pri-
estadual e municipal. Por estarem inseridos na cultura vilegiados para o exercício do assistencialismo paterna-
sociopolítica do país, esses fatores não são facilmente lista; propiciam ao líder do grupo o exercício da “bonda-
removíveis ou contornados por meio de reformas admi- de” por meio da concessão de benefícios e favores com
nistrativas de lógica racional burocrática. o dinheiro público. Assim, os líderes políticos e dirigentes
Fatores de informalidade continuam a chamar a aten- públicos podem favorecer segmentos da população sob
ção dos estudiosos e analistas da gestão pública, além sua influência, fazendo-os crer que o benefício concedi-
de ser retratados cotidianamente na mídia como práticas do é uma concessão pessoal do líder, e não um direito
comuns de gestão. São exemplos marcantes o persona- individual ou um valor de cidadania. O resultado final é o
lismo paternalista e a presença de grupos preferenciais reforço do poder e da liderança tradicionais.
que se organizam por fora das instituições, mas que pro- Vale ressaltar que esses grupos que se inserem e do-
curam manter fortes relações com o Estado. Esses fatores minam setores da administração pública não são peque-
distanciam os cidadãos da gestão pública, desenvolven- nos grupos de aproveitadores ou perturbadores margi-
do a síndrome nós-eles. nais da ordem administrativa; são grupos organizados e
No entanto, o personalismo elitista concorre para en- institucionalizados dentro do sistema político. Transfor-
fraquecer substancialmente as instituições. Estas existem mam o Estado num campo minado de lutas políticas, mas
em função das pessoas que as dirigem, e a mudança da mantidas nos limites das estruturas formais para não ferir
pessoa no topo muda profundamente políticas e com- a estabilidade e legitimidade do sistema. Por esse motivo,
promissos institucionais. as discórdias são bem toleradas e, de preferência, confina-
Na administração pública, dirigentes, normalmen- das à arena política predeterminada, que é o Estado.
te prepostos de líderes políticos, tendem a inserir suas Visto segundo uma lógica da gestão moderna, o sis-
opções pessoais como fator diferenciador. Desprezam, tema administrativo pode parecer altamente irracional,
assim, não só o racionalmente instituído como também mas para os grupos preferenciais que dele se servem
opções e conquistas de seus antecessores. A desconti- representa um sistema lógico e altamente racional. Ba-
nuidade é justificada como necessária à inovação. Na seia-se em valores e práticas tradicionais: assenta grande
verdade, resulta mais em garantir acesso a novos grupos parte do poder político no distanciamento autoritário, no
de poder e ressaltar a liderança de uma pessoa e menos paternalismo e no exercício da bondade.
em modernizar a gestão. Compromissos formais institu- E esses grupos não criam rupturas nas dimensões for-
cionalmente estabelecidos necessitam ser renegociados mais da administração pública. Procuram seguir os pas-
a cada novo dirigente. Na verdade, não há contratos com sos formais, mas repletos de acomodação, concessões
instituições, mas com pessoas. O personalismo fragiliza e opções de natureza paternalista. Por terem lealdade
as instituições públicas, deixando-as altamente vulnerá- quase nula à instituição pública, circulam facilmente en-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

veis e dependentes da pessoa de um único dirigente. tre as repartições, procurando obter melhores benefícios,
A administração pública era em grande parte domina- indiferentes aos danos que causam, tanto ao interesse
da por grupos preferenciais que visavam garantir seus in- quanto ao orçamento público.
teresses e a proteção mútua de seus membros. Apesar da Os cidadãos passam a ser receptores passivos da
modernização, muitos desses grupos ainda se aglutinam bondade. Ao receber benefícios, veem seus líderes e di-
no aparato estatal em busca de recursos para garantir rigentes como os mais bondosos e por isso merecedores
sua sobrevivência. Inserem-se em órgãos administrativos de reconhecimento e apoio político.
por meios formais — ocupação de cargos de direção —,
mas também informalmente, por meio de redes de apoio
e de interação ligadas por laços de lealdade. Procuram

8
8. A era pós-Constituição: a redemocratização e as transformar e introduzir na gestão pública o estilo priva-
novas conquistas constitucionais do. Além de ampliarem a importação de técnicas típicas
da área privada, propõem sempre com grande ênfase
Com a redemocratização, a inspiração neoliberal e as eliminação, privatização e terceirização de serviços.
referências das inovações oriundas de países mais avan- Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as
çados, os movimentos de reforma procuravam centrar-se ideias sobre reformar a administração, com premissas
nas especificidades das diversas organizações públicas, à de radicalismo e promessas de eficiência imediata, são
semelhança das mudanças na área privada. A perspectiva sempre atraentes, dadas as dificuldades que os cidadãos
básica era a eficiência e capacidade de resposta da admi- enfrentam em tratar de seus interesses em qualquer or-
nistração pública e melhora da gerência pública. Passou- ganização pública. Ao entrar em contato com uma repar-
-se a questionar o tradicionalismo da administração pú- tição pública, a maioria dos cidadãos experimenta uma
blica, mas incorporando os fundamentos democráticos história de relativo descaso e má qualidade no atendi-
implantados na nova Constituição, como a subordinação mento, sobretudo na área social. Para essas pessoas, a
da administração pública a mandatos políticos conquis- ineficiência no serviço é um sintoma de iniquidade social,
tados em eleições democráticas. já que os mais afortunados normalmente dispõem de
Em períodos não-democráticos, as tentativas de apa- outros meios.
rência tecnocrática ofuscaram muitos dos problemas de Ao imitar a gestão privada, as propostas contemporâ-
embates políticos, não porque deixassem de existir, mas neas assumem a singularidade do cliente e suas deman-
porque havia sempre um lado repressor. das como fundamentais na gestão pública. Por presu-
Com as novas inspirações ideológicas, começou-se a mirem a validade universal do management e, portanto,
delinear a ideia de que os governos não poderiam so- sua aplicabilidade igualmente às organizações públicas e
zinhos conduzir ao progresso. O desenvolvimento pas- privadas, veem a reforma como uma simples questão de
sou a ser visto como algo complexo e gigantesco, e as modernização gerencial. Antes de planejar suas ações ou
máquinas administrativas tradicionais não como fator de oferta de serviços, as organizações públicas devem co-
modernização, mas obstáculos ao progresso. Surgiram nhecer as demandas de sua clientela. A organização pú-
movimentos significativos, em muitos países e apoiados blica existe para servir o indivíduo: deve centralizar suas
por entidades internacionais, para proclamar a descrença ações na demanda do cliente e na sua escolha. Como no
nas possibilidades da administração pública de conduzir mercado, cliente é categoria primordial, e deve ser consi-
o desenvolvimento. derado em todas as instâncias.
Reduzir o tamanho do Estado e modernizar a adminis- Essa ideologia veio contaminada e reforçada pelos
tração pública tornaram-se pontos importantes de uma valores dos países mais avançados, onde o individua-
nova agenda política. Ao contrário das experiências ante- lismo fundamentado na igualdade das oportunidades
riores, essa modernização se inspirou fortemente nos mo- constitui uma prática social comum. Por isso esses mo-
delos de gestão privada, considerados superiores e mais delos centram-se mais no indivíduo (clientes e funcioná-
eficazes. rios) e menos no contexto. A ideologia liberal centrada
Assim, as principais mudanças seriam transferir fun- no indivíduo valoriza a iniciativa, o espírito empreende-
ções estatais para a área privada e as restantes seriam dor e o desempenho e realização individuais. As pessoas
administradas com formas o mais próximo possível das se singularizam perante os outros pelo seu desempenho
praticadas nas empresas privadas. e merecem ser tratadas diferentemente pelas desigual-
Tendo a representação democrática como premissa, dades conquistadas. Assim, métodos de avaliação de
tentou-se valorizar as técnicas administrativas e a com- desempenho individual e organizacional passaram a ser
petência neutra dos servidores, presumindo sempre a propostos com maior vigor.
sua ação por delegação política e não por autonomia
própria. A administração eficiente seria consequência Tais ideias de reforma não progrediram com a ênfase
natural de instrumentos gerenciais, como estruturas e desejada porque esbarraram em fatores históricos tradi-
códigos de procedimentos adequados e boas regras or- cionais ainda prevalecentes e que não se coadunam com
çamentárias e gestão de pessoal. Pela falta de eficiência, práticas neoliberais.
culpavam-se a inadequação das estruturas e dos proce- Ainda prevalece e se reforça a visão de ser a admi-
dimentos e a inabilidade dos próprios servidores. Ajustes nistração pública responsável por reduzir a desigualda-
administrativos seriam feitos de acordo com novos pro- de social tanto por medidas desenvolvimentistas quanto
pósitos políticos, adquiridos em eleições, ou com novas por programas sociais compensatórios.
tecnologias administrativas. As reformas preservavam as Na prática neoliberal de países mais avançados, a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

estruturas organizacionais, favoreciam a rigidez dos có- gestão pública deve agir no sentido de manter a igualda-
digos administrativos, e algumas propostas mais auda- de perante a lei e de garantir oportunidades iguais, salvo
ciosas propunham maior descentralização e autonomia nos casos em que as chances não são claramente iguais.
organizacional. Entretanto, não se questionava funda- Programas sociais se justificam mais facilmente pela de-
mentalmente a administração pública, senão sua inefi- sigualdade de oportunidades do que pela compensação
ciência ou iniquidade. de diferenças de desempenho.
Em grande parte, essas reformas colocavam em cau- A permanência de fortes relações com grupos prefe-
sa a própria viabilidade da administração pública como renciais faz a administração brasileira ser retratada ainda
condutora de eficiência ou de eficácia na gestão de servi- como de grande base patrimonialista. As relações patri-
ços e na ação redistributiva. Os novos modelos procuram moniais contradizem não somente as possibilidades de

9
uma administração modernizada no sentido mais amplo Ultimamente parece se ter reforçado a ilusão tradicional
do interesse público como também as práticas liberais de que uma nova qualidade da decisão ou uma nova legiti-
tão proclamadas como a opção política dos últimos anos. midade da política pública seriam suficientes para produzir
Como a administração pública e a cultura tradicional maior eficiência na administração pública. Dessa forma, não
são ainda bastante interligadas, apesar dos progressos seria necessário pensar em grandes reformas administra-
na modernização institucional, os relatos cotidianos na tivas porque a nova direção faria naturalmente a máquina
mídia ainda demonstram forte ligação da coisa pública administrativa responder com maior produtividade e qua-
com interesses privados de grupos preferenciais. lidade. Presume-se, assim, que dificuldades administrativas
O mundo das relações informais é fundamentalmente
anteriores são simples produto de falta de legitimidade e
baseado no aspecto político tradicional, mas se ampliou
de apoio político mais amplo. Resolvidas essas questões por
pelo reforço de aspectos psicológicos culturais, como a
maior descrença dos cidadãos na representação política vitórias eleitorais, o resto seria decorrência natural.
e, em decorrência, nos órgãos da administração pública. Portanto, muitos novos dirigentes chegam às posi-
Com a crença reduzida nas instituições e na formalidade ções de direção político-administrativas para se frustrar
burocrática, buscam-se o informal e novas instituições rapidamente com a máquina burocrática: redescobrem
da sociedade, como associações de usuários, cidadãos que formas tradicionais de agir e de se comportar, culti-
e ONGs, para proteger interesses e direitos. Essas orga- vadas secularmente, não mudam por simples reposição
nizações e associações comunitárias diversas procuram da liderança administrativa.
contornar as instituições públicas existentes tentando Não resta dúvida de que houve no país uma amplia-
assumir tarefas antes vistas como exclusivas do Estado e ção da legitimação política: novos programas sociais
mesmo influenciar a gestão de órgãos públicos e a repre- rompem laços de grupos preferenciais tradicionais que
sentatividade política. dominavam paternalisticamente a redistribuição de be-
Favorecidas pela consciência popular sobre a inefi- nefícios. Novos canais de distribuição de recursos sociais
cácia da administração pública em relação à equidade retiram de grupos locais tradicionais o seu poder de pro-
política, econômica e social, essas novas associações e vedor único ou canal privilegiado de acesso ao poder.
organizações agregam um espírito de proteção de inte- Reconhecem-se nas comunidades novas lideranças e
resses da maioria para contrapor-se à crença de que as formas de obter benefícios. Destrói-se grande parte dos
instituições formais defendem e protegem interesses de
sistemas locais de acesso ao poder burocrático repondo-
uns poucos.
Na verdade, essas novas instâncias também agem no -os com novas lideranças. Pode-se arguir ser apenas uma
sentido de penetrar nas organizações públicas para de- troca de liderança, apenas a mudança de uma pessoa no
fender interesses de suas clientelas, por serem esses in- poder, mantendo-se porém o mesmo caráter paterna-
teresses julgados legítimos, mas desprezados pelas elites lista. De fato, parte das condições e formas tradicionais
administrativas. Praticam também a informalidade nas de distribuição, troca e lealdade se mantém. No entan-
relações pessoais para atingir seus objetivos. Mesmo se to, vale notar a troca de liderança feita fora dos grupos
aceitando uma contraposição legítima de fazer prevale- tradicionais de poder. Há novas dimensões de lealdade
cerem direitos não-reconhecidos, a prática da informali- fora do caciquismo tradicional. Há mais dificuldades de
dade excessiva, inclusive nesses casos, concorre para en- acesso e domínio dos cargos públicos locais e mais plu-
fraquecer as instituições democráticas de representação ralidade nas pelejas políticas.
política e de ação administrativa. Ademais, a nova lealdade aos provedores da ação
Assim, a administração pública brasileira ainda car- distributiva se transfere para líderes maiores não presen-
rega tradições seculares de características semifeudais tes na localidade e, portanto, não mais facilmente destru-
e age como um instrumento de manutenção do poder tíveis por novos ou antigos caciques locais. Somente no-
tradicional. Apesar do progresso em muitas instâncias de vos líderes nacionais ou regionais, de igual credibilidade,
governo, as formas de ação obedecem menos a razões poderiam, em princípio, repor essas lideranças.
técnico-racionais e mais a critérios de loteamento políti-
A modernização efetiva do Estado somente poderá ad-
co, para manter coalizões de poder e para atender a ob-
vir de formas que alterem o sistema de poder e o aglome-
jetivos de grupos preferenciais.
No Brasil contemporâneo, a democratização e os no- rado político que o constitui; em outras palavras, reformas
vos processos eleitorais e os dispositivos constitucionais que redistribuam os recursos de poder e alterem os canais
ajudam a levantar ou reacender expectativas sobre mais de comunicação entre o público e sua administração.
e melhores serviços, o que, aos poucos, provoca rupturas Em países em desenvolvimento, com experiências si-
nas estruturas políticas tradicionais e o surgimento de milares à brasileira, tem se verificado que as forças polí-
novas formas de gestão. ticas emergentes não chegam ao poder por retração vo-
No entanto, a crescente descrença nos mecanismos luntária dos grupos preferenciais. Novos espaços, regras
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

políticos tradicionais de representação e nas instituições e estruturas políticas que repartam e unam novos recur-
especializadas, como os partidos políticos, para apresen- sos de poder são necessários para garantir a representa-
tar novas alternativas de ação pública tem dificultado ção de novos grupos sociais.
esse progresso. Pode ser mais lenta a reversão da idéia Essa modernização da administração publica nos leva
de que os governos agem, prioritariamente, para benefi- à analise da nova gestão pública, que passa pela reforma
ciar grupos preferenciais e ajudar a manter a coalizão de do Estado, que se tornou tema central nos anos 90 em
poder. Mas já é notável o reconhecimento da quebra de todo o mundo, é uma resposta ao processo de globaliza-
algumas barreiras burocráticas tanto para a obtenção de ção em curso, que reduziu a autonomia dos Estados de
serviços rotineiros quanto para o recebimento de aten- formular e implementar políticas e principalmente à crise
ção social, como saúde e educação. do Estado, que começa a se delinear em quase todo o

10
mundo nos anos 70, mas que só assume plena definição No texto do MARE (1997), ainda se considera que,
nos anos 80. No Brasil, a reforma do Estado começou embora tenham sido valorizados instrumentos impor-
nesse momento, em meio a uma grande crise econômi- tantes à época, tais como o instituto do concurso público
ca, que chega ao auge em 1990 com um episódio hipe- e do treinamento sistemático, não se chegou a adotar
rinflacionário. A partir de então ela se torna imperiosa. O consistentemente uma política de recursos humanos que
ajuste fiscal, a privatização e a abertura comercial, que respondesse às necessidades do Estado. O patrimonialis-
vinham sendo ensaiados nos anos anteriores são então mo, contra o qual a administração pública burocrática se
atacados de frente (MARE, 1997). instalara, embora em processo de transformação, manti-
No entanto, a reforma administrativa, só se efetivou nha ainda sua própria força no quadro político brasileiro.
como tema central no Brasil em 1995, após a eleição e a A expressão local do patrimonialismo - o coronelismo -
posse de Fernando Henrique Cardoso. Nesse ano ficou dava lugar ao clientelismo e ao fisiologismo e continuava
claro para a sociedade brasileira que essa reforma tor- a permear a administração do Estado brasileiro.
nara-se condição, de um lado, da consolidação do ajuste A administração pública burocrática foi adotada para
fiscal do Estado brasileiro e, de outro, da existência no substituir a administração patrimonialista, que caracteri-
país de um serviço público moderno, profissional e efi- zou as monarquias absolutas, na qual o patrimônio pú-
ciente, voltado para o atendimento das necessidades dos blico e o privado eram confundidos.
cidadãos. O nepotismo e o empreguismo, senão a corrupção
Outra consideração foi na área da desregulamenta- era a norma. Tornou-se assim necessário desenvolver um
ção, quando a proposta era a de reduzir as regras e in- tipo de administração que partisse não apenas da cla-
tervenção do Estado aos aspectos onde ela é absoluta- ra distinção entre o público e o privado, mas também
mente necessária. Na reforma administrativa, toda uma da separação entre o político e o administrador público
série de medidas contribuíram para diminuir o chamado (MARE, 1997).
“entulho burocrático” - disposições normativas excessi- Surge assim a administração burocrática moderna,
vamente detalhadas, que só contribuem para o engessa- racional-legal; a organização burocrática capitalista, ba-
mento da máquina e muitas vezes à sua intransparência seada na centralização das decisões, na hierarquia tradu-
zida no princípio da unidade de comando, os Dois Ob-
(BERETTA, 2007).
jetivos e os Setores do Estado na estrutura piramidal do
A maior contribuição da reforma administrativa está
poder, nas rotinas rígidas, no controle passo a passo dos
voltada à governança, entendida como o aumento da ca-
processos administrativos.
pacidade de governo, através da adoção dos princípios
Também surge a burocracia estatal formada por ad-
da administração gerencial:
ministradores profissionais especialmente recrutados e
Orientação da ação do Estado para o cidadão-usuário
treinados, que respondem de forma neutra aos políticos
de seus serviços; ênfase no controle de resultados atra-
(MARE, 1997 – CADERNO 3).
vés dos contratos de gestão; fortalecimento e autonomia Como a administração pública burocrática vinha
da burocracia no core das atividades típicas de Estado, combater o patrimonialismo e foi implantada no século
em seu papel político e técnico de participar, junto com XIX, no momento em que a democracia dava seus pri-
os políticos e a sociedade, da formulação e gestão de po- meiros passos, era natural que desconfiasse de tudo e
líticas públicas; separação entre as secretarias formula- de todos - dos políticos, dos funcionários, dos cidadãos
doras de políticas e as unidades executoras dessas políti- (MARE, 1997).
cas, e contratualização da relação entre elas, baseada no Segundo o MARE (1997), a administração pública ge-
desempenho de resultados; adoção cumulativa de três rencial parte do pressuposto de que já se chegou a um
formas de controle sobre as unidades executoras de po- nível cultural e político em que o patrimonialismo está con-
líticas públicas: controle social direto (através da transpa- denado e a democracia é um regime político consolidado.
rência das informações, e da participação em conselhos); Segundo Beretta (2007), são grandes os impactos
controle hierárquico gerencial sobre resultados (através pretendidos com a administração gerencial, no grau de
do contrato de gestão); controle pela competição admi- accountability (entendida como responsabilidade ou
nistrada, via formação de quase-mercados (BRESSER PE- intuito de prestar contas a sociedade) das instituições
REIRA, 1997, p. 42). públicas, e aqui se abrem a ligações entre governança e
Dessa forma, a reforma administrativa distingue-se governabilidade democrática.
das propostas de total ‘insulamento burocrático’, apro- Na concepção da atual reforma administrativa, a go-
ximando-se mais do conceito de ‘autonomia inserida’ de vernabilidade depende de várias dimensões políticas,
Peter Evans (1995, apud BERETTA, 2007). dentre elas a qualidade das instituições políticas quanto
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

à intermediação de interesses; a existência de mecanis-


9. Da Administração Burocrática à Gerencial mos de responsabilização (accountability) dos políticos e
burocratas perante a sociedade, a qualidade do contra-
A administração burocrática clássica, baseada nos to social básico. Essas dimensões remetem lato sensu à
princípios de administração do exército prussiano, foi reforma política, essencial à reforma do Estado no Brasil
implantada nos principais países europeus no final do sé- (BRESSER PEREIRA, 1997, p. 36).
culo passado e no Brasil, em 1936, com a reforma admi- A reforma gerencial da administração pública, ao
nistrativa promovida por Maurício Nabuco e Luís Simões modificar de maneira essencial as formas de controle no
Lopes. É a burocracia que Max Weber descreveu, basea- interior do aparato estatal, ao se referir sobre a alta buro-
da no princípio do mérito profissional (MARE, 1997). cracia e sobre as instituições públicas, dando ao mesmo

11
tempo maior transparência às decisões administrativas, somente através dela será possível dirigir política e admi-
mostrando-as à sociedade, e não apenas da própria bu- nistrativamente uma pessoa ou organização estatal com
rocracia, pode contribuir para o aumento da responsabi- objetividade, racionalidade e eficiência (SILVA, 2007).
lização dos administradores públicos. Para isto, a infor- A gestão pública, portanto, considerando o princípio
mação é insumo fundamental. E não há, aí, contraposição econômico da escassez, em que as demandas sociais são
entre aumento de eficiência e aumento de responsabili- ilimitadas e os recursos financeiros para satisfazê-las são
dade (BERETTA, 2007). escassos, deve priorizar a administração adequada, eficaz
Em síntese, a administração pública gerencial está e eficiente de tudo aquilo que for gerado no seio social,
baseada em uma concepção de Estado e de sociedade sempre tendo em vista o interesse do coletivo.
democrática e plural, enquanto que a administração pú- Somados ao conceito de gestão pública, é relevante
blica burocrática tem um vezo centralizador e autoritário. entender o que vem a ser o moderno dentro dessa aná-
O fato é que a reforma administrativa em curso não lise, portanto, usam-se as concepções de alguns auto-
é suficiente para superar as responsabilidades existentes res como Bueno e Oliveira (2002), que conceituam ser a
no país. Não pode, nem pretende de imediato, alterar modernização da administração carregada de objetivos
significativamente a composição do gasto público, ou a a serem cumpridos, como: combater o patrimonialismo e o
lógica orçamentária. clientelismo vigentes durante tantos anos; melhorar a qua-
Mas pode contribuir pelo menos quanto a um dos lidade da sua prestação de serviços à sociedade; aprimorar
lados perversos das políticas sociais: o mau uso dos re- o controle social; fazer mais ao menor custo possível, au-
cursos disponíveis. Pode também favorecer a construção mentando substancialmente a sua eficiência, pois não há
da governabilidade democrática, via maior transparência recursos infinitos disponíveis para o alcance de todas as
e responsabilidade do aparelho de Estado. demandas sociais, conforme conceituam. Neste sentido,
Garde (2001, apud Marques, 2003, p. 221), conceitua que:
10. Conceitos de gestão pública A nova Gestão Pública trata de renovar e inovar o fun-
cionamento da Administração, incorporando técnicas do se-
Muito se fala sobre gestão pública, mas poucas pes-
tor privado, adaptadas às suas características próprias, assim
soas conhecem o significado da expressão, e este assun-
como desenvolver novas iniciativas para o logro da eficiência
to é de muita importância ao administrador público, pois
econômica e a eficácia social, subjaz nela a filosofia de que
delimita, com absoluta clareza, o campo de sua atuação,
a administração pública oferece oportunidades singulares,
indicando-lhe o caminho certo no trato da coisa pública.
para melhorar as condições econômicas e sociais dos povos.
Para Santos, (2006) “gestão pública refere-se às fun-
Essa nova gestão se baseia na informação, cuja essência
ções de gerência pública dos negócios do governo”.
assume o caráter do conteúdo da ação de ter que ser transmi-
Assim, de acordo com Silva (2007) pode-se classificar,
de maneira resumida, o agir do administrador público tida, depois de analisada e armazenada, bem como ser libera-
em três níveis distintos: da, para que possa servir para as futuras tomadas de decisões,
a) atos de governo, que se situam na órbita política; para novo controle e para a subsequente avaliação.
b) atos de administração, atividade neutra, vinculada Assim, resume-se que a gestão pública moderna tem
à lei; como fundamento um conteúdo ético, moral e legal por
c) atos de gestão, que compreendem os seguintes parte daqueles que dela participam, tendo como objeti-
parâmetros básicos: vo a crença no resultado positivo da política pública a ser
I- tradução da missão; implementada e na credibilidade na administração públi-
II- realização de planejamento e controle; ca exercida pelos mesmos. É igualmente um componente
III- administração de R. H., materiais, tecnológicos e dela a existência de um conteúdo pleno de elementos
financeiros; tecnológicos que facilitem a utilização destes para ad-
IV- inserção de cada unidade organizacional no foco ministrar com potencial de eficácia e eficiência que se
da organização; e espera da Administração dos bens públicos.
V- tomada de decisão diante de conflitos internos e
externos. A Nova Gestão Pública…

Portanto, fica clara a importância da gestão pública FERLIE et al. (1999)


na realização do interesse público porque é ela que vai • A partir de uma revisão bibliográfica sobre a reforma
possibilitar o controle da eficiência do Estado na realiza- administrativa em diferentes países nas décadas de
ção do bem comum estabelecido politicamente e dentro 80 e 90, os autores evidenciam a existência de 4
das normas administrativas. (quatro) modelos da NPM que foram introduzidos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Infelizmente, a grande maioria dos agentes políticos no setor público.


desconhece totalmente esta importante ferramenta que • Utilizando-se do construto do tipo ideal weberiano,
está à sua disposição, resultando em gastos públicos ina- esses autores descrevem esses modelos, denomi-
dequados ou equivocados, ineficiências na prestação de nados de Impulso para a Eficiência, Downsizing e
serviços públicos e, sobretudo, no prejuízo financeiro e Descentralização, Em Busca da Excelência e Orien-
moral da sociedade. tação para o Serviço Público.
Portanto, o gestor público não precisa temer a ges- Modelo de Impulso para a Eficiência
tão pública, por receio de perda de poder político, mas Baseado na Economia Política do Tatcherismo (public
ao contrário, deve conhecê-la e utilizá-la como forma in- choice)
teligente de aumento de seu prestígio político porque

12
• Exacerbação dos controles financeiros
• Parametrização dos serviços públicos
• Foco na capacidade de resposta
• Incremento de produtividade

Modelo Downsizing e Descentralização


Associado a crise do paradigma das mega organizações públicas
• Processos de Privatização
• Redução de Hierarquia
• Busca de formas flexíveis na prestação do serviço público
• Gerenciamento em redes e parcerias (gestão de contratos)

Em Busca da Excelência
Rejeita o economicismo e adota a vertente gerencialista
• Cultura Organizacional (visão, liderança, comunicação)
• Gestão de Mudança
• Busca da Qualidade (TQM)
• Cidadão = Cliente (OSBORNE, GABLER, 1992).

Orientação para o Serviço Público


Propõe a criação de valor público (gerencialismo + democracia)
• Foco no usuário-cidadão (e não no cliente)
• Incorporação substantiva da participação política
• Transparência administrativa
• Desconcentração do poder e aprendizagem social

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

13
As Narrativas Político-Administrativas da Atualidade

Estado ativo Planejamento Estratégico e Provedor de Serviços Diversos

Estado eficiente e eficaz Administração pública como “negócio“, foco na melhoria


da prestação de serviços públicos, discurso anti burocra-
cia, orientação para o desempenho e o usuário, transfe-
rência de ações (Estado Rede)

Estado ativador e efetivo Criação de valor público, geração de capital social, engaja-
mento cívico capital social, engajamento cívico, coordena-
ção de atores público e privados, inclusão social, compar-
tilhamento de reponsabilidades

11. Pressupostos da Nova Gestão Pública

A prestação de serviços públicos e a provisão de políticas públicas deve orientar-se, complementarmente, pela
eficiência, eficácia e a efetividade.

Ex.: Vertente Gerencial

- Respeitando os Ditames Legais


- Articulando os interesses políticos
- Focando a Obtenção de Resultados
- Aperfeiçoando a Gestão Pública

Ex.: Vertente Gerencial


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

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Fonte: Coelho & Olenscki, 2005.

A (Re)configuração da Gestão Pública no Brasil (pós-90)


• Abertura comercial (Globalização)
• Organismos Internacionais
• (Re)definição do Quadro Fiscal
• Avanço da Redemocratização
• Controle Social (e Político) do Executivo
• Reforma do Estado
• Constituição de 1988

Num contexto de edificação de uma Nova Gestão Pública (teoria, práxis)


• Dimensão econômico-financeira
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Dimensão administrativa-institucional
• Dimensão sociopolítica

Gestão Pública (Gerencial) no Brasil - Experiência de reforma do Estado do MARE (1995) - Diagnóstico Insti-
tucional
• Centralização
• Controles Formais (legalidade)
• Falta de indicadores
• Ausência de informações
• Ausência de Controle Social

15
Objetivos da Reforma
• Aumentar a governança do Estado
• Limitar as funções do Estado
• Transferir da União para estados e municípios as ações de caráter local
• Reverter a crise de eficiência e confiabilidade
• Voltar a AP para o cidadão
• Fazer melhor e custar menos

Desafios imediatos do setor público brasileiro


_ o combate à corrupção
_ a superação do formalismo
_ a diminuição do clientelismo
_ o pacto federativo
_ a redução de desigualdades
_ aumento da eficiência sistêmica e da eficácia dos serviços públicos e da efetividade das políticas públicas (impor-
tância da gestão)

FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Organizações são instituições, sejam elas de personalidade jurídica ou física, privada ou pública, onde, pessoas que
compartilham de objetivos em comum, conseguem, através da execução de diversos procedimentos, embasados em
processos decisórios, atingir um resultado dentro da proposta que originou a criação dessa organização.
São vários os modelos de organização, porém, independente do modelo que possua, todas elas possuem três dife-
rentes níveis de gestão, conforme veremos na figura a seguir, conforme nos ensina Idalberto Chiavenato.

1.Habilidades gerenciais

Como já sabemos, a organização existe em função de um objetivo e, para que esse objetivo seja desenvolvido de fato,
precisamos nos ater à questão dos níveis de hierarquia e às competências e habilidades gerencias, de que forma isso é
representado na teoria, na prática e no comportamento individual de cada profissional envolvido na administração.

Para compreender a habilidade ideal para cada situação a dividimos em três classes:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

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1.1. Níveis Hierárquicos

Conforme a figura acima nos mostra, existem basicamente três níveis hierárquicos dentro de uma organização, que
são divididos em:

Essa divisão precisa ser o mais clara e definida possível dentro da organização, de forma que cada um tenha pleno
conhecimento do seu papel e responsabilidade, desenvolvendo suas competências de forma eficaz e alinhada.

Com base nos três níveis acima citados, veremos a seguir um quadro demonstrativo descritivo e relacional desses
níveis.

NÍVEIS
CARACTERÍSTICAS
ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL
 Unidade,
Abrangência  Instituição  Setor, Equipe
Departamento
 Presidência,  Diretoria,  Coordenação, Líder
Área
Alto Comitê Gerência Técnico
 Experiência,
Perfil  Visão, Liderança  Técnica, Iniciativa
Eficácia
Horizonte  Longo Prazo  Médio Prazo  Curto Prazo
Foco  Destino  Caminho  Passos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

 Planos de ação,
Diretrizes  Visão, Objetivo  Processos, atividades
projetos
 Abrangente,  Amplo, mas
Conteúdo  Específico, Analítico
Genérico sintético
 Determinar,  Projetar,  Executar, manter,
Ações
Definir, orientar Gerenciar Controlar, analisar
 Painel de
Software  Planilha  Aplicações específicas
Controle
Fonte: Marcio D’Ávila

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1.1.1. As Principais Habilidades Gerenciais são:
Atitude (Querer Fazer)
• Planejamento e Organização: O Gerente deverá Ter atitude e ações é fazer acontecer. São competên-
possuir a capacidade de planejar e organizar suas cias que permitem as pessoas interpretarem e julgarem a
próprias atividades e as do seu grupo, estabele- realidade e a si próprias. Na área gerencial veja algumas
cendo metas mensuráveis e cumprindo-as com atitudes que se destacam:
eficácia. • » Saber ouvir;
• Julgamento: O Gerente deverá ter a capacidade de • » Auto motivação;
chegar a conclusões lógicas com base nas evidên- • » Auto controle;
cias disponíveis. • » Dar e receber feedback;
• Comunicação Oral: Um Gerente deve saber se ex- • » Resolução de problemas;
pressar verbalmente com bons resultados em si- • » Determinação;
tuações individuais e grupais, apresentando suas • » Proatividade;
ideias e fatos de forma clara e convincente. • » Honestidade e ética nos negócios, etc.
• Comunicação Escrita: É a capacidade gerencial de
saber expressar suas ideias clara e objetivamente Conhecimento (Saber Fazer)
por escrito. O conhecimento é essencial para a realização dos
• Persuasão: O Gerente deve possuir a capacidade processos da organização. De acordo com o nível de
de organizar e apresentar suas ideias de modo a conhecimento de um gerente, existe o essencial, aque-
induzir seus ouvintes a aceitá-las. le que todo profissional deve saber, como dominar os
• Percepção Auditiva: O Gerente deve ser capaz de procedimentos, conceitos, informações necessários ao
captar informações relevantes, a partir das comu- funcionamento da empresa. E, aquele mais específico,
nicações orais de seus colaboradores e superiores. em que é necessário analisar os indivíduos e o contexto
• Motivação: Importância do trabalho na satisfação de trabalho.
pessoal e desejo de realização no trabalho.
• Impacto: É a capacidade de o Gerente criar boa Habilidades (Saber como Fazer)
impressão, captar atenção e respeito, adquirir con- Quando utilizamos o conhecimento da melhor for-
fiança e conseguir reconhecimento pessoal. ma, ele se torna uma habilidade. O conceito de habi-
• Energia: É a capacidade gerencial de atingir um lidade é variado. De acordo com alguns autores, para
alto nível de atividade (Garra). que um administrador possa conquistar uma posição de
• Liderança: É a capacidade do Gerente em levar o destaque, bem como saber administrar, defini-se a exis-
grupo a aceitar ideias e a trabalhar atingindo um tência das seguintes habilidades:
objetivo específico. » Técnicas - funções especializadas e ligadas ao traba-
lho operacional;
Para alguns autores, podemos resumir as habilidades » Conceituais - compreender a totalidade, ou seja, ter
necessárias para o desenvolvimento eficiente e eficaz na visão da empresa como um todo;
administração em: » Humanas - cultivar bons relacionamentos, sendo
um líder eficaz e eficiente.
1. Conhecimento – Estar a par das informações ne-
cessárias para poder desempenhar com eficácia as 1.2 Estrutura organizacional
suas funções.
Falar em estrutura organizacional é falar da forma
2. Habilidade – Estas podem ser divididas em: como as atividades e os recursos (de todos os tipos) se-
rão organizados para atingir o objetivo da organização,
• Técnicas (Funções especializadas) ou seja, a forma como serão alocados os recursos finan-
• Administrativas (compreender os objetivos organi- ceiros, materiais, humanos e todos os demais, dentro da
zacionais) divisão de tarefas, departamentos e cargos.
• Conceituais (compreender a totalidade) De acordo com Chiavenato a estrutura garante a to-
• Humanas (Relações Humanas), Políticas (Negocia- talidade de um sistema e permite sua integridade, assim
ção). são as organizações, diversos órgãos agrupados hierar-
quicamente, os sistemas de responsabilidade, sistemas
3. Atitude e Comportamento – Sair do imaginário de autoridade e os sistemas de comunicações são com-
e colocar em prática, fazer acontecer. Maneira de ponentes estruturais.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

agir, ponto de referência para a compreensão da


realidade. Existem vários modelos de organização e, essas, vá-
rios níveis de influência, podendo esses níveis ser estra-
1.2. As três dimensões da competência tégicos ou táticos, sendo ambos deveramente importan-
tes para a manutenção do controle organizacional.
As competências são formadas por três dimensões: As Organizações formais possuem uma estrutura hie-
atitude, conhecimento e habilidade. Cada dimensão é rárquica com suas regras e seus padrões, onde, através
independente, mas ambas estão interligadas. Ele afirma de seus organogramas, apresentam uma estrutura de-
ainda que o desenvolvimento das competências está na finida e dimensionada, facilitando a autonomia interna,
aprendizagem individual e coletiva. (Tommas Durand) agilizando o processo de desenvolvimento de produtos

18
e serviços. Elas apresentam cinco características básicas, a saber: divisão do trabalho, especialização, hierarquia,
amplitude administrativa e racionalismo da organização formal. Para atender a essas características que mudam
de acordo com as organizações, a organização formal pode ser estruturada por meio de três tipos: linear, funcional e
linha-staff, de acordo com os autores clássicos e neoclássicos”.
As organizações fazem uso do organograma que melhor representa sua realidade e, dentro de qualquer organograma,
considerar as diversidades de informações é muito importante, é preciso estar atento para sua relevância na tomada de
decisões. É necessário avaliar a qualidade da informação e saber aplicar em momentos oportunos.
Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há que se definir qual informação e como ela vai ser mantida no
sistema, deve haver um estudo no organograma da empresa verificando assim quais os dados e quais os campos vão ser
necessários para essa implantação. Cada empresa tem suas características e suas necessidades, e o sistema de informação
se adéqua a organização e aos seus propósitos.
Outro aspecto relevante na estrutura organizacional são as pessoas, tanto que, ao analisar a teoria das necessidades
de Maslow, observamos que as pessoas são sujeitos presentes em todos os níveis; conforme demonstrado na teoria,
em primeiro na base da pirâmide vem às necessidades fisiológicas, como: fome, sede sono, sexo, depois ele nomeia
segurança como o segundo item mais importante, estabilidade no trabalho, por exemplo, logo depois necessidades
afetivo sociais, como pertencer a um grupo, ter amigos, família; necessidades de status e estima, aqui podemos dar
como exemplo a necessidade das pessoas em ter reconhecimento, por seu trabalho por seu empenho, no topo Maslow
colocou as necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser, explorando
suas possibilidades.
O raciocínio de Viktor Frankl “vontade de sentido” também é coerente, ele nos atenta para o fato de que nem sempre a
pirâmide de Maslow ocorre em todas as escalas de uma forma sequencial, de acordo com ele, o que nos move é aquilo que
faz com que nossa vida tenha sentido, nossas necessidades aparecem de forma aleatória, são nossas motivações que nos
levam a agir. Os colaboradores são estimulados, fazendo o que gostam, as pessoas alocam mais tempo nas atividades em
que estão motivados. Sendo assim um funcionário trabalhando em uma determinada tarefa, pode sentir autorrealização
sem necessariamente ter passado por todas as escalas da piramide. Mas o que é realização para um, não é realização para
todas as pessoas. O ser humano é insaciável, quando realiza algo que desejou intensamente, logo cobiçara outras coisas.
Posto isto, concluímos que o comportamento das pessoas nas organizações afetam diretamente na imagem, no
sucesso ou insucesso da mesma, o comportamento dos colaboradores refletem seu desempenho.
Outro elemento presente na estrutura organizacional é o líder.
Esses são importantes no processo de sobrevivência no mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condição de
exercer, função, tarefa ou responsabilidade quando é responsável pelo grupo.
Um líder precisa ser motivado, competente, conseguir conquistar e conhecer as pessoas, ter habilidades e intercalar
objetivos pessoais e organizacionais.
A definição de como será a relação entre as linhas diretivas e a equipe pode causar impactos nos resultados obtidos
pela organização, por exemplo, no processo de centralização a tomada de decisões é unilateral, deixando os colabora-
dores travados, sem poder de opinião, enquanto no processo de descentralização existe maior estimulo por parte dos
funcionários, podendo opinar eles se sentem parte ativa da empresa.
Como vimos, a estrutura organizacional é uma composição de vários elementos e aspectos que, ao serem colocados
em prática, pode proporcionar um processo mais adequado de administração, através de resultados como vemos abaixo:
- Clareza na identificação de tarefas
- Melhor gestão do tempo e de recursos
- Alinhamento entre objetivos e desempenho
- Melhor clima organizacional

Benefícios de uma estrutura adequada.


- Identificação das tarefas necessárias;
- Organização das funções e responsabilidades;
- Informações, recursos, e feedback aos empregados;
- Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos;
- Condições motivadoras.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

19
1.3 Estrutura formal e informal

Toda empresa possui dois tipos de estrutura: Formal e informal.

1.3.1. Elaboração da estrutura organizacional


- Não é estática.
- É representada graficamente pelo organograma.
- É dinâmica.
- Deve ser delineada de forma a alcançar os objetivos institucionais.
- (Delinear = Criar, aprimorar).
- Deve ser planejada.

O Planejamento deve estar voltado para os seguintes objetivos:


- Identificar as tarefas físicas e mentais que precisam ser desempenhadas.
- Agrupar as tarefas em funções que possam ser bem desempenhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas ou
grupos.
- Proporcionar aos empregados de todos os níveis:
- Informação.
- Recursos para o trabalho
- Medidas de desempenho compatíveis com objetivos e metas
- Motivação

1.3.2. Desenvolvimento, implantação e avaliação de estrutura organizacional.


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

20
1.3.3. Componentes da estrutura organizacional

1.3.4. Condicionantes da estrutura organizacional

Destacamos ainda, sobre a implantação da estrutura organizacional, que três aspectos devem ser considerados,
quais sejam:
- A mudança na estrutura organizacional.
- O processo de implantação; e
- As resistências que podem ocorrer.

Para atender as características do mundo moderno, as tendências organizacionais atuais se caracterizam por:
- Cadeias de comando mais curtas (enxugar níveis hierárquicos).
- Menos unidade de comando (a subordinação ao chefe está sendo substituída pelo relacionamento horizontal em
direção ao cliente).
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

- Maior responsabilidade e autonomia às pessoas.


- Ênfase nas equipes de trabalho.
- Organizações estruturadas sobre unidades autônomas e autossuficientes, com metas e resultados a alcançar.
- Info-estrutura (permite uma organização integrada sem necessariamente estar concentrada em um único local).
- Preocupação maior com o alcance dos objetivos e metas do que com o comportamento variado das pessoas.
- Foco no negócio básico e essencial (enxugamento e terceirização visando reorientar a organização para aquilo
que ela foi criada).
- As pessoas deixam de ser fornecedoras de mão de obra para serem fornecedoras de conhecimentos capazes de
agregar valor ao negócio.

21
1.4 Tipos de organização

Podemos classificar organizações em tradicionais e contemporâneas e veremos abaixo os principais modelos.


Dentre as Estruturas Tradicionais temos as Organizações Linear, Funcional e Linha Staff conforme veremos abaixo.

ORGANIZAÇÃO LINEAR: A denominação “linear” indica que entre o superior e os subordinados existem linhas
diretas e únicas de autoridade e de responsabilidade

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL: nesse tipo de organização aplica-se o princípio funcional ou princípio da especiali-
zação das funções para cada tarefa.
Princípio funcional separa, distingue e especializa: é o germe do staff

ORGANIZAÇÃO LINHA-STAFF: resulta da combinação dos tipos linear e funcional, objetivando equilibrar o melhor
dos dois e corrigir desvantagens apresentadas por eles.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

É hoje o tipo organizacional mais adotado.


Na organização linha-staff temos dois órgãos distintos: órgão de execução (linha) e órgão de apoio (staff).

Principais Funções do Staff


- Serviços: atividades especializadas como: compras, pessoal, pesquisa, informática, propaganda, contabilidade, etc.
- Consultoria e assessoria: assistência jurídica, organização e métodos etc.
- Monitoramento: acompanhar e avaliar determinada atividade ou processo.
- Planejamento e controle: planejamento e controle orçamentário, controle de qualidade etc.

22
Já no conceito de Estruturas Contemporâneas temos as estruturas matriciais e as estruturas com base em projetos.

ESTRUTURA COM BASE EM PROJETOS - advém de desenvolvimento de projeto com um grupo de atividades com
tempo de duração pré-definido e profissional contratados especificamente para cada projeto.
Utilizado quando:
- Existem muitas pessoas/organizações interdependentes;
- Planos sujeitos a mudanças;
- Dificuldade de prognósticos;
- Exigência do cliente e
- Estrutura organizacional rígida.
- Para montar uma estrutura com base em projetos, a empresa precisa:
- Definir as funções do projeto;
- Montar a estrutura organizacional (organograma do projeto);
- Definir as atribuições das funções (responsabilidades e autoridades) e
- Alocar pessoal.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ORGANIZAÇÃO MATRICIAL: tipo de estrutura mista, indicada para organizações que desenvolvem projetos mas
que também adotam as estruturas divisional, funcional, staff entre outras, fazendo uso de diversas tecnologias.

23
1.5 Tipos de departamentalização

Departamentalização: Trata-se da divisão do trabalho por especialização dentro da estrutura organizacional da


empresa.
É o agrupamento de acordo com um critério específico de homogeneidade, das atividades e correspondente recur-
sos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em unidades organizacionais.
A forma de departamentalizar deve corresponder à configuração que a organização pretende trabalhar, podendo
esta adotar mais de uma forma de departamentalização.
1.5.1. Departamentalização por funções
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

24
1.5.2. Departamentalização por produto

1.5.3. Departamentalização territorial

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as necessidades singulares de sua área, mas exige coordenação e
controle da administração de cúpula em cada região.

25
1.5.4. Departamentalização por cliente

1.5.5. Departamentalização por processo ou equipamento

1.5.6. Departamentalização por projeto


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

26
1.5.7. Departamentalização de matriz

1.5.8. Departamentalização mista

É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve ter a estrutura que mais se adapte à sua realidade organiza-
cional.

A melhor forma de departamentalizar

Para evitar problemas na hora de decidir como departamentalizar, pode-se seguir certos princípios:
- Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso de uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição.
- Principio do maior interesse – o departamento que tem maior interesse pela atividade deve supervisiona-la.
- Principio da separação e do controle – As atividades do controle devem estar separadas das atividades controla-
das.
- Principio da supressão da concorrência – Eliminar a concorrência entre departamentos, agrupando atividades
correlatas no mesmo departamento.

Outro critério básico para departamentalização está baseado na diferenciação e na integração, são:

Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades diferentes devem ficar em departamentos separados.
A diferenciação ocorre quando:

O fator humano é diferente


A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes
Os ambientes externos são diferentes,
Os objetivos e as estratégias são diferentes.

Integração – Quanto mais atividades trabalham integradas, maior razão para ficarem no mesmo departamento.
O Fator de integração é: Necessidade de coordenação.

1.6 - Organização administrativa:


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A compreensão da administração pública se faz em dois aspectos:

Sentido subjetivo: inclui as atividades destinadas à satisfação do interesse público (exceto as legislativas e judi-
ciais): serviços públicos, poder de polícia, fomento e intervenção direta na economia
Sentido Objetivo: conjunto de unidades administrativas, dotadas ou não de personalidade jurídica que têm por
finalidade executar as atividades acima referidas.

O Estado, para realizar a sua função administrativa, pode organizar-se administrativamente da forma e modo que
melhor lhe aprouver, sujeito apenas às limitações e princípios constitucionais.

27
No Brasil, a organização administrativa se dá através a.5) Administração Direta do Distrito Federal.
da Administração Direta e da Administração Indireta, po- Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
dendo realizar sua função de forma centralizada, descen- legislativas reservadas aos Estados e Municípios;
tralizada, concentrada ou desconcentrada. entretanto, não é nenhum nem outro, constituindo
Veremos agora como se dá a organização adminis- uma entidade estatal anômala, ainda que, se as-
trativa no âmbito da União e, na sequencia, as formas de semelhe mais ao Estado, pois tem Poderes Legis-
realizar a função administrativa. lativo, Judiciário e Executivo próprios. Pode ainda,
organizar seu sistema de ensino, instituir o regime
ADM DIRETA: composta de órgãos públicos desper-
jurídico único e planos de carreira de seus servido-
sonalizados
ADM INDIRETA: composta de entidades jurídicas res, arrecadar seus tributos e realizar os serviços
dotadas de personalidade jurídica própria. públicos de sua competência.

a) Administração Direta b) Administração Indireta


A Administração Pública, não é propriamente cons- A Administração indireta é o conjunto de entes
tituída de serviços, mas, sim, de órgãos a serviço (personalizados) que, vinculados a um Ministério,
do Estado, na gestão de bens e interesses qualifi- prestam serviços públicos ou de interesse público.
cados da comunidade, o que nos permite concluir A Administração Indireta, via de regra, possui, so-
que no âmbito federal, a Administração direta é mente, poderes administrativos, eis que não lhe cabe, em
o conjunto dos órgãos integrados na estrutura tese, formular políticas públicas. O Banco Central é uma
administrativa da União. exceção a essa regra.
Administração Direta possui poderes políticos e
administrativos, eis que é responsável pela formula- FIQUE ATENTO!
ção de políticas públicas. A expressão “Administração Indireta”, que
a.1) Órgãos Públicos.
doutrinariamente deveria coincidir com
Órgãos Públicos são centros de competência instituí-
“Administração Descentralizada”, dela se
dos para o desempenho de funções estatais atra-
afasta parcialmente. Por isto, ficaram fora da
vés de seus agentes, cuja atuação é imputada à
pessoa jurídica a que pertencem. categorização como Administração indireta
Características dos Órgãos: os casos em que a atividade administrativa
• não tem personalidade jurídica; é prestada por particulares, “concessioná-
• expressa a vontade da entidade a que pertence rios de serviços públicos”, ou por “delega-
(União, Estado, Município); dos de função ou ofício público”.
• é meio instrumento de ação destas pessoas ju-
rídicas; Em síntese, a administração federal compreende:
• dotado de competência, que é distribuída por seus
I – a administração direta, que se constitui dos servi-
cargos.
ços integrados na estrutura administrativa da Pre-
a.2) Administração Direta Federal sidência da República e dos Ministérios;
A Administração direta Federal é dirigida por um ór- II – a administração indireta, que compreende as se-
gão independente, supremo e unipessoal, que é a guintes categorias de entidades, dotadas de per-
Presidência da República, e por órgãos autônomos sonalidade jurídica própria:
também, unipessoais, que são os Ministérios, aos a) autarquias;
quais se subordinam ou se vinculam os demais ór- b) fundações públicas;
gãos e entidades descentralizadas. c) agências reguladoras;
d) agências executivas;
a.3) Administração Direta Estadual e) empresas públicas; e
A Administração direta Estadual acha-se estruturada f) sociedades de economia mista.
em simetria com a Administração Federal, atenta
ao mandamento constitucional de observância aos
Todas as entidades da administração indireta estão
princípios estabelecidos na mesma, pelos Estados-
sujeitas:
-membros, e às normas complementares, relativa-
mente ao atendimento dos princípios fundamen- - à necessidade da lei, para a sua criação;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

tais adotados pela Reforma Administrativa. aos princípios da administração pública;


- à exigência de concurso público para admissão do
a.4) Administração Direta Municipal seu pessoal; e
A administração direta municipal é dirigida pelo Pre- - à licitação para suas contratações.
feito, que, unipessoalmente, comanda, supervisio- - A autarquia
na e coordena os serviços de peculiar interesse do - As Empresas Públicas, as Sociedades de economia
Município, auxiliado por Secretários municipais, mista e as Fundações
sendo permitida, ainda, a criação de autarquias e - Subsidiárias das referidas entidades
entidades estatais visando à descentralização ad-
ministrativa.

28
São todas criadas através de Lei. As Agências Executivas são autarquias que vão de-
sempenhar atividades de execução na administração
b.1) Pessoas Jurídicas de Direito Público pública, desfrutando de autonomia decorrente de con-
b.1.1) Autarquias trato de gestão. É necessário um decreto do Presidente
Entidades autárquicas são pessoas jurídicas de Direi- da República, reconhecendo a autarquia como Agência
to Público, de natureza meramente administrati- Executiva. Ex.: INMETRO.
va, criadas por lei específica, para a realização de b.2) Pessoas Jurídicas de direito privado criadas pelo
atividades, obras ou serviços descentralizados da Estado
entidade estatal que as criou (desempenham ati- b.2.1) Empresas Públicas
vidade típica da entidade estatal que a criou). Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
Privado criadas por lei específica, com capital ex-
As autarquias são criadas para desempenharem ativi-
clusivamente público, para realizar atividades de
dades típicas da administração pública e não ativi-
interesse da Administração instituidora nos moldes
dades econômicas. O nosso direito positivo limitou da iniciativa particular, podendo revestir qualquer
o seu desempenho desde o Decreto-Lei 200. forma e organização empresarial. Ex: ECT, CEF, CA-
Funcionam e operam na forma estabelecida na lei ESB, etc.
instituidora e nos termos de seu regulamento. As
autarquias podem desempenhar atividades eco- O que caracteriza a empresa pública é seu capital ex-
nômicas, educacionais, previdenciárias e quaisquer clusivamente público, de uma só ou de várias entidades,
outras outorgadas pela entidade estatal-matriz, mas sempre capital público. Sua personalidade é de Di-
mas sem subordinação hierárquica, sujeitas apenas reito Privado e suas atividades se regem pelos preceitos
ao controle finalístico de sua administração e da comerciais. É uma empresa, mas uma empresa estatal por
conduta de seus dirigentes. excelência, constituída, organizada e controlada pelo Po-
der Público.
b.1.2) Fundações Públicas Difere da autarquia e da fundação pública por ser de
São pessoas jurídicas de direito público, com caracte- personalidade privada e não ostentar qualquer parcela
rísticas patrimoniais, criadas mediante autorização de poder público; distingue-se da sociedade de econo-
legal para desenvolver atividades que não sejam, mia mista por não admitir a participação do capital par-
obrigatoriamente, típicas do Estado. ticular.
Qualquer das entidades políticas pode criar empresa públi-
ca, desde que o faça por lei específica (CF, art. 37, IX); a empresa
Características:
pública pode ter forma societária econômica convencional ou
- Equiparam-se às autarquias;
especial; tanto é apta para realizar atividade econômica como
- Têm persona lida de jurídica de direito público; qualquer outra da competência da entidade estatal instituido-
- Base patrimonial. ra; quando explorar atividade econômica, deverá operar sob as
normas aplicáveis às empresas privadas, sem privilégios estatais;
O posicionamento das Fundações Públicas sempre em qualquer hipótese, o regime de seu pessoal é o da legislação
foi variado. Hoje, com o advento da CF/88, foi encerrada do trabalho.
essa dubiedade de posicionamento quando determina O patrimônio da empresa pública, embora público
que a Fundação Pública é submetida ao regime da ad- por origem, pode ser utilizado, onerado ou alienado na
ministração indireta. forma regulamentar ou estatutária, independentemente
As Fundações Públicas foram equiparadas às Autar- de autorização legislativa especial, porque tal autoriza-
quias. Possuem personalidade jurídica de direito público. ção está implícita na lei instituidora da entidade. Daí de-
Hoje, não mais existe justificativa para se manter a corre que todo o seu patrimônio bens e rendas - serve
diferença entre as Fundações e as Autarquias. para garantir empréstimos e obrigações resultantes de
suas atividades, sujeitando-se a execução pelos débitos
b.1.3) Agências Reguladoras da empresa, no mesmo plano dos negócios da iniciativa
São autarquias especiais, assim consideradas por se- privada, pois, sem essa igualdade obrigacional e execu-
tiva, seus contratos e títulos de crédito não teriam acei-
rem destinadas a realizar regulação e fiscalização
tação e liquidez na área empresarial, nem cumpririam o
sobre as atividades das concessionárias de serviços
preceito igualizador do § 1º do art. 173 da CF.
públicos. Ex: ANATEL, ANEEL, ANA, etc.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

b.2.1) Sociedades de Economia Mista


b.1.4) Agências Executivas As sociedades de economia mista são pessoas jurídi-
São pessoas jurídicas de direito público, galgadas a cas de Direito Privado, com participação do Poder
essa qualificação por apresentarem um planejamen- Público e de particulares no seu capital e na sua
to estratégico para melhora na prestação de serviços administração, para a realização de atividade eco-
públicos e no emprego de recursos públicos. nômica ou serviço de interesse coletivo outorgado
ou delegado pelo Estado. EX: BB, PETROBRÁS, etc.
Firmam com o Estado um contrato de gestão, pelo qual O objeto da sociedade de economia mista tanto pode
se comprometem a atingir metas pré-estabelecidas. Caso ser um serviço público ou de utilidade pública
não as atinja, podem vir a perder a qualificação conseguida. como uma atividade econômica empresarial.

29
A forma usual de sociedade de economia mista tem sido a anônima, obrigatória para a União mas não para as de-
mais entidades estatais.
Na extinção da sociedade, seu patrimônio, por ser público, reincorpora-se no da entidade estatal que a instituíra.
A sociedade de economia mista não está sujeita a falência, mas seus bens são penhoráveis e executáveis e a enti-
dade pública que a instituiu responde, subsidiariamente, pelas suas obrigações.

b.2.2) Fundações de Direito Privado criadas pelo Estado


São pessoas jurídicas governamentais de direito privado, sem fins lucrativos, com características patrimoniais, des-
tinadas, não obrigatoriamente a desenvolver atividades ti picas do Estado. Ex: Fundação Getúlio Vargas; IBGE.

Vejamos agora as formas de realização da função administrativa: “descentralização”, “centralização”, “concentração”


e “desconcentração

Analisemos: Ambas representam formas de distribuição de competências, porém, com aspectos distintos:

Processo administrativo

Como vimos acima, a Administração é o ato de administrar ou gerenciar negócios, pessoas ou recursos, com o
objetivo de alcançar metas definidas.
A gestão de uma empresa ou organização se faz de forma que as atividades sejam administradas com planejamen-
to, organização, direção, e controle.
Segundo alguns autores (Montana e Charnov) o ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de outras
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem como de seus membros.


O processo administrativo apresenta-se como uma sucessão de atos, juridicamente ordenados, destinados todos à
obtenção de um resultado final. O procedimento é, pois, composto de um conjunto de atos, interligados e progressiva-
mente ordenados em vista da produção desse resultado.
O devido processo legal simboliza a obediência às normas processuais estipuladas em lei; é uma garantia constitu-
cional concedida a todos os administrados, assegurando um julgamento justo e igualitário, assegurando a expedição
de atos administrativos devidamente motivados bem como a aplicação de sanções em que se tenha oferecido a diale-
ticidade necessária para caracterização da justiça. Decisões proferidas pelos tribunais já tem demonstrado essa posição
no sistema brasileiro, qual seja, de defesa das garantias constitucionais processuais no sentido de conceder ao cidadão
a efetividade de seus direitos.

30
Seria insuficiente se a Constituição garantisse aos cidadãos inúmeros direitos se não garantisse a eficácia destes.
Nesse desiderato, o princípio do devido processo legal ou, também, princípio do processo justo, garante a regularidade
do processo, a forma pela qual o processo deverá tramitar, a forma pela qual deverão ser praticados os atos processuais
e administrativos.
Cabe ressaltar que o princípio do devido processo legal resguarda as partes de atos arbitrários das autoridades
jurisdicionais e executivas.
O processo é composto de fases e atos processuais rigorosamente seguidos, viabilizando as partes a efetividade do
processo, não somente em seu aspecto jurídico-procedimental, mas também em seu escopo social, ético e econômico,
assegurando o cumprimento dos princípios constitucionais processuais, somente aí, ter-se-á a efetivação de um Estado
Democrático de Direito.
Toda atuação do Estado há de ser exercida em prol do público, mediante processo justo, e mediante a segurança
dos trâmites legais do processo.

Funções da administração: planejamento, organização, direção e controle

A administração assim como suas funções sofreram constantes mudanças, muito visíveis no último século. Com a
chegada de novas tecnologias, novas formas de produção, vendas, logística e mudanças na parte contábil e financeira
as teorias assim como a prática precisaram adaptar-se a uma nova realidade administrativa.

Das funções da administração de Henri Fayol (precursor dessa teoria), podemos encontrar as seguintes que são
demonstradas como PO3C: A primeira delas é:
Planejar, isso significa que você terá que criar planos para o futuro de sua organização. Nesse momento começa-
mos a programar o que estava no planejamento com o objetivo, claro, de colocar em prática o que está no papel, e é
durante esse passo da programação que vemos a estrutura organizacional, a situação da empresa e das pessoas que
compõe ela.
A segunda função da administração é Organizar. Afinal, qual o sentido de ser uma pessoa organizada? é aquela
que sabe onde, fisicamente, se encontra o que é necessário no momento certo, que transforma o ambiente/local de
trabalho dela em um ambiente de fácil entendimento para qualquer um encontrar o que precisa? Também, mas no
sentido que Fayol define é que as empresas são feitas de pessoas e estrutura física, essa função administrativa utiliza
da parte material e social da empresa.

A terceira função é Comandar. Essa função serve para orientar a organização, dirigir também. Se a empresa está
rumo a um caminho e encontra obstáculos, caberá ao administrador dirigir, se for preciso, ou orientar a organização
para traçar o objetivo, às vezes é preciso intervir e tomar as rédeas da organização e orientá-la e dirigi-la.
A quarta função é Coordenar. Sem dúvidas, essa é uma função primordial para motivar as pessoas que estão em um
ambiente de trabalho, tanto para aprender cada vez mais quanto ao que tem relação em se esforçarem com o objetivo
de cumprirem metas e, de forma coletiva, alcançar objetivos traçados pelo administrador da empresa.
E por último, a quinta função administrativa é Controlar. Uma organização sem normas e regras, certamente, terá
menos desempenho que uma. Segundo Fayol, essas cinco funções administrativas conduzem a uma administração
eficaz das atividades da organização. Mas, com o passar do tempo, as funções Comando e Coordenação formaram
uma só função, a de Direção. Então as funções de POCCC passaram para PODC (Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar).

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

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Em síntese, dentro do modelo atual temos:

Fonte e texto adaptado de: www.al.sp.gov.br/www.escoladegoverno.pr.gov.br/Fernando Coelho/ Carlos Alberto


Bonezzi/Luci Léia De Oliveira Pedraça/ Paulo Roberto Motta/Carlos Ramos

1. Planejamento Estratégico

O conceito de estratégia é realmente amplo, e seu uso corrente permite associá-lo desde a um curso de ação bas-
tante preciso até ao posicionamento organizacional, em última análise, a toda razão de ser da empresa.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A estratégia pode ser considerada um instrumento: o planejamento estratégico. Essa parte do planejamento estratégico
corresponderia aos caminhos selecionados para serem trilhados primeiro pela identificação dos pontos fortes e fracos da or-
ganização, e das empresas e oportunidades diagnosticadas em seu ambiente de atuação. Da porta para fora, o planejamento
cumpriria a função de orientar as ações da organização para que ela possa buscar oportunidades e a própria sobrevivência.
Assim, a estratégia é fruto de processos racionais de reflexão, aprendizagem, elaboração, pensamento e interven-
ção, além de processos não racionais e simbólicos, construídos a partir da “vivência” cotidiana da organização em seus
embates internos e com o ambiente.

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2. Planejamento Estratégico - Conceitos, métodos e técnicas

O planejamento estratégico poderia ser definido como um processo de gestão que apresenta, de maneira inte-
grada, o aspecto futuro das decisões institucionais, a partir da formulação da filosofia, da instituição, sua missão, sua
orientação, seus objetivos, suas metas, seus programas e as estratégias a serem utilizadas para assegurar sua imple-
mentação. É a identificação de fatores competitivos de mercado e potencial interno, para atingir metas e planos de
ação que resultem em vantagem competitiva, com base na análise sistemática de mudanças ambientais previstas para
um determinado período. Portanto, o planejamento estratégico não deve ser considerado apenas como uma afirmação
das aspirações de uma empresa, pois inclui também o que deve ser feito para transformar essas aspirações em reali-
dade. Quando se considera a metodologia para o desenvolvimento do planejamento estratégico nas empresas, têm-se
duas possibilidades, que se definem:
• em termos da empresa como um todo, “aonde se quer chegar e depois se estabelece “como a empresa está para
se chegar à situação desejada”; ou
• em termos da empresa como um todo “como se está” e depois se estabelece “aonde se quer chegar”. Pode-se
considerar uma terceira possibilidade que é definir “aonde se quer chegar” juntamente com “como se está para
chegar lá”. Cada uma dessas possibilidades tem a sua principal vantagem. No primeiro caso, é a possibilidade
de maior criatividade no processo pela não existência de grandes restrições. A segunda possibilidade apresenta
a grande vantagem de colocar o executivo com o pé no chão quando inicia o processo de planejamento estra-
tégico.

O planejamento estratégico é o processo por meio do qual a estratégia organizacional será explicitada.
Podemos identificar, como características do planejamento estratégico:
- É responsabilidade da cúpula da organização;
- Envolve a organização como um todo;
- Planejamento de longo prazo;
- Outros níveis do planejamento (tático e operacional) serão desdobrados dele.

Um bom planejamento estratégico deve, em seu início, incluir a definição do referencial estratégico da organização.
Este referencial é o grande guia das organizações, são as diretrizes que norteiam a sua atuação e o seu posicionamento
frente ao mercado. Representam o planejamento estratégico no seu nível mais amplo e são as bases para que a orga-
nização possua uma estratégia sólida e sustentável.

Esse referencial inclui o negócio, a missão, a visão de futuro e os valores organizacionais.

- Missão: pode ser entendida como o papel que a empresa terá perante a sociedade, enfim, quais são os benefícios
que a sua atividade produtiva - seja ela industrial, comercial ou prestação de serviços - trará para a coletividade
ou, pelo menos, aos seus clientes. Missão é, portanto, a função social da atividade da empresa dentro de um
contexto global.
Vejamos quatro exemplos de missão organizacional:
Receita Federal do Brasil: “Exercer a administração tributária e o controle aduaneiro, com justiça fiscal e respeito ao
cidadão, em benefício da sociedade”.

MPOG – “Promover o planejamento participativo e a melhoria da gestão pública para o desenvolvimento sustentá-
vel e socialmente includente do País”.
TCU – “Assegurar a efetiva e regular gestão dos recursos públicos, em benefício da sociedade”.
Petrobrás – “Atuar de forma segura e rentável nas atividades de indústria de óleo, gás e energia, nos mercados
nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços de qualidade, respeitando o meio ambiente, considerando os
interesses dos seus acionistas e contribuindo para o desenvolvimento do país”.

- Negócio: É o ramo de atuação da organização, delimita o campo em que ela estará desenvolvendo suas ativi-
dades. Está muito ligado ao tipo de produto ou serviço que a organização oferece e nem sempre é tão óbvio.
Por exemplo, o negócio da Copenhagen não é chocolates e sim presentes finos. Para exemplificar com uma
organização pública, o negócio do TCU é o “controle externo da administração pública e da gestão dos recursos
públicos federais”.

- Visão de futuro: É considerada como os limites que os principais responsáveis pela empresa conseguem enxergar
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Representa o que a empresa quer ser em
um futuro próximo ou distante

A visão deve ser:


• Compartilhada e apoiada por todos na organização
• Abrangente e detalhada
• Positiva e inovadora
• Desafiadora mas viável
• Transmitir uma promessa de novos tempos
• Agregar um aspecto emocional

33
Exemplos de visão: Esses negócios identificados no horizonte, uma vez
Receita Federal: “Ser uma instituição de excelência em considerados viáveis e interessantes para a empresa,
administração tributária e aduaneira, referência nacional passam a ser denominados propósitos da empresa.
e internacional”.
TCU: “Ser instituição de excelência no controle e con- Os objetivos correspondem à explicitação dos seto-
tribuir para o aperfeiçoamento da administração pública”. res de atuação dentro da missão que a empresa já atua
ou está analisando a possibilidade de entrada no setor,
- Valores: Representam o conjunto dos princípios, ainda que esteja numa situação de possibilidade reduzi-
crenças e questões éticas fundamentais de uma da. As empresas precisam de objetivos estratégicos e ob-
empresa, bem como fornecem sustentação a todas jetivos financeiros. Os objetivos estratégicos referem-se
as suas principais decisões. à competitividade da empresa e as perspectivas de longo
Influencia na qualidade do desenvolvimento e opera- prazo do negócio. Os objetivos financeiros relacionam-se
cionalização do planejamento estratégico. com medidas como o crescimento das receitas, retorno
Os valores da empresa devem ter forte interação com sobre o investimento, poder de empréstimo, fluxo de cai-
as questões éticas e morais da empresa xa e retorno dos acionistas.

2.2. Elaborar uma estratégia para atingir os obje-


#FicaDica tivos.
Por mais simples que pareçam estes concei- Estabelecer estratégia significa definir de que maneira
tos, comumente são cobrados de forma que pode se atingir os objetivos de desempenho da empre-
gerem dúvidas, portanto, é muito importan- sa. A estratégia é concebida como uma combinação de
te que consiga identificar não só o concei- ações planejadas e reações adaptáveis para a indústria
to, mas como diferenciá-lo em uma situação em desenvolvimento e eventos competitivos. Raramente
prática. a estratégia da empresa resiste ao tempo sem ser alte-
A empresa bem-sucedida tem uma visão do rada. Há necessidade de adaptação de acordo com as
que pretende, e esta visão trabalhada em variáveis do mercado, necessidades e preferências do
consonância com seus valores, tendo como consumidor, manobras estratégias de empresas concor-
base em seu modelo de gestão a missão que rentes.
fornece à empresa o seu impulso e sua di-
reção. 2.3. Analisar fatores externos da empresa

• considerações políticas, legais de cidadania da co-


2.1. Desenvolver a visão estratégica e a missão do munidade;
negócio. • atratividade da indústria, mudanças da indústria e
condições competitivas;
- Através da visão é possível identificar quais são as • oportunidades e ameaças da empresa. A tarefa de
expectativas e os desejos dos acionistas, conselhei- fazer com que a estratégia de uma empresa seja
ros e elementos da alta administração da empresa, socialmente responsável, significa conduzir as
tendo em vista que esses aspectos proporcionam atividades organizacionais eticamente e no inte-
o grande delineamento do planejamento estraté- resse público geral, responder positivamente às
gico a ser desenvolvido e implementado. A gerên- prioridades e expectativas sociais emergentes, de-
cia deve definir: “quem são”, “o que fazem” e “para monstrar boa vontade de executar as ações antes
onde estão direcionados”, estabelecendo um curso que ocorra um confronto legal, equilibrar os in-
para a organização. teresses dos acionistas com os interesses da so-
A visão pode ser considerada como os limites que os ciedade como um todo e comportar-se como um
principais responsáveis pela empresa conseguem enxer- bom cidadão na comunidade. A estratégia de uma
gar dentro de um período de tempo mais longo e uma empresa deve fazer uma combinação perfeita da
abordagem mais ampla. Ela deve ser resultante do con- indústria com as condições competitivas e ainda
senso e do bom senso de um grupo de líderes e não da precisa ser direcionada para conquistar oportuni-
vontade de uma pessoa. dades de crescimento. Do mesmo modo a estra-
A missão é a razão de ser da empresa. Neste ponto tégia deve ser equipada para proporcionar defesa
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

procura-se determinar qual o negócio da empresa, por do bem-estar da empresa e do seu desempenho
que ela existe, ou ainda em que tipos de atividades a futuro contra ameaças externas.
empresa deverá concentrar-se no futuro. Aqui se procura
responder à pergunta básica: “Aonde se quer chegar com 2.4. Analisar fatores internos da empresa
a empresa?” “Na realidade, a missão da empresa repre-
senta um horizonte no qual a empresa decide atuar e • pontos fortes e pontos fracos da empresa e capaci-
vai realmente entrar em cada um dos negócios que apa- dades competitivas;
recem neste horizonte, desde que seja viável sobre os • ambições pessoais, filosofia de negócio e princípios
vários aspectos considerados”. éticos dos executivos;

34
• valores compartilhados e cultura da empresa. A es- a) Diagnóstico estratégico: abrange a definição da vi-
tratégia deve ser muito bem combinada com os são, a análise externa, análise interna e análise dos
pontos fortes, os pontos fracos e com as capaci- concorrentes;
dades competitivas da empresa, ou seja, deve ser b) Definição da missão: esta nós já vimos: é a defini-
baseada naquilo que ela faz bem e deve evitar ção da razão de ser da empresa e as consequências
aquilo que ela não faz bem. Os pontos fortes bá- de tal definição;
sicos de uma organização constituem uma impor- c) Definição dos instrumentos prescritivos e quantitati-
tante consideração estratégia pelas habilidades e vos: instrumentos prescritivos são aqueles que irão
capacidades que fornecem para aproveitar deter- dizer como a organização deve atuar para alcançar
minada oportunidade, aonde podem proporcionar os objetivos definidos. Instrumentos quantitativos,
vantagem competitiva para a empresa no merca- basicamente, são aqueles ligados ao planejamento
do e potencialidade que tem para se tornar a base orçamentário;
da estratégia. As ambições, valores, filosofias de d) Controle e avaliação: são verificações, etapas em
negócio, atitudes perante o risco e crenças éticas que se avalia se o que está sendo feito correspon-
dos gerentes têm influências importantes sobre a de ao que foi planejado
estratégia e são impregnadas nas estratégias que .
eles elaboram. Os valores gerenciais também mo- 3. Modelo ou matriz de Ansoff
delam a qualidade ética da estratégia de uma em-
presa, quando os gerentes têm fortes convicções
éticas, exigem que sua empresa observe um estrito
código de ética em todos os aspectos do negócio,
como por exemplo, falar mal dos produtos rivais.
As políticas, práticas, tradições e crenças filosóficas
da organização são combinadas para estabelecer
uma cultura distinta. Em alguns casos as crenças e
cultura da empresa chegam a dominar a escolha
das mudanças estratégicas.

O planejamento estratégico deve estar alinhado a


este referencial.

Etapas do Planejamento Estratégico: vamos abaixo


analisar alguns dos apontamentos sobre essas etapas Temos dois componentes principais no modelo: Mer-
conforme seus autores. cados e Produtos. Cada um deles pode ser classificado
quando a existentes e novos, gerando quatro estratégias
Segundo Maximiano, o planejamento estratégico com- empresariais possíveis:
preende quatro etapas principais: Penetração no mercado: Esta estratégia consiste em
explorar produtos tradicionais em um mercado tradicio-
A) Análise da situação estratégica presente. Esta eta- nal.
pa busca compreender a situação atual da empre- Desenvolvimento de mercado: “É a estratégia de ex-
sa, e as decisões que foram tomadas e levaram a plorar um mercado novo com produtos tradicionais. Por
tal posição. Deve considerar o referencial estraté- exemplo: uma operadora de cartões de crédito que lança
gico, os produtos e mercados atuais ou potenciais o produto para um público específico, como os torcedo-
da organização, as vantagens competitivas (ele- res de um time”.
mentos capazes de diferenciar a organização de Desenvolvimento de produto: consiste em oferecer
outras no mercado), o desempenho atual e o uso produtos novos a mercados tradicionais.
de recursos. Diversificação: É uma estratégia mais arrojada, que
B) Análise do ambiente. Na classificação do Maximia- consiste em explorar novos produtos em novos merca-
no, esta etapa abrange apenas o ambiente externo. dos. Por exemplo, uma empresa de produção de alimen-
C) Análise interna. É a análise do ambiente interno. tos que lança um refrigerante está adotando uma estra-
D) Elaboração do plano estratégico. tégia de diversificação.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A análise de ambiente corresponde à avaliação de Segundo classificação de Porter temos no Planejamen-


variáveis do ambiente interno (pontos fortes e pontos to estratégico, 3 grupos:
fracos) e variáveis do ambiente externo (oportunidades
e ameaças) relevantes para a organização. As variáveis - Diferenciação: Consiste em “procurar projetar uma
do ambiente interno normalmente são controláveis, en- forte identidade própria para o serviço ou produto,
quanto as variáveis do ambiente externo estão fora da que o torne nitidamente distinto dos produtos e
governabilidade da organização. serviços dos concorrentes. Isso significa enfatizar
uma ou mais vantagens competitivas, como qua-
Segundo Djalma de Oliveira o Planejamento Estratégi- lidade, serviço, prestígio para o consumidor, estilo
co apresenta estas etapas: do produto ou aspecto das instalações.

35
- Liderança de custo: consiste em oferecer produtos 5. Planejamento Tático
ou serviços mais baratos do que os concorrentes.
- Estratégias de foco: concentração ou nicho: Consiste Planejamento é a primeira das funções administrati-
em escolher um segmento do mercado e concen- vas, e está relacionada com tudo aquilo que a organiza-
trar-se nele. Por exemplo, produtores de alimentos ção pretende fazer, executar, alcançar.
orgânicos oferecem um alimento mais caro, mas Podemos considerar o planejamento como “o ato de
concentrado em um nicho específico de clientes. determinar as metas da organização e os meios para al-
cançá-las”.
4. Planejamento Estratégico Situacional (PES)
Na prática temos três tipos de planejamentos:
O PES foi sintetizado pelo economista chileno Car-
los Matus, para pensar a arte de governar. Este méto-
do “pressupõe constante adaptação do planejamento a
cada situação concreta onde é aplicado”. Além disso, o
PES leva em consideração, em suas formulações teóricas,
as interferências dos campos político, econômico e social
nos planos de governo.
Definição de planejamento segundo Matus: “Planejar
significa pensar antes de agir, pensar sistematicamen-
te, com método; explicar cada uma das possibilidades e
analisar suas respectivas vantagens e desvantagens; pro-
por-se objetivos”.
Outro ponto importante deste conteúdo são os mo-
mentos do PES:
• Momento explicativo: compreende-se a realidade,
identificando-se os problemas que os atores sociais
declaram. Abandona o conceito de setor, utilizado no
planejamento tradicional, e passa a trabalhar com o
conceito de problemas. “Na explicação da realidade
temos que admitir e processar informação relativa a
outras explicações de outros atores sobre os mesmos Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de mé-
problemas, isto é, a abordagem deve ser sempre si- dio prazo, e com maneiras e ações que, geralmente, afe-
tuacional, posicionada no contexto”. tam somente uma parte da empresa.
• Momento normativo: como se formula o plano. Tem como eixo central otimizar determinadas áreas
Produzir as respostas de ação em um contexto de de resultados, e não a empresa como um todo. Portanto,
incerteza. Definir a situação ideal. “O central neste trabalha com decomposição dos objetivos e políticas es-
modelo de planejamento é discutir a eficácia de tabelecidas no planejamento estratégico.
cada ação e qual a situação objetivo que sua re- O planejamento tático é desenvolvido em níveis or-
alização objetiva, cada projeto e isso só pode ser ganizacionais inferiores, ou seja, é realizado no nível ge-
feito relacionando os resultados desejados com os rencial ou departamental, tendo como principal finalida-
recursos necessários e os produtos de cada ação” de a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a
• Momento estratégico: examinar a viabilidade po- consecução de objetivos previamente fixados, segundo
lítica do plano e do processo de construção de uma estratégia predeterminada, bem como as políticas
viabilidade política das operações não viáveis na orientadoras para o processo decisório organizacional.
situação inicial. Adequa o “deve ser” ao “pode ser”. Características Principais:
Busca desenhar as melhores estratégias para viabi- - Processo permanente e contínuo;
lizar a máxima eficácia do plano. - Aproxima o estratégico do operacional;
• Momento tático-operacional: o momento do fazer. - Aproxima os aspectos incertos da realidade;
“Neste momento é importante debater o sistema - É executado pelos níveis intermediários da organi-
de gestão da organização e até que ponto ele está zação;
pronto para sustentar o plano e executar as estra- - Pode ser considerado uma forma de alocação de
tégias propostas”. recursos;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

- Tem alcance mais limitado do que o planejamento


Os principais pressupostos teóricos do método PES estratégico, ou seja, é de médio prazo;
são resumidos em quatro perguntas, segundo Matus, - Produz planos mais bem direcionados às atividades
que apontam as diferenças entre o PES e os demais mé- organizacionais.
todos de planejamento estratégico:
1) como explicar a realidade?
2) como conceber um plano?
3) como tornar viável o plano necessário?
4) como agir a cada dia de forma planejada?

36
Questões essenciais:
- O quê fazer?
- Dá para fazer?
- Vale a pena fazer?
- Quem faz?
- Como fazer bem?
- Funciona?
- Quando fazer?

6. Desenvolvimento de planejamentos táticos

6.1. Planejamento Operacional

Pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escrito das metodologias de
desenvolvimento e implantações estabelecidas.
Portanto, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou planos operacionais.
Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático, e
devem conter com detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implantação; os procedimentos básicos
a serem adotados; os produtos ou resultados finais esperados; os prazos estabelecidos e os responsáveis pela sua
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

execução e implantação.

37
2. (STJ – 2018 - CESPE) Com relação a características
das organizações formais modernas; tipos de estrutura
organizacional; natureza, finalidades e critérios de depar-
tamentalização, julgue o próximo item.
A estrutura organizacional é a configuração vertical e ho-
rizontal de tarefas, autoridade e cargos, e sua representa-
ção é feita por meio da departamentalização.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: “Errado” As Organizações formais possuem


uma estrutura hierárquica com suas regras e seus pa-
drões, onde, através de seus ORGANOGRAMAS, apre-
sentam uma estrutura definida e dimensionada.
A departamentalização não é representação e sim um
aspecto da estrutura horizontal.
Ciclo básico dos três tipos de planejamento
3. (STJ – 2018 - CESPE) Com relação a características
das organizações formais modernas; tipos de estrutura
organizacional; natureza, finalidades e critérios de depar-
#FicaDica tamentalização, julgue o próximo item.
O planejamento estratégico é o ponto de A estrutura matricial prejudica a coordenação porque di-
partida da organização e tem como fun- ficulta a comunicação e diminui a flexibilidade.
ção antecipar o que a organização de-
verá fazer e quais objetivos deverão ser ( ) CERTO ( ) ERRADO
atingidos, enquanto quem formaliza as
metodologias de desenvolvimento é o Resposta: “Errado” Como vimos em nosso conteúdo,
planejamento tático e quem executa é o a estrutura matricial apresenta como vantagem : “De-
operacional. senvolvimentos de um forte e coeso trabalho de equipe
e metas de projetos”, o que só é possível se existir um
canal de comunicação positivo e eficiente.
Fonte e textos adaptados de: www periodicos.unifor-
mg.edu.b/Jussara Maria Silva Rodrigues Oliveira/Denise 4. (TRT/7ª Região/ CE – 2017 - CESPE) Ao transferir,
Grzybovski/Ricardo de Souza Sette/Jaime Crozatti/Carlos por contrato, a execução de atividade administrativa para
Xavier uma pessoa jurídica de direito privado, a União se utiliza
do instituto da

a) desconcentração.
EXERCÍCIOS COMENTADOS b) outorga.
c) descentralização.
1. (TCE/PB – 2018 - CESPE) Entre as características das d) concentração.
organizações formais modernas destacam-se a
Resposta: “Letra C” Alternativa A – ERRADO – a des-
a) resistência às mudanças, o individualismo e a relação concentração ocorre âmbito interno de cada entidade
de antagonismo. (política ou administrativa), porém por mais de um ór-
b) flexibilidade nas atribuições e responsabilidades, o ra- gão público, que divide competências.
cionalismo e a amplitude administrativa. Alternativa B – ERRADO – a outorga transfere titulari-
c) relação de coesão, a especialização e a colaboração dade, porem, o exercício se refere à transferência de
espontânea. execução da atividade apenas.
d) divisão do trabalho, a especialização e as regras im- Alternativa C – CORRETO
plícitas. Alternativa D – ERRADO – na concentração a função
e) hierarquia, o racionalismo e a especialização. administrativa é exercida no âmbito interno de cada
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

entidade (política ou administrativa), por apenas um


Resposta: “Letra E” Como visto em nosso conteúdo, órgão público, sem qualquer divisão.
as organizações formais (organizações clássicas ou ne-
oclássicas), apresentam cinco características básicas,
quais sejam: divisão do trabalho, especialização, hierar-
quia, amplitude administrativa e racionalismo.

38
• Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, dos
grupos, as funções desempenhadas por estes e a
ASPECTOS COMPORTAMENTAIS: comunicação e interação uns com os outros, além
LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO, CLIMA E de estudar a influência e o poder do líder neste
CULTURA ORGANIZACIONAL. contexto.

Ao ingressar em uma organização, indivíduos com


características diversas se unem para atuar dentro de um
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL mesmo sistema sociocultural na busca de objetivos de-
terminados. Essa união provoca um compartilhamento
Comportamento Organizacional “é um campo de es- de crenças, valores, hábitos, entre outros, que irão orien-
tudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a tar suas ações dentro de um contexto preexistente, defi-
estrutura têm sobre o comportamento dentro das orga- nindo assim as suas identidades.
nizações com o propósito de aplicar este conhecimento Segundo Dupuis (1996), são os indivíduos que, por
em prol do aprimoramento da eficácia de uma organi- meio de suas ações, contribuem para a construção de
zação”. sua sociedade. Entretanto, os indivíduos agem sempre
dentro de contextos que lhes são preexistentes e orien-
Tem por finalidade compreender os “espaços vazios”
tam o sentido de suas ações. A construção do mundo
da organização de forma que estes não prejudiquem o
social é assim mais a reprodução e a transformação do
desenvolvimento da organização, possibilitando, assim,
mundo existente do que sua reconstrução total. Para
reter talentos, evitar o turnover e promover engajamento
Berger e Luckmann (1983), a vida cotidiana apresenta-se
e harmonia entre os stakeholders.
para os homens como realidade ordenada. Os fenôme-
Ter uma compreensão quanto ao comportamento
nos estão pré-arranjados em padrões que parecem ser
organizacional é extremamente importante para que as independentes da apreensão que cada pessoa faz deles,
lideranças possam prever, e especialmente evitar, pro- individualmente.
blemas individuais ou coletivos entre os colaboradores. Dentro dessa perspectiva, a ação humana, em nível
O comportamento organizacional refere-se a com- do indivíduo e do grupo, mediada pelos processos cog-
portamentos relacionados a cargos, trabalho, absenteís- nitivos, e interdependente do contexto, varia conforme a
mo, rotatividade no emprego, produtividade, desempe- inserção ambiental e o tipo de organização, tanto quanto
nho humano e gerenciamento. também varia internamente em suas subunidades. É im-
Refere-se ainda à motivação, liderança, poder, co- portante salientar que o universo simbólico integra um
municação interpessoal, estrutura e processos de grupo, conjunto de significados, atribuindo-lhes consistência,
aprendizagem, desenvolvimento e percepção de atitude, justificativa e legitimidade. Em outras palavras, o univer-
processo de mudanças, conflitos. so simbólico possibilita aos membros integrantes de um
Considerando que, diferentemente das organizações, grupo uma forma consensual de apreender a realidade,
que possuem uma certa formalidade em sua essência, integrando os significados e viabilizando a comunicação.
as pessoas são mais complexas, mais influenciáveis por É por meio desse compartilhar da realidade que as
variáveis diversas e, muitas vezes, são pouco previsíveis. identidades dos indivíduos nas organizações são cons-
Ao apresentar aos funcionários os ritos, crenças, valo- truídas, ao se comunicar aos membros, de forma tangí-
res, rituais, normas, rotinas e tabus da organização, o que vel, um conjunto de normas, valores e concepções que
se pretende é buscar a sua identificação com os padrões são tidas como certas no contexto organizacional. Ao de-
a serem seguidos na empresa. Dessa forma, se fornece finir a identidade social dos indivíduos, o que se preten-
um senso de direção para todas as pessoas que com- de é garantir a produtividade, pela harmonia e manuten-
partilham desse meio. As definições do que é desejável e ção do que foi aprendido na convivência. É importante
indesejável são introjetadas pelos indivíduos atuantes no ressaltar que muitas vezes essas identidades precisam ser
sistema, orientando suas ações nas diversas interações reconstruídas quando a empresa se vê diante de situa-
que executam no cotidiano. ções que exigem mudanças.
Reconhecer os significados e a própria razão de ser da Daí vem o papel principal da análise do comportamen-
empresa, bem como se familiarizar com as percepções e to organizacional, que é o de permitir fazer uma leitura da
comportamentos mais aceitos e valorizados na organi- dinâmica existente na organização e como essa interfere e
zação, conduz os funcionários a uma uniformidade de influencia o comportamento das pessoas envolvidas.
atitudes, o que é positivo no sentido de possibilitar maior Considerando que nas relações entre indivíduo e or-
coesão. No entanto, pode levar a uma perda de indivi- ganização existe uma troca de interesses, de conteúdo,
dualidade, pois o comportamento dos indivíduos passa a de aporte, entre tantos outros aspectos, gerir essa troca
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ser uma extensão do grupo, muitas vezes se estendendo é papel da área de gestão de pessoa, que garante que,
para ambientes externos da organização, quando pas- nessa troca, ambas as partes fiquem satisfeitas.
sam a adotar comportamentos padronizados nas mais
diversas situações. CULTURA ORGANIZACIONAL
Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos Or-
ganizacionais, destacamos: A cultura organizacional tem por finalidade concei-
• Nível Individual – Estuda as expectativas, motiva- tuar os valores e as crenças de uma organização, geran-
ções, habilidades e competências que cada cola- do um entendimento consciente e coletivo sobre a mais
borador demonstra individualmente por meio de indicada e adequada forma de se comportar dentro da
seu trabalho. organização. Assim como também gera um ajuste quase

39
que automático na interação entre os indivíduos, ressal- • Culturas fracas: são culturas mais facilmente mu-
tando-se que não necessariamente essa cultura esteja for- dadas. Como exemplo, uma empresa pequena e
malmente instituída, pois, em alguns casos, esses valores jovem, a qual, por estar no início, torna mais fácil
são compartilhados entre as pessoas, habitualmente, sem para a administração comunicar os novos valores.
que haja um regra formal que a leve a agir dessa forma. Isso explica a dificuldade que as grandes corpora-
Entre os benefícios que a cultura organizacional pode ções têm para mudar sua cultura.
trazer à organização, podemos citar:
• Vantagem competitiva derivada de inovação e ser- 1. Componentes da cultura
viço ao cliente;
• Maior desempenho dos empregados; A cultura representa a maneira como a organização
• Coesão da equipe; visualiza a si própria e seu ambiente. Seus principais
• Alto nível de alinhamento na busca da realização componentes são os artefatos, valores compartilhados e
de objetivos. pressuposições básicas.
A cultura organizacional tem como base algumas ca- Vejamos os níveis dos componentes da Cultura Or-
racterísticas básicas que, em conjunto, capturam a essên- ganizacional de acordo com o nível de superficialidade,
cia de uma organização: sendo do mais superficial ao mais profundo.

• Inovação e assunção de riscos: o grau em que os fun- • Artefatos: o mais superficial, visível e perceptível.
cionários são estimulados a inovar e assumir riscos. • Padrões de comportamento: as regras que criam
• Atenção aos detalhes: o grau em que se espera um comportamento linear e padronizado
que os funcionários demonstrem precisão, análise • Valores compartilhados: não são visíveis, estão
e atenção aos detalhes. enraizados nas pessoas, pois esses valores têm re-
• Orientação para os resultados: o grau em que os levância tal que definem as razões pelas quais as
dirigentes focam mais os resultados do que as téc- pessoas fazem ou deixam de fazer algo.
nicas e os processos empregados para seu alcance. • Pressuposições básicas: trata-se de crenças incons-
• Orientação para as pessoas: o grau em que as de- cientes, pressuposições e sentimentos básicos que
cisões dos dirigentes levam em consideração o regem o pensamento e o comportamento das pes-
efeito dos resultados sobre as pessoas dentro da soas. Este é o nível mais profundo da cultura orga-
organização. nizacional.
• Orientação para as equipes: o grau em que as ati-
vidades de trabalho são mais organizadas em ter- Diante do exposto, temos que a cultura organizacio-
mos de equipes do que de indivíduos. nal representa a compreensão que as pessoas envolvidas
• Agressividade: o grau em que as pessoas são com- na organização têm das características da cultura desta,
petitivas e agressivas em vez de dóceis e acomo- gerando uma sinergia que potencializa a boa convivência
dadas. interpessoal.
• Estabilidade: o grau em que as atividades organi-
zacionais enfatizam a manutenção do status quo CLIMA ORGANIZACIONAL
em contraste com o crescimento.
Segundo Chiavenato (1994), o clima organizacional
Tipos de cultura influencia a motivação, o desempenho humano e a sa-
tisfação no trabalho. Ele cria certos tipos de expectativas
• Culturas adaptativas: caracterizam-se pela sua cujas consequências se seguem em decorrência de dife-
maleabilidade e flexibilidade e são voltadas para rentes ações. As pessoas esperam certas recompensas,
a inovação e a mudança. São organizações que satisfações e frustrações na base de suas percepções do
adotam e fazem constantes revisões e atualiza- clima organizacional. Essas expectativas tendem a con-
ções, suas culturas adaptativas evidenciam-se pela duzir à motivação.
criatividade, inovação e mudanças. De um lado, a O clima organizacional pode ser visto, também, como
necessidade de mudança e a adaptação para ga- um conjunto de fatores que interferem na satisfação ou
rantir a atualização e modernização; e de outro, a descontentamento no trabalho. Entende-se por fatores
necessidade de estabilidade e permanência para de satisfação aqueles que demonstram os sentimentos
garantir a identidade da organização. O Japão, por mais positivos do colaborador em relação ao trabalho,
exemplo, é um país que convive com tradições mi- tais como: a realização, o reconhecimento, o trabalho
lenares ao mesmo tempo em que cultua e incenti- em si, a responsabilidade e o progresso. Por fatores de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

va a mudança e a inovação constantes. descontentamento, temos aqueles que contribuem com


• Culturas conservadoras: caracterizam-se pela ma- uma conotação negativa, do ponto de vista do colabora-
nutenção de ideias, valores, costumes e tradições dor, tais como: as políticas, a administração, a supervisão,
que permanecem arraigados e que não mudam ao o salário e as condições de trabalho.
longo do tempo. São organizações conservadoras Quando existe um bom clima organizacional, a ten-
que se mantêm inalteradas como se nada tivesse dência é que a satisfação das necessidades pessoais e
mudado no mundo ao seu redor. profissionais sejam realizadas, no entanto, quando o cli-
• Culturas fortes: seus valores são compartilhados ma é tenso, ocorre frustração dessas necessidades, pro-
intensamente pela maioria dos funcionários e in- vocando insegurança, desconfiança e descontentamento
fluenciam comportamentos e expectativas. entre os colaboradores.

40
Na opinião de Chiavenato (1994, p.53), “o clima or- Avaliar o clima organizacional não compete apenas
ganizacional é favorável quando proporciona satisfação aos profissionais de recursos humanos, mas sim a todas
das necessidades pessoais dos participantes, produzindo as pessoas engajadas no processo. Pode-se fazer essa
elevação do moral interno. É desfavorável quando pro- constatação, pois pessoas que estão diretamente liga-
porciona frustração daquelas necessidades.” das às áreas ou setores a serem avaliados podem anali-
Clima organizacional pode ser definido também sar com uma margem mais segura como é e como pode
como um conjunto de variáveis que busca identificar os ser melhorado o desempenho dos colaboradores para o
aspectos que precisam ser melhorados, visando à satis- cumprimento dos objetivos da organização.
fação e ao bem-estar dos colaboradores Muitas empresas fazem pesquisa de clima interno
Para Bennis (1996, p.6), “clima significa um conjunto com o objetivo de levantar e atuar nos aspectos mais
de valores ou atitudes que afetam a maneira pela qual significativos identificados na pesquisa, em que são de-
as pessoas se relacionam umas com as outras, tais como finidas quatro frentes de ação para análise, descritas a
sinceridade, padrões de autoridade, relações sociais, etc.” seguir:
• Desempenho e avaliação: critérios claros de avalia-
Clima organizacional é um conjunto de causas que
ção dos funcionários;
interferem no ambiente de trabalho. As causas podem
• Desenvolvimento de pessoas: recrutamento inter-
variar de acordo com os níveis culturais, de comunicação,
no, treinamento mais alinhado às metas;
econômicos e psicológicos dos indivíduos. • Integração: forma de maior integração entre as
Pode-se, ainda, definir clima organizacional como pessoas, áreas, unidades, com o propósito de
sendo uma visão fotográfica que retrata as percepções maior entrosamento e fortalecimento do banco
mais negativas ou positivas dos indivíduos, que pode ser como um todo;
afetada por fatores internos ou externos. • Processo decisório: tornar o processo decisório mais
O clima é em geral influenciado pela cultura da orga- ágil, deixando-o menos burocrático em alguns mo-
nização, embora alguns fatores como políticas organiza- mentos, facilitando decisões e realização de negócios.
cionais, formas de gerenciamento, lideranças formais e
informais, atuação da concorrência e influências gover- Esses itens mostram como um bom clima de trabalho
namentais também possam alterá-lo. influencia diretamente nos negócios e resultados de uma
Pode-se também definir clima organizacional como organização.
um conjunto de valores, ou seja, aquilo que identifica os
colaboradores como seres humanos, suas raças, culturas, 3. Clima organizacional, motivação e comprome-
crenças. Essas diferenças culturais devem ser reconheci- timento
das como importantes nas organizações, pois mostram
a visão de cada um em relação ao ambiente de trabalho. De acordo com Davis & Newstrom (1998), o compor-
tamento organizacional integra quatro elementos distin-
O conceito de clima organizacional é muito abran- tos: pessoas, estrutura, tecnologia e ambiente. Isso en-
gente e complexo, pois busca sintetizar numerosas per- volve conceitos fundamentais sobre a natureza das pes-
cepções, atitudes e sentimentos em um número limitado soas e das organizações, ou seja, como os colaboradores
de dimensões, numa tentativa de mensuração. estão preparados para o desempenho de suas funções,
seu crescimento e desenvolvimento para atingirem níveis
2. Avaliação do clima organizacional mais altos de competência, criatividade e realização, face
à importância dos mesmos serem os recursos centrais
em qualquer organização e qualquer sociedade.
A avaliação do clima organizacional é necessária a fim
Então, o comportamento organizacional deve criar pro-
de que a organização tenha parâmetros para buscar me-
dutividade nas organizações. Aí se inclui conhecimento, ha-
lhorias no ambiente interno corrigindo problemas que
bilidade, atitude e motivação. A motivação faz, segundo Da-
possam estar causando insatisfação dos colaboradores e vis & Newstrom (1998), o colaborador adquirir capacidade.
prejudicando a tanto produtividade dos mesmos quan- É importante, para todo o esse processo ocorrer de
to os resultados da organização. O clima organizacional forma normal, que as empresas gerem condições que
reflete, também, a capacidade da empresa para atrair e motivem os colaboradores a um melhor desempenho,
reter colaboradores competentes que contribuam com ou seja, criem um clima organizacional que facilite o tra-
os resultados desejados (CAMPELLO; OLIVEIRA, 2004). balho para alcançar os resultados pretendidos.
Daí a preocupação das empresas em avaliar o clima or- Motivação, segundo Ferreira (1999, p. 1371), é o “con-
ganizacional. junto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscien-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Os profissionais de recursos humanos juntamente tes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais
com os líderes da organização devem sempre analisar agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo”.
o clima organizacional buscando todas as informações Logo, o comportamento organizacional deve prover
possíveis que possam estar influenciando no resultado condições para criar produtividade nas organizações, fa-
dos colaboradores, tais como preocupações, insatisfa- zer com que os fatores que atuam sobre a motivação dos
ções, sugestões, dúvidas e inseguranças. Com base nes- colaboradores estejam presentes.
sas informações, pode-se fazer um planejamento volta- Mattar & Ferraz (2004) citam que as empresas sabem
do para a melhoria das condições de trabalho tendo em o valor e a importância de obter e manter o comprome-
vista, além da satisfação do colaborador, o aumento da timento de seus colaboradores, pois colaboradores com-
produtividade do mesmo. prometidos propiciam maior eficiência e eficácia. Porém,

41
os autores comentam que nem sempre é fácil conseguir uma área que atue com esses aspectos terá certamente
esse comprometimento por parte dos colaboradores. O índices mais altos de satisfação, menor rotatividade e ob-
mercado atualmente exige das empresas uma alta com- terá melhores resultados. No entanto, isso pode não ser
petitividade, e estas desejariam o comprometimento de suficiente para mudar toda a empresa.
seus colaboradores para atingirem essa maior produtivi- Leal (2001) afirma que a empresa pode definir seu
dade com qualidade nos serviços e, assim, obterem um clima ideal se levar em consideração fatores como es-
crescimento sustentável. tratégias, valores e processos internos. O gestor também
Na era da informação, o maior patrimônio de uma pode fazer de sua área um ambiente melhor ou pior para
empresa é o seu contingente intelectual, ou seja, as pes- se trabalhar, se comparado com outras áreas da empre-
sa. Para isso, outro conjunto de fatores que deve estar
soas, e o grande diferencial está na capacidade que ela
sempre em pauta e sendo bem administrado, o qual in-
tem de atrair, motivar e manter esse patrimônio para ob-
clui: desenvolvimento da equipe, construção e divulga-
ter melhores resultados (MATTAR; FERRAZ, 2004). ção dos objetivos da área, qualidade e rapidez de de-
Entretanto, considerando que as pessoas têm neces- cisões, integração e comunicação, autonomia e suporte
sidades específicas de autorrealização profissional e pes- para a realização das atividades, administração dos con-
soal, essa tarefa torna-se cada vez mais difícil. flitos, informações sobre a empresa, perspectiva de cres-
A necessidade de incentivar e manter o comprometi- cimento profissional e imagem da sua área para outras
mento das pessoas levou as empresas a desenvolver pes- da empresa.
quisas sobre perfil dos colaboradores, forma de gestão, Para Chiavenato (1994), o gerente pode criar e de-
liderança, motivação, entre outras, analisando que ações senvolver um melhor clima organizacional por meio de
devem ser implantadas para obtenção de maiores resul- intervenções no seu estilo gerencial, no sistema de admi-
tados, conforme Mattar & Ferraz (2004). nistrar pessoas, na questão da reciprocidade, na escolha
do seu pessoal, no projeto de trabalho de sua equipe, no
4. O papel do gestor no clima organizacional treinamento de sua equipe, no seu estilo de liderança,
nos esquemas de motivação, na avaliação da equipe e,
Para Leal (2001), o ambiente organizacional é a per- sobretudo, nos sistemas de recompensas e remuneração.
cepção que os funcionários têm da empresa. É o resulta- A outra fase para a manutenção do clima organiza-
do do conjunto das políticas, sistemas, processos, valores cional é um trabalho mais localizado e focado, em que
o gestor compõe um plano em conjunto com seus pro-
e dos estilos gerenciais presentes na empresa. O clima
fissionais, cumprindo-o com o envolvimento e a parti-
interno é o combustível para a melhora ou a piora dos cipação de todos. A gestão de clima, em síntese, é uma
resultados do negócio. Hoje, as empresas querem e pre- gerência dos fatores ambientais, de relacionamento e
cisam olhar de frente para essa relevante variável e atuar resultados, em que devem ser cuidados os aspectos de
na gestão do clima. comunicação e valores para que a área e a empresa te-
A primeira etapa, após se conhecer a percepção das nham visibilidade, atratividade e um grande poder de re-
pessoas, é a elaboração de uma pesquisa para se saber tenção. A manutenção e a atração de bons profissionais
em quais aspectos pode-se melhorar. A partir de então, e de talentos potenciais são um dos grandes prêmios das
criam-se ações em busca de um ambiente melhor e com empresas que cuidam e se atêm às questões ambientais
mais qualidade, o que naturalmente levará a melhores do trabalho.
resultados.
Realizar uma pesquisa de clima organizacional é 5. Ambiência organizacional
trabalhoso, além de demandar alguns cuidados funda-
mentais para o sucesso, como metodologia de pesquisa, A Gestão da Ambiência contempla a identificação dos
confidencialidade de informações etc. Na opinião de Leal fatores que influenciam a cultura organizacional, desen-
(2001), alguns fatores que costumam impactar de forma volvimento e implementação de planos de ação que es-
positiva ou negativa são: estrutura, remuneração, ima- timulem o comprometimento dos colaboradores, assim
como a quantificação do valor percebido pela empresa.
gem da empresa, estilo gerencial, clareza de objetivos e
Ruy Shiosawa, presidente do Great Place to Work
saúde financeira da empresa.
(GPTW), responsável pela pesquisa “100 melhores em-
A área de recursos humanos costuma conduzir essas presas para se trabalhar”, diz que: “um melhor ambiente
pesquisas e, em geral, elas são validadas e “apadrinha- de trabalho atrai talentos e, mais importante, retêm es-
das” pelo principal executivo, que tem nos resultados ses talentos no longo prazo. Uma maior da preocupa-
uma ferramenta de diagnóstico e de marketing para o ção com as pessoas dentro da empresa – e a percepção
planejamento da empresa. desse cuidado da empresa por parte dos funcionários –
Os resultados de uma pesquisa de clima podem ser não apenas se reverte em um bom ambiente de trabalho,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

colocados no mercado como uma forte ferramenta para mas também em melhores indicadores de saúde econô-
atrair profissionais, como mostram, por exemplo, algu- mica da empresa”.
mas publicações especializadas no setor. Um bom ambiente de trabalho não se reflete apenas
Se a empresa não tem uma filosofia para tratar o cli- em uma maior felicidade interna da empresa e em um
ma de forma corporativa e coordenada, o gestor pode maior comprometimento (ou engajamento) do profissio-
fazê-lo em seu grupo, prestando atenção às reações das nal. Impacta a saúde mental e física do trabalhador e os
pessoas, “medindo a temperatura” e analisando cons- ambientes externos ao trabalho (como no ambiente fa-
tantemente os fatores de impacto do negócio com seu miliar). Os resultados dos números mais “frios” também
próprio estilo de gestão. Dentro de uma empresa que são positivos, claro. Empresas com boa ambiência labo-
não cuida institucionalmente de seu ambiente interno, ral, ao que tudo comprova, são mais rentáveis.

42
5. O valor da qualidade acompanhamento destas lideranças; focar em objetivos
factuais, após a identificação do público para a amostra,
“Empresas onde os indicadores de Clima Organiza- ter objetivos claros e segmentos; aplicar questionários
cional são superiores aos 80% de suporte organizacional reduzidos, concisos, ter o foco em atributos importan-
e 70% de engajamento têm uma produtividade até 20% tes, desenvolvido no projeto principal; divulgar ampla-
superior em comparação com outras empresas com in- mente os resultados, manter clareza nos procedimento;
dicadores menores. As vendas essas empresas também desenvolver um plano de ação, planejando novas etapas
caminham em par com os indicadores. Uma tendência utilizando dados obtidos; desenvolver periodicamente
positiva no clima ambiente profissional pode quadrupli- os estudos, fenômenos como Clima Organizacional são
car as vendas de uma empresa”, aponta Moraes. cíclicos.
Observando-se o ranking das “100 melhores empre- Os gestores contemporâneos compreenderão que
sas” e seus resultados na Bolsa de Valores, aponta Shio- tratar do fenômeno clima interno como estratégia de
sawa, é possível ver a mesma tendência: elas são até 3
gestão torna-se fundamental para o alcance de grandes
vezes mais rentáveis que empresas com piores indica-
resultados, market share, diferencial competitivo, sobre-
dores de ambiente de trabalho. O “turnover” – compara-
vivência em cenário de retração e depressão econômica,
tivo entre contratações e demissões – nessas empresas
resiliência organizacional, sinergia, alinhamento executi-
também é menor. Levando-se em conta que toda con-
tratação de um funcionário tem como reflexo um investi- vo e grande gerador de satisfação interna.
mento por parte da empresa com cursos e treinamentos, Em ambientes organizacionais ruins, predomina-se a
por exemplo, um menor “turnover” é garantia de maior desmotivação, alta rotatividade de funcionários, ausência
manutenção desse investimento no profissional. de integração, absenteísmo, conflitos, falta de objetivos
coletivos, falta de comprometimento das pessoas com
Como explica Shiosawa, negócio da empresa, ausência de transparências na ges-
Nós observamos 3 itens que podem explicar esse su- tão, comunicação deficiente, custos financeiros imensu-
cesso. ráveis e falta de respeito ao ser humano.
O primeiro é o sentimento de orgulho que os funcioná- A felicidade em um ambiente empresarial resulta em
rios sentem do lugar onde trabalham. Profissionais sentem pessoas produtivas, geradoras de resultados, buscando
orgulho da empresa quando são respeitadas e percebem melhores posições hierárquicas, comunicando ao públi-
que não são apenas mais um número. Elas trabalham co externo o lado positivo da organização. O resultado
para continuar nesses ambientes e recomendam para ou- financeiro do empreendimento está totalmente conecta-
tros profissionais conhecidos. Isso quer dizer um ”turnover” do ao clima organizacional, e faz-se necessário que seus
menor e a atração de mais talentos (profissionais gabari- fatores estejam incorporados aos princípios modernos
tados). da gestão estratégica da empresa e que todos dentro
da organização tenham a responsabilidade de sua imple-
Em segundo lugar, completa o especialista, está o “ní- mentação, desde a alta administração, gerentes, líderes,
vel de camaradagem” dentro da empresa. Isso é um indi- supervisores, enfim, todos os integrantes deste time.
cador de que os times formados no ambiente de traba-
lho se complementam (um local mais colaborativo). Além MOTIVAÇÃO
disso, a camaradagem é sinônimo de chefias e gerências
equilibradas e respeitosas com os funcionários. Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem
“Outro indicador é o de confiança. Ambientes confiá- que a impulsionam à ação. Existe uma influência tanto
veis são aqueles onde os indivíduos se sentem respeita-
individual como pelo contexto em que essa pessoa se
dos, creem nos valores da empresa e têm maior sensação
encontre. Indivíduos motivados tendem a ter um melhor
de imparcialidade dos processos implementados no am-
desempenho, o que faz com que a organização invista
biente de trabalho”, aponta.
em estímulos para promover essa motivação.
De acordo com Chiavenato (2015), o clima organiza-
cional varia ao longo de um continuum, que vai desde A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem
um clima favorável e saudável até um clima desfavorável dúvida, a solução inovadora para que se pudesse com-
e negativo. Entre esses dois extremos, existe um ponto preender melhor o comportamento humano na sua va-
intermediário: o clima neutro. riedade. Um mesmo indivíduo ora persegue objetivos
É necessário ter uma visão sistêmica dos extremos que atendem a uma necessidade, ora busca satisfazer
desse fenômeno, e uma das mais importantes inter- outras. Tudo depende da sua carência naquele momento.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

venções para levantamento de dados destas variáveis é Duas pessoas não perseguem necessariamente o mesmo
a pesquisa de Clima Organizacional, na qual podemos objetivo ao mesmo tempo. O problema das diferenças
identificar pontos importantes para obtenção de diag- individuais assume importância preponderante quando
nósticos mais precisos de pesquisa de clima. São eles: di- falamos de motivação.
vulgar amplamente o público-alvo que haverá pesquisa 1. Razões da Motivação
de clima; aplicar as amostras em fontes confiáveis, livres 1.1 Razões empresariais
de vícios de procedimento, ou articulações internas; uti- • Concorrência;
lizar consultorias externas ou independentes, aumentan- • Produtos e preços;
do a credibilidade e confiabilidade dos dados; alinhar o • Fidelização.
processo ao nível gerencial e executivo, imprescindível o

43
1.2 Razões Pessoais
• Empregabilidade;
• Motivos para servir:
• (ordem material = cliente =lucro)
• (ordem intelectual = interação / troca / oportunidade)
• (ordem espiritual = crescimento pessoal)

O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se e alcançar seus objetivos.
Podemos identificar os seguintes tipos de motivação:

O ideal seria o alinhamento de todos esses tipos de motivação; pessoas automotivadas atuando em grupos coesos,
com orientação clara, sólida e coerente.
Afinal, o que é motivação? É ser feliz? É enxergar o mundo com outros olhos? É conquistar resultados, é superar
obstáculos, é ser persistente, é acreditar nos seus sonhos, é o quê?

Motivação, segundo o dicionário, é o ato de motivar; exposição de motivos ou causas; conjunto de fatores psicoló-
gicos, conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determinam um certo tipo de conduta em
alguém. Sendo assim, motivação está intimamente ligada aos motivos que, segundo o dicionário, é fato que leva uma
pessoa a algum estado ou atividade.
Motivação vem de motivos que estão ligados simplesmente ao que você quer da vida, e seus motivos são pessoais,
intransferíveis e estão dentro da sua cabeça (e do coração). Logo, seus motivos são abstratos e só têm significado pra
você, por isso motivação é algo tão pessoal, porque vem de dentro.
A motivação é uma força interior que se modifica a cada momento durante toda a vida, a qual direciona e intensifica
os objetivos de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a motivação é algo interior, ou seja, que está dentro
de cada pessoa de forma particular, erramos em dizer que alguém nos motiva ou desmotiva, pois ninguém é capaz de
fazê-lo. Existem pessoas que pregam a automotivação, mas tal termo é erroneamente empregado, já que a motivação
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

é uma força intrínseca, ou seja, interior e o emprego desse prefixo deve ser descartado.

44
Segundo Abraham Maslow, o homem se motiva quando suas necessidades são todas supridas de forma hierárqui-
ca. Maslow organiza tais necessidades da seguinte forma:

• Autorrealização;
• Autoestima;
• Sociais;
• Segurança;
• Fisiológicas.

Tais necessidades devem ser supridas primeiramente no alicerce das necessidades escritas, ou seja, as necessidades
fisiológicas são as iniciantes do processo motivacional, porém, cada indivíduo pode sentir necessidades acima ou abai-
xo das que está executando, o que quer dizer que o processo não é engessado, e sim flexível.
Teoria dos Dois Fatores – Para Frederick Herzberg, a motivação é alcançada por meio de dois fatores:
• Fatores higiênicos, que são estímulos externos que melhoram o desempenho e a ação de indivíduos, mas que não
conseguem motivá-los.
• Fatores motivacionais, que são internos, ou seja, são sentimentos gerados dentro de cada indivíduo a partir do
reconhecimento e da autorrealização gerada por meio de seus atos.

Por outro lado, David McClelland identificou três necessidades que seriam pontos chave para a motivação: poder,
afiliação e realização.
Para McClelland, tais necessidades são “secundárias”, são adquiridas ao longo da vida, mas que trazem prestígio,
status e outras sensações que o ser humano gosta de sentir.
Em relação às teorias, podemos ainda citar as linhas teóricas, que se dividem em Teorias de Conteúdo e Teorias de
Processo, nas quais, em cada uma delas, identificamos as correntes pertencentes.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

45
Disponível em: <gpparaconcursos.blogspot.com.br>.

Existem algumas teorias mais clássicas sobre motivação que veremos abaixo:

Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:


Organiza as necessidades humanas em cinco categorias hierárquicas: necessidades fisiológicas, necessidades de
segurança, necessidades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de autorrealização.

Teoria ERC de Alderfer:


Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de Maslow, criando três categorias: Existência (necessidades fisio-
lógicas e de segurança), Relacionamento (dividiu a estima em duas partes: o componente externo da estima (social) e o
componente interno da estima (autoestima), incluindo nessa categoria as necessidades sociais e o componente externo
da estima) e Crescimento (incluindo aqui autoestima e a necessidade de autorrealização).
Teoria dos dois fatores de Herzberg:
Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de necessidade humanas: os fatores de higiene (extrínsecos) e
os fatores motivacionais (intrínsecos). Os fatores de Higiene são fatores extrínsecos ou exteriores ao trabalho. Para
Herzberg, eles podem causar a insatisfação e desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos, não necessariamente
causarão a motivação. Exemplos: segurança, status, relações de poder, vida pessoal, salário, condições de trabalho, su-
pervisão, política e administração da empresa. Os fatores motivadores são os fatores intrínsecos, internos ao trabalho.
Estes fatores podem causar a satisfação e a motivação. Exemplos: crescimento, progresso, responsabilidade, o próprio
trabalho, o reconhecimento e a realização.

Teoria da determinação de metas:


Considera que a determinação de metas motiva os trabalhadores. A equipe deve participar na definição das metas
(construção conjunta), que devem ser claras, desafiadoras, mas alcançáveis.

Teoria da equidade:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Também conhecida como teoria da comparação social. A motivação seria influenciada fortemente pela percepção
de igualdade e justiça existente no ambiente profissional.

Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom:


Construída em função da relação entre três variáveis: Valência, força (instrumentalidade) e expectativa, referentes
a um determinado objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em direção a resultados particulares. Pode-se
traduzi-la como a preferência em direção, ou não, a determinados objetivos. Valência positiva atrai o comportamento
em sua direção, valência zero é indiferente e valência negativa é algo que o indivíduo prefere não buscar. Força, ou
instrumentalidade, por sua vez, é o grau de energia que o indivíduo irá ter que gastar em sua ação para alcançar o
objetivo. Expectativa é o grau de probabilidade que o indivíduo atribui a determinado evento, em função da relação
entre o esforço que vai ser despendido no evento e o resultado que se busca alcançar.

46
Teorias X e Y:
McGregor afirmava que havia duas abordagens principais de motivação e liderança: as teorias X e Y. A teoria X
apresentava uma visão negativa da natureza humana: pressupunha que os indivíduos são naturalmente preguiçosos,
não gostam de trabalhar, precisam ser guiados, orientados e controlados para realizarem a contento os trabalhos. A
teoria Y é o oposto: diz que os indivíduos são automotivados, gostam de assumir desafios e responsabilidades e irão
contribuir criativamente para o processo se tiverem suficientes oportunidades de participação.

Dentre as teorias citadas, a mais difundida é a da Hierarquia das Necessidades, abaixo mais detalhes sobre ela:
Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessi-
dades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de auto realização.

2. Quanto às implicações dessas teorias


Implicações aos Administradores:
As implicações para os administradores estão relacionadas quanto à forma de motivar os subordinados:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Determinar recompensas que são valorizadas por cada subordinado. Ao serem motivadoras, devem ser adequadas
aos indivíduos, observando suas reações em diferentes situações e perguntando que tipos de recompensas desejam;
• Determinar o desempenho que você deseja e qual o nível de desempenho que os subordinados têm que ter para
serem recompensados;
• Fazer com que o nível de desempenho seja alcançável – a motivação poderá ser baixa se os subordinados acha-
rem que o que foi determinado é difícil ou impossível;
• Ligar as recompensas ao desempenho;
• Certificar se a recompensa e adequada - recompensas pequenas significam motivações fracas.

47
Implicações para a Organização: O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de re-
A expectativa da motivação também traz várias impli- solução da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita,
cações para a organização: frustrada (quando a satisfação é impedida ou bloqueada)
ou compensada (a satisfação é transferida para objeto).
• Geralmente, as organizações recebem o equivalen- Muitas vezes a tensão provocada pelo surgimento da
te a recompensa e não o que desejam – o sistema necessidade encontra uma barreira ou obstáculo para a
de recompensas deve ser projetado para motivar sua liberação. Não encontrando a saída normal, a tensão
os comportamentos desejados; ex.: segurança e represada no organismo procura um meio indireto de
aumento de produção. saída, seja por via psicológica (agressividade, desconten-
• O trabalho em si pode tornar-se intrinsicamente re- tamento, tensão emocional, apatia, indiferença etc.) seja
compensador – se forem projetados para atender as por via fisiológica (tensão nervosa, insônia, repercussões
necessidades mais elevadas dos empregados, como cardíacas ou digestivas etc.). Outras vezes, a necessidade
ex.: independência, criatividade e o trabalho pode ser não é satisfeita nem frustrada, mas é transferida ou com-
motivador por si mesmo. pensada. Isto se dá quando a satisfação de outra necessi-
• Portanto, a tarefa mais importante para os admi- dade reduz ou aplaca a intensidade de uma necessidade
nistradores e organizações é garantir que os su- que não pode ser satisfeita.
bordinados tenham os recursos necessários para A satisfação de alguma necessidade é temporal e
dar o melhor de si em prol do planejamento da passageira, ou seja, a motivação humana é cíclica e orien-
organização. tada pelas diferentes necessidades. O comportamento é
• Ainda sobre motivação, precisamos entender o quase um processo de resolução de problemas, de satis-
processo que leva o indivíduo a tomar uma ação fação de necessidade, à medida que elas vão surgindo.
em busca de um objetivo, conforme mostra o Ciclo
Motivacional. O conceito de motivação – ao nível individual – con-
duz ao de clima organizacional – ao nível da organiza-
ção. Os seres humanos estão continuamente engajados
3. O Ciclo Motivacional
no ajustamento a uma variedade de situações, no sen-
O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas:
tido de satisfazer suas necessidades e manter um equi-
líbrio emocional. Isto pode ser definido com um estado
de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à
satisfação das necessidades de pertencer a um grupo so-
cial de estima e de autorrealização. É a frustração dessas
necessidades que causa muitos dos problemas de ajus-
tamento. Como a satisfação dessas necessidades supe-
riores depende muito de outras pessoas, particularmente
daquelas que estão em posições de autoridade, torna-se
importante para a administração compreender a natu-
reza do ajustamento e do desajustamento das pessoas.
O ajustamento – assim como a inteligência ou as apti-
dões – varia de uma pessoa para outra e dentro do mes-
mo indivíduo de um momento para outro. Varia dentro
de um continuum e pode ser definido em vários graus.
Um bom ajustamento denota “saúde mental”. Uma das
maneiras de se definir saúde mental é descrever as ca-
• Uma necessidade rompe o estado de equilíbrio racterísticas de pessoas mentalmente sadias. As caracte-
do organismo; rísticas básicas de saúde mental são:
• Causando um estado de tensão, insatisfação, des- • As pessoas sentem-se bem consigo mesmas;
conforto e desequilíbrio; • As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
• Esse estado de tensão leva o indivíduo a um com- • As pessoas são capazes de enfrentar por si as de-
portamento ou ação capaz de descarregar a ten- mandas da vida.
são ou livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio.
Diante disso tudo, importante é a postura da área de
Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontra- gestão de pessoas frente a esses aspectos, devendo estar
rá a satisfação da necessidade e, satisfeita essa necessi- sempre atenta, oferecendo ferramentas que proporcio-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

dade, o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior nem a motivação constante dos colaboradores e equipes
e à sua forma de ajustamento ao ambiente. no dia a dia de trabalho.
As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo
contrário, são forças dinâmicas e persistentes que provo- LIDERANÇA
cam comportamentos.
Com a aprendizagem e a repetição (reforço positivo), Uma característica essencial das organizações é que
os comportamentos tornam-se gradativamente mais efi- elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que
cazes na satisfação de certas necessidades. Quando uma entra o conceito de Gestão de Pessoas! Gestão de Pes-
necessidade é satisfeita, ela não é mais motivadora de soas é um modelo geral de como as organizações se re-
comportamento já que não causa tensão ou desconforto. lacionam com as pessoas.

48
Profissionais capazes de liderar, de exercer poder e influência sobre as pessoas, fazem a diferença para muitas organiza-
ções. É uma atividade que, se bem feita, mantém a saúde das relações entre os indivíduos. Por isso, é muito importante essa
atenção dada aos fundamentos da psicologia.

Segundo Chiavenato,
Liderança é uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida por meio do processo de comu-
nicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elementos que caracterizam são, portanto,
quatro: a influência, a situação, o processo de comunicação e os objetivos a alcançar.

A liderança não deve ser confundida com direção nem com gerência. Um bom administrador deve ser necessariamente
um bom líder. Por outro lado, nem sempre um líder é um administrador. Na verdade, os líderes devem estar presentes no nível
institucional, intermediário e operacional das organizações. Todas as organizações precisam de líderes em todos os seus níveis
e em todas as suas áreas de atuação.
A liderança envolve o uso da influência e todas as relações interpessoais podem envolver liderança. Todas as relações
dentro de uma organização envolvem líderes e liderados: as comissões, os grupos de trabalho, as relações entre linha
e assessoria, supervisores e subordinados etc. Outro elemento importante no conceito de liderança é a comunicação.
A clareza e a exatidão da comunicação afetam o comportamento e o desempenho dos liderados. A dificuldade de co-
municar é uma deficiência que prejudica a liderança. O terceiro elemento é a consecução de metas. O líder eficaz terá
de lidar com indivíduos, grupos e metas. A eficácia do líder é geralmente considerada em termos de grau de realização
de uma meta ou combinação de metas. Mas, por outro lado, os indivíduos podem considerar o líder como eficaz ou
ineficaz, em termos de satisfação decorrente da experiência total do trabalho. De fato, a aceitação das diretrizes e co-
mandos de um líder apoia-se muito nas expectativas dos liderados de que suas respostas favoráveis os levarão a bons
resultados. Nesse caso, o líder serve ao grupo como um instrumento para ajudar a alcançar objetivos.
1. Papel do líder

Alcançar eficiência concreta e constante para a organização, por meio de métodos avaliativos, controle e mensura-
ção dos resultados.

2. Estilo de Liderança

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

49
3. Teorias sobre Liderança

É claro que a teoria e o estilo de liderança têm sua importância no contexto, mas o que vale mesmo é que as orga-
nizações compreendam definitivamente o papel do líder, a relevância que esse elemento tem na gestão organizacional,
instigando a equipe a ser melhor a cada dia.
Compete à organização dar o suporte que esse agente motivador precisa para potencializar o desenvolvimento
humano, por meio dos desafios colocados à equipe, provocando alto desempenho, estimulando-os a assumir cada vez
mais o compromisso de atingirem um nível de competência de excelência.
Ao líder compete compreender como fazer isso tudo, por meio de críticas construtivas que visam a melhorar o
desempenho, por meio de decisões que resolvam os conflitos existentes e por meio de um olhar atento para descobrir
talentos, aos quais deve dar feedback e dos quais deve receber, estando disposto a aprender, assim como ensinar.
O papel do líder é o de criar vínculos de confiança, a partir de relações éticas, de postura comprometida com os
liderados em harmonia com os objetivos da organização.
Quando esse papel é notado dentro das organizações, a pessoas nelas envolvidas se sentem respeitadas e valori-
zadas, o clima organizacional é de harmonia e sinergia e, com isso, as organizações atingem não apenas um nível de
competitividade no mercado, mas conseguem firmar seu diferencial de maturidade organizacional.

GESTÃO DE PESSOAS: RELACIONAMENTO INTERPESSOAL, GESTÃO POR COMPETÊNCIAS;


GERENCIAMENTO DE CONFLITOS.

GESTÃO DE PESSOAS

Quando nos deparamos com um cenário globalizado e com competição cada vez mais acirrada, a Gestão de Pes-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

soas torna-se fundamentalmente um instrumento diferenciado para as organizações alcançarem sucesso.

Segundo (CHIAVENATO, 2005, p. 9):


Gestão de pessoas “é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos
funcionários e das organizações. Assim, todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos
eles estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento”
Exatamente por ser esse diferencial, essa área tem passado por mudanças e transformações, afim de acompanhar
a evolução natural das coisas e permitir que o patrimônio intelectual e humano das organizações esteja sempre em
desenvolvimento, não apenas nos seus aspectos tangíveis e concretos, mas, principalmente, nos aspectos conceituais
e intangíveis.

50
A área de Gestão de Pessoas é uma área muito sensível aos aspectos contingenciais e situacionais da organização,
considerando fatores como cultura e estrutura organizacional adotada, clima e ambiente, negócio da organização,
tecnologia utilizada dos processos internos, entre vários outros fatores.
O papel da Administração para a Gestão de Pessoas tem como definição o ato de trabalhar com e por meio de
pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros.
Alguns aspectos estão envolvidos na gestão de pessoas, conforme descritos abaixo:

• Comportamento;
• Processo de decisão;
• Ação e execução;
• Relacionamento interpessoal;
• Comprometimento interpessoal e organizacional;
• Perspectiva de futuro;
• Envolvimento com processos;
• Desenvolvimento de habilidades;
• Identificação de capacidades intelectuais – Construindo um patrimônio intelectual.

Essa evolução natural percebida pelas organizações trouxe mudanças também na denominação e na forma como
se enxerga essa área.
Enquanto por muito tempo as organizações consideravam as pessoas como um dos recursos necessários para a
existência da organização, hoje essa compreensão envolve um conceito diferenciado, no qual as pessoas não são vistas
como um recurso e, sim, como parceiro e colaborador na busca pelos resultados desejados.
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na organização também o subsistema técnico. A intera-
ção da gestão de pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais
e individuais.

A seguir, temos três aspectos que dão sustentação a essa colocação do papel das pessoas hoje nas organizações:

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Como vimos acima, a Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem-sucedidas e
pelo aporte de capital intelectual, que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da
Informação e do Conhecimento.
Como pudemos perceber, existe um processo evolutivo na forma como se trata as pessoas dentro da organização,
saindo de um conceito no qual pessoas eram consideradas recursos até chegar no conceito de pessoas como parceiros,
sendo que, nessa transição, as mudanças práticas são bem claras, conforme vemos a seguir:

51
Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros
Horário rigidamente estabelecido Colaboradores agrupados em equipes
Preocupação com normas e regras Metas negociadas e compartilhadas
Subordinação ao chefe Preocupação com resultados
Fidelidade à organização Satisfação do cliente
Dependência da chefia Vinculação à missão e à visão
Alienação em relação à organização Interdependência entre colegas
Ênfase na especialização Participação e comprometimento
Executoras de tarefas Ênfase na ética e responsabilidade
Ênfase nas destrezas manuais Fornecedores de atividade
Valorização da mão de obra Ênfase no conhecimento
Inteligência e talento
Valorização do intelecto

Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas, sendo que,
nesse contexto, a Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social.
Dentre os demais sistemas organizacionais, destacamos o subsistema técnico, e é essa interação entre Gestão de
pessoas e outros subsistemas, especialmente o técnico, que trabalho para o alinhamento entre os objetivos organiza-
cionais e os objetivos individuais.
Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, mais especialmente sobre as análises de comportamento
que produzem a cooperação por parte dos indivíduos.
Essa teoria resume a relação entre pessoas e organização como sendo um sistema no qual a organização recebe
cooperação dos colaboradores sob a forma de dedicação ou de trabalho e em troca oferece vantagens e incentivos,
dentre os quais podemos citar os salários, prêmios de produção, gratificações, elogios, oportunidades etc.
Essa troca mútua cria uma harmonia no ambiente organizacional, permitindo assim que se alcance o equilíbrio
organizacional.

CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES

A Gestão de Pessoas é caracterizada por: participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento do capital


humano da organização, que é formado pelas pessoas que a compõem.
Cabe à área de gestão de pessoas a função de humanizar as empresas.
Atualmente, nas relações de trabalho, vem ocorrendo mudanças conforme as exigências que o mercado impõe ou
na forma de gerir pessoas.
Analisemos agora as características e funções dessa área:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ATRIBUIÇÕES E OBJETIVOS DA GESTÃO DE PESSOAS

Como objetivos, destacamos alguns aspectos bem claros da área de gestão de pessoas:

• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão;


• Proporcionar competitividade à organização;
• Proporcionar à organização talentos bem treinados e motivados;

52
• Aumentar a autoatualização e a satisfação das pes- Já há algum tempo, a sociedade tem vivido uma tran-
soas no trabalho; sição denominada “Era da Informação e Conhecimento”,
• Desenvolver e manter qualidade de vida no traba- no qual as pessoas precisam ser consideradas parte es-
lho; sencial desse processo para que as organizações obte-
• Administrar a mudança; nham êxito em suas operações. No âmbito empresarial,
• Manter política ética e comportamento socialmen- são fundamentais que todos os colaboradores engajados
te responsável. nos processos assimilem a missão e os objetivos da orga-
nização, como elementos norteadores na formulação e
planejamento de estratégias. Por outro lado, os gerentes
Assim como também compete à área de gestão de
devem desenvolver uma atuação que possibilite a ênfase
pessoas lidar com alguns desafios e atribuições bem re- nos focos de aprendizagem da organização.
levantes, como vemos a seguir. Nesta 3ª fase da globalização em que vivemos, é viá-
vel que as organizações que almejam crescimento e me-
• Retenção de talentos – antes de mais nada é ne- lhoria contínua invistam em treinamento e qualificação e
cessário que a organização consiga identificar os requalificação de seu pessoal, gerando assim uma signifi-
potenciais existentes ali dentro e, a partir daí, criar cativa vantagem competitiva num mercado no qual as ino-
condições de reter esse talento. Para que essa re- vações tecnológicas chegam já com data prevista de saída
tenção seja possível, a organização precisa criar para novos critérios. Todavia, as empresas que entenderem
uma contrapartida para o colaborador, conside- essa interdependência alcançarão gradualmente soluções
compensatórias em seus trâmites e processos.
rando, aqui, não apenas o aspecto financeiro, mas
Conduzir pessoas numa organização significa dispo-
os demais aspectos que a geração atual anseia nibilizar o capital (materiais, equipamentos, fatores de
conquistar, como liberdade de tempo, valorização produção, treinamento) para que todos os envolvidos no
e reconhecimento, oportunidade de crescimento, processo (funcionários e parceiros) sintam sua importân-
espaço para participar de forma mais ativa, entre cia para a organização e se renovem dia após dia no al-
outros. cance de suas competências profissionais e pessoais em
• Choque de gerações – Dentro de uma organiza- busca de suas eficiências e eficácias.
ção, costumeiramente nos deparamos com várias O desempenho das pessoas no processo de tomada
gerações trabalhando juntas e, nesse cenário, te- de decisão nas instituições, quando entendido o que é
mos diversidade de características, experiências, eficiência (defeito zero e qualidade total) e eficácia (al-
expectativas e competências, cabendo à área de cance das metas empresariais), faz com que as empresas
entrem no eixo da maturidade mercadológica (posição
gestão de pessoas identificar e equilibrar essas di-
na qual o produto ou serviço da empresa já é conhecido
ferenças, evitando assim que um choque de gera- pelos clientes, mas que pode trazer eventuais problemas
ções impeça que talentos possam ser descobertos caso não se identifique a necessidade de constantes me-
e que trabalhem em conjunto, contribuindo e po- lhorias nos processos que serão sentidos pela clientela).
tencializando o patrimônio intelectual da organiza- Isso tudo traz a área de gestão de pessoas, junto com
ção. todos os demais setores organizacionais, para um impor-
• Ambiente – Como falamos acima, os anseios da tante papel estratégico, tanto para despertar e desenvol-
geração atual vão muito além do aspecto finan- ver talentos organizacionais, quanto para potencializar a
ceiro, passando pelo ambiente em que estão inse- elaboração e a execução de planos estratégicos que a
ridos, portanto, cabe à área de gestão de pessoas, organização adote para alcançar seus objetivos.
Ao longo da história, tivemos muitas teorias pertinen-
dentro do possível, estimular a criação de ambien-
tes à Administração, podemos citar:
tes mais próximos desses anseios, propiciando
Frederick Taylor, que trouxe os princípios da adminis-
mais liberdade, criatividade e estímulos outros que tração científica, contribuindo para a racionalização do
impulsionem esses jovens no processo produtivo. trabalho industrial e para a divisão de autoridade e su-
• Papel do Gestor de Pessoas – A área de gestão pervisão ao nível de linha (autoridade vertical).
de pessoas precisa sair do operacional para assu- Temos também Henry Fayol, que nos apresentou uma
mir uma cadeira nas decisões estratégicas. Deve teoria mais global da ação administrativa, ao contrário de
participar opinando e mostrando alternativas de Taylor, que se dedicou mais as questões relativas à linha
preparação dos profissionais. Antes disso, é pre- de produção.
ciso estar mais próximo dos clientes internos para
Citamos ainda Henry Ford, que se ocupou do sistema
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

acompanhar mudanças, expectativas e identificar


de produção empresarial como um todo, visando a sua
quem pode fazer parte de um plano de carreira e
maior eficiência, introduzindo conceitos modernos de
de desenvolvimento. Esse gestor deve ser atual, produção em série e de linhas de montagem, conceben-
versátil e flexível para atender às necessidades in- do um ritmo de trabalho em cadeia, para poupar tempo
ternas e às de mercado. O desafio das empresas é a e custos.
estruturação de um processo de carreira, tanto hori- Até que chegamos àquela que começa a trabalhar a
zontal quanto vertical. As pessoas devem começar a visão diferente em relação ao indivíduo. Alton Mayo, que
ser valorizadas pelas entregas, inovações e projetos nos apresentou uma teoria que tratava exatamente das
que fazem e não mais só pela posição que ocupam. relações humanas. A Teoria das Relações Humanas preo-
cupou-se intensamente com o esmagamento do homem

53
pelo desenfreado desenvolvimento da civilização indus- A Gestão Estratégica de Pessoas nas organizações é
trializada, salientando que, enquanto a eficiência material um elo entre metas organizacionais e individuais per-
aumentou poderosamente nos últimos duzentos anos, a mitindo a colaboração e participação eficaz de todas as
capacidade humana para o trabalho coletivo não mante- pessoas envolvidas. Para isso as etapas Planejar, Organi-
ve o mesmo ritmo de desenvolvimento. zar, Dirigir e Controlar deve ser bem trabalhado pelas li-
Mayo afirma que o problema da cooperação não deranças e gerencias da empresa conduzindo todos num
pode ser resolvido apenas por meio do retorno às for- único objetivo.
mas tradicionais de organização. O que deve haver é Nessa abordagem, faz-se necessário a compreensão
uma nova concepção das relações humanas no trabalho. e o entendimento sobre Planejamento Estratégico e con-
Como resultado de suas experiências dentro das próprias seguintemente o papel potencial das pessoas.
empresas, verificou que a colaboração na sociedade in- É primordial as organizações estabelecerem alguns
dustrializada não pode ser entregue ao acaso, enquanto critérios para que a gestão de pessoas tenha importância
se cuida apenas dos aspectos materiais e tecnológicos significativa, tais como:
do progresso humano.
A tarefa básica da Administração é formar uma elite – Motivar e reconhecer os esforços de todos os en-
capaz de compreender e de comunicar, dotada de chefes volvidos;
democráticos, persuasivos e simpáticos a todo pessoal: – Transmitir suas ideias e saber exercer suas influên-
ao invés de se tentar fazer os empregados compreende- cias;
rem a lógica da administração da empresa, a nova elite – Transformar Grupos em Equipes;
de administradores deve compreender as limitações des- – Pensar, agir e solucionar problemas;
sa lógica e ser capaz de entender a lógica dos trabalha- – Gerar ambiente sinérgico;
dores. – Ter nos conflitos gerados uma oportunidade de
A pessoa humana é motivada essencialmente pela fonte de aprendizagem;
necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecida”, de re- – Saber gerenciar o estresse;
ceber adequada comunicação: Mayo se opunha à afirma- – Saber delegar;
ção de Taylor de que a motivação básica do empregado – Desenvolver culturas;
era meramente salarial (homo economicus). Para Mayo, o – Preparar as pessoas para a avaliação de desempe-
conflito social deve ser evitado a todo custo por meio de nho;
uma administração humanizada que faça um tratamento – Elaborar planos individuais de capacitação por
preventivo e profilático. As relações humanas e a coope- competências;
ração constituem a chave para evitar o conflito social, o – Fornecer opinião sobre as competências indivi-
qual é o germe da destruição da própria sociedade. “O duais;
conflito é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar – Identificar, segundo o perfil traçado pela empresa, as
social.” pessoas que estão acima, na média ou – aquém das
Esse processo todo, que veio acompanhando o cená- expectativas;
rio organizacional, justifica a importância da gestão de – Agregar pessoas (valorizar o capital intelectual);
pessoas, a espinha dorsal, a viga, a estrutura desse todo. – Desenvolver pessoas (integrar e motivar os colabo-
Segundo Davel e Vergara (2001, p.31), radores);
As pessoas não fazem somente parte da vida produti- – Adotar administração horizontal (faz com que as
va das organizações. Elas constituem o princípio essencial lideranças estejam em maior proximidade dos li-
de sua dinâmica, conferem vitalidade às atividades e pro- derados, privilegiando o acesso à informação e re-
cessos, inovam, criam, recriam contextos e situações que duzindo os níveis organizacionais);
podem levar a organização a posicionarem-se de maneira – Aplicar benchmarking para obtenção de vantagem
competitiva, cooperativa e diferenciada com os clientes, competitiva;
outras organizações e no ambiente de negócios em geral. – Desenvolver políticas de parcerias;
– Manter e recompensar pessoas;
Conforme Barçante e Castro (1995, p. 20), – Monitorar as atividades realizadas diariamente;
Ao ouvir a voz do cliente interno, ou seja, dos funcioná- – Criar um Canal de Reclamações e Sugestões visan-
rios, a empresa estará tratando-o como um aliado e não do a, por meio de críticas construtivas, agregar va-
só como um mero cumpridor de ordens, estará vendo que lores à organização;
dele dependem os seus resultados. – Divulgar na Intranet da empresa ou divulgar in-
Mas para obter bons resultados, a organização preci- ternamente o desempenho mensal das equipes
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

sa abrir mão de alguns paradigmas e criar um cenário em de trabalho em comparação à evolução alcançada
que o colaborador possa pôr em prática toda uma expe- com relação às metas estipuladas pela organiza-
riência profissional já vivenciada ou praticada em outras ção.
ocasiões. Nesse momento, o gestor de pessoas (lideran-
ça), precisa atuar no sentido de capacitar, estimular e PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS
principalmente motivar as pessoas a adquirirem cada vez
mais habilidades e atitudes vencedoras para que toda a Podemos compilar esses e outros critérios dentro de
proposta de negócios atinja grandes resultados, de for- um processo atual de gestão de pessoas, que comporta
ma que tudo que ficou determinado pelas organizações seis aspectos básicos, como veremos agora:
seja cumprido.

54
Todos esses processos estão intimamente relacionados entre si, de tal maneira que se interpenetram e se influen-
ciam reciprocamente. Cada processo tende a favorecer ou prejudicar os demais, quando bem ou mal utilizados. Um
processo de agregar pessoas malfeito passa a exigir um processo de desenvolver pessoas mais intenso para compensar
as suas falhas. Se o processo de recompensar pessoas é falho, ele exige um processo de manter pessoas mais intenso.
Além do mais, todos esses processos são desenhados de acordo com as exigências das in­fluências ambientais externas
e das influências organizacionais internas para obter a melhor compatibilização entre si. Trata-se, pois, de um modelo
de diagnóstico de RH.
Uma das ferramentas utilizadas pela área de gestão de pessoas para facilitar a administração das informações pertinentes
às pessoas envolvidas nos processos organizacionais é o Sistema de Informação Gerencial, no qual, por meio de um banco de
dados, é possível fazer o registro de informações que possam auxiliar o gestor e os lideres nos processos decisórios.
Os aspectos administrados por meio do SIG podem ser analisados numa visão geral ou focada. Na visão geral, o
sistema permite uma análise de todos os processos organizacionais, já os de visão focada, fornecem dados setorizados,
referentes aos departamentos que se deseja analisar em especifico, sendo que em ambos constam informações como
objetivos, estratégias e políticas da empresa, fatores ambientais da empresa, qualidade dos profissionais, das informa-
ções e dos processos, tecnologia da empresa, relação dos custos versus benefícios, bem como os riscos envolvidos e
aceitos, entre outros.
No entanto, dados coletados por si só não contribuem para esse processo, portanto, faz-se necessário que haja uma
análise e classificação desses dados, relacionando entre si as informações e suas possíveis aplicabilidades.
No subsistema gestão de pessoas, para facilitar essa classificação e interação de dados, o sistema deve registrar
dados diversos sobre o colaborador e sua relação com a organização, tais como:

• Dados pessoais;
• Dados sobre cargos e os encarregados dessas funções;
• Dados sobre os setores e departamentos existentes na organização;
• Dados sobre remuneração e beneficios;
• Dados sobre processos de treinamento e capacitação desenvolvidos e/ou necessários;
• Dados sobre aspectos relacionados à saúde ocupacional, entre outros.

Cabe à administração decidir, diante do investimento envolvido, qual o melhor e mais indicado sistema a ser im-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

plantado, considerando os processos envolvidos e as expectativas da organização, lembrando também que o sistema
só será eficaz se as informações por ele fornecidas forem constantemente atualizadas e revistas, conforme o desenvol-
vimento dos processos em andamento na organização.

GESTÃO DE DESEMPENHO

A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está a par dos resultados apresentados por seus colaboradores
é acompanhando de perto as atividades que esses realizam. E o método mais eficaz de demonstrar esse acompanha-
mento é por meio da Avaliação de Desempenho do colaborador. A avaliação de desempenho é uma ferramenta da
gestão de pessoas que visa a analisar o desempenho individual ou de um grupo de funcionários em uma determinada

55
empresa. É um processo de identificação, diagnóstico e • Escolha e distribuição forçada: consiste na avalia-
análise do comportamento de um colaborador durante ção dos indivíduos através de frases descritivas de
um intervalo de tempo, analisando sua postura profissio- determinado tipo de desempenho em relação às
nal, seu conhecimento técnico, sua relação com os par- tarefas que lhe foram atribuídas, entre as quais o
ceiros de trabalho etc. avaliador é forçado a escolher a mais adequada
Esse método tem por objetivo analisar as melhores para descrever os comportamentos do avaliado.
práticas dos funcionários, proporcionando um cresci- Este método busca minimizar a subjetividade do
mento profissional e pessoal, visando a um melhor de- processo de avaliação de desempenho.
sempenho de suas funções no ambiente de trabalho. • Pesquisa de campo: tem base na realização de
Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio à reuniões entre um especialista em avaliação de
administração de recursos humanos da empresa, alimen- desempenho da área de Recursos Humanos e
tando-a com informações que auxiliam a tomada de de- cada líder, para avaliação do desempenho de cada
cisão sobre práticas de bonificação, aumento de salários, um dos subordinados, levantando-se os motivos
demissões, necessidades de treinamento etc. de tal desempenho por meio de análise de fatos
e situações. Este método permite um diagnóstico
Segundo Wagner Siqueira, o processo de avaliação padronizado do desempenho, minimizando a sub-
de desempenho de um colaborador inclui, dentre outras,
jetividade da avaliação. Ainda possibilita o planeja-
as expectativas desejadas e os resultados reais, sendo di-
mento, conjuntamente com o líder, do desenvolvi-
vidida em algumas etapas:
mento profissional de cada um.
• Apreciação diária do comportamento do colabora-
dor, seus progressos e limitações, êxitos e insuces- • Incidentes críticos: enfoca as atitudes que repre-
sos, com oferecimento permanente de feedback sentam desempenhos altamente positivos (suces-
instantâneo; so), que devem ser realçados e estimulados, ou
• Identificação e equacionamento imediato dos pro- altamente negativos (fracassos), que devem ser
blemas emergentes, procurando manter continua- corrigidos através de orientação constante. O mé-
mente um alto padrão de motivação e de obten- todo não se preocupa em avaliar as situações nor-
ção de resultados; mais. No entanto, para haver sucesso na utilização
• Entrevistas formais periódicas de avaliação de de- desse método, é necessário o registro constante
sempenho, em que avaliador e avaliado analisam dos fatos para que estes não passem despercebi-
os resultados obtidos no período considerado e dos.
redefinem novas orientações, compromissos recí- • Comparação de pares: também conhecida como
procos e ações corretivas, se for o caso. comparação binária, faz uma comparação entre
o desempenho de dois colaboradores ou entre o
Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e desempenho de um colaborador e sua equipe, po-
limitações dos funcionários, buscando identificar pontos dendo fazer o uso de fatores para isso. É um pro-
de melhoria, necessidade de treinamento, ou até mes- cesso muito simples e pouco eficiente, mas que se
mo remanejamento do indivíduo para outras funções em torna muito difícil de ser realizado quanto maior
que poderia render melhor. for o número de pessoas avaliadas.
Assim, o papel principal da avaliação de desempenho • Auto avaliação: é a avaliação feita pelo próprio
é identificar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças avaliado com relação a sua performance. O ideal
de desempenho entre os muitos funcionários da organi- é que esse sistema seja utilizado conjuntamente a
zação. Tendo sempre como base a interação constante outros sistemas para minimizar o forte viés e a falta
entre avaliador e avaliado. de sinceridade que podem ocorrer.
• Relatório de performance: também chamada de
Disponível em: <http://www.sobreadministracao.
avaliação por escrito ou avaliação da experiência,
com/avaliacao-de-desempenho-o-que-e-e-como-fun-
trata-se de uma descrição mais livre acerca das ca-
ciona/>. Acesso em: 14 jul. 2018.
racterísticas do avaliado, seus pontos fortes, fracos,
1. Formas de avaliação de desempenho potencialidades e dimensões de comportamento,
entre outros aspectos. Sua desvantagem está na
Listamos abaixo os métodos mais tradicionais de ava- dificuldade de se combinar ou comparar as classifi-
liação: cações atribuídas e por isso exige a suplementação
de um outro método, mais formal.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Escalas gráficas de classificação: é o método mais • Avaliação por resultados: é um método de avalia-
utilizado nas empresas. Avalia o desempenho por ção baseado na comparação entre os resultados
meio de indicadores definidos, graduados através previstos e realizados. É um método prático, mas
da descrição de desempenho numa variação de que depende somente do ponto de vista do super-
ruim a excepcional. Para cada graduação pode ha- visor a respeito do desempenho avaliado.
ver exemplos de comportamentos esperados para • Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação
facilitar a observação da existência ou não do indi- do alcance de objetivos específicos, mensuráveis,
cador. Permite a elaboração de gráficos que facili- alinhados aos objetivos organizacionais e nego-
tarão a avaliação e o acompanhamento do desem- ciados previamente entre cada colaborador e seu
penho histórico do avaliado. superior. É importante ressaltar que, durante a

56
avaliação, não devem ser levados em consideração Este método é importante, também, para eliminar
aspectos que não estavam previstos nos objetivos, “achismos” e palpites quanto à avaliação de um funcio-
ou não tinham sido comunicados ao colaborador. nário. É um meio de obter informações reais e avaliar de
E ainda, deve-se permitir ao colaborador sua au- perto as implicações de uma possível mudança na gestão
toavaliação para discussão com seu gestor. de recursos humanos da empresa.
• Padrões de desempenho: também chamado de
padrões de trabalho, é quando há estabelecimento Por isso, manter esse tipo de avaliação pode trazer
de metas somente por parte da organização, mas muitos benefícios e mudanças positivas na gestão de
que devem ser comunicadas às pessoas que serão pessoas de uma organização, seja qual for o seu tama-
avaliadas. nho. Com ela, o gestor pode avaliar melhor seus subor-
• Frases descritivas: trata-se de uma avaliação atra- dinados, melhorar o clima de trabalho, investir no treina-
vés de comportamentos descritos como ideais mento de seus pares, melhorar a produtividade, desen-
ou negativos. Assim, assinala-se “sim” quando o volver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar
comportamento do colaborador corresponde ao de forma mais eficiente etc. Todos ganham quando uma
comportamento descrito, e “não” quando não equipe é avaliada de forma satisfatória pelos gerentes.
corresponde. É diferente do método da Escolha e
distribuição forçada no sentido da não obrigato- 3. Aplicações
riedade na escolha das frases.
• Avaliação 360 graus: neste método, o avaliado A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de
recebe feedbacks (retornos) de todas as pessoas diferentes funções administrativas, motivacionais e de
com quem ele tem relação, também chamados comunicação, como citadas a seguir:
de stakeholders, como pares, superior imediato,
subordinados, clientes, entre outros. • Identificação de pontos fortes e fracos dos colabo-
• Avaliação de competências: trata-se da identifica- radores e, consequentemente, da organização;
ção de competências conceituais (conhecimento
• Identificação de diferenças individuais;
teórico), técnicas (habilidades) e interpessoais (ati-
• Estímulo à comunicação interpessoal;
tudes) necessárias para que determinado desem-
• Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”,
penho seja obtido.
formada por chefe e subordinado;
• Avaliação de competências e resultados: é a con-
• Informação ao colaborador de como o seu desem-
jugação das avaliações de competências e resulta-
dos, ou seja, é a verificação da existência ou não penho é percebido;
das competências necessárias de acordo com o • Estímulo ao desenvolvimento individual do avalia-
desempenho apresentado. dor e do avaliado;
• Avaliação de potencial: com ênfase no desempe- • Indicações de promoções e de aumentos salariais
nho futuro, identifica as potencialidades do ava- por mérito;
liado que facilitarão o desenvolvimento de tarefas • Indicações de necessidade de treinamento;
e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita a • Gestão de crises nas equipes e nos processos ope-
identificação de talentos que estejam trabalhando racionais (sistemas técnicos e sociais);
aquém de suas capacidades, fornecendo base para • Auxílio na verificação de aprendizagens;
a recolocação dessas pessoas. • Identificação de problemas de trabalho em geral,
• Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Ro- no relacionamento individual, intraequipe ou inte-
bert S. Kaplan e David P. Norton na década de 90, requipes;
avalia o desempenho sob quatro perspectivas: fi- • Registro histórico suplementar para ações admi-
nanceira, do cliente, dos processos internos e do nistrativas de gestão;
aprendizado e crescimento. São definidos objeti- • Apoio às pesquisas de clima organizacional.
vos estratégicos para cada uma das perspectivas e
tarefas para o atendimento da meta em cada obje- 4. Indicadores de Desempenho
tivo estratégico.
O que não é medido não é gerenciado....
2. Vantagens da Avaliação de desempenho Robert Kaplan

Por meio da avaliação de desempenho é possível Se você não mede algo, você não pode entender o pro-
identificar novos talentos dentro da própria organização, cesso.
mediante análise do comportamento e das qualidades Se você não entende o processo, você não consegue
de cada indivíduo, gerando, assim, novas possibilidades aperfeiçoá-lo.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

para remanejamento interno de colaboradores. Além Peter Druker


disso, pode oferecer bonificações e premiações aos fun-
cionários que mais se destacarem na avaliação. A utilização de indicadores de desempenho para
Outra vantagem é a possibilidade de gerar um fee- aferir os resultados alcançados pelos administradores é
dback mais fácil aos funcionários analisados e gestores, uma metodologia que está relacionada ao conceito de
uma vez que tem como resultado informações relevan- gerenciamento voltado para resultados (result oriented
tes, sólidas e tangíveis para um resultado eficiente. Esse management – ROM). Esse conceito tem sido adotado
feedback faz com que os avaliados queiram investir ain- nas administrações públicas de diversos países, espe-
da mais em seu desenvolvimento, melhorando seu de- cialmente nos de cultura anglo-saxônica (EUA, Austrália,
sempenho e trazendo vantagens para a empresa. Reino Unido).

57
Para alguns estudiosos/autores da literatura especia- • Permite o acompanhamento e a avaliação do de-
lizada, o conceito de indicador de desempenho pode ser sempenho ao longo do tempo e ainda a compara-
definido como um instrumento de mensuração quanti- ção entre:
tativa ou qualitativa de aspectos do desempenho. Neste • Desempenho anterior x desempenho corrente;
material, vamos adotar a seguinte definição: • Desempenho corrente x padrão de comparação;
Um indicador de desempenho é um número, percen- • Desempenho planejado x desempenho real;
tagem ou razão que mede um aspecto do desempenho, • Possibilita enfocar as áreas relevantes do desem-
com o objetivo de comparar esta medida com metas penho e expressá-las de forma clara, induzindo um
pré-estabelecidas.
processo de transformações estruturais e funcio-
nais que permite eliminar inconsistências entre a
5. Medição de desempenho e indicador de de-
sempenho missão da instituição, sua estrutura e seus objeti-
vos prioritários;
A expressão indicador de desempenho é também • Ajuda o processo de desenvolvimento organiza-
normalmente utilizada no sentido de medição de de- cional e de formulação de políticas a médio e lon-
sempenho. Entretanto, é possível estabelecer-se uma go prazos;
distinção entre ambas. Medições de desempenho são • Melhora o processo de coordenação organizacio-
efetuadas quando os aspectos do desempenho podem nal, a partir da discussão fundamentada dos resul-
ser mensurados diretamente e quantificados com facili- tados e o estabelecimento de compromissos entre
dade. Exemplos: quilometragem de estradas conserva- os diversos setores da instituição;
das; número de alunos matriculados no 1º grau. • Possibilita a incorporação de sistemas de reconhe-
Indicadores de desempenho são utilizados quando cimento pelo bom desempenho, tanto institucio-
não é possível efetuar tais mensurações de forma di- nais quanto individuais.
reta. Atuam como uma alternativa para a medição do
desempenho, embora não forneçam uma mensuração 9. Qualidades desejáveis em um indicador de de-
direta dos resultados. Exemplo: a utilização do índice de sempenho
repetência na 1ª série do 1º grau, como um dos fatores
a serem considerados na formação de um indicador de
Tanto na análise de indicadores de desempenho já
desempenho para medir a efetividade do ensino de 1º
existentes, quanto na elaboração de novos, deve-se veri-
grau.
O que se deseja ressaltar com essa diferenciação é ficar as seguintes características:
que os indicadores de desempenho podem fornecer
uma boa visão acerca do resultado que se deseja medir, I. Representatividade: o indicador deve ser a expres-
mas são apenas aproximações do que realmente está são dos produtos essenciais de uma atividade ou
ocorrendo, necessitando, sempre, de interpretação no função; o enfoque deve ser no produto: medir aquilo
contexto em que estão inseridos. que é produzido, identificando produtos interme-
diários e finais, além dos impactos desses produtos
6. Natureza comparativa dos indicadores de de- (outcomes). Este atributo merece certa atenção, pois
sempenho indicadores muito representativos tendem a ser mais
difíceis de ser obtidos.
Informações sobre desempenho são essencialmente II. Homogeneidade: na construção de indicadores
comparativas. Um conjunto de dados isolado mostrando devem ser consideradas apenas variáveis homogê-
os resultados atingidos por uma instituição não diz nada neas. Por exemplo, ao estabelecer o custo médio por
a respeito do desempenho da mesma, a menos que seja auditoria, devem-se identificar os diversos tipos de
confrontado com metas ou padrões preestabelecidos, ou auditoria, já que para cada tipo tem-se uma compo-
realizada uma comparação com os resultados atingidos sição de custo diversa.
em períodos anteriores, obtendo-se assim uma série his-
III. Praticidade: garantia de que o indicador realmente
tórica para análise.
funciona na prática e permite a tomada de decisões
7. Variáveis empregadas na construção de indica- gerenciais. Para tanto, deve ser testado, modificado
dores ou excluído quando não atender a essa condição.
IV. Validade: o indicador deve refletir o fenômeno a
Os indicadores quase sempre são compostos por va- ser monitorado.
riáveis provenientes de um dos seguintes grupos: custo, V. Independência: o indicador deve medir os resul-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

tempo, quantidade e qualidade. tados atribuíveis às ações que se quer monitorar,


devendo ser evitados indicadores que possam ser
8. Principais usos de indicadores de desempenho influenciados por fatores externos.
A utilização de indicadores de desempenho pela ins- VI. Confiabilidade: a fonte de dados utilizada para o
tituição: cálculo do indicador deve ser confiável, de tal forma
que diferentes avaliadores possam chegar aos mes-
• Possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa do mos resultados.
desempenho global da instituição, por meio da VII. Seletividade: deve-se estabelecer um número
avaliação de seus principais programas e/ou de- equilibrado de indicadores que enfoquem os aspec-
partamentos; tos essenciais do que se quer monitorar.

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VIII. Simplicidade: o indicador deve ser de fácil compreensão e não envolver dificuldades de cálculo ou de uso.
IX. Cobertura: os indicadores devem representar adequadamente a amplitude e a diversidade de características do
fenômeno monitorado, resguardado o princípio da seletividade e da simplicidade.
X. Economicidade: as informações necessárias ao cálculo do indicador devem ser coletadas e atualizadas a um
custo razoável, em outras palavras, a manutenção da base de dados não pode ser dispendiosa.
XI. Acessibilidade: deve haver facilidade de acesso às informações primárias bem como de registro e manutenção
para o cálculo dos indicadores.
XII. Estabilidade: a estabilidade conceitual das variáveis componentes e do próprio indicador bem como a estabi-
lidade dos procedimentos para sua elaboração são condições necessárias ao emprego de indicadores para avaliar
o desempenho ao longo do tempo.

10. Aspectos do desempenho medidos pelos indicadores


O desempenho na obtenção de um determinado resultado pode ser medido segundo as seguintes dimensões de
análise: economicidade, eficiência, eficácia e efetividade. Para cada dimensão de análise podem existir um ou mais
indicadores.

11. Tipos de indicadores

12. Requisitos dos indicadores

• Disponibilidade – Facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo;


• Simplicidade – Facilidade de ser compreendido;
• Baixo custo de obtenção;
• Adaptabilidade – Capacidade de resposta às mudanças;
• Estabilidade – Permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica;
• Rastreabilidade – Facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção;
• Representatividade – Atender às etapas críticas dos processos, estes sendo importantes e abrangentes.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

59
13. Exemplo de Indicadores de Desempenho

PROCESSOS MÉTRICAS
Estratégia Corporativa ▪ A posição competitiva na indústria
▪ Custo, tempo de desenvolvimento, tempo de entrega, quantidade, preço e canais dos
produtos oferecidos
▪ Quantidade, complexidade e tamanho dos concorrentes, clientes, parceiros e forne-
cedores
▪ Valor dos recursos disponíveis
Estrutura Corporativa ▪ Número de unidades estratégicas de negócio (UEN)
▪ Diversidade geográfica de produção e vendas
▪ Nível de capacitação para cada (UEN) e gerentes
Sistemas Corporativos ▪ Índice de retenção de clientes e funcionários
▪ Produtos e índices de qualidade de processos
▪ Investimento na formação de equipes
Recursos ▪ Recursos financeiros disponíveis para investimento no negócio
▪ Avaliação de competências dos funcionários existentes
▪ Avaliação da qualidade da tecnologia atual e dos processos
Ambiente externo ▪ Avaliação dos investimentos dos concorrentes
▪ Avaliação das necessidades do cliente
▪ das necessidades de fornecedores e recursos
Liderança ▪ Tempo dedicado ao negócio
▪ Orçamento por cento atribuído às iniciativas no segmento
▪ Porcentagem de desempenho vinculados ao sucesso do negócio no mercado
▪ Objetivos do negócio claramente comunicados aos administradores e funcionários
▪ Percentagem de gerentes preparados para o negócio
Criar e executar estraté- ▪ Número, preço de custo e a percepção dos produtos e serviços oferecidos pela em-
gias adequadas para o presa
negócio Disponibilidade e planejamento de recursos de segurança do segmento
▪ Percepção da marca
▪ Quantidade e qualidade das informações disponíveis sobre a empresa
▪ Os níveis de qualidade, opções de entrega, taxas de cumprimento e satisfação do clien-
te de encomendas personalizadas
▪ Rentabilidade das operações para o segmento
Suporte e estrutura exter- ▪ Quantidade de produtos terceirizados
na ao negócio ▪ Qualidade das parcerias estratégicas formadas
▪ Variação do custo e da qualidade de contratos de fornecedores
▪ Integração ante unidades fornecedoras e funções internas
▪ Número de produtos, canais e serviços específicos
Desenvolver e implemen- ▪ Quantidade, qualidade, habilidades e conhecimentos dos funcionários da empresa
tar sistemas apropriados ▪ Quantidade e qualidade de treinamentos específicos
ao negócio ▪ Porcentagem de medidas de desempenho e recompensas alinhados e ligados à ati-
vidade do negócio
▪ Quantidade e qualidade dos dados dos clientes através de sistemas promocionais
▪ Tempo necessário para atender aos pedidos do cliente e solicitações de serviços feitas
pessoalmente ou por outros meios
▪ Nível de integração interdepartamental por via eletrônica
▪ Qualidade de vendas e performance de entrega
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Otimização de canal ▪ Valores em R$ das atividades realizadas pelo segmento concorrente


▪ Número de clientes atendidos pela concorrência
▪ Tempo de inatividade médio por unidade
▪ Nível de satisfação com a cadeia de fornecedores
▪ Melhoria de vendas juntos aos clientes já existentes
Redução de custos ▪ R$ economizados em despesas com pessoal, aquisição de produtos e materiais, ar-
mazenamento etc.
▪ R$ economizados no desenvolvimento de novos produtos e a introdução no mercado
▪ Os custos trabalhistas por unidade vendida

60
Aquisição de novos clien- ▪ Novos clientes adquiridos através de promoções
tes ▪ Percentagem de clientes por novo produto
▪ Percentagem de novos clientes específicos
▪ Número de novos clientes por meio de outros canais
▪ Novos clientes que se convertem em clientes fidelizados (taxa de conversão)
Fidelização e retenção de ▪ Frequência de visitas e retorno de cliente
cliente ▪ Vendas médias, anual por cliente
▪ A satisfação do cliente com o atendimento
▪ Compras do cliente versus a taxa de desistência
▪ Percentagem de atritos com clientes
▪ Relação de novos clientes versus os costumeiros
Geração de valor ▪ Custo e preço dos produtos e serviços oferecidos aos clientes
▪ Média dos preços pagos pelos consumidores
▪ Número de novos produtos e linhas de serviços introduzidos
▪ Rentabilidade das operações do negócio
▪ As receitas geradas através da iniciativa (receita total, receita por cliente)
▪ Rentabilidade por cliente
Rentabilidade da empresa ▪ Preço do estoque
a longo prazo ▪ Evolução do capital
▪ O crescimento das vendas

Vale reforçar que, mesmo adotando-se todos os cuidados na elaboração de indicadores de desempenho, o aperfei-
çoamento sempre será possível, à medida em que forem sendo colocados em prática.
Criar um canal para críticas e sugestões dos usuários dos serviços públicos, organizações governamentais, entida-
des de classe, entidades governamentais fiscalizadoras, enfim, de todos os que, de certa forma, estão interessados no
desempenho do serviço da entidade pública é outra forma de aperfeiçoar o uso de indicadores, buscando sempre um
processo de melhoria que traga o serviço o mais próximo possível do desejado e necessário.

TRABALHO EM EQUIPE

Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços conjuntos de um grupo ou sociedade visando à solução
de um problema. Ou seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se dedicam a realizar determinada tarefa estão tra-
balhando em equipe.
Essa denominação se origina da época logo após a Primeira Guerra Mundial. O trabalho em equipe, por meio da
ação conjunta, possibilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas áreas.
Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o trabalho em equipe oferece também maior agilidade
e dinamismo.
Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que o grupo possua metas ou objetivos compartilhados.
Também é necessário que haja comunicação eficiente e clareza na delegação de cada tarefa.
A diferença de pensamento e visão entre pessoas distintas é fundamental para uma resolução de problemas efi-
ciente. Quanto mais perspectivas uma equipe tiver sobre um único problema, mais fácil é encontrar a melhor solução
possível.

1. Diferença entre Grupo e Equipe

Grupo e equipe não são a mesma coisa. Grupo é definido como dois ou mais indivíduos, em interação e interdepen-
dência, que se juntam para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho é aquele que interage basicamente para compar-
tilhar informações e tomar decisões para ajudar cada membro em seu desempenho na sua área de responsabilidade.
Os grupos de trabalho não têm necessidade nem oportunidade de se engajar em um trabalho coletivo que requeira
esforço conjunto. Assim, seu desempenho é apenas a somatória das contribuições individuais de seus membros. Não
existe uma sinergia positiva que possa criar um nível geral de desempenho maior do que a soma das contribuições
individuais.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio do esforço coordenado. Os esforços individuais resul-
tam em um nível de desempenho maior do que a soma daquelas contribuições individuais. Veja a seguir as diferenças
entre grupos de trabalho e equipes de trabalho.

#FicaDica
Distinguir equipe e grupo é um aspecto muito importante para soluções de exercícios que tratem de tra-
balho em equipe. O ponto principal é o objetivo em comum existente quando as pessoas compõem uma
equipe.

61
2. Comparação entre Grupos de Trabalho e Equi- Contudo, essas capacidades determinam parâmetros
pes de Trabalho do que os membros podem fazer e de quão eficientes
eles serão dentro da equipe. Para funcionar eficazmente,
2.1 Transformando indivíduos em membros de uma equipe precisa de três tipos diferentes de capacida-
equipe des. Primeiro, ela precisa de pessoas com conhecimen-
tos técnicos. Segundo, pessoas com habilidades para
▪ Partilham suas ideias para a melhoria do que fazem solução de problemas e tomada de decisões que se-
e de todos os processos do grupo; jam capazes de identificar problemas, gerar alternativas,
▪ Respeitam as individualidades e sabem ouvir; avalia-las e fazer escolhas competentes. Finalmente, as
▪ Comunicam-se ativamente; equipes precisam de pessoas que saibam ouvir, deem
▪ Desenvolvem respostas coordenadas em benefí- feedback, solucionem conflitos e possuam outras ha-
cios dos propósitos definidos; bilidades interpessoais.
▪ Constroem respeito, confiança mútua e afetividade 3. Tipos de Equipe
nas relações;
▪ Participam do estabelecimento de objetivos co- As equipes podem realizar uma grande variedade de
muns; coisas. Elas podem fazer produtos, prestar serviços, ne-
▪ Desenvolvem a cooperação e a integração entre os gociar acordos, coordenar projetos, oferecer aconselha-
membros. mentos ou tomar decisões.

2.2 Fatores que interferem no trabalho em equipe ▪ Equipe de solução de problemas: neste tipo de
equipe, os membros trocam ideias ou oferecem
▪ Estrelismo; sugestões sobre os processos e métodos de tra-
▪ Ausência de comunicação e de liderança; balho que podem ser melhorados. Raramente, en-
▪ Posturas autoritárias; tretanto, estas equipes têm autoridade para imple-
▪ Incapacidade de ouvir; mentar unilateralmente suas sugestões.
▪ Falta de treinamento e de objetivos; ▪ Equipes de trabalho autogerenciadas: são equipes
▪ Não saber “quem é quem” na equipe. autônomas, que podem não apenas solucionar os
problemas, mas também implementar as soluções
2.3 São características das equipes eficazes: e assumir total responsabilidade pelos resultados.
São grupos de funcionários que realizam trabalhos
▪ Comprometimento dos membros com um propó- muito relacionados ou interdependentes e assuem
sito comum e significativo; muitas das responsabilidades que antes eram de
▪ O estabelecimento de metas específicas para a seus antigos supervisores.
equipe que conduzam os indivíduos a um melhor ▪ Normalmente, isso inclui o planejamento e o cro-
desempenho e também energizem as equipes. nograma de trabalho, a delegação de tarefas aos
Metas específicas ajudam a tornar a comunicação membros, o controle coletivo sobre o ritmo de
mais clara, além de manter a equipe focada na ob- trabalho, a tomada de decisões operacionais e a
tenção de resultados; implementação de ações para solucionar proble-
▪ Os membros defendem suas ideias, sem radicalis- mas. As equipes de trabalho totalmente autoge-
mo; renciadas até escolhem seus membros e avaliam o
▪ Grande habilidade para ouvir; desempenho uns dos outros.
▪ Liderança é situacional; ou seja, o líder age de ▪ Consequentemente, as posições de supervisão
acordo com o grau de maturidade da equipe; de perdem a sua importância e até podem ser elimi-
acordo com a contingência; nadas.
▪ Questões comportamentais são discutidas aberta- ▪ Equipes multifuncionais: São equipes formadas por
mente, principalmente as que podem comprome- funcionários do mesmo nível hierárquico, mas de
ter a imagem da equipe ou organização diferentes setores da empresa, que se juntam para
▪ O nível de confiança entre os membros é elevado; cumprir uma tarefa. As equipes desempenham vá-
▪ Demonstram confiança em seus líderes, tornando rias funções (multifunções), ao mesmo tempo, ou
a equipe disposta a aceitar e a se comprometer seja, não há especificação para cada membro. O
com as metas e as decisões do líder; sentido de equipe é exatamente esse, os membros
▪ Flexibilidade permitindo que os membros da equi- compensam entre si as competências e as carên-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

pe possam completar as tarefas uns dos outros. cias, num aprendizado contínuo.
Isso deixa a equipe menos dependente de um úni- ▪ As equipes multifuncionais representam uma for-
co membro; ma eficaz de permitir que pessoas de diferentes
▪ Conflitos são analisados e resolvidos; áreas de uma empresa (ou até de diferentes em-
presas) possam trocar informações, desenvolver
Há uma preocupação / ação contínua em busca do novas ideias e solucionar problemas, bem como
autodesenvolvimento. coordenar projetos complexos. Evidentemente,
não é fácil administrar essas equipes. Seus pri-
O desempenho de uma equipe não é apenas a soma- meiros estágios de desenvolvimento, enquanto as
tória das capacidades individuais de seus membros. pessoas aprendem a lidar com a diversidade e a

62
complexidade, costumam ser muito trabalhosos e Valores: Representa convicções básicas de que um
demorados. Demora algum tempo até que se de- modo específico de conduta ou de condição de existên-
senvolva a confiança e o espírito de equipe, espe- cia é individualmente ou socialmente preferível ao modo
cialmente entre pessoas com diferentes históricos, contrário ou oposto de conduta ou de existência. Eles
experiências e perspectivas. contêm um elemento de julgamento, baseado naquilo
▪ Equipes Virtuais: Os tipos de equipes analisados que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável.
até agora realizam seu trabalho face a face. As Os valores costumam ser relativamente estáveis e dura-
equipes virtuais usam a tecnologia da informática
douros.
para reunir seus membros, fisicamente dispersos, e
permitir que eles atinjam um objetivo comum. Elas Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – fa-
permitem que as pessoas colaborem on-line utili- voráveis ou desfavoráveis – em relação a objetos, pes-
zando meios de comunicação como redes internas soas ou eventos. Refletem como um indivíduo se sente
e externas, videoconferências ou correio eletrônico em relação a alguma coisa. Quando digo “gosto do meu
– quando estão separadas apenas por uma parede trabalho” estou expressando minha atitude em relação
ou em outro continente. São criadas para durar al- ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo-
guns dias para a solução de um problema ou mes- res, mas ambos estão inter-relacionados e envolvem três
mo alguns meses para conclusão de um projeto. componentes: cognitivo, afetivo e comportamental.
Não são muito adequadas para tarefas rotineiras e A convicção de que “discriminar é errado” é uma afir-
cíclicas. mativa avaliadora. Essa opinião é o componente cogni-
tivo de uma atitude. Ela estabelece a base para a parte
Em todo processo em que haja interação entre as mais crítica de uma atitude: o seu componente afetivo. O
pessoas vamos desenvolver relações interpessoais.
afeto é o segmento da atitude que se refere ao sentimen-
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as ati-
vidades são predeterminadas, alguns comportamentos to e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto de
são precisam ser alinhados a outros, e isso sofre influên- João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sen-
cia do aspecto emocional de cada envolvido, tais como: timento pode provocar resultados no comportamento. O
comunicação, cooperação, respeito, amizade. À medida componente comportamental de uma atitude se refere
que as atividades e interações prosseguem, os senti- à intenção de se comportar de determinada maneira em
mentos despertados podem ser diferentes dos indicados relação a alguém ou alguma coisa. Então, para continuar
inicialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos no exemplo, posso decidir evitar a presença de João por
influenciarão as interações e as próprias atividades. As- causa dos meus sentimentos em relação a ele.
sim, sentimentos positivos de simpatia e atração provo- Encarar a atitude como composta por três compo-
carão aumento de interação e cooperação, repercutindo nentes – cognição, afeto e comportamento – é algo mui-
favoravelmente nas atividades e ensejando maior produ- to útil para compreender sua complexidade e as relações
tividade. Por outro lado, sentimentos negativos de an- potenciais entre atitudes e comportamento. Ao contrário
tipatia e rejeição tenderão à diminuição das interações,
dos valores, as atitudes são menos estáveis.
ao afastamento nas atividades, com provável queda de
produtividade.
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se COMPETÊNCIA INTERPESSOAL
relaciona diretamente com a competência técnica de
cada pessoa. Profissionais competentes individualmente A competência interpessoal é habilidade de lidar efi-
podem render muito abaixo de sua capacidade por in- cazmente com relações interpessoais, de lidar com ou-
fluência do grupo e da situação de trabalho. tras pessoas de forma adequada à necessidade de cada
Quando uma pessoa começa a participar de um gru- uma delas e às exigências da situação. Segundo C. Ar-
po, há uma base interna de diferenças que englobam gyris (1968), é a habilidade de lidar eficazmente com re-
valores, atitudes, conhecimentos, informações, precon- lações interpessoais de acordo com três critérios:
ceitos, experiência anterior, gostos, crenças e estilo com- ▪ Percepção acurada da situação interpessoal, de
portamental, o que traz inevitáveis diferenças de percep- suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação;
ções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação ▪ Habilidade de resolver realmente os problemas de
compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um
tal modo que não haja regressões;
repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como
essas diferenças são encaradas e tratadas determina a ▪ Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas
modalidade de relacionamento entre membros do gru- envolvidas continuem trabalhando juntas tão efi-
po, colegas de trabalho, superiores e subordinados. Por cientemente, pelo menos, como quando começa-
exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do outro, ram a resolver seus problemas.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se


uma modalidade de relacionamento diferente daquela Dois componentes da competência interpessoal as-
em que não há respeito pela opinião do outro, quan- sumem importância capital: a percepção e a habilidade
do ideias e sentimentos não são ouvidos, ou ignorados, propriamente dita. O processo da percepção precisa ser
quando não há troca de informações. A maneira de lidar treinado para uma visão acurada da situação interpes-
com diferenças individuais cria certo clima entre as pes- soal.
soas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, ▪ Percepção seletiva: é um processo que aparece na
principalmente nos processos de comunicação, no rela- comunicação, pois os receptores vêm e ouvem se-
cionamento interpessoal, no comportamento organiza- letivamente com base em suas necessidades, expe-
cional e na produtividade. riências, formação, interesses, valores etc.

63
▪ Percepção social: é o meio pelo qual a pessoa 3. Elementos básicos da inteligência emocional
forma impressões de uma outra na esperança de
compreendê-la. ▪ Autoconhecimento: conhecer a si próprio, gerar
autoconfiança, conhecer pontos positivos e nega-
Novas competências começam a ser exigidas pelas tivos.
organizações, que reinventam sua dinâmica produtiva, ▪ Controle Emocional: capacidade de gerenciar as
desenvolvendo novas formas de trabalho e de resolução próprias emoções e impulsos.
de conflitos. Surgem novos paradigmas de relações das ▪ Automotivação: capacidade de gerenciar as pró-
organizações com fornecedores, clientes e colaborado- prias emoções com vistas a uma meta a ser alcan-
res. Nesse contexto, as relações humanas no ambiente çada. Persistir diante de fracassos e dificuldades.
de trabalho têm sido foco da atenção dos gestores, para ▪ Reconhecer emoções nos outros: empatia.
que sejam desenvolvidas habilidades e atitudes neces- ▪ Habilidade em relacionamentos interpessoais: ap-
sárias ao manejo inteligente das relações interpessoais. tidão social.

1. Definição de competência 4. Autoconhecimento

Chamamos de competência a integração e a coorde- De acordo com estudos psicológicos, autoconheci-


nação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e mento significa o conhecimento que a pessoa tem de si
atitudes (C.H.A.) que na sua manifestação produzem uma próprio. Ao nos conhecermos, temos condições de domi-
atuação diferenciada. nar nossas emoções, controlar nossos impulsos, estimu-
C – Conhecimento – SABER lar nossas potencialidades, controlar nossas fraquezas,
H – Habilidade – SABER FAZER impedir que sentimentos negativos e destrutivos, como
A – Atitude – QUERER FAZER ansiedade, baixa autoestima, instabilidade emocional
entre outras sensações negativas nos afete, resultando
A competência técnica: envolve o C.H.A em áreas téc-
em falta de produtividade e um desenvolvimento pessoal
nicas específicas.
prejudicado.
A competência interpessoal: envolve o C.H.A nas rela-
ções interpessoais.
A busca pelo equilíbrio depende de sabermos quais
são nossas necessidades e nossos interesses, por isso a
2. Inteligência emocional
importância que se deve dar às experiências que pas-
samos e ao que elas nos agrega, mostrando-nos as si-
Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil.
tuações em que somos mais positivos, produtivos e nos
Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa,
na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa não sentimos com mais potencial e também aquelas nas
é fácil. quais nos abatemos ou nos sentimos mais fragilizados
ou impotentes, além da busca pelo processo de melhora
Aristóteles interno, em que, como indivíduos, conseguimos atingir
um nível de evolução satisfatório.
Como trabalhar bem com os outros? Como entender
os outros e fazer-se entender? 5. Diferenças individuais
A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida
emocional. As pessoas mais brilhantes podem afogar-se O processo de autoconhecimento acima comentado
nos recifes das paixões e dos impulsos desenfreados, é fundamental para lidarmos com as diferenças existen-
pessoas com alto nível de QI podem ser pilotos incom- tes entre as pessoas. Saber como sou, porque sou assim
petentes de sua vida particular. e me aceitar dessa forma facilita a compreensão e a acei-
A aptidão emocional é uma capacidade que determi- tação do próximo tal qual ele é.
na até onde podemos usar bem quaisquer outras apti- Essas diferenças existem em decorrência de nossas
dões que tenhamos, incluindo o intelecto bruto. características, sendo que essas podem ser inatas ou ad-
Inteligência emocional: é a habilidade de lidar efi- quiridas.
cazmente com relações interpessoais, de lidar com ou- Entende-se por características inatas tudo aquilo que
tras pessoas de forma adequada às necessidades de cada trazemos conosco desde nosso nascimento, isto é, nossa
uma e às exigências da situação, observando as emoções carga hereditária.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

e reações evidenciadas no comportamento do outro e no Já as características adquiridas são todas aquelas que
seu próprio comportamento. vamos agregando no nosso processo de crescimento,
Inteligência intrapessoal: é a habilidade de lidar amadurecimento, são as experiências pelas quais passa-
com o seu próprio comportamento. Exige autoconheci- mos e que nos deixam marcas, nos dão forma.
mento, controle emocional, automotivação e reconheci- A junção dessas duas características é responsável
mento dos sentimentos quando eles ocorrem. pela formação de nossa personalidade, ou seja, fatores
Inteligência interpessoal: é a habilidade de lidar efi- internos e externos vão se moldando em nossa vivência e
cazmente com outras pessoas de forma adequada. nos tornando seres únicos e extremamente interessantes
no contexto do que podemos fazer com o que acumu-
lamos de informação e experiência ao longo do tempo.

64
No campo organizacional isso é muito válido, porque Visto que grande parte dos conflitos nas organizações
se tem uma rica rede de características que, somadas, ocorre por diferenças e discordâncias entre as caracterís-
podem atingir resultados incríveis para essas organiza- ticas e os interesses entre colaboradores e também en-
ções, visto que a presença de algumas características em tre estes e os objetivos da organização, as políticas de
algumas pessoas supre a ausência delas em outras e vi- Gestão de Pessoas precisam ser flexíveis e adaptáveis à
ce-versa, tornando essa rede mais valiosa, na qual as di- realidade e à necessidade de cada indivíduo para assim
ferenças se encaixam e se completam formando um qua- conseguir tirar o máximo de proveito do conjunto exis-
dro de talentos e potencialidades administráveis quando tente no corpo de colaboradores focando nos objetivos
esses indivíduos, por se conhecerem, são capazes de ad- organizacionais e no desenvolvimento individual de cada
ministrar suas qualidades e deficiências, proporcionando colaborador.
crescimento coletivo.
7. Empatia
6. Personalidade
Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos
Ao estudar a personalidade, compreendemos o com- e situações vivenciadas.
portamento e a atitude das pessoas. “Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao
Como vimos acima, a personalidade é a resultante de envolvimento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da
um conjunto de características que integradas, estabe- perspectiva dos outros quebra estereótipos tendencio-
lece a forma única como ele se comporta ou reage ao sos e assim leva à tolerância e à aceitação das diferenças.
meio. A personalidade demonstra a essência da pessoa. A empatia é um ato de compreensão tão seguro quanto
Temos também a persona (latim) que, em alguns mo- à apreensão do sentido das palavras contidas numa pá-
mentos, é como se adotássemos algum personagem, ou gina impressa.
seja, é como se fosse uma máscara que cada um de nós A empatia é o primeiro inibidor da crueldade huma-
usa conforme a circunstância ou as conveniências e, por na: reprimir a inclinação natural de sentir com o outro
meio dessas facetas, causamos impressões aos outros. nos faz tratar o outro como um objeto.
Anteriormente falamos sobre as características inatas O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente
e as adquiridas, vejamos alguns desses exemplos. a empatia, é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos
apelos dos outros. Suprimir essa inclinação natural de
6.1 Inatas sentir com outro desencadeia a crueldade.
Empatia implica certo grau de compartilhamento
▪ A genética determina a aparência externa da pes- emocional – um pré-requisito para realmente compreen-
soa; der o mundo interior do outro.
▪ A genética determina a estrutura da espécie, co-
mum a todos os indivíduos; 8. A empatia nas empresas
▪ A genética determina traços individuais e únicos
de cada indivíduo particular. QUAL A RELAÇÃO ENTRE EMPATIA E PRODUTI-
VIDADE?
6.2 Adquiridas O conceito de empatia está relacionado à capacidade
de ouvir o outro de tal forma a compreender o mundo a
▪ Ambiente físico: nutrição, temperatura, altitude; partir de seu ponto de vista. Não pressupõe concordância
▪ Ambiente social: cultura, relações interpessoais; ou discordância, mas o entendimento da forma de pen-
▪ As experiências da vida de uma pessoa são deter- sar, sentir e agir do interlocutor. No momento em que isso
minantes para a constituição de sua personalidade; ocorre de forma coletiva, a organização dialoga e conhece
▪ Dentre os aspectos importantes da personalidade, saltos de produtividade e de satisfação das pessoas. (Silvia
citamos o temperamento e o caráter. Dias – Diretora de RH da Alcoa)
A empatia é primordial para o desenvolvimento de
O temperamento é uma característica inata, que re- lideranças e o aperfeiçoamento da gestão de pessoas, pois
cebemos em nossa carga genética, determinando nossas pressupõe o respeito ao outro; em uma dinâmica que fa-
reações, principalmente quando se envolve emoção, por vorece o aumento da produtividade. (Olga Lofredi – Presi-
exemplo, tolerância, otimismo, paciência, agressividade, dente da Landmark )
enfim, é a forma como vamos lidar com todas as emo-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ções que podem aflorar quando estamos em uma deter- É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou
minada situação. seja, um tipo de relacionamento em que as partes com-
Já o caráter é o resultado moral do que agregamos de preendem bem os valores, deficiências e virtudes do ou-
princípios e valores ao longo de nosso desenvolvimento. tro. No contexto das relações humanas, pode-se afirmar
A base sobre a qual agimos e decidimos. que o sucesso dos relacionamentos interpessoais depen-
No campo organizacional, o estudo da personalidade de do grau de compreensão entre os indivíduos. Quando
permite compreender o conjunto que se tem, as caracte- há compreensão mútua, as pessoas comunicam-se me-
rísticas presentes na equipe, o que permite o gestor apro- lhor e conseguem resolver conflitos de modo saudável.
veitar todas as potencialidades e estimular o desenvolvi-
mento das competências e a melhoria do desempenho.

65
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL que a transmissão da mensagem seja considerada efi-
caz, deve-se procurar a situação mais favorável, pois, se
Conduzir eficientemente processos de comunicação o emissor procurar comunicar-se em uma situação des-
interpessoal e trocar feedback de forma motivadora têm favorável, poderá acontecer que o receptor não lhe dará
sido um grande desafio na liderança de equipes e grupos a atenção devida e, consequentemente, não entenderá a
de trabalho em geral. mensagem que lhe foi transmitida.
Sendo assim, o profissional precisa aprender a admi-
nistrar: 3. Objetivos
▪ A correta utilização da comunicação verbal e não
verbal; Podem ser caracterizados como os estímulos que le-
▪ A comunicação como elemento de integração e vam o emissor a transmitir a mensagem. Como a Comu-
motivação na empresa; nicação é um processo de interação, na qual as pessoas
▪ Competências técnicas e humanas; integram-se umas com as outras, os objetivos podem ser
▪ Como o ouvinte percebe a sua comunicação; considerados como “os interesses” que levaram o emis-
▪ Gerenciamento de relações; sor a interagir com o receptor. Alguns exemplos de ob-
▪ Resolução de conflitos; jetivos: ouvir opiniões a respeito de algo ou dar um aviso
▪ Como ouvir melhor: a arte de esclarecer e confir- sobre o churrasco do final de semana.
mar; Além dos objetivos serem um interesse que o emissor
▪ Como especificar méritos e sugerir mudanças; tem em relação ao receptor, alguns autores lançam uma
▪ A importância de argumentar para os valores do reflexão intrínseca de que os objetivos também devem
outro. chamar a atenção de quem recebe a mensagem, por-
que senão o receptor não se sentirá atraído e também
1. Processo comunicacional não verá utilidade alguma na mensagem. Desta forma,
para que o receptor perceba a utilidade da mensagem,
o emissor deve conhecer as necessidades, os gostos,
O processo comunicacional tem como maior objeti-
ações, pensamentos, crenças e valores de quem vai rece-
vo a interação humana, buscando o estabelecimento das
ber a mensagem, pois só assim a Comunicação valerá a
relações e o entendimento entre os indivíduos.
pena. É imprescindível a clareza dos objetivos, pois sem
Desde os tempos antigos, Aristóteles já dizia que:
isso, o processo não ocorre eficazmente.
(...) devemos olhar para três ingredientes na comunica-
ção: quem fala, o discurso e a audiência. Ele quis dizer que
4. Emissor
cada um destes elementos é necessário à Comunicação e
que podemos organizar nosso estudo do processo sob estes É o agente do processo de Comunicação, ou seja, é
três títulos: 1) a pessoa que fala; 2) o discurso que faz; 3) a a pessoa que tem uma mensagem para comunicar. Ele é
pessoa que ouve. a fonte ou a origem do processo de Comunicação. Além
disso, é quem vai tomar a iniciativa de se comunicar e
É interessante notar que praticamente todos os mo- buscar a interação com as outras pessoas, a fim de alcan-
delos atuais de processos comunicacionais são parecidos çar o seu objetivo.
com o de Aristóteles, sendo que o que mudou foi a com- Para alcançar a eficácia da Comunicação, o emissor
plexidade com que eles estão sendo abordados. tem que ter como requisitos fundamentais:
As primeiras abordagens da Comunicação defendiam ▪ Habilidades: para que possa falar, ler, ouvir e racio-
um processo comunicacional constituído por apenas cinar.
quatro elementos fundamentais: emissor, receptor, men- ▪ Atitudes: por influenciar o comportamento e por
sagem e meio. Já as abordagens mais recentes da Comu- estarem relacionadas a ideias pré-concebidas,
nicação, defendem que o processo é desencadeado por quanto a vários assuntos, as comunicações são
oito elementos, são eles: objetivos, emissor, mensagem, influenciadas por determinados tipos de atitudes
meio, receptor, significado, resposta e situação. que as pessoas tomam.
Todos os elementos do processo são interdependen- ▪ Conhecimento: a extensão e profundidade do co-
tes e devem seguir uma ordem para que haja uma inte- nhecimento das pessoas sobre um assunto pode
gração lógica entre esses elementos e o próprio proces- restringir (se o assunto não é de conhecimento do
so comunicacional. emissor) ou ampliar (quando o receptor não com-
A seguir, os componentes do processo serão especi- preende a mensagem que está sendo transmitida)
ficados um a um: o campo comunicacional.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

▪ Sistema sociocultural: a situação cultural em que o


2. Situação emissor se situa, com suas crenças, valores e atitu-
des influencia o tempo todo a sua função de co-
A situação pode ser considerada a circunstância na municador.
qual as mensagens são passadas do emissor ao receptor.
“Todos os processos de Comunicação acontecem em de- Um requisito significativo no contexto organizacio-
terminada situação, seja ela favorável ou desfavorável. A nal é a representatividade do emissor, ou seja, a posição
situação real que deve ser considerada, no processo de hierárquica exercida pelo emissor, que é de fundamental
Comunicação, é aquela percebida e sentida pelo recep- importância para a credibilidade da mensagem a ser co-
tor e não aquela vivida ou sentida pelo emissor”. Para municada.

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5. Mensagem 7. Receptor

É o que vai ser comunicado pelo emissor. Deve estar É quem recebe a Comunicação, ou seja, é o foco da
adequada ao nível cultural, técnico e hierárquico do re- comunicação. É ele quem vai reagir ao estímulo promo-
ceptor. É composta por conteúdo e forma. vido pelo emissor.
O conteúdo representa o que será transmitido e de- Sem o receptor, não há Comunicação, pois, se o re-
pende dos objetivos do processo comunicacional. Não ceptor não faz parte do processo, o emissor não tem para
deve ser insuficiente ou excessivo, deve comunicar o quem comunicar a sua mensagem e, consequentemente,
essencial, frente aos objetivos a serem alcançados pelo não terá uma resposta.
emissor. O conteúdo também “deve ter uma sequencia Sendo assim, pode-se dizer que todo o processo de
lógica, ou seja, um início (objetivos), um meio e um fim Comunicação deve ser direcionado de acordo com as ca-
(conclusões)”. A forma é a maneira pela qual a mensa- racterísticas do receptor. A seguir algumas características
gem é transmitida. As formas básicas são as verbais e as que, assim como o emissor, o receptor necessita ter, para
não verbais. As verbais podem ser orais e escritas (pala- que a Comunicação seja eficaz:
vras, letras, símbolos). Já as não verbais, podem ser ges- (...) assim como o emissor foi limitado por suas ha-
tuais (mímicas, movimentos corporais), vocais (timbre de bilidades, atitudes, conhecimento e sistema sociocultural, o
voz e entonação) e espaciais (local físico e layout). receptor é restringido da mesma maneira. Assim como o
(...) não há uma forma melhor do que a outra. A es- emissor deve ter habilidades de escrever ou falar, oreceptor
colha da forma depende de um conjunto de fatores, den- deve ser hábil em ler ou ouvir, e ambos devem ser capazes
tre os quais os mais relevantes são: rapidez requerida (na de raciocinar. O conhecimento, atitudes e formação cultural
transmissão da mensagem, na obtenção das respostas); de alguém influenciama sua capacidade de receber, assim
quantidade de receptores; localização geográfica dos re- como o fazem com a capacidade de enviar mensagens.
ceptores; necessidade de formalizar a mensagem; neces-
sidade de consultas posteriores sobre a mensagem; com- 8. Significado
plexidade do assunto tratado; facilidade de retenção da
mensagem (lembrança) É a compreensão da mensagem, no seu sentido cor-
reto. É o “entendimento comum” da mensagem entre o
emissor e o receptor. Isso ocorre quando o emissor e o
receptor entendem da mesma forma a mensagem.
Além disso, também se destaca que um único proces-
Portanto, quando o receptor interpreta a mensagem
so pode utilizar mais de uma forma de Comunicação. Um
da mesma forma que o emissor quis transmiti-la, pode-se
exemplo de conteúdo e formas diferentes de se transmi-
dizer que o receptor captou o significado da mensagem.
tir a mensagem pode ser: demissão de um colaborador
Quando a mensagem é transmitida pelo emissor, ela
da Organização (conteúdo) – comunicada por e-mail a é codificada e quando é recebida pelo receptor, ela é
todos os outros colaboradores (forma não verbal) ou na decodificada. As codificações e decodificações são com-
reunião pelo gerente (forma verbal). postas por um conjunto de signos, utilizados pelas pes-
soas para representar seus pensamentos, a realidade em
6. Meio que vivem etc.
Os signos devem expressar a mesma coisa para o
Pode ser chamado, também, de canal ou veículo de emissor e para o receptor, ou seja, o significado que o
transmissão. Como a própria denominação já diz, o meio objeto porta para o emissor deve ser o mesmo que o
é o recurso utilizado pelo emissor para transmitir a men- do receptor. Caso isso não ocorra, a mensagem não será
sagem. O meio “é determinado pelos requisitos de for- transmitida eficazmente, já que a interpretação do recep-
ma da mensagem a ser transmitida e da resposta a ser tor não é a correta ou a esperada pelo emissor.
obtida.” Ou seja, o meio de Comunicação está associado Mas, mesmo que o significado seja o mesmo, para
à forma verbal ou não verbal de transmissão da men- o emissor e para o receptor, não se pode dizer que as
sagem, isso quer dizer que, dependendo das situações questões referentes ao processo de comunicação foram
específicas de cada mensagem, o meio pode ser caracte- resolvidas, pois, “a compreensão, através da comunhão
rizado de várias formas, desde a voz humana à televisão do significado, não quer dizer, necessariamente, acordo.
e até pelo fax ou pelo e-mail. Posso compreender uma ideia, sem concordar com ela.”
Vale ressaltar que não existe um meio ou uma forma Portanto, não é apenas o entendimento do significado,
melhor que o outro, existe, sim, um mais adequado, de por ambas as partes que assegura a eficácia da comuni-
acordo com as características da mensagem a ser trans- cação. Em relação a isso, podemos dizer que “ainda que
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

mitida. “O requisito fundamental na escolha do meio é o significado comum não assegure sozinho, a eficácia do
que ele não provoque ruído” nas mensagens, pois o ruído processo de comunicação como um todo, é um requisito
é uma interferência que prejudica a transmissão da men- fundamental para promover o entendimento.”
sagem, comprometendo a recepção da mesma, ou seja,
a decodificação da mensagem pelo receptor. Para que 9. Resposta
haja um melhor entendimento do significado de ruído,
vale a pena exemplificar: uma linha cruzada do telefone, Pode ser chamada, também, de feedback ou compor-
um documento sujo ou borrado, alguém que fale muito tamento esperado, pois é a reação do receptor à mensa-
baixo, um ambiente de trabalho desconfortável etc. gem recebida. É o último objetivo do processo, pois é o
desejado pelo emissor ao emitir uma mensagem.

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A resposta pode ser considerada como a efetivação 3. Postura corporal: deve ser estabelecida de acordo
do recebimento da mensagem, determinando, ou não, com o que se quer comunicar. Alguns teóricos da
o sucesso da mesma. Por meio da comunicação oral, as Sociologia dizem que a postura também deve ser
pessoas conseguem personificar seu ser. adequada de acordo com o grupo com o qual se
Comunicação é tornar algo comum, compartilhar, di- está comunicando.
vidir, trocar. 4. Movimento corporal: certos movimentos podem
Enfim, é o processo de transmitir uma informação a ser favoráveis ou não para um processo eficaz.
outra pessoa, no entanto, o que caracteriza a comuni- Podemos citar o livro “O corpo fala”, que aborda
cação é a compreensão e não simplesmente o informar.
a questão de que o corpo também se comunica,
Daí a diferença de comunicação (que é a informação
as expressões corporais manifestam a ansiedade, a
sendo transmitida) e comunicabilidade (que é o ato co-
municativo otimizado). atração, o nervosismo, a tristeza etc.
Barreiras à comunicação eficaz – alguns elementos 5. Contato visual: a forma como as pessoas se olham
prejudicam a transmissão e a compreensão da comuni- demonstra como uma está se sentindo em relação
cação, entre eles podemos citar: à outra, além de informar o grau de atenção que
▪ Ruídos; está sendo dirigida à pessoa que está falando. “O
▪ Sobrecarga de informações; direcionamento, o tempo, o contexto, a oportuni-
▪ Tipos de informações; dade, a intensidade, o status de quem olha ou de
▪ Fonte de informações; quem é olhado impõem um quadro interpretativo
▪ Localização Física; que cada cultura se encarrega de transmitir aos
▪ Defensidade. seus membros pelo processo de socialização.”
6. Expressão facial: é determinante, pois é uma forma
Além desses, as barreiras são um conjunto de fatores de demonstrar o interesse das pessoas pela men-
que impedem ou dificultam a recepção da mensagem, sagem que está sendo transmitida.
no processo comunicacional. 7. Fluência: a articulação das palavras, a modulação
A seguir, serão abordadas as teorias da Sociologia e (intensidade dos sons), o ritmo e o timbre da voz
da Administração, em relação às barreiras, especifican- fazem diferença em termos da maneira como são
do-as:
utilizados para a eficácia da transmissão da men-
10. Abordagem sociológica
sagem.
10.2 Barreiras sociais
As barreiras podem ser divididas em seis grupos:
• Barreiras pessoais;
• Barreiras sociais; 1. Educação: os princípios e valores adquiridos pelos
• Barreiras fisiológicas; indivíduos também fazem parte do processo co-
• Barreiras da personalidade; municacional.
• Barreiras da linguagem; 2. Cultura: a comunicação, como já foi visto, muda de cultu-
• Barreiras psicológicas. ra para cultura. Por conseguinte, se as pessoas têm cul-
turas muito distintas, a comunicação ficará prejudicada.
10.1 Barreiras pessoais 3. Crenças, normas sociais e dogmas religiosos: assim
como em relação à cultura, se as pessoas que estão
1. Nível de conhecimento: está ligado à profundidade se comunicando divergem com muita intensidade
de conhecimento que as pessoas têm e revelam no nessas questões, os processos comunicacionais se-
decorrer do processo comunicacional. Pode tam- rão prejudicados ou a mensagem não será trans-
bém ser atribuído pelas outras pessoas que fazem mitida adequadamente.
parte do processo, por perceberem o conhecimen-
to e o reconhecerem. “Este aspecto pode conduzir 10.3 Barreiras fisiológicas
à maior ou menor credibilidade ao emissor e tra-
zer-lhe um estatuto que pode marcar o desempe-
As deficiências do aparelho fonoaudiológico e do
nho do seu papel enquanto comunicador.” Algu-
aparelho visual criam dificuldades na Comunicação.
mas pessoas, por conhecerem profundamente um
assunto, não gostam ou se incomodam em con-
versar com alguém que não tem o mesmo domínio 10.4 Barreiras da personalidade
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

do assunto e vice-versa.
2. Aparência: a forma de se vestir e se cuidar pode 1. Autossuficiência: ocorre quando a pessoa acha que
determinar o jeito com que as pessoas se comu- sabe tudo, ou seja, a pessoa acha que o que ela
nicarão umas com as outras. Dias (2001) coloca sabe e conhece é o suficiente. Esta barreira ocorre
que, tanto as expectativas provocadas, como as de duas maneiras: “julgamento do todo pela parte”
primeiras impressões, são determinantes para um – acontece quando a pessoa julga outras pessoas
processo comunicacional eficaz. Por exemplo, um e/o coisas pelo que ela conhece; e intolerância, a
homem de terno e gravata tem muito mais faci- qual acontece quando a pessoa não aceita o ponto
lidade de receber atenção do que um homem de de vista das outras pessoas, pois julga que o único
bermuda e tênis. ponto de vista correto é o seu próprio.

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2. Congelamento das avaliações: acontece quando a transformação de uma opinião em fato, pois, a
a pessoa acredita que as pessoas e as coisas não partir do momento em que a pessoa se conven-
mudam, ou seja, quando a pessoa supõe que as ce de que sua suposição realmente aconteceu, ela
circunstâncias sempre serão as mesmas, indepen- perde a noção dos verdadeiros acontecimentos e
dente das mudanças que surgirem com as pessoas divulga para outras pessoas as suas opiniões sobre
e coisas. Fazem parte dessas avaliações os precon- os fatos, como sendo os próprios acontecimentos,
ceitos e a insegurança que as pessoas têm frente a
causando distorções na realidade. Exemplifican-
algumas situações e frente às outras pessoas
3. Comportamento Humano: aspectos objetivos e do: o gerente de departamento chegou duas ho-
subjetivos: está no conflito personalidade subjetiva ras atrasado no trabalho (fato). Patrícia diz que foi
(interior de cada pessoa ou as opiniões próprias) X porque ele acordou atrasado; já Fabíola diz que foi
personalidade objetiva (o que é exteriorizado para por razão de algum problema pessoal (opiniões).
as outras pessoas ou a realidade concreta). Quan- b) Inferências X Observações: trata-se de conside-
do se diz personalidade, toma-se como princípio rar as inferências como observações e vice-ver-
a caracterização da personalidade por processos sa. Inferir é deduzir e observar é prestar atenção,
comportamentais, que são estabelecidos pela in- olhar algo que está acontecendo. “As inferências
teração das reações individuais com o meio social. são menos prováveis do que as observações; (...)
“A Comunicação Humana baseia-se na concepção as inferências nos oferecem certezas relativas; as
da personalidade projetiva, na evidência de que,
observações nos oferecem certezas absolutas.” O
na sociedade humana, o homem precisa ‘vender’ a
sua personalidade.” Para tanto, ele precisa torná-la tempo todo as pessoas fazem inferências. Quando
socialmente aceitável, e aí está o conflito, pois a leem um jornal, por exemplo, inferem o que real-
pessoa tem que estar o tempo todo tornando a mente ocorreu. O problema desta barreira está no
sua personalidade vendível, para que o outro pos- fato das pessoas tomarem sempre como lei as in-
sa aceitar se comunicar com ela. Exemplificando, ferências e não se utilizarem mais de observações.
ocorre quando alguém tem uma determinada opi-
nião negativa sobre o aborto, mas, ao conversar 2. Descuidos nas palavras abstratas:
com alguém que acabou de conhecer e que é a “Atrás de uma palavra nem sempre está uma coisa.
favor do aborto, deixa de expressar a sua opinião e Palavras não são coisas; são representações de coi-
conversa com a outra pessoa como se não tivesse
sas, quase sempre específicas, e por isso, difíceis
uma opinião bem formada a respeito do assunto.
4. Geografite: está relacionada com as atitudes das de serem transmitidas, com fidelidade, de uma
pessoas que se comovem mais com os “mapas” cabeça para outra.” E como as palavras abstratas
do que com os “territórios”. Mapas são os senti- fazem parte do repertório específico de cada um,
mentos, imaginações, palpites, hipóteses, pres- fica difícil um processo comunicativo eficaz, sem
sentimentos, preconceitos, inferências etc. Já os uma predefinição dessas palavras, já que elas pos-
territórios são os objetos, as pessoas, as coisas, os sibilitam muitos equívocos.
acontecimentos etc. Isso é relevado devido ao fato
de que, atualmente, as pessoas têm se envolvido, 3. Desencontros:
constantemente, com quaisquer tipos de sugestio- Esta barreira pode ser caracterizada como a diferença
nabilidades, tornando-se exageradamente crédu- de percepção de cada indivíduo, ou seja, a sub-
las; ou pela forma como as pessoas vêm distorcen-
jetividade de cada um. Uma determinada palavra,
do a realidade, como por exemplo, por meio dos
horóscopos, das coisas sobrenaturais, das profe- para um indivíduo, tem um significado A; já para
cias etc. Essas questões ocasionam uma certa falta outro indivíduo, um significado B, e isso ocorrerá
de civilização, ou seja, falta de equilíbrio racional com todos os indivíduos, pois ninguém percebe as
para lidar com os acontecimentos e com as coisas coisas da mesma forma, cada um tem a sua for-
e pessoas. ma de perceber e significar as coisas, palavras etc.
Caso não aconteça um consenso e/ou esclareci-
5. Tendência à complicação: essa é uma das barreiras mento das questões a serem comunicadas, o pro-
mais comuns, pois está concebida no fato de que cesso ficará comprometido e cheio de equívocos
as pessoas têm o hábito de restringir e complicar de compreensão.
coisas e acontecimentos simples, o tempo todo,
até mesmo quando se trata de sistematização e
pensamento lógico. 4. Indiscriminação:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Ocorre quando há uma rotulação das coisas, pessoas


10.5 Barreiras da linguagem e acontecimentos, quando a percepção está fo-
cada, apenas, nas semelhanças ou em alguns pa-
1. Confusões entre: drões (ou clichês) criados por cada indivíduo, não
a) Fatos X Opiniões: As pessoas estão o tempo todo havendo um discernimento entre as diferenças. Em
se referindo a fatos, como se estivessem emitin- relação à indiscriminação, a Comunicação Humana
do opiniões e vice-versa. “Fato é acontecimento; é prejudicada por alguns fatores, são eles: abuso
é coisa ou ação feita. Opinião é modo de ver, é dos ditados populares e a crença de que “a voz do
conjectura”. Pode-se dizer que uma das coisas povo é a voz de Deus”.
mais ameaçadoras do processo comunicacional é

69
5. Polarização: ▪ Texto fora do contexto: quando a comunicação é
“Há polarização quando tratamos os contrários como feita, apenas, sobre um determinado acontecimen-
se fossem contraditórios. Polarização é a tendência to, sem dizer o contexto no qual ele está inserido.
a reconhecer apenas os extremos, negligenciando Acontece quando uma decisão é simplesmente
as posições intermediárias.” O processo comunica- comunicada, sem que se expliquem os porquês e
cional fica bastante prejudicado quando os pontos motivos em questão.
de vistas são extremistas, pois dificilmente encon- ▪ Filtragem: ocorre quando o emissor manipula a
tra-se um meio termo, sem causar grandes discus- mensagem, de acordo com os seus objetivos e in-
sões ou fugir aos objetivos do processo. teresses, de forma que a mensagem favoreça o seu
ponto de vista ou o que ele deseja que o receptor
6. Falsa identidade baseada em palavras: decodifique.
Acontece quando uma pessoa percebe coisas em co- ▪ Percepção seletiva: o emissor vê e ouve, apenas,
mum entre duas ou mais coisas e conclui que essas ou mais acuradamente, aquilo que lhe interessa,
coisas são idênticas. Um exemplo claro disso é: os ou seja, faz uma seleção das mensagens relaciona-
cariocas são flamenguistas. Camila é flamenguista. das com suas necessidades, motivações, referên-
Por conseguinte, Camila é carioca. A palavra tem cias etc. As pessoas “não veem a realidade; em vez
uma força fora do comum, podendo beneficiar ou disso, interpretam o que veem e chamam de reali-
prejudicar alguém por meio dessas conclusões das dade.” Pode ser prejudicial, à medida que a pessoa
semelhanças entre as coisas. tende a perceber só aquilo que lhe convém e isso
não permite uma percepção neutra dos aconteci-
7. Polissemia: mentos, coisas e pessoas.
É a reunião de vários sentidos em apenas uma pa- ▪ Defensiva: “Quando as pessoas se sentem amea-
lavra. Cada um tem um repertório de palavras e çadas, geralmente respondem de forma que atra-
significados e uma mesma palavra pode ter vários palha a Comunicação.” A partir do momento em
significados para um mesmo indivíduo. Então, já que a pessoa se sente ameaçada, ela não consegue
que o processo comunicacional precisa de no mí- decodificar e nem transmitir as mensagens com
nimo duas pessoas para acontecer, pode-se ima- eficácia.
ginar o quão complexo é a Comunicação entre ▪ Uso inadequado dos meios: como já foi falado
diversas pessoas. anteriormente, não existe um meio mais adequa-
“A palavra é a maneira de traduzir ideias ou pensa- do para ser utilizado na transmissão de diferentes
mentos.” Portanto, cada indivíduo tende a trans- tipos de mensagem, sendo que o que vai deter-
mitir as mensagens “carregadas” de palavras com minar se o meio é o mais adequado, ou não, é a
suas percepções das coisas. Essa barreira está situação específica de cada mensagem. ▪ A Comu-
lado a lado com a barreira de desencontros, pois nicação Oral tem a tendência de aumentar a eficá-
as duas abordam as diferenças de percepções de cia da Comunicação, quando bem utilizada, pois
cada indivíduo. proporciona uma resposta imediata, além de esti-
Tem uma palavra que serve de exemplo desta barreira, mular o pensamento do receptor, no momento em
qual seja: abacaxi pode ser uma fruta ou um proble- que a mensagem está sendo transmitida e por dar
ma que dá muito trabalho para ser resolvido. um toque mais pessoal à mensagem e ao processo
como um todo. Deve ser mais usada quando se
7. Barreiras verbais: quer comunicar mensagens mais complexas e difí-
São aquelas provocadas por palavras e expressões ceis de serem transmitidas. Já a comunicação escri-
causadoras de antagonismos, ou seja, são as cau- ta, tem a tendência de ser mal-entendida, porque
sadoras de oposições de ideias. quem escreveu pode não ter sido suficientemente
claro ou não ter expressado o que queria correta-
11. Abordagem da Administração mente.
▪ Linguagem: pode ser considerada uma das barrei-
As barreiras mais destacadas neste campo de estudos ras mais comuns, pois ocorre o tempo todo, no dia
são: a dia das pessoas em uma Organização. Como as
▪ Falta de comunicação: “é um dos problemas mais pessoas tendem a achar que os significados que as
frequentes nas empresas e que gera as consequên- palavras têm para elas são os mesmos significados
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

cias mais graves.” Pode ser causada por: interpre- que outras pessoas atribuem, uma barreira acaba
tações distorcidas dos fatos; falta de adesão a uma surgindo no processo.
decisão e às mudanças; desmotivação das pessoas ▪ Efeito status: A hierarquia dentro das organizações
pela não participação e pelo desconhecimento do pode criar barreiras nas comunicações. Esta bar-
que se passa na Organização; conflitos entre pes- reira está ligada a outra barreira, a filtragem, que
soas e departamentos etc. já foi citada anteriormente. Quando os colabora-
▪ Falta de clareza de objetivos: ocorre quando a dores têm que comunicar algo aos gerentes das
mensagem não tem conteúdo e forma bem defini- Organizações, eles tendem a filtrar a mensagem,
dos. Exemplo: uma reunião em que ninguém con- de forma que ela seja transmitida e decodificada,
segue entender o porquê de estar acontecendo. no intuito de agradar os gerentes.

70
▪ Impertinência da mensagem: quando as mensa- Em linhas gerais, torna-se necessário que o profissio-
gens são transmitidas em momentos inoportunos nal exercite tanto a linguagem verbal como a linguagem
e desagradáveis, o processo se prejudica pela ina- não verbal, que forçam o tempo todo as habilidades de
dequação da situação escolhida. comunicação.
Alguns itens são vitais na linguagem não verbal e de-
12. Como melhorar a comunicação interpessoal vem ser compreendidos para a sua melhor utilização:
▪ Gestos;
▪ Habilidades de transmissão; ▪ Postura;
▪ Linguagem apropriada; ▪ Movimentos do corpo;
▪ Informações claras; ▪ Tom da voz e velocidade da fala;
▪ Canais múltiplos; ▪ Movimentação entre receptor /emissor.
▪ Comunicação face a face sempre que possível.
É notório que problemas de comunicação são de di- A linguagem não verbal é considerada vital para o
fícil intervenção e por isso demandam do emissor um processo de comunicação, tendo em vista que esta não
enorme cuidado ao transmitir a mensagem necessária de ocorre apenas por meio de palavras, sendo um processo
forma clara e objetiva. muito mais complexo do que se imagina.
No momento da comunicação, é necessário decodi-
Existem três fontes de sinais de comunicação e cada ficar as mensagens não verbais, pois, quando isso não
uma representa um percentual deste processo: ocorre, estima-se que há uma perda de 65% do que é
▪ Comunicação verbal: palavras expressas 7%; comunicado.
▪ Comunicação vocal: entonação, o tom e timbre de No momento em que o profissional domina as men-
voz 38%; sagens não verbais, ele passa a conduzir o processo de
▪ Expressão facial e corporal 55%; comunicação de forma eficaz e consegue atingir os ob-
jetivos propostos.
A falta de comunicação adequada pode gerar pro-
Em suma, é necessário para o profissional aprender
blemas de diversos tipos e com consequências variadas,
a utilizar sinais não verbais no processo de comunica-
entre as quais podemos citar:
ção, bem como dominar a linguagem verbal. Na ausência
▪ Confusão entre os envolvidos;
destas habilidades, existirá um desnível significativo no
▪ Perda na prestação do serviço ou na confecção do
processo de comunicação entre emissor /receptor.
produto;
14. Eficácia na comunicação
▪ Comprometer a imagem da empresa;
▪ Desmotivação;
Comunicar-se eficazmente é proporcionar transfor-
▪ Retrabalho;
▪ Falta de procedimentos e ordens claras; mação e mudança na atitude das pessoas. Se a comuni-
▪ Insatisfação de uma forma geral. cação apenas muda as ideias das pessoas, mas não muda
suas atitudes, então a comunicação não atingiu seu re-
Um princípio fundamental para a boa comunicação é sultado. Ela não foi eficaz.
a disposição e a sabedoria em ouvir. A clareza e a certeza de que se foi entendido repre-
Toda a eficácia do processo depende, essencialmente, sentam um dos pilares de um projeto bem sucedido e
de saber ouvir e entender a mensagem que foi transmi- essa sempre foi uma das principais preocupações de to-
tida inicialmente, para então começar um processo de das as empresas. Várias são as vezes que apenas infor-
comunicação. mamos e não formamos a ideia do que queremos que a
outra parte faça.
13. Formas de comunicação Existem algumas ferramentas e regras que ajudam na
conscientização sobre o próprio nível de comunicação.
A comunicação vem sofrendo evoluções ao longo do Abaixo, o “Modelo de Quatro Elementos”, comprova-
tempo, assim como todo o processo que sofre influência do e aplicado por Philip Walser, como uma das ferramen-
do mundo globalizado. As formas mais tradicionais de tas das quais podemos dispor.
comunicação englobam: Os quatro elementos são: “Framing” – “Advocating” –
▪ Manual; “Inquiring” –“Illustrating”:
▪ Revista;
▪ Jornal; ▪ Framing: é definir o tema a ser abordado durante
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

▪ Boletim; uma conversa logo no começo. Pode ser necessá-


▪ Quadro de aviso. rio redefinir o tema durante o andamento (“Re-fra-
ming”), mas deve-se evitar que a conversa vá para
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, lugares distantes que não têm nada a ver com o
figuram novos métodos efetivos para desenvolvê-la, tais assunto.
como: ▪ Advocating: é explicar o seu próprio ponto de vista
▪ Intranet; de forma clara e objetiva, não deixando de lado os
▪ Correio eletrônico; porquês desse ponto de vista, ou seja, não engolir
▪ Comunicação face a face; sapos, mas mencionar os valores que são a base
▪ Telão. deste seu ponto de vista.

71
▪ Inquiring: até mais importante do que esclarecer o A autoimagem de uma pessoa afeta sua maneira de
seu, é importante entender o ponto de vista do ou- se comunicar com os outros. Um autoconceito forte, po-
tro. Isto se faz através de perguntas benevolentes sitivo, é necessário para haver interações hígidas e satis-
que não tem o objetivo de interrogar. fatórias. Por outro lado, uma autoimagem fraca, inferior,
▪ Illustrating: é resumir os diversos pontos de vis- frequentemente distorce a percepção do indivíduo relati-
ta, procurar pontos em comum, colocar assuntos vamente a como os outros o veem, o que gera sentimen-
polêmicos na mesa, visando a uma solução sendo tos de insegurança no seu relacionamento interpessoal.
Alguém que tenha a seu próprio respeito uma impressão
flexível e contando com a flexibilidade do outro,
negativa poderá encontrar dificuldades em conversar
diminuir complexidade para focar o que realmente com outros, em admitir que esteja errado, em expressar
está no centro da conversa. seus sentimentos, em aceitar críticas construtivas que lhe
forem feitas ou em apresentar ideias diferentes das dos
Observar, ouvir e dar importância para o outro é de- outros. Sua insegurança o leva a temer que os outros dei-
terminante para a eficácia da comunicação. xem de apreciá-lo se discordar deles.
De qualquer forma, a comunicação começa pelos Pelo fato de sentir-se desvalorizado, inadequado e
sentidos (visão, audição, tato, olfação e gustação). Uma inferior, ele não tem confiança e pensa que suas ideias
maneira prática de identificar a forma como uma pessoa não interessam aos outros e que não vale a pena comu-
está pensando é prestar atenção às palavras que ela uti- nicá-las. Ele pode tornar-se arredio e defensivo em sua
liza, pois nossa linguagem está repleta de sinais, gestos, comunicação, renegando suas próprias ideias.
posturas e palavras baseados nos sentidos. Observar, ou-
vir e dar importância para o outro é determinante para a b) Formação da autoimagem
Da mesma forma que o autoconceito de alguém afe-
eficácia da comunicação.
ta sua capacidade de se comunicar, a comunicação que
É preciso abandonar a ilusão de que há solução fácil
trava com outros modela também sua autoimagem. Uma
ou improvisada na construção de métricas que avaliem vez que o homem é, antes de tudo, um animal social, ele
nosso trabalho. Não se deve supor que a outra parte forma os mais relevantes conceitos acerca do seu pró-
entendeu, ou julgar que já deveria entender a mensa- prio eu a partir de suas experiências com outros seres
gem. O que deve ser feito para que a comunicação seja humanos.
adequada é investigar se a outra parte compreendeu a Os indivíduos aprendem a se reconhecer pela manei-
mensagem. ra como são tratados pelas pessoas importantes de sua
vida pessoas estas às vezes denominadas os outros sig-
15. Comunicação interpessoal eficaz: cinco ele- nificativos Mediante a comunicação verbal e não verbal
mentos críticos com esses outros significativos, cada um passa a reco-
nhecer se é apreciado ou não, se é aceito ou rejeitado,
Há cinco componentes que distinguem claramente se é merecedor de respeito ou desdém, se é um sucesso
ou um fracasso.
os bons dos maus comunicadores. Tais componentes são
Para que um indivíduo venha a ter uma sólida au-
Autoimagem, Saber Ouvir, Clareza de Expressão, Capaci-
toimagem, ele precisa de amor, respeito e aceitação dos
dade para lidar com sentimentos de contrariedade (irri- outros significativos de sua vida.
tação) e autoabertura. O autoconceito, portanto, constitui um fator crítico
para que alguém seja um comunicador eficaz. Em es-
14.1 Autoimagem (ou autoconceito) sência, a autoimagem de um indivíduo é delineada por
aqueles que o tiverem amado ou pelos que não o tive-
O fator isolado mais importante que afeta a comu- rem amado.
nicação entre pessoas é a sua autoimagem: a imagem
que têm de si mesmas e das situações que vivenciam. 14.2 Saber ouvir
Enquanto as situações podem variar em função do mo-
mento ou do lugar, as crenças que as pessoas possuem Toda a aprendizagem relativa à comunicação tem fo-
acerca de si próprias estão sempre determinando seus calizado as habilidades de expressão oral e de persua-
comportamentos na comunicação. O “eu” é a estrela em são; até há bem pouco tempo dava-se pouca atenção à
capacidade de ouvir. Esta ênfase exagerada dirigida para
todo ato de comunicação.
a habilidade de expressão levou a maioria das pessoas a
Cada um tem, literalmente, milhares de conceitos a subestimarem a importância da capacidade de ouvir em
respeito de si mesmo: quem é, o que significa, onde exis- suas atividades diárias de comunicação.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

te, o que faz e não faz, o que valoriza, no que acredita. O ouvir, naturalmente, é algo muito mais intrincado
Estas autopercepções variam em clareza, precisão e im- e complicado do que o processo físico da audição, ou
portância de pessoa para pessoa. de escutar. A audição se dá através do ouvido, enquan-
to que o ouvir implica num processo intelectual e emo-
a) A importância da autoimagem cional que integra dados (inputs) físicos, emocionais e
A autoimagem de alguém é quem ele é. É o centro do intelectuais na busca de significados e de compreensão.
seu universo, seu quadro referencial, sua realidade pes- O ouvir eficaz ocorre quando o “destinatário” é capaz de
soal, o seu ponto de vista particular. É um visor através discernir e compreender o significado da mensagem do
do qual ele percebe, ouve, avalia a compreende todas as remetente. O objetivo da comunicação só assim é atin-
coisas. É o seu filtro individual do mundo que o cerca. gido.

72
O “Terceiro Ouvido”: Reik refere-se ao processo de b) Capacidade para lidar com sentimentos de con-
ouvir eficazmente como sendo “ouvir com o terceiro trariedade (irritação)
ouvido”. O ouvinte eficaz escuta não só as palavras em A incapacidade de alguém para lidar com manifesta-
si, como também seus significados subjacentes. Seu ter- ções de irritação e contrariedade resulta, com fre-
ceiro ouvido, diz Reik, ouve aquilo que é dito entre as quência, em curtos-circuitos na comunicação.
sentenças e sem palavras, aquilo que se expressa silen- Expressão. A exteriorização das emoções é impor-
ciosamente, o que o emissor fala e pensa. tante para construir bons relacionamentos com os
Logicamente, o ouvir com eficácia não é um proces- outros. As pessoas precisam expressar seus senti-
so passivo. Ele desempenha um papel ativo na comuni- mentos de tal modo que elas influenciem, remode-
cação. O ouvinte eficaz interage com o interlocutor no lem e modifiquem a si próprias e aos outros. Elas
sentido de desenvolver os significados e chegar à com- precisam aprender a expressar sentimentos de ira
preensão. de forma construtiva e não destrutivamente. As se-
Diversos princípios podem servir de auxílio para o guintes orientações podem ser úteis:
aprimoramento das habilidades essenciais para saber
1. Esteja alerta para suas emoções;
ouvir:
2. Admita suas emoções. Não as ignore ou renegue;
1. O ouvinte deve ter uma razão ou propósito de ou-
3. Seja dono de suas emoções. Assuma responsabili-
vir;
dade por aquilo que fizer;
2. O ouvinte deve suspender julgamentos;
3. O ouvinte deve resistir a distrações – barulhos, pes- 4. Investigue suas emoções. Não procure “vencer”
soas, olhares – e focalizar o interlocutor; uma discussão na base do revide, ou de “dar o tro-
4. O ouvinte deve esperar antes de responder ao seu co”;
interlocutor. As respostas imediatas reduzem a efi- 5. Relate suas emoções. A comunicação congruente
cácia do ouvir; significa uma combinação satisfatória entre o que
5. O ouvinte deve repetir palavra por palavra aquilo você está dizendo e aquilo que está vivenciando;
que o interlocutor está dizendo; 6. Integre suas emoções, o seu intelecto e a sua von-
6. O ouvinte deve recolocar em suas próprias palavras tade. Dê uma oportunidade a você mesmo de
o conteúdo e o sentimento daquilo que o outro aprender e crescer como pessoa. As emoções não
está dizendo, para que o interlocutor confirme se a podem ser reprimidas. Elas devem ser identifica-
mensagem que transmitiu foi realmente recebida; das, observadas, relatadas e integradas. Aí então
7. O ouvinte deve buscar os temas, os pontos centrais as pessoas podem fazer instintivamente os ajusta-
daquilo que o interlocutor está dizendo, ouvindo mentos necessários, à luz de seus próprios concei-
“através” das palavras para atingir sua real signi- tos de crescimento. Eles podem acompanhar a vida
ficação; e mudar com ela.
8. O ouvinte deve utilizar o tempo diferencial entre a
velocidade do pensamento (400 a 500 palavras por 14.3 Autoabertura
minuto) para “refletir” sobre o conteúdo e “buscar”
o seu significado; A capacidade de falar total e francamente a respeito
9. O ouvinte deve estar pronto para reagir aos co- de si mesmo – é necessária à comunicação eficaz. O in-
mentários do interlocutor. divíduo não pode se comunicar com outro ou chegar a
conhecê-lo a menos que se esforce pela autoabertura.
a) Clareza de expressão A capacidade de alguém para se autorrevelar é um
Ouvir eficazmente é uma habilidade necessária e ne-
sintoma de personalidade sadia.
gligenciada na comunicação, porém muitas pes-
Pode-se dizer que um indivíduo compreenderá tanto
soas consideram igualmente difícil dizer aquilo que
a respeito de si próprio quanto ele estiver disposto a co-
querem dizer ou expressar aquilo que sentem. É
municar a outra pessoa.
que com frequência elas presumem simplesmente
que o outro compreende a sua mensagem, mes- Obstáculos à autorrevelação: para que se conheçam
mo que sejam descuidadas ou confusas em sua a si próprias e para que consigam relações interpessoais
fala. Parecem achar que as pessoas deveriam ser satisfatórias, as pessoas precisam revelar-se aos outros.
capazes de ler as mentes uns dos outros: “Se está Ainda assim, a autorrevelação é obstruída por muitos.
claro para mim, deve estar claro para você tam- A comunicação eficaz, então, tem por base estes cin-
bém”. Essa suposição é uma das maiores barreiras co componentes: uma autoimagem adequada; capaci-
ao êxito da comunicação humana. O comunicador dade de ser bom ouvinte; habilidade de expressar clara-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

deficiente deixa que o ouvinte adivinhe o que ele mente os próprios pensamentos e ideias; capacidade de
quer dizer, partindo da premissa de que está, de lidar com emoções, tais como a ira, de maneira funcional
fato, comunicando. Por sua vez, o ouvinte age de e a disposição para se expor, para se revelar aos outros.
acordo com suas adivinhações. O resultado óbvio
disto é um mal-entendido recíproco. Conflitos
Para se chegar a resultados objetivos planejados
– desde a execução da rotina diária de trabalho, Gestão de conflitos são ações eficientes e assertivas
até a comunhão mais profunda com alguém – as para solucionar as divergências de opiniões entre pes-
pessoas precisam ter um meio de se comunicarem soas ou equipes, buscando sempre soluções de ganha-
satisfatoriamente. -ganha.

73
Conflito é uma divergência de opinião que se estabe- Já no caso de um conflito emocional, ele normalmen-
lece quando duas ou mais pessoas tem concepções dife- te é percebido pela má vontade de um dos membros
rentes sobre como resolver quaisquer tipos de problemas. da equipe em trabalhar no projeto ou em se relacionar
O surgimento desses conflitos pode ter impacto negativo com as pessoas envolvidas nele. Isso se manifesta por
sobre o cronograma de entregas das equipes, a satisfação atrasos, erros, falta de feedback e de diálogo. Também
do cliente e a relação com as partes interessadas. é importante resolver, porque terá impacto no resultado
Quando a gente ouve a palavra “conflito”, logo vem esperado.
a ideia de um problema complexo ou de algo difícil de Conflitos podem ser evitados com um bom plane-
resolver, o que nem sempre é verdade. Conflitos nascem jamento e a atuação assertiva do líder da equipe. Uma
de divergências de interesses entre duas ou mais pes- das maneiras de se conseguir isso é deixar bem claras
soas, com relação a determinado tema, fato, contexto ou as diretrizes do trabalho, prazos, orçamento, tecnologias
atividade a ser desenvolvida. No mundo corporativo, sua a serem utilizadas, etc. Uma outra maneira, mais volta-
existência pode atrasar uma entrega, deteriorar o clima da para as questões de relacionamento, é escolher de
organizacional, gerar impacto no relacionamento com o maneira adequada as pessoas, evitar repetir equipes que
cliente e até mesmo levar a erros difíceis de serem cor- não funcionaram no passado, manter canais claros de
rigidos. comunicação e estar sempre aberto para o diálogo.
Quando se utilizam técnicas de Gestão de Conflitos
adequadas, as divergências que atravancam os projetos Reações em situações de conflito
são facilmente identificáveis. Algumas vezes, podem ser
até previsíveis e evitáveis. Isso vai depender da forma Pessoas podem apresentar reações diferentes dian-
como os enxergam determinadas situações, de sua capa- te de divergência de opiniões no universo profissional.
cidade para promover o diálogo e se relacionar com as Quando se fala em gestão de conflitos, existem quatro
pessoas envolvidas, sempre com boa capacidade de ne- tipos mais comuns. Conhecê-los nos ajuda a iniciar a
gociação, respeito e assertividade. O objetivo dever ser o busca de uma solução.
de buscar negociações onde todos ganham, em que haja
um equilíbrio entre a necessidade de ceder em alguns Reação Divergente
pontos para avançar em outros.
Como Identificar: Há o desencontro de interesses e
Classificação da Gestão de Conflitos nas Organizações
uma pessoa quer vencer a outra, fazendo prevalecer sua
opinião.
Existem basicamente dois tipos de conflitos:
Exemplo: O líder do projeto discute com o desenvol-
vedor sobre a melhor ferramenta a ser usada. Os dois
Conflito Racional e Objetivo
divergem e um tenta fazer sua opinião valer mais, sem
ouvir ou considerar a opinião do outro. Não se chega a
Como Identificar: Trata-se de uma divergência rela-
cionada exclusivamente ao projeto, que vai gerar impac- uma conclusão e isso pode gerar atrasos e perdas.
tos na entrega final.
Exemplo: O escopo original previa 50 horas de tra- Reação Conflitante
balho, mas a equipe envolvida vai demorar o dobro do
tempo. O cliente precisa da solução dentro do prazo ori- Como Identificar: Diante da divergência, o líder do
ginalmente combinado. projeto tenta impor seu ponto de vista por meio da rela-
ção de poder ou hierarquia existente.
Conflito emocional e objetivo Exemplo: Há uma imposição quanto à ferramenta a
ser utilizada, feita a partir do ponto de vista do gestor
Como Identificar: Diz respeito a problemas pessoais e da equipe, sem considerar pontos de vista contrário. O
de relacionamento entre os membros da equipe. Envolve projeto vai seguir seu curso, mas haverá um nível de in-
desentendimentos, episódios anteriores mal entendidos, satisfação da equipe.
etc.

Exemplo: No passado, dois profissionais muito bons Reação Concorrente


em suas áreas foram colocados para trabalhar juntos e a
péssima comunicação entre eles atrapalhou o andamen- Como Identificar: Acontece quando o líder impõe
to da iniciativa. Em uma nova oportunidade, os dois são sua opinião e o membro da equipe aceita, acreditando
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

colocados juntos novamente e, como possuem esse his- que tem que obedecer e se submeter à determinação do
tórico, isso pode impactar no resultado final. “chefe”. Vai se estabelecer uma relação de disputa, um
Com isso em mente, identificar que existe um conflito pensamento de “vingança” para situações futuras.
é algo bem simples. No caso dos racionais, é possível Exemplo: O membro da equipe faz as coisas de acor-
perceber que uma divergência parece “atravancar” um do com o que o líder determinou, mas pensa interna-
processo que deveria ser simples. Por exemplo, o orça- mente sobre as possibilidades de prejudicá-lo no futuro,
mento ficou em R$ 10 mil e o cliente só aceita pagar R$ de alguma maneira. Uma reação nociva e difícil de iden-
8 mil. As negociações não saem do lugar e o projeto não tificar ou contornar.
começa. Estamos diante de um conflito orçamentário, ra-
cional, que precisa ser resolvido. Reação Convergente

74
Como Identificar: Acontece quando os membros de Certo e errado na gestão de conflitos
uma equipe, diante de uma divergência, tentam enten-
der a opinião uns dos outros, buscando o melhor para Cada divergência vai exigir uma solução diferencia-
o projeto. da. Na disciplina de gestão de conflitos, existem algumas
Exemplo: O líder, embora tenha uma opinião sobre orientações sobre o que fazer e o que não fazer para se
a ferramenta a ser utilizada, ouve os argumentos do de- resolver problemas.
senvolvedor a favor de outra forma de trabalhar. E vice-
-versa. Os dois chegam a um consenso, que vai beneficiar Errado
a entrega a ser feita.
Evitar o conflito: acontece quando o líder identifica
Como aplicar essa nova forma de gestão de con-
flitos o problema, sabe que existirá impacto na entrega final,
mas não age imediatamente. Evita cobrar a equipe para
O gerenciamento de conflitos pode ser utilizado em ser mais ágil e efetiva, não informa o cliente sobre pos-
qualquer campo das organizações, mas tem sido mui- síveis atrasos e deixa que as coisas sigam seu curso, sem
to adotado nos novos formatos de trabalho usados nas exercer sua liderança para que as entregas aconteçam.
áreas de TI, em que se combinam pessoas jovens, multi- Acomodar-se com o conflito: o líder identifica a di-
disciplinares a profissionais mais especializados e expe- vergência interna, sabe dos impactos e avisa ao cliente
rientes, de diferentes áreas. As metodologias ágeis, que que existe uma possibilidade de atraso. Internamente,
envolvem a necessidade de auto-gestão das equipes, no entanto, não faz nada para atuar sobre a causa do
também se beneficiam desse gerenciamento, não dei- conflito. Não há negociação com o cliente, ele é apenas
xando que o conflito se arraste por tempo demais. informado sobre o atraso. Não há cobrança da equipe,
Antigamente, nas organizações, prevalecia a conheci- no sentido de resolver o motivo real do não cumprimen-
da frase: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. to do cronograma. Todos se acomodam à situação e o
Isso não tem mais valor. Nas empresas modernas, todos cliente ficará insatisfeito.
tem voz, querem ser ouvidos e não se prendem muito Forçar: diante do conflito, o líder da equipe toma as
a relações hierárquicas. Deve prevalecer um sentimento decisões e as impõe a todos. Isso vai gerar uma reação
de co-responsabilização pelos resultados, em que cada
negativa por parte da equipe. O resultado vai sair, mas
pessoa é dona do processo e comprometida com as en-
tregas da área. com grande grau de insatisfação. O oposto também
pode acontecer. A equipe pode forçar para que sua ma-
Como evitar os conflitos nas organizações neira de trabalhar prevaleça em relação às diretrizes da-
das pela liderança. Isso vai enfraquecer o líder.
Na maioria das empresas, o líder imediato é o profis-
sional que mais domina determinado assunto ou o que Certo
consegue conciliar as pessoas em torno de um objetivo.
Para esse papel, existem algumas habilidades importan- Comprometimento e colaboração: o líder busca o
tes, que todos podem desenvolver, independente de sua apoio da equipe e do cliente para resolver a divergência
área de formação: e não comprometer os prazos acordados. O conflito é
Capacidade de negociação: Os líderes são a ponte identificado com assertividade e todos conversam para
que conecta a equipe, o cliente, fornecedores e todas as buscar as melhores alternativas para solução. O foco não
partes envolvidas. Devem buscar o diálogo, ouvir com está em buscar culpados ou fazer prevalecer uma opi-
atenção e ponderar sobre tudo o que for dito, antes de nião sobre a outra. Todos querem que a entrega acon-
tomar decisões. Também precisam evitar negociações teça com qualidade e efetividade. As melhores soluções
demoradas, que nunca chegam a lugar algum. Isso pode surgem quanto há um alto grau de colaboração e de as-
gerar novos conflitos e desrespeito pelo papel do líder.
sertividade entre os membros da equipe e do cliente.
REFERÊNCIA
Identificar as divergências e agir: atrasos, erros fre-
quentes, falta de motivação e clima organizacional ruim < https://www.sankhya.com.br/blog/gestao-de-con-
são alguns sinais de que pode haver um conflito na equi- flitos-nas-organizacoes/>
pe. O líder deve ter a capacidade de enxergar essas mu-
danças e agir rapidamente, sem deixar que um problema
pequeno se torne maior.
Leitura de cenários: depois de identificado o conflito,
é importante entender sua origem, quais as reações exis-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

tentes, o perfil das pessoas, suas motivações e interesses.


A busca de informações ajuda no processo de negocia-
ção.
Boa comunicação: saber ouvir é uma arte. Falar na
hora certa, usando as palavras mais adequadas, também.
Para gerenciar conflitos, o diálogo é fundamental e pre-
cisa ser estruturado com cuidado, para evitar as reações
negativas. O líder deve sempre buscar o ganha-ganha e
isso só é possível quando se conhecem as expectativas
envolvidas.

75
- Conformidade: É a contrapartida da qualidade pla-
GESTÃO DA QUALIDADE: CONCEITOS, nejada, ou seja, é a qualidade real que o produto ofere-
ce (àquela que o cliente recebe). Dependendo da taxa
FERRAMENTAS DA QUALIDADE,
de sucesso do planejamento, ela pode ser próxima ou
QUALIDADE NO ATENDIMENTO.
distante da qualidade planejada. Se ao final houver bai-
xa conformidade, significa também que o produto é de
baixa qualidade, pois um produto ou serviço bem feito
GESTÃO DA QUALIDADE é aquele que está dentro das especificações que foram
planejadas.
Pode-se definir a gestão da qualidade como qualquer
atividade coordenada de direção e controle dos proces- - Especificações: O elemento de especificação se re-
sos, que possui como principal objetivo a melhoria de fere à descrição do produto, ou de sua determinação
produtos e serviços, visando ainda garantir a satisfação
circunstancial. São as características do produto. As es-
total dos clientes. A primeira abordagem da qualidade
pecificações descrevem o produto ou serviço em termos
surgiu durante a Segunda Guerra Mundial e tinha como
de sua utilidade, desempenho e atributos. Com isso, nós
única finalidade a correção de erros nos produtos bélicos
temos a “qualidade planejada’’ que estabelece como o
dos exércitos. Com a expansão da indústria no início do
século XX, surgiu o controle da qualidade, que visava a produto ou serviço devem ser.
uniformidade dos processos, sem haver uma preocupa-
ção explícita com a qualidade em si, mas sim com a ativi- - Adequação ao uso: A adequação dependerá da
dade da empresa em geral. perspectiva do cliente. Essa perspectiva abrange dois
Após o término da Segunda Guerra, ocorreram no- aspectos distintos: a qualidade de projeto e a ausência
vos avanços nos estudos da qualidade (muito devido ao de deficiências. O primeiro compreende as característi-
sucesso da produção em massa de Ford). Com isso, foi cas do produto que atendem às necessidades do cliente.
desenvolvido o conceito do controle estatístico da qua- Quanto mais o produto atender à sua finalidade, maior
lidade, o que posteriormente abriria as portas para pes- será a qualidade do projeto. A ausência de deficiências
quisas mais aprofundadas sobre o assunto. Já dentro do compreende as falhas no cumprimento das especifica-
contexto mundial, a qualidade é visualizada como uma ções, ou seja, quanto menor o número de falhas, mais
forma de gerenciamento que tem por finalidade me- alta será a qualidade do produto ou serviço.
lhorar de modo contínuo (Kaizen) o desempenho orga-
nizacional. De acordo com os estudos sobre gestão da A gestão de qualidade é uma estratégia empresarial,
qualidade, existem seis elementos nos quais a mesma se bastante difundida, que visa associar qualidade a todas
baseia, sendo eles: excelência, valor, especificações, con- as etapas e processos de uma empresa ou organização.
formidade, regularidade e adequação ao uso. A gestão de qualidade não só apenas afeta a gestão da
empresa, mas também os fornecedores e todos aqueles
Elementos da Gestão da Qualidade que trabalharem junto à empresa.
> Excelência: Significa fazer o melhor que se con- O conceito da gestão de qualidade vem do toyotismo,
segue fazer. A excelência é considerada um valor por que é um modo de produção japonês, do qual a Toyota
muitas organizações, sendo também um objetivo a ser foi a precursora. O toyotismo foi a solução encontrada
seguido. Em termos simples, quando falamos de gestão para a produção no Japão pós segunda guerra. A situa-
da qualidade, utilizamos a palavra como sinônimo de um ção que eles tinham era bem diferente da americana, por
desempenho de alto nível, ou seja, trata-se basicamente
isso o fordismo não pode ser usado no Japão. O méto-
do “fazer estruturar bem feito”, que é o ideal da própria
do japonês era um sistema flexível. A mão de obra não
excelência (boas práticas que conduzem à inovação e
era extremamente segmentada como a de Henry Ford,
melhoram o resultado).
e era multifuncional, dando flexibilidade para a produ-
- Regularidade: Significa a redução da variação que ção japonesa da época que era pequena, e tinha recursos
ocorre em qualquer processo de trabalho, seja fabricar escassos. O modelo de Toytota valorizava a capacitação
um produto ou prestar um serviço. Qualidade, em seu dos profissionais e a eficiência. Esta é a sua semelhança
conceito, também é sinônimo de regularidade e confia- com a gestão de qualidade.
bilidade. Dessa maneira, quanto menor for a variação de A gestão de qualidade objetiva aumentar a satisfação
um produto (suas características ou desconformidades), dos clientes com o produto, ter uma melhor eficiência de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

mais qualidade ele conseguirá ter e vice-versa. Trata-se produção, reduzir os custos, formar um sistema que faci-
de um dos principais pontos na gestão da qualidade. lite buscar novos mercados e novas parcerias com outras
- Valor: O valor é a apreciação feita pelo indivíduo da empresas.
importância de um bem, tendo como base sua utilidade, A implementação da gestão de qualidade
aspecto e características. Num primeiro momento, sig- Muitos empresários se inibem na hora de implantar
nifica produto de luxo ou de alto desempenho. Quanto a gestão de qualidade em suas empresas, estas sendo
mais alta a qualidade do produto, consequentemente normalmente de pequeno e médio porte. Isso acontece
mais alto será o seu preço, uma vez que, mais qualidade porque muita gente pensa que são necessários proces-
implica em custos maiores. sos caros e trabalhosos para implantar a gestão de qua-
lidade. Mas isto não é verdade.

76
Claro que em grandes empresas o processo acaba Envolvimento das pessoas: toda organização é for-
sendo feito de maneira mais complexa e com investi- mada por pessoas que, em conjunto, constituem a es-
mentos maiores. Mas a gestão de qualidade pode ser sência da organização. Portanto, a gestão da qualidade
levada para dentro das empresas sem grandes gastos. A deve compreender o envolvimento de todos, o que pos-
gestão de qualidade é uma série de conceitos que pre- sibilitará o uso de sãs habilidades para o benefício da
cisam ser absorvidos por cada um dos profissionais que organização;
trabalham dentro da empresa. E para isto não são gastos Abordagem por processos: a abordagem por proces-
financeiros que precisamos, e sim liderança e motivação sos permite uma visão sistêmica do funcionamento da
para fazer com que todos mudem sua maneira de pensar
empresa como um todo, possibilitando o alcance mais
para a empresa como um todo poder melhorar.
eficiente dos resultados desejados;
1. Princípios da gestão de qualidade Abordagem sistêmica: a abordagem sistêmica na
A gestão de qualidade total, como às vezes é chama- gestão da qualidade permite que os processos inter-re-
da, tem alguns princípios básicos, listados abaixo: lacionados sejam identificados, entendidos e gerencia-
• Qualidade é algo que pode e deve ser gerenciada; dos de forma a melhorar o desempenho da organização
• Problemas devem ser prevenidos, não remediados; como um todo;
• Processos e não pessoas são os frutos dos proble- Melhoria contínua: para que a organização consiga
mas; manter a qualidade de seus produtos atendendo suas
• Todo mundo tem um fornecedor e um cliente; necessidades atuais e futuras e encantando-o (exceden-
• Cada empregado da empresa é responsável por do suas expectativas), é necessário que ela tenha seu
manter a qualidade; foco voltado sempre para a melhoria contínua do seu
• A qualidade precisa ser medida; processo e produto/serviço;
• A melhora da qualidade precisa ser contínua; Abordagem factual para a tomada de decisão: todas
• Objetivos são baseados em necessidades, não são as decisões dentro de um sistema de gestão de quali-
negociados; dade devem ser tomadas com base em fatos, dados
• O padrão de qualidade é livre de defeitos; concretos e análise de informações, o que implica na im-
• Planejar e organizar para melhorar a qualidade; plementação e manutenção de um sistema eficiente de
• O gerenciamento deve liderar e estar envolvido dia-
monitoramento;
riamente no processo.
Benefícios mútuos nas relações com fornecedores: a
A gestão de qualidade é uma filosofia empresarial. organização deve buscar o relacionamento de benefício
Uma empresa que trabalha efetivamente com ela tem as mútuo com seus fornecedores através do desenvolvi-
suas fundações baseadas na busca pelo melhor a cada mento de alianças estratégicas, parcerias e respeito mú-
dia que passa. Uma placa dourada, pendurada na parede, tuo, pois o trabalho em conjunto de ambos facilitará a
com os princípios da empresa em baixo relevo é bonito, criação de valor.
mas se cada um dentro da organização não acreditar e
viver aquilo, de nada adianta. 1.2 Administração da qualidade
A gestão da qualidade pode ser definida como sendo Todas as pessoas convivem sob a sombra da palavra
qualquer atividade coordenada para dirigir e controlar qualidade. Não é para menos, a qualidade tornou-se
uma organização no sentido de possibilitar a melhoria alicerce fundamental para as organizações, na quais ga-
de produtos/serviços com vistas a garantir a completa nhou destaque há cerca de 30 anos. Porém, a sua abor-
satisfação das necessidades dos clientes relacionadas ao dagem é bem mais antiga, vindo de filósofos gregos e
que está sendo oferecido, ou ainda, a superação de suas chineses.
expectativas. A primeira abordagem de qualidade dentro das or-
Desta forma, a gestão da qualidade não precisa, ne- ganizações visava a uniformidade dos processos e não
cessariamente, implicar na adoção de alguma certifica- havia uma preocupação explícita com a qualidade. A
ção embora este seja o meio mais comum e o mais di-
produção em massa abriu as portas para a pesquisa da
fundido, porém, sempre envolve a observância de alguns
qualidade.
conceitos básicos, ou princípios de gestão da qualidade,
que podem e devem ser observados por qualquer orga- Como qualidade era sinônimo de uniformidade e o
nização. A saber: controle de todas as peças produzidas era muito demo-
Focalização no cliente: qualquer organização tem rado, surgiu o controle estatístico da qualidade.
como motivo de sua existência a satisfação de determi-
nada necessidade de seu cliente, seja com o oferecimen- 1.3 Como definir qualidade?
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

to de um produto ou serviço. Portanto, o foco no cliente Não há uma definição universal para qualidade, mas
é um princípio fundamental da gestão da qualidade que podemos abordá-la segundo alguns pontos de vista.
deve sempre buscar o atendimento pleno das necessi- EXCELÊNCIA
dades do cliente sejam elas atuais ou futuras e mesmo a Nesta definição, elaborada pelos pensadores gregos.
superação das expectativas deste; Excelência é o que diferencia as coisas superiores das
Liderança: cabe aos líderes em uma organização criar inferiores. Refere-se ao mais alto nível possível sob um
e manter um ambiente propício para que os envolvidos aspecto. Esta linha é exemplificada por frases como:
no processo desempenhem suas atividades de forma 1. Qualidade significa a aplicação dos melhores talen-
adequada e que se sintam motivadas e comprometidas a tos e recursos para produzir os resultados mais elevados;
atingir os objetivos da organização; 2. Ou se faz bem feito ou mal feito.

77
A ideia é obter a qualidade máxima desde o primeiro ATENDIMENTO AO PÚBLICO
momento.
A qualidade do atendimento ao público apresenta-
VALOR -se como um desafio institucional e deve ter como meta
Esta definição está bastante ligada ao status que o aprimorar e uniformizar o serviço oferecido tanto ao pú-
produto ou serviço proporciona para o comprador. Ela blico externo como ao público interno.
surgiu na ascensão da produção massificada de bens de Vale ressaltar que o agente responsável por realizar
consumo que tinham baixo preço. Ela faz a diferenciação o atendimento, ao fazê-lo, não o faz por si mesmo, mas
de produtos que podem ser adquiridos a baixos preços e
pela instituição, ou seja, ele representa a organização
pela grande maioria da população de produtos que são
naquele momento, é a imagem da organização que se
adquiridos somente por pouquíssimas pessoas a custos
muito altos. Esta definição segue uma frase de Freud: “Se apresenta na figura desse agente.
quiser qualidade, pague por ela”. Quando falamos em atendimento de qualidade, pen-
samos em excelência na forma com que nossos clientes
ESPECIFICAÇÕES (internos ou externos) são tratados. Lidar com pessoas,
Do ponto de vista dos profissionais da área de exatas, como ocorre em um atendimento, exige uma postura
qualidade está relacionada com as especificações técni- comportamental comprometida com o outro, com suas
cas de um produto ou serviço. Se o produto ou serviço necessidades, seus anseios, mas também com a organi-
está de acordo com as suas especificações técnicas, ele zação, suas regras, ou seja, exige responsabilidade, co-
tem qualidade. nhecimento de funções, uso adequado de ferramentas
Este conceito está relacionado com a qualidade pla- para se enquadrar ao sistema de funcionamento da or-
nejada para o produto ou serviço. ganização, agilidade, cordialidade, eficiência e, principal-
Conformidade com Especificações mente, empatia para realizar um atendimento de exce-
A qualidade planejada é apenas um ponto, é preci- lência junto ao público.
so verificar se as especificações foram bem definidas e Atendimento corresponde ao ato de atender, ou seja,
alcançadas. Ou seja, é preciso analisar a qualidade rece- ao ato de prestar atenção às pessoas com as quais man-
bida pelo cliente. temos contato.
A qualidade do atendimento prestado depende da
REGULARIDADE
capacidade de se comunicar com o público e da mensa-
Qualidade também significa a uniformidade sugerida
gem transmitida.
por Taylor e Ford. A uniformidade sugere confiabilidade
do produto ou serviço.
O edital cita características que são imprescindíveis
ADEQUAÇÃO AO USO quando se almeja alcançar um nível de excelência em
Como não poderia deixar de haver, existe uma de- qualidade no atendimento. Vejamos:
finição exclusiva para o cliente. Neste contexto, há dois
significados: ▪ Atenção: o cliente precisa ser o foco de suas ações.
É necessário fazer com que ele se sinta realmente
Qualidade do Projeto – este conceito compreende as o elemento de maior importância nessa relação,
características do produto que atendem as necessidades e isso será possível quando o atende dispender a
dos clientes. Quanto mais o produto atender a esta fina- atenção necessária nesse contato, criando empa-
lidade, maior será a sua qualidade. Em outras palavras tia para identificar de fato qual a melhor forma de
significa: atender esse cliente.
_ Clientes satisfeitos com o produto; ▪ Cortesia: ser cortês significa usar de gentileza, edu-
_ Produtos e serviços mais competitivos; cação, lidar as pessoas com amabilidade, generosi-
_ Melhor desempenho da empresa. dade e delicadeza no trato.
▪ Interesse: como dissemos acima, desenvolver em-
Ausência de Deficiências – esta parte compreende as
patia, ou seja, quando se coloca no lugar da pessoa
falhas de cumprimento das especificações. Essas falhas
e demonstra interesse naquilo que é importante
de um modo ou de outro podem ser evitadas pela or-
ganização. Quanto menor o número de falhas, maior a para ela, consequentemente, realiza-se um traba-
qualidade. Isto se reflete em: lho melhor.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

_ Maior eficiência dos recursos produtivos; ▪ Presteza: está relacionado com a boa vontade e
_ Maior satisfação do cliente com o desempenho dos pré-disposição em servir.
produtos e serviços; ▪ Eficiência: eficiência é a capacidade de “fazer as
_ Custos menores de inspeção e controle. coisas direito”, um administrador é considerado
_ Tempo menor de colocação e consolidação de pro- eficiente quando minimiza o custo dos recursos
dutos no mercado. usados para atingir determinado fim.
▪ Tolerância: representa a capacidade de uma pes-
soa ou grupo de aceitar, em outra pessoa ou grupo
uma atitude diferente das que são a norma de seu
grupo.

78
▪ Discrição: envolve zelo, respeito, prudência, discer- Podemos concluir, entendendo que qualquer com-
nimento e sensatez quando fornece uma informa- portamento inclui posturas e é sempre fruto da interação
ção ao cliente. É necessário manter-se reservado complexa entre o organismo e o seu meio ambiente.
sobre o que o cliente lhe diz. Assim, estará trans- Observando essas condições principais que causam a
mitindo confiabilidade e seriedade no trabalho de- vinculação ou o afastamento do cliente da empresa, po-
senvolvido. demos separar a estrutura de uma empresa de serviços
▪ Conduta: espera-se que o atendente conheça e em dois itens:
respeite as normas internas, afinal, ele é um canal
de transmissão da imagem da organização e, como 2. Os serviços
tal, deve manter postura profissional, agir dentro
da cultura da empresa/ instituição e conforme os O serviço assume uma dimensão macro nas organi-
interesses institucionais, mas, ainda sim, atingindo zações e, como tal, está diretamente relacionado ao pró-
o resultado desejado de atender com excelência o prio negócio.
cliente, resolvendo sua necessidade ou atendendo Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas
seu desejo. de serviços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, tam-
▪ Objetividade, clareza e concisão: ser direto, obje- bém são tratados os aspectos gerais da organização que
tivo e claro em suas respostas para o cliente e se dão peso ao negócio, como: o ambiente físico, as cores
(pintura), os jardins. Este item, portanto, depende mais
ater ao foco do que está sendo perguntado, forne-
diretamente da empresa e está mais relacionado com as
cendo informações precisas e sucintas com aten-
condições sistêmicas.
ção e clareza.
3. Pontos e políticas do atendimento
1. Postura de atendimento
É o tratamento dispensado às pessoas, está mais rela-
Aqui, falamos em fatores pessoais que influenciam o cionado com o funcionário em si, com as suas atitudes e
atendimento: apresentação pessoal, cortesia (persona- o seu modo de agir com os clientes. Portanto, está ligado
lizar o atendimento), atenção, tolerância (grau de acei- às condições individuais.
tação de diferente modo de pensar), discrição, conduta, É necessário unir esses dois pontos e estabelecer nas
objetividade. políticas das empresas o treinamento e a definição de
A postura pode ser entendida como a junção de to- um padrão de atendimento e de um perfil básico para
dos esses aspectos relacionados com a nossa expressão o profissional de atendimento, como forma de avançar
corporal na sua totalidade e nossa condição emocional. no próprio negócio. Dessa maneira, esses dois itens se
Podemos destacar 3 pontos necessários para falar- tornam complementares e inter-relacionados, com de-
mos de postura. São eles: pendência recíproca para terem peso.

▪ Ter uma postura de abertura: caracteriza-se por 4. O profissional do atendimento


um posicionamento de humildade, mostrando-se
sempre disponível para atender e interagir pron- Para conhecermos melhor a postura de atendimen-
tamente com o cliente. Esta postura de abertura to, faz-se necessário falar do verdadeiro profissional do
do atendente suscita alguns sentimentos positivos atendimento.
nos clientes, como por exemplo: Os três passos do verdadeiro profissional de atendi-
▪ Postura do atendente de manter os ombros aber- mento:
tos e o peito aberto, passa ao cliente um sentimen-
to de receptividade e acolhimento; 4.1 Entender o seu verdadeiro papel: que é o de
compreender e atender as necessidades dos clientes, fa-
▪ A cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclina-
zer com que ele seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir
do transmitem ao cliente a humildade do atendente;
▪ O olhar nos olhos e o aperto de mão firme tradu- importante e proporcioná-lo um ambiente agradável.
zem respeito e segurança; Este profissional é voltado completamente para a intera-
▪ A fisionomia amistosa alenta um sentimento de ção com o cliente, estando sempre com as suas antenas
afetividade e calorosidade. ligadas neste, para perceber constantemente as suas ne-
▪ Ter sintonia entre fala e expressão corporal: ca- cessidades. Para o profissional, não basta apenas conhe-
racteriza-se pela existência de uma unidade entre cer o produto ou serviço, o mais importante é demons-
o que dizemos e o que expressamos no nosso trar interesse em relação às necessidades dos clientes e
corpo. Quando fazemos isso, nos sentimos mais atendê-las.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

harmônicos e confortáveis. Não precisamos fingir,


mentir ou encobrir os nossos sentimentos e eles 4.2 Entender o lado humano: conhecendo as neces-
fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais sidades dos clientes, aguçando a capacidade de perce-
livres do stress, das doenças, dos medos. ber o cliente. Para entender o lado humano, é necessário
▪ As expressões faciais: podemos extrair dois aspec- que este profissional tenha uma formação voltada para
tos: o expressivo, ligado aos estados emocionais as pessoas e goste de lidar com gente. Espera-se que ele
que elas traduzem e a identificação desses estados fique feliz em fazer o outro feliz, pois, para este profissio-
pelas pessoas; e a sua função social, que diz em nal, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo ins-
que condições ocorreu a expressão, seus efeitos tante em que ela cessa a busca de sua própria felicidade
sobre o observador e quem a expressa. para buscar a felicidade do outro.

79
4.3 Entender a necessidade de manter um estado 6. Os requisitos para contratação deste profissio-
de espírito positivo: cultiva-se pensamentos e senti- nal
mentos positivos para ter atitudes adequadas no mo- Para trabalhar com atendimento ao público, alguns
mento do atendimento. Ele sabe que é fundamental se- requisitos são essenciais ao atendente. São eles:
parar os problemas particulares do dia a dia do trabalho
e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chegada ▪ Gostar de servir, de fazer o outro feliz;
do cliente. O primeiro passo de cada dia é iniciar o tra- ▪ Gostar de lidar com gente;
balho com a consciência de que o seu principal papel é o ▪ Ser extrovertido;
de ajudar os clientes a solucionarem suas necessidades. ▪ Ter humildade;
A postura é de realizar serviços para o cliente. ▪ Cultivar um estado de espírito positivo;
▪ Satisfazer as necessidades do cliente;
5. A fuga dos clientes ▪ Cuidar da aparência.

As pesquisas revelam que 68% dos clientes das em- Com esses requisitos, o sinal fica verde para o aten-
presas fogem delas por problemas relacionados à postu- dimento.
ra de atendimento.
Numa escala decrescente de importância, podemos 7. Outros fatores importantes no atendimento
observar os seguintes percentuais:
7.1 O olhar
▪ 68% dos clientes fogem das empresas por proble-
mas de postura no atendimento; Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através
▪ 14% fogem por não terem suas reclamações aten- do olhar, podemos passar para as pessoas os nossos senti-
didas; mentos mais profundos, pois ele reflete o nosso estado de
▪ 9% fogem pelo preço; espírito.
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos
▪ 9% fogem por competição, mudança de endereço,
prender somente a ele, mas à fisionomia como um todo
morte.
para entendermos o real sentido dos olhos.
A origem dos problemas está nos sistemas implan-
Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de
tados nas organizações, muitas vezes obsoletos. Esses
acolhimento, de interesse no atendimento das suas ne-
sistemas não definem uma política clara de serviços, não
cessidades, de vontade de ajudar. Ao contrário, um olhar
definem o que é o próprio serviço e qual é o seu produto.
apático, traduz fraqueza e desinteresse, dando ao cliente,
Sem isso, existe muita dificuldade em satisfazer plena-
a impressão de desgosto e dissabor pelo atendimento.
mente o cliente.
Mas, você deve estar se perguntando: a que causa
Essas empresas que perdem 68% dos seus clientes este brilho nos nossos olhos? A resposta é simples: Gos-
não contratam profissionais com características básicas tar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar
para atender o público, não treinam esses profissionais de ajudar ao próximo.
na postura adequada, não criam um padrão de atendi- Para atender ao público, é preciso que haja interesse
mento e este passa a ser realizado de acordo com as ca- e gosto, pois só assim conseguimos repassar uma sensa-
racterísticas individuais e o bom senso de cada um. ção agradável para o cliente. Gostar de atender o público
A falta de noção clara da causa primária da perda de significa gostar de atender as necessidades dos clientes,
clientes faz com que as empresas demitem os funcio- querer ver o cliente feliz e satisfeito.
nários “porque eles não sabem nem atender o cliente”. Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode
Parece até que o atendimento é a tarefa mais simples da transmitir:
empresa e que menos merece preocupação. Ao contrá- a). Interesse quando:
rio, é a mais complexa e recheada de nuances que per- ▪ Brilha;
passam pela condição individual e por condições sistê- ▪ Tem atenção;
micas. ▪ Vem acompanhado de aceno de cabeça.

Essas condições sistêmicas estão relacionadas a: b) Desinteresse quando:


▪ É apático;
1. Falta de uma política clara de serviços; ▪ É imóvel, rígido;
2. Indefinição do conceito de serviços; ▪ Não tem expressão.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

3. Falta de um perfil adequado para o profissional de


atendimento; O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o
4. Falta de um padrão de atendimento; gelo. O olhar nos olhos dá credibilidade e não há como
5. Inexistência do follow up; dissimular com o olhar.
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal.
7.2 A aproximação – raio de ação
Nas condições individuais, podemos encontrar a contra-
tação de pessoas com características opostas ao necessário A aproximação do cliente está relacionada ao concei-
para atender ao público, como: timidez, avareza, rebeldia... to de raio de ação, que significa interagir com o público,
independentemente deste ser cliente ou não.

80
Essa interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 7.4 O sorriso
metros de distância do público e de um tempo imediato,
ou seja, prontamente. O sorriso abre portas e é considerado uma linguagem
Além do mais, deve ocorrer independentemente de o universal.
funcionário estar ou não na sua área de trabalho. Esses Imagine que você tem um exame de saúde muito im-
requisitos para a interação tornam-na mais eficaz. portante para receber e está apreensivo com o resultado.
Essa interação pode se caracterizar por um cumpri- Você chega à clínica e é recebido por uma recepcionis-
mento verbal, uma saudação, um aceno de cabeça ou ta que apresenta um sorriso caloroso. Com certeza você
apenas por um aceno de mão. O objetivo com isso é se sentirá mais seguro e mais confiante, diminuindo um
fazer o cliente sentir-se acolhido e certo de estar rece- pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi interpre-
bendo toda a atenção necessária para satisfazer os seus tado como um ato de apaziguamento.
anseios. O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de es-
pírito das pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas
Alguns exemplos são:
sorridentes são avaliadas mais favoravelmente do que as
1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o
não sorridentes.
carrinho de limpeza e o hóspede sai do seu apartamen-
O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de
to. Ela prontamente olha para ele e diz com um sorriso:
comunicação não-verbal. Como tal, expressa as emoções
“bom dia!” e geralmente informa mais do que a linguagem falada e a
2. O caixa de uma loja cumprimenta o cliente no mo- escrita. Dessa forma, podemos passar vários tipos de sen-
mento do pagamento; timentos e acarretar as mais diversas emoções no outro.
3. O frentista do posto de gasolina aproxima-se ao 7.5 Ir ao encontro do cliente
ver o carro entrando no posto e faz uma sudação.
7.3 A invasão Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de com-
promisso no atendimento por parte do atendente. Este
Porém, interagir no raio de ação não tem nada a ver item traduz a importância dada ao cliente no momen-
com invasão de território. to de atendimento, no qual o atendente faz tudo o que
Vamos entender melhor isso. é possível para atender as suas necessidades, pois ele
Todo ser humano sente necessidade de definir um compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao
território, que é um certo espaço entre si e os estranhos. encontro do cliente, o atendente demonstra o seu inte-
Esse território não se configura apenas em um espaço resse para com ele.
físico demarcado, mas principalmente num espaço pes- 7.6 A primeira impressão
soal e social, o que podemos traduzir como a necessida-
de de privacidade, de respeito, de manter uma distância Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase:
ideal entre si e os outros de acordo com cada situação. a primeira impressão é a que fica.
Quando esses territórios são invadidos, ocorrem cor- Você concorda com ela?
tes na privacidade, o que normalmente traz consequên- No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil
cias negativas. Podemos exemplificar essas invasões com a empresa ter uma segunda chance para tentar mudar a
algumas situações corriqueiras: uma piada muito picante impressão inicial se ela foi negativa, pois dificilmente o
contada na presença de pessoas estranhas a um grupo cliente irá voltar.
social; ficar muito próximo do outro, quase se encostan- É muito mais difícil e também mais caro trazer de
volta o cliente perdido, aquele que foi mal atendido ou
do nele; dar um tapinha nas costas etc.
que não teve os seus desejos satisfeitos. Estes clientes
Nas situações de atendimento, são bastante comuns
perdem a confiança na empresa e normalmente os cus-
as invasões de território pelos atendentes. Estas, na sua
tos para resgatá-los são altos. Alguns mecanismos que
maioria, causam mal-estar aos clientes, pois são traduzi-
as empresas adotam são os contatos via telemarketing,
das por eles como atitudes grosseiras e pouco sensíveis. mala-direta, visitas, mas nem sempre são eficazes.
Alguns são os exemplos destas atitudes e situações mais
comuns: A maioria das empresas não tem noção da quanti-
▪ Insistência para o cliente levar um item ou adquirir dade de clientes perdidos durante a sua existência, pois
um bem; elas não adotam mecanismos de identificação de recla-
▪ Seguir o cliente por toda a loja; mações e/ou insatisfações de clientes. Assim, elas deixam
▪ O motorista de taxi que não para de falar com o escapar as armas que teriam para reforçar os seus pro-
passageiro; cessos internos e o seu sistema de trabalho.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

▪ O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerin- Quando as organizações atentam para essa impor-
do pratos sem ser solicitado; tância, elas passam a aplicar instrumentos de medição,
▪ O funcionário que cumprimenta o cliente com dois porém, esses coletores de dados nem sempre traduzem
beijinhos e tapinhas nas costas; a realidade, pois muitas vezes trazem perguntas vagas,
▪ O funcionário que transfere a ligação ou desliga o subjetivas ou pedem a opinião aberta sobre o assunto.
telefone sem avisar. Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não
colher as informações reais.
Essas situações não cabem na postura do verdadeiro A saída seria criar medidores que traduzissem com
profissional do atendimento. fatos e dados, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o
serviço e o produto adquiridos da empresa.

81
7.7 Apresentação pessoal 7.9 Tom de voz

Que imagem você acha que transmitimos ao cliente A voz é carregada de magnetismo e, como tal, traz
quando o atendemos com unhas sujas, os cabelos des- uma onda de intensa vibração. O tom de voz e a maneira
penteados, as roupas mal cuidadas... ? como dizemos as palavras são mais importantes do que
O atendente está na linha de frente e é responsável as próprias palavras.
pelo contato, além de representar a empresa neste mo- Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair
mento. Para transmitir confiabilidade, segurança, bons hoje do conserto, mas, por falta de uma peça, ela só esta-
serviços e cuidado, faz-se necessário, também, ter uma rá pronta na próxima semana”. De acordo com a maneira
boa apresentação pessoal. que dizemos e de acordo com o tom de voz que usamos,
Alguns cuidados são essenciais para tornar este item vamos perceber reações diferentes do cliente.
mais completo. São eles: Se dissermos isso com simpatia, naturalmente nos
desculpando pela falha e assumindo uma postura de
a) Tomar um banho antes do trabalho diário: além da humildade, falando com calma e num tom amistoso e
função higiênica, também é revigorante e espanta agradável, percebemos que a reação do cliente será de
a preguiça; compreensão.
b) Cuidar sempre da higiene pessoal: unhas limpas, Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma me-
cabelos cortados e penteados, dentes cuidados, cânica, estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância,
hálito agradável, axilas asseadas, barba feita; poderemos ter um cliente reagindo com raiva, procuran-
c) Roupas limpas e conservadas; do o gerente, gritando etc.
d) Sapatos limpos; As palavras são símbolos com significados próprios.
e) Usar o crachá de identificação em local visível A forma como elas são utilizadas também traz o seu sig-
pelo cliente. nificado e, com isso, cada palavra tem a sua vibração es-
pecial.
Quando esses cuidados básicos não são tomados, o
7.10 Saber escutar
cliente se questiona: puxa, se ele não cuida nem dele,
da sua aparência pessoal, como é que vai cuidar de me
Você acha que existe diferença entre ouvir e escutar?
prestar um bom serviço ?
Se você respondeu que não, você errou.
Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o
A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto
verdadeiro sentido, compreendendo e interpretando a
importante para criar uma relação de proximidade e con-
essência, o conteúdo da comunicação.
fiança entre o cliente e o atendente.
O ato de escutar está diretamente relacionado com a
nossa capacidade de perceber o outro. E, para perceber-
7.8 Cumprimento caloroso mos o outro, o cliente que está diante de nós, precisamos
nos despojar das barreiras que atrapalham e empobre-
O que você sente quando alguém aperta a sua mão cem o processo de comunicação. São elas:
sem firmeza? ▪ Os preconceitos;
Às vezes ouvimos as pessoas comentando que é ▪ As distrações;
possível conhecer alguém, a sua integridade moral, pela ▪ Os julgamentos prévios;
qualidade do seu aperto de mão. ▪ As antipatias.
O aperto de mão “frouxo” transmite apatia, passivida-
de, baixa energia, desinteresse, pouca interação, falta de Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, pre-
compromisso com o contato. cisamos compreender o todo, captando os estímulos que
Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo vêm do outro, fazendo uma leitura completa da situação.
que machuca a mão, ao invés de trazer uma mensagem
positiva, causa um mal-estar, traduzindo hiperatividade, Precisamos querer escutar, assumindo uma postura
agressividade, invasão e desrespeito. O ideal é ter um de receptividade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvi-
cumprimento firme, que prenda toda a mão, mas que a dos e uma boca, o que nos sugere que é preciso escutar
deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demonstra mais do que falar.
interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, ativi- Quando não sabemos escutar o cliente – interrom-
dade e compromisso com o contato. pendo-o, falando mais que ele, dividindo a atenção com
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

É importante lembrar que o cumprimento deve estar outras situações – tiramos dele a oportunidade de ex-
associado ao olhar nos olhos, à cabeça erguida, aos om- pressar os seus verdadeiros anseios e necessidades e
bros e ao peito abertos, totalizando uma sintonia entre corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos conse-
fala e expressão corporal. guir atendê-los.
Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequa- A mais poderosa forma de escutar é a empatia (que
da de cumprimentar, esta jamais deverá ser mecânica e vamos conhecer mais na frente). Ela nos permite escutar,
automática. de fato, os sentimentos por trás do que está sendo dito,
mas, para isso, é preciso que o atendente esteja sintoniza-
do emocionalmente com o cliente. Essa sintonia se dá por
meio do despojamento das barreiras que já falamos antes.

82
7.11 Agilidade ▪ Escorar-se nas paredes da loja ou debruçar a ca-
beça no seu birô por não estar com o cliente (esta
Atender com agilidade significa ter rapidez sem per- atitude impede que ele interaja no raio de ação);
der a qualidade do serviço prestado. ▪ Mascar chicletes durante o atendimento;
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a ▪ Cuspir, pôr o dedo no nariz ou no ouvido quando
ideia de respeito. Sendo ágil, o atendente reconhece a estiver falando pessoalmente com o cliente. O as-
necessidade do cliente em relação à utilização adequada seamento deve ser feito apenas no banheiro;
do seu tempo. ▪ Comer enquanto atende o cliente (comum nas em-
Quando há agilidade, podemos destacar:
presas que oferecem lanches ou têm cantina);
▪ O atendimento personalizado;
▪ Vociferar um pedido a alguém da empresa. Pedir
▪ A atenção ao assunto;
com gentileza seria o correto porque o grito além
▪ O saber escutar o cliente;
▪ O cuidar das solicitações e o acompanhar o cliente de ser algo deselegante é uma forma de agressão;
durante todo o seu percurso na empresa. ▪ Coçar-se na frente do cliente;
▪ Bocejar. O atendente tem de conter o bocejo, que
7.12 O calor no atendimento é um sinal de cansaço. O cliente pode entender
que sua presença é desinteressante.
O atendimento caloroso evita dissabores e situações
constrangedoras, além de ser a comunhão de todos os Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
pontos estudados sobre postura. ▪ Achar-se íntimo do cliente a ponto de lhe pedir ca-
O atendente escolhe a condição de atender o clien- rona, por exemplo;
te e, para isso, é preciso sempre lembrar que o cliente ▪ Receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
deseja se sentir importante e respeitado. Na situação de ▪ Fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos
atendimento, o cliente busca ser reconhecido e, transmi- ou serviços na frente do cliente;
tindo calorosidade nas atitudes, o atendente satisfaz as ▪ Desmerecer ou criticar o fabricante do produto
necessidades do cliente de estima e consideração. que vende, o parceiro da empresa, denegrindo a
Ao contrário, o atendimento áspero transmite ao sua imagem para o cliente;
cliente a sensação de desagrado, descaso e desrespeito, ▪ Falar mal de pessoas ausentes na presença do cliente;
além de retornar ao atendente como um bumerangue.
▪ Usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
O efeito bumerangue é bastante comum em situações
▪ Lamentar;
de atendimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou
não, do cliente em relação ao atendente. Com esse efeito, ▪ Colocar problemas salariais;
as atitudes batem e voltam, ou seja, se você atende bem, ▪ Reclamar de outrem ou da própria vida na frente
o cliente se sente bem e trata o atendente com respeito. do cliente.
Se este atende mal, o cliente reage de forma negativa e ▪ Lembre-se: a ética do trabalho é servir aos outros e
hostil. O cliente não está na esteira da linha de produção, não se servir dos outros.
merecendo ser tratado com diferenciação e apreço.
Precisamos ter em atendimento pessoas descontraí- 8.2 Usar chavões
das, que façam do ato de atender o seu verdadeiro sen-
tido de vida, que é servir ao próximo. O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como
Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostili- forma de fugir à sua responsabilidade no atendimento
dade retratam bem a falta de calor do atendente. Com ao cliente. Citamos aqui os mais comuns:
essas atitudes, o atendente parece estar pedindo ao Pare e reflita: você gostaria de ser comparado a este
cliente que este se afaste, vá embora, desapareça da sua atendente?
frente, pois ele não é bem-vindo. Assim, o atendente es- ▪ O senhor como cliente tem que entender;
quece que a sua missão é servir e fazer o cliente feliz. ▪ O senhor deveria agradecer o que a empresa faz
pelo senhor;
8. As gafes no atendimento
▪ O cliente é um chato que sempre quer mais;
▪ Aí vem ele de novo.
Depois de conhecermos a postura correta de atendi-
mento, também é importante sabermos quais são as formas
erradas, para jamais praticá-las. Quem as pratica com certeza Essas frases geram um bloqueio mental, dificultando
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

não é um verdadeiro profissional de atendimento. A seguir, a liberação do lado bom da pessoa que atende o cliente.
alguns pontos que são considerados postura inadequada: Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna
um círculo vicioso na postura inadequada, pois o aten-
8.1 Postura inadequada dente usa os chavões (pensa dessa forma em relação ao
cliente e à situação de atendimento), o cliente se aborre-
A postura inadequada é abrangente, indo desde a ce e descarrega no atendente ou simplesmente não volta
postura física ao mais sutil comentário negativo sobre a mais.
empresa na presença do cliente. Para quebrar esse ciclo, é preciso haver uma mudança
Em relação à postura física, podemos destacar como radical no pensamento e postura do atendente.
inadequado o atendente:

83
8.3 Impressões finais do cliente

Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e,
consequentemente, sobre a empresa.
Duas são as formas de impressões finais mais comuns do cliente:
a) Momento da verdade: por meio do contato direto (pessoal) e/ou telefônico com o atendente;
b) Teleimagem: por meio do contato telefônico. (Vamos conhecê-la com mais detalhes.)

8.4 Momentos da verdade

Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer episódio no qual o cliente entra em contato com qualquer
aspecto da organização e obtém uma impressão da qualidade do seu serviço.
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do cliente a imagem da empresa e do próprio serviço pres-
tado. Este é o momento que separa o grande profissional dos demais.

Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da verdade, considerando-o único e fundamental para de-
finir a satisfação do cliente. Ele se fundamenta na chamada Tríade Do Atendimento ou Triângulo Do Atendimento, que
é composto de elementos básicos do processo de interação, que são:

a) A pessoa
A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. Então, podemos entender que a pessoa mais importante
é o cliente que está na frente e precisa de atenção.
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona diretamente com o cliente, tentando atender a todas as suas
necessidades. Não existe outra forma de atender, a não ser pelo contato direto e, portanto, a pessoa fundamental
neste momento é o cliente.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

b) A hora
A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o presente, pois somente nele podemos atuar.
O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o futuro não cabe a nós conhecer. Então, só nos resta o
presente como fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O aqui e agora são os únicos momentos nos
quais podemos interagir e precisamos fazer isto da melhor forma.
c) A tarefa
Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais importante, diante da pessoa mais importante para nós, na hora
mais importante, que é o aqui e o agora, é fazer o cliente feliz, atendendo as suas necessidades.

84
Essa tríade se configura no fundamento dos Momen- 9.2 Percepção
tos da Verdade e, para que estes sejam plenos, é
necessário que os funcionários de linha de frente, Percepção é a capacidade que temos de compreen-
ou seja, que atendem os clientes, tenham poder de der e captar as situações, o que exige sintonia e é fun-
decisão. É necessário que os chefes concedam au- damental no processo de atendimento ao público. Para
tonomia aos seus subordinados para atuarem com percebermos melhor, precisamos passar pela “escra-
precisão nos Momentos da Verdade. vidão” de nós mesmos, ficando, assim, mais próximos
do outro. Mas, como é isso? Vamos ficar vazios? É isso
8.5 Teleimagem mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das
nossas antipatias, dos nossos medos, dos nossos blo-
Pelo telefone, o atendente transmite a teleimagem da queios, vamos observar as situações na sua totalidade,
empresa e dele mesmo. para entendermos melhor o que o cliente deseja. Vamos
Teleimagem, então, é a imagem que o cliente forma
ilustrar com um exemplo real: certa vez, em uma loja de
na sua mente (imagem mental) sobre quem o está aten-
carros, entra um senhor de aproximadamente 65 anos,
dendo e, consequentemente, sobre a empresa ( que é
usando um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça
representada pelo atendente).
amarrada na cintura por um barbante. Ele entrou na sala
Quando a teleimagem é positiva, a facilidade do clien-
te encaminhar os seus negócios é maior, pois ele supõe do gerente, que imediatamente se levantou pedindo
que a empresa é comprometida com o cliente. No entan- para ele se retirar, pois não era permitido “pedir esmolas
to, se a imagem é negativa, vemos normalmente o clien- ali “. O senhor, com muita paciência, retirou, de um saco
te fugindo da empresa. Como exemplo, no atendimento plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse:
telefônico, o único meio de interação com o cliente é por “eu quero comprar aquele carro ali”.
meio da palavra e, sendo a palavra o instrumento, faz-se Esse exemplo, apesar de extremo, é real e retrata
necessário usá-la de forma adequada para satisfazer as claramente o que podemos fazer com o outro quando
exigências do cliente. Dessa forma, classificamos 03 itens pré-julgamos as situações.
básicos ligados à palavra e às atitudes como fundamen- Precisamos ver o todo, não só as partes, pois o todo é
tais na formação da teleimagem. muito mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que
São eles: é e não é harmônico e com ele percebemos a essência
▪ O tom de voz: é através dele que transmitimos in- dos fatos e situações.
teresse e atenção ao cliente. Ao usarmos um tom Ainda falando em percepção, devemos ter cuidado
frio e distante, passamos ao cliente a ideia de de- com a percepção seletiva, que é uma distorção de per-
satenção e desinteresse. Ao contrário, se falamos cepção, na qual vemos, escutamos e sentimos apenas
com entusiasmo, de forma decidida e atenciosa- aquilo que nos interessa. Essa seleção age como um fil-
mente, satisfazemos as necessidades do cliente de tro, que deixa passar apenas o que convém. Essa filtra-
sentir-se assistido, valorizado, respeitado, impor- gem está diretamente relacionada com a nossa condição
tante. física-psíquica-emocional. Como é isso? Vamos entender:
▪ O uso de palavras adequadas: pois com elas o a) Se estou com medo de passar em rua deserta e
atendente passa a ideia de respeito pelo cliente. escura, a sombra do galho de uma árvore pode me
Aqui fica expressamente proibido o uso de termos assustar, pois eu posso percebê-lo como um braço
como: amor, bem, benzinho, chuchu, mulherzinha, com uma faca para me apunhalar;
queridinha, colega etc. b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de
▪ As atitudes corretas: dar ao cliente a impressão de
um cheiro agradável de comida;
educação e respeito. São incorretas as atitudes de
c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a
transferir a ligação antes do cliente concluir o que
parte mais amena da repreensão e reprimir a mais
iniciou a falar; passar a ligação para a pessoa ou
severa.
ramal errado (demostrando, assim, que não ou-
viu o que ele disse), desligar sem cumprimento ou
saudação, dividir a atenção com outras conversas, Em alguns casos, a percepção seletiva age como me-
deixar o telefone tocar muitas vezes sem atender, canismo de defesa.
dar risadas no telefone etc.
9.3 O estado interior
9. Aspectos psicológicos do atendente
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

O estado interior, como o próprio nome sugere, é a


Nós falamos sobre a importância da postura de aten- condição interna, o estado de espírito diante das situações.
dimento. Porém, a base dela está nos aspectos psicoló- A atitude de quem atende o público está diretamente
gicos do atendimento. Vamos a eles. relacionada ao seu estado interior. Ou seja, se o atenden-
te mantém um equilíbrio interno, sem tensões ou preo-
9.1 Empatia cupações excessivas, as suas atitudes serão mais positi-
vas frente ao cliente.
Capacidade humana de se colocar no lugar do outro. Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensa-
Como esse é um assunto cobrado no tópico seguinte, mentos e sentimentos cultivados pelo atendente. E estes,
vamos abordá-lo mais detalhadamente a seguir. dão suporte às atitudes frente ao cliente.

85
Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensa- 9.5 Atendimento e qualidade
mentos negativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e
vaidade, as atitudes advindas deste estado sofrerão as A globalização, os desafios do desenvolvimento tec-
suas influências e serão: nológico e cultural e a competição entre as organizações
▪ Atitudes preconceituosas; trazem como consequência o interesse pela qualidade de
▪ Atitudes de exclusão e repulsa; seus produtos e serviços.
▪ Atitudes de fechamento; Esse interesse não se restringe às empresas privadas
▪ Atitudes de rejeição. e se estende, também, ao setor público.
Assim, vemos que:
É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabi- ▪ Os empresários buscam aperfeiçoar o desempe-
lidade, para que o atendente consiga manter uma atitu- nho em suas áreas de atuação (produtos ou servi-
ços) e o relacionamento com os seus clientes.
de positiva com os clientes e as situações.
▪ O setor público enfrenta os desafios de melhorar
(1) a qualidade de seus serviços, (2) aumentar a sa-
9.4 O envolvimento
tisfação dos usuários e (3) instituir um atendimento
de excelência ao público.
A demonstração de interesse, prestando atenção ao ▪ Os clientes e usuários das organizações públicas
cliente e voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é e privadas também se mostram mais exigentes na
o caminho para o verdadeiro sentido de atender. escolha de serviços e produtos de melhor qualida-
Na área de serviços, o produto é o próprio serviço de. Assim, a relação com os clientes e usuários pas-
prestado, que se traduz na interação do funcionário com sa ser um novo foco de preocupação e demanda
o cliente. Um serviço é, então, um resultado psicológi- esforços para sua melhoria.
co e pessoal que depende de fatores relacionados com
a interação com o outro. Quando o atendente tem um 9.6 Qualidade
envolvimento baixo com o cliente, este percebe com cla-
reza a sua falta de compromisso. As preocupações ex- O conceito de qualidade é amplo e suscita várias
cessivas, o trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a interpretações. As mais expressivas se referem, por um
falta de liderança e o nível de burocracia são fatores que lado, à definição de qualidade como busca da satisfação
contribuem para uma interação fraca com o cliente. Essa do cliente, e, por outro, à busca da excelência para todas
fraqueza de envolvimento não permite captar a essência as atividades de um processo.
dos desejos do cliente, o que se traduz em insatisfação. Na mesma vertente, a qualidade é também consi-
Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por derada como fator de transformação no modo como a
parte do atendente. Quando este divide a atenção no organização se relaciona com seus clientes, agregando
atendimento entre o cliente e os colegas ou outras situa- valor aos serviços a ele destinados.
ções, o cliente sente-se desrespeitado, diminuído e res- Em face dessa diversidade de significados, cabe às
sentido. A sua impressão sobre a empresa é de fraqueza organizações identificar os atributos ou indicadores de
e o momento da verdade é pobre. qualidade dos seus produtos e serviços do ponto de vista
Essa ação traz consequências negativas como: impos- dos seus usuários. Entre eles, podem ser destacados a
sibilidade de escutar o cliente, falta de empatia, desres- eficiência, a eficácia, a ética profissional, a agilidade no
atendimento, entre outros.
peito com o seu tempo, pouca agilidade e baixo compro-
No Brasil, a questão da qualidade na área pública
misso com o atendimento.
vem sendo abordada pelo Programa de Qualidade no
Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutu-
Serviço Público que tem por objetivo elevar o padrão dos
ra adequada para o atendimento ao público, obrigando o
serviços prestados e tornar o cidadão mais exigente em
atendente a dividir o seu trabalho entre atendimento pes- relação a esses serviços. Para tanto, o Programa visa à
soal e telefônico, quando normalmente há um fluxo grande transformação das organizações e entidades públicas no
de ambos no setor. Neste caso, o ideal seria separar os dois sentido de valorizar a qualidade na prestação de serviços
tipos de atendimento, evitando problemas desta espécie. ao público, retirando o foco dos processos burocráticos.
Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são: O programa estabelece o cidadão como principal
▪ Atender pessoalmente e interromper com o telefone; foco de atenção de qualquer órgão público federal, defi-
▪ Atender o telefone e interromper com o contato ne padrões de qualidade do atendimento e prevê a ava-
direto; liação de satisfação do usuário por todos os órgãos e
▪ Sair para tomar café ou lanchar; entidades da Administração Pública Federal direta, indi-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

▪ Conversar com o colega do lado sobre o final de reta e fundacional que atendem diretamente ao cidadão.
semana, férias, namorado, tudo isso no momento Nesse sentido, considera-se que o serviço público
de atendimento ao cliente. deve ter as seguintes características:
▪ Adequado: realizado na forma prevista em lei de-
Esses exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como vendo atender ao interesse público.
um exibicionismo funcional, o que não agrega valor ao ▪ Eficiente: alcança o melhor resultado com menor
trabalho. O cliente deve ser poupado dele. consumo de recursos.
▪ Seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a se-
gurança, o patrimônio ou os direitos materiais e
imateriais do cidadão-usuário.

86
▪ Contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sen- ▪ Desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade;
do obrigatório o planejamento e a adoção de me- ▪ Divulgar os diferenciais da organização;
didas de prevenção para evitar a descontinuidade. ▪ Imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
▪ Fazer uso da empatia;
9.7 Usuários/Clientes ▪ Analisar as reclamações;
▪ Acatar as boas sugestões.
Existem dois tipos de usuários ou clientes de uma or-
ganização: Essas ações estão relacionadas a indicadores que po-
▪ Externos – recebem serviços ou produtos na sua dem ser percebidos e avaliados de forma positiva pelos
versão final. usuários, entre eles: competência, presteza, cortesia, pa-
▪ Internos – fazem parte da organização, de seus se- ciência, respeito.
tores, grupos e atividades. Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciên-
cia, desrespeito, imposição de normas ou exibição de
Para identificar esses tipos de usuários, as pessoas da
poder tornam o atendente intolerável, na percepção dos
organização devem responder o seguinte:
usuários.
▪ Com que pessoas mantenho contato enquanto
No conjunto dessas ações, deve ainda ser ressaltada a
trabalho?
▪ Quem recebe o resultado do meu trabalho? empatia como um fator crucial para a excelência no aten-
▪ Qual o nível de satisfação das pessoas que de- dimento ao público. A utilização adequada dessa ferra-
pendem do resultado dos serviços executados por menta no momento em que as pessoas estão interagin-
mim? do é fundamental. No bom atendimento, é importante a
utilização de frases como “Bom dia”, “Boa tarde”, “Sente-
9.8 Princípios para o bom atendimento na gestão -se por favor”, ou “Aguarde um instante, por favor”, que,
da qualidade ditas com suavidade e cordialidade, podem levar o usuá-
rio a perceber o tratamento diferenciado que algumas
Foco no cliente. Nas empresas privadas, a importân- organizações já conseguem oferecer ao seu público-alvo.
cia dada a esse princípio se deve principalmente ao fato
de que o sucesso da venda (lucro financeiro) depende Fonte e texto adaptado de: Mônica Larissa Pereira,
da satisfação do cliente com a qualidade do produto e Camila Lopes Ramos, Andreia Ribas, Marcelo Rodrigues,
também com o tratamento recebido e com o resultado Gustavo Periard,Wagner Siqueira, Marcos Thadeu Ro-
da própria negociação. drigues, Daniel Martins, Luis Araújos, Ana França, Vera
No setor público, este princípio se relaciona sobretu- Souza, Inacio Stoffel, Idalberto Ciavenato, Wagner Ap.
do aos conceitos de cidadania, participação, transparên- Ramos de Oliveira, Roseane de Queiroz Santos. Dispo-
cia e controle social. nível em: <www.portal.tcu.gov.br/www.sbcoaching.com.
Para cumprir este princípio, é necessário ter atenção br>/<www.paulorodrigues.pro.br>/<www.administrado-
com dois aspectos: res.com.br>/<www.gestaodepessoasmba.com.br>
▪ Verificar se o que é estabelecido como qualidade
atende a todos os usuários, inclusive aos mais exi-
gentes;
▪ Fazer bem feito o serviço e, depois, checar os pas- PROCESSO DECISÓRIO: TIPOS DE
sos necessários para a sua execução. DECISÕES.

Deve-se lembrar que tais atitudes levam em conta


tanto o atendimento do usuário quanto as atividades e
Nos dias de hoje, com a competitividade cada vez
rotinas que envolvem o serviço.
mais acirrada entre as organizações, a todo momento
O serviço ou produto deve atender a uma real ne-
cessidade do usuário. Este princípio se relaciona à di- necessitamos tomar decisões sempre que estamos dian-
mensão da validade, isto é, o serviço ou produto deve ser te de um problema que apresenta mais de uma alterna-
exatamente como o usuário espera, deseja ou necessita tiva de solução. Mesmo quando possuímos uma única
que ele seja. opção para solucioná-lo, poderemos ter a alternativa de
Manutenção da qualidade. O padrão de qualidade adotar ou não essa opção.
mantido ao longo do tempo é que leva à conquista da O processo de escolher o caminho mais adequado
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

confiabilidade. para a empresa, naquela circunstância, também é conhe-


cido como tomada de decisão.
A atuação com base nesses princípios deve ser orien- Os administradores devem ter como objetivo em suas
tada por algumas ações que imprimem qualidade ao tomadas de decisão:
atendimento, tais como: • minimizar perdas;
▪ Identificar as necessidades dos usuários; • maximizar ganhos; e
▪ Cuidar da comunicação (verbal e escrita); • alcançar uma situação em que, comparativamente,
▪ Evitar informações conflitantes; o gestor julgue que haverá um ganho entre o estado em
▪ Atenuar a burocracia; que se encontra a organização e o estado em que irá se
▪ Cumprir prazos e horários; encontrar depois de implementada a decisão.

87
Para que se tome a melhor decisão em determinadas situações de problema, cabe à pessoa que vai tomar a decisão
elaborar todas as alternativas possíveis sobre o problema em questão, visando escolher o melhor caminho para otimi-
zar a opção pela qual se decidiu, possibilitando à empresa crescer e desenvolver-se nesse contexto de competitividade
tão agressiva.

1. O que significa decidir

• “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um conjunto de alternativas.”(Caravantes)


• “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o
objetivo de resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade.” (Sobral).
• “A tomada de decisão ocorre em reação a um problema, isto é, existe uma discrepância entre o estado atual das
coisas e o estado desejável que exige uma consideração sobre cursos de ação alternativos. (...) O conhecimento sobre a
existência de um problema e sobre a necessidade de uma decisão depende da percepção da pessoa.” (Robbins).
• “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz envolva a tomada de decisões, isso não significa que todas as
decisões sejam complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões estratégicas têm mais visibilidade, mas os adminis-
tradores tomam muitas pequenas decisões todos os dias. Aliás, quase sempre as decisões gerenciais são de rotina. No
entanto, é o conjunto dessas decisões que permite à organização resolver problemas, aproveitar oportunidades e, com
isso, alcançar seus objetivos.” (Sobral)
Administrar é, em última análise, tomar decisões.
Para atingir os resultados organizacionais de forma eficiente e eficaz, é preciso fazer escolhas.

Qual o negócio da organização? Qual estratégia vai ser utilizada? Qual tecnologia vai ser empregada? Que fonte
de recursos financeiros vai ser utilizada? A máquina será comprada ou alugada? Estas e inúmeras outras perguntas
precisam ser respondidas durante a gestão de uma organização. Para respondê-las é preciso fazer escolhas, é preciso
decidir!

TÉCNICAS DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

O MASP — Método de Análise e Solução de Problemas é um método gerencial que é utilizado para a criação, ma-
nutenção ou melhoria de padrões. É uma metodologia para se manter e controlar a qualidade, e deve ser de amplo
conhecimento de todos, ou seja, deve ser dominada por todas as partes envolvidas dentro de uma organização.
Esse método apresenta duas grandes vantagens:
• permite a solução de problemas de modo eficaz;
• permite que os indivíduos de uma organização se capacitem de maneira a solucionar os problemas que sejam de
sua responsabilidade.

O MASP é um caminho ordenado, composto de passos e subpassos pré-definidos para a escolha de um problema,
análise de suas causas, determinação e planejamento de um conjunto de ações que consistem uma solução, verificação
do resultado da solução e realimentação do processo para a melhoria do aprendizado e da própria forma de aplicação
em ciclos posteriores.

Partindo também do pressuposto de que em toda solução há um custo associado, a solução que se pretende des-
cobrir é aquela que maximize os resultados, minimizando os custos envolvidos. Há, portanto, um ponto ideal para a
solução, em que se pode obter o maior benefício para o menor esforço, o que pode ser definido como decisão ótima
(BAZERMAN).
A construção do MASP como método destinado a solucionar problemas dentro das organizações passou pela idea-
lização de um conceito, o ciclo PDCA, para incorporar um conjunto de ideias inter-relacionadas que envolve a tomada
de decisões, a formulação e comprovação de hipóteses, a objetivação da análise dos fenômenos, dentre outros, o que
lhe confere um caráter sistêmico.
Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não se confunda os dois métodos, pois: O MASP é um
método eficaz, ele procura resolver problemas de forma rápida e objetiva e com menor custo a empresa, ou seja, é um
método que tem como característica a racionalidade utilizando lógica e dados.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

88
O MASP é formado por oito etapas:

1. Identificação do problema

A identificação do problema é a primeira etapa do processo de melhoria em que o MASP é empregado. Se feita
de forma clara e criteriosa pode facilitar o desenvolvimento do trabalho e encurtar o tempo necessário à obtenção do
resultado.
A identificação do problema tem pelo menos duas finalidades: (a) selecionar um tópico dentre uma série de possibi-
lidades, concentrando o esforço para a obtenção do maior resultado possível; e (b) aplicar critérios para que a escolha
recaia sobre um problema que mereça ser resolvido.

O que é um problema?
Não é fácil explicar precisamente o que é um problema, mas, de maneira geral, podemos dizer que é uma questão
que nos propomos resolver. Perceba que solucionar um problema não significa, necessariamente, ter-se um método
para solucioná-lo.
Exemplo:
– Uma pessoa enfrenta problemas para alcançar certos objetivos e não sabe que ações deve tomar para conseguir
solucioná-los.
Então, ao resolver um problema identificamos os seguintes componentes:
• um objetivo a ser alcançado;
• um conjunto de ações pré-pensadas para resolvê-lo; e
• a situação inicial do problema.

Outro exemplo:
Imaginemos uma produção de parafusos. Considera-se normal a existência de 10 defeitos por milhão de parafusos
fabricados. Admite-se a ocorrência de um problema apenas quando for constatado um número de defeitos que ultra-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

passe a razão de mais de 10 parafusos defeituosos por milhão produzido.

Nesse sentido, um problema é sempre um resultado indesejável (Falconi), mas geralmente a solução implica o re-
torno a um desempenho anterior aceitável.
Na abordagem do autor Maximiano, “um problema é uma situação que exige uma decisão ou solução, e para tanto
oferece um conjunto de possibilidades, entre as quais é necessário escolher uma ou mais”. Na abordagem desse autor,
os problemas podem ser caracterizados por: (a) diferença entre situação real e ideal; (b) situação adversa; (c) missões
e objetivos; (d) situação que oferece escolhas; (e) obstáculos ao tentar atingir metas; e (f) desvios do comportamento
esperado.

89
Passos da Etapa 1 – • Teste de consistência da causa fundamental
Identificação do problema • Foi descoberta a causa fundamental?
• Identificação dos problemas mais comuns
• Levantamento do histórico dos problemas 1. Plano de Ação
• Evidência das perdas existentes e ganhos possíveis Uma vez que as verdadeiras causas do problema fo-
• Escolha do problema ram identificadas, ou pelo menos as causas mais relevan-
• Formar a equipe e definir responsabilidades tes entre várias, as formas de eliminá-las devem então
• Definir o problema e a meta ser encontradas Para Hosotani esta etapa consiste em
definir estratégias para eliminar as verdadeiras causas do
2. Observação problema identificadas pela análise e então transformar
essas estratégias em ação. Conforme a complexidade do
A observação do problema é a segunda etapa do processo em que o problema se apresenta, é possível
MASP e consiste averiguar as condições em que o pro-
que possa existir um conjunto de possíveis soluções. As
blema ocorre e suas características específicas do proble-
ações que eliminam as causas devem, portanto, ser prio-
ma sob uma ampla gama de pontos de vista.
rizadas, pois somente elas podem evitar que o problema
O ponto preponderante da etapa de Observação é
coletar informações que podem ser úteis para direcionar se repita novamente.
um processo de análise que será feito na etapa posterior.
Kume compara esta etapa com uma investigação crimi- Passos da Etapa 4:
nal observando que “os detetives comparecem ao local Plano de ação
do crime e investigam cuidadosamente o local procuran- • Definir estratégia de ação.
do evidências” o que se assemelha a um pesquisador ou • Elaborar plano de ação.
equipe que buscam a solução para um problema.
Essa fase consiste no estabelecimento de metas a
1. Análise atingir, isto é, elas devem ser alcançadas com o método
A etapa de análise é aquela em que serão determi- MASP. Na maioria dos MASPs de manutenção, o objetivo
nadas as principais causas do problema. Se não identi- é, de maneira geral, o retorno às condições ideais ante-
ficamos claramente as causas provavelmente serão per- riores à ocorrência do problema.
didos tempo e dinheiro em várias tentativas infrutíferas
de solução. Por isso ela é a etapa mais importante do 2. Ação
processo de solução de problemas. Para Kume a análise Na sequência da elaboração do plano de ação, está
se compõe de duas grandes partes que é a identificação o desenvolvimento das tarefas e atividades previstas no
de hipóteses e o teste dessas hipóteses para confirmação plano. Esta etapa do MASP consiste em nomear os res-
das causas. A identificação das causas deve ser feita de ponsáveis pela sua execução, iniciando-se por meio da
maneira “científica” o que consiste da utilização de fer- comunicação do plano com as pessoas envolvidas, pas-
ramentas da qualidade, informações, fatos e dados que sando pela execução propriamente dita, e terminando
deem ao processo um caráter objetivo. com o acompanhamento dessas ações para verificar se
Essa etapa consiste em fazer uma análise das perdas sua execução foi feita de forma correta e conforme pla-
que estão ocorrendo, que estão sendo causadas pelo nejado.
problema em questão, assim como os potenciais ganhos
que o MASP pode trazer. O item “quanto” da fase ante-
Passos da Etapa 5 –Ação
rior pode subsidiar a presente. Falconi afirma que nesta
Divulgação e alinhamento
fase se deve responder, basicamente, a duas coisas: o
Execução das ações
que se está perdendo e o que é possível ganhar.
Acompanhamento das ações
Lembramos que quando nos referirmos a perdas de
natureza qualitativa temos grande dificuldade para me-
dir seu custo para a organização ou até mesmo podemos 3. Verificação
dizer que isso seja impossível. Essa etapa do MASP representa a fase de check do
Quais podem ser os custos do aumento do número ciclo PDCA e consiste na coleta de dados sobre as causas,
de ocorrências de reclamações dos clientes? Quais serão sobre o efeito final (problema) e outros aspectos para
os custos para a imagem da organização, provocados analisar as variações positivas e negativas possibilitando
pela perda de credibilidade em decorrência de algum concluir pela efetividade ou não das ações de melhoria
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

defeito existente em um determinado produto? (contramedidas). É nesta etapa que se verifica se as ex-
pectativas foram satisfeitas, possibilitando aumento da
Passos da Etapa 3 – Análise autoestima, crescimento pessoal e a descoberta do pra-
zer e excitação que a solução de problemas pode pro-
• Levantamento das variáveis que influenciam no porcionar às pessoas (HOSOTANI).
problema Parker observa que “nenhum problema pode ser con-
• Escolha das causas mais prováveis (hipóteses) siderado resolvido até que as ações estejam completa-
• Coleta de dados nos processos mente implantadas, ela esteja sob controle e apresente
• Análise das causas mais prováveis; confirmação uma melhoria em performance”. Assim, o monitoramen-
das hipóteses to e medição da efetividade da solução implantada são

90
essenciais por um período de tempo para que haja confiança na solução adotada. Hosotani também enfatiza este ponto
ao afirmar que os resultados devem ser medidos em termos numéricos, comparados com os valores definidos e anali-
sados usando ferramentas da qualidade para ver se as melhorias prescritas foram ou não atingidas.

Passos da Etapa 6 – Verificação

• Comparar resultados obtidos com os previstos.


• Listar efeitos colaterais não previstos.
• Verificar nível do bloqueio observado (grau de eficácia do plano de ação)

4. Padronização
Uma vez que as ações de bloqueio ou contramedidas tenham sido aprovadas e satisfatórias para o alcance dos ob-
jetivos ela podem ser instituídas como novos métodos de trabalho. De acordo com Kume existem dois objetivos para
a padronização. Primeiro, afirma o autor, sem padrões o problema irá gradativamente retornar à condição anterior, o
que levaria à reincidência. Segundo, o problema provavelmente acontecerá novamente quando novas pessoas (em-
pregados, transferidos ou temporários) se envolverem com o trabalho. A preocupação neste momento é, portanto, a
reincidência do problema, que pode ocorrer pela ação ou pela falta da ação humana. A padronização não se faz apenas
por meio de documentos. Os padrões devem ser incorporados para se tornar “uma dos pensamentos e hábitos dos
trabalhadores” (KUME), o que inclui a educação e o treinamento.

Passos da Etapa 7 – Padronização

• Elaboração ou alteração de documentos


• Registro e comunicação
• Definir mudanças que devem ser incorporadas ao Procedimento Padrão Operacional — PPO.
• Revisar padrão (Modificar / Comunicar).
• Treinar pessoal (no PPO revisado).
• Comunicação clara e adequada dos motivos do treinamento.
• Auditar cumprimento do padrão

5. Conclusão
A etapa de Conclusão fecha o método de análise e solução de problemas. Os objetivos da conclusão são basicamen-
te rever todo o processo de solução de problemas e planejar os trabalhos futuros. Parker reconhece a importância de
fazer um balanço do aprendizado, aplicar a lições aprendidas em novas oportunidades de melhoria.

Passos da Etapa 8 – Conclusão

• Identificação dos problemas remanescentes


• Planejamento das ações antirreincidência
• Balanço do aprendizado
• Concluir MASP e elaborar relatório sobre o mesmo.

O MASP é um método que permanece atual e em prática contínua, resistindo às ondas do modismo, incluindo aí a
da Gestão da Qualidade Total, sendo aplicado regularmente até progressivamente por organizações de todos os portes
e ramos.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

91
FATORES QUE AFETAM A DECISÃO

São inúmeros os fatores que afetam a decisão, tais como custos envolvidos, fatores políticos, objetivos, riscos que
podem ser assumidos, tempo disponível para decidir, quantidade de informações disponíveis, viabilidade das soluções,
autoridade e responsabilidade do tomador de decisão, estrutura de poder da organização etc.
Chiavenato destaca três condições sob as quais a decisão pode ser tomada:

Certeza: É a situação em que temos sob controle todos os fatores que afetam a tomada de decisão. Sabemos quais
são os riscos e probabilidades de ocorrência de eventos, temos informações sobre custos, sabemos quais são os fatores
potencializadores e restritores, temos estudos de viabilidade das alternativas etc.
Risco: É a situação em que sabemos a probabilidade de ocorrência de um evento, mas que tomamos diferentes
decisões, de acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir.
Incerteza: Situação em que o tomador de decisão tem pouca ou nenhuma informação a respeito da probabilidade
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

de ocorrência de cada evento futuro.

1. Tipos de decisões
Maximiano ensina que uma decisão é uma escolha entre alternativas ou possibilidades.
As decisões são escolhas necessárias para a resolução de problemas ou aproveitamento de oportunidades, sejam
elas relativas a aspectos operacionais, como comprar ou alugar uma máquina, ou estratégicos, como entrar ou não no
mercado internacional.
Todos sabemos que o tipo e a qualidade de decisões tomadas nas organizações afetam todo o seu contexto, po-
dendo influenciar estratégias organizacionais, políticas ou até mesmo uma determinada parcela da sociedade onde
elas estejam inseridas.

92
Por essa razão, ao longo do tempo, os gestores vêm Estas situações exigem uma análise mais profunda,
se apoiando em diversos fatores para que a tomada de um diagnóstico para o perfeito entendimento do proble-
decisão seja o mais assertiva possível e o tomador de ma até a tomada de decisão que vai levar à ação. Por este
decisão possa estar mais seguro diante de possíveis e motivo são mais comuns no nível institucional ou estra-
prováveis problemas que possam surgir. tégico da organização, no topo da pirâmide hierárquica.
De maneira geral, podemos dizer que os gestores, no
momento da tomada de decisão, poderão se defrontar Os problemas que exigem esse tipo de decisões se-
com dois tipos de situação que, de acordo com sua na- rão solucionados a partir da habilidade dos gerentes em
tureza, terão e abordagem diferente para se alcançar as tomar decisões, já que não existem soluções rotineiras.
soluções adequadas. Como exemplo, podemos citar os gerentes, principal-
O processo de tomar decisões, ou processo decisó- mente nos níveis mais altos da organização, que mui-
rio, se compõe de uma sequência de etapas, que vão da tas vezes necessitam tomar decisões não programadas
identificação da questão a ser resolvida até a ação, quan- durante o curso de definição de metas e estratégias de
do uma alternativa de solução é colocada em prática. uma empresa e em suas atividades diárias. Em muitas
ocasiões eles utilizam sua própria experiência na solução
As decisões nas organizações se dividem em duas desse tipo de problema, procurando princípios e solu-
categorias principais: as programadas e as não progra- ções que possam ser aplicados à situação, mas sempre
madas. levando em consideração que as metodologias de solu-
ção de problemas passados podem não ser aplicáveis no
Podemos considerar decisões programadas aquelas caso em questão.
que tomamos quando percebemos os problemas como Pelo fato de as decisões não programadas serem
bem compreendidos, altamente estruturados, rotineiros, tão importantes para as empresas e tão comuns para a
repetitivos e para cuja solução podemos utilizar procedi- gerência, a eficiência de um gerente muitas vezes será
mentos e regras sistemáticos. Essas decisões são sempre julgada de acordo com a qualidade de sua tomada de
semelhantes. decisão.
As decisões programadas ou estruturadas compõem
Também há tipos de decisão quanto ao nível orga-
o acervo, o estoque de soluções armazenadas pela orga-
nizacional em que ela é tomada. Assim, decisões estra-
nização, com base nas experiências anteriores por que
tégicas são aquelas mais amplas, referentes à organiza-
passou.
ção como um todo e sua relação com o ambiente. São
São utilizadas, portanto, para resolver problemas que
tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e possuem
já foram enfrentados antes e que possuem um compor-
consequências de longo prazo.
tamento semelhante.
As decisões táticas ou administrativas são tomadas
nos níveis das unidades organizacionais ou departamen-
Para estes tipos de problemas, não há necessidade tos.
de criação de alternativas de solução e escolha da mais Decisões operacionais, por sua vez, são aquelas to-
adequada. Basta seguir as ações que já foram exercidas madas no dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos
com sucesso nas ocasiões anteriores. Por este motivo, cotidianos da realidade organizacional. Vimos, nos ele-
são mais comuns no nível operacional, na base da pirâ- mentos da decisão, a definição de tomador da decisão.
mide hierárquica. Maximiano nos ensina uma outra tipologia, referente a
Como exemplo, podemos citar uma situação de in- quem é o tomador de decisões:
cêndio, onde já há um roteiro de etapas a serem segui- Decisões autocráticas: São decisões tomadas sem
das, já se sabe qual caminho os ocupantes de cada andar discussões, acordos e debates. O tomador de decisão
do prédio devem seguir, pois todo o estudo da melhor deve ser um gerente ou alguém com responsabilidade
rota de fuga já foi feito com antecedência. Esses são e autoridade para tal. É uma forma rápida de tomada de
exemplos de decisões programadas, pois são repetitivas decisão e não deve ser questionada. Muitas vezes, são
e rotineiras. decisões de cunho estritamente técnico.
Por este motivo, são mais comuns no nível operacio- Decisões compartilhadas: São aquelas decisões to-
nal, na base da pirâmide hierárquica. madas de forma compartilhada, entre gerente e equipe.
Têm características marcantes, tais como o debate, par-
As decisões não programadas ou não estruturadas ticipação e busca de consenso.Podem ser consultivas,
são necessárias em situações em que as decisões pro- quando a decisão é tomada após a consulta,ou partici-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

gramadas não conseguem resolver. pativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
Quando nos referimos a decisões não programadas Decisões delegadas: “São tomadas pela equipe ou
nos referimos àquelas que resultam de problemas que pessoa que recebeu poderes para isso. As decisões de-
não são bem compreendidos, são “pobres” de estrutura- legadas não precisam ser aprovadas ou revistas pela ad-
ção, tendem a ser singulares e não se prestam aos proce- ministração. A pessoa ou grupo assume plena respon-
dimentos sistêmicos ou rotineiros. sabilidade pelas decisões, tendo para isso a informação,
São situações inesperadas, que a organização está a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes
enfrentando pela primeira vez e que admitem diferentes para decidir da melhor maneira possível”.
formas de resolução, cada uma com suas vantagens e Identificamos ainda, dentro do conceito de elemen-
desvantagens. tos da decisão o item de:

93
Certeza, risco e incerteza –
Podemos chamar de incerteza aquela situação que,
muitas vezes, se configura por existirem informações in- EXERCÍCIOS COMENTADOS
suficientes e dúbias para os tomadores de decisão. Isso
certamente inviabiliza a clareza das alternativas e traz 1. (TRT 12ª REGIÃO-SC – FGV – 2017) Em um órgão pú-
consigo riscos inerentes, fazendo com que a decisão to- blico, as decisões são concentradas nos níveis mais altos
mada se torne mais difícil de ser operacionalizada. da hierarquia. A direção do órgão gostaria de promover a
Mas, para escolher a alternativa mais eficaz, além de descentralização das decisões como forma de incentivar
ser necessário identificar claramente qual é o problema a autonomia e a responsabilização dos gerentes. No en-
e de se ter em mãos informações de qualidade, o gestor tanto, a centralização das decisões apresenta vantagens
precisa possuir também um conhecimento aprofundado em relação à descentralização, tais como:
do mercado em que atua, conhecendo seus concorrentes
e a capacidade organizacional deles. É assim que são ge- a) torna o processo decisório mais ágil e flexível;
ridas empresas bem estruturadas e administradas. Esse b) estimula a aprendizagem dos gerentes médios;
grupo é composto especialmente pelas organizações de c) gera decisões mais consistentes com os objetivos glo-
grande porte. bais da organização;
É importante que o gestor decida com rapidez e que d) reduz os custos e o tempo de implementação das de-
reduza a incerteza. Agindo assim poderá planejar de ma- cisões;
neira estratégica possíveis ações futuras que poderão e) facilita o fluxo de informações e a comunicação orga-
dar à sua empresa vantagem competitiva em relação às nizacional.
concorrentes.
Resposta: Letra C. Alternativa A, B e E: Erradas.
• decisão em condições de certeza – ocorre quando Maior agilidade, gerentes médios e fluxo e comunica-
há total conhecimento de todos os estados da natureza ção mais facilitados são características e vantagens da
do processo decisório. descentralização.
Chamamos de certeza saber 100% sobre a situação Alternativa C: Certo.
que está ocorrendo no instante em que se está tomando Alternativa D: Errada.
a decisão. A redução de custo de fato é uma característica da
• decisão em condições de risco – ocorre quando centralização porém, a redução de tempo para im-
não são conhecidas as probabilidades associadas a cada plementar decisões não, esse é uma característica da
um dos estados da natureza do processo decisório. descentralização.
A situação é pouco conhecida. Para a tomada de de-
cisão em condições de risco, a certeza irá variar entre 0% 2. (TRT 11ª REGIÃO-AM e RR – FCC – 2017) A tomada
e 100%. Sob condições de risco, o gestor utiliza a expe- de decisão é uma das atividades mais típicas do admi-
riência pessoal, sua intuição ou informações secundárias nistrador. Existem diferentes tipos de decisão, sendo que
para mensurar as chances de acerto de alternativas ou algumas delas se realizam por meio de um conjunto de
resultados. normas preestabelecidas, com base em um acervo de
• decisão em condições de incerteza ou em condi- soluções da organização. Tais decisões são as denomi-
ções de ignorância – ocorre quando não se obtiveram nadas:
informações e dados sobre as circunstâncias do processo
decisório ou em relação à parcela dessa situação. Para a) Programadas.
decidir numa situação dessas deve-se recorrer à intuição b) Padronizadas.
e à criatividade. c) Recorrentes.
• decisão em condições de competição ou em con- d) Impróprias.
dições de conflito – ocorre quando a estratégia e a si- e) Consultivas.
tuação em si do processo de tomada de decisão são de-
terminadas pela ação de competidores. Quando ocorre Resposta: Letra A. A teoria da decisão nasceu de
de um gestor, ao tomar uma decisão, prever que não ha- Herbert Simon, que a utilizou para explicar o compor-
verá nenhum resultado não previsto, classificamos essa tamento humano na organização. Ele distingue dois
decisão como uma decisão programada.1 tipos:
Decisão programadas: aquelas repetitivas, comuns na
Disponível em: rotina e que são tomadas de forma automática, por
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Maria Ester Domingues de Oliveira; Antônio Francis- exemplo, tudo aquilo que se torna hábito, que segue
co Ribeiro Neto; Flávio Sposto Pompêo. Internet: <www. um manual de padrão, entre outros.
blogdaqualidade.com.br>. (Adaptado.) Decisão não programadas: são decisões que de fato
dependem do decisor, não é alto rotineira, automá-
tico, ou seja, são aquelas decisões que exigem uma
análise mais completa, como por exemplo, alterar uma
linha de produção, fazer mudanças quanto à estrutura
da organização, ou quanto ao quadro de funcionários,
enfim, são decisões que fogem de um conceito roti-
neiro, mecanizado.
1 Por Aberlardo Neves / Fonte: www.sandrow.ecn.br

94
Movimentação de Material: controla e normaliza
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE as movimentações dos materiais: recebimento, forneci-
MATERIAL E LOGÍSTICA: CONCEITOS, mento, devoluções, transferências entre outras ações de
CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS, FUNÇÕES movimentação dos materiais.
DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS, Cadastro: cabe a esse subsistema o cadastramento
LOGÍSTICA. de fornecedores, pesquisa de mercado e compras.

2. Subsistemas Específicos
“A Administração de Materiais consiste em ter os
materiais necessários na quantidade certa, no local cer- Segundo Razzonili Filho (2012) os materiais podem
to e no tempo certo à disposição dos órgãos que com- ser classificados nos seguintes subsistemas: Normaliza-
põem o processo produtivo da empresa” (CHIAVENATO, ção, Controle, Aquisição e Armazenamento.
2005, p. 36 - 37). Subsistema Normalização: tem como função selecio-
A administração de materiais tem como foco atuar no nar, padronizar e especificar os materiais. Classifica e codi-
controle e planejamento de materiais e na relação entre fica os materiais garantindo a uniformidade dos materiais
as necessidades de suprimentos de uma organização e que entram no processo produtivo para que o produto
os recursos financeiros e operacionais da mesma, geran- final atenda às especificações da produção e a qualidade
do dessa forma condições cada vez mais favoráveis para exigida.
seu desenvolvimento. “Entende-se por normalização a forma como são or-
“A Administração de Materiais envolve a totalidade ganizadas as atividades, como definem as normas e a
dos fluxos de materiais da empresa, desde a programa- utilização de regras; bem como a elaboração, publicação
ção de materiais, compras, recepção, armazenamento e disseminação do uso das normas e regras, como o ob-
no almoxarifado, movimentação de materiais, transporte jetivo de selecionar, avaliar e certificar os fornecedores
interno e armazenamento no depósito de produtos aca- da organização” (RAZZOLINI FILHO, 2012, p. 32).
bados” (CHIAVENATO, 2005, p. 38). As principais atividades do Subsistema Normalização:
Normalização e padronização de materiais; Classificação
SUBSISTEMAS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATE- de materiais.
RIAIS Subsistema Controle: responsável pela gestão e va-
loração dos estoques da organização, ou seja, determina
1. Subsistemas típicos quando e como comprar, busca garantir que os materiais
estejam em quantidade necessária, no tempo preciso, com a
Controle de Estoque: esse subsistema é responsável qualidade requerida e tenham sido adquiridos pelo melhor
pela gestão do estoque, logo cabe a ele o planejamento preço.
e a programação de material por meio de análise, previ-
são, controle e ressuprimento. #FicaDica
Aquisição / Compra de Material: esse subsistema
é responsável pela aquisição dos materiais, logo, suas Valoração pode ser conceituado como a de-
principais ações são a gestão, negociação e contratação terminação de qualidade ou valor a algo.
de compras de material. Tal subsistema deve assegurar
que os materiais adquiridos estejam na quantidade cer-
ta, na qualidade requerida e a entrega seja realizada no Subsistema Aquisição: responsável pela realização
prazo estabelecido. Além disso, deve preocupar-se com de compras dos materiais de acordo com as informações
o preço dos materiais adquiridos negociando-o com o e especificações apontadas pelo Subsistema Controle
fornecedor. (por meio de requisições), para que as compras realiza-
Inspeção de Recebimento: subsistema que tem por das respondam às necessidades da organização, evitan-
responsabilidade realizar a verificação física e documen- do-se assim desperdícios por aquisição de materiais fora
tal do recebimento de material, ou seja, deve inspecionar do padrão exigido ou em quantidades desnecessárias.
se o material recebido está de acordo com as normas O Subsistema aquisição “também é responsável pela
e exigências solicitadas e estabelecidas quando da sua venda (alienação) dos materiais inutilizáveis ou inservíveis, e
aquisição. mesmo do patrimônio da organização que esteja obsoleto
Classificação de Material: cabe a esse sistema identi- ou já completamente depreciado” (RAZZOLINI FILHO, 2012,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ficar (especificar), classificar, codificar, cadastrar e catalo- p. 33 e 34).


gar os materiais. Também atua em sintonia com o Subsistema Norma-
Armazenagem/Almoxarifado: tem por objetivo en- lização na busca de fornecedores aprovados pela norma-
carregar-se pela gestão física dos estoques. Dentre suas lização e o Subsistema de Armazenamento na verificação
da estocagem dos materiais.
atividades estão: recepção de material, expedição de ma-
Subsistema Armazenamento: recepciona os mate-
terial, guarda, preservação, embalagem.
riais, armazena e os distribuem para os departamentos.
Controle e Distribuição de Materiais: esse subsiste-
Além disso, inspeciona e controla a qualidade dos mate-
ma controla os materiais e sua distribuição aos diversos
riais, especialmente a qualidade da guarda e movimen-
setores da empresa, ou seja, após classificados os mate-
tação dos materiais, para que entrem nos processos pro-
riais devem seguir para as áreas que os solicitaram.
dutivos com qualidade garantida. Também é responsável

95
pela movimentação interna e seu transporte. Além do FUNÇÕES DO ESTOQUE
controle qualitativo, exerce o controle quantitativo que
dentre suas ações estão: conferência, contagem, registro As principais funções do estoque são:
e documentação. Garantir que a empresa seja abastecida com materiais
sempre que necessário, neutralizando ou minimizando
os efeitos gerados por problemas no fornecimento de
materiais, tais como demoras, atrasos, sazonalidade dos
EXERCÍCIOS COMENTADOS suprimentos e demais dificuldades.
Proporcionar economias de escala por meio da com-
1. (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR – SUPERIOR – pra ou produção de lotes econômicos; pela flexibilidade
FAU – 2016) As funções da Administração de Materiais do processo produtivo; pela rapidez e eficiência no aten-
são, EXCETO: dimento às necessidades (CHIAVENATO, 2005, p. 68).

a) Compras. CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES


b) Vendas.
c) Transporte. Os estoques são classificados em:
d) Armazenagem. Estoques de matérias-primas (MPs): São os insumos e
e) Manuseio. materiais básicos necessários para o processo de produ-
ção. São os elementos iniciais e principais para a produ-
Resposta: Letra B. A função de vendas compete a ção da empresa, seja de produtos ou serviços.
Área de Vendas, não sendo função de responsabilida-
de da Administração de Materiais. Segundo Chiavenato
(2005, p. 36-37) “A Administração de Materiais consiste #FicaDica
em ter os materiais necessários na quantidade certa, no Insumos são os elementos diretamente
local certo e no tempo certo à disposição dos órgãos necessários para a produção de produtos
que compõem o processo produtivo da empresa”, logo, ou serviços, como matéria-prima, equipa-
dentre suas funções podem ser consideradas compras
mentos e outros.
(aquisição), transporte (movimentação), armazenagem
e manuseio.

ESTOQUE ▪ Estoques de materiais em processamento (ou em


vias)
INTRODUÇÃO
É composto por materiais que estão em fase de pro-
O estoque representa papel importante na operacio- cessamento nas diversas seções do processo produtivo,
nalização da empresa, pois ao passo que deve ser bem ou seja, são os materiais que estão em processo de pro-
definido a corresponder às necessidades de produção da dução ou em vias de serem processados.
empresa, não pode ser um gerador de custos desnortea-
dos e de desperdícios. ▪ Estoques de materiais semiacabados

CONCEITO DE ESTOQUE São materiais parcialmente acabados, seu processo


produtivo está em estágio intermediário de acabamen-
O Estoque pode ser definido como a quantidade de to. Estão quase acabados, dessa forma encontram-se em
materiais que é armazenada para determinado fim. Tais estágio mais avançado do que os materiais em proces-
materiais podem ser matérias-primas, materiais em pro- samento.
cessamento, materiais semiacabados, materiais acaba-
dos, produtos acabados. ▪ Estoques de materiais acabados (ou componentes)
Esses materiais são estocados e em determinado mo-
mento serão requisitados para processamento. Ou seja, Este estoque é composto por materiais ou componen-
o estoque possui um sortimento de materiais que em al- tes acabados que serão anexados ao produto acabado.
gum momento será utilizado seja no processo produtivo.
Segundo Viana (2009, p.109) estoque pode ser defi- ▪ Estoques de produtos acabados (PAs)
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

nido como
E composto pelos produtos prontos (acabados), ou
Materiais, mercadorias ou produtos acumulados para seja, o processo produtivo foi completamente finalizado
utilização posterior, de modo a permitir o atendimen- e o produto já está pronto para o fornecimento.
to regular das necessidades dos usuários para a con-
tinuidade das atividades da empresa, sendo o estoque
gerado, consequentemente, pela impossibilidade de
prever-se a demanda com exatidão.

96
Predileção: baseada na opinião de especialistas (fun-
cionários experientes, conhecedores de fatores influen-
EXERCÍCIOS COMENTADOS tes em vendas e mercado) os quais estabelecem a evolu-
ção das vendas futuras.
1. (COREN-SP – AGENTE DE ALMOXARIFADO – MÉ-
DIO – VUNESP – 2013) Os estoques de matérias-primas 1. Evolução do consumo
(MPs) são constituídos por:
Modelo de evolução horizontal de consumo: também
a) insumos e materiais básicos para a produção dos pro- conhecido como consumo médio horizontal, nesse mo-
dutos ou serviços da empresa. delo há evolução do consumo de maneira horizontal e
b) produtos já prontos e acabados, cujo processamento sua tendência é quase invariável ou constante.
foi completado inteiramente. Modelo de evolução de consumo sujeito a tendência:
c) componentes já acabados e prontos para serem ane- a possibilidade de consumo médio aumenta ou diminui
xados ao produto. no decorrer do tempo e das situações do mercado.
d) materiais semiacabados, em estágio intermediário de Modelo de evolução sazonal de consumo: nesse mo-
acabamento. delo há previsões de oscilações regulares (positivas ou
e) materiais que estão em fase de processamento e pro- negativas) de consumo, ou seja, o consumo é sazonal.
dutos já finalizados ou semiacabados.
Resposta: Letra A. Os estoques de matérias-primas 2. Método do consumo do último período
(MPs) são compostos por insumos e materiais básicos Tal método visa a previsão de consumo do próximo
para produção dos produtos ou serviços da empresa, período baseado no consumo ou demanda do período
ou seja, são os elementos iniciais e primordiais neces- anterior. Caso o consumo seja crescente de um período
sários para o processamento de produtos ou serviços. ao outro, é possível acrescentar uma certa quantidade a
cada período.
2. (DCTA – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLO- Exemplo:
GIA AEROESPACIAL – ASSISTENTE EM C&T ASSISTEN-
TE 1 (ALMOXARIFADO) – MÉDIO – VUNESP – 2013) Consumo do último pe- Previsão de Consumo
Pode-se considerar estoque como a (o): ríodo do próximo período
Mês de Fevereiro: Mês de Março:
a) capacidade produtiva total em relação à disponibilida- 150 unidades 150 unidades
de de matéria-prima no mercado.
b) conjunto de materiais que está disponível para ser re- 3. Método da Média Móvel
quisitado e utilizado no processo produtivo.
c) crescimento e evolução das variações decorrentes do Nesse método a previsão de consumo para o próxi-
cálculo do giro de estoque e ponto de pedido. mo período baseia-se nas médias de consumo dos pe-
d) planejamento de utilização dos materiais de consumo ríodos anteriores.
e produtos de acordo com o recebimento dos pedi- Exemplo: Cálculo da previsão de consumo para o mês
dos. de junho pelo Método da Média Móvel:
e) posicionamento da quantidade de materiais em trânsi-
to e em produção vinculado a transações de compras.
Período Consumo Unidade
Resposta: Letra B. O Estoque pode ser definido como Fevereiro 120
a quantidade de materiais que é armazenada para ser Março 150
utilizada no processo produtivo quando requisitado. De
acordo com Chiavenato (2005, p.67) “o estoque consti- Abril 160
tui todo o sortimento de materiais que a empresa pos- Maio 110
sui e utiliza no processo de produção de seus produtos/
serviços”. Média Móvel: 120 + 150 + 160 + 110
4
PREVISÃO DE CONSUMO PARA OS ESTOQUES Média Móvel: 540 = 135
4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Dentre as técnicas de previsão de estoque, três se Previsão de consumo para mês de Junho: 135 unida-
destacam: des.
Projeção: utiliza dados passados (mês ou meses an-
teriores) para previsão de demanda futura (quantida-
de adequada a ser adquirida). Essa técnica é de caráter
quantitativo (referem-se a quantidades).
Explicação: assim como a projeção, essa técnica tam-
bém é de caráter quantitativo. A explicação relaciona ati-
vidades produtivas ou comerciais passadas com outras
variáveis.

97
#FicaDica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Para o cálculo do Método da Média Móvel
utiliza-se a fórmula para cálculo de Média 3. (TSE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA
Simples, que se baseia na soma das unida- – SUPERIOR – CESPE – 2007) Considere o seguinte con-
des dividida pela soma da quantidade de sumo de determinado material.
períodos.
60 unidades em março
70 unidades em abril
4. Método da Média Móvel Ponderada 85 unidades em maio
88 unidades em junho
Nesse método os valores por período recebem pesos, 94 unidades em julho
para tanto, os valores de períodos mais recentes rece- 98 unidades em agosto
bem pesos maiores do que os de períodos mais antigos. 98 unidades em setembro
102 unidades em outubro
Exemplo: 105 unidades em novembro
Cálculo da previsão de consumo para o mês de Junho 111 unidades em dezembro
pelo Método da Média Móvel Ponderada:
Com base nos dados acima e considerando que os estu-
dos acerca de estoques dependem da previsão do con-
Consumo Uni- sumo de material, assinale a opção incorreta.
Período Peso
dade a) Com base no método da média com ponderação exponen-
Fevereiro 120 1 cial, apenas o consumo do mês de dezembro será utilizado
Março 150 2 na fórmula de cálculo da previsão do consumo para o mês
de janeiro.
Abril 160 3 b) Para reduzir a influência do baixo consumo nos meses
Maio 110 4 de março e abril na previsão de consumo para janeiro,
Média Móvel Ponderada: é correto utilizar o método da média móvel ponderada,
(120 x 1) + (150 x 2) + (160 x 3) + (110 x 4) caracterizado pela aplicação de pesos maiores aos da-
10 dos de consumo mais novos e pesos menores aos dados
Média Móvel Ponderada: 1340 = 134 mais antigos.
10 c) Com base no método da média móvel para 3 perío-
dos, a previsão de consumo para janeiro é superior
Previsão de consumo para mês de Junho: 134 unida-
a 111 unidades por causa da tendência crescente de
des.
consumo.
d) Com base no método do último período, a previsão de
#FicaDica consumo para janeiro é de 111 unidades.
Resposta: Letra C. Com base no método da média
Para o cálculo do Método da Média Móvel móvel para 3 períodos, a previsão de consumo para
Ponderada deve-se multiplicar os valores janeiro será de 106 unidades, conforme cálculo:
pelo peso dado a cada um deles, após, so- Média Móvel: 102 + 105 + 111 = 318 = 106
ma-se os resultados dos valores multiplica- 3 3
dos e dividindo pela soma dos pesos.
Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou
Errado.
5. Método da Média com Ponderação Exponencial
4. (TJ-DF – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
Esse método é semelhante ao Método de Média Móvel TRATIVA – MÉDIO – CESPE – 2008) Considere o consu-
Ponderada, porém há um acréscimo de parcela do erro an- mo de determinado material apresentado a seguir.
terior de previsão. Nesse método consideram-se algumas
mês unidades
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

variáveis como tendência e sazonalidade ocorridas no tem-


po. janeiro 250
fevereiro 280
março 320
abril 290
maio 300
junho 310

98
Nessa situação, a previsão de consumo para julho será C: Consumo anual do material
superior a 310 unidades, se for empregado o método do P: Preço unitário do material
último período para previsão do consumo.
Tb: Taxa de retorno do capital empatado em estoque
Resposta: Errado. O método do último período visa Tb = lucro
a previsão de consumo do próximo período baseado Q·P
no consumo ou demanda do período anterior. Logo, a Onde:
previsão de consumo para julho será de 310 unidades. Q · P = Valor dos produtos estocados
Tc: Taxa de seguro do material estocado
Custos dos estoques Tc = 100 · Custo anual do seguro
Q·P
Custos de estoques ou custos de estocagem referem- Td: Taxa de transporte, manuseio e distribuição do
material
-se aos custos que todo material gera ao ser estocado.
Td = 100 · Depreciação anual do equipamento
Duas variáveis impactam no custo de estoque, que
Q·P
são a quantidade de material em estoque e o tempo de
Te: Taxa de obsolescência do material
permanência desse material em estoque. Ou seja, quanto Te = 100 · Perdas anuais por obsolescência
maior a quantidade e o tempo que o material ficará em Q·P
estoque, maior será o custo de estoque. Tf: Outras taxas, como mão-de-obra, água, luz etc.
Os custos podem ser agrupados em modalidades Tf = 100 · Despesas anuais
como: Custo com pessoal: salários dos recursos huma- Q·P
nos, encargos sociais. Custo de capital: juros e deprecia- Logo, a Taxa de Armazenamento (I) será a soma de
ção. Custo com edificação: aluguel, água, luz, impostos. todas essas taxas:
Custo de manutenção: obsolescência, deterioração, con- I = Ta + Tb + Tc + Td + Te + Tf
servação de equipamentos.
2. Custo de Pedido (CP)
1. Custos de Armazenagem
Segundo Chiavenato, 2005, p. 95, “o Custo do Pedido
Os Custos de Armazenagem se referem aos custos (CP) é o valor em moeda corrente dos custos incorridos
gerados pelo acondicionamento e movimentação dos no processamento de cada pedido de compra”. Ou seja,
materiais, tais como mão de obra, aluguel do armazém, o custo do pedido se refere ao valor que a empresa gas-
salários do pessoal do armazém, quantidade de material, tou para realizar o pedido do material para o fornecedor.
tempo de permanência do material, seguros, deprecia- Fórmula para cálculo do Custo de Pedido:
ção de máquinas e equipamentos entre outros. CP = CAP
Os custos podem ser variáveis, como quantidade de N
material e tempo de permanência. Ou fixos como aluguel Onde:
do armazém, salários do pessoal do armazém, seguros CAP: Custo anual dos pedidos
entre outros. N: Número de pedidos no ano
Cálculo do Custo de Armazenagem
CA = Q/2 · T · P · I #FicaDica
Onde:
Q: Quantidade de material em estoque no período O Custo de Estoque (CE) refere-se a soma
considerado dos Custos de Armazenagem e o Custo do
T: Tempo de armazenamento Pedido.
P: Preço unitário do material CE = CA + CP
I: Taxa de armazenamento expressa em porcentagem
do preço unitário
Para cálculo da fórmula do Custo de Armazenagem 3. Custo de falta de estoque
(CA), é preciso utilizar mais uma fórmula a fim de calcular
a Taxa de Armazenamento (I). Esses custos ocorrem quando a demanda deixa de ser
A Taxa de Armazenamento é expressa pela soma das atendida por haver itens em falta no estoque da empre-
Taxas de armazenamento físico, Taxa de retorno do ca- sa. Podem ser classificados em: Custos de Vendas Perdi-
pital empatado em estoque, Taxa de seguro do material das, ou seja, houve perda da venda por indisponibilidade
estocado, Taxa de transporte, manuseio e distribuição do do produto; Custo de Atraso: gastos gerados pelo atraso
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

material, Taxa de obsolescência do material, Outras taxas, da entrega do produto ao cliente.Os custos de falta de
como mão-de-obra, água, luz etc. As quais serão classifi- estoques não podem ser calculados, visto que o resul-
cadas em Ta, Tb, Tc, Td, Te e Tf. tado qualitativo se sobressai ao quantitativo, ou seja, a
Ta: Taxa de armazenamento físico insatisfação do cliente gera impacto qualitativo à empre-
Ta= 100 · A · Ca sa (o que não se pode quantificar), ela não só perdeu
C·P aquela venda, mas pode perder vendas futuras não só
Onde: a esse cliente, mas a outros os quais ele poderá efetuar
A: Área ocupada pelo estoque propagandas negativas, ou seja, esse custo vai além da
Ca: Custo anual do metro quadrado de armazena- receita que a empresa deixou de realizar ao não vender
mento o produto ao cliente.

99
O eixo x (horizontal) representa o tempo decorrido,
enquanto o eixo y (vertical) representa a quantidade do
EXERCÍCIOS COMENTADOS material em estoque.

5. (SEE-RJ – PROFESSOR DOCENTE – ADMINISTRA-


ÇÃO – SUPERIOR – CEPE-RJ – 2007) Todo e qualquer
armazenamento de material gera determinados custos,
que podem ser agrupados em custos de capital, com
pessoal, com edificação e de manutenção. Um exemplo
de custo de capital é:

a) impostos
b) deterioração
c) aluguel
d) salário
e) depreciação
Resposta: Letra E. Os custos podem ser agrupados Disponível em: <http://universidadeestoque.com.br/
em modalidades como: Custo com pessoal: salários blog/index.php/grafico-dente-de-serra/>.
dos recursos humanos, encargos sociais. Custo de
capital: juros e depreciação. Custo com edificação: 2. Tempo de Reposição ou de Ressuprimento
aluguel, água, luz, impostos. Custo de manutenção:
obsolescência, deterioração, conservação de equipa- O Tempo de Reposição ou de Ressuprimento (Tr) refe-
mentos. re-se ao tempo gasto para reposição do estoque, desde
a verificação das necessidades para reposição do esto-
Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou que até a chegada dos materiais no almoxarifado.
Errado. • Três partes do Tempo de Reposição ou de Ressu-
primento:
6. (ANS – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MÉDIO – CES- • Emissão do pedido: emissão do pedido do departa-
PE – 2005) Os custos de armazenagem aumentam em mento de compras ao fornecedor.
função da quantidade em estoque e do tempo de per- • Preparação do pedido: tempo em que o fornecedor
manência em estoque, mas não chegam a zero se o es- recebeu o pedido de compra, preparação dos pro-
toque for zero. dutos do pedido pelo fornecedor até o momento
em que estão prontos para o transporte à empresa
Resposta: Certo. Duas variáveis impactam no custo compradora.
de estoque, que são a quantidade de material em Transporte: saída dos produtos do fornecedor até o
estoque e o tempo de permanência desse material recebimento dos mesmos pela empresa compradora.
em estoque. Ou seja, quanto maior a quantidade e o De acordo com Viana (2006, p. 156) o tempo de res-
tempo que o material ficará em estoque, maior será suprimento é composto por tempos internos da empre-
o custo de estoque. Mesmo tendo um estoque zero sa, como também por externo:
de materiais, ainda há custos de estoque, visto que há a) TPC - Tempo de Preparação da Compra
variáveis que ainda geram gastos, como aluguel do ar- b) TAF - Tempo de Atendimento do Fornecedor
mazém, depreciação de equipamentos, entre outros. c) IT - Tempo de Transporte
d) TRR - Tempo de Recebimento e Regularização
NÍVEIS DE ESTOQUE Onde: TR = TPC + TAF + TT + TRR

1. Curva dente de serra 3. Ponto de Pedido

A Curva Dente de Serra é demonstrada graficamente O Ponto de Pedido (PP) indica o ponto (ou nível de
por linhas que formam uma imagem parecida com um estoque) em que há necessidade de reposição (ressupri-
serrote, por isso o nome Dente de Serra. mento) do estoque.
Ela apresenta as flutuações de estoques (geometri- Cálculo do Ponto de Pedido:
camente apresenta o comportamento dos estoques ao PP = Em + (C × Tr)
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

longo do tempo) por meio da identificação do tempo Onde:


de reposição e nível de ressuprimento. Dessa forma, a PP: Ponto de Pedido
empresa poderá tomar decisões necessárias para o co- Tr: Tempo de Reposição
nhecimento e controle das atividades de reposição dos C: Consumo Médio Mensal
estoques. Em: Estoque Mínimo
Por exemplo, com a utilização da Curva Dente de
Serra, a empresa conseguirá visualizar graficamente a
movimentação (entrada e saída) de um material do es-
toque, visualizando melhor os pontos de estoque míni-
mo e estoque máximo.

100
#FicaDica
Ponto de Pedido também conhecido como Ponto de Reposição (PR) ou Ponto de Enco-
menda (PE).

4. Intervalo de Ressuprimento

O Intervalo de Ressuprimento (IR) determina o tempo existente entre uma reposição e outra, entre dois pontos de
pedido, ou seja, o tempo equivalente entre dois ressuprimentos consecutivos.

5. Estoque Máximo

O Estoque Máximo define a quantidade máxima de estoque permitida para determinado material, ou seja, é a quan-
tidade máxima do material a ser mantida em estoque.
O cálculo do estoque máximo é definido pela soma do Estoque mínimo com o Lote Econômico de Compra (quan-
tidade ideal a ser comprada).
Emáx = Em + Lote Econômico de Compra
Onde:
Em: Estoque Mínimo

6. Ruptura de estoque

Ponto em que o estoque encontra-se em nível zero, ou seja, o estoque torna-se nulo, entretanto ainda existe de-
manda do material. A demanda existe, porém a empresa não pode atender visto que o estoque está nulo.

7. Giro de estoque

O Giro de estoque define a rotatividade de estoque em determinado período de tempo.


Cálculo do Giro de Estoque:
Giro de Estoque = Consumo Médio Anual
Estoque Médio

#FicaDica
O índice do Giro de Estoque demonstra a saída das mercadorias da empresa, ou seja, as vendas. Logo,
quanto maior o índice de Giro de Estoque, melhores resultados da empresa.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Errado.

7. (ANCINE – ANALISTA ADMINISTRATIVO – SUPERIOR – CESPE – 2006) O conceito de estoque máximo diz respeito
ao número máximo de unidades de um determinado item de estoque e é definido da seguinte forma: estoque máximo =
estoque mínimo - lote de compra.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. O Estoque Máximo define a quantidade máxima de estoque permitida para determinado mate-
rial. É determinado pela soma do estoque mínimo com o lote de compra (e não a subtração).
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

8. (TRE-PB – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – SUPERIOR – FCC – 2007) Um material é consumido a uma
razão de 3.000 unidades por mês, e seu tempo de reposição é de dois meses. O ponto de pedido, uma vez que o estoque
mínimo deve ser de um mês de consumo é igual a:

a) 3.000 unidades.
b) 6.000 unidades.
c) 9.000 unidades.
d) 12.000 unidades.
e) 15.000 unidades.

101
Resposta: Letra C. O cálculo do Ponto de Pedido é determinado pela seguinte fórmula.
PP = Em + (C · Tr). Onde: PP: Ponto de Pedido, Tr: Tempo de Reposição, C: Consumo Médio Mensal, Em: Estoque
Mínimo.
De acordo com a questão, o Tr equivale a 2 meses, C equivale a 3.000 unidades, assim como o Estoque Mínimo
equivale a 3.000 (um mês de consumo). Portanto:
PP = Em + (C · Tr)
PP = 3.000 + (3.000 · 2) = 3.000 + 6.000 = 9.000 unidades

CLASSIFICAÇÃO ABC

De acordo com CHIAVENATO (2005, p. 79) “a Classificação ABC baseia-se no princípio de que a maior parte do investimento em
materiais está concentrada em um pequeno número de itens”.
Ou seja, a Classificação ABC ordena os itens consumidos conforme um valor financeiro. Os itens quando ordenados
são divididos em três classes A, B e C:
Classe A: poucos itens, porém com peso no investimento em estoque bem elevado. Até 10% ou 20% dos itens em
estoque, com valor de 80% aproximadamente. Poucos itens, porém de elevada importância.
Classe B: quantidade média de itens (35% a 40%) que possui valor de consumo de 15% aproximadamente. Itens de
importância relativa.
Classe C: grande quantidade de itens (40% a 50%) com valor de consumo acumulado baixo (5% a 10%) dos esto-
ques. A classe C compõe os itens mais numerosos, porém menos importantes.

#FicaDica
As porcentagens de classificação não são fixas, sendo valores de porcentagens aproximados, podendo
variar para mais ou para menos.

Com a classificação ABC a atenção dada a cada item é relativa a importância do mesmo. Aos itens da Classe A há
uma maior concentração de atenção, embora sejam poucos itens, são os de maiores valores monetários. Aos itens da
classe B a atenção é menor, e aos itens da classe C a atenção aos itens é ainda mais reduzida, muitas vezes tratados por
processos mais automáticos ou semiautomáticos que não exigem muitos esforços e tempo de decisão.

Tabela com acumulação dos estoques para composição da classificação ABC

Código do Valor do estoque Porcentagem Valor do estoque Porcentagem


Classificação
item do item do item acumulado acumulada (%)
1 012 360.000 36,0 360.000 36,0
2 025 280.000 28,0 640.000 64,0
3 011 100.000 10,0 740.000 74,0
4 015 70.000 7,0 810.000 81,0
5 009 55.000 5,5 865.000 86,5
6 014 28.000 2,8 893.000 89,3
7 016 22.000 2,2 915.000 91,5
8 005 20.000 2,0 935.000 93,5
9 017 15.000 1,5 950.000 95,0
10 018 10.000 1,0 960.000 96,0
Demais itens 40.000 4,0 1.000.000 100,0
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

CHIAVENATO, 2005. p. 80.


Por meio dessa tabela é possível realizar a divisão dos itens nas classes A, B e C.
Percebe-se que os itens 1 a 4 representam acumuladamente 81% do valor monetário do estoque, logo pertencem
a Classe A.
Os itens de 5 a 10 representam acumuladamente 15% do valor monetário do estoque, logo pertencem a Classe B.
Já os demais itens representam 4% do valor monetário do estoque e pertencem a Classe C.
A Classificação ABC pode ser transformada na curva ABC ou Curva de Pareto.

102
EXERCÍCIOS COMENTADOS

Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Errado.

9. (SERPRO – TÉCNICO – SUPORTE ADMINISTRATIVO – MÉDIO – CESPE – 2013) O gerente que adota a classificação
ABC para controle do seu estoque possui uma pequena quantidade de produtos na denominada classe C.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errada. De acordo com a classificação ABC, a classe C é composta por grande quantidade de produtos
com valor de consumo acumulado baixo.

Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Errado.

10. (TJ-AJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO – CESPE – 2012) Ao se classificar um almoxarifado com base na classi-
ficação ABC, os itens mais volumosos e que agregam pouco resultado para a organização devem ser incluídos na(s)
classe(s):

a) A e C.
b) B e C.
c) A.
d) B.
e) C.

Resposta: Letra E. De acordo com a classificação ABC, a classe C é composta por grande quantidade de produtos
(itens mais volumosos) com valor de consumo acumulado baixo (agregam pouco resultado para a organização).

Lote Econômico de Compras

O Lote Econômico de Compra (LEC) baseia-se na definição de reabastecimento do estoque pelo menor custo
possível, ou seja, decide a quantidade de itens a ser reposta (comprada) pelo menor custo possível em busca de um
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

equilíbrio econômico entre custo de manutenção de estoque e o custo de aquisição do pedido.


Fórmula para o cálculo do LEC:

Onde:
C: Consumo ou demanda
CP: Custo do Pedido
CA: Custo da armazenagem unitário ou custo de manutenção unitário

103
O Just in Time é conhecido como o sistema que “puxa”
a produção, visto que a produção só acontece conforme
EXERCÍCIOS COMENTADOS a necessidade sinalizada pelo comprador. Ao contrário
dos sistemas tradicionais que “empurram” a produção,
Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou ou seja, produzem mesmo que não haja a demanda, de-
Errado. pois da produção, “empurram” o produto para a possível
demanda.
11. (ANP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – SUPERIOR
– CESPE – 2013) No modelo de lote econômico, a quan- 1. Kanban
tidade ótima de estoques que deve compor cada pedido
Kanban é considerada uma das técnicas do Just in Time.
de compra é aquela em que os valores dos custos dos
A palavra japonesa Kanban significa cartão ou sinal. Essa
pedidos são iguais aos dos custos de manutenção dos técnica controla a retirada dos materiais e a transferência
estoques. para outro estágio da operação. Além disso, serve para in-
formar a quantidade a ser produzida no processo em que
( ) CERTO ( ) ERRADO se encontra.
Slack et. al (2006, p. 368) define alguns tipos de Kan-
Resposta: Certo. O modelo de lote econômico busca ban:
o equilíbrio entre o custo de manutenção de estoque “Kanban de transporte: usado para avisar o estágio
e o curso de aquisição do pedido, logo, quando há anterior que o material pode ser retirado do estoque e
uma igualdade entre esses dois itens, pode-se definir transferido para uma destinação específica [...] Kanban
que houve uma quantidade ótima de estoques. de produção: sinal para um processo produtivo de que
ele pode começar a produzir um item para que seja colo-
12. (BNDES – PROFISSIONAL BÁSICO – FORMAÇÃO cado em estoque [...] Kanban do fornecedor: usado para
EM ENGENHARIA – SUPERIOR – CESGRANRIO – 2013) avisar ao fornecedor que é necessário enviar material ou
Uma empresa utiliza o Lote Econômico de Compra (LEC) componentes para um estágio da produção.”
para repor o estoque de uma das suas peças cuja deman-
da anual é de 90.000 unidades. Se o custo de colocação
de um pedido é de R$ 4.000,00, e o custo de manutenção EXERCÍCIO COMENTADO
de estoques é de R$ 20,00 por peça por ano, qual é o LEC
utilizado? Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Er-
rado.
a) 30
b) 60 13. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESPE-
c) 4.243 CIALIDADE GESTÃO HOSPITALAR – SUPERIOR – CES-
d) 6.000 PE – 2018) Na administração dos estoques just in time,
e) 12.000 se mantém um estoque de segurança para que, na ne-
cessidade do produto, o material já esteja disponível.
Resposta: Letra D. Para cálculo do Lote Econômi-
co de Compra (LEC) utiliza-se a seguinte fórmula ( ) CERTO ( ) ERRADO

Onde: C: Consumo ou demanda, CP: Custo do Pedido, Resposta: Errado. O Just in time visa à produção na
CA: Custo da armazenagem unitário ou custo de ma- quantidade necessária, no momento certo para aten-
nutenção unitário. der a demanda com mínimo de estoque ou estoque
Logo, em resposta a questão, aplica-se a fórmula: zero. Portanto, não prevê estoque de segurança.

14. (IF-RS – PROFESSOR – GESTÃO, PRODUÇÃO E LO-


GÍSTICA – SUPERIOR – 2010) O _________ é usado para
avisar o estágio anterior que o material pode ser retirado
do estoque e transferido para uma destinação específica.
A alternativa que completa corretamente o sentido desse
Just in time conceito é:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

O Just in Time (JIT), método surgido no Japão, visa a a) Kanban;


produção dos itens exatamente no momento em que são b) Kanban de produção;
necessários, dessa forma, busca a redução de desperdí- c) Kanban do fornecedor;
cios por meio da redução de estoques, minimização de d) Kanban do cliente interno;
defeitos e retrabalho. O Justi in Time visa à produção na e) Kanban de transporte.
quantidade necessária, no momento certo para atender a
demanda com mínimo de estoque ou estoque zero, seja Resposta: Letra E. Segundo Slack et. al (2006, p. 368)
estoque em produtos acabados, estoque de produtos Kanban de transporte é usado para avisar o estágio
semiacabados ou estoque de matéria-prima. Está pauta- anterior que o material pode ser retirado do estoque e
do na melhoria contínua da produtividade. transferido para uma destinação específica.

104
Avaliação dos Estoques

“A Avaliação dos estoques é o levantamento do valor financeiro dos materiais - desde as matérias-primas iniciais,
os materiais em processamento, semi-acabados ou acabados, até os produtos acabados – tomando por base o preço
de curso ou o preço de mercado” (CHIAVENATO, 2005, p. 88). A avaliação de estoque é composta por alguns métodos:
Avaliação do Custo Médio, Avaliação pelo Método PEPS (FIFO), Avaliação pelo Método UEPS (LIFO) e Avaliação pelo
Custo de Reposição.

1. Custo Médio

Nesse método os custos médios são aplicados no lugar dos custos efetivos. Ou seja, os materiais ao saírem do esto-
que são calculados pelo custo médio de sua aquisição. Esse método visa ao longo prazo, aproximar pelo custo médio
aos custos reais dos materiais comprados. Esse é considerado o método mais utilizado.

Quadro: Cálculo pelo Custo Médio

2017 Entradas Saídas Saldo em estoque


Data NF Qtide. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00
06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 4,50 225,00 250 4,30 1075,00
23/04 50 4,50 225,00 200 4,25 850,00
03/05 325 50 4,00 200,00 250 4,20 1050,00

2. Método PEPS (FIFO)

PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) ou FIFO (First In - First Out), esse método define que as primeiras unida-
des compradas e estocadas serão as primeiras unidades a serem utilizadas no processo produtivo ou a serem vendidas.
Ou seja, as unidades que foram adquiridas primeiro e estão a mais tempo no estoque serão as primeiras a saírem.
Dessa forma, existe maior probabilidade do valor do estoque estar sempre atualizado ao valor do mercado, visto que
ele será composto pelas últimas unidades que entram, uma vez que as unidades que estão a mais tempo no estoque sairão
primeiro.

Quadro: Cálculo pelo Método PEPS

2017 Entradas Saídas Saldo em estoque


Preço Preço Preço
Data NF Qtide. Total $ Qtde. Total $ Qtde. Total $
unit. unit. unit.

02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00


06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 5,00 250,00 250 4,20 1050,00
23/04 50 5,00 250,00 200 4,00 800,00
03/05 150 4,00 600,00 50 4,00 200,00
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

3. Método UEPS (LIFO)

UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai) ou LIFO (Last In - First Out) determina que as unidades armazenadas mais
recentemente no estoque (ou seja, as unidades que entraram por último) são as primeiras unidades a serem destinadas
à produção e/ou à venda.
Por meio desse método, entende-se que os custos dos itens que saíram primeiro refletem os custos dos itens re-
centemente comprados ou produzidos.

105
Quadro: Cálculo pelo Método UEPS

2017 Entradas Saídas Saldo em estoque


Data NF Qtide. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00
06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 4,00 200,00 250 4,40 1100,00
23/04 50 4,00 200,00 200 4,50 900,00
03/05 100 4,00 400,00 100 5,00 500,00
12/05 50 5,00 250,00 50 5,00 250,00

4. Custo de Reposição

De acordo com CHIAVENATO (2005, p. 89) “é o custo de reposição de estoque que ajusta a avaliação financeira dos
estoques. Assim o valor dos estoques é sempre atualizado em função dos preços de mercado”.
Geralmente é utilizado o seguinte cálculo para definição do Custo de Reposição:
CR = PU + ACR
Onde:
CR: Custo de Reposição
PU: Preço Unitário do material
ACR: Acréscimo do Custo de Reposição em porcentagem (%)

EXERCÍCIOS COMENTADOS

15. (GÁS BRASILIANO – CONTADOR JUNIOR – SUPERIOR – IESES – 2017) Com base no controle de estoques de um
determinado produto, pelo PEPS, temos: Estoque Inicial em 01/03/X17 composto por 40 unidades, adquiridas no valor de
R$ 2.000,00 cada. No dia 06/03/X17 compra de 20 unidades, no valor de R$ 3.000,00 cada. No dia 10/03/X17 venda de
20 unidades por R$ 2.500,00 cada. No dia 20/03/X17 venda de 30 unidades por R$ 3.500,00 cada. Qual o saldo total em
R$ no estoque?

a) R$ 35.000,00
b) R$ 30.000,00
c) R$ 5.000,00
d) R$ 40.000,00

Resposta: Letra B. Pelo método PEPS, os primeiros produtos a entrarem no estoque serão os primeiros produtos a
saírem. Logo, de acordo com a questão apresentada, saíram 40 produtos ao custo de R$ 2.000,00 e 10 produtos ao
custo de 3.000,00, totalizando a saída de R$ 110.000. O estoque continha R$ 140.000,00 em peças (R$ 80.000,00 do
estoque inicial + R$ 60.000,00 adquiridas no dia 06/06/X17). Portanto restaram R$ 30.000,00 em custo de peças em
estoque (R$ 140.000,00 – R$ 110.000,00), conforme demonstrado no quadro abaixo.

Entradas Saídas Saldo em estoque


Data Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
01/03/ 40 2.000 80.000
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

X17
06/03/ 20 3.000 60.000 60 2.333 140.000
X17
10/03/ 20 2.000 40.000 40 2.500 100.000
X17
20/03/ 20 2.000 40.000 20 3.000 60.000
X17
10 3.000 30.000 10 3.000 30.000

106
16. (CFR-PI – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MÉDIO – e) Padronização: responsável por estabelecer padrões
CRESCER – 2016) Com relação à gestão de um estoque, relacionados a peso, medidas e formatos aos mate-
qual critério utilizado dá destaque à ordem cronológica riais, de maneira a evitar muitas variações entre os
das entradas dos produtos no estoque? materiais.
f) Catalogação: ordena os dados do material de for-
a) UEPS. ma lógica para que suas informações sejam facil-
b) LIFO. mente identificadas.
c) PEPS.
d) MPM. 02. Atributos para classificação de materiais

Resposta. Letra C. PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro • Abrangência: a classificação deve abranger um
que Sai) ou FIFO (First In - First Out), esse método de- número elevado de características do material;
• Flexibilidade: permite interfaces entre os diversos
fine que as primeiras unidades compradas e estocadas
tipos de classificação de forma a obter visão ampla
serão as primeiras unidades a serem utilizadas no pro-
do gerenciamento de estoques.
cesso produtivo ou a serem vendidas. Ou seja, utiliza
• Praticidade: o processo de classificação deve ser
como critério a ordem cronológica das entradas dos
prático, ou seja, direto e simples.
produtos no estoque.
CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS POR TIPO DE DE-
ALMOXARIFADO MANDA
INTRODUÇÃO A Classificação de Materiais por Tipo de Demanda
divide-se em Materiais de Estoque e Materiais Não de
O almoxarifado é o espaço destinado à armazenagem Estoque.
dos materiais iniciais, em sua maioria as matérias-primas,
mas também podem ser compostos por materiais secun- 1. Materiais de estoque
dários e demais materiais necessários ao processo produ-
tivo. Os Materiais de Estoque devem existir em estoque
Diferente de depósito, este é o espaço destinado à para utilização futura. Para esses materiais são determi-
armazenagem de produtos acabados. nados critérios e parâmetros de ressuprimento automá-
Os materiais necessários ao processo produtivo são tico para que eles nunca faltem em estoque. Tais critérios
adquiridos dos fornecedores externos pelo departamen- e parâmetros são baseados na previsão da demanda e na
to de compras. importância para a empresa.
O departamento de compras, após aprovação dos Classificação dos Materiais de Estoque:
materiais pelo órgão de Controle de Qualidade, libera
os mate­riais comprados para entrada ao almoxarifado. a) Quanto à aplicação:
Os materiais ao chegarem ao almoxarifado são ar- •M  ateriais produtivos: materiais ligados direta-
mazenados e passam a seguir ao processo produtivo mente e indiretamente ao processo produtivo.
somente quando requisitados pelas diversas seções por •M  atérias-primas: materiais básicos e insumos que
meio da Requisição de Materiais. formam os itens iniciais e integram o processo
produtivo da empresa.
•P  rodutos em fabricação: materiais em processa-
01. Classificação de materiais
mento, materiais que estão sendo processados.
Por estarem em processamento, não se encon-
A classificação de materiais é o processo que tem por
tram no almoxarifado e nem no estoque final.
objetivo agrupar os materiais por características comuns. •P  rodutos acabados: produtos pertencentes ao
A classificação de materiais é responsável pela identi- estágio final do processo produtivo, produtos fi-
ficação, simplificação, codificação, normalização, padro- nalizados.
nização e catalogação dos materiais. • Materiais de manutenção: materiais aplicados em
manutenção, sua utilização é repetitiva.
a) Identificação: primeira etapa responsável por •M  ateriais improdutivos: materiais que não consti-
classificar os materiais. Analisa e registra as carac- tuem o produto no processo produtivo (materiais
terísticas físico/químicas e aplicações do material. de limpeza, materiais de escritório).
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

b) Simplificação: redução da grande diversidade de • Materiais de consumo geral: materiais de consu-


itens destinados a uma mesma finalidade, nesse mo, utilizados em diversas áreas da empresa, de
caso havendo dois ou mais materiais destinados maneira repetitiva, porém não são utilizados para
a uma mesma finalidade é recomendável escolha fins de manutenção.
pelo uso de apenas uma delas.
c) Codificação: após a classificação, são atribuídos b) Quanto ao valor do consumo anual: para obtenção
códigos representativos aos materiais para que se- de resultados positivos no processo de gerencia-
jam identificados. mento de estoques, se faz necessário e importante
d) Normalização: definem as normas, ou seja, as a separação dos materiais, definindo o que é im-
prescrições relativas ao uso do material. portante quanto ao valor de consumo e o que não

107
é tão importante, ou seja, o que é essencial, do que Por problemas
é secundário. Para essa separação utiliza-se a Cur- Material importado
de Obtenção
va ABC. De acordo com Chiavenato (2005, p. 79)
“a Classificação ABC baseia-se no princípio de que De difícil fabricação ou
a maior parte do investimento em materiais está obtenção
concentrada em um pequeno número de itens”. Por razões econômicas Material de elevado valor
• Materiais A: poucos itens, porém com peso no
investimento em estoque bem elevado. Material com elevado cus-
• Materiais B: quantidade média de itens que pos- to de armazenagem
sui valor de consumo de 15% aproximadamente. Material com elevado cus-
Itens de importância relativa. to de transporte
• Materiais C: grande quantidade de itens com va- Por problemas de arma-
lor de consumo acumulado baixo (5% a 10%) dos Material perecível
zenagem e transporte
estoques. A classe C compõe os itens mais nume-
rosos, porém menos importantes. Material de alta periculo-
sidade
Material de elevado peso
c) Quanto à importância operacional: define a im-
portância operacional dos materiais no processo Material de grandes di-
produtivo para não prejudicar a continuidade de mensões
produção operacional. Por problemas de pre- Material com utilização de
• Materiais X: materiais de aplicação não importan- visão difícil previsão
te, podendo haver similares na empresa; Material de reposição de
• Materiais Y: materiais de aplicação de média im- Por razões de segurança
alto custo
portância, podendo haver similar ou não;
• Materiais Z: materiais de aplicação muito impor- Material para equipamento
tante, não há similar. Sua falta acarreta a paraliza- vital da produção
ção da produção. Material de reposição de
alto custo
02. Materiais de não estoque VIANA, 2006, p.56.

Materiais comprados para utilização imediata. Não MATERIAIS OBSOLETOS E INSERVÍVEIS


são estocados, ou podem ser estocados temporariamen-
te no almoxarifado. Isso, pois, no processo produtivo Essa classificação compõem os materiais são obso-
podem existir necessidades de materiais de demanda letos (antigos, ultrapassados) ou inservíveis (inúteis) por
imprevisível, ou seja, materiais em que não há regula- isso devem ser eliminados, pois compõem um estoque
ridade de consumo, não havendo definição de parâme- morto.
tros para ressuprimento automático. A aquisição desses
existe por solicitação direta do usuário de acordo com a
constatação da necessidade. EXERCÍCIOS COMENTADOS
MATERIAIS CRÍTICOS 1. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-
TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
De acordo com Viana (2006, p.56) Materiais Críticos CONTRATOS E CONVÊNIOS – FGV – 2018) A classifica-
“são materiais de reposição específica de um equipa- ção de materiais busca uma organização que permita a
mento ou de um grupo de equipamentos iguais, cuja melhor gestão dos materiais em um dado processo. Um
demanda não é previsível e cuja decisão de estocar é bom sistema de classificação deve possuir os seguintes
tomada com base na análise de risco que a empresa cor- atributos:
re, caso esses materiais não estejam disponíveis quando
necessário”. a) simplicidade, precisão e abrangência;
b) abrangência, flexibilidade e praticidade;
c) praticidade, durabilidade e precisão;
Razões para existência de Materiais críticos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

d) durabilidade, simplicidade e precisão;


e) precisão, praticidade e maneabilidade.
Por problemas
Material importado Resposta: Letra B. Os atributos para classificação
de Obtenção
de materiais são: Abrangência: a classificação deve
Existência de um único abranger um número elevado de características do
fornecedor material; Flexibilidade: permite interfaces entre os di-
Escassez no mercado versos tipos de classificação de forma a obter visão
ampla do gerenciamento de estoques; Praticidade: o
Material estratégico processo de classificação deve ser prático, ou seja, di-
reto e simples.

108
2. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS- b) Inventário Programado: programado em sistema
TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO, em períodos estabelecidos e por amostragem de
CONTRATOS E CONVÊNIOS – FGV – 2018) Um sistema itens.
de classificação eficaz deve abordar as seguintes etapas: c) Inventário a Pedido: realizado quando solicitado
em sistema seja pela administração de materiais
a) identificação – simplificação – codificação – normaliza- ou controladoria. Podem ser solicitados devido fa-
ção – padronização – catalogação; lhas de processamento, solicitações do almoxarife,
b) catalogação – simplificação – especificação – normati- da gestão da auditoria ou por outros motivos.
zação – aglutinação – codificação;
c) catalogação – complementação – identificação – nor- Quadro comparativo entre opções de inventário:
matização – padronização – codificação;
d) sintetização – simplificação – normatização – padroni- Inventário Anual Inventário Rotativo
zação – codificação – identificação;
e) catalogação – simplificação – flexibilização – normali- Esforço concentrado, pro- Sem grandes esforços,
zação – padronização – codificação. duzindo pico de custo. com custos distribuídos.
Resposta: Letra A. A classificação de materiais é o pro- Gera impacto nas ativi- É possível a continuidade
cesso que tem por objetivo agrupar os materiais por dades da empresa, com de atendimento com o
características comuns. A classificação de materiais é almoxarifado de portas almoxarifado de portas
responsável pela identificação, simplificação, codifi- fechadas. abertas.
cação, normalização, padronização e catalogação dos Incremento da produ-
materiais. Produtividade da mão-
tividade, com ações
-de-obra decrescente
preventivas, que, sem
INVENTÁRIO ocorrendo falhas durante
consequência, reduzem
o processo.
as falhas.
O inventário refere-se a contagem dos materiais
existentes na empresa, ocorridas periodicamente, com Almoxarifes tornam-se
Almoxarifes “reaprendem”
o objetivo de comparar com os estoques registrados e especialistas no processo
ano após ano.
contabilizados em controle da empresa. Dessa forma é e no ajuste.
possível comprovar a existência dos materiais e a exa- O feedback imediato ele-
tidão dos mesmos. Ou seja, os inventários confrontam va a qualidade, havendo
a realidade física dos estoques em relação aos registros As causas divergências motivação e participação
contábeis. não são identificadas. geral; assim, as causas das
Por essa razão, o inventário pode ser considerado um divergências são rapida-
instrumento de gerenciamento de grande relevância e mente identificadas.
importância.
Confiabilidade não me- Aprimoramento contínuo
1. Inventários anuais lhora. da confiabilidade.
VIANA, 2006, p. 384.
O Inventário anual é realizado em época de balanço.
Para efetuá-lo exige-se a paralisação das atividades para MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS
contagem dos materiais. Portanto impraticáveis em em-
presas de grande porte, pela inviabilidade de paralização Movimentação de Materiais refere-se a todo o flu-
xo de materiais ocorrido dentro da empresa. Em todo e
das atividades.
qualquer sistema de produção existe a movimentação de
materiais.
2. Inventários rotativos
A movimentação de materiais tem por objetivo ga-
rantir o abastecimento das seções de produção e a sequên-
O inventário rotativo é um processo de recontagem
cia do processo entre as várias seções que o envolvem.
física de todo o estoque e ocorre de maneira contínua,
Esta pode ser horizontal (em um espaço plano e em
em frequência pré-determinada, seja esta diária, sema-
um mesmo nível) ou vertical (em prédios que contém an-
nal, mensal. O Inventário Rotativo pode utilizar os recur- dares ou níveis de altura).
sos de informática para inventariar os materiais. O Inven- De acordo com Chiavenato (2005, p. 145) as princi-
tário Rotativo pode ser:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

pais finalidades da movimentação de materiais são:


a) Inventário Automático: realizado quando surge 1. Aumentar a capacidade produtiva da empresa
ocorrência de eventos que indicam possível diver-
gência ou para garantir confiabilidade de estoque A eficiência na movimentação de materiais permite
em relação a materiais vitais. Os eventos podem utilizar a capacidade produtiva da empresa de maneira
ser: saldo zero no sistema de controle, requisição plena, e às vezes, até aumentá-la. Tal aumento pode ocor-
de material atendida parcialmente, requisição de rer devido:
material não atendida, material crítico requisitado, Redução do tempo de fabricação;
material crítico recebido e transferência de locali- Incremento da produção por meio do abastecimento
zação. de materiais intensificado;

109
Utilização racional da capacidade de armazenagem. ADMINISTRAÇÃO DE COMPRAS
INTRODUÇÃO
2. Melhorar as condições de trabalho
Compra significa basicamente a procura e providência
Contribuindo para que as pessoas tenham melhores de entrega de materiais necessários à empresa de acordo
condições de trabalho, vez que deve proporcionar maior com as especificações exatas, qualidade e quantidade re-
segurança e redução de acidentes, redução das fadigas, querida, no prazo estabelecido, a um preço adequado e
aumento da produtividade da mão-de-obra. justo.
3. Reduzir os custos de produção por meio da re- 1. Atividades do departamento de compras
dução da mão de obra braçal
Preparação do Processo de Compras: recebimento de
Vez que são utilizados equipamentos de manuseio e documentos e elaboração do processo de compra;
transporte, redução dos custos de materiais visto que são Planejamento da Compra: nessa etapa verifica a indi-
acondicionados e transportados de maneira a evitar per- cação de fornecedores e elabora condições gerais e es-
pecíficas relacionadas à compra;
das e danificações aos materiais e redução de custos em
Seleção de Fornecedores: seleciona os fornecedores
despesas por meio de despesas menores de transporte e
com enfoque na abertura de concorrência, analisa o de-
níveis de estoque de materiais reduzidos.
sempenho dos fornecedores, analisa suas capacidades
em atender as necessidades da empresa;
Instrução: Em algumas questões a seguir, preencha nos Concorrência: nessa etapa surge a negociação com os
campos a seguir o campo designado com o código C, fornecedores, a fim de verificar quais atendem a necessi-
caso julgue o item CERTO; ou o campo designado com o dade de compra. Nessa etapa há expedição de consulta,
código E, caso julgue o tem ERRADO. abertura, análise e avaliação de propostas;
Contratação: definição dentre as propostas da con-
corrência pelo fornecedor ideal para a aquisição dos ma-
teriais, a definição ocorre pela equalização das propos-
EXERCÍCIOS COMENTADOS tas. Nessa fase há a realização do pedido;
Controle de entrega: acompanhamento com o forne-
3. (FBN – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO I, II E III – cedor desde o pedido até a fase de entrega, recebimento
MÉDIO – 2013 – FGV) O inventário físico é um impor- do material, análise de quantidade e qualidade de acor-
tante instrumento de controle de estoques. A respeito da do com as exigências contratadas, e encerramento do
sua obrigatoriedade, é correto afirmar que processo.

a) ele identifica eventual discrepância entre a apuração ESTRATÉGIAS DE AQUISIÇÃO DE RECURSOS MATE-
do estoque físico e do estoque contábil. RIAIS
b) ele permite a reanálise da arrumação física do estoque
frente aos registros contábeis. 1. Verticalização
c) ele exige a verificação do tamanho das embalagens e
do volume a ser estocado. A Verticalização prevê que a empresa tentará produzir
d) ele obriga a redução dos custos de recebimento frente internamente tudo o que puder para suprir a produção
aos registros contábeis. até o produto final. Se necessário comprará de terceiros
as menores quantidades possíveis.
Vantagens: a empresa possui independência em re-
Resposta: Letra A. O inventário tem o objetivo de
lação à terceirização, maior lucratividade, visto que ab-
comparar os estoques físicos aos estoques registrados
sorve os lucros que repassaria aos fornecedores, maior
e contabilizados em controle da empresa. Ou seja, os autonomia, domínio em relação a tecnologias próprias.
inventários confrontam a realidade física dos estoques Desvantagens: alto investimento, menor flexibilidade,
em relação aos registros contábeis. estrutura da empresa deve ser ampla (estrutura física, hu-
mana e material).
4. (AGU – ADMINISTRADOR – SUPERIOR – CESPE –
2010) Com relação à administração de materiais, julgue 2. Horizontalização
os itens a seguir. Os inventários rotativos são efetuados
no final de cada exercício fiscal da empresa e incluem a A Horizontalização prevê que a empresa comprará de
totalidade dos itens de estoque de uma só vez. terceiros o máximo dos itens necessários para composi-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ção do produto final.


CERTO ( ) ERRADO ( )
Vantagens: custos reduzidos, flexibilidade na defini-
Resposta: Errado. O inventário rotativo é um proces- ção dos volumes de produção (sendo esses menores,
so de recontagem física do estoque e ocorre de ma- visto que itens serão adquiridos de terceiros), engenharia
neira contínua, em frequência pré-determinada, seja simultânea (empresa e fornecedor), esforços concentra-
esta diária, semanal, mensal. dos apenas no produto principal da empresa.
Desvantagens: controle tecnológico reduzido, depen-
dência elevada de terceiros, lucros menores, menor do-
mínio tecnológico.

110
I. perda de flexibilidade;
II. maior investimento (custos maiores);
EXERCÍCIOS COMENTADOS III. dependência de terceiros.

1. (ITAIPU BINACIONAL – PROFISSIONAL NÍVEL UNI- Pode-se afirmar que:


VERSITÁRIO JR – ADMINISTRAÇÃO – SUPERIOR –
UFPR – 2017) A empresa ALFA, presente há 15 anos no a) somente I está correta.
mercado, abrirá uma nova fábrica e com isso precisará b) somente II está correta.
de novos insumos para sua operação. A equipe de com- c) somente III está correta.
pras precisará estruturar o processo para adquirir esses d) há apenas duas afirmativas corretas.
novos insumos visando atender essa nova necessidade.
e) todas estão corretas.
Assinale a alternativa que representa a sequência ideal
do processo de compras a ser estabelecido.
Resposta: Letra D. As desvantagens da verticalização
a) Preparação do processo, planejamento da compra, incluem perda de flexibilidade e maior investimento.
seleção de fornecedores, concorrência, contratação e Porém não há dependência de terceiros, uma vez que a
controle da entrega. empresa prioriza por produzir todos ou a maior quan-
b) Planejamento da compra, preparação do processo, tidade de itens para a produção do produto final. A
seleção de fornecedores, concorrência, contratação e dependência de terceiros ocorre estratégia de horizon-
controle da entrega. talização.
c) Preparação do processo, planejamento da compra,
concorrência, seleção de fornecedores, contratação e GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS OU
controle da entrega. SUPPLY CHAIN MANAGEMENT
d) Planejamento da compra, preparação do processo,
concorrência, seleção de fornecedores, contratação e De acordo com Slack et. al (2006, p. 305) a expressão
controle da entrega. rede de suprimentos é utilizada para “designar todas as
e) Preparação do processo, planejamento da compra, unidades produtivas que estavam ligadas para prover o
concorrência, contratação, seleção de fornecedores e suprimento de bens e serviços para uma empresa e para
controle da entrega. gerar a demanda por esses bens e serviços até os clientes
finais”.
Resposta: Letra A. A sequência ideal do processo de
compras são Preparação do Processo de Compras (fase A rede de suprimentos é formada pela cadeia de su-
de elaboração do processo de compra), Planejamen- primentos que gerencia todas as tarefas, atividades e
to da Compra (indicação de fornecedores e elabora unidades produtivas que ligadas fluem bens e serviços,
condições gerais e específicas relacionadas à compra), para dentro e para fora da empresa, na busca de agregar
Seleção de Fornecedores (seleciona os fornecedores valor a todos os envolvidos na cadeia.
com enfoque na abertura de concorrência, analisa o
desempenho dos fornecedores e sua capacidade de A Gestão da Cadeia de Suprimentos ou Supply Chain
suprimento), Concorrência (negociação com os for- Management (SCM) refere-se a um processo integrado
necedores: expedição de consulta, abertura, análise e que envolve fornecedores, produtor, distribuidores e
avaliação de propostas), Contratação (definição pelo clientes no compartilhamento de informações e planeja-
fornecedor ideal e realização do pedido), Controle de mentos que visam o canal mais eficiente e mais competi-
entrega (acompanhamento com o fornecedor desde o tivo para prover suprimentos.
pedido até a fase de entrega, recebimento do material A Cadeia de Suprimentos visa otimizar os processos
e encerramento do processo). objetivando a satisfação do cliente e a criação de vanta-
gem competitiva.
2. (CRQ 18ª – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MÉDIO Segundo Chiavenato (2005, p. 112)
– QUADRIX – 2016) Vários são os tipos ou critérios de
O SCM permite visualizar todo o processo de gera-
classificação de materiais, determinados em função das in-
ção continuada de valor desde a chegada da ma-
formações gerenciais desejadas pelo gestor de materiais.
A possibilidade de fazer ou comprar é um desses critérios téria-prima até a entrega do produto acabado ao
e tem por objetivo prover a informação de quais materiais cliente final de maneira integrada e sistêmica. Esse
poderão ser produzidos internamente pela organização e é o ciclo integral que vai da matéria-prima entregue
quais deverão ser adquiridos no mercado. As categorias pelo fornecedor até a chegada do produto acabado
de classificação podem ser assim listadas: • materiais a se- ao consumidor final.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

rem produzidos internamente; • materiais a serem adqui-


ridos; • materiais a serem recondicionados (recuperados) Para haver as ações integradas entre os diversos par-
internamente; • materiais a serem produzidos ou adquiri- ticipantes da Cadeia de Suprimentos, há necessidade de
dos (depende de análise caso a caso pela organização). A uso avançado de tecnologia da informação, por meio de
decisão sobre produzir ou adquirir um item de material no sistemas de gerenciamento de informações e pesquisas
mercado é tomada pela cúpula da organização, conside- operacionais modernos e avançados.
rando os custos e a estrutura envolvida. Nesse contexto,
há duas estratégias possíveis: a verticalização e a horizon-
talização. Podem ser apontadas como desvantagens da
verticalização:

111
EXERCÍCIOS COMENTADOS HORA DE PRATICAR!

1. (COBRA TECNOLOGIA S.A. – TÉCNICO ADMINIS- 1. (CESPE/2018 – STJ) Com relação a características das
TRATIVO – MÉDIO – ESPP – 2012) __________ é a inte- organizações formais modernas; tipos de estrutura orga-
gração dos processos do negócio, desde os fornecedores nizacional; natureza, finalidades e critérios de departa-
até o consumidor final, que assegure os suprimentos de mentalização, julgue o próximo item.
produtos, serviços e informações, de tal forma que acres- A estrutura matricial prejudica a coordenação porque di-
cente valor ao cliente. ficulta a comunicação e diminui a flexibilidade.

a) Administração de Materiais. ( ) CERTO ( ) ERRADO


b) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos.
c) Gestão do Estoque. 2. (CESPE/2017 – TRT/7ª Região - CE) O tipo de depar-
d) Compras. tamentalização que se baseia em tarefas interdependen-
tes e orientadas para objetivos únicos como estratégia
Resposta. Letra B. A Gestão da Cadeia de Suprimen- para determinar o desenho organizacional refere-se à
tos ou Supply Chain Management (SCM) refere-se a departamentalização
um processo integrado que envolve fornecedores,
produtor, distribuidores e clientes no compartilha- a) territorial.
mento de informações e planejamentos que visam o b) funcional.
canal mais eficiente e mais competitivo para prover c) por projetos.
suprimentos. Busca otimizar os processos objetivando d) por produto.
a satisfação do cliente e a criação de vantagem com-
petitiva. 3. (CESPE/2018 – PGE/PE) Acerca dos contratos adminis-
trativos, julgue os itens a seguir.
I. No caso de atrasos dos pagamentos devidos pela admi-
nistração contratante, superiores a noventa dias, é possível
a aplicação, pelo contratado, da exceção do contrato não
cumprido, salvo em casos excepcionais, como calamidade
pública ou guerra.
II. A modificação do regime de execução da obra para
melhor adequação técnica constitui hipótese de alteração
unilateral do contrato.
III. Aos contratos administrativos de prestação de servi-
ços contínuos com dedicação exclusiva de mão de obra
aplica-se o reajuste por índices.
IV. É cláusula necessária dos contratos administrativos a
que estabelece as penalidades cabíveis para as situações
de sua inexecução parcial ou total.

Assinale a opção correta.

a) Apenas os itens I e II estão certos.


b) Apenas os itens I e IV estão certos.
c) Apenas os itens II e III estão certos.
d) Apenas os itens III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

4. (CESPE/2017 – TCE/PE) Acerca da gestão de proces-


sos, julgue o item a seguir.
Processos de suporte são aqueles que têm o objetivo
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

de medir, monitorar, controlar atividades e administrar


o presente e o futuro do negócio, não agregando valor
diretamente para o cliente.

( ) CERTO ( )ERRADO

112
ANOTAÇÕES
GABARITO

_______________________________________________
1 ERRADO ________________________________________________
2 B
________________________________________________
3 B
4 ERRADA ________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

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________________________________________________
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

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113
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

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114
ÍNDICE

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Noções de Administração pública: Modelos de Administração Pública e sua evolução. Administração patrimonialista.
Administração burocrática. Administração pública gerencial..................................................................................................................... 01
Gestão pública, Governabilidade, Governança e Accountability. Gestão pública empreendedora. Inovação no setor
público............................................................................................................................................................................................................................. 15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SUA
EVOLUÇÃO. ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIALISTA. ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA. AD-
MINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL.

Prezado candidato, não deixe de conferir os tópicos em NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO para completar seus
estudos.

GESTÃO PÚBLICA, GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E ACCOUNTABILITY. GESTÃO PÚBLICA


EMPREENDEDORA. INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO.

Governar significa “deter uma posição de força a partir da qual seja possível desempenhar uma função imediata-
mente associada ao poder de decidir e implementar decisões ou, ainda, de comandar e mandar nas pessoas”.
Já as expressões governabilidade e governança são muito mais qualificativas.

Representam:

a) A governabilidade refere-se mais à dimensão estatal do exercício do poder. Diz respeito às “condições sistêmi-
cas institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma
de governo, as relações entre os Poderes, o sistema de intermediação de interesses” (Santos, 1997).
Ainda segundo Luciano Martins, o termo governabilidade refere-se à arquitetura institucional, distinto, portanto
de governança, basicamente ligada à performance dos atores e sua capacidade no exercício da autoridade polí-
tica (apud Santos, 1997, p. 342).

1. Dimensões da governabilidade (Diniz, 1995):

#FicaDica
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Governabilidade:
- Está situada no plano do Estado.
- Trata-se de um conjunto de atributos essencial ao exercício do governo, sem os quais nenhum poder
será exercido;

b) Já a governança tem um caráter mais amplo. Pode englobar dimensões presentes na governabilidade, mas vai
além.
Segundo Melo (apud Santos, 1997): “refere-se ao modus operandi das políticas governamentais – que inclui, dentre
outras, questões ligadas ao formato político institucional do processo decisório, à definição do mix apropriado
de financiamento de políticas e ao alcance geral dos programas”.
Santos (1997) destaca que “o conceito (de governança) não se restringe, contudo, aos aspectos gerenciais e admi-
nistrativos do Estado, tampouco ao funcionamento eficaz do aparelho de Estado”.

1
Sendo assim, governança refere-se a

Ou seja, enquanto a governabilidade tem uma dimensão essencialmente estatal, vinculada ao sistema político-ins-
titucional, a governança opera num plano mais amplo, englobando a sociedade como um todo.

O Sistema de Intermediação é uma das características da governabilidade e se refere a grupos que se associam em
redes com a intenção de manifestar suas preferencias frente à atividade estatal.
Temos como formas de sistemas de intermediação:
- Clientelismo – podemos considera-lo como uma relação entre classes sociais diferentes, onde percebe-se uma
dependência entre as partes e uma relação de lealdade e necessidade. Outra coisa que percebemos nessa forma
de intermediação é que esta apresenta muito mais um aspecto politico, do que cultural ou social, envolvendo
lealdades pessoais e troca de vantagens através da estrutura pública que controlam.
- Corporativismo – trata-se de um sistema representativo de interesses econômicos e profissionais nos âmbitos
políticos, organizados através de entidades singulares, compulsórias, que seguem ordenação hierárquica, não
competitivas entre si, e à elas é concedido monopólio de representação dentro de sua categoria ou segmento,
sem nenhum tipo de participação no processo decisório da gestão publica, sendo na verdade muito mais uma
forma de controle do próprio Estado. Ex.: Câmaras Setoriais.
- Neocorporativismo: forma de intermediação de interesses entre sociedade e Estado. Como característica desta-
cável temos a existência de corporações de interesse privado na intermediação publica, surgido dentro da so-
ciedade e indo para o cenário estatal através de negociações diretas com a gestão publica. Nesse sistema, o que
temos é a criação de um canal participativo dessas corporações na tomada de decisão publica, atuando como
parceiros, que como contrapartida, poderá oferecer apoio para criação e execução de politicas governamentais.

2. Acconuntability

O termo accountability refere-se a ideia de responsabilização, refere-se ao controle e à fiscalização dos agentes
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

públicos. Porém ainda não possuímos um consenso em relação ao seu conceito.


Alguns autores defendem a noção menos abrangente do termo, que não compreende em seus limites as relações
informais de fiscalização e controle, não considerando assim como agentes de accountability, a imprensa e organi-
zações da sociedade civil que comumente se incumbem de monitorar e denunciar abusos e condutas sem ética de
agentes públicos no exercício do poder.
Outros autores admitam um rol de relações bem mais abrangente, estipulando que tais relações devem necessaria-
mente incluir a capacidade de sanção aos agentes públicos.
Em que se pese, accountability implica não apenas responsabilização do governante ou burocrata, mas também a
capacidade de o agente fiscalizador demandar justificação do governante ou burocrata por seus atos ou omissões. En-
tende-se que accountability significa manter indivíduos e organizações passíveis de serem responsabilizadas pelo seu
desempenho, sendo portanto um conjunto de abordagens, mecanismos e práticas usados pelos atores interessados
em garantir um nível e um tipo desejados de desempenho dos serviços públicos.

2
2.1. Accountability e democracia participativa

Em primeira instância, entende-se que o desenvolvimento de uma cultura política e da consciência popular são
os primeiros passos para uma democracia verdadeiramente participativa e para a accountability do serviço público. A
medida que a democracia vai amadurecendo, o cidadão, individualmente passa do papel de consumidor de serviços
públicos e objeto de decisões públicas a um papel ativo de sujeito. A mudança do papel passivo para o de ativo guar-
dião de seus direitos individuais constitui um avanço pessoal, mas, para alcançar resultados, há outro pré-requisito: o
sentimento de comunidade. A cidadania organizada pode influenciar não apenas o processo de identificação de neces-
sidades e canalização de demandas, como também cobrar melhor desempenho do serviço público. Destaca-se aqui o
caminho ideal para a accountability.
A atual realidade exige um novo padrão de deliberação que considere o cidadão como o foco da ação pública. O
processo institucional de diferenciação e de complementaridade de funções entre Estado, mercado e sociedade civil orga-
nizada é um processo essencialmente político, que tem reflexo nas competências constitucionais, nos grandes objetivos
de governos legitimados pelas urnas e nas demandas identificadas pelo sistema político e pela burocracia governamental.
Neste contexto, nas sociedades democráticas mais modernas aceita-se como natural e espera-se que os governos
e o serviço público sejam responsáveis perante os cidadãos. Acredita-se que o fortalecimento da accountability e o
aperfeiçoamento das práticas administrativas caminham juntos.
Vale destacar que Accountability não é apenas uma questão de desenvolvimento organizacional ou de reforma ad-
ministrativa. Entende-se que a accountability deve ser compreendida como uma questão de democracia, pois quanto
mais avançado o estágio democrático, maior o interesse pela accountability. E a accountability tende a acompanhar o
avanço de valores democráticos, tais como igualdade, dignidade humana, participação, representatividade. A inevitável
necessidade o desenvolvimento de estruturas burocráticas para o atendimento das responsabilidades do Estado traz
consigo a necessidade de proteção dos direitos do cidadão contra os usos (e abusos) do poder pelo governo como um
todo, ou qualquer indivíduo investido em função pública.

O accountability possui três planos:

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Pode ser classificado como:

Horizontal: não há hierarquia, pois corresponde a uma mútua fiscalização e controle existente entre os poderes.
Exemplos: prefeitura recebe recursos do governo e a CGU faz uma auditoria; atuação dos Tribunais de Contas, do Mi-
nistério Público;
Vertical: trata do controle da população sobre o governo. É uma relação entre desiguais, pois o povo pode fiscalizar
e punir as más gestões, principalmente através do voto em eleições livres e justas. “É algo que depende de mecanismos
institucionais, sobretudo da existência de eleições competitivas periódicas, e que é exercido pelo povo” (Miguel, 2005).

Portanto, podemos concluir que governabilidade, a governança e a accountability constituem diferentes conceitos,

3
mas que trabalhados conjuntamente correspondem a fatores essenciais para a boa gestão de um Estado, onde, a go-
vernança se relaciona com capacidade de execução e competência técnica, ou seja, é a capacidade do governo de pra-
ticar as decisões tomadas, a governabilidade está relacionada com a legitimidade, isto é, são as condições necessárias
que o governo precisa para exercer o poder, a capacidade do governo de implementar suas políticas e, para finalizar, a
accontability está relacionada ao uso do poder e dos recursos públicos, isto é, trata-se da prestação de contas.

Texto adaptado de Rejane Esther Vieira Mattei/Alcindo Goncalves

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (TRT/21ª Região/RN – 2017 - FCC) Os conceitos de governança e governabilidade, embora não coincidentes, são
indissociáveis e complementares, sendo aplicados, cada qual, em diferentes contextos. Nesse sentido, considere:

I. Governança, em uma de suas acepções, representa o modo como as organizações são administradas e controladas e
como interagem com as partes interessadas.
II. Governabilidade refere-se às condições substantivas do exercício do poder e legitimidade do governo, derivada da
relação com a sociedade.
III. Governança e governabilidade podem ser fundidas em um único metaconceito, correspondente a accountability,
própria dos governos democráticos.

Está correto o que consta APENAS em

a) I e II.
b) III.
c) I e III.
d) II e III.
e) II.

Resposta: Letra A. Primeiramente, vamos relembrar os conceitos:


GOVERNABILIDADE : legitimidade
GOVERNANÇA : implementação de politicas públicas
ACCOUNTABILITY : prestar contas.
Portanto, podemos automaticamente eliminar a afirmativa III, afinal, são conceitos que, embora interligados, são dis-
tintos.
O outro ponto a ser analisado e que fez com que muitos considerassem a afirmativa I como errada, é o fato de não con-
siderar que a governança pode ser analisada no campo público e no campo corporativo, sendo este último o pertinente
à afirmativa, portanto, ela está correta.
Dessa forma temos como CERTAS as afirmativas I e II

Empreendedorismo e inovação na Gestão Pública

As mudanças que ocorrem relativas às novas tecnologias de informações e de comunicação (TIC) afetam a socie-
dade de forma geral, assim como os governos nos processos de tomada de decisões. Com vista desta realidade, os
governantes de distintos países estão se preparando para utilizar estas ferramentas na construção de governos mais
democráticos, estreitando o relacionamento do setor público com a sociedade civil.
A ideia de e-governo surge para suprir esta necessidade, utilizando asTICs de forma a alcançar o objetivo de demo-
cratizar os governos e haver maior transparência e controle social.
Acredita-se que a utilização da Internet e de Web Sites governamentais para prestação de serviços públicos on-line
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

e para disponibilização das mais variadas informações acerca das atividades públicas representa um caminho para
melhorar a eficácia e a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos bem como do processo democrático. Por meio
desses expedientes, julga-se ser possível atender demandas mais específicas da população e que a mesma possa ter
uma participação mais efetiva na gestão pública, tanto definindo prioridades quanto fiscalizando e controlando as
ações do governo. (FERREIRA e ARAUJO, 2000, p.1).
Segundo Silva e Lima (2007, p.5), a democracia eletrônica é o caminho para dinamizar a relação entre governo e
cidadão e promover a democratização do século XXI.
Alguns autores igualam o governo eletrônico ao governo digital, onde pode denominá-lo através da aplicação da
TI no provimento de acesso a informação e serviços. O conceito usual de governo eletrônico, segundo Gartner Group
(2000) apud Santos e Honorífica (2002, p.6), é: “a contínua otimização de oferta de serviço, participação do eleitorado
e governança mediante transformação de relacionamentos internos e externos com uso da tecnologia, da internet e
da nova mídia”.
No entanto, cabe ressaltar que o governo eletrônico não está vinculado somente à utilização das TICs, que em

4
conformidade com Prado (2009, p.32), “os governos sempre fizeram uso, em maior ou menor escala, das tecnologias
disponíveis em seus processos internos ou na interação com a sociedade”, transformando o conceito de governo ele-
trônico muito mais extenso, como o aumento da eficiência, monitoramento das políticas públicas, transparência, busca
da melhor governança, aplicação das TICs para melhorar os processos da administração pública, dentre outros.

#FicaDica
Governo Eletrônico não significa apenas uso de tecnologia da informação, trata-se de um processo que
engloba outros fatores.
Em verdade, ele deve ser encarado como a transição entre uma forma de governar fortemente segmen-
tada, hierarquizada e burocrática, que ainda caracteriza o dia-a-dia da imensa maioria das organizações
públicas e privadas, para um Estado mais horizontal, colaborativo, flexível e inovador, seguindo um fi-
gurino mais coerente com a chegada da sociedade do conhecimento, fenômeno que começou a ganhar
contornos mais visíveis no último quarto do século passado. Agune e Carlos (2005, p.1)

Diante das principais definições constantes na literatura quanto a governo eletrônico, podemos destacar algo em
comum nelas, que se traduzem em três objetivos que essas abordam:
- Promoção de um governo mais eficiente;
- Provimento de melhores serviços aos cidadãos e
- Melhoria do processo democrático”.

Com a tecnologia da informação é possível transmitir as informações com maior rapidez e com precisão a todos
os usuários, podendo estes participar de forma ativa no acompanhamento e no controle das ações governamentais.
A figura a seguir apresenta o papel estratégico que a tecnologia da informação e comunicação tem no governo,
apontando os principais temas que o governo, ao focalizar seus esforços, pode gerar de positivo à sociedade.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O governo eletrônico engloba, três atores institucionais (Goes e Damasceno, 2004, p.3), sendo eles identificados
como:

5
A maioria dos governos que têm empreendido esforços para construir o governo eletrônico visa, segundo Silva Fi-
lho (2004, p.1): “ação pública direcionada ao cidadão; oferta de meios de acesso a informações e serviços; organização
das informações dentro dos órgãos do governo; troca de informações entre as várias esferas do governo e suporte a
interoperabilidade”.

Conforme Ferreira e Araújo (2000, p.1), as funções que os governos estão explorando, a fim de obter uma gestão
pública mais participativa e eficiente, através do governo eletrônico, são:
a) A de propiciar maior transparência no modus operandis da gestão pública, facilitando o exercício do que tem
se convencionado chamar de accountability, que compreende em grande parte a obrigatoriedade do gestor de
prestação de contas ao cidadão (votante, consumidor e financiador dos bens públicos); e
b) A de permitir a troca rápida de informações entre membros do governo, como, por exemplo, preços cotados em
licitações, divulgação de experiências bem sucedidas de gestão, dentre outras atividades que intensifiquem o
aumento da eficiência na máquina pública.

Outro beneficio alcançado através do governo eletrônico é a diminuição dos gastos da administração pública e a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

melhor utilização dos recursos, pois muitos serviços passam a ser realizados por meio eletrônico, pela própria socie-
dade e a qualquer hora. Isso gera diminuição no número de servidores e/ou terceirizados que até então realizavam
atividades burocráticas.
As prestações de serviços, informações e comunicações entre cidadãos e seus governos são realizados através dos
portais, que beneficiam tanto a sociedade como o governo. A sociedade tem disponível as informações e os serviços
em tempo integral, sem a necessidade de deslocamento, ganhando rapidez no acesso e no tempo de execução, além
de qualidade. O governo ganha maior capacidade de atendimento, custo reduzido e mais transparência. (SILVA e LIMA,
2007, p.8).

3. O acesso à informação e à democratização

O debate sobre a importância da informação para a eficiência da gestão pública, sendo ela insumo para o aperfei-
çoamento da ação governamental e das relações entre Estado e sociedade é algo constante no cenário atual.

6
O fluxo contínuo de informações passa a ser o vetor do processo de transformação da sociedade, de características
industriais para uma sociedade do conhecimento, que tem a informação como insumo básico e seu acesso potenciali-
zado pelas tecnologias da informação e comunicação. (SILVA e LIMA, 2007, p.1).
O princípio da eficiência exige transparência na administração pública, para se ter maior controle da máquina admi-
nistrativa e combate à ineficiência formal, sendo possível uma maior participação do cidadão na administração pública,
inclusive, criando condições para que a sociedade possa avaliar os serviços públicos e denunciar possíveis irregularida-
des. (RAMOS JUNIOR, 2009, p.147).
Quanto aos benefícios que o governo eletrônico pode trazer para o governo e a sociedade referente à transparência
e eficiência, Vaz (2008, p.1) afirma:
Processos redesenhados, com implantação de instrumentos de governo eletrônico, podem gerar além de maiores re-
cursos e ampliação dos serviços, uma maior transparência que proporcionará maior integração e ao mesmo tempo maior
possibilidade de acesso as decisões governamentais.

Através da transparência das informações o governo cria confiança entre os governantes e governados, permitindo
o direito ao controle social. De acordo com Torres (2004, p.42), a transparência vem como solução para o problema
da corrupção e visa propiciar o aperfeiçoamento constante das ações estatais. Com o aumento da transparência das
ações, o controle social também aumenta, gerando impactos sobre a responsabilidade dos governantes e diminuindo
a corrupção no setor público. Além de que, através da informação, há maiores chances e oportunidades para implantar
e ajustar as políticas públicas, a fim de ganhar maior efetividade.
Outro benefício percebido por Ferreira e Araujo (2000, p.2) quanto à transparência da gestão pública é sua con-
tribuição “para melhorar o acesso ao mercado internacional de crédito”, que ocorre devido ao comprometimento das
autoridades públicas com a responsabilidade de prestação de contas, estando sujeita ao controle externo.
O controle social permite a fiscalização e o controle dos gastos públicos, bem como a avaliação dos resultados
alcançados pela ação governamental, podendo ser exercido pelos conselhos e pelos cidadãos. Em conformidade com
Brasil (2008, p.56) “a efetividade dos mecanismos de controle social depende essencialmente da capacidade de mobi-
lização da sociedade e do seu desejo de contribuir, o que permitirá uma utilização mais adequada dos recursos finan-
ceiros disponíveis”.
Para que haja o controle social é necessário haver a transparência das ações governamentais, com troca de informa-
ção entre governo-sociedade e co-responsabilização entre a ação de ambos. O governo deve levar a informação à so-
ciedade e este deve buscar de forma consciente essa informação para influenciar no processo de tomada de decisões.
Alguns problemas que há para a eficácia do controle social é a capacidade de processamento das informações dis-
ponibilizadas pela administração pública, sendo excessivamente técnicas e especializadas, dificultando o entendimento
da população.
Segundo Brasil (2008, p.58), a transparência da gestão pública e das ações do governo depende:
- Da publicação de informações, de forma clara e compreensível ao público a que se destinam;
- De espaços para a participação popular na busca de soluções para problemas na gestão pública;
- Da construção de canais de comunicação e de diálogo entre a sociedade civil e o governante;
- Do funcionamento dos conselhos, órgãos coletivos do poder público e da sociedade civil, como papel de partici-
par da elaboração, execução e fiscalização das políticas públicas;
- Da modernização dos processos administrativos, que, muitas vezes, dificultam a fiscalização e o controle por parte
da sociedade civil;
- Da simplificação da estrutura de apresentação do orçamento público, e do processo de execução desse orçamen-
to, assim entendida a arrecadação e o gasto dos recursos públicos.

Silva e Lima (2007, p.6) ao abordarem sobre a importância da interação entre a sociedade e o governo para a cons-
trução de um Estado democrático, defendem: “na medida em que o Estado amplia os mecanismos de participação
popular, torna transparente suas ações, propicia maior controle social, melhora a prestação de serviços e os estende a
todos cidadãos, tem-se um Estado mais democrático”.
A democracia conforme Brasil (2008, p.33), “nutre-se da autonomia dos indivíduos e da liberdade de opinião e de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

expressão”, com esta autonomia a sociedade pode livremente escolher seus agentes políticos, interferir nos processos
de governo, promovendo o controle social da ação pública ou participando da construção de políticas públicas.
O governo eletrônico é um sistema de inter-relação, do governo com a sociedade, sendo um mecanismo importan-
te para a transparência, a cidadania e a democracia. Conforme Vieira (2008, p.2), “entende-se que governo eletrônico
tem entre seus objetivos contribuir com o aumento da transparência e participação da sociedade nas ações governa-
mentais”.
A figura a seguir demonstra como as ações do governo eletrônico podem contribuir para a democratização e efi-
ciência das ações governamentais.

7
O governo eletrônico é um governo ágil, que visa à prestação de serviços e informações de qualidade para os cida-
dão, conforme Chahin et al. (2004, p.58) o governo eletrônico “deve usar as tecnologias da informação e da telecomu-
nicação para ampliar a cidadania, aumentar a transparência da gestão e participação dos cidadãos na fiscalização do
poder público e democratizar o acesso aos meios eletrônicos”.
O governo eletrônico é composto por vários componentes que de forma geral auxiliam na boa gestão pública, no
entanto, estes componentes não devem ser desenvolvidos de forma isolada, pois de nada adianta ter transparência de
informação sem a participação popular. A democracia só existe a partir da relação governo e cidadão, e o Estado com
estes novos conceitos caminha para se tornar mais flexível, colaborador e transparente.

Texto adaptado de Flávia Monaco Vieira/Vando Vieira Batista dos Santos

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EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (Câmara de Belo Horizonte/MG – 2018 - CONSULPLAN) “No Brasil, a política de Governo Eletrônico segue um
conjunto de diretrizes que atuam em três frentes fundamentais: junto ao cidadão; na melhoria da sua própria gestão
interna; na integração com parceiros e fornecedores.”
(Disponível em: https://www.governoeletronico.gov.br/sobre-o-programa/diretrizes.)
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Partindo desses objetivos fundamentais, pode-se deduzir que tais diretrizes abrangem, EXCETO:

a) Priorização do uso de softwares livres.


b) Prescindibilidade de políticas de inclusão digital.
c) Integrabilidade de dados, programas e sistemas.
d) Acessibilidade e usabilidade dos sítios eletrônicos.

Resposta: Letra B.
De acordo como o relatório Consolidado, das oficinas de Planejamento estratégico, o governo eletrônico será imple-
mentado segundo sete princípios. Estes devem servir como referência geral para estruturar as estratégias de inter-
venção, adotadas como orientações para todas as ações de governo eletrônico, gestão do conhecimento e gestão
da TI no governo federal. São eles (BRASIL, 2004, p. 8):

8
“1. Promoção da cidadania como prioridade;
2. Indissociabilidade entre inclusão digital e o governo
eletrônico; HORA DE PRATICAR!
3. Utilização do software livre como recurso estraté-
gico; 1. (TRT/12ª Região/SC – 2017 - FGV) Uma entidade da
4. Gestão do Conhecimento como instrumento estra- administração pública iniciou uma série de ações com
tégico de articulação e gestão das políticas públicas; vistas a adotar boas práticas de governança pública, en-
5. Racionalização dos recursos; tre elas criar instâncias na estrutura da entidade para im-
6. Adoção de políticas, normas e padrões comuns; plantar e disseminar as boas práticas.
7. Integração com outros níveis de governo e com os De acordo com o Referencial Básico de Governança Pú-
demais poderes.” blica (TCU, 2014), as instâncias internas de governança
2. (FUNAI – 2016 - ESAF) Conforme Diniz (2015, pág. são responsáveis por definir ou avaliar a estratégia e as
50), “(...) o e-gov é, hoje, uma realidade em construção e, políticas, bem como monitorar a conformidade e o de-
apesar de possuir crescimento distinto dependendo do sempenho destas.
país ou região, é considerado um dos principais instru- Essas instâncias podem ser exemplificadas por:
mentos governamentais para melhora da gestão públi-
ca”. a) auditoria interna;
(DINIZ, E. H. Governo na web: reflexões teóricas e práti- b) conselhos de administração;
cas. 2015, pág. 50) c) conselho fiscal;
d) controladorias;
Sobre o desenvolvimento do governo eletrônico no con- e) ouvidoria.
texto brasileiro, é correto afirmar que:
2. (TRT/24ª REGIÃO/MS – 2017 - FCC) Nos últimos
a) governo aberto em distintas bases de dados e a inte- anos, diferentes conceitos, alguns oriundos da iniciativa
roperabilidade entre os sistemas de informações go- privada, passaram a permear a atuação da Administração
vernamentais estão amplamente difundidos na gestão Pública, entre eles:
pública brasileira, sem diferenças significativas entre
os níveis de governo. I. Governança, que é sinônimo de governabilidade, e cor-
b) a sociedade brasileira tem pleno acesso às tecnologias responde à legitimidade política.
da informação, o que oportuniza o amplo desenvol- II. Eficiência, relacionada com o uso racional e econômico
vimento de ações relacionadas à democracia digital. dos insumos na produção de bens e serviços.
c) a Lei de Acesso à Informação (LAI) representa um III. Efetividade, que diz respeito ao impacto final das
grande avanço normativo para a relação entre Estado ações e ao grau em que atinge os resultados almejados
e sociedade no Brasil e busca garantir o direito funda- pela sociedade.
mental de acesso à informação dos cidadãos no âmbi-
to do setor público Está correto o que se afirma APENAS em
d) a disponibilização, em tempo real, de informações
pormenorizadas sobre a execução orçamentária e fi- a) II e III.
nanceira atrapalha a gestão governamental e é facul- b) I e II.
tada aos entes governamentais. c) I e III.
e) o Portal da Transparência do Governo Federal caracte- d) III.
riza-se como um mecanismo de transparência passiva e) II.
e fortalece a governança eletrônica e a aproximação
com o cidadão. 3. (TRE/PI – 2016 - CESPE) A respeito de desenvolvi-
mento e disponibilização de novas tecnologias, celerida-
Resposta: Letra C. de dos meios de comunicação e transparência das in-
Alternativa A: Está errada por afirmar que não há dife- formações, tanto no âmbito privado quanto no público,
renças entre os níveis de governo. assinale a opção correta.
Alternativa B: Está errada por desconsiderar aquela
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

fração da sociedade que não possui acesso à Internet. a) As ações do governo eletrônico, relacionadas especial-
Alternativa D: trata-se de aspectos favoráveis à gestão mente ao e-governança, e-democracia e e-governo,
governamental. embora favoreçam a transparência, limitam a partici-
Alternativa E: trata-se de transparência passiva. pação do cidadão e o fortalecimento da cidadania.
b) O uso de tecnologias da informação, que possibilita a
elevação da eficiência administrativa e a melhoria tan-
to dos serviços internos como daqueles prestados ao
cidadão, deu origem ao chamado governo eletrônico.
c) O Programa Sociedade da Informação, do governo fe-
deral, relacionado ao governo eletrônico, visava pro-
mover o accountability governamental e a transparên-
cia das contas públicas.

9
d) A adoção do accountability governamental minimiza
a responsabilização dos governantes, devido à efi- ANOTAÇÕES
ciência das tecnologias utilizadas para sistematizar os
meios de prestação de contas.
e) O uso de tecnologias da informação e comunicação, ________________________________________________
especialmente após a ampliação do acesso à Inter-
net, dificulta a transparência da administração públi- _________________________________________________
ca devido ao excesso de informações cuja avaliação,
_________________________________________________
em termos de veracidade, depende de conhecimentos
técnicos. _________________________________________________

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GABARITO
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1 B _________________________________________________
2 A _________________________________________________
3 B
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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10
ÍNDICE

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Orçamento Público: Conceito, Princípios Orçamentários....................................................................................................................................... 01


Ciclo Orçamentário: Elaboração da Proposta, Estudo e Aprovação, Execução e Avaliação da Execução Orçamentária.
Orçamento Público no Brasil: Lei Federal nº 4.320/1964 atualizada. Finanças Públicas e Orçamento na Constituição Federal
de 1988. Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orçamentária Anual................................................................................ 06
Despesa Orçamentária: Estrutura da Programação Orçamentária. Acompanhamento e Controle da Execução Orçamentária.
Despesas de Exercícios Anteriores. Suprimento de Fundos.................................................................................................................................. 20
Receita Orçamentária: Classificação por Natureza: Categoria Econômica, Origem, Espécie, Desdobramentos para
Identificação de Peculiaridades da Receita, Tipo. Classificação da Receita por Esfera Orçamentária. Recursos Arrecadados
em Exercícios Anteriores. Créditos Orçamentários Iniciais e Adicionais. Etapas da Receita Orçamentária e da Despesa
Orçamentária........................................................................................................................................................................................................................... 25
Restos a Pagar......................................................................................................................................................................................................................... 29
Dívida Ativa............................................................................................................................................................................................................................... 31
Lei Complementar nº 101/2000 atualizada: Disposições Preliminares, Planejamento, Receita e Despesa Pública, Transferências
voluntárias, Destinação de Recursos para o Setor Privado, Dívida e Endividamento. Gestão Patrimonial e Contábil. Lei de
Responsabilidade fiscal........................................................................................................................................................................................................ 31
Por meio desse instrumento, é possível a sociedade
ORÇAMENTO PÚBLICO: CONCEITO, acompanhar o fluxo de recursos do Estado, fluxo esse
que é traduzido em lei orçamentária, que é elaborada
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS pelo Executivo e aprovada pelo Legislativo, sendo assim,
é saudável uma relação harmoniosa entre os dois pode-
res, para que ambos trabalhem juntos para que a saúde
ORÇAMENTO PÚBLICO financeira do Estado seja promovida em paralelo aos in-
vestimentos em projetos necessários à sociedade, sendo
Finanças Públicas é a terminologia que tem sido tra- esses limitados ao previsto e fixado no orçamento.
dicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da Como dissemos, esse é um instrumento que permite
política econômica que envolve o uso de medidas de tri- que a sociedade possa acompanhar o fluxo de recursos
butação e de dispêndios públicos. Essa expressão não é do Estado, porém, não se trata de um instrumento tão
muito adequada, já que os problemas básicos não são facilmente compreendido devido a algumas complexi-
financeiros, mas tratam do uso dos recursos econômicos, dades envolvidas, porém, por meio da técnica chamada
da distribuição da renda e do nível de emprego. análise vertical, agrupando as receitas e despesas em
conjuntos (atividade, grupo, função), destacando-se in-
Ainda que a política orçamentária seja uma parcela
dividualmente aqueles que tenham participação signifi-
importante deste tema tão amplo, dificilmente ela pode-
cativa, essa compreensão torna-se facilitada, por meio
ria reivindicar uma participação exclusiva.
de uma apresentação da participação percentual dos
Há muito tempo, economistas e filósofos sociais valores destinados a cada item no total das despesas ou
preocupavam-se com a equidade fiscal. Seus pensamen- receitas, por exemplo, o governo aplicará 15% de seus
tos geraram duas teorias básicas: recursos em saneamento básico, ou seja, o cidadão fica
sabendo do montante disponível, qual o percentual para
• Dos “benefícios recebidos”; cada área ou projeto está previsto no orçamento.
• Da “capacidade de pagamento”. Temos também a análise horizontal do orçamento,
que retrata uma comparação entre os valores do orça-
A teoria dos benefícios foi a primeira a ser desenvol- mento atual com os valores correspondentes nos orça-
vida e utilizada extensivamente. Com o advento do mar- mentos anteriores (expressos em valores reais, atualiza-
ginalismo – utilidade marginal aplicada na determinação dos monetariamente, ou em moeda forte).
do valor e preço – o princípio da capacidade de paga-
Essas técnicas e princípios de simplificação devem
mento evoluiu consideravelmente.
ser aplicados na apresentação dos resultados da exe-
Boa parcela do nexo desses princípios é devida ao
cução orçamentária (ou seja, do cumprimento do or-
próprio Adam Smith que, em “A Riqueza das Nações”
çamento), confrontando o previsto com o realizado em
(1776), estabeleceu que “os cidadãos de qualquer Esta-
cada período e para cada rubrica. Deve-se apresentar,
do devem contribuir para o suporte do Governo, tanto
quanto possível, na proporção de sua capacidade, ou também, qual a porcentagem já recebida das receitas e
seja, da renda que usufruem sob a proteção do Estado”. a porcentagem já realizada das despesas.
Smith reconheceu o princípio da progressividade na É fundamental que a peça orçamentária seja conver-
tributação. Na mesma obra, estipula que “não é irrazoá- tida em valores constantes, permitindo avaliar o mon-
vel que os ricos devam contribuir para a despesa pública, tante real de recursos envolvidos.
não apenas na proporção de suas rendas, mas em algo Como sabemos a realidade não é estática, portanto,
mais do que essa proporção”. Esses três princípios – be- vezes se torna necessária alguma alteração na progra-
nefício, capacidade e progressividade – fornecem as ba- mação existente, exigindo assim alteração dos recursos
ses para as discussões correntes da equidade fiscal. e finalidades de seu uso, para isso, existe as margens

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


de suplementação, que permitirão essa flexibilidade na
A compreensão que durante muito tempo foi acei- execução do orçamento quando as prioridades estabe-
ta para orçamento público, de que esse era apenas uma lecidas exigirem alguma modificação.
peça que continha previsão de receitas e fixação de des- Com a indexação orçamentária mensal à inflação
pesas para um período determinado, ou seja, meramente real, consegue-se o grau necessário de flexibilidade na
peça contábil, hoje não tem mais espaço na compreen- execução orçamentária, sem permitir burlar o orçamen-
são atual. to por meio de elevadas margens de suplementação.
Isso porque é impossível imaginar um orçamento Pode-se restringir a margem a um máximo de 3%.
público que não esteja alinhado aos planos de governo, Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É
sendo assim, a compreensão atual que temos para orça- preciso apresentar as condições que permitirão os níveis
mento é que este é um instrumento de planejamento da previstos de entrada e dispêndio de recursos.
ação governamental, possuindo um aspecto dinâmico, No caso da receita, é importante destacar o nível de
ao contrário do orçamento tradicional já superado, que evolução econômica, as melhorias realizadas no siste-
possuía caráter eminentemente estático. ma arrecadador, o nível de inadimplência, as alterações
Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato realizadas na legislação e os mecanismos de cobrança
pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder Legislati- adotados.
vo autoriza, por certo período de tempo, a execução das No caso da despesa, é importante destacar os princi-
despesas destinadas ao funcionamento dos serviços pú- pais custos unitários de serviços e obras, as taxas de juros
blicos e outros fins adotados pela política econômica ou e demais encargos financeiros, a evolução do quadro de
geral do país, assim como a arrecadação das receitas já pessoal, a política salarial e a política de pagamento de
criadas em lei”. empréstimos e de atrasados.

1
Os resultados que a simplificação do orçamento gera No Brasil, a prática orçamentária federal – anteceden-
são, fundamentalmente, de natureza política. Ela permi- te à Lei n° 4.320, de 17 de março de 1964 – baseava-se
te transformar um processo nebuloso e de difícil com- na técnica tradicional de orçamento. Essa técnica clássica
preensão em um conjunto de atividades caracterizadas produz um orçamento que se restringe à previsão da re-
pela transparência. ceita e à autorização de despesas.
Como o orçamento passa a ser apresentado de for- Sua principal característica é a ênfase no controle
ma mais simples e acessível, mais gente pode entender contábil do gasto em si, isto é, nos valores que serão gas-
seu significado. A sociedade passa a ter mais condições tos. Esse tipo de orçamento deixa de lado a preocupação
de fiscalizar a execução orçamentária e, por extensão, com os objetivos econômicos ou sociais que o governo
busca com tais despesas.
as próprias ações do governo municipal. Se, juntamen-
Não se verifica uma preocupação primária com o
te com essa simplificação, forem adotados instrumentos
atendimento das necessidades bem formuladas da cole-
efetivos de intervenção da população na sua elaboração tividade ou da própria Administração Púbica.
e controle, a participação popular terá maior eficácia.
Outra importante mudança ocorrida no cenário do Orçamento de Desempenho ou de Realizações
orçamento público foi a redefinição das funções dos ato-
res envolvidos na gestão pública financeira, em que o Le- A evolução do orçamento clássico trouxe um novo
gislativo passou a ter mais prerrogativas na condução do enfoque na elaboração da peça orçamentária.
processo decisório no tocante à priorização do gasto e à Passa a considerar não somente os valores das des-
alocação da despesa, ficando ainda mais claro isso com pesas do governo, mas sim suas ações, o que ele faz com
a unificação dos orçamentos do Governo Federal, com a tais verbas, além de avaliar a relação entre o que se pre-
criação da Secretaria do Tesouro Nacional, que redefiniu tendia fazer e o que realmente foi feito.
as funções do Banco do Brasil, do Banco Central e do Evidenciar as “coisas que o governo compra” passa a
Tesouro Nacional. ser menos importante em relação às “coisas que o go-
Com essas redefinições todas, o planejamento orça- verno faz”.
mentário consolidou-se no formato de um Plano Pluria- O orçamento de desempenho, embora já ligado aos
nual (PPA) e, a cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamen- objetivos, não pode, ainda, ser considerado um orça-
tárias (LDO), que por sua vez deve preceder a elaboração mento-programa, visto que lhe falta uma característica
essencial, que é a vinculação ao Sistema de Planejamen-
da Lei Orçamentária Anual (LOA).
to.
Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal,
reconhecendo-se que os resultados fiscais e, por con- Orçamento-Programa
sequência, os níveis de endividamento do Estado, não
podem ficar ao sabor do acaso, mas devem decorrer de Este orçamento surge da recente e crescente preocu-
atividade planejada, consubstanciada na fixação de me- pação em fortalecer a vinculação existente entre planeja-
tas fiscais. Os processos orçamentário e de planejamen- mento e orçamento.
to, seguindo a tendência mundial, evoluíram das bases Trata-se do mais moderno tipo de orçamento, que,
do orçamento-programa para a incorporação do concei- além de focar nas ações e realizações do governo, é uma
to de resultados finalísticos, em que os recursos arreca- ferramenta que permite operacionalizar tudo isso por
dados devem retornar à sociedade na forma de bens e meio do planejamento.
serviços que transformem positivamente sua realidade. Ao contrário do que ocorria em períodos de altos
E o principal a ser destacado nesse processo evolutivo índices inflacionários, hoje é possível planejar (pelo me-
todo que envolve o orçamento público é o nível de trans- nos a curto e médio prazo) ações voltadas à realização
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

parência que se alcançou com todas essas medidas e que eficiente de políticas públicas de bem-estar. É a progra-
foi potencializada com o uso de recursos tecnológicos mação orçamentária voltada não só para o controle de
que permitem confiança nos registros contábeis e con- gastos, mas também para a avaliação de resultados.
Essa técnica apresenta elementos bem definidos,
trole, o uso de sistemas com finalidades específicas como
como vemos a seguir:
vimos em tópico anterior e outros demais instrumentos
• Objetivos e propósitos perseguidos pelo ente públi-
de ferramentas de gestão. co, e para cuja execução são empregados os recur-
sos orçamentários.
TÉCNICAS ORÇAMENTÁRIAS • Programas instrumentos de integração dos esforços
governamentais no sentido da concretização dos
Quando falamos em orçamento público, ao pontuar- objetivos pretendidos.
mos que ele é decorrente da necessidade de regular a • Custos dos programas quantificados por meio da
discricionariedade dos governos na destinação dos re- identificação dos meios ou insumos (pessoal, ma-
cursos públicos, automaticamente nosso pensamento é terial de consumo, equipamentos, serviços de ter-
levado à ideia de controle. ceiros etc) essenciais para a obtenção dos resul-
Embora alguns aspectos do orçamento público te- tados.
nham evoluído, percebe-se muito daquele modelo tradi- • Medidas de desempenho com a finalidade de per-
cional nas técnicas atuais. mitir a avaliação das realizações (produto final ob-
E são essas que vamos agora analisar. tido) e os esforços despendidos na execução dos
Orçamento Clássico ou Tradicional diversos programas de governo.

2
• A integração com o planejamento das atividades, na medida em que o orçamento deixa de ser apenas um controle
contábil e passa a funcionar também como instrumento de gestão.

Destaca-se que essa técnica tem como principal critério classificatório o funcional e o programático

Orçamento Base Zero

Este orçamento tende a assegurar a sobrevivência das organizações em períodos críticos e criar uma diretriz de
investimento seguro e eficiente.
Sua ideia é a de que todas as despesas devem ser justificadas a cada vez que se inicia um novo ciclo orçamentário, ou
seja, tudo tem que começar do zero novamente, de forma que sua realização contempla planejamento de curto prazo.
Usado como ferramenta de estratégia, ele visa a ajustar os orçamentos, conhecer os custos envolvidos no negócio e
reduzi-los, definindo prioridades e elaborando planos de ação.

Orçamento Participativo

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Falar de processos participativos é falar da participação da sociedade nos processos de tomada de decisão, estimu-
lando o exercício da cidadania.
A legislação a partir da CF assegura várias formas desses processos participativos ocorrerem, tais como, conselhos
de políticas públicas, conferências, audiências, consultas públicas, entre outros.
A aplicação se restringe ao âmbito municipal.

3
O Conselho Gestor é uma dessas formas da socieda- Na concepção de Celso Bastos:
de participar da gestão pública, desempenhando seu pa- Os princípios constituem ideias gerais e abstratas, que
pel regulamentando as ações dos órgãos aos quais estão expressam em menor ou maior escala todas as normas
vinculados, em que deliberam ou não as reivindicações que compõem a seara do direito. Poderíamos mesmo dizer
feitas pela sociedade, com caráter deliberativo e coges- que cada área do direito não é senão a concretização de
tor, funcionando como um canal de comunicação entre a certo número de princípios, que constituem o seu núcleo
sociedade civil e o poder público. central. Eles possuem uma força que permeia todo o cam-
Conforme afirmado pela CGU, po sob seu alcance.
os conselhos são instâncias de exercício da cidadania,
que abrem espaço para a participação popular na gestão Os princípios e as regras constituem a base, o ali-
pública. Nesse sentido, os conselhos podem ser classifica- cerce de um sistema jurídico, são consideradas normas
dos conforme as funções que exercem. Assim, os conselhos jurídicas. São verdadeiras proposições lógicas que fun-
podem desempenhar conforme o caso, funções de fisca- damentam e sustentam um sistema., porém, diferente-
lização, de mobilização, de deliberação ou de consul- mente das normas, os princípios possuem um papel mais
toria. generalizado que as regras, estas, possuem claramente a
função de regular as relações jurídicas, enquanto os prin-
Como função fiscalizadora, o conselho realiza o con- cípios representam um limite de atuação do jurista, ou
trole e acompanha ações do governo. seja, estabelecem balizamentos dentro dos quais o juris-
Como função mobilizadora, o conselho estimula a so- ta exercitará sua criatividade, seu senso do razoável e sua
ciedade a participar, demonstrando a importância desse capacidade de fazer a justiça do caso concreto.
envolvimento. De acordo com Silva (2002, p. 45), para que possam
Como função deliberativa, o conselho participa efeti- assegurar os fins a que se destinam, podem ser sintetiza-
vamente na tomada de decisões sobre as estratégias que dos em dois aspectos: gerais e específicos. Os aspectos
a administração pública fará uso. gerais (receitas e despesas) subdividem-se em: a) subs-
Como função consultiva, o conselho participa com tanciais: anualidade, unidade, universalidade, equilíbrio e
sugestões e opiniões sobre políticas públicas junto aos exclusividade; b) formais ou de apresentação: especifi-
gestores.
cação, publicidade, clareza, uniformidade e precedência.
O orçamento participativo, segundo Boaventura de
Nos aspectos específicos (só das receitas): não-afetação
Souza Santos, é uma estrutura e um processo de partici-
e legalidade da tributação.
pação da comunidade, em que um conjunto de institui-
A seguir, os principais princípios orçamentários:
ções funciona como canal para garantir a participação
no processo decisório do governo e tem como base três
Princípio da Universalidade
princípios, como vemos a seguir.
• Abertura a todos os cidadãos;
• Combinação da democracia direta e representativa; Segundo esse princípio, o orçamento deverá conter
• Combinação de critérios gerais e técnicos para alo- todas as receitas e despesas referentes aos Poderes da
car recursos destinados a investimentos. União, seus fundos, órgãos e entidades da administração
direta e indireta.
Como vimos, são várias as técnicas orçamentárias A Lei nº 4.320/1964 dispõe no mesmo sentido:
existentes, mas não podemos nos esquecer que, de acor- Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação
do com o regime político adotado em cada país, o orça- da receita e despesa de forma a evidenciar a políti-
mento também poderá ser classificado em: ca econômica financeira e o programa de trabalho do
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Governo, obedecidos os princípios de unidade, univer-


Orçamento Legislativo: a elaboração, a votação e o salidade e anualidade.
controle do orçamento são competências do Poder Le- Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as
gislativo. Ao Executivo cabe apenas a execução. receitas, inclusive as de operações de crédito autori-
Orçamento Executivo: a elaboração, a votação, o zadas em lei.
controle e a execução são competências do Poder Exe- Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as
cutivo. despesas próprias dos órgãos do Governo e da admi-
Orçamento Misto: a elaboração e a execução são de nistração centralizada, ou que, por intermédio deles se
competência do Executivo, cabendo ao Legislativo a vo- devam realizar, observado o disposto no art. 2°.
tação e o controle. § 5° A lei orçamentária anual compreenderá:
No Brasil, adota-se o Orçamento Misto, haja visto que I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União,
a competência para elaboração das propostas e envio ao seus fundos, órgãos e entidades da administração di-
Legislativo é privativa do Poder Executivo, competindo reta e indireta, inclusive fundações instituídas e man-
ao Poder Legislativo a sua aprovação e controle. tidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria
do capital social com direito a voto;
O orçamento público está embasado em princípios III - o orçamento da seguridade social, abrangendo
regidos pela CF/1988 e pela Lei nº 4.320/1964, que apre- todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da ad-
senta normas para a elaboração, execução e controle ministração direta ou indireta, bem como os fundos e
desse orçamento. fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

4
Princípio da Unidade Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á
em estrita observância ao princípio de unidade de te-
De acordo com o princípio da unidade, o orçamen- souraria, vedada qualquer fragmentação para criação
to deve ser uno, ou seja, somente deve existir um único de caixas especiais.
orçamento para cada ente da Federação em cada exer-
cício financeiro. Assim, todas as receitas devem ser recolhidas em uma
Segundo a doutrina especializada, o objetivo prin- conta única com o objetivo de confrontar os totais e apu-
cipal desse princípio é evitar a existência de orçamen- rar o resultado deficitário, superavitário ou nulo.
tos paralelos e está amparado pelo disposto na Lei nº Também, a CF/1988 determina qual o destino deve
4.320/1964: ser dado às disponibilidades:
Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação § 3º - As disponibilidades de caixa da União serão de-
da receita e despesa de forma a evidenciar a políti- positadas no banco central; as dos Estados, do Distrito
ca econômica financeira e o programa de trabalho do Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do
Governo, obedecidos os princípios de unidade, univer- Poder Público e das empresas por ele controladas, em
salidade e anualidade. instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos
previstos em lei.
Princípio da Totalidade
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei Comple-
O princípio da totalidade nasceu da necessidade de mentar 101, de 04 de maio de 2000, estabelece normas
se possibilitar a coexistência de diversos orçamentos, de finanças públicas voltadas para a gestão fiscal. Em seu
que, entretanto, devem ser consolidados. texto, mais especificamente no art. 43, estabelece que as
Surgiu após uma remodelação pela doutrina do prin- disponibilidades de caixa relativas à Previdência Social
cípio da unidade, de forma que abrangesse as novas si- deverão ser separadas das demais disponibilidades do
tuações. A CF/1988 determinou um modelo que segue ente público:
o princípio da totalidade, já que a composição do orça- § 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de pre-
mento anual deve ser: orçamento fiscal, orçamento da vidência social, geral e próprio dos servidores públi-
seguridade social e orçamento de investimentos das es- cos, ainda que vinculadas a fundos específicos a que
tatais. se referem os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão
Na visão de José Afonso da Silva, o princípio da uni- depositadas em conta separada das demais disponi-
dade orçamentária, na concepção de orçamento-progra- bilidades de cada ente e aplicadas nas condições de
ma, não se preocupa com a unidade documental; ao con- mercado, com observância dos limites e condições de
trário, desdenhando-a, postula que tais documentos se proteção e prudência financeira.
subordinem a uma unidade de orientação política, numa
hierarquização dos objetivos a serem atingidos e na uni- Princípio do Orçamento Bruto
formidade de estrutura do sistema integrado.
Para o Ente Público, existem despesas que, ao serem
Princípio Periodicidade ou da Anualidade realizadas, geram receitas. De outro lado, há receitas que,
quando de sua arrecadação, geram despesas. Exemplo
De acordo com esse princípio, o orçamento deve ser prático é o pagamento de salários. Quando ocorre o pa-
elaborado e autorizado para um período de um ano. É o gamento, o Estado realiza despesas. Porém, a partir de
que dispõe a CF/1988: um determinado valor, há a incidência do imposto de

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabe- renda sobre a remuneração paga. Esse valor de imposto
lecerão: de renda torna-se uma receita para o Ente Público.
I - O plano plurianual; Pelo princípio do orçamento público, é vedado que as
II - As diretrizes orçamentárias; despesas ou receitas sejam incluídas no orçamento nos
III - Os orçamentos anuais. seus montantes líquidos.
É nesse sentido a previsão da Lei nº 4.320/1964:
Segundo a Lei nº 4.320/1964, o orçamento deve ter Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de
vigência limitada a um exercício financeiro, que coincide Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.
com o ano civil. § 1º As cotas de receitas que uma entidade pública
deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no
Parte da doutrina especializada entende que a há ex- orçamento da entidade obrigada a transferência e, como
ceções ao princípio da anualidade. receita, no orçamento da que as deva receber.
Caso haja abertura de créditos especiais ou extraor-
dinários nos últimos 4 meses do ano, tais valores serão Princípio do Equilíbrio Orçamentário
incorporados ao orçamento do ano seguinte.
Tem como objetivo principal assegurar que as despesas
Princípio da Unidade de Tesouraria (ou de Caixa): autorizadas não serão superiores à previsão das receitas.
A própria Lei de Responsabilidade Fiscal determi-
A Lei nº 4.320/1964 consagra o princípio da unidade na que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) trate do
de tesouraria: equilíbrio entre receitas e despesas, nos seguintes ter-
mos:

5
Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o dis- a prestação de garantias às operações de crédito por
posto no § 2o do art. 165 da Constituição e: antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem
I - disporá também sobre: como o disposto no § 4º deste artigo.
a) equilíbrio entre receitas e despesas. O objetivo principal é inibir que as vinculações redu-
zam a liberdade do planejamento por parte do adminis-
A CF/1988 prevê possibilidade de ocorrência de dé- trador público.
ficit orçamentário, caso em que as receitas são inferiores Existem algumas exceções a esse princípio. Primeira-
às despesas. Assim, contabilmente, o orçamento estará mente, somente as receitas provenientes de impostos é
sempre em equilíbrio pois o déficit aparece normalmen- que não podem ser vinculadas, ou seja, aquelas prove-
te nas operações de crédito que, pelo art. 3º da Lei nº nientes de taxas e contribuições de melhoria podem.
4.320/1964, também devem constar do orçamento. Além disso, tal regra não abrange os fundos consti-
tucionais em geral (fundos de manutenção e desenvol-
vimento do ensino, fundos de participação dos Estados
Princípio da Exclusividade
etc.).
O princípio da exclusividade tem como objetivo prin-
Princípio da Legalidade
cipal evitar que o orçamento seja utilizado para aprova-
ção de materiais que não tenham qualquer pertinência O princípio da legalidade impõe ao Poder Público,
com o conteúdo orçamentário. Tal preocupação deve-se em matéria orçamentária, subordinação às prescrições
ao fato da maior celeridade do processo orçamentário. legais.
Assim, a lei orçamentária não deve conter matéria, Dessa forma, as leis orçamentárias, LOA, LDO e PPA,
por exemplo, de direito penal. assim como os créditos adicionais, serão encaminhados
A vedação encontra-se insculpida na CF/88: pelo Poder Executivo para discussão e aprovação pelo
art. 165 (...) Congresso Nacional. Portanto, a aprovação do orçamen-
§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo to deve observar o processo legislativo, conforme pre-
estranho à previsão da receita e à fixação da despe- ceitua a CF/88:
sa, não se incluindo na proibição a autorização para Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabe-
abertura de créditos suplementares e contratação de lecerão:
operações de crédito, ainda que por antecipação de I – o plano plurianual;
receita, nos termos da lei. II – as diretrizes orçamentárias;
III – os orçamentos anuais.
Assim, a lei orçamentária deve, em regra, conter ape- ART. 166. Os projetos de lei relativos ao plano pluria-
nas a previsão de receitas e a fixação de despesas. nual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual
e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas
Princípio da Publicidade Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
comum.
O princípio da Publicidade consta do artigo 37 da
CF/88 como princípio geral que deve ser seguido pela CICLO ORÇAMENTÁRIO: ELABORAÇÃO
Administração Pública, juntamente com os princípios da
DA PROPOSTA, ESTUDO E APROVAÇÃO,
Legalidade, Impessoalidade, Moralidade e Eficiência.
De acordo com esse princípio que também é orça- EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO
mentário, garante-se o acesso a qualquer interessado às ORÇAMENTÁRIA. ORÇAMENTO PÚBLICO
NO BRASIL: LEI FEDERAL Nº 4.320/1964
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

informações necessárias ao exercício da fiscalização so-


bre a utilização dos recursos públicos. Também, determi- ATUALIZADA. FINANÇAS PÚBLICAS
na que é condição de eficácia do ato sua divulgação em E ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO
veículos oficiais de comunicação. FEDERAL DE 1988. PLANO PLURIANUAL,
LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS, LEI
Princípio da não-vinculação ou não-afetação das ORÇAMENTÁRIA ANUAL
receitas

De acordo com esse princípio, nenhuma receita de


impostos poderá ser ou comprometida para atender a CICLO ORÇAMENTÁRIO
certos e determinados gastos conforme disposto na
CF/1988: A CF/1988 determina a elaboração do orçamento
Art. 167. São vedados: com base em três leis ordinárias:
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fun- • Plano Plurianual (PPA), a cada 4 anos;
do ou despesa, ressalvadas a repartição do produto • Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), anualmente;
da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. • Lei Orçamentária Anual (LOA).
158 e 159, a destinação de recursos para as ações e
serviços públicos de saúde, para manutenção e desen- Visando a fortalecer a interligação dos processos de
volvimento do ensino e para realização de atividades planejamento e orçamento (alocação de recursos), a CF
da administração tributária, como determinado res- 88 exigiu que o PPA, a LDO e a LOA fossem articulados,
pectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e interdependentes e compatíveis.

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A LDO recebeu a função de unir o PPA e a LOA. Por Por fim, ressalta-se que, mesmo depois de votado o
isso, a LDO pode ser considerada um “esqueleto” da lei orçamento e já se tendo iniciada a sua execução, o pro-
orçamentária anual: estabelece, anualmente, a estrutura cesso legislativo poderá novamente ser desencadeado
para a elaboração do orçamento. Por sua vez, a própria em virtude projeto de lei destinado a solicitar autoriza-
elaboração da LDO deve obedecer aos princípios do PPA. ções para a abertura de créditos adicionais.
Enfim, a Constituição determina que a elaboração da
LDO ocorra à luz das diretrizes fixadas no PPA (CF, art.
Execução
166, § 4°). Essa mesma orientação vale para a elaboração
da LOA (CF, art. 165, § 7°; CF, art. 166, § 3°, I).
O ciclo orçamentário tem início com a elaboração da Após a publicação da lei orçamentária, temos o início
proposta do Plano Plurianual (PPA) pelo poder Executivo, da fase de execução, que é o próprio processamento das
sendo que isso acontece no primeiro ano de governo do despesas previstas.
presidente, governador ou prefeito recém-empossado
ou reeleito. Ademais, nos termos da LRF, art. 8º, o Poder Execu-
O ciclo orçamentário é o conjunto de fases que com- tivo deverá, no prazo de 30 dias, publicar o decreto de
preendem atividades típicas do orçamento público, des- programação financeira e o cronograma de execução
de sua elaboração até etapas posteriores a sua execução. mensal de desembolso, que tem por objetivos:
Para a realização desse processo, devem ser cumpri- I – Assegurar as unidades orçamentárias, em tempo
das as seguintes etapas: hábil, a soma de recursos necessários para a me-
a) Elaboração; lhor execução do programa de trabalho;
b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação; II – Manter durante o exercício financeiro o equilíbrio
c) Execução;
entre receita arrecadada e despesa realizada, vi-
d) Controle;
e) Avaliação. sando reduzir eventuais insuficiências de recursos.

Elaboração A Secretaria de Orçamento Federal descentraliza as


dotações orçamentárias, distribuindo-as às unidades or-
Fase que compete ao Poder Executivo, o qual realiza çamentárias.
estudos para preparação dos projetos das leis orçamen- A fase de execução tem a exata duração do ano civil.
tárias, que são: PPA, LDO e LOA.
Dentre os parâmetros que se deve utilizar nessa fase, Controle e Avaliação
também conhecida como pré-proposta, destacamos:
Trata-se da aferição e do acompanhamento, por parte
• Análise histórica da execução do orçamento (saber dos órgãos dos sistemas de controle interno (Controla-
o quê, como e quanto se gastou); doria Geral da União (CGU)) e externo (Congresso Nacio-
• Quantificação dos gastos, recursos e estabelecimen-
nal, auxiliado pelo Tribunal de Contas da União (TCU)), da
to de limites (verificar a LRF);
• Compatibilização dos programas e ajustes dos gas- execução das despesas, verificando se os prazos estão
tos (adequação do planejamento aos gastos). sendo cumpridos e os padrões e normas estão sendo
Quando falamos em ciclo orçamentário, precisamos respeitados.
nos lembrar que este é maior que o exercício financeiro Durante essa fase, devem ser observados os seguin-
em si, pois o ciclo contém uma fase, exatamente essa tes princípios:
que estamos analisando neste momento, que ocorre an- • A legalidade;

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


tes que se inicie o exercício financeiro e, após o exercício, • A economicidade;
temos as fases de controle e avaliação. • A correta aplicação das receitas;
• Suas renúncias.
Apreciação, aprovação, sanção e publicação
O controle aqui estudado pode ser realizado nos se-
Considerando que o orçamento, em sentido formal, guintes momentos:
é uma lei, essa fase trata do próprio processo legislativo.
I – A priori ou prévio: antes da execução do orçamen-
• Inicialmente, a proposta é recebida pela Comissão
to.
Mista Permanente de Orçamento, a qual cabe emi-
tir um parecer sobre o mesmo. II – Concomitante: durante a execução do orçamento.
• A proposta é apreciada pelas duas Casas do Con- III – A posteriori ou subsequente: após o encerramen-
gresso Nacional. Nesta fase, ocorrem discussões, to do exercício financeiro.
emendas e, finalmente, a votação.
• Caso aprovado, o projeto é enviado ao Presidente Ademais, cabe ao gestor público a apresentação da
da República para a sanção e publicação no Diário prestação de contas, que tem como finalidade apresen-
Oficial da União. tar os fatos ocorridos na sua gestão.
A avaliação permite a revisão e a melhora do pla-
Observa-se que o Presidente da República poderá nejamento orçamentário pelo Governo, em que são ob-
propor alterações aos projetos, desde que não tenha servadas as metas atingidas comparadas aos recursos
sido iniciada a votação pela comissão mista, da parte utilizados.
proposta. Esse papel atualmente é exercido pela SPI/MP.

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Embora normalmente os concursos cobrem o ciclo 1) Legitimidade: Baseia-se nas noções de transparên-
orçamentário considerando quatro fases (conforme vi- cia, equidade, universalidade e obediência à norma
mos no conteúdo), pode acontecer (segue exemplo de legal, a população acreditando na justeza da forma
questão a seguir) de esse tema ser cobrado tendo por e do volume de acordo com os quais são obtidos e
base o ciclo orçamentário ampliado, que é o ciclo que alocados os recursos públicos.
tem início com a elaboração do plano plurianual, passan- 2) Simplicidade: Objetiva o desenvolvimento da per-
do pela lei de diretrizes orçamentárias e culminando com cepção e do pleno entendimento, pela população
a lei orçamentária anual, constituindo assim, oito fases, em geral, dos mecanismos e da importância do
como descritas: processo orçamentário como um todo.
– Formulação do planejamento plurianual, pelo Exe-
cutivo; Regras claras e simples são mais compreensíveis. Isto
– Apreciação e adequação do plano, pelo Legislativo; ajuda a criar uma cultura de escolhas objetivas, onde
– Proposição de metas e prioridades para a adminis- cada indivíduo se torna realmente interessado no acom-
tração e da política de alocação de recursos pelo panhamento do uso dos recursos públicos, passando a
Executivo; vigiar e ponderar sobre as ações do Executivo e do Le-
– Apreciação e adequação da LDO, pelo Legislativo; gislativo de uma forma mais exigente. Espera-se um au-
– Elaboração da proposta de orçamento, pelo Execu- mento da consciência sobre as vantagens e custos das
tivo; opções de política traduzidas em verbas pelo orçamento
– Apreciação, adequação e autorização legislativa; público.
– Execução dos orçamentos aprovados; 3) Efetividade: Tal propriedade visa a assegurar que
– Avaliação da execução e julgamento das contas. o processo orçamentário ajude o bom funciona-
mento do Estado, servindo de instrumento, e não
empecilho, à implementação das políticas públicas
Processo Orçamentário
legitimamente aprovadas.
4) Temporalidade: Traduz-se aqui por temporalidade
O processo orçamentário compreende:
a utilização do processo orçamentário como um
- conjunto de regras e procedimentos dirigidas aos
dos instrumentos principais de permeabilização e
agentes públicos;
sujeição dos gastos públicos às preferências inter-
- solução de conflitos de interesse nos diversos pla-
temporais da sociedade.
nos;
- interesse políticos relacionados ao processo deci-
O processo orçamentário deve ser capaz de gerar,
sório; ano a ano, uma sucessão de orçamentos, nos quais a
- nível de endividamento x investimentos e cresci- realização de investimentos possa manter, se a determi-
mento; nação política assim dispuser, os focos de longo prazo
- eficiência na alocação orçamentária; previamente determinados. No Brasil, a Constituição de
1988 tentou fazer isto, alocando um certo percentual
Onde há um orçamento público, há sempre um pro- das despesas para fins específicos. Para a educação, por
cesso orçamentário, seja numa ditadura ou numa demo- exemplo, houve alocação de 18% dos recursos tributá-
cracia desenvolvida. Porém, eles se revestem de carac- rios. Os resultados dessa experiência, entretanto, são po-
terísticas completamente diferentes. No Brasil, durante lêmicos.
o regime militar, por exemplo, o Executivo enviava um Denotamos os quatro pontos acima como Pontos
orçamento para o Legislativo, que deveria aprová-lo sem
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Cardiais do Processo Orçamentário porque eles estabe-


possibilidade de emendas ou maior discussão. Já numa lecem um conjunto mínimo de condições ao bom funcio-
democracia, espera-se que a aprovação do orçamento namento da prática orçamentária pública. Tais condições,
público gere um jogo de negociação dentro do Legislati- porém, são necessárias, mas não suficientes. Países com
vo e entre este e o Executivo. boa estrutura de processo orçamentário podem ou não
O desenho do processo orçamentário visa justamente gerar um bom orçamento público. Todavia, países onde
a aperfeiçoar esse jogo, procurando o máximo possível o processo orçamentário não possui uma ou algumas
criar condições para que os seus resultados sejam gera- das propriedades acima têm demonstrado, em maior ou
dos em um ambiente com algumas importantes proprie- menor grau, menor resiliência na manutenção do desen-
dades. Tais propriedades, que visualizamos aqui como volvimento.
Pontos Cardiais do Processo Orçamentário, são listadas
abaixo sem ordem de precedência: O processo orçamentário é composto das seguin-
- Legitimidade tes etapas:
- Simplicidade 1) fixação das metas de resultado fiscal (constante do
- Efetividade anexo de metas fiscais da LDO e tem por finalidade
- Temporalidade garantir a redução gradual da relação dívida públi-
ca ⁄ PIB. O limite do endividamento corresponderá
A caracterização pragmática e detalhada de cada um a um percentual da RECEITA CORRENTE LÍQUIDA).
destes termos variará de sociedade para sociedade. Seu Depois de estabelecida a meta fiscal, inicia-se a ela-
significado conceitual subjacente, entretanto, ponto mais boração do orçamento com a estimativa da receita,
importante, é facilmente inteligível: possibilitando, a seguir, fixar o valor da despesa.

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2) previsão ou estimativa da receita (observarão nor- Classificam-se como despesas discricionárias as des-
mas técnicas e legais, considerando os efeitos das pesas primárias de execução não obrigatória no âmbito
alterações na legislação, da variação do índice de dos três Poderes e do Ministério Público. Por meio des-
preços, do crescimento econômico ou de qualquer sas despesas, o Governo materializa as políticas setoriais,
outro fatos relevante e serão acompanhadas de viabilizando sua plataforma de “campanha”, pois possui a
demonstrativos de sua evolução e da metodologia discricionariedade de alocação e execução das dotações
de cálculo e premissas utilizadas). orçamentárias de acordo com suas metas e prioridades.
LEGISLAÇÃO, PREÇO e RENDA, configuram-se como
parâmetros fundamentais para estimativas das receitas. 6) elaboração das propostas setoriais
As diversas unidades elaboram simultaneamente as
3) cálculo da necessidade de financiamento (as ne- propostas e definem sua programação orçamen-
cessidades são apuradas nas três esferas de go- tária, resultando numa estrutura programática for-
verno: federal, estadual e municipal. Cada ente da mada pelos programas e suas respectivas ações
Federação deverá indicar os resultados fiscais pre- (projetos, atividades e operações especiais).
tendidos para o exercício financeiro a que a LDO se Após a definição da estrutura programática, é feito o
referir e os dois seguintes). detalhamento da proposta setorial, onde será enviado ao
As necessidades de financiamento do setor público Órgão Central do Sistema Orçamentário para realizar os
são apuradas separadamente pelos Orçamentos Fiscal e ajustes, que serão negociados com os órgãos setoriais do
da Seguridade Social e pelo Orçamento de Investimento Poder Executivo, decorrentes de revisão das estimativas
das Estatais. de receitas e fixação de despesas.
As necessidades de financiamento do Governo Cen-
tral corresponde ao resultado dos orçamentos fiscais e 7) processo legislativo
da seguridade social, e se expressam por meio do resul- 8) sanção da lei
tado primário e resultado nominal. 9) execução orçamentária
10) alterações orçamentárias
A soma das necessidades de financiamento do go-
verno central com as das empresas estatais, correspon-
PLANO PLURIANUAL
dem as necessidades de financiamento da União.
O resultado primário de determinado ente represen-
No Brasil, o Orçamento é definido na Constituição
ta a diferença entre
Federal de 1988 do Brasil e se dá através de três instru-
A) RECEITAS PRIMÁRIAS (impostos, taxas, contribui-
mentos: o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Or-
ções e demais receitas, EXCLUINDO-SE: operações
çamentárias – LDO e a Lei Orçamentária Anual - LOA.
de crédito, receitas de rendimentos de aplicações
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabe-
financeiras, empréstimos concedidos, privatiza- lecerão:
ções, superávit financeiro) I - o plano plurianual;
B) DESPESAS PRIMÁRIAS (despesas orçamentárias, II - as diretrizes orçamentárias;
EXCLUINDO-SE: amortizações, juros e encargos da III - os orçamentos anuais.
dívida, aquisição de títulos de capital integralizado,
concessão de empréstimos) Nesse mesmo artigo, no § 7º, temos que os orça-
Superávit primário = receitas primárias > despesas mentos previstos no § 5º, I e II,( I - o orçamento fiscal
primárias referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


entidades da administração direta e indireta, inclusive
4) fixação dos valores para despesas obrigatórias fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II
(são despesas obrigatórias: as transferência cons- - o orçamento de investimento das empresas em que a
titucionais – fundo de participação dos estados e União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do ca-
dos municípios, programas de financiamento do pital social com direito a voto;) deste artigo, compatibi-
setor produtivo das regiões norte, nordeste e cen- lizados com o plano plurianual, terão entre suas funções
tro-oeste – as despesas de pessoal e encargos so- a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo cri-
ciais, benefícios previdenciários, as decorrentes de tério populacional.
dívidas públicas, contratuais e mobiliárias, e as re- O plano plurianual – PPA é instrumento de planeja-
lacionadas com sentenças judiciais transitadas em mento de médio prazo, que estabelece as diretrizes, ob-
julgado (precatórios). jetivos e metas do governo para os projetos e programas
de longa duração, para um período de quatro anos. Ne-
5) determinação dos limites para despesas discricio- nhuma obra de grande vulto ou cuja execução ultrapasse
nárias um exercício financeiro pode ser iniciada sem prévia in-
Após estimadas todas as receitas, considerando-se clusão no plano plurianual.
a meta de resultado primário prevista na LDO, e
determinadas as despesas obrigatórias (que têm O PLANO PLURIANUAL, com vigência de quatro anos
seu montante determinado por disposições legais (do segundo ano de um mandato até o final do primeiro
e constitucionais), o restante destina-se às despe- ano do mandato seguinte), tem como função estabelecer
sas discricionárias (fixadas em conformidade com as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da admi-
disponibilidade de recursos financeiros). nistração pública.

9
A regulamentação do PPA no art. 165 da Constituição Composto pelo texto da lei e diversos anexos, o pro-
representa peça fundamental da Gestão e a partir da vi- jeto de lei deve ser encaminhado ao Congresso Nacio-
gência da LRF, toda despesa deve estar contemplada no nal até 15 de abril de cada ano.
PPA, caso contrário será despesa não autorizada. Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a
O PPA deverá ser elaborado no primeiro ano de go- tramitação legislativa, observadas as normas constantes
verno e encaminhado até 31 de agosto, contemplando da Resolução nº. 01, de 2006 – CN. O projeto de lei é
as ações governamentais, desdobradas em programas e publicado e encaminhado à Comissão Mista de Planos,
metas. Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO.
Com a adoção deste plano, tornou-se obrigatório o
Governo planejar todas as suas ações e também seu or- 02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado
çamento de modo a não ferir as diretrizes nele contidas, para ser o relator do projeto de diretrizes orçamentárias
somente devendo efetuar investimentos em programas (PLDO) deve, primeiramente, elaborar Relatório Prelimi-
estratégicos previstos na redação do PPA para o período nar sobre o projeto, o qual, aprovado pela CMO, passa a
vigente. Conforme a Constituição, também é sugerido denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer estabele-
que a iniciativa privada volte suas ações de desenvolvi- ce regras e parâmetros a serem observados quando da
mento para as áreas abordadas pelo plano vigente. análise e apreciação do projeto, tais como:
I) condições para o cancelamento de metas constan-
LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias tes do projeto;
II) critérios para o acolhimento de emendas; e
Art. 165, § 2º - A lei de diretrizes orçamentárias III) disposições sobre apresentação e apreciação de
compreenderá as metas e prioridades da administra- emendas individuais e coletivas.
ção pública federal, incluindo as despesas de capital
para o exercício financeiro subsequente, orientará a Além disso, o parecer preliminar avalia os cenários
elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre econômico-fiscal e social, bem como os parâmetros ma-
croeconômicos utilizados na elaboração do projeto e as
as alterações na legislação tributária e estabelecerá a
informações constantes de seus anexos, com o objetivo
política de aplicação das agências financeiras oficiais
de promover análises prévias ao conteúdo apresenta-
de fomento.
do. Como complemento à análise inicial, a CMO realiza
• Define as metas e prioridades do governo para o
audiência pública com o Ministro do Planejamento, Or-
ano seguinte;
çamento e Gestão, antes da apresentação do Relatório
• Orienta a elaboração da lei orçamentária anual;
Preliminar.
• Dispõe sobre alterações na legislação tributária;
Ao relatório preliminar podem ser apresentadas
• Estabelece a política das agências de desenvolvi-
emendas por parlamentares e pelas Comissões Perma-
mento (Banco do Nordeste, Banco do Brasil, BN- nentes da Câmara e do Senado.
DES, Banco da Amazônia, etc.);
• Fixa limites para os orçamentos dos Poderes Legis- 03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar,
lativo e Judiciário e do Ministério Público e dispõe abre-se prazo para a apresentação de emendas ao
sobre os gastos com pessoal. projeto de lei de diretrizes orçamentárias, com vis-
tas a inserir, suprimir, substituir ou modificar dis-
Um dos objetivos constitucionais da LDO é o de apre- positivos constantes do projeto.
sentar metas e prioridades da administração pública fe- Cada parlamentar, Comissão Permanente do Senado
deral para o exercício financeiro subsequente, de acordo
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Federal e da Câmara dos Deputados e Bancada Estadual


com as orientações do PPA. do Congresso Nacional pode apresentar até cinco emen-
Com o advento da Lei Complementar nº 101, de 4 de das ao anexo de metas e prioridades. Não se incluem
maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF), a nesse limite as emendas ao texto do projeto de lei. Para
LDO recebeu novas atribuições, tendi sido integrados à essa finalidade, as emendas são ilimitadas.
ela o Anexo de Metas Fiscais, que contém os valores dos As emendas são apresentadas perante a CMO, que
resultados fiscais e o montante da dívida pública, entre sobre elas emite parecer conclusivo e final, que somente
outras informações; o Anexo de Riscos Fiscais, que apre- poderá ser modificado mediante a aprovação de desta-
senta a avaliação de possíveis dívidas (passivos contin- que no Plenário do Congresso Nacional.
gentes) que poderão afetar as contas públicas
A Lei de Responsabilidade Fiscal remeteu à LDO di- 04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de
versos outros temas, como política fiscal, contingencia- diretrizes orçamentárias e as emendas apresenta-
mento dos gastos, transferências de recursos para enti- das, tendo como orientação as regras estabelecidas
dades públicas e privadas e política monetária. no Parecer Preliminar, e formalizar, em relatório, as
razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas.
01) PROJETO DE LEI: O projeto de LDO (PLDO) é ela- Deve também justificar quaisquer outras altera-
borado pela Secretaria de Orçamento Federal e en- ções que tenham sido introduzidas no texto do
caminhado ao Congresso Nacional pelo Presidente projeto de lei. O produto final desse trabalho, con-
da República, que possui exclusividade na iniciativa tendo as alterações propostas ao texto do PLDO,
das leis orçamentárias. decorrentes das emendas acolhidas pelo relator e
das por ele apresentadas, constitui a proposta de

10
substitutivo. O relatório e a proposta de substitu-
tivo são discutidos e votados no Plenário da CMO, Sua elaboração permite concretizar o planejamento
sendo necessário para aprová-los a manifestação apresentado no PPA e, conforme prevê a LDO, estabe-
favorável da maioria dos membros de cada uma lece a programação das ações a serem executadas para
das Casas, que integram a CMO. alcançar os objetivos determinados e que terão seu cum-
A Constituição Federal não estabelece prazo final primento durante o exercício financeiro.
para a aprovação do projeto de lei de diretrizes orça- Conforme determina a Constituição, o Governo é
mentárias. No entanto, determina que o Congresso Na- obrigado a encaminhar o Projeto de Lei Orçamentária
cional não tenha direito a recesso a partir de 17 de julho Anual ao Congresso nacional até o dia 31 de agosto de
enquanto o PLDO não for aprovado. cada ano (4 meses antes do encerramento da sessão le-
O relatório aprovado em definitivo pela Comissão gislativa).
constitui o parecer da CMO, o qual será encaminhado à A Constituição determina que o Orçamento deva ser
Secretaria-Geral da Mesa do Congresso Nacional, para votado e aprovado até o final de cada legislatura. Depois
ser submetido à deliberação das duas Casas, em sessão de aprovado, o projeto é sancionado e publicado pelo
conjunta. Presidente da República, transformando-se na Lei Orça-
05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer mentária Anual.
da CMO é submetido à discussão e votação no
Plenário do Congresso Nacional. Os Congressistas Constitui matéria exclusiva da lei orçamentária a pre-
podem solicitar destaque para a votação em sepa- visão da receita e a fixação da despesa, podendo conter,
rado de emendas, com o objetivo de modificar os ainda segundo a norma constitucional:
pareceres aprovados na CMO. Esse requerimento • Autorização para abertura de créditos suplemen-
deve ser assinado por um décimo dos congressis- tares;
tas e apresentado à Mesa do Congresso Nacional
• Autorização para contratação de operações de cré-
até o dia anterior ao estabelecido para discussão
dito, inclusive por antecipação de receita orçamen-
da matéria no Plenário do Congresso Nacional.
tária (ARO) na forma da lei.
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO •
para a redação final. Recebe o nome de Autógrafo o Os orçamentos fiscais e de investimentos serão com-
texto do projeto ou do substitutivo aprovado definitiva- patibilizados com o PPA; terão a função de reduzir as
mente em sua redação final assinado pelo Presidente do desigualdades inter-regionais, segundo critérios de po-
Congresso, que será enviado à Casa Civil da Presidência pulação e renda per capita.
da República para sanção. As emendas ao projeto de LOA ou aos projetos que o
O Presidente da República pode vetar o autógrafo, modifiquem terão que ser compatíveis com o PPA e com
total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, con- a LDO, para serem aprovadas.
tados da data do recebimento. Nesse caso, comunicará O prazo para envio do projeto da LOA ao Poder Legis-
ao Presidente do Senado os motivos do veto. A parte não lativo é até 31 de agosto.
vetada é publicada no Diário Oficial da União como lei. O No prazo de trinta dias após o encerramento de cada
veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional. bimestre, o Poder Executivo publicará relatório resumido
da execução orçamentária.
LOA – Lei Orçamentária Anual
Ciclo do Orçamento Anual
A LOA é elaborada anualmente pelo poder Executivo

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


em atendimento à Constituição Federal e a Lei Federal Uma vez que a cada exercício será preciso uma nova
4.320/64, que estabelece as normas gerais para elabora- Lei Orçamentária Anual, verifica-se que o processo or-
ção, execução e controle orçamentário. çamentário se dá na forma de um verdadeiro ciclo, com
A esfera orçamentária da LOA contém três orçamen- quatro fases bem distintas:
tos, previstos na Constituição Federal: o orçamento fiscal,
o orçamento da seguridade social (previdência, assistên- 1. Elaboração da Proposta Orçamentária
cia e saúde) e o orçamento de investimentos das empre-
sas estatais; Trata-se do momento em que cada um dos diversos
• Orçamento fiscal, incluindo todas as receitas e des-
órgãos e entidades que compõem a Administração Pú-
pesas, referentes aos Poderes do Estado, seus fun-
blica faz o levantamento das suas necessidades de e cur-
dos, órgãos da administração direta, autarquias,
sos para o exercício seguinte, levando em consideração
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Pú-
blico; os programas do Governo e os objetivos de desenvolvi-
• Orçamento de investimento das empresas em que mento econômico e social do país.
o Estado, direta ou indiretamente, detenha a maio- O órgão central de planejamento recebe todas estas
ria do capital com direito a voto; demandas e as consolida num único documento, com-
• Orçamento da seguridade social, abrangendo to- patibilizando-o com a estimativa das receitas esperadas
dos os órgãos e entidades da administração direta para o próximo ano.
ou autárquica, bem como os fundos e fundações Em seguida, redistribui a previsão de gastos de acor-
instituídas pelo Poder Público, vinculados à saúde, do com os parâmetros macroeconômicos, estabelecendo
previdência e assistência social. as quotas finais de recursos para cada órgão.

11
Finalmente, é produzido o texto do projeto da Lei Orçamentária Anual, juntamente com os diversos anexos que irão
detalhar todas as receitas e despesas, de acordo com classificação orçamentária própria.
O projeto da LOA é então remetido ao Poder Legislativo, junto com mensagem do chefe do Poder Executivo, para
aprovação.

2. Discussão e Aprovação da Lei Orçamentária

Ao chegar no Poder Legislativo, o projeto da LOA será apreciado pelos congressistas, que poderão propor emendas
ao texto inicial, dando origem a um texto substitutivo.
O projeto da LOA cumprirá um rito semelhante ao das demais leis que tramitam pelo Congresso Nacional, sendo
exigido apenas maioria simples para sua aprovação.
Após a devida aprovação da LOA, com ou sem emendas, o Poder Legislativo devolve para o Poder Executivo, para
sanção ou veto.
Sendo sancionada pelo Presidente da República, a LOA agora será promulgada, e com sua publicação no Diário
Oficial da União, estará produzindo os seus devidos efeitos legais.

3. Execução Orçamentária

Esta fase transcorre durante todo o exercício financeiro, pois consiste na efetiva arrecadação, por parte do Governo,
das diversas receitas previstas, bem como a realização das despesas programadas para o período.

4. Controle e Avaliação

O controle se inicia junto com a execução do orçamento, uma vez que o próprio Governo, através dos seus órgãos
de controle interno ou de controle externo, iniciam a fiscalização sobre os gestores públicos, com relação à legalidade
dos procedimentos executados.
No tocante à avaliação, trata-se de preocupação específica com os resultados efetivos dos programas realizados
durante o ano, em termos de benefícios gerados para a população.

Lei de Responsabilidade Fiscal

A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê um mecanismo para melhor controlar as contas publicas, impondo mais rigor
nas ações do governo no tocante à contrair empréstimos ou dividas, proporcionando mais fiscalização e transparência.
Quanto aos seus princípios, o quadro abaixo mostra cada um deles com sua respectiva descrição.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Abaixo os aspectos mais cobrados em concursos sobre a LRF

Planejamento

Outro ponto importante da Lei é sobre o planejamento. Ela busca enfatizar o papel dessa função, vinculando inclusi-
ve o planejamento à execução do gasto publico, e para isso, aponta alguns instrumentos que permitem o planejamento
do gasto publico, dentre eles o PPA, a LDO e LOA.

12
LDO (art. 4°) - Requisitos/Funções da LDO além do Transferências Voluntárias (art. 25)
disposto no art. 165, §2°, CF/88 Entrega de recursos de um ente federado a outro a
- Equilíbrio entre receitas e despesas título de cooperação, auxílio ou assistência financeira
- Critérios e Forma da Limitação de Empenho (art. que não seja decorrente de determinação constitucional,
9°,II, “ b” e art. 31, §1°, II) legal ou do SUS.
- Condições/Exigências para transferências de recur- Exigências para a realização de transferências volun-
sos a entidades públicas e privadas, além das con- tárias (art. 25, §1°)
tidas na CF/88 e na LRF (vide art. 25, §1° - transfe- a) existência de dotação específica;
rências voluntárias e art. 26, caput, - destinação de b) atendimento às condições específicas da LDO;
recursos para o setor privado). c) não podem ser destinadas ao pagamento de des-
- Anexo de Metas Fiscais (art. 4°, §1° - exercício de pesas de pessoal;
referência + 2 seguintes) d) contrapartida;
e) comprovação, pelo beneficiário de atendimento
- Anexo de Riscos Fiscais (art. 4°, §3°) - Riscos capazes
de determinadas condições como: prestação de
de afetar as contas públicas
contas dos recursos já recebidos; atendimento
- Definição da forma de utilização e do montante, em
aos limites constitucionais de educação e saúde;
percentual da RCL, da Reserva de Contingência,
atendimento aos limites da dívida, das despesas de
com base na análise dos riscos fiscais. pessoal e com restos a pagar.
- Condições para renúncia de receitas (art. 14, caput)
- Autorização para os municípios contribuírem para Destinação de recursos públicos para o setor pri-
o custeio de despesas de competência de outros vado (art. 26)
entes federados (art. 62) a) autorização em lei específica;
LOA (art. 5°) b) condições previstas na LDO;
- compatibilidade com o PPA e da LDO (art. 5°, caput) c) previsão na LOA e nos créditos adicionais;
- reserva de contingência (art. 5°, III) Dívida e endividamento
- vedação à consignação na LOA de crédito com fina- Dívida consolidada ou fundada: prazo de amortização
lidade imprecisa ou dotação ilimitada (art. 5°, §4°) superior a 12 meses (art. 29, I) (REGRA)
- No caso da União, os títulos de responsabilidade do
Receita Pública BACEN estão incluídos (art. 29, §2°)
- Dever de instituir, prever e arrecadas os tributos da - Op. Crédito com prazo inferior a 12 meses cujas re-
competência constitucional do ente federado (art. ceitas tenham constado do orçamento (art. 29, §3°)
11) - Sanção institucional: vedação às transferên- - Precatórios não pagos durante a execução do orça-
cias voluntárias para o ente que não observe este mento em que houverem sido incluídos integram
dever, no tocante aos impostos. a dívida consolidada, para fins de aplicação dos li-
- Renúncia de Receitas: a lei não veda, mas impõe mites (art. 30, §7°)
condições (art. 14):
- estimativa de impacto financeiro-orçamentário Dívida flutuante (art. 92, Lei n° 4.320/64): obrigações
(exercício ref. + 2 seguintes) como prazo inferior a 12 meses
- atendimento das condições/requisitos da LDO a) restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
- atendimento a uma das condições: b) serviços da dívida;
c) depósitos;

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


d) débitos em tesouraria.
§ demonstração de que a renúncia de receitas foi
considerada na LOA e de que não afetará as metas
Gestão Patrimonial e Contábil (art. 43)
fiscais (art. 14, I)
§ medidas de compensação com o aumento de recei-
Atendimento ao art. 164, §3°, CF/88
ta (art. 14, II) - a adoção destas medidas de com- Disponibilidades financeiras dos Estados/Municípios
pensação constitui condição para que a renúncia deverão ser depositadas em Instituições Financeiras Ofi-
de receita entre em vigor. ciais, ressalvados os casos previstos em lei nacional.
Disponibilidades de Caixa dos Regimes de Previdên-
Despesa Pública - Geração de despesa (art. 16) cia
- condições para criação, expansão e aperfeiçoamen- a) conta separada das demais disponibilidades de
to da ação governamental: cada ente;
- estimativa de impacto financeiro-orçamentário b) aplicação nas condições de mercado com a obser-
(exercício ref. + 2 seguintes) vância dos limites e condições de proteção e pru-
- declaração do ordenador de despesas sobre a ade- dência financeira.
quação financeira/orçamentária com a LOA, LDO, c) vedada a aplicação em títulos da dívida pública
PPA. dos estados/municípios e em ações/papeis de em-
- o atendimento a estes requisitos constitui condição presas controladas ou em empréstimos aos segu-
prévia para empenho/licitação e para a desapro- rados, ao poder público e empresas controladas.
priação de imóveis urbanos (art. 16, §4°)

13
Métodos, técnicas e instrumentos do orçamento Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações
público: globais destinadas a atender indiferentemente a des-
pesas de pessoal, material, serviços de terceiros, trans-
Lei nº 4.320/64 ferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto
no artigo 20 e seu parágrafo único.
Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para ela-
boração e controle dos orçamentos e balanços da União, Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer
deduções.
§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa,
sanciono a seguinte Lei; no orçamento da entidade obrigada a transferência
e, como receita, no orçamento da que as deva receber.
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR § 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo
anterior, o calculo das cotas terá por base os dados
Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito finan- apurados no balanço do exercício anterior aquele em
ceiro para elaboração e controle dos orçamentos e que se elaborar a proposta orçamentária do governo
balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do obrigado a transferência. (Veto rejeitado no D.O.
Distrito Federal, de acordo com o disposto no art. 5º, 05/05/1964)
inciso XV, letra b, da Constituição Federal. Art. 7° A Lei de Orçamento poderá conter autorização
ao Executivo para:
TÍTULO I I - Abrir créditos suplementares até determinada
Lei de Orçamento importância obedecidas as disposições do artigo 43;
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
CAPÍTULO I II - Realizar em qualquer mês do exercício financeiro,
Disposições Gerais operações de crédito por antecipação da receita, para
atender a insuficiências de caixa.
§ 1º Em casos de déficit, a Lei de Orçamento indicará
Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação
as fontes de recursos que o Poder Executivo fica auto-
da receita e despesa de forma a evidenciar a políti- rizado a utilizar para atender a sua cobertura.
ca econômica financeira e o programa de trabalho do § 2° O produto estimado de operações de crédito e
Governo, obedecidos os princípios de unidade univer- de alienação de bens imóveis somente se incluirá na
salidade e anualidade. receita quando umas e outras forem especificamente
§ 1° Integrarão a Lei de Orçamento: autorizadas pelo Poder Legislativo em forma que ju-
I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa ridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá-las
por funções do Governo; no exercício.
II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa se- § 3º A autorização legislativa a que se refere o pa-
gundo as Categorias Econômicas, na forma do Anexo rágrafo anterior, no tocante a operações de crédito,
nº. 1; poderá constar da própria Lei de Orçamento.
III - Quadro discriminativo da receita por fontes e res-
pectiva legislação; Art. 8º A discriminação da receita geral e da despesa
IV - Quadro das dotações por órgãos do Governo e da de cada órgão do Governo ou unidade administrativa,
Administração. a que se refere o artigo 2º, § 1º, incisos III e IV obede-
cerá à forma do Anexo n. 2.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

§ 2º Acompanharão a Lei de Orçamento:


§ 1° Os itens da discriminação da receita e da despesa,
I - Quadros demonstrativos da receita e planos de
mencionados nos artigos 11, § 4°, e 13, serão identifi-
aplicação dos fundos especiais;
cados por números de códigos decimal, na forma dos
II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos ns. 3 e 4.
Anexos ns. 6 a 9; § 2º Completarão os números do código decimal refe-
III - Quadro demonstrativo do programa anual de tra- rido no parágrafo anterior os algarismos caracteriza-
balho do Governo, em termos de realização de obras e dores da classificação funcional da despesa, conforme
de prestação de serviços. estabelece o Anexo n. 5.
§ 3° O código geral estabelecido nesta lei não prejudi-
Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as cará a adoção de códigos locais.
receitas, inclusive as de operações de crédito autori-
zadas em lei. CAPÍTULO II
Parágrafo único. Não se consideram para os fins des- Da Receita
te artigo as operações de credito por antecipação da
receita, as emissões de papel-moeda e outras entra- Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas
das compensatórias, no ativo e passivo financeiros. entidades de direito publico, compreendendo os im-
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) postos, as taxas e contribuições nos termos da consti-
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as tuição e das leis vigentes em matéria financeira, desti-
despesas próprias dos órgãos do Governo e da admi- nado-se o seu produto ao custeio de atividades gerais
nistração centralizada, ou que, por intermédio deles ou especificas exercidas por essas entidades. (Veto
se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°. rejeitado no D.O. 05/05/1964)

14
Art. 10. (Vetado). DESPESAS CORRENTES
Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes ca-
tegorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Despesas de Custeio
Capital. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, Transferências Correntes
de 20.5.1982)
§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de DESPESAS DE CAPITAL
contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial,
de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recur- Investimentos
sos financeiros recebidos de outras pessoas de direito Inversões Financeiras
público ou privado, quando destinadas a atender des- Transferências de Capital
pesas classificáveis em Despesas Correntes. (Re-
dação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) § 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as do-
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da rea- tações para manutenção de serviços anteriormente
lização de recursos financeiros oriundos de constitui- criados, inclusive as destinadas a atender a obras de
ção de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e conservação e adaptação de bens imóveis.
direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de § 2º Classificam-se como Transferências Correntes
direito público ou privado, destinados a atender des- as dotações para despesas as quais não corresponda
pesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive
superávit do Orçamento Corrente. (Redação dada para contribuições e subvenções destinadas a atender
pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) à manifestação de outras entidades de direito público
§ 3º - O superávit do Orçamento Corrente resultante ou privado.
do balanceamento dos totais das receitas e despesas § 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta
correntes, apurado na demonstração a que se refere lei, as transferências destinadas a cobrir despesas de
o Anexo nº 1, não constituirá item de receita orça- custeio das entidades beneficiadas, distinguindo-se
mentária.(Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de como:
20.5.1982) I - subvenções sociais, as que se destinem a institui-
§ 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte ções públicas ou privadas de caráter assistencial ou
esquema: (Redação dada pelo Decreto Lei nº cultural, sem finalidade lucrativa;
1.939, de 20.5.1982) II - subvenções econômicas, as que se destinem a em-
presas públicas ou privadas de caráter industrial, co-
RECEITAS CORRENTES mercial, agrícola ou pastoril.
§ 4º Classificam-se como investimentos as dotações
Receita Tributária para o planejamento e a execução de obras, inclusi-
Impostos. ve as destinadas à aquisição de imóveis considerados
Taxas. necessários à realização destas últimas, bem como
Contribuições de Melhoria. para os programas especiais de trabalho, aquisição
Receita Patrimonial de instalações, equipamentos e material permanente
Receitas Imobiliárias. e constituição ou aumento do capital de empresas que
Receitas de Valores Mobiliários. não sejam de caráter comercial ou financeiro.
Participações e Dividendos. § 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as do-
Outras Receitas Patrimoniais. tações destinadas a:
Receita Industrial I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em
Receita de Serviços Industriais. utilização;

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Outras Receitas Industriais. II - aquisição de títulos representativos do capital de
Transferências Correntes empresas ou entidades de qualquer espécie, já consti-
Receitas Diversas tuídas, quando a operação não importe aumento do
Multas. capital;
Cobrança da Divida Ativa. III - constituição ou aumento do capital de entidades
Outras Receitas Diversas. ou empresas que visem a objetivos comerciais ou fi-
nanceiros, inclusive operações bancárias ou de segu-
RECEITAS DE CAPITAL ros.
§ 6º São Transferências de Capital as dotações para
Operações de Crédito. investimentos ou inversões financeiras que outras pes-
Alienação de Bens Móveis e Imóveis. soas de direito público ou privado devam realizar, in-
Amortização de Empréstimos Concedidos. dependentemente de contraprestação direta em bens
Transferências de Capital. ou serviços, constituindo essas transferências auxílios
Outras Receitas de Capital. ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei
de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem
CAPÍTULO III como as dotações para amortização da dívida pública.
Da Despesa
Art. 13. Observadas as categorias econômicas do art.
Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes cate- 12, a discriminação ou especificação da despesa por
gorias econômicas: (Vide Decreto-lei nº 1.805, elementos, em cada unidade administrativa ou órgão
de 1980) de governo, obedecerá ao seguinte esquema:

15
DESPESAS CORRENTES SEÇÃO I
Das Despesas Correntes
Despesas de Custeio
Pessoa Civil SUBSEÇÃO ÚNICA
Pessoal Militar Das Transferências Correntes
Material de Consumo
Serviços de Terceiros I) Das Subvenções Sociais
Encargos Diversos Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibi-
Transferências Correntes lidades financeiras a concessão de subvenções sociais
Subvenções Sociais visará a prestação de serviços essenciais de assistência
Subvenções Econômicas social, médica e educacional, sempre que a suplemen-
Inativos tação de recursos de origem privada aplicados a esses
Pensionistas objetivos, revelar-se mais econômica.
Salário Família e Abono Familiar Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que
Juros da Dívida Pública possível, será calculado com base em unidades de ser-
Contribuições de Previdência Social viços efetivamente prestados ou postos à disposição
Diversas Transferências Correntes. dos interessados obedecidos os padrões mínimos de
eficiência previamente fixados.
DESPESAS DE CAPITAL
Art. 17. Somente à instituição cujas condições de fun-
Investimentos cionamento forem julgadas satisfatórias pelos órgãos
Obras Públicas oficiais de fiscalização serão concedidas subvenções.
Serviços em Regime de Programação Especial II) Das Subvenções Econômicas
Equipamentos e Instalações
Material Permanente Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das
Participação em Constituição ou Aumento de Capital empresas públicas, de natureza autárquica ou não,
de Empresas ou Entidades Industriais ou Agrícolas far-se-á mediante subvenções econômicas expressa-
Inversões Financeiras mente incluídas nas despesas correntes do orçamento
Aquisição de Imóveis da União, do Estado, do Município ou do Distrito Fe-
Participação em Constituição ou Aumento de Capital deral.
de Empresas ou Entidades Comerciais ou Financeiras Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como
Aquisição de Títulos Representativos de Capital de subvenções econômicas:
Empresa em Funcionamento a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os
Constituição de Fundos Rotativos preços de mercado e os preços de revenda, pelo Gover-
Concessão de Empréstimos no, de gêneros alimentícios ou outros materiais;
Diversas Inversões Financeiras b) as dotações destinadas ao pagamento de bonifica-
Transferências de Capital ções a produtores de determinados gêneros ou mate-
Amortização da Dívida Pública riais.
Auxílios para Obras Públicas
Auxílios para Equipamentos e Instalações Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda fi-
Auxílios para Inversões Financeiras nanceira, a qualquer título, a empresa de fins lucrati-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Outras Contribuições. vos, salvo quando se tratar de subvenções cuja con-


cessão tenha sido expressamente autorizada em lei
Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupa- especial.
mento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou
repartição a que serão consignadas dotações próprias. SEÇÃO II
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) Das Despesas de Capital
Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consig-
nadas dotações a unidades administrativas subordi- SUBSEÇÃO PRIMEIRA
nadas ao mesmo órgão. Dos Investimentos
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da des-
pesa far-se-á no mínimo por elementos. (Veto .20. Os investimentos serão discriminados na Lei de
rejeitado no D.O. 05/05/1964) Orçamento segundo os projetos de obras e de outras
§ 1º Entende-se por elementos o desdobramento da aplicações.
despesa com pessoal, material, serviços, obras e outros Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho
meios de que se serve a administração publica para que, por sua natureza, não possam cumprir-se subor-
consecução dos seus fins. (Veto rejeitado no D.O. dinadamente às normas gerais de execução da despe-
05/05/1964) sa poderão ser custeadas por dotações globais, classi-
§ 2º Para efeito de classificação da despesa, conside- ficadas entre as Despesas de Capital.
ra-se material permanente o de duração superior a
dois anos.

16
SUBSEÇÃO SEGUNDA II - justificação pormenorizada de cada dotação solici-
Das Transferências de Capital tada, com a indicação dos atos de aprovação de pro-
jetos e orçamentos de obras públicas, para cujo início
Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio ou prosseguimento ela se destina.
para investimentos que se devam incorporar ao patri- Art. 29. Caberá aos órgãos de contabilidade ou de
mônio das empresas privadas de fins lucrativos. arrecadação organizar demonstrações mensais da re-
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às ceita arrecadada, segundo as rubricas, para servirem
transferências de capital à conta de fundos especiais de base a estimativa da receita, na proposta orçamen-
ou dotações sob regime excepcional de aplicação. tária.
Parágrafo único. Quando houver órgão central de or-
CAPÍTULO II çamento, essas demonstrações ser-lhe-ão remetidas
Da Elaboração da Proposta Orçamentária mensalmente.
Art. 30. A estimativa da receita terá por base as de-
SEÇÃO PRIMEIRA monstrações a que se refere o artigo anterior à arre-
Das Previsões Plurienais
cadação dos três últimos exercícios, pelo menos bem
como as circunstâncias de ordem conjuntural e outras,
Art. 23. As receitas e despesas de capital serão objeto
que possam afetar a produtividade de cada fonte de
de um Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital,
aprovado por decreto do Poder Executivo, abrangen- receita.
do, no mínimo um triênio. Art. 31. As propostas orçamentárias parciais serão re-
Parágrafo único. O Quadro de Recursos e de Aplicação vistas e coordenadas na proposta geral, considerando-
de Capital será anualmente reajustado acrescentan- -se a receita estimada e as novas circunstâncias.
do-se-lhe as previsões de mais um ano, de modo a
assegurar a projeção contínua dos períodos. TÍTULO III
Art. 24. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Ca- Da elaboração da Lei de Orçamento
pital abrangerá:
I - as despesas e, como couber, também as receitas Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no
previstas em planos especiais aprovados em lei e des- prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas
tinados a atender a regiões ou a setores da adminis- dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como
tração ou da economia; proposta a Lei de Orçamento vigente.
II - as despesas à conta de fundos especiais e, como Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei
couber, as receitas que os constituam; de Orçamento que visem a:
III - em anexos, as despesas de capital das entidades a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio,
referidas no Título X desta lei, com indicação das res- salvo quando provada, nesse ponto a inexatidão da
pectivas receitas, para as quais forem previstas trans- proposta;
ferências de capital. b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto
Art. 25. Os programas constantes do Quadro de Re- não esteja aprovado pelos órgãos competentes;
cursos e de Aplicação de Capital sempre que possível c) conceder dotação para instalação ou funcionamen-
serão correlacionados a metas objetivas em termos de to de serviço que não esteja anteriormente criado;
realização de obras e de prestação de serviços. d) conceder dotação superior aos quantitativos previa-
Parágrafo único. Consideram-se metas os resultados mente fixados em resolução do Poder Legislativo para

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


que se pretendem obter com a realização de cada pro- concessão de auxílios e subvenções.
grama.
Art. 26. A proposta orçamentária conterá o programa
TÍTULO IV
anual atualizado dos investimentos, inversões finan-
Do Exercício Financeiro
ceiras e transferências previstos no Quadro de Recur-
sos e de Aplicação de Capital.
Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano
SEÇÃO SEGUNDA civil.
Das Previsões Anuais
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
Art. 27. As propostas parciais de orçamento guardarão I - as receitas nele arrecadadas;
estrita conformidade com a política econômica-finan- II - as despesas nele legalmente empenhadas.
ceira, o programa anual de trabalho do Governo e,
quando fixado, o limite global máximo para o orça- Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas
mento de cada unidade administrativa. empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro
Art. 28 As propostas parciais das unidades administra- distinguindo-se as processadas das não processadas.
tivas, organizadas em formulário próprio, serão acom- Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de
panhadas de: créditos com vigência plurienal, que não tenham sido
I - tabelas explicativas da despesa, sob a forma esta- liquidados, só serão computados como Restos a Pagar
belecida no artigo 22, inciso III, letras d, e e f; no último ano de vigência do crédito.

17
Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as Lei nº 1.735, de 20.12.1979)
quais o orçamento respectivo consignava crédito pró- § 5º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita
prio, com saldo suficiente para atendê-las, que não na Procuradoria da Fazenda Nacional. (Incluído
se tenham processado na época própria, bem como pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)
os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os
compromissos reconhecidos após o encerramento do TÍTULO V
exercício correspondente poderão ser pagos à conta Dos Créditos Adicionais
de dotação específica consignada no orçamento, dis-
criminada por elementos, obedecida, sempre que pos- Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de
sível, a ordem cronológica. (Regulamento) despesa não computadas ou insuficientemente dota-
das na Lei de Orçamento.
Art. 38. Reverte à dotação a importância de despesa
anulada no exercício; quando a anulação ocorrer após Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:
o encerramento deste considerar-se-á receita do ano I - suplementares, os destinados a reforço de dotação
em que se efetivar. orçamentária;
II - especiais, os destinados a despesas para as quais
Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza não haja dotação orçamentária específica;
tributária ou não tributária, serão escriturados como III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes
receita do exercício em que forem arrecadados, nas e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina
respectivas rubricas orçamentárias. (Redação ou calamidade pública.
dada pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)
§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão
pelo transcurso do prazo para pagamento, serão ins- autorizados por lei e abertos por decreto executivo.
critos, na forma da legislação própria, como Dívida Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e es-
Ativa, em registro próprio, após apurada a sua liqui- peciais depende da existência de recursos disponíveis
dez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a para ocorrer a despesa e será precedida de exposição
esse título. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de justificativa. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
20.12.1979) § 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo,
§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda desde que não comprometidos: (Veto rejeitado no
Pública dessa natureza, proveniente de obrigação le- D.O. 05/05/1964)
gal relativa a tributos e respectivos adicionais e mul-
I - o superávit financeiro apurado em balanço patri-
tas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais cré-
monial do exercício anterior; (Veto rejeitado no
ditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes
D.O. 05/05/1964)
de empréstimos compulsórios, contribuições estabele-
II - os provenientes de excesso de arrecadação;
cidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza,
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou
III - os resultantes de anulação parcial ou total de do-
taxas de ocupação, custas processuais, preços de ser-
tações orçamentárias ou de créditos adicionais, autori-
viços prestados por estabelecimentos públicos, indeni-
zados em Lei; (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
zações, reposições, restituições, alcances dos respon-
sáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos IV - o produto de operações de credito autorizadas, em
decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de forma que juridicamente possibilite ao poder executi-
vo realiza-las. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

sub-rogação de hipoteca, fiança, aval ou outra ga-


rantia, de contratos em geral ou de outras obrigações § 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença
legais. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro,
20.12.1979) conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicio-
§ 3º - O valor do crédito da Fazenda Nacional em nais transferidos e as operações de credito a eles vin-
moeda estrangeira será convertido ao correspondente culadas.(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
valor na moeda nacional à taxa cambial oficial, para § 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para
compra, na data da notificação ou intimação do deve- os fins deste artigo, o saldo positivo das diferenças
dor, pela autoridade administrativa, ou, à sua falta, na acumuladas mês a mês entre a arrecadação previs-
data da inscrição da Dívida Ativa, incidindo, a partir ta e a realizada, considerando-se, ainda, a tendên-
da conversão, a atualização monetária e os juros de cia do exercício.(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
mora, de acordo com preceitos legais pertinentes aos (Vide Lei nº 6.343, de 1976)
débitos tributários.(Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, § 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, pro-
de 20.12.1979) venientes de excesso de arrecadação, deduzir-se-a a
§ 4º - A receita da Dívida Ativa abrange os créditos importância dos créditos extraordinários abertos no
mencionados nos parágrafos anteriores, bem como os exercício. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
valores correspondentes à respectiva atualização mo-
netária, à multa e juros de mora e ao encargo de que Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por
tratam o art. 1º do Decreto-lei nº 1.025, de 21 de ou- decreto do Poder Executivo, que deles dará imediato
tubro de 1969, e o art. 3º do Decreto-lei nº 1.645, de conhecimento ao Poder Legislativo.
11 de dezembro de 1978. (Incluído pelo Decreto

18
Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita § 2º Os recibos serão fornecidos em uma única via.
ao exercício financeiro em que forem abertos, salvo Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á
expressa disposição legal em contrário, quanto aos es- em estrita observância ao princípio de unidade de te-
peciais e extraordinários. souraria, vedada qualquer fragmentação para criação
Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a de caixas especiais.
importância, a espécie do mesmo e a classificação da
despesa, até onde for possível. Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do
artigo 3. desta lei serão classificadas como receita or-
TÍTULO VI çamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas
Da Execução do Orçamento arrecadadas, inclusive as provenientes de operações
de crédito, ainda que não previstas no Orçamento.
CAPÍTULO I (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
Da Programação da Despesa
CAPÍTULO III
Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de
Da Despesa
Orçamento e com base nos limites nela fixados, o Po-
der Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais
da despesa que cada unidade orçamentária fica auto- Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de
rizada a utilizar. autoridade competente que cria para o Estado obriga-
Art. 48 A fixação das cotas a que se refere o artigo ção de pagamento pendente ou não de implemento
anterior atenderá aos seguintes objetivos: de condição. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo
útil a soma de recursos necessários e suficientes a me- Art. 59 - O empenho da despesa não poderá exceder o
lhor execução do seu programa anual de trabalho; limite dos créditos concedidos. (Redação dada pela
b) manter, durante o exercício, na medida do possí- Lei nº 6.397, de 10.12.1976)
vel o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa § 1º Ressalvado o disposto no Art. 67 da Constitui-
realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais in- ção Federal, é vedado aos Municípios empenhar, no
suficiências de tesouraria. último mês do mandato do Prefeito, mais do que o
duodécimo da despesa prevista no orçamento vigente.
Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397, de 10.12.1976)
feito do disposto no artigo anterior, levará em conta os § 2º Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo
créditos adicionais e as operações extraorçamentárias. período, assumir, por qualquer forma, compromissos
financeiros para execução depois do término do man-
Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas du- dato do Prefeito (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397,
rante o exercício, observados o limite da dotação e o de 10.12.1976)
comportamento da execução orçamentária. § 3º As disposições dos parágrafos anteriores não se
aplicam nos casos comprovados de calamidade pú-
CAPÍTULO II blica. (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397, de
Da Receita 10.12.1976)
§ 4º Reputam-se nulos e de nenhum efeito os empe-
Art. 51. Nenhum tributo será exigido ou aumentado
nhos e atos praticados em desacordo com o disposto
sem que a lei o estabeleça, nenhum será cobrado em
nos parágrafos 1º e 2º deste artigo, sem prejuízo da
cada exercício sem prévia autorização orçamentária,

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


responsabilidade do Prefeito nos termos do Art. 1º, in-
ressalvados a tarifa aduaneira e o imposto lançado
por motivo de guerra. ciso V, do Decreto-lei n.º 201, de 27 de fevereiro de
1967. (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397, de
Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos 10.12.1976)
e quaisquer outras rendas com vencimento determi- Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio
nado em lei, regulamento ou contrato. empenho.
Art. 53. O lançamento da receita é ato da repartição § 1º Em casos especiais previstos na legislação especí-
competente, que verifica a procedência do crédito fis- fica será dispensada a emissão da nota de empenho.
cal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito § 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa
desta. cujo montante não se possa determinar.
§ 3º É permitido o empenho global de despesas con-
Art. 54. Não será admitida a compensação da obriga- tratuais e outras, sujeitas a parcelamento.
ção de recolher rendas ou receitas com direito creditó-
rio contra a Fazenda Pública. Art. 61. Para cada empenho será extraído um docu-
mento denominado “nota de empenho” que indicará
Art. 55. Os agentes da arrecadação devem fornecer o nome do credor, a representação e a importância
recibos das importâncias que arrecadarem. da despesa bem como a dedução desta do saldo da
§ 1º Os recibos devem conter o nome da pessoa que dotação própria.
paga a soma arrecadada, proveniência e classificação,
bem como a data a assinatura do agente arrecadador. Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) quando ordenado após sua regular liquidação.

19
Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verifica-
ção do direito adquirido pelo credor tendo por base DESPESA ORÇAMENTÁRIA: ESTRUTURA
os títulos e documentos comprobatórios do respectivo
DA PROGRAMAÇÃO ORÇAMENTÁRIA.
crédito.
§ 1° Essa verificação tem por fim apurar: ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DA
I - a origem e o objeto do que se deve pagar; EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA. DESPESAS DE
II - a importância exata a pagar; (Vide Medida EXERCÍCIOS ANTERIORES. SUPRIMENTO DE
Provisória nº 581, de 2012) FUNDOS.
III - a quem se deve pagar a importância, para extin-
guir a obrigação.
§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos
ou serviços prestados terá por base: Despesa Pública
I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
II - a nota de empenho; Despesa pública é o conjunto de dispêndios do Es-
III - os comprovantes da entrega de material ou da tado ou de outra pessoa de direito público a qualquer
prestação efetiva do serviço. título, a fim de saldar gastos fixados na lei do orçamento
ou em lei especial, visando à realização e ao funciona-
Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado mento dos serviços públicos. Nesse sentido, a despesa
por autoridade competente, determinando que a despe- é parte do orçamento, ou seja, aquela em que se encon-
sa seja paga. tram classificadas todas as autorizações para gastos com
Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser as várias atribuições e funções governamentais. Em ou-
exarada em documentos processados pelos serviços de tras palavras, as despesas públicas formam o complexo
contabilidade. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) da distribuição e emprego das receitas das receitas para
custeio e investimento em diferentes setores da adminis-
Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tração governamental.
tesouraria ou pagadoria regularmente instituídos por
estabelecimentos bancários credenciados e, em casos Quanto à sua natureza, classificam-se em:
excepcionais, por meio de adiantamento.  Despesa Orçamentária: é aquela que depende de
autorização legislativa para ser realizada e que não
Art. 66. As dotações atribuídas às diversas unidades pode ser efetivada sem a existência de crédito or-
orçamentárias poderão quando expressamente deter- çamentário que a corresponda suficientemente.
minado na Lei de Orçamento ser movimentadas por  Despesa Extra-orçamentária: trata-se dos paga-
órgãos centrais de administração geral. mentos que não dependem de autorização legis-
Parágrafo único. É permitida a redistribuição de par- lativa, ou seja, não integram o orçamento público.
celas das dotações de pessoal, de uma para outra uni- Correspondem à restituição ou entrega de valores
dade orçamentária, quando considerada indispensá- arrecadados sob o titulo de receita extra-orçamen-
vel à movimentação de pessoal dentro das tabelas ou tária. Ex.: devolução de fianças e cauções; recolhi-
quadros comuns às unidades interessadas, a que se mento de imposto de renda retido na fonte, etc.
realize em obediência à legislação específica. A despesa Orçamentária se divide ainda conforme fi-
gura abaixo:
Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem


de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, sendo proibida a designação de casos ou
de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para esse fim.

Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos


casos de despesas expressamente definidos em lei e
consiste na entrega de numerário a servidor, sempre
precedida de empenho na dotação própria para o fim
de realizar despesas, que não possam subordinar-se
ao processo normal de aplicação.

Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em al-


cance nem a responsável por dois adiantamento.
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 70. A aquisição de material, o fornecimento e a


adjudicação de obras e serviços serão regulados em
lei, respeitado o princípio da concorrência.

20
A despesa pública é executada em três estágios: empenho, liquidação e pagamento.

Empenho é o primeiro estágio da despesa e “é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado
obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição”. O empenho é prévio, ou seja, precede a
realização da despesa e está restrito ao limite de crédito orçamentário (art. 59). É vedada a realização da despesa sem

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


prévio empenho (art. 60). A formalização do empenho se dá com a emissão do pedido de empenho, pelos setores com-
petentes, e devidamente autorizados, no Módulo Financeiro. A emissão da Nota de Empenho representa uma garantia
para o fornecedor ou para o prestador de serviço contratado pela Administração Pública de que a parcela referente a
seu contrato foi bloqueada para honrar os compromissos assumidos. Pode-se deduzir, portanto, que o orçamento é
compromissado através do empenho. O empenho da despesa é o instrumento de utilização de créditos orçamentários.
Entende-se por nota de empenho o documento utilizado para fins de registro da operação de empenho de uma
despesa. Para cada empenho será extraída uma nota de empenho, que indicará o nome do credor (beneficiário do
empenho), a especificação e a importância da despesa.
O empenho para compras, obras e serviços só pode ser emitido após a conclusão da licitação, salvo nos casos de
dispensa ou inexigibilidade, desde que haja amparo legal na legislação que regulamenta as licitações (Lei nº 8.666/93).
As despesas só podem ser empenhadas até o limite dos créditos orçamentários iniciais e adicionais, e de acordo com
o cronograma de desembolso da unidade gestora, devidamente aprovado.

O empenho deverá ser anulado:


no decorrer do exercício:
– parcialmente, quando seu valor exceder o montante da despesa realizada; ou – totalmente, quando o serviço con-
tratado não tiver sido prestado, quando o material encomendado não tiver sido entregue ou quando o empenho
tiver sido emitido incorretamente.
no encerramento do exercício
- quando o empenho referir-se a despesas não liquidadas, salvo aquelas que se enquadrarem nas condições previs-
tas para a inscrição em restos a pagar.

21
O valor correspondente ao empenho anulado reverte ao crédito, tornando-se disponível para novo empenho ou
descentralização, respeitado o regime de exercício.

O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, todos os atos de verificação e conferência, desde a entrada
do material ou a prestação do serviço até o reconhecimento da despesa.
A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou por serviços prestados terá por base:
 Contrato, ajuste ou acordo respectivo;
 A nota de empenho;
 Os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

Não confundir ordem de pagamento com ordem bancária. A ordem de pagamento é despacho exarado pela
autoridade competente, determinando que a despesa seja paga. Ordem bancária é o documento emitido atra-
vés do Siaf, que transfere o recurso financeiro para a conta do credor.
Vale ressaltar que, a Secretaria do Tesouro Nacional considera, durante o exercício financeiro, a despesa pela
sua liquidação, entretanto, para fins de encerramento do exercício financeiro, toda a despesa empenhada e não
anulada até 31 de dezembro, será considerada despesa nas demonstrações contábeis.

O exame da despesa pública deve anteceder ao estudo da receita pública, pois não pode mais ser compreendida
apenas vinculada ao conceito econômico privado, isto é, de que a despesa deva ser realizada após o cálculo da receita,
como ocorre normalmente com as empresas particulares.
Aliás, hoje em dia, os particulares recorrem ao empréstimo sempre que a receita se apresenta deficiente em relação
à despesa.
O Estado tem como objetivo, no exercício de sua atividade financeira, a realização de seus fins, pelo que procura
ajustar a receita à programação de sua política, ou seja, a despesa precede a esta. Tal ocorre porque o Estado cuida
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

primeiro de conhecer as necessidades públicas ditadas pelos reclamos da comunidade social, ao contrário do que
acontece com o particular, que regula as suas despesas em face de sua receita.
Deve-se conceituar a despesa pública sob os pontos de vista orçamentário e científico.
Aliomar Baleeiro ensina que a despesa pública, sob o enfoque orçamentário, é “a aplicação de certa quantia em
dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, entro de uma autorização legislativa, para execução
de um fim a cargo do governo”.
Assim a despesa pública é a soma de gastos realizados pelo Estado para a realização de obras e para a prestação
de serviços públicos.
Por outro lado, há o entendimento que, por despesa pública deve-se entender a inversão ou distribuição de riqueza
que as entidades públicas realizam, objetivando a produção dos serviços reclamados para satisfação das necessidades
públicas e para fazer em face de outras exigências da vida pública, as quais não são chamadas propriamente serviços.

Elementos da Despesa Pública


Os elementos da despesa pública são os seguintes:
a) De natureza econômica: o dispêndio, incidente em um gasto para os cofres do Estado e em consumo para os
beneficiados; a riqueza pública, bem econômico, representada pelo acervo originário das rendas do domínio
privado do Estado e da arrecadação dos tributos;
b) De natureza jurídica: a autorização legal dada pelo poder competente para a efetivação da despesa;
c) De natureza política: a finalidade de satisfação da necessidade pública pelo Estado, o que é feita pelo processo
do serviço público, como medida de sua política financeira.

22
É universal o princípio de que a escolha do objetivo c) Despesa especial, que tem por finalidade permitir o
da despesa pública envolve um ato político, referente à atendimento de necessidades públicas novas, sur-
determinação das necessidades públicas que deverão ser gidas no decorrer do exercício financeiro e, portan-
satisfeitas pelo processo do serviço público. to, após a aprovação do orçamento, embora não
apresentem as características de imprevisibilidade
Espécies de Despesa Pública e urgência; assim, dependem de prévia lei para a
sua efetivação, sendo de se citar, como exemplo,
Quanto à forma a despesa que o Estado é obrigado a fazer em de-
a) Despesa em espécie, que constitui hoje a forma corrência de sentença judicial;
usual de sua execução, embora, como já se disse
anteriormente, ainda existam alguns serviços pú- Quanto à importância de que se revestem
blicos que não são remunerados pelo Estado; a) Despesa necessária é aquela intransferível em face
b) Despesa em natureza, forma que predominava da necessidade pública, sendo sua efetivação pro-
na antiguidade mas que hoje está praticamente vocada pela coletividade;
abolida, embora ainda ocorra, como no caso de b) Despesa útil é aquela que, embora não seja recla-
indenização pela desapropriação de imóvel rural mada pela coletividade e não vise a atender ne-
mediante títulos da dívida pública com cláusula de cessidades públicas prementes,é feita pelo Estado
correção monetária (CF, art.184);2) para produzir uma utilidade à comunidade social,
como as despesas de assistência social; portanto,
Quanto ao aspecto econômico em geral à luz deste critério, não se pode falar em despesa
a) Despesa real ou de serviço é a efetivamente reali- inútil, e mesmo as despesas de guerra podem pro-
zada pelo Estado em razão da utilização de bens e duzir uma utilidade, como a independência nacio-
serviços particulares na satisfação de necessidades nal e a realização de unidade nacional, podendo,
públicas, havendo uma amputação desses bens inclusive; esta utilidade ser de caráter econômico,
ou serviços do setor privado em proveito do se- pois o Estado quando evita ou limita uma invasão
tor público; corresponde, pois, à vida dos serviços ao seu território, impede ou diminui um prejuízo
públicos e à atividade das administrações, carac- econômico.
terizando-se pela contraprestação que é feita em
favor do Estado; Quanto aos efeitos econômicos
b) Despesa de transferência, que é aquela que é efe- a) Despesa produtiva, que, além de satisfazer necessi-
tivada pelo Estado sem que receba diretamente dades públicas, enriquece o patrimônio do Estado
qualquer contraprestação a seu favor, tendo o pro- ou aumenta a capacidade econômica do contri-
pósito meramente redistributivo, já que o dinheiro buinte, como as despesas referentes à construção
de uns se transfere para outros, como, por exem- de portos, estradas de ferro, etc.;
plo, no pagamento de pensões e de subvenções a b) Despesa improdutiva é aquela que não gera um
atividades ou empresas privadas; benefício de ordem econômica em favor da cole-
tividade;
Quanto ao ambiente
a) Despesa interna é a feita para atender às neces- Quanto à mobilidade
sidades de ordem interna do país e se realiza em a) Despesa fixa é aquela que consta do orçamento e
moeda nacional e dentro do território nacional; é obrigatória pela Constituição, não podendo ser

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


b) Despesa externa, que se realiza fora do país, em alterada a não ser por uma lei anterior, e não pode
moeda estrangeira e visa a liquidar dívidas exter- deixar de ser efetivada pelo Estado;
nas; b) Despesa variável é aquela que não é obrigatória
pela Constituição, sendo limitativa, isto é, o Po-
Quanto à duração der Executivo fica obrigado a respeitar seu limite,
a) Despesa ordinária, que visa a atender às neces- mas não imperativa; daí o Estado ter a faculdade
sidades públicas estáveis, permanentes e perio- de realizá-la ou não, dependendo de seus critérios
dicamente previstas no orçamento, constituindo administrativo e de oportunidade, sendo de se ci-
mesmo uma rotina no serviço público, como, por tar, como exemplo, um auxílio pecuniário em favor
exemplo, a despesa relativa ao pagamento do fun- de uma instituição de caridade, não gerando, por
cionalismo público; outro lado, direito subjetivo em favor do benefi-
b) Despesa extraordinária, que objetiva satisfazer ciário;
necessidades públicas acidentais, imprevisíveis e,
portanto, não constantes do orçamento, não apre- Quanto à competência
sentando, por outro lado, regularidade em sua a) Despesa federal, que visa a atender a fins e serviços da
verificação, e estão mencionadas na Constituição União Federal, em cujo orçamento está consignada;
Federal (art. 167, §3º) como sendo as despesas de- b) Despesa estadual, que objetiva atender a fins e ser-
correntes de guerra, comoção interna ou calami- viços do Estado, estando fixada em seu orçamento;
dade pública, que por serem urgentes e inadiáveis c) Despesa municipal, que tem por finalidade atender
não podem esperar o processo prévio da autoriza- a fins e serviços do Município, sendo consignada
ção legal; no orçamento municipal;

23
Quanto ao fim a) Despesas de investimentos são as que não reve-
a) Despesa de governo é a despesa pública própria e lam fins reprodutivos (art. 12, § 42, e art. 13): Obras
verdadeira, pois se destina à produção e à manu- públicas - Serviços em regime de programação
tenção do serviço público, estando enquadrados especial - Equipamentos e instalações - Material
nesta categoria os gastos com os pagamentos dos permanente - Participação em constituição ou au-
funcionários, militares, magistrados, etc., à aplica- mento de capital de empresas ou entidades indus-
ção de riquezas na realização de obras públicas e triais ou agrícolas.
emprego de materiais de serviçoe à conservação b) Despesas de inversões financeiras são as que cor-
do domínio público; respondem a aplicações feitas pelo Estado e suscetí-
b) Despesa de exercício é a que se destina à obten- veis de lhe produzir rendas (art. 12, § 5º, e art. 13): -
ção e utilização da receita, como a despesa para Aquisição de imóveis - Participação em constituição
a administração do domínio fiscal (fiscalização de ou aumento de capital de empresas ou entidades
terras, de bosques, das minas, manutenção de fá- comerciais ou financeiras - Aquisição de títulos re-
bricas, etc.) e para a administração financeira (arre- presentativos de capital de empresas em funciona-
cadação e fiscalização de receitas tributárias, servi- mento - Constituição de fundos rotativos - Conces-
ço de dívida pública, com o pagamento dos juros e são de empréstimos - Diversas inversões financeiras.
amortização dos empréstimos contraídos). c) Despesas de transferências de capital são as que
correspondem a dotações para investimentos ou
Classificação Da Lei Nº 4.320/64 inversões financeiras a serem realizadas por outras
pessoas jurídicas de direito público ou de direito
Finalmente, deve ser mencionada a classificação ado- privado, independentemente de contraprestação
tada pela Lei nº 4.320, de 17/03/64,que estatui normas direta em bens ou serviços, constituindo essas
de direito financeiro para a elaboração e controle dos transferências auxílios ou contribuições, segundo
orçamentos e balanços da União, Estados, Municípios e derivem diretamente da lei de orçamento ou de lei
Distrito Federal, tendo a referida lei procedido à classifi- especial anterior, bem como dotações para amor-
cação com base nas diversas categorias econômicas da tização da dívida pública (art. 12, § 6º, e art. 13):
despesa pública:
- Amortização da dívida pública
I) Despesas correntes são aquelas que não enrique- - Auxílios para obras públicas
cem o patrimônio público e são necessárias à execução - Auxílios para equipamentos e instalações
- Auxílios para inversões financeiras
dos serviços públicos e à vida do Estado, sendo, assim,
- Outras contribuições.
verdadeiras despesas operacionais e economicamente
improdutivas:
Princípios da Legalidade da Despesa Pública
a) Despesas de custeio são aquelas que são feitas ob-
jetivando assegurar o funcionamento dos serviços
Noções Gerais
públicos, inclusive às destinadas a atender a obras
de conservação e adaptação de bens imóveis, re-
A despesa pública somente pode ser realizada me-
cebendo o Estado, em contraprestação, bens e ser-
diante prévia autorização legal, conforme prescrevem os
viços (art. 12, §12, e art. 13): Pessoal civil - Pessoal
arts. 165, § 8º, e 167, I, II, V, VI e VII da Constituição Federal.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

militar - Material de consumo - Serviços de tercei-


Tal regra aplica-se inclusive às despesas que são obje-
ros - Encargos diversos. to de créditos adicionais e visam a atender a necessidades
b) Despesas de transferências correntes são as que novas, não previstas (créditos especiais), ou insuficiente-
se limitam a criar rendimentos para os indivíduos, mente previstas no orçamento (créditos suplementares),
sem qualquer contraprestação direta em bens ou em razão do disposto no art. 167, V, da CF.
serviços, inclusive para contribuições e subvenções
destinadas a atender à manifestação de outras As Despesas Ordinárias
entidades de direito público ou privado, compre-
endendo todos os gastos sem aplicação governa- São aquelas que visam a atender a necessidades pú-
mental direta dos recursos de produção nacional blicas estáveis, permanentes, que têm um caráter de pe-
de bens e serviços (art. 12, § 2º, Ebert. 13): Subven- riodicidade, e sejam previstas e autorizadas no orçamen-
ções sociais - Subvenções econômicas – Inativos to, como o pagamento do funcionalismo público.
– Pensionistas - Salário-família e Abono familiar Daí, se tais despesas não foram previstas, ou foram
- Juros da dívida pública - Contribuições de Pre- insuficientemente previstas, a sua execução dependerá
vidência Social - Diversas transferências correntes. também da prévia autorização do Poder Legislativo.
Tal exigência justifica-se plenamente, pois caso o Poder
II) Despesas de capital são as que determinam uma Executivo pudesse livremente aumentar as despesas a vota-
modificação do patrimônio público através de seu cresci- ção do orçamento pelo Poder Legislativo não passaria, se-
mento, sendo, pois, economicamente produtivas, e assim gundo Gaston Jèze, de uma formalidade meramente ilusória.
se dividem:

24
As Despesas Extraordinárias 2. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO-SP – ANALISTA DE
ORÇAMENTO E PLANEJAMENTO – VUNESP – 2018)
A exigência da prévia autorização legal não se aplica Por meio dos critérios estabelecidos na LDO, há limitação
a estas, porque sendo urgentes e imprevisíveis, não ad- de empenho quando as receitas previstas não se concre-
mitem delongas na sua satisfação, como as decorrentes tizarem. No entanto, ocorrem exceções, de acordo com o
de calamidade pública, comoção interna e guerra externa § 2° do art. 9° da LRF:
(CF, art. 167, § 3º).
Nestes casos, a autoridade realizará a despesa, ca- a) despesas com serviços da dívida.
bendo ao Poder Legislativo ratificá-la ou não (Lei nº b) despesas com passagens aéreas.
4.320/64, art. 44). c) despesas com obras e reformas.
Observe-se que a autoridade pública deve ter mui- d) despesas com combustíveis e lubrificantes.
to cuidado na efetivação de tais despesas, uma vez que e) despesas de exercícios anteriores.
Resposta: Letra A. Segundo o referido art. 9º, § 2º,
ficará sujeita a sanções, caso realize uma despesa consi-
da Lei Complementar nº 101/2000, Não serão objeto
derando-a como extraordinária, sem que a necessidade
de limitação as despesas que constituam obrigações
pública atendida se revista das características exigidas.
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas des-
Como um corolário do princípio da legalidade da tinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as res-
despesa pública, a autoridade somente pode efetivar a salvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
despesa se for competente para tal e se cinja ao limite e
fim previstos na lei.1

RECEITA ORÇAMENTÁRIA:
CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA:
EXERCÍCIOS COMENTADOS CATEGORIA ECONÔMICA, ORIGEM,
ESPÉCIE, DESDOBRAMENTOS PARA
1. (CÂMARA DE GUARAMIRIM-SC – AUXILIAR ADMI- IDENTIFICAÇÃO DE PECULIARIDADES
NISTRATIVO – INSTITUTO ÂNIMA SOCIESC – 2017) DA RECEITA, TIPO. CLASSIFICAÇÃO DA
Uma das funções básicas do Estado é suprir as necessi- RECEITA POR ESFERA ORÇAMENTÁRIA.
dades da sociedade. Por sua vez, a sociedade contribui RECURSOS ARRECADADOS EM
para o financiamento das políticas públicas de maneira EXERCÍCIOS ANTERIORES. CRÉDITOS
compulsória, através do pagamento de tributos. Por sua ORÇAMENTÁRIOS INICIAIS E
vez, o princípio orçamentário da universalidade é respei- ADICIONAIS.
tado quando o orçamento contém todas as receitas e ETAPAS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA E
todas as despesas do Estado. Dentre as peças orçamen- DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA
tárias, um documento reflete a síntese dos esforços de
planejamento da administração pública. O nome deste
documento é o: Receita Pública
a) Plano quinquenal. No contexto orçamentário, receita pública é todo o
b) Plano quadrienal. recebimento ou ingresso de recursos arrecadados pela

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


c) Plano plurissetorial. entidade com o fim de ser aplicado em gastos opera-
d) Plano multianual. cionais e de administração, ou seja, todo recurso ob-
e) Plano plurianual. tido pelo Estado para atender as despesas públicas.
(Jund/2008)
Resposta: Letra E. O Plano Plurianual é um instrumen- Não importa se derivam de atividade impositiva do
to destinado a organizar e viabilizar a ação pública, Estado ou através de contratos firmados pela administra-
com vistas a cumprir os fundamentos e os objetivos ção, com caráter de bilateralidade.
da República. Por meio dele, é declarado o conjunto Uns e outros devem ser tidos como receitas públicas,
das políticas públicas do governo para um período de cujo estudo amplo, pertence ao campo do Direito Finan-
4 (quatro) anos e os caminhos trilhados para viabilizar ceiro, e mais remotamente, ao da Ciência das Finanças.
Entrada ou ingresso é todo dinheiro recolhido aos co-
as metas previstas. O PPA tem previsão no art. 165 da
fres públicos, mesmo sujeito à restituição.
CF/1988, e define as políticas públicas do Governo Fe-
A noção compreende as importâncias e valores reali-
deral para desenvolver melhor o País, com base nos
zados a qualquer título. Assim, os tributos (impostos, ta-
compromissos firmados na eleição. xas, e contribuição de melhoria) e as rendas da atividade
econômica do Estado (preços), não restituíveis, são in-
gressos ou entradas. À semelhança, as fianças, cauções,
empréstimos públicos, posto que restituíveis.
Receita é a quantia recolhida aos cofres públicos não
1 Adaptado de Carlos Ivan Simonsen Leal/ Alessandro Lopez/ Silvia
Rabello/Edmilson de Paula (www.interessenacional.uol.com.br/www.
sujeita a restituição, ou, por outra, a importância que in-
alessandrolopez.blogspot.com.br/ www.senado.gov.br) tegra o patrimônio do Estado em caráter definitivo.

25
Na lição de Aliomar Baleeiro receita pública é a entra- Receita Extra Orçamentária correspondem aos va-
da que, integrando-se no patrimônio público sem quais- lores provenientes de toda e qualquer arrecadação
quer reservas, condições ou correspondência no passivo que não figurem no orçamento público e, conse-
vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo. quentemente, que não lhe pertencem. O Governo
fica como mero depositário dos valores recebidos.
Vale destacar, portanto, esses aspectos: Exemplos: Depósitos recebidos, Cauções em di-
nheiro recebidas, Consignações retidas a pagar,
etc.
1. Receita para a contabilidade pública, para fins
de registro das transações, ocorre quando há in- c) Quanto à Repercussão Patrimonial: Efetivas X
gresso de recurso financeiro, qualquer que seja; Não efetivas
2. Receita sob enfoque Patrimonial, ou seja, para Receitas Públicas Efetivas são aquelas em que os in-
fins de análise e estudo do patrimônio, ocorre gressos de disponibilidades de recursos não foram
quando o fato administrativo provoca acréscimo precedidos de registro de reconhecimento do di-
de valor no patrimônio líquido, excluídos os que reito e não constituem obrigações corresponden-
sejam provenientes de aporte dos proprietários da tes: Por isso, aumentam a situação liquida do patri-
entidade; mônio financeiro e a situação líquida patrimonial.
3. Receita pelo enfoque Orçamentário, ou seja, Exemplos: Receita Tributária, Receita Patrimonial,
para fins de controle e execução do orçamento Receita de Serviços, etc.
público, são todos os ingressos disponíveis para Receitas Públicas Não efetivas são aquelas em que
cobertura das despesas orçamentárias e operações os ingressos de disponibilidades de recursos foram
precedidos de registro de reconhecimento do di-
que, mesmo não havendo ingresso de recursos, fi-
reito. Por isso, aumentam a situação líquida do pa-
nanciam despesas orçamentárias. trimônio financeiro, mas não altera a situação líqui-
da patrimonial. São exemplos: Alienação de bens;
CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS Operações de crédito; Amortização de empréstimo
concedido; Cobrança de dívida ativa.
a) Quanto à Origem: Originárias X Derivadas d) Quanto à Regularidade: Ordinárias X Extraor-
Receitas Originárias são aquelas provenientes da dinárias
exploração do patrimônio da pessoa jurídica de Receitas Ordinárias são aquelas que representam
direito público, ou seja, o Estado coloca parte do certa regularidade na sua arrecadação, sendo nor-
seu patrimônio a disposição de pessoas físicas ou matizadas pela Constituição ou por leis específicas.
jurídicas, que poderão se beneficiar de bens ou de Exemplos: Arrecadação de Impostos (Federais, Es-
serviços, mediante pagamento de um preço esti- taduais ou Municipais), Transferências do Fundo de
pulado. Participação dos Estados e do Distrito Federal, do
Fundo de Participação dos Municípios, Cota parte
do ICMS destinado aos Municípios, etc.
Elas independem de autorização legal e pode ocorrer Receitas Extraordinárias são aquelas inconstantes,
a qualquer momento, e são oriundas da exploração do esporádicas, às vezes excepcionais, e que, por isso,
patrimônio mobiliário ou imobiliário, ou do exercício de não se renovam de ano a ano na peça orçamen-
atividade econômica, industrial, comercial ou de serviços, tária. Como exemplo mais típico, costuma-se citar
pelo Estado ou suas entidades. Exemplos: Rendas obtidas o imposto extraordinário, previsto no art. 76 do
sobre os bens sujeitos à sua propriedade (aluguéis, divi- Código Tributário Nacional, e decretado, em cir-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

dendos, aplicações financeiras). cunstâncias anormais, nos casos de guerra ou sua


iminência. As receitas patrimoniais devem, tam-
Receitas Derivadas são aquelas cobradas pelo Esta- bém, ser consideradas como extraordinárias, sob o
do, por força do seu poder de império, sobre as aspecto orçamentário.
relações econômicas praticadas pelos particulares,
pessoas físicas ou jurídicas, ou sobre seus bens. Na e) Quanto à forma de sua realização: Receitas Pró-
atualidade, constitui-se na instituição de tributos, prias, de Transferência se de Financiamentos.
que serão exigidos da população, para financiar os Receitas Próprias se dão quando seu ingresso é
gastos da administração pública em geral, ou para promovido pela própria entidade, diretamente,
o custeio de serviços públicos específicos prestados ou através de agentes arrecadadores autorizados.
ou colocados a disposição da comunidade. Exem- Exemplo: tributos, aluguéis, rendimento de aplica-
plos: Taxas, Impostos e Contribuições de Melhoria. ções financeiras, multas e juros de mora, alienação
de bens, etc.
b) Quanto à Natureza: Receitas Orçamentárias X Transferências se dão quando a sua arrecadação se
processa através de outras entidades, em virtude
Receitas Extra Orçamentárias
de dispositivos constitucionais e/ou legais, ou ain-
Receitas Orçamentárias são todos os ingressos fi- da, mediante celebração de acordos e/ou convê-
nanceiros de caráter não devolutivo auferidos pelo nios. Exemplo: cota parte de Tributos Federais aos
Poder Público. A receita orçamentária se subdivide Estados e Municípios (FPE e FPM), Cota parte de
ainda nas seguintes categorias econômicas: recei- Tributos Estaduais aos Municípios (ICMS e IPV A),
tas correntes e receitas de capital. convênios, etc.

26
Financiamentos são as operações de crédito realiza- Amortização de Empréstimos são receitas prove-
das com destinação específica, vinculadas à com- nientes do recebimento do principal mais correção
provação da aplicação dos recursos. São exemplos monetária, de empréstimos efetuados a terceiros;
os financiamentos para implantação de parques Transferências de Capital são recursos recebidos de
industriais, aquisição de bens de consumo durável, outras entidades; aplicação desses recursos deverá
obras de saneamento básico, etc. ser em despesas de capital. O recebimento desses
recursos não gera nenhuma contraprestação direta
f) Segundo a Categoria Econômica: Receitas Cor- em bens e serviços;
rentes X Receitas de Capital Outras Receitas de Capital são as que envolvem as
receitas de capital não classificáveis nas anteriores.
Receitas Correntes
São destinadas a financiar as Despesas Correntes. Estágios ou Fases da Receita Pública
Classificam-se em:
Receitas Tributárias que são provenientes da co- A realização da receita pública se dá mediante uma
brança de impostos, taxas e contribuições de me- sequencia de atividades, cujo resultado é o recebimento
lhoria. de recursos financeiros pelos cofres públicos. Os estágios
Receitas de Contribuições que são provenientes da são os seguintes:
arrecadação de contribuições sociais e econômi-
cas; por exemplo: contribuições para o PIS/PASEP, a) Previsão
contribuições para fundo de saúde de servidores Compreende a estimativa das receitas para compor
públicos, etc. a proposta orçamentária e aprovação do orçamento pú-
Receita Patrimonial são proveniente do resultado fi- blico pelo legislativo, transformando-o em Lei Orçamen-
nanceiro da fruição do patrimônio, decorrente da tária.
propriedade de bens mobiliários ou imobiliários; Na previsão de receita devem ser observadas as nor-
por exemplo: Aluguéis, dividendos, receita oriunda mas técnicas e legais, considerados os efeitos das alte-
de aplicação financeira, etc. rações na legislação, da variação do índice de preços,
Receita Agropecuária decorre da exploração das do crescimento econômico ou de qualquer outro fator
atividades agropecuárias; por exemplo: receita da relevante, sendo acompanhada de demonstrativo de sua
produção vegetal, receita da produção animal e evolução nos três últimos anos, da projeção para os dois
derivados. seguintes àquele a que se referir a estimativa, e da me-
Receita Industrial obtida com atividades ligadasà in- todologia de cálculo e premissas utilizadas, segundo dis-
dústria de transformação. Exemplos: indústria edi- põe o art. 12 da LRF.
torial e gráfica, reciclagem de lixo, etc.
Receitas de Serviços são provenientes de atividades b) Lançamento (aplicável às receitas tributárias)
caracterizadas pela prestação se serviços por ór- É o ato da repartição competente que verifica a pro-
gãos do Estado; por exemplo: serviços comerciais cedência do crédito fiscal, identifica a pessoa que é deve-
(compra e venda de mercadorias), etc. dora e inscreve o débito desta.
Transferências Correntes são recursos recebidos de Compreende os procedimentos determinação da ma-
outras pessoas de direito público ou privado, des- téria tributável, cálculo do imposto, identificação do su-
tinados ao atendimento de despesas correntes. jeito passivo e notificação.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Outras Receitas Correntes são o grupo que compre- As importâncias relativas a tributos, multas e outros
ende as Receitas de Multas e Juros de Mora, In- créditos da Fazenda Pública, lançadas mas não cobradas
denizações e Restituições, Receita da Dívida Ativa, ou não recolhidas no exercício de origem, constituem Dí-
etc. vida Ativa a partir da sua inscrição pela repartição com-
petente.
Receitas de Capital
São aquelas provenientes de realização de recursos c) Arrecadação
oriundos da contratação de dívidas; da conversão em es- É o ato pelo qual o Estado recebe os tributos, multas
pécie de bens (alienação de bens móveis e imóveis); dos e demais créditos, sendo distinguida em;
recursos recebidos de outras pessoas de direito público •Direta, a que é realizada pelo próprio Estado ou seus
ou privados destinados a atender despesas classificáveis servidores e;
em Despesas de Capital. São destinadas ao atendimento •Indireta, a que é efetuada sob a responsabilidade de
das Despesas de Capital e classificam-se em: terceiros credenciados pelo Estado.
Operações de Crédito são os financiamentos obti- Os agentes da arrecadação são devidamente autori-
dos dentro e fora do País; trata-se de recursos cap- zados para receberem os recursos e entregarem ao
tados de terceiros para obras e serviços públicos. Tesouro Público, sendo divididos em dois grupos:
Exemplos: colocação de títulos públicos, contrata- •Agentes públicos (coletorias, tesourarias, delegacias,
ção de empréstimos e financiamentos, etc.; postos fiscais, etc);
Alienação de Bens são receitas provenientes da ven- •Agentes privados (bancos autorizados).
da de bens móveis e imóveis;

27
d) Recolhimento Abaixo um quadro que demonstra alguns relevantes
Consiste na entrega do numerário, pelos agentes ar- aspectos sobre a Dívida Ativa:
recadadores, públicos ou privados, diretamente ao Te-
souro Público ou ao banco oficial.
O recolhimento de todas as receitas deve ser feito
com a observância do princípio de unidade de tesouraria,
vedada qualquer fragmentação para a criação de caixas
especiais. (art.56 da Lei 4.320/64).
Os recursos de caixa do Tesouro Nacional serão man-
tidos no Banco do Brasil S/A, somente sendo permitidos
saques para o pagamento de despesas formalmente pro-
cessadas e dentro dos limites estabelecidos na progra-
mação financeira; A conta única do Tesouro Nacional é
mantida no Banco Central, mas o agente financeiro é o
Banco do Brasil, que deve receber as importâncias prove-
nientes da arrecadação de tributos ou rendas federais e
realizar os pagamentos e suprimentos necessários à exe-
cução do Orçamento Geral da União.

Dívida Ativa

Dívida ativa corresponde a uma RECEITA, o que justi-


fica ser chamada de ATIVA. Destacamos no quadro acima o aspecto da Divida
Representa um conjunto de créditos ou direitos de Ativa ter natureza
distintas naturezas em favor da Fazenda Pública, sendo  TRIBUTÁRIA – decorre da obrigação legal relativa a
que esses créditos ou direitos possuem prazos estabele- tributos e derivados desse.
cidos na legislação pertinente e que, caso não sejam pa-  NÃO-TRIBUTÁRIA – abaixo um quadro demons-
gos ao vencimento, terá sua cobrança realizada por meio trando sua decorrência:
de órgão ou unidade específica instituída em lei.
Sendo assim, a inscrição de créditos em Dívida Ativa
representa um fato permutativo que resulta da transfe-
rência de um valor não recebido no prazo estabelecido,
representando um aumento da situação líquida patrimo-
nial.

*** Para a Dívida Ativa ser considerada presume-se a


legalidade ao crédito como dívida passível de cobrança e
a inscrição equivale a uma prova pré-constituída contra o
devedor.
*** Outro aspecto relevante quanto à esse crédito é
que, sendo ele passível de cobrança, essa gerará um cus-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

to, que por vez gera uma despesa, PORÉM, essa despesa
não transita pelas contas relativas à Dívida Ativa.

Essa inscrição poderá ser cancelada e esse cancela-


mento está relacionado ao raciocínio de extinção e con-
sequente diminuição na situação líquida patrimonial.
*** Outra forma de cancelamento da inscrição da
dívida ativa pode ser percebida através de registros de
abatimentos, anistia e outros valores, DESDE QUE essa
diminuição não seja decorrente do recebimento efetivo
da dívida ativa.

28
A inscrição de despesa em Restos a Pagar não proces-
RESTOS A PAGAR sados é procedida após a depuração das despesas pela
anulação de empenhos, no exercício financeiro de sua
emissão, ou seja, verificam-se quais despesas devem ser
inscritas em Restos a Pagar, anulam-se as demais e ins-
Restos a pagar crevem-se os Restos a Pagar não processados do exer-
cício.
Conforme rege a Lei nº 4.320/64, a despesa pública No momento do pagamento de Restos a Pagar refe-
na sua execução passa por três estágios: empenho, liqui- rente à despesa empenhada pelo valor estimado, verifi-
dação e pagamento. ca-se se existe diferença entre o valor da despesa inscrita
No final do exercício, as despesas orçamentárias em- e o valor real a ser pago; se existir diferença, procede-se
penhadas e não pagas, ou seja, não cumpriu o terceiro da seguinte forma:
estágio da despesa publica, serão inscritas em Restos a  Se o valor real a ser pago for superior ao valor
Pagar e constituirão a Dívida Flutuante. inscrito, a diferença deverá ser empenhada a conta de
Podem-se distinguir dois tipos de Restos a Pagar: despesas de exercícios anteriores;
 Se o valor real for inferior ao valor inscrito, o sal-
Processados – decorrem das despesas do existente deverá ser cancelado.
empenhadas e liquidadas, mas que, A inscrição de Restos a Pagar deve observar aos li-
até 31 de dezembro, não foram pagas. mites e condições de modo a prevenir riscos e corrigir
Não processados - referem-se a desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públi-
despesas empenhadas que não cas, conforme estabelecido na Lei de Responsabilidade
alcançaram o estágio da liquidação. Fiscal – LRF.
A LRF determina ainda, em seu artigo 42, que qual-
O alcançaram o estágio da liquidação. quer despesa empenhada nos últimos oito meses do
mandato deve ser totalmente paga no exercício, acaban-
Os restos a pagar são dívida passiva e segundo o De- do por vetar sua inscrição ou parte dela em Restos a Pa-
creto 20.910/32, a dívida passiva da União, dos estados e gar, a não ser que haja suficiente disponibilidade de caixa
dos municípios prescreve em cinco anos. para viabilizar seu correspondente pagamento.
Sob o aspecto legal, na esfera federal, a inscrição de Observa-se que, embora a Lei de Responsabilidade
despesas em restos a pagar depende das condições es- Fiscal não aborde o mérito do que pode ou não ser ins-
tabelecidas no Decreto nº 93.872/96. crito em Restos a Pagar, veda contrair obrigação no úl-
Os Restos a Pagar Processados não podem ser cance- timo ano do mandato do governante sem que exista a
lados, tendo em vista que o fornecedor de bens/serviços respectiva cobertura financeira, eliminando desta forma
cumpriu com a obrigação de fazer e a administração não as heranças fiscais,conforme disposto no seu artigo 42:
poderá deixar de cumprir coma obrigação de pagar sob “Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão re-
pena de estar deixando de cumprir os Princípios da Mo- ferido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do
ralidade que rege a Administração Pública e está previsto seu mandato, contrair obrigação de despesa que não
no artigo 37 da Constituição Federal, abaixo transcrito. possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que
O cancelamento caracteriza, inclusive, forma de en- tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte
riquecimento ilícito, conforme Parecer nº 401/2000 da sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. este efeito.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Somente poderão ser inscritas em Restos a Pagar as Parágrafo único. Na determinação da disponibili-
despesas de competência do exercício financeiro, con- dade de caixa serão considerados os encargos e des-
siderando-se como despesa liquidada aquela em que o
pesas compromissadas a pagar até o final do exercí-
serviço, obra ou material contratado tenha sido prestado
cio.”
ou entregue e aceito pelo contratante, e não liquidada,
É prudente que a inscrição de despesas orçamentá-
mas de competência do exercício, aquela em que o ser-
rias em Restos a Pagar não processados observe a dispo-
viço ou material contratado tenha sido prestado ou en-
nibilidade de caixa e a competência da despesa.
tregue e que se encontre, em 31 de dezembro de cada
Reconhecimento da despesa orçamentária inscrita
exercício financeiro, em fase de verificação do direito ad-
em restos a pagar não processados no encerramento do
quirido pelo credor ou quando o prazo para cumprimen-
to da obrigação assumida pelo credor estiver vigente. exercício.
Observando-se o Princípio da Anualidade Orçamen- A norma legal estabeleceu que, no encerramento do
tária, as parcelas dos contratos e convênios somente de- exercício, a parcela da despesa orçamentária que se en-
verão ser empenhadas e contabilizadas no exercício fi- contrar em qualquer fase de execução posterior à emis-
nanceiro se a execução for realizada até 31 de dezembro são do Empenho e anterior ao Pagamento será conside-
ou se o prazo para cumprimento da obrigação assumida rada restos a pagar.
pelo credor estiver vigente. O raciocínio implícito na lei é de que a receita orça-
As parcelas remanescentes deverão ser registradas mentária a ser utilizada para pagamento da despesa em-
nas Contas de Compensação e incluídas na previsão or- penhada em determinado exercício já foi arrecadada ou
çamentária para o exercício financeiro em que estiver ainda será arrecadada no mesmo ano e estará disponível
prevista a competência da despesa. no caixa do governo ainda neste exercício.

29
Logo, como a receita orçamentária que ampara o em-
penho pertence ao exercício e serviu de base, dentro do
princípio orçamentário do equilíbrio, para a fixação da EXERCÍCIOS COMENTADOS
despesa orçamentária autorizada pelo congresso, a des-
pesa que for empenhada com base nesse crédito orça- 1. (CESPE/2017 – TRT/ 7ª Região -CE) Determinada
mentário também deverá pertencer ao exercício. despesa orçamentária empenhada e liquidada não foi
Supondo que determinada receita tenha sido arreca- paga até o dia trinta e um de dezembro de determi-
dada e permaneça no caixa, portanto, integrando o ativo nado ano. Se inscrita em restos a pagar, essa despesa
financeiro do ente público no final do exercício.
Existindo concomitantemente uma despesa empe- a) continuará vigente, independentemente de qualquer
nhada, que criou para o estado uma obrigação pendente ato das unidades gestoras, após trinta de junho do se-
do cumprimento do programo de condição, terá que ser gundo ano subsequente ao da sua inscrição.
registrada também numa conta de passivo financeiro, b) será automaticamente cancelada, independentemente
senão o ente público estará apresentando em seu balan- de qualquer ato das unidades gestoras, após encerra-
ço patrimonial, ao final do exercício, superávit financeiro do o primeiro exercício financeiro subsequente ao da
(ativo financeiro – passivo financeiro), que poderia ser sua primeira renovação.
c) será automaticamente cancelada após trinta de junho
objeto de abertura de crédito adicional no ano seguinte
do segundo ano subsequente ao da sua inscrição.
na forma prevista na lei.
d) continuará vigente após trinta de junho do segundo
No entanto, a receita que permaneceu no caixa na vi-
ano subsequente ao da sua inscrição, desde que reali-
rada do exercício já está comprometida com o empenho
zado o respectivo processamento.
que foi inscrito em restos a pagar e, portanto, não pode-
ria ser utilizada para abertura de novo crédito.
Como a despesa foi empenha da e liquidada, consti-
Dessa forma, o registro do passivo financeiro é inevi- tuirá restos a pagar processados, ou seja, não podem
tável, mesmo não se tratando de um passivo consumado, ser cancelados, o que já nos permite excluir as alter-
pois falta o cumprimento do programo de condição, mas nativas B e C.
por força do artigo 35 da Lei 4.320/1964 e da apuração A alternativa D coloca uma condição: “desde que”, que
do superávit financeiro tem que ser registrado. caracterizaria uma possibilidade desse cancelamento.
Ao determinar que, no final do exercício, fosse reco- (Não ocorre, salvo motivo previsto na legislação per-
nhecida como despesa orçamentária aquela empenha- tinente)
da, independentemente de sua liquidação, observa-se RESPOSTA: “A”
claramente que o legislador deu mais importância ao
princípio da legalidade da despesa e da anualidade do 2. (CESPE/2017 – TER/PE) A respeito de despesa pú-
Orçamento, em detrimento do registro da despesa sob o blica, assinale a opção correta.
regime da competência restrita.
Porém, para atender ao Princípio da Competência e a) Restos a pagar são despesas pendentes de empenho
aos Princípios da Legalidade da Despesa e da Anualidade e pagamento quando do encerramento do exercício
do Orçamento, é necessário fazer alguns ajustes no en- financeiro.
cerramento do exercício, a saber: b) A despesa com inscrição em restos a pagar cancelada
Com o objetivo de evitar demonstrar um superávit constitui uma despesa de exercício anterior se o direi-
financeiro inexistente, que pode ser utilizado para aber- to do credor ainda estiver em vigor.
tura de créditos adicionais sem lastro, comprometendo a c) Os restos a pagar e os serviços da dívida são exemplos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

situação financeira do ente, é recomendável que se pro- de dívida fundada.


ceda a execução da despesa orçamentária mesmo faltan- d) Obras públicas, subvenções econômicas e juros da dí-
do o cumprimento do implemento de condição. vida pública são despesas de capital.
Tal procedimento é concebido mediante o registro da e) Empenho é ato contábil que registra a obrigação do
despesa orçamentária em contrapartida com uma con- Estado de efetuar pagamento a terceiro, pendente ou
ta de passivo no sistema financeiro. Observa-se que tal não de implemento de condições.
registro criou um passivo “fictício” e, portanto, deve-se
registrar, simultaneamente, uma conta redutora deste Alternativa A – ERRADA – restos a pagar são despesas
passivo, no sistema patrimonial.2 empenhadas e não pagas. Se, além de empenhadas,
forem liquidadas, constitui restos a pagar processa-
dos, caso não sejam liquidadas, constitui restos a pa-
gar não processados.
Alternativa B – CERTO
Alternativa C – ERRADA - as despesas orçamentárias
empenhadas e não pagas, ou seja, não cumpriu o ter-
ceiro estágio da despesa publica, serão inscritas em
Restos a Pagar e constituirão a Dívida Flutuante.
Alternativa D – trata-se de despesas de capital
Alternativa E - empenho não é ato contábil e sim um
ato emanado de autoridade competente.
RESPOSTA: “B”
2 Adaptado de www.professor.pucgoias.edu.br

30
3. (CESPE/2018 – STM) Com relação a restos a pagar e a suprimento de fundos, julgue o item a seguir.
O servidor declarado em alcance para suprimento de fundos é aquele cujas contas foram prestadas no prazo regulamentar
e, em seguida, aprovadas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Por servidor em alcance entende-se aquele que não prestou contas no prazo regulamentar ou o que teve suas con-
tas recusadas ou impugnadas. Destacando-se que a esses não será efetuado restos a pagar.
RESPOSTA: “ERRADO”

DÍVIDA ATIVA

Prezado candidato, este tema já foi abordado no tópico “Receita orçamentária: classificação por natureza: categoria
econômica, origem, espécie, desdobramentos para identificação de peculiaridades da receita, tipo. Classificação da receita
por esfera orçamentária. Recursos arrecadados em exercícios anteriores. Créditos orçamentários iniciais e adicionais. Eta-
pas da receita orçamentária e da despesa orçamentária”.

LEI COMPLEMENTAR Nº 101/2000 ATUALIZADA: DISPOSIÇÕES PRELIMINARES,


PLANEJAMENTO, RECEITA E DESPESA PÚBLICA, TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS,
DESTINAÇÃO DE RECURSOS PARA O SETOR PRIVADO, DÍVIDA E ENDIVIDAMENTO. GESTÃO
PATRIMONIAL E CONTÁBIL. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

A Lei Complementar Federal nº 101/2.000 – Lei de Responsabilidade Fiscal prevê um mecanismo para melhor
controlar as contas públicas, impondo mais rigor nas ações do governo no tocante a contrair empréstimos ou dívidas,
proporcionando mais fiscalização e transparência.
Seus princípios são:

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

31
Planejamento Despesa Pública – Geração de despesa (art. 16)

Outro ponto importante da Lei é sobre o planejamen- • Condições para criação, expansão e aperfeiçoamen-
to. Ela busca enfatizar o papel dessa função, vinculando to da ação governamental:
inclusive o planejamento à execução do gasto público • Estimativa de impacto financeiro-orçamentário
e, para isso, aponta alguns instrumentos que permitem (exercício referente mais 2 seguintes);
o planejamento do gasto público, dentre eles o PPA, a • Declaração do ordenador de despesas sobre a ade-
LDO e a LOA. quação financeira/orçamentária com a LOA, LDO,
PPA.
LDO (art. 4°) • O atendimento a estes requisitos constitui condição
prévia para empenho/licitação e para a desapro-
Requisitos/Funções da LDO além do disposto no art. priação de imóveis urbanos (art. 16, § 4°).
165, §2°, da CF/1988:
• Equilíbrio entre receitas e despesas; Transferências Voluntárias (art. 25)
• Critérios e Forma da Limitação de Empenho (art. 9°,
II, b e 31, § 1°, II); Entrega de recursos de um ente federado a outro a
• Condições/exigências para transferências de recur- título de cooperação, auxílio ou assistência financeira
sos a entidades públicas e privadas, além das con- que não seja decorrente de determinação constitucional,
tidas na CF/1988 e na LRF (vide art. 25, § 1° – trans- legal ou do SUS.
ferências voluntárias e art. 26, caput, – destinação Exigências para a realização de transferências volun-
de recursos para o setor privado); tárias (art. 25, § 1°):
• Anexo de Metas Fiscais (art. 4°, § 1° – exercício de • Existência de dotação específica;
referência mais 2 seguintes); • Atendimento às condições específicas da LDO;
• Anexo de Riscos Fiscais (art. 4°, § 3°) – riscos capazes • Não podem ser destinadas ao pagamento de des-
de afetar as contas públicas; pesas de pessoal;
• Definição da forma de utilização e do montante, em • Contrapartida;
percentual da RCL, da Reserva de Contingência, • Comprovação pelo beneficiário de atendimento
com base na análise dos riscos fiscais; de determinadas condições como: prestação de
• Condições para renúncia de receitas (art. 14, caput); contas dos recursos já recebidos; atendimento
• Autorização para os municípios contribuírem para aos limites constitucionais de educação e saúde;
o custeio de despesas de competência de outros atendimento aos limites da dívida, das despesas de
entes federados (art. 62). pessoal e com restos a pagar.

LOA (art. 5°) Destinação de recursos públicos para o setor pri-


vado (art. 26)
• Compatibilidade com o PPA e a LDO (art. 5°, caput);
• Reserva de contingência (art. 5°, III); • Autorização em lei específica;
• Vedação à consignação na LOA de crédito com fina- • Condições previstas na LDO;
lidade imprecisa ou dotação ilimitada (art. 5°, § 4°). • Previsão na LOA e nos créditos adicionais.

Receita Pública Dívida e endividamento


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

• Dever de instituir, prever e arrecadar os tributos da Dívida consolidada ou fundada: prazo de amortização
competência constitucional do ente federado (art. superior a 12 meses (art. 29, I) (REGRA).
11) – Sanção institucional: vedação às transferên- • No caso da União, os títulos de responsabilidade do
cias voluntárias para o ente que não observe este BACEN estão incluídos (art. 29, § 2°);
dever no tocante aos impostos; • Op. Crédito com prazo inferior a 12 meses cujas re-
• Renúncia de Receitas: a lei não veda, mas impõe ceitas tenham constado do orçamento (art. 29, §
condições (art. 14): 3°);
• Estimativa de impacto financeiro-orçamentário • Precatórios não pagos durante a execução do orça-
(exercício referente mais 2 seguintes); mento em que houverem sido incluídos integram
• Atendimento das condições/requisitos da LDO; a dívida consolidada, para fins de aplicação dos li-
• Atendimento a uma das condições: mites (art. 30, § 7°).
§ demonstração de que a renúncia de receitas foi
considerada na LOA e de que não afetará as metas Dívida flutuante (art. 92, da Lei n° 4.320/1964): obri-
fiscais (art. 14, I); gações como prazo inferior a 12 meses.
§ medidas de compensação com o aumento de re- • Restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
ceita (art. 14, II) – a adoção dessas medidas de com- • Serviços da dívida;
pensação constitui condição para que a renúncia de • Depósitos;
receita entre em vigor. • Débitos em tesouraria.

32
Gestão Patrimonial e Contábil (art. 43) Resposta: Certo A LRF integrou anexos à LDO, entre
eles, o Anexo de Riscos Fiscais, que apresenta a ava-
Atendimento ao art. 164, § 3°, da CF/1988: liação de possíveis dívidas (passivos contingentes) que
• Disponibilidades financeiras dos Estados/Municí- poderão afetar as contas públicas.
pios deverão ser depositadas em Instituições Fi-
nanceiras Oficiais, ressalvados os casos previstos 3. (STM – CESPE – 2018) Com base na Lei de Responsa-
em lei nacional. bilidade Fiscal, julgue o item a seguir:
• Disponibilidades de Caixa dos Regimes de Previdên- Os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial
cia: devem ser apresentados no projeto da lei orçamentária
• Conta separada das demais disponibilidades de anual.
cada ente;
• Aplicação nas condições de mercado com a obser- ( ) CERTO ( ) ERRADO
vância dos limites e condições de proteção e pru-
dência financeira; Resposta: Errado. À LDO cabe apresentar as políticas
• Vedada a aplicação em títulos da dívida pública dos públicas e respectivas prioridades para o exercício se-
estados/municípios e em ações/papeis de empre- guinte. A LOA tem como principais objetivos estimar a
sas controladas ou em empréstimos aos segura- receita e fixar a despesa.
dos, ao poder público e às empresas controladas.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (TRE-PE – CESPE – 2017) Acerca de transparência,


controle e fiscalização das contas públicas, conforme es-
tabelece a Lei Complementar nº 101/2000 — Lei de Res-
ponsabilidade Fiscal (LRF) —, assinale a opção correta.

a) As contas do Poder Judiciário serão apresentadas, no


âmbito da União, pelos presidentes dos tribunais de
justiça.
b) O orçamento público é instrumento de transparência
da gestão fiscal.
c) A despesa pública e o resultado dos fluxos financeiros
devem obedecer ao regime de competência.
d) O balanço orçamentário deve conter as receitas por
grupo de natureza e as despesas, por fonte.
e) O relatório de gestão fiscal deve conter o total da des-
pesa com pessoal, excluídos os pensionistas.

Resposta: Letra B. Alternativa A – Errada – Quem

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


apresenta as contas ao Poder Judiciário são os Pre-
sidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores.
Alternativa B – Certa.
Alternativa C – Errada – Os resultados dos fluxos são
registrados conforme regime de caixa.
Alternativa D – É o inverso.
Alternativa E – Os pensionistas, assim como os inativos
estão incluídos.

2. (TRF 1ª REGIÃO – CESPE – 2017) De acordo com a


Lei Complementar nº 101/2.000 (Lei de Responsabilidade
Fiscal – LRF), julgue o item a seguir:
Se, na elaboração da lei de diretrizes orçamentárias, fo-
rem constatados fatores que possam afetar o equilíbrio
das finanças públicas, a administração pública deverá in-
cluir não somente as informações acerca desses possíveis
fatores, mas também as medidas que serão adotadas
caso as previsões se concretizem.

( ) CERTO ( ) ERRADO

33
5. (AOCP/2016 – EBSERH) O administrador financeiro
é quem executa as atribuições financeiras da empresa,
HORA DE PRATICAR! utilizando basicamente as atribuições da tesouraria e da
controladoria. Assinale a alternativa que apresenta, res-
1. (CPDON/2017 – UEPB) Em todo processo de toma- pectivamente, um componente de tesouraria e um de
da de decisão é essencial verificar e analisar o compor- controladoria.
tamento (valor) do dinheiro ao longo do tempo. Assim,
NÃO se pode afirmar que a) Administração de promoção e propaganda e fluxo de
produção.
a) as taxas de juros se referem sempre a uma unidade de b) Administração de dimensionamento e organização de
tempo e podem ser representadas equivalentemente pessoal.
de duas maneiras: taxa percentual e taxa unitária. c) Administração de riscos de mercado e planejamento
b) na capitalização de juros, simples ou composto, a taxa tributário.
proporcional é sempre igual à taxa equivalente de ju- d) Administração de responsabilidades e planos de ne-
ros. gócios.
c) o uso de juros simples restringe-se principalmente às e) Administração de premiações e planos de cargos e sa-
operações praticadas no âmbito do curto prazo. lários.
d) a capitalização contínua se processa em intervalos de
tempo bastante reduzidos – caracteristicamente em 6. (CS/UFG – 2017 – CELG-GT/GO) A área de adminis-
intervalo de tempo infinitesimal. tração financeira de uma organização é composta de
e) as principais questões básicas que a Matemática Fi- algumas subáreas tais como a tesouraria e a controla-
nanceira procura responder estão voltadas para a re- doria. Essas duas subáreas possuem, respectivamente, as
lação dinheiro e tempo. seguintes funções:

2. (UFMT/2017 – UFSBA) De acordo com os conceitos a) relações com bancos e decisões de financiamento.
básicos de Administração Financeira, o que significa Ati- b) administração de câmbio e decisões de investimento.
vo? c) proteção de caixa e auditoria interna.
d) administração de crédito e controle financeiro.
a) Valor contábil dos recursos próprios aplicados no ne-
gócio pelos sócios/acionistas. 7. (COMVEST UFAM/2018 – UFAM) Em relação aos sis-
b) Parcela de empréstimos tomados pela pessoa jurídica. temas ou funções administrativas, é INCORRETO afirmar
c) Conjunto de bens e direitos detidos pela organização. que:
d) Conjunto de obrigações e dívidas da instituição peran-
te terceiros. a) o sistema financeiro tem que ser considerado o mais
importante dos sistemas organizacionais, pois cabe a
3. (COPESE/UFT – 2017 – UFT) Em relação às noções de ele, no caso da administração pública, a arrecadação
administração financeira, o conceito de fluxo de caixa é: de recursos financeiros que mantêm a máquina estatal
operando e, no caso das empresas privadas, porque
a) Controle de entradas e de saídas do estoque físico da tal sistema garante a sustentabilidade organizacional
empresa, de acordo com o regime de caixa. e o consequente lucro operacional.
b) Relatório gerencial do fluxo de estoque relativo aos b) a controladoria é um subsistema destinado a assegu-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

ativos da organização. rar, por meio do acompanhamento e controle ade-


c) Relatório financeiro provenientes de controles bancá- quados, a execução do que foi planejado. Por isso,
rios de depreciação do capital permanente da orga- essa área depende muito da eficácia do sistema de
nização. informações gerenciais.
d) Controle das entradas e das saídas financeiras em um c) a engenharia de produção e processos, parte do sis-
determinado período de tempo. tema de produção da empresa, viabiliza um produto,
permitindo que este possa ser fabricado a partir da
4. (UECE/CEV – 2018 – FUNCEME) Os débitos de tesou- seleção das máquinas e insumos necessários, e dese-
raria são valores nhando e estabelecendo os detalhes do seu processo
de fabricação.
a) decorrentes de operação de crédito por antecipação d) as ações de marketing em uma organização corres-
de receita orçamentária. pondem ao dimensionamento do mercado, motiva-
b) apurados em conciliação contábil que não foram ain- ção de compra, ajustamento do produto, distribuição
da contabilizados. física, comunicação, venda e pós-venda.
c) arrecadados, por conta de terceiros, que serão devol- e) apenas treinamentos e capacitações técnicas dos re-
vidos em época própria. cursos humanos não são capazes de ajudar os indiví-
d) debitados na conta “Caixa” que necessitam de regula- duos a agirem eticamente. As pessoas precisam refle-
rização contábil. tir sobre as consequências de seus atos para melhor
orientarem suas decisões.

34
8. (CESPE/2015 – TELEBRAS / Analista Superior) No
que diz respeito aos conceitos e às classificações aplica-
dos à auditoria, julgue o item a seguir. GABARITO
As auditorias realizadas no âmbito do setor público têm
o objetivo único de contribuir para a governança coope- 1 B
rativa, o que é uma vantagem, já que as regras aplicadas
pelo auditor serão as mesmas, independentemente do 2 C
escopo da auditoria. 3 D

( ) CERTO ( ) ERRADO 4 A
5 C
9. (QUADRIX/2017 – CFO/DF) No que se refere à orga-
6 C
nização, cultura e estrutura organizacional, julgue o item.
As auditorias administrativas constituem um tipo de con- 7 A
trole geral de desempenho. 8 ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 9 ERRADO

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

35
ANOTAÇÕES

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36
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Noções de Direito Constitucional: A Constituição. Conceito. Classificação.......................................................................................... 01


Princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988. Direitos e Garantias Fundamentais. Direitos e deveres
individuais e coletivos. Direitos sociais................................................................................................................................................................ 04
Organização do Estado.............................................................................................................................................................................................. 08
Administração pública. Servidores públicos civis e militares...................................................................................................................... 10
Organização dos Poderes. Do Poder Legislativo. Do Poder Executivo. Do Poder Judiciário. Disposições Gerais. Do
Supremo Tribunal Federal. Do Superior Tribunal de Justiça. Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais. Dos
Tribunais e Juízes dos Estados................................................................................................................................................................................ 15
Das funções essenciais à Justiça............................................................................................................................................................................. 35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL: A CONSTITUIÇÃO. CONCEITO. CLASSIFICAÇÃO.

CONSTITUIÇÃO

Conceito

Há, no mundo jurídico, diversos conceitos acerca da Constituição. Nesse sentido, ver-se-á agora os principais
sentidos, conceitos ou concepções da Constituição, para logo mais estudar as classificações da Constituição.

a) Sentido Sociológico
Ferdinand Lassale, em seu livro ¿Qué es una Constitución?, expõe a ideia de que uma Constituição só seria “legítima
se representasse o efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Caso isso não ocorresse,
ela seria ilegítima, caracterizando-se como uma simples ‘folha de pape’l”. Assim, segundo a conceituação de Lassale, a
Constituição seria, então, a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade”. (LENZA, 2018, p. 121)
Não obstante, para Lassale (2009, p. 39): “Onde a constituição escrita não corresponder à real, irrompe inevitavelmente
um conflito que é impossível evitar e no qual, mais dia menos dia, a constituição escrita, a folha de papel, sucumbirá
necessariamente, perante a constituição real, a das verdadeiras forças vitais do país”.

b) Sentido Político
Carl Schmitt pode ser considerado um grande entusiasta da concepção política. Assim, conforme visto por José
Afonso da Silva, Carl Schmitt prevê: “(...) só se refere à decisão política fundamental (estrutura e órgãos do Estado,
direitos individuais, vida democrática etc.); as leis constitucionais seriam os demais dispositivos inseridos no texto do
documento constitucional, mas não contêm matéria de decisão política fundamental”. (2014, p. 40)
Em outras palavras, são diferenças entre a Constituição e a Lei Constitucional:
a) o procedimento de reforma é válido para as leis constitucionais, mas não para a constituição, pois uma reforma
das decisões políticas fundamentais não suportaria uma emenda, senão uma anulação da constituição;
b) as leis constitucionais podem suspender-se (estado de guerra), mas não a constituição como totalidade, pois
precisamente a razão de tal suspensão é a manutenção da constituição como totalidade;
c) um conflito constitucional não afeta às particularidades, senão às decisões políticas fundamentais;
d) o juramento de lealdade à constituição não vincula a ser leal a todos os preceitos constitucionais, que podem
mudar seguindo o modo de reforma previsto – e um juramento em branco não tem sentido -, senão que ao que
vincula é às repetidas decisões políticas fundamentais. (GARCÍA-PELAYO, 1999, p. 86)

c) Sentido Jurídico
Hans Kelsen se mostra como grande defensor da concepção jurídica, na sua obra “Teoria Pura do direito”, onde diz
que a Constituição não precisa buscar seu fundamento na sociologia ou política, posto que é algo puramente jurídico.
Assim, tem-se “uma das maiores criticas ao positivismo, pois não se determina ‘o que é’ a Constituição, mas apenas se
preocupa em buscar seu fundamento”. (LAZARI, 2019, p. 87)
Outra grande contribuição do autor foi ter criado a pirâmide de hierarquia das normas. Conforme se pode observar,
a Constituição se encontra no topo da pirâmide.

PIRÂMIDE DE KELSEN NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1
Acerca da pirâmide acima exposto, José Afonso da Classificações das Constituições
Silva (2014, p. 41), traduzindo o pensamento de Kelsen,
expõe que: As Classificações das Constituições prevê
“... constituição é, então, considerada norma pura, etiquetamentos para as constituições, quais são:
puro dever-ser, sem qualquer pretensão a fundamentação
sociológica, política ou filosófica. A concepção de Kelsen I) Quanto ao conteúdo
toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico- Pode ser material ou formal.
jurídico e no jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, a) Material: Para Rafael de Lazari: “é o conjunto de
Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja normas que regulam as matérias tipicamente
função é servir de fundamento lógico transcendental da constitucionais, a saber, a estrutura do Estado, a
validade da Constituição jurídico-positiva, que equivale à organização dos Poderes e os direitos e garantias
norma positiva suprema, conjunto de normas que regula fundamentais” (LAZARI, 2019, p. 91). Como exem-
a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto plo, pode-se relembrar os Objetivos da Constitui-
grau”. ção, dispostos no terceiro artigo da mesma.
b) Formal: “normas constitucionais serão aquelas in-
d) Sentido Normativo troduzidas pelo poder soberano, por meio de um
Pelo sentido normativo, tem-se a ideia de Konrad processo legislativo mais dificultoso, diferenciado
Hesse, que tenta intermediar o sociologismo de Lassalle e solene do que o processo legislativo de forma-
e o juridicismo de Kelsen, reconhecendo que o sentido ção das demais normas do ordenamento” (LENZA,
jurídico não é absoluto. 2009, p. 26).

e) Sentido cultural II) Quanto à forma


No que tange à concepção cultural, acredita-se que Podem ser escritas ou não escritas.
a Constituição é um produto cultural, produzido pela a) Escritas: são aquelas que são reduzidas a termo.
sociedade e que nela influi. Como destacado por J. H. Nesse sentido, como visto por Rafael de Lazari
Meirelles Teixeira (1991, p. 58), trata-se de: (2019, p. 91): “aqui, as normas estão devidamen-
“... uma formação objetiva de cultura que encerra, ao te codificadas, e comumente condensadas em um
mesmo tempo, elementos históricos, sociais e racionais, único documento. Tal característica não anula a
aí intervindo, portanto, não apenas fatores reais (natureza existência de normas constitucionais implícitas, na
humana, necessidades individuais e sociais concretas, condição de princípios, sobretudo considerando
raça, geografia, uso, costumes, tradições, economia, os atuais tempo neoconstitucionais”.
técnicas), mas também espirituais (sentimentos, ideias b) Não escritas: São aquelas baseadas em costumes
morais, políticas e religiosas, valores), ou ainda elementos ou jurisprudência, não havendo previsão reduzida
puramente racionais (técnicas jurídicas, formas políticas, à termo, como, in verbis, a Constituição da Inglater-
instituições, formas e conceitos jurídicos a priori), e ra. Em outras palavras, ocorre: “Quando as normas
finalmente elementos voluntaristas, pois não é possível não estão em texto único, mas sim em costumes,
negar-se o papel de vontade humana, da livre adesão, jurisprudência e dispositivos de natureza constitu-
da vontade política das comunidades sociais na adoção cional esparsos. É fundamental ressaltar que esta
desta ou daquela forma de convivência política e social, característica não impede que existam preceitos
e de organização do Direito e do Estado”. constitucionais escritos. A questão é que não estão
eles condensados em um documento unificado”
#FicaDica (LAZARI, 2019, p. 91)
Concepção sociológica (Ferdinand Lassalle):
III) Quanto à sistemática
a Constituição deve representar a soma dos fa-
Podem ser reduzida, variada (legais) e codificada.
tores reais de poder, sob pena de se converter
a) Reduzidas: são aquelas previstas em somente um
em “mera folha de papel”
documento, como a Constituição do Brasil.
Concepção política (Carl Schmitt):a Constitui-
b) Variadas: São aquelas previstas em vários docu-
ção propriamente dita somente será aquilo que
mentos distintos, como várias “Constituições”.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

decorre de uma decisão política fundamental. O


c) Codigicada: Aquela que se apresenta em forma de
que não for dessa decorrência serão meras Leis
código.
Constitucionais.
Concepção jurídica (Hans Kelsen): Constituição
IV) Quanto à elaboração
é aquilo que se situa no ápice do ordenamento
Podem ser dogmáticas ou históricas.
jurídico (documento hierarquicamente superior)
a) Dogmáticas: Ocorre “quando elaborada por um
Concepção normativa (Konrad Hesse): Cons-
órgão constituinte em determinado momento his-
tituição é sinônimo de vinculação (por agentes
tórico, o que se reflete numa Constituição escrita e
públicos e privados) e estabilidade.
sistematizada” (LAZARI, 2019, p. 97)
Concepção cultural (Peter Häberle): Consti-
b) Histórica: Ocorre “quando sua elaboração é lenta,
tuição é produto cultural, decorrente da ativi-
e ocorre de acordo com as transformações sociais,
dade humana criadora. É uma mescla das con-
o que reflete numa Constituição costumeira, e não
cepções anteriores. (LAZARI, 2019, p. 90)
escrita”. (LAZARI, 2019, p. 97)

2
V) Quanto à origem pluralismo, ou ainda que haja, esta construção
Podem ser promulgadas ou outorgadas. é meramente desprovida de eficácia e conteúdo
a) Promulgadas: são aquelas elaboradas mediante as- substancial” (LAZARI, 2019, p. 97)
sembleia constituinte, geralmente com participa- b) Eclética: Também chamada de heterodoxa, plura-
ção do povo, como exemplo a CF/1988. lista ou heterogênea, ocorre “quando almeja coa-
Nesse sentido: “(...) é quando elaborada por dunar diversas ideologias. O acordo por um texto
representantes legítimos do povo, por meio de um neste sentido pode resultar de compromissos en-
órgão constituinte. É decorrência de manifestação da tre diversas forças (daí ser também chamada de
soberania popular, que credita um órgão competente “Constituição compromissária”), como pode resul-
a confiança (e, sobretudo, a legitimidade) para a tar da natural formação miscigenada de um povo
elaboração de uma nova Lei Fundamental norteadora. e suas crenças, posicionamentos, ideologias etc.
No Brasil, as Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988 De todo modo, quando existe em um território
foram promulgadas”. (LAZARI, 2019, p. 92) uma sociedade plural, o ideal é que as Constitui-
b) Outorgadas: São feitas pela vontade do governo, ções reflitam esta condição, respeitando e conju-
sem assembleia constituinte e participação do gando o máximo de interesse, direitos e deveres
povo, sendo “fruto do autoritarismo, isto é, sem possíveis”. (LAZARI, 2019, p. 98)
qualquer participação do povo. As Constituições
de 1824, 1937, 1967 (mais EC nº 1/69) foram ou- VIII) Quanto à extensão
torgadas”. (LAZARI, 2019, p. 92) Pode ser sintética ou analítica.
a) Sintética: Também chamada de resumida, concisa
VI) Quanto à estabilidade ou reduzida, ocorre quando o texto da Constitui-
Podem ser imutáveis, rígidas, flexíveis, semirrígidas ção regular apenas questões básicas da organiza-
ou super rígidas. ção do Estado. O grande exemplo é a Constituição
a) Imutável: A Constituição será imutável, permanen- dos Estados Unidos da América, de 1787, até hoje
te ou intocável quando não prever nenhum pro- vigente.
cesso de alteração de suas normas, muito menos b) Analítica: Cognominada também de prolixa, ocor-
um órgão competente para fazê-las. Tem-se que re quando a Carta Magna regular minuciosamente
a imutabilidade não tem razão para existir ante as várias questões sociais, como administração pú-
concepções contemporâneas democráticas. (LA- blica, finanças públicas, tributação e orçamentos,
ZARI, 2019, p. 93) direitos e garantias fundamentais, etc. (LAZARI,
b) Rígida: A Constituição será rígida quando somente 2019, p. 95)
pode ser alterada mediante um processo legislati-
vo árduo e solene, devendo-se respeitar todas as IX) Quanto à finalidade
Pode ser liberal ou dirigente.
regras para a alteração.
a) Liberal: Também chamada de defensiva, garantida,
c) Flexível: Também chamada de plástica, é aquela
Constituição quadro ou negativa, ocorre quando
que pode ser alterada sem qualquer processo le-
a Constituição visa limitar o poder estatal assegu-
gislativo próprio, utilizando as vias comuns, como
rando direitos fundamentais individuais. Tais liber-
exemplo os mesmos de uma Lei Ordinária.
dades individuais serão utilizadas, exatamente, em
d) Semirrígida: Também chamada de semi flexível,
oposição aos atos estatais, partindo do pensamen-
ocorre quando “a Constituição possui uma parte rí-
to que o mesmo Estado que é garantidor dos di-
gida, a qual exige método dificultado de alteração,
reitos fundamentais, é também seu maior violador.
e outra parte flexível, a qual exige método simpli- (LAZARI, 2019, p. 95)
ficado de alteração tal como se procede para com b) Dirigente: Também chamada de social, ocorre
as leis”. (LAZARI, 2019, p. 94) quando, além de liberdades individuais, consagrar
e) Super rígida: ocorre quando, muito embora se per- também programas, metas e linhas de direção para
mita a alteração de alguns dispositivos constitu- o futuro, a serem atingidas pelos Poderes. (LAZARI,
cionais por procedimento mais dificultoso, outros 2019, p. 95)
sequer podem sofrer modificação, como exemplo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

as cláusulas pétreas. Apesar de se encontrar quem X) Quanto à função


aponte a CF/88 como super rígida, acredita-se que Pode ser provisórias ou definitivas.
não, posto que até as cláusulas pétreas podem so- Nos termos da visão de Jorge Miranda (2003, p. 108):
frer alterações, desde que seja para maximizar di- chama-se de Pré-Constituição, Constituição provisória
reitos e jamais suprimi-los ou reduzi-los. (LAZARI, ou, sob outra ótica, Constituição revolucionária ao
2019, p. 94) conjunto de normas com a dupla finalidade de definição
do regime de elaboração e aprovação da Constituição
VII) Quanto à dogmática formal e de estruturação do poder político no
Pode ser ortodoxa ou eclética. interregno constitucional, a que se acrescenta a função
a) Ortodoxa: Também chamada de homogênea, é de eliminação ou erradicação de resquícios do antigo
aquela que “resulta da consagração de uma só regime. Contrapõe-se à Constituição definitiva ou de
ideologia, como o comunismo, por exemplo. Nas duração indefinida para o futuro como pretende ser a
Constituições ortodoxas, não há espaço para o Constituição produto final do processo constituinte.

3
Quadro de classificação geral da Constituição Federal de 1988

Veja, a seguir, o quadro que contem a classificação geral da Constituição Federal brasileira de 1988:

Formal Pois toda as normas constitucionais estão formalizadas num documento uno
Escrita Este foi seu método de propagação escolhido
Democrática Porque elaborada por uma Assembleia Nacional Constituinte
Rígida Pois demanda procedimento de alteração qualificado
Analítica Pois regula uma ampla gama de matérias
Dirigente Por conter uma série de institutos e programas de governo
Pois elaborada num determinado momento histórico, a saber, a Assembleia Nacional
Dogmática
Constituinte, o que resultou na Carta de 1988
Eclética Por consagrar diversas ideologias
Normativa Por ter valor jurídico

Fonte: LAZARI, 2019, p. 100

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. DIREITOS E GARANTIAS


FUNDAMENTAIS. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS. DIREITOS SOCIAIS.

Constituição e Princípios fundamentais.

Na Constituição Federal de 1988, os princípios fundamentais, ponto pilar da Lei,aparecem no Título I, o qual é
composto por quatro artigos, sendo que, cada um desses dispositivos apresenta um tipo de princípio fundamental.
O art. 1º trata dos fundamentos da República Federativa do Brasil, que são: a) A soberania; b) Cidadania; c) Dignidade
da pessoa humana; d) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e o e) Pluralismo político.
Já o art. 2º trata do princípio da separação de Poderes, ou seja, que o poder Legislativa, Executivo e o Judiciário são
independentes (não precisa de um para o outro atuar) no entanto, devem ser harmônicos (um irá completar o outro).
O art. 3º, traz os objetivos fundamentais que são: a) Construção de uma sociedade livre justa e solidária; b) Garantir
o desenvolvimento nacional; c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e
por último, e) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
Finalizando, o art. 4º traz os princípios nas relações internacionais que são a independência nacional,prevalência dos
direitos humanos, autodeterminação dos povos, não intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução
pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
e concessão de asilo político.
Neste diapasão, muitos doutrinadores, classificam os princípios constitucionais em duas espécies:
I) Princípios político-constitucionais: são os que representam decisões políticas fundamentais, conformadoras
de nossa Constituição, ou seja, os chamados princípios fundamentais, que preveem as características essen-
ciais do Estado brasileiro. Exemplo: princípio da separação de poderes, o pluralismo político, dignidade da
pessoa humana, dentre outros.
II) Princípios jurídico-constitucionais: esses princípios são classificados como “gerais”, pois se referem à ordem
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

jurídica nacional, os quais estão dispersos pelo texto constitucional. Exemplo: devido processo legal, do juiz
natural, legalidade, dentre outros.

Direitos e garantias fundamentais; Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de
nacionalidade, direitos políticos, partidos políticos.

Os direitos fundamentais são os direitos humanos positivados na Constituição Federal de 1988,os quais devem ser
garantidos e protegidos pelo Estado.
No tocante as garantias fundamentais, elas são uma forma ou, até mesmo um instrumento, para garantir a
efetivação dos direitos. A Carta Magma ampliou a proteção aos direitos fundamentais e por isso ficou conhecida
como Constituição cidadã.
Os direitos e garantias fundamentais possuem aplicabilidade imediata, isto é, a existência deles é suficientemente
para produzirem os devidos efeitos. Eles estão tutelados no Título II da Constituição Federal,nos art. 5º ao 17. Ainda
assim, destaca-se que os direitos citados nesses artigos não proíbem a existência de outros.

4
O art. 5º é um dos artigos mais importantes do texto 19. ninguém será considerado culpado até o trânsito
Constitucional, o qual protege a igualdade entre todos, em julgado de sentença penal condenatória;
tutelando os direitos coletivos e os direitos individuais 20. o civilmente identificado não será submetido a
nos seus 78 incisos. Vejamos alguns: identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
1. homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- em lei;
ções, nos termos desta Constituição; 21. será admitida ação privada nos crimes de ação
2. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer pública, se esta não for intentada no prazo legal;
alguma coisa senão em virtude de lei; 22. a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
3. ninguém será submetido a tortura nem a tratamen- processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
to desumano ou degradante; resse social o exigirem, DENTRE OUTROS.
4. é livre a manifestação do pensamento, sendo veda-
do o anonimato; Do art. 6º ao 11º, a Carta Magna trata dos direitos
5. é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a
agravo, além da indenização por dano material, mo-
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
ral ou à imagem;
e à infância, a assistência aos desamparados, dando o
6. é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
enfoque nos direitos dos trabalhadores.
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religio-
sos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais Tanto os trabalhadores urbanos como os rurais tem o
de culto e a suas liturgias; direito a seguro-desemprego, em caso de desemprego
7. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de involuntário, fundo de garantia do tempo de serviço,
assistência religiosa nas entidades civis e militares de salário mínimo, fixado em lei, garantia de salário, décimo
internação coletiva; terceiro salário, remuneração do trabalho noturno
8. ninguém será privado de direitos por motivo de superior à do diurno, salário-família para os seus
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, dependentes, gozo de férias anuais, licença à gestante,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal aposentadoria, proibição de qualquer discriminação no
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
ternativa, fixada em lei; portador de deficiência, proibição de distinção entre
9. é livre a expressão da atividade intelectual, artísti- trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os
ca, científica e de comunicação, independentemente profissionais respectivos, dentre outros.
de censura ou licença; Quanto ao sindicalismo, ninguém será obrigado a
10. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato, é obrigatória
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a participação dos sindicatos nas negociações coletivas
a indenização pelo dano material ou moral decor- de trabalho, é vedada a dispensa do empregado
rente de sua violação; sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo
11. é livre a locomoção no território nacional em de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus se cometer falta grave nos termos da lei e etc.
bens; Ainda assim, importante informar que o Direito
12. todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, Coletivo compõe-se de direitos transindividuais de
em locais abertos ao público, independentemente de pessoas que se conectam por uma relação jurídica, tendo
autorização, desde que não frustrem outra reunião base de si mesmo ou com outro indivíduo, podendo as
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo pessoas ser determinadas ou determináveis.
apenas exigido prévio aviso à autoridade competen- Isto é, os Direitos Coletivos abrange todo o grupo
te; da categoria que possuem uma relação jurídica já pré
13. não há crime sem lei anterior que o defina, nem existente ao dano ou a lesão, pois, esse direito irá tutelar
pena sem prévia cominação legal; esse grupo que já subsiste ao prejuízo e não os que não
14. a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar se enquadram na relação.
o réu; No tocante ao Direito Individual, estes são os
15. a lei punirá qualquer discriminação atentatória interesses que têm a mesma origem e também a mesma
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dos direitos e liberdades fundamentais; causa. Eles acontecem de acordo com uma mesma
16. a prática do racismo constitui crime inafiançável situação que se aplica a cada um individualmente, e,
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter- ainda que contenham características “individuais”, no fim
mos da lei; possuem origem comum.
17. não haverá penas:
- de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos Dos Direitos Sociais
termos do art. 84, XIX;
-de caráter perpétuo; Conforme tutela a Constituição Federal de 1988
-de trabalhos forçados; em seus artigos 6º ao 11º, os direitos sociais são todos
-de banimento; os direitos fundamentais/ básicos que devem ser
- cruéis; compartilhados por todos da sociedade, sem distinção
18. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas de gênero, etnia, sexo, classe econômica, religião, e etc.
por meios ilícitos;

5
A finalidade e objetivo do direito social é buscar XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu-
sempre resolver as questões sociais. Isto é, todas lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-
as situações que representam as desigualdades da ção na gestão da empresa, conforme definido em lei;
sociedade, para que todas as pessoas tenham e vivam XII - salário-família pago em razão do dependente do
como mínimo de qualidade de vida e dignidade. trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
#FicaDica a compensação de horários e a redução da jornada,
Os direitos sociais são tutelados e protegidos mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
pela Declaração Universal dos Direitos XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado
Humanos(1948), sendo que, apenas neste em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-
momento histórico (pós 2ª guerra mundial) ciação coletiva;
que o mundo começou a trabalhar com esses XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente
direitos. aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,
no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
O art. 6º da CF prevê que o direito a saúde, XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
educação, alimentação, trabalho, lazer, segurança, menos, um terço a mais do que o salário normal;
assistência, previdência, proteção a maternidade e a XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
infância, dentre outros, são direitos essenciais e básicos do salário, com a duração de cento e vinte dias;
que todos devem ter. XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
O art. 7º da CF prevê os direitos dos trabalhadores, XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me-
seja eles rurais ou urbanos, todos possuem direitos diante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
como: seguro desemprego, FGTS, adicional noturno,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
férias, 13º salário, repouso semanal remunerado, licença
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
maternidade e paternidade, aposentadoria, aviso prévio,
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
dentre outros.
XXIII - adicional de remuneração para as atividades
Já o art. 8º da CF, tutela sobre os direitos e deveres
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
dos sindicatos, e o art. 9º protege o direito de greve dos
XXIV - aposentadoria;
trabalhadores.
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
Vejamos o que diz a CF/88 em termos integrais: creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co-
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, letivos de trabalho;
além de outros que visem à melhoria de sua condição XXVII - proteção em face da automação, na forma da
social: lei;
I - relação de emprego protegida contra despedida XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com- do empregador, sem excluir a indenização a que este
plementar, que preverá indenização compensatória, está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
dentre outros direitos; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re-
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in- lações de trabalho, com prazo prescricional de cin-
voluntário; co anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até
III - fundo de garantia do tempo de serviço; o limite de dois anos após a extinção do contrato de
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente trabalho;
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais a) (Revogada).
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, b) (Revogada).
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe de funções e de critério de admissão por motivo de
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin- sexo, idade, cor ou estado civil;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

culação para qualquer fim; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante


V - piso salarial proporcional à extensão e à comple- a salário e critérios de admissão do trabalhador porta-
xidade do trabalho; dor de deficiência;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
convenção ou acordo coletivo; técnico e intelectual ou entre os profissionais respec-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, tivos;
para os que percebem remuneração variável; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
VIII - décimo terceiro salário com base na remunera- insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
ção integral ou no valor da aposentadoria; lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do aprendiz, a partir de quatorze anos;
diurno; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo vínculo empregatício permanente e o trabalhador
crime sua retenção dolosa; avulso

6
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra- Da Nacionalidade
balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, Os brasileiros natos são:
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi- - os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
ções estabelecidas em lei e observada a simplificação que de pais estrangeiros, desde que estes não es-
do cumprimento das obrigações tributárias, principais tejam a serviço de seu país;
e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas - os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdên- serviço da República Federativa do Brasil;
cia social.(Redação dada pela Emenda Constitucional - os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
nº 72, de 2013) brasileira, desde que sejam registrados em reparti-
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob- ção brasileira competente, ou venham a residir na
servado o seguinte: República Federativa do Brasil antes da maioridade
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a e, alcançada esta, optem em qualquer tempo pela
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão nacionalidade brasileira;
competente, vedadas ao Poder Público a interferência
e a intervenção na organização sindical; Os naturalizados são:
II - é vedada a criação de mais de uma organização -os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria brasileira, exigidas aos originários de países de lín-
profissional ou econômica, na mesma base territorial, gua portuguesa apenas residência por um ano inin-
que será definida pelos trabalhadores ou empregado- terrupto e idoneidade moral;
res interessados, não podendo ser inferior à área de
-os estrangeiros de qualquer nacionalidade residen-
um Município;
tes na República Federativa do Brasil há mais de
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
quinze anos ininterruptos e sem condenação pe-
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
nal, desde que requeiram a nacionalidade brasi-
questões judiciais ou administrativas;
leira. (redação da EC nº 3/94)
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
se tratando de categoria profissional, será descontada
em folha, para custeio do sistema confederativo da re- FIQUE ATENTO!
presentação sindical respectiva, independentemente Os portugueses com residência permanente
da contribuição prevista em lei; no País, se houver reciprocidade em favor dos
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
brasileiros, serão atribuídos os direitos ineren-
filiado a sindicato;
tes ao brasileiro nato, salvo os casos previstos
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne-
nesta Constituição.
gociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
tado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado Os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
a partir do registro da candidatura a cargo de direção República, de Presidente da Câmara dos Deputados, de
ou representação sindical e, se eleito, ainda que su- Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo
plente, até um ano após o final do mandato, salvo se Tribunal Federal, da carreira diplomática e de oficial das
cometer falta grave nos termos da lei. Forças Armadas, são cargos que apenas os brasileiros
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- NATO podem exercer.
-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de O brasileiro que tiver cancelada sua naturalização,
pescadores, atendidas as condições que a lei estabe- por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
lecer. interesse nacional ou adquirir outra nacionalidade por
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos naturalização voluntária, perderá a nacionalidade de
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê- brasileiro.
-lo e sobre os interesses que devam por meio dele de-
fender. Dos Direitos Políticos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e


disporá sobre o atendimento das necessidades inadiá- O voto será direto e secreto, com valor igual para
veis da comunidade. todos, e, nos termos da lei, mediante: plebiscito, referendo,
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às iniciativa popular.
penas da lei. O voto é obrigatório para os maiores de dezoito anos
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos anos, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
em que seus interesses profissionais ou previdenciários Para ter elegibilidade a pessoa deve ter a
sejam objeto de discussão e deliberação. nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direitos
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empre- políticos, o alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na
gados, é assegurada a eleição de um representante circunscrição, a filiação partidária, a idade mínima de:
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o -trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
entendimento direto com os empregadores. da República e Senador;

7
-trinta anos para Governador e Vice-Governador de Dalmo Dallari define o estado como uma ordem
Estado e do Distrito Federal; jurídica soberana que tem por finalidade o bem do povo
-vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado situado em um determinado território. Isto é, dentro
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; desta frase o Dalmo trouxe os principais elementos que
-dezoito anos para Vereador. compõe o Estado, que são: soberania, finalidade, povo
e território.
A estrutura e organização do Estado podem ser
FIQUE ATENTO! analisados sob três aspectos, conforme Pedro Lenza, p.
São inelegíveis os inavistáveis e os analfabe- 499:
tos, e também, são inelegíveis para os mesmos 1) Forma de governo: República ou Monarquia;
cargos, no período subsequente, o Presidente 2) Sistema de Governo: Presidencialismo ou Parla-
da República, os Governadores de Estado e do mentarismo;
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver 3) Forma de Estado: Estado unitário ou Federação.
sucedido ou substituído nos seis meses ante-
riores ao pleito. Em 1889, surgiu a Federação do Brasil, juntamente
com a forma de governo (republicana). A forma de
governo republicana seria realizar através do regime
Para concorrerem a outros cargos, o Presidente representativo em 1891.
da República, os Governadores de Estado e do Distrito Desta forma, o Brasil consagrou o seguinte:
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos 1) Forma de Estado: Federação.
mandatos até seis meses antes do pleito. 2) Entes componentes do Estado brasileiro: União, Es-
É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda tado, Distrito Federal e Municípios.
ou suspensão só se dará nos casos de: 3) Características do Estado brasileiro: Estado Demo-
- cancelamento da naturalização por sentença transi- crático de Direito.
tada em julgado; 4) Sistema de Governo: Presidencialista.
- incapacidade civil absoluta; 5) Forma de Governo: Republicana.
- condenação criminal transitada em julgado, enquan-
to durarem seus efeitos; O idioma oficial do país é a língua portuguesa e
- recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou os símbolos da República Federativa do Brasil são:
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; bandeira, hino, armas e o selo nacional, sendo que o
- improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Distrito Federal, Estados e os Municípios poderão ter
seus próprios símbolos, conforme o art. 13 §1º e §2º
Dos Partidos Políticos da CF.
Conforme tutela o art. 19 da CF, existe vedações
É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de constitucional para que os Estados, Distrito Federal,
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, Municípios e a União não possam:
o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio-
fundamentais da pessoa humana e observados os ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou man-
seguintes preceitos: ter com eles ou seus representantes relações de
- caráter nacional; dependência ou aliança, ressalvada, na forma da
- proibição de recebimento de recursos financeiros lei, a colaboração de interesse público;
de entidade ou governo estrangeiros ou de subor- - recusar fé aos documentos públicos;
dinação a estes; - criar distinções entre brasileiros ou preferências en-
- prestação de contas à Justiça Eleitoral; tre si.
- funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
União Federal
Os partidos políticos possuem autonomia para definir
sua estrutura interna, organização e funcionamento, A República Federativa do Brasil é composta
devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade pela União, Estados Membros, Distrito Federal e os
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e disciplina partidárias. Municípios.


A União possui bens próprios os quais estão
descritos no art. 20 da CF, como por exemplo: mar
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO. territorial, os terrenos de marinha e seus acrescidos,
as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e
Organização político administrativa do Estado. as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
Conforme o art. 18 da CF, a organização político- público e a unidade ambiental federal, e as referidas no
administrativa da República Federativa do Brasil art. 26, II, os potenciais de energia hidráulica, as terras
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os tradicionalmente ocupadas pelos índios, dentre outros.
Municípios, sendo que todos possuem sua autonomia,
tendo Brasília como Capital Federal.

8
FIQUE ATENTO! #FicaDica
É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Conforme o art. 24 da CF, compete à União, aos
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a Estados e ao Distrito Federal legislar concorren-
órgãos da administração direta da União, partici- temente sobre: direito tributário, financeiro, pe-
pação no resultado da exploração de petróleo ou nitenciário, econômico e urbanístico; orçamento;
gás natural, de recursos hídricos para fins de gera- juntas comerciais; custas dos serviços forenses;
ção de energia elétrica e de outros recursos mine- produção e consumo; Florestas, proteção ao pa-
rais no respectivo território, plataforma continen- trimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
tal, mar territorial ou zona econômica exclusiva, paisagístico; responsabilidade por dano ao meio
ou compensação financeira por essa exploração. ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico e etc; educação, cultura, ensino,
desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desen-
No tocante a área de atuação da União, a mesma volvimento e inovação, dentre outros.
possui competência não legislativa, ou seja, ela atua no
campo politico-administrativo, como por exemplo:
- manter relações com Estados estrangeiros e partici- Estados – Membros
par de organizações internacionais;
- declarar a guerra e celebrar a paz; Os Estados membros são a materialização da
- assegurar a defesa nacional; descentralização do poder político. Esses Estados são
- permitir, nos casos previstos em lei complementar, autônomos e devido a isso, possuem a capacidade de
que forças estrangeiras transitem pelo território auto-organização, autogoverno, autoadministração e
nacional ou nele permaneçam temporariamente; auto legislação.
- emitir moeda; Por se tratarem de Estados autônomos, a Constituição
- elaborar e executar planos nacionais e regionais de Federal delegou a competência da estruturação de seus
ordenação do território e de desenvolvimento eco- poderes para eles mesmos, sem que haja qualquer
nômico e social; interferência federal ou subordinação ao poder central:
- explorar, diretamente ou mediante autorização, o legislativo (art. 27 da CF), executivo (art. 28 da CF) e o
concessão ou permissão, os serviços de telecomu- judiciário (art. 125 da CF). (MASSON, 2016, p. 552).
nicações, nos termos da lei, que disporá sobre a Em especial ao poder legislativo, em âmbito estadual,
organização dos serviços, a criação de um órgão podemos dizer que ele é unicameral (conforme art.
regulador e outros aspectos institucionais; 27da CF), sendo o poder representado pela Assembleia
- organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Legislativa. O sistema eleitoral para a casa é o sistema
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a De- proporcional, isto é, os deputados são eleitos para um
fensoria Pública dos Territórios, DENTRE OUTROS. mandato de 4 anos, sendo que o número de Deputados
estaduais corresponderá ao triplo da representação do
Os itens elencados acima, são de competência Estado da Câmara dos Deputados, e atingido o número
exclusiva da União. Já os itens do art. 23 da CF, são de de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem
competência cumulativa (comuns) entre a União, Estados, os Deputados Federais acima de 12. (MASSON, 2016, p.
Distrito Federal e Municípios, como por exemplo: zelar 552).
pela guarda da Constituição, das leis e das instituições Por fim, a eleição do governador e vice, é pelo sistema
democráticas e conservar o patrimônio público, cuidar majoritário absoluto, sendo que a posse ocorrerá no dia
da saúde e assistência pública, da proteção e garantia 1º de Janeiro do ano subsequente (art. 28, CF).
das pessoas portadoras de deficiência, proteger os
documentos, as obras e outros bens de valor histórico, Municípios
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológicos, proporcionar os meios Conforme dispõe o art. 29 da CF, os municípios de
de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, organizam através de Lei Orgânica, votada sempre
à pesquisa e à inovação, proteger o meio ambiente e em dois turnos, com o interstício mínimo de 10 dias, e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

combater a poluição em qualquer de suas formas e etc. aprovada por 2/3 dos membros da respectiva Câmara
Municipal, que a promulgará. Ao elaborar sua lei, o
município deverá observar os princípios abordados na
Constituição, bem como, pela Constituição Estadual,
conforme o art. 11, parágrafo único do ADCT.
Os municípios possuem o autogoverno de eleger
o poder executivo (seu prefeito), bem como, o poder
legislativo da cidade (os vereadores).

9
A administração direta, seria aquela realizada pelos
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SERVIDORES Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
PÚBLICOS CIVIS E MILITARES. Ou seja, órgãos citados não possuem personalidade
jurídica própria e as despesas inerentes à administração,
são contempladas no orçamento público e ocorre
Administração Pública a desconcentração administrativa, que consiste na
delegação de tarefas.
Conceitualmente, a administração pública é o conjunto Já a administração pública indireta, é, quando o
de órgãos, serviços e agentes do Estado que objetivam Estado transfere sua função/dever para outras pessoas
satisfazer as necessidades da sociedade, como por jurídicas, sendo que essas pessoas jurídicas podem
exemplo: na área da educação, cultura, segurança, saúde, vir a ser: fundações, empresas públicas, organismos
dentre outros. Ou seja, a administração pública é a gestão privados, dentre outros. Isto é, no presente caso ocorre
dos interesses públicos por meio da prestação de serviços a descentralização administrativa, pois a tarefa de
públicos, sendo dividida em administração pública direta administração é transferida para outra pessoa jurídica.
e indireta.
Como dito, o objetivo principal da administração Principais características da Administração
pública é trabalhar a favor do interesse público, como Pública:
também, dos direitos e interesses dos cidadãos.
Todo trabalhador que atua na administração pública - A administração pública praticar atos tão somente
é, comumente, conhecido como gestor público. O gestor de execução – ou seja, atos administrativos, sendo
público possui uma grande carga de responsabilidade, que, quem pratica estes atos são os órgãos e seus
devendo sempre seguir com transparência e ética, agentes, que são sempre públicos.
principalmente, aos princípios da administração pública - Exerce atividade à Lei e não à Política.
que são: - Tem conduta hierarquizada de dever e de obedi-
- Legalidade: este princípio é base do Estado de Direito ência.
sendo um dos mais importantes para a Administração - Deve praticar seus atos com responsabilidade ma-
Pública. Em sentido ao Art. 5º da CF, que diz que “ninguém terial e legal.
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa - Administração Pública serve como um instrumento
senão em virtude de lei”,ou seja, todo administrador para o Estado conseguir seus objetivos.
público deve realizar seus atos sob a égide da lei. - A competência é limitada pois cada um tem sua área
- Impessoalidade: o agente público deve tratar todos e “poder” de atuação.
iguais, sem atribuição de privilégios a qualquer pessoa.
- Moralidade: este princípio tem a junção do princípio Servidores Públicos Civis
da Legalidade com o da Finalidade, resultando em
Moralidade. Ou seja, o princípio da moralidade traz a ideia Os servidores públicos são os trabalhadores
de que o trabalhador da administração pública tem que vinculados ao Estado em decorrência de uma relação
ter bases éticas na administração. laboral de natureza não eventual e, por isso, estão
- Publicidade: todos os atos devem ser públicos, submetidos ao regime de direito público, disciplinado
exceto os quais visão a necessidade de se ter sigilo. por diploma legal específico, normalmente denominado
- Eficiência: o administrador deve ter uma boa gestão, de Estatuto. Devido a isso, diz-se que os servidores
ser um bom profissional e não utilizar da procrastinação públicos estão sujeitos a um “regime estatutário” próprio
para desenvolver seu trabalho. e diferenciado. No que diz respeito a este aspecto, é
pacífico o entendimento de que o “cargo ou função
pública pertence ao Estado e não ao agente; desta
#FicaDica forma, poderá o Estado ampliar, suprimir ou alterar os
Para melhor fixação dos 5 princípios explícitos, cargos e funções, não gerando direito adquirido ao
lembrem: LIMPE (é a inicial de cada princípio). agente titular” (PAULO, 2009, p.125).
A base dos direitos dos servidores públicos estão
previstos na Constituição Federal de 1988, nos artigos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

39 a 41. Ainda assim, em âmbito federal, a lei nº


FIQUE ATENTO! 8.112/90 representa o regime jurídico dos servidores
Além desses princípios explícitos, ainda pos- públicos federais, estabelecendo, dentre outras coisas,
sui o grupo dos princípios implícitos, que são: outros direitos e deveres desses agentes administrativos
Princípio do Interesse Público, Princípio da Fi- no exercício de suas funções. Destaca-se, que outros
nalidade, Princípio da Igualdade, Princípio da direitos podem ser atribuídos aos servidores públicos
Lealdade e boa-fé, Princípio da Motivação. pelas Constituições estaduais ou leis ordinárias dos
entes da Federação e de municípios.
Todos possuem o direito de serem nomeados
Neste diapasão, importante lembrar que o como servidor público ou empregado público. Porém,
administrador público pode fazer parte da administração precisam preencher requisitos básicos, como também,
direta ou administração indireta. realizar provas e conseguir a aprovação, conforme o
artigo 37, inciso II da CF/88.

10
II- compulsoriamente, com proventos proporcionais
#FicaDica ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
Em exceção, temos os casos de nomeações idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
para cargos em comissão e de contratação de forma de lei complementar;
agentes temporários; todavia, nestes últimos III- voluntariamente, desde que cumprido tempo míni-
casos, são desprovidos de estabilidade, mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público
benefício este voltado exclusivamente aos e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a apo-
servidores públicos. sentadoria, observadas as seguintes condições:
60 anos de idade e 35 anos de contribuição – Homem
55 anos de idade e 30 anos de contribuição-Mulher
Após a nomeação, o servidor passará por estágio
probatório e, após o estágio, poderá adquirir a A aposentadoria e as pensões não poderão exceder a
estabilidade que se efetiva após três anos de exercício remuneração do respectivo servido, no cargo efetivo em
do cargo ou função, de acordo com o art. 41 da CF. que se deu a aposentadoria ou a pensão.
Aos servidores públicos são garantidos os seguintes
direitos: IMPORTANTE: É vedada a adoção de requisitos e
- salário mínimo, fixado em lei com reajustes periódi- critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria,
cos que lhe preservem o poder aquisitivo, inclusive salvo para:
para aqueles que percebem remuneração variável; A) deficientes;
- décimo terceiro salário com base na remuneração B) que exerçam atividades de risco;
integral ou no valor da aposentadoria; C) cujas atividades prejudiquem a saúde ou integri-
- adicional noturno; dade física;
- salário família;
Obs: Os requisitos de idade e de tempo de
- duração do trabalho não superior a oito horas di-
contribuição serão reduzidos em cinco anos, em
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a
relação ao disposto no § 1º, III, “a”, para o professor que
compensação de horários e a redução da jornada;
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
- repouso semanal remunerado, preferencialmente
funções de magistério na educação infantil e no ensino
aos domingos;
fundamental e médio
- hora extra, férias anuais remuneradas com, pelo me-
nos, um terço a mais do que o salário normal; Estabilidade
- redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
de normas de saúde, higiene e segurança; São estáveis após três anos de efetivo exercício os
- proibição de diferença de salários, de exercício de servidores nomeados para cargo de provimento efetivo
funções e de critério de admissão por motivo de em virtude de concurso público.
sexo, idade, cor ou estado civil. O servidor público estável só perderá o cargo:
- regime de previdência de caráter contributivo e so- I- em virtude de sentença judicial transitada em jul-
lidário, DENTRE OUTROS. gado;
II- mediante processo administrativo com ampla de-
Tendo em vista o exercício do cargo público, o servidor fesa;
tem direito a vencimentos, cujo valor é previamente III- mediante procedimento de avaliação periódica de
fixado em lei, sendo irredutíveis, como também não desempenho, com ampla defesa.
sendo passíveis de arresto, sequestro ou penhora, exceto
nos casos de prestação de alimentos. IMPORTANTE: Invalidada por sentença judicial a
Ainda assim, importante lembrar que além dos demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e
vencimentos, os servidores públicos poderão ter direito o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido
a indenizações, gratificações e adicionais. ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade
com remuneração proporcional ao tempo de serviço
FIQUE ATENTO! Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

As indenizações não são incorporadas ao o servidor estável ficará em disponibilidade, com


vencimento, as gratificações e os adicionais remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
incorporam-se, nos casos e nas condições adequado aproveitamento em outro cargo.
indicadas em lei.
Servidores Públicos Militares

Aposentadorias de servidor público São servidores militares federais os integrantes das


Forças Armadas e servidores militares dos Estados,
I- por invalidez permanente, sendo os proventos pro- Territórios e Distrito Federal os integrantes de suas
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor- polícias militares e de seus corpos de bombeiros militares.
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
doença grave, contagiosa ou incurável; elas inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais
da ativa, da reserva ou reformados das Forças Armadas,

11
das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares Poder executivo: estrutura, funcionamento e
dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, sendo- atribuições.
lhes privativos os títulos, postos e uniformes militares.
As patentes dos oficiais das Forças Armadas são O poder executivo é quem aplica a execução da lei,
conferidas pelo Presidente da República, e as dos oficiais criada pelo poder legislativo, a função da população. Isto
das polícias militares e corpos de bombeiros militares dos é, ele tem o poder de governar e administrar os interesses
Estados, Territórios e Distrito Federal, pelos respectivos públicos através desta delegação.
Governadores. No Brasil, temos 3 níveis:
O militar em atividade que aceitar cargo público civil 1) Esfera Federal: o líder do poder executivo é o Presi-
permanente será transferido para a reserva. dente da República, o qual fica incumbido de che-
fiar a nação através do sistema “presidencialista” (o
presidente é quem irá representar o povo). Junto
FIQUE ATENTO! com o líder do poder executivo, (ainda na esfera
O militar da ativa que aceitar cargo, emprego Federal) temos também os Ministros de Estado
ou função pública temporária, não eletiva, ain- (ministérios), que fazem parte do poder executivo,
da que da administração indireta, ficará agre- pois, cada um dos Ministros, ficam responsáveis
gado ao respectivo quadro e somente poderá, pela coordenação e supervisão de suas respectivas
enquanto permanecer nessa situação, ser pro- áreas. Exemplo: Ministro da educação, Ministro da
movido por antiguidade, contando-se-lhe o cultura, e etc.
tempo de serviço apenas para aquela promo- 2) Esfera Estadual: o chefe do poder executivo é o Go-
ção e transferência para a reserva, sendo de- vernador do Estado, e para auxilia-lo, ele possui os
pois de dois anos de afastamento, contínuos secretários de estado (agentes públicos).
ou não, transferido para a inatividade. 3) Esfera Municipal: o líder do poder executivo é o
Prefeito e junto com ele tem os secretários muni-
cipais.
O militar não pode sindicalizar-se, realizar greve e,
enquanto em efetivo serviço, não pode estar filiado a Todos os candidatos a estes cargos descritos a cima,
partidos políticos. devem possuir a condição de elegibilidade conforme o
O oficial das Forças Armadas só perderá o posto e a art. 14, §3º da CF, como:
patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele I – nacionalidade brasileira (para o cargo de
incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter Presidente e Vice exigi-se especificamente a
permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, condição de brasileiro NATO, conforme art. 12, §
em tempo de guerra. 3º, inciso I, CF).
II – pleno exercício dos direitos políticos.
III – alistamento eleitoral.
#FicaDica IV – domicílio eleitoral na circunscrição.
O oficial condenado na justiça comum ou V – filiação partidária.
militar a pena privativa de liberdade superior a VI- idade mínima de: 35 anos para Presidente, Vice-
dois anos, por sentença transitada em julgado, Presidente e Senador. 30 anos para Governador e
será submetido ao julgamento previsto no Vice-Governador. 21 anos para Deputados Federais,
parágrafo anterior. Estaduais, Distritais, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de
Paz. 18 anos para Vereador.

A lei disporá sobre os limites de idade, a estabilidade Caso o candidato não preencher estas condições de
e outras condições de transferência do servidor militar elegibilidade, ou até mesmo não ter ficha limpa, possuir
para a inatividade. condutas avessas ao interesse público, critério família,
Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo, dentre outras, o mesmo não poderá se candidatar ao
e a seus pensionistas, o disposto no art. 40, §§ 4º e 5º cargo do poder executivo.
e aplica-se aos servidores a que se refere este artigo o
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

disposto no art. 7º, VIII, XII, XVII, XVIII e XIX.


FIQUE ATENTO!
Separação dos poderes Em caso de viagem ou impossibilidade de
exercer o cargo, o primeiro na linha sucessó-
Existem três poderes, sendo eles o legislativo, ria a ocupar o cargo de Presidente é o seu vice.
executivo e judiciário. Importante saber que o art. 2º da Em seguida vêm o presidente da Câmara dos
CF/88 prevê que: “São Poderes da União, independentes Deputados, do Senado Federal e presidente
e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o do Supremo Tribunal Federal.
Judiciário”.

A forma de ingresso dos membros do Poder Executivo


é através da democracia pelo voto, no sistema majoritário.
Ou seja, o candidato que obter o maior número de votos,

12
(mínimo 50%) de forma simples, é o que irá vencer a XVI- nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
eleição. Caso não ocorra desta forma, os candidatos mais Constituição, e o Advogado-Geral da União;
votados irão para segundo turno de forma a conseguir o XVII- nomear membros do Conselho da República, nos
objetivo de metade dos votos mais um. termos do art. 89, VII;
No entanto, no tocante as eleições dos prefeitos, não XVIII- convocar e presidir o Conselho da República e o
ocorrem desta forma, elas irão acontecer da seguinte Conselho de Defesa Nacional;
forma: XIX- declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
- Nas cidades abaixo de 200.000 (duzentos mil) ha- autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
bitantes, o vencedor será quem obter o maior nú- por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le-
mero de votos válidos (não importa o número da gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
porcentagem). parcialmente, a mobilização nacional;
XX- celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
O mandato do poder executivo é de 4 anos, podendo Congresso Nacional;
haver apenas uma reeleição. No tocante aos ministros XXI- conferir condecorações e distinções honoríficas;
e secretários, os mesmos não são eleitos a partir do XXII- permitir, nos casos previstos em lei complemen-
sufrágio (voto) e sim por indicação de cada líder do tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
poder executivo. nacional ou nele permaneçam temporariamente;
No tocante a atribuições do Presidente da República, XXIII- enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
o art.84 dispõe quais são as ações de competência nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
exclusiva do Presidente (somente ele pode realizá-las). propostas de orçamento previstas nesta Constituição;
Art.84.Compete privativamente ao Presidente da Re- XXIV- prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
pública: dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le-
I- nomear e exonerar os Ministros de Estado; gislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
II- exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a XXV- prover e extinguir os cargos públicos federais, na
direção superior da administração federal; forma da lei;
III- iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos XXVI- editar medidas provisórias com força de lei, nos
previstos nesta Constituição; termos do art. 62;
IV- sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem XXVII- exercer outras atribuições previstas nesta Cons-
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel tituição.
execução; Parágrafo único. O Presidente da República poderá
V- vetar projetos de lei, total ou parcialmente; delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
VI- dispor, mediante decreto, sobre: XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
a)organização e funcionamento da administração fe- Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral
deral, quando não implicar aumento de despesa nem da União, que observarão os limites traçados nas res-
criação ou extinção de órgãos públicos; pectivas delegações.
b)extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
gos; Em suma, o poder executivo tem o dever de: efetivar
VII- manter relações com Estados estrangeiros e acre- as leis, mesmo que seja necessário utilizar a violência,
ditar seus representantes diplomáticos; garantida pelo monopólio da força policial; Administrar os
VIII- celebrar tratados, convenções e atos internacio- setores públicos de serviços à população, como exemplo
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; os bancos; Manutenção das relações diplomáticas do
IX- decretar o estado de defesa e o estado de sítio; País com as outras nações; Estabelecer as forças armadas,
X- decretar e executar a intervenção federal; dentre outras.
XI- remeter mensagem e plano de governo ao Con-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le- Poder legislativo: estrutura, funcionamento e
gislativa, expondo a situação do País e solicitando as atribuições.
providências que julgar necessárias;
XII- conceder indulto e comutar penas, com audiência, O poder legislativo é o poder que tem como atribuição
se necessário, dos órgãos instituídos em lei; a elaboração e aprovação das leis que regem o país,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XIII- exercer o comando supremo das Forças Arma- como também, realizam a fiscalização dos atos do poder
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército executivo.
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e Importante lembrar que o poder legislativo do
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; Brasil possui bicameralismo federal, isto é, o Congresso
XIV- nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Nacional é o encarregado do poder legislativo no âmbito
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais federal e possui duas câmaras legislativas:
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura- 1) Câmara dos Deputados (representam o povo);
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do 2) Senado Federal (representa Estado, Território e Dis-
Banco Central e outros servidores, quando determina- trito Federal).
do em lei;
XV- nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis- 1) Câmara dos Deputados: através de lei complemen-
tros do Tribunal de Contas da União; tar, os números de representantes de cada Estado
podem conter o mínimo de 8 e o máximo de 70

13
deputados, sendo proporcional à população do IV- aprovar previamente, por voto secreto, após ar-
estado ou do Distrito Federal (câmara possui 513 guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
deputados). Para que o indivíduo consiga se can- missão diplomática de caráter permanente;
didatar ao cargo de deputado, o mesmo deverá ter V- autorizar operações externas de natureza finan-
no mínimo 21 anos, ser brasileiro (apenas o presi- ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
dente da câmara deve ser brasileiro nato) e estar Federal, dos Territórios e dos Municípios;
gozando de seus direitos políticos. VI- fixar, por proposta do Presidente da República, li-
mites globais para o montante da dívida consolidada
À Câmara dos Deputados compete privativamente, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nos termos do art. 51: nicípios;
I- autorizar, por dois terços de seus membros, a VII- dispor sobre limites globais e condições para as
instauração de processo contra o Presidente e o operações de crédito externo e interno da União, dos
Vice-Presidente da República e os Ministros de Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
Estado; autarquias e demais entidades controladas pelo poder
II- proceder à tomada de contas do Presidente da público federal;
República, quando não apresentadas ao Congresso VIII- dispor sobre limites e condições para a concessão
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da de garantia da União em operações de crédito externo
sessão legislativa; e interno;
III- elaborar seu regimento interno; IX- estabelecer limites globais e condições para o
IV- dispor sobre sua organização, funcionamento, montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
polícia, criação, transformação ou extinção dos Federal e dos Municípios, DENTRE OUTROS.
cargos, empregos e funções de seus serviços,
e a iniciativa de lei para fixação da respectiva No tocante as esferas estaduais e municipais,vigora
remuneração, observados os parâmetros o sistema unicameralismo, ou seja, o Poder Legislativo
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; é exercido por apenas uma Casa. Nos estados, as
V- eleger membros do Conselho da República, nos Casas que representam o poder em questão são as
termos do art. 89, VII. Assembleias Legislativas e Câmara do Distrito Federal. Já
nos municípios, as Câmaras Municipais são responsáveis
2) Senado Federal: a distribuição do Senado é paritá- por desempenhar as atividades legislativas.
ria, com cada Estado sendo representado por um
número igual de 3 Senadores com mandato de Poder judiciário: estrutura, funcionamento e
oito anos, renovados de quatro em quatro anos, atribuições.
alternadamente, por um e dois terços. A compo-
sição do Senado é de 81 parlamentares. São con- O poder judiciário funciona através de instâncias
dições à eleição como Senador a nacionalidade e judicantes, as quais visam a concretização dos princípios
o pleno exercício de direitos políticos, assim como tutelados pelo art. 5ª da CF, que seriam: devido processo
na Câmara; no entanto, exige-se a idade mínima legal, do contraditório, ampla defesa e etc.
de 35 anos. Como regra, a primeira instância corresponde ao
primeiro órgão que conhecerá, analisará e julgará a sua
Compete privativamente ao Senado Federal, nos pretensão apresentada ao Poder Judiciário. A sentença
termos do art. 52: (prolatada pelo juiz de 1º grau) poderão ser submetidas
I- processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente à apreciação da instância superior, composta por órgãos
da República nos crimes de responsabilidade, bem colegiados, para que haja o reexame da matéria. Ou seja,
como os Ministros de Estado e os Comandantes da é a garantia do duplo grau de jurisdição.
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da Além desta divisão de “instâncias” o poder judiciário
mesma natureza conexos com aqueles; também possui divisão quanto a competência de matéria,
II- processar e julgar os Ministros do Supremo Tribu- território e valores.
nal Federal, os membros do Conselho Nacional de Em âmbito nacional temos a competência Federal, a qual
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, julga ações em que a União, as autarquias ou as empresas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral públicas federais forem interessadas, por juízes e fórum
da União nos crimes de responsabilidade; Federal .A competência Estadual julga as ações comuns
III- aprovar previamente, por voto secreto, após argui- entre pessoas físicas, pessoas jurídicas, trabalhadores e etc.
ção pública, a escolha de:
a)magistrados, nos casos estabelecidos nesta Consti-
tuição;
b)Ministros do Tribunal de Contas da União indicados
pelo Presidente da República;
c)Governador de Território;
d)presidente e diretores do Banco Central;
e)Procurador-Geral da República;
f)titulares de outros cargos que a lei determinar;

14
Caso o candidato não preencher estas condições de
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES. DO PODER elegibilidade, ou até mesmo não ter ficha limpa, possuir
LEGISLATIVO. DO PODER EXECUTIVO. DO condutas avessas ao interesse público, critério família,
PODER JUDICIÁRIO. DISPOSIÇÕES GERAIS. dentre outras, o mesmo não poderá se candidatar ao
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. DO cargo do poder executivo.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DOS
TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS
JUÍZES FEDERAIS. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES FIQUE ATENTO!
DOS ESTADOS. Em caso de viagem ou impossibilidade de
exercer o cargo, o primeiro na linha suces-
sória a ocupar o cargo de Presidente é o seu
vice. Em seguida vêm o presidente da Câma-
Existem três poderes, sendo eles o legislativo,
ra dos Deputados, do Senado Federal e pre-
executivo e judiciário. Importante saber que o art. 2º da
sidente do Supremo Tribunal Federal.
CF/88 prevê que: “São Poderes da União, independentes
e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário”. A forma de ingresso dos membros do Poder Executivo
é através da democracia pelo voto, no sistema majoritário.
Poder executivo: estrutura, funcionamento e Ou seja, o candidato que obter o maior número de votos,
atribuições. (mínimo 50%) de forma simples, é o que irá vencer a
eleição. Caso não ocorra desta forma, os candidatos mais
O poder executivo é quem aplica a execução da lei, votados irão para segundo turno de forma a conseguir o
criada pelo poder legislativo, a função da população. Isto objetivo de metade dos votos mais um.
é, ele tem o poder de governar e administrar os interesses No entanto, no tocante as eleições dos prefeitos, não
públicos através desta delegação. ocorrem desta forma, elas irão acontecer da seguinte
No Brasil, temos 3 níveis: forma:
1) Esfera Federal: o líder do poder executivo é o Presi- - Nas cidades abaixo de 200.000 (duzentos mil) ha-
dente da República, o qual fica incumbido de che- bitantes, o vencedor será quem obter o maior nú-
fiar a nação através do sistema “presidencialista” (o mero de votos válidos (não importa o número da
presidente é quem irá representar o povo). Junto porcentagem).
com o líder do poder executivo, (ainda na esfera
Federal) temos também os Ministros de Estado O mandato do poder executivo é de 4 anos, podendo
(ministérios), que fazem parte do poder executivo, haver apenas uma reeleição. No tocante aos ministros
pois, cada um dos Ministros, ficam responsáveis e secretários, os mesmos não são eleitos a partir do
pela coordenação e supervisão de suas respectivas sufrágio (voto) e sim por indicação de cada líder do
áreas. Exemplo: Ministro da educação, Ministro da poder executivo.
cultura, e etc. No tocante a atribuições do Presidente da República,
2) Esfera Estadual: o chefe do poder executivo é o Go- o art.84 dispõe quais são as ações de competência
vernador do Estado, e para auxilia-lo, ele possui os exclusiva do Presidente (somente ele pode realiza-las).
secretários de estado (agentes públicos).
3) Esfera Municipal: o líder do poder executivo é o Pre- Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re-
feito e junto com ele tem os secretários municipais. pública:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
Todos os candidatos a estes cargos descritos a cima, II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
devem possuir a condição de elegibilidade confor- direção superior da administração federal;
me o art. 14, §3º da CF, como: III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
I – nacionalidade brasileira (para o cargo de Presi- previstos nesta Constituição;
dente e Vice exigi-se especificamente a condi- IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
ção de brasileiro NATO, conforme art. 12, § 3º, como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

inciso I, CF). execução;


II – pleno exercício dos direitos políticos. V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
III – alistamento eleitoral. VI - dispor, mediante decreto, sobre:
IV – domicílio eleitoral na circunscrição. a)  organização e funcionamento da administração fe-
V – filiação partidária. deral, quando não implicar aumento de despesa nem
VI- idade mínima de: 35 anos para Presidente, Vice- criação ou extinção de órgãos públicos;
-Presidente e Senador. 30 anos para Governador e b)  extinção de funções ou cargos públicos, quando
Vice-Governador. 21 anos para Deputados Fede- vagos;
rais, Estaduais, Distritais, Prefeito e Vice-Prefeito e VII - manter relações com Estados estrangeiros e
Juiz de Paz. 18 anos para Vereador. acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

15
X - decretar e executar a intervenção federal; Poder legislativo: estrutura, funcionamento e
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- atribuições.
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le-
gislativa, expondo a situação do País e solicitando as O poder legislativo é o poder que tem como
providências que julgar necessárias; atribuição a elaboração e aprovação das leis que regem
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- o país, como também, realizam a fiscalização dos atos do
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; poder executivo.
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- Importante lembrar que o poder legislativo do
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército Brasil possui bicameralismo federal, isto é, o Congresso
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e Nacional é o encarregado do poder legislativo no âmbito
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; federal e possui duas câmaras legislativas: 1) Câmara
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os dos Deputados (representam o povo); 2) Senado Federal
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais (representa Estado, Território e Distrito Federal).
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura- 1) Câmara dos Deputados: através de lei complemen-
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do tar, os números de representantes de cada Estado
Banco Central e outros servidores, quando determina- podem conter o mínimo de 8 e o máximo de 70
do em lei; deputados, sendo proporcional à população do
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi- estado ou do Distrito Federal (câmara possui 513
nistros do Tribunal de Contas da União; deputados). Para que o indivíduo consiga se candi-
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes- datar ao cargo de deputado, o mesmo deverá ter
ta Constituição, e o Advogado-Geral da União; no mínimo 21 anos, ser brasileiro (apenas o presi-
XVII - nomear membros do Conselho da República, dente da câmara deve ser brasileiro nato) e estar
nos termos do art. 89, VII; gozando de seus direitos políticos.
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e À Câmara dos Deputados compete privativamente,
o Conselho de Defesa Nacional; nos termos do art. 51:
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangei- I - autorizar, por dois terços de seus membros, a ins-
ra, autorizado pelo Congresso Nacional ou referenda- tauração de processo contra o Presidente e o Vice-Pre-
do por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões sidente da República e os Ministros de Estado;
legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total
ou parcialmente, a mobilização nacional; II - proceder à tomada de contas do Presidente da
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do República, quando não apresentadas ao Congresso
Congresso Nacional; Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; sessão legislativa;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen- III - elaborar seu regimento interno;
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território IV - dispor sobre sua organização, funcionamento,
nacional ou nele permaneçam temporariamente; polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- gos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as de lei para fixação da respectiva remuneração, obser-
propostas de orçamento previstas nesta Constituição; vados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, orçamentárias;
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- V - eleger membros do Conselho da República, nos
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; termos do art. 89, VII.
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
na forma da lei; 2) Senado Federal: a distribuição do Senado é paritá-
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, ria, com cada Estado sendo representado por um
nos termos do art. 62; número igual de 3 Senadores com mandato de
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta oito anos, renovados de quatro em quatro anos,
Constituição. alternadamente, por um e dois terços. A compo-
Parágrafo único. O Presidente da República poderá sição do Senado é de 81 parlamentares. São con-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII dições à eleição como Senador a nacionalidade e
e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Pro- o pleno exercício de direitos políticos, assim como
curador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da na Câmara; no entanto, exige-se a idade mínima
União, que observarão os limites traçados nas respec- de 35 anos.
tivas delegações.
Compete privativamente ao Senado Federal, nos
Em suma, o poder executivo tem o dever de: efetivar termos do art. 52:
as leis, mesmo que seja necessário utilizar a violência, I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presiden-
garantida pelo monopólio da força policial; Administrar os te da República nos crimes de responsabilidade, bem
setores públicos de serviços à população, como exemplo como os Ministros de Estado e os Comandantes da
os bancos; Manutenção das relações diplomáticas do Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
País com as outras nações; Estabelecer as forças armadas, mesma natureza conexos com aqueles;
dentre outras.

16
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tri- Em âmbito nacional temos a competência Federal, a
bunal Federal, os membros do Conselho Nacional de qual julga ações em que a União, as autarquias ou as
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, empresas públicas federais forem interessadas, por juízes
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral e fórum Federal.
da União nos crimes de responsabilidade; A competência Estadual julga as ações comuns entre
III - aprovar previamente, por voto secreto, após ar- pessoas físicas, pessoas jurídicas, trabalhadores e etc.
güição pública, a escolha de:
a)  magistrados, nos casos estabelecidos nesta Cons- 8 - DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
tituição;
b)  Ministros do Tribunal de Contas da União indicados Do Poder Legislativo
pelo Presidente da República;
c)  Governador de Território; O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
d)  presidente e diretores do Banco Central; Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
e)  Procurador-Geral da República; do Senado Federal, sendo que cada legislatura terá a
f)  titulares de outros cargos que a lei determinar; duração de quatro anos.
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após ar- A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes
guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de mis- do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada
são diplomática de caráter permanente; Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
V - autorizar operações externas de natureza finan- O número total de Deputados, bem como a
ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
Federal, dos Territórios e dos Municípios; estabelecidoporleicomplementar,proporcionalmente
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, àpopulação,procedendo-seaosajustesnecessários,no
limites globais para o montante da dívida consolidada ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de
nicípios; setenta Deputados.
VII - dispor sobre limites globais e condições para as OSenadoFederalcompõe-sederepresentantesdos
operações de crédito externo e interno da União, dos EstadosedoDistritoFederal,eleitossegundooprincípio
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas majoritário,sendoquecadaEstadoeoDistritoFederal
autarquias e demais entidades controladas pelo poder elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
público federal; Cada Senador será eleito com dois suplentes.
VIII - dispor sobre limites e condições para a conces-
são de garantia da União em operações de crédito ex- Do Congresso Nacional
terno e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Presidente da República, não exigida esta para o
Federal e dos Municípios, DENTRE OUTROS. especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as
matérias de competência da União, especialmente sobre:
No tocante as esferas estaduais e municipais, vigora - sistema tributário, arrecadação e distribuição de
o sistema. unicameralismo, ou seja, o Poder Legislativo rendas;
é exercido por apenas uma Casa. Nos estados, as - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça-
Casas que representam o poder em questão são as mento anual, operações de crédito, dívida pública
Assembleias Legislativas e Câmara do Distrito Federal. Já e emissões de curso forçado;
nos municípios, as Câmaras Municipais são responsáveis - fixação e modificação do efetivo das Forças Arma-
por desempenhar as atividades legislativas. das;
- planos e programas nacionais, regionais e setoriais
Poder judiciário: estrutura, funcionamento e de desenvolvimento, DENTRE OUTROS.
atribuições.
É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
O poder judiciário funciona através de instâncias I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

judicantes, as quais visam a concretização dos princípios atos internacionais que acarretem encargos ou com-
tutelados pelo art. 5ª da CF, que seriam: devido processo promissos gravosos ao patrimônio nacional;
legal, do contraditório, ampla defesa e etc. II - autorizar o Presidente da República a declarar
Como regra, a primeira instância corresponde ao guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças es-
primeiro órgão que conhecerá, analisará e julgará a sua trangeiras transitem pelo território nacional ou nele
pretensão apresentada ao Poder Judiciário. A sentença permaneçam temporariamente, ressalvados os casos
(prolatada pelo juiz de 1º grau) poderão ser submetidas previstos em lei complementar;
à apreciação da instância superior, composta por órgãos III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
colegiados, para que haja o reexame da matéria. Ou seja, pública a se ausentarem do País, quando a ausência
é a garantia do duplo grau de jurisdição. exceder a quinze dias;
Além desta divisão de “instâncias” o poder judiciário IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção fede-
também possui divisão quanto a competência de matéria, ral, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
território e valores. uma dessas medidas;

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V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que - eleger membros do Conselho da República, nos ter-
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de mos do art. 89, VII.
delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede; Do Senado Federal
VII - fixar idêntica remuneração para os Deputados
Federais e os Senadores, em cada legislatura, para a Compete privativamente ao Senado Federal:
subsequente, observado o que dispõem os arts. 150, II, - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
153, III, e 153, § 2º, I; da República nos crimes de responsabilidade e os
VIII - fixar para cada exercício financeiro a remunera- Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza
ção do Presidente e do Vice-Presidente da República e conexos com aqueles;
dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal
arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; Federal, o Procurador-Geral da República e o Advo-
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Pre- gado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
sidente da República e apreciar os relatórios sobre a - aprovar previamente, por voto secreto, após argui-
execução dos planos de governo; ção pública, a escolha de:
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer a) magistrados, nos casos estabelecidos nesta Cons-
de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os tituição;
da administração indireta; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indica-
XI - zelar pela preservação de sua competência le- dos pelo Presidente da República;
gislativa em face da atribuição normativa dos outros c) Governador de Território;
Poderes; - aprovar previamente, por voto secreto, após ar-
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
concessão de emissoras de rádio e televisão; missão diplomática de caráter permanente;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de - autorizar operações externas de natureza financei-
Contas da União; ra, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes Federal, dos Territórios e dos Municípios;
a atividades nucleares; - estabelecer limites globais e condições para o mon-
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; tante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e Federal e dos Municípios;
o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e
lavra de riquezas minerais; - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou conces- exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da Re-
são de terras públicas com área superior a dois mil e pública antes do término de seu mandato;
quinhentos hectares. - elaborar seu regimento interno;

Dos Deputados e dos Senadores


FIQUE ATENTO!
A Câmara dos Deputados e o Senado Fe- Os Deputados e Senadores são invioláveis por suas
deral, ou qualquer de suas comissões, po- opiniões, palavras e votos.
derão convocar Ministro de Estado para No caso de flagrante de crime inafiançável, os autos
prestar, pessoalmente, informações sobre serão remetidos, dentro de vinte e quatro horas, à Casa
assunto previamente determinado, impor- respectiva, para que, pelo voto secreto da maioria de
tando crime de responsabilidade a ausência seus membros, resolva sobre a prisão e autorize, ou não,
sem justificação adequada. a formação de culpa.
Os Deputados e Senadores serão submetidos a
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
Da Câmara dos Deputados
Os Deputados e Senadores não poderão:
Compete privativamente à Câmara dos Deputados: - desde a expedição do diploma:
- autorizar, por dois terços de seus membros, a ins- a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tauração de processo contra o Presidente e o Vice- direito público, autarquia, empresa pública, socie-
-Presidente da República e os Ministros de Estado; dade de economia mista ou empresa concessio-
- proceder à tomada de contas do Presidente da Re- nária de serviço público, salvo quando o contrato
pública, quando não apresentadas ao Congresso obedecer a cláusulas uniformes;
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remu-
da sessão legislativa; nerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nu-
- elaborar seu regimento interno; tum, nas entidades constantes da alínea anterior;
- dispor sobre sua organização, funcionamento, polí-
cia, criação, transformação ou extinção dos cargos, - desde a posse:
empregos e funções de seus serviços e fixação da a) ser proprietários, controladores ou diretores de
respectiva remuneração, observados os parâme- empresa que goze de favor decorrente de contra-
tros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentá- to com pessoa jurídica de direito público, ou nela
rias; exercer função remunerada;

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b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, a; República poderá adotar medidas provisórias, com força
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
das entidades a que se refere o inciso I, a; Nacional, que, estando em recesso, será convocado
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato pú- extraordinariamente para se reunir no prazo de cinco dias.
blico eletivo. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa
do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal
Perderá o mandato o Deputado ou Senador: e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos
- que infringir qualquer das proibições estabelecidas Deputados.
no artigo anterior; O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto
- cujo procedimento for declarado incompatível com pela outra, em um só turno de discussão e votação, e
o decoro parlamentar; enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o
- que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
terça parte das sessões ordinárias da Casa a que per-
tencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; Do Poder Executivo
- que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
- quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos pre- O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
vistos nesta Constituição; República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
- que sofrer condenação criminal em sentença tran- O Presidente e o Vice-Presidente da República
sitada em julgado. tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
prestando o compromisso de manter, defender e cumprir
Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: a Constituição, observar as leis, promover o bem geral
- investido no cargo de Ministro de Estado, Governa- do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a
dor de Território, Secretário de Estado, do Distrito independência do Brasil.
Federal, de Território, de Prefeitura de capital ou
chefe de missão diplomática temporária;
- licenciado pela respectiva Casa por motivo de #FicaDica
doença, ou para tratar, sem remuneração, de in- O Presidente e o Vice-Presidente da Re-
teresse particular, desde que, neste caso, o afasta- pública não poderão, sem licença do Con-
mento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão gresso Nacional, ausentar-se do País por
legislativa. período superior a quinze dias, sob pena de
perda do cargo.
Da Emenda à Constituição

A Constituição poderá ser emendada mediante Do Conselho de Defesa Nacional


proposta:
- de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do
dos Deputados ou do Senado Federal; Presidente da República nos assuntos relacionados com
- do Presidente da República; a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e
- de mais da metade das Assembleias Legislativas dele participam como membros natos:
das unidades da Federação, manifestando-se, cada - o Vice-Presidente da República;
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. - o Presidente da Câmara dos Deputados;
- o Presidente do Senado Federal;
- o Ministro da Justiça;
FIQUE ATENTO! - os Ministros militares;
Não será objeto de deliberação a proposta - o Ministro das Relações Exteriores;
de emenda tendente a abolir: a forma fede- - o Ministro do Planejamento.
rativa de Estado, o voto direto, secreto, uni-
versal e periódico, a separação dos Poderes, A lei regulará a organização e o funcionamento do
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

os direitos e garantias individuais. Conselho de Defesa Nacional.

9- Das atribuições e responsabilidades do


Das Leis Presidente da República

A iniciativa das leis complementares e ordinárias Das atribuições do Presidente da República


cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re-
Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo pública:
Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador- I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
previstos nesta Constituição. direção superior da administração federal;

19
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
previstos nesta Constituição; termos do art. 62;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel Constituição.
execução; Parágrafo único. O Presidente da República poderá
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII
VI - dispor, mediante decreto, sobre:   e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Pro-
a) organização e funcionamento da administração fe- curador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
deral, quando não implicar aumento de despesa nem União, que observarão os limites traçados nas respec-
criação ou extinção de órgãos públicos;   tivas delegações.
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
gos;   Das responsabilidades do Presidente Da República
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
ditar seus representantes diplomáticos; Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Pre-
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio- sidente da República que atentem contra a Constitui-
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; ção Federal e, especialmente, contra:
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; I - a existência da União;
X - decretar e executar a intervenção federal; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju-
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le- cionais das unidades da Federação;
gislativa, expondo a situação do País e solicitando as III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
providências que julgar necessárias; IV - a segurança interna do País;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- V - a probidade na administração;
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; VI - a lei orçamentária;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e especial, que estabelecerá as normas de processo e
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; julgamento.
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais República, por dois terços da Câmara dos Deputados,
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura- será ele submetido a julgamento perante o Supremo
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou pe-
banco central e outros servidores, quando determina- rante o Senado Federal, nos crimes de responsabili-
do em lei; dade.
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi- § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
nistros do Tribunal de Contas da União; I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún-
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes- cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
ta Constituição, e o Advogado-Geral da União; II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração
XVII - nomear membros do Conselho da República, do processo pelo Senado Federal.
nos termos do art. 89, VII; § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o jul-
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o gamento não estiver concluído, cessará o afastamento
Conselho de Defesa Nacional; do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimen-
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, to do processo.
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória,
por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le- nas infrações comuns, o Presidente da República não
gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou estará sujeito a prisão.
parcialmente, a mobilização nacional; § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do mandato, não pode ser responsabilizado por atos es-
Congresso Nacional; tranhos ao exercício de suas funções.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;


XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen- 10- Processo legislativo
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente; Importante se faz a leitura do disposto no artigo 59
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- da CF/88.
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstos nesta Constituição; Art. 59. O processo legislativo compreende a elabo-
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, ração de:
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- I - emendas à Constituição;
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; II - leis complementares;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, III - leis ordinárias;
na forma da lei; IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;

20
VI - decretos legislativos; Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa físi-
VII - resoluções. ca ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arreca-
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a de, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
Acerca das Emendas Constitucionais, veja: pecuniária.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Na-
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada median- cional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Con-
te proposta: tas da União, ao qual compete:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
dos Deputados ou do Senado Federal; sidente da República, mediante parecer prévio que de-
II - do Presidente da República; verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas recebimento;
das unidades da Federação, manifestando-se, cada II - julgar as contas dos administradores e demais res-
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vi- administração direta e indireta, incluídas as fundações
gência de intervenção federal, de estado de defesa ou e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Públi-
de estado de sítio. co federal, e as contas daqueles que derem causa a
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
do Congresso Nacional, em dois turnos, consideran- prejuízo ao erário público;
do-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
votos dos respectivos membros. atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ad-
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas ministração direta e indireta, incluídas as fundações
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede- instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas
ral, com o respectivo número de ordem. as nomeações para cargo de provimento em comis-
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de são, bem como a das concessões de aposentadorias,
emenda tendente a abolir: reformas e pensões, ressalvadas as melhorias pos-
I - a forma federativa de Estado; teriores que não alterem o fundamento legal do ato
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; concessório;
III - a separação dos Poderes; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
IV - os direitos e garantias individuais. Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejei- ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
tada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa-
nova proposta na mesma sessão legislativa. trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
referidas no inciso II;
#FicaDica V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
nacionais de cujo capital social a União participe, de
A iniciativa das leis complementares e ordi- forma direta ou indireta, nos termos do tratado cons-
nárias cabe a qualquer membro ou Comis- titutivo;
são da Câmara dos Deputados, do Senado VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas-
Federal ou do Congresso Nacional, ao Pre- sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
sidente da República, ao Supremo Tribunal ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis-
Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procu- trito Federal ou a Município;
rador-Geral da República e aos cidadãos, na VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso
forma e nos casos previstos na Constituição. Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qual-
Sugerimos, para isso, a leitura dos artigos 61 quer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
à 69 da CF/88. contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa-
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

realizadas;
11- Fiscalização contábil, financeira e orçamentária VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida-
de de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
Acerca do assunto, se faz de extrema importância previstas em lei, que estabelecerá, entre outras comi-
a leitura seca dos dispositivos da Constituição Federal nações, multa proporcional ao dano causado ao erá-
abaixo: rio;
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen- IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
tária, operacional e patrimonial da União e das enti- as providências necessárias ao exato cumprimento da
dades da administração direta e indireta, quanto à le- lei, se verificada ilegalidade;
galidade, legitimidade, economicidade, aplicação das X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa-
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo dos e ao Senado Federal;
sistema de controle interno de cada Poder.

21
XI - representar ao Poder competente sobre irregulari- Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário
dades ou abusos apurados. manterão, de forma integrada, sistema de controle in-
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado- terno com a finalidade de:
tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so- I - avaliar o cumprimento das metas previstas no pla-
licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas no plurianual, a execução dos programas de governo
cabíveis. e dos orçamentos da União;
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
respeito. da administração federal, bem como da aplicação de
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação recursos públicos por entidades de direito privado;
de débito ou multa terão eficácia de título executivo. III - exercer o controle das operações de crédito, avais e
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. IV - apoiar o controle externo no exercício de sua mis-
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refe- são institucional.
re o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao toma-
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos rem conhecimento de qualquer irregularidade ou ile-
não programados ou de subsídios não aprovados, po- galidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da
derá solicitar à autoridade governamental responsável União, sob pena de responsabilidade solidária.
que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação
necessários. ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considera- denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
dos estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tri- Tribunal de Contas da União.
bunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-
prazo de trinta dias. -se, no que couber, à organização, composição e fis-
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Co- calização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
missão, se julgar que o gasto possa causar dano irre- Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos
parável ou grave lesão à economia pública, proporá de Contas dos Municípios.
ao Congresso Nacional sua sustação. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão in-
nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
tegrados por sete Conselheiros.
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território na-
cional, exercendo, no que couber, as atribuições pre-
12- Poder Judiciário
vistas no art. 96.
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União se-
Vejamos um resumo dos principais órgãos do Poder
rão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os se-
Judiciário para, após, analisar o que diz a CF/88.
guintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco 1) STF


anos de idade; O Supremo Tribunal Federal é a última instância do
II - idoneidade moral e reputação ilibada; poder judiciário do Brasil, composto por 11 ministros
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, eco- (juízes), os quais são nomeados pelo Presidente da
nômicos e financeiros ou de administração pública; República, devendo ser aprovado pelo Senado Federal.
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efe- O STF juga questões acerca da Constituição Federal,
tiva atividade profissional que exija os conhecimentos pois ele é o “guardião” da nossa Magma Carta de
mencionados no inciso anterior. 1988. Entre suas principais atribuições está a de julgar
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União se- ações diretas de inconstitucionalidade de lei ou ato
rão escolhidos: normativo federal ou estadual; ações declaratórias de
I - um terço pelo Presidente da República, com apro- constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; a
vação do Senado Federal, sendo dois alternadamente arguição de descumprimento de preceito fundamental
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dentre auditores e membros do Ministério Público jun- decorrente da própria Constituição e a extradição
to ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, solicitada por Estado estrangeiro.
segundo os critérios de antigüidade e merecimento; No tocante a esfera criminal, o STF tem competência
II - dois terços pelo Congresso Nacional. para julgar nas infrações penais comuns, o presidente
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão da República e seu vice, os membros do Congresso
as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, Nacional, seus próprios ministros e o procurador-geral
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior da República.
Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à apo-
sentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40.    2) STJ
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, O Superior Tribunal de Justiça é a última instância
terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, para as causas infraconstitucionais, sendo o órgão de
quando no exercício das demais atribuições da judica- convergência da Justiça comum. O STJ é composto por
tura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. 33 ministros. Entre suas principais atribuições, destaca-se

22
que ele é o responsável por uniformizar a interpretação O que CNJ faz?
da lei federal em todo o Brasil, seguindo os princípios Transparência e controle:
constitucionais • Na Política Judiciária: zelar pela autonomia do Po-
No âmbito criminal, o STJ julga crimes comuns der Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da
praticados por governadores dos Estados e do Magistratura, expedindo atos normativos e reco-
Distrito Federal, crimes comuns e de responsabilidade mendações.
de desembargadores dos tribunais de Justiça e de • Na Gestão: definir o planejamento estratégico, os
conselheiros dos tribunais de contas estaduais, dos planos de metas e os programas de avaliação ins-
membros dos tribunais regionais federais, eleitorais e titucional do Poder Judiciário.
do trabalho. Ainda assim, julga também habeas corpus • Na Prestação de Serviços ao Cidadão: receber re-
que envolvam essas autoridades ou ministros de Estado, clamações, petições eletrônicas e representações
exceto em casos relativos à Justiça eleitoral, dentre contra membros ou órgãos do Judiciário, inclusive
outros. contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
prestadores de serviços notariais e de registro que
3) TSE atuem por delegação do poder público ou oficia-
O Tribunal Superior Eleitoral possui no mínimo 7 lizado.
membros, sendo responsável por expedir instruções • Na Moralidade: julgar processos disciplinares, asse-
para a execução da lei que rege o processo eleitoral, bem gurada ampla defesa, podendo determinar a re-
como, tem a função de acompanhar a legislação eleitoral moção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
juntamente com os Tribunais Regionais Eleitorais, subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de
assegurando a organização das eleições e o exercício dos serviço e aplicar outras sanções administrativas.
direitos políticos da população. • Na Eficiência dos Serviços Judiciais: melhores prá-
ticas e celeridade: elaborar e publicar semestral-
4) TST mente relatório estatístico sobre movimentação
O Tribunal Superior do Trabalho julga recursos contra processual e outros indicadores pertinentes à ati-
decisões de Tribunais Regionais do trabalho e dissídios vidade jurisdicional em todo o País. (FONTE CNJ:
coletivos de categorias organizadas em nível nacional, http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj/quem-somos-
além de mandados de segurança, embargos opostos a -visitas-e-contatos)
suas decisões e ações rescisórias. O TST é composto por
27 ministros nomeados pelo presidente da República e Os órgãos descritos a cima são os principais órgãos
aprovados pela maioria absoluta do Senado Federal. judiciários do sistema brasileiro. Ainda assim, de uma
maneira abrangente podemos ainda cita o Justiça
5) STM Comum, Justiça Federal, Tribunal de Justiça, Tribunal
O Superior Tribunal Militar processar e julgar Regional do Trabalho, Justiça do Trabalho, as quais
crimes que envolvam militares da Marinha, Exército e cuidam de processos de acordo com sua competência.
Aeronáutica além de funções judiciais e administrativas. Ver-se-á, a seguir, o disposto pela Constituição
É composto por 15 ministros vitalícios, nomeados pelo Federal acerca dos órgãos do Poder Judiciário
presidente da República, com indicação aprovada pelo
Senado Federal. Três ministros são da Marinha, quatro do CAPÍTULO III
Exército e três da Aeronáutica, os outros cinco são civis. DO PODER JUDICIÁRIO
SEÇÃO I
Os órgãos descritos a cima são os principais órgãos DISPOSIÇÕES GERAIS
judiciários do sistema brasileiro. Ainda assim, de uma
maneira abrangente podemos ainda cita o Justiça Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
Comum, Justiça Federal, Tribunal de Justiça, Tribunal I - o Supremo Tribunal Federal;
Regional do Trabalho, Justiça do Trabalho e etc. I-A o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
Conselho Nacional de Justiça II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;  
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é uma IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;


instituição pública que visa aperfeiçoar o trabalho do V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
sistema judiciário brasileiro, principalmente no que diz VI - os Tribunais e Juízes Militares;
respeito ao controle e à transparência administrativa e VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito
processual. Federal e Territórios.
Missão: desenvolver políticas judiciárias que § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacio-
promovam a efetividade e a unidade do Poder Judiciário, nal de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na
orientadas para os valores de justiça e paz social. Capital Federal.
Visão de futuro: ser reconhecido como órgão de § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Su-
excelência em planejamento estratégico, governança e periores têm jurisdição em todo o território nacional.   
gestão judiciária, a impulsionar a efetividade da Justiça Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo
brasileira. Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magis-
tratura, observados os seguintes princípios:

23
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de VIIIA a remoção a pedido ou a permuta de magistra-
juiz substituto, mediante concurso público de provas e dos de comarca de igual entrância atenderá, no que
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II;  
do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciá-
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica rio serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,
e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classi- sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presen-
ficação;    ça, em determinados atos, às próprias partes e a seus
II - promoção de entrância para entrância, alternada- advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
mente, por antigüidade e merecimento, atendidas as preservação do direito à intimidade do interessado no
seguintes normas: sigilo não prejudique o interesse público à informação;   
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por X as decisões administrativas dos tribunais serão mo-
três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista tivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares
de merecimento; tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus mem-
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos bros;   (
de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco
a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com
salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco mem-
lugar vago; bros, para o exercício das atribuições administrativas
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal
e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade
no exercício da jurisdição e pela freqüência e aprovei- e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;    
tamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aper- XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo
feiçoamento;    vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de se-
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente gundo grau, funcionando, nos dias em que não houver
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto funda- expediente forense normal, juízes em plantão perma-
mentado de dois terços de seus membros, conforme nente;  
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, re- XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será
petindo-se a votação até fixar-se a indicação;    proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, população;   
retiver autos em seu poder além do prazo legal, não XIV os servidores receberão delegação para a prática
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despa- de atos de administração e atos de mero expediente
cho ou decisão;   sem caráter decisório;   
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por XV a distribuição de processos será imediata, em todos
antigüidade e merecimento, alternadamente, apura- os graus de jurisdição.  
dos na última ou única entrância;    Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regio-
IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfei- nais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito
çoamento e promoção de magistrados, constituindo Federal e Territórios será composto de membros, do
etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a par- Ministério Público, com mais de dez anos de carreira,
ticipação em curso oficial ou reconhecido por escola e de advogados de notório saber jurídico e de reputa-
nacional de formação e aperfeiçoamento de magis- ção ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
trados;   profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores de representação das respectivas classes.
corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal
mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo,
Federal e os subsídios dos demais magistrados serão que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de
fixados em lei e escalonados, em nível federal e esta- seus integrantes para nomeação.
dual, conforme as respectivas categorias da estrutu- Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
ra judiciária nacional, não podendo a diferença entre I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adqui-
uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior rida após dois anos de exercício, dependendo a perda
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a
cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto sentença judicial transitada em julgado;
nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú-
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de blico, na forma do art. 93, VIII;
seus dependentes observarão o disposto no art. 40;   III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
autorização do tribunal;   2º, I.   
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo
decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tri- ou função, salvo uma de magistério;
bunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
ampla defesa;    participação em processo;

24
III - dedicar-se à atividade político-partidária. face de impugnação apresentada, o processo de habi-
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou litação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;    § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se especiais no âmbito da Justiça Federal.   
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclu-
do cargo por aposentadoria ou exoneração. sivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades
Art. 96. Compete privativamente: específicas da Justiça.  
I - aos tribunais: Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regi- administrativa e financeira.
mentos internos, com observância das normas de pro- § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamen-
cesso e das garantias processuais das partes, dispondo tárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
sobre a competência e o funcionamento dos respecti- com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamen-
vos órgãos jurisdicionais e administrativos; tárias.
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os ou-
os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo tros tribunais interessados, compete:
exercício da atividade correicional respectiva; I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os car- Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
gos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; aprovação dos respectivos tribunais;
d) propor a criação de novas varas judiciárias; II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça,
e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo com a aprovação dos respectivos tribunais.
único, os cargos necessários à administração da Justi- § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem
ça, exceto os de confiança assim definidos em lei; as respectivas propostas orçamentárias dentro do pra-
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus zo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
membros e aos juízes e servidores que lhes forem ime- Poder Executivo considerará, para fins de consolidação
diatamente vinculados; da proposta orçamentária anual, os valores aprovados
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Supe- na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
riores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le- os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.    
gislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este
a) a alteração do número de membros dos tribunais artigo forem encaminhadas em desacordo com os li-
inferiores; mites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração procederá aos ajustes necessários para fins de consoli-
dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem dação da proposta orçamentária anual.  
vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus § 5º Durante a execução orçamentária do exercício,
membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferio- não poderá haver a realização de despesas ou a as-
res, onde houver;     sunção de obrigações que extrapolem os limites es-
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; se previamente autorizadas, mediante a abertura de
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais créditos suplementares ou especiais.
e do Distrito Federal e Territórios, bem como os mem- Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas
bros do Ministério Público, nos crimes comuns e de Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais,
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusi-
Eleitoral. vamente na ordem cronológica de apresentação dos
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibi-
seus membros ou dos membros do respectivo órgão da a designação de casos ou de pessoas nas dotações
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucio- orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para
nalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.    este fim.   
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e os Estados criarão: aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proven-


I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou tos, pensões e suas complementações, benefícios pre-
togados e leigos, competentes para a conciliação, o videnciários e indenizações por morte ou por invali-
julgamento e a execução de causas cíveis de menor dez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de
complexidade e infrações penais de menor potencial sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssi- com preferência sobre todos os demais débitos, exceto
mo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a tran- sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.  
sação e o julgamento de recursos por turmas de juízes § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titula-
de primeiro grau; res, originários ou por sucessão hereditária, tenham
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de
eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com man- doença grave, ou pessoas com deficiência, assim de-
dato de quatro anos e competência para, na forma finidos na forma da lei, serão pagos com preferência
da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente

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ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § temente de sua natureza, será feita pelo índice oficial
3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa de remuneração básica da caderneta de poupança,
finalidade, sendo que o restante será pago na ordem e, para fins de compensação da mora, incidirão juros
cronológica de apresentação do precatório. simples no mesmo percentual de juros incidentes so-
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à bre a caderneta de poupança, ficando excluída a inci-
expedição de precatórios não se aplica aos pagamen- dência de juros compensatórios.   
tos de obrigações definidas em leis como de pequeno § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente,
valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtu- seus créditos em precatórios a terceiros, independen-
de de sentença judicial transitada em julgado.   temente da concordância do devedor, não se aplican-
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fi- do ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.  
xados, por leis próprias, valores distintos às entidades § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efei-
de direito público, segundo as diferentes capacidades tos após comunicação, por meio de petição protoco-
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior lizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora.  
benefício do regime geral de previdência social. § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei com-
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das enti- plementar a esta Constituição Federal poderá estabe-
dades de direito público, de verba necessária ao paga- lecer regime especial para pagamento de crédito de
mento de seus débitos, oriundos de sentenças transita- precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios,
das em julgado, constantes de precatórios judiciários dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida
apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamen- e forma e prazo de liquidação.   (
to até o final do exercício seguinte, quando terão seus § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União
valores atualizados monetariamente.   poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-
serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, -os diretamente.   
cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a de- § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
cisão exequenda determinar o pagamento integral e nicípios aferirão mensalmente, em base anual, o com-
autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente prometimento de suas respectivas receitas correntes
para os casos de preterimento de seu direito de pre- líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações
cedência ou de não alocação orçamentária do valor de pequeno valor.    
necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da § 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os
quantia respectiva.    fins de que trata o § 17, o somatório das receitas tri-
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato butárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a contribuições e de serviços, de transferências correntes
liquidação regular de precatórios incorrerá em crime e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do
de responsabilidade e responderá, também, perante o § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
Conselho Nacional de Justiça.   período compreendido pelo segundo mês imediata-
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complemen- mente anterior ao de referência e os 11 (onze) meses
tares ou suplementares de valor pago, bem como o precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas:  
fracionamento, repartição ou quebra do valor da exe-
cução para fins de enquadramento de parcela do total I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao
ao que dispõe o § 3º deste artigo.   Distrito Federal e aos Municípios por determinação
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, in- constitucional;  
dependentemente de regulamentação, deles deverá II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios
ser abatido, a título de compensação, valor correspon- por determinação constitucional;
dente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos
em dívida ativa e constituídos contra o credor origi- Municípios, a contribuição dos servidores para custeio
nal pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas de seu sistema de previdência e assistência social e as
vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja receitas provenientes da compensação financeira refe-
execução esteja suspensa em virtude de contestação rida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal.   
administrativa ou judicial. § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal de condenações judiciais em precatórios e obrigações
solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ul-
em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de trapasse a média do comprometimento percentual da
abatimento, informação sobre os débitos que preen- receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediata-
cham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins mente anteriores, a parcela que exceder esse percen-
nele previstos. tual poderá ser financiada, excetuada dos limites de
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em endividamento de que tratam os incisos VI e VII do
lei da entidade federativa devedora, a entrega de cré- art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros
ditos em precatórios para compra de imóveis públicos limites de endividamento previstos, não se aplicando
do respectivo ente federado.   a esse financiamento a vedação de vinculação de re-
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitu- ceita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição
cional, a atualização de valores de requisitórios, após Federal.   
sua expedição, até o efetivo pagamento, independen-

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§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julga-
(quinze por cento) do montante dos precatórios apre- dos;
sentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze l) a reclamação para a preservação de sua competên-
por cento) do valor deste precatório serão pagos até cia e garantia da autoridade de suas decisões;
o final do exercício seguinte e o restante em parcelas m) a execução de sentença nas causas de sua compe-
iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas tência originária, facultada a delegação de atribuições
de juros de mora e correção monetária, ou mediante para a prática de atos processuais;
acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conci- n) a ação em que todos os membros da magistratura
liação de Precatórios, com redução máxima de 40% sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela
(quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, em que mais da metade dos membros do tribunal de
desde que em relação ao crédito não penda recurso origem estejam impedidos ou sejam direta ou indire-
ou defesa judicial e que sejam observados os requi- tamente interessados;
sitos definidos na regulamentação editada pelo ente o) os conflitos de competência entre o Superior Tribu-
federado.    nal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
SEÇÃO II p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de norma regulamentadora for atribuição do Presiden-
onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais te da República, do Congresso Nacional, da Câmara
de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
Federal serão nomeados pelo Presidente da República, Supremo Tribunal Federal;
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e
do Senado Federal. contra o Conselho Nacional do Ministério Público;  
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, pre- II - julgar, em recurso ordinário:
cipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o ha-
I - processar e julgar, originariamente: beas data e o mandado de injunção decididos em úni-
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato ca instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória
normativo federal ou estadual e a ação declaratória a decisão;
de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;    b) o crime político;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da Re- III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
pública, o Vice-Presidente, os membros do Congresso decididas em única ou última instância, quando a de-
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Ge- cisão recorrida:
ral da República;
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res-
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandan-
federal;
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressal-
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
vado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
em face desta Constituição.
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os
d) julgar válida lei local contestada em face de lei fe-
chefes de missão diplomática de caráter permanente;     
deral.  
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pes-
soas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de § 1º A argüição de descumprimento de preceito fun-
segurança e o habeas data contra atos do Presidente damental, decorrente desta Constituição, será apre-
da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e ciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.  
do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
do Procurador-Geral da República e do próprio Supre- Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de incons-
mo Tribunal Federal; titucionalidade e nas ações declaratórias de constitu-
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo in- cionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ternacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
o Território; Judiciário e à administração pública direta e indireta,
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, nas esferas federal, estadual e municipal.    
a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
inclusive as respectivas entidades da administração demonstrar a repercussão geral das questões consti-
indireta; tucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; de que o Tribunal examine a admissão do recurso, so-
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Supe- mente podendo recusá-lo pela manifestação de dois
rior ou quando o coator ou o paciente for autoridade terços de seus membros.   
ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucio-
à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate nalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:  
de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única I - o Presidente da República;
instância;    II - a Mesa do Senado Federal;

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III - a Mesa da Câmara dos Deputados; V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Federal;   
Legislativa do Distrito Federal; VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;    pelo Superior Tribunal de Justiça;   
VI - o Procurador-Geral da República; VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do de Justiça;  
Brasil; VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indi-
VIII - partido político com representação no Congresso cado pelo Tribunal Superior do Trabalho;  
Nacional; IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Supe-
IX - confederação sindical ou entidade de classe de rior do Trabalho;
âmbito nacional. X - um membro do Ministério Público da União, indi-
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser pre- cado pelo Procurador-Geral da República;
viamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade XI um membro do Ministério Público estadual, esco-
e em todos os processos de competência do Supremo lhido pelo Procurador-Geral da República dentre os
Tribunal Federal. nomes indicados pelo órgão competente de cada ins-
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de tituição estadual;  
medida para tornar efetiva norma constitucional, será XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal
dada ciência ao Poder competente para a adoção das da Ordem dos Advogados do Brasil;    
providências necessárias e, em se tratando de órgão XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputa-
administrativo, para fazê-lo em trinta dias. ção ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a e outro pelo Senado Federal.   
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Su-
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da premo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impe-
União, que defenderá o ato ou texto impugnado. dimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal
Federal.  
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomea-
ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
dos pelo Presidente da República, depois de aprovada
terços dos seus membros, após reiteradas decisões
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.  
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações pre-
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efei-
vistas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tri-
to vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
bunal Federal.     § 4º Compete ao Conselho o controle
Judiciário e à administração pública direta e indireta,
da atuação administrativa e financeira do Poder Ju-
nas esferas federal, estadual e municipal, bem como diciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma es- juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que
tabelecida em lei.   lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpre- I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
tação e a eficácia de normas determinadas, acerca das cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários expedir atos regulamentares, no âmbito de sua com-
ou entre esses e a administração pública que acarrete petência, ou recomendar providências;
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
de processos sobre questão idêntica. ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou
lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula fixar prazo para que se adotem as providências neces-
poderá ser provocada por aqueles que podem propor sárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da
a ação direta de inconstitucionalidade.   competência do Tribunal de Contas da União;  
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que III - receber e conhecer das reclamações contra mem-
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente bros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Fe- seus serviços auxiliares, serventias e órgãos presta-
deral que, julgando-a procedente, anulará o ato ad- dores de serviços notariais e de registro que atuem
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ministrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, por delegação do poder público ou oficializados, sem
e determinará que outra seja proferida com ou sem a prejuízo da competência disciplinar e correicional dos
aplicação da súmula, conforme o caso.    tribunais, podendo avocar processos disciplinares em
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe- curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou
-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) a aposentadoria com subsídios ou proventos propor-
anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:      cionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; administrativas, assegurada ampla defesa;   
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indi- IV - representar ao Ministério Público, no caso de cri-
cado pelo respectivo tribunal;     me contra a administração pública ou de abuso de
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, autoridade;   
indicado pelo respectivo tribunal;   V - rever, de ofício ou mediante provocação, os pro-
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indica- cessos disciplinares de juízes e membros de tribunais
do pelo Supremo Tribunal Federal;     julgados há menos de um ano;    

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VI - elaborar semestralmente relatório estatístico so- b) os mandados de segurança e os habeas data contra
bre processos e sentenças prolatadas, por unidade da ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Mari-
Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;    nha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
VII - elaborar relatório anual, propondo as providên- c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for
cias que julgar necessárias, sobre a situação do Poder qualquer das pessoas mencionadas na alínea “a”, ou
Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do
Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacio- Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência
nal, por ocasião da abertura da sessão legislativa.    da Justiça Eleitoral;   
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exer- d) os conflitos de competência entre quaisquer tri-
cerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído bunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”, bem
da distribuição de processos no Tribunal, competindo- como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e
-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas entre juízes vinculados a tribunais diversos;
pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:    e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer julgados;
interessado, relativas aos magistrados e aos serviços f) a reclamação para a preservação de sua competên-
judiciários;    cia e garantia da autoridade de suas decisões;
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção g) os conflitos de atribuições entre autoridades admi-
e de correição geral;   nistrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou
atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribu- do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
nais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios. h) o mandado de injunção, quando a elaboração da
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral norma regulamentadora for atribuição de órgão, en-
da República e o Presidente do Conselho Federal da tidade ou autoridade federal, da administração direta
Ordem dos Advogados do Brasil.   ou indireta, excetuados os casos de competência do
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Terri- Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Mi-
tórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para litar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da
receber reclamações e denúncias de qualquer interes- Justiça Federal;
sado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, i) a homologação de sentenças estrangeiras e a con-
ou contra seus serviços auxiliares, representando dire- cessão de exequatur às cartas rogatórias;   
tamente ao Conselho Nacional de Justiça.    II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
SEÇÃO III
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de,
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
no mínimo, trinta e três Ministros.
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
quando denegatória a decisão;
Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos ou organismo internacional, de um lado, e, do outro,
de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela III - julgar, em recurso especial, as causas decididas,
maioria absoluta do Senado Federal, sendo:   em única ou última instância, pelos Tribunais Regio-
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Fe- nais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Dis-
derais e um terço dentre desembargadores dos Tribu- trito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
nais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vi-
pelo próprio Tribunal; gência;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e b) julgar válido ato de governo local contestado em
membros do Ministério Público Federal, Estadual, do face de lei federal;   
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indica- c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe
dos na forma do art. 94. haja atribuído outro tribunal.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribu-
I - processar e julgar, originariamente: nal de Justiça:   
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções,
os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Es- regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e pro-
tados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais moção na carreira;
de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exer-
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais cer, na forma da lei, a supervisão administrativa e or-
Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou çamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério graus, como órgão central do sistema e com poderes
Público da União que oficiem perante tribunais; correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.   

29
SEÇÃO IV IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS em detrimento de bens, serviços ou interesse da União
JUÍZES FEDERAIS ou de suas entidades autárquicas ou empresas públi-
cas, excluídas as contravenções e ressalvada a compe-
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: tência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
I - os Tribunais Regionais Federais; V - os crimes previstos em tratado ou convenção inter-
II - os Juízes Federais. nacional, quando, iniciada a execução no País, o resul-
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se tado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possí- reciprocamente;
vel, na respectiva região e nomeados pelo Presidente V-A as causas relativas a direitos humanos a que se
da República dentre brasileiros com mais de trinta e refere o § 5º deste artigo;  
menos de sessenta e cinco anos, sendo: VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos
I - um quinto dentre advogados com mais de dez casos determinados por lei, contra o sistema financei-
anos de efetiva atividade profissional e membros do ro e a ordem econômico-financeira;
Ministério Público Federal com mais de dez anos de VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua
carreira; competência ou quando o constrangimento provier de
II - os demais, mediante promoção de juízes federais autoridade cujos atos não estejam diretamente sujei-
com mais de cinco anos de exercício, por antigüidade tos a outra jurisdição;
e merecimento, alternadamente. VIII - os mandados de segurança e os habeas data con-
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juí- tra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
zes dos Tribunais Regionais Federais e determinará competência dos tribunais federais;
sua jurisdição e sede. IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aerona-
ves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justi-
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular
ça itinerante, com a realização de audiências e demais
de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
funções da atividade jurisdicional, nos limites territo-
“exequatur”, e de sentença estrangeira, após a homo-
riais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipa-
logação, as causas referentes à nacionalidade, inclusi-
mentos públicos e comunitários.  
ve a respectiva opção, e à naturalização;
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcio-
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
nar descentralizadamente, constituindo Câmaras re-
§ 1º As causas em que a União for autora serão afo-
gionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdi- radas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra
cionado à justiça em todas as fases do processo.   parte.
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser
I - processar e julgar, originariamente: aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluí- autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que
dos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa,
crimes comuns e de responsabilidade, e os membros ou, ainda, no Distrito Federal.
do Ministério Público da União, ressalvada a compe-
tência da Justiça Eleitoral; § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual,
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julga- no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários,
dos seus ou dos juízes federais da região; as causas em que forem parte instituição de previdên-
c) os mandados de segurança e os habeas data contra cia social e segurado, sempre que a comarca não seja
ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa con-
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for dição, a lei poderá permitir que outras causas sejam
juiz federal; também processadas e julgadas pela justiça estadual.
e) os conflitos de competência entre juízes federais § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso ca-
vinculados ao Tribunal; bível será sempre para o Tribunal Regional Federal na
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pe- área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
los juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos hu-
da competência federal da área de sua jurisdição. manos, o Procurador-Geral da República, com a fi-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e jul- nalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
gar: decorrentes de tratados internacionais de direitos hu-
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou manos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
empresa pública federal forem interessadas na condi- perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
ção de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto fase do inquérito ou processo, incidente de desloca-
as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas mento de competência para a Justiça Federal.  
à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal,
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo constituirá uma seção judiciária que terá por sede a
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou respectiva Capital, e varas localizadas segundo o es-
residente no País; tabelecido em lei.
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição
União com Estado estrangeiro ou organismo interna- e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão
cional; aos juízes da justiça local, na forma da lei.

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Seção V VII as ações relativas às penalidades administrativas
Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscaliza-
Regionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho ção das relações de trabalho;   
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais,
I - o Tribunal Superior do Trabalho; decorrentes das sentenças que proferir;  
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; IX outras controvérsias decorrentes da relação de tra-
III - Juízes do Trabalho.   e sete Ministros, escolhidos balho, na forma da lei.  
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes pode-
menos de sessenta e cinco anos, de notável saber ju- rão eleger árbitros.
rídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação
da República após aprovação pela maioria absoluta coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de
do Senado Federal, sendo:   comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
de efetiva atividade profissional e membros do Minis- conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de
tério Público do Trabalho com mais de dez anos de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;   anteriormente.  
II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indi- possibilidade de lesão do interesse público, o Ministé-
cados pelo próprio Tribunal Superior. rio Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coleti-
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Su- vo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
perior do Trabalho.   Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho com-
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Tra- põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quan-
balho:   do possível, na respectiva região, e nomeados pelo
I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento Presidente da República dentre brasileiros com mais
de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre ou- de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:   
tras funções, regulamentar os cursos oficiais para o I um quinto dentre advogados com mais de dez anos
ingresso e promoção na carreira; de efetiva atividade profissional e membros do Minis-
II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo- tério Público do Trabalho com mais de dez anos de
-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrati- efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;  
va, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho
Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão cen- por antigüidade e merecimento, alternadamente.
tral do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.   § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho pro- a justiça itinerante, com a realização de audiências
cessar e julgar, originariamente, a reclamação para a e demais funções de atividade jurisdicional, nos limi-
preservação de sua competência e garantia da autori- tes territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
dade de suas decisões.    equipamentos públicos e comunitários.  
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, po- § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão fun-
dendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdi- cionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
ção, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do juris-
o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.    dicionado à justiça em todas as fases do processo.  
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidu- Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será
ra, jurisdição, competência, garantias e condições de exercida por um juiz singular.
exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.  
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e SEÇÃO VI
julgar: DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos
os entes de direito público externo e da administração Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
pública direta e indireta da União, dos Estados, do Dis- I - o Tribunal Superior Eleitoral;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

trito Federal e dos Municípios;    II - os Tribunais Regionais Eleitorais;


II as ações que envolvam exercício do direito de greve;     III - os Juízes Eleitorais;
III as ações sobre representação sindical, entre sindica- IV - as Juntas Eleitorais.
tos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no
e empregadores;    mínimo, de sete membros, escolhidos:
IV os mandados de segurança, habeas corpus e ha- I - mediante eleição, pelo voto secreto:
beas data , quando o ato questionado envolver maté- a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal
ria sujeita à sua jurisdição;    Federal;
V os conflitos de competência entre órgãos com juris- b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal
dição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, de Justiça;
I, o;   
VI as ações de indenização por dano moral ou patri-
monial, decorrentes da relação de trabalho;   

31
II - por nomeação do Presidente da República, dois § 1º A competência dos tribunais será definida na
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico Constituição do Estado, sendo a lei de organização ju-
e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal diciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
Federal. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos
seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros estaduais ou municipais em face da Constituição Es-
do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral tadual, vedada a atribuição da legitimação para agir
dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. a um único órgão.
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do
Capital de cada Estado e no Distrito Federal. Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, consti-
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: tuída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos
I - mediante eleição, pelo voto secreto: Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribu- Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar
nal de Justiça; nos Estados em que o efetivo militar seja superior a
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos vinte mil integrantes.  
pelo Tribunal de Justiça; § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não definidos em lei e as ações judiciais contra atos dis-
havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, ciplinares militares, ressalvada a competência do júri
pelo Tribunal Regional Federal respectivo; quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal compe-
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de tente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
dois juízes dentre seis advogados de notável saber ju- oficiais e da graduação das praças.  
rídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar
Justiça. processar e julgar, singularmente, os crimes militares
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Pre- cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
sidente e o Vice-Presidente- dentre os desembarga- disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Jus-
dores. tiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organiza- julgar os demais crimes militares.  
ção e competência dos tribunais, dos juízes de direito § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descen-
e das juntas eleitorais. tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de em todas as fases do processo.  
suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante,
plenas garantias e serão inamovíveis. com a realização de audiências e demais funções da
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo atividade jurisdicional, nos limites territoriais da res-
justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca pectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públi-
por mais de dois biênios consecutivos, sendo os subs- cos e comunitários.   
titutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal
processo, em número igual para cada categoria. de Justiça proporá a criação de varas especializadas,
§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior com competência exclusiva para questões agrárias.   
Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no lo-
segurança. cal do litígio.
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais
somente caberá recurso quando: CAPÍTULO IV
I - forem proferidas contra disposição expressa desta DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
Constituição ou de lei; SEÇÃO I
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre DO MINISTÉRIO PÚBLICO
dois ou mais tribunais eleitorais;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de Art. 127. O Ministério Público é instituição perma-
diplomas nas eleições federais ou estaduais; nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in-
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de cumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
mandatos eletivos federais ou estaduais; democrático e dos interesses sociais e individuais in-
V - denegarem habeas corpus, mandado de seguran- disponíveis.
ça, habeas data ou mandado de injunção. § 1º - São princípios institucionais do Ministério Pú-
blico a unidade, a indivisibilidade e a independência
SEÇÃO VIII funcional.
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia
funcional e administrativa, podendo, observado o
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, obser- disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a
vados os princípios estabelecidos nesta Constituição. criação e extinção de seus cargos e serviços auxilia-
res, provendo-os por concurso público de provas ou de

32
provas e títulos, a política remuneratória e os planos te do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta
de carreira; a lei disporá sobre sua organização e fun- de seus membros, assegurada ampla defesa;  
cionamento.   c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art.
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta or- 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
çamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;   
diretrizes orçamentárias. II - as seguintes vedações:
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a res- a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
pectiva proposta orçamentária dentro do prazo esta- honorários, percentagens ou custas processuais;
belecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder b) exercer a advocacia;
Executivo considerará, para fins de consolidação da c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
proposta orçamentária anual, os valores aprovados d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer ou-
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com tra função pública, salvo uma de magistério;
os limites estipulados na forma do § 3º.   e) exercer atividade político-partidária;   
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este arti- f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
go for encaminhada em desacordo com os limites esti- contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
pulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.   
aos ajustes necessários para fins de consolidação da § 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o
proposta orçamentária anual.   disposto no art. 95, parágrafo único, V.    
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
não poderá haver a realização de despesas ou a as- I - promover, privativamente, a ação penal pública, na
sunção de obrigações que extrapolem os limites es- forma da lei;
tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
se previamente autorizadas, mediante a abertura de dos serviços de relevância pública aos direitos asse-
créditos suplementares ou especiais. gurados nesta Constituição, promovendo as medidas
necessárias a sua garantia;
Art. 128. O Ministério Público abrange:
III - promover o inquérito civil e a ação civil públi-
I - o Ministério Público da União, que compreende:
ca, para a proteção do patrimônio público e social, do
a) o Ministério Público Federal;
meio ambiente e de outros interesses difusos e cole-
b) o Ministério Público do Trabalho;
tivos;
c) o Ministério Público Militar;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re-
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
presentação para fins de intervenção da União e dos
II - os Ministérios Públicos dos Estados.
Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Pro- V - defender judicialmente os direitos e interesses das
curador-Geral da República, nomeado pelo Presidente populações indígenas;
da República dentre integrantes da carreira, maiores VI - expedir notificações nos procedimentos adminis-
de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome trativos de sua competência, requisitando informações
pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, e documentos para instruí-los, na forma da lei com-
para mandato de dois anos, permitida a recondução. plementar respectiva;
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, VII - exercer o controle externo da atividade policial,
por iniciativa do Presidente da República, deverá ser na forma da lei complementar mencionada no artigo
precedida de autorização da maioria absoluta do Se- anterior;
nado Federal. VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau-
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito ração de inquérito policial, indicados os fundamentos
Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre in- jurídicos de suas manifestações processuais;
tegrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas,
escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe
pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois vedada a representação judicial e a consultoria jurídi-
anos, permitida uma recondução. ca de entidades públicas.
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito § 1º - A legitimação do Ministério Público para as
Federal e Territórios poderão ser destituídos por deli- ações civis previstas neste artigo não impede a de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

beração da maioria absoluta do Poder Legislativo, na terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto
forma da lei complementar respectiva. nesta Constituição e na lei.
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja § 2º As funções do Ministério Público só podem ser
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores- exercidas por integrantes da carreira, que deverão re-
-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições sidir na comarca da respectiva lotação, salvo autoriza-
e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, ção do chefe da instituição.  
relativamente a seus membros: § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-
I - as seguintes garantias: -se-á mediante concurso público de provas e títulos,
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não po- assegurada a participação da Ordem dos Advogados
dendo perder o cargo senão por sentença judicial do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel
transitada em julgado; em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú- e observando-se, nas nomeações, a ordem de classi-
blico, mediante decisão do órgão colegiado competen- ficação.  

33
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o § 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um
disposto no art. 93.   Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público Público que o integram, vedada a recondução, compe-
será imediata.    tindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferi-
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos das pela lei, as seguintes:
Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta I receber reclamações e denúncias, de qualquer inte-
seção pertinentes a direitos, vedações e forma de in- ressado, relativas aos membros do Ministério Público
vestidura. e dos seus serviços auxiliares;
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Públi- II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção
co compõe-se de quatorze membros nomeados pelo e correição geral;
Presidente da República, depois de aprovada a esco- III requisitar e designar membros do Ministério Públi-
lha pela maioria absoluta do Senado Federal, para co, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores
um mandato de dois anos, admitida uma recondução, de órgãos do Ministério Público.
sendo:   § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
I o Procurador-Geral da República, que o preside; Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
II quatro membros do Ministério Público da União, as- § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias
segurada a representação de cada uma de suas car- do Ministério Público, competentes para receber re-
reiras; clamações e denúncias de qualquer interessado contra
III três membros do Ministério Público dos Estados; membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Fe- contra seus serviços auxiliares, representando direta-
deral e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; mente ao Conselho Nacional do Ministério Público.
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil; SEÇÃO II
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação DA ADVOCACIA PÚBLICA
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
outro pelo Senado Federal. Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério que, diretamente ou através de órgão vinculado, repre-
Público serão indicados pelos respectivos Ministérios senta a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-
Públicos, na forma da lei. -lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Pú- sua organização e funcionamento, as atividades de con-
blico o controle da atuação administrativa e financei- sultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
ra do Ministério Público e do cumprimento dos deve- § 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o
res funcionais de seus membros, cabendo lhe: Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Presidente da República dentre cidadãos maiores de
Ministério Público, podendo expedir atos regulamen- trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu-
tares, no âmbito de sua competência, ou recomendar tação ilibada.
providências; § 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
ou mediante provocação, a legalidade dos atos ad- concurso público de provas e títulos.
ministrativos praticados por membros ou órgãos do § 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tri-
Ministério Público da União e dos Estados, podendo butária, a representação da União cabe à Procurado-
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se ria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto
adotem as providências necessárias ao exato cumpri- em lei.
mento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribu- Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fe-
nais de Contas; deral, organizados em carreira, na qual o ingresso de-
III receber e conhecer das reclamações contra mem- penderá de concurso público de provas e títulos, com
bros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem todas as suas fases, exercerão a representação judi-
prejuízo da competência disciplinar e correicional da cial e a consultoria jurídica das respectivas unidades
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

instituição, podendo avocar processos disciplinares em federadas.   


curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcio- artigo é assegurada estabilidade após três anos de
nais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções ad- efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho
ministrativas, assegurada ampla defesa; perante os órgãos próprios, após relatório circunstan-
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os proces- ciado das corregedorias.
sos disciplinares de membros do Ministério Público da
União ou dos Estados julgados há menos de um ano; SEÇÃO III
V elaborar relatório anual, propondo as providências DA ADVOCACIA
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério
Público no País e as atividades do Conselho, o qual Art. 133. O advogado é indispensável à administração
deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifesta-
ções no exercício da profissão, nos limites da lei.

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SEÇÃO IV nos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e
DA DEFENSORIA PÚBLICA funcionamento.             (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanen- § 3º O Ministério Público elaborará sua proposta or-
te, essencial à função jurisdicional do Estado, incum- çamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
bindo-lhe, como expressão e instrumento do regime diretrizes orçamentárias.
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídi- § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a res-
ca, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em pectiva proposta orçamentária dentro do prazo esta-
todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos in- belecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
dividuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos Executivo considerará, para fins de consolidação da
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta proposta orçamentária anual, os valores aprovados
Constituição Federal.    na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Públi- os limites estipulados na forma do § 3º.                  (In-
ca da União e do Distrito Federal e dos Territórios e cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
prescreverá normas gerais para sua organização nos § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este arti-
Estados, em cargos de carreira, providos, na classe go for encaminhada em desacordo com os limites esti-
inicial, mediante concurso público de provas e títulos, pulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá
assegurada a seus integrantes a garantia da inamo- aos ajustes necessários para fins de consolidação da
vibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das proposta orçamentária anual.             (Incluído pela
atribuições institucionais.    Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura- § 6º Durante a execução orçamentária do exercício,
das autonomia funcional e administrativa e a inicia- não poderá haver a realização de despesas ou a as-
tiva de sua proposta orçamentária dentro dos limites sunção de obrigações que extrapolem os limites es-
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e su- tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto
bordinação ao disposto no art. 99, § 2º .    se previamente autorizadas, mediante a abertura de
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públi- créditos suplementares ou especiais.               (Incluí-
cas da União e do Distrito Federal.    § 4º São princí- do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
pios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a Art. 128. O Ministério Público abrange:
indivisibilidade e a independência funcional, aplican- I - o Ministério Público da União, que compreende:
do-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e a) o Ministério Público Federal;
no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal.     b) o Ministério Público do Trabalho;
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disci- c) o Ministério Público Militar;
plinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remu- d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
nerados na forma do art. 39, § 4º. II - os Ministérios Públicos dos Estados.
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
Procurador-Geral da República, nomeado pelo Pre-
sidente da República dentre integrantes da carreira,
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA. maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de
seu nome pela maioria absoluta dos membros do Se-
nado Federal, para mandato de dois anos, permitida
a recondução.
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA § 2º A destituição do Procurador-Geral da República,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
de 2014) precedida de autorização da maioria absoluta do Se-
nado Federal.
SEÇÃO I § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito
DO MINISTÉRIO PÚBLICO Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre in-
tegrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para
Art. 127. O Ministério Público é instituição perma- escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in- pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois
cumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime anos, permitida uma recondução.
democrático e dos interesses sociais e individuais in- § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
disponíveis. Federal e Territórios poderão ser destituídos por deli-
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Pú- beração da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
blico a unidade, a indivisibilidade e a independência forma da lei complementar respectiva.
funcional. § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-
funcional e administrativa, podendo, observado o -Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições
disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a e o estatuto de cada Ministério Público, observadas,
criação e extinção de seus cargos e serviços auxilia- relativamente a seus membros:
res, provendo-os por concurso público de provas ou I - as seguintes garantias:
de provas e títulos, a política remuneratória e os pla-

35
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não po- § 1º - A legitimação do Ministério Público para as
dendo perder o cargo senão por sentença judicial ações civis previstas neste artigo não impede a de
transitada em julgado; terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse nesta Constituição e na lei.
público, mediante decisão do órgão colegiado com- § 2º As funções do Ministério Público só podem ser
petente do Ministério Público, pelo voto da maioria exercidas por integrantes da carreira, que deverão re-
absoluta de seus membros, assegurada ampla defe- sidir na comarca da respectiva lotação, salvo autoriza-
sa;              (Redação dada pela Emenda Constitucional ção do chefe da instituição.            (Redação dada pela
nº 45, de 2004) Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-
39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, -se-á mediante concurso público de provas e títulos,
150, II, 153, III, 153, § 2º, I;                  (Redação dada assegurada a participação da Ordem dos Advogados
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel
II - as seguintes vedações: em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, e observando-se, nas nomeações, a ordem de classifi-
honorários, percentagens ou custas processuais; cação.              (Redação dada pela Emenda Constitu-
b) exercer a advocacia; cional nº 45, de 2004)
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber,
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer ou- o disposto no art. 93.              (Redação dada pela
tra função pública, salvo uma de magistério; Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
e) exercer atividade político-partidária, salvo exceções § 5º A distribuição de processos no Ministério Público
previstas na lei. será imediata.               (Incluído pela Emenda Consti-
e) exercer atividade político-partidária;              (Re- tucional nº 45, de 2004)
dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas seção pertinentes a direitos, vedações e forma de in-
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em vestidura.
lei.                (Incluída pela Emenda Constitucional nº Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Públi-
45, de 2004) co compõe-se de quatorze membros nomeados pelo
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o Presidente da República, depois de aprovada a esco-
disposto no art. 95, parágrafo único, V.                  (In-
lha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú-
sendo:                (Incluído pela Emenda Constitucional
blico:
nº 45, de 2004)
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na
I o Procurador-Geral da República, que o preside;
forma da lei;
II quatro membros do Ministério Público da União, as-
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
segurada a representação de cada uma de suas car-
dos serviços de relevância pública aos direitos asse-
gurados nesta Constituição, promovendo as medidas reiras;
necessárias a sua garantia; III três membros do Ministério Público dos Estados;
III - promover o inquérito civil e a ação civil públi- IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Fe-
ca, para a proteção do patrimônio público e social, do deral e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
meio ambiente e de outros interesses difusos e cole- V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
tivos; Ordem dos Advogados do Brasil;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re- VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
presentação para fins de intervenção da União e dos ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
Estados, nos casos previstos nesta Constituição; outro pelo Senado Federal.
V - defender judicialmente os direitos e interesses das § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério
populações indígenas; Público serão indicados pelos respectivos Ministérios
VI - expedir notificações nos procedimentos adminis- Públicos, na forma da lei.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

trativos de sua competência, requisitando informações § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Pú-
e documentos para instruí-los, na forma da lei com- blico o controle da atuação administrativa e financei-
plementar respectiva; ra do Ministério Público e do cumprimento dos deve-
VII - exercer o controle externo da atividade policial, res funcionais de seus membros, cabendo lhe:
na forma da lei complementar mencionada no artigo I zelar pela autonomia funcional e administrativa do
anterior; Ministério Público, podendo expedir atos regulamen-
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau- tares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
ração de inquérito policial, indicados os fundamentos providências;
jurídicos de suas manifestações processuais; II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, ou mediante provocação, a legalidade dos atos ad-
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe ministrativos praticados por membros ou órgãos do
vedada a representação judicial e a consultoria jurídi- Ministério Público da União e dos Estados, podendo
ca de entidades públicas. desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se

36
adotem as providências necessárias ao exato cumpri- § 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tri-
mento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribu- butária, a representação da União cabe à Procurado-
nais de Contas; ria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto
III receber e conhecer das reclamações contra mem- em lei.
bros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fe-
Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem deral, organizados em carreira, na qual o ingresso de-
prejuízo da competência disciplinar e correcional da penderá de concurso público de provas e títulos, com
instituição, podendo avocar processos disciplinares em a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a todas as suas fases, exercerão a representação judicial
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcio- e a consultoria jurídica das respectivas unidades fede-
nais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções ad- radas.          (Redação dada pela Emenda Constitucio-
ministrativas, assegurada ampla defesa; nal nº 19, de 1998)
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os proces- Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste
sos disciplinares de membros do Ministério Público da artigo é assegurada estabilidade após três anos de
União ou dos Estados julgados há menos de um ano; efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho
V elaborar relatório anual, propondo as providências perante os órgãos próprios, após relatório circunstan-
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério ciado das corregedorias. (Redação dada pela Emenda
Público no País e as atividades do Conselho, o qual Constitucional nº 19, de 1998)
deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um SEÇÃO IV
Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério DA DEFENSORIA PÚBLICA
Público que o integram, vedada a recondução, compe- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80,
tindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferi- de 2014)
das pela lei, as seguintes:
I receber reclamações e denúncias, de qualquer inte- Art. 134. A Defensoria Pública é instituição perma-
ressado, relativas aos membros do Ministério Público nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in-
e dos seus serviços auxiliares; cumbindo-lhe, como expressão e instrumento do re-
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção gime democrático, fundamentalmente, a orientação
e correição geral; jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa,
III requisitar e designar membros do Ministério Públi- em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
co, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,
de órgãos do Ministério Público. aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos desta Constituição Federal.             (Redação dada pela
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias § 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pú-
do Ministério Público, competentes para receber re- blica da União e do Distrito Federal e dos Territórios e
clamações e denúncias de qualquer interessado contra prescreverá normas gerais para sua organização nos
membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive Estados, em cargos de carreira, providos, na classe
contra seus serviços auxiliares, representando direta- inicial, mediante concurso público de provas e títulos,
mente ao Conselho Nacional do Ministério Público. assegurada a seus integrantes a garantia da inamo-
vibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das
SEÇÃO II atribuições institucionais.                (Renumerado pela
DA ADVOCACIA PÚBLICA Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura-
de 1998) das autonomia funcional e administrativa e a inicia-
tiva de sua proposta orçamentária dentro dos limites
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e su-
que, diretamente ou através de órgão vinculado, re- bordinação ao disposto no art. 99, § 2º .             (In-
presenta a União, judicial e extrajudicialmente, caben- cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

do-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públi-
sobre sua organização e funcionamento, as ativida- cas da União e do Distrito Federal.              (Incluído
des de consultoria e assessoramento jurídico do Poder pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013)
Executivo. § 4º São princípios institucionais da Defensoria Públi-
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o ca a unidade, a indivisibilidade e a independência fun-
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo cional, aplicando-se também, no que couber, o dispos-
Presidente da República dentre cidadãos maiores de to no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição
trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu- Federal.               (Incluído pela Emenda Constitucional
tação ilibada. nº 80, de 2014)
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disci-
instituição de que trata este artigo far-se-á mediante plinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remu-
concurso público de provas e títulos. nerados na forma do art. 39, § 4º.             (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

37
EXERCÍCIO COMENTADO HORA DE PRATICAR!

1- (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) 1. Ano:2018Banca:FCCÓrgão:SEAD-APProva:FCC -


Com relação à organização dos poderes e às funções es- 2018 - SEAD-AP - Analista Administrativo
senciais à justiça, julgue o item a seguir. O título I da Constituição Federal de 1988 trata dos
Cabe ao Ministério Público Federal representar a União princípios e objetivos fundamentais, incluindo, dentre
em caso de ação judicial proposta por servidor da justiça esses, a
militar da União que cobre diferenças devidas em razão
de erro no cálculo de sua remuneração. a) democracia como princípio de regência das relações
internacionais da República Federativa do Brasil.
( ) CERTO ( ) ERRADO b) garantia do desenvolvimento nacional como objetivo
fundamental da República Federativa do Brasil.
Resposta: Errado. A hipótese apresentada na questão c) soberania e construção de uma sociedade livre, justa
trata-se de competência da Advocacia-Geral da União e solidária como objetivo do Estado Democrático de
que representa a União, judicial e extrajudicialmente, Direito.
art. 131, caput, da CF. d) prevalência dos direitos humanos como fundamento
do Estado Democrático de Direito.
e) cidadania como princípio de regência das relações
internacionais da República Federativa do Brasil.

2. Ano:2018Banca:FCCÓrgão:MPE-PEProva:FCC -
2018 - MPE-PE - Técnico Ministerial - Administrativa
De acordo com o que estabelece a Constituição Federal
acerca dos Direitos e Garantias Fundamentais,

a) a prática de racismo constitui crime inafiançável e


imprescritível, sujeito à pena de detenção, nos termos
da lei.
b) as associações somente poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por
decisão judicial transitada em julgado.
c) no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano.
d) é assegurada, nos termos da lei, a proteção às
participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, exceto nas
atividades desportivas.
e) são gratuitas as ações de habeas corpus, habeas data e
mandado de segurança, bem como, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.

3. Ano:2018Banca:FCCÓrgão:TRT - 15ª Região (SP)


Prova: FCC - 2018 - TRT - 15ª Região (SP) - Técnico
Judiciário - Área Administrativa
A Constituição Federal, ao disciplinar o direito
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

fundamental à propriedade, ao mesmo tempo estabelece


mecanismos de proteção, e enumera algumas situações
de intervenção do Estado na propriedade privada, regime
esse que compreende a regra segundo a qual

a) aos autores pertence o privilégio temporário para


utilização de sua obra, transmissível aos herdeiros,
pelo tempo que a lei complementar fixar.
b) a autoridade competente poderá utilizar, no caso de
perigo público iminente, a propriedade particular,
assegurado, nessa hipótese, direito à prévia
indenização, em dinheiro.

38
c) a desapropriação poderá ocorrer por necessidade, 5. Ano:2018Banca:FCCÓrgão:ALESEProva:FCC - 2018 -
utilidade pública ou por interesse social, tendo ALESE - Técnico Legislativo - Taquigrafia
como requisito constitucional inafastável a ulterior A Constituição Federal de 1988 tem, como uma de suas
indenização em dinheiro. características mais marcantes, a preocupação com a
d) o direito de herança é garantido, sendo que a sucessão tutela dos direitos humanos, não sendo exagero afirmar
de estrangeiros situados no país será regulada pela que, dentre todas as constituições brasileiras, a vigente
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos é a que mais se destacou nesse tópico. Nesse contexto,
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a a Constituição elenca, como fundamentos da República
lei pessoal do de cujus. Federativa do Brasil:
e) a lei assegurará aos autores de inventos industriais
o direito exclusivo de sua utilização, publicação a) a construção de uma sociedade livre, justa e solidária;
ou reprodução, bem como proteção às criações a garantia do desenvolvimento nacional; a erradicação
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de da pobreza e da marginalização e a redução das
empresas, imagem, moral e voz humanas e a outros desigualdades sociais e regionais; a promoção do bem
signos distintivos, tendo em vista a função social e o de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
desenvolvimento tecnológico e econômico do País. idade e quaisquer outras formas de discriminação.
b) a independência nacional; a prevalência dos direitos
4. Ano:2018Banca:FCCÓrgão:TRT - 2ª REGIÃO (SP) humanos; a autodeterminação dos povos; a não
Prova: FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Técnico intervenção; a igualdade entre os Estados; a defesa
Judiciário - Área Administrativa da paz; a solução pacífica dos conflitos; repúdio ao
Um grupo de empregados atuantes em determinada terrorismo e ao racismo; cooperação entre os povos
empresa afirmou ao seu superior hierárquico que para o progresso da humanidade e concessão de asilo
pretende constituir um sindicato da categoria, fato político.
esse que levou os empregados e o diretor da empresa c) a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de
a consultarem vários advogados a respeito do assunto.
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
Dentre as orientações que receberam, mostra-se
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
compatível com a Constituição Federal aquela segundo
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
a qual
à propriedade.
d) a obediência da Administração pública direta e indireta
a) é desnecessária autorização do Estado para a
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
Distrito Federal e dos Municípios aos princípios de
competente, sendo vedadas ao Poder Público a
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
interferência e a intervenção na organização sindical.
b) o sindicato poderá ter a mesma base territorial de e eficiência.
organização sindical do mesmo grau que represente e) a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa
a mesma categoria profissional ou econômica humana; os valores sociais do trabalho e da livre
dos empregados, desde que assim deliberem os iniciativa e o pluralismo político.
respectivos associados, não podendo sua área de
atuação ser inferior à de um Município. 6. (TRT 21ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO
c) o sindicato poderá defender os direitos e interesses – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) Diante
coletivos da categoria em questões judiciais ou da disciplina dos Direitos e Garantias fundamentais na
administrativas, mas não poderá fazê-lo para defesa Constituição Federal:
de direitos e interesses individuais.
d) o empregado que tenha registrado sua candidatura a a) somente são assegurados direitos fundamentais
cargo de direção ou de representação sindical poderá às pessoas físicas, uma vez que esses decorrem
ser demitido sem justa causa durante o processo diretamente do princípio da dignidade da pessoa
eleitoral, mas, se eleito, não poderá ser dispensado humana.
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer b) o rol de direitos e garantias fundamentais é taxativo,
falta grave. não sendo admitida a existência de direitos e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e) é vedado à assembleia geral do sindicato fixar garantias que não estejam expressamente previstos
contribuição para o custeio do sistema confederativo na Constituição, ainda que decorrentes do regime
de representação sindical da categoria profissional e dos princípios por ela adotados, ou previstos em
respectiva. tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte.
c) os direitos fundamentais podem sofrer limitações
impostas pela própria Constituição, assim como pelo
legislador ordinário, quando autorizado a tanto por
aquela.
d) somente são assegurados direitos individuais
e coletivos aos brasileiros, sejam eles natos ou
naturalizados, e não aos estrangeiros.

39
e) os direitos assegurados pela Constituição aos d) poderá candidatar-se, mas deverá afastar-se da
trabalhadores urbanos e rurais não se aplicam aos atividade militar quatro meses antes das eleições, ao
domésticos, uma vez que as atividades desempenhadas passo que Demétrio poderá alistar-se como eleitor no
por essa categoria se encontram disciplinadas por período pretendido.
legislação própria. e) não poderá candidatar-se, vedada, em qualquer
hipótese, a candidatura do militar, não importando,
7. (TRF 5ª REGIÃO – Analista Judiciário – Área para esse fim, o tempo de serviço, assim como
Administrativa – FCC – 2017) Nuno e Manuel são dois Demétrio não poderá alistar-se como eleitor no
jovens adultos de nacionalidade originária portuguesa período pretendido.
que fixaram residência no Brasil e, após cumpridos
os requisitos pertinentes, adquiriram a nacionalidade 9. (TRF 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
brasileira. Nuno almeja um dia tornar-se Ministro do ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) A Constituição
Supremo Tribunal Federal – STF e Manuel, seguir a carreira Federal, ao disciplinar direitos e garantias fundamentais,
diplomática a serviço da República Federativa do Brasil, assegura gratuidade às ações de:
não possuindo qualquer dos dois a intenção de voltar a
seu país de origem. Considerados esses elementos, à luz a) habeas data e mandado de injunção.
da Constituição Federal: b) habeas corpus, habeas data, mandado de injunção,
mandado de segurança, e, na forma da lei, aos atos
a) ambos poderão exercer os cargos pretendidos, desde necessários ao exercício da cidadania.
que haja reciprocidade em favor de brasileiros na c) mandado de injunção e mandado de segurança.
legislação portuguesa. d) habeas data, mandado de segurança, e, na forma da
b) ambos poderão exercer os cargos pretendidos, pois lei, aos atos necessários ao exercício da cidadania.
estes podem ser ocupados tanto por brasileiros natos e) habeas corpus, habeas data e, na forma da lei, aos atos
quanto por brasileiros naturalizados. necessários ao exercício da cidadania.
c) Nuno poderá exercer o cargo pretendido, mas Manuel
não, porque os cargos da carreira diplomática, dife- 10. (TRF 5ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
rentemente do de Ministro do STF, são privativos de ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) Adamastor,
brasileiros natos. advogado, pretende ingressar com medida destinada à
d) Nuno não poderá exercer o cargo pretendido, por ser proteção de direito líquido e certo à retificação de dados
privativo de brasileiro nato, restrição essa que não se a seu respeito constantes dos arquivos de repartição
aplica aos cargos da carreira diplomática, podendo pública federal. Sabendo-se que Adamastor não tem
Manuel vir a exercê-los. condições de pagar custas processuais sem prejuízo
e) nenhum dos dois poderá exercer os cargos pretendi- do sustento de sua família, pode-se afirmar que para a
dos, por serem estes privativos de brasileiros natos. retificação desejada deverá ingressar com

8. (TRF 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA a) habeas data, sem que necessite pleitear os benefícios
ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) Considere as situ- da Justiça gratuita em seu favor, já que, consoante a
ações abaixo. Constituição Federal, o habeas data, o mandado de
injunção e o habeas corpus são ações gratuitas.
I. Gilberto é militar, conta com mais de dez anos de servi- b) mandado de segurança e pleitear os benefícios da
ço, possui alistamento eleitoral e pretende candidatar-se Justiça gratuita em seu favor.
a Vereador. c) habeas data e pleitear os benefícios da Justiça gratuita
II. Demétrio é conscrito e pretende, durante o período do em seu favor.
serviço militar obrigatório, alistar-se como eleitor, o que d) habeas corpus, se se tratar de dados pertinentes à vida
não havia feito anteriormente. pregressa na esfera criminal, pleiteando os benefícios
da Justiça gratuita em seu favor.
Segundo o texto constitucional, considerados apenas os e) habeas data, sem que necessite pleitear os benefícios
dados ora fornecidos, Gilberto: da Justiça gratuita em seu favor, já que, consoante a
Constituição Federal, o habeas data e o habeas corpus
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) poderá candidatar-se, mas será agregado pela autori- são ações gratuitas.
dade superior e, se eleito, passará automaticamente,
no ato da diplomação, para a inatividade, ao passo
que Demétrio não poderá alistar-se como eleitor no
período pretendido.
b) poderá candidatar-se, mas será agregado
pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da posse, para a inatividade,
assim como Demétrio poderá alistar-se como eleitor
no período pretendido.
c) não poderá candidatar-se, nem Demétrio poderá
alistar-se como eleitor no período pretendido.

40
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 B ________________________________________________
2 C _________________________________________________
3 D _________________________________________________
4 A
_________________________________________________
5 E
6 C _________________________________________________
7 E _________________________________________________
8 A
_________________________________________________
9 E
_________________________________________________
10 E
_________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios básicos da Administração Pública.............................................................................................................................................................. 01


Organização administrativa: administração direta e indireta; centralizada e descentralizada; autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista...................................................................................................................................................................... 03
Consórcios públicos (Lei nº 11.107/2005)..................................................................................................................................................................... 08
Órgãos públicos...................................................................................................................................................................................................................... 12
Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos; anulação, revogação e convalidação; discricionariedade e vinculação.... 15
Poderes e deveres dos administradores públicos: uso e abuso do poder, poderes vinculado, discricionário, hierárquico,
disciplinar e regulamentar, poder de polícia, deveres dos administradores públicos................................................................................ 21
Agentes Públicos.................................................................................................................................................................................................................... 26
Regime Jurídico dos Servidores Públicos Federais: Lei nº 8.112/90 com alterações posteriores. Provimento. Vacância.
Direitos e Vantagens. Dos deveres. Das proibições. Da acumulação. Das responsabilidades. Das penalidades. Do processo
administrativo disciplinar e sua revisão.......................................................................................................................................................................... 30
Serviços públicos: conceito, regime jurídico, princípios, titularidade e competência. Delegação: concessão, permissão e
autorização............................................................................................................................................................................................................................... 59
Licitação e contratos administrativos: Lei nº 8.666/93 com alterações posteriores: Dos princípios. Das modalidades. Dos
contratos. Da execução. Da inexecução e da rescisão. Das sanções................................................................................................................. 70
Lei nº 10.520/02: Do pregão.............................................................................................................................................................................................. 105
Do processo administrativo (Lei n° 9.784/99)............................................................................................................................................................. 108
Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92)............................................................................................................................................................ 111
Bens públicos: regime jurídico; classificação; administração; aquisição e alienação; utilização; autorização de uso, permissão
de uso, concessão de uso, concessão de direito real de uso e cessão de uso............................................................................................. 114
2) Impessoalidade: a atividade da Administração
Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO haver qualquer forma de tratamento diferenciado
PÚBLICA entre os administrados. Há uma forte relação entre a
impessoalidade e a finalidade pública, pois quem age
por interesse próprio não condiz com a finalidade do
interesse público.
Princípios Básicos da Administração Pública 3) Moralidade: a Administração impõe a seus
agentes o dever de zelar por uma “boa-administração”,
Os princípios que regem a atividade da Administração buscando atuar com base nos valores da moral comum,
Pública são vastos, podendo estar explícitos em norma isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade. A moralidade
positivada, ou até mesmo implícitos, porém denotados não é somente um princípio, mas também requisito de
segundo a interpretação das normas jurídicas. Temos validade dos atos administrativos.
princípios gerais de Direito Administrativo, os princípios 4) Publicidade: a publicação dos atos da
constitucionais, e os princípios infraconstitucionais. Administração promove maior transparência e garante
eficácia erga omnes. Além disso, também diz respeito
1. Princípios Gerais da Administração Pública ao direito fundamental que toda pessoa tem de obter
Os princípios gerais de Direito Administrativo, são os acesso a informações de seu interesse pelos órgãos
princípios basilares desse ramo jurídico, sendo aplicáveis estatais, salvo as hipóteses em que esse direito ponha
ante o fato da Administração Pública ser considerada em risco a vida dos particulares ou o próprio Estado, ou
pessoa jurídica de direito público. ainda que ponha em risco a vida íntima dos envolvidos.
O princípio da supremacia do interesse público 5) Eficiência: implementado pela reforma
é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à administrativa promovida pela Emenda Constitucional
Administração Pública. A supremacia do interesse público nº 19 de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da
sobre o privado é um aspecto fundamental para o exercício Administração de alcançar os seus resultados de uma
da função administrativa. Podemos citar como exemplo a forma célere, promovendo melhor produtividade
desapropriação de um imóvel pertencente a um particular: e rendimento, evitando gastos desnecessários no
o particular pode ter interesse em não ter seu bem exercício de suas funções. A eficiência fez com que a
desapropriado, ou achar o valor da indenização injusto, Administração brasileira adquirisse caráter gerencial,
mas ele não pode ter interesse em extinguir o instituto da tendo maior preocupação na execução de serviços com
expropriação administrativa. Trata-se de um instituto que perfeição ao invés de se preocupar com procedimentos
deve existir, independentemente da sua vontade. e outras burocracias. A adoção da eficiência, todavia, não
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com permite à Administração agir fora da lei, não se sobrepõe
certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso ao princípio da legalidade.
que ao Estado também lhe incumbe uma série de
deveres, fundadas pelo princípio da indisponibilidade
do interesse público. Tal princípio pressupõe que o
FIQUE ATENTO!
Poder Público não é dono do interesse público, ele deve Lembre-se da palavra “limpe”, para melhor
manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe. É por memorizar os princípios constitucionais:
isso que ele não pode se desfazer de patrimônio público, Legalidade
contratar quem ele quiser, realizar gastos sem prestar Impessoalidade
contas a seu superior, etc. Tais atos configuram em desvio Moralidade
de finalidade, uma vez que o objetivo principal deles não Publicidade
é de interesse público, mas apenas do próprio agente, ou Eficiência
de algum terceiro beneficiário.

2. Princípios Constitucionais da Administração 3. Princípios Infraconstitucionais


Pública Os princípios administrativos não se esgotam no âmbito
São os princípios previstos no Texto Constitucional, constitucional. Existem outros princípios cuja previsão
mais especificamente no caput do artigo. 37. Segundo não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação
o referido dispositivo: “A administração pública direta e infraconstitucional. É o caso do disposto no caput do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, artigo 2º da Lei nº 9.784/1999: “A Administração Pública
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”. Assim, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
esquematicamente, temos os princípios constitucionais da: jurídica, interesse público e eficiência”.
1) Legalidade: fruto da própria noção de Estado de
Direito, as atividades do gestor público estão submissas 3.1 Princípio da Autotutela
a forma da lei. A legalidade promove maior segurança A autotutela diz respeito ao controle interno que a
jurídica para os administrados, na medida em que proíbe Administração Pública exerce sobre os seus próprios
que a Administração Pública pratique atos abusivos. Ao atos. Isso significa que, havendo algum ato administrativo
contrário dos particulares, que podem fazer tudo aquilo ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao interesse
que a lei não proíbe, a Administração só pode realizar o público, não é necessária a intervenção judicial para que
que lhe é expressamente autorizado por lei. a própria Administração anule ou revogue esses atos.

1
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder 3.3 Princípio da Finalidade
Judiciário, quis o legislador que a Administração possa, Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, da
dessa forma, promover maior celeridade na recomposição Lei nº 9.784/1999. “Nos processos administrativos serão
da ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir observados, entre outros, os critérios de: II - atendimento
maior proteção ao interesse público contra os atos a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial
inconvenientes. de poderes ou competências, salvo autorização em lei”.
Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
“A Administração deve anular seus próprios atos, quando primazia do interesse público. O primeiro impõe que o
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por Administrador sempre aja em prol de uma finalidade
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados específica, prevista em lei. Já o princípio da supremacia
os direitos adquiridos”. A distinção feita pelo legislador do interesse público diz respeito à sobreposição do
é bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do interesse da coletividade em relação ao interesse privado.
ato anulatório, e a discricionariedade do ato revogatório. A finalidade disposta em lei pode, por exemplo, ser
A Administração pode revogar os atos inconvenientes, justamente a proteção ao interesse público.
mas tem o dever de anular os atos ilegais. Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo
A autotutela também tem previsão em duas súmulas ato, além de ser devidamente motivado, possui um fim
do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A específico, com a devida previsão legal. O desvio de
Administração Pública pode declarar a nulidade de seus finalidade, ou desvio de poder, são defeitos que tornam
próprios atos”; e a Súmula nº 473: “A administração pode nulo o ato praticado pelo Poder Público.
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou 3.4 Princípio da Razoabilidade
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, Agir com razoabilidade é decorrência da própria noção
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos de competência. Todo poder tem suas correspondentes
os casos, a apreciação judicial”. limitações. O Estado deve realizar suas funções com
coerência, equilíbrio e bom senso. Não basta apenas
3.2 Princípio da Motivação atender à finalidade prevista na lei, mas é de igual
Também pode constar em algumas questões como
importância o como ela será atingida. É uma decorrência
“princípio da obrigatória motivação”. Trata-se de uma
lógica do princípio da legalidade.
técnica de controle dos atos administrativos, o qual impõe
Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracionais
à Administração o dever de indicar os pressupostos de
e incoerentes, são incompatíveis com o interesse público,
fato e de direito que justificam a prática daquele ato.
podendo ser anulados pelo Poder Judiciário ou pela
A fundamentação da prática dos atos administrativos
própria entidade administrativa que praticou tal medida.
será sempre por escrito. Possui previsão no art. 50 da
Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta dela) é mais
Lei nº 9.784/1999: “Os atos administrativos deverão ser
aparente quando tenta coibir o excesso pelo exercício do
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
poder disciplinar ou poder de polícia. Poder disciplinar
jurídicos, quando (...)”; e também no art. 2º, par. único,
VII, da mesma Lei: “Nos processos administrativos serão traduz-se na prática de atos de controle exercidos contra
observados, entre outros, os critérios de: VII - indicação seus próprios agentes, isso é, de destinação interna. Poder
dos pressupostos de fato e de direito que determinarem de polícia é o conjunto de atos praticados pelo Estado
a decisão”. A motivação é uma decorrência natural que tem por escopo limitar e condicionar o exercício de
do princípio da legalidade, pois a prática de um ato direitos individuais e o direito à propriedade privada.
administrativo fundamentado, mas que não esteja
previsto em lei, seria algo ilógico. 3.5 Princípio da Proporcionalidade
Convém estabelecer a diferença entre motivo e O princípio da proporcionalidade tem similitudes
motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da medida com o princípio da razoabilidade. Há muitos autores,
administrativa, portanto, antecede o ato administrativo. A inclusive, que preferem unir os dois princípios em uma
motivação, por sua vez, é o fundamento escrito, de fato nomenclatura só. De fato, a Administração Pública deve
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ou de direito, que justifica a prática da referida medida. atentar-se a exageros no exercício de suas funções.
Exemplo: na hipótese de alguém sofrer uma multa por A proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade
ultrapassar limite de velocidade, a infração é o motivo voltado a controlar a justa medida na prática de atos
(ultrapassagem do limite máximo de velocidade); já o administrativos. Busca evitar extremos, exageros, pois
documento de notificação da multa é a motivação. A podem ferir o interesse público.
multa seria, então, o ato administrativo em questão. Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999,
Quanto ao momento correto para sua apresentação, deve o Administrador agir com “adequação entre meios
entende-se que a motivação pode ocorrer e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições
simultaneamente, ou em um instante posterior a prática e sanções em medida superior àquelas estritamente
do ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motivação necessárias ao atendimento do interesse público”. Na
intempestiva, isso é, aquela dada em um momento prática, a proporcionalidade também encontra sua
demasiadamente posterior, é causa de nulidade do ato aplicação no exercício do poder disciplinar e do poder
administrativo. de polícia.

2
Esses não são os únicos princípios que regem as b) limitar o direito de particulares, discricionariamente,
relações da Administração Pública. Porém, escolhemos sempre que a situação de fato demonstrar essa neces-
trazer com mais detalhes os princípios que julgamos sidade, independentemente de previsão legal.
ser mais característicos da Administração. Isso não quer c) alterar unilateralmente os contratos administrativos,
dizer que outros princípios não possam ser estudados ou por motivos de interesse público, mantido o equilíbrio
aplicados a esse ramo jurídico. A Administração também econômico-financeiro do contrato.
deve atender aos princípios da responsabilidade, d) editar decretos autônomos para disciplinar matérias
ao princípio da segurança jurídica, ao princípio do em tese, com efeitos gerais e abstratos, diante de la-
contraditório e ampla defesa, ao princípio da isonomia, cunas legais.
entre outros. e) criar pessoas jurídicas como forma de desconcentra-
ção das atividades da Administração pública.

Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ve-


EXERCÍCIOS COMENTADOS rificada algum vício de ilegalidade em qualquer ato
administrativo, a medida adequada é a anulação, não
1. (PREFEITURA DE CARUARU-PE – PROCURADOR DO a revogação. A letra B está incorreta, pois a atuação
MUNICÍPIO – FCC – 2018) Em relação aos princípios que da Administração Pública é sempre subordinada ao
regem a atuação da Administração Pública, é correto comando legal, uma vez que vigora, na atuação dos
afirmar que: agentes públicos, o princípio da legalidade. A letra D
está incorreta pois descreve uma hipótese de compe-
a) em relação ao princípio da legalidade, a Administração tência privativa do Chefe do Poder Executivo. A letra
Pública não é obrigada a fazer ou deixar de fazer algu- E está incorreta, pois a criação de pessoas jurídicas
ma coisa senão em virtude de lei. diversas é característica do fenômeno da descentra-
b) o princípio da eficiência impõe ao agente público um lização.
modo de atuar que produza resultados favoráveis à
consecução dos fins a serem alcançados pelo Estado.
c) o princípio da eficiência, dada a sua natureza finalística, ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA:
é prevalente em face do princípio da legalidade. ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA;
d) são aplicáveis à Administração Pública exclusivamente CENTRALIZADA E DESCENTRALIZADA;
aqueles princípios mencionados no caput do art. 37 AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS
da Constituição da República Federativa do Brasil, que PÚBLICAS, SOCIEDADES DE ECONOMIA
são o da legalidade, da impessoalidade, da moralida- MISTA
de, da publicidade e da eficiência.
e) o princípio da publicidade decorre do direito dos ad-
ministrados em ter acesso a informações de interesse ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
particular ou coletivo e, por essa razão, não admite a
existência de informações públicas sigilosas. 1. Conceito de Administração Pública

Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois pelo Administração Pública é uma expressão que pode
princípio da legalidade, a Administração Pública é comportar pelo menos dois sentidos: na sua acepção
obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sem- subjetiva, orgânica e formal, a Administração Pública
pre em virtude de lei. A letra C está incorreta, pois o confunde-se com a pessoa de seus agentes, órgãos, e
princípio da eficiência não pode, jamais, se sobrepor entidades públicas que exercem a função administrativa.
à legalidade. A letra D está incorreta, pois à Admi- Já na acepção objetiva e material da palavra, podemos
nistração Pública são aplicados diversos princípios, e definir a administração pública (alguns doutrinadores
não apenas aqueles contidos no caput do artigo 37 da preferem colocar a palavra em letras minúsculas para
CF/1988. A letra E está incorreta, pois as informações distinguir melhor suas concepções), como a atividade
sigilosas devem ser resguardadas, e constituem em estatal de promover concretamente o interesse público.
uma exceção ao princípio da publicidade. Também podemos dividir, na acepção material,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em administração pública lato sensu e stricto sensu.


2. (ALESE – ANALISTA LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO Em sentido amplo, abrange não somente a função
– FCC – 2018) A Administração pública possui algumas administrativa, como também a função política,
prerrogativas inerentes às suas funções, que lhe incluindo-se nela os órgãos governamentais. Em sentido
permitem agir, em alguns casos, de modo a sobrepor estrito, administração pública envolve apenas a função
a vontade dos particulares, em prol do atendimento do administrativa em si.
interesse público. Nesse sentido, considera-se exemplo O Decreto-Lei nº 200/1967 é a legislação que
dessa prerrogativa o poder de: dispõe sobre a organização administrativa, além de
estabelecer diretrizes para a Reforma Administrativa. Para
a) revogar licitações, por razões de conveniência e opor- compreender melhor o que vem a ser a Administração
Direta e Indireta, é imprescindível conhecer sobre os
tunidade e para atendimento do interesse público,
fenômenos da desconcentração e descentralização.
sempre que se identificar ilegalidades nos procedi-
mentos.

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2. Descentralização e Administração Indireta Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira
Descentralização é a técnica em que a Administração descentralizada.”
Pública atribui suas competências à pessoas jurídicas A doutrina tende a classificar as autarquias nos
autônomas, criadas por ela própria para esse fim. É seguintes grupos:
considerada um princípio fundamental da própria I) Administrativas: são as autarquias comuns,
Administração, nos termos do art. 6º, III, do Dec-Lei nº
apresentam regime jurídico ordinário. Exemplo:
200/67.
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Na descentralização, costuma-se utilizar com bastante
frequência o termo entidade. Nos termos do art. 1º, § 2º, II, II) Especiais: possuem maior autonomia em relação
da Lei nº 9.784/1999: “Para os fins desta Lei, consideram- as autarquias administrativas devido a presença
se: II – entidade - a unidade de atuação dotada de de certas características, como a presença de
personalidade jurídica”. Entidade da Administração, dirigentes com mandato fixo. Podem se subdividir
assim, é qualquer pessoa jurídica autônoma cujo serviço em: b.1) especiais stricto sensu (Banco Central); e
público foi outorgado pela entidade federativa, isso é, b.2) agências reguladoras (Anatel, Anvisa).
pelas pessoas jurídicas de Direito Público interno (União, III) Corporativas: são as corporações profissionais,
Estados, Municípios, Distrito Federal, etc.). Os membros que promovem o controle e a fiscalização de
federais, nesses casos, realizam apenas uma tarefa de categorias profissionais. Exemplos: Crea, CRO,
controle e fiscalização do serviço prestado pela entidade CRM.
outorgada. O conjunto de pessoas jurídicas autônomas IV) Fundacionais: são as fundações públicas,
criadas pelo próprio Estado para atingir determinada entidades que arrecadam patrimônio para o
finalidade denomina-se Administração Indireta ou
cumprimento de um objetivo específico. Exemplos:
Descentralizada.
Funai, Procon, Funasa.
Se as entidades são dotadas de personalidade
jurídica própria, elas têm responsabilidade pelos danos e V) Territoriais: são as autarquias de controle da
prejuízos causados por seus agentes públicos, podendo União, também denominadas territórios federais
responder judicialmente pela prática desses atos. (art. 33 da CF/1988). A atual Constituição aboliu os
As entidades da Administração Indireta podem ter territórios federais remanescentes.
personalidade jurídica de Direito Público ou de Direito VI) Associativas: são as autarquias criadas pelo
Privado. Tal diferença é bastante relevante no que diz resultado de uma celebração de consórcio público,
respeito ao procedimento de criação dessas entidades também denominadas associações públicas. Se o
autônomas. contrato de consórcio público envolver múltiplos
As pessoas jurídicas de direito público são criadas entes da Federação, tais autarquias podem ser
por lei (art. 37, XIX, da CF/1988), e a sua personalidade transfederativas. Exemplo: associação criada entre
jurídica advém no momento em que tal legislação entra União, Estados e Municípios para a construção de
em vigor no âmbito jurídico, não havendo necessidade um teatro.
de registro em cartório.
As pessoas jurídicas de direito privado, todavia, são 2.2 Fundações Públicas
autorizadas pela lei (art. 37, XX, da CF/1988), ou seja,
a legislação deve permitir que ela exista, para que o As fundações públicas são consideradas espécies de
Poder Executivo regulamente suas funções mediante a autarquias, possuindo diversas características similares.
expedição de decretos. Sua personalidade jurídica, dessa Fundação pública é, nos termos do art. 5º, IV, do Dec-
forma, está condicionada ao seu registro em cartório. Lei nº 200/1967: “a entidade dotada de personalidade
São pessoas jurídicas de Direito Público, membros jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
da Administração Indireta: as autarquias, as fundações criada em virtude de autorização legislativa, para o
públicas, agências reguladoras e associações públicas. desenvolvimento de atividades que não exijam execução
São pessoas jurídicas de Direito Privado: as empresas por órgãos ou entidades de direito público, com
públicas, as sociedades de economia mista, as fundações autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido
governamentais com estrutura de pessoa jurídica de pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Direito Privado, as subsidiárias, e os consórcios públicos custeado por recursos da União e de outras fontes.”. A
de Direito Privado. Funai, Funasa, o IBGE, são alguns exemplos de fundações
públicas.
2.1 Autarquias Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se que
o referido Decreto-Lei dispõe serem as fundações como
As autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público entidades com personalidade jurídica de Direito Privado.
interno, criadas por legislação própria, que tem por Tal conceituação não foi recepcionada pela Constituição
escopo exercer as funções típicas da Administração de 1988 que, em seu art. 37, XIX, decidiu não fazer tal
Pública. Seu conceito também encontra-se disposto no distinção: “somente por lei específica poderá ser criada
art. 5º, I, do Dec-Lei nº 200/1967: “Para os fins desta autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
lei, considera-se: I - Autarquia - o serviço autônomo, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo
criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
e receita próprios, para executar atividades típicas da sua atuação”.

4
Dessa forma, concluímos que as fundações podem bem como a transferência total ou parcial de encargos,
ser tanto de Direito Público como de Direito Privado, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
dependendo do que a lei instituidora da fundação serviços transferidos (art. 241 da CF/1988).
delimitar quanto as suas competências. Todavia, Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos
importante frisar que, mesmo as fundações de regime entes federados, e que tem por objeto medidas de
jurídico privado deve obediência às normas públicas, e
mútua cooperação, denominam-se consórcio públicos.
não à legislação civil.
Os consórcio públicos são disciplinados pela Lei nº
2.3 Agências Reguladoras 11.107/2005. Uma das características mais distintas dos
consórcios é a possibilidade deles possuírem natureza de
O surgimento das agências reguladoras possui Direito Público ou de Direito Privado.
fortes relações com a época das privatizações na Consórcios de Direito Privado obedecem às normas
segunda metade dos anos 1990. Neste contexto, as da legislação civil. Possuem regime celetista, embora
agências reguladoras foram introduzidas, sobretudo não possam ter fins lucrativos. Por isso, não integram
pelas ECs nos 8 e 9, ambas de 1995, para atuar como a Administração Pública. Já os consórcios de direito
órgãos reguladores, fiscalizadores e controladores da público são as associações públicas propriamente ditas,
iniciativa privada, que passaram a desenvolver as tarefas podendo ser inclusive transfederativas se integrarem
originalmente atribuídas ao Estado. Alguns exemplos de
todas as esferas das pessoas consorciadas (federal,
agências reguladoras: Aneel, Anatel, Ancine, ANP, entre
outros. estadual, municipal).
As agências reguladoras também são autarquias sob
um regime especial, se diferenciando das autarquias 2.5 Empresas públicas e sociedades de economia
comuns em dois aspectos. Os dirigentes das agências mista
reguladoras, primeiramente, gozam de estabilidade, não
podem ser exonerados por qualquer motivo, ao contrário Empresas estatais são as pessoas jurídicas de Direito
das autarquias, em que seus dirigentes atuam em cargos Privado pertencentes à Administração Indireta. São duas:
de comissão. Assim, os dirigentes das agências têm maior as empresas públicas, e as sociedades de economia
proteção contra o desligamento forçado, promovendo mista.
maior estabilidade no exercício de seu cargo.
Todavia, esses mesmos dirigentes possuem um
mandato fixo, pois seus cargos não são vitalícios. A As empresas públicas e as sociedades de economia
existência de mandato fixo garante também maior mista apresentam características em comum:
segurança jurídica, visto que a sua ocupação naquela A) Atuação na prestação de serviços públicos ou
posição privilegiada tem prazo determinado para no desenvolvimento de atividade econômica:
se encerrar. A duração dos mandatos pode variar as empresas exploradoras de atividade econômica
dependendo da cada agência, podendo ser de 3 anos geralmente recebem menor controle pela
como na Anvisa, 4 anos como na Aneel, ou até 5 anos Administração, embora também apresentem
como na Anatel. certas desvantagens, como não ter imunidade a
As agências reguladoras podem ser classificadas: impostos, e seus bens não tem natureza pública,
I) Quanto à sua origem: a) agências federais; b) podendo ser penhorados.
estaduais; c) municipais; d) distritais. B) Sofrem controle pelo Tribunal de Contas da
II) Quanto à atividade preponderante: a) agências União: bem como do Poder Judiciário, no que
de serviço, que exercem as funções típicas; b) couber.
agências de polícia, que exercem fiscalização das C) Contratação de bens e serviços mediante prévia
atividades econômicas; c) agências de fomento, licitação: a licitação é processo utilizado a fim de
que ajudam a desenvolver o setor privado; d) promover uma competição justa com as empresas
agências de uso de bens públicos.
privadas do mesmo setor. Tal imposição não é
III) Quanto à previsão constitucional: a) agências com
exigida para as empresas públicas e sociedades
referência constitucional (a Anatel tem previsão no
art. 21, XI, da CF/1988); b) agências sem referência de economia mista exploradoras de atividade
econômica.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

constitucional, são a grande maioria.


IV)Quanto ao instante de sua criação: a) agências D) Obrigatoriedade de realização de concurso
de primeira geração (1996 a 1999) na época das público: trata-se de uma forma de avaliar os
privatizações; b) de segunda geração, de 2000 melhores funcionários dentro de um grupo seleto
a 2004; c) de terceira geração, que adveio com de candidatos.
as agências pluripotenciárias (2005 em diante), E) Contratação de pessoal pelo regime celetista:
exercendo múltiplas funções simultaneamente. seus membros são denominados empregados
públicos, salvo as hipóteses de contratação
2.4 Associações públicas para cargo comissionado. É também vedada a
acumulação de cargos, empregos ou funções
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios públicas.
são os entes responsáveis pela regulamentação dos F) Impossibilidade de decretar sua falência: nos
consórcios públicos e dos convênios de cooperação, termos do art. 2º, I, da Lei nº 11.101/2005.
autorizando a gestão associada de serviços públicos,

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As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, cuja criação depende de autorização legal. Sua
personalidade é concedida pelo registro de seus atos constitutivos em cartório, com a totalidade de seu capital público,
e regime organizacional livre (art. 5º, II, do Dec-Lei nº 200/1967), podendo ser organizadas como sociedade anônima, ou
de responsabilidade limitada, ou ainda sociedade por comandita de ações. São empresas públicas: o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal (CEF), e a Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária (Infraero).
As sociedades de economia mista tem seu conceito legal previsto no art. 5º, III, do Dec-Lei nº 200/1967. São
pessoas jurídicas de direito privado, cuja criação também depende de autorização legal e registro em cartório, possui a
maioria de seu capital público, e devem ser obrigatoriamente organizadas como sociedades anônimas. São sociedades
de economia mista: Petrobrás, Banco do Brasil, Eletrobrás.
Percebemos algumas diferenças entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. A primeira diz
respeito ao capital constitutivo: enquanto que nas empresas públicas, todo o seu capital deve ser público (o Dec-Lei nº
200/1967 dispõe que seu capital deve advir totalmente “da União”, mas admite-se também o capital de origem estadual
e municipal), as sociedades de economia mista admitem a presença do capital de origem privada, mas pelo menos
50% mais uma de suas ações com direito a voto devem pertencer ao Estado. Além disso, outra diferença relevante é
em relação à forma de sua organização: as sociedades de economia mista devem obrigatoriamente ter a estrutura de
sociedade anônima, trata-se de disposição legal do próprio Dec-Lei nº 200/1967. As empresas públicas, por sua vez,
não sofrem essa imposição, podendo adotar a estrutura que desejar. Uma terceira e igualmente importante diferença
diz respeito ao foro competente para dirimir conflitos de ordem judicial: enquanto que as ações que possuem as
empresas públicas como parte no processo são de competência da Justiça Federal, as ações envolvendo as sociedades
de economia mista são de competência da Justiça Estadual, exceto se houver relevante interessa da União no pleito,
caso em que a competência é absorvida pela Justiça Federal. No tocante a questões de ordem trabalhista, todavia, o
foro competente é a Justiça do Trabalho.
Esquematicamente, temos:

Diferenças entre as empresas estatais Empresa Pública Sociedade de Economia Mista


Composição do capital Integralmente Público Misto (a maioria deve ser público)
Forma de organização Forma Livre Sociedade Anônima
Justiça Estadual (salvo casos de interesse da
Foro competente Justiça Federal
União)

2.4 Desconcentração e Administração Direta

Desconcentração é a técnica utilizada para o exercício de competências administrativas, mediante órgãos


públicos despersonalizados e vinculados hierarquicamente aos entes da Federação. Há a repartição das atribuições
entre os órgãos públicos pertencentes a uma mesma pessoa jurídica, por isso sua vinculação hierárquica. Difere-se da
descentralização justamente nesse aspecto: os órgãos públicos, ao contrário das autarquias, fundações, etc, não tem
personalidade jurídica própria, e por isso, não possuem a mesma autonomia dos entes descentralizados, permanecendo
vinculados hierarquicamente ao Estado.
Muito importante para a desconcentração é a noção de órgão público. Nos termos do art. 1º, § 2º, I, da Lei nº
9.784/1999, órgão público é “a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da
Administração indireta”. Assim, podemos definir órgão público um núcleo de competências do Estado, sem personalidade
jurídica própria. Por ser órgão despersonalizado, não pode integrar no polo ativo ou passivo das ações que objetivam
a reparação de danos causados pelo exercício da Administração, devendo a pessoa jurídica a que o órgão pertence ser
acionada em tais hipóteses.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

#FicaDica

A Teoria do Órgão (também pode aparecer como princípio da imputação volitiva) é uma
invenção doutrinária que procura imputar as ações cometidas pelos agentes e servidores
públicos à pessoa jurídica a que ele esteja ligado. Pela teoria do órgão, os agentes públicos
não podem responder pessoalmente pelos atos que praticam no exercício de suas funções,
uma vez que a responsabilidade pela execução de tais tarefas é do Estado, sendo represen-
tado por seus órgãos e entes com personalidade jurídica própria.

Há, inclusive, uma classificação quanto as diferentes espécies de órgãos, que poderão ser:

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A) Quanto à posição estatal: a.1) órgãos III) Desconcentração hierárquica ou funcional: o
independentes são os que representam o Estado elemento diferenciador é a relação de subordina-
em seus Três Poderes, não havendo uma relação ção e hierarquia entre os órgãos públicos. Exem-
de hierarquia entre os mesmos (Congresso plo: os tribunais administrativos possuem subordi-
Nacional, Câmara dos Deputados, Tribunais, nação em relação aos órgãos de primeira instância.
Varas Judiciais, etc); a.2) órgãos autônomos,
são os órgãos subordinados diretamente à As técnicas da desconcentração e da descentralização
cúpula da Administração. Têm grande autonomia não são presentes, apenas, na Administração Direta
administrativa, financeira e técnica, caracterizando- e Indireta, respectivamente. As obras doutrinárias
se como órgãos diretivos (Ministério Público, costumam colocar tais formas juntas apenas para
Defensoria Pública, AGU, PGR, etc). a.3) órgãos fins didáticos. É perfeitamente possível que haja, por
superiores, possuem poder de direção, controle, exemplo, a criação de órgãos dentro de uma autarquia,
decisão e comando dos assuntos de sua ou de uma empresa pública; bem como é possível ocorrer
competência específica. Representam as primeiras a descentralização na Administração Central, na criação
divisões dos órgãos independentes e autônomos de um Estado novo.
(Gabinetes, Coordenadorias, Departamentos,
Divisões, etc); a.4) órgãos subalternos: são os que
se destinam à execução dos trabalhos de rotina,
cumprem ordens superiores. (Portarias, seções de EXERCÍCIOS COMENTADOS
expediente, etc).
B) Quanto à composição: b.1) órgãos simples: são 1. (SEAD-AP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FCC
aqueles que possuem apenas um único centro de – 2018) A desconcentração e descentralização, como
competência, sua característica fundamental é a formas de organização administrativa, interferem na
ausência de outro órgão em sua estrutura, para conclusão acerca da incidência do controle interno e
auxiliá-lo no desempenho de suas funções; b.2) externo porque:
órgãos compostos: são aqueles que possuem em
sua estrutura outros órgãos menores, seja com a) somente os órgãos administrativos, unidades de exe-
desempenho de função principal ou de auxilio nas cução que são criadas quando da utilização do modelo
atividades, as funções são distribuídas em vários de descentralização, estão sujeitos a controle externo
centros de competência, sob a supervisão do e interno em igualdade de extensão e consequências.
órgão de chefia. b) o controle exercido pela Administração pública cen-
C) Quanto à forma de atuação funcional: c.1) tral é mais rigoroso sobre as entidades que integram a
órgãos singulares: são aqueles que decidem Administração pública indireta, em especial no que se
e atuam por meio de um único agente, o chefe. refere à possibilidade de anulação de atos e contratos
Possuem agentes auxiliares, mas sua característica praticados.
de singularidade é desenvolvida pela função c) os Tribunais de Contas exercem controle externo sobre
de um único agente, em geral o titular; c.2) os atos praticados pela Administração pública indireta
órgãos coletivos: são aqueles que decidem pela exclusivamente no que se refere à legalidade, não lhes
manifestação de muitos membros, de forma sendo autorizada análise de economicidade ou de ou-
conjunta e por maioria, sem manifestação de tros parâmetros de aspecto discricionário.
vontade de um único chefe. A vontade da maioria é d) o exame realizado pelo Poder Judiciário abrange po-
imposta de forma legal, regimental ou estatutária. deres revisionais, anulatórios e revogatórios para os
atos e contratos realizados pelas pessoas jurídicas de
direito público que integram a Administração indireta.
Todos esses órgãos, somados à União, os Estados,
Municípios e o Distrito Federal, compõem a denominada e) o controle interno realizado pela própria Administra-
Administração Direta, ou Centralizada. ção inclui a inerente possibilidade de revogação de
Em relação às modalidades de desconcentração, a seus atos, o que não se estende aos entes integrantes
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

doutrina tende a classificar a desconcentração em três da Administração indireta, que ficam sujeitos aos li-
espécies distintas: mites do poder de tutela exercido pela Administração
I) Desconcentração territorial ou geográfica: é central.
aquela em que todos os órgãos recebem as mes-
mas competências em relação à matéria, a diferen- Resposta: Letra E. A letra A está incorreta pois os
ça encontra-se apenas nas regiões em que devem órgãos públicos são criados pela técnica da descon-
atuar. É o caso da Delegacias de Polícia. centração. Além disso, não são os únicos a sofrerem
II) Desconcentração material ou temática: é a que controle. A letra B está incorreta pois os entes da Ad-
distribui as competências administrativas tendo ministração Indireta possuem certa autonomia em
em vista a especialização de cada órgão em um relação ao Poder Central, o que faz seu controle ser
assunto específico. Exemplo: o Ministério da Cul- menos rigoroso. A letra C está incorreta, pois o Tribu-
nal de Contas exerce o que se denomina de controle
tura da União.
financeiro completo sobre todo o Poder Executivo, en-

7
volvendo aspectos além da legalidade. A letra D está Embora despersonalizados, os órgãos mantêm relações
incorreta, pois ao Poder Judiciário somente é atribuído funcionais entre si e com terceiros, das quais resultam
poderes anulatórios, isso é, somente tem competência efeitos jurídicos internos e externos, na forma legal ou
para decidir sobre a legalidade (ou falta de) dos atos regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade
e contratos administrativos. Sobre a letra E, apesar do jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais
conteúdo ser um pouco ambíguo, a banca buscou próprias que, quando infringidas por outro órgão, admitem
exigir, além dos conhecimentos de desconcentração defesa até mesmo por mandado de segurança.”
e descentralização, atributos especiais sobre controle (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo
interno (poder hierárquico) e externo (poder de tutela) Brasileiro. 15.ed., São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 1990, p. 59)
2. (TRT 6ª REGIÃO-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Na hipótese de a Com base no texto transcrito e no regime jurídico dos
Administração pública estadual pretender descentralizar órgãos administrativos, é correto afirmar:
serviço de sua competência para atribuí-lo a pessoa
jurídica ainda inexistente, sujeita a regime jurídico a) O texto transcrito aborda a teoria do mandato, por
administrativo e com personalidade de direito público: meio da qual aos agentes públicos seriam delegados
poderes para que agissem em nome e no interesse
a) deve criar por lei específica autarquia, que passará a do Estado.
integrar a Administração pública indireta estadual. b) Os órgãos públicos são centros de competências
b) deve obter autorização legislativa para criar autarquia, instituídos para o desempenho de funções estatais,
que integrará a Administração pública direta. através de seus agentes, cuja atuação é imputada à
c) pode criar autarquia ou empresa pública, a primeira pessoa jurídica a que pertencem.
instituída por lei e a segunda pelo registro de seus c) O texto transcrito traz uma concepção de órgão que
atos constitutivos, ambas integrantes da Administra- contraria a formulação da teoria do órgão, atribuída
ção pública indireta. a Otto Gierke, que criou uma doutrina para justificar
d) pode escolher entre criar autarquia, empresa pública como se dá a manifestação da vontade do Estado por
ou sociedade de economia mista, todas por lei especí-
meio de seus órgãos, por meio da noção de que os
fica, a última por lei complementar e as três integran-
agentes públicos, ao agir, expressam a vontade do
tes da Administração pública indireta.
Estado.
e) deve criar por lei específica autarquia, que passará a
d) Por serem despersonalizados, os órgãos públicos não
integrar a Administração pública direta estadual jun-
mantêm relações funcionais com terceiros, dos quais
tamente com o ente instituidor.
resultam efeitos jurídicos externos.
e) No texto, é apresentada a teoria da representação,
Resposta: Letra A. A letra B está incorreta, pois as au-
tarquias são criadas por lei, não precisam de autoriza- pela qual a vontade dos agentes exprimiria a vontade
ção legislativa, vez que são pessoas jurídicas de direito do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela.
público. A letra C e D estão incorretas, pois tanto as
empresas públicas como as sociedades de economia Resposta: Letra B. O texto apresenta o que a dou-
mista são pessoas jurídicas de direito privado. A letra trina denomina de Teoria do Órgão. Nas lições de
E está incorreta, pois as autarquias integram a Admi- Otto Gierke, o Estado, no exercício de suas atribui-
nistração Indireta, ou Descentralizada. ções, atua mediante órgãos, núcleos de competência
despersonalizados. A imputação de responsabilidade
3. (PREFEITURA DE CARUARU-PE – PROCURADOR DO pela execução de tais atribuições não pode ser feita
MUNICÍPIO – FCC – 2018) Considere o texto abaixo. ao órgão ou a seus agentes, e sim a pessoa jurídica
“Os órgãos integram a estrutura do Estado e das demais que o representa.
pessoas jurídicas como partes desses corpos vivos, dotados
de vontade e capazes de exercer direitos e contrair
obrigações para a consecução de seus fins institucionais. CONSÓRCIO PÚBLICO LEI 11.107/2005.
Por isso mesmo, os órgãos não têm personalidade jurídica
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nem vontade própria, que são atributos do corpo e não das


partes, mas na área de suas atribuições e nos limites de sua LEI Nº 11.107, DE 6 DE ABRIL DE 2005.
competência funcional expressam a vontade da entidade a
que pertencem e a vinculam por seus atos, manifestados Dispõe sobre normas gerais de contratação de con-
sórcios públicos e dá outras providências.
através de seus agentes (pessoas físicas). Como partes das
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
entidades que integram, os órgãos são meros instrumentos
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
de ação dessas pessoas jurídicas, preordenados ao
desempenho das funções que lhes forem atribuídas pelas
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a
normas de sua constituição e funcionamento. Para a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
eficiente realização de suas funções, cada órgão é investido
contratarem consórcios públicos para a realização de
de determinada competência, redistribuída entre seus
objetivos de interesse comum e dá outras providên-
cargos, com a correspondente parcela de poder necessária cias.
ao exercício funcional de seus agentes.

8
§ 1º O consórcio público constituirá associação públi- VII – a previsão de que a assembléia geral é a instân-
ca ou pessoa jurídica de direito privado. cia máxima do consórcio público e o número de votos
§ 2º A União somente participará de consórcios públi- para as suas deliberações;
cos em que também façam parte todos os Estados em VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do
cujos territórios estejam situados os Municípios con- representante legal do consórcio público que, obriga-
sorciados. toriamente, deverá ser Chefe do Poder Executivo de
§ 3º Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão ente da Federação consorciado;
obedecer aos princípios, diretrizes e normas que regu- IX – o número, as formas de provimento e a remune-
lam o Sistema Único de Saúde – SUS. ração dos empregados públicos, bem como os casos
de contratação por tempo determinado para atender
Art. 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão de- a necessidade temporária de excepcional interesse pú-
terminados pelos entes da Federação que se consor- blico;
ciarem, observados os limites constitucionais. X – as condições para que o consórcio público celebre
§ 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consór- contrato de gestão ou termo de parceria;
cio público poderá: XI – a autorização para a gestão associada de serviços
I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer públicos, explicitando:
natureza, receber auxílios, contribuições e subvenções a) as competências cujo exercício se transferiu ao con-
sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos sórcio público;
do governo; b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a
área em que serão prestados;
II – nos termos do contrato de consórcio de direito pú-
c) a autorização para licitar ou outorgar concessão,
blico, promover desapropriações e instituir servidões
permissão ou autorização da prestação dos serviços;
nos termos de declaração de utilidade ou necessidade
d) as condições a que deve obedecer o contrato de
pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Pú- programa, no caso de a gestão associada envolver
blico; e também a prestação de serviços por órgão ou enti-
III – ser contratado pela administração direta ou indi- dade de um dos entes da Federação consorciados;
reta dos entes da Federação consorciados, dispensada e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas
a licitação. e de outros preços públicos, bem como para seu rea-
§ 2º Os consórcios públicos poderão emitir documen- juste ou revisão; e
tos de cobrança e exercer atividades de arrecadação XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando
de tarifas e outros preços públicos pela prestação de adimplente com suas obrigações, de exigir o pleno
serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públi- cumprimento das cláusulas do contrato de consórcio
cos por eles administrados ou, mediante autorização público.
específica, pelo ente da Federação consorciado. § 1º Para os fins do inciso III do caput deste artigo,
§ 3º Os consórcios públicos poderão outorgar conces- considera-se como área de atuação do consórcio pú-
são, permissão ou autorização de obras ou serviços blico, independentemente de figurar a União como
públicos mediante autorização prevista no contrato consorciada, a que corresponde à soma dos territórios:
de consórcio público, que deverá indicar de forma es- I – dos Municípios, quando o consórcio público for
pecífica o objeto da concessão, permissão ou autoriza- constituído somente por Municípios ou por um Estado
ção e as condições a que deverá atender, observada a e Municípios com territórios nele contidos;
legislação de normas gerais em vigor. II – dos Estados ou dos Estados e do Distrito Fede-
Art. 3º O consórcio público será constituído por con- ral, quando o consórcio público for, respectivamente,
trato cuja celebração dependerá da prévia subscrição constituído por mais de 1 (um) Estado ou por 1 (um)
de protocolo de intenções. ou mais Estados e o Distrito Federal;
III – (VETADO)
Art. 4º São cláusulas necessárias do protocolo de in- IV – dos Municípios e do Distrito Federal, quando o
tenções as que estabeleçam: consórcio for constituído pelo Distrito Federal e os Mu-
nicípios; e
I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e
V – (VETADO)
a sede do consórcio;
§ 2º O protocolo de intenções deve definir o número
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II – a identificação dos entes da Federação consorcia-


de votos que cada ente da Federação consorciado pos-
dos; sui na assembleia geral, sendo assegurado 1 (um) voto
III – a indicação da área de atuação do consórcio; a cada ente consorciado.
IV – a previsão de que o consórcio público é associação § 3º É nula a cláusula do contrato de consórcio que
pública ou pessoa jurídica de direito privado sem fins preveja determinadas contribuições financeiras ou
econômicos; econômicas de ente da Federação ao consórcio públi-
V – os critérios para, em assuntos de interesse comum, co, salvo a doação, destinação ou cessão do uso de
autorizar o consórcio público a representar os entes bens móveis ou imóveis e as transferências ou cessões
da Federação consorciados perante outras esferas de de direitos operadas por força de gestão associada de
governo; serviços públicos.
VI – as normas de convocação e funcionamento da § 4º Os entes da Federação consorciados, ou os com
assembléia geral, inclusive para a elaboração, aprova- eles conveniados, poderão ceder-lhe servidores, na
ção e modificação dos estatutos do consórcio público; forma e condições da legislação de cada um.

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§ 5º O protocolo de intenções deverá ser publicado na § 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos
imprensa oficial. dispositivos da Lei Complementar no 101, de 4 de
maio de 2000, o consórcio público deve fornecer as
Art. 5º O contrato de consórcio público será celebra- informações necessárias para que sejam consolidadas,
do com a ratificação, mediante lei, do protocolo de nas contas dos entes consorciados, todas as despesas
intenções. realizadas com os recursos entregues em virtude de
§ 1º O contrato de consórcio público, caso assim pre- contrato de rateio, de forma que possam ser contabi-
veja cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) lizadas nas contas de cada ente da Federação na con-
parcela dos entes da Federação que subscreveram o formidade dos elementos econômicos e das atividades
protocolo de intenções. ou projetos atendidos.
§ 2º A ratificação pode ser realizada com reserva que, § 5º Poderá ser excluído do consórcio público, após
aceita pelos demais entes subscritores, implicará con- prévia suspensão, o ente consorciado que não consig-
nar, em sua lei orçamentária ou em créditos adicio-
sorciamento parcial ou condicional.
nais, as dotações suficientes para suportar as despesas
§ 3º A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subs-
assumidas por meio de contrato de rateio.
crição do protocolo de intenções dependerá de homo-
logação da assembleia geral do consórcio público. Art. 9º A execução das receitas e despesas do consór-
§ 4º É dispensado da ratificação prevista no caput des- cio público deverá obedecer às normas de direito fi-
te artigo o ente da Federação que, antes de subscrever nanceiro aplicáveis às entidades públicas.
o protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua par- Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à
ticipação no consórcio público. fiscalização contábil, operacional e patrimonial pelo
Tribunal de Contas competente para apreciar as con-
Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade tas do Chefe do Poder Executivo representante legal
jurídica: do consórcio, inclusive quanto à legalidade, legitimi-
I – de direito público, no caso de constituir associação dade e economicidade das despesas, atos, contratos e
pública, mediante a vigência das leis de ratificação do renúncia de receitas, sem prejuízo do controle externo
protocolo de intenções; a ser exercido em razão de cada um dos contratos de
II – de direito privado, mediante o atendimento dos rateio.
requisitos da legislação civil.
§ 1º O consórcio público com personalidade jurídica Art. 10. (VETADO)
de direito público integra a administração indireta de Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos da
gestão de consórcio não responderão pessoalmente
todos os entes da Federação consorciados.
pelas obrigações contraídas pelo consórcio público,
§ 2º No caso de se revestir de personalidade jurídica
mas responderão pelos atos praticados em desconfor-
de direito privado, o consórcio público observará as midade com a lei ou com as disposições dos respecti-
normas de direito público no que concerne à realiza- vos estatutos.
ção de licitação, celebração de contratos, prestação de
contas e admissão de pessoal, que será regido pela Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. público dependerá de ato formal de seu representante
na assembleia geral, na forma previamente discipli-
Art. 7º Os estatutos disporão sobre a organização e o nada por lei.
funcionamento de cada um dos órgãos constitutivos § 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo con-
do consórcio público. sorciado que se retira somente serão revertidos ou re-
trocedidos no caso de expressa previsão no contrato de
Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão re- consórcio público ou no instrumento de transferência
cursos ao consórcio público mediante contrato de ra- ou de alienação.
teio. § 2º A retirada ou a extinção do consórcio público não
§ 1º O contrato de rateio será formalizado em cada prejudicará as obrigações já constituídas, inclusive os
exercício financeiro e seu prazo de vigência não será contratos de programa, cuja extinção dependerá do
superior ao das dotações que o suportam, com exce- prévio pagamento das indenizações eventualmente
devidas.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ção dos contratos que tenham por objeto exclusiva-


Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de con-
mente projetos consistentes em programas e ações
sórcio público dependerá de instrumento aprovado
contemplados em plano plurianual ou a gestão as- pela assembleia geral, ratificado mediante lei por to-
sociada de serviços públicos custeados por tarifas ou dos os entes consorciados.
outros preços públicos. § 1º Os bens, direitos, encargos e obrigações decorren-
§ 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por tes da gestão associada de serviços públicos custeados
meio de contrato de rateio para o atendimento de des- por tarifas ou outra espécie de preço público serão
pesas genéricas, inclusive transferências ou operações atribuídos aos titulares dos respectivos serviços.
de crédito. § 2º Até que haja decisão que indique os responsáveis
§ 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, por cada obrigação, os entes consorciados responde-
bem como o consórcio público, são partes legítimas rão solidariamente pelas obrigações remanescentes,
para exigir o cumprimento das obrigações previstas garantindo o direito de regresso em face dos entes be-
no contrato de rateio. neficiados ou dos que deram causa à obrigação.

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Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por con- Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os con-
trato de programa, como condição de sua validade, as sórcios públicos, com o objetivo de viabilizar a descen-
obrigações que um ente da Federação constituir para tralização e a prestação de políticas públicas em esca-
com outro ente da Federação ou para com consórcio las adequadas.
público no âmbito de gestão associada em que haja a
prestação de serviços públicos ou a transferência total Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização
ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens e funcionamento dos consórcios públicos serão disci-
necessários à continuidade dos serviços transferidos. plinados pela legislação que rege as associações civis.
§ 1º O contrato de programa deverá:
I – atender à legislação de concessões e permissões Art. 16. O inciso IV do art. 41 da Lei nº 10.406, de 10
de serviços públicos e, especialmente no que se refere de janeiro de 2002 - Código Civil, passa a vigorar com
ao cálculo de tarifas e de outros preços públicos, à de a seguinte redação:
regulação dos serviços a serem prestados; e
II – prever procedimentos que garantam a transparên- “Art. 41. [...] IV – as autarquias, inclusive as associações
cia da gestão econômica e financeira de cada serviço públicas; [...]” (NR)
em relação a cada um de seus titulares.
§ 2º No caso de a gestão associada originar a trans- Art. 17. Os arts. 23, 24, 26 e 112 da Lei nº 8.666, de 21
ferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal de junho de 1993, passam a vigorar com a seguinte
e bens essenciais à continuidade dos serviços transfe- redação:
ridos, o contrato de programa, sob pena de nulidade,
deverá conter cláusulas que estabeleçam:
“Art. 23. [...]
I – os encargos transferidos e a responsabilidade sub-
§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o
sidiária da entidade que os transferiu;
dobro dos valores mencionados no caput deste artigo
II – as penalidades no caso de inadimplência em rela-
ção aos encargos transferidos; quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e
o triplo, quando formado por maior número.»
III – o momento de transferência dos serviços e os de-
veres relativos a sua continuidade; “Art. 24. [...]
IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os pas- XXVI – na celebração de contrato de programa com
sivos do pessoal transferido; ente da Federação ou com entidade de sua adminis-
V – a identificação dos bens que terão apenas a sua tração indireta, para a prestação de serviços públicos
gestão e administração transferidas e o preço dos que de forma associada nos termos do autorizado em con-
sejam efetivamente alienados ao contratado; trato de consórcio público ou em convênio de coope-
VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e ração.
avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser amor- Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I
tizados mediante receitas de tarifas ou outras emer- e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento)
gentes da prestação dos serviços. para compras, obras e serviços contratados por con-
§ 3º É nula a cláusula de contrato de programa que sórcios públicos, sociedade de economia mista, empre-
atribuir ao contratado o exercício dos poderes de pla- sa pública e por autarquia ou fundação qualificadas,
nejamento, regulação e fiscalização dos serviços por na forma da lei, como Agências Executivas.” (NR)
ele próprio prestados.
§ 4º O contrato de programa continuará vigente “Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art.
mesmo quando extinto o consórcio público ou o 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de
convênio de cooperação que autorizou a gestão as- inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente
sociada de serviços públicos. justificadas, e o retardamento previsto no final do pa-
§ 5º Mediante previsão do contrato de consórcio públi- rágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comu-
co, ou de convênio de cooperação, o contrato de pro- nicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior,
grama poderá ser celebrado por entidades de direito para ratificação e publicação na imprensa oficial, no
público ou privado que integrem a administração in-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia


direta de qualquer dos entes da Federação consorcia-
dos atos” (NR).
dos ou conveniados.
“Art. 112. [...]
§ 6º O contrato celebrado na forma prevista no § 5o
deste artigo será automaticamente extinto no caso de § 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação
o contratado não mais integrar a administração in- da qual, nos termos do edital, decorram contratos ad-
direta do ente da Federação que autorizou a gestão ministrativos celebrados por órgãos ou entidades dos
associada de serviços públicos por meio de consórcio entes da Federação consorciados.
público ou de convênio de cooperação. § 2º É facultado à entidade interessada o acompanha-
§ 7º Excluem-se do previsto no caput deste artigo as mento da licitação e da execução do contrato.» (NR)
obrigações cujo descumprimento não acarrete qual-
quer ônus, inclusive financeiro, a ente da Federação Art. 18. O art. 10 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de
ou a consórcio público. 1992, passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos:
“Art. 10. [...]

11
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que te- A evolução teórica da relação visualizada na dou-
nha por objeto a prestação de serviços públicos por trina entre o Órgão e a Pessoa.
meio da gestão associada sem observar as formalida-
des previstas na lei; No campo do Direito administrativo existe um legado
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público deixado pelos europeus acerca das outras teorias que an-
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem tecederam a teoria do órgão aceita pelos doutrinadores
observar as formalidades previstas na lei.” (NR) brasileiros. Dentre elas iremos ressaltar as que fizeram
parte dos primeiros degraus para alicerçar o pensamento
alemão sobre o assunto e que foi aceito no Brasil.
Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos con-
Primeiramente, a ideia jurídica era agasalhada pela
vênios de cooperação, contratos de programa para teoria do mandato. O que esta teoria dizia ? Em seu arca-
gestão associada de serviços públicos ou instrumentos bouço, os agentes públicos eram mandatários do Estado.
congêneres, que tenham sido celebrados anteriormen- Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro:
te a sua vigência. “Várias teorias surgiram para explicar as relações do
Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: 1. pela teoria
Art. 20. O Poder Executivo da União regulamentará o do mandato, o agente público é mandatário da pessoa
disposto nesta Lei, inclusive as normas gerais de con- jurídica; a teoria foi criticada por não explicar como o
tabilidade pública que serão observadas pelos consór- Estado, que não tem vontade própria, pode outorgar o
cios públicos para que sua gestão financeira e orça- mandato.”
mentária se realize na conformidade dos pressupostos Esta teoria teve sua gênese no direito privado e não
da responsabilidade fiscal. poderia prosperar, até porque, o Estado não poderia ou-
torgar mandato a alguém. Como dito acima, a teoria foi
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- bastante questionada, pois se o Estado não tem vontade
cação. própria, haveria então duas vontades existentes, uma do
agente e outra distinta. Tal teoria não sobreviveu.
Em outro momento, teoria diferente surgiu. Foi de-
Brasília, 6 de abril de 2005; 184º da Independência e
nominada de teoria da representação. Aqui, passou-se a
117º da República.
compreender que os agentes públicos são representan-
tes do Estado. Na visão de Irene Patrícia Nohara:
“Posteriormente houve a substituição dessa concep-
ÓRGÃOS PÚBLICOS ção pela teoria da representação, pela qual a vontade
dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do
Estado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras ju-
rídicas que apontam para representantes dos incapazes.
Os órgãos públicos e a noção de estado. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o Estado, pes-
soa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa
Na seara do Direito administrativo existe uma sólida jurídica dotada de capacidade plena), não foi suficiente
doutrina que cuida da pesquisa e da publicação de textos para alicerçar um regime de responsabilização da pessoa
voltados para o estudo dos órgãos públicos. No Estado jurídica perante terceiros prejudicados nas circunstâncias
brasileiro não podemos afastar a compreensão entre ór- em que o agente ultrapassasse os poderes da represen-
gão público, federalismo e pessoa jurídica. tação”.
Daí segundo José dos Santos Carvalho Filho: Não obstante o conceito acima trazido pela doutrina
“A noção de Estado, como visto, não pode abstrair-se brasileira, é perceptível que acerbas foram também as
da de pessoa jurídica. O Estado, na verdade, é considera- ácidas críticas a esta teoria. Inicialmente, porque o Esta-
do um ente personalizado, seja no âmbito internacional, do estaria sendo visto como um sujeito incapaz, ou seja,
uma pessoa que não tem condições plenas de manifes-
seja internamente. Quando se trata de Federação, vigo-
tar, de falar, de resolver pendências. E depois, porque se
ra o pluripersonalismo, porque além da pessoa jurídica
o representante estatal exorbitasse seus poderes, o Esta-
central existem outras internas que compõem o sistema
do não poderia ser responsabilizado. Ora, tal situação é
político. Sendo uma pessoa jurídica, o Estado manifesta
totalmente estranha, inadequada.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sua vontade através de seus agentes, ou seja, as pessoas


Pois bem, superadas tais teorias, surge então uma ter-
físicas que pertencem a seus quadros. Entre a pessoa ju- ceira que agrada a classe jurídica tanto europeia como
rídica em si e os agentes, compõe o Estado um grande também a brasileira. Surge então a denominada teoria
número de repartições internas, necessárias à sua orga- do órgão. Por inspiração do jurista germânico Otto Frie-
nização, tão grande é a extensão que alcança e tamanha drich von Gierke, foi construída a teoria do órgão, capaz
as atividades a seu cargo. Tais repartições é que consti- de nos apresentar a compreensão de que segundo ela, a
tuem os órgãos público. vontade da pessoa jurídica estatal deve ser atribuída aos
Extrai-se do fragmento da obra deste autor, a impor- órgãos que a compõem. Acredito que nos dias atuais,
tância de estudar e compreender a teoria do órgão, for- a teoria do órgão também poderia ser compreendida
mulada pelos europeus e que abastece a seara jurídica como uma teoria das células administrativas. Assim, peço
administrativa brasileira. venia aos doutrinadores brasileiros, para apresentar esta
nova nomenclatura, a saber, teoria das células adminis-
trativas.

12
As células administrativas, são nada mais do que ór- Enfim, por último surge a teoria eclética. Aqui o órgão
gãos, componentes públicos, junção de agentes, de ca- é forjado pois dois elementos. Surge claramente a figura
tegorias, de atribuições, que todos juntos fazem o Estado do agente e a figura do complexo de atribuições. Entre-
e o apresentam como organismo vivo, dinâmico e pul- tanto, esta teoria incide na mesma falha que a subjetiva, à
sante, que deve acompanhar as transformações sociais, medida que, exigindo os dois elementos para a existência
administrativas e energéticas do mundo globalizado. do órgão, levará à mesma conclusão de que, desapare-
Em razão da teoria do órgão, no Brasil houve a cria-
cendo um deles, no caso o agente, também desaparecerá
ção da noção de imputação dos atos praticados pelos
agentes ao Estado, numa relação orgânica. No dizer de o órgão.
Hely Lopes Meireles “os órgãos são, centros de compe- Vê-se então que várias são as teorias que apresentam
tências instituídos para o desempenho de funções estatais, a natureza jurídica do órgão público. Entretanto, a teoria
através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa que prevalece no Brasil vigente é a de que o órgão é um
jurídica a que pertencem.” feixe de atribuições, de atividades vivas e orgânicas. Com
A teoria alemã, tem aplicação direta na hipótese da isto ressaltamos a doutrina exposta por Maria Sylvia Za-
chamada função de fato. Esta imputação tem reflexos na nella di Pietro:
responsabilidade, pois o Estado brasileiro responde pe- “Acreditamos que a doutrina que hoje prevalece no
los atos que seus agentes praticam, mesmo se estes atos direito brasileiro é a que vê no órgão apenas um feixe de
extrapolam das atribuições estatais conferidas, sendo-lhe
atribuições, uma unidade inconfundível com os agentes.
assegurado o intocável e assustador direito de regresso.
Cabe ao servidor público brasileiro extremo zelo nas Como diz Hely Lopes Meirelles (2003:67), “cada órgão,
suas atitudes profissionais, tendo em vista que qualquer como centro de competência governamental ou admi-
ato praticado, que seja interpretado com prejudicial ou nistrativa, tem necessariamente funções, cargos e agen-
desprezível ao patrimônio de alguém, sofre o desprazer tes, mas é distinto desses elementos, que podem ser
de suportar o irascível desgosto de pagar a conta pelo modificados, substituídos ou retirados sem supressão
prejuízo causado. da unidade orgânica. Isto explica por que a alteração
de funções, ou a vacância dos cargos, ou a mudança de
Conceito De Órgão Público. seus titulares não acarreta a extinção do órgão”. Além
disto, grande parte dos órgãos é constituída por vários
Com base na teoria do órgão, podemos conceituar agentes, cada um exercendo uma parcela das atribuições
órgão público como uma unidade que une atribuições totais dos órgãos que integram”.
praticadas pelos agentes públicos que o formam com o
Cremos que a existência de órgãos públicos, com es-
objetivo de manifestar a vontade do Estado, o seu pensa-
mento, ou pelo menos a sua tendência de agir. trutura e atribuições definidas em lei, corresponde a uma
Na visão de Celso Antônio Bandeira de Mello “os ór- necessidade de distribuir de forma racional as várias e
gãos nada mais significam que círculos de atribuições, os complexas atribuições que incumbem ao Estado brasi-
feixes individuais de poderes funcionais repartidos no in- leiro nos dias atuais. A diretriz constitucional vigente diz
terior da personalidade estatal e expressados através dos isto, e enfatiza que os órgãos públicos não são criados
agentes neles providos.” livremente e também extintos só pela vontade pura e
Vale dizer que a teoria do órgão, de onde procede simples. As reservas legais estão disciplinas na Consti-
o conceito acima foi bem aceita por outros juristas, tais tuição Federal de 1988 e devem ser observadas como
como, Jellinek, Carré de Malberg, Renato Alessi, Marcello caminhos adequados pelo governo.
Caetano entre tantos outros.
A Classificação Dos Órgãos Públicos.
Evolução Da Natureza Jurídica E A Teoria Do Ór-
gão.
São várias e diversas as classificações adotadas pela
Acerca da natureza dos órgãos também foram ela- doutrina brasileira acerca dos órgãos públicos. Entretan-
boradas teorias dentre as quais enquadramos a natureza to, demonstraremos duas em destaque. A primeira, na
jurídica. Dentre elas citamos a teoria subjetiva, a teoria visão de José dos Santos Carvalho Filho e a última na
objetiva e a teoria eclética. visão jurídica de Maria Sylvia Zanella di Pietro.
Na primeira, surge a teoria subjetiva os órgãos são Em José dos Santos Carvalho Filho:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

identificados com os agentes públicos. Em síntese esta “São os mais diversos os critérios adotados para de-
teoria entende que desaparecendo o funcionário públi- finir-se a classificação dos órgãos públicos. Veremos os
co, o órgão também deixa de existir. Tal interpretação é mais importantes: “a)-quanto à pessoa federativa; b)-
a manifestação de sua enorme falha. Não pode o órgão -quando à situação estrutural; c)-quanto à composição;
desaparecer, com o sumiço do funcionário. d)-quanto aos órgãos de representação unitária; e)-
Na segunda, surge a teoria objetiva, por outro lado,
-quanto aos órgãos de representação plúrima.”
vê no órgão público um conjunto de atribuições, mas
inconfundível com o agente público. Leva uma certa Quanto à pessoa federativa, os “órgãos dividem-se
vantagem sobre a teoria anterior, uma vez que, desapa- em federais, estaduais, distritais e municipais. Quanto
recendo o funcionário, o órgão público não desaparece à situação estrutural, este critério leva em consideração
com ele. Porém, é criticada pelo aspecto de que o órgão a situação do órgão, sua estrutura estatal, assim temos:
não tem vontade própria, da mesma forma que o Estado. a)-os diretivos que são aqueles que detêm condição de
Esta teoria não consegue explicar como o Estado expres- comando, de direção. b)-os subordinados, os incumbi-
sa sua vontade. dos das funções rotineiras de execução.

13
De outro lado, quanto à composição, podem os ór- O conceito de competências segundo Celso Antônio
gãos dividir-se em singulares e coletivos. Os singulares, Bandeira De Mello é de um plexo de deveres públicos a
quando integrados em um só agente. Podemos exem- serem satisfeitos mediante o exercício de correlatos e de-
plificar, na figura do chefe do Executivo. E os coletivos, marcados poderes instrumentais, legalmente conferidos
quando compostos por vários agentes, é o caso dos ór- para a satisfação dos interesses públicos.
gãos colegiados ou de representação plúrima (como nos Assim, as competências outorgam em concreto ape-
Tribunais, Conselhos) e os de representação unitária, em nas o quantum necessário de poder indispensável para
que a vontade do agente exterioriza a vontade do pró- atender a finalidade, nada mais do que o requerido para
prio órgão (como no caso dos Departamentos, Coorde- atender o dever prescrito em lei.
nadorias). O plus no uso da competência, seja em extensão, seja
Em Maria Sylvia Zanella di Pietro, a classificação em intensidade, desbordando dos seus limites, enseja
dos órgãos públicos “vários são os critérios para clas- desvio de poder, abuso, arbítrio e ilegalidade, ensejan-
sificar os órgãos públicos: 1.quanto à esfera de ação [...] do a fulminação do ato administrativo pela autoridade
2.quanto à posição estatal [...] 3.quanto à estrutura [...] administrativa superior de ofício ou por provocação, ou
4.quanto à composição”. pelo judiciário.
Quanto à esfera de ação, classificam-se em centrais e
locais. Os centrais, exercem atribuições em todo o territó- Características das competências:
rio nacional, estadual, distrital e municipal. Assim, temos
os ministérios e secretarias. E os locais, atuam em parte do • de exercício obrigatório para os órgãos e agentes
território, como delegacias de polícia, postos de saúde etc. públicos. Devem sempre ser exercitadas, não ca-
Quanto à posição estatal, são os originários da cons- bendo ao agente escolher
tituição federal vigente, e representam os poderes do • irrenunciáveis. O seu titular não pode abrir mão delas
Estado. No Brasil, como temos apenas três poderes, cita- • intransferíveis. Não podem ser objeto de transação, re-
mos o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. passe, cabendo delegação só nos casos previstos em lei.
Quanto à estrutura os órgãos podem ser simples ou • Imodificáveis pela vontade do próprio titular, pois
unitários e compostos. Os órgãos compostos são consti- não podem ser aumentadas ou diminuídas, pois
tuídos por vários outros órgãos, como ocorre nos minis- decorrem da lei.
térios e secretarias. • Imprescritíveis. Sempre existirão, mesmo que não
Quanto à composição, classificam-se em singulares, se utilizem delas.
integrando-se a um único agente. E os coletivos, inte-
grando-se por vários agentes, como é o caso da Presi- Afinal, como bem anotou Eduardo García de Enterría:
dência da República. como consequência de sua “origem, legal e não nego-
cial, as competências são inalienáveis, intransmissíveis e
Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_ irrenunciáveis, justamente porque são indisponíveis pelo
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13579 sujeito, enquanto criação do direito supraordenado ao
mesmo.” (nossa tradução, sem grifos no original)
Competências Públicas.
Fonte: https://direitocuritiba.wordpress.
Os órgãos constituem-se de um plexo de competên- com/2012/09/28/competencias-publicas/
cias públicas. A doutrina costuma dizer que competência
é uma demarcação de poderes, um feixe de poderes ou
um círculo de poderes. FIQUE ATENTO!
Mas na verdade a sua natureza é outra. O Ministério Público, os Tribunais de Con-
Celso Antônio Bandeira De Mello assinala que as tas e as Defensorias Públicas não se en-
competências são deveres – poderes. caixam nesta estrutura, sendo órgãos in-
São atribuídas ao estado, a seus órgãos e agentes dependentes constitucionais. Em verdade,
para que possam atender a certas finalidades públicas, para Canotilho e outros constitucionalistas,
para que cumpram o dever legal de atender os interesses estes órgãos não pertencem nem mesmo
da coletividade. aos três poderes.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Ou seja, os poderes implicam nos deveres de atuar


em nome do interesse alheio, implicando numa sujeição.
Os poderes tem caráter meramente instrumental. A or-
dem jurídica pretende não que um sujeito desfrute de
um poder, mas que realize certa finalidade. O realce é na
ideia de dever e não de poder.
O estado não dispõe de competências para a auto –
satisfação. A CF não permite.
Assim, as competências administrativas são feixes de
atribuições concebidos para proporcionar a realização
em concreto dos fins legais, via órgãos e agentes. Os po-
deres, assim, ficarão limitados ao necessário e suficiente
para o cumprimento da lei, jamais podendo excedê-los.

14
gável significa dizer que se é competente hoje, continua-
ATO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, rá sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em
sentido contrário. Intransferível, ou inderrogável, é a im-
REQUISITOS E ATRIBUTOS; ANULAÇÃO,
possibilidade de se transferir a competência de um para
REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO; outro, por interesse das partes.
DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO No entanto, essas características não vedam a possi-
bilidade de delegação ou avocação, quando prevista em
lei. Por isso, pode-se dizer também que a delegabilidade
é outra característica da competência. Porém, atente-se
ATO ADMINISTRATIVO ao disposto no art. 13 da Lei nº 9.784/1999: “Não podem
ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter
1. Conceito de ato administrativo normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III
Tudo que praticamos nas nossas vidas podem ser - as matérias de competência exclusiva do órgão ou au-
considerados atos. Mas, para o Direito, os atos são aque- toridade”. Alguns atos, então, não podem ser delegados
les capazes de produzir efeitos jurídicos. E, assim como a outras autoridades, principalmente se tais atos são de
as pessoas na vida privada, a Administração Pública tam- competência exclusiva do agente público.
bém pratica atos, que são capazes de produzir efeitos
jurídicos diversos. #FicaDica
Os atos administrativos são as manifestações de
vontade da Administração Pública que objetivam adqui- A teoria da aparência, ou teoria do agen-
rir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar te de fato, costuma aparecer em algumas
direitos ou impor obrigações aos particulares ou a si pró- questões de concursos públicos. Segundo
pria. Isso significa que a Administração, antes mesmo de essa teoria, se o agente público que pra-
iniciar sua atuação, deve expedir uma declaração que ex- ticou o ato sequer tinha vínculos funcio-
prime a sua vontade de realizar o referido ato. nais com a Administração Pública, ou se,
Importante frisar o caráter infra legal dos atos ad- posteriormente, descobre-se algum vício
ministrativos, pois imprescindível é a submissão da Ad- em sua investidura, tornando-a nula, mas
ministração Pública, seus agentes e órgãos à soberania mesmo assim essa pessoa tinha a aparência
popular. O ato administrativo, dessa forma, deve estar de possuir tais vínculos, será considerado
previsto em lei, e seu conteúdo não pode ser contrário à agente de fato, e os atos por ele praticados
lei (contra legem), mas complementar a ela, isso é, deve não serão considerados nulos em respeito
estar conforme a lei (secundum legem). à boa-fé dos administrados que com ele li-
daram.
2. Requisitos
Os requisitos ou elementos dos atos administrativos
2.2 Objeto
é matéria com grande divergência doutrinária. A maioria
Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que pre-
dos concursos públicos ainda adota a concepção mais tende ser almejado pela prática do ato administrativo.
clássica dos requisitos dos atos administrativos e, por Todo ato administrativo tem por objeto a criação, modi-
isso, daremos maior destaque a ela. De modo geral, a ficação, ou comprovação de situações jurídicas concer-
corrente clássica, defendida por autores como Hely Lo- nentes a pessoas, bens, ou atividades sujeitas ao exercí-
pes Meirelles, tende a atribuir aos atos administrativos cio do Poder Público. É através dele que a Administração
cinco requisitos para a sua formação, utilizando como exerce seu poder, concede um benefício, aplica uma
inspiração o preceito legal disposto no art. 2º da Lei nº sanção, declara sua vontade, estabelece um direito do
4.717/1965. São eles: a) competência, b) objeto, c) for- administrado, etc.
ma, d) motivo, e e) finalidade. O objeto pode não estar previsto expressamente na
legislação, cabendo ao agente competente a opção que
2.1 Competência seja mais oportuna e conveniente ao interesse público.
Competência diz respeito à capacidade do agente pú- A definição de objeto do ato administrativo trata-se, por
blico para o exercício dos atos administrativos. É requisi- isso, de ato discricionário.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

to de validade, haja vista que, no Direito Administrativo, a


lei é quem estabelece as competências atribuídas a seus 2.3 Forma
agentes para o desempenho de suas funções. Quando o A forma é o modo através do qual se exterioriza o
agente atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeu ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito à
ato nulo por excesso de poder. É, por isso, sempre um forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de ato
ato vinculado. vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário quan-
A competência possui certas características próprias, do a sua escolha couber ao próprio agente público.
a saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável, imo- Em regra, os atos administrativos são sempre exterio-
dificável, imprescritível e improrrogável. Obrigatória rizados por escrito, mas podem também ser orais, ges-
porque representa um dever do agente público. Irrenun- tuais, ou até mesmo expedidos por máquinas. O art. 22
ciável porque o agente público não pode abrir mão de da Lei nº 9.784/1999 determina que “os atos do processo
sua competência. Imprescritível, porque a competência administrativo não dependem de forma determinada se-
perdura ao longo do tempo, ela não caduca. Improrro- não quando a lei expressamente a exigir”.

15
2.4 Motivo 3.1 Presunção de legitimidade e veracidade
O motivo é a circunstância de fato ou de direito que Também pode ser denominado presunção de legali-
determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situação dade, significa que todo ato administrativo é considera-
fática que justifica a realização do ato. Situação de fato do válido no âmbito jurídico, até surgir prova em contrá-
é o conjunto de circunstâncias que motivam a realização rio. Se, pelo princípio da legalidade, ao Administrador só
do ato; questões de direito é a previsão legal que leva à cabe fazer o que a lei permite, então presume-se que o
realização do ato. fez respeitando a lei.
O motivo pode ser tanto requisito vinculado como Nosso Direito admite duas formas de presunção:
discricionário, dependendo do comando legal imposto presunção juris et de jure que significa “de direito e por
aos agentes. O motivo será vinculado quando a lei ex- direito”, é presunção absoluta, que não admite prova
pressamente obrigar o agente a agir de uma certo modo, em contrário. Temos também a presunção juris tantum,
como na hipótese de lançamento tributário (o fiscal da resultante do próprio direito e, embora por ele estabe-
Receita não tem direito de escolha, se deve ou não fazer lecida com verdadeira, admite prova em contrário. A
o lançamento). Situação diversa é a do pedido de demis- presunção dos atos administrativos é juris tantum.
são de servidor público no caso de incontinência públi- Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao particular
ca (art. 132, V, da Lei nº 8.112/1990), hipótese em que a que alegou a ilegalidade do ato administrativo provar a
autoridade competente tem maior liberdade para avaliar carência de legitimidade do mesmo.
se a demissão é realmente ato necessário ou não, depen- A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles
dendo do caso concreto. praticados pela Administração com base no direito pri-
Não se confunde motivo com motivação. Esta é a jus- vado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Admi-
tificativa para a realização de determinado ato. O motivo nistração Pública, será presumidamente legítimo e ver-
ocorre em momento anterior a prática do ato, enquanto dadeiro.
que a motivação, por ser uma série de explicações que
justificam a expedição do ato, ocorre sempre em mo- 3.2 Imperatividade
mento posterior. Assim, todo o ato tem seu motivo, mas Compreendida também como coercibilidade, os
nem sempre é expedido adjunto com a motivação, que
atos administrativos se impõem aos destinatários, inde-
nada mais é do que a exteriorização dos motivos.
pendentemente de sua concordância, outorgando-lhes
deveres e obrigações. A imperatividade garante ao Poder
2.5 Finalidade
Público a capacidade de produzir atos que geram conse-
Todo ato administrativo deve atender à finalidade
quências perante terceiros.
expressa ou implícita na norma atributiva da competên-
A justificativa da criação unilateral, ainda que contra a
cia. A finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática
vontade dos administrados, dos atos administrativos é o
daquele ato administrativo. Em muitos casos, o objetivo
Poder coercitivo do Estado, também denominado Poder
almejado é a proteção do interesse público. Sempre que
o ato for praticado tendo em vista interesses alheios e Extroverso. Esse não é um atributo comum a todos os
pessoais, seja do próprio agente público ou de terceiros, atos, mas tão somente aos que impõem obrigações aos
tal ato será considerado nulo por desvio de finalidade administrados. Assim, não têm essa característica os atos
(teoria do desvio de finalidade). que outorgam direitos (autorização, permissão, licença),
Além dessa concepção clássica, há também uma clas- bem como aqueles meramente administrativos (certidão,
sificação mais moderna dos requisitos dos atos admi- parecer).
nistrativos, elaborada por autores como Celso Antônio
Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada em concursos 3.3 Exigibilidade
públicos, observaremos apenas os pontos essenciais e Consiste no atributo que permite à Administração
didáticos da referida classificação. Pública aplicar sanções aos particulares por violação da
Para essa concepção moderna, são requisitos dos ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao proces-
atos administrativos: a) sujeito; b) motivo; c) requisitos so judicial, que é demasiado longo e repleto de soleni-
procedimentais; d) finalidade; e) causa e f) formalização. dades. A exigibilidade permite ao Administrador aplicar
Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os requi- as sanções administrativas, como multas, advertências, e
sitos vinculados, enquanto que o motivo, a finalidade e a interdição de estabelecimentos comerciais.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

formalização são requisitos discricionários.


3.4 Autoexecutoriedade
3. Atributos A autoexecutoriedade permite que a Administração
Atributos são as características dos atos administra- Pública possa realizar a execução material de seus atos. A
tivos, que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois expressão “auto” advém do fato de que o Poder Público
estão submetidos ao regime jurídico administrativo. Es- não necessita de autorização judicial para desconstituir
sas características traduzem em prerrogativas concedi- a situação irregular e violadora da ordem jurídica, o que
das à Administração Pública para que ela possa atender a difere da exigibilidade, que não tem o condão de, por
de maneira adequada às necessidades da população. si só, desconstituir a irregularidade do ato, apenas pune
A doutrina mais moderna faz referência a cinco atri- o infrator. Para tanto, necessita da presença de dois re-
butos distintos: a) presunção de legitimidade e veracida- quisitos: a previsão legal, como nos casos de Poder de
de; b) imperatividade; c) exigibilidade; d) autoexecutorie- Polícia; e o caráter de urgência, a fim de preservar o in-
dade; e e) tipicidade. teresse coletivo.

16
Assim, não há necessidade de intervenção judicial nas sua anulação e não a revogação, pois trata-se de vício de
hipóteses de: apreensão de mercadorias contrabandea- legalidade. É o caso, por exemplo, da concessão de apo-
das, na demolição de construção irregular, na interdição sentadoria para o contribuinte beneficiário. O controle dos
de estabelecimento comercial irregular, entre outros. To- atos administrativos ilegais pode ser realizado tanto pela
davia, afirmar que a execução independe de manifesta- Administração Pública como pelo Poder Legislativo (con-
ção do Judiciário não significa dizer que escapa do con- trole financeiro-orçamentário pelo Congresso Nacional),
trole judicial. Poderá ser levado ao crivo, mas somente a bem como pelo Poder Judiciário, mediante provocação.
posteriori, depois de seu cumprimento, se houver pro-
vocação da parte interessada. As medidas judiciais mais B) Atos discricionários: a lei também estabelece
adequadas para contestar a força coercitiva administrati- uma série de regras para a prática de um ato, mas deixa
va são o mandado de segurança e o habeas data (art. 5º, certo grau de liberdade ao agente público, que poderá
LXIX e LXVIII, da CF/1988). optar por um entre vários caminhos igualmente válidos
Importante ressaltar ainda que os princípios da razoa- (discricionariedade). Há uma avaliação subjetiva prévia
bilidade e proporcionalidade impõem limites na atuação à edição do ato. É o caso das permissões para o uso de
coercitiva dos agentes públicos. A autoexecutoriedade bem público. O controle dos atos discricionários pelo Po-
(leia-se o uso de força física) deve ser utilizada com bom der Judiciário, em regra, não é admitido. Porém, há uma
senso e moderação. série de julgados no sentido favorável a essa possibili-
dade.
3.5 Tipicidade
A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar 4.2 Quanto à formação de vontade:
as finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada A) Atos simples: são aqueles que nascem da ma-
nifestação de vontade de apenas um órgão, seja ele
espécie de ato administrativo. Dependendo da finalidade
unipessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado
que o Poder Público almeja, existe um ato definido em
(composto por várias pessoas). O ato que altera o ho-
lei. A lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e suas
rário de atendimento da repartição pública, emitido por
consequências, promovendo ao particular a garantia de uma única pessoa, bem como a decisão administrativa
que a Administração Pública não fará uso de atos inomi- do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda,
nados, sem tipificação, que impõe obrigações cuja previ- que expressa vontade única apesar de ser órgão colegia-
são legal não existe. É um atributo que deriva do próprio do, são exemplos de atos simples.
princípio da legalidade.
B) Atos complexos: são aqueles que se formam
pela união de várias vontades, isso é, que necessitam da
#FicaDica manifestação de vontade de dois ou mais órgãos dife-
rentes para a sua formação. Enquanto todos os órgãos
A tipicidade é característica marcante da competentes não se manifestarem da forma devida, o
expropriação de bens particulares pelo ato não estará perfeito.
Poder Público. É o caso de desapropriação
administrativa, hipótese em que o Poder C) Atos compostos: é aquele que advém de ma-
Público tem a prerrogativa de tirar da es- nifestação de apenas um órgão. Porém, para que produ-
fera de alguma pessoa física a titularidade za efeitos, depende da aprovação, visto, ou anuência de
sobre bem imóvel, transformando-o em outro ato, que o homologa, como condição para a exe-
bem público. Para tanto, deve realizar um cutoriedade daquele ato. Costuma-se afirmar que o ato
procedimento envolvendo aspectos mais posterior é acessório do anterior, pois a manifestação do
complexos, como a declaração de utilida- segundo ato não possui a mesma matéria do primeiro:
de ou necessidade pública (art. 5º, XXIV, da ele apenas complementa a aplicação deste. Exemplo: a
CF/1998), bem como a necessidade de pré- nomeação de servidor público, que deve sempre antece-
via indenização ao particular que teve seu der a sua aprovação em concurso público.
bem expropriado, em pecúnia (art. 182, §
3º, da CF/1988). 4.3 Quanto aos destinatários:
A) Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

abstrato e impessoal. Seus destinatários são muitos, mas


unidos por características em comum, que os faz desti-
4. Classificação dos atos administrativos
natários do mesmo ato. Para produzirem seus efeitos, já
Atos administrativos existem dos mais variados tipos. que externos, devem ser publicados na imprensa oficial.
Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los, Exemplos: os editais de concurso público, as instruções
formando-se uma verdadeira classificação desses atos. normativas.
Portanto, passemos a analisar as diversas modalidades
de atos administrativos, observando os seguintes crité- B) Atos coletivos: são aqueles expedidos a um
rios: grupo definido de destinatários. É o caso, por exemplo,
4.1 Quanto ao grau de liberdade de alteração de horário de funcionamento de uma repar-
A) Atos vinculados: são aqueles praticados pela tição pública. Tal ato, evidentemente, somente é do in-
Administração Pública sem nenhuma liberdade de atua- teresse daqueles funcionários. A publicidade é atendida
ção (vinculação). A lei define todas as margens de sua con- apenas com a comunicação dos interessados, visto que é
duta. Havendo vício no ato vinculado, pode-se pleitear a um ato interno da Administração Pública.

17
C) Atos individuais: são aqueles destinados a ape- 5. Espécies de atos administrativos
nas um único destinatário. Exemplo: a promoção de um Os atos administrativos tipificados pela legislação
determinado servidor público. A exigência da publicida- brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado, para
de depende somente da comunicação do interessado, fins didáticos, uma sistematização dos atos administrati-
não há necessidade de publicação pelo Diário Oficial. vos. A doutrina divide os atos administrativos previstos
da legislação em cinco espécies distintas:
4.4 Quanto aos efeitos: I) Atos normativos: são aqueles que apresentam co-
A) Atos constitutivos: são aqueles que geram uma mandos gerais e abstratos para o cumprimento da lei.
nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser pela Alguns autores, inclusive, chegam a considerar tais atos
outorga de um novo direito, como permissão de uso de
“leis em sentido material”. São atos normativos: os de-
bem público, ou a imposição de uma obrigação, como
estabelecer um período de suspensão. cretos e regulamentos; as instruções normativas; os regi-
mentos; as resoluções; e as deliberações.
B) Atos declaratórios: são aqueles que afirmam II) Atos ordinatórios: correspondem a manifesta-
uma situação já existente, seja de fato ou de direito. Não ções internas da Administração Pública decorrentes do
cria, transfere ou extingue situação jurídica, apenas a re- poder hierárquico, estabelecendo regras de funciona-
conhece. É o caso da expedição de uma certidão de tem- mento de seus órgãos internos e regras de conduta de
po de serviço. seus agentes. Tais atos não podem disciplinar as condu-
tas dos particulares. São atos ordinatórios: as instruções;
C) Atos modificativos: são os que tem capacidade as circulares; os avisos; as portarias; os ofícios; as ordens
de alterar a situação já existente, sem que seja extinta. de serviço; os despachos; entre outros.
Todavia, não tem o condão de criar direitos e obrigações. III) Atos negociais: são aqueles que manifestam a
Exemplo: a alteração do horário de atendimento da re- vontade da Administração em consonância com o inte-
partição resse dos particulares. Exemplos: a licença, a autorização,
D) Atos extintivos: também denominados atos a permissão, a concessão, a aprovação, a homologação,
desconstitutivos, são aqueles que põem termo a um di- a renúncia, etc. Os atos negociais podem ser vinculados
reito ou dever pré-existentes. Exemplo: a demissão de (licença) ou discricionários (autorização), definitivos ou
servidor público.
precários, sendo passíveis de revogação pelo Poder Pú-
blico a qualquer tempo. A característica especial desses
4.5 Quanto ao objeto:
A) Atos de império: são aqueles praticados pela atos é que eles não disciplinam direitos, e sim interesses
Administração em posição de superioridade perante os dos particulares.
particulares, como na imposição de multa por infração IV) Atos enunciativos: também denominados “atos
administrativa. de pronúncia”, são aqueles que certificam, ou atestam
a existência de uma situação jurídica peculiar. Tais atos
B) Atos de gestão: são expedidos pela Administra- possuem caráter predominantemente declaratório. São
ção, em posição de igualdade em relação aos administra- atos enunciativos: as certidões; os atestados; os parece-
dos. É o caso da alienação de bem público. res; etc.
V) Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são
C) Atos de expediente: são atos internos, elabora- os atos que aplicam sanções aos particulares, ou aos ser-
dos por autoridade subalterna, que não tem capacidade vidores que pratiquem condutas irregulares, nos termos
decisória. Exemplo: numeração dos autos no processo da lei. São atos punitivos: as multas, as interdições; e a
judicial. destruição de coisas.
4.6 Quanto à exequibilidade: 6. Convalidação
A) Atos perfeitos: são aqueles que completaram
Convalidar é tornar válido, é promover alterações e
seu processo de formação, e estão prestes a produzir
correções no ato administrativo, de modo que ele fi-
seus efeitos. Perfeição não se confunde com validade,
pois um ato válido pode não ser obrigatoriamente per- que perfeito, ou seja, de modo que ele possa atender
feito. a todas as exigências legais. A doutrina tradicional não
admitia essa possibilidade, indicando que, ou o ato já
B) Atos imperfeitos: são os que ainda não com- era produzido com os rigores da lei, e assim era válido,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pletaram seu processo de formação, e por isso mesmo, ou era inválido.


não estão aptos a produzirem efeitos. Atos imperfeitos
geralmente necessitam de outro ato que o homologue. 7. Invalidação dos atos administrativos
Os atos administrativos possuem um ciclo de vida.
C) Atos pendentes: são aqueles que se sujeitam a Eles são criados, começam a produzir efeitos, e depois
condição ou termo para começar a produzir efeitos. Seu de um tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais
ciclo de formação está concluído, porém depende ainda detalhes justamente o desaparecimento dos atos admi-
de um evento para tornar-se apto a produzir efeitos. nistrativos, embora seja preferível utilizar o termo “extin-
Os critérios apresentados não são exaustivos: há ção” (ou “invalidação”) dos atos administrativos.
outras formas de classificação dos atos administrativos Para melhor compreensão do tema, a doutrina utili-
adotadas por diversos autores. Escolhemos apresen- za-se de uma sistematização das formas de extinção dos
tar aqueles que têm mais chances de aparecer em uma atos administrativos. A principal divisão que deve ser fei-
questão de concurso público. ta é em relação a produção de efeitos: existem atos ad-

18
ministrativos eficazes, e atos ineficazes. Quando ineficaz, Por tratar-se de questão de mérito, a revogação so-
o ato pode ser extinto pela retirada, ou pela sua recusa mente pode ser decretada pela própria Administração
pelo beneficiário. Tratando-se de atos eficazes, há quatro Pública. É, também, decorrência do princípio da autotu-
formas de distinção dos atos administrativos: tela: a Administração Pública tem competência para anu-
A) Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efei- lar e revogar seus atos, sendo descabido a manifestação
tos: é a extinção que ocorre pelo cumprimento integral do Poder Judiciário nos atos administrativos discricioná-
dos efeitos do ato administrativo. É a extinção natural
rios. A revogação é elaborada pela mesma autoridade
esperada por todo ato administrativo. Pode ocorrer me-
que praticou o ato principal.
diante: a.1) esgotamento do conteúdo, como a vacinação
O ato revocatório é sempre secundário, consti-
de enfermos após expedição de ordem de entrega das
tutivo e discricionário. Seu objeto será sempre o ato
vacinas; a.2) execução da ordem, como o guinchamento
de veículo; a.3) implemento de condição resolutiva ou administrativo ou a relação jurídica anterior perfeita e
termo final, como o prazo final para renovação da CNH. eficaz, destituído de qualquer vício. A revogação atinge
somente os atos discricionários: para os atos vincula-
B) Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da dos, a medida cabível é a anulação.
pessoa ou objeto: os atos administrativos podem dizer Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não
respeito a pessoas, ou coisas. Desaparecendo um des- pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso signi-
ses elementos, o ato extingue-se automaticamente, pois fica que a revogação produz efeitos futuros, não retroa-
perdeu a sua utilidade. As pessoas “desaparecem” com tivos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particular, que se
seu falecimento, como a morte de servidor público que sentiu prejudicado com a referida medida, ingressar em
receberia promoção; e as coisas com a sua ruína ou des- juízo com pedido de indenização contra a Administração.
truição, como o desabamento de prédio que recebeu li-
cença para a sua reforma. 7.2 Anulação
É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois
C) Extinção por renúncia: ocorre quando o pró- carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi-
prio beneficiário abre mão da situação proporcionada nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário.
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de cargo
A anulação deriva do próprio princípio da legalidade e
público a pedido do seu ocupante.
autotutela. Também possui fundamento no art. 53 da Lei
nº 9.784/1999, bem como na Súmula nº 473, do STF.
D) Retirada do ato: é a forma mais importante de
A anulação realizada pela própria Administração
extinção dos atos administrativos, para os concursos pú-
blicos. É a extinção que se dá pela expedição de um se- ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas ca-
gundo ato, elaborado para extinguir ato administrativo racterísticas principais são: é ato secundário, constitutivo,
anterior a ele. Comporta cinco modalidades, que serão e vinculado. Tanto a Administração como o Poder Judi-
vistas com maiores detalhes: revogação, anulação, cassa- ciário podem decretar a anulação de ato administrativo.
ção, caducidade, e contraposição. Outra característica importante é o prazo definido pelo
caput do art. 54 da Lei nº 9.784/1999: “O direito da Ad-
7.1 Revogação ministração de anular os atos administrativos de que de-
Revogação é a extinção de ato administrativo que corram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
encontra-se perfeito e apto a produzir seus efeitos, pra- cinco anos, contados da data em que foram praticados,
ticado pela própria Administração Pública, fundada em salvo comprovada má-fé”. O prazo decadencial de cinco
razões de conveniência e oportunidade, sempre alme- anos é atributo exclusivo da anulação.
jando a proteção do interesse público. Nessa hipótese, Por fim, em relação a seus efeitos, importante frisar
ocorre uma causa superveniente, que altera o juízo de que o ato nulo (aquele que carece de legalidade), tem o
conveniência e oportunidade sobre a permanência de seu defeito constatado desde a sua concepção. Por isso,
ato discricionário, obrigando a Administração a expedir
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a anulação deve desconstituir os efeitos desde a data da


um segundo ato capaz de revogar esse ato anterior. prática daquele ato. Podemos afirmar, então, que a anu-
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da
lação possui efeito retroativo, ou ex tunc. Em regra, não
Lei nº 9.784/1999: “A Administração deve anular seus
gera ao particular direito à indenização pela anulação de
próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
ato ilegal, salvo se comprovar ter sofrido dano anormal
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportu-
para ocorrência, do qual não tenha participado.
nidade, respeitados os direitos adquiridos”. Sobre o mes-
mo assunto, a Súmula nº 473, do STF: “A administração
pode anular seus próprios atos, quando eivados de ví- 7.3 Cassação
cios que os tornam ilegais, porque deles não se originam São hipóteses em que o administrado deixa de preen-
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou cher condição necessária para a permanência da referi-
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res- da vantagem. Exemplo: habilitação da CNH cassada por
salvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. pessoa enferma.

19
7.4 Caducidade a) condicionado, cuja validade e vigência somente se ini-
Também denominada decaimento, consiste na mo- ciam após a ratificação ou homologação.
dalidade de extinção de ato administrativo em conse- b) bilateral, considerando que sua existência se consuma
quência de norma jurídica superveniente, a qual impede com a manifestação de vontade da segunda autori-
a permanência da situação anteriormente consentida. dade.
Como não pode produzir efeitos automaticamente, é ne- c) composto, pois embora já exista e seja válido, não é
cessária a prática de um ato secundário, determinando exequível antes da manifestação da segunda autori-
a extinção do ato decaído. Exemplo: perda do direito de dade.
comercializar em área que passa a ser considerada exclu- d) complexo ou composto, considerando que dependem
sivamente residencial. da conjugação de vontade de uma ou mais autorida-
des para sua validade e eficácia, embora já sejam con-
7.5 Contraposição siderados existentes.
É o modo de extinção que ocorre com a expedição e) subordinado, tendo em vista que, embora existente,
de um segundo ato, fundado em competência diversa, válido e eficaz, só se aperfeiçoa com a manifestação
cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma de vontade de outra autoridade, que pode, inclusive,
espécie de revogação praticada por autoridade distinta revogá-lo.
da que expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um
funcionária anteriormente exonerado de seu cargo. Resposta: Letra C. A hipótese narrada na questão
é um caso claro de ato composto, entendido como
aquele ato expedido por uma autoridade ou órgão,
mas que, para que esteja apto a produzir efeitos, de-
EXERCÍCIO COMENTADO pende da homologação do referido ato por outro ór-
gão. Enquanto a vontade do primeiro órgão é a res-
1. (AFAP – ADVOGADO – FCC – 2019) Dentre os ele- ponsável pela elaboração do ato, a manifestação do
mentos ou requisitos do ato administrativo, existem segundo órgão possui caráter instrumental ou com-
aqueles cuja inobservância NÃO é passível de ser sanada, plementar.
a exemplo:
3. (AFAP – AGENTE DE FOMENTO EXTERNO – FCC –
a) dos atos administrativos praticados por autoridade 2019) Considere a edição de ato administrativo inde-
desprovida de competência privativa para sua edição. ferindo pedido administrativo de particular para que o
b) das decisões proferidas em situações cujo substrato poder público municipal promova urgentes reparos no
fático não corresponda à previsão legal expressa. leito da rua onde está situada sua residência, em razão
c) dos atos vinculados editados sem explicitação de mo- do aparecimento de uma rachadura que vem progressi-
tivação. vamente aumentando de tamanho, ocasionando risco a
d) dos atos administrativos que não sejam objeto de pu- ele e demais moradores do local. Essa medida:
blicação na imprensa oficial, em ofensa ao princípio
da publicidade. a) constitui regular exercício de poder disciplinar, tendo
e) dos atos proferidos por autoridade pública para a qual em vista que não são somente os servidores públicos
tenha sido delegada competência privativa de autori- destinatários dessa atuação, que abrange decisões re-
dade superior. lativas a outros vínculos jurídicos.
b) deve ser impugnada judicialmente, posto que somen-
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois a te com autorização judicial o ente público poderia re-
competência é um requisito do ato administrativo alizar contratação para aquela finalidade sem a reali-
que pode ser convalidado, desde que não seja uma zação de licitação.
competência exclusiva de algum ente. As competên- c) admite revisão pela própria Administração pública em
cias privativas podem ser delegadas. A letra C está in- caso de constatação de inadequação, desde que se
correta, pois o caso apresenta um ato administrativo trate de juízo discricionário, vedado sanar vício de le-
cujo vício está na forma (“não explicitar a motivação”), galidade diretamente.
sendo um vício sanável. A letra D está incorreta, pois d) pode ser objeto de recurso administrativo, o que per-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no caso, o ato administrativo encontra-se perfeito e mite à Administração pública superior convalidar ou
apto a produzir efeitos, mas é considerado ineficaz, anular o ato administrativo, caso reste demonstrada
pois não houve sua publicação. A letra E está incorreta sua inadequação e inconveniência diante da situação
pois, também, trata da competência, um atributo cujo fática.
vício pode ser convalidado, desde que não seja uma e) demandará a interposição de recurso administrativo
competência exclusiva. por parte do requerente, sem prejuízo de poder ado-
tar medidas judiciais para intervenção da obra, diante
2. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA- da situação emergencial caracterizada.
DUAL – FCC – 2018) Quando um determinado adminis-
trador público edita um ato administrativo, mas este só Resposta: Letra E. A letra A está incorreta, pois o po-
começa a produzir efeitos após ratificação ou homolo- der disciplinar é aquele que prevê a prática de sanções
gação por outra autoridade, está-se diante de ato admi- e penalidades aos agentes públicos que cometem fal-
nistrativo: tas ou infringem comandos legais no exercício de suas

20
atribuições. A letra B está incorreta, pois a Adminis- a melhor solução para cada caso. Garantir margem de
tração Pública apresenta o poder de autotutela, que liberdade não significa que o administrador deve agir
se traduz na competência de poder rever os próprios fora da lei, pois a discricionariedade não o permite estar
atos que pratica, independente de autorização judi- acima da legislação. Além disso, o poder discricionário
cial. A letra C está incorreta, pois a Administração Pú- também pode sofrer controle pelo Poder Judiciário, ex-
blica pode anular seus próprios atos, quando eivados ceto quando a questão for referente ao mérito dos atos
de vício de legalidade, bem como revogá-los por mo- discricionários, cuja competência é exclusiva da própria
tivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os Administração.
direitos adquiridos (art. 53, Lei nº 9.784/1999). A letra
D está incorreta, pois a anulação é utilizada quando
Atualmente muito se questiona sobre a legalidade
constatado um vício de legalidade. Para as hipóteses
administrativa, que fundamenta a vinculação de seus
de inadequação e inconveniência, a medida cabível é
a revogação. atos. Dizer que a vinculação é uma simples obediên-
cia a legislação é uma noção muito restrita e aquém da
realidade social. A legalidade, enquanto vazia ou formal
(noção de fazer um checklist do ato), desvinculada do
PODERES E DEVERES DOS
cumprimento de direitos fundamentais, não se sustenta.
ADMINISTRADORES PÚBLICOS: USO E
Doutrinariamente se sustenta uma revisão da legalidade,
ABUSO DO PODER, PODERES VINCULADO,
de modo que os administradores, agora, se vinculam não
DISCRICIONÁRIO, HIERÁRQUICO,
somente à Lei, e sim à Constituição (constitucionalidade
DISCIPLINAR E REGULAMENTAR,
administrativa). Assim, um comando oriundo de uma lei
PODER DE POLÍCIA, DEVERES DOS manifestamente inconstitucional pode não ser cumprida
ADMINISTRADORES PÚBLICOS pelos agentes públicos.

1.2 Poder regulamentar


PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O poder regulamentar (algumas questões costumam
denomina-lo “poder normativo”) consiste na possibili-
A Administração Pública deve cumprir suas atribui- dade do Chefe do Poder Executivo de cada entidade da
ções constitucionais, por imposição legal. Para tanto, o Federação de editar atos administrativos gerais, abstra-
exercício de suas funções depende de certas prerroga- tos ou concretos, expedidos para dar fiel cumprimento
tivas, ou Poderes, conferidos pela legislação. Esses po- à lei. Seu fundamento legal encontra-se disposto no art.
deres são considerados instrumentos de trabalho. Signi-
84, IV, da CF/1988: “Compete privativamente ao Presi-
fica dizer que esses poderes-deveres são instrumentais,
dente da República: IV - sancionar, promulgar e fazer pu-
utilizados pela Administração com o objetivo maior de
blicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos
promover a supremacia do interesse público.
para sua fiel execução”. Por ser de competência exclusiva
1. Poderes da Administração do Chefe do Poder Executivo, é indelegável a qualquer
O estudo dos poderes da Administração Pública, as- subordinado. Embora o texto constitucional faça menção
sim, é de extrema importância para verificar quais são somente ao Presidente da República, o referido poder
os seus limites de atuação. Para tanto, a doutrina costu- pode ser exercido, por simetria, pelos Governadores e
ma dividir esse poder conferido à Administração em seis Prefeitos.
vertentes: poder vinculado; poder discricionário; poder Uma das palavras chave do poder regulamentar é
disciplinar; poder hierárquico; poder de polícia; e poder “regulamento”. Trata-se de ato administrativo que tem
regulamentar. por escopo estabelecer detalhes e diretrizes quanto ao
modo de aplicação dos dispositivos legais, dando maior
1.1 Poder vinculado e Poder discricionário concretude aos comandos gerais e abstratos presentes
Poder vinculado é aquele em que a lei atribui deter- na legislação. Não se confunde com o decreto, que é ou-
minada competência ao administrador, delimitando to- tro ato administrativo que introduz o regulamento em
dos os aspectos de sua conduta, o qual deve compul- si. Decreto representa a forma do ato administrativo, en-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

soriamente seguir a forma prevista na lei, não havendo quanto o regulamento representa seu conteúdo.
qualquer margem de liberdade para que o agente pú- Ambos os decretos e regulamentos são atos em po-
blico escolha a melhor forma de cumprir suas funções. sição de inferioridade em relação as leis e, por isso, não
Os atos praticados no exercício do poder vinculado são são capazes de criar direitos e obrigações aos particula-
denominados atos vinculados. res sem fundamento legal. Suas funções primordiais, no
Poder discricionário, por sua vez, é o poder que o le- entanto, são a redução da margem de interpretação das
gislador, ao delimitar a competência da Administração normas, pois se um decreto dispõe qual é a forma mais
Pública, confere também uma margem de liberdade para correta de aplicação da lei, esta perde um pouco de seu
que o agente público possa escolher, diante da situa- caráter geral e abstrato, seu campo de discricionariedade
ção jurídica, qual o caminho mais adequado, ou qual a é reduzido a uma única forma válida de aplicação no âm-
melhor forma de solução daquela desavença. A lei não bito jurídico. Por isso, o poder regulamentar apresenta
impõe um único comportamento como no poder vincu-
natureza vinculada.
lado: ela delega ao administrador a faculdade de avaliar

21
Existem diversas espécies de regulamentos adminis- A delegação é a transferência temporária de com-
trativo: petência administrativa de seu titular, a outro órgão ou
A) Regulamentos administrativos ou de orga- agente público subordinado à autoridade outorgante
nização: são aqueles que disciplinam questões inter- (delegação vertical), ou fora da sua linha hierárquica (de-
nas de estruturação e funcionamento da Administração legação horizontal). O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 dispõe
Pública, bem como as relações jurídicas de sujeição es- do mesmo modo: “Um órgão administrativo e seu titular
pecial do Poder Público perante particulares. Exemplo: poderão, se não houver impedimento legal, delegar par-
regulamento que disciplina organização e funcionamen- te da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda
to da administração federal (art. 84, VI, a, da CF/1988). que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
B) Regulamentos habilitados ou delegados: índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial”.
em alguns países, há a possibilidade do Poder Legis- Essa transferência de competência é sempre provisória, o
lativo delegar ao Executivo a disciplina de matérias re- que significa que pode ser revogada a qualquer tempo.
servadas privativamente à lei, havendo uma transferên- A regra geral é sempre a delegabilidade das compe-
cia de competência legislativa. Tais regulamentos não tências. Todavia, a própria legislação (art. 13 da Lei nº
são admitidos no direito administrativo brasileiro. 9.784/1999) assevera três matérias que não podem ser
delegadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato de
C) Regulamentos executivos: são os regulamen- caráter normativo, pois constituem-se em regras gerais
tos comuns, expedidos sobre matéria disciplinada pela aplicáveis a todos os órgãos, incompatível com a dele-
legislação, permitindo a fiel execução da norma legal. É a gação; a decisão em recursos administrativos, para evitar
hipótese do art. 84, IV, da CF/1988. que a mesma autoridade possa julgar o mesmo processo
mais de uma vez pela delegação; e as matérias que fo-
D) Regulamentos autônomos: são os que dis-
rem consideradas de competência exclusiva do órgão ou
põem sobre tema não disciplinado pela legislação. Há
autoridade.
um conjunto de temas que a norma constitucional reti-
A avocação encontra-se disposta no art. 15 da
rou da competência do Poder Legislativo e atribuiu sua Lei nº 9.784/1999. Consiste na possibilidade da autori-
disciplina ao Poder Executivo. A EC nº 32/2001 elenca dade competente de chamar para si a competência de
dois temas que só podem ser disciplinados por decreto um agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida
expedido pelo Presidente da República: a organização da excepcional e temporária, e somente pode ser realizada
administração federal; e a extinção de funções e cargos dentro da mesma linha hierárquica, o que significa que a
vagos e não ocupados. avocação só pode ser vertical, não se admite a avocação
horizontal. Esquematicamente, temos:
1.3 Poder hierárquico
Poder hierárquico é o poder que dispõe o Executi- Delegação Avocação
vo para organizar e distribuir as funções de seus órgãos,
Distribuição de compe- Absorção de competências
bem como ordenar e rever a atuação de seus agentes,
tências
estabelecendo uma relação de subordinação entre o ser-
vidores do seu quadro de pessoas. As relações de hie- Admite horizontal e ver- Admite apenas horizontal
rarquia são características únicas, existem somente no tical (mesma linha hierárquica)
âmbito do Poder Executivo, isso é, não existe hierarquia
Por fim, a revisão é a capacidade de rever os
entre órgãos do Poder Legislativo e do Judiciário. Além
atos dos inferiores hierárquicos, apreciando todos os
disso, importante frisar que não existe poder hierárquico seus aspectos para a análise de sua manutenção ou inva-
entre membros da Administração Indireta, pois estes são lidação. É somente possível a revisão de atos praticados
entidades autônomas, que não se subordinam aos entes pelos órgãos públicos e agentes subordinados hierarqui-
que o criaram. Pela hierarquia, há a imposição ao subal- camente.
terno da estrita obediência às ordens e instruções legais Para as entidades da Administração Indireta, existe
superiores, além de definir a responsabilidade de cada apenas uma forma de controle fiscalizatório e finalístico
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

um de seus agentes e órgãos públicos. de seus atos, o qual denomina-se supervisão ministerial
Quanto às suas características, diz-se que o poder ou tutela administrativa, que não tem relação com o po-
hierárquico é interno e permanente. Interno é o poder der hierárquico. A supervisão ministerial não admite a re-
que atinge apenas os próprios membros da Administra- visão dos atos praticados pelas autarquias, fundações, e
ção, não tem o condão de atingir as relações dos parti- demais entidades da Administração Indireta.
culares. É também um poder permanente, porque não é
1.4 Poder disciplinar
exercido de modo esporádico e episódico, como o que
O poder disciplinar consiste na faculdade da Adminis-
acontece no poder disciplinar.
tração de punir seus agentes, nas hipóteses em que estes
Do poder hierárquico são decorrentes certas faculda- tenham cometido alguma infração de ordem funcional.
des implícitas ao superior, tais como dar ordens e fis- Correlato com o poder hierárquico, mas não se confunde
calizar o seu cumprimento, delegar e avocar atribuições, com o mesmo. No poder hierárquico, a Administração
bem como rever atos de seus inferiores. Pública distribui e escalona as suas funções executivas.

22
Já no uso do poder disciplinar, a Administração simples- Diante de tudo que foi exposto, podemos conceituar
mente controla o desempenho de funções e a condu- poder de polícia como a atividade da Administração Pú-
ta de seus servidores, responsabilizando-os pelas faltas blica, com fundamento na lei e na supremacia geral, que
porventura cometidas. consiste na imposição de limites à liberdade e à proprie-
Em relação as suas características, o poder dis- dade dos particulares, regulando a prática desses atos,
ciplinar é interno, não-permanente ou temporário, e ou a abstenção dos mesmos, manifestando-se por meio
discricionário. Assim como o poder hierárquico, a im- de atos normativos ou concretos, tudo isso em benefício
posição de sanções pela Administração não se aplica aos do interesse público.
particulares, somente a seus próprios servidores, salvo Ao dizer que trata-se de atividade da Administração
as hipóteses destes serem contratados pela Administra- Pública, procuramos enfatizar a concepção stricto sensu
ção Pública. Todavia, distingue-se do poder hierárquico do poder de polícia, que não se confunde com as limi-
na medida em que é não-permanente, isso é, só será tações à liberdade e ao direito de propriedade impostas
aplicado apenas se e quando o servidor cometer infra- pelo legislador. Por ser atividade da Administração, deve
ção funcional. Percebe-se, então, que o poder discipli- ser exercido, respeitando a razoabilidade e a proporcio-
nar apresenta caráter punitivo e sancionador, enquanto nalidade.
o poder hierárquico advém da simples obediência dos A fundamentação legal é outro aspecto importan-
subalternos para com a entidade detentora deste poder. te do poder de polícia, advém do próprio princípio da
A discricionariedade do poder disciplinar traduz-se na legalidade, uma vez que a lei condiciona o exercício de
possibilidade da Administração em poder escolher qual a determinadas atividades à obtenção de licenças ou con-
punição mais apropriada para cada caso, isso é, ela pos- cessões pelo Poder Público. O legislador deve, então, ela-
sui certa margem de liberdade para o seu exercício. borar os requisitos necessários para o exercício do poder
Os servidores públicos que cometerem qualquer de polícia pelo Estado.
infração no exercício de suas funções estão sujeitos às O poder de polícia tem por objeto a imposição de
seguintes penalidades, dispostas no art. 127 da Lei nº limitações à liberdade e propriedade dos particula-
8.112/1990: advertência; suspensão; demissão; cassa- res, instituindo condições capazes de compatibilizar seu
ção de aposentadoria ou disponibilidade; destituição de exercício às necessidades de interesse público. Tais im-
cargo em comissão; e destituição de função comissio- posições também podem ser aplicadas ao Estado. Isso
nada. A aplicação de qualquer uma dessas penalidades significa que até mesmo o Poder Público pode ter suas
depende de prévio processo administrativo, respeitada liberdades e propriedades sofrerem limitações em face
a garantia de contraditório e ampla defesa, sob pena de das necessidades do interesse público.
nulidade da sanção. Para o seu exercício, a Administração Pública deve
regular a prática dos atos ou a abstenção de fatos.
1.5 Poder de polícia Em regra, o poder de polícia manifesta-se em obrigações
A expressão “poder de polícia” pode ser interpretada negativas, ou de não fazer, impostas aos particulares, li-
de duas maneiras: em um sentido amplo, corresponde a mitando a esfera de atuação dos seus direitos. Excepcio-
qualquer limitação estatal à liberdade e propriedade pri- nalmente, pode também manifestar-se mediante obriga-
vada, de origem administrativa ou legislativa. Há também ções positivas ou de fazer, como é o caso da imposição
o poder de polícia em sentido restrito, mais utilizado pela da função social da propriedade ao dono do imóvel, dis-
doutrina, que engloba apenas as restrições impostas pe- posta no art. 5º, XXII, da CF/1988.
las limitações administrativas, excluindo as limitações de O poder de polícia se manifesta pela expedição de
ordem legal. Em sentido restrito, envolve atividades ad- atos normativos, como é o caso das regras sobre o di-
ministrativas de fiscalização e condicionamento da esfera reito de construir, ou por meio de atos concretos, como
privada de interesses, em prol da coletividade. a obtenção de licença para a reforma de um imóvel, cujo
O poder de polícia tem grande destaque no exercí- interesse é exclusivo do particular (proprietário do imó-
cio das funções da Administração moderna, junto com vel, no caso).
a prestação de serviços públicos e o fomento à iniciati- Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de
va privada. Porém, essas duas funções representam uma polícia, qual seja, agir em prol do interesse público. Por
atuação estatal ampliativa, enquanto que o poder de po- isso, o Estado deve conciliar os direitos individuais, com
lícia representa uma atuação restritiva do Estado, limi- o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica da Ad-
ministração Pública, pois tem como fundamento o prin-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tando a liberdade e a propriedade individual em favor do


interesse público. cípio sistêmico da primazia do interesse público sobre o
O art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN) tem seu privado.
conceito legal de poder de polícia:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da 1.5.1 Natureza jurídica do poder de polícia
administração pública que, limitando ou disciplinando Quanto a sua natureza jurídica, é entendimento majo-
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou ritário que o poder de polícia é discricionário. Na dou-
abstenção de fato, em razão de interesse público con- trina, muitos autores costumam definir poder de polícia,
cernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, utilizando-se a expressão “faculdade que o Estado possui
à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de de impor limites...”. Isso quer dizer que não apresenta ca-
atividades econômicas dependentes de concessão ou racterísticas de obrigação legal, mas de uma permissão.
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou A escolha sobre qual método utilizar para o exercício do
ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou referido poder, e quando, compete somente à própria
coletivos. Administração Pública.

23
Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de licença. A licença é ato administrativo relacionado ao po-
der de polícia, que apresenta previsão legal para a sua obtenção, tratando-se por isso, de ato vinculado. Com isso,
podemos afirmar que a manifestação do poder de polícia pode ocorrer mediante a expedição de atos no exercício da
competência discricionária da Administração, ou por meio de atos vinculados, com a devida previsão legal. O poder de
polícia também é indelegável, uma vez que pressupõe a posição de superioridade de quem o exerce, não podendo ser
transferido a particulares (art. 4º, III, da Lei nº 11.079/2004).

1.5.2 Polícia Administrativa e Polícia Judiciária


A concepção do poder de polícia abrange muito mais do que a simples promoção de segurança pública. Todavia,
imprescindível destacar as atividades estatais de prevenção e repressão da criminalidade sob a ótica do poder de
polícia. Assim, costuma-se dividir a atuação do Estado para promoção da segurança pública em duas categorias de
“polícias” distintas: a polícia administrativa, e a polícia judicial.
A polícia administrativa tem um caráter preventivo. Isso significa que a sua atuação deve ocorrer antes da prática
do delito, tendo por finalidade evitar a sua ocorrência. Submete-se às regras de Direito Administrativo. No Brasil, a
polícia administrativa é exercida por vários órgãos de fiscalização de diversas áreas, como saúde, educação, trabalho,
previdência e assistência social. A polícia administrativa protege os interesses primordiais da sociedade ao impedir
comportamentos individuais que possam causar prejuízos maiores à coletividade.
A polícia judiciária, por sua vez, apresenta caráter repressivo. Sua atuação ocorre após a constatação do crime.
Após a ocorrência do crime, deve a polícia judiciária abrir um processo de investigação em busca da autoria e mate-
rialidade do crime. Sua razão de ser é a punição dos infratores. Rege-se pelas regras de Direito Processual Penal. Ela
incide sobre pessoas, ao contrário da polícia administrativa, que age sobre a atividade das pessoas. A polícia judiciária
é exercida pelas corporações especializadas, denominadas Polícia Civil e Polícia Federal. Esquematicamente, temos:

Polícia Administrativa Polícia Judiciária


Diversos órgãos fiscalizadores administrativos Corporações de polícia especializadas (PC, PM,
etc)
Atuação preventiva, Atuação repressiva,
Incide sobre bens, direitos e atividades Incide sobre pessoas
Apura delitos administrativos Apura delitos penais (crime)

2. Uso e Abuso de Poder


Quando o agente público exerce adequadamente suas competências, atuando em conformidade com a legislação,
sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz uso regular do poder. Entretanto, havendo hipóteses de exercício de com-
petências fora dos limites legais, visando apenas interesses alheios, trata-se de clara hipótese de uso irregular do po-
der, também denominado abuso de poder. O abuso de poder, além de causar a invalidade do ato, constitui em ilícito
ensejador de responsabilidade pela autoridade competente que causou danos com seu uso irregular.
Abuso de poder pode se manifestar no exercício das funções administrativas sob duas formas: pelo excesso de
poder, e pelo desvio de finalidade. Excesso de poder é a hipótese de uso irregular dos poderes administrativos pelo
qual a autoridade competente ou não, pratica algum ato desrespeitando os limites impostos, exorbitando o uso de
suas faculdades administrativas. Ao exceder sua competência legal, o agente responsável age com exageros e despro-
porcionalidade, o que torna o ato praticado por ele absolutamente inválido. Mas o excesso de poder admite convali-
dação, ou seja, há hipóteses em que se pode corrigir vício cometido no ato preservando sua eficácia, dependendo do
caso concreto.
Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato administrativo, praticado sempre por autoridade competente,
que tem por fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, nas regras de competência da legislação (art. 2º,
par. único, e, da Lei nº 4.717/1965). A finalidade diversa não macula os requisitos essenciais dos atos administrativos
(competência, objeto, forma, motivo), mas tende a macular o ato, tornando-o nulo. O único caminho possível para esse
ato é a anulação, ou seja, não há possibilidade de convalidação. O desvio de finalidade pode ocorrer tanto nas condutas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

comissivas, em seu campo de atuação, quanto nas condutas omissivas, isso é, quando o agente público se abstém de
realizar tarefa legalmente imposta.
Exemplos de desvio de finalidade são bastante comuns na Administração Pública brasileira: a construção de estrada
cujo trajeto foi elaborado com objetivo de valorizar a propriedade rural de um governador; a transferência de servidor
público para outro Estado apenas para ficar longe da filha do delegado de polícia da cidade, a nomeação de réu em
ação penal a cargo público para obter foro privilegiado e transferir seu processo para o STF, etc. Percebe-se que, em
todos os casos, há a sobreposição de um interesse particular sobre o interesse da coletividade: os agentes estatais,
dessa forma, praticam atos visando obter alguma vantagem pessoal, para eles mesmos ou para outrem, concretizando,
assim, o desvio de finalidade.

24
a agilidade da atuação do Executivo permite a edição
de decretos para disciplinar a situação dos adminis-
EXERCÍCIO COMENTADO trados de forma mais aderente à efetiva necessidade
dos mesmos.
1. (DPE-SP – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2019) Em d) manifestação do princípio da legalidade, tendo em
relação ao poder de polícia administrativo, considere as vista que a edição de decretos pelo Executivo se dá
assertivas abaixo. tanto pela edição de decretos regulamentares quanto
I. Licença é ato administrativo discricionário e tem para a edição de decretos autônomos, de caráter geral
como característica a revogabilidade, podendo a admi- e abstrato, para suprir lacunas da lei.
nistração, em respeito ao interesse público, cassar os e) expressão dos princípios da celeridade e da eficiência,
efeitos do ato que a concede. pois tem lugar para viabilizar a edição de decretos que
II. Autorização é ato administrativo declaratório e vin- veiculem soluções para casos concretos, diante da ine-
culado e, dessa forma, uma vez adimplidas as condições xistência de previsão legal a respeito.
legais, deverá a Administração outorgá-la, não podendo,
por conta de sua natureza jurídica, revogá-la posterior-
Resposta: Letra A. A letra B está incorreta pois o po-
mente.
der regulamentar tem como função primordial a regu-
III. Sanção de polícia tem como característica o em-
prego de medidas inibitórias ou dissuasoras e tem como lamentação de leis proferidas pelo Legislativo. Haven-
finalidade cessar práticas ilícitas perpetradas por parti- do omissão, não há fundamento para regulamentar. A
culares e por funcionários públicos, garantida a ampla letra C e E estão incorretas, pois o poder regulamentar
defesa. encontra seu fundamento no princípio da legalidade,
IV. O poder de polícia administrativo poderá ser de- e não da eficiência ou celeridade. A letra D está incor-
legado, mediante lei específica, a entes da Administração reta pois o poder regulamentar não tem como finali-
Indireta. dade preencher lacunas da lei, mas regulamentar as
V. Sanção de polícia, quando extroversa, é imposta a leis já existentes.
todos os administrados, indistintamente, com a finalida-
de de inibir condutas ilícitas ou, se ocorrida, reprimir o 3. (AFAP – ANALISTA DE FOMENTO – FCC – 2019) A
autor da infração. celebração de contrato administrativo entre empresa
Está correto o que se afirma APENAS em: particular e a Administração pública permite a incidência
do poder:
a) II, III e IV.
b) I, II e IV. a) de polícia em relação aos atos praticados pela contra-
c) II, IV e V. tada para a execução do objeto contratual, incluindo a
d) III, IV e V. aplicação de penalidades.
e) I, III e V. b) normativo, diante da necessidade de aditamento do
contrato para estabelecimento de alterações de or-
Resposta: Letra D. Em I, a licença é ato administrativo dem qualitativa.
vinculado e definitivo, disposto em lei. O direito de c) disciplinar em relação à contratada, tendo em vista que
receber sua pretensão independe da vontade do ad- essa atuação abrange relações jurídicas que excedem
ministrador. Em II, a autorização é ato administrativo o vínculo funcional, tal como vínculo contratual.
discricionário, unilateral e precário, envolve interesses d) hierárquico, tendo em vista que esta prerrogativa con-
predominantemente privados do particular, podendo fere posição de supremacia do poder público contra-
ser revogada a qualquer tempo pela autoridade com- tante em relação à contratada, admitindo inclusive
petente. Importante frisar que é possível a delegação alterações unilaterais do contrato.
do poder de polícia, sobretudo em relação as tarefas e) regulatório, tendo em vista que o vínculo contratual
de consentimento e fiscalização, podendo ser dele- entre a Administração pública e o particular admite al-
gado inclusive para particulares. Porém, a criação de terações unilaterais por parte do contratante sempre
normas, bem como a aplicação de sanções são atri- que o interesse público assim recomendar, indepen-
buições indelegáveis. dentemente de concordância do contratado.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

2. (PREFEITURA DE RECIFE-PE – ANALISTA DE PLANE- Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois a
JAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO – FCC – 2019) O aplicação de penalidades para os particulares que
exercício do poder normativo pelos entes públicos con- apresentam um vínculo especial com a Administração
figura decorre do poder disciplinar. A letra B e E estão incor-
retas, pois o poder normativo (ou regulamentar) é um
a) atuação que abrange a edição de decretos regulamen-
poder geral conferido à Administração Pública para
tares sem inovação de mérito em face da lei regula-
expedir atos normativos gerais e abstratos de efeito
mentada, embora também permita a edição de decre-
erga omnes, facilitando a compreensão do texto legal.
tos autônomos em situações expressamente previstas.
A letra D está incorreta, pois o poder hierárquico é
b) expressão do princípio da supremacia do interesse pú-
aplicado somente para as pessoas que integram a Ad-
blico, pois admite que o Executivo possa editar atos
ministração Pública, e não aos particulares, ainda que
normativos quando houver omissão, voluntária ou in-
possuam um vínculo com a mesma.
voluntária, da legislação.
c) corolário do princípio da eficiência, tendo em vista que

25
de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das di-
versas pastas, bem como os Senadores, Deputados
AGENTES PÚBLICOS Federais e Estaduais e os Vereadores”2. O agente
político é aquele detentor de cargo eletivo, eleito
por mandatos transitórios.
b) servidores públicos, que se dividem em funcio-
Conceito nário público, empregado público e contratados
em caráter temporário. Os servidores públicos
Agente público é expressão que engloba todas as formam a grande massa dos agentes do Estado,
pessoas lotadas na Administração, isto é, trata-se da- desenvolvendo variadas funções. O funcionário
queles que servem ao Poder Público. “A expressão público é o tipo de servidor público que é titular
agente público tem sentido amplo, significa o conjunto de um cargo, se sujeitando a regime estatutário
de pessoas que, a qualquer título, exercem uma função (previsto em estatuto próprio, não na CLT). O em-
pública como prepostos do Estado. Essa função, é mister pregado público é o tipo de servidor público que
que se diga, pode ser remunerada ou gratuita, definitiva é titular de um emprego, sujeitando-se ao regime
ou transitória, política ou jurídica. O que é certo é que, celetista (CLT). Tanto o funcionário público quan-
quando atuam no mundo jurídico, tais agentes estão de to o empregado público somente se vinculam à
alguma forma vinculados ao Poder Público. Como se Administração mediante concurso público, sendo
sabe, o Estado só se faz presente através das pessoas nomeados em caráter efetivo. Contratados em
físicas que em seu nome manifestam determinada von- caráter temporário são servidores contratados
tade, e é por isso que essa manifestação volitiva acaba por um período certo e determinado, por força
por ser imputada ao próprio Estado. São todas essas de uma situação de excepcional interesse público,
pessoas físicas que constituem os agentes públicos”1. não sendo nomeados em caráter efetivo, ocupan-
Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de do uma função pública.
Improbidade Administrativa): c) particulares em colaboração com o Estado – são
Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, agentes que, embora sejam particulares, executam
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou funções públicas especiais que podem ser quali-
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, ficadas como públicas. Ex.: mesário, jurado, recru-
contratação ou qualquer outra forma de investidura tados para serviço militar.
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas en-
tidades mencionadas no artigo anterior.
Quanto às entidades as quais o agente pode estar #FicaDica
vinculado, tem-se o artigo 1º da Lei nº 8.429/92: Os agentes públicos podem ser agentes políti-
Os atos de improbidade praticados por qualquer cos, particulares em colaboração com o Estado
agente público, servidor ou não, contra a administração e servidores públicos. Logo, o servidor público
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Po- é uma espécie do gênero agente público. Com
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos efeito, funcionário público é uma espécie do
Municípios, de Território, de empresa incorporada ao gênero servidor público, abrangendo apenas
patrimônio público ou de entidade para cuja criação os servidores que se sujeitam a regime esta-
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com tutário.
mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penali- Natureza jurídica da relação de emprego público
dades desta lei os atos de improbidade praticados
contra o patrimônio de entidade que receba sub- O servidor público de sociedade de economia mista e
venção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de empresa pública não se sujeita a Estatuto, mas sim à
de órgão público bem como daquelas para cuja cria- Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Em suma, não
ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra são estatutários e sim celetistas. Logo, a natureza jurídi-
com menos de cinquenta por cento do patrimônio ca da relação de emprego público é contratual, embo-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a ra o vínculo tenha natureza pública. Inclusive, eventuais
sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a conflitos trabalhistas são resolvidos perante a justiça do
contribuição dos cofres públicos. trabalho.
Apesar disso, são contratados mediante concurso
Espécies; cargo, emprego e função público de provas ou provas e títulos, pois mesmo as
empresas públicas e as sociedades de economia mista
Os agentes públicos subdividem-se em: são obrigadas a respeitar um núcleo obrigatório míni-
a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos mo, que envolve o dever de contratar apenas por con-
estruturais à organização política do País [...], Presi- curso.
dente da República, Governadores, Prefeitos e res-
pectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 2 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrati-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. vo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

26
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
#FicaDica e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
Empregado público é celetista – Sujeita-se à promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as dire-
CLT – Relação contratual trizes do sistema de carreira na Administração Pública
Servidor público é estatutário – Sujeita-se à Federal e seus regulamentos.
respectiva lei especial – Relação estatutária No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
Ausência de competência: agente de fato atividade profissional também é considerado.
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
O agente precisa estar legitimamente investido num exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
cargo para praticar um ato administrativo, isto é, deve Em todas outras situações, a administração direta e
ter competência para tanto. Contudo, existe a situação indireta é obrigada a prover seus cargos, empregos e fun-
do agente de fato, que é aquele em relação ao qual a ções por meio de concursos públicos. Inclusive, por mais
investidura está maculada de um defeito. que empresas públicas e sociedades de economia mista
Di Pietro3 exemplifica tal situação: “falta de requisi- sejam pessoas jurídicas de direito privado, devem respei-
to legal para investidura, como certificado de sanida- tar o núcleo mínimo de imposições ao poder público, in-
de vencido; inexistência de formação universitária para clusive a obrigação de prover seus empregos por meio de
função que a exige, idade inferior ao mínimo legal; o concurso público.
mesmo ocorre quando o servidor está suspenso do car-
go, ou exerce funções depois de vencido o prazo de sua
contratação, ou continua em exercício após a idade-li- #FicaDica
mite para aposentadoria compulsória”. Todas entidades da administração direta e in-
Essa ilegalidade gera efeitos na competência do ato direta devem realizar concurso público para
administrativo, mas não pode ser confundida com o contratar funcionários públicos.
crime de usurpação de função (art. 328, CP), no qual Exceção: cargo em comissão, baseado em con-
o sujeito exerce uma atribuição de cargo, emprego ou fiança.
função pública, sem ocorrer nenhuma forma de investi-
dura. No caso do agente de fato, há investidura, mas ela
se deu sem os devidos requisitos. Servidor ocupante de cargo em comissão

Quanto aos atos praticados pelo agente de fato, a Os cargos em comissão são de nomeação livre, dis-
doutrina majoritária considera-os válidos, por causa da pensando concurso público.
aparência de conformidade com a lei e em preservação O ocupante de cargo em comissão não precisa ser ti-
da boa-fé dos administrados. Entretanto, será necessá- tular de cargo efetivo.
rio ponderar no caso concreto, utilizando como veto- Serve para cargos de chefias, assessoramento e dire-
res a segurança jurídica e a boa-fé da população, bem ção, notadamente, cargos de confiança.
como observando se a falta de competência não pode- Os servidores que ocupam cargo em comissão podem
ria ser facilmente detectada. ser exonerados a qualquer tempo, pois não adquirem es-
tabilidade e nem as garantias que dela decorrem (exone-
Exigência de concurso público para investidura rado “ad nutum”).
em cargo ou emprego público Se sujeita ao regime geral da previdência social.
Quanto ao regime de trabalho, será o mesmo dos de-
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego mais servidores do órgão em que ocupa o cargo – se for
público depende de aprovação prévia em concur- estatutário, seguirá o mesmo estatuto e fará jus aos direi-
so público de provas ou de provas e títulos, de tos ali previstos, exceto os de natureza previdenciária; se
acordo com a natureza e a complexidade do cargo for celetista, seguirá as normas da CLT e terá os mesmos
ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as direitos ali assegurados, inclusive FGTS.
nomeações para cargo em comissão declarado em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lei de livre nomeação e exoneração.


#FicaDica
Neste sentido, preconiza o artigo 10 da Lei nº Servidor que ocupe cargo em comissão jamais
8.112/1990: adquire estabilidade.
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo Pode ser exonerado a qualquer tempo.
de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo Não se sujeita a regime estatutário – contribui
depende de prévia habilitação em concurso público pelo INSS e se sujeita à CLT.
de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
classificação e o prazo de sua validade.

3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São


Paulo: Atlas editora, 2010.

27
Servidor efetivo e vitalício: garantias Estágio probatório

O servidor público efetivo, aquele que foi provido Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a
em cargo mediante nomeação seguida da aprovação em ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
concurso público, está apto a adquirir estabilidade, nos
moldes do artigo 41, CF, após três anos de efetivo exer- Artigo 41, CF.   São estáveis após três anos de efetivo
cício. exercício os servidores nomeados para cargo de provi-
Os primeiros 3 anos de serviço correspondem ao es- mento efetivo em virtude de concurso público.
tágio probatório, período em que o servidor deverá ser § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
submetido a uma avaliação especial de desempenho. I - em virtude de sentença judicial transitada em jul-
Nos moldes do artigo 41, §1º, CF, o servidor apenas gado;
perderá o cargo em virtude de sentença judicial transi- II - mediante processo administrativo em que lhe seja
tada em julgado, mediante processo administrativo em assegurada ampla defesa;
que lhe seja assegurada ampla defesa ou mediante pro- III - mediante procedimento de avaliação periódica de
cedimento de avaliação periódica de desempenho, na desempenho, na forma de lei complementar, assegu-
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. rada ampla defesa.
Logo, é possível a perda do cargo mesmo após adquirir a § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
estabilidade, mas há garantias quanto à forma como isso servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
pode ocorrer. ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
Além das hipóteses citadas, existe mais uma possibi- de origem, sem direito a indenização, aproveitado em
lidade de perda de cargo (sem caráter punitivo), mesmo outro cargo ou posto em disponibilidade com remune-
que o seu detentor seja estável no serviço público. Tra- ração proporcional ao tempo de serviço.
ta-se da perda de cargo para adequação dos gastos do § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida-
Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
A Constituição Federal inicialmente impõe que os en- remuneração proporcional ao tempo de serviço, até
tes federativos, no caso de extrapolação dos limites de seu adequado aproveitamento em outro cargo.
gastos previstos na LRF, reduzam as despesas com servi- § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
dores públicos comissionados e não estáveis, conforme é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
art. 169, §3º, CF. Mas se as medidas previstas no §3º do comissão instituída para essa finalidade.
art. 169 não forem suficientes para adequar e controlar
as despesas públicas, a CF/88 prevê, em seu §4º, a perda Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o
do cargo até mesmo na hipótese em que o seu ocupante servidor nomeado para cargo de provimento efetivo
detenha estabilidade no serviço público. Se ocorrer esta ficará sujeito a estágio probatório por período de 24
hipótese, o servidor estável que perder o cargo terá di- (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
reito a indenização correspondente a 1 mês de remune- capacidade serão objeto de avaliação para o desem-
ração por ano de serviço público. penho do cargo, observados os seguinte fatores:
Existem alguns servidores públicos efetivos que não I - assiduidade;
possuem apenas estabilidade, mas sim vitaliciedade. São II - disciplina;
eles os membros do Poder Judiciário e do Ministério Pú- III - capacidade de iniciativa;
blico (artigo 95, I, CF; artigo 128, §5º, I, “a”, CF). IV - produtividade;
O prazo para a aquisição da vitaliciedade é diferente V - responsabilidade.
do prazo para aquisição da estabilidade, sendo adquiri-
da após 2 anos de serviço público. Durante esse perío- § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do es-
do, também é submetido o servidor a “estágio probató- tágio probatório, será submetida à homologação da
rio”, chamado de processo de vitaliciamento. autoridade competente a avaliação do desempenho
Um fator importantíssimo a favor dos agentes vi- do servidor, realizada por comissão constituída para
talícios é que eles somente podem perder o cargo em essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
decorrência de decisão judicial transitada em julgado. ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo,
Então, as várias hipóteses de perda de cargo previstas sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

para servidores estáveis não se aplicam aos servidores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
vitalícios. § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
anteriormente ocupado, observado o disposto no pa-
#FicaDica rágrafo único do art. 29.
Apenas o servidor público efetivo pode se tor- § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
nar estável. quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun-
A estabilidade depende de aprovação no está- ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão
gio probatório, cujo período é de 3 anos. ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido
a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Na-
tureza Especial, cargos de provimento em comissão do
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de
níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.

28
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente po- Readaptação é a passagem do servidor para outro
derão ser concedidas as licenças e os afastamentos cargo compatível com a deficiência física que ele venha
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem a apresentar.
assim afastamento para participar de curso de forma- Reversão é o retorno ao serviço ativo do servidor
ção decorrente de aprovação em concurso para outro aposentado por invalidez quando insubsistentes os mo-
cargo na Administração Pública Federal. tivos da aposentadoria.
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as Aproveitamento é o retorno ao serviço ativo do
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, servidor que se encontrava em disponibilidade e foi
§ 1º, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação aproveitado em cargo semelhante àquele anteriormen-
em curso de formação, e será retomado a partir do te ocupado.
término do impedimento. Reintegração é o retorno ao serviço ativo do servi-
dor que fora demitido, quando a demissão for anulada
O estágio probatório pode ser definido como um lap- administrativamente ou judicialmente, voltando para o
so de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor mesmo cargo que ocupava anteriormente.
serão avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, Recondução é o retorno ao cargo anteriormente
disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e res- ocupado, do servidor que não logrou êxito no estágio
ponsabilidade. O servidor não aprovado no estágio pro- probatório de outro cargo para o qual foi nomeado de-
batório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao corrente de outro concurso.
cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para Obs.: São consideradas formas inconstitucionais de
um servidor em estágio probatório exercer quaisquer provimento a transferência, que era a passagem de um
cargos de provimento em comissão ou funções de di- servidor de um quadro para outro dentro de um mesmo
reção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade poder, e a ascensão, que significava a passagem de uma
de lotação. carreira para outra.
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a dis- Em relação às formas de vacância, que ocorre quan-
do o cargo púbico anteriormente ocupado fica livre,
ciplina do estágio probatório mudou, notadamente au-
colocam-se: falecimento, aposentadoria, promoção, de-
mentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista
missão, exoneração, readaptação, posse em outro cargo
que a norma constitucional prevalece sobre a lei federal,
cuja acumulação seja vedada.
mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir
o disposto no artigo 41 da Constituição Federal.
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- #FicaDica
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado Vacância = liberação do cargo que antes se en-
nos casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, contrava ocupado/provido.
notadamente: em virtude de sentença judicial transita- Provimento = preenchimento do cargo vago,
da em julgado; mediante processo administrativo em podendo ser originário ou derivado.
que lhe seja assegurada ampla defesa; ou mediante
procedimento de avaliação periódica de desempe-
nho, na forma de lei complementar, assegurada ampla Regime jurídico único: provimento, vacância, re-
defesa (sendo esta lei complementar ainda inexistente moção, redistribuição e substituição; direitos e van-
no âmbito federal). tagens; regime disciplinar; responsabilidade civil,
criminal e administrativa
Formas de provimento e vacância dos cargos pú-
blicos No âmbito federal, são objetos da Lei nº 8.112/1990,
que institui o regime jurídico dos servidores públicos
Provimento é o preenchimento do cargo público; ao civis federais, a qual foi estudada no material sobre ser-
passo que vacância é a sua desocupação. vidores públicos.
O provimento pode se dar de forma originária ou de-
rivada.
De forma originária, o provimento pressupõe que
não exista uma relação jurídica anterior entre servidor EXERCÍCIOS COMENTADOS
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

público e Administração.
A única forma de provimento originário é a nomea- 1. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO -
ção, que pode ser em caráter efetivo (mediante aprova- CESPE/2018) Acerca do regime jurídico dos servidores
ção em concurso) ou em comissão (tratando-se de cargo públicos federais, julgue o item a seguir.
de confiança). A promoção não constitui forma de provimento em car-
De forma derivada, o provimento pressupõe que go público.
exista uma relação jurídica anterior entre servidor pú-
blico e Administração. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Pode se dar de diversas formas: promoção, readapta-
ção, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução. Resposta: Errado. A promoção é uma forma deriva-
Promoção é a elevação de um servidor de uma classe da de provimento do cargo público, acessível àqueles
para outra dentro de uma mesma carreira. que estão na carreira e vão galgar novo degrau em
cargo de nível superior ao ocupado no momento.

29
2. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa
- CESPE/2018) Julgue o seguinte item de acordo com as legalmente investida em cargo público.
disposições constitucionais e legais acerca dos agentes
públicos. Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições
A investidura em cargo, emprego ou função pública exi- e responsabilidades previstas na estrutura
ge a prévia aprovação em concurso público de provas ou organizacional que devem ser cometidas a um
de provas e títulos, na forma prevista em lei. servidor.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos
( ) CERTO ( ) ERRADO os brasileiros, são criados por lei, com denominação
própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para
Resposta: Errado. A função pública é exercida por ser- provimento em caráter efetivo ou em comissão.
vidores contratados temporariamente com base no arti- Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos,
go 37, IX, CF, não dependendo de concurso. Destaca-se salvo os casos previstos em lei.
que o artigo 37, II, CF, prevê: “a investidura em cargo
ou emprego público depende de aprovação prévia em Por regime jurídico dos servidores deve-se entender
concurso público de provas ou de provas e títulos, de o conjunto de regras referentes a todos os aspectos
acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou da relação entre o servidor público e a Administração.
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as no- Envolve tanto questões inerentes à ocupação do cargo
meações para cargo em comissão declarado em lei de quanto direitos e deveres, entre outras.
livre nomeação e exoneração”. Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração
direta quanto para a indireta.
3) (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRA- A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo,
TIVA - CESPE/2018) Acerca do direito administrativo, caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou
dos atos administrativos e dos agentes públicos, julgue em comissão, quando por uma relação de confiança o
superior puder nomear seus funcionários enquanto
o item a seguir.
estiver ocupando aquela posição de chefia.
Em que pese ocuparem cargos eletivos, as pessoas físi-
Todo serviço público será remunerado pelos cofres
cas que compõem o Poder Legislativo são consideradas
públicos.
agentes públicos.

( ) CERTO ( ) ERRADO #FicaDica

Resposta: Certo. Existem três espécies de agentes pú- Cargo público = atribuições + responsabi-
blicos: agentes políticos, agentes administrativos (en- lidades
tram aqui os servidores e empregados públicos) e par- Modalidades = efetivo ou em comissão
ticulares em colaboração com o Estado. Aqueles que
ocupam cargo eletivo, exercendo assim mandato, são a
gentes políticos, espécie do gênero agente público.
Formas de provimento e vacância dos cargos pú-
blicos
REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES
PÚBLICOS FEDERAIS: LEI Nº 8.112/90 Título II
COM ALTERAÇÕES POSTERIORES. Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição
e Substituição
PROVIMENTO. VACÂNCIA. DIREITOS
E VANTAGENS. DOS DEVERES. DAS Basicamente, provimento é a ocupação do cargo
PROIBIÇÕES. DA ACUMULAÇÃO. por uma pessoa, transformando-a em servidora
DAS RESPONSABILIDADES. DAS pública; enquanto vacância é o que se dá quando um
PENALIDADES. DO PROCESSO cargo fica livre; remoção é o deslocamento do servidor;
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E SUA redistribuição é o deslocamento de um cargo para outro
REVISÃO órgão; substituição é a mudança de uma pessoa que está
ocupando cargo de chefia ou direção por outra.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo I
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 Do Provimento
Das Disposições Preliminares Segundo Hely Lopes Meirelles4, provimento “é o ato pelo
qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a
Título I designação de seu titular”, podendo ser originário ou inicial se
Capítulo Único o agente não possui vinculação anterior com a Administração
Das Disposições Preliminares Pública; ou derivado, que pressupõe a existência de um
vínculo com a Administração, o qual pode ser horizontal, sem
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores ascensão na carreira, ou vertical, com ascensão na carreira.
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as
em regime especial, e das fundações públicas federais. 4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 1993.

30
Seção I Seção II
Disposições Gerais Da Nomeação

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em Art. 9o A nomeação far-se-á:


cargo público: I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo
I - a nacionalidade brasileira; isolado de provimento efetivo ou de carreira;
Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com II - em comissão, inclusive na condição de interino,
um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade para cargos de confiança vagos.
de cidadão. Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo
II - o gozo dos direitos políticos; em comissão ou de natureza especial poderá ser
Direitos políticos são os direitos garantidos ao cidadão nomeado para ter exercício, interinamente, em outro
que envolvem sua participação direta ou indireta nas cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do
decisões políticas do Estado. No Brasil, se encontram que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
nos artigos 14 e 15 da Constituição Federal. pela remuneração de um deles durante o período da
interinidade.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; O cargo em comissão é temporário e não depende de
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício concurso público. Se o servidor for nomeado para outro
do cargo; cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira
Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior, interina (temporária), mas somente poderá receber
conforme a complexidade das funções do cargo. remuneração por um deles, o que optar.

V - a idade mínima de dezoito anos; Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo
VI - aptidão física e mental. isolado de provimento efetivo depende de prévia
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a habilitação em concurso público de provas ou de
exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e
P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de o prazo de sua validade.
membros do Ministério Público ou da Magistratura. Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
o direito de se inscrever em concurso público diretrizes do sistema de carreira na Administração
para provimento de cargo cujas atribuições sejam Pública Federal e seus regulamentos.
compatíveis com a deficiência de que são portadoras;
para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por Seção III
cento) das vagas oferecidas no concurso. Do Concurso Público
Cotas para deficientes.
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e títulos, podendo ser realizado em duas etapas,
e tecnológica federais poderão prover seus cargos conforme dispuserem a lei e o regulamento do
com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. do candidato ao pagamento do valor fixado no edital,
Exceção ao inciso I do art. 5°. quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as
hipóteses de isenção nele expressamente previstas.
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á
mediante ato da autoridade competente de cada Art. 12. O concurso público terá validade de até 2
Poder. (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez,
por igual período.
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com § 1o O prazo de validade do concurso e as condições
a posse. de sua realização serão fixados em edital, que será
Por investidura entende-se a instalação formal em publicado no Diário Oficial da União e em jornal
diário de grande circulação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

um cargo público, o que se dará quando a pessoa for


§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver
empossada.
candidato aprovado em concurso anterior com prazo
de validade não expirado.
Art. 8o São formas de provimento de cargo público:
I - nomeação;
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
II - promoção;
pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
III e IV - (Revogados)
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
V - readaptação;
atividade profissional também é considerado.
VI - reversão; O edital delimita questões como valor da taxa de
VII - aproveitamento; inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de
VIII - reintegração; validade.
IX - recondução.
Detalhes adiante.

31
SEÇÃO IV Nota-se que para as funções em confiança não há
DA POSSE E DO EXERCÍCIO prazo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não
existe nestas funções. Então, o prazo para exercício será
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo o do dia da publicação do ato de designação.
termo, no qual deverão constar as atribuições, os
deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício
ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados do exercício serão registrados no assentamento
unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados individual do servidor.
os atos de ofício previstos em lei. Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor
§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados apresentará ao órgão competente os elementos
da publicação do ato de provimento. necessários ao seu assentamento individual.
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de
de publicação do ato de provimento, em licença exercício, que é contado no novo posicionamento na
prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas carreira a partir da data de publicação do ato que
hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, promover o servidor.
“e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do Na promoção não há nova posse. Então, o servidor
término do impedimento. não tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração dia da publicação do ato.
específica.
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro
por nomeação. município em razão de ter sido removido, redistribuído,
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório
de bens e valores que constituem seu patrimônio e
terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo,
declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
contados da publicação do ato, para a retomada do
emprego ou função pública.
efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se
nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento
a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste
para a nova sede.
artigo.
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em
O termo de posse é dotado de conteúdo específico. licença ou afastado legalmente, o prazo a que se
É possível tomar posse mediante procuração específica. refere este artigo será contado a partir do término do
Não há posse nos cargos em comissão. A declaração impedimento.
de bens e valores visa permitir a verificação da situação § 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos
financeira do servidor, de forma a perceber se ele estabelecidos no caput.
enriqueceu desproporcionalmente durante o exercício
do cargo. Se o servidor estava em exercício em outro município
e é convocado por publicação para retomar a posição
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia superior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode
inspeção médica oficial. desistir, se quiser.
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que
for julgado apto física e mentalmente para o exercício Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho
do cargo. fixada em razão das atribuições pertinentes aos
respectivos cargos, respeitada a duração máxima do
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições trabalho semanal de quarenta horas e observados os
do cargo público ou da função de confiança. limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado diárias, respectivamente.
em cargo público entrar em exercício, contados da § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de
data da posse. confiança submete-se a regime de integral dedicação
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo
tornado sem efeito o ato de sua designação para ser convocado sempre que houver interesse da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

função de confiança, se não entrar em exercício nos Administração.


prazos previstos neste artigo, observado o disposto no § 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de
art. 18. trabalho estabelecida em leis especiais.
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade
para onde for nomeado ou designado o servidor Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
compete dar-lhe exercício. para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
§ 4o O início do exercício de função de confiança estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
coincidirá com a data de publicação do ato de meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade
designação, salvo quando o servidor estiver em licença serão objeto de avaliação para o desempenho do
ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese cargo, observados os seguinte fatores:
em que recairá no primeiro dia útil após o término do I - assiduidade;
impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da II - disciplina;
publicação. III - capacidade de iniciativa;

32
IV - produtividade; § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
V - responsabilidade. é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do comissão instituída para essa finalidade.
estágio probatório, será submetida à homologação da
autoridade competente a avaliação do desempenho SEÇÃO V
do servidor, realizada por comissão constituída para DA ESTABILIDADE
essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e
sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá
enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois)
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório anos de efetivo exercício.
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
anteriormente ocupado, observado o disposto no ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme
parágrafo único do art. 29. Constituição Federal (artigo 41 retrocitado).
§ 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em
quaisquer cargos de provimento em comissão ou virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
funções de direção, chefia ou assessoramento no de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
órgão ou entidade de lotação, e somente poderá assegurada ampla defesa.
ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento Seção VI
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Da Transferência
Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente Art. 23. (Execução suspensa)
poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, SEÇÃO VII
bem assim afastamento para participar de curso de DA READAPTAÇÃO
formação decorrente de aprovação em concurso para
outro cargo na Administração Pública Federal. Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
§ 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação física ou mental verificada em inspeção médica.
em curso de formação, e será retomado a partir do § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o
término do impedimento. readaptando será aposentado.
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a atribuições afins, respeitada a habilitação exigida,
disciplina do estágio probatório mudou, notadamente nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e,
aumentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor
vista que a norma constitucional prevalece sobre a lei exercerá suas atribuições como excedente, até a ocor
federal, mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve- rência de vaga.
se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal:
Se o funcionário deixa de ter condições físicas
Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo ou psicológicas para ocupar seu cargo, deverá ser
exercício os servidores nomeados para cargo de readaptado para cargo semelhante que não exija tais
provimento efetivo em virtude de concurso público. aptidões. Ex.: funcionário trabalhava como atendente
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: numa repartição, se movimentando o tempo todo e
I - em virtude de sentença judicial transitada em sofre um acidente, ficando paraplégico. Sua capacidade
julgado; mental não ficou prejudicada, embora seja inconveniente
II - mediante processo administrativo em que lhe seja ele ter que fazer tantos movimentos no exercício das
assegurada ampla defesa; funções. Por isso, pode ser reconduzido para outro cargo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - mediante procedimento de avaliação periódica técnico na repartição que seja mais burocrático e exija
de desempenho, na forma de lei complementar, menos movimentação física, como o de assistente de um
assegurada ampla defesa. superior.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual SEÇÃO VIII
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo DA REVERSÃO
de origem, sem direito a indenização, aproveitado
em outro cargo ou posto em disponibilidade com Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
remuneração proporcional ao tempo de serviço. aposentado:
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
o servidor estável ficará em disponibilidade, com insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até II - no interesse da administração, desde que:
seu adequado aproveitamento em outro cargo. a) tenha solicitado a reversão;

33
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; II - reintegração do anterior ocupante.
c) estável quando na atividade; Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos origem, o servidor será aproveitado em outro, obser-
anteriores à solicitação; vado o disposto no art. 30.
e) haja cargo vago. Como visto, quando um servidor é promovido ele se
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado,
resultante de sua transformação. voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício estiver ocupando o cargo de um servidor que tenha
será considerado para concessão da aposentadoria. sido injustamente demitido, quando este voltar deverá
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o desocupar o cargo. Se a posição antes ocupada não
cargo, o servidor exercerá suas atribuições como estiver livre, deverá ser reaproveitado em outro cargo
excedente, até a ocorrência de vaga. semelhante.
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse
da administração perceberá, em substituição aos Seção XI
proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo Da Disponibilidade e do Aproveitamento
que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de
natureza pessoal que percebia anteriormente à Art. 30. O retorno à atividade de servidor em
aposentadoria. disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
proventos calculados com base nas regras atuais se compatíveis com o anteriormente ocupado.
permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
artigo. determinará o imediato aproveitamento de servidor
em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos
Art. 26. (Revogado) órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art.
completado 70 (setenta) anos de idade. 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser
mantido sob responsabilidade do órgão central do
Merece destaque a impossibilidade de cumulação Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal -
da aposentadoria com a remuneração caso o servidor SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro
retorne às funções. órgão ou entidade.
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
SEÇÃO IX cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
DA REINTEGRAÇÃO exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
junta médica oficial.
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
Servidor posto em disponibilidade não é servidor
resultante de sua transformação, quando invalidada a
aposentado. É apenas um servidor aguardando que surja
sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
um posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir,
com ressarcimento de todas as vantagens.
deverá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
disponibilidade, deixando de ser servidor público.
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos
arts. 30 e 31.
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual Capítulo II
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem Da Vacância
direito à indenização ou aproveitado em outro cargo,
ou, ainda, posto em disponibilidade. Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
I - exoneração;
Se um servidor for injustamente demitido e a sua II - demissão;
demissão for invalidada, será reinvestido no cargo, III - promoção;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sendo totalmente ressarcido (por exemplo, recebendo IV e V - (Revogados)


os salários do período em que foi afastado). Caso o VI - readaptação;
cargo esteja extinto, será posto em disponibilidade; caso VII - aposentadoria;
o cargo exista e alguém o estiver ocupando, este será VIII - posse em outro cargo inacumulável;
retirado do cargo, devolvendo-o ao seu legítimo titular. IX - falecimento.

SEÇÃO X Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a


DA RECONDUÇÃO pedido do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao I - quando não satisfeitas as condições do estágio
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: probatório;
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
cargo; em exercício no prazo estabelecido.

34
Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
ofício se não for habilitado no estágio probatório e se e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da
não entrar em exercício no prazo legal. Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
dispensa de função de confiança dar-se-á: companheiro ou dependente que viva às suas expensas
I - a juízo da autoridade competente; e conste do seu assentamento funcional, condicionada
II - a pedido do próprio servidor. à comprovação por junta médica oficial; (Incluído pela
Como o cargo em comissão refere-se a uma relação Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de confiança para com a autoridade competente, esta c) em virtude de processo seletivo promovido, na
poderá exonerar o servidor. hipótese em que o número de interessados for
superior ao número de vagas, de acordo com normas
#FicaDica preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que
aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
Formas de provimento 10.12.97)
- Originário
Nomeação – Em caráter efetivo ou em co- Seção II
missão Da Redistribuição
- Derivado
Promoção – Ascensão do cargo ocupado Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
para um cargo sucessivo e ascendente, pos- provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
sível quando o servidor tiver seu cargo es- quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade
truturado em carreira. do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão
Aproveitamento – Retorno de um servidor central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
posto em disponibilidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Readaptação – Realocação de servidor que I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº
tenha se tornado deficiente para cargo com- 9.527, de 10.12.97)
patível. II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº
Reintegração – Retorno de servidor a cargo 9.527, de 10.12.97)
anteriormente ocupado ou em cargo resul- III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
tante de sua transformação quando invali- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dada a decisão de sua demissão. IV - vinculação entre os graus de responsabilidade
Recondução – Retorno de servidor a cargo e complexidade das atividades; (Incluído pela Lei nº
anteriormente ocupado em decorrência de 9.527, de 10.12.97)
inabilitação no estágio probatório de outro V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
cargo ou por ter o ocupante anterior sido habilitação profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
reintegrado. 10.12.97)
Reversão – Retorno do servidor ao cargo VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
ocupado quando anteriormente aposentado as finalidades institucionais do órgão ou entidade.
por invalidez, caso cesse a doença ou condi- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ção incapacitante. § 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para
ajustamento de lotação e da força de trabalho às
necessidades dos serviços, inclusive nos casos de
Capítulo III reorganização, extinção ou criação de órgão ou
Da Remoção e da Redistribuição entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção I § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
Da Remoção mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC
e os órgãos e entidades da Administração Pública
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a Federal envolvidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com 10.12.97)
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ou sem mudança de sede. § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de


Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua
entende-se por modalidades de remoção: (Redação desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) estável que não for redistribuído será colocado em
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 4º O servidor que não for redistribuído ou
III - a pedido, para outra localidade, independentemente colocado em disponibilidade poderá ser mantido sob
do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter
9.527, de 10.12.97) exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
também servidor público civil ou militar, de qualquer 9.527, de 10.12.97)

35
CAPÍTULO IV Remuneração diária, proporcional aos atrasos,
DA SUBSTITUIÇÃO ausências justificadas, ressalvadas as concessões
de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou na hipótese de compensação de horário, até o mês
função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela
de Natureza Especial terão substitutos indicados chefia imediata.
no regimento interno ou, no caso de omissão, Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes
previamente designados pelo dirigente máximo do de caso fortuito ou de força maior poderão ser
órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, compensadas a critério da chefia imediata, sendo
de 10.12.97) assim consideradas como efetivo exercício.
§1º O substituto assumirá automática e
cumulativamente, sem prejuízo do cargo que Somente não geram perda de remuneração as faltas
ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou justificadas e devidamente compensadas.
chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos,
impedimentos legais ou regulamentares do titular e Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
pela remuneração de um deles durante o respectivo provento.
período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício consignação em folha de pagamento em favor de
do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo terceiros, a critério da administração e com reposição
de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou de custos, na forma definida em regulamento.
impedimentos legais do titular, superiores a trinta § 2º O total de consignações facultativas de que trata
dias consecutivos, paga na proporção dos dias de o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento)
efetiva substituição, que excederem o referido período. da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento)
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) reservados exclusivamente para: I - a amortização de
despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
titulares de unidades administrativas organizadas em cartão de crédito.
nível de assessoria. Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
autorização do servidor.
Dos Direitos e Vantagens
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário,
TÍTULO III atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente
DOS DIREITOS E VANTAGENS comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao
pensionista, para pagamento, no prazo máximo
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do
estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor interessado.
público, para em seguida trazer seus deveres e proibições. § 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior
Resume Carvalho Filho5: “os direitos sociais constitucionais ao correspondente a dez por cento da remuneração,
são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o qual determina que provento ou pensão.
dezesseis dos direitos sociais outorgados aos empregados sejam § 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
estendidos aos servidores públicos. Dentre esses direitos estão o mês anterior ao do processamento da folha, a reposição
do salário mínimo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°, será feita imediatamente, em uma única parcela.
VIII); o repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o salário-família § 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência
(art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°, XVII); o de licença à gestante de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada
(art. 7°, XVIII) e outros mencionados no dispositivo constitucional. ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida,
[...] Além disso, há vários direitos de natureza social relacionados serão eles atualizados até a data da reposição.
nos diversos estatutos funcionais das pessoas federativas. É nas
leis estatutárias que se encontram tais direitos, como o direito Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

às licenças, à pensão, aos auxílios pecuniários, como o auxílio- demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria
funeral e o auxílio-reclusão, à assistência, à saúde etc.” ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta
dias para quitar o débito.
CAPÍTULO I
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo Débito com o erário = dívida com o Estado.
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
estabelecidas em lei.
5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

36
Capítulo II § 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
Das Vantagens de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo
único do art. 36.
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a
servidor as seguintes vantagens: remuneração do servidor, conforme se dispuser em
I - indenizações; regulamento, não podendo exceder a importância
II - gratificações; correspondente a 3 (três) meses.
III - adicionais.
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor
ou provento para qualquer efeito. que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se mandato eletivo.
ao vencimento ou provento, nos casos e condições
indicados em lei. Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão comissão, com mudança de domicílio.
computadas, nem acumuladas, para efeito de Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso
concessão de quaisquer outros acréscimos pecuniários I do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão
ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
cessionário, quando cabível.
De acordo com Hely Lopes Meirelles6, “o que caracteriza
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
o adicional e o distingue da gratificação é ser aquele que
recompensa ao tempo de serviço do servidor, ou uma custo quando, injustificadamente, não se apresentar
retribuição pelo desempenho de funções especiais que na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias.
fogem da rotina burocrática, e esta, uma compensação
por serviços comuns executados em condições anormais SUBSEÇÃO II
para o servidor, ou uma ajuda pessoal em face de certas DAS DIÁRIAS
situações que agravam o orçamento do servidor”.
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da
Seção I sede em caráter eventual ou transitório para outro
Das Indenizações ponto do território nacional ou para o exterior, fará
jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: parcelas de despesas extraordinária com pousada,
I - ajuda de custo; alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser
II - diárias; em regulamento.
III - transporte. § 1o A diária será concedida por dia de afastamento,
IV - auxílio-moradia. sendo devida pela metade quando o deslocamento
A leitura da legislação seca permite conceituar e não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União
diferenciar cada modalidade de indenização. custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias
cobertas por diárias.
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede
incisos I a III do art. 51, assim como as condições para constituir exigência permanente do cargo, o servidor
a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento. não fará jus a diárias.
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que
SUBSEÇÃO I se deslocar dentro da mesma região metropolitana,
DA AJUDA DE CUSTO aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as em áreas de controle integrado mantidas com países
despesas de instalação do servidor que, no interesse limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos,
do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com
entidades e servidores brasileiros considera-se estendida,
mudança de domicílio em caráter permanente, vedado
salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em
o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os


no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha
também a condição de servidor, vier a ter exercício na afastamentos dentro do território nacional.
mesma sede. Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar
§ 1o Correm por conta da administração as da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-
despesas de transporte do servidor e de sua família, las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar
à sede em prazo menor do que o previsto para o
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em
são assegurados ajuda de custo e transporte para a excesso, no prazo previsto no caput.
localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano,
contado do óbito.
6 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 1993.

37
Subseção III 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de
Da Indenização de Transporte Ministro de Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ou função comissionada, fica garantido a todos os
ao servidor que realizar despesas com a utilização que preencherem os requisitos o ressarcimento até o
de meio próprio de locomoção para a execução de valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).
serviços externos, por força das atribuições próprias Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração,
do cargo, conforme se dispuser em regulamento. colocação de imóvel funcional à disposição do
servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia
SUBSEÇÃO IV continuará sendo pago por um mês.
DO AUXÍLIO-MORADIA
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia,
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento benefício que é concedido a alguns servidores. Ele serve
das despesas comprovadamente realizadas pelo para ajudar o servidor a arcar com despesas de moradia,
servidor com aluguel de moradia ou com meio de seja locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O auxílio
hospedagem administrado por empresa hoteleira, no é pago 1 mês depois que o servidor comprovar a despesa
prazo de um mês após a comprovação da despesa que teve. No entanto, não é qualquer servidor e não é
pelo servidor. em qualquer situação que se tem o auxílio-moradia.
Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor restrições: não haver disponibilidade de imóvel funcional
se atendidos os seguintes requisitos: (algum imóvel do poder público com tal finalidade
I - não exista imóvel funcional disponível para uso de moradia, dispensando gastos particulares), não se
pelo servidor; ter tentado vender ou vendido um imóvel na cidade
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe (evitando que tente utilizar o auxílio-moradia como um
imóvel funcional; modo de se obter vantagem patrimonial), um cônjuge ou
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro pessoa com quem more não receber auxílio da mesma
não seja ou tenha sido proprietário, promitente natureza (cumulando indevidamente), além do exercício
comprador, cessionário ou promitente cessionário de cargos de determinada natureza (perceba-se, cargos
de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, de relevante direção).
incluída a hipótese de lote edificado sem averbação O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos
de construção, nos doze meses que antecederem a sua vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o
nomeação; artigo 60-C está revogado desde 2013.
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
receba auxílio-moradia; SEÇÃO II
V - o servidor tenha se mudado do local de residência DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
para ocupar cargo em comissão ou função de
confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas
Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes
de Ministro de Estado ou equivalentes; retribuições, gratificações e adicionais:
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão I - retribuição pelo exercício de função de direção,
ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses chefia e assessoramento;
do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou II - gratificação natalina;
domicílio do servidor; IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha perigosas ou penosas;
residido no Município, nos últimos doze meses, V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
aonde for exercer o cargo em comissão ou função VI - adicional noturno;
de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a VII - adicional de férias;
sessenta dias dentro desse período; e VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de trabalho.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo. IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
de 2006. Gratificações e adicionais descritos em detalhes na
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será própria legislação, conforme se denota abaixo.
considerado o prazo no qual o servidor estava
ocupando outro cargo em comissão relacionado no Subseção I
inciso V. Da Retribuição pelo Exercício de Função de Dire-
Art. 60-C. (Revogado). ção, Chefia e Assessoramento
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é
limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
cargo em comissão, função comissionada ou cargo de em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo
Ministro de Estado ocupado. de provimento em comissão ou de Natureza Especial é
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar devida retribuição pelo seu exercício.

38
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas,
dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as
situações estabelecidas em legislação específica.
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da servidores em exercício em zonas de fronteira ou em
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos
ou assessoramento, cargo de provimento em comissão termos, condições e limites fixados em regulamento.
ou de Natureza Especial a que se referem os arts. Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que
3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. operam com Raios X ou substâncias radioativas serão
3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. mantidos sob controle permanente, de modo que as
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível
artigo somente estará sujeita às revisões gerais de máximo previsto na legislação própria.
remuneração dos servidores públicos federais. Parágrafo único. Os servidores a que se refere este
artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6
Subseção II (seis) meses.
Da Gratificação Natalina
Subseção V
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze Do Adicional por Serviço Extraordinário
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de
dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à
(quinze) dias será considerada como mês integral. hora normal de trabalho.
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário
mês de dezembro de cada ano.
para atender a situações excepcionais e temporárias,
respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua
jornada.
gratificação natalina, proporcionalmente aos meses
de exercício, calculada sobre a remuneração do mês
da exoneração. SUBSEÇÃO VI
DO ADICIONAL NOTURNO
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada
para cálculo de qualquer vantagem pecuniária. Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário
compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um
Subseção III dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-
Do Adicional por Tempo de Serviço hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
computando-se cada hora como cinquenta e dois
Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225- minutos e trinta segundos.
45/01. Parágrafo único. Em se tratando de serviço
extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo
Subseção IV incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73.
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
Atividades Penosas Subseção VII
Do Adicional de Férias
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade
em locais insalubres ou em contato permanente com Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, ao servidor, por ocasião das férias, um adicional
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do
efetivo. período das férias.
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e de periculosidade deverá optar por um deles. de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou em comissão, a respectiva vantagem será considerada
periculosidade cessa com a eliminação das condições no cálculo do adicional de que trata este artigo.
ou dos riscos que deram causa a sua concessão.
Subseção VIII
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
de servidores em operações ou locais considerados
penosos, insalubres ou perigosos.
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das ou Concurso é devida ao servidor que, em caráter
operações e locais previstos neste artigo, exercendo eventual:
suas atividades em local salubre e em serviço não I - atuar como instrutor em curso de formação, de
penoso e não perigoso. desenvolvimento ou de treinamento regularmente
instituído no âmbito da administração pública federal;

39
II - participar de banca examinadora ou de comissão § 3o As férias poderão ser parceladas em até três
para exames orais, para análise curricular, para etapas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
correção de provas discursivas, para elaboração de interesse da administração pública.
questões de provas ou para julgamento de recursos É possível impedir que o servidor tire férias por até 2
intentados por candidatos; períodos se o seu serviço for altamente necessário.
III - participar da logística de preparação e de
realização de concurso público envolvendo atividades Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
de planejamento, coordenação, supervisão, execução efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
e avaliação de resultado, quando tais atividades período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
não estiverem incluídas entre as suas atribuições §1° e §2°. Revogados.
permanentes; § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar comissão, perceberá indenização relativa ao período
das férias a que tiver direito e ao incompleto, na
provas de exame vestibular ou de concurso público ou
proporção de um doze avos por mês de efetivo
supervisionar essas atividades.
exercício, ou fração superior a quatorze dias.
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação
§ 4o A indenização será calculada com base na
de que trata este artigo serão fixados em regulamento, remuneração do mês em que for publicado o ato
observados os seguintes parâmetros: exoneratório.
I - o valor da gratificação será calculado em horas, § 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
observadas a natureza e a complexidade da atividade adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição
exercida; Federal quando da utilização do primeiro período.
II - a retribuição não poderá ser superior ao
equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente
anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20
devidamente justificada e previamente aprovada pela (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de
autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá atividade profissional, proibida em qualquer hipótese
autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas a acumulação.
de trabalho anuais; Manutenção da saúde do servidor.
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas
vencimento básico da administração pública federal: por motivo de calamidade pública, comoção interna,
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do por necessidade do serviço declarada pela autoridade
caput deste artigo; máxima do órgão ou entidade.
Parágrafo único. O restante do período interrompido
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se será gozado de uma só vez, observado o disposto no
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do art. 77.
caput deste artigo.
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso O direito individual às férias pode ser mitigado pelo
somente será paga se as atividades referidas nos direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem
social.
incisos do caput deste artigo forem exercidas sem
prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor for
titular, devendo ser objeto de compensação de carga #FicaDica
horária quando desempenhadas durante a jornada de Vantagens:
trabalho, na forma do § 4odo art. 98 desta Lei. - Indenizações (não se incorporam)
§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Ajuda de custo
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor
Diárias
para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como
Transporte
base de cálculo para quaisquer outras vantagens,
Auxílio-moradia
inclusive para fins de cálculo dos proventos da
- Gratificações (podem se incorporar)
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

aposentadoria e das pensões.


Por direção, chefia e assessoramento
Natalina
Capítulo III
Por Encargo, de curso ou concurso (não se
Das Férias
incorpora)
- Adicionais (podem se incorporar)
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
Insalubridade
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos,
no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as Periculosidade
hipóteses em que haja legislação específica. Atividades penosas
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão Serviço extraordinário
exigidos 12 (doze) meses de exercício. Noturno
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao De férias
serviço. Relativo à natureza ou local de trabalho

40
CAPÍTULO IV SEÇÃO III
DAS LICENÇAS DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO
SEÇÃO I DO CÔNJUGE
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi
I - por motivo de doença em pessoa da família; deslocado para outro ponto do território nacional,
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo
companheiro; dos Poderes Executivo e Legislativo.
III - para o serviço militar; § 1o A licença será por prazo indeterminado e sem
IV - para atividade política; remuneração.
V - para capacitação; § 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
VI - para tratar de interesses particulares; companheiro também seja servidor público, civil
VII - para desempenho de mandato classista. ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos
Atenção aos motivos que autorizam licença, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá
detalhados a seguir na legislação. haver exercício provisório em órgão ou entidade
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste da Administração Federal direta, autárquica ou
artigo bem como cada uma de suas prorrogações fundacional, desde que para o exercício de atividade
serão precedidas de exame por perícia médica oficial, compatível com o seu cargo.
observado o disposto no art. 204 desta Lei.
§ 2.º (Revogado pela Lei n.º 9.527, de 10.12.97) Seção IV
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada Da Licença para o Serviço Militar
durante o período da licença prevista no inciso I deste
artigo. Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar
será concedida licença, na forma e condições previstas
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) na legislação específica.
dias do término de outra da mesma espécie será Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
considerada como prorrogação. terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para
reassumir o exercício do cargo.
Seção II
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da SEÇÃO V
Família DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA

Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos remuneração, durante o período que mediar entre a
pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, sua escolha em convenção partidária, como candidato
ou dependente que viva a suas expensas e conste do a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua
seu assentamento funcional, mediante comprovação candidatura perante a Justiça Eleitoral.
por perícia médica oficial. § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência onde desempenha suas funções e que exerça cargo
direta do servidor for indispensável e não puder ser de direção, chefia, assessoramento, arrecadação
prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou fiscalização, dele será afastado, a partir do dia
ou mediante compensação de horário, na forma do imediato ao do registro de sua candidatura perante
disposto no inciso II do art. 44. a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do
§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as pleito.
prorrogações, poderá ser concedida a cada período de § 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo
doze meses nas seguintes condições: dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente
mantida a remuneração do servidor; e pelo período de três meses.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem


remuneração. SEÇÃO VI
§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO
contado a partir da data do deferimento da primeira
licença concedida. Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício,
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das o servidor poderá, no interesse da Administração,
licenças não remuneradas, incluídas as respectivas afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a
prorrogações, concedidas em um mesmo período de respectiva remuneração, por até três meses, para
12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, não participar de curso de capacitação profissional.
poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata
I e II do § 2o. o caput não são acumuláveis.

Art. 90. (Vetado)

41
SEÇÃO VII
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PAR- #FicaDica
TICULARES
- Licença por Motivo de Doença em Pessoa
da Família – justifica-se por problema de
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser
saúde com um familiar próximo ou depen-
concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo,
desde que não esteja em estágio probatório, licenças dente legal. Remunerada.
para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até - Licença por Motivo de Afastamento do
três anos consecutivos, sem remuneração. Cônjuge – justifica-se por mudança do côn-
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a juge de um servidor público de cidade ou
qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse país. Não remunerada.
do serviço. - Licença para o Serviço Militar – justifica-se
para o caso de convocação do servidor para
SEÇÃO VIII o serviço militar. Não remunerada.
DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDA- - Licença para Atividade Política – justifica-se
TO CLASSISTA para o caso de servidor candidato a cargo
político eletivo, sendo obrigatório entre o
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença dia da candidatura e dez dias após as elei-
sem remuneração para o desempenho de mandato ções. Não remunerada.
em confederação, federação, associação de classe de - Licença para Capacitação – justifica-se para
âmbito nacional, sindicato representativo da categoria o aperfeiçoamento profissional do servidor.
ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para Remunerada.
participar de gerência ou administração em sociedade - Licença Para Tratar Interesses Particulares
cooperativa constituída por servidores públicos – dispensa justificativa, basta a vontade do
para prestar serviços a seus membros, observado o servidor. Não remunerada.
disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, - Licença para Desempenho de Mandato
conforme disposto em regulamento e observados os Classista – justifica-se para o caso de con-
seguintes limites: vocação do servidor como responsável por
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, gerir ou representar em tempo integral enti-
2 (dois) servidores; dade de classe. Não remunerada.
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 - Licença para Tratamento de Saúde – jus-
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; tifica-se por doença do servidor, sendo ne-
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) cessário o afastamento para tratamento. Re-
associados, 8 (oito) servidores. munerada.
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores - Licença-Gestante ou Adotante – justifica-
eleitos para cargos de direção ou de representação nas -se por maternidade, biológica ou adotada.
referidas entidades, desde que cadastradas no órgão Remunerada.
competente. - Licença-Paternidade – justifica-se por pater-
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, nidade, biológica ou adotada. Remunerada.
podendo ser renovada, no caso de reeleição.

CAPÍTULO V
DOS AFASTAMENTOS

SEÇÃO I
DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓR-
GÃO OU ENTIDADE

Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em outro órgão ou entidade dos Poderes da União,


dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou
em serviço social autônomo instituído pela União que
exerça atividades de cooperação com a administração
pública federal, nas seguintes hipóteses:
I - para exercício de cargo em comissão ou função de
confiança;
II - em casos previstos em leis específicas.
§ 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para
órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal
ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do
órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para o
cedente nos demais casos.

42
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa Seção III
pública ou sociedade de economia mista, nos termos Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
das respectivas normas, optar pela remuneração do
cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País
acrescida de percentual da retribuição do cargo em para estudo ou missão oficial, sem autorização do
comissão, a entidade cessionária efetuará o reembol- Presidente da República, Presidente dos Órgãos do
so das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal
origem. Federal.
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no § 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
Diário Oficial da União. a missão ou estudo, somente decorrido igual período,
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da será permitida nova ausência.
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter § 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo
exercício em outro órgão da Administração Federal não será concedida exoneração ou licença para tra-
direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para tar de interesse particular antes de decorrido período
fim determinado e a prazo certo. igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de res-
§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado sarcimento da despesa havida com seu afastamento.
ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
1º e 2º deste artigo. dores da carreira diplomática.
§ 6° As cessões de empregados de empresa pública ou § 4o As hipóteses, condições e formas para a autor-
de sociedade de economia mista, que receba recur- ização de que trata este artigo, inclusive no que se
sos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas
da sua folha de pagamento de pessoal, independem das em regulamento.
disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste
artigo, ficando o exercício do empregado cedido condi- Art. 96. O afastamento de servidor para servir em or-
cionado a autorização específica do Ministério do Plane- ganismo internacional de que o Brasil participe ou
jamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocu- com o qual coopere dar-se-á com perda total da re-
pação de cargo em comissão ou função gratificada. muneração.
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e
Seção IV
Gestão, com a finalidade de promover a composição
Do Afastamento para Participação em Programa
da força de trabalho dos órgãos e entidades da Ad-
de Pós-Graduação Stricto Sensu no País
ministração Pública Federal, poderá determinar a lo-
tação ou o exercício de empregado ou servidor, inde-
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Adminis-
pendentemente da observância do constante no inciso
tração, e desde que a participação não possa ocorrer
I e nos §§ 1° e 2° deste artigo.
simultaneamente com o exercício do cargo ou medi-
ante compensação de horário, afastar-se do exercício
SEÇÃO II do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MAN- participar em programa de pós-graduação stricto sen-
DATO ELETIVO su em instituição de ensino superior no País.
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo apli- definirá, em conformidade com a legislação vigente,
cam-se as seguintes disposições: os programas de capacitação e os critérios para par-
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distri- ticipação em programas de pós-graduação no País,
tal, ficará afastado do cargo; com ou sem afastamento do servidor, que serão avali-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do ados por um comitê constituído para este fim.
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; § 2o Os afastamentos para realização de programas de
III - investido no mandato de vereador: mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as servidores titulares de cargos efetivos no respectivo
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para
do cargo eletivo; mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

b) não havendo compatibilidade de horário, será o período de estágio probatório, que não tenham se
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua afastado por licença para tratar de assuntos particu-
remuneração. lares para gozo de licença capacitação ou com funda-
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor con- mento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data
tribuirá para a seguridade social como se em exercício da solicitação de afastamento.
estivesse. § 3o Os afastamentos para realização de programas de
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou clas- pós-doutorado somente serão concedidos aos servi-
sista não poderá ser removido ou redistribuído de dores titulares de cargos efetivo no respectivo órgão
ofício para localidade diversa daquela onde exerce o ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o
mandato. período de estágio probatório, e que não tenham se
afastado por licença para tratar de assuntos particu-
lares ou com fundamento neste artigo, nos quatro
anos anteriores à data da solicitação de afastamento.

43
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que per- cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do
manecer no exercício de suas funções após o seu re- servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
torno por um período igual ao do afastamento con- menores sob sua guarda, com autorização judicial.
cedido.
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do Capítulo VII
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período DO TEMPO DE SERVIÇO
de permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá
ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de
Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos serviço público federal, inclusive o prestado às Forças
com seu aperfeiçoamento. Armadas.
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
justificou seu afastamento no período previsto, aplica- Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita
se o disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese em dias, que serão convertidos em anos, considerado
comprovada de força maior ou de caso fortuito, a cri- o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
tério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós- Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no
graduação no Exterior, autorizado nos termos do art. art. 97, são considerados como de efetivo exercício os
95 desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo. afastamentos em virtude de:
I - férias;
CAPÍTULO VI II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
DAS CONCESSÕES órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor aus- III - exercício de cargo ou função de governo ou ad-
entar-se do serviço: ministração, em qualquer parte do território nacional,
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; por nomeação do Presidente da República;
II - pelo período comprovadamente necessário para IV - participação em programa de treinamento regu-
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, larmente instituído ou em programa de pós-gradu-
em qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela ação stricto sensu no País, conforme dispuser o regu-
Medida Provisória nº 632, de 2013) lamento;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
a) casamento; municipal ou do Distrito Federal, exceto para pro-
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma- moção por merecimento;
drasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guar- VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
da ou tutela e irmãos. VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado
o afastamento, conforme dispuser o regulamento;
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor VIII - licença:
estudante, quando comprovada a incompatibilidade a) à gestante, à adotante e à paternidade;
entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo
do exercício do cargo. b) para tratamento da própria saúde, até o limite de
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tem-
a compensação de horário no órgão ou entidade que po de serviço público prestado à União, em cargo de
tiver exercício, respeitada a duração semanal do tra- provimento efetivo;
balho. c) para o desempenho de mandato classista ou par-
§ 2o Também será concedido horário especial ao servi- ticipação de gerência ou administração em sociedade
dor portador de deficiência, quando comprovada a cooperativa constituída por servidores para prestar
necessidade por junta médica oficial, independente- serviços a seus membros, exceto para efeito de pro-
mente de compensação de horário. moção por merecimento;
§ 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas d) por motivo de acidente em serviço ou doença profis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente sional;


com deficiência. e) para capacitação, conforme dispuser o regulamen-
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vin- to;
culado à compensação de horário a ser efetivada no f) por convocação para o serviço militar;
prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe IX - deslocamento para a nova sede de que trata o
atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. art. 18;
76-A desta Lei. X - participação em competição desportiva nacional
ou convocação para integrar representação desportiva
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em
interesse da administração é assegurada, na locali- lei específica;
dade da nova residência ou na mais próxima, matrícu-
la em instituição de ensino congênere, em qualquer XI - afastamento para servir em organismo internac-
época, independentemente de vaga. ional de que o Brasil participe ou com o qual coopere.

44
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposenta- Art. 108. O prazo para interposição de pedido de re-
doria e disponibilidade: consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a con-
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, tar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da
Municípios e Distrito Federal; decisão recorrida.
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito sus-
família do servidor, com remuneração, que exceder a pensivo, a juízo da autoridade competente.
30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses. Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido
III - a licença para atividade política, no caso do art. de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão
86, § 2o; retroagirão à data do ato impugnado.
IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, Art. 110. O direito de requerer prescreve:
anterior ao ingresso no serviço público federal; I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão
V - o tempo de serviço em atividade privada, vincu- e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade,
ou que afetem interesse patrimonial e créditos result-
lada à Previdência Social;
antes das relações de trabalho;
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
VII - o tempo de licença para tratamento da própria quando outro prazo for fixado em lei.
saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado
do inciso VIII do art. 102. da data da publicação do ato impugnado ou da data
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado da ciência pelo interessado, quando o ato não for pub-
será contado apenas para nova aposentadoria. licado.
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço pre-
stado às Forças Armadas em operações de guerra. Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso,
quando cabíveis, interrompem a prescrição.
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de
serviço prestado concomitantemente em mais de um Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não poden-
cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes do ser relevada pela administração.
da União, Estado, Distrito Federal e Município, autar-
quia, fundação pública, sociedade de economia mista Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é as-
e empresa pública. segurada vista do processo ou documento, na repar-
tição, ao servidor ou ao procurador por ele constituído.
Capítulo VIII
Do Direito de Petição
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de req- Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos esta-
uerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
interesse legítimo. Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição,
assegurado a todos: “são a todos assegurados, inde-
Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade pendentemente do pagamento de taxas: a) o direito
competente para decidi-lo e encaminhado por inter- de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos
médio daquela a que estiver imediatamente subordi- ou contra ilegalidade ou abuso de poder;”. Os artigos
acima descrevem o direito de petição específico dos
nado o requerente. servidores públicos.
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade Do Regime Disciplinar
que houver expedido o ato ou proferido a primeira de-
cisão, não podendo ser renovado. TÍTULO IV
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon- DO REGIME DISCIPLINAR
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão
ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos O regime disciplinar do servidor público civil federal
está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dentro de 30 (trinta) dias.


e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am-
bos deveres e proibições são normas protetivas da boa
Art. 107. Caberá recurso: Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito,
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; cabível é uma punição. Deve-se notar, porém, que os de-
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in- veres constam da lei como ações, como conduta positiva;
terpostos. as proibições, ao contrário, são descritas como condutas
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediata- vedadas ao servidor, de modo que ele deve abster-se de
mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido praticá-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não
a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às de modo exaustivo, porque o servidor deve obediência a
todas as normas legais ou infralegais, e o próprio inciso
demais autoridades.
III do referido dispositivo é, de certa maneira, uma norma
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da
disciplinar em branco7.
autoridade a que estiver imediatamente subordinado
7 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos
o requerente. servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar-

45
“Estes dispositivos preveem, basicamente, um con- do material, os bens da repartição e o patrimônio públi-
junto de normas de conduta e de proibições impostas co. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos bens
pela lei aos servidores por ela abrangidos, tendo em e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir
vista a prevenção, a apuração e a possível punição de com dedicação no desempenho das funções do cargo
atos e omissões que possam por em risco o funciona- que ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de
mento adequado da administração pública, do posto de posse. O servidor não é o dono do cargo. Dono do car-
vista ético, do ponto de vista da eficiência e do ponto go é o Estado que o remunera. Se o referido cargo não
de vista da legalidade. Decorrem, estes dispositivos, do lhe pertence, o servidor deve exercer suas funções com
denominado Poder Disciplinar que é aquele conferido à o máximo de zelo que estiver ao seu alcance. Sua even-
Administração com o objetivo de manter sua disciplina tual menor capacidade de desempenho, para não con-
interna, na medida em que lhe atribui instrumentos para figurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá
punir seus servidores (e também àqueles que estejam a ser compensada com um maior esforço e dedicação de
ela vinculados por um instrumento jurídico determinado sua parte. Se um servidor altamente preparado e capaz,
- particulares contratados pela Administração). [...]“O dis- vem a praticar atos que configurem desídia ou mesmo
posto no Título IV da lei nº 8.112/90 prevê basicamente falta mais grave, poderá vir a ser punido. Porque o que
um conjunto de obrigações impostas aos servidores por se julgará não é a pessoa do servidor, mas a conduta a
ela regidos. Tais obrigações, ora positivas (os denomina- ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas às atri-
dos Deveres – art. 116), ora negativas (as denominadas buições específicas de sua atividade. O servidor deve ter
Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas ensejam sua zelo não somente com os bens e interesses imateriais (a
imediata apuração (art. 143) e uma vez comprovadas im- imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o
portam na responsabilização administrativa, a desafiar, sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e
então, a aplicação de uma das sanções administrativas interesses patrimoniais do Estado”.
(art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara
que a responsabilidade administrativa resulta da prática II - ser leal às instituições a que servir;
de ato omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os “O servidor que cumprir todos os deveres e normas
deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola proi- administrativas já positivadas, consequentemente, é leal
bição) praticado no desempenho do cargo ou função”8. à instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucio-
nal é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim,
CAPÍTULO I o dever de lealdade está inserido no Estatuto como nor-
DOS DEVERES ma programática, orientadora da conduta dos servido-
res”.
Art. 116. São deveres do servidor:
Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90 III - observar as normas legais e regulamentares;
são em muito compatíveis com os previstos no Código “A função desta norma é de não deixar sem resposta
de Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a ne-
Executivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem al- cessária correlação nesses casos que temos de fazer do art.
gumas das condutas esperadas do servidor público 116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra
quando do desempenho de suas funções. Em resumo, lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”.
o servidor público deve desempenhar suas funções com
cuidado, rapidez e pontualidade, sendo leal à instituição IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
que compõe, respeitando as ordens de seus superio- manifestamente ilegais;
res que sejam adequadas às funções que desempenhe “O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
e buscando conservar o patrimônio do Estado. No tra- gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado
tamento do público, deve ser prestativo e não negar o se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro
acesso a informações que não sejam sigilosas. Caso pre- dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e
sencie alguma ilegalidade ou abuso de poder, deve de- funções que servem ao cumprimento da vontade do ente
nunciar. Tomam-se como base os ensinamentos de Lima9 estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o
a respeito destes deveres: que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierar-
quia existe para que do alto escalão até a prática dos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do administrados as coisas funcionem. Disso decorre que
cargo; quando é emitida uma ordem para o servidor subordi-
“O primeiro dos deveres insculpidos no regime esta- nado, este deve dar cumprimento ao comando. Porém
tutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribui- quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária, incons-
ções funcionais e também ao cuidado com a economia titucional ou absurda, o servidor não é obrigado a dar
seguimento ao que lhe é ordenado. Quando a ordem é
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
em: 11 ago. 2013.
manifestamente ilegal? Há uma margem de interpreta-
8 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi- ção, principalmente se o servidor subordinado não tiver
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com. nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. senso que irá margear o que é flagrantemente incons-
9 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos titucional”.
servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar-
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
V - atender com presteza:
em: 11 ago. 2013.

46
a) ao público em geral, prestando as informações req- intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes-
ueridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; soas, bem como às liberdades e garantias individuais, se-
b) à expedição de certidões requeridas para defesa gundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para
de direito ou esclarecimento de situações de interesse o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em
pessoal; termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, poden-
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. do ter autorizada a divulgação ou o acesso por terceiros
quando haja previsão legal. Outra exceção é quando há
“Este dever foi insculpido na lei para que o servidor o consentimento expresso da pessoa a que elas se refe-
público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a rirem. No caso de cumprimento de ordem judicial, para
imagem desagradável que o mesmo possui perante a so- a defesa de direitos humanos, e quando a proteção do
ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimen- interesse público e geral preponderante o exigir, tam-
to a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta bém devem ser fornecidas as informações. Portanto, o
engloba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O servidor há que ter reserva no seu comportamento e fala,
servidor público tem que ser expedito, diligente, laborio- esquivando-se de revelar o conteúdo do que se passa no
so. Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do seu trabalho. Se o assunto pululante é uma irregularida-
administrado, dificultando a vida de quem necessita de de absurda, deve então reduzir a escrito e representar
atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um lon- para que se apure o caso. Deveriam diminuir as conver-
go caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo sas de corredor e se efetivar a apuração dos fatos através
ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos do processo administrativo disciplinar. Os assuntos ob-
públicos, o que deve necessariamente passar por crité- jeto do serviço merecem reserva. Devem ficar circunscri-
rios de valorização dos servidores bons e de treinamento tos aos servidores designados para o respectivo trabalho
e qualificação permanente dos quadros de pessoal”. interno, não devendo sair da seção ou setor de trabalho,
sem o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se o assunto
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em ou o trabalho, enfim, merecer divulgação mais ampla, deve
razão do cargo ao conhecimento da autoridade su- ser contatado o órgão de assessoria de comunicação social,
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento que saberá proceder de forma oficial, obedecendo ao bom
desta, ao conhecimento de outra autoridade compe- senso e às leis vigentes”.
tente para apuração;
“Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen- IX - manter conduta compatível com a moralidade ad-
to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de ministrativa;
que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
Deve levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sis- “O ato administrativo não se satisfaz somente com o
tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser
ou divisões detêm um conhecimento maior de como cor- compatível com a moralidade administrativa. O agente
rigir o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a deve se comportar em seus atos de maneira proba, es-
devida apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de correita, séria, não atuando com intenções escusas e des-
um ato irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros. virtuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por
Além do dever de sigilo, há assuntos que exigem certas exemplo, para satisfação de interesses menores, como
reservas, visando ao bem do serviço público, da seguran- realizar a prática de determinado ato para beneficiar uma
ça nacional e mesmo da sociedade”. amante ou um parente. Se o agente viola o dever de agir
com comportamento incompatível com a moralidade
VII - zelar pela economia do material e a conservação administrativa, poderá estar sujeito a sanção disciplinar.
do patrimônio público; Seu ato ímprobo ou imoral configura o chamado des-
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela eco- vio de poder, que é totalmente abominável no Direito
nomia e pela conservação dos bens públicos presta um Administrativo e poderá ser anulado interna corporis ou
desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá judicialmente através da ação popular, ação de ressarci-
adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito
cumprir o presente dever, quando por descumprimento coletivo ou transindividual”.
dele a gravidade do fato implicar a infração a normas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mais graves”. X - ser assíduo e pontual ao serviço;


“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
passa na repartição, principalmente quanto aos assun- aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o
tos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de que comparece no horário para as reuniões de trabalho e
2011, hoje está regulamentado o acesso às informações. demais atividades relacionadas com o exercício do cargo
Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o
fornecimento ou divulgação das informações exigem um dever violado, seja por impontualidade, seja por inassi-
procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a duidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual de
informação possa expor a intimidade da pessoa huma- 60 dias ensejadora de demissão), merece reprimenda de
na. As informações pessoais dos administrados em geral advertência, com fins educativos e de correção do servi-
devem ser tratadas forma transparente e com respeito à dor”.

47
XI - tratar com urbanidade as pessoas; I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização prévia autorização do chefe imediato;
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur- Violação do dever de assiduidade.
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços petente, qualquer documento ou objeto da repartição;
públicos”.
Violação do dever de zelo com o patrimônio público.
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
de poder.
Parágrafo único. A representação de que trata o inci- III - recusar fé a documentos públicos;
so XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada É dever do servidor público conferir fé aos documen-
pela autoridade superior àquela contra a qual é for- tos públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança
mulada, assegurando-se ao representando ampla defesa. que seu cargo possui. Violação do dever de transparên-
Caso o funcionário público denuncie outro servidor, cia.
esta representação será encaminhada a alguém que seja
superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direi- IV - opor resistência injustificada ao andamento de
to à ampla defesa. documento e processo ou execução de serviço;
“O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento Não cabe impedir que o trâmite da administração
às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver seja alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever
ciência em razão do cargo, principalmente no processo de celeridade e eficiência, bem como de impessoalidade.
em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
suas vistas. Não é concebível que o servidor se defron-
te com uma irregularidade administrativa e fique inerte. V - promover manifestação de apreço ou desapreço no
Deve provocar quem de direito para que a irregularidade recinto da repartição;
seja sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu Violação do dever de discrição.
círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
informar acerca de irregularidades anda de braço dado casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
com o dever de representar. Não surtindo efeito a notí- que seja de sua responsabilidade ou de seu subordi-
cia da irregularidade, não corrigida esta, sobrevém o de- nado;
ver de representar. O dever de representação não deixa Quem é designado para o desempenho de uma fun-
de ser uma prerrogativa legal, investindo o servidor de ção pública deve desempenhá-la, não podendo designar
um múnus público importante, constituindo o servidor outra pessoa para prestar seus serviços ou de seu subor-
em um curador legal do ente público. O mais humilde dinado.
servidor passa a ser um agente promotor de legalidade.
É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever
do servidor “representar contra ilegalidade, omissão ou VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
abuso de poder”. De modo que também a omissão pode filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
ensejar a representação. A omissão do agente que ile- partido político;
galmente não pratica ato a que se acha vinculado pode O direito de associação é livre, não podendo um fun-
até configurar o ilícito penal de prevaricação. O dever de cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical
representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado ou politicamente.
com o devido equilíbrio, não podendo servir a finalida-
des egoísticas, político-partidárias, induzido por inimiza- VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
des de cunho pessoal, o que de pronto trespassará o re- função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
presentante de autor a réu por prática de abuso de poder até o segundo grau civil;
ou denunciação caluniosa”.
É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,
Capítulo II neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o
Das Proibições favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri-
mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que
Art. 117. Ao servidor é proibido: diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto
Em contraposição aos deveres do servidor público,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a vedação


existem diversas proibições, que também estão em boa
parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação do nepotismo no âmbito da administração pública federal.
dos deveres ou a prática de alguma das violações abaixo
descritas caracterizam infração administrativa disciplinar. Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge,
“Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
sua objetividade e taxatividade, o que veda sua amplia- afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
ção e o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, in-
visto serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, por- vestido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
tanto, ao princípio da reserva legal. O descumprimento para o exercício de cargo em comissão ou de confiança,
dessas proibições podem inclusive, ensejar o enquadra- ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública
mento penal do servidor, pois muitas das condutas ali direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos
descritas, configuram prática de delito penal”10. Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreen-
10 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi- dido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com. br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

48
Constituição Federal.” Obs.: se o concurso pedir pelo en- O aparato da administração pública pertence ao Esta-
tendimento jurisprudencial, vá pela súmula, mas se não do, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades par-
mencionar nada se atenha ao texto da lei, visto que há ticulares.
pequenas variações entre o texto da súmula e o da lei.
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
de outrem, em detrimento da dignidade da função cia e transitórias;
pública; Cada servidor público tem sua atribuição legal, não
O cargo público serve apenas aos interesses da admi- cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas
nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos inte- salvo em caso de extrema necessidade.
resses pessoais do servidor.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
X - participar de gerência ou administração de so- patíveis com o exercício do cargo ou função e com o
ciedade privada, personificada ou não personificada, horário de trabalho;
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
cotista ou comanditário; violação ao princípio da imparcialidade.
Não cabe ao servidor público administrar sociedade
privada, o que pode comprometer sua eficiência e impar- XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
cialidade no exercício da função pública. No princípio, ou quando solicitado.
seja, na redação original do Estatuto era proibida apenas a A atualização de dados cadastrais é necessária para
participação do servidor como sócio gerente ou administra- manter a administração ciente da situação de seu ser-
dor de empresa privada, exceto na qualidade de mero cotista, vidor.
acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa pode até
não estar personificada, por exemplo, não estar devidamente Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
constituída e registrada nos órgãos competentes (Junta Co-
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
mercial, fisco estadual, municipal, distrital e federal, e órgãos
I - participação nos conselhos de administração e fis-
de controle: ambiental, trabalhista etc.). Comprovada detida-
cal de empresas ou entidades em que a União deten-
mente a gerência ou administração da sociedade particular
ha, direta ou indiretamente, participação no capital
em concomitância com a pretensa carga horária da repartição
social ou em sociedade cooperativa constituída para
pública, deve ser aplicada a penalidade de demissão.
prestar serviços a seus membros; e
II - gozo de licença para o trato de interesses particu-
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legis-
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí-
lação sobre conflito de interesses.
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
Nestes casos, é possível participar diretamente da ad-
Não cabe atuar como procurador perante repartições
ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atua-
não será comprometido.
ção como representante de parente até segundo grau
(irmãos, ascendentes e descendentes, cônjuges e com-
panheiros). #FicaDica
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem Proibições puníveis com demissão:
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; - Utilizar recursos pessoais e materiais para
A percepção de vantagem indevida gerando enrique- atividades particulares;
cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade - Valer-se do cargo para lograr proveito pes-
administrativa de maior gravidade, bem como crime de soal;
corrupção passiva. - Proceder de forma desidiosa;
- Praticar usura;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado - Aceitar comissão, emprego, pensão de Es-
tado estrangeiro;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

estrangeiro;
Trata-se de indício da intenção de praticar atos con- - Receber propina, comissão, presente ou
trários ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado. qualquer outra vantagem;
- Atuar como procurador ou intermediário
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; (salvo benefício ou assistência previdenciária
Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di- de cônjuge, companheiro ou paciente até 2o
nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As grau);
atividades de empréstimo somente podem ser desempe- - Participar de sociedade privada (gerência/
nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas. administração, personificada/não) ou comér-
cio (salvo acionista, cotista ou comanditário).
XV - proceder de forma desidiosa;
Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar-
tição em serviços ou atividades particulares;

49
Capítulo III à remuneração devida pela participação em consel-
Da Acumulação hos de administração e fiscal das empresas públicas
e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constitu- controladas, bem como quaisquer empresas ou enti-
ição, é vedada a acumulação remunerada de cargos dades em que a União, direta ou indiretamente, de-
públicos. tenha participação no capital social, observado o que,
Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal: a respeito, dispuser legislação específica.
O exercício de função em determinados conselhos de
É vedada a acumulação remunerada de cargos públi- administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de
cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, exceção ao caput.
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
a) a de dois cargos de professor; Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou acumular licitamente dois cargos efetivos, quando in-
científico; vestido em cargo de provimento em comissão, ficará
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis- afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipó-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas; tese em que houver compatibilidade de horário e local
com o exercício de um deles, declarada pelas autori-
Segundo Carvalho Filho11, “o fundamento da proibição dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in-
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- cargos efetivos a não ser que exista compatibilidade de
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em horários e local com um deles, caso em que se afastará
de somente um cargo efetivo.
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
“Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem
-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
da acumulação de cargos e funções públicas, regulamen-
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
tam, no âmbito do serviço público federal a vedação ge-
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra consti-
nérica constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Cons-
tucional proibitiva”.
tituição da República. De fato, a acumulação ilícita de
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
cargos públicos constitui uma das infrações mais comuns
pregos e funções em autarquias, fundações públicas,
praticadas por servidores públicos, o que se constata ob-
empresas públicas, sociedades de economia mista da servando o elevado número de processos administrati-
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios vos instaurados com esse objeto. O sistema adotado pela
e dos Municípios. lei nº 8.112/90 é relativamente brando, quando cotejado
A proibição vale tanto para a administração direta com outros estatutos de alguns Estados, visto que propi-
quanto para a indireta. cia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas oportuni-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica dades para regularizar sua situação e escapar da pena de
condicionada à comprovação da compatibilidade de demissão. Também prevê a lei em comentário, um pro-
horários. cesso administrativo simplificado (processo disciplinar de
rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 12.
Se o Estado pretende que o desempenho de ativida-
de cumulada não gere prejuízo à função pública, correto CAPÍTULO IV
que exija a comprovação de compatibilidade de horários; DAS RESPONSABILIDADES
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven- Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra-
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proven- tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
tos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram
essas remunerações forem acumuláveis na atividade. Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis-
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
agente se aposente do serviço público e continue o exer- prejuízo ao erário ou a terceiros.
cendo, recebendo aposentadoria e salário. § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ao erário somente será liquidada na forma prevista


Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um
no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a
cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará-
execução do débito pela via judicial.
grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela par-
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, respon-
ticipação em órgão de deliberação coletiva.
derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
Cargo em comissão é aquele que não exige aprova-
regressiva.
ção em concurso público, sendo designado para o exer-
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos
cício por possuir um vínculo de confiança com o supe-
sucessores e contra eles será executada, até o limite do
rior. Somente é possível exercer 1, salvo interinamente.
Da mesma forma, não cabe remuneração por participar valor da herança recebida.
de órgão de deliberação coletiva.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica 12 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

50
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos
e contravenções imputadas ao servidor, nessa quali- casos de violação de proibição constante do art. 117,
dade. incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever fun-
cional previsto em lei, regulamentação ou norma
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resul- interna, que não justifique imposição de penalidade
ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem- mais grave.
penho do cargo ou função. Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117. A
norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra viola-
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po- ção de dever funcional que não exija sanção mais grave.
derão cumular-se, sendo independentes entre si.
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de re-
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servi- incidência das faltas punidas com advertência e de
violação das demais proibições que não tipifiquem in-
dor será afastada no caso de absolvição criminal que
fração sujeita a penalidade de demissão, não podendo
negue a existência do fato ou sua autoria.
exceder de 90 (noventa) dias.
A suspensão é uma sanção administrativa interme-
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
diária, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên- repetirem ou em caso de infração grave que ainda assim
cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita não gere pena de demissão.
de envolvimento desta, a outra autoridade competen- § 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias
te para apuração de informação concernente à prática o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser
de crimes ou improbidade de que tenha conhecimen- submetido a inspeção médica determinada pela au-
to, ainda que em decorrência do exercício de cargo, toridade competente, cessando os efeitos da penali-
emprego ou função pública. dade uma vez cumprida a determinação.
Trata-se de hipótese específica em que será aplicada
Este dispositivo visa garantir que os servidores públi- suspensão.
cos denunciem os servidores hierarquicamente superio- § 2o Quando houver conveniência para o serviço, a
res. Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem penalidade de suspensão poderá ser convertida em
ser responsabilizados civil, penal ou administrativamente multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia
por tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse de vencimento ou remuneração, ficando o servidor
que ela não procedia. obrigado a permanecer em serviço.
Se for inconveniente para a administração pública abrir
Capítulo V mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu vencimen-
Das Penalidades to/remuneração diário pelo número de dias de suspensão.
O servidor não poderá se recusar a permanecer em serviço.
Art. 127. São penalidades disciplinares:
I - advertência; Art. 131. As penalidades de advertência e de suspen-
II - suspensão; são terão seus registros cancelados, após o decurso de
III - demissão; 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectiva-
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; mente, se o servidor não houver, nesse período, prati-
V - destituição de cargo em comissão; cado nova infração disciplinar.
VI - destituição de função comissionada. Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que surtirá efeitos retroativos.
o funcionário se portou de forma inadequada e de que O bom comportamento posterior do servidor faz com
isso não deve se repetir. A suspensão é uma sanção in- que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspen-
termediária, fazendo com que o funcionário deixe de são (após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que
desempenhar o cargo por certo período. Na demissão, não significa que o servidor poderá requerer, por exem-
o funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim plo, o pagamento referente aos dias que ficou suspenso.
sanção mais grave. Outras sanções são cassação da apo-
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes ca-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sentadoria ou disponibilidade, destituição do cargo em


comissão, destituição da função comissionada. sos:
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consid- I - crime contra a administração pública;
eradas a natureza e a gravidade da infração cometida, Artigos 312 a 326 do Código Penal.
os danos que dela provierem para o serviço público, II - abandono de cargo;
as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante- III - inassiduidade habitual;
cedentes funcionais. Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex-
cesso.
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da IV - improbidade administrativa;
sanção disciplinar. Atos descritos na Lei n° 8.429/92.
De forma fundamentada, justificada, se escolherá por uma
ou outra sanção, conforme a gravidade do ato praticado. V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
repartição;

51
Ausência de discrição no exercício das funções. § 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua
VI - insubordinação grave em serviço; decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto
Violação grave do dever de obediência hierárquica. no § 3o do art. 167.
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particu- para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que
lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; se converterá automaticamente em pedido de exoner-
Ofensa física a servidor ou administrado que não para ação do outro cargo.
se defender. § 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em relação aos cargos, empregos ou funções públicas
razão do cargo; em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do órgãos ou entidades de vinculação serão comunica-
patrimônio nacional; dos.
XI - corrupção; § 7o O prazo para a conclusão do processo adminis-
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun- trativo disciplinar submetido ao rito sumário não ex-
ções públicas; cederá trinta dias, contados da data de publicação do
Na verdade, são atos de improbidade administrativa, ato que constituir a comissão, admitida a sua pror-
então nem precisariam ser mencionados. rogação por até quinze dias, quando as circunstâncias
o exigirem.
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. § 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições
Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117. deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação desta Lei.
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a au- O artigo descreve o procedimento em caso de vio-
toridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, lação do dever de não acumular cargos ilicitamente. No
por intermédio de sua chefia imediata, para apresen- início, o servidor será notificado para se manifestar op-
tar opção no prazo improrrogável de dez dias, con- tando por um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer
tados da data da ciência e, na hipótese de omissão, a opção, será instaurado processo administrativo disci-
adotará procedimento sumário para a sua apuração e plinar. Nele, o servidor poderá apresentar defesa no sen-
regularização imediata, cujo processo administrativo tido de ser lícita a cumulação. Mas até o último dia do
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: prazo para defesa o servidor poderá optar por um caso,
I - instauração, com a publicação do ato que consti- caso em que o procedimento se converterá em pedido
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores de exoneração do cargo não escolhido, presumindo-se a
estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a ma- boa-fé do servidor.
terialidade da transgressão objeto da apuração; Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi-
II - instrução sumária, que compreende indiciação, de- lidade do inativo que houver praticado, na atividade,
fesa e relatório; falta punível com a demissão.
III - julgamento.
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I Supondo que o servidor tenha praticado ato punível
dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a ma- com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evi-
terialidade pela descrição dos cargos, empregos ou tará que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele
funções públicas em situação de acumulação ilegal, seria demitido se no exercício das funções.
dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de
ingresso, do horário de trabalho e do correspondente Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido
regime jurídico. por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos
§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação casos de infração sujeita às penalidades de suspensão
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que e de demissão.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

serão transcritas as informações de que trata o pará- Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata
grafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art.
do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia 35 será convertida em destituição de cargo em comis-
imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar de- são.
fesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na Logo, a destituição do cargo em comissão por quem
repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164. não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis-
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demis-
relatório conclusivo quanto à inocência ou à respon- são, mas também os sujeitos à pena de suspensão.
sabilidade do servidor, em que resumirá as peças prin-
cipais dos autos, opinará sobre a licitude da acumu- Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co-
lação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132,
e remeterá o processo à autoridade instauradora, para implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
julgamento. ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.

52
Nos casos de demissão e destituição do cargo em co- Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimen- I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
to do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e
penal própria. pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em co- de demissão e cassação de aposentadoria ou disponi-
missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, bilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura órgão, ou entidade;
em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lo- imediatamente inferior àquelas mencionadas no in-
grar proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da ciso anterior quando se tratar de suspensão superior
dignidade da função pública ou que tenha atuado como a 30 (trinta) dias;
procurador ou intermediário, junto a repartições públi- III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
cas, salvo em hipóteses específicas, não poderá ser in- forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30
vestido em cargo público federal pelo prazo de 5 anos.
(trinta) dias;
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço
quando se tratar de destituição de cargo em comissão.
público federal o servidor que for demitido ou destituí-
Presidente da República/Presidentes da Câmara dos
do do cargo em comissão por infringência do art. 132, Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tri-
incisos I, IV, VIII, X e XI. bunais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Pro-
Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes ca- curador-Geral da República - demissão ou cassação de
sos, não caberá jamais retorno ao serviço público federal, aposentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao
diante da gravidade dos atos praticados. órgão (sanções mais graves).
Autoridade administrativa de hierarquia imediata-
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência in- mente inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30
tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias dias (sanção de suspensão, de gravidade intermediária,
consecutivos. por maior período).
Conceito de abandono de cargo: ausência intencional Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão. regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias
(sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta menor período).
ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, in- Autoridade que houver feito a nomeação, em qual-
terpoladamente, durante o período de doze meses. quer cargo de comissão, independente da pena.
Conceito de inassiduidade habitual, que também
gera demissão: ausência por 60 dias num período de 12 Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
meses de forma injustificada. I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas- dade e destituição de cargo em comissão;
siduidade habitual, também será adotado o procedi- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
mento sumário a que se refere o art. 133, observando- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
se especialmente que: § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em
I - a indicação da materialidade dar-se-á: que o fato se tornou conhecido.
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli-
precisa do período de ausência intencional do servidor cam-se às infrações disciplinares capituladas também
ao serviço superior a trinta dias; como crime.
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de-
período igual ou superior a sessenta dias interpolada- cisão final proferida por autoridade competente.
mente, durante o período de doze meses;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - após a apresentação da defesa a comissão elabo- § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo


rará relatório conclusivo quanto à inocência ou à re- começará a correr a partir do dia em que cessar a in-
sponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças terrupção.
principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, so- direito de acionar judicialmente.
bre a intencionalidade da ausência ao serviço superior No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais
a trinta dias e remeterá o processo à autoridade in- graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de
stauradora para julgamento. suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de
Por indicação de materialidade, entenda-se demons- advertência) - Contados da data em que o fato se tornou
tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias conhecido pela administração pública.
faltados. Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
Adota-se o procedimento do art. 133. prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
favoráveis ao servidor.

53
Interrupção da prescrição significa parar a contagem Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber- ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de
até a decisão final proferida por autoridade competente aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo co- cargo em comissão, será obrigatória a instauração de
meça a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais processo disciplinar.
propor ação disciplinar. A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
#FicaDica o processo administrativo disciplinar que aplique a san-
Penalidades: ção mais grave, entendendo-se por sanções mais graves
- Advertência – artigo 117, I a VIII e XIX; qualquer uma pior do que suspensão por menos de 30
- Suspensão – reincidência em infração pu- dias (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as
nível com advertência, incumbência a outro outras que geram perda do cargo ou da aposentadoria).
servidor de atribuições estranhas ao cargo,
exercício de atividades incompatíveis com
CAPÍTULO II
cargo ou função;
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
- Demissão – artigo 132, inclusive reincidên-
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi-
cia em infração punível com suspensão.
dor não venha a influir na apuração da irregularidade,
a autoridade instauradora do processo disciplinar
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR poderá determinar o seu afastamento do exercício do
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem pre-
TÍTULO V juízo da remuneração.
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos,
CAPÍTULO I ainda que não concluído o processo.
DISPOSIÇÕES GERAIS O afastamento preventivo é uma medida cautelar que
impede que o servidor tente influenciar na decisão da
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregulari- apuração de sua infração, podendo ocorrer por no máxi-
dade no serviço público é obrigada a promover a sua mo 60 dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de re-
apuração imediata, mediante sindicância ou processo muneração (afinal, ainda não foi condenado).
administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
ampla defesa. CAPÍTULO III
§§ 1º e 2º (Revogados) DO PROCESSO DISCIPLINAR
§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação
da autoridade a que se refere, poderá ser promovida Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento des-
por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele tinado a apurar responsabilidade de servidor por in-
em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante fração praticada no exercício de suas atribuições, ou
competência específica para tal finalidade, delegada que tenha relação com as atribuições do cargo em que
em caráter permanente ou temporário pelo Presidente se encontre investido.
da República, pelos presidentes das Casas do Poder Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co-
Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador- missão composta de três servidores estáveis designa-
Geral da República, no âmbito do respectivo Poder, dos pela autoridade competente, observado o disposto
órgão ou entidade, preservadas as competências para no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu
o julgamento que se seguir à apuração. presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolari-
objeto de apuração, desde que contenham a identifi- dade igual ou superior ao do indiciado.
cação e o endereço do denunciante e sejam formula- § 1º A Comissão terá como secretário servidor desig-
das por escrito, confirmada a autenticidade. nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. Quando o fato narrado não con- em um de seus membros.


figurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a § 2º Não poderá participar de comissão de sindicância
denúncia será arquivada, por falta de objeto. ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co-
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: lateral, até o terceiro grau.
I - arquivamento do processo;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen- Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com
são de até 30 (trinta) dias; independência e imparcialidade, assegurado o sigilo
III - instauração de processo disciplinar. necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inter-
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân- esse da administração.
cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser pror-
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das co-
rogado por igual período, a critério da autoridade su-
missões terão caráter reservado.
perior.

54
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me-
seguintes fases: diante mandado expedido pelo presidente da comis-
I - instauração, com a publicação do ato que constituir são, devendo a segunda via, com o ciente do interes-
a comissão; sado, ser anexado aos autos.
II - inquérito administrativo, que compreende in- Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
strução, defesa e relatório; a expedição do mandado será imediatamente comu-
III - julgamento. nicada ao chefe da repartição onde serve, com a indi-
cação do dia e hora marcados para inquirição.
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo dis-
ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
data de publicação do ato que constituir a comissão, duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando lo por escrito.
as circunstâncias o exigirem.
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem-
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros
se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de-
dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas poentes.
que deverão detalhar as deliberações adotadas.
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a
Este capítulo introduz aspectos sobre o processo ad- comissão promoverá o interrogatório do acusado, ob-
ministrativo que serão aprofundados adiante e na própria servados os procedimentos previstos nos arts. 157 e
lei nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo adminis- 158.
trativo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles
uma comissão de 3 membros funcionários estáveis que será ouvido separadamente, e sempre que divergirem
decidirão com independência e imparcialidade, divide-se em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias,
em 3 fases e possui prazo limite de duração (60, even- será promovida a acareação entre eles.
tualmente +60). § 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in-
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas,
Seção I sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
Do Inquérito facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermé-
dio do presidente da comissão.
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao
princípio do contraditório, assegurada ao acusado Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental
ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos do acusado, a comissão proporá à autoridade competente
admitidos em direito. que ele seja submetido a exame por junta médica oficial,
da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro- Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
cesso disciplinar, como peça informativa da instrução. processado em auto apartado e apenso ao processo
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sin- principal, após a expedição do laudo pericial.
dicância concluir que a infração está capitulada como Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formu-
ilícito penal, a autoridade competente encaminhará có-
lada a indiciação do servidor, com a especificação dos
pia dos autos ao Ministério Público, independentemente
fatos a ele imputados e das respectivas provas.
da imediata instauração do processo disciplinar.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido
pelo presidente da comissão para apresentar defesa
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
a tomada de depoimentos, acareações, investigações escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe
e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, vista do processo na repartição.
recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de § 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

modo a permitir a completa elucidação dos fatos. comum e de 20 (vinte) dias.


Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom- § 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo
panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de dobro, para diligências reputadas indispensáveis.
procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir § 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente
provas e contraprovas e formular quesitos, quando se na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á
tratar de prova pericial. da data declarada, em termo próprio, pelo membro
§ 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2)
considerados impertinentes, meramente protelatórios, duas testemunhas.
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fa-
tos. Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá
a comprovação do fato independer de conhecimento ser encontrado.
especial de perito.

55
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comis-
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário são, salvo quando contrário às provas dos autos.
Oficial da União e em jornal de grande circulação na Parágrafo único. Quando o relatório da comissão
localidade do último domicílio conhecido, para apre- contrariar as provas dos autos, a autoridade julga-
sentar defesa. dora poderá, motivadamente, agravar a penalidade
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de respon-
sabilidade.
para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última
publicação do edital.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável,
a autoridade que determinou a instauração do pro-
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu- cesso ou outra de hierarquia superior declarará a sua
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato,
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do a constituição de outra comissão para instauração de
processo e devolverá o prazo para a defesa. novo processo.

§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade in- § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica
stauradora do processo designará um servidor como nulidade do processo.
defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na
escolaridade igual ou superior ao do indiciado. forma do Capítulo IV do Título IV.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a au-
toridade julgadora determinará o registro do fato nos
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará
assentamentos individuais do servidor.
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais
dos autos e mencionará as provas em que se baseou Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como
para formar a sua convicção. crime, o processo disciplinar será remetido ao Minis-
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à in- tério Público para instauração da ação penal, ficando
ocência ou à responsabilidade do servidor. trasladado na repartição.
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar Art. 172. O servidor que responder a processo discipli-
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes nar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
ou atenuantes. voluntariamente, após a conclusão do processo e o
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co- cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
missão, será remetido à autoridade que determinou a Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será conver-
sua instauração, para julgamento.
tido em demissão, se for o caso.
O inquérito é uma das fases do processo adminis- Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
trativo disciplinar, obedecendo às regras descritas nes- I - ao servidor convocado para prestar depoimento
ta seção, destacando-se as que tratam da produção de fora da sede de sua repartição, na condição de teste-
provas. munha, denunciado ou indiciado;
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
SEÇÃO II obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para
DO JULGAMENTO a realização de missão essencial ao esclarecimento
dos fatos.
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re- Nesta seção, trata-se do julgamento do processo ad-
cebimento do processo, a autoridade julgadora profer- ministrativo disciplinar, que não será feito pela comissão,
irá a sua decisão. mas pela autoridade competente para aplicar a sanção.
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada Afinal, a comissão apenas indica qual o ato praticado
da autoridade instauradora do processo, este será en- pelo indiciamento. Se houver mais de um indiciado e as
caminhado à autoridade competente, que decidirá em sanções forem diversas, julga a autoridade de maior nível
hierárquico. Ex: autoridade que pode aplicar suspensão
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

igual prazo.
não pode aplicar demissão, de forma que se a um dos
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
indiciados couber demissão será a autoridade que pode
sanções, o julgamento caberá à autoridade compe- aplicar esta pena que aplicará também a suspensão ao
tente para a imposição da pena mais grave. outro indiciado.
§ 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cas-
sação de aposentadoria ou disponibilidade, o jul- Seção III
gamento caberá às autoridades de que trata o inciso Da Revisão do Processo
I do art. 141.
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servi- Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto,
dor, a autoridade instauradora do processo determi- a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
nará o seu arquivamento, salvo se flagrantemente aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
contrária à prova dos autos. justificar a inocência do punido ou a inadequação da
penalidade aplicada.

56
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer
a revisão do processo.
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo curador.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente.

Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a revisão, que requer elemen-
tos novos, ainda não apreciados no processo originário.

Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se
autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar.
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.

Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário.


Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a produção de provas e inquirição das teste-
munhas que arrolar.

Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos.

Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que couber, as normas e procedimentos próprios da co-
missão do processo disciplinar.

Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso do
qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os
direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.

A revisão do processo consiste na possibilidade do servidor condenado requerer que sua condenação seja revista se
surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Poderá
ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de mesma hierarquia e será apensada ao processo administrativo
originário. O julgamento será feito pela mesma autoridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena
deveria ser maior, não cabe agravar a situação do servidor.

#FicaDica

Sindicância Inquérito administrativo Procedimento sumário


Prazo 30 + 30 dias 60 + 60 dias 30 + 15 dias
Suspensão por mais de
Inassiduidade
Suspensão de até 30 dias
Penalidade/Motivo Abandono de cargo
30 dias Demissão
Acumulação ilegal de cargos
Cassação
Comissão 1, 2 ou 3 servidores 3 servidores 2 servidores

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVA – FCC – 2018) Jaime exerce
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

o cargo remunerado de professor público em determinada instituição de ensino, no período matutino e, após apro-
vação em concurso público, nos termos da lei, pretende exercer também o mesmo cargo remunerado em uma outra
instituição pública de ensino, no período noturno. Sua esposa, Rosa, exerce cargo público científico remunerado no
período vespertino e tem interesse em prestar concurso para exercer também cargo remunerado de professora em
uma instituição pública de ensino superior no período noturno. Com base apenas nas informações fornecidas e de
acordo com a Constituição Federal, obedecidos os limites remuneratórios eventualmente aplicáveis, a acumulação de
cargos pretendida é:

a) vedada ao Jaime e à Rosa.


b) permitida apenas ao Jaime.
c) permitida apenas à Rosa.
d) permitida ao Jaime e à Rosa.
e) permitida ao Jaime e à Rosa, desde que se trate de cargos integrantes de Administrações de diferentes esferas da
federação.

57
Resposta: Letra D. O caso de Jaime é permitido pelo d) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
ordenamento jurídico, uma vez que estamos diante exceto se o processo não tiver sido concluído, hipóte-
da hipótese de acumulação de dois cargos de profes- se em que o afastamento poderá ser prorrogado pelo
sor, com compatibilidade de horários (art. 37, XVI, a, prazo máximo de trinta dias.
CF/1988). O caso de Rosa também é permitido. Assu- e) o afastamento poderá ser prorrogado por mais 180
mindo que seja aprovada em concurso, é permitido dias, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
a Rosa acumular um cargo de professor, com outro não concluído o processo.
cargo de natureza técnica ou científica (art. 37, XVI, b,
Resposta: Letra B. As letras A e D estão incorretas, pois
CF/1988), havendo compatibilidade de horários (pe- é permitido prorrogação do afastamento por igual pra-
ríodo vespertino = à tarde). zo, na forma do parágrafo único do art. 147 da Lei nº
8.112/1990. A letra C e E estão incorretas, pois não há
2. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA previsão legal de prorrogação do prazo para 180 dias.
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Suponha que deter-
minado servidor público federal tenha solicitado licença 4. (TRE-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ANÁLISE DE
para tratar de interesses particulares, a qual, contudo, SISTEMAS – FCC – 2017) Miguel é servidor público fe-
restou negada pela Administração. Entre os possíveis deral e pretende licenciar-se do cargo para o desempe-
motivos legalmente previstos para negativa, nos termos nho de mandato classista em sindicato representativo da
disciplinados pela Lei n° 8.112/1990, se insere(m): categoria do qual faz parte e que conta com 5.000 asso-
I. Estar o servidor no curso de estágio probatório. ciados. Cumpre salientar que o servidor foi eleito para
II. Ser o servidor ocupante exclusivamente de cargo em cargo de representação no mencionado sindicato. Nos
comissão. termos da Lei nº 8.112/1990:
III. Razões de conveniência da Administração.
a) o mencionado sindicato comportará até quatro ser-
vidores licenciados para o desempenho de mandato
Está correto o que se afirma em:
classista.
b) a licença perdurará pelo mesmo prazo do mandato,
a) I, II e III. não podendo ser renovada.
b) II, apenas. c) será assegurado ao servidor o direito à licença sem
c) II e III, apenas. remuneração para o desempenho do respectivo man-
d) I e III, apenas. dato.
e) I e II, apenas. d) não constitui requisito para a mencionada licença que
o sindicato seja cadastrado no órgão competente.
Resposta: Letra A. A licença para tratar de assun- e) o mencionado sindicato comportará apenas um servi-
tos pessoais consta no caput do art. 91 da Lei nº dor licenciado para o desempenho de mandato clas-
8.112/1993. Em I, o fato do servidor estar em está- sista.
gio probatório faz com que ele não possa ter conce-
dida licença para tratar de assuntos pessoais, Em II, Resposta: Letra C. Em “a” e “e”, são devidos 2 servido-
somente pode ser concedida a referida licença para res licenciados (art. 92, I, Lei nº 8.112/1990).
os servidores ocupantes de cargo efetivo, não se es- Em “b”, cabe renovação da licença em caso de reelei-
tende para os servidores ocupantes de cargo em co- ção (art. 92, § 2o, Lei nº 8.112/1990).
missão. Em III, se a Administração entender que, por Em “c”, disciplina o art. 92 da Lei nº 8.112/1990: “É
assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
razões de conveniência, a licença poderia lhe trazer
muneração para o desempenho de mandato em
grandes prejuízos, ela pode não concedê-la ao ser-
confederação, federação, associação de classe de âm-
vidor. bito nacional, sindicato representativo da categoria
ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para
3. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC participar de gerência ou administração em socieda-
– 2018) De acordo com a Lei no 8.112/1990, como me- de cooperativa constituída por servidores públicos
dida cautelar e a fim de que o servidor não venha a para prestar serviços a seus membros, observado o
influir na apuração da irregularidade, a autoridade ins- disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta
tauradora do processo disciplinar poderá determinar o Lei, conforme disposto em regulamento e observa-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de dos os seguintes limites: I – para entidades com até
até 60 dias, sem prejuízo da remuneração. Ocorrendo o 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) servidores; II –
término desses 60 dias, para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
a) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente, (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; III – para
ainda que não concluído o processo. entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
b) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra- 8 (oito) servidores. §1º Somente poderão ser licencia-
dos os servidores eleitos para cargos de direção ou
zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
de representação nas referidas entidades, desde que
não concluído o processo. cadastradas no órgão competente. §2º A licença terá
c) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra- duração igual à do mandato, podendo ser renovada,
zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, exceto se o no caso de reeleição”.
processo não tiver sido concluído, hipótese em que Em “d”, exige-se o cadastramento da entidade em ór-
poderá ser prorrogado pelo prazo máximo de 180 gão competente (art. 92, § 1o, Lei nº 8.112/1990).
dias.

58
SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO, REGIME #FicaDica
JURÍDICO, PRINCÍPIOS, TITULARIDADE E
Os usuários têm direito, nos termos do arti-
COMPETÊNCIA. DELEGAÇÃO: CONCESSÃO,
go 7o, Lei nº 8.987/1995:
PERMISSÃO E AUTORIZAÇÃO. – Receber serviço adequado;
– Receber informações para defesa dos in-
teresses individuais e coletivos;
Conceito de serviço público – Obter e utilizar o serviço, com liberdade
de escolha.
Serviço público é todo aquele prestado pela adminis-
tração ou por particulares debaixo de regras de direito
público para a preservação dos interesses da coletivi-
Concessão, permissão, autorização e delegação;
dade. A titularidade da prestação de um serviço público
sempre será da Administração Pública, somente poden-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
do ser transferido a um particular a execução do serviço
diretamente ou sob regime de concessão ou permis-
público. As regras serão sempre fixadas unilateralmente
são, sempre através de licitação, a prestação de ser-
pela Administração, independentemente de quem esteja
viços públicos.
executando o serviço público. Qualquer contrato admi-
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
nistrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
I - o regime das empresas concessionárias e permis-
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
a Administração ou um particular, fazendo-o sob regras
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con-
de direito público e com vistas a preservar o interesse
dições de caducidade, fiscalização e rescisão da con-
público.
cessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
#FicaDica III - política tarifária;
Serviço público IV - a obrigação de manter serviço adequado.
– Pode ser prestado pelo Estado ou não;
– Contudo, a titularidade é da Administração; O referido artigo dispõe que a prestação dos serviços
– Devem ter por foco a preservação do inte- públicos é de titularidade da Administração Pública, po-
resse público; dendo ser centralizada ou descentralizada. Sempre que
– O Estado pode delegar a prestação em ca- a prestação do serviço público for descentralizada, por
sos determinados. meio de concessão ou permissão, deverá ser precedida
de licitação. As duas figuras, concessão ou permissão,
surgem como instrumentos que viabilizam a descentrali-
zação dos serviços públicos, atribuindo-os para terceiros,
Princípios aplicáveis
são reguladas pela Lei nº 8.987/95.
Assim, a titularidade de um serviço público é sempre
a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e
da Administração Pública, que possui competência para
modernização na prestação do serviço público;
fixar as regras de execução do serviço e para fiscalizar o
b) Princípio da universalidade: significa que os servi-
cumprimento das mesmas, aplicando sanções em caso
ços devem ser estendidos a todos administrados;
de descumprimento.
c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação
A Administração Pública pode decidir executar ela
de discriminações entre os usuários;
mesma um serviço público através de órgãos que inte-
d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in-
gram a sua Administração direta; ou então fazê-lo através
terrupção;
de uma pessoa que integre a sua Administração indireta
e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas
(autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
módicas aos usuários;
mista e fundações públicas); além de poder resolver que
f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem
a execução do serviço público será transferida a particu-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ser tratados com urbanidade;


lares, cabendo escolher quem deles reúne a melhor con-
g) Princípio da eficiência: estabelece que o serviço
dição por meio de licitação, isto é, permissão, concessão
público deve ser prestado de maneira satisfatória
e autorização de serviço.
ao usuário;
Os particulares, no máximo, assumem a execução do
h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser pres-
serviço, mediante delegação do poder público. Logo, a
tado de forma que coloque em risco a vida dos usu-
prestação pode ser centralizada quando a própria Admi-
ários.
nistração Pública executa os serviços, ou descentralizada
quando a Administração Pública passa a execução para
terceiros. Esses terceiros podem estar dentro ou fora da
Administração Direta.

59
4. Subconcessão
#FicaDica
Forma direta – próprio Estado; Conforme artigo 26, é a transferência do objeto da
Forma indireta – delegação por contrato: concessão para terceiros, sujeitando-se aos seguintes li-
Concessão; mites: autorização ou concordância do poder constituin-
Permissão; te, previsão contratual e licitação. Ocorre a sub-rogação
Autorização; de direitos e obrigações perante a Administração Públi-
Forma indireta – delegação legal (empresas ca. A subconcessão pode ser parcial.
públicas e sociedades de economia mista).
5. Conceito de serviço público

1. Serviços indelegáveis Serviço público é todo aquele prestado pela adminis-


tração ou por particulares debaixo de regras de direito
Existem serviços próprios do Estado, que são aque- público para a preservação dos interesses da coletivi-
les que se relacionam intimamente com as atribuições dade. A titularidade da prestação de um serviço público
do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde sempre será da Administração Pública, somente poden-
públicas etc.) e para a execução dos quais a Administra- do ser transferido a um particular a execução do serviço
ção usa da sua supremacia sobre os administrados, os público. As regras serão sempre fixadas unilateralmente
quais não podem ser delegados a particulares. Tais servi- pela Administração, independentemente de quem esteja
ços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou executando o serviço público. Qualquer contrato admi-
de baixa remuneração. nistrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
Todos os serviços públicos que não são próprios do Com efeito, quem presta o serviço público pode ser
Estado são delegáveis. a Administração ou um particular, fazendo-o sob regras
de direito público e com vistas a preservar o interesse
público.
2. Descentralização: concessão e permissão (art.
2º, Lei nº 8.987/95)
#FicaDica
Concessão de Serviço Público: é a delegação da pres- Serviço público
tação do serviço público feita pelo poder concedente, – Pode ser prestado pelo Estado ou não;
mediante licitação na modalidade concorrência, à pes- – Contudo, a titularidade é da Administração;
soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem – Devem ter por foco a preservação do
capacidade de desempenho por sua conta e risco, com interesse público;
prazo determinado. Essa capacidade de desempenho é – O Estado pode delegar a prestação em
averiguada na fase de habilitação da licitação. Qualquer casos determinados.
prejuízo causado a terceiros, no caso de concessão, será
de responsabilidade do concessionário – que responde
de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da CF) tendo em vista a 6. Caracteres jurídicos
atividade estatal desenvolvida, respondendo a Adminis-
tração Direta subsidiariamente. Trata-se de uma espécie Somente por regras de direito público é possível
de contrato administrativo. prestar serviços públicos. Para distinguir quais serviços
Permissão de Serviço Público: é a delegação a título são públicos e quais não, deve-se utilizar as regras de
precário, mediante licitação feita pelo poder concedente competência dispostas na Constituição Federal. Sempre
à pessoa física ou jurídica que demonstrem capacidade que não houver definição constitucional a respeito, de-
de desempenho por sua conta e risco. Trata-se de um ato vem-se observar as regras que incidem sobre aqueles
administrativo precário, que pode ser desfeito a qualquer serviços, bem como o regime jurídico ao qual a atividade
momento. se submete. Sendo regras de direito público, será servi-
ço público; sendo regras de direito privado, será serviço
3. Responsabilidade civil privado.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Nos termos do artigo 25, quem responde é o conces- 7. Classificação


sionário/permissionário. Responde por danos causados
ao poder concedente, aos usuários e a terceiros. Deve-se Meirelles13 apresenta a seguinte classificação dos ser-
privilegiar a atividade que causou o dano (serviço públi- viços públicos:
co), independente da vítima ser ou não usuária do servi-
ço. Em regra, a responsabilidade é objetiva, não cabendo a) Quanto à essencialidade:
provar a culpa ou dolo, bastando a prova do nexo de - serviços públicos propriamente ditos – são aqueles
causalidade, do dano e da ação (artigo 37, §6º, CF), à ex- prestados diretamente pela Administração para a
ceção dos casos de omissão, em que a responsabilidade comunidade, por reconhecer a sua essencialidade
é subjetiva. e necessidade de grupo social. São privativos do
Poder Público.
13 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasilei-
ro. São Paulo: Malheiros, 1993.

60
- serviços de utilidade pública – são os que a Admi- Quanto à continuidade da prestação do serviço públi-
nistração, reconhecendo a sua conveniência para co e o direito de greve, destaca-se que apesar da previ-
a coletividade, presta-os diretamente ou aquiesce são constitucional de que somente lei específica poderia
que sejam prestados por terceiros. definir os termos e limites deste direito no setor público
e afins, diante da ausência de previsão, deve-se aplicar a
b) Quanto aos destinatários: lei geral que regula o direito de greve. Contudo, a greve
- serviços gerais ou uti universi – são aqueles que a total é inconstitucional, devendo-se manter serviços mí-
Administração presta sem ter usuários determina- nimos à população.
dos para atender à coletividade no seu todo. Ex.:
iluminação pública. São indivisíveis, isto é, não
mensuráveis. Daí por que devem ser mantidos por #FicaDica
tributo, e não por taxa ou tarifa. Princípio da continuidade dos serviços públi-
- serviços individuais ou uti singuli – são os que pos- cos:
suem usuários determinados e utilização particular – Os serviços públicos não poderão ser inter-
e mensurável para cada destinatário. São remune- rompidos;
rados por taxa ou tarifa. – Devem ter a devida regularidade;
– Os funcionários não podem praticar greve
em serviços essenciais e imprescindíveis.
#FicaDica
Classificação:
– Quanto à essencialidade: 10. Prestação de serviço adequado
Públicos propriamente ditos;
Serviços de utilidade pública. O serviço deve ser regular, contínuo, eficaz, seguro,
– Quanto aos destinatários: módico, atual e cortês. O princípio básico é o da con-
Gerais; tinuidade dos serviços públicos; entretanto, a prestação
Individuais. poderá ser interrompida em duas hipóteses (art. 6.º, § 3º):
- em situação de emergência, como no caso de atos
de vandalismo de terceiros;
8. Princípios aplicáveis - com aviso prévio, por razões de ordem técnica ou
de segurança das instalações e em caso de inadim-
a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e plemento do usuário (no caso de inadimplemen-
modernização na prestação do serviço público; to, o usuário deve ser notificado, conferindo-se a
b) Princípio da universalidade: significa que os servi- oportunidade de pagamento antes da interrupção,
ços devem ser estendidos a todos administrados; bem como de defesa, alegando que não deve, que
c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação deve menos ou que precisa parcelar).
de discriminações entre os usuários;
d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in- Tarifa módica é aquela acessível ao usuário comum
terrupção; do serviço.
e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas O art. 22 do Código de Defesa do Consumidor dis-
módicas aos usuários; põe que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
ser tratados com urbanidade; forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
g) Princípio da eficiência: estabelece que o serviço pú- serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
blico deve ser prestado de maneira satisfatória ao essenciais, contínuos”. Tem-se, então, um conflito entre
usuário; a Lei n. 8.987/95 e o Código de Defesa do Consumidor
h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser (Lei n. 8.078/90). Se fossem seguidas as regras de inter-
prestado de forma que coloque em risco a vida pretação, a Lei n. 8.987/95 prevaleceria sobre o Código
dos usuários. de Defesa do Consumidor por ser posterior e especial. Os
Tribunais, entretanto, entendem que se o serviço é essen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

9. Continuidade da Prestação do Serviço Público cial, a prestação deve ser contínua, prevalecendo, então,
o disposto no art. 22 do Código de Defesa do Consumi-
Entre as regras do regime jurídico público, destaca-se dor. Assim, os serviços essenciais não podem ser inter-
o princípio da continuidade de sua prestação. rompidos por inadimplemento.
Num contrato administrativo, quando o particular
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se é 11. Política tarifária
a Administração, entretanto, que descumpre suas obri-
gações, o particular não pode rescindir o contrato, tendo A tarifa surge como a principal fonte de arrecadação
em vista o princípio da continuidade da prestação. do concessionário/permissionário. É através dela que se
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar garante a margem de lucro. Tarifa não é tributo, se o fos-
à Administração Pública uma prerrogativa que não existe se, sobre ela incidiriam todos os princípios constitucio-
para o particular, colocando-a em uma posição superior nais tributários, o que não ocorre.
em razão da supremacia do interesse público.

61
Ninguém fixa o valor inicial, é automático e pré-es- Por fim temos os serviços autorizados que são aque-
tabelecido na licitação. O poder público que autoriza o les que o Poder Público, por ato unilateral, precário e
aumento, mas o aumento não pode permitir que o valor discricionário, consente na sua execução pelo particular
deixe de ser módico. para atender a interesses coletivos instáveis ou a emer-
gência transitória.
12. Usuário do serviço público
Lei nº 8.987, De 13 de fevereiro de 1995
O art. 7.º estabelece um rol de seis situações que tratam
dos direitos e obrigações do usuário sem prejuízo dos pre- Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da
vistos no Código de Defesa do Consumidor. É um rol exem- prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da
plificativo, incluindo-se outros, como: direito do consumidor Constituição Federal, e dá outras providências.
(artigo 5º, XXXII, CF); direito de obter dos órgãos públicos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
informações de interesse particular, coletivo ou geral (artigo gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
5º, XXXIII, CF); mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo em caráter residual (artigo 5º, LXIX, CF). Capítulo I
Das disposições preliminares
#FicaDica
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de obras
Os usuários têm direito, nos termos do artigo
públicas e as permissões de serviços públicos reger-se-
7o, Lei nº 8.987/1995:
-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal,
– Receber serviço adequado;
por esta Lei, pelas normas legais pertinentes e pelas
– Receber informações para defesa dos inte-
cláusulas dos indispensáveis contratos.
resses individuais e coletivos;
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Fede-
– Obter e utilizar o serviço, com liberdade de
ral e os Municípios promoverão a revisão e as adapta-
escolha.
ções necessárias de sua legislação às prescrições desta
Lei, buscando atender as peculiaridades das diversas
modalidades dos seus serviços.
13. Extinção
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Fe-
As causas de extinção estão descritas no artigo 35:
deral ou o Município, em cuja competência se encon-
termo, que é o término do prazo descrito; encampação,
tre o serviço público, precedido ou não da execução de
que é a extinção por razões de interesse público; cadu-
cidade, que é a extinção por descumprimento de obri- obra pública, objeto de concessão ou permissão;
gações pelo concessionário; rescisão, que é a extinção II - concessão de serviço público: a delegação de sua
durante a vigência pelo descumprimento das obrigações prestação, feita pelo poder concedente, mediante lici-
pelo poder público; anulação, que é a extinção por força tação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurí-
da configuração de ilegalidade; falência, que é a extinção dica ou consórcio de empresas que demonstre capaci-
por conta de falta de condições financeiras para conti- dade para seu desempenho, por sua conta e risco e por
nuar arcando com as obrigações do contrato; e morte, prazo determinado;
que é o falecimento da parte contratada em contrato III - concessão de serviço público precedida da exe-
personalíssimo. cução de obra pública: a construção, total ou parcial,
conservação, reforma, ampliação ou melhoramen-
14. Reassunção e reversão to de quaisquer obras de interesse público, delegada
pelo poder concedente, mediante licitação, na moda-
Reassunção, que é a retomada da execução de um lidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio
serviço público pelo poder público uma vez extinta a de empresas que demonstre capacidade para a sua
concessão. realização, por sua conta e risco, de forma que o inves-
Reversão, que é a transferência de bens utilizados du- timento da concessionária seja remunerado e amorti-
rante a concessão para o patrimônio público a partir da zado mediante a exploração do serviço ou da obra por
extinção da concessão. prazo determinado;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - permissão de serviço público: a delegação, a título


15. Permissão e autorização precário, mediante licitação, da prestação de serviços
públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física
Serviços concedidos são aqueles que o particular exe- ou jurídica que demonstre capacidade para seu de-
cuta em seu nome, por sua conta e risco, remunerados sempenho, por sua conta e risco.
por tarifa. A concessão dá-se por meio de contrato. Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à
Os serviços permitidos são aqueles aos quais a Admi- fiscalização pelo poder concedente responsável pela
nistração estabelece os requisitos para a sua prestação delegação, com a cooperação dos usuários.
ao público e, por ato unilateral (termo de permissão), Art. 4º A concessão de serviço público, precedida ou
comete a execução aos particulares que demonstrarem não da execução de obra pública, será formalizada
capacidade para seu desempenho. A permissão é uni- mediante contrato, que deverá observar os termos
lateral, precária e discricionária. Serve para serviços de desta Lei, das normas pertinentes e do edital de lici-
utilidade pública. tação.

62
Art. 5º O poder concedente publicará, previamente ao § 1º A tarifa não será subordinada à legislação especí-
edital de licitação, ato justificando a conveniência da fica anterior e somente nos casos expressamente pre-
outorga de concessão ou permissão, caracterizando vistos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada
seu objeto, área e prazo. à existência de serviço público alternativo e gratuito
para o usuário.
Capítulo II § 2º Os contratos poderão prever mecanismos de revi-
Do serviço adequado são das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econô-
mico-financeiro.
Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a pres- § 3º Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação,
tação de serviço adequado ao pleno atendimento dos alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encar-
usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas gos legais, após a apresentação da proposta, quando
pertinentes e no respectivo contrato. comprovado seu impacto, implicará a revisão da tari-
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições fa, para mais ou para menos, conforme o caso.
de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, § 4º Em havendo alteração unilateral do contrato que
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o
modicidade das tarifas. poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitan-
§ 2º A atualidade compreende a modernidade das téc- temente à alteração.
nicas, do equipamento e das instalações e a sua con- Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do
servação, bem como a melhoria e expansão do serviço. contrato, considera-se mantido seu equilíbrio econô-
§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do ser- mico-financeiro.
viço a sua interrupção em situação de emergência ou Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada
após prévio aviso, quando: serviço público, poderá o poder concedente prever, em
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segu- favor da concessionária, no edital de licitação, a pos-
rança das instalações; e, sibilidade de outras fontes provenientes de receitas al-
II - por inadimplemento do usuário, considerado o in- ternativas, complementares, acessórias ou de projetos
teresse da coletividade. associados, com ou sem exclusividade, com vistas a
favorecer a modicidade das tarifas, observado o dis-
Capítulo III posto no art. 17 desta Lei.
Dos direitos e obrigações dos usuários Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste
artigo serão obrigatoriamente consideradas para a
Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do
11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos contrato.
usuários: Art. 12. (VETADO)
I - receber serviço adequado; Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função
II - receber do poder concedente e da concessionária das características técnicas e dos custos específicos
informações para a defesa de interesses individuais ou provenientes do atendimento aos distintos segmentos
coletivos; de usuários.
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de esco-
lha entre vários prestadores de serviços, quando for o Capítulo V
caso, observadas as normas do poder concedente. Da licitação
IV - levar ao conhecimento do poder público e da con-
cessionária as irregularidades de que tenham conhe- Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedi-
cimento, referentes ao serviço prestado; da ou não da execução de obra pública, será objeto
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos de prévia licitação, nos termos da legislação própria
praticados pela concessionária na prestação do serviço; e com observância dos princípios da legalidade, mo-
VI - contribuir para a permanência das boas condições dos ralidade, publicidade, igualdade, do julgamento por
bens públicos através dos quais lhes são prestados os serviços. critérios objetivos e da vinculação ao instrumento
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de convocatório.
direito público e privado, nos Estados e no Distrito Fe- Art. 15. No julgamento da licitação será considerado
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

deral, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao um dos seguintes critérios:


usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser
seis datas opcionais para escolherem os dias de venci- prestado;
mento de seus débitos. II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder
concedente pela outorga da concessão;
Capítulo IV III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos
Da política tarifária nos incisos I, II e VII;
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edi-
Art. 8º (VETADO) tal;
Art. 9º A tarifa do serviço público concedido será fi- V - melhor proposta em razão da combinação dos cri-
xada pelo preço da proposta vencedora da licitação e térios de menor valor da tarifa do serviço público a ser
preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, prestado com o de melhor técnica;
no edital e no contrato.

63
VI - melhor proposta em razão da combinação dos X - a indicação dos bens reversíveis;
critérios de maior oferta pela outorga da concessão XI - as características dos bens reversíveis e as condi-
com o de melhor técnica; ou ções em que estes serão postos à disposição, nos casos
VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após em que houver sido extinta a concessão anterior;
qualificação de propostas técnicas. XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus
§ 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só será das desapropriações necessárias à execução do serviço
admitida quando previamente estabelecida no edital ou da obra pública, ou para a instituição de servidão
de licitação, inclusive com regras e fórmulas precisas administrativa;
para avaliação econômico-financeira. XIII - as condições de liderança da empresa responsá-
§ 2º Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV, vel, na hipótese em que for permitida a participação
V, VI e VII, o edital de licitação conterá parâmetros e de empresas em consórcio;
exigências para formulação de propostas técnicas. XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo
§ 3º O poder concedente recusará propostas manifes- contrato, que conterá as cláusulas essenciais referidas
tamente inexequíveis ou financeiramente incompatí- no art. 23 desta Lei, quando aplicáveis;
veis com os objetivos da licitação. XV - nos casos de concessão de serviços públicos pre-
§ 4º Em igualdade de condições, será dada preferência cedida da execução de obra pública, os dados relativos
à proposta apresentada por empresa brasileira. à obra, dentre os quais os elementos do projeto básico
Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá que permitam sua plena caracterização, bem assim as
caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilida- garantias exigidas para essa parte específica do con-
de técnica ou econômica justificada no ato a que se trato, adequadas a cada caso e limitadas ao valor da
refere o art. 5º desta Lei. obra;
Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de
que, para sua viabilização, necessite de vantagens ou adesão a ser firmado.
subsídios que não estejam previamente autorizados Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da or-
em lei e à disposição de todos os concorrentes. dem das fases de habilitação e julgamento, hipótese
§ 1º Considerar-se-á, também, desclassificada a pro- em que:
posta de entidade estatal alheia à esfera político-ad- I - encerrada a fase de classificação das propostas ou
ministrativa do poder concedente que, para sua viabi- o oferecimento de lances, será aberto o invólucro com
lização, necessite de vantagens ou subsídios do poder os documentos de habilitação do licitante mais bem
público controlador da referida entidade. classificado, para verificação do atendimento das con-
§ 2º Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que tra- dições fixadas no edital;
ta este artigo, qualquer tipo de tratamento tributário II - verificado o atendimento das exigências do edital,
diferenciado, ainda que em consequência da natureza o licitante será declarado vencedor;
jurídica do licitante, que comprometa a isonomia fis- III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão
cal que deve prevalecer entre todos os concorrentes. analisados os documentos habilitatórios do licitante
Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder com a proposta classificada em segundo lugar, e as-
concedente, observados, no que couber, os critérios e sim sucessivamente, até que um licitante classificado
as normas gerais da legislação própria sobre licitações atenda às condições fixadas no edital;
e contratos e conterá, especialmente: IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto
I - o objeto, metas e prazo da concessão; será adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e
II - a descrição das condições necessárias à prestação econômicas por ele ofertadas.
adequada do serviço; Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação
III - os prazos para recebimento das propostas, julga- de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguin-
mento da licitação e assinatura do contrato; tes normas:
IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos, I - comprovação de compromisso, público ou particu-
aos interessados, os dados, estudos e projetos neces- lar, de constituição de consórcio, subscrito pelas con-
sários à elaboração dos orçamentos e apresentação sorciadas;
das propostas; II - indicação da empresa responsável pelo consórcio;
V - os critérios e a relação dos documentos exigidos III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

para a aferição da capacidade técnica, da idoneidade V e XIII do artigo anterior, por parte de cada consor-
financeira e da regularidade jurídica e fiscal; ciada;
VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, com- IV - impedimento de participação de empresas con-
plementares ou acessórias, bem como as provenientes sorciadas na mesma licitação, por intermédio de mais
de projetos associados; de um consórcio ou isoladamente.
VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da § 1º O licitante vencedor fica obrigado a promover,
concessionária em relação a alterações e expansões a antes da celebração do contrato, a constituição e re-
serem realizadas no futuro, para garantir a continui- gistro do consórcio, nos termos do compromisso refe-
dade da prestação do serviço; rido no inciso I deste artigo.
VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa; § 2º A empresa líder do consórcio é a responsável pe-
IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a rante o poder concedente pelo cumprimento do con-
serem utilizados no julgamento técnico e econômico- trato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade
-financeiro da proposta; solidária das demais consorciadas.

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Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela conces-
previsto no edital, no interesse do serviço a ser conce- sionária, das obrigações relativas às obras vinculadas
dido, determinar que o licitante vencedor, no caso de à concessão.
consórcio, se constitua em empresa antes da celebra- Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o
ção do contrato. emprego de mecanismos privados para resolução de
Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, pro- disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, in-
jetos, obras e despesas ou investimentos já efetuados, clusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em
vinculados à concessão, de utilidade para a licitação, língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23
realizados pelo poder concedente ou com a sua au- de setembro de 1996.
torização, estarão à disposição dos interessados, de- Art. 24. (VETADO)
vendo o vencedor da licitação ressarcir os dispêndios Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do ser-
correspondentes, especificados no edital. viço concedido, cabendo-lhe responder por todos os
Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários
certidão sobre atos, contratos, decisões ou pareceres ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo
relativos à licitação ou às próprias concessões. órgão competente exclua ou atenue essa responsabi-
lidade.
Capítulo VI § 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refe-
Do contrato de concessão re este artigo, a concessionária poderá contratar com
terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes,
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de con- acessórias ou complementares ao serviço concedido,
cessão as relativas: bem como a implementação de projetos associados.
I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão; § 2º Os contratos celebrados entre a concessionária e
II - ao modo, forma e condições de prestação do ser- os terceiros a que se refere o parágrafo anterior re-
viço; ger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo
III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder
definidores da qualidade do serviço; concedente.
§ 3º A execução das atividades contratadas com ter-
IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos
ceiros pressupõe o cumprimento das normas regula-
para o reajuste e a revisão das tarifas;
mentares da modalidade do serviço concedido.
V - aos direitos, garantias e obrigações do poder con-
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previs-
cedente e da concessionária, inclusive os relaciona-
tos no contrato de concessão, desde que expressamen-
dos às previsíveis necessidades de futura alteração
te autorizada pelo poder concedente.
e expansão do serviço e consequente modernização,
§ 1º A outorga de subconcessão será sempre precedi-
aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das
da de concorrência.
instalações;
§ 2º O subconcessionário se sub-rogará todos os direi-
VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção tos e obrigações da subconcedente dentro dos limites
e utilização do serviço; da subconcessão.
VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equi- Art. 27. A transferência de concessão ou do contro-
pamentos, dos métodos e práticas de execução do ser- le societário da concessionária sem prévia anuência do
viço, bem como a indicação dos órgãos competentes poder concedente implicará a caducidade da concessão.
para exercê-la; § 1º Para fins de obtenção da anuência de que trata o
VIII - às penalidades contratuais e administrativas a caput deste artigo, o pretendente deverá:
que se sujeita a concessionária e sua forma de apli- I - atender às exigências de capacidade técnica, ido-
cação; neidade financeira e regularidade jurídica e fiscal ne-
IX - aos casos de extinção da concessão; cessárias à assunção do serviço; e
X - aos bens reversíveis; II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do
XI - aos critérios para o cálculo e a forma de paga- contrato em vigor.
mento das indenizações devidas à concessionária, § 2º (Revogado).
quando for o caso; § 3º (Revogado).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XII - às condições para prorrogação do contrato; § 4º (Revogado).


XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de
prestação de contas da concessionária ao poder con- concessão, o poder concedente autorizará a assunção
cedente; do controle ou da administração temporária da con-
XIV - à exigência da publicação de demonstrações fi- cessionária por seus financiadores e garantidores com
nanceiras periódicas da concessionária; e quem não mantenha vínculo societário direto, para
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das diver- promover sua reestruturação financeira e assegurar a
gências contratuais. continuidade da prestação dos serviços.
Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de § 1º Na hipótese prevista no caput, o poder conceden-
serviço público precedido da execução de obra pública te exigirá dos financiadores e dos garantidores que
deverão, adicionalmente: atendam às exigências de regularidade jurídica e fis-
I - estipular os cronogramas físico-financeiros de exe- cal, podendo alterar ou dispensar os demais requisitos
cução das obras vinculadas à concessão; e previstos no inciso I do parágrafo único do art. 27.

65
§ 2º A assunção do controle ou da administração tem- V - na hipótese de ter sido indicada instituição finan-
porária autorizadas na forma do caput deste artigo ceira, conforme previsto no inciso IV do caput deste
não alterará as obrigações da concessionária e de seus artigo, fica a concessionária obrigada a apresentar a
controladores para com terceiros, poder concedente e essa os créditos para cobrança;
usuários dos serviços públicos. VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser
§ 3º Configura-se o controle da concessionária, para depositados pela concessionária ou pela instituição
os fins dispostos no caput deste artigo, a propriedade encarregada da cobrança em conta corrente bancária
resolúvel de ações ou quotas por seus financiadores e vinculada ao contrato de mútuo;
garantidores que atendam os requisitos do art. 116 da VII - a instituição financeira depositária deverá trans-
Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. ferir os valores recebidos ao mutuante à medida que
§ 4º Configura-se a administração temporária da as obrigações do contrato de mútuo tornarem-se exi-
concessionária por seus financiadores e garantidores gíveis; e
quando, sem a transferência da propriedade de ações VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolução à
ou quotas, forem outorgados os seguintes poderes: concessionária dos recursos excedentes, sendo vedada
I - indicar os membros do Conselho de Administração, a retenção do saldo após o adimplemento integral do
contrato.
a serem eleitos em Assembleia Geral pelos acionistas,
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, serão consi-
nas sociedades regidas pela Lei nº 6.404, de 15 de de-
derados contratos de longo prazo aqueles cujas obri-
zembro de 1976; ou administradores, a serem eleitos
gações tenham prazo médio de vencimento superior a
pelos quotistas, nas demais sociedades; 5 (cinco) anos.
II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem
eleitos pelos acionistas ou quotistas controladores em Capítulo VII
Assembleia Geral; Dos encargos do poder concedente
III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta
submetida à votação dos acionistas ou quotistas da Art. 29. Incumbe ao poder concedente:
concessionária, que representem, ou possam represen- I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar per-
tar, prejuízos aos fins previstos no caput deste artigo; manentemente a sua prestação;
IV - outros poderes necessários ao alcance dos fins II - aplicar as penalidades regulamentares e contra-
previstos no caput deste artigo. tuais;
§ 5º A administração temporária autorizada na forma III - intervir na prestação do serviço, nos casos e con-
deste artigo não acarretará responsabilidade aos fi- dições previstos em lei;
nanciadores e garantidores em relação à tributação, IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta
encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromissos Lei e na forma prevista no contrato;
com terceiros, inclusive com o poder concedente ou V - homologar reajustes e proceder à revisão das ta-
empregados. rifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do
§ 6º O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da contrato;
administração temporária. VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regula-
Art. 28. Nos contratos de financiamento, as concessio- mentares do serviço e as cláusulas contratuais da con-
nárias poderão oferecer em garantia os direitos emer- cessão;
gentes da concessão, até o limite que não comprome- VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apu-
ta a operacionalização e a continuidade da prestação rar e solucionar queixas e reclamações dos usuários,
do serviço. que serão cientificados, em até trinta dias, das provi-
Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de lon- dências tomadas;
go prazo, destinados a investimentos relacionados a VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários
à execução do serviço ou obra pública, promovendo
contratos de concessão, em qualquer de suas modali-
as desapropriações, diretamente ou mediante outorga
dades, as concessionárias poderão ceder ao mutuante,
de poderes à concessionária, caso em que será desta a
em caráter fiduciário, parcela de seus créditos opera-
responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
cionais futuros, observadas as seguintes condições: IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para
I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser regis- fins de instituição de servidão administrativa, os bens
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

trado em Cartório de Títulos e Documentos para ter necessários à execução de serviço ou obra pública,
eficácia perante terceiros; promovendo-a diretamente ou mediante outorga de
II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput deste poderes à concessionária, caso em que será desta a
artigo, a cessão do crédito não terá eficácia em re- responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
lação ao Poder Público concedente senão quando for X - estimular o aumento da qualidade, produtividade,
este formalmente notificado; preservação do meio-ambiente e conservação;
III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo XI - incentivar a competitividade; e
serão constituídos sob a titularidade do mutuante, in- XII - estimular a formação de associações de usuários
dependentemente de qualquer formalidade adicional; para defesa de interesses relativos ao serviço.
IV - o mutuante poderá indicar instituição financei- Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder conce-
ra para efetuar a cobrança e receber os pagamentos dente terá acesso aos dados relativos à administração,
dos créditos cedidos ou permitir que a concessionária contabilidade, recursos técnicos, econômicos e finan-
o faça, na qualidade de representante e depositária; ceiros da concessionária.

66
Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a
por intermédio de órgão técnico do poder concedente concessão, a administração do serviço será devolvida
ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamen- à concessionária, precedida de prestação de contas
te, conforme previsto em norma regulamentar, por pelo interventor, que responderá pelos atos praticados
comissão composta de representantes do poder con- durante a sua gestão.
cedente, da concessionária e dos usuários.
Capítulo X
Capítulo VIII Da extinção da concessão
Dos encargos da concessionária
Art. 35. Extingue-se a concessão por:
Art. 31. Incumbe à concessionária: I - advento do termo contratual;
I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta II - encampação;
Lei, nas normas técnicas aplicáveis e no contrato; III - caducidade;
II - manter em dia o inventário e o registro dos bens IV - rescisão;
vinculados à concessão; V - anulação; e
III - prestar contas da gestão do serviço ao poder conce- VI - falência ou extinção da empresa concessionária
dente e aos usuários, nos termos definidos no contrato; e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de
IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as empresa individual.
cláusulas contratuais da concessão; § 1º Extinta a concessão, retornam ao poder conce-
V - permitir aos encarregados da fiscalização livre dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios
acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamen- transferidos ao concessionário conforme previsto no
tos e às instalações integrantes do serviço, bem como edital e estabelecido no contrato.
a seus registros contábeis; § 2º Extinta a concessão, haverá a imediata assunção
VI - promover as desapropriações e constituir servi- do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos
dões autorizadas pelo poder concedente, conforme levantamentos, avaliações e liquidações necessários.
previsto no edital e no contrato; § 3º A assunção do serviço autoriza a ocupação das
VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à instalações e a utilização, pelo poder concedente, de
prestação do serviço, bem como segurá-los adequa- todos os bens reversíveis.
damente; e § 4º Nos casos previstos nos incisos I e II deste arti-
VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros ne- go, o poder concedente, antecipando-se à extinção da
cessários à prestação do serviço. concessão, procederá aos levantamentos e avaliações
Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão- necessários à determinação dos montantes da indeni-
-de-obra, feitas pela concessionária serão regidas pe- zação que será devida à concessionária, na forma dos
las disposições de direito privado e pela legislação tra- arts. 36 e 37 desta Lei.
balhista, não se estabelecendo qualquer relação entre Art. 36. A reversão no advento do termo contratual
os terceiros contratados pela concessionária e o poder far-se-á com a indenização das parcelas dos inves-
concedente. timentos vinculados a bens reversíveis, ainda não
amortizados ou depreciados, que tenham sido rea-
Capítulo IX lizados com o objetivo de garantir a continuidade e
Da intervenção atualidade do serviço concedido.
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do ser-
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na conces- viço pelo poder concedente durante o prazo da con-
são, com o fim de assegurar a adequação na prestação cessão, por motivo de interesse público, mediante lei
do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas autorizativa específica e após prévio pagamento da
contratuais, regulamentares e legais pertinentes. indenização, na forma do artigo anterior.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do po- Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acar-
der concedente, que conterá a designação do interventor, retará, a critério do poder concedente, a declaração de
o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida. caducidade da concessão ou a aplicação das sanções
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

deverá, no prazo de trinta dias, instaurar procedimen- art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.
to administrativo para comprovar as causas determi- § 1º A caducidade da concessão poderá ser declarada
nantes da medida e apurar responsabilidades, assegu- pelo poder concedente quando:
rado o direito de ampla defesa. I - o serviço estiver sendo prestado de forma inade-
§ 1º Se ficar comprovado que a intervenção não ob- quada ou deficiente, tendo por base as normas, crité-
servou os pressupostos legais e regulamentares será rios, indicadores e parâmetros definidores da qualida-
declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imedia- de do serviço;
tamente devolvido à concessionária, sem prejuízo de II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais
seu direito à indenização. ou disposições legais ou regulamentares concernentes
§ 2º O procedimento administrativo a que se refere o à concessão;
caput deste artigo deverá ser concluído no prazo de III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer
até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se in- para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de
válida a intervenção. caso fortuito ou força maior;

67
IV - a concessionária perder as condições econômi- Capítulo XII
cas, técnicas ou operacionais para manter a adequada Disposições finais e transitórias
prestação do serviço concedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades im- Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão,
postas por infrações, nos devidos prazos; permissão e autorização para o serviço de radiodifu-
VI - a concessionária não atender a intimação do po- são sonora e de sons e imagens.
der concedente no sentido de regularizar a prestação Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas
do serviço; e anteriormente à entrada em vigor desta Lei conside-
VII - a concessionária não atender a intimação do po- ram-se válidas pelo prazo fixado no contrato ou no
der concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias, ato de outorga, observado o disposto no art. 43 desta
apresentar a documentação relativa a regularidade Lei.
fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da § 1º Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou
§ 2º A declaração da caducidade da concessão deverá entidade do poder concedente, ou delegado a tercei-
ser precedida da verificação da inadimplência da con- ros, mediante novo contrato.
cessionária em processo administrativo, assegurado o § 2º As concessões em caráter precário, as que estive-
direito de ampla defesa. rem com prazo vencido e as que estiverem em vigor
§ 3º Não será instaurado processo administrativo de por prazo indeterminado, inclusive por força de legis-
inadimplência antes de comunicados à concessioná- lação anterior, permanecerão válidas pelo prazo ne-
ria, detalhadamente, os descumprimentos contratuais cessário à realização dos levantamentos e avaliações
referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo indispensáveis à organização das licitações que pre-
para corrigir as falhas e transgressões apontadas e cederão a outorga das concessões que as substituirão,
para o enquadramento, nos termos contratuais. prazo esse que não será inferior a 24 (vinte e quatro)
§ 4º Instaurado o processo administrativo e compro- meses.
vada a inadimplência, a caducidade será declarada § 3º As concessões a que se refere o § 2º deste arti-
por decreto do poder concedente, independentemente go, inclusive as que não possuam instrumento que as
de indenização prévia, calculada no decurso do pro- formalize ou que possuam cláusula que preveja pror-
cesso. rogação, terão validade máxima até o dia 31 de de-
§ 5º A indenização de que trata o parágrafo anterior, zembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de
será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contra- 2009, tenham sido cumpridas, cumulativamente, as
to, descontado o valor das multas contratuais e dos seguintes condições:
danos causados pela concessionária. I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos
§ 6º Declarada a caducidade, não resultará para o elementos físicos constituintes da infra-estrutura de
poder concedente qualquer espécie de responsabili- bens reversíveis e dos dados financeiros, contábeis e
dade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou comerciais relativos à prestação dos serviços, em di-
compromissos com terceiros ou com empregados da mensão necessária e suficiente para a realização do
concessionária. cálculo de eventual indenização relativa aos investi-
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido mentos ainda não amortizados pelas receitas emer-
por iniciativa da concessionária, no caso de descum- gentes da concessão, observadas as disposições legais
primento das normas contratuais pelo poder conce- e contratuais que regulavam a prestação do serviço ou
dente, mediante ação judicial especialmente intenta- a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da
da para esse fim. publicação desta Lei;
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste II - celebração de acordo entre o poder concedente e
artigo, os serviços prestados pela concessionária não o concessionário sobre os critérios e a forma de in-
poderão ser interrompidos ou paralisados, até a deci- denização de eventuais créditos remanescentes de in-
são judicial transitada em julgado. vestimentos ainda não amortizados ou depreciados,
apurados a partir dos levantamentos referidos no inci-
Capítulo XI so I deste parágrafo e auditados por instituição espe-
Das permissões cializada escolhida de comum acordo pelas partes; e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 40. A permissão de serviço público será formali- III - publicação na imprensa oficial de ato formal de
zada mediante contrato de adesão, que observará os autoridade do poder concedente, autorizando a pres-
termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do tação precária dos serviços por prazo de até 6 (seis)
edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, me-
revogabilidade unilateral do contrato pelo poder con- diante comprovação do cumprimento do disposto nos
cedente. incisos I e II deste parágrafo.
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto § 4º Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do
nesta Lei. § 3º deste artigo, o cálculo da indenização de inves-
timentos será feito com base nos critérios previstos
no instrumento de concessão antes celebrado ou, na
omissão deste, por avaliação de seu valor econômico
ou reavaliação patrimonial, depreciação e amortiza-

68
ção de ativos imobilizados definidos pelas legislações nômico, seu exercício passa a ser vedado à livre iniciativa
fiscal e das sociedades por ações, efetuada por em- dos particulares, salvo se o Estado delegar a prestação do
presa de auditoria independente escolhida de comum serviço por meio de delegações, concessões, permissões
acordo pelas partes. ou autorizações.
§ 5º No caso do § 4º deste artigo, o pagamento de Entende-se por domínio econômico o conjunto de
eventual indenização será realizado, mediante garan- atividades constitucionalmente reservadas à iniciativa
tia real, por meio de 4 (quatro) parcelas anuais, iguais privada. Não se confunde com ordem econômica, que é
e sucessivas, da parte ainda não amortizada de in- o complexo de princípios e normas jurídicas que discipli-
vestimentos e de outras indenizações relacionadas à nam as atividades econômicas.
prestação dos serviços, realizados com capital próprio Para melhor compreender como o Estado pode in-
do concessionário ou de seu controlador, ou originá- fluenciar a iniciativa privada no domínio econômico, im-
rios de operações de financiamento, ou obtidos me- prescindível é conhecer os princípios e normas gerais da
diante emissão de ações, debêntures e outros títulos ordem econômica, que se encontram dispostas no art.
mobiliários, com a primeira parcela paga até o último 170 da CF/1988:
dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a rever- Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização
são. do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
§ 6º Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que assegurar a todos existência digna, conforme os dita-
trata o § 5º deste artigo ser paga mediante receitas de mes da justiça social, observados os seguintes princí-
novo contrato que venha a disciplinar a prestação do pios:
serviço. I - soberania nacional;
Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de servi- II - propriedade privada;
ços públicos outorgadas sem licitação na vigência da III - função social da propriedade;
Constituição de 1988. IV - livre concorrência;
Parágrafo único. Ficam também extintas todas as V - defesa do consumidor;
concessões outorgadas sem licitação anteriormente à VI - defesa do meio ambiente;
Constituição de 1988, cujas obras ou serviços não te- VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
nham sido iniciados ou que se encontrem paralisados VIII - busca do pleno emprego;
quando da entrada em vigor desta Lei. IX - tratamento favorecido para as empresas brasilei-
Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se ras de capital nacional de pequeno porte.
encontrem atrasadas, na data da publicação desta Lei, Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício
apresentarão ao poder concedente, dentro de cento e de qualquer atividade econômica, independentemen-
oitenta dias, plano efetivo de conclusão das obras. te de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente previstos em lei.
o plano a que se refere este artigo ou se este plano não
oferecer condições efetivas para o término da obra, o Pela leitura do dispositivo constitucional, percebe-se
poder concedente poderá declarar extinta a conces- que a ordem econômica rege-se pelas normas de direi-
são, relativa a essa obra. to privado, mais especificamente pelas regras de Direito
Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44 Civil e Direito Empresarial, em respeito às liberdades in-
desta Lei, o poder concedente indenizará as obras e dividuais garantida a todos os cidadãos. Todavia, essas
serviços realizados somente no caso e com os recursos liberdades também podem sofrer restrições, principal-
da nova licitação. mente se acabarem partindo de encontro contra aspec-
Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste tos sociais, ou contra interesses difusos, como a proteção
artigo deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para ao meio ambiente, aos direitos do consumidor, a fun-
fins de avaliação, o estágio das obras paralisadas ou ção social da propriedade, etc. O Estado brasileiro não é
atrasadas, de modo a permitir a utilização do crité- uma figura ausente e passiva, devendo agir e intervir na
rio de julgamento estabelecido no inciso III do art. 15 medida em que o exercício descontrolado da atividade
desta Lei. econômica possa causar danos irreparáveis contra a so-
Art. 46. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ciedade.
cação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 47. Revogam-se as disposições em contrário.


Brasília, 13 de fevereiro de 1995; 174º da Indepen-
dência e 107º da República.

6. Intervenção do Estado no domínio econômico:

A Constituição Federal de 1988 trouxe uma grande


inovação, ao estabelecer claramente quais atividades es-
tariam dentro do campo de atuação do Estado, caracteri-
zando-se como “serviços públicos”, e qual seria o domí-
nio das atividades econômicas, de competência da livre
iniciativa. Na medida em que o ordenamento define uma
tarefa como serviço público, retirando-a do domínio eco-

69
LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 – LICITA-
LICITAÇÃO E CONTRATOS ÇÕES
ADMINISTRATIVOS: LEI Nº 8.666/93
COM ALTERAÇÕES POSTERIORES: DOS Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Fe-
PRINCÍPIOS. DAS MODALIDADES. deral, institui normas para licitações e contratos da
DOS CONTRATOS. DA EXECUÇÃO. DA Administração Pública e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
INEXECUÇÃO E DA RESCISÃO. DAS
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: [...]
SANÇÕES

#FicaDica

EXERCÍCIO COMENTADO A Lei nº 8.666/1993 é bastante ampla e de-


dica espaço a duas temáticas centrais: licita-
ções e contratos administrativos. Em muitos
1. (PC-AP – Agente de Polícia – FCC – 2017) Quando o concursos públicos é cobrado apenas o con-
Estado atua no domínio econômico pode fazê-lo: teúdo de licitações, enquanto que em outros
é cobrado tanto o conteúdo de contratos
a) diretamente, por meio de empresas públicas ou socie- administrativos quanto o de licitações. Se no
dades de economia mista, pessoas jurídicas de direito seu concurso a Lei nº 8.666/1993 for cobrada
público que integram a Administração pública indire- na íntegra, ambos os conteúdos poderão in-
ta mas atuam no mercado em regime de competição cidir em questões da prova.
com o setor privado.
b) por meio de intervenção direta, seja na propriedade
privada, seja regulando o mercado em seus diversos LICITAÇÕES
setores, não podendo, contudo, submeter-se a regime
jurídico de direito privado quando envolver emprego 1. Conceito
de recursos públicos.
c) diretamente ou indiretamente, neste caso admitida a Licitação é o processo pelo qual a Administração Pú-
modalidade de fomento, incentivando o fortalecimen- blica contrata serviços e adquire bens dos particulares,
to ou desenvolvimento de determinados segmentos, evitando-se que a escolha dos contratados seja fraudu-
categorias ou setores de mercado conforme o interes- lenta e prejudicial ao Estado em favor dos interesses par-
se público, afastada, contudo, qualquer possibilidade ticulares do governante.
de favorecimento. Segundo Carvalho Filho14, “não poderia a lei deixar ao ex-
d) preferencialmente de forma direta em alguns setores clusivo critério do administrador a escolha das pessoas a se-
da economia, criando pessoas jurídicas de direito pú- rem contratadas, porque, fácil é prever, essa liberdade daria
blico e privado para atuarem em regime de concor- margem a escolhas impróprias, ou mesmo a concertos escu-
rência ou parceria com a iniciativa privada. sos entre alguns administradores públicos inescrupulosos e
e) por meio da prestação de serviços públicos de forma particulares, com o que prejudicada, em última análise, seria
direta, seja pela Administração direta, seja pela indireta, a Administração Pública, gestora dos interesses públicos”.
não se incluindo na atuação a delegação dos referidos Deste modo, Carvalho Filho15 conceitua licitação
serviços, hipótese em que o Estado transfere ao particular como “o procedimento administrativo vinculado por
a responsabilidade pela atuação no domínio econômico. meio do qual os entes da Administração Pública e aque-
les por ela controlados selecionam a melhor proposta
Resposta: Letra C. Letra A está incorreta pois as em- entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois
presas públicas e sociedades de economia mista são objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do
pessoas jurídicas de direito privado. Letra B está incor- melhor trabalho técnico, artístico ou científico”.
reta pois a intervenção da empresa pública e socie- Destaca-se a natureza de procedimento administra-
dade de economia mista na exploração de atividade tivo, pois apesar da Lei nº 8.666/93 se referir à licitação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

econômica importa em sujeição às regras de direito como ato administrativo, não se detecta verdadeiramen-
privado. Letra D está incorreta, pois os casos de inter- te ato, que é um elemento formal que indica uma inten-
venção direta do Estado são apenas excepcionais, pre- ção de agir da administração, mas sim um procedimento,
ferencialmente ele deve intervir de forma indireta (art. diante do cumprimento de etapas previstas em lei para
que se atinja uma meta ou um objetivo.
173 da CF/1988). Letra E está incorreta pois, no caso,
Logo, a licitação é um procedimento administrativo
não há que se falar em prestação de serviço público, e
que tem por finalidade evitar práticas fraudulentas na
sim em exploração de atividade econômica.
Administração Pública, garantindo a contratação do ser-
viço ou produto que melhor atenda às expectativas de
custo-benefício para o aparato público.
14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

70
2. Objeto 5. Destinatários

O objeto da licitação é a aquisição de bens e serviços Além do próprio Poder Público, também são desti-
pela Administração Pública, bem como a alienação do natários os licitantes interessados em contratar com o
patrimônio dela, conforme a melhor proposta que aten- Poder Público e qualquer pessoa interessada em saber
da aos interesses públicos. Toda licitação que é aberta sobre os procedimentos públicos de licitação.
volta-se especificamente para isto, permitindo que a Ad- Uma vez que o texto constitucional prevê a obrigato-
ministração desempenhe suas atividades uma vez que riedade da licitação (artigo 37, XXVII, CF), estão obriga-
dispõe dos bens e serviços necessários para tanto. dos a licitar todos os entes estatais, incluindo-se a admi-
nistração direta (e o conjunto de órgãos que a compõem
3. Finalidade/Objetivos no âmbito do Executivo) e a administração indireta, além
do Legislativo e do Judiciário, bem como os órgãos in-
1) Garantir a competição entre os interessados: to- dependentes (Tribunais de Contas, Defensoria Pública e
dos os concorrentes devem ter igualdade de condições Ministério Público) e os entes sociais autônomos (paraes-
quanto à possibilidade de contratar com o Poder Público. tatais).
Trata-se de via de mão dupla, pois se de um lado os con- Os particulares do terceiro setor que celebram com o
correntes terão a garantia de imparcialidade no proces- Estado contratos de convênio são obrigados a licitar para
so licitatório, de outro lado a Administração conseguirá gastar as verbas públicas recebidas, prestando contas
atrair um contrato mais vantajoso. nos termos da Instrução Normativa nº 01 da Secretaria
2) Alcançar a melhor proposta para o interesse públi- do Tesouro Nacional.
co: a finalidade da licitação deve ser sempre atender o As empresas públicas e sociedades de economia mis-
interesse público. Afinal, os agentes públicos são meros ta desempenham operações peculiares de nítido caráter
representantes do Estado e jamais devem agir em prol de econômico, que estão vinculadas aos próprios objetivos
seus interesses particulares (princípio da impessoalida- da entidade, ou seja, são suas atividades-fim. Ex.: Caixa
de), sendo dever a preservação e proteção dos interesses
Econômica Federal estabelece relações bancárias, Cor-
públicos. Com efeito, é dever do condutor da licitação
reios ofertam serviços de postagem. Tais operações com
buscar a proposta mais vantajosa, garantindo a igualda-
caráter econômico relacionadas à atividade-fim da socie-
de de condições entre os concorrentes, respeitando to-
dade de economia mista ou da empresa pública não se
dos os demais princípios resguardados pela constituição.
sujeitam às regras de licitação, sendo tratadas conforme
3) Servir de ferramenta de direito econômico: a lici-
as regras comerciais comuns. As regras licitatórias ape-
tação é uma ferramenta que pode ser empregada para a
nas incidem quanto as atividades-meio.
intervenção estatal na economia, promovendo o desen-
volvimento e a tecnologia nacionais (tanto é verdade que
empresas nacionais poderão vencer a licitação mesmo 6. Princípios
que ofereçam preço até 25% mais caro que empresas es-
trangeiras). Entre outros, os princípios básicos que regem a lici-
tação são: legalidade, impessoalidade, moralidade, igual-
4. Competência legislativa dade, publicidade, probidade administrativa, vinculação
ao instrumento convocatório e julgamento objetivo.
A União tem competência privativa para legislar so- “- Legalidade: só é possível fazer o que está previsto
bre normas gerais licitatórias, conforme previsto no texto na Lei;
constitucional: - Impessoalidade: o interesse da Administração pre-
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar so- valece acima dos interesses pessoais;
bre: [...] XXVII - normas gerais de licitação e contrata- - Moralidade: as regras morais vigentes devem ser
ção, em todas as modalidades, para as administrações obedecidas em conjunto com as leis em vigor;
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, - Igualdade: todos são iguais perante a lei e não pode
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o dis- haver discriminação nem beneficiamento entre os
posto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e participantes da licitação;
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, - Publicidade: a licitação não pode ser sigilosa e as
§ 1°, III”. Por normas gerais de licitação e contratação, decisões tomadas durante a licitação devem ser
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

entendam-se aquelas com capacidade de criar, alterar públicas, garantida a transparência do processo
ou extinguir modalidades, tipos e princípios licitató- licitatório;
rios. - Probidade administrativa: a licitação deve ser pro-
cessada por pessoas que tenham honestidade;
Não significa que os Estados e municípios não pos- - Vinculação ao instrumento convocatório: o Edital
sam legislar sobre licitações, apenas não podem se imis- é a lei entre quem promove e quem participa da
cuir nas normas gerais. Os Estados e municípios podem licitação, não podendo ser descumprido;
regulamentar questões instrumentais e de interesse lo- - Julgamento objetivo: as propostas dos licitantes
cal, mas não se trata de competência concorrente. Por devem ser julgadas de acordo com o que diz o
isso mesmo, não podem ampliar os casos de dispensa e Edital”16.
inexigibilidade, alterar os limites de valor para cada mo-
dalidade de licitação ou reduzir os prazos de publicidade
e dos recursos.
16 http://www.sebrae.com.br/

71
Entre os princípios correlatos, Carvalho Filho17 des-
taca: #FicaDica
- Competitividade: correlato ao princípio da igualda-
de, pelo princípio da competitividade a Adminis- Conceito: Licitação é o procedimento admi-
tração não pode criar regras que comprometam, nistrativo formal utilizado para a contratação
restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da de serviços ou para a aquisição/venda de
licitação; bens/produtos pela Administração Pública,
- Indistinção: correlato ao princípio da igualdade, direta ou indireta, em todas esferas da fede-
pelo princípio da indistinção é vedado criar pre- ração (União, Estados, DF, Municípios).
ferências ou distinções relativas à naturalidade, à Objetivo: Proporcionar à Administração Pú-
sede ou ao domicílio dos licitantes; blica que adquira e venda bens ou contrate
- Inalterabilidade do edital: correlato aos princípios serviços da forma menos onerosa e com a
da publicidade e da vinculação ao instrumento maior qualidade possível.
convocatório, pelo princípio da inalterabilidade do Finalidades: Permitir a melhor contratação
edital a Administração está vinculada às regras que possível, selecionando a proposta mais van-
foram por ela própria divulgadas; tajosa; possibilitar amplo acesso por parte de
- Sigilo das propostas: correlato aos princípios da qualquer interessado para que possa partici-
probidade administrativa e da igualdade, pelo par da disputa pelas contratações; e ser fer-
princípio do sigilo das propostas todas as propos- ramenta de direito econômico.
tas devem vir lacradas e só devem ser abertas em
sessão pública devidamente agendada;
- Formalismo procedimental: correlato ao princípio LEGISLAÇÃO SECA
da legalidade, pelo princípio do formalismo pro-
cedimental as regras do procedimento adotadas Os principais aspectos que podem ser observados
para a licitação devem seguir os parâmetros que nos apontamentos teóricos acima são notadamente ex-
a lei fixar; traídos da Lei nº 8.666/1993 em seu primeiro capítulo,
- Vedação à oferta de vantagens: correlato ao prin- que também dá atenção a alguns aspectos procedimen-
cípio do julgamento objetivo, pelo princípio da ve- tais, que se colaciona abaixo com grifos.
dação à oferta de vantagens as regras de seleção
devem ser adstritas aos critérios fixados no edital, CAPÍTULO I
não se admitindo a intervenção de fatores adver- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
sos; SEÇÃO I
- Obrigatoriedade das licitações: consagrado no DOS PRINCÍPIOS
artigo 37, XXI, CF, determina que “ressalvados os
casos especificados na legislação, as obras, ser- Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licita-
viços, compras e alienações serão contratados ções e contratos administrativos pertinentes a obras,
mediante processo de licitação pública que as- serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações
segure igualdade de condições a todos os concor- e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Esta-
rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações dos, do Distrito Federal e dos Municípios.
de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente per- Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei,
mitirá as exigências de qualificação técnica e eco- além dos órgãos da administração direta, os fundos
nômica indispensáveis à garantia do cumprimento especiais, as autarquias, as fundações públicas, as em-
das obrigações”. Também se repete no artigo 2o da presas públicas, as sociedades de economia mista e
Lei nº 8.666/1993. demais entidades controladas direta ou indiretamente
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade,
compras, alienações, concessões, permissões e loca-
ções da Administração Pública, quando contratadas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

com terceiros, serão necessariamente precedidas de


licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se
contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou en-
tidades da Administração Pública e particulares, em
que haja um acordo de vontades para a formação de
vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja
qual for a denominação utilizada.
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observân-
cia do princípio constitucional da isonomia, a seleção
da proposta mais vantajosa para a administração e
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável
17 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
e será processada e julgada em estrita conformidade
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

72
com os princípios básicos da legalidade, da impesso- V - em suas revisões, análise retrospectiva de resul-
alidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, tados.
da probidade administrativa, da vinculação ao instru- § 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacio-
mento convocatório, do julgamento objetivo e dos que nais resultantes de desenvolvimento e inovação tec-
lhes são correlatos. nológica realizados no País, poderá ser estabelecido
§ 1º É vedado aos agentes públicos: margem de preferência adicional àquela prevista no
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de con- § 5º.
vocação, cláusulas ou condições que comprometam, § 8º As margens de preferência por produto, serviço,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, in- grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se refe-
clusive nos casos de sociedades cooperativas, e esta- rem os §§ 5º e 7º, serão definidas pelo Poder Executivo
beleçam preferências ou distinções em razão da na- federal, não podendo a soma delas ultrapassar o mon-
turalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de tante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preço
qualquer outra circunstância impertinente ou irrele- dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros.
vante para o específico objeto do contrato, ressalvado § 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo
o disposto nos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capaci-
Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991; dade de produção ou prestação no País seja inferior:
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou
comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qual- II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7º do
quer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, art. 23 desta Lei, quando for o caso.
inclusive no que se refere a moeda, modalidade e § 10. A margem de preferência a que se refere o § 5º
local de pagamentos, mesmo quando envolvidos fi- poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens
nanciamentos de agências internacionais, ressalvado e serviços originários dos Estados Partes do Mercado
o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3º da Lei nº Comum do Sul - Mercosul.
8.248, de 23 de outubro de 1991. § 11. Os editais de licitação para a contratação de
§ 2º Em igualdade de condições, como critério de de- bens, serviços e obras poderão, mediante prévia jus-
sempate, será assegurada preferência, sucessivamen- tificativa da autoridade competente, exigir que o
te, aos bens e serviços: contratado promova, em favor de órgão ou entidade
I - (Revogado) integrante da administração pública ou daqueles por
II - produzidos no País; ela indicados a partir de processo isonômico, medi-
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras; das de compensação comercial, industrial, tecnológica
IV - produzidos ou prestados por empresas que invis- ou acesso a condições vantajosas de financiamento,
tam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia cumulativamente ou não, na forma estabelecida pelo
no País; Poder Executivo federal.
V - produzidos ou prestados por empresas que com- § 12. Nas contratações destinadas à implantação,
provem cumprimento de reserva de cargos prevista manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de
em lei para pessoa com deficiência ou para reabilita- tecnologia de informação e comunicação, considera-
do da Previdência Social e que atendam às regras de dos estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a
acessibilidade previstas na legislação. licitação poderá ser restrita a bens e serviços com tec-
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e nologia desenvolvida no País e produzidos de acordo
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, sal- com o processo produtivo básico de que trata a Lei nº
vo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva 10.176, de 11 de janeiro de 2001.
abertura. § 13. Será divulgada na internet, a cada exercício fi-
§ 4º (Vetado). nanceiro, a relação de empresas favorecidas em de-
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabeleci- corrência do disposto nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste
da margem de preferência para: artigo, com indicação do volume de recursos destina-
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais dos a cada uma delas.
que atendam a normas técnicas brasileiras; e § 14. As preferências definidas neste artigo e nas de-
II - bens e serviços produzidos ou prestados por em- mais normas de licitação e contratos devem privilegiar
presas que comprovem cumprimento de reserva de o tratamento diferenciado e favorecido às microem-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou presas e empresas de pequeno porte na forma da lei.
para reabilitado da Previdência Social e que atendam § 15. As preferências dispostas neste artigo prevale-
às regras de acessibilidade previstas na legislação. cem sobre as demais preferências previstas na legisla-
§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5º será ção quando estas forem aplicadas sobre produtos ou
estabelecida com base em estudos revistos periodica- serviços estrangeiros.
mente, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que Art. 4º Todos quantos participem de licitação promo-
levem em consideração: vida pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º
I - geração de emprego e renda; têm direito público subjetivo à fiel observância do per-
II - efeito na arrecadação de tributos federais, estadu- tinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo
ais e municipais; qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimen-
III - desenvolvimento e inovação tecnológica realiza- to, desde que não interfira de modo a perturbar ou
dos no País; impedir a realização dos trabalhos.
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e

73
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto a) empreitada por preço global - quando se contrata a
nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
ele praticado em qualquer esfera da Administração b) empreitada por preço unitário - quando se contrata
Pública. a execução da obra ou do serviço por preço certo de
Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas unidades determinadas;
licitações terão como expressão monetária a moeda c) (Vetado).
corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42 d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pe-
desta Lei, devendo cada unidade da Administração, no quenos trabalhos por preço certo, com ou sem forne-
pagamento das obrigações relativas ao fornecimento cimento de materiais;
de bens, locações, realização de obras e prestação de e) empreitada integral - quando se contrata um em-
serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de re- preendimento em sua integralidade, compreendendo
cursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas todas as etapas das obras, serviços e instalações ne-
exigibilidades, salvo quando presentes relevantes ra- cessárias, sob inteira responsabilidade da contratada
zões de interesse público e mediante prévia justificati- até a sua entrega ao contratante em condições de en-
va da autoridade competente, devidamente publicada. trada em operação, atendidos os requisitos técnicos e
§ 1º Os créditos a que se refere este artigo terão seus legais para sua utilização em condições de segurança
valores corrigidos por critérios previstos no ato convo- estrutural e operacional e com as características ade-
catório e que lhes preservem o valor. quadas às finalidades para que foi contratada;
§ 2º A correção de que trata o parágrafo anterior cujo IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessá-
pagamento será feito junto com o principal, correrá à rios e suficientes, com nível de precisão adequado,
conta das mesmas dotações orçamentárias que aten- para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de
deram aos créditos a que se referem. obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com
§ 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos base nas indicações dos estudos técnicos prelimina-
decorrentes de despesas cujos valores não ultrapas- res, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
sem o limite de que trata o inciso II do art. 24, sem tratamento do impacto ambiental do empreendimen-
prejuízo do que dispõe seu parágrafo único, deverão to, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a
ser efetuados no prazo de até 5 (cinco) dias úteis, con- definição dos métodos e do prazo de execução, deven-
tados da apresentação da fatura. do conter os seguintes elementos:
Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a
privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às fornecer visão global da obra e identificar todos os
microempresas e empresas de pequeno porte na for- seus elementos constitutivos com clareza;
ma da lei. b) soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-
mente detalhadas, de forma a minimizar a necessida-
SEÇÃO II de de reformulação ou de variantes durante as fases
DAS DEFINIÇÕES de elaboração do projeto executivo e de realização das
obras e montagem;
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se: c) identificação dos tipos de serviços a executar e de
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recu- materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem
peração ou ampliação, realizada por execução direta como suas especificações que assegurem os melhores
ou indireta; resultados para o empreendimento, sem frustrar o ca-
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determi- ráter competitivo para a sua execução;
nada utilidade de interesse para a Administração, tais d) informações que possibilitem o estudo e a dedu-
como: demolição, conserto, instalação, montagem, ção de métodos construtivos, instalações provisórias e
operação, conservação, reparação, adaptação, manu- condições organizacionais para a obra, sem frustrar o
tenção, transporte, locação de bens, publicidade, se- caráter competitivo para a sua execução;
guro ou trabalhos técnico-profissionais; e) subsídios para montagem do plano de licitação e
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens gestão da obra, compreendendo a sua programação,
para fornecimento de uma só vez ou parceladamente; a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens e outros dados necessários em cada caso;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a terceiros; f) orçamento detalhado do custo global da obra, fun-


V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aque- damentado em quantitativos de serviços e forneci-
las cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cin- mentos propriamente avaliados;
co) vezes o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos ne-
do art. 23 desta Lei; cessários e suficientes à execução completa da obra,
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel de acordo com as normas pertinentes da Associação
cumprimento das obrigações assumidas por empresas Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;
em licitações e contratos; XI - Administração Pública - a administração direta
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e en- e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal
tidades da Administração, pelos próprios meios; e dos Municípios, abrangendo inclusive as entidades
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade com personalidade jurídica de direito privado sob con-
contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes re- trole do poder público e das fundações por ele institu-
gimes: ídas ou mantidas;

74
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade ad- III - houver previsão de recursos orçamentários que
ministrativa pela qual a Administração Pública opera assegurem o pagamento das obrigações decorrentes
e atua concretamente; de obras ou serviços a serem executadas no exercício
XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação financeiro em curso, de acordo com o respectivo cro-
da Administração Pública, sendo para a União o Diário nograma;
Oficial da União, e, para os Estados, o Distrito Federal IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas
e os Municípios, o que for definido nas respectivas leis; metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso.
do instrumento contratual; § 3º É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de recursos financeiros para sua execução, qualquer
de contrato com a Administração Pública; que seja a sua origem, exceto nos casos de empre-
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, endimentos executados e explorados sob o regime de
criada pela Administração com a função de receber, concessão, nos termos da legislação específica.
examinar e julgar todos os documentos e procedimen- § 4º É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação,
tos relativos às licitações e ao cadastramento de lici- de fornecimento de materiais e serviços sem previsão
tantes. de quantidades ou cujos quantitativos não correspon-
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos dam às previsões reais do projeto básico ou executivo.
manufaturados, produzidos no território nacional de § 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto in-
acordo com o processo produtivo básico ou com as clua bens e serviços sem similaridade ou de marcas,
regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo características e especificações exclusivas, salvo nos
federal; casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, quando o fornecimento de tais materiais e serviços for
nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo fe- feito sob o regime de administração contratada, pre-
deral; visto e discriminado no ato convocatório.
§ 6º A infringência do disposto neste artigo implica a
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comu-
nulidade dos atos ou contratos realizados e a respon-
nicação estratégicos - bens e serviços de tecnologia
sabilidade de quem lhes tenha dado causa.
da informação e comunicação cuja descontinuidade
§ 7º Não será ainda computado como valor da obra
provoque dano significativo à administração pública e
ou serviço, para fins de julgamento das propostas de
que envolvam pelo menos um dos seguintes requisitos
preços, a atualização monetária das obrigações de
relacionados às informações críticas: disponibilidade,
pagamento, desde a data final de cada período de
confiabilidade, segurança e confidencialidade.
aferição até a do respectivo pagamento, que será cal-
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, culada pelos mesmos critérios estabelecidos obrigato-
insumos, serviços e obras necessários para atividade riamente no ato convocatório.
de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento § 8º Qualquer cidadão poderá requerer à Administra-
de tecnologia ou inovação tecnológica, discriminados ção Pública os quantitativos das obras e preços unitá-
em projeto de pesquisa aprovado pela instituição con- rios de determinada obra executada.
tratante. § 9º O disposto neste artigo aplica-se também, no que
couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de
SEÇÃO III licitação.
DAS OBRAS E SERVIÇOS Art. 8º A execução das obras e dos serviços deve pro-
gramar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus
Art. 7º As licitações para a execução de obras e para custos atual e final e considerados os prazos de sua
a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste execução.
artigo e, em particular, à seguinte sequência: Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado
I - projeto básico; da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas,
II - projeto executivo; se existente previsão orçamentária para sua execução
III - execução das obras e serviços. total, salvo insuficiência financeira ou comprovado
§ 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamente motivo de ordem técnica, justificados em despacho
precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade circunstanciado da autoridade a que se refere o art.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

competente, dos trabalhos relativos às etapas anterio- 26 desta Lei.


res, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser
desenvolvido concomitantemente com a execução das Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente,
obras e serviços, desde que também autorizado pela da licitação ou da execução de obra ou serviço e do
Administração. fornecimento de bens a eles necessários:
§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser lici- I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física
tados quando: ou jurídica;
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade II - empresa, isoladamente ou em consórcio, respon-
competente e disponível para exame dos interessados sável pela elaboração do projeto básico ou executivo
em participar do processo licitatório; ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente,
II - existir orçamento detalhado em planilhas que ex- acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento)
pressem a composição de todos os seus custos unitá- do capital com direito a voto ou controlador, respon-
rios; sável técnico ou subcontratado;

75
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contra- IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de
tante ou responsável pela licitação. obras ou serviços;
§ 1º É permitida a participação do autor do projeto V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou admi-
ou da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, nistrativas;
na licitação de obra ou serviço, ou na execução, como VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
consultor ou técnico, nas funções de fiscalização, su-
VII - restauração de obras de arte e bens de valor his-
pervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço
tórico.
da Administração interessada.
§ 2º O disposto neste artigo não impede a licitação ou VIII - (Vetado).
contratação de obra ou serviço que inclua a elabora- § 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licita-
ção de projeto executivo como encargo do contratado ção, os contratos para a prestação de serviços técnicos
ou pelo preço previamente fixado pela Administração. profissionais especializados deverão, preferencialmen-
§ 3º Considera-se participação indireta, para fins do te, ser celebrados mediante a realização de concurso,
disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo com estipulação prévia de prêmio ou remuneração.
de natureza técnica, comercial, econômica, financeira § 2º Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-
ou trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física -se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços, § 3º A empresa de prestação de serviços técnicos es-
fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos pecializados que apresente relação de integrantes
de bens e serviços a estes necessários.
de seu corpo técnico em procedimento licitatório ou
§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos
como elemento de justificação de dispensa ou inexigi-
membros da comissão de licitação.
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas bilidade de licitação, ficará obrigada a garantir que os
seguintes formas: referidos integrantes realizem pessoal e diretamente
I - execução direta; os serviços objeto do contrato.
II - execução indireta, nos seguintes regimes:
a) empreitada por preço global; SEÇÃO V
b) empreitada por preço unitário; DAS COMPRAS
c) (Vetado).
d) tarefa; Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada
e) empreitada integral. caracterização de seu objeto e indicação dos recursos
Parágrafo único. (Vetado). orçamentários para seu pagamento, sob pena de nuli-
Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos
dade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado
fins terão projetos padronizados por tipos, categorias
ou classes, exceto quando o projeto-padrão não aten- causa.
der às condições peculiares do local ou às exigências Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:
específicas do empreendimento. I - atender ao princípio da padronização, que impo-
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de nha compatibilidade de especificações técnicas e de
obras e serviços serão considerados principalmente os desempenho, observadas, quando for o caso, as con-
seguintes requisitos: dições de manutenção, assistência técnica e garantia
I - segurança; oferecidas;
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; II - ser processadas através de sistema de registro de
III - economia na execução, conservação e operação; preços;
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate-
III - submeter-se às condições de aquisição e paga-
riais, tecnologia e matérias-primas existentes no local
mento semelhantes às do setor privado;
para execução, conservação e operação;
V - facilidade na execução, conservação e operação, IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas ne-
sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço; cessárias para aproveitar as peculiaridades do merca-
VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segu- do, visando economicidade;
rança do trabalho adequadas; V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos
VII - impacto ambiental. órgãos e entidades da Administração Pública.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º O registro de preços será precedido de ampla pes-


SEÇÃO IV quisa de mercado.
DOS SERVIÇOS TÉCNICOS PROFISSIONAIS ES- § 2º Os preços registrados serão publicados trimestral-
PECIALIZADOS mente para orientação da Administração, na impren-
sa oficial.
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços
§ 3º O sistema de registro de preços será regulamen-
técnicos profissionais especializados os trabalhos re-
lativos a: tado por decreto, atendidas as peculiaridades regio-
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos nais, observadas as seguintes condições:
ou executivos; I - seleção feita mediante concorrência;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; II - estipulação prévia do sistema de controle e atuali-
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias zação dos preços registrados;
financeiras ou tributárias; III - validade do registro não superior a um ano.

76
§ 4º A existência de preços registrados não obriga f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces-
a Administração a firmar as contratações que deles são de direito real de uso, locação ou permissão de uso
poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de de bens imóveis residenciais construídos, destinados
outros meios, respeitada a legislação relativa às lici- ou efetivamente utilizados no âmbito de programas
tações, sendo assegurado ao beneficiário do registro habitacionais ou de regularização fundiária de inte-
preferência em igualdade de condições. resse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
§ 5º O sistema de controle originado no quadro geral administração pública;
de preços, quando possível, deverá ser informatizado. g) procedimentos de legitimação de posse de que trata
§ 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar o art. 29 da Lei nº 6.383, de 7 de dezembro de 1976,
preço constante do quadro geral em razão de incom- mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Admi-
nistração Pública em cuja competência legal inclua-se
patibilidade desse com o preço vigente no mercado.
tal atribuição;
§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda:
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces-
I - a especificação completa do bem a ser adquirido são de direito real de uso, locação ou permissão de uso
sem indicação de marca; de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com
II - a definição das unidades e das quantidades a se- área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros qua-
rem adquiridas em função do consumo e utilização drados) e inseridos no âmbito de programas de regu-
prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que larização fundiária de interesse social desenvolvidos
possível, mediante adequadas técnicas quantitativas por órgãos ou entidades da administração pública;
de estimação; i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita
III - as condições de guarda e armazenamento que ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do In-
não permitam a deterioração do material. cra, onde incidam ocupações até o limite de que trata
§ 8º O recebimento de material de valor superior ao o § 1o do art. 6o da Lei nº 11.952, de 25 de junho de
limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a moda- 2009, para fins de regularização fundiária, atendidos
lidade de convite, deverá ser confiado a uma comissão os requisitos legais; e
de, no mínimo, 3 (três) membros. II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em ór- de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
gão de divulgação oficial ou em quadro de avisos de a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso
de interesse social, após avaliação de sua oportuni-
amplo acesso público, à relação de todas as compras
dade e conveniência socioeconômica, relativamente à
feitas pela Administração Direta ou Indireta, de ma-
escolha de outra forma de alienação;
neira a clarificar a identificação do bem comprado, b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
seu preço unitário, a quantidade adquirida, o nome entidades da Administração Pública;
do vendedor e o valor total da operação, podendo ser c) venda de ações, que poderão ser negociadas em
aglutinadas por itens as compras feitas com dispensa bolsa, observada a legislação específica;
e inexigibilidade de licitação. d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica e) venda de bens produzidos ou comercializados por
aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso órgãos ou entidades da Administração Pública, em
IX do art. 24. virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros
SEÇÃO VI órgãos ou entidades da Administração Pública, sem
DAS ALIENAÇÕES utilização previsível por quem deles dispõe.
§ 1º Os imóveis doados com base na alínea «b» do
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, inciso I deste artigo, cessadas as razões que justifica-
subordinada à existência de interesse público devida- ram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa
mente justificado, será precedida de avaliação e obe- jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo bene-
decerá às seguintes normas: ficiário.
§ 2º A Administração também poderá conceder título
I - quando imóveis, dependerá de autorização legisla-
de propriedade ou de direito real de uso de imóveis,
tiva para órgãos da administração direta e entidades
dispensada licitação, quando o uso destinar-se:
autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as I - a outro órgão ou entidade da Administração Públi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia ca, qualquer que seja a localização do imóvel;
e de licitação na modalidade de concorrência, dispen- II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regula-
sada esta nos seguintes casos: mento ou ato normativo do órgão competente, haja
a) dação em pagamento; implementado os requisitos mínimos de cultura, ocu-
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão pação mansa e pacífica e exploração direta sobre área
ou entidade da administração pública, de qualquer rural, observado o limite de que trata o § 1o do art. 6o
esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009;
f, h e i; § 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2º ficam dispen-
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisi- sadas de autorização legislativa, porém submetem-se
tos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; aos seguintes condicionamentos:
d) investidura; I - aplicação exclusivamente às áreas em que a deten-
e) venda a outro órgão ou entidade da administração ção por particular seja comprovadamente anterior a
pública, de qualquer esfera de governo; 1o de dezembro de 2004;

77
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública,
do regime legal e administrativo da destinação e da cuja aquisição haja derivado de procedimentos judi-
regularização fundiária de terras públicas; ciais ou de dação em pagamento, poderão ser aliena-
III - vedação de concessões para hipóteses de explora- dos por ato da autoridade competente, observadas as
ção não-contempladas na lei agrária, nas leis de desti- seguintes regras:
nação de terras públicas, ou nas normas legais ou ad- I - avaliação dos bens alienáveis;
ministrativas de zoneamento ecológico-econômico; e II - comprovação da necessidade ou utilidade da alie-
IV - previsão de rescisão automática da concessão, nação;
dispensada notificação, em caso de declaração de uti- III - adoção do procedimento licitatório, sob a modali-
lidade, ou necessidade pública ou interesse social. dade de concorrência ou leilão.
§ 2º-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo:
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não su- 7. Obrigatoriedade e suas exceções
jeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua
exploração mediante atividades agropecuárias; A obrigatoriedade das licitações está consagrada no
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, artigo 37, XXI, CF, que determina que “ressalvados os
desde que não exceda mil e quinhentos hectares, ve- casos especificados na legislação, as obras, serviços,
dada a dispensa de licitação para áreas superiores a compras e alienações serão contratados mediante
esse limite; processo de licitação pública que assegure igualdade
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
do caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
deste parágrafo. somente permitirá as exigências de qualificação técnica
IV - (VETADO) e econômica indispensáveis à garantia do cumprimen-
§ 3º Entende-se por investidura, para os fins desta lei: to das obrigações”. Logo, a não ser nos casos em que a
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros lei expressamente fixe exceções, a licitação é uma provi-
de área remanescente ou resultante de obra pública, dência obrigatória para contratação de obras, serviços e
área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, compras e para a alienação do patrimônio da Adminis-
por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que tração.
esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do O princípio da obrigatoriedade se repete no artigo
valor constante da alínea “a” do inciso II do art. 23 2º, caput, da Lei nº 8.666/93: “as obras, serviços, inclu-
desta lei; sive de publicidade, compras, alienações, concessões,
permissões e locações da Administração Pública, quando
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, contratadas com terceiros, serão necessariamente pre-
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins cedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas
residenciais construídos em núcleos urbanos anexos nesta Lei”.
a usinas hidrelétricas, desde que considerados dis-
pensáveis na fase de operação dessas unidades e não Com efeito, percebe-se que paralelamente à fixação
integrem a categoria de bens reversíveis ao final da do princípio da obrigatoriedade das licitações é deter-
concessão. minado que a lei pode excepcionar quando tal princípio
§ 4º A doação com encargo será licitada e de seu ins- será relativizado, o que acontece nas hipóteses de dis-
trumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o pensa e inexigibilidade.
prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob Logo, em alguns casos, a maioria na verdade, a licita-
pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação ção será obrigatória; em outros, poderá ser dispensada
no caso de interesse público devidamente justificado; apesar de viável (dispensa), sendo possível ainda que se
enquadre numa exceção em que nem ao menos é exi-
gida (inexigibilidade) – ambos casos de contratação
§ 5º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o dona-
direta. Todas as hipóteses de contratação direta são ex-
tário necessite oferecer o imóvel em garantia de finan-
cepcionais (justamente por serem peculiares).
ciamento, a cláusula de reversão e demais obrigações
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

serão garantidas por hipoteca em segundo grau em


8. Motivação da dispensa e da inexigibilidade
favor do doador.
§ 6º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada
Sempre que o administrador enquadrar um caso em
ou globalmente, em quantia não superior ao limite
dispensa ou em inexigibilidade deve motivar de forma
previsto no art. 23, inciso II, alínea «b» desta Lei, a
clara a sua decisão.
Administração poderá permitir o leilão.
§ 7º (VETADO). Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art.
Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imó- 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de
veis, a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação
inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente
do recolhimento de quantia correspondente a 5% (cin-
justificadas, e o retardamento previsto no final do pa-
co por cento) da avaliação.
rágrafo único do art. 8º18 desta Lei deverão ser comu-
Parágrafo único. (Revogado)
18 “Artigo 8º, parágrafo único, Lei nº 8.666/93. É proibido o retar-

78
nicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, Art. 7º, § 5º. É vedada a realização de licitação cujo
para ratificação e publicação na imprensa oficial, no objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de
prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia marcas, características e especificações exclusivas,
dos atos. salvo nos casos em que for tecnicamente justificável,
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibi- ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e
lidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será serviços for feito sob o regime de administração con-
instruído, no que couber, com os seguintes elementos: tratada, previsto e discriminado no ato convocatório.
I - caracterização da situação emergencial, calamitosa
ou de grave e iminente risco à segurança pública que Acompanha-se o entendimento dominante, eis que
justifique a dispensa, quando for o caso; a expressão “salvo”, em destaque confere a ideia de res-
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
trição.
III - justificativa do preço;
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa
9.1. Hipóteses de dispensa de licitação
aos quais os bens serão alocados.

Em algumas hipóteses de alienação de bens públi- As hipóteses de dispensa de licitação se concentram


cos e em outras hipóteses de contratação é dispensável no artigo 24 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicáveis para
a licitação (o que parte da doutrina chama de licitação casos em que a disputa é, em tese, viável, mas o interesse
dispensável), da mesma forma que noutras situações ela público é atendido de forma mais adequada se a dispu-
nem mesmo é exigida (o que parte da doutrina chama de ta não ocorrer. Trata-se de causa de natureza discricio-
licitação dispensada). Contudo, caberá ao administrador nária, pois o administrador decidirá se irá ou não licitar
motivar a sua decisão pela dispensa ou pela inexigibili- com base em critérios de oportunidade e conveniência
dade. – afinal, pode não licitar. São hipóteses taxativas, não
A não ser no caso de dispensa pelo critério do valor, podendo o administrador ampliar os casos em que a dis-
previstos no artigo 24, I e II, Lei nº 8.666/93, em que se pensa é permitida.
aceita uma motivação mais simples e objetiva, em todas
outras situações o administrador deve motivar em deta- Art. 24. É dispensável a licitação:
lhes sua decisão, notadamente inserindo no processo de
dispensa e inexigibilidade: caracterização da situação de a) Valor baixo
emergência ou calamidade em que houve dispensa, se I - para obras e serviços de engenharia de valor até
for o caso; motivo daquele fornecedor ou executante ter 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”,
sido escolhido; justificativa do preço que será pago; do- do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram
cumento que aprove os projetos de pesquisa aos quais a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda
os bens serão alocados, se for o caso. para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo
Não obstante, deve o administrador comunicar a si- local que possam ser realizadas conjunta e concomi-
tuação de dispensa em três dias à autoridade superior, tantemente;
cabendo a esta ratifica-la e publicá-la na imprensa oficial II - para outros serviços e compras de valor até 10%
em cinco dias, sendo tal publicação condição de eficácia (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do in-
do ato. Também existe o dever de adotar este procedi- ciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos
mento em caso de retardamento na execução da obra
previstos nesta Lei, desde que não se refiram a par-
ou serviço quando existir previsão orçamentária para a
celas de um mesmo serviço, compra ou alienação de
execução total.
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
§ 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput
9. Vedação da licitação
deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras,
A legislação anterior, qual seja, o Decreto-lei nº obras e serviços contratados por consórcios públicos,
2.300/1986, previa a vedação do procedimento de licita- sociedade de economia mista, empresa pública e por
ção, estabelecendo-se contratação direta, nos casos em autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que houvesse comprometimento da segurança nacional, como Agências Executivas.


mas a disciplina não se repetiu no atual estatuto.
Contudo, há posicionamento de que o artigo 7º, §5º É a dispensa de licitação se o valor do objeto licitado
da Lei nº 8.666/1993 traz um caso remanescente de ve- for muito baixo de modo que a realização da licitação
dação, mas predomina o posicionamento de Carvalho seria mais onerosa do que a aquisição direta do bem ou
Filho19, segundo o qual não se trata de vedação, mas sim serviço. Isso ocorre sempre que se referir a bens e servi-
de restrição. Prevê o dispositivo: ços em geral até R$80.000 e a obras e serviços de enge-
damento imotivado da execução de obra ou serviço, ou de suas nharia até R$150.000.
parcelas, se existente previsão orçamentária para sua execução to- Caso o contratante seja consórcio público, sociedade
tal, salvo insuficiência financeira ou comprovado motivo de ordem de economia mista, empresa pública ou por autarquia
técnica, justificados em despacho circunstanciado da autoridade a ou fundação qualificadas o limite dobra: R$160.000 para
que se refere o art. 26 desta Lei”.
19 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
bens e serviços em geral e R$300.000 para obras e servi-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ços de engenharia.

79
Nos termos da Lei nº 11.107/05, que rege normas ge- puta. A lei prevê que será necessário repetir o procedi-
rais de contratação de consórcios públicos e dá outras mento, mas se o legislador mostrar que a repetição irá
providências, para as associações públicas por ela regidas prejudicar o interesse público, principalmente por causa
o limite também é maior do que o fixado na regra geral: da demora, será possível dispensar. No caso, o adminis-
nas associações formadas por até três entes estatais, o trador poderá contratar quem quiser, mas deverá ofere-
limite é dobrado (R$160.000 para bens e serviços em ge- cer exatamente o mesmo contrato ofertado na licitação
ral e R$300.000 para obras e serviços de engenharia); nas que foi deserta.
associações formadas por mais de três entes estatais o Obs.: Licitação deserta é diferente de licitação fracas-
limite é triplicado (R$240.000 para bens e serviços em sada. Na licitação fracassada aparecem candidatos, mas
geral e R$450.000 para obras e serviços de engenharia). nenhum deles preenche os requisitos e por isso ninguém
Obs.: Em regra, não é permitido fracionar o objeto pode ser contratado. Neste caso a lei não admite a dis-
da licitação em contratações menores, pois assim o ad- pensa, cabendo ao administrador repetir a licitação.
ministrador estaria burlando os limites fixados pelo le-
gislador e induzindo dispensa ilícita. Contudo, é possível d) Intervenção no domínio econômico
fracionar caso exista vantagem ao interesse público, mas VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco-
não caberá a dispensa, cabendo adotar para cada fração
nômico para regular preços ou normalizar o abasteci-
a modalidade de licitação que seria empregada se não
mento;
houvesse fracionamento.
É possível intervir no domínio econômico para regu-
larizar preços e normalizar abastecimento, conforme o
b) Situações excepcionais
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da or- artigo 173, §4º, CF. Para Carvalho Filho20 apenas a União
dem; pode dispensar licitação neste caso, pois apenas ela
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pú- pode intervir no domínio econômico. Aliás, é o que se
blica, quando caracterizada urgência de atendimento depreende do próprio texto.
de situação que possa ocasionar prejuízo ou compro-
meter a segurança de pessoas, obras, serviços, equi- e) Disparidade de propostas
pamentos e outros bens, públicos ou particulares, e VII - quando as propostas apresentadas consignarem
somente para os bens necessários ao atendimento da preços manifestamente superiores aos praticados no
situação emergencial ou calamitosa e para as par- mercado nacional, ou forem incompatíveis com os
celas de obras e serviços que possam ser concluídas fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em
no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias con- que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei
secutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao
respectivos contratos; constante do registro de preços, ou dos serviços;

Quando se fala em estado de guerra e grave pertur- Na hipótese de disparidade de propostas os candida-
bação da ordem, pode-se depreender da doutrina que as tos à contratação, geralmente em conluio, fixam preços
dispensas nestes casos são aquelas destinadas ao estado incompatíveis com as condições de mercado e manifes-
de guerra direta ou indiretamente, bem como as desti- tamente superiores a elas; ou então apresentam propos-
nadas a atender graves perturbações da ordem, como tas com valor tão irrisório que seja impossível dar cumpri-
protestos, manifestações e paralisações. mento ao contrato. Nestes casos, será possível contratar
O fundamento da urgência é o mesmo para os casos diretamente, dentro da faixa adequada de preços.
de emergências e calamidades públicas. Contudo, para a A verificação da disparidade de preços, se não houver
doutrina, não é possível fundamentar a dispensa em ur- órgão de registro, deve se dar dentro do próprio proces-
gência se ela decorrer da omissão administrativa – pode
so administrativo. Deverá a administração dar um prazo
até dispensar, porque não é possível deixar a população
de 8 dias úteis para a apresentação de propostas viáveis
a mercê, mas o administrador poderá ser responsabili-
(artigo 48, §3º, Lei nº 8.666/93) e, caso não sejam apre-
zado. Nas contratações por emergência e calamidade
sentadas, poderá adjudicar diretamente os bens e servi-
pública o limite temporal é o necessário ao atendimento
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

das circunstâncias extraordinárias, pelo prazo máximo de ços pelo valor adequado.
180 dias, improrrogável.
f) Em função do contratante ou do contratado: Poder
c) Licitação deserta público
V - quando não acudirem interessados à licitação an- VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida público interno, de bens produzidos ou serviços pres-
sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste tados por órgão ou entidade que integre a Adminis-
caso, todas as condições preestabelecidas; tração Pública e que tenha sido criado para esse fim
específico em data anterior à vigência desta Lei, desde
Quando ocorre a chamada licitação deserta o que se que o preço contratado seja compatível com o prati-
percebe é o total desinteresse na contratação. Na licita- cado no mercado;
ção deserta realiza-se a fase preparatória, publica-se o
20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
edital, mas nenhum interessado comparece para a dis- trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

80
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de di- Também independentemente de prazo limite, as em-
reito público interno de insumos estratégicos para a presas públicas e sociedades de economia mista podem
saúde produzidos ou distribuídos por fundação que, contratar diretamente com suas subsidiárias e controla-
regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade das para adquirir e alienar bens e serviços em preço com-
apoiar órgão da administração pública direta, sua au- patível com o de mercado. A justificativa é que se tratam
tarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, de pessoas jurídicas de direito privado. Destaca-se que
extensão, desenvolvimento institucional, científico e a contratação apenas por se der com suas subsidiárias e
tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na ges- controladas que foram criadas pela empresa pública ou
tão administrativa e financeira necessária à execução
sociedade de economia mista.
desses projetos, ou em parcerias que envolvam trans-
ferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso g) Contratação de entidade sem fim lucrativo
XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse XIII - na contratação de instituição brasileira incum-
fim específico em data anterior à vigência desta Lei, bida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do
desde que o preço contratado seja compatível com o ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de ins-
praticado no mercado. tituição dedicada à recuperação social do preso, desde
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e que a contratada detenha inquestionável reputação
o aprimoramento de estabelecimentos penais, desde ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
que configurada situação de grave e iminente risco à XX - na contratação de associação de portadores de
segurança pública. deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entida- idoneidade, por órgãos ou entidades da Administra-
de que integre a administração pública estabelecido
ção Pública, para a prestação de serviços ou forneci-
no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica aos
órgãos ou entidades que produzem produtos estraté- mento de mão-de-obra, desde que o preço contratado
gicos para o SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 seja compatível com o praticado no mercado.
de setembro de 1990, conforme elencados em ato da XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
direção nacional do SUS. serviços com as organizações sociais, qualificadas no
âmbito das respectivas esferas de governo, para ativi-
Se foi criado antes da Lei nº 8.666/93 um órgão pú- dades contempladas no contrato de gestão.
blico ou entidade do poder público apenas para fornecer XXX - na contratação de instituição ou organização,
bens e prestar serviços à Administração, fazendo-o em pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
respeito ao preço praticado no mercado, será possível prestação de serviços de assistência técnica e extensão
dispensar a licitação e contratá-lo de forma direta. Se rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência
o órgão ou entidade ofertar produtos estratégicos no Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na
âmbito do SUS, pode ter sido criado depois da Lei nº Reforma Agrária, instituído por lei federal.
8.666/93 e terá plena validade.
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins
Há entendimento da doutrina de Carvalho Filho21 no
sentido de que apenas se aplica o dispositivo se a dis- lucrativos, para a implementação de cisternas ou ou-
pensa se der entre órgãos do mesmo âmbito federativo, tras tecnologias sociais de acesso à água para consu-
por exemplo, não seria possível entre a União e uma en- mo humano e produção de alimentos, para beneficiar
tidade estadual; além do que apenas valeria entre pes- as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca
soas jurídicas de direito público e a entidade ou órgão ou falta regular de água.
contratado (excluídas as sociedades de economia mista
e empresas públicas). Em todos os dispositivos apontados, exceto no inci-
so XXX, exige-se a ausência de fins lucrativos. No arti-
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu- go XXX, embora se aceite o fim lucrativo, se denota o
lários padronizados de uso da administração, e de propósito social da contratação, viabilizando a reforma
edições técnicas oficiais, bem como para prestação de agrária. O propósito social é essencial nas demais hipó-
serviços de informática a pessoa jurídica de direito pú- teses, sempre se fazendo presente nas OS e OSCIP, ou na
blico interno, por órgãos ou entidades que integrem
própria causa militada pela associação, como a questão
a Administração Pública, criados para esse fim espe-
cífico; da recuperação social do preso, da inserção da pessoa
Embora também seja um caso de contratação direta com deficiência no mercado de trabalho ou do acesso à
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

da administração pela administração, neste caso dos água potável.


diários oficiais, formulários padronizados e edições Destaca-se que nem toda contratação de entes do
técnicas não existe limite temporal, de modo que o terceiro setor é dispensável. Haverá dispensa principal-
órgão ou entidade pode ter sido criado depois da Lei mente para oferecer contratos de gestão, criando uma
nº 8.666/93. OS, ou oferecer termo de parceria, criando uma OSCIP
(inciso XXIV); bem como em serviços ou projetos em que
XXIII - na contratação realizada por empresa pública o ente não tem fins lucrativos e é especializado na ativi-
ou sociedade de economia mista com suas subsidiá- dade, impondo-se a este contratado uma contrapartida,
rias e controladas, para a aquisição ou alienação de isto é, o poder público não entra apenas com o dinheiro
bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o e cria verdadeira parceria. Se a participação estatal for
preço contratado seja compatível com o praticado no exclusivamente econômica, em atividade que mais de
mercado. uma organização ou associação é especializada, deve se
21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
licitar.
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

81
h) Consórcios e convênios de cooperação Dispensa-se a licitação para a compra de componen-
XXVI - na celebração de contrato de programa com tes ou peças na garantia técnica. Logo, deve estar na vi-
ente da Federação ou com entidade de sua adminis- gência da garantia. Após o prazo de garantia, a licitação
tração indireta, para a prestação de serviços públicos é obrigatória. Ainda, é preciso que o fornecedor original
de forma associada nos termos do autorizado em con- seja exclusivo e tal exclusividade seja indispensável, por
trato de consórcio público ou em convênio de coope- exemplo, se ao comprar uma peça paralela a administra-
ração. ção correr o risco de perder a garantia.

O dispositivo sobre consórcios e convênios de coo- m) Serviços de energia e gás


peração foi inserido pela Lei nº 11.107/05, tornando dis- XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento
pensável a licitação no caso de ser celebrado contrato de de energia elétrica e gás natural com concessionário,
programa entre o consórcio público e a entidade da ad- permissionário ou autorizado, segundo as normas da
ministração para que prestem serviços públicos de modo legislação específica;
associado. Justifica-se a hipótese pelo regime de parceria Para energia e gás serão contratadas as concessio-
nárias com dispensa licitatória, ainda que a região seja
i) Gêneros perecíveis servida por mais de um concessionário.
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e ou-
tros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a n) Coleta de materiais recicláveis
realização dos processos licitatórios correspondentes, XXVII - na contratação da coleta, processamento e co-
realizadas diretamente com base no preço do dia; mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
A dispensa para a aquisição de gêneros perecíveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta sele-
não é permanente, devendo se realizar a licitação assim tiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas
que possível. Logo, também se trata de hipótese de dis- formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa
pensa em situação emergencial. renda reconhecidas pelo poder público como catado-
res de materiais recicláveis, com o uso de equipamen-
j) Obras de arte tos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte de saúde pública.
e objetos históricos, de autenticidade certificada, des-
de que compatíveis ou inerentes às finalidades do ór- Trata-se de modalidade de dispensa que serve de
gão ou entidade. incentivo à formação de cooperativas e associações de
reciclagem e reutilização de resíduos sólidos compos-
Na dispensa de licitação para adquirir ou restaurar tas por pessoas de baixa renda. É uma forma do poder
obras de arte a lei exige que o objeto tenha autenticida- público incentivar a organização e a união de catadores,
de certificada e que os objetos adquiridos sejam compa- retirando-os da marginalização. A hipótese de dispensa
tíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade, foi criada pela Lei nº 11.445/07, que estabelece diretrizes
o que é o caso de museus, bibliotecas e escolas, não ser- nacionais para saneamento básico.
vindo os objetos adquiridos de adorno aos gabinetes das
autoridades públicas. No caso de restauração de objeto o) Risco à segurança nacional
que já é do patrimônio do órgão, cabível a dispensa. IX - quando houver possibilidade de comprometimen-
to da segurança nacional, nos casos estabelecidos em
k) Complementação de objeto decreto do Presidente da República, ouvido o Conse-
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço lho de Defesa Nacional;
ou fornecimento, em consequência de rescisão con- XXVIII - para o fornecimento de bens e serviços, pro-
tratual, desde que atendida a ordem de classificação duzidos ou prestados no País, que envolvam, cumula-
da licitação anterior e aceitas as mesmas condições tivamente, alta complexidade tecnológica e defesa na-
oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao cional, mediante parecer de comissão especialmente
preço, devidamente corrigido; designada pela autoridade máxima do órgão.

Trata-se de hipótese de complementação de objeto, Em ambos os casos, prioriza-se a manutenção da se-


possível quando a administração rescinde contrato ante- gurança nacional e a defesa do país, prevendo-se a dis-
rior antes que a obra, serviço ou fornecimento se encer- pensa da licitação. É necessário equilibrar os interesses,
re, procedendo-se com a contratação direta daquele que pois se o propósito da licitação é atender ao interesse
sequencialmente se classificou no certame, respeitadas público, sem dúvidas deve ser dispensada quando a sua
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

as mesmas condições de contratação. Se não for pos- realização significar o comprometimento deste interesse.
sível obedecer à regra de contratação daquele que foi
classificado na licitação anterior sequencialmente pelas p) Navios, embarcações, aeronaves e tropas
mesmas condições, nada resta senão promover nova li- XVIII - nas compras ou contratações de serviços para
citação. o abastecimento de navios, embarcações, unidades
aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quan-
l) Garantia técnica do em estada eventual de curta duração em portos,
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes,
origem nacional ou estrangeira, necessários à manu- por motivo de movimentação operacional ou de ades-
tenção de equipamentos durante o período de garan- tramento, quando a exiguidade dos prazos legais pu-
tia técnica, junto ao fornecedor original desses equi- der comprometer a normalidade e os propósitos das
pamentos, quando tal condição de exclusividade for operações e desde que seu valor não exceda ao limite
indispensável para a vigência da garantia; previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta Lei:

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Trata-se de dispensa em caso de necessidade de Há acordos internacionais que permitem condições
abastecimento de navios, embarcações, aeronaves e tro- vantajosas para que sejam adquiridos bens e serviços,
pas e de seus meios de deslocamento, quando houver dispensando-se a licitação nestes casos. Contudo, tal
estada eventual de curto período em portos, aeroportos acordo internacional deve ter sido regularmente incorpo-
e outros locais diversos da sede. O valor não pode ex- rado ao ordenamento brasileiro, com aprovação do Con-
ceder a R$80.000, pelo texto da lei, mas isso pode ser gresso Nacional e ratificação, promulgação e publicação
relativizado em uma situação de emergência.
pela Presidência da República.
q) Materiais de uso militar
t) Pesquisa científica e tecnológica
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e XXI - para a aquisição ou contratação de produto para
administrativo, quando houver necessidade de manter pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras
a padronização requerida pela estrutura de apoio lo- e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do
gístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do
parecer de comissão instituída por decreto; art. 23;
XXIX - na aquisição de bens e contratação de serviços § 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do
para atender aos contingentes militares das Forças caput, quando aplicada a obras e serviços de engenha-
Singulares brasileiras empregadas em operações de ria, seguirá procedimentos especiais instituídos em re-
paz no exterior, necessariamente justificadas quanto gulamentação específica.
ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e § 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput
ratificadas pelo Comandante da Força.
do art. 9º à hipótese prevista no inciso XXI do caput.
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do
A dispensa para materiais de uso militar apenas é
disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2
assegurada para insumos militares ou propriamente bé-
licos. Neste sentido, bens de consumo, bens comuns e de dezembro de 2004, observados os princípios gerais
materiais de escritório deverão ser licitados. de contratação dela constantes.

r) Compra ou locação de imóvel Nos termos do inciso XXI, é dispensável a licitação no


X - para a compra ou locação de imóvel destinado caso de aquisição de bens destinados exclusivamente à
ao atendimento das finalidades precípuas da admi- pesquisa científica e tecnológica com recursos concedi-
nistração, cujas necessidades de instalação e localiza- dos pela CAPES, FINEP, CNPq e outras entidades de fo-
ção condicionem a sua escolha, desde que o preço seja mento à pesquisa credenciadas pela última, exigindo-se
compatível com o valor de mercado, segundo avalia- que os recursos venham das entidades específicas e que
ção prévia; os bens sejam adquiridos exclusivamente para pesquisa
científica e tecnológica.
Quando a administração quer comprar ou alugar um
Por motivos óbvios, não se proíbe que o autor do pro-
imóvel, é preciso se ater às seguintes diretrizes: caso um
jeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica partici-
determinado bem privado esteja se opondo ao interesse
pe, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução
público, caberá promover a desapropriação; caso a ad-
de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles ne-
ministração possa motivar o interesse sobre um determi-
nado imóvel, embora não exista a oposição ao interesse cessários. Trata-se de preservação do direito autoral e de
público, mas se faça presente a peculiaridade decorrente garantia de que a pesquisa seja devidamente executada.
da localização ou das características do bem, é possível A dispensa para obras e serviços de engenharias vol-
adquirir de forma direta mediante dispensa de licitação, tados a pesquisa e desenvolvimento se limita ao valor de
desde que os preços sejam compatíveis com os de mer- R$300.000, seguindo procedimento especial.
cado; noutras situações, deverá obrigatoriamente licitar.
Obs.: as operações imobiliárias entre entes estatais u) Transferência de tecnologia
não exige licitação e é classificada por parte da doutrina XXV - na contratação realizada por Instituição Científica
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como licitação dispensada (por exemplo, União empresta e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a
imóvel para que município instale uma UPA – unidade de transferência de tecnologia e para o licenciamento de di-
pronto-atendimento, ou doa tal imóvel sob a condição reito de uso ou de exploração de criação protegida.
de que a UPA seja criada, em verdadeira doação modal; XXXII - na contratação em que houver transferência
Estado compra imóvel de município para instalar sua se- de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
cretaria estadual). Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de
s) Negócios internacionais 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da
de acordo internacional específico aprovado pelo Con- aquisição destes produtos durante as etapas de absor-
gresso Nacional, quando as condições ofertadas forem ção tecnológica.
manifestamente vantajosas para o Poder Público;

83
Há dispensa em caso de transferência de tecnologia Em regra, não se pode definir/fixar marca no edital
ou licença de uso/exploração de criação protegida, con- porque poderia fraudar o caráter competitivo, mas é
siderando esta como invenção, modelo de utilidade, de- possível indicar a marca motivando-se pelo princípio da
senho industrial, programa de computador ou qualquer padronização. Não é possível burlar a regra indicando
especificações que apenas uma marca pode concluir (ex.:
outro desenvolvimento tecnológico que resulte em novo
PGR foi alvo de críticas quando licitou tablets e, embora
produto, processo ou aperfeiçoamento de natureza tec-
não mencionasse em nenhum momento que deveriam
nológica (conforme define a Lei nº 10.973/04, que criou ser iPads, faziam referências a especificações técnicas
o inciso XXV). A dispensa também vale para transferência que apenas os aparelhos da Apple poderiam conter).
de tecnologia de produto estratégico no âmbito do sis-
tema de saúde. b) Serviços técnicos notoriamente especializados
II - para a contratação de serviços técnicos enume-
10. Hipóteses de inexigibilidade de licitação rados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
profissionais ou empresas de notória especialização,
As hipóteses de inexigibilidade de licitação se con- vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade
centram no artigo 25 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicá- e divulgação;
veis para casos em que a disputa nem ao menos é viável.
Trata-se de causa de natureza vinculante, de forma que Trata-se de caso de contratação de serviços singu-
o administrador não tem a liberdade de decidir se irá ou lares de profissionais de notória especialização. O que
não licitar – afinal, não deve licitar. diferencia dos demais serviços, que devem ser licitados,
é a notória especialização, comprovada pelo reconheci-
Conforme o § 2º do artigo 25, é fixado um regime de mento no mercado, por publicações e patentes, etc. Ex.:
responsabilização solidária pelo dano causado ao erário para um órgão governamental contratar uma consultoria
entre fornecedor/prestador de serviços e agente públi- jurídica deve licitar, mas se a contratação necessária for
co, nada excluindo outra sanção penal, civil ou admi- de um advogado de notório conhecimento em direitos
nistrativa: “Na hipótese deste artigo e em qualquer dos humanos e justiça internacional será possível a inexigi-
casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, bilidade. De forma específica, destaca-se o §1º do dis-
respondem solidariamente pelo dano causado à Fazen- positivo:
da Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o
agente público responsável, sem prejuízo de outras san- § 1º Considera-se de notória especialização o pro-
ções legais cabíveis”. fissional ou empresa cujo conceito no campo de sua
especialidade, decorrente de desempenho anterior,
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabi- estudos, experiências, publicações, organização, apa-
lidade de competição, em especial: relhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos
relacionados com suas atividades, permita inferir que
O rol é meramente exemplificativo, eis que a inexigi- o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais
bilidade pode ser aceita em qualquer outra hipótese de adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
inviabilidade da disputa (tanto é que o artigo 25 trata de
três hipóteses “em especial” e não “apenas”). c) Profissional de setor artístico consagrado
III - para contratação de profissional de qualquer setor
a) Unicidade artístico, diretamente ou através de empresário exclu-
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou sivo, desde que consagrado pela crítica especializada
gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, ou pela opinião pública.
empresa ou representante comercial exclusivo, vedada Trata-se de caso de contratação de trabalhos artísti-
a preferência de marca, devendo a comprovação de cos de artistas renomados. A intenção é a de explorar o
exclusividade ser feita através de atestado fornecido prestígio do sujeito. A expressão artista deve ser tomada
pelo órgão de registro do comércio do local em que se genericamente, por exemplo, pode se encaixar um es-
realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindi- portista renomado ou um cientista renomado. O prestí-
cato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, gio do artista deve existir em relação à população local.
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pelas entidades equivalentes;

Trata-se de caso de unicidade, quando houver apenas


um fabricante, fornecedor, produtor ou distribuidor. Esta
unicidade deve ser provada por certidões das confede-
rações de indústrias, de comércio, juntas comerciais, etc.
É possível fixar uma determinada região do territó-
rio nacional que admita participantes da licitação e, se
houver apenas um participante possível se admite a ine-
xigibilidade, não importando que existam participantes
em outras regiões porque as licitações podem ser usadas
como ferramenta de política econômica, incentivando a
economia local.

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#FicaDica
Regra: Obrigatoriedade de licitação.
Exceções: Licitação dispensada, dispensável e inexigível.
Licitação dispensada: a Administração pode em alguns casos previstos na lei efetuar a contratação direta,
todos eles envolvendo alienações subordinadas ao interesse público e respeitadas avaliações prévias.
Licitação dispensável: A Administração pode em alguns casos previstos taxativamente na lei efetuar a con-
tratação direta de bens, produtos, serviços e obras, entre eles: contratação de pequeno valor, emergência
ou calamidade públicas, licitação fracassada ou deserta.
Inexigibilidade: Em casos que nem ao menos seja possível a competição, a Administração promoverá a
contratação direta. O rol é taxativo e mais restrito: materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser
fornecidos por produtor ou representante comercial exclusivo; serviços técnicos especializados de natureza
singular e promovido por profissionais de notória especialização (não cabe para serviços de publicidade);
e contratações de profissionais do setor artístico, que tenha aceitação pela crítica e pela opinião pública.

11. Modalidades

Prosseguindo o estudo, quanto às modalidades de licitação, podem ser apontadas as seguintes modalidades: Con-
corrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão (artigo 22, Lei nº 8.666/1993). Dos parágrafos 1º a 5º, o artigo
22 conceitua cada uma das modalidades:
§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação prelimi-
nar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem
a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação.
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apro-
priado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade
que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou
artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista
no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Por sua vez, a LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002, trabalha com uma modalidade adicional de licitação, o pregão.
É a modalidade de licitação voltada à aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados aqueles cujos padrões de
desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos no edital por meio de especificações do mercado.

- Concorrência (contratações de maior vultou ou valor) – A habilitação não depende de cadastro prévio, qualquer
um que preencha os requisitos pode participar. Publicidade: edital publicado na imprensa.
Obras, serviços e compras de maior valor – Geral acima de R$650.000; Engenharia acima de R$1.500.000.
Compra ou alienação de bens imóveis, independente do valor;
Concessão de direito real de uso;
Licitações internacionais (também cabe tomada de preços ou convite);
Alienação de bens móveis de maior valor;
Registro de preços.
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- Tomada de preços (contratações de valor intermediário) – Os interessados são previamente cadastrados ou devem
apresentar documentos até o 3o dia anterior ao recebimento das propostas. Publicidade: edital publicado na imprensa.
Obras, serviços e compras de valor intermediário – Geral R$80.000 a R$650.000; Engenharia R$150.000 a R$1.500.000.

- Convite (contratações de menor valor) – Apenas participam os convocados pela Administração (três recebem a
carta-convite) e cadastrados que se manifestem até 24 horas antes da proposta. Publicidade: edital afixado no local da
repartição.
Obras, serviços e compras de valor intermediário – Geral até R$80.000; Engenharia até R$150.000.

- Concurso (ajustado para objetos específicos) – É instituído um prêmio ou remuneração a ser pago pela Adminis-
tração aos vencedores. Publicidade: edital deve ser publicado com antecedência mínima de 45 dias e deve ser ampla-
mente divulgado.

85
Trabalhos intelectuais – técnicos, científicos ou lite- Art. 49. A autoridade competente para a aprovação
rários. do procedimento somente poderá revogar a licitação
- Leilão (ajustado para objeto específico) – Utiliza-se por razões de interesse público decorrente de fato su-
para a venda de bens móveis e imóveis da Admi- perveniente devidamente comprovado, pertinente e
nistração, exigindo-se prévia avaliação. Publicida- suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-
de: deve ser ampla. -la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de ter-
ceiros, mediante parecer escrito e devidamente fun-
Bens móveis que não servem mais para a Adminis- damentado.
tração; § 1º A anulação do procedimento licitatório por mo-
Produtos legalmente apreendidos ou penhorados; tivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar,
Bens imóveis cuja aquisição tenha derivado de pro- ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59
cedimentos judiciais ou de dação em pagamento (nesse desta Lei.
caso também seria possível concorrência). § 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do
- Pregão (bens e serviços comuns) – As propostas se- contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do
rão julgadas sempre pelo critério de menor preço. art. 59 desta Lei.
Realiza-se em duas fases – interna e externa. § 3º No caso de desfazimento do processo licitatório,
fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
Bens e serviços comuns, que são aqueles cujo padrão § 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-
de desempenho e qualidade podem ser objetivamente -se aos atos do procedimento de dispensa e de inexigi-
definidos pelo edital, a partir de especificações usuais no bilidade de licitação.
mercado.
Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos
11.1. Tipos em razão de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto,
em anulação de uma licitação, pressupõe-se a ilegalida-
Em relação aos tipos de licitação, apontam-se no Es- de da mesma, pois anula-se o que é ilegítimo. A licitação
tatuto: melhor preço, melhor técnica, técnica e preço, e poderá ser anulada pela via administrativa ou pela via
melhor lance ou oferta. Os tipos licitatórios não passam judiciária. A anulação de uma licitação pode ser total (se
de critérios de julgamento para a escolha da proposta o vício atingir a origem dos atos licitatórios) ou parcial (se
mais adequada aos interesses da Administração Públi- o vício atingir parte dos atos licitatórios).
ca. A disciplina encontra-se no caput e no §1º da Lei nº Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconve-
8.666/1993: niente ou inoportuna. Desde o momento em que a lici-
tação foi aberta até o final da mesma, pode-se falar em
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de- revogação. Após a assinatura do contrato, entretanto,
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo não poderá haver a revogação da licitação. Somente se
convite realizá-lo em conformidade com os tipos de justifica a revogação quando houver um fato posterior
licitação, os critérios previamente estabelecidos no à abertura da licitação e quando o fato for pertinente,
ato convocatório e de acordo com os fatores exclusi- ou seja, quando possuir uma relação lógica com a re-
vamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua vogação da licitação. Ainda deve ser suficiente, quando
aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. a intensidade do fato justificar a revogação. Deve ser
§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de respeitado o direito ao contraditório e ampla defesa, e
licitação, exceto na modalidade concurso: a revogação deverá ser feita mediante parecer escrito e
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
devidamente fundamentado.
proposta mais vantajosa para a Administração deter-
Logo, anulação e revogação estão previstos no ar-
minar que será vencedor o licitante que apresentar a
tigo 49 da lei nº 8.666/93. Revogação da licitação por
proposta de acordo com as especificações do edital ou
convite e ofertar o menor preço; interesse público decorrente de fato superveniente de-
II - a de melhor técnica; vidamente comprovado, pertinente e suficiente para jus-
III - a de técnica e preço; tificar tal conduta, bem como a obrigatoriedade de sua
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena- anulação por ilegalidade, neste último caso podendo agir
ção de bens ou concessão de direito real de uso. de oficio ou provocado por terceiros, mediante parecer
escrito e devidamente fundamentado.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

11.2. Procedimento Revogação segundo Diógenes Gasparini “é o desfazi-


mento da licitação acabada por motivos de conveniência
Além do capítulo introdutório, do artigo 38 ao 53 da e oportunidade (interesse público) superveniente – art.
Lei nº 8.666/93 está descrito o procedimento a ser ado- 49 da lei nº 8.666/93”22. Trata-se de um ato administra-
tado nas licitações em geral. A modalidade pregão tem tivo vinculado, embora assentada em motivos de conve-
procedimento próprio, previsto na lei especial. niência e oportunidade; e ainda, a lei referida, prevê que
no caso de desfazimento da licitação ficam assegurados
11.3 Anulação e revogação o contraditório e a ampla defesa, garantia essa que é
dada somente ao vencedor, o único com efeitos interes-
No que tange à revogação e à anulação, ambas volta- ses na permanência desse ato, pois através dele pode
das às consequências dos vícios no processo de licitação, chegar a contrato.
destaca-se a previsão do artigo 49:
22 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 11. ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2006.

86
Hely Lopes Meireles23 conceitua anulação como “é a a) concorrência, nos casos não especificados na alínea
invalidação da licitação ou do julgamento por motivo de “b” do inciso anterior;
ilegalidade, pode ser feita a qualquer fase e tempo antes b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo
da assinatura do contrato, desde que a Administração ou “melhor técnica” ou “técnica e preço”;
o Judiciário verifique e aponte a infringência à lei ou ao III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos
edital”. Cabe ainda ressaltar que a anulação da licitação não especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou
acarreta a nulidade do contrato (art. 49, § 2º). No mesmo leilão;
sentido “a anulação poderá ocorrer tanto pela Via Judi- IV - cinco dias úteis para convite.
cante como pela Via Administrativa”. § 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior
serão contados a partir da última publicação do edi-
LEGISLAÇÃO SECA tal resumido ou da expedição do convite, ou ainda da
efetiva disponibilidade do edital ou do convite e res-
pectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais
Abaixo, colaciona-se com grifo a disciplina dos tópi-
tarde.
cos abordados teoricamente acima, com destaque aos
§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulga-
procedimentos licitatórios.
ção pela mesma forma que se deu o texto original,
reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto
Capítulo II quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar
DA LICITAÇÃO a formulação das propostas.
SEÇÃO I Art. 22. São modalidades de licitação:
DAS MODALIDADES, LIMITES E DISPENSA I - concorrência;
II - tomada de preços;
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se III - convite;
situar a repartição interessada, salvo por motivo de IV - concurso;
interesse público, devidamente justificado. V - leilão.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá § 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre
a habilitação de interessados residentes ou sediados quaisquer interessados que, na fase inicial de habilita-
em outros locais. ção preliminar, comprovem possuir os requisitos míni-
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das mos de qualificação exigidos no edital para execução
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos de seu objeto.
e dos leilões, embora realizados no local da repartição § 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação
interessada, deverão ser publicados com antecedên- entre interessados devidamente cadastrados ou que
cia, no mínimo, por uma vez: atenderem a todas as condições exigidas para cadas-
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de li- tramento até o terceiro dia anterior à data do recebi-
citação feita por órgão ou entidade da Administração mento das propostas, observada a necessária qualifi-
Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras fi- cação.
nanciadas parcial ou totalmente com recursos federais § 3º Convite é a modalidade de licitação entre interes-
ou garantidas por instituições federais; sados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal ou não, escolhidos e convidados em número mínimo
quando se tratar, respectivamente, de licitação feita de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará,
em local apropriado, cópia do instrumento convoca-
por órgão ou entidade da Administração Pública Esta-
tório e o estenderá aos demais cadastrados na cor-
dual ou Municipal, ou do Distrito Federal;
respondente especialidade que manifestarem seu in-
III - em jornal diário de grande circulação no Estado
teresse com antecedência de até 24 (vinte e quatro)
e também, se houver, em jornal de circulação no Mu- horas da apresentação das propostas.
nicípio ou na região onde será realizada a obra, pres- § 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais-
tado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, quer interessados para escolha de trabalho técnico,
podendo ainda a Administração, conforme o vulto da científico ou artístico, mediante a instituição de prê-
licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação mios ou remuneração aos vencedores, conforme crité-
para ampliar a área de competição. rios constantes de edital publicado na imprensa oficial
§ 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco)
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que os interessados poderão ler e obter o texto integral dias.


do edital e todas as informações sobre a licitação. § 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quais-
§ 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas quer interessados para a venda de bens móveis inser-
ou da realização do evento será: víveis para a administração ou de produtos legalmen-
I - quarenta e cinco dias para: te apreendidos ou penhorados, ou para a alienação
a) concurso; de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
contemplar o regime de empreitada integral ou quan- § 6º Na hipótese do § 3º deste artigo (CONVITE), exis-
do a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica tindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados,
e preço”; a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou
II - trinta dias para: assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo,
mais um interessado, enquanto existirem cadastrados
23 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São não convidados nas últimas licitações.
Paulo: Malheiros, 1993.

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§ 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, res-
desinteresse dos convidados, for impossível a obten- pectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as
ção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3o parcelas de natureza específica que possam ser execu-
deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devida- tadas por pessoas ou empresas de especialidade diver-
mente justificadas no processo, sob pena de repetição sa daquela do executor da obra ou serviço.
do convite. § 6º As organizações industriais da Administração Fe-
§ 8º É vedada a criação de outras modalidades de li- deral direta, em face de suas peculiaridades, obedece-
citação ou a combinação das referidas neste artigo. rão aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo
§ 9º Na hipótese do § 2º deste artigo (TOMADA DE também para suas compras e serviços em geral, desde
PREÇOS), a administração somente poderá exigir do que para a aquisição de materiais aplicados exclusiva-
licitante não cadastrado os documentos previstos nos mente na manutenção, reparo ou fabricação de meios
arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível operacionais bélicos pertencentes à União.
com o objeto da licitação, nos termos do edital. § 7º Na compra de bens de natureza divisível e desde
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é
os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas permitida a cotação de quantidade inferior à deman-
em função dos seguintes limites, tendo em vista o va- dada na licitação, com vistas a ampliação da compe-
lor estimado da contratação: titividade, podendo o edital fixar quantitativo mínimo
I - para obras e serviços de engenharia: para preservar a economia de escala.
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil § 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o
reais); dobro dos valores mencionados no caput deste artigo
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e
e quinhentos mil reais); o triplo, quando formado por maior número.
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão Art. 24. É dispensável a licitação:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até
e quinhentos mil reais);
10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”,
II - para compras e serviços não referidos no inciso
do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram
anterior:
a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
local que possam ser realizadas conjunta e concomi-
cinquenta mil reais);
tantemente;
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e II - para outros serviços e compras de valor até 10%
cinquenta mil reais). (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do in-
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Ad- ciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos
ministração serão divididas em tantas parcelas quan- previstos nesta Lei, desde que não se refiram a par-
tas se comprovarem técnica e economicamente viá- celas de um mesmo serviço, compra ou alienação de
veis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
e à ampliação da competitividade sem perda da eco- IV - nos casos de emergência ou de calamidade pú-
nomia de escala. blica, quando caracterizada urgência de atendimento
§ 2º Na execução de obras e serviços e nas compras de situação que possa ocasionar prejuízo ou compro-
de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, meter a segurança de pessoas, obras, serviços, equi-
a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço pamentos e outros bens, públicos ou particulares, e
ou compra, há de corresponder licitação distinta, pre- somente para os bens necessários ao atendimento da
servada a modalidade pertinente para a execução do situação emergencial ou calamitosa e para as par-
objeto em licitação. celas de obras e serviços que possam ser concluídas
§ 3º A concorrência é a modalidade de licitação ca- no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias con-
bível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto secutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da
na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos
o disposto no art. 19, como nas concessões de direito respectivos contratos;
real de uso e nas licitações internacionais, admitindo- V - quando não acudirem interessados à licitação an-
-se neste último caso, observados os limites deste arti- terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

go, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste
dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou caso, todas as condições preestabelecidas;
o convite, quando não houver fornecedor do bem ou VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco-
serviço no País. nômico para regular preços ou normalizar o abaste-
§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administra- cimento;
ção poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer VII - quando as propostas apresentadas consignarem
caso, a concorrência. preços manifestamente superiores aos praticados no
§ 5º É vedada a utilização da modalidade “convite” ou mercado nacional, ou forem incompatíveis com os
“tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em
de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei
e serviços da mesma natureza e no mesmo local que e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação
possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao
sempre que o somatório de seus valores caracterizar constante do registro de preços, ou dos serviços;

88
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito XIX - para as compras de material de uso pelas Forças
público interno, de bens produzidos ou serviços pres- Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e
tados por órgão ou entidade que integre a Adminis- administrativo, quando houver necessidade de manter
tração Pública e que tenha sido criado para esse fim a padronização requerida pela estrutura de apoio lo-
específico em data anterior à vigência desta Lei, desde gístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante
que o preço contratado seja compatível com o prati- parecer de comissão instituída por decreto;
cado no mercado; XX - na contratação de associação de portadores de
IX - quando houver possibilidade de comprometimen- deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
to da segurança nacional, nos casos estabelecidos em
idoneidade, por órgãos ou entidades da Administra-
decreto do Presidente da República, ouvido o Conse-
ção Pública, para a prestação de serviços ou forneci-
lho de Defesa Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado mento de mão-de-obra, desde que o preço contratado
ao atendimento das finalidades precípuas da admi- seja compatível com o praticado no mercado.
nistração, cujas necessidades de instalação e localiza- XXI - para a aquisição ou contratação de produto
ção condicionem a sua escolha, desde que o preço seja para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso
compatível com o valor de mercado, segundo avalia- de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por
ção prévia; cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço caput do art. 23;
ou fornecimento, em consequência de rescisão con- XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento
tratual, desde que atendida a ordem de classificação de energia elétrica e gás natural com concessionário,
da licitação anterior e aceitas as mesmas condições permissionário ou autorizado, segundo as normas da
oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao legislação específica;
preço, devidamente corrigido; XXIII - na contratação realizada por empresa pública
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e ou- ou sociedade de economia mista com suas subsidiá-
tros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a rias e controladas, para a aquisição ou alienação de
realização dos processos licitatórios correspondentes, bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o
realizadas diretamente com base no preço do dia; preço contratado seja compatível com o praticado no
XIII - na contratação de instituição brasileira incum-
mercado.
bida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de ins-
tituição dedicada à recuperação social do preso, desde serviços com as organizações sociais, qualificadas no
que a contratada detenha inquestionável reputação âmbito das respectivas esferas de governo, para ativi-
ético-profissional e não tenha fins lucrativos; dades contempladas no contrato de gestão.
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos XXV - na contratação realizada por Instituição Cien-
de acordo internacional específico aprovado pelo Con- tífica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento
gresso Nacional, quando as condições ofertadas forem para a transferência de tecnologia e para o licencia-
manifestamente vantajosas para o Poder Público; mento de direito de uso ou de exploração de criação
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte protegida.
e objetos históricos, de autenticidade certificada, des- XXVI - na celebração de contrato de programa com
de que compatíveis ou inerentes às finalidades do ór- ente da Federação ou com entidade de sua administra-
gão ou entidade. ção indireta, para a prestação de serviços públicos de
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu- forma associada nos termos do autorizado em contrato
lários padronizados de uso da administração, e de de consórcio público ou em convênio de cooperação.
edições técnicas oficiais, bem como para prestação de XXVII - na contratação da coleta, processamento e co-
serviços de informática a pessoa jurídica de direito pú- mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
blico interno, por órgãos ou entidades que integrem ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta sele-
a Administração Pública, criados para esse fim espe-
tiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas
cífico;
formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de
origem nacional ou estrangeira, necessários à manu- renda reconhecidas pelo poder público como catado-
tenção de equipamentos durante o período de garan- res de materiais recicláveis, com o uso de equipamen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tia técnica, junto ao fornecedor original desses equi- tos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e
pamentos, quando tal condição de exclusividade for de saúde pública.
indispensável para a vigência da garantia; XXVIII - para o fornecimento de bens e serviços, pro-
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para duzidos ou prestados no País, que envolvam, cumula-
o abastecimento de navios, embarcações, unidades tivamente, alta complexidade tecnológica e defesa na-
aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quan- cional, mediante parecer de comissão especialmente
do em estada eventual de curta duração em portos, designada pela autoridade máxima do órgão.
aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, XXIX - na aquisição de bens e contratação de serviços
por motivo de movimentação operacional ou de ades- para atender aos contingentes militares das Forças
tramento, quando a exiguidade dos prazos legais pu- Singulares brasileiras empregadas em operações de
der comprometer a normalidade e os propósitos das paz no exterior, necessariamente justificadas quanto
operações e desde que seu valor não exceda ao limite ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e
previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta Lei: ratificadas pelo Comandante da Força.

89
XXX - na contratação de instituição ou organização, Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabi-
pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a lidade de competição, em especial:
prestação de serviços de assistência técnica e extensão I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou
rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na empresa ou representante comercial exclusivo, vedada
Reforma Agrária, instituído por lei federal. a preferência de marca, devendo a comprovação de
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do exclusividade ser feita através de atestado fornecido
disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 pelo órgão de registro do comércio do local em que se
de dezembro de 2004, observados os princípios gerais realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindi-
de contratação dela constantes. cato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda,
A Lei nº 10.973/2004 dispõe sobre incentivos à inova- pelas entidades equivalentes;
ção e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente II - para a contratação de serviços técnicos enume-
produtivo e dá outras providências. rados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
XXXII - na contratação em que houver transferência profissionais ou empresas de notória especialização,
de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade
Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de e divulgação;
19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato III - para contratação de profissional de qualquer setor
da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da artístico, diretamente ou através de empresário exclu-
aquisição destes produtos durante as etapas de absor- sivo, desde que consagrado pela crítica especializada
ção tecnológica. ou pela opinião pública.
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins § 1º Considera-se de notória especialização o pro-
lucrativos, para a implementação de cisternas ou ou- fissional ou empresa cujo conceito no campo de sua
tras tecnologias sociais de acesso à água para consu- especialidade, decorrente de desempenho anterior,
mo humano e produção de alimentos, para beneficiar
estudos, experiências, publicações, organização, apa-
as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca
relhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos
ou falta regular de água.
relacionados com suas atividades, permita inferir que
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de di-
o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais
reito público interno de insumos estratégicos para a
adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
saúde produzidos ou distribuídos por fundação que,
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos
regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade
apoiar órgão da administração pública direta, sua au- de dispensa, se comprovado superfaturamento, res-
tarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, pondem solidariamente pelo dano causado à Fazen-
extensão, desenvolvimento institucional, científico e da Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e
tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na ges- o agente público responsável, sem prejuízo de outras
tão administrativa e financeira necessária à execução sanções legais cabíveis.
desses projetos, ou em parcerias que envolvam trans-
ferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art.
Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações
XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamen-
fim específico em data anterior à vigência desta Lei, te justificadas, e o retardamento previsto no final do
desde que o preço contratado seja compatível com o parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comu-
praticado no mercado. nicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior,
§ 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput para ratificação e publicação na imprensa oficial, no
deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia
obras e serviços contratados por consórcios públicos, dos atos.
sociedade de economia mista, empresa pública e por Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibi-
autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, lidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será
como Agências Executivas. instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entida- I - caracterização da situação emergencial ou calami-
de que integre a administração pública estabelecido tosa que justifique a dispensa, quando for o caso;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica aos II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
órgãos ou entidades que produzem produtos estraté- III - justificativa do preço;
gicos para o SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa
de setembro de 1990, conforme elencados em ato da aos quais os bens serão alocados.
direção nacional do SUS.
SEÇÃO II
§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do DA HABILITAÇÃO
caput, quando aplicada a obras e serviços de enge-
nharia, seguirá procedimentos especiais instituídos em Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á
regulamentação específica. dos interessados, exclusivamente, documentação rela-
§ 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do tiva a:
caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do I - habilitação jurídica;
caput. II - qualificação técnica;

90
III - qualificação econômico-financeira; IV - prova de atendimento de requisitos previstos em
IV - regularidade fiscal e trabalhista; lei especial, quando for o caso.
V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. § 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do
7º da Constituição Federal. «caput» deste artigo, no caso das licitações pertinen-
Prevê o artigo 7o, XXXIII, CF: “proibição de trabalho tes a obras e serviços, será feita por atestados forneci-
noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito dos por pessoas jurídicas de direito público ou privado,
e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, devidamente registrados nas entidades profissionais
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze competentes, limitadas as exigências a:
anos”.
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do
Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídi-
licitante de possuir em seu quadro permanente, na
ca, conforme o caso, consistirá em:
data prevista para entrega da proposta, profissional
I - cédula de identidade;
II - registro comercial, no caso de empresa individual; de nível superior ou outro devidamente reconhecido
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vi- pela entidade competente, detentor de atestado de
gor, devidamente registrado, em se tratando de socie- responsabilidade técnica por execução de obra ou
dades comerciais, e, no caso de sociedades por ações, serviço de características semelhantes, limitadas estas
acompanhado de documentos de eleição de seus ad- exclusivamente às parcelas de maior relevância e va-
ministradores; lor significativo do objeto da licitação, vedadas as exi-
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de socie- gências de quantidades mínimas ou prazos máximos;
dades civis, acompanhada de prova de diretoria em II - (Vetado).
exercício; a) (Vetado).
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa b) (Vetado).
ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, § 2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor
e ato de registro ou autorização para funcionamento significativo, mencionadas no parágrafo anterior, se-
expedido pelo órgão competente, quando a atividade rão definidas no instrumento convocatório.
assim o exigir. § 3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal através de certidões ou atestados de obras ou serviços
e trabalhista, conforme o caso, consistirá em:
similares de complexidade tecnológica e operacional
I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
equivalente ou superior.
(CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
§ 4º Nas licitações para fornecimento de bens, a com-
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes es-
tadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio provação de aptidão, quando for o caso, será feita
ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de ativi- através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de
dade e compatível com o objeto contratual; direito público ou privado.
III - prova de regularidade para com a Fazenda Fe- § 5º É vedada a exigência de comprovação de ativida-
deral, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do de ou de aptidão com limitações de tempo ou de épo-
licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; ca ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social não previstas nesta Lei, que inibam a participação na
e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), licitação.
demonstrando situação regular no cumprimento dos § 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
encargos sociais instituídos por lei. canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
V - prova de inexistência de débitos inadimplidos pe- especializado, considerados essenciais para o cumpri-
rante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação mento do objeto da licitação, serão atendidas median-
de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da te a apresentação de relação explícita e da declaração
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo De- formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis,
creto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943. vedada as exigências de propriedade e de localização
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técni-
prévia.
ca limitar-se-á a:
§ 7º (Vetado).
I - registro ou inscrição na entidade profissional com-
I - (Vetado).
petente;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - comprovação de aptidão para desempenho de II - (Vetado).


atividade pertinente e compatível em características, § 8º No caso de obras, serviços e compras de grande
quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indi- vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Admi-
cação das instalações e do aparelhamento e do pesso- nistração exigir dos licitantes a metodologia de exe-
al técnico adequados e disponíveis para a realização cução, cuja avaliação, para efeito de sua aceitação ou
do objeto da licitação, bem como da qualificação de não, antecederá sempre à análise dos preços e será
cada um dos membros da equipe técnica que se res- efetuada exclusivamente por critérios objetivos.
ponsabilizará pelos trabalhos; § 9º Entende-se por licitação de alta complexidade
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de técnica aquela que envolva alta especialização, como
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que fator de extrema relevância para garantir a execução
tomou conhecimento de todas as informações e das do objeto a ser contratado, ou que possa comprome-
condições locais para o cumprimento das obrigações ter a continuidade da prestação de serviços públicos
objeto da licitação; essenciais.

91
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins § 6º (Vetado).
de comprovação da capacitação técnico-profissional Art. 32. Os documentos necessários à habilitação po-
de que trata o inciso I do § 1º deste artigo deverão derão ser apresentados em original, por qualquer pro-
participar da obra ou serviço objeto da licitação, ad- cesso de cópia autenticada por cartório competente
mitindo-se a substituição por profissionais de expe- ou por servidor da administração ou publicação em
riência equivalente ou superior, desde que aprovada órgão da imprensa oficial.
pela administração. § 1º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31
§ 11. (Vetado). desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte,
§ 12. (Vetado). nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens
Art. 31. A documentação relativa à qualificação eco- para pronta entrega e leilão.
nômico-financeira limitar-se-á a: § 2º O certificado de registro cadastral a que se refere
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do o § 1o do art. 36 substitui os documentos enumerados
último exercício social, já exigíveis e apresentados na nos arts. 28 a 31, quanto às informações disponibi-
forma da lei, que comprovem a boa situação financei- lizadas em sistema informatizado de consulta direta
ra da empresa, vedada a sua substituição por balan- indicado no edital, obrigando-se a parte a declarar,
cetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados sob as penalidades legais, a superveniência de fato
por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 impeditivo da habilitação.
(três) meses da data de apresentação da proposta; § 3º A documentação referida neste artigo poderá ser
II - certidão negativa de falência ou concordata expe- substituída por registro cadastral emitido por órgão
dida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou ou entidade pública, desde que previsto no edital e o
de execução patrimonial, expedida no domicílio da registro tenha sido feito em obediência ao disposto
pessoa física; nesta Lei.
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios pre- § 4º As empresas estrangeiras que não funcionem no
vistos no caput e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações
a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da internacionais, às exigências dos parágrafos anterio-
contratação. res mediante documentos equivalentes, autenticados
§ 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstra- pelos respectivos consulados e traduzidos por tradu-
ção da capacidade financeira do licitante com vistas tor juramentado, devendo ter representação legal no
aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja Brasil com poderes expressos para receber citação e
adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores responder administrativa ou judicialmente.
mínimos de faturamento anterior, índices de rentabili- § 5º Não se exigirá, para a habilitação de que trata
dade ou lucratividade. este artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolu-
§ 2º A Administração, nas compras para entrega fu- mentos, salvo os referentes a fornecimento do edital,
tura e na execução de obras e serviços, poderá esta- quando solicitado, com os seus elementos constituti-
belecer, no instrumento convocatório da licitação, a vos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução
exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido gráfica da documentação fornecida.
mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1º do § 6º O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art.
art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação 33 e no § 2o do art. 55, não se aplica às licitações in-
da qualificação econômico-financeira dos licitantes e ternacionais para a aquisição de bens e serviços cujo
para efeito de garantia ao adimplemento do contrato pagamento seja feito com o produto de financiamento
a ser ulteriormente celebrado. concedido por organismo financeiro internacional de
§ 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líqui- que o Brasil faça parte, ou por agência estrangeira de
do a que se refere o parágrafo anterior não poderá cooperação, nem nos casos de contratação com em-
exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da presa estrangeira, para a compra de equipamentos fa-
contratação, devendo a comprovação ser feita rela- bricados e entregues no exterior, desde que para este
tivamente à data da apresentação da proposta, na caso tenha havido prévia autorização do Chefe do Po-
forma da lei, admitida a atualização para esta data der Executivo, nem nos casos de aquisição de bens e
através de índices oficiais. serviços realizada por unidades administrativas com
§ 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromis- sede no exterior.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sos assumidos pelo licitante que importem diminuição § 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e
da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade este artigo poderá ser dispensada, nos termos de regu-
financeira, calculada esta em função do patrimônio lí- lamento, no todo ou em parte, para a contratação de
quido atualizado e sua capacidade de rotação. produto para pesquisa e desenvolvimento, desde que
§ 5º A comprovação de boa situação financeira da em- para pronta entrega ou até o valor previsto na alínea
presa será feita de forma objetiva, através do cálculo “a” do inciso II do caput do art. 23.
de índices contábeis previstos no edital e devidamen-
te justificados no processo administrativo da licitação Art. 33. Quando permitida na licitação a participação
que tenha dado início ao certame licitatório, vedada a de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguin-
exigência de índices e valores não usualmente adota- tes normas:
dos para correta avaliação de situação financeira su- I - comprovação do compromisso público ou particular
ficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes de constituição de consórcio, subscrito pelos consor-
da licitação. ciados;

92
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, sus-
que deverá atender às condições de liderança, obriga- penso ou cancelado o registro do inscrito que deixar
toriamente fixadas no edital; de satisfazer as exigências do art. 27 desta Lei, ou as
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. estabelecidas para classificação cadastral.
28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admi-
tindo-se, para efeito de qualificação técnica, o soma- SEÇÃO IV
tório dos quantitativos de cada consorciado, e, para DO PROCEDIMENTO E JULGAMENTO
efeito de qualificação econômico-financeira, o soma-
tório dos valores de cada consorciado, na proporção Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com
a abertura de processo administrativo, devidamente
de sua respectiva participação, podendo a Adminis-
autuado, protocolado e numerado, contendo a auto-
tração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de rização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto
até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos para e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão
licitante individual, inexigível este acréscimo para os juntados oportunamente:
consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for
pequenas empresas assim definidas em lei; o caso;
IV - impedimento de participação de empresa con- II - comprovante das publicações do edital resumido,
sorciada, na mesma licitação, através de mais de um na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do con-
consórcio ou isoladamente; vite;
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos III - ato de designação da comissão de licitação, do
atos praticados em consórcio, tanto na fase de licita- leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável
ção quanto na de execução do contrato. pelo convite;
§ 1º No consórcio de empresas brasileiras e estrangei- IV - original das propostas e dos documentos que as
ras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa instruírem;
brasileira, observado o disposto no inciso II deste ar- V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julga-
tigo. dora;
§ 2º O licitante vencedor fica obrigado a promover, VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a
licitação, dispensa ou inexigibilidade;
antes da celebração do contrato, a constituição e o
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da
registro do consórcio, nos termos do compromisso re-
sua homologação;
ferido no inciso I deste artigo. VIII - recursos eventualmente apresentados pelos lici-
tantes e respectivas manifestações e decisões;
SEÇÃO III IX - despacho de anulação ou de revogação da licita-
DOS REGISTROS CADASTRAIS ção, quando for o caso, fundamentado circunstancia-
damente;
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da X - termo de contrato ou instrumento equivalente,
Administração Pública que realizem frequentemente conforme o caso;
licitações manterão registros cadastrais para efeito de XI - outros comprovantes de publicações;
habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no XII - demais documentos relativos à licitação.
máximo, um ano. Parágrafo único. As minutas de editais de licitação,
§ 1º O registro cadastral deverá ser amplamente di- bem como as dos contratos, acordos, convênios ou
vulgado e deverá estar permanentemente aberto aos ajustes devem ser previamente examinadas e aprova-
interessados, obrigando-se a unidade por ele respon- das por assessoria jurídica da Administração.
sável a proceder, no mínimo anualmente, através da Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma lici-
imprensa oficial e de jornal diário, a chamamento pú- tação ou para um conjunto de licitações simultâneas
ou sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite
blico para a atualização dos registros existentes e para
previsto no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o pro-
o ingresso de novos interessados. cesso licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com
§ 2º É facultado às unidades administrativas utiliza- uma audiência pública concedida pela autoridade
rem-se de registros cadastrais de outros órgãos ou en- responsável com antecedência mínima de 15 (quin-
tidades da Administração Pública. ze) dias úteis da data prevista para a publicação do
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualiza- edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ção deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá (dez) dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios
os elementos necessários à satisfação das exigências previstos para a publicidade da licitação, à qual terão
do art. 27 desta Lei. acesso e direito a todas as informações pertinentes e a
Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, se manifestar todos os interessados.
tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em
grupos, segundo a qualificação técnica e econômica Parágrafo único. Para os fins deste artigo, conside-
avaliada pelos elementos constantes da documenta- ram-se licitações simultâneas aquelas com objetos si-
ção relacionada nos arts. 30 e 31 desta Lei. milares e com realização prevista para intervalos não
§ 1º Aos inscritos será fornecido certificado, renovável superiores a trinta dias e licitações sucessivas aque-
sempre que atualizarem o registro. las em que, também com objetos similares, o edital
§ 2º A atuação do licitante no cumprimento de obri- subsequente tenha uma data anterior a cento e vinte
gações assumidas será anotada no respectivo registro dias após o término do contrato resultante da licitação
cadastral. antecedente.

93
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de d) compensações financeiras e penalizações, por even-
ordem em série anual, o nome da repartição interes- tuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações
sada e de seu setor, a modalidade, o regime de execu- de pagamentos;
ção e o tipo da licitação, a menção de que será regida e) exigência de seguros, quando for o caso;
por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da XV - instruções e normas para os recursos previstos
documentação e proposta, bem como para início da nesta Lei;
abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
o seguinte: XVII - outras indicações específicas ou peculiares da
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; licitação.
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou § 1º O original do edital deverá ser datado, rubricado
retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 em todas as folhas e assinado pela autoridade que o
desta Lei, para execução do contrato e para entrega expedir, permanecendo no processo de licitação, e dele
do objeto da licitação; extraindo-se cópias integrais ou resumidas, para sua
III - sanções para o caso de inadimplemento; divulgação e fornecimento aos interessados.
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o § 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte
projeto básico; integrante:
V - se há projeto executivo disponível na data da pu- I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas
blicação do edital de licitação e o local onde possa ser partes, desenhos, especificações e outros complemen-
examinado e adquirido; tos;
VI - condições para participação na licitação, em con- II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos
formidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de e preços unitários;
apresentação das propostas; III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Admi-
VII - critério para julgamento, com disposições claras e nistração e o licitante vencedor;
parâmetros objetivos; IV - as especificações complementares e as normas de
execução pertinentes à licitação.
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios
§ 3º Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se
de comunicação à distância em que serão fornecidos
como adimplemento da obrigação contratual a pres-
elementos, informações e esclarecimentos relativos à
tação do serviço, a realização da obra, a entrega do
licitação e às condições para atendimento das obriga-
bem ou de parcela destes, bem como qualquer outro
ções necessárias ao cumprimento de seu objeto;
evento contratual a cuja ocorrência esteja vinculada a
IX - condições equivalentes de pagamento entre em-
emissão de documento de cobrança.
presas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações
§ 4º Nas compras para entrega imediata, assim enten-
internacionais;
didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da
data prevista para apresentação da proposta, poderão
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e ser dispensadas:
global, conforme o caso, permitida a fixação de pre- I - o disposto no inciso XI deste artigo;
ços máximos e vedados a fixação de preços mínimos, II - a atualização financeira a que se refere a alínea
critérios estatísticos ou faixas de variação em relação “c” do inciso XIV deste artigo, correspondente ao perí-
a preços de referência, ressalvado o disposto nos pará- odo compreendido entre as datas do adimplemento e
grafos 1º e 2º do art. 48; a prevista para o pagamento, desde que não superior
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação a quinze dias.
efetiva do custo de produção, admitida a adoção de § 5º A Administração Pública poderá, nos editais de
índices específicos ou setoriais, desde a data prevista licitação para a contratação de serviços, exigir da
para apresentação da proposta, ou do orçamento a contratada que um percentual mínimo de sua mão
que essa proposta se referir, até a data do adimple- de obra seja oriundo ou egresso do sistema prisional,
mento de cada parcela; com a finalidade de ressocialização do reeducando, na
XII - (Vetado). forma estabelecida em regulamento.
XIII - limites para pagamento de instalação e mobili- Art. 41. A Administração não pode descumprir as nor-
zação para execução de obras ou serviços que serão mas e condições do edital, ao qual se acha estritamen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

obrigatoriamente previstos em separado das demais te vinculada.


parcelas, etapas ou tarefas; § 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impug-
XIV - condições de pagamento, prevendo: nar edital de licitação por irregularidade na aplicação
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, con- desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco)
tado a partir da data final do período de adimplemen- dias úteis antes da data fixada para a abertura dos
to de cada parcela; envelopes de habilitação, devendo a Administração
b) cronograma de desembolso máximo por período, julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias
em conformidade com a disponibilidade de recursos úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no § 1o do
financeiros; art. 113.
c) critério de atualização financeira dos valores a se- § 2º Decairá do direito de impugnar os termos do
rem pagos, desde a data final do período de adimple- edital de licitação perante a administração o licitante
mento de cada parcela até a data do efetivo paga- que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder
mento; a abertura dos envelopes de habilitação em concor-

94
rência, a abertura dos envelopes com as propostas em IV - verificação da conformidade de cada proposta
convite, tomada de preços ou concurso, ou a realiza- com os requisitos do edital e, conforme o caso, com
ção de leilão, as falhas ou irregularidades que vicia- os preços correntes no mercado ou fixados por ór-
riam esse edital, hipótese em que tal comunicação não gão oficial competente, ou ainda com os constantes
terá efeito de recurso. do sistema de registro de preços, os quais deverão ser
§ 3º A impugnação feita tempestivamente pelo licitan- devidamente registrados na ata de julgamento, pro-
te não o impedirá de participar do processo licitatório movendo-se a desclassificação das propostas descon-
até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente. formes ou incompatíveis;
§ 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do V - julgamento e classificação das propostas de acordo
seu direito de participar das fases subsequentes. com os critérios de avaliação constantes do edital;
Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o VI - deliberação da autoridade competente quanto à
edital deverá ajustar-se às diretrizes da política mo- homologação e adjudicação do objeto da licitação.
netária e do comércio exterior e atender às exigências
§ 1º A abertura dos envelopes contendo a documen-
dos órgãos competentes.
tação para habilitação e as propostas será realizada
§ 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro co-
sempre em ato público previamente designado, do
tar preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá
qual se lavrará ata circunstanciada, assinada pelos li-
fazer o licitante brasileiro.
§ 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro even- citantes presentes e pela Comissão.
tualmente contratado em virtude da licitação de que § 2º Todos os documentos e propostas serão rubrica-
trata o parágrafo anterior será efetuado em moeda dos pelos licitantes presentes e pela Comissão.
brasileira, à taxa de câmbio vigente no dia útil imedia- § 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior,
tamente anterior à data do efetivo pagamento. em qualquer fase da licitação, a promoção de dili-
§ 3º As garantias de pagamento ao licitante brasilei- gência destinada a esclarecer ou a complementar a
ro serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante instrução do processo, vedada a inclusão posterior de
estrangeiro. documento ou informação que deveria constar origi-
§ 4º Para fins de julgamento da licitação, as propostas nariamente da proposta.
apresentadas por licitantes estrangeiros serão acresci- § 4º O disposto neste artigo aplica-se à concorrência
das dos gravames consequentes dos mesmos tributos e, no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de
que oneram exclusivamente os licitantes brasileiros preços e ao convite.
quanto à operação final de venda. § 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concor-
§ 5º Para a realização de obras, prestação de serviços rentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III),
ou aquisição de bens com recursos provenientes de fi- não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com
nanciamento ou doação oriundos de agência oficial a habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes
de cooperação estrangeira ou organismo financeiro ou só conhecidos após o julgamento.
multilateral de que o Brasil seja parte, poderão ser § 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência
admitidas, na respectiva licitação, as condições decor- de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato
rentes de acordos, protocolos, convenções ou tratados superveniente e aceito pela Comissão.
internacionais aprovados pelo Congresso Nacional, Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão le-
bem como as normas e procedimentos daquelas en- vará em consideração os critérios objetivos definidos
tidades, inclusive quanto ao critério de seleção da no edital ou convite, os quais não devem contrariar as
proposta mais vantajosa para a administração, o qual
normas e princípios estabelecidos por esta Lei.
poderá contemplar, além do preço, outros fatores de
§ 1º É vedada a utilização de qualquer elemento, cri-
avaliação, desde que por elas exigidos para a obten-
tério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado
ção do financiamento ou da doação, e que também
que possa ainda que indiretamente elidir o princípio
não conflitem com o princípio do julgamento objetivo
e sejam objeto de despacho motivado do órgão execu- da igualdade entre os licitantes.
tor do contrato, despacho esse ratificado pela autori- § 2º Não se considerará qualquer oferta de vantagem
dade imediatamente superior. não prevista no edital ou no convite, inclusive finan-
§ 6º As cotações de todos os licitantes serão para en- ciamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço
trega no mesmo local de destino. ou vantagem baseada nas ofertas dos demais licitan-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 43. A licitação será processada e julgada com ob- tes.


servância dos seguintes procedimentos: § 3º Não se admitirá proposta que apresente preços
I - abertura dos envelopes contendo a documentação global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor
relativa à habilitação dos concorrentes, e sua aprecia- zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salá-
ção; rios de mercado, acrescidos dos respectivos encargos,
II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes ainda que o ato convocatório da licitação não tenha
inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde estabelecido limites mínimos, exceto quando se referi-
que não tenha havido recurso ou após sua denegação; rem a materiais e instalações de propriedade do pró-
III - abertura dos envelopes contendo as propostas prio licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou
dos concorrentes habilitados, desde que transcorrido à totalidade da remuneração.
o prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido § 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se tam-
desistência expressa, ou após o julgamento dos recur- bém às propostas que incluam mão-de-obra estran-
sos interpostos; geira ou importações de qualquer natureza.

95
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de- II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proce-
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo der-se-á à abertura das propostas de preço dos licitan-
convite realizá-lo em conformidade com os tipos de tes que tenham atingido a valorização mínima esta-
licitação, os critérios previamente estabelecidos no belecida no instrumento convocatório e à negociação
ato convocatório e de acordo com os fatores exclusi- das condições propostas, com a proponente melhor
vamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua classificada, com base nos orçamentos detalhados
aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. apresentados e respectivos preços unitários e tendo
§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de como referência o limite representado pela proposta
licitação, exceto na modalidade concurso:
de menor preço entre os licitantes que obtiveram a
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
valorização mínima;
proposta mais vantajosa para a Administração deter-
minar que será vencedor o licitante que apresentar a III - no caso de impasse na negociação anterior, proce-
proposta de acordo com as especificações do edital ou dimento idêntico será adotado, sucessivamente, com
convite e ofertar o menor preço; os demais proponentes, pela ordem de classificação,
II - a de melhor técnica; até a consecução de acordo para a contratação;
III - a de técnica e preço; IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena- aos licitantes que não forem preliminarmente habi-
ção de bens ou concessão de direito real de uso. litados ou que não obtiverem a valorização mínima
§ 2º No caso de empate entre duas ou mais propostas, estabelecida para a proposta técnica.
e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, § 2º Nas licitações do tipo “técnica e preço” será ado-
a classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, tado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior,
em ato público, para o qual todos os licitantes serão o seguinte procedimento claramente explicitado no
convocados, vedado qualquer outro processo. instrumento convocatório:
§ 3º No caso da licitação do tipo “menor preço”, entre I - será feita a avaliação e a valorização das propostas
os licitantes considerados qualificados a classificação de preços, de acordo com critérios objetivos preestabe-
se dará pela ordem crescente dos preços propostos, lecidos no instrumento convocatório;
prevalecendo, no caso de empate, exclusivamente o II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo
critério previsto no parágrafo anterior.
com a média ponderada das valorizações das propos-
§ 4º Para contratação de bens e serviços de informáti-
ca, a administração observará o disposto no art. 3o da tas técnicas e de preço, de acordo com os pesos prees-
Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em tabelecidos no instrumento convocatório.
conta os fatores especificados em seu § 2o e adotando
obrigatoriamente o tipo de licitação “técnica e preço”, § 3º Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos
permitido o emprego de outro tipo de licitação nos ca- neste artigo poderão ser adotados, por autorização
sos indicados em decreto do Poder Executivo. expressa e mediante justificativa circunstanciada da
§ 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação maior autoridade da Administração promotora cons-
não previstos neste artigo. tante do ato convocatório, para fornecimento de bens
§ 6º Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão se- e execução de obras ou prestação de serviços de gran-
lecionadas tantas propostas quantas necessárias até de vulto majoritariamente dependentes de tecnologia
que se atinja a quantidade demandada na licitação. nitidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado
Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “téc- por autoridades técnicas de reconhecida qualificação,
nica e preço” serão utilizados exclusivamente para nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções
serviços de natureza predominantemente intelectual, alternativas e variações de execução, com repercus-
em especial na elaboração de projetos, cálculos, fisca- sões significativas sobre sua qualidade, produtividade,
lização, supervisão e gerenciamento e de engenharia rendimento e durabilidade concretamente mensurá-
consultiva em geral e, em particular, para a elabora-
veis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos
ção de estudos técnicos preliminares e projetos básicos
licitantes, na conformidade dos critérios objetivamen-
e executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo
anterior. te fixados no ato convocatório.
§ 1º Nas licitações do tipo “melhor técnica” será ado- § 4º (Vetado).
tado o seguinte procedimento claramente explicitado Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e ser-
no instrumento convocatório, o qual fixará o preço viços, quando for adotada a modalidade de execução
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

máximo que a Administração se propõe a pagar: de empreitada por preço global, a Administração de-
I - serão abertos os envelopes contendo as propostas verá fornecer obrigatoriamente, junto com o edital,
técnicas exclusivamente dos licitantes previamente todos os elementos e informações necessários para
qualificados e feita então a avaliação e classificação que os licitantes possam elaborar suas propostas de
destas propostas de acordo com os critérios perti- preços com total e completo conhecimento do objeto
nentes e adequados ao objeto licitado, definidos com da licitação.
clareza e objetividade no instrumento convocatório Art. 48. Serão desclassificadas:
e que considerem a capacitação e a experiência do I - as propostas que não atendam às exigências do
proponente, a qualidade técnica da proposta, compre- ato convocatório da licitação;
endendo metodologia, organização, tecnologias e re-
II - propostas com valor global superior ao limite es-
cursos materiais a serem utilizados nos trabalhos, e a
tabelecido ou com preços manifestamente inexequí-
qualificação das equipes técnicas a serem mobilizadas
veis, assim considerados aqueles que não venham a
para a sua execução;
ter demonstrada sua viabilidade através de documen-

96
tação que comprove que os custos dos insumos são § 1º No caso de convite, a Comissão de licitação, ex-
coerentes com os de mercado e que os coeficientes cepcionalmente, nas pequenas unidades administra-
de produtividade são compatíveis com a execução do tivas e em face da exiguidade de pessoal disponível,
objeto do contrato, condições estas necessariamente poderá ser substituída por servidor formalmente de-
especificadas no ato convocatório da licitação. signado pela autoridade competente.
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste ar- § 2º A Comissão para julgamento dos pedidos de ins-
tigo consideram-se manifestamente inexequíveis, no crição em registro cadastral, sua alteração ou cance-
caso de licitações de menor preço para obras e servi- lamento, será integrada por profissionais legalmente
ços de engenharia, as propostas cujos valores sejam habilitados no caso de obras, serviços ou aquisição de
inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos se- equipamentos.
guintes valores: § 3º Os membros das Comissões de licitação respon-
a) média aritmética dos valores das propostas supe- derão solidariamente por todos os atos praticados
riores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela Comissão, salvo se posição individual divergente
pela administração, ou estiver devidamente fundamentada e registrada em
b) valor orçado pela administração. ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a
§ 2º Dos licitantes classificados na forma do parágra- decisão.
fo anterior cujo valor global da proposta for inferior § 4º A investidura dos membros das Comissões per-
a 80% (oitenta por cento) do menor valor a que se manentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recon-
referem as alíneas “a” e “b”, será exigida, para a assi- dução da totalidade de seus membros para a mesma
natura do contrato, prestação de garantia adicional, comissão no período subsequente.
dentre as modalidades previstas no § 1º do art. 56, § 5º No caso de concurso, o julgamento será feito por
igual a diferença entre o valor resultante do parágra- uma comissão especial integrada por pessoas de repu-
fo anterior e o valor da correspondente proposta. tação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria
§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou em exame, servidores públicos ou não.
todas as propostas forem desclassificadas, a adminis- Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22
tração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio,
úteis para a apresentação de nova documentação ou a ser obtido pelos interessados no local indicado no
de outras propostas escoimadas das causas referidas edital.
neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução § 1º O regulamento deverá indicar:
deste prazo para três dias úteis. I - a qualificação exigida dos participantes;
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação II - as diretrizes e a forma de apresentação do traba-
do procedimento somente poderá revogar a licitação lho;
por razões de interesse público decorrente de fato su- III - as condições de realização do concurso e os prê-
perveniente devidamente comprovado, pertinente e mios a serem concedidos.
suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá- § 2º Em se tratando de projeto, o vencedor deverá au-
-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de torizar a Administração a executá-lo quando julgar
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente conveniente.
fundamentado. Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou
§ 1º A anulação do procedimento licitatório por mo- a servidor designado pela Administração, proceden-
tivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, do-se na forma da legislação pertinente.
ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 § 1º Todo bem a ser leiloado será previamente avalia-
desta Lei. do pela Administração para fixação do preço mínimo
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do de arrematação.
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do § 2º Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
art. 59 desta Lei. percentual estabelecido no edital, não inferior a 5%
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, (cinco por cento) e, após a assinatura da respectiva ata
fica assegurado o contraditório e a ampla defesa. lavrada no local do leilão, imediatamente entregues
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica- ao arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do
-se aos atos do procedimento de dispensa e de inexi- restante no prazo estipulado no edital de convocação,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

gibilidade de licitação. sob pena de perder em favor da Administração o valor


já recolhido.
Art. 50. A Administração não poderá celebrar o con- § 3º Nos leilões internacionais, o pagamento da parce-
trato com preterição da ordem de classificação das la à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
propostas ou com terceiros estranhos ao procedimen- § 4º O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,
to licitatório, sob pena de nulidade. principalmente no município em que se realizará.
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em regis-
tro cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as
propostas serão processadas e julgadas por comissão
permanente ou especial de, no mínimo, 3 (três) mem-
bros, sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qua-
lificados pertencentes aos quadros permanentes dos
órgãos da Administração responsáveis pela licitação.

97
Capítulo IV
#FicaDica DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA
JUDICIAL
Dos artigos 54 a 80, a Lei nº 8.666/1993 abor-
da os contratos administrativos, disciplina SEÇÃO I
que costuma incidir em concursos de nível DISPOSIÇÕES GERAIS
superior ou específicos das áreas de audito-
ria. Se em seu concurso for cobrado o conte- Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em
údo da lei, sem especificação de quais aspec- assinar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento
tos, deve ser dada atenção à abordagem dos equivalente, dentro do prazo estabelecido pela Ad-
contratos administrativos. ministração, caracteriza o descumprimento total da
obrigação assumida, sujeitando-o às penalidades le-
galmente estabelecidas.
12. Sanções administrativas Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
aos licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o
Em relação ao cumprimento as normas estabelecidas desta Lei, que não aceitarem a contratação, nas mes-
pela Lei de Licitações e Contratos Administrativos - Lei nº mas condições propostas pelo primeiro adjudicatário,
8.666/1993, caso haja alguma irregularidade, comprovação inclusive quanto ao prazo e preço.
da prática de atos ilícitos pela parte que causou o dano, Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem
além das responsabilidades civis, caberá também aplicação atos em desacordo com os preceitos desta Lei ou vi-
das responsabilidades administrativas e judiciais. sando a frustrar os objetivos da licitação sujeitam-se
A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o às sanções previstas nesta Lei e nos regulamentos pró-
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, prios, sem prejuízo das responsabilidades civil e crimi-
dentro do prazo estabelecido pela Administração, carac- nal que seu ato ensejar.
teriza o descumprimento total da obrigação assumida,
sujeitando-o às penalidades legalmente estabelecidas. Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que sim-
Isto não se aplica aos licitantes convocados, que não plesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando
aceitarem a contratação, nas mesmas condições propos- servidores públicos, além das sanções penais, à perda
tas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao prazo do cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
e preço. Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins
Os agentes administrativos que praticarem atos em desta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoria-
desacordo com os preceitos definidos pela Lei de Licita- mente ou sem remuneração, cargo, função ou empre-
ções e Contratos Administrativos ou visando a frustrar os go público.
objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas na § 1º Equipara-se a servidor público, para os fins desta
lei licitatória e nos regulamentos próprios, sem prejuízo Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em enti-
das responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar. dade paraestatal, assim consideradas, além das fun-
dações, empresas públicas e sociedades de economia
mista, as demais entidades sob controle, direto ou in-
#FicaDica direto, do Poder Público.
As sanções administrativas podem ser: § 2º A pena imposta será acrescida da terça parte,
Advertência; quando os autores dos crimes previstos nesta Lei fo-
Multa; rem ocupantes de cargo em comissão ou de função de
Suspensão temporária/Descredenciamento confiança em órgão da Administração direta, autar-
temporário - pelo prazo máximo de 2 anos, o quia, empresa pública, sociedade de economia mista,
qual cessado permite o automático restabe- fundação pública, ou outra entidade controlada direta
lecimento, não se condicionando ao ressarci- ou indiretamente pelo Poder Público.
mento do erário; Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei per-
Declaração de inidoneidade - por prazo in- tinem às licitações e aos contratos celebrados pela
determinado, sendo que o restabelecimento União, Estados, Distrito Federal, Municípios, e respecti-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

depende de reabilitação, condicionada ao vas autarquias, empresas públicas, sociedades de eco-


ressarcimento do erário, concedida pela au- nomia mista, fundações públicas, e quaisquer outras
toridade sancionadora. entidades sob seu controle direto ou indireto.
As sanções administrativas são independen-
tes de eventuais sanções civis e criminais – SEÇÃO II
cabe a cumulação de punição entre as esfe- DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
ras, pois elas são independentes entre si.
Art. 86. O atraso injustificado na execução do contra-
to sujeitará o contratado à multa de mora, na forma
prevista no instrumento convocatório ou no contrato.
§ 1º A multa a que alude este artigo não impede que
a Administração rescinda unilateralmente o contrato
e aplique as outras sanções previstas nesta Lei.

98
§ 2º A multa, aplicada após regular processo admi- Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que,
nistrativo, será descontada da garantia do respectivo tendo comprovadamente concorrido para a consuma-
contratado. ção da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou ine-
§ 3º Se a multa for de valor superior ao valor da ga- xigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder
rantia prestada, além da perda desta, responderá o Público.
contratado pela sua diferença, a qual será descontada Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combi-
dos pagamentos eventualmente devidos pela Admi- nação ou qualquer outro expediente, o caráter com-
nistração ou ainda, quando for o caso, cobrada judi- petitivo do procedimento licitatório, com o intuito de
cialmente. obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato da adjudicação do objeto da licitação:
a Administração poderá, garantida a prévia defesa, Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
aplicar ao contratado as seguintes sanções: Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
I - advertência; privado perante a Administração, dando causa à ins-
II - multa, na forma prevista no instrumento convoca- tauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja
tório ou no contrato; invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:
III - suspensão temporária de participação em licita- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
ção e impedimento de contratar com a Administração, multa.
por prazo não superior a 2 (dois) anos; Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contra- modificação ou vantagem, inclusive prorrogação con-
tar com a Administração Pública enquanto perdura- tratual, em favor do adjudicatário, durante a execução
rem os motivos determinantes da punição ou até que dos contratos celebrados com o Poder Público, sem
seja promovida a reabilitação perante a própria auto- autorização em lei, no ato convocatório da licitação
ridade que aplicou a penalidade, que será concedida ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ain-
sempre que o contratado ressarcir a Administração da, pagar fatura com preterição da ordem cronológica
pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121
da sanção aplicada com base no inciso anterior. desta Lei:
§ 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da ga- Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
rantia prestada, além da perda desta, responderá o Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado
contratado pela sua diferença, que será descontada que, tendo comprovadamente concorrido para a con-
dos pagamentos eventualmente devidos pela Admi- sumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou
nistração ou cobrada judicialmente. se beneficia, injustamente, das modificações ou pror-
§ 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV des- rogações contratuais.
te artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
inciso II, facultada a defesa prévia do interessado, no qualquer ato de procedimento licitatório:
respectivo processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
§ 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo multa.
é de competência exclusiva do Ministro de Estado, do Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, fa- procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o
cultada a defesa do interessado no respectivo proces- ensejo de devassá-lo:
so, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, po- Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
dendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio
de sua aplicação. (Vide art. 109 inciso III) de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do arti- vantagem de qualquer tipo:
go anterior poderão também ser aplicadas às empre- Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
sas ou aos profissionais que, em razão dos contratos além da pena correspondente à violência.
regidos por esta Lei: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
I - tenham sofrido condenação definitiva por pratica- abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem
rem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento oferecida.
de quaisquer tributos; Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, lici-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os tação instaurada para aquisição ou venda de bens ou
objetivos da licitação; mercadorias, ou contrato dela decorrente:
III - demonstrem não possuir idoneidade para contra- I - elevando arbitrariamente os preços;
tar com a Administração em virtude de atos ilícitos II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercado-
praticados. ria falsificada ou deteriorada;
III - entregando uma mercadoria por outra;
SEÇÃO III IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da
DOS CRIMES E DAS PENAS mercadoria fornecida;
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóte- onerosa a proposta ou a execução do contrato:
ses previstas em lei, ou deixar de observar as formali- Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
dades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. empresa ou profissional declarado inidôneo:

99
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos
multa. dentro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez)
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, dias para proferir a sentença.
declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no
a Administração. prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a Art. 108. No processamento e julgamento das infra-
inscrição de qualquer interessado nos registros cadas- ções penais definidas nesta Lei, assim como nos recur-
trais ou promover indevidamente a alteração, suspen- sos e nas execuções que lhes digam respeito, aplicar-
são ou cancelamento de registro do inscrito: -se-ão, subsidiariamente, o Código de Processo Penal
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e e a Lei de Execução Penal.
multa.
Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 CAPÍTULO V
desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
sentença e calculada em índices percentuais, cuja base
corresponderá ao valor da vantagem efetivamente Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da
obtida ou potencialmente auferível pelo agente. aplicação desta Lei cabem:
§ 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da
ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou a) habilitação ou inabilitação do licitante;
celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licita- b) julgamento das propostas;
ção. c) anulação ou revogação da licitação;
§ 2º O produto da arrecadação da multa reverterá, d) indeferimento do pedido de inscrição em registro
conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual cadastral, sua alteração ou cancelamento;
ou Municipal. e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art.
79 desta Lei;
SEÇÃO IV f) aplicação das penas de advertência, suspensão tem-
DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO JUDICIAL porária ou de multa;
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação intimação da decisão relacionada com o objeto da li-
penal pública incondicionada, cabendo ao Ministério citação ou do contrato, de que não caiba recurso hie-
Público promovê-la. rárquico;
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, con-
efeitos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, forme o caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei,
fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato no prazo de 10 (dez) dias úteis da intimação do ato.
e sua autoria, bem como as circunstâncias em que se § 1º A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas
deu a ocorrência. «a», «b», «c» e «e», deste artigo, excluídos os relativos
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, a advertência e multa de mora, e no inciso III, será
mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado feita mediante publicação na imprensa oficial, salvo
pelo apresentante e por duas testemunhas. para os casos previstos nas alíneas “a” e “b”, se pre-
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que co- sentes os prepostos dos licitantes no ato em que foi
nhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais adotada a decisão, quando poderá ser feita por comu-
ou Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos in- nicação direta aos interessados e lavrada em ata.
tegrantes do sistema de controle interno de qualquer § 2º O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I
dos Poderes verificarem a existência dos crimes de- deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autori-
finidos nesta Lei, remeterão ao Ministério Público as dade competente, motivadamente e presentes razões
cópias e os documentos necessários ao oferecimento de interesse público, atribuir ao recurso interposto efi-
da denúncia. cácia suspensiva aos demais recursos.
Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária § 3º Interposto, o recurso será comunicado aos demais
da pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cin-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

aplicando-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e co) dias úteis.


30 do Código de Processo Penal. § 4º O recurso será dirigido à autoridade superior, por
Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual po-
o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa derá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco)
escrita, contado da data do seu interrogatório, poden- dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, de-
do juntar documentos, arrolar as testemunhas que ti- vidamente informado, devendo, neste caso, a decisão
ver, em número não superior a 5 (cinco), e indicar as ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis,
demais provas que pretenda produzir. contado do recebimento do recurso, sob pena de res-
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da ponsabilidade.
defesa e praticadas as diligências instrutórias deferi- § 5º Nenhum prazo de recurso, representação ou pe-
das ou ordenadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamen- dido de reconsideração se inicia ou corre sem que os
te, o prazo de 5 (cinco) dias a cada parte para alega- autos do processo estejam com vista franqueada ao
ções finais. interessado.

100
§ 6º Em se tratando de licitações efetuadas na moda- Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a
lidade de “carta convite” os prazos estabelecidos nos pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser
incisos I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de procedida sempre que o objeto da licitação recomende
dois dias úteis. análise mais detida da qualificação técnica dos inte-
ressados.
Disposições finais e transitórias – Legislação seca
Como é de praxe, a Lei de Licitações se encerra com § 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação
disposições finais e transitórias, voltadas à sua aplica- será feita mediante proposta da autoridade compe-
bilidade geral na prática, as quais constam abaixo com tente, aprovada pela imediatamente superior.
grifos. § 2º Na pré-qualificação serão observadas as exigên-
cias desta Lei relativas à concorrência, à convocação
Capítulo VI dos interessados, ao procedimento e à analise da do-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS cumentação.
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir
Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta
normas relativas aos procedimentos operacionais a
Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do ven-
cimento, e considerar-se-ão os dias consecutivos, ex- serem observados na execução das licitações, no âm-
ceto quando for explicitamente disposto em contrário. bito de sua competência, observadas as disposições
Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos re- desta Lei.
feridos neste artigo em dia de expediente no órgão ou Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo,
na entidade. após aprovação da autoridade competente, deverão
Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, ser publicadas na imprensa oficial.
premiar ou receber projeto ou serviço técnico especia- Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
lizado desde que o autor ceda os direitos patrimoniais couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instru-
a ele relativos e a Administração possa utilizá-lo de
mentos congêneres celebrados por órgãos e entidades
acordo com o previsto no regulamento de concurso ou
no ajuste para sua elaboração. da Administração.
Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra
imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privi- § 1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos
légio, a cessão dos direitos incluirá o fornecimento de órgãos ou entidades da Administração Pública depen-
todos os dados, documentos e elementos de informa- de de prévia aprovação de competente plano de tra-
ção pertinentes à tecnologia de concepção, desenvol- balho proposto pela organização interessada, o qual
vimento, fixação em suporte físico de qualquer natu- deverá conter, no mínimo, as seguintes informações:
reza e aplicação da obra.
I - identificação do objeto a ser executado;
Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a
mais de uma entidade pública, caberá ao órgão con- II - metas a serem atingidas;
tratante, perante a entidade interessada, responder III - etapas ou fases de execução;
pela sua boa execução, fiscalização e pagamento. IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
§ 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação V - cronograma de desembolso;
da qual, nos termos do edital, decorram contratos ad- VI - previsão de início e fim da execução do objeto,
ministrativos celebrados por órgãos ou entidades dos bem assim da conclusão das etapas ou fases progra-
entes da Federação consorciados. madas;
§ 2º É facultado à entidade interessada o acompanha- VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de en-
mento da licitação e da execução do contrato.
genharia, comprovação de que os recursos próprios
Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos con-
tratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será para complementar a execução do objeto estão de-
feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da vidamente assegurados, salvo se o custo total do em-
legislação pertinente, ficando os órgãos interessados preendimento recair sobre a entidade ou órgão des-
da Administração responsáveis pela demonstração da centralizador.
legalidade e regularidade da despesa e execução, nos § 2º Assinado o convênio, a entidade ou órgão repas-
termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de sador dará ciência do mesmo à Assembleia Legislativa
controle interno nela previsto.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ou à Câmara Municipal respectiva.


§ 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou § 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estri-
jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou
ta conformidade com o plano de aplicação aprovado,
aos órgãos integrantes do sistema de controle interno
contra irregularidades na aplicação desta Lei, para os exceto nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão
fins do disposto neste artigo. retidas até o saneamento das impropriedades ocor-
§ 2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes rentes:
do sistema de controle interno poderão solicitar para I - quando não tiver havido comprovação da boa e
exame, até o dia útil imediatamente anterior à data de regular aplicação da parcela anteriormente recebida,
recebimento das propostas, cópia de edital de licitação na forma da legislação aplicável, inclusive mediante
já publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da procedimentos de fiscalização local, realizados perio-
Administração interessada à adoção de medidas cor- dicamente pela entidade ou órgão descentralizador
retivas pertinentes que, em função desse exame, lhes
dos recursos ou pelo órgão competente do sistema de
forem determinadas.
controle interno da Administração Pública;

101
II - quando verificado desvio de finalidade na apli- Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licita-
cação dos recursos, atrasos não justificados no cum- ções instauradas e aos contratos assinados anterior-
primento das etapas ou fases programadas, práticas mente à sua vigência, ressalvado o disposto no art.
atentatórias aos princípios fundamentais de Adminis- 57, nos parágrafos 1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV
tração Pública nas contratações e demais atos prati- do art. 78, bem assim o disposto no “caput” do art. 5o,
cados na execução do convênio, ou o inadimplemento com relação ao pagamento das obrigações na ordem
do executor com relação a outras cláusulas conveniais cronológica, podendo esta ser observada, no prazo de
básicas; noventa dias contados da vigência desta Lei, separa-
III - quando o executor deixar de adotar as medidas damente para as obrigações relativas aos contratos
saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos regidos por legislação anterior à Lei nº 8.666, de 21
recursos ou por integrantes do respectivo sistema de de junho de 1993.
controle interno. Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do
§ 4º Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, patrimônio da União continuam a reger-se pelas dis-
serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de posições do Decreto-lei nº 9.760, de 5 de setembro de
poupança de instituição financeira oficial se a previ- 1946, com suas alterações, e os relativos a operações
são de seu uso for igual ou superior a um mês, ou de crédito interno ou externo celebrados pela União
em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou ou a concessão de garantia do Tesouro Nacional con-
operação de mercado aberto lastreada em títulos da tinuam regidos pela legislação pertinente, aplicando-
dívida pública, quando a utilização dos mesmos veri- -se esta Lei, no que couber.
ficar-se em prazos menores que um mês. Art. 122.Nas concessões de linhas aéreas, observar-se-
§ 5º As receitas financeiras auferidas na forma do pa- -á procedimento licitatório específico, a ser estabeleci-
rágrafo anterior serão obrigatoriamente computadas do no Código Brasileiro de Aeronáutica.
a crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no Art. 123. Em suas licitações e contratações administra-
objeto de sua finalidade, devendo constar de demons- tivas, as repartições sediadas no exterior observarão
trativo específico que integrará as prestações de con- as peculiaridades locais e os princípios básicos desta
tas do ajuste. Lei, na forma de regulamentação específica.
§ 6º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou ex- Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para
tinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos finan- permissão ou concessão de serviços públicos os dispo-
ceiros remanescentes, inclusive os provenientes das sitivos desta Lei que não conflitem com a legislação
receitas obtidas das aplicações financeiras realizadas, específica sobre o assunto.
serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos
recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II
evento, sob pena da imediata instauração de tomada a IV do § 2º do art. 7º serão dispensadas nas licita-
de contas especial do responsável, providenciada pela ções para concessão de serviços com execução prévia
autoridade competente do órgão ou entidade titular de obras em que não foram previstos desembolso por
dos recursos. parte da Administração Pública concedente.
Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações rea- Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
lizados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judici- blicação.
ário e do Tribunal de Contas regem-se pelas normas Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, es-
desta Lei, no que couber, nas três esferas administra- pecialmente os Decretos-leis nºs 2.300, de 21 de no-
tivas. vembro de 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360,
Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e de 16 de setembro de 1987, a Lei nº 8.220, de 4 de
as entidades da administração indireta deverão adap- setembro de 1991, e o art. 83 da Lei nº 5.194, de 24 de
tar suas normas sobre licitações e contratos ao dispos- dezembro de 1966.
to nesta Lei.
Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas Brasília, 21 de junho de 1993, 172º da Independência
e fundações públicas e demais entidades controladas e 105º da República.
direta ou indiretamente pela União e pelas entidades
referidas no artigo anterior editarão regulamentos CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

próprios devidamente publicados, ficando sujeitas às


disposições desta Lei. Contrato Administrativo é o contrato celebrado pela
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este Administração Pública, com o propósito de satisfazer as
artigo, no âmbito da Administração Pública, após necessidades de interesse público. De acordo com Bel-
aprovados pela autoridade de nível superior a que es- lote Gomes:
tiverem vinculados os respectivos órgãos, sociedades e
entidades, deverão ser publicados na imprensa oficial. Contrato administrativo é um acordo de vontades
Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser celebrado entre a Administração Pública e o particular ou
anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que outro ente administrativo (órgão ou pessoa jurídica de di-
os fará publicar no Diário Oficial da União, observan- reito público ou privado) para a realização de objetivos de
do como limite superior a variação geral dos preços do interesse público, nas condições estabelecidas pela própria
mercado, no período. Administração Pública, sendo disciplinado preferencial-
mente pela Lei de Licitações.

102
1. Principais características 1.2 Licitação Prévia

Os contratos administrativos devem estabelecer com Ressalvadas as hipóteses legais de dispensa e inexi-
clareza e precisão as condições para a sua execução, ex- gibilidade de licitação, a celebração dos contratos ad-
pressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações ministrativos deve ser precedida de licitação, sob pena
e responsabilidades das partes, em conformidade com
de nulidade, devendo ainda a minuta do futuro contrato
os termos da licitação e da proposta a que se vinculam.
Sendo assim, conforme o disposto no art. 55 da Lei nº administrativo constar do edital ou do ato convocatório
8.666/1993, são consideradas cláusulas necessárias em da licitação.
todo contrato administrativo:
1.3 Cláusulas Exorbitantes
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as
que estabeleçam: São cláusulas existentes apenas nos contratos admi-
I – o objeto e seus elementos característicos; nistrativos e que conferem determinadas prerrogativas à
II – o regime de execução ou a forma de fornecimento; Administração Pública, colocando-a em posição de supe-
III – o preço e as condições de pagamento, os crité- rioridade em relação aos contratados. Estão previstas no
rios, data-base e periodicidade do reajustamento de art. 58 da Lei de Licitações.
preços, os critérios de atualização monetária entre a
data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
pagamento; 1.4 Prazo Determinado
IV – os prazos de início de etapas de execução, de con-
clusão, de entrega, de observação e de recebimento Como regra, os contratos administrativos devem ter
definitivo, conforme o caso; início e término predeterminados, sendo vedados os
V – o crédito pelo qual correrá a despesa, com a in- contratos administrativos com prazo indeterminado.
dicação da classificação funcional programática e da
categoria econômica; 1.5 Prestação de Garantias
VI – as garantias oferecidas para assegurar sua plena
execução, quando exigidas; A critério da autoridade competente, em cada caso,
VI – os direitos e as responsabilidades das partes, as
e desde que prevista no instrumento convocatório, po-
penalidades cabíveis e os valores das multas;
VIII – os casos de rescisão; derá ser exigida prestação de garantia nas contratações
IX – o reconhecimento dos direitos da Administração, de obras, serviços e compras, não excedendo 5% do va-
em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 lor do contrato, podendo o contratado optar por uma
desta Lei; das seguintes modalidades de garantia: seguro-garantia,
X – as condições de importação, a data e a taxa de fiança bancária ou caução em dinheiro ou em títulos da
câmbio para conversão, quando for o caso; dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a for-
XI – a vinculação ao edital de licitação ou ao termo ma escritural, mediante registro em sistema centralizado
que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Cen-
do licitante vencedor; tral do Brasil, e avaliados pelos seus valores econômicos,
XII – a legislação aplicável à execução do contrato e
conforme definido pelo Ministério da Fazenda.
especialmente aos casos omissos;
XIII – a obrigação do contratado de manter, durante Ressalta-se que, para obras, serviços e fornecimentos
toda a execução do contrato, em compatibilidade com de grande vulto, envolvendo alta complexidade técnica e
as obrigações por ele assumidas, todas as condições riscos financeiros consideráveis, demonstrados por meio
de habilitação e qualificação exigidas na licitação. de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade com-
petente, o limite de garantia de 5% poderá ser elevado
Além das cláusulas necessárias, os contratos adminis- para até 10% do valor do contrato.
trativos possuem determinadas características especiais A garantia prestada pelo contratado será liberada ou
que os diferenciam dos contratos submetidos a outros restituída após a execução do contrato, e, quando em
regimes jurídicos. São elas: dinheiro, atualizada monetariamente.
1.1 Formalidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1.6 Publicidade
A formalidade caracteriza, em regra, os contratos ad-
ministrativos. Assim, é nulo e de nenhum efeito o con- Depois de celebrado o contrato, este é publicado na
trato verbal com a Administração Pública, exceto o que imprensa oficial, até o quinto dia útil do mês seguinte ao
tenha por objeto pequenas compras de pronto paga- de sua assinatura, como condição de sua eficácia, uma
mento, assim entendidas aquelas de valor não superior vez que a Lei de Licitações define a imprensa oficial como
a R$ 4.000,00 (quatro mil reais). o veículo oficial de divulgação da Administração Pública,
Todo contrato administrativo deve trazer o nome das sendo para a União o Diário Oficial da União e, para os
partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for de-
que autoriza a sua lavratura, o número do processo de li- finido nas respectivas leis.
citação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos
contratantes às normas previstas na Lei de Licitações e às
cláusulas contratuais.

103
1.7 Hipóteses de alteração dos contratos admi-
nistrativos
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Os contratos administrativos podem ser alterados,
desde que haja motivação legal, de forma unilateral pela 1. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018)
Administração Púbica ou por acordo entre as partes. Julgue o item subsequente de acordo com a orientação
traçada pela Lei nº 8.666/1993.
1.8 Responsabilidade contratual É inexigível a licitação para a aquisição de bens e insumos
destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecno-
O contratado é responsável pelos danos causados dire- lógica com recursos concedidos pela CAPES, pela FINEP,
tamente à Administração Pública ou a terceiros, decorren- pelo CNPq ou por outras instituições de fomento à pes-
tes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, sendo quisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico.
de sua responsabilidade, ainda, os encargos trabalhistas,
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execu- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ção do contrato. A inadimplência de sua parte com relação Resposta: Errado. Tratava-se de hipótese de licitação
a tais obrigações não transfere à Administração Pública a dispensável, conforme artigo 24, XXI, Lei nº 8.666/1993,
responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o que tinha a seguinte redação: “para a aquisição de
objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das
bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa
obras e edificações, inclusive perante o registro de imóveis.
científica e tecnológica com recursos concedidos pela
Capes, pela FINEP, pelo CNPq ou por outras institui-
2. Principais modalidades de contratos adminis-
ções de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq
trativos
para esse fim específico”. Hoje a redação dada pela
Lei nº 13.242/2016 é a seguinte: “XXI - para a aquisi-
Os contratos administrativos são usualmente classi-
ção ou contratação de produto para pesquisa e de-
ficados nas seguintes modalidades, conforme seu obje-
to: contratos de obra, contratos de serviço, contratos de senvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços
compra, contratos de alienação, parcerias público-priva- de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de
das, contratos de gestão, contratos de concessão de uso que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23
de bem público, contratos de concessão de serviço pú- (até R$ 1.500.000,00)”. O inciso não mais restringe às
blico precedida da execução de obra pública, contratos requisições feitas com recursos das entidades de pes-
de empréstimo público, consórcios e convênios. quisa e, de outro lado, restringe no que se refere a
obras e serviços de engenharia (ex.: construção de um
3. Hipóteses de extinção dos contratos adminis- laboratório).
trativos

Os contratos administrativos podem ser extintos pela FIQUE ATENTO!


conclusão do objeto, pelo término do prazo ou por res- Cuidado com a pegadinha muito comum
cisão contratual. em concursos, que é a substituição das pa-
Nota-se, de forma clara e precisa, a importância da lavras dispensável ou inexigível. É inexigível
Administração Pública, como responsável pela gestão apenas nos casos de fornecedor exclusivo,
do dinheiro público. Assim, diante da necessidade de re- notória especialização de profissional técni-
gulamentar e padronizar os procedimentos, o legislador co e artista reconhecido.
pátrio instituiu a Lei n° 8.666/1993, para controlar de for-
ma mais estrita as atividades do administrador público,
relacionados à contratação de obras, serviços, inclusive 2. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018)
publicidade, compras, alienações e locações no âmbito Julgue o item subsequente de acordo com a orientação
da Administração Pública, aperfeiçoando as regras conti- traçada pela Lei nº 8.666/1993.
das em normas já existentes. Para a habilitação nas licitações, serão exigidas dos lici-
O controle imposto pela Lei de Licitações visa a pro- tantes, além de habilitação jurídica, qualificação técnica,
porcionar que o administrador atue em harmonia com qualificação econômico-financeira, regularidade fiscal e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

os princípios que norteiam a sua atividade e busque, na trabalhista.


contratação de bens de serviços, a proposta mais vanta-
josa, de modo a evidenciar o interesse público. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Ademais, pode-se concluir que a licitação é a regra
imposta pela Constituição da República e pode ser de- Resposta: Certo. Preconiza o artigo 27, Lei nº
finida como o conjunto de regras destinadas à seleção 8.666/1993: “Para a habilitação nas licitações exigir-
da melhor proposta, dentre as apresentadas por aqueles -se-á dos interessados, exclusivamente, documenta-
que desejam controlar com a Administração Pública. ção relativa a:
Por fim, cabe à sociedade e aos administradores exer- I - habilitação jurídica;
cer uma fiscalização habitual, capaz de proporcionar al- II - qualificação técnica;
terações no quadro de gestão do dinheiro público, de III - qualificação econômico-financeira;
forma a impulsionar os administradores a utilizarem a IV - regularidade fiscal e trabalhista;
licitação de forma contida na legislação. V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o

104
da Constituição Federal”.
#FicaDica
3. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018)
Julgue o próximo item, relativo às modalidades de licita- Dos artigos 54 a 80, a Lei nº 8.666/1993
ção. aborda os contratos administrativos, disci-
A concorrência pública pressupõe uma fase preliminar plina que costuma incidir em concursos de
denominada habilitação, que habilita os que poderão nível superior ou específicos das áreas de
participar da fase seguinte, a de classificação. auditoria. Se em seu concurso for cobrado o
conteúdo da lei, sem especificação de quais
( ) CERTO ( ) ERRADO aspectos, deve ser dada atenção à aborda-
gem dos contratos administrativos.
Resposta: Certo. Se depreende do próprio conceito
de concorrência que a Lei nº 8.666/1993 traz em seu
artigo 22, § 1º: “Concorrência é a modalidade de lici-
tação entre quaisquer interessados que, na fase ini- LEI Nº 10.520/02: DO PREGÃO.
cial de habilitação preliminar, comprovem possuir os
requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital
para execução de seu objeto”.
PREGÃO (LEI Nº 10.520/02).
4. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área 2 -
CESPE/2018) Considerando que a ABIN escolha a mo- LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002 – LICITA-
dalidade licitatória convite para contratar empresa de ÇÕES – PREGÃO
engenharia para modernizar suas instalações, julgue o
item que se segue, com base nas disposições da Lei nº Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal
8.666/1993. e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Cons-
Pelo seu caráter simplificado, a modalidade convite não tituição Federal, modalidade de licitação denominada
pode ser substituída pela concorrência. pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e
dá outras providências.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Resposta: Errado. Cabe seguir a seguinte máxima: se gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
pode o menos, pode o mais, ou seja, se cabe uma mo-
dalidade simplificada de licitação não há problemas O termo “pregão” significa apregoar, isto é, realizar
em optar pela mais complexa (o inverso que não é uma proclamação pública. No âmbito do Direito Admi-
permitido). Consta na Lei nº 8.666/1993, em seu artigo nistrativo significa um leilão ao contrário, afinal, o leilão
23, § 4o, o seguinte: “Nos casos em que couber convi- busca transferir o domínio do bem a quem lhe der maior
te, a Administração poderá utilizar a tomada de preços lance, enquanto que no pregão se pretende o oposto.
e, em qualquer caso, a concorrência”.
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, po-
5. (STM -Técnico Judiciário - Programação de Siste- derá ser adotada a licitação na modalidade de pregão,
mas - CESPE/2018) Em relação à organização adminis- que será regida por esta Lei.
trativa e à licitação administrativa, julgue o item a seguir.
Ao contratar serviços ou obras visando à promoção de Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços co-
baixo impacto sobre recursos naturais, a administração muns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos
pública atende ao princípio do desenvolvimento nacional padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
sustentável. tivamente definidos pelo edital, por meio de especifi-
cações usuais no mercado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O pregão possui âmbito bem delimitado, porque
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Resposta: Certo. O artigo 3o da Lei nº 8.666/1993 fixa apenas pode ser realizado para aquisições de bens e ser-
o princípio do desenvolvimento sustentável como um viços comuns. É importante ressaltar que a utilização do
dos que deve ser observado no processo licitatório. pregão não depende do valor envolvido, mas sim da na-
Este princípio do desenvolvimento sustentável está tureza do bem ou serviço, que deve ser comum.
relacionado não só com o âmbito ambiental, como Comum é aquele que é padronizado em desempe-
a maioria das pessoas pensam quando ouve falar nho e qualidade. O Decreto nº 3.555/2000 traz uma lista
em sustentabilidade, mas aqui também refere-se ao exemplificativa dos bens e serviços comuns.
desenvolvimento sustentável em diversos aspectos,
como social, econômico, político, ético e também o
ambiental.

105
§ 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de
#FicaDica pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão
ser desempenhadas por militares.
O pregão apenas serve para bem ou ser- Fase preparatória ou interna: neste momento se
viço, não OBRA! Em se tratando de servi- justificará a necessidade da contratação do serviço ou
ço de engenharia, desde que seja comum, aquisição do bem por parte da Administração, fixando-se
cabe pregão. as regras do procedimento (objeto do certame, especifi-
cação das exigências para habilitação, critério de aceita-
ção, prazos, sanções por inadimplemento, etc.).
Art. 2º (VETADO)
§ 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utili-
zação de recursos de tecnologia da informação, nos #FicaDica
termos de regulamentação específica.
§ 2º Será facultado, nos termos de regulamentos pró- O procedimento conduzido por um único
prios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, servidor, o pregoeiro.
a participação de bolsas de mercadorias no apoio téc- O pregoeiro pode ser assistido por uma
nico e operacional aos órgãos e entidades promotores equipe de apoio. Essa equipe de apoio não
da modalidade de pregão, utilizando-se de recursos de tem qualquer competência decisória, nem
tecnologia da informação. poderes para a condução das atividades
§ 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar or- relativas à sessão do pregão.
ganizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lu-
crativos e com a participação plural de corretoras que Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a con-
operem sistemas eletrônicos unificados de pregões. vocação dos interessados e observará as seguintes regras:
I - a convocação dos interessados será efetuada por
O sucesso da utilização do Pregão na esfera federal meio de publicação de aviso em diário oficial do res-
foi considerado tão grande, a ponto de o Decreto nº pectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de
5.450/2005 tornar a adoção do pregão obrigatória, na circulação local, e facultativamente, por meios ele-
esfera federal, para as licitações envolvendo a aquisição trônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de
de bens e serviços comuns, sendo preferencial a utiliza- grande circulação, nos termos do regulamento de que
ção de sua forma eletrônica. Assim, enquanto o §1o aqui trata o art. 2º;
faculta a adoção de recursos de tecnologia da informa- II - do aviso constarão a definição do objeto da lici-
ção, na prática, esta tem sido regra geral. tação, a indicação do local, dias e horários em que
poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital;
Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o se- III - do edital constarão todos os elementos definidos
guinte: na forma do inciso I do art. 3º, as normas que discipli-
I - a autoridade competente justificará a necessidade narem o procedimento e a minuta do contrato, quan-
de contratação e definirá o objeto do certame, as exi- do for o caso;
gências de habilitação, os critérios de aceitação das IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão colo-
propostas, as sanções por inadimplemento e as cláu- cadas à disposição de qualquer pessoa para consulta
sulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos e divulgadas na forma da Lei nº 9.755, de 16 de de-
para fornecimento; zembro de 1998;
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficien- V - o prazo fixado para a apresentação das propostas,
te e clara, vedadas especificações que, por excessivas, contado a partir da publicação do aviso, não será in-
irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição; ferior a 8 (oito) dias úteis;
III - dos autos do procedimento constarão a justifica- VI - no dia, hora e local designados, será realizada ses-
tiva das definições referidas no inciso I deste artigo são pública para recebimento das propostas, devendo
e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais o interessado, ou seu representante, identificar-se e, se
estiverem apoiados, bem como o orçamento, elabora- for o caso, comprovar a existência dos necessários po-
do pelo órgão ou entidade promotora da licitação, dos deres para formulação de propostas e para a prática
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

bens ou serviços a serem licitados; e de todos os demais atos inerentes ao certame;


IV - a autoridade competente designará, dentre os ser- VII - aberta a sessão, os interessados ou seus repre-
vidores do órgão ou entidade promotora da licitação, sentantes, apresentarão declaração dando ciência de
o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribui- que cumprem plenamente os requisitos de habilita-
ção inclui, dentre outras, o recebimento das propostas ção e entregarão os envelopes contendo a indicação
e lances, a análise de sua aceitabilidade e sua classi- do objeto e do preço oferecidos, procedendo-se à sua
ficação, bem como a habilitação e a adjudicação do imediata abertura e à verificação da conformidade
objeto do certame ao licitante vencedor. das propostas com os requisitos estabelecidos no ins-
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua trumento convocatório;
maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais
emprego da administração, preferencialmente perten- baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cen-
centes ao quadro permanente do órgão ou entidade to) superiores àquela poderão fazer novos lances verbais
promotora do evento. e sucessivos, até a proclamação do vencedor;

106
IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas con- XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do
dições definidas no inciso anterior, poderão os autores prazo de validade da sua proposta, não celebrar o
das melhores propostas, até o máximo de 3 (três), ofe- contrato, aplicar-se-á o disposto no inciso XVI.
recer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que Fase externa: começa com a divulgação do edital,
sejam os preços oferecidos; dando publicidade ao pregão. Após, segue-se para a fase
X - para julgamento e classificação das propostas, de propostas. Selecionada a melhor proposta, parte-se
será adotado o critério de menor preço, observados os para a fase de habilitação. (Nota-se a inversão da regra
prazos máximos para fornecimento, as especificações geral licitatória). Habilitado o candidato que fez a melhor
técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qua- proposta – que sempre será a de menor preço – este será
lidade definidos no edital; chamado a assinar o contrato.
XI - examinada a proposta classificada em primeiro
lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro
decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade; #FicaDica
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as
ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro O prazo para a apresentação de propostas
contendo os documentos de habilitação do licitante não pode ser inferior a OITO DIAS ÚTEIS,
que apresentou a melhor proposta, para verificação os quais se contam da publicação do aviso
do atendimento das condições fixadas no edital; de licitação. O prazo pode ser maior, sem
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o problemas, devendo o edital prever.
licitante está em situação regular perante a Fazenda
Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais Art. 5º É vedada a exigência de:
e Municipais, quando for o caso, com a comprovação I - garantia de proposta;
de que atende às exigências do edital quanto à habi- II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição
litação jurídica e qualificações técnica e econômico- para participação no certame; e
-financeira; III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os re-
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os do- ferentes a fornecimento do edital, que não serão supe-
cumentos de habilitação que já constem do Sistema riores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos
de Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf de utilização de recursos de tecnologia da informação,
e sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito quando for o caso.
Federal ou Municípios, assegurado aos demais licitan-
tes o direito de acesso aos dados nele constantes; Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas (sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
no edital, o licitante será declarado vencedor; Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de en-
desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro tregar ou apresentar documentação falsa exigida para
examinará as ofertas subsequentes e a qualificação o certame, ensejar o retardamento da execução de seu
dos licitantes, na ordem de classificação, e assim su- objeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na
cessivamente, até a apuração de uma que atenda ao execução do contrato, comportar-se de modo inidô-
edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor; neo ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou
pregoeiro poderá negociar diretamente com o propo- Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos sis-
nente para que seja obtido preço melhor; temas de cadastramento de fornecedores a que se re-
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá fere o inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo de até
manifestar imediata e motivadamente a intenção de 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em
recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) edital e no contrato e das demais cominações legais.
dias para apresentação das razões do recurso, ficando
os demais licitantes desde logo intimados para apre- Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os de-
sentar contrarrazões em igual número de dias, que co- correntes de meios eletrônicos, serão documentados
meçarão a correr do término do prazo do recorrente,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no processo respectivo, com vistas à aferição de sua


sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos; regularidade pelos agentes de controle, nos termos do
XIX - o acolhimento de recurso importará a invalida- regulamento previsto no art. 2º.
ção apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
XX - a falta de manifestação imediata e motivada do Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a modali-
licitante importará a decadência do direito de recurso dade de pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de
e a adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro junho de 1993.
ao vencedor;
XXI - decididos os recursos, a autoridade competente
fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante
vencedor;
XXII - homologada a licitação pela autoridade compe-
tente, o adjudicatário será convocado para assinar o
contrato no prazo definido em edital; e

107
#FicaDica DO PROCESSO ADMINISTRATIVO (LEI N°
9.784/99).
A Lei do Pregão – Lei nº 10.520/2002 deve
sempre ser lida em conjunto com a Lei de
Licitações – Lei nº 8.666/1993. PROCESSO ADMINISTRATIVO

A necessidade de se instaurar um processo, isso é,


Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com uma sequência de atos para o exercício da jurisdição,
base na Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agos- tem seu fundamento no princípio constitucional do
to de 2001. devido processo legal. O devido processo legal pode
ser compreendido como o “escudo da humanidade”
Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços contra a prática de atos abusivos por parte do Estado.
comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Seu fundamento legal está previsto no art. 5º, LIV, da
Federal e dos Municípios, quando efetuadas pelo siste- Constituição Federal, o qual assegura que ninguém será
ma de registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
8.666, de 21 de junho de 1993, poderão adotar a mo- processo legal.
dalidade de pregão, conforme regulamento específico. A obrigatoriedade do devido processo legal não se
aplica somente à seara judicial, mas também vincula a
Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, Administração Pública e o Poder Legislativo, pois no
passa a vigorar acrescida do seguinte artigo: moderno Estado de Direito, a validade das decisões
praticadas por órgãos e agentes governamentais está
“Art. 2-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os condicionada ao cumprimento de um rito procedimental
Municípios poderão adotar, nas licitações de registro previamente estabelecido. Por isso, é de grande
de preços destinadas à aquisição de bens e serviços importância o estudo do processo administrativo
comuns da área da saúde, a modalidade do pregão, disciplinar, que visa a dar maior transparência e garantia
inclusive por meio eletrônico, observando-se o seguin- do exercício de uma boa Administração para os
te: particulares.
I - são considerados bens e serviços comuns da área
da saúde, aqueles necessários ao atendimento dos ór-
gãos que integram o Sistema Único de Saúde, cujos
padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
#FicaDica
tivamente definidos no edital, por meio de especifica- Processo ou procedimento administrativo?
ções usuais do mercado. Apesar de não serem a mesma coisa, ambos
II - quando o quantitativo total estimado para a con- possuem uma forte relação intrínseca. “Pro-
tratação ou fornecimento não puder ser atendido cesso” é o termo utilizado para designar a re-
pelo licitante vencedor, admitir-se-á a convocação lação jurídica estabelecida entre as partes e,
de tantos licitantes quantos forem necessários para o por isso, denomina-se processo administrativo
atingimento da totalidade do quantitativo, respeitada o vínculo estabelecido entre o Poder Público
a ordem de classificação, desde que os referidos lici- e o particular para a tomada de uma decisão.
tantes aceitem praticar o mesmo preço da proposta “Procedimento”, por sua vez, refere-se a uma
vencedora. sequência ordenada de atos que culminam na
III - na impossibilidade do atendimento ao disposto tomada da decisão. Procedimento é o meio
no inciso II, excepcionalmente, poderão ser registrados pelo qual se atende aos fins do processo.
outros preços diferentes da proposta vencedora, des-
de que se trate de objetos de qualidade ou desempe-
nho superior, devidamente justificada e comprovada a 1. Processo Administrativo e a Lei nº 9.784/1999
vantagem, e que as ofertas sejam em valor inferior ao Com o objetivo de regulamentar a disciplina
limite máximo admitido.” constitucional do processo administrativo, a Lei
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nº 9.784/1999, denominada “Lei do Processo


Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- Administrativo”, dispõe sobre normas básicas sobre o
cação. referido processo no âmbito da Administração Federal
direta e indireta, visando a proteção dos direitos dos
Brasília, 17 de julho de 2002; 181º da Independência administrados e ao melhor cumprimento dos fins da
e 114º da República. Administração Pública. Trata-se de lei federal, aplicável
somente no âmbito da União, com incidência no Poder
Executivo, e também nos Poderes Legislativo e Judiciário,
no exercício de suas funções atípicas. Entretanto, o STJ
pacificou entendimento de que a referida Lei de Processo
Administrativo pode ser aplicável, subsidiariamente, às
demais entidades federais que não possuam lei própria
versando sobre o tema.

108
Com base nessas considerações, passemos a desta- Por outro lado, o art. 4º da Lei de Processo Adminis-
car alguns pontos importantes da referida legislação. De trativo elenca os deveres a ser cumpridos pelos adminis-
início, o art. 1º, § 2º da Lei nº 9.784/1999 procura deli- trados no decurso do processo: a) expor os fatos con-
mitar três importantes conceitos. Órgão é a unidade de forme a verdade; b) proceder com lealdade, urbanidade
atuação integrante da estrutura da Administração direta e boa-fé; c) não agir de modo temerário; e d) prestar as
e da estrutura da Administração indireta; entidade é a informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o
unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; e esclarecimento dos fatos.
autoridade é o servidor ou agente público dotado de
poder de decisão. 1.3 Instauração e legitimidade
A Administração Pública apresenta uma dinamicidade
1.1 Princípios do processo administrativo: muito maior do que o Judiciário, uma vez que pode agir
O caput do art. 2º da Lei nº 9.784/1999 elenca os princípios de ofício, isso é, sem a provocação do interessado. É
pelos quais a Administração Pública tem o dever de obedecer possível, evidentemente, que o processo administrativo
e que regem o processo administrativo. São eles: possa ser instaurado a requerimento, o qual deverá ser
A) Legalidade: é o dever de atuação conforme a lei e formulado por escrito e constar os seguintes elementos:
o direito positivado. a) órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; b)
B) Impessoalidade: tem por objetivo vedar a identificação do interessado ou de quem o represente;
promoção pessoal de agentes e autoridades c) domicílio do requerente ou local para recebimento de
C) Finalidade: a persecução do interesse público é comunicações; d) formulação do pedido, com exposição
primordial na conduta dos agentes administrativos, dos fatos e de seus fundamentos; e e) data e assinatura
pois é o seu objetivo maior. do requerente ou de seu representante. Na verdade, a
D) Moralidade: a atuação dos agentes públicos deve instauração do processo pode ser de ofício, ainda que
seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé. haja provocação de uma das partes.
E) Publicidade: o dever de transparência que resulta Quanto à legitimidade para a instauração do
a publicação dos atos administrativos de relevante processo, o art. 9º da mesma Lei elenca um rol taxativo de
interesse para a população. interessados: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem
F) Razoabilidade e proporcionalidade: exige uma como titulares de direitos ou interesses individuais ou no
linha lógica e adequação entre o fim almejado e o exercício do direito de representação; II - aqueles que,
meio utilizado para tal fim, abstendo-se de praticar sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses
exageros. que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
G) Obrigatória motivação: as decisões tomadas III - as organizações e associações representativas, no
pelas autoridades devem conter pressupostos de tocante a direitos e interesses coletivos; IV - as pessoas
fato e de direito que justifiquem as mesmas.
ou as associações legalmente constituídas quanto a
H) Segurança jurídica: exige que a interpretação das
direitos ou interesses difusos. Em termos de capacidade
normas administrativas seja sempre a que melhor
processual, o art. 10 dispõe que são considerados capazes
atenda aos interesses dos administrados, sendo
os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial
vedada sua aplicação retroativa, pois isso feriria o
em ato normativo próprio.
ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada.
1.4 Competência, forma, tempo e lugar
I) Contraditório e ampla defesa: para cada ato e
cada alegação feita no processo em questão, é Nos termos do art. 11 da Lei de Processo Adminis-
assegurado o direito de manifestação da parte trativo, a competência é irrenunciável e se exerce pelos
contrária, principalmente nos processos em que órgãos administrativos a que foi atribuída como própria,
resultem em sanções e nas situações de litígio. salvo os casos de delegação e avocação legalmente ad-
mitidos. A delegação é o fenômeno pelo qual uma au-
1.2 Direitos e deveres dos administrados toridade distribui suas competências para uma entidade
O termo “administrado”, hoje com pouca utilização, ou órgãos distintos, podendo estar na mesma linha hie-
é usado na referida Lei para designar o usuário ou ci- rárquica ou não, embora haja alguns casos em que a de-
dadão que é administrado pelo Poder Público. A Lei nº legação é legalmente vedada, como a edição de atos de
9.784/1999 elenca uma série de direitos e deveres aos caráter normativo, a decisão de recursos administrativos,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

referidos administrados. e as matérias de competência exclusiva da autoridade. A


Assim, os usuários e cidadãos possuem as seguintes avocação, por sua vez, traduz-se na absorção de compe-
garantias (art. 3º): a) ser tratado com respeito pelas auto- tências, hipótese em que o órgão ou o titular chama para
ridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de si atribuições de competência de órgão hierarquicamen-
seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; b) ter te inferior.
ciência da tramitação dos processos administrativos em Em relação a forma, a lei citada não atribui nenhum
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, requisito solene para o processo administrativo, apenas
obter cópias de documentos neles contidos e conhecer exige que os atos processuais deverão ser produzidos
as decisões proferidas; c) formular alegações e apresen- por escrito, em vernáculo, com data e local de sua rea-
tar documentos antes da decisão, os quais serão obje- lização e assinatura da autoridade responsável. Os atos
to de consideração pelo órgão competente; d) fazer-se são realizados em dias úteis, no horário de funcionamen-
assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando to da repartição na qual tramita o processo.
obrigatória a representação, por força de lei.

109
É ônus da parte apresentar provas sobre os fatos de causar lesão. A interposição da reclamação não
alegados pela mesma, na forma do artigo 36 da impede a apreciação do pleito pelo Judiciário,
referida Lei, independentemente de atuação sem mas a reclamação interposta dentro do prazo de
prejuízo da atuação do órgão competente e o dever 1 ano, contado da ocorrência do ato, suspende a
deste providenciar os documentos oriundos da prescrição quinquenal deste.
própria Administração. Com isso, procura-se atribuir a C) Pedido de reconsideração: é uma solicitação
Administração Pública o exercício de suas funções de feita à autoridade que já expediu o ato, para que o
modo adequado e correto, não podendo se prender ao modifique ou o invalide, nos moldes do requerente.
ônus da prova para escusar-se de promover uma má- A reconsideração não suspende a prescrição do
administração. Importante ressaltar também a vedação Judiciário.
a da produção e utilização de provas obtidas por meios D) Recurso hierárquico próprio: é aquele endereçado
ilícitos (art. 30, Lei nº 9.784/1999). a autoridade superior à que praticou o ato
É possível, também, a instauração de medida cautelar, recorrido. Pode ser interposto sem a necessidade
na forma do artigo 45 da Lei nº 9.784/1999, podendo ser de previsão legal, uma vez que a revisão dos
instaurada sem a prévia manifestação do interessado, em atos pela autoridade hierarquicamente superior
caso de risco iminente que possa prejudicar o objeto do àquela que praticou o ato é uma de suas tarefas
processo. inerentes. Vale ressaltar que o recurso hierárquico
independe de caução ou qualquer tipo de garantia
1.5 Dever de decidir e desistência em dinheiro, conforme dispõe a Súmula Vinculante
A Administração Pública tem o dever de emitir decisão nº 21 do STF.
(art. 48, Lei nº 9.784/1999) expressa nos processos E) Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido
administrativos e sobre as solicitações e reclamações a autoridade que não ocupa posição de hierarquia
que receber, uma vez que faz parte de sua competência. em relação ao ente que praticou o ato. É o caso,
Trata-se de uma consequência lógica do direito de por exemplo, de recurso interposto para o ente
petição, constitucionalmente garantido a todo cidadão. federativo membro da Administração Direta,
Encerrada a instrução, terá o prazo de até 30 (trinta) sobre alguma entidade da Administração Indireta.
dias para decidir, salvo prorrogação por igual período Esse tipo de recurso deve possuir previsão legal,
expressamente motivada. uma vez que os poderes inerentes à tutela não se
Admite-se a desistência do processo, por parte do presumem.
interessado, nos termos do art. 51 da referida Lei. Para
tanto, deverá o interessado manifestar-se por escrito, Detalhe importante que merece destaque é o exposto
com o pedido de desistência total ou parcial do pleito, no art. 64 da Lei nº 9.784/1999: “O órgão competente
ou ainda renunciar direitos disponíveis. A desistência ou para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular
renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se
o prosseguimento do processo, se a Administração a matéria for de sua competência”. Logo, percebe-se que
considerar que o interesse público assim o exige. o referido dispositivo legal permite a reformatio in pejus
da decisão administrativa, o que pode acarretar em uma
1.6 Recursos administrativos decisão que agrave ainda mais a situação do recorrente.
Todas as decisões adotadas em processo administrativo Todavia, o parágrafo único do mesmo artigo dispõe que
são passíveis de recurso, caso em que haverá um reexame o recorrente, nessa hipótese, deverá ser cientificado para
quanto a questões de legalidade e de mérito dos atos que formule suas alegações antes da decisão.
administrativos objeto do litígio. O recurso deve ser
dirigido à autoridade que proferiu a decisão para que, no
prazo de 5 dias, tenha a oportunidade de reconsiderar sua
decisão. Se não o fizer, encaminhará a peça recursal para EXERCÍCIOS COMENTADOS
a autoridade hierarquicamente superior, se for recurso
hierárquico próprio, ou para a entidade que exerce tutela 1. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL –
sobre a que proferiu a decisão, tratando-se de recurso TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) Plínio, adminis-
hierárquico impróprio. O prazo para a interposição do trado que se encontra em condição de interessado em
recurso cabível é de 10 (dez) dias, contados a partir da processo administrativo, deseja ver referido processo no
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

divulgação oficial da decisão administrativa. Vejamos, em qual consta como réu, bem como tirar cópia dos autos.
detalhes, os principais recursos administrativos: Em conformidade com a Lei Federal no 9.784/1999, que
A) Representação: é uma denúncia formal de regula o Processo Administrativo no âmbito da Adminis-
irregularidade, feita por qualquer indivíduo, com tração Pública Federal, Plínio
previsão no art. 37, § 3º, III, da CF/1988, e que
gera à Administração o dever-poder de apurar a a) possui direito de ter vista dos autos, porém, para obter
irregularidade, se houver. Trata-se, por isso, de ato cópias de documentos neles contidos, faz-se obriga-
vinculado. tória a assistência por advogado, já que para tal ato é
B) Reclamação administrativa: É o ato pelo qual o sempre necessária a representação
administrado, particular ou servidor público, deduz b) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
uma pretensão perante a administração pública, de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
visando obter o reconhecimento de um direito ou a cultativamente, por advogado, salvo quando obriga-
correção de um ato que lhe cause ou na iminência tória a representação, por força de lei.

110
c) não pode ter vista dos autos, tampouco obter cópias endereçamento do recurso hierárquico próprio é feito
de documentos nele contidos sem a assistência obri- à autoridade que se situa na mesma linha organiza-
gatória de um advogado, já que para tais atos é sem- cional da autoridade recorrida, em posição hierarqui-
pre necessária a representação. camente superior. A letra D está incorreta, pois o re-
d) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias curso hierárquico impróprio é aquele dirigido ao ente
de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa- da Administração Direta que exerce poder de tutela
cultativamente, por advogado, ressalvado o direito de sobre a autoridade ente da Administração Indireta. A
conhecer as decisões proferidas, ato este que obriga letra E está incorreta pois o recurso hierárquico tra-
sempre a assistência de um advogado, por meio de duz-se em um pedido, um pleito. A denúncia forma é
representação. característica da representação administrativa.
e) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa- 3. (TRT 14ª REGIÃO-RO E AC – ANALISTA JUDICI-
cultativamente, por advogado, sem, contudo, poder ÁRIO – FCC – 2018) No que concerne à competência
formular alegações e apresentar documentos antes dos órgãos públicos, na forma disciplinada pela Lei no
da decisão, já que para tanto é sempre obrigatória a 9.784/1999, que regula o processo administrativo no
assistência de um advogado, por meio de represen- âmbito da Administração pública federal, existe expressa
tação. vedação quanto à:

Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois o di- a) delegação parcial ou temporária de competência, so-
reito à assistência de um advogado para acompanhar mente sendo admissível delegação em caráter integral
os atos processuais é uma mera faculdade, na forma e definitivo.
do art. 3º, IV, da Lei nº 9.784/1999. A letra C está in- b) avocação de competências, ainda que em caráter tem-
correta, pois o administrado tem direito de ter vista porário e excepcional por motivos relevantes e justifi-
dos autos, trata-se de garantia prevista no art. 3º, II, cados pelo órgão superior.
da referida Lei. As letras D e E estão incorretas, pois c) delegação da competência de um órgão a outro quan-
o administrado também tem o direito de conhecer as do este não lhe seja direta e imediatamente subordi-
decisões proferidas, bem como formular alegações e nado hierarquicamente.
apresentar documentos antes da decisão, indepen- d) delegação ou avocação de competência para decisão
dentemente de estar acompanhado de advogado. de recursos administrativos, salvo em caráter tempo-
rário e devidamente justificado do ponto de vista téc-
2. (DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) O nico.
recurso administrativo é meio hábil para propiciar o re- e) delegação de competência de determinado órgão a
exame da atividade da Administração por razões de le- outro, subordinado hierarquicamente ou não, para
galidade ou de mérito. O recurso hierárquico impróprio edição de atos de caráter normativo.
é aquele dirigido:
Resposta: Letra D. Segundo o disposto no artigo 13 da
a) à autoridade ou instância superior do mesmo órgão Lei de Processos Administrativos (Lei nº 9.784/1999),
administrativo, pleiteando revisão do ato recorrido não podem ser objeto de delegação: I - a edição de
por terceiro interessado. atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos
b) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti- administrativos; III - as matérias de competência ex-
ção que expediu o ato recorrido, mas com competên- clusiva do órgão ou autoridade.
cia julgadora expressa.
c) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti- IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI Nº
ção que expediu o ato recorrido, sem a necessidade 8.429/92).
de competência julgadora expressa, bastando estar,
de alguma forma, em posição hierárquica superior em
relação à autoridade recorrida.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
d) à mesma autoridade que expediu o ato, para que o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

invalide ou o modifique, e, por isso, apesar de consistir


1. Conceito de improbidade
em reanálise é imprópria, pois não é dirigida à autori-
O agente público, quando age no exercício das
dade ou órgão hierarquicamente superior.
suas funções, pode praticar atos violadores do Direito,
e) em forma de denúncia formal, à autoridade superior, capazes de ensejar um dever de responsabilização
dando conta de irregularidades internas ou abuso da Administração, que é a pessoa jurídica a qual
de poder na prática de atos da Administração, feita representa. É bastante comum a doutrina estabelecer a
pela parte atingida diretamente pela irregularidade ou responsabilidade tríplice dos agentes públicos, uma vez
abuso de poder. que seus atos podem violar direitos relativos às esferas
civil, penal, e administrativas. Todavia, além das três
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois há esferas mencionadas, é possível verificar uma quarta
um rol de legitimados para a interposição do recurso esfera de responsabilização dos agentes públicos, que
hierárquico próprio, o que significa que não pode ser diz respeito à improbidade administrativa.
pleiteado por terceiro. A letra C está incorreta, pois o

111
Improbidade possui previsão constitucional, mais recebem subvenção, incentivo ou benefício fiscal ou
especificamente no art. 37, caput, ao expor que é dever creditício provenientes de órgãos públicos; e também
da Administração Pública Direta e Indireta, o respeito as empresas com participação estatal, cuja criação
ao princípio da moralidade administrativa. Além disso, ou custeio o erário concorra com menos de 50% do
consta no § 4º do mesmo dispositivo constitucional patrimônio ou da receita anual.
que “os atos de improbidade administrativa importarão Por outro lado, sujeito ativo é aquele que pratica o
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função ato danoso, e eventualmente sofrerá a sanção aplicável
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento após a propositura da ação de improbidade (art. 17 da
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, LIA). Todo e qualquer agente público pode sofrer processo
sem prejuízo da ação penal cabível”. Pela leitura do de improbidade. Compreende-se como agente público,
dispositivo, verifica-se uma característica importante todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
dos atos de improbidade: a sua independência em sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
relação às outras esferas de responsabilização. Assim, contratação ou qualquer outra forma de investidura
a instauração de processo com o escopo de apurar o ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
ato de improbidade independe de prévia condenação entidades mencionadas anteriormente (art. 2º da LIA).
(ou absolvição) do agente infrator nos processos civil, Entretanto, o art. 3º da referida Lei estende as penas
criminal, e administrativo. pela improbidade a particulares (não agentes), desde
Dessa forma, podemos conceituar os atos de que tenham induzido, concorrido, ou se beneficiou
improbidade administrativa como aqueles aptos a da prática do ato. Assim, os particulares podem até
causarem danos ao erário, enriquecimento ilícito, ou serem responsabilizados, mas nunca sozinhos, hipótese
ainda violação aos princípios administrativos. designada como improbidade imprópria.
A preocupação do legislador em estabelecer os Ainda sobre a hipótese de particulares, o STJ tem se
posicionado de forma a restringir o âmbito de aplicação
atos de improbidade, bem como as sanções aplicáveis
da LIA para as pessoas não agentes, como no julgado de
aos agentes públicos, traduz-se na finalidade de
Recurso Especial REsp nº 1.405.748, que extinguiu ação
garantir o respeito à moralidade administrativa. Nossa
de improbidade proposta em face do ator Guilherme
Constituição estabelece dois mecanismos processuais
Fontes pela demora na conclusão do filme “Chatô – Rei
para a defesa da moralidade, haja visto ser uma questão do Brasil”.
de interesse público. De um lado, temos a ação popular
(art. 5º, LXXIII, da CF/1988), podendo ser proposta por
qualquer cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio #FicaDica
público ou de entidade que o Estado participe, à A presença do elemento dolo/culpa nos atos
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao de improbidade administrativa é um tema bas-
patrimônio histórico-cultural. De outro, a ação de tante discutido na doutrina. O art. 10 da Lei nº
improbidade administrativa, fundada no art. 37, § 4º, 8.429/1982 prevê, expressamente, que “cons-
da CF/1988, e de legitimidade exclusiva do Ministério titui ato de improbidade administrativa que
Público, ou de entidade interessada. causa lesão ao erário qualquer ação ou omis-
são, dolosa ou culposa, que enseje...”. Este é o
2. A Lei nº 8.429/1982 único dispositivo que prevê expressamente a
Como forma de regulamentar o processo de modalidade culposa para configuração de im-
improbidade, garantido pela Constituição, incumbiu- probidade. Uma corrente majoritária na dou-
se a União a tarefa de promulgar a Lei Federal trina sustenta que, devido a sua ausência nos
nº 8.429/1982, também conhecida como Lei da demais casos de improbidade, a culpa stricto
Improbidade Administrativa (LIA). sensu somente seria admitida para atos que
Dispõe o art. 1º da LIA que “Os atos de improbidade causem prejuízos ao erário. A responsabilida-
praticados por qualquer agente público, servidor de é sempre subjetiva, devendo sempre de-
ou não, contra a administração direta, indireta ou monstrar a culpa em sentido amplo do agente
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos público.
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Território, de empresa incorporada ao patrimônio


3. Espécies de atos de improbidade
público ou de entidade para cuja criação ou custeio
A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
o erário haja concorrido ou concorra com mais de
8.429/1982) define, nos seus artigos 9º a 11, um rol
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
exemplificativo das condutas que caracterizam a
serão punidos na forma desta lei”. Podemos identificar
improbidade administrativa, que constituem no objeto
os sujeitos ativo e passivo do ato de improbidade. da improbidade. Podemos dividir tais condutas em
Sujeito passivo do ato de improbidade é aquele quatro grandes grupos:
que venha a sofrer as consequências do ato de A) Atos que importam em enriquecimento ilícito:
improbidade administrativa. São eles: membros são as condutas de maior gravidade, apenadas
da Administração Pública Direta (União, Estados, com as sanções mais rigorosas, pelo fato de
Municípios e seus órgãos), da Administração Indireta envolver atos como auferir qualquer tipo de
(autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades vantagem patrimonial indevida em razão do
de economia mista); as entidades privadas que exercício de cargo, mandato, função, emprego ou

112
atividade nas entidades públicas (art. 9º da LIA). Independentemente disso, o importante é que o
As sanções aplicáveis podem ser de ressarcimento agente público tem o dever de obedecer não somente
integral do dano, perda da função pública, perda as leis ou as normas jurídicas positivadas. Ele deve
dos direitos políticos de 8 a 10 anos, e a proibição obedecer, também, ao princípio da moralidade, para
de contratar com o Poder Público pelo prazo de agir com ética, decoro, honestidade e boa-fé, e poder
10 anos. exercer uma “boa administração”. Caso contrário,
B) Atos que causam prejuízo ao erário: qualquer poderá ser punido pela prática de atos de improbidade
tipo de conduta dolosa ou culposa, comissiva administrativa.
ou omissiva, que enseja perda patrimonial,
desvio, apropriação ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades públicas é passível
de sanção, sem a necessidade de haver um EXERCÍCIOS COMENTADOS
enriquecimento patrimonial do agente infrator
(art. 10 da LIA). Comporta sanções intermediárias, 1. (PREFEITURA DE RECIFE-PE – ANALISTA DE PLA-
como ressarcimento dos danos, perda da função NEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO – FCC – 2019)
pública, perda dos direitos políticos de 5 a 8 anos, Quando um agente público comete ato de improbidade,
e a proibição de contratar com o Poder Público sabe-se que:
por 5 anos.
C) Atos que atentam contra os princípios da a) se trata de servidor público estatutário ou celetista,
Administração Pública: apesar de não causar admitidos mediante concurso público, não sendo in-
enriquecimento do agente, nem lesão financeira dispensável a comprovação de conduta dolosa para
ao erário, a prática desses atos pode violar aquela configuração.
os deveres de honestidade, imparcialidade, b) o terceiro que tiver participado, induzido ou concor-
legalidade, e lealdade às instituições (art. 11). As rido para a prática do ato poderá sofrer as sanções
sanções aplicáveis são mais brandas, incluindo previstas na mesma lei.
ressarcimento dos danos, perda da função c) para sua condenação é indispensável a comprova-
pública, perda dos direitos políticos de 3 a 5 anos, ção de dolo, independentemente da modalidade em
e a proibição de contratar com o Poder Público questão.
por 3 anos. d) agiu com a reprovável quebra de confiança, configu-
D) Atos decorrentes de concessão ou aplicação rando dolo presumido, o que enseja condenação por
indevida de benefício financeiro ou ato de improbidade.
tributário: trata-se de novidade trazida pela e) sua conduta culposa é suficiente para aplicação de al-
Lei Complementar nº 157/2016, que adicionou gumas penalidades acessórias, mas não admite a tipi-
o artigo 10-A, tipificando como improbidade ficação como uma modalidade individualizada de ato
administrativa qualquer ação ou omissão para de improbidade.
conceder, aplicar ou manter benefício financeiro
ou tributário contrário ao que dispõem o caput Resposta: Letra B. As letras A e D estão incorreta, pois
e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº para a configuração de ato de improbidade adminis-
116/2003. Apresenta sanções como a perda da trativa, é imprescindível a presença da conduta dolosa
função pública, e perda dos direitos políticos de para sua configuração (responsabilidade subjetiva). O
5 a 8 anos. dolo não se presume nessas hipóteses. As letras C e
E estão incorretas, pois os atos de improbidade que
4. Probidade e Moralidade causem prejuízos ao erário poderão ocorrer na moda-
Convém fazer maior explanação sobre as diferenças lidade culposa.
entre moralidade e improbidade. A moralidade,
sobretudo a moralidade administrativa, é um princípio 2. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU-
constitucional da Administração Pública, presente no AL – FCC – 2018) A não ocorrência de prejuízo aos co-
caput do art. 37 da CF/1988. Quando a Constituição fres de uma empresa pública, constatada irregularidade
expõe sobre “moralidade”, geralmente remete-se a um no procedimento de aquisição de equipamentos por um
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

princípio ou norma geral atribuída aos agentes públicos. empregado público:


Não há, todavia, regras com previsão de sanções pelo
não cumprimento do princípio da moralidade no Texto a) afasta a possibilidade de caracterização de ato de im-
Constitucional. probidade.
A improbidade, todavia, apresenta uma faceta b) impede a instauração de procedimento para respon-
muito mais concreta: quando a Constituição fala em sabilização do empregado em qualquer esfera, à exce-
“improbidade administrativa”, sempre pressupõe ção da penal, caso sua conduta tipifique crime.
alguma lesão a valores morais ou a algum comando c) não afasta a possibilidade de prática de ato de impro-
legal, exigindo a aplicação de uma sanção. Parece-nos bidade se a conduta tiver sido dolosa e se subsumir a
mais correto afirmar que, como infração, a improbidade uma das demais hipóteses caracterizadoras de outra
é uma noção mais abrangente e real do que a noção de modalidade, que não exigem prejuízo ao erário para
moralidade administrativa. Essa é a posição majoritária tipificação.
da doutrina.

113
d) não interfere na conclusão de processo em curso por b) Corrente inclusivista: defendida por autores como
ato de improbidade, tendo em vista que a tipificação Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Hely Lopes Mei-
de qualquer das modalidades possíveis é legalmente relles, consideram bens públicos todos os bens
prevista mediante conduta culposa e não exige efetivo pertencentes à Administração Pública Direta e
prejuízo ao erário público. Indireta. Apesar de tal abrangência, essa corrente
e) restringe a responsabilização do empregado à esfera não deixa clara a diferença de regime jurídico entre
os bens utilizados para a prestação de um serviço
disciplinar, pois as empresas públicas se submetem ao
público, e os bens destinados à exploração de ati-
regime jurídico de direito privado, não sendo possível
vidade econômica.
configuração de ato de improbidade, salvo se em con- c) Corrente mista: tal corrente nos parece ser a mais
curso com detentor de cargo efetivo. correta, pois define bens públicos não só aque-
Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ape- les pertencentes as pessoas jurídicas de Direito
sar não haver prejuízos ao erário, o agente pode se Público, como também os bens afetados a uma
responsabilizar pela prática de outros atos de impro- prestação de um serviço público. Os bens afe-
bidade, como por exemplo se do ato resultar em enri- tados às prestações de serviços públicos, mesmo
quecimento ilícito. As letras B e E estão incorretas, pois que não pertencentes a pessoas jurídicas de Direi-
os servidores públicos, de modo geral, possuem tripla to Público, possuem atributos específicos dos de-
esfera de responsabilização, abrangendo a responsa- mais bens públicos, tais como a impenhorabilida-
de. Essa é a corrente defendida por Celso Antônio
bilidade civil, administrativa e penal. A letra D está in-
Bandeira de Mello.
correta, pois não é toda modalidade de ato de impro-
bidade administrativa que se admite conduta culposa, Com base no conceito disposto, podemos incluir
apenas os atos que causem prejuízo ao erário. como bens públicos: os bens da Administração Pública
Direta, isso é, bens da União (art. 20 da CF/1988), dos
Estados (art. 26, idem), dos Municípios (pelo critério resi-
BENS PÚBLICOS: REGIME JURÍDICO; dual, são todos aqueles não pertencentes à União e aos
CLASSIFICAÇÃO; ADMINISTRAÇÃO; Estados, como ruas, praças, parques), e dos Territórios
AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO; UTILIZAÇÃO; Federais (art. 33, idem), bem como os bens da Adminis-
AUTORIZAÇÃO DE USO, PERMISSÃO DE tração Pública Indireta, inclusive os bens particulares,
USO, CONCESSÃO DE USO, CONCESSÃO DE pertencentes às pessoas jurídicas de Direito Privado, mas
DIREITO REAL DE USO E CESSÃO DE USO. que são afetados à prestação de um serviço público,
como os bens das empresas públicas, sociedades de eco-
nomia mista, concessionárias e permissionárias.
CONCEITO DE BENS PÚBLICOS
1. Características dos bens públicos
Denomina-se domínio público o conjunto de bens,
móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos, pertencentes
ao Estado. Bens públicos, na verdade, é uma expressão Os bens públicos, em regra, pertencem à Administra-
mais abrangente, uma vez que existem bens constituin- ção Pública. Por esse motivo, são dotados de um regime
tes do patrimônio público que são regidos pelas regras jurídico especial que os diferenciam dos bens particula-
de Direito Privado. res. De modo geral, podemos identificar quatro atributos
Conceituar bens públicos é uma tarefa árdua. O di- essenciais dos bens públicos:
reito brasileiro não apresenta uma concepção satisfa- a) Inalienabilidade: os bens públicos, em regra, não
tória na visão dos autores administrativos. No mínimo, podem ser vendidos livremente como os bens
utilizam o excerto do art. 98 do Código Civil, que dispõe:
particulares, pois a legislação impõe certas condi-
“São públicos os bens do domínio nacional pertencentes
ções específicas para a alienação de tais bens. Há
às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que per- autores que preferem a denominação alienação
tencerem”. Tal conceito, todavia, não é unanimemente condicionada. Pela inalienabilidade, também po-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

aceito pelos doutrinadores administrativistas, que divide demos afirmar que os bens públicos não podem
seu posicionamento baseado nas seguintes correntes: ser embargados, hipotecados, desapropriados, pe-
a) Corrente exclusivista: é a ideologia dos autores nhorados, reivindicados, e nem poderão ser objeto
como José dos Santos Carvalho Filho, que enten- de servidão.
dem estar absolutamente correto o dispositivo b) Impenhorabilidade: a penhora é uma constrição
legal do Código Civil, e que o conceito de bens
judicial dos bens de alguma pessoa, para satisfazer
públicos deve abranger somente os bens que
a execução promovida por outra. Ao dizer que os
compõem o patrimônio das pessoas jurídicas de
Direito Público. Embora esta seja a corrente mais bens públicos são inalienáveis, pela lógica, conclui-
aceita para os concursos públicos, entendemos -se que eles também não podem ser penhorados. É
que ela peca em não incluir na concepção de bem a impenhorabilidade, inclusive, que justifica a exis-
público os bens das empresas públicas e socieda- tência de execução especial contra a Fazenda Públi-
des de economia mista. ca e da ordem dos precatórios disposto no art. 100

114
da CF/1988, sendo impossível promover a execução Em relação a classificação dos bens públicos, a doutri-
normal dos bens da Administração pelas regras do na costuma agrupá-los em três grupos:
Código de Processo Civil. A impenhorabilidade tam- a) Quanto à titularidade: é o critério que estabelece
bém atinge os bens públicos das empresas públicas, os bens públicos de acordo com o nível federativo
sociedades de economia mista e concessionárias, da pessoa jurídica a que pertençam, podendo ser:
que são afetados à prestação de um serviço público. a.1) federais, a.2) estaduais, a.3) municipais, ou a.4)
c) Imprescritibilidade: no caso dos bens públicos, a distritais.
imprescritibilidade é na forma aquisitiva. Isso sig- b) Quanto à disponibilidade: os bens podem ser:
b.1) indisponíveis por natureza, que não possuem
nifica que os bens públicos não são passíveis de
natureza patrimonial e insuscetíveis à qualquer
usucapião, que é a forma de aquisição da proprie-
alienação ou oneração. Sãos os bens de uso co-
dade com a posse contínua de imóvel ao longo do
mum do povo, como os mares, o meio ambiente,
tempo (art. 183, § 3º, da CF/1988, e art. 102 do CC). paisagens naturais, etc; b.1) patrimoniais indispo-
Trata-se de uma característica atribuída a todos os níveis, que apesar de terem valor de mercado, por
bens públicos, inclusive os bens dominicais. estarem destinados a um interesse público, não
podem ser alienados. São os bens de uso espe-
cial, como as repartições públicas, mercados mu-
nicipais, veículos da Administração, etc; b.3) patri-
EXERCÍCIO COMENTADO moniais disponíveis, são os bens que podem ser
onerados e legalmente passíveis de alienação. É o
1. (DPE-AM – ASSISTENTE TÉCNICO – DEFENSORIA caso dos bens dominicais ou dominiais, como as
– FCC – 2018) Considerando a definição trazida pelo ar- terras devolutas.
c) Quanto à destinação: os bens, sob esse critério,
tigo 98 do Código Civil brasileiro, segundo a qual são
poderão ser de três tipos:
públicos os “bens do domínio nacional pertencentes às
c.1) bens de uso comum do povo;
pessoas jurídicas de direito público interno”, estão sub- c.2) bens de uso especial;
metidos a regime jurídico de direito público os bens dos c.3) bens dominicais.
entes federativos:

a) de suas autarquias e de empresas públicas, presta-


doras de serviço público e exploradoras de atividade
EXERCÍCIO COMENTADO
econômica.
b) das entidades pertencentes à Administração indireta, 2. (PAULIPREV-SP – PROCURADOR AUTÁRQUICO –
inclusive os das pessoas jurídicas de direito privado VUNESP – 2018) No tocante a bem público, é correto
qualificadas pelo Poder Público como Organizações afirmar que:
Sociais.
c) de suas autarquias, fundações, de empresas públicas e a) a alienação de bens imóveis, como regra, dependerá
de sociedades de economia mista, estas quando sujei- de autorização legislativa, de avaliação prévia e de lici-
tas a regime jurídico de direito público tação, realizada na modalidade de concorrência
d) de suas fundações privadas e autarquias, sendo que b) afetação de bem a uso comum dependerá de avalia-
em relação a estas, apenas os afetados à prestação de ção prévia, assim como de autorização legislativa ou
serviços públicos. decreto.
d) de suas autarquias e de fundações públicas. c) alienação poderá decorrer de retrocessão, que não se
confunde com concessão de uso, porque é forma de
Resposta: Letra E. Lembre-se que existem entidades alienação hoje admitida apenas para terras devolutas
pertencentes à Administração Indireta que possuem
da União, Estados e Municípios.
personalidade jurídica de Direito Privado, como as
d) afetação e a desafetação de qualquer bem sempre de-
empresas públicas e as sociedades de economia mis-
ta. O referido artigo do Código Civil considera como penderão de lei.
bens públicos apenas aqueles pertencentes às pes- e) alienação poderá decorrer de concessão de domínio,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

soas jurídicas de Direito Público, como as autarquias que ocorre sempre que a Administração não mais ne-
e as fundações públicas. A doutrina tende a ser mais cessita do bem expropriado, e o particular o aceita em
abrangente que o referido texto legal. retorno.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS Resposta: Letra A. Alternativas B e D estão incorretas


porque o processo de afetação não depende de uma
O Código Civil brasileiro apresenta uma seção espe- lei específica, podendo se dar tacitamente pela ativi-
cial para disciplinar a matéria dos bens públicos, estabe- dade administrativa natural do Estado, ou até mesmo
lecendo o seu conceito (art. 98), classificação (art. 99), a por iniciativa do proprietário particular. Alternativa C
inalienabilidade dos bens de uso comum e uso especial está errada pois não existe tal limitação para a alie-
(art. 100), a admissão de alienação dos bens dominicais nação de bens públicas para as terras devolutas. Al-
(art. 101), a imprescritibilidade dos bens públicos (art. ternativa E está incorreta, pois na verdade descreve
102), e sua forma de utilização (art. 103). hipótese de retrocessão, e não alienação.

115
USO DOS BENS PELO ADMINISTRADO não precisam pertencer somente à Administração Direta.
Segundo o parágrafo único do artigo 99 do referido Có-
Importante determinar as modalidades diferentes do digo: “Não dispondo a lei em contrário, consideram-se
uso de bens públicos pelo administrado. Quanto à sua dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de
destinação, os bens públicos poderão ser de uso comum direito público a que se tenha dado estrutura de direito
do povo, de uso especial, ou ainda dominicais. privado”. O referido dispositivo, dessa forma, acrescenta
ao grupo dos bens disponíveis do Estado os bens perten-
1. Bens de uso comum centes às fundações governamentais de Direito Privado
que não possuem destinação específica para a execução
São os bens do domínio público, abertos a utilização de um serviço público.
universal, por todos os cidadãos. São os mares, os rios, o
meio ambiente, as florestas, as paisagens naturais, entre
outros. Nesse mesmo sentido, o art. 99, I, do CC prescre- FIQUE ATENTO!
ve que são bens públicos “os de uso comum do povo,
tais como rios, mares, estradas, ruas e praças”. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no jul-
Pela sua característica de utilização universal, os bens gamento do RESP nº 1.296.964 no dia 7 de
de uso comum são inalienáveis. Isso significa que, en- dezembro de 2016, firmou entendimento de
quanto mantiverem esse status de utilização geral por ser possível que particulares possam discutir
toda a população, não poderá ser vendido ou onerado a posse de imóvel localizado em área pública
(art. 100 do CC). Para que possam ser devidamente alie- sem destinação específica, por meio da tute-
nados, precisam passar pelo processo de desafetação, la judicial possessória. Apesar de não haver
hipótese em que se transformam em bens dominicais. a possibilidade de transferência da proprie-
Apesar da utilização ser comum a todos, nada impede dade do Estado ao particular, é possível que
que a utilização desses bens seja remunerada, ou seja, os este seja possuidor de referido imóvel domi-
bens de uso comum não são obrigatoriamente gratuitos nical, tendo por fundamento valores consti-
(art. 103, CC). tucionais como a função social da proprie-
2. Bens de uso especial dade e o máximo aproveitamento do solo.
Assim, podemos resumir o entendimento do
Também denominados bens do patrimônio admi- STJ na possibilidade do particular adquirir
nistrativo, são os bens que apresentam uma destinação posse ad interdicta de imóvel público, isso é,
(finalidade) específica, e por isso, são considerados ins- admite proteção da posse pela via judicial,
trumentos para a execução de serviços públicos. São os mas a referida posse não enseja a usucapião,
prédios das repartições públicas, os cemitérios, os mer- ou ad usucapionem.
cados municipais, os matadouros, etc. O art. 99, II, do CC
assim dispõe que são bens públicos: “os de uso especial, 4. Alienação dos bens públicos
tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, ter- Os bens estatais, em regra, são inalienáveis. Porém,
ritorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias” tal regra comporta exceções. O legislador, para proteger
Assim como os bens de uso comum, os bens espe- o interesse público, impôs que a alienação dos bens pú-
ciais também são, em regra, inalienáveis, dado à sua blicos devesse seguir uma série de requisitos especiais,
utilização específica e essencial para a prestação de um que variam dependendo da pessoa a quem esses bens
serviço público, compondo o patrimônio indisponível pertençam. Tais requisitos encontram-se dispostos no
da Administração Pública. A sua alienação somente será art. 17 da Lei nº 8.666/1993, os quais agrupamos dessa
possível também pela sua transformação em bens domi- forma para fins didáticos:
nicais pela desafetação. I) Bens imóveis pertencentes às entidades da Admi-
nistração Direta e autarquias e fundações necessi-
3. Bens dominicais tam de interesse público devidamente motivado,
autorização legislativa, prévia avaliação, e proce-
São também denominados bens do patrimônio fis- dimento de licitação na modalidade concorrência.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cal da Administração. Não possuem uma destinação II) Bens imóveis pertencentes às empresas públicas,
específica, podendo ser utilizado sem qualquer finalida- sociedades de economia mista e paraestatais ne-
de pela Administração. São as terras devolutas, terrenos cessitam de interesse público motivado, prévia
baldios, carteiras de escolas públicas, títulos da dívida avaliação e procedimento de licitação na modali-
pública, etc. dade concorrência.
A grande distinção entre os bens dominicais sobre os III) Bens móveis, independentemente de a quem per-
demais é a ausência de interesse público na sua utiliza- tençam, necessitam de interesse público motivado,
ção: os bens dominicais possuem apenas interesse pa- avaliação prévia, e procedimento de licitação em
trimonial e secundário do Estado. Nesse sentido, o art. qualquer modalidade.
99, III, do CC assim prescreve serem dominicais os bens
“que constituem patrimônio das pessoas jurídicas de di- Para os bens imóveis pertencentes à União, a Lei nº
reito público, como objeto de direito pessoal, ou real, 9.636/1998 disciplina sobre os requisitos para a venda de
de cada uma destas entidades”. Mas os bens dominicais tais bens em seu artigo 24, in verbis:

116
Art. 24. A venda de bens imóveis da União será feita c) Os potenciais de energia hidroelétrica pertencem à
mediante concorrência ou leilão público, observadas União, mesmo se localizados em rios estaduais.
as seguintes condições: d) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, res-
I - na venda por leilão público, a publicação do edital salvadas as terras que eram possuídas pelos nativos
observará as mesmas disposições legais aplicáveis à no passado remoto, são de propriedade da União.
concorrência pública; e) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou
II - os licitantes apresentarão propostas ou lances dis- retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela
tintos para cada imóvel; entidade a cuja administração pertencer.
III - REVOGADO
Resposta: Letra B. O erro da alternativa diz respeito
a usucapião, que é modo de aquisição originária da
IV - no caso de leilão público, o arrematante pagará,
no ato do pregão, sinal correspondente a, no mínimo, propriedade, e não derivada. No entanto, vale a pena
10% (dez por cento) do valor da arrematação, comple- conferir o conteúdo das outras alternativas para fins
mentando o preço no prazo e nas condições previstas de aprendizagem. Alternativa A está correta, o STJ já
no edital, sob pena de perder, em favor da União, o decidiu que é possível a penhora de bens pertencen-
valor correspondente ao sinal e, em favor do leiloeiro, tes às pessoas jurídicas de Direito Privado. Alternativa
se for o caso, a respectiva comissão; C está correta, é o texto do art. 20, VIII, da CF/1988
V - o leilão público será realizado por leiloeiro oficial (o dispositivo utiliza o termo “hidráulica” ao invés de
ou por servidor especialmente designado; “hidroelétrica”). Alternativa D está correta, é o enten-
VI - quando o leilão público for realizado por leiloeiro ofi- dimento da Súmula nº 650 do STF. Alternativa E está
cial, a respectiva comissão será, na forma do regulamen- correta porque a utilização de bens públicos pode ser
to, de até 5% (cinco por cento) do valor da arrematação remunerada, como forma de conservação da coisa pú-
e será paga pelo arrematante, juntamente com o sinal; blica e proteção de seus usuários.
VII - o preço mínimo de venda será fixado com base
no valor de mercado do imóvel, estabelecido em ava- BENS PÚBLICOS EM ESPÉCIE
liação de precisão feita pela SPU, cuja validade será
de doze meses; Matéria bastante cobrada em concursos públicos, os
VIII - demais condições previstas no regulamento e no
bens públicos podem ser dos mais diversos, exigindo do
edital de licitação.
candidato a memorização dos mesmos. Por outro lado,
5. Afetação e desafetação o estudo dos diversos tipos de bens é bastante autoex-
plicativo. Esmiuçaremos apenas aqueles que apresentam
Afetação é um termo que apresenta várias acepções alguma peculiaridade que justifique o detalhamento.
distintas. A acepção aceita pela maioria dos autores é a Conforme dispõe o art. 20 da CF/1988, são bens da
condição estática e atual de um bem público, que está União:
servindo a alguma finalidade pública. São os bens de
uso comum e de uso especial, como as paisagens naturais Art. 20. São bens da União:
de uso comum a todos, e o prédio de uma unidade hospi- I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
talar, cuja finalidade pública é a promoção da saúde. rem a ser atribuídos;
Por outro lado, desafetação é a situação de bem II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das
público que não se encontra servido a nenhuma uti- fronteiras, das fortificações e construções militares,
lidade pública em específico. São os bens dominicais, das vias federais de comunicação e à preservação am-
como o terreno baldio pertencente ao Estado. A desafe- biental, definidas em lei;
tação sempre ocorre mediante redação de lei específica, III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
nunca poderá ser tácita, isso é, não pode ser promovida terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
pelo simples desuso do referido bem. Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es-
tendam a território estrangeiro ou dele provenham,
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
EXERCÍCIO COMENTADO IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
com outros países; as praias marítimas; as ilhas oce-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

3. (PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR – PROCURA- ânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que con-


DOR DO MUNICÍPIO – FAUEL – 2018 )Sobre os bens tenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
públicos, assinale a alternativa incorreta: afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II (as áreas, nas ilhas
a) Apesar de o Código Civil de 2002 não incluir no con- oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,
ceito de bens públicos aqueles pertencentes às pesso- excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
as jurídicas de direito privado e atrelados à prestação ou terceiros;)
de serviços públicos, o Superior Tribunal de Justiça re- V – os recursos naturais da plataforma continental e
conhece a impenhorabilidade desses bens. da zona econômica exclusiva;
b) Os bens públicos não estão sujeitos à usucapião, mo- VI – o mar territorial;
dalidade de aquisição derivada da propriedade, mas é VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos;
plenamente possível bens particulares serem usucapi- VIII – os potenciais de energia hidráulica;
dos pelo Poder Público. IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

117
X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar- III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
queológicos e pré-históricos; União;
XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. IV - as terras devolutas não compreendidas entre as
da União.
Terras devolutas são terras públicas, em regra, sem
destinação (bens dominicais) pelo Poder Público e que
em nenhum momento integraram o patrimônio de um
particular, ainda que estejam irregularmente sob sua EXERCÍCIO COMENTADO
posse. O art. 5º do Dec-Lei nº 9.760/1946, que dispõe
sobre os bens imóveis da União, define que pertencem à 4. (TRT-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2018)
União “na faixa da fronteira, nos Territórios Federais e no Um Município pretende se desfazer de um prédio onde
Distrito Federal, as terras que, não sendo próprios nem funciona uma unidade escolar, mediante alienação por
aplicadas a algum uso público federal, estadual territorial meio de licitação, pois ela se insere em região que se
ou municipal, não se incorporaram ao domínio privado”. tornou bastante valorizada para empreendimentos imo-
O termo “devoluta” dá a ideia de terra “devolvida”, ou “a biliários. Editou decreto autorizando a licitação. Esse ato:
ser devolvida ao Estado”. As demais terras devolutas
pertencem aos Estados. a) é ilegal, considerando que a alienação depende de lei
A origem histórica das terras devolutas teve seu início autorizando a alienação e desafetando o bem de uso
com a colonização portuguesa, que adotou o sistema de especial.
concessão de sesmarias para a distribuição de terras, por b) é válido e regular, ficando condicionado à prévia deso-
meio das capitanias hereditárias. Havia, para os donos cupação do imóvel.
desses lotes de terra, o dever de demarcá-las, sob a pena c) é inválido, não podendo ser considerado o resultado
de reversão das terras à Coroa. Ocorre que, com a inde- da licitação, independentemente de anulação.
pendência do Brasil, as terras que não foram trespassa- d) é aderente ao princípio da eficiência, tendo em vista
das, assim como as que foram revertidas à Coroa, passa- que o interesse público será mais e melhor atendido
ram a integrar o domínio imobiliário do Estado brasileiro, com a receita oriunda da alienação e destinada a ou-
englobando todas essas terras que não ingressaram no tras políticas públicas.
domínio privado por título legítimo ou por não recebe- e) deve ser revogado, pois viola a norma legal que exige
rem destinação pública. avaliação prévia e desafetação para somente então o
Os recursos minerais podem ser explorados livre- bem poder ser alienado.
mente pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal,
bem como as entidades da Administração Pública Indire- Resposta: Letra A. Pela leitura da questão, percebe-se
ta (autarquias, fundações, etc), para o uso exclusivo em que estamos diante de um bem público de uso es-
obras públicas por eles executadas diretamente. Quanto pecial (o prédio onde funciona unidade hospitalar). A
ao aproveitamento desses recursos minerais, o art. 2º possibilidade de alienação de tal bem se dá mediante
do Dec-Lei nº 227/1967 (Código de Minas) estabelece processo de desafetação, que será feita pela edição
que o aproveitamento dos recursos minerais será feito de lei específica autorizando a alienação. A “pegadi-
mediante concessão, autorização, licenciamento, regime nha” da questão encontra-se na alternativa E. Como a
de permissão, ou até mesmo regime de monopólio, de- desafetação necessita de lei específica autorizando tal
pendendo de cada caso. Dessa forma, conclui-se que a procedimento, é ato vinculado, o que significa que só
exploração de recursos minerais precisa de obrigatória pode ser extinto pela sua anulação, e não revogação.
homologação, respeitando os direitos minerários em vi-
gor nas áreas onde devam ser executadas as obras. Domínio público terrestre: evolução do regime jurí-
Por fim, as terras tradicionalmente ocupadas por dico das terras públicas (urbanas e rurais) no Brasil
índios são protegidas pela União, sendo vedada a sua
exploração econômica, haja vista serem inalienáveis e “Em uma primeira plana, cuida destacar que o regime
imprescritíveis (art. 231, § 4º, da CF/1988). As terras indí- de terras públicas sofreu maciças mutações com o trans-
genas, dessa forma, são classificadas como bens públicos correr da história, desde a descoberta do Brasil. Inicial-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de uso especial. mente, todas as terras pertencerem à Coroa Portuguesa,


O art. 26 da Constituição Federal elenca os bens pú- eis que se tratava de aquisição originária, consistente no
blicos dos Estados. Cada inciso é autoexplicativo, não direito de conquista, que vigorava à época. Como bem
havendo necessidade de acrescentar pormenores. anota Hely Lopes Meirelles, ‘no Brasil todas as terras fo-
ram, originariamente, por pertencentes à Nação Portu-
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: guesa, por direito de conquista’. Sucessivamente, o do-
mínio, de natureza estatal, passou ao Brasil-Império e ao
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, Brasil-República. Com o advento da evolução do regime,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na diversas áreas públicas foram sendo, de maneira pau-
forma da lei, as decorrentes de obras da União; latina, transferidas a particulares, apesar de ocorrer de
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti- maneira desordenada e não serem os critérios adotados
verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio para a privatização de o domínio imobiliário ser muito
da União, Municípios ou terceiros; bem conhecidos.

118
Anote-se, por oportuno, que os instrumentos mais Em outros termos, as terras devolutas são áreas sem
conhecidos foram as concessões de sesmaria e as con- utilização, nas quais não são desempenhadas qualquer
cessões de data. A primeira era espécie de concessões era serviço administrativo, ou seja, não apresentam qualquer
‘assemelhadas à atual doação com encargos, outorgadas serventia para o Poder Público. O termo devolutas tem
no sistema de capitanias hereditárias e, logo depois, pe- sua origem no latim devolutu, cujo sentido é o de des-
los governadores gerais’. Frise-se que os sesmeiros deve- penhar, precipitar, rolar de cima, afastar-se. Em razão do
riam cumprir determinadas obrigações, dentre as quais o exposto, o termo devoluto passou a gozar de sentido de
cultivo da terra. As concessões de data, por sua vez, ‘era devolvido, adquirido por devolução, vago, desocupado.
a doação que as Municipalidades faziam de terrenos das Desta feita, ao ser empregado em um sentido jurídico,
cidades e vilas para a edificação particular’. Com efeito, as terras devolutas passaram a ser conceituadas como
tais concessões eram outorgadas a título gratuito. Salien- aquelas que se afastam do patrimônio das pessoas jurí-
te-se, ainda, que a transferência de terras públicas aos
dicas públicas sem se incorporarem, por qualquer título,
particulares poderia se efetivar por meio de compra e
venda, doação, permuta e legitimação de posses. ao patrimônio de particulares. ‘As terras devolutas fazem
Nesta esteira, a Lei Imperial nº 601, de 18.09.1850, parte do domínio terrestre da União, dos Estados, do Dis-
que dispõe sobre as terras devolutas do Império, foi res- trito Federal e dos Municípios e, enquanto devolutas, não
ponsável por traçar os aspectos conceituais de terras de- têm uso para serviços administrativos’.
volutas, exigindo que sua alienação se desse por venda, e Não é demais ponderar que as terras devolutas per-
não mais gratuitamente, salvo específicas áreas localiza- tenciam a Nação, até que sobreviesse a proclamação da
das em zonas limítrofes com outros países, numa faixa de República; por meio da Constituição da República de
dez léguas, as quais poderiam ser concedidas gratuita- 1891 foram transferidas aos Estados-membros, confor-
mente. O aludido diploma foi responsável, ainda, por tra- me disposição contida no artigo 64, e alguns destes as
tar da revalidação das concessões de sesmarias e outras transpassaram, em parte, aos Municípios. A regra vigente
do Governo geral e provincial; sobre a legitimação das é que as terras devolutas são pertencentes aos Estados,
posses, estabeleceu o comisso; e, instituiu o processo de alcançando as terras devolutas não compreendidas en-
discriminação das terras públicas das particulares. ‘Não tre as da União. A Constituição Federal de 1988, em seu
é, portanto, desarrazoada a regra segundo a qual toda artigo 20, inciso II, atribuiu à União as ‘terras devolutas
terra, sem título de propriedade particular, se insere no indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
domínio público’. Quadra ponderar que a denominada construções militares, das vias federais de comunicação e
Lei de Terras foi regulamentada pelo Decreto Imperial nº
à preservação ambiental, definidas em lei’. A conjugação
1.318, de 30.11.1854, que foi responsável pela criação da
dessas normas acena que apenas algumas terras devo-
Repartição Geral de Terras Públicas, bem como regulou
a medição de terras públicas, a legitimação das particu- lutas continuaram sob o domínio da União, pertencendo
lares e a venda das terras públicas. Igualmente, o decre- aos Estados todas as demais.
to ora aludido instituiu as terras reservadas e a faixa de É fácil denotar que pela forma como foram transfe-
fronteiras, bem como estabeleceu o regime de fiscaliza- ridas as propriedades, diversos conflitos surgiram. Com
ção das terras devolutas e regulou o registro paroquial”24. o escopo de trazer solução ao problema, foi editada a
Lei nº. 6.383, de 07 de Dezembro de 1976, que dispõe
Terras devolutas sobre o processo discriminatório de terras devolutas da
União e dá outras providências, cujo escopo primitivo é
“Inicialmente, denominam-se terras devolutas aque- o de definir as linhas demarcatórias do domínio público
las áreas que, conquanto integrando o patrimônio de e privado. A ação contida no diploma legal suso men-
pessoas federativas, não são empregadas para quaisquer cionado ‘se inicia com o chamamento dos interessados
finalidades públicas específicas. Neste sentido, Meirel- para exibir seus títulos de propriedade e termina com o
les anota que ‘terras devolutas são todas aquelas que, julgamento do domínio e subsequente demarcação para
pertencentes ao domínio público de qualquer das enti- o registro’. ‘A Ação Discriminatória é o procedimento
dades estatais, não se acham utilizadas pelo Poder Pú- judicial adequado para que o Estado comprove que as
blico, nem destinadas a fins administrativos específicos.
terras são devolutas, distinguindo-as das particulares’.
São bens públicos ainda não utilizados pelos respectivos
Cuida salientar que, em âmbito federal, a discriminação
proprietários’. Prima anotar que tais acepções encontram
guarida na Lei Imperial nº 601/1850, notadamente em de terras é promovida pelo Instituto Nacional de Coloni-
seu artigo 3º, §1º, ao regularizar o sistema dominial, dis- zação e Reforma Agrária (INCRA)”25.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tinguindo o público do privado. Por sua vez, o Decreto-


-Lei nº 9.760, de 05 de Setembro de 1946, que dispõe Vias e Logradouros Públicos
sobre os bens imóveis da União e dá outras providências,
acresce, em termos conceituais, que as terras devolutas “As terras ocupadas com as vias e logradouros públi-
são caracterizadas como as não aplicadas a algum uso cos são pertencentes às Administrações que os construí-
público federal, estadual ou municipal, alcançando, ain- ram, sendo que mencionadas áreas podem ser bens de
da, as das faixas de fronteiras, conforme a redação apre- uso comum do povo ou bens de uso especial. Estradas
sentada no caput do artigo 5º daquele. há que, embora de domínio público, são reservadas a de-
terminadas utilizações ou a certos tipos de veículos, ten-
24 RANGEL, Tauã Lima Verdan Rangel. Comentários às Terras
Públicas: Ponderações Singelas. Conteúdo Jurídico, Brasí- 25 RANGEL, Tauã Lima Verdan Rangel. Comentários às Terras Públi-
lia-DF: 22 nov. 2012. Disponível em: <http://www.conteudo- cas: Ponderações Singelas. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 22 nov.
juridico.com.br/?artigos&ver=2.40728&seo=1>. Acesso em: 2012. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?arti-
03 mar. 2017. gos&ver=2.40728&seo=1>. Acesso em: 03 mar. 2017.

119
do em vista sua destinação ou seu revestimento; noutras ticular contra a Administração pública. É um ato admi-
estradas o uso é pago, por meio de tarifa de pedágio ou nistrativo unilateral, e nesse caso a utilização do bem
rodágio; em outras, o trânsito é estabelecido em confor- público sepultura é perpetua ou temporária (com prazo
midade com o horário ou a tonelagem máxima, o que as estabelecido).
caracterizam como verdadeiro instrumento administrati- Já a concessão administrativa trata-se de uma autori-
vo, de uso especial, sem que sobrevenha a generalização zação dada pela administração para a utilização do bem
das utilizações do passado, que as estabelecem como público sepultura, que cria o direito de permanecer se-
bens de uso comum de todos. Ademais, as mesmas pon- pultado. É um negocio jurídico (contrato) bilateral, pois
derações têm assento para os terrenos ocupados pelas se forma com a união a vontades”27.
estradas de ferro.
As estradas de rodagem compreendem, além da faixa Portos
de terra ocupada com o revestimento da pista, os acos-
tamentos e as faixas de arborização, que são áreas per- Desde 2013, portos passaram a ser vistos como “bem
tencentes ao domínio público da entidade que as erige, público construído e aparelhado para atender a necessi-
afigurando-se como verdadeiros elementos integrantes dades de navegação, de movimentação de passageiros
da via pública. Essas áreas são originariamente do Poder ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e
Público que as utiliza como rodovia ou são transferidas cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdi-
através dos meios comuns de alienação ou, ainda, inte-
ção de autoridade portuária”.
gradas ao domínio público, de maneira excepcional, por
destinação, que as torna impassíveis de reivindicação por
Utilização dos bens públicos: autorização, permis-
seus proprietários primitivos. A aludida transferência por
destinação decorre do fato da transformação da proprie- são e concessão de uso, ocupação, aforamento, con-
dade privada em via pública sem oportuna oposição do cessão de domínio pleno
particular, independentemente de qualquer transcrição ou
formalidade administrativa. Todavia, nada impede que o Quem pode estabelecer regras quanto ao uso de
particular busque a justa indenização do dano provocado bens públicos é o seu titular.
pelo Poder Público por essa desapropriação indireta. A principal obrigação dos titulares é a de conservar
As estradas de ferro, em razão do regime administra- o bem, segundo os arts. 23, inc. I, e 144, § 8.º, ambos da
tivo adotado pelo Brasil, tanto podem pertencer ao do- Constituição Federal.
mínio público de qualquer das entidades estatais como Para a transferência de uso de bens podem ser usa-
de propriedade particular, exploradas mediante conces- dos os seguintes instrumentos:
são federal ou estadual. Por um corolário de simetria, as - Autorização de uso: é um ato administrativo unila-
terras ocupadas pelas vias férreas seguem a natureza teral, discricionário e precário, pelo qual a Adminis-
da estrada a que se destinam. Oportunamente, as vias e tração, no interesse do particular, transfere o uso do
áreas de metrô são bens do domínio público, de uso es- bem público para terceiros por prazo de curtíssima
pecial, pertencentes à entidade titular do serviço metro- duração, com dispensa de licitação. Exemplos: trans-
viário e sujeitas ao regime administrativo afixado na Lei porte de carga inflamável pelas ruas do município,
nº 6.149/1974, inclusive no que toca à sua segurança”26. fechamento de rua para comemorações.
- Permissão de uso: é um ato administrativo unila-
Cemitérios públicos teral, discricionário e precário, pelo qual a Adminis-
tração, no interesse da coletividade, transfere o uso
“Com relação aos cemitérios públicos, estes são clas- de um bem público para terceiros, mediante licitação
sificados como bens públicos de uso especial. Desta (quando houver mais de um interessado). Não há
forma, podem ser administrados tanto pelo Município prazo certo e determinado. São exemplos de permis-
quanto por terceiros. Os cemitérios públicos são subme- são de uso: instalação de bancas de jornal, colocação
tidos as normas do Poder Público. No cemitério Público
de mesas e cadeiras em calçadas, instalação de boxes
não pode haver compra e venda do direito de sepultura,
em mercados municipais, barracas em feiras livres. A
isso porque os bens públicos não podem ser objeto de
doutrina admite a possibilidade de permissão de uso
domínio de particular. A sepultura tem a finalidade es-
pecifica de sepultamento, sendo um bem público de uso qualificada – aquela que, possuindo prazo certo e de-
especial, se não haveria a sua descaracterização. terminado, retira o caráter de precariedade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Se houvesse compra e venda nesse caso, os bens se- - Concessão de uso: é um contrato administrativo
riam transferidos ao domínio privado, o que se constitui- pelo qual transfere-se o uso de um bem públi-
ria na originação da propriedade. Apesar disso, há muitas co para terceiros, para uma finalidade específica,
legislações municipais que falam da compra e venda. mediante condições previamente estabelecidas.
O contrato possui prazo certo e determinado e a
Quando o Poder Público legitima o particular de usar precariedade desaparece. Exemplos: instalação de
o bem público, significa que a pessoa passa a ter a per- restaurante em aeroporto, lanchonete em parques.
missão de ter o direito sobre a sepultura. Ela é dada a Trata-se de um ato bilateral; se a Administração
titulo precário, não envolvendo qualquer direito do par- rescindir o contrato antes do término, caberá a ela
indenizar.
26 RANGEL, Tauã Lima Verdan Rangel. Comentários às Terras Públi-
cas: Ponderações Singelas. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 22 nov. 27 BRAVO, Thiago. Direito funerário. Disponível em: <https://thi-
2012. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?arti- bravo.jusbrasil.com.br/artigos/169156416/direito-funerario-cemi-
gos&ver=2.40728&seo=1>. Acesso em: 03 mar. 2017. terios>. Acesso em: 03 mar. 2017.

120
- Concessão de direito real de uso (variante da con- O zoneamento busca alcançar esses objetivos atra-
cessão de uso): incide sobre bens públicos não- vés do controle de dois elementos principais: o uso e o
-edificados, para urbanização, edificação, indus- porte (ou tamanho) dos lotes e das edificações. Através
trialização. disso, supõe-se que o resultado final alcançado através
- Cessão de uso: é um contrato administrativo, em das ações individuais esteja de acordo com os objeti-
que o uso de um bem público é transferido de um vos do Município, que incluem proporcionalidade entre
órgão para outro, dentro da própria Administra- a ocupação e a infraestrutura, necessidade de proteção
ção. É ato não precário porque possui prazo certo de áreas frágeis e/ou de interesse cultural, harmonia do
e determinado. Para que a cessão de uso seja efe- ponto de vista volumétrico, etc.
tuada exige-se autorização legislativa. O zoneamento vem sofrendo muitas críticas. A primei-
ra delas refere-se à rigidez do instrumento, visto que a
Limitações administrativas permissão de uso, por parte do Poder Público, acontece na
base do ‘ou tudo ou nada’. Em outras palavras, a Prefeitura
“Limitação administrativa é uma determinação geral, consulta a tabela e, com base nela, permite a construção
pela qual o Poder Público impõe a proprietários indeter- da edificação, tal como está no projeto, ou nega totalmen-
minados obrigações de fazer ou de não fazer, com o fim te. Não existe meio-termo. A outra crítica ao zoneamento
tradicional é o fato dele ser, em muitos casos, excludente,
de garantir que a propriedade atenda a sua função social.
na medida em que estabelece zonas nas quais a ocupação
As limitações administrativas devem ser gerais, diri-
tende a ser composta apenas por grupos homogêneos,
gidas a propriedades indistintas e gratuitamente. Para principalmente das classes mais altas”29.
situações individualizadas de conflito com o interesse
público, deve ser empregada a servidão administrativa Polícia edilícia
ou a desapropriação, por meio de justa indenização.
As limitações podem atingir tanto a propriedade imó- Trata-se do exercício do poder de polícia no que tan-
vel como o seu uso e outros bens e atividades particula- ge às edificações urbanas, de competência do município,
res. O seu objeto é bem variado, exemplos: permissão de em regra.
vistorias em elevadores de edifícios, fixação de gabaritos,
ingresso de agentes para fins de vigilância sanitária, obri- Zonas fortificadas e de fronteira
gação de dirigir com cinto de segurança.
Características: “Faixa de fronteira, em uma acepção conceitual, é a
a) são atos administrativos ou legislativos de caráter área de cento e cinquenta quilômetros de largura, que
geral (todas as demais formas de intervenção pos- corre paralelamente à linha terrestre demarcatória da di-
suem indivíduos determinados, são atos singula- visa entre o território nacional e os países estrangeiros,
res); sendo considerada como imprescindível para se pro-
b) têm caráter de definitividade (igual ao das servi- mover a defesa do território nacional. São considerados
como pertencentes à União os terrenos das fortificações,
dões, mas diverso da natureza da ocupação tem-
bem como as construções bélicas necessárias.
porária e da requisição);
Em relação às terras devolutas, situadas nessas faixas,
c) o motivo das limitações administrativas é vinculado e concedidas pelo Estado a terceiros, a transferência está
a interesses públicos abstratos (nas outras manei- limitada ao uso, permanecendo, pois, o domínio com a
ras de intervenção, o motivo é sempre a execução União, mesmo que tolerante esta com os possuidores.
de serviços públicos específicos ou obras); A alienação pelo Estado a particulares de terras su-
d) ausência de indenização (nas demais formas, pode postamente situadas em faixa de fronteira não gera, ape-
ocorrer indenização quando há prejuízo para o nas, prejuízo de ordem material ao patrimônio público
proprietário)”28. da União, mas ofende, sobretudo, princípios maiores da
Constituição Federal, relacionados à defesa do território
Zoneamento e à soberania nacional. Em tal situação, o particular pre-
judicado tem direito à reparação dos prejuízos ocasiona-
“O zoneamento é um instrumento amplamente uti- dos pelo alienante, sendo possível, para tanto, o ajuiza-
lizado nos planos diretores, através do qual a cidade é mento da competente ação de indenização.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dividida em áreas sobre as quais incidem diretrizes dife- As restrições e as condições de uso e de alienação
renciadas para o uso e a ocupação do solo, especialmen- de terras alocadas nessas faixas de fronteira são dis-
te os índices urbanísticos. ciplinadas pela Lei n° 6.634/1979. Por sua vez, a Lei n°
Alguns de seus principais objetivos são: 9.871/1999 estabeleceu o lapso temporal de dois anos
para que os detentores de títulos, ainda não ratificados,
- Controle do crescimento urbano;
de alienação ou concessão de terras feitas pelo Estado
- Proteção de áreas inadequadas à ocupação urbana;
na faixa de fronteira, requeiram a competente ratifica-
- Minimização dos conflitos entre usos e atividades; ção junto ao Instituto Nacional de Colonização e Refor-
- Controle do tráfego; ma Agrária. Após o decurso do lapso assinalado, ou não
- Manutenção dos valores das propriedades e do sta- sendo possível a ratificação, o diploma legal prevê a pos-
tus quo sibilidade de declaração da nulidade do título, por meio
de ato motivado, com ciência ao interessado e publica-
28 https://ffsfred.jusbrasil.com.br/artigos/256074990/diferencas- 29 http://urbanidades.arq.br/2007/11/zoneamento-e-planos-dire-
-entre-limitacao-administrativa-e-ocupacao-temporaria tores/

121
ção do ato no Diário Oficial, tal como o cancelamento O que justifica a requisição administrativa é o peri-
dos correspondentes registros e consequente registro do go público iminente. Cessado o perigo, a coisa ocupada
imóvel em nome da União no competente Registro de é devolvida ao proprietário, cabendo indenização caso
Imóveis”30. ocorra algum dano a ela.

Florestas Ocupação temporária

A competência para legislar sobre florestas é concor- Trata-se de restrição que atinge transitoriamente a
rente (artigo 24, VI), e para a sua preservação, comum exclusividade de uma propriedade particular, de forma
(artigo 23, VII). São consideradas pelo Código Civil bens gratuita ou remunerada, em benefício do interesse cole-
imóveis e seguem a sorte das terras a que aderem. Se as tivo. Em caso de dano, há direito à indenização.
terras forem públicas, serão bem público. O seu regime Hipóteses: artigo 36, Decreto nº 3.365/1941 – uso de
jurídico é estabelecido pelo Código Florestal. terrenos contíguos a estrada em construção para posi-
cionar máquinas e equipamentos; artigo 80, §1º, Lei nº
8.666/1993 – rescisão de contratos administrativos que
Tombamento
versem sobre serviços essenciais; artigo 35, §3º, Lei nº
8.987/1995 – extinção de concessão.
Trata-se de modalidade de intervenção na proprieda-
de que não acarreta perda da posse, mas apenas restri-
ções ao uso, com o objetivo de preservar o patrimônio
histórico e artístico. Pode recair sobre bens móveis ou EXERCÍCIOS COMENTADOS
imóveis, cuja conservação seja de interesse público. Será
aberto um processo administrativo, no qual o IPHAN – 1. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Procurador do Muni-
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional cípio - CESPE/2017) Acerca da intervenção do Estado
profere parecer determinando se há valor histórico e ar- na propriedade, das licitações e dos contratos adminis-
tístico e, em caso afirmativo, qual o valor existente. En- trativos, julgue o seguinte item. Situação hipotética: A
cerrado o procedimento, registra-se no livro do tombo. Procuradoria-Geral do Município de Fortaleza decidiu
ceder espaço de suas dependências para a instalação de
Como regra, o tombamento não gera direito à indeniza-
lanchonete que atendesse aos procuradores, aos servi-
ção, a não ser que o proprietário comprove que sofreu
dores e ao público em geral. Assertiva: Nessa situação,
prejuízo em razão dele. por se tratar de ato regido pelo direito privado, não será
necessária a realização de processo licitatório para a ces-
Servidões administrativas são de uso pelo particular a ser contratado.

Trata-se de direito real de uso e gozo em favor do ( ) CERTO ( ) ERRADO


Poder Público (para prestar serviço público) ou em favor
da coletividade (para preservação de interesse público). Resposta: Errado. Nos termos da Lei nº 9.363/98,
O proprietário não perde a propriedade, mas apenas a em sue artigo 18, § 5o, “a cessão, quando destinada
exclusividade sobre ela. Ao proprietário surgirá a obriga- à execução de empreendimento de fim lucrativo, será
ção de tolerar que se faça ou se deixe fazer. onerosa e, sempre que houver condições de compe-
As servidões administrativas podem ser instituídas por titividade, deverão ser observados os procedimentos
lei, por acordo entre as partes ou por sentença judicial. licitatórios previstos em lei”.
Quando a servidão administrativa é instituída, em re-
2. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Procurador do Muni-
gra será permanente, mas é possível que fatos ulteriores
cípio - CESPE/2017) A respeito de bens públicos e res-
acarretem a sua extinção. ponsabilidade civil do Estado, julgue o próximo item.
Situação hipotética: Determinado município brasileiro
Requisição da propriedade privada construiu um hospital público em parte de um terreno
onde se localiza um condomínio particular. Assertiva:
A requisição administrativa é uma intervenção do Es- Nessa situação, segundo a doutrina dominante, obede-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tado para atender a necessidades urgentes. Tem escopo cidos os requisitos legais, o município poderá adquirir o
constitucional: bem por usucapião.

Artigo 5º, CF. [...] ( ) CERTO ( ) ERRADO


XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida-
de competente poderá usar de propriedade particular, Resposta: Certo. O particular não pode adquirir os
bens públicos por usucapião, porque eles são impres-
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
critíveis, mas o Poder Público pode adquirir os bens
houver dano; [...].
particulares por usucapião. Neste sentido, se entende
do artigo 100, CC: “os bens públicos de uso comum do
30 RANGEL, Tauã Lima Verdan Rangel. Comentários às Terras Públi- povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
cas: Ponderações Singelas. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 22 nov. conservarem a sua qualificação, na forma que a lei de-
2012. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?arti-
gos&ver=2.40728&seo=1>. Acesso em: 03 mar. 2017.
terminar”.

122
7. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014)
João Pedro, servidor público federal ocupa o cargo de
HORA DE PRATICAR! confiança de Chefe de Divisão no Departamento da Vias
Urbanas, autarquia vinculada à Secretaria Municipal de
1. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Com Transportes. Seu superior hierárquico determina a sua
relação ao direito administrativo, julgue os itens a seguir. exoneração, fundamentando-a na falta de diplomação
Apenas a lei em sentido lato, pode ser tida como fonte de nível superior, conforme consta em publicação no
de direito administrativo. Diário Oficial de Município, nomeando Maria Alice Cou-
ves para o cargo, sob a argumentação de que a mes-
( ) CERTO ( ) ERRADO ma é formada em Economia. João Pedro busca anular a
decisão que o exonerou, comprovando ser formado em
2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE Direito e alegando estar Maria Alice Couves matriculada
– 2016) Julgue o item que se segue, acerca da adminis- no curso de Economia. Em face destes fatos, o Poder Ju-
tração pública. diciário vem a determinar a anulação da referida exone-
Na análise da moralidade administrativa, pressuposto de ração. Com base nos fatos acima, é correto afirmar que a
validade de todo ato da administração pública, é impres- decisão proferida:
cindível avaliar a intenção do agente.
a) está correta em face da atribuição do Poder Judiciário
( ) CERTO ( ) ERRADO em poder rever qualquer decisão, mesmo que discri-
cionária.
3. (INSS – TÉCNICO DE SEGURO SOCIAL – CESPE – b) está equivocada, por se tratar de decisão discricioná-
2016) Julgue o item que se segue, acerca da administra- ria.
ção pública. c) estaria correta, se não tivesse havido a nomeação de
Em decorrência do princípio da impessoalidade, as reali- Maria Alice Couves.
zações administrativo-governamentais são imputadas ao d) está correta em função da teoria dos motivos deter-
ente público e não ao agente político. minantes.
e) está equivocada, uma vez que a fundamentação equi-
( ) CERTO ( ) ERRADO vocada não macula os atos em comento.

4. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE 8. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Julgue
– 2016) Julgue o próximo item, a respeito dos atos ad- os itens subsequentes, relativos ao ato administrativo.
ministrativos. Considerando que certos elementos do ato administra-
A auto executoriedade é atributo restrito aos atos admi- tivo são sempre vinculados, não há ato administrativo
nistrativos praticados no exercício do poder de polícia. inteiramente discricionário.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE 9. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Julgue
– 2016) Julgue o próximo item, a respeito dos atos ad- os itens subsequentes, relativos ao ato administrativo.
ministrativos. A administração pública pode anular os próprios atos,
Em decorrência do princípio da autotutela, não há limites quando eivados de vícios que os tornem ilegais, hipótese
para o poder da administração de revogar seus próprios em que a anulação produz efeitos retroativos à data em
atos segundo critérios de conveniência e oportunidade. que tais atos foram praticados.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE 10. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – FCC
– 2016) Julgue o próximo item, a respeito dos atos ad- – 2012) Quando a Administração Pública limita direitos
ministrativos. ou atividades de particulares sem qualquer vínculo com
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O ato praticado por agente não competente para fazê-lo a Administração, com base na lei, está atuando como ex-
poderá ser convalidado discricionariamente pela autori- pressão de seu poder:
dade competente para sua prática, caso em que ficará
sanado o vício de incompetência. a) Hierárquico.
b) De polícia.
( ) CERTO ( ) ERRADO c) Normativo.
d) Regulamentar.
e) Disciplinar.

123
11. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) 17. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014)
Acerca dos poderes administrativos, julgue os seguintes Com relação ao prazo excepcional, isto é, além do prazo
itens. máximo de vigência dos contratos administrativos, nos
O poder de polícia é a atividade do Estado que consiste termos da Lei nº. 8.666/93, está correta a seguinte afir-
em limitar o exercício dos direitos individuais em benefí- mação:
cio do interesse público, e cujo exercício se condiciona a
prévia autorização judicial.
a) Em função de decisão discricionária, devidamente jus-
tificada e mediante autorização da autoridade supe-
( ) CERTO ( ) ERRADO
rior, o prazo poderá ser prorrogado por até seis meses.
12. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – b) Em caráter excepcional, devidamente justificado e me-
CESPE – 2010) Acerca da organização administrativa da diante autorização da autoridade superior, o prazo
União, julgue os itens que se seguem. poderá ser prorrogado por até doze meses.
Os atos dos dirigentes das entidades paraestatais não c) É vedada a prorrogação além do prazo de sessenta
se sujeitam ao mandado de segurança e à ação popu- meses.
lar, porque essas entidades têm personalidade de direito d) Em caráter excepcional, devidamente justificado e me-
privado. diante autorização da autoridade superior, o prazo
poderá ser prorrogado por até seis meses.
( ) CERTO ( ) ERRADO e) Em função de decisão discricionária, devidamente justi-
ficada e mediante autorização da autoridade superior, o
13. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Com prazo poderá ser prorrogado por até doze meses.
relação ao direito administrativo, julgue os itens a seguir.
As empresas públicas são dotadas de personalidade de
18. (INSS – ANALISTA – TECNOLOGIA DA INFOR-
direito privado, com capital exclusivamente privado, para
realizar atividade de interesse da administração institui- MAÇÃO – FUNRIO – 2014) Quantos dos requisitos da
dora, nos moldes da iniciativa particular, podendo assu- licitação deserta, na forma da Lei nº. 8.666/93, são ne-
mir qualquer forma e organização empresarial. cessários?

( ) CERTO ( ) ERRADO I. Licitação anteriormente realizada;


II. Ausência de interessados;
14. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Com III. Risco de prejuízos para Administração, se o processo
relação ao direito administrativo, julgue os itens a seguir: licitatório vier a ser repetido;
As sociedades de economia mista da União devem ser IV. Manutenção das condições ofertadas no ato convo-
estruturadas sob a forma de sociedade por ações. catório anterior.

( ) CERTO ( ) ERRADO a) Os quatro.


b) Apenas os dois primeiros.
15. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) A res-
c) Apenas o segundo e o quarto.
peito da organização administrativa da União, julgue os
itens seguintes: d) Nenhum dos quatro.
A empresa pública exploradora de atividade econômica e) Apenas os dois últimos.
sujeita-se ao regime jurídico próprio das empresas pri-
vadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tri- 19. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE
butárias. – 2016) Julgue o seguinte item, acerca da concessão de
serviço público.
( ) CERTO ( ) ERRADO A encampação, que consiste em rescisão unilateral da
concessão pela administração antes do prazo acordado,
16. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014) dá ao concessionário o direito a ressarcimento de even-
No tocante à contratação direta com base na “celebra- tual prejuízo por ele comprovado.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ção de contratos de prestação de serviços com as orga-


nizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas ( ) CERTO ( ) ERRADO
esferas de governo, para atividades contempladas no
contrato de gestão”, na forma da Lei nº 8.666/93, dá-se a
seguinte modalidade de contratação:

a) Dispensa de licitação.
b) Inexigibilidade de licitação.
c) Contrato de Direito Civil Administrativo.
d) Nula de pleno direito
e) Notoriedade de contratação, em face do objeto.

124
20. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – FCC – 24. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014)
2012) Em relação à extinção do contrato de concessão é Considerando o término de um convênio, a ausência de
correto afirmar que: prestação de contas, por parte de quem tem a obrigação
para tanto, pode caracterizar:
a) caducidade é a resilição unilateral antes de findo o
prazo de concessão, que se consubstancia na retoma- a) improbidade administrativa que causa lesão ao erário
da do serviço pelo poder concedente por razões de por qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malba-
interesse público.
ratamento ou dilapidação dos bens.
b) reversão é a resilição unilateral da concessão que se
b) improbidade administrativa, importando enriqueci-
consubstancia na retomada do serviço pelo poder mento ilícito por auferir qualquer tipo de vantagem
concedente por razões de interesse público. patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego.
c) um ato que não tem relevância no Direito Adminis-
c) encampação é a extinção unilateral da concessão por trativo.
motivo de inadimplemento contratual, não cabendo, d) improbidade administrativa que atenta contra os prin-
portanto, indenização ao concessionário pelos preju- cípios da administração pública por qualquer ação ou
ízos que sofrer. omissão que viole os deveres de honestidade, impar-
d) reversão é a rescisão unilateral da concessão por mo- cialidade, legalidade, e lealdade às instituições.
tivo de inadimplemento contratual do concessionário,
cabendo indenização pela interrupção do contrato an-
tes de findo seu prazo. e) um ato que não tem enquadramento Legal e que,
e) encampação é a retomada do serviço pelo poder con- portanto, constitui uma falta de caráter meramente
cedente por razões de interesse público, durante o pra- discricionário, incapaz de gerar efeitos ou obrigações,
devendo, entretanto, ser anotado nos registros da Ad-
zo de concessão, mediante lei autorizativa específica.
ministração, para futuros convênios a serem firmados.
21. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – 25. (INSS – ANALISTA – TECNOLOGIA DA INFOR-
CESPE – 2010) Com relação aos serviços públicos, julgue MAÇÃO – FUNRIO – 2014) É ato de improbidade ad-
os itens a seguir. ministrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
Os serviços públicos propriamente ditos são aqueles em omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimo-
que a administração pública, reconhecendo sua conve- nial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação
niência para os membros da coletividade, presta-os di- dos bens ou haveres das entidades mencionadas pela Lei
retamente ou permite que sejam prestados por terceiros, nº. 8.429/92.
nas condições regulamentadas e sob seu controle. Assinale a alternativa que se relaciona coerentemente
com o texto acima.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
22. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – ofício;
b) revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
CESPE – 2010) Com relação aos serviços públicos, julgue
razão das atribuições e que deva permanecer em se-
os itens a seguir.
gredo;
A delegação do serviço público pode ser feita sob as mo- c) agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
dalidades de concessão, permissão e autorização. renda, bem como no que diz respeito à conservação
do patrimônio público;
( ) CERTO ( ) ERRADO d) revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de
23. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – medida política ou econômica capaz de afetar o preço
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CESPE – 2010) Com relação aos serviços públicos, julgue de mercadoria, bem ou serviço;
os itens a seguir. e) frustrar a licitude de concurso público.
O serviço público, ao ser concedido ao particular, que o
executa por sua conta e risco, remunerando-se por tari-
fas, passa a caracterizar-se como sendo privado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

125
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 Errado ________________________________________________
2 Errado _________________________________________________
3 Certo _________________________________________________
4 Errado
_________________________________________________
5 Errado
6 Certo _________________________________________________
7 D _________________________________________________
8 Certo
_________________________________________________
9 Certo
_________________________________________________
10 B
11 Errado _________________________________________________
12 Errado _________________________________________________
13 Errado
_________________________________________________
14 Certo
15 Certo _________________________________________________
16 A _________________________________________________
17 B
_________________________________________________
18 A
_________________________________________________
19 Certo
20 E _________________________________________________
21 Errado _________________________________________________
22 Certo
_________________________________________________
23 Errado
24 D _________________________________________________

25 C _________________________________________________

________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

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_________________________________________________
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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