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DE ACORDO COM O EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO/

PRF/BRASÍLIA-DF/, JANEIRO DE 2021

PRF
Polícia
Rodoviária
Federal

POLICIAL
RODOVIÁRIO

CONTEÚDO
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Polícia Rodoviária Federal

PRF-Polícia Rodoviária
Federal
Policial Rodoviário

Volume 1

NV-003JN-21 A
Cód.: 7908428800123
Obra Produção Editorial

PRF-Polícia Rodoviária Federal


Carolina Gomes
Josiane Inácio

Policial Rodoviário Karolaine Assis

Organização
Ana Gabrielly de Souza
Autores
Roberth Kairo
LÍNGUA PORTUGUESA • Gabriela Coelho, Monalisa Costa,
Ana Cátia Colares e Giselli Neves
Revisão de Conteúdo
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO • Kairton Batista Arthur de Carvalho
(Prof.º Kaká) e Sérgio Mendes Clarice Virgilio

INFORMÁTICA • Fernando Nishimura e Hebert Ferreira Fernanda Silva


Jaíne Martins
FÍSICA • Fernando Bertolaccini Maciel Rigoni

ÉTICA E CIDADANIA • Xico Kraemer


Análise de Conteúdo
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA • Zé Soares Ana Beatriz Mamede
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS) • Rebecca Soares João Augusto Borges
Saula Diniz

Diagramação
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Dayverson Ramon
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Higor Moreira
Polícia Rodoviária Federal : agente policial : volume I / [Gabriela Coelho]...[et al].
-- São Paulo : Nova Concursos, 2021. Lucas Gomes
302 p. V1
Willian Lopes
ISBN 978-65-87525-26-6

1. Serviço público - Brasil – Concursos 2. Concursos - Problemas, questões, exer-


cícios 3. Polícia Rodoviária Federal - Concursos 4. Língua portuguesa 5. Direito I. Capa
Coelho, Gabriela
Joel Ferreira dos Santos
21-0467 CDU 35.08(079.1)

Índices para catálogo sistemático: Projeto Gráfico


1. Serviço público - Brasil - Concursos
Daniela Jardim & Rene Bueno

Data da Publicação

Janeiro/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. Portanto, Dúvidas


no caso de atualizações voluntárias e erratas, estas serão
disponibilizadas no site www.novaconcursos.com.br por meio do www.novaconcursos.com.br/contato
código de acesso disponível neste material. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento de seus estudos garante a sua prepara-
ção de sucesso na busca pela tão almejada aprovação em um
cargo público. Pensando nisso, essa obra está organizada em
disciplinas subdivididas nos temas do edital, didaticamente
reunidos em um sumário especialmente planejado para otimi-
zar o seu tempo e o seu aprendizado.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas para complementar seus estudos. E para treinar
seus conhecimentos, a seção Hora de Praticar, trazendo exercí-
cios gabaritados da banca organizadora do certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

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à Língua Portuguesa - Pontuação
à Raciocínio Lógico - Taxas de variação de grandezas
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CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.................................. 9

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS................................................................... 11

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL................................................................................................. 19

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL..................................................................... 20

EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E


DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL..............................................................................20

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS....................................................................................................24

DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO....................................................... 24

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS........................................................................................................24

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO....41

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.........................................................................................................50

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL............................................................................................................53

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE..................................................................................................57

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.......................................................................................................................59

REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO....................................................................... 64

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO..................64

REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO............................................67

REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE.......................................77

CORRESPONDÊNCIA OFICIAL (CONFORME MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA


REPÚBLICA)......................................................................................................................................... 82

MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA............................................................................82

ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL.....................................................................................................85

FINALIDADE DOS EXPEDIENTES OFICIAIS......................................................................................................88

ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO DE DOCUMENTO..............................................................................94

ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO......................................................................................99


RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO...................................................................... 111
MODELAGEM DE SITUAÇÕES-PROBLEMA POR MEIO DE EQUAÇÕES DO 1º E 2º GRAUS E
SISTEMAS LINEARES.......................................................................................................................111

NOÇÃO DE FUNÇÃO..........................................................................................................................115

ANÁLISE GRÁFICA, FUNÇÕES AFIM, QUADRÁTICA, EXPONENCIAL, LOGARÍTMICA E APLICAÇÕES.....115

TAXAS DE VARIAÇÃO DE GRANDEZAS..........................................................................................122

RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES...................................................................................................122

REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA......................................................................................................125

PORCENTAGEM.................................................................................................................................129

REGULARIDADES E PADRÕES EM SEQUÊNCIAS...........................................................................131

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS.............................................................................................................................131

PROGRESSÃO ARITMÉTICA E PROGRESSÃO GEOMÉTRICA......................................................................131

NOÇÕES BÁSICAS DE CONTAGEM, PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA.......................................135

DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS.................................................................................................143

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS APRESENTADOS EM DIFERENTES


LINGUAGENS E REPRESENTAÇÕES...............................................................................................................143

CÁLCULO DE MÉDIAS E ANÁLISE DE DESVIOS DE CONJUNTOS DE DADOS..............................................144

NOÇÕES BÁSICAS DE TEORIA DOS CONJUNTOS.........................................................................148

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DIFERENTES REPRESENTAÇÕES DE FIGURAS PLANAS,


COMO DESENHOS, MAPAS E PLANTAS.........................................................................................153

UTILIZAÇÃO DE ESCALAS..............................................................................................................................153

VISUALIZAÇÃO DE FIGURAS ESPACIAIS EM DIFERENTES POSIÇÕES, REPRESENTAÇÕES


BIDIMENSIONAIS DE PROJEÇÕES, PLANIFICAÇÕES E CORTES.................................................................155

MÉTRICA............................................................................................................................................159

ÁREAS, VOLUMES, ESTIMATIVAS E APLICAÇÕES.......................................................................................159

INFORMÁTICA.................................................................................................................. 169
CONCEITO DE INTERNET E INTRANET...........................................................................................166

CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E


PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS A INTERNET/INTRANET..........................................................169

FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS DE NAVEGAÇÃO, DE CORREIO ELETRÔNICO, DE GRUPOS


DE DISCUSSÃO, DE BUSCA, DE PESQUISA, DE REDES SOCIAIS E FERRAMENTAS COLABORATIVAS.....169
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTE WINDOWS)..................................................................179

ACESSO A DISTÂNCIA A COMPUTADORES, TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO E ARQUIVOS,


APLICATIVOS DE ÁUDIO, VÍDEO E MULTIMÍDIA............................................................................................196

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL............................................................................................................198

INTERNET DAS COISAS (IOT).........................................................................................................................199

BIG DATA..........................................................................................................................................................200

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL.............................................................................................................................201

CONCEITOS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA...................................................................................203

NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS, PHISHING E PRAGAS VIRTUAIS...................................................................207

APLICATIVOS PARA SEGURANÇA ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE, VPN, ETC.)........................212

COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD COMPUTING).......................................................................214

FÍSICA................................................................................................................................... 221
CINEMÁTICA ESCALAR, CINEMÁTICA VETORIAL........................................................................221

MOVIMENTO CIRCULAR..................................................................................................................221

LEIS DE NEWTON E SUAS APLICAÇÕES.........................................................................................229

TRABALHO.........................................................................................................................................234

POTÊNCIA..........................................................................................................................................234

ENERGIA CINÉTICA, ENERGIA POTENCIAL...................................................................................236

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES.........................................................236

QUANTIDADE DE MOVIMENTO, CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO, IMPULSO E


ATRITO.............................................................................................................................................................236

COLISÕES...........................................................................................................................................239

ÉTICA E CIDADANIA....................................................................................................... 245


ÉTICA E MORAL.................................................................................................................................245

ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES......................................................................................................245

ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA: INTEGRIDADE....................................................................................246

ÉTICA NO SETOR PÚBLICO..............................................................................................................247

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: MORALIDADE (ART 37 DA CF)............................................248


DEVERES DOS SERVIDORES PÚBLICOS: MORALIDADE ADMINISTRATIVA (LEI Nº 8.112, DE 1990,
ART 116, IX)......................................................................................................................................................248

POLÍTICA DE GOVERNANÇA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL (DECRETO Nº 9.203, DE 2017).......249

PROMOÇÃO DA ÉTICA E DE REGRAS DE CONDUTA PARA SERVIDORES...................................................250

Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171,
de 1994)........................................................................................................................................................250
Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal e Comissões de Ética (Decreto nº 6.029,
de 2007)........................................................................................................................................................253
Código de Conduta da Alta Administração Federal (Exposição de Motivos nº 37, de 2000)..................254

ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA.....................................................................255

PROMOÇÃO DA TRANSPARÊNCIA ATIVA E DO ACESSO À INFORMAÇÃO (LEI Nº 12.527, DE 2011 E


DECRETO Nº 7.724, DE 2012).........................................................................................................................255

TRATAMENTO DE CONFLITOS DE INTERESSES E NEPOTISMO (LEI Nº 12.813, DE 2013 E DECRETO


Nº 7.203, DE 2010)...........................................................................................................................................257

GEOPOLÍTICA BRASILEIRA......................................................................................... 263


O BRASIL POLÍTICO: NAÇÃO E TERRITÓRIO.................................................................................263

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO.....................................................................................................263

A DIVISÃO INTER-REGIONAL DO TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO BRASIL.............................266

A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS GRANDES METRÓPOLES.......................................268

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO NO BRASIL E MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS


INTERNOS..........................................................................................................................................270

INTEGRAÇÃO ENTRE INDÚSTRIA E ESTRUTURA URBANA E SETOR AGRÍCOLA NO BRASIL.274

REDE DE TRANSPORTE NO BRASIL...............................................................................................................274

MODAIS E PRINCIPAIS INFRAESTRUTURAS ..............................................................................................274

A INTEGRAÇÃO DO BRASIL AO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA......276

GEOGRAFIA E GESTÃO AMBIENTAL...............................................................................................278

MACRODIVISÃO NATURAL DO ESPAÇO BRASILEIRO: BIOMAS, DOMÍNIOS E ECOSSISTEMAS..............278

LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)............................................................................ 285


COMPREENSÃO DE TEXTO ESCRITO EM LÍNGUA INGLESA .......................................................285

ITENS GRAMATICAL RELEVANTES PARA A COMPREENSÃO DOS CONTEÚDOS


SEMÂNTICOS....................................................................................................................................285
selecionados especialmente para que este material
cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.

INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO

LÍNGUA PORTUGUESA A inferência é uma relação de sentido conhecida


desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto.

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE Dica


TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS Como já mencionamos, interpretar é buscar ideias,
pistas do autor do texto, nas linhas apresentadas.
A interpretação e a compreensão textual são aspec-
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões A primeira e mais importante delas é identificar a
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer orientação do pensamento do autor do texto, que fica
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse
perceptível quando identificamos como o raciocínio
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e
dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
a aprovação. Além disso, seja a compreensão textual,
da análise de dados, informações com fontes confiáveis
seja a interpretação textual, ambas guardam uma rela-
ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
ção de proximidade com um assunto pouco explorado
pelos cursos de português: a semântica, que incide suas das consequências, a fim de se identificar as causas.
relações de estudo sobre as relações de sentido que a Por isso, é preciso compreender como podemos
forma linguística pode assumir. interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
Portanto, neste material você encontrará recursos Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
ção e compreensão textual, associando a essas temá- neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- A partir disso, selecionamos estratégias de leitura
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que que foquem nas formas de inferência sobre um texto.
precisa ser reconhecido por quem o lê. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma o processo de inferência, que se dá por dedução ou
breve diferença entre os termos compreensão e por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
interpretação textual.
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo O marido da minha chefe parou de beber.
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste
material, ainda que existam relações de sinonímia Observe que é possível inferir várias informações.
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor A primeira é que a chefe do enunciador é casada (infor-
por um termo ao invés de outro reflete um sentido mação comprovada pela expressão “marido”), a segun-
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a
da é que o enunciador está trabalhando (informação
interpretação realiza ligações com o texto a partir
comprovada pela expressão “minha chefe”) e a terceira
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura.
é que o marido da chefe do enunciador bebia (expres-
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma são comprovada pela expressão “parou de beber”).
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- Note que há pistas contextuais do próprio texto que
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos induzem o leitor a interpretar essas informações.
essencialmente relacionados à significação das palavras Tratando-se de interpretação textual, os processos
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
Sabendo disso, é importante separarmos os con- tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou com- interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
preensivo. Neste material, você encontrará um forte texto junto da articulação com as informações acessa-
conteúdo que relaciona semântica e interpretação, das pelo leitor do texto.
contendo questões sobre os assuntos: inferência; A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
LÍNGUA PORTUGUESA

figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex- senta como ocorre a relação desses processos:
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na
compreensão e semântica, os principais tópicos são:
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas INFERÊNCIA
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
guísticas e suas consequências para o sentido.
Todos esses assuntos completam o estudo basilar
de semântica com foco em provas e concursos, sempre A partir desse esquema exclusivo, conseguimos visua-
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a lizar melhor como o processo de interpretação ocorre.
estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de pra- Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo as
ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de estratégias que compõem cada maneira de inferir infor-
cada tópico, bem como, a seleção de exercícios finais, mações de um texto. Por isso, vamos apresentar nos 9
tópicos seguintes como usar estratégias de cunho deduti- Dica
vo, indutivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhe-
cimento de mundo na interpretação de textos. Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspec-
A INDUÇÃO tos para abordar em suas provas.

As estratégias de interpretação que observam No momento de ler um texto, o leitor articula seus
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto conhecimentos prévios a partir de uma informação
oferece e, posteriormente, reconhecem (pois diz res- que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
peito a “As estratégias”) alguma certeza na interpreta- ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
ção. Dessa forma, é fundamental buscar uma ordem forme, Kleiman (2016, p. 47):
de eventos ou processos ocorridos no texto e que
Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
variam conforme o tipo textual.
temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos
tema; ele estará também postulando uma possí-
identificar uma organização cronológica e espacial no vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, vando seu conhecimento prévio, e na testagem
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação conhecimento.
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu-
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado Fique atento a essa informação, pois é uma das
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
ideia/ponto de vista. pretação textual: formular hipóteses, a partir da
No processo interpretativo indutivo, as ideias são macroestrutura textual, ou seja, antes da leitura ini-
organizadas a partir de uma especificação para uma cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
generalização. Vejamos um exemplo: ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
entre outras informações que podem vir como “aces-
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
espécie de animal. O que observei neles, no tempo leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
te para não os amar, nem os imitar. São em geral pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de um objetivo mais definido.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos O processo de interpretação por estratégias de dedu-
detalhados e impotentes para generalizar, cur- ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- z Conhecimento Linguístico;
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo z Conhecimento Textual;
critério de beleza.
z Conhecimento de Mundo.
(BARRETO, 2010, p.21)
O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
O trecho em destaque na citação do escritor Lima assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
indutivo compõe a interpretação e decodificação de Conhecimento Linguístico
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, Esse é o conhecimento basilar para compreensão
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
ção cronológica de um texto. das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
A propriedade vocabular leva nhecimento das regras de uma língua.
o cérebro a aproximar as pa- É importante salientar que as regras de reconhe-
PROCURE SINÔNIMOS cimento sobre o funcionamento da língua não são,
lavras que têm maior asso-
ciação com o tema do texto. necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
Os conectivos (conjunções, que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
preposições, pronomes) tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
ATENÇÃO AOS que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
são marcadores claros de
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e bo-objeto (SVO) etc.
localizadores textuais. Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
A DEDUÇÃO sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
A leitura de um texto envolve a análise de diversos o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
10 maneira implícita no enunciado. dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao vol-
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acessado em: 22/09/2020. tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo
do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- prévio que é essencial na interpretação de questões.
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
e entender o que está escrito, assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas RECONHECIMENTO DE TIPOS E
são algumas estratégias de interpretação em que
podemos usar métodos dedutivos.
GÊNEROS TEXTUAIS
CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS
Conhecimento Textual
Tipos ou sequências textuais são unidades que
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL-
mento linguístico e se desenvolve pela experiência CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- marcam uma forma de organização da estrutura do
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque texto que se molda a depender do gênero discursivo e
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêne-
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê ros que apresentam a predominância de narrações –
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc
reportagem como se lê um poema. –, outros predominam a argumentação – redação do
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc.
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos
essa figura que demonstra como podemos identificar
Conhecimento de Mundo os tipos textuais e suas principais características, tendo
em vista que, cada sequência textual apresenta carac-
terísticas próprias que, conforme mencionamos, pouco
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu-
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
ra linguística quase rígida que nos permite classificar
importante que o candidato a cargos públicos reserve os tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descriti-
LÍNGUA PORTUGUESA

um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes vo; Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tar seu conhecimento de mundo.
GÊNERO TEXTUAL
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a com-
preensão textual é ativado, por isso, é natural ao nosso
cérebro associar informações, a fim de compreender FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
o novo texto que está em processo de interpretação.
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
cício para atestarmos a importância da ativação do A partir desse esquema, podemos identificar que a
conhecimento de mundo em um processo de interpre- orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual 11
predominante que o texto deve manter, organizado Stop! Com Beatles songs
pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence. Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax;
Lutar com vietcongs
TIPO TEXTUAL Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução;
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apre- Girava o mundo, mas acabou
sentadas no texto. Também é chamado de sequência Fazendo a guerra no Vietnã
textual. Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
GÊNERO TEXTUAL Um instrumento que sempre dá
6. Situação final;
A mesma nota,
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída 7. Avaliação;
ra-tá-tá-tá
socialmente. Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
Uma última informação muito importante sobre Pois está morto no Vietnã
tipos textuais que devemos considerar é que nenhum Stop! Com Rolling Stones
texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor- Stop! Com Beatles songs
re é a existência de predominância de algumas sequên- 8. Moral.
Stop! Com Beatles songs
cias em detrimento de outras, de acordo com o texto. No peito, um coração não há
Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a Mas duas medalhas sim
diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo Fonte: google.com/letrasdemusica. Acessado em: 05/09/2020.
suas principais características e marcas linguísticas.
Essas sete marcas que definem o tipo textual nar-
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
rativo podem ser resumidas em marcas de organiza-
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
ção linguística que são caracterizadas por: Presença
Narrativo de marcadores temporais e espaciais; verbos, pre-
dominantemente, utilizados no passado; presença
Os textos compostos predominantemente por se- de narrador e personagens.
quências narrativas cumprem o objetivo de contar
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão Importante!
de algumas estratégias, como a organização dos fatos
Os gêneros textuais que são, predominantemen-
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um te, narrativos, apresentam outras tipologias tex-
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. tuais em sua composição, tendo em vista que
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- nenhum texto é composto exclusivamente por
vo pode ser caracterizado por sete aspectos, são eles: uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
z Situação inicial – Envolve a “quebra” de um equi- dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
z Complicação – Desenvolvimento da tensão apre-
sentada inicialmente; Para sua compreensão, também é preciso saber o
z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que que são marcadores temporais e espaciais.
ampliam a tensão; São formas linguísticas como advérbios, pronomes,
z Resolução – Momento de solução da tensão; locuções etc. utilizados para demarcar um espaço físi-
z Situação final – Retorno da situação equilibrada; co ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos,
z Avaliação – Apresentação de uma “opinião” sobre esses elementos são essenciais para marcar o equilíbrio e
a resolução; a tensão da história, além de garantirem a coesão do tex-
z Moral – Apresentação de valores morais que a histó- to. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: Atual-
ria possa ter apresentado.
mente, naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então...
Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin-
sença do narrador da história. Por isso, é importante
te exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...”
aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
Vamos ler e identificar essas características, bem
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex- rador de um texto:
tual narrativo.
Narrador: também conhecido como foco narrativo é o res-
ponsável por contar os fatos que compõem o texto.
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones 1. Situação inicial: pre- Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pessoa.
Girava o mundo sempre a cantar domínio de equilíbrio; O narrador participa dos fatos.
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pessoa. O
Havia uma garota afim narrador tem propriedade dos fatos contados, porém não
Cantava Help and Ticket to Ride participa das ações.
Oh Lady Jane, Yesterday
2. Complicação: início
Cantava viva à liberdade Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em 3ª
da tensão
Mas uma carta sem esperar ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não
Da sua guitarra, o separou participa das ações, porém o fluxo de consciência do nar-
Fora chamado na América rador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa.
Stop! Com Rolling Stones
12
Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas Expositivo
predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir- O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a
mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo
narrativos, não significa que não possam apresentar textual, é muito comum a presença de dados, informa-
outras sequências em sua composição. ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus-
classificação correta, é sempre essencial prestar aten- trar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
ção nas marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do
tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
cas mais importantes da sequência textual classifica-
da como descritiva.

Descritivo

O tipo textual descritivo é marcado pelas formas


nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên-
cia descritiva como suporte para um propósito maior.
São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
sões a respeito de alguns aspectos do território que
viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.

Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e


quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que
assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde-
ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto
da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos
com as curvas assim tintas, e também os colos dos
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên-
cia assim descobertas, que não havia nisso desver-
gonha nenhuma.
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-
(https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha) mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua/2016

Note que apesar da presença pontual da sequência O infográfico acima apresenta as informações per-
narrativa, há predominância da descrição do cenário tinentes sobre o panorama mundial da situação da
e dos personagens, evidenciada pela presença de adje- água no ano de 2016. O gênero foi construído com o
tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco- objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
bertas etc). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
de relato descritivo para manter a comunicação entre guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
a Corte Portuguesa e os navegadores. Todavia, con- gir esse objetivo.
siderando as emergências comunicativas do mundo Assim como os tipos textuais apresentados ante-
moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e, riormente, os textos expositivos também apresentam
aos poucos, substituído por outros gêneros como, por uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
exemplo, o e-mail. outras sequências textuais, tendo em vista que, para
Organização do texto descritivo: apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
LÍNGUA PORTUGUESA

argumentativos, uma vez que existem textos argu-


mentativos que são classificados como expositivos,
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
13
Marcas linguísticas do texto expositivo: No exemplo acima, podemos destacar a presença
de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai-
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre- xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo,
sença de verbos de estado; como: instalar, cadastrar, avançar. Outra característi-
z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que ca dos textos injuntivos é a enumeração de passos a
organizam a informação; serem cumpridos para a realização correta da tare-
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos; fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais
z Presença de figuras de linguagem como Metáfora didática.
e Comparação; É importante lembrar que a principal marca
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao linguística dessa tipologia é a presença de verbos
final do texto.
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi-
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
nadas pelo gênero.
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:
Argumentativo
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-
NARAM O MUNDO O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43 complexo e, por vezes, pode apresentar um maior
grau de dificuldade na identificação, bem como em
Hedy Lamarr - conexão wireless sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a
Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” defesa de uma tese e a apresentação de argumen-
(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy tos que visam sustentar essa tese.
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia Um exemplo típico desse tipo de texto argumen-
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer- tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto,
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên- a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini- defendido pelo autor de maneira contextualizada. No
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde, segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto
Wi-Fi e o Bluetooth. de vista, como dados estatísticos, definições, exempli-
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado. ficações, alusões históricas e filosóficas, referências
Instrucional ou Injuntivo a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o
autor conclui ratificando seu ponto de vista e apresen-
O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri- ta possíveis soluções para o problema em questão.
zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL- Outro aspecto importante dos textos argumentati-
CANTE, 2013, p.73) que busca convencer o leitor a realizar vos é que eles são compostos por estruturas linguísti-
alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante em gêne- cas conhecidas como operadores argumentativos, que
ros como: bula de remédio, tutoriais na internet, horósco- organizam as orações subordinadas, estruturas mais
pos e também nos manuais de instrução. comuns nesse tipo textual.
A principal marca linguística dessa tipologia é a A seguir, apresentamos um quadro sintético com
presença de verbos conjugados no modo imperativo e algumas estruturas linguísticas que funcionam como
também em sua forma infinitiva. Isso se deve ao fato de operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
essa tipologia buscar persuadir o leitor e levá-lo a reali- a leitura de textos argumentativos:
zar as ações mencionadas pelo gênero.
Para que possamos identificar corretamente essa tipo- OPERADORES ARGUMENTATIVOS
logia textual, faz-se necessário observar um gênero textual É incontestável que...
que apresente esse tipo de texto, como o exemplo a seguir: Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
É mister, é fundamental, é essencial...
Como faço para criar uma conta do Instagram?
Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
Essas estruturas utilizadas adequadamente no
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
texto argumentativo expõem a opinião do autor, aju-
ou Google Play Store (Android).
dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
para abri-lo. estrutura argumentativa desse tipo textual.
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de O tipo textual argumentativo não pode ser confun-
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira dido com o gênero textual dissertativo-argumentativo.
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi- Esse gênero é composto por sequências argumentati-
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam- vas, mas também há a apresentação, dissertação de
bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se ideias, a fim de alcançar a persuasão do ouvinte/leitor.
cadastrar com sua conta do Facebook. O Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM é um cer-
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te- tame que cobra esse gênero em sua prova de redação.
lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você GÊNEROS TEXTUAIS
se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
conta do Facebook, caso tenha saído dela. Quando pensamos em uma definição para gêne-
ros textuais, somos levados a inúmeros autores que
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em: buscaram definir e classificar esses elementos, e,
14 07/09/2020.
inicialmente, é interessante nos lembrarmos dos O gênero anúncio apresenta uma clara referên-
gêneros literários que estudamos na escola. Pode- cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des-
mos nos remeter ao conceito de Tragédia e Comédia, se gênero que é, predominantemente, narrativo foi
referindo-se aos clássicos da literatura grega. Afinal, modificada para que o propósito do anúncio fosse
quem nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou de alcançado, ou seja, persuadir o leitor e leva-lo a adqui-
A Odisseia, ambas de Homero? Mas o que esses textos rir os produtos da marca. No caso do gênero anún-
têm em comum? Inicialmente, você pode ser levado a cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua
pensar que nada, além do fato de terem sido escritos estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a
pelo mesmo autor, porém, a estrutura dessas histórias fim de que a principal função do anúncio se cumpra,
respeita um padrão textual estabelecido e reconheci- qual seja: vender um produto.
do na época em que foram escritas. A partir desses exemplos, já podemos enumerar
De maneira análoga, quando pensamos em gêne- mais algumas características comuns a todos os tipos
ros textuais, devemos buscar identificar os elementos de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o
que caracterizam textos, aparentemente, tão dife- propósito de um gênero, para alguns autores, como
rentes, logo, da mesma forma que comparamos as Swales (1990), chamado de propósito comunicativo.
estruturas de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea-
semelhanças entre uma notícia e um artigo de opi- lizar um objetivo ou objetivos, então, ele sustenta a
nião, por exemplo, e também, é fundamental identi- posição de que o propósito comunicativo é o critério
ficar as razões que nos levam a classificar cada um de maior importância, pois é o que motiva uma ação e
desses gêneros com termos diferentes. é vinculado ao poder do autor.
Esse ponto de interseção é o que podemos estabe- Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
lecer como os principais aspectos de classificação de do como tal, é amparado por um protótipo textual, o
um gênero textual. qual também pode ser reconhecido como estereótipo
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p.71),
textual, que resguarda características básicas do gêne-
o ponto de interseção que estabelece sobre qual
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de
nado acima, identificamos traços do gênero contos de
comportamentos estereotipados e anônimos que se
fada tanto na porção textual do anúncio que começa
estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam
com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens
sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro
que remetem ao conto da “Branca de Neve”.
elemento que precisamos identificar para classificar
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os
um gênero é o papel social, marcado pelos compor-
falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero
tamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem
e também a escrever esse gênero quando necessi-
vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer com-
ta. Isso torna a característica da prototipicidade tão
preender tão bem quanto ser compreendido.
importante no reconhecimento e na classificação de
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife-
um gênero. Ademais, os traços estereotipados de um
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos
gênero devem ser reconhecidos por uma comunida-
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui-
de, reafirmando o teor social desses elementos, e esta-
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- belecendo a importância de um indivíduo adquirir o
nar outros aspectos importantes na classificação des- hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais gêne-
ses elementos, justamente devido à dinâmica social ros se é exposto.
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de Portanto, a partir de todas essas informações
alterações em sua estrutura. sobre os gêneros textuais, podemos afirmar que, de
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, maneira resumida, os gêneros textuais são ações
tornando o gênero completamente modificado, como linguísticas situadas socialmente que servem a
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem- propósitos específicos e são reconhecidos pelos
plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam seus traços em comum. A seguir demonstramos uma
a uma finalidade específica e momentânea, como tabela com as características básicas para a correta
aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da identificação dos gêneros textuais:
loja O Boticário:
GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:
LÍNGUA PORTUGUESA

z Ações sociais;
z Ações com configuração prototípica;
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade;
z O propósito de uma ação social;
z Divididos em classes.

Outra importante característica que devemos refor-


çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
há um número exato de gêneros textuais que possamos
Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acessado em: 12/09/2020. estudar, diferentemente dos tipos textuais. 15
GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS

Relação com aspectos sociais. Associação a aspectos linguísticos.

Podem ser alterados. Não podem sofrer alteração, sob pena de serem reclassificados

Estabelecem uma função social. Organizam os gêneros textuais.

Apesar de não existir um número quantificável de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos gêneros
mais comuns nas provas de concursos, com o fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo na resolução
de questões que envolvam esse assunto. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais gêneros textuais abor-
dados em importantes bancas de concursos no país. Posteriormente, trazemos questões de provas de concursos
anteriores que irão nos auxiliar a praticar esse conteúdo.

NOTÍCIA

A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de maneira obje-
tiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequências textuais narrativas e descritivas na sua composição linguística,
por isso, é fundamental sempre termos em mente as características basilares de todos os principais tipos textuais, os
quais tratamos anteriormente.
Como aprendemos no início deste capítulo, os gêneros textuais possuem características que os distinguem dos
tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo a questões sociais, ter um propósito comunicativo e apresentar uma
configuração mais ou menos padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta essas características, seu propósito comunicativo é informar
uma comunidade sobre assuntos de interesse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada com imparcialida-
de, ou seja, sem que o meio que a transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra importante característica
da notícia é a sua configuração prototípica, seu padrão textual reconhecido por leitores de uma comunidade.
Essa configuração própria da notícia é reconhecida pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. Vejamos
na prática como reconhecer o esquema prototípico desse gênero:

Casal suspeito de assaltos é preso após colidir carro na contramão enquanto fugia da polícia, em Fortaleza Manchete
Foram apreendidos três aparelhos celulares roubados e uma arma de fogo com seis munições. Lead
Um casal suspeito de realizar assaltos foi preso após capotar um carro ao dirigir na contramão enquanto fugia da
polícia na tarde deste domingo (13), no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza.
Corpo
Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, disse que os assaltantes dirigiam em alta velocidade pelas ruas
da Notícia
após abordar de forma fria os pertences. “A mulher estava conduzindo o carro e o comparsa dela abordava as pes-
soas colocando a arma na cabeça”, afirmou.
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.

Na formulação de uma notícia, para que ela atinja seu propósito de informar, é fundamental que o autor do
texto seja guiado por essas perguntas a fim de tornar seu texto imparcial e objetivo:

É importante ressaltar que, com o advento das redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o gênero
notícia seja divulgado por meio de plataformas diferentes, como as redes sociaissso democratiza a informação,
porém também abre margem para a criação de notícias falsas que se baseiam nesse esquema de organização
das notícias para buscar alguma credibilidade do público. Então, atualmente, podemos afirmar que a fonte de
publicação é tão importante para o reconhecimento de uma notícia quanto a estrutura padrão do gênero da qual
tratamos acima.
O próximo gênero que trataremos é a reportagem que guarda sutis diferenças em comparação com a notícia e
16 também é muito abordada em provas de concursos.
REPORTAGEM portanto, a reportagem também apresentará esse
paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu-
A reportagem é um gênero textual que, diferen- mentativo, porém pode apresentar outras sequências
temente da notícia, além de oferecer informações textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
acerca de um assunto, também apresenta os pontos A seguir daremos continuidade aos nossos estudos
de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
sobre os principais gêneros textuais objeto de provas
argumentativo; essa é a principal diferença entre os
de concurso com um dos gêneros mais comuns em
gêneros notícia e reportagem.
provas de seleções: o artigo de opinião.
Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
ARTIGO DE OPINIÃO
nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por
isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com O artigo de opinião faz parte da ordem de textos
a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista. que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumen-
tação para analisar, avaliar e responder a uma ques-
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre
tão controversa. Esse instrumento textual situa-se no
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que
diente” dos textos desse gênero que são representados,
circula, principalmente, em jornais e revistas impres-
predominantemente, pela sequência argumentativa.
sos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a dis-
É importante relembrarmos que o tipo textual
cussão de um problema de âmbito social. E, por meio
argumentativo é organizado em três macro partes:
dessa discussão, podemos defender nossa opinião,
tese, desenvolvimento e conclusão (conferir no capí-
como também refutar opiniões contrárias às nossas,
tulo anterior). Por manter esse padrão, a reportagem
ou ainda, podemos propor soluções para a questão
aprofunda-se em temas sociais de ampla repercussão
controversa.
e interesse do público, algo que não é o foco da notícia,
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi-
tendo em vista que a notícia busca apenas a divulga-
nião é a de convencer seu interlocutor, para isso, ele
ção da informação.
terá que usar de informações, fatos, opiniões que
Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
serão seus argumentos. BRÄKLING apud Ohuschi e
tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
Barbosa aponta:
como a televisão, o computador, o tablet, o celular.
As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que
ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
se busca convencer o outro de uma determinada
podem ser veiculadas em suportes escritos, como ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por
revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das meio de um processo de argumentação a favor de
redes sociais, estas são os principais meios de divulga- uma determinada posição assumida pelo produtor
ção desse gênero atualmente. e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor- um processo que prevê uma operação constante de
tagem apresenta informações mais detalhadas sobre sustentação das afirmações realizadas, por meio
um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. da apresentação de dados consistentes que possam
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados convencer o interlocutor (2011. p.305).
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
trua sua própria opinião sobre o tema. Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero,
A despeito dessas diferenças na construção dos o escritor deverá usar de diversos conhecimentos,
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar- como: enciclopédicos, interacionais, textuais e linguís-
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às ticos. É por meio da escolha de determinados recursos
perguntas O Quê? Como? Por Quê? Onde? Quando? linguísticos que percebemos que nada é por acaso,
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da pois, a cada escolha há uma intenção: “... toda ativida-
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da de de interpretação presente no cotidiano da lingua-
primeira por seu caráter essencialmente informativo. gem fundamenta-se na suposição de quem fala tem
Por exemplo: certas intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determi-
Notícia nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento
Apresenta um fato de forma simples e objetiva; sobre esse tema. Por isso, normalmente, os autores
Objetivo é informar; de artigos de opinião são especialistas no assunto por
Apuração dos fatos objetiva; eles abordado. Ao escolherem um assunto, os autores
Conteúdo de curto prazo; devem considerar as diversas “vozes” já existentes
LÍNGUA PORTUGUESA

Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida sobre mesmo assunto. E, dependendo da intenção,
(conf. acima). apoiar ou negar determinadas vozes.
Reportagem Por isso que a linguagem utilizada pelo articulis-
Questiona fatos e efeitos de um fato determinado; ta de um texto de opinião deve ser simples, direta,
Apresenta argumentos sobre um mesmo fato; convincente; utiliza-se a terceira pessoa, apesar de
Apuração extensa; a primeira ser adequada para um artigo de opinião
Conteúdo sem ordem determinada, pode apresen- pessoal, porém, ao escolher a terceira pessoa do sin-
tar entrevistas, dados, imagens, etc. gular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao
seu texto, fazendo com que sua produção textual não
Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado. fique centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
É importante ressaltar que nenhum gênero é com- guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
posto apenas por uma única sequência textual e que, estruturação: 17
z Identificação do tema, acompanhada de seus ante- O editorial, além de ser um gênero muito comum
cedentes e alcance para situar a questão polêmica; nas provas de interpretação textual em concursos
z Tomada de posição, exposição de argumentos de públicos, também é, recorrentemente, cobrado por
modo a justificar a tese; muitas bancas em provas de redação. Por isso, a
z Reafirmação da posição adotada no início da pro- seguir, apresentamos um breve esquema para facili-
dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti- tar a escrita desse gênero, especialmente em certames
culadas e o texto é concluído. que cobrem redação.

ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO


EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR
Identificação da questão polêmica PARÁGRAFOS
Introdução
alvo de debate no texto.
Apresentação do tema (situando o leitor)
Tese do autor (posicionamento de- e já com um posicionamento definido.
fendido) – Tese contrária (posiciona- Parágrafo 1
Ser didático ao apresentar o assunto ao
Desenvolvimento mentos de terceiros) – Aceitação ou leitor.
refutação – Argumentos a favor da
tese do autor do texto. Contextualização do tema, comparando-
-o com a realidade e trazendo as causas
Fechamento do texto e reforço do po-
Conclusão Parágrafo 2 e indicativos concretos do problema.
sicionamento adotado.
Mais uma vez, posicionamento sobre o
assunto.
No processo de escrita de qualquer texto, é preci-
so estar atento aos elementos de coesão que ligam as Análise e as possíveis motivações que
ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos tex- tornam o tema polêmico (ou justificativas
tos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais Parágrafo 3 de especialista da área). É preciso trazer
atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com dados factuais, exemplos concretos que
a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. ilustram a argumentação.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estu- Conclusivo, com o posicionamento crí-
dos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem, Parágrafo 4 tico final, retomando o posicionamento
apresentando outro gênero sempre presente nas provas inicial sem se repetir.
de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.
A seguir, apresentamos nosso último gênero tex-
EDITORIAL tual abordado neste material. Lembramos que o
universo de gêneros textuais é imenso, por isso, é
Até aqui, estudamos dois gêneros com predominân- impossível apresentar uma compilação de estudos
cia de sequência argumentativa. O terceiro será o edi- com todos os gêneros, apesar disso, trazemos aqui os
torial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e principais gêneros cobrados em avaliações de língua
que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
portuguesa. Seguindo esse critério, o próximo gênero
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos
estudado é a crônica.
textos argumentativos de uma forma geral, iremos
nos atentar aqui para as principais características do
gênero editorial e no que ele se diferencia do Artigo CRÔNICA
de opinião, por exemplo.
O gênero crônica é muito conhecido no meio lite-
rário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se
EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
tornaram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fer-
Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um nando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser
tema atual; um gênero curto de cunho social voltado para temas
O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores
atuais, é muito usado em provas de concurso para
sobre alguma temática importante;
Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma
ilustrar questões de interpretação textual e também
causa de interesse coletivo; para contextualizar questões que avaliam a compe-
Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desen- tência gramatical dos candidatos.
volvimento e Conclusão! As crônicas apresentam uma abordagem cotidia-
na sobre um assunto atual e podem ser Narrativas ou
O início de um editorial é bem semelhante ao de Argumentativas.
um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central
ou problema social a ser debatido no texto, poste-
CRÔNICA
riormente segue-se a apresentação do ponto de vista CRÔNICA NARRATIVA
ARGUMENTATIVA
defendido e conclui-se com a retomada da opinião
apresentada incialmente. A principal diferença entre Defesa de um ponto de
editorial e artigo de opinião é que aquele representa vista, relacionado ao as-
Limitam-se a contar fatos
a opinião de uma corporação, empresa ou instituição. sunto em debate;
do cotidiano;
Uso de argumentos e
Pode apresentar um tom
fatos;
EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS humorístico;
Também pode ser escrita
Foco narrativo em 1ª ou 3ª
Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural; em 1ª ou 3ª pessoa;
pessoa.
Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante; Uso de argumentos de
18 Linguagem clara, objetiva e impessoal. modo pessoal e subjetivo.
Apesar de as formas de texto verbais serem o for- algumas metodologias (e também em alguns editais de
mato mais comum na construção de uma crônica, concurso), os gêneros serão tratados como do discurso.
atualmente, podemos encontrar crônicas veiculadas Gêneros do discurso marcam o processo de inte-
em outros formatos, como vídeo, muito divulgados ração verbal e como todo discurso materializa-se por
nas redes sociais. meio de textos, a nomenclatura gêneros textuais tor-
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, na-se mais adequada para essa perspectiva de estudos.
trata-se de um texto com estrutura argumentativa Podemos distinguir as duas variantes vocabulares de
padrão (Introdução, Desenvolvimento, Conclusão), acordo com as demandas sociais e culturais de estudo
muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é dos gêneros.
um gênero que passeia pelos ambientes literários e
jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com
observação dos fatos sociais mais atuais; outra carac-
terística presente nesse gênero é o uso de figuras de
linguagem, como a ironia e a metáfora que auxiliam DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL
na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir apresentamos um trecho da crônica “O A ortografia trata-se do ramo que estuda a forma
que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em correta da escrita das palavras. Veja, por meio de algu-
que podemos identificar as principais características mas regras, como acabar com suas dúvidas e escrever
desse gênero: corretamente.

Emprego do X e do CH
O que é um livro?
O que é um livro? A pergunta se impõe neste O “X” é utilizado:
momento em que que a isenção de impostos sobre
o objeto primeiro da cultura e do conhecimento
� Após os ditongos (encontro de duas vogais).
está em risco. Uma contribuição tributária de 12%
Ex.: peixe, faixa, caixa, ameixa, queixo, baixo,
afastaria ainda mais a leitura de quem tanto pre-
encaixe, paixão, rouxa, frouxo.
cisa dela.
� Exceção: recauchutar (e seus derivados) e caucho.
Um livro é:
� Após as sílabas “en” e “me”.
– A casa das palavras. Acabei de gravar um
vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar,
ofício de um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, enxugar, mexerica, mexilhão, mexer, mexicano,
fazer a cama das palavras, providenciar sua comi- enxovalho.
da, vesti-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no Algumas palavras formadas por prefixação (pre-
tempo para a frente e para trás. Habitar o passa- fixo “en” + radical) são escritas com “ch” (enchente,
do ao tempo em que foi escrito. Ou revisitá-lo de encharcar, etc.).
outro ponto de vista, inalcançável quando o passa-
do aconteceu: o do presente, com todos os conhe- � Exceção: mecha (de cabelo);
cimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. � Em palavras de origem indígena e africana e pala-
[…] vras inglesas aportuguesadas.
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e Ex.: xampu, xerife, xará, xingar, xavante.
ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. � Outras palavras escritas com “X”: bexiga, laxativo,
Palavra e música, prosa e poesia. Luz e sombra. caxumba, xenofobia, xícara, xarope, lixo, capixa-
Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de ba, xereta, faxina, maxixe, bruxa, relaxar, roxo,
preservação do alheio e ponto de encontro com graxa, puxar, rixa.
nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas
estão disponíveis, para que cada um possa abrir Algumas palavras com “CH”: chicória, ficha, chi-
a sua. marrão, churrasco, chinelo, chicote, cachimbo, fanto-
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, che, penacho, broche, salsicha, apetrecho, bochecha,
dragões enfrentam centauros. O pântano onde as brecha, pechincha, inchar, flecha, chute, deboche,
hidras agitam suas múltiplas cabeças. mochila, pichar, lincha, fechar, fachada, comichão,
– Todas as palavras do sagrado, todas elas chuchu, charque, cochicho.
foram postas nos livros que deram origem às reli-
giões e neles conservadas.
z Há ainda algumas palavras homófonas, que podem
LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado. ser escritas das duas formas, porém têm significa-
dos diferentes. Veja algumas:
Como podemos notar, a crônica trata de um assun-
to bem atual: o aumento da carga tributária que inci- � Brocha (pequeno prego)
de sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua � Broxa (pincel para caiação de paredes);
opinião e segue argumentando sobre a importância � Chá (planta para preparo de bebida)
dos livros na sociedade com um ponto de vista ladea- � Xá (título do antigo soberano do Irã);
do pela literatura, o que fortalece sua argumentação. � Chalé (casa campestre de estilo suíço)
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex- � Xale (cobertura para os ombros);
tuais, é importante deixarmos uma informação rele- � Chácara (propriedade rural)
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os � Xácara (narrativa popular em versos);
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas � Cheque (ordem de pagamento)
formas de dizer marcadas pelo discurso, por isso, em � Xeque (jogada do xadrez). 19
Emprego do C, Ç, S e SS � Jiló, jagunço, jabá.

Por possuírem o mesmo som, as letras C, Ç, S e SS z A conjugação do verbo “viajar”, no Presente do


costumam causar bastante confusão. Porém, existem Subjuntivo, escreve-se com j: Que eles (as) viajem.;
algumas regrinhas que nos ajudam a saber quando
z Verbos no infinitivo escritos com “G” antes de “e”
usar qual delas. Veja:
ou “i” têm o “G” substituído por “J” em algumas fle-
xões, para manter o mesmo som.
a) O /c/ só é usado com valor de “s” com as vogais “e” e “i”
Afligir – aflija, aflijo;
Ex.: acém, ácido, aceso, macio.
Agir – ajam, ajo;
Com as vogais “o” e “u”, usa-se Ç.
Eleger – elejam, elejo.
Ex.: Açougue, açúcar, caçula.
b) Em início de palavras, o Ç e o SS não são usados em
início de palavras.
O “S” inicia palavras quando seguido de qualquer
uma das vogais. DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE
Ex.: Sapato, segurança, solteiro, sucesso.
O “C” inicia palavras (possuindo o mesmo som de
COESÃO TEXTUAL
“S”) apenas com as vogais “e” e “i”.
EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO,
Ex.: Cenoura, cela, cigarro, cinema.
c) O “S” tem sempre som de /z/ quando está entre SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES
vogais. Sendo assim, palavras compostas deriva- E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO
das de uma palavra com “S” no início passam a ser TEXTUAL
escritas com “SS”, mantendo o som de /s/.
Ex.: Sala – Antessala / Sol – Girassol / Seguir Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-
– Prosseguir. zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
d) “SS” é utilizado somente entre vogais. coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-
Ex.: Passagem, pessoa, posse, possível. ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
Emprego do C e QU e por que buscar esse padrão é importante.
Os textos não são somente um aglomerado de pala-
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articu-
É comum encontrarmos algumas palavras que nos
ladas e organizadas harmoniosamente de maneira
colocam na dúvida: usar C ou QU?
que o texto faça sentido como um todo. A ligação, a
Bom, existem palavras que podem ser escritas tan-
relação, os nexos entre essas partes estabelecem o que
to de uma forma, como de outra. Veja:
se chama de coesão textual. Os articuladores respon-
Catorze/ quatorze; cociente / quociente; cotidiano /
sáveis por essa ‘costura’ do tecido (tessitura) do texto
quotidiano; cotizar / quotizar.
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
Palavras que só podem ser escritas de uma forma:
articulados de forma que garanta uma relação lógica
Cinquenta, cinquentenário, cinquentão, cinquentona.
entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
Emprego do K, W e Y - Símbolos e siglas
gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
peito disso, temos a coerência textual que está ligada
� Kg – quilograma;
diretamente à significação do texto, aos sentidos que
� Km – quilômetro;
ele produz para o leitor.
� k – potássio.

Nomes próprios e seus derivados originados de COESÃO COERÊNCIA


língua estrangeira.
Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa-
� Kelly, Darwin, Wilson, darwinismo. perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro-
na forma e na articulação dução de sentido/relação
Palavras estrangeiras não adaptadas para o entre as ideias. lógica.
português:
Fonte: Elaborado pela autora.
� Feedback, hardware, hobby.
Podemos usar uma metáfora muito interessante
Emprego do G e do J quando se trata de compreender os processos de coe-
são e coerência.
O “G” é utilizado em: Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um
Palavras terminadas em “–gio”: prédio, tal qual uma boa construção precisa de um bom
alicerce para manter-se em pé; um texto bem construí-
� Estágio, relógio, refúgio, presságio. do depende da organização das nossas ideias, da forma
Substantivos terminados em “-em”: como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre-
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos,
� ferrugem, carruagem, passagem, viagem. a fim de defendermos nossas ideias adequadamente.
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
O “J” é utilizado:
cipais formas de marcação, em um texto, de processos
Em palavras de origem indígena. que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
� Pajé, canjica, jerimum. apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
20 Em palavras de origem africana. cas que os processos envolvendo a coerência.
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas Já os processos referenciais catafóricos apontam
características da coerência em um texto e como esse para porções textuais que ainda não foram mencio-
processo liga-se, não apenas às formas gramaticais, nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a
mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista”
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus- Dica
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
que se encontra mais na mente que no texto”. Em provas de concursos e seleções ainda se
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) encontra a terminologia “expressões referenciais
para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no
passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe- material. No entanto, é importante salientar que
são. A autora afirma que a coerência: para linguistas e estudiosos, as anáforas são os
processos referenciais que recuperam e/ou apon-
[...] Não está no texto em si; não nos é possível tam para porções textuais.
apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
tivos e interacionais e na materialidade linguística,
Utilizar pronomes para manter a coesão de um
confere sentido ao que lê (2013, p.31).
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão
a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
importantes para uma boa compreensão e elaboração
estudo os principais pronomes utilizados em recursos
textual. É importante destacar que esses processos
textuais para manter a coesão.
de coesão não podem ser dissociados da construção
A pronominalização é a base de recursos anafóri-
de sentidos implícita no processo de organização da
coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos específico a que o autor faz referência no texto, veja-
com fins estritamente didáticos. mos dois exemplos:

COESÃO REFERENCIAL O primeiro debate entre Donald Trump e Joe


Biden foi quente, com diversas interrupções e acu-
A coesão marcada por processos referenciais rela- sações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi
ciona termos e ideias a partir de mecanismos que a indicação de Trump da juíza conservadora Amy
inserem ou retomam uma porção textual. Os proces- Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de
sos marcados pela referenciação caracterizam-se pela Ruth Bader Ginsburg. O presidente defendeu que
ação de referir, ou seja, são marcados pela constru- tem esse direito, pois os republicanos têm maioria
ção de referentes em um texto, os quais se relacionam no Senado [Casa que ratifica essa escolha] e criticou
com as ideias defendidas no texto. Esse processo é os democratas, dizendo “que eles ainda não aceita-
marcado por vocábulos gramaticais e pode ser reco- ram que perderam a eleição”. […].
nhecido pelo uso de algumas classes de palavras, das O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os
quais falaremos a seguir. EUA são o país mais atingido pela pandemia - são
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces- 7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O
sos referenciais que envolvem o uso de expressões âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que eles
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013), fariam até que uma vacina aparecesse. Biden ata-
“as expressões que retomam referentes já apresenta- cou o republicano dizendo que Trump “não tem um
dos no texto por outras expressões são chamadas de plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua
anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir: resposta atacando a China - “deveriam ter fechado
suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as
estatísticas da Rússia e da própria China e, com pou-
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bair- ca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho”
ro, que vivia de suas discretas lutas, no início de nesse momento dos EUA.
sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
era um jovem promissor, mas nunca se interessou
debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um
agiota italiano chamado Tony Gazzo, com quem
LÍNGUA PORTUGUESA

Após a leitura do texto, é possível notar que a


manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de
recuperação da informação apresentada é feita a par-
Rocky por ele ser descendente de italiano e o aju-
tir de muitos processos de coesão, porém, o uso dos
dou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na
pronomes destacados recupera o assunto informado
primeira luta que fez com Apollo Creed.
e ajudam o leitor a construir seu posicionamento. É
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em: importante buscar sempre o elemento a que o prono-
30/09/2020. Adaptado. me faz referência, por exemplo, o primeiro pronome
pessoal destacado no texto, refere-se ao termo “repu-
A partir da leitura, podemos perceber que todos os blicanos”, já o segundo, faz referência aos presiden-
termos destacados fazem referência a um mesmo refe- ciáveis que participavam do debate. Nota-se, com isso,
rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza- que esses pronomes apontam para uma parcela obje-
do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas tiva do texto, diferente do pronome “essa”, associado
gramaticais e buscam conectar as ideias do texto. ao substantivo “tragédia” que recupera uma parcela 21
textual maior, fazendo referência ao momento de Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel-
pandemia pelo qual o mundo passa. chior foi um cantor, compositor, músico, produtor,
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem-
da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi- bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner,
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso
Não é possível saber qual dos homens estava internacional, em meados da década de 1970.
acompanhado.
Por fim, destacamos que as classes de palavras Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
30/09/2020 – Adaptado.
relacionadas neste capítulo com os processos de coe-
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti-
va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas Todas as marcações em negrito fazem referência ao
escolares. O interesse das principais bancas de con- nome inicial Antônio Carlos Belchior, os termos que se
cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta- referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise dores que servem para ligar ideias e construir o texto.
de processos coesivos visa analisar a capacidade do
candidato de reconhecer a que e qual elemento está USO DE ADJETIVOS
construindo as referências textuais.
Os adjetivos também são considerados expressões
USO DE NUMERAIS nominalizadoras que fazem referência a uma porção
textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor,
categorias gramaticais concorre para a progressão músico, produtor, artista plástico e professor”
textual, uma das classes gramaticais que auxilia esse apresenta seis nomes que funcionam como adjetivos
processo é o uso de numerais. Não iremos nos estender de Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informa-
neste tópico explicando os tipos e classes de numerais ções sobre essa personalidade, referida anteriormente.
que devem ser de conhecimento do candidato e podem É importante recordar que não podemos identifi-
ser encontrados em qualquer gramática escolar. car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati- ta, professor são substantivos que funcionam como
vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante- adjetivos e colaboram na construção textual.
riores numa relação de coesão.
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
USO DE VERBOS VICÁRIOS
meiro era para os professores, o segundo para os alunos.
As formas destacadas são numerais ordinais que
recuperam informação no texto, evitando a repetição O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual. significa “fazer as vezes”, assim, os verbos vicários são
verbos usados em substituição de outros que já foram
USO DE ADVÉRBIOS muito utilizados no texto.
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe- esperávamos.
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
processo de coesão. As formas adverbias que marcam oração pelo verbo “foi”.
tempo e espaço podem também ser denominadas de
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos: ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem... Percebam que
esses advérbios só podem ser associados a um refe- Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
rente se forem instaurados no discurso, isto é, se man- Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
tiverem associação com as pessoas que produzem as fizemos”
falas, assim, uma pessoa que lê “hoje não haverá aula”, Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por
em um cartaz na porta de uma sala, compreenderá falta de interesse”
que a marcação temporal refere-se ao momento em Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”
que a leitura foi realizada. Por isso, esses elementos
são conhecidos como dêiticos. USO DE ELIPSE
Independentemente de como são chamados, esses
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex-
A elipse é uma forma de omissão de uma informação
to, auxiliando também a construção da coesão textual.
já mencionada no texto, geralmente, estudamos a
elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
USO DE NOMINALIZAÇÃO
linguagem de uma gramática, neste material, iremos
nos deter a maiores aspectos da elipse também nessa
As expressões que retomam ideias, nomes, já
seção. Aqui é importante salientar as propriedades
apresentados no texto, mediante outras formas de
expressão podem ser analisadas como processos recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e pósito de manter a coesão textual.
outras classes nominais. Conforme Antunes (2005, p.118), a elipse como
Essas expressões recuperam informações median- recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên-
uso de pronomes, conforme vimos anteriormente. cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu-
22 Vejamos um exemplo: zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas
recuperável por marcas do próprio contexto verbal”. apreendido. Exemplos de conjunções subordinativas
Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo: atuando na coesão:

“O Brasil evoluiu bastante desde o início Como não havia estudado suficiente,
do século XXI. O país proporcionou a in- CAUSAL
resolvi não fazer essa prova.
clusão social de muitas pessoas. A nação
Sem Elipse Falaram tão mal do filme que ele
obteve notoriedade internacional por cau- CONSECUTIVA
sa disso. A pátria, porém, ainda enfrenta nem entrou em cartaz.
certas adversidades...”
COMPARATIVA Trabalhou como um escravo.
“O Brasil evoluiu bastante desde o início do
século XXI e proporcionou a inclusão social Conforme o Ministro da Economia,
CONFORMATIVA
de muitas pessoas, por causa disso obteve Com Elipse os concursos não irão acabar.
notoriedade internacional, porém ainda en-
Ainda que vivamos um período de
frenta certas adversidades...”
CONCESSIVA poucos concursos, não podemos
desanimar.
COESÃO SEQUENCIAL
Se estudarmos, conseguiremos
A coesão sequencial é responsável por organizar a CONDICIONAL
ser aprovados!
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu-
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro- À proporção que aumentava seus
mover a evolução do debate assumido pelo autor. A PROPORCIONAL horários de estudo, mais forte o
coesão sequencial pode ser garantida, em um texto, candidato se tornava.
a partir de locuções que marcam tempo, conjunções,
desinências e modos verbais. Neste material, iremos Estudava sempre com afinco, a
FINAL
nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que fim de ser aprovado.
são utilizadas para garantir a progressão textual.
Quando o edital for publicado, já
TEMPORAL estarei adiantado nos estudos.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS

As conjunções coordenativas são aquelas que


ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor Importante!
semântico independente. Na construção textual, elas
são importantes, pois, com seus valores, adicionam Não confundir:
informações relevantes ao texto. Afim de – Relativo à afinidade, semelhança:
Exemplos de conjunções coordenativas atuando “Física e Química são disciplinas afins”.
na coesão: A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje-
tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”.
Não apenas conversava com os de-
ADITIVA mais alunos como também atrapa-
CONJUNÇÕES INTEGRANTES
lhava o professor.
Eram ideias interessantes, porém Na verdade, as conjunções integrantes fazem parte
ADVERSATIVA
ninguém concordou com elas. das orações subordinadas, na realidade, elas apenas
Superou o estigma que pregava “ou integram, ligam uma oração principal a outra, subor-
ALTERNATIVAS estuda, ou trabalha” e conseguiu ser dinada. Como podemos notar, o papel dessas conjun-
aprovada. ções é essencialmente coesivo, tendo em vista que elas
são “peças” que unem as orações. Existem apenas dois
Ao final, faça os exercícios, pois é uma
EXPLICATIVA tipos de conjunções integrantes: que e se.
forma de praticar o que aprendeu.
O candidato não cumpriu sua pro-
CONCLUSIVA messa. Ficamos, portanto, desapon- Quando é possível substituir o que Quero que a pro-
tados com ele. pelo pronome isso, estamos diante va esteja fácil.
de uma conjunção integrante. Quero = isso.
Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
Sempre haverá conjunção inte-
precisam manter uma relação contextual, estabeleci- Perguntei se ele
grante em orações substantivas e,
LÍNGUA PORTUGUESA

da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso, estava em casa.


consequentemente, em períodos
orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá- Perguntei = isso.
compostos.
rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-
sidade, como demonstra a conjunção “mas”. COESÃO RECORRENCIAL

CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS Uso de repetições

Tal qual as conjunções coordenativas, as subordina- As recorrências de repetições em textos são comu-
tivas estabelecem uma ligação entre as ideias apresen- mente recusadas pelos mestres da língua portugue-
tadas num texto, porém, diferentemente daquelas, estas sa, sobretudo, quando o assunto é redação, muitos
ligam ideias apresentadas em orações subordinadas, ou professores recomendam em uníssono: evite repetir
seja, orações que precisam de outra para terem o sentido palavras e expressões! 23
No entanto, a repetição é um recurso coesivo essen- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
cial para manter a progressão temática do texto, isto JUNTAS
é, para que o tema debatido no texto não seja perdi- Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
do, levando o escritor a fugir da temática, erro muito tanto...quanto; ora...ora; seja...seja, etc.
pior do que o uso de repetições.
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
Embora também não recomendamos as repetições
ca a qual a frase está inserida, vejamos um exemplo
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
em que houve quebra de paralelismo:
quado em um texto, por isso apresentamos, a seguir, “É necessário estudar e que vocês se ajudem”
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. – Errado.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES – Correto.
Devemos manter a organização das orações, não
O candidato foi encontrado com podemos coordenar orações reduzidas com orações
Marcar ênfase duzentos milhões de reais na desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-
mala, duzentos milhões! -las ou somente desenvolvida ou somente reduzidas.
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
Marcar contraste Existem Políticos e políticos.
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
“Agora que sentei na minha ca- âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-
deira de madeira, junto à minha mos o seguinte exemplo:
mesa de madeira, colocada em “Por um lado, os manifestantes agiram corre-
cima deste assoalho de madeira, tamente, por outro podem não ter agido errado”
Marcar a continui-
olho minhas estantes de madeira – Incorreto.
dade temática
e procuro um livro feito de polpa “Por um lado, os manifestantes agiram correta-
de madeira para escrever um arti- mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
go contra o desmatamento flores- lação” – Correto.
tal” Millôr Fernandes. “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto.
Uso de paráfrase
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS
A paráfrase é um recurso de reiteração que pro-
porciona maior esclarecimento sobre o assunto trata- Este conteúdo será abordado no tópico “Empre-
do no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar go das Classes de Palavras”
sobre algo utilizando-se de outras palavras, conforme
Antunes (2005, p.63), “alguma coisa é dita outra vez, em
outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo: DOMÍNIO DA ESTRUTURA
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO.
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
Castelão. Ceará no Castelão. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais A palavra morfologia refere-se ao estudo das
da capital cearense. A forma como o texto se apresen- formas, por isso, o termo é usado pelos linguistas e
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em também pelos médicos, que estudam as formas dos
posições diferentes, cumpre um papel importante na órgãos e suas funções.
progressão temática do texto. Analogamente, para compreender bem as funções
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão,
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo precisamos conhecer como essa forma se classifica
uso de expressões textuais bem características, como: em e como se organiza. Por isso, em língua portuguesa,
outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em estudamos as formas das palavras na morfologia, que
resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi- organiza as classes das palavras em dez categorias.
cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no tex- A seguir, iremos estudar detalhadamente cada uma
to, garantindo a informatividade do texto. delas, e também acrescentamos um “bônus” para seus
estudos: as palavras denotativas, atualmente, muito
Uso de paralelismo cobradas por bancas exigentes, como FCC e Cebraspe/
CESPE.
As ideias similares devem fazer a correspondência
entre si, a essa organização de ideias no texto, dá-se o ARTIGOS
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin- Os artigos devem concordar em gênero e número
tático. Quando há sequência de expressões simétricas com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
no plano das ideias e coerência entre as informações, minantes dos substantivos.
ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de Essa classe está dividida em artigos definidos e
24 sentido. artigos indefinidos: os primeiros funcionam como
determinantes objetivos, individualizando a palavra, já Dica
os segundos funcionam como determinantes imprecisos. A forma 14 por extenso apresenta duas for-
mas aceitas pela norma gramatical: catorze e
z Artigos definidos: o, os; a, as.
quatorze.
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
SUBSTANTIVOS
Os artigos podem ser combinados às preposições: Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
são as chamadas contrações. Algumas contrações característica básica dessa classe é admitir um deter-
comuns na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a = minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio-
à; de + a = da. nam-se em gênero, número e grau.
Toda palavra determinada por um artigo torna-se
um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc. Tipos de substantivos

NUMERAIS A classificação dos substantivos admite nove tipos


diferentes de substantivos. São eles:
Palavra que se relaciona diretamente ao substanti-
vo, inferindo ideia de quantidade ou posição. z Simples: Formados a partir de um único radical.
Os numerais podem ser: Ex.: vento, escola.

z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os ção. Ex.: couve-flor, aguardente.
meninos eram bons em português. z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma substantivo. Ex.: pedra, dente.
série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.:
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
pedreiro, dentista.
z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no z Concreto: Designam seres com independência
novo emprego. ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.:
z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
Deus, fada, carro.
nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
metade do pagamento. dade. Ex.: coragem, Liberalismo.
z Comum: Designam determinados seres e lugares.
Um numeral ou um artigo?
Ex.: homem, cidade.
A forma um pode assumir na língua a função de z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
artigo indefinido ou de numeral cardinal, então, como Maria, Fortaleza.
podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso, vejamos: z Coletivo: Usados no singular, designam um con-
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca,
z Durante a votação, houve um deputado que se manada.
posicionou contra o projeto.
É importante destacar que a classificação de um
z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
substantivo depende do contexto em que ele está inse-
cionou contra o projeto.
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio).
Na primeira frase, podemos substituir o termo um
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
comum).
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
Flexão de gênero
contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
por exemplo.
Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
Já na segunda oração, a alteração do gênero não
LÍNGUA PORTUGUESA

ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma


implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
deputado, marcando a quantidade. formes. Os substantivos uniformes podem ser:
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
Sobre o numeral milhão/milhares, importa desta- pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
car que sua forma é masculina, logo, o artigo que pre- / a cliente; o líder / a líder.
cede será sempre no masculino z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
sentam distinção entre masculino e feminino, a
z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje. ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça 25
macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea; há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas
girafa macho / girafa fêmea. aceitas meles e méis.
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs-
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo. tantivos que admitem até três formas de plural:

Os substantivos biformes, como o nome indi- z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.


ca, designam os substantivos que apresentam duas z Ancião: anciãos, anciões, anciães.
formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.: z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos, apresentam Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
formas diferentes nas terminações para designar for- que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
mas diferentes no masculino e no feminino: órgãos; órfão / órfãos.

Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré. Plural dos substantivos compostos

Outros substantivos modificam o radical para Os substantivos compostos são aqueles formados
designar formas diferentes no masculino e no femini-
por justaposição e o plural dessas formas obedece às
no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
seguintes regras:
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
z Variam os dois elementos:
Gênero e significação
substantivo + substantivo:
Ex.: mestre-sala / mestres-salas;
É importante salientar que alguns substantivos
Substantivo + adjetivo:
uniformes podem aparecer com marcação de gênero
diferente, ocasionando uma modificação no sentido, Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
veja, por exemplo: Adjetivo + substantivo:
Ex.: boas-vindas;
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime; Numeral + substantivo:
z O testemunho: relato de experiência, associado a Ex.: terça-feira / terças - feiras.
religiões.
z Varia apenas um elemento: substantivo + prepo-
Algumas formas substantivas mantêm o radical e sição + substantivo. Ex.: canas-de-açúcar;
a pequena alteração o gênero interfere no significado:
Substantivo + substantivo (com função adjetiva).
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; Ex.: navios-escola.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Palavra invariável + palavra invariável.
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Ex.: abaixo-assinados.
Verbo + substantivo.
Além disso, algumas palavras na língua apresen- Ex.: guarda-roupas.
tam dificuldade quanto a identificação do gênero, pois Redução + substantivo.
são usadas em contextos informais com gêneros dife- Ex.: bel-prazeres.
rentes, é o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a
gênese; a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formi- Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
cida; o telefonema; o trema. formados por verbo + advérbio e verbo + substantivo
Algumas formas que não apresentam, necessaria- plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha.
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
masculino quanto no feminino: O personagem / a per- Variação de grau
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox.
A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação
Flexão de número de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
diminuição.
Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei-
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas. z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
Porém, podem apresentar outras terminações: males, xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres- Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z, fogaréu, boqueirão, poetastro.
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como
mal/males. z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
26 / corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também pequenina, papelucho.
Dica z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
dos substantivos pode alterar o sentido das pala- É importante destacar que mais do que “decorar”
vras, podendo assumir um valor: formas adjetivas e suas respectivas locuções, é funda-
Afetivo: filhinha; mental reconhecer as principais características de uma
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. locução adjetiva: caracterizar o substantivo e apresen-
tar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela abertura da
O novo Acordo Ortográfico e o uso de maiúsculas porta; A abertura de conta pode ser realizada on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela pre-
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras posição “de”, ela pode ser confundida com a locução
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
letra maiúscula as inicias das palavras que designam: posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil; porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da zando o substantivo “abertura”.
Vice-presidência. Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
nome próprio, este também deverá ser escrito com demonstrando seu caráter adverbial.
inicial maiúscula. As locuções adjetivas também desempenham fun-
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
z Nomenclatura legislativa especificada deve ser
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri-
com açúcar.
zes e Bases da Educação (LDB).
Já as locuções adverbiais desempenham função
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos,
Vacina; Guerra Fria. orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de
fome; agiu com rapidez.
Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as Adjetivo de relação
formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre-
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã-
relação”, muito cobrado por bancas de concursos,
-Bretanha, Timor-Leste.
sobretudo a FGV.
Para identificar um adjetivo de relação, observe as
ADJETIVOS
seguintes características:
Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
podem indicar: sentar meios de subjetividade. Ex.: Menino bonito
- o adjetivo é subjetivo, pois a beleza do menino
z Qualidade: professor chato. depende dos olhos de quem o descreve.
z Estado: aluno triste. z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. relação sempre são posicionados após o substanti-
vo. Ex.: casa paterna.
Locuções adjetivas
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
tivo por derivação prefixal ou sufixal.
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos
adjetivos, indicando as mesmas características deles. z Não admitem variação de grau: os graus compa-
Elas são formadas por preposição + substantivo, rativo e superlativo não são admitidos.
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
LÍNGUA PORTUGUESA

tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas te americano (não é subjetivo; posicionado após o
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, substantivo; derivado de substantivo; não existe a
importantes para seu estudo: forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
z Voo de águia / aquilino; roteiro carnavalesco.
z Poder de aluno / discente;
z Cor de chumbo / plúmbeo; Variação de grau

z Bodas de cobre / cúprico;


O adjetivo pode variar em dois graus: Compara-
z Sangue de baço / esplênico; tivo ou Superlativo. Cada um deles apresenta suas
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; respectivas categorias. 27
z Grau comparativo: exprime a característica de um ser, comparando-o com outro da mesma classe nos seguin-
tes sentidos:

„ Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão quanto;


„ Superioridade: mais do que;
„ Inferioridade: menos do que.
Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios (comparativo de igualdade);
O amor é mais suficiente do que o dinheiro (comparativo de superioridade);
Homens são menos engajados do que mulheres (comparativo de inferioridade).

z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:

„ Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo Absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
„ Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo Relativo,
que pode ser de superioridade (O mais) ou de inferioridade (O menos)
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético).
O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade).
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, mais
magra, mais bonito etc.).
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica se referir a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

Formação dos adjetivos

Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos.

z Primitivos: são os adjetivos que não derivam de outras palavras e, a partir deles, é possível formar novos
termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos primitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
z Compostos: são formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, ama-
relo-ouro etc.

Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.

Plural dos adjetivos compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor +
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa,
camisas amarelo-ouro.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjetivo +
adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos pátrios

Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.

28
Veja a seguir alguns deles:

Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro,
costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.

ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em alguns
casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua portuguesa apresentam uma lista exaustiva com as funções dos
advérbios, porém, decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na
resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir
delas, consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.


LÍNGUA PORTUGUESA

z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.


z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais. Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
29
z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às claras (modo).

Locuções adverbiais

As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetivas, tornando tal estrutura agramatical, por isso,
inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco Menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO


Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
30
Advérbios e adjetivos
PRONOMES PRONOMES
PESSOAS DO CASO DO CASO
O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras
RETO OBLÍQUO
variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica
invariável, confundindo-se com o advérbio. 1º pessoa do Me, mim,
Nesses casos, para ter certeza qual a classe da pala- EU
singular comigo
vra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural,
caso a palavra aceite uma dessas flexões será adjetivo. 2º pessoa do
TU Te, ti, contigo
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que singular
descem redondo. 3º pessoa do Se, si, consigo,
Nesse caso, trata-se de um advérbio. ELE/ELA
singular o, a, lhe

Palavras denotativas 1ª pessoa do


NÓS Nos, conosco.
plural
São termos que apresentam semelhança aos
2º pessoa do
advérbios, em alguns casos são até classificados como VÓS Vos, convosco
plural
tal, mas não exercem função modificadora de verbo,
adjetivo ou advérbio. 3º pessoa do Se, si, consigo,
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que ELES/ELAS
plural os, as, lhes
você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois,
geralmente, é isso que as bancas de concurso cobram. Os pronomes pessoais do caso reto costumam
substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
z Eis: sentido de designação; Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio-
z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação; nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação; com o namorado; Maura saiu comigo.
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão. z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto
direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor-
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas mei-o sobre todas as questões.
expletivas ou de realce, geralmente formadas pela
forma ser + que (é que). A principal característica des- z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
sas palavras é que podem ser retiradas sem causar Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
prejuízo sintático ou semântico na frase. Ex.: Eu é que por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo
faço as regras / Eu faço as regras. a ele).
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá,
não, é porque etc. Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais
são pronomes substantivos, além disso, é importan-
Algumas observações interessantes te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre-
posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós
O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função
após o verbo ou complemento verbal, caso venha des- que exercem.
locado, em geral, separamos por vírgulas. Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados
Em uma sequência de advérbios terminados com com força e precedidos de preposição. Costumam ter
função de complemento:
o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a
terminação destacada.
z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco
(plural).
PRONOMES
z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco
Pronomes são palavras que representam ou acom- (plural).
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s)
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala-
vra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de pos- Importante lembrar que não devemos usar prono-
se, indefinição, quantidade, localização no tempo, no mes do caso reto como objeto ou complemento ver-
espaço e no meio textual, entre tantas outras funções. bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem
LÍNGUA PORTUGUESA

Cunha destaca que é possível usar os pronomes do


papel importante na análise sintática e também na caso reto como complemento verbal, desde que ante-
interpretação textual, pois colaboram para a comple- cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou
mentação de sentido de termos essenciais da oração, “numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon-
além de estruturar a organização textual, contribuin- trei apenas ela na festa.
do para a coesão e também para a coerência de um Após a preposição “entre”, em estrutura de reci-
texto. procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni-
cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes pessoais
Pronomes de tratamento
Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis-
curso; algumas informações relevantes sobre esses Os pronomes de tratamento são formas que
pronomes são: expressam uma hierarquia social institucionalizada 31
linguisticamente. As formas de pronomes de tratamen- z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas;
to apresentam algumas peculiaridades importantes: Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo,
Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras;
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas;
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a
z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem;
Constituição.
Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do As palavras certo e bastante serão pronomes
Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
à noite. serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer-
to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o
Como mencionamos anteriormente, os pronomes modelo de carro certo (adjetivo).
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na A palavra bastante é, geralmente, confundida com
linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode- advérbio ou adjetivo, por isso fique atento:
mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder
instituídos pelos falantes. z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
de tratamento só devem ser utilizados em contextos
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen- z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não
outras. Dessa forma, apresentamos alguns pronomes foram bastantes para a festa.
de tratamento com as funções sociais que designam: z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban-
cos aumentaram os juros”
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
ques e seus respectivos femininos. Pronomes demonstrativos
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais.
Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo apontam elementos a que se referem as pessoas do
e das Forças Armadas membros do alto escalão. discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
respectivos femininos. textual.

z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes. z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas.
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento
cerimonioso a comerciantes importantes. z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.

z Vossa Santidade (V. S.): Papa. z Invariáveis: isto, isso, aquilo.


z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.):
Usamos este, esta, isto para indicar:
Bispos.
z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
É importante mencionar que se fez referência a
dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é
pronomes de tratamento e suas respectivas designa-
ções sociais conforme indica o Manual de Redação minha; Entreguei-lhe isto como prova.
oficial da Presidência da República, portanto, essas z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana
designações devem ser seguidas com atenção, quando começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última
o gênero textual abordado for um gênero oficial. prestação da casa.
Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata-
mento, é importante destacar: z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana
O plural de algumas abreviaturas é feito com letras e Carla no shopping, esta procurava um presente
dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. para o marido (o pronome refere-se ao último ter-
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas mo mencionado).
com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o
acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas. Usamos esse, essa, isso para indicar:
O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
da República nunca deve ser abreviado. mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata
combinou muito com você.
Pronomes indefinidos
z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.:
Não me fale mais nisso; A população não confia
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
nesses políticos.
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana,
32 variar e podem ser invariáveis, vejamos: eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo.
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo quan-
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter to foi me ensinado; Perdi tudo quanto poupei a
falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes- vida inteira.
sa sua expressão.
z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
para indicar posse e aparecer relacionando dois
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:
termos que devem ser um possuidor e uma coisa
possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen- portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete, suidor) a matéria (coisa possuída).
quem é aquele ali perto da porta?
z Referência a um tempo muito remoto, um passado O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor- ro com a coisa possuída.
mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles! Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
cujo: Cujo o, cuja a
z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não Não podemos substituir cujo por outro pronome
conheço aquela mulher. relativo;
z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan- do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá, Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
aquela, refrigerante. gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo dire-
tor ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o
rapaz cujas pernas você se referiu (pernas de quem?
Dica Do rapaz.)
O pronome “mesmo” não pode ser usado em
função demonstrativa referencial, veja: z Emprego do pronome relativo onde: empregado
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque- para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade
ceu de preencher o gabarito. ERRADO. onde meu pai nasceu.
O candidato fez a prova, porém esqueceu de Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
preencher o gabarito. CORRETO. do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
O relativo onde pode ser empregado sem antece-
dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Pronomes relativos
z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e
Uma das classes de pronomes mais complexas, os suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
pronomes relativos têm função muito importante na do em substituição a outros pronomes relativos,
língua, refletida em assuntos de grande relevância sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin-
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
é essencial conhecer adequadamente a função desses sado do qual (que) ninguém se lembra.
elementos a fim de saber utilizá-los corretamente.
O pronome o qual pode auxiliar na compreensão
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
textual, desfazendo estruturas ambíguas.
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior-
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-
Pronomes interrogativos
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
São pronomes relativos:
São utilizados para introduzir uma pergunta ao tex-
to e se apresentam de formas variáveis (Que? Quais?
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto,
Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.:
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta,
O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos
quantas.
anos tem seu pai?
z Invariáveis: Que, quem, onde, como. O ponto de exclamação só é usado nas interrogati-
vas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso-
interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei
tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
o homem que desapareceu; O cachorro que esta-
Os pronomes interrogativos que e quem são pro-
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca nomes substantivos.
recebi de volta.
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes possessivos
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
que dizer).
discurso e indicam posse:
z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos 1ª pessoa; Meu, minha, meus, minhas.
nós quem fizemos o bolo. SINGULAR 2ª pessoa; Teu, tua, teus, tuas.
O pronome relativo quem pode fazer referência a algo 3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas.
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala). 1ª pessoa; Nosso, nossa, nossos, nossas.
z Emprego do relativo quanto: seu antecedente deve PLURAL 2ª pessoa; Vosso, vossa, vossos, vossas
ser um pronome indefinido ou demonstrativo, 3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas. 33
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, VERBOS
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain- Certamente, a classe de palavras mais complexa e
da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a importante dentre as palavras da língua portuguesa é
relação do pronome é com o objeto da posse. o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
Outras funções dos pronomes possessivos: e os agentes desses atos, além de ser uma importante
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
z Delimitam o substantivo a que se referem; isso; fique atento às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
z Concordam com o substantivo que vem depois dele; em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
z Não concordam com o referente; ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
fato. As flexões verbais são marcadas por desinências
z O pronome possessivo que acompanha o substan- que podem ser: número-pessoal, indicando se o verbo
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal. está no singular ou plural, bem como em qual pessoa
verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-temporal,
Colocação pronominal que indica em qual modo e tempo verbais a ação
foi realizada, iremos apresentar estas desinências a
Estudo da posição dos pronomes na oração. seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinências
modo-temporais, precisamos explicar o que são o
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. modo e o tempo verbais:

Casos que atraem o pronome para próclise: Modos

„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
Não me submeto a essas condições. ção enunciada pelo verbo.
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se certeza. Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
apresente como um rico investidor, ele nada
tem. z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude
„ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex: de dúvida, desejo ou possibilidade. Ex.: Se eu estu-
Em se tratando de futebol, Maradona foi um dasse, seria aprovado.
ídolo. z Imperativo: o modo imperativo designa ordem,
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: convite, conselho, súplica ou pedido. Ex.: Estuda!
Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe Assim, serás aprovado.
agradecemos.
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta- Tempos
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
O tempo designa o recorte temporal em que a ação
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro.
Casos que atraem o pronome para mesóclise: Porém, existem ramificações específicas.
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum z Presente: pode expressar não apenas um fato
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei- atual, como também uma ação habitual. Ex.:
jos agora...” Estudo todos os dias no mesmo horário.
Uma ação passada.
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura.
Casos que atraem o pronome para ênclise: Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
to honrada com esse título.
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por
indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.
favor.
Ex.: Estudava todos os dias.
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou-
quanto sou importante.
tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans-
bordara da banheira.
Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader-
no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo). z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada rei bastante ano que vem.
(correto). Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
34 (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). muito, se tivesse me planejado.
A partir dessas informações, podemos também iden- Formas nominais do verbo e locuções verbais
tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são for- As formas nominais do verbo são as formas infi-
mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em
presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são determinados contextos. São chamadas nominais pois
formados por dois verbos, um auxiliar e um principal, funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu
dos tempos simples e compostos, respectivamente: valor indica duração de uma ação e, por vezes,
Flexões modo-temporais – tempos simples pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se
MODO MODO compadeceu.
TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO z Particípio: é marcado pelas terminações -ado,
-e(1ªconjugação) -ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
Presente * e -a ( 2ª e 3ª ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
conjugações) número e gênero.
Pretérito -ra(3ª pessoa do Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
*
perfeito plural)
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação
-va (1ª conjuga-
Pretérito do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito nado. Pode ser pessoal ou impessoal.
conjugações)
Pretérito
„ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
mais-que-per- -ra *
feito jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Futuro -rá e -re -r
Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem
Futuro do que ele ensina.
-ria *
pretérito
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
* Nem todas as formas verbais apresentam desi-
nências modo-temporais. jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
conjugação; Partir - 3ª conjugação.
Flexões modo-temporais – tempos compostos
(indicativo) O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
orações reduzidas.
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
(presente do indicativo) + verbo principal particí- „ Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
pio. Ex.: Tenho estudado. bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
+ verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver- para pagar as contas; Haver de + verbo principal
bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado. no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.

z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do Não confunda locuções verbais com tempos com-
indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: postos. O particípio formador de tempo composto na
Terei saído.
voz ativa não se flexiona: O homem teria realizado
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER sua missão.
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no
particípio. Ex.: Teria estudado. Classificação dos verbos

Flexões modo-temporais – tempos compostos Os verbos são classificados quanto a sua forma de
(subjuntivo) conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
LÍNGUA PORTUGUESA

gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi-


z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí-
formas nominais. Vamos conhecer as partcularidades
pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado.
de cada um a seguir:
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) + z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis
verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse de compreender, pois apresentam regularidade no
estudado uso das desinências, ou seja, as terminações ver-
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim- bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. têm o paradigma morfológico com o radical, que
Ex.: (quando eu) tiver estudado. permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar 35
PRETÉRITO PERFEITO Geralmente, apresentam uma forma de particípio
PRESENTE INDICATIVO regular e outra irregular; falaremos disso poste-
INDICATIVO
riormente, quando trataremos das formas nomi-
Eu canto Cantei
nais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes:
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
Nós cantamos Cantamos REGULAR IRREGULAR
Vós cantais Cantastes Acender Acendido Aceso
Eles/ vocês cantam Cantaram
Afligir Afligido Aflito
z Irregulares: os verbos irregulares apresentam Corrigir Corrigido Correto
alteração no radical e nas desinências verbais, por
isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor- Encher Enchido Cheio
re irregularmente, seguindo um paradigma pró-
Fixar Fixado Fixo
prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre
uma sutil diferença na conjugação do verbo estar
que utilizamos como exemplo, isso é importante � Defectivos: são verbos que não apresentam algu-
para não confundir os verbos irregulares com os mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando
verbos anômalos. Ex.: Verbo estar. um defeito na conjugação, por isso o nome. São
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver.
Esses verbos não são conjugados na primeira pes-
PRETÉRITO PERFEITO soa do singular do presente do indicativo. Bem
PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO como: Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extor-
quir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir,
Eu estou Estive
computar, colorir, carpir, banir, brandir, bramir,
Tu estás Esteves soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
Ele/ você está Esteve nos temporais também apresentam essa caracte-
rística, como latir, bramir, chover.
Nós estamos Estivemos
� Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
Vós estais Estiveste nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
Eles/ vocês estão Estiveram é importante lembrar que esses pronomes não
apresentam função sintática. Predominantemen-
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
z Anômalos: esses verbos apresentam profundas
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se
alterações no radical e nas desinências verbais,
consideradas anomalias morfológicas, por isso,
recebem essa classificação. Um exemplo bem PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na INDICATIVO
língua portuguesa, apenas dois verbos são classi-
ficados dessa forma, os verbos ser e ir, vejamos a Eu me sento Sentei-me
conjugação do verbo ser: Tu te sentas Sentaste-te

Ele/ você se senta Sentou-se


PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO Nós nos sentamos Sentamo-nos
Eu sou Fui Vós vos sentais Sentastes-vos
Tu és Foste Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
Ele/ você é Foi
z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro-
Nós somos Fomos nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta-
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses
Vós sois Fostes verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao
Eles/ vocês são Foram mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum-
primentamos friamente.
As bancas adoram usar essa classificação para z Impessoais: são verbos que designam fenômenos
confundir os candidatos. Os verbos ser e ir são irre- da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
gulares, porém, apresentam uma forma específi-
ca de irregularidade, que ocasiona uma anomalia O verbo haver com sentido de existir ou marcando
em sua conjugação, por isso, são classificados como tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia
anômalos. muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui
aprovado em concurso público.
z Abundantes: são formas verbais abundantes os Os verbos ser e estar também são verbos impes-
verbos que apresentam mais de uma forma de soais, quando designam fenômeno climático ou tempo.
36 particípio aceitas pela norma culta gramatical. Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos.
O verbo ser para indicar hora, distância ou data z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver-
concorda com esses elementos. bal. Ex.: O policial deteve os bandidos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal,
z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal.
quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas-
co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz
siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas-
muito calor.
siva sintética.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
taticamente, classificamos como sujeito inexistente. z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver-
Dica bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia.

O verbo ser será impessoal quando o espaço z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen- tempo, porém percebemos que há uma ação com-
partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos
chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma
se olharam antes do julgamento.
do verbo fazer, podendo ser impessoal também,
o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo
A voz passiva é realizada a partir da troca de
Mariana” funções entre sujeito e objeto da voz ativa, falamos
melhor desse processo no capítulo funções do SE em
z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são verbos transitivos direto.
empregados nas formas compostas dos verbos e Só podemos transformar uma frase da voz ativa
também nas locuções verbais. Os principais verbos para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
auxiliares dos tempos compostos são ter e haver. transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva
com a presença do objeto direto.
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
concordância verbal, porém, o verbo principal deter- bida pelo sujeito ao mesmo tempo, essa relação pode
mina a regência estabelecida na oração. ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e
Apresentam forte carga semântica que indica sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu.
modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun- Ou a ação pode ser compartilhada entre dois
to no tópico verbos auxiliares no final da gramática. ou mais indivíduos que praticam e sofrem a
São importantes na formação da voz passiva ação. Ex.: Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
analítica. cumprimentaram.
No último caso, a voz reflexiva é também chamada
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos de recíproca, por isso, fique atento.
três formas nominais dos verbos: Não confunda os verbos pronominais com as
vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
„ Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
durativo da ação e equivale a um advérbio ou -se, entre outros acompanham um pronome que faz
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando. parte integrante do seu significado, diferentemente,
„ Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO, das vozes verbais que acompanham o pronome SE
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser com função sintática própria.
classificado em particípio regular e irregular,
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO Outras funções do “SE”
e -IDO.
Como vimos, o SE pode funcionar como item essen-
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- cial na voz passiva; além dessa função, esse elemento
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os também acumula outras atribuições. Vejamos:
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban- z Partícula apassivadora: como será abordado
didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais. posteriormente, a voz passiva sintética é feita com
verbos transitivos direto (TD) ou transitivos direto
„ Infinitivo: marca as conjugações verbais. indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE junto ao
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR, verbo, por isso o elemento SE é designado partí-
PasseAR); cula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-se
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER, a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícula
LÍNGUA PORTUGUESA

pÔR); apassivadora)
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par- O SE exercerá essa função apenas: Com verbos
cuja transitividade seja TD ou TDI; Verbos concor-
tIR, SaIR)
dam com o sujeito; Com a voz passiva sintética.
O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
Lembramos que na voz passiva nunca haverá
ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo
objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujei-
acontece com verbos que deste derivam.
to paciente.
Vozes verbais z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun-
cionará nessa condição quando não for possível
As vozes verbais definem o papel do sujeito na identificar o sujeito explícito ou subentendido.
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação Além disso, não podemos confundir essa função do
verbal ou se ele recebe a ação verbal. SE com a de apassivador, já que para ser índice de 37
indeterminação do sujeito a oração precisa estar verbo passear, são derivados dessa terminação os
na voz ativa. verbos:
Outra importante característica do SE como índi-
ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos
transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos PRESENTE - INDICATIVO
de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar Eu Passeio
na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus.
Tu Passeias
z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
xivo, a partícula SE indicará reflexão ou recipro- Ele/Você Passeia
cidade, auxiliando a construção dessas vozes
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin- Nós Passeamos
cipais características são: sujeito recebe e pratica Vós Passeais
a ação; funcionará, sintaticamente, como objeto
direto ou indireto; o sujeito da frase poderá estar Eles/Vocês Passeiam
explícito ou implícito. Ex.: Ele se via no espelho /
Deu-se um presente de aniversário. Conjugação de alguns verbos
z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será
parte integrante dos verbos pronominais, acompa- Vamos agora conhecer algumas conjugações de
nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
exerce essa função, jamais terá uma função sin- to de questões em concursos.
tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo
explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da as mesmas desinências desse verbo, as formas
mãe, quando olhou a filha.
z Partícula de realce: será partícula de realce o SE PRESENTE - INDICATIVO
que puder ser retirado do contexto sem prejuízo
Eu Adiro
no sentido e na compreensão global do texto. A
partícula de realce não exerce função sintática, Tu Aderes
pois é desnecessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se
os dedos. Ele/Você Adere

z Conjunção: o SE será conjunção condicional, Nós Aderimos


quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
Vós Aderis
SE exerce função de conjunção integrante, ape-
nas ligando as orações e poderá ser substituída Eles/Vocês Aderem
pela conjunção caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser
aprovado.
PRESENTE - INDICATIVO
Conjugação de verbos derivados
Eu Ponho
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga- Tu Pões
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com- Ele/Você Põe
preensão dessas conjugações verbais.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os Nós Pomos
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais Vós Pondes
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina- Eles/Vocês Põem
ção são, predominantemente, regulares.
São conjugados da mesma forma os verbos: dispor,
PRESENTE - INDICATIVO interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
entrepor, supor.
Eu Crio

Tu Crias PREPOSIÇÕES

Ele/Você Cria Conceito


Nós Criamos
São palavras invariáveis que ligam orações ou
Vós Criais outras palavras. As preposições apresentam funções
importantes tanto no aspecto semântico quanto no
Eles/Vocês criam aspecto sintático, pois complementam o sentido de
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- sem a presença da preposição, modificando a transiti-
mente, são irregulares e apresentam alguma modi- vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
ficação no radical ou nas desinências. Assim como o sentido de palavras deverbais1.
1 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
38 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
z Preposição + pronome relativo:
te, por, sem, sob, trás.
A + onde: aonde.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
chamadas, pois pertencem a outras classes grama- z Preposição + pronomes indefinidos:
ticais, mas, ocasionalmente, funcionam como pre-
posições. Eis algumas: afora, conforme (quando De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras.
equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto Algumas relações semânticas estabelecidas por
(quando equivaler a “por causa de”). preposições

Locuções prepositivas É importante ressaltar que as preposições podem


apresentar valor relacional ou podem atribuir um
São grupos de palavras que equivalem a uma pre- valor nocional. As preposições que apresentam um
posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca valor relacional cumprem uma relação sintática
do tema da prova. com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são
A locução prepositiva na segunda frase substitui chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre- riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer
positivas sempre terminam em uma preposição, e há com adjetivos e advérbios, os quais também apresen-
apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen- tarão função deverbal.
tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
alguns exemplos de locuções prepositivas: pela regência do verbo concordar).
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; complemento nominal).
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan- Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de. gida pelo adjetivo).
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
lhanças morfológicas, mas significados completamen- advérbio).
te diferentes, como: Em todos esses casos, a preposição mantém uma
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla- relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
nejamento inicial. / As decisões do público foram de sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
encontro à proposta do programa. De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas. nal é preponderante apresentam uma modificação
/ Ao invés de chegar molhado, chegou cedo. no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado componentes obrigatórios na construção da senten-
em: 19/11/2020. ça, divergindo das preposições de valor relacional.
As preposições de valor nocional estabelecem uma
Combinações e contrações noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
etc. Vejamos algumas:
As preposições podem ser contraídas com outras
classes de palavras, veja:
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
z Preposição + artigo: PREPOSIÇÕES
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos. Posse Carro de Marcelo.
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do,
dos, dum, duns, duma, dumas. O cachorro está sob a
Lugar
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos. mesa.
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no,
nos, num, nuns, numa, numas. Votar em branco, chegar
Modo
aos gritos.
z Preposição + pronome demonstrativo:
A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque- Causa Preso por estupro.
le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo.
Assunto Falar sobre política.
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses,
essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui- Descende de família
Origem
LÍNGUA PORTUGUESA

lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes- simples.


sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na-
queles, naquelas, naquilo. Olhe para frente! Iremos
Destino
De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es- a Paris.
sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo:
deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa, CONJUNÇÕES
desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque-
les, daquelas, daquilo. Assim como as preposições, as conjunções também
são invariáveis e também auxiliam na organização
z Preposição + advérbio:
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém.
ções. Por manterem relação direta com a organização
z Preposição + pronomes pessoais: das orações nas sentenças, as conjunções podem ser:
Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas. coordenativas ou subordinativas. 39
Conjunções coordenativas z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
As conjunções coordenativas são aquelas que Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas z Comparativa: Como, que nem, que (depois de
conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora- mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
como um touro.
ção. As conjunções coordenadas podem ser:
z Conformativa: Conforme, como, segundo, de
z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também, acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con-
não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.: forme o planejado.
Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre-
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes-
ferido, não só da filha, senão de toda família.
mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que
z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre-
aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:
Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que,
população, senão dos vereadores (equivale a “mas a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse
sim”). falar com você, teria respondido sua mensagem.
z Proporcional: À proporção que, à medida que,
„ Importante: a conjunção E pode apresentar quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.:
valor adversativo, mormente quando é antece- Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser
dido por vírgula: Estava querendo dormir, e o aprovado.
barulho não deixava.
z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro-
z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, fessora dá exemplos para que você aprenda!
ora...ora, já...já. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que,
por bem, seja por mal, vou convencê-la. mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei
para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che-
„ Importante: a palavra SENÃO pode funcionar guei à cidade, fui assaltado.
como conjunção alternativa: Saia agora, senão
chamarei os guardas! (podemos trocá-la por Os valores semânticos das conjunções não se
ou). prendem às formas morfológicas desses elementos.
O valor das conjunções é construído contextualmen-
z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos
da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você,
mais leve que a enxada! por que você não a procura? (SE = causal = já que);
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar
„ Importante: Pois com sentido explicativo ini- puro no campo. (quando = causal = já que).
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois
sinto saudades. Conjunções integrantes

Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre As conjunções integrantes fazem parte das orações
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a subordinadas e, na realidade, elas apenas integram
subir. uma oração principal à outra, subordinada. Existem
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se.
z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim,
z Quando é possível substituir o que pelo pronome
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra-
isso, estamos diante de uma conjunção integrante.
se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso.
aprovado.
z Sempre haverá conjunção integrante em orações
As conjunções e, nem não devem ser empregadas substantivas e, consequentemente, em períodos
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa.
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta Perguntei = isso.
em redundância. z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
Conjunções subordinativas o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o
Brasil é um país desigual (certo).
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias INTERJEIÇÕES
apresentadas em um texto, porém, diferentemente
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações As interjeições também fazem parte do grupo de
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra palavras invariáveis, tal como as preposições e as con-
para terem o sentido apreendido. junções. Sua função é expressar estado de espírito e
emoções, por isso apresenta forte conotação semânti-
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto, ca, ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) a uma frase, como será melhor exposto no capítulo
40 etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca fez dieta. sobre frase, oração e período. Ex.: Tchau!
As interjeições, como mencionamos, indicam rela- brasileiro constituído basicamente de arroz e feijão,
ções de sentido diversas, a seguir apresentamos um por exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos
quadro com os sentimentos e sensações mais expres- a seguir cada um deles.
sos pelo uso de interjeições:
SUJEITO

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO É o elemento que faz ou sofre a ação determinada


ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO pelo verbo.
O sujeito pode ser:
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
os grandes grupos de palavras existentes na língua, � o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
como verbos, os substantivos ou adjetivos. Esses são
� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
grupos morfológicos. Ao combinar as palavras em fra-
pelo verbo;
ses, nós construímos um painel morfológicos.
As palavras normalmente recebem uma dupla � o termo que pode ser substituído por um pronome
classificação: a morfológica, que está relacionada à do caso reto;
classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela- � o termo com o qual o verbo concorda.
cionada à função específica que assumem em deter- Ex.: A população implorou pela compra da vacina
minada frase.
da COVID-19.
Frase
No exemplo anterior a população é:
Frase é todo enunciado com sentido completo.
z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um
rou pela compra da vacina);
conjunto de palavras.
Ex.: Fogo! z O elemento que pratica a ação de implorar;
Silêncio! z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
Ramos) z O termo que pode ser substituído por um pronome
do caso reto.
Oração
(Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.)
Oração é o enunciado que se estrutura em torno de
um verbo (explícito, implícito ou subentendido) ou de Núcleo do sujeito
uma locução verbal. Quanto ao sentido, a oração pode
apresentá-lo completo ou incompleto. O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
poluição. núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque) do determinada função sintática, que atua ou sofre
a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
Período tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
pronome.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais
orações. z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Classifica-se em: Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Sujeito: O povo
� Simples: quando possui apenas uma oração. Núcleo do sujeito: povo
Ex.: O sol surgiu radiante. z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído
Ninguém viu o acidente.
de dois ou mais termos.
� Composto: quando possui duas ou mais orações.
As luzes e as cores são bem visíveis.
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
Sujeito: As luzes e as cores
(Chico Buarque)
Núcleo do sujeito: luzes/cores
� Chegou em casa e tomou banho.

PERÍODO SIMPLES - OS TERMOS DA ORAÇÃO Dica


LÍNGUA PORTUGUESA

Para determinar o sujeito da oração, colocam-se


Os termos que formam o período simples são dis- as expressões interrogativas quem? ou o quê?
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte-
Antes do verbo.
grantes (complemento verbal, complemento nominal
Ex.: A população pediu uma providência ao
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal,
adjunto adverbial e aposto). governador.
quem pediu uma providência ao governador?
Termos Essenciais da Oração Resposta: A população (sujeito).
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
São aqueles indispensáveis para a estrutura bási- outro.
ca da oração. Costuma-se associar esses termos a o que iria de um lado para o outro?
situações analógicas, como um almoço tradicional Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito). 41
Tipos de sujeito Classificação do sujeito quanto à voz

Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: z Voz ativa (sujeito agente)
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
Simples
ce a ação na frase.
DETERMINADO Composto
z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
Elíptico Ex.: Corta-se cabelo.
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
Com verbos flexionados na 3ª
“cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
pessoa do singular
item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do oração.
se (índice de indeterminação do
sujeito) Importante notar que não há preposição entre
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
Usado para fenômenos da “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais
INEXISTENTE natureza ou com verbos sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
impessoais.
Precisa-se de cabelo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal,
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
ção “-se”.
„ Simples: quando há apenas um núcleo.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Núcleo: aluguel
Ex.: A minha saia azul está rasgada.
Sujeito simples: O aluguel da casa
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais. ça da partícula -se.
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
Núcleos: sons, cores. PREDICADO
Sujeito composto: Os sons e as cores
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
mos essenciais na oração, há casos em que a oração
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere.
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
Vi o noticiário hoje de manhã.
impossível existir uma oração sem sujeito.
Sujeito: (Eu)
O predicado pode ser:
z Indeterminado: quando não é possível identificar
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
do por um índice de indeterminação do sujeito, a Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
partícula “se”. (José de Alencar)
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, não Predicado: seguem sua marcha
se referindo a nenhuma palavra determinada no z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
contexto. to (oração sem sujeito):
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Ex.: Chove pouco nesta época do ano.
Entende-se que alguém passou cedo. Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Colocando-se verbos sem complemento direto
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) na 3ª Para determinar o predicado, basta separar o
pessoa do singular acompanhados do pronome se, sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
que atua como índice de indeterminação do sujeito. do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
Ex.: Não se vê com a neblina. é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
condição. Dias)
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Sujeito inexistente ou oração sem sujeito Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
Quando uma oração ocorre sem o sujeito de for-
ma que ela tenha sentido completo. Os verbos são Classificação do Predicado
impessoais e normalmente representam fenômenos
da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer ou A classificação do predicado depende do significa-
haver no sentido de existir. do e do tipo de verbo que apresenta.
Geia no Paraná.
Fazia um mês que tinha sumido. z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
Basta de confusão. nificativo se concentra em um nome (corresponde
42 Há dois anos esse restaurante abriu. a um predicativo do sujeito).
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação. Objeto indireto 2: lhe.
O predicado nominal tem por núcleo um nome
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
(substantivo, adjetivo ou pronome).
truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
Mendes)
oração.
Predicado: são mais bonitas.
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
Verbo intransitivo: adormeciam.
Bilac)
Predicado verbo-nominal
Predicado: estão cheias de calafrios.
Ocorre quando há dois núcleos significativos:
É importante não confundir:
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
transitivo, predicativo do objeto).
mas um estado momentâneo ou permanente que
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
o predicativo do sujeito.
Verbo intransitivo: parou
z Predicativo do sujeito, função exercida por subs-
Predicativo do sujeito: atento
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
Ex.: O garoto está bastante feliz.
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é
Verbo de ligação: está.
considerado predicativo do sujeito.
Predicativo do sujeito: bastante feliz.
Ex.: Seu batom é muito forte.
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Verbo de ligação: é.
Verbo intransitivo: marchou
Predicativo do sujeito: muito forte.
Predicativo do sujeito: desorientado
Predicado verbal
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Ma-
demais termos do predicado.
chado de Assis)
O verbo do predicado pode ser classificado em
Verbo transitivo direto: achou
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
Objeto direto: o raciocínio
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.
Predicativo do objeto: exato
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi-
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
ge um complemento não preposicionado, o objeto
um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
direto.
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
concluir que temos um caso de predicativo do obje-
Noel Rosa
to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
Verbo Transitivo Direto: Fazer.
o sujeito.
Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
O que é o predicativo do objeto?
Verbo Transitivo Direto: trouxe.
É o termo que confere uma característica, uma
Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transi-
qualidade ao termo a que se refere.
tivo indireto tem como necessidade o complemento
A formação do predicativo do objeto se dá por um
acompanhado de uma preposição para fazer sentido.
adjetivo ou por um substantivo.
Ex.: Nós acreditamos em você.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Verbo transitivo indireto: acreditamos
Predicativo do objeto: proveitoso
Preposição: em
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
Predicativo do objeto: vitoriosa
Verbo transitivo indireto: obedeceu
Para facilitar a identificação do predicativo do
Preposição: a (a + os)
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
Ex.: Os professores concordaram com isso.
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Verbo transitivo indireto: concordaram
LÍNGUA PORTUGUESA

fica é relacionar o predicativo ao nome.


Preposição: com
O filme foi proveitoso.
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o Ela era vitoriosa.
verbo de sentindo incompleto que exige dois com- Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
plementos: objeto direto (sem preposição) objeto dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
indireto (com preposição). ligação (foi e era, respectivamente).
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
tras.” (Machado de Assis) TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
Objeto direto 1: anedotas São vocábulos que se agregam a determinadas
Objeto indireto 1: lhe estruturas para torná-las completas. De acordo com
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia a gramática de língua portuguesa, esses termos são
Objeto direto 2: outras divididos em: 43
Complementos Verbais z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência
dessa função sintática na mesma oração, a fim de
São termos que completam o sentido de verbos enfatizar um único significado.
transitivos diretos e transitivos indiretos.
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de
z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom- Andrade)
panhado de preposição.
Ex.: Examinei o relógio de pulso. z Objeto direto interno: Representado por palavra
Gostaria de vê-lo no topo do mundo. que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
O técnico convocou somente os do Brasil. (os = mesmo significado.
aqueles)
Ex.: Riu um riso aterrador.
Pronomes e sua relação com o objeto direto Dormiu o sono dos justos.
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas Como diferenciar objeto direto de sujeito
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), quase sempre exer- Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
cem função de objeto direto os pronomes oblíquos Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
me, te, se, nos, vos também podem exercer essa fun- O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
ção sintática. va analítica e se transforma em sujeito.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram Os jogos da seleção foram ignorados.
quem? A minha pessoa”)
Nunca vos tomeis como grandes personalidades. z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
(= “Nunca tomeis quem? Vós”) preposição obrigatória, que se liga diretamente a
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
“Convidaram quem? Ela”) o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
Receberam quem? Nós) Por favor, entregue a carta ao proprietário da
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem casa 260.
ser objetos diretos. Normalmente aparecem antes do Gosto de ti, meu nobre.
pronome relativo que. Não troque o certo pelo duvidoso.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: Vamos insistir em promover o novo romance de
esse algo é o objeto direto) ficção.
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
feminino definido) z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais

z Objeto direto preposicionado Pode ser representado pelos seguintes pronomes


oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
preposição no seu complemento, algumas palavras
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
requerem o uso da preposição para não perder o sen-
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
tido de “alvo” do sujeito.
indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
facultativos.
z Objeto indireto pleonástico
Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição:
Ocorrência repetida dessa função sintática com o
Não entendo nem a ele nem a ti.
objetivo de enfatizar uma mensagem.
Respeitava-se aos mais antigos. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Amavam-se um ao outro. COMPLEMENTO NOMINAL
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
feita.” (Ciro dos Anjos) Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Exemplos com ocorrência facultativa de preposição: ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
presença de um complemento nominal nos contextos
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
le templo. do do nome.
A escultura atrai a todos os visitantes. Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
pedestal. Para melhor identificar um complemento nomi-
Ao povo ninguém engana. nal, siga a instrução:
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Nome + preposição + QUEM ou QUÊ
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- Como diferenciar complemento nominal de com-
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre- plemento verbal?
sente para indicar parte de um todo, quando assim Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
44 bebeu uma porção da água, e não ela toda. diretamente ao verbo “obedecia”)
Naquela época, a obediência ao meu coração pre- Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”). Adjunto Adverbial

Agente da passiva Termo representado por advérbios, locuções


adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
É o complemento de um verbo na voz passiva ana- na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais circunstâncias.
raramente, da preposição de.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares z Tempo: Quero que ele venha logo.
ser, estar, viver, andar, ficar. z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida.
z Modo: O dia começou alegremente.
Termos Acessórios Da Oração
z Intensidade: Almoçou pouco.
Há termos que apesar de dispensável na estrutu- z Causa: Ela tremia de frio.
ra básica da oração são importantes para compreen- z Companhia: Venha jantar comigo.
são do enunciado porque trazem informações novas.
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
Esses termos são chamados acessórios da oração.
roupas.
Adjunto Adnominal z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo.
z Finalidade: Vivia para o trabalho.
São termos que acompanham o substantivo, z Meio: Viajou de avião devido à rapidez.
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar, z Assunto: Falávamos sobre o aluguel.
especificar o elemento representado pelo substantivo.
Categorias morfológicas que podem funcionar z Negação: Não permitirei que permaneça aqui.
como adjunto adnominal: z Afirmação: Sairia sim naquela manhã.
z Origem: Descendia de nobres.
z Artigos
z Adjetivos Não confunda!
z Numerais Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
z Pronomes adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
z Locuções adjetivas nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
o sentido seja parecido.
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
ficaram esquecidos no quarto. é um adjunto adnominal)
Iam cheios de si. Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
Estava conquistando o respeito dos seus. adjunto adverbial)
O novo regulamento originou a revolta dos
funcionários. Aposto
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
São estruturas relacionadas a substantivos, prono-
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto mes ou orações. O aposto tem como propósito expli-
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes car, identificar, esclarecer, especificar, comentar ou
exercem essa função sintática quando assumem apontar algo, alguém ou um fato.
valor de pronomes possessivos. Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). bicicleta.
Aposto: filha de D. Raimunda
z Como diferenciar adjunto adnominal de com- Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
plemento nominal des obras.
Aposto: Machado de Assis.
Quando o adjunto adnominal for representado
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido Classifica-se nas seguintes categorias:
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga
a dica: z Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
Separa-se do substantivo a que se refere por uma
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
qual se liga for concreto. ou dois-pontos.
Ex.: A casa da idosa desapareceu. Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
Se indicar posse ou o agente daquilo que ontem, acabaram de voltar de férias.
expressa o substantivo abstrato. Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
� Enumerativo: é usado para desenvolver ideias que
„ Será complemento nominal: se indicar o alvo foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
daquilo que expressa o substantivo. rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
foi respeitada. riachos.
Notava-se o amor pelo seu trabalho. Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: preconceito, antipatia e arrogância. 45
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
para resumir termos anteriores. É expresso, nor- (predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad-
malmente, por um pronome indefinido. jetivo)
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos Homem desesperado, João sempre perde o con-
estavam empolgados com a feira. trole.
Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste, (aposto; núcleo: homem – substantivo)
países africanos onde se fala português.
Vocativo
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem O vocativo é um termo que não mantém relação
rumo. sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
� Circunstancial: Exprime uma característica tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
circunstancial. chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas ja se comunicar. É um termo independente, pois
apropriadas. não faz parte da estrutura da oração.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um consulta.
substantivo de sentido genérico, sem pausa, para Ela te diz isso desde ontem, Fábio.
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
substantivos próprios. z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
Exs.: O mês de abril. vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
O rio Amazonas. outro termo da oração.
Meu primo José. Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
O aposto se relaciona sintaticamente com outro
z Aposto da oração: É um comentário sobre o
termo da oração.
fato expresso pela oração, ou uma palavra que
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável.
condensa.
Sujeito: a cozinha de lufe.
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao
preocupação.
sujeito).
O noticiário disse que amanhã farpa muito calor -
ideia que não me agrada.
PERÍODO COMPOSTO
z Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra Observe os exemplos a seguir:
para as perguntas. A apostila de Português está completa.
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa. Um verbo: Uma oração = período simples
Português e Matemática são disciplinas essen-
Dica ciais para ser aprovado em concursos.
Dois verbos: duas orações = período composto
O aposto pode aparecer antes do termo a que se O período composto é formado por duas ou mais
refere, normalmente antes do sujeito. orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen- períodos simples e período compostos.
na marcou uma geração.
Segundo Cegalla, quando o aposto se refere a
período simples período composto
um termo preposicionado, pode ele vir igualmen-
te preposicionado. O povo levantou-se cedo
Era dia de eleição
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de para evitar aglomeração.
tudo ele tinha medo.
O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. Os que estão em negrito são os verbos.
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) Para não esquecer:
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa- Período simples é aquele formado por uma só
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial oração
de modo) Período composto é aquele formado por duas ou
mais orações.
z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Classifica-se nas seguintes categorias:
adnominal: Normalmente, é possível retirar a
preposição que precede o aposto. Caso seja um
z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
fica prejudicada.
„ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
O clima de Fortaleza é quente.
z Por subordinação:
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O „ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
46 adjetivo. pletivas nominais, predicativas, apositivas.
„ Orações subordinadas adjetivas: restritivas, Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima
explicativas. semana.
„ Orações subordinadas adverbiais: causais, “Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo
comparativas, concessivas, condicionais, con- Mendes Campos)
formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem
temporais.
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque,
porquanto, pois.
z Por coordenação e subordinação: orações for-
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale
madas por períodos mistos. a “pois”)
z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo. Vamos almoçar de novo porque ainda estamos
com fome.
Período Composto por Coordenação
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
As orações são sintaticamente independentes. Isso
significa que uma não possui relação sintática com Formado por orações sintaticamente dependentes,
verbos, nomes ou pronomes das demais orações no considerando a função sintática em relação a um ver-
período. bo, nome ou pronome de outra oração.
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” Tipos de orações subordinadas:
(Fernando Pessoa)
Oração coordenada 1: Deus quer z Substantivas;
Oração coordenada 2: o homem sonha z Adjetivas;
Oração coordenada 3: a obra nasce. z Adverbiais.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis) Orações Subordinadas Substantivas
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à São classificadas nas seguintes categorias:
porta da sala de Damasceno
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi.
z Orações subordinadas substantivas conectivas:
Conjunção adversativa: mas nada são introduzidas pelas conjunções subordinativas
integrantes que e se.
Orações Coordenadas Sindéticas Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de
impostos.
As orações coordenadas podem aparecer ligadas Não sei se poderei sair hoje à noite.
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome z Orações subordinadas substantivas justapos-
sindética. Veremos agora cada uma delas: tas: são introduzidas por advérbios ou pronomes
interrogativos (onde, como, quando, quanto,
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou quem etc.)
simultaneidade. z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam- roubadas.
bém, mas ainda, bem como, como também, se- Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
não também, que (= e).
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
Os convidados não compareceram nem explica- não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
ram o motivo. no infinitivo.
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
exercem a função de sujeito. O verbo da oração
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. rir a nenhum termo na oração.
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
morte.” (Laurindo Rabelo) cional) (or. sub. subst. subje.)
LÍNGUA PORTUGUESA

z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou z Orações subordinadas substantivas objetivas


se excluem. diretas: exercem a função de objeto direto de um
Conjunções constitutivas: [ou], [ou ... ou], [ora ... verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
ora], [que ... quer], [seja ... seja], [já ... já], [talvez reto da oração principal.
... talvez]. Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
Ex.: Ora responde, ora fica calado. Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
Você quer suco de laranja ou refrigerante? subst. obj. dir.)
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica z Orações subordinadas substantivas completi-
sobre um raciocínio. vas nominais: exercem a função de complemento
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início da oração principal.
de frase). Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple- 47
mento nominal) � Orações subordinadas adverbiais comparati-
Tenho necessidade de que você me apoie. (com- vas: são introduzidas por como, assim como, tal
plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com- qual, como, mais etc.
pl. nom.) Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do)
que a importada.
z Orações subordinadas substantivas predicati-
vas: funcionam como predicativos do sujeito da � Orações subordinadas adverbiais concessivas:
oração principal. Sempre figuram após o verbo de indica certo obstáculo em relação ao fato expres-
ligação ser. so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São
Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do introduzidas por embora, ainda que, mesmo que,
sujeito)
por mais que, se bem que etc.
Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã.
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
z Orações subordinadas substantivas apositivas: � Orações subordinadas adverbiais condicionais:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois são introduzidas por se, caso, desde que, salvo se,
de dois-pontos ou entre vírgulas. contanto que, a menos que etc.
Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto) Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal.
Só quero uma coisa: que você volte imediata-
� Orações subordinadas adverbiais conforma-
mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)
tivas: são introduzidas por como, conforme,
z Orações subordinadas adjetivas: desempenham segundo, consoante.
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
raramente, aposto explicativo). São introduzidas
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os � Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As são introduzidas por que (precedido na oração
orações subordinadas adjetivas classificam-se em: anterior de termos intensivos como tão, tanto,
explicativas e restritivas. tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de for-
ma que, sem que.
z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen- Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou.
tam uma explicação sobre o termo antecedente. “Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per-
São consideradas termo acessório no período, fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles)
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi-
das por vírgulas.
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
por para que, a fim de que, porque e que (= para
cria trinta gatos.
que).
z Orações subordinadas adjetivas restritivas: Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos
especificam ou limitam a significação do termo tivessem bom estudo.
antecedente, acrescentando-lhe um elemento
indispensável ao sentido. Não são isoladas por � Orações subordinadas adverbiais proporcio-
vírgulas. nais: são introduzidas por à medida que, à pro-
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é porção que, quanto mais, quanto menos etc.
incurável. Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a
aprecio.
Dica
� Orações subordinadas adverbiais temporais:
Como diferenciar as Orações subordinadas adje- são introduzidas por quando, enquanto, logo
tivas restritivas das Orações subordinadas adje- que, depois que, assim que, sempre que, cada
tivas explicativas? vez que, agora que etc.
Ele visitará o irmão que mora em Recife. Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai
visitar apenas o que mora em Recife) Para separar as orações de um período composto, é
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
mora em Recife) (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
uma circunstância relativa a um fato expresso em ções verbais. Exs.:
outra oração. Têm função de adjunto adverbial.
São introduzidas por conjunções subordinativas [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin- [para fixar outros] – 2ª oração
tes grupos: [que os rodeiam] – 3ª oração
� Orações subordinadas adverbiais causais: são [e se deleitem com a imaginação deles]. (M. de As-
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por- sis) – 4ª oração
que, visto que etc.
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
48 que ficamos sem gasolina. basta, pertencente à 1ª (oração principal).
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém Orações Reduzidas de Particípio
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
Podem ser adjetivas ou adverbiais.
Orações Reduzidas
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas Nosso planeta, ameaçado constantemente por
nós mesmos, ainda resiste.
nominais (gerúndio, particípio e infinitivo).
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
z As que são substantivas e adverbiais: nunca são ria problemas. (condicional)
iniciadas por conjunções. Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
(causal/temporal)
z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas Comprada a casa, a família se mudou logo.
por pronomes relativos. (temporal)
z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
conectivos. O particípio concorda em gênero e número com os
termos referentes.
z Podem ser iniciadas por preposição ou locução Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre-
prepositiva. quentes em provas de concurso.
Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com Períodos Mistos
conjunção
Quando terminou a prova, fomos ao restaurante. São períodos que apresentam estruturas oracio-
(desenvolvida) nais de coordenação e subordinação.
O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção Assim, às vezes aparecem orações coordenadas
dentro de um conjunto de orações que são subordina-
Orações reduzidas de infinitivo das a uma oração principal.

Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.


Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente. 1ª oração 2ª oração 3ª oração

O homem entrou na sala e pediu que todos calassem.


z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo) verbo verbo verbo
Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
direta reduzida de infinitivo) 1ª oração: oração coordenada assindética.
A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva 2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em
predicativa reduzida de infinitivo) relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração.
Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva 3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta
completiva nominal reduzida de infinitivo) em relação à 2ª oração.
Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
substantiva apositiva reduzida de infinitivo) Resumindo: período composto por coordenação e
subordinação
z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
As orações subordinadas são coordenadas entre si,
pelas mãos.
ligadas ou não por conjunção.
O meu manual para fazer bolos certamente vai
agradar a todos.
z Orações subordinadas substantivas coordena-
z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado, das entre si
continua jogando bola. Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe
Sem estudar, não passarão. meus pais, nem que culpe meus parentes.
Ele passou mal, de tanto comer doces. Oração principal: Espero
Orações reduzidas de gerúndio Oração coordenada 1: que você não me culpe
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais
Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo- Oração coordenada 3: nem que culpe meus
parentes.
sitivas, adjetivas, adverbiais.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando


Importante!
livre dos juros.
O segredo para classificar as orações é per-
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
ceber os conectivos (conjunções e pronomes
ajudando um ao outro. (subjetiva)
relativos).
Agora ouvimos artistas cantando no shopping.
(objetiva direta)
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
coração. entre si
Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não cautelosa, não faz tudo sozinha.
contou a verdade. Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva 49
Oração subordinada adjetiva 2: mas que é Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
cautelosa Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
entre si
ficou com sono durante a aula.
Ex.: Não só quando estou presente, mas também
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
quando não estou, sou discriminado.
amanhã, se não chover.
Oração subordinada adverbial 1: quando estou
presente
NÃO se usa vírgula nas seguintes situações
Oração subordinada adverbial 2: quando não
estou
� Entre o sujeito e o verbo
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes- Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
mo período ram a explicação. (errado)
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
seu papel, no entanto a realidade não é assim. sertaram minha visão. (errado)
Oração principal: Presume-se
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
Oração subordinada subjetiva da principal: as
dicativo do sujeito:
penitenciárias cumpram seu papel
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
Oração coordenada sindética adversativa da ante-
ção. (errado)
rior: no entanto a realidade não é assim.
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado)
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
(errado)
Outro tópico de dúvida trata da pontuação. Vere-
mos a seguir as regras sobre seus usos, para sanar � Entre um substantivo e seu complemento nominal
mais essas dúvidas. ou adjunto adnominal.
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
Uso De Vírgula pelos alunos. (errado)
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três passiva:
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e professor para a feira. (errado)
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
qualquer ambiguidade. � Entre o objeto e o predicativo do objeto:
Quando se trata de separar termos de uma mesma Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos: Considero interessantes, as suas aulas. (errado)

� Para separar os termos de mesma função Uso de Ponto e Vírgula


Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
Usa-se a vírgula para separar os elementos de e vírgula (;):
enumeração.
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi � Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
arrastado pelo tsunami. Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
ficou triste.
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra � No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
que já apareceu na frase) do verbo Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. to, exausto.
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
filmes de terror. � No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
� Para separar palavras ou locuções explicativas, ouvinte.
retificativas Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 sorvete.
anos.
� Em enumerações, portarias, sequências
� Para separar datas e nomes de lugar Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985. o Procurador-Geral da República;
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto o Colégio de Procuradores da República;
e, nem, ou. o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
Dois-pontos
A vírgula também é facultativa quando a expres-
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
mas uma palavra só. Exemplos: não foi concluída.
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
50 em casa.
Servem para: � Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento
� Introduzir uma citação (discurso direto): sec. = secretário
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um a.C. = antes de Cristo
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
respostas”. Dica
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo, Símbolos do sistema métrico decimal e elemen-
distributivo ou uma oração subordinada substan- tos químicos não vêm com ponto final:
tiva apositiva Exemplos: km, m, cm, He, K, C
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos. Ponto de Interrogação
� Introduzir uma explicação ou enumeração após
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a Marca uma entonação ascendente (elevação da
saber, como. voz) em tom questionador.
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, Usa-se:
Filosofia, Ciências... • Marcar uma pausa entre
orações coordenadas (relação semântica de oposi- � Em frase interrogativa direta:
ção, explicação/causa ou consequência) Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
� Entre parênteses para indicar incerteza:
homem culto.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
que havia palavra melhor no contexto.
cautela.
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar
� Marcar invocação em correspondências
surpresa:
Ex.: Prezados senhores:
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)
Comunico, por meio deste, que...
� E interrogações retóricas:
Travessão Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
que não jogaremos comida fora à toa”).
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de
discurso de interlocutor: Ex.: Ponto de Exclamação
― Que gente é aquela, Alberto?
― São japoneses. � É empregado para marcar o fim de uma frase com
entonação exclamativa:
� Serve também para colocar em relevo certas
Ex.: Que linda mulher!
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
Coitada dessa criança!
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
colchetes: � Aparece após uma interjeição:
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario- Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
ca ― vão fazer videoaulas. � Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
aposto explicativo Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer
vamos jantar.
marcar uma ênfase:
oração intercalada
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
� Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
metros em 20 segundos!!!
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
Reticências
Parênteses
São usadas para:
Têm função semelhante à dos travessões e das
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
� Assinalar interrupção do pensamento:
mos, expressões ou orações.
Ex.: ― Estou ciente de que...
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
― Pode dizer...
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
LÍNGUA PORTUGUESA

Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos � Indicar partes suprimidas de um texto:
jantar. (oração intercalada) Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode
Ponto-final ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
depois desceu as escadas apressadamente.)
É o sinal que denota maior pausa.
� Para sugerir prolongamento da fala:
Usa-se:
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de
período. � Para indicar hesitação:
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
Carlos Drummond de Andrade vergonha. 51
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal- *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
mente com outras intenções: vo, o que origina um novo substantivo.
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
Uso das Aspas ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio:
São usadas em citações ou em algum termo que Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído nhado aos responsáveis.
por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
destaque.
Usam-se nos seguintes casos: senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
� Antes e depois de citações: Ex.: Parecer, do latim *parescere.
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, � Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
afirma Dad Squarisi, 64. tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- da gramática.
mos, gírias e expressões populares ou vulgares, * Edifício elaborou projeto o engenheiro.
conotativas:
Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna Uso da barra
que desejava.
Não gosto de “pavonismos”. A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
Dê um “up” no seu visual.
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, � Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
às vezes com ironia ou malícia substituída pela conjunção ou:
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta.
sonoro. � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
� Para citar nomes de mídias, livros etc. ção das conjunções e/ou.
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”. Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
e/ou escritos.
Colchetes
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
ção entre si.
Representam uma variante dos parênteses, porém
tem uso mais restrito. Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
Usam-se nos seguintes casos: (plural/singular).
O carro atingiu os 220 km/h.
� Para incluir num texto uma observação de nature- � Para separar os versos de poesias, quando escritos
za elucidativa: seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de barras para indicar a separação das estrofes.
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
que pareça, o texto original é assim mesmo: te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- � Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
do.” (Machado de Assis) não foi escrita na sua totalidade:
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda Ex.: a/c = aos cuidados de;
Fonologia: s/ = sem
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy] � Para separar o numerador do denominador nos
� Para suprimir parte de um texto (assim como números fracionários, substituindo a barra da
parênteses) fração:
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois Ex.: 1/3 = um terço
desceu as escadas apressadamente. ou
� Nas datas:
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
Ex.: 31/03/1983
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
vel segundo as normas da ABNT) � Nos números de telefone:
Ex.: 225 03 50/51/52
Asterisco
� Nos endereços:
� É colocado à direita e no canto superior de uma Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
palavra do trecho para se fazer uma citação ou � Na indicação de dois anos consecutivos:
comentário qualquer sobre o termo em uma nota Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
de rodapé:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo � Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
52 triste acrescido do sufixo -eza*. Ex.: /s/
Embora não existam regras muito definidas sobre motivo”. Pode ser também que tenha o significado
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- de “pelo qual” e suas flexões.
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- Ex.: Quero saber por que você não visitou seu primo.
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. Os lugares por que passei são incríveis.

Identificação e Função do Parágrafo � Por quê: aparecerá sempre no final de uma fra-
se, podendo ser substituído por “por qual motivo”,
Um parágrafo é o conjunto de um ou mais períodos “por qual razão”.
cujas orações se prendem pelo mesmo grupo de ideias Ex.: Você não me falou nada, por quê?
e centro de interesse. Assim, um parágrafo é uma uni- Ela escutou tudo isso sem saber por quê.
dade de sentido, inserida num todo textual coeso.
Como identificar um parágrafo? A primeira linha CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
do parágrafo é iniciada um pouco à frente da margem
esquerda da folha, ponto onde se iniciam as restantes Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
linhas do parágrafo. umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
Exemplos de parágrafos: cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
Meu dia começou como habitualmente. Acor- Observe o exemplo:
dei, troquei de roupa, tomei o café da manhã e fui
trabalhar. A pequena garota andava sozinha pela cidade.
Chegando ao trabalho, algo inesperado aconteceu: A: Artigo, feminino, singular;
o escritório estava alagado. Todos os funcionários Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
foram dispensados, porque não havia condições para Garota: Substantivo, feminino, singular.
que fizéssemos nosso trabalho.
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
A Língua Portuguesa, a língua a qual nos comuni-
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
camos, é rica e heterogênea. Mas a nossa língua, com
número (singular) do substantivo.
suas regras e exceções, por vezes acaba nos deixando
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
com algumas dúvidas. Veremos agora as dúvidas mais
cia: verbal e nominal.
comuns, muitas delas são utilizadas como pegadinhas
nos concursos, mas a partir do estudo a seguir, você
não cairá mais nessa, pois saberá as respostas corretas. Concordância Verbal

USO DOS PORQUÊS É a adaptação em número – singular ou plural e


pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
Muito comum haver confusão com os usos das sujeito.
formas dos porquês, pois no contexto de uso discur- “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
sivo (fala) não necessitamos distinguir foneticamente. Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
Porém, existem quatro formas de escrita dos porquês, insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
as quais se distinguem por função sintática, morfo- sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
lógica e pela sua posição no período. Veja a tirinha a pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
seguir e como são realizadas essas distinções: peus, asiáticos e africanos.”
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
singular.
Destrinchando o período, temos que os termos
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
cado verbal.
Disponível em: https://bit.ly/3oIvkDs
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: Prefiro natação a futebol.
Os tipos de porquês:
Verbo bitransitivo: Prefiro
Objeto direto: natação
� Porque: conjunção causal ou explicativa (igual a
LÍNGUA PORTUGUESA

Objeto indireto: a futebol


“pois”, “uma vez que”).
Jogava vôlei porque os amigos o chamavam. Popularmente usa-se “do que” no lugar de “a”,
o que tornaria a oração da seguinte forma: “Prefiro
� Porquê: substantivo abstrato com propósito de natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
justificar. Pode ser acompanhado de artigo, prono- drão, a forma correta é como consta na imagem.
me, adjetivo ou numeral. Pode vir no singular e no
plural. Concordância Verbal com o Sujeito Simples
Ex.: Não sabia o porquê de ela ter ido embora.
Ele não entendeu os porquês de tantas brigas. Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
� Por que: inicia perguntas diretas ou está presen- sujeito.
te no interior de perguntas indiretas, podendo Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
ser substituído por “por qual razão” ou “por qual exorbitante. 53
Diferentes situações: Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
viver bem.
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
sentido coletivo o verbo fica no singular. Ex.: A Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
multidão gritou entusiasmada.
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
bo posterior ao pronome relativo concorda com o z Os verbos bater, dar e soar concordam com o
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o chegou. (Duas horas deram...)
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
quem resolveu a questão. Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
badaladas soaram)
Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
nós quem resolvemos a questão. da escola soou dez badaladas)

z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o


z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / de
dem-se casas de veraneio aqui.
vós, o verbo pode concordar com o pronome no plural
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resolviam essa
questão. / Alguns de nós resolvíamos essa questão. interessada.

z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- Majestade está preocupada?
ver artigo definido antes de uma palavra plura- Suas Excelências precisam de algo?
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
Unidos continuam uma potência. exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- Concordância Verbal com o Sujeito Composto
de de Santos fica em São Paulo.”)
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
ticais diferentes
Importante! Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
verbo fica no singular ou no plural.
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
garam ontem.

� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada


z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
ou nenhum
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
Mais de um aluno compareceu à aula. ter o espírito esportivo.
Mais de cinco alunos compareceram à aula.
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
singular
A expressão mais de um tem particularidades:
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se davam. (preferencialmente no singular)
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: � Gradação entre os núcleos do sujeito
Mais de um irmão se abraçaram.
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
me acalmar. (preferencialmente no singular)
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
Mais de um aluno, mais de um professor esta- � Núcleos do sujeito no infinitivo
vam presentes. Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.

z Quando o sujeito é formado de um número per- � Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o mitivo (nada, tudo, ninguém)
numerado ou com o número inteiro, mas pode Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
concordar com o especificador dele. Se o numeral
vier precedido de um determinante, o verbo con- � Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 nem um nem outro
54 das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão
meu foco nos estudos. Concordância do infinitivo

� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
bem como, assim como, tanto quanto to esclarecido)
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
final. implícito “nós”)
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim (dois pronomes implícitos: eu, nós)
como; não só... mas também etc.) Até me encontrarem, vocês terão de procurar
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua muito. (preposição no início da oração)
popularidade em alta. Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
(verbos pronominais)
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni- Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
co núcleo, o verbo fica no singular concordando indicando tempo)
com o núcleo único. Mas, se houver determinante Estudo para me considerarem capaz de aprova-
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
sujeito passa a ser composto. Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
combustíveis aumentaram. particípio)

Concordância verbal do Ser z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:


Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
� Concorda com o sujeito ção verbal)
Ex.: Nós somos unha e carne. Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
sendo sujeito do infinitivo)
� Concorda com o sujeito (pessoa)
Ex.: Os meninos foram ao supermercado. Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
� Em predicados nominais, quando o sujeito for no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
representado por um dos pronomes tudo, nada, impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
dará com o predicativo (preferencialmente) ou Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
com o sujeito. com valor genérico)
Ex.: No início, tudo é/são flores. São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
dido de preposição de ou para)
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
que ou quem
Ex.: Quem foram os classificados? � Concordância do verbo parecer
Flexiona-se ou não o infinitivo.
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
Ex.: São nove horas. vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado
É frio aqui. de acordo com o sujeito, no plural)
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas? Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
logo o infinitivo será impessoal)
� O verbo fica no singular quando precede termos
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, � Concordância dos verbos impessoais
menos etc. junto a especificações de preço, peso, São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
quantidade, distância. E também quando seguido sempre na 3ª pessoa do singular.
do pronome o. Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. Fazia quinze anos que ele havia se formado.
Divertimentos é o que não lhe falta. Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
LÍNGUA PORTUGUESA

Dez reais é nada diante do que foi gasto. auxiliar fica no singular)
Trata-se de problemas psicológicos.
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
Geou muitas horas no sul.
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o � Concordância com sujeito oracional
verbo concordará com o termo não preposiciona- Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
do entre eles. verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. singular.
São eles que sempre chegam cedo. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
trução adequada) Ficou combinado que sairíamos à tarde.
São nessas horas que a gente precisa de ajuda. Urge que você estude.
(construção inadequada) Era preciso encontrar a verdade. 55
Casos mais frequentes em provas vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
dade: todas as flores)
Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos: z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
� Sujeito posposto distanciado ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
diversas etnias, somos multiculturais.
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical
brasileira seres estranhos.
Concordância Nominal
� Verbos impessoais (haver e fazer)
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte. Define-se como a adaptação em gênero e número
Havia problemas no setor. que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável) adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
� Verbo na voz passiva sintética gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta. Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
� Verbo concordando com o antecedente correto Muro alto. / Muros altos.
do pronome relativo ao qual se liga
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que Casos com adjetivos
tinham experiência.
z Com função de adjunto adnominal: quando o
� Sujeito coletivo com especificador plural adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram. ver após os substantivos, poderá concordar com
� Sujeito oracional as somas desses ou com o elemento mais próximo.
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
singular) Encontrei colégios e faculdades ótimos.

� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Há casos em que o adjetivo concordará apenas
to ou complemento no plural com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar tencer somente a este.
atrito. (verbo no singular) Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
Casos Facultativos
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
estádio. cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
fizeram rir.
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
z Fui eu quem faltou/faltei à aula. Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura francesa e alemã.
brasileira. Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
ciência. (1,5% corresponde ao singular) língua inglesa, a francesa e a alemã.
z Chegaram/Chegou João e Maria.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram z Com função de predicativo do sujeito
aqui.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
com a soma dos elementos.
brasileira.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
z O problema do sistema é/são os impostos. Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z Hoje é/são 22 de agosto. jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
a aprovação. quanto com o nome mais próximo.
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. vam abandonados a casa e o quintal.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
Silepse de Número e de Pessoa to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome:
Conhecida também como “concordância irregular, Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos: (substitui-se por “eles”)
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
z Silepse de número: usa-se um termo discordando existem complicados”.
do número da palavra referente, para concordar Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
56 com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem então é um adjunto adnominal.
z Com função de predicativo do objeto Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
irritados.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- tante irritados.
dância com o termo mais próximo. Se ambos os termos puderem ser substituídos por
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. “vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
seus subordinados.
� Tal qual
Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
Algumas convenções
com o substantivo posterior.
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
� Obrigado / próprio / mesmo
pais.
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
A própria enfermeira virá para o debate.
Elas mesmas conversaram conosco. quais os pais.
Silepse (também chamada concordância
figurada)
Dica É a que se opera não com o termo expresso, mas o
O termo mesmo no sentido de “realmente” será que está subentendido.
invariável. Ex.: Os alunos resolveram mesmo a Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
situação. linda!)
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
z Só / sós com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”. Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
Invariáveis quando significarem “apenas, somente”. leiros, estamos esperançosos.)
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas � Possível
apenas queriam ficar sozinhas.) Concordará com o artigo, em gênero e número, em
A locução “a sós” é invariável. frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
ficar a sós. Conheci crianças as mais belas possíveis.
� Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Ex.: Estamos quites com o banco.
Seguem anexas as certidões negativas. Outro assunto de grande dúvida é o uso da crase,
Inclusos, enviamos os documentos solicitados. fenômeno gramatical que corresponde à junção da
preposição a + artigo feminino definido a, ou da jun-
� Meio
ção da preposição a + os pronomes relativos aquele,
Quando significar “metade”: concordará com o
aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela
elemento referente.
marcação (`) + (a) = (à).
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan- Regra geral: haverá crase sempre que o termo
do significar unidade de medida, é masculino. antecedente exija a preposição a e o termo conse-
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. quente aceite o artigo a.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.” Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
� É proibido entrada / É proibida a entrada Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
Se o sujeito vier determinado, a concordância do ge preposição).
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- palavra que não aceita artigo).
rão com o determinante. Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami- no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
nhada está boa. dam no momento de identificação, conforme são mos-
tradas a seguir.
LÍNGUA PORTUGUESA

É proibido entrada de crianças. / É proibida a


entrada de crianças.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa? Casos convencionados

� Menos / pseudo � Locuções adverbiais formadas por palavras


São invariáveis. femininas:
Ex.: Havia menos violência antigamente.
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
to é pseudo-objetivo.
Espero vocês à noite na estação de metrô.
� Muito / bastante Estou à beira-mar desde cedo.
Quando modificam o substantivo: concordam com Locuções prepositivas formadas por palavras
ele. femininas:
Quando modificam o verbo: invariáveis. Ex.: Ficaram à frente do projeto. 57
� Locuções conjuntivas formadas por palavras Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prê-
femininas: mio.
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos
vão aumentando. � Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
� Quando indicar marcação de horário, no plural Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
contrato.
Fique atento ao seguinte: entre números teremos
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
que de = a / da = à, portanto:
suspeita de fraude.
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
Eles estavam conservando a certa altura.
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
Faremos a obra a qualquer custo.
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.
aquilo:
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada � Antes de demonstrativos
àquele outono. Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
Por favor, entregue as flores àquela moça que está � Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
sentada. personalidades históricas
Dedique-se àquilo que lhe faz bem. Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
de:
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
Ex.: Referimo-nos à que está de preto. O pacote foi entregue a ti ontem.
Referimo-nos à de preto.
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
� Com o pronome relativo a qual, as quais: lado)
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
de sair. de justiça.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
férias. � Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
sem determinante
Casos proibitivos Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
Astronauta volta a Terra em dois meses.
Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para Os pesquisadores chegaram a terra depois da
melhor orientação de quando não usar a crase. Veja expedição marinha.
mais detalhes sobre a forma correta de não cometer Vocês o observaram a distância.
equívocos:
Crase facultativa
� Antes de nomes masculinos
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate- Nestes casos, podemos escrever as palavras das
rial agrada a todos.” (MM) duas formas: utilizando o não a crase. Para entender
O carro é movido a álcool. detalhadamente, observe as seguintes dicas:
Venda a prazo.
� Antes de palavras femininas que não aceitam � Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
artigos se tem proximidade
Ex.: Iremos a Portugal. Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
� Antes de pronomes possessivos no singular
Macete de crase: Ex.: Iremos a/à sua residência.
Se vou a; Volto da = Crase há!
Se vou a; Volto de = Crase pra quê? � Após preposição até, com ideia de limite
Ex.: Vou à escola / Volto da escola. Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza. “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
às [ou as] lágrimas, e disse com mui estranho afe-
� Antes de forma verbal infinitiva to.” (CBr. 1, 67)
Ex.: Os produtos começaram a chegar.
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar Casos especiais
com franqueza, parecem dar a entender que o
fazem por exceção de regra.” (MM) Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
� Antes de expressão de tratamento Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa forem femininos, normalmente não se usa crase.
Excelência. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para evitar
ambiguidades.
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
a regência do verbo exigir preposição Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes. instrumento)
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
58 o pacote. instrumento)

Quando usar ou não a crase em sentenças com Há verbos que admitem mais de uma regência
nomes de lugares sem que o sentido seja alterado.

z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, V. T. D: esquecia
moro em Copacabana, passo por Copacabana) Objeto direto: os favores recebidos.
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia, V. T. I.: se esquecia
passo pela Bahia) Objeto indireto: dos favores recebidos.

Macetes No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos


que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído alterando seu significado.
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
a, com a, à moda de, durante a. Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
(aspiramos = sorvemos)
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase. V. T. D.: aspiramos
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase. Objeto direto: ar poluídos.
Os funcionários aspiram a um mês de férias.
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
(aspiram = almejam)
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
V. T. I.: aspiram
uma equivaler a a duas, não ocorre crase.
Objeto indireto: a um mês de férias
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos A seguir, uma lista dos principais verbos que
por a este, a esta e a isto. geram dúvidas quanto à regência:
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
� Abraçar: transitivo direto
nomes de cidades quando esses termos estiverem
Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
tância de 200 metros do pico da montanha.
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
A compreensão da crase vai muito além da estética Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
gramatical, ela serve também para evitar ambiguida- to com sentido de “acariciar”)
des comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão. A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, no sentido de “ser agradável a”)
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi- � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações transitivo direto e indireto
como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
advérbio de instrumento da ação de pintar. personificado)
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
personificado)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL reto: refere-se a coisas e pessoas)

Regência é a maneira como o nome ou o verbo se � Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou preposição a, rege indiferentemente objeto direto
advérbio) exige complemento preposicionado, esse e objeto indireto.
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
entre o nome e seu complemento. indireto)
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em rege apenas objeto direto:
forma de pronome oblíquo átono. Ajudaram o ladrão a fugir.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
LÍNGUA PORTUGUESA

foram leais. direto:


Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei- Ajudei-o muito à noite.
to (desprovido de preposição)
Pronome oblíquo átono: lhe � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
sujeito (desprovido de preposição). sitivo direto com sentido de “angustiar”)
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
Regência Verbal
como complemento)
Relação de dependência entre um verbo e seu � Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
complemento. As relações podem ser diretas ou indi- Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
retas, isto é, com ou sem preposição. vo direto com sentido de “respirar”) 59
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
indireto no sentido de “desejar”) sitivo com sentido de “cortejar”)
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
indireto com sentido de “desejar muito”)
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
“prestar assistência”
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
O médico assistia os acidentados.
“encantar-se”)
O médico assistia aos acidentados.
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Não assisti ao final da série. Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
O verbo assistir não pode ser empregado no
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
particípio.
tivo direto e indireto
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
milhares de pessoas.”
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
indireto)
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
direto e indireto
direto e indireto)
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti- � Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
vo indireto) transitivo direto e indireto
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire- Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
to e indireto) A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de indireto)
predicativo do objeto
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire- � Suceder; intransitivo; transitivo direto
to com sentido de “convocar”) Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre- sentido de “ocorrer”)
dicativo do objeto com sentido de “denominar, A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
qualificar”) de “vir depois”)
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
Regência Nominal
reto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
indireto com sentido de “ser difícil”)
bios) exigem complementos preposicionados, exceto
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
Advérbios terminados em “mente”
� Esquecer: admite três possibilidades
Ex.: Esqueci os acontecimentos. Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
Esqueci-me dos acontecimentos. regência dos adjetivos:
Esqueceram-me os acontecimentos.
análoga / analogicamente a
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
contrária / contrariamente a
transitivo direto e indireto
compatível / compativelmente com
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
diferente / diferentemente de
(transitivo direto com sentido de “acarretar”)
favorável / favoravelmente a
Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
paralela / paralelamente a
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má
próxima / proximamente a/de
disposição”)
relativa / relativamente a
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
direto e indireto com sentido de envolver-se”)
Preposições prefixos verbais
� Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à Alguns nomes regem preposições semelhantes a
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou seus “prefixos”:
sobre
Informaram o réu de sua condenação. dependente, dependência de
Informaram o réu sobre sua condenação. inclusão, inserção em
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- inerente em/a
sa: objeto indireto, com a preposição a descrente de/em
Informaram a condenação ao réu. desiludido de/com
desesperançado de
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
desapego de/a
reto, com as preposições em e por
convívio com
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
convivência com
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- demissão, demitido de
60 tivo direto e indireto encerrado em
enfiado em Flexão apenas do primeiro elemento
imersão, imergido, imerso em
instalação, instalado em z Nos substantivos compostos formados por subs-
interessado, interesse em tantivo + substantivo em que o segundo termo
intercalação, intercalado entre limita o sentido do primeiro termo:
supremacia sobre decreto-lei – decretos-lei;
cidade-satélite – cidades-satélite;
PLURAL DE COMPOSTOS público-alvo – públicos-alvo;
elemento-chave – elementos-chave.
Nestes substantivos também é possível a flexão
Substantivos
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
públicos-alvos, elementos-chaves.
O adjetivo concorda com o substantivo referen-
te em gênero e número. Se o termo que funciona z Nos substantivos compostos preposicionados:
como adjetivo for originalmente um substantivo fica cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
invariável. pôr do sol – pores do sol;
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola fim de semana – fins de semana;
também é um substantivo; mantém-se no singular) pé de moleque – pés de moleque.
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
um substantivo; mantém-se no singular) Flexão apenas do segundo elemento

Adjetivos � Nos substantivos compostos formados por tema


verbal ou palavra invariável + substantivo ou
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi- adjetivo:
mo elemento concordará com o substantivo referente. bate-papo – bate-papos;
Os demais ficarão na forma masculina singular. quebra-cabeça – quebra-cabeças;
Se um dos elementos for originalmente um subs- arranha-céu – arranha-céus;
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. ex-namorado – ex-namorados;
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. vice-presidente – vice-presidentes.
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o � Nos substantivos compostos em que há repeti-
plural, pois ambos são adjetivos. ção do primeiro elemento:
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no zum-zum – zum-zuns;
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. tico-tico – tico-ticos;
Nesse caso, o termo composto não concorda com o lufa-lufa – lufa-lufas;
plural do substantivo referente, “folhas”. reco-reco – reco-recos.
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam- � Nos substantivos compostos grafados ligada-
bém pode ser um substantivo. mente, sem hífen:
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma girassol – girassóis;
lógica de “musgo” do exemplo anterior. pontapé – pontapés;
mandachuva – mandachuvas;
fidalgo – fidalgos.
Dica
� Nos substantivos compostos formados com
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- grão, grã e bel:
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são grão-duque – grão-duques;
sempre invariáveis. grã-fino – grã-finos;
Oadjetivocompostopele-vermelhatemosdoisele- bel-prazer – bel-prazeres.
mentos flexionados no plural (peles-vermelhas). Não flexão dos elementos
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
Lista de Flexão dos dois elementos
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
re em frases substantivadas e em substantivos
� Nos substantivos compostos formados por pala- compostos por um tema verbal e uma palavra
vras variáveis, especialmente substantivos e invariável ou outro tema verbal oposto:
adjetivos: o disse me disse – os disse me disse;
segunda-feira – segundas-feiras; o leva e traz – os leva e traz;
LÍNGUA PORTUGUESA

matéria-prima – matérias-primas; o cola-tudo – os cola-tudo.


couve-flor – couves-flores;
guarda-noturno – guardas-noturnos; FUNÇÕES DO SE
primeira-dama – primeiras-damas.
� Nos substantivos compostos formados por Embora já tenhamos abordado esse tema anterior-
temas verbais repetidos: mente, deixamos aqui uma síntese das funções mais
corre-corre – corres-corres; cobradas desse vocábulo.
pisca-pisca – piscas-piscas;
pula-pula – pulas-pulas. Funções morfológicas
Nestes substantivos também é possível a flexão
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca- z Pronome;
-piscas, pula-pulas. z Conjunção. 61
Funções sintáticas � Preposição (a depender do contexto, pode ser subs-
tituído por “de”)
� Pronome reflexivo com a função sintática de obje- Ex.: A gente tem que explicar com franqueza cer-
to direto tas coisas.
Ex.: Elas não se encontram na redação.
� Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao
� Pronome reflexivo com a função sintática do obje- adjetivo)
to indireto Ex.: Que bela tarde!
Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar.
� Interjeição (sempre acentuado)
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti- Ex.: Quê! Você tem coragem?
ca do objeto direto
� Partícula expletiva
Ex.: Admiravam-se de longe.
Ex.: Que experto que é teu irmão!
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti-
� Faz parte da locução expletiva
ca do objeto indireto
Ex.: Ele é que sabe das coisas!
Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas.
� Pronome reflexivo com a função de sujeito de um � Conjunção causal (igual a “porque”)
infinitivo Ex.: Disse que não iria, que não tinha roupas
Ex.: Ela deixou-se ir. adequadas.

� Pronome apassivador � Conjunção integrante


Ex.: Compram-se jornais. Ex.: Suponhamos que elas viessem.

� Pronome de realce � Conjunção comparativa


Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução. Ex.: Uma era mais esperta que a outra.

� Índice de indeterminação do sujeito � Conjunção concessiva (igual a “embora”)


Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo. Ex.: Que não seja rico, sempre me casarei com ele.

� Parte integrante dos verbos essencialmente � Conjunção condicional (igual a “se”)


pronominais Ex.: Que você pague a promissória, hão de entre-
Ex.: Queixou-se muito da vida. gar a mercadoria.
� Conjunção subordinativa integrante � Conjunção conformativa (igual a “conforme”)
Ex.: Ela queria ver se conseguiria. Ex.: Aos que dizem, os exames serão dificílimos.
� Conjunção subordinativa condicional � Conjunção temporal
Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos. Ex.: Chegados que foram à cabana, reviraram
tudo.
FUNÇÕES DO QUE
� Conjunção final
Funções morfológicas Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse.
� Conjunção consecutiva
z Pronome; Ex.: Falou tanto que ficou rouco.
z Substantivo;
� Conjunção aditiva
z Preposição; Ex.: Anda que anda e nada encontra.
z Advérbio;
� Conjunção explicativa
z Interjeição; Ex.: Fique quieto, que eu quero dormir.
z Conjunção.
FUNÇÕES DO SEM QUE
Funções sintáticas
Locução conjuntiva com valor de condição, con-
� Pronome relativo (igual a “o qual”, “a qual”) cessão, consequência, negação de consequência,
Ex.: A curiosidade é um vício que desconhece negação de causa, modo. Essa locução pode ser subs-
termos. tituída para formar orações subordinadas reduzidas
de infinitivo.
� Pronome substantivo indefinido (igual a “que coi-
Ex.: “Empurrava a cadeira sem que a mãe corresse
sa”) ligado ao verbo
atrás.”
Ex.: Elas não sabiam o que fazer.
Poderia ser reescrita como “Empurrava a cadeira
� Pronome adjetivo indefinido (igual a “quanto”, sem a mãe correr atrás”, e então teríamos uma ora-
“quanta”) ligado ao substantivo ção reduzida de infinitivo.
Ex.: Que alegria! Ex.: “A democracia não será efetiva sem liberda-
de de informação e não será exercida sem que esta
� Pronome interrogativo (no final de frase é
esteja assegurada a todos os veículos de comunicação
acentuado)
visual.”
Ex.: Por que não vai conosco?
Poderia ser reescrita como “A democracia não será
Não vai conosco por quê?
efetiva sem liberdade de informação e não será exer-
� Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é cida sem esta estar assegurada a todos os veículos
acentuado) de comunicação visual”, formando agora uma oração
62 Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade. reduzida de infinitivo.
DEMAIS E DE MAIS Ex.: O governo autorizou a cessão de livros para
as escolas.
Demais
AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A
Advérbio de intensidade. Assume também a fun-
ção de pronome indefinido. Ao encontro de
Ex.: Gritamos demais no jogo, por isso estamos
roucos. (advérbio) Significa “ser favorável a” e “aproximar-se de”.
Eu amo essa cantora, ela é demais! (advérbio) Ex.: A opinião dos estudantes ia ao encontro das
Sabemos o motivo principal, os demais não foram nossas. (sentido de “corresponder”)
divulgados. (pronome indefinido) Ele foi ao encontro dos amigos. (sentido de
“encontrar-se com”)
De mais
De encontro a
Locução adjetiva que manifesta quantidade. Para
diferenciá-la de “demais”, basta trocar pelo antônimo, Indica “oposição”, “confronto”, “colisão”.
“de menos”; se der certo, escreve-se “de mais”. Ex.: A sua maneira de agir veio de encontro à
Ex.: Essa sobremesa tem açúcar de mais para o minha. (sentido de “confronto”)
meu paladar. O caminhão foi de encontro ao poste. (sentido de
Preparei comida de mais, vou precisar congelar. “colisão”)
É só uma injeção, não tem nada de mais. O que ele fez foi de encontro ao que havia dito.
(sentido de oposição”)
A CERCA DE / ACERCA DE / HÁ CERCA DE
SENÃO / SE NÃO
A cerca de
Senão
Quando se referir a algo ou alguém, com ideia de
quantidade aproximada. Significa “do contrário, caso contrário”, “mas sim,
Ex.: Ele falou a cerca de mil ouvintes. mas”, “a não ser, exceto, mais do que”, “mas também”,
“falha, defeito, obstáculo (como substantivo)”.
Acerca de Ex.: Saio cedo, senão chego atrasado.
Não era diamante nem rubi, senão cristal.
Equivale a “sobre”, “a respeito de”, “em relação a”. Ninguém, senão os convidados, podia entrar na
Ex.: O professou dissertou acerca dos progressos festa.
científicos. O aprendizado não depende somente do professor,
senão do esforço do aluno.
Não encontrei um senão em seu texto. (substanti-
Há cerca de
vo com sentido de “falha”)
Quando se trata de uma média de tempo passado.
Se não
Ex.: Há cerca de trinta dias, foi feita essa proposta.
Formado de uma conjunção condicional se e do
Dica advérbio de negação não, tem valor de “caso não”,
Para evitar redundância, não se deve usar o “há “quando não”.
Ex.: Se não fizer sol, não lavarei roupas.
cerca de” com outro termo que dê ideia de pas-
Havia duas pessoas interessadas, se não três.
sado numa mesma sentença.
Para não errar mais:
Ex.: Há cerca de trinta dias atrás. (inadequado) Se não (separado): Caso não
Há cerca de trinta dias. (adequado) Ex.: Se não estudar, será reprovado.
Senão (junto): Caso contrário
SEÇÃO / SESSÃO / CESSÃO Ex.: Estude, senão será reprovado.

Seção HÁ / A (EXPRESSÃO DE TEMPO)

Tem sentido de “parte”, “divisão”, “segmento”. Há


LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: A seção onde trabalho é muito requisitada.


Usa-se para espaço de tempo referente ao passado.
Sessão Ex.: Ela saiu de casa há duas horas.
Saiba que o verbo há pode ser substituído também
Tem sentido de “reunião”, “encontro”, “espaço de por faz, sendo invariável, sempre no singular.
tempo”. Ex.: Ela saiu de casa faz meia hora. / Ela saiu de
Ex.: Os ingressos para a sessão de estreia estão casa faz duas horas.
disponíveis.
A
Cessão
Usa-se para espaço de tempo referente ao futuro.
Tem sentido de “ceder”, “repartir”. Ex.: Ele chegará daqui a duas horas. 63
EM VEZ DE / AO INVÉS DE Ex.: Que chato! Sempre de mau humor!
Ele seguiu por maus caminhos.
Em vez de Desculpa o mau jeito! Eu estava nervoso!
Você está fazendo mau uso desse equipamento.
Significa “substituição”, “troca”.
Ex.: Em vez de estudar, ficou brincando com os Para não errar mais, faça a seguinte operação sem-
amigos. pre que ficar em dúvida: Mal é antônimo de Bem /
Mau é antônimo de Bom.
Ao invés de

Indica “algo inverso”, “oposição”. REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS


Ex.: Ao invés de ligar o som, desligou-o.
DO TEXTO
TRAZ / TRÁS / ATRÁS
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. SUBSTITUIÇÃO DE
Traz PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO

Denotação
Do verbo “trazer”, conjugado na terceira pessoa do
singular.
O sentido denotativo da linguagem compreende
Ex.: Ele sempre me traz flores quando vem me ver.
o significado literal da palavra independente do seu
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
Trás
objetivo e literal associado ao significado que aparece
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
Significa “na parte posterior” e é sempre precedi-
ênfase à informação que se quer passar para o recep-
do de preposição.
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
Ex.: Ele estava por trás disso tudo desde o começo. isso, é muito utilizada em textos informativos, como
Ande mais depressa, senão ficará pra trás. notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
ticos, entre outros.
Atrás Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
Advérbio de lugar. O coração é um músculo que bombeia sangue para
Ex.: O ponto de ônibus fica atrás do shopping. o corpo. (coração: parte do corpo)

Dica Conotação
Na frase “Ele estava atrás de mim quando tudo O sentido conotativo compreende o significado
aconteceu”, o advérbio atrás pode apresentar figurado e depende do contexto em que está inserido.
dois significados: no sentido literal, “estar atrás” A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
é localizar-se atrás de alguém, mas o “estar dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
atrás” também apresenta um sentido figurado tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
de “estar buscando” ou “procurando”. poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
à expressividade da mensagem de maneira que ela
MAL / MAU possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
Mal sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
publicitários e outros.
Conjunção ou substantivo. Como substantivo, Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
refere-se a uma desgraça, calamidade, dano, doença, Você mora no meu coração.
enfermidade, pesar, aflição, sofrimento, defeito, pro-
blema, maldade. O substantivo mal forma o plural O Significado das Palavras
males. Como conjunção subordinativa temporal,
tem sentido de “assim que” e “logo que”. Quando escolhemos determinadas palavras ou
Ex.: Todos sabem que essa personagem é do mal. expressões dentro de um conjunto de possibilidades
(substantivo) de uso, estamos levando em conta o contexto que
Não temos como fugir dos males do mundo. influencia e permite o estabelecimento de diferentes
(substantivo) relações de sentido. Essas relações podem se dar por
Mal ele chegou, ela saiu da sala. (conjunção) meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
Mal você possa, venha falar comigo. (conjunção) mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.

Mau
Importante!
Adjetivo. Indica alguém ou alguma coisa que: faz Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
maldades, não é de boa qualidade, faz grosserias, traz sões de um idioma.
infortúnio, não tem competência, é pouco produtivo, Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
é inconveniente e impróprio, é contrário aos bons cos- que cada falante seleciona do léxico para se
64 tumes, é travesso e desobediente. comunicar.
Sinonímia sela (forma do verbo selar;
cela (pequeno quarto)
arreio)
São palavras ou expressões que, empregados em
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
um determinado contexto, têm significados seme-
lhantes. É importante entender que a identidade dos céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, cerrar (fechar) serrar (cortar)
o que pode não acontecer em outras situações. O
cervo (veado) servo (criado)
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade cheque (ordem de pagamento)
xeque (lance no jogo de
de suas significações é diferente. xadrez)
O emprego dos sinônimos é um importante recur- círio (vela) sírio (natural da Síria)
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia cito (forma do verbo citar) sito (situado)
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura concerto (sessão musical) conserto (reparo)
do texto. coser (costurar) cozer (cozinhar)
exotérico (que se expõe em
Antonímia esotérico (secreto)
público)
espectador (aquele que expectador (aquele que tem
São palavras ou expressões que, empregadas em assiste) esperança, que espera)
um determinado contexto, têm significados opostos.
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- espiar (observar) expiar (pagar pena)
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: estático (imóvel) extático (admirado)
esterno (osso do peito) externo (exterior)
extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)

Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020. php. Acessado em: 17/10/2020.

A relação de sentido estabelecida na tirinha é Parônimos


construída a partir dos sentidos opostos das palavras
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes- Parônimos são palavras que apresentam sentido
se contexto. diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:
Homonímia
Absorver/absolver
Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
z Tentaremos absorver toda esta água com espon-
núncia ou grafia, porém apresentam significados dife- jas. (sorver)
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a z Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis de
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô- seus pecados. (inocentar)
LÍNGUA PORTUGUESA

nimos importantes:
Aferir/auferir
acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) z Realizaremos uma prova para aferir seus conheci-
mentos. (avaliar, cotejar)
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
z O empresário consegue sempre auferir lucros em
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) seus investimentos. (obter)
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
bucho (estômago) buxo (arbusto)
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
65
Cavaleiro/cavalheiro EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO USO DE
RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS EM GÊNEROS
z Todos os cavaleiros que integravam a cavalaria DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS
do rei participaram na batalha. (homem que anda
de cavalo) A representação de sentido por meio de tabelas
z Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
e gráficos está sempre presente em nosso cotidiano,
sempre as portas para eu passar. (homem educado
e cortês) principalmente nos meios de comunicação, ainda
mais com as redes sociais. Isso está ligado a facilidade
Cumprimento/comprimento com que podemos analisar e interpretar as informa-
ções que estão organizadas de forma clara e objetiva
z O comprimento do tecido que eu comprei é de e, além disso, não exigir o uso de cálculos complexos
3,50 metros. (tamanho, grandeza)
para a sua análise. A análise de gráficos auxilia na
z Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
resolução de questões não apenas de português, por
Delatar/dilatar isso, requer atenção.

z Um dos alunos da turma delatou o colega que chu- Gráfico: componentes de um gráfico
tou a porta e partiu o vidro. (denunciar) Título: na maioria dos casos possuem um título
z Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando que indica a que informação ele se refere.
seu estômago. (alargar, estender) Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte,
ou seja, de onde as informações foram, com o ano de
Dirigente/diligente
publicação.
z O dirigente da empresa não quis prestar decla- Números: o mais importante, pois é deles que pre-
rações sobre o funcionamento da mesma. (pessoa cisamos para comparar as informações dadas pelos
que dirige, gere) gráficos. Usados para representar quantidade ou tem-
z Minha funcionária é diligente na realização de po (mês, ano, período).
suas funções. (expedito, aplicado)
Legendas: ajuda na leitura das informações apre-
sentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores destaca
Discriminar/descriminar
diferentes informações.
z Ela se sentiu discriminada por não poder entrar
CIDADES MAIS POPULOSAS DO BRASIL
naquele clube. (diferenciar, segregar)
NÚMEROS DE HABITANTES

z Em muitos países se discute sobre descrimi- 100%


nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar, 90%
80%
inocentar) 70%
60%
50%
REFERÊNCIA 40%
30%
20%
Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras- 10%
0%
-par onimas/. Acessado em 17/10/2020. Franceses Alemães Inglêses Espanhóis Outros Total
CIDADES

POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO)
Fonte: googleimages.com. Acesso em: 10/01/2021.
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras Infográficos
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- Os infográficos são uma forma moderna de apre-
semia é encontrada no exemplo a seguir: sentar o sentido.
Essa palavra une os termos info (informação) e
gráfico (desenho, imagem, representação visual), ou
seja, um desenho ou imagem que, com o apoio de um
texto, informa sobre um assunto que não seria muito
bem compreendido somente com um texto, auxilian-
do a compreensão do leitor.
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020. Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção
HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO aos detalhes. As representações neste formato aliam
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
Relação estabelecida entre termos que guardam
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimo – título, ao tema e a fonte das informações é vital para
66 carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... uma boa análise e interpretação.
São palavras referentes a outras que irão aparecer
no texto:

Ex.: Este novo produto a deixará maravilhosa, é o


xampu Ela. Use-o e você não vai se arrepender!

O pronome demonstrativo este apresenta um ele-


mento do qual ainda não se falou = o xampu.

z Coesão lexical: são palavras ou expressões


equivalentes.

A repetição de palavras compromete a qualidade


do texto, mostrando falta de vocabulário do redator.
Assim, é aconselhável a utilização de sinônimos:
Ex.: Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase -
êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha
vida por umas poucas horas dessa alegria.
Nesse caso a palavra alegria aparece como sinôni-
mo semântico da palavra amor, representando-a.

z Coesão por elipse ou zeugma (omissão): é a


omissão de um termo facilmente identificável.

Podemos ocultar o sujeito da frase e fazer o leitor


procurar no contexto quem é o agente, fazendo corre-
lações entre as partes:
Ex.: O marechal marchava rumo ao leste. Não
tinha medo, (?) sabia que ao seu lado a sorte também
galopava.
A interrogação representa a omissão do sujeito
marechal que fica subentendido na oração.
Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm.

z Conectivos principais: preposições e suas locu-


REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E ções: em, para, de, por, sem, com...
DE PERÍODOS DO TEXTO
Conjunções e suas locuções: e, que, quando, para
Coesão
que, mas...
Pronomes relativos, demonstrativos, possessivos,
Coesão pode ser considerada a “costura” textual,
pessoais: onde, que, cujo, seu, este, esse, ele...
a “amarração” na estrutura das frases, dos períodos
Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos ver
e dos parágrafos que fazemos com palavras. Para
muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu iní-
garantir uma boa coesão no seu texto, você deve pres-
cio, a televisão foi usada para facilitar o domínio da
tar atenção a alguns mecanismos. Abaixo, em negrito,
há exemplos de períodos que podem ser melhorados sociedade. Como exemplo, podemos citar a chegada
utilizando os mecanismos de coesão: do homem à Lua, onde os EUA conseguiram com sua
propaganda capitalista frente a uma Guerra Fria, a
z Elementos Anafóricos: Esse, essa, isso, aquilo, simpatia de grande parte da população do planeta.
isso, ele...
Coerência
São palavras referentes a outras que apareceram
no texto, a fim de retomá-las. Coerência textual é uma relação harmônica que se
estabelece entre as partes de um texto, em um contex-
LÍNGUA PORTUGUESA

to específico, e que é responsável pela percepção de


Ela = Dolores seu = Ela uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais
aspectos envolvidos nessa questão são:
Ex.: Dolores e ra beleza única. Ela sabia do seu
poder de seduzir e o usava z Coerência semântica

Refere-se à relação entre significados dos elemen-


tos da frase (local) ou entre os elementos do texto
o = poder
como um todo:
Ex.: Paulo e Maria queria chegar ao centro da
z Elementos Catafóricos: Este, esta, isto, tal como, questão. - Não caberia aqui pensar em centro como
a saber... bairro de uma cidade. 67
É nesse caso que entra o estudo da coesão por meio Aquele (lá): pronome de 3ª pessoa: a referência
do vocabulário. será ao ser que está distante do falante e do ouvin-
te: As duas no portão não aguentavam de curiosidade,
z Coerência sintática: refere-se aos meios sintáti- quem seria aquele moço na esquina?
cos que o autor utiliza para expressar a coerência
semântica: “A felicidade, para cuja obtenção não z Indicando localização temporal:
existem técnicas científicas, faz-se de pequenos
fragmentos...” - como leitor do texto, você deve Este (presente): Neste ano haverá Copa do Mundo.
entender que o pronome cuja foi empregado para Esse (passado próximo: Nesse ano que passou, não
estabelecer posse entre obtenção e felicidade. tivemos Copa do Mundo.
Esse (passado futuro): A próxima copa será em
É nesse caso que entra o estudo da coesão com o 2014. Nesse ano poderemos ver todos os jogos aconte-
emprego dos conectivos. cerem aqui em nosso país.
Aquele (passado distante ou bastante vago):
z Coerência estilística: refere-se ao estilo do autor, Naquela época, não havia iluminação elétrica.
à linguagem que ele emprega para redigir. O lei-
tor atento a isso consegue facilmente entender a z Fazendo referências contextuais (funções anafó-
estrutura do texto e relacionar bem as informa- rica e catafórica):
ções textuais. Além disso, percebendo se a lin-
guagem do texto é figurada ou não, seu raciocínio Este: refere-se a um elemento sobre o qual ainda
interpretativo deverá funcionar de uma determi- se vai falar no texto (referência catafórica). Ex.: Este
nada maneira, como podemos ver neste texto de é o problema: estou dura. Pode também fazer uma
Fernando Pessoa: referência de especificação a um elemento já expres-
so (ref. anafórica). Ex.: Ana e Bia saíram, esta foi ao
Já sobre a fronte vã se me acinzenta cinema.
O cabelo do jovem que perdi. Esse: refere-se a um elemento já mencionado no
Meus olhos brilham menos. texto (referência anafórica). Ex.: Comprei aspirina.
Já não tem jus a beijos minha boca. Esse remédio é ótimo.
Se me ainda amas por amor, não ames: Este: refere-se à última informação antecedente a
Trairias-me comigo. ele no texto;
Aquele: refere-se à informação mais distante dele
(Ricardo Reis/Fernando Pessoa) no texto. Ex.: Ana, João e Cris são irmãos; esta é quie-
ta, esse fala pouco e aquela fala muito.
z Elementos importantes de coesão e coerência:
para continuarmos o estudo de coesão e coerência, Período composto
devemos relembrar alguns elementos gramaticais
importantes: z Que, o/a (s) qual (s): referem-se à coisa ou pessoa.
z Pronome demonstrativo: indicam posição dos Ex.: O livro que li é ótimo. / O livro o qual li é ótimo.
seres em relação às pessoas do discurso, situando- z Quem – refere-se à pessoa, sempre preposiciona-
-o no tempo e/ou no espaço (função dêitica destes do. Ex.: Esta é a aluna de quem falei.
pronomes). Podem também ser empregados fazen- z Cujo (parecido com o possessivo): estabelece pos-
do referência aos elementos do texto (função ana- se. Ex.: Este é o autor com cujas ideias concordo.
fórica ou catafórica). São eles: z Onde (= em que): refere-se a lugar. Ex.: A rua onde
(em que) moro é movimentada.
ESTE (A/S), ESSE (A/S), Têm função de pronome
AQUELE (A/S) adjetivo. Atenção:
Observar a palavra a que se refere o pronome
ISSO, ISTO, AQUILO, O Têm função de pronome relativo para evitar erros de concordância verbal. Ex.:
(A/S) substantivo. Lemos os livros que foram indicados pelo professor
(que = os quais → livros)
MESMO, PRÓPRIO, Quando são demons-
Respeitar a regência do verbo ou do nome, usando
SEMELHANTE, TAL (E trativos, são pronomes
a preposição exigida quando necessário. Ex.: Este é o
FLEXÕES). adjetivos.
livro a que me refiro.
O verbo referir-se pede a preposição a; por isso, ela
Empregos do pronome demonstrativo aparece antes do que. Ex.: Esta á a obra por que tenho
admiração. A preposição por foi exigida pelo substan-
z Indicando localização no espaço: tivo admiração.
Os pronomes como, quando e quanto também
Este (aqui): pronome de 1ª pessoa: o falante o podem ser relativos.
emprega para referir-se ao ser que está junto dele. Os relativos compõem as orações subordinadas
Ex.: Este é meu casaco! – a moça avisou, enquanto o adjetivas
segurava. As orações adjetivas podem ser explicativas
Esse (aí): pronome de 2ª pessoa: o falante o empre- – cujo conteúdo é explicativo, genérico, uma infor-
ga para referir-se ao ser que está junto do seu ouvinte. mação a mais - ou restritivas – cujo conteúdo é de
Ex.: Passe-me essa jarra de suco, por favor. – pediu ela restrição, especificação, informação importante no
68 ao rapaz que sentara à sua frente. contexto.
As Orações Subordinadas Adjetivas e a Semântica para esse ano letivo, a menos que haja alguma
desistência.
As orações adjetivas são iniciadas sempre por pro- z Conformidade: conforme, como, segundo, con-
nomes relativos e podem ser de dois tipos: soante. Ex.: Tudo aconteceu como eles imaginaram.
z Consequência: (tão/tanto...) que, de modo que, de
z Explicativa: O homem, que é racional, mata.  A maneira que, de sorte que. Ex.: Tanto lutou, que
oração adjetiva deste caso não tem sentido restriti- progrediu muito na vida.
vo, pois todos os homens são racionais. z Finalidade: a fim de que, a fim de (+ infinitivo),
z Restritiva: O homem que fuma morre mais cedo. que, porque, para que, para (+ infinitivo). Ex.:
 A or. adj. deste caso reporta-se apenas ao homem Faça bem a sua parte do projeto para que não haja
fumante. reclamações.
z Proporcionalidade: à proporção que, à medi-
Emprego do cujo e do onde da que, na medida em que, quanto mais, quanto
menos, conforme. Ex.: À medida que o progresso
Este é o prédio avança, o romantismo diminui.
ONDE Lugares. onde fica o 1º z Tempo: quando (a ideia pode ser desdobrada em
cartório. ideia de condição), enquanto, mal, logo que, assim
que, sempre que, desde que, conforme. Ex.: Mal ele
Concorda com chegou, todas o rodearam.
Esta é a jovem de
o substantivo cujo pai eu lhe falei.
posterior e indica Paralelismo
SUBS . CUJO SUBS. que esse subs-
tantivo pertence Paralelismo pode ser entendido como equilíbrio
Este é o pai de cuja
POSSE a outro termo jovem eu lhe falei. da organização textual, promovendo no texto coe-
substantivo an- rência em sua elaboração e, portanto, em seu sentido.
terior ao cujo. Esse mesmo equilíbrio deve assim ser entendido nos
períodos, pois sua redação também deve apresentar
Conjunções coordenativas, locuções conjuntivas, uma sequência lógica para que ele tenha sentido cla-
preposições e locuções prepositivas ro e realmente dê a informação pretendida pelo seu
autor.
z Adição: e, nem, (não só...) mas também, mas ain- Veja, como exemplo, o que diz o Professor Othon
da, tampouco, (não só...) como também. Ex.: A água Marques Garcia em seu livro Comunicação em Prosa
cristalina brota da terra e busca seu caminho por Moderna:
entre as pedras.
z Adversidade/oposição: mas, porém, contudo, “Se coordenação é, como vimos, um processo de
todavia, entretanto, no entanto, não obstante. encadeamento de valores sintáticos idênticos, é
Ex.: Este candidato não estudou muito, mas foi justo presumir que quaisquer elementos da frase
aprovado. – sejam orações, sejam termos dela–, coordenados
z Alternância: ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja... entre si, devam – em princípio, pelo menos – apre-
seja. Ex.: Ou estude, ou aguente a reprova. sentar estrutura gramatical idêntica, pois –como,
z Conclusão: logo, portanto, pois (depois de verbo), aliás, ensina a gramática de Chomsky – não se
por isso, então. Ex.: Bebida alcoólica pode causar podem coordenar frases que não comportem cons-
vício, portanto sua venda deve ser considerada tituintes do mesmo tipo. Em outras palavras: as
ilícita. ideias similares devem corresponder forma verbal
z Explicação: que, porque, pois (antes do verbo), similar. Isso é o que se costuma chamar paralelis-
porquanto. Ex.: Não se preocupe, que eu arruma- mo ou simetria de construção”.
rei toda esta bagunça.
Vejamos agora alguns exemplos de construções
Conjunções subordinativas adverbiais que apresentam erros de paralelismo:

z Causa: porque, como (somente no início do perío- z Paralelismo semântico: Em sua última via-
do), que, já que, visto que, por (+ infinitivo), graças gem pela América Latina como representante do
a, na medida em que, em virtude de (+ infinitivo), governo brasileiro, o presidente visitou Havana, a
em face de, desde que, uma vez que. Ex.: Como República Dominicana, Washington e o Presidente
estava muito doente, foi ao médico. Barack Obama.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Comparação: mais... que, menos... que, tão/tanto...


como, assim como, como. Ex.: Ele sempre se posi- Observem que nesse caso o verbo “visitou” está
cionou como um líder. sendo empregado de maneira a sugerir que se pode
z Concessão: embora, conquanto, ainda que, mes- visitar uma cidade da mesma forma como se visita
mo que, se bem que, apesar de (+ infinitivo), em uma pessoa, ou seja, está empregado de forma errada,
que pese a (+ infinitivo), posto que, malgrado. Ex.: já que ocorre um duplo sentido a esse verbo com essa
Embora não esteja me sentindo bem, assistirei à construção.
aula até o final. Uma forma correta de representar a ideia preten-
z Condição: se (às vezes prevalece a ideia de causa, dida pelo texto é: Em sua última viagem pela Améri-
outras vezes de tempo, ou ainda de oposição), caso, ca Latina como representante do governo brasileiro,
desde que, a não ser que, a menos que (a ideia o presidente visitou Havana, a República Dominicana,
pode ser desdobrada em de concessão), contanto Washington e nesta última cidade foi ver o Presidente
que, uma vez que. Ex.: Eles não conseguirão vaga Barack Obama. 69
z Paralelismo sintático: Nosso time se esforçou bas- 1° Parágrafo
tante em todos os jogos, mas conseguiram se tornar
os campeões este ano. Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi-
Veja como a conjunção adversativa “mas” foi inde- tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que
vidamente empregada dando uma ideia de que ser os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no
campeão é oposto ao fato de se esforçar para vencer. bife com salada além da glicose no cafezinho preto
O correto nesse caso seria empregar uma conjunção com açúcar fornecem um completo abastecimento de
que conduzisse logicamente a primeira oração à ideia energia somada ao prazer.
da vitória apresentada na segunda oração, como em:
Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, por 2° Parágrafo
isso (e, dessa forma, logo, consequentemente...) conse-
guiu se tornar o campeão este ano. É de fundamental importância o consumo de
alimentos ricos no fornecimento de energia para a
Progressão textual movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar,
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em
A progressão textual é o processo pelo qual o texto
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe
se constrói a partir de elementos semânticos e grama-
da energia própria consumida durante o dia.
ticais. Novas informações devem ser somadas e liga-
das às informações anteriores e não apenas repetidas.
3° Parágrafo
Deve haver a continuidade e a evolução dos concei-
tos já apresentados que podem ser conquistadas por
Além disso, as proteínas da carne no bife que come-
intermédio dos elementos de coesão.
mos servem para repor a massa muscular perdida
Veja uma simulação do projeto de máscaras de
durante o trabalho. E somando-se a isso, há as fibras
redação e observe na prática como a progressão tex-
das verduras e folhas que ajudam no processamento
tual ocorre:
dos alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibili-
Muito se tem discutido ultimamente sobre (blá, blá,
dade de reafirmarmos o valor nutricional do conjunto
blá) por causa de (blá, blá, blá). Sabe-se que alguns
de alimentos de nosso prato mais tradicional e de jus-
fatores como (blá, blá, blá), (blá, blá, blá) e (blá, blá, tificarmos os hábitos desenvolvidos em nossa cultura
blá) são a base do desenvolvimento desse problema. As culinária.
consequências imediatas de (blá, blá, bla´) só pode-
rão ser avaliadas quando (blá, blá, blá). 4° Parágrafo
O primeiro passo a se tomar é o de (blá, blá, blá).
Além de (blá, blá, blá), também se pode especular Ainda convém lembrarmos outro hábito que
que (blá, blá, blá). contribui para o sucesso do nosso bem elaborado
Ainda convém chamar a atenção para mais um cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após
ponto determinante sobre (blá, blá, blá) que é (blá, as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar
blá, blá). reabastece nosso cérebro de energia desviada para os
O resultado de todo esse esforço é (blá, blá, blá) e órgãos processadores da digestão no momento em que
é em busca de (blá, blá, blá) que se deve (blá, blá, blá). comemos. Essas substâncias reprimem a sonolência
Sendo assim (blá, blá, blá). típica da hora do almoço nos mantendo despertos.
Você pode perceber que, mesmo não abordando
assunto algum, há um encadeamento lógico da estru- 5° Parágrafo
tura do texto que conduz a uma eficiência argumen-
tativa que admite a idealização uma vasta margem de Levando-se em consideração esses aspectos prá-
desenvolvimentos sobre variados temas. ticos do prato do brasileiro somos levados a acreditar
que não é apenas por prazer que somos seduzidos
TEORIA DAS MÁSCARAS pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela
nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo
Depois de observar as dificuldades que as pessoas assim a falta de qualquer um desses ingredientes nos
têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos causará debilidade além de insatisfação.
aqui soluções definitivas para esses problemas, sem a Observe o texto e a estrutura. Imaginemos que o
pretensão de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar tema proposto a nós fosse “A alimentação do brasi-
um referencial mais concreto e imediato. leiro” e que a partir desse tema tivéssemos que pro-
Leia inicialmente o texto piloto de nosso projeto: duzir uma dissertação sobre ele. A primeira coisa a
fazer seria a delimitação do tema, ou seja, deveríamos
Projeto de dissertação: Exemplos arroz com feijão. buscar com objetividade uma tese, dentro desse tema,
sobre a qual fôssemos capazes de argumentar, como
Tema → A alimentação do brasileiro. essa:
Tese → A comida do brasileiro é muito saudável e
tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de “A comida dos brasileiros é muito saudável e tem
trabalho. tudo de que ele necessita para seu longo dia de
trabalho”.
Argumentos: carboidratos no arroz com feijão;
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do O próximo passo seria o de levantar alguns argu-
70 cafezinho preto com açúcar. mentos que sustentassem a tese proposta com valor
de verdade. Veja como fizemos. Já que estávamos Observe como ficou a sequência completa do
falando da alimentação dos brasileiros, nada melhor segundo parágrafo:
do que falarmos sobre seus pontos positivos, pontos É de fundamental importância o consumo de ali-
estes reconhecidos até por especialistas em alimenta- mentos ricos no fornecimento de energia para a movi-
ção mundial. O valor nutricional que compõe o nosso mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por
prato mais popular. Isso mesmo, o “pf”, o “prato feito” exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece
que encontramos em bares, pequenos restaurantes e, a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra-
principalmente, na maioria das mesas do povo brasi- tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia
leiro: o arroz com feijão, bife e salada, finalizado com própria consumida durante o dia.
um cafezinho preto. Veja agora uma coletânea de frases que podem
Decompomos esse prato e identificamos seus prin- auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais:
cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque
como boa argumentação a favor de nossa tese. Mar- É de conhecimento geral que ... Todos sabem que,
camos o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, em nosso país, há tempos, observa- se...
como nosso primeiro ponto positivo. Depois foi a vez Cogita-se, com muita frequência, que...
das “proteínas” presentes no bife com salada e che- Muito se tem discutido, recentemente, acerca de...
gamos, finalmente, à “cafeína” e ao “açúcar” presen- É de fundamental importância o (a)....
tes no cafezinho. Pronto, já temos a primeira parte de Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco-
nosso projeto organizado. brir as causas de....
O próximo passo é juntar tudo no primeiro pará- Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual...
grafo, de maneira organizada, de forma que as ideias
sejam apresentadas em uma sequência que deixe cla- Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o
ro ao leitor sobre o que será falado e também qual quarto também seguiram o mesmo princípio quanto
será a sequência de argumentos que será apresentado às relações de coesão. As conjunções foram posicio-
para dar credibilidade a nossa tese. Veja o modelo do
nadas para dar coerência a quase qualquer tipo de
primeiro parágrafo:
argumentação. Veja os parágrafos seguindo suas res-
pectivas estruturas vazias:
Todos sabem o quanto, em nosso país, .................
................................................................................................. 3o Parágrafo:
Verifica-se que.................................... (,) ..............................
..... além de ..................................... ..................... fornecem
(ou - resultam, culminam, têm como consequência...) Além disso, .....................................................................
.................................................................................................. ................................................................... E somando-se a
isso,......................................... que ........................................
............................................................ Daí...............................
Compare agora com o parágrafo preenchido com
............................................e de...............................................
a tese e com os argumentos e veja a amarração que
..................................................................................................
conseguimos:
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida é
saudável e tem tudo de que os brasileiros necessitam para Teremos, após preencher o modelo:
o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que os carboidra- Além disso, as proteínas da carne no bife que come-
tos no arroz com feijão, as proteínas no bife com salada mos servem para repor a massa muscular perdida
além da glicose no cafezinho preto com açúcar fornecem durante o trabalho. E somando-se a isso, há as fibras
um completo abastecimento de energia somada ao prazer. das verduras e folhas que ajudam no processamento dos
A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de
seguintes, impondo a eles estruturas programadas reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
com relação lógica de coerência e coesão. Você perce- tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os
berá que a continuidade e a progressão textual foram hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária.
sendo procuradas e construídas para dar evolução ao
texto e aos argumentos. 4o Parágrafo:
No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase de
apresentação que valoriza o primeiro argumento, depois
fomos completando os espaços em branco que ligavam Ainda convém lembrarmos....................................
os argumentos entre si com relações preestabelecidas ...........................................................................................
de: finalidade ― com a conjunção “para” ―; explicação .. (que é): .........................................................Esse.........
― com o “que” ― causa ― com a locução “por causa de”. ............................................................................................
LÍNGUA PORTUGUESA

Veja que, para manter a continuidade textual recupe- ............................ para ..........................................................
rando sempre a ideia central do parágrafo, nos preocu- ................................................ Essa(s) ..................................
pamos em acrescentar o pronome demonstrativo “Esse” .................................................................................................
fechando com uma conclusão sobre esse argumento.
Teremos, após preencher o modelo:

É de fundamental importância o.......................... Ainda convém lembrarmos outro hábito que con-
..................................................... para ................................... tribui para o sucesso do nosso bem elaborado cardápio
....................... Podemos mencionar, por exemplo,........... que é o de tomarmos um cafezinho após as refeições.
.............................. que...................................................., por Esse conjunto da cafeína mais o açúcar reabastece
causa de ................. ............................. Esse ......................... nosso cérebro de energia desviada para os órgãos pro-
...................................................................................................... cessadores da digestão no momento em que comemos. 71
Essas substâncias reprimem a sonolência típica da Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão
hora do almoço nos mantendo despertos. com as seguintes frases:
Para os parágrafos de desenvolvimento, também
podemos relacionar frases que você poderá escolher ... somos levados a acreditar que ...
para dar originalidade ao seu texto. ... é-se levado a acreditar que ...
Ao se examinarem alguns ..., verifica-se que ... ... entendemos que ...
... entende-se que ...
Pode-se mencionar, por exemplo, ... ... concluímos que ...
Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ... ... conclui-se que ...
Alguns argumentam que .... . ... é necessário que ...
Além disso ... . ... faz-se necessário que ...
Outro fator existente ...
Outra preocupação constante ... Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e
Ainda convém lembrar ... como se deu a criação da primeira máscara:
Por outro lado ...
Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entre-
tanto ... MÁSCARA 01

Lembramos que esses exemplos são apenas suges- 1o Parágrafo


tões e que você poderá desenvolver construções que
Todos sabem o quanto, em nosso país, .....................
atendam sua necessidade a partir de quando você
..................................................... Verifica-se que.................
for adquirindo experiência com a produção de textos. ...................... (,) ..................... além de .................................
Tanto quanto podemos criar padrões para a introdu- ............ fornecem (ou - resultam, culminam, têm como
ção e para o desenvolvimento de nossas redações, também consequência...) ....................................................................
podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação.
Acompanhe a organização de nosso último 2o Parágrafo
parágrafo.
É de fundamental importância o........................
.......................................................... para........................
Levando-se em consideração esses aspectos .......... .......................... Podemos mencionar, por exemplo,
...................................somos levados a acreditar que ...... .............................. que....................................., por causa
.................................................................................................. de ................................... Esse..............................................
... mas também......................................... Sendo assim ....
..................................................................................................
.................................................................................................. 3o Parágrafo

Teremos, após preencher o modelo: Além disso, ......................................................................


..................................... E somando-se a isso,.....................
Levando-se em consideração esses aspectos ................ que .................................................................. Daí
práticos do prato do brasileiro somos levados a acre- ...................................................e de......................................
ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o 4o Parágrafo
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien- Ainda convém lembrarmos.................................... ....
tes nos causará debilidade além de insatisfação. ................................................................... (que é): ...............
Os aspectos conclusivos presentes nesse último ........................... Esse.................................................... para
......................... Essa(s) ............................. ............................
parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se che-
gou ao final do desenvolvimento da tese inicial. As
5o Parágrafo
frases em destaque dão força conclusiva ao parágrafo,
conduzindo a sequência textual a uma possível solu-
Levando-se em consideração esses aspectos ...........
ção para os problemas propostos, ou ainda, podem ...........................somos levados a acreditar que ..............
gerar simples constatações das verdades idealizadas. .................................................................., mas também ......
Você também pode contar com uma pequena lista de ................................. Sendo assim .........................................
frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa.
Muito bem, agora que vimos o processo de criação
Em virtude dos fatos mencionados ...
das máscaras, você poderá começar também seu traba-
Por isso tudo ...
lho de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais
Levando-se em consideração esses aspectos ...
dois outros modelos de máscaras de redação que você
Dessa forma ...
Em vista dos argumentos apresentados ... poderá usar como base para suas próprias criações.
Dado o exposto ... Vá observando como as máscaras garantem o
Por todos esses aspectos ... encadeamento das ideias, a coesão entre as orações e
Pela observação dos aspectos analisados ... a coerência com as várias possibilidades argumentati-
72 Portanto ... / logo ... / então ... vas. Abaixo temos mais um exemplo de máscara
MÁSCARA 02 5° (2º parágrafo) justificativas (por que isso
ocorre?): argumento “a)” + provas e exemplos
1o Parágrafo (mostre casos conhecidos ou dê exemplos seme-
lhantes ao seu argumento).
Entre os aspectos referentes a ...................................
6° Construa o parágrafo unindo as informa-
........................ três pontos merecem destaque especial.
ções anteriores ao argumento “a)”
O primeiro é ..........................................................; o segun-
do ..................................................... e por fim.................. __________________________________________________
_____________________________________________________
2o Parágrafo __________________________________________________.
7° Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágra-
Alguns argumentam que............................................. fos para os argumentos “b)” e “c)”
................................................................ para........................ __________________________________________________
......................... Isso porque ................................................ _____________________________________________________
........... Dessa forma................................................. _____________________________________________________
_____________________________________________________
3o Parágrafo _____.
_________________________________________________
Outra preocupação constante é ................................ _____________________________________________________
.................................., pois........................ .............................. ____________________________________________________.
Como se isso não bastasse, .............................................
que ..................................................................... Daí ........... 8° Elabore sua conclusão: (confirme sua tese
...................................que ........................e que.................... dizendo que, se algum dos argumentos não for
...................... ........................................................................... considerado, a ideia inicial não poderá ser sus-
tentada, ou que os resultados propostos não serão
4o Parágrafo atingidos).
__________________________________________________
Também merece destaque .......................................... _____________________________________________________
......... o (a) qual .................................................................... ____________________________________________________.
............................................................ Diante disso ............
..................................................................para que .............. APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO
.................................................................................................. PARÁGRAFO DISSERTATIVO
..................................................................................................
Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com
a estrutura dos textos dissertativos. Para isso traba-
lharemos as várias modalidades de parágrafos que
5o Parágrafo
podem ser utilizados para a elaboração de uma boa
Tendo em vista os aspectos observados ................... dissertação. Mostraremos aqui a continuidade de nos-
.................... só nos resta esperar que .......................... so projeto de máscaras e os vários arranjos que são
................................,ou quem saiba ...................................... possíveis ao construí-las.
..................... Consequentemente.........................................
z Parágrafo de introdução
Sugerimos a você que faça suas primeiras redações
baseadas em uma das máscaras prontas, e conforme O parágrafo de introdução tem como uma de suas
forem avançando as aulas, você poderá construir a funções mais importantes, a de apresentar a tese que
suas próprias máscaras personalizadas.
será defendida no decorrer da redação. É também
Por fim, preparamos uma máscara de organização
possível e bastante didático que vocês façam uma pré-
sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se
organizar. via dos argumentos que serão trabalhados na susten-
tação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orientado,
logo de saída, a acompanhar o ritmo do pensamento
PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação) de vocês e a sequência das suas argumentações.
LÍNGUA PORTUGUESA

1° TEMA: _______________________________________
„ Tipos diferentes de parágrafos de introdução:
2° TESE: _________________________________________
3°ARGUMENTOS:
a) __________________________________________ Declaração inicial: na declaração afirma-se ou
b)__________________________________________ nega-se algo de início para em seguida justificar-se
c) __________________________________________ e comprovar-se a assertiva com exemplos, compara-
ções, testemunhos de autores etc. Vejamos um exem-
4° (1º parágrafo) tese + argumentos plo desse tipo de parágrafo aplicado à nossa proposta
__________________________________________________
básica que é o projeto arroz-com-feijão. Mais uma vez
_____________________________________________________
_____________________________________________________. colocamos a estrutura já construída e em seguida a
disposição vazia do parágrafo que poderá ser utiliza-
da por vocês sempre que desejarem. 73
Modelo nº 1 das ideias a serem desenvolvidas (normalmente a
divisão vem precedida por uma definição, ambas no
É fato notório que ........................................................ mesmo parágrafo ou em parágrafos distintos). Usamos
................................................................................................. aqui como representação desse modelo o conceito de
................................................... Sabe-se que ..................... silogismo (Um silogismo é um termo filosófico com o
.................................................................................................. qual Aristóteles designou a argumentação lógica per-
.............................., além da ................................................. feita, constituída de três proposições declarativas que
.................................................................................................. se conectam de tal modo que a partir das primeiras
duas, chamadas premissas, é possível deduzir uma
Preenchendo o modelo, teremos: conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por Aris-
tóteles em sua obra Analíticos Anteriores.
É fato notório que a alimentação do brasileiro é boa
e tem tudo de que necessitamos para suprir os desgastes
Modelo nº 3
de um dia de trabalho. Sabe-se que os carboidratos do
arroz e do feijão, as proteínas do bife e da salada, além
........................... pode ser representado de duas
da glicose do cafezinho preto com açúcar fornecem um
maneiras diferentes: ...................... que é ......................
completo abastecimento de energia somada ao prazer.
........................ e ...................., que é ...................................
Definição: o parágrafo por definição é entendido
............................. Enquanto a primeira ......................se
como um método preferencialmente didático, pois
apresenta .......................................... Esta, por sua vez,
busca, por intermédio de uma explicação clara e bre-
realiza-se por intermédio de...........................................
ve, a exposição do significado de uma ideia, palavra
.................................................................................................
ou de uma expressão. É a forma de exposição dos
diversos lados pelos quais se pode encarar um assun-
Preenchendo o modelo, teremos:
to. Pode apresentar tanto o significado que o termo
carrega no uso geral quanto aquele que o falante pre-
tende determinar para o propósito do seu discurso. O silogismo pode ser representado de duas
Uma definição é um enunciado que descreve um maneiras diferentes: silogismo simples que é for-
conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos mado por um único núcleo argumentativo e silogismo
associados. composto que é formado por diversos núcleos argu-
Vejam como em nosso parágrafo de exemplo, explo- mentativos de elaboração complexa. Enquanto a pri-
ramos o conceito global e generalizado sobre o assunto. meira teoria se apresenta pela estrutura filosófica
Vocês perceberão como o modelo vazio que segue básica consagrada pela antiguidade. Esta, por sua
este exemplo traz a indução do assunto a ser defini- vez, realiza-se por intermédio de vários silogismos
do. Vale lembrar que, como se trata de uma definição, desenvolvidos para atender às novas perspectivas de
a base dessa informação deve sustentar-se em uma sedução e convencimento.
verdade consagrada, diferentemente do que vimos Alusão histórica: a elaboração de um parágrafo
no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode por alusão histórica é um recurso que desperta sempre
basear-se em uma posição pessoal a ser defendida. a curiosidade do leitor por meio de fatos históricos, len-
das, tradições, crendices, anedotas ou a acontecimentos
de que o autor tenha sido participante ou testemunha
Modelo nº 2 (desenvolve-se geralmente por meio da comparação
com o presente ou retorno a ele). A vantagem desse
........................ é a denominação dada a ................. método é o de podermos mostrar o desenvolvimento
........................... Essa ..............................................., mas cronológico de um assunto, expondo sua evolução no
a hipótese mais aceita é a de que ................................. tempo. Lembrem-se de que, ao se servirem de um fato
.......................................................... Outra versão afirma histórico para sustentar uma tese, a História é a ciência
que esse .............................................., que tem origem que estuda o homem e sua ação no tempo e no espaço,
........................ . O que se sabe é que ................................. concomitante à análise de processos e eventos ocorri-
.................................................................................................. dos no passado - e como ela é uma ciência, tem, por
conseguinte, um grande valor argumentativo.
Preenchendo o modelo, teremos: Observem como isso é simples:

Arroz com feijão é a denominação dada a um pra-


to típico da América Latina. Essa receita não tem uma Modelo nº 4
origem certa, mas a hipótese mais aceita é a de que
seria fruto de uma combinação do arroz (de origem Desde a época da ............................ sabe-se que ....
oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o fei- ....................................................................................... para
jão, que já seria consumido no Brasil pelos índios. Outra ................................................................ Principalmente
versão afirma que esse prato foi a união do arroz com hoje em dia, reconhece-se que ......................................
a feijoada, que tem origem africana ou portuguesa. O .............................................................., além de...................
que se sabe é que, ao longo dos séculos, esse prato foi se ..................................................................................................
popularizando por todo o país, passando a ser uma par-
te quase que indispensável da refeição dos brasileiros. Preenchendo o modelo, temo:
Divisão: o parágrafo de divisão, processo também
quase que exclusivamente didático, por causa das Desde a época da escravidão no Brasil sabia-se
suas características de objetividade e clareza, que con- que a alimentação dada a esses novos brasileiros era
siste em apresentar o tópico frasal (frase que introduz boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir
74 o parágrafo) sob a forma de divisão ou discriminação os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia
principalmente, já se reconhece que os carboidratos nobre de Pindorama. É aí onde se localiza uma das
do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras mais belas reservas naturais de paioca-rija, um cipó
fornecem um completo abastecimento de energia soma- medicinal e afrodisíaco muito cobiçado pelos morado-
da ao prazer, justificando os hábitos do passado como res dessa região. Cercada por uma densa floresta
responsáveis pelo tradição alimentar que preservamos. de mambutis gigantes, foi bem no centro desse san-
Interrogação: A ideia núcleo do parágrafo por tuário tropical que a próspera cidadezinha se tornou
interrogação é colocada por intermédio de uma per- uma espécie de centro cultural da região por preservar
gunta a qual serve mais como recurso retórico, uma até hoje um dos mais tradicionais rituais de nossa his-
vez que a questão levantada deve ser respondida pelo tória: a sagração da taioba-plus, entidade sagrada e
próprio autor. Seu desenvolvimento é feito por inter- reverenciada pelos devotos naobilicos.
médio da confecção de uma resposta à pergunta.
Desenvolvimento por exploração temporal:
nesse modelo o leitor é informado do momento em
Modelo nº 5
que os fatos ocorreram com a indicação de datas e
outros aspectos temporais. Pode-se recorrer nesse
Será possível determinar qual é ............................
momento aos artifícios empregados no próprio pará-
para..........................................................? (Resposta) ........
grafo de alusão histórica, já que este também se serve
..................................................................................................
de referências cronológicas como em:

Preenchendo o modelo, teremos:


Modelo nº 2
Será possível determinar qual é a melhor combi-
nação de alimentos para atender às necessidades diá- No passado, quando pensávamos em ....................,
rias de nossa população? Qualquer nutricionista dirá notávamos que ......................................... era
que sim, pois alimentos ricos em carboidratos e pro- ........................ comparada à que vemos recentemen-
teínas devem compor essa alimentação e não há quase te . Hoje, por outro lado, ..................................................
nada mais apropriado do que nosso tradicional prato .......................................................... tornaram-se ...............
de todos os dias. O arroz com feijão tem as proporções ................................O resultado disso é que ............., na
perfeitas para satisfazer essa necessidade que todos atualidade, tornou-se ........................................................
têm de recomposição de força e de energia. ..................................................................................................

z Parágrafos de desenvolvimento Preenchendo o modelo, teremos:

Após o primeiro parágrafo que, como já vimos, No passado, quando pensávamos em alimenta-
pode apresentar a tese e também os argumentos prin- ção, notávamos que sua relação com a sobrevivência
cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor- era muito maior comparada à que vemos nos nos-
dar os elementos que sustentarão essas afirmações sos atuais. Hoje, por outro lado, a qualidade desses
iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio-
recursos argumentativos que articularão o convenci- nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resul-
mento do leitor quanto à tese apresentada. tado disso é que comer, na atualidade, tornou-se
um ritual de bem viver.
„ Tipos diferentes de parágrafos de desenvol-
vimento: as possibilidades de ordenação do Desenvolvimento por exploração de pormeno-
parágrafo são várias: exploração de aspectos res ou de enumerações: nesse modelo de parágra-
espaciais e temporais, enumeração de porme- fo, vocês têm por objetivo enumerar características,
nores, apresentação de analogia, ou contraste, relacionar aspectos importantes sobre algum assunto.
citação de exemplos, apresentação de causas e A apresentação das ideias pode ser ou não ordenada
consequências. segundo uma ordem de importância. A ordem depen-
de do que vocês pretendem enfatizar.
Desenvolvimento por exploração espacial: ao
argumentar, vocês podem se servir da exposição de infor-
mações relativas ao lugar em que os fatos ocorreram. Modelo nº 3

Entre os aspectos referentes a ..............................


Modelo nº 1
LÍNGUA PORTUGUESA

........................................................ três pontos merecem


destaque especial. O primeiro é ...................................
A cidade (ou região) em destaque é ................
.................................; o segundo................................ e por
............, que fica localizada em ........................, região
fim............................................................................................
nobre de ................ É aí onde se localiza .....................
............................................. dessa região. Cercada por
uma densa floresta ......................................., foi bem no Ao preenchermos o modelo, teremos:
centro desse .........................................................................
Entre os aspectos referentes à alimentação dos
Preenchendo o modelo, teremos: brasileiros, três pontos merecem destaque especial. O
primeiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz
A cidade (ou região) em destaque é Pindaíba da com feijão; o segundo diz respeito às proteínas pre-
Serra, que fica localizada em Monte Mole, região sentes no bife com salada e por fim a glicose somada à 75
cafeína no cafezinho preto com açúcar que fornecem um e consequências é apresentar os aspectos que levaram
completo abastecimento de energia somada ao prazer. ao problema discutido e as suas decorrências.
Desenvolvimento por exploração de contraste
de ideias: na ordenação do parágrafo por exposição de
Modelo nº 6
contrastes entre si, vocês pode se servir de compara-
ções, ideias paralelas, ideias diferentes e ideias opostas.
É de fundamental importância o ........................
.......................................................................................... par
a.............................................. Podemos mencionar, por
Modelo nº 4
exemplo, ................................................................que........
......................................, por causa ......................................
Muitos acreditam que ...............................................
................................................................................................
....., por causa da .......................................................... Por Ao preenchermos o modelo, teremos:
outro lado, sabe-se também que ....................................
.................................................................................................. É de fundamental importância o consumo de ali-
..................................................... , quando muitas vezes mentos ricos no fornecimento de energia para a movi-
................................................................................................. mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra-
Ao preenchermos o modelo, teremos:
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia
própria consumida durante o dia.
Muitos acreditam que o cafezinho preto com açú-
car pode causar excitação e ansiedade quando consu- z Parágrafo de conclusão
mido em excesso, por causa da cafeína e da glicose
presentes nele. Por outro lado, sabe-se também que A conclusão de uma dissertação é o momento de
essas substâncias fornecem uma carga suplementar se mostrar que o objetivo proposto na introdução foi
de energia nos deixando despertos logo após o almo- atingido. É de fundamental importância que não ocor-
ço, quando muitas vezes somos acometidos por uma ra contradição com a tese proposta no início de sua
sonolência indesejada. redação, o que descaracterizaria toda a argumenta-
Desenvolvimento por exploração de ideias ana- ção. Vocês, nesse momento, devem fazer uma síntese
lógicas e comparação: para organização das ideias, geral; ou retomar a ideia inicial, reforçando os pontos
nossos redatores valem-se de expressões que indicam de partida do raciocínio. Podem também demonstrar
confronto valendo-se do artifício de contrapor ideias, que uma solução a um problema foi encontrada ou
seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto que uma proposta de solução pode ser alcançada, ou
ainda que uma resposta a uma pergunta foi encon-
pode ser de contrastes como de semelhanças. Analo-
trada. Esse momento pode também gerar um ques-
gia e comparação são também espécies de confronto: tionamento final, desde que não concorra com suas
“A analogia é uma semelhança parcial que sugere exposições anteriores. A satisfação do leitor deve ser
uma semelhança oculta, mais completa. Na compara- contemplada na conclusão para que ele não se sinta
ção, as semelhanças são reais, sensíveis numa forma frustrado pela expectativa criada quanto ao tema.
verbal própria, em que entram normalmente os cha- Essa volta ao início do texto que a conclusão faz é algo
mados conectivos de comparação (quanto, como, do que chamamos de circularidade. Esse caráter finaliza-
que, tal qual)”. – Comunicação em prosa Moderna – dor da conclusão também colabora para a progressão
Othon M. Garcia. e continuidade textual.
Por exemplo:
„ Tipos diferentes de parágrafos de conclusão:
podemos enumerar alguns exemplos de con-
Modelo nº 5 clusões satisfatórias que todos poderão usar
em seus textos dissertativos.
No caso das .........................................................., por-
que cada qual tem seus próprios valores .................... Conclusão por síntese ou resumo: o primeiro
................. Enquanto a ......................................................... recurso com que trabalharemos será o do resumo ou
............, as ................, por sua vez,....................................... síntese geral. Nesse caso vocês retomam, resumida-
mente, aquilo que exploraram durante o texto:
Ao preenchermos o modelo, teremos:
Modelo nº 1
No caso das proteínas do bife e da salada que
comemos, seria melhor não generalizar, porque cada Levando-se em consideração esses aspectos ......
qual tem seus próprios valores para a alimentação. ...................................... somos levados a acreditar que
Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem as não é apenas por ...........................................................
perdas musculares pelo desgaste do dia-a-dia, as verdu- ...................., mas também .................................................
ras, por sua vez, oferecem as fibras que nos auxiliam .................................... Sendo assim......................................
no processamento dos alimentos pelo nosso organismo
ajudando na absorção dos nutrientes.
Desenvolvimento por exploração de causa e Ao preenchermos o modelo, teremos:
consequência – Dentro de uma perspectiva lógica e
simples devemos compreender causa como um fator Levando-se em consideração esses aspectos
como gerador de problemas e consequência como os práticos do prato do brasileiro, somos levados a
76 problemas gerados pela causa. Trabalhar com causas acreditar que não é apenas por prazer que somos
seduzidos pela nossa culinária, mas também por tudo nossos pensamentos, ideias, sentimentos e opiniões.
o que ela nos oferece para a manutenção de nossa saú- Ou seja, é um código utilizado para estabelecer
de. Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingre- comunicação.
dientes nos causará debilidade além de insatisfação. Existem dois tipos principais de linguagem: a lin-
Conclusão por questionamento: nesse modelo guagem não verbal e a linguagem verbal. A lingua-
vocês partem de um questionamento para encerrar gem não verbal não utiliza palavras para constituir a
seu raciocínio. Mas não se esqueçam de que vocês não
comunicação: ela faz uso de formas de comunicação
devem colocar em dúvida os argumentos desenvolvi-
como gestos, sinais, símbolos, cores luzes etc. (por
dos em sua redação.
exemplo, quando se observa um semáforo de trânsito,
com suas luzes vermelha, amarela e verde e se enten-
Modelo Nº 2 de que se deve ou não avançar; ou ainda, quando se
ouve o apito de um agente de trânsito).
O que mais há para ser tomado como .................. Já a linguagem verbal usa palavras para estabe-
.......................................(?) ................................................ lecer a comunicação: esse uso pode se dar na forma
acreditar que ........................................................................ oral ou na forma escrita (como, por exemplo, em uma
............................ ,mas também ........................................... entrevista na TV ou em um e-mail). Observe a tabela
......................................................(?) Certamente que sim, abaixo que traz exemplos que ajudam a diferenciar a
pois ......................................................................................... linguagem não verbal da linguagem verbal (em suas
duas formas).

Preenchendo o modelo, teremos:


LINGUAGEM NÃO VERBAL LINGUAGEM VERBAL - ORAL
O que mais há para ser tomado como positivo
Sinais de trânsito; Telefonemas;
e prático no prato dos brasileiros? O que sabemos nos
Cores; conversas;
leva a acreditar que não é apenas por prazer que
somos seduzidos pela nossa culinária, mas tam- Desenhos; Discursos;
bém por tudo o que ela nos oferece para a manutenção Gestos; Aulas;
de nossa saúde. E a falta desses ingredientes mudará a Postura; Entrevistas etc.
saúde de nossa população? Certamente que sim, pois Placas;
LINGUAGEM VERBAL
a carência de tais ingredientes nos causará debilidade Pinturas;
- ESCRITA
além de insatisfação. Bandeiras;
Conclusão por resposta, solução ou proposta: Buzinas; Livros;
vocês levantam uma (ou mais) hipóteses ou sugestões Músicas etc. E-mails;
do que se deve fazer para transformar a história mos- Jornais;
trada durante o desenrolar do texto. Cartas;
Modelo nº 3 Leis etc.

Tendo em vista os aspectos observados sobre .... A linguagem oral e a linguagem escrita são, pois,
.........................................., só nos resta esperar que ... duas manifestações da linguagem verbal, cada uma
............................................................................................... com suas características próprias (a linguagem oral
....... Ou quem saiba ainda que ...................................... permite um contato direto com o destinatário, é mais
................................. para que ............................................. espontânea, mais livre, não requer escolarização,
Consequentemente............................................................ renova-se permanentemente; já na linguagem escrita
há maior distância entre emissor e receptor, sendo o
contato indireto e requer escolarização e aprendiza-
Preenchendo o modelo, teremos: gem formal da escrita).

Tendo em vista os aspectos observados sobre A LIGUAGEM FORMAL


nossa alimentação, só nos resta esperar que se
garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio. Dependendo da situação, a linguagem verbal
Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de (escrita e oral) pode ser mais ou menos formal.
nossa combinação alimentar para que o mundo saiba Quando você conversa ao telefone com um velho ami-
que no Brasil se come bem. Consequentemente será go ou envia uma mensagem de texto para um paren-
possível a qualquer um balancear com eficiência e bai- te, se comunica de uma forma mais livre; já numa
xo custo do que se põe na mesa de sua casa. entrevista de emprego ou ao escrever um e-mail soli-
Agora, pessoal, é começar a criar seus próprios citando algo a uma autoridade, você escolhe melhor
LÍNGUA PORTUGUESA

arranjos e utilizar essas técnicas para compor reda- as palavras.


ções eficientes que garantam seu sucesso em qualquer Ou seja, o nível de formalidade nas comunica-
tipo de concurso que peça a vocês um posicionamento ções varia conforme a circunstância.
específico sobre qualquer tema. A linguagem informal (oral ou escrita) geralmen-
te é usada quando temos certo nível de intimidade
REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS entre os interlocutores, como nas correspondências
E NÍVEIS DE FORMALIDADE entre familiares ou amigos. Já a linguagem formal
(na sua forma oral ou escrita), caracterizada pela poli-
Ao estudar redação, é necessário saber alguns con- dez e escolha cuidadosa das palavras, é normalmente
ceitos fundamentais. empregada quando nos dirigimos a alguém com quem
A linguagem, em termos bem simples, é a capaci- não temos proximidade, como no exemplo da sele-
dade que nós, seres humanos, possuímos de expressar ção de emprego e em outras situações que exigem tal 77
protocolo, como na escrita de um texto científico, um LINGUAGEM LINGUAGEM
livro didático, na correspondência entre empresas e, FORMAL INFORMAL
como veremos mais adiante, na comunicação oficial.
O termo “registro” é usado para se fazer referência A linguagem formal
é aquela utilizada A linguagem in-
aos níveis de formalidade na língua falada e na língua
em situações que formal é utilizada
escrita. Os níveis de formalidade são chamados, ain-
exigem maior em situações
da, de níveis de fala ou níveis de linguagem. protocolo (situa- mais descon-
Em qualquer ato de linguagem, para a escolha do O que é
ções profissionais, traídas, quando
registro (do nível de formalidade), o indivíduo leva acadêmicas ou existe maior li-
em conta, mesmo que de forma inconscientemente, quando não existe berdade entre os
a situação em que se encontra ao produzir seu tex- intimidade entre os interlocutores.
to (oral ou escrito). Em outras palavras, ao praticar interlocutores).
a comunicação, o autor escolhe um nível maior ou
Não requer o uso
menor de formalidade e, para isso, leva em considera-
da norma culta,
ção, entre outras coisas: sendo normal
o uso de gírias,
z O seu interlocutor; Uso da norma culta
expressões popu-
Ambiente em que se encontra; (respeito rigoroso
z lares, neologismos
Caracte- às normas grama-
z O assunto a ser tratado; e (palavras inven-
rísticas ticais) e utilização
z A intenção, objetivo a ser atingido (informar, soli- tadas) e palavras
de vocabulário
citar, persuadir etc.). abreviadas, como
extenso;
vc, cê e tá.
É observando esses elementos que o autor adequa: Sofre influência de
variações culturais
e regionais.
z Os vocábulos;
z A pronúncia (no caso da fala); Situações mais
z A ortografia (no caso da escrita); e formais, como
Utilizada em con-
z A estruturação das sentenças. entrevistas de em-
versas cotidianas,
pregos, palestras,
em mensagens de
Quanto mais formal for um ato de linguagem, mais concursos públicos
texto enviadas por
cuidado deve ser dedicado aos itens acima. e documentos
celular, chats.
Observe a tabela baixo, retirada do manual de Tex- Quando oficiais.
Normalmente é
se usa Geralmente, é uti-
tos Dissertativo-Argumentativo do Inep, que ilustra os usada em conver-
lizada quando se
dois tipos de registro, o formal e o informal. sas entre amigos
dirige a superiores,
e familiares. O uso
autoridades ou ao
REGISTRO FORMAL REGISTRO INFORMAL mais comum se dá
público em geral.
quando se fala.
É mais utilizada
Jovem para o chefe Jovem para a mãe
quando se escreve.
Boa tarde, chefe. Infeliz- Que droga, mãe! Bateram
mente, acabei de sofrer no meu carro! Estou muito Caramba, tô muito
um acidente de trânsito e Tô bem, não se preocupe. atrasado. atrasado.
devo me atrasar, pois es- Me mande o
tou aguardando a polícia, número da seguradora. Quando se fala em linguagem oficial é importante
para os trâmites formais, Depois te ligo. dar atenção aos vícios de linguagem, a fim de que sejam
e a seguradora, para o re- evitados. Os vícios de linguagem são defeitos, erros
colhimento do veículo.
cotidianos que cometemos no emprego da língua, nor-
malmente por falta de atenção e pouco conhecimento
Note que o fato é o mesmo: o acidente de trânsito dos significados das palavras. Confira alguns vícios de
no caminho para o trabalho. No entanto, função das linguagem (lembre-se quando estudarmos a redação
duas diferentes situações (avisar duas pessoas com as oficial que estes são defeitos que não podem constar
quais tem diferentes níveis de intimidade), o registro nas comunicações emitidas pelo poder público):
se faz necessário em suas duas espécies: no registro
z Barbarismo: grafia ou pronúncia de uma pala-
formal e no registro informal.
vra em desacordo com a norma culta (como por
Assim, ao elaborar o texto da redação oficial,
exemplo escrever “previlégio” ao invés de “privi-
deve-se atentar para o uso do registro formal, uma
légio” ou pronunciar “RUbrica” quando o correto é
vez que se espera o uso da modalidade escrita for- “ruBRIca”); outra forma de barbarismo é o estran-
mal da língua portuguesa. geirismo: vício que se caracteriza pelo uso indevi-
Resumindo, a diferença entre linguagem formal e do de expressões ou frases estrangeiras em nossa
linguagem informal está no contexto em que elas são língua, como o uso de “performance” ao invés de
utilizadas e na escolha das palavras e expressões utili- “desempenho, exibição”; ou “show”, no lugar de
zadas para comunicar. “espetáculo”;
A tabela abaixo apresenta uma comparação entre z Solecismo: desvio da norma em relação à sinta-
78 as duas formas de linguagem. xe. Ex.: “Fazem dois anos que não nos vemos”, no
lugar de “Faz dois anos”; ou “Vamos no restauran- As peças de Nelson Rodrigues tratam de denunciar
te”, no lugar de “Vamos ao restaurante”; toda a hipocrisia que paira sobre uma sociedade vítima
z Cacofonia: mal uso de sons, causado pela junção da repressão sexual. É o seu teatro que abre as portas
de palavras, como em ela tinha muito dinheiro para a modernidade na dramaturgia brasileira.
(parece o som de: “é latinha”); beijou na boca dela Note que no trecho acima, o autor apenas mos-
(“cadela”); tra certas características da obra do escritor Nelson
z Neologismo: ocorrem quando da criação de uma Rodrigues. Não há, em nenhuma parte do texto, recur-
palavra nova, ou ainda quando uma palavra exis- sos argumentativos que buscam convencer o leitor.
tente assume outro significado. Ex.: “deletar”, que
surge principalmente por conta do contexto da Dissertativo-argumentativo
informática; e
z Eco: repetição de um som numa sequência de Neste tipo dissertativo, as ideias são organiza-
palavras (como por exemplo, O acusado foi inter- das no sentido de convencer o leitor. Os argumentos
rogado pelo magistrado). (enunciados) atribuem ao objeto ou fenômeno de que
se fala, qualidades, informações, depoimentos, cita-
Além disso, evite ainda: ções, fatos, evidências e dados estatístico, entre outros
recursos, procurando defender o ponto de vista do
z O emprego de gírias ou expressões populares (isso autor. Veja um exemplo de um trecho de texto disser-
não significa usar palavras difíceis e rebuscadas); tativo-argumentativo, retirado da obra Textos Disser-
z O uso de jargões (terminologia técnica comum a tativo-Argumentativos, do Inep:
uma atividade ou grupo específico, comumente Impossível desconhecer que Nelson Rodrigues é o maior
usada em grupos profissionais ou socioculturais, dramaturgo brasileiro de todos os tempos. Foi revolucioná-
como por exemplo, “peticionar”, de uso comum rio, renovador e ousado em relação ao teatro tradicional.
pelos advogados). Mas isso não quer dizer que não Suas dezessete peças são sucessivamente reeditadas. Sua
se pode utilizar uma terminologia específica quan- obra é frequentemente encenada na atualidade. Seus textos
do necessário (somente se você tiver certeza do são os mais estudados nos cursos de Letras.
que determinada palavra significa); Observe que agora, diferentemente do exemplo
z As palavras reduzidas, como “tá” em lugar de anterior, o autor busca formar a opinião do leitor,
“estar”, “cê” em vez de “você”, ou “pra” em vez de buscando convencê-lo.
“para”; Existem dois tipos de textos dissertativos:
z Os verbos de sentido muito geral, como “dar”,
“ter”, “fazer”, “achar”, no lugar de verbos de senti- O expositivo e o argumentativo. No texto disserta-
do mais exato; e tivo-expositivo, o autor apresenta as informações sem
z As expressões típicas da oralidade, como “bem”, a necessidade de convencer o leitor de algo (ou seja,
“veja bem”, “entendeu?”. faz uma exposição e não um debate). Já no tipo dis-
sertativo-argumentativo, o escritor faz uma reflexão
Outro fenômeno linguístico que deve ser evitado sobre determinado tema para defender o seu ponto de
na comunicação formal é o uso de regionalismos. O vista e, portanto, busca convencer o leitor
regionalismo é o modo de falar particular de deter- Os tipos textuais acima expostos são utilizados de
minada região geográfica, como, por exemplo, a pala- forma combinada de modo a compor o que conhece-
vra “piá” (o regionalismo usado no sul do Brasil que se mos por gêneros textuais (textos que exercem uma
refere a menino) e o termo “semáforo” pode ser desig- função social específica, isto é, aparecem em situações
nado por “farol” em São Paulo, e “sinal” ou “sinaleiro” cotidianas de comunicação e apresentam uma finali-
no Rio de Janeiro. dade comunicativa bem definida). A lista de gêneros é
aberta e pode ser infinita. Por exemplo, o tipo textual
DISSERTATIVO-EXPOSITIVO E dissertativo-argumentativo é o dominante nos seguin-
DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO tes gêneros textuais:

A dissertação é a tipologia textual que visa à expo- z Texto de opinião;


sição, à análise e à defesa de uma tese ou ponto de z Diálogo argumentativo;
vista a respeito de um assunto específico. É a forma z Carta de leitor;
mais frequentemente exigida nos concursos, tendo z Carta de reclamação;
em vista a possibilidade de permitir ao candidato a z Carta de solicitação;
exposição de ideias a respeito de um tema de interes- z Deliberação informal;
se social. A dissertação é dividida em duas categorias: z Debate regrado;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Editorial;
Dissertativo-expositiva z Discurso de defesa,
z Requerimento;
Neste tipo textual o autor apresenta ideias, fatos z Ensaio;
e fenômenos. O objetivo é informar o leitor (caráter z Resenha; e
expositivo), sem a intenção de persuadi-lo, de conven- z Crítica.
cê-lo em relação ao pensamento. É impessoal (redigida
em terceira pessoa). Portanto, neste caso, a dissertação Por sua vez, o tipo textual dissertativo-expositivo
tende à simples exposição de ideias, de informações, prevalece nos seguintes gêneros:
de definições e de conceitos, como se nota no exemplo
abaixo, retirado da obra Textos Dissertativo-Argumen- z Aula;
tativos, publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e z Texto expositivo;
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): z Artigo enciclopédico; 79
z Texto explicativo; INTRODUÇÃO
z Tomada de notas;
z Resumos; No início da dissertação, é necessário que o autor
z Resenhas; e deixe claro qual é o assunto abordado no texto e, além
z Relatório científico. disso, qual será a tese a ser defendida. É um parágrafo
direto e curto no qual você vai demonstrar que com-
Em concursos públicos, os gêneros textuais mais preendeu o tema e vai fazer uma afirmação sobre ele.
frequentes são: os editoriais, os artigos de opinião, A tese é elemento essencial na composição do texto
dissertativo-argumentativo. Na redação é um posicio-
as notícias, as reportagens, as crônicas e os contos.
namento crítico, ou seja, o seu ponto de vista sobre o
No editorial, discute-se um assunto, apresentando
tema proposto. Sua função é persuadir o leitor a res-
ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou
peito daquilo que você vai expor. Ela pode ser apre-
do redator-chefe. Já no artigo de opinião, o autor
sentada por meio de declarações afirmativas (como,
busca convencer o leitor em relação a uma determi-
por exemplo, “A violência é resultado....”) ou negativas
nada ideia e, ao contrário do editorial, o artigo de
(“Não ocorrem ...”. Importante lembrar que mesmo
opinião não representa o ponto de vista do veículo
sendo a sua opinião, a escrita deve ser feita de forma
que publica o texto. O editorial e o artigo de opinião impessoal (redigir em terceira pessoa; nada de usar
são gêneros textuais que pertencem ao tipo textual expressões como “eu acho que…”, “acredito que …”) e
dissertativo-argumentativo. respeitando os direitos humanos (nunca instigar qual-
quer tipo de violência motivada por questões de raça,
Dica etnia, gênero, credo, condição física, origem geográ-
fica ou socioeconômica, nem apresentar de qualquer
Lembre-se que parte do método para fazer uma
forma de discurso de ódio).
boa redação no concurso é ter um bom repertó- Em uma linha você vai dizer de forma concisa a
rio de ideias. A leitura de editoriais e de artigos ideia central do seu texto e o seu posicionamento acer-
de opinião constitui uma das melhores formas ca daquilo (dizer se é contra, a favor ou qual é a impor-
de ampliar seu “capital cultural”, uma vez que tra- tância de se discutir sobre isso). Essa parte deve ter até
tam de assuntos recentes e de relevância social. dois períodos (frases com pelo menos um verbo cada).
Além disso, servem para ajudar a dominar a Logo após, em, em outras duas ou três linhas, você
estrutura da redação, uma vez que, por pertence- irá apresentar como sua tese será desenvolvida, ou
rem ao tipo textual dissertativo-argumentativo, seja, vai mostrar seus argumentos (esclarecer de forma
possuem a mesma estrutura do texto que será simples o que cada parágrafo vai tratar, sem argumen-
cobrado nas provas. tar). A dica aqui é construir uma oração resumindo o
assunto de cada parágrafo do desenvolvimento.
Outro gênero recorrente é a notícia, na qual são Ou seja, a introdução é composta pela apresen-
relatados de forma objetiva e concisa, fatos da reali- tação do tema e pela exibição da tese.
dade. A reportagem por sua vez, caracteriza-se por Vamos ver algumas abordagens que podem ser
tomadas no parágrafo introdutório:
ser o gênero que apresenta um texto jornalístico que
aborda fatos de interesse geral; na reportagem, ao
Ir do geral ao específico
contrário da notícia, os fatos são tratados de uma for-
ma mais aprofundada e didática.
Primeiramente fazendo uma exposição do tema de
Já a crônica e o conto, constituem gêneros tipicamente
forma abrangente, para logo após chegar às questões
narrativos; o primeiro sobre fatos do cotidiano, enquanto
mais específicas que serão abordadas no texto. Veja o
o último versa sobre um único conflito, uma só ação.
exemplo abaixo, extraído da obra A Análise do Tex-
to Argumentativo-Discursivo, de Cantarin, Bertucci e
A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA
Almeida (2017).
Ex.: É fato que as diferentes ações de marketing
Como dissemos antes, o tipo dissertativo-argu- exercem grande influência no processo de formação
mentativo é o mais cobrado em concursos, sobretu- dos sujeitos. Em se tratando de crianças, o poder das
do naqueles para carreiras policiais. Assim sendo, propagandas na criação de hábitos e identidades é bas-
vamos ver mais alguns detalhes relativos à disserta- tante grande. Surge então o debate acerca dos limites
ção argumentativa. da publicidade infantil.
O texto dissertativo-argumentativo é aquele pelo Observe que o autor inicia expondo algo genéri-
qual o autor busca convencer o leitor ou o ouvinte a co sobre o tema publicidade (ações de marketing) e,
aceitar a tese de quem produz o texto. Logo, o que está em seguida, indica que propagandas são capazes de
em jogo é a capacidade do autor de expor uma situação- influenciar hábitos infantis. É apenas no final do pará-
-problema, apresentando uma tese (opinião, ideia) sobre grafo onde se apresenta a situação problema: a ques-
o fato e expressando-a por meio de argumentos fortes e tão da publicidade infantil;
coerentes. Esse tipo textual é composto por três etapas:
Introdução direta
z A introdução (na qual se apresenta o objeto, expon-
do uma breve visão do ponto de vista do autor); Em contrapartida, a introdução do tema pode
z O desenvolvimento (quando se apresentam os ser direta, como se observa no exemplo abaixo, tam-
argumentos e é feita a defesa da tese); e bém retirado da obra de Cantarin, Bertucci e Almei-
z Uma conclusão (que encerra o tema, com uma sín- da (2017), em que autor já inicia o texto apontando o
80 tese de tudo o que foi exposto). crescimento da “publicidade infantil no Brasil”.
Ex.: A publicidade infantil é um ramo que vem cres- z Indicar finalidade/objetivo: para, a fim de..., para
cendo muito no Brasil. Afinal, as crianças ainda não for- que. Ex.: Eu estudo a fim de passar no concurso
maram toda base crítica necessária para entender toda
a complexidade e persuasão de uma propaganda, fatos para a polícia.
que as tornam um público alvo facilmente convencido.
Veja no quadro abaixo, de forma condensada, os
DESENVOLVIMENTO/ARGUMENTAÇÃO
principais tipos de operadores, constante na obra
Os parágrafos intermediários de um texto disserta- Argumentação e Linguagem, de Ingedore Koch (2000):
tivo-argumentativo devem ser destinados à defesa da
tese mediante argumentos (provas ou fundamentos OPERADOR FUNÇÃO
que confirmam o ponto de vista do autor).
São nesses parágrafos que o autor vai argumentar, Organizam a hierarquia
ou seja, apresentar ideias, razões, provas que sejam dos elementos numa
relevantes ao ponto de conseguir convencer o leitor “Mesmo”, “até”, “até mes-
escala, assinalando o ar-
sobre um ponto de vista. mo”, “inclusive”.
gumento mais forte para
O principal no desenvolvimento é apresentar uma uma conclusão.
ideia e, em seguida, apresentar um raciocínio capaz
de comprová-la. Introduzem dado argu-
A argumentação deve ser feita com argumentos mento deixando suben-
“Ao menos”, “pelo me-
fortes, tais como: tendida a presença de
nos”, “no mínimo”.
uma escala com outros
z Provas concretas: argumentos baseados em dados argumentos mais fortes.
ou fatos sobre o tema;
“Portanto”, “logo”, “por Introduzem uma conclu-
z Fatos similares ou relacionados ao tema: argumen-
tos baseados em exemplos; conseguinte”, “pois”, são relativa a argumentos
z Citação de especialistas no tema: argumento de “em decorrência”, apresentados em enun-
autoridade; e “consequentemente”. ciados anteriores.
z Lógicos: causa e consequência, por exemplo. Introduzem argumentos
“Ou”, “ou então”, “quer... alternativos que condu-
Por outro lado, devem ser evitados argumentos fra- quer”, “seja...seja”. zem a conclusões dife-
cos, tais como os argumentos de senso comum, os quais, rentes ou opostas.
embora válidos, são rasos e, portanto, facilmente refu-
táveis. O uso de argumentos gerais (que qualquer um Estabelecem relações en-
“Mais que”’, “menos que”,
conhece) evidencia pouco conhecimento do tema, falta tre elementos, com vista
“tão...como”’.
de opinião própria e baixo poder de argumentação. a uma dada conclusão.
Além disso, a fim de dar força ao discurso persua-
sivo, devem ser utilizados os chamados operadores Introduzem uma justifica-
“Porque”’, “que”, “já que”,
e conectivos argumentativos (também chamados de tiva ou explicação relativa
“pois”.
marcadores de discurso). Os operadores argumen- ao enunciado anterior.
tativos tem a função de introduzir argumentos que
“Mas”, “porém”, “contudo”,
convençam, ou seja, orientam o leitor a determinada
“todavia”, “no entanto”, Contrapõem argumentos
conclusão. Dominar a técnica e saber o momento de
“embora”’, “ainda que”, orientados para conclu-
usar esses elementos é um requisito imprescindível
“posto que”, “apesar de sões contrárias.
no momento de fazer valer pontos de vista e opiniões
(que)”.
e para defender teses e articular argumentos.
Mas que vocábulos atuam com operadores argu- Distribuem-se em escalas
mentativos? Lembre-se: opostas, isto é, um deles
“Um pouco” e “pouco”, funciona numa escala
z Conjunções; “quase” e “apenas”, “só”, orientada para a afirma-
z Advérbios; “somente”’. ção total e o outro, numa
z Palavras denotativas: até, inclusive, também, afi- escala orientada para a
nal, então, é que, aliás etc. negação total.

Como os operadores argumentativos atuam no São argumentos que


“E”, “também”, “ainda”,
texto? Eles podem: fazem parte de uma mes-
“nem” (= e não), “não
LÍNGUA PORTUGUESA

ma classe argumentativa,
só..., mas também”, “‘tan-
z Somar argumentos: e, também, ainda, não só…, isto é, somam argumen-
to...como”’, “além disso”,”
mas também, além de…, além disso…, aliás. Ex.: Os tos a favor de uma mes-
além” de”, “a par de”.
efeitos nocivos do trabalho infantil sobre a escola- ma conclusão.
rização são sentidos não só nas crianças menores,
mas também nos adolescentes. Introduz um argumen-
z Indicar oposição/ideias contrárias: mas, porém, to decisivo, resumin-
“Aliás”.
contudo, todavia, no entanto, embora, ainda que, do todos os demais
apesar de..., posto que. Ex.: João apresentou um argumentos.
bom rendimento, mas não foi aprovado. São responsáveis por
z Indicar uma relação de condição entre um ante- “Já”, “ainda”, “agora”. introduzir no enunciado
cedente e um consequente: se, caso. Ex.: Se o can- conteúdos pressupostos.
didato não estudar, não vai passar no concurso. 81
O uso desses operadores é essencial para manter a a segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes,
coesão do texto. ocupava-se da elaboração e redação dos atos normati-
vos no âmbito do Executivo, da conceituação e exempli-
CONCLUSÃO ficação desses atos e do procedimento legislativo.
Depois de 10 anos do lançamento da 1ª edição, foi
O final de um texto dissertativo-argumentativo necessário fazer uma adequação das formas de comu-
pode ser feito de duas maneiras: nicação usadas na administração aos avanços da infor-
mática. Outras alterações decorreram da necessidade
z Na forma de síntese (o autor repete os argumen- de adaptação do texto à evolução legislativa na matéria
tos de forma resumida e conclui o texto alegando a e às alterações constitucionais ocorridas no período.
veracidade da tese); ou Segundo o apresentador dessa nova edição, Pedro
z Apresentando propostas de solução (retomando Parente, Chefe da Casa Civil da Presidência da Repú-
os problemas discutidos na argumentação e pro- blica do Governo de Fernando Henrique Cardoso,
pondo ações que acabem ou diminuam com os esperava-se que esta nova edição do Manual contri-
problemas). Tais soluções devem ser detalhadas, buísse, tal qual a primeira, para a consolidação de
explicando, apontando quem vai promover a solu- uma cultura administrativa de profissionalização
ção, as ações necessárias, os meios e os objetivos. dos servidores públicos e de respeito aos princípios
constitucionais da legalidade, impessoalidade, mora-
Assim como na introdução, é o momento de ser lidade, publicidade e eficiência, com a consequente
simples e conciso. A conclusão não deve ter um tama- melhoria dos serviços prestados à sociedade.
nho muito diferente da introdução. Nesta 3ª edição, você perceberá muitas mudanças
O texto dissertativo-argumentativo (dissertação significativas tanto na formatação dos documentos
argumentativa), portanto, deve conter os seguintes oficiais, quanto na formulação dos aspectos da lingua-
elementos: gem e das normas estruturais
E o que é Redação Oficial na concepção dos organi-
zadores desse trabalho? Veja a resposta que foi dada
z Introdução: apresentação do tema e exibição da
por eles a essa pergunta:
tese;
“Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial
z Desenvolvimento: provas ou fundamentos que
é a maneira pela qual o Poder Público redige atos
confirmam a tese; e
normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do
z Conclusão: resumo ou apresentação de soluções.
ponto de vista do Poder Executivo.”
Agora, para nós que lidamos com o conteúdo para
concursos públicos, quais são as principais características
normativas cobradas nas provas de concursos públicos?
CORRESPONDÊNCIA OFICIAL Percebam que os três motivos principais da preo-
(CONFORME MANUAL DE REDAÇÃO DA cupação da elaboração do Manual e de suas revisões
são a modernização, a atualização e a eficiência. A
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA) passagem do tempo por si só já pediria essas revisões,
haja vista a consequente evolução da linguagem e da
MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA sociedade por que passamos.
REPÚBLICA É justamente esse o ponto que originou a partici-
pação desse assunto nos concursos públicos. Afinal,
Veremos o manual de redação da presidência da para quem vai trabalhar no setor público é realmente
república da 3° edição, revista atualizada e ampliada. importante saber comunicar-se com habilidade e usar
Sabe-se da importância de se trabalhar o conteúdo de os meios adequados para isso se o que se propõe é um
Redação Oficial, já que o tema está presente em mui- serviço eficiente para a sociedade.
tos dos editais de concursos federais. A fonte de pes- Por isso, ao estudar redação oficial, lembrem-se
quisa básica é a 3ª edição de 29 de dezembro de 2018 de que vocês têm de saber as características da lin-
revista, atualizada e ampliada do Manual de Redação guagem da redação oficial, a formatação e a estrutura
Oficial da Presidência da República (MRPR). das redações, especialmente a do padrão ofício, quem
envia determinadas correspondências, quem as rece-
RETROSPECTIVA HISTÓRICA be e qual é a finalidade de cada uma delas.
Nosso objetivo é tornar esse assunto num ponto
Em 11 de janeiro de 1991, o Presidente da Repú- bem simples e objetivo a ser estudado.
blica autorizou a criação de uma comissão, presidida
pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar z Notas do Prefácio de Gilmar Mendes
Ferreira Mendes, para rever, atualizar, uniformizar e
simplificar as normas de redação de atos e comuni- Prefácio
cações oficiais. Depois de 9 meses, foi apresentada a
primeira edição do Manual de Redação Oficial da Pre- É com grande entusiasmo que recebo a incumbên-
sidência da República. cia de prefaciar a terceira edição do Manual de Reda-
Esse Manual foi dividido em duas partes: a primei- ção da Presidência da República, vinte e sete anos
ra, elaborada pelo diplomata Nestor Forster Jr., tratava após presidir a Comissão encarregada da primeira
das comunicações oficiais, sistematizava seus aspectos edição desta obra.
essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes, (...)
exibia modelos, simplificava os fechos que vinham sen- A primeira revisão ocorreu em 2002, motivada
do utilizados desde 1937, suprimia arcaísmos e apresen- pelas alterações tecnológicas e legislativas da época.
82 tava uma súmula gramatical aplicada à redação oficial; (...)
A partir de 2003, foram publicadas sessenta emen- CLAREZA E PRECISÃO
das constitucionais, sobre os mais diversos assuntos.
(...) z Clareza
Nessa conjuntura, a partir de modificações fáticas
e legislativas, bem como de maior fiscalização estatal, A clareza deve ser a qualidade básica de todo tex-
instaurou-se um novo método de se fazer administra- to oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que
ção pública no Brasil. Pretende-se, pois, que a terceira possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se
edição do Manual de Redação da Presidência Repúbli- concebe que um documento oficial ou um ato nor-
ca possa refletir as evoluções ocorridas nas últimas mativo de qualquer natureza seja redigido de forma
duas décadas, repetindo o legado de êxito deixado obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreen-
pelas edições anteriores na construção de uma cultu- são. A transparência é requisito do próprio Estado
ra administrativa profissional e obediente às normas de Direito: é inaceitável que um texto oficial ou um
da Constituição da República. ato normativo não seja entendido pelos cidadãos. O
Gilmar Ferreira Mendes princípio constitucional da publicidade não se esgota
na mera publicação do texto, estendendo-se, ainda, à
z Panorama da comunicação oficial necessidade de que o texto seja claro.
Para a obtenção de clareza, sugere-se:
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, — Utilizar palavras e expressões simples, em seu
quer pela escrita. Para que haja comunicação, são sentido comum, salvo quando o texto versar sobre
necessários: assunto técnico, hipótese em que se utilizará nomen-
— Alguém que comunique; clatura própria da área;
— Algo a ser comunicado; — Usar frases curtas, bem estruturadas; apresen-
— Alguém que receba essa comunicação.
tar as orações na ordem direta e evitar intercalações
No caso da redação oficial, quem comunica é
excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambigui-
sempre o serviço público (este/esta ou aquele/aquela
dade, sugere-se a adoção da ordem inversa da oração;
Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Servi-
— Buscar a uniformidade do tempo verbal em
ço, Seção); o que se comunica é sempre algum assun-
to relativo às atribuições do órgão que comunica; e o todo o texto;
destinatário dessa comunicação é o público, uma — Não utilizar regionalismos e neologismos;
instituição privada ou outro órgão ou entidade públi- — Pontuar adequadamente o texto;
ca, do Poder Executivo ou dos outros Poderes. Além — Explicitar o significado da sigla na primeira
disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a referência a ela; e
finalidade do documento, para que o texto esteja — Utilizar palavras e expressões em outro idioma
adequado à situação comunicativa. apenas quando indispensáveis, em razão de serem
A necessidade de empregar determinado nível designações ou expressões de uso já consagrado ou de
de linguagem nos atos e nos expedientes oficiais não terem exata tradução. Nesse caso, grafe-as em itáli-
decorre, de um lado, do próprio caráter público co, conforme orientações do subitem 10.2 deste Manual.
desses atos e comunicações; de outro, de sua fina-
lidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos z Precisão
de caráter normativo, ou estabelecem regras para
a conduta dos cidadãos, ou regulam o funciona- O atributo da precisão complementa a clareza e
mento dos órgãos e entidades públicos, o que só é caracteriza-se por:
alcançado se, em sua elaboração, for empregada a lin- — Articulação da linguagem comum ou técnica para
guagem adequada. O mesmo se dá com os expedien- a perfeita compreensão da ideia veiculada no texto;
tes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar — Manifestação do pensamento ou da ideia com as
com clareza e objetividade. mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia
com propósito meramente estilístico; e
z O que é redação oficial — Escolha de expressão ou palavra que não confi-
ra duplo sentido ao texto.
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é É indispensável, também, a releitura de todo o tex-
a maneira pela qual o Poder Público redige comunica- to redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos
ções oficiais e atos normativos. Neste Manual, interes- obscuros provém principalmente da falta da releitu-
sa-nos tratá-la do ponto de vista do Serviço Público. ra, o que tornaria possível sua correção. Na revisão
A redação oficial não é necessariamente árida e
de um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil
contrária à evolução da língua. É que sua finalidade
compreensão por seu destinatário. O que nos parece
básica – comunicar com objetividade e máxima cla-
óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio
reza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
LÍNGUA PORTUGUESA

que adquirimos sobre certos assuntos, em decorrên-


língua, de maneira diversa daquele da literatura, do
texto jornalístico, da correspondência particular etc. cia de nossa experiência profissional, muitas vezes,
Apresentadas essas características fundamentais faz com que os tomemos como de conhecimento geral,
da redação oficial, passemos à análise pormenorizada o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva,
de cada um de seus atributos. esclareça, precise os termos técnicos, o significado das
A redação oficial deve caracterizar-se por: siglas e das abreviações e os conceitos específicos que
— Clareza e precisão; não possam ser dispensados.
— Objetividade; A revisão atenta exige tempo. A pressa com que
— Concisão; são elaboradas certas comunicações quase sempre
— Coesão e coerência; compromete sua clareza. “Não há assuntos urgen-
— Impessoalidade; tes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite, pois,
— Formalidade e padronização; e o atraso, com sua indesejável repercussão no texto
— Uso da norma padrão da língua portuguesa. redigido. 83
A clareza e a precisão não são atributos que se COESÃO E COERÊNCIA
atinjam por si sós: elas dependem estritamente das
demais características da redação oficial, apresen- É indispensável que o texto tenha coesão e coerên-
tadas a seguir. cia. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a har-
monia entre os elementos de um texto. Percebe-se que o
OBJETIVIDADE texto tem coesão e coerência quando se lê um texto e se
verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a
conseguir isso, é fundamental que o redator saiba coerência de um texto são: referência, substituição,
de antemão qual é a ideia principal e quais são as
elipse e uso de conjunção.
secundárias.
Procure perceber certa hierarquia de ideias que
existe em todo texto de alguma complexidade: as z Referência
fundamentais e as secundárias. Essas últimas podem Diz respeito aos termos que se relacionam a outros
esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplifi- necessários a sua interpretação. Esse mecanismo
cá-las; mas existem também ideias secundárias que pode dar-se por retomada de um termo, relação com
não acrescentam informação alguma ao texto, nem o que é precedente no texto, ou por antecipação de um
têm maior relação com as fundamentais, podendo, termo cuja interpretação dependa do que se segue.
por isso, ser dispensadas, o que também proporciona- Exemplos:
rá mais objetividade ao texto. O Deputado evitou a instalação da CPI da corrup-
A objetividade conduz o leitor ao contato mais ção. Ele aguardou a decisão do Plenário.
direto com o assunto e com as informações, sem sub-
O TCU apontou estas irregularidades: falta de assi-
terfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É erra-
natura e de identificação no documento.
do supor que a objetividade suprime a delicadeza de
expressão ou torna o texto rude e grosseiro.
z Substituição
CONCISÃO É a colocação de um item lexical no lugar de
outro(s) ou no lugar de uma oração.
A concisão é antes uma qualidade do que uma Exemplos:
característica do texto oficial. Conciso é o texto que O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder
consegue transmitir o máximo de informações com Executivo federal propôs reduzir as alíquotas.
o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma O ofício está pronto. O documento trata da exonera-
entendê-la como economia de pensamento, isto é, não ção do servidor.
se deve eliminar passagens substanciais do texto com Os governadores decidiram acatar a decisão. Em
o único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, seguida, os prefeitos fizeram o mesmo.
exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redun-
dâncias e passagens que nada acrescentem ao que já
z Elipse
foi dito.
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto Consiste na omissão de um termo recuperável pelo
deve evitar caracterizações e comentários supérfluos, contexto.
adjetivos e advérbios inúteis, além de uma subordina- Exemplo:
ção excessiva. A seguir, um exemplo de período mal O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria,
construído, prolixo: os particulares. (Na segunda oração, houve a omissão
Apurado, com impressionante agilidade e preci- do verbo “regulamenta”).
são, naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à
população acriana, verificou-se que a esmagadora e
Dica
ampla maioria da população daquele distante estado
manifestou-se pela efusiva e indubitável rejeição da Outra estratégia para proporcionar coesão e
alteração realizada pela Lei no 11.662/2008. Não satis- coerência ao texto é utilizar conjunção para
feita, inconformada e indignada, com a nova hora estabelecer ligação entre orações, períodos ou
legal vinculada ao terceiro fuso, a maioria da popula-
parágrafos.
ção do Acre demonstrou que a ela seria melhor regres-
sar ao quarto fuso, estando cinco horas a menos que Exemplo:
em Greenwich. O Embaixador compareceu à reunião, pois iden-
Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessá- tificou o interesse de seu Governo pelo assunto.
rios, abusou-se no emprego de adjetivos (impressio-
nante, esmagadora, ampla, inconformada, indignada), IMPESSOALIDADE
o que lhe confere carga afetiva injustificável, sobre-
tudo em texto oficial, que deve primar pela impes- A impessoalidade decorre de princípio constitucio-
soalidade. Eliminados os excessos, o período ganha nal (Constituição, art. 37), e seu significado remete a
concisão, harmonia e unidade:
dois aspectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que
Apurado o resultado da consulta à população acrea-
a administração pública proceda de modo a não pri-
na, verificou-se que a maioria da população se mani-
festou pela rejeição da alteração realizada pela Lei no vilegiar ou prejudicar ninguém, de que o seu norte seja,
11.662/2008. Não satisfeita com a nova hora legal vin- sempre, o interesse público; o segundo, a abstração da
culada ao terceiro fuso, a maioria da população do Acre pessoalidade dos atos administrativos, pois, apesar de a
demonstrou que a ela seria melhor regressar ao quarto ação administrativa ser exercida por intermédio de seus
84 fuso, estando cinco horas menos que em Greenwich. servidores, é resultado tão-somente da vontade estatal.
A redação oficial é elaborada sempre em nome do Em razão de seu caráter público e de sua finalidade,
serviço público e sempre em atendimento ao interes- os atos normativos e os expedientes oficiais requerem
se geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos obje- o uso do padrão culto do idioma, que acata os precei-
tos dos expedientes oficiais não devem ser tratados de tos da gramática formal e emprega um léxico compar-
outra forma que não a estritamente impessoal. tilhado pelo conjunto dos usuários da língua. O uso do
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal padrão culto é, portanto, imprescindível na redação
que deve ser dado aos assuntos que constam das oficial por estar definido como padrão para tal ativi-
comunicações oficiais decorre: dade, sendo importante evitar as diferenças lexicais,
— Da ausência de impressões individuais de morfológicas ou sintáticas, regionais, os modismos
quem comunica: embora se trate, por exemplo, de vocabulares e as particularidades linguísticas.
um expediente assinado por Chefe de determinada
Seção, a comunicação é sempre feita em nome do ser-
viço público. Obtém-se, assim, uma desejável padroni- Importante!
zação, que permite que as comunicações elaboradas
Recomendações:
em diferentes setores da administração pública guar-
A língua culta é contra a pobreza de expressão e
dem entre si certa uniformidade;
não contra a sua simplicidade;
— Da impessoalidade de quem recebe a comu-
O uso do padrão culto não significa empregar a
nicação: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre
língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de
concebido como público, ou a uma instituição pri-
vada, a outro órgão ou a outra entidade pública. Em linguagem próprias do estilo literário;
todos os casos, temos um destinatário concebido de A consulta ao dicionário e à gramática é impera-
forma homogênea e impessoal; e tiva na redação de um bom texto.
— Do caráter impessoal do próprio assunto
tratado: se o universo temático das comunicações
Pode-se concluir que não existe propriamente
oficiais se restringe a questões que dizem respeito ao
um padrão oficial de linguagem, o que há é o uso da
interesse público, é natural não caber qualquer tom norma padrão nos atos e nas comunicações oficiais.
particular ou pessoal. É claro que haverá preferência pelo uso de determi-
Não há lugar na redação oficial para impressões nadas expressões, ou será obedecida certa tradição no
pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma emprego das formas sintáticas, mas isso não implica,
carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jor- necessariamente, que se consagre a utilização de uma
nal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial forma de linguagem burocrática. O jargão burocráti-
deve ser isenta da interferência da individualidade de co, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sem-
quem a elabora. A concisão, a clareza, a objetividade pre sua compreensão limitada.
e a formalidade de que nos valemos para elaborar os
expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL
alcançada a necessária impessoalidade.
A redação das comunicações oficiais deve, antes
FORMALIDADE E PADRONIZAÇÃO de tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I,
“Aspectos gerais da redação oficial”. Além disso, há carac-
As comunicações administrativas devem ser terísticas específicas de cada tipo de expediente, que
sempre formais, isto é, obedecer a certas regras de serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de pas-
forma (BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as sarmos a sua análise, vejamos outros aspectos comuns a
comunicações feitas em meio eletrônico (por exem- quase todas as modalidades de comunicação oficial.
plo, o e-mail, o documento gerado no SEI! — O Sistema
Eletrônico de Informações é uma ferramenta de gestão z Pronomes de tratamento
de documentos —, o documento em html etc.), quanto
para os eventuais documentos impressos. De acordo com forma como queremos ou devemos
É imperativa, ainda, certa formalidade de trata- tratar as pessoas, ou seja, de maneira formal ou infor-
mento. Não se trata somente do correto emprego deste mal, empregamos determinados pronomes chamados
ou daquele pronome de tratamento para uma autori- de tratamento. Assim, originalmente, usamos
dade de certo nível, mais do que isso: a formalidade — Tu: para tratamento íntimo, familiar, informal;
diz respeito à civilidade no próprio enfoque dado ao — Você (s): para tratamento cerimonioso formal.
assunto do qual cuida a comunicação. Muitos de vocês devem ter estranhado essa coloca-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ção, mas é a verdade. Só estranhamos, porque usamos
LÍNGUA PORTUGUESA

necessária uniformidade das comunicações. Ora, se o “você” para qualquer pessoa, independentemente de
a administração pública federal é una, é natural que as haver com ela intimidade ou não. Mas isso não quer
comunicações que expeça sigam o mesmo padrão. O esta- dizer nada, afinal por que a língua teria os dois prono-
belecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, mes? Porque há um motivo: o que mostramos acima.
exige que se atente para todas as características da redação Essa informação nos ajuda a entender por que os
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. dois pronomes acima são de 2ª pessoa, entretanto,
A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes quando usamos o “você”, o verbo e os demais prono-
para o texto definitivo, nas exceções em que se fizer mes que a ele se referem ficam na 3ª pessoa; ao con-
necessária a impressão, e a correta diagramação do trário do que ocorre com o “tu”, cujas concordâncias
texto são indispensáveis para a padronização. Consul- são em 2ª pessoa. Afinal, se existe um distanciamento
te o Capítulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito entre as pessoas revelado pelo “você”, as concordân-
de normas específicas para cada tipo de expediente. cias devem realmente ser em 3ª pessoa. 85
z Emprego dos pronomes de tratamento AUTORIDADE Ministro de Estado
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
Modernamente, então, temos
VOCATIVO Senhor Ministro,
— Você (s): para tratamento informal;
— Senhor (e flexões): para tratamento cerimonio- TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO
so formal.
Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de ABREVIATURA V. Exa.
tratamento adota a segunda pessoa do plural, de
maneira indireta, para referenciar atributos da pes- Secretário-Executivo de Minis-
soa à qual se dirige. Na redação oficial, é necessário AUTORIDADE tério e demais ocupantes
atenção para o uso dos pronomes de tratamento em de cargos de natureza especial
três momentos distintos: no endereçamento, no voca- ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
tivo e no corpo do texto. No vocativo, o autor dirige-se VOCATIVO Senhor Secretário-Executivo,
ao destinatário no início do documento. No corpo do Vossa Excelência
TRATAMENTO NO
texto, pode-se empregar os pronomes de tratamento CORPO DO TEXTO
em sua forma abreviada ou por extenso. O endereça-
ABREVIATURA V. Exa.
mento é o texto utilizado no envelope que contém a
correspondência oficial.
A seguir, alguns exemplos de utilização de prono- AUTORIDADE Embaixador
mes de tratamento no texto oficial. ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
VOCATIVO Senhor Embaixador,
AUTORIDADE Presidente da República Vossa Excelência
TRATAMENTO NO
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor CORPO DO TEXTO
Excelentíssimo Senhor Presiden- ABREVIATURA V. Exa.
VOCATIVO
te da República,
TRATAMENTO NO
Vossa Excelência Oficial-General das Forças
CORPO DO TEXTO AUTORIDADE
Armadas
ABREVIATURA Não se usa
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
VOCATIVO Senhor + Posto,
Presidente do Congresso
AUTORIDADE TRATAMENTO NO Vossa Excelência
Nacional
CORPO DO TEXTO
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
ABREVIATURA V. Exa.
Excelentíssimo Senhor Presi-
VOCATIVO
dente do Congresso Nacional,
TRATAMENTO NO Vossa Excelência AUTORIDADE Outros postos militares
CORPO DO TEXTO ENDEREÇAMENTO Ao Senhor
ABREVIATURA Não se usa VOCATIVO Senhor + Posto,
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
Presidente do Supremo Tribunal CORPO DO TEXTO
AUTORIDADE
Federal ABREVIATURA V. Exa.
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
Excelentíssimo Senhor Pre- AUTORIDADE Senador da República
VOCATIVO sidente do Supremo Tribunal
Federal, ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor

Vossa Excelência VOCATIVO Senhor Senador,


TRATAMENTO NO
CORPO DO TEXTO TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO
ABREVIATURA Não se usa
ABREVIATURA V. Exa.

AUTORIDADE Vice-Presidente da República


ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor AUTORIDADE Deputado Federal

Senhor Vice-Presidente da ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor


VOCATIVO
República, VOCATIVO Senhor Deputado,
TRATAMENTO NO Vossa Excelência TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO CORPO DO TEXTO

86 ABREVIATURA V. Exa. ABREVIATURA V. Exa.


Ministro do Tribunal de Contas Na identificação do signatário, o cargo ocupado
AUTORIDADE por pessoa do sexo feminino deve ser flexionado no
da União
gênero feminino.
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
Exemplos: Ministra de Estado;
Senhor Ministro do Tribunal de Secretária-Executiva interina;
VOCATIVO
Contas da União, Técnica Administrativa;
TRATAMENTO NO Vossa Excelência Coordenadora Administrativa.
CORPO DO TEXTO — Grafia de cargos compostos: escrevem-se com
hífen.
ABREVIATURA V. Exa. Exemplos:
Cargos formados pelo adjetivo “geral”: diretor-ge-
Ministro dos Tribunais ral, relator-geral, ouvidor-geral;
AUTORIDADE Postos e gradações da diplomacia: primeiro-secre-
Superiores
tário, segundo-secretário;
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor Postos da hierarquia militar: tenente-coronel,
VOCATIVO Senhor Ministro, capitão-tenente;
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO
Importante!
ABREVIATURA V. Exa.
Nomes compostos com elemento de ligação
preposicionado ficam sem hífen: general de
Os exemplos acima são meramente exemplificati- exército, general de brigada, tenente-brigadeiro
vos. A profusão de normas estabelecendo hipóteses de do ar, capitão de mar e guerra.
tratamento por meio do pronome “Vossa Excelência”
para categorias especificas tornou inviável arrolar
todas as hipóteses. Cargos que denotam hierarquia dentro de uma
empresa: diretor-presidente, diretor-adjunto, editor-
Concordância com os pronomes de tratamento -chefe, sócio-gerente, diretor-executivo;
Cargos formados por numewrais: primeiro-minis-
Os pronomes de tratamento apresentam certas tro, primeira-dama;
peculiaridades quanto às concordâncias verbal, nomi- Cargos formados com os prefixos “ex” ou “vice”:
nal e pronominal. Embora se refiram à segunda pes- ex-diretor, vice-coordenador.
soa gramatical (à pessoa com quem se fala), levam a O novo Acordo Ortográfico tornou opcional o uso
concordância para a terceira pessoa. de iniciais maiúsculas em palavras usadas reveren-
Os pronomes Vossa Excelência ou Vossa Senhoria cialmente, por exemplo para cargos e títulos (exem-
são utilizados para se comunicar diretamente com o plo: o Presidente francês ou o presidente francês).
receptor. Ex.: Vossa Senhoria designará o assessor. Porém, em palavras com hífen, após se optar pelo uso
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos da maiúscula ou da minúscula, deve-se manter a esco-
a pronomes de tratamento são sempre os da terceira lha para a grafia de todos os elementos hifenizados:
pessoa. Ex.: Vossa Senhoria designará seu substituto. (E pode-se escrever “Vice-Presidente” ou “vice-presiden-
não “Vossa Senhoria designará vosso substituto.”) te”, mas não “Vice-presidente”.
Já quanto aos adjetivos referidos a esses prono-
mes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo z Vocativo
da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que
compõe a locução. Ex.: Se o interlocutor for homem, o O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas
comunicações oficiais, o vocativo será sempre seguido
correto é: Vossa Excelência está atarefado.
de vírgula.
O pronome Sua Excelência é utilizado para se fazer
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, uti-
referência a alguma autoridade (indiretamente). Ex.:
liza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou Excelentís-
A Sua Excelência o Ministro de Estado Chefe da Casa
sima Senhora e o cargo respectivo, seguidos de vírgula.
Civil (por exemplo, no endereçamento do expediente).
Exemplos:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República;
z Signatário Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
Nacional;
— Cargos interino e substituto: na identificação
LÍNGUA PORTUGUESA

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tri-


do signatário, depois do nome do cargo, é possível uti- bunal Federal.
lizar os termos interino e substituto, conforme situa- As demais autoridades, mesmo aquelas tratadas
ções a seguir: interino é aquele nomeado para ocupar por Vossa Excelência, receberão o vocativo Senhor ou
transitoriamente cargo público durante a vacância; Senhora seguido do cargo respectivo.
substituto é aquele designado para exercer as atribui- Exemplos:
ções de cargo público vago ou no caso de afastamento Senhora Beneficiária;
e impedimentos legais ou regulamentares do titular. Senhor Contribuinte.
Esses termos devem ser utilizados depois do nome do Na hipótese de comunicação com particular,
cargo, sem hífen, sem vírgula e em minúsculo. pode-se utilizar o vocativo Senhor ou Senhora e a
Exemplos: Diretor-Geral interino; forma utilizada pela instituição para referir-se ao
Secretário-Executivo substituto. interlocutor: beneficiário, usuário, contribuinte,
— Signatárias do sexo feminino eleitor etc. 87
Exemplos:
Senhora Senadora;
Senhor Juiz;
Senhora Ministra.
Ainda, quando o destinatário for um particular, no
vocativo, pode-se utilizar Senhor ou Senhora seguido
do nome do particular ou pode-se utilizar o vocativo
“Prezado Senhor” ou “Prezada Senhora”.
Exemplos:
Senhora [Nome];
Prezado Senhor.
Em comunicações oficiais, está abolido o uso de
Digníssimo (DD) e de Ilustríssimo (Ilmo.).
Evite-se o uso de “doutor” indiscriminadamente. O
tratamento por meio de Senhor confere a formalidade
desejada.
Exemplos:
Senhora [Nome];
Prezado Senhor.

FINALIDADE DOS EXPEDIENTES OFICIAIS

z O padrão ofício
Importante!
Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos O desenho oficial atualizado do Brasão de Armas
de expedientes que se diferenciavam antes pela finali- da República pode ser localizado no sítio eletrô-
dade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memoran- nico da Presidência da República, na seção Sím-
do. Com o objetivo de uniformizá-los, deve-se adotar bolos Nacionais. Disponível em: http://www2.
nomenclatura e diagramação únicas, que sigam o que planalto.gov.br/conheca-a-presidencia/acervo/
chamamos de padrão ofício. simbolos-nacionais/brasao/brasao-da-repu-
A distinção básica anterior entre os três era: blica.jpg/view
— Aviso: era expedido exclusivamente por Minis- No caso de documento a ser impresso, exclusi-
tros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia; vamente quando o signatário for o Presidente da
— Ofício: era expedido para e pelas demais auto- República, Ministro de Estado ou a autoridade
ridades; e máxima de autarquia, será utilizado timbre em
— Memorando: era expedido entre unidades relevo branco, nos termos do disposto no Decre-
administrativas de um mesmo órgão. to no 80.739, de 14 de novembro de 1977.

— Nome do órgão principal;


Importante!
— Nomes dos órgãos secundários, quando neces-
Nesta nova edição ficou abolida aquela distin- sários, da maior para a menor hierarquia; e
ção e passou-se a utilizar o termo ofício nas três — Espaçamento: entrelinhas simples (1,0).
Exemplo:
hipóteses.

A seguir, será apresentada a estrutura do padrão


ofício, de acordo com a ordem com que cada elemento
aparece no documento oficial.

z Partes do documento no padrão ofício


— Cabeçalho: o cabeçalho é utilizado apenas na
primeira página do documento, centralizado na área
determinada pela formatação (ver subitem “5.2 For-
matação e apresentação”).
No cabeçalho deverão constar os seguintes
[Nome do órgão]
elementos:
[Secretaria/Diretoria]
— Brasão de Armas da República: no topo da [Departamento/Setor/Entidade]
página. Não há necessidade de ser aplicado em cores. Os dados do órgão, tais como endereço, telefone,
O uso de marca da instituição deve ser evitado na cor- endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrô-
respondência oficial para não se sobrepor ao Brasão nico oficial da instituição, podem ser informados no
88 de Armas da República. rodapé do documento, centralizados.
z Identificação do expediente Quando o tratamento destinado ao receptor for
Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é
Os documentos oficiais devem ser identificados da “Ao Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se
seguinte maneira: utiliza a expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A
— Nome do documento: tipo de expediente por Sua Senhoria a Senhora”.
extenso, com todas as letras maiúsculas; Exemplos:
— Indicação de numeração: abreviatura da pala- A Sua Excelência o Senhor
vra “número”, padronizada como No; [Nome]
— Informações do documento: número, ano Ministro de Estado da Justiça
Esplanada dos Ministérios Bloco T
(com quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expe-
70064-900 Brasília/DF
de o documento, da menor para a maior hierarquia,
separados por barra (/); e
À Senhora
— Alinhamento: à margem esquerda da página.
[Nome]
Exemplo: OFÍCIO No 652/2018/SAA/SE/MT Diretora de Gestão de Pessoas
SAUS Q. 3 Lote 5/6 Ed Sede I
z Local e data do documento 70070-030 Brasília. DF

Na grafia de datas em um documento, o conteúdo z Assunto


deve constar da seguinte forma:
— Composição: local e data do documento; O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o
— Informação de local: nome da cidade onde foi documento, de forma sucinta.
expedido o documento, seguido de vírgula. Não se Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
deve utilizar a sigla da unidade da federação depois — Título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que
do nome da cidade; define o conteúdo do documento, seguida de dois-pontos;
— Dia do mês: em numeração ordinal se for o — Descrição do assunto: a frase que descreve o
primeiro dia do mês e em numeração cardinal para conteúdo do documento deve ser escrita com inicial
os demais dias do mês. Não se deve utilizar zero à maiúscula, não se deve utilizar verbos e sugere-se uti-
esquerda do número que indica o dia do mês; lizar de quatro a cinco palavras;
— Nome do mês: deve ser escrito com inicial — Destaque: todo o texto referente ao assunto,
minúscula; inclusive o título, deve ser destacado em negrito;
— Pontuação: coloca-se ponto-final depois da — Pontuação: coloca-se ponto-final depois do
assunto; e
data; e
— Alinhamento: à margem esquerda da página.
— Alinhamento: o texto da data deve ser alinhado
Exemplos:
à margem direita da página.
Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão
Exemplo: julho/2018.
Brasília, 2 de fevereiro de 2018. Assunto: Aquisição de computadores.

z Endereçamento z Texto do documento

O endereçamento é a parte do documento que O texto do documento oficial deve seguir a seguin-
informa quem receberá o expediente. te padronização de estrutura:
Nele deverão constar os seguintes elementos: — Nos casos em que não seja usado para enca-
— Vocativo: na forma de tratamento adequada minhamento de documentos, o expediente deve
para quem receberá o expediente (ver subitem “4.1 conter a seguinte estrutura:
Pronomes de tratamento”); Introdução: em que é apresentado o objetivo da
— Nome: nome do destinatário do expediente; comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a honra de,
— Cargo: cargo do destinatário do expediente; Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que. Prefira
— Endereço: endereço postal de quem receberá o empregar a forma direta: Informo, Solicito, Comunico;
expediente, dividido em duas linhas: Desenvolvimento: em que o assunto é detalhado;
Primeira linha: informação de localidade/logra- se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto,
douro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que
órgão, informação do setor; confere maior clareza à exposição; e
Conclusão: em que é afirmada a posição sobre o
LÍNGUA PORTUGUESA

Segunda linha: CEP e cidade/unidade da fede-


assunto.
ração, separados por espaço simples. Na separação
— Quando forem usados para encaminhamento
entre cidade e unidade da federação pode ser substi-
de documentos, a estrutura é modificada:
tuída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso
Introdução: deve iniciar com referência ao expe-
de ofício ao mesmo órgão, não é obrigatória a infor- diente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa
mação do CEP, podendo ficar apenas a informação da do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar
cidade/unidade da federação; e com a informação do motivo da comunicação, que é
— Alinhamento: à margem esquerda da página. encaminhar, indicando a seguir os dados completos
O pronome de tratamento no endereçamento das do documento encaminhado (tipo, data, origem ou
comunicações dirigidas às autoridades tratadas por signatário e assunto de que se trata) e a razão pela
Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Exce- qual está sendo encaminhado; e
lência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”. = 89
Exemplos: — Nome: nome da autoridade que as expede, gra-
Em resposta ao Ofício no 12, de 1o de fevereiro de fado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa
2018, encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de abril linha acima do nome do signatário;
de 2018, da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, — Cargo: cargo da autoridade que expede o docu-
que trata da requisição do servidor Fulano de Tal. mento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. As
Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia preposições que liguem as palavras do cargo devem
do Ofício no 12, de 1o de fevereiro de 2018, do Pre- ser grafadas em minúsculas; e
sidente da Confederação Nacional da Indústria, a — Alinhamento: a identificação do signatário
respeito de projeto de modernização de técnicas agrí- deve ser centralizada na página.
colas na região Nordeste. Para evitar equívocos, recomenda-se não dei-
Desenvolvimento: se o autor da comunicação xar a assinatura em página isolada do expediente.
desejar fazer algum comentário a respeito do docu- Transfira para essa página ao menos a última frase
mento que encaminha, poderá acrescentar pará- anterior ao fecho.
grafos de desenvolvimento. Caso contrário, não há Exemplo:
parágrafos de desenvolvimento em expediente usado (espaço para assinatura)
para encaminhamento de documentos. NOME
— Tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presi-
do documento deve ser formatado da seguinte maneira: dência da República
Alinhamento: justificado; (espaço para assinatura)
Espaçamento entre linhas: simples; NOME
Parágrafos: Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas
Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
cada parágrafo; z Numeração das páginas
Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar-
gem esquerda; A numeração das páginas é obrigatória apenas a
Numeração dos parágrafos: apenas quando o partir da segunda página da comunicação. Ela deve
documento tiver três ou mais parágrafos, desde o pri- ser centralizada na página e obedecer à seguinte
meiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o fecho; formatação:
— Posição: no rodapé do documento, ou acima da
Dica área de 2 cm da margem inferior; e
— Fonte: Calibri ou Carlito.
Houve alteração das fontes e símbolos de Times
New Roman para Calibri ou Carlito. z Formatação e apresentação

z Fechos para comunicações Os documentos do padrão ofício devem obedecer à


seguinte formatação:
O fecho das comunicações oficiais objetiva, além
da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o des- — Tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
tinatário. Os modelos para fecho anteriormente utili- — Margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de
zados foram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do largura;
Ministério da Justiça, que estabelecia quinze padrões. — Margem lateral direita: 1,5 cm;
Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los, — Margens superior e inferior: 2 cm;
este Manual estabelece o emprego de somente dois — Área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a
fechos diferentes para todas as modalidades de comu- partir da margem superior do papel;
nicação oficial: — Área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior
Para autoridades de hierarquia superior à do do documento;
remetente, inclusive o Presidente da República: — Impressão: na correspondência oficial, a impres-
Respeitosamente, são pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse
Para autoridades de mesma hierarquia, de hierar- caso, as margens esquerda e direita terão as distâncias
quia inferior ou demais casos: Atenciosamente, invertidas nas páginas pares (margem espelho);
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações — Cores: os textos devem ser impressos na cor
dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem preta em papel branco, reservando-se, se necessário,
a rito e tradição próprios. a impressão colorida para gráficos e ilustrações;
— O fecho da comunicação deve ser formatado da — Destaques: para destaques deve-se utilizar, sem
seguinte maneira: abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de
Alinhamento: alinhado à margem esquerda da itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado,
página; sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de
Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar- formatação que afete a sobriedade e a padronização
gem esquerda; do documento;
Espaçamento entre linhas: simples; — Palavras estrangeiras: palavras estrangeiras
Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após devem ser grafadas em itálico;
cada parágrafo e não deve ser numerado. — Arquivamento: dentro do possível, todos os
documentos elaborados devem ter o arquivo de texto
z Identificação do signatário preservado para consulta posterior ou aproveitamento
de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, pre-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presi- ferencialmente, formato de arquivo que possa ser lido
dente da República, todas as demais comunicações ofi- e editado pela maioria dos editores de texto utilizados
90 ciais devem informar o signatário segundo o padrão: no serviço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
— Nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte
maneira:
tipo do documento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do conteúdo
Exemplo:
Ofício 123_2018_relatório produtividade anual
Seguem exemplos de Ofício:

LÍNGUA PORTUGUESA

91
(29,7 cm x 21 cm)

92
93
LÍNGUA PORTUGUESA
ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO DE DOCUMENTO

z Variações dos documentos oficiais

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com algumas possíveis variações:
— [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um
órgão receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.
— [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expe-
diente para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
— [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o
mesmo expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
Exemplos:
OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC
OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE
Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as
siglas ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.

z Exposição de Motivos

Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:


propor alguma medida; submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou informá-lo de determinado
assunto.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que
o assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros
envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica
das exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.

z Forma e estrutura

As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:


— Apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou
informar ao Presidente da República algum assunto;
— Indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se
solucionar o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes sobre
o assunto informado, quando for esse o caso; e
— Na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar
o problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.
As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº 9.191,
de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de mérito que permi-
tam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição
de ato normativo, tem como propósito:
— Permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;
— Ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a
edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normati-
vas no âmbito do Poder Executivo;
— Conferir transparência aos atos propostos;
— Resumir os principais aspectos da proposta; e
— Evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.
A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.

z Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof)

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos
com as propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, apresentados no exemplo do assunto Forma
e Estrutura, são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o nome do ministro que assinou a exposição
de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta.
94 Exemplo de exposição de motivos:
95
LÍNGUA PORTUGUESA
z Mensagem O Presidente da República, tradicionalmente, por
cortesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15
A Mensagem é o instrumento de comunicação dias, faz uma comunicação a cada Casa do Congresso,
oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notada- enviando-lhes mensagens idênticas.
mente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder — Encaminhamento de atos de concessão e de
Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre renovação de concessão de emissoras de rádio e
fato da administração pública; para expor o plano de TV: a obrigação de submeter tais atos à apreciação
governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; do Congresso Nacional consta no inciso XII do caput
para submeter ao Congresso Nacional matérias que do art. 49 da Constituição. Somente produzirão efei-
dependem de deliberação de suas Casas; para apre- tos legais a outorga ou a renovação da concessão após
sentar veto; enfim, fazer comunicações do que seja de deliberação do Congresso Nacional (Constituição, art.
interesse dos Poderes Públicos e da Nação. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem a urgência
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos prevista na Constituição, art. 64, uma vez que o § 1o
ministérios à Presidência da República, a cujas asses- do art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do
sorias caberá a redação final. ato de outorga ou renovação, acompanha a mensa-
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao gem o correspondente processo administrativo.
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: — Encaminhamento das contas referentes ao
— Encaminhamento de proposta de emenda exercício anterior: o Presidente da República tem o
constitucional, de projeto de lei ordinária, de pro- prazo de 60 dias após a abertura da sessão legislativa
jeto de lei complementar e os que compreendem para enviar ao Congresso Nacional as contas referen-
plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça- tes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, caput,
mentos anuais e créditos adicionais: os projetos inciso XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista
de lei ordinária ou complementar são enviados em permanente (Constituição, art. 166, § 1o), sob pena de
regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas
(Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto pode ser (Constituição, art. 51, caput, inciso II) em procedimen-
encaminhado sob o regime normal e, mais tarde, ser to disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. — Mensagem de abertura da sessão legislativa:
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos deve conter o plano de governo, exposição sobre a
membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada situação do País e a solicitação de providências que
com ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil julgar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI).
da Presidência da República ao Primeiro-Secretário O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua Presidência da República. Esta mensagem difere das
tramitação (Constituição, art. 64, caput). demais, porque vai encadernada e é distribuída a
Quanto aos projetos de lei que compreendem pla- todos os congressistas em forma de livro.
no plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos — Comunicação de sanção (com restituição de
anuais e créditos adicionais, as mensagens de enca- autógrafos): esta mensagem é dirigida aos Membros
minhamento dirigem-se aos membros do Congresso do Congresso Nacional, encaminhada por ofício ao
Nacional, e os respectivos ofícios são endereçados Primeiro-Secretário da Casa onde se originaram os
ao Primeiro-Secretário do Senado Federal. A razão é autógrafos. Nela se informa o número que tomou a
que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos
congressual em sessão conjunta, mais precisamente,
recebidos, nos quais o Presidente da República terá
“na forma do regimento comum”. E, à frente da Mesa
aposto o despacho de sanção.
do Congresso Nacional, está o Presidente do Senado
— Comunicação de veto: dirigida ao Presidente
Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que comanda as
do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a men-
sessões conjuntas.
sagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é
— Encaminhamento de medida provisória: para
parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do
dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constitui-
veto. Seu texto é publicado na íntegra no Diário Ofi-
ção, o Presidente da República encaminha Mensagem
cial da União, ao contrário das demais mensagens,
ao Congresso, dirigida a seus Membros, com ofício
cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao
para o Primeiro-Secretário do Senado Federal, juntan-
Poder Legislativo.
do cópia da medida provisória.
— Outras mensagens remetidas ao Legislativo:
— Indicação de autoridades: nas mensagens que
Apreciação de intervenção federal (Constituição,
submetem ao Senado Federal a indicação de pessoas
art. 36, § 2º).
para ocuparem determinados cargos (magistrados dos
tribunais superiores, ministros do Tribunal de Contas Encaminhamento de atos internacionais que acar-
da União, presidentes e diretores do Banco Central, retam encargos ou compromissos gravosos (Constitui-
Procurador-Geral da República, chefes de missão diplo- ção, art. 49, caput, inciso I);
mática, diretores e conselheiros de agências etc.) têm Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis
em vista que a Constituição, incisos III e IV do caput do às operações e prestações interestaduais e de exporta-
art. 52, atribui àquela Casa do Congresso Nacional com- ção (Constituição, art. 155, § 2o, inciso IV);
petência privativa para aprovar a indicação. Proposta de fixação de limites globais para o mon-
O curriculum vitae do indicado, assinado, com a tante da dívida consolidada (Constituição, art. 52,
informação do número de Cadastro de Pessoa Físi- caput, inciso VI);
ca, acompanha a mensagem. Pedido de autorização para operações financeiras
— Pedido de autorização para o Presidente ou o externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
Vice-Presidente da República se ausentarem do país Convocação extraordinária do Congresso Nacional
por mais de 15 dias: trata-se de exigência constitucio- (Constituição, art. 57, § 6o);
nal (Constituição, art. 49, caput, inciso III e art. 83), e a Pedido de autorização para exonerar o Procura-
autorização é da competência privativa do Congresso dor-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso
96 Nacional. XI, e art. 128, § 2o);
Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
orçamentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5o);
Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de
veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);
Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição,
art. 188, § 1º).

z Forma e estrutura
As mensagens contêm:
— Brasão: timbre em relevo branco
— Identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
— Vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário,
com o recuo de parágrafo dado ao texto;
— Texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
— Local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu
signatário.
Exemplo de mensagem:

LÍNGUA PORTUGUESA

97
z Correio eletrônico (e-mail) z Saudação inicial/vocativo
A utilização do e-mail para a comunicação tornou- O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado
-se prática comum, não só em âmbito privado, mas por uma saudação. Quando endereçado para outras
também na administração pública. O termo e-mail instituições, para receptores desconhecidos ou para
pode ser empregado com três sentidos. Dependendo particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme
do contexto, pode significar gênero textual, endereço os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou
eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem “Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado
eletrônica. Senhor”, “Prezada Senhora”.
Como gênero textual, o e-mail pode ser conside- Exemplos:
rado um documento oficial, assim como o ofício. Por- Senhor Coordenador,
tanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível Prezada Senhora,
com uma comunicação oficial.
Como endereço eletrônico utilizado pelos servido- z Fecho
res públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a
extensão “.gov.br”, por exemplo. Atenciosamente é o fecho padrão em comunica-
Como sistema de transmissão de mensagens ele- ções oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o
trônicas, por seu baixo custo e celeridade, transfor- uso de abreviações como “Att.”, e de outros fechos,
mou-se na principal forma de envio e recebimento de como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de ampla-
documentos na administração pública. mente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
devem ser utilizados em e-mails profissionais.
z Valor documental O correio eletrônico, em algumas situações, aceita
uma saudação inicial e um fecho menos formal. No
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos
24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor deve ser formal, como a que se usaria em qualquer
documental, isto é, para que possa ser aceito como outro documento oficial.
documento original, é necessário existir certificação
digital que ateste a identidade do remetente, segundo
z Bloco de texto da assinatura
os parâmetros de integridade, autenticidade e valida-
de jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Bra-
Sugere-se que todas as instituições da administra-
sileira – ICP-Brasil.
ção pública adotem um padrão de texto de assinatura.
O destinatário poderá reconhecer como válido
A assinatura do e-mail deve conter o nome completo,
o e-mail sem certificação digital ou com certificação
o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
digital fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questiona-
Exemplo:
mento, será obrigatório a repetição do ato por meio
Maria da Silva
documento físico assinado ou por meio eletrônico
Assessora
reconhecido pela ICP-Brasil.
Salvo lei específica, não é dado ao ente público Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
impor a aceitação de documento eletrônico que não (61)XXXX-XXXX
atenda os parâmetros da ICP-Brasil.
z Anexos
z Forma e estrutura
A possibilidade de anexar documentos, planilhas
Um dos atrativos de comunicação por correio e imagens de diversos formatos é uma das vantagens
eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interes- do e-mail. A mensagem que encaminha algum arqui-
sa definir padronização da mensagem comunicada. vo deve trazer informações mínimas sobre o conteú-
No entanto, devem-se observar algumas orientações do do anexo.
quanto à sua estrutura. Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele
é realmente indispensável e se seria possível colocá-lo
z Campo “Assunto” no corpo do correio eletrônico.
Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencami-
O assunto deve ser o mais claro e específico pos- nhamento de anexos nas mensagens de resposta.
sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Os arquivos anexados devem estar em formatos
Assim, quem irá receber a mensagem identificará usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
rapidamente do que se trata; quem a envia poderá, Quando se tratar de documento ainda em discussão,
posteriormente, localizar a mensagem na caixa do os arquivos devem, necessariamente, ser enviados,
correio eletrônico. em formato que possa ser editado.
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramen-
te o conteúdo completo da mensagem para que não z Recomendações
pareça, ao receptor, que se trata de mensagem não
solicitada/lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um — Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso
assunto mais preciso seria “Agendamento de reunião de confirmação de leitura. Caso não esteja disponível,
sobre a Reforma da Previdência”. deve constar da mensagem pedido de confirmação de
recebimento;
z Local e data — Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos
computadores, mantêm-se a recomendação de tipo de
São desnecessários no corpo da mensagem, uma fonte, tamanho e cor dos documentos oficiais: Calibri
98 vez que o próprio sistema apresenta essa informação. ou Carlito, tamanho 12, cor preta;
— Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem ser utilizados, pois não são apropriados para mensagens
profissionais, além de sobrecarregar o tamanho da mensagem eletrônica;
— A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada com o mesmo cuidado com que se revisam outros
documentos oficiais;
— O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser
utilizados;
— Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das
conversas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
— Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota
agressividade de parte do emissor da comunicação.
— Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e de
logotipos do ente público junto ao texto da assinatura.
— Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do
destinatário.

ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO

z Ata

Ata é o resumo escrito dos fatos e decisões de uma assembleia, sessão ou reunião para um determinado fim.

z Normas

Geralmente, as atas são transcritas à mão pelo secretário, em livro próprio, que deve conter um termo de aber-
tura e um termo de encerramento, assinados pela autoridade máxima da entidade ou por quem receber daquela
autoridade delegação de poderes para tanto; esta também deverá numerar e rubricar todas as folhas do livro.
Como a ata é um documento de valor jurídico, deve ser lavrada de tal forma, que nada lhe poderá ser acrescen-
tado ou modificado. Se houver engano, o secretário escreverá a expressão “digo”, retificando o pensamento. Se o
engano for notado no final da ata, escrever-se-á a expressão — “Em tempo: Onde se lê..., leia-se...”.
Nas atas, os números devem ser escritos por extenso, evitando-se também as abreviações. As atas são redigi-
das sem se deixarem espaços ou parágrafos. a fim de se evitarem acréscimos.
O tempo verbal preferencialmente utilizado na ata é o pretérito perfeito do indicativo.
Quanto à assinatura, deverão fazê-lo todas as pessoas presentes ou, quando deliberado, apenas o presidente
e o secretário.
Permite-se também a transcrição da ata em folhas digitadas, desde que as mesmas sejam convenientemente
arquivadas, impossibilitando fraude.
Em casos muito especiais, usam-se formulários já impressos, como os das seções eleitorais.

Comércio de Peças 24 horas Ltda.


DATA/HORA E LOCAL - Aos vinte de abril de 2.002, às dez horas, na sede da sociedade, na rua Esmeralda nº
280, Bairro Pedralina, em Pedra Azul, em (nome do Estado), CEP 30.220.060; PRESENÇA – sócios representando
mais de ¾ do capital social; COMPOSIÇÃO DA MESA – FULANO DE TAL, presidente e BELTRANO DE TAL,
secretário; PUBLICAÇÕES – anúncio de convocação, no (órgão oficial do Estado) e no (jornal de grande
circulação), nas edições de 10, 11 e 12 do corrente mês, às fls ... e.., respectivamente; ORDEM DO DIA -
tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de resultado econômico;
DELIBERAÇÕES – após a leitura dos documentos mencionados na ordem do dia, que foram colocados à
disposição de todos os sócios, trinta dias antes, conforme recibo, postos em discussão e votação, foram aprovados
sem reservas e restrições; ENCERRAMENTO E APROVAÇÃO DA ATA. Terminados os trabalhos, inexistindo
qualquer outra manifestação, lavrou-se a presente ata que, lida, foi aprovada e assinada por todos os sócios.

Beltrano de Tal, Sicrano de Tal, Fulano de Tal, Malandro de Tal, Enrolando


de Tal, Filmando de tal, Orlando de Tal, Capistrano de Val, Coriolano de Bial.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Atestado

Atestado é o documento firmado por uma pessoa favor de outra, atestando a verdade a respeito de determi-
nado fato.
As repartições públicas, em razão de sua natureza, fornecem atestados e não declarações.
O atestado difere da certidão, porque, enquanto esta prova fatos permanentes, aquele se refere a fatos
transitórios.
— Como fazer:
O Atestado, geralmente, é fornecido por alguém que exerce posição de cargo superior ou igual ao da pessoa
que está pedindo o atestado;
O papel do atestado deve conter carimbo ou timbre da entidade que o expede;
O atestado costuma ser escrito em atendimento à solicitação do interessado. 99
— A redação de um atestado apresenta a seguinte ordem:
Título, ou seja, a palavra ATESTADO em maiúsculas;
Nome e identificação da pessoa que emite (que pode ser escrito no final, após a assinatura) e o nome e identi-
ficação da pessoa que solicitou;
Texto, sempre resumido, claro e preciso, contendo o que se está confirmando ou negando;
Assinatura, nome e cargo ou função de quem atesta.

Secretaria de Segurança Pública

ATESTADO DE BONS ANTECEDENTES

Atestamos para os devidos fins que o Sr. Adelmiro Floresta, residente nesta ci-
dade na Rua Fagundes Sobrinho, 123, Bairro Sobradinho, é pessoa de bons antecedentes, nada
constando em nossos arquivos, até a presente data, que venha a desabonar sua conduta.

São Paulo, 9 de setembro de 2009.

Roberto Dagoberto
Roberto Dagoberto
Escrivão DE Polícia da 17ª DP

z Circular

Circular é o meio de correspondência pelo qual alguém se dirige, ao mesmo tempo, a várias repartições ou
pessoas. E, portanto, correspondência multidirecional. Na circular, não consta destinatário, pois ela não é unidi-
recional e o endereçamento vai no envelope.

CIRCULAR GERAL Nº 58, Porto Alegre, 17 de dezembro de 1998.

ASSUNTO: Obras no Estacionamento

Entre os dias X e Y o setor de estacionamento da Acme Com. Ltda. passará por obras de
reforma estrutural, de modo a melhorar o serviço prestado aos funcionários. Durante este período
o local estará interditado sendo liberado o uso do pátio dos fundos para guarda dos veículos.

Atenciosamente,

Fulano de Tal
Fulano de Tal
Diretor-Geral de Negócios

z Declaração

100 Declaração é um documento que se assemelha ao atestado, mas que não deve ser expedido por órgãos públicos.
É um documento em que se manifesta uma opinião, conceito, resolução ou observação.
Compõe-se de
— Título: DECLARAÇÃO;
— Texto: nome do declarante – identificação pessoal ou profissional (ou ambas0, residência, domicílio, finali-
dade e exposição de assunto;
— Local e data;
— Assinatura (e identificação do signatário).

DECLARAÇÃO

Declaro, para os devidos fins, que Mulher Maravilha,brasileira, solteira,


amazonense, natural do município de Itacoatiara, nascida em 28 de fevereiro de
1986, filha de Batmam e de Super Girl , trabalhou na Liga da Justiça no período de
1999 a 2006, exercendo com correção, responsabilidade e competência a função
de heroína para a qual está devidamente qualificada, conforme currículo anexo.

Manaus, 20 de abril de 2007

ClarkKent
_____________________
Super Homem

z Requerimentos

Requerimentos são instrumentos utilizados para os mais diferentes tipos de solicitações às autoridades ou
órgãos públicos. A seguir, apresentamos um modelo, que pode ser adaptado para os diferentes casos.
Nele, podemos observar as seguintes partes:
Compõe-se de
— Nome e qualificação do requerente;
— Exposição e solicitação;
— Pedido de deferimento;
— Local e data;
— Assinatura.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

9 - 40/1
A Com FOCO Virtual, representada pelo Sr. João Paulo Silva, Gerente Comercial,
vem, mui respeitosamente, requerer a Vossa Excelência que se digne declará-la de utili-
LÍNGUA PORTUGUESA

dade pública federal, na conformidade da Lei n° 91, de 28 de agosto de 1935 e Decreto n°


50.517, de 02 de maio de 1961, para o que, anexa ao presente, os documentos exigidos pela lei.

Termos em que pede


deferimento.
Brasília, 25 de setembro de 2006.

João Paulo Silva


Gerente Comercial
Crotalo Nefasto
101
Importante!
Necessariamente não é obrigatória a assinatura do presidente nos requerimentos apresentados como
modelo, podendo fazê-lo os seus prepostos desde que devidamente credenciados.

z Relatório

E a modalidade de comunicação pela qual se faz a narração ou descrição, ordenada e mais ou menos minucio-
sa, daquilo que se viu, ouviu ou observou.
Compõe-se de
— Título: relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);
— Vocativo - relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);
— Introdução - apresentação do observador e do fato observado;
— Texto - exposição cronológica do fato observado;
— Fecho;
— Local e data;
— Assinatura (e identificação do signatário).

RELATÓRIO DO CURSO DE INTELIGÊNCIA POLICIAL NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO

Senhor Superintendente Regional do Departamento de Polícia Federal do Distrito Federal – SR/


DPF/DF,

No período de 6 a 10 de novembro de 2006 foi realizado o Curso de Inteligência Policial no Combate


ao Narcotráfico para policiais do MERCOSUL e países Associados, oferecido pela Academia Nacional de
Polícia (ANP), sob supervisão do Centro de Coordenação de Capacitação Policial do MERCOSUL (CCCP).
O evento ocorreu na Academia Nacional de Polícia em Brasília/Brasil, e contou com a participação de
22 alunos do MERCOSUL, sendo: (6) da Argentina; (1) do Chile; (1) do Uruguai; (2) da Venezuela e (12) do Brasil.
Na cerimônia de abertura estiveram presentes autoridades da Polícia Federal, como:
o diretor de Inteligência Policial, DPF RENATO HALFEN DA PORCIÚNCULA; o diretor da
Academia Nacional de Polícia, DPF VALDINHO JACINTO CAETANO; o coordenador de Polícia
Criminal Internacional, DPF ALBERTO LASSERRE KRATZ FILHO; além desta signatária;
Também estiveram presentes: o diretor do Centro de Coordenação de Capacitação
Policial do Mercosul, Coronel Hugo Greca, da Argentina; o Sr. Hector Daniel Pujol, da Polícia
Federal Argentina; Carlos Gabriel Heredia, da Polícia de Segurança Aeroportuária da
Argentina; o representante da Venezuela, Nino Gonzalez Suarez, do Ministério do Interior.
E ainda, o Sr. Maikel Trento, da Assessoria Internacional do Ministério da Justiça do Brasil.
Discursaram na cerimônia a oficial de ligação do Brasil junto ao CCCP, DPF Mirânjela
M. B. Leite, que destacou as atividades a serem instituídas pelo centro; também o Diretor do
Centro, Cel. Hugo Greca; o diretor da ANP; e o diretor de Inteligência Policial. Todos destacaram a
importância da integração entre as forças de segurança pública do MERCOSUL e países associados,
como fundamental para buscar a eficácia no combate a criminalidade em todos os países.
Logo após a cerimônia de abertura do curso, o diretor da Diretoria de Combate
ao Crime Organizado, Delegado de Polícia Federal, Getúlio Bezerra dos Santos,
proferiu palestra, de uma hora, abordando o tema: Crime Organizado no Mercosul.
Na cerimônia de encerramento estiveram presentes, o diretor da Academia Nacional de Polícia, DPF
Valdinho Jacinto Caetano; o representante da Argentina Omar Aníbal Tabares; o oficial de ligação do Chile
Armando Muñoz Moreno; o representante da Venezuela, Nino Gonzalez Suarez; além desta signatária.
Nos discursos de encerramento, foi destacada a importância de se fortalecer o Centro de
Coordenação e Capacitação Policial do MERCOSUL, para que se realizem os eventos de capacitação
continuada das forças de segurança e/ou policiais, enviando participantes, o que criará uma rede integrada
de pessoas, o que certamente reforçará o efetivo para o combate ao crime organizado nos nossos países.
Ao final foram entregues certificados a todos os participantes.

Brasília, 3 de janeiro de 2007.

Mariângela Margarida da Nata Leite


Mariângela Margarida da Nata Leite
Delegada da 89ª Delegacia de Chapecó - AC
102
z Parecer

E a forma de comunicação pela qual um especialista emite uma opinião fundamentada sobre determinado
assunto.
— Vocativo;
— Identificação do especialista;
— Introdução - apresentação do assunto;
— Texto - exposição de opinião e seu fundamento;
— Local e data;
— Assinatura (e identificação do signatário).

Ref. Ação 001/1.01.0000000-0

Sr. Juiz,

Nomeado Perito na ação número 001/1.01.0000000-0, em que são partes Engênio Da Silva Civil,
como Autor, e Réunaldo Culpaldo , como Réu, venho trazer aos autos o Laudo Pericial produzido.
Introdução
A Perícia buscou identificar as características físicas e o valor de locação para o imóvel em
questão, situado a Rua Xavante Xexeu, 999, no bairro Xaxambu, em Cidade Caxumba Paulista .
Vistoria
A vistoria ao imóvel objeto desta ação foi realizada no dia 31 de março, às 9h, na
presença do Réu e dos procuradores das partes, Dr. Causídico Leal e Dr. Jurisprudêncio Legal.
Na ocasião foram examinadas as construções, avaliando-se o estado de conservação, e foram
tomadas medidas para identificar as áreas construídas com registro fotográfico e croqui do imóvel.
O terreno tem dimensões de 12m x 32m e área de 384m2. Verificou-se que existem duas construções
(identificadas nesse Laudo como Casa A e Casa B). Pode-se dizer que são duas construções, pois são independentes,
embora compartilhem parte de área coberta (área de serviço). A construção principal (Casa A) tem 106,40 m2
no total, sendo 63,00m2 referentes ao projeto original (fls. 28 dos autos em apenso – referentes à ação número
1000000000-1), com acréscimos posteriores. A outra construção (Casa B) tem 31,20m2. A área total construída é
de 137,60m2, aproximando-se da área apontada pela Prefeitura Municipal a fls. 25 dos mesmos autos em apenso.
Concluindo esse laudo pericial, ressalto as principais questões abordadas: (a) no
terreno da matrícula MA 8875H (Anexo I) existe uma área construída de 137,60m2 composta
por duas casas, uma em madeira e outra em alvenaria (Fotografias 1 e 2, Tabela 1); e (b) o
valor de locativo mensal adequado para essas construções é de R$ 400,00 (quatrocentos reais).

Para apreciação de V. Exa.,


Respeitosamente,
Cidade, 7 de abril de 2008.

Eugênio Da Silva Civil


Profissional
Engenheiro Civil

É muito importante deixar claro que o Decreto 9.758, de 11 de abril de 2019, não alterou o Manual de Reda-
ção da Presidência da República. “O Decreto dispõe sobre a forma de tratamento empregada na comunicação,
oral ou escrita, com agentes públicos da administração pública federal direta e indireta, e sobre a forma de
endereçamento de comunicações escritas a eles dirigidas.” Isso significa que serão novas regras aplicadas às
redações oficiais realizadas a partir dessa data apenas entre os agentes do Poder Executivo Federal.
Comunicações destinadas aos outros poderes permanecem segundo o MRPR. Logo, só implicará alteração
em provas de concurso, caso o edital traga orientações que orientem sobre as mudanças pertinentes a esse
decreto, indicando claramente que serão cobradas as legislações correlatas ou especificando o Decreto n.
LÍNGUA PORTUGUESA

9.758, de 11 de abril de 2019. Do contrário, valem unicamente as determinações que estão no MANUAL.
Tendo esclarecido isso, vamos à mudança em si.
Observa-se que as alterações se aplicam claramente às formas de emprego dos pronomes de tratamento.

DECRETO N. 9.758, DE 11 DE ABRIL DE 2019

Dispõe sobre a forma de tratamento e de endereçamento nas comunicações com agentes públicos da adminis-
tração pública federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da
Constituição, DECRETA:
Objeto e âmbito de aplicação 103
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a forma de trata- Endereçamento de comunicações
mento empregada na comunicação, oral ou escri-
ta, com agentes públicos da administração pública Art. 4º O endereçamento das comunicações dirigi-
federal direta e indireta (nota: os agentes do Poder das a agentes públicos federais não conterá prono-
Executivo Federal), e sobre a forma de endereça- me de tratamento ou o nome do agente público.
mento de comunicações escritas a eles dirigidas. Parágrafo único. Poderão constar o pronome de
§ 1º O disposto neste Decreto aplica-se às cerimô- tratamento, na forma deste Decreto, e o nome do
nias das quais o agente público federal participe. destinatário nas hipóteses de:
§ 2º Aplica-se o disposto neste Decreto: 1. a mera indicação do cargo ou da função e do
setor da administração ser insuficiente para a iden-
1. aos servidores públicos ocupantes de cargo
tificação do destinatário; ou
efetivo;
2. a correspondência ser dirigida à pessoa de agente
2. aos militares das Forças Armadas ou das forças
público específico.
auxiliares;
3. aos empregados públicos;
Vigência
4. ao pessoal temporário;
Art. 5º Este Decreto entra em vigor em 1º de maio
5. aos empregados, aos conselheiros, aos diretores e
de 2019.
aos presidentes de empresas públicas e sociedades
Brasília, 11 de abril de 2019; 198º da Independên-
de economia mista;
cia e 131º da República.
6. aos empregados terceirizados que exercem ativi-
JAIR MESSIAS BOLSONARO
dades diretamente para os entes da administração
pública federal;
7. aos ocupantes de cargos em comissão e de fun-
ções de confiança;
8. às autoridades públicas de qualquer nível hierár-
HORA DE PRATICAR!
quico, incluídos os Ministros de Estado; e
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Texto CG3A2-I
9. ao Vice-Presidente e ao Presidente da República.
§ 3º Este Decreto não se aplica:
Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma
1. às comunicações entre agentes públicos federais
estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor
e autoridades estrangeiras ou de organismos inter-
eram os olhos de minha mãe? Atordoada, custei reco-
nacionais; e
nhecer o quarto da nova casa em que estava morando
2. às comunicações entre agentes públicos da admi-
e não conseguia me lembrar de como havia chegado
nistração pública federal e agentes públicos do
até ali. E a insistente pergunta, martelando, martelan-
Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Tribunal
do... De que cor eram os olhos de minha mãe? Aque-
de Contas, da Defensoria Pública, do Ministério
la indagação havia surgido há dias, há meses, posso
Público ou de outros entes federativos, na hipótese
dizer. Entre um afazer e outro, eu me pegava pensan-
de exigência de tratamento especial pela outra par-
do de que cor seriam os olhos de minha mãe. E o que
te, com base em norma aplicável ao órgão, à entida-
a princípio tinha sido um mero pensamento interroga-
de ou aos ocupantes dos cargos.
tivo, naquela noite se transformou em uma dolorosa
pergunta carregada de um tom acusativo. Então, eu
Pronome de tratamento adequado
não sabia de que cor eram os olhos de minha mãe?
(...)
Art. 2º O único pronome de tratamento utiliza-
do na comunicação com agentes públicos federais é
E quando, após longos dias de viagem para chegar à
“senhor”, independentemente do nível hierárquico,
minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de
da natureza do cargo ou da função ou da ocasião.
minha mãe, sabem o que vi? Sabem o que vi?
Parágrafo único. O pronome de tratamento é fle-
xionado para o feminino e para o plural.
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz.
Mas, eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se
Formas de tratamento vedadas minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a
face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, sere-
Art. 3º É vedado na comunicação com agentes namente em si, águas correntezas. Por isso, prantos
públicos federais o uso das formas de tratamento, e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de
ainda que abreviadas: minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe
1. Vossa Excelência ou Excelentíssimo; Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para
2. Vossa Senhoria; quem contempla a vida apenas pela superfície. Sim,
3. Vossa Magnificência; águas de Mamãe Oxum.
4. doutor;
5. ilustre ou ilustríssimo; Conceição Evaristo. Olhos D’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016,
6. digno ou digníssimo; e p.15-9.
7. respeitável.
§ 1º O agente público federal que exigir o uso Assinale a opção em que a palavra apresentada está
dos pronomes de tratamento de que trata corretamente grafada.
o caput, mediante invocação de normas espe-
ciais referentes ao cargo ou carreira, deverá a) atravéz
tratar o interlocutor do mesmo modo. b) obedescer
§ 2º É vedado negar a realização de ato administrativo c) projeto
ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente d) meza
104 caso haja erro na forma de tratamento empregada. e) sintonisar
2. (CESPE – 2019) Texto CG1A1-I a) Porque a sustentabilidade é tão importante para a
economia?
Atitudes para um desenvolvimento sustentável tor- b) Por quê a sustentabilidade é tão importante para a
naram-se uma urgência e estão inseridas de forma economia?
definitiva na agenda da sociedade. Até no mundo dos c) Porquê a sustentabilidade é tão importante para a
negócios a sustentabilidade está em pauta. Empre- economia?
sas que antes pensavam só em lucro agora otimizam d) Por que a sustentabilidade é tão importante para a
seus processos por meio da sustentabilidade empre- economia?
sarial. Outro campo de estudos voltados para o con- e) Pra quê a sustentabilidade é tão importante para a
sumo consciente e equilibrado com o meio ambiente economia?
é a bioeconomia, ou economia sustentável, cujo obje-
tivo é promover a utilização de recursos de base bio- 3. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Desde pequeno, tive
lógica, recicláveis e renováveis, e consequentemente tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que
mais sustentáveis. achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem
Hoje, a sustentabilidade é um imperativo para o pra dentro, menino, olha o mormaço!”
sucesso das empresas, que precisam cada vez mais
entregar ao cliente valor agregado e estilo de vida, Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Morma-
e não somente mercadorias. A preocupação com o ço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra
meio ambiente converte-se, portanto, em vantagem dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se
competitiva, notadamente em mercados cada vez viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes
mais exigentes e desafiadores. olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto,
Isso amplia a perenidade da marca, em virtude do for- brandindo um guarda-chuva, com um gogó protube-
talecimento de sua reputação e credibilidade. rante que se abaixa e levanta no excitamento da per-
Para o desenvolvimento sustentável, os negócios seguição. E já estava devidamente grandezinho, pois
devem estar amparados em boas práticas de gover- devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um
nança, com benefícios sociais e ambientais. Essa grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra funda-
metodologia influencia os ganhos econômicos, a mental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de gran-
competitividade e o sucesso das organizações. des solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio,
Qual é o motivo de a sustentabilidade ser tão impor- e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do
tante para a economia? A população cresce em meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura,
número e em capacidade de consumo; com isso, a com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era
demanda pela utilização de recursos naturais recru- como um alojamento de quartel, com breve espaço
desce de forma quase insustentável. A utilização de entre as camas e todas as portas e janelas abertas,
matrizes não renováveis tende ao esgotamento e à tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos
poluição progressiva do meio ambiente. Para quebrar de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas
esse paradigma, mobilizam-se conceitos econômi- da noite, como eu pressentisse, em meu entredormir,
cos que propõem um novo modo de gestão da socie- um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunha-
dade, como a economia circular e a bioeconomia. do e olhei atônito para um tipo de chiru, ali parado, de
A bioeconomia está ligada à melhoria de nosso bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre
desenvolvimento e à busca por novas tecnologias que os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele
priorizem a qualidade de vida da sociedade e do meio resolveu explicar-se, com a devida calma:
ambiente em seu eixo de elaboração. Ela, agora, reúne
todos os setores da economia que utilizam recursos – Pois é! Não vê que eu sou o sereno...
biológicos. Assim, a bioeconomia surgiu para possi-
bilitar soluções eficazes e coerentes para os proble- Mário Quintana. In: As cem melhores crônicas brasileiras. São
Paulo: Objetiva, 2007.
mas socioambientais contemporâneos: mudanças
climáticas, crise econômica mundial, substituição do
uso de energias fósseis, saúde, qualidade de vida da No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguís-
população, entre outros. ticos do texto precedente, julgue o próximo item.
O objetivo é criar uma economia inovadora com baixas No texto, a letra maiúscula é empregada em todos os
emissões de poluentes, que concilie as exigências para a substantivos que nomeiam aquilo que o autor perso-
agricultura sustentável e a pesca, a segurança alimentar nificava, seja quando criança, seja já adulto, para indi-
e o uso sustentável dos recursos biológicos renováveis car tratar- se de nome próprio.
para fins industriais, e que assegure, ao mesmo tempo,
a biodiversidade e a proteção ambiental. A bioeconomia ( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

contempla não apenas setores tradicionais como agri-


cultura, silvicultura e pesca, mas também setores como 4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) De tanto pegadio com o
as biotecnologias e bioenergias. Ao que tudo indica, o neto, até nos menores que fazeres fora de hora meu
futuro será definitivamente bio. avô me queria com a cara metida nas coisas que as
Marina Santos Chiapetta. Internet: <www.ecycle.com.br> (com suas mãos manejavam. Era o seu jeito mais con-
adaptações). gruente de me passar o afeto calado de sua compa-
nhia, e ao mesmo tempo me adestrar na sabedoria
Cada uma das opções a seguir apresenta uma pro- que apanhara dos antepassados rurais: pequenos
posta de reescrita para o seguinte trecho do texto conhecimentos cristalizados em hábitos recorrentes
CG1A1-I: “Qual é o motivo de a sustentabilidade ser que eram exercidos todos os dias no amanho da terra
tão importante para a economia?”. Assinale a opção e no cultivo dos animais, com a entranhada naturali-
em que a proposta indicada mantém os sentidos e a dade de quem já nasceu posseiro de seus segredos e
correção gramatical do texto. de sua magia. 105
Além de lavrar no Engenho Murituba os bens de con- 6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Texto CB2A1-I
sumo que abasteciam a sua gente, meu avô ainda
tinha o domínio razoável de todos os pequenos ofícios Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza,
necessários ao bom andamento de sua produção. o poder e o saber mudaram simultaneamente. Quan-
do isso ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuida-
Francisco J. C. Dantas. Coivara da memória. São Paulo: Estação des que marcam época, pedras miliares no caminho
Liberdade, 1991, p. 174. da humanidade. A invenção das técnicas para con-
trolar o fogo, o início da agricultura e do pastoreio na
Com relação às propriedades linguísticas do texto Mesopotâmia, a organização da democracia na Gré-
apresentado, julgue o item que se segue. cia, as grandes descobertas científicas e geográficas
entre os séculos XII e XVI, o advento da sociedade
A palavra “domínio” recebe acento gráfico por ser
industrial no século XIX, tudo isso representa saltos
paroxítona terminada em ditongo oral. de época, que desorientaram gerações inteiras.

( ) CERTO ( ) ERRADO Se observarmos bem, essas ondas longas da histó-


ria, como as chamava Braudel, tornaram-se cada vez
5. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Texto 1A11-I mais curtas. Acabamos de nos recuperar da ultra-
passagem da agricultura pela indústria, ocorrida no
Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de século XX, e, em menos de um século, um novo salto
glória no distante ano de 1837. de época nos tomou de surpresa, lançando-nos na
confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a rápida
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça passagem de uma sociedade de tipo industrial domi-
nada pelos proprietários das fábricas manufatureiras
do (hoje) desconhecido compositor, junto com outra,
para uma sociedade de tipo pós-industrial dominada
do admirável, maravilhoso e extraordinário Beetho-
pelos proprietários dos meios de informação.
ven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas
— como se verá — relativos). A plateia, formada por O fórceps com o qual a recém-nascida socieda-
um público refinado, culto e um pouco bovino, como de pós-industrial foi extraída do ventre da socieda-
são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava de industrial anterior é representado pelo progresso
com impaciência. Liszt tocou Beethoven e foi calo- científico e tecnológico, pela globalização, pelas guer-
rosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez ras mundiais, pelas revoluções proletárias, pelo
do obscuro e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo ensino universal e pelos meios de comunicação de
coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis, depois massa. Agindo simultaneamente, esses fenômenos
de lerem o programa que anunciava as peças do produziram uma avalanche ciclópica — talvez a mais
músico menor, retiraram-se do teatro, incapazes de irresistível de toda a história humana — na qual nós,
contemporâneos, temos o privilégio e a desventura de
suportar música de má qualidade.
estar envolvidos em primeira pessoa.
Como sabemos, os melômanos são impacientes com Ninguém poderia ficar impassível diante de uma
as obras de epígonos, tão céleres em reproduzir, em mudança dessa envergadura. Por isso a sensação
clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos mais difundida é a desorientação.
grandes artistas.
A nossa desorientação afeta as esferas econômica,
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfi- familiar, política, sexual, cultural... É um sintoma de
co invertera, no programa do concerto, os nomes de crescimento, mas é também um indício de um perigo,
Pixis e Beethoven... porque quem está desorientado sente-se em crise, e
quem se sente em crise deixa de projetar o próprio
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, futuro. Se deixarmos de projetar nosso futuro, alguém
foi recebida com entusiasmo e paixão, e a de Beetho- o projetará para nós, não em função de nossos inte-
ven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada. resses, mas do seu próprio proveito.
Domenico de Masi. Alfabeto da sociedade desorientada: para
Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria entender o nosso tempo. Trad. Silvana Cobucci e Federico Carotti.
São Paulo: Objetiva, 2017, p. 93-4 (com adaptações).
nos tornar mais atentos e menos arrogantes a respei-
to do que julgamos ser arte.
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos do texto CB2A1-I, julgue o item que se segue.
de recepção é correr o risco de aplaudir Pixis como se A coerência e a correção gramatical do texto seriam
fosse Beethoven. preservadas se a forma verbal “mudaram” (R.2) fosse
substituída por mudam.
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser escritor. São Paulo:
Leya, 2010 (com adaptações). ( ) CERTO ( ) ERRADO

No segundo parágrafo do texto 1A11-I, o termo “adje- 7. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A vida humana só vice-
tivos” remete às palavras ja sob algum tipo de luz, de preferência a do sol, tão
óbvia quanto essencial. Somos animais diurnos, por
mais que boêmios da pá virada e vampiros em geral
a) “verdadeiros” e “relativos”. discordem dessa afirmativa. Poucas vezes a gente
b) “refinado”, “culto” e “bovino”. pensa nisso, do mesmo jeito que devem ser poucas as
c) “admirável”, “maravilhoso” e “extraordinário”. pessoas que acordam se sentindo primatas, mamífe-
d) “desconhecido” e “compositor”. ros ou terráqueos, outros rótulos que nos cabem por
106 e) “hoje” e “sempre”. força da natureza das coisas.
A humanidade continua se aperfeiçoando na arte de Desde os alvores da democracia ateniense, são sobe-
afastar as trevas noturnas de todo hábitat humano. jamente conhecidas as suas relações com a argu-
Luz soa para muitos como sinônimo de civilização, mentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a
e pode-se observar do espaço o mapa das desigual- argumentação podem ser postas ao serviço da men-
dades econômicas mundiais desenhado na banda tira e da manipulação, também em relação à liberdade
noturna do planeta. A parcela ocidental do hemisfério de expressão se coloca a questão dos seus limites.
norte é, de longe, a mais
Internet: <https://agora-m.blogs.sapo.pt> (com adaptações).
iluminada.
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos lin-
Dispor de tanta luz assim, porém, tem um cus- guísticos do texto precedente, julgue o item, seguinte.
to ambiental muito alto, avisam os cientistas. Nos Sem prejuízo para a correção gramatical e para os
humanos, o excesso de luz urbana que se infiltra no sentidos originais do texto, o trecho “em que se
ambiente no qual dormimos pode reduzir drastica- incluem a palavra escrita, as peças teatrais, os fil-
mente os níveis de melatonina, que regula o nosso mes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas,
ciclo de sono-vigília. entre outros” poderia ser reescrito da seguinte forma:
onde se incluem a palavra escrita, as peças teatrais,
Mesmo assim, sinto uma alegria quase infantil quan- os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pin-
do vejo se acenderem as luzes da cidade. E repito para turas e entre outros.
mim mesmo a pergunta que me faço desde que me
conheço por gente: quem é o responsável por acender ( ) CERTO ( ) ERRADO
as luzes da cidade? O mais plausível é imaginar que
essa tarefa caiba a sensores fotoelétricos espalhados 9. (CESPE-CEBRASPE – 2019) O professor que realmen-
pelos bairros. te ensina, quer dizer, que trabalha os conteúdos no
quadro da rigorosidade do pensar certo, nega, como
Mas e antes dos sensores, como é que se fazia? Ima- falsa, a fórmula farisaica do “faça o que eu mando, e
gino que algum funcionário trepava na antena mais não o que eu faço”. Quem pensa certo está cansado
alta no topo do maior arranha-céu e, ao constatar de saber que as palavras a que falta a corporeidade
a falência da luz solar, acionava um interruptor, e a do exemplo pouco ou nada valem. Pensar certo é
cidade toda se iluminava. fazer certo.
Não consigo pensar em um cargo público mais
Que podem pensar alunos sérios de um professor
empolgante que o desse homem. Claro que o cargo,
que, há dois semestres, falava com quase ardor sobre
se existia, já foi extinto, e o homem da luz já deve ter
a necessidade da luta pela autonomia das classes
se transferido para o mundo das trevas eternas.
populares e hoje, dizendo que não mudou, faz o dis-
Reinaldo Moraes. “Luz! Mais luz”. Internet: <www.nexojornal.com.
br> (com adaptações).
curso pragmático contra os sonhos e pratica a trans-
ferência de saber do professor para o aluno?
No que se refere aos sentidos e às construções lin-
guísticas do texto precedente, julgue o item a seguir Não há pensar certo fora de uma prática testemunhal que
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam o rediz em lugar de desdizê-lo. Não é possível ao profes-
mantidos caso a forma verbal “existia” fosse substi- sor pensar que pensa certo, mas, ao mesmo tempo, per-
tuída por existisse. guntar ao aluno se “sabe com quem está falando”.

( ) CERTO ( ) ERRADO O clima de quem pensa certo é o de quem busca


seriamente a segurança na argumentação, é o de
8. (CESPE-CEBRASPE – 2020) “Desprezo o que dizes, quem, discordando do seu oponente, não tem por que
mas defenderei até a morte o teu direito a dizê-lo.” É contra ele ou contra ela nutrir uma raiva desmedi-
com essa afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do ilu- da, bem maior, às vezes, do que a razão mesma da
minismo francês, que Nigel Warburton principia o seu discordância.
ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade de
expressão — entendida em sentido amplo, em que se Paulo Freire. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
prática educativa. SP: Paz e Terra, 1996, p. 16 (com adaptações).
incluem a palavra escrita, as peças teatrais, os filmes,
os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas, entre
outros — é um direito consagrado no artigo 19.º da Acerca das ideias, dos sentidos e das propriedades
Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948. linguísticas do texto anterior, julgue o item a seguir.
A substituição de “a que” por onde manteria a corre-
LÍNGUA PORTUGUESA

A liberdade de expressão é particularmente valiosa em ção gramatical e os sentidos originais do texto.


uma sociedade democrática, ao ponto de haver quem
sustente que, na ausência de uma ampla liberdade ( ) CERTO ( ) ERRADO
de expressão, nenhum governo seria de todo legítimo
e não deveria ser denominado democrático. Essa é a 10. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A diferenciação entre
perspectiva defendida por Ronald Dworkin, para quem zonas centrais e regiões marginais — centros e perife-
“A livre expressão é uma das condições de um governo rias — encontra-se hoje em várias ordens de grandeza
legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos em comunidades, distritos, países e grupos inteiros
que tenham sido adotadas por meio de um processo de países. Numa cidade, a atividade comercial con-
democrático, e um processo não é democrático se o centra-se geralmente numa zona determinada; em
governo impediu alguém de exprimir as suas convic- cada país há regiões nas quais se concentra mais
ções acerca de quais devem ser essas leis e políticas”. fortemente a atividade econômica, do que em outras. 107
A diferença entre regiões centrais e regiões periféri- Acontece que eu, acostumado a conversar com a gen-
cas está baseada em uma multiplicidade de contras- te das Minas Gerais, falei em “varreção” — do verbo
tes — geográficos, econômicos e sociais — que, em “varrer”. De fato, tratava-se de um equívoco que, num
toda a sua diversidade, também apresentam, em seu vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o
contexto, elementos comuns essenciais. meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao
trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicioná-
Os centros são primariamente grandes cidades ou rio. O certo é “varrição”, e não “varreção”. Mas estou
cidades de dimensão média, sendo periferias as com medo de que os mineiros da roça façam troça de
zonas de economia rural. As aldeias constituem cen- mim, porque nunca os ouvi falar de “varrição”. E se
tros menores na periferia. eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o
xerox da página do dicionário. Porque para eles não é
Diante das periferias, os centros são, sob alguns o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas
aspectos, privilegiados. Sob perspectiva geométrica, montanhas de Minas Gerais, fala “varreção”, quando
a soma das distâncias entre o ponto central e quais- não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse ami-
quer pontos do interior é menor do que entre um ponto go oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu
da periferia (qualquer que seja esse ponto) e qualquer escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa,
ponto no interior. Em torno de uma grande cidade (de não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o
uma megalópole), encontram-se as maiores artérias prato está rachado.
de circulação ordenadas de forma radial e não em cír- Rubem Alves. Internet:<rubemalves.uol.com.br> (com adaptações).
culos concêntricos. As vias de uma periferia à outra
conduzem, por isso, com frequência através do centro A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos
— também quando isso exige maiores desvios. do texto anterior, julgue o seguinte item.
No trecho “Por alguns anos ele sistematicamente me
Para cada tipo de troca (como trânsito, comércio, enviava missivas eruditas”, o termo “sistematicamen-
turismo, transmissão de conhecimentos), os centros te” poderia ser deslocado para imediatamente após
oferecem especiais vantagens. Eles dispõem de uma o termo enviava” — me enviava sistematicamente —
infraestrutura mais rica do que as regiões marginais, sem prejuízo do sentido original do texto.
e os contatos sociais são mais densos. Hospitais,
universidades, institutos de pesquisa, instituições ( ) CERTO ( ) ERRADO
culturais, museus, teatros, salas de concerto etc.
encontram-se predominante ou exclusivamente em
centros. As possibilidades de formação são mais 12. (CESPE-CEBRASPE – 2019)
diversificadas e de melhor qualidade. Mercados de
centro se destacam por ofertas mais ricas do que os Catar feijão
mercados das periferias. O nível de vida é mais alto,
os salários são mais altos, mas também os custos de Catar feijão se limita com escrever:
manutenção da vida são mais altos. joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
Nos centros, com relação à vida social, vigora uma e depois, joga-se fora o que boiar.
cultura pluralista, as pessoas são mais individualis- Certo, toda palavra boiará no papel,
tas, mas também mais flexíveis do que nas perife- água congelada, por chumbo seu verbo:
rias. No interior a cultura é mais fortemente presa à pois para catar esse feijão, soprar nele,
tradição, a mobilidade social é menor, a vida decorre e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
mais calma e vagarosamente, e as pessoas se movi-
mentam menos apressadamente. Quanto às atitudes Ora, nesse catar feijão entra um risco:
mentais e intelectuais, elas também são, em geral, o de que entre os grãos pesados entre
menos ágeis e, com frequência, mais conservadoras. um grão qualquer, pedra ou indigesto,
Thomas Kelssering. Dentro e fora. Centro e periferia. In: um grão imastigável, de quebrar dente.
Ética, política e desenvolvimento humano: a justiça na era da Certo não, quando ao catar palavras:
globalização. Trad. Benno Dischinger. Caxias do Sul, RS: Educs,
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
2007, p. 171-2.
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
Julgue o item subsequente, relativos às ideias e às
João Cabral de Melo Neto. A educação pela pedra. Rio de Janeiro:
construções linguísticas do texto precedente. Nova Fronteira, 1997.
O sentido original do texto e a sua correção gra-
matical seriam mantidos se o período “Diante das Considerando as propriedades linguísticas e os senti-
periferias, os centros são, sob alguns aspectos, privi- dos do poema precedente, julgue o item.
legiados” (início do quarto parágrafo) fosse reescrito O vocábulo “entre”, em suas duas ocorrências, classi-
do seguinte modo: Os centros são privilegiados em fica-se como preposição.
relação às periferias em alguns aspectos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
13. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Texto CB1A1-II
11. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Sou feliz pelos amigos
que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido Se aceitamos que, de segunda a sexta-feira, os dias
com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematica- são úteis, devemos necessariamente aceitar que
mente me enviava missivas eruditas com precisas sábado e domingo são dias inúteis. É inútil, portanto:
informações sobre as regras da gramática, que eu ir ao cinema e ao teatro, fazer piquenique no parque
não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábu- com os filhos, almoçar com a família, tomar cerve-
los, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que ja com os amigos, ler um livro, passar a madrugada
108 fiz de uma palavra no último Quarto de Badulaques. acordado vendo séries.
De fato, todas as atividades supracitadas são inúteis Mas por que nos colocamos no lugar do outro? Para o
se medidas pela régua da produtividade. Claro que se psicólogo, psicanalista e professor João Ângelo Fanti-
podem defender filmes, séries, peças e livros afirman- ni, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a
do-se que o enriquecimento cultural faz de você um empatia seria “uma forma de restabelecer um contato
melhor profissional. com um objeto de amor perdido, uma parte incompreen-
dida do sujeito”. Enxergamos no outro uma humanidade
Também é possível defender o piquenique com os compartilhada, sentimentos que também temos e que
filhos ou a cerveja com os amigos afirmando-se que são aplicados em situações completamente diferentes.
pessoas que cultivam laços familiares e sociais são Por reconhecermos nós mesmos no próximo, temos
mais estáveis, seguras e resilientes no trabalho. Mas empatia.
a lógica que avalia as experiências culturais e as rela-
ções afetivas por seus incrementos à carreira, que Tal sentimento é uma via de mão dupla: beneficia não
justifica a própria felicidade por sua contrapartida só quem o desenvolve, mas também o emissor. “A
laboral, é a lógica dos que batizaram os “dias úteis”. empatia é, sem dúvida nenhuma, uma das habilidades
Prefiro tentar encontrar o que há de útil no suposta- mais importantes para que se tenha uma boa convi-
mente inútil a enxergar o que há de inútil no útil. vência social, interferindo diretamente tanto no sucesso
pessoal como no profissional. Ao entender melhor as
Embora o senhor ou a senhora certamente discordem, emoções e as necessidades de cada um, temos menos
são absolutamente inúteis. Não se ofendam, eu tam- dificuldades para lidar com eventuais conflitos pessoais
bém sou. Daqui a cinquenta, cem, mil, dez mil anos, em qualquer ambiente ou situação”, afirma Rodrigo.
ninguém vai se lembrar de nós. Talvez, inclusive, Juliana Contaifer e Renata Rusky. Colocando-se no lugar do outro.
porque, daqui a cinquenta, cem, mil, dez mil anos, já In: Correio Braziliense, 1/1/2017. Internet: <www.correiobraziliense.
não haja mais ninguém aqui para se lembrar de coisa com.br> (com adaptações).
alguma, pois a humanidade pode já ter se extinguido.
A humanidade, aliás, também é inútil. No texto CG1A2-I, a expressão ‘a ponto de’ foi empre-
gada com o mesmo sentido de
Às vezes eu penso no cara que inventou o aramezinho
de fechar pacote de pão. Imagino-o esbaforido pelos a) Até certo ponto.
corredores de uma de suas fábricas, dizendo para a b) De todo modo.
secretária ligar para a sua esposa e avisar que não c) No ponto.
volta para jantar, tem uma reunião crucial para seu d) Ao modo de.
império de aramezinho de fechar pão. Um gênio ele e) Chegando até a.
devia se achar. E cada um de nós tem seu aramezinho
de fechar pão e se dedica de segunda a sexta a essa
15. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Texto CG1A1-I
missão tão crucial e inútil para o futuro do cosmos.
Antonio Prata. O araminho de fechar pão. Internet: <www1.folha.uol.
com.br> (com adaptações).
Algumas das primeiras incursões pelos mundos para-
lelos ocorreram na década de 50 do século passado,
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos graças ao trabalho de pesquisadores interessados
do texto CB1A1-II, julgue o item que se segue. em certos aspectos da mecânica quântica — teoria
O segmento “Se aceitamos que, de segunda a sexta- desenvolvida para explicar os fenômenos que ocor-
-feira, os dias são úteis” expressa uma hipótese real, rem no reino microscópico dos átomos e das partí-
ou seja, expressa um fato existente. culas subatômicas. A mecânica quântica quebrou
o molde da mecânica clássica, que a antecedeu, ao
( ) CERTO ( ) ERRADO firmar o conceito de que as previsões científicas são
necessariamente probabilísticas.
14. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Texto CG1A2-I
Podemos prever a probabilidade de alcançar deter-
A empatia é, em termos simples, a habilidade de se colo- minado resultado ou outro, mas em geral não pode-
car no lugar do outro. Por exemplo, se você, leitor, escuta mos prever qual deles acontecerá. Essa quebra de
uma história sobre uma criança que teve muitos proble- rumo com relação a centenas de anos de pensamen-
mas de saúde, que vem de uma família muito pobre, e se to científico já é suficientemente chocante, mas há
comove, é possível ter dois tipos de emoção: o dó, que outro aspecto da teoria quântica que nos confunde
é a simpatia; ou colocar-se no lugar daquela criança, ainda mais, embora desperte menos atenção. Depois
imaginar o que ela passou e tentar entender o que ela de anos de criterioso estudo da mecânica quântica, e
sentia, enxergar o panorama a partir dos olhos dela. “É depois da acumulação de uma pletora de dados que
ser sensível a ponto de compreender emoções e senti-
confirmam suas previsões probabilísticas, ninguém
mentos de outras pessoas”, explica Rodrigo Scaranari,
LÍNGUA PORTUGUESA

até hoje soube explicar por que razão apenas uma


da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional.
das muitas resoluções possíveis de qualquer situa-
E é uma característica que pode, sim, ser aprendida ção que se estude torna-se real. Quando fazemos
— ou, pelo menos, treinada. Para Rodrigo, o exercí- experimentos, quando examinamos o mundo, todos
cio passa pelo autoconhecimento: para compreender estamos de acordo com o fato de que deparamos
a emoção do outro, é preciso conhecer e entender o com uma realidade única e definida. Contudo, mais de
que se passa dentro da própria cabeça. “Assim como um século depois do início da revolução quântica, não
podemos treinar os bíceps na academia, e ficar mais há consenso entre os físicos quanto à razão e à forma
fortes, podemos ser cada vez mais empáticos com a de compatibilizar esse fato básico com a expressão
prática. A plasticidade do cérebro torna isso possí- matemática da teoria.
vel”, explica a professora Anita Nowak, pesquisadora Brian Greene. A realidade oculta: universos paralelos e as leis
da empatia e diretora da Área de Iniciativas Sociais e profundas do cosmo. José Viegas Jr. (Trad.) São Paulo: Cia das
Econômicas da Universidade McGill, em Montreal. Letras, 2012, p. 15-16 (com adaptações). 109
Com relação aos aspectos linguísticos do texto
CG1A1-I, julgue o item a seguir. 5 C
No quinto período do texto, o vocábulo “suas”, 6 CERTO
em “suas previsões”, tem como referente o termo
“pletora”. 7 ERRADO

8 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 ERRADO
16. (CESPE - 2018) Com base no Manual de Redação da
Presidência da República (MRPR), julgue o item que 10 CERTO
se segue:
11 CERTO
Em comunicações oficiais dirigidas a reitor de uni-
versidade, o vocativo a ser empregado é Magnífico 12 ERRADO
Reitor.
13 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO 14 E
17. (CESPE - 2018) Com base no Manual de Redação da 15 ERRADO
Presidência da República (MRPR), julgue o item que
se segue: 16 CERTO
Emprega-se o fecho “Atenciosamente” em comunica- 17 CERTO
ções oficiais dirigidas a autoridades de mesma hie-
rarquia do remetente ou de hierarquia inferior à deste. 18 ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 19 CERTO

20 CERTO
18. (CESPE - 2018) Com base no Manual de Redação da
Presidência da República (MRPR), julgue o item que
se segue:
A redação oficial constitui atos normativos e comuni-
cações do poder público necessariamente uniformes ANOTAÇÕES
e destinados exclusivamente para órgão do serviço
público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19. (CESPE - 2018) Com base no Manual de Redação da


Presidência da República (MRPR), julgue o item que
se segue:
O MRPR estabelece o padrão oficial de linguagem,
segundo o qual textos oficiais devem ser redigidos de
maneira formal e impessoal.

( ) CERTO ( ) ERRADO

20. (CESPE - 2018) Com relação a comunicações ofi-


ciais, julgue o item a seguir, com base nos preceitos
do Manual de Redação da Presidência da República:
Entre outros objetivos, os atos oficiais visam regular
o funcionamento dos órgãos públicos, o que só será
alcançado se, em sua elaboração, for empregada a
linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
dientes oficiais, cuja principal finalidade é a de infor-
mar com clareza e objetividade.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9 GABARITO

1 C

2 D

3 ERRADO

4 CERTO
110
z Inequação do Primeiro Grau

Nas inequações temos pelo menos um valor desco-


nhecido (incógnita) e sempre uma desigualdade. Nas
inequações usamos os símbolos:
RACIOCÍNIO-LÓGICO-
> maior que
MATEMÁTICO < menor que
≥ maior que ou igual
≤ menor que ou igual

Podemos representar das formas a seguir:


MODELAGEM DE SITUAÇÕES-
PROBLEMA POR MEIO DE EQUAÇÕES ax + b > 0
ax + b < 0
DO 1º E 2º GRAUS E SISTEMAS
ax + b ≥ 0
LINEARES ax + b ≤ 0

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES Sendo a e b números reais e a ≠ 0


Veja um exemplo abaixo:
Conceito Resolva a inequação 5x + 20 < 40

Uma equação é uma igualdade na qual uma ou 5x + 20 < 40


mais variáveis – geralmente são as letras do nosso 5x < 40 – 20
alfabeto - denominadas por incógnitas, são desconhe- 5x < 20
cidas. O nosso principal objetivo é encontrar o valor x < 20 / 5
dessa incógnita. x < 4.

Resolução e discussão Podemos resolver uma inequação de uma outra


maneira, fazendo um gráfico no plano cartesiano.
z Equação do Primeiro Grau No gráfico, fazemos o estudo do sinal da inequação
vamos identificar para quais valores de x transfor-
A forma geral de uma equação do primeiro grau mam a desigualdade em uma sentença verdadeira.
é: ax + b = 0. Siga os passos:
O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é Resolva a inequação 5x + 20 < 40
chamado de termo independente.
Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar 1º) Coloque todos os termos da inequação em um mes-
mo lado.
todas as partes que possuem incógnitas de um lado
igual e do outro os termos independentes. Veja um
5x + 20 - 40 < 0
exemplo:
5x -20 < 0
10x = 5x + 20
2º) Substitua o sinal da desigualdade pelo da igualdade.
(vamos achar o valor de “x”)
5x -20 = 0
10x – 5x = 20
(passamos o “5x” para o outro lado da igual
3º) Resolva a equação, ou seja, encontre sua raiz.
com o sinal trocado)
5x -20 = 0
5x = 20 5x = 20 RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
x = 20 / 5
x = 20 / 5 (isolamos o “x” transferindo o seu coe- x=4
ficiente “5” dividindo)
4º) Faça o estudo do sinal da equação, identificando os
x = 4. valores de x que representam a solução da inequa-
ção. Obs.: O gráfico deste tipo de equação é uma
O valor de x que torna a igualdade correta é cha- reta.
mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-
mos o valor encontrado de “x” na equação ela ficará
igual a zero em ambos os lados. Observe:

Para x = 4
4 + x
10x = 5x + 20
10 . 4 = 5 . 4 + 20
40 = 40

40 – 40 = 0 111
Identificamos que os valores < 0 (valores negati- Assim, podemos escrever a fórmula de Báskara:
vos) são os valores de x < 4.
-b ! D
z Equação do Segundo Grau x=
2a

Equações do segundo grau são equações nas quais O discriminante fornece importantes informações
o maior expoente de x é igual a 2. de uma equação do 2ª grau:
Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0.
Onde a, b e c são os coeficientes da equação. Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e
distintas
„ a é sempre o coeficiente do termo em x². Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e
„ b é sempre o coeficiente do termo em x. idênticas
„ c é sempre o coeficiente ou termo independente. Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais

Soma e produto das raízes


As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto
é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
Basta saber que, em uma equação ax2 + bx + c = 0,
verdadeira.
temos:
Cálculo das raízes da equação
z a soma das raízes é dada por –𝑏/a
z o produto das raízes é dado por 𝑐 / a
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de
Báskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
colocá-los na seguinte expressão: Soma: –𝑏/a = -(-3) / 1 = 3
Produto: 𝑐/a = 2 / 1 = 2
2
-b ! b - 4ac Quais são os dois números que somados resulta
x=
2a “3” e multiplicados “2”?
Soma: 3 = (2 + 1)
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele Produto 2 = (2 ×1)
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen-
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor te igual como achamos usando a fórmula de Báskara.
utilizando o sinal negativo (-).
Vamos aplicar em um exemplo:
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Identificando os valores de a, b e c. EXERCÍCIOS COMENTADOS
a=1 1. (CESPE/CEBRASPE – 2018) Os indivíduos S1, S2, S3
b = -3 e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram
c=2 interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No
depoimento, com relação à responsabilização pela
Substituindo na fórmula: prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse
que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria.
-b ! 2 A partir dessa situação, julgue o item a seguir.
b - 4ac
x= Caso S3 complete 40 anos de idade em 2020, S1 seja
2a 8 anos mais novo que S3 e S2 seja 2 anos mais velho
que S4, se em 2020 a soma de suas idades for igual a
-(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2 140 anos, então é correto afirmar que S2 nasceu antes
x= de 1984.
2×1
( ) CERTO ( ) ERRADO

3! 9-8 S3 tem 40 anos em 2020. S1 é 8 anos mais novo que


x=
2 S3, ou seja, em 2020 sabemos que S1 terá 32 anos de
idade. Como S2 é 2 anos mais velho que S4, podemos
x= 3!1 dizer que:
2
Idade de S2 = Idade de S4 + 2
3+1 Chamando de X1, X2, X3 e X4 para designar as respec-
x1 = =2
2 tivas idades no ano de 2020, podemos escrever que:
3-1 X2 = X4 + 2
x2 = =1 Sabemos que a soma das idades, em 2020, é igual a
2
140 anos:
X1 + X2 + X3 + X4 = 140
Na fórmula de Báskara, podemos usar um discrimi- 32 + (X4+2) + 40 + X4 = 140
nante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual a: 74 + 2.X4 = 140
2.X4 = 66
112 Δ = b2 - 4ac X4 = 33
Logo, X2 = X4 + 2 = 33 + 2 = 35 anos em 2020. Assim, Achando as raízes da equação:
S2 deve ter nascido em 2020 – 35 = 1985.Resposta: x² -10x + 21 = 0
Errado.
-(-10) ± √(-10)2 - 4 × 1 × 21
x=
2. (CESPE/CEBRASPE – 2017) Em um tanque A, há uma
2×1
mistura homogênea de 240 L de gasolina e 60 L de
álcool; em outro tanque B, 150 L de gasolina estão 10 ! 100 - 84
misturados homogeneamente com 50 L de álcool. x=
2
A respeito dessas misturas, julgue o item subsequente.
Para que a proporção álcool/gasolina no tanque A fique 10 ! 16
x=
igual à do tanque B é suficiente acrescentar no tanque 2
A uma quantidade de álcool que é inferior a 25 L. 10 + 4
x1 = + =7
2
( ) CERTO ( ) ERRADO 10 - 4
x2 = - =7
2
A proporção álcool/gasolina do tanque B é de 50/150 O produto das raízes é igual a 7 × 3 = 21 anos. Res-
= 1/3. posta: Letra B.
A quantidade X de álcool precisa ser acrescentada
no tanque A para ele chegar nesta mesma propor- SISTEMA DE EQUAÇÕES
ção. A quantidade de álcool passará a ser de 60 +
X, e a de gasolina será 240, de modo que ficaremos Sistemas de equações de primeiro grau (sistemas
com a razão: lineares)
1/3 = (60+X) / 240 Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de
240 x 1/3 = 60 + X uma incógnita. Imagine que um exercício diga que: x
80 = 60 + X + y = 10.
60 + X = 80 Perceba que há infinitas possibilidades de x e y
X = 80 - 60 que tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5,
15 e -10, etc. Por esse motivo que se faz necessário
X = 20 litros. Resposta: Certo.
obter mais uma equação envolvendo as duas incógni-
tas para poder chegar nos seus valores exatos. Veja o
3. (FUNDATEC – 2011) Qual deve ser o valor de m para exemplo abaixo:
que a equação x2 + 6x + m = 0 tenha raízes reais iguais?

*
x + y = 10
a) 3
b) 9 4x - y = 5
c) 6
A principal forma de resolver esse sistema é usan-
d) -9
do o método da substituição. Este método é muito sim-
e) -3 ples, e consiste basicamente em duas etapas:

Para que a equação do segundo grau tenha raízes 1. Isolar uma das variáveis em uma das equações;
iguais, é preciso que o delta (discriminante) seja 2. Substituir esta variável na outra equação pela
igual a zero. Isto é, Δ = b2 - 4ac. expressão achada no item anterior.
0 = 62 – 4.1.m
0 = 36 – 4m Vamos aplicar no nosso exemplo:
4m = 36 Isolando “x” na primeira equação
m = 9. Resposta: Letra B.
x = 10 – y
Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”
4. (CONSULPLAN – 2016) Julgue a afirmativa:
A soma das raízes da equação x2 - 5x + 6 = 0 é um 4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)
número ímpar. 40 – 4y – y = 5
-5y = 5 – 40 RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
( ) CERTO ( ) ERRADO -5y = -35 (multiplica por -1)
5y = 35
A soma das raízes é: y=7
S = -b / a Logo, voltando na primeira equação acharemos o
S = -(-5) / 1 = 5. Resposta: Certo. valor de “x”

5. (IBFC – 2018) José perguntou ao seu avô Pedro, que x = 10 – y


x = 10 – 7
é professor de matemática, com que idade ele se for-
x=3
mou na faculdade. Pedro disse ao neto que sua idade
era o produto entre as raízes da equação x² -10x + 21 = Assim, x = 3 e y = 7.
0. Nessas condições, assinale a alternativa que apre-
senta a idade que Pedro se formou na faculdade: Dica
a) 18 Método da substituição
b) 21 1 - Isolar uma das variáveis em uma das equações;
c) 24 2 - Substituir esta variável na outra equação pela
d) 27 expressão achada no item anterior. 113
Há um outro método para resolver um sistema
(
x+y=3
de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou 2 2
soma) de equações. Veja: x -y =-3

1. Multiplicar uma das equações por um número que Isolando x na primeira equação, temos que x =
seja mais conveniente para eliminar uma variável. 3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação,
2. Somar as duas equações, de forma a ficar apenas temos que:
com uma variável.
(3 – y)2 – y2 = -3
Veja o exemplo abaixo: 9 – 6y + y – y2 = -3
y=2
*
x + y = 10 Logo, x = 3 – y = 3 – 2 = 1
4x - y = 5

Nesse exemplo não vamos precisar fazer uma mul-


tiplicação, pois já temos a condição necessária para EXERCÍCIOS COMENTADOS
eliminarmos o “y” da equação. Então devemos fazer
apenas a soma das equações. Veja: 1. (VUNESP – 2018) Em um concurso somente para os
cargos A e B, cada candidato poderia fazer inscrição
para um desses cargos. Sabendo que o número de
*
x + y = 10
candidatos inscritos para o cargo A era 3000 unidades
4x - y = 5 menor que o número de candidatos inscritos para o
5x = 15 cargo B, e que a razão entre os respectivos números,
x=3 nessa ordem, era igual a 0,4, então é verdade que o
número de candidatos inscritos para o cargo B corres-
Substituindo o valor de “x” na primeira equação pondeu, do total de candidatos inscritos, a
achamos o valor de “y”:
a) 3/7
x + y = 10 b) 5/9
3 + y = 10 c) 4/7
y = 10 – 3
d) 2/3
y=7
e) 5/7
Veja um outro exemplo que vamos precisar
multiplicar: A = B – 3000
A/B = 0,4
A = 0,4B
*
x + y = 10
Substituindo essa última equação na primeira,
x - 2y = 4 temos:
0,4B = B – 3000
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos: 3000 = B – 0,4B
3000 = 0,6B
(
- x - y = - 10 B = 3000/0,6
x - 2y = 4 B = 5000
Lembrando que A = 0,4B, podemos obter o valor de
Fazendo a soma: A:
A = 0,4 x 5000

(
- x - y = - 10 A = 2000
x - 2y = 4 Total
A + B = 5000 + 2000 = 7000
-3y = -6
O número de inscritos para o cargo B, em relação
y = -6 / -3
ao total, será:
y= 2
5000/7000 = 5/7.
Resposta: Letra E.
Substituindo o valor de “y” na primeira equação
achamos o valor de “x”:
2. (FGV – 2017) O número de balas de menta que Júlia
x + y = 10 tinha era o dobro do número de balas de morango.
x + 2 = 10 Após dar 5 balas de cada um desses dois sabores
x = 10 – 2 para sua irmã, agora o número de balas de menta que
x=8 Júlia tem é o triplo do número de balas de morango. O
número total de balas que Júlia tinha inicialmente era:
Sistemas de equações do 2º grau
a) 42;
Vamos usar o mesmo método principal para resol- b) 36;
vermos os sistemas de equações do 2° grau que utili- c) 30;
zamos lá no sistema de equações do 1° grau, ou seja, o d) 27;
114 Método da Substituição. Veja um exemplo: e) 24.
Me = 2.Mo Assim, as patentes da indústria alimentícia (“a”)
Após dar 5 balas = Me – 5 e Mo – 5. Agora, as de são o TRIPLO das patentes de Y. Resposta: Errado
menta são o triplo das de morango:
Me – 5 = 3.(Mo – 5) 5. Se T = 128 e a quantidade x foi 18 unidades a mais do
Me – 5 = 3.Mo – 15 que a quantidade y, então a quantidade y foi superior a
Me = 3.Mo – 10 25.
Na segunda equação podemos substituir Me por
2.Mo. ( ) CERTO ( ) ERRADO
2.Mo = 3.Mo – 10
10 = 3.Mo – 2.Mo Se T = 128 e a quantidade x foi 18 unidades a mais do
10 = Mo que a quantidade y, então a quantidade y foi supe-
O valor de Me é: rior a 25.
Me = 2.Mo Se T = 128, temos que x + y = 64. Agora foi dito ainda
Me = 2.10 que:
Me = 20 x = y + 18
Total: 10 + 20 = 30 balas. Resposta: Letra C. Substituindo x por y + 18, temos:
x + y = 64
(CESPE/CEBRASPE – 2013) Considere que em um (y + 18) + y = 64
escritório de patentes, a quantidade mensal de pedi- y = 23 unidades.
dos de patentes solicitadas para produtos da indústria
Resposta: Errado.
alimentícia tenha sido igual à soma dos pedidos de
patentes mensais solicitadas para produtos de outra
natureza. Considere, ainda, que, em um mês, além
dos produtos da indústria alimentícia, tenham sido
requeridos pedidos de patentes de mais dois tipos de NOÇÃO DE FUNÇÃO
produtos, X e Y, com quantidades dadas por x e y, res-
pectivamente. Supondo que T seja a quantidade total ANÁLISE GRÁFICA, FUNÇÕES AFIM, QUADRÁTICA,
de pedidos de patentes requeridos nesse escritório, no EXPONENCIAL, LOGARÍTMICA E APLICAÇÕES
referido mês, julgue os itens seguintes.
Função
3. Se T = 128, então as quantidades x e y são tais que x +
y = 64, com 0 ≤ x ≤ 64. Quando temos a relação entre elementos de dois
conjuntos, sendo que cada elemento de um conjun-
( ) CERTO ( ) ERRADO to tenha ligação com somente um outro elemento do
outro conjunto, dizemos que é uma função. Para ficar
Se T = 128, então as quantidades x e y são tais que x mais fácil de entender esse conceito, veja o exemplo
+ y = 64, com 0 ≤ x ≤ 64. abaixo:
Seja “a” a quantidade de pedidos de patentes da
indústria alimentícia. Foi dito que este total é igual FUNÇÃO NÃO É FUNÇÃO FUNÇÃO
à soma dos demais pedidos, que são x e y, ou seja,
A B C D
a=x+y
O total de pedidos é: 2 4 1 4
T = a + x + y = a + a = 2a 4 8 3 6
Como T = 128, temos
128 = 2a 6 16 5
a = 64 8 20
Resposta: Certo

4. Se, em determinado mês, a quantidade de pedidos Note que o conjunto A tem todos os seus elemen-
de patentes do produto X foi igual ao dobro da quan- tos ligados apenas em um único elemento do conjunto RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
tidade de pedidos de patentes do produto Y, então a B, então, dizemos que é uma função. Já o conjunto C,
quantidade de pedidos de patentes de produtos da além de não ter todos os seus elementos sendo ligados
indústria alimentícia foi o quádruplo da quantidade de ao único elemento de D, ainda tem o “elemento 3” sen-
pedidos de patentes de Y. do relacionado a mais de um elemento do conjunto D.
Então, não há relação de função nessa situação.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Domínio, contradomínio e imagem
Se, em determinado mês, a quantidade de pedidos de
patentes do produto X foi igual ao dobro da quanti- Há alguns pontos que você precisa saber identifi-
dade de pedidos de patentes do produto Y, então a car em uma função:
quantidade de pedidos de patentes de produtos da
indústria alimentícia foi o quádruplo da quantidade z Domínio da função (D): é o conjunto em que a fun-
de pedidos de patentes de Y. ção é definida, ou seja, contém todos os elementos
Sendo x o dobro de y, ou seja, x =2y, temos que: que serão ligados aos elementos de outros conjun-
a=x+y tos (olhando para o nosso exemplo – de onde saem
a = 2y + y as setas). Trata-se do conjunto A apenas, pois o
a=3 conjunto C não é uma função; 115
z Contradomínio da função (CD): é o conjunto onde Função Bijetora: se as duas coisas acima aconte-
se encontram todos os elementos que poderão ser cerem ao mesmo tempo, ou seja, a função for injetora
ligados aos elementos do Domínio. Neste caso, tra- e sobrejetora ao mesmo tempo, a função é dita bijeto-
ta-se do conjunto B somente, pois, como já vimos, o ra. Ex.:
conjunto D não é uma função;
z Imagem da função (I): é formado apenas pelos A B
valores do contradomínio efetivamente ligados a 2 4
algum elemento do Domínio.
4 8
Vamos analisar um exemplo para clarear um pou- 6 16
co mais: 8 20
A B
2 4 Dica
4 8
Função Injetora: cada elemento da imagem está
6 16
ligado a apenas um elemento do Domínio;
8 20 Função Sobrejetora: contradomínio é igual a imagem;
Função Bijetora: Injetora e Sobrejetora ao mes-
Temos o conjunto A como domínio, o conjunto B mo tempos.
como contradomínio e o conjunto imagem definido
pelo conjunto formado apenas pelos elementos 8 e 16, Representação de uma função lei de formação
pois os elementos 4 e 20 do conjunto B não estão liga-
Vamos representar a função f: R → R, onde f(x) =
dos a nenhum termo do conjunto A. Logo, eles fazem
3x. O “R”, na situação, é o conjunto dos números reais.
parte do Contradomínio, porém não fazem parte do
Portanto, a função f(x) tem como Domínio todos os
conjunto Imagem.
números reais, e também os têm como Contradomínio.
Lembre-se de que f(x) é igual a “y”, que é a nossa
Dica imagem.
Função: relação de cada elemento do Domínio com Para a lei de formação, entendemos que “x” assu-
apenas um único elemento do Contradomínio. mirá alguns valores que resultará valores “y” da fun-
ção. Tudo isso é regido da seguinte maneira:
Função Injetora, Sobrejetora e Bijetora
f(x) = 3x
Função Injetora: se cada elemento do conjunto
imagem estiver ligado a um único elemento do Domí- Quando “x” for igual a 1, por exemplo, precisamos
nio, a função é chamada injetora. Ex.: substituir o valor dele na função. Veja: f(1) = 3.1 = 3. Afir-
mamos, então, que para x = 1 a função tem resultado 3.
A B
Funções inversas
2 4
4 8 Representamos a função inversa por “f-1(x)”. Para
6 16 que uma função seja inversa, ela necessariamente
precisa ser Bijetora. Vamos obter uma função inversa
8 20
a seguir. Veja:

f(x) = 2x
O conjunto imagem é I = {4, 8, 16, 20}. Por mais
que o 24 não esteja relacionado a nenhum elemento A B
do Domínio A, vemos que cada elemento da imagem
está ligado a apenas um elemento do Domínio A. 2 4
Função Sobrejetora: quando todos os elementos 4 8
do Contradomínio fizerem parte do conjunto imagem, 6 12
temos uma função sobrejetora. Em outras palavras, 8 16
Contradomínio é igual a imagem. Ex.:

A B Na função inversa as setas estarão no sentido con-


trário, ou seja, elas sairão do Contradomínio para o
2 4 Domínio, mas precisamos ter uma relação entre as
4 8 funções, Claro! Veja que nesse exemplo está fácil notar
6 16 que o contradomínio é o dobro do domínio, então a
8 20 função inversa será a metade. Veja:
10 24
116 f-1(x) = x / 2
A B Dica
2 4/2 f(g(x)) é conhecida, também, como fog(x) “lê-se
4 8/2 fog de x”.
6 12/2 g(f(x)) é conhecida, também, como gof(x) “lê-se
8 16/2 gof de x”.

Funções pares e ímpares


Siga os passos abaixo para achar a função inversa
de uma função f(x) qualquer: Funções pares são aquelas em que f(-x)=f(x), ou
Sabemos que f(x) = y, então, vamos usar “y” para seja, quando “x” assume valores opostos e gera a mes-
facilitar o cálculo. ma imagem. Veja:

1. Substituir y por x; f(x) = x2 - 4


2. Substituir x por y-1; f(3) = 32 – 4 = 5
3. Isolar o y-1. f(-3) = (-32) – 4 = 5

Vamos aplicar o passo a passo usando o nosso Funções ímpares são aquelas para as quais f(x) =
exemplo acima: -f(x), ou seja, quando “x” assume valores opostos e
gera imagens opostas. Veja:
f(x) = 2x (trocar f(x) por y)
y = 2x f(x) = 2x
f(4) = 2 . 4 = 8
1. Substituir y por x; f(-4) = 2 . (-4) = -8
2. Substituir x por y-1;
Função Afim ou Função do 1° Grau
x = 2y-1
Veja a função do tipo f(x) = ax + b. Chamaremos de
3. Isolar o y-1. função de primeiro grau, onde a = coeficiente angular
e b = coeficiente linear. Esta função também é chama-
y-1 = x / 2 ou f-1(x) = x / 2 da de função linear ou então de função afim. O gráfico
dessa função é uma reta.
Funções compostas
O coeficiente angular dá a inclinação da reta. Se a
> 0, a reta será crescente e se a < 0 a reta, decrescen-
Trata-se de uma função formada por duas ou mais
te. Já o coeficiente linear, indica em que ponto a reta
funções juntas. Veja um exemplo:
do gráfico cruza o eixo das ordenadas (eixo y, ou eixo
Temos f(x) = x + 3 e g(x) = x + 2. Encontrar as fun-
f(x)). Vejamos um exemplo:
ções compostas:
f(g(x)) e g(f(x)).
Seja f(x) = -3x + 5, então, temos:

Usando f(g(x)) primeiro para entendermos como


z Uma função de primeiro grau (pois o maior
resolver.
expoente de x é 1);
A primeira coisa que precisamos entender é que
no lugar de “x” em f(x) temos a função g(x), então, z O coeficiente angular é a = -3 e o coeficiente linear RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
vamos substituir pelo valor dela. é b = 5;

z Logo, seu gráfico é uma reta decrescente (a < 0),


f (x+2) = x + 3
que cruza o eixo y na posição y = 5 (pois este é o
valor de b).
Agora, no lugar de “x”, vamos substituir por “x+2”.
Vamos construir um gráfico da função afim f(x) = 2x +3.
f (x+2) = x + 2 + 3
Atribuindo valores aleatórios para “x”, temos:
f (g(x)) = x + 5

(aqui está a nossa função composta). f(x) = 2x +3


f(-1) = 2(-1) +3 = 1 Temos (x,y) = (-1,1)
Agora, vamos fazer com g(f(x)). f(0) = 2.0 +3 = 3 Temos (x,y) = (0,3)
f(1) = 2.1 +3 = 5 Temos (x,y) = (1,5)
g(x+3) = x + 2 f(2) = 2.2 +3 = 7 Temos (x,y) = (2,7)
g(x+3) = x + 3 + 2
g(f(x)) = x + 5. (aqui está a nossa função composta). Colocando os pontos no plano cartesiano, temos: 117
y 2. (FUMARC – 2016) Os gastos de consumo de uma
família são dados pela expressão: C (r) = 2000 + 0,8r
10 Em que r representa a renda familiar e C representa o
consumo mensal em reais.
8
Nessas condições, é CORRETO afirmar que:

E a) Se a renda aumentar em R$ 1.000,00, então o consu-


6 mo aumentará em R$ 800,00.
b) Se a renda diminuir em R$ 1.000,00, então o consumo
D
4 diminuirá em R$ 2.800,00.
c) Se a renda diminuir em R$ 500,00, então o consumo
C também diminuirá em R$ 500,00.
B
2 d) Se a renda dobrar seu valor, então o consumo também
será dobrado.
x
-6 -4 -2 0 2 4 6 8 Vamos tomar como base o aumento de 1000,00 na
-2
renda
C(r) = 2000+0,8r
C(1000) = 2000+0,8.1000
-4 C(1000) = 2000+800 = 2800
Se a renda aumentar em R$ 1.000,00, então, o con-
-6 sumo aumentará em R$ 800,00.Resposta: Letra A.

3. (IBFC – 2018) Os pontos de coordenadas (-3, 2) e (1,


Raiz de uma função afim
10) são elementos de uma função de primeiro grau.
Então para que o ponto (x, 6) seja um elemento dessa
Para tirar a raiz de uma função do 1° grau, basta
função, o valor de x deve ser:
igualar a zero. Veja:
a) –1
f(x) = 2x +3
b) 1
2x +3 = 0
c) 2
2x = -3
d) –2
x = -3/2
O ponto (-3,2) nos indica que, quando usarmos x =
Isso significa que x = -3/2 deixa a função com a ima-
-3, teremos f(x) = 2. Substituindo esses valores na
gem igual a zero. Veja:
expressão acima:
f(-3/2) = 2x +3 2 = a.(-3) + b
f(-3/2) = 2(-3/2) +3 b = 3a + 2
f(-3/2) = -3 +3 = 0
O ponto (1,10) nos indica que, quando x = 1, temos
f(x) = 10. Substituindo na expressão:
10 = a.1 + b
EXERCÍCIOS COMENTADOS Podemos substituir b por “3a +2” nessa última
expressão, como descobrimos anteriormente.
1. (FUNDATEC – 2020) Dois taxistas, Pedro e Aurélio, Assim:
cobram suas corridas de maneiras distintas. Pedro
utiliza a seguinte f(x) = 2,8x + 4,50 e Aurélio usa a g(x) 10 = a + (3a + 2)
= 3,20x + 3,00, em que x é a quantidade de quilôme- 10 – 2 = 4a
tros rodados e o resultado será o valor a ser cobrado. 4a = 8
Supondo que Márcia quer fazer uma corrida de 8 km a=2
e fez orçamento com os dois, assinale a alternativa
Podemos agora encontrar o valor de b, usando a
correta.
expressão b = 3a + 2:
a) Indo com Pedro a economia será de R$ 1,70. b = 3.2 + 2
b) Indo com Aurélio a economia será de R$ 1,70. b=8
c) Pedro cobra mais que Aurélio por corrida.
A lei dessa função, portanto, será:
d) Aurélio cobra menos que Pedro por corrida.
e) Ambos cobram o mesmo valor final. f(x) = 2x + 8
Para o ponto (x, 6), temos que o valor da função é
Pedro = 2,8 * 8 + 4,5 = R$ 26,90
f(x) = 6. Substituindo na expressão acima:
Aurélio = 3,2 * 8 + 3 = R$ 28,60
Aurélio - Pedro = R$ 1,70 6 = 2x + 8
Indo com Pedro, Márcia economizará R$ 1,70. Res- 6 – 8 = 2x
posta: Letra A. -2 = 2x
x = -1
Resposta: Letra A.
118
4. (FAURGS – 2017) Um vendedor recebe um salário As funções de segundo grau têm 2 raízes, isto
mensal composto de um valor fixo de R$ 1.300,00 e é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
de uma parte variável. A parte variável corresponde a verdadeira.
uma comissão de 6% do valor total de vendas que ele
fez durante o mês. O salário mensal desse vendedor
Cálculo das raízes da função quadrática
pode ser descrito por uma expressão algébrica f(x),
em função do valor total das vendas mensal, represen-
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de
tado por x.
Báskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e
A expressão algébrica f(x) que pode representar o
salário mensal desse vendedor é: colocá-los na seguinte expressão:

2
a) f(x) = 0,06x + 1300 x = -b ! b - 4ac
b) f(x) = 0,6x + 1300 2a
c) f(x) = 0,78x + 1300
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele
d) f(x) = 6x + 1300
que permitirá obtermos dois valores para as raízes,
e) f(x) = 7,8x + 1300
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor
utilizando o sinal negativo (-).
O vendedor recebe um valor fixo e uma comissão
variável, conforme as vendas. O valor fixo é de 1300 Vamos aplicar em um exemplo:
reais, ou seja, se temos uma função de primeiro grau Calcular as raízes da função f(x) = x2 - 3x + 2.
do tipo f(x) = ax + b, dizemos que b = 1300. A variável Iguala a zero.
corresponde ao termo a.x, sendo x o total de vendas,
a comissão será de 6% de x, ou seja, 0,06x. Assim, o x2 - 3x + 2 = 0
vendedor recebe:
f(x) = fixo + comissão variável Identificando os valores de a, b e c.
f(x) = 1300 + 0,06x
Resposta: Letra A.
a=1
b = -3
5. (IDECAN – 2017) No depósito de uma loja de infor-
c=2
mática encontram-se vários modelos de computado-
res. Dentre eles (2x + 8) apresentam disco rígido de
500 gb, outros (3x – 10) apresentam placa de vídeo. O Substituindo na fórmula:
número de computadores com os dois componentes
é x, e o total de computadores é 74. O número de com- -b ! 2
b - 4ac
putadores que apresentam apenas placa de vídeo é x= 2a

a) 22. - (3) ± √(-3)2 - 4 ×1 ×2


b) 27. x=
2×1
c) 28.
d) 29. 3! 9-8
x=
2
Placa de vídeo = 3x-10
Computador de 500g = 2x+8. x= 3!1
2
Total: 3+1
(2x + 8) + (3x-10) - x = 74 x1 = =2
2
2x + 8 + 3x - 10 - x = 74 3-1
4x - 2 = 74 x2 = =1
2
x = 76/4
x = 19
Apenas placa de vídeo: As raízes da função f(x) = x2 - 3x + 2 são 1 e 2.
3x - 10 - x Na fórmula de Báskara, podemos usar um discrimi- RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
3*19 - 10 - 19 nante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual a:
57 - 10 - 19
47 - 19 = 28 possuem apenas placa de vídeo. Respos- Δ = b2 - 4ac
ta: Letra C.
Assim, podemos escrever a fórmula de Báskara:
Funções de 2º grau ou funções quadráticas

As funções de segundo grau são representadas -b ! D


x=
assim f(x) = ax2 + bx + c, ou seja, são aquelas em que as 2a
funções de variável x aparecem elevada ao quadrado. O discriminante fornece importantes informações
Sabemos o seguinte: de uma função do 2ª grau:
Que a, b e c são os coeficientes da equação.
Se Δ > 0 → A função possui duas raízes reais e dis-
z a é sempre o coeficiente do termo em x². tintas.
z b é sempre o coeficiente do termo em x. Se Δ = 0 → A função possui duas raízes reais e idên-
z c é sempre o coeficiente ou termo independente. ticas.
Se Δ < 0 → A função não possui raízes reais. 119
As funções de segundo grau têm um gráfico na for- Pontos de máximo ou mínimo
ma de parábola. Veja:
Esse ponto de máximo ou mínimo da função de
segundo grau é chamado de Vértice (xv, yv). Para cal-
f(x) = x - 3x + 2
2
cularmos as coordenadas dele, basta saber que:
f(-2) = (-2)2 – 3(-2) + 2 = 12
f(-1) = (-1)2 - 3(-1) + 2 = 6 XV - b
f(0) = (0)2 - 3(0) + 2 = 2 2a
f(1) = 12 – 3.1 + 2 = 0 YV - D
4a
f(2) = 22 – 3.2 + 2 = 0
f(3) = 32 – 3.3 + 2 = 2 No gráfico fica:
f(4) = 42 – 3.4 + 2 = 6
y
f(5) = 52 – 3.5 + 2 = 12
V
12 yV

10

8 0 XV 0
x xV x
yV
6 V

4 Δ Δ
Se a > 0, yv = a é o valor Se a < 0, yv = 4a é o valor
2 mínimo da função máximo da função

0
-2 -1 0 1 2 3 4 5
x
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Aqui vale ressaltar que quando “a < 0”, a parábola
1. (FUNDATEC – 2020) O valor mínimo da função de
tem concavidade para baixo, ou seja, a função terá um
segundo grau f (x) =x2 -4x +1 é:
ponto máximo que chamamos de “vértice”. Já quando
“a > 0”, teremos a concavidade para cima e um ponto a) -10.
mínimo, também chamado de vértice da função. b) -7.
c) -6.
d) -5.
e) -3.
a>0 a<0
Mínimo da função de segundo grau se dá pelo Yvértice.
Yvértice = - Δ / 4a
Yv = - (b²-4ac)/4a
Yv = - ( 16 - 4 ) 4.1
concavidade para cima concavidade para baixo
Yv = - (12) / 4
Yv = -3
Resposta: Letra E.
Resumindo os tipos de gráficos olhando para o
valor de “a” e para o discriminante, temos: 2. (VUNESP – 2019) Duas grandezas y e x, diretamente
proporcionais, são representadas, graficamente, por
uma função cuja expressão algébrica é:
a>0eΔ<0 a<0eΔ<0
x a) y = ax2 + bx + c, com a, b e c reais e a · b · c ≠ 0
b) y = ax2 + bx, com a e b reais e a · b ≠ 0
c) y = ax2, com a ≠ 0, real
d) y = ax + b, com a e b reais e a · b ≠ 0
x e) y = ax, com a ≠ 0, real
a>0eΔ=0 a<0eΔ=0
x Diretamente proporcional:
Quando aumenta Y, obrigatoriamente aumenta X.
Quando diminui Y, obrigatoriamente diminui X.
x Já podemos eliminar as letras a, b, c – pois quan-
a>0eΔ>0 a<0eΔ>0 do elevamos ao quadrado, todo número negativo
torna-se positivo, inviabilizando a proporcionali-
dade direta. Quando temos um termo desconhecido
x x multiplicando X, se ele for negativo, torna-o inver-
samente proporcional, então, eliminamos a letra D.
Nesse sentido, sobra apenas a alternativa E. Respos-
ta: Letra E.
120
3. (VUNESP – 2016) Na equação 3x2 + 8x + a = 0, a incógni-
f(x) g(x)
ta é x, e a é um número inteiro. Sabendo-se que o número
(– 3) é raiz da equação, a outra raiz dessa equação é 9

7
a) -7
5
b) -2/5
c) 1/3 3
d) 3/4 1
e) 2
-5 -3 -1 -1 1 3 5
Usando a fórmula da soma das raízes, temos:
-3
S = -b/a
X1 + X2 = -b/a -5
X1 + (-3) = -8/3
X1 = -8/3 + 3
Função Logarítmicas
X1 = 1/3
Resposta: Letra C.
Antes de falarmos sobre função logarítmica, é inte-
4. (FUNDATEC – 2015) A intersecção entre o gráfico das ressante relembrar algumas propriedades importan-
funções y = f (x) = x2 - 6x - 8 e o gráfico da reta de coe- tes. Veja:
ficiente angular 2 e coeficiente linear 1 ocorre quando: Na expressão logab = c, chamamos o número “a” de
base do logaritmo. Veja que o resultado do logaritmo
a) x = -9 e x = -1 (c) é justamente o expoente ao qual deve ser elevada a
b) x=1ex=9
base “a” para atingir o valor b, assim, as propriedades
c) x = -8 e x = 0
d) x = -1 e x = 9 mais importantes são:
e) x = -9 e x = 1
Logb 1 = 0, porque b0 = 1
Temos as equações: Logb b = 1, porque b1 = b
f (x) = x2 - 6x - 8 e f (x) = 2x + 1 Logb bk = K, porque bK = bK
Na interseção é preciso igualar as funções para isso bLogbM = M
acontecer. Então: Loga (b · c) = logab + logac
x² - 6x - 8 = 2x + 1
Loga (b ÷ c) = logab - logac
x² - 8x -9 = 0
Tirando as raízes pela soma e produto: Loga bn = n · logab
S = -b/a = -(-8)/1 = 8 1
P = c/a = -9/1 = -9 Logam b = logab
m
Logo, x’ = -1 e x’’ = 9.
Resposta: Letra D.
A função f(x) = log5(x) é um exemplo de função
5. (IBADE – 2018) Um automóvel tem seu consumo de logarítmica. Veja que nela a variável x encontra-se
combustível para percorrer 100 km estimado pela dentro do operador logaritmo. De maneira geral, po-
função C(x) = 0,02x²-1,6 x + 42 , com velocidade de x
demos representá-las da seguinte forma f(x) = loga(x).
km/h. Sendo assim, qual deve ser a velocidade para
que se tenha um consumo mínimo de combustível? Assim, como nas exponenciais, o coeficiente “a” preci-
sa ser positivo (a > 0) e diferente de 1.
a) 55 O domínio é formado apenas pelos números reais
b) 35 positivos – pois não há logaritmo de número negativo
c) 50 – e o contradomínio é o conjunto dos números reais,
d) 40 ou seja, temos uma função do tipo f: R+* → R. RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
Se a > 1, a função é crescente, já se 0 < a < 1, a fun-
Como ele quer descobrir a velocidade mínima, é
necessário calcular o Xv (X do vértice): ção é decrescente. Como exemplo, veja os gráficos de
Xv = -b/2a = -(-1,6)/2*0,02 = 40. Resposta: Errado. f(x) = log2x e de g(x) = log0,5x:

Função Exponencial f(x) g(x)


9
A função f(x) = 2x é uma função exponencial. Perce-
ba que a variável x encontra-se no expoente. De modo 7
geral, representamos as funções exponenciais assim 5
f(x) = ax. O coeficiente “a” precisa ser maior do que
zero, e também diferente de 1. A função é crescente se 3
a > 1. Já se 0 < a < 1, a função é decrescente. 1
A função exponencial tem domínio no conjunto
dos números reais (R) e contradomínio no conjunto -5 -3 -1 -1 1 3 5
dos números reais positivos, ou seja, f: R → R+*. Obser- -3
ve os gráficos das funções f(x) = 2x (crescente) e de g(x)
-5
= 0,5x (decrescente): 121
EXERCÍCIOS COMENTADOS TAXAS DE VARIAÇÃO DE GRANDEZAS
1. (CESPE/CEBRASPE – 2013) Tendo em vista que, em RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES
determinado mês de 31 dias, a precipitação pluvial
média diária em uma localidade é representada, em A razão entre duas grandezas é igual a divisão
mm, pela função P(t) = 25𝒆−(𝒕−𝟏𝟔)², para t de 1 a 31, jul- entre elas, veja:
gue o item subsequente. 2
ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se “2 está
A precipitação pluvial média no dia 1º foi igual ao 5
para 5”).
dobro da ocorrida no último dia desse mês. Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
2 4
= ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6
( ) CERTO ( ) ERRADO 3 6
(Lê-se “2 está para 3 assim como 4 está para 6”).
Os problemas mais comuns que envolvem razão
Vamos substituir o primeiro (t = 1) e o último dia (t e proporção é quando se aplica uma “variável” qual-
= 31) na função dada, temos: quer dentro da proporcionalidade e se deseja saber o
P(1) = 25𝑒−(1−16)² valor dela. Veja o exemplo:
P(1) = 25𝑒−(−15)²
P(1) = 25𝑒−225 2 x
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
P(31) = 25𝑒−(31−16)² 3 6
P(31) = 25𝑒−(15)² Para resolvermos esse tipo de problema devemos
P(31) = 25𝑒−225 usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
Veja que nesses dois dias os valores das precipita- ção: “produto dos meios pelos extremos”.
ções foram os mesmos.Resposta: Errado. Meio: 3 e x
Extremos: 2 e 6
(CESPE/CEBRASPE – 2018) O número de Euler, nome Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
dado em homenagem ao matemático suíço Leonhard numa igualdade. Observe:
Euler, é um número irracional denotado por e, cuja 3·X=2.6
representação decimal tem seus 4 primeiros alga- 3X = 12
rismos dados por 2,718. Esse número é a base dos X = 12/3
logaritmos naturais, cuja função f(x) = ln x = 𝑙𝑜𝑔𝑒x tem X=4
inúmeras aplicações científicas.
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro-
A respeito desse assunto, julgue os itens a seguir:
priedade fundamental. Porém, algumas questões
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
2. A função exponencial g(x) = ex, função inversa de ln x, útil conhecer algumas propriedades para facilitar.
é uma função crescente. Vamos a elas.

( ) CERTO ( ) ERRADO 1. Propriedade das Proporções

A função exponencial g(x) = ex, função inversa de ln z Somas Externas


x, é uma função crescente.
Como o número de Euler é maior do que 1, essa fun- a c a+c
= =
ção exponencial será crescente (a>1).Resposta: Certo. b d b+d
Vamos entender um pouco melhor resolvendo um
3. A equação ln x = - 4 tem uma única solução. questão-exemplo:
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
( ) CERTO ( ) ERRADO mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
A equação ln x = -4 tem uma única solução. porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
Desenvolvendo a equação, temos: está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
𝑙𝑛 𝑥 = -4 fábrica. Quanto cada um vai receber?
𝑙𝑜𝑔𝑒 𝑥 = -4 Resolução:
x = 𝑒−4 Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
Logo, x assume um único valor. Resposta: Certo. a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
Diego vai receber, temos:
4. Se a > 0 e ln a Є [10, 20), então ln a² Є [100, +∞). C D
=
3 2
( ) CERTO ( ) ERRADO
Utilizando a propriedade das somas externas:
Se a > 0 e ln a Є [10, 20), então ln a² Є [100, +∞).
Sabe-se que ln a² = 2 x ln a. Os valores de ln a² serão C D C+D
= =
o dobro dos valores do intervalo de ln a. Portanto:
3 2 3+2
se ln a está entre 10 e 20, o ln a2 estará entre 20 e 40. Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
122 Resposta: Errado. então podemos substituir na proporção:
C D C+D 10.000 Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
= = = =2.000
3 2 3+2 5 funcionários na categoria B, podemos escrever que a
Aqui cabe uma observação importante! soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das 2A + 3B = 13.000
partes dentro da proporção. Veja:
Agora multiplicando em cima e embaixo de um
C lado por 2 e do outro lado por 3, temos:
= 2.000
3
2A 3B
C = 2000 x 3 =
4 9
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
Aplicando a propriedade das somas externas,
D
= 2.000 podemos escrever o seguinte:
2
D = 2.000 x 2
2A 3B 2A + 3B
D = 4.000 (esse é o valor de Diego) = =
4 9 4+9
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
ber R$4.000. porção, temos:

z Somas Internas 2A 3B 2A + 3B 13.000


= = = =1.000
4 9 4+9 13
a c a+b c+d
= = = Logo,
b d b d

É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno- 2A


minador ao efetuar essa soma interna, desde que = 1.000
4
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da 2A = 4 x 1.000
proporção. 2A = 4.000
A = 2.000
a c a+b c+d
= = = Fazendo a mesma resolução em B:
b d a c
3B
Vejamos um exemplo: = 1.000
9
x 2 3B = 9 x 1.000
= 3B = 9.000
14 - x 5
B = 3.000
x + 14 - x 2+5
= Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
x 2
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
14 7 anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
=
x 2 O total pago pela empresa será:
7 . x = 2 · 14 Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
Bom! Agora vamos estudar um tipo de problema
14 · 2 que aparece frequentemente em provas de concursos
x= =4 envolvendo razão e proporção.
7

Portanto, encontramos que x = 4. z Regra da Sociedade


Observação: vale lembrar que essa propriedade
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
também serve para subtrações internas. Diretamente proporcional
Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
z Soma com Produto por Escalar: va é “dividir uma determinada quantia em partes
proporcionais a determinados números. Vejamos um
a c a + 2b c + 2d exemplo para entendermos melhor como esse assun-
= = =
b d b d to é cobrado:
Vejamos um exemplo para melhor entendimento: Exemplo:
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na dessas partes corresponde a:
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro-
Resolução: porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor-
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de
o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa,
razão. Veja:
temos:
A B X Y Z
= = = = constante de proporcionalidade. 123
2 3 4 5 6
Usando uma das propriedades da proporção,
somas externas, temos:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FAEPESUL - 2016) Em uma turma de graduação em
X+Y+Z 900.000
= 60.000 Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos
4+5+6 15 que a razão entre o número de mulheres e o número
A menor dessas partes é aquela que é proporcional total de alunos é de 5/8. Determine a quantidade de
homens desta sala, sabendo que esta turma tem 120
a 4, logo:
alunos.
X
= 60.000
4 a) 43 homens
X = 60.000 x 4 b) 45 homens
X = 240.000 c) 44 homens
d) 46 homens
Inversamente proporcional e) 47 homens

É um tipo de questão menos recorrente, mas não A razão entre o número de mulheres e o número
menos importante. Consiste em distribuir uma quan- total de alunos é de 5/8:
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
M 5
quinhão inversamente proporcional a três números. =
T 8
Vejamos um exemplo: A turma tem 120 alunos, então: T = 120
Exemplo: Fazendo os cálculos:
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes M 5
=
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6. T 8
Vamos chamar de X as quantias que devem ser distri-
M 5
buídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, respectiva- =
120 8
mente. Devemos somar as razões e igualar ao total que
8 x M = 5 x 120
dever ser distribuído para facilitar o nosso cálculo, veja:
8M = 600
600
X X X M=
+ + = 740.000 8
4 5 6 M = 75
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl- A quantidade de homens da sala:
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
mos a fração.
2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas
4–5–6|2 com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
2–5–3|2
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
1–5–3|3 soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
1–5–1|5 pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60 ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é

Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e a) 30.


multiplicando o resultado pelo numerador temos: b) 29.
c) 28.
15x 12x 10x d) 27.
+ + = 740.000 e) 26.
60 60 60
37x A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o
= 740.000
60 número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
X = 1.200.000 120 4x
= total de 9x
121 5x
Agora basta substituir o valor de X nas razões para No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
achar cada parte da divisão inversa. aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
a razão em questão passará a ser de 5/8.
x 1.200.000
= = 300.000 120 4x - 2 5
4 4 = =
121 5x + 2 - 1 8
x 1.200.000
= =240.000 4x - 2 5
5 5 =
x 1.200.000 5x + 1 8
= = 200.000
6 6 8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
Logo, as partes dividas inversamente proporcio- 32x – 16 = 25x + 5
nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K, 7x = 21
x=3
124 240K e 200K.
Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o Sendo assim, Sandra está inversamente propor-
valor de X na primeira equação: 9x
cional a . Basta substituirmos o valor de X na
9x = 9 x 3 = 27 é o número total de pessoas nesse 2
proporção.
grupo. Resposta: letra D.
9x 9 x 600
= = 2.700
3. (IBADE - 2018) Três agentes penitenciários de um 2 2
país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem (valor que Sandra irá receber é MAIOR que 2.500).
juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais Resposta: Errado.
que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que
o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária
5. (IESES - 2019) Uma escola possui 396 alunos matricu-
de cada um, em ordem crescente de valores.
lados. Se a razão entre meninos e meninas foi de 5/7,
determine o número de meninos matriculados.
a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00.
b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00.
c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00. a) 183
d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00 b) 225
e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00. c) 165
d) 154
D + A + W = 721
A = D + 36 Total de alunos = 396
W = A - 44 Meninos = H
Meninas = M
Substituímos Arley em Wanderson:
H 5x
W= A - 44 Razão: +
M 7x
W= 36+D-44
W= D-8 Agora vamos somar 5x com 7x = 12x
Substituímos na fórmula principal: 12x é igual ao total que é 396
12x = 396
D + A + W = 721 x = 33
D + 36 + D + D – 8 = 721 Portanto o número de meninos será:
3D + 28 = 721
3D = 721 - 28 Meninos = 5X = 5 x 33 = 165. Resposta: Letra C.
D = 693/3
D = 231 REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA
Substituímos o valor de D nas outras:
1. Regra de Três Simples
A = D + 36
A Regra de Três Simples envolve apenas duas
A= 231+36= 267
W = A - 44 grandezas. São elas:
W= 267-44
W= 223 z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se dese-
ja calcular a partir da grandeza explicativa;
Logo, os valores em ordem crescente que Wander- z Grandeza Explicativa ou Independente é aque-
son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente, la utilizada para calcular a variação da grandeza
R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. Resposta: Letra D.
dependente.
4. (CESPE - 2018) A respeito de razões, proporções e ine-
Existem dois tipos principais de proporcionalida-
quações, julgue o item seguinte. RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
des que aparecem frequentemente em provas de con-
Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam
R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham, cursos públicos. Veja abaixo:
para ser divido entre elas, de forma inversamente propor-
cional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. Assertiva: Nes- z Grandezas Diretamente Proporcionais: o aumento
sa situação, Sandra deverá receber menos de R$ 2.500. de uma grandeza implica o aumento da outra;
z Grandezas Inversamente Proporcionais: o aumen-
( ) CERTO ( ) ERRADO to de uma grandeza implica a redução da outra;

6x 9x 8x Vamos esquematizar para sabermos quando será


+ + = 7.900
1 2 3 direta ou inversamente proporcionais:
Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos:
36x 27x 16x
6
+ 6
+ 6
= 7.900 DIRETAMENTE
PROPORCIONAL
+ / + OU - / -

79x
= 7.900w
6 Aqui as grandezas aumentam ou diminuem juntas
x = 600 (sinais iguais) 125
PROPORCIONAL
A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias
+ / - OU - / +
para corrigir as provas.

Aqui uma grandeza aumenta e a outra diminui 2. Regra de Três Composta


(sinais diferentes)
Agora vamos esquematizar a maneira que iremos A Regra de Três Composta envolve mais de duas
resolver os diversos problemas: variáveis. As análises sobre se as grandezas são direta-
mente e inversamente proporcionais devem ser feitas
cautelosamente levando em conta alguns princípios:
DIRETAMENTE MULTIPLICA CRUZADO
PROPORCIONAL
z As análises devem sempre partir da variável
dependente em relação às outras variáveis;
INVERSAMENTE MULTIPLICA NA HORIZONTAL
PROPORCIONAL z As análises devem ser feitas individualmente. Ou
seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas,
mantendo as demais constantes.
Vejamos alguns exemplos para fixarmos um pouco
z A variável dependente fica isolada em um dos
mais como isso tudo funciona.
lados da proporção.
Exemplo 1: Um muro de 12 metros foi construí-
do utilizando 2 160 tijolos. Caso queira construir um
Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática
muro de 30 metros nas mesmas condições do ante-
como isso tudo funciona.
rior, quantos tijolos serão necessários?
Exemplo 1: Se 6 impressoras iguais produzem 1000
Primeiro vamos montar a relação entre as gran-
dezas e depois identificar se é direta ou inversamente panfletos em 40 minutos, em quanto tempo 3 dessas
proporcional. impressoras produziriam 2000 desses panfletos?
Da mesma forma que na regra de três simples,
12 m -------- 2 160 (tijolos) vamos montar a relação entre as grandezas e analisar
30 m -------- X (tijolos) cada uma delas isoladamente duas a duas.
Veja que de 12m para 30m tivemos um aumen-
to (+) e que para fazermos um muro maior vamos 6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min)
precisar de mais tijolos, ou seja, também deverá ser 3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
aumentado (+). Logo, as grandezas são diretamente
proporcionais e vamos resolver multiplicando cruza- Vamos escrever a proporcionalidade isolando a
do. Observe: parte dependente de um lado e igualando às razões da
seguinte forma – se for direta vamos manter a razão,
12 m -------- 2 160 (tijolos) agora se for inversa vamos inverter a razão. Observe:

30 m -------- X (tijolos) 40 ?
= #
?
X ? ?
12 · X = 30 . 2160
12X = 64800 Analisando isoladamente duas a duas:
X = 5400 tijolos
6 (imp.) -------- 40 (min)
Assim, comprovamos que realmente são necessá- 3 (imp.) ---- ---- X (min)
rios mais tijolos.
Exemplo 2: Uma equipe de 5 professores gastou 12 Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras
dias para corrigir as provas de um vestibular. Consi- o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ),
derando a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pois agora teremos menos impressoras para realizar
professores para corrigir as provas? a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos inverter a razão.
montar a relação e analisar:
40 3 ?
= #
5 (prof.) --------- 12 (dias) X 6 ?
30 (prof.) -------- X (dias) Analisando isoladamente duas a duas:

Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um 1000 (panf.) -------- 40 (min)
aumento (+), mas como agora estamos com uma equi- 2000 (panf.) -------- X (min)
pe maior o trabalho será realizado mais rapidamente.
Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (-). Des-
Perceba que de 1000 panfletos para 1200 panfle-
sa forma, as grandezas são inversamente proporcio-
tos o valor aumenta ( + ) e que o tempo também irá
nais e vamos resolver multiplicando na horizontal.
aumentar ( + ). Logo, as grandezas são diretas e deve-
Observe:
mos manter a razão.
5 (prof.) 12 (dias) 40 3 1000
30 (prof.) X (dias) X
=
6
#
2000
30 . X = 5 . 12
30X = 60 Agora basta resolver a proporção para acharmos
126 X=2 o valor de X.
40 3000 eles e seus dois filhos consumissem durante os 30
X
= 12000 dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos
3X = 40 x 12 chegou de surpresa para passar o restante do mês
3X = 480 com a família. Nessa situação, se cada uma dessas
X = 160 seis pessoas consumir diariamente a mesma quan-
tidade de alimentos, os alimentos comprados pelo
As três impressoras produziriam 2000 panfletos casal acabarão antes do dia 20 do mesmo mês.
em 160 minutos, que correspondem há 2 horas e 40
minutos. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento,
vamos analisar mais um exemplo. 4 Pessoas ------- 24 Dias
Exemplo 2:Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas 6 Pessoas ------- x Dias
cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha.
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o núme- Temos grandezas inversas, então é só multiplicar
ro de linhas por página e para 40 o número de letras na horizontal:
(ou espaços) por linha. Considerando as novas condi-
6x = 4 . 24
ções, determine o número de páginas ocupadas.
6x = 96
Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante-
x = 96/6
rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida.
x = 16
6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras) Como já haviam comido por 6 dias é só somar:
X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras) 6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por
6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril).
6 ? ? Resposta: Errado.
= #
X ? ?
Analisando isoladamente duas a duas: 2. (CESPE – 2018) O motorista de uma empresa trans-
portadora de produtos hospitalares deve viajar de São
6 (pág.) -------- 45 (linhas) Paulo a Brasília para uma entrega de mercadorias.
X (pág.) -- ----- 30 (linhas) Sabendo que irá percorrer aproximadamente 1.100
km, ele estimou, para controlar as despesas com a
Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor diminui viagem, o consumo de gasolina do seu veículo em 10
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo, as km/L. Para efeito de cálculos, considerou que esse
grandezas são inversas e devemos inverter a razão. consumo é constante.
Considerando essas informações, julgue o item que
6 30 ?
= # segue.
X 45 ?
Nessa viagem, o veículo consumirá 110.000 dm3 de
Analisando isoladamente duas a duas: gasolina.

6 (pág.) -------- 80 (letras) ( ) CERTO ( ) ERRADO


X (pág.) ------- 40 (letras)
Com 1 litro ele faz 10 km
Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui Sabendo que 1 L é igual a 1dm³, então podemos
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo, dizer que com 1dm³ ele faz 10km
as grandezas são inversas e devemos inverter a razão. Portanto,
10 km -------- 1dc³
6 30 40 1.100 km --------- x
= #
X 45 80 10x = 1.000
6 2 1
= # x = 110dm³ (a gasolina que será consumida).
X 3 2
6 2 Resposta: Errado. RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
=
X 6
2X = 36 3. (VUNESP - 2020) Uma pessoa comprou determinada
quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2
X = 18 guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar
O número de páginas a serem ocupadas pelo texto 15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guar-
respeitando as novas condições é igual a 18. danapos por dia. O número de guardanapos compra-
dos foi

a) 60.
EXERCÍCIOS COMENTADOS b) 70.
c) 80.
1. (CESPE – 2019) No item seguinte apresenta uma d) 90.
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser jul- e) 100.
gada, a respeito de proporcionalidade, porcentagens e
descontos. x = dias
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com- 3 guardanapos por dia -------- x
prou alimentos em quantidades suficientes para que 2 guardanapos por dia -------- x+15 127
São valores inversamente proporcionais, quanto d) 1.500.
mais guardanapos por dia, menos dias durarão. e) 1.161.
Assim, multiplicamos na horizontal:
Primeiro vamos passar para minutos:
3x = 2 . (x+15) 5h = 300min.
3x = 30+2x 4h30min= 270min.
3x-2x = 30 min.-----Dias-----Pag.
x = 30 300 -------4-------1800
270 -------3-------X
Podemos substituir em qualquer uma das duas Resolvendo temos:
situações:
300 (Simplifica por 30)
3 guardanapos x 30 dias= 90 1800 4
= #
2 guardanapos x 45(30+15) dias = 90 . Resposta: X 3 270 (Simplifica por 30)
Letra D.
1800 4 10
= #
4. (FUNDATEC - 2017) Cinco mecânicos levaram 27 X 3 9
minutos para consertar um caminhão. Supondo que 4 · X · 10 = 1800 · 3 · 9
fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e X = 1215 páginas que esse mesmo equipamento é
ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan- capaz de digitalizar. Resposta: Letra C.
tos minutos levariam para concluir o conserto desse
mesmo caminhão? 7. (VUNESP - 2016) Em uma fábrica, 5 máquinas, todas
operando com a mesma capacidade de produção,
a) 20 minutos. fabricam um lote de peças em 8 dias, trabalhando 6
b) 35 minutos. horas por dia. O número de dias necessários para que
c) 45 minutos. 4 dessas máquinas, trabalhando 8 horas por dia, fabri-
d) 50 minutos. quem dois lotes dessas peças é
e) 55 minutos.
a) 11.
Mecânicos ------ Minutos b) 12.
5 ---------------- 27 c) 13.
3 ---------------- x d) 14.
Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gastarão e) 15.
para finalizar o trabalho, logo a grandeza é inversa-
mente proporcional. Multiplica na horizontal: 5 máquinas -------1 lote --------- 8 dias ------------ 6 horas
4 máquinas -------2 lotes --------x dias -------------8 horas
3x = 27.5
3x = 135 Quanto mais dias para entrega do lote, menos
x = 135/3 horas trabalhadas por dia (inversa), menos máqui-
x = 45 minutos. Resposta: Letra C. nas para fazer o serviço (inversa) e mais lotes para
serem entregues (direta).
5. (IESES - 2019) Cinco pedreiros construíram uma casa Resolvendo:
em 28 dias. Se o número de pedreiros fosse aumenta- 8/x = 1/2 * 8/6 * 4/5 (simplifique 8/6 por 2)
do para sete, em quantos dias essa mesma casa fica- 8/x = 1/2 * 4/3 * 4/5
ria pronta? 8/x = 16/30 (simplifique 16/30 por 2)
8/x = 8/15
a) 18 dias. 8x = 120
b) 16 dias. x = 120/8
c) 20 dias. x = 15 dias.
d) 22 dias.
Resposta: Letra E.
5 (pedreiros) ---------- 28 (dias)
7 (pedreiros) ------------- X (dias) 8. (CESPE/CEBRASPE - 2018) No item a seguir é apre-
sentada uma situação hipotética, seguida de uma
Perceba que as grandezas são inversamente propor-
cionais, então basta multiplicar na horizontal. assertiva a ser julgada, a respeito de proporcionalida-
de, divisão proporcional, média e porcentagem.
5 . 28=7 . X Todos os caixas de uma agência bancária trabalham
7X = 140 com a mesma eficiência: 3 desses caixas atendem 12
X = 140/7 clientes em 10 minutos. Nessa situação, 5 desses cai-
X = 20 dias . Resposta: Letra C. xas atenderão 20 clientes em menos de 10 minutos.

6. (CESPE - 2020) Determinado equipamento é capaz ( ) CERTO ( ) ERRADO


de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias, funcionando 5
horas diárias para esse fim. Nessa situação, a quan- 3 caixas - 12 clientes - 10 minutos
tidade de páginas que esse mesmo equipamento é
5 caixas - 20 clientes - x minutos
capaz de digitalizar em 3 dias, operando 4 horas e 30
minutos diários para esse fim, é igual a 10
=
5
#
12
X 3 20
a) 2.666. 5 · 12 · X = 10 · 3 · 20
b) 2.160. 60x = 600
128 c) 1.215. X = 10.
Os 5 caixas atenderão em exatamente 10 minutos.
Não em menos de 10 como a questão afirma. PORCENTAGEM
Resposta: Errado.
A porcentagem é uma medida de razão com base
9. (VUNESP - 2020) Das 9 horas às 15 horas, de trabalho 100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
ininterrupto, 5 máquinas, todas idênticas e trabalhan- nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
do com a mesma produtividade, fabricam 600 unida- como podemos representar um número porcentual.
des de determinado produto. Para a fabricação de 400
30
unidades do mesmo produto por 3 dessas máquinas, 30% = (forma de fração)
100
trabalhando nas mesmas condições, o tempo estima- 30
do para a realização do serviço é de 30% = = 0,3 (forma decimal)
100
30 3
a) 5 horas e 54 minutos 30% = = (forma de fração simplificada)
100 10
b) 6 horas e 06 minutos.
c) 6 horas e 20 minutos. Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de
d) 6 horas e 40 minutos. várias maneiras:
e) 7 horas e 06 minutos.
30 3
30% = = 0,3 =
100 10
Das 9h às 15h = 6 horas = 360 min
360 min ------ 5 maquinas ----- 600 unidades (corta os zeros iguais) Também é possível fazer a conversão inversa, isto
x ------------- 3 maquinas ---- 400 unidades (corta os zeros iguais) é, transformar um número qualquer em porcentual.
360 3 6 Para isso, basta multiplicar por 100. Veja:
= #
X 5 4
25 x 100 = 2500%
x·3·6 = 360·5·4 0,35 x 100 = 35%
x·18 = 7.200 0,586 x 100 = 58,6%
x = 7200/18
x = 400 1. Número Relativo
Logo, transformando minutos para horas novamen-
te temos: A porcentagem traz uma relação entre uma parte e
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres-
X = 400min ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo
X = 6h40min que estamos especificando. Para descobrir a quanto
Resposta: Letra D. isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000.

10
10. (VUNESP - 2020) Em uma fábrica de refrigerantes, 3 10% de 1000 = x 1000 = 100
100
máquinas iguais, trabalhando com capacidade máxima,
ligadas ao mesmo tempo, engarrafam 5 mil unidades de Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a
refrigerante, em 4 horas. Se apenas 2 dessas máquinas parte que corresponde a 10% de 1000.
trabalharem, nas mesmas condições, no engarrafamen-
to de 6 mil unidades do refrigerante, o tempo esperado Dica
para a realização desse trabalho será de
Quando o Todo varias, a Porcentagem também
a) 6 horas e 40 minutos. varia!
b) 6 horas e 58 minutos.
c) 7 horas e 12 minutos. Veja um exemplo:
d) 7 horas e 20 minutos. Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
e) 7 horas e 35 minutos. RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas
por Roberto?
3 máquinas ------------ 5 mil garrafas ------------ 4 horas
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual,
2 máquinas ------------ 6 mil garrafas ------------ x
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração.
Veja que se aumentar o tempo de trabalho quer dizer
que serão engarrafados mais refrigerantes (direta) e 2 1
se aumentar o tempo de trabalho quer dizer que são 8
=
4
menos máquinas trabalhando (inversa).
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
4 5000 2
= # vamos multiplicar a fração por 100:
X 6000 3
2·X·5 = 4·6·3 1
10X = 72 x 100 = 25%
4
x = 7, 2 horas (7 horas + 0,2 horas = 7 horas + 0,2 ×
60 min = 7 horas e 12 minutos) 2. Soma e Subtração de Porcentagem

OBS: Para transformar horas em minutos, basta As operações de soma e subtração de porcenta-
multiplicarmos o número por 60 min. Logo, 0,2 horas gem são as mais comuns. É o que acontece quando
= 0,2 x 60 = 120/10 = 12 min. Resposta: Letra C. se diz que um número excede, reduziu, é inferior ou 129
é superior ao outro em tantos por cento. A grandeza A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
inicial corresponderá sempre a 100%. Então, basta está errada. Resposta: Errado.
somar ou subtrair o percentual fornecido dos 100% e
multiplicar pelo valor da grandeza. 2. (CESPE - 2019) Na assembleia legislativa de um esta-
Exemplo 1: do da Federação, há 50 parlamentares, entre homens
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula. e mulheres. Em determinada sessão plenária estavam
Porém, com a publicação do edital, a escola precisou presentes somente 20% das deputadas e 10% dos
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de deputados, perfazendo-se um total de 7 parlamenta-
horas-aula do curso ao final? res presentes à sessão.
Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o bleia legislativa, havia
aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% +
15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total a) 10 deputadas.
de horas-aula do curso será: b) 14 deputadas.
(1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula c) 15 deputadas.
d) 20 deputadas.
Dica e) 25 deputadas.

A avaliação do crescimento ou da redução per- 50 parlamentares


centual deve ser feita sempre em relação ao Deputadas = X
valor inicial da grandeza. Deputados = 50-X
Final - Inicial Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7
Variação percentual =
Inicial parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de
Veja mais um exemplo para podermos fixar cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o
melhor. valor de X.
Exemplo 2: 20% x + 10% (50-x) = 7
Juliano percebeu que ele ainda não assistiu a 200 20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7
aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de 2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7
aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se 2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC)
Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá 2x + 50 - x = 70
caído 20%? 2x - x = 70 - 50
A variação percentual de uma grandeza corres-
x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia Legis-
ponde ao índice:
Final - Inicial 180 - 200 lativa. Resposta: Letra D.
Variação percentual = =
Inicial 200
20 3. (VUNESP - 2016) Um concurso recebeu 1500 ins-
=– = - 0,10
200 crições, porém 12% dos inscritos faltaram no dia da
Como o resultado foi negativo, podemos afirmar prova. Dos candidatos que fizeram a prova, 45% eram
que houve uma redução percentual de 10% nas aulas mulheres. Em relação ao número total de inscritos, o
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está número de homens que fizeram a prova corresponde a
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%. uma porcentagem de

a) 45,2%.
b) 46,5%.
EXERCÍCIOS COMENTADOS c) 47,8%.
d) 48,4%.
1. (CESPE - 2020) Em determinada loja, uma bicicleta é e) 49,3%.
vendida por R$ 1.720 à vista ou em duas vezes, com
uma entrada de R$ 920 e uma parcela de R$ 920 com Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a
vencimento para o mês seguinte. Caso queira ante- prova.
cipar o crédito correspondente ao valor da parcela, a Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe-
lojista paga para a financeira uma taxa de antecipação res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar
correspondente a 5% do valor da parcela. o percentual dos homens pelo total:
Com base nessas informações, julgue o item a seguir. 55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou
Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan- 0,55 x 0,88 = 0,484.
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês. Transformando em porcentagem
0,484 x 100 = 48,4%. Resposta: Letra D.
( ) CERTO ( ) ERRADO
4. (FCC - 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevistados
Valor da bicicleta =1720,00 preferem suco de graviola e 50% suco de açaí. Se 15%
Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela) dos entrevistados gostam dos dois sabores, então,
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00 a porcentagem de entrevistados que não gostam de
(entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00) nenhum dos dois é de
No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja
800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00 a) 80%.
(juros) e dividir por 800,00 resultado: b) 61%.
130 120,00/800,00 = 0,15% ao mês. c) 20%.
d) 10%. Veja o exemplo abaixo:
e) 5%.
2, 4, 6, 8,...
Vamos dispor as informações em forma de conjun-
tos para facilitar nossa resolução: A primeira pergunta que podemos fazer para
achar a lei de formação é: os números estão aumen-
Graviola Açai
tando ou diminuindo?
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
operações de soma ou multiplicação entre os termos.
60% – 15% = 15% 50% – 15% = Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8,.. Do
primeiro termo para o segundo, somamos o número
45% 35% dois e depois repetimos isso.
Nenhum = X
2+2=4
4+2=6
Vamos somar todos os valores e igualar ao total que
6+2=8
é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100%
95% + X = 100%
X = 5%. Resposta: Letra E. Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
pois 8+2 = 10.
5. (FUNCAB - 2015) Adriana e Leonardo investiram R$ Caso os números estejam diminuindo, você pode
20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez entre os termos.
meses. O restante foi investido em uma aplicação, Agora, observe esta outra sequência:
que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante
o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas 2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
no sistema de juros simples.
Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
tiveram: a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per-
cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-
a) prejuízo de R$2.800,00. cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
b) lucro de R$3.200,00. 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encon-
c) lucro de R$2.800,00. trado deve ser capaz de explicar TODA a sequência!
d) prejuízo de R$6.000,00 Neste caso, estamos diante dos números primos! Sim,
e) lucro de R$5.000,00. aqueles números que só podem ser divididos por eles
mesmos ou então pelo número 1. No caso, o próximo
3/5 de 20.000,00 = 12.000,00 seria o 17, e não o 15. A propósito, os próximos núme-
12.000,00 · 4% = 480,00 ros primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
480 · 10 (meses) = 4.800 (juros)
O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli- SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS
cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao
mês, durante 10 meses:
É bem comum aparecem questões que envolvem
8.000,00 · 5% = 400,00
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
400 · 10 meses= 4.000
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
te exemplo:
4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros.
Resposta: Letra C. 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
dizer que temos uma sequência que, de um número
REGULARIDADES E PADRÕES EM para outro, devemos somar 2 unidades e também
podemos notar que temos a sequência que, de um
SEQUÊNCIAS
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
Esse tema é cobrado de uma maneira que ao mes- 2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
mo tempo que pode parecer fácil, pode ser bem com-
plicado. Descobrir a lei de formação ou padrão da PROGRESSÃO ARITMÉTICA E PROGRESSÃO
sequência é o seu principal objetivo, pois nas ques- GEOMÉTRICA
tões sobre sequências/raciocínio sequencial, você
será apresentado a um conjunto de dados dispostos Progressão Aritmética
de acordo com alguma “regra” implícita, alguma lógi-
ca de formação. O desafio é exatamente descobrir Uma progressão aritmética é aquela em que os
essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
daquela mesma sequência. tante, normalmente representada pela letra r. 131
Dica Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
Termo inicial: valor do primeiro número que lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
compõe a sequência; que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
Razão: regra que permite, a partir de um termo, Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
obter o seguinte. te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
Observe o exemplo abaixo: temos:

{1,3,5,7,9,11,13, ...} n # (a1 + an)


Sn =
2
Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim suces- 7 # (1 + 13)
sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres- S7 =
2
são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro- 7 # 14
S7 =
gressões aritméticas, é importante você saber obter o 2
termo geral e a soma dos termos, conforme veremos 98
a seguir. S7 = = 49
2

Termo geral da PA Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:


PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
crescente. Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
decrescente. Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1
outro termo. Temos a seguinte fórmula: PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
iguais. Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
an = a1 + (n-1)r
Dica
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é PA crescente: se r > 0;
a posição do termo na PA. PA decrescente: se r < 0;
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobri PA constante: se r = 0.
o termo de posição 10. Já temos as informações que
teremos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...} Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
z o termo que buscamos é o da décima posição, isto tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
é, a10;
z a razão da PA é 2, portanto r = 2; PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2
z o termo inicial é 1, logo a1 = 1; PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número
10: n = 10

Logo,
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes
an = a1 + (n-1)r
entre os números 23 e 125 é:
a10 = 1 + (10-1)2
a10 = 1 + 2x9
a) 25
a10 = 1 + 18
b) 26
a10 = 19 c) 27
d) 28
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na e) 24
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o últi-
posição 200 é: mo é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma
PA de razão igual a 4. Então, temos as seguintes
an = a1 + (n-1)r informações:
a200 = 1 + (200-1)2
a1 = 24
a200 = 1 + 2x199
an = 124
a200 = 1 + 198
a200 = 199 r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para
obter os múltiplos).
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PA Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
encontrar a quantidade de elementos (múltiplos):
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos an = a1 + (n-1)r
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: 124 = 24 + (n – 1)4
124 = 24 + 4n – 4
n # (a1 + an) 124 – 24 + 4 = 4n
132 Sn =
2
104 = 4n Manoel não é atleta profissional, ele planeja completar
n = 26 o percurso no tempo máximo exato, aumentando de
uma quantidade constante, a cada minuto, a distância
Resposta: Letra B. percorrida no minuto anterior. Nesse caso, se Manoel,
seguindo seu plano, correr 125 metros no primeiro
2. (FCC – 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em minuto e aumentar de 11 metros a distância percorri-
4 dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá da em cada minuto anterior, ele completará o percurso
em cada dia será diferente e formará uma progressão no tempo regulamentar.
aritmética de razão igual a − 24. A média de quilôme-
tros que Rodrigo percorrerá por dia é igual a 310 km. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Desse modo, é correto concluir que o número de quilô-
metros que Rodrigo percorrerá em seu quarto e último Veja que no primeiro minuto ele percorre 125
dia de viagem será igual a metros, no segundo 125 + 11 = 136 metros, no ter-
ceiro 125 + 2×11 = 147 metros, e assim por diante.
a) 334. Estamos diante de uma progressão aritmética (PA)
b) 280. de termo inicial a1 = 125 e razão r = 11. O décimo
c) 322. primeiro termo (correspondente ao 11º minuto) é:
d) 274. an= a1 + (n-1).r
e) 310. a11 = 125 + (11 – 1).11
a11 = 125 + 110 = 235 metros
Primeiro devemos achar o a1, para depois acharmos A soma das distâncias percorridas nos 11 primeiros
o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para minutos é dada pela fórmula da soma dos termos
podermos substituir na média. Usando a fórmula da PA:
do termo geral:
n # (a1 + an)
r = -24 Sn =
2
an= a1 + (n-1).r 11 # (125 + 235)
S11 =
Achando a1: 2
11 # 360
a1 = a1 + (1-1).r S11 =
2
a1 = a1 S11 = 180 · 11
S11 = 1.980
Colocando a2 em função de a1:
A distância total percorrida é menor do que 2.000
a2= a1+ (2-1)r
metros. Logo, Manoel não completará o percurso no
a2 = a1 + r
tempo regulamentar de 11 minutos. Resposta: Errado.
Colocando a3 em função de a1:
4. (FCC – 2017) Em um experimento, uma planta recebe
a3= a1+ (3-1)r
a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebi-
a3 = a1 + 2r
do no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas
Colocando a4 em função de a1: de água, no 1° dia do experimento ela recebeu
a4 = a1 + (4-1)r
a) 64 gotas.
a4 = a1 + 3r
b) 49 gotas.
Substituindo na fórmula da média aritmética: c) 59 gotas.
d) 44 gotas.
(a1 + a2 + a3 + a4 )/4 = 310 e) 54 gotas.
(a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) / 4 = 310
4 a1 + 6r = 310 . 4
Já sabemos que a razão é r = 5 e que o a65 = 374,
4 a1 + 6. (-24) = 1240
então, o a1 é dado por:
4 a1 - 144 = 1240
a1 = 346 a65= a1 + (n-1).r RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
374 = a1 + (65-1)5
Encontrando a4:
374 = a1 + 64 x 5
a4= 346 + (4-1).r 374 = a1 + 320
a4= 346 + 3r a1 = 54 gotas.
a4= 346 + 3. (-24)
Resposta: Letra E.
a4 = 274
Resposta: Letra D. 5. (CESPE – 2014) Em determinado colégio, todos os 215
alunos estiveram presentes no primeiro dia de aula; no
3. (CESPE – 2017) Em cada item a seguir é apresentada segundo dia letivo, 2 alunos faltaram; no terceiro dia,
uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a 4 alunos faltaram; no quarto dia, 6 alunos faltaram, e
ser julgada, a respeito de modelos lineares, modelos assim sucessivamente.
periódicos e geometria dos sólidos. Com base nessas informações, julgue os próximos
Manoel, candidato ao cargo de soldado combatente, itens, sabendo que o número de alunos presentes às
considerado apto na avaliação médica das condições aulas não pode ser negativo.
de saúde física e mental, foi convocado para o teste No vigésimo quinto dia de aula, faltaram 50 alunos.
de aptidão física, em que uma das provas consiste em
uma corrida de 2.000 metros em até 11 minutos. Como ( ) CERTO ( ) ERRADO 133
P.A. (215, 213, 211, 209,..., a25) Soma dos infinitos termos de uma progressão
Termo Geral da P.A. geométrica

an= a1 + (n-1).r Suponha que você corra 1000 metros, depois,


a25 = 215 + (25-1) · (-2) você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros
a25 = 215 + (24· -2) e, depois, 125 metros – sempre metade do que você
a25 = 215 - 48 correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
a25 = 167 alunos Observe que o que temos é exatamente uma progres-
Logo, 215 - 167 = 48 alunos ausentes. são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente.
Resposta: Errado. Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q <
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto
Progressão Geométrica maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
tanto, substituindo, teremos:
Observe a sequência abaixo:
a1 # (0 - 1)
S∞ =
{2, 4, 8, 16, 32...} q-1
a1
Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2. S∞ =
q-1
Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti- Dica
do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
Em uma progressão geométrica, o quadrado do
mo número, o que chamamos de razão da progressão
termo do meio é igual ao produto dos extremos.
geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3
No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de Veja: {2, 4, 8, 16, 32...}
PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral 82 = 4 × 16
e a soma dos termos. 64 = 64.

Termo geral da PG

A fórmula a seguir nos permite obter qualquer EXERCÍCIOS COMENTADOS


termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
primeiro termo (a1) e da razão (q): 1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre-
sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão
an = a1 × qn-1 Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR-
RETO afirmar que o valor de q é igual a:
No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
ser encontrado assim: a) 2
b) 3
{2, 4, 8, 16, 32...} c) 4
a5 = 2 × 25-1 d) 8
a5 = 2 × 24
a5 = 2 × 16 Vamos substituir os valores que já temos na fórmu-
a5 = 32 la geral da PG para acharmos a razão:
an = a1 × qn-1
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PG a6 = a1 × q6-1
192 = 6 × q5
A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n” 192/6 = q5
primeiros termos da progressão geométrica: 32 = q5
5
n q= 32
a1 # (q - 1) q=2
Sn =
q-1 Resposta: Letra A.

Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a soma 2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G.
dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8, 16, 32...} (progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo
4 12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a:
2 # (2 - 1)
S4 =
2-1 a) 324
2 # (16 - 1) b) 36
S4 = 1 c) 108
2 # 15 d) 216
S4 = 1
S4 = 30 Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto
termos, devemos usar a fórmula do termo geral da
PG. Veja:

134 a4 = a2 × q4-2
a4 = 12 × 32 1936 = 242a1
a4 = 12 × 9
a4 = 108 a1 = 1936 / 242
Resposta: letra C.
a1 = 8
3. (IDECAN – 2014) Observe a progressão geométrica Resposta: Letra E.
(P.G.) e assinale o valor de y.

P.G. = (y + 30; y; y – 60)

a) +30. NOÇÕES BÁSICAS DE CONTAGEM,


b) +60. PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
c) –30.
d) –60. Para estudarmos probabilidade é necessária uma
e) -90.
boa base em noções básicas de contagem, ou seja,
você precisa saber muito bem o Princípio Fundamen-
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
tal da Contagem, e é isso que vamos falar agora.
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
Primeiro, vamos aprender uma ferramenta impor-
y² = (y + 30) × (y - 60) tante para o nosso estudo: Fatorial.
y² = y² -60y +30y -1800
y² - y² +60y -30y = -1800 Fatorial de um Número Natural
30y = -1800
y = -1800/30
Serve para facilitar e acelerar resolução de ques-
y = -60
tões. Veja sua representação simbólica:
Resposta: Letra D. FATORIAL DE N = n!
Sendo “n” um número natural, observe como
4. (FUNDATEC – 2019) A sequência (x-120; x; x+600) for- desenvolver o fatorial de n:
ma uma progressão geométrica. O valor de x é:
n! = n · (n-1) · (n-2) · ... · 2 · 1, para n ≥ 2
a) 40. 1! = 1
b) 120. 0! = 1
c) 150.
Exemplos:
d) 200.
e) 250. 3! = 3 · 2 · 1= 6
4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter- 5! = 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 120
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
Agora, veja esse outro exemplo:
x2 = (x-120) × (x+600)
x2 = x2 + 600x – 120x -72000 6!
Calcular 4!
x2 - x2 = 480x – 72000
480x = 72000 Resolução:
x = 72000/480
6! 6·5·4·3·2·1 = 6 · 5 = 30
x = 150 4!
=
4·3·2·1
Resposta: Letra C.
Poderíamos também resolver abrindo o 6! até 4! e
depois simplificar. Veja:
5. (IESES – 2019) Em uma progressão geométrica de
razão r = 3 a soma dos 5 primeiros termos é igual a
968. 6! 6·5·4! = 6 · 5 = 30 RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
=
4! 4!
Então, o primeiro termo dessa progressão é:
Princípio Fundamental da Contagem
a) Maior que 18.
b) Maior que 15 e menor que 18. Podemos, também, encontrar como princípio mul-
c) Maior que 12 e menor que 15. tiplicativo. Vamos esquematizar uma maneira que vai
d) Maior que 9 e menor que 12.
ser bem simples para resolvermos problemas sobre o
e) Menor que 9.
tema, observe o lembrete:
Vamos usar a fórmula da soma da PG:
1. Identificar as etapas do enunciado;
n
a1 # (q - 1) 2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
Sn = 3. Multiplicar.
q-1
n
a1 # (3 - 1) Exemplo: Para fazer uma viagem São Paulo-For-
968 =
3-1 taleza-São Paulo, você pode escolher como meio de
a1 # (243 - 1) transporte ônibus, carro, moto ou avião. De quantas
968 = maneiras posso escolher os transportes? 135
2
Resolução: Permutação com Repetição
Usando o lembrete acima:
Quantos anagramas tem na palavra ARARA? O
1. Identificar as etapas do enunciado. problema é causado por conta da repetição de letras
Escolher o meio de transporte para ida e para a volta. na palavra ARARA. Veja que temos 3 letras A e 2 letras
2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa; R. De maneira tradicional, faríamos 5! (número de
Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ôni- letras na palavra), mas é preciso que descontemos as
bus, carro, moto ou avião) e para a volta temos 4 letras repetidas. Assim, devemos dividir pelo número
possibilidades de escolha (ônibus, carro, moto ou de letras fatorial, ou seja, 3! e 2!.
avião).
5! 5·4·3! 5·4
3. Multiplicar. 3!·2!
=
3!·2·1 = 2
= 10
4 · 4 = 16 maneiras.
Temos, então, 10 anagramas na palavra ARARA.
E se o problema dissesse que você não pode voltar
no mesmo transporte que viajou na ida. Qual seria a Dica
resolução? O desenvolvimento é o mesmo, apenas vai
mudar na quantidade de possibilidades de escolhas Na permutação com repetição devemos descon-
para voltar. Veja: tar os anagramas iguais, por isso dividimos pelo
Resolução: fatorial do número de letras repetidas.
Usando o lembrete:
Permutação com Repetição
1. Identificar as etapas do enunciado.
Escolher o meio de transporte para ida e para a Vamos imaginar que temos uma mesa circular com
volta. 5 lugares e queremos ordenar 5 pessoas de maneiras
2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa; distintas. Observe as duas disposições abaixo das pes-
Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ônibus, soas A, B, C, D, e E ao redor da mesa:
carro, moto ou avião) e para a volta temos 3 possi-
bilidades de escolha (não posso voltar no mesmo E
meio de transporte). A
3. Multiplicar.
4 · 3 = 12 maneiras. B A
E D
MESA MESA
Permutação Simples

Imagine que temos 5 livros diferentes para serem C C B


D
ordenados em uma estante. De quantas maneiras é
possível ordenar? Para questões envolvendo permu-
tação simples, devemos encarar de um modo geral Diante do conceito de permutação, essas duas
que temos n modos de escolhermos um objeto (livro) disposições são iguais, ou seja, a pessoa A tem à sua
que ocupará o primeiro lugar, n-1 modos de escolher direita E, e à sua esquerda B, e assim sucessivamente).
um objeto (um outro livro) que ocupará o segundo Não podemos contar duas vezes a mesma disposição.
lugar, ..., 1 modo de escolher o objeto (um outro livro) Repare ainda que, antes da primeira pessoa se sentar
que ocupará o último lugar. Então, temos: à mesa, todas as 5 posições disponíveis são equivalen-
Modos de ordenar: n · (n-1) · ... 1 = n! tes. Isto porque não existe uma referência espacial
Então, resolvendo, teremos 5! = 5·4·3·2·1 = 120 (ponto fixo determinado). Nestes casos, devemos uti-
maneiras de ordenar os livros na estante. lizar a fórmula da permutação circular de n pessoas,
Agora, observe um outro exemplo: que é:
Quantos são os anagramas da palavra CAJU?
Resolução: Pc (n) = (n-1)!
Cada anagrama de CAJU é uma ordenação das
letras que a compõem, ou seja, C, A, J, U. Em nosso exemplo, o número de possibilidades de
posicionar 5 pessoas ao redor de uma mesa será:

CAJU CUJA ACJU AUJC Pc(5) = (5-1)! = 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24

CAUJ CJUA ACUJ ... Arranjo Simples

CUAJ CJAU AUCJ ... Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes-
soas nas cadeiras de uma praça, mas tinhamos apenas
Desta maneira, o número de anagramas é 4! = 3 cadeiras à disposição. De quantas formas podería-
4·3·2·1 = 24 anagramas. mos fazer isso?
Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí-
Dica veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei-
ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi
ANAGRAMA é a ordenação de maneira distin- utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira
ta das letras que compõem uma determinada cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas
136 palavra. restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas
em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de C(4, 3) =
4·3·2·1
formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada 1·3·2·1
pela multiplicação abaixo: C(4, 3) = 4
Formas de organizar 5 pessoas em 3 cadeiras = 5 · 4 ·
3 = 60
O exemplo acima é um caso típico de ARRANJO Dica
SIMPLES. Sua fórmula é dada abaixo: No ARRANJO a ordem importa.
Na COMBINAÇÃO a ordem não importa
n!
A(n, p) =
(n - p) !
Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele-
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde EXERCÍCIOS COMENTADOS
a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade
da outra. 1. (VUNESP – 2016) Um Grupamento de Operações
Observe a resolução do nosso exemplo usando a Especiais trabalha na elucidação de um crime. Para
fórmula: investigações de campo, 6 pistas diferentes devem
ser distribuídas entre 2 equipes, de modo que cada
5! 5!
= 5·4·3·2·1 = 60
equipe receba 3 pistas. O número de formas diferen-
A(5, 3) = =
(5 - 3) ! 2! 2·1 tes de se fazer essa distribuição é
Uma outra informação muito importante é que nos
a) 6.
problemas envolvendo ARRANJO SIMPLES a ordem
b) 10.
dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente
c) 12.
de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as
d) 18.
5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme-
e) 20.
ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as
pessoas na praça:
Vamos descobrir o número de formas de escolher 3
pistas em 6, visto que ao escolher 3 pistas, restarão
CADEIRA 1ª 2ª 3ª outras 3 pistas que vão compor o outro grupo de
OCUPANTE Ana Bianca Clara pistas. Dessa maneira, de quantas formas podemos
escolher 3 pistas em um grupo de 6? Aqui a ordem
Perceba que Daniele e Esmeralda ficaram em pé não é relevante, então, vamos usar a combinação:
nessa disposição. C(6, 3)= 6! 6 · 5 · 4 · 3! = 6·5·4
=
(6 - 3) !3! 3!3! 3!

CADEIRA 1ª 2ª 3ª = 6 · 5 · 4 = 5 · 4 = 20. Resposta: Letra E.


3·2·1
OCUPANTE Clara Bianca Ana
2. (IDECAN – 2016) Felipe é uma criança muito bagun-
A Daniele e a Esmeralda continuam de fora e a ceira e sempre espalha seus brinquedos pela casa.
Bianca permaneceu no mesmo lugar. O que mudou Quando vai brincar na casa da sua avó, ele só pode
foi a posição da Ana em relação a Clara. Assim, uma levar 3 brinquedos. Felipe sempre escolhe 1 carrinho,
simples mudança na posição da ordem gera uma nova 1 boneco e 1 avião. Sabendo que Felipe tem 7 carri-
possibilidade de posicionamento. nhos, 5 bonecos e 4 aviões diferentes, quantas vezes
Felipe pode visitar a sua avó sem levar o mesmo con-
Combinação junto de brinquedos já levados antes?

Para entendermos esse tema, vamos imaginar a) 100 vezes.


que queremos fazer uma salada de frutas e precisa- b) 115 vezes.
mos usar 3 frutas das 4 que temos disponíveis: maçã, c) 130 vezes. RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
banana, mamão e morango. Cortando as frutas maçã, d) 140 vezes.
banana e morango e depois colocando em um prato.
Agora cortando as frutas banana, morango e maçã Perceba que Felipe tem 7 carrinhos para escolher 1,
para colocar em um outro prato. 5 bonecos para escolher 1 e 4 aviões para escolher 1,
Você percebeu que a ordem aqui não importou? queremos formar grupos de 3 brinquedos, sendo um
É exatamente isso, a ordem não importa e estamos de cada tipo. O total de possibilidades será dado por:
diante de um problema de Combinação. Será preciso 7 x 5 x 4 = 140 possibilidades (conjuntos de brinque-
calcular quantas combinações de 4 frutas, 3 a 3, é pos- dos diferentes). Resposta: Letra D.
sível formar.
Para resolvermos é necessário usar a fórmula: 3. (CESPE – 2018) Em um aeroporto, 30 passageiros que
desembarcaram de determinado voo e que estiveram
n! nos países A, B ou C, nos quais ocorre uma epidemia
C(n, p) =
(n - p) !p! infecciosa, foram selecionados para ser examinados.
Constatou-se que exatamente 25 dos passageiros
Substituindo na fórmula, os valores do exemplo,
selecionados estiveram em A ou em B, nenhum des-
temos:
ses 25 passageiros esteve em C e 6 desses 25 passa-
4!
C(4, 3) = geiros estiveram em A e em B. 137
-
(4 3) !3!
Com referência a essa situação hipotética, julgue o experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ-
item que segue. são do resultado de determinado experimento.
A quantidade de maneiras distintas de se escolher 2
dos 30 passageiros selecionados de modo que pelo Espaço Amostral e Evento
menos um deles tenha estado em C é superior a 100.
Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos
( ) CERTO ( ) ERRADO os resultados possíveis do experimento.
Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
Se 25 passageiros tiveram em A ou B e nenhum deles uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6,
em C, então, C teve 5 passageiros (é o que falta para isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
o total de 30). Vamos escolher 2 passageiros, de conjunto dos resultados possíveis de um determinado
modo que pelo menos um seja de C, teremos: experimento aleatório (não se pode prever o resul-
Podemos achar o total para escolha dos 2 passagei- tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
ros que seria: algum padrão).
C30,2 = 30.29/2 = 15.29 = 435 Agora pense que você só tem interesse nos núme-
ros impares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa-
Agora, tiramos a opção de nenhum deles ser de C, ço amostral é o que chamamos de Evento – composto
que seria: apenas pelos resultados que são favoráveis. Conhe-
C25,2 = 25.24/2 = 25.12 = 300 cendo esses dois conceitos, podemos chegar na fórmu-
la para calcular a probabilidade de um evento de um
Então, pelo menos um deles é de C, teremos: determinado experimento aleatório, é o que podemos
435 - 300 = 135. Resposta: Certo. chamar de probabilidade de um evento qualquer.

4. (IBFC – 2015) Paulo quer assistir um filme e tem dis- Dica


ponível 5 filmes de terror, 6 filmes de aventura e 3 fil-
Espaço amostral é igual a todas as possibilida-
mes de romance. O total de possibilidades de Paulo
des possíveis e o evento é um subconjunto do
assistir a um desses filmes é de:
espaço amostral.
a) 90
PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER
b) 33
c) 45
d) 14 n (evento)
Probabilidade do Evento =
Paulo tem disponível 14 filmes no total, 5 de terror, 6 n (espaço amostral)
de aventura e 3 de romance; e dentre esses 14 filmes
disponíveis tem que escolher um, portanto o total
de possibilidades será dado pela combinação de 14 Na fórmula acima, n(Evento) é o número de ele-
elementos, tomados um a um. mentos do subconjunto Evento, isto é, o número
C(14,1) = 14 possibilidades. Resposta: Letra D. de resultados favoráveis; e n(Espaço Amostral) é o
número total de resultados possíveis no experimento
5. (CESPE – 2018) Em um processo de coleta de frag- aleatório.
mentos papilares para posterior identificação de cri- Por isso, costumamos dizer também que:
minosos, uma equipe de 15 papiloscopistas deverá se
revezar nos horários de 8 h às 9 h e de 9 h às 10 h.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item número de resultados
a seguir. favoráveis
Se dois papiloscopistas forem escolhidos, um para Probabilidade do Evento =
atender no primeiro horário e outro no segundo horá- números total de
rio, então a quantidade, distinta, de duplas que podem resultados
ser formadas para fazer esses atendimentos é supe-
rior a 300. Agora, voltando ao exemplo que apenas os núme-
ros impares que nos interessam, temos:
( ) CERTO ( ) ERRADO n(Evento) = 3 possibilidades
n(Espaço Amostral) = 6 possibilidades
Quantos servidores há para escolher que ficará no Logo,
1° horário? 15. 3 1
Probabilidade do Evento = = = 0,50 = 50%
Agora, já para escolher o que ficará no 2° horário, 6 2
temos apenas 14, pois um já foi escolhido para ficar
no 1° horário. Multiplicando as possibilidades = Dica
15x14 = 210. Resposta: Errado. Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1.
Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤
PROBABILIDADE 100%.
Conceito Eventos Independentes

A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti- Qual seria a probabilidade de, em dois lançamen-
ca que cria modelos que são utilizados para estudar tos consecutivos do dado, obtermos um resultado
138
ímpar em cada um deles? Veja que temos dois expe- A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocor-
rimentos independentes ocorrendo: o primeiro lança- rer, dado que B ocorreu, é a divisão entre a proba-
mento e o segundo lançamento do dado. O resultado bilidade de A e B ocorrerem simultaneamente e a
do primeiro lançamento em nada influencia o resulta- probabilidade de B ocorrer. Para que A e B ocorram
do do segundo.
simultaneamente (resultado ímpar e inferior a 4), te-
Quando temos experimentos independentes, a
mos como possibilidades o resultado igual a 1 e 3. Isto
probabilidade de ter um resultado favorável em um e
um resultado favorável no outro é feito pela multipli- é, apenas 2 dos 6 resultados nos atende. Logo, P (A∩B)
cação das probabilidades de cada experimento: = 2 =1.
6 3
P(2 lançamentos) =P(lançamento 1) · P(lançamento 2) Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos
3 1
Em nosso exemplo, teríamos: que 3 resultados atendem. Portanto, P (A∩B) = = .
6 2
Usando a fórmula acima, temos:
P(2 lançamentos) =0,50 0,50 = 0,25 = 25%
1
P (A + B) 3 = 1 2 = 2 = 66,6%
Assim, a chance de obter dois resultados ímpares P (A\B) = = ·
em dois lançamentos de dado consecutivos é de 25%. P (B) 1 3 1 3
Generalizando, podemos dizer que a probabilidade de 2
dois eventos independentes A e B acontecerem é dada
pela multiplicação da probabilidade de cada um deles: PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS

P (A e B) = P(A) x P(B) Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B


quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
Sendo mais formal, também é possível escrever to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
P(A ∩ B)=P(A) · P(B), onde ∩ simboliza a intersecção
entre os eventos A e B. P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)

PROBABILIDADE CONDICIONAL
A fórmula pode ser traduzida como “a proba-
bilidade da união de dois eventos é igual a soma das
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem
recorrente em questões de concursos. Imagine que probabilidades de ocorrência de cada um dos eventos,
vamos lançar um dado, e estamos analisando 2 even- subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois
tos distintos: eventos simultaneamente”.
A – sair um resultado ímpar Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-
B – sair um número inferior a 4 tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
Para o evento A ser atendido, os resultados favo- (A) + P (B).
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi-
numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
damente a probabilidade de cada um desses eventos:
acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
3 1 plo de 3 ou de 5?
P(A) = = 0,5 = 50% Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e
6 2
isso nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sen-
3 1
P(B) = = 0,5 = 50% do assim, podemos extrair os dados para aplicar na
6 2
fórmula:
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento:
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per- P(A) =
6
gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o 20
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre- P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”. Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades
Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Por- 4
tanto, o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3 P(B) =
20
(três resultados possíveis). Destes resultados, apenas P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo
dois deles (o resultado 1 e 3) atendem o evento A. Por-
de 3 e 5
tanto, a probabilidade de A ocorrer, dado que B ocor-
reu, é simplesmente: Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo
tempo.
2 1
P (A\B) = = 66,6% P(A ∩ B) =
3 20
Aplicando na fórmula, temos:
Uma outra forma de calculá-la é através da seguin-
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)
te divisão:
6 4 - 1 6+4-1 9
P (A k B) P (A ∪ B) = + = =
P (A\B) = 20 20 20 20 20 139
P (B)
PROBABILIDADE DA INTERSEÇÃO DE DOIS houver chuva. Nessas condições, a probabilidade de
EVENTOS que a operação ocorra no dia programado é de

Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral. A a) 59%.


probabilidade de A ∩ B é dada por: b) 46%.
c) 41%.
P (A ∩ B) = P (B\A) · P (A) = P (B) · P (A\B) d) 34%.
e) 28%.
Vale lembrar que P (B\A) é a probabilidade de ocor-
rer o evento B, sabendo que já ocorreu o evento A (pro- Se a probabilidade de chover é de 60%, então, a pro-
babilidade condicional). babilidade de não chover é de 40%. Para que a opera-
Se a ocorrência do evento A não interferir na pro- ção ocorra no dia programado, temos duas situações:
babilidade de ocorrer o evento B, ou seja, forem inde- � chove (60%) e ocorre a operação (20%) = 60% x
pendentes, a fórmula para o cálculo da probabilidade 20% = 12%
da intersecção será dada por: � não chove (40%) e ocorre a operação (85%) = 40%
x 85% = 34%
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) Somando as probabilidades desses dois cenários,
temos: 12% + 34% = 46%. Resposta: Letra B.
Imagine que você vai lançar dois dados sucessi-
vamente. Qual a probabilidade de sair um número 3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A sorte de ganhar ou per-
ímpar e o número 5? der, num jogo de azar, não depende da habilidade do
O “e” que aparece na pergunta é que determina a jogador, mas exclusivamente das probabilidades dos
utilização da fórmula da interseção, pois queremos “a resultados. Um dos jogos mais populares no Brasil é
probabilidade de sair um número ímpar e o número a Mega Sena, que funciona da seguinte forma: de 60
5”. Perceba que a ocorrência de um dos eventos não bolas, numeradas de 1 a 60, dentro de um globo, são
interfere na ocorrência do outro. Temos, então, dois sorteadas seis bolas. À medida que uma bola é retira-
eventos independentes. da, ela não volta para dentro do globo. O jogador pode
Evento A: sair um número ímpar = {1, 3, 5} apostar de 6 a 15 números distintos por volante e rece-
Evento B: sair o número 5 = {5} berá o prêmio se acertar os seis números sorteados.
Espaço Amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
Também são premiados os acertadores de 5 números
Logo,
ou de 4 números.
A partir dessas informações, julgue o item que se
3 1
P(A) = = segue.
6 2
A probabilidade de a primeira bola sorteada ser um
1 número múltiplo de 8 é de 10%.
P(B) =
6
1 1 1 ( ) CERTO ( ) ERRADO
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) = · =
2 6 12
Múltiplos de 8: {0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, 72...}
Números da Mega Sena: 1 a 60.
Os múltiplos de 8 na Mega Sena são: 8, 16, 24, 32, 40,
EXERCÍCIOS COMENTADOS 48, 56, ou seja, 7 números.
Logo 7/60 = 11%. Resposta: Errado.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um grupo de 10
pessoas, 4 são adultos e 6 são crianças. Ao se sele- 4. (CESPE – 2017) Em um jogo de azar, dois jogadores
cionarem, aleatoriamente, 3 pessoas desse grupo, a lançam uma moeda honesta, alternadamente, até que
probabilidade de que no máximo duas dessas pes- um deles obtenha o resultado cara. O jogador que deti-
soas sejam crianças é igual a ver esse resultado será o vencedor.
A probabilidade de o segundo jogador vencer o jogo
a) 1/6. logo em seu primeiro arremesso é igual a
b) 2/6.
c) 3/6. a) 2/3.
d) 4/6. b) 1/2.
e) 5/6. c) 1/4.
d) 1/8.
Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o e) 3/4.
que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para
obter os casos favoráveis. Precisamos calcular a probabilidade do primeiro
Probabilidade de sortear 3 crianças: 6/10 · 5/9 · 4/8 = 1/6 jogador tirar coroa e o segundo jogador obter cara.
1 – 1/6 = 5/6. Resposta: Letra E.
Probabilidade de o primeiro tirar coroa: 1/2 e o
segundo tirar cara: 1/2. Logo, 1/2 · 1/2 = 1/4.
2. (VUNESP – 2017) Um centro de meteorologia infor-
Resposta: Letra C.
mou ao CIPM que é de 60% a probabilidade de chuva
no dia programado para ocorrer a operação. Mediante
5. (CESPE – 2017) Cinco mulheres e quatro homens
essa informação, o oficial no comando afirmou que as
trabalham em um escritório. De forma aleatória, uma
probabilidades de que a operação seja realizada nesse
dessas pessoas será escolhida para trabalhar no plan-
dia são de 20%, caso a chuva ocorra, e de 85%, se não
140 tão de atendimento ao público no sábado. Em seguida,
outra pessoa será escolhida, também aleatoriamente, salário dos mesmos, mas podemos dividir, ainda,
para o plantão no domingo. em:
Considerando que as duas pessoas para os plantões
serão selecionadas sucessivamente, de forma aleató- „ Quantitativas Contínuas: quando a variá-
ria e sem reposição, julgue o próximo item. vel pode assumir infinitos valores entre dois
A probabilidade de os dois plantonistas serem homens números, como por exemplo a altura que
é igual ou superior a 4/9. pode variar entre 1,80m e 1,90m em infinitas
possibilidades.
( ) CERTO ( ) ERRADO „ Quantitativas Discretas: quando a variável só
pode assumir uma quantidade finita de valores
Sábado: Há 4 homens possíveis, em 9 pessoas no entre dois números, como por exemplo a quan-
total = 4/9 tidade de filhos, você não diz que tem 1,5 filhos,
Domingo: Há 3 homens possíveis, de 8 pessoas no diz? Rsrsrs. Pois é! A nossa resposta sempre
total (uma já foi escolhida no sábado) = 3/8 será 3, 4, 10 filhos.
Como queremos que seja escolhido um homem no
sábado e um homem no domingo, multiplicamos as
probabilidades: 4/9 x 3/8 = 12/72 = 4/24.
A questão é errada, pois 4/24 não é igual ou maior
que 4/9. Resposta: Errado.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2018) A tabela a seguir mostra o núme-
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
ro de funcionários que faltaram ao trabalho nos cinco
dias de uma semana em determinada empresa.
A estatística se divide em dois ramos: a Descriti-
va e a Inferencial. O primeiro ramo tem por objetivo
coletar dados através das técnicas de amostragem e NÚMERO DE
estudar ou fazer suas representações através de grá- DIAS DA SEMANA FUNCIONÁRIOS
ficos ou tabelas. Podemos usar, ainda, na Estatística FALTANTES
Descritiva o cálculo através das médias, medianas, 2ª feira 13
modas, desvio padrão, entre outros para resumir os
dados coletados. 3ª feira 9
Agora, quando falamos da Estatística Inferencial, o 4ª feira 6
objetivo principal é deduzir/inferir, a partir das infor- 5ª feira 18
mações de um conjunto de dados (amostra), algumas
informações que provierem de um conjunto de dados 6ª feira 23
mais amplo (população).
A média diária do número de funcionários que falta-
Conceitos Introdutórios de Estatística ram ao trabalho na 2a e 6a feiras, desta semana, supera
a média diária do número de funcionários que falta-
População: é o conjunto de todas as entidades ram na 3a, 4a e 5a feiras, da mesma semana, em
sob estudo. Por exemplo, podemos realizar um estu-
do estatístico sobre a população da cidade do Rio de a) 7.
Janeiro, ou então sobre a população de alunos matri- b) 8.
culados na Nova Concursos. c) 9.
Censo: quando efetuamos o censo de uma popu- d) 10.
lação, analisamos todos os indivíduos que compõem e) 11.
aquela população. Por exemplo, podemos contar todos
os alunos da Nova Concursos um por um ou podemos Vamos calcular a média de segunda e sexta:
contar todos os cachorros que existem na Cidade de (13 + 23) / 2 = 18 funcionários que faltaram ao trabalho.
São Paulo. Mas isso aqui demanda muito tempo e é Agora, vamos calcular a média de terça a quinta:
um processo custoso. (9 + 6 + 18) / 3 = 11 funcionários que faltaram ao trabalho.
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
Amostra: É um subconjunto da população. Ao Como a questão quer a diferença, fica:
invés de analisarmos, por exemplo, toda a população 18 – 11 = 7. Resposta: Letra A.
da Cidades de São Paulo para sabermos o percentual
de homens que jogam bola, podemos analisar uma 2. (CESPE-CEBRASPE – 2015) A equipe de atendentes
parcela (subconjunto) de tamanho suficiente para que de um serviço de telemarketing é constituída por 30
o resultado do estudo seja muito parecido com o que empregados, divididos em 3 grupos, que trabalham de
seria analisando a população toda. acordo com a seguinte escala.
Variável: é um atributo ou característica (sexo,
altura, salário etc.) dos elementos de uma população z Grupo I: 7 homens e 3 mulheres, que trabalham
que pretendemos avaliar. Podemos classificar uma das 6 h às 12 h.
variável da seguinte maneira: z Grupo II: 4 homens e 6 mulheres, que trabalham
das 9 h às 15 h.
z Qualitativa: quando não assume valores numéri- z Grupo III: 1 homem e 9 mulheres, que trabalham
cos, podendo ser dividida em categorias, como por das 12 h às 18 h. A respeito dessa equipe, julgue o
exemplo sexo masculino ou feminino. item que se segue.
z Quantitativa: quando puder assumir diversos
valores numéricos. Como por exemplo a altura Se, nesse serviço de telemarketing, a média das idades
dos moradores de uma determinada cidade ou o das atendentes for de 21 anos e a média das idades 141
dos atendentes for de 31 anos, então a média das ida- aritmética entre os dois termos centrais: o sétimo
des de todos os 30 atendentes será de 26 anos. (39) e o oitavo (41). Veja: Md = (39+41) / 2 = 40.
A mediana é 40. Resposta: Letra B.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Total de Homens: 7 + 4 + 1 = 12. 5. (IESES - 2019) Assinale a alternativa que representa a


Média dos homens = 31. nomenclatura dos três gráficos abaixo, respectivamente.
Média = Soma de todas as idades dos homens/Quan-
tidade de homens
31 = Soma total / 12
Soma total = 372
Total de mulheres é 3 + 6 + 9 = 18.
Média das mulheres = 21
Média = Soma de todas as idades das mulheres /
Quantidade de mulheres
21 = Soma total / 18
Soma total = 378
Média de todos os atendentes = (372 + 378) /30 = 25
A média das idades de todos os 30 atendentes será
de 25 anos. Resposta: Errado.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2018)

DIA

1 2 3 4 5

X (QUANTIDADES
DIÁRIA DE DROGAS 10 22 18 22 28
APRESENTADAS, EM KG)

Tendo em vista que, diariamente, a Polícia Federal


apreende uma quantidade X, em kg, de drogas em
determinado aeroporto do Brasil, e considerando os
dados hipotéticos da tabela precedente, que apre-
senta os valores observados da variável X em uma
amostra aleatória de 5 dias de apreensões no citado
aeroporto, julgue o item.

( ) CERTO ( ) ERRADO

A moda da distribuição dos valores X registrados na


amostra foi igual a 22 kg.
Veja que o número 22 (a quantidade diária de dro-
gas apreendidas) aparece 2 vezes (frequência = 2),
enquanto todos os outros números aparecem apenas
uma vez (frequência = 1). Logo, a moda é igual a 22.
Resposta: Certo.
a) Gráfico de Setores – Gráfico de Barras – Gráfico de
4. (FCC - 2018) Em um grupo de pessoas encontramos Linha.
as seguintes idades: 20, 30, 50, 39, 20, 25, 41, 47, 36, b) Gráfico de Pareto – Gráfico de Pizza – Gráfico de
45, 41, 52, 18, 41. A mediana é Tendência.
c) Gráfico de Barras – Gráfico de Setores – Gráfico de
a) 36. Linha.
b) 40. d) Gráfico de Linhas – Gráfico de Pizza – Gráfico de
c) 41. Barras.
d) 42. e) Gráfico de Tendência – Gráfico de Setores – Gráfico de
e) 39. Linha.

A primeira coisa a ser feita é dispor os termos em O primeiro gráfico é um gráfico de colunas ou de
ordem crescente. Ou seja, 18, 20, 20, 25, 30, 36, 39, barras. O segundo gráfico é um gráfico de setores,
41, 41, 41, 45, 47, 50, 52. que também é chamado de “gráfico de pizza”. O
Quando o número de termos é par, precisamos terceiro gráfico é um gráfico de linha. Utilizamos o
tirar a média entre as posições centrais para poder- gráfico de linha para representar séries temporais.
mos achar a mediana. Temos 14 números, então,
142 é um número par. Assim, a mediana será a média Resposta: Letra C.
CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
1,50 | - 1,60 33
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E 1,60 | - 1,70 17
GRÁFICOS APRESENTADOS EM DIFERENTES 1,70 | - 1,80 13
LINGUAGENS E REPRESENTAÇÕES
1,80 | - 1,90 17
A apresentação de dados estatísticos por meio de
tabelas e gráficos fazem parte do ramo da Estatística O símbolo “|” significa que o valor que se encontra
Descritiva. Esta tem por objetivo descrever um con- ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50
junto de dados, resumindo as suas informações prin- | - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a
cipais. Para isso, as tabelas e gráficos estatísticos são 1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas-
ferramentas muito importantes.
se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
contabilizadas.
Tabelas
Veja abaixo novamente a última tabela, agora
Para descrever um conjunto de dados, um recurso com a coluna de frequências absolutas acumuladas à
muito utilizado são tabelas, como essa abaixo, refe- direita:
rente à observação da variável “Sexo dos moradores
de São Paulo”: FREQUÊNCIAS AB-
FREQUÊNCIAS
CLASSE SOLUTAS ACUMU-
(FI)
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi) LADAS (FCA)
Masculino 34 1,50 | - 1,60 33 33
Feminino 26
1,60 | - 1,70 17 50
Observe que na coluna da esquerda colocamos as 1,70 | - 1,80 13 63
categorias de valores que a variável pode assumir, ou 1,80 | - 1,90 17 80
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
camos o número de Frequências, isto é, o número de A coluna da direita exprime o número de indiví-
observações (ou repetições) relativas a cada um dos
duos que se encontram naquela classe ou abaixo dela.
valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
Ou seja, o número acumulado de frequências do valor
60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior
Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
mos ainda representar as frequências relativas (per- daquela classe. Perceba que, para obter o número 50,
centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da
60 são 43,33%. Portanto, teríamos: classe 1,50| - 1,60). Isto é, podemos dizer que 50 pes-
soas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior
da última classe). Analogamente, 63 pessoas possuem
FREQUÊNCIAS
VALOR DA VARIÁVEL altura inferior a 1,80m.
RELATIVAS (Fri)
Masculino 56,67% Gráficos Estatísticos
Feminino 43,33%
Uma outra maneira muito utilizada para a Estatís-
Note que a frequência relativa é dada por Fi / n, tica Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns
onde Fi é o número de frequências de determinado tipos.
valor da variável, e n é o número total de observações.
Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
Colunas ou barras justapostas
pode assumir um grande número de valores distintos.
Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos-
moradores de Campinas”: RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
tas para dados agrupados por valor ou por atributo.
Vamos supor que estamos interessados nas idades de
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as
1,51m 12
respectivas frequências.
1,54m 17
1,57m 4
1,60m 2
1,63m 10
1,67m 5
1,75m 13
1,81m 15
1,89m 2

Quando isto acontece, é importante resumir os


dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu-
ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar
intervalos que chamaremos de “CLASSES”. 143
Agora suponha, por exemplo, que queremos saber Histograma
a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida-
des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar É muito utilizado na representação gráfica de
em usar um gráfico de barras justapostas. Veja: dados agrupados em classes (distribuição de fre-
quências). Imagine que realizamos uma pesquisa
sobre os salários dos funcionários de uma empresa
de cosméticos e obtivemos a seguinte distribuição de
frequências.

SALÁRIOS EM
FREQUÊNCIA
MILHARES DE REAIS
10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13
25 - 30 7

Gráfico de Setores (ou de pizza) Esses dados podem ser resumidos com um histo-
grama, como mostra o gráfico a seguir.
Esse gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
mente a relação com o total de observações. Vamos
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico
de pizza.

É importante destacar que a área de cada retângu-


lo é proporcional à frequência.

CÁLCULO DE MÉDIAS E ANÁLISE DE DESVIOS DE


CONJUNTOS DE DADOS

Média Aritmética

A média aritmética é um valor que pode substituir


todos os elementos de uma lista sem alterar a soma
dos elementos da lista. Considere que há uma lista de
Gráfico de Linha n números (x1, x2, x3, ..., xn). A soma dos termos desta
lista é igual a (x1 + x2 + x3 + ... + xn).
São mais utilizados nas representações de séries
Para calcular a média aritmética de uma lista de
temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
números, basta somar todos os elementos e dividir
o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
no número de alunos dentre as séries que estão em pela quantidade de elementos. Ou seja,
evidência para estudo dentro da escola. Observe:

Veja um exemplo: Calcular a média aritmética dos


números 5, 10, 15, 20, 50.

5+10+15+20+50 100
X= = = 20.
5
5

144 A média aritmética é igual a 20.


Média Ponderada para isso, verificar na tabela, qual o valor associado à
maior frequência. Observe:
O cálculo da média aritmética ponderada (em que
levamos em consideração os pesos de cada parte),
devemos multiplicar cada parte pelo seu respectivo ESTATURA (M) FREQUÊNCIA
peso, somar tudo e dividir pela soma dos pesos. Veja:
1,53 3

1,64 7

1,71 10
Interpretando a fórmula, temos uma lista de
1,77 15
números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2,
p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada 1,80 5
pela fórmula apresentada acima.
Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular 1,81 2
para Engenharia e realizou provas de
Matemática, Física, Química, História e Biologia. 1,89 1
Suponha que o peso de Matemática seja 4, de Física
seja 4, de Química seja 2, de História seja 1 e de Bio- Na tabela acima, a maior frequência (15) está asso-
logia seja 1. Suponha ainda que o estudante obteve as ciada à altura 1,77. Portanto, a moda é 1,77.
seguintes notas:
Mediana
MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)
Uma outra medida que estudamos em Estatística
Matemática 9,7 4
é a mediana (ou valor mediano), que é definida como
Física 8,8 4 número que se encontra no centro de uma série de
números, estando estes de forma organizada segundo
Química 7,3 2
um padrão. Ou seja, é o valor situado de tal forma no
História 6,0 1 conjunto que o separa em dois subconjuntos de mes-
mo número de elementos. Veja os exemplos abaixo.
Biologia 5,7 1
A: {2;2;3;8;9;9} = a mediana é 3.
B: {1;5;5;7;8;9;9;9} = a mediana é a média entre os
Vamos calcular a média ponderada das notas des- dois termos centrais, ou seja, (7+8)/2 = 7,5.
se aluno: Agora, observe esse outro exemplo abaixo e perce-
ba que os dados não estão ordenados.
9,7 × 4 + 8,8 × 4 + 7,3×2 + 6,0×2 + 5,7×1 C: {2;3;3;7;6;6;8;5;5;5}
X= Para acharmos a mediana é necessário ordenar
4+4+2+1+1 os números primeiro e depois fazer a média entre os
dois termos centrais, pois o número de elementos é
38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7 par. Vejamos:
X= C: {2;3;3;5;5;5;6;6;7;8} = a mediana é a média entre
5
os termos centrais, ou seja, (5+5)/2 = 10.

100,3
X= =20,06 Dica
5
Moda = elemento(s) que mais aparece(m).
Mediana = elemento central de um conjunto de RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
Moda números.
� Se a quantidade de elementos for ímpar, então,
A moda é definida como sendo aquele valor ou
a mediana é o termo do centro.
valores que ocorrem com maior frequência em um
rol. É interessante saber que a moda pode não existir � Se a quantidade de elementos for par, então,
e, quando existir, pode não ser única. Veja os exem- a mediana será a média entre os dois elementos
plos abaixo: centrais.
A: {1;1;2;3;3;4;5;5;5;7} = Mo = 5
B: {3;4;6;8;9;11} = não tem moda Desvio
C: {2;3;3;3;5;6;6;7;7;7;8;9;10} = tem duas modas, ou
seja, M1 = 3 e M2=7. Vejamos o seguinte conjunto de dados X = {x1, x2, x3,
… xn} e um número real qualquer m. O desvio de um
Caminhando um pouco mais dentro do nosso
estudo de Estatística, vejamos agora um exemplo de número qualquer do conjunto X em relação ao núme-
quando temos os dados dispostos em uma tabela com ro m é a diferença entre eles, que pode ser represen-
frequências e não agrupados em classes. Quando isso tada pela fórmula:
acontece, a localização da moda é imediata, bastando di = xi – m 145
Dica Algo que é importante de se lembrar e precisa ser
explanado é que quando os dados estiverem agrupa-
� A soma dos desvios tomados em relação à
dos, precisamos calcular a média ponderada dos des-
média aritmética é sempre nula.
vios, em que os pesos são as frequências. Veja como
� A soma dos quadrados dos desvios é mínima fica a fórmula:
quando os desvios são calculados em relação à
média aritmética.
� A soma dos módulos (valores absolutos) dos
desvios é mínima quando os desvios são calcu-
lados em relação à mediana.
O cálculo do desvio médio com dados agrupados é
Vamos analisar uma questão de concurso para feito multiplicando cada desvio (em módulo) pela sua
sabermos como esse assunto é cobrado. respectiva frequência, somando os resultados e divi-
dindo por n.

Variância
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (VUNESP – 2015) Uma pequena empresa que empre-
ga apenas cinco funcionários paga os seguintes salá-
rios mensais (em mil reais):

A variância é a média aritmética dos quadrados


dos desvios. Ou seja, para calcular a variância, deve-
mos elevar cada um dos desvios ao quadrado, somar
todos os valores, e dividir por “n”, que é a quantidade
Considerando a média dos salários, o valor do desvio de elementos. A variância é representada simbolica-
do salário de quem ganha R$ 1.400,00 mensais é mente por 2.

a) −1.000 Desvio Padrão


b) −400
c) 0 Aqui não temos muito o que ficar falando, pois, o
d) 200 desvio padrão está inteiramente ligado a variância. O
e) 400 desvio padrão é a raiz quadrada da variância. A sua
representação simbólica é dada por σ
Primeiro, vamos calcular a média salarial (Ms): O desvio padrão é a raiz quadrada da variân-
900+1200+1400+1500+2000 2
cia ( v = v ). A variância é o quadrado do desvio
Ms = = 1400 2
padrão v ).
5 Só há dois casos em que a variância e o desvio
Como estamos estudando e aprendendo sobre o assun- padrão são iguais, que é quando ambos valem zero ou
to, vou fazer o cálculo de todos os desvios em relação ambos valem 1, isso porque 02 = 0 e 12 = 1.
à média, mas podemos calcular apenas o valor do des- Vale ressaltar, também, que a variância e o desvio
vio de quem ganha R$ 1400,00 e achar o gabarito mais padrão só serão iguais a zero se todos os elementos
rápido. Usamos a nossa relação, temos: forem iguais. Se os elementos forem todos iguais,
todos os desvios serão iguais a zero. Consequentemen-
di = xi - m te, a variância será nula e também o desvio padrão.
d1 = 900 – 1400 = -500
d2 = 1200 – 1400 = -200
d3 = 1400 – 1400 = 0 Importante!
d4 = 1500 – 1400 = 100
d5 = 2000 – 1400 = 600 Quando os dados são todos iguais, não há dis-
persão. Todas as medidas (desvio médio, variân-
O valor do desvio de quem ganha R$ 1400,00 é d3 = cia, desvio padrão, etc.) são iguais a zero.
1400 – 1400 = 0. Resposta: Letra C.

Desvio Absoluto Médio Vamos analisar dois exemplos em que foram


cobrados esses tópicos em concurso público. Observe:
O desvio absoluto médio também pode ser cha-
mado de desvio médio. Para calcularmos, usamos a
seguinte fórmula:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2019) O desvio padrão dos valores 2, 6, 4,
3, e 5 é, aproximadamente,

a) 2,00.
O desvio médio é uma medida de dispersão que b) 1,83.
146 leva em consideração todos os valores. c) 1,65.
d) 1,41. NÚMERO DE
e) 1,29. DIAS DA SEMANA FUNCIONÁRIOS
FALTANTES
Vamos calcular a média dos valores:
2ª feira 13
3ª feira 9
2+6+4+3+5
x = =4 4ª feira 6
5 5ª feira 18
Agora, vamos calcular a média dos quadrados: 6ª feira 23

22+62+42+32+52 A média diária do número de funcionários que falta-


x2= = 18 ram ao trabalho na 2a e 6a feiras, desta semana, supera
5 a média diária do número de funcionários que falta-
Aplicando a fórmula da variância: ram na 3a, 4a e 5a feiras, da mesma semana, em
σ2 = (Média dos quadrados) – (Média)2
a) 7.
σ2 = 18 – 42 = 18 – 16 = 2 b) 8.
c) 9.
O desvio padrão é a raiz quadrada da variância:
d) 10.
2 = e) 11.
σ= v 2 b 1, 41. Resposta: Letra D.
Vamos calcular a média de segunda e sexta:
2. (UFMT – 2017) Um conjunto de dados sobre a plaque-
(13 + 23) / 2 = 18 funcionários que faltaram ao
topenia de pacientes com dengue tem variância igual trabalho.
a zero. Pode-se concluir que também vale zero Agora, vamos calcular a média de terça a quinta:
(9 + 6 + 18) / 3 = 11 funcionários que faltaram ao
a) a média. trabalho.
b) o desvio padrão. Como a questão quer a diferença, fica:
c) a mediana. 18 – 11 = 7. Resposta: Letra A.
d) a moda.
2. (CESPE – 2015) A equipe de atendentes de um servi-
O desvio padrão é a raiz quadrada da variância. Se ço de telemarketing é constituída por 30 empregados,
a variância é igual a zero, então, o desvio padrão divididos em 3 grupos, que trabalham de acordo com
2 = a seguinte escala.
vale σ = v 0 = 0 . Resolução: Letra B.
z Grupo I: 7 homens e 3 mulheres, que trabalham
Coeficiente de Variação
das 6 h às 12 h.
z Grupo II: 4 homens e 6 mulheres, que trabalham
O coeficiente de variação é a razão entre o desvio das 9 h às 15 h.
padrão e a média, o qual pode ser calculado usando a z Grupo III: 1 homem e 9 mulheres, que trabalham
seguinte fórmula: Cv = σ / x . das 12 h às 18 h. A respeito dessa equipe, julgue o
É muito comum que o coeficiente de variação seja item que se segue.
expresso em porcentagem.
Logo, se σ = 1 cm e x = 10 cm, temos: Se, nesse serviço de telemarketing, a média das ida-
des das atendentes for de 21 anos e a média das ida-
Cv = 1 / 10 = 0,10 = 10%. des dos atendentes for de 31 anos, então a média das
idades de todos os 30 atendentes será de 26 anos.
Variância Relativa RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Uma outra medida de dispersão que podemos fa-
lar, ainda, é a variância relativa. A variância relativa é Total de Homens: 7 + 4 + 1 = 12.
simplesmente o quadrado do coeficiente de variação. Média dos homens = 31.
Média = Soma de todas as idades dos homens/Quan-
Pode ser representada simbolicamente por Vr = (Cv)2.
tidade de homens
Usando o mesmo exemplo anteriormente, temos:
31 = Soma total / 12
Se σ = 1 cm e x = 10 cm, temos: Soma total = 372
Cv = 1 / 10 = 0,10 = 10%. Total de mulheres é 3 + 6 + 9 = 18.
Logo, Vr = (1/10)2 = 1/100 = 0,01 = 1%. Média das mulheres = 21
Média = Soma de todas as idades das mulheres /
Quantidade de mulheres
EXERCÍCIOS COMENTADOS 21 = Soma total / 18
Soma total = 378
1. (VUNESP – 2018) A tabela a seguir mostra o núme- Média de todos os atendentes = (372 + 378) /30 = 25
ro de funcionários que faltaram ao trabalho nos cinco A média das idades de todos os 30 atendentes será
dias de uma semana em determinada empresa. de 25 anos. Resposta: Errado. 147
3. (CESPE – 2018)

DIA

1 2 3 4 5

X (QUANTIDADES
DIÁRIA DE DROGAS 10 22 18 22 28
APRESENTADAS, EM KG)

Tendo em vista que, diariamente, a Polícia Federal


apreende uma quantidade X, em kg, de drogas em
determinado aeroporto do Brasil, e considerando os
dados hipotéticos da tabela precedente, que apre-
senta os valores observados da variável X em uma
amostra aleatória de 5 dias de apreensões no citado
aeroporto, julgue o item.

( ) CERTO ( ) ERRADO

A moda da distribuição dos valores X registrados na


amostra foi igual a 22 kg.
Veja que o número 22 (a quantidade diária de dro-
gas apreendidas) aparece 2 vezes (frequência = 2),
enquanto todos os outros números aparecem apenas
uma vez (frequência = 1). Logo, a moda é igual a 22. a) Gráfico de Setores – Gráfico de Barras – Gráfico de
Resposta: Certo. Linha.
b) Gráfico de Pareto – Gráfico de Pizza – Gráfico de
4. (FCC - 2018) Em um grupo de pessoas encontramos Tendência.
as seguintes idades: 20, 30, 50, 39, 20, 25, 41, 47, 36,
c) Gráfico de Barras – Gráfico de Setores – Gráfico de
45, 41, 52, 18, 41. A mediana é
Linha.
d) Gráfico de Linhas – Gráfico de Pizza – Gráfico de
a) 36.
Barras.
b) 40.
c) 41. e) Gráfico de Tendência – Gráfico de Setores – Gráfico de
d) 42. Linha.
e) 39.
O primeiro gráfico é um gráfico de colunas ou de
A primeira coisa a ser feita é dispor os termos em barras. O segundo gráfico é um gráfico de setores,
ordem crescente. Ou seja, 18, 20, 20, 25, 30, 36, 39, que também é chamado de “gráfico de pizza”. O
41, 41, 41, 45, 47, 50, 52. terceiro gráfico é um gráfico de linha. Utilizamos o
Quando o número de termos é par, precisamos tirar gráfico de linha para representar séries temporais.
a média entre as posições centrais para podermos
Resposta: Letra C.
achar a mediana. Temos 14 números, então, é um
número par. Assim, a mediana será a média aritmé-
tica entre os dois termos centrais: o sétimo (39) e o
oitavo (41). Veja: Md = (39+41) / 2 = 40.
A mediana é 40. Resposta: Letra B. NOÇÕES BÁSICAS DE TEORIA DOS
CONJUNTOS
5. (IESES - 2019) Assinale a alternativa que representa a
nomenclatura dos três gráficos abaixo, respectivamente. Conjunto é uma reunião de elementos ou pessoas
que possuem a mesma característica, por exemplo,
numa festa pode haver o conjunto de pessoas que só
bebem cerveja ou o conjunto daquelas que só gostam
de músicas eletrônicas.
Representamos um conjunto da seguinte forma:

Conjunto X

148
Podemos afirmar que no interior do círculo há Vamos analisar uma outra situação:
todos os elementos que pertencem (compõem) ao con-
junto X, já na parte externa do círculo, estão todos os X Y
elementos que não fazem parte de X, ou seja, “y” não
pertence ao conjunto X.

Dica
X–Y X∩Y Y–X
No gráfico acima podemos dizer que o elemento
“x” pertence ao conjunto X e o elemento “y” não
pertence.

Matematicamente, usamos o símbolo Є para indi- Nesta representação, podemos interpretar a região
car essa relação de pertinência. Isto é: x Є X, já o ele- X – Y (diferença de conjuntos) como sendo a região for-
mento “y” não pertence ao conjunto X, onde usamos o mada pelos elementos de X que não fazem parte do con-
símbolo ∉ para essa relação de não pertinência. Mate- junto Y. Veja o exemplo:
maticamente: y ∉ X.
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Complemento de um conjunto Y = {5, 6, 7, 9, 10}
X – Y = basta tirar de X os elementos que estão nele
O complemento de X é o conjunto formado por e também em Y, ou seja,
todos os elementos do Universo e o elemento “y” faz
X – Y = {2, 3, 4, 8}
parte dele, claro que com exceção daqueles que estão
presentes em X. Representamos o complemento, ou Já no caso da região Y – X, temos:
complementar, pelo símbolo XC. Podemos afirmar X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
que “y” não pertence a X, mas pertence ao conjunto Y = {5, 6, 7, 9, 10}
complementar de X: matematicamente: y Є XC. Y – X = {9, 10}

Interpretando regiões e conhecendo a Interseção e Podemos falar, também, da região de interseção


União de Conjuntos dos conjuntos X ∩ Y.
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Uma outra situação é quando temos dois conjuntos Y = {5, 6, 7, 9, 10}
(X e Y), podemos representar da seguinte forma, no X ∩ Y = {5, 6, 7}
geral:
E por fim, vamos identificar a união entre os
conjuntos X e Y. Observe que vamos juntar todos os
X Y elementos dos dois conjuntos, mas sem repetir os ele-
mentos presentes na interseção. Veja:
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Y = {5, 6, 7, 9, 10}
X ∪ Y = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}

Relação de “Contém”/“Não Contém” e “Está


a b c Contido”/“Não Está Contido” entre Conjuntos

Em algumas situações, a intersecção entre os con-


d juntos X e Y pode ser todo o conjunto Y, por exemplo.
Isso acontece quando todos os elementos de B são tam-
Interpretando os conjuntos acima, temos: bém elementos de A. Veja isso no gráfico abaixo: RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
O elemento “a” pertence apenas ao conjunto X,
pois ele está numa região que não tem contato com
X
o conjunto Y, já o elemento “c” faz parte somente ao
conjunto Y.
Perceba que o elemento “b” pertence aos dois con-
juntos, ou seja, faz parte da interseção entre os con-
juntos X e Y. A representação simbólica é feita por X ∩ Y
Y. Como o elemento “b” faz parte dessa região, temos:
b Є (X ∩ Y) – o elemento “b” pertence à interseção
dos conjuntos X e Y.
Já o elemento “d” não faz parte de nenhum dos
dois conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não per- Perceba que realmente X ∩ Y = Y. Quando temos
tence à União entre os conjuntos X e Y. A união é a jun- a situação acima, podemos dizer que o conjunto Y
ção das regiões dos dois conjuntos e é representada está contido no conjunto X, representado matemati-
simbolicamente por X ∪ Y. Assim, camente por Y ⊂ X. Ou podemos dizer ainda que o
d ∉ (X ∪ Y) – o elemento “d” não pertence à união conjunto X contém o conjunto Y, representado mate-
entre os conjuntos X e Y. maticamente por X ⊃ Y. 149
SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO
Importante!
⊃ contém Indica que determina-
Entenda a diferença: do conjunto contém
● Falamos que um ELEMENTO pertence ou não outro conjunto.
pertence a um CONJUNTO; ⊅ não contém Indica que determina-
do conjunto não con-
● Falamos que um CONJUNTO está contido ou tém outro conjunto.
não está contido em outro CONJUNTO.
| tal que Serve para fazer a li-
gação entre a compo-
Representação de Conjunto usando Chaves sição de um conjunto
na “representação em
Geralmente usamos letras maiúsculas para repre- chaves”.
sentar os nomes de conjuntos, e minúsculas para A∪B união de Lê-se como “X união
representar elementos. Ex.: A = {4, 6, 7, 9}; B = {a, b, c, conjuntos Y”.
d} etc. Ainda podemos utilizar notações matemáticas
A∩B interseção de Lê-se como “X inter-
para representar os conjuntos. Veja o exemplo abaixo:
conjuntos secção Y”.

A = {∀ x Є Z | x ≥ 0} A-B diferença de Lê-se como “diferen-


conjuntos ça de A com B”.
Podemos entender e fazer a leitura do conjunto XC complementar Refere-se ao comple-
acima da seguinte maneira: o conjunto A é composto mento do conjunto X.
por TODO x pertencente ao conjunto dos números intei-
ros, TAL QUE x é maior ou igual a zero. Diagrama de VENN
Agora, veja um outro exemplo:
Vamos entender como se resolve questões que
B = {∃ x Є Z | x > 5} envolvem Operações com Conjuntos se relacionan-
do. Acompanhe os exemplos abaixo e a maneira como
Uma interpretação para o conjunto é: no conjunto desenvolvemos suas resoluções.
B EXISTE x pertencente ao conjunto dos números intei- Exemplo 1: Em uma sala de aula, 20 alunos gostam
ros, TAL QUE x é maior do que 5. de Matemática, 30 gostam de Português, e 10 gostam
Agora vamos esquematizar todas as simbologias
das duas matérias. Sabendo que 5 alunos não gostam
para que você possa gravar mais facilmente e aplicar na
de nenhuma dessas duas matérias, quantos alunos há
hora de resolver as questões. Observe a tabela abaixo:
nessa sala de aula?

SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO Siga os passos abaixo:


{,} chaves Ex: X = {a,b,c} repre-
senta o conjunto X 1. Identifique os conjuntos;
composto por a, b e c. 2. Represente em forma de diagramas;
3. Preencha as informações de dentro para fora (da
{ } ou ∅ conjunto vazio Significa que o con-
junto não tem elemen- interseção para as demais informações);
tos, é um conjunto 4. Preencha as demais informações no diagrama;
vazio. 5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos
∀ para todo Significa “Para todo” envolvidos.
ou “Para qualquer que
seja”. Vamos a resolução:

Є pertence Indica relação de


pertinência de 1. Identifique os conjuntos;
elementos. 2. Represente em forma de diagramas;
∉ não pertence Indica relação de
não pertinência de Matemática Português
elementos.
∃ existe Indica relação de
existência.
∄ não existe Indica que não há re-
lação de existência.
⊂ está contido Indica que um con-
junto está contido em
outro conjunto.
⊄ não está contido Indica que um conjun-
to não está contido 3. Preencha as informações de dentro para fora (da
150 em outro conjunto. interseção para as demais informações);
Matemática Português n(M ∪ P) = n(M) + n(P) – n(M ∩ P)
n(M ∪ P) = 20 + 30 – 10
n(M ∪ P) = 40

Temos 40 alunos que gostam de Matemática ou


Português (aqui já está incluso quem gostam das duas
matérias). Para finalizar a resolução, devemos apenas
somar os 5 alunos que não gostam das duas matérias.
10
Assim, 40 + 5 = 45 alunos no total dessa sala.
Exemplo 2: Assim como nos problemas com 2 con-
juntos, quando nós tivermos 3 conjuntos será possível
resolver o problema por meio de Diagramas de Venn ou
4. Preencha as demais informações no diagrama; por meio de fórmula. Acompanhe a resolução do exemplo:
André, Bernardo e Carol ouviram certa quantida-
Matemática (20) Português (30) de de músicas. Nenhum deles gostou de seis músicas
e os três gostaram de dez músicas. Além disso, hou-
ve doze músicas que só André e Bernardo gostaram,
nove músicas que só André e Carol gostaram e quatro
músicas que só Bernardo e Carol gostaram. Não houve
música alguma que somente um deles tenha gostado.
O número de músicas que eles ouviram foi?
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20 Siga os passos abaixo:

1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;
5 3. Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações);
Total = X 4. Preencha as demais informações no diagrama;
20 gostam de Matemática 5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos
envolvidos.
30 gostam de Português
10 gostam dos dois
Vamos a resolução:
10 gostam apenas de Matemática
20 gostam apenas de Português
1. Identifique os conjuntos;
5 não gostam de nenhuma 2. Represente em forma de diagramas;

5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos André Bernardo


envolvidos;

Matemática (20) Português (30)

20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20

Carol
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
5

10+10+20+5 = X 3. Preencha as informações de dentro para fora (da


X = 45 alunos é o total dessa sala. interseção para as demais informações);
Também seria possível resolver esse tipo de ques-
tão usando a seguinte fórmula: André Bernardo

n(X ∪ Y) = n(X) + n(Y) – n(X ∩ Y)

Esta fórmula nos diz que o número de elementos


da União entre os conjuntos X e Y (X ∪ Y) é dado pelo
10
número de elementos de X, somado ao número de ele-
mentos de Y, subtraído do número de elementos da
interseção (X ∩ Y). Aplicando no exemplo, temos:
Carol
Matemática (M)
Português (p) 151
4. Preencha as demais informações no diagrama; Nessa situação hipotética,
250 contêineres foram carregados somente com car-
André Bernardo ne suína.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Vamos extrair as informações e colocar dentro dos


0 12 0 diagramas:
� 800 contêineres distribuição;
10 � 0 contêineres com os 3 produtos;
� 300 contêineres carne bovina;
9 4
� 450 contêineres carne suína;
0 Carol � 100 contêineres com frango e carne bovina;
� 150 contêineres com carne suína e carne bovina;
6 � 100 contêineres com frango e carne suína.

Colocamos o número 10 bem no centro, pois sabe- Bovina Frango


mos que os três gostaram de dez músicas, depois
preenchemos com as demais informações: 50 100 X
12 músicas que SOMENTE André e Bernardo gosta-
ram (na interseção entre os 2 apenas);
9 que SOMENTE André e Carol gostaram;
4 que SOMENTE Bernardo e Carol gostaram; 0
6 músicas que ninguém gostou (de fora dos três
conjuntos). 150 100
Os “zeros” representam o fato de que não houve
música que somente um deles tenha gostado.
200 Suína
Logo, vem a última etapa:

5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos


envolvidos;
Veja que apenas 200 contêineres foram carregados
Total = X somente com carne suína. Resposta: Errado.
6+0+12+10+9+0+4+0=X
X = 41 músicas 2. (CESPE – 2018) Determinado porto recebeu um gran-
de carregamento de frango congelado, carne suína
Questões com três conjuntos podem ser resolvidos
usando a fórmula abaixo: congelada e carne bovina congelada, para exporta-
ção. Esses produtos foram distribuídos em 800 con-
n(X ∪ Y ∪ Z) = n(X) + n(Y) + n(Z) – n(X ∩ Y) – n(X têineres, da seguinte forma: nenhum contêiner foi
∩ Z) – n(Y ∩ Z) + n(X ∩ Y ∩ Z) carregado com os três produtos; 300 contêineres
foram carregados com carne bovina; 450, com carne
Traduzindo a fórmula:
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
Total de elementos da união = soma dos conjuntos – suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína.
interseções dois a dois + interseção dos três Nessa situação hipotética,
Bom! Já vimos a teoria e precisamos praticar o que
50 contêineres foram carregados somente com carne
aprendemos, não é mesmo? VAMOS PRATICAR!
bovina.

( ) CERTO ( ) ERRADO
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
1. (CESPE – 2018) Determinado porto recebeu um gran-
diagramas:
de carregamento de frango congelado, carne suína
congelada e carne bovina congelada, para exporta- � 800 contêineres distribuição;
ção. Esses produtos foram distribuídos em 800 con- � 0 contêineres com os 3 produtos;
têineres, da seguinte forma: nenhum contêiner foi � 300 contêineres carne bovina;
carregado com os três produtos; 300 contêineres � 450 contêineres carne suína;
foram carregados com carne bovina; 450, com carne
� 100 contêineres com frango e carne bovina;
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína. � 150 contêineres com carne suína e carne bovina;
152 � 100 contêineres com frango e carne suína.
Bovina Frango A B

50 100 X

X 6 25 – 6 – x =

0
19 – x

150 100

200 Suína

C 5
Veja que exatamente 50 contêineres foram carrega-
dos somente com carne bovina. Resposta: Certo.

3. (CESPE – 2018) Determinado porto recebeu um gran-


de carregamento de frango congelado, carne suína
congelada e carne bovina congelada, para exporta-
Sabemos que o número de pessoas que estiveram em
ção. Esses produtos foram distribuídos em 800 con-
B é dado pela soma 6 + (19 – X). Ou seja,
têineres, da seguinte forma: nenhum contêiner foi
11 = 6 + (19 – X)
carregado com os três produtos; 300 contêineres 11 = 25 – X
foram carregados com carne bovina; 450, com carne X = 25 – 11
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne X = 14
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína. Logo, as pessoas que estiveram em A são X + 6 = 14
Nessa situação hipotética, + 6 = 20. Resposta: Certo.
400 contêineres continham frango congelado.
5. (CESPE – 2016) Situação hipotética: A ANVISA reali-
( ) CERTO ( ) ERRADO zará inspeções em estabelecimentos comerciais que
são classificados como Bar ou Restaurante e naqueles
Com as informações colocadas nos diagramas na que são considerados ao mesmo tempo Bar e Restau-
questão anterior, podemos somar todas as informa- rante. Sabe-se que, ao todo, são 96 estabelecimentos
ções que não possuem contato com o conjunto de a serem visitados, dos quais 49 são classificados
frango e subtrair do total. Veja: como Bar e 60 são classificados como Restaurante.
� 50 (só bovinos); Assertiva: Nessa situação, há mais de 15 estabeleci-
� 150 (bovinos e suínos); mentos que são classificados como Bar e como Res-
� 200 (só suínos). taurante ao mesmo tempo.
Somando tudo isso, teremos 400 contêineres com
outras carnes, o que sobrou do total será a resposta ( ) CERTO ( ) ERRADO
para a questão.
Extraindo os dados:
800-400= 400 contêineres contêm franco. (Lem-
TOTAL: 96;
bre-se, a banca não perguntou SOMENTE frango).
BAR: 49;
Logo, 400 contêineres continham frango congelado.
RESTAURANTE: 60.
Resposta: Certo. Somando tudo, temos 49 + 60 = 109. Passou o total de
96, porque estamos contando 2x vezes os estabeleci-
4. (CESPE – 2018) Em um aeroporto, 30 passageiros que mentos que estão na interseção. Logo, descontamos
desembarcaram de determinado voo e que estiveram o que passou do total. 109 - 96 = 13 estabelecimentos
nos países A, B ou C, nos quais ocorre uma epidemia que são classificados como Bar e como Restaurante RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
infecciosa, foram selecionados para ser examinados. ao mesmo tempo. Resposta: Errado.
Constatou-se que exatamente 25 dos passageiros
selecionados estiveram em A ou em B, nenhum des-
ses 25 passageiros esteve em C e 6 desses 25 passa-
geiros estiveram em A e em B. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE
Com referência a essa situação hipotética, julgue os
itens que se seguem DIFERENTES REPRESENTAÇÕES DE
Se 11 passageiros estiveram em B, então mais de 15 FIGURAS PLANAS, COMO DESENHOS,
estiveram em A. MAPAS E PLANTAS
( ) CERTO ( ) ERRADO UTILIZAÇÃO DE ESCALAS

Dos 30 passageiros, são 25 que estiveram APENAS A escala é a razão constante entre qualquer gran-
em A ou B, de modo que os outros 5 passageiros esti- deza química ou física que possamos fazer uma com-
veram APENAS em C. Veja ainda que 6 passageiros paração, isso quando nos referimos às medidas de
estiveram A e B, de modo que os outros 19 estiveram áreas. Já quando estamos falando de um desenho
somente em um desses dois países. Logo, ou mapa, chamamos de escala cartográfica. É uma 153
relação matemática entre as dimensões apresenta- Podemos usar a seguinte classificação quanto ao
das no desenho e o objeto real por ele apresentado. É tamanho da representação:
importante lembrar que as dimensões devem ser sem- Escala natural: representada numericamente
pre usadas na mesma unidade. Podemos representar como 1:1 ou 1/1. É usada quando o tamanho do objeto
da seguinte forma: (físico) representado no plano é igual ao tamanho na
realidade.
Escala = medida no desenho : medida no objeto real Escala reduzida: quando o tamanho real é maior
do que a área representada em escala. Costuma ser
ou usada na geografia em mapas de territórios ou plantas
de habitações.
Escala = medida no desenho / medida no objeto real Escala ampliada: quando o tamanho gráfico é
maior do que o real. É usada para mostrar detalhes
Por exemplo, se um mapa apresenta a escala 1:30, mínimos de determinada área, principalmente de
significa que 1 cm no mapa é equivalente a 30 cm na espaços com tamanhos pequenos.
área real. Caso seja necessário indicar que cada cen-
tímetro de um mapa representa 1 metro na área real, Dica
utilizamos a escala 1:100 ou ainda 1/100. Repare que
convertemos 1 metro para centímetros (100 centíme- A escala é inversamente proporcional, ou seja,
tros), pois ambas as medidas precisam estar na mes- quanto maior a escala, menos detalhes há, pois
ma unidade. é menor a área representada no mapa e quanto
Geralmente as escalas aparecem em figuras ou menor a escala, maior a área representada no
mapas da seguinte maneira: mapa (mais detalhes).

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2020) Maurício desenhou um mapa com
um percurso partindo da empresa em que trabalha até o
local onde será realizada uma festa para os funcionários.
Nesse mapa, 1 cm corresponde a 2 km de distância real.
Se no mapa o percurso é de 12 cm, a distância real é de

a) 240 km.
b) 200 km.
c) 122 km.
d) 50 km.
e) 24 km.

Por meio de regra de três:


1cm ------- 2km
12cm -------X
1.X=12.2
X=24 km
Resposta: letra E.

2. (CONSESP – 2018) Num mapa de escala gráfica


representado por 1: 20.000.000, a capital São Luis se
distancia 7 cm da capital baiana. Qual é a distância
real em linha reta entre as duas capitais?

a) 140 km
b) 285, 7 km
c) 310 km
d) 1400 km

1 cm ------------- 200 km
7cm -------------- x km
x = 7 . 200
x = 1400 km
Resposta: Letra D.

3. (IBADE – 2018) Caso um pesquisador queria fazer


um estudo somente sobre a cidade Madrid, a partir
do mapa a seguir da península Ibérica, deve-se ter o
seguinte prosseguimento na construção do mapa
Fonte: Google.
com base na concepção de escala cartográfica:
154
O mapa apresenta uma linha reta de 2 centímetros,
equivalente a distância entre os municípios de Goiânia
e Cristalina. Isso significa dizer que

a) Cristalina fica 150 km de distância do município de


Goiânia.
b) Cristalina fica 75 km de distância do município de
Goiânia.
c) Cristalina fica 300 km de distância do município de
Goiânia.
d) Cristalina fica 37,5 km de distância do município de
Goiânia.

Distância real (D)


Distância no mapa (d)
Escala (E)
D = E x d= 75x2= 150 km
a) aumentar a escala para aumentar o detalhamento. Resposta: Letra A.
b) diminuir a escala para aumentar o detalhamento.
c) diminuir a escala para diminuir a área representada. VISUALIZAÇÃO DE FIGURAS ESPACIAIS EM
d) aumentar a escala para aumentar a área representada. DIFERENTES POSIÇÕES, REPRESENTAÇÕES
BIDIMENSIONAIS DE PROJEÇÕES, PLANIFICAÇÕES
Uma questão de pura interpretação sobre os conhe- E CORTES
cimentos de escalas. Veja:
Escala maior é igual a Área menor com Detalhe maior. Ponto, Reta e Plano
Escala menor é igual a Área maior com Detalhe menor.
Logo, deve-se aumentar a escala para aumentar o
Quando falamos sobre ponto, reta e plano, deve-
detalhamento. Resposta: Letra A.
mos ficar atentos que a parte mais importante é em
4. (IBADE – 2018) A distância entre uma cidade localiza- relação a sua representação geométrica e espacial.
da na região norte do país e outra localizada no Uru- Representação Simbólica:
guai é de 4.200 quilômetros. A distância sobre uma
representação cartográfica é de 105 mm. Dessa for- z Os pontos são representados por letras maiúsculas
ma, a escala cartográfica da representação é de: do nosso alfabeto, ou seja, A, B, C, ...etc.
z As retas são representadas pelas letras minúsculas
a) 1:4.200.000. do nosso alfabeto, ou seja, a, b, c, ...etc.
b) 1:10.500.000. z Os planos são representados pelas letras gregas
c) 1:105 000. minúsculas, ou seja, β, ∞, α, ...etc.
d) 1:40.000.000.
Representação Gráfica
E = d/D (Escala = mapa / realidade)
105mm = 10,5cm r
4200km = 420000000cm
1/x = 420000000/10,5 P
α
X= 1:40 000 000. Resposta: Letra D.
ponto
5. (ITAME – 2019) Analise o mapa a seguir para respon-
der corretamente.
reta plano

Vamos agora sobre alguns pontos interessantes:


RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
z Passando por um ponto “P” qualquer podemos tra-
çar infinitas retas e dois pontos determinam uma
única reta. Veja:

Pelo ponto P podemos Os pontos A e B definem a


traçar infinitas retas posição de uma reta

A
P

155
z Pontos colineares são aqueles que pertencem à Reta s
s
mesma reta.

Segmento de Reta AB
C A B t
B
A B Semirreta AB
A B u
A c
r
COLINEARES Feixe de Retas Paralelas
r
NÃO COLINEARES
Um conjunto de três ou mais retas paralelas num
plano é chamado feixe de retas paralelas. Temos, ain-
z Um plano pode ser determinado de algumas da, uma reta que corta a reta de feixe que é chamada
maneiras. Veja: de reta transversal. Veja:

„ Três pontos não colineares s t

C α a

B c
A

„ Por uma reta e um ponto fora dela


Teorema de Tales
P α
Quando temos um feixe de retas paralelas sobre
duas transversais quaisquer, determinamos segmen-
tos proporcionais. Veja a figura abaixo para entender
um pouco mais:
r A B
s t

A D a
z Por duas retas concorrentes
B E
b
α
C F
c
S C
D G
d
r A B

Vamos destacar algumas proporções:

z Por duas retas distintas AB ⁄ BC = DE ⁄ E F


BC ⁄ AB = EF ⁄ DE
α AB ⁄ D E = BC ⁄ E F
D E ⁄ AB = EF ⁄ BC

Ângulos
S
Ângulo é a medida de uma abertura delimitada
r por duas semi-retas. Veja na figura abaixo o ângulo
A, que é a abertura delimitada pelas duas semi-retas
desenhadas:
Razão entre Segmentos de Reta

Quando dois pontos delimitam um conjunto de


pontos numa mesma reta, chamamos de segmento de
reta e podemos representar por duas letras como, por A
exemplo AB. O início do segmento é em A e termina
156 em B. Veja abaixo:
O ponto desenhado acima no encontro entre as
duas semi-retas é denominado “Vértice do ângulo”.
Um ângulo é medido de acordo com a sua abertura. A/2
Dizemos que uma abertura completa mede 360 graus
(360º). Veja: A/2

Agora observe esse cruzamento de retas. Vamos


tirar algumas conclusões interessantes.
A
B

A
C
D
Como 360 representam uma volta completa, 180º
o

representam meia-volta, como você pode ver abaixo: Os ângulos formados pelo cruzamento das retas
são denominados ângulos opostos pelo vértice e tem
180° o mesmo valor. Ou seja, A = C e B = D.
Os ângulos A e B são suplementares, pois a soma
entre eles é de 180o, assim como a soma dos ângulos B
e C, C e D, e D e A.

Por sua vez, 90o representa metade de meia-volta,


Dica
isto é, ¼ de volta. Este ângulo é conhecido como ângu- Ângulos opostos pelo vértice têm a mesma
lo reto, e tem uma representação bem característica: medida.

Uma outra unidade de medida de ângulos é cha-


mada de “radianos”. Dizemos que 180o correspondem
a π (“pi”) radianos. Vamos usar uma regra de três sim-
ples para convertermos qualquer ângulo em radia-
nos. Veja, vamos converter 60o para radianos:
90°
180° ---------------------------------- π radianos
60° ------------------------------------ x radianos
180x = 60 π
Os ângulos podem ser classificados quanto ao
60r r
valor do ângulo em relação a 90°: x= = radianos.
180 3

z Ângulos agudos: são aqueles ângulos inferiores à Polígonos


90°. Ex.: 30o, 42o, 63o.
z Ângulos obtusos: são aqueles ângulos superiores à Polígono qualquer figura geométrica fechada for-
90o. Ex.: 100o, 125o, 155o. mada por uma série de segmentos de reta. Observe:

Observação: os ângulos de 0 e 180º são denomina-


dos de ângulos rasos. RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
Outra classificação de ângulos é em relação a
medida:

z Ângulos congruentes: são congruentes (iguais)


quando possuem a mesma medida.
z Ângulos complementares: são complementares
Os elementos de qualquer polígono são:
quando a soma entre os ângulos é 90o. Ex.: 60° +
30° = 90°. Os ângulos 30° e 60° são complementares z Lados: são os segmentos de reta que formam o
um do outro. polígono (a figura abaixo, um pentágono, possui 5
z Ângulos suplementares: são suplementares quan- segmentos de reta, isto é, 5 lados).
do a soma entre os ângulos é 180o. Ex.: 110° + 70° z Vértices: são os pontos de junção de dois segmen-
= 180°. Os ângulos 70° e 110° são suplementares tos de reta consecutivos. Estão marcados com
entre si. letras maiúsculas na figura abaixo.
z Diagonais: são os segmentos de reta que unem dois
A semi-reta que divide um ângulo em duas partes vértices não consecutivos. São as retas vermelha
iguais é denominada Bissetriz. Veja: traçadas no polígono abaixo. 157
A a) 170°.
b) 180°.
B E
c) 185°.
d) 190°.
e) 195°.

C D J

Para calcular o número de diagonais de um polígo-


no, vamos precisar levar em consideração os vértices 55° x
a
(lados). Chegamos na seguinte fórmula: D E
115°
n # (n - 3)
D=
2
Veja que o pentágono (n = 5) possui 5 diagonais. a 55°

K L
z a soma do ângulo interno e do ângulo externo de
um mesmo vértice é igual a 180º; Veja que podemos colocar o ângulo “a” como
z a soma dos ângulos internos de um polígono de n suplementar de 115°, pois os segmentos KL e DE são
lados é: paralelos. Assim como o ângulo 55° é suplementar do
ângulo “x”. Assim,
S = (n – 2) × 180°
a + 115 = 180
Dica a = 65º
A soma dos ângulos internos de um triângulo (n = ------------------
3) é 180º e nos quadriláteros (polígonos de 4 lados) x + 55 = 180
esta soma é 360º. x = 125º
Logo, x + a = 190º. Resposta: Letra D.
Os polígonos que possuem todos os lados iguais
e todos os ângulos internos iguais (congruentes) são 2. (CONSULPLAN – 2018) A soma dos ângulos internos
chamados de polígonos regulares. Conheça algumas de um polígono regular que tem 20 diagonais é
nomenclaturas dos principais polígonos regulares e
os seus números de lados. a) 495
b) 720
Nº DE Nº DE c) 990
NOME NOME
LADOS LADOS d) 1080
3 Triângulo 9 Eneágono
Vamos aplicar a fórmula das diagonais de um polí-
4 Quadrilátero 10 Decágono
gono para descobrir o número de lados:
5 Pentágono 11 Undecágono
6 Hexágono 12 Dodecágono n # (n - 3)
D=
7 Heptágono ... ... 2
2
n - 3n
8 Octógono 20 Icoságono 20 =
2
40 = n2 - 3n
n2 – 3n - 40 = 0

EXERCÍCIOS COMENTADOS Vamos achar as raízes da equação do 2° grau:

1. (IDECAN – 2013) No triângulo a seguir, o lado KL é


paralelo ao segmento DE. - (-3) ± √(-3)2 -4 · 1 · (- 40)
n=
J 2·1

3 ± √9 + 160
n=
x
2
D E
115°
3 ± 13
n=
2
a 55°

K L
Como “n” é o número de diagonais, precisamos ape-
158 A soma dos valores dos ângulos “x” e “a” é nas pegar o resultado positivo. Logo,
n=
3 + 13
= 8 lados
MÉTRICA
2
ÁREAS, VOLUMES, ESTIMATIVAS E APLICAÇÕES

Aplicando a fórmula da soma dos ângulos internos Sistema de Unidades de Medidas


de um polígono, temos: Quando estudamos o sistema de medidas nos aten-
S = (n – 2) × 180° tamos ao fato de que ele serve quantificar dimensões
S = (8 – 2) × 180° que podem ter uma variação gigantesca. Porém exis-
S = 1080° tem as conversões entre as unidades para uma melhor
Resposta: Letra D. interpretação e leitura.

3. (FEPESE – 2019) Na figura abaixo, as retas r e s são Medidas de Comprimento


paralelas.
A unidade principal tomada como referência é o
r metro. Além dele, temos outras seis unidades dife-
α rentes que servem para medir dimensões maiores ou
menores. A conversão de unidades de comprimento
segue potências de 10. Veja o esquema abaixo:

β
Km hm dam m dm cm mm
(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (mlímetro)
θ
s
×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10
Se o ângulo α mede 44°30’ e o ângulo θ mede 55°30’,
então a medida do ângulo β é:
Km hm dam m dm cm mm
a) 100°.
b) 55°30’. :10 :10 :10 :10 :10 :10
c) 60°.
d) 44°30”. Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros.
e) 80°. Para sair do metro e chegar no centímetro deve-
mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas
r casas até chegar em centímetro. Logo,
α
5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm.

α Medidas de Área (Superfície)


β
A unidade principal tomada como referência é o
θ θ metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades
s
diferentes que servem para medir dimensões maiores
β=α+θ
ou menores. A conversão de unidades de superfície
β = 44°30’ + 55°30’ = 99°60’ = 100°
segue potências de 100. Veja o esquema abaixo:
Resposta: Letra A.

4. (ESAF – 2003) Os ângulos de um triângulo encontram- Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
-se na razão 2 : 3 : 4. O ângulo maior do triângulo, por- quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
tanto, é igual a:
×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100
a) 40°
b) 70°
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
c) 75°
d) 80°
e) 90° :100 :100 :100 :100 :100 :100

Se os ângulos do triângulo se encontram na razão Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2.


2:3:4, podemos chamá-los de 2x, 3x e 4x e a soma dos
ângulos de um triângulo qualquer é sempre 180º. Para sair do metro quadrado e chegar no cen-
Assim, 2x + 3x + 4x = 180° tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000
9x = 180° (100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em
x = 20° centímetro quadrado. Logo,
O maior ângulo é 4x = 4 ∙ 20° = 80°
Resposta: Letra D. 5,3m2 = 5,3 x 10000 = 53000 cm2. 159
Medidas de Volume (Capacidade) GEOMETRIA PLANA

A unidade principal tomada como referência é o Retângulo


metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades
diferentes que servem para medir dimensões maiores Chamamos de retângulo um paralelogramo (polí-
ou menores. A conversão de unidades de superfície gono que tem 4 lados opostos paralelos) com todos os
segue potências de 1000. Veja o esquema abaixo: ângulos internos iguais a 90°.

b
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000


h h

Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3

:1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 b

Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3. Chamamos o lado “b” maior de base, e o lado
Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro menor “h” de altura.
cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000), Área do Retângulo
pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro Para calcularmos a área, vamos fazer a multiplicação
cúbico. Logo, de sua base (b) pela sua altura (h), conforme a fórmula:
5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3.
A=b×h
Veja agora algumas relações interessantes e que
você precisa ter em mente para resolver a diversas
Exemplo: um retângulo com 10 centímetros de
questões.
lado e 5 centímetros de altura, a área será:

UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE A = 10cm × 5cm = 50cm2


1 quilograma (kg) 1000 gramas (g) Quando trabalhamos o conceito e cálculo de áreas
1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg) das figuras geométricas, usamos a unidade ao quadra-
do que no nosso exemplo tínhamos centímetros e pas-
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3) samos para centímetros quadrados, que neste caso é a
unidade de área.
1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)

1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2) Quadrado

1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2) Nada além de um retângulo no qual a base e a altu-
ra têm o mesmo comprimento, ou seja, todos os lados
Medidas de Tempo do quadrado têm o mesmo comprimento, que chama-
remos de L. Veja:
Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu-
to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como L
se faz a relação nessa unidade:
Para transformar de uma unidade maior para a
unidade menor, multiplica-se por 60. Veja:
1 hora = 60 minutos L L
4 h = 4 x 60 = 240 minutos
Para transformar de uma unidade menor para a
unidade maior, divide-se por 60. Veja:
20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h. L
Para medir ângulos a unidade básica é o grau.
Temos as seguintes relações: A área também será dada pela multiplicação da
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) base pela altura (b x h). Como ambas medem L, tere-
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) mos L x L, ou seja:
Aqui vale fazer uma observação que os minutos e
os segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema A = L2
(hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes,
mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja: Trapézio
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um ins-
tante do dia. Temos um polígono com 4 lados, sendo 2 deles
paralelos entre si, e chamados de base maior (B) e
160 1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. base menor (b). Temos, também, a sua altura (h) que
é a distância entre a base menor e a base maior. Veja Triângulo
na figura abaixo:
Trata-se de uma figura geométrica com 3 lados.
b Veja-a abaixo:

a c
B

Conhecendo b, B e h, podemos calcular a área do


trapézio através da fórmula abaixo:

(B + b) # h b
A=
2
Losango Para calcular a área do triângulo, é preciso conhe-
cer a sua altura (h):
É um polígono com 4 lados de mesmo comprimen-
to. Veja abaixo:

L L

a c
L L h

Para calcular a área de um losango, vamos preci-


sar das suas duas diagonais: maior (D) e menor (d) de b
acordo com a figura a seguir:
O lado “b”, em relação ao qual a altura foi dada, é
L L chamado de base. Assim, calcula-se a área do triângu-
d lo utilizando a seguinte fórmula:

D b#h
L L A=
2

Vamos conhecer os tipos de triângulos existentes:


Assim, a área do losango é dada pela fórmula
abaixo: „ Triângulo isósceles: é o triângulo que tem dois
D#d lados iguais. Consequentemente, os 2 ângulos
A= internos da base são iguais (simbolizados na
2
figura pela letra A):
Paralelogramo
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
É um quadrilátero (4 lados) com os lados opostos
paralelos entre si. Esses lados opostos possuem o mes-
mo tamanho.
a a
b
c
h

A A
b
C
A área do paralelogramo também é dada pela mul-
tiplicação da base pela altura: „ Triângulo escaleno: é o triângulo que possui os
três lados com medidas diferentes, tendo tam-
A=b×h bém os três ângulos internos distintos entre si: 161
a B h
c b c

C n m
A
C H B
b
a

„ Triângulo equilátero: é o triângulo que tem


Devemos nos atentar em relação a algumas fórmulas
todos os lados iguais. Consequentemente, ele que são extraídas do triângulo acima que poderão nos aju-
terá todos os ângulos internos iguais: dar com a resolução de algumas questões. Veja quais são:

h2 = m×n
b2 = m×a
c2 = n×a
A b×c = a×h
a a
Essas fórmulas são chamadas de relações métricas
do triângulo retângulo.
A A
Círculo
a
Todos os pontos estão a uma mesma distância em
Podemos calcular a altura usando a seguinte fórmula: relação ao centro do círculo ou circunferência. Cha-
mamos de raio e geralmente é representada por “r”.
Veja na figura abaixo:
a 3
h=
2

Para calcular a área do triângulo equilátero usan-


do apenas o valor da medida dos lados (a), usamos a
fórmula a seguir:
2
a 3 r
A=
4

„ Triângulo retângulo: possui um ângulo de 90°.

B
c
A área de um círculo é dada pela fórmula: A = π ×
a
r2. Na fórmula, a letra π (“pi”) representa um número
irracional que é, aproximadamente, igual a 3,14.
A Vejamos um exemplo para calcular a área de um
círculo com 10 centímetros de raio:
b
A = π × r2
Temos as seguintes nomenclaturas para cada lado A = π × (10)2
A = π × 100
do triângulo. Veja: Substituindo π por 3,14, temos:
O ângulo marcado com um ponto é o ângulo reto A = 3,14×100 = 314cm2
(90º). Oposto a ele temos o lado “c” do triângulo, que
chamaremos de hipotenusa. Já os lados “a” e “b”, que O perímetro de uma circunferência que é a mesma
coisa que o comprimento da circunferência, é dado por:
são adjacentes ao ângulo reto, são chamados de catetos.
O Teorema de Pitágoras nos dá uma relação entre C=2×π×r
a hipotenusa e os catetos, dizendo que a soma dos
quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipote- Para exemplificar, agora vamos calcular o períme-
tro daquela circunferência com 10cm de raio:
nusa: a = b + c .
2 2 2

Agora vamos falar sobre algumas métricas interes- C = 2 × 3,14 × 10


162 santes que estão presentes no triângulo retângulo. C = 6,28 × 10 = 62,8 cm
O diâmetro (D) de uma circunferência é um seg- Logo,
mento de reta que liga um lado ao outro da circun-
ferência, passando pelo centro. Veja que o diâmetro a # 2rr
Comprimento do setor circular =
mede o dobro do raio, ou seja, 2r. 360c

GEOMETRIA ESPACIAL

Poliedros

São figuras espaciais formadas por diversas faces,


cada uma delas sendo um polígono regular que estuda-
D = 2r mos anteriormente. Vamos conhecer os principais polie-
dros, destacando alguns pontos importantes como área
e volumes:

Paralelepípedo reto-retângulo e Cubo

c a
Repare na figura abaixo.

b
A a a

O cubo é um caso particular do paralelepípedo re-


to-retângulo, ou seja, basta que igualemos os valores
α
de a = b = c.
C B Para calcular o volume de um paralelepípedo reto-
-retângulo, devemos multiplicar suas três dimensões.
Veja:
V=a×b×c

No caso do cubo, o volume fica:

V = a × a × = a3
Note que formamos uma região delimitada dentro do
círculo. Essa região é chamada de setor circular. Temos Dica
ainda um ângulo central desse setor circular simbolizado
por α. Com base neste ângulo, conseguimos determinar a As faces do paralelepípedo são retangulares,
área do setor circular e o comprimento do segmento de enquanto as faces do cubo são todas quadradas.
círculo compreendido entre os pontos A e B.
Sabemos que o ângulo central de uma volta com- A área total do cubo é a soma das 6 faces quadra-
pleta no círculo é 360º. E também sabemos a área des- das. Ou seja,
ta volta completa, que é a própria área do círculo ( π ×
AT = 6a2
r2). Vejamos como calcular a área do setor circular, em
função do ângulo central “α”:
Agora no paralelepípedo reto-retângulo temos 2 RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
retângulos de lados (a, b), dois retângulos de lados (b,
360° ---------------------- π × r2
c) e dois retângulos de lados (b, c). Portanto, a área
α ------------------------- Área do setor circular
total de um paralelepípedo é:
Logo,
AT = 2ab + 2ac + 2bc
2
a # rr Prismas
Área do setor circular =
360c
Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles
Usando a mesma ideia, podemos calcular o com- que tem as arestas laterais perpendiculares às bases.
primento do segmento circular entre os pontos A e B, Os prismas são figuras espaciais bem parecidas com
cujo ângulo central é “α” e que o comprimento da cir- os cilindros. O que os difere é que a base de um prisma
cunferência inteira é 2 πr. Confira abaixo: não é uma circunferência.
O prisma será classificado de acordo com a sua
360° --------------- ------ 2 πr base. Por exemplo, se a base for um pentágono, o pris-
α -------------------------- Comprimento do setor circular ma será pentagonal. 163
Prisma Prisma Prisma Prisma
triangular pentagonal hexagonal quadrangular

O volume para qualquer tipo de prisma será sem-


pre o produto da área da base pela altura. Veja:

V = Ab × h O raio é simplesmente a distância do centro da


esfera até qualquer ponto da sua superfície.
A área total de um prisma será a soma da área late- O volume da esfera é calculado usando a seguinte
ral com duas bases. fórmula:

AT = Al + 2Ab 4
V= # 3
3 rr
Cilindro
E a área da superfície pela fórmula abaixo:
Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são
perpendiculares às bases. Observe a figura abaixo: A = 4 × πr2

Cone

Observe a figura abaixo:

base (círculo)
Altura

Geratriz Geratriz

A distância entre as duas bases é chamada de altu-


ra (h). Quando a altura do cilindro é igual ao diâmetro
da base, o cilindro é chamado de equilátero.

Cilindro equilátero: ℎ = 2r Base

A base do cilindro é um círculo. Portanto, a área da Vamos extrair algumas informações.


base do cilindro é igual a πr2. A base de um cone é um círculo, então a área da
Perceba que se “desenrolarmos” a área lateral e
base é πr2.
“abrimos” todo o cilindro, temos o seguinte:
Quando “abrimos” um cone, temos a figura a seguir:

H H

R C
R
R
A área da superfície lateral do cilindro é igual a
2πℎ. Temos, também, a área lateral é dada pela fórmula
E o volume do cilindro é o produto da área da base πrg , onde “g” é o comprimento da geratriz do cone.
pela altura: V = πr2 × ℎ. Para calcularmos o volume de um cone, basta
sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área
Esfera
da base pela altura. Veja:
Quando estamos estudando a esfera, precisamos 2
lembrar que tudo depende e gira em torno do seu raio, rr h
V=
164 ou seja, é o sólido geométrico mais fácil de trabalhar. 3
Dica Veja:

Em um cone equilátero a sua geratriz será igual Ab # h


V=
ao diâmetro, ou seja, 2r. 3

Pirâmides

A base de uma pirâmide poderá ser qualquer polí-


EXERCÍCIOS COMENTADOS
gono regular, no caso estamos falando apenas de pirâ-
mides regulares. 1. (VUNESP – 2018) Uma praça retangular, cujas medi-
das em metros, estão indicadas na figura, tem 160m
de perímetro.

×
pirâmide pirâmide pirâmide
triangular quadrangular pentagonal
× + 20

Figura fora de escala

Sabendo que 70% da área dessa praça estão recober-


tos de grama, então, a área não recoberta com grama
tem

pirâmide pirâmide a) 450 m2.


hexagonal heptagonal b) 500 m2.
c) 400 m2.
O segmento de reta que liga o centro da base a um d) 350 m2.
ponto médio da aresta da base é denominado “apóte- e) 550 m2.
ma da base”. Indicaremos por “m” o apótema da base.
E o segmento que liga o vértice da pirâmide ao ponto Foi dado o perímetro dessa praça, que corresponde
médio de uma aresta da base é denominado “apótema à soma de todos os lados. Logo:
da pirâmide”. Indicaremos por m′ o apótema da pirâ- 2x + 2(x + 20) = 160
mide. Veja: 2x + 2x + 40 = 160
4x = 120
x = 30 m
A área, portanto, será:
Área = 30 x (30 + 20)
Área = 30 x 50 = 1500 m²
Como 70% está recoberta por grama, 100 – 70 = 30%
não é recoberta. Logo:
m1 Área não recoberta = 0,3 x 1500 = 450 m². Resposta:
Letra A.
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
2. (CESPE – 2018) Os lados de um terreno quadrado
medem 100 m. Houve erro na escrituração, e ele foi
registrado como se o comprimento do lado medisse
m 10% a menos que a medida correta. Nessa situação,
deixou-se de registrar uma área do terreno igual a

A área lateral da pirâmide é dada por: a) 20 m²


b) 100 m²
Aℓ = pm′ c) 1.000 m²
d) 1.900 m²
A área total da pirâmide é dada por: e) 2.000 m²

AT = Ab + Aℓ A área de um quadrado é L². Inicialmente os lados


do quadrado deveriam medir L = 100 m, portanto a
O volume da pirâmide é calculado da mesma for- área seria A = 100² = 10000 m². Porém, L foi regis-
ma que o volume do cone: 1/3 do produto da área da trado com 10% a menos, ou seja, 100 – 10% x 100 =
base pela altura. 90 m. Logo, a área passou a ser 90² = 8100 m². 165
Então, a área que deixou de ser registrada foi de:
10000 – 8100 = 1900 m². Resposta: Letra D.

3. (IDECAN – 2018) A figura a seguir é composta por


losangos cujas diagonais medem 6 cm e 4 cm. A área
da figura mede
×

2,5

Sabe-se que para enchê-lo completamente, sem trans-


a) 48 cm2. bordar, é necessário adicionar mais 3,5 m³ de água.
b) 50 cm2. Nessas condições, é correto afirmar que a medida da
c) 52 cm2.
altura desse reservatório, indicada por h na figura, é,
d) 60 cm2.
em metros, igual a
e) 64 cm2.

Sendo D e d as diagonais de um losango, sua área é a) 1,25.


dada por: b) 1,5.
Área = D x d / 2 = 6 x 4 / 2 = 12cm2 c) 1,75.
Como ao todo temos 5 losangos, a área total é: d) 2,0.
5 x 12 = 60cm2. Resposta: Letra D. e) 2,5.

4. (IBFC – 2017) A alternativa que apresenta o número O volume total do reservatório é de 4 + 3,5 = 7,5m3.
total de faces, vértices e arestas de um tetraedro é: Usando a fórmula para calcular o volume, ou seja,
Volume = comprimento x largura x altura
a) 4 faces triangulares, 5 vértices e 6 arestas
b) 5 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas 7,5 = 2,5 x 2 x h
c) 4 faces triangulares, 4 vértices e 7 arestas 3=2xh
d) 4 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas h = 1,5m
e) 4 faces triangulares, 4 vértices e 5 arestas Resposta: Letra B.

Um tetraedro é uma figura formada por 4 faces ape-


nas, veja:
HORA DE PRATICAR!
V
1. (CESPE - 2020) Determinado equipamento é capaz
de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias, funcionando 5
a
a horas diárias para esse fim. Nessa situação, a quan-
tidade de páginas que esse mesmo equipamento é
C capaz de digitalizar em 3 dias, operando 4 horas e 30
A minutos diários para esse fim, é igual a
a
a a) 2.666.
B b) 2.160.
c) 1.215.
Temos 4 vértices A, B, C e V. Também sabemos que d) 1.500.
temos 4 faces. O número de arestas pode ser conta- e) 1.161.
do ou, então, obtido pela relação:
V+F=A+2 2. (CESPE – 2019)
4+4=A+2
A = 6 arestas . Texto 1A10-II
Resposta: Letra D.
O relógio analógico de Audir danificou-se exatamente
5. (VUNESP – 2018) Em um reservatório com a forma
à zero hora (meia-noite) de certo dia, e o ponteiro dos
de paralelepípedo reto retângulo, com 2,5 m de com-
primento e 2 m de largura, inicialmente vazio, foram minutos passou a girar no sentido anti-horário, mas
despejados 4 m³ de água, e o nível da água nesse com a mesma velocidade que tinha antes do defeito. O
reservatório atingiu uma altura de x metros, conforme ponteiro das horas permaneceu funcionando normal-
166 mostra a figura. mente, girando no sentido horário.
A partir das informações do texto 1A10-II, assinale a 6. (CESPE – 2019 ) Um grupo de 256 auditores fiscais,
opção que apresenta a quantidade de vezes que os pon- entre eles Antônio, saiu de determinado órgão para
teiros do relógio de Audir se sobrepuseram no intervalo realizar trabalhos individuais em campo.Após cum-
de zero hora às 23 horas e 59 minutos (marcado por um prirem suas obrigações, todos os auditores fiscais
relógio sem defeito) do dia em que seu relógio quebrou. retornaram ao órgão, em momentos distintos. A quan-
tidade de auditores que chegaram antes de Antônio
a) 26 foi igual a um quarto da quantidade de auditores que
b) 25 chegaram depois dele.
c) 24
d) 23 Nessa situação hipotética, Antônio foi o
e) 22
a) 46.º auditor a retornar ao órgão.
3. (CESPE - 2019) Em uma fábrica de doces, 10 empre- b) 50.º auditor a retornar ao órgão.
gados igualmente eficientes, operando 3 máquinas c) 51.º auditor a retornar ao órgão.
igualmente produtivas, produzem, em 8 horas por dia, d) 52.º auditor a retornar ao órgão.
200 ovos de Páscoa. A demanda da fábrica aumen- e) 64.º auditor a retornar ao órgão.
tou para 425 ovos por dia. Em razão dessa demanda,
a fábrica adquiriu mais uma máquina, igual às antigas,
7. (CESPE – 2019 ) No item seguinte apresenta uma
e contratou mais 5 empregados, tão eficientes quanto
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser jul-
os outros 10.
gada, a respeito de proporcionalidade, porcentagens e
descontos.
Nessa situação, para atender à nova demanda, os 15
empregados, operando as 4 máquinas, deverão traba- No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com-
lhar durante prou alimentos em quantidades suficientes para que
eles e seus dois filhos consumissem durante os 30
a) 8 horas por dia. dias do mês.
b) 8 horas e 30 minutos por dia. No dia 7 desse mês, um casal de amigos chegou de
c) 8 horas e 50 minutos por dia. surpresa para passar o restante do mês com a famí-
d) 9 horas e 30 minutos por dia. lia. Nessa situação, se cada uma dessas seis pessoas
e) 9 horas e 50 minutos por dia. consumir diariamente a mesma quantidade de ali-
mentos, os alimentos comprados pelo casal acabarão
4. (CESPE – 2020 ) Determinada empresa tem 70 aten- antes do dia 20 do mesmo mês.
dentes, divididos em 3 equipes de atendimento ao
público que trabalham em 3 turnos: de 7 h às 13 h, ( ) CERTO ( ) ERRADO
de 11 h às 17 h e de 14 h às 20 h, de modo que, nos
horários de maior movimento, existam duas equipes 8. (CESPE - 2019) Um grupo de técnicos do TJ/PR é
em atendimento. composto por estudantes universitários: a metade
dos estudantes cursa administração; um quarto deles
Se a quantidade de atendentes trabalhando às 12 h for cursa direito; e o restante, em número de quatro, faz o
igual a 42 e se a quantidade de atendentes trabalhan- curso de contabilidade. Nesse caso, a quantidade de
do às 15 h for igual a 40, então a quantidade de aten- estudantes desse grupo é igual a
dentes que começam a trabalhar às 7 h será igual a
a) 12.
a) 12. b) 16.
b) 24. c) 20.
c) 28.
d) 24.
d) 30.
e) 32.
e) 42.
9. (CESPE - 2019) Na assembleia legislativa de um esta-
5. (CESPE - 2020) O setor de gestão de pessoas de
do da Federação, há 50 parlamentares, entre homens
determinada empresa realiza regularmente a análise RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
e mulheres. Em determinada sessão plenária estavam
de pedidos de férias e de licenças dos seus funcio-
nários. Os pedidos são feitos em processos, em que presentes somente 20% das deputadas e 10% dos
o funcionário solicita apenas férias, apenas licença deputados, perfazendo-se um total de 7 parlamenta-
ou ambos (férias e licença). Em determinado dia, 30 res presentes à sessão. Infere-se da situação apresen-
processos foram analisados, nos quais constavam 15 tada que, nessa assembleia legislativa, havia
pedidos de férias e 23 pedidos de licenças.
a) 10 deputadas.
Com base nessa situação hipotética, julgue o item que b) 14 deputadas.
se segue. c) 15 deputadas.
Suponha que uma quantidade x de novos processos d) 20 deputadas.
tenha sido enviada a esse setor para análise naque- e) 25 deputadas.
le dia; suponha, ainda, que, ao final do expediente,
apenas a metade do total de processos, incluídos os 10. (CESPE - 2020) No dia 1.º de janeiro de 2019, uma
novos, tenha sido relatada. Nessa situação, se a quan- nova secretaria foi criada em certo tribunal, a fim de
tidade de processos relatados nesse dia tiver sido receber todos os processos a serem protocolados
igual a 26, então x < 20. nessa instituição. Durante o mês de janeiro de 2019,
10 processos foram protocolados nessa secretaria;
( ) CERTO ( ) ERRADO a partir de então, a quantidade mensal de processos 167
protocolados na secretaria durante esse ano formou 14. (CESPE – 2019) Tendo como referência as funções
uma progressão geométrica de razão igual a 2. f(x) = x2 - 5x + 4 e g(x) = x2 - 3 em que -∞ < x < + ∞,
Nessa situação hipotética, a quantidade de processos julgue o item que se segue.
protocolados nessa secretaria durante os meses de A função g(x) é ímpar.
junho e julho de 2019 foi igual a
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) 320.
b) 480. 15. (CESPE- 2019 ) Tendo como referência as funções
c) 640. f(x) = x2 - 5x + 4 e g(x) = x2 - 3 em que -∞ < x < +∞,
d) 960. julgue o item que se segue.
e) 1.270. A função f(x) é decrescente no intervalo [-∞, 5/2] e
crescente no intervalo [5/2, +∞]
11. (CESPE – 2019 ) Uma unidade da PRF interceptou,
durante vários meses, lotes de mercadorias vendidas ( ) CERTO ( ) ERRADO
por uma empresa com a emissão de notas fiscais
falsas. A sequência dos números das notas fiscais 9 GABARITO
apreendidas, ordenados pela data de interceptação,
é a seguinte: 25, 75, 50, 150, 100, 300, 200, 600, 400,
1 C
1.200, 800, ....
2 A
Tendo como referência essa situação hipotética, jul-
gue o item seguinte, considerando que a sequência 3 B
dos números das notas fiscais apreendidas segue o 4 D
padrão apresentado.
O padrão apresentado pela referida sequência indica 5 ERRADO
que os números podem corresponder, na ordem em
6 D
que aparecem, a ordenadas de pontos do gráfico de
uma função afim de inclinação positiva. 7 ERRADO

8 B
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 D
12. (CESPE - 2020) Considere que, em determinado dia,
um computador seja ligado às 5 horas e desligado às 10 D
19 horas e que, nesse intervalo de tempo, a porcenta- 11 ERRADO
gem da memória desse computador que esteja sendo
utilizada na hora x seja dada pela expressão 12 D

13 D

14 ERRADO

15 CERTO
Nessa situação, no intervalo de tempo considerado, na
hora em que a memória do computador estiver sendo
mais demandada, a porcentagem utilizada será igual a
ANOTAÇÕES
a) 12%.
b) 20%.
c) 70%.
d) 80%.
e) 100%.

13. (CESPE - 2019) Uma instituição alugou um salão para


realizar um seminário com vagas para 100 pessoas.
No ato de inscrição, cada participante pagou R$ 80 e
se comprometeu a pagar mais R$ 4 por cada vaga não
preenchida.
Nessa situação hipotética, a maior arrecadação da
instituição ocorrerá se a quantidade de inscrições for
igual a

a) 95.
b) 90.
c) 84.
d) 60.
168 e) 50.
CONCEITO USO COMENTÁRIOS

Intranet Conexão com Ambiente seguro que exige


autenticação identificação, podendo estar
restrito a um local, que poderá
INFORMÁTICA acessar a Internet ou não. A
Intranet utiliza o mesmo proto-
colo da Internet, o TCP, podendo
usar o UDP também.

Extranet Conexão entre Conexão remota segura, prote-


CONCEITO DE INTERNET E INTRANET d i s p o s i t i v o s gida com criptografia, entre dois
ou redes dispositivos, ou duas redes. O
A Internet é a rede mundial de computadores que acesso remoto é geralmente su-
surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares, portado por uma VPN.
para proteger os sistemas de comunicação em caso de
ataque nuclear, durante a Guerra Fria.
Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta- Importante!
dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que
procuravam proteger as informações secretas de Os editais costumam explicitar Internet e Intranet,
ambos os países e seus blocos de influência. mas também questionam Extranet. A conexão
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced remota segura que conecta Intranet’s através de
Research Projects Agency, era um modelo de troca e um ambiente inseguro que é a Internet, é natural-
compartilhamento de informações que permitisse a mente um resultado das redes de computadores.
descentralização das mesmas, sem um ‘nó central’,
garantindo a continuidade da rede mesmo que um nó
fosse desligado. Internet, Intranet e Extranet
A troca de mensagens começou antes da própria
Redes de
Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio computadores
a Internet como conhecemos e usamos.
Ela passou a ser usada também pelo meio educa-
cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca- Internet Intranet Extranet
dêmica. No início dos anos 90 ela se tornou aberta e Rede mundial de Rede local de Acesso remoto
comercial, permitindo o acesso de todos. computadores acesso restrito seguro

Utiliza os mesmos
Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros
Internet
Padrão de Criptografia em
Usuário Modem Família TCP/IP
comunicação VPN
Internet
Provedor de Acesso
Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se A Internet é transparente para o usuário. Qual-
conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica quer usuário poderá acessar a Internet sem ter conhe-
cimento técnico dos equipamentos que existem para
A navegação na Internet é possível através da com- possibilitar a conexão.
binação de protocolos, linguagens e serviços, operan-
do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5
camadas ou 4 camadas).
A Internet conecta diversos países e grandes cen-
tros urbanos através de estruturas físicas chamadas
CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO
de backbones. São conexões de alta velocidade que DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS,
permitem a troca de dados entre as redes conectadas. APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS
O usuário não consegue se conectar diretamente no
ASSOCIADOS A INTERNET/INTRANET
backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou
uma operadora de telefonia através de um modem, e
FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS
a empresa se conecta na ‘espinha dorsal’.
DE NAVEGAÇÃO, DE CORREIO ELETRÔNICO,
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve DE GRUPOS DE DISCUSSÃO, DE BUSCA, DE
utilizar programas específicos para realizar a navega- PESQUISA, DE REDES SOCIAIS E FERRAMENTAS
ção e acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores. COLABORATIVAS
INFORMÁTICA

CONCEITO USO COMENTÁRIOS Nos concursos públicos e no dia-a-dia, estes são os


Internet Conexão entre Conhecido como nuvem, e tam- itens mais utilizados pelas pessoas para acessar o con-
computadores bém como World Wide Web, ou teúdo disponível na Internet.
WWW, a Internet é um ambiente As informações armazenadas em servidores,
inseguro, que utiliza o protoco- sejam páginas web ou softwares como um serviço
lo TCP para conexão em con- (SaaS – camada mais alta da Computação na Nuvem),
junto a outros para aplicações
são acessadas por programas instalados em nossos
específicas.
dispositivos. São eles: 169
z Navegadores de Internet ou browsers, para con-
NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS
teúdo em servidores web.
z Softwares de correio eletrônico, para mensagens Opera Opera Navegador leve com pro-
em servidores de e-mail. teções extras contra ras-
z Redes Sociais, para conteúdos compartilhados treamento e mineração
por empresas e usuários. de moedas virtuais.
z Sites de Busca, como o Google Buscas e Micro-
soft Bing, para encontrar informações na rede
mundial.
z Grupos de Discussão, tanto no contexto de What- Na Internet, as informações (dados) são arma-
sApp e Telegram, como no formato clássico do zenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os
Facebook e Yahoo Grupos. servidores são computadores, que utilizam pastas ou
diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao
Este tópico é muito prático, e nos concursos públi- acessarmos uma informação na Internet, estamos
cos são questionados os termos usados nos diferentes acessando um arquivo. Mas como é a identificação
softwares, como ‘Histórico’, para nomear a lista de deste arquivo? Como acessamos estas informações?
informações acessadas por um navegador de Internet. Através de um endereço URL.
O endereço URL (Uniform Resource Locator) que
define o endereço de um recurso na rede. Na sua tra-
Importante! dução literal, é Localizador Uniforme de Recursos, e
possui a seguinte sintaxe:
Ao navegar na Internet, comece a observar os
protocolo://máquina/caminho/recurso
detalhes do seu navegador e as mensagens que ‘Protocolo’ é a especificação do padrão de comu-
são exibidas. Estes são os itens questionados nicação que será usado na transferência de dados.
em concursos públicos. Poderá ser http (Hyper Text Transfer Protocol – proto-
colo de transferência de hipertexto), ou https (Hyper
Text Transfer Protocol Secure – protocolo seguro de
Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação
transferência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Pro-
tocolo – protocolo de transferência de arquivos), entre
As informações armazenadas em servidores web outros.
são arquivos (recursos), identificados por um endere- ‘://’ faz parte do endereço URL, para identificar que
ço padronizado e único (endereço URL), exibidas em é um endereço na rede, e não um endereço local como
um browser ou navegador de Internet. ‘/’ no Linux ou ‘:\’ no Windows.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet ‘Máquina’ é o nome do servidor que armazena a
utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da informação que desejamos acessar.
Internet. ‘Caminho’ são as pastas e diretórios onde o arqui-
Confira a seguir, os principais navegadores de vo está armazenado.
Internet disponíveis no mercado. ‘Recurso’ é o nome do arquivo que desejamos
acessar.
NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS Vamos conferir os endereços URL a seguir, e suas
características.
Edge Microsoft Navegador padrão do
Windows 10, que substi-
tuiu o Microsoft Internet ENDEREÇO
CARACTERÍSTICAS
Explorer. URL FICTÍCIO

h t t p : / / w w w. Usando o protocolo http, acessare-


Internet Microsoft Navegador padrão do abc.com.br/ mos o servidor abc, que é comercial
Explorer Windows 7, um dos mais (.com), no Brasil (.br). Acessaremos
questionados em con- a divisão multimídia (www) com ar-
cursos públicos, por ser quivos textuais, vídeos, áudios e ima-
integrante do sistema gens. O recurso acessado é o index.
operacional html, entendido automaticamente
Firefox Mozilla Software livre e multi- pelo navegador, por não ter nenhuma
plataforma que é leve, especificação de recurso no fim.
intuitivo e altamente
expansível. https://mail. Usando o protocolo https, acessare-
abc.com/ mos o servidor abc, que é comercial
caixas/inbox/ (.com) e pode estar registrado nos
Chrome Google Um dos mais populares Estados Unidos. Acessaremos o dire-
navegadores do merca- tório caixas, subdiretório inbox. Aces-
do, multiplataforma e de saremos o serviço mail no servidor.
fácil utilização.
ftp://ftp.abc. Usando o protocolo de transferência
gov.br/edital. de arquivos ftp, acessaremos o ser-
Safari Apple Desenvolvido original- pdf vidor ftp da instituição governamen-
mente para aparelhos da tal (gov) brasileira (br) chamada abc,
Apple, atualmente está que disponibiliza o recurso edital.pdf.
disponível para outros
sistemas operacionais.
170
Outra forma de analisar um endereço URL é na
sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites
na Internet, nos deparamos com aquelas combinações
de símbolos que não parecem legíveis. Mas como tudo
na Internet está padronizado, vamos ver as partes de
um endereço URL ‘completão’.
Confira: Dados de formulários – informações preenchidas
esquema://domínio:porta/caminho/recurso? em campos de formulários nos sites de Internet.
querystring#fragmento Favoritos – endereços URL salvos pelo usuário
Onde ‘esquema’ é o protocolo que será usado na para acesso posterior. Os sites preferidos do usuário
transferência. poderão ser exportados do navegador atual e impor-
‘Domínio’ é o nome da máquina, o nome do site. tados em outro navegador de Internet.
‘:’ e ‘porta’, indica qual, entre as 65536 portas TCP Downloads – arquivos transferidos de um servidor
será usada na transferência. remoto para o computador local. Os gerenciadores de
‘Caminho’ indica as pastas no servidor, que é um downloads permitem pausar uma transferência ou
computador com muitos arquivos em pastas. buscar outras fontes caso o arquivo não esteja mais
‘Recurso’ é o nome do arquivo que está sendo disponível.
acessado. Uploads – arquivos enviados do computador local
‘?’ é para transferir um parâmetro de pesquisa, para um servidor remoto.
usado especialmente em sites seguros. Histórico de navegação – são os endereços URL
‘#’ é para especificar qual é a localização da infor- acessados pelo navegador em modo normal de
mação dentro do recurso acessado (marcas) navegação.
Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm Cache ou arquivos temporários – cópia local dos
ail?path=/mail/inbox#open arquivos acessados durante a navegação.
esquema: https:// Pop-up – janela exibida durante a navegação para
domínio: outlook.live.com funcionalidades adicionais ou propaganda.
porta: 5012 Atualizar página – acessar as informações armaze-
caminho: /owa/ nadas na cópia local (cache).
recurso: hotmail Recarregar página – acessar novamente as infor-
querystring: path=/mail/inbox mações no servidor, ignorando as informações arma-
fragmento: open zenadas nos arquivos temporários.
Quando o usuário digita um endereço URL no seu Formato PDF – os arquivos disponíveis na Internet
navegador, um servidor DNS (Domain Name Server – no formato PDF podem ser visualizados diretamente
no navegador de Internet, sem a necessidade de pro-
servidor de nomes de domínios) será contactado para
gramas adicionais.
traduzir o endereço URL em número de IP. A infor-
mação será localizada e transferida para o navegador
Recursos de sites, combinados com os navegadores
que solicitou o recurso.
de Internet

Cookies – arquivos de texto transferidos do ser-


vidor para o navegador, com informações sobre as
Servidor DNS preferências do usuário. Eles não são vírus de com-
putador, pois códigos maliciosos não podem infectar
arquivos de texto sem formatação.
Internet Feeds RSS – quando o site oferece o recurso RSS, o
Endereço URL
Usuário navegador receberá atualizações para a página assi-
Figura 2. Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas nada pelo usuário. O RSS é muito usado entre sites
os dados são armazenados em servidores web com números de para troca de conteúdo.
IP. O servidor DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a
Certificado digital – os navegadores podem utilizar
navegação na Internet.
chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja,
aceitam certificados digitais para validação de cone-
Conceitos e funções válidas para todos os
xões e transferências com criptografia e segurança.
navegadores
Corretor ortográfico – permite a correção dos tex-
tos digitados em campos de formulários, a partir de
Modo normal de navegação – as informações serão
dicionários on-line disponibilizados pelos desenvolve-
registradas e mantidas pelo navegador. Histórico de
dores dos navegadores.
Navegação, Cookies, Arquivos Temporários, Formulá-
rios, Favoritos e Downloads. Atalhos de teclado
INFORMÁTICA

z Para acessar a barra de endereços do navegador,


pressione F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome é F6.
z Para abrir uma nova janela, pressione Ctrl+N.
z Para abrir uma nova janela anônima, pressione
Ctrl+Shift+N. No Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P.
Modo de navegação anônima – as informações de z Para fechar uma janela, pressione Alt+F4.
navegação serão apagadas quando a janela for fecha- z Para abrir uma nova guia, pressione Ctrl+T.
da. Apenas os Favoritos e Downloads serão mantidos. z Para fechar uma guia, pressione Ctrl+F4 ou Ctrl+W. 171
z Para reabrir uma guia fechada, pressione Os eventos adicionados ao calendário poderão ser
Ctrl+Shift+T. enviados na forma de notificação por e-mail para os
z Para aumentar o zoom, o usuário pode pressionar participantes.
Ctrl + = (igual) O Outlook possui o programa para instalação no
z Para reduzir o zoom, o usuário pode pressionar
computador do usuário e a versão on-line. A versão
Ctrl + - (menos)
z Definir zoom em 100% – Ctrl+0 (zero) on-line poderá ser gratuita (Outlook.com, antigo Hot-
z Para acessar a página inicial do navegador mail) ou corporativa (Outlook Web Access – OWA,
– Alt+Home integrante do Microsoft Office 365).
z Para visualizar os downloads em andamento ou
concluídos – Ctrl+J.
z Localizar um texto no conteúdo textual da página
– Ctrl+F.
Usuário
z Atualizar a página – F5
z Recarregar a página – Ctrl+F5

Nos navegadores de Internet, os links poderão ser @


abertos de 4 formas diferentes.
Figura 3. Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor
z clique - abre o link na guia atual de e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador
z clique + CTRL - abre o link em uma nova guia de Internet
z clique + SHIFT - abre o link em uma nova janela
z clique + ALT - faz download do arquivo indicado Formas de acesso ao correio eletrônico
pelo link.
Podemos usar um programa instalado em nosso
Ferramentas e aplicativos de correio eletrônico dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é
uma forma de comunicação assíncrona, ou seja, mes- das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
mo que o usuário não esteja on-line, a mensagem será da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem
armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo suas características e protocolos. Confira.
disponível até ela ser acessada novamente.
O correio eletrônico (popularmente conhecido
FORMA DE
como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi CARACTERÍSTICAS
ACESSO
um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet,
e se mantém usual até os dias de hoje. Cliente de E-mail Protocolo SMTP para enviar men-
sagens e POP3 para receber. As
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS mensagens são transferidas do
servidor para o cliente e são apa-
O Mozilla Thunderbird é um cliente de e-mail
gratuito com código aberto que poderá ser gadas da caixa de mensagens
usado em diferentes plataformas. remota.

Webmail Protocolo IMAP4 para enviar e


O eM Client é um cliente de e-mail gratuito para receber mensagens. As men-
para uso pessoal no ambiente Windows e sagens são copiadas do servidor
Mac. Facilmente configurável. Tem a versão para a janela do navegador e são
Pro, para clientes corporativos. mantidas na caixa de mensagens
remota.
O Microsoft Outlook, integrante do pacote
Microsoft Office, é um cliente de e-mail que
permite a integração de várias contas em
uma caixa de entrada combinada.

Servidor de e-mails
O Microsoft Outlook Express foi o cliente de Servidor de e-mails
e-mail padrão das antigas versões do Win-
dows. Ainda aparece listado nos editais de
concursos, porém não pode ser utilizado
nas versões atuais do sistema operacional. Receber – POP3 Receber IMAP4

Webmail. Quando o usuário utiliza um na-


vegador de Internet qualquer para acessar
sua caixa de mensagens no servidor de
Usuário
e-mails, ele está acessando pela modalida- Usuário
de webmail.

Cliente de e-mail Navegador de Internet


O Microsoft Outlook possui recursos que permitem
o acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização Figura 4. Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para
das mensagens em pastas, sinalizadores, acompanha- o programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
mento, e também recursos relacionados a reuniões e o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de
172 compromissos. Internet e mantida no servidor de e-mails.
Os protocolos de e-mails são usados para a troca
de mensagens entre os envolvidos na comunicação. CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL
USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
O usuário pode personalizar a sua configuração, mas
em concursos públicos o que vale é a configuração COMPONENTE CARACTERÍSTICAS
padrão, apresentada neste material.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco- Nome do domínio Imediatamente após o símbo-
lo para Transferência Simples de E-mails. Usado pelo lo de @, identifica a empresa
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men- ou provedor que armazena o
sagens, e entre os servidores de mensagens do reme- serviço de e-mail (o servidor de
tente e do destinatário. e-mail executa softwares como
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o o Microsoft Exchange Server, por
Protocolo de Correio Eletrônico, usado pelo cliente de exemplo).
e-mail para receber as mensagens do servidor remo-
Categoria do Identifica o tipo de provedor,
to, removendo-as da caixa de entrada remota.
domínio por exemplo, COM (comercial),
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol)
.EDU (educacional), REC (entre-
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet é
tenimento), GOV (governo), ORG
usado pelo navegador de Internet (sobre os protoco-
(organização não-governamen-
los HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso webmail,
tal), etc., de acordo com as defi-
transferindo cópias das mensagens para a janela do
nições de Domínios de Primeiro
navegador e mantendo as originais na caixa de men-
Nível (DPN) na Internet.
sagens do servidor remoto.
País Informação que poderá ser omi-
tida, quando o serviço está re-
gistrado nos Estados Unidos. O
Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
país é informado por duas letras,
SMTP
como: BR, Brasil, AR, Argentina,
Enviar – SMTP JP, Japão, CN, China, CO, Colôm-
Enviar e Receber bia, etc.
Receber – POP3 IMAP4

Dica
Destinatário
Remetente
Cliente
Webmail
Quando o símbolo @ é usado no início, antes
Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
do nome do usuário, identifica uma conta em
(cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo rede social. Para o endereço URL do Instagram
(Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail, https://www.instagram.com/novaconcursos/, o
e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder nome do usuário é @novaconcursos.
os e-mails recebidos.

Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá


Uso do correio eletrônico preencher os campos disponíveis para destinatário(s),
título da mensagem, entre outros.
Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o Para enviar a mensagem, é preciso que exista
usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço um destinatário informado em um dos campos de
de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial- destinatários.
mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali- Se um destinatário informado não existir no servi-
zada na RFC5322. dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida.
De forma semelhante ao endereço URL para recur- Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece-
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se
também possui o seu formato. o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado,
Existem bancas organizadoras que consideram o a mensagem tentará ser entregue depois.
formato reduzido usuário@provedor no enunciado Conheça estes elementos na criação de uma nova
das questões, ao invés do formato detalhado usuá- mensagem de e-mail.
rio@provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL
USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS CAMPO CARACTERÍSTICAS

COMPONENTE CARACTERÍSTICAS FROM (De) Identifica o usuário que está en-


viando a mensagem eletrônica, o
Usuário Antes do símbolo de @, identifi- remetente. É preenchido automatica-
INFORMÁTICA

ca um único usuário no serviço mente pelo sistema.


de e-mail.
TO (Para) Identifica o (primeiro) destinatário da
@ Significa AT (lê-se ‘em’ ou ‘no’), mensagem. Poderão ser especifica-
dos vários endereços de destinatários
e separa a parte esquerda que
neste campo, e serão separados por
identifica o usuário, da parte à vírgula ou ponto-e-vírgula (segundo o
sua direita, que identifica o pro- serviço). Todos que receberem a men-
vedor do serviço de mensagens sagem, conhecerão os outros destina-
eletrônicas. tários informados neste campo.
173
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL Confira a seguir as operações ‘extras’ para o uso do
correio eletrônico com mais habilidade e profissiona-
CAMPO CARACTERÍSTICAS lismo, facilitando a organização do usuário.
CC (com cópia ou có- Identifica os destinatários da men-
pia carbono) sagem que receberão uma cópia do Ação e características
e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
Copy (cópia carbono). z Alta prioridade – Quando marca a mensagem
Todos que receberem a mensagem, como Alta Prioridade, o destinatário verá um pon-
conhecerão os outros destinatários to de exclamação vermelho no destaque do título.
informados neste campo.
z Baixa prioridade – Quando o remetente marca a
BCC (CCO – com có- Identifica os destinatários da men- mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário
pia oculta ou cópia sagem que receberão uma cópia do verá uma seta azul apontando para Baixo no des-
carbono oculta) e-mail. BCC é o acrônimo de Blind taque do título.
Carbon Copy (cópia carbono oculta). z Imprimir mensagem – O programa de e-mail ou
Todos que receberem a mensagem
navegador de Internet prepara a mensagem para
não conhecerão os destinatários in-
formados neste campo. ser impressa, sem as pastas e opções da visualiza-
ção do e-mail.
SUBJECT (assunto) Identifica o conteúdo ou título da z Ver código fonte da mensagem – As mensagens
mensagem. É um campo opcional. possuem um cabeçalho com informações técnicas
ATTACH (anexo) Anexar Arquivo: Identifica o(s) ar- sobre o e-mail, e o usuário poderá visualizar elas.
quivo(s) que estão sendo enviados z Ignorar – Disponível no cliente de e-mail e em
junto com a mensagem. Existem res- alguns webmails, ao ignorar uma mensagem, as
trições quanto ao tamanho do anexo próximas mensagens recebidas do mesmo reme-
e tipo (executáveis são bloqueados tente serão excluídas imediatamente ao serem
pelos webmails). Não são enviadas
armazenadas na Caixa de Entrada.
pastas.
z Lixo Eletrônico – Sinalizador que move a mensa-
Mensagem O conteúdo da mensagem de e-mail, gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio
poderá ter uma assinatura associada eletrônico para fazer o mesmo com as próximas
inserida no final. mensagens recebidas daquele remetente.
z Tentativa de Phishing – Sinalizador que move a
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o
salvas, estarão em pastas do servidor de correio ele- serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem
trônico, nominadas como ‘caixas de mensagens’. estar enviando links maliciosos que tentam captu-
A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens rar dados dos usuários.
recebidas, lidas e não lidas. z Confirmação de Entrega – O servidor de e-mails
A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe- do destinatário envia uma confirmação de entre-
tivamente enviadas. ga, informando que a mensagem foi entregue na
A pasta Itens Excluídos contém as mensagens Caixa de Entrada dele com sucesso.
apagadas.
z Confirmação de Leitura – O destinatário pode
A pasta Rascunhos contém as mensagens salvas e
não enviadas. confirmar ou não a leitura da mensagem que foi
A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que enviada para ele.
o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe-
ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que A confirmação de entrega é independente da con-
ocorre quando enviamos uma mensagem no app firmação de leitura. Quando o remetente está elabo-
WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet. rando uma mensagem de e-mail, ele poderá marcar
A mensagem permanece com um ícone de relógio, as duas opções simultaneamente. Se as duas opções
enquanto não for enviada. forem marcadas, o remetente poderá receber duas
Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde são confirmações para a mensagem que enviou, sendo
direcionadas as mensagens sinalizadas como lixo. uma do servidor de e-mails do destinatário e outra do
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails
próprio destinatário.
não solicitados, que geralmente são enviados para
um grande número de pessoas. Quando o conteúdo
é exclusivamente comercial, esse tipo de mensagem
é chamado de UCE (do inglês Unsolicited Commercial
E-mail – e-mail comercial não solicitado). Estas men- Servidor Exchange Servidor Gmail
sagens são marcadas pelo filtro AntiSpam, e procuram Enviar e-mail
O servidor confirma a
identificar mensagens enviadas para muitos destina- com confirmação
entrega do e-mail na caixa
de entrega
tários ou com conteúdo publicitário irrelevante para de entreda do destinatário
o usuário. Recebendo a
confirmação de entrega
Outras operações com o correio eletrônico
Destinatário
Webmail
O usuário poderá sinalizar a mensagem, tanto as Remetente
Cliente
mensagens recebidas como as mensagens enviadas.
Ele poderá solicitar confirmação de entrega e confir- Figura 6. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
mação de leitura. A mensagem recebida poderá ser Entrega, o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails
impressa, visualizar o código fonte ou ignorar mensa- do destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na
174 gens de um remetente. Caixa de Entrada do e-mail do destinatário.
Enviar e-mail Neste momento você irá se perguntar: “mas isto o
Facebook, WhatsApp e até o Telegram já fazem, não é
Servidor Exchange Servidor Gmail mesmo?”.
Enviar e-mail Verdade.
com confirmação O destinatário
de leitura confirma a leitura Os antigos grupos de discussão foram o modelo
Recebendo a
da mensagem a ser seguido para o desenvolvimento dos grupos do
confirmação de leitura Facebook, dos grupos no comunicador WhatsApp e
no Telegram. Nos grupos de Facebook o participante
Remetente
Cliente
Destinatário envia um post, ou anúncio, ou arquivo, e todos podem
Webmail consultar na página o que foi compartilhado. Nos gru-
Figura 7. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de pos de WhatsApp e Telegram também, e todos podem
Leitura, o destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do consultar o grupo no aplicativo.
conteúdo do e-mail.
Como funcionam os grupos de discussão?
Grupos de discussão
O usuário envia um e-mail para um endereço defi-
Existem serviços na Internet que possibilitam a nido e faz a assinatura. Outras formas de associação
troca de mensagens entre os assinantes de uma lista incluem o pedido diretamente na página do grupo ou
de discussão. O Grupos do Google é o último serviço o link recebido em um convite por e-mail.
em atividade, segundo o formato original. Depois de associado ao grupo, ele receberá em seu
Yahoo Grupos foi encerrado em 15 de dezembro e-mail as mensagens que os outros usuários enviarem.
Poderá optar por um resumo das mensagens, ou resumo
de 2019, e os membros não poderão mais enviar ou
semanal, ou apenas visualizar na página do grupo. Lem-
receber e-mails do Yahoo Grupos.
brando que nos anos 90/2000, os e-mails tinham tama-
Grupo de Discussão, ou Lista de Discussão, ou
nho limitado para a caixa de entrada de cada usuário.
Fórum de Discussão são denominações equivalentes O envio para um endereço único permite a distribui-
para um serviço que centraliza as mensagens recebi- ção para os assinantes da lista de discussão. Uma cópia
das que foram enviadas pelos membros e redistribui da mensagem e anexos se houverem, será disponibiliza-
para os demais participantes. da no mural da página do grupo, para consultas futuras.
Os grupos de discussão do Facebook surgiram den-
tro da rede social e ganharam adeptos, especialmente Mensagem
enviada para
pela facilidade de acesso, associação e participação. Grupos de todos os
discussão participantes
inscritos no
ITEM CARACTERÍSTICAS Mensagem enviada
para o endereço de
grupo
de discussão
e-mail do grupo
Privacidade O grupo poderá ser público e visível, Usuários da Internet
ou restrito e visível (qualquer um pode Quem não é inscrito
pedir para participar), ou secreto e in- Usuário participante
no grupo, não recebe
a mensagem
visível (somente convidados podem
ingressar). Figura 8. Os usuários participantes dos grupos de discussão trocam
mensagens através de um hub que centraliza e distribui para os
Proprietário Criador do grupo. demais participantes.

Gerentes ou Participantes convidados pelo proprie- A qualquer momento o usuário poderá desistir e
Moderadores tário para auxiliar na moderação das sair do grupo, tanto pela página como por um endere-
mensagens e gerenciamento do grupo. ço de e-mail próprio (unsubscribe).
A principal diferença entre um grupo de discussão
Administrador Em grupos no Facebook, pode ser o
e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada
criador ou gerente/moderador convi-
dado pelo dono do grupo. com a exibição do endereço dos participantes. Em um
grupo de discussão, cada membro tem acesso a um
Assinatura Como receberá as mensagens. Pode- endereço que enviará cópia para todos os participan-
rá ser uma por uma, ou resumo das tes do grupo, e nas mensagens respondidas, aparece o
mensagens por e-mail, ou e-mail de endereço original do remetente.
resumos (com os tópicos recebidos Apesar do tópico aparecer em diversos editais
no grupo), ou nenhum e-mail (para lei- de concursos, faz vários anos que não são aplicadas
tura na página do grupo). questões sobre o tema, em todos os concursos, inde-
pendente da banca organizadora.
INFORMÁTICA

Quais são as vantagens de um grupo?


Dica
z Os participantes podem enviar uma mensagem, Os Grupos de Discussão (com as características
que será enviada para todos os participantes. e funcionalidades originais) desapareceram ao
z Permite reunir pessoas com os mesmos interesses. longo do tempo, sendo substituídos pelos gru-
z Organizar reuniões, eventos e conferências. pos nas redes sociais (com novos recursos e
z Ter uma caixa de mensagens colaborativa, com integração com os perfis delas). Este é um tópi-
possibilidade de acesso aos conteúdos que foram co que deverá ser questionado cada vez menos,
enviados antes do seu ingresso no grupo. assim como Redes Sociais. 175
Sítios de busca e pesquisa
COMANDO USO EXEMPLO

Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm site: Resultados de apenas um livro site:www.
como finalidade apresentar os resultados de endereços site. uol.com.br
URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft filetype: Somente um tipo de apostila
arquivo. filetype:pdf
Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pes-
quisa da atualidade. No passado, sites como Cadê, define: Definição de um termo. define:smtp
Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a
acessibilidade das informações existentes na Internet, intitle: No título da página. intitle:concursos
indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
inurl: No endereço URL da inurl:nova
Os sites de pesquisas foram incorporados aos nave- página.
gadores de Internet, e na configuração dos browsers
temos a opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite time: Pesquisa o horário em time:japan
a busca dos termos digitados diretamente na barra de determinado local.
endereços do cliente web. Esta funcionalidade trans-
related: Sites relacionados. related:uol.com.
forma a nossa barra de endereços em uma omnibox
br
(caixa de pesquisa inteligente), que preenche com os
termos pesquisados anteriormente e oferece suges- cache: Versão anterior do site. cache:uol.com.
tões de termos para completar a pesquisa. br
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como bus-
cador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome link: Páginas que contenham link:
link para outras. novaconcursos
têm o Google Buscas como buscador padrão. As confi-
gurações podem ser personalizadas pelo usuário. location: Informações de um deter- location:méxico
Os sites de pesquisas incorporam recursos para minado local. terremoto
operações cotidianas, como pesquisa por textos,
imagens, notícias, mapas, produtos para comprar
em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, tra-
duz textos de um idioma para outro, entre inúmeras Importante!
funcionalidades.
Os sites de pesquisas ignoram pontuação, acen- Os comandos são seguidos de dois pontos e não
tuação e não diferenciam letras maiúsculas de letras possuem espaço com a informação digitada na
minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas. pesquisa.
E além de todas estas características, os sites de
pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (sím-
bolos) para refinar os resultados e comandos para O site de pesquisas Google também oferece respos-
selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos con- tas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing ofe-
cursos públicos, estes são os itens mais questionados. rece mecanismos similares.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais
As possibilidades são quase infinitas, pois os assis-
de concursos públicos, esta parte você consegue pra-
ticar, até no seu smartphone. Comece a usar os sím- tentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana)
bolos e comandos nas suas pesquisas na Internet, e permitem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos
visualize os resultados obtidos. de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.

SÍMBOLO USO EXEMPLO PEDIDO USO EXEMPLO


Aspas duplas Pesquisa exata, na mes- “Nova traduzir ... para Google traduzir maçã
ma ordem que forem di- Concursos” ... Tradutor. para japonês
gitados os termos.
lista telefôni- Páginas com o Lista telefôni-
Menos ou Excluir termo da concursos
ca:número telefone. ca:99999-9999
traço pesquisa. –militares
código da ação Cotação da bol- GOOG
Til (acento) Pesquisar sinônimos. concursos
~públicos sa de valores.

Asterisco Substituir termos na inscrições * clima localidade Previsão do clima são paulo
pesquisa, para pesquisar tempo.
‘inscrições encerradas’,
e ‘inscrições abertas’, e código do voo Status de um ba247
‘inscrições suspensas’, voo (viagens).
etc.

Cifrão Pesquisar por preço. celulares $1000 Os resultados apresentados pelas pesquisas do
Dois pontos Intervalo de datas ou campeão site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura
preço. 1980..1990 filtrar os resultados com conteúdo adulto, evitando
a sua exibição. Quando desativado, os resultados de
Arroba Pesquisar em redes @Instagram
sociais. novaconursos conteúdo adulto serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.
Hashtags Pesquisar nas marca- #informática bing.com, acesse o menu no canto superior direito e
ções de postagens.
176 escolha o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.goo- REDES
gle.com, acesse o menu Configurações no canto inferior CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
direito e escolha o item Configurações de Pesquisa.
O LinkedIn é uma Empresas, empre-
rede social para co- gados, empregado-
Importante! nexões entre empre- res e candidatos.
sas e empregados.
As bancas costumam questionar funcionali-
dades do Microsoft Bing que são idênticas às Facebook Workpla- Empresas que con-
funcionalidades do Google Buscas. Ao inserir o ce, usado por empre- tratem o serviço e
nome do navegador da Microsoft na questão, a sas para conectar seus colaboradores.
banca procura desestabilizar o candidato com a seus colaboradores.
dúvida acerca do recurso questionado. O Instagram é uma Todos os usuá-
rede social para rios de Internet e
compartilhamento empresas.
Redes Sociais
de fotos, vídeos e
venda de produtos.
As redes sociais se tornaram populares entre os
usuários, ao oferecerem os pilares dos relacionamentos O Tumblr é uma rede Todos os usuá-
em formato digital: curtir, comentar e compartilhar. social para compar- rios de Internet e
Teoricamente, elas se dividem em duas categorias: tilhamento de con- empresas.
sites de relacionamento (redes sociais) e mídias sociais. teúdo como blogs
Na prática, estes conceitos acabam sendo sobre-
(textos, imagens, ví-
postos nas novas redes.
deos, links, etc.)
O modelo pode ser centralizado, descentralizado
ou distribuído.
No modelo centralizado, as informações são exi-
MÍDIAS
bidas para os usuários a partir de servidores de uma CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuá-
rio. Localização, idade, sexo, preferências políticas, e Wordpress é um Usuários de In-
todas as demais informações dadas pelos usuários no portal de blogs que ternet com foco
perfil da rede social, serão usadas para a apresentação permite o armazena- em produção de
dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um mento de websites. conteúdo.
exemplo centralizado, com distribuição de conteúdo
semelhante à topologia Estrela, das redes de computa- O Youtube é um por- Produtores de con-
dores, com um nó centralizador. tal de vídeos com teúdo multimídia e
As redes sociais ou mídias descentralizadas são recursos de redes consumidores.
aquelas que, apesar de existirem nós maiores e prin- sociais.
cipais, os usuários acessam apenas parte das informa-
ções disponíveis. Critérios informados nos perfis dos O Wikipedia é um Usuários colabora-
usuários, postagens que ele curtiu, postagens que ele site para publica- dores e voluntários
ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos ção de conheci- que contribuem
dentro das redes sociais, etc. O Facebook é um exem- mento no formato com novos conteú-
plo de rede descentralizada, onde as conexões pes- colaborativo. dos e revisões.
soais são expandidas para o grupo.
As redes sociais distribuídas são aquelas que
dependem das conexões de um usuário para ter aces- É importante pontuar que as redes sociais é um
so a outras conexões. O LinkedIn é um exemplo, que tópico pouco questionado em concursos públicos,
prioriza as conexões conhecidas e as conexões rela- devido às atualizações que elas oferecem quase dia-
cionadas, independente dos grupos onde o usuário riamente em seus recursos e operação de algorit-
está participando no momento. mos. Se comparar o Facebook de hoje com as regras
Em todas as redes sociais, a super exposição de e recursos do Facebook do ano passado, poderá ver a
dados de usuários pode comprometer a segurança quantidade de funcionalidades que foram alteradas.
da informação. Técnicas de Engenharia Social podem
ser usadas para vasculhar as informações publicadas
PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT
pelos usuários, à procura de conexões, relacionamen-
EDGE, INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E
tos, senhas, dados de documentos e outras informa-
GOOGLE CHROME)
ções que poderão ser usadas contra o usuário.
Os navegadores de Internet reconhecem os proto-
REDES colos da família TCP/IP, que permite a comunicação
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
INFORMÁTICA

entre os dispositivos nas redes de computadores. São


exemplos de protocolos de transferência de dados:
O Facebook é a Todos os usuá-
HTTP (hipertextos), HTTPS (hipertextos de forma
maior rede social da rios de Internet e
segura), FTP (arquivos), SMTP (mensagens de correio
atualidade. empresas.
eletrônico), NNTP (grupos de discussão e notícias),
O Twitter é uma Ativistas, artis- entre outros.
rede social para pu- tas, empresas e Ao navegar na Internet com um navegador ou bro-
blicações curtas e políticos. wser, o usuário está em uma sessão de navegação.
rápidas. A sessão de navegação poderá ser em janelas ou
em guias dentro das janelas. 177
As guias ou abas podem ser iniciadas com o cli- As páginas acessadas poderão ser salvas para aces-
que em links das páginas visitadas, ou clique no link sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos,
enquanto mantém a tecla CTRL pressionada, ou ata- consultadas no Histórico de Navegação ou salvas
lho de teclado Ctrl+T para nova guia em branco, ou cli- como PDF no dispositivo do usuário.
que no link com o botão direito do mouse para acessar Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclusi-
o menu de contexto e escolher a opção “Abrir link em vo para permitir que a navegação inicie em um dis-
nova guia”. As guias ou abas podem ser fechadas com positivo e continue em outro dispositivo logado na
o atalho de teclado Ctrl+W ou Ctrl+F4. mesma conta Microsoft. Semelhante ao Google Con-
A janela de navegação ‘normal’ é aberta com o tas, mas nomeado como Coleções no Edge, permite
atalho de teclado Ctrl+N, ou clique no link enquanto
adicionar sugestões do Pinterest.
mantém a tecla SHIFT pressionada, ou clique no link
Outro recurso específico do navegador é a repro-
com o botão direito do mouse para acessar o menu de
dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site
contexto e escolher a opção “Abrir link em nova jane-
Microsoft Bing (buscador da Microsoft).
la”. A janela poderá ser fechada com o atalho de tecla-
do Alt+F4. Se houver várias guias abertas na janela,
com o atalho de teclado Alt+F4, todas serão fechadas. Internet Explorer
Para reabrir uma guia ou janela que foi fechada,
pressione o atalho de teclado Ctrl+Shift+T. Foi o navegador padrão dos sistemas Windows,
Os navegadores de Internet permitem a continua- e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o
ção da navegação nas guias que estavam abertas na questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no
última sessão. Alterando as configurações do navega- Microsoft Edge, por questões de compatibilidade.
dor, na próxima vez que ele for executado, exibirá as A compatibilidade é um princípio no desenvolvi-
últimas guias que foram acessadas na última sessão. mento de substitutos para os programas, que deter-
Os navegadores de Internet não permitem a edi- mina que a nova versão ou novo produto, terá os
ção de arquivos PDF de forma nativa. O formato PDF recursos e irá operar como as versões anteriores ou
é o mais popular para distribuição de conteúdo na produtos de origem.
Internet, e pode ser editado por aplicativos específicos O atalho de teclado para abrir uma nova janela de
como o Microsoft Word. navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P.
Os navegadores de Internet possuem mecanis- As Opções de Internet, disponível no menu Fer-
mos internos que procuram proteger a navegação do ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel
usuário por sites, alertando sobre sites que tenham de Controle do Windows, devido à alta integração do
conteúdo malicioso, download automático de códigos, navegador com o sistema operacional.
arquivos que são potencialmente perigosos se execu-
tados, entre outras medidas. Mozilla Firefox

O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que,


Importante! como os demais browsers, possibilita o acesso ao con-
Os navegadores possuem mais recursos em teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na
comum do que diferenças. As bancas costumam Internet como na Intranet.
perguntar os itens que são diferentes ou exclusivos. É um navegador com código aberto, software livre,
que permite download para estudo e modificações.
Possui suporte ao uso de applets (complementos de
Microsoft Edge terceiros), que são instalados por outros programas
no computador do usuário, como o Java.
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização
no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre o de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con-
kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan-
série de itens semelhantes ao Google Chrome.
to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes
Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartS-
dados não serão sincronizados.
creen, permite o bloqueio de sites que contenham
Assim como nos outros navegadores, é possível
phishing (códigos maliciosos que procuram enganar
definir uma página inicial padrão, uma página inicial
o usuário, como páginas que pedem login/senha do
escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar
cartão de crédito).
a navegação das guias abertas na última sessão.
Outro recurso de proteção é usado para combater
No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que
permite copiar para a Área de Transferência do com-
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar-
putador, parte da imagem da janela que está sendo
tilhar dados entre sites sem permissão do usuário.
Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o acessada. A seguir, em outro aplicativo o usuário
visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows poderá colar a imagem capturada ou salvar direta-
10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese- mente pelo navegador.
nhar’ sobre o conteúdo do PDF. Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles
Mantém as características dos outros navegado- oferecem pequenas dicas para que você possa apro-
res de Internet, como a possibilidade de instalação de veitar ao máximo o Firefox. Também pode aparecer
extensões ou complementos, também chamados de novidades sobre produtos Firefox, missão e ativismo
plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos da Mozilla, notícias sobre integridade da internet e
178 específicos para a navegação em determinados sites. muito mais.
Google Chrome NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTE
LINUX E WINDOWS)
O navegador mais utilizado pelos usuários da
Internet é oferecido pela Google, que mantém servi- O sistema operacional proporciona a base para
ços como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), execução de todos os demais softwares no computa-
dor. Ele é responsável por estabelecer o padrão para
entre muitos outros.
comunicação com o hardware (através dos drivers).
Uma das pequenas diferenças do navegador em Os computadores podem receber diferentes sistemas,
relação aos outros navegadores é a tecla de atalho segundo a sua arquitetura de construção.
para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é É possível termos dois ou mais sistemas operacionais
F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de instalados em um dispositivo. No caso dos computado-
pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se res, o usuário pode criar partições (divisões lógicas) no
você acessar pelo Google Chrome. disco de armazenamento e instalar cada sistema (Win-
Outro recurso especialmente útil do Chrome é o dows e Linux) em uma delas. O usuário também poderá
executar no formato de Máquina Virtual (Virtual Machi-
Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla-
ne), conforme detalhado no tópico Virtualização.
do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador
O que os sistemas operacionais têm em comum?
não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas
poderá finalizar, sem finalizar todo o programa. z Plataforma para execução de programas – eles
Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’ oferecem recursos que são compartilhados pelos
do site de buscas, como a tradução automática de programas executados, desenvolvidos para serem
páginas pelo Google Tradutor. compatíveis com o sistema operacional.
É possível compartilhar o uso do navegador com z Núcleo monolítico – arquitetura monobloco, onde
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que um único processo centraliza e executa as princi-
pais funções. No Windows, é o explorer.exe.
cada uma tenha suas próprias configurações e arqui-
z Interface gráfica – mesmo oferecendo uma inter-
vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife-
face de linha de comandos, a interface gráfica é
rentes de acessos, que podem ser definidos quando o a mais utilizada e questionada em provas, com
usuário conecta ou não em sua conta Google. ícones que representam os itens existentes no
dispositivo.
z Modo Normal – sem estar conectado na conta Goo- z Multiusuário – os sistemas permitem que vários
gle, o navegador armazena localmente as informa- usuários utilizem o dispositivo, cada um com sua
ções da navegação para o perfil atual do sistema respectiva conta e credenciais de acesso.
operacional. Todos os usuários do perfil, poderão z Multiprocessamento – os sistemas possibilitam
a execução de vários processos simultanea-
consultar as informações armazenadas.
mente, gerenciando os recursos oferecidos pelo
z Modo Normal conectado na conta Google – o processador.
navegador armazena localmente as informações z Preemptivo – o sistema operacional poderá inter-
da navegação e sincroniza com outros dispositivos romper processos durante a sua execução.
conectados na mesma conta Google. z Multitarefas – os sistemas operacionais possibilitam
z Modo Visitante – o navegador acessa a Internet, a execução de várias tarefas de forma simultânea
mas não acessa as informações da conta Google e concorrentes entre si, através do gerenciamento
registrada. profundo da memória do dispositivo.
z Interface com o hardware – o sistema operacio-
z Modo de Navegação Anônima – o navegador
nal contém arquivos que atuam como tradutores,
acessa a Internet e apaga os dados acessados quan-
possibilitando a comunicação do software com o
do a janela é fechada. hardware.

O navegador Google Chrome, quando conectado em NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTE


uma conta Google, permite que a exclusão do histórico WINDOWS)
de navegação seja realizada em todos os dispositivos
conectados. Esta funcionalidade não estará disponível, O sistema operacional Windows foi desenvolvido
caso não esteja conectado na conta Google. pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em
Um dos atalhos de teclado diferente no Google Chro- meados dos anos 80, oferecendo uma interface gráfi-
ca baseada em janelas, com suporte para apontadores
me em comparação aos demais navegadores é F6. Para
como mouses, touch pad (área de toque nos portáteis),
acessar a barra de endereços nos outros navegadores,
canetas e mesas digitalizadoras.
pressione F4. No Google Chrome o atalho de teclado é F6. Atualmente o Windows é oferecido na versão 10,
Para verificar a versão atualmente instalada do que possui suporte para os dispositivos apontadores
Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois tradicionais, além de tela touch screen e câmera (para
INFORMÁTICA

“Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen- acompanhar o movimento do usuário, como no siste-
dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram ma Kinect do videogame xBox).
instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador. Em concursos públicos, as novas tecnologias e supor-
Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos tes avançados são raramente questionados. As questões
aplicadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o
mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
modo de operação do sistema operacional em um dispo-
com as mesmas credenciais de login. sitivo computacional padrão (ou tradicional).
O Google Chrome permite a personalização com O sistema operacional Windows é um software pro-
temas, que são conjuntos de imagens e cores combina- prietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) disponível e o
das para alterar a visualização da janela do aplicativo. usuário precisa adquirir uma licença de uso da Microsoft. 179
GUI - Graphics User Interface. Interface gráfica, por-
Importante! que o sistema operacional oferece também a interface de
A banca prioriza o conhecimento básico das con- comandos (Prompt de Comandos ou Linha de Comandos)
Quando o sistema Windows não consegue ini-
figurações do sistema operacional. O usuário não ciar de forma correta, é possível recuperar o acesso
encontrará muitas questões sobre a “parte prática”, através de ferramentas de inicialização. Para acesso
como ocorrem com outras organizadoras de con- a estes recursos, pode ser necessária uma conta com
cursos. Em outras palavras, as primeiras páginas credenciais de administrador.
do material sobre Windows são as mais importan-
tes para as provas da banca CESPE/Cebraspe. z Restauração do Sistema – a cada vez que o Win-
dows foi iniciado com sucesso, um ponto de res-
tauração foi criado. A cada instalação de software
Funcionamento do sistema operacional ou alterações significativas das configurações, um
ponto de restauração é criado. Em caso de instabi-
Do momento em que ligamos o computador até o lidade, o usuário pode retornar o Windows para
momento em que a interface gráfica está completa- um ponto de restauração previamente criado.
mente disponível para uso, uma série de ações e con- z Reparação do Sistema – se arquivos do sistema
figurações são realizadas, tanto nos componentes de foram seriamente modificados ou se tornaram ina-
cessíveis, o Windows não iniciará e não conseguirá
hardware como nos aplicativos de software. Acompa-
recuperar para um ponto de restauração. O Windo-
nhe a seguir estas etapas.
ws permite a criação de um disco de recuperação
do sistema, que restaura o Windows para as confi-
Hardware Software gurações originais.
z Histórico de Arquivos – a cada alteração, o Windo-
Energia elétrica - botão ON/OFF POST - Power On Self Test ws armazena cópias dos arquivos originais e grava
os novos dados no local. Depois, caso necessário, o
BIOS - Carregado para a memória
Equipamento OK
RAM usuário poderá acessar o Histórico de Arquivos e
retornar para uma cópia anterior do mesmo item.
Disco de Inicialização Gerenciador de Boot z Versões anteriores (ou Cópias de Sombra) – alte-
rações de conteúdos de pastas são monitorados
Memória RAM Núcleo do Sistema Speracional pelo Windows. O usuário poderá acessar no menu
de contexto, item Propriedades, guia Versões ante-
Periféricos de Entrada Drivers riores, as cópias anteriores da mesma pasta, res-
taurando e descartando as alterações posteriores.
Interface Gráfica

O Windows possui 3 níveis de acesso, que são as


Aplicativos
credenciais.

Todo dispositivo possui um sistema de inicialização. z Administrador – usuário que poderá instalar pro-
Quando colocamos a chave no contato do carro e damos gramas e dispositivos, desinstalar ou alterar as
a primeira mexida, todas as luzes do painel se acendem configurações. Os programas podem ser desinsta-
e somente aquelas que estiverem ativadas permanecem. lados ou reparados pelo administrador.
Quando ligamos o micro-ondas, ele acende todo o painel
e faz um beep. Quando ligamos o nosso smartphone, „ Administrador local – configurado para o
ele acende a tela e faz um toque. Estes procedimentos dispositivo.
são úteis para identificar que os recursos do dispositivo „ Administrador domínio – quando o dispositivo
estão disponíveis corretamente para utilização. está conectado em uma rede (domínio), o admi-
POST – Power On Self Teste – autoteste da iniciali- nistrador de redes também poderá acessar o
zação. Instruções definidas pelo fabricante para veri- dispositivo com credenciais globais.
ficação dos componentes conectados.
BIOS – Basic Input Output System – sistema básico de z Usuário – poderá executar os programas que
entrada e saída. Informações gravadas em um chip CMOS foram instalados pelo administrador, mas não
(Complementary Metal Oxidy Semiconductor) que podem poderá desinstalar ou alterar as configurações.
z Convidado ou Visitante – poderá acessar apenas os
ser configuradas pelo usuário usando o programa SETUP
itens liberados previamente pelo administrador. Esta
(executado quando pressionamos DEL ou outra tecla espe-
conta geralmente permanece desativada nas confi-
cífica no momento que ligamos o computador, na primei-
gurações do Windows, por questões de segurança.
ra tela do autoteste – POST Power On Self Test).
KERNEL – Núcleo do sistema operacional. O
No Windows, as permissões NTFS podem ser atri-
Windows tem o núcleo fechado e inacessível para buídas em Propriedades, guia Segurança. Através de
o usuário. O Linux tem núcleo aberto e código fon- permissões como Controle Total, Modificar, Gravar,
te disponível para ser utilizado, copiado, estudado, entre outras, o usuário poderá definir o que será aces-
modificado e redistribuído sem restrição. O kernel do sado e executado por outros usuários do sistema. As
Linux está em constante desenvolvimento por uma permissões do sistema de arquivos NTFS não são compatí-
comunidade de programadores, e para garantir sua veis diretamente com o sistema operacional Linux, e caso
integridade e qualidade, as sugestões de melhorias tenhamos dois sistemas operacionais ou dois dispositivos
são analisadas e aprovadas (ou não) antes de serem na rede com sistemas diferentes, um servidor Samba será
disponibilizadas para download por todos. necessário, para realizar a ‘tradução’ das configurações.
GERENCIADOR DE BOOT - O Linux tem diferentes O Windows oferece a interface gráfica (a mais usada
gerenciadores de boot, mas os mais conhecidos são o e questionada) e pode oferecer uma interface de linha
180 LILO e o Grub. de comandos para digitação. O Prompt de Comandos
é a representação do sistema operacional MS-DOS z Somente projetor – desativar a tela atual (no
(Microsoft Disk Operation System), que era a opção notebook, por exemplo) e exibir somente no pro-
padrão de interface para o usuário antes do Windows. jetor ou Datashow.
O Windows 10 oferece o Prompt de Comandos ‘bási-
co’ e tradicional, acionado pela digitação de CMD segui- O Windows 10 apresenta algumas novidades em
do de Enter, na caixa de diálogo Executar (aberta pelo relação às versões anteriores. Assistente virtual, navega-
atalho de teclado Windows+R = Run). Além dele, existe dor de Internet, locais que centralizam informações, etc.
o Windows Power Shell, que é a interface de comandos
programável, acessível pelo menu do botão Iniciar. z Botão Iniciar – permite acesso aos aplicativos insta-
Para conhecer as configurações do dispositivo, o lados no computador, com os itens recentes no início
usuário pode acessar as Propriedades do computa-
da lista e os demais itens classificados em ordem alfa-
dor no Explorador de Arquivos, ou o item Sistema em
bética. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do
Configurações (atalho de teclado Windows+I), ou pela
Windows 8 com a lista de programas do Windows 7.
Central de Ações (atalho de teclado Windows+A), ou
acionar o atalho de teclado Windows+Pause. z Pesquisar – com novo atalho de teclado, permite
A interface gráfica do Windows é caracterizada localizar a partir da digitação de termos, itens no
pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do dispositivo, na rede local e na Internet. Atalho de
Windows exibe ícones de pastas, arquivos, progra- teclado: Windows+S (Search).
mas, atalhos, Barra de Tarefas (com programas que z Cortana – assistente virtual. Auxilia em pesquisas de
podem ser executados e programas que estão sendo informações no dispositivo, na rede local e na Internet.
executados) e outros componentes do Windows. z Visão de Tarefas – permite alternar entre os pro-
gramas em execução e abre novas áreas de traba-
lho. Atalho de teclado: Windows+TAB.
Microsoft Google Mozilla Kaspersky
z Microsoft Edge – navegador de Internet padrão
Lixeira Firefox
Edge Chrome Thunderbird secure Co do Windows 10. Ele está configurado com o busca-
dor padrão Microsoft Bing, mas pode ser alterado.
W X
z Microsoft Loja – loja de app’s para o usuário bai-
Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas xar novos aplicativos para Windows.
Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt z Windows Mail – aplicativo para correio eletrônico,
que carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se
Digite Aqui Para Pesquisar tornar um hub de e-mails com adição de outras contas.
z Barra de Acesso Rápido – ícones fixados de pro-
Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10. gramas para acessar rapidamente.

Navegador padrão Windows 10 Atalhos Fixar itens – em cada ícone, ao clicar com o botão
Itens Excluídos
direito (secundário) do mouse, será mostrado o menu
rápido, que permite fixar arquivos abertos recentemen-
Microsoft Google Mozilla Kaspersky
te e fixar o ícone do programa na barra de acesso rápido.
Lixeira Firefox
Edge Chrome Thunderbird secure Co
Arquivos
Central de Ações – centraliza as mensagens de
Pasta de
Arquivos segurança e manutenção do Windows, como as atua-
W X lizações do sistema operacional. Atalho de teclado:
Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa
Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
Barra de Tarefas
ser carregada pelo usuário, ela é carregada automati-
camente quando o Windows é inicializado.
Digite Aqui Para Pesquisar Mostrar área de trabalho – visualizar rapidamente a
Cortana
área de trabalho, ocultando as janelas que estejam em
Área de Notificação
Botão Iniciar Visão de tarefas primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D (Desktop).
Central de Ações
Barra de acesso rápido
z Bloquear o computador – com o atalho de teclado
Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10. Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o com-
putador. Poderá bloquear pelo menu de controle de
A Área de Trabalho, caracterizada pela imagem do sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del.
papel de parede personalizada pelo usuário, poderá ter z Gerenciador de Tarefas – para controlar os apli-
uma proteção de tela ativada. Após algum tempo sem uti- cativos, processos e serviços em execução. Atalho
lização dos periféricos de entrada (mouse e teclado), uma de teclado: Ctrl+Shift+Esc.
imagem ou tela será exibida no lugar da imagem padrão. z Minimizar todas as janelas – com o atalho de
Na área de trabalho do Windows, o usuário pode- teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode
rá armazenar arquivos e pastas, além de criar atalhos minimizar todas as janelas abertas, visualizando
para itens no dispositivo, na rede ou na Internet. a área de trabalho.
INFORMÁTICA

A tela da área de trabalho poderá ser estendida ou z Criptografia com BitLocker – o Windows oferece
duplicada, com os recursos de projeção. Ao acionar o ata- o sistema de proteção BitLocker, que criptografa
lho de teclado Windows+P (Projector), o usuário poderá: os dados de uma unidade de disco, protegendo
contra acessos indevidos. Para uso no computador,
z Tela atual – exibir somente na tela atual. uma chave será gravada em um pendrive, e para
z Estender – ampliar a área de trabalho, usando acessar o Windows, ele deverá estar conectado.
dois ou mais monitores, iniciando em uma tela e z Windows Hello – sistema de reconhecimento
‘continuando’ na outra tela. facial ou biometria, para acesso ao computador
z Duplicar – exibir a mesma imagem nas duas telas. sem a necessidade de uso de senha. 181
z Windows Defender – aplicação que integra recur- 1 - Barra de menus: são apresentados os menus com
sos de segurança digital, como o firewall, antivírus os respectivos serviços que podem ser executados
e antispyware. no aplicativo.
2 - Barra ou linha de título: mostra o nome do arqui-
Dica vo e o nome do aplicativo que está sendo execu-
tado na janela. Através dessa barra, conseguimos
A banca prioriza o conhecimento de novos mover a janela quando a mesma não está maximi-
recursos dos softwares constantes do edital zada. Para isso, clique na barra de título, mante-
publicado. nha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você
estará movendo a janela para a posição desejada.
No Windows, algumas definições sobre o que está Depois é só soltar o clique.
sendo executado podem variar, segundo o tipo de exe- 3 - Botão minimizar: reduz uma janela de documento
cução. Confira: ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela
para seu tamanho e posição anteriores, clique neste
z Aplicativos – são os programas de primeiro plano, botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
que o usuário executou. 4 - Botão maximizar: aumenta uma janela de docu-
z Processos – são os programas de segundo plano, mento ou aplicativo para preencher a tela. Para
carregados na inicialização do sistema operacional, restaurar a janela para seu tamanho e posição
componentes de programas instalados pelo usuário. anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes
z Serviços – são componentes do sistema operacio- na barra de títulos.
nal carregados durante a inicialização para auxi- 5 - Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento.
liar na execução de vários programas e processos. Solicita que você salve quaisquer alterações não
salvas antes de fechar. Alguns aplicativos, como
Os aplicativos em execução no Windows poderão os navegadores de Internet, trabalham com guias
ser acessados de várias formas, alternando a exibição ou abas, que possui o seu próprio controle para
de janelas, com o uso de atalhos de teclado. Confira: fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6 - Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do
z Alt + Tab – alterna entre os aplicativos em execu- lado direito (e inferior de uma janela de documento).
ção, exibindo uma lista de miniaturas deles para Para deslocar-se para outra parte do documento, arras-
o usuário escolher. A cada toque em Alt+Tab, a te a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem.
seleção passa para o próximo item, retornando ao
começo quando passar por todos. Conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos
z Alt + Esc – alterna diretamente para o próximo
aplicativo em execução, sem exibir nenhuma jane- No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas.
la de seleção. E algumas pastas são especiais, coleções de arquivos,
z Ctrl + Alt + Tab – alterna entre os aplicativos em chamadas de Bibliotecas. São quatro Bibliotecas: Docu-
execução como o Alt+Tab, mas a tela permanece mentos, Imagens, Músicas e Vídeos. O usuário poderá
em exibição, podendo usar as setas de movimenta- criar Bibliotecas, para sua organização pessoal. Elas oti-
ção para escolha do programa. mizam a organização dos arquivos e pastas, inserindo
z Windows + Tab – mostra a Visão de Tarefas, para apenas ligações para os itens em seus locais originais.
escolher programas em execução ou outras áreas O sistema de arquivos NTFS (New Technology File
de trabalho abertas. System) armazena os dados dos arquivos em localiza-
ções dos discos de armazenamento. Os arquivos pos-
suem nome, e podem ter extensões.
Importante! O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de
armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes)
Vários recursos presentes no sistema operacional O FAT32 suporta unidades de até 2 TB
Windows podem auxiliar nas tarefas do dia-a-dia. Antes de prosseguir, vamos conhecer estes
Procure praticar as combinações de atalhos de conceitos.
teclado, por dois motivos: elas agilizam o seu traba-
lho cotidiano e elas caem em provas de concursos. TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO
Unidade de disco de armazena-
4 - Maximizar Disco de mento permanente, que possui um
2 - Barra ou linha de título
3 - Minimizar 3 - Fechar armazenamento sistema de arquivos e mantém os
1 - Barra de menus
dados gravados.

Estruturas lógicas que endereçam as


partes físicas do disco de armazena-
Área de trabalho do aplicativo Sistema de
mento. NTFS, FAT32, FAT são alguns
Arquivos
exemplos de sistemas de arquivos do
Windows.
6 - Barra de Rolagem
Circunferência do disco físico
Trilhas (como um hard disk HD ou unida-
des removíveis ópticas).

São ‘fatias’ do disco, que dividem


Setores
Figura 3. Elementos de uma janela do Windows 10. as trilhas.
182
TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO
Unidades de armazenamento no
Clusters disco, identificado pela trilha e se-
tor onde se encontra.

Estrutura lógica do sistema de ar-


Pastas ou
quivos para organização dos dados
diretórios
na unidade de disco.

Arquivos Dados. Podem ter extensões.

Pode identificar o tipo de arquivo,


associando com um software que
Extensão permita visualização e/ou edição. As
pastas podem ter extensões como
parte do nome.

Arquivos especiais, que apontam


para outros itens computacionais,
como unidades, pastas, arquivos,
Atalhos dispositivos, sites na Internet, lo-
cais na rede, etc. Os ícones pos-
suem uma seta, para diferenciar
dos itens originais.

O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.

Exabyte
Petabyte (EB)
Terabyte (PB)
Gigabyte (TB)
Megabyte (GB) trilhão
Kilobyte (MB) bilhão
(KB) mil milhão
Byte
(B)

Ainda não temos discos com capacidade na ordem


de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos Documentos
comercialmente, mas quem sabe um dia? Hoje estas Imagens Folhas
medidas muito altas são usadas para identificar gran- Músicas Flores
des volumes de dados na nuvem, em servidores de Vídeos Frutos
redes, em empresas de dados, etc.
1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbolo.
Ele é formado por 8 bits, que são sinais elétricos (que Pastas e subpastas Tronco e galhos
vale zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o
sistema binário para representação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no disposi-
tivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação grava-
da na memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 Diretório raiz Raiz
bits de informação.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momentos
do cotidiano. Um plano de dados de celular oferece um
pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até 5 bilhões de Figura 4. Árvore de diretórios
INFORMÁTICA

bytes no período contratado. A conexão Wi-Fi de sua resi-


dência está operando em 150 Mbps, ou 150 megabits por
segundo, que são 18,75 MB por segundo, e um arquivo com
75 MB de tamanho, levará 4 segundos para ser transferido
do seu dispositivo para o roteador wireless.
Quando os computadores pessoais foram apresen-
tados para o público, a árvore foi usada como analo-
gia para explicar o armazenamento de dados, criando
o termo “árvore de diretórios”.
183
No Windows 10, a organização segue a seguinte criou. É possível alterar esta extensão, porém corre-
definição: mos o risco de perder o acesso ao arquivo, que não
será mais reconhecido diretamente pelas configura-
Arquivos de Programas ções definidas em Programas Padrão do Windows.
(Program Files), Usuários Confira na tabela a seguir algumas das extensões e
Estruturas (Users), Windows. A pri- ícones mais comuns em provas de concursos.
do sistema meira pasta da undiade é
operacional chamada raiz (da árvore EXTENSÃO ÍCONE FORMATO
de diretórios), represen-
tada pela barra invertida. Adobe Acrobat. Pode ser
criado e editado pelos apli-
Documentos (Meus cativos Office. Formato de
Documentos), Imagens PDF documento portável (Por-
Estruturas (Minhas Imagens), Ví- table Document Format)
PASTAS do Usuário deos (Meus Vídeos), que poderá ser visualizado
Músicas (Minhas Músi- em várias plataformas.
cas) – BIBLIOTECAS
Documento de textos do
Desktop, que permite Microsoft Word. Textos
Área de acesso a Lixeira, Barra de DOCX com formatação que po-
Trabalho Tarefas, pastas, arquivos, dem ser editados pelo Li-
programas e atalhos. breOffice Writer.

Armazena os arquivos de Pasta de trabalho do Mi-


Lixeira do discos rígidos que foram crosoft Excel. Planilhas
Windows excluídos, permitindo a XLSX de cálculos que podem
recuperação dos dados. ser editadas pelo LibreOf-
fice calc.
Extensão LNK, podem
Arquivos
ser criados arrastando Apresentação de slides
ATALHOS que indicam
o item com ALT ou CTR- do Microsoft PowerPoint,
outro local PPTX
L+SHIFT pressionado. que poderá ser editada
pelo LibreOffice Impress.
Extensão DLL e outras,
Arquivos de usadas para comunica- Texto sem formatação.
DRIVERS
configuração ção do software com o Formato padrão do aces-
hardware sório Bloco de Notas.
TXT
Poderá ser aberto por
O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que vários programas do
antes era Windows Explorer) para o gerenciamento computador.
de pastas e arquivos. Ele é usado para as operações de
manipulação de informações no computador, desde o Rich Text Format – forma-
básico (formatar discos de armazenamento) até o avan- to de texto rico. Padrão do
çado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas). acessório WordPad, este
RTF
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado documento de texto pos-
para executar o Explorador de Arquivos. sui alguma formatação,
Como o Windows 10 está associado a uma con- como estilos de fontes.
ta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou
Outlook), o usuário tem disponível um espaço de Formato de vídeo. Quando
armazenamento de dados na nuvem Microsoft One- o Windows efetua a leitura
Drive. No Explorador de Arquivos, no painel do lado do conteúdo, exibe no íco-
MP4, AVI,
direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a ne a miniatura do primeiro
MPG
nuvem. Ao inserir arquivos ou pastas no OneDrive, quadro. No Windows 10,
eles serão enviados para a nuvem e sincronizados Filmes e TV reproduzem
com outros dispositivos que estejam conectados na os arquivos de vídeo.
mesma conta de usuário.
Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos Formato de áudio. O Gra-
somente leitura... os atributos dos itens podem ser vador de Som pode gravar
definidos pelo item Propriedades no menu de contex- MP3 o áudio. O Windows Media
to. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que Player e o Groove Music,
tenham o atributo oculto, desde que ajuste a configu- podem reproduzir o som.
ração correspondente.
Formato de imagem.
Extensões de arquivos Quando o Windows efe-
tua a leitura do conteúdo,
BMP, GIF,
O Windows 10 apresenta ícones que representam exibe no ícone a miniatu-
JPG, PCX,
arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão ra da imagem. No Windo-
PNG, TIF
caracteriza o tipo de informação que o arquivo arma- ws 10, o acessório Paint
zena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é visualiza e edita os arqui-
atribuída para ele, de acordo com o programa que o vos de imagens.
184
Ícones Extra Grandes Ícones Extra Grandes com nome (e extensão)
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Formato ZIP, padrão do Ícones Grandes com nome (e extensão)


Ícones Grandes
Windows para arquivos Ícones médios com nome (e extensão)
Ícones Médios
compactados. Não ne- organizados da esquerda para a direita
ZIP
cessita de programas adi- Ícones pequenos com nome (e extensão)
Ícones Pequenos
cionais, como o formato organizados da esquerda para a direita
RAR que exige o WinRAR. Ícones pequenos com nome (e extensão)
Lista
organizados de cima para baixo
Biblioteca de ligação dinâ- Ícones pequenos com nome, data de
mica do Windows. Arquivo Detalhes
modificaçã, tipo e tamanho.
que contém informações
DLL Lado a Lado
Ícones médios com nome, tipo e tamanho,
que podem ser usadas por organizado da esquerda para a direita.
vários programas, como Ícones médios com nome, autores, data de
Conteúdo
uma caixa de diálogo. modificação, marcas e tamanho.

Arquivos executáveis,
Área de Transferência
que não necessitam de
EXE, COM, outros programas para
BAT serem executados. Um dos itens mais importantes do Windows não é
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans-
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena
uma informação de cada vez. A informação armaze-
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho
trabalhando em praticamente todas as operações de
de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão.
manipulação de pastas e arquivos.
Alterando esta configuração, o arquivo será visualizado e
editado por outro programa de escolha do usuário. Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+X (Recortar),
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. estamos movendo o item selecionado para a memória
A troca do nome alterou a organização dos itens de ajus- RAM, para a Área de Transferência.
tes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo. No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo
Através deste item o usuário poderá instalar e da Área de Transferência, acione o atalho de teclado
desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows+V (View).
Windows, além de outros recursos administrativos. Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar),
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, estamos copiando o item para a memória RAM, para
acessado pela opção Configurações, localizada na lista ser inserido em outro local, mantendo o original e
exibida a partir do botão Iniciar, é possível configu- criando uma cópia.
rar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, esta-
Modo avião/ Status da rede/ Ethernet/ Conexão disca- mos copiando uma ‘foto da tela inteira’ para a Área de
da/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy. Transferência, para ser inserida em outro local, como
Modo Avião é uma configuração comum em smar- em um documento do Microsoft Word ou edição pelo
tphones e tablets que permite desativar, de manei- acessório Microsoft Paint.
ra rápida, a comunicação sem fio do aparelho – que Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen,
inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a
NFC e todos os demais tipos de uso da rede sem fio. Área de Transferência, desconsiderando outros ele-
Mas, eu não vejo as extensões de meus arquivos. mentos da tela do Windows.
Como resolver? Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o
O Explorador de Arquivos possui diferentes modos conteúdo que está armazenado na Área de Transfe-
de exibição. Poderá ser em Lista, ou Detalhes, ou Con- rência será inserido no local atual.
teúdo, entre outras. O usuário poderá ativar ou desati- As ações realizadas no Windows, em sua quase
var a exibição das extensões dos arquivos, facilitando totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de
a manipulação dos itens. teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao Por exemplo, ao excluir um item por engano, ao pres-
exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar sionar DEL ou DELETE, o usuário pode acionar Ctrl+Z
informações, como, por exemplo, a data de modifica- (Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces-
ção e o tamanho de cada arquivo. sidade de acessar a Lixeira do Windows.
E outras ações podem ser repetidas, acionando o
Modos de Exibição do Windows 10 atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em
dos de Exibição do Windows 10 exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan-
INFORMÁTICA

tâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.


Outra forma de realizar esta atividade, é usar a
Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível
no Windows.
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem
capturada, poderá fazer com o atalho de teclado
Windows+PrintScreen, que salva a imagem em um
arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de
Imagens.
185
OPERAÇÕES COM TECLADO
Importante!
A área de transferência é um dos principais Copiar e colar. O item será dupli-
recursos do Windows, que permite o uso de Ctrl+C e Ctrl+V cado. A cópia receberá um su-
na mesma pasta fixo (Copia) para diferenciar do
comandos, realização de ações e controle das
original.
ações que serão desfeitas.
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar (da origem) e colar (no
em locais destino). O item será duplicado,
Operações de manipulação de arquivos e pastas diferentes mantendo o nome e extensão.
Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras pre- Deletar, apagar, enviar para a Li-
cisam ser conhecidas para que a operação seja reali- Tecla Delete em xeira do Windows, podendo recu-
zada com sucesso. um item do disco perar depois, se o item estiver em
rígido um disco rígido local interno ou
z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distin- externo conectado na CPU.
ção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas.
Um arquivo chamado documento.docx será consi- Será excluído definitivamente. A
derado igual ao nome Documento.DOCX. Tecla Delete em Lixeira do Windows não armaze-
z O Windows não permite que dois itens tenham o um item do disco na itens de unidades removíveis
mesmo nome e a mesma extensão quando estive- removível (pendrive), ópticas ou unidades
rem armazenados no mesmo local. remotas.
z O Windows não aceita determinados caracteres Independentemente do local onde
nos nomes e extensões. São caracteres reservados, Shift+Delete estiver o item, ele será excluído
para outras operações, que são proibidos na hora definitivamente
de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arqui-
vos e pastas podem ser compostos por qualquer Renomear. Trocar o nome e a ex-
caractere disponível no teclado, exceto os carac- tensão do item. Se houver outro
teres * (asterisco, usado em buscas), ? (interroga- item com o mesmo nome no mes-
ção, usado em buscas), / (barra normal, significa mo local, um sufixo numérico será
F2
opção), | (barra vertical, significa concatenador de adicionado para diferenciar os
comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), itens. Não é permitido renomear
“ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, sig- um item que esteja aberto na me-
nifica unidade de disco), < (sinal de menor, signi- mória do computador.
fica direcionador de entrada) e > (sinal de maior,
significa direcionador de saída).
z Existem termos que não podem ser usados, como Lixeira
CON (console, significa teclado), PRN (printer, sig-
nifica impressora) e AUX (indica um auxiliar), por Um dos itens mais questionados em concursos
referenciar itens de hardware nos comandos digi- públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os
tados no Prompt de Comandos. (por exemplo, para itens que foram excluídos de discos rígidos locais,
enviar para a impressora um texto através da linha internos ou externos conectados na CPU.
de comandos, usamos TYPE TEXTO.TXT > PRN). Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla
DELETE (DEL), o item é removido do local original e
As ações realizadas pelos usuários em relação à armazenado na Lixeira.
manipulação de arquivos e pastas, pode estar condi- Quando o item está na Lixeira, o usuário pode
cionada ao local onde ela é efetuada, ou ao local de escolher a opção ‘Restaurar’, para retornar ele para o
origem e destino da ação. Portanto, é importante veri- local original. Se o local original não existe mais, pois
ficar no enunciado da questão, geralmente no texto suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira
associado, estes detalhes que determinarão o resulta- recupera o caminho e restaura o item.
do da operação. Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluí-
As operações podem ser realizadas com atalhos dos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixei-
de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ra” no menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
ambos. A banca organizadora CESPE/Cebraspe não Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Dele-
costuma questionar ações práticas nas provas, e rara- te, o item será excluído definitivamente. Pelo Windo-
mente utiliza imagens nas questões. ws, itens excluídos definitivamente ou apagados após
esvaziar a Lixeira, não poderão ser recuperados. É
possível recuperar com programas de terceiros, mas
OPERAÇÕES COM TECLADO isto não é considerado no concurso, que segue a con-
Atalhos de figuração padrão.
Resultado da operação Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados
teclado
com o mouse para fora dela, restaurando o item para
Não é possível recortar e colar na o local onde o usuário liberar o botão do mouse.
Ctrl+X e Ctrl+V
mesma pasta. Será exibida uma A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido
na mesma pasta
mensagem de erro. em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá
alterar o tamanho máximo reservado para a Lixeira,
Ctrl+X e Ctrl+V poderá desativar ela excluindo os itens diretamen-
Recortar (da origem) e colar (no
em locais te, e configurar Lixeiras individuais para cada disco
destino). O item será movido
diferentes conectado.
186
OPERAÇÕES COM MOUSE z A liberdade de estudar como o programa funciona e
adaptá-lo às suas necessidades (liberdade nº 1). O acesso
RESULTADO DA ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.
AÇÃO DO USUÁRIO
OPERAÇÃO z A liberdade de redistribuir cópias de modo que
você possa ajudar ao seu próximo (liberdade nº 2).
Clique simples no botão z A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar
Selecionar o item.
principal.
os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a
Clique simples no botão Exibir o menu de contexto do comunidade beneficie deles (liberdade nº 3). O acesso
secundário. item. ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

Executar o item, se for executá- Disponível em < https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt-br.html


vel. Abrir o item, se for editável, >. Acesso em: 27 nov. 2020.
com o programa padrão que
Duplo clique. está associado. Nos progra-
Características básicas do sistema Linux
mas do computador, poderá
abrir um item através da opção
correspondente. O Linux tem as seguintes características básicas:

Renomear o item. Se o nome já z Possui um kernel (núcleo) comum em todas as


existe em outro item, será suge- distribuições.
Duplo clique pausado.
rido numerar o item renomeado
z FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de
com um sufixo.
Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas
Arrastar com botão princi- as distribuições Linux devem seguir para organi-
pal pressionado, e soltar na O item será movido. zar os seus diretórios.
mesma unidade de disco. z O código fonte está disponível para ser baixado,
estudado, modificado e distribuído gratuitamente.
z As distribuições oferecem recursos específicos para
OPERAÇÕES COM MOUSE cada proposta, mantendo o núcleo comum do sistema.
z Cada distribuição poderá ter uma ou mais interfa-
RESULTADO DA
AÇÃO DO USUÁRIO ces de usuário, e elas podem ser usadas em outras
OPERAÇÃO distribuições.
Arrastar com botão secundário Exibe o menu de contexto, z Possui modo gráfico e terminal de comandos.
do mouse pressionado, e soltar podendo “Copiar aqui” (no z Existem distribuições gratuitas e pagas.
na mesma unidade. local onde soltar). z As modificações realizadas pelos usuários serão
submetidas para avaliação da comunidade de
Exibe o menu de contexto, desenvolvedores, que determinarão a importância
Arrastar com botão secundário
podendo “Copiar aqui” (no
do mouse pressionado, e soltar e relevância delas, antes de tornar as modificações
local onde soltar) ou “Mo-
em outra unidade de disco.
ver aqui”.
oficiais para todo o mundo.
z Como todo sistema operacional, possui suporte
para protocolos TCP, permitindo o acesso às redes
de computadores com browsers ou navegadores.
Importante! z Geralmente instalado em dispositivos com Windo-
ws, o Linux oferece gerenciador de boot (bootloa-
As ações envolvendo tela touchscreen foram ques- der) para gerenciar a inicialização, exibindo um
tionadas quando o Windows 8 estava disponível. menu para o usuário escolher qual sistema opera-
No Windows 10, apesar de ter suporte para telas cional será usado na sessão atual.
sensíveis ao toque, não temos questões sobre as z LILO e GRUB são os gerenciadores de boot mais
ações no sistema operacional com esta interface. comuns nas distribuições Linux.
z O Linux é um sistema operacional do tipo case
sensitive, ou seja, diferencia letras maiúsculas de
O sistema operacional Linux é uma opção ao sistema letras minúsculas nos nomes de arquivos, diretó-
operacional Windows, com outras características próprias. rios e comandos.
O sistema operacional Linux é mais utilizado em
sistemas de baixo custo, e possui diferentes distribui- Kernel (núcleo)
ções para diferentes modelos de computadores. Por
ser um sistema de código aberto, deu origem a outros
sistemas como o iOs (Apple) e o Android (Google). Shell (interpretador)
Por ser um sistema operacional livre e licenciável,
possui a licença GNU GPL para distribuição. O projeto Terminal
GNU foi lançado no começo dos anos 80 e atualmente é (linha de comandos)
patrocinado pela FSF (Free Software Foundation). Mui-
INFORMÁTICA

tos usuários descobrem que no contexto de softwares


Interface gráfica
livres, ser livre não significa ser gratuito. Ao contrário
do termo freeware, que identifica uma categoria de soft-
wares gratuitos para utilização, o termo free no Linux
está relacionada às liberdades de uso.
A GPL (GNU Public Licence) baseia-se em 4 liberda-
des ‘essenciais’:

z A liberdade de executar o programa, para qual- Figura 1. Assim como no Windows, o Linux tem camadas que
quer propósito (liberdade nº 0) separam os recursos. 187
Distribuições Linux

Distribuição é um conjunto de personalizações que mantém o mesmo núcleo (kernel) do Linux, mas apresen-
tável de forma diferenciada.
Puppy, Debian, Fedora, Kubuntu, Ubuntu, RedHat, SuSe, Mandrake, Xandros (da Corel) e Kurumim são alguns
exemplos de distribuições.
Ubuntu é a distribuição mais cobrada em concursos públicos, baseada na distribuição Debian. O Ubuntu é uma ver-
sátil distribuição Linux que pode ser instalada em várias construções computacionais, desde que adaptadas (drivers).

Big Linus Brasil

Gnoppix Alemanha

ImpiLinux Áfria do sul

Kurumim Brasil

Mint Irlanda

DeMuDi Europa

Finnix EUA

KeeP GNU Brasil

KeeP OS Brasil

Knoppix Alemanha

Linspire EUA
MeBTOPPIX Indonésia

MEPIS EUA

Rxart Argentina

Satux Brasil

SymphonyOS

Figura 2. Distribuição Ubuntu, derivada do Debian, é a mais questionada.

Diretórios Linux

Os diretórios são pastas onde armazenamos e organizamos arquivos e subpastas (subdiretórios). A represen-
tação dos diretórios segue o princípio lúdico de uma árvore. Árvore de diretórios ou folder tree é a forma como
as pastas dos sistemas Linux estão organizadas. Elas têm uma hierarquia, para facilitar a organização do sistema,
seus arquivos, bibliotecas e inclusive para melhorar a segurança do sistema.
FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas as dis-
tribuições Linux devem seguir para organizar os seus diretórios.
A escolha da árvore para representar a estrutura de diretórios, se mostrou adequada, dada a semelhança
entre seus componentes. Por exemplo, o diretório raiz é o primeiro diretório, assim como a raiz de uma árvore.
Encontramos diretórios principais, como /bin, /etc, /lib e /tmp, que podem ser considerados o ‘caule’ da árvore
de diretórios. Nos diretórios é possível criar subdiretórios, o que representam os galhos de uma árvore. E dentro
dos diretórios, temos arquivos (documentos, comandos, temporários) igual a árvore, como flores, folhas e frutos.
Enquanto o Windows representa com barra invertida um diretório, no Linux é usada a barra normal.
Diretórios, pastas e Bibliotecas são ‘sinônimos’. Diretórios é o nome usado no Windows XP e Linux, proveniente do
ambiente MS-DOS (interface de caracteres). Pastas é o nome usado no Windows. Bibliotecas é a estrutura de organi-
zação criada no Windows Vista, que é utilizada no Windows 7, 8, 8.1 e 10 para organizar as informações do usuário.
Elas são usadas para organizar arquivos e subpastas (subdiretórios), mantendo-os até o momento de serem apagados.
É importante destacar que diretório e comandos Linux são os itens mais importantes em concursos atualmente.
Conceitos e características do sistema operacional Linux já foram amplamente questionados nas provas anteriores.
Os diretórios são denominados com algumas letras que indicam o seu conteúdo. Confira na tabela a seguir.

NOME DESCRIÇÃO CONTEÚDO

/bin binary – binário = executável Contém os comandos (arquivos binários executáveis).

device – dispositivo = Contém os drivers dos dispositivos de hardware, para comunicação do


/dev
hardware sistema operacional com o equipamento.

/home home – início Contém os arquivos dos usuários, como as bibliotecas do Windows.

/lib library – biblioteca Contém as bibliotecas do sistema Linux, compartilhadas por vários programas.

/usr user – usuário Contém as configurações dos usuários.

188 Tabela – diretórios Linux, exemplos básicos


Importante!
Os comandos são grafados com letras minúsculas, assim como os nomes dos diretórios. Diretórios e coman-
dos são algumas letras do nome do conteúdo ou ação realizada, que é um termo em inglês.

A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os diretórios de uma distribuição padrão Linux.

DIRETÓRIO DESCRIÇÃO E COMENTÁRIOS


/ raiz do sistema, o diretório que ‘’guarda’’ todos os outros diretórios.

arquivos/comandos utilizados durante a inicialização do sistema e por usuários (após a inicialização).


/bin
O termo BIN é referência ao tipo de informação, binário.

arquivos utilizados durante a inicialização do sistema. Boot é uma expressão comum a vários sistemas
/boot
para indicar a inicialização.

/dev drivers de controle de dispositivos. DEV vem de device, dispositivo.

/etc arquivos de configurações do computador.

/etc/sysconfig arquivos de configuração do sistema para os dispositivos.

/etc/passwd dados dos usuários, senhas criptografadas... PASSWORD = senha.

sistemas de arquivos montados no sistema (file system table – tabela do sistema de arquivos). O siste-
/etc/fstab
ma de arquivos do Linux pode ser EXT3, EXT4, entre outros.

/etc/group Grupos.

/etc/include header para programação em C, através do comando include.

/etc/inittab Arquivo (tabela) de configuração do init.

/etc/skel Contém os arquivos e estruturas que serão copiadas para um novo usuário do sistema.

/home pasta pessoal dos usuários comuns. Equivale às bibliotecas do sistema Windows.

/lib bibliotecas compartilhadas. LIB vem de library, biblioteca.

/lib/modules módulos externos do kernel usados para inicializar o sistema...

/misc arquivos variados (misc de miscelânea).

/mnt ponto de montagem de sistemas de arquivos (CD, floppy, partições...) MNT vem de mount, montagem.

/proc sistema de arquivos virtual com dados sobre o sistema. PROC vem de procedure.

/root diretório pessoal do root. Equivalente a pasta raiz da unidade de inicialização C:

/sbin arquivos/comandos especiais (geralmente não são utilizados por usuários comuns).

/tmp arquivos temporários.

/usr Unix System Resources. Contém arquivos de todos os programas para o uso dos usuários de sistemas UNIX.

/usr/bin executáveis para todos os usuários.

/usr/sbin executáveis de administração do sistema.

/usr/lib bibliotecas dos executáveis encontrados no /usr/bin.

/usr/local arquivos de programas instalados localmente.

/usr/man manuais.

/usr/info informações.
INFORMÁTICA

/usr/X11R6 Arquivos do X Window System e seus aplicativos.

/var Contém arquivos que são modificados enquanto o sistema está rodando (variáveis).

/var/lib Bibliotecas.

Contém os arquivos que armazenam informações, mensagens de erros dos programas, relatórios diver-
/var/log
sos, entre outros tipos de logs.

Tabela – diretórios Linux


189
Importante!
Existem sites na Internet que oferecem emuladores de Linux, para treinamento. Acesse https://bellard.org/
jslinux/ para conhecer algumas opções.

Comandos Linux

Os comandos são denominados com algumas letras que indicam a tarefa que eles realizam. Confira na tabela a seguir:

NOME DESCRIÇÃO AÇÃO


cp copy – copiar Copiam os arquivos listados.

ls list – listar Lista os arquivos e diretório do local atual.

mv move – mover Pode mover ou renomear um arquivo ou diretório.

rm remove – remover Apagar arquivos.

vi view – visualizar Permite visualizar e editar um arquivo.

Tabela – comandos Linux, exemplos básicos

A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os comandos questionados pelas bancas organizadoras,
quando temos o item Linux no conteúdo programático.

COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO


cat arq1.txt >>
Concatenar, juntar ou mostrar. arq2.txt O arq1.txt será concatenado com arq2.txt
cat Exibir o conteúdo de arquivos ou cat arq1.txt arq2. Os arq1.txt e arq2.txt serão unidos em arq3.txt
direcioná-lo para outro. txt >> arq3.txt Exibirá arq1.txt
cat arq1.txt
cd Mudar diretório. cd /home Muda para o diretório /home.
Copia o arquivo teste.txt para o diretório /
cp Copiar arquivos e diretórios. cp teste.txt /home
home.
Lê o conteúdo de um ou mais O comando cut pode ser usado para mostrar
cut arquivos e tem como saída uma cut arq1.txt apenas seções específicas de um arquivo de
coluna vertical. texto ou da saída de outros comandos.
Comparar e mostrar as diferen- diff arq1.txt arq2.
diff Mostra a diferença entre os dois arquivos.
ças entre arquivos e diretórios. txt
exit Sair do usuário atual. exit Sair do usuário atual.
Exibe o arq1.txt (comando cat no modo type),
Seleciona uma linha de texto que cat arq1.txt | grep
grep com destaque para as linhas que contenham
contenha o texto pesquisado. Nishimura
Nishimura.
id Informa o usuário atual. id Informa o usuário atual.
Permite listar e configurar as in-
Listar todas as interfaces (all)
ifconfig terfaces de rede (placas de rede) ifconfig -a
No Windows, o comando é ipconfig.
conectadas no computador.
Desligar ou reiniciar o init 0 Desligar
init
computador. init 6 Reiniciar
ln Criar links de arquivos. ln texto.txt Cria um atalho para o arquivo texto.txt.
Lista os arquivos e diretórios existentes no
ls Listar arquivos e diretórios. ls
diretório atual.
Eliminar um processo em
kill kill 998 Eliminar o processo 998.
execução.
mkdir Criar diretório. mkdir /home/novo Cria o diretório novo, dentro do diretório /home.
mv texto.txt /home Move o arquivo texto.txt para o diretório /
Mover e renomear arquivos e
mv mv texto.txt novo. home.
diretórios.
txt Renomeia o arquivo texto.txt para novo.txt.

190 passwd Mudar a senha do usuário. passwd Mudar a senha.


COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO
Listam os processos em exe-
ps cução, e com o número poderá ps Listar os processos em execução.
eliminar ele com o comando kill.
pwd Exibe o diretório atual. pwd Mostra onde estou.
rm Deletar arquivos. rm teste.txt Apaga o arquivo teste.txt
Remove o diretório novo que está no local
rmdir Remover diretórios. rmdir novo
atual.
Ordena o conteúdo de um
sort sort arq1.txt Ordena o conteúdo do arquivo arq1.txt
arquivo.
Executar comandos como supe-
sudo sudo ps Executa o comando ps como superusuário
rusuário. Válido por 10 min.
Desligar ou reiniciar o shutdown -r +10 Reinicia em 10 minutos
shutdown
computador. shutdown -h +5 Desliga em 5 minutos
Exibir as últimas linhas de um
tail tail arq1.txt Exibe as 10 últimas linhas de arq1.txt
arquivo.
Cria um arquivo que contém os outros, sem
tar Empacotar arquivos. tar teste1.txt
compactar.
Criar e modificar data do arqui-
touch vo. Se o arquivo não existe, ele é touch teste.txt Criar o arquivo vazio teste.txt com a data atual.
criado vazio, com a data atual.
Cria um novo usuário ou atualiza
Criar o usuário fernando, com os arquivos defi-
useradd as informações padrão de um useradd fernando
nidos em /etc/skel
usuário no sistema Linux.
Entra em modo de visualização e edição do
vi Visualizar um arquivo no editor vi teste.txt
arquivo teste.txt

Tabela – comandos Linux

Importante!
Todos os sistemas operacionais possuem recursos para a realização das mesmas tarefas. Não é correto
afirmar que um sistema é melhor que outro, sendo que eles são equivalentes em funcionalidades.

Prompt de Comandos (Windows) e Console de Comandos (Linux)

A interface que não é gráfica, ou seja, de caracteres, sempre existiu nos computadores. Mas entre o Windows
e Linux existem diferenças, tanto operacionais como de comandos.
Confira um comparativo de comandos entre o Linux e o Windows.

LINUX WINDOWS
Ajuda man, help ou info /?

Data e Hora date, cal ou hwclock date e time

Espaço em disco df dir


INFORMÁTICA

Processos em execução ps

Finalizar processo kill

Qual o diretório atual? pwd cd

Subir um nível cd .. cd..

Diretório raiz cd / cd \
191
LINUX WINDOWS
Voltar ao diretório anterior cd –

Diretório pessoal cd ~

Copiar arquivos cp copy

Mover arquivos mv move

Renomear mv ren

Listar arquivos ls dir

Apagar arquivos rm del

Apagar diretórios rm deltree

Criar diretórios mkdir md

Alterar atributos attrib

Alterar permissões chmod

Alterar proprietário (dono) chown

Alterar grupo chgrp

Comparar arquivos e pastas diff comp

Empacotar arquivos tar

Compactar arquivos gzip compact

Alterar a senha passwd

Concatenar, juntar e mostrar cat

Mostrar, visualizar vi type

Pausa na exibição de páginas more ou less more

Interfaces de rede ifconfig ipconfig

Caminho dos pacotes tracert route

Listar todas as conexões netstat arp -a

Apagar a tela clear Cls

Concatenar comandos | |

Direcionar a entrada para um comando < <

Direcionar a saída de um comando > >

Localizar ocorrências dentro do


grep
arquivo

Exibir as últimas linhas do arquivo tail

\ (barra
Diretório raiz / (barra normal)
invertida)

/ (barra
Opção de um comando - (sinal de menos)
normal)

Tabela – comparação de comandos Linux com comandos Windows

192
NOÇÕES DE SISTEMAS OPERACIONAIS As diferentes versões de Android têm desde a ver-
EMBARCADOS/MÓVEIS: ANDROID E IOS são 1.5, nomes de sobremesas ou bolos (em inglês) e
seguem uma lógica de ordem alfabética:
Os sistemas operacionais embarcados ganharam 1.5: Cupcake
destaque após a popularização dos celulares, smart- 1.6: Donut
phones e tablets. 2.0 - 2.1: Eclair
No início, os celulares possuíam um sistema operacio- 2.2: FroYo (Frozen Yogurt)
nal dedicado, que não era atualizável e acompanhava o 2.3: Gingerbread
aparelho até o final de sua vida útil. As empresas fabrican- 3.0 - 3.2: Honeycomb
tes de celulares desenvolviam algumas aplicações genéri- 4.0: Ice Cream Sandwich
cas e entregavam no aparelho o conjunto de ferramentas 4.1 - 4.2 - 4.3: Jelly Bean
básicas como agenda telefônica e alguns jogos simples. 4.4: KitKat (autorizado pela Nestlé, mudou o foco
Com a era dos smartphones, iniciada com sistemas do sistema para o usuário, explorando a experiência
operacionais da Microsoft (Windows Mobile), apare- do usuário (User Experience) com elementos e fatores
lhos iPhone da Apple (com sistema iOs) e aparelhos que gerassem uma avaliação positiva).
HTC com sistema Google Android, tudo mudou em 5.0(5.0.1 e 5.0.2) – Lollipop
relação aos sistemas dos celulares. 6.0 (6.0.1)– Marshmallow
Se antes eram sistemas embarcados legados (aban-
7.0 (7.1, 7.1.1 e 7.1.2) – Nougat
donados), agora são sistemas móveis com atualizações
8.0 (8.1) – Oreo (utilizando uma nova arquitetura
regulares de seus recursos. O crescimento da veloci-
de software)
dade e a expansão do acesso à Internet contribuíram
9.0 – Pie
para esta evolução.
10 – Android 10 ou versão Q (recursos de biome-
A Apple lançou uma loja de aplicativos, onde os
tria e imagens aprimorados)
desenvolvedores poderiam oferecer aplicações e os
11 – Android 11 ou versão R (última versão, lança-
usuários poderiam realizar o download e instalação
da em fevereiro 2020)
em seus aparelhos. Os sistemas operacionais embar-
cados deixariam de ser sistemas legados e se torna-
riam sistemas móveis altamente personalizáveis. Características do Android
Mantendo os princípios de funcionamento dos siste-
mas operacionais Windows e Linux, ou seja, oferecer uma Quando o usuário adquire um aparelho com o sistema
plataforma para instalação de aplicações e interface para operacional Android, ele precisará fazer login em uma
o usuário interagir com o hardware, as características dos conta Google para acesso aos recursos do dispositivo. A
sistemas móveis foram introduzidas nos sistemas ‘fixos’, conta de usuário poderá ter correio eletrônico gratuito,
como a loja de aplicativos Microsoft Store, para Windows. dados de aplicações, financeiros, localização, navegação,
Após esta breve contextualização, vamos conhecer privacidade, segurança, entre outras informações.
os sistemas Google Android e Apple iOs. Possui código fonte aberto, disponível para ser bai-
xado, estudado, modificado e distribuído. É um sistema
operacional muito popular e flexível, tanto quanto os sis-
Importante! temas embarcados Arduíno em aparelhos de automação.
O Android utiliza Java, mas contém vários módu-
Este é um tópico novo em concursos públicos, los desenvolvidos em HTML5. O desenvolvedor de
que tem questionado sobre a estrutura e carac- aplicativos Android pode usar o JME para desenvol-
terísticas dos sistemas embarcados ou móveis. vimento de recursos, que serão publicados e distri-
Com a aplicação de outras provas de concursos buídos na Google Play (loja de app’s). Ao contrário da
com este item, a tendência é que sejam questio- Apple, os desenvolvedores podem distribuir seu app
nadas funcionalidades práticas dos aparelhos. em outros locais fora da loja oficial, criando um pro-
blema de segurança para os usuários.
Os usuários podem, mas não devem, fazer download
Sistema operacional Android de aplicativos para Android a partir de qualquer fonte,
porém o recomendado é que se utilize a loja virtual ofi-
Baseado no núcleo Linux e desenvolvido pela empre- cial. Apps baixados fora das lojas oficiais podem conter
sa de tecnologia Google, a interface de usuário é baseada malwares (como spywares, cavalos de Troia, adwares,
na manipulação direta. É um sistema voltado para dispo- etc.) que comprometerão a privacidade do usuário.
sitivos com tela sensível ao toque, como tablets e smart- Uma das principais características (e vantagens)
phones, porém pode ser encontrado em alguns aparelhos do Android é o acesso imediato aos recursos da Goo-
portáteis do tipo netbook, como o Chromebook (que utili- gle, como Google Cloud Print (para imprimir remota-
za o Chrome OS, uma variação do Android). mente), Google Fotos (para armazenamento de cópia
A loja de aplicativos é a Google Play, que antes era das imagens e vídeos do aparelho), Google Drive
conhecida como Android Market. É um serviço de dis- (armazenamento de dados na nuvem), entre outros.
tribuição digital de aplicativos, jogos, filmes, progra- As configurações e preferências são armazenados na
mas de televisão, livros e músicas, operado pela Google. Conta Google, podendo ser compartilhadas em outros
INFORMÁTICA

dispositivos que estejam conectados na mesma conta.


Versões do Android O Google Assistente é o assistente virtual para o siste-
ma, que permite realizar tarefas com comandos de voz.
Os nomes das versões Android se tornaram uma
tradição. No início (2008), o Android 1.0 – Astro, foi Sistema operacional iOs
lançada junto ao aparelho HTC Dream.
Existiu a intenção de nomear as versões com O iOS é um sistema operacional desenvolvido pela
nomes de robôs e androides, e o próximo seria chama- Apple que pode ser encontrado no iPhone, iPad e iPod Tou-
do de Bender (Futurama – Fox Channel), mas a emis- ch da empresa, considerando que os notebooks da empre-
sora não autorizou o uso. sa utilizando o MacOS e os relógios inteligentes o watchOS. 193
iOS o “i” vem da expressão “internet”, enquanto o z Camada Media – camada de mídia, que faz a ren-
OS significa “Operating System”, (“sistema operacio- derização (transformação) de gráficos, áudio e
nal”, em português). vídeo. Nesta camada estão os recursos de manipu-
Diferentemente do Android, seu núcleo é fechado, lação dos conteúdos da interface.
apesar de ter sido desenvolvido a partir do Linux e z Camada Cocoa Touch (UIKit – User Interface Kit)
todos os controles são disponibilizados pela Apple.
– interface com o usuário, como multitarefa, noti-
A loja de aplicativos Apple Store (ou apenas App
Store) disponibiliza aplicações que foram verificadas ficações e acessibilidade.
pela empresa antes de serem publicadas. Assim, é
considerada mais segura, por ter camadas extras de Sistemas operacionais embarcados ou móveis
validação antes da distribuição.
Os sistemas operacionais possuem características
Versões do iOs específicas no âmbito de plataforma. Um aplicativo
desenvolvido para o sistema Android será executa-
As versões de iOs são numeradas. Iniciou na ver- do no aparelho que possui esta plataforma, e o mes-
são 1 com o lançamento do iPhone, e na versão 2 mo ocorrerá com sistemas desenvolvidos em iOs. Se
introduziu o conceito da App Store. o usuário acessar a plataforma de aplicativos (Google
A cada nova versão foram introduzidos novos recur- Play ou Apple Store), encontrará aplicativos específicos
sos, e na versão 7 ocorreu uma mudança na interface, para o seu sistema operacional, que às vezes não possui
central de controle e introdução do recurso AirDrop (para correspondente na outra plataforma. Se o usuário pre-
compartilhamento de arquivos entre aparelhos da Apple). cisa de uma aplicação iOs no Android, caso não exista,
Com o lançamento de novos aparelhos iPhone, novos não poderá fazer a emulação de forma plena.
sistemas operacionais iOs foram disponibilizados, com O Android tem sua própria JVM que se chama Dal-
possibilidade de atualização de alguns modelos anterio- vik (até Android 4.0) e ART (Android RunTime) na ver-
res. Atualmente, estamos com o aparelho iPhone 12 à são 5 e superiores. A máquina virtual Dalvik permite
venda e o sistema iOs versão 14 disponível. a execução de códigos originalmente desenvolvidos
Ao contrário do Android que é personalizável de
em Java dentro da plataforma Android. O XCode é o
muitas formas, inclusive com relação às atualizações
ambiente de desenvolvimento nativo do sistema iOS,
do sistema, o iOs pode ser considerado um sistema
que não utiliza máquina virtual.
muito mais fechado, com poucas personalizações e
atualizações mandatórias (que devem ser instaladas). A arquitetura do iOS é composta por camadas:
A principal característica do iOs não está na sua Cocoa Touch, Media, Core Services e Core OS. Os pro-
interface ou em seus recursos acessíveis pelo usuário, gramas desenvolvidos para iOS, utilizam a linguagem
mas naquilo que existe por trás de tudo: as camadas iOs. Swift e Object C (obsoleta).
Nos sistemas operacionais da Apple, estão incluí-
Camadas iOs dos métodos para o gerenciamento de itens armaze-
nados no iCloud. O iCloud é a nuvem da Apple, que
São quatro camadas, semelhante a outros sistemas armazena em uma conta cloud (nuvem), arquivos,
operacionais, porém com nomes bem diferentes. Vou fotos e configurações de um aparelho com iOS. Arqui-
usar aqui o diagrama usado no Linux, e poderá per- vos e diretórios existentes na nuvem serão sincroniza-
ceber que essencialmente são os mesmos recursos, dos e poderão ser acessados por usuários do iOs, tanto
porém com novos nomes. no iPhone, iPad como no iMac e PCs.
O serviço iCloud está associado a equipamentos
Core OS (núcleo) Apple (iPad, iMac, entre outros), e possuem limitação
de espaço. Existem opções gratuitas de armazena-
mento no iCloud, até outras pagas com mais espaço,
Core Services
(Foundation) mas nenhuma opção ilimitada.
O smartphone que executa Android possui um
Media sistema embarcado associado a um login de contas
Google. O aplicativo instalado no aparelho não pre-
cisa utilizar a conta Google, que geralmente é usada
Cocoa Touch (UIKit) apenas para acesso do usuário ao dispositivo e sincro-
nização de configurações. O aplicativo, caso possua
esta funcionalidade, poderá capturar e enviar arqui-
vos armazenados na memória interna, no cartão SD
(memória expandida) e nuvem (Google Drive), inde-
pendentemente das permissões de contas Google.
Os aplicativos geralmente são disponibilizados com
Camadas do sistema iOs manifestos. Os manifestos são informações sobre o
desenvolvimento deles, que seguindo a ideia da licen-
z Camada Core OS – como o kernel/núcleo, encapsu- ça GNU GPL (Linux) da origem do Android, informa as
la o ambiente e interfaces de baixo nível, e as apli- características do aplicativo, os recursos atualizados, e
cações não têm acesso por questões de segurança. as transações que ele executa no aparelho do usuário.
z Camada Core Services (Foundation) – fundação,
ou base do sistema. Esta camada contém os recur- IOS ANDROID
sos que serão usados pelos aplicativos nativos do
Exclusivo para os Motorola, LG,
sistema iOs, como Safari, Casa, Saúde, Traduzir e
Hardware dispositivos da Samsung, Xiaomi,
iTunes.
marca. entre outras.
194
IOS ANDROID games arcade, são um exemplo de como eles podem
ser executados em uma plataforma atual de softwa-
Desde o iPhone Desde 2014, pos- re, apesar de terem sido desenvolvidos e escritos para
Tempo de 8, os carregado- sui gerenciadores uma plataforma que não existe mais.
bateria res são de alta de bateria. Eles enganam, fazendo com que todas as operações
potência. da máquina real sejam implementadas em um software.
Interpreta um código que foi desenvolvido para outra
Os novos apa- A maioria dos plataforma. Os emuladores são restritos aos códigos que
relhos já estão aparelhos usa a forem escritos, logo sua aplicação é um pouco restrita.
com o iOs 14, e versão 7 (Nougat), Os emuladores de terminal Linux, que podem ser
Atualizações
os recentes são sendo a versão usados para estudos e treinamento, são opções on-line
atualizados. 9 (Pie) a mais que demonstram o uso e especialmente as limitações
recente. deste tipo de utilização. O usuário que acessa o emu-
lador on-line Linux tem acesso apenas aos comandos
Um aplicativo Um aplicativo que foram previamente programados nele. Se o usuá-
para iPhone Android deve ser rio tentar executar comandos que o emulador não
Desenvolvi-
utiliza-se da lin- desenvolvido em conhece, não obterá resultado algum.
mento
guagem Swift e linguagens especí-
Objective-C. ficas: Kotlin e Java. Outra forma é a virtualização.
Integração Total entre apare- Baixa e complexa.
As máquinas virtuais (VM – Virtual Machine),
com outros lhos da Apple.
criam uma camada para compatibilizar diferentes pla-
dispositivos taformas. Esta camada é chamada de virtualização. Este
Aplicativos Aplicativos recurso é muito popular, devido às suas características
Segurança de implementação e utilização por qualquer usuário
fechados. personalizáveis.
com um pouco de conhecimento técnico de informática.
São softwares que podem ser utilizados para fazer os
Tabela comparativa de alguns itens do sistema iOs (Apple) e Android recursos parecerem diferentes do que realmente são. Será
(Google) uma duplicata eficiente e isolada de uma máquina real.
A IBM define uma máquina virtual como uma
TECNOLOGIAS DE VIRTUALIZAÇÃO DE cópia totalmente protegida e isolada de um sistema
PLATAFORMAS: EMULADORES, MÁQUINAS físico. Na década de 60, era uma abstração de softwa-
VIRTUAIS, PARAVIRTUALIZAÇÃO re que enxerga um sistema físico (máquina real).
Como a máquina virtual é separada por sandbox
Neste tópico, vamos conhecer as estratégias que os (caixa de areia, um espaço isolado que acessa de for-
sistemas operacionais utilizam para ‘enganar’ o hard- ma controlada os recursos disponíveis) do restante do
ware ou o software. sistema, o software dentro dela não pode adulterar o
Cada sistema operacional é desenvolvido seguindo computador host ou hospedeiro. As máquinas virtuais
uma arquitetura que o faz executar com uma deter- também podem ser usadas para outras finalidades,
minada combinação específica de hardware. É muito como a virtualização de servidores.
comum observar em notebooks o selo Windows, indi- VMWare, Virtual Box, Microsoft Azure e Hyper-V
cando que aquele hardware foi testado e é compatível são alguns exemplos de máquinas virtuais disponí-
com o sistema operacional da Microsoft. Apesar de veis atualmente.
existirem muitos fabricantes de processadores (CPU), Quando elas são executadas, o usuário tem acesso
o sistema operacional Windows só poderá rodar em a ambos os sistemas simultaneamente. Portanto, ao
determinados modelos. Apesar de existirem muitos contrário do uso de múltiplos boots, o usuário pode-
fabricantes de memórias, o sistema operacional Win- rá acessar dados dos dois sistemas ao mesmo tempo.
dows só poderá rodar com determinados modelos. Poderá acessar seus arquivos no Windows do compu-
Se o usuário precisa utilizar outro sistema opera- tador, e os arquivos do Linux que estiver sendo execu-
cional, ele deverá utilizar algum recurso que permita tado em uma máquina virtual.
alternar entre as suas necessidades. Ao executar máquinas virtuais, é possível definir a
A primeira opção é o particionamento do disco quantidade de recursos que serão ofertados para as aplica-
rígido do dispositivo computacional e a instalação ções, como memória e processadores. E servidores Micro-
de um sistema operacional em cada partição. Em um soft Hyper-V, por exemplo, podemos disponibilizar até 4
computador com Windows, o Linux poderá ser insta- processadores para uma máquina virtual Linux.
lado. O gerenciador de boot ou inicialização permitirá Os gerenciadores de virtualização procuram orga-
que no momento que ele for ligado, o usuário escolha nizar o que será disponibilizado, e como será dispo-
um ou outro sistema para utilização. nibilizado. Quando o hypervisors (gerenciadores de
Obviamente este método não permite a execução virtualização) executam diretamente o hardware, são
simultânea dos sistemas, e caso o usuário precise tro- conhecidos como nativos, ou baremetal. Quando o
car de sistema, precisará fechar todas as suas aplica- hypervisors é uma aplicação como a máquina Virtual
INFORMÁTICA

ções e reiniciar o computador. Java (JVM), que está executando no hardware para
As opções que conheceremos agora são os emula- construir outro hardware virtualizado, dizemos que
dores, virtualização e paravirtualização de sistemas. é do tipo hosted (hospedado).
A paravirtualização é a máquina virtual de uma
A primeira forma de uso são os emuladores. máquina virtual.
Algumas vezes, a camada de virtualização não é
Eles são o oposto da máquina real. Eles simulam suficiente para a execução de uma aplicação especia-
um sistema que talvez nem exista mais. Implementam lizada. Em um sistema Windows, podemos virtualizar
todas as instruções realizadas pela máquina real em uma máquina Linux e ainda continuar executando
um ambiente abstrato de software. Os emuladores de emuladores na camada do Windows. 195
A paravirtualização acaba combinando os recur- Alguns dos principais protocolos de transferência
sos de virtualização e emulação, para que todos os de arquivos são:
recursos estejam disponíveis.
Em uma máquina virtual, todos os recursos esta- z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo
rão sob controle controlado da virtualização aplicada. de transferência de hipertextos.
Em um emulador, todos os recursos estarão sob con- z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – pro-
trole controlado da emulação aplicada. tocolo seguro de transferência de hipertextos.
Na paravirtualização, além do controle aplicado z FTP – File Transfer Protocol – protocolo de trans-
pela virtualização ou emulação, os recursos originais da
ferência de arquivos.
máquina real continuarão disponíveis, evitando assim
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo
o processamento dedicado para um recurso, sendo que
outros poderão ser executados também pelo usuário. simples de transferência de e-mail.

ACESSO À DISTÂNCIA A COMPUTADORES,


TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO E ARQUIVOS, Importante!
APLICATIVOS DE ÁUDIO, VÍDEO E MULTIMÍDIA Conhecer o funcionamento dos protocolos de
Internet auxilia na compreensão das tarefas
Nas redes de computadores, os dados são arquivos
cotidianas que envolvem as redes de computa-
disponibilizados pelos servidores. Poderão ser servido-
res web, com páginas web para serem acessadas por dores. Mensagens de erros, problemas de cone-
um navegador (browser) web. Ou ainda servidores de xão, instabilidades e problemas de segurança da
arquivos FTP, para serem acessados por um cliente FTP. informação se tornam mais claros para quem
O acesso à distância a computadores será realiza- conhece os protocolos e seu funcionamento.
do utilizando o paradigma cliente servidor, onde um
será o servidor que fornecerá o acesso ou arquivos e
outro dispositivo será o cliente que estiver acessando. HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo
de transferência de hipertextos.
Protocolo seguro Opera pela porta TCP 80
Transfere arquivos HTML (Hyper Text Markup
Language – linguagem de marcação de hipertextos).
Protocolo mais utilizado para navegação, tanto na
Servidor remoto
Internet como na Intranet.
Usuário final
As tags (comandos) HTML são interpretadas pelo
navegador de Internet, que exibe o conteúdo.
Arquivos HTML podem ser produzidos em edito-
Importante! res de textos sem formatação (como o Bloco de Notas)
O acesso à distância a computadores deverá ou em editores de textos completos (como o Microsoft
ser realizado de forma segura, com uso de VPN Word).
(Virtual Private Network), que implementa pro-
tocolos seguros na conexão, evitando monitora- HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Hipertextos
Porta TCP 80
mento dos dados por terceiros.
HTTP – request (requisição)

Intranet Extranet Intranet


Protocolo seguro
Conexão Cliente HTTP – response (resposta)
Servidor
segura Web Web

Conexão
segura
Internet
HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure –
Matriz Filial
protocolo seguro de transferência de hipertextos.
Opera pela porta TCP 443
Os conceitos envolvidos no acesso remoto são os
Transfere arquivos HTML, ASP, PHP, JSP, DHTML,
que definem a Extranet.
etc.
Extranet é uma conexão segura entre ambientes
seguros, usando uma infraestrutura pública e insegura. Protocolo mais utilizado para navegação segura,
A troca de dados entre o cliente e o servidor será rea- tanto na Internet como na Intranet.
lizada por protocolos de transferência. Todas as redes As tags (comandos) HTML não mudam, mas pos-
utilizam os mesmos protocolos, linguagens e serviços. suem comandos adicionais (scripts) que complemen-
tam a exibição de conteúdo específico.
Transferência de Informação e Arquivos Utiliza criptografia, acionando camadas adicionais
como SSL e TLS na conexão.
Cada sistema operacional tem o seu sistema de
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol Secure – Protocolo Seguro
arquivos, para endereçamento das informações arma- de Transferência de Hipertextos – Porta TCP 443
zenadas nos discos de armazenamento. Diretamente,
não é possível a comunicação ou leitura destes dados.
A família de protocolos TCP/IP procura normatizar HTTPS – request (requisição)
o envio e recebimento das informações entre disposi- Cliente
Web
tivos conectados em rede, através dos protocolos de HTTPS – certificado digital
transferência. Um protocolo é um padrão de comuni-
cação, uma linguagem comum aos dois dispositivos Identidade confirmada

envolvidos na comunicação, que possibilita a transfe- Servidor


196 rência de dados. HTTPS – response (resposta) Web
Vamos conhecer algumas delas.
Importante!
O protocolo HTTPS é o mais questionado em pro- CATEGORIA CARACTERÍSTICA EXEMPLO
vas de concursos, tanto em Conceitos de Inter-
net e Intranet, como em Transferência de dados Básico Sistemas Operacio- Windows e Linux.
nais, que oferecem
e arquivos, como em Segurança da Informação. uma plataforma
para execução de
outros softwares.
FTP – File Transfer Protocol – protocolo de trans-
ferência de arquivos. Aplicativo Programas que Microsoft Office e
Opera com duas portas TCP, uma para dados (20) e permitem ao usuário LibreOffice, repro-
outra para comandos (21). criar e manipular dutores de mídias.
Transfere qualquer tipo de informação. seus arquivos.
Pode transferir em modo byte a byte (arquivos de Utilitários Softwares que rea- Compactador de
textos) ou bit a bit (arquivos executáveis). lizam uma tarefa arquivos, Desfrag-
Os navegadores de Internet possuem suporte para para a qual fora mentador de Dis-
acesso aos servidores FTP. projetado. cos, Gerenciadores
O usuário pode instalar um cliente FTP dedicado de Arquivos.
ao acesso aos servidores FTP, que opera de forma mais Malware Software malicioso, Vírus de computa-
rápida que nos navegadores de Internet. que realiza ações dor, worms, cavalo
Pode utilizar criptografia. que comprometem de Troia, spywares,
O modo anônimo caiu em desuso, e poucos servi- a segurança da phishing, pharming,
dores FTP ainda aceitam conexão anônima. informação. ransomware, etc.

FTP – File Transfer Protocol _ Protocolo de Transferência de arquivos


Porta TCP 20 (dados) e 21 (controle)
Os softwares que reproduzem conteúdo multimí-
FTP – Comando OPEN (iniciar dia, como o Windows Media Player e o Groove Music
transferência)
(além de opções de terceiros como o VNC Player),
FTP – Comando PUT (para upload,
reconhecem o arquivo como tendo conteúdo multimí-
adicionar arquivos) dia a partir da extensão dele.
FTP – Comando GET (para download,
baixar arquivos) EXTENSÃO COMENTÁRIOS

FTP – dados transferidos para a


Servidor .avi Audio Video Interleave. Formato de vídeo pa-
Cliente
solicitação GET Web
Web drão do Windows.

FTP – comando CLOSE .3gp Formato de vídeo popular entre aparelhos


(finalizar transferência) smartphones

.flv Formato de vídeo da Macromedia, usado pelo


SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protoco- Adobe Flash, com baixa qualidade.
lo simples de transferência de e-mail. .mkv Neste formato, as trilhas de áudio, vídeo e le-
Pode operar pelas portas TCP 25, 587, 465, ou 2525. gendas são encapsuladas em um único con-
A porta 25 é a mais antiga, e atualmente é bloquea- têiner, suportando diversos formatos.
da pela maioria dos servidores, para evitar spam.
A porta 587 é a padrão, com suporte para TLS .mov QuickTime File Format é um formato de ar-
(camada adicional de segurança). quivo de computador usado nativamente pela
estrutura do QuickTime.
A porta 465 foi atribuída para SMTPS (SMTP sobre
SSL), mas foi reatribuída e depreciada. .mp3 Arquivo áudio MP3 (MPEG-1 Layer 3). Forma-
A porta 2525 não é uma porta oficial, mas muito to de áudio que aceita compressão em vários
usada por provedores para substituir a porta 587, níveis. Pode utilizar o Windows Media Player
quando ela estiver bloqueada. ou Groove Music para reprodução.
Transfere a mensagem de e-mail do cliente para o
.mpg Moving Picture Experts Group. Arquivo de ví-
servidor, e de um servidor para outro servidor. deo comprimido, visível em quase qualquer
reprodutor, por exemplo, o Real One ou o Win-
SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – Protocolo de Transferência Simples de
dows Media Player. É o formato para gravar
E-mail – Porta TCP 25, 587, 465, ou 2525
filmes em formato VCD.

SMTP – enviar SMTP – enviar .rmvb Real Media Variable Bitrate. Formato de vídeo
INFORMÁTICA

e-mail e-mail com taxa variável de qualidade, desenvolvido


Cliente
pela Real Networks.
E-mail Servidor Servidor
E-mail E-mail .wav Formato de áudio Wave, sem compactação
com baixa amostragem.
Aplicativos de áudio, vídeo e multimídia. .wma Windows Media Audio, formato de áudio pa-
drão do Windows.
Os softwares instalados no computador, podem
ser classificados de formas diferentes, de acordo com .wmv Windows Media Video, formato de vídeo pa-
o ponto de vista e sua utilização. drão do Windows.
197
As aplicações multimídia utilizam o fluxo de dados
com áudio, vídeo e metadados.
Os metadados são usados para diferentes funções,
como identificação da fonte, dados sobre duração da
Internet
transmissão, verificação da qualidade, etc.
Cliente
Quando usados separadamente, o usuário pode
baixar apenas o áudio de um vídeo, ou modificar os
Dados únicos
metadados do MP3 para exibir as informações edita-
das sobre autor, disco, nome da música, etc. Dados repetidos
Os fluxos de dados devem ser analisados na forma
Informações de
de contêiner (pacote encapsulado), a fim de mensurar controle
a qualidade e quantidade de dados trafegados.
Stream é um fluxo de dados com pacotes de vídeo Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor

e áudio transferidos de um servidor remoto para o


dispositivo local. Popularizado pelo serviço Netflix
de filmes e séries, o formato stream fragmenta o con- Importante!
teúdo em pacotes de dados para serem enviados pelo
canal com protocolos TCP. Estes pacotes de dados são Este foi um dos temas das questões do último con-
os contêineres. curso da Polícia Federal. A transferência de dados
e arquivos pelas redes de computadores deve ser
questionado ainda mais nas próximas provas.

Internet

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
A transferência de arquivos poderá ser realizada
de três formas: Ao olharmos ao nosso redor, observaremos muitas
tecnologias novas que alteraram significativamente o
z Fluxo contínuo; mundo.
z Modo blocado; Poderíamos falar sobre as Redes Sociais, um dos
z Modo comprimido. tópicos do edital, entretanto a banca não costuma
questionar mais em suas provas. As redes sociais
Na transferência por fluxo contínuo, os dados são modificaram a interação entre as pessoas, introduzin-
transmitidos como um fluxo contínuo de caracteres. do termos como páginas, grupos, posts, curtir, compar-
tilhar e seguir, ao cotidiano das pessoas.
Se olharmos para duas décadas atrás, as redes
sociais eram embrionárias, técnicas e restritas. Afinal,
o mundo estava iniciando o novo milênio e empresas
como a Google, que sobreviveu à ‘bolha da Internet na
Internet bolsa de valores’, começaram a lançar produtos ino-
vadores e inéditos. A Google, que iniciou com o seu
indexador, desenvolveu o Orkut, que provavelmente
Fluxo contínuo – os dados são enviados na forma de um fluxo de caracteres
se tornou a primeira rede social de muitos usuários.
A transformação digital observada foi seguida de
mudanças no perfil de consumo dos usuários e com o
No modo blocado, o arquivo é transferido como lançamento de novos produtos (iPhone e os smartpho-
uma série de blocos precedidos por um cabeçalho
nes), a navegação na Internet se tornou móvel.
especial. Este cabeçalho é constituído por um conta-
A seguir, a revolução provocada pelos produtos da
dor (2 bytes) e um descritor (1 byte).
Apple e Samsung, acabaram derrotando outras gran-
des empresas como a Nokia. Com a mobilidade, as tra-
dicionais emissoras de TV procuraram melhorar suas
produções, para que pudessem alcançar mais usuá-
rios, agora com TV digital portátil.
Internet As redes sociais incentivaram a criação de distri-
buidores de conteúdo, como o Youtube, reduzindo o
compartilhamento ‘clandestino’ de conteúdo audio-
visual pelas redes Torrent. O aumento da mobilidade
incentivou o desenvolvimento de outras aplicações,
00 A 01 C 02 B que com a rede social do Facebook (compartilhamen-
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor to de conteúdo), ganharam visibilidade.
Comunicadores instantâneos como o WhatsA-
No modo comprimido, a técnica de compressão pp revolucionaram a comunicação entre as pessoas,
utilizada caracteriza-se por transmitir uma sequência derrubaram os serviços das operadoras de telefonia
de caracteres iguais repetidos. Os dados normais, os (como SMS) e com a opção de VoIP (ligações de áudio
dados comprimidos e as informações de controle são via mensageiros), tornaram obsoletos os telefones
198 os parâmetros desta transferência. fixos residenciais.
A Transformação Digital é a combinação da evolu- Diferentes protocolos de comunicação poderão ser
ção de diferentes hardwares e softwares ao longo dos utilizados na comunicação entre os dispositivos e os
últimos trinta anos. sistemas. Comunicando-se na maioria das vezes atra-
vés de meio não guiado (transmissão sem fio), perce-
Dica bemos que nossas residências possuem um tráfego de
O edital da PRF tem três itens sobre Transforma- dados constante e invisível, interligando vários equi-
ção Digital: Internet das coisas, Big Data e Inteli- pamentos. O roteador wireless, a Smart TV, os smart-
gência Artificial. phones, os notebooks conectados em Wi-Fi, etc.
São tópicos conceituais, que possuem muitos
exemplos práticos em nosso dia-a-dia. Como as Mesmo com o uso de diferentes tecnologias de comu-
tecnologias procuram ser transparentes para o nicação, os dispositivos IoT utilizarão os mesmos proto-
usuário final, ou seja, não é necessário saber o colos, linguagens e serviços da Internet, do padrão TCP.
funcionamento para utilizar o recurso, algumas
pessoas poderão descobrir algumas curiosi- E os smartphones, que nos acompanham em todos
dades de sua vida cotidiana quando ler este os momentos, como uma extensão do nosso corpo,
material. além das conexões 4G (telefonia), Wi-Fi (dados média
distância) e Bluetooth (dados de curta distância), ainda
INTERNET DAS COISAS (IOT)
podem oferecer NFC (tecnologia Near Field Communi-
Internet of Things, ou Internet das Coisas. cation) para funcionalidades como o pagamento por
Ao contrário dos filmes de ficção científica (como aproximação, substituindo o cartão de crédito com
“AI - Inteligência Artificial”, “Eu, Robô” e “Matrix”), a softwares como Apple Wallet e Google Pay.
Internet das Coisas está presente no nosso dia a dia Quando aplicações de IoT interagem com o ser
de forma simples e transparente. Nada de máquinas humano, podemos dizer que temos uma rede social
assassinas que querem exterminar a humanidade, do tipo Internet das Coisas Sociais (SIoT), onde os
ok?
objetos imitam o comportamento de seres humanos
Tecnologias de comunicação como o Wi-Fi (Wire-
e criam seus próprios relacionamentos, baseados em
less Fidelity), Bluetooth e NFC (Near Field Commu-
nication) permitiram que dispositivos autônomos se regras programadas.
conectassem entre si e com outros sistemas, produzin-
do uma Malha de Dispositivos. Exemplos:

Dispositivos conectados através de cabos, por meio z crachá funcional, com sensor de aproximação na
guiados, também são usados na Internet das Coisas, catraca;
porém em menor quantidade. Os dispositivos IoT z cartão de bilhete de transporte, com sensor de
geralmente possuem recursos de mobilidade, que se aproximação no posto do cobrador no ônibus ou
estivessem conectados por cabos de rede convencio-
catraca de bloqueio do acesso no Metrô;
nais, poderiam ser limitados.
z tag para pedestres, na liberação de acessos em
Uma “malha de dispositivos” é um conjunto de edificações;
sensores, aparelhos eletrônicos de consumo, disposi- z tag para pedágio e estacionamentos que usam
tivos automotivos, dispositivos ambientais (referen- RFID (identificador por radiofrequência);
te ao ambiente monitorado), wearables (tecnologias z tag antifurto em itens de livrarias, lojas e super-
para vestir) e dispositivos móveis, que se conectam mercados que usam RFID;
com sistemas, pessoas, redes sociais, governos e z detector de fumaça em uma residência, que gera
empresas, permitindo o acesso e compartilhamento
alertas enviados para um smartphone.
de informações.
z cartão de crédito ou débito, com sensor de aproxi-
A Internet das Coisas (IoT) permite a interconexão mação na máquina de cobrança;
de objetos inteligentes. Objetos inteligentes podem ser z carros com tecnologia keyless, que dispensam a
smartphones, tablets, televisores e sensores sem fio. chave e destravam/ligam apenas por aproximação;
É importante destacar que a inteligência dos objetos z carros elétricos compartilhados, que combinam
inteligentes não é exatamente a Inteligência Artificial, geolocalização (GPS) com telefonia móvel (4G)
abordada em outro tópico. Esta inteligência dos objetos para contratação e pagamento do uso;
é aquela programação inserida neles para realização de
z carros de locadoras (serviço Localiza Fast) que dis-
tarefas esperadas, produzindo resultados iguais para
dados iguais inseridos em momentos diferentes. pensam procedimentos burocráticos, permitindo a
INFORMÁTICA

Por exemplo, um sensor de temperatura no proces- retirada do veículo diretamente com o smartphone.
sador do seu computador, que emite um alerta pop-up
no seu sistema operacional se a marcação ultrapassar Certamente novos serviços e soluções estão sur-
80 graus Celsius. Todas as vezes que a temperatura gindo neste momento, com tecnologia IoT. A lista de
atingir 80 graus Celsius, o sensor enviará um alerta exemplos logo se tornará extensa, porém transparen-
para um software instalado no computador exibir te para a maioria dos usuários. Da mesma forma que
uma mensagem de alerta para o usuário. Como pode-
você pode viajar de avião sem saber como funciona a
mos observar, o sensor não é inteligente, pois apenas
aerodinâmica, o mundo será altamente interconecta-
fez aquilo que foi programado para fazer.
do sem precisar saber como são estas conexões. 199
Outras aplicações, como monitoramento de BIG DATA
pacientes remotamente, ambientes de difícil acesso
ou inóspitos, coleta de dados de um pluviômetro (para Com o uso extensivo de serviços online por meio
medir a quantidade de chuvas em uma região), tam- da Internet, os hábitos adotados por empresas, organi-
bém poderão ser implementadas através da IoT. São zações, economias e por diferentes nações acabaram
muitas possibilidades, e muitos dispositivos. mudando a maneira como as pessoas vivem e usam
a tecnologia. Dessa forma, mais do que nunca, há um
aumento crescente da quantidade de informações e,
Outro fator que colaborou para o avanço da Inter-
consequentemente, do armazenamento dos dados
net das Coisas foi a evolução do endereçamento IP da
que surgem diariamente.
versão 4 (limitada) para a versão 6 (com uma quan-
Tudo isso é relativamente novo. Pois, agora, cada
tidade muito maior de números disponíveis). Quan-
usuário e organização pode armazenar as informa-
do um dispositivo precisa ingressar em uma rede, ele
ções em formato digital, diferentemente de como
deve ter um número de IP (identificação única, do
acontecia algumas décadas atrás. Portanto, para lidar
Internet Protocol) para poder se comunicar. O ende- com esse aumento exponencial de dados, foi criado
reçamento IPv4 de 32 bits com apenas 4.3 bilhões de um mecanismo e abordagem para lidar com tudo isso,
combinações, não atenderia à necessidade de ende- o chamado Big Data.
reçamentos da Internet das Coisas. O endereçamento Neste capítulo, iremos apresentar os conceitos
IPv6 de 128 bits permitirá até 1036 (Undecilhão, núme- sobre Big Data, tecnologias e ferramentas. Ao final,
ro 10 seguido de 36 zeros) dispositivos, mais que o resolveremos algumas questões de concursos públi-
suficiente para os 30 bilhões de dispositivos conecta- cos sobre este assunto.
dos, segundo estimativas para o ano de 2021.
CONCEITO DE BIG DATA
As três características da Internet das Coisas são:
Como um dos termos mais “badalados” do merca-
z Computação – são os microcontroladores, proces- do hoje, não há consenso sobre como definir Big Data.
sadores e FPGAs (Field Programmable Gate Array, O termo é frequentemente usado como sinônimo de
ou “Arranjo de Portas Programáveis em Campo” é conceitos relacionados como Business Intelligence (BI)
um circuito integrado fabricado para ser progra- e Mineração de Dados (Data Mining). É verdade que
mado “em campo”, pelo consumidor ou projetista, todos os três termos se referem à análise de dados,
como os módulos Arduíno usados em robótica, por mas o conceito de Big Data difere dos demais quando
exemplo), responsáveis por executar os progra- volumes de dados, número de transações e o núme-
mas nos objetos inteligentes. ro de fontes de dados são tão grandes e complexos
z Comunicação – tecnologias e meios de transmis- que exigem métodos e tecnologias especiais a fim de
são dos dados para conectar os objetos inteligentes, extrair uma visão dos dados.
que poderá ser WiFi (Wireless Fidelity), Bluetooth, O Big Data pode ser definido como um concei-
IEEE 802.15.4 (curto alcance para WPAN – Wire- to utilizado para descrever um grande volume de
less Personal Area Network) e RFID (Identificação dados, tanto estruturados quanto não estruturados,
por radiofrequência ou no inglês Radio-Frequency e que aumentam dia após dia em qualquer sistema
IDentification). ou negócio. No entanto, não é a quantidade de dados
z Semântica – é a habilidade de extrair conhecimen- que é essencial. A parte mais importante é o que as
to, a partir dos objetos na IoT. Para o usuário fre- empresas ou organizações podem fazer com esses
quente do supermercado, ofertas personalizadas dados. Milhares de análises podem ser executadas
sobre eles, no qual é possível realizar previsões, ins-
baseado nos produtos mais consumidos por ele.
pirar novas ideias ou levar a uma melhor tomada de
decisão estratégica.
No começo, a IoT tratava dos dispositivos indivi-
Uma definição exata de Big Data é difícil de definir,
dualmente. Com a integração entre eles, uma rede
pois projetos, empresas e profissionais de negócios a
social de dispositivos da Internet das Coisas poderá ser
usam de maneira bem diferente. Com isso em mente,
formada. Softwares analisam as compras no cartão de
de modo geral, Big Data é:
crédito combinando com os locais onde ele adquiriu
(estacionamento de shopping, com tag de pedágio) e z Grande volume de dados;
personalizam as mensagens de ofertas para os usuá- z Uma categoria de estratégias e tecnologias da com-
rios, em lojas do local onde ele costuma frequentar. putação usadas para lidar com grandes conjuntos
As muitas as possibilidades de uso da Internet das de dados.
Coisas, que com recursos de Big Data e Inteligência
Artificial, poderão mudar o mundo (Transformação QUAIS SÃO OS 5VS DO BIG DATA?
Digital) totalmente em poucos anos. Percebemos a
importância do tema e o motivo dele estar neste edital Inicialmente, o conceito de Big Data foi contempla-
de concurso. do por 3 V’s. que são volume, velocidade e varieda-
Através de softwares de automação, sensores e de. Valor e veracidade são outras duas dimensões “V”
câmeras, é possível realizar o monitoramento das que foram adicionadas à literatura recentemente.
operações que estão sendo desempenhadas pelos Os V’s adicionais são frequentemente propos-
dispositivos conectados, comparando os resultados tos, mas estes 5V’s são os que mais são cobrados em
com os dados e estimativas que foram previamente provas de concursos. Vamos a uma breve explicação
200 planejados. sobre cada um a seguir:
z Volume Na Inteligência Artificial, é dada uma liberdade
para que o software/hardware comece a tomar deci-
„ Refere-se à enorme quantidade de dados dispo- sões além de sua programação, baseada em dados
nível, desde conjuntos de dados com tamanhos observados ou coletados. Parece coisa de ficção cientí-
de terabytes a zetabytes; fica, mas esta ação já é desempenhada na atualidade.
Quando acessamos uma loja de departamentos,
z Velocidade
ou banco digital, ou até o assistente virtual de nosso
„ Refere-se a grandes quantidades de transações
smartphone, estamos interagindo com um software
com alta taxa de atualização, resultando em flu-
que possui traços de Inteligência Artificial. Eles pos-
xos de dados chegando em grande velocidade;
suem uma programação básica, além da capacidade
z Variedade de aprender com as interações.
„ Os dados vêm de diferentes fontes de dados. Quanto mais consumidores da loja, ou clientes dos
Além disso, os dados podem vir em vários for- bancos, ou usuários dos smartphones, “conversarem”
matos, sendo dados estruturados como uma com o assistente virtual, mais o programa se adap-
tabela de banco de dados, dados semiestrutura- ta para novas interações com outros consumidores,
dos como um arquivo XML ou dados não estru- clientes e usuários.
turados como texto, imagens, streams de vídeo, Tomemos um exemplo: os primeiros clientes de
áudio, entre outros.
uma máquina de lavar roupas, questionaram ao assis-
tente virtual sobre como fazer a manutenção mensal
Vale destacar que estes são os três principais V’s de
Big Data. Porém, ainda há os seguintes V’s: (limpeza dos filtros) de sua lavadora. O assistente per-
cebeu que existe um padrão nestas interações.
z Veracidade Não havia nada em sua programação sobre este
„ Refere-se à qualidade, precisão ou confiabilida- “problema”, entretanto, pela Inteligência Artificial o
de dos dados. Está ligada diretamente ao quan- sistema já identificou que isto pode ser uma tendência
to uma informação é verdadeira. para os próximos atendimentos, que os clientes dese-
jarão saber qual é o produto anticalcificante deve ser
z Valor utilizado na limpeza da máquina e qual loja próxima
„ Refere-se ao valor dos dados ou o valor que eles de sua residência tem este item para venda.
possuem. É importante entender o contexto e O assistente avaliou a geolocalização do cliente,
a necessidade para gerar a informação certa
identificou lojas do ramo de limpeza especializada
para as pessoas certas.
e manutenção de lavadoras na região, e está pronto
para entregar para ele as informações. As respostas
Importante! estarão prontas, para perguntas que ainda nem foram
feitas. Isto é Inteligência Artificial em ação.
Compreender os V’s de Big Data é fundamental
para a resolução de diversas questões de pro-
A máquina aprende, e poderá crescer e responder
vas de concursos, pois este assunto é o mais
dentro das regras de sua programação ou além delas.
recorrente.
� Volume: grande quantidade de informação a
ser processada; Aprendizado de máquina, do inglês machine lear-
� Variedade: os diferentes tipos de dados analisados; ning, é um método de análise dos dados que automati-
� Velocidade: tempo hábil para recuperar e pro- zará a construções de novos modelos analíticos.
cessar a informação; Machine learning não refere-se propriamente à
� Veracidade: o quão confiável é o dado; Inteligência Artificial, mas sim a uma vertente dela, a
� Valor: o grau de importância deste dado para qual se baseia na ideia de que os sistemas aprendem
compor uma informação. com os dados que manipulam, identificando padrões
e tomando decisões, dentro dos parâmetros ou limites
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL que foram programados.
Características de sistemas de aprendizado de
A Inteligência Artificial refere-se à ideia de que máquina:
os sistemas podem aprender com dados, identificar
padrões e tomar decisões com o mínimo de interven- z Identifica a melhor forma de preparação dos dados
ção humana, além da programação que possuem. que serão usados;
Quando se restringem à sua programação, é conside- z Possui algoritmos (sequências lógicas) básicos e
INFORMÁTICA

rado apenas aprendizado de máquina. avançados, para tomada de decisão dentro dos
Em Internet das Coisas (IoT), os equipamentos são parâmetros programados;
programados para a realização de tarefas, e os softwa-
z Os processos são automatizados e iterativos, podem
res aguardam resultados esperados da programação.
avançar, pausar ou parar a qualquer momento;
Erros ou anomalias geralmente provocam o trava-
mento e reset (reinício) do equipamento, para que z Possuem escalabilidade, ou seja, podem crescer
a programação seja iniciada desde a primeira linha, junto com outros sistemas e projetos;
para que siga conforme esperado e entregue resulta- z Realizam a modelagem dos dados em conjunto
dos previsíveis. com outros sistemas. 201
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL INTELIGÊNCIA HUMANA

Habilidades Uma por vez Múltiplas e simultâneas

Ponto forte Automação Autonomia

Análises Melhor com grande volume de dados Melhor com análise de ambiguidade

Processamento Velocidade Pensamento crítico

Natureza Racional Emocional

Alguns termos identificam o contexto do aprendizado de máquina, e podem ser diferentes de outras áreas do
conhecimento (e até de outras disciplinas presentes no edital).
No aprendizado de máquina, um alvo é chamado de rótulo. Este objetivo é definido na programação, e indire-
tamente define o limite que a máquina poderá atingir.
Já em estatística, um alvo é chamado de variável dependente. E está relacionada com os dados analisados em
fórmulas e funções, indicando o resultado final de operações sobre valores anteriores pré-existentes.
Portanto, em machine learning o alvo é o objetivo e em estatística o alvo é uma variável que depende dos dados
analisados.
Uma variável em estatística é chamada de recurso em aprendizagem de máquina. Portanto, um valor que
pode alterar durante sua existência é um recurso que a máquina atualizará e consultará quando necessário.
Uma transformação estatística, que é a produção de resultados a partir de dados inseridos em fórmulas, é
chamada de criação de recurso em aprendizagem de máquina.

APRENDIZADO DE MÁQUINA ESTATÍSTICA

Alvo Rótulo Variável dependente

Variável (valor) Recurso Variável (dados)

Transformação estatística Criação de recurso Operações com fórmulas e funções

É possível observar que a diferença entre o Algoritmos genéticos (AGs), são técnicas de busca
aprendizado de máquina e a Inteligência Artificial paralela semelhantes às Redes Neurais. Ordenam as
está relacionada com os limites e tratamentos dos soluções possíveis e conhecidas, através de operações
dados que possuem acesso. especiais. Além de realizar a avaliação do problema
Os dados, certamente estão em um contexto de Big e dos dados envolvidos, após construir um resultado,
Data, que influencia a Transformação Digital. avalia se ele é o melhor (qualidade) para o cenário
Na lógica “tradicional”, uma proposição lógica atual. Usado para solução de problemas complexos,
(programação) tem como resultado o verdadeiro ou é o modelo que tem melhor aceitação entre os meios
o falso. Arbitrariamente será um dos dois valores. No científicos quando se propõe a introdução da Inteli-
raciocínio lógico, é a disjunção exclusiva, Ou um, Ou gência Artificial para facilitar a obtenção dos melho-
outro, nunca ambos e nunca nenhum. res resultados possíveis.
A lógica utilizada na Inteligência Artificial é um A lógica na Inteligência Artificial se parece com a
pouco diferente e se chama lógica Fuzzy. Nela, uma lógica dos relacionamentos humanos, se assemelha ao
nosso pensamento e tomada de decisão.
premissa pode variar em grau de verdade de 0 a 1, o
Vamos a um exemplo, para entender melhor como
que leva a um resultado parcialmente verdadeiro ou
é a Inteligência Artificial, com um modelo da tomada
parcialmente falso. O resultado da Inteligência Arti-
de decisão da Inteligência Humana.
ficial não será obtido com apenas um teste ou uma
pergunta, mas com a comparação de vários dados
z Você deseja ter um animal de estimação, e escolhe
anteriores (análise diagnóstica), a visão atual (análise
um gato. Pronto. Decisão tomada e o bichano está
descritiva) e o possível resultado (análise preditiva).
em sua casa. Este é um exemplo de tomada de deci-
Conhecida como lógica nebulosa (fuzzy logic ou LN), são baseado em lógica clássica, onde você descar-
este conceito procura uma forma de reduzir e expli- tou qualquer outro dado anterior ou futuro.
car a complexidade de sistemas. Atualmente é possível z Você deseja ter um animal de estimação, e escolhe
encontrar aplicações da lógica nebulosa em áreas bem um gato. Mas...
diferentes daquela em que surgiu (operação de trans- z Você já teve um gato quando era criança.
portes), como em Finanças e em Contabilidade. z Não há espaço no seu apartamento para um gato.
As Redes Neurais Artificiais (Artificial Neural z O seu apartamento se localiza em um andar alto
Networks ANN ou RNA) são algoritmos baseados em do prédio.
conceitos derivados de pesquisas sobre a natureza do z Não poderá instalar telas de proteção, pois a
cérebro, utilizados para realização de tarefas cogni- varanda é toda de vidro, que fica aberto ou fechado.
tivas, tais como aprendizagem e otimização de resul- z Nenhum dos outros condôminos possui um gato,
tados. É uma das técnicas mais antigas aplicadas em somente cães de pequeno porte.
Inteligência Artificial, mas que ainda apresenta bons
resultados. Estas redes podem entender as caracterís- Como é possível observar, a Inteligência Humana
ticas do problema ou desafio, utilizando um conjunto avalia muitas variáveis e dados antes da tomada de
de exemplos cuja resposta já seja conhecida, fazendo decisão, assim como a Inteligência Artificial faz com
202 paralelo entre os resultados esperados. os dados de uma base de dados.
As comparações dos dados anteriores e atuais O mesmo pode ser utilizado para trabalhar com
poderá influenciar a tomada de decisão na Inteli- ensino a distância, recuperando informações, operan-
gência Artificial. Você poderá ter o gato, e corrigir ou do programas de interação e efetuar o monitoramen-
eliminar as falhas identificadas, ou poderá se mudar to de uso das plataformas.
para outro apartamento, ou se mudar para uma casa, Os algoritmos de aprendizagem de máquina com-
ou escolher um cão de pequeno porte.
binados formam a Inteligência Artificial. Regras mate-
A Inteligência Artificial procura desenvolver siste-
máticas, regras estatísticas e premissas lógicas são a
mas que se comportem de forma semelhante a certos
aspectos do comportamento humano inteligente. essência da Inteligência Artificial.
Quem já assistiu ao filme Matrix, deve se lembrar
que um dos fios da trama na trilogia, é a variável que
desequilibra a equação da perfeição, que no filme se
denominava o amor. Se apresentar o problema do CONCEITOS DE PROTEÇÃO E
gato para uma máquina, com todos os dados passa-
dos e considerações presentes, a Inteligência Artificial SEGURANÇA
certamente te dará um resultado, que poderá descar-
tar a variável de desequilíbrio, por simplesmente não O QUE É SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO?
ter sido programada no sistema.
Diferentes empresas poderão usar os recursos Uma pergunta curta, mas que tem muitas informa-
de aprendizagem de máquina, como as instituições ções relacionadas para elaboração de uma resposta
bancárias. completa. As informações para responder esta per-
Softwares de inteligência empresarial como Cus- gunta você encontrará nos tópicos deste material.
tomer Relationship Managment (CRM), mineração de As redes de computadores se tornaram cada vez
dados e datawharehouse aplicam métodos de Inteli- mais interligadas e complexas. Elas integram atual-
gência Artificial para extrair informações de grandes
mente muitos dispositivos, que talvez você não conhe-
bases de dados e apresentar modelos de representa-
ça, mas que estão ali promovendo a troca de dados
ção consolidados com os resultados obtidos, o cenário
atual e as tendências para o futuro. entre o seu equipamento e o servidor remoto que está
A Inteligência artificial poderá ser usada para dife- acessando. E claro, os criminosos virtuais podem aces-
rentes finalidades, como identificar clientes com alto sar redes de qualquer lugar do mundo.
perfil de risco para empréstimos financeiros ou detec- Os profissionais de Segurança da Informação
tar sinais de fraudes em transações bancárias. procuram proteger os dados armazenados e trafega-
Na medicina, as tecnologias de inteligência artifi- dos entre os dispositivos por meio de equipamentos,
cial e mineração de dados podem ajudar médicos a programas e técnicas direcionadas. Treinamento dos
analisar um conjunto imenso de dados, para identifi- usuários também é importante, considerando que ele
car tendências ou alertas, levando ao aperfeiçoamen- é o elo mais fraco e vulnerável no que se refere à Segu-
to de diagnósticos e tratamentos.
rança da Informação.
O uso de Inteligência Artificial e Big Data na pes-
quisa de vacinas pela China e Índia, explicam o rápido
crescimento da indústria farmacêutica no oriente. A
pesquisa por imunizantes é agilizada por resultados
esperados (insights) após o processamento de milhões
de relatórios armazenados no Big Data por diversos
centros de pesquisa e saúde ao redor do mundo, pre-
vendo como o corpo humano reagiriam ao ser exposto
à uma substância em determinada circunstâncias, ou
a outra substância em outras circunstâncias diferen-
Figura 1. A conexão entre o usuário cliente e o servidor é realizada
tes. A economia de tempo na pesquisa com a obtenção
por diferentes equipamentos, que são transparentes para o usuário
de relatórios e gráficos, avaliados pela Inteligência
final.
Artificial, deu aos países uma grande vantagem técni-
ca em relação ao restante do mundo.
Entre o servidor remoto e o usuário final, as infor-
As pesquisas para o desenvolvimento de novas
fontes de energia através da análise dos minerais exis- mações solicitadas passarão por vários dispositivos de
tentes no solo, poderão ser orientadas pela Inteligên- conexão (roteadores, repetidores de sinal, switches,
cia Artificial para combinar o resultado de sensores bridges, gateways) antes de serem apresentadas no
com o conhecimento das propriedades químicas dos dispositivo do usuário.
materiais, sugerindo fontes com potencial econômico.
Até aplicativos de mobilidade como o Uber e Waze, Dica
lançam mão da inteligência artificial para prever
INFORMÁTICA

cenários de congestionamentos no trânsito das gran- Paradigma cliente-servidor. Nós somos clientes
des cidades. Avaliando as viagens em andamento e as e acessamos informações em servidores remo-
novas viagens solicitadas, os sistemas podem identifi- tos. As redes de computadores, em concursos
car gargalos no trânsito com vários minutos de ante- públicos, são abordadas seguindo este paradig-
cedência, direcionando os novos embarques/viagens
ma. Usamos cliente web (browser ou navegador)
para rotas alternativas.
Estes são programas semiautônomos, proativos para acessar um servidor web. Usamos cliente de
e adaptativos, que utilizam recursos de inteligência e-mail para acessar um servidor de e-mail. Usamos
artificial para auxiliar a mobilidade no trânsito. um cliente FTP para acessar um servidor FTP. 203
Finalizando o conteúdo de Segurança da Informa-
ção, estudaremos os mecanismos de proteção e defesa
contra os ataques e ameaças. Existem equipamentos
de proteção, mas em concursos públicos são questio-
nados os “aplicativos para segurança (antivírus, fire-
wall, anti-spyware etc)”.
Apesar de existirem soluções integradas e avança-
das para os problemas de Segurança da Informação,
que até usamos em nossos dispositivos, nos concursos
públicos são questionadas as definições oficiais e as
configurações padrão dos programas.
Figura 2. O tráfego de dados em uma conexão é um ativo
interessante para invasores, vírus de computadores e softwares
maliciosos. NOÇÕES DE REDES PRIVADAS VIRTUAIS (VPN)

Invasores tentarão acessar a conexão e capturar As redes privadas virtuais, popularmente identi-
os dados trafegados, vírus de computador procuram ficadas pela sigla VPN (do inglês Virtual Private Net-
infectar os arquivos e causar danos aos sistemas, work), são criadas pelas empresas e usuários para
estabelecer uma conexão segura entre dois pontos.
softwares maliciosos podem infectar dispositivos e
Antes de estudarmos elas, vamos conhecer alguns dos
sequestrar arquivos. conceitos básicos das redes de computadores, de acordo
com as suas características de uso e nível de segurança.

REDE CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

Local Area Network é uma denominação


LAN relacionada ao alcance de uma rede, res-
trita a um prédio ou pequena região.

É uma rede local (pelo seu alcance é uma


LAN), interna de uma organização, segura,
Intranet
com acesso restrito aos usuários cadastra-
Figura 3. Um protocolo seguro protege o tráfego de dados em uma dos no servidor da rede.
conexão insegura, criptografando as informações que são enviadas
e recebidas. É o acesso remoto seguro, por meio
Extranet de um ambiente inseguro, à intranet da
O usuário deverá utilizar um protocolo seguro organização.
para acessar os dados, manter o seu dispositivo atua- Rede mundial de computadores, de aces-
lizado e protegido, utilizar uma senha forte de acordo so público e considerada insegura. A In-
com as políticas de segurança e práticas recomenda- Internet
ternet é comumente representada por
das, entre outras ações. uma nuvem.
O usuário deve utilizar conexões seguras (como
as VPN’s – Virtual Private Network) para acesso aos
Serviços remotos (Computação na Nuvem); proteger-
-se das ameaças e ataques à Segurança da Informação
utilizando medidas de proteção em seu dispositivo
(como antivírus, firewall e anti-spyware).
Iniciaremos os estudos de Segurança da Informa-
ção com o tópico VPN. Elas são muito importantes
para a comunicação segura, e foi destaque no ano
de 2020 por causa do trabalho remoto (home office). Figura 4. A Extranet é uma conexão segura através de um ambiente
inseguro (Internet) para redes internas protegidas (Intranet).
Empresas e usuários que não utilizavam uma cone-
xão remota segura, precisaram se adaptar aos novos
tempos. Em concursos, a tendência é que aumente a Dica
frequência de questões, pois se tornou um tema popu- Toda Intranet é uma LAN, mas nem toda LAN é
lar devido à pandemia. uma Intranet.
A seguir, conheceremos como é a Computação na
Nuvem. Suas características, os tipos de nuvem, os Por que usar uma VPN? Porque é importante e
serviços oferecidos e as vantagens e desvantagens. necessário.
Lembrando que este foi um tópico importante nos A Internet é a rede mundial de computadores, que
concursos da Polícia Federal e Polícia Rodoviária conecta diversos dispositivos entre si, utilizando uma
Federal, em provas de todos os cargos. estrutura pública e insegura, oferecida pelos governos
Vírus de computador e softwares maliciosos. e operadoras de telefonia. O acesso à Internet é ofereci-
Quem nunca foi vítima, não é mesmo? O terceiro tópi- do para todos, e usuários mal intencionados poderiam
co de Segurança da Informação abordará os ataques interceptar a comunicação de outros usuários, monito-
e ameaças, com destaque para os principais e mais rando o tráfego de dados e roubando informações.
comuns em provas de concursos. Assim como Compu- Com uma VPN estabelecida entre os dispositivos, o ris-
tação na nuvem, o tópico “noções de vírus, worms e co na transmissão é muito pequeno. Lembrando que nada
pragas virtuais” também é muito questionado em con- será 100% seguro em Informática, independentemente
204 cursos públicos. da quantidade de sistemas e proteções implementadas.
Figura 5. Usuários mal intencionados procuram ‘escutar’ uma conexão insegura em busca de dados que possam comprometer a privacidade do
usuário ou empresa.

As empresas utilizam softwares de terceiros para estabelecer a conexão segura entre os dispositivos de seus
colaboradores. Existem vários softwares que possibilitam a conexão segura, como: a Área de Trabalho Remota
(Windows) e soluções de empresas de segurança digital (Forticlient VPN, Citrix Metaframe, TeamViewer, LogMeIn
etc).
Para estabelecer uma conexão segura, protocolos seguros serão usados, criando um túnel seguro entre o emissor e o
receptor, por meio de um ambiente vulnerável.
Os protocolos são padrões de comunicação e os protocolos seguros procuram encapsular os dados transmi-
tidos para que, em caso de monitoramento, a leitura do conteúdo se torne impossível, uma vez que os dados se
tornam criptografados.

Figura 6. Usuários mal intencionados não conseguem monitorar o conteúdo de uma conexão que esteja protegida com um protocolo seguro.

TIPO DE VPN CARACTERÍSTICA

Um usuário pode conectar-se a uma rede, para acessar seus serviços e


recursos remotamente. A conexão é segura e ocorrerá por meio de uma
VPN de acesso remoto
rede pública, como a Internet.
(VPN client to site)
Será uma conexão (cliente) para um servidor remoto que aceita várias
conexões.

Dois roteadores estabelecem uma conexão segura para a troca de dados,


um operando como cliente VPN e o outro operando como servidor VPN. É
o modelo mais usado no âmbito empresarial, para conectar com seguran-
VPN site a site ça a rede interna de uma filial com a rede interna de uma matriz.
Serão várias conexões (filial) acessando um servidor remoto que aceita
várias conexões (matriz).
Também conhecida como VPN LAN to LAN.

Protocolos
INFORMÁTICA

Quando uma navegação na Internet é realizada, os protocolos transferem os dados de um servidor para o cliente,
de acordo com o paradigma Cliente-Servidor. O servidor oferece os dados e provê a conexão e, então, o cliente acessa
as informações e solicita serviços.
Em uma conexão, para evitar que os dados sejam acessados por pessoas não autorizadas, protocolos de segu-
rança e proteção poderão ser implementados utilizando-se de chaves e certificados digitais para garantia da
transferência segura dos dados.
Muitas siglas de protocolos estão relacionadas com este tópico. Confira algumas delas.

205
PROTOCOLO SIGNIFICADO CARACTERÍSTICAS SEGURO?
GRE Generic Routing Encapsulation Desenvolvido pela CISCO, prioriza a velocidade Não

SSL Secure Sockets Layer Camada adicional de segurança para a conexão Sim

TLS Transport Layer Security Camada de transporte seguro para a conexão Sim

Orientar o servidor para criação de uma conexão


SSH Secure Shell Sim
segura com o cliente

Extensão do protocolo IP para suprir a falta de se-


IPsec IP Security Protocol gurança de informações que trafegam em uma rede Sim
pública

Protocolo para facilitar a comunicação bidirecional,


Telnet baseada em texto interativo (comandos), usando Não
uma conexão de terminal virtual.

Atualização dos protocolos L2F (Protocolo de En-


L2TP Layer 2 Tunnelling Protocol caminhamento da Camada 2) e PPTP (Protocolo de Não
Tunelamento Ponto-a-Ponto).

O PPTP adiciona um canal seguro ao TCP e utiliza


PPTP Point-to-Point Tunneling Protocol um túnel GRE. Algumas questões o apresentam com Sim
a sigla PPP.

Criar conexões ponto a ponto (point to point) e site a


OpenVPN VPN de Código aberto site (site to site), usando um protocolo personalizado Sim
baseado no TLS e SSL.

Dica
Protocolos seguros costumam mostrar a letra S na sua sigla, como em HTTPS.

Um protocolo seguro procura estabelecer uma conexão segura entre os dispositivos, possibilitando a troca de
informações. Antes do envio de dados, a conexão segura será negociada entre os dispositivos e aprovada após a
confirmação do certificado digital.

Figura 7. A criptografia é usada para garantir a autenticidade e a integridade das conexões.

Importante!
A conexão remota poderá ser uma simples conexão direta entre os dispositivos (ponto a ponto, túnel de cone-
xão, sem criptografia dos dados trafegados) ou uma conexão entre os dispositivos com segurança (utilizando
protocolos seguros para criptografar o conteúdo trafegado no túnel de conexão).

Programas

Conhecendo as definições de uma VPN e os protocolos que podem ser utilizados, vem uma dúvida: quais são
os programas que usamos para transformar o nosso dispositivo em um cliente VPN? Depende.
Cada dispositivo tem um sistema operacional, e de acordo com a origem (cliente) e o destino (servidor), existem
programas mais adequados para cada cenário.

ORIGEM (CLIENTE) DESTINO (SERVIDOR) EXEMPLO DE PROGRAMA PARA VPN

Windows Windows Área de Trabalho Remota

Windows Linux PuTTy

Linux Windows OpenVPN

Linux Linux Network-Manager.


206
A utilização de um software de VPN, a fim de aces- qualificados são formados e contratados pelas
sar a rede interna de uma organização (no modelo empresas com a única função de proteger os siste-
VPN client to site), implementa segurança aos dados mas informatizados.
trafegados na forma de criptografia, para garantir a
autenticidade e a integridade das conexões. Em concursos públicos, as ameaças e os ataques
são os itens mais questionados.
Onde a VPN será ‘iniciada’?

Nas redes de computadores, o firewall é um item


Dica
especialmente importante em relação à segurança da Você conhece a Cartilha de Segurança CERT? Dispo-
informação. Ele é um filtro de portas TCP, que permite nível gratuitamente na Internet, ela é a fonte oficial
ou bloqueia o tráfego de dados. Logo, se uma cone-
de informações sobre ameaças, ataques, defesas
xão deseja enviar e receber dados, precisa ter a porta
correspondente liberada, em ambos os lados, tanto no e segurança digital. Disponível em: <https://cartilha.
cliente como no servidor. cert.br/>. Acesso em: 13 nov. 2020.
Se existe um firewall na rede, a VPN poderá ser ins-
talada (e configurada) no firewall (mais comum), em Ameaças
frente ao firewall (para autenticar o que está chegan-
do), atrás do firewall (para autenticar o que chegou), As ameaças são identificadas como aquelas que
paralelamente ao firewall (para acompanhar o envio possuem potencial para comprometer a oferta ou
e recebimento dos pacotes) ou na interface dedicada existência dos ativos computacionais, tais como:
do firewall (na conexão VPN site to site, para atender a informações, processos e sistemas.
vários dispositivos da rede). Um ransomware, software que sequestra dados
No Windows 10, a definição da VPN poderá ser
utilizando-se de criptografia, e solicita o pagamento
realizada por meio da Central de Ações (atalho de
de resgate para a liberação das informações seques-
teclado Windows + A) ou em Configurações, Rede e
Internet, VPN. tradas, é um exemplo de ameaça. Observe que a
ameaça existe, entretanto, se não ocorrer uma ação
deliberada para execução ou se medidas de proteção
forem implementadas, a ameaça deixa de existir e
Importante! não se torna um ataque.
As ameaças à segurança da informação podem ser
O acesso Home Office é um tipo de conexão
classificadas como:
externa que deverá utilizar uma VPN para prote-
ger os dados trafegados, com o uso de criptogra-
z Tecnológicas: quando ocorre mudança no padrão
fia, implementada por protocolos seguros.
ou tecnologia, sem a devida atualização ou
upgrade.
NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS, PHISHING E PRAGAS z Humanas: intencionais ou acidentais, que explo-
VIRTUAIS ram vulnerabilidades nos sistemas.
z Naturais: não intencionais, relacionadas ao
Ameaças e riscos de segurança estão presentes ambiente, como as catástrofes naturais.
no mundo virtual. Assim como existem pessoas boas
e más no mundo real, existem usuários com boas ou As empresas precisam fazer uma avaliação das
más intenções no mundo virtual. ameaças que possam causar danos ao ambiente compu-
Os criminosos virtuais são genericamente denomi- tacional dela mesma (Gerenciamento de Risco), imple-
nados como hackers, porém o termo mais adequado mentar sistemas de autenticação (Controlar o Acesso),
seria cracker. Um hacker é um usuário que possui definir os requisitos de senha forte (Política de Segu-
muitos conhecimentos sobre tecnologia, e podem ser
rança), manter um inventário e realizar o rastreamento
nomeados como White Hat (hacker ético que usa suas
de todos os ativos (Gerenciamento de Recursos), além
habilidades com propósitos éticos e legais), Gray Hat
(cometem crimes, mas sem ganho pessoal, geralmen- de utilizar sistemas de backup e restauração de dados
te para exposição de falhas nos sistemas) e Black Hat (Gerenciamento de Continuidade de Negócios).
(violam a segurança dos sistemas para obtenção de
ganhos pessoais). Falhas
Amadores ou inexperientes, profissionais ou expe-
rientes, todo usuário está sujeito aos riscos inerentes As falhas de segurança nos sistemas de informação
ao uso dos recursos computacionais. poderão ser propositais ou involuntárias.
São riscos de segurança digital: Se o programador insere no código do sistema uma
falha, que produza danos ou permita o acesso sem
z Ameaças – vulnerabilidades que existem e podem autenticação, temos um exemplo de falha proposital.
ser exploradas por usuários. Se uma falha for descoberta após a implantação do
INFORMÁTICA

z Falhas – vulnerabilidades existentes nos sistemas, sistema, sem que tenha sido uma falha proposital, e
sejam propositais ou acidentais.
seja explorada por invasores, temos um exemplo de
z Ataques – ação que procura denegrir ou suspender
falha involuntária, inerente ao sistema.
a operação de sistemas.
z Devido à crescente integração entre as redes de Quando identificadas, as falhas são corrigidas pelas
comunicação, conexão com novos e inusitados empresas que desenvolveram o sistema por meio da
dispositivos (IoT – Internet das Coisas) e crimino- distribuição de notificações e correções de segurança.
sos com acesso de qualquer lugar do mundo, as O Windows Update, serviço da Microsoft para atuali-
redes de informações se tornaram particularmen- zação do Windows, distribui mensalmente os patches
te difíceis de se proteger. Profissionais altamente (pacotes) de correções de falhas de segurança. 207
Ataques

Sem dúvida, o que tem mais destaque, tanto em


concursos como no mundo real, são os ataques. Coor-
denados ou isolados, os ataques procuram romper as
barreiras de segurança definidas na Política de Segu-
rança, com o objetivo de anular o sistema ou capturar
dados.
Os ataques podem ser classificados como:

z Baixa complexidade: exploram falhas de segu-


rança de forma isolada e são facilmente identifica-
dos e anulados.
z Média complexidade: combinam duas ou mais
ferramentas e técnicas, para obter acesso aos
dados, sendo de média complexidade para a solu-
ção, gerando impactos na operação dos sistemas,
como a indisponibilidade.
z Alta complexidade: refinados e avançados, os
ataques combinam o acesso às falhas do sistema,
novos códigos maliciosos desconhecidos, distribui-
ção do ataque com redes zumbis, tornando difícil
a resolução do problema.

Ameaças existem e podem afetar ou não os siste-


mas computacionais.
Falhas existem e podem ser exploradas ou não
pelos invasores.
O vírus de computador poderá entrar no disposi-
Ataques são realizados todo o tempo contra todos
os tipos de sistemas. tivo do usuário por meio de um arquivo anexado em
uma mensagem de e-mail, ou por cópia de arquivos
Vírus de computador existentes em uma mídia removível como o pen drive,
recebidos por alguma rede social, baixados de sites na
O vírus de computador é a ameaça digital mais
Internet, entre outras formas de contaminação.
popular. Todos já ouviram falar dele e ele tem uma
definição fácil de ser compreendida. Tem este nome
por se assemelhar a um vírus orgânico ou biológico. VÍRUS DE
CARACTERÍSTICAS
O vírus biológico é um organismo que possui um COMPUTADOR
código viral que infecta uma célula de outro organismo. Infectam o setor de boot do dis-
Quando a célula infectada é acionada, o código viral é co de inicialização. Cada vez
duplicado e se propaga para outras células saudáveis Vírus de boot
que o sistema é iniciado, o vírus
do corpo. Quanto mais vírus existirem no organismo, é executado.
menor será o seu desempenho e recursos vitais serão
consumidos, podendo levar o hospedeiro à morte. Armazenados em sites na Inter-
net, são carregados e executa-
O vírus de computador é um código malicioso que
Vírus de script dos quando o usuário acessa
infecta arquivos em um dispositivo. Quando o arquivo
a página usando um navegador
é executado, o código do vírus é duplicado e se propa-
de Internet.
ga para outros arquivos do computador. Quanto mais
vírus existirem no dispositivo, menor será o seu desem- As macros são desenvolvidas
penho e recursos computacionais serão consumidos, em linguagem Visual Basic for
podendo levar o hospedeiro a uma falha catastrófica. Applications (VBA) nos arquivos
Vírus de macro do Office, para a automatização
de tarefas. Quando desenvolvi-
Dica
do com propósitos maliciosos,
Os vírus de computador infectam arquivos e se é um vírus de macro.
propagam para outros arquivos.
Vírus ‘mutantes’ ou ‘polimórfi-
cos’, a cada nova multiplicação,
Vírus do tipo
o novo vírus mantém traços
mutante
do original, mas é diferente do
original.

São programados para agir em


uma determinada data, causan-
Vírus time bomb
do algum tipo de dano no dia
previamente agendado.
208
VÍRUS DE Os worms não precisam ser executados pelo usuá-
CARACTERÍSTICAS rio como os vírus de computador e a sua propagação
COMPUTADOR
será rápida, caso não existam barreiras de proteção
Um vírus stealth é um código que os impeçam.
malicioso muito complexo, que
se esconde depois de infectar
um computador. Ele mantém
Vírus stealth cópias dos arquivos que foram
infectados para si, e quando um
software antivírus realiza a de-
tecção, o vírus stealth apresenta
o arquivo original, enganando o
mecanismo de proteção.

O vírus Nimda explora as falhas


de segurança do sistema opera-
cional. Ele se propaga pelo cor-
reio eletrônico, e também pela
Vírus Nimda
web, em diretórios comparti-
lhados, pelas falhas de servidor
Microsoft IIS e nas trocas de
arquivos.

Todos os sistemas operacionais estão vulneráveis


aos vírus de computador. Quando um vírus de compu-
tador é desenvolvido por um hacker, ele procura fazer
para um software que tenha uma grande quantidade
de usuários iniciantes, o que aumenta as suas chances
de sucesso.
O Windows tem muitos usuários e a maioria deles
não tem preocupações com segurança. A maioria dos
vírus de computadores são desenvolvidos para ataca-
rem sistemas Windows.
O Linux tem poucos usuários (se comparado ao
Windows) e a maioria deles possuem muito conheci-
mento sobre Informática, tornando a ação de vírus no
Linux uma ocorrência rara.
O Android, software operacional dos smartphones
populares, é uma variação do sistema Linux origi-
nal, e apesar de possuir esta origem nobre, é alvo de
milhares de vírus por causa dos seus usuários, que na
maioria das vezes não tem rotinas de proteção e segu-
rança de seus aparelhos.
Um vírus de computador poderá ser recebido por
e-mail, transferido de sites na Internet, comparti-
lhado em arquivos, através do uso de mídias remo-
víveis infectadas, nas redes sociais e por mensagens
instantâneas.
Um vírus necessita ser executado para que entre
em ação, pois ele tem um hospedeiro definido e um
alvo estabelecido.
Se propaga inserindo cópias de si em outros
arquivos. Dica
E altera ou remove arquivos do dispositivo, para
Os worms infectam dispositivos e se propagam
propagação e auto proteção (não ser detectado pelo
antivírus). para outros dispositivos de forma autônoma,
sem interferência do usuário.
Worms
Os worms podem ser recebidos automaticamente
pela rede, inseridos por um invasor ou por ação de
INFORMÁTICA

O worm é um verme, que explora de forma inde-


pendente as vulnerabilidades nas redes de dispositi- outro código malicioso. Assim como vírus, ele poderá
vos. Geralmente eles deixam a comunicação na rede ser recebido por e-mail, transferido de sites na Inter-
lenta, por ocuparem a conexão de dados ao enviarem net, compartilhado em arquivos, por meio do uso de
cópias de seu código malicioso. mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e por
Um verme biológico parasita um organismo con- mensagens instantâneas.
sumindo seus recursos, deixando o corpo debilitado. Ele é auto executável, e procura explorar as vulne-
Um verme tecnológico parasita um dispositivo consu- rabilidades dos dispositivos.
mindo seus recursos de memória e conexão de rede, Envia cópias de si mesmo para outros dispositivos
deixando o aparelho e a rede de dados lentos. e usuários conectados. 209
Por ser auto executável, costuma consumir gran-
de quantidade de recursos computacionais, promo-
ve a instalação de outros códigos maliciosos e inicia
ataques na Internet, tentando alcançar outras redes
remotas.

Pragas Virtuais

z Cavalo de Troia ou Trojan: É um código malicioso


que realiza operações mal-intencionadas, enquan-
to realiza uma operação desejada pelo usuário,
como um jogo on-line ou reprodução de um vídeo.

Ele é enviado com o conteúdo desejado e ao ser


executado, desativa as proteções do dispositivo para
que o invasor tenha acesso aos arquivos e dados. O z Spyware: é um programa malicioso que procu-
nome está relacionado com a história do presente ra monitorar as atividades do sistema e enviar
dado pelos gregos para os troianos, que era um cava- os dados capturados durante a espionagem para
lo de madeira, com soldados em seu interior. Após terceiros. Existem software espiões considerados
entrar nas fortificações de Troia, os gregos desativa- legítimos (instalados com consentimento do usuá-
ram as defesas e permitiram o acesso do seu exército. rio) e maliciosos (que executa ações prejudiciais à
privacidade do usuário).
Dica
Os softwares espiões podem ser especializados na
Existem muitas pragas virtuais, que generica- captura de teclas digitadas (keylogger), nas telas e cliques
mente são chamadas de Malwares (software efetuados (screenlogger) ou para apresentação de propa-
malicioso), por apresentarem características gandas alinhadas com os hábitos do usuário (adware).
semelhantes: oferecem alguma vantagem para Eles geralmente são instalados por outros progra-
o usuário, mas realizam ações danosas que aca- mas maliciosos para aumentar a quantidade de dados
barão prejudicando-o. capturados.

A banca organizadora CESPE/Cebraspe considera z Bot: é um programa malicioso que mantém conta-
o trojan ou cavalo de Troia como um tipo de vírus de to com o invasor, permitindo que comandos sejam
computador nos enunciados de suas questões. executados remotamente. O dispositivo controla-
do por um bot poderá integrar uma rede de dispo-
sitivos zumbis, a chamada botnet.

Quando o invasor deseja atacar sites para provo-


car Negação de Serviço, ele aciona os bots que estão
distribuídos nos dispositivos do usuário para que
façam a ação danosa. Além de esconder os rastros da
identidade do verdadeiro atacante, os bots poderão
continuar sua propagação através do envio de cópias
para outros contatos do usuário afetado.

z Backdoor: é um código malicioso semelhante ao


bot, mas que além de executar comandos recebi-
dos do invasor, ainda realiza ações para desativa-
ção de proteções e aberturas de portas de conexão.

O invasor, ciente das portas TCP que estão disponí-


veis, consegue acesso ao dispositivo para a instalação
de outros códigos maliciosos e roubo de informações.
Assim como os spywares, existem backdoors legí-
timos (adicionados pelo desenvolvedor do software
para funcionalidades administrativas) e ilegítimos
(para operarem independente do consentimento do
usuário).

z Rootkit: é um código malicioso especializado em


esconder e assegurar a presença de outros códigos
maliciosos para o invasor acessar o sistema. Estas
pragas virtuais podem ser incorporadas em outras
pragas, para que o código que camufla a presença,
seja executado escondendo os rastros do software
malicioso.

210
Após a remoção de um rootkit, o sistema afetado não CÓDIGO
CARACTERÍSTICAS
se recupera dos dados apagados, sendo necessário uma MALICIOSO

cópia segura (backup) para restauração dos arquivos. Modificam páginas na Internet, alterando
Defacement a sua apresentação (face) para os usuá-
rios visitantes.
Dica
Sequestrador de navegador que pode
Cavalo de Troia, Spyware, Bot, Backdoor e Root- desde alterar a página inicial do browser,
HiJacker até mudanças do mecanismo de pesqui-
kit são as pragas digitais mais questionadas em sas e direcionamento para servidores
concursos públicos. DNS falsos.

Confira na tabela a seguir outras pragas digitais Uma das ações mais comuns que procuram com-
que ameaçam a Segurança da Informação e a privaci- prometer a segurança da informação é o ataque
Phishing.
dade dos usuários de sistemas computacionais.
O usuário recebe uma mensagem (e-mail, ou rede
social, ou SMS no telefone) e é induzido a clicar em
CÓDIGO
CARACTERÍSTICAS
um link malicioso. O link acessa uma página que pode
MALICIOSO ser semelhante ao site original, induzindo o usuário
Gatilho para a execução de outros có-
a fornecer dados pessoais como login e senha. Em
digos maliciosos que permanece ina- ataques mais elaborados, as páginas capturam dados
Bomba lógica bancários e de cartões de crédito. O objetivo é simples:
tiva até que um evento acionador seja
executado. roubar dinheiro das contas do usuário.

Sequestrador de dados que criptografa


pastas, arquivos e discos inteiros, soli-
Ransomware
citando o pagamento de resgate para
liberação.

Simulam janelas do sistema operacio-


nal, induzindo o usuário para acionar um
Scareware comando, fazendo a operação continuar
normalmente. O comando iniciará a ins-
talação de códigos maliciosos.

Fraude que engana o usuário, induzindo


Phishing a informar seus dados pessoais em pá-
ginas de captura de dados falsas.

Ataque aos servidores de DNS para alte-


Pharming ração das tabelas de sites, direcionando
a navegação para sites falsos.

Ataques na rede que simulam tráfego


acima do normal com pacotes de dados
Negação de formatados incorretamente, fazendo o
Serviço servidor remoto se ocupar com os pedi-
dos e erros, negando acesso para outros
usuários.

Código que analisa ou modifica o tráfe-


go de dados na rede, em busca de infor-
Sniffing mações relevantes como login e senha.
Enquanto o spyware não modifica o
conteúdo, o sniffing pode alterar.

Falsificando dados de identificação, seja


do remetente de um e-mail (e-mail Spoo-
Spoofing fing), do endereço IP, dos serviços ARP
e DNS. Desta forma, é escondida a real
identidade do atacante.

Intercepta as comunicações da rede


Man-In-The-
para roubar os dados que trafegam na
Midle
conexão.
INFORMÁTICA

Intercepta as comunicações do apa-


Man-In-The- relho móvel, para roubar os dados
Mobile que trafegam na conexão do aparelho
smartphone.

Enquanto uma falha não é corrigida pelo


Ataque de dia desenvolvedor do software, invasores
Outra ação mais elaborada tecnicamente, é o
zero podem explorar a vulnerabilidade identifi-
cada antes da implantação da proteção.
Pharming.
211
O invasor ataca um servidor DNS, modifica as Antivírus
tabelas que direcionam o tráfego de dados, e o usuá-
rio acessa uma página falsa. Da mesma forma que o Os vírus de computadores, como conhecemos no
Phishing, este ataque procura capturar dados bancá- tópico anterior, infecta um arquivo e se propaga para
outros arquivos quando o hospedeiro é executado.
rios do usuário e roubar o seu dinheiro.
O código que infecta o arquivo é chamado de assi-
natura do vírus.
Os programas antivírus são desenvolvidos para
detectarem a assinatura do vírus existente nos arqui-
vos do computador. O antivírus precisa estar atualiza-
do, com as últimas definições da base de assinaturas
de vírus, para que seja eficiente na remoção dos códi-
gos maliciosos.

APLICATIVOS PARA SEGURANÇA ANTIVÍRUS,


FIREWALL, ANTI-SPYWARE, VPN, ETC

Nos itens anteriores, conhecemos as diferentes


ameaças e ataques que podem comprometer a segu-
Quando o antivírus encontra um código malicioso
rança da informação, expondo a privacidade do
em algum arquivo, que tenha correspondência com a
usuário. base de assinaturas de vírus, ele poderá:
Para todas elas, existem mecanismos de proteção.
Softwares ou hardwares que detectam e removem os z Remover o vírus que infecta o arquivo.
códigos maliciosos, ou impedem a sua propagação. z Criptografar o arquivo infectado e manter na pas-
Independentemente da quantidade de sistemas de ta Quarentena, isolado.
proteção, o comportamento do usuário poderá levar z Excluir o arquivo infectado.
à uma infecção por códigos maliciosos, pois a maio-
ria deles necessita de acesso ao dispositivo do usuário O antivírus poderá proteger o dispositivo através
mediante autorização, dada pelo próprio usuário. de três métodos de detecção: assinatura dos vírus
A autorização de acesso poderá estar camuflada conhecidos, verificação heurística e comportamento
em um arquivo válido, como o Cavalo de Troia, ou em do código malicioso quando é executado.
mensagens falsas apresentadas em sites, como o ata- O que fazer quando o código malicioso do vírus
que de Phishing. Portanto, a navegação segura começa não está na base de assinaturas? A base de assinatu-
ras é atualizada pelo fabricante do antivírus, com as
212 com a atitude do usuário na rede.
informações conhecidas dos vírus detectados. Entre- Firewall
tanto, muitos novos vírus são criados diariamente.
Para detecção destes novos códigos maliciosos, os pro- O firewall é um filtro de conexões e poderá ser um
gramas oferecem a Análise Heurística. software, instalado em cada dispositivo, ou um hard-
ware, instalado na conexão da rede, protegendo todos
Análise heurística os dispositivos da rede interna.
O sistema operacional disponibiliza um firewall
O software antivírus poderá analisar os arquivos pré-configurado com regras úteis para a maioria dos
do dispositivo através de outros parâmetros, além da usuários. A maioria das portas comuns estão liberadas
base de assinaturas de vírus conhecidos, para encon- e a maioria das portas específicas estão bloqueadas.
trar novos códigos maliciosos que ainda não foram
identificados.
Se o código enviado para análise for comprovada-
mente um vírus, o fabricante inclui sua assinatura na
base de vírus conhecidos, e na próxima atualização
do antivírus, todos poderão reconhecer e remover o
novo código recém descoberto.

Figura 13. O firewall controla o tráfego proveniente de outras redes.

O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, por-


tanto ele permite que códigos maliciosos como os
vírus de computadores infectem o computador, quan-
do chegam como anexos de uma mensagem de e-mail.
O usuário deve executar um antivírus e antispyware
nos anexos antes de executá-los.

Figura 14. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, e mensagens


com anexos maliciosos passarão pela barreira e chegarão até o
usuário.

O firewall impede um ataque, seja de um hacker,


de um vírus, de um worm, ou qualquer outra praga
digital que procure acessar a rede ou o computador
Windows Defender por meio de suas portas de conexão. Apenas o conteú-
do liberado, como e-mails e páginas web, não serão
Em concursos públicos, as soluções de antivírus de bloqueados pelo firewall.
terceiros raramente são questionadas. Avast, AVG, Avi-
ra e Kaspersky são alguns exemplos. Usamos no nosso
dia a dia, mas em provas de concursos as bancas tra-
balham com as configurações padrões dos programas.
O Windows 10 possui uma solução integrada de
proteção, que é o Windows Defender. Na época do
Windows 7, a Microsoft adquiriu e disponibilizou o
programa Microsoft Security Essentials como antiví-
rus padrão do sistema operacional.
A seguir, foi desenvolvida a solução Windows
Defender, para detecção e remoção de outros códi-
gos maliciosos, como os worms e Cavalos de Troia. E
INFORMÁTICA

o Windows sempre ofereceu o firewall, um filtro de Figura 15. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, mas impede
conexões para impedir ataques oriundos das redes os ataques provenientes da rede.
conectadas.
No Windows 10, o Windows Defender faz a detec- O firewall não é um antivírus e não é um antispy-
ção de vírus de computador, códigos maliciosos e ware. Ele permite ou bloqueia o tráfego de dados nas
opera o firewall do sistema operacional, impedindo portas TCP do dispositivo.
ataques e invasões.

213
O uso do firewall não dispensa o uso de outras Ele realiza em tempo real a filtragem de códigos
ferramentas de segurança como o antivírus e o acessados, otimiza o tráfego de dados nas conexões,
antispyware. controla a execução das aplicações, protege o dispo-
O firewall não é um antivírus, mas ele impede um sitivo com um firewall, estabelece uma conexão VPN
ataque de vírus. Ele impedirá por ser um ataque, não segura para navegação e entrega relatórios de fácil
por ser um vírus. compreensão para o usuário.

Antispyware Defesa contra ataques

Da mesma forma que existe a solução antivírus Quando o ataque é direcionado ao e-mail e nave-
gador de Internet, os filtros antispam e filtros anti-
contra vírus de computadores, existe uma solução
phishing atendem aos requisitos de proteção.
que procura detectar, impedir a propagação e remo-
Se o ataque chega disfarçado, medidas de preven-
ver os códigos maliciosos que não necessitam de um ção devem ser adotadas, como nunca fornecer infor-
hospedeiro. mações confidenciais ou secretas por e-mail, resistir à
Genericamente, malware é um software malicioso. tentação de cliques em links das mensagens, observar
Genericamente, spyware é um software espião. Quan- os downloads automáticos ou não iniciados, e dentro
do os softwares maliciosos ganharam destaque e rele- das políticas de segurança para os funcionários, des-
vância para os usuários dos sistemas operacionais, os tacar que não se deve submeter à pressão de pessoas
spywares se destacavam, e comercialmente se tornou desconhecidas.
interessante nomear a solução como antispyware. Quando os ataques procuram atingir um servidor
Na prática, um antispyware ou um antimalware, da empresa, como ataques DoS (negação de serviço),
detecta e remove vários tipos de pragas digitais. DDos (ataque distribuído de negação de serviços)
ou spoofing (fraude de identidade), uma das formas
de proteção é o bloqueio de pacotes externos não
convencionais.
Se o usuário está utilizando um dispositivo móvel
e sofre um ataque, deve aumentar o nível de proteção
do aparelho e as senhas precisam ser redefinidas o
mais breve possível.
E por fim, os ataques contra aplicativos poderão
ser minimizados ou anulados se o usuário manter
os programas atualizados em seu dispositivo, apli-
cando as correções de segurança tão logo elas sejam
Figura 16. O antispyware é usado para evitar pragas digitais no
disponibilizadas.
dispositivo do usuário.

Para proteção, o usuário deverá: Importante!


Quando o usuário é envolvido na perpetração de
z Manter o firewall ativado. ataques digitais, ele é considerado o elo mais fraco
z Manter o antivírus atualizado e ativado. da corrente de segurança da informação, por estar
z Manter o antispyware atualizado e ativado.
sujeito a enganos e trapaças dos atacantes. Enge-
z Manter os programas atualizados com as corre-
nharia Social é o conjunto de técnicas e atividades
ções de segurança.
z Usar uma senha forte para acesso aos sistemas, e
que procuram estabelecer confiança mediante
optar pela autenticação em dois fatores quando dados falsos, ameaças ou dissimulação.
disponível.

COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD


COMPUTING)
Computação em nuvem (em inglês, cloud compu-
ting) refere-se ao processamento de dados remotos. O
usuário envia informações inseridas em seu dispositi-
vo local, os programas na nuvem executam as opera-
ções solicitadas e devolvem para o periférico de saída
do dispositivo local do usuário os resultados obtidos.
Figura 17. Para proteção, firewall ativado, antivírus atualizado e
A expressão “nuvem” é usada para designar a Internet,
ativado, antispyware atualizado e ativado, atualizações de softwares mas na prática poderá estar referenciando um processa-
instaladas e uso de senha forte. mento remoto dentro da rede interna da empresa. Exis-
tem nuvens privadas, públicas, híbridas e comunitárias.
UTM A computação em nuvem é a evolução do princípio
da computação em grade. Na computação em grade,
grande quantidade de clusters computacionais (servi-
Unified Threat Management (UTM) ou “Gerencia-
dores conectados entre si dentro de uma infraestrutu-
mento Unificado de Ameaças”, são soluções abrangen- ra compartilhada), aliado a disseminação da conexão
tes que integram diferentes mecanismos de proteção de banda larga, facilitaram a adoção da Computação
em apenas um programa. nas Nuvens por diferentes empresas.
214
Dica
Atente-se: Novas definições são criadas por
empresas, com propósitos de marketing. Em
concursos públicos, as definições mais questio-
nadas são SaaS, PaaS e IaaS.

Um sistema de computação legado, ou dedicado, é


aquele que a empresa é responsável por todos os itens
do projeto, desde o fornecimento de energia para a
operação dos servidores adquiridos por ela, até a dis-
ponibilização das aplicações que licenças foram com-
pradas para utilização.
Na computação em nuvem, é possível contratar de
uma operadora de nuvem, datacenters, rede de dados,
armazenamento, servidores e sistemas de virtualiza-
ção. Esta é uma Infraestrutura como um Serviço (IaaS).
Desenvolvedores podem contratar de uma opera-
Figura 8. Os diferentes dispositivos acessarão os recursos dora de nuvem, datacenters, rede de dados, armazena-
disponibilizados na nuvem (Internet) mento, servidores, sistemas de virtualização, sistema
operacional, banco de dados e segurança digital. Esta
Computação na Nuvem pode ser vista como a evo- é uma Plataforma como um Serviço (PaaS).
lução e convergência das tecnologias de virtualização Usuários podem contratar de uma operadora de
e das arquiteturas (como os clusters computacionais) nuvem tudo, desde os datacenters até as aplicações.
orientadas a serviços. Este é um Software como um Serviço.
Atualmente a Computação nas Nuvens é o ponto
de partida para o desenvolvimento de soluções com-
putacionais que necessitem de rapidez, flexibilidade
e acesso facilitado, oferecendo instantaneamente, a
nível global, uma solução para problemas do dia-a-dia.
Quem nunca pediu uma refeição por um aplicativo,
ou um meio de transporte? O sistema de processamento
dos pedidos, distribuição das demandas, localização dos
prestadores de serviços e controle fiscal das vendas...
Tudo foi realizado na nuvem, em servidores que estão
distribuídos ao redor do mundo, conectados em tempo
real para o atendimento das demandas.
A computação na nuvem oferecerá tudo como um ser-
viço. Armazenamento de dados, plataforma para execu-
ção de aplicações, infraestrutura para o desenvolvimento
de sistemas, espaço para testes de aplicativos etc.
Webware, ou software baseado na Internet, é a
denominação para estes programas que operam como
Figura 9. Na computação local, tudo precisa ser adquirido e mantido
serviços na rede. pelo usuário. Na computação na nuvem, o usuário precisará apenas
Tudo que é oferecido pela nuvem é um Serviço, de um acesso à rede.
escalável e personalizável.
Armazenamento em nuvem é uma opção de arma-
Como é possível observar, a computação nas
zenamento remoto que usa o espaço em um provedor
nuvens é uma forma de disponibilização de recursos
de data center e é acessível de qualquer computador
com acesso à Internet. Google Drive, Microsoft One- equivalente à computação local, mas remotamente.
Drive, Apple iCloud e Dropbox são exemplos de servi- Na tabela a seguir, vamos comparar estes dois forma-
ços de armazenamento em nuvem. tos e suas responsabilidades.

Tecnologias de serviços na nuvem COMPUTAÇÃO COMPUTAÇÃO


LOCAL NAS NUVENS
Existem várias opções que poderão ser contrata-
Teclado, mou-
das como serviços, sendo as principais em concursos ENTRADA DE se, scanner, Enviado para um
públicos: IaaS, PaaS e SaaS. DADOS monitor touch serviço na rede.
screen.
z Infrastructure as a Service (IaaS) fornece recursos
de computação virtualizados pela Internet. O pro- Computadores
PROCESSAMENTO Processador do
remotos, distri-
INFORMÁTICA

vedor hospeda o hardware, o software, os servido- DE DADOS computador.


res e os componentes de armazenamento. buídos na rede.
z Platform as a Service (PaaS) proporciona acesso
Monitor, Disponibilizado
às ferramentas e aos serviços de desenvolvimento impressora, placa um link para
usados para entregar os aplicativos. SAÍDA DE DADOS de modem, placa download, visua-
z Software as a Service (SaaS) permite aos usuários de rede, USB, HD lização ou com-
ter acesso a bancos de dados e software de apli- etc. partilhamento.
cativo. Os provedores de nuvem gerenciam a
infraestrutura. Os usuários armazenam dados nos PROGRAMAS Instalados no Disponíveis na
servidores do provedor de nuvem. (SOFTWARES) computador. Internet.
215
COMPUTAÇÃO COMPUTAÇÃO Os softwares são desenvolvidos na Plataforma
LOCAL NAS NUVENS (PaaS), utilizando os recursos da estrutura na Infraes-
trutura (IaaS), para serem utilizados pelos usuários
SERVIÇOS Responsabilida- Responsabilida- finais como um serviço (SaaS).
(BACKUP) de do usuário. de da empresa. Na tabela a seguir vamos associar os itens da com-
putação local com os itens da computação na nuvem,
Responsabilida-
para entender que na Nuvem temos uma adaptação
SERVIÇOS (DES- de do sistema Responsabilida-
FRAGMENTADOR) operacional de da empresa.
do nosso computador de casa.
local.
COMPU-
Responsabilida- Responsabilida- COMPUTAÇÃO
ANTIVÍRUS TAÇÃO NA
de do usuário. de da empresa. LOCAL
NUVEM
Responsabilida- Responsabilida-
FIREWALL
de do usuário. de da empresa. Microsoft Office Microsoft
SOFTWARE
(instalado) Office (on-line)
Oferecido pela
PERMISSÕES DE Responsabilida- Microsoft
empresa, defini- Microsoft
ACESSO de do usuário.
do pelo usuário. PLATAFORMA Windows
Windows 10
Azure
GERENCIAMENTO Responsabilida- Responsabilida-
DA ESTRUTURA de do usuário. de da empresa. Hardware e
Hardware e
INFRAESTRU- energia elétri-
energia elétrica
TURA ca da empresa
Benefícios dos serviços na nuvem do usuário
provedora
Ao contratar Infraestrutura como um Serviço
(IaaS), o usuário obtém economia de custo (não há Vantagens da computação em nuvem
necessidade de comprar e manter hardwares), tempo
de colocação no mercado (poderá iniciar suas opera- O usuário não precisará se preocupar com atuali-
ções imediatamente, sem esperar pela instalação de zações de softwares e hardware, que serão realizadas
um datacenter na empresa), disponibilidade em tem- pela empresa contratada. Elas serão automáticas e
po integral e escalabilidade sob demanda (expansão disponibilizadas em tempo real para todos.
ou contração da empresa de acordo com o dia-a-dia O compartilhamento de informações será faci-
da operação). litado, bastando que outros usuários tenham aces-
Plataforma como um Serviço (PaaS) gera para o so à Internet para que possam acessar os dados
usuário uma economia de gastos (novamente, rela- compartilhados.
Os serviços serão disponibilizados 24 horas, 7 dias por
cionada ao hardware que não precisa ser adquirido),
semana, com sistemas de redundância e recuperação de
desenvolvimento simplificado de aplicativos (ambien-
falhas sob responsabilidade da empresa contratada.
tes de desenvolvimento para diferentes plataformas), Diminui a necessidade de manutenção da infraes-
colaboração (on-line com outros desenvolvedores) trutura física da rede local, bastando para o usuário
e ambiente integrado (para teste, implementação e o fornecimento de energia elétrica e conexão de rede
gerenciamento). para acesso aos serviços remotos.
Software como um Serviço (SaaS) oferecerá econo- Por ter menos equipamentos na infraestrutura local,
mia de gastos (menor custo das licenças de softwares), o consumo de energia elétrica, refrigeração e espaço
compartilhamento de arquivos (de forma fácil e rápi- físico serão reduzidos. Indiretamente contribui para
da), portabilidade (na troca de dispositivos pessoais, preservação e uso racional dos recursos naturais.
o acesso ao serviço não será impactado com novas Flexibilidade no uso e na contratação de serviços.
instalações e configurações) e independência do siste- O usuário poderá contratar um pacote básico de servi-
ma operacional (a troca de dados será realizada pelo ços e, de acordo com a sua necessidade, pode ampliar
protocolo TCP, que tem suporte em todos os sistemas parâmetros do contrato alterando de forma dinâmica
operacionais). os limites de utilização.
Elasticidade rápida, onde os recursos são provi-
sionados dinamicamente, atendendo as necessida-
des pontuais da operação do cliente (uma loja virtual
pode aumentar a quantidade de acessos simultâneos
ao site apenas na Black Friday, por exemplo). Esta é a
sua característica mais marcante.

Desvantagens da computação em nuvem

Quanto mais aplicações forem acessadas na


nuvem, mais velocidade de transferência de dados
será necessária. Portanto, a principal desvantagem da
nuvem é inerente ao propósito dela mesma.
Tempo de inatividade é outra desvantagem. Quan-
do todos os sistemas estão em uma plataforma, se
ela ficar indisponível, a empresa e os usuários não
terão acesso a nada. Felizmente isto tem mudado, e
Figura 10. Os provedores, desenvolvedores e usuários finais, atualmente as empresas fornecedoras de serviços na
fornecem, suportam ou consomem recursos da nuvem. nuvem conseguem oferecer up-time (tempo de uso
216 disponível) acima de 99,9999%.
Dificuldade de migração, e esta é a principal des- Tipos de nuvem
vantagem. Quanto mais utilizamos uma determinada
empresa fornecedora, mais nos tornamos dependente Podemos classificar as nuvens de acordo com a
dela. Caso exista a necessidade de migração dos dados, infraestrutura ou seus usuários em: Privada, Pública,
ela poderá ser dificultada ou até impossibilitada. Para Híbrida ou Comunidade (comunitária).
minimizar esta desvantagem, a replicação de servido- No modelo de nuvem privada, a infraestrutura
res é uma alternativa, quando os dados são replicados é proprietária ou alugada por uma única organiza-
entre um servidor local e um servidor na nuvem. ção para ser operada exclusivamente por ela mesma.
Poderá ser local ou remota, e a empresa aplica políti-
cas de acesso aos serviços (para os usuários cadastra-
dos e autorizados).
A definição de nuvem pública indica que a
infraestrutura pertence a uma organização que vende
serviços para o público em geral e poderá ser acessa-
da por qualquer usuário que conheça a localização do
serviço, não sendo admitidas técnicas de restrição de
acesso ou autenticação.
No formato de nuvem híbrida, que tem como
característica a infraestrutura ser composta por pelo
menos duas nuvens, que preservam as características
originais do seu modelo e estão interligadas por uma
tecnologia que possibilite a portabilidade de informa-
ções e de aplicações, é o tipo mais comum encontrado
no mercado.
Na nuvem comunidade (comunitária), a infraes-
trutura é compartilhada por diversas organizações
Figura 11. Diferentes apresentações para a nuvem que normalmente possuem interesses comuns, como
requisitos de segurança, políticas, aspectos de flexibi-
As principais características da computação em lidade e/ou compatibilidade.
nuvem

On Demand Self Service, ou auto atendimento sob


demanda, significa que o usuário pode usar os serviços,
aumentar ou diminuir as capacidades computacionais
alocadas como: o tempo de servidor e armazenamento
de rede, sem a intervenção humana com o provedor de
serviços. O limite de crédito do seu cartão de crédito vir-
tual é um exemplo desta característica.
Ubiquitous Network Access, ou amplo acesso à
rede, significa que os serviços são acessíveis a partir
de qualquer plataforma. O usuário poderá acessar
um sistema desenvolvido para Windows, armazena-
do em um servidor Linux, a partir de seu smartphone
Apple. Quase todos os serviços disponíveis na nuvem
são assim.
Resource Pooling, ou pool de recursos, significa Figura 12. De acordo com a natureza do acesso e dos interesses
que os serviços são armazenados em servidores dis- envolvidos, uma nuvem poderá ser do tipo Pública, Privada, Híbrida
tribuídos globalmente e seus recursos virtuais são ou Comunitária.
dinamicamente atribuídos ou retribuídos pelo clien-
te conforme sua demanda. É o modelo multi-inquili-
no (multi-tenancy), que possibilita a adesão de novos
clientes sem detrimento da oferta para os clientes HORA DE PRATICAR!
atuais. Um usuário em São Paulo poderá contratar
e acessar um serviço ofertado por uma empresa em 1. (CESPE – 2018) Acerca dos ambientes Linux e Windo-
Belo Horizonte, que mantém os servidores em uma ws, julgue o item que se segue.
cidade na Índia. Cortana é um aplicativo disponível no sistema opera-
Rapid Elasticy, ou elasticidade rápida, significa que cional Windows desde a versão XP e que possibilita
a alocação de mais ou menos recursos da nuvem ocor- criar o efeito de dupla exposição, unindo vídeos ou
rerá com agilidade, provisionando e liberando elas- fotos, ou esses dois elementos juntos.
ticamente as demandas solicitadas pelo usuário. Ao
contratar um armazenamento de dados na nuvem, o ( ) CERTO ( ) ERRADO
espaço disponível para uso será imediatamente ajus-
INFORMÁTICA

tado após a confirmação do pagamento.


2. (CESPE – 2018) Marta utiliza uma estação de tra-
Measured Service, ou serviços mensuráveis, sig-
balho que executa o sistema operacional Windows
nifica que todos os serviços são controlados e moni-
10 e está conectada à rede local da empresa em
torados automaticamente pela nuvem, de maneira
que ela trabalha. Ela acessa usualmente os sítios da
transparente para o usuário, sem a necessidade de
conhecimento técnico sobre a sua operação. intranet da empresa e também sítios da Internet públi-
Transparência para o usuário, pois ele não precisa ca. Após navegar por vários sítios, Marta verificou o
conhecer onde estão alocados os recursos computa- histórico de navegação e identificou que um dos sítios
cionais contratados e acessa apenas a interface para acessados com sucesso por meio do protocolo HTTP
acesso, tornando tudo transparente. tinha o endereço 172.20.1.1. 217
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue 9. (CESPE – 2018) Determinado tipo de vírus eletrônico
o item a seguir. é ativado quando um documento por ele infectado é
O sistema operacional utilizado na estação de traba- aberto, podendo então, nesse momento, infectar não
lho de Marta inclui nativamente a plataforma Windo- apenas outros documentos, mas também um gaba-
ws Defender, composta por ferramentas antivírus e de rito padrão de documento, de modo que cada novo
firewall pessoal, entre outras. documento criado sob esse gabarito seja infectado.
Tal vírus, cuja propagação ocorre quando documentos
( ) CERTO ( ) ERRADO por ele infectados são remetidos por correio eletrônico
para outros usuários, é conhecido como
3. (CESPE – 2018) No item seguinte, é apresentada uma
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser jul- a) vírus de setor de carga (boot sector).
gada, a respeito de noções de sistema operacional.
b) vírus de programa.
Foi solicitado a Paulo criptografar um pendrive, que
c) vírus de macro.
contém arquivos sensíveis no sistema operacional
Windows 10, de modo a proteger os dados desse dis- d) backdoor.
positivo contra ameaças de roubo. e) hoax.
Nessa situação, uma das formas de atender a essa
solicitação é, por exemplo, utilizar a criptografia de 10. (CESPE – 2018) No que se refere à segurança de com-
unidade de disco BitLocker, um recurso de proteção putadores, julgue o item subsecutivo.
de dados nesse sistema operacional. Cavalos de Troia são exemplos de vírus contidos
em programas aparentemente inofensivos e sua
( ) CERTO ( ) ERRADO ação danosa é mascarada pelas funcionalidades do
hospedeiro.
4. (CESPE – 2019) Com relação a informática e processo
digital, julgue o item que se segue. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Apesar de a Internet ser uma rede mundial de acesso
amplo e gratuito, os usuários domésticos a utilizam 11. (CESPE - 2018) Acerca de pesquisas na Web e de vírus
por meio de algum provedor de acesso à Internet, isto e ataques a computadores, julgue o item subsequente.
é, uma empresa privada que cobra pelo acesso ao Entre as categorias de antivírus disponíveis gratuita-
serviço. mente, a mais confiável e eficiente é o scareware, pois
os antivírus dessa categoria fazem uma varredura
( ) CERTO ( ) ERRADO nos arquivos e são capazes de remover 99% dos vírus
existentes.
5. (CESPE – 2018) Acerca das características de Internet,
intranet e rede de computadores, julgue o item.
( ) CERTO ( ) ERRADO
URL (uniform resource locator) é um endereço virtual
utilizado na Web que pode estar associado a um sítio,
um computador ou um arquivo. 12. (CESPE – 2018) Acerca de redes de computadores e
segurança, julgue o item que se segue.
( ) CERTO ( ) ERRADO Os aplicativos de antivírus com escaneamento de
segunda geração utilizam técnicas heurísticas para
6. (CESPE – 2018) No Outlook 2010, a ferramenta que identificar códigos maliciosos.
permite ao usuário realizar importações de contatos
de arquivos do tipo CSV é conhecida como ( ) CERTO ( ) ERRADO

a) Favoritos. 13. (CESPE – 2018) Em um big data, alimentado com os


b) Arquivos de Dados do Outlook. dados de um sítio de comércio eletrônico, são arma-
c) Assistente para importação e exportação. zenadas informações diversificadas, que consideram
d) Caixa de Entrada. a navegação dos usuários, os produtos comprados e
e) Pasta de Pesquisa. outras preferências que o usuário demonstre nos seus
acessos.
7. (CESPE – 2020) Com relação aos conceitos de segu- Tendo como referência as informações apresentadas,
rança da informação, julgue o item subsequente. julgue o item seguinte.
O uso de soluções baseadas em nuvem (cloud compu- Uma aplicação que reconheça o acesso de um usuá-
ting) é um serviço que está além da armazenagem de rio e forneça sugestões diferentes para cada tipo de
arquivos e que pode ser usado para serviços de virtua- usuário pode ser considerada uma aplicação que usa
lização e hospedagem de máquinas Linux e Windows
machine learning.
e, ainda, para bancos de dados
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

8. (CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, relativo ao 14. (CESPE – 2018) Os mapas de Kohonen fazem parte
programa de navegação Internet Explorer 11 e aos das redes neurais auto-organizáveis, as quais se carac-
mecanismos de busca avançada no Google. terizam por
O mecanismo de busca do Google permite encontrar
imagens com base em diversos filtros, como, por a) Utilizar treinamento supervisionado.
exemplo, o tamanho e o tipo da imagem; contudo, b) Possuir uma topologia em que os neurônios são dis-
não é possível pesquisar imagens por meio de sua(s) postos em N camadas estruturadas em N dimensões.
cor(es). c) Gerar um mapa de saída em uma estrutura unidimen-
sional de neurônios.
218 ( ) CERTO ( ) ERRADO
d) Dividir o conjunto de padrões de entrada em grupos
inerentes aos dados, formando-se agrupamentos
denominados clusters.
e) Resolver problemas lineares de baixa dimensionalidade.

9 GABARITO

1 ERRADO

2 CERTO

3 CERTO

4 CERTO

5 CERTO

6 C

7 CERTO

8 ERRADO

9 C

10 CERTO

11 ERRADO

12 CERTO

13 CERTO

14 D

ANOTAÇÕES

INFORMÁTICA

219
ANOTAÇÕES

220
FÍSICA

CINEMÁTICA ESCALAR, CINEMÁTICA Vamos imaginar uma pessoa caminhando de “A”


até “C” e voltando na posição “B”. A distância per-
VETORIAL, MOVIMENTO CIRCULAR
corrida é todo o trajeto: 10m + 5m = 15m, porém, a
CINEMÁTICA variação de espaço é somente o que efetivamente foi
distanciado do ponto “A”: 5m
A cinemática é o ramo da mecânica que estuda o
movimento sem levar em consideração a sua origem, z Velocidade: é a relação entre uma grandeza de
ou seja, as forças que ocasionam esse movimento não espaço por uma grandeza de tempo. Exemplo: m/s
são estudadas. (lê-se metros a cada segundo), km/h (lê-se quilôme-
Para iniciar esse conteúdo, precisa-se entender tros a cada hora).
sobre sistemas referenciais.
UNIDADE CONVERSÃO
z Referencial: é utilizado para analisar se um cor-
po está parado (repouso) ou em movimento. Para Km/h para m/s ÷ 3,6
isso, compara-se um corpo a outro corpo. m/s para km/h x 3,6

Exemplo: Imagine um ônibus em movimento em


uma avenida com todos os passageiros sentados. Uma velocidade negativa indica que o objeto está
Pode-se afirmar que dois passageiros estão parados contrário ao eixo adotado como principal.
(em repouso) se comparados um com o outro, porém, Exemplo: se adotarmos da esquerda para direi-
os mesmos passageiros estão em movimento quando ta como sentido principal, um carro transitando da
comparados a uma pessoa que está caminhando no direita para esquerda terá uma velocidade negativa.
passeio desta avenida. Portanto, não confunda velocidade negativa (que
Conclui-se que comparar significa estabelecer um envolve o eixo adotado), com aceleração negativa
referencial de análise entre dois ou mais corpos. (que indica que o objeto está diminuindo a velocidade
– “freando”).
O MOVIMENTO, O EQUILÍBRIO E SUAS LEIS FÍSICAS A velocidade média de um objeto é a divisão da
distância percorrida pelo tempo gasto nesse trajeto:
Grandezas fundamentais da mecânica: tempo,
espaço, velocidade e aceleração DS
Vm =
DT
Quando se fala em movimento, surge a necessida-
Unidade padrão de velocidade média: m/s
de de entendermos a definição de algumas grandezas:
Unidade usual de velocidade média: km/h
z Tempo: na mecânica clássica, tempo é aquele que
não depende do referencial. É muito utilizado para z Aceleração: é a taxa que a velocidade está aumen-
comparar grandezas em um devido intervalo. tando ou diminuindo em relação ao tempo. Sua
unidade padrão (e que comumente é utilizada nos
Exemplo: a unidade de velocidade “Km/h” utiliza exercícios) é o m/s².
uma unidade de tempo (hora) para fazer a compara-
ção com a unidade de comprimento “Km”. Um carro Exemplos: Um objeto com uma aceleração de 2m/
a 100 km/h percorre 100 km a cada unidade de hora s², aumenta a velocidade de 2m/s em 2m/s a cada
(tempo). Observação: segundo (daí o “s²” na unidade de m/s²). Nesse caso, o
objeto está “acelerando”.
UNIDADE DE TEMPO EQUIVALÊNCIA Do mesmo modo, um objeto com uma aceleração
de -35m/s², diminui a velocidade de 35m/s em 35m/s
1 min 60 segundos a cada segundo.

1 hora 3600 segundos „ Uma aceleração negativa indica que o objeto


está diminuindo a velocidade em relação ao
1 dia horas = 86400 segundos
tempo (o objeto estará “freando”).
„ A aceleração média de um corpo é a divisão da
FÍSICA

z Variação de espaço e distância percorrida: A variação da velocidade pelo tempo gasto para
variação de espaço se relaciona com a distância de esse feito:
um ponto tomado como inicial.
DV
Am =
DT
Já a distância percorrida leva em conta todo o
caminho percorrido. Exemplo: „ Unidade padrão de aceleração média: m/s² 221
Movimento retilíneo uniforme (MRU) z Gráficos do MRU

É o movimento horizontal e em linha reta que não O gráfico “S x t” é uma reta crescente se a velocida-
ocorre a variação da velocidade do objeto (a veloci- de do objeto for positiva.
dade se mantém a mesma em todo o trajeto). Pode-se Em contrapartida, se a velocidade for negativa, a
concluir que o objeto não possui aceleração. reta será decrescente.

A equação que traduz esse movimento é: Posição x Tempo

S S
Reta crecente: +V

S0
S0 Reta decrecente: -V

t t

O gráfico “v x t” é uma reta constante e acima do


eixo “t” se a velocidade do objeto for positiva.
Em contrapartida, se a velocidade for negativa, a
reta constante e abaixo do eixo “t”.

Velocidade x Tempo
Movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV)
V V>0 V
V<0
É o movimento horizontal e em linha reta que a
velocidade está em constante mudança. Essa altera-
Reta acima do eixo “t“: +V
ção é causada pelo surgimento de uma grandeza cha-
mada de aceleração. Esse tipo de movimento possui Reta abaixo do eixo “t“: +V
t t
quatro principais equações que o define:

z Gráficos do MRUV

O MRUV possui três principais gráficos:

„ Posição x tempo: representado por uma pará-


bola com a concavidade dependendo do sinal
da aceleração.
„ Velocidade x tempo: representado por uma
reta com a inclinação dependendo do sinal da
velocidade.
„ Aceleração x tempo: representado por uma
reta constante. Quando a aceleração é positiva,
a reta localiza-se acima do eixo “t”. Quando a
aceleração é negativa, a reta localiza-se abaixo
do eixo “t”.

Observe as representações logo abaixo:

Posição x Tempo

espaço a>0

Dica
Para encontrar a equação correta basta:
Organizar os dados fornecidos pelo enunciado. V<0 V>0
Encontrar a equação (dentre as quatro informa-
das) que esses dados se encaixem. retardado acelerado
vértice (V=0)
Quantificação do movimento e sua descrição 0 tempo
matemática e gráfica

Tanto o MRU quanto o MRUV possuem gráficos 1 at2 a> 0 = concavidade


S= S0 + v0 t +
com definições específicas que nos ajudam a entender 2 voltada para cima
222 cada movimento. Vamos entender cada tipo:
espaço a<0 Observe a ilustração abaixo contendo essas
vértice (V=0) anotações:

retardado acelerado
Transformações
V>0 V<0
área área

S V a

0 tempo

t t t
S= S0 + v0 t + 1 at2 a< 0 = concavidade
2 voltada para baixo
tangente tangente

Velocidade x Tempo Agora vamos resolver algumas questões sobre


todos os conteúdos de cinemática que foram aborda-
V dos até o momento.

V (t)
a> 0 = movimento acelerado
V0
EXERCÍCIOS COMENTADOS
t
0 t
1. (CEPROS – 2019) Um indivíduo dirige um automóvel
em uma rodovia retilínea a uma velocidade constante
V
de 60 km/h, ao longo de 12 km, quando o automóvel
V0
para por falta de combustível. Ele desce do automóvel
e caminha por 2,0 km no mesmo sentido da rodovia,
a< 0 = movimento retardado
a<0 durante 30 min, até um posto de abastecimento. Cal-
cule a velocidade média do indivíduo no percurso total
0 t de 14 km.

Aceleração x Tempo a) 5,0 km/h


b) 10 km/h
c) 15 km/h
d) 20 km/h
e) 25 km/h

A velocidade média é divisão da soma das distân-


cias (nesse caso em “km”) pela soma dos tempos
(nesse caso em “h”). Sabendo que no 1º trajeto foi
gasto um tempo de 0,2h, então:

DS 12km + 2km 14km


Vm = = = = 20 km/h
AT 0, 2k + 0, 5h 0, 7h
z Relação dos gráficos do movimento
Resposta: Letra D.
Após conhecer os gráficos de cada movimento, é
de suma importância o entendimento das transforma- 2. (CONTEMAX – 2019) Um carro atravessou uma ponte
ções de cada gráfico em relação ao seu eixo. em 10 segundos, com o velocímetro constante mar-
Encontra-se a tangente (Δy/Δx) dos eixos quando cando 108 km/h, a extensão da ponte é:
se deseja:
a) 200 metros.
b) 300 metros.
„ Com o gráfico da “posição vs tempo” encontrar c) 400 metros.
a velocidade. d) 500 metros.
„ Com o gráfico da “velocidade vs tempo” encon- e) 600 metros.
trar a aceleração.
Como não houve aceleração e a velocidade se man-
FÍSICA

„ Encontra-se a área abaixo do gráfico quando se


teve constante, trata-se de uma questão de MRU.
deseja:
Dados da questão: t = 10s, v = 108km/h ÷ 3,6 = 30m/s,
„ Com o gráfico da “aceleração vs tempo” encon-
Si = 0m, SF?
trar a velocidade. SF = Si + V.t
„ Com o gráfico da “velocidade vs tempo” encon- SF = 0 + 30.10
trar a posição. SF = 300 m Resposta: Letra B. 223
3. (NC-UFPR – 2018) Um ciclista, em velocidade cons- retilínea, realizando um movimento uniforme. Com
tante, gastou 3 horas para percorrer um trajeto de 16 base nesse gráfico, julgue o item seguinte.
km. Quanto tempo esse ciclista gastou para fazer os
primeiros 12 km desse trajeto?

a) 1 hora e 30 minutos.
b) 1 hora e 45 minutos.
c) 2 horas e 5 minutos.
d) 2 horas e 15 minutos.
e) 2 horas e 25 minutos.

Primeiro, descobre-se a velocidade média do ciclis-


ta e depois utiliza-se da equação do MRU (já que a
velocidade se manteve constante).
DS 16km
Vm = = = 5,33 km/h
AT 3h
SF = Si + V.t
12 = 0 + 5,33.t
12 A função horária da posição é expressa por x = 60 + 30 ‧ t.
T= = 2,25h = 2 h + (0,25h x 60) = 2h 15 min
5, 33
Resposta: Letra D. ( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (IBFC – 2017) Um veículo em movimento adquire velo- Pode-se observar que se trata de um gráfico do
cidade representada pela função V = 30 - 2t (no SI). MRU: Posição x tempo (S x T). Nesse tipo de gráfico,
Nessas condições, a velocidade do veículo decorridos o local de onde a reta partiu corresponde ao valor
2,5 segundos, é de: de “S0” e a tangente (Δy/ Δx) corresponde a veloci-
dade do objeto.
a) 24 m/s Então basta montar a equação da posição em fun-
b) 25 m/s ção do tempo (MRU):
c) 26 m/s S = S0 + VT
d) 30 m/s (360 - 60)
S = 60 + .T
e) 35 m/s (10 - 0)
S = 60 + 30.T Resposta: Certo.
Pode-se observar que a equação dada no exercício
faz parte do MRUV. Então basta trocar t=2,4s na 7. (VUNESP – 2015) Considere o gráfico a seguir em que
função: está representada a velocidade de um veículo, regis-
V = 30 – 2.t trada durante 6 horas. As letras A, B, C, D e E nomeiam
V = 30 – 2 . 2,4 = 25,2 m/s ~25 m/s Resposta: Letra B. intervalos de tempos representados pelas semirretas
do gráfico.
5. (VUNESP – 2019) Considere a equação horária do
espaço, x = 20 t + 2 t², de um movimento qualquer,
sendo que x representa a posição em metros, e t o
instante de tempo em segundos. No exato instante de
1 segundo, os valores da velocidade e da aceleração
são, respectivamente:

a) 20 m/s e 2 m/s²
b) 24 m/s e 4 m/s²
c) 24 m/s e 1 m/s²
d) 24 m/s e 2 m/s²
e) 26 m/s e 8 m/s²

Pode-se observar que a equação dada na questão


faz parte do MRUV. Analisando a função encontra- Considerando os intervalos de tempo A, C e E, a distân-
-se: Si = 0m, V0 = 20m/s, a = 4m/s². Então: cia percorrida pelo veículo, em km, foi
VF = Vi + a.t
VF = 20 + 4.1 a) 160.
VF = 24 m/s (velocidade no instante t=1s) b) 220.
c) 290.
A aceleração no MRUV se mantém constante. Nesse d) 300.
caso: 4m/s² (analisando a equação dada na ques- e) 360.
tão). Resposta: Letra B.
No gráfico Velocidade X Tempo (V x T), sabe-se que a
6. (QUADRIX – 2017) O gráfico abaixo expressa a fun- área abaixo do gráfico corresponde a distância per-
224 ção horária da posição (x) de um móvel em trajetória corrida pelo objeto, então:
Intervalo A: 0 m d) 45 m
Intervalo C: área do retângulo correspondente = 80 e) 80 m
x 2 = 160m
Intercalo E: área do retângulo correspondente = 60 Analisando o enunciado observa-se que se trata de uma
x 1 = 60m questão envolvendo queda livre. Vejamos que o enun-
Distância total: 0 + 160 + 60 = 220 m Resposta: Letra B. ciado pede a distância que o corpo percorre DURANTE
o terceiro segundo de queda, portanto, vamos calcular
Queda livre e aceleração da gravidade para t = 3 e t = 2 e depois fazer a diferença:
Dados: S inicial=0m, V inicial= 0m/s², g=10m/s².
Os movimentos estudados até agora ocorrem na Para t = 3
direção horizontal. Porém, e se esse movimento ocor- 2
g·t
rer na direção vertical?! Aí trata-se do movimento em S = S inicial + V inicial · t +
queda livre. 2
Assim temos que queda livre é o movimento que S = 0 + 0 · 3 + 10 · 9/2
ocorre na direção vertical no sentido de cima para S = 45m
baixo onde a resistência do ar não é levada em conta. Agora, para t=2
2
Apenas leva-se em consideração a aceleração da gra- g·t
vidade do planeta em questão. S = S inicial + V inicial · t +
2
Nesse contexto, dois objetos de massas diferen- S = 0 + 0 · 2 + 10 · 4/2
tes cairão ao mesmo tempo quando largados de uma S = 20m
mesma altura.
Agora calculamos a diferença:
Como se trata de um movimento acelerado (gra-
45 – 20 = 25 m
vidade), as equações são as mesmas vistas no MRUV,
Resposta: Letra D.
trocando apenas a letra “a” (aceleração) por “g”
(gravidade).
Utiliza-se “ +g ” quando o objeto está caindo e “ -g ” 2. (CESGRANRIO – 2018) Uma ferramenta com uma mas-
quando o objeto está subindo. Observe a imagem abaixo: sa de 4 kg é abandonada, a partir do repouso, sobre
uma altura de 7,2 m. Os efeitos do atrito são desprezí-
veis, e a aceleração gravitacional no local é 10m/s2.
Qual a velocidade, em m/s, em que a ferramenta irá
tocar o chão?

+g a) 10
b) 12
+ g c) 15
d) 20
+ g e) 25

Analisando o enunciado observa-se que se trata de


uma questão envolvendo queda livre. Dados: ΔS =
7,2m, g = 10m/s², V0 = 0m/s, massa = não interfere, VF?
VF² = V0² + 2.g. ΔS
VF² = 0² + 2 . 10 . 7,2
VF² = 144
VF = √144 = 12m/s Resposta: Letra B.

Lançamento de projéteis ou movimento oblíquo

E se o movimento de um objeto estiver ocorrendo


na diagonal?! Nesse caso, trata-se do lançamento de
projéteis ou movimento oblíquo.
Esse tipo de movimento caracteriza-se por possuir
uma trajetória que forma um ângulo com a horizon-
tal. Observe a imagem abaixo:

Vamos às questões!

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FCBC – 2017) Um corpo, largado com velocidade ini-
cial igual a zero, cai de uma altura de 80 m. Que distân-
FÍSICA

cia ele percorre durante o terceiro segundo de queda?


Considere g = 10 m/s2. Como o vetor da velocidade inicial (V0) está volta-
do para a diagonal, em várias questões será preciso
a) 20 m decompô-lo nas direções horizontal (V0x) e vertical
b) 25 m (V0y). Para isso, utilize-se das regras apresentadas no
c) 35 m primeiro capítulo dessa apostila. Recapitulando: 225
Quando decomposto em dois vetores, o vetor horizontal (V0x) se equivale ao movimento retilíneo uniforme
(MRU), já o vertical (V0y) se equivale ao movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV). Observe a imagem
abaixo:

Equação do MRU

Equação do MRUV

A partir de algumas deduções de equações, chega-se a algumas relações importantes para esse tipo de
movimento:

V02.sen2θ
Altura máxima = Hmáx =
2.g

V02.sen(2θ)
Distância máxima = Dmáx =
g

V0y
Tempo de subida =
g

226 Tempo de subida = Tempo de descida


Dica a) superior a 40.
b) inferior a 2.
� O ângulo de 45º produz a maior distância de
c) superior a 2 e inferior a 5.
lançamento.
d) superior a 5 e inferior a 10.
� Tenha sempre em mente a relação dos valo- e) superior a 10 e inferior a 40.
res dos senos e cossenos dos ângulos notáveis
(30°, 60°, 90°). Analisando a questão. percebe-se que se trata do
� Para as resoluções das questões, utilize a lançamento de projéteis. Dados: V0 = 20m/s, g=10m/
equação do MRU (para o vetor horizontal), as s², ângulo θ = 45º. Sabe-se que seno de 90º = 1, então:
equações do MRUV (para o vetor vertical) e 2 2
V0 .sen (2i) 20 .sen (90) 400
as deduções demonstradas no quadro acima. Dmáx = == = = 40m
10 10 10
Vamos às questões!
Como o motociclista foi arremessado de uma altura
inicial = 1m, ele irá percorrer um pouco mais de 40m
EXERCÍCIOS COMENTADOS quando tocar ao chão, justificando a alternativa “A”.
Resposta: Letra A.
1. (CESPE – 2019)
2. (IFP – 2017) Um objeto é lançado obliquamente de
uma altura de 10m do solo. A velocidade de lança-
Texto 5A1AAA
mento é de 10m/s e o ângulo de lançamento é de 30º.
Podemos afirmar que o tempo de voo do objeto até
A figura I, a seguir, ilustra uma colisão ocorrida entre
chegar no solo é de:
um carro e uma moto parada. A massa total do carro
era de 2.000kg, e o módulo de sua velocidade era igual a) 1s
a Vc. A moto tinha massa igual a 120kg e era pilotada b) 2s
por um motociclista cuja massa era de 80kg. c) 3s
d) 4s
e) 5s

Analisando a questão, percebe-se que se trata do


lançamento de projéteis. Sabe-se que: V0 = 10m/s,
Ângulo θ = 30, sen 30º = 0,5, Então:
V0y = V0.sen θ = 10.sen30° = 10.0,5 = 5m/s
Voy 5
Tempo de subida = = = 0,5 segundo
g 10

Como o tempo de subida é igual ao tempo de desci-


da, então: Tempo total = 2x0,5 = 1 segundo. Respos-
ta: Letra A.
Imediatamente após a colisão, carro e moto perma-
neceram parados e um quarto da energia cinética do Movimento circular uniforme (MCU)
carro foi transferido para o motociclista, que foi arre-
messado de uma altura de 1 m, a uma velocidade Vm Imagine um Hamster dentro de uma roda. Dentro
igual 20 m/s. Após a colisão, o motociclista descre- dela ele pode andar e fazer com que a roda gire e pro-
duza um movimento para frente.
veu uma trajetória oblíqua, mostrada na figura II, per-
correndo na direção horizontal, até atingir o solo, uma
a) Pode-se chamar de velocidade linear (v), a veloci-
distância igual a D.
dade horizontal produzida pelo Hamster.
b) Pode-se chamar de velocidade angular (w) a velo-
cidade angular produzida dentro da roda.

Observe a imagem abaixo:


FÍSICA

2
Sabendo que cos45° = 2
Considere que 10 m/s² seja o módulo da aceleração
da gravidade e despreze a resistência do ar.
Considerando-se as informações e figuras apresen-
tadas no texto 5A1AAA, a distância horizontal D, em
m, percorrida pelo motociclista arremessado é 227
Dica V
2
r
2
Aceleração centrípeta (ac) = = rad/s² Res-
Com isso, surgem algumas outras posta: Letra D.
R 180
características:
� Raio da circunferência: distância linear do 2. (IFP – 2017) Um veículo de passeio movimenta-se em
centro da circunferência a borda. Unidade: linha reta a uma velocidade de 36 km/h. Consideran-
“metro”. do-se que não haja deslizamento entre o pneu e a pis-
� Frequência: é o número de ciclos a cada segun- ta, e que o diâmetro do pneu seja de 50 cm, a rotação
do. Unidade: “Hertz”. da roda, expressa m rad/s, é de
� Período: é o tempo gasto para cada ciclo. Uni-
dade: “segundo”. a) 10
� Distância angular: distância no arco da cir- b) 20
cunferência em relação ao seu ângulo de ori- c) 40
gem. Unidade: “Radianos” d) 50
� Aceleração centrípeta: é a aceleração que causa e) 80
a mudança na direção da velocidade em algum
objeto que execute o movimento circular. Ela é Analisando a questão percebe-se que se trata do
sempre orientada para o centro da circunferência movimento circular uniforme (MCU). Dados: V=
e impede que o objeto saia da trajetória circular. 36km/h÷3,6 = 10m/s, R = D÷2 = 0,125m, W?
Unidade: rad/s². V 10
Se V = W.R, então: W = = = 80rad/s Res-
R 0, 125
posta: Letra E.
As equações que regem esse tipo de movimento são:
3. (IBFC – 2017) Um corpo em movimento circular uni-
forme (MCU) efetua 240 voltas numa circunferência
de raio 0.5 m em 1 minuto. Assinale a alternativa que
indica, respectivamente, a frequência e o período.

a) 4 Hz e 1 s
b) 4 Hz e 0.25 s
c) 16 Hz e 1 s
d) 16 Hz e 0.25 s
e) 8 Hz e 1 s

Analisando a questão percebe-se que se trata do


movimento circular uniforme (MCU). Dados:
60 segundos
R = 0,5m, T = = 0,25 segundo (tempo para
240 ciclos
um ciclo), então:
1
Se T = 0,25 segundo, então F = = 4 Hz. Respos-
0, 25
Vamos as questões! ta: Letra B.

Recapitulando...
EXERCÍCIOS COMENTADOS
z Cinemática: É o estudo do movimento sem rela-
1. (QUADRIX – 2018) Em um parque de Goiânia, uma cionar suas causas.
determinada roda gigante possui um raio de 20 m e z Velocidade média: é a relação da variação da dis-
realiza um quarto de volta em 30 s. Uma pessoa está tância percorrida por um corpo pelo tempo decor-
sentada em uma das “cadeirinhas” da roda gigante. rido nesse trajeto. Unidades principais: “m/s” e
Com base nessa situação hipotética, assinale a alter- “km/h”.
nativa correta. z Aceleração média: é a relação da variação da
velocidade de um corpo pelo tempo decorrido
a) O tempo gasto para a roda gigante realizar 1 ciclo é de para essa variação. Unidade principal: “m/s²”.
80 s. z MRU: é o movimento horizontal e em linha reta
b) A frequência (f) do movimento é de 1/60 Hz. em que a velocidade se mantém constante, e, por-
c) A velocidade linear (v) da pessoa é de 3π m/s. tanto, não existe aceleração.
d) A aceleração centrípeta (aC) da pessoa é de π2 / 180 z MRUV: é o movimento horizontal e em linha reta
m/s2. onde a velocidade está em constante mudança.
e) A velocidade angular (ω) da roda gigante é de π2 / 60 Surge, então, a grandeza chamada de “aceleração”.
rad/s. z Queda livre: é o movimento vertical e em linha
reta, sem considerar a resistência do ar, onde o
Analisando a questão percebe-se que se trata do corpo está sujeito a um tipo novo de aceleração: a
movimento circular uniforme (MCU). Dados: R = gravidade.
1 1 2rR r
20m, T = 4x30 = 120s, F = = hz, V = = z Movimento de projéteis: é um movimento na
T 120 T 3
228 m/s, então: diagonal (também chamado de oblíquo), onde o
objeto é lançado com um ângulo “θ” em relação ao estado, há a necessidade de uma força extrema-
eixo horizontal. mente grande.
z MCU: é o movimento circular onde a velocidade b) Imagine você em movimento retilíneo uniforme
angular e linear são constantes. (MRU) em cima de uma bicicleta com uma velo-
cidade constante de 10 km/h. Você não vê um
cachorro na calçada e, infelizmente, colide com
ele. Você será arremessado para frente já que seu
corpo possui inércia, e, portanto, não “queria” que
LEIS DE NEWTON E SUAS APLICAÇÕES
o estado de MRU fosse alterado (essa é a “tendência
ao movimento”).
A dinâmica é o ramo da mecânica que estuda o
movimento considerando a sua origem, ou seja, são
A bicicleta parou ao bater no obstáculo primeiro,
estudadas as forças que ocasionam e modificam esse
porém seu corpo ainda continuou em movimento até
movimento.
encontrar algum outro obstáculo. Daí a importância do
Aqui veremos: as leis de Newton; a ação das forças
cinto de segurança nos automóveis (“frear” a inércia
externas e internas; sistemas referenciais iniciais e
dos corpos em acidentes com veículos automotores).
referenciais não inerciais; lei de Hooke; centros de
massa e de gravidade; momento linear e sua conser-
c) Dentro de um carro, em MRU, ao fazer uma curva
vação; teorema do impulso e colisões.
para a direta, seu corpo parece quente a virar para
Sem delongas, vamos aos conteúdos!
a esquerda – isso é outra implicação da inércia, já
que no movimento curvilíneo surgem forças capa-
Leis de Newton
zes de alterar o estado de MRU e seu corpo possui
a “vontade” de permanecer no estado inicial.
São compostas de três leis que estabelecem a base
para a mecânica clássica. Elas fundamentam o con-
Observe algumas ilustrações a seguir envolvendo
ceito de “força” e sua implicação no surgimento e na
esse conceito.
alteração do movimento de um corpo.
A publicação dessas leis ocorreu pelo físico Inglês
Isaak Newton no ano de 1687 com o livro “Princípios
Matemáticos da Filosofia Natural”. Vamos analisar
uma a uma.

1ª Lei de Newton

Newton descreve o seguinte trecho em sua primei-


ra lei:

“Um objeto permanecerá em repouso(“parado”) ou


em movimento uniforme em linha reta (MRU) a
menos que tenha seu estado alterado pela ação de
uma força externa”.

O intuito dessa lei é definir o propósito existen-


cial de uma força: alterar o estado de repouso ou MRU
de um corpo. Não existindo forças, esses estados não
serão alterados (aqui não levando em consideração as
forças dissipativas, como por exemplo a resistência do
ar, o atrito etc.).
Para o melhor entendimento desse tópico, vamos
analisar o conceito de inércia:
Inércia é a resistência que um corpo produz ao
Importante!
sofrer uma alteração do seu estado de repouso ou de De forma simplificada, as principais caracte-
MRU, ou seja, a inércia é a tendência (vontade) que os rísticas que alteram o estado de repouso ou de
corpos possuem em permanecer em repouso ou em MRU de um corpo são:
MRU. Quanto maior a massa do objeto, mais inércia � A aceleração.
ele possuirá. A alteração desse estado é causada por � A frenagem.
uma grandeza chamada “força”. � O movimento curvilíneo.
A inércia é facilmente entendida com alguns exem-
plos do nosso cotidiano.
Assim, tomando como base a 1ª lei de Newton (lei
Exemplos: da inércia), dois conceitos importantes podem ser
FÍSICA

explicados:
a) Imagine uma pedra com uma massa imensa. Você
amarra uma corda e tenta puxá-la. Provavelmen- z Sistema de referência inerciais: na compara-
te não irá conseguir movê-la. Isso ocorre pois ela ção de dois corpos, o “corpo de referência” será
possuiu uma inércia grande, ou seja, “uma vonta- dito “inercial” se este estiver em repouso ou MRU
de” de permanecer em repouso. Para mudar esse quando relacionado ao outro. 229
Exemplo: Força Peso
Levando em consideração uma pessoa dentro de
um ônibus que está em repouso ou em MRU (linha A força peso origina na atração gravitacional que
reta com velocidade constante) pode-se afirmar que o um planeta exerce sobre o corpo que está em sua
ônibus é um sistema referencial inercial quando rela- superfície ou em sua região de influência. Para o pla-
cionado à pessoa. neta Terra a aceleração da gravidade tem um valor
aproximado de 9,8 m/s² ≅ 10 m/s². Observe a equação
z Sistema de referência não inerciais: na compa- abaixo:
ração de dois corpos, o “corpo de referência” será
dito “não inercial” se este não estiver em repouso P=mxg
ou MRU quando relacionado ao outro (como por
exemplo: acelerando, freando, ou fazendo curvas).
P = Peso (N)
m = Peso (N)
Exemplo: g = gravidade do lugar em questão (m/s2)
Levando em consideração uma pessoa dentro
de um ônibus que está constantemente acelerando
(MRUV) pode-se afirmar que o ônibus não é um siste- Dica
ma referencial inercial quando relacionado à pessoa. Não confunda massa com peso:
Massa: é a quantidade de matéria (átomos e
moléculas) que um corpo possui. Sempre é
Importante! medida em balanças, com a unidade quilograma
Sabe-se que o planeta Terra não é um referencial (kg) como padrão de medida.
inercial já que possui o movimento de rotação, Peso: é uma força de atração gravitacional
porém, nas questões de nível médio, ela pode ser apontada para o centro do planeta e expressa
considerada como um sistema inercial levando em Newton (N).
em consideração curtos intervalos de tempo. Exemplo: Na Terra ou em Marte uma pessoa
tem as mesmas massas (os átomos e molécu-
las não mudam), porém, possui pesos diferentes
Segunda lei de Newton (já que cada planeta possui uma aceleração da
gravidade diferente).
A segunda lei de Newton, também conhecida como
o “princípio fundamental da dinâmica”, nos fornece Lei de Hooke
que a força resultante que atua em um determinado
corpo é o produto de sua massa aceleração que ele A força que é originada no armazenamento da
possui. Observe a representação a seguir: energia em molas e elásticos, é chamada de “força
elástica” e é regida pela lei de Hooke. Nela é estabele-
FR = m x a cido que a força produzida por uma mola ou elástico
é proporcional ao produto da constante elástica do
material pelo valor de seu alongamento.
FR = Força resultante (N)
m = Massa (Kg) Essa força depende de duas características: a cons-
a = aceleração (m/s2) tante do material (quanto maior essa constante mais
Observe a imagem a seguir: difícil será de esticar ou comprimir esse material) e
sua deformação (o quanto ele está comprimido ou
esticado).

Observe a imagem a seguir:

Para uma massa igual, o aumento de forças produz


uma maior aceleração. Todavia, a mesma força em
objetos com massas diferentes, a produção da acele-
ração é inversamente proporcional às massas (quanto
230 mais massa, menos aceleração).
Exemplo: imagine um cavalo puxando uma car-
Fe = K · X
roça, e levando em consideração a lei da ação
Fe = Força elástica (N) e reação, as forças de ação (cavalo) e reação
K = Constante elástica (N/m) (carroça) não se anulam pois elas agem em cor-
X = defromação da mola (m) pos diferentes. Com isso, o cavalo consegue se
movimentar, e movimentar a carroça.
Terceira lei de Newton Com isso, conclui-se que o par de forças ação
e reação só produzirá movimento se ocorrerem
Conhecida como a lei da “ação e reação”, pode-se
em corpos diferentes.
enuncia-la como: “toda força de ação produz uma for-
ça de reação, com mesmas direções, porém, com senti-
dos opostos”. Observe a imagem a seguir: CENTRO DE MASSA

É o ponto em que se pode considerar que toda


a massa de um corpo está localizada. Se o objeto
for homogêneo, seu centro de gravidade coincide
com o centro geométrico. Observe algumas figuras
homogêneas:

Vamos para um exemplo do dia a dia: um avião


se movimenta utilizando a terceira lei de Newton. Os
motores empurram o ar para trás (ação) e o ar, por
sua vez, empurra o avião para frente (reação). As for-
ças possuem mesmas intensidades e direções; porém,
sentidos opostos. Vários outros exemplos podem ser
relacionados:

a) Quando uma pessoa está andando ela empurra o


chão para baixo (ação) e “o chão” a empurra para
E se a figura não for homogênea? Nesse caso, apli-
cima (reação).
b) Quando alguém solta uma bexiga que estava cheia cam-se as equações a seguir:
de ar, ela se movimenta para frente pois o ar que
saiu da bexiga (ação) produziu uma força com
mesma direção e sentido oposto (reação).

m₁x₁ + m₂x₂ + m₃x₃


FÍSICA

xCM =
Dica m₁ + m₂ + m₃

Se as forças de ação e reação possuem mes- m₁y₁ + m₂y₂ + m₃y₃


mas intensidades, elas não se anulam, pois uma yCM =
m₁ + m₂ + m₃
mesma força agindo em corpos diferentes, pro-
duz efeitos diferentes para cada corpo. 231
Exemplo: sempre coincidirá com o cento de massa do objeto e
as equações do centro de massa valerá para o centro
z Determine as coordenadas do centro de massa do de gravidade (vide equações e exemplo acima).
sistema de partículas indicado ao lado.
Observe a ilustração a seguir:

Os corpos apresentam equilíbrio estático quando a


linha que passa pelo centro de gravidade atinge a base
Perceba, que nesse caso, o objeto não é homogê- de apoio do objeto. Observe a imagem a seguir:
neo, e por isso, a média ponderada de seus pontos será
necessária para encontrarmos o centro de massa des-
se conjunto.

As coordenadas das particulas são:

m1 → x1 = 0 ; y1 = 0

m2 → x2 = 1 ; y2 = 2

m3 → x3 = 4 ; y3 = 1

Deste modo, as coordenadas do centro de massa são:

m1x1 + m2x2 + m3x3


xCM
m1 + m2 + m3
Ponto material
2.0 + 3.1 + 5.4
xCM Na comparação entre dois objetos, se um corpo é
2+3+5
extremamente menor que o outro, ele será chama-
xcm = 2,3 cm do de ponto material. Essa comparação ocorre, pois,
sabe-se que se ele fizer parte de uma questão, sua
m1y1 + m2y2 + m3y3 dimensão não influenciará na resolução (seu pequeno
yCM
m1 + m2 + m3 tamanho é desconsiderado para os cálculos).

2.0 + 3.2 + 5.1 Exemplos:


yCM
2+3+5
z Uma pessoa é considerada um ponto material em
ycm = 1,1 cm relação à Terra.
z Uma moeda é considerada um ponto material em
Fonte: https://www.infoescola.com/ relação a um caminhão.
z A lua é considerada um ponto material em relação
Com isso encontramos as coordenadas “x” e “y” do à via láctea.
centro de massa de um corpo não homogêneo.
Impulso
Centro de gravidade
O impulso (I) recebido por um corpo relaciona-se
É o ponto em que se pode considerar que a gravi-
dade está sendo aplicada (para objetos pequenos ela com a força recebida (em Newtons) por ele em um
coincide com o centro de massa). Aqui tomamos como intervalo de tempo (em segundos). A unidade padrão
“grande” um prédio de 10 km de altura, nesse caso de impulso é N.s (lê-se Newton por segundo).
os centros não coincidirão – sabe-se que um prédio Sabe-se, também, que a área abaixo do gráfico
dessas proporções é algo inexistente. Então, de modo “força vs tempo” resulta no impulso adquirido pelo
232 geral, pode-se entender que o centro de gravidade corpo.
Observe a ilustração abaixo:
F.δt = (m.vf) - (m.vi)
Sendo:
I : impulso (N.s)
δQ: varição da quantidade de movimento (kg.m/s)
F: força (N)
δt: tempo decorrido (s)
Qf: quantidade de movimento final (kg.m/s)
m: massa (kg)
vf: velocidade final (m/s)
Quantidade de movimento (ou momento linear)
vi: velocidade inicial (m/s)
A quantidade de movimento (Q) de um corpo rela-
ciona com produto da massa (em kg) de um corpo pela Com isso, possuindo os dados corretos em mãos,
sua velocidade (em m/s). A unidade padrão da quan- pode-se encontrar a incógnita que estiver faltando na
tidade de movimento é kg.m/s (lê-se quilograma por equação.
metros por segundo).
Exemplo:
Q=m·v
Um objeto desloca-se com movimento linear igual
a 50 kg.m/s, mas choca-se com uma parede e gasta
Q = Quantidade de movimento (kg.m/s) 0,02 s para parar. Por meio do teorema do impulso,
M = massa (kg)
determine o valor da força necessária para parar esse
V = velocidade (m/s)
objeto.
Observe o exemplo:
a) 1000 N
Determine a quantidade de movimento de um b) 1500 N
objeto de massa de 5 kg que se move com velocidade c) 2000 N
igual a 30 m/s. d) 2500 N
e) 3000 N
a) Q=6 kg.m/s
b) Q=30 kg.m/s Pelo teorema do impulso e da variação da quantida-
c) Q=150 kg.m/s de de movimento sabe-se que:
d) Q=15 kg.m/s F.Δt = ΔQ
e) Q=60 kg.m/s A variação da quantidade de movimento do objeto
vai de 50 kg.m/s para zero (o objeto parou, sem velo-
Sendo m = 5kg e v = 30 m/s basta aplicar a equação cidade, sem quantidade de movimento final), logo,
da quantidade de movimento: podemos concluir que ΔQ = 50 Kg.m/s. Sendo assim,
Q = m.v
temos:
Q = 5.30
F.0,02 = 50
Q = 150 kg.m/s
F.2x10 – 2 = 50
Esse valor indica a taxa de transferência de movi-
50
mento de um corpo, ou seja, sua quantidade de F= -2
movimento. Essa equação será de suma importân- 2x10
cia nos conteúdos sobe a “conservação da quanti- F = 25 x 102
dade de movimento” e “colisões”. Resposta: Letra C. F = 2500 N Resposta: Letra D.

TEOREMA DO IMPULSO E QUANTIDADE DE Colisões


MOVIMENTO
Nas colisões a quantidade de movimento (Q) está
Esse teorema relaciona o impulso e a quantidade
totalmente envolvida. Ela que mede o modo de trans-
de movimento em uma equação. Essa equação infor-
ferência de movimento de um corpo quando este é
ma que a variação da quantidade de movimento (ou
seja, a quantidade de movimento final menos a ini- colidido com outro.
cial) de um corpo é igual ao seu impulso (multiplica- Imagine uma colisão frontal de um caminhão e um
ção da força e o tempo decorrido). carro com as mesmas velocidades. Por que o carro se
deforma mais? Isso está relacionado com o material
Observe a representação a seguir: que o automóvel é feito, e, também com a quantidade
de movimento (Q).
FÍSICA

A quantidade de movimento (movimento linear)


I = δQ pode ser definida pelo produto da massa pela veloci-
ou dade. Então, quanto maior a massa, maior a quanti-
dade de movimento, explicando o caso de o caminhão
F.δt = Qf - Qi transferir mais movimento para o carro do que o car-
ou ro para o caminhão. 233
Pode-se definir as colisões em três tipos: fornecido todos os outros dados necessários. Observe
essa esquematização logo abaixo:
COLISÕES
Qantes = Qdepois
Ocorre quando, após a colisão,
os objetos permanecem sepa-
Colisão perfeitamen- Para dois objetos colidindo:
rados e com velocidades dife-
te elástica
rentes (o sistema não perde
energia cinética). m · vi + m · vi = m · vf + m · vf
Objeto 01 Objeto 02 Objeto 03 Objeto 04
Ocorre quando, após a coli-
são, os objetos permanecem
Colisão parcialmente Sendo:
separados e com velocidades
elásticas
diferentes (o sistema perde
m = massa (Kg)
energia cinética).
vi = velocidade inicial (m/s)
Ocorre quando, após a coli- vf = velocidade fnicial (m/s)
são, os objetos permanecem
Colisão inelástica grudados e com velocidades Conceito de forças internas e forças externas
iguais (Há uma perda máxima
energia cinética). z Forças internas: São forças que agem de dentro
para fora do sistema, e não possuem a capacida-
O coeficiente de restituição (e) é a divisão da velo- de de alterar a quantidade de movimento de um
cidade relativa de afastamento pela velocidade relati- corpo. Exemplo: uma pessoa dentro de um carro
va de aproximação. “empurrando” o volante não será capaz de alterar
sua quantidade de movimento.
z Forças externas: São forças que agem de fora
z O coeficiente 1 diz que a velocidade de afastamen-
para dentro do sistema, e possuem a capacidade
to é igual a de aproximação.
de alterar a quantidade de movimento de um cor-
z O coeficiente ente 0 e 1 diz que a velocidade
po. Exemplo: a força peso que atua em um carro é
de afastamento é menor que a velocidade de
capaz de alterar sua quantidade de movimento de
aproximação.
z O coeficiente zero indica que não existe velocidade
de afastamento (já que nesse caso, os objetos per-
manecem “grudados”).
TRABALHO
Observe o resumo logo a seguir:
ENERGIA CINÉTICA, ENERGIA POTENCIAL
COEFICIENTE
QUANTIDADE
TIPO DE ENERGIA DE Trabalho – Energia– Potência – Rendimento
DE
COLISÃO CINÉTICA RESTITUIÇÃO
MOVIMENTO
(E)
Alguém já te disse a seguinte frase: “Olha, hoje
Completamente estou com bastante energia!” ou “Meu carro é mui-
Elástica Conservada 1
conservada to potente”, ou ainda, “Meu carro é muito eficiente
Parcialmen- Parcialmente
(rendimento)”? Aqui serão esclarecidos alguns temas
Conservada 0<e<1 relacionados ao nosso cotidiano como: trabalho, ener-
te Elástica conservada
gia, potência e rendimento.
Dissipação Então vamos demonstrar quais são os principais
Inelástica Conservada 0
máxima
tipos de energia e sua conservação.
Vamos aos conteúdos!
Fonte: Brasilescola.uol.com.br

TRABALHO
Observe que nos três casos a quantidade de movi-
mento é conservada, com isso a equação da conserva-
Na física, o trabalho está relacionado com duas
ção da quantidade de movimento poderá ser usada:
características: força e deslocamento. Sempre que
uma força produz um certo deslocamento, esse corpo
Equação da conservação da quantidade de
produziu um trabalho. Veja a representação a seguir:
movimento (lei da conservação)

Tendo dois objetos com massas “m” (não neces-


sariamente iguais), velocidades iniciais “vi” (não
necessariamente iguais) e velocidades finais “vf” (não
necessariamente iguais), pode-se estabelecer que a
quantidade de movimento inicial (Qantes) é neces-
sariamente igual à quantidade de movimento final
(Qfinal). Se “Q = m.v”, então pode-se estabelecer uma
equação para cada objeto (em situações iniciais e
finais). Com isso, podemos encontrar algum dado que
234 o exercício não nos forneceu, desde que ele tenha nos
Trabalho de uma força:
POTÊNCIA
T = F · ΔS
A potência de uma força é o trabalho realizado por
ela em um determinado instante de tempo. Na com-
T = Trabalho (J)
paração entre dois carros, um carro mais potente é o
F = Força (N)
ΔS = Deslocamento (m) que realiza mais trabalho (movimento) em um dado
intervalo de tempo quando comparado a um carro
Na imagem anterior, observa-se que uma pessoa que realiza menos trabalho (movimento) em um mes-
está empurrando um carrinho com pedras. A força mo intervalo de tempo.
que a pessoa faz, multiplicada pelo deslocamento (dis-
Entende-se, portanto, que a potência de uma força
tância percorrida), nos remete a uma grandeza cha-
mada de Trabalho. (potência mecânica) é o quão rápido um objeto trans-
A unidade padrão de trabalho é o Joule, represen- forma uma certa força em movimento (os motores
tado pela letra “J”. fazem muito isso). Quanto mais rápida essa transfor-
Aqui vai uma dica para sua prova: Se a questão mação, mais potente é o objeto (compare, por exem-
disponibilizar o gráfico da força atuante em um corpo plo, uma Ferrari com um Fusca e faça sua análise).
em função de seu deslocamento, você poderá calcular A equação da potência de uma força é:
a área abaixo da linha do gráfico para encontrar o tra-
balho realizado pelo corpo.
Observe a imagem de um gráfico envolvendo esses T
conceitos: P=
ΔS

Sendo:

P = Potência (W)
T = Trabalho (J)
Δt = Intervalo de tempo (s)
A unidade de medida padrão de potência é Watts,
com o símbolo “W”. Quanto mais potência, mais tra-
balho é realizado em um determinado intervalo de
tempo.

Fonte: http//www.proenem.com.br/
Dica
Nesse caso, a área abaixo do gráfico é um trapézio, Em alguns exercícios podem aparecer algumas
ou seja, basta calcular numericamente essa área para unidades de potência usuais, ou seja, que não
se chegar ao trabalho realizado pelo corpo.
são padrão. A seguir estão os nomes e as res-
Ex.: Uma pessoa empurra uma caixa com uma for-
ça de 20 N. Essa caixa desloca-se por 10 metros. Qual é pectivas conversões para Watts.
o trabalho produzido por essa pessoa? 1KW (1 quilowatt) = 1000W
T = F. ΔS 1MW (1 megawatt) = 1000W = 1000KW
T = 20. 10 1CV (1 cavalo-vapor) = 735W
T = 200J 1HP (1 horse-power) = 746W
Fonte: https://www.soficisa.combr/
ENERGIA
Ex.: Um objeto realiza um trabalho de 100 J em 20
O enunciado formal de energia diz: “energia é a
segundos. Qual é sua potência média nesse intervalo
capacidade que um corpo possui de realizar traba-
lho”. Dessa frase pode-se interpretar que quanto mais de tempo?
energia um corpo possui maior será o trabalho que
ele conseguirá executar, logo, maior será a relação T 100
entre força x deslocamento desse corpo. P= = = 5W
ΔT 20
Ao analisar essa equação, vê-se que esse objeto
Importante! possui uma potência média de 5 watts.
Ao analisarmos o último parágrafo, consegui-
mos responder a pergunta feita na parte inicial RENDIMENTO
dessa seção: “Alguém já te disse a seguinte
frase? Olha, hoje estou com bastante energia”. O rendimento (n) é a eficiência de um dado objeto.
FÍSICA

Teoricamente, uma pessoa com bastante ener- Para encontrá-la basta efetuar a divisão da potência útil
gia produzirá bastante trabalho, que, por sua (utilizada) pela potência total. Multiplicando-se o resul-
vez, produzirá um grande deslocamento (movi- tado por cem, encontra-se o percentual desse rendimen-
mento). Entendeu? Isso é a física contida no to. Observe que a potência total sempre será maior que a
dia a dia. Nos subtópicos abaixo exploraremos potência útil, visto que parte da potência é perdida pelas
outros conceitos envolvendo energia. forças dissipativas (atrito, som, calor etc.). 235
Observe a equação dessa representação: Observe a equação:

Potência últil Epg = m · g · h


n= x 100
Potência total
Sendo:

Ex.: Um liquidificar possui potência útil de 100W e


Epg = energia potencial gravitacional (J)
potência total de 125W. Qual é o rendimento, em per-
centual, desse liquidificador? m = massa (Kg)
g = gravidade (m/s²)
100 h = altura (m)
P= x 100 = 80%
125 Observe que quanto mais alto o corpo está, maior
será sua energia potencial gravitacional.
Ao analisar essa equação, vê-se que esse motor
tem um rendimento de 80% (20% é perdido por forças Energia Potencial Elástica
dissipativas).
Energia potencial elástica é a energia associada às
molas e elásticos. Em termos gerais, sempre que uma
mola ou um elástico está comprimido ou esticado,
ENERGIA CINÉTICA E ENERGIA ele possuirá energia potencial elástica. Essa energia
POTENCIAL é calculada pela multiplicação da constante elástica
do objeto pela sua deformação ao quadrado, sendo o
ENERGIA E SUA CLASSIFICAÇÃO
resultado divido por dois. Observe a equação:
Pode-se classificar a energia em três tipos: ener-
gia cinética, energia potencial gravitacional e energia
k · x²
potencial elástica. Vamos analisar uma a uma. Epe =
2
ENERGIA CINÉTICA

Sendo:
Energia cinética é a energia associada ao movi-
mento. Em termos gerais, sempre que um objeto
possui velocidade, ele possuirá energia cinética. Essa Epe = energia potencial elástica (j)
energia é calculada pela multiplicação da massa do k = constante elástica do material (N/m)
objeto pela velocidade ao quadrado, dividindo esse x = deformação do objeto (m)
resultado por dois. Observe a equação logo a seguir:
Dica
m · V² A constante elástica (K) depende de cada mate-
Ec =
2 rial (normalmente o exercício fornece o valor no
enunciado da questão). Quanto maior esse valor
Sendo: mais difícil se torna para esticar ou comprimir
esse material.
Ec = energia cinética (J)
m = massa (Kg)
v = velocidade (m/s)
A unidade padrão de medida de energia é o Jou- CONSERVAÇÃO DE ENERGIA E SUAS
le, representada pela letra “J”. Observe que quanto
maior a massa ou a velocidade de um corpo, maior TRANSFORMAÇÕES
sua energia cinética.
QUANTIDADE DE MOVIMENTO, CONSERVAÇÃO DA
ENERGIA POTENCIAL QUANTIDADE DE MOVIMENTO, IMPULSO E ATRITO

Energia Potencial Gravitacional Conservação da Energia Mecânica

Energia potencial gravitacional é a energia asso- Esse princípio informa que toda energia é trans-
ciada à altura. Em termos gerais, sempre que um obje-
formada, portanto, nunca será criada ou destruída. As
to está a uma certa altura do solo, ele possuirá energia
potencial gravitacional. Essa energia é calculada pela energias cinética, potencial gravitacional e potencial
multiplicação da massa do objeto, a gravidade do pla- elástica estão em constante transformação, uma se
236 neta e a altura em relação ao solo. transformando na outra.
Observe a representação abaixo: perdida, seja pelo atrito, pela elevação da temperatu-
ra, pela dissipação sonora etc.
Como essa perda é muito pequena, ela poderá ser
desprezada, e, com isso, não entrará em nossos cálcu-
Energia
potencial
Energia los (a não ser que o exercício nos obrigue a calculá-la).
potencial
ENERGIA POTENCIAL Em suma, mesmo tendo o conhecimento que, em
um caso real essa perda existe, a fim da resolução das
questões mais corriqueiras de nível médio, não calcu-
ENERGIA CINÉTICA laremos a dissipação da energia e vamos supor que a
conservação da energia é totalmente perfeita.
Energia Cinética

FORÇAS CONSERVATIVAS, DISSIPATIVAS E ATRITO

Observando-se a imagem acima, percebe-se que, Forças conservativas


nos pontos mais altos, o skatista possui somente uma
certa altura (h) em reação ao solo (energia potencial Força conservativa é aquela que age no sistema
gravitacional). Porém, quando ele está no ponto mais e produz um efeito que conserva a energia mecâni-
baixo da trajetória, ele só possui uma certa velocidade ca final (energia cinética + energia potencial). Como
(energia cinética). Conclui-se que a energia potencial exemplo, pode-se citar a força peso, que transforma
gravitacional está constantemente se transformando a energia potencial gravitacional (um objeto com um
em energia cinética (velocidade), isto é, a conservação certo peso caindo) em energia cinética (energia do
da energia mecânica. Observe o quadro-resumo: movimento).
Observe essa dica para sua prova:
CONSERVAÇÃO DA
ENERGIA MECÂNICA Sempre que uma força age no sentido de somente
alterar a energia cinética ou energia potencial de um
Nos pontos mais altos Existência da energia corpo, essa força será conservativa.
da figura potencial gravitacional

A energia potencial Forças Dissipativas e atrito


No ponto mais baixo da gravitacional é
figura transformada em energia Força dissipativa é aquela que age no sistema e
cinética (movimento). produz um efeito que não conserva a energia mecâ-
nica final (energia cinética + energia potencial).
Como exemplo, pode-se citar a força de atrito, que
Em um sistema isolado (sem perdas de energia), transforma energia cinética (movimento) em ener-
uma energia se transforma na outra sem perdas gia térmica (esquentando a superfície de contato).
externas. No exemplo acima, o skatista está fazendo Essa energia transformada em calor não será compu-
com que uma certa altura (h) se transforme em veloci- tada em nenhuma das três energias estudadas até o
dade (v), ou seja, toda energia potencial gravitacional momento: cinética, potencial gravitacional ou poten-
está se transformando em energia cinética. Nesse caso cial elástica. Por esse motivo ela recebe o nome de for-
a equação será: ça dissipativa.
Sempre que uma força age no sentido de alterar
a energia cinética e/ou energia potencial em outras
Epg = Ec formas de energia: atrito (térmico), arrasto etc., essa
força receberá o nome de fora dissipativa.
Ou seja: Como exemplo, temos que em um carro freando,
as pastilhas de freio esquentam muito, fazendo com
que toda essa energia seja perdida (força dissipativa
m · v² de atrito das pastilhas)
m·g·h= Para a criação de um carro mais eficiente, o apro-
2
veitamento dessa energia será de suma importância
(sabe-se que já existem alguns (poucos) carros com
Dica essa tecnologia).
Todos os casos deverão ser analisados indivi-
dualmente para que seja encontrada qual (ou
quais) equações de energias estão em cons-
tante transformação, e, portanto, devem ser
EXERCÍCIOS COMENTADOS
igualadas. 1. (IMA – 2016) Todas as afirmações sobre o trabalho e
potência estão corretas, EXCETO.
DISSIPAÇÃO DA ENERGIA
FÍSICA

a) Trabalho é o produto de uma força pelo deslocamento


Até aqui aprendemos três tipos de energia: cinéti- em que ela atua, quando ambos têm a mesma direção
ca, potencial gravitacional e potencial elástica. Sabe- e o mesmo sentido.
-se que uma está constantemente se transformando b) As variáveis envolvidas no trabalho da força-peso são
na outra (princípio da conservação), todavia, é conhe- o próprio peso, à distância e a velocidade em que ele
cido que nessas transformações, parte da energia é se desloca. 237
c) Potência é a razão entre o trabalho realizado e o tem- ( ) CERTO ( ) ERRADO
po gasto para realizá-lo
d) A unidade de medida do trabalho é o joule. 1 J é o tra- Pelo princípio da conservação da energia, toda a
balho de uma força de 1 N que atua ao longo de um energia cinética do arremesso é transformada em
deslocamento de 1 m, na mesma direção e no mesmo energia potencial gravitacional (altura), ou seja:
sentido desse deslocamento.
Sendo: m = 380g = 0,380 Kg; v = 10 m/s; g = 10 m/
s²; h?
Observe que a equação do trabalho T = F. ΔS não
Ec = Epg
possui a incógnita da “velocidade” (v), e com isso,
ela não influenciará no trabalho de um objeto em m · v²
=m·g·h
queda. Resposta: Letra B.
2
2. (IBFC – 2017) Uma força realiza trabalho de 40 J,
atuando sobre um corpo na mesma direção e no mes- 0,380 · 10²
= 0,380.10.h
mo sentido do seu deslocamento. Sabendo que o des-
2
locamento é de 10 m, a intensidade da força aplicada
é igual a:
38
= 3,8.h ; Por multiplicação cruzada chega em:
a) 4N
2
b) 8N
c) 12 N
h = 5 metros. Resposta: Certo.
d) 16 N
e) 20 N
5. (CESGRANRIO – 2015) Em um escorrega de piscina,
uma criança de 40 kg parte de uma altura de 1,80 m
Pela equação do trabalho basta isolar a variável
com velocidade inicial nula, como mostra a figura.
“F”. Sendo: t = 40J, ΔS = 10 m, então:
T = F. ΔS
40 = F.10
40
F= = 4 N Resposta: Letra A.
10
3. (IBFC – 2015) Suponha duas esferas de massas idên-
ticas, descendo cada uma um plano inclinado com
ângulos diferentes. Ambas as esferas partem do esta-
do de repouso, de mesma altura em relação ao solo, e
o atrito com os planos é desprezível. Considerando o Se a criança, no ponto mais baixo do escorrega, é lan-
Princípio da Conservação da Energia, assinale a alter- çada com velocidade de 2,00 m/s, qual é, aproximada-
nativa correta. mente, em J, a energia dissipada pelo atrito durante o
trajeto da criança no escorrega?
a) Ambas chegarão ao solo com a mesma aceleração. Dado: Aceleração da gravidade = 10,0 m/s 2
b) Ambas levarão o mesmo tempo para descer os planos
inclinados. a) 36
c) Ambas chegarão ao solo com a mesma velocidade. b) 80
d) A velocidade ao chegar ao solo e a aceleração de c) 560
ambas serão diferentes. d) 640
e) 720
Pelo princípio da conservação da energia mecâni-
ca toda energia potencial gravitacional (altura) Pelo princípio da conservação da energia mecâni-
é transformada em energia cinética (velocidade). ca e analisando o enunciado da questão, percebe-se
Essa transformação depende apenas da altura e que toda energia potencial gravitacional (altura)
massa dos corpos. Como esses dois dados são iguais teria que ser convertida em energia cinética (veloci-
para os dois corpos, a velocidade final será a mes- dade). Porém, como a questão nos informou a exis-
ma. Resposta: Letra C. tência da influência de forças dissipativas (atrito),
parte dessa energia será perdida (e é essa perda que
4. (QUADRIX – 2017) Segundo o princípio da conser- estamos procurando).
vação da energia, a energia mecânica total de um Para sabermos o valor da perda basta calcular os
sistema que não sofre a ação de forças externas per- valores dos dois tipos de energia e subtrair os resul-
manece constante. Assim, a energia é conservada tados. Sendo m = 40 kg, g = 10 m/s², h = 1,80 m, v =
quando a energia mecânica total é inalterada. Com 2 m/s, então:
base no princípio da conservação da energia, julgue o Energia potencial gravitacional = m.g.h = 40.10.1,80
item a seguir, considerando que a aceleração da gravi- = 720J
dade (g) seja igual a 10 m / s2.
Uma bola de 380 g foi arremessada verticalmente, m · v² 40 · 2²
de baixo para cima, com velocidade inicial de módulo Energia cinética = = = 80J
igual a 10 m/s. A altura máxima (h), em metros, que a 2 2
bola atinge, supondo que a resistência do ar seja des- Perda de energia pelo atrito = Epg – Ec = 720J – 80J =
238 prezível, está situada no intervalo 4,8m<h< 5,1 m. 640J. Resposta: Letra D.
COLISÕES

Este assunto foi abordado no “Leis de Newton e


Suas Aplicações”.

HORA DE PRATICAR!
1. (CESPE – 2018)

Considerando a figura, que as roldanas sejam ideais,


os fios inextensíveis e que a gravidade local seja igual
a 10 m/s2, julgue o item a seguir.
Se a corda presa ao homem a ser resgatado se romper
quando ele estiver a 3,2 m do solo, ele chegará ao solo
com uma velocidade superior a 10 m/s.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (CESPE – 2017) Durante uma tempestade, houve um


raio com fluxo de cargas elétricas entre o solo e uma
nuvem igual a 16.000 coulomb por segundo.
A descarga elétrica durou 10-8 segundos.
Considerando essas informações e os aspectos rela-
cionados a esse fenômeno e à lei de Coulomb, julgue o
item subsecutivo.
Situação hipotética: Durante a tempestade, uma
pessoa observou um relâmpago e, somente após 15
segundos, ela escutou o barulho do trovão.
A figura I precedente ilustra um bloco de massa M que Assertiva: Nessa situação, sabendo-se que a velocida-
parte do repouso e desliza sobre um plano inclinado de do som no ar é igual a 340 m/s, é correto afirmar
que a pessoa se encontra a mais de 5.000 m do local
de 30°, com atrito, durante 5 s, até atingir sua base. A onde ocorreu a descarga elétrica.
figura II mostra o gráfico do módulo da velocidade, v,
( ) CERTO ( ) ERRADO
do bloco nesse intervalo de tempo.
Com base nas informações e nas figuras apresenta- 4. (CESPE – 2016) Para determinar a profundidade de
das, julgue o item, considerando que o seno de 30° é um poço, uma pessoa soltou uma pedra em direção
ao fundo do poço, a partir de sua borda, e cronome-
igual a 0,5. trou o tempo que decorreu desde o instante daquela
A altura em que o bloco se encontrava no início do ação até o momento em que escutou o som da pedra
atingindo o fundo do poço.
movimento era superior a 2 m. Considerando-se que, no momento desse experimento,
FÍSICA

a velocidade do som fosse igual a 340 m/s, a aceleração


( ) CERTO ( ) ERRADO da gravidade fosse igual a 10 m/s2 e que o observador
tenha escutado o barulho da pedra ao bater no fundo do
poço após decorrido 1,43 segundo do momento no qual
2. (CESPE – 2017) A figura a seguir mostra um sistema de
ela fora abandonada, é correto concluir que a profundi-
roldanas utilizado para resgatar um homem de 80 kg. dade L do poço, em metros, será 239
a) 8,5 < L < 9,5.
b) 7,5 < L < 8,5.
c) 6,5 < L < 7,5.
d) 10,5 < L < 12,0.
e) 9,5 < L < 10,5.

5. (CESPE – 2019) A figura seguinte ilustra uma prova de


tiro ao alvo com arma de fogo: o alvo é um círculo de
20 cm de diâmetro e está localizado a 50 m da extre-
midade do cano da arma. O cano da arma e o centro do
alvo estão à altura de 1,5 m do solo.

d = 50 m Figura l
alvo

Imediatamente após a colisão, carro e moto perma-


neceram parados e um quarto da energia cinética do
h = 1,0 m h = 1,0 m carro foi transferido para o motociclista, que foi arre-
messado de uma altura de 1 m, a uma velocidade Vm
solo igual 20 m/s. Após a colisão, o motociclista descreveu
uma trajetória oblíqua, mostrada na figura II, percor-
rendo na direção horizontal, até atingir o solo, uma dis-
Nessa situação, um projétil de massa igual a 15 g sai tância igual a D.
do cano da arma paralelamente ao solo, com velocida-
de horizontal inicial de 720 km/h.
Tendo como referência a situação apresentada, julgue Vm = 2 M/S
os itens a seguir, considerando que a aceleração da
gravidade seja de 9,8 m/s2 e desprezando o atrito do
ar sobre o projétil.
O deslocamento do projétil na direção horizontal ocor-
re de acordo com uma função quadrática do tempo.

( ) CERTO ( ) ERRADO Figura ll

6. (CESPE – 2019) A figura seguinte ilustra uma prova de


tiro ao alvo com arma de fogo: o alvo é um círculo de 2
Sabendo que cos 45º = 2 considere que 10 m/s 2
20 cm de diâmetro e está localizado a 50 m da extre- seja o módulo da aceleração da gravidade e despreze
midade do cano da arma. O cano da arma e o centro do a resistência do ar.
alvo estão à altura de 1,5 m do solo. Considerando-se as informações e figuras apresenta-
das no texto 5A1AAA, a distância horizontal D, em m,
d = 50 m percorrida pelo motociclista arremessado é
alvo
a) superior a 40.
b) inferior a 2.
c) superior a 2 e inferior a 5.
h = 1,0 m h = 1,0 m
d) superior a 5 e inferior a 10.
e) superior a 10 e inferior a 40.
solo
8. (CESPE – 2019) Considere que um projétil tenha sido
disparado de uma pistola com velocidade inicial de
Nessa situação, um projétil de massa igual a 15 g sai
módulo igual a V o e em ângulo θ (ascendente) em
do cano da arma paralelamente ao solo, com velocida-
de horizontal inicial de 720 km/h. relação à horizontal. Desprezando a resistência do ar,
Tendo como referência a situação apresentada, julgue assinale a opção correta acerca do movimento realiza-
os itens a seguir, considerando que a aceleração da do por esse projétil.
gravidade seja de 9,8 m/s2 e desprezando o atrito do
ar sobre o projétil. a) No ponto de altura máxima, a velocidade resultante do
Na situação em tela, o projétil atingirá o alvo circular projétil será nula.
b) A aceleração do projétil será nula no ponto de altura
( ) CERTO ( ) ERRADO máxima.
c) A única força atuante no projétil durante todo o movi-
7. (CESPE – 2018) A figura I, a seguir, ilustra uma colisão mento é o seu peso.
ocorrida entre um carro e uma moto parada. A massa d) O alcance horizontal que o projétil pode atingir depen-
total do carro era de 2.000 kg, e o módulo de sua velo- de de sua massa.
cidade era igual a Vc. A moto tinha massa igual a 120 e) A componente horizontal da velocidade do projétil varia
kg e era pilotada por um motociclista cuja massa era de ponto a ponto na trajetória, porém sua componente
240 de 80 kg. vertical é invariável.
9. (CESPE – 2019) Um veículo de 1.000 kg de massa, que 11. (CESPE – 2018) A figura I, a seguir, ilustra uma colisão
se desloca sobre uma pista plana, faz uma curva cir- ocorrida entre um carro e uma moto parada. A massa
cular de 50 m de raio, com velocidade de 54 km/h. O total do carro era de 2.000 kg, e o módulo de sua velo-
coeficiente de atrito estático entre os pneus do veículo cidade era igual a Vc. A moto tinha massa igual a 120
e a pista é igual a 0,60. kg e era pilotada por um motociclista cuja massa era
A partir dessa situação julgue os itens que se seguem, de 80 kg.
considerando a aceleração da gravidade igual a 9,8m/s².
O veículo está sujeito a uma aceleração centrípeta
superior à aceleração gravitacional.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (CESPE – 2017)

Figura l

Imediatamente após a colisão, carro e moto perma-


neceram parados e um quarto da energia cinética do
carro foi transferido para o motociclista, que foi arre-
messado de uma altura de 1 m, a uma velocidade Vm
igual 20 m/s. Após a colisão, o motociclista descreveu
A empresa aeroespacial Lockheed Martin propôs uma trajetória oblíqua, mostrada na figura II, percor-
rendo na direção horizontal, até atingir o solo, uma dis-
recentemente que a NASA trabalhe com seus parcei-
tância igual a D.
ros internacionais e a indústria privada para montar
uma estação espacial na órbita de Marte até 2028.
Conforme os desenvolvedores do projeto, os astro- Vm = 2 M/S
nautas que iriam trabalhar e viver a bordo dessa base
orbital coletariam informações que um futuro explora-
dor do planeta vermelho precisaria saber.

Figura ll

Sabendo que considere que 10


m/s 2 seja o módulo da aceleração da gravidade e des-
preze a resistência do ar.
Com base nas informações e nas figuras apresentadas
no texto 5A1AAA, o módulo da velocidade com que o
carro atingiu a moto é igual a

a) 4,0 m/s.
b) 8,0 m/s.
c) 16,0 m/s.
d) 0,8 m/s.
e) 3,2 m/s.

12. (CESPE – 2017)


A figura apresentada ilustra a situação em que um
satélite descreve uma órbita circular em torno de Mar-
te, localizada no centro da órbita.
O satélite se desloca com velocidade constante em
módulo (MCU), a uma distância D da superfície de
Marte, que tem a forma de uma esfera de raio R.
FÍSICA

A partir dessas informações, julgue o seguinte item,


considerando que a densidade de Marte é constante.
A aceleração do satélite é zero, pois sua velocidade e
seu período são constantes.

( ) CERTO ( ) ERRADO 241


Quando um foguete se movimenta no espaço vazio, 14. (CESPE – 2017)
seu momento é modificado porque parte de sua mas-
sa é eliminada na forma de gases ejetados. Como
esses gases adquirem algum momento, o foguete
recebe um momento compensador no sentido oposto,
sendo, portanto, acelerado como resultado da propul-
são dos gases ejetados.
As figuras apresentadas ilustram o sistema de propul-
são idealizado pelo cientista russo Konstantin Tsiol-
kovsky: um foguete de massa inicial m + Δm, que se
desloca com velocidade v, sofre, em certo instante,
um acréscimo de velocidade Δv ao ejetar parte da sua
massa (Δm) em alta velocidade (ve).
A velocidade inicial do foguete é muito menor que a
velocidade da massa ejetada (v < ve). Tendo como
referência as informações precedentes, julgue os
itens subsequentes, assumindo que o momento linear Quando um foguete se movimenta no espaço vazio,
do sistema se conserva e que as massas m e Δm não seu momento é modificado porque parte de sua mas-
estão sujeitas a forças externas ou de campo. sa é eliminada na forma de gases ejetados. Como
O acréscimo de velocidade adquirida pelo foguete esses gases adquirem algum momento, o foguete
devido à ejeção contínua de sua massa depende das recebe um momento compensador no sentido oposto,
massas final e inicial do foguete. sendo, portanto, acelerado como resultado da propul-
são dos gases ejetados.
( ) CERTO ( ) ERRADO As figuras apresentadas ilustram o sistema de propul-
são idealizado pelo cientista russo Konstantin Tsiol-
13. (CESPE – 2017) kovsky: um foguete de massa inicial m + Δm, que se
desloca com velocidade v, sofre, em certo instante,
um acréscimo de velocidade Δv ao ejetar parte da sua
massa (Δm) em alta velocidade (ve).
A velocidade inicial do foguete é muito menor que a
velocidade da massa ejetada (v < ve). Tendo como
referência as informações precedentes, julgue os
itens subsequentes, assumindo que o momento linear
do sistema se conserva e que as massas m e Δm não
estão sujeitas a forças externas ou de campo.
O momento linear total do sistema descrito é nulo no
caso de o referencial estar localizado no centro de
massa do sistema.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Quando um foguete se movimenta no espaço vazio, 15. (CESPE – 2016)


seu momento é modificado porque parte de sua mas-
sa é eliminada na forma de gases ejetados. Como
esses gases adquirem algum momento, o foguete
recebe um momento compensador no sentido oposto,
sendo, portanto, acelerado como resultado da propul-
são dos gases ejetados.
As figuras apresentadas ilustram o sistema de propul-
são idealizado pelo cientista russo Konstantin Tsiol-
kovsky: um foguete de massa inicial m + Δm, que se
desloca com velocidade v, sofre, em certo instante,
um acréscimo de velocidade Δv ao ejetar parte da sua Mbloco
massa (Δm) em alta velocidade (ve).
A velocidade inicial do foguete é muito menor que a Mprojétil
velocidade da massa ejetada (v < ve). Tendo como
referência as informações precedentes, julgue os
itens subsequentes, assumindo que o momento linear
do sistema se conserva e que as massas m e Δm não
estão sujeitas a forças externas ou de campo.
A energia cinética do sistema é conservada — ou
seja, permanece constante — na direção do movimen- Em um estande de tiro, um perito, para estimar a velo-
to mostrado nas figuras, devido à conservação do cidade de um projétil de arma de fogo, atirou contra um
momento linear. pêndulo balístico, conforme ilustrado na figura prece-
dente, e mediu a altura máxima atingida pelo pêndulo
242 ( ) CERTO ( ) ERRADO após o choque.
Sabendo-se que esse projétil possui massa de 50 g,
que o bloco possui massa de 5 kg, que o projétil ficou
alojado no bloco após o choque, que a altura máxima
medida pelo perito foi de 20 cm e que a aceleração da
gravidade no local era de 10 m/s2, é correto afirmar
que a velocidade com que o projétil atingiu o bloco foi
de

a) 206 m/s.
b) 208 m/s.
c) 200 m/s.
d) 202 m/s.
e) 204 m/s.

9 GABARITO

1 ERRADO

2 ERRADO

3 CERTO

4 E

5 ERRADO

6 ERRADO

7 A

8 C

9 ERRADO

10 ERRADO

11 B

12 CERTO

13 ERRADO

14 CERTO

15 D

ANOTAÇÕES

FÍSICA

243
ANOTAÇÕES

244
Feitas essas distinções e estabelecidos alguns con-
ceitos simples, vamos preparar uma tabela bastante
objetiva que vai ajudar nas revisões sobre esse ponto
cobrado nas provas.

ÉTICA E CIDADANIA ÉTICA MORAL

Estudo filosófico, Sua aplicação está


universal e atem- voltada para a
DEFINIÇÃO
poral, baseado em prática.
princípios.
ÉTICA E MORAL
Não encontra limi- Seu alcance está
O ponto inicial desta matéria precisa de uma dis- tações no tempo condicionado ao lo-
tinção que comumente passa batido: a diferença de ALCANCE ou no espaço. É um cal em que se aplica
ética e moral. Você precisa de certezas firmes e objeti- estudo filosófico e e ao período cultural
vas para realizar a sua prova. científico. em que é observada.
Ética é uma área da Filosofia. É um estudo amplo,
universal e atemporal. Seu objeto de estudo são prin- Fica relacionada à A moral transforma a
BASE reflexão, com cará- reflexão em ação.
cípios fundamentais das ações e do comportamento
ter especulativo.
humano. A moral, por sua vez, é uma construção social.
Sendo assim, está condicionada a sociedade que a cerca,
que a contém. A moral tem um aspecto muito mais obje- As provas de concurso costumam cobrar essa maté-
tivo e representa um momento e uma cultura. ria com questões que trazem expressões como: “bom
Alguns autores trazem ética e moral como sinôni- comportamento”, “boa conduta” ou “o bem”, e que aca-
mos, mas você precisa ter muito cuidado, pois, apesar bam confundido o candidato na hora de definir se estão
de serem semelhantes e abordarem a “mesma coisa” tratando de ética ou moral, pois, apesar das distinções
por perspectivas diferentes, as bancas dos concursos que já estudamos, o limiar de diferenças é tênue.
estabelecem distinções entre esses termos. Assim, certifique-se de qual concepção está sendo
Pronto! Temos uma distinção clara: cobrada com base nos fundamentos apresentados nas
questões, lembrando que a moral se funda nos costu-
Princípios
mes e tradições, enquanto a ética se baseia na razão e
Universal, na reflexão.
Ética fundamentais ações
atemporal
do comportamento
REFERÊNCIAS

Chaui, Marilena. Convite à filosofia. Ática, 1995.


Construção Representa um
Abbagnano, Nicola. Dicionário de Filosofia. 2ª tira-
Moral social, ligada a momento e uma
sua sociedade cultura
gem. SP: Martins Fontes (2003).

A ética tem um caráter científico, por isso, suas ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES
mudanças e aplicações ocorrem de outra forma. Sua
estabilidade é muito maior e suas aplicações alcan- Seguimos nosso estudo abordando, agora, o tema:
çam uma universalidade. Em algum momento espera- Ética, princípios e valores. A organização dos conceitos
-se que mudanças em conceitos éticos ocorrerão, mas novamente é necessária. O conceito de ética já foi visto
para execução de provas de concurso o conceito de no ponto anterior, sendo assim, será somente revisado:
universalidade e estabilidade é adequado.
Agora que já conseguimos separar algumas cara-
terísticas de moral e ética, vamos aproveitar o êxito
e nos aprofundar um pouco nos seus conceitos. Para Importante!
fazer isso vamos usar um pouco de etimologia. Ética é uma área da filosofia. É um estudo amplo,
É conveniente analisar no estudo da Ética sua eti- universal e atemporal. Seu objeto de estudo são
mologia. Assim, ética é uma palavra que vem do termo
grego ethos, que quer dizer “modo de ser”, “costume”
princípios fundamentais das ações e do compor-
ou “hábito”. A origem da palavra nos remete instanta- tamento humano. Finalmente podemos inferir
neamente para o cerne de seu conceito que, apesar da que a ética é uma ciência.
dificuldade de estabelecer um significado único, nos
ÉTICA E CIDADANIA

envia a um conjunto de princípios morais ou valores


que dão condição a convivência humana em sociedade. A ética, como ciência, se debruça ao estudo da
Em seguida, temos a origem do termo moral, que tem moral, que está diretamente relacionada à conduta
origem no latim e seria “mos” que tem o mesmo signifi- das pessoas e a noção de certo e errado que por sua vez
cado de ethos e que deu origem à palavra “moral”. possuem relação direta com os valores e princípios.
A moral varia no tempo, a depender da conjuntura
social. Até o século XIX, por exemplo, considerava-se OS PRINCÍPIOS
normal que crianças trabalhassem em fábricas. Hoje,
além de temos uma legislação especial (Estatuto da Podemos conceber os princípios como sendo ali-
Criança e do Adolescente) que protege essas crianças, cerces, base para formação dos valores que tem sua
a sociedade entendeu a necessidade de tratamento origem nos aspectos econômicos, políticos e sociais.
diferenciado a esse grupo vulnerável. Então, podemos os definir como juízos de valor. 245
Eles são abstratos e possuem indefinição, mas
orientam a intepretação da regra. Vejamos um exem- Impessoalidade é um princípio.
plo que a Constituição apresenta:

Art. 37. A administração pública direta e indireta


de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Igualdade é um valor.
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Deriva uma norma de conduta.

A Constituição, no caput de seu artigo 37, elenca


princípios, mas não apresenta uma medida para cum-
primento de cada princípio. A norma, nesse momento, = descumprir a impessoalidade é
improbidade administrativa. Disso
não define quais os limites da legalidade, impessoali-
dade, publicidade ou eficiência. Por isso, os princípios
são abstratos. Esse papel de definir “os limites de apli- Impessoalidade:
Lei de improbidade
Administrativa:
cação” dos princípios e de apresentá-los como valo- Princípios
garantia de princípio
res será exercido em um nível seguinte por meio das
regras ou normas a serem estabelecidas.
Nas palavras de Francisco Amaral (2017): Princípio Regra Valor
Os
� princípios são � O papel de definir � Os princípios são
juízos de valor, ou será exercido em juízos de valor, ou
[...] são pensamentos diretores de uma regulamentação seja, são abstratos e um nível seguinte seja, são abstratos e
jurídica, critérios para a ação e para a constituição de possuem indefinição através das regras possuem indefinição

normas e de institutos jurídicos [...] Como diretrizes


gerais e básicas, servem também para fundamentar e
dar unidade a um sistema ou a uma instituição. Pronto! Definimos os conceitos de princípios e
valores e relacionamos esses pontos ao Direito que é o
Regras são prescrições de conduta claras e objetivas. Já campo onde vamos aplicá-los. No decorrer da apostila
os princípios são juízos abstratos de valor que orientam a teremos outras oportunidades para aplicar os concei-
tos de ética, moral, princípios, valores, regras jurídicas,
interpretação e a aplicação das regras. regras morais e regras deontológicas, dentre outros.
A distinção entre princípios e regras traduz uma
distinção entre dois tipos de normas. REFERÊNCIAS

OS VALORES AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5.


Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2017.
O Direito recepciona em nosso ordenamento jurídico
os valores éticos e morais, apontando-os como diretri-
zes importantes e como meios de aplicação das normas.
Assim, o direito deve ser interpretado muito além das
ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA:
chamadas normas jurídicas, devendo incorporar a moral INTEGRIDADE
em voga naquele momento ao ordenamento jurídico.
Em cada ponto desta apostila devemos recuperar
Os valores podem ser facilmente exemplificados,
os conceitos de ética e moral. Sendo assim, vamos
mas sua definição é mais complexa. Por exemplo, a relembrar os conceitos:
vida é um valor muito importante em nossa sociedade,
juntamente com a liberdade e a propriedade. Se vocês
repararem, verão que existe uma relação entre os prin- Importante!
cípios e as expressões valor, direito, norma e regra. Ética é uma área da Filosofia. É um estudo
Veja só: amplo, universal e atemporal. Seu objeto de estu-
Inicialmente estabelecemos um princípio: impes- do são princípios fundamentais das ações e do
soalidade, por exemplo. Em seguida, temos que impes- comportamento humano. A moral, por sua vez, é
soalidade é a igualdade no tratamento dos cidadãos. A uma construção social. Sendo assim, está condi-
igualdade é um valor e vamos respeitá-lo. Nesse momen- cionada a sociedade que a cerca, que a contém.
to só nos faltaria determinar uma norma de conduta, A moral tem um aspecto muito mais objetivo e
representa um momento e uma cultura.
uma regra para seguirmos. Essa definição de valor é fei-
ta informando as pessoas dos riscos em descumprir a
impessoalidade. Ou seja, trazendo esses conceitos para a Iniciamos o tópico analisando o conceito de fun-
prática, desrespeitar a impessoalidade é uma impro- ção pública, que nada mais é do que a competência,
atribuição ou encargo para o exercício de determina-
bidade administrativa, que configura crime e possui
da função que é conferida a alguém pela administra-
pena. Nesse momento temos um princípio consistente, ção pública. O interesse público deve ser totalmente
246 um valor definido e uma norma apresentada. atendido no exercício desta função.
A ideia de ética no setor público tem elementos
específicos. A moralidade sem dúvida é um dos prin- ÉTICA NO SETOR PÚBLICO
cipais. Quando pensamos em um servidor público
temos uma construção diversa de um funcionário Bem-vindo concurseiro(a)! O assunto - ética no ser-
de setores privados. A verdade é que o setor público viço público - é bastante importante na construção da
estabelece normas de conduta para seus servidores e, matéria. Deixa-me te explicar o motivo desta impor-
não bastasse isso, valores e princípios que deverão ser tância. Fique atento ao conteúdo que vai nas próxi-
cumpridos com força de lei. Veja o seguinte: mas linhas e analise-o sempre sob esse prisma.
Um servidor público pode ser obrigado, ou seja, A ética (você já sabe) é uma área da Filosofia. Des-
ta forma, se apresenta como uma ciência e possui as
tem o dever de ser, entre outros:
características que definimos diversas vezes no decor-
rer do material:
z Moral;
z Probo;
z Atemporal;
z Leal; z Universal;
z Correto; z Estável.
z Honrado;
z Justo; Dentro das áreas de estudo da ética, especifica-
z Impessoal. mente dentro de seu campo de análise, encontramos
a moral. A moral, por sua vez, apresenta outras carac-
Isso o torna completamente diferenciado de um terísticas (você também já conhece essas característi-
trabalhador comum. Quando um servidor, exercendo cas), são elas:
sua função, atende um cidadão, todas essas caracte-
rísticas precisam se manifestar. Entenda, um servidor z Pessoal;
público deve compreender e aceitar sua situação, seu z Vinculada ao local;
encargo, seu ônus. Esse é o motivo de suas obrigações z Influenciada pela época;
possuírem características morais significativas. z Mutável.
A administração pública, por meio dos agentes públi-
cos, tem a missão de conduzir o estado para o alcance de Sabendo dessas diferenças eu te pergunto o seguin-
seus objetivos, edificando uma sociedade solidária, de te: a ética no setor público é definida por códigos de
qualidade e justa. Ou seja, o agente público no cumpri- ética, que são critérios para regular as condutas dos
funcionários públicos de determinadas atividades, em
mento de sua função pública deve, além de cumprir as
determinados momentos e em determinados locais?
leis, ter condutas éticas, não adiantando apenas cumprir
Concorda? Sim! É isso mesmo, a ética no serviço públi-
a lei, enquanto é antiético na condução de sua função. co está absolutamente ligada ao estudo da moral. É
Reparem o conceito de Funcionário Público do óbvio, e não poderia ser diferente. A ética no serviço
Decreto 1171/1994: público é prescrição de conduta, é teoria aplicada na
prática, é ação!
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento
ético, entende-se por servidor público todo aquele que,
por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, Importante!
preste serviços de natureza permanente, temporária
A ética no serviço público é teoria aplicada na
ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
prática!
desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas Vou montar um fluxograma e isso deve ajudar a
públicas e as sociedades de economia mista, ou em entender o desenvolvimento da matéria.
qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.

Dica ÉTICA-ciência,
atemporal e
O servidor público deve compreender o dever e a MORAL-pessoal, universal
vinculada ao local
honra que existe em servir à sociedade. e ao tempo

O servidor público é remunerado com recursos do


Estado. Por óbvio, está imbuído da prestação de serviço
ÉTICA E CIDADANIA

de interesse público, interesse coletivo. Existe, entre o


servidor e a sociedade um dever ético. Os limites desse
dever foram delimitados pelo Código de ética do servi- Regras de
dor federal do poder executivo, decreto lei 1171/1994. conduta

REFERÊNCIAS

Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994. Aprova o


Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
do Poder Executivo Federal. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1171.htm 247
Maravilha! Definidos esses contornos tão impor- DEVERES DOS SERVIDORES PÚBLICOS:
tantes para o entendimento da matéria, vamos seguir MORALIDADE ADMINISTRATIVA (LEI Nº 8.112, DE
desenvolvendo nosso conteúdo. A Ética profissional é 1990, ART. 116, IX)
um conjunto de normas que formam a mentalidade
do profissional e representam ordem para a sua con- Moralidade Administrativa (Lei 8.112/90 Art. 116, Ix)
duta. O profissional ciente da sua ética profissional
cumpre as atividades de sua profissão, seguindo os Vamos estudar agora um conceito impreciso:
valores e princípios impostos pela sociedade e pelo a moralidade administrativa. A moralidade admi-
seu grupo de trabalho. nistrativa está além dos estatutos de cada profissão,
Quando pensamos nos funcionários públicos, seja está inclusive apartada do próprio código de ética da
qual for seu vínculo com o serviço público, temos pes- administração pública federal. Podemos dizer que se
soas obrigadas a aplicar um conjunto de valores éticos e
trata de um princípio.
normas de comportamento para que os cidadãos possam
A administração pública, em todas as esferas, vem
acreditar na eficiência dos serviços públicos. A própria
lei possui formas de coerção para penalizar o servidor centrando esforços na especialização da prestação
público que age em desacordo com suas atividades. do serviço público. Não poderia haver sintoma mais
presente desta realidade do que colocar o assunto
“Moralidade Administrativa” como ponto de destaque
Dica em um edital de concurso para a carreira de Policial
Os códigos de ética de cada categoria sintetizam Rodoviário Federal.
e aplicam os conceitos que apresentamos aqui. Vejam o seguinte: existe o ético, existe o procedi-
Ou seja, prescrevem condutas, determinam direi- mento moral (localizado no tempo e no espaço, posto
tos e deveres, além de regrar como se dariam as que, mutável a depender da sociedade que se apre-
punições e qual o seu alcance. senta) e, agora, não bastante a previsão de condutas
e de procedimentos disciplinares para regular o pro-
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: ceder do servidor, buscou-se ainda mais polimento e,
MORALIDADE (ART. 37 DA CF) com isso, a Moralidade Administrativa surgiu.
Vejamos um exemplo de como a Moralidade Admi-
Vamos aproveitar o ritmo que estamos adquirindo nistrativa acontece na prática: o servidor se reveste
e olhar o texto do artigo 37 da CRFB/88. Esses princí- de Estado quando entra em ação. Isso se chama inves-
pios serão estudados aqui e desdobrados nos estatutos tidura, ou poderia chamar-se “agente estatal”, sen-
ou códigos de ética de cada categoria. do assim, o homem que serve ao Estado não age em
Princípios Constitucionais: Art. 37, da Constituição nome próprio, nem de acordo somente com os seus
Federal de 1988. valores. Esse servidor age em nome do Estado e res-
A Constituição da República Federativa do Brasil peita os valores e a moral adotada pelo Estado, sen-
(CRFB/88) nos determina que a administração pública do, portanto, a moralidade administrativa como uma
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, sombra que nunca abandona o servidor e serve como
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obe- modelo para que ele meça suas ações.
decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, Tal preceito está disposto no art. 116 da Lei n°
moralidade, publicidade e eficiência. 8.112/90:
A Constituição não impõe limites e definições aos
princípios, mas nós precisaremos destes contornos Art. 116 São deveres do servidor:
para, mais adiante, estudarmos os procedimentos IX - manter conduta compatível com a moralidade
administrativo disciplinares, o código de ética pro- administrativa;
fissional do Servidor Público Civil do Poder Executi-
vo Federal e a Lei de Improbidade administrativa. Podemos, ainda, trazer duas conceituações para o
Legalidade: faz referência ao respeito estrito da tema a partir do exposto na literatura do assunto. Para
lei. Também é chamado de princípio do procedimento Meirelles (1999, p. 83): “Não se trata – diz Hauriou, o
formal. Obriga o poder público a atuar em conformi- sistematizador de tal conceito – da moral comum, mas
dade com a lei, na consecução do interesse público. sim de uma moral jurídica, entendida como “o con-
Impessoalidade: na Administração Pública não junto de regras de conduta tiradas da disciplina inte-
há vontade pessoal, há apenas o condicionamento à rior da Administração.”
norma legal. O Administrador Público age em defesa Já para Moraes (2004, p. 315): “Pelo princípio da
dos interesses públicos coletivos, e nunca em seu inte- moralidade administrativa, não bastará ao adminis-
resse pessoal ou de apenas alguns. trador o estrito cumprimento da estrita legalidade,
Moralidade: um dos princípios mais abrangentes, devendo ele no exercício de sua função pública, respei-
pois a moral administrativa exige a conformação do tar os princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois a
ato com a lei e com o interesse coletivo. moralidade constitui, a partir da Constituição de 1988.
Publicidade: a publicidade é um princípio necessá- Pressuposto de validade de todos atos da administra-
rio e que deve ser a todo momento repensado, ou seja,
ção pública.”
deve ser preparado para que seja presente e funcional.
Desta forma, o cidadão deve ter acesso à informação e
REFERÊNCIAS
essa informação deve ser completa e inteligível.
Eficiência: é mais moderno que os demais. Fru-
to da Emenda Constitucional 19/98. É um princípio BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Repú-
importante e legítimo, pois impõe ao servidor dever blica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Grá-
de executar as condutas de maneira eficiente, ou seja, fico, 1988.
o trabalho deve ser desenvolvido com bom rendimen-
to e poucos erros. MORAES, Alexandre de. Constituição da República
Federativa do Brasil. 43 ed. São Paulo: Atlas, 2017.
248
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo III - monitorar o desempenho e avaliar a con-
brasileiro. 24 ed. São Paulo: 44 Malheiros, 1999. cepção, a implementação e os resultados das políti-
cas e das ações prioritárias para assegurar que as
POLÍTICA DE GOVERNANÇA DA ADMINISTRAÇÃO diretrizes estratégicas sejam observadas;
PÚBLICA FEDERAL (DECRETO Nº 9.203, DE 2017) IV - articular instituições e coordenar proces-
sos para melhorar a integração entre os diferentes
níveis e esferas do setor público, com vistas a gerar,
Dispõe sobre a política de governança da admi-
preservar e entregar valor público;
nistração pública federal direta, autárquica e
V - fazer incorporar padrões elevados de con-
fundacional.
duta pela alta administração para orientar o com-
portamento dos agentes públicos, em consonância
Fique atento aos seguintes conceitos: com as funções e as atribuições de seus órgãos e de
suas entidades;
z Governança Pública: conjunto de mecanismos de VI - implementar controles internos fundamenta-
liderança, estratégia e controle postos em prática dos na gestão de risco, que privilegiará ações estraté-
para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com gicas de prevenção antes de processos sancionadores;
vistas à condução de políticas públicas e à presta- VII - avaliar as propostas de criação, expansão
ção de serviços de interesse da sociedade; ou aperfeiçoamento de políticas públicas e de con-
z Valor Público: produtos e resultados gerados, pre- cessão de incentivos fiscais e aferir, sempre que pos-
servados ou entregues pelas atividades de uma sível, seus custos e benefícios;
organização que representem respostas efetivas e VIII - manter processo decisório orientado
úteis às necessidades ou às demandas de interes- pelas evidências, pela conformidade legal, pela
qualidade regulatória, pela desburocratização e
se público e modifiquem aspectos do conjunto da
pelo apoio à participação da sociedade;
sociedade ou de alguns grupos específicos reco-
IX - editar e revisar atos normativos, pautando-se
nhecidos como destinatários legítimos de bens e pelas boas práticas regulatórias e pela legitimidade,
serviços públicos; estabilidade e coerência do ordenamento jurídico e
z Alta Administração: ministros de estado, ocu- realizando consultas públicas sempre que conveniente;
pantes de cargos de natureza especial, ocupantes X - definir formalmente as funções, as compe-
de cargo de nível 6 do grupo-direção e assessora- tências e as responsabilidades das estruturas e dos
mento superiores - das e presidentes e diretores de arranjos institucionais; e
autarquias, inclusive as especiais, e de fundações XI - promover a comunicação aberta, voluntá-
públicas ou autoridades de hierarquia equivalen- ria e transparente das atividades e dos resultados
te; e da organização, de maneira a fortalecer o acesso
z Gestão de Riscos: processo de natureza perma- público à informação.
nente, estabelecido, direcionado e monitorado
pela alta administração, que contempla as ativi- As diretrizes estão separadas em dois blocos dis-
dades de identificar, avaliar e gerenciar potenciais tintos de atuação, reparem no seguinte: os incisos I a
eventos que possam afetar a organização, destina- V se referem-se a medidas de cunho organizacional,
do a fornecer segurança razoável quanto à realiza- da mesma forma que os incisos IX, X e XI. Por outro
ção de seus objetivos. lado, os incisos VI, VII, e VII são pontos chave para a
tomada de decisão. Sendo assim, pense nas diretrizes
O artigo 3º da lei de Política de Governança apre- como forma de organizar e decidir.
senta os princípios que regem essa norma. Todo prin- Na sequência (art. 5º), a lei apresenta suas três
cípio tem valor fundante, ou seja, é a base onde se maiores ferramentas: os mecanismos de liderança,
constrói a legislação e, por isso, precisa decorar. Isso controle e estratégia.
mesmo, tem coisa que precisa decorar! Concurso é
guerra e para vencer vale o sacrifício. Liderança, Controle e Estratégia
São princípios da Governança Pública:
A definição de liderança é literal: compreende o
z Capacidade de resposta; conjunto de práticas de natureza humana ou com-
z Integridade; portamental exercida nos principais cargos das orga-
z Confiabilidade; nizações para assegurar a existência das condições
z Melhoria regulatória; mínimas para o exercício da boa governança. Ade-
z Prestação de contas e responsabilidade; e mais a lei refere que a liderança precisa de integrida-
z Transparência. de, competência, responsabilidade e motivação.
A estratégia é um reflexo das diretrizes que vimos
Depois de entender os princípios, vamos aprender anteriormente (incisos I a V e IX a XI). Compreenden-
ÉTICA E CIDADANIA

as grandes direções que essa lei quer seguir, o que do a definição de diretrizes, objetivos, planos e ações,
chamamos de diretrizes. Veja a redação do art. 4°: além de critérios de priorização e alinhamento entre
organizações e partes interessadas, para que os ser-
Art. 4º são diretrizes da governança pública: viços e produtos de responsabilidade da organização
I - direcionar ações para a busca de resultados alcancem o resultado pretendido.
para a sociedade, encontrando soluções tempes- O controle remete ao estudo dos incisos VI, VII, VIII
tivas e inovadoras para lidar com a limitação de e compreende processos estruturados para mitigar os
recursos e com as mudanças de prioridades; possíveis riscos com vistas ao alcance dos objetivos
II - promover a simplificação administrativa, a institucionais e para garantir a execução ordenada,
modernização da gestão pública e a integração dos ética, econômica, eficiente e eficaz das atividades da
serviços públicos, especialmente aqueles prestados organização, com preservação da legalidade e da eco-
por meio eletrônico; nomicidade no dispêndio de recursos públicos. 249
Nova Governança Pública X Nova Gestão Pública O decreto é realmente muito curto, sendo assim,
precisa ser lido várias vezes:
Segundo Paludo, a nova governança pública Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994
inclui a participação do mercado e da sociedade
civil nas decisões. Seria uma espécie de ponte entre Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissio-
os interesses do mercado e da sociedade civil e a nal do Servidor Público Civil do Poder Executivo
governabilidade. A nova governança contempla Federal, que com este baixa.
a possibilidade de múltiplas participações e par- Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração
cerias intra e interorganizacionais na tomada de Pública Federal direta e indireta implementarão,
decisão e na implementação/controle das políticas em sessenta dias, as providências necessárias à ple-
públicas, gerando corresponsabilidade. na vigência do Código de Ética, inclusive mediante
a Constituição da respectiva Comissão de Ética,
Administração pública, Augustinho Paludo, 2018, págs. 178-179. integrada por três servidores ou empregados titu-
(capítulo governabilidade, governança e accountability)
lares de cargo efetivo ou emprego permanente.
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Éti-
A Política de Governança é tarefa complexa, para ca será comunicada à Secretaria da Administração
auxiliar o presidente nessas questões foi desenhado o Federal da Presidência da República, com a indica-
Comitê Interministerial de Governança - CIG que ção dos respectivos membros titulares e suplentes.
tem por finalidade assessorar o Presidente da Repú- Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua
blica na condução da política de governança da admi- publicação.
nistração pública federal.
É importante revisar a composição do Comitê. O código inicia suas disposições estabelecendo
O CIG é composto pelos seguintes membros titula- as regras deontológicas. As regras deontológicas são
res (art. 8º): normas de conduta de uma determinada profissão.
No caso do decreto 1.171/94, as regras de conduta se
I - Ministro de Estado chefe da Casa Civil da Presi- aplicam aos servidores do poder executivo federal na
dência da República, que o coordenará; administração direta e indireta.
II - Ministro de Estado da Economia; e
III - Ministro de Estado da Controlaria-Geral da União.

Importante!
Merece destaque o ponto do art. 12-A da lei
9.203/17: “A participação no CIG ou nos grupos
de trabalho por ele constituídos será considera-
da prestação de serviço público relevante, não
remunerada”.

PROMOÇÃO DA ÉTICA E DE REGRAS DE CONDUTA Terminado o texto da lei, vamos nos deter nas
PARA SERVIDORES regras deontológicas que fazem parte do anexo, assim
no capítulo I, seção I temos alguns incisos que mere-
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil cem o devido comentário e os demais são de leitura
do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171, de 1994) obrigatória, são eles:

O decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994 foi I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a


sancionado pelo Presidente da República, tendo consciência dos princípios morais são primados
por base o disposto no art. 37 da constituição. E em maiores que devem nortear o servidor público, seja
leis esparsas (8.112/90 e 8429/92). no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que
Com a aprovação do Código de Ética Profissional refletirá o exercício da vocação do próprio poder
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes
ficam definidos os órgãos e entidades da Administra- serão direcionados para a preservação da honra e
ção Pública Federal direta e indireta como destinatá- da tradição dos serviços públicos.
rios da medida. O prazo para implementação foi de 60
(sessenta) dias, inclusive a Constituição da respectiva As palavras destacadas são de suma importância
Comissão de Ética que será integrada por três servi- para esta primeira parte e precisam ser sempre lem-
dores ou empregados titulares de cargo efetivo ou bradas. É interessante que você as decore!
emprego permanente.
II - O servidor público não poderá jamais desprezar
o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37,
caput, e § 4°, da Constituição Federal.

Nesse ponto estamos tratando do bem comum.


Veja só: o servidor deverá decidir com base em diver-
sos valores, todavia seu eixo principal de orientação é
o bem comum.
250
III - A moralidade da Administração Pública não VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servi-
se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo dor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que
ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem contrária aos interesses da própria pessoa interes-
comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalida- sada ou da Administração Pública. Nenhum Estado
de, na conduta do servidor público, é que poderá pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder cor-
consolidar a moralidade do ato administrativo. ruptivo do hábito do erro, da opressão ou da men-
tira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade
Sempre que falamos de moralidade ou de moral humana quanto mais a de uma Nação.
estamos nos referindo a normas de conduta ou con-
junto de normas e esse conjunto de valores, necessa- O servidor tem o dever de dar voz à verdade. Ainda
riamente, depende do equilíbrio entre a legalidade e que em prejuízo da administração ou do interessado.
a finalidade.
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tem-
po dedicados ao serviço público caracterizam o
esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa
que paga seus tributos direta ou indiretamen-
te significa causar-lhe dano moral. Da mesma
forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao
patrimônio público, deteriorando-o, por descuido
IV- A remuneração do servidor público é cus- ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa
teada pelos tributos pagos direta ou indireta- ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas
mente por todos, até por ele próprio, e por isso se a todos os homens de boa vontade que dedicaram
exige, como contrapartida, que a moralidade sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus
administrativa se integre no Direito, como ele- esforços para construí-los.
mento indissociável de sua aplicação e de sua fina- X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à
lidade, erigindo-se, como consequência, em fator de espera de solução que compete ao setor em que
legalidade. exerça suas funções, permitindo a formação de
longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
Essa informação despenca nas provas de concur- prestação do serviço, não caracteriza apenas ati-
so. Fique atento! tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
principalmente grave dano moral aos usuários dos
serviços públicos.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público
perante a comunidade deve ser entendido como
acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como Mais uma vez o Código de Ética demonstra seu
cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse interesse pelo desempenho do serviço público. Desta
trabalho pode ser considerado como seu maior vez, apresentando condutas que demonstram falta de
patrimônio. comprometimento.
VI - A função pública deve ser tida como exercí-
cio profissional e, portanto, se integra na vida XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às
particular de cada servidor público. Assim, os ordens legais de seus superiores, velando atenta-
fatos e atos verificados na conduta do dia-a- mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a
-dia em sua vida privada poderão acrescer ou conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e
diminuir o seu bom conceito na vida funcional. o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis
de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência
Nesse ponto o código de ética afirma que a vida no desempenho da função pública.
privada do servidor é relevante para o desempenho XII - Toda ausência injustificada do servidor de
de sua profissão. Note que os atos do profissional em seu local de trabalho é fator de desmoralização
sua vida privada podem afetar diretamente sua car- do serviço público, o que quase sempre conduz à
reira no serviço público. desordem nas relações humanas.

VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves- Geralmente somos cobrados nesse ponto da maté-
tigações policiais ou interesse superior do Estado ria e a expressão “injustificada” é retirada da questão,
e da Administração Pública, a serem preservados por isso fique atento!
em processo previamente declarado sigiloso, nos
termos da lei, a publicidade de qualquer ato XIII - O servidor que trabalha em harmonia com
administrativo constitui requisito de eficácia a estrutura organizacional, respeitando seus cole-
e moralidade, ensejando sua omissão comprome- gas e cada concidadão, colabora e de todos pode
timento ético contra o bem comum, imputável a
ÉTICA E CIDADANIA

receber colaboração, pois sua atividade pública


quem a negar. é a grande oportunidade para o crescimento e o
engrandecimento da Nação.
Dica
DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO
Segundo Hely Lopes Meirelles: “Ato administra-
tivo é toda manifestação unilateral de vontade Nesse ponto, o código de ética se foca nos deve-
da Administração Pública que, agindo nessa res do servidor. Novamente vamos separar algumas
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res- expressões que são essenciais para o estudo desse
guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar ponto.
direitos, ou impor obrigações aos administrados
ou a si própria”. XIV - São deveres fundamentais do servidor público: 251
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra-
função ou emprego público de que seja titular; balho, seguindo os métodos mais adequados à sua
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfei- organização e distribuição;
ção e rendimento, pondo fim ou procurando prio- o) participar dos movimentos e estudos que se rela-
ritariamente resolver situações procrastinatórias, cionem com a melhoria do exercício de suas fun-
principalmente diante de filas ou de qualquer outra ções, tendo por escopo a realização do bem comum;
espécie de atraso na prestação dos serviços pelo p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
quadas ao exercício da função;
setor em que exerça suas atribuições, com o fim de
q) manter-se atualizado com as instruções, as nor-
evitar dano moral ao usuário;
mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando onde exerce suas funções;
toda a integridade do seu caráter, escolhendo sem- r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as
pre, quando estiver diante de duas opções, a melhor instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou fun-
e a mais vantajosa para o bem comum; ção, tanto quanto possível, com critério, segurança e
d) jamais retardar qualquer prestação de con- rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.
tas, condição essencial da gestão dos bens, s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços
direitos e serviços da coletividade a seu cargo; por quem de direito;
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços t) exercer com estrita moderação as prerrogativas
aperfeiçoando o processo de comunicação e conta- funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de
to com o público; fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por usuários do serviço público e dos jurisdicionados
princípios éticos que se materializam na adequada administrativos;
prestação dos serviços públicos; u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun-
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e
ao interesse público, mesmo que observando as for-
atenção, respeitando a capacidade e as limitações
malidades legais e não cometendo qualquer viola-
individuais de todos os usuários do serviço público, ção expressa à lei;
sem qualquer espécie de preconceito ou distinção v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
cunho político e posição social, abstendo-se, dessa mulando o seu integral cumprimento.
forma, de causar-lhes dano moral;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO
nenhum temor de representar contra qual-
quer comprometimento indevido da estrutura XV - E vedado ao servidor público;
em que se funda o Poder Estatal; a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
i) resistir a todas as pressões de superiores hierár- tempo, posição e influências, para obter qualquer
quicos, de contratantes, interessados e outros que favorecimento, para si ou para outrem;
visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta- b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
gens indevidas em decorrência de ações imorais, servidores ou de cidadãos que deles dependam;
ilegais ou aéticas e denunciá-las; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,
conivente com erro ou infração a este Código de Éti-
Podemos separar algumas expressões chave do ca ou ao Código de Ética de sua profissão;
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar
que vimos até agora e que, se você as memorizar,
o exercício regular de direito por qualquer pessoa,
serão um grande diferencial para seu estudo dessa causando-lhe dano moral ou material;
matéria. São elas: “a tempo”, “rapidez, perfeição e ren- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cientí-
dimento”, “ser probo, reto, leal e justo”, e “ser cortês, ficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para
ter urbanidade”. atendimento do seu mister;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
exigências específicas da defesa da vida e da interfiram no trato com o público, com os jurisdi-
segurança coletiva; cionados administrativos ou com colegas hierar-
quicamente superiores ou inferiores;
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber
A conduta de greve é mencionada e defendida pelo qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prê-
código de ética. E não poderia ser diferente, o direi- mio, comissão, doação ou vantagem de qualquer
to constitucional da greve deve ser exercido, porém espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
deve existir equilíbrio entre a busca de direitos e a para o cumprimento da sua missão ou para influen-
manutenção de serviços de saúde e segurança. ciar outro servidor para o mesmo fim;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de deva encaminhar para providências;
que sua ausência provoca danos ao trabalho orde- i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que neces-
site do atendimento em serviços públicos;
nado, refletindo negativamente em todo o sistema;
j) desviar servidor público para atendimento a inte-
resse particular;
Novamente o servidor é impelido a demonstrar l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen-
rendimento e presença no local de trabalho. O exercí- te autorizado, qualquer documento, livro ou bem
cio desses valores termina por beneficiar o rendimen- pertencente ao patrimônio público;
to e o ambiente de trabalho e sua ordem. m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas
no âmbito interno de seu serviço, em benefício pró-
m) comunicar imediatamente a seus superiores prio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora
dele habitualmente;
252 público, exigindo as providências cabíveis;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que Meirelles, Hely Lopes. Direito Administrativo Bra-
atente contra a moral, a honestidade ou a dignida-
de da pessoa humana; sileiro. 44. ed. São Paulo: Editora Juspodivm, 2020.
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o
seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo
Federal e Comissões de Ética (Decreto nº 6.029, de
DAS COMISSÕES DE ÉTICA 2007)

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis- O decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007,


tração Pública Federal direta, indireta autárquica e institui o sistema de gestão da ética do Poder Execu-
fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que tivo Federal.
exerça atribuições delegadas pelo poder público, Como forma de organizar e padronizar os con-
deverá ser criada uma Comissão de Ética, encar- selhos de Ética, foi instituído o Sistema de Gestão da
regada de orientar e aconselhar sobre a ética Ética do Poder Executivo Federal com a finalidade de
profissional do servidor, no tratamento com as promover atividades que dispõem sobre a conduta
pessoas e com o patrimônio público, competin- ética no âmbito do Executivo Federal. As competên-
do-lhe conhecer concretamente de imputação ou cias do sistema são as seguintes:
de procedimento susceptível de censura.
z Integrar os órgãos, programas e ações relaciona-
Comissão de ética - Comissões formadas por três das com a ética pública;
servidores ou empregados com “cargo efetivo ou z Contribuir para a implementação de políticas
emprego permanente” públicas tendo a transparência e o acesso à infor-
mação como instrumentos fundamentais para o
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos exercício de gestão da ética pública;
organismos encarregados da execução do quadro z Promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a
de carreira dos servidores, os registros sobre sua compatibilização e interação de normas, procedi-
conduta ética, para o efeito de instruir e fundamen- mentos técnicos e de gestão relativos à ética pública;
tar promoções e para todos os demais procedimen- z Articular ações com vistas a estabelecer e efeti-
tos próprios da carreira do servidor público. var procedimentos de incentivo e incremento ao
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela desempenho institucional na gestão da ética públi-
Comissão de Ética é a de censura e sua fundamen- ca do Estado brasileiro.
tação constará do respectivo parecer, assinado por
todos os seus integrantes, com ciência do faltoso. O sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo
Federal é composto por 3 grandes grupos:
Dica
z A Comissão de Ética Pública (CEP), instituída
Censura é a única penalidade imposta pelo códi- pelo Decreto de 26 de maio de 1999;
go de ética. z As Comissões de Ética de que trata o Decreto
no 1.171, de 22 de junho de 1994;
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento z As demais Comissões de Ética e equivalentes nas
ético, entende-se por servidor público todo aquele entidades e órgãos do Poder Executivo Federal.
que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato
jurídico, preste serviços de natureza permanente,
Vamos dar especial destaque para a composição
temporária ou excepcional, ainda que sem retribui-
das comissões, uma vez que tal assunto é muito cobra-
ção financeira, desde que ligado direta ou indire-
do em concursos e deve ser, se possível, decorado:
tamente a qualquer órgão do poder estatal, como
as autarquias, as fundações públicas, as entidades
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades z CEP: 7 integrantes brasileiros com idoneidade
de economia mista, ou em qualquer setor onde pre- moral, reputação ilibada e notória experiência
valeça o interesse do Estado. designados pelo Presidente. O mandato será de
três anos, não coincidentes e com aceitação de
A definição de servidor público feita no decreto uma recondução.
1.171/94 só se aplica aos servidores do Poder Exe-
cutivo Federal na Administração Direta e Indireta. O trabalho desenvolvido na CEP não enseja remu-
Isso se deve ao fato de que o decreto é do Presidente neração, mas é considerado serviço público relevante.
da República. Caso fosse lei aprovada no Congresso
Nacional, teríamos uma abrangência muito maior. A CEP apresenta diversas competências, todas lista-
Fique muito atento ao fato de que o decreto não das no artigo 4º do decreto 6.029/07, dentre elas a mais
ÉTICA E CIDADANIA

abrange os servidores do judiciário ou do legislativo, importante é a seguinte: atuar como instância consul-
nem mesmo os servidores dos estados, municípios ou tiva do Presidente da República e Ministros de Estado
do Distrito Federal. em matéria de ética pública. Ou seja, a CEP deverá ser
capaz de dirimir dúvidas na área da gestão da Ética
REFERÊNCIAS no Executivo Federal, por isso a Comissão possui um
departamento Jurídico para prestar assessoria. Além
Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994. Aprova disso, deverá apurar informações recebidas por meio
o Código de Ética Profissional do Servidor Públi- de denúncias ou de ofício, quando presentes condutas
co Civil do Poder Executivo Federal. Disponível fiquem em desacordo com suas normas. Por fim, coor-
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ denará, avaliará e supervisionará o Sistema de Gestão
d1171.htm da Ética Pública do Poder Executivo Federal 253
As instâncias superiores dos órgãos e entidades do z Recomendação de abertura de procedimento
Poder Executivo Federal, abrangendo a administração administrativo, se a gravidade da conduta assim o
direta e indireta deverão observar as normas éticas e exigir.
de disciplina, constituir as próprias comissões de ética
e atender com prioridade as solicitações da CEP. Fica assegurado a todos os investigados, em respei-
Considerando o alto impacto que as ações desen- to ao contraditório e ampla defesa, o conhecimento do
volvidas pela CEP podem causar nos servidores que teor das acusações e o acesso aos autos (ainda que no
forem investigados, algumas medidas rígidas foram
recinto das Comissões de Ética). Por fim, fica garanti-
adotadas para preservar os investigados.
Deverá ser protegida a honra e a imagem das pes- do o acesso a cópias integrais dos processos e de certi-
soas investigadas, assim como a imagem do denun- dão do seu teor.
ciante deverá ser mantida em sigilo, se este for o seu As comissões de ética têm por dever proferir deci-
desejo, e os membros da CEP deverão ter independên- são sobre os temas de sua competência, independen-
cia e imparcialidade para apurar os fatos, com todas temente de omissão do Código de Conduta da Alta
as garantidas presentes no decreto 6.029/2007. Administração Pública. Eventuais omissões poderão
Possui legitimidade para provocar a atuação da ser supridas por uso da analogia ou dos princípios da
CEP qualquer cidadão (servidor ou não), pessoa jurídi- legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
ca de direito privado, associação ou entidade de classe, e eficiência.
visando a apuração de infração ética imputada a agente
público, órgão ou setor específico do ente estatal. Art. 17 As Comissões de Ética, sempre que consta-
tarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis,
Dica de improbidade administrativa ou de infração dis-
ciplinar, encaminharão cópia dos autos às auto-
Definição de agente público do Decreto 6.029/07 ridades competentes para apuração de tais fatos,
Entende-se por agente público, todo aquele que, sem prejuízo das medidas de sua competência.
por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico,
preste serviços de natureza permanente, tem- O texto do artigo 17 do Decreto é tremendamente
porária, excepcional ou eventual, ainda que sem importante, justamente pelo fato de lembrar às Comis-
retribuição financeira, a órgão ou entidade da sões de Ética que, além de realizarem seu dever, deve-
administração pública federal, direta e indireta. rão estar atentas aos possíveis desdobramentos que
poderão ocorrer em função das condutas praticadas.
Da apuração dos atos Os trabalhos nas Comissões de Ética que são
dispostas nos incisos II e III do art. 2º do Decreto
O Decreto organiza procedimento de apuração dos 6.029/07 são considerados relevantes e têm priorida-
atos praticados em seu desacordo. Desta forma, privi- de sobre as atribuições próprias dos cargos dos seus
legia o contraditório e a ampla defesa. As apurações membros, quando estes não atuarem com exclusivi-
poderão ser praticadas de ofício (sem provocação) dade na Comissão.
ou por meio de denúncia. É importante frisar que o Chegamos ao final de mais um assunto com grande
processo inicia com um prazo de defesa prévia, fato chance de ser objeto de questões nas provas do CESPE.
importante, posto que, acusações com pouca funda- Lembre-se: o Código de Conduta da Alta Administra-
mentação poderão ser combatidas desde logo. ção Federal, o Código de Ética Profissional do Servidor
Nos termos do Decreto “o processo de apuração Público Civil do Poder Executivo Federal e o Código
de prática de ato em desrespeito ao preceituado no
de Ética do órgão ou entidade serão aplicados ao ser-
Código de Conduta da Alta Administração Federal e
vidor ainda que essas autoridades e agentes públicos
no Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal será instaurado, de estejam em gozo de licença.
ofício ou em razão de denúncia fundamentada, res-
peitando-se, sempre, as garantias do contraditório e Código de Conduta da Alta Administração Federal
da ampla defesa”. (Exposição de Motivos nº 37, de 2000)
As apurações serão feitas pela Comissão de Ética
Pública ou pelas demais Comissões de Ética. Em todos Exposição de Motivos Nº 37, De 2000
os casos será notificado o investigado para manifes-
tar-se, por escrito, no prazo de dez dias. Além dis- A exposição de motivos representa a visão do
so, o investigado poderá produzir prova documental Governo na produção do Código de Conduta. Ela con-
necessária a sua defesa e as Comissões de Ética terão centra, verdadeiramente, o seu espírito. Nesse senti-
o poder de requisitar os documentos que entenderem do, antes de tudo, valerá como compromisso moral
necessários à instrução probatória e, também, promo-
das autoridades integrantes da Alta Administração
ver diligências e solicitar parecer de especialista.
Federal.
Após a conclusão do processo poderão ser adota-
das as seguintes medidas: Seus objetivos principais são: apresentar maior
lisura e transparência dos atos praticados na condu-
z Encaminhamento de sugestão de exoneração de ção da coisa pública.
cargo ou função de confiança à autoridade hie- Tomando por base uma visão mais global, per-
rarquicamente superior ou devolução ao órgão de cebeu-se que os países democráticos desenvolvidos,
origem, conforme o caso; conforme estudos da Organização para Cooperação
z Encaminhamento, conforme o caso, para a Contro- e Desenvolvimento Econômico (OCDE), enfrentam o
ladoria-Geral da União ou unidade específica do crescente ceticismo da opinião pública a respeito do
Sistema de Correição do Poder Executivo Federal comportamento dos administradores públicos e da
de que trata o Decreto n o 5.480, de 30 de junho de classe política. Essa falta de crença na Administração
2005, para exame de eventuais transgressões dis- prejudica o andamento do Governo e o Código de Con-
254 ciplinares; e duta tem a missão de combater essas falhas.
Percebeu-se que o anseio da sociedade não seria Os órgãos e as entidades do Poder Executivo Federal
atingido pela aprovação de mais dispositivos legais, assegurarão, às pessoas naturais e jurídicas, o direito de
posto que já existem em forma e quantidade abundan- acesso à informação que será proporcionado mediante
tes. Nos termos da exposição de motivos: “o anseio por procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente,
uma administração pública orientada por valores éti- clara e em linguagem de fácil compreensão, observados
cos não se esgota na aprovação de leis mais rigorosas, os princípios da administração pública e as diretrizes
até porque leis e decretos em vigor já dispõem abun- previstas na Lei nº 12.527, de 2011.
dantemente sobre a conduta do servidor público”.
O Código de Ética da Alta Administração Pública Essa é a regra: o Decreto e a Lei são de Acesso à Infor-
tem a clara intenção de abordar grande parte das mação. Acessar é a regra, restringir é uma exceção.
atuais questões éticas que separam o interesse públi-
co do interesse privado. Partindo-se do princípio de Esse ponto faz parte do texto do artigo 2º do Decre-
que tais questões, em diversas vezes não se revestem to que regulamenta a lei de acesso à informação e é
de violação de norma legal, mas, sim, desvio de con- muito cobrado em prova.
duta ética. O art. 3º da lei nº 12.527/11 determina que os pro-
A exposição de motivos aborda a origem de onde cedimentos previstos na Lei se destinam a assegurar
são recrutados a maior parte dos funcionários públi- o direito fundamental de acesso à informação e
cos do País, afirmando que “a base ética do funciona- devem ser executados em conformidade. com os prin-
lismo de carreira é estruturalmente sólida, pois deriva cípios básicos da administração pública (art. 37 da CF)
de valores tradicionais da classe média, onde ele é e com as seguintes diretrizes:
recrutado”. Partindo desse ponto rejeita a figura da
corrupção endêmica e defende que está é uma visão I - observância da publicidade como preceito geral
equivocada e injusta do funcionalismo. e do sigilo como exceção;
A intenção do código é claramente demonstrar que II - divulgação de informações de interesse público,
o exemplo “virá de cima” e que as condutas adotadas independentemente de solicitações;
pelos maiores gestores serão o modelo que ilumina e III - utilização de meios de comunicação viabiliza-
guia a condutas das demais categorias de servidores. dos pela tecnologia da informação;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
transparência na administração pública;
V - desenvolvimento do controle social da adminis-
Importante! tração pública.
O Código trata de um conjunto de normas que
sujeitam as pessoas nomeadas pelo Presidente Estamos selecionando os artigos de maior incidên-
da República para ocupar qualquer dos cargos cia e é inevitável realizar a leitura destes tópicos. Eles
previstos no código. É certo que a transgressão precisam ser lidos e repetidos, pois estarão presentes
dessas normas não implicará, necessariamen- em concursos.
te, em ilícito, mas, principalmente, em descum- Em seu artigo 3° (Decreto n° 7.724/12) o regula-
mento traz importantes definições:
primento de um dever moral e dos padrões de
qualidade estabelecidos para a conduta da Alta
I - informação - dados, processados ou não, que
Administração. podem ser utilizados para produção e transmis-
são de conhecimento, contidos em qualquer meio,
suporte ou formato;
As punições previstas no Código de Conduta da Alta II - dados processados - dados submetidos a qual-
Administração Pública são de caráter político: advertên- quer operação ou tratamento por meio de proces-
cia e “censura ética”. Como máxima sanção está prevista samento eletrônico ou por meio automatizado com
a sugestão de exoneração, dependendo da gravidade o emprego de tecnologia da informação;
da transgressão. Isso implica que o transgressor pode, III - documento - unidade de registro de informa-
também, ser exonerado ad nutum por quem o nomeou. ções, qualquer que seja o suporte ou formato;
Ou seja, não basta ser ético, é necessário também pare- IV - informação sigilosa - informação submetida
cer ético, em sinal de respeito à sociedade. temporariamente à restrição de acesso público em
razão de sua imprescindibilidade para a seguran-
ça da sociedade e do Estado, e aquelas abrangidas
pelas demais hipóteses legais de sigilo;
V - informação pessoal - informação relacionada à
ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA pessoa natural identificada ou identificável, relati-
CIDADANIA va à intimidade, vida privada, honra e imagem;
VI - tratamento da informação - conjunto de ações
ÉTICA E CIDADANIA

PROMOÇÃO DA TRANSPARÊNCIA ATIVA E DO referentes à produção, recepção, classificação, uti-


ACESSO À INFORMAÇÃO (LEI Nº 12.527, DE 2011 E lização, acesso, reprodução, transporte, transmis-
são, distribuição, arquivamento, armazenamento,
DECRETO Nº 7.724, DE 2012)
eliminação, avaliação, destinação ou controle da
informação;
O Decreto regulamenta, no âmbito do Poder Exe- VII - disponibilidade - qualidade da informação que
cutivo federal, os procedimentos para a garantia do pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equi-
acesso à informação e para a classificação de infor- pamentos ou sistemas autorizados;
mações sob restrição de acesso, observados grau e VIII - autenticidade - qualidade da informação que
prazo de sigilo (estas são as informações mais cobra- tenha sido produzida, expedida, recebida ou modi-
das em prova). Não tenha dúvida, os prazos que se ficada por determinado indivíduo, equipamento ou
referem a esses pontos precisam ser decorados. sistema; 255
IX - integridade - qualidade da informação não modi- inciso IV - informação primária, íntegra, autêntica
ficada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; e atualizada;
X - primariedade - qualidade da informação coleta- § 2º Quando não for autorizado acesso integral
da na fonte, com o máximo de detalhamento possí- à informação por ser ela parcialmente sigilosa, é
vel, sem modificações; assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio
XI - informação atualizada - informação que reúne de certidão, extrato ou cópia com ocultação da par-
os dados mais recentes sobre o tema, de acordo com te sob sigilo.
sua natureza, com os prazos previstos em normas
específicas ou conforme a periodicidade estabeleci- Do Pedido de Acesso à Informação
da nos sistemas informatizados que a organizam; e
XII - documento preparatório - documento formal Qualquer pessoa, natural ou jurídica, poderá for-
utilizado como fundamento da tomada de decisão mular pedido de acesso à informação. Esse pedido
ou de ato administrativo, a exemplo de pareceres e deverá ser facilitado, ou seja, deverá estar disponível
notas técnicas. em diversos formatos. Lembrem-se, a regra é acessar
a informação:
Outro ponto que deve ser destacado é que a busca
e o fornecimento da informação são gratuitos, ressal- Art. 12 do Decreto 7.724/12
vada a cobrança do valor referente ao custo dos servi- § 1º O pedido será apresentado em formulário
ços e dos materiais utilizados, tais como reprodução de padrão, disponibilizado em meio eletrônico e físico,
documentos, mídias digitais e postagem. Além disso, a no sítio na Internet e no SIC dos órgãos e entidades.
forma de acesso deve ser facilitada e no caso de infor- § 2º O prazo de resposta será contado a partir da
mações que não são sigilosas, não há necessidade de data de apresentação do pedido ao SIC.
explicação dos motivos para requisição dos dados. § 3º É facultado aos órgãos e entidades o recebimento
Por fim, está isento de ressarcir os custos dos ser- de pedidos de acesso à informação por qualquer
viços e dos materiais utilizados aquele cuja situação outro meio legítimo, como contato telefônico, corres-
econômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do pondência eletrônica ou física, desde que atendidos os
sustento próprio ou da família, declarada nos termos requisitos do art. 12.
da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983.
Art. 11 da LAI define a autorização e entrega ime-
Abrangência diata da informação que não for classificada, não sen-
do possível, estabelece o prazo de 20 dias e, por fim,
Reparem que entre a lei e o decreto existe uma cer- um prazo suplementar de mais 10 dias. O prazo máxi-
ta diferença. Na lei 12.527/11, temos o seguinte: mo para entrega dos dados é, nos exatos termos que o
CESPE cobra, “de até 30 dias”.
Art. 1° Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a O decreto e a lei proíbem exigências relativas aos
serem observados pela União, Estados, Distrito motivos do pedido de acesso à informação, além disso,
Federal e Municípios, com o fim de garantir o aces- existe a ferramenta do recurso quando os dados forem
so a informações previsto no inciso XXXIII do art. negados. Reparem no texto do art. 21 do Decreto:
5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216
da Constituição Federal. Art. 21 No caso de negativa de acesso à informa-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: ção ou de não fornecimento das razões da negativa
I - os órgãos públicos integrantes da administração do acesso, poderá o requerente apresentar recurso
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluin- no prazo de dez dias, contado da ciência da deci-
do as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério são, à autoridade hierarquicamente superior à que
Público; adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de
II - as autarquias, as fundações públicas, as empre- cinco dias, contado da sua apresentação.
sas públicas, as sociedades de economia mista e
demais entidades controladas direta ou indire- Importante também se atentar aos graus de sigilo
tamente pela União, Estados, Distrito Federal e que são apresentados no art. 26 do Decreto:
Municípios.
Art. 26 A informação em poder dos órgãos e enti-
Já no Decreto 7.724/12, a abrangência se apresenta dades, observado o seu teor e em razão de sua
da seguinte maneira: imprescindibilidade à segurança da sociedade ou
do Estado, poderá ser classificada no grau ultrasse-
Art. 5º Sujeitam-se ao disposto neste Decreto os creto, secreto ou reservado.
órgãos da administração direta, as autarquias, as
fundações públicas, as empresas públicas, as socie- Assim como é importante gravar os graus de sigilo,
dades de economia mista e as demais entidades é importante gravar também os prazos máximos para
controladas direta ou indiretamente pela União. cada um dos graus:
O artigo 7º da LAI (Lei de Acesso à Informação) é
um tesouro para o candidato e as informações de Art. 28 Os prazos máximos de classificação são os
maior destaque falam sobre 3 pontos: orientação, seguintes:
completude da informação e certificação da infor- I - grau ultrassecreto: vinte e cinco anos;
mação incompleta. Veja só: II - grau secreto: quinze anos; e
Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei III - grau reservado: cinco anos.
compreende, entre outros, os direitos de obter:
I - orientação sobre os procedimentos para a con- Pessoal, o artigo 29 trata da segurança das infor-
secução de acesso, bem como sobre o local onde mações que puderem colocar em risco a segurança do
poderá ser encontrada ou obtida a informação Presidente da República, Vice-Presidente e seus cônju-
256 almejada; ges e filhos. Nesse caso, os dados serão classificados no
grau reservado e ficarão sob sigilo até o término do maior prazo de proteção que a lei possui é o relativo a
mandato em exercício ou do último mandato, em esse tema. Nesse ponto é necessário realizar a leitura
caso de reeleição. completa do artigo 55 do Decreto 7.724/13.
Agora vamos tratar sobre a competência para clas-
sificar as informações. Aqui vale a seguinte regra: Art. 55 As informações pessoais relativas à intimi-
quem pode o mais pode o menos. Ex: a autoridade dade, vida privada, honra e imagem detidas pelos
competente para classificar uma informação como órgãos e entidades:
ultrassecreta pode escolher qualquer classificação I - terão acesso restrito a agentes públicos legal-
menos sigilosa. mente autorizados e a pessoa a que se referirem,
A classificação de informação é da competência independentemente de classificação de sigilo, pelo
dos seguintes cargos, de acordo com o grau de sigilo: prazo máximo de cem anos a contar da data de sua
produção; e
z Grau ultrassecreto: Presidente da República; II - poderão ter sua divulgação ou acesso por tercei-
Vice-Presidente da República; Ministros de Esta- ros autorizados por previsão legal ou consentimen-
do e autoridades com as mesmas prerrogativas; to expresso da pessoa a que se referirem.
Comandantes da Marinha, do Exército, da Aero- Parágrafo único. Caso o titular das informações
náutica; e Chefes de Missões Diplomáticas e Con- pessoais esteja morto ou ausente, os direitos de que
sulares permanentes no exterior. trata este artigo assistem ao cônjuge ou compa-
z Grau secreto: todas as autoridades anteriores nheiro, aos descendentes ou ascendentes.
+ titulares de autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista. Existe mandamento expresso no Decreto para que
z Grau reservado: todas as autoridades anteriores o tratamento das informações pessoais seja feito de
+ as que exerçam funções de direção, comando ou forma transparente e com respeito à intimidade, vida
chefia do Grupo-Direção e Assessoramento Supe-
privada, honra e imagem das pessoas, bem como às
riores (DAS), nível DAS 101.5 ou superior, e seus
liberdades e garantias individuais.
equivalentes.

As informações classificadas no grau ultrassecreto TRATAMENTO DE CONFLITOS DE INTERESSES E


ou secreto serão preservadas mesmo depois de venci- NEPOTISMO (LEI Nº 12.813, DE 2013 E DECRETO Nº
do seu prazo de sigilo, ou seja, serão sigilosas durante 7.203, DE 2010)
15, 25 ou 50 anos, a depender de sua classificação, e,
posteriormente, preservadas indefinidamente. Lei 12.813 de 2013
Essas informações serão classificadas como docu-
mentos de guarda permanente e se forem objeto de des- Dispõe sobre o conflito de interesses no exercício de
classificação serão encaminhadas ao Arquivo Nacional, cargo ou emprego do Poder Executivo federal e impedi-
na sessão de arquivo permanente do órgão público, da mentos posteriores ao exercício do cargo ou emprego.
entidade pública ou da instituição de caráter público, A lei 12.813 de 2013 refere as situações que con-
para fins de organização, preservação e acesso. figuram conflito de interesses envolvendo ocupantes
As informações sobre condutas que impliquem de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo
violação dos Direitos Humanos praticadas por agen- federal, os requisitos e restrições a ocupantes de cargo
tes públicos ou a mando de autoridades públicas não
ou emprego que tenham acesso a informações privile-
poderão ser objeto de classificação em qualquer
giadas, os impedimentos posteriores ao exercício do
grau de sigilo nem ter seu acesso negado.
Outro ponto que é constantemente cobrado é o art. cargo ou emprego e as competências para fiscaliza-
42. do Decreto 7.724/12. O referido artigo determina ção, avaliação e prevenção de conflitos de interesses.
que não poderá ser negado acesso às informações Submetem-se ao regime desta Lei os ocupantes dos
necessárias aos processos judiciais ou administrativos seguintes cargos e empregos de acordo com o art. 2º:
que se refiram a direitos fundamentais, ou seja, se o
processo tratar de um tema como liberdade ou pro- I - de ministro de Estado;
priedade, por exemplo, não haverá negativa de aces- II - de natureza especial ou equivalentes;
so aos dados. Porém, nesse caso, o requerente deverá III - de presidente, vice-presidente e diretor, ou equi-
apresentar razões que demonstrem a existência de valentes, de autarquias, fundações públicas, empre-
nexo entre as informações requeridas e o direito que sas públicas ou sociedades de economia mista; e
se pretende proteger. IV - do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores
Atenção, essa informação costuma vir na prova, - DAS, níveis 6 e 5 ou equivalentes.
porém substituem o prazo anual por algum prazo
incorreto. Vejamos o texto da lei: Além destes mencionados acima, de acordo com o
parágrafo único, se sujeitam ao disposto nesta Lei os
Art. 45 A autoridade máxima de cada órgão ou ocupantes de:
entidade publicará anualmente, até o dia 1º de Cargos ou empregos cujo exercício proporcione
ÉTICA E CIDADANIA

junho, em sítio na Internet: acesso à informação privilegiada capaz de trazer van-


I - rol das informações desclassificadas nos últimos tagem econômica ou financeira para o agente público
doze meses; ou para terceiro, conforme definido em regulamento.
II - rol das informações classificadas em cada grau A lei define como conflito de interesse:
de sigilo.
Art. 3º (...)
Informações pessoais I - conflito de interesses: a situação gerada pelo
confronto entre interesses públicos e privados, que
As informações pessoais têm grande proteção no possa comprometer o interesse coletivo ou influen-
sistema de acesso à informação e, dessa forma, pre- ciar, de maneira imprópria, o desempenho da fun-
servam a integridade e a vida privada. Reparem que o ção pública; e
257
II - informação privilegiada: a que diz respeito a Ainda que o cargo ou emprego já não esteja mais
assuntos sigilosos ou aquela relevante ao proces- sendo ocupado, ainda existem situações que podem
so de decisão no âmbito do Poder Executivo federal demonstrar conflito de interesses.
que tenha repercussão econômica ou financeira e
que não seja de amplo conhecimento público Art. 6º Configura conflito de interesses após o exer-
§ 2º A ocorrência de conflito de interesses indepen- cício de cargo ou emprego no âmbito do Poder Exe-
de da existência de lesão ao patrimônio público, cutivo federal:
bem como do recebimento de qualquer vantagem I - a qualquer tempo (esse ponto tem grande
ou ganho pelo agente público ou por terceiro. O chance de ser usado para montar uma asser-
mesmo tipo de princípio é adotado na Lei de Impro- tiva), divulgar ou fazer uso de informação privile-
bidade Administrativa. giada obtida em razão das atividades exercidas; e
Art. 4º O ocupante de cargo ou emprego no Poder II - no período de 6 (seis) meses, contado da data
Executivo federal deve agir de modo a prevenir ou a da dispensa, exoneração, destituição, demissão ou
impedir possível conflito de interesses e a resguar- aposentadoria, salvo quando expressamente auto-
dar informação privilegiada. rizado, conforme o caso, pela Comissão de Ética
§1º No caso de dúvida sobre como prevenir ou impe- Pública ou pela Controladoria-Geral da União:
dir situações que configurem conflito de interesses, o a) prestar, direta ou indiretamente, qualquer tipo
agente público deverá consultar a Comissão de Ética de serviço a pessoa física ou jurídica com quem
Pública, criada no âmbito do Poder Executivo federal, tenha estabelecido relacionamento relevante em
ou a Controladoria-Geral da União, conforme o dis- razão do exercício do cargo ou emprego;
posto no parágrafo único do art. 8º desta Lei. b) aceitar cargo de administrador ou conselheiro
§2º A ocorrência de conflito de interesses independe ou estabelecer vínculo profissional com pessoa físi-
da existência de lesão ao patrimônio público, bem ca ou jurídica que desempenhe atividade relacio-
como do recebimento de qualquer vantagem ou nada à área de competência do cargo ou emprego
ganho pelo agente público ou por terceiro. ocupado;
c) celebrar com órgãos ou entidades do Poder Exe-
Situações que Configuram Conflito de Interesses no cutivo federal contratos de serviço, consultoria,
Exercício do Cargo ou Emprego assessoramento ou atividades similares, vincula-
dos, ainda que indiretamente, ao órgão ou entidade
em que tenha ocupado o cargo ou emprego; ou
De acordo com o Art. 5º:
d) intervir, direta ou indiretamente, em favor de
interesse privado perante órgão ou entidade em
I - divulgar ou fazer uso de informação privilegia- que haja ocupado cargo ou emprego ou com o qual
da, em proveito próprio ou de terceiro, obtida tenha estabelecido relacionamento relevante em
em razão das atividades exercidas; razão do exercício do cargo ou emprego.
II - exercer atividade que implique a prestação de
serviços ou a manutenção de relação de negócio
Situações que configuram conflito de interesses
com pessoa física ou jurídica que tenha interesse
após o exercício de cargo ou emprego no âmbito do
em decisão do agente público ou de colegiado do
Poder Executivo federal de acordo com o art. 6º:
qual este participe;
III - exercer, direta ou indiretamente, atividade que
em razão da sua natureza seja incompatível com z A qualquer tempo: divulgar ou usar informação
as atribuições do cargo ou emprego, considerando- privilegiada;
-se como tal, inclusive, a atividade desenvolvida em z Durante 6 meses: prestar serviço, aceitar cargo
áreas ou matérias correlatas; ou celebrar assessoria, ou consultoria, ou ainda,
IV - atuar, ainda que informalmente, como pro- intervir em favor de interesse privado.
curador, consultor, assessor ou intermediário de
interesses privados nos órgãos ou entidades da A fiscalização e a avaliação das situações que teo-
administração pública direta ou indireta de qual- ricamente poderiam gerar conflitos de interesse são
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito funções da Comissão de Ética Pública, instituída no
Federal e dos Municípios; âmbito do Poder Executivo Federal. Verificada a ine-
V - praticar ato em benefício de interesse de pes- xistência de interesse, poderá a comissão autorizar
soa jurídica de que participe o agente público, seu o ocupante do cargo ou emprego a exercer a ativida-
cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos de, além disso poderá dispensar da “quarentena” (6
ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro meses) quem tenha ocupado o cargo.
grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir Quarentena refere-se a um período de tempo
em seus atos de gestão; contado a partir da exoneração do agente público,
VI - receber presente de quem tenha interesse em
enquanto o mesmo fica proibido de exercer atividade
decisão do agente público ou de colegiado do qual
conexa ou não à atividade que exercia anteriormente.
este participe fora dos limites e condições estabele-
Os agentes públicos sujeitos a conflito de interesse
cidos em regulamento; e
deverão enviar informações referentes a sua situação
VII - prestar serviços, ainda que eventuais, a empre-
sa cuja atividade seja controlada, fiscalizada ou
patrimonial completa e informações referentes a côn-
regulada pelo ente ao qual o agente público está juge, companheiro ou parente, por consanguinidade
vinculado. ou afinidade, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, no exercício de atividades que possam suscitar
conflito de interesses.
Importante! Igualmente deverão informar o convite para o
exercício de atividades, ainda que não sejam vedadas
Os incisos se aplicam aos ocupantes mesmo em e mesmo durante o período de 6 meses após a entrega
258 licença ou afastamento. do cargo ou emprego. Cada uma dessas situações será
analisada, restringida ou liberada. Caso ocorram ati- que as empresas estatais estão inseridas no
vidades que possam gerar conflito de interesse entre a âmbito da Administração Pública Indireta,
atividade pública e a privada, as unidades de recursos estão abrangidas pelas regras que vedam a prá-
humanos deverão informar ao servidor e à Controla- tica de nepotismo.
doria-Geral da União as situações que suscitem poten- z No julgamento da ADI 524, ficou decidido que o
cial conflito de interesses entre a atividade pública e a nepotismo não se aplica aos servidores de provi-
atividade privada do agente. mento efetivo, pois isso poderia inibir o próprio
O agente público deverá avisar sobre o convite provimento de cargos públicos e viola o livre aces-
recebido. Sendo assim, a responsabilidade de alertar o so aos cargos, empregos e funções públicas.
Poder Público sobre a atividade potencialmente gera- z Segundo entendimento do STF não há necessida-
dora de conflito de interesse é dele.
de de lei formal vedando a prática de nepotismo,
O art. 10 e o art. 11 demandam especial atenção:
uma vez que esta proibição decorre dos princípios
contidos no art. 37, da CF. Logo, lei estadual que
Art. 10 As disposições contidas nos arts. 4º e 5º e
no inciso I do art. 6º da lei 12.813/13 estendem-se a excepciona vedações à prática de ato de nepotismo
todos os agentes públicos no âmbito do Poder Exe- afronta diretamente a Constituição.
cutivo Federal. z Quantos aos cargos políticos, em regra não se
Art. 11 Os agentes públicos mencionados nos inci- aplica a súmula vinculante 13. A nomeação de
sos I a IV do art. 2º deverão, ainda, divulgar, diaria- parentes para cargos de natureza política somen-
mente, por meio da rede mundial de computadores te incidirá em desrespeito ao conteúdo normativo
- internet, sua agenda de compromissos públicos. da referida súmula caso se verifique fraude à lei.
Ressalta-se que, segundo o STF, deve-se analisar,
O agente que pratica as atividades que configu- ainda, se o agente nomeado possui a qualificação
ram conflito de interesse responderá conjuntamen- técnica necessária e se não há nada que desabone
te pelas condutas equivalentes presentes na Lei de sua conduta.
Improbidade Administrativa e na 8.112/90. Esta-
rá sujeito à aplicação da penalidade disciplinar de
Feita essa abordagem da Súmula Vinculante 13,
demissão, prevista no inciso III do art. 127 e no art.
vamos analisar a lei 7.203/10:
132 da Lei nº 8.112/90, ou medida equivalente.
Estabelece a vedação do nepotismo no âmbito dos
Decreto 7.203 de 2010 órgãos e entidades da administração pública federal
direta e indireta.
O ponto de estudo agora é da vedação ao nepotis- Um dos pontos mais importantes da 7.203/10 são
mo, em que pese a Súmula Vinculante 13, nosso edital as definições:
cobrou de forma expressa o decreto 7.203/10. Sendo
assim, vamos analisar ambos os textos legais. A vanta- z Considera-se órgão: a Presidência da República,
gem desse ponto é que ele nos prepara, também, para compreendendo a Vice-Presidência, a Casa Civil,
a prova de Constitucional. o Gabinete Pessoal e a Assessoria Especial; B) os
Nosso ponto de partida é a seguinte Súmula órgãos da Presidência da República comandados
Vinculante: por Ministro de Estado ou autoridade equiparada;
e C) os Ministérios;
Súmula Vinculante 13 z Considera-se entidade: autarquia, fundação,
empresa pública e sociedade de economia mista;
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente z Considera-se familiar: o cônjuge, o companheiro
em linha reta, colateral ou por afinidade, até o ter- ou o parente em linha reta ou colateral, por con-
ceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou sanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau.
de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na administração Importante!
pública direta e indireta em qualquer dos poderes Para as vedações previstas na lei 7.203/10
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante desig-
são consideradas como incluídas no âmbito
nações recíprocas, viola a Constituição Federal. de cada órgão as autarquias e fundações a ele
vinculadas.
“A Súmula Vinculante é um mecanismo cons­
titucional de uniformização da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal que possui força norma- Ficam vedadas, no âmbito dos órgãos e entida-
ÉTICA E CIDADANIA

tiva sobre os órgãos do poder judiciário, bem como des, as nomeações, contratações ou designações de
sobre toda a administração pública direta e indire- familiar de Ministro de Estado, familiar da máxima
ta, nas esferas feral, estadual e municipal.” autoridade administrativa correspondente ou, ainda,
familiar de ocupante de cargo em comissão ou fun-
Pontos que devem ser revisados sempre que se ção de confiança de direção, chefia ou assessoramen-
pensa em nepotismo to, para C.C. ou F.G., contratação para atendimento a
necessidade temporária ou de excepcional interesse
z A súmula vinculante 13 veda a prática de nepotis- público (sem processo seletivo) ou estágio (sem pro-
mo na administração pública direta e indireta em cesso seletivo). Da mesma forma ficam vedadas quais-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do quer formas de ajuste que caracterizem forma de
Distrito Federal e dos Municípios. Considerando burlar as restrições ao nepotismo. 259
Entram nesse tipo e restrição as designações recí- Um servidor público possui o dever de resistir às
procas envolvendo órgão ou entidade da adminis- pressões de superiores em hierarquia, interessados
tração pública federal. Existem casos especialmente ou contratantes que visem obter vantagens, favo-
vedados e são os relativos aos familiares do Presi- res ou qualquer outro benefício em função de ações
dente da República e do seu Vice, nessas situações, as indevidas.
vedações se abrangem todo Poder Executivo Federal.
A própria contratação de empresas fica atingida ( ) CERTO ( ) ERRADO
pela Lei 7.203/10, vejam só, as empresas ligadas às
pessoas citadas não poderão ser contratadas sem lici-
4. (CESPE – 2014) Julgue o item que se segue, relativo à
tação por órgão ou entidade da administração públi-
ética no serviço público.
ca federal onde exerçam suas funções, eles ou seus
familiares. Se uma autoridade administrativa proibir o uso de ber-
Escapam ao escopo da lei somente as nomeações, mudas ou shorts nas dependências de determinada
designações ou contratações de servidores federais repartição pública e essa vedação causar indignação
concursados (aposentados ou não) observada a com- entre seus subordinados, constatar-se-ão, nessa hipó-
patibilidade e complexidade das funções ou que ocu- tese, indícios de desvio ético na conduta do gestor.
pem cargo em comissão de nível mais alto que o do
agente público, ou ainda, que tenham sido contrata- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dos antes do início do vínculo familiar. Por fim, fica
impedida a manutenção de familiar (ocupante de C.C. 5. (CESPE – 2013) Julgue o item que se segue, relativo à
ou F.G.) sob subordinação direta do agente público.
ética no serviço público.
A Controladoria Geral da União é a responsável
O servidor que tentar iludir determinada pessoa que
por fiscalizar e comunicar os casos de nepotismo de
que tiver ciência. Serão apurados de forma específica necessite de atendimento no serviço público praticará
os casos em que haja indícios de influência de Minis- conduta vedada pelo respectivo código de ética, que
tro de Estado, autoridade administrativa correspon- prevê a possibilidade de aplicação da penalidade de
dente ou, ocupante de cargo em comissão ou função censura.
de confiança de direção, chefia ou assessoramento.
Como ferramenta de impedimento do nepotismo ( ) CERTO ( ) ERRADO
“disfarçado de empresa terceirizada” os editais de
licitação para a contratação de empresa prestadora 6. (CESPE – 2012) Com base no Código de Ética Pro-
de serviço terceirizado, assim como os convênios e fissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
instrumentos equivalentes para contratação de enti-
Federal, julgue o item a seguir.
dade que desenvolva projeto no âmbito de órgão ou
Há previsão legal para a criação de comitês de ética
entidade da administração pública federal, deverão
estabelecer vedação de contratação para os fami- em todos os órgãos e entidades integrantes da admi-
liares de agente público que preste serviços no órgão nistração pública.
ou entidade em que este exerça cargo em comissão ou
função de confiança. ( ) CERTO ( ) ERRADO

7. (CESPE – 2012) A respeito da ética no serviço público,


julgue o próximo item.
HORA DE PRATICAR! A comissão de ética do servidor público é composta
por três membros titulares que deverão ser servidores
1. (CESPE – 2015) Acerca de ética e função pública, jul- permanentes e designados pela autoridade máxima
gue o item que se segue.
do órgão respectivo ou da entidade.
As características requeridas dos ocupantes de cargos
públicos incluem concentração no trabalho, dedicação,
empenho para servir a comunidade e competência ( ) CERTO ( ) ERRADO
técnica.
8. (CESPE – 2016) Acerca do disposto nos Decre-
( ) CERTO ( ) ERRADO tos n.º 1.171/1994 e n.º 6.029/2007, julgue o item
subsequente.
Em razão da relevância do serviço público prestado, é
2. (CESPE – 2014) Com relação à ética no serviço públi- vitalício o mandato de membro integrante da Comis-
co, julgue o item subsequente. são de Ética Pública, o que evita interferências exter-
Caso um servidor, preocupado com o bem estar dos nas na atuação da comissão.
usuários os quais atende, opte por ocultar uma deci-
são oficial que contraria os interesses de determinado
( ) CERTO ( ) ERRADO
usuário, ele será considerado um servidor compromis-
sado eticamente com seu serviço e com sua relação
com o público. 9. (CESPE – 2013) Julgue o item a seguir, referente à
ética no setor público.
( ) CERTO ( ) ERRADO Apenas o agente público poderá provocar a atuação da
comissão de ética pública para a apuração de infração
3. (CESPE – 2014) Com relação aos princípios éticos, à ética imputada a servidor público.
sua aplicação no serviço público e aos marcos legais
260 relacionados, julgue o item subsecutivo. ( ) CERTO ( ) ERRADO
10. (CESPE – 2012) Acerca de ética e conduta pública, jul-
gue o próximo item.
Cabe ao sistema de gestão da ética do Poder Execu-
tivo federal compatibilizar e integrar as normas e os
procedimentos técnicos e de gestão relativos à ética
pública.

( ) CERTO ( ) ERRADO

11. (CESPE – 2008) Considere a seguinte situação hipotética.

Natália e sua equipe de servidores do setor de comu-


nicação de um ministério foram encarregadas de pre-
parar folheto destinado a divulgar as atividades da
Comissão de Ética Pública (CEP) e de explicar, em par-
ticular, as relações entre o presidente da República, os
ministros de Estado e a referida Comissão.

A partir dessa situação, julgue o próximo item, de


acordo com o disposto nos decretos n.os 6.029/2007 e
1.171/1994.

Suponha-se que o folheto preparado pela equipe de


Natália explicasse que as decisões tomadas pela CEP
não precisariam ser, necessariamente, seguidas pelo
presidente da República, visto que a Comissão se
caracteriza apenas como um órgão de aconselhamen-
to. Nesse caso, a informação do folheto estaria corre-
ta, pois, em matéria de ética pública, a CEP é, de fato,
instância consultiva do presidente da República e dos
ministros de Estado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9 GABARITO

1 CERTO

2 ERRADO

3 CERTO

4 ERRADO

5 CERTO

6 ERRADO

7 CERTO

8 ERRADO

9 ERRADO

10 CERTO

11 CERTO
ÉTICA E CIDADANIA

ANOTAÇÕES

261
ANOTAÇÕES

262
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

O BRASIL POLÍTICO: NAÇÃO E TERRITÓRIO


ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

Extensão territorial e limites

O Brasil está localizado na porção centro-oriental na América do Sul e é o maior país em extensão territorial do
subcontinente. O território é cortado pela Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, totalizando uma área
de 8.515.767 km2, sendo classificado como um país de dimensões continentais, e dentre os países com maiores
extensões territoriais do mundo está em quinto lugar, tratando de terras descontínuas, e quarto lugar, conside-
rando terras contínuas.
O país possui 23.086 km de fronteiras, destes 15.719 km são fronteiras terrestres, sendo que somente dois
países da América do Sul (Chile e Equador) não fazem fronteira com nosso país. A costa brasileira é banhada pelo
Oceano Atlântico e constitui um total de 7.367 km, indo do Cabo Orange ao Arroio Chuí.

GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

* Créditos da imagem: Deyvid Aleksandr Raffo Setti / Wikimedia Commons.

Formação Territorial do Brasil

Para compreendermos como se estruturou e se organizou a formação e consolidação do território brasileiro,


é necessário compreender e analisar os principais acordos e tratados internacionais que foram firmados com o
objetivo de definir bases do nosso território. 263
A base da fronteira política de uma nação ou país
se estrutura em três importantes fases: a definição
(por meio de acordos), a delimitação (em que se tem
o reforço cartográfico das linhas de limites definidas
em um mapa) e a demarcação (onde são definidos os
marcos fronteiriços por meio de acidentes geográficos
– rios, montanhas, serras, etc.).
Veremos agora os principais tratados que contri-
buíram para a formação e a construção territorial do
Brasil:
Tratado de Tordesilhas (1494) – No decorrer do
século XV, o processo conhecido como Expansão Marí-
tima Comercial Europeia ou Grandes Navegações,
conduziu duas nações da Europa – Portugal e Espanha
– a uma série de disputas por territórios na América,
que havia sido descoberta por Cristóvão Colombo em
1492. Dessa forma, a partir de 1494, foi assinado o Tra-
tado de Tordesilhas, que estabelecia uma divisão das
terras entre as duas potências: foi traçada uma linha
imaginária meridional, com o tamanho total distan-
te 370 léguas de Cabo Verde (arquipélago localizado
no continente africano), dessa forma as terras locali-
zadas a oeste desta linha pertenceriam a Espanha e
as terras localizadas a leste pertenceriam a Portugal. Fonte: Google Imagens.
Porém, com o avanço das atividades conhecidas como
Entradas assim como também as Bandeiras, esses
Tratado de Madrid (1750) - Visando definir novas
eventos foram importantes para o ocupação do inte-
fronteiras, portugueses e espanhóis realizaram um
rior do território por conta das atividades econômicas
novo acordo, neste acordo entraria em vigor o prin-
que vinham se desenvolvendo e pelo fluxo de pessoas
cípio do Uti Possidetis (a posse da terra era garantida
que deslocavam-se para estas áreas ocupadas por
para aquele que a ocupasse), critério adotado para
Portugal, e provocaram o processo conhecido como
estabelecer novos limites territoriais. Neste novo
interiorização, e assim os portugueses violaram os
acordo, os portugueses acabaram garantindo a posse
termos presentes no acordo, facilitando por exemplo
das terras ocupadas além da linha de Tordesilhas e
a construção de vilas, que no futuro serviriam para
ocorreu também a troca dos territórios de Sacramen-
o deslocamento da fronteira das terras portuguesas
to pelos territórios de Sete Povos das Missões (territó-
para a direção oeste.
rios localizados na região sul do país). Conforme pode
ser observado no mapa a seguir:
Veja a tabela a seguir:

ENTRADAS BANDEIRAS
Expedições organizadas As Bandeiras foram expe-
pela Coroa Portugue- dições realizadas entre os
sa, que antecederam as séculos XVI e XVII, finan-
Bandeiras e possuíam os ciadas por particulares,
objetivos de explorar o como os objetivos de tam-
território, auxiliar no ma- bém realizar o processo
peamento do território de ocupação do interior
brasileiro, estabelecer no- do país, capturar escravos
vas áreas de currais para que haviam fugido e o prin-
a criação de gado e no- cipal objetivo era buscar
vas terras para a prática áreas que possuíam re-
da agricultura. Posterior- servas de ouro, tendo em
mente, essas atividades vista que as primeiras ex- Fonte: Google Imagens.
passaram a ter objetivos pedições com esse obje-
variados, como por exem- tivo foram realizadas logo Tratado de Petrópolis (1903) - Durante o século
plo: conquistar territó- após a descoberta das XIX, ocorreram várias mudanças políticas em âmbito
rios ocupados por índios, primeiras minas de ouro nacional, em especial a partir de 1822, quando o Brasil
capturar índios para o em MG. Posteriormente, torna-se independente de Portugal, e após esse evento
trabalho em lavouras, na os Bandeirantes foram houve a consolidação do Império, período que ocor-
mineração, a captura de ocupando territórios no reu uma forte centralização política, evitando assim a
escravos refugiados, den- interior do país, para bus- fragmentação do território nacional. No fim do século
tre outros. car novas reservas desse XIX, um importante ciclo econômico desenvolveu-se na
mineral. região Amazônica (o Ciclo da Borracha), que motivou
a migração de milhares de pessoas para a região que
No mapa a seguir, pode-se observar os limites ter- vislumbravam através da exploração do látex uma for-
ritoriais definidos através da assinatura do Tratado de ma de fazer fortuna e ter uma vida melhor. Ao navegar
264 Tordesilhas. pela margem direita do Rio Amazonas, diversos grupos
de seringueiros chegaram ao território boliviano e ocuparam a região. O processo de ocupação foi conflituoso e
após diversos entraves, o governo brasileiro, na figura do Barão de Rio Branco, negociou a compra das terras que
hoje correspondem ao território do estado do Acre. Foi decidido o pagamento de uma indenização de dois milhões
de libras esterlinas, e a construção de uma saída para o Oceano Atlântico – a Ferrovia Madeira-Mamoré, pois o país
vizinho (Bolívia) havia perdido para os chilenos sua única saída para o mar.
A nova faixa pertencente ao território brasileiro encontrava-se – e ainda está assim – distante dos principais cen-
tros econômicos e políticos do país. Logo após a assinatura do acordo entre brasileiros e bolivianos, a região passou
a ser considerada um território federal, subordinado a administração localizada no Rio de Janeiro. No ano de 1962,
o presidente João Goulart homologou a lei que colocava o território do Acre na condição de estado da federação, pas-
sando assim a possuir administração própria e com seus respectivos poderes (Executivo, Judiciário e Legislativo).

Fonte: Google Imagens.

DIVISÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA

O Brasil atualmente está organizado em 27 unidades federativas, sendo que possui:

z 26 estados;
z Um Distrito Federal.

As Unidades Federativas (estados) estão organizadas em Municípios, e estes em Distritos.


Os estados e o Distrito Federal são chefiados por um governador, possuem uma capital, onde estão localizadas
as sedes de cada governo, já os municípios são governados pelo prefeito.
De acordo com a Constituição Federal, o Distrito Federal não pode ser dividido ou regionalizado em municí-
pios, mas possui uma divisão administrativa e é organizado em regiões administrativas.
Portanto, o Brasil é um Estado Federal, onde União, Distrito Federal e Municípios possuem autonomia homo-
gênea e ocupam, do ponto de vista jurídico, o mesmo plano hierárquico, e devem receber tratamento jurídico-for-
mal isonômico.
Mas, você sabe o que é uma federação?
De acordo com a C.F, o conceito de federação é:
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

“É a forma de organização do Estado adotada pelo Brasil que se caracteriza pela coexistência de um poder sobera-
no e diversas forças políticas autônomas, unidas por uma Constituição. Os entes que compõem a federação são: a
União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. A CF fala também em Territórios, divisões político-
-administrativa que, atualmente, não existem.”

Artigo 18 da Constituição Federal.

Podemos representar da seguinte maneira:

República Federativa do Brasil Estados Municípios Distritos *

* O Distrito Federal é uma unidade da federação e não é subdivisão de qualquer município. 265
nessa época e sua produção era voltada exclusiva-
A DIVISÃO INTER-REGIONAL DO mente para o mercado europeu.
TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO Neste período, devido a demanda de crescimento
populacional, tem início uma diversificação da produ-
BRASIL
ção para atender a demanda de consumo do merca-
do interno (porém nada que substituísse totalmente
A formação do espaço geográfico pode ser definida
os grandes produtos da economia brasileira), nestes
com base nas relações de poder que são estabelecidas
espaços secundários que aqui se formaram podemos
através dos diversos modos de produção e podem ser
destacar a produção de tabaco, algodão e cacau, em
motivadas por fatores sociais, políticos, econômicos
especial nas regiões do Recôncavo Baiano, Sertão Nor-
internos e externos, condicionados ao longo do tempo.
destino e sul da Bahia.
A formação de Estados com governos centraliza-
A estrutura produtiva era moldada de acordo com
dos (fruto da aliança entre rei e burguesia) provocou
as necessidades, nas grandes propriedades existia
a formação de um espaço geograficamente mais inte-
um complexo de produção constituído por engenho,
grado, nesse período, começava a articulação entre o
casa grande, senzala, áreas destinadas para a pecuá-
modo de produção capitalista (alteração das relações
ria, enquanto nas pequenas e médias propriedades
servis por um sistema assalariado).
o modelo dominante era a subsistência, que visava
A chegada dos colonizadores europeus na Améri-
atender aos interesses de pequenos grupos que habi-
ca provocou uma desorganização e uma desestrutu-
tavam as imediações das macroestruturas produtivas.
ração do espaço nativo aqui existente e a instalação A sociedade era patriarcal e escravagista, sendo
de um processo de colonização de exploração, com que o senhor de engenho tinha grande influência na
total submissão política e econômica aos interesses vida política e na economia.
da metrópole (conhecido como mercantilismo e ofi- A concorrência da cana-de-açúcar produzida nas
cializado através do Pacto Colonial – onde a colônia Antilhas contribuiu para a decadência deste ciclo eco-
só podia estabelecer relações comerciais com sua res- nômico. A região da Zona da Mata entra em proces-
pectiva metrópole), sendo assim, esta mercantilização so de marginalização dentro da estrutura econômica
da produção provocou a criação de espaços geográfi- brasileira, principalmente após a transferência da for-
cos distintos, separados por uma hierarquia colonial, ça produtiva para a região Sudeste.
estabelecida pelo pacto citado anteriormente. O mapa a seguir mostra os principais ciclos eco-
Até os anos 30 do século XX, a economia brasileira nômicos desenvolvidos no período colonial, com um
foi predominantemente agroexportadora, com base maior destaque para as atividades realizadas durante
na relação escravista de trabalho, que perdurou até o século XVIII.
1888 com a assinatura da lei Áurea que aboliu oficial- É importante destacar atividades que foram desen-
mente a escravidão no país. volvidas de forma paralela, porém simultânea, como
O Brasil colônia tinha como principal função ser- por exemplo a pecuária, com papel extremamente
vir como um complemento da economia da metrópo- importante no processo de interiorização do nosso
le europeia, aqui houve uma ocupação do litoral em país.
maior escala em detrimento da ocupação das porções
interiores do território no início da colonização, fato
este que proporcionou desigualdades regionais que
ainda podem ser observadas até os dias atuais.
O sistema de plantation (latifúndios com a práti-
ca da monocultura de gêneros tropicais) pautava a
macroeconomia nacional, dessa forma, o Brasil cons-
titui-se em um espaço geográfico periférico dentro do
sistema de acúmulos de capitais e riquezas nesta fase
do capitalismo mercantilista.
A economia colonial baseava-se no trabalho
compulsório, no início com a mão de obra indígena
e depois com o escravo africano. No contexto inter-
nacional da época, a economia estava integrada ao
processo de expansão do capitalismo mercantil e era
caracterizada por ciclos produtivos.
O primeiro ciclo econômico colonial foi o Pau-bra-
sil, presente na região da Mata Atlântica, a seiva era
usada no processo de tingimento de tecidos e a madei-
ra era utilizada na produção de móveis, este modelo
de exploração durou até por volta de 1555, quando
começa ocorrer uma escassez de matéria prima e a
elevação do custo, fato que diminuiu o interesse dos Fonte: Google Imagens.
colonizadores por este tipo de comércio.
A partir de 1530, um novo ciclo econômico tem iní- A partir do século XVIII, a mineração desenvol-
cio, sendo ligado a produção açucareira, com grande ve-se como principal ciclo econômico. Foram desco-
destaque nos séculos XVI e XVII, na região conhecida bertas reservas de ouro de aluvião, e esta atividade
como Zona da Mata nordestina, onde há a presença do contribuiu para impulsionar o processo de ocupa-
solo tipo massapé (muito ricos em nutrientes). A cana- ção da porção centro-sul do país, formaram-se vilas,
266 -de-açúcar era um produto extremamente importante que passaram posteriormente ao status de cidades,
ocorrendo assim a transferência de pessoas, serviços Além do café outros produtos foram desenvolvi-
e capitais para as áreas mineradoras. dos em espaços do território de formas diferentes,
A região Sudeste começa a desempenhar um papel como por exemplo a borracha na região da Amazônia.
extremamente importante tanto para o atendimento Tudo isso foi determinante para que o Brasil se encon-
das demandas de mercado externo como para estrutu- trasse fragmentado até por volta de 1930, sendo estes
rar o mercado interno. O desenvolvimento provocado espaços isolados e/ou fragmentados, classificados
pelo ciclo do ouro traz também um surto de urbaniza- como ilhas ou arquipélagos econômicos que se encon-
ção que facilitava o aumento das práticas comerciais travam totalmente ou parcialmente isolados entre si.
e o processo de interiorização do país, estes fatores
foram determinantes para a transferência da capital
do país para o Rio de Janeiro, provocando assim uma
reorganização espacial do país neste período.
Os primeiros sinais de decadência na produção
aurífera foram surgindo e consequentemente os capi-
tais eram destinados para outras atividades econômi-
cas, como por exemplo a produção de algodão – que
teve um aumento da demanda no mercado exter-
no, principalmente após a ocorrência da Revolução
Industrial na Inglaterra.
No século XIX, o país estava com um governo cen-
tralizador vinculado aos interesses aristocráticos e
escravagistas que divergia um pouco das ideias libe-
rais que emergiam em diversas localidades do mundo.
Os países centrais que já haviam passado por pro-
cessos de industrialização exigiam das nações perifé-
ricas maiores quantidades de matérias-primas, além
de mercados consumidores, fatores estes que provo-
caram uma mudança nas relações trabalhistas, pauta-
das no trabalho assalariado, porém com a resistência
muito forte das elites em colocar um ponto final no
processo de escravidão.
Neste período histórico, o produto que impulsio- A partir de 1929, em especial com a quebra da
nou a economia brasileira foi o café, e isso contribuiu Bolsa de Nova York, ocorreram profundas alterações
para o fortalecimento da aristocracia no sudeste do nas relações econômicas globais. No Brasil essa crise
país (região que concentrava a produção deste gênero internacional foi sentida no modelo agrário exporta-
agrícola). Ocorreram investimentos pesados no setor dor, em especial no espaço cafeeiro. A política do café
e toda a produção era destinada à exportação. com leite (Minas Gerais e São Paulo se revezavam na
Os espaços econômicos continuaram elitistas e as presidência da República), foi interrompida com a
desigualdades e injustiças sociais continuaram per- chegada de Getúlio Vargas no poder, que promoveu
meando a sociedade brasileira. Um dos grandes pro- mudanças políticas importantes no país.
Vargas incentivou a industrialização, tendo em
blemas sociais da época era a concentração fundiária
vista que o país necessitava de produtos e sem condi-
(a Lei de Terras de 1850 contribuiu para o aumento
ções de importar – a demanda de produção industrial
significativo da concentração de terras aqui no Brasil). nacional era insuficiente para atender a demanda de
A necessidade de investir na infraestrutura para consumo interno, dessa maneira o espaço econômico
atender a demanda de produção de café era cada vez brasileiro que era fortemente ligado ao agrário rural
mais intensa, foram realizados investimentos ele- foi gradativamente transferido para o urbano indus-
vados no transporte ferroviário, por exemplo, que trial, com destaque para o eixo São Paulo – Rio de
era a principal forma de ligação das áreas produto- Janeiro, que já contava com uma infraestrutura que
ras de café com os principais portos da época. O café favorecia essa mudança, além de contar com mercado
chegou a representar cerca de 65% das exportações consumidor em crescente expansão e capitais dispo-
brasileiras. níveis, provenientes da produção cafeeira.
Neste momento, a crise agrária e o pulsante desen-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Com o capital proveniente das exportações de café,


começaram a ocorrer investimentos gradativos no volvimento industrial provocaram um acelerado
setor industrial, com destaque para a figura do Barão êxodo rural, principalmente para e região centro-sul,
de Mauá, defensor de uma política industrial no nosso que futuramente passou a sofrer com a hipertrofia
urbana.
país. Essa nova atividade industrial concentrava-se no
Lembre-se:
sudeste, região que já contava com uma infraestrutu-
ra que atendia as demandas iniciais desse processo de
z Êxodo Rural: é o processo no qual ocorre a migração
industrialização. dos habitantes das áreas rurais para os centros
Medidas políticas e econômicas (substituição do urbanos, por diversos motivos: desemprego no
trabalho escravo pelo assalariado, investimentos em campo, busca por melhores condições de vida, etc.
infraestrutura de transportes e comunicações, incen- z Hipertrofia Urbana: é o processo no qual ocorre o
tivos ao crescimento do mercado consumidor interno) desenvolvimento desordenado e de forma rápida
foram importantes para o desenvolvimento ocorrido de regiões que passaram pelo processo de urbani-
no período. zação em um curto espaço de tempo, provocando 267
assim um inchaço populacional das cidades e pela acaba interferindo em um maior desenvolvimento
falta de estrutura que atenda às necessidades da das variadas localidades, e como consequências des-
população da cidade em questão. tas desigualdades regionais temos a questão estrutu-
ral ( na maioria dos casos precária), a falta de mão
O Presidente Vargas investiu na infraestrutura de de obra para atender a demanda do mercado de tra-
transportes e de comunicações, com o objetivo de pro- balho, e os gargalos estruturais (a falta de infraestru-
mover uma integração do território brasileiro, além tura) que impedem o maior desenvolvimento destas
de seu projeto ser nacionalista com forte intervenção regiões e que acabam se acentuando ainda mais com
estatal e de criação de indústrias de base, fortalecendo o passar dos anos.
assim o mercado nacional, porém, com os investimen-
tos e infraestrutura concentrados no Sudeste, houve
um aumento das disparidades econômicas regionais
no país.
A partir do governo do presidente JK, ocorre a
A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E
internacionalização da economia brasileira. Com AS GRANDES METRÓPOLES
a abertura para as multinacionais (em especial as
empresas automobilísticas), é colocado em prática Brasil: de agroexportador a urbano-industrial
o Plano de Metas: crescer 50 anos em 5, baseado no
seguinte tripé econômico: capital privado nacional, Até quase a metade do século XX (por volta de
capital estatal e capital privado internacional). O país 1940), o Brasil ainda era classificado como um país
investiu nas indústrias de bens de consumo, passan- que suas atividades econômicas estavam concentra-
do a partir desse momento a ter um parque indus- das em sua totalidade no meio rural: a maioria da
trial mais solidificado e um pouco mais diversificado, população vivia no campo. De acordo com o geógrafo
porém com a permanência das desigualdades regio- Milton Santos, o processo de urbanização brasileiro
nais existentes desde outros momentos históricos. foi rápido, intenso, violento e heterogêneo no século
O presidente JK, visando diminuir as desigual- XX, diferentemente de vários outros países do mun-
dades regionais, criou organismos responsáveis por do. Tal processo provocou um conjunto de mudanças
alavancar o crescimento de cada uma das regiões do entre as regiões do nosso país, de forma desigual tam-
país, como por exemplo a SUDENE (Superintendência bém, evidenciando o conjunto de transformações ter-
de Desenvolvimento do Nordeste).
ritoriais que ainda ocorrem no nosso país.
Nos governos militares foram criadas superinten-
O modelo agrário e exportador foi importante na
dências para outras regiões também (SUDECO, SUDAM,
estruturação urbana e territorial do país. Algumas
SUDESUL), com o intuito de promover uma desindus-
cidades como, por exemplo, São Paulo, Curitiba e Belo
trialização ou descentralização industrial para ame-
Horizonte, organizaram suas atividades comerciais
nizar e diminuir as desigualdades entre as regiões.
Um exemplo desta política de desenvolvimento foi a voltadas para a exportação. No final do século XIX
implantação de um projeto industrial no meio da flo- e início do XX, o processo de urbanização do nosso
resta Amazônica, o polo industrial da Zona Franca de país já ocorria de forma lenta e gradual, em especial
Manaus. Assim, várias cidades e capitais do “interior” centralizados nas cidades administrativas do setor
foram ganhando papéis de destaque dentro do proces- agrário exportador. No ano de 1872, cerca de 10% da
so de hierarquia urbana com seu processo de cresci- população brasileira vivia em áreas urbanas, nesse
mento econômico, por exemplo as cidades de Rio Verde contexto, destacamos as três principais cidades da
em Goiás e Araguaína no Tocantins que cresceram em época: Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE).
função da lavoura de soja e ganharam novos papéis de Observe os dados da tabela abaixo:
destaque, porém não sendo suficientes para reduzir e/
ou acabar as disparidades regionais existentes.
EVOLUÇÃO POPULACIONAL DAS CIDADES BRA-
Um outro fator importante na tentativa de integrar
SILEIRAS (1872 – 1900)
o país e diminuir as desigualdades existentes foi o pro-
cesso de expansão da fronteira agrícola para a região 1872 1900
Centro-Oeste e para a porção sul da Amazônia, assim
como a expansão da fronteira pecuária também, den- CIDADE POPULAÇÃO CIDADE POPULAÇÃO
tro de um contexto do processo de globalização da
Rio de 274972 Rio de 691565
agricultura. Um setor que também passou por um pro-
Janeiro Janeiro
cesso de desenvolvimento intenso, principalmente na
região Amazônica, foi o setor de extração de reservas Salvador 129109 São Paulo 239820
minerais, com destaque para a extração de minério de Recife 106671 Salvador 205813
ferro no estado do Pará (Serra dos Carajás).
Nos anos 80 e 90, o processo de desconcentração Belém 61997 Recife 113106
industrial em nível nacional continuou ocorrendo, Niterói 47548 Belém 96560
com grandes deslocamentos para as regiões Nor-
Porto 43998 Porto 73674
deste e Centro-Oeste, dentro de uma política estatal
conhecida como Guerra Fiscal ou Guerra dos luga- Alegre Alegre
res, forma encontrada pelos governos de estados e Fortaleza 42458 Niterói 53433
municípios para atrair complexos industriais para Cuiabá 35987 Manaus 50300
seus territórios, baseados em políticas de subsídios
( isenção fiscal como o principal), proporcionando São Luís 31604 Curitiba 49755
assim um maior processo de interiorização industrial São Paulo 31385 Fortaleza 48639
e fomentando o crescimento de cidades de pequeno
e médio porte. É importante salientar o processo de Fonte: SCARLATO, F, C. População e urbanização brasileira, In ROSS,
268 disparidades regionais existentes em nosso país, o que J.L.S (Org). Geografia do Brasil. São Paulo; Edusp; FDE, 1996, p.426.
No período entre 1940 e 1980, menos de 40 anos, cidades com outras funções centrais, como podemos
a localidade de residência de uma grande parcela da citar logo abaixo:
população se inverteu. De acordo com o Censo demo-
gráfico de 2010, no ano de 1940 o índice de urbaniza- z Função religiosa – Juazeiro do Norte (CE), Apare-
ção do país era de 31,24%. No ano de 1980, esse índice cida do Norte (SP).;
atingiu o percentual de 67,59%. A população total do z Função histórica e cultural – Ouro Preto (MG),
país triplicou durante essas quatro décadas, já a popu- Cidade de Goiás (GO), Paraty (RJ);
lação urbana multiplicou-se por mais de sete vezes z Função turística – Campos do Jordão (SP), Porto
nesse mesmo período. Em 2010, a população brasilei- Seguro (BA), Bonito (MS);
ra nas áreas urbanas representava cerca de 84,36% da z Função industrial – Contagem (MG), Cubatão (SP),
população total do país, com um número de habitan- Volta Redonda (RJ), Camaçari (BA), Suape (PE).
tes maior que toda a população do país em 1991. Já no
ano de 2020, de acordo com dados do IBGE, a popu- De acordo com o nível de importância histórica,
lação residente em áreas urbanas está em torno de algumas cidades podem exercer várias funções den-
84,4%, apresentando assim, uma certa estabilização tro de uma rede urbana, como é o caso da cidade de
em relação aos grandes deslocamentos populacionais, São Paulo. Com o passar do tempo, as cidades podem
o êxodo rural vem apresentando quedas significativas desenvolver outras funções dentro da rede urbana,
nas últimas décadas. aumentando assim os seus contatos com um número
É importante destacar que o crescimento urbano cada vez maior de lugares. Dessa forma, as cidades
ocorreu de forma paralela ao processo de industrializa- assumem o papel de dar dinâmica aos fluxos nos ter-
ção, esteve concentrado em algumas áreas no país, em ritórios, assumindo papéis para comandar as políticas
especial no Sudeste, destaque para São Paulo e as cida- comerciais regionais, nacionais e em alguns casos,
des industriais de seu entorno. O processo de industria- internacionais.
lização serviu como um incentivo para um processo
O acúmulo de funções por uma determinada cida-
acelerado de migrações internas para as regiões cita-
de permite que esta possua um maior poder territo-
das acima, neste contexto, as pessoas migravam em
rial, e essas funções são determinadas pela presença
busca de empregos e melhores condições de vida.
de grandes empresas, bancos nacionais e internacio-
Porém, vale destacar que, como é uma lógica do
nais, e também servirá para atrair populações das
próprio sistema capitalista, o crescimento populacio-
mais diversas localidades em busca de melhores con-
nal dos centros urbanos de forma acelerada e desor-
dições de vida.
denada foi superior à oferta total de vagas no mercado
As cidades quando crescem, não permitem só o
de trabalho para toda a população. Tal dado gerou
surgimento e o crescimento de redes urbanas, mas
uma maior competitividade por empregos, moradias
também contribui para o surgimento de redes ter-
nas áreas mais centralizadas e por alimentos, acirran-
ritoriais (transportes, telecomunicações, eletricida-
do a segregação especial. Os valores dos terrenos em
áreas urbanas não possibilitaram o acesso de grande de). Isso ocorre devido ao fato de quanto maior for
parte dos trabalhadores à casa própria e acabou por o crescimento de uma cidade, maior será a dinâmica
expulsar das áreas centrais das cidades os trabalha- de produção e distribuição de alimentos, assim como
dores mais pobres. Os trabalhadores se deslocaram o deslocamento de cargas, mercadorias e pessoas por
a procura de moradia em áreas inadequadas, degra- várias regiões do território. A densidade e o tamanho
dadas ou distantes dos centros das grandes cidades, das redes urbanas, assim como os nós difusores dos
gerando uma ocupação desordenada do espaço e pro- fluxos de informações, mercadorias, bens, serviços e
vocando a processo de formação de periferias e poste- capitais, fazem da rede urbana um fator importante
riormente a favelização. na organização do território.
Como as cidades são lugares de segregação e exclu- Do final do século XIX até por volta da década de
são, a dinâmica de construção de imóveis e de ocu- 1970, as cidades eram classificadas através de um sis-
pação de territórios atende ao interesse do capital tema de pirâmide. Ocorria entre as cidades um pro-
(muitas vezes especulativos), fazendo com que dentro cesso de dependência da cidade A com as cidades
de uma mesma área estejam lado a lado prédios ver- vizinhas e, posteriormente, para se relacionar com a
ticais de alto padrão, condomínios horizontais e em cidade mais importante nessa hierarquia. Cada cida-
áreas não tão distantes, fazendo com que uma grande de ocupava um papel dentro dessa hierarquia, e para
quantidade de pessoas vivam em condições extrema- ocorrer uma mudança no papel e na importância de
mente precárias, em barracos, embaixo de viadutos e cada cidade, deveriam passar por um processo com
até mesmo em caixas de papelão. No contexto atual, vários degraus e etapas, mudando assim a classifica-
estes fatores continuam ocorrendo, tendo em vista ção das cidades de acordo com a sua importância na
rede urbana. Subir esses degraus e passar por várias
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

que o processo de desigualdade e exclusão são cada


vez mais perceptíveis na sociedade brasileira. etapas significava ascender na hierarquia urbana.
Com o desenvolvimento dos sistemas de transpor-
A REDE URBANA BRASILEIRA tes e telecomunicações, ocorreram alterações e surge
uma nova hierarquia urbana. O desenvolvimento das
O processo de interligação entre as cidades possi- redes permitiu a integração de localidades mais dis-
bilita a formação de uma rede urbana. Neste processo, tantes aos grandes centros, através do deslocamento
cada cidade vai se especializando em atividades, cons- dos fluxos globais de informação, mercadorias e capi-
tituindo assim certa hierarquia entre os munícipios. tal de forma cada vez mais intensa.
Podemos citar o caso da cidade de Santos, onde está
localizado o Porto, que possui uma função especifica METRÓPOLES BRASILEIRAS
na rede urbana no estado de São Paulo. Dessa forma,
ocorre uma interação entre as atividades realizadas No ano de 2000, de acordo com dados do IBGE, exis-
no interior do estado e a cidade de Santos, em decor- tiam na rede urbana brasileira 9 metrópoles: duas pos-
rência da dinâmica do seu porto. Existem, assim, suíam alcance nacional ( São Paulo e Rio de Janeiro), 269
sendo que São Paulo já era considerada como uma cidade global, e sete metrópoles regionais – Porto Alegre, Curitiba,
Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém. Era uma característica associar o termo metrópole ao processo
de conturbação e de uma cidade central com população superior a 1 milhão de habitantes ou mais, que polarizavam
as demais cidades de seus entornos. Atualmente, o IBGE considera a existência de 15 metrópoles brasileiras, foram
agregadas ao grupo anterior Manaus, Brasília, Goiânia, Vitória, Florianópolis e Campinas (a única cidade que não é
capital considerada como metrópole nacional), vale destacar que as três últimas cidades foram inseridas no seleto
grupo de metrópoles nacionais agora em Junho de 2020.
A reclassificação do termo metrópole nacional vem ocorrendo desde o ano 2000, o IBGE juntamente com o IPEA
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), desenvolveram novos critérios e, de acordo com os estudos realizados, as
regiões metropolitanas sofreram alterações, que são as áreas conturbadas nas grandes metrópoles. Esse estudo con-
siderava a existência de 23 regiões metropolitanas, hoje já são 36 regiões. Os aspectos levados em consideração são os
seguintes:

z Nível de atração de investimentos e migração;


z A dinâmica econômica;
z A capacidade de atrair setores de tecnologia de ponta.

Nas regiões metropolitanas mais populosas concentram-se cerca de 37,26% da população do país.
Vale ressaltar que, de acordo com esses novos critérios, nem toda RM (Região Metropolitana) tem especifica-
mente uma metrópole.

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO NO BRASIL E MOVIMENTOS


MIGRATÓRIOS INTERNOS
O Brasil é o sexto país mais populoso do mundo. A população brasileira foi estimada em 211.755.692 habitantes em
5.570 municípios, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa com o total de habitantes
dos estados e dos municípios se refere a 1° de julho de 2020. População cresceu 0,77% em relação a 2019. O estado
de São Paulo segue na liderança, com 46,289 milhões de pessoas. Desses quase 84% vivem nas cidades e pouco
menos de 16% vivem no campo. Esse contingente populacional sobre uma área de 8515692 km² resultou em uma
densidade demográfica de aproximadamente 23,8 habitantes por km².
A heterogeneidade da população brasileira é uma marca em sua história, pois a população se distribui de
forma irregular pelo território nacional desde o período colonial. Onde a maior concentração populacional ocor-
ria na porção oriental do país, em uma faixa que tem a extensão aproximada de 200 quilômetros entre a faixa
litorânea e o interior. No mapa abaixo podemos ver como está distribuída a população pelo território brasileiro.

270
As razões para esta maior concentração populacio- centro-oeste e norte estão passando por um processo
nal nas porções centro-sul e litorânea do país se devem de desenvolvimento).
aos ciclos econômicos realizados ao longo da nossa his-
tória. Nosso país possui uma ocupação territorial diver- Já o termo povoado
sificada, demonstrando assim uma heterogeneidade O termo populoso refe- refere-se a forma como
estatístico-demográfica de sua população. Possuímos re-se à quantidade total a população se distribui
unidades da federação densamente povoadas, exemplos de pessoas em um país, pelo território, esse termo
de Brasília (444 hab./km²) ou Rio de Janeiro (365 hab./ estado, município. Refe- também pode ser explica-
km²), e possuímos também áreas com reduzidas densi- re-se ao número total de do por população relativa
dades demográficas por exemplo em Roraima ou Ama- habitantes de uma região, ou densidade demográfi-
zonas, ambas em torno de 2 hab./km². também conhecido como ca (número de habitantes
A concentração populacional na vertente (que população absoluta. por km² em uma determi-
é um termo frequentemente utilizado na geografia nada área).
como sinônimo de “lado”, “flanco”), que é resultante
do processo histórico de ocupação, que ocorreu da fai-
xa litorânea para o interior do país de forma gradual. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA POPULAÇÃO
Nas áreas litorâneas das regiões Sudeste, Nordeste, e BRASILEIRA
Sul, ocorrem elevadas taxas de densidade demográfi-
ca do país, em algumas chegam a ultrapassar a marca Para compreendermos melhor a questão demográ-
fica brasileira, é importante tomarmos conhecimento
de 10 mil hab./km², em contrapartida as taxas mais
dos seguintes dados divulgados recentemente pelo
baixas estão nos estados da região amazônica (norte
IBGE, e estes dados traçam um panorama geral da
do país) e na região Centro-Oeste. A cidade de Brasília
população brasileira:
é uma exceção, pois o processo de construção da cida-
Segundo dados divulgados pelo IBGE em 2020,
de foi em um momento específico da história do país,
a expectativa de vida do brasileiro é de 76,6 anos, a
como políticas criadas pelo Governo Federal para expectativa de vida dos homens é de 73,1 anos e para
ocupar diversas áreas do território nacional. A tabela as mulheres de 80,1. Esses indicadores vêm aumen-
a seguir mostra dados sobre nosso país e as regiões tando ano após ano desde a década de 40, quando
administrativas. a expectativa de vida do brasileiro era de 45,5 anos
(G1,2020). Nos recém-nascidos essa situação se repete,
POPULAÇÃO TOTAL a mortalidade infantil (quando a criança vem a óbito
BRASIL / DENSIDADE
(ABSOLUTA) EM antes de completar 1 ano de vida, para cada grupo de
REGIÃO (HAB. / KM²)
MILHÕES mil nascimentos), é maior entre os meninos, entre os
nascidos do sexo masculino em 2018 cerca de 13,8 não
Brasil 211.755.692 23,8 chegam ao primeiro ano de vida, já entre as meninas
este número é de 11,8 mortes a cada mil nascimentos
Sudeste 89.012.240 87
– dados do IBGE. (G1 em 2018.)
Nordeste 57.374.243 36,06 E esse padrão se repete ao longo da vida: quando
as mulheres completam 20 anos de idade, elas têm
Sul 30.192.315 42,5 cerca de 4,5 mais chances de chegar aos 25 anos que
um homem da mesma idade.
Norte 18.672.591 4,12
Essa diferença, de acordo com o IBGE se explica
Centro-Oeste 16.504.303 8,7 pela alta taxa de homicídios, suicídios, acidentes de
trânsito e outras mortes não naturais entre os indi-
víduos do sexo masculino. De acordo com o IBGE,
BRASIL / POPULAÇÃO POPULAÇÃO as causas de mortes em homens a partir dos anos 80
REGIÃO URBANA (%) RURAL (%) começavam a ter um papel significativo na socieda-
de brasileira – isso pode ser explicado pelo aumento
Brasil 84,4 15,6 populacional, agravamento da desigualdade social,
aumento da criminalidade, etc.
Sudeste 92,9 7,1
Um outro fator que tem consequência direta nas
Nordeste 73,1 26,9 questões demográficas é a mortalidade infantil – crian-
ças que vêm a óbito antes de completarem 5 anos de
Sul 84,9 15,1 vida - Essas taxas vem caindo aos longo dos anos, em
2019 esse número era de 14,4 contra 14,9 em 2017 e
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Norte 73,5 26,5 15,5 em 2015, as chances são maiores no grupo que tem
Centro-Oes- 88,8 11,2 menos de 1 ano de vida – o número registrado no ano
te passado é de cerca de 85% das crianças que morreram
e tinham menos que 1 ano. Porém, mesmo com esses
dados, as taxas de mortalidade infantil vêm diminuin-
Fonte: IBGE, Anuário da população Brasileira, julho, 2020. do, no ano passado foram registradas 14 mortes a cada
grupo de mil nascimentos, contra 17,2 em 2010 – dados
Apesar de serem menos populosas, as regiões Nor- do IBGE. No Brasil, a redução total de mortalidade
te e Centro – Oeste apresentam um constante aumen- infantil e morte na infância foram os seguintes:
to da representatividade populacional brasileira,
enquanto as demais regiões apresentam uma leve z Nos últimos 19 anos, os índices registraram queda
tendência de declínio. (este fato ocorre por conta da de 56,11% nas mortes de recém-nascidos e 59,8%
saturação das regiões que polarizavam as atividades para crianças de até cinco anos – dados do relató-
econômicas e agora as outras regiões do país, como rio da Unicef em 2020. 271
Em relação à expectativa de vida, o estado de San- Cada ciclo e período que o produto ficava em evi-
ta Catarina tem os maiores índices, com 79,9 anos ( 3,3 dência, dependia das condições do mercado externo (
anos acima da média nacional), e o estado do Mara- visto que os produtos eram voltados para exportação),
nhão tem a pior expectativa de vida, registrando 71,4, e necessitava de uma grande quantidade de mão-de-
seguido do Piauí com 71,6 e Rondônia com 71,9, ou -obra, provocando assim a ocorrência de grandes des-
seja, para cada criança nascida no Maranhão espe- locamentos populacionais de diversas regiões do país
ra-se ou estima-se que ela viva em média 8,5 anos a para as áreas produtoras (essas migrações chamadas
menos do que uma criança nascida em Santa Catari- de inter-regionais) ocorriam de forma moderada,
na. Todos os estados da região Nordeste têm dados havendo um aumento no volume de pessoas deslo-
abaixo da média nacional, ao contrário do que ocorre cando-se principalmente a partir da segunda metade
em todos os estados das regiões Sul e Sudeste, onde do século XX ( conforme fora dito anteriormente).
todos registram expectativa de vida para populações Após a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea – que
acima da média nacional. colocou um ponto final na escravatura –, os fluxos e os
O envelhecimento da população nacional e conse- deslocamentos populacionais aumentaram (o ex-es-
quentemente o aumento da expectativa de vida pode
cravo podia deslocar-se livremente pelo território –
ser explicado com o fenômeno da transição demográ-
fato que antes não era possível).
fica, onde são registrados um aumento da expectativa
As maiores migrações inter-regionais da história
de vida e de uma queda nas taxas de natalidade.
do Brasil foram realizadas por nordestinos para os
No gráfico abaixo podemos perceber o aumento da
grandes centros econômicos da Região Sudeste. Essas
expectativa de vida do brasileiro desde os anos 40:
migrações tiveram início ainda no século XIX, decor-
reram em maior quantidade durante o século XX, per-
sistindo até os dias atuais, mesmo que em um ritmo
menos acelerado nas últimas décadas – veremos os
motivos que contribuem para esse fenômeno mais
adiante.
Esses movimentos migratórios se deram em espe-
cial por conta do crescimento e desenvolvimento eco-
nômico alcançado pela Região Sudeste – a princípio
com a lavoura de café, depois com os surtos indus-
triais, mas também contribui para que ocorresse o
deslocamento de nordestinos em massa para o sudes-
te alguns fatores repulsivos (que expulsam ou forçam
a população a sair de uma determinada região) :

z O declínio que a economia do nordeste vinha


sofrendo há várias décadas;
z Fatores naturais como a falta de chuvas e conse-
quentemente a ocorrência de secas.

No fim dos anos 50, a construção de Brasília ser-


viu como um estímulo para a população nordesti-
na migrar para a porção central do país (havia uma
demanda de mão-de-obra elevada), fazendo com que
nos anos 60 a região Centro-Oeste fosse palco de uma
das maiores correntes migratórias da nossa história.
No sul do país, o processo de modernização da
agricultura (provocado pela mecanização do campo
(utilização de máquinas no processo de produção
Fonte: G1,2020.
agrícola) e a Revolução Verde) juntamente com a con-
centração fundiária (onde as terras pertencem a uma
MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL
pessoa ou a um grupo econômico) na região, impul-
O deslocamento populacional interno (também sionaram o deslocamento de pessoas para a região
conhecido como migrações), ocorre em nosso país central do país.
desde o período colonial, porém estes movimentos se Os fatores que contribuíram para a expansão da
intensificaram a partir do século XX, em especial após fronteira agrícola do Sudeste para o Centro-Oeste e,
a 1ª Guerra Mundial (1914 – 1918). logo depois para a região da Amazônia foram:
Na história do Brasil, nossa economia foi caracte-
rizada pelos ciclos ou fases, quando um determinado z A construção de uma malha rodoviária que pro-
produto surgia e consolidava como o mais impor- moveu a integração das regiões do país;
tante. Dessa forma, ocorreram os seguintes ciclos z O desenvolvimento de técnicas de correção dos
econômicos: solos do Cerrado;
z A assistência realizada pelos engenheiros agrôno-
z Ciclo da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII); mos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-
z Ciclo da mineração ou do ouro (século XVIII); cuária (Embrapa);
z Ciclo da borracha (entre 1870 e 1910); z Os financiamentos por parte dos governos esta-
272 z Ciclo do café (final do século XIX e início do século XX). duais e federal.
A inserção das regiões Norte e Centro-Oeste no processo produtivo do país fazia parte de um conjunto de ações
governamentais que tinham como objetivo principal promover a ocupação do interior do país e buscar a redução
das desigualdades existentes entre as regiões. Como proposta para auxiliar nesse processo foram criados órgãos
de planejamento e desenvolvimento regionais, especificamente para as regiões mais estagnadas do país. Como
por exemplo de iniciativas nesse sentido, podemos citar a SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia) e a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).
A construção de grandes rodovias, como por exemplo a Belém-Brasília, a Transamazônica e a Cuiabá-Santa-
rém, bem como a criação de projetos agropecuários e para a extração de recursos minerais, como por exemplo
o Projeto Carajás (no Pará), foram algumas das medidas adotas para inserir a região Amazônica no contexto de
desenvolvimento nacional.
Alguns fatores como a instabilidade política e econômica que eram marcantes, principalmente nos anos 80,
foram responsáveis por uma mudança de comportamento nos processos migratórios inter-regionais do país. A
crise econômica proporcionou a desconcentração produtiva ( deslocamento de indústrias e suas estruturas para
o interior do país), que buscavam medidas para deslocar-se através da política de incentivos fiscais ( redução de
impostos) que eram concedidos pelos governos municipais e estaduais, além do uso de mão-de-obra mais barata
presentes na porção interior do país e isso refletiu e contribuiu para a ocorrência de novos fluxos migratórios
intrarregionais.
Porém nas últimas décadas foi possível perceber uma redução do deslocamento de nordestinos para São Pau-
lo, por exemplo, na década de 1980, pela primeira vez na história o município registou uma saldo migratório
negativo: a diferença entre o número de pessoas que saíram e o número de pessoas que chegaram, entre 1980 e
1991, foi em torno de 750 mil. A maioria das pessoas que deixaram a metrópole do Sudeste foram para cidades
do interior do próprio estado, como Ribeirão Preto e Campinas. Muitas realizaram o fenômeno que no estudo da
demografia ficou conhecido como migração de retorno (voltando para as cidades nordestinas de origem), entre
1999 e 2004, cerca de 714 mil nordestinos deixaram o Sudeste e retornaram para a sua região de origem (isso se
deve ao fato de um maior desenvolvimento estar ocorrendo no Nordeste brasileiro).

Onde estão os imigrantes?

Observe o mapa a seguir:

GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Fonte: IBGE,2010. 273


Mesmo com as mudanças no quadro de desenvol-
vimento regional, a região Sudeste ainda continua
sendo o principal destino das migrações internas,
seguido pelo Nordeste e pelo Centro-Oeste. O Sudes-
te também é a região que possui a maior parcela de
habitantes que são oriundos de outras regiões, sendo
que a maioria desses migrantes que se encontram no
Sudeste tem como área de origem o Nordeste.
O Centro-Oeste é a região que apresenta o maior
percentual de imigrantes nascidos em outras regiões
(cerca de 34,1% de acordo com dados do IBGE em 2012).
A criação do órgão de desenvolvimento regional nos
anos 60, o Sudeco (Superintendência de Desenvolvi-
mento do Centro-Oeste), as políticas de subsídios que
foram ofertados para atividades agropecuárias, que
impulsionaram o agronegócio, serviram como fatores
de atração populacional para a região Centro-Oeste.
Por que as pessoas migram?
A migração pode ocorrer de diversas maneiras,
espontânea ou forçada. Nos casos em que o migrante
não se desloca por vontade própria, existem fatores
naturais ou conjunturais que impulsionam a sua saí-
da como por exemplo:
Êxodo Rural: movimento de deslocamentos de
pessoas das áreas rurais para as áreas urbanas por
conta do desemprego no campo, falta de moradia,
dentre outros fatores;
Transumância: é o tipo de movimento migratório
que é temporário e pode ser reversível e é determi-
nado pelas condições climáticas (sazonalidade), como
mudanças das estações ou secas temporárias;
Movimento Pendular: é um movimento migrató-
rio diário, comum em grandes centros urbanos-indus-
triais, onde os trabalhadores residem em uma cidade
e deslocam-se para trabalhar em outra, nesse caso a
cidade onde o cidadão mora passa a ser chamada de
cidade-dormitório.
No mapa a seguir temos os principais fluxos migra-
tórios do Brasil e os respectivos períodos da história
em que ocorreram:

INTEGRAÇÃO ENTRE INDÚSTRIA


E ESTRUTURA URBANA E SETOR
AGRÍCOLA NO BRASIL
REDE DE TRANSPORTE NO BRASIL

Modais e Principais Infraestruturas

Um fator de extrema importância para que toda


dinâmica ocorra é a rede de transportes. Para promo-
Disponível em: SANTOS, R. B. Migração no Brasil. São Paulo: ver o processo de integração entre os pontos distin-
Scipione, 1994. tos e longínquos do país é necessário que exista uma
rede de transportes integrada e articulada, ligando as
Já no próximo mapa temos a caracterização e diversas localidades e facilitando o deslocamento de
ocorrência dos fluxos migratórios que são conhecidos pessoas, bens, serviços e produtos.
como migração de retorno. Os migrantes que saem A rede de transportes tem um papel fundamental
principalmente do Sudeste e retornam para os seus para facilitar o escoamento da produção, o desloca-
274 estados de origem. mento de cargas, e, consequentemente, contribuir
para a injeção de capitais estrangeiros e para o cres- mais importante e relevante em relação ao transporte
cimento e desenvolvimento da economia. Em nosso ferroviário no Brasil é a Ferrovia Norte-Sul, que pos-
país, a opção encontrada para dinamizar este pro- sui algumas áreas concluídas e em operação.
cesso, principalmente a partir da segunda metade do A política de privatização dos anos 90 também
século XX, foi a canalização de recursos para o modal chegou ao setor ferroviário, e até contribuiu para o
(sistema de transportes) rodoviário, em especial a aumento da utilização do modal ferroviário, porém,
partir do governo do presidente JK, porém, a canaliza- continua atendendo a interesses e deslocamentos a
ção dos recursos para as rodovias provocou um suca- determinados grupos e regiões, a maior concentração
teamento dos modais ferroviários e hidroviários com da malha ferroviária ainda se encontra nas regiões
a redução dos recursos estatais para estes modelos de Sul e Sudeste.
transporte. O transporte hidroviário é o que possui a menor
O modal rodoviário foi, e ainda é, o principal meio participação no sistema de modais do Brasil, e isso
de deslocamento, transporte de bens, cargas e pessoas é uma grande contradição, já que nosso país possui
no país. A prioridade pelo transporte rodoviário sur- um grande potencial para desenvolver e utilizar esse
ge como forma de favorecimento de empresas estran- meio de transporte. A rede hidroviária presente no
geiras que se instalavam em nosso país, sobretudo a território brasileiro é ampla e vários rios das nossas
partir dos anos 50 do século XX com o governo JK, que bacias hidrográficas são navegáveis, não necessi-
facilitava a entrada de tais empresas no país. A políti- tando de grandes investimentos para construção de
ca do governo brasileiro era promover uma estrutu- estruturas. A justificativa dada para a não realização
ração do modal rodoviário, construir polos industriais de grandes investimentos em hidrovias no Brasil é a
de automóveis em todo o país, ampliar a geração de existência de rios de planaltos em nosso território,
empregos, proporcionar o crescimento da economia, que são rios que apresentam declives mais acentua-
e hoje com o desenvolvimento tecnológico no proces- dos (possuem quedas d’água ou são encachoeirados),
so fabril, a utilização de mão-de-obra em larga escala sendo necessárias obras para a correção de curso que
nesse setor é cada vez mais reduzida. facilitariam o transporte de cargas. Um outro agra-
Uma outra característica negativa deste proces- vante para a implantação deste meio de transporte é
so foi a concentração dos investimentos do setor de o fato de que os rios navegáveis, ou rios de planície,
transportes de forma desigual pelo território nacio- estão localizados em áreas afastadas dos grandes cen-
nal. A concentração desses investimentos na porção tros econômicos.
centro-sul e nas faixas litorâneas que ocorria predo- Ocorrem investimentos em rodovias em regiões
minantemente, passa por uma pequena alteração a que deveriam ocorrer os investimentos em hidrovias,
partir da decisão do governo federal de transferir a como por exemplo a Rodovia Transamazônica, uma
capital para a região central do país e construir Brasí- estrada que se encontra quase de forma paralela ao
lia, levando investimentos a locais que até então não Rio Amazonas, que é totalmente propício a navega-
eram conectados com o restante do país. Nesse con- ção. A partir dos anos 80 após a oficialização do Mer-
texto foram construídas as rodovias Belém-Brasília, cosul, os demais membros do bloco, Paraguai, Uruguai
Cuiabá-Porto Velho, Transamazônica, dentre tantas e Argentina, adotaram uma política de transportes de
outras. mercadorias para uma maior integração do chama-
Um aspecto negativo também a ser observado é o do Cone Sul, os investimentos por parte do Governo
fato de o Brasil possuir uma grande extensão territo- Federal, mas ainda são insuficientes para dinamizar
rial e o transporte modal rodoviário não ser o ideal esse meio de transporte. As principais hidrovias do
para o transporte, principalmente de cargas, entre Brasil são a Tietê-Paraná, a do Rio São Francisco, e a
grandes distâncias. O transporte rodoviário possui hidrovia do Rio Amazonas.
um custo de manutenção maior, os combustíveis são Os meios de transporte no Brasil necessitam de
mais caros, e a emissão de poluentes é maior (os auto- uma diversificação, além de investimentos que real-
móveis funcionam com combustíveis que são deriva- mente atendam a demanda especifica daquele modal
dos de petróleo). e da região em questão. O ideal seria promover a inte-
Nos anos 90, em decorrência da política neoliberal gração entre diferentes meios de transporte a partir da
(menor participação do Estado na tomada de decisões instalação de plataformas multimodais que permitem
em relação à economia) implantada no país, ocorreu uma dinâmica diferenciada em relação ao transporte
o processo de privatização das rodovias. de pessoas e cargas, o que proporcionaria a redução
O transporte ferroviário em nosso país foi o modal da dependência do transporte rodoviário. Também
predominante até as primeiras décadas do século XX, seria interessante que ocorressem investimentos que
já que esse modal estava ligado principalmente para promovessem a integração das porções Oeste e Nor-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

estruturar o deslocamento de produtos e mercadorias te do país, facilitando assim uma maior integração
relacionados à economia cafeeira, este é o motivo para com outros vizinhos a América do Sul e até um maior
a consolidação deste meio de transporte na região escoamento de produtos pela orla do Oceano Pacífico,
sudeste, principalmente. O transporte ferroviário tem ampliando as trocas comerciais, principalmente com
um alto custo no seu processo de implantação, mas os nações asiáticas.
custos relacionados a manutenção são relativamente Voltando ao transporte ferroviário, um trem pode
baixos, e nem isso foi suficiente para que muitas fer- ter uma carga que corresponde ao volume transporta-
rovias não ficassem sucateadas, abandonadas e mui- do por até 220 caminhões; um único vagão de metrô
tas até desativadas. tem capacidade suficiente para transportar 250 pas-
Existem alguns projetos de construção de ferro- sageiros, caso que seriam necessários 5 ônibus ou 50
vias em andamento, embora vários estejam com suas carros. A capacidade de transporte é uma vantagem
obras inacabadas, mesmo com as verbas destinadas que os trilhos possuem em relação aos outros modais
pelo Governo Federal, por meio do PAC (Programa de de transporte, além de ser mais seguro, mais barato e
Aceleração do Crescimento), para o setor. O projeto menos poluente. Os investimentos no setor são vistos 275
como alternativas mais prudentes para transformar
os caminhos do país, transportando cargas pesadas e A INTEGRAÇÃO DO
também transportando pessoas nos grandes centros BRASIL AO PROCESSO DE
urbanos e populacionais. INTERNACIONALIZAÇÃO DA
Nosso país está longe da realidade de nações euro-
peias. Por exemplo, as linhas de metrô em nosso país
ECONOMIA
totalizam 309 quilômetros em todas as cidades que
O Brasil é um país com enorme potencial para se
dispõem desse tipo de transporte, enquanto isso, firmar entre as grandes potências do mundo. Porém,
somente em Londres, são 402 quilômetros. Em rela- após um crescimento considerável no início deste
ção ao transporte de cargas cerca de 25% dos produ- século, na última década o processo de crescimento
tos são escoados por vagões, enquanto na Rússia esse econômico e os números do nosso PIB (Produto Inter-
percentual gira em torno de 88%. no Bruto – total de riquezas que o país produz em um
A movimentação sobre trilhos no Brasil passou a determinado período) vem apresentando resultados
ser um pouco maior nos últimos anos, no ano de 2016 desfavoráveis, e o grande desafio dos governantes é
o volume de cargas transportadas registrou o número conseguir garantir o processo de solidificação da eco-
de 503 toneladas, um aumento de 29,3% em relação nomia dentro desta lógica de internacionalização.
ao número registrado em 2006 e quase o dobro do A internacionalização econômica pode ser com-
volume de cargas nesse meio de transporte no ano de preendida como um grande mercado, resultado máxi-
1997. Dois produtos que são essenciais e importantes mo do processo de globalização. A partir dos anos 90,
para a economia do país, a soja e o minério de ferro, com o fim da lógica da bipolaridade entre capitalis-
foram os responsáveis para alavancar esses números. mo e socialismo, que era determinada pela Guerra
Fria, as nações do mundo começaram um processo de
Nos centros urbanos em diversas regiões, o trans-
estreitamento de laços, por meio da superação de bar-
porte sobre os trilhos vem ganhando importância.
reiras físicas e geográficas, bem como a superação de
O Brasil tem mais de 1.062 quilômetros para trens ,
barreiras políticas e ideológicas.
metrôs e VLT’s (veículos leves sobre trilhos), esses O modelo de um mundo globalizado e o processo
meios de transporte registraram um aumento em tor- de internacionalização ultrapassam qualquer barrei-
no de 37,4% na quantidade de passageiros na última ra de esfera econômica, e abrangem áreas como ciên-
década, para atender a esta demanda de crescimen- cia, política, cultura, etc.
to, houve a ampliação de 6,7% na extensão de linhas Mesmo sabendo que o processo de globalização
operacionais, 10,3% no número de estações, 17,6% no pregava uma maior interação entre os povos e nações
número de linhas. Por exemplo, o número de pessoas nos aspectos políticos, econômicos, culturais, territo-
que se deslocam diariamente na região metropolitana riais, financeiros, proporcionando assim a constru-
de São Paulo por meio dos sistemas de metrô ferroviá- ção de uma Nova Ordem Mundial, o que podemos
rios representa cerca de 70,4% do volume nacional, perceber hoje é um processo exatamente ao contrário,
que corresponde a 8,5 milhões de pessoas. que podemos chamá-lo de desglobalização, no qual os
O transporte sobre trilhos é recomendado para países promovem a adoção de medidas protecionistas
deslocamento por longas distâncias, principalmente e restritivas, que acabam por difundir uma tendên-
transporte de cargas, o que resulta em economias, por cia da sociedade moderna que é caracterizada por
um fechamento total, uma espécie de isolamento. Um
exemplo, no valor de um frete, que é quase a metade
exemplo deste processo é a Guerra Comercial entre os
se comparado com o modal rodoviário, o que poderia
EUA e China, disputando mercados, áreas de influên-
resultar também em uma redução do valor final do
cias, inovações tecnológicas, etc.
produto ao consumidor. Nosso país começa a se inserir nesse contexto
As vantagens relacionadas às questões ambien- com uma maior participação no cenário econômico
tais também são relevantes, o transporte ferroviário mundial, a partir dos anos 50, quando o então pre-
corresponde a um percentual de 25% do volume de sidente JK, desenvolve uma política governamental
cargas do país, e é responsável por apenas 2,2% das com a participação do capital provado tanto nacional
emissões de gases poluentes emitidos pelo setor de quanto internacional, que visava desenvolver o país
transportes. As ferrovias eletrificadas proporciona- em diversas áreas como (transportes, energia, por-
riam uma redução desses percentuais de poluentes tos, etc.) e também com políticas de incentivos fiscais.
emitidos ainda mais significativa, e os benefícios atin- Esse modelo desenvolvimentista do governo JK ficou
giriam uma gama maior de pessoas, pois onde passam conhecido como Plano de Metas, que tinha o seguinte
os cabos elétricos, passam também os cabos de inter- slogan: “Desenvolver o país 50 anos em 5.”
net e cabos de fibra óptica, democratizando assim A política do governo associada à lógica do capital
esses serviços em diversas regiões. (investidores nacionais e estrangeiros), juntamente
O setor agrícola é altamente dependente do setor com a disponibilidade de mão-de-obra, um mercado
consumidor em constante expansão, reservas de fon-
de transportes, e caso ocorra a instalação de platafor-
tes de energia e de matérias primas contribuíram para
mas multimodais, o setor cresceria ainda mais em vis-
atrair empresas estrangeiras transnacionais para o
ta do potencial de produção agropecuário que o país
território brasileiro. O parque industrial brasileiro
tem, conforme registramos aqui no tópico Evolução da foi expandido, houve um crescimento na produção
estrutura fundiária no Brasil. Segundo dados da CNA industrial de bens de consumo duráveis (automóveis
(Conferencia da Agricultura e Pecuária do Brasil), a e eletrodomésticos).
participação deste setor no PIB gira em torno de 21,4%. O processo de industrialização do país ocorreu de
As políticas econômicas para o agronegócio vêm se forma tardia e o modelo de produção adotado foi o For-
276 intensificando e se consolidando nos últimos anos dismo, um sistema tradicional que via a capacidade de
produção e a instalação dos grandes parques indus- As alíquotas são valores utilizados para calcular
triais como elementos fundamentais para o desen- qual será o valor de determinado tributo a ser pago
volvimento da atividade industrial. Esse modelo foi pela empresa, como impostos, taxas e contribuições.
concretizado com o presidente JK e foi ampliado de A grande dificuldade dos pequenos e médios
forma significativa durante o governo dos militares empresários nos dias atuais está relacionada com a
(1964 -1985), os governos militares investiram de for- dificuldade de realizar investimentos em tecnologia,
ma pesada na infraestrutura, realizando várias obras já que o crédito concedido para tal ação depende ain-
da da autorização e do resguardo do Estado. A questão
que foram denominadas faraônicas, os investimentos
burocrática acaba emperrando todo o processo, dessa
ocorreram em áreas como usinas hidrelétricas, rodo-
forma o Brasil acaba por implantar as políticas econô-
vias, etc., em diversas localidades do país.
micas neoliberais como uma política de Estado.
No Sudeste brasileiro, em especial no estado de No início dos anos 2000, o país passou por um
São Paulo, os munícipios localizados no interior come- período de crescimento econômico bastante signi-
çavam a desenvolver seus parques industriais. O final ficativo, com índices do PIB em torno de 6% ao ano,
da década de 60 e os primeiros anos da década de 70, entrando no seleto grupo das maiores economias do
foram marcados pela ocorrência do Milagre Econômi- mundo, chegando a ser classificado como um emer-
co Brasileiro, uma série de eventos e ações que ele- gente da economia mundial – e passou a fazer parte
varam nosso país ao posto de 8ª maior economia do do BRIC – grupo composto pelas economias emergen-
mundo, no ano de 1973, onde as taxas de crescimento tes do mundo no período: Brasil , Rússia, Índia e Chi-
do PIB brasileiro chegava a 10%. na, posteriormente o grupo passou a contar também
Entretanto, a implantação do modelo fordista em com a África do Sul (em 2011) e passou a se denomi-
nosso país promoveu sim, um crescimento econômi- nar BRICS.
co, que não foi acompanhado de um desenvolvimento O crescimento econômico do início do século não
estrutural regional. se repetiu na década seguinte e o país passou a enfren-
tar quedas significativas no seu PIB, em especial entre
os anos de 2014 e 2017, conforme pode ser visto na
tabela abaixo:
Importante!
O crescimento do PIB e um aumento da renda
RESULTADOS DO PIB BRASILEIRO SEGUNDO
per capita (por pessoa), nem sempre são acom- O IBGE
panhados de uma melhoria na qualidade de vida
dos cidadãos (visto que nosso país tem um his- ANO PIB
tórico de desigualdades sociais, conforme fora 2010 7,5%
citado anteriormente).
2011 4,0%

O crescimento econômico ocorrido no governo 2012 1,9%


dos militares foi responsável pela formação de uma 2013 3%
infraestrutura técnica e logística para o desenvolvi-
mento, porém faltou visão para uma política de pla- 2014 0,5%
nejamento, continuidade e prioridades, tanto que a
2015 -3,5%
década seguinte (anos 80), os militares não consegui-
ram dar continuidade neste processo e ocorreu uma 2016 -3,3%
saturação e um esgotamento do poder do Estado em
realizar políticas de desenvolvimento e implantação 2017 1,1%
de indústrias. O modelo no qual o Estado era agente 2018 2,2%
regulador do processo de desenvolvimento da econo-
mia, como muitos chamavam de Estado empresário, 2019 3,5%
aos poucos dava sinais que se esgotaria. A implanta-
ção de políticas econômicas que não foram bem suce- A balança comercial (saldo entre importações e
didas provocaram o aumento da inflação e da dívida exportações) brasileira vem desde 2017 apresentado
externa do país. As grandes potências do mundo, no superávits (as exportações estão superando as expor-
tações – em resumo o país está vendendo mais do que
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

mesmo período, começavam a adotar medidas eco-


nômicas neoliberais que buscavam uma redução do está comprando) desde 2017.
papel do Estado em vários setores da economia. A eleição do novo presidente Jair Bolsonaro, pro-
Nos anos 90, durante o governo Collor, ocorreu vocou uma mudança nas relações externas, com uma
maior aproximação com os EUA do presidente Donald
um processo acelerado de abertura econômica, jun-
Trump, e foi adotada uma política econômica defen-
tamente da redução das alíquotas de importações, de
dida pelo então Ministro da Economia Paulo Guedes,
privatizações de empresas estatais e uma desregula-
defensor do modelo neoliberal. Esse previa a implan-
mentação do Estado. Além da redução de subsídios, tação de um modelo de privatizações em vários
também ocorreram profundas mudanças na estrutu- setores da sociedade, porém, por enquanto, essa des-
ra industrial do país. Esse cenário de estímulo à com- burocratização e uma menor participação do Estado
petitividade não proporcionou às pequenas e médias Brasileiro nas questões econômicas não ocorreram.
empresas o suporte financeiro e técnico para suportar Na perspectiva internacional, é de extrema impor-
e se adequarem a essas mudanças e muitas acabaram tância ressaltar os três maiores parceiros comerciais
fechando as portas. do país: China, EUA e Argentina. A Guerra Comercial 277
entre EUA e China rendeu frutos positivos para o Bra- FORMAÇÕES Grupo de espécies consti-
sil em determinados momentos. Esse campo, bastante FLORESTAIS OU tuídas de árvores de gran-
vantajoso para o Brasil na política comercial com os ARBÓREAS de porte.
chineses, rendeu respectivamente em 2018 US$ 32,7
Árvores de pequeno por-
bilhões e em 2019 US$ 32,7 bilhões, de acordo com
FORMAÇÕES te (arbustos) e herbáceas
previsões do IBGE. ARBUSTIVAS (plantas com caule de con-
Porém, em 2020, um ano atípico por conta da pan- sistência mole).
demia do novo coronavírus, as projeções para a eco-
nomia do Brasil e de várias nações do mundo não são FORMAÇÕES Coberturas vegetais que re-
COMPLEXAS E vestem o litoral brasileiro.
muito animadoras. De acordo com as projeções do
LITORÂNEAS
FMI, o PIB do nosso país deve sofrer uma retração em
torno de 5,8%.
No plano internacional, algumas declarações de A partir de agora veremos as principais caracterís-
membros da alta cúpula do governo em relação aos ticas de cada um dos tipos de vegetação presentes no
chineses vem causando um certo desgaste com o par- território brasileiro.
ceiro asiático, fato este que pode comprometer a polí-
Formações Florestais ou Arbóreas:
tica econômica do país nos próximos anos.
Floresta latifoliada Equatorial ou Floresta Ama-
zônica – Essa floresta ocupa quase 40% do território
nacional, e vem sofrendo com a prática do desmata-
GEOGRAFIA E GESTÃO AMBIENTAL mento intenso ao longo dos últimos anos. A Floresta
Amazônica tem como principais características: mata
MACRODIVISÃO NATURAL DO ESPAÇO heterogênea, com milhares de espécies de vegetais,
BRASILEIRO: BIOMAS, DOMÍNIOS E sempre perene (as folhas se mantém verdes o tempo
ECOSSISTEMAS todo e não ocorre a perda das folhas pelas árvores), é
uma floresta densa, intricada (com plantas que ficam
bem próximas umas das outras), são divididas em três
A Fitogeografia (do grego, phytón planta) é o ramo
andares ou camadas (vegetação estratificada) de acor-
da Geografia responsável por realizar o estudo da dis-
do com a proximidade dos rios, classificadas a seguir:
tribuição dos vegetais na superfície da Terra. No Brasil
a vegetação original que cobria o território nacional z Mata de Igapó: Essa vegetação é encontrada ao
foi, em uma grande extensão territorial do país, des- longo dos rios e é inundada de forma permanente
matada por conta de atividades antrópicas (realizadas pelas cheias fluviais (do rio);
pelos seres humanos). z Mata de Várzea: vegetação que está sujeita a inun-
Ao longo da história do nosso país medidas foram dações ao longo dos rios;
tomadas para reduzir os níveis de desmatamento que z Mata de terra firme ou Caeté: vegetação encon-
ocorreu de forma desordenada e que ocasionou em trada em áreas com maior altimetria do relevo
(baixos planaltos), estas áreas estão livres de inun-
um desequilíbrio do clima e de toda a cadeia ecológica.
dações dos rios.

Como destaque das principais espécies vegetais da


Amazônia temos: seringueira, castanheira, guaraná,
cacaueiro, dentre outras.

Fonte: https://veja.abril.com.br/ - acesso em nov./2020.


Fonte: https://escolaeducacao.com.br/biomas-brasileiros/ - acesso
nov./2020. Floresta latifoliada tropical ou Mata Atlântica
– A Mata Atlântica, também conhecida como floresta
No Brasil podemos classificar as formações vege- latifoliada tropical foi explorada de forma intensa,
278 tais em três grupos: principalmente durante o período colonial – devido
a extração de pau-brasil – e praticamente não existe na porção oriental do Piauí até o estado do Rio Grande
mais. Além do pau-brasil, eram presentes também do Norte.
neste tipo de vegetação plantas de madeira nobre. O
que ainda resta da Mata Atlântica são alguns trechos
localizados nas encostas da Serra do Mar. Além do
pau-brasil como dito anteriormente, podemos encon-
trar espécies como: cedro, ipê, jacarandá, peroba, etc.

Fonte:https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/mata-dos-
cocais-babacu-e-carnauba-sao-fontes-de-recursos.htm - acesso em
nov./2020.

Matas de galerias ou ciliares – São conhecidas


como as pequenas florestas que se desenvolvem ao
Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/esperanca-para-a-mata- longo dos cursos dos rios, são encontradas em diver-
atlantica/ acesso em nov./2020. sas partes do território brasileiro, quanto mais pró-
ximas dos cursos d’água, maior é a diversidade desta
Mata de Araucárias ou Mata dos Pinhais – Esta vegetação, são vegetações fechadas e ricas, à medi-
vegetação localiza-se ao longo do Planalto Meridional da que ocorre o afastamento do leito do rio, ocorre
(regiões sul e sudeste), com uma extensão que vai do a redução da umidade, e aos poucos vão aparecendo
estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul, embora novas espécies que são menos necessitadas de água.
a maior concentração desta vegetação esteja no esta- São encontradas espécies como: sapucaia, paxiúba
do do Paraná. É conhecida como Mata de Araucária ou e palmeiras.
Floresta dos Pinhais (grande presença de pinheiros), é
uma formação vegetal presente no clima subtropical,
é homogênea e espaçada, suas folhas tem formato de
agulha (aciculifoliadas), neste tipo de floresta encontra-
mos espécies vegetais como: pinheiro, erva-mate, etc.

Fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais - acesso


nov./2020.

Formações Arbustivas e Herbáceas:

Caatinga: A caatinga também conhecida como


Fonte:https://cienciaeclima.com.br/extincao-e-ameaca-para-floresta- mata branca é o tipo de vegetação presente no Sertão
com-araucarias/ - acesso em nov./2020. Nordestino ou Nordeste semiárido (região com pou-
cas chuvas, são escassas e são distribuídas de forma
Mata dos Cocais – Os cocais, também conhecido irregular ao longo do ano). As principais característi-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

como palmeiras, localizam-se em grandes extensões cas da caatinga são:


nos estados do Maranhão e Piauí, é uma vegetação
de transição entre a Floresta Amazônica e a Caatinga z Vegetação com árvores e arbustos espinhentos ou
no sertão nordestino, suas principais espécies são: o que perdem as folhas durante a estação seca;
babaçu e a carnaúba, mas aparecem também espécies z São plantas xerófilas (vegetação que se adapta a
como: o tucum, o buriti, o açaí, o oiticica, etc. ambientes secos);
A vegetação dos cocais está localizada na parte z Presença de arbustos associados às cactáceas e às
ocidental do Nordeste, é uma importante fonte de bromeliáceas;
obtenção de renda para as populações locais, pois é z Vegetação com caules a galhos tortos, raízes pro-
explorada e utilizada na produção de cosméticos e fundas e em grande quantidade.
combustível (como o biodiesel). Em regra, a vegetação z Os solos nessa região quase sempre são pedrego-
está distribuída da seguinte forma: o babaçu é encon- sos, e são de pequena espessura;
trado em maior quantidade no Maranhão e na parte
ocidental do Piauí, enquanto a carnaúba está presente Na caatinga as espécies que podemos destacar são: 279
z Árvores e arbustos: angico, juazeiro, umbuzeiro. Campos:

z Cactáceas: mandacaru e xiquexique.


No Brasil os campos, também conhecidos como
z Bromeliáceas: macambira e caroá. Pampas, estão presentes na região sul do país, em
áreas com o relevo suave (pequenas alterações na alti-
metria – altura), podem se apresentar de forma contí-
nua (somente com gramíneas), ou com a presença de
pequenos arbustos que ficam isolados na paisagem,
que formam os chamados campos sujos. Dentre as ati-
vidades econômicas desenvolvidas nesta região temos
destaque para a pecuária extensiva – gado criado sol-
to em grandes extensões de terras, e a monocultura:
soja ou arroz.
Como espécies presentes neste tipo de vegetação,
destacam-se: barba-de-bode, gordura, mimosa, for-
quilha, flecha.

Fonte:https://nossaciencia.com.br/noticias/a-seca-e-essencial-para-
a-caatinga/ - acesso nov./2020.

Cerrado:

A vegetação Cerrado está localizada principalmen-


te na região central do país, porém pode ocorrer a
presença deste tipo nos estados de Minas Gerais, São
Paulo, Bahia, totalizando áreas que podem chegar a
Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/ja-ouvi-falar-no-
2000000 km². pampa-conheca-o-bioma-que-so-ocorre-rs/ - acesso nov./2020.
O Cerrado tradicional é composto por vegetação de
árvores e arbustos que estão associados a uma vege- Formações Complexas e Litorâneas:

tação baixa inferior, formada basicamente por gramí- Complexo do Pantanal: Denomina-se Comple-
neas (vegetação rasteira). O tipo climático presente xo do Pantanal o conjunto de diversas formações de
nas áreas onde ocorre o predomínio do Cerrado é o vegetação que estão presentes na área do Pantanal
Mato-Grossense, nesta região ocorrem inundações em
tropical subúmido, com duas estações bem distintas
períodos do ano, o que possibilita a existência de três
– uma chuvosa e outra seca, os solos do Cerrado são tipos de áreas: as áreas que estão sempre alagadas, as
em grande parte pobres e de baixa fertilidade (devido áreas que são periodicamente alagadas e as áreas que
estão livres de inundações.
aos altos índices de acidez). É comum a presença das
Como espécies de vegetais aqui nesta região, des-
seguintes espécies de vegetais: pau-terra, barbatimão tacam-se os diversos tipos de palmeiras do cerrado,
e as gramíneas ou vegetação rasteira. paratudo, capim-mimoso e vários bosques chaque-
nhos, com a presença de Quebracho e do angico, den-
tre outros tipos.

Fonte: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/11/16/
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/cerrado.htm - acesso estudo-aponta-escassez-das-aguas-do-pantanal-mato-grossense.
280 nov./2020. ghtml - acesso nov./2020
Vegetação Litorânea: orginalmente (Amazônia, Araucárias e Mares de Mor-
ros – Mata Atlântica) e os outros correspondem a áreas
No Litoral brasileiro existem dois tipos de vegeta- com um predomínio de espécies vegetais herbáceas
ção, veremos a seguir cada uma delas: e arbustivas (Cerrado, Caatinga e Campos – também
conhecido como pradarias).
z Vegetação das praias e das dunas (jundu) – São De acordo com os estudos do professor Ab’Sáber
vegetações arbustivas e herbáceas que conse- existem faixas de transição entre os domínios morfo-
guem sobreviver em solo arenoso, sofrendo fortes climáticos, como por exemplo o Pantanal, trechos de
influências da ação do mar (por meio das marés Cerrado e também da Caatinga, assim como a Mata
e dos ventos). Nas praias a vegetação é mais mir- dos Cocais e a Vegetação Litorânea – Mangues).
rada (pobre – grande quantidade de sal e poucos Observe o mapa abaixo com os domínios morfocli-
nutrientes), enquanto nas dunas a vegetação é máticos do Brasil de acordo com os estudos do profes-
mais diversificada e contínua, por conta da maior sor Ab’Sáber:
quantidade de nutrientes e menor quantidade de
cloreto de sódio presente na água do mar.

Fonte: http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/vrestinga.html - acesso


nov./2020.

Uma outra vegetação presente na faixa litorânea


é o mangue, esta vegetação está presente em faixas
litorâneas com clima tropical e que sofrem a ação das
marés ou da água salobra (salgada), as vegetações são Fonte:http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-
halófilas (ambientes salinos). fisica/dominios-morfoclimaticos.html - acesso nov./2020.

HORA DE PRATICAR!
1. (CESPE – 2019) No que diz respeito a populações tra-
dicionais, julgue o item a seguir.
Os povos indígenas, em sua diversidade, são um
exemplo de população tradicional que adota o siste-
ma de uso coletivo da terra e de seus recursos como
modo de vida sustentável e de combate à escassez.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (CESPE – 2018)

80
Fonte: https://cienciaeclima.com.br/mangues-afogados-pelo-
70 1950
aumento-do-nivel-do-mar/ - acesso nov./2020.
1960
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

60
1970
Domínios Morfoclimáticos do Brasil: 50 1980
1991
40
Os domínios morfoclimáticos podem ser com- 2000
preendidos como o resultado da interação entre os 30 2010
elementos físicos da paisagem (rocha, relevo, solo, 20
clima, vegetação e hidrografia). O geógrafo brasi-
10
leiro Aziz Ab’Sáber realizou estudos e estabeleceu
esta classificação citada anteriormente, de acordo 0
10% 8% 4% 2% 0% 2% 4% 8% 10%
6% 6%
com o professor essa delimitação ocorre a partir de
uma abordagem integrada da natureza, ao estudar
Fonte: IBGE – Censos Demográficos de 1950 a 2010 Pirâmide etária
somente o território brasileiro, a identificação e a brasileira entre 1950 e 2010. A. M. N. Vasconcelos; M. M. F. Gomes.
classificação são mais precisar. No Brasil foram iden- Transição demográfica: experiência brasileira. Epidemiol. Serv.
tificados seis grandes domínios morfoclimáticos – pai- Saúde, Brasília, 21(4):539-48, out.-dez./2012. Internet: <http://scielo.
sagísticos: três domínios abrangem áreas florestadas iec.pa.gov.br> (com adaptações). 281
Tendo as figuras precedentes como referência inicial,
julgue o item, a respeito da população brasileira.
O processo de envelhecimento da população brasilei-
ra iniciou-se na década de 90 do século passado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (CESPE – 2012) Sabe-se que, atualmente, mais da


metade da população mundial vive nas cidades, o que
é fator decisivo para a ampliação dos desafios sociais
e ambientais, como a pobreza, a fome e as mudanças
climáticas. No Brasil, o processo de urbanização da
sociedade, impulsionado pela Segunda Guerra e pela
Elizabeth Closs e Carla Helena Augustin Schwanke. A evolução do industrialização que avança celeremente desde a Era
índice de envelhecimento no Brasil, nas suas regiões e unidades Vargas, fez-se de forma rápida e não planejada. A des-
federativas no período de 1970 a 2010. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol.
peito dos enormes problemas daí decorrentes, o certo
Rio de Janeiro, 2012; 15(3):443-58, p. 447 (com adaptações).
é que o país chegou ao século XXI profundamente alte-
rado, sobretudo quando confrontado com a realidade
Tendo as figuras precedentes como referência inicial,
histórica que o caracterizou desde o período colonial. A
julgue o item, a respeito da população brasileira.
respeito dessa situação, julgue o item que se segue.
Em 1970, as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste evi-
Uma das razões para que a industrialização brasilei-
denciavam um momento de pré-transição demográfica.
ra acontecesse tardiamente encontra-se na modesta
taxa de crescimento da população até os anos 90 do
( ) CERTO ( ) ERRADO
século passado, fato que se reverteu apenas nas duas
últimas décadas.
3.(CESPE – 2018)
( ) CERTO ( ) ERRADO
80
70 1950 5. (CESPE – 2008)
1960
60
1970
50 1980
1991
40
2000
30 2010

20
10

0
10% 8% 6% 4% 2% 0% 2% 4% 6% 8% 10%

Fonte: IBGE – Censos Demográficos de 1950 a 2010 Pirâmide etária


brasileira entre 1950 e 2010. A. M. N. Vasconcelos; M. M. F. Gomes.
Transição demográfica: experiência brasileira. Epidemiol. Serv.
Saúde, Brasília, 21(4):539-48, out.-dez./2012. Internet: <http://scielo.
iec.pa.gov.br> (com adaptações).

IBGE, Brasil em números. Rio de Janeiro, 2006, v. 14, p. 66


(com adaptações)

Com auxílio dos dados apresentados no gráfico, que


mostra a pirâmide etária brasileira no ano de 2000 e a
sua projeção para 2020, julgue o seguinte item.
As mudanças apresentadas no perfil da pirâmide etária
brasileira estão relacionadas ao crescimento do empre-
go formal e à eliminação da subnutrição no país.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (CESPE – 2019) O Brasil é o país com a maior concen-


tração rodoviária de transporte de cargas e passagei-
Elizabeth Closs e Carla Helena Augustin Schwanke. A evolução do
ros entre as principais economias mundiais. Segundo
índice de envelhecimento no Brasil, nas suas regiões e unidades dados do Banco Mundial, referente a 2013, 58% do
federativas no período de 1970 a 2010. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. transporte no país é feito por rodovias — contra 53% da
282 Rio de Janeiro, 2012; 15(3):443-58, p. 447 (com adaptações). Austrália, 50% da China, 43% da Rússia e 8% do Canadá.
vulnerabilidade em relação aos países desenvolvidos, os
Mapa Rodoviário - 216 quais também dependem desse modal de transporte.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. (CESPE – 2019) Como salienta Milton Santos (1994),


a noção de território, na atualidade, transcende a ideia
apenas geográfica de espaços contíguos vizinhos que
caracterizam uma região, estendendo-se para a noção
de rede, formada por pontos distantes uns dos outros,
ligados por todas as formas e processos sociais; o
espaço econômico, nesse sentido, é organizado hierar-
quicamente, como resultado da tendência à racionaliza-
ção das atividades, e se faz sob um comando que tende
a ser concentrado em cidades mundiais, em que a tec-
nologia da informação desempenha papel relevante;
esse comando então passa a ser feito pelas empresas
por meio de suas bases em territórios globais diversos.

Considerando o texto apresentado, que destaca o Internet: <www.fgv.br> (com adaptações).


papel do modal rodoviário de cargas e passageiros no
Brasil, e a figura precedente, que ilustra como a rede Tendo o texto precedente como referência inicial, jul-
rodoviária integra as diversas regiões que compõem o gue o item.
território nacional, julgue o item a seguir. No Brasil, o setor de serviços ampliou a sua partici-
O custo do frete e as grandes distâncias a serem pação no PIB; o setor agropecuário, estratégico na
percorridas entre as regiões produtoras e os centros economia brasileira, se tornou mais complexo, o
urbanos consumidores e os portos de exportação são que permitiu a ampliação de diversos serviços rela-
fatores que impactam diretamente no preço dos pro- cionados aos diferentes momentos do processo de
dutos agropecuários e industriais brasileiros e em sua produção/consumo, como os setores de tecnologia,
competividade nos mercados nacional e internacional. transporte e finanças.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

7. (CESPE – 2019) O Brasil é o país com a maior concen- 9. (CESPE – 2017) Julgue o próximo item, acerca da for-
tração rodoviária de transporte de cargas e passagei- mação territorial e de questões ambientais brasileiras.
ros entre as principais economias mundiais. Segundo A disputa internacional pelo controle e pela biodiver-
dados do Banco Mundial, referente a 2013, 58% do sidade da porção brasileira do território amazônico
transporte no país é feito por rodovias — contra 53% levou o Brasil a instituir projetos de proteção da região
da Austrália, 50% da China, 43% da Rússia e 8% do baseados em tecnologia moderna.
Canadá.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Mapa Rodoviário - 216 10. (CESPE – 2016) País de território misto, marcado a um
só tempo pela continentalidade e maritimidade, o Bra-
sil tem, na análise dos clássicos da teoria geopolítica
relacionados ao poder naval (Mahan) e na da teoria
do poder terrestre (Mackinder), importantes questões
para a discussão de uma visão estratégica contem-
porânea, em um contexto em que há um importante
aumento da estrutura política e econômica do país no
cenário mundial.

Ronaldo Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica


brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a “grande
estratégia” do Brasil para o Século XXI. São Paulo: Universidade de
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

São Paulo, 2012 (com adaptações).

Tendo como referência inicial o trecho do texto de


Ronaldo G. Carmona, julgue o item seguinte, acerca de
continentalidade, maritimidade e geopolítica brasileira
Considerando o texto apresentado, que destaca o no século XXI.
papel do modal rodoviário de cargas e passageiros no A vasta extensão territorial do Brasil, que corresponde
Brasil, e a figura precedente, que ilustra como a rede a 47% do território sul-americano, indica a necessida-
rodoviária integra as diversas regiões que compõem o de de segurança das fronteiras com seus países vizi-
território nacional, julgue o item a seguir. nhos, de responsabilidade dos órgãos de segurança
A rede de transporte rodoviário integra todo o território pública, da Secretaria da Receita Federal e das forças
brasileiro, com rodovias conectando em rede todos os armadas.
municípios das cinco macrorregiões do território nacional,
e a predominância desse modal de transporte é fator de ( ) CERTO ( ) ERRADO 283
11. (CESPE – 2016) País de território misto, marcado a um só Tendo como referência inicial o trecho do texto de
tempo pela continentalidade e maritimidade, o Brasil tem, Ronaldo G. Carmona, julgue o item seguinte, acerca de
na análise dos clássicos da teoria geopolítica relaciona- continentalidade, maritimidade e geopolítica brasileira
dos ao poder naval (Mahan) e na da teoria do poder terres- no século XXI.
tre (Mackinder), importantes questões para a discussão O fato de o Brasil possuir um vasto litoral com impor-
de uma visão estratégica contemporânea, em um contex- tantes reservas de recursos naturais é, por si só, indi-
to em que há um importante aumento da estrutura política cativo de que o país deve investir na força naval de
e econômica do país no cenário mundial. defesa de seu território oceânico.

Ronaldo Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica ( ) CERTO ( ) ERRADO


brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a “grande
estratégia” do Brasil para o Século XXI. São Paulo: Universidade de
14. (CESPE – 2004) A Amazônia foi alvo de diversos pla-
São Paulo, 2012 (com adaptações).
nos e projetos de desenvolvimento. Diante do papel
assumido pela região nas últimas décadas, a visão do
Tendo como referência inicial o trecho do texto de
vazio populacional não vigora mais.
Ronaldo G. Carmona, julgue o item seguinte, acerca de
Acerca desse assunto, julgue o seguinte item.
continentalidade, maritimidade e geopolítica brasileira
Apesar de fazer limite com diversos países, a Ama-
no século XXI.
Em relação à segurança nacional, as bacias hidrográ- zônia brasileira goza de estabilidade e segurança em
ficas amazônica e do Paraguai são consideradas não suas fronteiras com esses países. Contribui para essa
prioritárias, em razão de seu isolamento e distancia- segurança o maciço florestal, que constitui uma bar-
mento em relação aos grandes centros urbanos do reira natural à invasão e à ocupação.
centro-sul do país e também da ocupação rarefeita da
população nas regiões onde se situam. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 15. (CESPE – 2004) A Amazônia que você aprendeu na


escola não existe mais. Hoje, você procura uma aldeia
12. (CESPE – 2016) País de território misto, marcado a um de índios e encontra uma fábrica ou uma fazenda
só tempo pela continentalidade e maritimidade, o Bra- moderna. Onde só tinha mato 10 anos atrás, agora
sil tem, na análise dos clássicos da teoria geopolítica você pode ser atropelado. A partir das idéias do texto
relacionados ao poder naval (Mahan) e na da teoria acima, julgue o seguinte item.
do poder terrestre (Mackinder), importantes questões A instabilidade política na Amazônia internacional
para a discussão de uma visão estratégica contem- impulsionou projetos voltados para a segurança da
porânea, em um contexto em que há um importante faixa de fronteiras na Amazônia brasileira.
aumento da estrutura política e econômica do país no
cenário mundial. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Ronaldo Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica


brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a “grande
9 GABARITO
estratégia” do Brasil para o Século XXI. São Paulo: Universidade de
São Paulo, 2012 (com adaptações). 1 CERTO

Tendo como referência inicial o trecho do texto de 2 ERRADO


Ronaldo G. Carmona, julgue o item seguinte, acerca de
continentalidade, maritimidade e geopolítica brasileira 3 ERRADO
no século XXI.
4 ERRADO
A Política de Defesa Nacional destaca a importância do
controle e defesa dos chamados ativos estratégicos do 5 ERRADO
Brasil: fontes de água doce e de energia, biodiversidade,
imensas reservas de recursos naturais e extensas áreas 6 CERTO
a serem incorporadas ao sistema produtivo nacional.
7 ERRADO

8 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 CERTO
13. (CESPE – 2016) País de território misto, marcado a um
só tempo pela continentalidade e maritimidade, o Bra- 10 CERTO
sil tem, na análise dos clássicos da teoria geopolítica 11 ERRADO
relacionados ao poder naval (Mahan) e na da teoria
do poder terrestre (Mackinder), importantes questões 12 CERTO
para a discussão de uma visão estratégica contem-
porânea, em um contexto em que há um importante 13 CERTO
aumento da estrutura política e econômica do país no
cenário mundial. 14 ERRADO

15 CERTO
Ronaldo Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica
brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a “grande
estratégia” do Brasil para o Século XXI. São Paulo: Universidade de
São Paulo, 2012 (com adaptações).
284
técnica e instrumental a fim de realizar uma prova ou
em estudos mais aprofundados que têm como objeti-
vo promover a fluência.
O objetivo, ou o propósito, do texto se encontra

LÍNGUA ESTRANGEIRA
em meio à leitura e é possível de se identificar e com-
preender apenas a partir de uma leitura atenta que
vai além do que está escrito. Bem como mencionado
(INGLÊS) anteriormente, a identificação de quem é o autor e o
narrador, a quem se destina o texto, o contexto nele
presente, o assunto tratado e a linguagem empregada,
são elementos cruciais para o entendimento do servi-
ço a que se presta o texto.
COMPREENSÃO DE TEXTO ESCRITO O propósito pode ser relatar um fato, contar novi-
EM LÍNGUA INGLESA dades, listar ou enumerar itens, reportar um crime,
expor uma opinião, entre muitas outras possibilida-
Para realizar uma leitura bem-sucedida em outro des que deverão ser observadas no decorrer da lei-
idioma, é preciso estar atento a alguns métodos e tura. Alguns marcadores como nomes, datas, locais,
recursos capazes de auxiliar a interpretação textual. dados, estatísticas, números em geral, pronomes de
tratamento, podem servir como indicativos do propó-
COMPREENSÃO sito do texto a partir da percepção do conteúdo pre-
sente e do teor da mensagem encontrada no texto.
Compreender é a capacidade de assimilar, inter- Ao se falar de compreensão, podemos identificar a
pretar e perceber o significado de algo. Compreender compreensão escrita, abrangendo o sentido lexical,
um idioma significa entender a coerência das infor- semântico e gramatical de um texto na língua ingle-
mações de sua comunicação. O objeto da compreensão sa, temos a gramática básica, o vocabulário básico e
da língua inglesa pode estar situado em diferentes for- expressões idiomáticas. A compreensão oral, tange
mas de comunicação, para cada qual existem manei- o momento da fala, que pode sofrer interferências,
ras mais apropriadas e adequadas de identificar o como ruídos ou barulhos, além do fato da fala estar
sentido, o propósito, o contexto, o estilo, a técnica e as em constante mudança. Todos esses fatores podem
informações presentes na mensagem. atrapalhar a tanto a transmissão, quanto a compreen-
Ao buscar compreender o sentido e o propósito são da língua. Ao falar de compreensão oral, temos
de um texto na língua inglesa, faz-se necessário iden- elementos como o sotaque, dialeto, classe social, etc.
tificar elementos chave capazes de sintetizar infor- Temos também a compreensão da utilização de
mações, decodificar signos linguísticos, entender a mecanismos de coesão e coerência. A coesão refere-
semântica, ou seja, o sentido do texto, bem como seu -se à interligação de elementos entre palavras e frases
propósito. Estes elementos podem estar presentes nos em uma sentença de maneira correta e a coerência
aspectos gramaticais do texto, um dos tópicos essen- trata-se da ligação de sentido lógico destes elementos,
ciais para o estudo da interpretação textual, mas para que a mensagem seja coerente. Temos como
podem também ser percebidos no contexto, no recor-
exemplo de coesão substituições, conjugação verbal,
te, no tipo de linguagem (formal, informal, técnica
conectores e conjunções, já de coerência, temos con-
etc..), no vocabulário utilizado, entre outros elemen-
cordância de ideias na mesma oração.
tos estratégicos para a interpretação correta do texto.
Por fim, temos a compreensão referente a contex-
Para que o leitor compreenda o sentido do texto,
tos, aspectos sociais e culturais, que trata de aspectos
antes de qualquer leitura direta, é primordial que se
que vão além da língua para o real entendimento do
faça um processo de escaneamento do texto em bus-
texto. Nestes casos, vê-se a necessidade de identifica-
ca de palavras-chave e informações que indiquem a
ção do contexto histórico, a cultura da época e a forma
quem o texto se direciona, quem é o autor e seu nar-
rador, a qual categoria textual ele pertence (artigo, como que as relações sociais se davam em determi-
crônica, conto, carta, bilhete etc..) e qual o assunto nada obra literária. Tais compreensões são essenciais
tratado. A partir desta coleta de informações, é possí- para decodificação do texto e seu sentido.
vel iniciar a leitura inicial, que irá buscar identificar o Veremos agora às questões que irão nos auxiliar
nas questões de compreensão de texto.
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)
sentido do texto. O sentido indica o que o interlocutor
quer dizer com que propôs escrever. A capacidade de
identificar o sentido está intrinsecamente ligada ao
conhecimento e à identificação de:
ITENS GRAMATICAL RELEVANTES
a) Palavras
b) Expressões idiomáticas
PARA A COMPREENSÃO DOS
c) Verbos frasais CONTEÚDOS SEMÂNTICOS
d) Tempos verbais
e) Contextos ADEQUAÇÃO VOCABULAR
f) Aspectos culturais e sociais
g) Adjetivos, advérbios e pronomes Em diversos momentos, na língua inglesa, será
necessário adaptar o discurso, a fim de otimizar a for-
Entre outros elementos, os citados anteriormente ma de comunicar uma mensagem. A seleção correta
podem auxiliar o leitor a identificar o sentido do texto de palavras e expressões que se encaixem melhor no
com mais precisão, são estes conhecimentos exercita- contexto da mensagem é primordial e faz parte do
dos a partir do estudo do idioma, seja ele de forma processo de adequação vocabular. 285
As mesmas palavras podem expressar diferentes identificar diferentes intenções em palavras que se
ideias diante do contexto em que são usadas. A esco- apresentam como sinônimos. Alguns verbos ou phra-
lha do vocabulário deve ser definida diante do con- sal verbs possuem sinônimos que, se utilizados em
texto proposto, pois cada qual tem a capacidade de detrimento de outra palavra, são capazes de modificar
modificar o sentido original ou usual de uma palavra
a ideia geral de uma oração. É, portanto, primordial
ou expressão. Observe alguns exemplos a seguir:
ter muita cautela e saber como e quando utilizar este
“She was not doing it the right way. She was suppo- recurso. Um dos recursos ideias para entender essas
sed to cook the onions first” (Ela não estava fazen- similaridades e diferenças é utilizar um dicionário,
do do jeito certo. Ela deveria cozinhas as cebolas para definir a tradução e o conceito dos sinônimos de
primeiro) palavras. Um bom exemplo disso é o fato de os Estados
Unidos, a Inglaterra, o Canadá e a Austrália partilha-
“That was the right way, you just missed the roun-
rem o mesmo idioma, mas serem países diferentes,
dabout!” (Aquele era o caminho certo, você acabou
de ultrapassar a rotatória) com particularidades, sua própria cultura, história,
costumes, significados, expressões e pronúncias, etc.
“He had a way with kids, he loved baby-sitting” (Ele Por exemplo, no inglês britânico, calças é trousers
era bom com crianças, ele amava ficar de babá) e roupa íntima é pants; já no inglês americano calças é
pants, e underwear é roupa íntima. O que pode causar
Observe que a palavra way, encaixada em diferen- confusão em determinado diálogo, pois ao considerar
tes contextos, ganhou diferentes significados. No pri-
a ideia de que os sinônimos dependem inteiramente
meiro trecho sobre culinária, way significa “jeito” ou
do contexto em que a palavra se encontra, dependen-
“maneira”; no segundo sobre direção e trânsito, way
adquire o significado de “caminho”; já na terceira ora- do da cultura, do país, do contexto social, uma palavra
ção, sobre crianças, a expressão to have a way with será mais adequada para aquela situação ou não.
(something/someone) significa “ser bom em algo”, “ter
aptidão pra fazer algo”. COGNATOS

CONVERSAS FORMAIS E INFORMAIS Cognatos são palavras que possuem a mesma gra-
fia (ou grafia semelhante) e o mesmo significado em
A comunicação se adapta e se transforma de acordo dois idiomas. Algumas palavras no inglês são exata-
com os contextos que estão inseridas. Em ambientes mente iguais no português e possuem o mesmo signi-
mais formais, como no meio acadêmico, profissional
ficado, ainda que a sua pronúncia seja diferente. Estas
ou literário, a etiqueta exige certo grau de formalida-
palavras podem facilitar a leitura e a interpretação de
de para que a comunicação seja efetiva e as conversas
devem seguir um padrão, o padrão da norma culta da texto, pois são exatamente as mesmas.
língua. Já em conversas informais, a comunicação se Existem, porém, falsos cognatos, palavras que pos-
torna mais próxima da fala, diferentemente da comu- suem a mesma grafia ou grafia semelhante a palavras
nicação formal que se aproxima mais da escrita. O uso de outro idioma, mas que possuem significados com-
de expressões, gírias, contrações de palavras, entre pletamente diferentes. Sendo assim, é preciso ter mui-
outros elementos, podem tornar a conversa muito to cuidado durante a leitura e examinar o contexto em
menos complexa e relaxada, pois não exige que as que a palavra está inserida para que se possa inter-
regras gramaticais sejam seguidas com tanto afinco,
pretar corretamente seu significado. Confira a seguir
nem mesmo sejam prioridade.
alguns exemplos de cognatos e falsos cognatos.

Importante! Palavras cognatas

Entender o ambiente em que se está inserido é


ENGLISH PORTUGUÊS
fundamental para adequar aspectos da fala liga-
dos à norma culta ou à informalidade, no entan- Chocolate Chocolate
to, é cada vez mais notável a mesclagem de
ambas as formas de comunicação em determi- Different Diferente
nados meios, como em igrejas contemporâneas, Constant Constante
em reuniões de trabalho e em encontros parla-
mentares; é, porém, necessário aprender ambas Music Música
as formas de comunicação, suas variações e ter
bom senso para saber quando e como usar cada Falsos cognatos
uma delas.
ENGLISH PORTUGUÊS
SINÔNIMOS EM INGLÊS
Actual Verdadeiro
O estudo dos sinônimos na língua inglesa requer Parents Pais
muita atenção e cuidado. Por vezes, como na lín-
gua portuguesa, os sinônimos podem ser diferen- Relatives Parentes
tes palavras que realmente possuem exatamente o
Fabric Tecido
286 mesmo significado, em outros momentos, é possível
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS Common nouns referem-se ao nome dos seres de
mesma categoria ou família, ou seja, o nome das
Todo idioma possui uma gama de expressões coisas e dos objetos, em geral. Podendo ser algo
idiomáticas oriundas de sua cultura, do folclore, dos físico, subjetivo, abstrato, contável, incontável,
costumes e as interações entre grupos sociais em um composto ou não. Ex.: Comuns – Tree (árvore), Flo-
país. As expressões idiomáticas no inglês são frases wer (flor), Leaf (folha); Concretos – chair (cadeira),
que não significam exatamente o que se esperaria tra-
armor (armadura), bee (abelha); Coletivos – kennel
duzindo-as ao pé da letra. Em alguns casos, as expres-
(canil), people (pessoas), shoal (cardume); Abastra-
sões possuem equivalente na língua portuguesa, em
outros são tão característicos daquela cultura que tos – love (amor), kindness (bondade), spirit (espí-
sequer possuem um equivalente direto e precisam ser rito); Contáveis – table (mesa), pencil (lápis), door
explicadas com outras palavras. (porta); Incontáveis – bread (pão), water (água),
Algumas expressões são utilizadas em conversas information (informação); Compostos – Stepson
comuns do cotidiano, cada qual tem sua peculiaridade, (enteado), Newsstand (Banca de jornal), Train sta-
sem regras que padronizem seu uso. Basta um conhe- tion (estação de trem).
cimento mais popular do idioma, através de músicas,
filmes, séries e vídeos, para ser capaz de identificar GÊNERO DOS SUBSTANTIVOS
quando uma expressão não quer dizer o que ela lite-
ralmente significaria ao ser traduzida. Confira algumas Diferentemente da língua portuguesa em que as
expressões idiomáticas comuns na língua inglesa: terminações dos substantivos podem indicar o gêne-
ro de quem se refere na oração (rico/rica; estressado/
To make a long face Fazer cara de desgosto estressada; ocupado/ocupada), em inglês, os substan-
To make something up Inventar uma história tivos não possuem gênero gramatical. Porém, vale
ressaltar que existem algumas mudanças nos substan-
To pull yourself together Recompor suas emoções, tivos para indicar o gênero em alguns casos. Confira:
endireitar-se

To fill in someone’s shoes Assumir o lugar de alguém MALE MASCULINO FEMALE FEMININO

To run errands Resolver tarefas fora de Actor Ator Actress Atriz


casa
Waiter Garçom Waitress Garçonete
To come up with Pensar e expor ideias,
soluções Host Anfitrião Hostess Anfitriã

To be fed up with Estar esgotado com algo


ou alguém Nos demais casos, são substantivos diferentes os
que serão usados para representar uma pessoa do sexo
feminino e uma pessoa do sexo masculino — mother
Algumas expressões possuem equivalentes na lín-
gua portuguesa e outras não. Isso ocorre devido ao fato (mãe) e father (pai); chicken (galinha) e rooster (galo);
de que traduções não são suficientes para entender o nephew (sobrinho) e niece (sobrinha). Os demais subs-
contexto de um idioma, é preciso entender a cultura, tantivos da língua inglesa são todos neutros, ou seja,
a história, o humor e até a população de um país para podem representar qualquer sexo ou gênero — law-
realmente poder entender como este idioma foi cons- yer (advogado, advogada); doctor (médico, médica);
truído e fundamentado. Este aprofundamento, permiti- employee (funcionário, funcionária); teacher (profes-
rá um conhecimento mais amplo do idioma, o que será sor, professora).
benéfico sempre que se fizer necessário estudar aspec-
tos linguísticos que estão intrinsecamente relacionados
à cultura, aos costumes e à população de um país. Importante!
Partiremos agora para conceitos gramaticais!
Note que nem sempre haverá formas distintas
Os substantivos são responsáveis por nomear os para cada gênero quando se trata dos substan-
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

seres, podendo eles serem objetos, pessoas, luga- tivos, portanto saiba que a língua inglesa age
res, emoções, fenômenos da natureza, animais muitas vezes de forma neutra com relação a
etc.. Dentre todos os elementos importantes de questões linguísticas de gênero, ou seja, não faz
serem aprendidos em um outro idioma, os subs-
distinção entre gêneros (masculino, feminino,
tantivos compõem uma classe de palavras cruciais
para a construção de um bom aprendizado na lín- etc..).
gua inglesa, pois é a partir deles que se constitui
um vasto conhecimento de vocabulário. Podemos
O PLURAL DOS SUBSTANTIVOS
classificar os substantivos em dois grupos: proper
nouns (substantivos próprios) e common nou-
ns (substantivos comuns). Quanto ao plural dos substantivos em inglês, é pre-
ciso observar algumas regras e exceções com relação
Proper nouns referem-se ao nome dos seres de ao sufixo ou às terminações de cada palavra. Como via
modo específico, indicando nome de pessoas, locais, de regra, em geral é só acrescentar o –s ou -es, no caso
dias, meses, marcas, profissões, etc. Ex.: Caroline; Aus- de palavras terminadas em em –s, –ss, –ch, –sh, –x, –z
tralia; London; Teacher; Friday, etc. e –o, ao fim da palavra para que ela se torne plural. 287
SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO You never call your
relatives.
Car Cars Carro/carros YOU Você, tu
Você nunca liga para seus
Bus Buses Ônibus/ônibus parentes.

Batch Batches Fornada/fornadas He should be more


careful.
HE Ele
Matress Matresses Colchão/colchões Ele deve ser mais
cuidadoso.
No entanto, no caso de alguns substantivos, quan- She goes scuba-diving
do sua terminação for em -y precedido de uma con- every year.
soante, é preciso retirar o -y e substituí-lo por -ies. SHE Ela
Ela faz mergulho todo
ano.
SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO
It’s going to be an ama-
Story Stories História/histórias IT Ele, ela (neutro) zing year.
Vai ser um ano incrível.
Baby Babies Bebê/bebês
We were really tired after
City Cities Cidade/cidades the game.
WE Nós
Nós estávamos muito
Quando a palavras terminadas em -f ou -fe, é neces- cansados depois do jogo.
sário tirar -f ou -fe e substituí-los pela partícula –ves.
You could come to NY
one day.
SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO YOU Vocês, vós
Vocês poderiam vir a
Nova Iorque um dia.
Leaf Leaves Folha/folhas
They decided to stay
Wolf Wolves Lobo/lobos
home for Christmas.
THEY Eles, elas
Wife Wives Esposa/esposas Eles decidiram ficar em
casa no Natal.
Em outros casos, os substantivos são irregulares,
ou seja, tornam-se outra palavra ao serem passados Object Pronouns
para o plural. Veja alguns exemplos:
This car belongs to me.
ME Me. mim Este carro pertence a
SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO mim.
Man Men Homem/homens Lhe, o, a, te, ti, a Would she go with you?
YOU
Woman Women Mulher/Mulheres você Ela iria com você?

Child Children Criança/crianças We should call him


tomorrow.
HIM Lhe, o, a ele
PRONOMES Nós deveríamos o telefo-
nar amanhã.
Os pronomes são palavras que podem substituir They decided to invite her.
em orações o nome próprio de um lugar, uma pessoa, HER Lhe, a, a ela
Eles decidiram convidá-la.
um objeto, um animal etc.. Quanto aos pronomes na
língua inglesa, temos algumas classificações específi- He fed it its food.
Lhe, o, a, a ele,
cas para cada grupo. Confira a seguir. IT Eles o alimentaram com
a ela (neutro)
sua comida
Pronomes Pessoais Would they fire us?
US Nos
Eles nos demitiriam?
São eles as palavras que indicam pessoas, lugares,
objetos, animais, entre outros. Dentro deste grupo I’ll give you a discount.
Vos, lhes, a
existem dois casos: subject pronouns, que agem como YOU Eu lhes darei um
vocês
sujeitos nas orações, os que realizam a ação; e object desconto.
pronouns, os que são objetos da ação ou “sofrem” a Please, let them now.
ação na oração. Observe seu uso e exemplos: THEM Lhes, os, as
Por favor, avise-os.

Subject Pronouns
PRONOMES POSSESIVOS
I would love to visit your
Os pronomes possessivos, também conhecidos
family.
I Eu como pronomes substantivos expressam pertenci-
Eu adoraria visitar tua
mento de algo a alguém. No caso da língua inglesa,
família.
288 existem dois grupos de possessivos, os possessive
adjectives e os possessive pronouns. Trataremos dos
A ti, a você Don’t blame
adjetivos possessivos adiante neste material, vejamos,
YOURSELF mesmo, -te, yourself.
por hora, o caso dos pronomes possessivos, cuja fun-
-se Não se culpe.
ção é substituir o nome próprio ao final da oração,
como objeto da oração, sem qualquer flexão de núme- He taught himself
ro ou grau. Confira: how to play the
A si, a si mes- guitar.
HIMSELF
These socks are mine. mo, -se Ele ensinou a si
Meu, minha, mesmo como tocar
MINE Estas meias são
meus, minhas o violão.
minhas.

Teu, tua, seu, Is this book yours? She promised her-


YOURS self she wouldn’t
sua Este livro é seu? A si, a si mes-
HERSELF go.
That enormous man- ma, -se
Ela prometeu a si
sion is his. mesma que não iria.
HIS Dele
Aquela mansão enorme
é dele. The machine did it
A si, a si mes- itself.
All those white clothes ITSELF
mo/a, -se A máquina o fez por
are hers. si mesma.
HERS Dela
Todas aquelas roupas
brancas são dela. We can start the
presentation
This rubber bone is its. A nós, a nós ourselves.
Dele, dela OURSELVES
ITS Este osso de borracha mesmos, -nos Nós podemos co-
(neutro)
é dele. meçar a apresenta-
ção nós mesmos.
Keep your hands off of
it, it’s ours! You should take
OURS Nosso, nossa A vós, a vo-
Tire suas mãos daí, é care of yourselves.
nosso! YOURSELVES cês mesmos,
Vocês devem cuidar
-vos, -se
de si mesmos.
Are these records
Vosso, vossa,
YOURS yours? A si, a eles They can help
seu, sua
Estes discos são seus? mesmos, a themselves.
THEMSELVES
elas mesmas, Eles mesmos po-
None of the reports are
- se dem se servir.
theirs.
THEIRS Deles, delas
Nenhum dos relatórios
são deles. PRONOMES DEMONSTRATIVOS, RELATIVOS E
INDEFINIDOS
Dica Além destes pronomes, temos dois tipos especiais
É comum ao falante de língua portuguesa se de pronomes, os demonstrativos ou relativos e os inde-
confundir e utilizar o pronome possessivo your finidos. Os pronomes demonstrativos são usados para
(seu, sua) para se referir aos sujeitos da primeira indicar algo durante a oração, são eles: this (este, esta,
pessoa do singular he, she e it, pois em português isto), these (estes, estas), that (aquele, aquela, aquilo) e
é possível a construção de uma oração como those (aqueles, aquelas). Veja alguns exemplos:
“ela ama seus pais”, considerando que “seus”
é pronome possessivo referente ao sujeito ela; We really need this money! (Nós realmente precisa-
estaria errada, no entanto, a tradução pé da letra mos deste dinheiro!)
“she loves your parents”, pois o pronome pos- They should see these flowers. (Eles deveriam ver
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

estas flores)
sessivo your se refere ao sujeito You, o correto,
Helen will show us that beautiful painting. (Helen
então, seria “she loves her parents”
vai nos mostrar aquela linda pintura)
PRONOMES REFLEXIVOS
Os pronomes relativos são usados para indicar
relação entre partes da oração, são eles: that (que),
Estes pronomes são utilizados para concordar com
o sujeito inicial da oração, eles sempre aparecem logo which (o qual, a qual, que), whose (cujo, cuja, de
após o verbo. Vale ressaltar que os pronomes reflexi- quem), who (que, quem), whom (a quem). Veja alguns
vos são usados apenas um grupo específico de verbo exemplos:
na língua inglesa, propriamente reflexivos. Confira a
seguir alguns exemplos. This is the bus which takes me home (Este é o ôni-
bus que me leva para a casa)
Is this the girl whose house was robbed? (Esta é a
I check it myself.
A mim, a mim garota cuja casa foi roubada?)
MYSELF Eu chequei eu
mesmo, -me He is the teacher who got arrested. (Ele é o profes-
mesmo.
sor que foi preso) 289
Já os pronomes indefinidos são aqueles que acom- z Não se deve usar o artigo the antes de nomes pró-
panham o substantivo de maneira imprecisa, ou seja, prios, como Joana, Bianca, Vancouver, São Paulo
sem de fato identificar quem ou o que é o pronome etc.).
através de algumas palavras específicas. Observe a
tabela com alguns exemplos: „ Incorreto: The Bianca is a very nice girl” (A
Bianca é uma garota muito legal)
„ Correto: Bianca is a very nice girl (Bianca é uma
Algum,
Do you have any advice? garota muito legal)
ANY alguma,
Você tem algum conselho?
qualquer

Algum, There should be some informa- Importante!


alguma, tion here.
SOME Há uma exceção para o caso de nomes próprios,
alguns, Deve haver alguma informação
algumas aqui,
pode-se usar o artigo the quando falamos de
uma família de pessoas usando seu sobrenome,
Muitos, They have many children. Ex.: the Martins (os Martins), the Kennedy (os
MANY
muitas Eles têm muitos filhos Kennedy), the Willsons (os Willsons), etc.
Muito, Our neighbor makes much noise.
MUCH
muita Nosso vizinho faz muito barulho. z Não se deve usar o the antes de substantivos que
expressam ideia de generalização, caso contrá-
Todo,
She knows every single room. rio a ideia expressa passa a ser sobre um grupo
EVERY toda,
Ela conhece todos os quartos. específico.
cada

„ Incorreto: The monkeys eat bananas (Os maca-


PRONOMES INTERROGATIVOS
cos comem bananas)
„ Correto: Monkeys eat bananas (Macacos comem
Os pronomes interrogativos são elementos linguís- bananas).
ticos usados em perguntas para as quais as respostas
são um nome. Observe a seguir a tabela:
z Não se deve usar o the antes de idiomas, como Ger-
man, English, French, Italian etc.
PRONOME RESPOSTA
PERGUNTA
INTERROGATIVO COM NOME „ Incorreto: They study the Portuguese at school.
What city do I prefer (Eles estudam o português na escola)
What (que, o que, you prefer? London. „ Correto: They study Portuguese at school. (Eles
qual, quais) (Que cidade (Eu prefiro estudam português na escola)
você prefere? Londres)
Observe agora os casos em que se deve utilizar o
I’ve been artigo the:
Where have
jogging at the
you been?
Where (onde, aonde) park. (Estive z Usa-se o the antes de substantivos únicos em sua
(Onde você
correndo no espécie ou para referir-se a um único ser de modo
esteve?)
parque?) específico:
Who is that
The ocean is still a mystery. (O oceano ainda é um
boy? He is my son.
mistério)
Who (quem) (Quem (Ele é meu
é aquele filho)
z Usa-se o the em orações cujo substantivo já foi
garoto?)
mencionado anteriormente pelo interlocutor,
When did you I went there pressupondo-se que a pessoa a qual a mensagem
go there? last week. (Eu se direciona já saiba do que se está falando.
When (quando)
(Quando você fui lá semana
foi lá?) passada) The job is perfect for you! (O emprego é perfeito
para você!)
They saw the damage and got worried. (Eles viram
A partir dos exemplos, é possível observar que no o estrago e ficaram preocupados)
caso dos pronomes interrogativos a resposta é sempre
um nome, ainda que de modo oculto ou subentendido. z Usa-se o the para falar de pontos específicos do glo-
Os pronomes interrogativos jamais referem-se às cir- bo terrestre.
cunstâncias ou razões.
The Equator is a pointer for countries’ weather (O
ARTIGO Equador é um indicador para o clima dos países)
They were discussing the Greenwich meridian sca-
No inglês, temos duas classes de artigos: artigo les. (Eles estavam discutindo sobre as escalas do
definido e indefinido, sendo o artigo definido o the (o, meridiano de Greenwich)
a, os, as) e os artigos indefinidos o a, an (um, uma, uns,
umas). Algumas regras devem ser aplicadas para o z Usa-se o the antes de nomes de fluviais como rios,
290 uso correto do artigo definido the. Confira: mares, canais e oceanos.
The Nile is the longest river on Earth. (O Nilo é o rio The less we speak the better. (Quanto menos falar-
mais longo do mundo) mos, melhor)
They sailed through the Pacific Ocean. (Eles veleja- The more we study the more tired we get. (Quanto
ram pelo Oceano Pacífico) mais estudamos, mais cansadas ficamos)
The cheaper the clothes the worse their quality.
z Usa-se o the antes de áreas geográficas do plano (Quanto mais barata a roupa, pior a qualidade)
cartesiano (norte, sul, leste, oeste etc.)
z Usa-se o the antes de números ordinais.
The northeast of Brazil is a dry place (O nordeste
do Brasil é um local árido) She lives on the 1st floor. (Ela mora no 1º andar)
They went to the south. (Eles foram para o sul) The party is on the 23rd of June. (A festa é no 23º
dia de junho)
z Usa- se o the antes de adjetivos que tomam forma
de substantivos no plural. Quanto aos artigos indefinidos a e an, é válido
mencionar a diferença de uso entre ambas as palavras.
She could smell the flowers from her room. (Ela Usamos a quando o substantivo em seguida se inicia
podia sentir o cheiro das flores de seu quarto) com uma consoante ou com o som de consoante; já o
They love driving the race cars. (Eles amam dirigir an, usamos quando a palavra que o sucede se inicia
os carros de corrida)
com uma vogal ou com o som de uma vogal.
z Usa-se o the antes de nomes de grupos de ilhas,
z She is a teacher. (Ela é uma professora)
cadeias, montanhas e golfos.
z She is an engineer. (Ela é uma engenheira)
They went to the Bahamas. (Eles foram para as
Bahamas) Algumas palavras específicas da língua inglesa
She visited The Maldives on her birthday. (Ela visi- são grafadas com letras iniciais em consoantes que
tou as Ilhas Maldivas em seu aniversário) não possuem som ao serem pronunciadas, nestes
casos usamos os artigos na. Ex.: an hour (uma hora);
z Usa-se o the antes de países com nomes compostos an homage (uma homenagem); an honest man (um
ou que expressam plural. homem honesto.

The USA fought against Germany. (Os Estados Uni-


dos lutaram contra a Alemanha) Importante!
Have you ever been to The Netherlands? (Você já
esteve nos Países Baixos) O uso de a e an serve apenas para o singular,
quando os substantivos se apresentam no plural,
z Usa-se o the antes de nomes de jornais, bancos e deve-se utilizar elementos quantificadores como
instituições privadas bem como ONGs e órgãos many (muitos), much (muito), some (alguns),
públicos: any (algum, nenhum), a few (alguns), etc..

The UNO decided to stop violence. (A Organização


das Nações Unidas decidiu parar a violência) TEMPOS VERBAIS
The New Yorker just tweeted about it. (O New Yor-
ker acabou de tuítar sobre isso) O estudo dos tempos verbais na língua inglesa é
The National Bank was bankrupt. (O Banco Nacio- um dos mais importantes tópicos a se abordar dian-
nal estava falido) te da necessidade de maior compreensão técnica do
idioma. Diferentemente da língua portuguesa, o inglês
z Usa-se o the antes de nomes de instrumentos musi- possui poucos tempos verbais e, em suma, possuem
cais, ritmos e danças. características e conjugações simples e semelhantes,
o que facilita o estudo do idioma, cada qual possui
She loves to play the piano (Ela ama tocar piano) usos específicos e características únicas que devem
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)
They were playing the tuba. (Eles estavam tocando ser exploradas durante o aprofundamento no conhe-
tuba) cimento sobre a língua.
The tango is an Argentinian dance (O tango é uma
dança argentina)
SIMPLE PRESENT
z Usa-se o the antes de nomes de construções e obras
O presente simples em inglês, a caráter de estudo,
famosas.
possui uma divisão simples entre pronomes. Os pro-
We just saw the Eiffe Tower (Acabamos de ver a nomes da terceira pessoa do singular se enquadram
Torre Eiffel) em uma categoria e os demais em outra. Apesar de
The Coliseum is outstanding! (O Coliseu é incrível) suas conjugações serem simples ao expressar ações
We love the Sistine Chapel (Nós amamos a Capela no tempo presente, em alguns casos elas se diferen-
Sistina) ciam. O padrão de conjugação no presente simples se
estabelece retirando o “to” do verbo no infinitivo em
z Usa-se o the para nos referirmos ao elemento gra- todos os casos.
matical de gradação comparativa (quanto mais...,
quanto menos...) Ex.: to eat – comer // I eat bread. (Eu como pão) 291
Observe que o “to” foi removido para realizar a do idioma. Novamente, separaremos os sujeitos em
conjugação de acordo com o pronome em questão, dois grupos para conjugarmos o verbo ser e estar no
esta regra se aplica a seguinte lista de pronomes tempo presente na afirmativa (obs.: abre-se apenas
(veja como exemplo a conjugação do verbo citado uma exceção para o sujeito em primeira pessoa, I, que
anteriormente):
apresenta conjugação diferenciada):

I (eu) Eat
I (eu) Am (sou, estou)
You (tu, você) Eat

He/she/it (ele, ela) Eats You (tu, você) Are (é, está)
We (nós) Eat We (nós) Are (somos, estamos)
You (vós, vocês) Eat You (vós, vocês) Are (são, estão)
They (Eles, elas) Eat They (Eles, elas) Are (são, estão)

Observe que no caso dos pronomes na terceira


pessoa do singular he, she e it, a conjugação ocorrerá He (ele) Is (é, está)
de modo diferenciado. Aos verbos que acompanham She (ela) Is (é, está)
estes pronomes, acrescenta-se a letra “s”, “es” ou “ies”.
Verbos terminados em consoantes, de forma geral, It (ele, ela, neutro) Is (é, está)
apresentam terminação padrão “s”, como é o caso do
verbo to drink (beber), to play (jogar), to speak (falar).
Veja: Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, podendo
ser apresentado nas suas opções em contração aren’t
To drink e isn’t.

He (ele) Drinks
I (eu) Am not (não sou, não estou)
She (ela) Drinks

It (ele, ela, neutro) Drinks You (tu, você) Are not ou aren’t (não é, não está)

We (nós) Are not ou aren’t (não somos, não


No caso de verbos terminados em x, ch, s, ss e sh, estamos)
acrescentamos “es”, como no caso do verbo to finish
(terminar). You (vós, vocês) Are not ou aren’t (não são, não
estão)
To finish They (Eles, elas) Are not ou aren’t (não são, não
estão)
He (ele) Finishes

She (ela) Finishes He (ele) Is not ou isn’t (não é, não está)


It (ele, ela, neutro) Finishes She (ela) Is not ou isn’t (não é, não está)

It (ele, ela, neutro) Is not ou isn’t (não é, não está)


Em alguns casos, em verbos com terminações em
y precedidos por uma consoante, como em to study
(estudar), to fly (voar) e to cry (chorar). Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo.
Observe:
To study

Am I? (Eu sou? Eu estou?)


He (ele) studies

She (ela) studies Are You? (Você é? Você está?)


It (ele, ela, neutro) studies Are We? (Nós somos? Nós estamos?)

SIMPLE PRESENT CONTINUOUS Are You? (Você é? Você está?)

Are They? (Eles são? Eles estão?)


O uso do presente contínuo é utilizado para
expressar ações que se iniciam no presente e seguem
continuamente. Para utilizar o presente simples con- Is He? (Ele é? Ele está?)
tínuo é preciso utilizar um verbo muito famoso da
língua inglesa, o verbo ser e estar, o to be. Antes de Is She? (Ela é? Ela está?)
entender o presente simples contínuo, devemos ter
pleno conhecimento do uso deste verbo importante Is It? (Ele/ela é? Ele/ela está?)
292
A partir do conhecimento deste tempo verbal, PAST CONTINUOUS
podemos explorar a estrutura do present continuous.
Somado ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação O uso do passado contínuo é utilizado para expres-
no gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo sar ações que se iniciam no passado e seguem con-
sufixo -ing, a fim de expressar uma ação contínua. tinuamente nele. Para utilizar o passado contínuo
Observe: é preciso utilizar um verbo muito famoso da língua
Lucy is playing with the other kids. (Lucy está brin- inglesa, o verbo ser e estar, o to be, no tempo passa-
cando com as outras crianças) do. Separaremos os sujeitos em dois grupos para con-
You aren’t doing your job well. (Você não está jugarmos o verbo ser e estar no tempo passado na
fazendo seu trabalho bem) afirmativa:
Are they studying for the test? (Eles estão estudan-
do para a prova?) I (eu) Was (era, estava)

SIMPLE PAST He (ele) Was (era, estava)

O passado simples da língua inglesa, utilizado para She (ela) Was (era, estava)
expressar ações realizadas e finalizadas no tempo pas- It (ele, ela, neutro) Was (era, estava)
sado. Ao utilizarmos este tempo verbal devemos ter
em mente dois conceitos importantes: o uso do verbo
auxiliar Did e a existência de dois grupos de verbos no You (tu, você) Were (era, estava)
passado (regulares e irregulares).
Os verbos regulares no passado possuem uma ter- We (nós) Were (éramos, estávamos)
minação padrão em “ed” ou “ied” (verbos terminados
You (vós, vocês) Were (eram, estavam)
em y precedidos por uma consoante). No entanto,
existem muitas exceções e muitos verbos que não se They (Eles, elas) Were (eram, estavam
comportam da mesma maneira quando conjugados
no tempo passado, estes são chamados irregulares.
No entanto, a mudança nos verbos para o tempo Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, was not e
passado através de modificações na estrutura do pró- were not, podendo ser apresentados nas suas opções
prio verbo ocorre apenas em frases afirmativas. Em em contração wasn’t e weren’t.
frases negativas e interrogativas, utilizamos o verbo I wasn’t (Eu não era, estava); She wasn’t (Ela
auxiliar did e o verbo retorna ao seu estado original não era, estava); They weren’t (eles/elas não eram,
(infinitivo sem o “to”). estavam)
Confira alguns exemplos com verbos regulares na Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo.
afirmativa: Observe:
Was I? (Eu era, estava?) Was she? (Ela era, estava?)
I studied at a public Eu estudei em uma escola Were They? (Eles eram, estavam?)
school! pública. A partir do conhecimento deste tempo verbal,
podemos explorar a estrutura do past continuous.
You worked really hard! Você trabalhou duro! Somado ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação
no gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo
She finished high school Ela terminou o ensino
sufixo -ing, a fim de expressar uma ação contínua.
in January. médio em janeiro. Observe:
Luke was playing with Jimmy. (Luke estava brin-
Observe agora as mesmas frases na negativa, cando com Jimmy)
quando se faz necessário o uso do verbo auxiliar do You weren’t doing the it correctly. (Você não estava
passado DID + not, costumeiramente contraído para fazendo corretamente)
didn’t. Note que o verbo retorna ao seu estado original
infinitivo. PRESENT PERFECT

I didn’t study at a public Eu não estudei em uma O present perfect é um tempo verbal da língua
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

school! escola pública. inglesa que não encontra equivalente em português,


sendo assim um dos tempos verbais mais controver-
You didn’t work really Você não trabalhou duro! sos do idioma. Porém, entender sua estrutura e propó-
hard! sito facilitam a compreensão de quem estuda inglês.
Apesar de ser similar ao passado simples quando
She didn’t finish high Ela não terminou o ensino
traduzido literalmente, o present perfect serve para
school in January. médio em janeiro.
expressar ações no tempo passado de modo indeter-
minado, ou seja, que não precisam necessariamente
Quando nos referimos aos verbos irregulares do ter incisão de tempo.
passado, não podemos definir nenhuma regra espe- No passado simples, as ações ocorrem e terminam
cífica para identifica-los, mas podemos memorizar as no passado e isto é comumente expresso com alguns
exceções para melhor comunicarmos em inglês. Con- advérbios de tempo e palavras e expressões de tempo
fira a seguir verbos irregulares como exemplo: Verbo: como last week (semana passada), yesterday (ontem),
Comer – To eat (infinitivo), ate (verbo irregular no pas- at 3 o’clock (às 3 horas), before lunch (antes do almo-
sado); Verbo: Partir – To leave (infinitivo), left (verbo ço), two months ago (há dois meses), entre outros uti-
irregular no passado). lizados no simple past. 293
O present perfect, por outro lado, é utilizado quan- She has never been to another country. (Ela nunca
do a ação a ser reportada é mais importante do que esteve em outro país)
quando ela ocorreu no passado, ou seja, sem indica- I have already made many mistakes. (Eu já cometi
ção temporal e para expressar acontecimentos passa- muitos erros)
dos que tem consequências ou repercussão no tempo
presente. Sua estrutura se baseia no verbo auxiliar PRESENT PERFECT CONTINUOUS
HAVE seguido de um verbo no particípio. Confira:
Quando nos referimos ao present perfect conti-
nuous da língua inglesa, falamos de um tempo ver-
SUJEITO I bal usado para expressar ações que se iniciaram no
tempo passado (sem incidência de tempo exata) que
HAVE/HAS (AUX.) have continuam e repercutem até o tempo presente, tam-
bém podendo indicar mudanças de estado e compor-
VERBO NO PARTICÍPIO been
tamento. Observe a seguir:
COMPLEMENTO to Brazil
SUJEITO She
Tradução: Eu estive no Brasil
VERBO AUXILIAR has
No caso dos sujeitos I, you, we, they utilizamos o TO BE (PARTICÍPIO) been
verbo auxiliar HAVE e no caso dos sujeitos he, she, it
usamos HAS, que é sua conjugação base no presente. VERBO GERÚNDIO working
E é por este motivo que este tempo verbal leva o nome
de presente perfeito. Observe que o verbo no particí- COMPLEMENTO in the company
pio no exemplo anterior é o verbo irregular to be. Os TEMPO for a long time.
verbos irregulares no passado, também serão irregu-
lares no particípio. Os verbos regulares mantêm a sua
Tradução: Ela trabalha na empresa há muito tempo.
estrutura do passado simples mesmo quando conjuga-
das no particípio. Veja:
Note que é necessário acrescentar o verbo to be no
particípio e complementar com um verbo no gerún-
SUJEITO He dio, que é o verbo responsável pela ideia de continui-
dade temporal na oração, marcado pelo sufixo -ing
HAVE/HAS (AUX.) has (work – working). Como você pode observar, o pre-
sente perfect continuous não pode ser traduzido de
VERBO NO PARTICÍPIO talked forma literal, pois não possuímos um equivalente a
ele na língua portuguesa, quando queremos dizer que
COMPLEMENTO to the principal
alguém ainda hoje realiza uma ação que realizava no
passado, usamos o presente simples:
Tradução: Ele conversou com o diretor.
Ex.: Ele joga tênis desde os 12 anos.
O verbo to talk (conversar) é um verbo regular e,
portanto, assume sua forma no particípio de maneira No inglês, isto se dá de forma diferente pela com-
idêntica à sua forma no passado simples, talked. preensão de que a ação de jogar o esporte se inicia no
Em frases negativas no presente perfect, é o ver- passado e segue ocorrendo até o presente como uma
bo auxiliar que fica negativo. Soma-se o not ao have ação contínua em gerúndio (ele ainda está jogando).
ou ao has, podendo vir contraído como haven’t ou Observe como esta mesma oração ficaria em inglês:
hasn’t.
Ex.: He has been playing tennis since he was 12.
She hasn’t called me to explain it. (Ela não me
ligou para explicar.) Apesar de não existir incidência de tempo de modo
They haven’t started the monthly planning. (Eles exato, como dia da semana ou a hora, no presente per-
não começaram o planejamento mensal) fect continuous há sim incidência de tempo de modo
mais amplo, como idade, ano, mês ou alguns advér-
Em orações interrogativas, inverte-se a posição do bios de tempo e frequência (recently – recentemente;
verbo auxiliar e do sujeito. lately – atualmente; etc..).

PAST PERFECT
Have you considered joining the army? (Você con-
siderou ir para o exército?)
Has he lost his mind? (Ele perdeu a cabeça/ficou O past perfect é utilizado para expressar a ordem
louco?) cronológica de ações ocorridas no passado. Em uma
linha do tempo a frase expressa neste tempo verbal
pode ser entendida como a primeira ação realizada
Alguns advérbios de frequência são utilizados jun-
no passado, ou seja, a mais antiga. A ação em questão
tamente ao present perfect para indicar ações que já é mais importante do que o tempo exato em que ela
ocorreram ou não em algum momento na vida, sem ocorreu no passado, ou seja, não há indicação tempo-
a necessidade da incidência de tempo. São eles: ever ral específica, apenas uma indicação de uma ordem
(já), already (já), never (nunca) e yet (ainda, já). Eles cronológica de acontecimentos relevantes para a nar-
são colocados logo após o verbo auxiliar, salvo pelo rativa do interlocutor. Sua estrutura se baseia no ver-
yet que deve estar no fim da oração. Observe alguns bo auxiliar had seguido de um verbo no particípio e
294 exemplos: seu respectivo complemento. Confira:
SUJEITO The students Note que é necessário acrescentar o verbo to be
no particípio e também complementar com um verbo
HAD (AUX.) Had no gerúndio, que é o verbo responsável pela ideia de
continuidade temporal na oração, marcado pelo sufi-
VERBO NO PARTICÍPIO left xo -ing (work – working). Como você pode observar,
COMPLEMENTO the school o past perfect continuous não pode ser traduzido de
forma literal, pois não possuímos um equivalente a
ele na língua portuguesa, quando queremos dizer que
Tradução: Os alunos deixaram a escola
alguém estava fazendo uma ação contínua no passa-
do, usamos o passado simples:
É possível que a oração no past perfect venha seguida
de uma oração complementar no passado simples, para
indicar a ação que ocorreria a seguir, a partir da palavra Ex.: Ele estava investigando o caso há meses quan-
“when” (quando). Por vezes, a oração no past perfect do finalmente o resolveram.
acompanha o advérbio already (já). Confira:
No inglês, isto se dá de forma diferente pela com-
She had already eaten when we arrived home with preensão a ação se inicia no passado e segue ocorren-
pizza. do até outra ação interferi-la no passado, como em
(Ela já tinha comido quando nós chegamos em uma linha cronológica de ações. Observe como esta
casa com pizza) mesma oração ficaria em inglês

Observe que na oração anterior a primeira parte, Ex.: He had been investigating the case for months
identificada como past perfect, expressa uma ação que when they finally cracked it.
já havia acontecido antes da oração em present simple. (Ele estava investigando o caso há meses quando
Ainda que as ações na oração estejam invertidas, o past eles finalmente o resolveram)
perfect marca a ordem cronológica dos acontecimentos.
Observe que ainda que ambas as ações estejam no
When we arrived home with pizza, she had already passado, há uma ordem específica na oração sobre
eaten, qual ação aconteceu primeiro devido uso do past per-
(Quando nós chegamos em casa com pizza, ela já fect. Neste caso, “ele estava investigando” refere-se à
tinha comido.) ação mais antiga no passado, por ser marcada pelo
past perfect em sua estrutura (had been investigating),
Note que, assim como no presente perfect, alguns e a seguinte oração, “eles finalmente o resolveram”,
advérbios de frequência são utilizados no past perfect expressa outra ação no passado simples, o que indica
para indicar ações que já ocorreram ou não em algum que ela ocorreu após a mais antiga na linha cronológi-
momento na vida. São eles: ever, already, never e yet. ca de tempo. Confira ainda mais um exemplo:
Eles são colocados logo após o verbo auxiliar, salvo
pelo yet que deve estar no fim da oração. Observe When our grandpa decided to order pizza (2), we
alguns exemplos: had already had dinner (1).
(Quando nosso avô decidiu pedir pizza, nós já
She had never been to another country. (Ela nunca tínhamos jantado.)
tinha estado em outro país)
I had already made that mistakes. (Eu já tinha Observe que ainda que a ordem da oração se alte-
cometido aquele erro) re e a oração no tempo do passado perfeito em inglês
esteja posta após a oração no passado simples, ainda
PAST PERFECT CONTINUOUS assim, a ordem se mantém: a oração no past perfect
sempre irá expressar a ação mais antiga do passado.
O past perfect continuous da língua inglesa é um
tempo verbal usado para expressar ações que se ini- SIMPLE FUTURE
ciaram no tempo passado, antes de outra ação tam-
bém no passado, e continuaram ocorrendo dentro de O simple future tense em inglês é o tempo verbal
um determinado tempo de forma contínua, repercu- usado para expressar ações futuras. Existem dois
tindo até um determinado momento no próprio pre-
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

tipos de futuro simples: o futuro próximo ou certo e o


térito, também podendo indicar mudanças de estado
futuro mais distante e incerto. O primeiro é marcado
e comportamento. Observe a seguir:
pelo verbo to be + GOING TO; o segundo é marcado
pelo verbo modal de futuro WILL.
SUJEITO He Para tratar de situações que acontecerão em um
futuro próximo ou são mais prováveis de acontecer,
VERBO AUXILIAR had utilizamos:
TO BE (PARTICÍPIO) been
Verb to be + GOING TO + um verbo complementar +
VERBO GERÚNDIO thinking complemento do assunto.
COMPLEMENTO about the job offer
Confira a seguir alguns exemplos:
TEMPO for weeks
She is going to spend Christmas with her family.
Tradução: Ela estava pensando na oferta de empre- (futuro próximo/certeza)
go há semanas. (Ela vai passar o Natal com a família dela) 295
They aren’t going to believe my story. (grandes Will she be attending prom with
chances/probabilidade)
her boyfriend?
(Eles não vão acreditar na minha história) INTERROGATIVA
Ela estará indo à festa de formatu-
ra com seu namorado?
A conjugação das orações com going to no futuro
simples se dá do mesmo modo que as orações com Won’t they be reading a new book
verb to be no presente simples. NEGATIVA by next class?
Em orações cuja intenção é expressar um futuro INTERROGATIVA Ele não estará lendo um livro novo
incerto ou mais distante do presente, usa-se o WILL. até a próxima aula?
Sua estrutura é bem simples, observe um exemplo na
afirmativa com WILL + verbo no tempo presente.
FUTURE PERFECT CONTINUOUS
Matthew will live in Canada in a couple of years.
Matheus viverá no Canadá daqui alguns anos. Este tempo verbal pode ser um pouco diferente
para falantes da língua portuguesa, mas quando bem
Na negativa, somamos o WILL + not, o que poderá estudado é passível de ser completamente compreen-
ser contraído para won’t. dido e totalmente usual. O future perfect continuous
expressa a continuação de ações que serão termina-
z She won’t accept the judge’s decision / She will not das em algum tempo no futuro, ou seja, incluem uma
accept the judge’s decision. (Ela não aceitará a deci- ideia de passado dentro do tempo verbal futuro em
são do juiz) sua estrutura.
Confira a seguir sua estrutura na afirmativa:
E na interrogativa, inverte-se a posição do verbo
modal WILL e o sujeito em questão na oração; ela tam-
bém pode vir em sua forma negativa (WON’T), usada SUJEITO She
para confirmar ou reafirmar informações através de WILL will
uma pergunta. Confira:
HAVE (AUX.) have
z Will you say yes if he proposes to you?
(Você dirá sim se ele te pedir a mão?) TO BE (PARTICÍPIO) been

VERB + ING running


FUTURE CONTINUOUS
COMPLEMENTO for 1 hour
O future continuous, como o próprio nome expres-
sa, expressa ações contínuas no tempo futuro. Ações Tradução: Ela estará correndo por 1 hora.
que se iniciam e pretendem continuar ocorrendo
mais adiante no futuro. No português, chamamos esse Note que o complemento geralmente expressa um
recurso linguístico de redundância e temos o costume tempo específico no futuro através do uso de by (até),
de expressar ações futuras apenas no modo simples. for (por, há) ou since (desde) + expressão de tempo
Observe a oração a seguir: (next week, next month, next year, next holiday, noon,
5 o’clock, 2025, etc.). Confira alguns exemplos a seguir:
Ele estará conversando com vocês sobre o assunto
durante a palestra.
By – utiliza-se They will have Eles terão entre-
quando nos refe- delivered the gado o projeto
É preferível que esta oração seja substituída por
rimos a prazos e project by noon. até o meio-dia.
“ele conversará com vocês sobre o assunto durante a
tempo limite.
palestra” na língua portuguesa. No inglês, no entanto,
utiliza-se do presente continuous para indicar que a For – refere-se John will have John estará es-
ação será contínua e permanecerá sendo realizada por ao tempo total, been studying tudando há um
mais tempo do que de costume. Para isso utilizamos o à duração de for a whole year. ano.
auxiliar do futuro WILL + o verb to be no infinitivo uma atividade
(sem o “to”) + um verbo com ing + complemento da
frase. Since – expres- They will have Eles estarão
sa o tempo been together juntos desde a
He will be talking to you about the subject during inicial de uma since the party. festa.
the lecture. possível ação
futura, marcan-
Veja a seguir mais exemplos em diferentes modos: do seu tempo.

The principal will be hosting the Observe que, em seu uso na negativa, apenas colo-
anual party. ca-se o not depois do verbo auxiliar do futuro WILL
AFIRMATIVA
(O diretor estará sendo o anfitrião (também apresentado com contração – won’t):
da festa anual)

She won’t be calling any of the SUJEITO They


employees this week.
NEGATIVA WILL + NOT will not/won’t
Ela não estará ligando para ne-
nhum funcionário esta semana HAVE (AUX.) have
296
TO BE (PARTICÍPIO) been z The company suggests that the meeting end by
noon. (A empresa sugere que a reunião termine
VERB + ING packing até o meio-dia)

COMPLEMENTO by noon Note que os verbos apresentados nos exemplos


anteriores (recommend, suggest, demand, ask) todos
Tradução: Eles não estarão fazendo as malas/ dão a ideia de sugestões, pedidos ou requisições, exis-
empacotando as coisas até meio-dia. tem alguns outros também que expressam a mesma
ideia, tais como: propose (propor), insist (insistir),
Já na interrogativa, basta inverter a posição do intend (pretender), request (solicitar), requite (exigir),
sujeito e do verbo auxiliar do futuro WILL: entre outros.
Logo em seguida do pronome objeto, a qual se
refere o pedido, vem acompanhado o verbo em seu
WILL Will
formato infinitivo (sem o to). Observe que em outros
SUJEITO Anna tipos de oração o correto seria “she comes”, “the mee-
ting ends”, “the gates are” ou “the service starts”, no
HAVE (AUX.) have entanto, ao se tratar do subjuntivo, é necessário apli-
car a regra do infinitivo.
TO BE (PARTICÍPIO) been
No caso de orações negativas no presente do sub-
VERB + ING traveling juntivo, coloca-se o not (não), antes do verbo no infi-
nitivo. Confira:
COMPLEMENTO since March
z We recommend that she not come early. (Nós reco-
Tradução: Anna estará viajando desde março? mendamos que ela não chegue cedo)
z The company suggests that the meeting not end by
IMPERATIVO E SUBJUNTIVO noon. (A empresa sugere que a reunião não termi-
ne até o meio-dia)
O imperativo trata-se de um recurso linguísti-
co usado quando o interlocutor pretende dar uma ADJETIVOS
ordem, um comando, uma proibição ou uma instru-
ção de modo direto. Quando utilizamos o imperativo Os adjetivos dão características aos substantivos,
na língua inglesa, a oração não necessita vir acom- a fim de expressar o estado, a condição, a qualidade
panhada de um sujeito porque subentende-se quem ou os defeitos a eles. Em inglês, podem apresentar
receberá a ordem pelo contexto. variação quanto ao grau, podendo estabelecer rela-
Em alguns casos, quando a ação em questão pre- ções comparativas ou superlativas. No entanto, não
sente na frase é afirmativa, é necessário que o verbo possuem variação quanto ao gênero (masculino e
esteja em sua forma no infinitivo, ou seja sem con- feminino) e número (singular e plural), como ocor-
jugação, com a ausência do “to”. É observando este re na língua portuguesa. Sendo assim, um adjetivo é
modo verbal único que se pode identificar a presença usado de maneira imutável para referir-se a qualquer
de uma frase imperativa em inglês. Observe a seguir substantivo, seja ele no masculino ou no feminino, no
alguns exemplos afirmativos: singular ou no plural. Veja a seguir alguns exemplos:

z Get out of the way! (Saia do caminho) Those lazy boys don’t help at home.
z Wait for me, please. (Espere por mim, por favor) (Aqueles meninos preguiçosos não ajudam em
casa)
Já quando a ordem, sugestão, comando ou instru-
ção é algo negativo, com o sentido de proibição, usa-se Mary and John adopted three black dogs.
DO NOT (não) para início de frase, podendo aparecer (Mary e John adotaram três cachorros pretos)
em sua forma contraída DON’T. Observe:
TIPOS DE ADJETIVOS
z Do not feed the animals. (Não alimente os animais)
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

z Don’t talk to me like this. (Não fale comigo assim) Podemos classificar os diferentes tipos de adjetivos
em alguns grupos específicos conforme a ideia que
Quando falamos sobre o tema subjuntivo na língua expressam em uma oração. Observe a tabela:
inglesa, estamos nos referindo a uma forma gramati-
cal usada a fim de fazer pedidos, sugestões, bem como TIPOS EXEMPLO
em orações condicionais. O presente do subjuntivo
pode ser identificado a partir de um uso específico do big (grande), small
verbo em orações, encontramos o verbo em questão Adjetivos de tamanho (pequeno), huge (enorme),
sem a conjugação esperada, mas sim no infinitivo sem tiny (minúsculo).
o “to” — be (ser), see (ver), prepare (preparar), keep
(manter) etc. Além disso, as orações no presente do green (verde), Orange
subjuntivo, usadas para expressar sugestões ou pedi- Adjetivos de cor (laranja), blue (azul), silver
dos, vêm marcadas pela conjunção that (que). Obser- (prateado).
ve alguns exemplos:
plastic (plástico), metal
Adjetivos de material (metal), cotton (algodão),
z We recommend that she come early. (Nós recomen- wood (madeira).
damos que ela chegue cedo) 297
TIPOS EXEMPLO
Chinese (chinês), American
Adjetivos de origem (americano), Canadian
(canadense).

beautiful (bonito), weird


Adjetivos de opinião (estranho), awful (horrível),
good (bom).

atheist (ateu), catholic


Adjetivos de religião (católico), jewish (judeu),
buddist (budista).

soccer-field (campo de
Adjetivos de propósito futebol), desk (mesa), flip-
flops (chinelos).

old (velho), young (jovem),


Adjetivos de idade teenager (adolescente), adult
(adulto)

square (quadrado), round


Adjetivos de formato (redondo), triangular
(triangular).

ORDEM DOS ADJETIVOS

Antes de mais nada, deve-se ter bem claro que a posição e ordem dos adjetivos em inglês funciona de forma
diferente do uso comum em português. Os adjetivos em inglês devem vir antes do substantivo.

She has a blue car.


(Ela tem um carro azul)
The red-haired boy was running.
(O menino ruivo estava correndo)

Além disso, quando a oração apresenta mais de um adjetivo, é preciso seguir uma ordem específica. (Imagem
ao lado). Observe e confira alguns exemplos

That was a pretty (1) little (2) Baptist (3) church (4). // Aquela era uma igrejinha batista pequena e bela.

(1 opinião > 2 tamanho > 3 religião > 4 nome)

Those were some really ugly-looking (1) brown (2) leather (3) horseback-riding (4) pants (5). // Aquelas calças
de couro marrons de cavalgar eram muito feias.

(1 opinião > 2 cor > 3 material > 4 propósito > 5 nome)

ADJETIVOS POSSESSIVOS

Os adjetivos possessivos no inglês são parecidos com os pronomes possessivos e à maneira como os usamos.
Em uma oração, eles pedem que um substantivo os acompanhe logo após seu uso. Observe os adjetivos possessi-
vos juntamente com o pronome a quem se referem:

PRONOME ADJETIVO POSSESSIVO EXEMPLO TRADUÇÃO

I My I love my family Eu amo minha família.

You Your Is this your brother? Este é teu irmão?

He His He needs his wallet. Ele precisa de sua carteira.

She Her Her mom is sick. A mãe dela está doente.

It Its Where’s its toy? Onde está o brinquedo dele/dela?

We Our We love to spend our money! Nós amamos gastar nosso dinheiro!

You Your The teacher loves your kids. A professora ama teus filhos.

They Their Their car is very noisy. O carro deles é muito barulhento.
298
GRAU DOS ADJETIVOS Uma regra gramatical importante a ser estabeleci-
da quanto aos superlativos é o uso de -est ou -iest (no
Quando falamos em grau de adjetivos em inglês, caso de adjetivos terminados em y) em adjetivos com
referimo-nos a dois tipos: aos adjetivos comparativos 3 ou menos sílabas, como em nice – nicest ou pretty –
e aos adjetivos superlativos, eles se referem aos adje- prettiest, antecedido do artigo the. Em alguns casos,
tivos relativos da língua inglesa. quando há a sequência consoante + vogal + consoan-
te (cvc), como no caso do adjetivo big ou fun, deve-se
ADJETIVOS RELATIVOS dobrar a última consoante e acrescentar -est à palavra
(the biggest; the funnest). No caso de adjetivos com
Comparativos mais de 3 sílabas, devemos colocar the most (o/a mais)
antes dele. Confira:
Usamos os adjetivos comparativos para estabele-
cer comparação entre dois ou mais seres (substanti- This is the prettiest purse in stock.
vos), podendo esta comparação ser: (Esta é a bolsa mais bonita do estoque)

De igualdade (tanto... quanto): This is the most beautiful purse in stock.


She is as intelligent as her sister. (Esta é a bolsa mais bonita do estoque)
(Ela é tão inteligente quanto a irmã dela)

De superioridade (mais que): Importante!


They run faster than their cousins.
(Eles correm mais rápido que seus primos) Um dos erros mais comuns do estudante de lín-
Jenna was more competitive than the rest of the gua inglesa é confundir o superlativo com o com-
group. parativo. Para evitar este problema, lembre-se
(Jenna era mais competititva que o resto do grupo) que o comparativo sempre expressa a ideia de
adjetivos que comparam dois ou mais seres. Já
De inferioridade (menos que): o superlativo qualifica superior ou inferior ape-
My brother can read less words than I can. nas um ser em relação a todos os outros.
(Meu irmão consegue ler menos palavras que eu)

Uma regra gramatical importante a ser estabeleci- ADJETIVOS INTERROGATIVOS


da quanto aos comparativos é o uso de -er ou -ier em
adjetivos com 3 ou menos sílabas, como em fast – fas- Os adjetivos interrogativos são também conheci-
ter ou busy – busier, seguidos de than (do que) para dos na língua inglesa como Wh- questions. No entanto,
estabelecer relação de comparação; e o uso de more não são todos que se qualificam como adjetivos. Os
ou less seguido de adjetivos com 3 ou mais sílabas, adjetivos interrogativos são utilizados em perguntas
como em interesting – more interesting/less interes- acompanhando os substantivos, ou seja, quantifican-
ting, igualmente seguido de than (do que) para estabe- do e qualificando-os de algum modo. Observe a tabela
lecer relação de comparação. e seus respectivos exemplos:

She is prettier than the other girls.


O quê, o What route Que rota
(Ela é mais bonita que as outras garotas)
WHAT que, que, should we devemos
qual, quais take? tomar?
She is more beautiful than the other girls.
(Ela é mais bonita que as outras garotas) Which one
Qual, quais, Qual deles
WHICH do you
Superlativos que você prefere?
prefer?

Usamos os adjetivos superlativos para intensificar Whose


De quem é
o grau de superioridade ou inferioridade de um ser WHOSE De quem book is
este livro?
(substantivos) em detrimento de outros. this?
De inferioridade (o menos, o pior):
How much
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

Quanta água
HOW Quanta, water did
He is my least favorite character in the movie. você bebeu
MUCH quanto you drink
(Ele é o meu herói menos favorito do filme) hoje?
today?
Was it the worst party you’ve ever been to? How many
(Foi a pior festa a que você já foi?) Quantos anos
HOW Quantos, years have
você passou
MANY quantos you spent
De superioridade (o/a mais, o melhor): no exterior?
abroad?

This is the busiest avenue in the city.


(Esta é a avenida mais movimentada da cidade) ADJETIVOS DETERMINANTES

They have the most profitable business in Dubai. Quando falamos em adjetivos determinantes, nos
(Eles têm o negócio mais rentável de Dubai) referimos aos adjetivos que usamos para determinar
sobre qual substantivo estamos falando em uma ora-
He was the best tennis player in the world. ção. Confira na tabela a seguir os principais adjetivos
(Ele é o melhor jogador de tênis do mundo) determinantes e seus usos em exemplos. 299
This (este, esta, isto) This cake is huge Este bolo é enorme

These (estes, estas) These shoes are ugly. Estes sapatos são feios.

That (aquele, aquela) That book was old. Aquele livro era velho.

Those (aqueles, aquelas) Those kids can’t swim Aquelas crianças não sabem nadar.

All (todo, toda, todos, todas) All my classmates skipped class today Todos os meus colegas faltaram a aula hoje.

Neither (nenhum, nenhuma) Neither car is for sale Nenhum dos carros está à venda.

Every (cada, todo, toda) Every girl in town knows him. Toda garota da cidade o conhece.

Both (ambos, os dois) Both my parents love musicals. Ambos meus pais amam musicais.

Each (cada, cada um) Each one of you can learn. Cada um de vocês pode aprender.

Either (qualquer um, ambos, nenhum) We can chose either book. Podemos escolher qualquer livro.

Other (outro, outra, outros, outras) She has other problems Ela tem outros problemas

Another (um outro, uma outra) Can I have another slice of pie? Eu poderia comer uma outra fatia de torta?

CONJUNÇÕES

Seja em inglês ou em português, as conjunções são responsáveis por conectar a ideia de uma oração a outra,
estabelecendo relação entre elas, podendo acrescentar informações, contrapor ou explicar ideias. Veja a seguir a
forma como uma conjunção é capaz de unir ideias de orações separadas.

John was very frustrated. John got fired. (John estava muito frustrado. John foi demitido)
John was very frustrated because he got fired. (John estava muito frustrado porque ele foi demitido)

A conjunção because conectou as orações de maneira natural, organizando as ideias sem que haja quebra na
narrativa da oração. Confira a seguir algumas das conjunções mais usadas da língua inglesa e exemplos:

CONJUNÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO TRADUÇÃO


E: une ideias e acrescenta She went to the store and bought Ela foi ao mercado e comprou
And
informações some fruits. algumas frutas

Mas, porém: indica Ele amava conversar, mas ele se


But He loved talking but he felt shy.
contraste, contraponto sentiu tímido.

Então, sendo assim: Mark was thirsty, so he stopped Mark estava com sede, então ele
So expressa consequência ou to drink some water before parou para beber um pouco de
efeito running. água antes de correr.

Embora, apesar de: indica Although she was tired, she went Embora ela estivesse cansada,
Although
contraposição, contraste for a walk ela foi caminhar.

Would you rather stay home or go Você prefere ficar em casa ou ir


Or Ou: indica opção
to the mall? para o shopping?

Embora, porém: expressa Eles estavam dispostos a


They were willing to start, the
However contraste, contraponto começar, a chuva, porém, caía lá
rain, however, poured outside.
(formal de but) fora.

Nossa aula acabou, sendo


Sendo assim: expressa Our class is over, therefore we
Therefore assim podemos discutir isso na
conclusão can discuss it on Monday.
segunda-feira.

Ele não me mandou mensagem


Porque: expressa motivo, He didn’t text me because his
Because porque seu celular estava
razão phone was broken.
quebrado.

If Se: indica condição I’ll only go if you come with me. Eu só vou se você for comigo.

Desde, já que: expressa a Já que você está indo a cozinha,


Since you’re going to the kitchen,
Since causa ou o início de uma você poderia me arranjar um
could you fetc.h me some water?
ideia pouco de água?
300
ADVÉRBIOS
He can’t be
Ele não podia estar
FURTHER further from
Advérbios são classes de palavras responsáveis mais longe da verdade.
the truth.
por alterar o sentido do verbo. Dependendo do tipo de
sentido que conferem à oração, os advérbios podem
There’s na
ser classificados em advérbios de tempo, modo, lugar, excelente Há uma ótima pizzaria
afirmação, negação, ordem, dúvida, intensidade, fre- NEAR
pizza place perto daqui.
quência e advérbios interrogativos. Veja a seguir a near here.
explicação para cada tipo e seus respectivos exemplos.

TIPOS DE ADVÉRBIOS Advérbios de afirmação

Advérbios de tempo Expressa certeza com relação à ação em questão.

Expressa o tempo em que a ação é realizada.


She surely knows Ela certamente
SURELY
how to dance. sabe dançar.
Estaremos
We’ll be with
SHORTLY com vocês They indeed hate Eles de fato te
you shortly. INDEED
brevemente. you. odeiam.
Coloque John certainly John certamente
Put your coat
IMMEDIATELY seu casaco CERTAINLY didn’t mean no não quis fazer
on immediately.
imediatamente. harm. mal algum.
The doctor will O médico estará As crianças
SOON The kids evidently
be here soon. aqui em breve. EVIDENTLY evidentemente
love their parents.
amam seus pais.
Por que ela está
Why is she so
LATELY tão chateada He obviously loves Ele obviamente
upset lately? OBVIOUSLY
ultimamente? you. te ama.
NOW Let’s go now. Vamos agora.
Advérbios de negação
Advérbios de modo
Expressa negação quanto a ação em questão.
Expressa o modo ou a maneira como a ação é
realizada. NO No, we can’t. Não, nós não podemos.

He is not the guy


He kissed me Ele me beijou NOT Ele não é cara para você.
SLOWLY for you.
slowly vagarosamente.

Você precisa Advérbios de ordem


You need to lift
CAREFULLY levantá-lo
it carefully
cuidadosamente. Expressa a sequência ou a ordem em que as ações
They gadly Eles alegremente na oração são realizadas.
GLADLY received our receberam nosso
gift. presente. FIRST You said it first! Você disse primeiro!
Ele toca o And, secondly, E, em segundo lugar,
He plays the
BEAUTIFULLY violoncelo SECONDLY I’m really bad at eu sou ruim em
cello beautifully
lindamente. making friends. fazer amigos.
I’ll try to finish it Tentarei terminar Thirdly, they Em terceiro lugar,
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

QUICKLY
quickly. rapidamente. didn’t even eles nem mesmo
THIRDLY
understand what entenderam o que
Advérbios de lugar I said. eu disse.

Lastly, they Por último, eles


Expressa o lugar em que a ação é realizada. LASTLY played my tocaram minha
favorite song. música favorita.
Did you see
THERE Você os viu lá?
them there?
Advérbios de dúvida
We can go Nós podemos ir a
WHEREVER wherever qualquer lugar que Expressa dúvida ou questionamento quanto à
you want você quiser. ação.
The shoes
Os sapatos estavam Maybe she doesn’t Talvez ela não
BEHIND were behind
atrás da porta MAYBE
the door. like cats. goste de gatos.
301
Anna How much
Anna possibly Quanto você alimenta o seu
POSSIBLY possivelmente HOW do you feed
speaks Chinese. cachorro?
fala chinês. your dog?

Talvez eu Why didn’t


Perhaps I should WHY Por que eles não vieram?
PERHAPS deva estudar they come?
be studying math.
matemática.

Eles VOZ ATIVA E PASSIVA


They probably had
PROBABLY provavelmente
too much to drink.
beberam demais. A voz ativa ocorre quando o discurso é direto na
ordem sujeito + verbo + complemento da oração/
Advérbios de intensidade objeto, costuma ser a ordem “natural” das orações e
é a forma mais comum e simples de comunicar uma
Expressa a intensidade com a qual a ação é realizada. mensagem. Já a voz passiva ocorre quando o discurso
é indireto e o complemento da oração, ou seu objeto,
Ela concorda toma o lugar de sujeito; este discurso trata-se de um
She strongly
STRONGLY veementemente recurso linguístico mais complexo, muito utilizado em
agrees with them.
com eles.
livros, em poemas e também em situações em que o
They barely talked Eles mal falaram objeto é mais importante de ser mencionado na ora-
BARELY
to me. comigo. ção em determinado contexto. Observe a diferença na
Ele sabia tabela a seguir:
He knew exaclty
EXACTLY exatamente o que
what I wanted.
eu queroa. VOZ She read all the
Ela leu todos os livros
ATIVA books
Meus pais me
My parents gave
deram dinheiro VOZ All the books Todos os livros foram
NEARLY me nearly enough
quase o suficiente PASSIVA were read by her. lidos por ela.
money to travel.
para eu viajar.

Eu não tenho Note que no primeiro exemplo a ordem direta da


QUITE I’m not quite sure.
completa certeza.
voz ativa é estabelecida.

Advérbios de frequência SUJEITO She

Expressa a frequência em que uma ação é realizada. VERBO Read

COMPLEMENTO/OBJETO DA AÇÃO All the books


RARELY He rarely calls. Ele raramente liga.

Mom never Já na segunda oração é estabelecida uma outra


Mamãe nunca diz o
NEVER says how much estrutura, a da voz passiva
quanto ela se importa.
she cares.

I usually wake Eu geralmente me COMPLEMENTO/


USUALLY All the books
up at 7. levanto às 7. OBJETO

Ian often Ian frequentemente VERBO AUXILIAR +


Were read
OFTEN visits his visita seus avós. VERBO PRINCIPAL
grandparents.
SUJEITO By her
She’s always so Ela é sempre tão
ALWAYS
clever esperta.
Na voz passiva, faz-se necessário o uso do verbo
to be como verbo auxiliar da oração para que o com-
Advérbios interrogativos plemento ou objeto da oração aja como sujeito. Ele
pode se referir ao passado, como no exemplo anterior,
Mudam de forma interrogativa a maneira como a
através do uso de was (era, estava, fora), were (eram,
ação é realizada.
estavam, foram), no tempo presente, através do uso
de is (está, é) ou are (estão, são), ou no tempo futu-
When is she ro com will be (serão, estarão). O verbo principal que
WHEN Quando ela vem?
coming
acompanhará o verbo auxiliar deverá estar conjuga-
Did you she do no particípio. Por fim, acrescenta-se a preposição
WHERE where she Você viu onde ela foi? by (por) para acompanhar o pronome objeto referente
went?
302 ao sujeito original da oração (she – her).
Observe exemplos para cada tempo verbal: Utilize sempre um bom dicionário e busque com-
preender melhor sobre a cultura e história da língua
VOZ ATIVA VOZ PASSIVA inglesa. Assim, você juntará a parte que aprendeu,
relativo à gramática, somados de seus conhecimentos,
She shows her Her dolls are shown e conseguirá aprender um novo idioma com maior
dolls. by her. facilidade.
Presente
(Ela mostra suas (Suas bonecas são
bonecas) mostradas por ela)

He left his cell


phone here.
His cell phone was
left here.
HORA DE PRATICAR!
Pretérito
(Ele deixou seu (Seu celular foi
1. (CESPE – 2019) Britain’s long-running drama of exi-
celular) deixado aqui)
ting the European Union has revealed evident genera-
My mom will That ancient tional differences. Our research looked at how views
study that ancient civilization will be on immigration change over time among different age
civilization. studied by my mom. groups. Our findings are particularly relevant in the
Futuro context of the UK’s Brexit referendum.
(Minha mãe vai (Aquela civilização
estudar aquela antiga será estudada
civilização antiga) por minha mãe) So far, much of the existing research on attitudes to
immigration has largely ignored the potential impor-
tance of generational differences. Researchers have
Existem outros tempos verbais mais complexos long contended that such generational differences are
como o present, past ou future perfect, entre outros, likely because the conditions when people “come of
que também apresentam orações em voz passiva. A
age” politically and socially generally thought to be bet-
estrutura permanece a mesma das orações em tempos
ween the ages of 15 to 20 are instrumental in shaping
verbais mais simples, no entanto, é necessário aten-
tar-se à estrutura original de cada tempo verbal, cujo their opinions, attitudes, and behaviours later in life.
uso de verbos no particípio (done, been, seen, known) e
verbos auxiliares (have, had, will have) já é usual Veja: Our statistical analysis shows that those born between
approximately 1920 and 1960 are generally among the
most negative about immigration. For generations
VOZ ATIVA VOZ PASSIVA born after 1960, we found a small but steadily signi-
ficant movement towards more positive attitudes to
He has planned The party has been
immigration among younger generations.
Present the party. planned by him
perfect (Ele planejou a (A festa foi planejada
festa) por ele) One explanation is that the younger groups are expe-
riencing far more contact with immigrant minorities
Julie had been than their elders, and our research shows that this is
New ideas had been
developing new indeed the case. Exposure to more affordable interna-
developing by Julie.
Past ideas. tional travel and to friends and relatives who’ve worked
(Novas ideias estavam
perfect (Julie estava abroad may allow these younger groups to empathize
sendo desenvolvidas
desenvolvendo more with being a “foreigner” than their parents do, or
pela Julie)
novas ideias) maybe they feel more like “citizens of the world”.

We will have Anti-immigration attitudes are disappearing among younger


The project will have
started the project generations in Britain. Internet: <theconversation.com> (adapted).
been started by us by
by Monday.
Future Monday.
(Nós teremos Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do
perfect (O projeto terá sido
começado o texto apresentado, julgue o item.
começado por nós até
projeto até It is correct to classify “more affordable” and “younger”
segunda)
segunda) in different word classes.

( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

Importante!
2. (CESPE – 2019) Britain’s long-running drama of exi-
O uso da voz passiva é um dos temas mais ting the European Union has revealed evident genera-
comuns de se encontrar em provas e concursos. tional differences. Our research looked at how views
Recomendamos um estudo aprofundado de seu on immigration change over time among different age
uso, em especial quanto à interpretação de texto. groups. Our findings are particularly relevant in the
context of the UK’s Brexit referendum.
Esses são alguns dos tópicos referentes à gramáti-
So far, much of the existing research on attitudes to
ca de maior incidência em provas de concurso, pois
immigration has largely ignored the potential impor-
são esses que podem auxiliá-lo a compreender con-
teúdos na língua inglesa. Sugerimos para ampliar seu tance of generational differences. Researchers have
vocabulário e sua compreensão acerca da língua, que long contended that such generational differences are
você ouça músicas, veja filmes, assista à séries na lín- likely because the conditions when people “come of
gua inglesa, para facilitar seu entendimento e para age” politically and socially generally thought to be bet-
que você possa ir se habituando e adquirindo prática ween the ages of 15 to 20 are instrumental in shaping
na língua inglesa. their opinions, attitudes, and behaviours later in life. 303
Our statistical analysis shows that those born between The old man returned to the village and told the elders
approximately 1920 and 1960 are generally among the what has happened. They drove the lazy man away
most negative about immigration. For generations from the village and took the three cheetah cubs back
born after 1960, we found a small but steadily signi- to their grateful mother. But the long weeping of the
ficant movement towards more positive attitudes to mother cheetah stained her face forever.
immigration among younger generations.
A respeito das informações e dos aspectos linguísti-
One explanation is that the younger groups are expe- cos do texto 7A1-I, julgue o seguinte item.
riencing far more contact with immigrant minorities The adjective “arduous” and the word árduo, in Portu-
than their elders, and our research shows that this is guese, are considered false cognates.
indeed the case. Exposure to more affordable interna-
tional travel and to friends and relatives who’ve worked ( ) CERTO ( ) ERRADO
abroad may allow these younger groups to empathize
more with being a “foreigner” than their parents do, or 4. (CESPE – 2019)
maybe they feel more like “citizens of the world”.
Texto 7A1-I
Anti-immigration attitudes are disappearing among younger
generations in Britain. Internet: <theconversation.com> (adapted). Why the Cheetah’s Cheeks Are Stained
(A Traditional Zulu Story)
Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do
texto apresentado, julgue o item. Kwasuka sukela....”
The first sentence of the text presents more than four
words which are cognate to words in Portuguese. Long ago a lazy hunter was sitting under a tree. He
was thinking that it was too hot to be bothered with
( ) CERTO ( ) ERRADO the arduous task of stalking prey through the bushes.
Below him there were fat antelope grazing. But this
3. (CESPE – 2019) hunter couldn’t be bothered, so lazy was he! He gazed
at the herd, wishing that he could have the meat without
Texto 7A1-I the work, When suddenly he noticed a movement. It
was a female cheetah. She singled out an antelope
Why the Cheetah’s Cheeks Are Stained who had foolishly wandered away from the rest. With
(A Traditional Zulu Story) great speed she came upon the antelope and brought
it down.
Kwasuka sukela....”
The hunter watched as the cheetah dragged her prize
Long ago a lazy hunter was sitting under a tree. He to some shade on the edge of the clearing. There three
was thinking that it was too hot to be bothered with the beautiful cheetah cubs were waiting for her. The lazy
hunter was filled with envy. Then he had a wicked idea.
arduous task of stalking prey through the bushes. Below
He decided that he would steal one of the cheetah
him there were fat antelope grazing. But this hunter
cubs and train it to hunt for him.
couldn’t be bothered, so lazy was he! He gazed at the
herd, wishing that he could have the meat without the
When the sun began to set, the cheetah left her cubs
work, When suddenly he noticed a movement. It was a
concealed in a bush and set off to the waterhole.
female cheetah. She singled out an antelope who had
Quickly the hunter went to the bushes where the cubs
foolishly wandered away from the rest. With great speed
were hidden. He first chose one, then decided upon
she came upon the antelope and brought it down.
another, and then changed his mind again. Finally, he
stole them all.
The hunter watched as the cheetah dragged her prize
to some shade on the edge of the clearing. There three When their mother returned half-an-hour later and fou-
beautiful cheetah cubs were waiting for her. The lazy nd her babies gone, she was broken-hearted. The poor
hunter was filled with envy. Then he had a wicked idea. mother cheetah cried and cried until her tears made
He decided that he would steal one of the cheetah dark stains down her cheeks. She cried so loudly that
cubs and train it to hunt for him. she was heard by an old man who came to see what
the noise was all about.
When the sun began to set, the cheetah left her cubs
concealed in a bush and set off to the waterhole. The old man returned to the village and told the elders
Quickly the hunter went to the bushes where the cubs what has happened. They drove the lazy man away
were hidden. He first chose one, then decided upon from the village and took the three cheetah cubs back
another, and then changed his mind again. Finally, he to their grateful mother. But the long weeping of the
stole them all. mother cheetah stained her face forever.

When their mother returned half-an-hour later and fou- A respeito das informações e dos aspectos linguísti-
nd her babies gone, she was broken-hearted. The poor cos do texto 7A1-I, julgue o seguinte item.
mother cheetah cried and cried until her tears made The predominant verb tense in this story is the simple
dark stains down her cheeks. She cried so loudly that past tense.
she was heard by an old man who came to see what
304 the noise was all about. ( ) CERTO ( ) ERRADO
5. (CESPE – 2019) cram African literature into a small, neat definition. I
do not see African literature as one unit but as a group
Texto 7A1-I of associated units — the sum of all the national and
ethnic literatures of Africa. A national literature has a
Why the Cheetah’s Cheeks Are Stained realized or potential audience throughout its territory.
(A Traditional Zulu Story) In other words, a literature that is written in the national
language. An ethnic literature is available only to one
Kwasuka sukela....” ethnic group within the nation. If you take Nigeria as
an example, the national literature, as I see it, is the
Long ago a lazy hunter was sitting under a tree. He literature written in English; and the ethnic literatures
was thinking that it was too hot to be bothered with are in Hausa, Ibo, Yoruba, Efik, Edo, Ijaw, etc.
the arduous task of stalking prey through the bushes.
Chinua Achebe. The african writer and the english language
Below him there were fat antelope grazing. But this
In: Patrick Williams & Laura Cristman. Colonial discourse and
hunter couldn’t be bothered, so lazy was he! He gazed postcolonial theory. New York: Columbia University Press, 1994, p.
at the herd, wishing that he could have the meat without 428-9 (adapted).
the work, When suddenly he noticed a movement. It
was a female cheetah. She singled out an antelope A respeito do vocabulário e dos aspectos linguísticos
who had foolishly wandered away from the rest. With do texto 7A2-I, julgue o item seguinte.
great speed she came upon the antelope and brought In the text, “within” is a preposition meaning outside.
it down.
( ) CERTO ( ) ERRADO
The hunter watched as the cheetah dragged her prize
to some shade on the edge of the clearing. There three 7. (CESPE – 2019)
beautiful cheetah cubs were waiting for her. The lazy
hunter was filled with envy. Then he had a wicked idea. Texto 7A2-I
He decided that he would steal one of the cheetah
cubs and train it to hunt for him. In 1962, there was a writers’ gathering impressively
styled “A Conference of African Writers of English
When the sun began to set, the cheetah left her cubs Expression”. Despite this rather solemn title, there was
concealed in a bush and set off to the waterhole. something that we tried to do and failed — that was
Quickly the hunter went to the bushes where the cubs to define “African literature”. Was it literature produced
were hidden. He first chose one, then decided upon in Africa or about Africa? Should it be in indigenous
another, and then changed his mind again. Finally, he African languages or should it include Arabic, English,
stole them all. French, Portuguese, Afrikaans, and so on? You cannot
cram African literature into a small, neat definition. I
When their mother returned half-an-hour later and fou- do not see African literature as one unit but as a group
nd her babies gone, she was broken-hearted. The poor of associated units — the sum of all the national and
mother cheetah cried and cried until her tears made ethnic literatures of Africa. A national literature has a
dark stains down her cheeks. She cried so loudly that realized or potential audience throughout its territory.
she was heard by an old man who came to see what In other words, a literature that is written in the national
the noise was all about. language. An ethnic literature is available only to one
ethnic group within the nation. If you take Nigeria as
The old man returned to the village and told the elders an example, the national literature, as I see it, is the
what has happened. They drove the lazy man away literature written in English; and the ethnic literatures
from the village and took the three cheetah cubs back are in Hausa, Ibo, Yoruba, Efik, Edo, Ijaw, etc.
to their grateful mother. But the long weeping of the
mother cheetah stained her face forever. Chinua Achebe. The african writer and the english language
In: Patrick Williams & Laura Cristman. Colonial discourse and
postcolonial theory. New York: Columbia University Press, 1994, p.
A respeito das informações e dos aspectos linguísti- 428-9 (adapted).
cos do texto 7A1-I, julgue o seguinte item.
The phrasal verb “singled out” can be understood, in A respeito do vocabulário e dos aspectos linguísticos
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

this context, as a synonym of selected. do texto 7A2-I, julgue o item seguinte.


In the text, “If” introduces a conditional clause.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
6. (CESPE – 2019)
8. (CESPE – 2019)
Texto 7A2-I
Texto 7A2-II
In 1962, there was a writers’ gathering impressively
styled “A Conference of African Writers of English What are the factors which have conspired to place
Expression”. Despite this rather solemn title, there was English in the position of national language in many
something that we tried to do and failed — that was parts of Africa? Quite simply the reason is that these
to define “African literature”. Was it literature produced nations were created in the first place by the interven-
in Africa or about Africa? Should it be in indigenous tion of the British, which, I hasten to add, is not saying
African languages or should it include Arabic, English, that the peoples comprising these nations were inven-
French, Portuguese, Afrikaans, and so on? You cannot ted by the British.Those of us who have inherited the 305
English language may go on resenting it because it 10. (CESPE – 2019)
came as part of a package deal which included many
other items of doubtful value and the positive atro- It was early 2016 in the Calais Refugees Camp. We had
city of racial arrogance and prejudice. But let us not, students asking to learn English and French but they
in rejecting the evil, throw out the good with it. This is didn’t want to learn grammar or long lists of vocabu-
my thinking on the importance of the world language lary. Opportunities for oral interaction were limited.
which history has forced down our throats.
Food and cooking have become essential elements
in many refugee education projects and it’s a great
A respeito dos verbos empregados no texto 7A2-II, jul- topic for the English classroom more generally. Reci-
gue o item. pes use relatively predictable and restricted vocabu-
In the text, “may” indicates permission. lary that can be easily adjusted for language level. The
grammar can also be limited to the imperative: “First
( ) CERTO ( ) ERRADO chop the onions.Then fry them in oil.” This creates
a good opportunity to work on pronunciation, word
9. (CESPE – 2019) stress and intonation using authentic materials: “Chop
the tomatoes and add them to the onions”.
It was early 2016 in the Calais Refugees Camp. We had
students asking to learn English and French but they I first used cooking for language-learning while wor-
didn’t want to learn grammar or long lists of vocabu- king alongside Kate McAllister with a community of
male Sudanese refugees in Calais who had organised
lary. Opportunities for oral interaction were limited.
themselves around a small communal kitchen. It was
very primitive only a small room with two gas burners
Food and cooking have become essential elements connected to a gas tank, but some great meals were
in many refugee education projects and it’s a great cooked there, usually with very limited ingredients.
topic for the English classroom more generally. Reci-
pes use relatively predictable and restricted vocabu- Kate planned lessons around simple French and
lary that can be easily adjusted for language level. The English recipes in exchange for Sudanese recipes from
grammar can also be limited to the imperative: “First our students. Recipes were presented with simple dia-
chop the onions.Then fry them in oil.” This creates grams and pictures, to be annotated in English and/or
a good opportunity to work on pronunciation, word French and Arabic. “We talked. We learned. We coo-
stress and intonation using authentic materials: “Chop ked. We laughed. We ate. It was a good day.”
the tomatoes and add them to the onions”.
Cooking is also a great opportunity to take students
shopping an authentic task of buying real food. Best
I first used cooking for language-learning while wor-
of all, these lessons went beyond language learning,
king alongside Kate McAllister with a community of fostering a sense of community in the class.
male Sudanese refugees in Calais who had organised
themselves around a small communal kitchen. It was Gil Ragsdale. Recipes for success in language learning. Internet:
very primitive only a small room with two gas burners <www.elgazette.com> (adapted).
connected to a gas tank, but some great meals were
cooked there, usually with very limited ingredients. O texto relata uma experiência de aprendizagem de
inglês e francês por meio da troca de receitas entre refu-
Kate planned lessons around simple French and giados em um campo de refugiados de Calais. A respeito
English recipes in exchange for Sudanese recipes from das ideias e informações do texto precedente e de seus
our students. Recipes were presented with simple dia- aspectos linguísticos, julgue o item que se segue.
grams and pictures, to be annotated in English and/or In the sentences ‘First chop the onions. Then fry them
in oil.’, the verbs “chop” and “fry” are used in the pre-
French and Arabic. “We talked. We learned. We coo-
sent continuous.
ked. We laughed. We ate. It was a good day.”
( ) CERTO ( ) ERRADO
Cooking is also a great opportunity to take students
shopping an authentic task of buying real food. Best 11. (CESPE – 2019)
of all, these lessons went beyond language learning,
fostering a sense of community in the class. It was early 2016 in the Calais Refugees Camp. We had
students asking to learn English and French but they
Gil Ragsdale. Recipes for success in language learning. Internet:
didn’t want to learn grammar or long lists of vocabu-
<www.elgazette.com> (adapted).
lary. Opportunities for oral interaction were limited.
O texto relata uma experiência de aprendizagem de
Food and cooking have become essential elements
inglês e francês por meio da troca de receitas entre
in many refugee education projects and it’s a great
refugiados em um campo de refugiados de Calais. A topic for the English classroom more generally. Reci-
respeito das ideias e informações do texto precedente pes use relatively predictable and restricted vocabu-
e de seus aspectos linguísticos, julgue o item que se lary that can be easily adjusted for language level. The
segue. grammar can also be limited to the imperative: “First
The pronoun “It”, in the sentence “It was very primitive” chop the onions.Then fry them in oil.” This creates
refers to the Sudanese cooking. a good opportunity to work on pronunciation, word
stress and intonation using authentic materials: “Chop
306 ( ) CERTO ( ) ERRADO the tomatoes and add them to the onions”.
I first used cooking for language-learning while wor- No que se refere ao texto anterior e a seus aspectos
king alongside Kate McAllister with a community of linguísticos, julgue o item a seguir.
male Sudanese refugees in Calais who had organised In the sentence “When you’re shopping or walking
themselves around a small communal kitchen. It was down the street”, the verbal forms express an idea that
very primitive only a small room with two gas burners corresponds to the subjunctive tense in Portuguese.
connected to a gas tank, but some great meals were
cooked there, usually with very limited ingredients. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Kate planned lessons around simple French and


English recipes in exchange for Sudanese recipes from 13. (CESPE – 2019)
our students. Recipes were presented with simple dia-
grams and pictures, to be annotated in English and/or Study skills tips
French and Arabic. “We talked. We learned. We coo-
ked. We laughed. We ate. It was a good day.”
What makes a good language learner? There are some
things that good language learners do and some
Cooking is also a great opportunity to take students
things they don’t do. Here are some of the most useful
shopping an authentic task of buying real food. Best
suggestions.
of all, these lessons went beyond language learning,
fostering a sense of community in the class.
� Don’t be afraid of making mistakes. Good language
Gil Ragsdale. Recipes for success in language learning. Internet: learners notice their mistakes and learn from them.
<www.elgazette.com> (adapted).
� Do group activities. A good language learner always
O texto relata uma experiência de aprendizagem de looks for opportunities to talk with other students.
inglês e francês por meio da troca de receitas entre refu-
giados em um campo de refugiados de Calais. A respeito � Make notes during every class. Look at your notes
das ideias e informações do texto precedente e de seus when you do your homework.
aspectos linguísticos, julgue o item que se segue.
The word “shopping” is an adjective in the sentence. � Use a dictionary. Good language learners often use dic-
tionaries to check the meaning of words they don’t know.
( ) CERTO ( ) ERRADO
� Think in the language you’re learning outside the
12. (CESPE – 2019) classroom. When you’re shopping or walking down the
street, remember useful words and phrases.
Study skills tips
� Do extra practice. Test and improve your language,
What makes a good language learner? There are some reading and listening skills with self-study material.
things that good language learners do and some You can find a lot of this online.
things they don’t do. Here are some of the most useful
suggestions. � Imagine yourself speaking in the language. Many
good language learners can see and hear themselves
� Don’t be afraid of making mistakes. Good language speaking in the language.
learners notice their mistakes and learn from them.
� Enjoy the process. Good language learners have fun
� Do group activities. A good language learner always with the language. Watch a TV series or film, listen to
looks for opportunities to talk with other students. songs, play video games or read a book. It’s never too
late to become a good language learner.
� Make notes during every class. Look at your notes
when you do your homework. Internet: <learnenglish.britishcouncil.org> (adapted).

� Use a dictionary. Good language learners often use dic-


tionaries to check the meaning of words they don’t know.
No que se refere ao texto anterior e a seus aspectos
� Think in the language you’re learning outside the linguísticos, julgue o item a seguir.
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

classroom. When you’re shopping or walking down In the sentence “You can find a lot of this online.”, the
the street, remember useful words and phrases. pronoun “this” refers to the word “Test”.

� Do extra practice. Test and improve your language, ( ) CERTO ( ) ERRADO


reading and listening skills with self-study material.
You can find a lot of this online. 14. (CESPE – 2019)
� Imagine yourself speaking in the language. Many
Amazon fish species at risk if fires destroy river habitat
good language learners can see and hear themselves
speaking in the language.
This year’s unusually severe fires in the Amazon have
� Enjoy the process. Good language learners have fun not only attracted widespread international attention,
with the language. Watch a TV series or film, listen to but also illuminated the effects of mounting defores-
songs, play video games or read a book. It’s never too tation in the region, from evaporating rains to rising
late to become a good language learner. carbon dioxide emissions. Yet one effect of forest loss
in the Amazon has largely been ignored: how it influen-
Internet: <learnenglish.britishcouncil.org> (adapted). ces the river system and the fish living in it. 307
There are few places in the world where aquatic and 9 GABARITO
arboreal life are brought together as closely as they
are in the Amazon. While the rainforest is home to the
1 ERRADO
world’s largest river (by volume of water) and 1,700 tri-
butaries, about one-sixth of the basin is also made up 2 CERTO
of largely forest-covered wetlands that flood for long
periods each year and support the commercially most 3 ERRADO
important fish in the region.
4 CERTO
Although still pristine in much of the Amazon, the floo- 5 CERTO
dplain forests have in recent decades been heavily
damaged in some parts of the basin, especially in the 6 ERRADO
Eastern lowlands of Brazil. Now, the threat to their sur- 7 CERTO
vival — and the fish that rely on them — may be growing
more intense because of increasing deforestation and 8 ERRADO
fire, researchers say, warning that further degradation
of the flooded forests could fundamentally alter the 9 ERRADO
Amazon’s aquatic ecosystem. 10 ERRADO
Internet: <www.nationalgeographic.com> (adapted). 11 ERRADO

A respeito das ideias, dos aspectos gramaticais e do 12 CERTO


vocabulário do texto apresentado, julgue o item a seguir. 13 ERRADO
The word “few” can be correctly replaced by little
without changing its meaning. 14 ERRADO

15 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO

15. (CESPE – 2019)

Amazon fish species at risk if fires destroy river habitat


ANOTAÇÕES
This year’s unusually severe fires in the Amazon have
not only attracted widespread international attention,
but also illuminated the effects of mounting defores-
tation in the region, from evaporating rains to rising
carbon dioxide emissions. Yet one effect of forest loss
in the Amazon has largely been ignored: how it influen-
ces the river system and the fish living in it.

There are few places in the world where aquatic and


arboreal life are brought together as closely as they
are in the Amazon. While the rainforest is home to the
world’s largest river (by volume of water) and 1,700 tri-
butaries, about one-sixth of the basin is also made up
of largely forest-covered wetlands that flood for long
periods each year and support the commercially most
important fish in the region.

Although still pristine in much of the Amazon, the floo-


dplain forests have in recent decades been heavily
damaged in some parts of the basin, especially in the
Eastern lowlands of Brazil. Now, the threat to their sur-
vival — and the fish that rely on them — may be growing
more intense because of increasing deforestation and
fire, researchers say, warning that further degradation
of the flooded forests could fundamentally alter the
Amazon’s aquatic ecosystem.

Internet: <www.nationalgeographic.com> (adapted).

A respeito das ideias, dos aspectos gramaticais e do


vocabulário do texto apresentado, julgue o item a seguir.
In the text, there are some examples of cognates in
English that resemble the same words and have the
same meaning in Portuguese, such as ‘aquatic’, ‘arbo-
real’ forests’ and ‘degradation’.

308 ( ) CERTO ( ) ERRADO


Polícia Rodoviária Federal

PRF-Polícia Rodoviária
Federal
Policial Rodoviário

Volume II

NV-003JN-21 B
Cód.: 7908428800130
Obra Produção Editorial

PRF-Polícia Rodoviária Federal


Carolina Gomes
Josiane Inácio

Policial Rodoviário Karolaine Assis

Organização

Ana Gabrielly de Souza


Autores
Roberth Kairo
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO • Diego Alves

DIREITO ADMINISTRATIVO • Fernando Paternostro Revisão de Conteúdo


Zantedeschi e Jonatas Albino Arthur de Carvalho
Clarice Virgilio
DIREITO CONSTITUCIONAL • Samara Kich
Fernanda Silva
DIREITO PENAL • Rodrigo Gonçalves e Renato Phillipini Jaíne Martins
Maciel Rigoni
DIREITO PROCESSUAL PENAL • Eduardo Gigante

DIREITOS HUMANOS • Camila Cury Análise de Conteúdo

Ana Beatriz Mamede


João Augusto Borges
Saula Diniz

Diagramação
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Dayverson Ramon
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Higor Moreira
Polícia Rodoviária Federal : agente policial : volume I / [Gabriela Coelho]...[et al].
-- São Paulo : Nova Concursos, 2021. Lucas Gomes
378 p. V2
Willian Lopes
ISBN 978-65-87525-26-6

1. Serviço público - Brasil – Concursos 2. Concursos - Problemas, questões, exer-


cícios 3. Polícia Rodoviária Federal - Concursos 4. Língua portuguesa 5. Direito I. Capa
Coelho, Gabriela
Joel Ferreira dos Santos
21-0467 CDU 35.08(079.1)

Índices para catálogo sistemático: Projeto Gráfico


1. Serviço público - Brasil - Concursos
Daniela Jardim & Rene Bueno

Data da Publicação

Janeiro/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. Portanto, Dúvidas


no caso de atualizações voluntárias e erratas, estas serão
disponibilizadas no site www.novaconcursos.com.br por meio do www.novaconcursos.com.br/contato
código de acesso disponível neste material. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
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ção de sucesso na busca pela tão almejada aprovação em um
cargo público. Pensando nisso, essa obra está organizada em
disciplinas subdivididas nos temas do edital, didaticamente
reunidos em um sumário especialmente planejado para otimi-
zar o seu tempo e o seu aprendizado.

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– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
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cios gabaritados da banca organizadora do certame.

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO..........................................................................................11
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO – LEI 9.503/1993 E SUAS ALTERAÇÕES, INCLUSIVE AS
DA LEI N° 14.071 DE 2020................................................................................................................. 11

LEI N° 5.970 DE 1973.......................................................................................................................... 65

DIREITO ADMINISTRATIVO......................................................................................... 111


NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA............................................................................111

CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO..............................111

ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA..........................................................................................................112

AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA...................112

ATO ADMINISTRATIVO....................................................................................................................115

CONCEITO........................................................................................................................................................115

REQUISITOS.....................................................................................................................................................115

ATRIBUTOS......................................................................................................................................................116

CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES.........................................................................................................................117

AGENTES PÚBLICOS........................................................................................................................117

DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS ..........................................................................................117

LEI Nº 8.112, DE 1990 E LEGISLAÇÃO PERTINENTE....................................................................................118

DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS:......................................................................................................................118

Conceito, Espécies, Cargo, Emprego e Função Pública............................................................................... 118

CARREIRA DE POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL..........................................................................126

LEI Nº 9.654, DE 1998 E SUAS ALTERAÇÕES ...............................................................................................127

LEI Nº 12.855, DE 2013 ...................................................................................................................................129

LEI Nº 13.712, DE 2018 ...................................................................................................................................130

DECRETO Nº 8.282, DE 2014 ..........................................................................................................................131

PODERES ADMINISTRATIVOS.........................................................................................................134

HIERÁRQUICO..................................................................................................................................................134

DISCIPLINAR....................................................................................................................................................135
REGULAMENTAR.............................................................................................................................................135

PODER DE POLÍCIA..........................................................................................................................................135

USO E ABUSO DO PODER................................................................................................................................136

LICITAÇÃO.........................................................................................................................................136

PRINCÍPIOS......................................................................................................................................................137

CONTRATAÇÃO DIRETA .................................................................................................................................137

Dispensa e Inexigibilidade.............................................................................................................................. 137

MODALIDADES.................................................................................................................................................140

TIPOS................................................................................................................................................................142

PROCEDIMENTO..............................................................................................................................................143

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..................................................................................146

CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...........................................................................146

CONTROLE JUDICIAL......................................................................................................................................147

CONTROLE LEGISLATIVO...............................................................................................................................148

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO........................................................................................149

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO BRASILEIRO.............................................................149

RESPONSABILIDADE POR ATO COMISSIVO E OMISSIVO DO ESTADO......................................................150

REQUISITOS E CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO.............151

REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO...........................................................................................153

CONCEITO............................................................................................................................................... 153

PRINCÍPIOS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA........................................ 154

DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................... 159


PODER CONSTITUINTE....................................................................................................................159

FUNDAMENTOS ..............................................................................................................................................159

PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO E DERIVADO.......................................................................................159

Reforma e Revisão Constitucionais e Limitação do Poder de Revisão......................................................159

EMENDAS À CONSTITUIÇÃO..........................................................................................................................160

FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS..................162

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS.......................................................................................162


Direito à vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança e à Propriedade.......................................................162

DIREITOS SOCIAIS...........................................................................................................................................169

NACIONALIDADE ............................................................................................................................................170

CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS..............................................................................................................172

GARANTIAS CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS.............................................................................................173

Remédios Constitucionais............................................................................................................................. 173

PODER EXECUTIVO...........................................................................................................................175

FORMA E SISTEMA DE GOVERNO..................................................................................................................175

CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA DE GOVERNO................................................................................................175

ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.................................................176

DA UNIÃO: BENS E COMPETÊNCIAS (ARTS 20 A 24 DA CF)........................................................................178

DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.....................................................187

FORÇAS ARMADAS (ART 142, CF).................................................................................................................188

SEGURANÇA PÚBLICA (ART 144 DA CF).......................................................................................................189

Organização da Segurança Pública............................................................................................................... 189

ATRIBUIÇÕES CONSTITUCIONAIS DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL....................................................190

ORDEM SOCIAL.................................................................................................................................190

BASE E OBJETIVOS.........................................................................................................................................190

SEGURIDADE SOCIAL......................................................................................................................................191

MEIO AMBIENTE..............................................................................................................................................193

FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE, IDOSO .................................................................................................194

ÍNDIO................................................................................................................................................................195

DIREITO PENAL................................................................................................................ 199


PRINCÍPIOS BÁSICOS......................................................................................................................199

APLICAÇÃO DA LEI PENAL..............................................................................................................203

LEI PENAL NO TEMPO.....................................................................................................................................204

Tempo do Crime e Conflito de Leis Penais no Tempo................................................................................. 204

LEI PENAL NO ESPAÇO...................................................................................................................................210

Lugar do Crime, Territorialidade e Extraterritorialidade da Lei Penal..........................................................210


TIPICIDADE........................................................................................................................................212

CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO..............................................................................................................217

ERRO DE TIPO..................................................................................................................................................217

CRIME CONSUMADO E TENTADO..................................................................................................................218

CRIME IMPOSSÍVEL........................................................................................................................................221

PUNIBILIDADE E CAUSAS DE EXTINÇÃO......................................................................................................221

ILICITUDE...........................................................................................................................................221

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE...........................................................................................................221

EXCESSO PUNÍVEL..........................................................................................................................................222

CULPABILIDADE................................................................................................................................222

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE................................................................................................222

IMPUTABILIDADE............................................................................................................................................223

ERRO DE PROIBIÇÃO ......................................................................................................................................223

CRIMES..............................................................................................................................................224

CRIMES CONTRA A PESSOA..........................................................................................................................224

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO..................................................................................................................246

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL......................................................................................................268

CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA.............................................................................................275

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA....................................................................................................................291

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..........................................................................................302

DIREITO PROCESSUAL PENAL.................................................................................. 335


AÇÃO PENAL.....................................................................................................................................335

CONCEITO........................................................................................................................................................335

CARACTERÍSTICAS.........................................................................................................................................335

ESPÉCIES.........................................................................................................................................................336

CONDIÇÕES......................................................................................................................................................337

TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (LEI Nº 9.099, DE 1995)....................................337

ATOS PROCESSUAIS: FORMA, LUGAR E TEMPO..........................................................................................337

PROVA................................................................................................................................................338
CONCEITO, OBJETO, CLASSIFICAÇÃO..........................................................................................................338

PROVAS ILÍCITAS............................................................................................................................................338

REQUISITOS E ÔNUS DA PROVA....................................................................................................................338

PRESERVAÇÃO DE LOCAL DE CRIME.............................................................................................................339

MEIOS DE PROVA............................................................................................................................................339

Pericial............................................................................................................................................................. 339
Interrogatório.................................................................................................................................................. 340
Confissão......................................................................................................................................................... 340
Perguntas ao Ofendido................................................................................................................................... 340
Testemunhas................................................................................................................................................... 340
Reconhecimento de Pessoas e Coisas......................................................................................................... 341
Acareação....................................................................................................................................................... 341
Documentos.................................................................................................................................................... 341
Indícios............................................................................................................................................................ 342

BUSCA E APREENSÃO.....................................................................................................................................342

Pessoal, Domiciliar e Requisitos.................................................................................................................... 342


Restrições e Horários..................................................................................................................................... 342

PRISÃO...............................................................................................................................................343

CONCEITO E ESPÉCIES...................................................................................................................................343

FORMALIDADES, MANDADO DE PRISÃO E CUMPRIMENTO.......................................................................343

PRISÃO EM FLAGRANTE.................................................................................................................................344

IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL (ART 5º, LVIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ART 3º DA LEI Nº


12.037, DE 2009)...............................................................................................................................345

DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS (ART 6º E 13 DO CPP)..............................................................................347

DIREITOS HUMANOS..................................................................................................... 357


DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL....................................................................357

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS.....................357

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS................................................................364

CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (DECRETO Nº 678, DE 1992)...........................373


Muito cuidado com este singelo dispositivo. Se lhe
fosse perguntado se o trânsito em condições seguras é
dever de todos, o que você responderia? Acredito que
a maioria diria um sonoro sim! Pois bem, o CTB afir-
ma que o trânsito, em condições seguras, é um direito
de todos e dever dos órgãos de trânsito. Então, tenham
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO cuidado! Segundo o CTB, é direito de todos e não dever.
Inclusive, esse dispositivo já foi cobrado em prova.

Responsabilidade dos órgãos de Trânsito


CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO –
§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Siste-
LEI 9.503/1993 E SUAS ALTERAÇÕES,
ma Nacional de Trânsito respondem, no âmbito
INCLUSIVE AS DA LEI N° 14.071 DE das respectivas competências, objetivamente, por
2020 danos causados aos cidadãos em virtude de ação,
omissão ou erro na execução e manutenção de pro-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES gramas, projetos e serviços que garantam o exercí-
cio do direito do trânsito seguro.
Abrangência do CTB
O legislador cita que os órgãos de trânsito respon-
derão objetivamente por danos aos cidadãos em virtu-
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias
terrestres do território nacional, abertas à circula- de de ação, omissão ou erro na execução de serviços.
ção, rege-se por este Código. O que significa Responsabilidade Objetiva? A respon-
sabilidade objetiva não depende da comprovação do
Veja que o CTB abrange apenas vias terrestres do dolo ou da culpa do agente causador do dano, apenas
Brasil! Vias aéreas e marítimas não são regidas pelo do nexo de causalidade entre a sua conduta e o dano
CTB. Quanto às vias abertas à circulação, o CTB rege causado à vítima, isto é, mesmo que o agente causador
também, excepcionalmente, as vias privadas. Então, não tenha agido com dolo ou culpa, deverá o Estado
se for cobrada na sua prova se o CTB se aplica às vias indenizar a vítima. É a teoria do risco administrati-
vo. Posteriormente é possível que o Estado cobre os
privadas, deve-se responder que sim, se aplica o CTB,
valores do servidor em ação regressiva, se houver
mas apenas em condomínios constituídos por unida-
negligência, imprudência ou imperícia. Cabe destacar
des autônomas e em vias e áreas de estacionamento
que o Estado está isento de danos causados por atos
de estabelecimentos privados de uso coletivo. Por-
de terceiros, força maior, culpa exclusiva da vítima ou
tanto, pode ocorrer uma fiscalização de trânsito nos
caso fortuito, sendo este o entendimento predominan-
estacionamentos destes estabelecimentos (estacio-
te nos Tribunais.
namentos de shoppings, farmácias, hipermercados),
provocando um fenômeno de publicização de vias
§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes
particulares em regime de exceção.
ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade
em suas ações à defesa da vida, nela incluída a pre-
Conceito de Trânsito servação da saúde e do meio-ambiente.

§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por Vias terrestres


pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos,
conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,
Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas,
estacionamento e operação de carga ou descarga.
as avenidas, os logradouros, os caminhos, as pas-
sagens, as estradas e as rodovias, que terão seu
Temos aqui o conceito de trânsito no CTB. O que é uso regulamentado pelo órgão ou entidade com cir-
trânsito? Trânsito é a utilização das vias por pessoas, cunscrição sobre elas, de acordo com as peculiari-
veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzi- dades locais e as circunstâncias especiais.
dos ou não, para fins de circulação, parada, estaciona- Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
mento e operação de carga ou descarga. consideradas vias terrestres as praias abertas à cir-
Convém ressaltar que os conceitos de estacio- culação pública, as vias internas pertencentes aos
namento, parada, circulação e operação de carga e condomínios constituídos por unidades autônomas
descarga estão no anexo I do CTB. A principal dife- e as vias e áreas de estacionamento de estabeleci-
rença está nos conceitos de estacionamento e parada. mentos privados de uso coletivo.
Observe que a parada é um tempo restrito ao embar-
que e desembarque de passageiros! Se, por acaso, o As praias abertas à circulação pública, as vias
condutor estiver dentro do carro, aguardando uma internas pertencentes aos condomínios constituídos
pessoa fazer compras em frente a um estabelecimento por unidades autônomas e as vias e áreas de estacio-
comercial, por exemplo, e houver uma sinalização de namento de estabelecimentos privados de uso coleti-
proibição de estacionamento, o condutor poderá ser vo são vias terrestres. Mas o mais interessante é que
autuado por estacionar em local proibido. vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos
privados de uso coletivo, ou seja, estacionamentos de
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito supermercados, shoppings e afins são vias terrestres
de todos e dever dos órgãos e entidades componen- agora. Isto se deve, principalmente, aos problemas
tes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes caben- causados por pessoas mal-educadas que estacionam
do, no âmbito das respectivas competências, adotar em locais destinados a deficientes físicos e idosos, não
as medidas destinadas a assegurar esse direito. portando autorização. 11
Antigamente, não se autuava estes infratores em 3. (CONSULTEC – 2016) As normas e disposições do
tais locais. No entanto, a lei foi modificada para punir Código de Trânsito Brasileiro são aplicáveis
quem insiste em infringir esta regra. Inclusive, a infra-
ção foi alterada pela lei 13.281/2016. Sendo assim, o a) a qualquer veículo, bem como aos proprietários, con-
estacionamento em vagas reservadas às pessoas com dutores dos veículos nacionais ou estrangeiros e às
deficiência ou idosos sem credencial em shoppings e pessoas nele expressamente mencionadas.
mercados a partir de 01/11/2016 passou a ser infração b) aos veículos, proprietários e condutores nacionais,
de natureza gravíssima com a criação do inciso XX do exceto os estrangeiros.
Art.181 do CTB. c) aos veículos e seus proprietários e a outras pessoas
nele mencionadas.
d) apenas aos veículos e seus condutores e a outras pes-
Importante! soas nele mencionadas.
e) apenas aos proprietários e condutores de veículos.
Quais são as vias rurais e urbanas? Vamos ao
Anexo I: Literalidade do Art. 3º do CTB. Ninguém possui
VIA RURAL - estradas e rodovias. imunidade no trânsito. Aplica-se o CTB inclusive a
VIA URBANA - ruas, avenidas, vielas, ou cami- qualquer veículo, bem como aos proprietários, con-
nhos e similares abertos à circulação pública, dutores dos veículos nacionais ou estrangeiros.
situados na área urbana, caracterizados princi- Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a qual-
palmente por possuírem imóveis edificados ao quer veículo, bem como aos proprietários, condutores
longo de sua extensão. dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele
expressamente mencionadas. Resposta: Letra A.

Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a 4. (IDECAN - 2017) “Os órgãos e entidades de trânsito per-
qualquer veículo, bem como aos proprietários, con- tencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prio-
dutores dos veículos nacionais ou estrangeiros e às ridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a
pessoas nele expressamente mencionadas. preservação ________________ e ____________________.”
Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para Assinale a alternativa que completa correta e sequen-
os efeitos deste Código são os constantes do Anexo I. cialmente a afirmativa anterior.

a) da saúde / das vias


b) das vias / do meio ambiente
EXERCÍCIOS COMENTADOS c) da saúde / do meio ambiente
d) do meio ambiente / da probidade administrativa
1. (EMDEC - 2019) Com relação ao Código de Trânsito
Brasileiro, analise a afirmativa abaixo e assinale Ver- A Letra C está correta. Art. 1º § 5º do CTB nos res-
dadeiro (V) ou Falso (F) guarda. Vejamos:
Art. 1º [...]§ 5º Os órgãos e entidades de trânsi-
( ) Considera-se trânsito a utilização das vias por pes- to pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito
soas, veículos e animais, isolados ou em grupos, darão prioridade em suas ações à defesa da vida,
conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, nela incluída a preservação da saúde e do meio-am-
estacionamento e operação de carga ou descarga. biente. Resposta: Letra C.

Art. 1º § 1º Considera-se trânsito a utilização das DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO


vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em
grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, Finalidades do Sistema Nacional de Trânsito
parada, estacionamento e operação de carga ou
descarga. Resposta: Verdadeiro. Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjun-
to de órgãos e entidades da União, dos Estados, do
2. (CONSULPAM - 2019) Para efeito do Código de Trân- Distrito Federal e dos Municípios que tem por fina-
sito Brasileiro – CTB, NÃO são consideradas vias lidade o exercício das atividades de planejamento,
administração, normatização, pesquisa, registro e
terrestres:
licenciamento de veículos, formação, habilitação e
reciclagem de condutores, educação, engenharia,
a) As praias abertas à circulação pública. operação do sistema viário, policiamento, fiscaliza-
b) As pistas de corridas de automóveis, motos, bicicletas ção, julgamento de infrações e de recursos e aplica-
ou outros veículos de qualquer tipo de tração, privadas ção de penalidades.
ou estatais.
c) As vias internas pertencentes aos condomínios cons- Perceba que o Sistema Nacional de Trânsito é um
tituídos por unidades autônomas. conjunto de esforços entre a União, Estados e Muni-
d) As vias e áreas de estacionamento de estabelecimen- cípios que tem por finalidade executar as tarefas
tos privados de uso coletivo. relacionadas ao trânsito. Nesta norma há muitas atri-
buições e finalidades inerentes aos órgãos de trânsito.
As pistas de corridas de automóveis, motos, bicicle-
tas ou outros veículos de qualquer tipo de tração, Objetivos do Sistema Nacional de Trânsito
privadas ou estatais não são consideradas vias ter-
restres. O Art. 2º Parágrafo único do CTB contempla Art. 6º São objetivos básicos do Sistema Nacional
12 todas as outras alternativas. Resposta: Letra B. de Trânsito:
I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de VII - as Juntas Administrativas de Recursos de
Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao con- Infrações - JARI.
forto, à defesa ambiental e à educação para o trân-
sito, e fiscalizar seu cumprimento; Temos aqui os órgãos do sistema nacional de trân-
II - fixar, mediante normas e procedimentos, a sito. Artigo bastante exigido nas provas. Veja que
padronização de critérios técnicos, financeiros e a guarda municipal não está nesse rol. Pode ela fis-
administrativos para a execução das atividades de calizar trânsito? Pode! O Supremo Tribunal Federal,
trânsito; por seis a cinco, em sessão no dia 6 de agosto de 2015,
III - estabelecer a sistemática de fluxos permanen- decidiu que as guardas municipais têm competência
tes de informações entre os seus diversos órgãos e
para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de
entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a
trânsito e impor multas. Vejamos:
integração do Sistema.

ÓRGÃO
Não confunda as finalidades do Sistema Nacional ÓRGÃO EXE-
NORMATIVO
de Trânsito com os seus objetivos. Memorizem bem ESFERA
CONSULTIVO E
CUTIVO DE
os Objetivos do SNT! Costumam cair de forma direta TRÂNSITO
COORDENADOR
nas provas.
Vejamos melhor cada um dos incisos: União CONTRAN DENATRAN

CETRAN
z O Inciso I refere-se à Política Nacional de Trânsito, Estados CONTRANDIFE Detran
esta que é uma ferramenta que visa assegurar a (DF)
proteção da integridade humana e o desenvolvi-
mento socioeconômico do País, conforme a reso- Municípios - Pode ser criado.
lução do CONTRAN n° 514 de 2014. Uns dos seus
objetivos são: promover a melhoria da seguran-
ça viária e garantir a melhoria das condições de ÓRGÃO ÓRGÃO
mobilidade urbana e viária, a acessibilidade e a ÓRGÃO
ESFERA EXECUTIVO POLICIAL
JULGADOR
qualidade ambiental. RODOVIÁRIO FISCALIZADOR
z O Inciso II refere-se à padronização de critérios
técnicos, financeiros e administrativos, pois, em
União DNIT PRF Jari
um país de dimensões continentais é necessário
a padronização de regras, ou seja, uniformidade DER
nas leis de trânsito para que sejam respeitadas por Estados PM Jari
DAER (RS)
todos Estados da federação.
z O Inciso III fala da integração entre os órgãos do Pode ser
Municípios - Jari
SNT. Temos, por exemplo, o RENAVAM (Registro criado.
nacional de veículos automotores) e o RENACH
(Registro Nacional de condutores), como banco de
dados administrados pelo DENATRAN que permi- Art. 7°-A A autoridade portuária ou a entidade con-
te acesso aos órgãos fiscalizadores de todo o país. cessionária de porto organizado poderá celebrar
A resolução do CONTRAN 576/16 dispõe sobre o convênios com os órgãos previstos no art. 7o, com
a interveniência dos Municípios e Estados, juridica-
intercâmbio de informações, entre órgãos e enti-
mente interessados, para o fim específico de facili-
dades executivos de trânsito dos Estados e do
tar a autuação por descumprimento da legislação
Distrito Federal e os demais órgãos e entidades
de trânsito. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)
executivos de trânsito e executivos rodoviários da § 1° O convênio valerá para toda a área física do porto
União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municí- organizado, inclusive, nas áreas dos terminais alfan-
pios que compõem o Sistema Nacional de Trânsito. degados, nas estações de transbordo, nas instalações
portuárias públicas de pequeno porte e nos respecti-
Da Composição e Competência do Sistema Nacional vos estacionamentos ou vias de trânsito internas.
de Trânsito CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Ferramenta de grande valia para a qualidade de
Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito vida da população, com a promoção da segurança e
os seguintes órgãos e entidades: da fluidez do trânsito na área portuária. Há diversos
I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, tipos de convênios que podem ser firmados, desde
coordenador do Sistema e órgão máximo norma- uma simples orientação de trânsito quanto para a rea-
tivo e consultivo; lização de autuações. Convém lembrar que o convênio
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN
é para autuações dentro da área física do porto orga-
e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal -
nizado e áreas de terminais alfandegários.
CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e
Em Santos, município do Estado de São Paulo, o
coordenadores;
III - os órgãos e entidades executivos de trânsito
Diretor Presidente da Companhia Docas do Estado de
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos São Paulo (CODESP), na função de Autoridade Portuá-
Municípios; ria, estabeleceu regramento para o acesso terrestre ao
IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários porto de Santos, por meio da resolução DP nº 83.2014,
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos de 11 de junho de 2014. A atividade de fiscalização
Municípios; de trânsito é feita pela guarda portuária. Dentre as
V - a Polícia Rodoviária Federal; competências da guarda portuária, destaca-se a de
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito suprir as necessidades de serviços de fiscalização,
Federal; e atendimento às ocorrências, cumprimento de normas 13
e legislação, orientação preventiva, revista de pessoal do Ministério do Desenvolvimento Regional. A presi-
e de veículos, comunicação com autoridades externas dência passa para o ministro da Infraestrutura.
e outras relacionadas à Segurança Portuária, portan-
do, ou não, armamento. Esse instrumento fortalece § 4º Os Ministros de Estado deverão indicar suplen-
a relação porto-cidade, pois fiscalizar e disciplinar o te, que será servidor de nível hierárquico igual ou
trânsito de veículos nas vias do Porto é uma atividade superior ao nível 6 do Grupo-Direção e Assessora-
fundamental da segurança. mento Superiores - DAS ou, no caso do Ministério
da Defesa, alternativamente, Oficial-General. (Lei
Art. 9º O Presidente da República designará o n° 14071 de 2020)
ministério ou órgão da Presidência responsável § 5º Compete ao dirigente do órgão máximo exe-
pela coordenação máxima do Sistema Nacional de cutivo de trânsito da União atuar como Secretário-
Trânsito, ao qual estará vinculado o CONTRAN e -Executivo do CONTRAN. (Lei n° 14071 de 2020)
subordinado o órgão máximo executivo de trânsito § 6º O quórum de votação e de aprovação no CON-
da União. TRAN é o de maioria absoluta. (Lei n° 14071 de
2020)
A informação que você deve frisar é: o DENATRAN
(órgão máximo executivo de trânsito da união) está Três dispositivos a serem estudados. As primei-
subordinado ao órgão ou ministério coordenador do ras informações são: os ministros devem indicar um
sistema nacional de trânsito. Já o CONTRAN está vin- servidor de nível hierárquico igual ou superior; ago-
culado. Mais um detalhe a ser lembrado: é o Presiden- ra o dirigente máximo do DENATRAN será o Secre-
te da República quem designa o ministério ou órgão tário-Executivo do CONTRAN; antigamente ele era o
da Presidência responsável pela coordenação máxi- presidente do CONTRAN. O quórum de votação e de
ma do Sistema Nacional de Trânsito. aprovação no CONTRAN é o de maioria absoluta.

Art. 10 O Conselho Nacional de Trânsito (CON- Art. 10-A Poderão ser convidados a participar de
TRAN), com sede no Distrito Federal, tem a seguinte reuniões do CONTRAN, sem direito a voto, repre-
composição: (Lei n° 14071 de 2020) sentantes de órgãos e entidades setoriais responsá-
II-A - Ministro de Estado da Infraestrutura, que o veis ou impactados pelas propostas ou matérias em
presidirá; exame (Lei n° 14071 de 2020).
III - Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e
Inovações; Competências do CONTRAN
IV - Ministro de Estado da Educação;
V - Ministro de Estado da Defesa; Art. 12 Compete ao CONTRAN:
VI - Ministro de Estado do Meio Ambiente; I - estabelecer as normas regulamentares referidas
VII - (revogado); neste Código e as diretrizes da Política Nacional de
XX - (revogado); Trânsito;
XXII - Ministro de Estado da Saúde; II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional
XXIII - Ministro de Estado da Justiça e Segurança de Trânsito, objetivando a integração de suas
Pública; atividades;
XXIV - Ministro de Estado das Relações Exteriores; III - (VETADO)
XXV - (revogado); IV - criar Câmaras Temáticas;
XXVI - Ministro de Estado da Economia; e V - estabelecer seu regimento interno e as dire-
XXVII - Ministro de Estado da Agricultura, Pecuá- trizes para o funcionamento dos CETRAN e
ria e Abastecimento. CONTRANDIFE;
VI - estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;
O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), com VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das
sede no Distrito Federal, coordenador do Sistema normas contidas neste Código e nas resoluções
Nacional de Trânsito (SNT) e órgão máximo normati- complementares;
vo e consultivo, tem como missão coordenar e super- VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos
visionar as ações e atividades desenvolvidas pelos para o enquadramento das condutas expressa-
órgãos e entidades de trânsito, de forma articulada mente referidas neste Código, para a fiscalização
e integrada, zelando pelo cumprimento da Lei com e a aplicação das medidas administrativas e das
vistas à garantia de um trânsito em condições seguras penalidades por infrações e para a arrecadação das
para todos com a promoção, valorização e preserva- multas aplicadas e o repasse dos valores arrecada-
ção da vida, notadamente por meio do exercício das dos; (Lei n° 14071 de 2020)
competências e atribuições previstas no Código de IX - responder às consultas que lhe forem formula-
das, relativas à aplicação da legislação de trânsito;
Trânsito Brasileiro (CTB) e outras normas em vigor.
X - normatizar os procedimentos sobre a aprendi-
Veja que agora há uma nova composição, uma
zagem, habilitação, expedição de documentos de
vez que foram dadas atribuições aos ministros. Anti-
condutores, e registro e licenciamento de veículos;
gamente, eram os representantes de ministérios que
XI - aprovar, complementar ou alterar os dispositi-
compunham o CONTRAN e agora são os ministros. vos de sinalização e os dispositivos e equipamentos
Além disso, ao Ministério da Infraestrutura foi atri- de trânsito;
buída a função de presidir o CONTRAN, retirando o XII - apreciar os recursos interpostos contra as
dirigente máximo do DENATRAN dessa função. A com- decisões das instâncias inferiores, na forma deste
posição do CONTRAN também passou a envolver mais Código; (Lei n° 14071 de 2020)
três ministérios: Ministério da Economia, Ministério XIII - avocar, para análise e soluções, processos
das Relações Exteriores e o Ministério da Agricultura. sobre conflitos de competência ou circunscrição,
Entretanto, saem do conselho os representantes da ou, quando necessário, unificar as decisões admi-
14 Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e nistrativas; e
XIV - dirimir conflitos sobre circunscrição e compe- § 1º Cada Câmara é constituída por especialistas
tência de trânsito no âmbito da União, dos Estados representantes de órgãos e entidades executivos
e do Distrito Federal. da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos
XV - normatizar o processo de formação do Municípios, em igual número, pertencentes ao Sis-
candidato à obtenção da Carteira Nacional de tema Nacional de Trânsito, além de especialistas
Habilitação, estabelecendo seu conteúdo didáti- representantes dos diversos segmentos da socie-
co-pedagógico, carga horária, avaliações, exa- dade relacionados com o trânsito, todos indicados
mes, execução e fiscalização. (Incluído pela Lei nº segundo regimento específico definido pelo CON-
13.281, de 2016) (Vigência) TRAN e designados pelo ministro ou dirigente coor-
denador máximo do Sistema Nacional de Trânsito.
As atribuições dos órgãos e entidades de trânsito § 2º Os segmentos da sociedade, relacionados no
são quesitos cobrados em exames. Então, por mais que parágrafo anterior, serão representados por pessoa
seja chato estudar, é possível compreender as prin- jurídica e devem atender aos requisitos estabeleci-
cipais tarefas de cada órgão ou entidade de trânsito dos pelo CONTRAN.
§ 3º A coordenação das Câmaras Temáticas será
sem gastar muita energia. O CONTRAN, por exemplo,
exercida por representantes do órgão máximo
possui algumas características peculiares: é um órgão
executivo de trânsito da União ou dos Ministérios
Normativo (Incisos I, VIII, X e XV), Coordenador (Inci-
representados no CONTRAN, conforme definido no
so II), e Consultivo (Inciso IX); estabelece também as ato de criação de cada Câmara Temática. (Lei n°
Diretrizes da Política Nacional de Trânsito, diretrizes 14071 de 2020)
para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE e
diretrizes do regimento das JARI. As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos vinculados
O CONTRAN é essencialmente político, e seus mem- ao Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), têm
bros, muitas vezes, não possuem conhecimento técnico como objetivo estudar e oferecer sugestões e emba-
a respeito de trânsito, mas deliberam sobre a criação samento técnico sobre assuntos específicos para deci-
de Câmaras Temáticas. Com a nova lei, o CONTRAN a sões do Conselho. Cada Câmara será composta por 23
partir de abril de 2021 não analisará mais recursos de (vinte e três) titulares e respectivos suplentes, sele-
segunda instância de infrações de órgãos da União. cionados pelo Diretor do Departamento Nacional de
Trânsito (DENATRAN) e designados pelo Ministro de
§ 1º As propostas de normas regulamentares de que Estado da Infraestrutura, para um mandato de 2 (dois)
trata o inciso I do caput deste artigo serão subme-
anos. Assunto previsto na resolução nº 777, de 13 de
tidas a prévia consulta pública, por meio da rede
junho de 2019.
mundial de computadores, pelo período mínimo
de 30 (trinta) dias, antes do exame da matéria pelo
CONTRAN. (Lei n° 14071 de 2020) Competências do CETRAN
§ 2º As contribuições recebidas na consulta pública
de que trata o § 1º deste artigo ficarão à disposição Art. 14 Compete aos Conselhos Estaduais de Trân-
do público pelo prazo de 2 (dois) anos, contado da sito - CETRAN e ao Conselho de Trânsito do Distrito
data de encerramento da consulta pública. (Lei n° Federal - CONTRANDIFE:
14071 de 2020) I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas
§ 3º Em caso de urgência e de relevante interesse de trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;
público, o Presidente do CONTRAN poderá editar II - elaborar normas no âmbito das respectivas
deliberação, ad referendum do Conselho e com competências;
prazo de validade máximo de 90 (noventa) dias, III - responder a consultas relativas à aplicação
para estabelecer norma regulamentar prevista no da legislação e dos procedimentos normativos de
inciso I do caput, dispensado o cumprimento do trânsito;
disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo, vedada a reedi- IV - estimular e orientar a execução de campanhas
ção. (Lei n° 14071 de 2020) educativas de trânsito;
§ 4º Encerrado o prazo previsto no § 3º deste artigo V - julgar os recursos interpostos contra decisões:
sem o referendo do CONTRAN, a deliberação perde- a) das JARI;
rá a sua eficácia, e permanecerão válidos os efeitos b) dos órgãos e entidades executivos estaduais, nos
dela decorrentes. (Lei n° 14071 de 2020) casos de inaptidão permanente constatados nos
exames de aptidão física, mental ou psicológica;
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
§ 5º Norma do CONTRAN poderá dispor sobre o uso
de sinalização horizontal ou vertical que utilize téc- VI - indicar um representante para compor a comis-
nicas de estímulos comportamentais para a redu- são examinadora de candidatos portadores de defi-
ção de acidentes de trânsito. (Lei n° 14071 de 2020) ciência física à habilitação para conduzir veículos
automotores;
VII - (VETADO)
A partir de abril de 2021 as normas do CONTRAN
VIII - acompanhar e coordenar as atividades de
serão submetidas a Consulta pública prévia por perío- administração, educação, engenharia, fiscalização,
do mínimo de 30 dias. Em caso de urgência e de rele- policiamento ostensivo de trânsito, formação de
vante interesse público, o presidente do CONTRAN condutores, registro e licenciamento de veículos,
pode editar uma deliberação com validade por 90 dias articulando os órgãos do Sistema no Estado, repor-
até análise dos membros do CONTRAN, dispensada tando-se ao CONTRAN;
consulta pública. IX - dirimir conflitos sobre circunscrição e compe-
tência de trânsito no âmbito dos Municípios; e
Art. 13 As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos X - informar o CONTRAN sobre o cumprimento das
vinculados ao CONTRAN, são integradas por espe- exigências definidas nos §§ 1º e 2º do art. 333.
cialistas e têm como objetivo estudar e oferecer XI - designar, em caso de recursos deferidos e na
sugestões e embasamento técnico sobre assuntos hipótese de reavaliação dos exames, junta especial
específicos para decisões daquele colegiado. de saúde para examinar os candidatos à habilitação 15
para conduzir veículos automotores. (Incluído pela Competências do DENATRAN
Lei nº 9.602, de 1998)
Parágrafo único. Dos casos previstos no inciso V, Art. 19 Compete ao órgão máximo executivo de
julgados pelo órgão, não cabe recurso na esfera trânsito da União:
administrativa. I - cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito
e a execução das normas e diretrizes estabelecidas
O CETRAN e o CONTRANDIFE são, também: Nor- pelo CONTRAN, no âmbito de suas atribuições;
mativos (Inciso II), Consultivos (Inciso III), Recursivos II - proceder à supervisão, à coordenação, à correi-
ção dos órgãos delegados, ao controle e à fiscaliza-
(Inciso V) e Coordenadores (Inciso VIII). Lembrando
ção da execução da Política Nacional de Trânsito e
que o CETRAN dirime conflitos entre Municípios e o
do Programa Nacional de Trânsito;
CONTRAN dirime entre órgãos da União e dos Estados.
III - articular-se com os órgãos dos Sistemas Nacio-
É importante ressaltar que o CETRAN e CONTRANDI- nais de Trânsito, de Transporte e de Segurança
FE estimulam e orientam a execução de campanhas Pública, objetivando o combate à violência no
educativas de trânsito. Incluem-se também, entre as trânsito, promovendo, coordenando e executando
competências desse órgão, o acompanhamento e a o controle de ações para a preservação do ordena-
coordenação das atividades de administração, educa- mento e da segurança do trânsito;
ção, engenharia, fiscalização e policiamento ostensivo IV - apurar, prevenir e reprimir a prática de atos
de trânsito. de improbidade contra a fé pública, o patrimônio,
ou a administração pública ou privada, referentes
Art. 15 Os presidentes dos CETRAN e do CON- à segurança do trânsito;
TRANDIFE são nomeados pelos Governadores dos V - supervisionar a implantação de projetos e pro-
Estados e do Distrito Federal, respectivamente, e gramas relacionados com a engenharia, educa-
deverão ter reconhecida experiência em matéria de ção, administração, policiamento e fiscalização
trânsito. do trânsito e outros, visando à uniformidade de
§ 1º Os membros dos CETRAN e do CONTRANDIFE procedimento;
são nomeados pelos Governadores dos Estados e VI - estabelecer procedimentos sobre a aprendi-
do Distrito Federal, respectivamente. zagem e habilitação de condutores de veículos, a
§ 2º Os membros do CETRAN e do CONTRANDIFE expedição de documentos de condutores, de regis-
deverão ser pessoas de reconhecida experiência em tro e licenciamento de veículos;
trânsito. VII - expedir a Permissão para Dirigir, a Carteira
§ 3º O mandato dos membros do CETRAN e do CON- Nacional de Habilitação, os Certificados de Regis-
TRANDIFE é de dois anos, admitida a recondução. tro e o de Licenciamento Anual mediante delegação
aos órgãos executivos dos Estados e do Distrito
Federal;
Importante! VIII - organizar e manter o Registro Nacional de
Carteiras de Habilitação - RENACH;
O Presidente e os Membros do CETRAN e CON- IX - organizar e manter o Registro Nacional de Veí-
TRANDIFE são nomeados pelos Governadores culos Automotores - RENAVAM;
de Estado e o tempo destes é de 02 (dois) anos, X - organizar a estatística geral de trânsito no
admitindo-se a recondução. Aspecto interessan- território nacional, definindo os dados a serem
fornecidos pelos demais órgãos e promover sua
te é que o Presidente do CETRAN deve possuir
divulgação;
reconhecida experiência em matéria de trânsito. XI - estabelecer modelo padrão de coleta de infor-
Já os outros membros deverão ter reconhecida mações sobre as ocorrências de acidentes de trân-
experiência em trânsito. sito e as estatísticas do trânsito;
XII - administrar fundo de âmbito nacional destina-
do à segurança e à educação de trânsito;
Competências das JARI XIII - coordenar a administração do registro das
infrações de trânsito, da pontuação e das penali-
Art. 17. Compete às JARI: dades aplicadas no prontuário do infrator, da arre-
I - julgar os recursos interpostos pelos infratores; cadação de multas e do repasse de que trata o §
II - solicitar aos órgãos e entidades executivos de 1º do art. 320; (Redação dada pela Lei nº 13.281,
trânsito e executivos rodoviários informações com- de 2016) (Vigência)
plementares relativas aos recursos, objetivando XIV - fornecer aos órgãos e entidades do Sistema
uma melhor análise da situação recorrida; Nacional de Trânsito informações sobre registros
III - encaminhar aos órgãos e entidades exe- de veículos e de condutores, mantendo o fluxo per-
cutivos de trânsito e executivos rodoviários manente de informações com os demais órgãos do
informações sobre problemas observados nas Sistema;
autuações e apontados em recursos, e que se repi- XV - promover, em conjunto com os órgãos compe-
tam sistematicamente. tentes do Ministério da Educação e do Desporto, de
As JARI são órgãos colegiados, componentes do Sis- acordo com as diretrizes do CONTRAN, a elabora-
tema Nacional de Trânsito, responsáveis pelo julga- ção e a implementação de programas de educação
mento dos recursos interpostos contra penalidades de trânsito nos estabelecimentos de ensino;
aplicadas pelos órgãos e entidades executivos de XVI - elaborar e distribuir conteúdos programáti-
trânsito ou rodoviários. As JARI, em regra, existem cos para a educação de trânsito;
para analisar e julgar recursos de infrações. Mas, XVII - promover a divulgação de trabalhos técnicos
para efeito de prova, é importante memorizar as sobre o trânsito;
três atribuições dispostas anteriormente. A resolu- XVIII - elaborar, juntamente com os demais
ção nº 357 de 02 de agosto de 2010 regulamenta o órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trân-
16 assunto. sito, e submeter à aprovação do CONTRAN, a
complementação ou alteração da sinalização e dos Este artigo fala do DENATRAN. São muitas as atri-
dispositivos e equipamentos de trânsito; buições, mas algumas são mais populares em provas.
XIX - organizar, elaborar, complementar e alterar Funções principais:
os manuais e normas de projetos de implementação
da sinalização, dos dispositivos e equipamentos de z Expedição da CNH / PPD / PID / CRLV/ CRV;
trânsito aprovados pelo CONTRAN;
z Organizar e manter o RENAINF, RENAVAM e
XX – expedir a permissão internacional para con-
RENACH;
duzir veículo e o certificado de passagem nas alfân-
degas mediante delegação aos órgãos executivos
z Apurar, prevenir e reprimir a prática de atos de
dos Estados e do Distrito Federal ou a entidade improbidade contra a fé pública, o patrimônio, ou
habilitada para esse fim pelo poder público fede- a administração pública ou privada, referentes à
ral; (Redação dada pela lei nº 13.258, de 2016) segurança do trânsito;
XXI - promover a realização periódica de reuniões z Elaborar projetos e programas de formação, trei-
regionais e congressos nacionais de trânsito, bem namento e especialização do pessoal encarrega-
como propor a representação do Brasil em congres- do da execução das atividades relacionadas ao
sos ou reuniões internacionais; trânsito;
XXII - propor acordos de cooperação com organis- z Administrar fundo de âmbito nacional destinado à
mos internacionais, com vistas ao aperfeiçoamen- segurança e à educação de trânsito;
to das ações inerentes à segurança e educação de
z Proceder à supervisão, à coordenação, à correição
trânsito;
dos órgãos delegados, ao controle e à fiscalização
XXIII - elaborar projetos e programas de formação,
da execução da Política Nacional de Trânsito e do
treinamento e especialização do pessoal encarre-
gado da execução das atividades de engenharia, Programa Nacional de Trânsito;
educação, policiamento ostensivo, fiscalização, z Manter o RNPC, que é um registro nacional de
operação e administração de trânsito, propondo bons condutores.
medidas que estimulem a pesquisa científica e o
ensino técnico-profissional de interesse do trânsito, Competências da PRF
e promovendo a sua realização;
XXIV - opinar sobre assuntos relacionados ao trân- Art. 20 Compete à Polícia Rodoviária Federal, no
sito interestadual e internacional; âmbito das rodovias e estradas federais:
XXV - elaborar e submeter à aprovação do CON- I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas
TRAN as normas e requisitos de segurança veicular de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
para fabricação e montagem de veículos, consoante
sua destinação; Se o foco é a PRF, é fundamental saber as atribui-
XXVI - estabelecer procedimentos para a concessão ções deste órgão. Inciso importante. Antes de cobrar
do código marca-modelo dos veículos para efeito de
dos cidadãos, a PRF deve ser um exemplo em cumpri-
registro, emplacamento e licenciamento;
mento das regras de trânsito.
XXVII - instruir os recursos interpostos das deci-
sões do CONTRAN, ao ministro ou dirigente coor-
II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando
denador máximo do Sistema Nacional de Trânsito;
XXVIII - estudar os casos omissos na legislação de operações relacionadas com a segurança pública,
trânsito e submetê-los, com proposta de solução, ao com o objetivo de preservar a ordem, incolumidade
Ministério ou órgão coordenador máximo do Siste- das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;
ma Nacional de Trânsito;
XXIX - prestar suporte técnico, jurídico, adminis- Patrulhamento ostensivo significa visível e carac-
trativo e financeiro ao CONTRAN. terizado. Tenha isto em mente. A finalidade é prevenir
XXX - organizar e manter o Registro Nacional de crimes e acidentes.
Infrações de Trânsito (Renainf). (Incluído pela Lei
nº 13.281, de 2016)(Vigência) III - executar a fiscalização de trânsito, aplicar as
XXXI - organizar, manter e atualizar o Registro penalidades de advertência por escrito e multa e
Nacional Positivo de Condutores (RNPC). as medidas administrativas cabíveis, com a notifi-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

§ 1º Comprovada, por meio de sindicância, a defi- cação dos infratores e a arrecadação das multas
ciência técnica ou administrativa ou a prática cons- aplicadas e dos valores provenientes de estadia e
tante de atos de improbidade contra a fé pública, remoção de veículos, objetos e animais e de escolta
contra o patrimônio ou contra a administração de veículos de cargas superdimensionadas ou peri-
pública, o órgão executivo de trânsito da União, gosas; (Lei n° 14071 de 2020)
mediante aprovação do CONTRAN, assumirá dire-
tamente ou por delegação, a execução total ou par- Aplicar multas e arrecadar o dinheiro delas,
cial das atividades do órgão executivo de trânsito
dinheiro esse que não é repassado para outro órgão.
estadual que tenha motivado a investigação, até
Além disso, arrecada dinheiro das diárias de pátio
que as irregularidades sejam sanadas.
§ 2º O regimento interno do órgão executivo de (estada e remoção) e de escolta de cargas superdimen-
trânsito da União disporá sobre sua estrutura orga- sionadas ou perigosas como, por exemplo, uma carga
nizacional e seu funcionamento. radioativa. Além disso, a PRF aplicará a penalidade de
§ 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito advertência por escrito.
e executivos rodoviários da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios fornecerão, IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de
obrigatoriamente, mês a mês, os dados estatísticos trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e
para os fins previstos no inciso X. salvamento de vítimas; 17
Senhores, efetuar socorro, salvar vítimas e levan- Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua
tar os principais locais que ocorrem acidentes é uma circunscrição:
tarefa importante da PRF. I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as nor-
mas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e II - planejar, projetar, regulamentar e operar o
adotar medidas de segurança relativas aos servi- trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e
ços de remoção de veículos, escolta e transporte de promover o desenvolvimento da circulação e da
carga indivisível; segurança de ciclistas;
III - implantar, manter e operar o sistema de sina-
A PRF fiscaliza e autoriza pessoas jurídicas a ope- lização, os dispositivos e os equipamentos de con-
rarem com escoltas de cargas. Existem cargas que trole viário;
extrapolam os limites de largura e comprimento de IV - coletar dados e elaborar estudos sobre os aci-
veículos, sendo necessário máximo cuidado e plane- dentes de trânsito e suas causas;
jamento por parte de quem faz a escolta a fim de que V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de poli-
não aconteça uma tragédia na rodovia. ciamento ostensivo de trânsito, as respectivas dire-
trizes para o policiamento ostensivo de trânsito;
VI - assegurar a livre circulação nas rodovias VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar,
federais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a aplicar as penalidades de advertência, por escrito,
adoção de medidas emergenciais, e zelar pelo cum- e ainda as multas e medidas administrativas cabí-
primento das normas legais relativas ao direito de veis, notificando os infratores e arrecadando as
vizinhança, promovendo a interdição de constru- multas que aplicar;
ções e instalações não autorizadas; VII - arrecadar valores provenientes de estada e
remoção de veículos e objetos, e escolta de veículos
Missão importante: manter a livre circulação da de cargas superdimensionadas ou perigosas;
via e liberar a rodovia para o trânsito fluir. Pode tam- VIII - fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e
bém solicitar ao DNIT ou DER medidas para garantir a medidas administrativas cabíveis, relativas a infra-
segurança da via como a implementação de sinaliza- ções por excesso de peso, dimensões e lotação dos
ção de trânsito que esteja deficiente. veículos, bem como notificar e arrecadar as multas
que aplicar;
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no
sobre acidentes de trânsito e suas causas, adotan- art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as
do ou indicando medidas operacionais preventivas multas nele previstas;
e encaminhando-os ao órgão rodoviário federal; X - implementar as medidas da Política Nacional de
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
A PRF reporta ao DNIT (órgão rodoviário federal) XI - promover e participar de projetos e programas
de educação e segurança, de acordo com as diretri-
estudos sobre locais críticos de acidentes, propondo
zes estabelecidas pelo CONTRAN;
soluções para diminuir as ocorrências nestes locais.
XII - integrar-se a outros órgãos e entidades do
Sistema Nacional de Trânsito para fins de arreca-
VIII - implementar as medidas da Política Nacional
dação e compensação de multas impostas na área
de Segurança e Educação de Trânsito;
de sua competência, com vistas à unificação do
IX - promover e participar de projetos e programas
de educação e segurança, de acordo com as diretri- licenciamento, à simplificação e à celeridade das
zes estabelecidas pelo CONTRAN; transferências de veículos e de prontuários de con-
dutores de uma para outra unidade da Federação;
XIII - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e
A PRF participa bastante em programas de educa-
ruído produzidos pelos veículos automotores ou
ção para o trânsito. Temos, como exemplo, o cinema
pela sua carga, de acordo com o estabelecido no
rodoviário que orienta os condutores nas rodovias
art. 66, além de dar apoio às ações específicas dos
sobre fatores de agravamento dos acidentes, como
órgãos ambientais locais, quando solicitado;
ultrapassagens proibidas pela sinalização ou força-
XIV - vistoriar veículos que necessitem de autoriza-
das, falta do cinto de segurança e cadeirinha, álcool e
ção especial para transitar e estabelecer os requisi-
excesso de velocidade. tos técnicos a serem observados para a circulação
desses veículos.
XII - aplicar a penalidade de suspensão do direito XV - aplicar a penalidade de suspensão do direito
de dirigir, quando prevista de forma específica para
de dirigir, quando prevista de forma específica para
a infração cometida, e comunicar a aplicação da
a infração cometida, e comunicar a aplicação da
penalidade ao órgão máximo executivo de trânsito
penalidade ao órgão máximo executivo de trânsito
da União. (Lei n° 14071 de 2020)
da União. Lei n° 14071 de 2020.

Observem: agora a partir de abril de 2021, a PRF


Este artigo se trata do DNIT, DER e órgãos rodoviá-
poderá aplicar a suspensão da CNH para condutores
rios municipais. Suas atribuições não são difíceis de
flagrados pelo órgão em infrações que façam previ-
entender. São eles que sinalizam, planejam, projetam
são da suspensão em sua penalidade. Essa missão era
as vias para o fluxo de veículos, pedestres e ciclistas.
exclusiva dos Detrans.
Também fiscalizam o trânsito quanto às infrações de
Competências dos órgãos rodoviários excesso de peso, dimensões e lotação de veículos.
Além disso, vistoriam veículos que possuem exces-
Art. 21Compete aos órgãos e entidades exe- so nas dimensões e precisam de autorização especial
18 cutivos rodoviários da União, dos Estados, do para trafegar.
Dica 66, além de dar apoio, quando solicitado, às ações
específicas dos órgãos ambientais locais;
O órgão rodoviário pode aplicar a suspensão da XVI - articular-se com os demais órgãos do Sistema
CNH para condutores flagrados pelo órgão em Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação
infrações que façam previsão da suspensão em do respectivo CETRAN.
sua penalidade. XVII - criar, implantar e manter escolas públicas
de trânsito, destinadas à educação de crianças e
Competências dos DETRANs adolescentes, por meio de aulas teóricas e práticas
sobre legislação, sinalização e comportamento no
Art. 22 Compete aos órgãos ou entidades executi- trânsito. Lei n° 14071 de 2020
vos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no Parágrafo único. As competências descritas no inci-
âmbito de sua circunscrição: so II do caput deste artigo relativas ao processo de
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas suspensão de condutores serão exercidas quando:
de trânsito, no âmbito das respectivas atribuições; Lei n° 14071 de 2020
II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de I - o condutor atingir o limite de pontos estabeleci-
formação, de aperfeiçoamento, de reciclagem e de do no inciso I do art. 261 deste Código;
suspensão de condutores e expedir e cassar Licença II - a infração previr a penalidade de suspensão do
de Aprendizagem, Permissão para Dirigir e Cartei- direito de dirigir de forma específica e a autuação
ra Nacional de Habilitação, mediante delegação do tiver sido efetuada pelo próprio órgão executivo
órgão máximo executivo de trânsito da União; Lei estadual de trânsito.
n° 14071 de 2020
III - vistoriar, inspecionar as condições de seguran- Estas missões pertencem aos DETRANs dos esta-
ça veicular, registrar, emplacar e licenciar veículos, dos. Se seu foco é exame para algum DETRAN, é de
com a expedição dos Certificados de Registro de suma relevância saber estes incisos na íntegra.
Veículo e de Licenciamento Anual, mediante dele-
Funções principais:
gação do órgão máximo executivo de trânsito da
União. Lei n° 14071 de 2020
IV - estabelecer, em conjunto com as Polícias Mili- z Aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de
tares, as diretrizes para o policiamento ostensivo condutores;
de trânsito; z Expedir e cassar Licença de Aprendizagem, PPD e
V - executar a fiscalização de trânsito, autuar e CNH, mediante delegação do DENATRAN;
aplicar as medidas administrativas cabíveis pelas z Registrar, emplacar, vistoriar, licenciar, inspecio-
infrações previstas neste Código, excetuadas aque- nar veículos por meio de delegação do DENATRAN;
las relacionadas nos incisos VI e VIII do art. 24, no z Executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar
exercício regular do Poder de Polícia de Trânsito; as medidas administrativas cabíveis pelas infra-
VI - aplicar as penalidades por infrações previstas ções previstas neste Código, excetuadas infrações
neste Código, com exceção daquelas relacionadas de circulação, estacionamento, parada, excesso de
nos incisos VII e VIII do art. 24, notificando os infra- peso, dimensão e lotação.
tores e arrecadando as multas que aplicar; z Criar as escolas públicas de trânsito, ferramenta
VII - arrecadar valores provenientes de estada e
importante de educação para o trânsito.
remoção de veículos e objetos
VIII - comunicar ao órgão executivo de trânsito
da União a suspensão e a cassação do direito de Competência da PM
dirigir e o recolhimento da Carteira Nacional de
Habilitação Art. 23 Compete às Polícias Militares dos Estados e
IX - coletar dados estatísticos e elaborar estudos do Distrito Federal:
sobre acidentes de trânsito e suas causas; III - executar a fiscalização de trânsito, quando e
X - credenciar órgãos ou entidades para a execução conforme convênio firmado, como agente do órgão
de atividades previstas na legislação de trânsito, na ou entidade executivos de trânsito ou executivos
forma estabelecida em norma do CONTRAN; rodoviários, concomitantemente com os demais
XI - implementar as medidas da Política Nacional agentes credenciados;
de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
As Polícias Militares dos Estados apenas fiscali-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
XII - promover e participar de projetos e programas
de educação e segurança de trânsito de acordo com zam o trânsito mediante convênio firmado com outro
as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; órgão de trânsito. Convênio é a cooperação entre os
XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do órgãos com a finalidade de atender ao interesse públi-
Sistema Nacional de Trânsito para fins de arreca- co. Seria a união de esforços, de forças. Cada órgão
dação e compensação de multas impostas na área supre a deficiência do outro para que se alcance o
de sua competência, com vistas à unificação do interesse público de forma eficiente.
licenciamento, à simplificação e à celeridade das
transferências de veículos e de prontuários de con-
dutores de uma para outra unidade da Federação;
XIV - fornecer, aos órgãos e entidades executivos
Importante!
de trânsito e executivos rodoviários municipais, Não são todas as Polícias Militares que estão
os dados cadastrais dos veículos registrados e dos automaticamente habilitadas a trabalhar no trân-
condutores habilitados, para fins de imposição e
sito. O Comando da Polícia Militar deverá infor-
notificação de penalidades e de arrecadação de
multas nas áreas de suas competências; mar ao Órgão conveniado quais os militares que
XV - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruí- estariam interessados a passar pelo programa
do produzidos pelos veículos automotores ou pela de capacitação para obter o seu credenciamento
sua carga, de acordo com o estabelecido no art. pessoal através de portaria. 19
Competências dos órgãos executivos de trânsito com o objetivo de diminuir a emissão global de
municipais poluentes;
XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação,
Art. 24 Compete aos órgãos e entidades executivos veículos de tração e propulsão humana e de tração
de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua cir- animal, fiscalizando, autuando, aplicando penali-
cunscrição: (Redação dada pela Lei nº 13.154, de dades e arrecadando multas decorrentes de infra-
2015) ções; (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas XVIII - conceder autorização para conduzir veícu-
de trânsito, no âmbito de suas atribuições; los de propulsão humana e de tração animal;
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trân- XIX - articular-se com os demais órgãos do Sistema
sito de veículos, de pedestres e de animais e promo- Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação
ver o desenvolvimento, temporário ou definitivo, da do respectivo CETRAN;
circulação, da segurança e das áreas de proteção de XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruí-
ciclistas; (Lei n° 14071 de 2020) do produzidos pelos veículos automotores ou pela
III - implantar, manter e operar o sistema de sina- sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66,
lização, os dispositivos e os equipamentos de con- além de dar apoio às ações específicas de órgão
trole viário; ambiental local, quando solicitado;
IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos XXI - vistoriar veículos que necessitem de autoriza-
sobre os acidentes de trânsito e suas causas; ção especial para transitar e estabelecer os requisi-
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de polí- tos técnicos a serem observados para a circulação
cia ostensiva de trânsito, as diretrizes para o poli- desses veículos.
ciamento ostensivo de trânsito; XXII - aplicar a penalidade de suspensão do direito
VI - executar a fiscalização de trânsito em vias de dirigir, quando prevista de forma específica para
terrestres, edificações de uso público e edificações a infração cometida, e comunicar a aplicação da
privadas de uso coletivo, autuar e aplicar as medi- penalidade ao órgão máximo executivo de trânsito
das administrativas cabíveis e as penalidades de da União; (Lei n° 14071 de 2020)
advertência por escrito e multa, por infrações de
XXIII - criar, implantar e manter escolas públicas
circulação, estacionamento e parada previstas nes-
de trânsito, destinadas à educação de crianças e
te Código, no exercício regular do poder de polícia
adolescentes, por meio de aulas teóricas e práticas
de trânsito, notificando os infratores e arrecadando
sobre legislação, sinalização e comportamento no
as multas que aplicar, exercendo iguais atribuições
trânsito. (Lei n° 14071 de 2020)
no âmbito de edificações privadas de uso coletivo,
somente para infrações de uso de vagas reservadas
em estacionamentos; (Redação dada pela Lei nº Se seu objetivo é um concurso para órgão de trân-
13.281, de 2016) (Vigência) sito municipal, é fundamental saber estas missões
VII - aplicar as penalidades de advertência por municipais. Lembrando que, conforme recente altera-
escrito e multa, por infrações de circulação, esta- ção, os municípios não registram nem licenciam mais
cionamento e parada previstas neste Código, noti- os ciclomotores. Essa missão agora é dos DETRANs.
ficando os infratores e arrecadando as multas que Funções principais dos municípios:
aplicar;
VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e z Registrar e licenciar, na forma da legislação, veí-
medidas administrativas cabíveis relativas a infra- culos de tração e propulsão humana e de tração
ções por excesso de peso, dimensões e lotação dos animal, fiscalizando, autuando, aplicando pena-
veículos, bem como notificar e arrecadar as multas lidades e arrecadando multas decorrentes de
que aplicar;
infrações;
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no
z Fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medi-
art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as
das administrativas cabíveis relativas a infrações
multas nele previstas;
X - implantar, manter e operar sistema de estacio- por excesso de peso, dimensões e lotação dos veí-
namento rotativo pago nas vias; culos, bem como notificar e arrecadar as multas
XI - arrecadar valores provenientes de estada e que aplicar; e
remoção de veículos e objetos, e escolta de veículos z Implantar, manter e operar sistema de estaciona-
de cargas superdimensionadas ou perigosas; mento rotativo pago nas vias.
XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e
adotar medidas de segurança relativas aos servi-
ços de remoção de veículos, escolta e transporte de Importante!
carga indivisível;
XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Agora, a partir de abril de 2021, os órgãos exe-
Sistema Nacional de Trânsito para fins de arreca- cutivos de trânsito poderão penalizar condutores
dação e compensação de multas impostas na área com a suspensão da CNH.
de sua competência, com vistas à unificação do
licenciamento, à simplificação e à celeridade das
transferências de veículos e de prontuários dos con- § 1º As competências relativas a órgão ou entidade
dutores de uma para outra unidade da Federação; municipal serão exercidas no Distrito Federal por
XIV - implantar as medidas da Política Nacional de seu órgão ou entidade executivos de trânsito.
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; § 2º Para exercer as competências estabelecidas
XV - promover e participar de projetos e programas neste artigo, os Municípios deverão integrar-se ao
de educação e segurança de trânsito de acordo com Sistema Nacional de Trânsito, por meio de órgão ou
as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; entidade executivos de trânsito ou diretamente por
XVI - planejar e implantar medidas para redução meio da prefeitura municipal, conforme previsto no
20 da circulação de veículos e reorientação do tráfego, art. 333 deste Código. (Lei 14071 de 2020).
Os Municípios não integram o Sistema Nacional de Dica
Trânsito (SNT) de forma automática. É necessário que
Os policiais legislativos poderão lavrar autos de
o Município crie seu órgão para pertencer ao SNT. Se
instituída a estrutura de trânsito, o Município deverá infrações nas adjacências do Congresso Nacio-
encaminhar toda a documentação ao Conselho Esta- nal ou nos locais sob sua responsabilidade se
dual de Trânsito (CETRAN), solicitando formalmente houver situação relacionada a comprometer
a integração ao sistema. O CETRAN fará o exame da objetivamente os serviços ou colocar em risco a
legislação municipal e a vistoria no Município para incolumidade das pessoas ou o patrimônio das
certificar-se da regularidade das informações presta- respectivas Casas Legislativas. A norma entra
das. Após, a documentação será remetida ao Depar- em vigor em 2021.
tamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) para o
cadastramento definitivo no sistema. Este processo
de criação de órgãos municipais chama-se Municipa-
lização do Trânsito. A Resolução n° 560 do CONTRAN
aborda esse detalhe. Detalhe novo: a integração muni-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
cipal poderá se dar por meio da prefeitura com algum
1. (CESPE - 2019) Com relação ao Sistema Nacional de
órgão de trânsito a partir de 2021.
Trânsito, julgue o Item:
Lembrando que a falta da municipalização do trân-
sito acarreta consequências como veículos estaciona- As receitas oriundas das multas aplicadas pela PRF
dos de todas as posições possíveis impedindo o direito serão repassadas ao DNIT, órgão executivo rodoviário
constitucional de ir e vir, condutores não habilitados com circunscrição sobre as rodovias federais.
que põem em risco o direito à vida e a integridade da
população, veículos andando de maneira irregular ( ) CERTO ( ) ERRADO
das formas mais variadas possíveis, pois onde não há
fiscalização, abre-se margem para veículos furtados Muito Errada. A PRF aplica e arrecada as multas
ou roubados circularem dentro do município ocasio- impostas por infrações de trânsito. As receitas
nando assim um aumento na criminalidade. oriundas das multas aplicadas pela PRF são repas-
sadas à própria PRF. Vejamos a lei:
Art. 25 Os órgãos e entidades executivos do Siste- Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no
ma Nacional de Trânsito poderão celebrar convê- âmbito das rodovias e estradas federais:
nio delegando as atividades previstas neste Código,
III - aplicar e arrecadar as multas impostas por
com vistas à maior eficiência e à segurança para os
infrações de trânsito, as medidas administrativas
usuários da via.
§ 1º Os órgãos e entidades de trânsito poderão pres- decorrentes e os valores provenientes de estada e
tar serviços de capacitação técnica, assessoria e remoção de veículos, objetos, animais e escolta de
monitoramento das atividades relativas ao trânsi- veículos de cargas superdimensionadas ou perigo-
to durante prazo a ser estabelecido entre as partes, sas; Resposta: Errado.
com ressarcimento dos custos apropriados.
§ 2º Quando não houver órgão ou entidade executi- 2.(CESPE - 2014) Julgue o item.
vos de trânsito no respectivo Município, o convênio O Sistema Nacional de Trânsito, executor da Política
de que trata o caput deste artigo poderá ser cele-
Nacional de Trânsito, é composto por órgãos e enti-
brado diretamente pela prefeitura municipal com
órgão ou entidade que integre o Sistema Nacional dades da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
de Trânsito, permitido, inclusive, o consórcio com municípios e coordenado pelo Ministério das Cidades,
outro ente federativo. (LEI N° 14.071 DE 2020) ao qual estão subordinados tanto o Conselho Nacio-
nal de Trânsito (CONTRAN) quanto o Departamento
Quando o município não tiver órgão de trânsito, Nacional de Trânsito.
a própria prefeitura poderá celebrar convênio com
órgão ou entidade que integre o Sistema Nacional de ( ) CERTO ( ) ERRADO
Trânsito, permitido, inclusive, o consórcio com outro
ente federativo a fim de que possam fiscalizar o trân- O erro da questão é que o CONTRAN é vinculado e
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
sito no município. não subordinado. (Art. 9 º do CTB) Resposta: Errado.

Art. 25-A Os agentes dos órgãos policiais da Câma- 3. (FUNDATEC - 2019) Tem por finalidade o exercício das
ra dos Deputados e do Senado Federal, a que se refe-
atividades de planejamento, administração, normati-
rem o inciso IV do caput do art. 51 e o inciso XIII
do caput do art. 52 da Constituição Federal, respec-
zação, pesquisa, registro e licenciamento de veículos,
tivamente, mediante convênio com o órgão ou entida- formação, habilitação e reciclagem de condutores,
de de trânsito com circunscrição sobre a via, poderão educação, engenharia, operação do sistema viário,
lavrar auto de infração de trânsito e remetê-lo ao policiamento, fiscalização, julgamento de infrações
órgão competente, nos casos em que a infração come- e de recursos e aplicação de penalidades. De acordo
tida nas adjacências do Congresso Nacional ou nos com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), essa defini-
locais sob sua responsabilidade comprometer obje- ção refere-se ao(s):
tivamente os serviços ou colocar em risco a incolu-
midade das pessoas ou o patrimônio das respectivas
a) Sistema Nacional de Trânsito.
Casas Legislativas. (Lei n° 14071 de 2020)
Parágrafo único. Para atuarem na fiscalização de trânsi- b) Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN.
to, os agentes mencionados no caput deste artigo deve- c) Conselhos Estaduais de Trânsito – CETRAN.
rão receber treinamento específico para o exercício das d) Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN.
atividades, conforme regulamentação do CONTRAN. e) Departamento de Trânsito – DETRAN. 21
O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos ou de animais, ou ainda causar danos a proprieda-
e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fede- des públicas ou privadas;
ral e dos Municípios que tem por finalidade o exercí- II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo peri-
cio das atividades de planejamento, administração, goso, atirando, depositando ou abandonando na
normatização, pesquisa, registro e licenciamento de via objetos ou substâncias, ou nela criando qual-
veículos, formação, habilitação e reciclagem de con- quer outro obstáculo.
dutores, educação, engenharia, operação do sistema
viário, policiamento, fiscalização, julgamento de O legislador neste artigo decidiu proteger a segu-
infrações e de recursos e aplicação de penalidades, rança viária e o meio ambiente. O condutor não pode
conforme art. 5º do CTB. Resposta: Letra A. dirigir e jogar lixo pela janela, por exemplo. Tal ato,
além de deselegante, pode constituir um perigo para o
4. (IDIB - 2020) Observe os itens a seguir: trânsito. A desobediência a tais normas poderá levar o
I. Conselho Nacional de Trânsito infrator ao cometimento das seguintes infrações:
II. Guardas Municipais
III. Polícia Rodoviária Federal Art. 172 Atirar do veículo ou abandonar na via
IV. Polícia Militar dos Estados e do Distrito Federal objetos ou substâncias:
V. Juntas Administrativas de Recursos e Infrações Infração - média;
- JARI Penalidade - multa.
VI. Corpo de Bombeiros dos Estados e do Distrito Art. 246 Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à
Federal livre circulação, à segurança de veículo e pedestres,
Fazem parte do Sistema Nacional de Trânsito os itens tanto no leito da via terrestre como na calçada, ou
obstaculizar a via indevidamente:
Infração - gravíssima;
a) I, III, IV e VI, apenas.
Penalidade - multa, agravada em até cinco vezes, a
b) II, III, V e VI, apenas.
critério da autoridade de trânsito, conforme o risco
c) I, III, IV e V, apenas. à segurança.
d) I, II, V e VI, apenas.
Dever de verificação
Guardas municipais e Corpo de bombeiros não
fazem parte do SNT, conforme art. 7º do SNT. Res-
Art. 27 Antes de colocar o veículo em circulação
posta: Letra C. nas vias públicas, o condutor deverá verificar a
existência e as boas condições de funcionamento
5. IBFC - 2016) Compete aos órgãos e entidades exe- dos equipamentos de uso obrigatório, bem como
cutivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua assegurar-se da existência de combustível suficien-
circunscrição: te para chegar ao local de destino.
I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
trânsito, no âmbito de suas atribuições. Falta de combustível é uma situação evitável, bas-
II. Implantar, manter e operar o sistema de sinalização, ta se planejar. A falta de algum equipamento obri-
os dispositivos e os equipamentos de controle viário. gatório como estepe e macaco se torna também um
III. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre estresse para os condutores e passageiros. Situações
os acidentes de trânsito e suas causas. como estas são corriqueiras e levam, inclusive, a um
IV. Implantar, manter e operar sistema de estaciona- gasto público com acionamento da Polícia para pres-
mento rotativo pago nas vias. tar auxílio. Assim, tais transtornos devem ser punidos.
V. licenciar, na forma da legislação, veículos de tração
e propulsão humana e de tração animal, fiscalizando,
autuando, aplicando penalidades e arrecadando mul- Dica
tas decorrentes de infrações. Uma pergunta que costuma cair em exames é
Quais estão corretas? se o motorista é responsável pela boa utilização
do cinto de segurança dos passageiros. Sua res-
a) Apenas I e IV posta é sim, pois este artigo obriga o condutor
b) Apenas II e III
verificar os equipamentos obrigatórios.
c) Apenas 1,III e V
d) I, II, III, IV e V.
Infrações relacionadas ao dispositivo:
Todas estão corretas! Observe o Art 24 e os incisos
Art. 180 Ter seu veículo imobilizado na via por fal-
I, III, IV, XVII e X. Resposta: Letra D.
ta de combustível:
Infração - média;
DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA Penalidade - multa;
Medida Administrativa - remoção do veículo.
A desobediência às normas de circulação e condu- Art. 230 Conduzir o veículo:
ta implica em infrações de trânsito. Portanto, vamos IX - sem equipamento obrigatório ou estando este
estudar essas normas. ineficiente ou inoperante;
X - com equipamento obrigatório em desacordo
Dever de abstenção e perigo com o estabelecido pelo CONTRAN;
Infração - grave;
Art. 26 Os usuários das vias terrestres devem: Penalidade - multa;
I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo Medida administrativa - retenção do veículo para
22 ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas regularização;
Dever de atenção Este inciso é muito comum em provas, então,
esteja muito atento. A regra é: o condutor obedece a
Art. 28 O condutor deverá, a todo momento, ter sinalização existente. No entanto, o que cai na prova
domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e é quando não houver sinalização. E é justamente isso
cuidados indispensáveis à segurança do trânsito. de que trata o dispositivo:

Todo condutor ao dirigir deve ter atenção. Olhe z Na situação a seguir, não havendo sinalização a
sempre para frente! Parece evidente, mas a falta dela preferência é de quem vem pela rodovia. É o que
causa muitos acidentes. preconiza a alínea “a)”
Infração relacionadas ao dispositivo:

Art. 169 Dirigir sem atenção ou sem os cuidados


indispensáveis à segurança:
Infração - leve;
Penalidade - multa;

Local de circulação dos veículos

Art. 29 O trânsito de veículos nas vias terres-


tres abertas à circulação obedecerá às seguintes
normas: z Na situação abaixo, não havendo sinalização a
I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, preferência é de quem vem pela rotatória. É o que
admitindo-se as exceções devidamente sinalizadas; preconiza na alínea “b)”
II - o condutor deverá guardar distância de segu-
rança lateral e frontal entre o seu e os demais veí-
culos, bem como em relação ao bordo da pista,
considerando-se, no momento, a velocidade e as
condições do local, da circulação, do veículo e as
condições climáticas;

Este artigo possui muitas informações, logo é


necessário total atenção. Vamos destrinchá-lo: a regra
de circulação é trafegar pela faixa da direita e guar-
dar distância dos demais veículos e do bordo da pista.
Interessante dizer que o CTB não fala que distância
seria essa, exceto para bicicletas. Observem estes z Na situação abaixo, não havendo sinalização a
artigos: preferência é de quem vier pela direita do condu-
tor. É o que preconiza na alínea “c)”
Art. 185 Quando o veículo estiver em movimento,
deixar de conservá-lo:
II - nas faixas da direita, os veículos lentos e de
maior porte:
Infração - média;
Penalidade – multa.
Art. 192 Deixar de guardar distância de seguran-
ça lateral e frontal entre o seu veículo e os demais,
bem como em relação ao bordo da pista, conside-
rando-se, no momento, a velocidade, as condições
climáticas do local da circulação e do veículo:
Infração - grave;
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Penalidade - multa.
Observemos agora a infração:
Art. 201 Deixar de guardar a distância lateral de
um metro e cinquenta centímetros ao passar ou
Art. 215 Deixar de dar preferência de passagem:
ultrapassar bicicleta:
I - em interseção não sinalizada:
Infração - média;
a) a veículo que estiver circulando por rodovia ou
Penalidade - multa. rotatória;
b) a veículo que vier da direita;
Preferência de Passagem II - nas interseções com sinalização de regulamen-
tação de Dê a Preferência:
III - quando veículos, transitando por fluxos que se Infração - grave;
cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, Penalidade - multa.
terá preferência de passagem:
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de Faixas de Trânsito
rodovia, aquele que estiver circulando por ela;
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulan- IV - quando uma pista de rolamento comportar
do por ela; várias faixas de circulação no mesmo sentido, são
c) nos demais casos, o que vier pela direita do as da direita destinadas ao deslocamento dos veí-
condutor; culos mais lentos e de maior porte, quando não 23
houver faixa especial a eles destinada, e as da de preservação da ordem pública, observadas as
esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao deslo- seguintes disposições: (LEI N° 14071/2020)
camento dos veículos de maior velocidade; a) quando os dispositivos regulamentares de alar-
me sonoro e iluminação intermitente estiverem
Embora o veículo trafegue no limite máximo da acionados, indicando a proximidade dos veículos,
velocidade regulamentada da via, deverá estar na todos os condutores deverão deixar livre a passa-
faixa da direita, pois a da esquerda é destinada para gem pela faixa da esquerda, indo para a direita da
via e parando, se necessário; (LEI N° 14071/2020)
ultrapassagem. Esta ultrapassagem poderá ser reali-
b) os pedestres, ao ouvirem o alarme sonoro ou
zada por uma viatura policial, uma ambulância ou
avistarem a luz intermitente, deverão aguardar no
simplesmente alguém apressado, que não esteja se passeio e somente atravessar a via quando o veícu-
importando com o limite de velocidade. lo já tiver passado pelo local; (LEI N° 14071/2020)
Geralmente, veículos maiores e mais lentos como c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de ilu-
ônibus e caminhões trafegam na faixa da direita. minação vermelha intermitente só poderá ocorrer
Infração relacionada ao dispositivo: quando da efetiva prestação de serviço de urgência;
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamen-
Art. 185 Quando o veículo estiver em movimento, to deverá se dar com velocidade reduzida e com
deixar de conservá-lo: os devidos cuidados de segurança, obedecidas as
I - na faixa a ele destinada pela sinalização de regu- demais normas deste Código;
lamentação, exceto em situações de emergência; e) as prerrogativas de livre circulação e de parada serão
II - nas faixas da direita, os veículos lentos e de aplicadas somente quando os veículos estiverem iden-
maior porte: tificados por dispositivos regulamentares de alarme
Infração - média; sonoro e iluminação intermitente; (LEI N° 14071/2020)
Penalidade - multa. f) a prerrogativa de livre estacionamento será
aplicada somente quando os veículos estiverem
Trânsito sobre passeios e acostamento identificados por dispositivos regulamentares de
iluminação intermitente; (LEI N° 14071/2020)
V - o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas
e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que se Este dispositivo talvez seja o mais importante das
adentre ou se saia dos imóveis ou áreas especiais de normas de circulação e conduta. Perceba que os veícu-
estacionamento; los citados, quando em situação de urgência, possuem
prioridade de trânsito e livre circulação, estaciona-
O trânsito de veículos sobre passeios, calçadas e mento e parada. Ou seja, podem trafegar pela contra-
acostamento é proibido, exceto se for para adentrar mão, estacionar no passeio, avançar semáforo e até
imóveis e áreas de estacionamento. exceder a velocidade limite da via.
Infração relacionada ao dispositivo: Lembrando que agora o livre estacionamento
poderá ser caracterizado com o simples acionamento
Art. 193 Transitar com o veículo em calçadas, pas- de luz vermelha intermitente. É bom ter em mente que
seios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refú- estas prerrogativas possuem limitações, isto é, devem
gios, ajardinamentos, canteiros centrais e divisores ser gozadas com os devidos cuidados no trânsito.
de pista de rolamento, acostamentos, marcas de
canalização, gramados e jardins públicos: O que fazer quando perceber que há
Infração - gravíssima; TIPO um veículo de emergência em situa-
Penalidade - multa (três vezes). ção de urgência?

Veículos precedidos de batedores Aguardar no passeio e só atraves-


PEDESTRE sar quando o veículo em urgência
VI - os veículos precedidos de batedores terão prio- tiver passado
ridade de passagem, respeitadas as demais normas
VEÍCULO Vão para a direita, deixando a es-
de circulação;
COMUM querda livre.
Prioridade de passagem não significa prioridade de A prioridade de passagem será com
VEÍCULO
trânsito. Às vezes, surge a necessidade de uso de batedo- velocidade reduzida e os cuidados
EM URGÊNCIA
res para veículos conduzindo autoridades, por exemplo. de segurança.
Neste caso, objetivando a livre circulação da autorida-
de, os batedores terão de fazer o serviço. A regra nos
Infrações relacionadas ao dispositivo:
diz que tais veículos, quando precedidos de batedores,
terão prioridade de passagem. No entanto, analise bem
Art. 222 Deixar de manter ligado, nas situações de
a informação colocada no final do inciso e que cai em
atendimento de emergência, o sistema de ilumina-
provas: respeitadas as demais normas de circulação. ção vermelha intermitente dos veículos de polícia,
de socorro de incêndio e salvamento, de fiscalização
Veículos de emergência de trânsito e das ambulâncias, ainda que parados:
Infração - média;
VII - os veículos destinados a socorro de incên- Penalidade - multa.
dio e salvamento, os de polícia, os de fiscalização Art. 189 Deixar de dar passagem aos veículos
e operação de trânsito e as ambulâncias, além precedidos de batedores, de socorro de incêndio
de prioridade no trânsito, gozam de livre circu- e salvamento, de polícia, de operação e fiscaliza-
lação, estacionamento e parada, quando em ser- ção de trânsito e às ambulâncias, quando em ser-
24 viço de urgência, de policiamento ostensivo ou viço de urgência e devidamente identificados por
dispositivos regulamentados de alarme sonoro e contrário trata-se de uma manobra que deve ser rea-
iluminação vermelha intermitentes: lizada com muito cuidado. Todos os dias, dezenas de
Infração - gravíssima; acidentes acontecem e vitimam grande número de
Penalidade - multa. pessoas por falta de cuidado nas ultrapassagens.
Art. 190 Seguir veículo em serviço de urgência, estan- Infrações relacionadas ao dispositivo:
do este com prioridade de passagem devidamente
identificada por dispositivos regulamentares de alar- Art. 199 Ultrapassar pela direita, salvo quando o
me sonoro e iluminação vermelha intermitentes: veículo da frente estiver colocado na faixa apro-
Infração - grave; priada e der sinal de que vai entrar à esquerda:
Penalidade - multa. Infração - média;
Penalidade - multa.
Veículos de Utilidade Pública Art. 196 Deixar de indicar com antecedência,
mediante gesto regulamentar de braço ou luz indi-
VIII - os veículos prestadores de serviços de uti- cadora de direção do veículo, o início da marcha,
lidade pública, quando em atendimento na via, a realização da manobra de parar o veículo, a
gozam de livre parada e estacionamento no local mudança de direção ou de faixa de circulação:
da prestação de serviço, desde que devidamente Infração - grave;
sinalizados, devendo estar identificados na forma Penalidade - multa.
estabelecida pelo CONTRAN; Art. 205 Ultrapassar veículo em movimento que
integre cortejo, préstito, desfile e formações milita-
Incluem-se entre os tipos de veículos os de conces- res, salvo com autorização da autoridade de trânsi-
sionárias de luz, água, esgoto, por exemplo. Gozam to ou de seus agentes:
de livre parada e estacionamento, quando em aten- Infração - leve;
dimento na via. Não gozam de livre circulação e não Penalidade - multa.
possuem prioridade de trânsito.
Veículos sobre trilhos
Regras de ultrapassagem
XII - os veículos que se deslocam sobre trilhos terão
IX - a ultrapassagem de outro veículo em movi- preferência de passagem sobre os demais, respeita-
mento deverá ser feita pela esquerda, obedecida a das as normas de circulação.
sinalização regulamentar e as demais normas esta-
belecidas neste Código, exceto quando o veículo a
ser ultrapassado estiver sinalizando o propósito de
entrar à esquerda;

Ultrapassagem é um assunto interessante e que


tem grandes chances de ser cobrado em uma prova
de concurso público que cobre questões de trânsi-
to. A regra é: ultrapassagem deve ser realizada pela
esquerda, mas poderá ser feita pela direita se o veícu-
lo a ser ultrapassado estiver sinalizando o propósito
de entrar à esquerda.

X - todo condutor deverá, antes de efetuar uma


ultrapassagem, certificar-se de que: Infração relacionada ao dispositivo:
a) nenhum condutor que venha atrás haja começa-
do uma manobra para ultrapassá-lo; Art. 212 Deixar de parar o veículo antes de trans-
b) quem o precede na mesma faixa de trânsito não por linha férrea:
haja indicado o propósito de ultrapassar um terceiro; Infração - gravíssima;
c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre Penalidade - multa.
numa extensão suficiente para que sua manobra § 1º As normas de ultrapassagem previstas nas alí-
não ponha em perigo ou obstrua o trânsito que neas a e b do inciso X e a e b do inciso XI aplicam-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

venha em sentido contrário; -se à transposição de faixas, que pode ser realizada
XI - todo condutor ao efetuar a ultrapassagem tanto pela faixa da esquerda como pela da direita.
deverá:
a) indicar com antecedência a manobra pretendida,
acionando a luz indicadora de direção do veículo Importante!
ou por meio de gesto convencional de braço;
b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais Transposição de faixa significa mudar de fai-
ultrapassa, de tal forma que deixe livre uma distân- xa. Temos que estar atentos, mantermos as
cia lateral de segurança; distâncias de segurança e sinalizarmos anteci-
c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa padamente a realização da manobra de ultrapas-
de trânsito de origem, acionando a luz indicadora sagem e de transposição de faixas.
de direção do veículo ou fazendo gesto convencio-
nal de braço, adotando os cuidados necessários
para não pôr em perigo ou obstruir o trânsito dos Responsabilidade no trânsito
veículos que ultrapassou;
§ 2º Respeitadas as normas de circulação e con-
Utilizar momentaneamente a faixa de trânsito duta estabelecidas neste artigo, em ordem decres-
destinada aos veículos que se deslocam em sentido cente, os veículos de maior porte serão sempre 25
responsáveis pela segurança dos menores, os moto- nos trechos em curvas e em aclives sem visibilidade
rizados pelos não motorizados e, juntos, pela inco- suficiente, nas passagens de nível, nas pontes e via-
lumidade dos pedestres. dutos e nas travessias de pedestres, exceto quando
§ 3º Compete ao CONTRAN regulamentar os dispo- houver sinalização permitindo a ultrapassagem.
sitivos de alarme sonoro e iluminação intermitente Art. 33 Nas interseções e suas proximidades, o con-
previstos no inciso VII do caput deste artigo. (LEI dutor não poderá efetuar ultrapassagem.
N° 14071/2020)
§ 4º Em situações especiais, ato da autoridade PROIBIDO ULTRAPASSAR VEÍCULOS EM VIAS:
máxima federal de segurança pública poderá dis-
por sobre a aplicação das exceções tratadas no inci- Com duplo sentido de direção e pista
so VII do caput deste artigo aos veículos oficiais REGRA 1
única
descaracterizados (LEI N° 14071/2020)
Nos trechos em curvas e em aclives sem
REGRA 2
A norma do § 2º é muito cobrada em provas e visibilidade suficiente
fácil de memorizar. Geralmente, gostam de inverter a
Nas passagens de nível, nas pontes e
ordem das palavras (decrescente pelo crescente) para REGRA 3
viadutos e nas travessias de pedestres
confundir o candidato. Prioriza-se, nessa norma, aci-
ma de tudo, a vida dos pedestres (incolumidade). Nas interseções e suas proximidades.
REGRA 4
Aqui o CTB não menciona exceção.
Demais regras de ultrapassagem
Quando a sinalização permitir para as
EXCEÇÃO
Art. 30 Todo condutor, ao perceber que outro que regras 1, 2 e 3.
o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
Infrações relacionada ao dispositivo:
I - se estiver circulando pela faixa da esquerda,
deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a
Art. 202 Ultrapassar outro veículo:
marcha;
I - pelo acostamento;
II - se estiver circulando pelas demais faixas, man-
II - em interseções e passagens de nível;
ter-se naquela na qual está circulando, sem acele-
Infração - gravíssima;
rar a marcha.
Penalidade - multa (cinco vezes).
Art. 203 Ultrapassar pela contramão outro veículo:
Aqui temos as regras para ser ultrapassado. Temos I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade
que ter em mente que, em regra, devemos ir para fai- suficiente;
xa da direita se estivermos na esquerda, além de não II - nas faixas de pedestre;
acelerar a marcha. III - nas pontes, viadutos ou túneis;
Infração relacionada ao dispositivo: IV - parado em fila junto a sinais luminosos, por-
teiras, cancelas, cruzamentos ou qualquer outro
Art. 198 Deixar de dar passagem pela esquerda, impedimento à livre circulação;
quando solicitado: V - onde houver marcação viária longitudinal de
Infração - média; divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contí-
Penalidade - multa. nua ou simples contínua amarela:
Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando Infração - gravíssima
em fila, deverão manter distância suficiente entre si Penalidade - multa (cinco vezes).
para permitir que veículos que os ultrapassem pos- Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa pre-
sam se intercalar na fila com segurança. vista no caput em caso de reincidência no período
de até 12 (doze) meses da infração anterior.
Na prática, os veículos mais lentos trafegam pró- Art. 34 O condutor que queira executar uma mano-
ximos uns aos outros, dificultando as ultrapassagens. bra deverá certificar-se de que pode executá-la sem
perigo para os demais usuários da via que o seguem,
Art. 31 O condutor que tenha o propósito de ultra- precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua
passar um veículo de transporte coletivo que esteja posição, sua direção e sua velocidade.
parado, efetuando embarque ou desembarque de Art. 35 Antes de iniciar qualquer manobra que
passageiros, deverá reduzir a velocidade, dirigindo implique um deslocamento lateral, o condutor
com atenção redobrada ou parar o veículo com vis- deverá indicar seu propósito de forma clara e com
tas à segurança dos pedestres. a devida antecedência, por meio da luz indicadora
de direção de seu veículo, ou fazendo gesto conven-
Na verdade, o artigo refere-se à passagem de cional de braço.
algum veículo por outro, de transporte coletivo, que
esteja parado, efetuando embarque ou desembarque Antes de iniciar qualquer manobra enquadrada nes-
de passageiros. É necessário que se tenha atenção te conceito, é necessário sinalizar aos demais usuários
redobrada, além de reduzir a velocidade ou até parar sua realização, garantindo-lhes que visualizem e sejam
o veículo, se necessário. Vejamos as infrações: cautelosos. Além da luz indicadora de direção, é permiti-
do usar também os braços para indicar a manobra.
Art. 200 Ultrapassar pela direita veículo de trans- Infração relacionada ao dispositivo:
porte coletivo ou de escolares, parado para embar-
que ou desembarque de passageiros, salvo quando Art. 196 Deixar de indicar com antecedência,
houver refúgio de segurança para o pedestre: mediante gesto regulamentar de braço ou luz indi-
Infração - gravíssima; cadora de direção do veículo, o início da marcha,
Penalidade – multa. a realização da manobra de parar o veículo, a
Art. 32 O condutor não poderá ultrapassar veículos mudança de direção ou de faixa de circulação:
26 em vias com duplo sentido de direção e pista única, Infração - grave;
Penalidade - multa. II - ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se
o máximo possível de seu eixo ou da linha divisó-
Temos também a especificação de quando a ultra- ria da pista, quando houver, caso se trate de uma
passagem ocorre em lote lindeiro: pista com circulação nos dois sentidos, ou do bor-
do esquerdo, tratando-se de uma pista de um só
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, sentido.
procedente de um lote lindeiro a essa via, deverá
dar preferência aos veículos e pedestres que por ela O procedimento é parecido ao comentado no inci-
estejam transitando. so anterior, observando-se a situação de pista com
circulação nos dois sentidos, quando o veículo será
Lote lindeiro é um quarteirão ou um terreno, deli- posicionado mais próximo possível da linha divisória
mitado por via. É importante que se dê a preferência da pista ou do eixo da via, porém, no seu próprio sen-
aos veículos e pedestres que por elas estejam transi- tido de circulação.
tando. Vejamos a infração:
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança
Art. 216 Entrar ou sair de áreas lindeiras sem estar de direção, o condutor deverá ceder passagem aos
adequadamente posicionado para ingresso na via e pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em
sem as precauções com a segurança de pedestres e sentido contrário pela pista da via da qual vai sair,
de outros veículos: respeitadas as normas de preferência de passagem.
Infração - média;
Penalidade - multa. Infração relacionada ao dispositivo:

Operações de retorno e conversão Art. 197 Deixar de deslocar, com antecedência,


o veículo para a faixa mais à esquerda ou mais à
Art. 37 Nas vias providas de acostamento, a con- direita, dentro da respectiva mão de direção, quan-
versão à esquerda e a operação de retorno deverão do for manobrar para um desses lados:
ser feitas nos locais apropriados e, onde estes não Infração - média;
existirem, o condutor deverá aguardar no acosta- Penalidade - multa.
mento, à direita, para cruzar a pista com segurança. Temos ainda:
Art. 39 Nas vias urbanas, a operação de retorno
Quando houver um local adequado e devidamen- deverá ser feita nos locais para isto determinados,
te sinalizado, o condutor deverá usá-lo para fazer a quer por meio de sinalização, quer pela existência
manobra de conversão acima citada. Se não houver de locais apropriados, ou, ainda, em outros locais
local sinalizado, em se tratando de via provida de que ofereçam condições de segurança e fluidez,
acostamento, condutor deverá aguardar no acosta- observadas as características da via, do veículo,
mento, à direita, onde deverá parar seu veículo, sina- das condições meteorológicas e da movimentação
de pedestres e ciclistas.
lizar sua intenção e aguardar o momento oportuno
para cruzar a pista com segurança.
Entenda que a condição é: o retorno deve ser feito
apenas em locais determinados para este tipo de ope-
ração (quer por meio de sinalização, quer pela exis-
tência de locais apropriados).

Dica
Tome cuidado com as exceções: poderá ser rea-
lizado em outros locais que ofereçam condições
de segurança e fluidez.

Além de oferecerem segurança e fluidez, também


devem ser observadas as características do veículo, da
Infração relacionada ao dispositivo:
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
via, as condições meteorológicas e da movimentação
Art. 204 Deixar de parar o veículo no acostamento
de pedestres e ciclistas.
à direita, para aguardar a oportunidade de cruzar Segundo a Resolução CONTRAN 180/05, que é o
a pista ou entrar à esquerda, onde não houver local Manual Brasileiro de Sinalização Vertical de Regu-
apropriado para operação de retorno: lamentação e a Resolução CONTRAN 160/04 (anexo
Infração - grave; II do CTB), não existe uma placa de regulamentação
Penalidade - multa. indicando o local de retorno, apenas placas de regula-
Art. 38 Antes de entrar à direita ou à esquerda, em mentação que indicam a proibição de retorno que são
outra via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá: as “R-5a e R-5b”. Com relação às placas de retorno, só
I - ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o existem as “Placas Indicativas de Sentido”.
máximo possível do bordo direito da pista e execu- O local apropriado para retorno pode ser um tre-
tar sua manobra no menor espaço possível; vo, uma trincheira, um local específico para retorno
em nível. Locais apropriados para retorno precisam
Dessa forma, ao sair da via pelo lado direito, o ter visibilidade e espaço suficiente. Nem sempre um
motorista deve aproximar-se ao máximo do acos- local apropriado para o retorno de um automóvel
tamento e reduzir a velocidade de forma gradativa, pode ser considerado apropriado para o retorno de
sinalizando a intenção antecipadamente. um caminhão.
Infração relacionada ao dispositivo: 27
Art. 206 Executar operação de retorno: z Luz de Freio: luz do veículo destinada a indicar
I - em locais proibidos pela sinalização; aos demais usuários da via, que se encontram
II - nas curvas, aclives, declives, pontes, viadutos atrás do veículo, que o condutor está aplicando o
e túneis; freio de serviço.
III - passando por cima de calçada, passeio, ilhas, z Luz Indicadora de Direção (pisca-pisca): luz do
ajardinamento ou canteiros de divisões de pista de veículo destinada a indicar aos demais usuários da
rolamento, refúgios e faixas de pedestres e nas de veí- via que o condutor tem o propósito de mudar de
culos não motorizados; direção para a direita ou para a esquerda.
IV - nas interseções, entrando na contramão de z Luz de Marcha à ré: luz do veículo destinada a ilu-
direção da via transversal; minar atrás do veículo e advertir aos demais usuá-
V - com prejuízo da livre circulação ou da seguran- rios da via que o veículo está efetuando ou a ponto
ça, ainda que em locais permitidos: de efetuar uma manobra de marcha à ré.
Infração - gravíssima; z Luz de Neblina: luz do veículo destinada a aumen-
Penalidade - multa. tar a iluminação da via em caso de neblina, chuva
forte ou nuvens de pó.
Uso de luzes z Luz de Posição (lanterna): luz do veículo destina-
da a indicar a presença e a largura do veículo.
Art. 40 O uso de luzes em veículo obedecerá às
seguintes determinações: Quadro resumo de luzes:
I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo,
por meio da utilização da luz baixa: LUZ CIRCUNSTÂNCIA OBS
a) à noite; (LEI N° 14071/2020)
Embarque e desembarque de
b) mesmo durante o dia, em túneis e sob chuva,
Luz de posição passageiros; carga e descar- Noite
neblina ou cerração; (LEI N° 14071/2020) ga de mercadorias
II - nas vias não iluminadas o condutor deve usar
luz alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao Rodovias de pista simples
segui-lo; em área rural
III - a troca de luz baixa e alta, de forma intermiten- Túneis iluminados
te e por curto período de tempo, com o objetivo de
Ciclos motorizados Dia e noite
advertir outros motoristas, só poderá ser utilizada Luz baixa
para indicar a intenção de ultrapassar o veículo Transporte coletivo regular
que segue à frente ou para indicar a existência de de passageiros, quando
risco à segurança para os veículos que circulam no circularem em faixas próprias
sentido contrário; Chuva, neblina e cerração
IV - o condutor manterá acesas pelo menos as
Vias não iluminadas, exceto
luzes de posição do veículo quando sob chuva forte, Luz alta Noite
ao cruzar ou seguir veículos.
neblina ou cerração; (LEI N° 14071/2020)
V - O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguin- Ultrapassar o veículo à frente -
Luz alta e baixa
tes situações: Alertar veículos no senti-
(intermitente e
a) em imobilizações ou emergências; curto período) do contrário sobre risco à -
b) quando a regulamentação da via assim o segurança.
determinar; À noite
VI - durante a noite, em circulação, o condutor Luz de placa - (Em
manterá acesa a luz de placa; circulação)
VII - o condutor manterá acesas, à noite, as luzes de
Imobilizações ou
posição quando o veículo estiver parado para fins
emergências.
de embarque ou desembarque de passageiros e car- Pisca alerta -
ga ou descarga de mercadorias. Situações que a sinalização
§ 1º Os veículos de transporte coletivo de passagei- permita.
ros, quando circularem em faixas ou pistas a eles
destinadas, e as motocicletas, motonetas e ciclo- Uso de Buzina
motores deverão utilizar-se de farol de luz baixa
durante o dia e à noite. (LEI N° 14071/2020) Art. 41 O condutor de veículo só poderá fazer uso
§ 2º Os veículos que não dispuserem de luzes de roda- de buzina, desde que em toque breve, nas seguintes
gem diurna deverão manter acesos os faróis nas rodo- situações:
vias de pista simples situadas fora dos perímetros I - para fazer as advertências necessárias a fim de
urbanos, mesmo durante o dia. (LEI N° 14071/2020) evitar acidentes;
II - fora das áreas urbanas, quando for conveniente
Assunto imprescindível para as provas: uso de advertir a um condutor que se tem o propósito de
luzes no veículo! Primeiro vejamos os conceitos das ultrapassá-lo.
luzes no anexo I:
A buzina se utiliza apenas em toque breve e para
z Luz Alta: facho de luz do veículo destinado a ilu- evitar acidentes ou para advertir que pretende ultra-
minar a via até uma grande distância do veículo. passar em áreas rurais (rodovias e estradas). Dica
z Luz Baixa: facho de luz do veículo destinada a importante: entre 22h e 06 h é proibido buzinar em
iluminar a via diante do veículo, sem ocasionar qualquer hipótese. Lembrando que buzina é equipa-
ofuscamento ou incômodo injustificáveis aos con- mento obrigatório.
dutores e outros usuários da via que venham em A Resolução CONTRAN 35/98 estabelece método de
28 sentido contrário. ensaio para medição de pressão sonora por buzina ou
equipamento similar à que se referem os Art. 103 e Curioso dispositivo legal que permite avançar o
227, V do Código de Trânsito Brasileiro e o art. 1º da semáforo para convergir à direita. Para que isso ocor-
Resolução 14/98 do CONTRAN. ra é necessário queu haja sinalização permitindo.
A referida Resolução deixa claro que todos os veí-
culos automotores, nacionais ou importados, produzi- Art. 45 Mesmo que a indicação luminosa do semá-
dos a partir de 01/01/1999, deverão obedecer, nas vias foro lhe seja favorável, nenhum condutor pode
urbanas, o nível máximo permissível de pressão sono- entrar em uma interseção se houver possibilidade
ra emitida por buzina, ou equipamento similar, de de ser obrigado a imobilizar o veículo na área do
104 decibéis - dB(A), conforme determinado no anexo cruzamento, obstruindo ou impedindo a passagem
da resolução. Essa resolução tem validade até 2021, do trânsito transversal.
quando entrará em vigor a resolução n° 764 de 2020.
A atenção e o cuidado devem existir mesmo que o
Art. 227 Usar buzina: sinal esteja verde permitindo sua passagem.
I - em situação que não a de simples toque breve
Infrações relacionadas ao dispositivo:
como advertência ao pedestre ou a condutores de
outros veículos;
II - prolongada e sucessivamente a qualquer Art. 181 Estacionar o veículo:
pretexto; XII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a
III - entre as vinte e duas e as seis horas; circulação de veículos e pedestres:
IV - em locais e horários proibidos pela sinalização; Infração - grave;
V - em desacordo com os padrões e frequências Penalidade - multa;
estabelecidas pelo CONTRAN: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - leve; Art. 182 Parar o veículo:
Penalidade - multa. VII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a
circulação de veículos e pedestres:
Velocidade Infração - média;
Penalidade - multa;
Art. 43 Ao regular a velocidade, o condutor deverá
observar constantemente as condições físicas da Imobilização na via
via, do veículo e da carga, as condições meteoroló-
gicas e a intensidade do trânsito, obedecendo aos Art. 46 Sempre que for necessária a imobiliza-
limites máximos de velocidade estabelecidos para ção temporária de um veículo no leito viário, em
a via, além de:
situação de emergência, deverá ser providenciada
I - não obstruir a marcha normal dos demais veícu-
a imediata sinalização de advertência, na forma
los em circulação sem causa justificada, transitan-
estabelecida pelo CONTRAN.
do a uma velocidade anormalmente reduzida;
II - sempre que quiser diminuir a velocidade de seu
veículo deverá antes certificar-se de que pode fazê- Tal dispositivo trata do triângulo de emergência
-lo sem risco nem inconvenientes para os outros de veículos. O correto uso desse equipamento para
condutores, a não ser que haja perigo iminente; sinalização de veículo que esteja imobilizado na via
III - indicar, de forma clara, com a antecedência foi regulamentado pela Resolução nº 36/98. Esta reso-
necessária e a sinalização devida, a manobra de lução faz previsão da colocação do triângulo de sinali-
redução de velocidade. zação, ou equipamento similar, à distância mínima de
30 metros da parte traseira do veículo.
A regulagem da velocidade deverá ser feita de Infração relacionada ao dispositivo:
forma a propiciar condições de segurança para a
circulação. Diversos fatores deverão ser observados
Art. 225 Deixar de sinalizar a via, de forma a pre-
pelo condutor, como a velocidade máxima permiti-
venir os demais condutores e, à noite, não manter
da naquela via, circunstâncias diversas, como solo
acesas as luzes externas ou omitir-se quanto a pro-
molhado em virtude de tempo chuvoso, trecho com
vidências necessárias para tornar visível o local,
neblina, engarrafamentos, aglomeração de pessoas,
quando:
via escorregadia etc.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
I - tiver de remover o veículo da pista de rolamento
ou permanecer no acostamento;
Art. 44 Ao aproximar-se de qualquer tipo de cru-
II - a carga for derramada sobre a via e não puder
zamento, o condutor do veículo deve demonstrar
ser retirada imediatamente:
prudência especial, transitando em velocidade
Infração - grave;
moderada, de forma que possa deter seu veículo
com segurança para dar passagem a pedestre e a Penalidade - multa.
veículos que tenham o direito de preferência.
Embarque e desembarque de passageiros
Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento,
esteja sinalizado ou não, deve-se reduzir a velocidade e Art. 47 Quando proibido o estacionamento na via,
redobrar a atenção, em condições de parar o veículo a a parada deverá restringir-se ao tempo indispensá-
qualquer momento. Expressão chave: prudência especial. vel para embarque ou desembarque de passageiros,
desde que não interrompa ou perturbe o fluxo de
Art. 44-A É livre o movimento de conversão à veículos ou a locomoção de pedestres.
direita diante de sinal vermelho do semáforo onde Parágrafo único. A operação de carga ou descar-
houver sinalização indicativa que permita essa ga será regulamentada pelo órgão ou entidade
conversão, observados os arts. 44, 45 e 70 deste com circunscrição sobre a via e é considerada
Código. (Lei n° 14071 de 2020) estacionamento. 29
Se um motorista de um veículo se deparar com da via. A lei 11.705/08, regulamentada pelo decreto
a placa de regulamentação de estacionamento proi- 6.489/08, diz que: são vedados, na faixa de domínio
bido, ele poderá parar o veículo apenas pelo tempo de rodovia federal (exceto perímetros urbanos) ou
necessário para o embarque ou desembarque de em terrenos contíguos à faixa de domínio com acesso
algum passageiro. Qualquer tempo excedente será direto à rodovia, a venda varejista ou o oferecimento
caracterizado como a infração de estacionar em local para consumo de bebidas alcoólicas no local.
proibido. A operação de carga e descarga é considera-
da estacionamento. Art. 51 Nas vias internas pertencentes a condomí-
nios constituídos por unidades autônomas, a sina-
Art. 48 Nas paradas, operações de carga ou des- lização de regulamentação da via será implantada
carga e nos estacionamentos, o veículo deverá ser e mantida às expensas do condomínio, após apro-
posicionado no sentido do fluxo, paralelo ao bor- vação dos projetos pelo órgão ou entidade com cir-
do da pista de rolamento e junto à guia da calça- cunscrição sobre a via.
da (meio-fio), admitidas as exceções devidamente
sinalizadas. A sinalização de regulamentação das vias internas
§ 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos
dos condomínios constituídos por unidades autôno-
parados, estacionados ou em operação de carga ou
mas é de responsabilidade dos condôminos. Os con-
descarga deverão estar situados fora da pista de
rolamento. dôminos criam o projeto e encaminham ao órgão
§ 2º O estacionamento dos veículos motorizados executivo de trânsito do município, para análise e
de duas rodas será feito em posição perpendicu- aprovação. Se for aprovado, é feita a sinalização. O
lar à guia da calçada (meio-fio) e junto a ela, salvo condomínio por unidades autônomas regula-se pela
quando houver sinalização que determine outra Lei 4.951 de 16.12.64, com as alterações da Lei 4.864,
condição. de 29.11.65. Para que as normas do Código de Trânsi-
§ 3º O estacionamento dos veículos sem abandono to possam ser aplicadas às vias internas de um con-
do condutor poderá ser feito somente nos locais domínio, é preciso que ocorra uma assembleia deste
previstos neste Código ou naqueles regulamenta- e que dela resulte uma deliberação dos condôminos
dos por sinalização específica.
aprovando o projeto de sinalização viária. Pronto o
projeto, este deve ser submetido à apreciação e apro-
Estas são as condutas básicas para a parada, o esta-
vação da Autoridade de Trânsito competente do órgão
cionamento ou a operação de carga e descarga de veí-
ou entidade com circunscrição sobre a via, sendo que
culos. Lembrando que veículos de 02 (duas) rodas são
os custos de sua implantação e manutenção ficarão às
estacionados na posição perpendicular, salvo quando
expensas do condomínio.
houver sinalização determinado outra condição.
Veículos de tração animal
Art. 49 O condutor e os passageiros não deverão
abrir a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer
do veículo sem antes se certificarem de que isso não Art. 52 Os veículos de tração animal serão condu-
constitui perigo para eles e para outros usuários da zidos pela direita da pista, junto à guia da calçada
via. (meio-fio) ou acostamento, sempre que não houver
Parágrafo único. O embarque e o desembarque faixa especial a eles destinada, devendo seus condu-
devem ocorrer sempre do lado da calçada, exceto tores obedecer, no que couber, às normas de circu-
para o condutor. lação previstas neste Código e às que vierem a ser
fixadas pelo órgão ou entidade com circunscrição
Situação rotineira que dá origem a inúmeros aci- sobre a via.
dentes de trânsito. É fundamental ao motorista que,
ao se preparar para descer e abrir a porta do veícu- Em regra, charretes e carroças, deveriam trafegar
lo, observe com antecedência o espelho retrovisor em faixa especial. No entanto, a realidade é que não
esquerdo. Da mesma forma devem fazer os passagei- existem estas faixas em nosso trânsito. Na ausência de
ros. Assim, guarde: apenas o condutor não desembar- faixas exclusivas seguem-se estas regras:
cará do lado da calçada.
VIA LOCAL
Art. 50 O uso de faixas laterais de domínio e das
áreas adjacentes às estradas e rodovias obedece- Urbana Trafegar junto à guia da calçada (meio-fio)
rá às condições de segurança do trânsito estabe-
lecidas pelo órgão ou entidade com circunscrição
Rural Acostamento
sobre a via.
Animais na via
Segundo o anexo I do CTB, faixas laterais de domí-
nio são superfícies lindeiras às vias rurais, delimita- Art. 53 Os animais isolados ou em grupos só podem
das por lei específica e sob responsabilidade do órgão circular nas vias quando conduzidos por um guia,
ou entidade de trânsito competente com circunscrição observado o seguinte:
sobre a via. A extensão da faixa de domínio é maior I - para facilitar os deslocamentos, os rebanhos
que a da própria via. Esse ambiente que excede a via, deverão ser divididos em grupos de tamanho mode-
delimitado por leis específicas, também estará sob os rado e separados uns dos outros por espaços sufi-
cuidados do órgão com circunscrição sobre ela. cientes para não obstruir o trânsito;
Dessa forma, engana-se o motorista que der um II - os animais que circularem pela pista de rola-
“cavalo-de-pau” na faixa de domínio, por exemplo, mento deverão ser mantidos junto ao bordo da
30 e acha que não pode ser autuado porque está fora pista.
Questões sobre esse assunto são raras, porém, vale Bicicletas
a nota: animais nas vias só podem circular com guia e
mantidos no bordo da pista. Se for o caso de rebanhos, é Art. 58 Nas vias urbanas e nas rurais de pista
dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer,
necessária a divisão em grupos de tamanho moderado.
quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acosta-
mento, ou quando não for possível a utilização des-
Motocicletas, motonetas e ciclomotores tes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo
sentido de circulação regulamentado para a via,
Art. 54 Os condutores de motocicletas, motonetas e com preferência sobre os veículos automotores.
ciclomotores só poderão circular nas vias: Parágrafo único. A autoridade de trânsito com cir-
I - utilizando capacete de segurança, com viseira ou cunscrição sobre a via poderá autorizar a circula-
óculos protetores; ção de bicicletas no sentido contrário ao fluxo dos
II - segurando o guidom com as duas mãos; veículos automotores, desde que dotado o trecho
III - usando vestuário de proteção, de acordo com com ciclofaixa.
as especificações do CONTRAN.
Art. 55 Os passageiros de motocicletas, motonetas As bicicletas deverão usar as ciclovias, ciclofaixas
e ciclomotores só poderão ser transportados: ou acostamento. Se não houver, deverão utilizar o
I - utilizando capacete de segurança; bordo da pista no mesmo sentido dos veículos auto-
II - em carro lateral acoplado aos veículos ou em motores e com preferência sobre estes veículos. E, por
assento suplementar atrás do condutor; fim, lembre-se que as bicicletas poderão trafegar em
III - usando vestuário de proteção, de acordo com
sentido contrário nas ciclofaixas, caso haja sinaliza-
as especificações do CONTRAN.
ção permitindo.
Conceitos de ciclofaixa e ciclovia:
Lembre-se que essas regras são para as motocicle-
tas, motonetas e ciclomotores. Sobre o vestuário de z Ciclofaixa: parte da pista de rolamento destina-
proteção, este ainda não foi regulamentado pelo CON- da à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por
TRAN. No entanto, para a profissão de mototaxista e sinalização específica.
moto-fretista, é obrigatório o uso de colete de seguran- z Ciclovia: pista própria destinada à circulação de
ça dotado de dispositivos refletivos, de acordo com a ciclos, separada fisicamente do tráfego comum.
Resolução 356/10.
Art. 59 Desde que autorizado e devidamente sina-
Art. 57 Os ciclomotores devem ser conduzidos pela lizado pelo órgão ou entidade com circunscrição
direita da pista de rolamento, preferencialmente no sobre a via, será permitida a circulação de bicicle-
centro da faixa mais à direita ou no bordo direito tas nos passeios.
da pista sempre que não houver acostamento ou
faixa própria a eles destinada, proibida a sua circu- Veja que é possível a circulação de bicicletas nos
lação nas vias de trânsito rápido e sobre as calça- passeios se a sinalização permitir.
das das vias urbanas. Infração relacionada ao dispositivo:
Parágrafo único. Quando uma via comportar duas
ou mais faixas de trânsito e a da direita for desti- Art. 255 Conduzir bicicleta em passeios onde não
nada ao uso exclusivo de outro tipo de veículo, os seja permitida a circulação desta, ou de forma
ciclomotores deverão circular pela faixa adjacente agressiva, em desacordo com o disposto no pará-
à da direita. grafo único do art. 59:
Infração - média;
O art. 56 foi vetado, mas vale comentarmos. Ele Penalidade - multa;
dizia que era proibida ao condutor de motocicletas, Medida administrativa - remoção da bicicleta,
motonetas e ciclomotores a passagem entre veícu- mediante recibo para o pagamento da multa.
los de filas adjacentes ou entre a calçada e veículos Art. 193 Transitar com o veículo em calçadas, pas-
de fila adjacente a ela. Isso quer dizer que trafegar seios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refú-
pelo corredor agora é permitido? Se colocar em ris- gios, ajardinamentos, canteiros centrais e divisores
co a segurança do trânsito, continua sendo proibido. de pista de rolamento, acostamentos, marcas de
canalização, gramados e jardins públicos:
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
A Resolução CONTRAN 371/10 diz que Motocicleta e
Infração - gravíssima;
similares devem ser autuados se estiverem circulando
Penalidade - multa (três vezes).
entre veículos de filas adjacentes ou entre a calçada
e veículos de fila adjacente a ela, estando esses em
Classificação das vias
movimento ou imobilizados, desde que coloque em
risco a segurança do trânsito. Art. 60 As vias abertas à circulação, de acordo com
Já os ciclomotores, em regra, deveriam usar o acos- sua utilização, classificam-se em:
tamento ou faixa própria. No entanto, estamos dis- I - vias urbanas:
tantes dessa realidade, logo, deverão usam a faixa da a) via de trânsito rápido;
direita ou bordo da pista, na ausência dos acostamen- b) via arterial;
tos e das faixas próprias, conforme preconiza o artigo. c) via coletora;
d) via local;
II - vias rurais:
Importante! a) rodovias;
b) estradas.
O tráfego de ciclomotores em vias de trânsito
rápido e rodovias é proibido! (Art. 244 § 2º CTB). As Vias Urbanas se classificam em: Vias de Trân-
Exemplo de ciclomotores: mobiletes. sito Rápido (caracterizadas por acessos especiais com 31
trânsito livre, sem interseções em nível, sem acessi- Este tema é fundamental em provas, independen-
bilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia de temente do órgão. Perceba que a velocidade máxima
pedestres em nível), Via Arteriais (caracterizadas em uma via depende da sinalização colocada na via. Só
por interseções em nível, geralmente controladas por que o que cai em provas são questões que perguntam
semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às quando não há sinalização. Por isso, é importante se
vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito atentar às informações expostas nas tabelas a seguir:
entre as regiões da cidade), Vias Coletoras (destina-
das a coletar e distribuir o trânsito que tenha neces-
sidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou VELOCIDADE MÁXIMA NAS VIAS SEM
arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões SINALIZAÇÃO
da cidade) e Vias Locais (caracterizadas por interse- Vias ruais
ções em nível não semaforizadas, destinada apenas ao
acesso local ou a áreas restritas). Já as vias rurais são Tipo de Rodovias
as estradas e rodovias. A diferença é que as rodovias veículo Estradas
possuem pavimento e as estradas não. Veja as tabelas Pista Pista
com um resumo das principais informações a respeito Simples Dupla
das vias urbanas: Automóveis 100 km/h 110 km/h 60 km/h

TIPO DE TEM Camionetas 100 km/h 110 km/h 60 km/h


VIA URBANA SEMÁFORO?
Motocicletas 100 km/h 110 km/h 60 km/h
Vias de Trân-
Não Demais
sito Rápido 90 km/h 90 km/h 60 km/h
Veículos
Via Arteriais Sim

Vias
Sim VELOCIDADE MÁXIMA NAS VIAS SEM
Coletoras
SINALIZAÇÃO
Vias Locais Não
Vias Urbanas

Vias
TIPO DE TEM
OBSERVAÇÃO
VIA URBANA CRUZAMENTO? Trânsito
Arterias Coletoras Locais
Vias de Trân- Não Rápido
sito Rápido
80 km/h 60 km/h 40 km/h 30 km/h
Via Arteriais Sim Liga bairros

Vias Sim Está dentro dos § 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário


Coletoras bairros com circunscrição sobre a via poderá regulamen-
tar, por meio de sinalização, velocidades superiores
Vias Locais Sim
ou inferiores àquelas estabelecidas no parágrafo
anterior.
Velocidade máxima em vias

Art. 61 A velocidade máxima permitida para a via IMPORTANTE!


será indicada por meio de sinalização, obedecidas
suas características técnicas e as condições de O órgão de trânsito pode determinar velocida-
trânsito. des superiores ou inferiores a estas que vimos
§ 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, agora. No Estado de São Paulo há rodovias com
a velocidade máxima será de: limite de velocidade igual a 120 km/h.
I - nas vias urbanas:
a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trân-
sito rápido: Art. 62 A velocidade mínima não poderá ser infe-
b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais; rior à metade da velocidade máxima estabelecida,
c) quarenta quilômetros por hora, nas vias respeitadas as condições operacionais de trânsito
coletoras;
e da via.
d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
II - nas vias rurais:
a) nas rodovias de pista dupla: Já a Velocidade Mínima não poderá ser inferior à
1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para metade da velocidade máxima estabelecida, respeita-
automóveis, camionetas e motocicletas; das as condições operacionais de trânsito (engarrafa-
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os mento) e da via (rodovias esburacadas). Esse assunto
demais veículos3. (revogado também é explorado pelas bancas, fique atento.
b) nas rodovias de pista simples Ex.: Qual seria a velocidade mínima de um caminhão
1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para auto-
numa rodovia não sinalizada em pista simples, respeita-
móveis, camionetas e motocicletas;
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os das as condições operacionais de trânsito e da via?
demais veículos; Velocidade Máxima é de 90 km/h, logo dividimos
c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por pela metade, 90 / 2= 45 km/h. Assim, 45 km/h é a res-
32 hora posta correta.
Dispositivo de segurança Cada competição tem suas particularidades e
suas regras. Uma corrida por exemplo, pode-
Art. 64 As crianças com idade inferior a 10 (dez) rá demandar a necessidade de uma marca-
anos que não tenham atingido 1,45 m (um metro e
ção especial na via: faixas, pontos, barreiras
quarenta e cinco centímetros) de altura devem ser
de retenção, controle e segurança e/ou sinali-
transportadas nos bancos traseiros, em dispositivo
zação. Tudo isso demanda alterações na via,
de retenção adequado para cada idade, peso e altu-
ra, salvo exceções relacionadas a tipos específicos sendo que estas precisam ser desfeitas após
de veículos regulamentadas pelo CONTRAN. Lei n° o evento. É para isto que serve o prévio reco-
14071 de 2020 lhimento do valor correspondente aos custos
Parágrafo único. O CONTRAN disciplinará o uso operacionais em que o órgão ou entidade per-
excepcional de dispositivos de retenção no banco missionária incorrerá, por permitir que o even-
dianteiro do veículo e as especificações técnicas dos to seja realizado.
dispositivos de retenção a que se refere o caput des-
te artigo. Este artigo, quando é exigido, cai de forma seca.
Fique atento às palavras-chave: Autorização, Caução,
Artigo importante para as provas. Para ter que se Contrato e Recolhimento.
sentarem no banco traseiro devem ser menores de 10 Infração relacionada:
anos e ter menos que 1,45 m de altura.
Art. 174 Promover, na via, competição, eventos
Art. 168 Transportar crianças em veículo auto- organizados, exibição e demonstração de perícia
motor sem observância das normas de segurança em manobra de veículo, ou deles participar, como
especiais estabelecidas neste Código: condutor, sem permissão da autoridade de trânsito
Infração - gravíssima; com circunscrição sobre a via.
Penalidade - multa; Infração - gravíssima;
Medida administrativa - retenção do veículo até Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direi-
que a irregularidade seja sanada. to de dirigir e apreensão do veículo
Medida administrativa - recolhimento do documen-
Sobre o cinto de segurança temos assim disposto to de habilitação e remoção do veículo.
no art. 65: § 1o As penalidades são aplicáveis aos promotores
e aos condutores participantes
Art. 65 É obrigatório o uso do cinto de segurança § 2o Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em
para condutor e passageiros em todas as vias do caso de reincidência no período de 12 (doze) meses
território nacional, salvo em situações regulamen- da infração anterior
tadas pelo CONTRAN.

A norma diz que condutores e passageiros devem EXERCÍCIOS COMENTADOS


usar o cinto de segurança individualmente. Assim, em
automóvel com capacidade para cinco pessoas, com 1. (UNESPAR - 2019) Sobre as normas gerais de circula-
cinco cintos de segurança, não se pode conduzir com ção e conduta previstas no Código de Trânsito Brasi-
lotação excedente, pois o cinto é individual. leiro, analise as assertivas e marque (V) para o que for
Infração relacionada ao dispositivo: verdadeiro ou (F) para o que for falso.

Art. 167 Deixar o condutor ou passageiro de usar ( ) No trânsito de veículos nas vias terrestres, abertas
o cinto de segurança, conforme previsto no art. 65: à circulação, o condutor deverá guardar distância de
Infração - grave; segurança somente lateral entre o seu e os demais veí-
Penalidade - multa; culos, bem como em relação ao bordo da pista, consi-
Medida administrativa - retenção do veículo até
derando-se, no momento, somente a velocidade e as
colocação do cinto pelo infrator.
condições do local.
( ) No trânsito de veículos nas vias terrestres, abertas
Competição esportiva
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
à circulação, quando veículos, transitando por fluxos
que se cruzem, se aproximarem de local sinalizado,
Art. 67 As provas ou competições desportivas, terá preferência de passagem no caso de rotatória,
inclusive seus ensaios, em via aberta à circulação,
sempre aquele que estiver para entrar nela.
só poderão ser realizadas mediante prévia permis-
( ) No trânsito de veículos nas vias terrestres, abertas à
são da autoridade de trânsito com circunscrição
circulação, os veículos precedidos de batedores terão
sobre a via e dependerão de:
sempre prioridade absoluta de passagem.
I - autorização expressa da respectiva confederação
( ) No trânsito de veículos nas vias terrestres, abertas à
desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas;
II - caução ou fiança para cobrir possíveis danos
circulação, o uso de dispositivos de alarme sonoro e
materiais à via; de iluminação vermelha intermitente só poderá ocorrer
III - contrato de seguro contra riscos e acidentes em quando da efetiva prestação de serviço de urgência.
favor de terceiros;
IV - prévio recolhimento do valor correspondente A sequência CORRETA é:
aos custos operacionais em que o órgão ou entida-
de permissionária incorrerá. a) F, V, F, F.
Parágrafo único. A autoridade com circunscrição b) F, F, F, V.
sobre a via arbitrará os valores mínimos da caução c) V, V, F, F.
ou fiança e do contrato de seguro. d) V, V, V, V 33
Vamos analisar os itens: Embora haja recente mudança no CTB quanto às
Item I: Errado. O condutor deverá guardar distân- velocidades, a questão, que é de 2015, não foi pre-
cia de segurança lateral e frontal entre o seu e os judicada. Hoje, numa rodovia não sinalizada (pista
demais veículos, bem como em relação ao bordo da simples ou dupla) a velocidade máxima de um micro-
pista, considerando-se, no momento, a velocidade e -ônibus (havia 10 passageiros) é de 90km/h de acordo
as condições do local, da circulação, do veículo e as com o artigo 61 § 1º do CTB. Já a velocidade mínima
condições climáticas (Art 29 Inc II do CTB); divide-se a máxima por 2; logo temos: 90/2 = 45km/h
Item II: Errado. Em rotatórias sem sinalização a o que torna a questão certa. Resposta: Certo.
preferência de passagem é de quem circula na rota-
tória (Art 29 Inc III, alínea “a” do CTB) 5. (CESPE - 2015) Julgue o item:
Item III: Errado. No trânsito de veículos nas vias ter- Ao transitar por um túnel, ainda que a viagem seja rea-
restres, abertas à circulação, os veículos precedidos de lizada durante o dia e que o túnel seja provido de ilumi-
batedores terão prioridade de passagem e não prio- nação, o condutor do veículo deverá manter os faróis
ridade absoluta de passagem (Art 29 Inc VI do CTB). acesos, utilizando luz baixa.
Item IV: Certo. Art 29 Inc VII, alínea “c” do CTB. Res-
posta: Letra B. ( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (CISSUL - 2017) Os veículos destinados a socorro de Literalidade do artigo 40 Inciso I do CTB. Resposta:
incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscaliza- Certo.
ção e operação de trânsito e as ambulâncias, além de
prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, esta- DA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS POR MOTORISTAS
cionamento e parada. PROFISSIONAIS
Assinale a alternativa em que essa regulamentação
deverá ocorrer: Art. 67-A O disposto neste Capítulo aplica-se aos
motoristas profissionais
a) Em qualquer situação I - de transporte rodoviário coletivo de passageiros
b) Em quando serviço de urgência II - de transporte rodoviário de cargas.
c) Em quando serviço de urgência e devidamente identi- Art. 67-C É vedado ao motorista profissional diri-
ficado por dispositivos regulamentares gir por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas
d) Em fins particulares do condutor socorrista veículos de transporte rodoviário coletivo de passa-
geiros ou de transporte rodoviário de cargas.
A opção C está de acordo com o artigo 29 Inciso VII § 1° Serão observados 30 (trinta) minutos para des-
canso dentro de cada 6 (seis) horas na condução de
do CTB. Resposta: Letra C.
veículo de transporte de carga, sendo facultado o
seu fracionamento e o do tempo de direção desde
3. (CESPE - 2015) À luz do Código de Trânsito Brasileiro que não ultrapassadas 5 (cinco) horas e meia contí-
(CTB), julgue o item seguinte. nuas no exercício da condução.
A classificação das vias urbanas é feita de acordo com § 1°-A. Serão observados 30 (trinta) minutos para
a sua utilização e característica, constitui critério de descanso a cada 4 (quatro) horas na condução de
fixação de limite de velocidade de cada tipo de via e veículo rodoviário de passageiros, sendo facultado
estabelece parâmetros e condições de preferência de o seu fracionamento e o do tempo de direção.
passagem em cruzamentos desprovidos de sinalização.
Cuidado com as normas de descanso dos motoris-
( ) CERTO ( ) ERRADO tas profissionais. Por isso, veja as principais delas na
tabela a seguir:
Realmente, a classificação das vias urbanas é feita
de acordo com a sua utilização e características. TEMPO DE
Com fundamento no Art. 60 do CTB, até aí a ques- TRANSPORTE OBSERVAÇÃO
DESCANSO
tão está correta. No entanto, na segunda parte do
comando da questão, a banca menciona “preferên- 30 min (fracio- É proibido dirigir
cia de passagem”, que se refere às normas de circu- Rodoviário nável) dentro por mais de 5
lação e conduta previstas no Art. 29, III, que, por de Cargas de 06 Horas de horas e meia
sua vez, não tem nada a ver com as classificações direção ininterruptas.
das vias. Resposta: Errado. 30 min (fracio- É proibido dirigir
Rodoviário
nável) a cada por mais de 5
4. (CESPE - 2015) Um servidor do STJ, ocupante do car- de
04 Horas de horas e meia
go de segurança, foi designado para conduzir veícu- Passageiros
direção ininterruptas.
lo utilizado para o transporte de dez magistrados da
sede em Brasília – DF para uma cidade X, distantes
§2° Em situações excepcionais de inobservância
500 km uma da outra, em uma rodovia.
justificada do tempo de direção, devidamente regis-
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a
tradas, o tempo de direção poderá ser elevado pelo
seguir de acordo com os dispositivos do CTB. período necessário para que o condutor, o veículo
Nos trechos da rodovia em que inexista sinalização e a carga cheguem a um lugar que ofereça a segu-
regulamentando a velocidade máxima permitida, o con- rança e o atendimento demandados, desde que não
dutor do veículo utilizado na viagem deverá observar os haja comprometimento da segurança rodoviária.
limites máximo de 90 km/h e mínimo de 45 km/h.
Como toda regra tem sua exceção, aqui não é
34 ( ) CERTO ( ) ERRADO diferente. Isto é, se não houver um local seguro para
realizar o descanso regulamentar, o tempo de direção passageiros, sendo facultado o seu fracionamento e o
poderá ser excedido, desde que não haja comprome- do tempo de direção.
timento da segurança rodoviária. A resolução n° 525 b) é vedado ao motorista profissional dirigir, por mais de
regulamenta o tema. 4 horas e meia ininterruptas, veículos de transporte
rodoviário coletivo de passageiros ou de transporte
§ 3° O condutor é obrigado, dentro do período de 24 rodoviário de cargas.
(vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de 11 c) serão observados 30 minutos para descanso dentro
(onze) horas de descanso, que podem ser fraciona- de cada 5 horas na condução de veículo de transporte
das, usufruídas no veículo e coincidir com os inter- de carga, sendo facultado o seu fracionamento.
valos mencionados no § 1o, observadas no primeiro d) o condutor é obrigado, dentro do período de 24 horas,
período 8 (oito) horas ininterruptas de descanso. a observar o mínimo de 9 horas de descanso, que
podem ser fracionadas.
Fique atento a mais essa regra: dentro de cada 24 e) em situações excepcionais de inobservância justificada
horas, é obrigatório o descanso de 11 horas, sendo 08 de tempo de direção, devidamente registradas, o tempo
ininterruptas no primeiro período. de direção poderá ser elevado por mais 4 horas, desde
Temos também a seguinte normatização dentro que não haja comprometimento da segurança rodoviária.
deste tema:
Letra A é a mais adequada segundo o dispositivo
Art. 67-E. O motorista profissional é responsá- legal:
vel por controlar e registrar o tempo de condução Art. 67-C. § 1o-A. Serão observados 30 (trinta) minu-
estipulado no art. 67-C, com vistas à sua estrita tos para descanso a cada 4 (quatro) horas na con-
observância. dução de veículo rodoviário de passageiros, sendo
§ 1o A não observância dos períodos de descanso facultado o seu fracionamento e o do tempo de dire-
estabelecidos no art. 67-C sujeitará o motorista ção. Resposta: Letra A.
profissional às penalidades daí decorrentes, previs-
tas neste Código DOS PEDESTRES E VEÍCULOS NÃO MOTORIZADOS
§ 2o O tempo de direção será controlado mediante
registrador instantâneo inalterável de velocidade e Local onde o pedestre deve circular
tempo e, ou por meio de anotação em diário de bor-
do, ou papeleta ou ficha de trabalho externo, ou por
Art. 68 É assegurada ao pedestre a utilização dos
meios eletrônicos instalados no veículo, conforme
passeios ou passagens apropriadas das vias urba-
norma do CONTRAN.
nas e dos acostamentos das vias rurais para circu-
lação, podendo a autoridade competente permitir
O motorista é que controlará esse tempo de des- a utilização de parte da calçada para outros fins,
canso e condução, o que poderá ser feito por tacógrafo desde que não seja prejudicial ao fluxo de pedestres.
(equipamento registrador instantâneo inalterável de
velocidade e tempo), por meio de anotação em diário
de bordo, papeleta ou ficha de trabalho externo, ou Importante!
por meios eletrônicos instalados no veículo.
Infração relacionada: Os pedestres devem caminhar:
Em vias rurais: acostamentos.
Art. 230 Conduzir o veículo: Vias urbanas: passeios ou passagens apropriadas.
XXIII - em desacordo com as condições estabeleci-
das no art. 67-C, relativamente ao tempo de perma-
nência do condutor ao volante e aos intervalos para § 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta
descanso, quando se tratar de veículo de transporte equipara-se ao pedestre em direitos e deveres.
de carga ou coletivo de passageiros:
Infração - média; Esse parágrafo é muito cobrado em provas, tenha
Penalidade - multa; muita atenção: um ciclista caminhando ao lado de
Medida administrativa - retenção do veículo para sua bicicleta (desmontado) é um pedestre em direitos
cumprimento do tempo de descanso aplicável. e deveres.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
§ 1o Se o condutor cometeu infração igual nos últi- Já o motociclista desmontado empurrando a
mos 12 (doze) meses, será convertida, automati- motocicleta, não é equiparado ao pedestre. Muito
camente, a penalidade disposta no inciso XXIII em comum em passarelas, onde o motociclista desmon-
infração grave. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) tado empurra sua motocicleta para transitar por uma
§ 2o Em se tratando de condutor estrangeiro, a libe- via destinada a pedestres. Essa prerrogativa é apenas
ração do veículo fica condicionada ao pagamento para o ciclista. Um condutor de carro de mão, ainda
ou ao depósito, judicial ou administrativo, da mul- que com os pés no chão, não é um pedestre e sim um
ta. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) condutor de veículo, não devendo usar calçadas. O
motociclista desembarcado é equiparado a um condu-
tor de veículo de propulsão humana como um carro
de mão.
EXERCÍCIO COMENTADO O próximo parágrafo também é de grande impor-
tância. Vejamos:
1. (FCC - 2019) No que se refere à condução de veículos
por motoristas profissionais, § 2º Nas áreas urbanas, quando não houver pas-
seios ou quando não for possível a utilização des-
a) serão observados 30 minutos para descanso a tes, a circulação de pedestres na pista de rolamento
cada 4 horas na condução de veículo rodoviário de será feita com prioridade sobre os veículos, pelos 35
bordos da pista, em fila única, exceto em locais Art. 69 Para cruzar a pista de rolamento o pedes-
proibidos pela sinalização e nas situações em que a tre tomará precauções de segurança, levando em
segurança ficar comprometida. conta, principalmente, a visibilidade, a distância e
a velocidade dos veículos, utilizando sempre as fai-
xas ou passagens a ele destinadas sempre que estas
O legislador, nesse caso, colocou a hipótese de
existirem numa distância de até cinquenta metros
não haver passeios ou passagens apropriadas para os dele, observadas as seguintes disposições:
pedestres. Então preste atenção:
Neste dispositivo, colocam-se regras aos pedestres
REGRA DE CIRCULAÇÃO DE PEDESTRE para atravessar uma via. Ao atravessar uma pista,
o pedestre deve observar se a via possui faixa apro-
Local de Circulação (Vias priada para pedestres. Caso ela possua a faixa, numa
Local
Tipo de urbanas não dotadas de distância de até 50 metros, o pedestre deve obrigato-
de
Via Passeios ou passagens riamente fazer sua travessia utilizando-se dela, levan-
Circulação
apropriadas)
do em conta a visibilidade, a distância e a velocidade
Circulação pela pista de rola- dos veículos.
mento (com prioridade sobre
Passeios os veículos) I - onde não houver faixa ou passagem, o cruza-
mento da via deverá ser feito em sentido perpendi-
Vias Ou Passa-
Pelos Bordos da Pista cular ao de seu eixo;
Urbanas gens Apro-
priadas Em Fila Única (exceto em
Outra regra: se, ao se preparar para atravessar
lugares proibidos pela
uma pista, o pedestre não avistar nenhuma faixa de
sinalização)
pedestres, então, neste caso, deve atravessá-la no sen-
tido perpendicular ao seu eixo.
§ 3º Nas vias rurais, quando não houver acosta-
mento ou quando não for possível a utilização dele, II - para atravessar uma passagem sinalizada para
a circulação de pedestres, na pista de rolamento, pedestres ou delimitada por marcas sobre a pista:
a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indi-
será feita com prioridade sobre os veículos, pelos
cações das luzes;
bordos da pista, em fila única, em sentido contrá-
b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que
rio ao deslocamento de veículos, exceto em locais o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o
proibidos pela sinalização e nas situações em que a fluxo de veículos;
segurança ficar comprometida. III - nas interseções e em suas proximidades, onde
não existam faixas de travessia, os pedestres devem
Aqui existe uma pequena diferença em relação ao atravessar a via na continuação da calçada, obser-
parágrafo anterior: os pedestres caminharão no senti- vadas as seguintes normas:
a) não deverão adentrar na pista sem antes se cer-
do contrário ao do veículo.
tificar de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito
de veículos;
REGRA DE CIRCULAÇÃO DE PEDESTRE b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os
pedestres não deverão aumentar o seu percurso,
Local de Circulação (Vias demorar-se ou parar sobre ela sem necessidade.
Tipo de Local de
Rurais não dotadas de
Via Circulação
Acostamentos)
Pedestre e a preferência de passagem
Circulação pela pista de
rolamento (com prioridade Art. 70 Os pedestres que estiverem atravessando a
sobre os veículos) via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão
prioridade de passagem, exceto nos locais com
Pelos bordos da pista sinalização semafórica, onde deverão ser respeita-
Vias das as disposições deste Código.
Acostamentos Em Fila Única
Rurais Parágrafo único. Nos locais em que houver sina-
lização semafórica de controle de passagem será
Em sentido contrário ao
dada preferência aos pedestres que não tenham
deslocamento de veículos
concluído a travessia, mesmo em caso de mudança
(exceto em lugares
do semáforo liberando a passagem dos veículos.
proibidos pela sinalização)
Tem-se, neste artigo, uma informação relevante: os
§ 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras pedestres, em regra, terão prioridade de passagem, exceto
de arte a serem construídas, deverá ser previsto em sinalização semafórica que lhes sejam desfavoráveis.
passeio destinado à circulação dos pedestres, que
não deverão, nessas condições, usar o acostamento. Art. 71 O órgão ou entidade com circunscrição
sobre a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e
passagens de pedestres em boas condições de visibi-
Vimos anteriormente que nas vias rurais utilizamos lidade, higiene, segurança e sinalização.
os acostamentos. Pois bem, o legislador abriu uma exce-
ção ao dizer que nos trechos urbanos de vias rurais, os Não há dúvida que uma faixa apagada, suja de
pedestres usarão os passeios, se tiverem sido construí- barro, mal feita, mal pintada pode prejudicar a visão
36 dos. Neste caso não será utilizado o acostamento. do motorista. O Art. 1° do CTB, prevê em seu § 3º que
“Os órgãos e entidades componentes do Siste- I. O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipa-
ma Nacional de Trânsito respondem, no âmbito ra-se ao pedestre em direitos e deveres.
das respectivas competências, objetivamente, por II. Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou
danos causados aos cidadãos em virtude de ação, quando não for possível a utilização destes, a circu-
omissão ou erro na execução e manutenção de pro- lação de pedestres na pista de rolamento será feita
gramas, projetos e serviços que garantam o exercí- com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da
cio do direito do trânsito seguro”. pista, em fila única, exceto em locais proibidos pela
sinalização e nas situações em que a segurança ficar
Logo, uma pessoa que seja atropelada sobre faixa comprometida.
de pedestre que não atenda aos requisitos estabeleci- III. Nas vias rurais, quando não houver acostamento ou
dos neste Art. 71 poderá buscar a responsabilização quando não for possível a utilização dele, a circulação
do órgão executivo rodoviário responsável. de pedestres, na pista de rolamento, será feita com prio-
ridade sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila
única, em sentido contrário ao deslocamento de veícu-
los, exceto em locais proibidos pela sinalização e nas
EXERCÍCIOS COMENTADOS situações em que a segurança ficar comprometida.

1. (IBFC - 2019) O Capítulo IV do Código de Trânsito a) Apenas I e III estão corretas


Brasileiro, Lei n° 9503/1997, apresenta as informa- b) Apenas II e III estão corretas
ções sobre os pedestres e condutores de veículos não c) Apenas a I está correto
motorizados. De acordo com o Art. 69, é assegurada d) I, II e III estão corretas
ao pedestre a utilização dos passeios ou passagens e) Apenas I e II estão corretas
apropriadas das vias urbanas e dos acostamentos das
vias rurais para circulação, podendo a autoridade com- I - Artigo 68 § 1º
petente permitir a utilização de parte da calçada para II - Artigo 68 § 2º
outros fins, desde que não seja prejudicial ao fluxo de III - Artigo 68 § 3 Resposta: Letra D.
pedestres. Sobre este assunto, analise as afirmativas
abaixo e dê valores de Verdadeiro (V) ou Falso (F).
3. (FCC - 2019) Ao cruzar a pista de rolamento, o pedes-
tre tomará precauções de segurança, levando em
( ) Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras de
conta, principalmente, a visibilidade, a distância e a
arte a serem construídas, deverá ser previsto passeio
velocidade dos veículos, utilizando sempre as faixas
destinado à circulação dos pedestres, que não deve-
ou passagens a ele destinadas, sempre que estas
rão, nessas condições, usar o acostamento.
existirem, em uma distância de até
( ) O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equi-
para-se ao pedestre em direitos e deveres.
a) 80 metros dele.
( ) Onde houver obstrução da calçada ou da passagem
b) 100 metros dele.
para pedestres, o órgão ou entidade com circunscri-
c) 60 metros dele.
ção sobre a via deverá assegurar a devida sinaliza-
d) 120 metros dele.
ção e proteção para circulação de pedestres.
( ) Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou e) 50 metros dele.
quando não for possível a utilização destes, a circu-
lação de pedestres na pista de rolamento será feita Fácil! Literalidade do Art 69 do CTB:
com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da Art. 69 Para cruzar a pista de rolamento o pedestre
pista, em fila única, exceto em locais proibidos pela tomará precauções de segurança, levando em conta,
sinalização e nas situações em que a segurança ficar principalmente, a visibilidade, a distância e a velo-
comprometida. Assinale a alternativa que apresenta cidade dos veículos, utilizando sempre as faixas ou
a sequência correta de cima para baixo. passagens a ele destinadas sempre que estas existi-
a) V, V, F, F rem numa distância de até cinqüenta metros dele,
b) V, V, V, V observadas as seguintes disposições:
c) F, V, F, V I - onde não houver faixa ou passagem, o cruzamen-
to da via deverá ser feito em sentido perpendicular
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
d) F, F, V, F
ao de seu eixo; Resposta: Letra E.
Todas estão certinhas. Primeira alternativa possui
amparo Art. 68 § 5º do CTB. Segunda alternativa 4. (VUNESP - 2016) Segundo o CTB, no seu artigo 68, o
possui amparo no § 1º do Art. 68 do CTB (sempre cai ciclista desmontado, empurrando a bicicleta, equipa-
em provas); Terceira alternativa possui amparo Art. ra-se, em direitos e deveres, ao
68 § 6º do CTB; Quarta alternativa possui amparo
no Art. 68 § 2º do CTB. Resposta: Letra B. a) motociclista.
b) pedestre.
2. (IBFC - 2015) Conforme o Art. 68 do Código de Trânsi- c) veículo.
to Brasileiro é assegurada ao pedestre a utilização dos d) ciclomotor.
passeios ou passagens apropriadas das vias urbanas
e dos acostamentos das vias rurais para circulação, Não esqueça: o ciclista desmontado empurrando a
podendo a autoridade competente permitir a utiliza- bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deve-
ção de parte da calçada para outros fins, desde que res. Vejamos a lei:
não seja prejudicial ao fluxo de pedestres. Assinale a ART 68 § 1º O ciclista desmontado empurrando a
alternativa que corresponda aos incisos contempla- bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deve-
dos no artigo. res. Resposta: Letra B. 37
5. (QUADRIX - 2020) Conforme cresce o uso da bicicleta Perceba que o CONTRAN (órgão máximo norma-
como meio de transporte nas grandes cidades, cres- tivo) decidirá anualmente os temas e os cronogramas
ce o número de ciclistas no trânsito, sendo cada vez das campanhas nacionais a serem obedecidas por
mais comuns os encontros entre motoristas e ciclis- todos os órgãos de trânsito. Conforme o art. 326 do
tas. Considerando essa informação, julgue o item no CTB, a Semana Nacional de Trânsito será comemora-
que diz respeito à postura do motorista em relação
da anualmente no período compreendido entre 18 e
aos ciclistas, segundo a Lei n.º 9.503/1997 (Código
25 de setembro.
Brasileiro de Trânsito).
Na via urbana onde não exista ciclovia, ciclofaixa ou
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional
acostamento, o ciclista pode circular próximo ao bordo
de Trânsito deverão promover outras campanhas
da pista, não havendo obrigatoriedade de permanecer o
no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as
mais próximo possível da guia da calçada (meio‐fio).
peculiaridades locais.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Além das campanhas estabelecidas pelo CON-
TRAN, os órgãos de trânsito devem promover suas
O ciclista deve circular próximo ao bordo da pista,
campanhas próprias de educação para o trânsito.
nessas ocasiões. Outro detalhe: Não há obrigato-
riedade de permanecer o mais próximo possível da
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de
guia da calçada, conforme art. 58 do CTB.
caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão
Art. 58 Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla,
sonora de sons e imagens explorados pelo poder
a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando
público são obrigados a difundi-las gratuitamente,
não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento,
com a frequência recomendada pelos órgãos com-
ou quando não for possível a utilização destes, nos petentes do Sistema Nacional de Trânsito
bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de
circulação regulamentado para a via, com preferên-
Os serviços de rádio e difusão sonora de sons e
cia sobre os veículos automotores. Resposta: Certo.
imagens explorados pelo poder público são obrigados
a difundi-las gratuitamente.
EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO
Educação para o trânsito nas escolas
Educação para o trânsito como direito
Art. 76 A educação para o trânsito será promovida
Art. 74 A educação para o trânsito é direito de
na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por
todos e constitui dever prioritário para os compo-
nentes do Sistema Nacional de Trânsito. meio de planejamento e ações coordenadas entre os
§ 1º É obrigatória a existência de coordenação edu- órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito
cacional em cada órgão ou entidade componente e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito
do Sistema Nacional de Trânsito. Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de
§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito atuação.
deverão promover, dentro de sua estrutura orga- Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste
nizacional ou mediante convênio, o funcionamen- artigo, o Ministério da Educação e do Desporto,
to de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de
padrões estabelecidos pelo CONTRAN. Reitores das Universidades Brasileiras, diretamen-
te ou mediante convênio, promoverá:
A educação para o trânsito é um assunto impor- I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um
tante para as provas. Tenha em mente que qualquer currículo interdisciplinar com conteúdo programá-
artigo deste capítulo pode ser cobrado em seu exame. tico sobre segurança de trânsito;
II - a adoção de conteúdos relativos à educação
para o trânsito nas escolas de formação para
Dica o magistério e o treinamento de professores e
Memorize que a educação é um direito seu e multiplicadores;
dever prioritário dos órgãos do SNT. Estes devem III - a criação de corpos técnicos interprofissionais
possuir uma coordenação educacional e promo- para levantamento e análise de dados estatísticos
ver o funcionamento de Escolas Públicas de relativos ao trânsito;
IV - a elaboração de planos de redução de aciden-
Trânsito. As Escolas Públicas de Trânsito – EPT,
tes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares
promovidas pelos órgãos executivos de trânsito,
universitários de trânsito, com vistas à integração
destinam-se prioritariamente à execução de cur- universidades-sociedade na área de trânsito.
sos, ações e projetos educativos, voltados para o
exercício da cidadania no trânsito. O CTB se preocupou em ocupar toda a cadeia edu-
cacional brasileira (do ensino fundamental às universi-
A Resolução Nº 207 de 2006 regulamenta o assunto.
dades) para conscientizar a sociedade, inclusive com a
criação de corpos técnicos e inclusão curricular sobre
Art. 75 O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os
segurança no trânsito. Implementar o trânsito como
temas e os cronogramas das campanhas de âmbito
nacional que deverão ser promovidas por todos os tema nas escolas é um grande desafio para os órgãos
órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trân- gestores de trânsito. Este trabalho requer a elaboração
sito, em especial nos períodos referentes às férias de um projeto sério: objetivos bem definidos, recursos
escolares, feriados prolongados e à Semana Nacio- educativos de qualidade, acompanhamento e avalia-
38 nal de Trânsito. ção permanentes, corpo técnico capacitado etc.
Publicidade da educação para o Trânsito de qualquer tipo de produto e anunciante, inclusive
àquela de caráter institucional ou eleitoral. (Incluí-
Art. 77-A São assegurados aos órgãos ou entidades do pela Lei nº 12.006, de 2009).
componentes do Sistema Nacional de Trânsito os Art. 77-D O Conselho Nacional de Trânsito (CON-
mecanismos instituídos nos arts. 77-B a 77-E para a TRAN) especificará o conteúdo e o padrão de
veiculação de mensagens educativas de trânsito em apresentação das mensagens, bem como os proce-
todo o território nacional, em caráter suplementar dimentos envolvidos na respectiva veiculação, em
às campanhas previstas nos arts. 75 e 77. (Incluído conformidade com as diretrizes fixadas para as
pela Lei nº 12.006, de 2009). campanhas educativas de trânsito a que se refere o
Art. 77-B Toda peça publicitária destinada à divul- art. 75. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
gação ou promoção, nos meios de comunicação Art. 77-E A veiculação de publicidade feita em
social, de produto oriundo da indústria automo- desacordo com as condições fixadas nos arts. 77-A
bilística ou afim, incluirá, obrigatoriamente, men- a 77-D constitui infração punível com as seguintes
sagem educativa de trânsito a ser conjuntamente sanções: (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
veiculada. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). I – advertência por escrito; (Incluído pela Lei nº
12.006, de 2009).
Bastante interessante esta informação: toda pro- II – suspensão, nos veículos de divulgação da publi-
paganda comercial, nos meios de comunicação social, cidade, de qualquer outra propaganda do produto,
de produtos de indústrias automobilísticas deverá pelo prazo de até 60 (sessenta) dias; (Incluído pela
incluir mensagem educativa de trânsito. Lei nº 12.006, de 2009).
III - multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e
sete reais) a R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e
§ 1° Para os efeitos dos arts. 77-A a 77-E, conside-
cinco reais), cobrada do dobro até o quíntuplo em
ram-se produtos oriundos da indústria automo-
caso de reincidência. (Redação dada pela Lei nº
bilística ou afins:(Incluído pela Lei nº 12.006, de
13.281, de 2016) (Vigência)
2009).
I – os veículos rodoviários automotores de qual-
quer espécie, incluídos os de passageiros e os de Dica
carga; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
“SAM”: Suspensão de até 60 dias, Advertência
II – os componentes, as peças e os acessórios utili-
zados nos veículos mencionados no inciso I. (Incluí- por escrito e Multa cobrada do dobro até o quín-
do pela Lei nº 12.006, de 2009). tuplo em caso de reincidência.
Lembrando que as penas podem ser cumulativas.
O que são produtos oriundos da indústria automo- Outro detalhe é que qualquer infração leva à sus-
bilística ou afins? Neste artigo, diz que são os veículos, pensão da propaganda até a regularização desta.
componentes e peças, certo?
Art. 78 Os Ministérios da Saúde, da Educação e do
§ 2° O disposto no caput deste artigo aplica-se à Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justi-
propaganda de natureza comercial, veiculada por ça, por intermédio do CONTRAN, desenvolverão e
iniciativa do fabricante do produto, em qualquer implementarão programas destinados à prevenção
das seguintes modalidades: (Incluído pela Lei nº de acidentes.
12.006, de 2009).
I – rádio; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). Informação que não se deve menosprezar, pois
II – televisão; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). já foi alvo de questões anteriores. Os ministérios que
III – jornal; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). desenvolverão e implementarão programas desti-
IV – revista; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). nados à prevenção de acidentes são: do Trabalho,
V – outdoor. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). da Saúde, da Educação, do Esporte ou Desporto, dos
Transportes e da Justiça.
Para memorizar, lembre- se de dois Estados: TO e
RJ (Televisão, Outdoor, Revista, Rádio e Jornal) Parágrafo único. O percentual de dez por cento do
total dos valores arrecadados destinados à Previ-
MEIO DE PRODUTO A VEICULAR dência Social, do Prêmio do Seguro Obrigatório de
COMUNICAÇÃO MENSAGEM EDUCATIVA Danos Pessoais causados por Veículos Automoto-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
res de Via Terrestre - DPVAT, de que trata a Lei nº
Rádio Indústria automobilística ou afins 6.194, de 19 de dezembro de 1974, serão repassados
mensalmente ao Coordenador do Sistema Nacional
Televisão Indústria automobilística ou afins de Trânsito para aplicação exclusiva em progra-
mas de que trata este artigo.
Jornal; Indústria automobilística ou afins

Revista Indústria automobilística ou afins Atento a este dispositivo, pois já foi cobrado em
várias provas. 10 % do valor do DPVAT que vai para a
Outdoor Indústria automobilística ou afins Previdência Social vão para o Ministério coordenador
(hoje, o Ministério das Cidades) mensalmente para
Outdoor Todos os produtos. Inclusive programas de prevenção acidentes.
(Margem de anúncios de caráter institucional
Rodovia) ou eleitoral

Art. 77-C Quando se tratar de publicidade veiculada EXERCÍCIOS COMENTADOS


em outdoor instalado à margem de rodovia, den-
tro ou fora da respectiva faixa de domínio, a obriga- 1. (UFMT - 2015) Sobre educação para o trânsito, assina-
ção prevista no art. 77-B estende-se à propaganda le a alternativa incorreta: 39
a) Será promovida especificamente, nas escolas de Ensi- nos períodos referentes às férias escolares, feriados
no Fundamental, por meio de planejamento e ações prolongados e à Semana Nacional de Trânsito.
coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema
Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Na questão, a banca quer saber a opção errada. Por-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas res- tanto, a letra C está errada porque a educação para
pectivas áreas de atuação. o trânsito será promovida nas escolas de 2º e 3º
b) É obrigatória a existência de coordenação educacional graus e será promovida na pré-escola e nas escolas
em cada órgão ou entidade componente do Sistema de 1º grau, conforme art. 76 caput do CTB. Vejamos:
Nacional de Trânsito.
Art. 76 A educação para o trânsito será promovida
c) Os órgãos ou entidades executivos de trânsito deve-
na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por
rão promover, dentro de sua estrutura organizacional
ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas meio de planejamento e ações coordenadas entre os
Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabele- órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito
cidos pelo CONTRAN. e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito
d) educação para o trânsito é direito de todos e consti- Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de
tui dever prioritário para os componentes do Sistema atuação. Resposta: Letra C.
Nacional de Trânsito.
DA SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO
Questão que exige conhecimentos pormenorizados
deste discreto capítulo: Art. 80 Sempre que necessário, será colocada ao
a) O erro está no começo da afirmativa. A educa- longo da via, sinalização prevista neste Código e em
ção deverá ser realizada em toda cadeia educacio- legislação complementar, destinada a condutores e
nal brasileira. Será promovida na pré-escola e nas pedestres, vedada a utilização de qualquer outra.
escolas de 1º, 2º e 3º graus. A sinalização só pode ser colocada desde que haja
b) Literalidade do Art. 74 § 1º do CTB previsão no CTB ou em alguma legislação comple-
c) Literalidade Art. 74 § 2º mentar. A Resolução n° 160/04, por exemplo, regu-
d) Literalidade Art. 74 caput Resposta: Letra A. lamenta a sinalização vertical e horizontal nas
nossas vias terrestres.
2. (AOCP - 2016) De acordo com o CTB, qual será o per- §1º A sinalização será colocada em posição e con-
centual destinado a campanhas educativas de trânsi- dições que a tornem perfeitamente visível e legível
to, sendo este retirado de valores arredados do prêmio durante o dia e a noite, em distância compatível
do Seguro Obrigatório (DPVAT)? com a segurança do trânsito, conforme normas e
especificações do CONTRAN.
a) 10% §2º O CONTRAN poderá autorizar, em caráter
b) 15% experimental e por período prefixado, a utilização
c) 20% de sinalização não prevista neste Código.
d) 05%
e) 50% Dispositivo que excepciona o caput do artigo 80.
Ou seja, é possível a aposição de sinalização sem
Vejamos o dispositivo legal: previsão no CTB, desde que seja autorizado pelo
Art. 78[...] Parágrafo único. O percentual de DEZ POR CONTRAN. Uma exceção ao Art. 80 do CTB seria a
CENTO do total dos valores arrecadados destinados à resolução 407/12 que autorizou a utilização temporá-
Previdência Social, do Prêmio do Seguro Obrigatório ria de sinalização de orientação de destino específica
de Danos Pessoais causados por Veículos Automoto- para a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 e para a
res de Via Terrestre - DPVAT, de que trata a Lei nº
Copa das Confederações da FIFA Brasil 2013.
6.194, de 19 de dezembro de 1974, serão repassados
mensalmente ao Coordenador do Sistema Nacional
§3° A responsabilidade pela instalação da sinaliza-
de Trânsito para aplicação exclusiva em programas
ção nas vias internas pertencentes aos condomínios
de que trata este artigo. Resposta: Letra A.
constituídos por unidades autônomas e nas vias e
áreas de estacionamento de estabelecimentos pri-
3. (FUNDEP - 2016) Em relação ao disposto no Código
vados de uso coletivo é de seu proprietário. (Incluí-
de Trânsito Brasileiro sobre o tema “educação para o
do pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
trânsito”, assinale a alternativa INCORRETA.
As vias privadas deverão ser sinalizadas pelos
a) A educação para o trânsito é direito de todos e consti-
respectivos proprietários. Não cabe ao Poder Público
tui dever prioritário para os componentes do Sistema
Nacional de Trânsito. fazer isso.
b) Toda peça publicitária destinada à divulgação ou pro-
moção, nos meios de comunicação social, de produto Art. 81 Nas vias públicas e nos imóveis é proibido
oriundo da indústria automobilística ou afim, incluirá, colocar luzes, publicidade, inscrições, vegetação e
obrigatoriamente, mensagem educativa de trânsito a mobiliário que possam gerar confusão, interferir
ser conjuntamente veiculada. na visibilidade da sinalização e comprometer a
c) A educação para o trânsito será promovida nas esco- segurança do trânsito.
las de 2º e 3º graus, apenas.
d) O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os Não é incomum placas pichadas ou tomadas pela
cronogramas das campanhas de âmbito nacional que vegetação nas rodovias brasileiras. Se provada a ilegi-
deverão ser promovidas por todos os órgãos ou enti- bilidade da placa, é possível argumentar num recurso
40 dades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial perante a JARI tal situação e derrubar o Auto de Infração.
Infração - grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
de 2015)
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

Classificação dos sinais

Art. 87 Os sinais de trânsito classificam-se em:


I - verticais;
II - horizontais;
III - dispositivos de sinalização auxiliar;
IV - luminosos;
Art. 82 É proibido afixar sobre a sinalização de V - sonoros;
trânsito e respectivos suportes, ou junto a ambos, VI - gestos do agente de trânsito e do condutor.
qualquer tipo de publicidade, inscrições, legendas
e símbolos que não se relacionem com a mensagem
Este artigo é um dos mais cobrado nas provas de
da sinalização.
Art. 83 A afixação de publicidade ou de quaisquer concursos no quesito de sinalização de trânsito. As
legendas ou símbolos ao longo das vias condiciona- especificações das sinalizações estão detalhadas na
-se à prévia aprovação do órgão ou entidade com Resolução n° 160/2004. Memorize a sinalização pre-
circunscrição sobre a via. vista no CTB.
Art. 84 O órgão ou entidade de trânsito com cir-
cunscrição sobre a via poderá retirar ou determi-
nar a imediata retirada de qualquer elemento que z Verticais: são as placas de sinalização mais
prejudique a visibilidade da sinalização viária e comuns e se encontram por toda a via, acima do
a segurança do trânsito, com ônus para quem o chão. Ex.:
tenha colocado.

Comerciantes lindeiros às vias de trânsito são


acostumados a instalar suas propagandas ao longo da
via, muitas vezes até fixadas nas placas de sinalização.
Nestes casos, o órgão de trânsito nem precisa notificá-
-los para retirar a publicidade indevida, pode o pró-
prio órgão retirar ou determinar, sumariamente, a z Horizontais: são as marcações que estão dispostas
retirada da propaganda. Caso esta ação gere despesas
na vida. Ex.:
numerárias, estas devem ser cobradas do responsável
que instalou a referida publicidade.

Art. 85 Os locais destinados pelo órgão ou entidade


de trânsito com circunscrição sobre a via à traves-
sia de pedestres deverão ser sinalizados com faixas
pintadas ou demarcadas no leito da via.
Art. 86 Os locais destinados a postos de gasoli-
na, oficinas, estacionamentos ou garagens de uso z Dispositivos auxiliares: são utilizados para
coletivo deverão ter suas entradas e saídas devida- suprir uma exigência específica, geralmente tem-
mente identificadas, na forma regulamentada pelo porária. Ex.:
CONTRAN.
Art. 86-A As vagas de estacionamento regulamen-
tado de que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei
deverão ser sinalizadas com as respectivas placas CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
indicativas de destinação e com placas informan-
do os dados sobre a infração por estacionamento
indevido. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
(Vigência)

Importante! z Luminosos: são sinalizações que se utilizam de


meios luminoso para realizar suas funções. Ex.:
Temos uma novidade. Nos estacionamentos
deverão ser colocadas placas informando os
dados sobre a infração, inclusive possibilitan-
do por informações sobre valor e natureza da
infração.

Art. 181 Estacionar o veículo:


XVII - em desacordo com as condições regulamen-
tadas especificamente pela sinalização (placa - z Sonoros: são as sinalizações feitas a partir de ins-
Estacionamento Regulamentado): trumento sonoro, ou elevação da voz. Ex.: 41
Este dispositivo é muito usado para recursos de
multa. A falta de sinalização ou incorreção dela impe-
de a autoridade de trânsito de aplicar as penalidades.

Importante!
z Gestos dos agentes de trânsito e do condutor: É o CONTRAN que normatiza a interpretação, colo-
são sinalizações feitas pelos agentes de trânsito ou cação e uso da sinalização.
condutores, sempre indicando uma ação pertinen-
te ao momento no trânsito. Ex.:

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE - 2019) A sinalização de trânsito segue uma
ordem de prevalência: as ordens do agente de trânsito
prevalecem sobre as normas de circulação e outros
sinais; as indicações do semáforo sobre os demais
Fique atento ao que diz o art. 88: sinais; e as indicações dos sinais sobre as demais
normas de trânsito.
Art. 88 Nenhuma via pavimentada poderá ser
entregue após sua construção, ou reaberta ao trân- ( ) CERTO ( ) ERRADO
sito após a realização de obras ou de manutenção,
enquanto não estiver devidamente sinalizada, ver- Regra básica de prevalência de sinalização, confor-
tical e horizontalmente, de forma a garantir as con- me art. 89 do CTB. Resposta: Certo.
dições adequadas de segurança na circulação.
Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em 2. (FCC - 2019) Os sinais de trânsito classificam-se em:
obras deverá ser afixada sinalização específica e verticais; horizontais; dispositivos de sinalização auxi-
adequada. liar e mais:

Ordem de Prevalência de sinalização a) indicativos, luminosos e sonoros.


b) indicativos, sonoros, semáforos e gestos do agente de
Art. 89 A sinalização terá a seguinte ordem de trânsito.
prevalência: c) luminosos e semáforos.
I - as ordens do agente de trânsito sobre as normas d) semáforos e gestos do agente de trânsito.
de circulação e outros sinais; e) luminosos, sonoros e gestos do agente de trânsito e
II - as indicações do semáforo sobre os demais do condutor.
sinais;
III - as indicações dos sinais sobre as demais nor- Regra simples:
mas de trânsito. Art. 87. Os sinais de trânsito classificam-se em:
I - verticais;
Este é um artigo muito comum em provas, quando II - horizontais;
tratamos do aspecto da sinalização de trânsito. Tenha III - dispositivos de sinalização auxiliar;
em mente que as ordens do agente de trânsito preva- IV - luminosos;
lecem sobre qualquer outra sinalização de trânsito. V - sonoros;
Em segundo lugar aparece o semáforo que apenas VI - gestos do agente de trânsito e do condutor. Res-
não prevalece sobre as ordens do agente de trânsito. posta: Letra E.
E, por fim, as sinalizações verticais e horizontais pre-
valecem sobre as normas de circulação e conduta. DA ENGENHARIA DE TRÁFEGO, DA OPERAÇÃO, DA
FISCALIZAÇÃO E DO POLICIAMENTO OSTENSIVO
Ex.: se um condutor estiver parado num cruzamento
DE TRÂNSITO
onde haja sinalização semafórica da cor vermelha para
os veículos e um agente de trânsito sinalizando para o
Art. 91 O CONTRAN estabelecerá as normas e regu-
condutor prosseguir com seu veículo, qual terá priorida- lamentos a serem adotados em todo o território
de? Deve se obedecer ao agente de trânsito já que suas nacional quando da implementação das soluções
ordens prevalecem sobre qualquer outra sinalização. adotadas pela Engenharia de Tráfego, assim como
padrões a serem praticados por todos os órgãos e
Art. 90 Não serão aplicadas as sanções previstas entidades do Sistema Nacional de Trânsito.
neste Código por inobservância à sinalização quan-
do esta for insuficiente ou incorreta. As soluções de engenharia de tráfego para as vias
§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circuns- de trânsito vão muito além de se construir um viaduto,
crição sobre a via é responsável pela implantação uma ponte ou uma estrada. Este sistema compreende
da sinalização, respondendo pela sua falta, insufi- desde o pré-projeto, necessário para as definições de
ciência ou incorreta colocação. construção, readequação, ou reforma de uma via até
§ 2º O CONTRAN editará normas complementares a simples colocação de um marco quilométrico à mar-
no que se refere à interpretação, colocação e uso da gem de uma rodovia. Toda esta parte de Engenharia
42 sinalização. de tráfego é direcionada para a responsabilidade dos
Órgãos Executivos Rodoviários, sejam eles da esfera § 3° O descumprimento do disposto neste artigo
federal (DNIT) estadual (DER) ou dos Órgãos Execu- será punido com multa de R$ 81,35 (oitenta e um
tivos Rodoviários dos Municípios, que normalmente reais e trinta e cinco centavos) a R$ 488,10 (qua-
estão atrelados às Secretarias de Obras ou Planeja- trocentos e oitenta e oito reais e dez centavos),
independentemente das cominações cíveis e penais
mento Urbano das cidades.
cabíveis, além de multa diária no mesmo valor até
a regularização da situação, a partir do prazo final
Art. 93 Nenhum projeto de edificação que possa concedido pela autoridade de trânsito, levando-se
transformar-se em pólo atrativo de trânsito pode- em consideração a dimensão da obra ou do evento
rá ser aprovado sem prévia anuência do órgão ou e o prejuízo causado ao trânsito.
entidade com circunscrição sobre a via e sem que
do projeto conste área para estacionamento e indi- Olha no que dá realizar obra ou evento sem auto-
cação das vias de acesso adequadas. rização do órgão ou entidade de trânsito com cir-
cunscrição sobre a via: multa de R$ 81,35 a R$ 488,10,
Neste artigo, o legislador nos diz que um polo atra- independentemente das cominações cíveis e penais
tivo, como shoppings centers, deverá conter no seu cabíveis, além de multa diária no mesmo valor até a
projeto áreas de estacionamento e sinalização indi- regularização da situação.
cando os acessos ao empreendimento.
§ 4º Ao servidor público responsável pela inobser-
Art. 94 Qualquer obstáculo à livre circulação e vância de qualquer das normas previstas neste e
à segurança de veículos e pedestres, tanto na via nos arts. 93 e 94, a autoridade de trânsito aplicará
quanto na calçada, caso não possa ser retirado, multa diária na base de cinqüenta por cento do dia
deve ser devida e imediatamente sinalizado. de vencimento ou remuneração devida enquanto
Parágrafo único. É proibida a utilização das ondu- permanecer a irregularidade.
lações transversais e de sonorizadores como
redutores de velocidade, salvo em casos especiais Detalhe relevante: o servidor que desrespeitar os
definidos pelo órgão ou entidade competente, nos artigos 93, 94 e 95 pagará uma multa de 50% por dia
padrões e critérios estabelecidos pelo CONTRAN. do vencimento enquanto a irregularidade persistir.
Exemplo: servidor que aprova projeto de construção
Norma importante para o dia a dia das cidades: de hipermercado à margem de rodovia sem previsão
todo obstáculo na via ou na calçada, como as obras, de estacionamento e sinalização adequada.
principalmente, devem estar sinalizadas. Infelizmen-
te, é comum ocorrerem interdições de calçadas e
simplesmente omitirem sinalização e alternativa de
tráfego para as pessoas, colocando em risco a vida de EXERCÍCIOS COMENTADOS
pedestres. A implantação de ondulações transversais
nas vias públicas dependerá de autorização expressa 1. (UFMT– 2015) O Conselho Nacional de Trânsito esta-
da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a belecerá as normas e regulamentos a serem adotados
em todo o território nacional quanto à engenharia de
via. A resolução n° 600/16 regulamenta o tema.
tráfego, assim como padrões a serem praticados por
todos os órgãos e entidades do Sistema Nacional de
Art. 95 Nenhuma obra ou evento que possa pertur-
Trânsito. Quanto a essas normas, operação, fiscaliza-
bar ou interromper a livre circulação de veículos e
ção e policiamento ostensivo de trânsito, assinale a
pedestres, ou colocar em risco sua segurança, será
afirmativa INCORRETA.
iniciada sem permissão prévia do órgão ou entida-
de de trânsito com circunscrição sobre a via.
a) Nenhuma obra ou evento que possa perturbar ou
interromper a livre circulação de veículos e pedes-
Toda obra ou evento (Exposições, Festas, Feiras)
tres, ou colocar em risco sua segurança, será ini-
que possam ocasionar perturbações na via devem
ciada sem permissão prévia do órgão ou entidade
ter permissão da autoridade de trânsito previamente
de trânsito com circunscrição sobre a via.
concedida. b) Ao servidor público responsável pela inobser-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
vância de qualquer das normas previstas no CTB
§ 1º A obrigação de sinalizar é do responsável pela relativas à engenharia de tráfego, a autoridade de
execução ou manutenção da obra ou do evento. trânsito aplicará multa diária no seu vencimento
§ 2º Salvo em casos de emergência, a autoridade ou remuneração devida, enquanto permanecer a
de trânsito com circunscrição sobre a via avisará a
irregularidade.
comunidade, por intermédio dos meios de comuni-
c) Mesmo em casos de emergência, a autoridade de
cação social, com quarenta e oito horas de antece-
trânsito com circunscrição sobre a via avisará a
dência, de qualquer interdição da via, indicando-se
comunidade com quarenta e oito horas de antece-
os caminhos alternativos a serem utilizados.
dência qualquer interdição da via.
d) Nenhum projeto de edificação que possa trans-
É importante ter muito cuidado com esse arti- formar-se em polo atrativo de trânsito poderá ser
go. Sempre que houver obras e eventos que possam aprovado sem prévia anuência do órgão ou enti-
interromper as vias, faz-se necessária comunicação à dade do Sistema Nacional de Trânsito com circuns-
comunidade (população afetada) no prazo de 48 horas crição sobre a via.
de antecedência, apontando caminhos alternativos,
exceto em casos de emergência. Guarde esse prazo: 48 a) Art 95 Caput.
horas de antecedência para a autoridade de trânsi- b) Art 95 § 4º.
to comunicar. 43
c) Art. 95, § 2º O erro da questão é que: em casos de 1 - caminhão-trator;
emergência a autoridade de trânsito não tem que 2 - trator de rodas;
comunicar à comunidade imediatamente. 3 - trator de esteiras;
d) Art 93 Caput. Resposta: Letra C. 4 - trator misto;
f) especial;
2. (FCC - 2019) Quanto a uma determinada obra ou g) de coleção;
III - quanto à categoria:
evento que possa perturbar ou interromper a livre cir-
a) oficial;
culação de veículos e pedestres, ou colocar em risco a
b) de representação diplomática, de repartições
segurança destes, a obrigação de sinalizar é consulares de carreira ou organismos internacio-
nais acreditados junto ao Governo brasileiro;
a) da fiscalização responsável pela operação de trânsito. c) particular;
b) do órgão ou entidade de trânsito com circunscrição d) de aluguel;
sobre a via. e) de aprendizagem.
c) da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a
via. A classificação veicular sempre cai em provas,
d) do policiamento do trânsito. então estude bem este eminente tema. Vejamos quais
e) do responsável pela execução ou manutenção da obra são e alguns exemplos:
ou do evento.
Quanto à tração
A obrigação de sinalizar é do responsável pela exe-
cução ou manutenção da obra ou do evento, confor- z Tração animal. Ex.: charretes, carroças etc.;
me Art 95 do CTB. z Propulsão humana. Ex.: bicicleta e carro de mão;
Art. 95 Nenhuma obra ou evento que possa pertur- z Automotor. Ex.: caminhão, motocicleta etc.;
bar ou interromper a livre circulação de veículos e z Reboque e semirreboque. Ex.: trailer;
pedestres, ou colocar em risco sua segurança, será z Elétrico. Ex.: bonde.
iniciada sem permissão prévia do órgão ou entidade
de trânsito com circunscrição sobre a via. Quanto à espécie
§ 1º A obrigação de sinalizar é do responsável pela
execução ou manutenção da obra ou do evento. Res- z Passageiros. Ex.: bicicleta, automóvel, ônibus,
posta: Letra E. bonde, charrete, ciclomotor, motoneta, motocicle-
ta, triciclo, quadrículo, reboque e semirreboque;
z Tração. Ex.: caminhão-trator, trator de rodas, de
DOS VEÍCULOS
esteira e misto;
z Carga. Ex.: caminhonete, carro de mão, carroça,
Art. 96. Os veículos classificam-se em: motoneta, motocicleta, triciclo, quadrículo, rebo-
I - quanto à tração: que e semirreboque;
a) automotor; z Competição;
b) elétrico; z Coleção;
c) de propulsão humana; z Misto.
d) de tração animal;
e) reboque ou semi-reboque;
II - quanto à espécie: Dica
a) de passageiros: Perceba que quanto à espécie, os veículos: moto-
1 - bicicleta;
neta, motocicleta, triciclo, quadrículo e reboque e
2 - ciclomotor;
3 - motoneta; semirreboque são veículos de passageiros e de
4 - motocicleta; carga.
5 - triciclo;
6 - quadriciclo; Quanto à categoria
7 - automóvel;
8 - microônibus; z Oficial;
9 - ônibus; z Representação diplomática;
10 - bonde; z Aluguel;
11 - reboque ou semi-reboque; z Particular;
12 - charrete; z Aprendizagem.
b) de carga:
1 - motoneta; Art. 97 As características dos veículos, suas especifica-
2 - motocicleta; ções básicas, configuração e condições essenciais para
3 - triciclo; registro, licenciamento e circulação serão estabeleci-
4 - quadriciclo; das pelo CONTRAN, em função de suas aplicações.
5 - caminhonete; Art. 98 Nenhum proprietário ou responsável pode-
6 - caminhão; rá, sem prévia autorização da autoridade compe-
7 - reboque ou semi-reboque; tente, fazer ou ordenar que sejam feitas no veículo
8 - carroça; modificações de suas características de fábrica.
9 - carro-de-mão; § 1º. Os veículos e motores novos ou usados que sofre-
c) misto: rem alterações ou conversões são obrigados a atender
1 - camioneta; aos mesmos limites e exigências de emissão de poluen-
2 - utilitário; tes e ruído previstos pelos órgãos ambientais compe-
3 - outros; tentes e pelo CONTRAN, cabendo à entidade executora
d) de competição; das modificações e ao proprietário do veículo a respon-
44 e) de tração: sabilidade pelo cumprimento das exigências.
§ 2º Veículos classificados na espécie misto, tipo Art. 101 Ao veículo ou à combinação de veículos
utilitário, carroçaria jipe poderão ter alterado o utilizados no transporte de carga que não se enqua-
diâmetro externo do conjunto formado por roda dre nos limites de peso e dimensões estabelecidos
e pneu, observadas restrições impostas pelo fabri- pelo CONTRAN, poderá ser concedida, pela auto-
cante e exigências fixadas pelo CONTRAN. (Lei n° ridade com circunscrição sobre a via, autorização
14071 de 2020) especial de trânsito, com prazo certo, válida para
cada viagem ou por período, atendidas as medidas
Este artigo também é comum em provas. É veda- de segurança consideradas necessárias, conforme
da a modificação veicular de fábrica de veículos sem regulamentação do CONTRAN. (Lei n° 14071 de
autorização da autoridade de trânsito. Por exem- 2020)
plo: se você quiser modificar a suspensão do veículo § 1º A autorização será concedida mediante reque-
(“rebaixar”) terá que passar por uma vistoria veicular rimento que especificará as características do
e ter autorização do DETRAN, conforme Resoluções n° veículo ou combinação de veículos e de carga, o per-
479/2014. A nova lei também estabelece que os jipes curso, a data e o horário do deslocamento inicial.
§ 2º A autorização não exime o beneficiário da
poderão ter o diâmetro externo do conjunto roda e
responsabilidade por eventuais danos que o veícu-
pneu alterado.
lo ou a combinação de veículos causar à via ou a
terceiros.
Art. 99 Somente poderá transitar pelas vias terres-
§ 3º Aos guindastes autopropelidos ou sobre cami-
tres o veículo cujo peso e dimensões atenderem aos
nhões poderá ser concedida, pela autoridade com
limites estabelecidos pelo CONTRAN.
circunscrição sobre a via, autorização especial de
trânsito, com prazo de seis meses, atendidas as
Para trafegarem, os veículos devem obedecer às medidas de segurança consideradas necessárias.
normas do CONTRAN. Por exemplo: em regra, os veí-
culos só podem ter altura máxima de 4,40 m e largura Então, alguns veículos podem exceder as dimensões
de 2,60 m. A Resolução n° 210/2006 e suas alterações máximas permitidas, mas terão que possuir Autoriza-
regulamentam estas normas. ção Especial de Trânsito (AET), em que será cobrada
obediência a determinados requisitos previstos em lei.
§ 1º O excesso de peso será aferido por equipamento Por exemplo: um caminhão que excede a largura
de pesagem ou pela verificação de documento fiscal,
de 2,60 m deverá possuir a AET, de acordo com Reso-
na forma estabelecida pelo CONTRAN.
lução n° 210/2006. A AET poderá ser válida por viagem
§ 2º Será tolerado um percentual sobre os limites de
peso bruto total e peso bruto transmitido por eixo ou por período, conforme nova lei. Lembrando que a
de veículos à superfície das vias, quando aferido por AET não exime o beneficiário da responsabilidade por
equipamento, na forma estabelecida pelo CONTRAN. danos que possam ser causados na via.
§ 3º Os equipamentos fixos ou móveis utilizados
na pesagem de veículos serão aferidos de acordo Art. 102 O veículo de carga deverá estar devida-
com a metodologia e na periodicidade estabeleci- mente equipado quando transitar, de modo a evitar
das pelo CONTRAN, ouvido o órgão ou entidade de o derramamento da carga sobre a via.
metrologia legal. Parágrafo único. O CONTRAN fixará os requisitos
mínimos e a forma de proteção das cargas de que
O excesso de peso deve ser verificado por meio da trata este artigo, de acordo com a sua natureza.
balança ou da NF (nota fiscal); admite-se uma tole-
rância em fiscalização de excesso de peso no eixo ou Os veículos de carga devem transitar de forma
no peso bruto total em fiscalização por balança. Já a segura, principalmente quando o assunto for amar-
fiscalização observando apenas a NF não se admite ração de carga. A resolução nº 552 de 2015 fixa os
tolerâncias. requisitos mínimos de segurança para amarração das
cargas transportadas em veículos de carga.
Art. 100 Nenhum veículo ou combinação de veícu- Infração relacionada:
los poderá transitar com lotação de passageiros,
com peso bruto total, ou com peso bruto total com- Art. 225 Deixar de sinalizar a via, de forma a pre-
binado com peso por eixo, superior ao fixado pelo venir os demais condutores e, à noite, não manter
fabricante, nem ultrapassar a capacidade máxima acesas as luzes externas ou omitir-se quanto a pro-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

de tração da unidade tratora. vidências necessárias para tornar visível o local,


§ 1° Os veículos de transporte coletivo de pas- quando:
sageiros poderão ser dotados de pneus extra- II - a carga for derramada sobre a via e não puder
largos. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) ser retirada imediatamente:
(Vigência) Infração - grave;
§ 2° CONTRAN regulamentará o uso de pneus Penalidade - multa.
extralargos para os demais veículos. (Incluído pela
Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) Da Segurança dos Veículos
§ 3° É permitida a fabricação de veículos de trans-
porte de passageiros de até 15 m (quinze metros) de Art. 103 O veículo só poderá transitar pela via
comprimento na configuração de chassi 8x2. quando atendidos os requisitos e condições de segu-
rança estabelecidos neste Código e em normas do
Os ônibus agora poderão usar pneus extralargos CONTRAN.
que dão mais aderência ao veículo. No entanto, é § 1º Os fabricantes, os importadores, os montado-
permitida também a utilização de pneus com banda res e os encarroçadores de veículos deverão emitir
extralarga (Single) do tipo 385/65 R 22.5 em semirre- certificado de segurança, indispensável ao cadas-
boques e reboques dotados de suspensão pneumática tramento no RENAVAM, nas condições estabeleci-
com eixos em tandem, segundo a Resolução n° 62/98. das pelo CONTRAN. 45
§ 2º O CONTRAN deverá especificar os procedimen- V - dispositivo destinado ao controle de emissão de
tos e a periodicidade para que os fabricantes, os gases poluentes e de ruído, segundo normas estabe-
importadores, os montadores e os encarroçadores lecidas pelo CONTRAN.
comprovem o atendimento aos requisitos de segu- VI - para as bicicletas, a campainha, sinalização
rança veicular, devendo, para isso, manter dispo- noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e
níveis a qualquer tempo os resultados dos testes espelho retrovisor do lado esquerdo.
e ensaios dos sistemas e componentes abrangidos VII - equipamento suplementar de retenção - air
pela legislação de segurança veicular. bag frontal para o condutor e o passageiro do ban-
co dianteiro.
Este artigo assevera que os veículos, para circu- VIII - luzes de rodagem diurna. (Lei n° 14071 de
larem nas vias, deverão estar em boas condições de 2020)
trafegabilidade, para segurança de todos. Os equipa-
mentos de segurança e sua mecânica devem estar em O CTB, em seu art. 105, traz um rol de equipamen-
perfeitas condições. tos considerados obrigatórios para todos os veículos.
Cabem aqui alguns detalhes que merecem destaque:

Importante! z O cinto de segurança não é obrigatório para veí-


culos destinados ao transporte de passageiros em
Lembrando que as normas são do CONTRAN e percursos em que seja permitido viajar em pé.
não do DETRAN. z O espelho retrovisor obrigatório da bicicleta é do
lado esquerdo e não do direito.
z O Air Bag obrigatório é apenas para condutor e
Uma condição legal está relacionada ao estado de passageiro do banco dianteiro e não para ocupan-
conservação do veículo e dos equipamentos obrigató- tes do banco traseiro.
rios exigidos. O art. 105 do CTB, bem como a Resolução z As luzes de rodagem diurna são obrigatórias para
14/98 do CONTRAN com suas atualizações, devem ser o os veículos novos.
começo para que o aluno entenda sobre equipamentos
obrigatórios de um veículo. Vale ressaltar que estas con- Convém lembrar que os equipamentos obrigató-
dições de segurança de um veículo dependem muito da rios também estão previstos na Resolução n° 14/98, e
existência e condições de uso destes equipamentos obri- que transitar sem equipamento obrigatório é infração
gatórios: cinto de segurança, pneus em boas condições, de natureza grave.
espelhos retrovisores, buzina, iluminação, limpador de
para-brisa, faróis, luz de freio, velocímetro, luz indicado- Art. 106 No caso de fabricação artesanal ou de
ra de direção (pisca) e tacógrafo, são alguns dos equipa- modificação de veículo ou, ainda, quando ocorrer
mentos obrigatórios de alguns veículos. substituição de equipamento de segurança especi-
As inspeções de segurança terão a periodicidade ficado pelo fabricante, será exigido, para licencia-
determinada pelo CONTRAN. Já as inspeções de gases mento e registro, certificado de segurança expedido
poluentes ficam a cargo do Conama. por instituição técnica credenciada por órgão ou
entidade de metrologia legal, conforme norma ela-
Veja na tabela essas novas inserções no CTB:
borada pelo CONTRAN.
Parágrafo único. Quando se tratar de blindagem de
ISENÇÃO DE VISTORIA PARA VERIFICAÇÃO DAS CONDI-
veículo, não será exigido qualquer outro documen-
ÇÕES DE SEGURANÇA E GASES POLUENTES
to ou autorização para o registro ou o licenciamen-
TIPO to. Lei n° 14071 de 2020
PRAZO CONTAGEM EXCEÇÃO
VEICULAR
Veículos Danos de Perceba que, nestas situações, é necessária uma vis-
novos grande/mé- toria para se ter certeza que a segurança não está em
particulares 03 Anos dia monta. risco. Hoje, a técnica credenciada por órgão ou entida-
(até 07 Alteração de de metrologia legal que faz a vistoria é o INMETRO.
1º Licenciamento
passageiros) das carac-
terísticas
Demais
02 Anos originais de Dica
veículos fábrica.
Os veículos blindados não precisarão de outros
documentos como autorização do Exército para
Art. 105 São equipamentos obrigatórios dos veí- a modificação veicular. Apenas precisam de cer-
culos, entre outros a serem estabelecidos pelo
tificado de segurança.
CONTRAN:
I - cinto de segurança, conforme regulamentação
Art. 107 Os veículos de aluguel, destinados ao
específica do CONTRAN, com exceção dos veículos
destinados ao transporte de passageiros em per-
transporte individual ou coletivo de passageiros,
cursos em que seja permitido viajar em pé; deverão satisfazer, além das exigências previstas
II - para os veículos de transporte e de condução neste Código, às condições técnicas e aos requisi-
escolar, os de transporte de passageiros com mais tos de segurança, higiene e conforto estabelecidos
de dez lugares e os de carga com peso bruto total pelo poder competente para autorizar, permitir
superior a quatro mil, quinhentos e trinta e seis ou conceder a exploração dessa atividade.
quilogramas, equipamento registrador instantâneo
inalterável de velocidade e tempo; Observem que o legislador se preocupou neste
III - encosto de cabeça, para todos os tipos de veí- momento com a integridade física e moral de quem
culos automotores, segundo normas estabelecidas utiliza veículos que executam o transporte de passa-
46 pelo CONTRAN; geiros (individual e coletivo). Ônibus, táxis, vans e
outros tipos de veículos dessa natureza devem seguir itinerários e em determinados horários, de forma a
rigorosamente a cartilha de obrigações impostas pelo não comprometer a segurança dos demais usuários da
Estado para poderem executar sua função. via. Esta autorização é para um deslocamento especí-
Para se ter ideia, as fiscalizações sobre estes tipos de fico em que o veículo obedecerá a todas as normas de
veículos são ainda mais criteriosas, já que suas obriga- circulação e conduta previstas, e somente para isso.
ções são maiores que as dos veículos particulares. No
Município do Rio de Janeiro, por exemplo, são cobrados Art. 111 É vedado, nas áreas envidraçadas do
dos taxistas certificados de dedetização dos veículos de veículo:
forma periódica, vistoria do INMETRO do taxímetro, II - o uso de cortinas, persianas fechadas ou simi-
curso de especialização para transporte de passageiros lares nos veículos em movimento, salvo nos que
dos motoristas e algumas outras exigências. possuam espelhos retrovisores em ambos os lados.
III - aposição de inscrições, películas refletivas
Art. 108 Onde não houver linha regular de ônibus, ou não, painéis decorativos ou pinturas, quando
a autoridade com circunscrição sobre a via poderá comprometer a segurança do veículo, na forma de
autorizar, a título precário, o transporte de passa- regulamentação do CONTRAN. (Incluído pela Lei nº
geiros em veículo de carga ou misto, desde que obe- 9.602, de 1998)
decidas as condições de segurança estabelecidas Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição de
neste Código e pelo CONTRAN. caráter publicitário ou qualquer outra que possa
Parágrafo único. A autorização citada no caput desviar a atenção dos condutores em toda a exten-
não poderá exceder a doze meses, prazo a partir são do pára-brisa e da traseira dos veículos, salvo
do qual a autoridade pública responsável deverá se não colocar em risco a segurança do trânsito.
implantar o serviço regular de transporte coletivo
de passageiros, em conformidade com a legislação Aqui há algumas informações importantes que
pertinente e com os dispositivos deste Código.
podem ser alvo na prova:
O transporte de passageiros em compartimento
de carga dos veículos não é permitido. Mas há uma POSSO
exceção: se não houver linha regular de transporte de COLOCAR
OBJETO EXCEÇÃO
passageiros, poderá ser autorizado de forma precária NOS VIDROS?
esse tipo de transporte. A resolução n° 508/2014 trata (REGRA)
com detalhes do assunto. A autoridade com circuns- Cortinas, Salvo se tiverem
crição sobre a via poderá autorizar, eventualmente e persianas retrovisores
a título precário, a circulação de veículo de carga ou Não
fechadas ou de ambos os
misto transportando passageiros no compartimento similares lados.
de cargas, desde que sejam cumpridos os requisitos
na Resolução n° 508. O prazo máximo é de 12 meses. Salvo se não
Películas comprometer
Art. 109 O transporte de carga em veículos des- refletivas ou a segurança
tinados ao transporte de passageiros só pode ser não - painéis Não conforme,
realizado de acordo com as normas estabelecidas decorativos ou Resolução
pelo CONTRAN. pinturas 254/2007 do
CONTRAN.
A resolução n° 26/98, por exemplo, disciplina o
transporte de carga em veículos destinados ao trans- Inscrição Salvo se
porte de passageiros. Na resolução, a carga só poderá de caráter não colocar
ser acomodada em compartimento próprio, separado publicitário no Não em risco a
dos passageiros, que no ônibus é o bagageiro. para-brisa e da segurança do
traseira trânsito.
Art. 110 O veículo que tiver alterada qualquer de
suas características para competição ou finalidade Da Identificação do Veículo
análoga só poderá circular nas vias públicas com
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
licença especial da autoridade de trânsito, em itine-
Art. 114 O veículo será identificado obrigatoria-
rário e horário fixados.
mente por caracteres gravados no chassi ou no
monobloco, reproduzidos em outras partes, confor-
Veículos de competição só circulam nas ruas com me dispuser o CONTRAN.
licença especial da autoridade de trânsito. Existem § 1º A gravação será realizada pelo fabricante
inúmeras competições automobilísticas em que os ou montador, de modo a identificar o veículo, seu
veículos utilizados nas competições são veículos de fabricante e as suas características, além do ano de
marca-modelo comuns aos que circulam nas ruas, fabricação, que não poderá ser alterado.
avenidas, rodovias e demais vias. Mas é comum estes § 2º As regravações, quando necessárias, depende-
veículos sofrerem alterações em suas características rão de prévia autorização da autoridade executiva
para se tornarem competitivos na modalidade que de trânsito e somente serão processadas por estabe-
disputam, tais como: alteração da suspensão, potên- lecimento por ela credenciado, mediante a compro-
cia, sinalização, combustível, pneus e aros, cor pre- vação de propriedade do veículo, mantida a mesma
dominante, iluminação entre outras. Estas alterações identificação anterior, inclusive o ano de fabricação.
impedem que estes veículos circulem naturalmente § 3º Nenhum proprietário poderá, sem prévia per-
entre os demais veículos nas vias abertas à circulação missão da autoridade executiva de trânsito, fazer,
pública. Portanto, esta licença especial irá autorizar ou ordenar que se faça, modificações da identifica-
o deslocamento destes veículos por determinados ção de seu veículo. 47
A identificação veicular é um tema que aborda a Os veículos que têm direito ao uso de placas espe-
forma de se identificar o veículo. A identificação é fei- ciais, conforme Resolução n° 32/1998 do CONTRAN,
ta por inscrições no chassi (parte rígida do veículo) ou geralmente possuem placas com fundo de cor preta e
no monobloco (parte inteiriça do veículo). Temos como caracteres na cor cinza metálico.
exemplo de identificação veicular: as placas alfanu-
méricas (identificação externa) e o número do chassi z Poder Executivo
(identificação interna). A Resolução n° 24/98 e suas alte- „ Governadores e Prefeitos
rações regulamentam detalhadamente o assunto. „ Secretários Estaduais e Municipais

Art. 115 O veículo será identificado externamente z Poder Legislativo


por meio de placas dianteira e traseira, sendo esta
lacrada em sua estrutura, obedecidas as especifica-
„ Presidente das Assembleias Legislativas
„ Presidente das Câmaras Municipais
ções e modelos estabelecidos pelo CONTRAN.
§ 1º Os caracteres das placas serão individualiza-
z Poder Judiciário
dos para cada veículo e o acompanharão até a bai-
xa do registro, sendo vedado seu reaproveitamento. „ Presidente dos Tribunais Federais

Dica z Ministério Publico

Placas não podem ser reaproveitadas. As placas „ Chefe do MP


acompanham o veículo até sua “morte” (baixa).
z Forças Armadas
§ 2º As placas com as cores verde e amarela da „ Oficiais Generais
Bandeira Nacional serão usadas somente pelos
veículos de representação pessoal do Presidente e § 4° Os aparelhos automotores destinados a puxar
do Vice-Presidente da República, dos Presidentes ou a arrastar maquinaria de qualquer natureza ou
do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, do a executar trabalhos de construção ou de pavimen-
Presidente e dos Ministros do Supremo Tribunal tação são sujeitos ao registro na repartição compe-
Federal, dos Ministros de Estado, do Advogado-Ge- tente, se transitarem em via pública, dispensados
ral da União e do Procurador-Geral da República. o licenciamento e o emplacamento. (Redação dada
pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 4°-A Os tratores e demais aparelhos automotores
Perceba que apenas os veículos de representação
destinados a puxar ou a arrastar maquinaria agrí-
das autoridades de âmbito federal podem usar estas cola ou a executar trabalhos agrícolas, desde que
placas com as cores verde e amarela: facultados a transitar em via pública, são sujeitos
ao registro único, sem ônus, em cadastro específi-
z Poder Executivo co do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento, acessível aos componentes do Sistema
„ Presidente da República e Vice
Nacional de Trânsito.
„ Ministros de Estado
A partir de 2016 os tratores e maquinários que
z Poder Legislativo fazem trabalhos agrícolas passaram ser registrados no
„ Presidente do Senado Federal M.A.P.A (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
„ Presidente da Câmara dos Deputados cimento). Se quiserem trafegar em via pública devem
seguir a Resolução n° 454/2013 (devem possuir: faróis
z Poder Judiciário dianteiros, buzina etc.).

„ Presidente do STF
„ Ministros do STF Importante!
z Ministério Público Federal § 5º O disposto neste artigo não se aplica aos
veículos de uso bélico.
„ Procurador Geral da República Não esqueça: veículos de uso bélico estão dis-
pensados de placas.
z Advocacia Geral Da União
„ Advogado Geral da União
§ 6º Os veículos de duas ou três rodas são dispensa-
dos da placa dianteira.
§ 3º Os veículos de representação dos Presidentes
dos Tribunais Federais, dos Governadores, Prefei- Motocicletas e motonetas, por exemplo, não pos-
tos, Secretários Estaduais e Municipais, dos Presi- suem placa dianteira. Informação que já foi cobrada
dentes das Assembléias Legislativas, das Câmaras em certames.
Municipais, dos Presidentes dos Tribunais Esta-
duais e do Distrito Federal, e do respectivo chefe do § 7° Excepcionalmente, mediante autorização
Ministério Público e ainda dos Oficiais Generais das específica e fundamentada das respectivas corre-
Forças Armadas terão placas especiais, de acordo gedorias e com a devida comunicação aos órgãos
com os modelos estabelecidos pelo CONTRAN. de trânsito competentes, os veículos utilizados por
membros do Poder Judiciário e do Ministério Públi-
48 co que exerçam competência ou atribuição criminal
poderão temporariamente ter placas especiais, de 2. (CESPE - 2008) Entre as autoridades públicas apre-
forma a impedir a identificação de seus usuários sentadas nas opções a seguir, aquela cuja placa em
específicos, na forma de regulamento a ser emitido, veículo de representação pessoal usa as cores verde e
conjuntamente, pelo Conselho Nacional de Justiça amarela da Bandeira Nacional é o
- CNJ, pelo Conselho Nacional do Ministério Públi-
co - CNMP e pelo Conselho Nacional de Trânsito a) presidente de tribunal federal.
- CONTRAN. b) governador de estado.
c) procurador-geral da República.
Placas especiais para proteger os juízes e promoto- d) oficial general das Forças Armadas.
res que trabalhem na seara criminal podem ser atribuí- e) prefeito.
das desde que tenha: atribuição criminal; autorização
específica das corregedorias; comunicação ao ÓRGAO Veja o artigo 115 § 2º do CTB. Resposta: Letra C.
de TRÃNSITO competente; e seja de uso temporário.
3. (CRQ - 2015) De acordo com Art. 105 Do CTB, são
§ 8o Os veículos artesanais utilizados para trabalho
equipamentos obrigatórios dos veículos, entre outros
agrícola (jericos), para efeito do registro de que tra-
a serem estabelecidos pelo CONTRAN, dos quais é
ta o § 4o-A, ficam dispensados da exigência prevista
no art. 106.
INCORRETO afirmar:

Os jericos são veículos de produção artesanal que a) Para os veículos de transporte e de condução esco-
são formados por meio de peças de diversos veículos. lar, os de transporte de passageiros com mais de dez
Sua finalidade, em geral, serve para auxiliar os agri- lugares e os de carga com peso bruto total superior a
cultores nas atividades do campo, entre elas, carregar quatro mil quinhentos e trinta e seis quilogramas, equi-
pasto, sementes, adubos etc. O artigo afirma que tais pamento registrador instantâneo inalterável de veloci-
veículos, se registrados pelo MAPA (órgão registrador), dade e tempo.
não necessitam de certificado de segurança expedido b) Encosto de cabeça, para todos os tipos de veículos
por instituição técnica credenciada por órgão ou enti- automotores, segundo normas estabelecidas pelo
dade de metrologia legal de suas peças. CONTRAN.
c) Dispositivo destinado ao controle de emissão de
Art. 116 Os veículos de propriedade da União, dos gases poluentes e de ruído, segundo normas estabele-
Estados e do Distrito Federal, devidamente regis- cidas pelo CONTRAN.
trados e licenciados, somente quando estritamente d) Para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna
usados em serviço reservado de caráter policial, dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retro-
poderão usar placas particulares, obedecidos os visor do lado direito.
critérios e limites estabelecidos pela legislação que e) Equipamento suplementar de retenção - air bag frontal
regulamenta o uso de veículo oficial. para o condutor e o passageiro do banco dianteiro.

Entenda que o serviço de inteligência da polícia As bicicletas devem possuir retrovisor esquerdo e
poderá usar placas particulares para executarem suas não direito. (Art. 105 Inciso VI) Resposta: Letra D.
atribuições com maior sigilo e discrição.
4. (VUNESP - 2019) Segundo o artigo 97 do CTB, as
Art. 117 Os veículos de transporte de carga e os
características dos veículos, suas especificações
coletivos de passageiros deverão conter, em local
facilmente visível, a inscrição indicativa de sua
básicas, configuração e condições essenciais para
tara, do peso bruto total (PBT), do peso bruto total registro, licenciamento e circulação serão estabeleci-
combinado (PBTC) ou capacidade máxima de tra- das pelo
ção (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em desa-
cordo com sua classificação. a) CONTRANDIFE.
b) DENATRAN.
c) CIRETRAN.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

d) CONTRAN.
EXERCÍCIOS COMENTADOS e) CETRAN

1.(CESPE - 2015) À luz do Código de Trânsito Brasileiro As características dos veículos, suas especificações
(CTB), julgue o item seguinte. básicas, configuração e condições essenciais para
Mediante autorização específica da respectiva corre- registro, licenciamento e circulação serão estabele-
gedoria e comunicação aos órgãos de trânsito compe- cidas pelo CONTRAN, em função de suas aplicações,
tentes, o veículo utilizado por magistrado que exerça conforme art. 94 do CTB. Resposta: Letra D.
competência ou atribuição criminal poderá, por motivo
de segurança e de forma provisória, transitar, excep- DOS VEÍCULOS EM CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL
cionalmente, com placas especiais, de modo a impe-
dir a identificação de seu usuário. Art. 118 A circulação de veículo no território nacio-
nal, independentemente de sua origem, em trânsito
( ) CERTO ( ) ERRADO entre o Brasil e os países com os quais exista acor-
do ou tratado internacional, reger-se-á pelas dis-
Literalidade do artigo 115 § 8º do CTB. Resposta: posições deste Código, pelas convenções e acordos
Certo. internacionais ratificados. 49
Os veículos estrangeiros em circulação no Bra- DO REGISTRO DE VEÍCULOS
sil devem seguir o CTB, as convenções e acor-
dos internacionais. Como exemplo, temos a Art. 120 Todo veículo automotor, elétrico, articu-
lado, reboque ou semirreboque, deve ser registrado
Convenção sobre Trânsito Viário de Viena. Tra-
perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou
ta-se de um acordo internacional que estabele-
do Distrito Federal, no Município de domicílio ou
ce uma série de regras que devem ser seguidas residência de seu proprietário, na forma da lei.
por todos os condutores de veículos quando
trafegam em qualquer um desses países, a fim O registro do veículo assemelha-se a nossa certidão
de facilitar o trânsito viário internacional e de nascimento. Quando nascemos, os pais procuram o
aumentar a segurança nas vias. cartório, mas, no caso dos veículos, o proprietário se
Art. 119 As repartições aduaneiras e os órgãos de dirige ao DETRAN de seu município para registrar o
controle de fronteira comunicarão diretamente ao veículo. Neste órgão será expedido o CRV (Certifica-
RENAVAM a entrada e saída temporária ou defini- do de Registro do Veículo). Lembrando que este docu-
tiva de veículos. mento não é de porte obrigatório. Tenha em mente
que o registro será no Município de domicílio ou resi-
dência de seu proprietário, na forma da lei.
Dica
Os órgãos comunicarão ao RENAVAM a entra- § 1º Os órgãos executivos de trânsito dos Estados
da e saída de veículos na fronteira. Na sua pro- e do Distrito Federal somente registrarão veículos
oficiais de propriedade da administração direta, da
va, eles podem trocar o termo RENAVAM por
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
DETRAN ou CONTRAN. cípios, de qualquer um dos poderes, com indicação
expressa, por pintura nas portas, do nome, sigla ou
§ 1º Os veículos licenciados no exterior não pode- logotipo do órgão ou entidade em cujo nome o veí-
rão sair do território nacional sem o prévio paga- culo será registrado, excetuando-se os veículos de
mento ou o depósito, judicial ou administrativo, dos representação e os previstos no art. 116.
valores correspondentes às infrações de trânsito
cometidas e ao ressarcimento de danos que tiverem Neste dispositivo, vale uma observação: veículos
causado ao patrimônio público ou de particulares, oficiais da Administração Pública Direta federal, esta-
independentemente da fase do processo adminis- dual ou municipal, para serem registrados, devem
trativo ou judicial envolvendo a questão. (Incluído estar identificados na porta, exceto os veículos de
pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) inteligência policial e os de representação como, por
§ 2° Os veículos que saírem do território nacional exemplo, o veículo oficial do Presidente da República.
sem o cumprimento do disposto no § 1º e que poste-
riormente forem flagrados tentando ingressar ou já
em circulação no território nacional serão retidos
até a regularização da situação.
Importante!
Os veículos de uso bélico não são registrados
Aqui tem uma informação relevante: veículos estran- nos órgãos executivos de trânsito.
geiros devem quitar suas multas impostas pela autori- § 2º O disposto neste artigo não se aplica ao veí-
dade de trânsito brasileira antes de saírem. Na prática, culo de uso bélico.
os estrangeiros ignoram essa norma, já que dificilmente
são fiscalizados devido ao pouco efetivo dos órgãos e
entidades de trânsito presentes nas fronteiras. Art. 121 Registrado o veículo, expedir-se-á o Certifi-
cado de Registro de Veículo (CRV), em meio físico e/ou
digital, à escolha do proprietário, de acordo com os
modelos e com as especificações estabelecidos pelo
EXERCÍCIO COMENTADO CONTRAN, com as características e as condições de
invulnerabilidade à falsificação e à adulteração.
(Lei n° 14071 de 2020)
1.(CESPE - 2019) Julgue o item:
Se um policial rodoviário federal autuar, por infração O CRV, como já falado, atesta o nascimento do veí-
de trânsito, um condutor de veículo em circulação no culo e segue o modelo especificado pelo CONTRAN. A
Brasil, mas licenciado no exterior, o infrator deverá partir de 2021, teremos o CRV digital como opção e o
pagar a multa no país de origem do licenciamento do órgão de trânsito deve proporcionar essa oportuni-
automóvel, na forma estabelecida pelo CONTRAN. dade aos proprietários. Lembrando que o CRV não é
documento de porte obrigatório.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Art. 122 Para a expedição do Certificado de Registro
A multa deve ser paga no Brasil, tendo em vista o de Veículo o órgão executivo de trânsito consultará
CTB. Os veículos licenciados no exterior não pode- o cadastro do RENAVAM e exigirá do proprietário
rão sair do território nacional sem o prévio paga- os seguintes documentos:
I - nota fiscal fornecida pelo fabricante ou revende-
mento ou o depósito, judicial ou administrativo, dos
dor, ou documento equivalente expedido por auto-
valores correspondentes às infrações de trânsito
ridade competente;
cometidas e ao ressarcimento de danos que tiverem II - documento fornecido pelo Ministério das Relações
causado ao patrimônio público ou de particulares, Exteriores, quando se tratar de veículo importado
independentemente da fase do processo administra- por membro de missões diplomáticas, de repartições
tivo ou judicial envolvendo a questão (Art 119 § 1º consulares de carreira, de representações de orga-
50 do CTB). Resposta: Errado. nismos internacionais e de seus integrantes.
Fique atento, pois “registro veicular” é um tema Mais um prazo importante: 30 dias para o compra-
adorado pelas bancas. Neste artigo o legislador dor tomar as providências. Como já falado na tabe-
comenta as exigências documentais para se registrar la anterior, a transferência de residência no mesmo
pela primeira vez o veículo. Veja na tabela quais são município não exige novo CRV, mas apenas comunica-
as principais informações a respeito desse tópico: ção ao órgão de trânsito.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS Art. 124 Para a expedição do novo Certificado de


AO PRIMEIRO REGISTRO DOCUMENTO Registro de Veículo serão exigidos os seguintes
NECESSÁRIO documentos:
TIPO DE VEÍCULO
I - Certificado de Registro de Veículo anterior;
Membro de II - Certificado de Licenciamento Anual;
missões III - comprovante de transferência de propriedade,
diplomáticas, quando for o caso, conforme modelo e normas esta-
Importado Repartições - Documento fornecido belecidas pelo CONTRAN;
por: consulares de pelo Ministério das IV - Certificado de Segurança Veicular e de emissão
carreira Relações Exteriores de poluentes e ruído, quando houver adaptação ou
Representações alteração de características do veículo;
de organismos V - comprovante de procedência e justificativa da
internacionais propriedade dos componentes e agregados adapta-
dos ou montados no veículo, quando houver altera-
- Nota fiscal fornecida
pelo fabricante ção das características originais de fábrica;
Demais Veículos ou revendedor, ou VI - autorização do Ministério das Relações Exte-
documento equivalente riores, no caso de veículo da categoria de missões
expedido por autoridade diplomáticas, de repartições consulares de carrei-
competente ra, de representações de organismos internacionais
e de seus integrantes;
VII - certidão negativa de roubo ou furto de veí-
Art. 123 Será obrigatória a expedição de novo Cer- culo, expedida no Município do registro anterior,
tificado de Registro de Veículo quando: que poderá ser substituída por informação do
I - for transferida a propriedade; RENAVAM;
II - o proprietário mudar o Município de domicílio VIII - comprovante de quitação de débitos relativos
ou residência; a tributos, encargos e multas de trânsito vincula-
III - for alterada qualquer característica do veículo; dos ao veículo, independentemente da responsabi-
IV - houver mudança de categoria. lidade pelas infrações cometidas; (Vide ADIN 2998)
IX - (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
O CTB prevê casos em que o proprietário deve- X - comprovante relativo ao cumprimento do dis-
rá necessariamente expedir um novo CRV. O quadro posto no art. 98, quando houver alteração nas
abaixo nos mostra quais são esses casos. características originais do veículo que afetem a
emissão de poluentes e ruído;
Situações Que Exigem Novo Crv XI - comprovante de aprovação de inspeção veicular
e de poluentes e ruído, quando for o caso, conforme
regulamentações do CONTRAN e do CONAMA.
z Transferência de Propriedade
Parágrafo único. O disposto no inciso VIII
do caput deste artigo não se aplica à regularização
„ Providência Mediata de bens apreendidos ou confiscados na forma da
„ Prazo de 30 dias para comprador fazer a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
transferência.
Este dispositivo possui um emaranhado de infor-
z Proprietário mudar o Município de domicílio mações exaustivas e perigosas. O legislador asseve-
ou residência ra os documentos necessários para emissão de novo
CRV, dependendo da circunstância. Resumidamente,
„ Providência Imediata teremos: CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
„ Mudança de endereço no mesmo município
não expede novo CRV. z Transferência de propriedade: exige compro-
vante de transferência de propriedade;
z Proprietário mudar o Município de domicílio
z Mudança de categoria
ou residência: exige comprovante de novo ende-
reço de domicílio ou residência em município dife-
„ Providência Imediata rente do anterior/
„ Ex: Carro oficial vendido a particular em leilão. z Alteração de qualquer característica do veícu-
lo: exige certificado de Segurança Veicular e de
§ 1º No caso de transferência de propriedade, o pra- emissão de poluentes e ruído, comprovante de pro-
zo para o proprietário adotar as providências neces- cedência e justificativa da propriedade dos com-
sárias à efetivação da expedição do novo Certificado ponentes e agregados adaptados ou montados no
de Registro de Veículo é de trinta dias, sendo que nos veículo e autorização da autoridade competente.
demais casos as providências deverão ser imediatas. z Mudança de categoria: não exige documentação.
§ 2º No caso de transferência de domicílio ou resi-
dência no mesmo Município, o proprietário comu- Além dos documentos explicitados, todas essas
nicará o novo endereço num prazo de trinta dias situações contam com documentos necessários comuns,
e aguardará o novo licenciamento para alterar o que são: CRV anterior; CLA/CRLV; certidão negativa de
Certificado de Licenciamento Anual. roubo ou furto de veículo, expedida no Município do 51
registro anterior, que poderá ser substituída por infor- Art. 127 O órgão executivo de trânsito competente
mação do RENAVAM; comprovante de quitação de só efetuará a baixa do registro após prévia consulta
débitos relativos a tributos, encargos e multas de trân- ao cadastro do RENAVAM.
sito vinculados ao veículo, independentemente da res- Parágrafo único. Efetuada a baixa do registro, deve-
ponsabilidade pelas infrações cometidas; autorização rá ser esta comunicada, de imediato, ao RENAVAM.
do Ministério das Relações Exteriores, no caso de veícu-
lo da categoria de missões diplomáticas, de repartições Memorize: baixa só é realizada após consulta
consulares de carreira, de representações de organis- ao RENAVAM que será comunicado posteriormente
mos internacionais e de seus integrantes; comprovan- sobre tal ato.
te de aprovação de inspeção veicular e de poluentes e
ruído, quando for o caso, conforme regulamentações Art. 128 Não será expedido novo Certificado de
do CONTRAN e do CONAMA. Registro de Veículo enquanto houver débitos fiscais
e de multas de trânsito e ambientais, vinculadas ao
Art. 125 As informações sobre o chassi, o monoblo- veículo, independentemente da responsabilidade
co, os agregados e as características originais do pelas infrações cometidas.
veículo deverão ser prestadas ao RENAVAM:
I - pelo fabricante ou montadora, antes da comer- Para emissão de novo CRV, não pode haver nenhum
cialização, no caso de veículo nacional;
débito.
II - pelo órgão alfandegário, no caso de veículo
importado por pessoa física;
Art. 129 O registro e o licenciamento dos veículos
III - pelo importador, no caso de veículo importado
de propulsão humana e dos veículos de tração ani-
por pessoa jurídica.
mal obedecerão à regulamentação estabelecida em
Parágrafo único. As informações recebidas pelo
legislação municipal do domicílio ou residência de
RENAVAM serão repassadas ao órgão executivo
seus proprietários.
de trânsito responsável pelo registro, devendo este
comunicar ao RENAVAM, tão logo seja o veículo
registrado. Os Municípios são responsáveis pelo licenciamen-
to e registro de bicicletas, carroças e charretes, por
Mais uma normativa popular nas provas e que exemplos. Não se esqueça disso.
merece atenção. Neste dispositivo o CTB afirma as
obrigações dos fabricantes, importadores e até de Art. 129-A O registro dos tratores e demais apare-
lhos automotores destinados a puxar ou a arrastar
órgãos alfandegários de repassar ao RENAVAM (Regis-
maquinaria agrícola ou a executar trabalhos agrí-
tro nacional de veículos automotores) as informações
colas será efetuado, sem ônus, pelo Ministério da
sobre o chassi, o monobloco, os agregados e as carac-
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, diretamen-
terísticas originais do veículo. te ou mediante convênio.

PROCEDÊNCIA DO RESPONSÁVEL POR CO- Novidade que já tínhamos comentado anterior-


VEÍCULO MUNICAR AO RENAVAM mente, mas o legislador não se cansa. Tratores e
Fabricante ou Mon- maquinários agrícolas são registrados no M.A.P.A e
Nacional tadora (Antes da sem ônus. O M.A.P.A é o DETRAN dos tratores.
comercialização)
Art. 129-B O registro de contratos de garantias de
Importado por Pessoa alienação fiduciária em operações financeiras, consór-
Órgão alfandegário
Física cio, arrendamento mercantil, reserva de domínio ou
penhor será realizado nos órgãos ou entidades execu-
Importado por Pessoa tivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, em
Importador
Jurídica observância ao disposto no § 1º do art. 1.361 da Lei
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e
na Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral
Art. 126 O proprietário de veículo irrecuperável,
de Proteção de Dados Pessoais) (lei n° 14071 de 2020)
ou destinado à desmontagem, deverá requerer a
baixa do registro, no prazo e forma estabelecidos
pelo CONTRAN, vedada a remontagem do veículo
sobre o mesmo chassi de forma a manter o registro
anterior. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Parágrafo único. A obrigação de que trata este arti-
go é da companhia seguradora ou do adquirente 1. (FGV - 2019) De acordo com o Código de Trânsito
do veículo destinado à desmontagem, quando estes Brasileiro, é obrigatória a expedição de novo Certifi-
sucederem ao proprietário. cado de Registro de Veículo (CRV) quando o proprie-
tário muda de domicílio ou residência. Quando essas
A baixa do veículo é o processo de exclusão da mudanças ocorrem no mesmo Município, o proprietá-
Base de Dados do DETRAN e da Base Índice Nacio- rio deve comunicá-las ao órgão executivo de trânsito
nal (BIN) do Registro Nacional de Veículos Automo- do Estado, para fins de alteração do CRV, no prazo de
tores (RENAVAM) do registro de um veículo retirado
de circulação nas seguintes situações: irrecuperável, a) 15 dias.
definitivamente desmontado, sinistrado com laudo de b) 30 dias
perda total e vendido ou leiloado como sucata. Neste c) 45 dias.
caso, o artigo apenas comenta sobre a responsabilida- d) 60 dias.
52 de por este ato. e) 90 dias.
Quando você compra um carro, tem-se que emitir O licenciamento é uma permissão anual do órgão de
novo CRV e comunicar o Detran em 30 dias. Veja- trânsito do Estado (DETRAN) onde está registrado o veí-
mos o Art 123 § 1º do CTB: culo, para trafegar nas vias terrestres. A Resolução nº 716,
Art. 123. § 1º No caso de transferência de proprieda- de 30 de novembro de 2017 regulamenta que para obter
de, o prazo para o proprietário adotar as providên- o licenciamento, deve-se passar por uma inspeção técni-
cias necessárias à efetivação da expedição do novo ca veicular obrigatória a cada 02(dois) anos, excetuando
Certificado de Registro de Veículo é de trinta dias, alguns veículos como os veículos novos e veículos esco-
sendo que nos demais casos as providências deve- lares, que obedecerão a outras regras. Lembrando que
rão ser imediatas. Resposta: Letra B. veículos de uso bélico não precisam ser licenciados nem
registrados conforme faz previsão o CTB.
2. (SELECON - 2019) Érica é próspera fazendeira e pre-
tende adquirir novo trator para utilizar na sua proprie- Art. 131 O Certificado de Licenciamento Anual será
expedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certi-
dade rural, mas, eventualmente, alugá-lo para outras
ficado de Registro de Veículo, em meio físico e/ou
propriedades próximas. Isso induz à necessidade de digital, à escolha do proprietário, de acordo com o
transitar em vias públicas. modelo e com as especificações estabelecidos pelo
Nesse caso, o Código de Trânsito Brasileiro determi- CONTRAN (Lei n° 14071 de 2020)
na que o registro do trator será único, sem ônus, em § 1º O primeiro licenciamento será feito simulta-
cadastro específico do: neamente ao registro.

a) Ministério dos Transportes, Interior e Viação Rural Um veículo licenciado certamente está registra-
b) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do, até por conta deste atrelamento entre ambos. No
c) órgão do sistema geral de registros viários urbano e entanto, um veículo registrado não significa que este-
rural ja licenciado, pois o CRV pode valer para toda vida do
d) sistema de consumidores urbanos e do campo admi- veículo, mas o CRLV é anual. Conforme a Resolução n°
nistrado pelo órgão competente 599/16 do CONTRAN, o Certificado de Licenciamento
e) Sindicato dos Produtores Rurais e Sistema Nacional Anual é igual ao Certificado de Registro e Licencia-
de Veículos de Tração mento do Veículo. Já os veículos novos (zero km) são
licenciados na hora do registro. A partir de 2021, os
O registro de tratores é feito no Ministério da Agri- proprietários poderão optar por um licenciamento
cultura, Pecuária e Abastecimento. digital com a emissão do CRV digital.
Art. 129-A. O registro dos tratores e demais apa-
§ 2º O veículo somente será considerado licencia-
relhos automotores destinados a puxar ou a
do estando quitados os débitos relativos a tributos,
arrastar maquinaria, diretamente ou mediante con-
encargos e multas de trânsito e ambientais, vincu-
vênio. Resposta: Letra B. lados ao veículo, independentemente da responsa-
bilidade pelas infrações cometidas.
3. (VUNESP - 2018) Será obrigatória a expedição de novo
Certificado de Registro de Veículo, exceto quando: O veículo só estará licenciado se estiver com todos
os débitos obrigatórios quitados. Apenas dessa forma o
a) o condutor não for o proprietário do veículo. DETRAN expede o seu CRLV/CLA. Em regra, paga-se o
b) for transferida a propriedade. IPVA + Taxa de Licenciamento + DPVAT. Se, por acaso,
c) o proprietário mudar o município de domicílio ou você pagar apenas o IPVA, o veículo não estará licencia-
residência. do. É necessária a quitação de todos os débitos supra-
d) for alterada qualquer característica do veículo. mencionados. Quanto às multas, pagam-se apenas
e) houver mudança de categoria. quando terminarem todos os recursos administrativos.

Leia sempre esse artigo: § 3º Ao licenciar o veículo, o proprietário deverá


Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Cer- comprovar sua aprovação nas inspeções de segu-
tificado de Registro de Veículo quando: rança veicular e de controle de emissões de gases
poluentes e de ruído, conforme disposto no art. 104.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
I - for transferida a propriedade;
§ 4º As informações referentes às campanhas de
II - o proprietário mudar o Município de domicílio
chamamento de consumidores para substituição
ou residência; ou reparo de veículos não atendidas no prazo de
III - for alterada qualquer característica do veículo; 1 (um) ano, contado da data de sua comunicação,
IV - houver mudança de categoria. Resposta: Letra A. deverão constar do Certificado de Licenciamento
Anual. (Lei n° 14071 de 2020)
DO LICENCIAMENTO § 5º Após a inclusão das informações de que trata
o § 4º deste artigo no Certificado de Licenciamento
Art. 130 Todo veículo automotor, elétrico, articula- Anual, o veículo somente será licenciado median-
do, reboque ou semi-reboque, para transitar na via, te comprovação do atendimento às campanhas de
deverá ser licenciado anualmente pelo órgão exe- chamamento de consumidores para substituição
cutivo de trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, ou reparo de veículos. (Lei n° 14071 de 2020)
onde estiver registrado o veículo.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica a veículo A resolução nº 716, de 30 de novembro de 2017
de uso bélico. estabelece que os veículos deverão fazer uma Inspe-
§ 2º No caso de transferência de residência ou ção Técnica Veicular (ITV) que será realizada de dois
domicílio, é válido, durante o exercício, o licencia- em dois anos em todos os veículos da frota registrada,
mento de origem. conforme cronograma a ser definido por cada órgão e 53
entidade executivo de trânsito dos Estados e do Distri- Pessoal, quando vocês venderem seus carros, se o
to Federal, sendo pré-requisito para o licenciamento novo proprietário não transferir em 30 dias, você terá
anual, excetuando veículos novos, escolares, de trans- que comunicar a venda em 60 dias.
porte de passageiros entre outros. A partir de 2021, os
veículos convocados para recall devem fazer o reparo, Art. 134-A O CONTRAN especificará as bicicletas
caso contrário, não serão licenciados. motorizadas e equiparados não sujeitos ao regis-
tro, ao licenciamento e ao emplacamento para cir-
Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao culação nas vias. (Lei n° 14071 de 2020)
licenciamento e terão sua circulação regulada pelo Art. 135 Os veículos de aluguel, destinados ao
CONTRAN durante o trajeto entre a fábrica e o transporte individual ou coletivo de passageiros de
Município de destino. linhas regulares ou empregados em qualquer servi-
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, ço remunerado, para registro, licenciamento e res-
aos veículos importados, durante o trajeto entre a pectivo emplacamento de característica comercial,
alfândega ou entreposto alfandegário e o Município deverão estar devidamente autorizados pelo poder
de destino. público concedente.

É possível trafegar sem placas pelas ruas com veí- Como já comentado, os veículos que possuem
culo novo (zero km)? Em regra, não. Mas há situações esta importante função de transportar passageiros
elencadas na Resolução n° 04 / 1998 que permitem o de forma remunerada, além de obedecer a critérios
condutor não portar placas no veículo. Existem algu- rigorosos de inspeção e funcionamento, devem ter
mas situações em que trafegar com apenas a Nota Fis- autorização do poder público para executar o serviço.
cal é permitido, mas de forma transitória e passageira. Por isso, existem protestos de determinadas catego-
Segundo a resolução n° 554/2015 (alterou Reso- rias para impedir o funcionamento de transportes de
lução n° 04 / 1998), por exemplo, se eu comprar um passageiros irregulares (não autorizados).
carro novo em São Paulo e quiser emplacar em Floria-
nópolis/SC (domicílio), terei 15 dias para me deslocar
de um Estado para o outro a fim de registrar e licen-
ciar o veículo. É o que diz o artigo 4º Inciso I da supra- EXERCÍCIO COMENTADO
citada resolução. O prazo é contado a partir da data do
carimbo de saída do veículo, constante da nota fiscal. 1. (AOCP - 2018) Em relação ao Licenciamento de veícu-
Se for comprado eletronicamente o prazo conta-se a los, assinale a alternativa correta.
partir da data de efetiva entrega do veículo.
a) Todos os veículos devem ser licenciados, sem
Art. 133 É obrigatório o porte do Certificado de
exceção.
Licenciamento Anual.
b) Até mesmo os tanques de guerra do exército devem
Parágrafo único. O porte será dispensado quando,
no momento da fiscalização, for possível ter acesso
ser licenciados.
ao devido sistema informatizado para verificar se o c) O licenciamento deve ser feito a cada dois anos.
veículo está licenciado. d) Veículos com mais de dez anos não precisam ser
licenciados.
O porte obrigatório do CRLV/CLA foi mitigado. Isto e) O primeiro licenciamento será feito simultaneamente
é, se o agente fiscalizador possuir um sistema que ao registro.
consulte sua placa, ele dispensará o CRLV/CLA. No
entanto, é recomendável o porte do CRLV/CLA, já que A letra A está errada porque veículos bélicos, por
é possível o agente fiscalizador estar com problemas exemplo, não seguem as regras de licenciamento do
na consulta. O sistema, muitas vezes, fica fora do ar, CTB; A letra B está errada porque veículos bélicos,
prejudicando o fiscalizador. A Resolução n° 788/2020 não seguem as regras de licenciamento do CTB, con-
estabelece novo layout para o CRLV, podendo ser digi- forme § 1º do Art. 130 do CTB. A letra C está errada
tal se o proprietário optar. porque o licenciamento é anual, conforme art. 130
do CTB. A letra D está errada porque não há qual-
Art. 134. No caso de transferência de proprieda- quer previsão sobre esse prazo no CTB. A letra E
de, expirado o prazo previsto no § 1º do art. 123 está correta porque está de acordo com § 1º do art.
deste Código sem que o novo proprietário tenha 131 do CTB. Vejamos a lei:
tomado as providências necessárias à efetivação Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será
da expedição do novo Certificado de Registro de expedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certifi-
Veículo, o antigo proprietário deverá encaminhar
cado de Registro, no modelo e especificações estabe-
ao órgão executivo de trânsito do Estado ou do Dis-
lecidos pelo CONTRAN.
trito Federal, no prazo de 60 (sessenta) dias, cópia
autenticada do comprovante de transferência de
§ 1º O primeiro licenciamento será feito simultanea-
propriedade, devidamente assinado e datado, sob mente ao registro. Resposta: Letra E.
pena de ter que se responsabilizar solidariamente
pelas penalidades impostas e suas reincidências até DOS VEÍCULOS ESCOLARES
a data da comunicação. (Lei n° 14071 de 2020)
Parágrafo único. O comprovante de transferência Art. 136 Os veículos especialmente destinados à
de propriedade de que trata o caput deste artigo condução coletiva de escolares somente poderão
poderá ser substituído por documento eletrônico circular nas vias com autorização emitida pelo
com assinatura eletrônica válida, na forma regu- órgão ou entidade executivos de trânsito dos Esta-
54 lamentada pelo CONTRAN. (Lei n° 14071 de 2020) dos e do Distrito Federal, exigindo-se, para tanto:
Por falar em autorização, temos os veículos esco- pode definir o ano de fabricação mínimo do veículo
lares que necessitam dela para executar o serviço a ser utilizado; pode definir sobre inspeção a ser fei-
de transporte remunerado de passageiros escolares. ta pelo município, paralela aquela semestral prevista;
Para tanto deverá seguir as seguintes normas abaixo. o Município poderá requerer a utilização de espaços
internos dos veículos contratados, sem qualquer cus-
I - registro como veículo de passageiros; to adicional, para a fixação de material educativo de
II - inspeção semestral para verificação dos equipa- interesse público. Existindo demanda, o Poder Públi-
mentos obrigatórios e de segurança; co Municipal poderá explorar a publicidade comercial
III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, de espaços nos veículos, incluídos os sistemas de sono-
com quarenta centímetros de largura, à meia altu- rização e/ou audiovisual, vedando-se integralmente a
ra, em toda a extensão das partes laterais e traseira veiculação de publicidade de natureza político parti-
da carroçaria, com o dístico ESCOLAR, em preto, dária ou que interfira negativamente na educação dos
sendo que, em caso de veículo de carroçaria pinta-
usuários, entre outras regulamentações.
da na cor amarela, as cores aqui indicadas devem
ser invertidas;
IV - equipamento registrador instantâneo inalterá-
vel de velocidade e tempo;
V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela dis- EXERCÍCIOS COMENTADOS
postas nas extremidades da parte superior dian-
teira e lanternas de luz vermelha dispostas na 1. (VUNESP - 2018) Paulo pretende comprar um veículo
extremidade superior da parte traseira; para a condução de escolares e, para tanto, de acordo
VI - cintos de segurança em número igual à lotação; com o disciplinado no Código de Trânsito Brasileiro e Por-
VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios taria DETRAN-SP nº 1.310/2014, deverá solicitar auto-
estabelecidos pelo CONTRAN. rização ao órgão ou entidade executiva de trânsito do
Estado, cumprindo a seguinte exigência, dentre outras:
Não vá para a prova negligenciando este impor-
tante tema. Os veículos escolares devem seguir uma a) registro como veículo particular, classificado na cate-
cartilha e se atentar às seguintes informações: goria transporte.
b) inspeção mensal para verificação dos equipamentos
z Veículo de Passageiros; obrigatórios de segurança.
z Inspeção Semestral; c) cintos de segurança em número igual à lotação.
z Faixa Horizontal Amarela de 40 cm, na traseira e d) lanternas de luz branca dispostas nas extremidades
nas laterais; da parte superior dianteira e luz amarela na parte infe-
z Tacógrafo; rior da traseira.
z Cinto para todos os passageiros; e) equipamento registrador alterável de velocidade e
z Luz superior traseira: vermelha; tempo.
z Luz superior dianteira: branca, fosca ou amarela.
O erro da letra A é que o veículo deverá ser de alu-
Art. 137 A autorização a que se refere o artigo ante- guel; O erro da letra B é que a inspeção é semes-
rior deverá ser afixada na parte interna do veículo, tral; O erro da letra D é que a luz traseira é de cor
em local visível, com inscrição da lotação permitida, vermelha; O erro da letra E é que o equipamento
sendo vedada a condução de escolares em número registrador é inalterável. A banca colocou alterável.
superior à capacidade estabelecida pelo fabricante. Resposta: Letra C.
Art. 138 O condutor de veículo destinado à condução
de escolares deve satisfazer os seguintes requisitos:
2. (CESPE - 2017) De acordo com o Código de Trânsi-
I - ter idade superior a vinte e um anos;
II - ser habilitado na categoria D;
to Brasileiro, a verificação dos equipamentos obri-
III - (VETADO) gatórios e de segurança deve ser feita por meio de
IV - não ter cometido mais de uma infração gravíssima inspeções
nos 12 (doze) últimos meses;(Lei n° 14071 de 2020)
V - ser aprovado em curso especializado, nos ter- a) semanais.
mos da regulamentação do CONTRAN. b) trimestrais.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
c) semestrais.
São os requisitos para se candidatar ao transporte d) diárias.
de escolares: ser maior de 21 anos, ser habilitado na e) anuais.
categoria D, ter um prontuário bom, isto é, no máxi-
mo, uma infração gravíssima nos últimos 12 meses. Vejamos a lei:
(Resolução n° 789/20). Art. 136. Os veículos especialmente destinados à
condução coletiva de escolares somente poderão cir-
Art. 139 O disposto neste Capítulo não exclui a cular nas vias com autorização emitida pelo órgão
competência municipal de aplicar as exigências ou entidade executivos de trânsito dos Estados e do
previstas em seus regulamentos, para o transporte Distrito Federal, exigindo-se, para tanto:
de escolares. II - inspeção semestral para verificação dos equipamen-
tos obrigatórios e de segurança; Resposta: Letra C.
Os municípios podem regulamentar exigências
de outros equipamentos obrigatórios, se por alguma DA CONDUÇÃO DE MOTOFRETE
peculiaridade regional; pode determinar regras para
os pais ou responsáveis pelos alunos; pode criar regras Art. 139-A As motocicletas e motonetas destinadas
sobre a limpeza dos veículos; pode definir regras sobre ao transporte remunerado de mercadorias – moto-
o transporte de pessoas com necessidades especiais; -frete – somente poderão circular nas vias com 55
autorização emitida pelo órgão ou entidade execu- d) I e III.
tivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, e) III.
exigindo-se, para tanto:
I- Errada. Inspeção semestral. Art. 136 Inc II do CTB
Mais um veículo que necessita de autorização do II- Certa. Art. 137 do CTB
Estado: o moto-frete. Serviço regulamentado pela Reso- III- Errada. O Erro foi colocar ser reincidente em
lução n° 356/2010. infrações graves, quando, na verdade, não poderá
ter nenhuma infração grave no prontuário nos últi-
I – registro como veículo da categoria de aluguel; mos 12 meses. Resposta: Letra C.
II – instalação de protetor de motor mata-cachorro,
fixado no chassi do veículo, destinado a proteger o DA HABILITAÇÃO
motor e a perna do condutor em caso de tomba-
mento, nos termos de regulamentação do Conselho Requisitos para habilitação
Nacional de Trânsito – CONTRAN;
III – instalação de aparador de linha antena Art. 140 A habilitação para conduzir veículo auto-
corta-pipas, nos termos de regulamentação do motor e elétrico será apurada por meio de exames
CONTRAN; que deverão ser realizados junto ao órgão ou enti-
IV – inspeção semestral para verificação dos equi- dade executivos do Estado ou do Distrito Federal,
pamentos obrigatórios e de segurança do domicílio ou residência do candidato, ou na sede
§ 1° A instalação ou incorporação de dispositivos estadual ou distrital do próprio órgão, devendo o
para transporte de cargas deve estar de acordo condutor preencher os seguintes requisitos:
com a regulamentação do CONTRAN. I - ser penalmente imputável;
§ 2° É proibido o transporte de combustíveis, pro- II - saber ler e escrever;
dutos inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veícu- III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente.
los de que trata este artigo, com exceção do gás de Parágrafo único. As informações do candidato à
cozinha e de galões contendo água mineral, desde habilitação serão cadastradas no RENACH.
que com o auxílio de side-car, nos termos de regu-
lamentação do CONTRAN.
Pessoal, habilitação é tema recorrente em provas de
Art. 139-B O disposto neste Capítulo não exclui a
competência municipal ou estadual de aplicar as concursos, principalmente se for para DETRAN. Os requi-
exigências previstas em seus regulamentos para sitos para se candidatar a tentar obter uma CNH são:
as atividades de moto-frete no âmbito de suas
circunscrições. z Alfabetização;
z Maior de 18 anos (penalmente imputável);
Não se transporta produtos perigosos, nem galões z Ter carteira de identidade;
de qualquer natureza nestes veículos, exceto o gás z Ter CPF – Resolução n° 789/2020.
de cozinha (máximo: 13 kg) e a água mineral (máxi-
mo: 20 L) com o sidecar, situação regulamentada pela Art. 141 O processo de habilitação, as normas rela-
Resolução n° 356/2010. tivas à aprendizagem para conduzir veículos auto-
motores e elétricos e à autorização para conduzir
ciclomotores serão regulamentados pelo CONTRAN.
§ 1º A autorização para conduzir veículos de pro-
EXERCÍCIO COMENTADO pulsão humana e de tração animal ficará a cargo
dos Municípios.
1. (FCC - 2019) Quanto à condução coletiva de escola-
Já sabemos que a licença para conduzir bicicletas e
res, considere:
charretes, por exemplo, é dos Municípios.
I. Para a emissão da autorização, a ser emitida pelo
órgão ou entidade executivos de trânsito dos Esta- Art. 142 O reconhecimento de habilitação obtida
dos e do Distrito Federal, será exigida a inspeção em outro país está subordinado às condições esta-
anual para verificação dos equipamentos obriga- belecidas em convenções e acordos internacionais e
tórios e de segurança. às normas do CONTRAN.
II. Para que veículos especialmente destinados à condu-
ção coletiva de escolares possam circular, a autori- No que diz respeito à habilitação, temos que saber
zação emitida pelo órgão ou entidade executivos de que uma habilitação estrangeira pode possuir valida-
trânsito dos Estados e do Distrito Federal deverá ser de no Brasil. Por exemplo, a Resolução n° 360/2010 diz
afixada na parte interna do veículo, em local visível, que um condutor estrangeiro poderá dirigir no Brasil
com inscrição da lotação permitida, sendo vedada a se estiver a menos de 180 dias no Brasil.
condução de escolares em número superior à capa-
cidade estabelecida pelo fabricante. Categorias de habilitação
III. O condutor de veículo destinado à condução de
escolares não deve ter cometido nenhuma infra- Art. 143 Os candidatos poderão habilitar-se nas
ção gravíssima ou ser reincidente em infrações categorias de A a E, obedecida a seguinte gradação:
médias e graves durante os 12 últimos meses. I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de
duas ou três rodas, com ou sem carro lateral;
Está correto o que consta APENAS em II - Categoria B - condutor de veículo motorizado,
não abrangido pela categoria A, cujo peso bru-
a) II e III. to total não exceda a três mil e quinhentos quilo-
b) I. gramas e cuja lotação não exceda a oito lugares,
56 c) II. excluído o do motorista;
III - Categoria C - condutor de veículo motorizado § 2° São os condutores da categoria B autorizados
utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto a conduzir veículo automotor da espécie motor-ca-
total exceda a três mil e quinhentos quilogramas; sa, definida nos termos do Anexo I deste Código,
IV - Categoria D - condutor de veículo motorizado cujo peso não exceda a 6.000 kg (seis mil quilogra-
utilizado no transporte de passageiros, cuja lota- mas), ou cuja lotação não exceda a 8 (oito) luga-
ção exceda a oito lugares, excluído o do motorista; res, excluído o do motorista. (Incluído pela Lei nº
V - Categoria E - condutor de combinação de veícu- 12.452, de 2011)
los em que a unidade tratora se enquadre nas cate-
gorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, Mais uma novidade. Os condutores da categoria
semi-reboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg B estão autorizados a dirigir motor-casa ou motorho-
(seis mil quilogramas) ou mais de peso bruto total, me, desde que não exceda 6000 kg ou sua lotação não
ou cuja lotação exceda a 8 (oito) lugares. (Redação exceda a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista.
dada pela Lei nº 12.452, de 2011)
§ 3º Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor da
Esse artigo é de suma importância e deve ser sem- combinação de veículos com mais de uma unidade
pre estudado. A Resolução n° 168/2004 ainda acrescen- tracionada, independentemente da capacidade de
ta outros tipos de veículos às categorias de habilitação tração ou do peso bruto total. (Renumerado pela
que só devem ser estudadas se cobradas no edital. Lei nº 12.452, de 2011)

z Categoria A: Condutor de veículo motorizado de Mais de uma unidade tracionada é sempre catego-
duas ou três rodas, com ou sem carro lateral. ria E. Veja a imagem para fixar o entendimento. Per-
z Categoria B: Condutor de motorizado, não abran- ceba que existem 03 veículos (Unidade Tratora + 02
gido pela categoria A, cujo peso bruto total não Semirreboques).
exceda a três mil e quinhentos quilogramas e
cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o
do motorista + Motor Home de até 6000 kg ou até
08 passageiros + tratores de rodas e equipamen-
tos automotores destinados a executar trabalhos
agrícolas.
z Categoria C: Condutor de veículo motorizado uti-
lizado em transporte de carga, cujo peso bruto
total exceda a três mil e quinhentos quilogramas;
z Categoria D: Condutor de veículo motorizado uti-
lizado no transporte de passageiros, cuja lotação
exceda a oito lugares, excluído o do motorista;
z Categoria E: Condutor de combinação de veícu-
los em que a unidade tratora se enquadre nas cate- Art. 144 O trator de roda, o trator de esteira, o tra-
gorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, tor misto ou o equipamento automotor destinado à
semirreboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg movimentação de cargas ou execução de trabalho
(seis mil quilogramas) ou mais de peso bruto total, agrícola, de terraplenagem, de construção ou de
ou cuja lotação exceda a 8 (oito) lugares. pavimentação só podem ser conduzidos na via públi-
ca por condutor habilitado nas categorias C, D ou E.
§ 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor Parágrafo único. O trator de roda e os equipamen-
deverá estar habilitado no mínimo há um ano na tos automotores destinados a executar trabalhos
categoria B e não ter cometido nenhuma infração agrícolas poderão ser conduzidos em via pública
grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infra- também por condutor habilitado na categoria B.
ções médias, durante os últimos doze meses. (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015)

Saiba que mudança de categoria de habilitação Este artigo e seu parágrafo recentemente modifi-
está, inclusive, no artigo 145 do CTB também. Os pra- cados possibilitam agora que condutores de categoria
zos e requerimentos são: B dirijam tratores de rodas e equipamentos automo-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

tores para trabalhos agrícolas. Lembrem-se de que os


z Mudança B - C: 1 ano no mínimo na categoria tratores de esteira e tratores mistos só podem ser con-
anterior e não ter cometido nenhuma infração gra- duzidos pelas categorias C, D e E.
ve ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações
médias, durante os últimos doze meses; Art. 145 Para habilitar-se nas categorias D e E
z Mudança B - D: 2 anos no mínimo na categoria ou para conduzir veículo de transporte coletivo
anterior e não ter cometido mais de uma infração de passageiros, de escolares, de emergência ou de
produto perigoso, o candidato deverá preencher os
gravíssima nos últimos 12 (doze) meses;
seguintes requisitos:
z Mudança C - D: 1 ano no mínimo na categoria
I - ser maior de vinte e um anos;
anterior e não ter cometido mais de uma infração
II - estar habilitado:
gravíssima nos últimos 12 (doze) meses; a) no mínimo há dois anos na categoria B, ou no
z Mudança C - E: 1 ano no mínimo na categoria mínimo há um ano na categoria C, quando preten-
anterior e não ter cometido mais de uma infração der habilitar-se na categoria D; e
gravíssima nos últimos 12 (doze) meses; b) no mínimo há um ano na categoria C, quando pre-
z Mudança D - E: não há um mínimo de tempo, tender habilitar-se na categoria E;
porém não pode ter cometido mais de uma infra- III - não ter cometido mais de uma infração gravíssi-
ção gravíssima nos últimos 12 (doze) meses. ma nos últimos 12 (doze) meses; (Lei n° 14071/2020); 57
IV - ser aprovado em curso especializado e em curso III - a cada 3 (três) anos, para condutores com idade
de treinamento de prática veicular em situação de igual ou superior a 70 (setenta) anos.
risco, nos termos da normatização do CONTRAN. § 3° O exame previsto no § 2° incluirá avaliação
Parágrafo único. A participação em curso especia- psicológica preliminar e complementar sempre que
lizado previsto no inciso IV independe da observân- a ele se submeter o condutor que exerce atividade
cia do disposto no inciso III. (Incluído pela Lei nº remunerada ao veículo, incluindo-se esta avaliação
12.619, de 2012) para os demais candidatos apenas no exame refe-
Art. 145-A Além do disposto no art. 145, para conduzir rente à primeira habilitação. (Redação dada pela
ambulâncias, o candidato deverá comprovar treina- Lei nº 10.350, de 2001)
mento especializado e reciclagem em cursos específi- § 4º Quando houver indícios de deficiência física ou
cos a cada 5 (cinco) anos, nos termos da normatização
mental, ou de progressividade de doença que possa
do CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
diminuir a capacidade para conduzir o veículo, os
Art. 146 Para conduzir veículos de outra catego-
prazos previstos nos incisos I, II e III do § 2º des-
ria o condutor deverá realizar exames comple-
te artigo poderão ser diminuídos por proposta do
mentares exigidos para habilitação na categoria
perito examinador. (Lei n° 14071 de 2020)
pretendida.
Memorize os prazos que são novos e entrarão em
São três etapas/exames:
vigor em 2021: agora são 10 anos para renovação do
exame de aptidão física e mental, desde que tenha
z O primeiro exame a ser feito neste caso (adição ou
até 50 anos de idade. Aqui há um detalhe: condutores
alteração de categoria) é o de Aptidão Física e Men-
tal, seguido do Curso prático para direção veicular; deficientes físicos ou mentais ou doentes progressivos
e por fim, o Exame Prático de Direção veicular. podem ter um tempo menor a critério do examinador.
z Os dois últimos deverão ser feitos em veículos cor-
respondentes a categoria pretendida. § 5° O condutor que exerce atividade remunerada
ao veículo terá essa informação incluída na sua
Carteira Nacional de Habilitação, conforme especi-
Importante! ficações do Conselho Nacional de Trânsito – CON-
TRAN. (Incluído pela Lei nº 10.350, de 2001)
Note que para adição de categoria e mudança de § 6º Os exames de aptidão física e mental e a ava-
categoria não são exigidos nem a Avaliação Psi- liação psicológica deverão ser analisados objetiva-
cológica, nem Curso Teórico sobre Legislação de mente pelos examinados, limitados aos aspectos
Trânsito, Direção Defensiva e Primeiros Socorros. técnicos dos procedimentos realizados, conforme
regulamentação do CONTRAN, e subsidiarão a
fiscalização prevista no § 7º deste artigo. (Lei n°
Art. 147 O candidato à habilitação deverá subme- 14071 de 2020)
ter-se a exames realizados pelo órgão executivo de § 7º Os órgãos ou entidades executivas de trânsi-
trânsito, na seguinte ordem: to dos Estados e do Distrito Federal, com a cola-
I - de aptidão física e mental; boração dos conselhos profissionais de medicina
II - (VETADO) e psicologia, deverão fiscalizar as entidades e os
III - escrito, sobre legislação de trânsito; profissionais responsáveis pelos exames de aptidão
IV - de noções de primeiros socorros, conforme física e mental e pela avaliação psicológica no míni-
regulamentação do CONTRAN; mo 1 (uma) vez por ano.” (Lei n° 14071 de 2020)
V - de direção veicular, realizado na via públi- Art. 147-A Ao candidato com deficiência auditi-
ca, em veículo da categoria para a qual estiver
va é assegurada acessibilidade de comunicação,
habilitando-se.
mediante emprego de tecnologias assistivas ou de
ajudas técnicas em todas as etapas do processo de
Observem que para se obter uma CNH é preciso habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
fazer alguns exames e a ordem é esta: § 1° O material didático audiovisual utilizado em
aulas teóricas dos cursos que precedem os exames
§ 1º Os resultados dos exames e a identificação dos previstos no art. 147 desta Lei deve ser acessível,
respectivos examinadores serão registrados no
por meio de subtitulação com legenda oculta asso-
RENACH. (Renumerado do parágrafo único, pela
ciada à tradução simultânea em Libras. (Incluído
Lei nº 9.602, de 1998)
pela Lei nº 13.146, de 2015)
§ 2° É assegurado também ao candidato com defi-
Além de seu nome, os respectivos examinadores
ciência auditiva requerer, no ato de sua inscrição,
serão registrados no RENACH. O RENACH é organiza-
os serviços de intérprete da Libras, para acompa-
do e mantido pelo DENATRAN.
nhamento em aulas práticas e teóricas. (Incluído
pela Lei nº 13.146, de 2015)
Prazos para renovação da CNH

§ 2º O exame de aptidão física e mental, a ser reali-


zado no local de residência ou domicílio do exami-
Importante!
nado, será preliminar e renovável com a seguinte Novidade no CTB! Os deficientes auditivos pos-
periodicidade: suem assegurada acessibilidade de comunica-
I - a cada 10 (dez) anos, para condutores com idade
ção, mediante emprego de tecnologias assistivas
inferior a 50 (cinquenta) anos;
II - a cada 5 (cinco) anos, para condutores com ida- ou de ajudas técnicas em todas as etapas do
de igual ou superior a 50 (cinquenta) anos e inferior processo de habilitação, inclusive com ajuda de
58 a 70 (setenta) anos; intérprete de Libras.
Art. 148 Os exames de habilitação, exceto os de Exame Toxicológico
direção veicular, poderão ser aplicados por entida-
des públicas ou privadas credenciadas pelo órgão Art. 148-A Os condutores das categorias C, D e E
executivo de trânsito dos Estados e do Distrito deverão comprovar resultado negativo em exame
Federal, de acordo com as normas estabelecidas toxicológico para a obtenção e a renovação da Car-
pelo CONTRAN. teira Nacional de Habilitação. (Lei n° 14071 de 2020)
§ 1º A formação de condutores deverá incluir, § 1o O exame de que trata este artigo buscará
obrigatoriamente, curso de direção defensiva e de aferir o consumo de substâncias psicoativas que,
conceitos básicos de proteção ao meio ambiente comprovadamente, comprometam a capacidade de
relacionados com o trânsito. direção e deverá ter janela de detecção mínima de
§ 2º Ao candidato aprovado será conferida Permis- 90 (noventa) dias, nos termos das normas do CON-
são para Dirigir, com validade de um ano. TRAN. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 2º Além da realização do exame previsto no
§ 3º A Carteira Nacional de Habilitação será confe-
caput deste artigo, os condutores das categorias
rida ao condutor no término de um ano, desde que
C, D e E com idade inferior a 70 (setenta) anos
o mesmo não tenha cometido nenhuma infração de
serão submetidos a novo exame a cada período de
natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente
2 (dois) anos e 6 (seis) meses, a partir da obtenção
em infração média.
ou renovação da Carteira Nacional de Habilita-
§ 4º A não obtenção da Carteira Nacional de
ção, independentemente da validade dos demais
Habilitação, tendo em vista a incapacidade de
exames de que trata o inciso I do caput do art. 147
atendimento do disposto no parágrafo anterior,
deste Código. (Lei n° 14071 de 2020)
obriga o candidato a reiniciar todo o processo de § 4º É garantido o direito de contraprova e de
habilitação. recurso administrativo, sem efeito suspensivo, no
caso de resultado positivo para os exames de que
A PPD (Permissão para Dirigir) será dada ao candi- trata este artigo, nos termos das normas do CON-
dato aprovado em todos os exames mencionados. Se, em TRAN. (Lei n° 14071 de 2020)
01 (um) ano não cometer nenhuma infração de nature- § 5º O resultado positivo no exame previsto no §
za grave ou gravíssima ou ser reincidente em infração 2º deste artigo acarretará a suspensão do direito
média, obterá a habilitação definitiva (CNH). Do contrá- de dirigir pelo período de 3 (três) meses, condicio-
rio, terá que reiniciar todo processo de habilitação. Na nado o levantamento da suspensão à inclusão, no
sua prova ele pode simular uma conduta de um motoris- Renach, de resultado negativo em novo exame, e
ta infrator e questionar se ele pode obter a CNH ou não. vedada a aplicação de outras penalidades, ainda
que acessórias. (Lei n° 14071 de 2020)
§ 7o O exame será realizado, em regime de livre
§ 5º O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN
concorrência, pelos laboratórios credenciados pelo
poderá dispensar os tripulantes de aeronaves que
Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN,
apresentarem o cartão de saúde expedido pelas Forças
nos termos das normas do CONTRAN, vedado aos
Armadas ou pelo Departamento de Aeronáutica Civil,
entes públicos: (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
respectivamente, da prestação do exame de aptidão I - fixar preços para os exames; (Incluído pela Lei nº
física e mental. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) 13.103, de 2015)
II - limitar o número de empresas ou o número
Situação regulada pela Resolução n° 464/2013. Os de locais em que a atividade pode ser exercida; e
tripulantes de aeronaves titulares de Cartão Saúde ou (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
de Extrato de Pesquisa sobre Licença e Habilitações, III - estabelecer regras de exclusividade territorial.
expedidos pelas Forças Armadas ou pela Agência (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
Nacional de Aviação Civil (ANAC), ficam dispensa-
dos do exame de aptidão física e mental necessário Artigo bastante polêmico e que tem gerado confu-
à obtenção ou à renovação periódica da habilitação são. A necessidade deste exame é combater os condu-
para conduzir veículo automotor, ressalvados os casos tores que fazem uso de substâncias ilegais para dirigir
previstos no § 4º do art. 147 do CTB. e acabam colocando a segurança viária em risco, prin-
cipalmente os caminhoneiros. Tanto é verdade que a
§ 6º Os exames de aptidão física e mental e a ava- exigência do exame é para categorias C, D e E. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
liação psicológica deverão ser analisados objetiva- O exame deve ser realizado nas seguintes situações:
mente pelos examinados, limitados aos aspectos
técnicos dos procedimentos realizados, conforme z Obtenção ou renovação da CNH
regulamentação do CONTRAN, e subsidiarão a fis- z A cada 02 anos e 06 meses, desde que possua
calização prevista no menos de 70 anos de idade.
§ 7º Os órgãos ou entidades executivos de trânsi- z A janela mínima de detecção de substâncias no
to dos Estados e do Distrito Federal, com a cola- organismo é de 90 dias.
boração dos conselhos profissionais de medicina z A penalidade para quem é reprovado no exame,
e psicologia, deverão fiscalizar as entidades e os acarreta a suspensão do direito de dirigir por 03
profissionais responsáveis pelos exames de aptidão (três) meses.
física e mental e pela avaliação psicológica no míni-
mo 1 (uma) vez por ano. Observação: Empresas serão credenciadas pelo DENA-
TRAN e não poderão ter o preço regulado pelo Estado.
Veja que agora os DETRANs deverão fiscalizar as
entidades e os profissionais responsáveis pelos exa- Art. 150 Ao renovar os exames previstos no artigo
mes de aptidão física e mental uma vez por ano, pelo anterior, o condutor que não tenha curso de dire-
menos. Essa fiscalização se dará com colaboração dos ção defensiva e primeiros socorros deverá a eles ser
conselhos profissionais de medicina e psicologia. submetido, conforme normatização do CONTRAN. 59
Parágrafo único. A empresa que utiliza condutores LOCAL DA
TIPO DE COR DA COR DA
contratados para operar a sua frota de veículos é LARGURA FAIXA NO
VEÍCULO FAIXA INSCRIÇÃO
obrigada a fornecer curso de direção defensiva, pri- VEÍCULO
meiros socorros e outros conforme normatização Escolar Amarela
Preta
40 cm
Traseira
do CONTRAN. (em regra) e laterais
Art. 152 O exame de direção veicular será rea- Auto
Amarela Preta 20 cm Ao longo
lizado perante comissão integrada por 3 (três) escola
membros designados pelo dirigente do órgão Auto
executivo local de trânsito. (Redação dada pela escola Branca Preta 20 cm Ao longo
(eventual)
Lei nº 13.281, de 2016)
§ 1º Na comissão de exame de direção veicular, pelo
menos um membro deverá ser habilitado na catego- Art. 155 A formação de condutor de veículo
ria igual ou superior à pretendida pelo candidato. automotor e elétrico será realizada por instru-
tor autorizado pelo órgão executivo de trânsito
O exame de direção veicular será feito por uma comis- dos Estados ou do Distrito Federal, pertencente
são de 03 (três) membros e um deles tem que ter habilita- ou não à entidade credenciada.
ção igual ou superior à pretendida pelo candidato. Parágrafo único. Ao aprendiz será expedida auto-
rização para aprendizagem, de acordo com a
§ 2º Os militares das Forças Armadas e os policiais e regulamentação do CONTRAN, após aprovação
bombeiros dos órgãos de segurança pública da União, nos exames de aptidão física, mental, de primeiros
dos Estados e do Distrito Federal que possuírem curso socorros e sobre legislação de trânsito. (Incluído
de formação de condutor ministrado em suas corpora- pela Lei nº 9.602, de 1998)
ções serão dispensados, para a concessão do documen-
to de habilitação, dos exames aos quais se houverem Para conduzir veículo da autoescola, quando do cur-
submetido com aprovação naquele curso, desde que so prático de direção veicular, o aprendiz receberá uma
neles sejam observadas as normas estabelecidas pelo autorização para aprendizagem, de acordo com a regu-
CONTRAN. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) lamentação do CONTRAN. Essa autorização é a chamada
§ 3º O militar, o policial ou o bombeiro militar inte- Licença de Aprendizagem de Direção Veicular (LADV) que
ressado na dispensa de que trata o § 2º instruirá deve ser entendida como o documento que o aprendiz
seu requerimento com ofício do comandante, chefe deve portar durante a aprendizagem para que um agente
ou diretor da unidade administrativa onde pres- de trânsito possa diferenciá-lo de um condutor inabilita-
tar serviço, do qual constarão o número do regis- do. A LADV é solicitada perante o Detran. A exigência pos-
tro de identificação, naturalidade, nome, filiação, sui previsão no artigo 8º da Resolução 168/2004.
idade e categoria em que se habilitou a conduzir,
acompanhado de cópia das atas dos exames pres-
Art. 156 O CONTRAN regulamentará o credencia-
tados. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
mento para prestação de serviço pelas auto-escolas
Art. 153 O candidato habilitado terá em seu pron- e outras entidades destinadas à formação de con-
tuário a identificação de seus instrutores e exami- dutores e às exigências necessárias para o exercício
nadores, que serão passíveis de punição conforme das atividades de instrutor e examinador.
regulamentação a ser estabelecida pelo CONTRAN. Art. 158 A aprendizagem só poderá realizar-se:(Vi-
Parágrafo único. As penalidades aplicadas aos de Lei nº 12.217, de 2010)
instrutores e examinadores serão de advertência, I - nos termos, horários e locais estabelecidos pelo
suspensão e cancelamento da autorização para o órgão executivo de trânsito;
exercício da atividade, conforme a falta cometida. II - acompanhado o aprendiz por instrutor
autorizado.
Observem que até os examinadores e instrutores § 1º Além do aprendiz e do instrutor, o veículo uti-
podem ser penalizados de acordo com a gravidade da lizado na aprendizagem poderá conduzir apenas
situação. Por exemplo, segundo a lei n° 12302/2010 é mais um acompanhante. (Renumerado do parágra-
proibido aos instrutores de trânsito, por exemplo, obstar fo único pela Lei nº 12.217, de 2010).
ou dificultar a fiscalização do órgão executivo de trânsi- Art. 159 A Carteira Nacional de Habilitação,
to estadual ou do Distrito Federal. Guarde o “CAS” (can- expedida em meio físico e/ou digital, à escolha do
celamento de autorização, advertência e suspensão). condutor, em modelo único e de acordo com as
especificações do CONTRAN, atendidos os pré-
Art. 154 Os veículos destinados à formação de con- -requisitos estabelecidos neste Código, conterá
dutores serão identificados por uma faixa amarela, fotografia, identificação e número de inscrição
de vinte centímetros de largura, pintada ao lon- no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do condu-
go da carroçaria, à meia altura, com a inscrição tor, terá fé pública e equivalerá a documento de
AUTO-ESCOLA na cor preta. identidade em todo o território nacional. (lei n°
Parágrafo único. No veículo eventualmente utili- 14071 de 2020)
zado para aprendizagem, quando autorizado para § 1º É obrigatório o porte da Permissão para Diri-
servir a esse fim, deverá ser afixada ao longo de sua gir ou da Carteira Nacional de Habilitação quando
carroçaria, à meia altura, faixa branca removível, o condutor estiver à direção do veículo.
de vinte centímetros de largura, com a inscrição § 1º-A O porte do documento de habilitação será
AUTO-ESCOLA na cor preta. dispensado quando, no momento da fiscalização,
for possível ter acesso ao sistema informatizado
Detalhes devem ser considerados para sua prova. para verificar se o condutor está habilitado. Lei n°
60 Veja um resumo: 14071 de 2020
A CNH, como sabido, é um documento de porte do condutor envolvido em acidente grave nos aspectos
obrigatório, quando na direção veicular. Entretanto, o físico, mental, psicológico e demais circunstâncias que
porte foi atenuado se o fiscal conseguir consultar por revelem sua aptidão para continuar a conduzir veículos
meio de sistemas informatizados. Se o condutor por- automotores. Lembrando que fica a critério da autori-
tar sua identidade, por exemplo, é possível saber se dade de trânsito submeter o condutor a esses exames.
ele possui CNH ou não. Detalhe novo e interessante:
a Resolução n° 718/2017 estabeleceu novas regras a § 2º No caso do parágrafo anterior, a autoridade
serem obedecidas pelos DETRANs para confecção das executiva estadual de trânsito poderá apreender
CNH. Por exemplo: as CNHs deverão possuir um Códi- o documento de habilitação do condutor até a sua
go de Referência Rápida (Quick Response Code, QR aprovação nos exames realizados.
Code). O QR Code da CNH armazena todas as informa-
ções contidas nos dados variáveis do respectivo docu- Vejam que a apreensão da CNH não está prevista
mento, inclusive a fotografia do condutor. Os órgãos entre as penalidades do CTB (art. 256). De qualquer for-
e entidades executivos de trânsito dos Estados e do ma, não há óbices para tal ato por parte da Administra-
Distrito Federal deverão adequar seus procedimentos ção Pública, quando houver envolvimento de condutor
para adoção do modelo da CNH estabelecido pela pre- em acidente grave. É bom salientar que tal medida será
sente Resolução até 31 de dezembro de 2022. regida pelo Princípio do Devido Processo Legal.

§ 3º A emissão de nova via da Carteira Nacional


de Habilitação será regulamentada pelo CONTRAN.
§ 5º A Carteira Nacional de Habilitação e a Permis- EXERCÍCIOS COMENTADOS
são para Dirigir somente terão validade para a con-
dução de veículo quando apresentada em original. 1. (CEV - 2018) Considerando que os candidatos à habili-
§ 6º A identificação da Carteira Nacional de Habili- tação para dirigir veículos podem habilitar-se nas cate-
tação expedida e a da autoridade expedidora serão gorias de A a E, atente ao que se diz a seguir sobre as
registradas no RENACH. categorias C e D, e assinale a opção que corresponde
§7º A cada condutor corresponderá um único à correta descrição da categoria indicada.
registro no RENACH, agregando-se neste todas as
informações. a) Categoria C – condutor de veículo motorizado utiliza-
§ 8º A renovação da validade da Carteira Nacio- do no transporte de passageiros, cuja lotação exceda
nal de Habilitação ou a emissão de uma nova via a oito lugares, excluído o do motorista.
somente será realizada após quitação de débitos b) Categoria D – condutor de veículo motorizado utiliza-
constantes do prontuário do condutor. do em transporte de carga, cujo peso bruto total exce-
§ 10 A validade da Carteira Nacional de Habilita-
da a três mil e quinhentos quilogramas.
ção está condicionada ao prazo de vigência do exa-
c) Categoria D – condutor de veículo motorizado não
me de aptidão física e mental. (Incluído pela Lei nº
abrangido pela categoria A cujo peso bruto total não
9.602, de 1998)
§ 12 Os órgãos ou entidades executivos de trânsito
exceda a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lota-
dos Estados e do Distrito Federal enviarão por meio ção não exceda a oito lugares, excluído o do motorista.
eletrônico, com 30 (trinta) dias de antecedência, d) Categoria C – condutor de veículo motorizado utiliza-
aviso de vencimento da validade da Carteira Nacio- do em transporte de carga, cujo peso bruto total exce-
nal de Habilitação a todos os condutores cadastra- da a três mil e quinhentos quilogramas.
dos no Renach com endereço na respectiva unidade
da Federação. (Lei n° 14071 de 2020) A Letra D é a única correta, o art. 143 do CTB nos
Art. 160 O condutor condenado por delito de ampara. Resposta: Letra D.
trânsito deverá ser submetido a novos exames
para que possa voltar a dirigir, de acordo com as 2. (CESPE– 2015) Julgue o item: certo ou errado
normas estabelecidas pelo CONTRAN, indepen- É permitido ao servidor do STJ ocupante do cargo de
dentemente do reconhecimento da prescrição, analista judiciário na especialidade segurança con-
em face da pena concretizada na sentença. duzir veículo oficial sem portar a carteira nacional de
habilitação, uma vez que ser habilitado é requisito para CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Aqui estamos falando da seara penal, ou seja, a investidura nesse cargo.
o condutor condenado por crime de trânsito deve
se submeter a novos exames para reaver sua CNH. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Embora tenha havido prescrição em face da pena, a
autoridade de trânsito exigirá do indivíduo novos exa- A CNH só pode ser transportada em original, nunca
mes para nova condução. O assunto foi regulamenta- uma cópia. Leia o Artigo 159 § 1º do CTB. Resposta:
do pela resolução n° 300/2008. Errado.

§ 1º Em caso de acidente grave, o condutor nele 3. (FUNCAB - 2013) Para habilitar-se nas categorias D e
envolvido poderá ser submetido aos exames exigi- E, o condutor deve entre outros requisitos, estar habili-
dos neste artigo, a juízo da autoridade executiva tado no mínimo há:
estadual de trânsito, assegurada ampla defesa ao
condutor. a) um ano na categoria B, quando pretender a catego-
ria D.
Neste caso, estamos diante de um envolvido em b) um ano na categoria D, quando pretender a cate-
acidente grave e não de um condenado por crime de goria E.
trânsito. Segundo o artigo 7º da Resolução N° 300/2008, c) um ano na categoria C, quando pretender a catego-
esse exame tem por finalidade reavaliar as condições ria E. 61
d) dois anos na categoria B, quando pretender a categoria E.
e) dois anos na categoria C, quando pretender a categoria E.

Artigo 143 do CTB é muito importante para respondermos essa questão. Quanto ao texto legal, sua resposta está no
Artigo 145, inciso II, alínea B. Resposta: Letra C.

4. (FCC - 2018) A Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao condutor portador de Permissão para Dirigir ao
término de

a) doze meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente
em infração média.
b) vinte e quatro meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja
reincidente em infração média.
c) dezoito meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reinci-
dente em infração média.
d) dezoito meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza gravíssima, grave ou média.
e) seis meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza média ou seja reincidente em infração
média por uma única vez.

Primeiramente, o condutor recebe sua Permissão para dirigir (PPD). Só após 01 (um) ano, ele receberá sua CNH
desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente em
infração média. Vejamos a lei:
Art. 148. [...]
§ 3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao condutor no término de um ano, desde que o mesmo não tenha
cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente em infração média. Resposta: Letra A.

5. (FCC - 2019) Os condutores das categorias C, D e E deverão submeter-se a exames toxicológicos para a habilitação e
renovação da Carteira Nacional de Habilitação. O exame será realizado, em regime de livre concorrência, pelos laboratórios
credenciados pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), nos termos das normas do CONTRAN, VEDADO aos
entes públicos:

I. fixar preços para os exames.


II. limitar o número de empresas ou o número de locais em que a atividade pode ser exercida.
III. estabelecer regras de exclusividade territorial. Está correto o que consta de

a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I, apenas.
e) II e III, apenas.

Art. 148-A do CTB.


§ 7° O exame será realizado, em regime de livre concorrência, pelos laboratórios credenciados pelo Departamen-
to Nacional de Trânsito - DENATRAN, nos termos das normas do CONTRAN, vedado aos entes públicos: (Incluído
pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
I - fixar preços para os exames; (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
II - limitar o número de empresas ou o número de locais em que a atividade pode ser exercida; e (Incluído pela
Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
III - estabelecer regras de exclusividade territorial. Resposta: Letra A.

DAS INFRAÇÕES

Art. 161 Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito deste Código ou da legislação comple-
mentar, e o infrator sujeita-se às penalidades e às medidas administrativas indicadas em cada artigo deste Capítulo
e às punições previstas no Capítulo XIX deste Código. (Lei n° 14071 DE 2020)

É certo que não há uma fórmula “mágica” para você memorizar todas as infrações de trânsito de uma só vez,
por isso, faz-se necessário que você lance mão de algumas estratégias para memorizar o maior número possível
delas ou, pelo menos, aquelas boas de prova. Alguns professores sugerem uma classificação por natureza da
infração, outros sugerem separar por similaridades de termos como, por exemplo, estudar todas as infrações que
62 possuem a palavra “acostamento”. Vamos, aqui, tentar combinar ambos:
FATOR
INFRAÇÃO – ART. 162 PENALIDADE MEDIDA ADMINISTRATIVA
MULTIPLICATIVO
Multa Retenção do veículo até chegar condutor
Sem CNH/ACC 3x
gravíssima habilitado

Multa Retenção do veículo até chegar condutor


CNH suspensa ou cassada 3x
gravíssima habilitado + recolhimento da CNH

Multa Retenção do veículo até chegar condutor


CNH de categoria diferente 2x
gravíssima habilitado
Multa Retenção do veículo até chegar condutor
CNH vencida há de 30 dias 1x
gravíssima habilitado + recolhimento da CNH

Dirigir sem lentes corretoras Multa Retenção do veículo até colocar a lente
1x
previstas na CNH gravíssima ou óculos

z Também serão penalizadas nas mesmas condições as pessoas que entregam ou permitem que condutores
nestas situações dirijam o veículo.
z Conforme o art. 309 do CTB, é crime dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para
Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano;
z Conforme o art. 310 do CTB, é crime permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de
saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança.

Art. 165 Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação
dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses.(Redação dada pela Lei nº
12.760, de 2012)
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no
§ 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. (Redação dada pela Lei
nº 12.760, de 2012)
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze)
meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Esta infração você deve estudar pormenorizadamente, já que qualquer detalhe pode ser cobrado. Causadora
de muitos acidentes, talvez seja a mais importante infração a ser memorizada. Inclusive, pode ser considerado
crime em alguns casos que veremos na parte criminal. Para ser considerado o legislador estabeleceu parâmetros
na resolução n° 432/2013.

FATOR MEDIDA
INFRAÇÃO PENALIDADE
MULTIPLICATIVO ADMINISTRATIVA

Retenção do veículo até


Dirigir bêbado ou Multa + suspensão do direito de
10 x 293,47: R$ 2934,70 chegar novo condutor +
drogado dirigir por 12 meses
recolhimento da CNH
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Perceba que são 02 (duas) penalidades; se reincidir Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
na mesma infração em 12 meses a multa será dobrada no caput em caso de reincidência no período de até
(R$ 5869,40). 12 (doze) meses (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016).

Art. 165-A Recusar-se a ser submetido a teste, Quem recusa realizar o bafômetro também sofre-
exame clínico, perícia ou outro procedimento que rá as mesmas penalidades administrativas de quem
permita certificar influência de álcool ou outra bebeu e dirigiu. Repare que a penalidade é idêntica.
substância psicoativa, na forma estabelecida pelo
art. 277: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) Art. 165-B. Conduzir veículo para o qual seja exi-
Infração - gravíssima;(Incluído pela Lei nº 13.281, gida habilitação nas categorias C, D ou E sem rea-
de 2016) lizar o exame toxicológico previsto no § 2º do art.
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direi- 148-A deste Código, após 30 (trinta) dias do venci-
to de dirigir por 12 (doze) meses; (Incluído pela Lei mento do prazo estabelecido:
nº 13.281, de 2016) Infração - gravíssima;
Medida administrativa - recolhimento do documen- Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do
to de habilitação e retenção do veículo, observado direito de dirigir por 3 (três) meses, condicionado
o disposto no § 4º do art. 270. (Incluído pela Lei nº o levantamento da suspensão à inclusão no Renach
13.281, de 2016) de resultado negativo em novo exame. 63
Parágrafo único. Incorre na mesma penalidade o conforto; as crianças com idade superior a um 1 e infe-
condutor que exerce atividade remunerada ao veí- rior ou igual a 4 anos deverão utilizar, obrigatoriamente,
culo e não comprova a realização de exame toxi- o dispositivo de retenção denominado “cadeirinha”.
cológico periódico exigido pelo § 2º do art. 148-A Para efeitos de curiosidade, conforme o art. 1º, § 3º,
deste Código por ocasião da renovação do docu- as exigências relativas ao sistema de retenção no trans-
mento de habilitação nas categorias C, D ou E. (Lei porte de crianças com até 7,5 anos de idade, não se apli-
n° 14071 de 2020)
cam aos veículos de transporte coletivo, aos de aluguel,
aos táxis, aos veículos escolares e aos demais veículos
A cada dois anos e meio deve-se realizar o exame com PBT superior a 3,5t. Lembrando que a partir de
toxicológico. Se passar de 30 dias sem realizar o exame
abril de 2021, as crianças maiores de 1,45 metros não
e conduzir o veículo, teremos uma multa gravíssima x5.
estarão sujeitas a esses dispositivos de retenção.
Art. 166 Confiar ou entregar a direção de veículo a
pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado físico MEDIDA
INFRAÇÃO PENALIDADE
ou psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo ADMINISTRATIVA
com segurança:
Adulto sem
Infração - gravíssima; Retenção do veículo
cinto de Multa grave
Penalidade - multa. até regularização
segurança
Quem entrega a direção de veículo a condutor Criança sem
embriagado, por exemplo, responde por essa infra- Multa Retenção do veículo
dispositivo
ção. Esta autuação deve ser feita a todo proprietário gravíssima até regularização
de segurança
que confia ou entrega o veículo a pessoa sem condi-
ções físicas ou psicológicas para dirigir, como, por
exemplo, as embriagadas (art. 165), sob efeito de Art. 169 Dirigir sem atenção ou sem os cuidados
medicamentos (art. 165), com membros imobilizados indispensáveis à segurança:
(art. 252, III), com alguma doença mental (art. 252, III), Infração - leve;
Penalidade - multa.
com restrições relativas ao estado físico do condutor,
expressas no verso da CNH (art. 195) etc.
Segundo o art. 28 do CTB, o condutor deverá, a
todo o momento, ter domínio de seu veículo, dirigin-
Importante! do-o com atenção e cuidados indispensáveis à segu-
rança do trânsito.
Além disso, será crime também. Conforme o art.
310 do CTB, é crime de trânsito permitir, confiar z Exemplos de condução do veículo sem atenção:
ou entregar a direção de veículo automotor a conduzir lendo (jornal, mapa impresso, folheto
pessoa não habilitada, com habilitação cassada etc.), conversando e olhando para trás, procuran-
ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a do objetos no porta-luvas ou até atropelando cones
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, em local sinalizado.
ou por embriaguez, não esteja em condições de z Outros exemplos em lei específica: condutor de ôni-
conduzi-lo com segurança. bus ou micro-ônibus transitando com porta(s) aber-
ta(s), conforme resolução n° 416 e 445.

Art. 167 Deixar o condutor ou passageiro de usar Art. 170 Dirigir ameaçando os pedestres que
o cinto de segurança, conforme previsto no art. 65: estejam atravessando a via pública, ou os demais
Infração - grave; veículos:
Penalidade - multa; Infração - gravíssima;
Medida administrativa - retenção do veículo até Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
colocação do cinto pelo infrator. Medida administrativa - retenção do veículo e reco-
lhimento do documento de habilitação.
Infração comum e popular. Segundo o art. 65 do CTB,
é obrigatório o uso do cinto de segurança para condutor z Exemplo: motorista realizando manobras arrisca-
e passageiros em todas as vias do território nacional, sal- das em local movimentado, ameaçando arrancar
vo em situações regulamentadas pelo CONTRAN, como, quando o pedestre está atravessando a faixa ou
por exemplo, em ônibus de linhas onde seja permitido desviando intencionalmente a direção a pedestre
viajar em pé, veículos de uso bélico (conforme definição ou outro veículo.
dada pela Res. 570/15) etc. Memorize!
Art. 171 Usar o veículo para arremessar, sobre os
Art. 168 Transportar crianças em veículo auto- pedestres ou veículos, água ou detritos:
motor sem observância das normas de seguran- Infração - média;
ça especiais estabelecidas neste Código: Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa; z Exemplo: veículo passando sobre poças de água
Medida administrativa - retenção do veículo até de forma proposital, atingindo pessoas ou veículos.
que a irregularidade seja sanada.
Art. 172 Atirar do veículo ou abandonar na via
Segundo a Resolução n° 277/2008, as crianças pos- objetos ou substâncias:
suem dispositivos de segurança específicos para cada ida- Infração - média;
64 de. Por exemplo, crianças de até 1 ano devem usar o bebê Penalidade - multa.
z • Exemplo: objetos ou substâncias atiradas ou Art. 176 Deixar o condutor envolvido em aciden-
abandonadas na via em quantidade expressiva te com vítima:
como, por exemplo, um caminhão de entulho. I - de prestar ou providenciar socorro à vítima,
podendo fazê-lo;
Art. 173 Disputar corrida:(Redação dada pela Lei nº
12.971, de 2014) Segundo o art. 304 do CTB, é crime o condutor do
Infração - gravíssima; veículo (envolvido, mas não o responsável) deixar,
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro
dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por
12.971, de 2014) justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
Medida administrativa - recolhimento do documento pública; incide nas penas previstas neste artigo o con-
de habilitação e remoção do veículo. dutor do veículo, ainda que a sua omissão seja supri-
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista da por terceiros ou que se trate de vítima com morte
no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze) instantânea ou com ferimentos leves. Conforme o art.
meses da infração anterior.(Incluído pela Lei nº 12.971, de 305 do CTB, é crime o condutor do veículo se afastar
2014) do local do acidente (responsável pelo acidente), para
Art. 174 Promover, na via, competição, eventos organi- fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa
zados, exibição e demonstração de perícia em manobra de ser atribuída.
veículo, ou deles participar, como condutor, sem permis-
são da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no sen-
via: (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) tido de evitar perigo para o trânsito no local;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº
12.971, de 2014)
Medida administrativa - recolhimento do documento
LEI N° 5.970 DE 1973
de habilitação e remoção do veículo.
Importante observar o estado de necessidade, que
§ 1o As penalidades são aplicáveis aos promotores e
obriga os envolvidos a alterarem o local de forma a
aos condutores participantes.(Incluído pela Lei nº 12.971,
evitar novo acidente, antes da chegada do socorro.
de 2014)
§ 2o Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em
Conforme as Leis 5.970/73 e 6.174/74, em caso de aci-
caso de reincidência no período de 12 (doze) meses da
dente de trânsito apenas o agente policial poderá autori-
infração anterior. Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) zar a imediata remoção das pessoas e veículos envolvidos
Art. 175 Utilizar-se de veículo para demonstrar ou exi- e que estiverem no leito da via com prejuízo ao tráfego.
bir manobra perigosa, mediante arrancada brusca, derra-
pagem ou frenagem com deslizamento ou arrastamento de III - de preservar o local, de forma a facilitar os tra-
balhos da polícia e da perícia;
pneus: (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de A situação deverá ser analisada criteriosamente.
dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº Se restar comprovado que não havia risco no local e
12.971, de 2014) mesmo assim o condutor o alterou de forma proposital,
Medida administrativa - recolhimento do documento teremos também o crime previsto no art. 312 do CTB.
de habilitação e remoção do veículo.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista IV - de adotar providências para remover o veícu-
no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze) lo do local, quando determinadas por policial ou
meses da infração anterior. (Incluído pela Lei nº 12.971, agente da autoridade de trânsito;
de 2014)
Não é incomum o condutor se recusar a permitir
Segundo o art. 67 do CTB, as provas ou competi- que seu veículo seja removido antes da chegada de
representante da seguradora. Assim, deve o agente
ções desportivas, inclusive seus ensaios, em via aberta
agir com firmeza e adotar as medidas necessárias,
à circulação, só poderão ser realizadas mediante pré-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
impedindo que o condutor atrapalhe o serviço.
via permissão da autoridade de trânsito com circuns-
crição sobre a via. V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar
Conforme o art. 308 do CTB, é crime de trânsito informações necessárias à confecção do boletim de
participar, na direção de veículo automotor, em via ocorrência:
pública, de corrida, disputa ou competição automo-
bilística não autorizada pela autoridade competen- Conforme o art. 68 da LCP, é contravenção recusar à
te, desde que resulte dano potencial à incolumidade autoridade, quando por esta justificadamente solicitados
pública ou privada. ou exigidos, dados ou indicações concernentes à própria
identidade, estado, profissão, domicílio e residência.
Temos também o art. 312 do CTB, que traz como crime
Importante! inovar artificiosamente, em caso de acidente automo-
bilístico com vítima, na pendência do respectivo pro-
Se reincidir na mesma infração em 12 meses a cedimento policial preparatório, inquérito policial ou
multa será dobrada (R$ 5869,40). Perceba que processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
nestes casos são popularmente conhecidos a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz.
como “rachas” não há menção ao prazo de sus-
pensão do direito de dirigir. Infração - gravíssima; 65
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do Penalidade - multa;
direito de dirigir; Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documen- IV - em desacordo com as posições estabelecidas
to de habilitação. neste Código:
Infração - média;
Veja que esse artigo possui muitas condutas impor- Penalidade - multa;
tantes que devem ser lembradas. Aliás, costuma cair Medida administrativa - remoção do veículo;
em provas! Então não esqueça esse artigo que prevê V - na pista de rolamento das estradas, das rodo-
ainda a penalidade de suspensão da CNH. vias, das vias de trânsito rápido e das vias dotadas
de acostamento:
Infração - gravíssima;
Art. 177 Deixar o condutor de prestar socorro à
Penalidade - multa;
vítima de acidente de trânsito quando solicitado
Medida administrativa - remoção do veículo;
pela autoridade e seus agentes:
VI - junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro
Infração - grave;
de água ou tampas de poços de visita de galerias
Penalidade - multa.
subterrâneas, desde que devidamente identificados,
conforme especificação do CONTRAN:
Qual a diferença para o artigo anterior? Neste caso, Infração - média;
o condutor não está envolvido no acidente de trânsito. Penalidade - multa;
Aqui a infração é de natureza grave. Medida administrativa - remoção do veículo;
VII - nos acostamentos, salvo motivo de força
Art. 178 Deixar o condutor, envolvido em acidente maior:
sem vítima, de adotar providências para remover Infração - leve;
o veículo do local, quando necessária tal medida Penalidade - multa;
para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - média; VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedes-
Penalidade - multa. tre, sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas
ilhas, refúgios, ao lado ou sobre canteiros centrais,
Aqui não há vítimas, pois trata-se de caso em que divisores de pista de rolamento, marcas de canali-
o condutor se recusa a tirar o veículo do local para zação, gramados ou jardim público:
aguardar a seguradora. Infração - grave;
Penalidade - multa;
Art. 179 Fazer ou deixar que se faça reparo em Medida administrativa - remoção do veículo;
veículo na via pública, salvo nos casos de impedi- IX - onde houver guia de calçada (meio-fio) rebaixa-
mento absoluto de sua remoção e em que o veículo da destinada à entrada ou saída de veículos:
esteja devidamente sinalizado: Infração - média;
I - em pista de rolamento de rodovias e vias de trân- Penalidade - multa;
sito rápido: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - grave; X - impedindo a movimentação de outro veículo:
Penalidade - multa; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
II - nas demais vias: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - leve; XI - ao lado de outro veículo em fila dupla:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 180 Ter seu veículo imobilizado na via por fal- Penalidade - multa;
ta de combustível: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - média; XII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a
Penalidade - multa; circulação de veículos e pedestres:
Medida administrativa - remoção do veículo. Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Detalhe importante: segundo o art. 27 do CTB, antes
XIII - onde houver sinalização horizontal delimita-
de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o dora de ponto de embarque ou desembarque de pas-
condutor deverá verificar a existência e as boas con- sageiros de transporte coletivo ou, na inexistência
dições de funcionamento dos equipamentos de uso desta sinalização, no intervalo compreendido entre
obrigatório, bem como se assegurar da existência de dez metros antes e depois do marco do ponto:
combustível suficiente para chegar ao local de destino. Infração - média;
Penalidade - multa;
Art. 181 Estacionar o veículo: Medida administrativa - remoção do veículo;
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo XIV - nos viadutos, pontes e túneis:
do alinhamento da via transversal: Infração - grave;
Infração - média; Penalidade - multa;
Penalidade - multa; Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo; XV - na contramão de direção:
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cin- Infração - média;
quenta centímetros a um metro: Penalidade - multa;
Infração - leve; XVI - em aclive ou declive, não estando devidamen-
Penalidade - multa; te freado e sem calço de segurança, quando se tra-
Medida administrativa - remoção do veículo; tar de veículo com peso bruto total superior a três
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais mil e quinhentos quilogramas:
de um metro: Infração - grave;
66 Infração - grave; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - média;
XVII - em desacordo com as condições regulamen- Penalidade - multa.
tadas especificamente pela sinalização (placa - XI - sobre ciclovia ou ciclofaixa (Lei n° 14071/2020):
Estacionamento Regulamentado):
Infração - grave;
Infração - grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
Penalidade - multa.
de 2015
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Vamos para infrações de parada:
XVIII - em locais e horários proibidos especificamen-
te pela sinalização (placa - Proibido Estacionar): z Leves: afastado da guia da calçada (50 cm a 01
Infração - média; metro); em desacordo com as posições estabelecidas
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; no CTB; em passeio ou sobre faixa destinada a pedes-
XIX - em locais e horários de estacionamento e tres, nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores
parada proibidos pela sinalização (placa - Proibido de pista de rolamento e marcas de canalização;
Parar e Estacionar): z Médias: nas esquinas e a menos de 5 m do bordo do
Infração - grave;
alinhamento da via transversal; afastado da guia da
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo. calçada (meio-fio) a mais de um metro; em cruzamen-
XX - nas vagas reservadas às pessoas com deficiên- to de vias; nos viadutos, pontes e túneis; na contramão
cia ou idosos, sem credencial que comprove tal con- de direção; em local e horário proibidos especifica-
dição: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) mente pela sinalização (placa - Proibido Parar); na fai-
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.281,
xa de pedestres na mudança de sinal luminoso.
de 2016)
Penalidade - multa; (Incluído pela Lei nº 13.281, de z Graves: na pista de rolamento das estradas, das rodo-
2016) vias, das vias de trânsito rápido e das demais vias
Medida administrativa - remoção do veícu- dotadas de acostamento; sobre ciclovia ou ciclofaixa.
lo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) z Gravíssimas: não há.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, a autoridade
de trânsito aplicará a penalidade preferencialmen-
Art. 183 Parar o veículo sobre a faixa de pedestres
te após a remoção do veículo.
§ 2º No caso previsto no inciso XVI é proibido aban- na mudança de sinal luminoso:
donar o calço de segurança na via. Infração - média;
Art. 182 Parar o veículo: Penalidade - multa.
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo
do alinhamento da via transversal: Segundo o art. 26, inciso I do CTB, os usuários das
Infração - média; vias terrestres devem abster-se de todo ato que pos-
Penalidade - multa;
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cin- sa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de
quenta centímetros a um metro: veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar
Infração - leve; danos a propriedades públicas ou privadas.
Penalidade - multa;
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais Art. 184 Transitar com o veículo:
de um metro:
I - na faixa ou pista da direita, regulamentada como
Infração - média;
de circulação exclusiva para determinado tipo de
Penalidade - multa;
IV - em desacordo com as posições estabelecidas veículo, exceto para acesso a imóveis lindeiros ou
neste Código: conversões à direita:
Infração - leve; Infração - leve;
Penalidade - multa; Penalidade - multa;
V - na pista de rolamento das estradas, das rodo- II - na faixa ou pista da esquerda regulamentada
vias, das vias de trânsito rápido e das demais vias
como de circulação exclusiva para determinado
dotadas de acostamento:
tipo de veículo:
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Infração - grave;
Penalidade - multa; Infração - grave;
VI - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestres, Penalidade - multa.
nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de III - na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamen-
pista de rolamento e marcas de canalização: tada com circulação destinada aos veículos de trans-
Infração - leve; porte público coletivo de passageiros, salvo casos
Penalidade - multa;
de força maior e com autorização do poder público
VII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a
circulação de veículos e pedestres: competente: (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Infração - média; Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.154,
Penalidade - multa; de 2015)
VIII - nos viadutos, pontes e túneis: Penalidade - multa e apreensão do veículo; (Incluí-
Infração - média; do pela Lei nº 13.154, de 2015)
Penalidade - multa; Medida administrativa - remoção do veícu-
IX - na contramão de direção:
lo. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Infração - média;
Penalidade - multa;
X - em local e horário proibidos especificamente Mais um assunto importante no CTB: infrações em
pela sinalização (placa - Proibido Parar): faixas exclusivas. 67
INFRAÇÕES EM FAIXAS EXCLUSIVAS DE VEÍCULOS II - (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
Multa de desobediência ao rodízio de veículos, por
LADO NATUREZA EXCEÇÃO exemplo.
Art. 188 Transitar ao lado de outro veículo, inter-
Para acesso a imó- rompendo ou perturbando o trânsito:
Direito Leve veis lindeiros ou Infração - média;
conversões à direita Penalidade - multa.
Art. 189 Deixar de dar passagem aos veículos pre-
Esquerdo Grave Não há menção
cedidos de batedores, de socorro de incêndio e sal-
Qualquer lado vamento, de polícia, de operação e fiscalização de
(transporte. Força maior ou trânsito e às ambulâncias, quando em serviço de
Gravíssima urgência e devidamente identificados por disposi-
Coletivo de autorização
passageiros) tivos regulamentados de alarme sonoro e ilumina-
ção vermelha intermitentes:
Infração - gravíssima;
Art. 185 Quando o veículo estiver em movimento, Penalidade - multa.
deixar de conservá-lo: Art. 190 Seguir veículo em serviço de urgência,
I - na faixa a ele destinada pela sinalização de regu- estando este com prioridade de passagem devi-
lamentação, exceto em situações de emergência; damente identificada por dispositivos regulamen-
tares de alarme sonoro e iluminação vermelha
Conforme o art. 29, IV do CTB, quando uma pista intermitentes:
de rolamento comportar várias faixas de circulação Infração - grave;
no mesmo sentido, são as da direita destinadas ao des- Penalidade - multa.
locamento dos lentos e de maior porte, quando não
houver faixa especial a eles destinada, e as da esquer- Mais uma tabela para memorização:
da, destinadas à ultrapassagem e ao deslocamento dos
veículos de maior velocidade. INFRAÇÕES DE VEÍCULOS DE URGÊNCIA
Veículos mudando de faixa (transposição), onde
exista linha contínua branca também devem ser NATUREZA DA
CONDUTA
autuados, exceto em emergências. Analisando o Item INFRAÇÃO
5 do Manual de Sinalização Horizontal (Res. 236/07), Deixar de dar passagem Gravíssima
as marcas longitudinais brancas contínuas são utili-
zadas para delimitar a pista (linha de bordo) e para Seguir veículo de urgência Grave
separar faixas de trânsito de fluxos de mesmo sentido.
Deixar de acionar luz e som em
Neste caso, têm poder de regulamentação de proibi-
regime de urgência (motorista de Média
ção de ultrapassagem e transposição.
urgência, Art. 222)
II - nas faixas da direita, os veículos lentos e de
maior porte: Art. 191 Forçar passagem entre veículos que, tran-
Infração - média; sitando em sentidos opostos, estejam na iminência
Penalidade - multa. de passar um pelo outro ao realizar operação de
ultrapassagem:
Exemplo clássico são os veículos pesados que cos- Infração - gravíssima;
tumam trafegar na faixa da esquerda em velocidade Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direi-
reduzida. to de dirigir. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
2014)
Art. 186 Transitar pela contramão de direção em: Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa pre-
I - vias com duplo sentido de circulação, exceto vista no caput em caso de reincidência no período
para ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo de até 12 (doze) meses da infração anterior. (Incluí-
necessário, respeitada a preferência do veículo que do pela Lei nº 12.971, de 2014)
transitar em sentido contrário:
Infração - grave; Forçar passagem entre veículos em sentidos opos-
Penalidade - multa; tos é gravíssimo x10 + suspensão do direito de diri-
II - vias com sinalização de regulamentação de sen- gir. Aplicar-se-á em dobro em caso de reincidência
tido único de circulação: em 12 meses. Essa infração visa coibir infratores que
Infração - gravíssima; realizam ultrapassagens forçadas, jogando, inclusive,
Penalidade - multa. veículos em sentido contrário para o acostamento.
Conforme o art. 34 do CTB, o condutor que queira exe-
Perceba que transitar pela contramão de direção cutar uma manobra deverá certificar-se de que pode
de vias com sinalização de regulamentação de senti- executá-la sem perigo para os demais usuários da via
do único de circulação é gravíssimo. Para que exista a que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, con-
infração, há necessidade de placa de regulamentação siderando sua posição, sua direção e sua velocidade.
proibindo a circulação em determinado sentido.
Art. 192 Deixar de guardar distância de seguran-
Art. 187 Transitar em locais e horários não permi- ça lateral e frontal entre o seu veículo e os demais,
tidos pela regulamentação estabelecida pela auto- bem como em relação ao bordo da pista, conside-
ridade competente: rando-se, no momento, a velocidade, as condições
I - para todos os tipos de veículos: climáticas do local da circulação e do veículo:
Infração - média; Infração - grave;
68 Penalidade - multa; Penalidade - multa.
Lembrando que esta infração é de natureza grave, Art. 199 Ultrapassar pela direita, salvo quando o
enquanto deixar de guardar distância de segurança veículo da frente estiver colocado na faixa apro-
lateral de 1,5 m de bicicleta é média. Exemplo clássi- priada e der sinal de que vai entrar à esquerda:
co: motocicleta transitando entre fileiras de veículos. Infração - média;
Penalidade - multa.
Art. 193 Transitar com o veículo em calçadas, pas-
seios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refú- Esta infração só ocorre quando há mais de uma
gios, ajardinamentos, canteiros centrais e divisores faixa no mesmo sentido. Caso contrário o enquadra-
de pista de rolamento, acostamentos, marcas de mento correto é ultrapassar pelo acostamento.
canalização, gramados e jardins públicos:
Infração - gravíssima; Art. 200 Ultrapassar pela direita veículo de trans-
Penalidade - multa (três vezes). porte coletivo ou de escolares, parado para embar-
que ou desembarque de passageiros, salvo quando
Conforme o art. 29, V do CTB, o trânsito de veícu- houver refúgio de segurança para o pedestre:
los sobre passeios, calçadas e acostamentos, só poderá Infração - gravíssima;
ocorrer para que se adentre ou se saia dos imóveis ou Penalidade - multa.
áreas especiais de estacionamento.
Esta infração é de muito difícil visualização, pois só
Art. 194 Transitar em marcha à ré, salvo na distân- poderia ocorrer caso o ônibus parasse no meio da via
cia necessária a pequenas manobras e de forma a para desembarcar passageiros, o que não é permitido.
não causar riscos à segurança:
Infração - grave; Art. 201 Deixar de guardar a distância lateral de
Penalidade - multa. um metro e cinquenta centímetros ao passar ou
Art. 195 Desobedecer às ordens emanadas da auto- ultrapassar bicicleta:
ridade competente de trânsito ou de seus agentes: Infração - média;
Infração - grave; Penalidade - multa.
Penalidade - multa.
Como o agente de trânsito vai flagrar uma infração
Deve-se tomar cuidado com o acompanhamen- como esta? Seria preciso uma câmera com “tira-teima”.
to à veículos que se evadem da fiscalização, pois são De qualquer forma memorize essa distância de 1,5 m.
comuns os acidentes com viaturas, lesionando servi-
dores e usuários das vias. Art. 202 Ultrapassar outro veículo:
I - pelo acostamento;
Art. 196 Deixar de indicar com antecedência, II - em interseções e passagens de nível;
mediante gesto regulamentar de braço ou luz indi- Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº
cadora de direção do veículo, o início da marcha, 12.971, de 2014)
a realização da manobra de parar o veículo, a Penalidade - multa (cinco vezes). (Redação dada
pela Lei nº 12.971, de 2014)
mudança de direção ou de faixa de circulação:
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro
Infração - grave;
veículo:
Penalidade - multa.
I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade
suficiente;
Esta é a infração de deixar de ligar a “seta” e tem
II - nas faixas de pedestre;
natureza grave. No entanto, os gestos convencionais de III - nas pontes, viadutos ou túneis;
braços podem substituir a “seta”. Conforme o art. 35 do IV - parado em fila junto a sinais luminosos, por-
CTB, antes de iniciar qualquer manobra que implique teiras, cancelas, cruzamentos ou qualquer outro
um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar impedimento à livre circulação;
seu propósito de forma clara e com a devida antece- V - onde houver marcação viária longitudinal de
dência, por meio da luz indicadora de direção de seu divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contí-
veículo, ou fazendo gesto convencional de braço. nua ou simples contínua amarela:
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº


Art. 197 Deixar de deslocar, com antecedência, 12.971, de 2014)
o veículo para a faixa mais à esquerda ou mais à Penalidade - multa (cinco vezes). (Redação dada
direita, dentro da respectiva mão de direção, quan- pela Lei nº 12.971, de 2014)
do for manobrar para um desses lados: Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa pre-
Infração - média; vista no caput em caso de reincidência no período
Penalidade - multa. de até 12 (doze) meses da infração anterior. (Incluí-
Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquerda, do pela Lei nº 12.971, de 2014)
quando solicitado:
Infração - média; Conforme o art. 32 do CTB, o condutor não poderá
Penalidade - multa. ultrapassar veículos em vias com duplo sentido de dire-
ção e pista única, nos trechos em curvas e em aclives
É preciso que o veículo que segue atrás indique o sem visibilidade suficiente, nas passagens de nível, nas
propósito de ultrapassar (passar), ou seja, sinal de luz pontes e viadutos e nas travessias de pedestres, exceto
baixa e alta de forma intermitente ou toque breve na quando houver sinalização permitindo a ultrapassagem.
buzina (fora das áreas urbanas), conforme os artigos Infrações de ultrapassagem são muito importantes. Veja
251, II e 41, II do CTB, respectivamente. a tabela a seguir com um resumo dessas infrações: 69
INFRAÇÕES DE ULTRAPASSAGEM IV - nas interseções, entrando na contramão de
direção da via transversal;
Local/ Fator
Natureza Observação V - com prejuízo da livre circulação ou da seguran-
Circunstância Multiplicativo ça, ainda que em locais permitidos:
Interseções Infração - gravíssima;
e passagens Gravíssima 5x Penalidade - multa.
de nível
Acostamento Gravíssima 5x Perceba que em todas infrações conforme o art. 39
do CTB, nas vias urbanas, a operação de retorno deve-
Curva/aclive/ rá ser feita nos locais para isto determinados, quer
declive Pela por meio de sinalização, quer pela existência de locais
Gravíssima 5x
(sem contramão apropriados, ou, ainda, em outros locais que ofereçam
visibilidade) condições de segurança e fluidez, observadas as carac-
Faixa de Pela terísticas da via, do veículo, das condições meteoroló-
Gravíssima 5x gicas e da movimentação de pedestres e ciclistas.
pedestre contramão
Conforme o Item 5 do Manual de Sinalização Hori-
Ponte/ Pela zontal (Res. 236/07), as marcas longitudinais contínuas
Gravíssima 5x
viaduto/túnel contramão (LMS - brancas ou LFO - amarelas) tem poder de regula-
Veículos mentação de proibição de ultrapassagem e transposição.
Pela
parados em Gravíssima 5x
contramão
fila Art. 207 Executar operação de conversão à direita
ou à esquerda em locais proibidos pela sinalização:
Faixa contí- Pela
Gravíssima 5x Infração - grave;
nua amarela contramão
Penalidade - multa.
Veículo em
cortejo, des- Conforme o art. 37 do CTB, nas vias providas de acos-
file, préstito, Leve - tamento, a conversão à esquerda e a operação de retor-
formação no deverão ser feitas nos locais apropriados e, onde estes
militar não existirem, o condutor deverá aguardar no acosta-
mento, à direita, para cruzar a pista com segurança.
Veículos
parados em Grave -
Art. 208 Avançar o sinal vermelho do semáforo ou
fila
o de parada obrigatória, exceto onde houver sina-
lização que permita a livre conversão à direita pre-
Art. 204 Deixar de parar o veículo no acostamento vista no art. 44-A deste Código: (Lei n° 14071/2020)
à direita, para aguardar a oportunidade de cruzar Infração - gravíssima;
a pista ou entrar à esquerda, onde não houver local Penalidade - multa.
apropriado para operação de retorno:
Infração - grave; Avanço de sinal é gravíssimo. A Resolução n°
Penalidade - multa. 483/14 do CONTRAN regulamenta a sinalização sema-
fórica. Por exemplo, a luz vermelha intermitente,
Conforme o art. 37 do CTB, nas vias providas de para o pedestre, indica o término do direito de iniciar
acostamento, a conversão à esquerda e a operação de a travessia. Sua duração deve permitir a conclusão
das travessias iniciadas no tempo de verde. Lembre-
retorno deverão ser feitas nos locais apropriados e,
-se que há uma exceção a partir de abril de 2021: onde
onde estes não existirem, o condutor deverá aguardar
houver sinalização que permita a livre conversão à
no acostamento, à direita, para cruzar a pista com segu- direita será possível avançar o semáforo.
rança. Infração comum em nossas rodovias. Muitos con-
dutores são imprudentes e entram direto à esquerda. Art. 209 Transpor, sem autorização, bloqueio viá-
rio com ou sem sinalização ou dispositivos auxi-
Art. 205 Ultrapassar veículo em movimento que liares, deixar de adentrar às áreas destinadas à
integre cortejo, préstito, desfile e formações milita- pesagem de veículos ou evadir-se para não efetuar
res, salvo com autorização da autoridade de trânsi- o pagamento do pedágio:
to ou de seus agentes: Infração - grave;
Infração - leve; Penalidade - multa.
Penalidade - multa.
Neste artigo temos três condutas. Você deve lem-
Para que esta infração se configure, é necessário brar que o bloqueio não é policial. Lembro também
que o cortejo seja de tamanho tal que necessite da pre- que, conforme o art. 278 do CTB, ao condutor que
sença de Agentes da Autoridade de Trânsito no local. se evadir da fiscalização, não submetendo veículo à
pesagem obrigatória nos pontos de pesagem, fixos ou
Art. 206 Executar operação de retorno: móveis, será aplicada a penalidade prevista no art.
I - em locais proibidos pela sinalização; 209, além da obrigação de retornar ao ponto de eva-
II - nas curvas, aclives, declives, pontes, viadutos e são para fim de pesagem obrigatória.
túneis; A Portaria n° 179/15 do DENATRAN estabelece os
III - passando por cima de calçada, passeio, ilhas, requisitos específicos mínimos do sistema automático
ajardinamento ou canteiros de divisões de pista de não metrológico para a fiscalização da infração “eva-
rolamento, refúgios e faixas de pedestres e nas de dir-se para não efetuar o pagamento do pedágio”, pre-
70 veículos não motorizados; vista no art. 209 do CTB.
Art. 210 Transpor, sem autorização, bloqueio viá- IV - quando houver iniciado a travessia mesmo que
rio policial: não haja sinalização a ele destinada;
Infração - gravíssima; V - que esteja atravessando a via transversal para
Penalidade - multa, apreensão do veículo e suspen- onde se dirige o veículo:
são do direito de dirigir; Infração - grave;
Medida administrativa - remoção do veículo e reco- Penalidade - multa.
lhimento do documento de habilitação.
Conforme o art. 38 do CTB, parágrafo único, duran-
O bloqueio viário policial caracteriza-se pela presen- te a manobra de mudança de direção, o condutor
ça de cones, cavaletes, viatura(s) etc., posicionados de deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos
forma a limitar ou impedir a passagem dos veículos em veículos que transitem em sentido contrário pela fai-
um ou ambos os sentidos. Pode ocorrer quando se dese- xa da via da qual vai sair, respeitadas as normas de
ja abordar algum veículo especificamente, que tenha preferência de passagem.
envolvimento em algum delito, em fiscalização de roti-
na ou em orientação de trânsito próxima a polos gera- Art. 215 Deixar de dar preferência de passagem:
dores de tráfego (acidentes, obras, eventos etc.). Veja que I - em interseção não sinalizada:
esta infração de “furar blitz” é gravíssima, mas não há a) a veículo que estiver circulando por rodovia ou
fator multiplicativo. No entanto, existe a penalidade de rotatória;
b) a veículo que vier da direita;
suspensão do direito de dirigir, além da multa, é claro.
II - nas interseções com sinalização de regulamen-
tação de Dê a Preferência:
Art. 211 Ultrapassar veículos em fila, parados em Infração - grave;
razão de sinal luminoso, cancela, bloqueio viário Penalidade - multa.
parcial ou qualquer outro obstáculo, com exceção
dos veículos não motorizados:
Conforme o art. 29, III do CTB, quando veículos,
Infração - grave;
Penalidade - multa.
transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem
de local não sinalizado, terá preferência de passagem:
no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodo-
Só pode ocorrer em vias com duas ou mais faixas
via, aquele que estiver circulando por ela; no caso de
em um mesmo sentido. Se for pela contramão é infra-
rotatória, aquele que estiver circulando por ela; nos
ção gravíssima (art. 203, IV)
demais casos, o que vier pela direita do condutor.
Art. 212 Deixar de parar o veículo antes de trans-
INFRAÇÕES DE DEIXAR DE DAR PREFERÊNCIA DE
por linha férrea: PASSAGEM
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa. SITUAÇÃO NATUREZA OBSERVAÇÃO
Pedestre ou veículo não
Gravíssima -
Conforme o art. 29, XII do CTB, os veículos que se motorizado na sua faixa
deslocam sobre trilhos terão preferência de passagem Pedestre na sua faixa, sem
sobre os demais, respeitadas as normas de circulação. concluir travessia (sinal verde Gravíssima -
para os veículos)
Art. 213 Deixar de parar o veículo sempre que a Deficientes, idosos, gestan-
respectiva marcha for interceptada: Gravíssima -
tes e crianças
I - por agrupamento de pessoas, como préstitos,
Pedestre sem faixa Grave -
passeatas, desfiles e outros:
Infração - gravíssima; Pedestre atravessando na
Grave -
Penalidade - multa. transversal
II - por agrupamento de veículos, como cortejos, Veículo em rotatória/rodovia Interseção não
Grave
formações militares e outros: e quem vier da direita sinalizada
Infração - grave; Veículo em sinalização (dê a Interseção
Penalidade - multa. Grave
preferência) sinalizada CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Deixar de parar, quando a marcha for intercepta-


da por agrupamento de pessoas é gravíssima, já se for Art. 216 Entrar ou sair de áreas lindeiras sem estar
adequadamente posicionado para ingresso na via e
agrupamento de veículos é grave.
sem as precauções com a segurança de pedestres e
de outros veículos:
Art. 214 Deixar de dar preferência de passagem a
Infração - média;
pedestre e a veículo não motorizado: Penalidade - multa.
I - que se encontre na faixa a ele destinada;
II - que não haja concluído a travessia mesmo que
Conforme o art. 36 do CTB, o condutor que for
ocorra sinal verde para o veículo;
III - portadores de deficiência física, crianças, ido-
ingressar numa via, procedente de um lote lindeiro a
sos e gestantes: essa via, deverá dar preferência aos veículos e pedes-
Infração - gravíssima; tres que por ela estejam transitando.
Penalidade - multa.
Art. 217 Entrar ou sair de fila de veículos estacio-
nados sem dar preferência de passagem a pedestres
Não existirá infração quando houver sinalização
e a outros veículos:
semafórica que indique sinal verde para o veículo,
Infração - média;
exceto se o pedestre já tiver iniciado a travessia, neste Penalidade - multa.
caso enquadrar no art. 214, IV. 71
Conforme o art. 38 do CTB, parágrafo único, duran- e da via (rodovias esburacadas). Tenha em mente que só
te a manobra de mudança de direção, o condutor poderá ser autuado o motorista que estiver na faixa da
deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos esquerda e retardando ou obstruindo o trânsito.
veículos que transitem em sentido contrário pela fai-
xa da via da qual vai sair, respeitadas as normas de Art. 220 Deixar de reduzir a velocidade do veículo
preferência de passagem. de forma compatível com a segurança do trânsito:
I - quando se aproximar de passeatas, aglomera-
Art. 218 Transitar em velocidade superior à máxi- ções, cortejos, préstitos e desfiles:
ma permitida para o local, medida por instrumento Infração - gravíssima;
ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito
Penalidade - multa;
rápido, vias arteriais e demais vias: (Redação dada
II - nos locais onde o trânsito esteja sendo controla-
pela Lei nº 11.334, de 2006)
I - quando a velocidade for superior à máxima em do pelo agente da autoridade de trânsito, mediante
até 20% (vinte por cento): (Redação dada pela Lei sinais sonoros ou gestos;
nº 11.334, de 2006) III - ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio)
Infração - média; (Redação dada pela Lei nº 11.334, ou acostamento;
de 2006) IV - ao aproximar-se de ou passar por interseção
Penalidade - multa; (Redação dada pela Lei nº não sinalizada;
11.334, de 2006) V - nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja
II - quando a velocidade for superior à máxima em cercada;
mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta VI - nos trechos em curva de pequeno raio;
por cento): (Redação dada pela Lei nº 11.334, de VII - ao aproximar-se de locais sinalizados com
2006) advertência de obras ou trabalhadores na pista;
Infração - grave;(Redação dada pela Lei nº 11.334,
VIII - sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes;
de 2006)
IX - quando houver má visibilidade;
Penalidade - multa; (Redação dada pela Lei nº
X - quando o pavimento se apresentar escorrega-
11.334, de 2006)
III - quando a velocidade for superior à máxima em dio, defeituoso ou avariado;
mais de 50% (cinquenta por cento): (Incluído pela XI - à aproximação de animais na pista;
Lei nº 11.334, de 2006) XII - em declive;
Infração - gravíssima; (Lei nº 14.071, de 2020) Infração - grave;
Penalidade - multa 3 (três) vezes e suspensão do Penalidade - multa;
direito de dirigir (Lei nº 14.071, de 2020) XIII - ao ultrapassar ciclista:( Lei n° 14071 de 2020)
XIV - nas proximidades de escolas, hospitais, esta-
Conforme o art. 43 do CTB, ao regular a velocidade, ções de embarque e desembarque de passageiros ou
o condutor deverá observar constantemente as condi- onde haja intensa movimentação de pedestres:
ções físicas da via, do veículo e da carga, as condições Infração - gravíssima;
meteorológicas e a intensidade do trânsito, obedecendo Penalidade - multa.
aos limites máximos de velocidade estabelecidos para
a via. A Resolução n° 798/20 do CONTRAN estabelece os Importante resumirmos as informações contidas
requisitos para a fiscalização de velocidade. Finalmen- neste artigo. Vejamos:
te, em 2020, retiraram a suspensão imediata do direito
de dirigir como penalidade. A suspensão continua, mas
INFRAÇÕES DE DEIXAR DE REDUZIR VELOCIDADE
não de forma imediata o que era um grande equívoco.
DE FORMA COMPATÍVEL
INFRAÇÕES DE TRANSITAR EM VELOCIDADE ACIMA DA SITUAÇÃO NATUREZA
PERMITIDA
Aproximar de passeatas, aglome-
Fator Multi-
Situação Natureza Penalidade rações, cortejos, préstitos e des- Gravíssima
plicativo
files e ao ultrapassar ciclista
Até 20% da
Média Não há Multa Escolas hospitais, estações de
máxima
embarque e desembarque de
Mais de 20% Gravíssima
Grave Não há Multa passageiros ou onde haja intensa
até 50% movimentação de pedestres
Multa + Local controlado por agente de
Mais de 50% Gravíssima 3x suspensão do
trânsito
direito de dirigir
Calçada - acostamento- in-
terseção não sinalizada- vias
Art. 219 Transitar com o veículo em velocidade infe- rurais (não cercada) - curva de
rior à metade da velocidade máxima estabelecida pequeno raio- local com obras e
para a via, retardando ou obstruindo o trânsito, a trabalhadores
menos que as condições de tráfego e meteorológicas Grave
não o permitam, salvo se estiver na faixa da direita: Chuva neblina, cerração ou ven-
Infração - média; tos fortes
Penalidade - multa. Local com má visibilidade - pavi-
mento se apresentar escorrega-
Já a Velocidade Mínima não poderá ser inferior à dio, defeituoso ou avariado
metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas
72 as condições operacionais de trânsito (engarrafamento) Animais na pista
Art. 221 Portar no veículo placas de identificação Art. 227 Usar buzina:
em desacordo com as especificações e modelos I - em situação que não a de simples toque breve
estabelecidos pelo CONTRAN: como advertência ao pedestre ou a condutores de
Infração - média; outros veículos;
Penalidade - multa; II - prolongada e sucessivamente a qualquer
Medida administrativa - retenção do veículo para pretexto;
regularização e apreensão das placas irregulares. III - entre as vinte e duas e as seis horas;
Parágrafo único. Incide na mesma penalidade aque- IV - em locais e horários proibidos pela sinalização;
le que confecciona, distribui ou coloca, em veículo V - em desacordo com os padrões e frequências
próprio ou de terceiros, placas de identificação não estabelecidas pelo CONTRAN:
autorizadas pela regulamentação.
Infração - leve;
Penalidade - multa.
Conforme Resolução n° 780/19, a nova placa
do MERCOSUL é o novo padrão de placas no Brasil.
Segundo a nova lei, a partir de 2021, não será mais Perceba que todas as infrações de buzina são de
pontuada no prontuário do proprietário. natureza leve. Lembrando que entre 22h e 6 h é proi-
bido acionamento de buzina em qualquer hipótese. E
Art. 222 Deixar de manter ligado, nas situações de outra: só buzine em toque breve, buzinas prolongadas
atendimento de emergência, o sistema de ilumina- servem apenas para causar perturbação.
ção vermelha intermitente dos veículos de polícia,
de socorro de incêndio e salvamento, de fiscalização Art. 228 Usar no veículo equipamento com som em
de trânsito e das ambulâncias, ainda que parados: volume ou frequência que não sejam autorizados
Infração - média; pelo CONTRAN:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 223 Transitar com o farol desregulado ou com Penalidade - multa;
o facho de luz alta de forma a perturbar a visão de Medida administrativa - retenção do veículo para
outro condutor: regularização.
Infração - grave;
Penalidade - multa;
A resolução n° 624/2016 passou a fazer nova regu-
Medida administrativa - retenção do veículo para
regularização. lamentação sobre o tema. Antes as multas dependiam
de um equipamento chamado decibelímetro, certifi-
Conforme o art. 40, II nas vias não iluminadas o cado pelo INMETRO. Com a nova resolução, a autua-
condutor deve usar luz alta, exceto ao cruzar com ção agora pode ser feita, “independente do volume ou
outro veículo ou ao segui-lo. frequência”, bastando que o volume do som perturbe
o sossego público. É importante, para que a infração se
Art. 224 Fazer uso do facho de luz alta dos faróis configure, que o som esteja realmente importunando
em vias providas de iluminação pública: alguém. Não basta que seja audível pela parte externa
Infração - leve; no veículo, apenas, pois isso dificilmente deixará de
Penalidade - multa. ocorrer, mesmo estando o som com volume normal.
Art. 225 Deixar de sinalizar a via, de forma a prevenir
os demais condutores e, à noite, não manter acesas
Art. 229 Usar indevidamente no veículo aparelho
as luzes externas ou omitir-se quanto a providências
de alarme ou que produza sons e ruído que pertur-
necessárias para tornar visível o local, quando:
bem o sossego público, em desacordo com normas
I - tiver de remover o veículo da pista de rolamento
fixadas pelo CONTRAN:
ou permanecer no acostamento;
II - a carga for derramada sobre a via e não puder Infração - média;
ser retirada imediatamente: Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Infração - grave; Medida administrativa - remoção do veículo.
Penalidade - multa.
Conforme o art. 2º da Resolução n° 37/98, o dispo-
Segundo o art. 1º da Resolução n° 36/98, o condu- sitivo sonoro do sistema, a que se refere o art. 1º desta
tor deve acionar de imediato as luzes de advertência Resolução, não poderá:
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

(pisca-alerta) providenciando a colocação do triângu-


lo de sinalização ou equipamento similar à distância z I: produzir sons contínuos ou intermitentes asse-
mínima de 30 metros da parte traseira do veículo. O melhados aos utilizados, privativamente, pelos
equipamento de sinalização de emergência deverá veículos de socorro de incêndio e salvamento, de
ser instalado perpendicularmente ao eixo da via, e em
polícia, de operação e fiscalização de trânsito e
condição de boa visibilidade.
ambulância;
Art. 226 Deixar de retirar todo e qualquer objeto z II: emitir sons contínuos ou intermitentes de adver-
que tenha sido utilizado para sinalização temporá- tência por um período superior a 1(um) minuto
ria da via:
Infração - média; Art. 230 Conduzir o veículo:
Penalidade - multa. I - com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa
ou qualquer outro elemento de identificação do veí-
Conforme o art. 26, I do CTB, os usuários das vias culo violado ou falsificado;
terrestres devem abster-se de todo ato que possa cons-
tituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, A Resolução n° 24/98 do CONTRAN estabelece o cri-
de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a tério de identificação de veículos, a que se refere o art.
propriedades públicas ou privadas; 114 do CTB 73
II - transportando passageiros em compartimento IX - sem equipamento obrigatório ou estando este
de carga, salvo por motivo de força maior, com per- ineficiente ou inoperante;
missão da autoridade competente e na forma esta- X - com equipamento obrigatório em desacordo
belecida pelo CONTRAN; com o estabelecido pelo CONTRAN;

A Resolução n° 508/14 do CONTRAN dispõe sobre Caso o mesmo veículo não possua dois ou mais equi-
os requisitos de segurança para a circulação, a título pamentos, ou apresente dois ou mais equipamentos ine-
precário, de veículo de carga ou misto transportando ficientes ou inoperantes, haverá somente uma autuação
passageiros no compartimento de cargas. Nessa reso- neste artigo. A resolução n° 14 de 1998 e alterações esta-
lução, por exemplo, está previsto que é proibido utili- belecem os equipamentos obrigatórios nos veículos.
zar veículos de carga tipo basculante e boiadeiro.
XI - com descarga livre ou silenciador de motor de
III - com dispositivo anti-radar; explosão defeituoso, deficiente ou inoperante;

O MBFT define antirradar como “equipamento ou Conforme o art. 105, V do CTB, o veículo deverá
dispositivo que dificulta a leitura da placa ou detecção possuir dispositivo destinado ao controle de emissão
do registro da velocidade do veículo pelo equipamen- de gases poluentes e de ruído. O problema da descarga
to de detecção eletrônica”. Ou seja, não precisa ser livre acontece quando ela funciona apenas por um cano
necessariamente um equipamento eletrônico. A Pro- e não tem nenhum abafador ou silenciador. Isso torna o
curadoria Regional da República da 4ª Região sustenta barulho do escapamento muito mais alto. Por exemplo,
que a palavra antirradar referida no CTB é polissêmi- alguns motociclistas costumam furar o escapamento ou
ca, ou seja, possui mais de um significado. Segundo a mesmo retirar o miolo do silenciador. Isso acarreta um
Procuradoria, o termo “pode ser aplicado tanto para aumento significativo do ronco do motor e da quantida-
aparelho que neutraliza e inibe a atuação de radares de de fumaça liberada. Os limites de emissão de ruído
controladores de velocidade, quanto para aparelho são os estabelecidos pela Resolução 418/09 do Conama.
que detecta a atuação dos referidos radares”.
XII - com equipamento ou acessório proibido;
IV - sem qualquer uma das placas de identificação;
Conforme o art., 105, § 2º, do CTB, nenhum veículo
Conforme o art. 115 do CTB, o veículo será identifica- poderá transitar com equipamento ou acessório proi-
do externamente por meio de placas dianteira e traseira, bido, sendo o infrator sujeito às penalidades e medidas
sendo esta lacrada em sua estrutura, obedecidas as espe- administrativas previstas neste Código. Por exemplo,
cificações e modelos estabelecidos pelo CONTRAN. Rodas, seus elementos de fixação e seus enfeites, não
devem ter partes cortantes ou elementos protuberantes.
V - que não esteja registrado e devidamente
(Res n° 426 de 2012). Alguns caminhoneiros, por exem-
licenciado;
plo, costumam colocar enfeites protuberantes e cortan-
tes nas rodas, sendo passível de autuação neste artigo.
A Resolução n° 04/98 do CONTRAN dispõe sobre o
trânsito de veículos novos nacionais ou importados, XIII - com o equipamento do sistema de iluminação
antes do registro e licenciamento (com alteração da e de sinalização alterados;
554/15). A Resolução n° 110/00, fixa o calendário para XIV - com registrador instantâneo inalterável de
renovação do Licenciamento Anual de Veículos, con- velocidade e tempo viciado ou defeituoso, quando
forme tabela abaixo, que deve ser utilizada para aque- houver exigência desse aparelho;
les veículos que estiverem transitando fora de sua UF
de origem, pois dentro da UF deve ser seguido o calen- Quando a agulha da velocidade não está efetuando o
dário fornecido pelo DETRAN estadual. registro no disco é um exemplo de defeito no tacógrafo.

VI - com qualquer uma das placas de identificação XV - com inscrições, adesivos, legendas e símbo-
sem condições de legibilidade e visibilidade: los de caráter publicitário afixados ou pintados no
Infração - gravíssima; para-brisa e em toda a extensão da parte traseira
Penalidade - multa e apreensão do veículo; do veículo, excetuadas as hipóteses previstas neste
Medida administrativa - remoção do veículo; Código;
VII - com a cor ou característica alterada;
Conforme o art. 111 do CTB, é vedado, nas áreas
Conforme o art. 98 do CTB, nenhum proprietário envidraçadas do veículo:
ou responsável poderá, sem prévia autorização da
autoridade competente, fazer ou ordenar que sejam III - aposição de inscrições, películas refletivas ou
feitas no veículo modificações de suas características não, painéis decorativos ou pinturas, quando com-
de fábrica. Segundo a Lei n° 14071 de 2020 não é pas- prometer a segurança do veículo, na forma de regu-
sível de pontuação na CNH esta infração. lamentação do CONTRAN.
Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição de
VIII - sem ter sido submetido à inspeção de seguran- cará - ter publicitário ou qualquer outra que possa
ça veicular, quando obrigatória; desviar a atenção dos condutores em toda a exten-
são do para-brisas e da traseira dos veículos, salvo
A resolução n° 718 estabelece a forma e as condi- se não colocar em risco a segurança do trânsito.
ções de implantação e operação do Programa de Ins-
peção Técnica Veicular em atendimento ao disposto Segundo o art. 9° da Res. 254/07, fora das áreas
no art. 104 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, envidraçadas indispensáveis à dirigibilidade do veí-
74 que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). culo, a aplicação de inscrições, pictogramas ou painéis
decorativos de qualquer espécie será permitida, desde XXI - de carga, com falta de inscrição da tara e
que o veículo possua espelhos retrovisores externos demais inscrições previstas neste Código;
direito e esquerdo e que sejam atendidas as mesmas
condições de transparência para o conjunto vidro- Conforme o art. 117 do CTB, os veículos de trans-
-pictograma/inscrição. Transmitância luminosa per- porte de carga e os coletivos de passageiros deverão
mitida fora das áreas envidraçadas indispensáveis à conter, em local facilmente visível, a inscrição indica-
dirigibilidade do veículo: no mínimo 28%; tiva de sua tara, do peso bruto total (PBT), do peso bru-
to total combinado (PBTC) ou capacidade máxima de
XVI - com vidros total ou parcialmente cobertos por tração (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em desa-
películas refletivas ou não, painéis decorativos ou cordo com sua classificação.
pinturas; A Resolução n° 290/08 disciplina a inscrição de pesos
e capacidades em veículos de tração, de carga e de trans-
A transmissão luminosa não poderá ser inferior porte coletivo de passageiros. Segundo a Lei n° 14071 de
a 75% para os vidros incolores dos para-brisas e 70% 2020 não é passível de pontuação na CNH esta infração.
para os para-brisas coloridos e demais vidros indispen-
sáveis à dirigibilidade do veículo. Ficam excluídos dos XXII - com defeito no sistema de iluminação, de
limites fixados no caput deste artigo os vidros que não sinalização ou com lâmpadas queimadas:
interferem nas áreas envidraçadas indispensáveis à Infração - média;
dirigibilidade do veículo. para estes vidros, a transpa- Penalidade - multa.
rência não poderá ser inferior a 28%. Lembre-se que
película refletiva não pode em nenhuma hipótese. O artigo não prevê retenção para regularização.
Mas, levando em conta que o sistema de iluminação
XVII - com cortinas ou persianas fechadas, não tem enorme relação com a segurança no trânsito, o
autorizadas pela legislação; agente fiscal deverá analisar caso a caso com prudên-
cia, antes de decidir liberar ou impedir o prossegui-
Conforme o art. 111, II do CTB, as cortinas só são mento do veículo, levando em conta a fase do dia, as
autorizadas para os veículos que possuam espelhos condições climáticas e de tráfego.
retrovisores em ambos os lados.
XXIII - em desacordo com as condições estabeleci-
XVIII - em mau estado de conservação, comprome- das no art. 67-C, relativamente ao tempo de perma-
tendo a segurança, ou reprovado na avaliação de nência do condutor ao volante e aos intervalos para
inspeção de segurança e de emissão de poluentes e descanso, quando se tratar de veículo de transpor-
ruído, prevista no art. 104; te de carga ou coletivo de passageiros: (Redação
dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
Conceituar um veículo em mau estado de conser- Infração - média; (Redação dada pela Lei nº 13.103,
de 2015)
vação é um pouco subjetivo. No entanto, os problemas
Penalidade - multa; (Redação dada pela Lei nº
apresentados devem representar risco à segurança do
13.103, de 2015)
trânsito. Exemplos: pneus carecas, para-brisas trinca- Medida administrativa - retenção do veículo
do, lataria desprendendo-se etc. para cumprimento do tempo de descanso aplicá-
A resolução n° 216 de 14 de dezembro de 2006, por vel. (Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
exemplo, fixa exigências sobre condições de seguran- XXIV- (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.619, de
ça e visibilidade dos condutores em para-brisas em 2012)
veículos automotores, para fins de circulação nas vias § 1° Se o condutor cometeu infração igual nos últi-
públicas. Nesta norma o para-brisas em desacordo mos 12 (doze) meses, será convertida, automati-
com a resolução é conceituado como veículo em mau camente, a penalidade disposta no inciso XXIII
estado de conservação. Portanto, o agente deve lavrar em infração grave. (Incluído pela Lei nº 13.103, de
o auto de infração com tipificação exata no inciso 2015)
XVIII do art. 230 do CTB. § 2° Em se tratando de condutor estrangeiro, a libe-
ração do veículo fica condicionada ao pagamento
ou ao depósito, judicial ou administrativo, da mul-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
XIX - sem acionar o limpador de para-brisa sob
chuva: ta. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
Infração - grave;
Penalidade - multa; Os artigos 67-A, 67-C e 67-E do CTB, alterados
Medida administrativa - retenção do veículo para pela Lei n° 13.103/15 (regulamentada pelo Decreto
regularização; 8.433/15) contém as regras para o tempo de direção
XX - sem portar a autorização para condução de e descanso dos motoristas dos veículos de transporte
escolares, na forma estabelecida no art. 136: rodoviário coletivo de passageiros e de carga.
Infração - gravíssima; A Resolução n° 525/15 do CONTRAN dispõe sobre
Penalidade - multa (cinco vezes) a fiscalização do tempo de direção do motorista pro-
Medida administrativa – remoção do veículo; fissional. É vedado ao motorista profissional dirigir
por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas nos
Segundo o art. 137 do CTB, a autorização a que se veículos de transporte rodoviário coletivo de passa-
refere o artigo anterior deverá ser afixada na parte geiros ou de transporte rodoviário de cargas.
interna do veículo, em local visível, com inscrição da
lotação permitida, sendo vedada a condução de esco- Art. 231 Transitar com o veículo:
lares em número superior à capacidade estabelecida I - danificando a via, suas instalações e
pelo fabricante. equipamentos; 75
II - derramando, lançando ou arrastando sobre a e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil qui-
via: logramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois reais e cin-
a) carga que esteja transportando; quenta e seis centavos); (Redação dada pela Lei nº
b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando; 13.281, de 2016) (Vigência)
c) qualquer objeto que possa acarretar risco de f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas)
acidente: - R$ 53,20 (cinquenta e três reais e vinte centa-
Infração - gravíssima; vos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa; (Vigência)
Medida administrativa - retenção do veículo para Medida administrativa - retenção do veículo e
regularização; transbordo da carga excedente;

A Resolução n° 441/13 (alterada pela 499/14) estipu- A Resolução nº 803, de 2020, regulamenta o assun-
la os requisitos para o transporte de qualquer tipo de to. Na fiscalização de peso dos veículos por balança
sólido a granel em vias abertas à circulação pública. rodoviária serão admitidas as seguintes tolerâncias:
Caso o veículo não esteja equipado com lona protetora, 5% (cinco por cento) sobre os limites de pesos regu-
prevista na Resolução n° 441/13, só poderá prosseguir lamentares para o peso bruto total (PBT) e peso bruto
após providenciar a colocação de uma lona. No trans- total combinado (PBTC) e 10% (dez por cento) sobre os
porte, de granéis, não se admite que a carga ultrapasse limites de peso regulamentares por eixo de veículos
a altura normal das guardas laterais da carroçaria. transmitidos à superfície das vias públicas.

III - produzindo fumaça, gases ou partículas em VI - em desacordo com a autorização especial,


níveis superiores aos fixados pelo CONTRAN; expedida pela autoridade competente para transi-
tar com dimensões excedentes, ou quando a mesma
A Resolução n° 452/13, complementada pela Porta- estiver vencida:
ria 38/14 do DENATRAN, dispõe sobre os procedimentos Infração - grave;
a serem adotados pelas autoridades de trânsito e seus Penalidade - multa e apreensão do veículo;
agentes na fiscalização das emissões de gases de escapa- Medida administrativa - remoção do veículo;
mento de veículos automotores de que trata o artigo 231,
III, do CTB. Não configura infração a substituição parcial Segundo o art. 101 do CTB, ao veículo ou combi-
ou total do sistema de escapamento original por outro nação de veículos utilizados no transporte de carga
similar, desde que respeitados os limites de emissões de indivisível, que não se enquadre nos limites de peso
gases e poluentes e seja certificado pelo INMETRO. e dimensões estabelecidos pelo CONTRAN, poderá ser
concedida, pela autoridade com circunscrição sobre
IV - com suas dimensões ou de sua carga superiores a via, autorização especial de trânsito, com prazo cer-
aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinali- to, válida para cada viagem, atendidas as medidas
zação, sem autorização: de segurança consideradas necessárias. Quando um
Infração - grave; veículo excede dimensões, deve-se expedir uma AET
Penalidade - multa; para que possa circular com excesso de dimensões.
Medida administrativa - retenção do veículo para
regularização; VII - com lotação excedente;

Conforme o art. 99 do CTB, somente poderá Segundo o art. 100 do CTB, nenhum veículo ou
transitar pelas vias terrestres o veículo cujo peso e combinação de veículos poderá transitar com lota-
dimensões atenderem aos limites estabelecidos pelo ção de passageiros, com peso bruto total, ou com peso
CONTRAN. A Resolução n° 210/06, estabelece os limi- bruto total combinado com peso por eixo, superior ao
tes de peso e dimensões para veículos que transitem fixado pelo fabricante, nem ultrapassar a capacidade
por vias terrestres e dá outras providências. máxima de tração da unidade tratora.

V - com excesso de peso, admitido percentual de VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas
tolerância quando aferido por equipamento, na for- ou bens, quando não for licenciado para esse fim,
ma a ser estabelecida pelo CONTRAN: salvo casos de força maior ou com permissão da
Infração - média; autoridade competente:
Penalidade - multa acrescida a cada duzentos qui- Infração - média;
logramas ou fração de excesso de peso apurado, Penalidade - multa;
constante na seguinte tabela: Medida administrativa - retenção do veículo;
a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32
(cinco reais e trinta e dois centavos); (Redação
Conforme o art. 135 do CTB, os veículos de aluguel,
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
destinados ao transporte individual ou coletivo de
b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos qui-
logramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro passageiros de linhas regulares ou empregados em
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de qualquer serviço remunerado, para registro, licencia-
2016) (Vigência) mento e respectivo emplacamento de característica
c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil quilo- comercial, deverão estar devidamente autorizados
gramas) - R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e oito pelo poder público concedente.
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
2016) (Vigência) IX - desligado ou desengrenado, em declive:
d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogra- Infração - média;
mas) - R$ 31,92 (trinta e um reais e noventa e dois Penalidade - multa;
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13. 281, de Medida administrativa - retenção do veículo.
76 2016) (Vigência) X - excedendo a capacidade máxima de tração:
Infração - de média a gravíssima, a depender da Penalidade - multa;
relação entre o excesso de peso apurado e a capaci- Medida administrativa - retenção do veículo para
dade máxima de tração, a ser regulamentada pelo transbordo.
CONTRAN;
Penalidade - multa; A Resolução n° 349/10 do CONTRAN dispõe sobre o
Medida administrativa - retenção do veículo e transporte eventual de cargas ou de bicicletas nos veí-
transbordo de carga excedente. culos classificados nas espécies automóvel, caminho-
Parágrafo único. Sem prejuízo das multas previstas nete, camioneta e utilitário. Entende-se como partes
nos incisos V e X, o veículo que transitar com exces- externas todo local que não seja o interior do habitá-
so de peso ou excedendo à capacidade máxima de
culo dos passageiros ou do compartimento de carga
tração, não computado o percentual tolerado na
forma do disposto na legislação, somente poderá
Art. 236 Rebocar outro veículo com cabo flexível ou
continuar viagem após descarregar o que exceder,
corda, salvo em casos de emergência:
segundo critérios estabelecidos na referida legisla-
Infração - média;
ção complementar.
Penalidade - multa.
Art. 232 Conduzir veículo sem os documentos de
porte obrigatório referidos neste Código:
Infração - leve; Se o reboque for feito de forma a evitar um mal
Penalidade - multa; maior, não configura infração. Por exemplo: veículo
Medida administrativa - retenção do veículo até a com pane mecânica sobre ponte ou viaduto ou em
apresentação do documento. local com acostamento estreito. Neste caso, o veículo
deverá ser imobilizado novamente no local mais pró-
Segundo a Resolução n° 205, os documentos de porte ximo que ofereça segurança, até que seja providencia-
obrigatório são: o CRLV/CLA, CNH, Autorização para Con- do um socorro adequado.
duzir Ciclomotor (ACC) e Permissão para dirigir (PPD), em
versões originais. No entanto o porte do CRLV foi mitiga- Art. 237 Transitar com o veículo em desacordo
do, não sendo obrigatório se o agente fiscalizador tiver com as especificações, e com falta de inscrição e
acesso ao sistema para consulta do licenciamento. simbologia necessárias à sua identificação, quando
Inclusive convém salientar que temos as suas versões exigidas pela legislação:
Infração - grave;
digitais, não sendo necessário o porte do documento físi-
Penalidade - multa;
co, quando portar o documento digital no aplicativo. É o
Medida administrativa - retenção do veículo para
que preconiza a Resolução do CONTRAN N° 718 (CNH)
regularização.
e N° 788 (CRLV). Para efeitos de conhecimento, os veí-
culos estrangeiros registrados nos países integrantes do
A Resolução n° 290/08 disciplina a inscrição de
MERCOSUL devem portar o Certificado de Apólice Única
pesos e capacidades em veículos de tração, de carga e
do Seguro de Responsabilidade Civil (Seguro “Carta- Ver-
de transporte coletivo de passageiros.
de”) quando transitarem nos países integrantes deste
tratado. É um documento de porte obrigatório.
Art. 238 Recusar-se a entregar à autoridade de
O presente seguro tem por objeto indenizar terceiros trânsito ou a seus agentes, mediante recibo, os
ou reembolsar o segurado pelos montantes pelos quais documentos de habilitação, de registro, de licen-
seja civilmente responsável (morte, danos pessoais e ciamento de veículo e outros exigidos por lei, para
despesas hospitalares). Segundo a Lei n° 14071 de 2020 averiguação de sua autenticidade:
não é passível de pontuação na CNH esta infração. Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Art. 233 Deixar de efetuar o registro de veículo no Medida administrativa - remoção do veículo.
prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de
trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no art. Esta infração se configura quando o condutor, de
123: forma intencional, procura colocar obstáculos à fis-
Infração - média; (Lei n° 14071 de 2020) calização, seja por ocupar cargo na administração
Penalidade - multa;
pública, ser membro de entidade de classe, ter posição
Medida administrativa - remoção do veículo.
social privilegiada, ou simplesmente para obter algum CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
tipo de vantagem ou evitar ser autuado por infração
Esta autuação é difícil aplicação e é de responsabi- existente. Nestes casos, devemos ter em mente que o
lidade do DETRAN estadual. Segundo a Lei n° 14071 de Agente de Trânsito, quando em efetivo serviço, repre-
2020 não é passível de pontuação na CNH esta infração. senta o Estado, e ninguém está acima das leis vigentes.
Art. 234 Falsificar ou adulterar documento de habi-
Art. 239 Retirar do local veículo legalmente retido
litação e de identificação do veículo: para regularização, sem permissão da autoridade
Infração - gravíssima; competente ou de seus agentes:
Penalidade - multa e apreensão do veículo; Infração - gravíssima;
Medida administrativa - remoção do veículo. Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.
A Resolução n° 598/16 regulamenta a expedição do Art. 240 Deixar o responsável de promover a baixa
documento único da CNH, com novo leiaute e requisi- do registro de veículo irrecuperável ou definitiva-
tos de segurança, a partir de 01/01/2017. mente desmontado:
Infração - grave;
Art. 235 Conduzir pessoas, animais ou carga nas Penalidade - multa;
partes externas do veículo, salvo nos casos devida- Medida administrativa - Recolhimento do Certifi-
mente autorizados: cado de Registro e do Certificado de Licenciamento
Infração - grave; Anual. 77
O proprietário de veículo irrecuperável, ou des- VI - rebocando outro veículo;
tinado à desmontagem, deverá requerer a baixa do VII - sem segurar o guidom com ambas as mãos,
registro, no prazo e forma estabelecidos pelo CON- salvo eventualmente para indicação de manobras;
TRAN, vedada a remontagem do veículo sobre o VIII – transportando carga incompatível com suas
mesmo chassi de forma a manter o registro anterior. especificações ou em desacordo com o previsto no
Segundo a lei n° 14071 de 2020 não é passível de pon- § 2o do art. 139-A desta Lei; (Redação dada pela Lei
tuação na CNH esta infração. nº 12.2009, de 2009)
IX – efetuando transporte remunerado de merca-
Art. 241 Deixar de atualizar o cadastro de registro dorias em desacordo com o previsto no art. 139-A
do veículo ou de habilitação do condutor: desta Lei ou com as normas que regem a atividade
Infração - leve; profissional dos mototaxistas: (Incluído pela Lei nº
Penalidade - multa. 12.2009, de 2009)
Infração – grave; (Incluído pela Lei nº 12.2009, de
A Resolução n° 544 /15 estabelece a classificação 2009)
Penalidade – multa; (Incluído pela Lei nº 12.2009,
de danos decorrentes de acidentes, os procedimentos
de 2009)
para a regularização, transferência e baixa dos veícu-
Medida administrativa – apreensão do veículo para
los envolvidos. Segundo a lei n° 14071 de 2020, não é
regularização. (Incluído pela Lei nº 12.2009, de
passível de pontuação na CNH esta infração.
2009)
X - com a utilização de capacete de segurança sem
Art. 242 Fazer falsa declaração de domicílio para
viseira ou óculos de proteção ou com viseira ou
fins de registro, licenciamento ou habilitação:
óculos de proteção em desacordo com a regulamen-
Infração - gravíssima;
tação do CONTRAN;
Penalidade - multa.
XI - transportando passageiro com o capacete de
segurança utilizado na forma prevista no inciso X
Conforme o art. 299 do CP, é crime de falsidade ideoló- do caput deste artigo:
gica omitir, em documento público ou particular, declara- Infração - média;
ção que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir Penalidade - multa;
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com Medida administrativa - retenção do veículo até
o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a regularização;
verdade sobre fato juridicamente relevante.
Vamos estudar agora as infrações dos veículos
Art. 243 Deixar a empresa seguradora de comu- categoria A:
nicar ao órgão executivo de trânsito competente a
ocorrência de perda total do veículo e de lhe devol-
ver as respectivas placas e documentos: INFRAÇÕES MOTOCICLETAS/MOTONETAS/
Infração - grave; CICLOMOTORES
Penalidade - multa;
SITUAÇÃO NATUREZA PENALIDADE
Medida administrativa - Recolhimento das placas e
dos documentos. Condutor -
Multa +
passageiro sem
Não há veículo relacionado. Infração de responsa- Gravíssima suspensão do
capacete vestuário
bilidade do promotor do evento. A autuação se dará direito de dirigir
de proteção
nos termos da Resolução n° 390/11, em talões ou siste-
mas específicos. Malabarismo ou Multa +
equilibrar-se em Gravíssima suspensão do
Art. 244 Conduzir motocicleta, motoneta e apenas uma roda direito de dirigir
ciclomotor:
Farol apagado
I - sem usar capacete de segurança ou vestuário de
(art. 250) - Lei Média Multa
acordo com as normas e as especificações aprova-
14071/20
das pelo CONTRAN; (lei n° 14071 de 2020)
II - transportando passageiro sem o capacete de Transportando
segurança, na forma estabelecida no inciso ante- criança menor Multa +
rior, ou fora do assento suplementar colocado atrás de 10 anos ou Gravíssima suspensão do
do condutor ou em carro lateral; que não cuida da direito de dirigir
III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se ape-
própria segurança
nas em uma roda;
IV – Vetado. (lei n° 14071 de 2020) Rebocando outro
V - transportando criança menor de 10 (dez) anos de Grave Multa
veículo
idade ou que não tenha, nas circunstâncias, condições
de cuidar da própria segurança: (lei n° 14071 de 2020) Guidom sem as 02
Grave Multa
Infração - gravíssima; mãos
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - retenção do veículo até Transportando
Grave Multa
regularização e recolhimento do documento de carga incompatível
habilitação; (lei n° 14071 de 2020)
Efetuando irregular
transporte
A Resolução n° 356/10 trata do transporte remune- Grave Multa
remunerado de
rado em motocicleta/motoneta. Veja que aqui ainda
mercadorias
78 há a penalidade de suspensão da CNH.
Capacete sem Art. 247 Deixar de conduzir pelo bordo da pista
de rolamento, em fila única, os veículos de tração
viseira ou óculos
ou propulsão humana e os de tração animal, sem-
de proteção ou
pre que não houver acostamento ou faixa a eles
viseira e óculos
Média Multa destinados:
em desacordo Infração - média;
com o CONTRAN Penalidade - multa.
(condutor e
passageiro) Conforme o art. 52 do CTB, os veículos de tração
animal serão conduzidos pela direita da pista, junto
§ 1º Para ciclos aplica-se o disposto nos incisos III, à guia da calçada (meio-fio) ou acostamento, sem-
VII e VIII, além de: pre que não houver faixa especial a eles destinada,
a) conduzir passageiro fora da garupa ou do assen- devendo seus condutores obedecer, no que couber, às
to especial a ele destinado; normas de circulação previstas neste Código e às que
b) transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias, vierem a ser fixadas pelo órgão ou entidade com cir-
salvo onde houver acostamento ou faixas de rola- cunscrição sobre a via.
mento próprias;
c) transportar crianças que não tenham, nas circuns- Art. 248 Transportar em veículo destinado ao
tâncias, condições de cuidar de sua própria segurança. transporte de passageiros carga excedente em
§ 2º Aplica-se aos ciclomotores o disposto na alínea desacordo com o estabelecido no art. 109:
b do parágrafo anterior: Infração - grave;
Infração - média; Penalidade - multa;
Penalidade - multa. Medida administrativa - retenção para o
Ciclomotores não podem trafegar em rodovias e transbordo.
vias de trânsito rápido.
§ 3o A restrição imposta pelo inciso VI do caput Segundo o art. 109 do CTB, o transporte de carga
deste artigo não se aplica às motocicletas e moto- em veículos destinados ao transporte de passageiros
netas que tracionem semi-reboques especialmente só pode ser realizado de acordo com as normas esta-
projetados para esse fim e devidamente homologa- belecidas pelo CONTRAN.
dos pelo órgão competente. (Incluído pela Lei nº Conforme a Resolução n° 26/98, o transporte de car-
10.517, de 2002)
ga em veículos destinados ao transporte de passageiros,
Art. 245 Utilizar a via para depósito de mercado-
do tipo ônibus, micro-ônibus, ou outras categorias, está
rias, materiais ou equipamentos, sem autorização
autorizado, desde que observadas as exigências desta
do órgão ou entidade de trânsito com circunscrição
sobre a via:
Resolução, bem como os regulamentos dos respectivos
Infração - grave; poderes concedentes dos serviços. A carga só poderá
Penalidade - multa; ser acomodada em compartimento próprio, separado
Medida administrativa - remoção da mercadoria dos passageiros, que no ônibus é o bagageiro.
ou do material.
Parágrafo único. A penalidade e a medida adminis- Art. 249 Deixar de manter acesas, à noite, as luzes
trativa incidirão sobre a pessoa física ou jurídica de posição, quando o veículo estiver parado, para
responsável. fins de embarque ou desembarque de passageiros e
carga ou descarga de mercadorias:
Não há um veículo relacionado. Infração de res- Infração - média;
Penalidade - multa.
ponsabilidade da pessoa física ou jurídica proprietá-
Art. 250 Quando o veículo estiver em movimento:
ria do estabelecimento ou do imóvel, conforme o caso.
I - deixar de manter acesa a luz baixa: (Lei n° 14071
de 2020)
Art. 246 Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à a) durante a noite;
livre circulação, à segurança de veículo e pedestres, b) de dia, em túneis e sob chuva, neblina ou
tanto no leito da via terrestre como na calçada, ou cerração;
obstaculizar a via indevidamente: c) de dia, no caso de veículos de transporte coletivo
Infração - gravíssima; de passageiros em circulação em faixas ou pistas a
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Penalidade - multa, agravada em até cinco vezes, a eles destinadas;


critério da autoridade de trânsito, conforme o risco d) de dia, no caso de motocicletas, motonetas e
à segurança. ciclomotores;
Parágrafo único. A penalidade será aplicada à pes- e) de dia, em rodovias de pista simples situadas
soa física ou jurídica responsável pela obstrução, fora dos perímetros urbanos, no caso de veículos
devendo a autoridade com circunscrição sobre a desprovidos de luzes de rodagem diurna;
via providenciar a sinalização de emergência, às II - revogado; (Lei n° 14071 de 2020)
expensas do responsável, ou, se possível, promover III - deixar de manter a placa traseira iluminada,
a desobstrução. à noite;
Infração - média;
Conforme o art. 94 do CTB, qualquer obstáculo que Penalidade - multa.
interfira na livre circulação e na segurança de veículos
e pedestres, tanto na via quanto na calçada, caso não Veja que foi retirado do CTB a obrigação de uso de
possa ser retirado, deve ser devida e imediatamente luz baixa nas rodovias, embora continue a obrigação
sinalizado. Segundo o art. 36 da LCP, é considerado fora de perímetro urbano em rodovia de pista sim-
contravenção deixar de colocar na via pública sinal ples. Perceba também que grande parte das infrações
ou obstáculo determinado em lei ou pela autoridade e de luzes são de natureza média. Excepcionam as luzes
destinado a evitar perigo a transeuntes altas usadas de forma a perturbar outros condutores 79
ou em via pública durante o dia. A infração da luz de Art. 253 Bloquear a via com veículo:
direção (seta) também não é média, e sim, grave. Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Art. 251 Utilizar as luzes do veículo: Medida administrativa - remoção do veículo.
I - o pisca-alerta, exceto em imobilizações ou situa- Art. 253-A Usar qualquer veículo para, deliberada-
ções de emergência; mente, interromper, restringir ou perturbar a circu-
II - baixa e alta de forma intermitente, exceto nas lação na via sem autorização do órgão ou entidade
seguintes situações: de trânsito com circunscrição sobre ela: (Incluído
a) a curtos intervalos, quando for conveniente pela Lei nº 13. 281, de 2016)
advertir a outro condutor que se tem o propósito Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.281,
de ultrapassá-lo; de 2016)
b) em imobilizações ou situação de emergência, Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão do
como advertência, utilizando pisca-alerta; direito de dirigir por 12 (doze) meses; (Incluído pela
c) quando a sinalização de regulamentação da via Lei nº 13.281, de 2016)
determinar o uso do pisca-alerta: Medida administrativa - remoção do veícu-
Infração - média; lo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa. § 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessen-
Art. 252 Dirigir o veículo: ta) vezes aos organizadores da conduta prevista
I - com o braço do lado de fora; no caput. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)
II - transportando pessoas, animais ou volume à §2º Aplica-se em dobro a multa em caso de reinci-
sua esquerda ou entre os braços e pernas; dência no período de 12 (doze) meses. (Incluído pela
III - com incapacidade física ou mental temporária Lei nº 13.281, de 2016)
que comprometa a segurança do trânsito; § 3º As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas
IV - usando calçado que não se firme nos pés ou que ou jurídicas que incorram na infração, devendo a
comprometa a utilização dos pedais; autoridade com circunscrição sobre a via restabe-
V - com apenas uma das mãos, exceto quando lecer de imediato, se possível, as condições de nor-
deva fazer sinais regulamentares de braço, mudar malidade para a circulação na via. (Incluído pela
a marcha do veículo, ou acionar equipamentos e Lei nº 13.281, de 2016)
acessórios do veículo;
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a Esta norma surgiu, coincidentemente, quando
aparelhagem sonora ou de telefone celular; houve uma paralisação de caminhoneiros que fecha-
Infração - média; ram as rodovias em alguns pontos do país. Perceba
Penalidade - multa. que a penalidade é pesada para os participantes e
VII - realizando a cobrança de tarifa com o veículo
ainda pior para os organizadores. Uma multa para os
em movimento: (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
organizadores, por exemplo, pode chegar a R$ 293,47
Infração - média; (Incluído pela Lei nº 13.154, de
2015)
x 60 = R$ 17.608,20. Se reincidir em 12 meses, dobra-se
Penalidade - multa. (Incluído pela Lei nº 13.154, de o valor. Isto sem contar a suspensão do direito de diri-
2015) gir por 12 meses.
Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V
caracterizar-se-á como infração gravíssima no Art. 254 É proibido ao pedestre:
caso de o condutor estar segurando ou manusean- I - permanecer ou andar nas pistas de rolamento,
do telefone celular. (Incluído pela Lei nº 13.281, de exceto para cruzá-las onde for permitido;
2016) II - cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pon-
tes, ou túneis, salvo onde exista permissão;
Conforme o art. 310 do CTB, constitui crime de III - atravessar a via dentro das áreas de cruzamen-
trânsito permitir, confiar ou entregar a direção de to, salvo quando houver sinalização para esse fim;
veículo automotor a pessoa não habilitada, com habi- IV - utilizar-se da via em agrupamentos capazes de
perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer
litação cassada ou com o direito de dirigir suspenso,
folguedo, esporte, desfiles e similares, salvo em
ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou
casos especiais e com a devida licença da autorida-
mental, ou por embriaguez, não esteja em condições
de competente;
de conduzi-lo com segurança. V - andar fora da faixa própria, passarela, passa-
O inciso III parece meio vago, mas podemos colo- gem aérea ou subterrânea;
car um condutor com braço engessado ou condutor VI - desobedecer à sinalização de trânsito específica;
febril e doente. Infração - leve;
No inciso IV podemos concluir que dirigir descal- Penalidade - multa, em 50% (cinquenta por cento)
ço não é infração e que usar um tamanco é completa- do valor da infração de natureza leve.
mente inapropriado.
Quanto ao inciso VI, segundo o MBFT, não haverá Pedestre também comete infração de trânsito. São
infração se apenas um dos fones estiver sendo utilizado. comportamentos que levam a uma infração de natu-
reza leve cujo valor da multa é 50 % da infração leve.

Importante! Art. 255 Conduzir bicicleta em passeios onde não


seja permitida a circulação desta, ou de forma
Na parte de infrações “anatômicas” houve
agressiva, em desacordo com o disposto no pará-
uma mudança: segurar ou manusear o celular, grafo único do art. 59:
enquanto dirigir um veículo é infração de nature- Infração - média;
za é gravíssima. O resto das infrações anatômi- Penalidade - multa;
cas (braços, ouvidos, pés, pernas) continuam de Medida administrativa - remoção da bicicleta,
80 natureza média. mediante recibo para o pagamento da multa.
Nessa situação, o condutor poderá ser multado e
EXERCÍCIOS COMENTADOS seu veículo, removido porque, segundo o art. 181
Inc II do CTB, se o veículo ficar afastado da guia
1. (CESPE - 2019) Márcio conduzia seu veículo auto- da calçada (meio-fio) de cinquenta centímetros a
motor produzindo fumaça em níveis superiores aos um metro é infração de natureza leve. Mais de um
legalmente permitidos. Nessa situação, conforme o
metro é infração grave. Resposta: Certo.
nível de fumaça exalada, a conduta de Márcio pode
configurar tanto infração administrativa como crime
5. (CESPE - 2019) O condutor de um veículo foi aborda-
de trânsito.
do por policial rodoviário federal depois de ultrapas-
sar outro veículo pelo acostamento. Nessa situação,
( ) CERTO ( ) ERRADO
o policial poderá multar o condutor, mas não poderá
reter nem remover o seu veículo.
É correta a afirmação que veículo produzindo fumaça,
gases ou partículas em níveis superiores aos fixados
( ) CERTO ( ) ERRADO
pelo CONTRAN é uma infração de natureza grave,
segundo o art. 231 Inc III do CTB, porém, essa conduta
não constitui crime de trânsito. Resposta: Errado. No tocante à infração, realmente não há previsão
de retenção ou remoção para quem ultrapassa pelo
2. (FUNDEP - 2020) Um motorista estacionou o seu veí- acostamento. No entanto, a banca foi infeliz ao afir-
culo sobre uma ciclofaixa. Por essa conduta, é correto mar que o policial poderia, naquela hipótese, multar
afirmar que o motorista está passível de sofrer qual(is) o infrator. Sabemos que o agente da autoridade de
sanção(ões)? trânsito, no caso, o policial, não pode aplicar pena-
lidade. As penalidades só podem ser impostas por
a) Ser multado, com uma infração grave, e ter o veículo autoridades de trânsito. Resposta: Questão anulada.
removido.
b) Ser multado, com uma infração média, e ter o veículo DAS PENALIDADES
apreendido.
c) Ser multado, com uma infração grave, e ter o veículo Penalidades
retido.
d) Ser multado, com uma infração média, apenas. Art. 256 A autoridade de trânsito, na esfera das
competências estabelecidas neste Código e dentro
Vejamos a lei: de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações
Art. 181. Estacionar o veículo: nele previstas, as seguintes penalidades:
VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedes- I - advertência por escrito;
II - multa;
tre, sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas,
III - suspensão do direito de dirigir;
refúgios, ao lado ou sobre canteiros centrais, diviso-
IV - apreensão do veículo; (Revogado pela Lei nº
res de pista de rolamento, marcas de canalização,
13.281, de 2016)
gramados ou jardim público:
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
Infração - grave; VI - cassação da Permissão para Dirigir;
Penalidade - multa; VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.
Medida administrativa - remoção do veículo; Res- § 1º A aplicação das penalidades previstas neste
posta: Letra A. Código não elide as punições originárias de ilícitos
penais decorrentes de crimes de trânsito, conforme
3. (CESPE - 2019) Dirigindo seu veículo automotor, Caio disposições de lei.
foi abordado por policial rodoviário federal, que cons- § 3º A imposição da penalidade será comunicada
tatou que a validade de sua carteira nacional de habili- aos órgãos ou entidades executivos de trânsito res-
tação estava vencida havia mais de trinta dias. Nessa ponsáveis pelo licenciamento do veículo e habilita-
situação, Caio será multado, sua carteira de habilita- ção do condutor.
ção será recolhida e seu veículo será removido.
Tema recorrente em provas. Lembre-se que apenas
( ) CERTO ( ) ERRADO as autoridades de trânsito são as competentes para
aplicar as penalidades. Jamais um agente de trânsito
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

CNH vencida há mais de 30 dias não é caso de remo- aplicará uma penalidade. Leve isto para a prova. Lem-
ção veicular e sim de retenção do veículo. Já o reco- brando que a punição da autoridade de trânsito não
lhimento da habilitação está correto. Vejamos a lei: elimina as punições das autoridades judiciárias por
Art. 162. Dirigir veículo: crime de trânsito. As imposições das penalidades são
V - com validade da Carteira Nacional de Habilita- comunicadas aos DETRANs para cadastro no RENA-
ção vencida há mais de trinta dias: CH e no RENAVAM. Lembrando que quem organiza e
Infração - gravíssima; mantem o RENACH e RENAVAM é o DENATRAN.
Penalidade - multa;
Medida administrativa - recolhimento da Carteira Responsabilidade pelas penalidades
Nacional de Habilitação e retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado; Resposta: Errado. Art. 257 As penalidades serão impostas ao condu-
tor, ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao
4. (CESPE - 2019) O condutor estacionou o seu veículo transportador, salvo os casos de descumprimento de
sem observar a distância máxima permitida de afasta- obrigações e deveres impostos a pessoas físicas ou
mento da guia da calçada. Nessa situação, o condutor jurídicas expressamente mencionados neste Código.
poderá ser multado e seu veículo, removido.
Podem ser penalizados: proprietários, condutores,
( ) CERTO ( ) ERRADO embarcadores e transportadores. 81
§ 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as penalidades de que trata este
Código toda vez que houver responsabilidade solidária em infração dos preceitos que lhes couber observar, respon-
dendo cada um de per si pela falta em comum que lhes for atribuída.

Encontramos por exemplo, na regular habilitação do condutor, o art. 162, que prevê penalidades ao condutor que
dirigir sem a regular habilitação e na sequência, pelos artigos 163 e 164, pune o proprietário, por permitir ou entregar,
conforme for o caso, a direção do veículo àquele condutor que não está regularmente habilitado.

§ 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à prévia regularização e preenchi-
mento das formalidades e condições exigidas para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação e inalterabi-
lidade de suas características, componentes, agregados, habilitação legal e compatível de seus condutores, quando
esta for exigida, e outras disposições que deva observar.

Veículo autuado por estar transitando sem estar devidamente licenciado (com débitos de anos anteriores referentes
às taxas de licenciamento e/ou seguro obrigatório). Esta multa será de responsabilidade do proprietário.

§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção do veículo.

Numa ultrapassagem em faixa contínua, seria uma infração de conduta, nesse caso, o responsável é o condu-
tor. De outro modo, se o veículo está com os pneus sem condições de uso, lisos ou “carecas”, o responsável pela
infração é o proprietário do veículo.

§ 4º O embarcador é responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou no
peso bruto total, quando simultaneamente for o único remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatura
ou manifesto for inferior àquele aferido.

Se o embarcador é o único remetente da carga ele sabe o quanto esta carga pesa e se declarar o peso à menor
no documento de embarque, está encobrindo do transportador a verdade sobre o peso e por isso deve ser o único
responsável pela infração de excesso, pois certamente o transportador não aceitaria transportar esta carga com
excesso.

§ 5º O transportador é o responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou
quando a carga proveniente de mais de um embarcador ultrapassar o peso bruto total.
§ 6º O transportador e o embarcador são solidariamente responsáveis pela infração relativa ao excesso de peso bruto
total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for superior ao limite legal.

Os embarcadores não têm como saber se a soma da carga com a do outro embarcador ultrapassará o limite
de peso permitido para aquele veículo, mas o transportador que permite o embarque de todas as cargas tem esta
possibilidade. Portanto, o transportador sabe o quanto de carga já embarcou no veículo e se soma das cargas
ultrapassará o limite de PBT/PBTC ou se estas cargas estão bem distribuídas no veículo afim de evitar excesso de
peso por eixo.
O legislador asseverou um rol de responsabilidade para cada indivíduo. Como de costume fiz um resumo para
você memorizar:

RESPONSÁVEL RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

Prévia regularização e preenchimento das formalidades


e condições exigidas para o trânsito do veículo na
Proprietário via terrestre, conservação e inalterabilidade de suas É possível, respondendo cada um de per si
características, componentes, agregados, habilitação pela falta em comum que lhes for atribuída.
legal e compatível de seus condutores

Condutor Atos praticados na direção do veículo.

Responsável pela infração relativa ao transporte de carga


com excesso de peso nos eixos ou no peso bruto total,
Embarcador (dono da
quando simultaneamente for o único remetente da carga São solidariamente responsáveis pela
mercadoria)
e o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for infração relativa ao excesso de peso bruto
inferior àquele aferido total, se o peso declarado na nota fiscal,
Responsável pela infração relativa ao transporte de fatura ou manifesto for superior ao limite
Transportador (dono do carga com excesso de peso nos eixos ou quando a carga legal.
caminhão) proveniente de mais de um embarcador ultrapassar o
peso bruto total.

§ 7º Quando não for imediata a identificação do infrator, o principal condutor ou o proprietário do veículo terá o
prazo de 30 (trinta) dias, contado da notificação da autuação, para apresentá-lo, na forma em que dispuser o CON-
TRAN, e, transcorrido o prazo, se não o fizer, será considerado responsável pela infração o principal condutor ou,
82 em sua ausência, o proprietário do veículo. (lei n° 14071/20)
Mais um prazo para guardar: 30 dias para identi- III - média - quatro pontos;
ficação de condutor nas autuações sem abordagem. IV - leve - três pontos.
Caso não haja identificação, o proprietário será consi-
derado responsável. Confira o resumo dessas infrações:

§ 8º Após o prazo previsto no parágrafo anterior, NATUREZA DA PONTOS NA


não havendo identificação do infrator e sendo o veí- VALOR
INFRAÇÃO CNH
culo de propriedade de pessoa jurídica, será lavra-
da nova multa ao proprietário do veículo, mantida Gravíssima 07 R$ 293,47
a originada pela infração, cujo valor é o da multa Grave 05 R$ 195,23
multiplicada pelo número de infrações iguais come-
tidas no período de doze meses. Média 04 R$ 130,16
Leve 03 R$ 88,38
Essa situação é regulada pela Resolução n° 710/2017.
Se o proprietário for uma empresa, por exemplo, e não
§ 4º Ao condutor identificado será atribuída pon-
indicar o condutor, o valor da multa será maior que o da
tuação pelas infrações de sua responsabilidade, nos
infração cometida. Caso o condutor não seja identificado termos previstos no § 3º do art. 257 deste Código,
pela empresa, além da multa original, a pessoa jurídica exceto aquelas: (lei n° 14071/20)
recebe a multa NIC (não indicação do condutor). I - praticadas por passageiros usuários do serviço
Com base nessa nova resolução, não será necessá- de transporte rodoviário de passageiros em viagens
ria a expedição de nova infração ou notificação para de longa distância transitando em rodovias com a
a aplicação da penalidade extra. Exemplo: Um veículo utilização de ônibus, em linhas regulares intermu-
de uma pessoa jurídica avança o sinal vermelho do nicipal, interestadual, internacional e aquelas em
semáforo (art. 208 CTB - infração gravíssima – 7 pon- viagem de longa distância por fretamento e turismo
tos – R$ 293,47) e não identifica o condutor infrator. O ou de qualquer modalidade, excluídas as situações
valor da multa será de: regulamentadas pelo CONTRAN conforme disposto
no art. 65 deste Código; (lei n° 14071/20)
z Primeira: Avanço de sinal vermelho=R$ 293,47. II - previstas no art. 221, nos incisos VII e XXI do
z Acréscimo de R$ 293,47, por não ter identificado art. 230 e nos arts. 232, 233, 233-A, 240 e 241 deste
o condutor. (hipótese de ser a primeira multa de Código, sem prejuízo da aplicação das penalidades e
avanço de semáforo nos últimos 12 meses) medidas administrativas cabíveis; (lei n° 14071/20)
z R$ 293,47 (1º multa) + R$ 293,47 (acréscimo por não III - puníveis de forma específica com suspensão do
indicar o condutor) = R$ 586,94 (total a ser pago) direito de dirigir. (lei n° 14071/20)

§ 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o Aqui há exceções: motoristas de ônibus de trans-
exime do disposto no § 3º do art. 258 e no art. 259. porte rodoviário de passageiros de longa distância
§ 10. O proprietário poderá indicar ao órgão exe- (linha intermunicipal, interestadual e internacional)
cutivo de trânsito o principal condutor do veículo, não será atribuída pontuação de infração cometida
o qual, após aceitar a indicação, terá seu nome ins- por passageiros, exceto a de cinto de segurança.
crito em campo próprio do cadastro do veículo no Com a nova lei, portar no veículo placas de identi-
Renavam. (Lei N° 13495 de 2017) ficação em desacordo com as especificações e modelos
§ 11. O principal condutor será excluído do Rena- estabelecidos pelo CONTRAN, trafegar com a cor ou
vam: (Lei N° 13495 de 2017) característica alterada. Transitar com veículo de car-
I - quando houver transferência de propriedade do
ga, com falta de inscrição da tara e demais inscrições,
veículo;
dirigir veículo sem documentos de porte obrigatório,
II - mediante requerimento próprio ou do proprie-
tário do veículo; deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de
III - a partir da indicação de outro principal trinta dias, deixar o responsável de promover a bai-
condutor.” xa do registro de veículo irrecuperável ou definitiva-
Art. 258. As infrações punidas com multa classifi- mente desmontado e deixar de atualizar o cadastro de
cam-se, de acordo com sua gravidade, em quatro registro do veículo ou de habilitação do condutor não CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
categorias: são passíveis de pontuação.
I - infração de natureza gravíssima, punida com As infrações que possuem suspensão como penali-
multa no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa dade também não atribuem pontuação porque já pos-
e três reais e quarenta e sete centavos); (Redação suem um processo de suspensão a ser iniciado, não
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) valendo como critério para somatório de pontos.
II - infração de natureza grave, punida com multa
no valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais Art. 260 As multas serão impostas e arrecadadas
e vinte e três centavos); (Redação dada pela Lei nº pelo órgão ou entidade de trânsito com circuns-
13.281, de 2016)
crição sobre a via onde haja ocorrido a infração,
III - infração de natureza média, punida com multa
de acordo com a competência estabelecida neste
no valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis
Código.
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
IV - infração de natureza leve, punida com multa no
valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito Se uma infração foi cometida em uma rodovia fede-
centavos). (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) ral, o órgão responsável para autuar e recolher o valor
Art. 259. A cada infração cometida são computa- correspondente da multa é a Polícia Rodoviária Fede-
dos os seguintes números de pontos: ral. Se foi em uma rodovia estadual, caberá ao DETRAN
I - gravíssima - sete pontos; daquela UF aplicar e arrecadar o valor da multa, se a
II - grave - cinco pontos; Polícia Militar Rodoviária daquele estado não o fizer. 83
Se a infração foi constatada em um município e no dispositivo infracional, e, no caso de reincidên-
este estiver com seu trânsito municipalizado conforme cia no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18
preconiza a lei, então quem autuará e arrecadará os (dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso II
valores referentes a determinadas multas (as multas do art. 263. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
por infrações de circulação, estacionamento, parada, § 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de diri-
excesso de peso, dimensões e lotação e, ainda, as come- gir, a Carteira Nacional de Habilitação será devol-
tidas por veículos de tração animal, propulsão humana vida a seu titular imediatamente após cumprida a
ou ciclomotores) é o órgão municipal de trânsito. penalidade e o curso de reciclagem.
Mas pelo fato de muitos municípios ainda não § 3º A imposição da penalidade de suspensão do direito
terem municipalizado seu trânsito, quem acaba de dirigir elimina a quantidade de pontos computados,
fazendo a fiscalização, com as respectivas autuações prevista no inciso I do caput ou no § 5º deste artigo,
é a Polícia Militar, e por conta disso, quem acaba pro- para fins de contagem subsequente. (lei n° 14071/20)
videnciando a autuação e arrecadação é o DETRAN do § 5º No caso do condutor que exerce atividade remu-
estado. Cabe sempre ao DETRAN as multas relaciona- nerada ao veículo, a penalidade de suspensão do
das ao registro e licenciamento do veículo e aquelas direito de dirigir de que trata o caput deste artigo
referentes à habilitação do condutor. será imposta quando o infrator atingir o limite de
pontos previsto na alínea c do inciso I do caput des-
§ 1º As multas decorrentes de infração cometida em te artigo, independentemente da natureza das infra-
unidade da Federação diversa da do licenciamento ções cometidas, facultado a ele participar de curso
do veículo serão arrecadadas e compensadas na preventivo de reciclagem sempre que, no período de
forma estabelecida pelo CONTRAN. 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta) pontos, conforme
regulamentação do CONTRAN. (lei n° 14071/20)
O CONTRAN regulamentou por meio da resolução
155/04 os procedimentos relacionados ao registro das Temos aqui um novo instituto no CTB: curso pre-
infrações cometidas em todo território nacional. ventivo de reciclagem. Para instauração do processo
definido no caput, o condutor que, no período de 12
§ 2º As multas decorrentes de infração cometida (doze) meses, for autuado por infrações cuja soma dos
em unidade da Federação diversa daquela do licen- pontos atinja 30 (trinta) pontos, poderá requerer jun-
ciamento do veículo poderão ser comunicadas ao to ao órgão de registro do documento de habilitação a
órgão ou entidade responsável pelo seu licencia- participação no curso preventivo de reciclagem. Para
mento, que providenciará a notificação.
condutores que exerçam atividade remunerada a con-
tagem de pontos para iniciar um processo de suspen-
Os convênios realizados entre os órgãos das diversas
são da CNH é sempre 40 pontos.
unidades da federação definirão se as notificações e a
arrecadação será feita pelo órgão autuador ou pelo órgão
§ 6o Concluído o curso de reciclagem previsto no
do estado de registro, seja do veículo ou do condutor.
§ 5o, o condutor terá eliminados os pontos que lhe
tiverem sido atribuídos, para fins de contagem sub-
§ 4º Quando a infração for cometida com veículo
sequente. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
licenciado no exterior, em trânsito no território
§ 7o Após o término do curso de reciclagem, na for-
nacional, a multa respectiva deverá ser paga antes
ma do § 5o, o condutor não poderá ser novamente
de sua saída do País, respeitado o princípio de
convocado antes de transcorrido o período de um
reciprocidade.
ano. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 8o A pessoa jurídica concessionária ou permissio-
Hipóteses de Suspensão da CNH nária de serviço público tem o direito de ser infor-
mada dos pontos atribuídos, na forma do art. 259,
Art. 261 A penalidade de suspensão do direito de aos motoristas que integrem seu quadro funcional,
dirigir será imposta nos seguintes casos: (Reda- exercendo atividade remunerada ao volante, na
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) forma que dispuser o CONTRAN. (Incluído pela Lei
I - sempre que, conforme a pontuação prevista no nº 13.154, de 2015)
art. 259 deste Código, o infrator atingir, no período
de 12 (doze) meses, a seguinte contagem de pontos: Se usufruir do curso preventivo de reciclagem
(lei n° 14071/20)
não poderá lançar mão desse artifício no prazo de 12
a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou mais
meses. O parágrafo § 8o foi cobrado na prova da PRF
infrações gravíssimas na pontuação;
em 2019. O parágrafo serve para autorizar os órgãos de
b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma) infração
gravíssima na pontuação; trânsito responsáveis pelo registro de habilitação dos
c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste nenhuma condutores a fornecerem os dados relativos a pontua-
infração gravíssima na pontuação; ção atribuída, por infrações cometidas dos motoristas
II - por transgressão às normas estabelecidas neste pertencente aos quadros dessas pessoas jurídicas.
Código, cujas infrações preveem, de forma especí-
fica, a penalidade de suspensão do direito de diri- § 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do
gir. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) art. 162 o condutor que, notificado da penalidade de
§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de sus- que trata este artigo, dirigir veículo automotor em
pensão do direito de dirigir são os seguintes: (Reda- via pública. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) § 10. O processo de suspensão do direito de diri-
I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a gir a que se refere o inciso II do caput deste artigo
1 (um) ano e, no caso de reincidência no período de deverá ser instaurado concomitantemente ao pro-
12 (doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos; cesso de aplicação da penalidade de multa, e ambos
(Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) serão de competência do órgão ou entidade respon-
II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) sável pela aplicação da multa, na forma definida
84 meses, exceto para as infrações com prazo descrito pelo CONTRAN. (lei n° 14071/20)
§ 11. O CONTRAN regulamentará as disposições Art. 266 Quando o infrator cometer, simultanea-
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) mente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplica-
das, cumulativamente, as respectivas penalidades.
Hipóteses de Cassação da CNH
Artigo auto explicativo, porém que vale a pena ter
Art. 263 A cassação do documento de habilitação em mente.
dar-se-á:
I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator Advertência por escrito
conduzir qualquer veículo;
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, Art. 267 Deverá ser imposta a penalidade de adver-
das infrações previstas no inciso III do art. 162 e tência por escrito à infração de natureza leve ou
nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175; média, passível de ser punida com multa, caso o
infrator não tenha cometido nenhuma outra infra-
III - quando condenado judicialmente por delito de
ção nos últimos 12 (doze) meses. (lei n° 14071/20)
trânsito, observado o disposto no art. 160.
§ 1º Constatada, em processo administrativo, a
A advertência por escrito é uma penalidade pecu-
irregularidade na expedição do documento de habi-
liar e pouco conhecida. Antigamente, a autoridade de
litação, a autoridade expedidora promoverá o seu
trânsito poderia impor (de ofício ou a pedido) a Adver-
cancelamento.
tência por Escrito em substituição à multa de forma
§ 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira
discricionária. No entanto, agora é obrigação da autori-
Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer
dade de trânsito, impor a advertência por escrito caso o
sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames
condutor não tenha cometido nenhuma outra infração
necessários à habilitação, na forma estabelecida
nos últimos 12 meses. Lembrando que tem que ser de
pelo CONTRAN.
natureza leve ou média a infração cometida.
A cassação é a pior penalidade que uma autoridade
Curso de Reciclagem
de trânsito pode impor a um motorista. Significa a per-
da da CNH, obrigando o condutor a reiniciar o processo Art. 268 O infrator será submetido a cur-
de habilitação que só poderá ocorrer após 2 (dois) anos. so de reciclagem, na forma estabelecida pelo
Saber as hipóteses de cassação da CNH é fundamental. CONTRAN:
I - quando, sendo contumaz, for necessário à sua
HIPÓTESES DE CASSAÇÃO reeducação; (lei n° 14071/20)
Dirigir com CNH/PPD de categoria II - quando suspenso do direito de dirigir;
III - quando se envolver em acidente grave para o
Art. 162, III diferente da do veículo (reincidência em
qual haja contribuído, independentemente de pro-
12 meses)
cesso judicial;
Permitir/Entregar veículo a condutor sem IV - quando condenado judicialmente por delito de
CNH, suspenso, cassado, de categoria trânsito;
Art. 163 e diferente da do veículo, com CNH vencida V - a qualquer tempo, se for constatado que o con-
164 há mais de 30 dias ou sem as devidas dutor está colocando em risco a segurança do
lentes corretivas trânsito;
(Reincidência em 12 meses). VI - em outras situações a serem definidas pelo
CONTRAN. (lei n° 14071/20)
Dirigir sob a influência de álcool ou de
qualquer outra substância psicoativa que
Art. 165 O curso de reciclagem é uma penalidade imposta,
determine dependência (reincidência em
precipuamente, a condutores suspensos. Entretanto,
12 meses).
há outras situações em que pode ser imposto o curso
Disputar corrida, participar ou de reciclagem no CTB. O curso de reciclagem é regula-
Art. promover eventos automobilísticos não do pela resolução n° 285/2008.
173,174 e organizados; Demonstração de perícia e
175 manobra perigosa. (Reincidência em 12 Art. 268-A Fica criado o Registro Nacional Posi-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
meses). tivo de Condutores (RNPC), administrado pelo
órgão máximo executivo de trânsito da União, com
a finalidade de cadastrar os condutores que não
Além disso, também pode acarretar cassação da cometeram infração de trânsito sujeita à pontua-
CNH: dirigir suspenso e dirigir quando condenado ção prevista no art. 259 deste Código, nos últimos
judicialmente por delito de trânsito. 12 (doze) meses, conforme regulamentação do
CONTRAN.
Art. 265 As penalidades de suspensão do direito § 1º RNPC deverá ser atualizado mensalmente.
de dirigir e de cassação do documento de habili- § 2º A abertura de cadastro requer autorização pré-
tação serão aplicadas por decisão fundamentada via e expressa do potencial cadastrado.
da autoridade de trânsito competente, em proces- § 3º Após a abertura do cadastro, a anotação de
so administrativo, assegurado ao infrator amplo informação no RNPC independe de autorização e de
direito de defesa. comunicação ao cadastrado.
§ 4º A exclusão do RNPC dar-se-á:
I - por solicitação do cadastrado;
Como é sabido, ninguém é penalizado sem o amplo II - quando for atribuída ao cadastrado pontuação
direito de defesa. No CTB, a autoridade de trânsito por infração;
assegurará o direito de defesa aos infratores para que III - quando o cadastrado tiver o direito de dirigir
possam se justificar. suspenso; 85
IV - quando a Carteira Nacional de Habilitação do ( ) Cassação da Carteira Nacional de Habilitação. A
cadastrado estiver cassada ou com validade venci- sequência está correta em
da há mais de 30 (trinta) dias;
V - quando o cadastrado estiver cumprindo pena a) V, F, V, V.
privativa de liberdade. b) V, F, F, V.
§ 5º A consulta ao RNPC é garantida a todos os cida- c) V, F, V, F.
dãos, nos termos da regulamentação do CONTRAN. d) F, V, F, V
§ 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão utilizar o RNPC para conce- Vejamos a lei:
der benefícios fiscais ou tarifários aos condutores Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das
cadastrados, na forma da legislação específica de competências estabelecidas neste Código e dentro
cada ente da Federação.” de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações
nele previstas, as seguintes penalidades:
O Registro Nacional Positivo de Condutores (RNPC), I - advertência por escrito;
administrado pelo DENATRAN serve para estimular os II - multa;
condutores a não praticar infrações, dando-lhe benefí- III - suspensão do direito de dirigir;
cios fiscais ou tarifários aos condutores cadastrados, na V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
forma da legislação específica de cada ente da Federação. VI - cassação da Permissão para Dirigir;
VII - freqüência obrigatória em curso de recicla-
gem. Resposta: Letra A.

EXERCÍCIOS COMENTADOS 4. (SERCTAM - 2016) Qual das penalidades abaixo não


recai sobre o motorista que dirigir sob efeito de álcool
ou qualquer outra substância psicoativa que determi-
1. (CESPE - 2019) Para que uma concessionária de ser-
ne dependência?
viço público de transporte de passageiros conheça
a pontuação de infrações atribuída a um motorista
a) Retenção do veículo.
de seu quadro funcional, que, no exercício da ativi-
b) Recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação.
dade remunerada ao volante, tenha tido seu direito
c) Suspensão do direito de dirigir.
de dirigir suspenso, ela deve ter autorização do res-
d) Cassação da Carteira Nacional de Habilitação.
pectivo empregado, uma vez que essa informação é
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
personalíssima.
Perceba que a cassação não é uma penalidade pre-
( ) CERTO ( ) ERRADO
vista para quem bebe e dirige. Vejamos a lei:
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de
As empresas de transportes coletivos de passageiros
qualquer outra substância psicoativa que determi-
que contratam motoristas profissionais possuem o
ne dependência
direito de estarem a par da situação dos seus con- Infração - gravíssima;
dutores no tocante ao prontuário de infrações. Veja- Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direi-
mos a lei: to de dirigir por 12 (doze) meses.
Art. 261 § 8o A pessoa jurídica concessionária ou Medida administrativa - recolhimento do documento
permissionária de serviço público tem o direito de ser de habilitação e retenção do veículo. Resposta: Letra D.
informada dos pontos atribuídos, na forma do art.
259, aos motoristas que integrem seu quadro funcio- 5. (IADES - 2015) Considerando que a aplicação de
nal, exercendo atividade remunerada ao volante, na penalidades está prevista no Código de Trânsito Bra-
forma que dispuser o CONTRAN. Resposta: Errado. sileiro, assinale a alternativa correta.

2. (CESPE – 2019) A autoridade de trânsito, na esfera de a) Ao infrator são computados dois pontos para multa de
suas atribuições, poderá aplicar, quando cabível, pena- natureza leve.
lidade consistente na frequência obrigatória em curso b) A advertência por escrito não é considerada penalida-
de reciclagem, sem prejuízo das punições originárias de por possuir caráter educativo.
de ilícitos penais decorrentes de crimes de trânsito. c) Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infra-
ções decorrentes de atos praticados na direção do
( ) CERTO ( ) ERRADO veículo.
d) Ao infrator são computados seis pontos para multa de
Vimos que o curso de reciclagem é uma penalidade natureza grave.
prevista no artigo 256 do CTB. Resposta: Certo. e) A frequência obrigatória em curso de reciclagem não é
considerada penalidade por possuir caráter educativo.
3. (CONSULPLAN - 2017) Segundo o CTB, a autoridade
de trânsito, na esfera das competências estabelecidas Letra A: Errada. Infração de natureza leve são 03
por esse Código e dentro de sua circunscrição, deverá pontos. (Art 256 do CTB)
aplicar, às infrações nele previstas, certas penalida- Letra B: Errada. A advertência por escrito é conside-
des. Acerca dessas penalidades, marque V para as rada penalidade, sim! (Art 259 do CTB)
verdadeiras e F para as falsas. Letra C: Certa. Ao condutor caberá a responsabili-
dade pelas infrações decorrentes de atos praticados
( ) Multa. na direção do veículo. (Art 257 § 3º do CTB)
( ) Advertência verbal. Letra D: Errada. Infração de natureza grave são 05
86 ( ) Suspensão do direito de dirigir. pontos. (Art 256 do CTB)
Letra E: Errada. A frequência obrigatória em curso § 5º No caso de documentos em meio digital, as
de reciclagem é considerada penalidade. (Art 259 do medidas administrativas previstas nos incisos III,
CTB) Resposta: Letra C. IV, V e VI do caput deste artigo serão realizadas por
meio de registro no Renach ou Renavam, conforme
DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS o caso, na forma estabelecida pelo CONTRAN. (Lei
n° 14071 de 2020)
Quais são as medidas administrativas?
Em caso de recolhimento da CNH, PPD, CRLV e CRV
Art. 269 A autoridade de trânsito ou seus agentes, digitais, haverá a necessidade de registro no Renach e
na esfera das competências estabelecidas neste Renavam, tendo em vista a impossibilidade de reco-
Código e dentro de sua circunscrição, deverá ado- lhimento físico digital.
tar as seguintes medidas administrativas:
I - retenção do veículo; Retenção do veículo
II - remoção do veículo;
III - recolhimento da Carteira Nacional de Art. 270 O veículo poderá ser retido nos casos
Habilitação; expressos neste Código.
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir; § 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no
V - recolhimento do Certificado de Registro; local da infração, o veículo será liberado tão logo
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento seja regularizada a situação.
Anual; § 2º Quando não for possível sanar a falha no local
VII - (VETADO) da infração, o veículo, desde que ofereça condições
VIII - transbordo do excesso de carga; de segurança para circulação, deverá ser liberado
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia e entregue a condutor regularmente habilitado,
ou perícia de substância entorpecente ou que deter- mediante recolhimento do Certificado de Licen-
mine dependência física ou psíquica; ciamento Anual, contra apresentação de recibo,
X - recolhimento de animais que se encontrem sol- assinalando-se ao condutor prazo razoável, não
tos nas vias e na faixa de domínio das vias de circu- superior a 30 (trinta) dias, para regularizar a situa-
lação, restituindo-os aos seus proprietários, após o ção, e será considerado notificado para essa finali-
pagamento de multas e encargos devidos. dade na mesma ocasião. (lei n° 14071 de 2020)
XI - realização de exames de aptidão física, mental,
de legislação, de prática de primeiros socorros e de A retenção do veículo poderá ser feita diante de
direção veicular. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) uma irregularidade presenciada pelo agente fiscaliza-
dor. Ao reter o veículo, o agente, diante de uma irre-
As medidas administrativas podem ser realizadas gularidade insanável, ao invés de recolher o veículo,
pelo agente de trânsito, diferentemente das penalida- pode recolher o CRLV/CLA e o contra recibo e dar um
des que são exclusivas da autoridade de trânsito. Não prazo para o condutor regularizar o problema. Se o
confunda medidas administrativas com penalidades! condutor não resolver, o veículo terá um registro de
restrição administrativa no RENAVAM.
§ 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as Exemplo: um agente fiscalizador presencia um
medidas administrativas e coercitivas adotadas veículo com apenas um pneu “careca”. Pode-se, assim,
pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão recolher o CRLV e dar um prazo para o condutor solu-
por objetivo prioritário a proteção à vida e à inco- cionar o problema. Lembre-se que a irregularidade
lumidade física da pessoa.
presenciada tem que ser um problema que não ofere-
§ 2º As medidas administrativas previstas nes-
ça riscos à segurança viária. O prazo para regularizar
te artigo não elidem a aplicação das penalidades
será dado e deve ser até 30 dias.
impostas por infrações estabelecidas neste Código,
possuindo caráter complementar a estas.
§ 3º O Certificado de Licenciamento Anual será
devolvido ao condutor no órgão ou entidade apli-
Veja que as medidas administrativas são comple-
cadores das medidas administrativas, tão logo o
mentares às penalidades. É possível aplicar pena- veículo seja apresentado à autoridade devidamente
lidade sem aplicar a medida administrativa, não regularizado.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
prejudicando a regularidade do auto de infração, con-
forme a resolução n° 561 de 2015. O veículo com um condutor regularmente habi-
litado é liberado para regularização. Após sanada
§ 3º São documentos de habilitação a Carteira
a irregularidade, o condutor, munido do seu recibo,
Nacional de Habilitação e a Permissão para Dirigir.
comparece ao local predeterminado e apresenta a
§ 4º Aplica-se aos animais recolhidos na forma do
irregularidade resolvida e recebe de volta o documen-
inciso X o disposto nos arts. 271 e 328, no que couber.
to que ficou retido (CRLV).
Os animais abandonados nas vias poderão ser reco-
§ 4º Não se apresentando condutor habilitado no
lhidos e, inclusive, leiloados, se for o caso, conforme
local da infração, o veículo será removido a depó-
art. 271, X do CTB. Os veículos apreendidos ou removi- sito, aplicando-se neste caso o disposto no art. 271.
dos a qualquer título e os animais não reclamados por (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
seus proprietários, dentro do prazo de noventa dias, § 5º No caso de documentos em meio digital, as
serão levados à hasta pública, deduzindo-se, do valor medidas administrativas previstas nos incisos III,
arrecadado, o montante da dívida relativa a multas, IV, V e VI do caput deste artigo serão realizadas por
tributos e encargos legais, e o restante, se houver, será meio de registro no Renach ou Renavam, conforme
depositado na conta do ex-proprietário, na forma da o caso, na forma estabelecida pelo CONTRAN. (Lei
lei, conforme art. 328 do CTB. n° 14071 de 2020) 87
Em caso de recolhimento da CNH, PPD, CRLV e CRV O pátio e o guincho usados na remoção do veículo
digitais, haverá a necessidade de registro no RENACH podem ser de propriedade de pessoa jurídica privada,
e RENAVAM, tendo em vista a impossibilidade de reco- devendo-se obedecer ao processo licitatório legal. O
lhimento físico digital. órgão de trânsito autuador pode manter os serviços
de remoção (usar seu guincho), depósito (seu próprio
§ 6º Não efetuada a regularização no prazo a que se pátio) e guarda (sua vigilância própria) ou contratar
refere o § 2o, será feito registro de restrição admi- todos estes serviços, ou parte deles, mediante proces-
nistrativa no Renavam por órgão ou entidade exe- so de licitação pública.
cutivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal,
que será retirada após comprovada a regulariza- § 5o O proprietário ou o condutor deverá ser noti-
ção. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) ficado, no ato de remoção do veículo, sobre as pro-
vidências necessárias à sua restituição e sobre o
Quando o agente coloca um prazo razoável para a disposto no art. 328, conforme regulamentação do
regularização e libera o veículo para regularização e CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
posterior apresentação, não quer dizer que o veículo
esteja liberado para ficar transitando, neste período O condutor ou o proprietário do veículo apreendido
fixado no recibo e sim que o trânsito deste veículo ou removido, precisa ser avisado que caso não retire
deve se restringir aos deslocamentos necessários para seu veículo da retenção/remoção em até 60 (sessenta)
conclusão da viagem que realizava quando abordado dias, poderá este ser levado à hasta pública (leilão).
e autuado para a efetiva regularização do problema
apresentado. Se terminado o prazo e o veículo não § 6º Caso o proprietário ou o condutor não este-
ja presente no momento da remoção do veículo, a
for apresentado efetivamente regularizado, o órgão
autoridade de trânsito, no prazo de 10 (dez) dias
de trânsito responsável comunicará ao Detran com-
contado da data da remoção, deverá expedir ao
petente onde o veículo está licenciado e solicitará a proprietário a notificação prevista no § 5º, por
inclusão de uma restrição administrativa no registro remessa postal ou por outro meio tecnológico hábil
do veículo, sendo esta retirada quando a irregularida- que assegure a sua ciência, e, caso reste frustrada,
de existente no veículo for sanada. a notificação poderá ser feita por edital. (Redação
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Remoção do veículo
Mais um prazo: 10 dias para expedição de notifi-
Art. 271 O veículo será removido, nos casos previstos cação do proprietário: a contar da data de remoção.
neste Código, para o depósito fixado pelo órgão ou
entidade competente, com circunscrição sobre a via. § 7o A notificação devolvida por desatualização do
endereço do proprietário do veículo ou por recusa
A remoção será uma medida a ser tomada pelo desse de recebê-la será considerada recebida para
agente fiscalizador, quando houver previsão legal na todos os efeitos (Incluído pela Lei nº 13.160, de
infração (ex.: licenciamento vencido), ou quando a 2015)
irregularidade for insanável no local e afetar a segu- § 8o Em caso de veículo licenciado no exterior, a
rança viária (ex.: todos pneus carecas). notificação será feita por edital. (Incluído pela Lei
nº 13.160, de 2015)
§ 9º Não caberá remoção nos casos em que a irre-
§ 1o A restituição do veículo removido só ocorre-
gularidade for sanada no local da infração. (Lei n°
rá mediante prévio pagamento de multas, taxas e
14071 de 2020)
despesas com remoção e estada, além de outros
§ 10 O pagamento das despesas de remoção e
encargos previstos na legislação específica. (Incluí- estada será correspondente ao período integral,
do pela Lei nº 13.160, de 2015) contado em dias, em que efetivamente o veículo
permanecer em depósito, limitado ao prazo de 6
Para retirar o veículo removido é preciso pagar (seis) meses. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
os débitos obrigatórios (IPVA, Licenciamento, DPVAT,
multas vencidas), além da cobrança de pátio e guin- Aqui o legislador deu uma “colher de chá” para o
cho, se for o caso. proprietário de veículo removido. Se seu veículo for
removido para o pátio de algum órgão de trânsito, você
§ 2o A liberação do veículo removido é condicionada só poderá pagar um máximo de 06 meses de diárias, ou
ao reparo de qualquer componente ou equipamen- seja, por mais que seu veículo esteja há 01 (um) ano no
to obrigatório que não esteja em perfeito estado pátio, o valor de pátio será de, no máximo, 06 meses.
de funcionamento. (Incluído pela Lei nº 13.160, de
2015) § 11 Os custos dos serviços de remoção e estada
§ 3º Se o reparo referido no § 2º demandar pro- prestados por particulares poderão ser pagos pelo
vidência que não possa ser tomada no depósito, a proprietário diretamente ao contratado. (Incluído
autoridade responsável pela remoção liberará o veí- pela Lei nº 13.281, de 2016)
culo para reparo, na forma transportada, mediante § 12 O disposto no § 11 não afasta a possibilida-
autorização, assinalando prazo para reapresenta- de de o respectivo ente da Federação estabelecer a
ção. (Redação dada pela Lei nº 13. 281, de 2016) cobrança por meio de taxa instituída em lei. (Incluí-
§ 4º Os serviços de remoção, depósito e guarda de do pela Lei nº 13.281, de 2016)
veículo poderão ser realizados por órgão público, § 13 No caso de o proprietário do veículo objeto do
diretamente, ou por particular contratado por lici- recolhimento comprovar, administrativa ou judi-
tação pública, sendo o proprietário do veículo o cialmente, que o recolhimento foi indevido ou que
responsável pelo pagamento dos custos desses ser- houve abuso no período de retenção em depósito,
88 viços. (Redação dada pela Lei nº 13. 281, de 2016) é da responsabilidade do ente público a devolução
das quantias pagas por força deste artigo, segundo As Resoluções 210/06, 211/06 e 258/07, formam a
os mesmos critérios da devolução de multas indevi- base da regulamentação referente às dimensões de
das. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) veículos, capacidades e limites de peso a ser transpor-
tados nas vias públicas brasileiras.
Interessante: o CTB admite a hipótese de erro do
agente público, permitindo assim restituição de valo- Art. 276 Qualquer concentração de álcool por litro
res pagos pelo proprietário vítima do erro. de sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o con-
dutor às penalidades previstas no art. 165. (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Recolhimento da CNH Parágrafo único. O CONTRAN disciplinará as mar-
gens de tolerância quando a infração for apurada
Art. 272 O recolhimento da Carteira Nacional de por meio de aparelho de medição, observada a
Habilitação e da Permissão para Dirigir dar-se-á legislação metrológica. (Redação dada pela Lei nº
mediante recibo, além dos casos previstos neste 12.760, de 2012)
Código, quando houver suspeita de sua inautentici-
dade ou adulteração. O CONTRAN disciplina o assunto por meio da Reso-
lução n° 432 de 2013.
Quando o legislador fala, “além dos casos previs-
tos neste código”, ele está se referindo às previsões da Art. 277 O condutor de veículo automotor envolvido
medida administrativa existente em várias infrações em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscaliza-
constantes do capítulo XV, do CTB. Por exemplo, o agen- ção de trânsito poderá ser submetido a teste, exame
te pode recolher a CNH vencida há mais de 30 dias. clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios
técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo
CONTRAN, permita certificar influência de álcool ou
Recolhimento do CRV
outra substância psicoativa que determine dependên-
cia. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Art. 273 O recolhimento do Certificado de Registro § 1° (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.760,
dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos de 2012)
neste Código, quando: § 2° A infração prevista no art. 165 também poderá
I - houver suspeita de inautenticidade ou ser caracterizada mediante imagem, vídeo, cons-
adulteração; tatação de sinais que indiquem, na forma disci-
II - se, alienado o veículo, não for transferida sua plinada pelo CONTRAN, alteração da capacidade
propriedade no prazo de trinta dias. psicomotora ou produção de quaisquer outras pro-
vas em direito admitidas. (Redação dada pela Lei nº
O Certificado de Registro do Veículo (CRV) é aquele 12.760, de 2012)
conhecido como “recibo de compra e venda do veícu- § 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas
lo”. Não é um documento de porte obrigatório. administrativas estabelecidas no art. 165-A deste
Código ao condutor que se recusar a se submeter a
qualquer dos procedimentos previstos no caput des-
Recolhimento do CLA/CRLV te artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 274 O recolhimento do Certificado de Licen- Veja que qualquer cidadão pode ser convidado a
ciamento Anual dar-se-á mediante recibo, além dos assoprar o etilômetro (bafômetro), mesmo que não
casos previstos neste Código, quando: esteja envolvido em acidente de trânsito. A tolerân-
I - houver suspeita de inautenticidade ou cia, hoje, é zero! Inclusive, é possível a autuação e pri-
adulteração; são do cidadão que apresente sinais de embriaguez
II - se o prazo de licenciamento estiver vencido; (agressividade, sonolência, fala enrolada), embora
III - no caso de retenção do veículo, se a irregulari- possa haver a recusa do teste de etilômetro.
dade não puder ser sanada no local.
Art. 278 Ao condutor que se evadir da fiscalização, não
A Resolução CONTRAN 110/99 fixa o calendário submetendo veículo à pesagem obrigatória nos pontos
nacional para renovação do Licenciamento Anual de pesagem, fixos ou móveis, será aplicada a penalidade
de Veículos. Digamos que um PRF, por exemplo, do prevista no art. 209, além da obrigação de retornar ao
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Estado do Acre aborde um veículo com placas de São ponto de evasão para fim de pesagem obrigatória.
Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à
Paulo. Assim, não deve ser considerada a tabela de
ação policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão
licenciamento do veículo do Estado do Acre para efei- logo seja localizado, aplicando-se, além das penali-
tos de comprovação de licenciamento, nem a tabela dades em que incorre, as estabelecidas no art. 210.
do Estado de São Paulo, mas o calendário nacional,
conforme a resolução 110/99 do CONTRAN. Não é raro caminhoneiros não se submeterem à
pesagem do veículo em rodovias. O agente ao pre-
Transbordo do Excesso de Carga senciar a infração deve obrigar o infrator à pesagem
obrigatória. Não submeter veículo a pesagem é infra-
Art. 275 O transbordo da carga com peso excedente ção grave. Se, além disso, resolver fugir à abordagem
é condição para que o veículo possa prosseguir via- policial a infração é gravíssima.
gem e será efetuado às expensas do proprietário do
veículo, sem prejuízo da multa aplicável. Art. 279 Em caso de acidente com vítima, envol-
Parágrafo único. Não sendo possível desde logo vendo veículo equipado com registrador instantâ-
atender ao disposto neste artigo, o veículo será reco- neo de velocidade e tempo, somente o perito oficial
lhido ao depósito, sendo liberado após sanada a irre- encarregado do levantamento pericial poderá reti-
gularidade e pagas as despesas de remoção e estada. rar o disco ou unidade armazenadora do registro. 89
Os veículos envolvidos em acidentes com vítima que III - caracteres da placa de identificação do veículo,
possuam tacógrafo (Resolução N° 92/1999) devem ter o sua marca e espécie, e outros elementos julgados
disco do tacógrafo analisado e investigado. O único pro- necessários à sua identificação;
fissional que pode retirar o disco para análise é o perito IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
da polícia científica designado para analisar o caso. V - identificação do órgão ou entidade e da autori-
dade ou agente autuador ou equipamento que com-
provar a infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível,
EXERCÍCIOS COMENTADOS valendo esta como notificação do cometimento da
infração.
1. (UECE– 2018) Assinale a opção que NÃO corresponde
a uma medida administrativa aplicável por autoridade Auto de Infração de Trânsito é o ato que dá início
de trânsito ou seus agentes na esfera das competên- ao processo administrativo para imposição de puni-
cias estabelecidas no Código de Trânsito e dentro de ção, em decorrência de alguma infração à legislação
sua circunscrição. de trânsito. O auto de infração para ser considerado
consistente e regular necessita de alguns requisitos.
a) Recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação. No entanto, tenha cuidado porque 02 (dois) requisitos
b) Recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual. do artigo 280 não são obrigatórios:
c) Multa.
d) Retenção do veículo INFORMAÇÃO
CONSTATADA OBRIGATÓRIO
Multa é penalidade e não medida administrativa! NO AUTO DE INFRAÇÃO
Vejamos a lei:
Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, Tipificação Sim
na esfera das competências estabelecidas neste
Local /Data/Hora Sim
Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar
as seguintes medidas administrativas: Placa / Marca /Espécie Sim
I - retenção do veículo;
II - remoção do veículo; Órgão ou Entidade de
Sim
III - recolhimento da Carteira Nacional de trânsito autuador (a)
Habilitação;
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir; Agente de Trânsito
Sim
autuador
V - recolhimento do Certificado de Registro;
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Não (Apenas quando for
Anual; Prontuário do condutor
possível)
VIII - transbordo do excesso de carga;
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou Não (Apenas quando for
Assinatura do infrator
perícia de substância entorpecente ou que determine possível)
dependência física ou psíquica; Resposta: Letra C.
§ 1º (VETADO)
2. (AOCP - 2016) Conforme está disposto no art. 269, X,
§ 2º A infração deverá ser comprovada por decla-
da Lei 9.503/97, ocorrerá: “recolhimento de animais
ração da autoridade ou do agente da autoridade
que se encontrem soltos nas vias da faixa de domí-
de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipa-
nio das vias de circulação, restituindo-os aos seus
mento audiovisual, reações químicas ou qualquer
proprietários, após pagamento de multas e encargos outro meio tecnologicamente disponível, previa-
devidos”. O enunciado refere-se a mente regulamentado pelo CONTRAN.

a) uma Medida Administrativa.


Ao presenciar uma irregularidade, o agente fisca-
b) uma Medida Penal.
lizador pode lavrar o auto de infração em documento
c) uma das penalidades previstas no artigo.
próprio (papel) comunicando à autoridade de trânsito
d) um dos conjuntos que integram as ações judiciais do
sobre uma infração de trânsito. Poderá usar também
Órgão de Trânsito.
e) uma Medida Transitória. aparelho eletrônico para preenchimento do auto de
infração (palmtop). Radares são outras formas de fla-
Por mais estranho que seja, o recolhimento de ani- grar infrações de velocidade (equipamento visual regu-
mais é uma medida administrativa prevista no Art. lamentado pelo CONTRAN).
269 do CTB. Você como agente de trânsito estará
sujeito a essas árduas tarefas. Resposta: Letra A. § 3º Não sendo possível a autuação em flagrante,
o agente de trânsito relatará o fato à autoridade
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO no próprio auto de infração, informando os dados a
respeito do veículo, além dos constantes nos incisos
I, II e III, para o procedimento previsto no artigo
Da Autuação
seguinte.
Art. 280 Ocorrendo infração prevista na legislação
de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual Quando não for possível abordar, o agente deve
constará: colocar no campo de observações do auto que não foi
I - tipificação da infração; possível abordar e colocar dados como: tipificação da
90 II - local, data e hora do cometimento da infração; infração, cor do veículo e marca do veículo.
§ 4º O agente da autoridade de trânsito compe- § 2º A notificação a pessoal de missões diplomá-
tente para lavrar o auto de infração poderá ser ticas, de repartições consulares de carreira e de
servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, representações de organismos internacionais e de
policial militar designado pela autoridade de trân- seus integrantes será remetida ao Ministério das
sito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua Relações Exteriores para as providências cabíveis e
competência. cobrança dos valores, no caso de multa.
§ 3º Sempre que a penalidade de multa for imposta a
Quanto à figura do agente de trânsito, não é levada condutor, à exceção daquela de que trata o § 1º do art.
259, a notificação será encaminhada ao proprietário
em consideração o vínculo legal com a Administração
do veículo, responsável pelo seu pagamento.
Pública. Tanto faz se é estatutário ou celetista.
§ 4º Da notificação deverá constar a data do tér-
mino do prazo para apresentação de recurso pelo
Do Julgamento das Autuações e Penalidades responsável pela infração, que não será inferior
a trinta dias contados da data da notificação da
Art. 281 A autoridade de trânsito, na esfera da penalidade. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
competência estabelecida neste Código e dentro de § 5º No caso de penalidade de multa, a data esta-
sua circunscrição, julgará a consistência do auto de belecida no parágrafo anterior será a data para
infração e aplicará a penalidade cabível. o recolhimento de seu valor. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado 9.602, de 1998)
e seu registro julgado insubsistente:
I - se considerado inconsistente ou irregular; Importante ter atenção ao prazo: mínimo de 30
II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expe- dias para todos os recursos. É normal o prazo dado
dida a notificação da autuação. pelos órgãos ser maior que esse.
(Redação dada pela Lei nº 9.602, de 1998)
§ 6º Em caso de apresentação da defesa prévia em
Informações importantes a serem lembradas: o tempo hábil, o prazo previsto no caput deste arti-
auto de infração pode e deve ser arquivado se tiver go será de 360 (trezentos e sessenta) dias. (Lei n°
erros no seu preenchimento ou se o órgão ou entidade 14071 de 2020)
de trânsito competente não expedir em 30 dias a noti- § 7º O descumprimento dos prazos previstos
ficação da autuação. no caput ou no § 6º deste artigo implicará a deca-
dência do direito de aplicar a penalidade. (Lei n°
14071 de 2020)
AUTO DEVERÁ Art. 282-A O órgão do Sistema Nacional de Trân-
EXEMPLO
SER ARQUIVADO: sito responsável pela autuação deverá oferecer ao
proprietário do veículo ou ao condutor autuado a
Auto inconsistente Ex: agente flagra uma ação e en-
opção de notificação por meio eletrônico, na forma
quadra em outra.
definida pelo CONTRAN. (lei 14071 de 2020)
Auto irregular Ex: no preenchimento do auto a § 1º O proprietário e o condutor autuado deverão
cor do veículo é diferente da cor manter seu cadastro atualizado no órgão executi-
real do veículo. vo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal. (lei
14071 de 2020)
Auto extemporâneo Ex: demorar mais de 30 dias § 2º Na hipótese de notificação prevista
para expedir a notificação. no caput deste artigo, o proprietário ou o condu-
tor autuado será considerado notificado 30 (trin-
ta) dias após a inclusão da informação no sistema
Art. 281-A Na notificação de autuação e no auto de eletrônico e do envio da respectiva mensagem. (lei
infração, quando valer como notificação de autua- 14071 de 2020)
ção, deverá constar o prazo para apresentação de
defesa prévia, que não será inferior a 30 (trinta) Em regra, a notificação é postal, entretanto, o CTB
dias, contado da data de expedição da notificação. hoje possibilita a notificação eletrônica. Trata-se de
(Lei n° 14071 de 2020) aplicativo (Android e iOS), desenvolvido pelo DENA-
Art. 282 Caso a defesa prévia seja indeferida ou TRAN, com o objetivo de assegurar aos cidadãos a
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
não seja apresentada no prazo estabelecido, será ciência das eventuais notificações de infrações de
aplicada a penalidade e expedida notificação ao trânsito cometidas. O que a lei trouxe de novo? É obri-
proprietário do veículo ou ao infrator, no prazo gação do órgão de trânsito disponibilizar a opção de
máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da notificação eletrônica O proprietário ou condutor que
data do cometimento da infração, por remessa pos- for autuado deve manter seu cadastro atualizado jun-
tal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil
to ao órgão executivo de trânsito (DETRAN) do Estado
que assegure a ciência da imposição da penalidade.
ou do Distrito Federal.
(Lei n° 14071 de 2020)
Nesse tipo de notificação é importante lembrar
§ 1º A notificação devolvida por desatualização do
que será considerado notificado 30 (trinta) dias após
endereço do proprietário do veículo será considera-
a inclusão da informação no sistema eletrônico e do
da válida para todos os efeitos.
envio da respectiva mensagem.
Veja que a penalidade de trânsito deve ser aplica-
§ 3º O sistema previsto no caput será certificado
da em 180 dias após o indeferimento da defesa prévia digitalmente, atendidos os requisitos de autenti-
ou a partir do término do prazo para a apresentação cidade, integridade, validade jurídica e interope-
da defesa prévia onde o condutor não apresentou sua rabilidade da Infraestrutura de Chaves Públicas
defesa. Antigamente, o condutor passava, em alguns Brasileira (ICP-Brasil). (Incluído pela Lei nº 13.281,
casos, anos esperando a aplicação da penalidade. de 2016) 91
Art. 283 (VETADO) Memorize que, em regra, o recurso não possui efei-
Art. 284 O pagamento da multa poderá ser efetua- to suspensivo. A menos que não seja julgado em 30
do até a data do vencimento expressa na notifica- dias, situação em que tal efeito pode ser concedido de
ção, por oitenta por cento do seu valor. ofício ou a pedido. Lembrando que o recurso deve
§ 1º Caso o infrator opte pelo sistema de notifica- ser interposto perante a autoridade penalizadora que
ção eletrônica, conforme regulamentação do CON- remeterá em 10 dias úteis para a JARI. Outro detalhe:
TRAN, e opte por não apresentar defesa prévia nem a burocracia de exigências de documentos foi vetada,
recurso, reconhecendo o cometimento da infração, não sendo necessária a anexação de documentos na
poderá efetuar o pagamento da multa por 60% (ses- defesa e nos recursos.
senta por cento) do seu valor, em qualquer fase do
processo, até o vencimento da multa. (Lei n° 14071 Art. 286 O recurso contra a imposição de multa
de 2020). poderá ser interposto no prazo legal, sem o recolhi-
mento do seu valor.
Se o condutor quiser ganhar os 40% de desconto pela
notificação eletrônica, deve renunciar à defesa prévia e Não é necessário pagar a multa se o infrator recor-
aos recursos. Um excelente incentivo aos condutores. rer da decisão da autoridade de trânsito. Entretanto,
Observe o que mais o texto legal fala a respeito das se o recurso não for movido ou a infração ocorrer
notificações eletrônicas e suas implicações: em local diferente do registro do veículo, ocorrerá da
seguinte maneira o processo:
§ 2º O recolhimento do valor da multa não implica
renúncia ao questionamento administrativo, que § 1º No caso de não provimento do recurso, aplicar-
pode ser realizado a qualquer momento, respeitado -se-á o estabelecido no parágrafo único do art. 284.
o disposto no § 1º. (Incluído pela Lei nº 13.281, de § 2º Se o infrator recolher o valor da multa e apre-
2016) sentar recurso, se julgada improcedente a pena-
§ 3º Não incidirá cobrança moratória e não poderá lidade, ser-lhe-á devolvida a importância paga,
ser aplicada qualquer restrição, inclusive para fins atualizada em UFIR ou por índice legal de correção
de licenciamento e transferência, enquanto não for dos débitos fiscais.
encerrada a instância administrativa de julgamen- Art. 287 Se a infração for cometida em localida-
to de infrações e penalidades. (Incluído pela Lei nº de diversa daquela do licenciamento do veículo, o
13.281, de 2016) recurso poderá ser apresentado junto ao órgão ou
§ 4° Encerrada a instância administrativa de julga- entidade de trânsito da residência ou domicílio do
mento de infrações e penalidades, a multa não paga infrator.
Parágrafo único. A autoridade de trânsito que rece-
até o vencimento será acrescida de juros de mora
ber o recurso deverá remetê-lo, de pronto, à auto-
equivalentes à taxa referencial do Sistema Espe-
ridade que impôs a penalidade acompanhado das
cial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títu-
cópias dos prontuários necessários ao julgamento.
los federais acumulada mensalmente, calculados a
partir do mês subsequente ao da consolidação até
Segundo Recurso
o mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por
cento) relativamente ao mês em que o pagamento
estiver sendo efetuado. Art. 288 Das decisões da JARI cabe recurso a ser
interposto, na forma do artigo seguinte, no prazo
§ 5º O sistema de notificação eletrônica, referido
de trinta dias contado da publicação ou da notifi-
no § 1º deste artigo, deve disponibilizar, na mesma
cação da decisão.
plataforma, campo destinado à apresentação de
§ 1º O recurso será interposto, da decisão do não
defesa prévia e de recurso, quando o condutor não
provimento, pelo responsável pela infração, e da
reconhecer o cometimento da infração, na forma decisão de provimento, pela autoridade que impôs
regulamentada pelo CONTRAN. (lei 14071 de 2020) a penalidade.
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.249, de 2010)
Primeiro Recurso Art. 289 O recurso de que trata o artigo anterior
será apreciado no prazo de trinta dias:
Art. 285 O recurso previsto no art. 283 será I - tratando-se de penalidade imposta por órgão ou
interposto perante a autoridade que impôs a entidade da União, por colegiado especial integra-
penalidade, a qual remetê-lo-á à JARI, que deve- do pelo Coordenador-Geral da Jari, pelo Presidente
rá julgá-lo em até trinta dias. da Junta que apreciou o recurso e por mais um Pre-
§ 1º O recurso não terá efeito suspensivo. sidente de Junta; (Lei n° 14071 de 2020)
§ 2º A autoridade que impôs a penalidade reme- II - tratando-se de penalidade imposta por órgão
ou entidade de trânsito estadual, municipal ou do
terá o recurso ao órgão julgador, dentro dos dez
Distrito Federal, pelos CETRAN E CONTRANDIFE,
dias úteis subsequentes à sua apresentação, e, se o
respectivamente.
entender intempestivo, assinalará o fato no despa-
Parágrafo único. No caso do inciso I do caput deste
cho de encaminhamento.
artigo, quando houver apenas uma Jari, o recurso
§ 3º Se, por motivo de força maior, o recurso não
será julgado por seus membros.
for julgado dentro do prazo previsto neste artigo,
a autoridade que impôs a penalidade, de ofício, ou
Veja na tabela um resumo dos artigos anteriores:
por solicitação do recorrente, poderá conceder-lhe
efeito suspensivo.
PRAZO MÍNIMO
§ 4º Na apresentação de defesa ou recurso, em qual-
A SER DADO P/ ÓRGÃO JULGADOR
quer fase do processo, para efeitos de admissibili- ENTE INTERPOR
dade, não serão exigidos documentos ou cópia de AUTUADOR
documentos emitidos pelo órgão responsável pela Defesa Todos os 1º
2º Recurso
Prévia Recursos Recurso
92 autuação. (Lei n° 14071 de 2020)
DOS CRIMES DE TRÂNSITO
Colegiado
União 30 dias 30 dias Jari
Especial
Crime de trânsito é um assunto muito comum em
Estados CETRAN/ provas, inclusive para cargos do Alto Escalão do Poder
e 30 dias 30 dias Jari CONTRAN-
Público (Juízes, Promotores de Justiça e Defensores
Municípios DIFE (DF)
Públicos). Fique sempre atento ao estudar esse conteúdo.

Art. 290 Implicam encerramento da instância Disposições Gerais


administrativa de julgamento de infrações e pena-
lidades: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) Art. 291 Aos crimes cometidos na direção de veícu-
I - o julgamento do recurso de que tratam os arts. los automotores, previstos neste Código, aplicam-
288 e 289; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) -se as normas gerais do Código Penal e do Código
II - a não interposição do recurso no prazo legal; de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de
e (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de
III - o pagamento da multa, com reconhecimento da setembro de 1995, no que couber
infração e requerimento de encerramento do processo
na fase em que se encontra, sem apresentação de defe- Neste artigo, o legislador quis dizer que o crime
sa ou recurso. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) de trânsito obedecerá, em regra, ao que determinar
Parágrafo único. Esgotados os recursos, as pena- o CTB. Situações não abarcadas pelo CTB seguem as
lidades aplicadas nos termos deste Código serão regras do Código Penal e do Código de Processo Penal,
cadastradas no RENACH. lembrando que é possível a aplicação da Lei dos Jui-
zados Especiais Criminais (Lei n° 9099/95), quando
puder. Segundo a Lei n° 9099/95, apenas crimes com
pena máxima de 02 (dois) anos ficam sob o rito desta
EXERCÍCIOS COMENTADOS lei. No entanto, entenda que quase todos os crimes do
CTB são regidos pela Lei dos Juizados Especiais Crimi-
1. (FCC - 2019) Ocorrendo uma infração prevista na nais, exceto Homicídio Culposo na direção de veículo
legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do automotor, Embriaguez ao volante, Racha e a Lesão
qual constará: Corporal Culposa em algumas situações.

I. o prontuário do condutor, sempre que possível. § 1° Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corpo-
II. identificação do órgão ou entidade e da autoridade ral culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no
ou agente autuador ou equipamento que comprovar a 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente
infração. estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei
III. valor da multa, valendo esta como notificação do nº 11.705, de 2008)
cometimento da infração. I - sob a influência de álcool ou qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência;
(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
Está correto o que consta APENAS em:
II - participando, em via pública, de corrida, dispu-
ta ou competição automobilística, de exibição ou
a) I e III.
demonstração de perícia em manobra de veículo
b) I. automotor, não autorizada pela autoridade compe-
c) I e II. tente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
d) II. III - transitando em velocidade superior à máxima
e) II e III. permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilô-
metros por hora).(Incluído pela Lei nº 11.705, de
O Item I e II estão de acordo com art. 280 do CTB, mas 2008)
o valor da multa não é um requisito obrigatório que § 2° Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo,
deverá constar no Auto de Infração. Resposta: Letra C. deverá ser instaurado inquérito policial para a
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

investigação da infração penal. (Incluído pela Lei


2. (IDIB - 2020) De acordo com o Código de Trânsito nº 11.705, de 2008)
§ 4° O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes
Brasileiro, julgar os recursos interpostos contra as
previstas no art. 59 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
decisões das Juntas Administrativas de Recursos e
dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial
Infrações (JARI) é uma competência atenção à culpabilidade do agente e às circunstân-
cias e consequências do crime. (Incluído pela Lei nº
a) da Polícia Federal. 13.546/2017)
b) da Câmara Arbitrai de Conciliação.
c) do Conselho Nacional de Trânsito. As situações acima são situações em que cometi-
d) dos Conselhos Estaduais de Trânsito e do Conselho das conjuntamente com o crime de lesão corporal
de Trânsito do Distrito Federal (CONTRANDIFE). culposa na direção de veículo automotor, fazem com
que o acusado perca os direitos à composição civil, à
O CETRAN e o CONTRANDIFE são instâncias recur- transação penal e a ação penal passará a ser pública
sais, conforme art. 289, II do CTB. Eles analisam incondicionada (não necessita representação da víti-
recursos em segunda instância de infrações oriundas ma). Também não será lavrado termo circunstanciado
de órgãos estaduais e municipais. Resposta: Letra D. e será aberto inquérito policial. 93
Importante! SITUAÇÃO PRAZO

Os crimes de lesão corporal culposa no trânsi- Suspensão penal do direito de dirigir


02 meses a 05
to admitem o usufruto dos benefícios da Lei n° Proibição de se obter a permissão anos
9099/95, entretanto, existem circunstâncias ou a habilitação
especiais que impedem a aplicação de determi-
nados benefícios da Lei de Juizado Especial Cri- Entrega da CNH após decisão
48 horas
minal (n° 9099/95). judicial transitada em julgado

Recente modificação para 2018: o novo §4º do art. Art. 294 Em qualquer fase da investigação ou da
291 do CTB exige que os juízes observem o art. 59 do ação penal, havendo necessidade para a garantia da
código penal para fixação da pena base, isto é, devem ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar,
analisar a culpabilidade, os antecedentes, a conduta de ofício, ou a requerimento do Ministério Público
social, a personalidade do agente, os motivos, as cir- ou ainda mediante representação da autoridade
cunstâncias e consequências do crime, bem como o policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão
comportamento da vítima, devendo dar especial aten- da permissão ou da habilitação para dirigir veículo
ção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e automotor, ou a proibição de sua obtenção.
consequências do crime. Parágrafo único. Da decisão que decretar a sus-
pensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o
requerimento do Ministério Público, caberá recur-
BENEFÍCIOS RETIRA-
CRIME so em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
DOS DA LEI N° 9099/95

Lesão corporal culposa A suspensão penal do direito de dirigir ou a proibi-


leve + embriaguez Composição civil dos ção de obtenção de permissão para dirigir pode tam-
danos (art. 74 da lei n°
bém ser imposta antes da sentença judicial (medida
Lesão corporal culposa 9099/95)
cautelar), podendo, ser decretada durante o inquéri-
+ racha Transação penal (art. 76
to policial ou durante Ação proposta pelo Ministério
da lei n° 9099/95)
Lesão corporal culposa Representação da vítima Público. Tal medida pode ser imposta pelo juiz de
+ velocidade excessiva para promoção da ação ofício ou a requerimento do Ministério Público ou
(velocidade superior à penal pública (art. 88 da mediante representação da autoridade policial.
máxima permitida para a lei n° 9099/95)
via em 50 km/h) AUTORIDADE A
PENALIDADE
DECRETAR
Nestas situações será necessária a abertura de
Inquérito Policial e não cabe Termo Circunstancia- Suspensão penal do
do de Ocorrência, além disso a ação será Pública direito de dirigir
Juiz
Incondicionada. (autoridade judiciária)
Se a lesão corporal culposa for grave ou gravíssima Proibição de obtenção de
e o condutor estiver embriagado ou drogado, não será permissão ou habilitação
regida pela Lei n° 9099/95.

Suspensão da CNH imposta pelo Juiz de Direito MOMENTO AUTORIDADES


FINALIDADE
CAUTELAR SOLICITADORAS
Art. 292 A suspensão ou a proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo Inquérito Autoridade policial
automotor pode ser imposta isolada ou cumulati- policial (representação)
vamente com outras penalidades. (Redação dada Ordem pública
pela Lei nº 12.971, de 2014) Promotor de justiça
Art. 293 A penalidade de suspensão ou de proibição Ação penal
(requerimento)
de se obter a permissão ou a habilitação, para diri-
gir veículo automotor, tem a duração de dois meses
a cinco anos. z O Recurso em Sentido estrito é o instrumento jurí-
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenató- dico para recorrer da decretação dessa medida
ria, o réu será intimado a entregar à autoridade cautelar. Tal “remédio” também pode ser utiliza-
judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão
do pelo Ministério Público se este solicitar a esta
para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de medida cautelar e o juiz indeferir.
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir z Mesmo sem solicitação destas autoridades, o juiz
veículo automotor não se inicia enquanto o senten- pode decretar essa penalidade de ofício se enten-
ciado, por efeito de condenação penal, estiver reco- der a medida necessária.
lhido a estabelecimento prisional.
Art. 295 A suspensão para dirigir veículo auto-
Informação comum em exames: a autoridade judi- motor ou a proibição de se obter a permissão ou
ciária pode impor a suspensão penal do direito de a habilitação será sempre comunicada pela auto-
dirigir pelo prazo de 02 meses a 05 anos! Já o cidadão ridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito
penalizado deve entregar sua CNH em 48 horas após - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em
94 ter a sentença transitada em julgado. que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.
Tendo em vista que a forma de suspensão do direito VI - utilizando veículo em que tenham sido adulte-
de dirigir pela autoridade judiciária tem um rito distinto rados equipamentos ou características que afetem
e independente do processo administrativo, feito pela a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo
autoridade de trânsito, é imprescindível que o DETRAN com os limites de velocidade prescritos nas especi-
do estado onde reside o sentenciado seja avisado da ficações do fabricante;
decisão, para que esta seja incluída no prontuário do VII - sobre faixa de trânsito temporária ou perma-
condutor e os fiscalizadores possam ter acesso às infor- nentemente destinada a pedestres.
mações da decisão judicial aplicada. Veja que existe tam-
bém a obrigatoriedade de informação ao CONTRAN. O rol de agravantes deve ser bem estudado porque
cai de forma seca nas provas. Não se devem confundir
Art. 296 Se o réu for reincidente na prática de crime circunstâncias que sempre agravam as penalidades
previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de crimes de trânsito com causas de aumento de pena.
de suspensão da permissão ou habilitação para O aumento de pena só vale nas hipóteses de homicídio
dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais culposo e de lesão corporal culposa, ambos na direção
sanções penais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº de veículo automotor. Já as circunstâncias agravantes
11.705, de 2008). valem para todos os crimes, inclusive o homicídio cul-
poso e a lesão corporal culposa.
Em qualquer crime previsto no CTB, o juiz é obri-
gado a impor a penalidade de suspensão da permissão Art. 299 (VETADO)
ou habilitação se for reincidente em crimes de trânsito. Art. 300 (VETADO)
Art. 301 Ao condutor de veículo, nos casos de aci-
Art. 297 A penalidade de multa reparatória con- dentes de trânsito de que resulte vítima, não se
siste no pagamento, mediante depósito judicial em imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fian-
favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia cal- ça, se prestar pronto e integral socorro àquela.
culada com base no disposto no § 1º do art. 49 do
Código Penal, sempre que houver prejuízo material Dos crimes de trânsito, esse artigo é bastante
resultante do crime. cobrado nas provas. Nos casos de acidentes de trân-
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior sito em que resulte vítima, não se imporá a prisão em
ao valor do prejuízo demonstrado no processo. flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos integral socorro à vítima.
arts. 50 a 52 do Código Penal.
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa
reparatória será descontado. Dica
Acidente com vítima? Prestação de pronto e inte-
Essa é uma multa de natureza civil, indenizatória, gral socorro! Isto não significa dizer que é necessá-
e cobrada no juízo penal. É, em suma, uma antecipa- rio fazer massagem cardíaca no acidentado, basta
ção de um ressarcimento imposta pelo juiz da esfera chamar socorro e aguardar o atendimento no local.
penal, após reclamação da vítima ou seus sucessores.
O rumo da multa reparatória é diferente do destino
Então, podemos esquematizar o seguinte: no
da multa administrativa, pois esta vai para o Estado e
homicídio culposo e na lesão culposa, se o condutor
aquela é paga à vítima ou aos seus sucessores. O valor
não prestar socorro à vítima, podendo prestar, essa
da multa reparatória terá como teto o do prejuízo
sua omissão gera duas consequências: ele pode ser
demonstrado no processo. Porém, se posteriormente
autuado em flagrante e tal omissão constitui causa de
a vítima se achar insatisfeita com o valor pago, poderá
aumento de pena desses crimes.
ainda reclamar o mesmo objeto, a mesma indeniza-
Uma última observação: nos casos em que autori-
ção, na esfera cível, recebendo apenas a diferença.
dade vislumbrar dolo eventual, o condutor será pre-
A forma de pagamento dessa multa está prevista
so em flagrante, mesmo que tenha prestado pronto e
no Código Penal, entre seus artigos 49 e 52, devendo
integral socorro. Isso porque, se for homicídio doloso,
ser paga em dia-multa, a ser fixado pelo juiz. A multa
com dolo eventual, não se aplica o Código de Trânsito.
deve ser paga dentro de 10 dias depois de transitada
Portanto, não se aplica o art. 301, mas o Código Penal.
em julgada a sentença.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
E o Código Penal não isenta do flagrante o homicida
que socorreu a vítima.
Agravantes dos crimes de trânsito
Dos Crimes em Espécie
Art. 298 São circunstâncias que sempre agravam
as penalidades dos crimes de trânsito ter o condu-
tor do veículo cometido a infração: Analisaremos agora os crimes em espécie, parte
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas também muito importante dentro do assunto de cri-
ou com grande risco de grave dano patrimonial a mes de trânsito.
terceiros;
II - utilizando o veículo sem placas, com placas fal- Art. 302 Praticar homicídio culposo na direção
sas ou adulteradas; de veículo automotor:
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspen-
de Habilitação; são ou proibição de se obter a permissão ou a habi-
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de litação para dirigir veículo automotor.
Habilitação de categoria diferente da do veículo; § 1º No homicídio culposo cometido na direção de
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cui- veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um
dados especiais com o transporte de passageiros ou terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº
de carga; 12.971, de 2014) 95
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Cartei- § 3° Se o agente conduz veículo automotor sob a
ra de Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de influência de álcool ou de qualquer outra substân-
2014) cia psicoativa que determine dependência (Incluído
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; pela Lei nº 13.546/2017):
(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) Penas – reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão
III - deixar de prestar socorro, quando possível ou proibição do direito de se obter a permissão ou a
fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;(In- habilitação para dirigir veículo automotor.
cluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, esti- Temos aqui um novo instituto: o homicídio cul-
ver conduzindo veículo de transporte de passagei- poso qualificado (Homicídio Culposo + Embriaguez),
ros. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) com uma punição bastante severa para os condutores
V -(Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) que cometem tal ato. A privativa de liberdade passa a
ser de reclusão e o quantum de pena para 5 a 8 anos.
A redação do art. 302 é uma redação estranha. Em
vez de descrever a conduta, o nosso legislador colocou Art. 303 Praticar lesão corporal culposa na direção
o nome do crime no tipo penal. Na realidade, é matar de veículo automotor:
alguém. Por conta disso, há quem sustente a inconsti- Penas - detenção, de seis meses a dois anos e sus-
tucionalidade deste art. 302, por violação ao princípio pensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
da taxatividade, que é um corolário do princípio da
§ 1º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade,
legalidade. A conduta é praticar homicídio culposo e
se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art.
isso todo mundo sabe o que significa: matar alguém. E 302. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
isso vocês observam na parte especial do CP:
O art. 302 só se aplica se o crime for cometido na A lesão corporal no trânsito deve ser culposa para
condução de veículo automotor, como explicitado no que o condutor responda por este artigo. Se houver
caput do artigo. Veículo automotor é aquele que cir- dolo (vontade de praticar a conduta), ou seja, se a
cula pela própria força do seu motor, incluindo os lesão for dolosa, o criminoso responderá pelo crime
veículos conectados à linha elétrica que não circulem de lesão corporal do Código Penal.
sobre trilhos, conforme Anexo I do CTB. Portanto, não
se aplica o art. 302 se o homicídio for cometido na CRIME CONDUTA PENAS
condução de veículos de tração animal e de propulsão
humana, ou seja, se matar utilizando uma bicicleta 06 m a 02 anos
responderá pelo código penal. Praticar lesão de detenção
E há diferença entre aplicar o CTB e o CP? A pena corporal culpo-
Lesão corporal Suspensão
do homicídio culposo do CP é de 1 a 3 anos de deten- sa na direção ou proibição
culposa
ção. No CTB é de 2 a 4 anos de detenção, mais sus- de veículo de se obter a
pensão/proibição do direito de dirigir (variando de 2 automotor permissão ou a
meses a 5 anos). Portanto, a pena é muito mais grave habilitação
no Código de Trânsito. Segundo o STF, tal tratamento
desigual é constitucional, tendo em vista as mortes no *o crime de lesão corporal culposa não será regido pela
trânsito. Perceba também que não temos a pena de lei n° 9099/95 se o condutor causar lesão corporal cul-
posa nas hipóteses do artigo 303 § único do CTB.
multa prevista para esse crime. Memorize também as
causas aumentativas de pena (1/3 a ½)!
LEI DO JUIZADO ESPE- CAUSAS AUMENTATI-
CIAL CRIMINAL? VAS DE PENA (1/3 A ½)
CRIME CONDUTA PENAS
Sem CNH
Homicídio Praticar homicí- 02 a 04 anos de
Culposo dio culposo na detenção Faixa de pedestre ou
direção de veícu- Suspensão ou calçada
lo automotor Aplicável*
proibição de Omissão de socorro
se obter a per-
missão ou a Transporte de passageiro
habilitação (profissão)

CAUSAS *o crime de lesão corporal culposa não será regido pela


LEI DO JUIZADO
AUMENTATIVAS DE lei n° 9099/95 se o condutor causar lesão corporal cul-
ESPECIAL CRIMINAL?
PENA (1/3 A ½) posa nas hipóteses do artigo 303 § único do CTB.

Sem CNH
§ 2° A pena privativa de liberdade é de reclusão de
Faixa de pedestre ou dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas
calçada previstas neste artigo, se o agente conduz o veícu-
Inaplicável lo com capacidade psicomotora alterada em razão
Omissão de socorro da influência de álcool ou de outra substância psi-
Transporte de passageiro coativa que determine dependência, e se do crime
resultar lesão corporal de natureza grave ou gra-
(profissão)
96 víssima. (Incluído pela Lei nº 13.546/2017):
A lesão corporal culposa qualificada (a Lesão corporal culposa de natureza grave ou gravíssima + Embriaguez)
também conta com punição bem dura para motoristas que causem lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
ma a alguém, estando sob influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa. A privativa de liberdade
passa a ser de reclusão e o quantum de pena para 2 a 5 anos. Essa definição de lesão grave ou gravíssima deve ser
extraída dos §§ 1º e 2º do art. 129 do Código Penal.

Art. 304 Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo
fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida
por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

Para configuração desse crime, é preciso dolo do condutor, ou seja, exige o conhecimento da necessidade do
socorro. Ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou
com ferimentos leves, incide a aplicação das penas tipificadas no artigo acima. Entenda que para configuração
deste crime é preciso que o condutor esteja envolvido e não seja o causador do acidente, já que se ele for o causa-
dor do acidente, o condutor responderá por Homicídio Culposo ou Lesão Corporal Culposa com aumentativo de
pena pela omissão de socorro (art. 302, § 1o, II / art. 303 Parágrafo único). Já se o condutor não estiver envolvido a
omissão de socorro é crime do artigo 135 do Código Penal.
Lembre-se também: a pena pode ser a detenção ou a multa. A multa, nesse caso, não será cumulativa.
Devido a sua pena, este crime do artigo 304 é de menor potencial ofensivo, ou seja, aplicar-se à Lei de Juizados
Especiais Criminais (JECRIM).

ENVOLVIDO? CAUSADOR? CRIME PENA JECRIM


Sim Não Art. 304 CTB 6 m a 1 ano ou multa Sim
Art.302, § 1º, II (ou) 2 a 4 anos
1/3 a ½ de aumento
CONDUTOR Sim Sim Art. 303 parágrafo 6 meses a Não
nas penas
único do CTB 2 anos

Não Não Art. 135 do C. P 1 a 6 meses Sim

Art. 305 Afastar-se o condutor do veículo do local determine dependência: (Redação dada pela Lei nº
do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou 12.760, de 2012)
civil que lhe possa ser atribuída: Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor.
Veja que a pena máxima é de 1 (um) ano, isto é, § 1° As condutas previstas no caput serão constata-
temos aqui um crime de menor potencial ofensivo. das por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
A conduta precisa ser dolosa. Interessante salientar I - concentração igual ou superior a 6 decigramas
que a fuga deve ser para escapar de possível respon- de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a
sabilização penal ou civil. Assim, vemos que há um 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
crime contra a Administração da Justiça com a finali- (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
dade específica de não ser identificado. Entenda que II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
é possível fugir do local do acidente e prestar socorro. CONTRAN, alteração da capacidade psicomotora.
Exemplo: condutor liga para o Corpo de Bombeiros (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
solicitando socorro para vítima e depois desaparece do § 2° A verificação do disposto neste artigo poderá
local do acidente para não ser identificado. ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxico-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Interessante lembrar que havia dúvidas sobre a cons- lógico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemu-
titucionalidade desta norma, tendo em vista os casos nhal ou outros meios de prova em direito admitidos,
julgados pelo país. Entretanto, em 14 de novembro de observado o direito à contraprova. (Redação dada
2018, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deu pela Lei nº 12.971, de 2014)
provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 971959, com § 3° O CONTRAN disporá sobre a equivalência entre
repercussão geral reconhecida, e considerou constitucio- os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos
nal o artigo 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), para efeito de caracterização do crime tipificado nes-
que tipifica como crime a fuga do local de acidente. A te artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
maioria dos ministros entendeu que a norma não viola
a garantia de não autoincriminação, prevista no artigo 5º, Nós estamos diante de um dos principais, senão o
inciso LXIII, da Constituição Federal. principal, crime de trânsito para as bancas organiza-
doras de provas. Com o advento da Lei nº 11.705/08,
Art. 306 Conduzir veículo automotor com capaci- o crime de embriaguez ao volante deixou de ser um
dade psicomotora alterada em razão da influência crime de perigo em concreto para ser um crime de
de álcool ou de outra substância psicoativa que perigo em abstrato.
Antes, para que ocorresse consumação do delito, era necessário que o condutor gerasse risco para o trânsito. Hoje,
ainda que um condutor esteja conduzindo adequadamente, se tiver acima dos índices permitidos para embriaguez,
será enquadrado no crime acima tipificado. Mas como é configurado esse crime? Bem, temos alguns instrumentos 97
capazes de constatar a embriaguez: Etilômetro (Bafômetro), Exame de Sangue, Testemunhas, Vídeos, Exames clínicos
e outros meios de prova em direito admitidos. Quanto ao Etilômetro e Exame de sangue temos os seguintes limites:

LIMITES PREVISTOS
INSTRUMENTO
CTB RES 432/2013 CTB RES 432/2013 CTB RES 432/2013
ETILÔMETRO 0,00 mg/L 0,04 mg/L ATÉ0,299 mg/L ATÉ 0,33mg/L 0,3 mg/L ou mais 0,34 mg/L ou mais
EXAME
0,00 dg/L 0,00 dg/L ATÉ 5,9 dg/L 6 dg/L ou mais.
DE SANGUE
Infração de Trânsito e crime de
CONSEQUÊNCIA Não é infração nem crime. Apenas infração de Trânsito.
Trânsito.

Perceba que o CTB estabelece um limite para o crime. Entretanto, esse entendimento não é aceito uni-
bafômetro e a Resolução estabelece outro. Na verdade, formemente pelos diversos órgãos que compõem o
a Resolução n° 432/2013 tem como referência o limite caminho que percorre o processo (fiscalização, polícia
do CTB, entretanto ela dá uma aparente “colher de chá” judiciária, MP e judiciário), haja vista a alegada incom-
para o condutor quando se trata de etilômetro porque petência do CONTRAN para tratar de matéria criminal.
o aparelho também pode não ser preciso, tornando-se Observe que este crime é de menor potencial ofen-
esse limite uma margem de erro do aparelho. No dia a sivo e possui a pena de detenção, multa (multa não
dia, as fiscalizações utilizam a Resolução 432/13. é opção) e suspensão adicional de idêntico prazo.
Para sua prova, você deve estar pensando: preciso Importante salientar que é um crime de perigo abs-
memorizar qual limite? O do CTB ou limite da Resolu- trato, ou seja, a simples condução de um veículo por
ção? Simples, se sua prova colocar no edital a Resolu- motorista suspenso configurará o crime, independen-
ção 432/13, você estuda os dois limites, caso contrário, temente de geração de risco.
estude apenas o limite do CTB.
Agora, e se o condutor se recusar a realizar estes Art. 308. Participar, na direção de veículo automo-
exames? Bem, se o condutor não quiser fazer nenhum tor, em via pública, de corrida, disputa ou competição
desses exames, ele será autuado pelo Artigo 165- A automobilística ou ainda de exibição ou demonstra-
do CTB, podendo, inclusive, ser preso caso apresente ção de perícia em manobra de veículo automotor,
sinais visíveis de embriaguez (sonolência, agressivida- não autorizada pela autoridade competente, geran-
do situação de risco à incolumidade pública ou pri-
de, fala enrolada). Tal procedimento pode ser provado
vada: (Redação dada pela Lei nº 13.546, de 2017)
por meio de vídeos, testemunhas, exames clínicos e
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
outros meios de prova em direito admitidos. Mesmo se
multa e suspensão ou proibição de se obter a per-
recusando a realizar o bafômetro ou exame de sangue, missão ou a habilitação para dirigir veículo auto-
pode-se dar voz de prisão a um condutor visivelmente motor. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
embriagado ou entorpecido por outras drogas. § 1° Se da prática do crime previsto no caput resul-
tar lesão corporal de natureza grave, e as circuns-
Art. 307 Violar a suspensão ou a proibição de se tâncias demonstrarem que o agente não quis o
obter a permissão ou a habilitação para dirigir resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena
veículo automotor imposta com fundamento neste privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6
Código: (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
com nova imposição adicional de idêntico prazo de § 2° Se da prática do crime previsto no caput resul-
suspensão ou de proibição. tar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o con- agente não quis o resultado nem assumiu o risco de
denado que deixa de entregar, no prazo estabeleci- produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclu-
do no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou são de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das
a Carteira de Habilitação. outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela
Lei nº 12.971, de 2014)
Este dispositivo menciona que dirigir suspenso é
crime. A maior parte da doutrina entende que a viola- Este é o famoso crime de “racha”, e foi recentemen-
ção a este crime seria referente à suspensão imposta te modificado para endurecer a pena para os pratican-
pelo magistrado, ou seja, a suspensão penal. tes de competições não autorizadas em via pública. O
Arnaldo Rizardo e Guilherme de Souza Nucci, por “racha” não é apenas corrida, mas também disputa ou
exemplo, eminentes doutrinadores penais, entendem competição. Por isso, fique atento: o tipo penal não pune
que tal suspensão é penal, ou seja, apenas será crime se houver somente a corrida, é necessário que exista
se houver desobediência a uma decisão judicial. Uma elementos de competição no ato, como, por exemplo, a
forte defesa da doutrina é que como pode dirigir sus- tomada de tempo, a organização em posições etc.
penso ser crime e dirigir cassado só configurar crime Cuidado! O art. 308 está punindo mais do que uma
se gerar perigo de dano? Dirigir cassado é um ato de simples corrida. Está punindo, além disso, qualquer
desvalor maior que dirigir suspenso. forma de disputa ou competição. Neste delito, os pro-
Porém, alguns tribunais têm aceitado e julgado pes- motores do evento não são punidos, apenas os partici-
soas nesse crime baseado apenas em violação à sus- pantes. Não esqueça que é necessário estarmos em via
pensão imposta pela autoridade de trânsito. Segundo pública, em veículo automotor e gerando perigo de
entendimento dado pelo Manual Brasileiro de Fisca- risco à segurança viária. Assim, é um crime de perigo
lização de Trânsito, somente as suspensões judiciais, concreto, ou seja, exige que o risco de dano aconteça
98 e não as administrativas, seriam consideradas como para sua caracterização. Vejamos as novas penas:
CRIME PENA debates ineficazes, o STJ ratificou o que o CTB já nos
informa: tal crime é mesmo de perigo abstrato por
Racha (caput) Detenção de 06 m a 03 anos + sus- mais estranho que possa parecer.
pensão ou proibição de obter a per-
missão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor+ multa Importante!
Racha + lesão Reclusão de 03 anos a 06 anos + sus- Confira a súmula do STJ:
grave pensão ou proibição de obter a per- Súmula 575 do STJ: Constitui crime a conduta de
missão ou a habilitação para dirigir permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
veículo automotor+ multa automotor à pessoa que não seja habilitada, ou
Racha + morte Reclusão de 05 anos a 10 anos + sus- que se encontre em qualquer das situações pre-
pensão ou proibição de obter a per- vistas no art. 310 do CTB, independentemente da
missão ou a habilitação para dirigir ocorrência de lesão ou de perigo de dano concre-
veículo automotor+ multa to na condução do veículo.

Art. 309 Dirigir veículo automotor, em via pública, Art. 310-A (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619,
sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilita- de 2012)
ção ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, geran- Art. 311 Trafegar em velocidade incompatível com
do perigo de dano: a segurança nas proximidades de escolas, hos-
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. pitais, estações de embarque e desembarque de
passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
Crime de perigo concreto e de menor potencial grande movimentação ou concentração de pessoas,
ofensivo. Entenda que dirigir sem possuir CNH ou gerando perigo de dano:
dirigir com CNH cassada só é crime se gerar perigo Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
de dano. Já dirigir suspenso é crime de perigo abstra-
to. O crime só existe se for praticado na direção de Mais um crime de menor potencial ofensivo e de
veículo automotor e em via pública. Se alguém dirige perigo concreto. Para que o motorista responda pelo
um automóvel sem habilitação dentro da sua fazenda crime não é necessário que ele esteja com excesso de
particular, o fato é atípico. velocidade, basta que essa velocidade seja incompatí-
E quando a situação for de CNH de categoria dife- vel com a segurança, podendo causar um dano futuro.
rente causando perigo? Bom, se o indivíduo estiver Assim, não é exigido que a prova seja realizada por
dirigindo o veículo com habilitação de categoria dife- meio de radares ou equivalentes, podendo ser realiza-
da por provas testemunhais.
rente, que não seja própria para aquele veículo que
Sobre a prova testemunhal, assim decidiu o TJ-RS
ele está dirigindo, há o crime do art. 309, uma vez que
RC 71004813481 RS (TJ-RS) 30/05/2014: “Validade do
o tipo penal fala em “sem a devida permissão ou habi-
depoimento do policial para embasar a condenação
litação.” A palavra “devida” não é insignificante, pois
porque, até prova em contrário, trata-se de pessoa
o condutor deve ser habilitado para aquele veículo
idônea e que merece credibilidade, não se verifican-
que ele está conduzindo. Não se pode dirigir automó-
do, ainda, que tivesse qualquer motivo para realizar
vel com habilitação para motocicleta, por exemplo.
uma falsa imputação contra o réu”.
Conforme entendimento dado pelo MBFT, o ato
Se no local da velocidade incompatível com a segu-
de conduzir o veículo com a habilitação de categoria
rança não existe nas proximidades escolas, hospitais
diferente, gerando perigo de dano, configura o crime
(...) e grande concentração de pessoas, pode haver des-
do art. 309 do CTB. No entanto, há tribunais que já jul-
classificação do Crime do art.311 do CTB para o delito
garam de forma diferente, não caracterizando a situa-
de Contravenção penal de direção perigosa, conforme
ção como crime.
art. 34 do Decreto-Lei nº3688/194.
Outra situação: o indivíduo está com a habilita-
ção vencida há mais de trinta dias gerando perigo de Art. 312 Inovar artificiosamente, em caso de aci-
dano, configura o crime? O STF decidiu o seguinte: dente automobilístico com vítima, na pendência
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
configura infração administrativa, mas não configu- do respectivo procedimento policial preparatório,
ra o crime do art. 309. Mesmo que o condutor esteja inquérito policial ou processo penal, o estado de
gerando perigo de dano, uma vez que habilitação ven- lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro
cida não significa falta de habilitação. o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 310 Permitir, confiar ou entregar a direção de Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo,
veículo automotor a pessoa não habilitada, com ainda que não iniciados, quando da inovação, o
habilitação cassada ou com o direito de dirigir sus- procedimento preparatório, o inquérito ou o pro-
penso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, cesso aos quais se refere.
física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
condições de conduzi-lo com segurança: Esse é um crime de fraude processual, pois pune
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. aquele que modifica o local do acidente para induzir
as autoridades a erro. Não é incomum em acidentes
Interessante é o caso da pessoa que permite, con- de trânsito com vítimas, envolvidos mudarem local
fia ou entrega veículo a condutor inabilitado, cassado, dos veículos, apagar local de frenagem, mudar local
suspenso, embriagado ou sem condições de saúde físi- do corpo da vítima, retirar a sinalização, alterar local
ca ou mental para dirigir. Crime de perigo abstrato e de colisão e até indicar um falso condutor. De qual-
de menor potencial ofensivo. Para evitar celeumas e quer forma é um crime de menor potencial ofensivo. 99
O crime de inovação artificiosa do local de acidente a) Dirigir automóvel na via pública sem possuir
de trânsito, previsto no art. 312, do CTB, é formal e permissão para dirigir ou habilitação é crime de
se consuma quando o agente inova o local do crime, perigo concreto, cuja tipificação exige a prova de
visando enganar o agente policial, o perito, ou o juiz, geração do perigo de dano.
b) O crime de omissão de socorro à vítima atrope-
ainda que não alcance a finalidade pretendida.
lada por imprudência do motorista não se veri-
fica quando se constata que a morte ocorreu
Art. 312-A Para os crimes relacionados nos arts. instantaneamente.
302 a 312 deste Código, nas situações em que o juiz c) A embriaguez ao volante é crime de perigo concre-
aplicar a substituição de pena privativa de liberda- to, em que a ingestão de bebida alcoólica e a condu-
de por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de ção perigosa do automóvel geram perigo de dano.
prestação de serviço à comunidade ou a entidades d) O fato de dirigir perigosamente automóvel sem
públicas, em uma das seguintes atividades: (Incluí- ser habilitado, vindo a causar lesões corporais em
do pela Lei nº 13.281, de 2016) transeunte, implica dois crimes praticados em con-
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de res- curso formal.
gate dos corpos de bombeiros e em outras unidades
móveis especializadas no atendimento a vítimas de a) correto! O crime tipificado no Art. 309 do CTB só
trânsito; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) se configura se o condutor estiver gerando perigo de
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de dano.
hospitais da rede pública que recebem vítimas de b) O crime se configurará embora haja morte ins-
acidente de trânsito e politraumatizados; (Incluído tantânea da vítima ou o socorro for suprido por
pela Lei nº 13.281, de 2016) terceiros.
III - trabalho em clínicas ou instituições especia- c) O crime de embriaguez ao volante é de perigo
lizadas na recuperação de acidentados de trânsi-
abstrato.
d) na verdade a causação das lesões acarretará
to; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
somente a incidência do Art. 303, § único, o qual faz
IV - outras atividades relacionadas ao resgate,
referência ao § 1º do Art. 302. Resposta: Letra A.
atendimento e recuperação de vítimas de acidentes
de trânsito. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
2. (CESPE - 2015) Acerca de aspectos diversos do proces-
so penal brasileiro, o próximo item apresenta uma situa-
O juiz deverá, quando a pena for substituída por ção hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.
restritiva de direitos, fazer ser de prestação de serviço à Ana, conduzindo veículo automotor em via pública, coli-
comunidade ou a entidades públicas, nas atividades de diu com o veículo de Elza, que conduzia regularmente
atendimento e recuperação de vitimados pelo trânsito. seu automóvel. Elza sofreu lesões leves em seus braços
e pernas, comprovadas por exame pericial. Ana trafega-
ÓRGÃO DE ESPECIALIZAÇÃO DO LOCAL DE va à velocidade de 85 km/h, quando o máximo permiti-
TRABALHO TRABALHO do para a via era de 40 km/h. Na delegacia de polícia,
Elza fez constar na ocorrência policial que não desejava
Corpo de representar criminalmente contra Ana. Ficou demons-
Vítimas de acidente de trânsito
bombeiros trado ainda, durante o inquérito policial, que Ana não
Pronto-socorro conduzia o veículo sob efeito de álcool e também não
Vítimas de acidente de trânsito participava de corrida não autorizada pela autoridade
público
competente. Ana foi denunciada pelo MP pelo delito de
Clínica Recuperação de acidentados de lesão corporal culposa (art. 303 do CTB). Argumentou o
especializada trânsito representante do parquet que o delito era de ação penal
Atividades de Atendimento e recuperação de pública incondicionada, haja vista que Ana trafegava a
resgate vítimas de acidente de trânsito uma velocidade superior ao dobro da permitida para a
via. Nessa situação, agiu acertadamente o MP ao ofere-
cer denúncia contra Ana com respaldo no CTB.
Art. 312-B Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e
no § 2º do art. 303 deste Código não se aplica o dis- ( ) CERTO ( ) ERRADO
posto no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). Observe o art. 291 § 1 e seus incisos! Neste caso
devemos nos atentar para o inciso III deste dispo-
Novo dispositivo: os crimes de lesão corporal e sitivo. A lesão corporal culposa só não precisará
homicídio culposo qualificados (crimes que envolvem de representação se a velocidade do condutor for
ingestão de substância psicoativa) do CTB não cabe- maior ou igual a 50km/h da velocidade máxima per-
mitida. No caso foi de apenas 45 km/h (85-40), não
rão mais a possibilidade de substituição por penas
configurando a hipótese deste artigo. Logo, o MP
restritivas de direito. Essa nova normativa contraria está equivocado. Resposta: Errado.
o CTB que faz previsão de possibilidade de aplicação
das penas restritivas de direitos para crimes culposos. 3. (CESPE - 2019) Julgue o Item:

Dirigindo seu veículo automotor, Luciano atropelou


um transeunte, causando-lhe ferimentos leves. Luciano
EXERCÍCIOS COMENTADOS não prestou socorro à vítima nem solicitou auxílio da
autoridade pública. Nessa situação, a conduta de Luciano
1. (CESPE - 2017) Considerando a jurisprudência do STF será considerada atípica caso um terceiro tenha prestado
e do STJ em relação aos crimes de trânsito, assinale a apoio à vítima em seu lugar.
opção correta.
100 Parte superior do formulário ( ) CERTO ( ) ERRADO
A conduta é considerada crime, segundo o art 304 do O rol de artigos que dizem respeito às disposições
CTB. Incide nas penas previstas neste artigo o condu- finais e transitórias são de caráter auto explicativo,
tor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida portanto basta conhecer e estudar a literalidade da lei.
por terceiros ou que se trate de vítima com morte ins-
tantânea ou com ferimentos leves. Resposta: Errado. Receita das multas

4. (CESPE - 2019) Julgue o Item: Art. 320 A receita arrecadada com a cobrança das
Alfredo, conduzindo seu veículo automotor sem pla- multas de trânsito será aplicada, exclusivamente,
cas, atropelou um pedestre. Alessandro, dirigindo um em sinalização, engenharia de tráfego, de campo,
veículo de categoria diversa das que sua carteira de policiamento, fiscalização e educação de trânsito.
habilitação permitia, causou lesão corporal culposa Parágrafo único. O percentual de cinco por cento
em um transeunte, ao atingi-lo. Nessas situações, do valor das multas de trânsito arrecadadas será
as penas impostas a Alfredo e a Alessandro serão depositado, mensalmente, na conta de fundo de
agravadas, devendo o juiz aplicar as penas-base com âmbito nacional destinado à segurança e educação
especial atenção à culpabilidade e às circunstâncias e de trânsito.
consequências do crime. § 1º O percentual de cinco por cento do valor das
multas de trânsito arrecadadas será depositado,
mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacio-
( ) CERTO ( ) ERRADO
nal destinado à segurança e educação de trânsi-
to. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
As penas serão agravadas, conforme art 298 do § 2º O órgão responsável deverá publicar, anual-
CTB, tendo em vista a ausência de placas no carro mente, na rede mundial de computadores (internet),
de Alfredo e a categoria diferente da CNH de Ales- dados sobre a receita arrecadada com a cobrança
sandro. Vejamos a lei: de multas de trânsito e sua destinação. (Incluído
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam pela Lei nº 13.281, de 2016)
as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor
do veículo cometido a infração: Esse dinheiro deve ser aplicada exclusivamente, em
II - utilizando o veículo sem placas, com placas fal- sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policia-
sas ou adulteradas; mento, fiscalização e educação de trânsito. Lembrando
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de que 5% do valor das multas de trânsito arrecadadas
Habilitação de categoria diferente da do veículo; serão depositados, mensalmente, na conta de fundo de
Resposta: Certo. âmbito nacional destinado à segurança e educação de
trânsito. Esse fundo é administrado pelo DENATRAN.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Ainda: a Resolução nº 638/2016 regulamenta que
o valor das multas aplicadas possui a finalidade de
Disposições Finais e Transitórias punir quem transgride a legislação de trânsito e ser-
vir como receita pública orçamentária destinada a
atender, exclusivamente, as despesas públicas com
Art. 313 O Poder Executivo promoverá a nomeação
sinalização, engenharia de tráfego e de campo, poli-
dos membros do CONTRAN no prazo de sessenta
ciamento, fiscalização e educação de trânsito.
dias da publicação deste Código.
Art. 314 O CONTRAN tem o prazo de duzentos e
quarenta dias a partir da publicação deste Códi- Art. 320-A Os órgãos e as entidades do Sistema
go para expedir as resoluções necessárias à sua Nacional de Trânsito poderão integrar-se para a
melhor execução, bem como revisar todas as reso- ampliação e o aprimoramento da fiscalização de
luções anteriores à sua publicação, dando priori- trânsito, inclusive por meio do compartilhamento
dade àquelas que visam a diminuir o número de da receita arrecadada com a cobrança das multas
acidentes e a assegurar a proteção de pedestres. de trânsito. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Parágrafo único. As resoluções do CONTRAN, exis- Art. 323 O CONTRAN, em cento e oitenta dias,
tentes até a data de publicação deste Código, conti- fixará a metodologia de aferição de peso de veícu-
nuam em vigor naquilo em que não conflitem com ele. los, estabelecendo percentuais de tolerância, sen-
Art. 315 O Ministério da Educação e do Desporto, do durante este período suspensa a vigência das
mediante proposta do CONTRAN, deverá, no prazo penalidades previstas no inciso V do art. 231, apli-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
de duzentos e quarenta dias contado da publicação, cando-se a penalidade de vinte UFIR por duzentos
estabelecer o currículo com conteúdo programáti- quilogramas ou fração de excesso.
co relativo à segurança e à educação de trânsito, a Parágrafo único. Os limites de tolerância a que se
fim de atender o disposto neste Código. refere este artigo, até a sua fixação pelo CONTRAN,
Art. 316 O prazo de notificação previsto no inciso II são aqueles estabelecidos pela Lei nº 7.408, de 25 de
do parágrafo único do art. 281 só entrará em vigor novembro de 1985.
após duzentos e quarenta dias contados da publica- Art. 325 As repartições de trânsito conservarão por,
ção desta Lei. no mínimo, 5 (cinco) anos os documentos relativos à
Art. 317 Os órgãos e entidades de trânsito concederão habilitação de condutores, ao registro e ao licencia-
prazo de até um ano para a adaptação dos veículos de mento de veículos e aos autos de infração de trânsi-
condução de escolares e de aprendizagem às normas to. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
do inciso III do art. 136 e art. 154, respectivamente. § 1º Os documentos previstos no caput poderão ser
Art. 318 (VETADO) gerados e tramitados eletronicamente, bem como
Art. 319 Enquanto não forem baixadas novas nor- arquivados e armazenados em meio digital, desde
mas pelo CONTRAN, continua em vigor o disposto que assegurada a autenticidade, a fidedignidade,
no art. 92 do Regulamento do Código Nacional de a confiabilidade e a segurança das informações, e
Trânsito - Decreto nº 62.127, de 16 de janeiro de 1968. serão válidos para todos os efeitos legais, sendo dis-
pensada, nesse caso, a sua guarda física. (Incluído
pela Lei nº 13.281, de 2016) 101
§ 2º O CONTRAN regulamentará a geração, a trami- § 7° As metas fixadas serão divulgadas em setem-
tação, o arquivamento, o armazenamento e a elimi- bro, durante a Semana Nacional de Trânsito, assim
nação de documentos eletrônicos e físicos gerados como o desempenho, absoluto e relativo, de cada
em decorrência da aplicação das disposições deste Estado e do Distrito Federal no cumprimento das
Código. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) metas vigentes no ano anterior, detalhados os dados
§ 3º Na hipótese prevista nos §§ 1º e 2º, o sistema levantados e as ações realizadas por vias federais,
deverá ser certificado digitalmente, atendidos os estaduais e municipais, devendo tais informações
requisitos de autenticidade, integridade, validade permanecer à disposição do público na rede mun-
jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de dial de computadores, em sítio eletrônico do órgão
Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). (Incluído máximo executivo de trânsito da União. (Incluído
pela Lei nº 13.281, de 2016) pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
Art. 326 A Semana Nacional de Trânsito será come- § 8° O CONTRAN, ouvidos o Departamento de Polí-
morada anualmente no período compreendido cia Rodoviária Federal e demais órgãos do Sistema
entre 18 e 25 de setembro. Nacional de Trânsito, definirá as fórmulas para
apuração dos índices de que trata este artigo, assim
Memorize bem que a semana nacional ocorre como a metodologia para a coleta e o tratamento
todos os anos entre 18 e 25 de setembro. Este artigo dos dados estatísticos necessários para a composi-
poderia muito bem estar no capítulo de educação ção dos termos das fórmulas. (Incluído pela Lei nº
para o trânsito, porém se encontra junto com as dis- 13.614, de 2018) (Vigência)
posições finais e transitórias. § 9° Os dados estatísticos coletados em cada Estado
e no Distrito Federal serão tratados e consolidados
PNATRANS pelo respectivo órgão ou entidade executivos de
trânsito, que os repassará ao órgão máximo execu-
Art. 326-A A atuação dos integrantes do Sistema tivo de trânsito da União até o dia 1o de março, por
Nacional de Trânsito, no que se refere à política de meio do sistema de registro nacional de acidentes e
segurança no trânsito, deverá voltar-se priorita- estatísticas de trânsito. (Incluído pela Lei nº 13.614,
riamente para o cumprimento de metas anuais de de 2018) (Vigência)
redução de índice de mortos por grupo de veículos e § 10 Os dados estatísticos sujeitos à consolida-
de índice de mortos por grupo de habitantes, ambos ção pelo órgão ou entidade executivos de trânsito
apurados por Estado e por ano, detalhando-se os do Estado ou do Distrito Federal compreendem os
dados levantados e as ações realizadas por vias coletados naquela circunscrição: (Incluído pela Lei
federais, estaduais e municipais. (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018)(Vigência)
nº 13.614, de 2018) (Vigência) I - pela Polícia Rodoviária Federal e pelo órgão exe-
§ 1° O objetivo geral do estabelecimento de metas é, ao cutivo rodoviário da União; (Incluído pela Lei nº
final do prazo de dez anos, reduzir à metade, no míni- 13.614, de 2018) (Vigência)
mo, o índice nacional de mortos por grupo de veículos II - pela Polícia Militar e pelo órgão ou entidade exe-
e o índice nacional de mortos por grupo de habitantes, cutivos rodoviários do Estado ou do Distrito Fede-
relativamente aos índices apurados no ano da entrada ral;(Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
em vigor da lei que cria o Plano Nacional de Redução de III - pelos órgãos ou entidades executivos rodoviá-
Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans). (Incluído pela rios e pelos órgãos ou entidades executivos de trân-
Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência) sito dos Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.614, de
§ 2° As metas expressam a diferença a menor, em 2018) (Vigência)
base percentual, entre os índices mais recentes, § 11 O cálculo dos índices, para cada Estado e para
oficialmente apurados, e os índices que se pre- o Distrito Federal, será feito pelo órgão máximo
tende alcançar. (Incluído pela Lei nº 13.614, de executivo de trânsito da União, ouvidos o Depar-
2018) (Vigência) tamento de Polícia Rodoviária Federal e demais
§3° A decisão que fixar as metas anuais estabelece- órgãos do Sistema Nacional de Trânsito. (Incluído
rá as respectivas margens de tolerância. (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência) § 12 Os índices serão divulgados oficialmente até o
§ 4° As metas serão fixadas pelo CONTRAN para dia 31 de março de cada ano. (Incluído pela Lei nº
cada um dos Estados da Federação e para o Distri- 13.614, de 2018) (Vigência)
to Federal, mediante propostas fundamentadas dos § 13 Com base em índices parciais, apurados no
CETRAN, do CONTRANDIFE e do Departamento de decorrer do ano, o CONTRAN, os CETRAN e o CON-
Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das respecti- TRANDIFE poderão recomendar aos integrantes do
vas circunscrições. (Incluído pela Lei nº 13.614, de Sistema Nacional de Trânsito alterações nas ações,
2018) (Vigência) projetos e programas em desenvolvimento ou previs-
§ 5° Antes de submeterem as propostas ao CON- tos, com o fim de atingir as metas fixadas para cada
TRAN, os CETRAN, o CONTRANDIFE e o Depar- um dos Estados e para o Distrito Federal. (Incluído
tamento de Polícia Rodoviária Federal realizarão pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
consulta ou audiência pública para manifesta- § 14 A partir da análise de desempenho a que se refere
ção da sociedade sobre as metas a serem propos- o § 7o deste artigo, o CONTRAN elaborará e divulga-
tas. (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência) rá, também durante a Semana Nacional de Trânsi-
§ 6° As propostas dos CETRAN, do CONTRANDIFE to: (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal I - duas classificações ordenadas dos Estados e do
serão encaminhadas ao CONTRAN até o dia 1o de Distrito Federal, uma referente ao ano analisado e
agosto de cada ano, acompanhadas de relatório outra que considere a evolução do desempenho dos
analítico a respeito do cumprimento das metas Estados e do Distrito Federal desde o início das análi-
fixadas para o ano anterior e de exposição de ações, ses; (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
projetos ou programas, com os respectivos orça- II - relatório a respeito do cumprimento do objeti-
mentos, por meio dos quais se pretende cumprir as vo geral do estabelecimento de metas previsto no
metas propostas para o ano seguinte. (Incluído pela § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.614, de
102 Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência) 2018) (Vigência)
A Lei nº 13.614/2018 criou o Plano Nacional de O calendário anual do PNATRANS, destarte, fica
Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS), assim determinado:
acrescentando o artigo 326-A ao Código de Trânsito
Brasileiro (CTB), e propôs um novo desafio para a ges- z Até 01/03: remessa das estatísticas, pelos DETRANs,
tão de trânsito no Brasil e para os órgãos integrantes ao DENATRAN;
do Sistema Nacional de Trânsito (SNT). z Até 31/03: divulgação das estatísticas;
O Plano, elaborado em conjunto pelos órgãos de z Até 01/08: encaminhamento de propostas de redu-
saúde, de trânsito, de transporte e de justiça, traz ção, pelos CETRANs e PRF, ao CONTRAN;
z De 18 a 25/09: divulgação das metas e desempenho.
as diretrizes para que o país reduza em, no míni-
mo, metade o índice nacional de mortos por grupo
Art. 327 A partir da publicação deste Código,
de veículos e o índice nacional de mortos por grupo
somente poderão ser fabricados e licenciados veí-
de habitantes. Para tanto, estabelece um prazo de culos que obedeçam aos limites de peso e dimen-
dez anos. As metas de redução de mortes e lesões no sões fixados na forma desta Lei, ressalvados os que
trânsito, fixadas pelo Conselho Nacional de Trânsito vierem a ser regulamentados pelo CONTRAN.
(CONTRAN), para cada um dos Estados da Federação e Parágrafo único. (VETADO)
para o Distrito Federal, a partir das propostas dos Con-
selhos Estaduais de Trânsito (CETRAN), do Conselho Leilão de veículos
de Trânsito do Distrito Federal (CONTRANDIFE) e do
Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), Art. 328 O veículo apreendido ou removido a qual-
no âmbito das respectivas circunscrições, garante que quer título e não reclamado por seu proprietário
todos sejam chamados a contribuir. Incluindo-se aí, dentro do prazo de sessenta dias, contado da data
igualmente, o cidadão que, de forma direta, pode par- de recolhimento, será avaliado e levado a leilão, a
ticipar nas audiências públicas criadas para discutir o ser realizado preferencialmente por meio eletrôni-
tema, bem como diversos outros setores da sociedade. co. (Redação dada pela Lei nº 13.160, de 2015)
O PNATRANS surge, ainda, como uma oportunidade
para o estabelecimento de um Programa Nacional de Meus amigos, se um veículo ficar mais de 60 dias
Trânsito, conforme determina o CTB. O Plano também no depósito de algum órgão de trânsito, a Administra-
se coaduna às ações positivas já existentes em torno da ção Pública pode iniciar os procedimentos para leiloar
segurança viária, porém dá um passo adiante ao propor o veículo. Antigamente, o prazo era de 90 dias. Poderá
que iniciativas em torno da matéria estejam pautadas ser leiloado como sucata ou como veículo conservado
em oito pilares fundamentais para o desenvolvimento se tiver condições de tráfego.
das propostas, a saber: Integração, Cooperação e Coor-
denação no PNATRANS, Coleta e Integração de Dados, § 1° Publicado o edital do leilão, a preparação pode-
rá ser iniciada após trinta dias, contados da data de
Financiamento do Plano, Esforço Legal, Fiscalização de
recolhimento do veículo, o qual será classificado em
Trânsito, Educação para o Trânsito, Mobilidade e Enge-
duas categorias: (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
nharia e Atendimento de Vítimas. Isso permite que a I – conservado, quando apresenta condições de
questão seja vista em suas diversas vertentes. segurança para trafegar; e (Incluído pela Lei nº
O objetivo da criação do Plano Nacional de Redução 13.160, de 2015)
de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) é, primor- II – sucata, quando não está apto a trafegar. (Incluí-
dialmente, o de preservar vidas, tendo em vista que o do pela Lei nº 13.160, de 2015)
trânsito é umas das maiores causas de mortes de pes- § 2° Se não houver oferta igual ou superior ao valor
soas no mundo. Mortes essas que podem ser evitadas. da avaliação, o lote será incluído no leilão seguinte,
Mas o Plano também se constitui como um passo adian- quando será arrematado pelo maior lance, desde
te na resolução de problemas relacionados à infraestru- que por valor não inferior a cinquenta por cento do
tura viária brasileira, organização e alinhamento dos avaliado. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
órgãos do Sistema Nacional de Trânsito (SNT), mobili- § 3° Mesmo classificado como conservado, o veícu-
lo que for levado a leilão por duas vezes e não for
dade urbana, convivência harmoniosa entre pedestres,
arrematado será leiloado como sucata. (Incluído
ciclistas, motociclistas, entre outros aspectos.
pela Lei nº 13.160, de 2015)
A vigência do Plano de dez anos e o estabelecimen- §4° É vedado o retorno do veículo leiloado como suca-
to da meta de reduzir à metade, no mínimo, o índice
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
ta à circulação. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
nacional de mortos por grupo de veículos e o índice § 5° A cobrança das despesas com estada no depó-
nacional de mortos por grupo de habitantes, bem sito será limitada ao prazo de seis meses. (Incluído
como a revisão e a exposição das ações, dos projetos pela Lei nº 13.160, de 2015)
ou dos programas, anualmente, conforme determi- § 6° Os valores arrecadados em leilão deverão ser
na a Lei do PNATRANS, são um avanço na legislação utilizados para custeio da realização do leilão, divi-
sobre o tema e sobre o entendimento da relevância de dindo-se os custos entre os veículos arrematados,
se discutir as questões do trânsito no Brasil. Na ver- proporcionalmente ao valor da arrematação, e des-
dade, isso permite que o planejamento e a responsa- tinando-se os valores remanescentes, na seguinte
bilidade de todos sejam definidos de antemão a fim ordem, para: (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
I – as despesas com remoção e estada; (Incluído
de que as ações previstas sejam efetivamente acompa-
pela Lei nº 13.160, de 2015)
nhadas e desempenhadas com eficiência.
II – os tributos vinculados ao veículo, na forma do §
Por fim, o PNATRANS reconhece o impacto que os 10; (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
acidentes de trânsito causam à sociedade, não apenas III – os credores trabalhistas, tributários e titulares
financeiro, mas humano, tornando-se um instrumen- de crédito com garantia real, segundo a ordem de
to de diagnóstico dos problemas, mas também das preferência estabelecida no art. 186 da Lei no 5.172,
soluções que cada um dos órgãos de trânsito, de todas de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacio-
as esferas, se propôs a debater e a colocar em prática. nal); (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) 103
IV – as multas devidas ao órgão ou à entidade respon- § 17 O procedimento de hasta pública na hipótese do
sável pelo leilão; (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 16 será realizado por lote de tonelagem de mate-
V – as demais multas devidas aos órgãos integrantes rial ferroso, observando-se, no que couber, o disposto
do Sistema Nacional de Trânsito, segundo a ordem neste artigo, condicionando-se a entrega do material
cronológica; e (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) arrematado aos procedimentos necessários à desca-
VI – os demais créditos, segundo a ordem de prefe- racterização total do bem e à destinação exclusiva,
rência legal. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) ambientalmente adequada, à reciclagem siderúrgi-
ca, vedado qualquer aproveitamento de peças e par-
Cuidado com este novo artigo! Essa ordem de pre- tes. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
ferência do destino do dinheiro dos carros leiloados § 18 Os veículos sinistrados irrecuperáveis queima-
pode ser lembrada pelas bancas e cobrada na sua pro- dos, adulterados ou estrangeiros, bem como aque-
va. Pelo dispositivo, o primeiro débito a ser quitado é les sem possibilidade de regularização perante o
com guincho (remoção) e pátio (estada). órgão de trânsito, serão destinados à reciclagem,
independentemente do período em que estejam em
depósito, respeitado o prazo previsto no caput des-
§ 7° Sendo insuficiente o valor arrecadado para qui-
te artigo, sempre que a autoridade responsável pelo
tar os débitos incidentes sobre o veículo, a situação
leilão julgar ser essa a medida apropriada. (Incluí-
será comunicada aos credores. (Incluído pela Lei nº
do pela Lei nº 13.281, de 2016)
13.160, de 2015)
§ 8° Os órgãos públicos responsáveis serão comuni- Art. 329 Os condutores dos veículos de que tratam
cados do leilão previamente para que formalizem a os arts. 135 e 136, para exercerem suas atividades,
desvinculação dos ônus incidentes sobre o veículo deverão apresentar, previamente, certidão negativa
no prazo máximo de dez dias. (Incluído pela Lei nº do registro de distribuição criminal relativamente aos
13.160, de 2015) crimes de homicídio, roubo, estupro e corrupção de
§ 9° Os débitos incidentes sobre o veículo antes da menores, renovável a cada cinco anos, junto ao órgão
alienação administrativa ficam dele automaticamente responsável pela respectiva concessão ou autorização.
desvinculados, sem prejuízo da cobrança contra o pro-
prietário anterior. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) Artigo muito importante! Para conduzir escolares
§ 10 Aplica-se o disposto no § 9o inclusive ao débito e trabalhar como motofretista é indispensável apre-
relativo a tributo cujo fato gerador seja a propriedade, sentar certidão negativa de roubo, estupro, homicí-
o domínio útil, a posse, a circulação ou o licenciamento dio e corrupção de menores. Lembre-se que este rol
de veículo. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) é taxativo: qualquer outro crime como o furto, por
§ 11 Na hipótese de o antigo proprietário reaver o exemplo, não impede o motorista de trabalhar. Não
veículo, por qualquer meio, os débitos serão nova- esqueça que a certidão é renovável a cada cinco anos.
mente vinculados ao bem, aplicando-se, nesse caso,
o disposto nos §§ 1o, 2o e 3o do art. 271. (Incluído Art. 330 Os estabelecimentos onde se executem
pela Lei nº 13.160, de 2015) reformas ou recuperação de veículos e os que com-
§ 12 Quitados os débitos, o saldo remanescente prem, vendam ou desmontem veículos, usados ou
será depositado em conta específica do órgão res- não, são obrigados a possuir livros de registro de
ponsável pela realização do leilão e ficará à dispo- seu movimento de entrada e saída e de uso de pla-
sição do antigo proprietário, devendo ser expedida cas de experiência, conforme modelos aprovados e
notificação a ele, no máximo em trinta dias após a rubricados pelos órgãos de trânsito.
realização do leilão, para o levantamento do valor § 1º Os livros indicarão:
no prazo de cinco anos, após os quais o valor será I - data de entrada do veículo no estabelecimento;
transferido, definitivamente, para o fundo a que se II - nome, endereço e identidade do proprietário ou
refere o parágrafo único do art. 320. (Incluído pela vendedor;
Lei nº 13.160, de 2015) III - data da saída ou baixa, nos casos de
§ 13 Aplica-se o disposto neste artigo, no que cou- desmontagem;
ber, ao animal recolhido, a qualquer título, e não IV - nome, endereço e identidade do comprador;
reclamado por seu proprietário no prazo de sessen- V - características do veículo constantes do seu cer-
ta dias, a contar da data de recolhimento, conforme tificado de registro;
regulamentação do CONTRAN. (Incluído pela Lei nº VI - número da placa de experiência.
13.160, de 2015) § 2º Os livros terão suas páginas numeradas tipo-
§ 14 Se identificada a existência de restrição poli- graficamente e serão encadernados ou em folhas
cial ou judicial sobre o prontuário do veículo, a soltas, sendo que, no primeiro caso, conterão ter-
autoridade responsável pela restrição será notifi- mo de abertura e encerramento lavrados pelo pro-
cada para a retirada do bem do depósito, mediante prietário e rubricados pela repartição de trânsito,
a quitação das despesas com remoção e estada, ou enquanto, no segundo, todas as folhas serão auten-
para a autorização do leilão nos termos deste arti- ticadas pela repartição de trânsito.
go. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) § 3º A entrada e a saída de veículos nos estabeleci-
§ 15 Se no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da mentos referidos neste artigo registrar-se-ão no mes-
notificação de que trata o § 14, não houver mani- mo dia em que se verificarem assinaladas, inclusive,
festação da autoridade responsável pela restrição as horas a elas correspondentes, podendo os veículos
judicial ou policial, estará o órgão de trânsito auto- irregulares lá encontrados ou suas sucatas ser apreen-
rizado a promover o leilão do veículo nos termos didos ou retidos para sua completa regularização.
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) § 4º As autoridades de trânsito e as autoridades poli-
§ 16 Os veículos, sucatas e materiais inservíveis de ciais terão acesso aos livros sempre que o solicitarem,
bens automotores que se encontrarem nos depósi- não podendo, entretanto, retirá-los do estabelecimento.
tos há mais de 1 (um) ano poderão ser destinados § 5º A falta de escrituração dos livros, o atraso, a fraude
à reciclagem, independentemente da existência ao realizá-lo e a recusa de sua exibição serão punidas
de restrições sobre o veículo. (Incluído pela Lei nº com a multa prevista para as infrações gravíssimas,
104 13.281, de 2016) independente das demais cominações legais cabíveis.
§ 6° Os livros previstos neste artigo poderão ser de condutores, ao registro e ao licenciamento de veí-
substituídos por sistema eletrônico, na forma regu- culos e aos autos de infração de trânsito.
lamentada pelo CONTRAN. (Incluído pela Lei nº Marque a opção que preenche corretamente a lacuna.
13.154, de 2015)
Art. 331 Até a nomeação e posse dos membros que a) 2 (dois).
passarão a integrar os colegiados destinados ao jul- b) 5 (cinco).
gamento dos recursos administrativos previstos na c) 4 (quatro).
Seção II do Capítulo XVIII deste Código, o julgamento d) 15 (quinze).
dos recursos ficará a cargo dos órgãos ora existentes. e) 10 (dez).
Art. 332 Os órgãos e entidades integrantes do Sistema
Nacional de Trânsito proporcionarão aos membros As repartições de trânsito conservarão por, no míni-
do CONTRAN, CETRAN e CONTRANDIFE, em serviço,
mo, 5 (cinco) anos os documentos relativos à habili-
todas as facilidades para o cumprimento de sua missão,
tação de condutores, ao registro e ao licenciamento
fornecendo-lhes as informações que solicitarem, permi-
de veículos e aos autos de infração de trânsito, con-
tindo-lhes inspecionar a execução de quaisquer serviços
e deverão atender prontamente suas requisições. forme art. 325 do CTB. Resposta: Letra B.
Art. 333. O CONTRAN estabelecerá, em até cento
e vinte dias após a nomeação de seus membros, as ANEXO I DO CTB – DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES
disposições previstas nos arts. 91 e 92, que terão de
ser atendidas pelos órgãos e entidades executivos Para efeito deste Código adotam-se as seguintes
de trânsito e executivos rodoviários para exercerem definições:
suas competências.
§ 1º Os órgãos e entidades de trânsito já existentes z Acostamento: parte da via diferenciada da pista
terão prazo de um ano, após a edição das normas, de rolamento destinada à parada ou estaciona-
para se adequarem às novas disposições estabeleci- mento de veículos, em caso de emergência, e à
das pelo CONTRAN, conforme disposto neste artigo. circulação de pedestres e bicicletas, quando não
§ 2º Os órgãos e entidades de trânsito a serem cria- houver local apropriado para esse fim.
dos exercerão as competências previstas neste Códi- z Agente da Autoridade de Trânsito - pessoa, civil
go em cumprimento às exigências estabelecidas pelo
ou policial militar, credenciada pela autoridade de
CONTRAN, conforme disposto neste artigo, acompa-
trânsito para o exercício das atividades de fiscali-
nhados pelo respectivo CETRAN, se órgão ou entida-
zação, operação, policiamento ostensivo de trânsi-
de municipal, ou CONTRAN, se órgão ou entidade
estadual, do Distrito Federal ou da União, passando to ou patrulhamento.
a integrar o Sistema Nacional de Trânsito. z Ar Alveolar - ar expirado pela boca de um indiví-
Art. 334 As ondulações transversais existentes deve- duo, originário dos alvéolos pulmonares. (Incluí-
rão ser homologadas pelo órgão ou entidade compe- do pela Lei nº 12.760, de 2012)
tente no prazo de um ano, a partir da publicação deste z Área de espera - área delimitada por 2 (duas)
Código, devendo ser retiradas em caso contrário. linhas de retenção, destinada exclusivamente à
Art. 335 (VETADO) espera de motocicletas, motonetas e ciclomotores,
Art. 336 Aplicam-se os sinais de trânsito previstos no junto à aproximação semafórica, imediatamente à
Anexo II até a aprovação pelo CONTRAN, no prazo frente da linha de retenção dos demais veículos.
de trezentos e sessenta dias da publicação desta Lei, (Lei n° 14071 de 2020)
após a manifestação da Câmara Temática de Enge- z Automóvel - veículo automotor destinado ao
nharia, de Vias e Veículos e obedecidos os padrões transporte de passageiros, com capacidade para
internacionais. até oito pessoas, exclusive o condutor.
Art. 337 Os CETRAN terão suporte técnico e z Autoridade de Trânsito - dirigente máximo de
financeiro dos Estados e Municípios que os com- órgão ou entidade executivo integrante do Sistema
põem e, o CONTRANDIFE, do Distrito Federal. Nacional de Trânsito ou pessoa por ele expressa-
Art. 338 As montadoras, encarroçadoras, os impor- mente credenciada.
tadores e fabricantes, ao comerciarem veículos auto- z Balanço Traseiro - distância entre o plano vertical
motores de qualquer categoria e ciclos, são obrigados
passando pelos centros das rodas traseiras extremas
a fornecer, no ato da comercialização do respectivo
e o ponto mais recuado do veículo, considerando-se
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
veículo, manual contendo normas de circulação,
todos os elementos rigidamente fixados ao mesmo.
infrações, penalidades, direção defensiva, primeiros
socorros e Anexos do Código de Trânsito Brasileiro. z Bicicleta - veículo de propulsão humana, dotado
Art. 339 Fica o Poder Executivo autorizado a abrir de duas rodas, não sendo, para efeito deste Código,
crédito especial no valor de R$ 264.954,00 (duzen- similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor.
tos e sessenta e quatro mil, novecentos e cinquenta z Bicicletário - local, na via ou fora dela, destinado
e quatro reais), em favor do ministério ou órgão ao estacionamento de bicicletas.
a que couber a coordenação máxima do Sistema z Bonde - veículo de propulsão elétrica que se move
Nacional de Trânsito, para atender as despesas sobre trilhos.
decorrentes da implantação deste Código. z Bordo da Pista - margem da pista, podendo ser
demarcada por linhas longitudinais de bordo que
delineiam a parte da via destinada à circulação de
veículos.
EXERCÍCIO COMENTADO z Calçada - parte da via, normalmente segregada
e em nível diferente, não destinada à circulação
1. (CETREDE - 2018) Analise a alternativa a seguir: As de veículos, reservada ao trânsito de pedestres
repartições de trânsito conservarão por, no mínimo, e, quando possível, à implantação de mobiliário
________ anos os documentos relativos à habilitação urbano, sinalização, vegetação e outros fins. 105
z Caminhão-Trator - veículo automotor destinado a z Faixas de Trânsito - qualquer uma das áreas lon-
tracionar ou arrastar outro. gitudinais em que a pista pode ser subdividida,
z Caminhonete - veículo destinado ao transporte de sinalizada ou não por marcas viárias longitudi-
carga com peso bruto total de até três mil e qui- nais, que tenham uma largura suficiente para per-
nhentos quilogramas. mitir a circulação de veículos automotores.
z Camioneta - veículo misto destinado ao transporte z Fiscalização - ato de controlar o cumprimento das
de passageiros e carga no mesmo compartimento. normas estabelecidas na legislação de trânsito, por
z Canteiro Central - obstáculo físico construído meio do poder de polícia administrativa de trânsi-
como separador de duas pistas de rolamento, to, no âmbito de circunscrição dos órgãos e enti-
eventualmente substituído por marcas viárias dades executivos de trânsito e de acordo com as
(canteiro fictício). competências definidas neste Código.
z Capacidade Máxima de Tração - máximo peso z Foco de Pedestres - indicação luminosa de per-
que a unidade de tração é capaz de tracionar, missão ou impedimento de locomoção na faixa
indicado pelo fabricante, baseado em condições apropriada.
sobre suas limitações de geração e multiplicação z Freio de Estacionamento - dispositivo destinado
de momento de força e resistência dos elementos a manter o veículo imóvel na ausência do condu-
que compõem a transmissão. tor ou, no caso de um reboque, se este se encontra
z Carreata - deslocamento em fila na via de veículos desengatado.
automotores em sinal de regozijo, de reivindica- z Freio de Segurança ou Motor - dispositivo desti-
ção, de protesto cívico ou de uma classe. nado a diminuir a marcha do veículo no caso de
z Carro de Mão - veículo de propulsão humana utili- falha do freio de serviço.
zado no transporte de pequenas cargas. z Freio de Serviço - dispositivo destinado a provo-
z Carroça - veículo de tração animal destinado ao car a diminuição da marcha do veículo ou pará-lo.
transporte de carga. z Gestos de Agentes - movimentos convencionais
z Catadióptrico - dispositivo de reflexão e refração de braço, adotados exclusivamente pelos agentes
da luz utilizado na sinalização de vias e veículos de autoridades de trânsito nas vias, para orien-
(olho-de-gato). tar, indicar o direito de passagem dos veículos
ou pedestres ou emitir ordens, sobrepondo-se ou
z Charrete - veículo de tração animal destinado ao
completando outra sinalização ou norma constan-
transporte de pessoas.
te deste Código.
z Ciclo - veículo de pelo menos duas rodas a propul-
z Gestos de Condutores - movimentos convencio-
são humana.
nais de braço, adotados exclusivamente pelos con-
z Ciclofaixa - parte da pista de rolamento destina-
dutores, para orientar ou indicar que vão efetuar
da à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por
uma manobra de mudança de direção, redução
sinalização específica.
brusca de velocidade ou parada.
z Ciclomotor - veículo de 2 (duas) ou 3 (três) rodas,
z Ilha - obstáculo físico, colocado na pista de rola-
provido de motor de combustão interna, cuja cilin-
mento, destinado à ordenação dos fluxos de trânsi-
drada não exceda a 50 cm3 (cinquenta centímetros
to em uma interseção.
cúbicos), equivalente a 3,05 pol3 (três polegadas
z Infração - inobservância a qualquer preceito da
cúbicas e cinco centésimos), ou de motor de pro-
legislação de trânsito, às normas emanadas do
pulsão elétrica com potência máxima de 4 kW Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trân-
(quatro quilowatts), e cuja velocidade máxima de sito e a regulamentação estabelecida pelo órgão ou
fabricação não exceda a 50 Km/h (cinquenta quilô- entidade executiva do trânsito.
metros por hora). Lei n° 14071 de 2020 z Interseção - todo cruzamento em nível, entron-
z Ciclovia - pista própria destinada à circulação de camento ou bifurcação, incluindo as áreas for-
ciclos, separada fisicamente do tráfego comum. madas por tais cruzamentos, entroncamentos ou
z Conversão - movimento em ângulo, à esquerda bifurcações.
ou à direita, de mudança da direção original do z Interrupção de Marcha - imobilização do veí-
veículo. culo para atender circunstância momentânea do
z Cruzamento - interseção de duas vias em nível. trânsito.
z Dispositivo de segurança - qualquer elemento z Licenciamento - procedimento anual, relativo a
que tenha a função específica de proporcionar obrigações do proprietário de veículo, comprova-
maior segurança ao usuário da via, alertando-o do por meio de documento específico (Certificado
sobre situações de perigo que possam colocar em de Licenciamento Anual).
risco sua integridade física e dos demais usuários z Logradouro Público - espaço livre destinado pela
da via, ou danificar seriamente o veículo. municipalidade à circulação, parada ou estacio-
z Estacionamento - imobilização de veículos por namento de veículos, ou à circulação de pedes-
tempo superior ao necessário para embarque ou tres, tais como calçada, parques, áreas de lazer,
desembarque de passageiros. calçadões.
z Estrada - via rural não pavimentada. z Lotação - carga útil máxima, incluindo condutor e
z Etilômetro - aparelho destinado à medição do passageiros, que o veículo transporta, expressa em
teor alcoólico no ar alveolar. (Incluído pela Lei nº quilogramas para os veículos de carga, ou número
12.760, de 2012) de pessoas, para os veículos de passageiros.
z Faixas de Domínio - superfície lindeira às vias z Lote Lindeiro - aquele situado ao longo das vias
rurais, delimitada por lei específica e sob respon- urbanas ou rurais e que com elas se limita.
sabilidade do órgão ou entidade de trânsito com- z Luz Alta - facho de luz do veículo destinado a ilu-
106 petente com circunscrição sobre a via. minar a via até uma grande distância do veículo.
z Luz Baixa - facho de luz do veículo destinada a z Passagem Subterrânea - obra de arte destinada
iluminar a via diante do veículo, sem ocasionar à transposição de vias, em desnível subterrâneo, e
ofuscamento ou incômodo injustificáveis aos con- ao uso de pedestres ou veículos.
dutores e outros usuários da via que venham em z Passarela - obra de arte destinada à transposição
sentido contrário. de vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres.
z Luz de Freio - luz do veículo destinada a indicar z Passeio - parte da calçada ou da pista de rolamen-
aos demais usuários da via, que se encontram to, neste último caso, separada por pintura ou ele-
atrás do veículo, que o condutor está aplicando o mento físico separador, livre de interferências,
freio de serviço. destinada à circulação exclusiva de pedestres e,
z Luz Indicadora de Direção (pisca-pisca) - luz do excepcionalmente, de ciclistas.
veículo destinada a indicar aos demais usuários da z Patrulhamento - função exercida pela Polícia
via que o condutor tem o propósito de mudar de Rodoviária Federal com o objetivo de garantir obe-
direção para a direita ou para a esquerda. diência às normas de trânsito, assegurando a livre
z Luz de Marcha à Ré - luz do veículo destinada a circulação e evitando acidentes.
iluminar atrás do veículo e advertir aos demais
z Perímetro Urbano - limite entre área urbana e
usuários da via que o veículo está efetuando ou a
área rural.
ponto de efetuar uma manobra de marcha à ré.
z Peso Bruto Total - peso máximo que o veículo
z Luz de Neblina - luz do veículo destinada a
transmite ao pavimento, constituído da soma da
aumentar a iluminação da via em caso de neblina,
tara mais a lotação.
chuva forte ou nuvens de pó.
z Luz de Posição (lanterna) - luz do veículo destina- z Peso Bruto Total Combinado - peso máximo
da a indicar a presença e a largura do veículo. transmitido ao pavimento pela combinação de
z Manobra - movimento executado pelo condutor um caminhão-trator mais seu semi-reboque ou do
para alterar a posição em que o veículo está no caminhão mais o seu reboque ou reboques.
momento em relação à via. z Pisca-Alerta - luz intermitente do veículo, utiliza-
z Marcas Viárias - conjunto de sinais constituídos de da em caráter de advertência, destinada a indicar
linhas, marcações, símbolos ou legendas, em tipos e aos demais usuários da via que o veículo está imo-
cores diversas, apostos ao pavimento da via. bilizado ou em situação de emergência.
z Microônibus - veículo automotor de transporte z Pista - parte da via normalmente utilizada para a
coletivo com capacidade para até vinte passageiros. circulação de veículos, identificada por elementos
z Motocicleta - veículo automotor de duas rodas, separadores ou por diferença de nível em relação
com ou sem side-car, dirigido por condutor em às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais.
posição montada. z Placas - elementos colocados na posição vertical,
z Motoneta - veículo automotor de duas rodas, diri- fixados ao lado ou suspensos sobre a pista, trans-
gido por condutor em posição sentada. mitindo mensagens de caráter permanente e,
z Motor-Casa (Motor-Home) - veículo automotor eventualmente, variáveis, mediante símbolo ou
cuja carroçaria seja fechada e destinada a alojamen- legendas pré-reconhecidas e legalmente instituí-
to, escritório, comércio ou finalidades análogas. das como sinais de trânsito.
z Noite - período do dia compreendido entre o pôr- z Policiamento Ostensivo De Trânsito - função
-do-sol e o nascer do sol. exercida pelas Polícias Militares com o objetivo de
z Ônibus - veículo automotor de transporte coletivo prevenir e reprimir atos relacionados com a segu-
com capacidade para mais de vinte passageiros, ain- rança pública e de garantir obediência às normas
da que, em virtude de adaptações com vista à maior relativas à segurança de trânsito, assegurando a
comodidade destes, transporte número menor. livre circulação e evitando acidentes.
z Operação de Carga e descarga - imobilização do veí- z Ponte - obra de construção civil destinada a ligar
culo, pelo tempo estritamente necessário ao carrega- margens opostas de uma superfície líquida qualquer.
mento ou descarregamento de animais ou carga, na z Reboque - veículo destinado a ser engatado atrás
forma disciplinada pelo órgão ou entidade executivo
de um veículo automotor.
de trânsito competente com circunscrição sobre a via.
z Regulamentação da Via - implantação de sinali-
z Operação de Trânsito - monitoramento técnico
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

zação de regulamentação pelo órgão ou entidade


baseado nos conceitos de Engenharia de Tráfe-
competente com circunscrição sobre a via, definin-
go, das condições de fluidez, de estacionamento e
do, entre outros, sentido de direção, tipo de esta-
parada na via, de forma a reduzir as interferências
tais como veículos quebrados, acidentados, esta- cionamento, horários e dias.
cionados irregularmente atrapalhando o trânsito, z Refúgio - parte da via, devidamente sinalizada e
prestando socorros imediatos e informações aos protegida, destinada ao uso de pedestres durante a
pedestres e condutores. travessia da mesma.
z Parada - imobilização do veículo com a finalidade z Renach - Registro Nacional de Condutores
e pelo tempo estritamente necessário para efetuar Habilitados.
embarque ou desembarque de passageiros. z Renavam - Registro Nacional de Veículos
z Passagem de Nível - todo cruzamento de nível Automotores.
entre uma via e uma linha férrea ou trilho de bon- z Retorno - movimento de inversão total de sentido
de com pista própria. da direção original de veículos.
z Passagem por outro Veículo - movimento de pas- z Rodovia - via rural pavimentada.
sagem à frente de outro veículo que se desloca no z Semi-Reboque - veículo de um ou mais eixos que
mesmo sentido, em menor velocidade, mas em fai- se apóia na sua unidade tratora ou é a ela ligado
xas distintas da via. por meio de articulação. 107
z Sinais de Trânsito - elementos de sinalização viária z Via - superfície por onde transitam veículos, pes-
que se utilizam de placas, marcas viárias, equipamen- soas e animais, compreendendo a pista, a calçada,
tos de controle luminosos, dispositivos auxiliares, o acostamento, ilha e canteiro central.
apitos e gestos, destinados exclusivamente a ordenar z Via de Trânsito Rápido - aquela caracterizada por
ou dirigir o trânsito dos veículos e pedestres. acessos especiais com trânsito livre, sem interse-
z Sinalização - conjunto de sinais de trânsito e dispo- ções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes
lindeiros e sem travessia de pedestres em nível.
sitivos de segurança colocados na via pública com o
z Via Arterial - aquela caracterizada por interse-
objetivo de garantir sua utilização adequada, possi- ções em nível, geralmente controlada por semá-
bilitando melhor fluidez no trânsito e maior segu- foro, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às
rança dos veículos e pedestres que nela circulam. vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito
z Sons Por Apito - sinais sonoros, emitidos exclusi- entre as regiões da cidade.
vamente pelos agentes da autoridade de trânsito z Via Coletora - aquela destinada a coletar e distri-
nas vias, para orientar ou indicar o direito de pas- buir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou
sagem dos veículos ou pedestres, sobrepondo-se sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possi-
ou completando sinalização existente no local ou bilitando o trânsito dentro das regiões da cidade.
norma estabelecida neste Código. z Via Local - aquela caracterizada por interseções
z Tara - peso próprio do veículo, acrescido dos pesos em nível não semaforizadas, destinada apenas ao
da carroçaria e equipamento, do combustível, das acesso local ou a áreas restritas.
z Via Rural - estradas e rodovias.
ferramentas e acessórios, da roda sobressalente,
z Via Urbana - ruas, avenidas, vielas, ou caminhos
do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimen- e similares abertos à circulação pública, situados
to, expresso em quilogramas. na área urbana, caracterizados principalmente
z Trailer - reboque ou semi-reboque tipo casa, com por possuírem imóveis edificados ao longo de sua
duas, quatro, ou seis rodas, acoplado ou adaptado extensão.
à traseira de automóvel ou camionete, utilizado z Vias e áreas de Pedestres - vias ou conjunto
em geral em atividades turísticas como alojamen- de vias destinadas à circulação prioritária de
to, ou para atividades comerciais. pedestres.
z Trânsito - movimentação e imobilização de veícu- z Viaduto - obra de construção civil destinada a
los, pessoas e animais nas vias terrestres. transpor uma depressão de terreno ou servir de
z Transposição de Faixas - passagem de um veículo passagem superior.
de uma faixa demarcada para outra.
z Trator - veículo automotor construído para reali-
zar trabalho agrícola, de construção e pavimenta-
ção e tracionar outros veículos e equipamentos.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
z Ultrapassagem - movimento de passar à frente
1. (AOCP - 2019) Conforme o anexo l do CTB, assinale a
de outro veículo que se desloca no mesmo sentido,
alternativa que apresenta o conceito de “ciclofaixa”.
em menor velocidade e na mesma faixa de tráfego,
necessitando sair e retornar à faixa de origem.
a) Pista própria destinada à circulação de ciclos, separa-
z Utilitário - veículo misto caracterizado pela versa-
da fisicamente do tráfego comum.
tilidade do seu uso, inclusive fora de estrada.
b) Parte da pista de rolamento destinada à circula-
z Veículo Articulado - combinação de veículos aco-
ção exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização
plados, sendo um deles automotor.
específica.
z Veículo Automotor - todo veículo a motor de propul-
c) Parte da pista de rolamento destinada à circulação
são que circule por seus próprios meios, e que serve de bicicletas e pedestres, com sinalização vertical
normalmente para o transporte viário de pessoas e apenas.
coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados d) Pista própria destinada à circulação de bicicletas,
para o transporte de pessoas e coisas. O termo com- paralela ao tráfego de veículo, dividida por sinalização
preende os veículos conectados a uma linha elétrica própria
e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).
z Veículo de Carga - veículo destinado ao transpor- Ciclofaixa é parte da pista de rolamento destinada à
te de carga, podendo transportar dois passageiros, circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinali-
exclusive o condutor. zação específica. Resposta: Letra C.
z Veículo de Coleção - veículo fabricado há mais de
30 (trinta) anos, original ou modificado, que possui 2. (FGV - 2019) Analise a descrição a seguir, de um tipo
valor histórico próprio. Lei n° 14071 de 2020 de via em um sistema rodoviário. “Via caracterizada
z Veículo Conjugado - combinação de veículos, sen- por acessos especiais com trânsito livre, sem inter-
do o primeiro um veículo automotor e os demais seções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes
reboques ou equipamentos de trabalho agrícola, lindeiros e sem travessia de pedestres em nível”.
construção, terraplenagem ou pavimentação. Esta descrição caracteriza uma via do tipo
z Veículo de Grande Porte - veículo automotor des-
tinado ao transporte de carga com peso bruto total a) rural.
máximo superior a dez mil quilogramas e de pas- b) local.
sageiros, superior a vinte passageiros. c) de trânsito rápido.
z Veículo de Passageiros - veículo destinado ao d) arterial.
transporte de pessoas e suas bagagens. e) coletora.
z Veículo Misto - veículo automotor destinado ao
108 transporte simultâneo de carga e passageiro. Tome cuidado com as definições de vias urbanas!
VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO - aquela caracterizada por 5. (CESPE – 2009) Acerca do que dispõe o CTB, julgue o
acessos especiais com trânsito livre, sem interseções item subsequente.
em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e O referido código aplica-se aos transportes marítimo e
sem travessia de pedestres em nível. Resposta: Letra D. aéreo.

REFERÊNCIAS ( ) CERTO ( ) ERRADO

ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Legislação penal 6. (CESPE – 2005) O item a seguir é composto por uma
situação hipotética ocorrida durante uma blitz realiza-
especial. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
da pela PMDF, seguida de uma assertiva a ser julgada.
MACEDO, Leandro. Legislação de Trânsito para O condutor de um dos automóveis abordados na blitz
concursos 2 ed: Metodo, 2013. identificou-se como embaixador de um país europeu.
Nessa situação, o policial deve abster-se de autuar o
RIZZARDO, Arnaldo. Comentários ao Código de referido condutor porque o Código de Trânsito Brasilei-
Trânsito Brasileiro. 3ª Ed. rev. atualz. e ampl. São ro confere imunidade aos diplomatas que servem no
Paulo, SP. Editora Revista dos Tribunais. 2001. Brasil.
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Proces-
suais Penais Comentadas. 3ª Ed. rev. atualz. e ampl. ( ) CERTO ( ) ERRADO
São Paulo, SP. Editora Revista dos Tribunais. 2008.
7. (CESPE – 2020) Considerando a legislação de trânsito
REGIS PRADO, Luiz. Curso de direito penal brasi- brasileira, julgue o item a seguir.
leiro: parte geral - arts. 1º a 120. 7 ed. São Paulo: RT, A PRF deve promover e participar de projetos e pro-
2007. p. 651-652. gramas de educação e segurança, de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Trânsito (CONTRAN).

HORA DE PRATICAR! ( ) CERTO ( ) ERRADO

1. (CESPE – 2020) Quanto às definições adotadas pela 8. (CESPE – 2020) No que se refere à identificação veicu-
Lei n.º 9.503/1997, pelo Código de Trânsito Brasileiro lar, à autenticidade dos elementos identificadores do
(CTB), pelo Manual M-015 e referências correlatas, jul- veículo e à originalidade dos elementos de segurança
gue o item a seguir. dos documentos e seus respectivos registros nos sis-
A operação de carga e descarga feita por pessoas em temas de consultas, julgue o seguinte item.
via pública é considerada trânsito. Para fins de inserção no Registro Nacional de Veículos
Automotores (RENAVAM), o pré-cadastro, em sistema
( ) CERTO ( ) ERRADO informatizado, dos dados identificadores de um veícu-
lo produzido no Brasil é atribuição dos órgãos esta-
2. (CESPE – 2019) De acordo com a Lei n.º 9.503/1997, o duais de trânsito.
Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o Manual M-015,
que trata dos procedimentos de atendimento de aci- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dentes de trânsito no âmbito da PRF, julgue o item a
seguir.
9. (CESPE – 2020) A respeito do Sistema Nacional de
Trânsito consiste na utilização das vias públicas por
Trânsito, julgue o item seguinte.
pessoas, veículos e animais.
A Junta Administrativa de Recursos de Infrações
(JARI) é um colegiado vinculado ao órgão aplicador
( ) CERTO ( ) ERRADO
de penalidade e tem competência para julgar recursos
contra penalidades aplicadas por esse órgão.
3. (CESPE – 2009) Acerca do que dispõe a Lei n.º
9.503/1997, Código de Trânsito Brasileiro (CTB), jul-
gue o item. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Considere que um motorista conduza o seu veículo
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

por uma rodovia federal e sofra grave acidente: o seu 10. (CESPE – 2020) A respeito do Sistema Nacional de
carro capote por três vezes após passar por um bura- Trânsito, julgue o item seguinte.
co na pista causado pela má conservação e falta de O órgão executivo rodoviário é previsto em todas as
sinalização. Nessa situação, a responsabilidade das esferas (federal, estadual, distrital e municipal), e suas
entidades que compõem o Sistema Nacional de Trân- atribuições são comuns, diferenciando-se apenas a
sito (SNT) será objetiva. circunscrição onde são executadas.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (CESPE – 2009) Acerca do que dispõe a Lei n.º 11. (CESPE – 2020) A respeito do Sistema Nacional de
9.503/1997, Código de Trânsito Brasileiro (CTB), jul- Trânsito, julgue o item seguinte.
gue o item. O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) é o
Considere que Carlos pretenda viajar com seu veículo órgão normativo e deliberativo máximo do Sistema
até a cidade de Lima, capital do Peru. Nessa situação, Nacional de Trânsito e é composto por representantes
Carlos não necessitará providenciar licença especial de determinados ministérios e presidido pelo dirigente
para dirigir o seu veículo naquele país. do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN).

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO 109


12. (CESPE – 2020) A respeito do Sistema Nacional de Recurso interposto por condutor contra multa por
Trânsito, julgue o item seguinte. excesso de velocidade deve ser julgado por junta
Constitui competência da PRF fiscalizar o nível de administrativa de recursos de infrações.
emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veícu-
los automotores ou pela sua carga, de acordo com o ( ) CERTO ( ) ERRADO
estabelecido em lei, além de dar apoio, quando solici-
tado, às ações específicas dos órgãos ambientais. 20. (CESPE – 2011) Acerca do SNT, julgue o item que se
segue.
( ) CERTO ( ) ERRADO O órgão executivo com circunscrição sobre as vias
urbanas do DF é o CONTRANDIFE.
13. (CESPE – 2020) A respeito do Sistema Nacional de
Trânsito, julgue o item seguinte. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O CONTRAN dispõe de câmaras temáticas de esforço
legal e de compliance.
9 GABARITO
( ) CERTO ( ) ERRADO
1 Certo
14. (CESPE – 2019) Com relação ao Sistema Nacional de
Trânsito, julgue o seguinte item. 2 Certo
A Polícia Rodoviária Federal integra o Sistema Nacio-
nal de Trânsito, competindo-lhe, no âmbito das rodo- 3 Certo
vias e estradas federais, implementar as medidas 4 Certo
da Política Nacional de Segurança e Educação de
Trânsito. 5 Errado

6 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO
7 Certo
15. (CESPE – 2019) Com relação ao Sistema Nacional de
Trânsito, julgue o seguinte item. 8 Errado
O CONTRAN é o órgão máximo executivo de trânsito
9 Certo
da União, cabendo a coordenação máxima do Sistema
Nacional de Trânsito ao Departamento Nacional de 10 Certo
Trânsito (DENATRAN).
11 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO 12 Certo

16. (CESPE – 2019) Com relação a fiscalização de trânsi- 13 Errado


to, julgue o item a seguir.
Embora sejam componentes do SNT, as polícias mili- 14 Certo
tares somente executam a fiscalização de trânsito 15 Errado
mediante a celebração de convênio específico com os
municípios. 16 Certo

17 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO
18 Errado
17. (CESPE – 2014) Julgue o item, referente ao Sistema
Nacional de Trânsito, à educação e segurança de trân- 19 Certo
sito e à terminologia adotada pelo Código de Trânsito
20 Errado
Brasileiro (CTB).
O Sistema Nacional de Trânsito, executor da Política 21 Errado
Nacional de Trânsito, é composto por órgãos e enti-
dades da União, dos estados, do Distrito Federal e dos 22 Certo
municípios e coordenado pelo Ministério dos Trans-
portes, ao qual estão subordinados tanto o Conselho
Nacional de Trânsito (CONTRAN) quanto o Departa-
mento Nacional de Trânsito. ANOTAÇÕES
( ) CERTO ( ) ERRADO

18. (CESPE – 2011) Acerca do SNT, julgue o item que se


segue.
Conforme o CTB, a PMDF e o CBMDF integram o SNT.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19. (CESPE – 2011) Acerca do SNT, julgue o item que se


110 segue.
todas as matérias de competência da União, espe-
cialmente sobre:
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública;

DIREITO ADMINISTRATIVO Centralização e descentralização

Os institutos da centralização e descentralização


estão ligados à atribuição de competências a entida-
NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO
des fora da estrutura administrativa central, que pos-
ADMINISTRATIVA
suem personalidade jurídica própria.
CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, De forma direta, temos aqui os seguintes conceitos:
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
z Centralização: exercício das atividades por meio
Concentração e desconcentração da estrutura administrativa direta e seus órgãos.
z Descentralização: atribuição de atividades a enti-
A concentração e a desconcentração estão ligadas
ao surgimento ou extinção de órgãos. Vejamos, então, dades com personalidade jurídica própria.
o conceito de órgão.
Chamo sua atenção para a própria semântica (sig-
z Órgão: são centros de competência despersonalizados. nificado) das palavras que trazem nossos conceitos
(centralização x descentralização). Lembra que as
Por meio da criação e extinção de órgãos à Adminis-
entidades da administração indireta têm personali-
tração Pública se organiza da melhor maneira segundo
a decisão de seus agentes públicos. Vamos a um exem- dade própria? O termo quer nos informar justamente
plo para ajudar no entendimento. Veja, no caso da que quando elas são criadas teremos uma entidade
estrutura federal, que abaixo da Presidência da Repú- que atuará de forma “separada” da estrutura admi-
blica temos vários Ministérios. Você deve se recordar nistrativa “central” do ente federado em questão.
que os Ministérios variam em número de governo para
Ou seja, teremos uma entidade que atuará de forma
governo, ou até mesmo dentro de um mesmo mandato.
Isso ocorre para uma melhor organização dos serviços “descentralizada”.
públicos ligados a cada um desses órgãos. No sentido oposto, caso tenhamos a extinção de
Ainda, tendo em mente o conceito de órgão colocado uma dessas entidades, as suas funções, a princípio,
acima, cada um deles tem suas competências definidas recairão sobre a estrutura administrativa centraliza-
(Ministério da Educação, Ministério da Saúde etc). E
da pré-existente. Ou seja, a atividade passará a ser
dentro dessas áreas, atuam em nome da União, pois são
centros de competência despersonalizados. Em outros exercida de maneira centralizada.
termos, as consequências de sua atuação serão imputa- Lembre-se que esse conceito doutrinário se aplica
das à União e a ela devem obediência hierárquica. à Administração Pública de qualquer dos entes fede-
De forma similar ocorrerá em Estados e Municípios rados, como vimos anteriormente.
em relação às suas Secretárias e Governo/Prefeitura.
Finalizando esse entendimento trago um exem-
Importante destacar que a criação de órgãos tem o
objetivo de dividir as tarefas e aumentar a eficiência plo para você. O Ministério da Educação faz parte da
do serviço público. estrutura centralizada do governo. Já uma universida-
Diante disso, temos os seguintes conceitos. de federal a ele vinculada será uma autarquia (entida-
de da administração indireta).
z Concentração: extinção de órgãos (ou sua não
criação).
z Desconcentração: criação de órgãos dentro de
uma mesma pessoa jurídica.
Importante!
Não há relação de hierarquia entre as entidades
DIREITO ADMINISTRATIVO

Finalizando o tema, trago dois importantes dispo-


sitivos constitucionais sobre a criação ou extinção de
da administração indireta e a estrutura adminis-
órgãos públicos. tração central. Há apenas vinculação para fins de
Veja o que dispõe o artigo 84 da Constituição Fede- controle finalístico. Em outros termos, a entida-
ral de 1988: de da administração indireta estará ligada a um
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da órgão da administração direta que verificará se
República: os objetivos para os quais a entidade fora criada
VI – dispor, mediante decreto, sobre: estão sendo cumpridos.
a) organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
Para que não façamos confusão do assunto do pre-
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção
do Presidente da República, não exigida esta para sente tópico com o anterior, cabe uma comparação.
o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre Vejamos: 111
importante para o estudo do assunto ainda hoje, por
ESTRUTURA refletir o que ocorre também na estrutura administra-
ADMINISTRATIVA
tiva dos outros entes federados.
CENTRAL
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos
Descentralização: serviços integrados na estrutura administrativa da
Criação de órgão:
criação de entidades Presidência da República e dos Ministérios.
centro de competência
nova / personalidade II - A Administração Indireta, que compreende
despersonalizado as seguintes categorias de entidades, dotadas de
jurídica
personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
Formas de descentralização b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
A descentralização poderá ocorrer por meio de d) fundações públicas.
três formas diferentes. Vejamos quais são: Parágrafo único. As entidades compreendidas na
Administração Indireta vinculam-se ao Ministério
z Outorga: criação de entidade da administração em cuja área de competência estiver enquadrada
indireta para exercício de determinada atividade. sua principal atividade.
Faz-se necessária a edição de lei.
z Delegação (ou colaboração): realizada por meio Por fim, é importante ressaltarmos uma pequena
de contrato ou ato unilateral, ocorrendo a trans- desatualização do dispositivo acima, que não traz o
ferência de determinadas atribuições para o consórcio público de direito público (também conhe-
setor privado. Aqui ocorre a transferência ape- cidas por associações públicas), também entidade
nas da execução, permanecendo a competência integrante da administração indireta, conforme cons-
com o ente público devido à imposição do texto ta no Código Civil.
constitucional.
z Geográfica: criação de território federal. Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público
interno:
Portanto, de forma esquemática temos o seguinte. I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
DESCENTRALIZAÇÃO IV - as autarquias, inclusive as associações
ADMINISTRATIVA públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas
por lei.

Por outorga Por delegação Geográfica AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS


(colaboração) E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

Depois de estudarmos o surgimento das entidades


ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA da administração indireta, conheceremos as espécies
que compõem o gênero, que são as seguintes.
Para atingir seus objetivos, a Administração Públi-
ca atuará, em termos simples, por meio de seus agen-
tes públicos e de sua estrutura. No presente tópico nós Autarquias
entenderemos uma divisão bastante básica da estru-
tura administrativa. Vejamos os conceitos básicos
para administração direta e administração indireta.
Fundações Públicas
z Administração direta é composta pela estrutura
administrativa dos entes federados (União, Esta-
dos, Distrito Federal e Municípios).
z Administração indireta é composta por entida-
Adm. Púb. Indireta Empresas Públicas
des personalizadas apartadas da estrutura admi-
nistrativa dos entes federados.

Em complemento, é importante sabermos o con- Sociedade de


ceito de órgão, que são centros de competência des- Economia Mista
personalizados. A partir disso, podemos compreender
melhor uma das principais diferenças entre a admi-
nistração direta e indireta. Enquanto aquela é com-
posta por uma estrutura hierarquizada que poderá se Associações Públicas
subdividir em órgãos, esta é uma entidade com perso-
nalidade própria, com autonomia para atuar.
Importante termos contato com o artigo 4º do No entanto, inicialmente conheceremos algumas
Decreto-Lei nº 200/67, que definiu a administração informações que se aplicam a todas elas para, em segui-
112 direta e indireta em âmbito federal, sendo bastante da, adentrarmos aos detalhes atinentes a cada uma.
Responsabilidade civil objetiva Distrito Federal e Municípios). Já a autonomia admi-
nistrativa se refere à capacidade de atuar conforme
A regra geral para a responsabilidade para os entes seus objetivos, sem subordinação hierárquica em
públicos é a responsabilidade civil objetiva, constante relação ao órgão ao qual estão vinculadas.
do artigo 37, parágrafo sexto, da Constituição Federal.
A autonomia administrativa encontra respaldo no
Isso inclui as entidades da administração indireta,
princípio da vinculação, que informa a inexistência de
inclusive as de personalidade privadas que prestarem
subordinação, mas a vinculação para fins de controle
serviço público. Vejamos a literalidade do dispositivo.
finalístico (controle da finalidade da entidade).
Art. 37 (...)
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as Autarquias
de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nes- As autarquias são pessoas jurídicas de direito
sa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o público. Suas finalidades estão ligadas a atividades
direito de regresso contra o responsável nos casos típicas de Estado, como fiscalização. O Decreto-Lei nº
de dolo ou culpa. 200/67 traz a sua definição.

Em termos simples, sempre que as entidades que Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
se enquadrem no conceito acima causarem dano I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
deverão repará-lo. No entanto, como trazido no final personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
do dispositivo, poderão apurar a responsabilidade de
para executar atividades típicas da Administração
seus agentes (analisando a culpa ou dolo na conduta)
Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamen-
os obrigando a ressarcir os prejuízos tidos pela pessoa
to, gestão administrativa e financeira descentralizada.
jurídica em nome da qual atuam.
As exceções a essa regra serão oportunamente
Aqui temos um pequeno detalhe que muitas vezes
abordadas em outro ponto no material.
A reponsabilidade civil objetiva é aquela em que é cobrado em prova. Enquanto as demais entidades
não se analisa a culpa ou dolo da conduta, sendo a estudadas hoje têm a criação autorizada por lei, a
reparação devida desde a constatação do dano. autarquia é criada pela própria lei. Veja o dispositi-
vo correlato abaixo, que já traz as duas informações.
Imunidade tributária recíproca
Art. 37 (...)
Há uma importante vedação na Constituição Fede- XIX – somente por lei específica poderá ser criada
ral ao poder de tributar. O objetivo é a manutenção autarquia e autorizada a instituição de empresa
e estabilidade do pacto federativo, impedindo que os pública, de sociedade de economia mista e de fun-
entes federados prejudiquem uns aos outros por meio dação, cabendo à lei complementar, neste último
da tributação. Vejamos a literalidade do dispositivo. caso, definir as áreas de sua atuação;

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias assegu- Dica


radas ao contribuinte, é vedado à União, aos Esta-
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios: Com base no princípio da simetria das formas, a
VI - instituir impostos sobre: sua extinção também deverá ocorrer por meio de
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; lei específica, em que pese a inexistência expres-
sa desde comando.
Pagamento por meio de precatórios
Dentre as características das autarquias, devemos
A Constituição Federal impõe modalidade especí-
destacar as seguintes:
fica de pagamento no caso de sentenças judiciais. O
intuito é a proteção do patrimônio público. Vejamos
z Atuam sob regime de direito público – sua atua-
o dispositivo.
ção prevalecerá sobre o particular;
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas z Presença do poder de império como regra em
Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, seus atos;
em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclu- z Seus bens são públicos, possuindo suas prerro-
DIREITO ADMINISTRATIVO

sivamente na ordem cronológica de apresentação gativas específicas: inalienabilidade, impenho-


dos precatórios e à conta dos créditos respecti- rabilidade e imprescritibilidade (não podem ser
vos, proibida a designação de casos ou de pessoas adquiridos por meio da usucapião);
nas dotações orçamentárias e nos créditos adicio-
z Prerrogativas típicas de Estado de maneira geral.
nais abertos para este fim.

Fundações
Autonomia administrativa x autonomia política

Uma característica marcante das entidades da As fundações públicas são patrimônios personali-
administração indireta é a autonomia. Como vimos zados com a finalidade de exercer atividades de inte-
anteriormente, elas possuem personalidade jurídica, resse social, não tendo fins lucrativos.
sendo sujeitas de direito e obrigações. O significado do termo patrimônio personalizado
No entanto, não podemos confundir autonomia entenderemos pela sua própria origem: a doação de
administrativa com autonomia política. A autonomia um patrimônio por parte do instituidor. Tal definição
política é natural aos entes federados (União, Estado, consta do nosso Código Civil. 113
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta
fará, por escritura pública ou testamento, dotação Constituição, a exploração direta de atividade
especial de bens livres, especificando o fim a que econômica pelo Estado só será permitida quando
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de necessária aos imperativos da segurança nacional
administrá-la. ou a relevante interesse coletivo, conforme defini-
dos em lei.
Também conforme o Código Civil, o Ministério
Público terá a função de fiscalizar seu funcionamento. É importante saber que as empresas públicas e
sociedades de economia mista não poderão gozar de
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Públi- privilégios não extensivos ao setor privado (CF/88,
co do Estado onde situadas. 173, § 2º)
Vejamos a definição de empresa pública constante
A fundação pública poderá ser de direito privado do Decreto-Lei nº 200/67.
ou de direito público, conforme a forma pela qual for Decreto-Lei nº 200.
criada.
Art. 5º (...)
II - Empresa Pública - a entidade dotada de perso-
z Fundação pública de direito público: por lei
nalidade jurídica de direito privado, com patrimô-
específica – conhecidas também por fundações nio próprio e capital exclusivo da União, criado por
autárquicas, terão, além da atividade voltada a lei para a exploração de atividade econômica que o
interesse social, as características associadas no Governo seja levado a exercer por força de contin-
tópico anterior às autarquias. gência ou de conveniência administrativa, podendo
revestir-se de qualquer das formas admitidas em
z Fundação pública de direito privado: autorizada
direito.
por lei e criada pelo registro dos atos constitutivos no
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Nesse
Como dito anteriormente, cabe aqui também a
caso, sua personalidade será de direito privado. interpretação do conceito para os demais entes fede-
rados, em que pese a citação do dispositivo apenas da
Vejamos a definição do Decreto-Lei nº 200/67. Você União.
perceberá que ela se limita à hipótese da personalida- Dentre as características das empresas públicas,
de jurídica de direito privado. ressaltamos aqui as seguintes.

Art. 5º (...) z Personalidade de direito privado – sem prerroga-


IV - Fundação Pública - a entidade dotada de tivas perante o particular;
personalidade jurídica de direito privado, sem z Capital 100 % público – ainda que de mais de um
fins lucrativos, criada em virtude de autorização ente federado;
legislativa, para o desenvolvimento de atividades
z Podem adotar qualquer tipo societário;
que não exijam execução por órgãos ou entidades
z Devem observar a Lei das Estatais;
de direito público, com autonomia administrativa,
z Seus bens são privados.
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos
de direção, e funcionamento custeado por recursos
Sociedades de Economia Mista
da União e de outras fontes.

Entidade bastante parecida com as empresas


A possibilidade da personalidade jurídica de direi-
públicas. A principal diferença é a composição do
to público para as fundações encontra respaldo na
capital social e a imposição de forma societária.
jurisprudência nacional.
Enquanto na empresa pública o capital social era
Dentre as características das fundações públicas
100 % público, aqui a maior parte do capital votante
de direito privado, destacamos as seguintes. deverá ser público, podendo o restante ser privado.
A forma societária será obrigatoriamente socieda-
z Atos com base no direito privado como regra; de anônima.
z Submetidas à Lei de Licitações – Lei nº 8.666/90; Vejamos a definição do Decreto-Lei nº 200/67.
z Seus bens são privados (não possuem as prerroga- Decreto-Lei nº 200.
tivas naturais aos bens públicos).
Art. 5º (...)
Empresas Públicas III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dota-
da de personalidade jurídica de direito privado,
As empresas públicas podem atuar tanto na explo- criada por lei para a exploração de atividade eco-
ração de atividades econômicas quanto na presta- nômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ção de serviços públicos. Muito importante que você ações com direito a voto pertençam em sua maioria
saiba que seu capital será formado 100 % por capital à União ou a entidade da Administração Indireta.
público, no próximo tópico você entenderá o motivo.
É pessoa jurídica de direito privado, ou seja, Dentre as características das sociedades de econo-
em regra atuará em igualdade com o particular (dife- mia mista, ressaltamos aqui as seguintes.
rentemente das autarquias e fundações autárquicas,
z Personalidade de direito privado – sem prerroga-
lembra?).
tivas perante o particular;
A Constituição Federal traz as hipóteses em que
poderão atuar as empresas públicas no caso de explo- z Maioria do capital votante público.
114 ração de atividade econômica. z Devem adotar o tipo sociedade anônima;
z Devem observar a Lei das Estatais; Competência
z Seus bens são privados.
É o conjunto de atribuições de determinado agente
público, entidade ou órgão. Para que haja o respeito a
Importa dizer que enquanto na empresa pública
esse requisito, é necessário que autoridade que prati-
o capital é 100% público, na sociedade de economia ca o ato esteja respaldada por atos normativos, ainda
mista impõe-se que a maioria do capital votante seja que infralegais.
público. Não confunda essas informações! A competência é irrenunciável, intransferível
e imprescritível (não se extingue com o decurso do
Consórcio Público de Direito Público tempo). No entanto, a lei permite a delegação e a avo-
cação. Esta sempre ocorrerá no contexto hierárquico
O aprofundamento nessa espécie foge aos nos- entre os órgãos envolvidos, o que não se impõe ao ins-
sos objetivos. No entanto, devemos entendê-la tituto da delegação, que poderá ocorrer entre órgãos
conceitualmente. sem subordinação hierárquica.
Vejamos agora alguns vícios que podem recair
Trazida pela Lei nº 11.107/05, trata-se de pessoa
sobre o requisito competência.
jurídica criada por entes federados para consecução
Inicialmente temos o usurpador de função. Nesse
de objetivos comuns. caso uma pessoa se passa por agente público, exer-
Também poderá ser citado como associação públi- cendo suas atribuições sem ter qualquer ligação com
ca, autarquia interfederativa ou multifederada. a Administração Pública. Aqui não há possibilidade
de convalidação do ato (conserto, correção), pois ele
é inexistente. Tal conduta é crime previsto do artigo
328 do Código Penal. Exemplo: pessoa se finge de fis-
cal para extorquir e aplica multa.
ATO ADMINISTRATIVO Em seguida, temos o excesso de poder, que ocorre
quando a autoridade competente pratica um ato até
CONCEITO previsto no ordenamento jurídico, mas fora de suas
atribuições. Tal ato é passível de convalidação, des-
Podemos entender ato administrativo como uma de que seja realizada pela autoridade que teria com-
manifestação unilateral relevante para o mundo petência para praticar o ato inicialmente. Exemplo:
jurídico. Por meio deles, a Administração Pública irá superior hierárquico aplica pena de suspensão de 20
procurar os efeitos jurídicos ligados aos diversos inte- dias, quando a lei permitiria apenas 15.
resses públicos que estará buscando, de acordo com Finalmente temos a função de fato. Esse é o caso
cada situação. em que o agente fora irregularmente investido pela
Administração Pública nas funções que esteja exercen-
do. Nesse caso os atos praticados deverão ser convali-
z Ato administrativo: manifestação unilateral da
dados desde que haja boa-fé dos terceiros envolvidos.
Administração Pública com objetivo de atingir o Exemplo: servidor empossado em cargo público sem
interesse público por meio de efeitos jurídicos. ter a escolaridade mínima prevista em edital.

Devemos ter em mente que esse conceito deve ser Finalidade


entendido como a atuação da Administração Públi-
ca, em regra, por meio de seu poder de império, se O ato administrativo sempre terá como finalida-
impondo perante o particular. de atingir o interesse público. No entanto, de acordo
Por outro lado, o termo atos da administração com o contexto aplicável, teremos uma finalidade
será entendido quando a Administração Pública atua específica àquele ato praticado. Diante disso temos
dois conceitos: finalidade geral (mediata) e finalidade
desprovida de seu poder de império, portanto em
específica (imediata).
igualdade com o particular.
z Finalidade geral (mediata): satisfação do interesse
público.
Importante! z Finalidade específica (imediata): alcance do resul-
Não confunda atos administrativos com atos tado específico esperado para o ato.
DIREITO ADMINISTRATIVO

da administração. Os atos administrativos são


O vício que recai sobre finalidade não poderá ser
predominantemente regidos pelo direito público, convalidado. Aqui temos duas hipóteses, que vão seguir
enquanto os atos da administração, predominan- a linha dos conceitos de finalidade colocados acima.
A finalidade geral poderá ser ferida quando o
temente regidos pelo direito privado.
agente público pratica o ato em interesse próprio.
Vejamos um exemplo. Caso um superior promova a
REQUISITOS remoção de um servidor com base em divergências
políticas, o ato foi praticado com o objetivo de atender
a um interesse particular, não ao interesse público,
São cinco os requisitos ou elementos do ato admi-
portanto será viciado.
nistrativo: competência, finalidade, forma, motivo Já a finalidade específica, utilizando uma hipótese
e objeto. Quando temos a ausência ou algum tipo de parecida, será ferida quando a remoção de um servi-
vício sobre um deles, poderemos ter até mesmo a nuli- dor para um município diferente ocorrer com a fina-
dade total do ato. Vejamos cada um deles. lidade de punir o servidor por determinada conduta 115
irregular. Nesse caso, ainda que haja motivo para que Há a possibilidade da motivação de um ato admi-
o servidor seja punido, a remoção não é prevista como nistrativo por meio da referência a outro ato ou
punição, mas como instrumento de gestão de pessoal. processo. É o que a doutrina chama de motivação
aliunde, que significa “a outro lugar”.
Forma Finalmente, importante que você saiba da Teoria
dos Motivos Determinantes, bastante cobrada em
A forma é o modo pelo qual é exteriorizado o ato provas. Segundo ela, se os motivos apontados no ato
administrativo. Nesse contexto, importante trazermos administrativo forem inválidos, também o será o ato
o artigo 22, da Lei nº 9.784/99, Lei do Processo Admi- administrativo praticado.
nistrativo Federal.
Lei nº 9.784/99 Objeto

Art. 22. Os atos do processo administrativo não Por fim, temos o objeto do ato administrativo, que
dependem de forma determinada senão quando a será o próprio conteúdo do ato, seu efeito jurídico, a
lei expressamente a exigir. alteração que ele causa.
O vício no elemento objeto é insanável.
Dica O motivo e o objeto são os elementos que cons-
tituem o mérito administrativo, que é a margem de
No dispositivo podemos perceber o princípio da escolha e valoração por parte do agente competente.
informalidade, que não deve ser utilizada para
impedir ou retardar a prática dos atos pelos inte- ATRIBUTOS
ressados no processo administrativo.
Os atos administrativos possuem características
Motivo fundamentais para que possam atingir os fins a que
se propõem. Vejamos cada um dos atributos.
Agora vamos ao atributo motivo, que corresponde aos Os atos administrativos gozam de presunção de
fundamentos de fato e de direito que respaldam a execu- veracidade e de legitimidade. Em termos simples,
ção do ato administrativo. Vamos entender melhor isso. significa que as informações trazidas pelos atos admi-
Aqui temos duas definições passíveis de serem nistrativos deverão ser tidas como verdadeira (vera-
cobradas em prova. cidade) e conforme a lei (legitimidade) até que haja
prova em contrário.
z Motivo de direito: a previsão em lei de hipótese Ou seja, uma vez praticado o ato administrativo
que irá permitir a execução do ato. ocorre a inversão do ônus da prova, cabendo ao parti-
cular provar eventual impropriedade que ele contenha.
z Motivo de fato: a ocorrência da hipótese prevista
A presunção relativa, que estudamos neste
em lei no mundo real.
momento, é também conhecida como presunção juris
tantum. Em sentido oposto, a presunção absoluta, não
Para o melhor entendimento, é interessante um
aplicável neste tema, é também conhecida como pre-
exercício de imaginação. Imagine-se diante do espe-
sunção jure et de jure.
lho. A sua imagem é uma projeção abstrata, enquanto
Temos também a imperatividade, que é o poder
você é real. Assim são os motivos de fato e de direito.
da Administração Pública de impor ao particular seus
Eles são como o corpo e a imagem. Para que o ato pos-
atos administrativos. É decorrente do poder extrover-
sa ser praticado, você deve ter tanto a ocorrência na
so do Estado, que permitirá a imposição de deveres e
realidade como a sua previsão abstrata em lei.
obrigações ao particular.
Temos agora uma informação com a qual você
Importante ressaltar que esse é um atributo que nem
deve ter muito cuidado: não confunda motivo com sempre estará presente nos atos administrativos, pois se
motivação. O motivo fora devidamente abordado aci- mostrará apenas quando impuser condições ao particular.
ma. A motivação é a exposição dos motivos que o res- A autoexecutoriedade é a característica dos atos
paldam quando for praticado o ato. administrativos que confere à Administração Pública
Vejamos agora o que traz a Lei nº 9.784/99 sobre a a capacidade de executar diretamente seus atos inde-
motivação de atos administrativos. pendentemente de recorrer a qualquer outro Poder.
De forma similar à imperatividade, nem sempre
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser moti- estará presente nos atos administrativos.
vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
A autoexecutoriedade poderá se fazer presente em
jurídicos, quando:
duas hipóteses:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
sanções; z Casos expressamente previstos em lei;
III - decidam processos administrativos de concur- z Urgência da situação apresentada / grande possibi-
so ou seleção pública; lidade de dano.
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de
processo licitatório; Finalmente temos o atributo da tipicidade. Ele
V - decidam recursos administrativos; impõe que os atos administrativos praticados devem
VI - decorram de reexame de ofício; ser previamente definidos em lei, não cabendo ao
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada agente competente para a prática criar atos que não
sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, sejam previamente constantes da lei.
propostas e relatórios oficiais; Nesse contexto, o avaliador poderá usar o termo
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou ato inominado para se referir a atos administrativos
116 convalidação de ato administrativo. sem prévia previsão em lei.
CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES z Atos de império: possuem em si o poder extrover-
so de Estado, impondo ao particular a vontade da
São várias as classificações dos atos administrati- Administração Pública.
vos. Destacaremos aqui algumas que estão entre as z Atos de gestão: praticados com intuito de gerir o
mais cobradas em concursos públicos. patrimônio público.
z Atos de expediente: são atos de mera rotina interna
Quantos aos destinatários das repartições, sem conteúdo decisório relevante.

Os atos podem ser gerais ou individuais. Também quanto ao objeto, teremos outra classifi-
cação. Poderão ser constitutivos, extintivos, modifica-
z Atos gerais: os destinatários são indeterminados. tivos ou declaratórios.
z Atos individuais: seus destinatários são determinados.
z Atos constitutivos: criam uma nova situação jurí-
dica para os seus destinatários.
A classificação não leva em conta o número de des-
tinatários, mas se eles são determinados ou não. z Atos extintivos: extinguem um direito ou relação
jurídica.
Quanto ao grau de liberdade z Atos modificativos: modificam situações pré-exis-
tentes sem extinguir direitos ou obrigações.
Os atos podem ser discricionários ou vinculados. z Atos declaratórios: declaram a existência ou situa-
ção jurídica.
z Atos discricionários: possuem margem de valora-
ção e escolha para o agente público que o pratica, ESPÉCIES
conhecida como mérito administrativo.
z Atos vinculados: há pouca ou nenhuma margem Vejamos agora algumas espécies importantes de
atos administrativos.
de escolha na prática dos atos administrativos.
z Atos normativos: trazem comandos gerais e abs-
Lembrando os elementos dos atos administrati-
tratos baseados em leis ou mesmo em outras nor-
vos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto),
mas que nelas tenham se baseado.
destacamos que a diferença nessa classificação que
acabamos de colocar recai apenas sobre dois deles: z Atos ordinatórios: têm como destinatários os servi-
motivo e objeto. Ou seja, todos os demais termos são dores públicos, tendo como finalidade o bom anda-
vinculados, enquanto estes dois que citamos são dis- mento do serviço.
cricionários, se assim for o ato. z Atos negociais: são atos em que o particular bus-
ca a anuência (concordância) da Administração
Quanto aos efeitos produtivos Pública para a prática de determinada atividade.
z Atos punitivos: impõe penalidade aos administra-
Os atos podem ser internos e externos. dos ou aos servidores.

z Atos internos: produzem efeitos apenas dentro da


estrutura da administração pública.
z Atos externos: impactam os administrados. AGENTES PÚBLICOS
Destacamos que, uma vez que os atos externos DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS
recairão sobre o cidadão, deverão ser necessariamen-
te publicados, o que não se aplica aos atos internos. Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello,
são agentes públicos as pessoas que exercem uma
Quanto à manifestação de vontade função pública, ainda que em caráter temporário ou
sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla
Os atos podem ser simples, complexos ou compostos. e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que,
dentro da organização da Administração Pública,
z Atos simples: há uma única manifestação de von- exercem determinada função pública.
tade, ainda que de um órgão que seja composto Assim, podemos dizer que agente público é gênero,
por mais de um agente público. o qual comporta diversas espécies, como os agentes
DIREITO ADMINISTRATIVO

z Atos complexos: manifestação de mais de uma políticos, os agentes militares, os servidores públi-
vontade para que haja a produção de efeitos. Só se cos estatutários, os empregados públicos, os agentes
aperfeiçoa com a manifestação de todos os agentes honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar
competentes. cada um deles com maiores detalhes.
z Atos compostos: manifestação de uma única von-
tade. No entanto, há necessidade de manifestação Agentes políticos
posterior para que haja produção de efeitos. Tal
manifestação de vontade é definida pela doutrina Os agentes políticos possuem como característica
como instrumental. principal o fato de exercerem uma função pública de
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito median-
Quanto ao objeto te eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm
o condão de extinguir a relação destes com o Estado
Os atos poderão ser de império, de gestão ou de de modo automático pelo simples decurso do tempo.
expediente. Percebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o 117
Estado não é profissional, mas estatutária ou institu- Empregado Público
cional. São agentes políticos os parlamentares, o Pre-
sidente da República, os prefeitos, os governadores, De modo diferente da contratação dos servidores, os
bem como seus respectivos vices, ministros de Estado empregados públicos são contratados mediante regime
e secretários. celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de
Agentes Militares uma vinculação contratual. A contratação de emprega-
dos públicos se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de
Os agentes militares constituem uma categoria a
direito privado integrantes da Administração Indireta
parte dos demais agentes políticos, uma vez que as
instituições militares possuem fortes bases funda- (empresas públicas, sociedades de economia mista, con-
mentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de sórcios etc.). Além disso, o ingresso de tais pessoas tam-
também apresentarem vinculação estatutária, seu bém depende da sua aprovação em concurso público.
regime jurídico é disciplinado por legislação especial, O regime dos empregados públicos é menos prote-
e não aquela aplicável aos servidores civis. São agen- tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de
tes militares os membros das Polícias Militares e dos que os empregados públicos não gozam da estabilida-
Corpos de Bombeiros militares dos Estados, Distrito
de que os servidores possuem. Ao serem empossados,
Federal e Territórios, bem como os demais militares
ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica. Algumas os empregados passam por um período de experiên-
características que merecem destaque são: a proibi- cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os
ção de sindicalização dos militares, a proibição do empregados públicos podem ser dispensados.
direito de greve, e a proibição à filiação partidária. A diferença dos empregados públicos para com
os demais consiste no fato de que a sua demissão
Servidores Públicos será sempre motivada, após regular processo admi-
nistrativo, mediante contraditório e a ampla defesa.
De modo geral, podemos dizer que a Constituição Importante lembrar que, para a Administração Públi-
Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para
ca, a motivação de seus atos, bem como o tratamento
os agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos
públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos. impessoal e a finalidade pública, são princípios nor-
Os servidores públicos são contratados pelo regi- teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada de
me estatutário, enquanto os empregados públicos são um empregado público seria absolutamente inadmis-
contratados pelo regime celetista, que muito se asse- sível nessas condições.
melha às regras contidas na CLT.
Atente-se a esse conceito: Servidor público é o LEI Nº 8.112, DE 1990 E LEGISLAÇÃO PERTINENTE
agente contratado pela Administração Pública, direta
ou indireta, sob o regime estatutário, sendo selecio-
O regime dos servidores públicos possui ampla pre-
nado mediante concurso público, para ocupar cargos
visão normativa. Além do renomado artigo 37 da Cons-
públicos, possuindo vinculação com o Estado de natu-
reza estatutária e não-contratual. tituição Federal, no âmbito infraconstitucional temos a
O regime dos cargos públicos é disciplinado pela Lei n° 8.112 de 1990 (Estatuto dos Servidores Públicos
Lei Federal n° 8.112/1990, também conhecida como Federais), isso é, a legislação que institui o regime jurí-
Estatuto do Servidor Público. dico dos servidores públicos da União, autarquias, fun-
Frente a isso, um ponto relevante a ser ressaltado dações, agências reguladoras e associações, todas em
desse regime é o alcance da estabilidade mediante o âmbito federal. Bastante exigida em concursos públi-
fim do período de estágio probatório. Tal alcance per-
cos, convém salientar as principais características a
mite que o servidor não seja desligado de suas funções,
respeito do regime dos servidores públicos:
salvo pelas hipóteses previstas em lei, como a sentença
judicial transitada em julgado, processo administrativo
disciplinar, ou a não aprovação em avaliação periódica DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS
de desempenho (art. 41, § 1°, da CF/1988).
Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que Conceito, Espécies, Cargo, Emprego e Função Pública
são vitalícios, que se apresentam de forma mais van-
tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um Para todos os efeitos legais, o servidor público está
tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car- intrinsicamente ligado à noção de cargo público. Con-
gos não-vitalícios), bem como o desligamento ocorrer forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo
apenas mediante sentença condenatória transitada
público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
em julgado. São vitalícios os cargos de: Magistratura,
do Tribunal de Contas, e os cargos dos membros do previstas na estrutura organizacional que devem ser
Ministério Público. cometidas a um servidor. Os cargos públicos, acessíveis
Além da estabilidade, é também assegurado aos a todos os brasileiros, são criados por lei, com denomi-
servidores estatutários alguns direitos trabalhistas, nação própria e vencimento pago pelos cofres públicos,
vejamos aqui os mais importantes: para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
A criação, transformação, e extinção de cargos,
Art. 39. (...)
empregos ou funções públicas depende sempre de uma
§ 3°, da CF/1988: a) salário mínimo, b) remune-
ração de trabalho noturno superior ao diurno, c) lei instituidora (art. 48, X, CF/1988). Porém, havendo
repouso semanal remunerado, d) férias remunera- um cargo ou função vago, a sua extinção pode se dar
118 das, e) licença à gestante etc. mediante expedição de decreto pelo Poder Executivo.
Para ocupar um cargo público, é necessário haver z Reversão: outra forma de provimento derivado,
o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato em que temos o retorno à atividade de um servi-
administrativo constitutivo e hábil para a investidu- dor aposentado por invalidez, ou por puro e sim-
ra do servidor no respectivo cargo. Com relação aos ples interesse da Administração, desde que
requisitos para a investidura em cargo público, dis-
põe o art. 5° da Lei n° 8.112/1990: a) tenha solicitado a reversão;
São requisitos básicos para investidura em cargo b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
público: c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
I - a nacionalidade brasileira; anteriores à solicitação;
II - o gozo dos direitos políticos; e) haja cargo vago (art. 25 do Estatuto dos Servido-
III - a quitação com as obrigações militares e res Públicos).
eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício A reversão far-se-á para o mesmo cargo ou para o
do cargo; cargo resultante de sua transformação. Em termos de
V - a idade mínima de dezoito anos; remuneração, o servidor que retornar à atividade por
VI - aptidão física e mental. interesse da Administração perceberá a remuneração
do cargo que voltar a exercer, em substituição da apo-
Há diversas formas de provimento dos cargos sentadoria que recebia (art. 25, § 4°, idem).
públicos, podendo ser classificados em dois grupos:
z Aproveitamento: mais uma forma de provimen-
z Quanto à durabilidade: O provimento pode ser de to derivado consistente no retorno de servidor em
caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade e até disponibilidade, sendo seu regresso obrigatório para
mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou em comis- cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com
são, quando o referido cargo não goza de estabilida- os do anteriormente ocupados (art. 30 da Lei n°
de, podendo o servidor ser destituído ad nutum, isso 8.112/1990). Será tornado sem efeito o aproveita-
é, de forma unilateral, sem a anuência do servidor. mento e cassada a disponibilidade se o servidor não
entrar em exercício no prazo legal, salvo comprova-
z Quanto à preexistência de vínculo: temos o provi-
da doença por junta médica oficial (art. 32, idem).
mento originário, que não depende de vinculação
jurídica anterior com o Estado (nomeação); ou deri- z Reintegração: é a forma de provimento derivado
vado, se o referido servidor já possuía algum víncu- que ocorre pela reinvestidura do servidor estável no
lo com o Estado (promoção, remoção, readaptação). cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultan-
te de sua transformação, na hipótese de sua demissão
O art. 8° da Lei n° 8.112/1990 dispõe sobre as for- ser invalidada por decisão judicial ou administrati-
mas de provimento em cargos públicos: va, tendo direito também ao ressarcimento de todas
as vantagens (art. 28, caput, Lei n° 8.112/1990).
z Nomeação: trata-se da única forma de provimen-
to originário, uma vez que não exige uma relação Supondo que, em uma situação anterior, o servi-
jurídica prévia do servidor para com o Estado. A dor Carlos foi demitido por um motivo injusto. Esse
nomeação depende sempre de prévia habilitação motivo injusto pode advir de qualquer evento, como
em concurso público de provas, ou de provas e títu- ter sido erroneamente acusado de ter praticado
los. Além disso, a nomeação poderá ser promovi- uma transgressão (falaremos das transgressões em
da não somente em caráter efetivo, como também momento posterior). Carlos, então, resolveu ingressar
para os cargos de confiança ou em comissão (inci- em juízo e conseguiu comprovar que a sua demissão
sos I e II, do art. 9° e 10, da Lei n° 8.112/1990) foi injusta. Assim, a decisão judicial (pode ser a admi-
nistrativa também) determinou a invalidação de sua
z Promoção: é uma forma de provimento derivado, demissão. Com isso, ele pode ser reintegrado e voltar
haja vista que ela beneficia somente os servidores a trabalhar para a sua repartição pública.
que já ingressaram em cargos públicos em caráter Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu-
efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e o pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito
desenvolvimento do servidor na carreira, mediante à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain-
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as da, posto em disponibilidade (art. 28, § 2°, idem).
diretrizes do sistema de carreira na Administração Como estamos buscando salientar, a Administra-
Pública Federal e seus regulamentos (art. 10, pará- ção não pode ficar criando cargos públicos a esmo, ele
DIREITO ADMINISTRATIVO

grafo único, da Lei n° 8.112/1990). tem um número certo de cargos e de servidores públi-
z Readaptação: é, também, uma forma de provimen- cos ocupantes desses cargos. Logo, o cargo pertence
to derivado, pois trata-se de hipótese de atribuição originalmente a Carlos. Assim, se por exemplo, duran-
ao servidor para um cargo com funções e respon- te o período que esteve fora o servidor, Márcio estava
sabilidades distintas e compatíveis com a limita- ocupando seu cargo, ele deverá ser ou reconduzido
ção que tenha sofrido em sua capacidade física ou para o seu cargo de origem, ou se isso não for possível
mental, verificada em inspeção médica. Assim, por (porque esse cargo foi extinto durante esse período),
exemplo, um motorista de ônibus que sofre aciden- ele pode ser aproveitado em outro cargo similar.
te e acaba perdendo algum membro essencial para Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos-
dirigir poderá ser readaptado para executar uma to em disponibilidade
função similar, mas não idêntica à anterior. Na
hipótese do servidor readaptando se mostrar com- z Recondução: por fim, a recondução é a forma de
pletamente inválido para exercer qualquer cargo, provimento derivado consistente no retorno do
ele será compulsoriamente aposentado. servidor público estável ao cargo anteriormente 119
ocupado, e decorrerá de inabilitação em estágio Acumulação de cargo, emprego, e função pública
probatório relativo a outro cargo, ou ainda pela
reintegração do anterior ocupante (art. 29, I e II, da Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções
Lei n° 8.112/1990). Uma situação excepcional é a públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídi-
da extinção do cargo durante o período de estágio co brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de car-
probatório. Nessas condições, segundo a Súmula gos e empregos públicos. Tal proibição se estende,
n° 22 do STF, inexiste direito à recondução, e o ser- inclusive, para as entidades da Administração Indi-
reta. O caput do art. 118 da Lei n° 8.112/1990 dispõe
vidor será exonerado.
no mesmo sentido: Ressalvados os casos previstos na
Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
É o caso do servidor Márcio, já mencionado durante a cargos públicos. Apesar do referido texto legal dispor
reintegração do servidor Carlos. A recondução tem priori- sobre agentes públicos no âmbito federal, entendemos
dade em relação a pôr o servidor em disponibilidade. Pôr que também possa ser aplicado aos agentes públicos
o servidor em disponibilidade é considerada uma última dos Estados, Municípios, e Distrito Federal.
medida, pois o correto é a Administração fazer com que Pela leitura do dispositivo, vemos que a própria
todos os servidores que contratou trabalhem para ela, Constituição Federal dispõe de um rol de casos excep-
ela deve evitar de ter um quadro cheio de servidores que cionais em que é permitida a acumulação dessas fun-
recebem remuneração e outros benefícios, mas que ficam ções. Há entendimento praticamente unânime de que
“parados” porque não possuem um cargo para ocupar. se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas apenas
Mas a Lei n° 8.112/1990 também faz menção das aquelas hipóteses de acumulação de cargos.
hipóteses de vacância, isso é, são casos em que temos Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons-
a extinção do cargo público: titucionalmente autorizadas são:

Art. 33. São formas de vacância dos cargos z Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a);
públicos: z Um cargo de professor com outro técnico ou cien-
I – exoneração; tífico (art. 37, XVI, b);
II - demissão;
III - promoção; z Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
IV (REVOGADO); nais na área da saúde (art. 37, XVI, c);
V (REVOGADO); z Um cargo de vereador com outro cargo, emprego
VI - readaptação; ou função pública (art. 38, III);
VII - aposentadoria; z Um cargo de magistrado e outro de magistério (art.
VIII - posse em outro cargo inacumulável; 95, par. único, I);
IX - falecimento.
z Um cargo de membro do Ministério Público e outro
de magistério (art. 128, § 5°, II, d).
Observe que algumas das hipóteses de vacância são
as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre
Das prerrogativas, dos Direitos, vantagens e
porque, como mencionamos, o provimento derivado autorizações dos servidores públicos
dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica
anterior entre o servidor e a Administração Pública. Prerrogativa é qualquer situação de vantagem
Nessas hipóteses (readaptação, promoção), o Poder obtida pela natureza de um cargo ou de uma função.
Público necessita extinguir um cargo público (uma No caso dos agentes públicos, existem algumas prer-
relação jurídica anterior) para criar um cargo novo. rogativas que são comuns para todo e qualquer car-
Dessas hipóteses, a que merece maiores esclareci- go público, e existem algumas prerrogativas que são
mentos é a exoneração. Nas linhas do artigo 35, a exo- mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos.
neração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, Geralmente essas prerrogativas mais exclusivas são
ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração será rea- aplicáveis para os cargos militares e para os cargos de
lizada quando não satisfeitas as condições do estágio natureza política.
probatório; ou ainda quando, tendo tomado posse, o No momento, é importante focar nas prerrogativas
servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. que se aplicam para todos os servidores públicos, que
A substituição encontra-se disposta no artigo 38 ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande
do Estatuto. Segundo o caput desse dispositivo, os ser- prerrogativa diz respeito à estabilidade.
vidores investidos em cargo ou função de direção ou A estabilidade é a condição que o servidor público
chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial atinge após completar alguns requisitos. O seu princi-
terão substitutos indicados no regimento interno ou, no pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor
caso de omissão, previamente designados pelo dirigen- público não pode ser demitido por razões de conve-
te máximo do órgão ou entidade. niência ou oportunidade pela Administração. Ela não
A substituição é, assim, uma troca de um servidor pode demitir o servidor estável “porque não quer
por outro, aplicável somente para os cargos de comis- mais” trabalhar com ele.
são ou função de direção e chefia, bem como cargos de Segundo o artigo 21 do Estatuto dos Servidores
Natureza Especial. O servidor substituto indicado assu- Públicos Civis da União, uma vez que o servidor seja
habilitado em concurso público e empossado em cargo
me, automaticamente, o exercício do cargo, nos casos de
de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço
afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares
público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.
do titular, bem como na hipótese de vacância do cargo.
Um direito muito importante do servidor substitu- Interessante observar que a Constituição Federal
to é que ele pode optar, entre o cargo que ocupava de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida-
antes e o cargo que passa a ocupar pela substituição, de em seu artigo 41. Todavia, os requisitos são distin-
pela remuneração mais vantajosa (art. 38, § 2°). Seria tos: para o Texto Constitucional, o servidor público só
injusto o substituto ganhar menos do que recebia adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de
120 antes da substituição. efetivo exercício.
Isso não significa que, uma vez o servidor estando A Lei n° 8.112/1990, em seus artigos 40 e 41, elen-
estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não ca diversos direitos e gratificações aos servidores
sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá públicos, os quais são de grande importância conhe-
“carta branca” para agir como bem entender. Por isso cer. Vejamos os principais direitos:
o conteúdo do artigo 22 da Lei n° 8.112/1990: O servidor
estável só perderá o cargo em virtude de sentença judi- z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
cial transitada em julgado ou de processo administrati- assim como o salário está para o empregado. Con-
vo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. siste na retribuição pecuniária pelo exercício do
O Texto Constitucional vai um pouco além: ele pre- cargo público, cujo valor é previamente fixado
vê ao todo, quatro modalidades de demissão de servi- em lei. Os vencimentos de cargos efetivos são, em
dor estável. São elas: regra, irredutíveis.
z Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen-
z Por sentença judicial transitada em julgado: é to do cargo, somado a todas as outras vantagens
a forma mais demorada para se demitir um servi- pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor
dor, considerando todo o aspecto burocrático exis- pago ao servidor público, independentemente de
tente no processo judicial. O trânsito em julgado da sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigen-
sentença somente ocorre quando esgotados todos te (art. 39, § 3°, da CF/1988).
os recursos cabíveis.
O artigo 39 da Constituição Federal apresenta
z Mediante processo administrativo em que lhe algumas regras gerais sobre o regime dos servi-
seja assegurada ampla defesa. As regras referentes dores públicos. Dentre as regras constitucionais,
ao Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) o §1° do referido dispositivo prevê que a fixação
serão vistas mais adiante. dos padrões de vencimento e dos demais com-
z Mediante procedimento de avaliação periódica ponentes do sistema remuneratório observará
três aspectos: a natureza, o grau de responsabili-
de desempenho, na forma de lei complementar,
dade e a complexidade dos cargos componentes de
assegurada ampla defesa: quem não for aprovado cada carreira; os requisitos para a investidura; e
na avaliação periódica de desempenho, pode ser também as peculiaridades dos cargos.
exonerado de seu cargo público, independentemen-
te de ter completado o período de efetivo exercício. z Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe-
z Por excesso de gasto com pessoal: as hipóteses cial de remuneração, feita em uma única parcela.
1 a 3 estão previstas nos incisos do artigo 41. Toda- O regime de subsídios, previsto no art. 39, § 4°, da
via, essa última hipótese encontra-se disposta no CF/1988, foi introduzido com a finalidade de coibir
artigo 169, § 3°, II da CF/1988. Sob o aspecto orça- os “supersalários” comumente existentes no regi-
mentário e financeiro, não pode a Administração me de servidores públicos brasileiros. Importante
Pública realizar gastos superiores àqueles previs- ressaltar que recebem por subsídios somente os
tos em seu orçamento anual. Com isso, havendo a Chefes do Poder Executivo, parlamentares, magis-
necessidade, é possível, sim, que um servidor está- trados, ministros de Estado, secretários estaduais,
vel seja exonerado de seu cargo, apenas por moti- membros do Ministério Público e da Advocacia
vos de “balancear” as contas públicas. Pública, entre outros.
z Indenizações: as indenizações são valores pagos
Outra prerrogativa que merece maior destaque é aos servidores, mas que não integram seus ven-
a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com cimentos. O Estatuto prevê algumas hipóteses de
a estabilidade, mas não pode ser confundida com a recebimento de indenizações:
mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer
servidor: ela é somente concedida para alguns cargos „ Ajuda de custo por mudança, devida como
públicos especiais. forma de compensar as despesas de instalação
São considerados cargos vitalícios, segundo a pró- de servidor que tiver exercício em nova sede,
pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura ocorrendo mudança de seu domicílio;
(art. 95, I), os membros do Ministério Público (art. 128, „ Ajuda de custo por falecimento: devido à
família do servidor que vier a falecer na nova
§ 5°, a), e os cargos ocupados pelos membros do Tribu-
sede, sendo devido para custear o transporte
nal de Contas da União ou TCU (art. 73, § 3°).
para a localidade de origem;
A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do que
„ Diárias por deslocamento: devida ao servidor
DIREITO ADMINISTRATIVO

a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe um desses


que se afastar, por motivos de serviço, da sede
cargos vitalícios, ela somente pode ser exonerada median-
em caráter transitório, para outro local dentro ou
te sentença judicial transitada em julgado. Essa é a única fora do país, receberá tal indenização como for-
hipótese de exoneração, motivo pelo qual ela garante ma de ajuda no custeio do processo de mudança;
uma prerrogativa maior do que apenas a estabilidade. „ Auxílio-moradia: trata-se de ressarcimento
Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um das despesas comprovadamente realizadas
aspecto relativo ao Regime de Previdência, é também pelo servidor com aluguel de moradia ou com
considerada como uma forma de exoneração a apo- hospedagem realizado por algum hotel, depen-
sentadoria compulsória, isso é, a concessão do referido dendo do preenchimento de alguns requisitos,
benefício previdenciário quando o servidor estável ou como não ter um imóvel funcional disponível
vitalício completar 75 (setenta e cinco) anos de idade. para uso, seu cônjuge não ser ocupante de
A diferença é que, no caso da aposentadoria compul- imóvel funcional, ou que nenhuma outra pes-
sória, o servidor para de trabalhar, mas continua rece- soa que resida com o servidor receba a mesma
bendo uma “remuneração”, chamada de provento. indenização etc. 121
„ Gratificações, Adicionais e Retribuições: O LICENÇA AFASTAMENTO
art. 61 do Estatuto dos Servidores Públicos tam-
bém prevê o pagamento das seguintes gratifi- Finalidade é de interes- Finalidade é de interesse
se exclusivo do agente do agente e da Adminis-
cações: I - retribuição pelo exercício de função
público. tração Pública.
de direção, chefia e assessoramento; II - gratifi-
cação natalina; IV - adicional pelo exercício de Ex: doença do cônjuge/ Ex: realização de espe-
atividades insalubres, perigosas ou penosas; V membro da família; para cialização; realização de
- adicional pela prestação de serviço extraordi- exercer atividade política; missão no exterior; para
para tratar de interesses servir a outro órgão/
nário; VI - adicional noturno; VII - adicional de
particulares. entidade.
férias; VIII - outros, relativos ao local ou à natu-
reza do trabalho; IX - gratificação por encargo Possui prazos mais cur- Possui prazos mais lon-
de curso ou concurso. tos (dias, semanas). gos (meses, anos).

O servidor, em relação às férias, fará jus a trin-


ta dias de licença para cada 12 meses de serviço, que
podem ser acumuladas, até o máximo de dois perío-
Importante!
dos, no caso de necessidade do serviço (art. 77, Lei n° Uma questão que costuma cair com bastante fre-
8.112/1990). Poderão ser parceladas em até três perío- quência nas provas de concurso público é sobre a
dos, desde que assim requeridas pelo servidor, e no remuneração de servidor afastado para exercício
interesse da administração pública, na forma do § 3° de mandato eletivo (artigo 94, Lei n° 8.112/1990). A
do mesmo dispositivo legal. regra geral é que, para exercer um mandato eletivo,
As licenças são uma espécie de afastamento com o servidor deve se afastar do cargo e deixar de rece-
algumas características próprias. Estão dispostas nos ber a remuneração do mesmo. Porém, tratando-se
de exercício de mandato de Prefeito, o servidor afas-
artigos 81 e seguintes da Lei dos Servidores Públicos
tar poderá optar, dentre as duas remunerações, por
Federais. Conceder-se-á licença ao servidor:
aquela que lhe for mais vantajosa (valores maiores,
mais benefícios etc.).
I - por motivo de doença em pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro; Outro aspecto importante: no caso de mandato de
III - para o serviço militar; Vereador, o servidor poderá exercer os dois car-
IV - para atividade política; gos e receber ambas as remunerações, desde que
V - para capacitação; comprovada a compatibilidade de horários (atua
VI - para tratar de interesses particulares; como Vereador de dia e como agente público de noite,
VII - para desempenho de mandato classista. e vice-versa). Sendo incompatível o horário dos dois
cargos, o Vereador pode optar pela remuneração mais
Apesar de haver previsão para concessão de licen- vantajosa, igual ao Prefeito. Isso é assim porque, mui-
ça por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipóte- tas vezes, a remuneração dos Prefeitos e Vereadores
se acabou sendo revogada pela Lei n° 9.527/1997. As de pequenos Municípios costuma ser menor do que
licenças, como se depreende, são hipóteses de desli- a remuneração do cargo público anterior, e ele pode
gamento temporário do servidor com o seu respectivo facilmente se locomover de um ambiente de trabalho
cargo, havendo uma expectativa para o seu retorno. para outro nesse Municípios de porte menor.
As licenças poderão ser concedidas com ou sem remu-
neração, a depender de cada situação. Do Regime Previdenciário (RPPS)
Os afastamentos, que não se confundem com as
Servidor público não é empregado. Por isso, não se
licenças, são hipóteses em que há um desligamento
aplica a ele o Regime Geral de Previdência, conhecido
permanente do servidor com o seu cargo, e, em regra,
também como RGPS. Os servidores possui um regime
o seu prazo para retorno é bem maior, o que torna
próprio denominado Regime Próprio de Previdência
menos provável a sua chance de retorno. Além disso, dos Servidores (ou RPPS).
quem tem interesse no afastamento do servidor são Esse regime tem suas políticas elaboradas e execu-
ambos o servidor e a própria Administração Pública. tadas pela Secretaria de Previdência do Ministério da
Estão previstos nos artigos 93 e seguintes da Lei n° Fazenda. Neste Regime, é compulsório para o servidor
8.666/1990. São quatro hipóteses: público do ente federativo que o tenha instituído, com
teto e subtetos definidos pela Emenda Constitucional
I – para servir a outro órgão ou entidade; n° 41/2003.
II – para exercício de mandato eletivo; Mas o Regime de Previdência dos Servidores tam-
III – para estudos ou missões no exterior; bém possui dispositivos previstos em seu Estatuto.
IV – para participação em programa de pós-gra- Segundo o artigo 184 da Lei n° 8.112/1990, o Plano
duação stricto sensu dentro do País. de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a
que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreen-
Para compreender melhor a diferença entre licen- de um conjunto de benefícios e ações que atendam às
122 ças e afastamentos, segue uma tabela explicativa. seguintes finalidades:
I - garantir meios de subsistência nos eventos de tempo; aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, ina- homem, e aos 60 (sessenta) se mulher, com pro-
tividade, falecimento e reclusão; ventos proporcionais ao tempo de serviço.
II - proteção à maternidade, à adoção e à
paternidade; Com a entrada em vigor da Emenda Constitucional
III - assistência à saúde. n° 103/2019, as regras para a aposentadoria voluntá-
ria dos agentes públicos sofreram algumas alterações.
De modo geral, pode-se dizer que ao servidor é As chances de uma questão sobre essas novas regras
garantido os seguintes benefícios previdenciários: caírem em uma prova no momento são pequenas, mas
é importante se prevenir. Existem também regras de
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Consti- transição mais específicas, as quais devem ser conhe-
tuição Federal quanto na Lei n° 8.112/1990. O Regi- cidas pelo candidato, ao menos um pouco. Por isso,
me Próprio de Previdência dos Servidores (RPPS)
uma leitura da emenda constitucional 103/2019, na
também sofreu alterações na chamada “reforma
íntegra, é altamente recomendada.
da previdência”, promulgada pela Emenda Cons-
titucional n° 103/2019. Com isso, temos dois textos
normativos que, até o presente momento, dispõem z Auxílio-natalidade (art. 196): o auxílio-natalida-
sobre a aposentadoria. de é devido à servidora por motivo de nascimento
de filho, em quantia equivalente ao menor ven-
À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor cimento do serviço público, inclusive no caso de
será aposentado: natimorto.
z Salário-Família (art. 197): o salário-família é
z Por incapacidade permanente para o trabalho, no devido ao servidor segundo o número de depen-
cargo em que estiver investido, quando insuscetível dentes econômicos deste. Para todos os efeitos, são
de readaptação. O Texto Constitucional explicita que considerados dependentes econômicos, na forma
será obrigatória a realização de avaliações periódi- do artigo 197, parágrafo único:
cas para verificação da continuidade das condições
que ensejaram a concessão da aposentadoria, na for- I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
ma de lei do respectivo ente federativo.
os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se
z Compulsoriamente, com proventos proporcionais estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inváli-
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de do, de qualquer idade;
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, median-
na forma de lei complementar n° 152/2015. Essa te autorização judicial, viver na companhia e às
Lei complementar dispõe sobre a aposentadoria expensas do servidor, ou do inativo;
compulsória com proventos proporcionais, sendo III - a mãe e o pai sem economia própria.
aplicável aos servidores ocupantes de cargos públi-
cos da União, Estados, Municípios, Distrito Federal z Licença para tratamento de saúde (art. 202),
e suas autarquias e fundações; aos membros do essa licença dependente de perícia médica, sem
Poder Judiciário; aos membros do Ministério Públi-
prejuízo da remuneração a que fizer jus. O servi-
co; e aos membros da Defensoria Pública.
dor precisa comprovar que realmente está doente
z Voluntariamente, no âmbito da União, aos 62 e não pode trabalhar.
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no z Licença à gestante, à adotante e licença-pater-
âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- nidade (art. 207): a licença à gestante/adotante/
cípios, na idade mínima estabelecida mediante paternidade será concedida por prazo não supe-
emenda às respectivas Constituições e Leis Orgâ- rior a 120 dias, sem prejuízo da remuneração.
nicas, observados o tempo de contribuição e os Todavia, a servidora gestante poderá prorrogar
demais requisitos estabelecidos em lei comple- esse prazo, desde que o requeira até o final do pri-
mentar do respectivo ente federativo. meiro mês após o parto, e terá duração de sessenta
dias. Trata-se de uma inovação trazida pelo Decre-
Com base na Lei n° 8.666/1990 (art. 186), ao servi- to n° 6.690/2008
dor federal poderá ser concedido aposentadoria: z Licença por acidente em serviço (art. 211): o
Estatuto considera como acidente em serviço o
z Aposentadoria por invalidez permanente; sendo os dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se
proventos integrais quando decorrente de acidente relacione, mediata ou imediatamente, com as atri-
DIREITO ADMINISTRATIVO

em serviço, moléstia profissional ou doença grave,


buições do cargo exercido.
contagiosa ou incurável, especificada em lei, e propor-
cionais nos demais casos; z Pensão por morte (art. 215): esse é um dos raros
z Aposentadoria compulsória, aos setenta anos de benefícios que não é devido ao servidor (por
idade, com proventos proporcionais ao tempo de ser- motivos óbvios), mas a seus dependentes, incluin-
viço; ou ainda do nesse grupo o cônjuge, o cônjuge divorciado ou
separado judicialmente ou de fato; o companhei-
z Aposentadoria voluntária, de acordo com os
seguintes critérios de idade e de contribuições: aos ro ou companheira que comprove união estável
35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos como entidade familiar; ou ainda ao filho de qual-
30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; aos quer condição, ou seja, todos os entes equipara-
30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções dos a filho (enteado, menor tutelado), desde que
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se preencha as seguintes condições: a) seja menor de
professora, com proventos integrais; aos 30 (trinta) 21 (vinte e um) anos; b) seja inválido; c) tenha defi-
anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cin- ciência grave; ou ainda d) tenha deficiência inte-
co) se mulher, com proventos proporcionais a esse lectual ou mental. 123
z Auxílio-reclusão (art. 229): outro benefício tam- atribuição que seja de sua responsabilidade ou de
bém devido aos dependentes do servidor, cujo seu subordinado;
valor poderá ser: VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
I - dois terços da remuneração, quando afastado a partido político;
por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
determinada pela autoridade competente, enquan- ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
to perdurar a prisão; parente até o segundo grau civil;
II - metade da remuneração, durante o afastamen- IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
to, em virtude de condenação, por sentença defini- ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-
tiva, a pena que não determine a perda de cargo. ção pública;
X - participar de gerência ou administração de
Dos Deveres e Responsabilidades dos Servidores sociedade privada, personificada ou não personifi-
Públicos cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de
acionista, cotista ou comanditário;
XI - atuar, como procurador ou intermediário,
Apesar da grande quantidade de direitos e vanta-
junto a repartições públicas, salvo quando se tra-
gens, o Estatuto dos Servidores Públicos também atri-
tar de benefícios previdenciários ou assistenciais
bui aos mesmos diversos deveres, com base no regime de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
disciplinar o qual, se não for atendido, enseja a ins- companheiro;
tauração de processo disciplinar para a apuração de XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
infrações funcionais. de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
Nos termos do artigo 116 da Lei n° 8.112/1990: XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta-
do estrangeiro;
Art. 116 São deveres do servidor: XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do XV - proceder de forma desidiosa;
cargo XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da
II - ser leal às instituições a que servir; repartição em serviços ou atividades particulares;
III - observar as normas legais e regulamentares; XVII - cometer a outro servidor atribuições estra-
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
manifestamente ilegais; emergência e transitórias;
V - atender com presteza; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam
a) ao público em geral, prestando as informações incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; com o horário de trabalho;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
de direito ou esclarecimento de situações de inte- quando solicitado.
resse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; Por fim, em relação à responsabilidade dos ser-
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência
vidores públicos, o art. 121 da Lei n° 8.112/1990 é bas-
em razão do cargo ao conhecimento da autoridade
tante claro ao dispor que “O servidor responde civil,
superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade penal e administrativamente pelo exercício irregular
competente para apuração; de suas atribuições”. Vemos, então, que uma única
VII - zelar pela economia do material e a conserva- conduta praticada pelo referido servidor pode ense-
ção do patrimônio público; jar em responsabilização em três esferas distintas. A
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; responsabilidade civil do servidor público decorre
IX - manter conduta compatível com a moralidade da prática de atos comissivos ou omissivos, que sejam
administrativa; capazes de causar danos materiais ao erário (patrimô-
X - ser assíduo e pontual ao serviço; nio público), ou a terceiros.
XI - tratar com urbanidade as pessoas; A responsabilidade penal do servidor tem seu
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou fundamento na apuração de uma conduta criminal,
abuso de poder. isso é, a hipótese em que o servidor público possa pra-
ticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade
Ao mesmo tempo, o artigo 117 da mesma Lei penal é, definitivamente, a mais grave e perigosa, uma
impõe aos servidores públicos diversas proibições. vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto
Trata-se de uma matéria que exige grande capacidade pela condenação do servidor condenado, como pela
de memorização, ainda que não necessite de um alon- sua absolvição pela falta de provas materiais ou pela
gamento muito detalhado. negação de sua autoria, sendo essas últimas hipóteses
apenas exceções.
Art. 117 Ao servidor é proibido: A responsabilidade administrativa, por outro
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem lado, consiste na instauração de processo discipli-
prévia autorização do chefe imediato;
nar (art. 116 e seguintes, Lei n° 8.112/1990), pelo qual
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
haverá a verificação da conduta delituosa do agen-
petente, qualquer documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos; te, bem como a aplicação da pena mais adequada.
IV - opor resistência injustificada ao andamento de Imprescindível reforçar que a aplicação de qualquer
documento e processo ou execução de serviço; pena ao servidor público pressupõe um processo
V - promover manifestação de apreço ou desapreço administrativo, sendo assegurado ao acusado direito
no recinto da repartição; ao contraditório e à ampla defesa, sendo obrigatória,
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, inclusive, a presença do advogado em todas as fases
124 fora dos casos previstos em lei, o desempenho de do referido processo (Súmula n° 343 do STJ).
Todavia, tal entendimento vem sofrendo alte- Do Processo Administrativo Disciplinar: conceito,
rações, pois o STF já reconheceu em Súmula Vincu- princípios, fases e modalidades
lante n° 5 entendimento de que a falta de defesa
técnica no processo administrativo disciplinar não é O processo administrativo é o instrumento desti-
inconstitucional. nado a apurar as responsabilidades do servidor por
Em relação às penalidades administrativas apli- infração praticada no exercício de suas atribuições ou
cáveis aos servidores públicos, a Lei n° 8.112/1990 relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
(art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções: rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
A sindicância é definida como uma averiguação
z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável sumária promovida no intuito de obter informações
por escrito para o servidor que cometer atos como: ou esclarecimentos necessários à determinação do
ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa-
fé a documento público; retirar qualquer docu- rando com o processo penal, pode-se afirmar que a
mento da repartição sem a devida autorização; sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois
manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão:
parente até o segundo grau; entre outros. ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu,
e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
z Suspensão: aplicável somente quando o servidor
Segundo o artigo 145, da sindicância poderá resul-
é reincidente nas faltas puníveis por advertên-
tar: I - arquivamento do processo; II - aplicação de
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas a
penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trin-
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser
ta) dias;III - instauração de processo disciplinar.
aplicada por prazo maior a noventa dias.
Como forma de impedir que o servidor venha
z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri- interferir de forma negativa durante a investigação
buída ao servidor público, uma vez que tem o con- da apuração de sua conduta, estabelece o artigo 147
dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será o afastamento preventivo do mesmo: Como medida
aplicada nos casos em que o servidor: cometer cautelar e a fim de que o servidor público não venha
crime contra a administração pública; abandonar a influir na apuração da irregularidade ao mesmo
seu cargo; improbidade administrativa; praticar atribuída, a autoridade instauradora do processo
conduta escandalosa na repartição; ofender fisica- administrativo-disciplinar, verificando a existência de
mente, em serviço, outro servidor; revelar segre- veementes indícios de responsabilidades, poderá orde-
do o qual obteve devido a sua função; corrupção; nar o seu afastamento do exercício do cargo.
receber propina, comissão, ou outra vantagem de Uma vez encerrada a sindicância e, constatado uma
qualquer espécie em razão de suas atribuições; conduta irregular, temos o início do processo admi-
etc. Muitas dessas hipóteses impedem que o infra- nistrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segundo o
tor retorne ao serviço público federal, por isso tra- artigo 148, o processo administrativo ordinário é
ta-se de uma das penalidades mais gravosas. o instrumento destinado a apurar responsabilidade do
z Cassação de Aposentadoria ou da Disponibi- servidor público pela infração praticada no exercício de
lidade: o servidor inativo que houver praticado suas atribuições ou que tenha relação com as atribui-
falta punível com a demissão, terá a sua aposenta- ções do cargo em que se encontre investido.
doria, ou sua disponibilidade cassada. Segundo o artigo 149, o processo será conduzido
z Destituição de Cargo em Comissão ou Função por Comissão composta de três servidores estáveis
Comissionada: caso o servidor ocupante de car- designados pela autoridade competente, observado o
go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da disposto no § 3° do art. 143, que indicará, dentre eles,
pena de suspensão e demissão, poderá perder o o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
seu cargo de confiança ou função comissionada. efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Por fim, é importante ressaltar que ao servidor é Não temos a figura de um Juiz de Direito no proces-
conferido direito de petição, na forma do artigo 104 e so administrativo, e sim uma “autoridade julgadora”.
seguintes da Lei n° 8.666/1990, para requerer direitos e A Comissão não faz parte da autoridade julgadora, ela
interesses próprios em face do Poder Público. O reque- fica encarregada de realizar um relatório contendo
rimento será dirigido à autoridade competente para todas as provas colhidas e todos os fatos devidamente
investigados.
DIREITO ADMINISTRATIVO

decidi-lo e na sequência encaminhado por intermé-


dio daquela a qual o servidor estiver imediatamente Ao todo, são três as fases do processo adminis-
subordinado. Deve ser respeitado o princípio do con- trativo disciplinar (art. 151):
traditório e da ampla defesa, dando espaço para que
I - instauração, com a publicação do ato que cons-
tanto o servidor público como o Estado possam impug-
tituir a comissão;
nar todos os pontos do requerimento, apresentar sua
II - inquérito administrativo, que compreende ins-
defesa técnica escrita, e interpor recursos (art. 107, Lei trução, defesa e relatório;
n° 8.666/1990) das decisões que lhe prejudicarem. III - julgamento.
O direito de requerer decai: em 5 (cinco) anos, Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promo-
quanto aos atos de demissão e de cassação de apo- verá a tomada de depoimentos, acareações, investi-
sentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interes- gações e diligências cabíveis, objetivando a coleta
se patrimonial e créditos resultantes das relações de de prova, recorrendo, quando necessário, a técni-
trabalho; ou em 120 (cento e vinte) dias, nos demais cos e peritos, de modo a permitir a completa eluci-
casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei. dação dos fatos. 125
O inquérito administrativo é a fase em que temos a A fase do julgamento tem início com o recebimento
apuração da responsabilidade disciplinar do servidor do relatório da Comissão, e terá prazo máximo de 20
público. Ela compreende a fase instrutória (colheita dias (art. 167) para decidir se acata o relatório ou não.
de provas), a citação e apresentação da defesa do ser- O artigo 168, caput e Parágrafo Único, dispõe, de modo
vidor que está sendo acusado, além da produção de geral, que a autoridade julgadora não está subordinada
um documento chamado relatório. ao que foi dito no relatório da Comissão. O julgamento
Importante o conteúdo do artigo 156, ao dispor acatará o relatório da comissão, salvo quando contrá-
que: rio às provas dos autos. Quando o relatório da comissão
contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora
Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta,
acompanhar o processo pessoalmente ou por inter- abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.
médio de procurador, arrolar e reinquirir testemu-
nhas, produzir provas e contraprovas e formular Art. 172 O servidor que responder a processo
quesitos, quando se tratar de prova pericial. disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou
aposentado voluntariamente, após a conclusão
Esse artigo 156 trata de um conteúdo muito impor- do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
tante, por ser a respeito do direito de defesa do servi- so aplicada. Ocorrida a exoneração de que trata o
dor público. Não é porque não estamos num processo parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será con-
judicial (com a figura de um membro do Poder Judi- vertido em demissão, se for o caso.
ciário) que não devem ser aplicados os princípios
mais básicos e fundamentais do mesmo. É cabível no A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão
processo administrativo o respeito ao contraditório e do procedimento administrativo de que resultou sanção
ampla defesa, a disparidade de armas, o direito de ter disciplinar, quando se aduzam fatos ou circunstâncias
ciência e conhecimento do processo, o direito de ser que possam justificar a inocência do requerente, men-
representado por autoridade competente etc. cionados ou não no procedimento original (art. 174).
A seguir temos alguns meios de prova que são A revisão é uma de defesa utilizada pelo acusado
admitidos no processo administrativo. São muito ou seu representante, para que a autoridade possa
parecidos, praticamente os mesmos meios de prova realizar um novo julgamento do PAD, porque apare-
admitidos em processo judicial. ceu um fato ou circunstância nova que comprovem a
As testemunhas estão dispostas no artigo 157, e inocência do requerente.
serão intimadas a depor mediante mandado expedido A revisão de que trata este artigo poderá ser requeri-
pelo presidente da comissão, devendo a segunda via, da em caso de falecimento, ausência ou desaparecimen-
com o ciente do interessado, ser anexado aos autos. to do servidor público, por qualquer pessoa da família;
Quem chama as testemunhas para colher seus respec- ou ainda em caso de incapacidade mental do servidor
tivos depoimentos, e quem faz toda a colheita de todos
os meios de prova, é a Comissão e não a autoridade público, pelo respectivo curador (art. 174, §§ 1° e 2°).
julgadora. Esta somente vai atuar no PAD quando No processo revisional, o ônus da prova recai sem-
todo o trabalho da Comissão tiver encerrado. pre ao requerente, correndo em apenso ao processo
Se a testemunha for servidor público, a expedição original (arts. 175 e 178).
do mandado tem que ser imediatamente comunicada A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para
ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do a conclusão dos trabalhos de revisão. O prazo para
dia e hora marcados para inquirição. (art. 157, parágra- julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do rece-
fo único). O servidor não pode se ausentar de seu servi- bimento do processo, no curso do qual a autoridade
ço sem apresentar uma justificativa válida para tanto. julgadora poderá determinar diligências (art. 181,
Concluída a inquirição das testemunhas, a comis- parágrafo único).
são promoverá o interrogatório do acusado, obser- Lembrando que, se da revisão do processo resultar
vados os procedimentos previstos nos arts. 157 e a inocência do servidor, ele tem direito de ser reinte-
158. No caso de mais de um acusado, cada um deles grado ao cargo que antigamente ocupava.
será ouvido separadamente e, sempre que divergirem A revisão do processo não admite a reformatio in
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, pejus, o que significa que não poderá resultar agravamen-
será promovida a acareação entre eles. to da penalidade já aplicada (art. 182, parágrafo único).
A citação do indiciado está disposta no artigo 161.
Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
indiciação do servidor, com a especificação dos fatos
a ele imputados e das respectivas provas. O indiciado
será citado por mandado expedido pelo presidente da
CARREIRA DE POLICIAL RODOVIÁRIO
comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de FEDERAL
10 (dez) dias, sendo assegurado dar vista do processo
na repartição, isso é, olhar página por página, parágra- No presente material veremos a legislação espe-
fo por parágrafo, tudo o que já foi produzido no PAD. cífica de Direito Administrativo. Conheceremos as
Considerar-se-á revel o indiciado que, regular- seguintes normas: Lei nº 9.654/98, Lei nº 12.855/13, Lei
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal. nº 13.712/18 e o Decreto nº 8.282/14.
A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro- Abordaremos aqui os principais temas desses atos
cesso e devolverá o prazo para a defesa. normativos, mas é importante que você tenha contato
Uma vez apuradas todas as provas, a Comissão ela- com a letra da lei, para que seu estudo fique otimiza-
borará um relatório de tudo que foi constado no pro- do. Nunca é demais lembrar de que o examinador cos-
cesso. Não é ainda uma decisão, pois o relatório será tuma cobrar a literalidade dos diplomas normativos
126 encaminhado para a autoridade julgadora. previstos em edital.
LEI Nº 9.654, DE 1998 E SUAS ALTERAÇÕES Sugiro que você se atenha ao diferencial de cada
classe em termos de atribuição. Veja a tabela abaixo.
A Lei nº 9.654/98 cria a carreira de Policial Rodo-
viário Federal, conforme consta do seu artigo 1º, indi-
cando a origem dos cargos no seu parágrafo único. ATRIBUIÇÕES
CLASSE
- RESUMO
Art. 1º Fica criada, no âmbito do Poder Executi-
Coordenação,
vo, a carreira de Policial Rodoviário Federal, com
supervisão, controle,
as atribuições previstas na Constituição Federal,
avaliação / corregedoria,
no Código de Trânsito Brasileiro e na legislação
Especial inteligência, ensino /
específica.
articulação e intercâmbio
Parágrafo único. A implantação da carreira far-
em âmbito nacional e
-se-á mediante transformação dos atuais dez mil e
internacional;
noventa e oito cargos efetivos de Patrulheiro Rodo-
viário Federal, do quadro geral do Ministério da Planejamento,
Justiça, em cargos de Policial Rodoviário Federal. coordenação,
Primeira capacitação, controle /
articulação e intercâmbio
Importante! em âmbito nacional;
A carreira de Policial Rodoviário Federal foi cria- Execução e contro-
da a partir dos cargos de Patrulheiro Rodoviário Segunda le administrativo e
Federal. operacional;

Fiscalização,
Em seguida, o artigo 2º traz a estruturação da car- patrulhamento e
reira em classes. No entanto, uma importante altera- Terceira policiamento ostensivo /
ção legislativa em 2012 mudou as classes da carreira, atendimento e socorro às
que passou a ser de nível superior. Vejamos inicial- vítimas de acidentes.
mente o artigo 2º-A, que trouxe tais alterações, para
na sequência vermos uma tabela de equivalência que Conforme combinamos, vejamos a tabela de corre-
a própria lei traz. Perceba que os destaques feitos têm lação, citada no caput do artigo 2º-A:
o intuito de fazer você perceber a diferença entre
as classes, para que fixe o conhecimento da melhor z Anexo II-A (incluído pela Lei nº12.775, de 2012)
maneira possível.
Tabela de correlação da carreira de Policial Rodo-
Art. 2º-A. A partir de 1o de janeiro de 2013, a Car- viário Federal
reira de que trata esta Lei, composta do cargo de
Policial Rodoviário Federal, de nível superior, pas-
SITUAÇÃO ANTERIOR
sa a ser estruturada nas seguintes classes: Terceira,
Segunda, Primeira e Especial, na forma do Anexo Cargo Classe Padrão
I-A, observada a correlação disposta no Anexo II-A.
§ 1º As atribuições gerais das classes do cargo de III
Policial Rodoviário Federal são as seguintes:
Inspetor II
I - Classe Especial: atividades de natureza policial
e administrativa, envolvendo direção, planejamen- I
to, coordenação, supervisão, controle e avaliação
administrativa e operacional, coordenação e dire- VI
ção das atividades de corregedoria, inteligência e
ensino, bem como a articulação e o intercâmbio V
com outras organizações e corporações policiais, IV
em âmbito nacional e internacional, além das atri- Agente
buições da Primeira Classe; Especial III
II - Primeira Classe: atividades de natureza policial,
II
DIREITO ADMINISTRATIVO

envolvendo planejamento, coordenação, capacita- Policial


ção, controle e execução administrativa e opera- Rodoviário Federal I
cional, bem como articulação e intercâmbio com
outras organizações policiais, em âmbito nacional, VI
além das atribuições da Segunda Classe;
III - Segunda Classe: atividades de natureza policial V
envolvendo a execução e controle administrativo
e operacional das atividades inerentes ao cargo, Agente IV
além das atribuições da Terceira Classe; e Operacional III
IV - Terceira Classe: atividades de natureza policial
envolvendo a fiscalização, patrulhamento e policia- II
mento ostensivo, atendimento e socorro às vítimas
de acidentes rodoviários e demais atribuições rela- I
cionadas com a área operacional do Departamento
Agente I
de Polícia Rodoviária Federal. 127
SITUAÇÃO NOVA Em seguida, temos o artigo 3º que trata do concur-
so para adentrar a carreira e respectivos requisitos.
Padrão Classe Cargo Vamos separar os trechos para ficar melhor de orga-
nizar o raciocínio.
III

II Especial Art. 3º O ingresso nos cargos da carreira de que


trata esta Lei dar-se-á mediante aprovação em con-
I curso público, constituído de duas fases, ambas eli-
minatórias e classificatórias, sendo a primeira de
VI
exame psicotécnico e de provas e títulos e a segun-
V da constituída de curso de formação.
§ 1º São requisitos para o ingresso na carreira o
IV diploma de curso superior completo, em nível
Primeira de graduação, devidamente reconhecido pelo
III
Ministério da Educação, e os demais requisitos
II estabelecidos no edital do concurso.

I Policial
Concurso público para ingresso na carreira
Rodoviário
VI – características:
Federal
V z Duas fases eliminatórias e classificatórias;
z Primeira fase: exame psicotécnico e de provas e
IV
Segunda títulos;
III z Segunda fase: curso de formação;
z Diploma de curso superior em nível de graduação
II
e demais requisitos do edital.
I
Inicialmente temos o comando para ingresso
III mediante concurso, em consonância com a Consti-
II Terceira tuição Federal. Chamo a atenção para a imposição da
realização em duas fases, sendo ambas eliminatórias
I e classificatórias.

Veja que a parte da tabela sob a célula “Situação Art. 3º (...)


Nova”, traz a situação legal a partir de 2013. Quan- § 3º A partir de 1º de janeiro de 2013, a investidura
do você for ler a letra da lei, fique atento(a) às datas no cargo de Policial Rodoviário Federal dar-se-á no
das respectivas alterações legislativas, para não levar padrão inicial da Terceira Classe.
informação incorreta para a prova. § 4º O ocupante do cargo de Policial Rodoviário
Federal permanecerá preferencialmente no local
Em provas de legislação os examinadores não cos-
de sua primeira lotação por um período mínimo
tumam cobrar situações já superadas pela lei.
de 3 (três) anos exercendo atividades de natureza
Finalizando o artigo 2º-A, temos informações a
operacional voltadas ao patrulhamento ostensivo e
respeito do enquadramento nos padrões da Terceira
à fiscalização de trânsito, sendo sua remoção con-
Classe, levando em conta o exercício dos servidores dicionada a concurso de remoção, permuta ou ao
que já integravam a carreira naquele momento. interesse da administração.

Art. 2º-A. (...) Acima temos a imposição da investidura no padrão


§ 3º Para fins de enquadramento na Terceira Clas-
inicial da Terceira Classe, que é a mais inferior, con-
se, será observado o tempo de exercício do servidor,
forme vimos na tabela referente ao artigo 2º-A. Em
de acordo com os seguintes critérios:
seguida, temos a indicação de permanência por três
I - menos de 1 (um) ano de exercício na classe de
Agente: Padrão I; anos no local da primeira lotação. Mas tenha atenção
II - de 1 (um) ano completo até menos de 2 (dois) ao termo “preferencialmente”, o examinador pode
anos de exercício na classe de Agente: Padrão II; e copiar o texto legal alterando apenas ele.
III - 2 (dois) anos completos ou mais de exercício na A lei impõe dedicação integral e exclusiva ao car-
classe de Agente: Padrão III. go, conforme artigo 7º:
§ 4º O tempo que exceder o período mínimo de 1
(um) ano para enquadramento no padrão de que Art. 7º Os ocupantes de cargos da carreira de Poli-
trata o § 3º será computado para fins da progres- cial Rodoviário Federal ficam sujeitos a integral e
são ou promoção subsequente. exclusiva dedicação às atividades do cargo.

Tempo de exercício na classe Agente e respectivo O artigo 8º indica a prioridade da ocupação dos
enquadramento: cargos em comissão e função de confiança para aque-
les que tenham comportamento exemplar e estejam
z Menos de 1 ano de exercício: Padrão I; nas classes finais. No entanto, mais uma vez vale a res-
z 1 ano a 2 anos: Padrão II; e salva de que se trata de mera preferência, não impo-
128 z 2 anos ou mais: Padrão III. sição legal.
Art. 8º Os cargos em comissão e as funções de Lei nº 11.095/05:
confiança do Departamento de Polícia Rodoviária Art. 10. Fica estruturado o Plano Especial de Car-
Federal serão preenchidos, PREFERENCIALMEN- gos do Departamento de Polícia Rodoviária Fede-
TE, por servidores integrantes da carreira que ral, composto pelos cargos de provimento efetivo,
tenham comportamento exemplar e que estejam regidos pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
posicionados nas classes finais, ressalvados os 1990, que não estejam organizados em carreiras,
casos de interesse da administração, conforme nor- pertencentes ao Quadro de Pessoal do Departamen-
mas a serem estabelecidas pelo Ministro de Estado to de Polícia Rodoviária Federal em 30 de junho
da Justiça. de 2004, ou que venham a ser redistribuídos para
este Departamento, desde que as respectivas redis-
Finalmente, o artigo 9º impõe a jornada semanal tribuições tenham sido requeridas até 30 de abril
de 2004, mediante enquadramento dos servidores,
de 40 horas para os integrantes da carreira.
de acordo com as respectivas atribuições, requisi-
tos de formação profissional e posição relativa na
Art. 9º É de quarenta horas semanais a jornada de
tabela, conforme o constante do Anexo III desta Lei.
trabalho dos integrantes da carreira de que trata
esta Lei.
Dica
LEI Nº 12.855, DE 2013 Lembra do conceito de redistribuição da Lei nº
8.112/90? Vou trazer o dispositivo aqui para
Vejamos agora a Lei nº 12.855/2013. Ela trata de você relembrar.
servidores civis que atuem em regiões de fronteira, Lei nº 8.112/90:
mas, como veremos no caput do seu artigo 1º, não se Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de car-
refere especificamente a Polícia Rodoviária Federal.
go de provimento efetivo, ocupado ou vago no
âmbito do quadro geral de pessoal, para outro
Art. 1º É instituída indenização a ser concedida ao
órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia
servidor público federal regido pela Lei nº 8.112, de
11 de dezembro de 1990, em exercício de atividade apreciação do órgão central do SIPEC, observa-
nas delegacias e postos do Departamento de Polícia dos os seguintes preceitos:
Federal e do Departamento de Polícia Rodoviá- (...)
ria Federal e em unidades da Secretaria da Recei-
ta Federal do Brasil, do Ministério da Agricultura, Em seguida, a lei traz, ainda no artigo 1º, os crité-
Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Traba- rios para definição das regiões que ensejarão o paga-
lho e Emprego situadas em localidades estratégicas, mento da indenização.
vinculadas à prevenção, controle, fiscalização e
repressão dos delitos transfronteiriços. Art. 1º (...)
§ 1º A indenização de que trata o caput será § 2º As localidades estratégicas de que trata o caput
concedida ao servidor ocupante de cargo efetivo serão definidas em ato do Poder Executivo, por
das seguintes Carreiras ou Planos Especiais de Município, considerados os seguintes critérios:
Cargos: I - Municípios localizados em região de fronteira;
I - Carreira Policial Federal, de que trata a Lei nº IV - dificuldade de fixação de efetivo.
9.266, de 15 de março de 1996;
II - Carreira de Policial Rodoviário Federal, de O artigo 2º nos traz o valor e informações impor-
que trata a Lei nº 9.654, de 2 de junho de 1998; tantes sobre o pagamento. Note que haverá o ajuste
III - Carreira Auditoria da Receita Federal (ARF), de da indenização para mais ou para menos, conforme a
que trata a Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002; jornada cumprida pelo servidor.
IV - Plano Especial de Cargos do Departamento de
Polícia Federal, de que trata a Lei nº 10.682, de 28 Art. 2º A indenização de que trata o art. 1º será
de maio de 2003; devida por dia de efetivo trabalho nas delegacias
V - Plano Especial de Cargos do Departamento e postos do Departamento de Polícia Federal e do
de Polícia Rodoviária Federal, de que trata a Lei Departamento de Polícia Rodoviária Federal e em
nº 11.095, de 13 de janeiro de 2005; unidades da Secretaria da Receita Federal do Bra-
VI - Plano Especial de Cargos do Ministério da sil, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
DIREITO ADMINISTRATIVO

Fazenda, de que trata a Lei nº 11.907, de 2 de feve- tecimento e do Ministério do Trabalho e Emprego
reiro de 2009; situadas em localidades estratégicas, no valor de
VII - Carreira de Fiscal Federal Agropecuário, de R$ 91,00 (noventa e um reais).
que trata a Lei nº 10.883, de 16 de junho de 2004; e § 1º O pagamento da indenização de que trata o art.
VIII - Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho, de que 1º somente é devido enquanto durar o exercício ou
trata a Lei nº 10.593, de 2002. a atividade do servidor na localidade.
§ 2º O pagamento da indenização de que trata o
art. 1º não será devido nos dias em que não houver
Observe que não se trata de indenização exclusiva
prestação de trabalho pelo servidor, inclusive nas
à carreira de Policial Rodoviário Federal. hipóteses previstas no art. 97 e nos incisos II a XI
Em relação a hipótese constante do inciso V, temos do art. 102 da Lei nº 8.112, de 1990.
uma peculiaridade. São cargos que não fazem parte § 3º O valor constante do caput equivale à jorna-
da carreira ou que venham a ser redistribuídos. Trago da de trabalho de 8 (oito) horas diárias e deve-
um dispositivo da citada lei para que você saiba exa- rá ser ajustado, proporcionalmente, no caso de
tamente do que estamos tratando: carga horária maior ou menor prestada no dia. 129
§ 4º No caso de servidores submetidos a regime de z Anexo: Valor da Indenização
escala ou de plantão, o valor constante do caput
será proporcionalmente ajustado à respectiva
jornada de trabalho. PERÍODO TRABALHADO
DURANTE O REPOUSO VALOR DEVIDO
REMUNERADO
O artigo 3º impõe que não haja cumulatividade da
presente indenização com qualquer outra que seja Seis horas R$ 420,00
paga ao servidor, prevalecendo a de maior valor.
Doze horas R$ 900,00
Art. 3º A indenização de que trata o art. 1º não
poderá ser paga cumulativamente com diárias, O artigo 2º traz basicamente duas informações:
indenização de campo ou qualquer outra parcela condições e critérios para pagamento; e necessida-
indenizatória decorrente do trabalho na localidade. de qualitativa e quantitativa de servidores a serem
Parágrafo único. Na hipótese de ocorrência da enquadrados na possibilidade trazida pela norma.
cumulatividade de que trata o caput, será paga ao
Vejamos.
servidor a verba indenizatória de maior valor.

Art. 2º Ato do Ministro de Estado da Segurança


Ainda sobre o art. 3º, tenha muita atenção à impossi-
Pública estabelecerá:
bilidade de cumulação com outra parcela indenizatória.
I – as condições e os critérios necessários ao rece-
Rapidamente, relembraremos o trecho da Lei nº
bimento da indenização de que trata esta Lei, os
8.112/90 que fala sobre as indenizações:
quais observarão os princípios da voluntariedade,
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: da excepcionalidade, da impessoalidade, da transi-
I - ajuda de custo; toriedade, da eficiência e da supremacia do interes-
II - diárias; se público; e
III - transporte. II – a necessidade quantitativa e qualitativa de
IV - auxílio-moradia. servidores que a Polícia Rodoviária Federal deve-
rá disponibilizar para o atendimento da demanda
Encerrando, temos o artigo 4º afirmando que a das atividades de policiamento e de fiscalização em
indenização de que trata a lei não se sujeita ao impos- consonância com os calendários nacional e regio-
to de renda. Você deve lembrar-se de que, por defi- nal de operações e as atividades emergenciais e
nição, as indenizações não se sujeitam a tributação excepcionais.
sobre a renda, mas, provavelmente, para evitar dis- Parágrafo único. A competência prevista no inci-
cussões sobre o tema, a lei trouxe o comando. so II do caput deste artigo poderá ser delegada ao
Diretor-Geral do Departamento de Polícia Rodoviá-
Art. 4º A indenização de que trata esta Lei não se ria Federal do Ministério da Segurança Pública.
sujeita à incidência de imposto sobre a renda de
pessoa física. Esta norma também traz o impeditivo da cumula-
ção da diária com outras parcelas indenizatórias. No
LEI Nº 13.712, DE 2018
entanto, faz menção apenas a diárias ou indenizações
de campo.
Vamos conhecer agora a Lei nº 13.712/18, que traz
indenização a ser paga ao Policial Rodoviário Federal
Art. 3º A indenização a que se refere o art. 1º desta
que ser dispuser voluntariamente a trabalhar durante
Lei não poderá ser paga cumulativamente com diá-
o período de seu descanso. Vejamos o artigo 1º:
rias ou com indenização de campo.
Art. 1º Fica instituída indenização, de cará- Parágrafo único. Na hipótese de ocorrência da
ter temporário e emergencial, a ser concedida ao cumulatividade de que trata o caput deste artigo,
integrante da carreira de Policial Rodoviário será paga ao servidor a verba indenizatória de
Federal que, voluntariamente, deixar de gozar maior valor.
integralmente do repouso remunerado de seu
regime de turno ou escala. Dica
Parágrafo único. A indenização será devida no
valor estabelecido no Anexo desta Lei, por turno É dita indenização de campo aquela que é paga
ou escala de trabalho, ao Policial Rodoviário Fede- ao servidor quando executa atividades que exi-
ral que se dispuser, voluntariamente, a trabalhar gem seu afastamento do local de trabalho, mas
durante parte do período de repouso remunerado
não se enquadram no conceito de diária.
de seu regime de turno ou escala e participar de
eventuais ações relevantes, complexas ou emergen-
Por fim, a lei traz peculiaridades sobre a indeniza-
ciais que exijam significativa mobilização da Polí-
cia Rodoviária Federal. ção. O texto legal exclui a indenização da incidência
do imposto de renda e contribuições previdenciárias,
Já temos até aqui algumas informações relevantes: além de proibir sua incorporação ao subsídio do ser-
Vejamos o anexo citado no parágrafo único acima, vidor ou utilização como base de cálculo para outras
130 que traz os valores da indenização a ser paga. vantagens.
Art. 4º A indenização de que trata o art. 1º desta Lei: c) participação em eventos de capacitação, obser-
I – não será sujeita à incidência de imposto vada a carga horária mínima estabelecida no Anexo.
sobre a renda de pessoa física e de contribuição
previdenciária; Vamos resumir os importantes requisitos para
II – não será incorporada ao subsídio do servidor; e
progressão e promoção?
III – não poderá ser utilizada como base de cálculo
para outras vantagens, sequer para fins de cálculo
dos proventos de aposentadoria ou de pensão por
� 12 meses de efetivo exercício no
morte.
padrão;
PROGRESSÃO
� resultado satisfatório em avalia-
DECRETO Nº 8.282, DE 2014
ção de desempenho.
Vamos agora conhecer o Decreto nº 8.282/14, que � 12 meses de efetivo exercício no
dispõe sobre a promoção e progressão na carreira de padrão;
Policial Rodoviário Federal. Por ser uma norma que tem � resultado satisfatório em avalia-
PROMOÇÃO
estreita ligação com a Lei nº 9.654/98, é interessante que ção de desempenho;
a vejamos neste momento. Vejamos seu artigo 1º. � participação em eventos de
capacitação.
Art. 1º Ficam aprovados, na forma deste Decreto,
os critérios e procedimentos para o desenvol-
Você deve ter percebido que, fora o interstício
vimento por promoção e progressão na carreira
de Policial Rodoviário Federal, de que trata a Lei nº comum de doze meses, o entendimento aqui está inti-
9.654, de 2 de junho de 1998. mamente ligado a fixação dos conceitos de progressão
e promoção. Portanto, se necessário for, volte um pou-
O artigo 2º pode aparecer na sua prova. Está no co e reveja esses conceitos, pois será importante para
começo da norma e traz dois conceitos importantíssi- uma correta evolução do aprendizado.
mos. Preste muita atenção neles.
Dica
Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:
I - Progressão - a passagem do servidor de um O termo “interstício” é comumente utilizado para
padrão para o padrão de vencimento imediata-
se referir ao tempo em que o servidor passa em
mente superior dentro da mesma classe; e
II - Promoção - a passagem do servidor do último cada padrão.
padrão de uma classe para o padrão inicial da
classe imediatamente superior. Em relação a promoção, temos uma terceira condi-
ção, prevista na alínea c). Trata-se de eventos de capa-
Para entender melhor o conteúdo a seguir, veri- citação, ocorrendo menção a um Anexo. Vejamos seu
fique a Tabela de correlação da carreira de Policial conteúdo:
Rodoviário Federal constante no assunto anterior. Requisitos mínimos de capacitação para fins de
O artigo 3º traz o que a doutrina chama de desle-
promoção
galização: o Poder Legislativo por meio de uma nor-
ma passa ao Poder Executivo determinada atribuição.
Vejamos: CLASSE REQUISITOS

Art. 3º Ato do Ministro de Estado da Justiça Cursos de capacitação es-


estabelecerá os procedimentos específicos para pecíficos, com conteúdo
fins de progressão e promoção de que trata este Da primeira classe para estritamente relacionado
Decreto. a classe especial às atividades de órgão e
duração total igual ou su-
O artigo 4º traz os requisitos a serem cumpridos perior a 360 horas.
pelo servidor para fins de progressão e promoção.
Atenção aos destaques para melhor fixação. Cursos de capacitação
com conteúdo compatí-
Da segunda classe para
Art. 4º O desenvolvimento do servidor na carreira
vel com as atribuições do
a primeira classe
de Policial Rodoviário Federal observará os seguin- cargo e duração total ou
DIREITO ADMINISTRATIVO

tes requisitos: superior a 150 horas.


I - para fins de PROGRESSÃO:
Cursos de capacitação
a) cumprimento do interstício de doze meses de
com conteúdo compatí-
efetivo exercício em cada padrão; e Da terceira classe para a
vel com as atribuições do
b) resultado satisfatório na avaliação de segunda classe
desempenho no interstício considerado para a cargo e duração total ou
progressão, nos termos deste Decreto e conforme superior a 120 horas.
disposto no ato de que trata o art. 3º ; e
II - para fins de PROMOÇÃO: Ainda no artigo 4º temos informações específicas
a) cumprimento do interstício de doze meses de efe- sobre a promoção para a Classe Especial, a ligação da
tivo exercício no último padrão de cada classe;
promoção da Segunda Classe com o estágio probató-
b) resultado satisfatório na avaliação de
desempenho no interstício considerado para a rio e o conceito de resultado satisfatório, citado por
promoção, nos termos deste Decreto e conforme ocasião tanto dos requisitos da progressão quanto da
disposto no ato de que trata o art. 3º ; e promoção. 131
Art. 4º (...) da Educação, e, quando realizados em instituições
§ 1º O servidor deverá concluir eventos de estrangeiras, deverão ser revalidados.
capacitação voltados especificamente para a pro- § 3º Cada evento de capacitação será computado
moção para a Classe Especial e que abordem con- uma única vez.
teúdos estritamente relacionados às atividades do
órgão, conforme previsto no plano de capacitação O artigo 11 impõe ao Departamento de Polícia
do Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Rodoviária Federal a implementação de um pro-
§ 2º No caso de promoção para a Segunda Clas- grama permanente de capacitação, treinamento e
se, o servidor deverá, além de observar as regras desenvolvimento.
do inciso II do caput, ter seu estágio probatório
homologado pelo Departamento de Polícia Rodo- Art. 11. Compete ao Departamento de Polícia Rodo-
viária Federal. viária Federal implementar programa permanente
§ 3º Entende-se como resultado satisfatório o de capacitação, treinamento e desenvolvimento
alcance de setenta por cento das metas esti- destinado a assegurar a profissionalização dos
puladas em ato do dirigente máximo do órgão, ocupantes de cargo efetivo da carreira de Policial
no caso de progressão, e de oitenta por cento das Rodoviário Federal.
metas, no caso de promoção. Parágrafo único. Para os fins de que trata o caput,
deverá ser observado o Plano Anual de Capacitação
Tenha atenção especialmente para a ligação da de que trata o Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro
promoção a Segunda Classe com a homologação do de 2006, com o objetivo de aprimorar a formação
estágio probatório. dos servidores do quadro efetivo e o desempenho
Sobre o último requisito para promoção (partici- das atividades do órgão.
pação em eventos de capacitação, observada a carga
horária mínima estabelecida), é interessante que veja- Em seguida, o artigo 12 determina que os atos de
mos o conteúdo dos artigos 10, 11 e 12, pois se referem progressão de promoção deverão ser publicados no
ao mesmo contexto. Boletim Interno.
O artigo 10 se refere ao ato de competência do
Ministro de Estado da Justiça para estabelecer pro- Art. 12. Os atos de progressão e promoção deverão
cedimentos específicos de progressão e promoção. ser publicados no Boletim Interno do Departa-
O texto de Lei apresenta definições relacionadas aos mento de Polícia Rodoviária Federal.
eventos de capacitação a serem considerados para
fins de promoção. O artigo 5º define a contagem do interstício para
progressão e promoção em dias, sendo descontados
Art. 10. Para fins de promoção na carreira, o ato as ausências e afastamentos que não são considera-
de que trata o art. 3º disciplinará a participação em dos por lei como exercício. Vejamos o dispositivo para
eventos de capacitação pelo servidor e definirá: que, em seguida, possamos entender que afastamen-
I - as modalidades de curso a serem consideradas; tos são esses.
II - a possibilidade de acúmulo de cargas horá-
rias; e Art. 5º O interstício necessário para a progressão
III - os critérios e os procedimentos para a com- e promoção será computado em dias, contado da
provação dos cursos e para sua validação pelo data de entrada em exercício do servidor no cargo
Departamento de Polícia Rodoviária Federal. e descontadas as ausências e afastamentos do
servidor que não forem considerados pela Lei nº
8.112, de 11 de dezembro de 1990, como de efetivo
EVENTOS DE CAPACITAÇÃO – DEFINIÇÃO PELO
exercício.
MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA
Parágrafo único. A contagem do interstício será
suspensa nos casos em que o servidor se afastar
z Modalidades de curso
sem remuneração, sendo retomado o cômputo a
z Possibilidade de partir do retorno à atividade.
z acúmulo de cargas horárias
z Critérios e procedimentos para comprovação e
A Lei nº 8.112/90 traz hipóteses em que o servidor
validação
estará afastado na prática, mas a lei considera que ele
está em efetivo exercício para que não tenha qualquer
Em seguida, há mais comandos específicos sobre prejuízo ligado a contagem de tempo de serviço. Veja-
os cursos, impondo a ligação com a atividade do cargo mos alguns exemplos importantes:
de Policial Rodoviário Federal, o reconhecimento pelo
MEC dos cursos realizados no Brasil e a revalidação Lei nº 8.112/90:
dos cursados no exterior e, por fim, a imposição de Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas
que cada curso seja computado uma única vez. no art. 97, são considerados como de efetivo exercí-
cio os afastamentos em virtude de:
Art. 10. (...) I - férias;
§ 1º Somente serão aceitos cursos que sejam com- II - exercício de cargo em comissão ou equivalente,
patíveis com as atividades do cargo de Policial em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
Rodoviário Federal e do Departamento de Polícia Estados, Municípios e Distrito Federal;
Rodoviária Federal. III - exercício de cargo ou função de governo ou
§ 2º Os certificados de pós-graduação lato sensu administração, em qualquer parte do território
ou diplomas de mestrado e doutorado obtidos em nacional, por nomeação do Presidente da República;
instituições nacionais, para fins de capacitação, IV - participação em programa de treinamen-
132 deverão ser de cursos reconhecidos pelo Ministério to regularmente instituído ou em programa de
pós-graduação stricto sensu no País, conforme dis- Em seguida, o artigo 6º traz outras definições que
puser o regulamento; devem constar do ato do Ministro de Estado da Justiça.
V - desempenho de mandato eletivo federal, esta- Atenção aos destaques:
dual, municipal ou do Distrito Federal, exceto para
promoção por merecimento; Art. 6º (...)
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; § 2º Além do disposto no § 1º, o ato a que se refere
VII - missão ou estudo no exterior, quando autoriza- o art. 3º definirá:
do o afastamento, conforme dispuser o regulamento; I - os mecanismos de avaliação de desempenho
VIII - licença: e controle necessários à implementação dos cri-
a) à gestante, à adotante e à paternidade; térios e procedimentos aplicáveis à progressão e
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de promoção;
vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tem- II - as unidades técnicas responsáveis pela
po de serviço público prestado à União, em cargo de observância dos critérios e procedimentos de ava-
liação de desempenho no órgão;
provimento efetivo;
III - a data de início e término do ciclo de ava-
c) para o desempenho de mandato classista ou par-
liação, o prazo para processamento das avaliações
ticipação de gerência ou administração em socie-
e a data a partir da qual os resultados da avaliação
dade cooperativa constituída por servidores para produzirão efeitos financeiros;
prestar serviços a seus membros, exceto para efeito IV - os fatores complementares a serem aferi-
de promoção por merecimento; dos na avaliação de desempenho, observado o dis-
d) por motivo de acidente em serviço ou doença posto nos incisos do § 1º;
profissional; V - o peso de cada fator na composição do resul-
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; tado final da avaliação de desempenho; e
f) por convocação para o serviço militar; VI - os procedimentos relativos à interposição de
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o recursos do servidor avaliado, observado o dis-
art. 18; posto nos arts. 8º e 9º.
X - participação em competição desportiva nacio-
nal ou convocação para integrar representação Vamos aproveitar a menção feita pelo dispositivo
desportiva nacional, no País ou no exterior, confor- e conhecer os artigos 8º e 9º, retornando, em seguida,
me disposto em lei específica; para a ordem anterior.
XI - afastamento para servir em organismo inter- O artigo 8º traz direitos do servidor da carreira de
nacional de que o Brasil participe ou com o qual Policial Rodoviário Federal ao participar do processo
coopere. de avaliação.

O artigo 6º traz a avaliação, que como vimos é Art. 8º São assegurados ao servidor da carreira de
requisito tanto para a progressão, quanto para a Policial Rodoviário Federal:
promoção (art. 4º). O dispositivo se refere a compe- I - a participação no processo de avaliação de
desempenho, mediante o prévio conhecimento
tência do Ministro de Estado da Justiça para definir
dos critérios e instrumentos utilizados; e
procedimentos específicos para fins de progressão e
II - o acompanhamento do processo, cabendo ao
promoção. No entanto, traz fatores mínimos a serem órgão de lotação a ampla divulgação e a orientação
considerados. Vejamos a primeira parte do dispositivo: da política de avaliação dos servidores.

Art. 6º A avaliação de desempenho para fins


de desenvolvimento na carreira de Policial Rodo- DIREITOS DO SERVIDOR NO PROCESSO DE
viário Federal visa a aferir o desempenho do ser- AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
vidor no exercício das atribuições do cargo e sua
z Prévio conhecimento dos critérios e instrumentos
contribuição para o alcance das metas e objetivos
utilizados.
institucionais.
z Acompanhamento do processo
§ 1º No ato de que trata o art. 3º, serão estabele-
cidos os fatores a serem considerados na ava-
liação de desempenho, observado, no mínimo, o Em seguida, o artigo 9º traz a possibilidade de
seguinte: recurso. Na legislação, o recurso é chamado de pedido
I - produtividade, com base em parâmetros e de reconsideração do resultado:
metas previamente estabelecidos;
Art. 9º O avaliado poderá apresentar, no prazo
DIREITO ADMINISTRATIVO

II - conhecimento de métodos e técnicas necessá-


rios ao desenvolvimento das atividades inerentes de dez dias, contado da data de recebimento de
ao cargo; e cópia do resultado de sua avaliação de desem-
penho, pedido de reconsideração do resultado,
III - cumprimento das normas de procedimen-
justificado.
tos e de conduta no desempenho das atribuições
§ 1º O pedido de reconsideração de que trata o
do cargo.
caput será apresentado à unidade de recursos
humanos do Departamento de Polícia Rodoviária
Então, tendo em vista a normativa acima, os fato- Federal, que o encaminhará à chefia imediata
res mínimos para a avaliação de desempenho são: do servidor para apreciação.
§ 2º O pedido de reconsideração será apreciado
z produtividade; no prazo máximo de cinco dias, podendo a chefia
imediata deferir o pleito, total ou parcialmente, ou
z conhecimento de métodos e técnicas;
indeferi-lo.
z cumprimento das normas de procedimentos de § 3º A decisão da chefia imediata sobre o pedido
conduta. de reconsideração interposto será comunicada 133
no prazo de cinco dias, contado do encerramento será avaliado no órgão em que estiver lotado, ou seja,
do prazo de que trata o § 2º à unidade de recur- trabalhando.
sos humanos, que em igual prazo dará ciência Por fim, caso não haja avaliação anterior a ser
da decisão ao servidor. reproduzida, conforme a hipótese reproduzida no
§ 4º Na hipótese de deferimento parcial ou de
parágrafo primeiro, não haverá progressão ou pro-
indeferimento do pleito, caberá recurso à auto-
moção para o servidor.
ridade hierarquicamente superior à chefia
imediata do servidor, no prazo de dez dias, que o
julgará em última instância.
§ 5º O resultado final do recurso deverá ser
publicado Boletim Interno do Departamento de PODERES ADMINISTRATIVOS
Polícia Rodoviária Federal e o interessado será
intimado por meio do fornecimento de cópia da
Noções introdutórias
íntegra da decisão.

A Administração Pública tem vários objetivos a


Veja que os únicos prazos de 10 dias são os do ser-
cumprir, sempre buscando o interesse público, sob
vidor interessado, os demais são de 5 dias.
O artigo 7º traz a condição de que o servidor tenha diversas formas diferentes. Para o alcance desses
permanecido em exercício por pelo menos 2/3 do objetivos, lançará mão de instrumentos. Os atos admi-
período de avaliação. Em outros termos, caso o servi- nistrativos são, sem dúvida, um desses instrumentos.
dor tenha um afastamento que o faça desobedecer a No assunto de hoje veremos uma outra forma
tal condição, sua avaliação será desconsiderada. Veja- de entender como a Administração Pública causa
mos o dispositivo. mudanças no mundo real. Os poderes administrativos
instrumentos dotados de prerrogativas, para que a
Art. 7º A avaliação de desempenho produzirá Administração Pública possa executar determinadas
efeitos apenas se o servidor tiver permanecido em tarefas. Não são absolutos, pois encontram limitações
exercício de atividades inerentes ao cargo por, no nos direitos dos particulares. Por outro lado, são mar-
mínimo, dois terços de um período completo de cados pela irrenunciabilidade e pela obrigatorieda-
avaliação. de de exercício.
§ 1º Em caso de afastamento considerado como de Uma vez que eles são de exercício obrigatório, a
efetivo exercício, sem prejuízo da remuneração, na
doutrina vê esse poder como um poder-dever. Pois,
forma da Lei nº 8.112, de 1990, o servidor receberá
a mesma pontuação obtida anteriormente na
ao mesmo tempo em que há neles possibilidades de
avaliação de desempenho para fins de progressão e imposição perante o particular, há também a impo-
promoção, até que seja processada a sua primeira sição ao agente público competente do seu exercício
avaliação após o retorno. para que seja alcançado o interesse público.
§ 2º O ocupante de cargo efetivo da carreira de Poli- Passemos agora a conhecer os diferentes poderes
cial Rodoviário Federal que se encontrar requisita-
do pela Presidência da República, Vice-Presidência administrativos.
da República, cedido para o Ministério da Justiça
ou nas hipóteses de requisição previstas em lei será HIERÁRQUICO
submetido à avaliação de desempenho com base
nas regras aplicáveis como se estivesse em efetivo Por meio do poder hierárquico, a Administração
exercício no Departamento de Polícia Rodoviária Pública se organiza, atribuindo as competências e
Federal. responsabilidades a seus órgãos e agentes da melhor
§ 3º O ocupante de cargo efetivo da carreira de maneira possível.
Policial Rodoviário Federal cedido para órgãos ou
Esse poder se manifesta não só na possibilidade de
entidades da União distintos dos indicados no § 2º
organização, como também por meio da hierarquiza-
e investido em cargos de Natureza Especial, de pro-
vimento em comissão do Grupo - Direção e Asses- ção das estruturas, permitindo a imposição de diretri-
soramento Superiores - DAS, terá a pontuação de zes, ordens e revisão de trabalhos dentro da cadeia de
sua avaliação de desempenho calculada com base subordinação.
no resultado da avaliação institucional do órgão de Devemos, no entanto, nos lembrar que esse poder
lotação no período. não será absoluto, devendo o agente público que even-
§ 4º Não haverá progressão ou promoção caso o tualmente receber ordem ilegal se recusar a cumpri-la.
servidor não possua uma avaliação anterior, ainda
No estatuto dos servidores civis federais temos, espe-
que por força de afastamento considerado como de
cificamente no artigo 116, a previsão da desnecessidade
efetivo exercício.
do cumprimento de ordem manifestamente ilegal.
Em relação ao parágrafo primeiro acima, você
deve se lembrar que há situações em que o servidor Lei nº 8.112/90.
afastado é considerado em exercício. O dispositivo Art. 116. São deveres do servidor:
traz a imposição da repetição da avaliação anterior IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
para estes casos. manifestamente ilegais;
Em seguida, o parágrafo segundo traz a imposição
da ocorrência da avaliação, ainda que o servidor seja Os superiores hierárquicos têm a possibilidade de
requisitado pela Presidência, Vice-presidência ou Mis- delegar determinadas atribuições aos subordinados,
tério da Justiça. quando assim julgar conveniente.
O parágrafo terceiro se refere a ocupação de cargos Nesse contexto, temos algumas atribuições que
134 em comissão em âmbito federal, quando o servidor não podem ser delegadas. São elas as seguintes:
z Atribuição de um Poder político para outro (salvo Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
quando previsto na CF/88); República:(...)
z Atribuições previstas em lei como exclusivas; VI – dispor, mediante decreto, sobre:
z Atribuições de natureza política. a) organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa
Especificamente na esfera federal, com base na Lei nem criação ou extinção de órgãos públicos;
nº 9.784/99, temos algumas outras limitações para a b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
possibilidade de delegação. Vejamos. vagos;

z Atos de caráter normativo; Por fim, teremos os regulamentos autorizados,


z Decisão de recurso administrativo; que são atos normativos expedidos com base em auto-
z Matéria de competência exclusiva. rização concedida pelo Poder Legislativo. Esse fenô-
meno é conhecido como deslegalização. Nele a lei
Poderá ocorrer também a avocação, que é trazer autoriza que um tema que originariamente deveria
para si atribuições do subordinado, sempre em cará- ser tratado por meio de uma lei seja definido por meio
de um decreto.
ter temporário.
Aqui temos um ato normativo secundário que
poderá inovar por expressa previsão legal. Normal-
DISCIPLINAR
mente acontece em matérias excessivamente técnicas.
O poder disciplinar é a possibilidade que tem a Há na doutrina uma interpretação segundo a qual
Administração Pública de aplicar sanções àqueles que o poder regulamentar é exercido apenas pelos Chefes
a ela estejam vinculados, ainda que temporariamen- de Poder Executivo. Enquanto que o poder norma-
te. Aqui temos um ponto que merece atenção. Para tivo seria exercido pelas outras autoridades. Nesse
que tenhamos a manifestação do poder disciplinar é entendimento, o poder normativo é um conceito mais
necessário que haja um vínculo. amplo, que engloba o conceito de poder regulamentar.
Tal vínculo poderá ser contratual (particular que
presta serviços à Administração Pública) ou funcional PODER DE POLÍCIA
(servidor público). Em que pese a natureza diferentes
desses vínculos, há um vínculo específico. Poder de polícia pode ser entendido como a capa-
Por outro lado, aquele que sofre sanção por come- cidade que tem o Estado de restringir liberdades indi-
ter alguma irregularidade, por exemplo, no âmbito da viduais, uso de bens, fruição de direitos em prol da
legislação de trânsito, não será sancionado com base coletividade.
no poder disciplinar, mas baseado no poder de polícia Temos aqui um poder essencialmente discricionário.
(que conheceremos em breve). Por meio do seu exercício temos a possibilidade da
imposição do pagamento de taxas (espécie de tributo)
REGULAMENTAR por expressa previsão do Código Tributário Nacional.
Código Tributário Nacional
O poder regulamentar é aquele por meio do qual
as autoridades do Poder Executivo expedem regula- Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade
mentos para o cumprimento das leis. da administração pública que, limitando ou dis-
Esse poder regulamentar tem como objetivo dar ciplinando direito, interesse ou liberdade, regula
maior concretude às normas constantes das leis, ema- a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
nando diretrizes específicas e detalhadas para seu de interesse público concernente à segurança, à
melhor cumprimento. higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
É importante ter em mente que não há, em regra, a produção e do mercado, ao exercício de atividades
possibilidade de inovação, mas apenas de pormenoriza- econômicas dependentes de concessão ou autoriza-
ção e detalhamento dos comandos constantes das leis. ção do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
Nesse contexto, é importante conhecermos três respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
tipos de regulamentos trazidos pela doutrina. coletivos.
O regulamento executivo (também chamados de
decretos regulamentares), que terá como finalidade o A doutrina classifica o poder de polícia em amplo e
cumprimento das leis, sendo atos normativos secundá- restrito. Isso porque, para que haja qualquer restrição
rios. Em que pese o dispositivo constitucional abaixo se
DIREITO ADMINISTRATIVO

a um direito individual é necessário que antes haja a


referir apenas ao Presidente da República, sua aplicação previsão legal. Ou seja, o poder de polícia nasce em
deve ser estendida a todos os Chefes de Poder Executivo. uma restrição trazida pela lei.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
z Poder de polícia em sentido amplo: atos normati-
República (...)
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
vos do Poder Legislativo e Executivo;
bem como expedir decretos e regulamentos para z Poder de polícia em sentido estrito: atos do
sua fiel execução; Poder Executivo que impliquem em limitações aos
administrados.
O regulamento autônomo terá a capacidade de
inovar na ordem jurídica por expressa previsão cons- Muita atenção para a diferença que será apresen-
titucional, sendo atos normativos primários. Ou seja, tada agora! Não se pode de forma alguma confundir a
ele não regulamenta uma lei, pois traz normas verda- atuação da polícia judiciária com o poder de polícia da
deiramente novas. Administração Pública. 135
A polícia judiciária é aquela que atua junto ao
Poder Judiciário para a elucidação de crimes e contra- LICITAÇÃO
venções penais. No âmbito estadual será a Polícia Civil
e no âmbito federal a Polícia Federal. Sabemos que em breve as normas relativas ao
presente tema sofrerão considerável mudança. No
Já o poder de polícia da administração se mani-
entanto, é provável que a cobrança da Lei nº 8.666/93
festará na prevenção e repressão de ilícitos, pelo
continue a ocorrer por algum tempo, ainda incerto.
menos inicialmente, de natureza administrativa. Por Diante disso, nesta oportunidade estudaremos tal
exemplo, se você tem um restaurante, deve obedecer normal, mas sempre atentos à necessidade do estu-
à regulamentação da vigilância sanitária, sujeito a do da nova norma que em breve deverá ser cobrada
sanções. pelas bancas.
O poder de polícia atuará de três formas distintas: O procedimento licitatório tem como um dos seus
preventiva (atos normativos), repressiva (apreensões, objetivos garantir à Administração Pública a condi-
multas) e fiscalizadora (vistorias). ção mais vantajosa para a contratação pretendida.
O poder de polícia possui três atributos. Vejamos Aqui não podemos entender condição mais vantajosa
cada um deles. necessariamente como o preço mais baixo. Veremos
Primeiramente, temos a discricionariedade. É da que este é apenas um dos critérios possíveis.
própria essência do poder de polícia, estando a atua- A realização de licitação tem respaldo na própria
ção da Administração Pública associada à conveniên- Constituição Federal. Vejamos o dispositivo correlato.
cia e oportunidade.
Art. 37. A administração pública direta e indireta
Temos também a autoexecutoriedade, que permite
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
à Administração Pública decidir e praticar seus atos Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin-
sem submeter-se a outro Poder. cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
Aqui, assim como vimos por ocasião do estudo dos publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)
atos administrativos, teremos duas possibilidades: XXI - ressalvados os casos especificados na legis-
lação, as obras, serviços, compras e alienações
z Previsão expressa em lei; serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a
z Situação de urgência que requer imediata intervenção. todos os concorrentes, com cláusulas que estabele-
çam obrigações de pagamento, mantidas as condi-
A autoexecutoriedade é desdobrada por alguns ções efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
autores em outros dois atributos: somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do
z Exigibilidade: capacidade de impor ao adminis- cumprimento das obrigações.
trado suas próprias decisões, sem a necessidade de
autorização de outro Poder; Vemos que temos tanto o mandamento para reali-
z Executoriedade: executar as ações próprias, zação da licitação, como a possibilidade de exceções ao
procedimento, as quais veremos em momento oportuno.
inclusive, com uso de força física.
Temos também a imposição de licitação para a
prestação de serviços públicos, constante do artigo
Por fim, temos a coercibilidade, que é a capacidade
175 da Carta Magna.
que tem a Administração Pública de impor sua vontade ao
administrado, independentemente da sua concordância. Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-
USO E ABUSO DO PODER missão, sempre através de licitação, a prestação
de serviços públicos.
O abuso de poder mostra quando, de alguma for-
ma, o agente competente desrespeita os limites que a O artigo 1º da Lei de Licitações traz as entidades
lei impõe a sua atuação. que a ela se submetem, em complemento ao caput do
Temos duas espécies. Vejamos quais são. artigo 37 da CF/88, reproduzido acima
Lei nº 8.666/93.
z Excesso de poder (ou desvio de competência):
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licita-
o agente competente extrapola os limites de sua
ções e contratos administrativos pertinentes a obras,
competência, configurando vício do elemento serviços, inclusive de publicidade, compras, aliena-
competência; ções e locações no âmbito dos Poderes da União, dos
z Desvio de finalidade: o agente atua conforme a Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
lei, mas busca fim diverso do previsto, configuran- Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta
do vício do elemento finalidade. Lei, além dos órgãos da administração direta, os fun-
dos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e
Dica demais entidades controladas direta ou indiretamente
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Relembrando o que aprendemos quando do
estudo dos atos administrativos, é possível a Nesse contexto, muito importante sabermos que as
convalidação (correção) do vício que recai sobre sociedades de economia mista e empresas públicas que
o elemento competência. No entanto, o vício que desempenham atividade econômica não estão obrigadas
136 recai sobre o elemento finalidade é insanável. a licitar na execução de suas atividades-fim, mas apenas
nas atividades-meio. Tal norma visa possibilitar a existên- z Desenvolvimento e inovação tecnológica realiza-
cia dessas entidades em um ambiente de mercado. dos no País;
Quanto à competência, a Constituição Federal z Custo adicional dos produtos e serviços;
impõe que apenas a União poderá dispor sobre nor-
mas gerais de licitação e contratação. z Em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar Outra relativização do princípio da isonomia bas-
sobre(...) tante cobrada em provas é a preferência para empre-
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, sas de pequeno porte (EPP) e microempresas (ME).
em todas as modalidades, para as administrações Foi criada uma condição favorável para que seja con-
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da siderada a ocorrência de empate. No caso do pregão, essa
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obe- diferença será de 5 %. Nas demais modalidades, 10 %.
decido o disposto no art. 37, XXI, e para as empre- Ocorrendo a situação prevista, será oportunizado
sas públicas e sociedades de economia mista, nos à EPP ou ME ofertar preço menor que o do vencedor
termos do art. 173, § 1°, III.
original. Caso se recuse a fazê-lo, a chance será conce-
dida a outras EPP/ME que tenham obedecido à condi-
PRINCÍPIOS
ção de empate definida em lei.
Além dos princípios aplicáveis à Administração
Impessoalidade e julgamento objetivo
Pública como um todo (estudados em outra oportu-
nidade), temos princípios específicos para o procedi-
Tal princípio tem ligação íntima com o princípio da
mento licitatório. Eles constam do artigo 3º da Lei nº
isonomia. Segundo o princípio da impessoalidade, não
8.666/93 – Lei de Licitações.
deverá ocorrer diferença de tratamento entre os licitan-
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a obser-
tes, devendo o processo ser pautado no interesse público.
vância do princípio constitucional da isonomia, a Já o princípio do julgamento objetivo impõe o jul-
seleção da proposta mais vantajosa para a adminis- gamento segundo critérios claros e objetivos definidos
tração e a promoção do desenvolvimento nacional no edital ou convite, sendo vedada a presença de cri-
sustentável e será processada e julgada em estrita tério ou fator sigiloso.
conformidade com os princípios básicos da lega-
lidade, da impessoalidade, da moralidade, Publicidade
da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento A melhor definição para o presente princípio
convocatório, do julgamento objetivo e dos que tem por base o seguinte comando da própria Lei de
lhes são correlatos.
Licitações.
Vejamos a seguir cada um dos princípios.
Art. 3º (...)
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
Isonomia acessíveis ao público os atos de seu procedimento,
salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a
Segundo o princípio da isonomia todos os licitan- respectiva abertura.
tes devem ser tratados de forma igual ou isonômica.
No entanto, uma das leituras possíveis do princípio Vinculação ao instrumento convocatório
da isonomia é o tratamento diferenciado para aqueles
que se encontrem em posição mais frágil ou inferior O edital/convite impõe obrigações não só aos lici-
em relação aos demais.
tantes, mas também à Administração Pública, sendo a
Com base nisso, temos a flexibilização do princípio
lei interna da licitação.
da isonomia, tendo a lei elegido os seguintes critérios
de desempate de acordo com a maneira ou local como
Adjudicação compulsória
foram produzidos os bens ou prestados os serviços.
Uma vez realizado o certame e declarado o ven-
z No país;
cedor, não poderá a Administração Pública atribuir
z Por empresa brasileira; (adjudicar) o objeto da licitação a outro vencedor. Ou
DIREITO ADMINISTRATIVO

z Por empresa que invista em tecnologia no país; seja, o objeto será compulsoriamente adjudicado ao
z Empresa que reserva cargos para PCD (pessoas com vencedor da licitação.
deficiência) / atendam às regras de acessibilidade. Tal princípio não afasta as possibilidades de revo-
gação ou anulação da licitação, conforme o caso.
Outra possibilidade de relativização do princípio
da isonomia é a margem de preferência para produ- CONTRATAÇÃO DIRETA
tos manufaturados / serviços nacionais. Essa margem
será estabelecida por meio de estudos revistos perio- Dispensa e Inexigibilidade
dicamente, em prazo não superior a 5 anos, levando
em consideração os seguintes fatores: Vimos que, por expresso comando constitucional,
a regra na Administração Pública será a contratação
z Geração de emprego e renda; por meio de licitação. No entanto, temos exceções,
z Efeito na arrecadação de tributos federais, esta- que são conhecidas como contratação direta. São as
duais e municipais; seguintes hipóteses: 137
z Licitação inexigível; Bens imóveis
z Licitação dispensável;
z Licitação dispensada. Dependerá de autorização legislativa para
órgãos da administração direta e entidades autárqui-
cas e fundacionais, e, para todos, inclusive as enti-
Vejamos a seguir os detalhes de cada uma das
dades paraestatais, dependerá de avaliação prévia,
hipóteses. dispensada a licitação nos seguintes casos:

Licitação inexigível z Dação em pagamento;


z Doação, permitida exclusivamente para outro
Essa primeira informação é muito importante órgão ou entidade da administração pública, de
para o entendimento do tema: a licitação será inexigí- qualquer esfera de governo;
vel quando inexistir a possibilidade de competição. z Permuta, por outro imóvel que que seja destina-
Essa é a regra geral da hipótese. No entanto, a lei do ao atendimento das finalidades precípuas da
traz situações que já elenca como competição inviável. administração, cujas necessidades de instalação e
Vejamos a literalidade do art. 25 da Lei n° 8.666/93: localização condicionem a sua escolha, desde que
o preço seja compatível com o valor de mercado,
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver segundo avaliação prévia;
inviabilidade de competição, em especial: z Investidura;
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou
z Venda a outro órgão ou entidade da administração
gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
pública, de qualquer esfera de governo;
empresa ou representante comercial exclusivo,
vedada a preferência de marca, devendo a compro- z Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, con-
vação de exclusividade ser feita através de atesta-
cessão de direito real de uso, locação ou permissão
de uso de bens imóveis residenciais construídos,
do fornecido pelo órgão de registro do comércio do
destinados ou efetivamente utilizados no âmbito
local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o
de programas habitacionais ou de regularização
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
fundiária de interesse social desenvolvidos por
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
órgãos ou entidades da administração pública;
II - para a contratação de serviços técnicos enu-
merados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, z Procedimentos de legitimação de posse de que tra-
ta o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de
com profissionais ou empresas de notória especia-
1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos
lização, vedada a inexigibilidade para serviços de
da Administração Pública em cuja competência
publicidade e divulgação;
legal inclua-se tal atribuição;
III - para contratação de profissional de qualquer
setor artístico, diretamente ou através de empre- z Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, con-
sário exclusivo, desde que consagrado pela crítica cessão de direito real de uso, locação ou permissão
especializada ou pela opinião pública.
de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito
local com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta
metros quadrados) e inseridos no âmbito de pro-
A hipótese do inciso II depende do artigo 13.
gramas de regularização fundiária de interesse
social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se servi- administração pública;
ços técnicos profissionais especializados os traba-
z Alienação e concessão de direito real de uso, gra-
lhos relativos a:
tuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos
na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o
básicos ou executivos;
limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; (mil e quinhentos hectares), para fins de regulari-
III - assessorias ou consultorias técnicas e audito- zação fundiária, atendidos os requisitos legais;
rias financeiras ou tributárias;
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de Bens móveis
obras ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou
Dependerá de avaliação prévia e a licitação será
administrativas;
dispensada nos seguintes casos:
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor
z Doação, permitida exclusivamente para fins e uso
histórico.
de interesse social, após avaliação de sua opor-
tunidade e conveniência socioeconômica, relativa-
Licitação dispensada
mente à escolha de outra forma de alienação;
z Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos
Na presente hipótese, a realização de procedimen-
ou entidades da Administração Pública;
to licitatório é dispensada pela lei. Não há discriciona-
riedade para fazer ou não o procedimento, a lei está z Venda de ações, que poderão ser negociadas em
impondo que ele não será realizado. bolsa, observada a legislação específica;
A lei traz uma lista extensa, porém exaustiva de hipó- z Venda de títulos, na forma da legislação
teses. Ou seja, não cabe ao agente público criar outras pertinente;
hipóteses que não as já constantes da Lei de Licitações. z Venda de bens produzidos ou comercializados por
Vejamos as hipóteses, que são divididas pela lei em órgãos ou entidades da Administração Pública, em
138 relacionadas a bens móveis ou imóveis. virtude de suas finalidades;
z Venda de materiais e equipamentos para outros localização condicionem a sua escolha, desde que
órgãos ou entidades da Administração Pública, o preço seja compatível com o valor de mercado,
sem utilização previsível por quem deles dispõe. segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, ser-
Licitação dispensável viço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão
contratual, desde que atendida a ordem de classi-
A licitação dispensável é aquela em que a lei deixa ficação da licitação anterior e aceitas as mesmas
ao agente público a possibilidade de decidir se faz ou condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclu-
dispensa o procedimento licitatório. sive quanto ao preço, devidamente corrigido;
Os casos aqui previstos também são exaustivos. XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e
Vejamos o artigo 24. Leia com atenção agora, sem se outros gêneros perecíveis, no tempo necessário
preocupar em decorar, ao final você terá uma dica para a realização dos processos licitatórios cor-
para facilitar. respondentes, realizadas diretamente com base no
preço do dia;
XIII - na contratação de instituição brasileira
Art. 24. É dispensável a licitação:
incumbida regimental ou estatutariamente da pes-
I - para obras e serviços de engenharia de
quisa, do ensino ou do desenvolvimento institucio-
valor até R$ 33.000,00, desde que não se refiram
nal, ou de instituição dedicada à recuperação social
a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ain-
do preso, desde que a contratada detenha inques-
da para obras e serviços da mesma natureza e no
tionável reputação ético-profissional e não tenha
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
fins lucrativos;
concomitantemente;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos ter-
II - para outros serviços e compras de valor até
mos de acordo internacional específico aprovado
R$ 17.600,00 e para alienações, nos casos previstos
pelo Congresso Nacional, quando as condições
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de
ofertadas forem manifestamente vantajosas para o
um mesmo serviço, compra ou alienação de maior
Poder Público;
vulto que possa ser realizada de uma só vez;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de
III - nos casos de guerra ou grave perturbação arte e objetos históricos, de autenticidade certifica-
da ordem; da, desde que compatíveis ou inerentes às finalida-
IV - nos casos de emergência ou de calamidade des do órgão ou entidade.
pública, quando caracterizada urgência de aten- XVI - para a impressão dos diários oficiais, de for-
dimento de situação que possa ocasionar prejuízo mulários padronizados de uso da administração, e
ou comprometer a segurança de pessoas, obras, de edições técnicas oficiais, bem como para pres-
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou tação de serviços de informática a pessoa jurídica
particulares, e somente para os bens necessários ao de direito público interno, por órgãos ou entidades
atendimento da situação emergencial ou calamito- que integrem a Administração Pública, criados
sa e para as parcelas de obras e serviços que pos- para esse fim específico;
sam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento XVII - para a aquisição de componentes ou peças
e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, conta- de origem nacional ou estrangeira, necessários
dos da ocorrência da emergência ou calamidade, à manutenção de equipamentos durante o perío-
vedada a prorrogação dos respectivos contratos; do de garantia técnica, junto ao fornecedor origi-
V - quando não acudirem interessados à lici- nal desses equipamentos, quando tal condição de
tação anterior e esta, justificadamente, não exclusividade for indispensável para a vigência da
puder ser repetida sem prejuízo para a Adminis- garantia;
tração, mantidas, neste caso, todas as condições XVIII - nas compras ou contratações de serviços
preestabelecidas; para o abastecimento de navios, embarcações,
VI - quando a União tiver que intervir no domí- unidades aéreas ou tropas e seus meios de desloca-
nio econômico para regular preços ou normalizar mento quando em estada eventual de curta duração
o abastecimento; em portos, aeroportos ou localidades diferentes de
VII - quando as propostas apresentadas con- suas sedes, por motivo de movimentação operacio-
signarem preços manifestamente superiores nal ou de adestramento, quando a exiguidade dos
aos praticados no mercado nacional, ou forem prazos legais puder comprometer a normalidade e
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais os propósitos das operações e desde que seu valor
competentes, casos em que, observado o parágrafo não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inci-
único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, so II do art. 23 desta Lei;
será admitida a adjudicação direta dos bens ou ser- XIX - para as compras de material de uso pelas For-
viços, por valor não superior ao constante do regis- ças Armadas, com exceção de materiais de uso pes-
DIREITO ADMINISTRATIVO

tro de preços, ou dos serviços; soal e administrativo, quando houver necessidade


VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de de manter a padronização requerida pela estrutura
direito público interno, de bens produzidos ou ser- de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terres-
viços prestados por órgão ou entidade que integre tres, mediante parecer de comissão instituída por
a Administração Pública e que tenha sido criado decreto;
para esse fim específico em data anterior à vigência XX - na contratação de associação de portadores de
desta Lei, desde que o preço contratado seja compa- deficiência física, sem fins lucrativos e de compro-
tível com o praticado no mercado; vada idoneidade, por órgãos ou entidades da Admi-
IX - quando houver possibilidade de comprometi- nistração Pública, para a prestação de serviços ou
mento da segurança nacional, nos casos estabeleci- fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço
dos em decreto do Presidente da República, ouvido contratado seja compatível com o praticado no
o Conselho de Defesa Nacional; mercado.
X - para a compra ou locação de imóvel destina- XXI - para a aquisição ou contratação de produto
do ao atendimento das finalidades precípuas da para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso
administração, cujas necessidades de instalação e de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por 139
cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I institucional, científico e tecnológico e estímulo
do caput do art. 23; à inovação, inclusive na gestão administrativa e
XXII - na contratação de fornecimento ou supri- financeira necessária à execução desses projetos,
mento de energia elétrica e gás natural com conces- ou em parcerias que envolvam transferência de
sionário, permissionário ou autorizado, segundo tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
as normas da legislação específica; Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII
XXIII - na contratação realizada por empresa deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim
pública ou sociedade de economia mista com suas específico em data anterior à vigência desta Lei,
subsidiárias e controladas, para a aquisição ou desde que o preço contratado seja compatível com
alienação de bens, prestação ou obtenção de servi- o praticado no mercado.
ços, desde que o preço contratado seja compatível XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma
com o praticado no mercado. e o aprimoramento de estabelecimentos penais,
XXIV - para a celebração de contratos de prestação desde que configurada situação de grave e iminente
de serviços com as organizações sociais, qualificadas risco à segurança pública.
no âmbito das respectivas esferas de governo, para
atividades contempladas no contrato de gestão. Como você mesmo viu, são muitos casos de lici-
XXV - na contratação realizada por Instituição tação dispensável. Então a melhor forma de fixar o
Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de conhecimento é decorar os casos de licitação dispen-
fomento para a transferência de tecnologia e para
sada e licitação inexigível, trabalhando por exclusão
o licenciamento de direito de uso ou de exploração
para enquadrar uma questão que eventualmente
de criação protegida.
XXVII - na contratação da coleta, processamento e aborde hipótese de licitação dispensável.
comercialização de resíduos sólidos urbanos reci- Para diferenciar licitação dispensada de licitação
cláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de dispensável, atenha-se ao significado das palavras
coleta seletiva de lixo, efetuados por associações para que não ocorra engano na hora da prova.
ou cooperativas formadas exclusivamente por pes- Quanto à discricionariedade das três hipóteses de
soas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder contratação direta, temos o seguinte.
público como catadores de materiais recicláveis,
com o uso de equipamentos compatíveis com as z Licitação inexigível: não é possível a concorrên-
normas técnicas, ambientais e de saúde pública. cia – ato vinculado;
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços,
produzidos ou prestados no País, que envolvam, z Licitação dispensada: é possível a concorrência –
cumulativamente, alta complexidade tecnológica ato vinculado;
e defesa nacional, mediante parecer de comissão
z Licitação dispensável: é possível a concorrência
especialmente designada pela autoridade máxima
– discricionário.
do órgão.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de ser-
viços para atender aos contingentes militares das MODALIDADES
Forças Singulares brasileiras empregadas em ope-
rações de paz no exterior, necessariamente justifi- As modalidades de licitações são formas específi-
cadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou cas por meio das quais será realizada a licitação. Cada
executante e ratificadas pelo Comandante da Força. uma tem suas peculiaridades com base nos objetivos
XXX - na contratação de instituição ou organização, a serem atingidos.
pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a A Lei de Licitações traz 5 modalidades diferentes,
prestação de serviços de assistência técnica e extensão que são as seguintes: concorrência, tomada de preços,
rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência convite, concurso e leilão. Há outras modalidades no
Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na ordenamento jurídico, mas que escapam ao escopo do
Reforma Agrária, instituído por lei federal. nosso estudo.
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento
A criação de modalidades está dentro da compe-
do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973,
tência para legislar sobre normas gerais de licitação e
de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios
gerais de contratação dela constantes. contratações, por isso só poderá ser feita pela União.
XXXII - na contratação em que houver transferên- Vamos conhecer agora cada uma das modalidades
cia de tecnologia de produtos estratégicos para o de licitação.
Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no
8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elenca- Concorrência
dos em ato da direção nacional do SUS, inclusive
por ocasião da aquisição destes produtos durante Aqui temos a modalidade voltada para os contratos
as etapas de absorção tecnológica. de maior valor, portanto mais complexa. A lei impõe a
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem concorrência para as seguintes hipóteses:
fins lucrativos, para a implementação de cisternas
ou outras tecnologias sociais de acesso à água para z Obras de engenharia com valor superior a R$
consumo humano e produção de alimentos, para
3.300.000,00 e compras e outros serviços que não
beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingi-
sejam de engenharia que tenham valor acima de
das pela seca ou falta regular de água.
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de
R$ 1.400.000,00.
direito público interno de insumos estratégicos z Compras e alienações de bens imóveis – exceto
para a saúde produzidos ou distribuídos por funda- adquiridos por meio de processo judicial ou dação
ção que, regimental ou estatutariamente, tenha por em pagamento, hipóteses em que poderá ser ado-
finalidade apoiar órgão da administração públi- tada a modalidade de leilão.
ca direta, sua autarquia ou fundação em projetos
140 de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento z Concessões de direito real de uso.
z Para adoção do sistema de registro de preços. Convite

z Concessão de serviços públicos. Vejamos mais uma vez a literalidade da lei para
conhecermos a definição da presente modalidade.
z Licitação internacional.
Art. 22. São modalidades de licitação:
Ainda segundo a lei, concorrência é a modalidade III - convite;
de licitação entre quaisquer interessados que, na fase § 3º Convite é a modalidade de licitação entre inte-
inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir ressados do ramo pertinente ao seu objeto, cadas-
os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edi- trados ou não, escolhidos e convidados em
número mínimo de 3 (três) pela unidade adminis-
tal para execução de seu objeto.
trativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia
Na concorrência o prazo do edital deve ser de 45 do instrumento convocatório e o estenderá aos
dias nos casos de contrato a celebrar segundo regi- demais cadastrados na correspondente espe-
me de empreitada integral ou o tipo da licitação for cialidade que manifestarem seu interesse com
melhor técnica ou técnica e preço. Para os demais antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
apresentação das propostas.
casos o prazo será de 30 dias.
Veja a definição de empreitada integral constante
Aqui temos dois tipos de participantes: os convi-
da lei. dados (em número mínimo de 3) e os não convidados
(limite de 24 horas de antecedência à apresentação
z Empreitada integral: quando se contrata um das propostas).
empreendimento em sua integralidade, compreen- A lei traz ainda que existindo na praça mais de 3 pos-
dendo todas as etapas das obras, serviços e insta- síveis interessados, a cada novo convite, realizado para
lações necessárias, sob inteira responsabilidade objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite
da contratada até a sua entrega ao contratante em a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem
condições de entrada em operação, atendidos os cadastrados não convidados nas últimas licitações.
No caso do convite, o instrumento convocatório é a
requisitos técnicos e legais para sua utilização em
carta-convite, não sendo imposta pela lei a publicação
condições de segurança estrutural e operacional de edital.
e com as características adequadas às finalidades Seguindo a lógica das modalidades anteriores,
para que foi contratada. aqui teremos valores menores do que vimos na toma-
da de preços. Ao final no tópico teremos um quadro
Sobre os tipos de licitação, entenderemos cada um comparativo para uma visão geral. Vejamos.
deles mais adiante.
z Obras e serviços de engenharia: R$ 330.000,00.
Tomada de preços z Compras e outros serviços: R$ 176.000,00.

Vamos entender a tomada de preços por meio da Ainda, poderá ser usada esta modalidade quando,
definição constante da Lei de Licitações. em licitações internacionais, não houver fornecedor
de bens no Brasil, obedecidos os limites anteriormen-
Art. 22. São modalidades de licitação:
te definidos.
O prazo mínimo para o recebimento das propostas
II - tomada de preços;
será de 5 dias úteis, sendo de 2 dias o prazo para apre-
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licita-
sentação de recursos.
ção entre interessados devidamente cadastrados
De acordo com o que vimos das três modalidades
ou que atenderem a todas as condições exigidas até então, vejamos um quadro resumo com os valores.
para cadastramento até o terceiro dia anterior à
data do recebimento das propostas, observada a
OBRAS E COMPRAS
necessária qualificação. MODALIDADE SERVIÇOS DE E OUTROS
ENGENHARIA SERVIÇOS
Vemos que aqui teremos por um lado a existência
de um cadastro prévio e por outro um prazo máximo Acima de R$ Acima de R$
Concorrência
3.300.000,00 1.430.000,00
DIREITO ADMINISTRATIVO

para aqueles que desejem se cadastrar para participar


do certame. Tomada de Até de R$ Até de R$
Os limites impostos pela lei para o uso dessa moda- Preços 3.300.000,00 1.430.000,00
lidade estão logo abaixo do que conhecemos para a
Até de R$ Até de R$
concorrência. São eles os seguintes: Convite
330.000,00 176.000,00

z Obras e serviços de engenharia: R$ 3.300.000,00.


Concurso
z Compras e outros serviços: R$ 1.430.000,00.
Seguindo em frente com nossos estudos, vejamos a
O prazo para recebimento das propostas será de
definição legal para a modalidade concurso.
trinta dias para tomada de preços, quando a licitação
for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”, sen- Art. 22. São modalidades de licitação:
do de 15 dias nos demais casos. IV – concurso; 141
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
quaisquer interessados para escolha de traba- percentual estabelecido no edital, não inferior a 5%
lho técnico, científico ou artístico, mediante a e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no local
instituição de prêmios ou remuneração aos ven- do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, o
cedores, conforme critérios constantes de edital qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo
publicado na imprensa oficial com antecedência estipulado no edital de convocação, sob pena de per-
mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. der em favor da Administração o valor já recolhido.
Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela
Diferentemente do que vimos para as três modali- à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
dades anteriores, aqui não temos limitações de valo- O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,
res, mas apenas o direcionamento da finalidade do principalmente no município em que se realizará.
procedimento (natureza do trabalho contratado).
Segundo a Lei de Licitações, ressalvados os casos TIPOS
de inexigibilidade de licitação, os contratos para
a prestação de serviços técnicos profissionais Vejamos agora os tipos de licitação que são pre-
especializados deverão, preferencialmente, ser vistos na Lei nº 8.666/93. Os tipos serão utilizados no
celebrados mediante a realização de concurso, com momento do julgamento de cada proposta.
estipulação prévia de prêmio ou remuneração.
z Menor preço: quando o critério de seleção da
proposta mais vantajosa para a Administração
Importante! determinar que será vencedor o licitante que apre-
Cuidado com o termo utilizado pelo examinador sentar a proposta de acordo com as especificações
na hora da prova. Não confunda preferencial- do edital ou convite e ofertar o menor preço;
mente com necessariamente, por exemplo. z Melhor técnica;
z Técnica e preço;
O concurso ser precedido de regulamento próprio, z Maior lance ou oferta, nos casos de alienação/con-
a ser obtido pelos interessados no local indicado no cessão de uso real de bem.
edital. O regulamento deverá indicar.
Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
I- a qualificação exigida dos participantes; preço” serão utilizados exclusivamente para serviços de
II- as diretrizes e a forma de apresentação do natureza predominantemente intelectual, em especial
trabalho; na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, super-
visão e gerenciamento e de engenharia consultiva em
III- as condições de realização do concurso e os prê-
geral e, em particular, para a elaboração de estudos téc-
mios a serem concedidos.
nicos preliminares e projetos básicos e executivos
A lei traz comando específico para a contração de
O julgamento será feito por uma comissão especial
bens e serviços de informática. Vejamos.
integrada por pessoas de reputação ilibada e reconhe-
cido conhecimento da matéria em exame, servidores
Art. 45 (...)
públicos ou não.
§ 4º Para contratação de bens e serviços de
informática, a administração observará o disposto
Leilão no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991,
levando em conta os fatores especificados em seu
Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer parágrafo 2º e adotando obrigatoriamente o tipo
interessados para a venda de bens móveis inserví- de licitação “técnica e preço”, permitido o emprego
veis para a administração ou de produtos legalmente de outro tipo de licitação nos casos indicados em
apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de decreto do Poder Executivo.
bens imóveis cuja aquisição haja derivado de pro-
cedimentos judiciais ou de dação em pagamento, Nas licitações do tipo “melhor técnica” será ado-
a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao tado o seguinte procedimento claramente explicitado
valor da avaliação no instrumento convocatório, o qual fixará o preço
Para o caso de alienação de bens móveis, a lei impõe máximo que a Administração se propõe a pagar:
o limite de R$ 1.430.000,00, conforme artigo 17, § 6º.
Não há limitação para o caso de bens imóveis, des- I - serão abertos os envelopes contendo as pro-
de que derivados de procedimentos judiciais ou de postas técnicas exclusivamente dos licitantes pre-
dação em pagamento. Lembrando que a lei impõe as viamente qualificados e feita então a avaliação e
seguintes regras: classificação destas propostas de acordo com os
critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado,
definidos com clareza e objetividade no instrumen-
z Avaliação dos bens alienáveis;
to convocatório e que considerem a capacitação e a
z Comprovação da necessidade ou utilidade da
experiência do proponente, a qualidade técnica da
alienação; proposta, compreendendo metodologia, organiza-
z Adoção do procedimento licitatório, sob a modali- ção, tecnologias e recursos materiais a serem uti-
dade de concorrência ou leilão. lizados nos trabalhos, e a qualificação das equipes
técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;
Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado II - uma vez classificadas as propostas técnicas,
pela Administração para fixação do preço mínimo de proceder-se-á à abertura das propostas de preço
142 arrematação. dos licitantes que tenham atingido a valorização
mínima estabelecida no instrumento convocató- VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios
rio e à negociação das condições propostas, com de comunicação à distância em que serão forneci-
a proponente melhor classificada, com base nos dos elementos, informações e esclarecimentos rela-
orçamentos detalhados apresentados e respectivos tivos à licitação e às condições para atendimento
preços unitários e tendo como referência o limite das obrigações necessárias ao cumprimento de seu
representado pela proposta de menor preço entre objeto;
os licitantes que obtiveram a valorização mínima; IX - condições equivalentes de pagamento entre
III - no caso de impasse na negociação anterior, empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de lici-
procedimento idêntico será adotado, sucessiva- tações internacionais;
mente, com os demais proponentes, pela ordem de X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e
classificação, até a consecução de acordo para a global, conforme o caso, permitida a fixação de pre-
contratação; ços máximos e vedados a fixação de preços míni-
IV - as propostas de preços serão devolvidas intac- mos, critérios estatísticos ou faixas de variação em
tas aos licitantes que não forem preliminarmente relação a preços de referência;
habilitados ou que não obtiverem a valorização XI - critério de reajuste, que deverá retratar a
mínima estabelecida para a proposta técnica. variação efetiva do custo de produção, admitida a
Nas licitações do tipo “técnica e preço” será ado- adoção de índices específicos ou setoriais, desde a
tado, adicionalmente ao constante acima, o data prevista para apresentação da proposta, ou do
seguinte procedimento claramente explicitado no orçamento a que essa proposta se referir, até a data
instrumento convocatório: do adimplemento de cada parcela;
I - será feita a avaliação e a valorização das pro- XIII - limites para pagamento de instalação e mobi-
postas de preços, de acordo com critérios objetivos lização para execução de obras ou serviços que
preestabelecidos no instrumento convocatório; serão obrigatoriamente previstos em separado das
II - a classificação dos proponentes far-se-á de acor- demais parcelas, etapas ou tarefas;
do com a média ponderada das valorizações das pro- XIV - condições de pagamento, prevendo:
postas técnicas e de preço, de acordo com os pesos a) prazo de pagamento não superior a trinta dias,
preestabelecidos no instrumento convocatório. contado a partir da data final do período de adim-
plemento de cada parcela;
PROCEDIMENTO b) cronograma de desembolso máximo por período,
em conformidade com a disponibilidade de recur-
Fases da licitação sos financeiros;
c) critério de atualização financeira dos valores
a serem pagos, desde a data final do período de
O procedimento licitatório pode ser subdividido
adimplemento de cada parcela até a data do efetivo
em duas fases: interna e externa. A fase interna inclui pagamento;
todas as medidas das quais não participam os licitan- d) compensações financeiras e penalizações, por
tes (formação da comissão de licitação, pesquisas de eventuais atrasos, e descontos, por eventuais ante-
preços, preparação do instrumento convocatório). cipações de pagamentos;
Na fase externa, temos uma sequência de eventos e) exigência de seguros, quando for o caso;
que carecem de publicidade para que possam gerar XV - instruções e normas para os recursos previstos
efeitos. Em resumo, são os seguintes passos: con- nesta Lei;
vocação, recebimento de documentos e propostas, XVI - condições de recebimento do objeto da
habilitação, julgamento e classificação, homologação, licitação;
adjudicação e assinatura do contrato. XVII - outras indicações específicas ou peculiares
da licitação.
Edital
A lei também traz lista exemplificativa de docu-
O edital é a lei interna da licitação e vincula tanto mentos que podem ser anexos ao edital.
os licitantes, quanto a própria Administração Pública.
z O projeto básico e/ou executivo, com todas as
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de suas partes, desenhos, especificações e outros
ordem em série anual, o nome da repartição inte- complementos;
ressada e de seu setor, a modalidade, o regime de z Orçamento estimado em planilhas de quantitati-
execução e o tipo da licitação, o local, dia e hora vos e preços unitários;
para recebimento da documentação e proposta, z A minuta do contrato a ser firmado entre a Admi-
bem como para início da abertura dos envelopes, e nistração e o licitante vencedor;
DIREITO ADMINISTRATIVO

indicará, obrigatoriamente, o seguinte: z As especificações complementares e as normas de


I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; execução pertinentes à licitação.
II - prazo e condições para assinatura do con-
trato ou retirada dos instrumentos, para execução Vamos conhecer dois conceitos importantes, cita-
do contrato e para entrega do objeto da licitação; dos acima: projeto básico e projeto executivo.
III - sanções para o caso de inadimplemento;
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o
projeto básico;
Projeto Básico
V - se há projeto executivo disponível na data
da publicação do edital de licitação e o local onde Conjunto de elementos necessários e suficientes,
possa ser examinado e adquirido; com nível de precisão adequado, para caracterizar
VI - condições para participação na licitação e a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
forma de apresentação das propostas; objeto da licitação, elaborado com base nas indica-
VII - critério para julgamento, com disposições ções dos estudos técnicos preliminares, que assegu-
claras e parâmetros objetivos; rem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do 143
impacto ambiental do empreendimento, e que possi- exercício financeiro em curso, de acordo com o res-
bilite a avaliação do custo da obra e a definição dos pectivo cronograma;
métodos e do prazo de execução, devendo conter os IV - o produto dela esperado estiver contemplado
seguintes elementos: nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, quan-
do for o caso.
z Desenvolvimento da solução escolhida de forma a
fornecer visão global da obra e identificar todos os Os avisos contendo os resumos dos editais das
seus elementos constitutivos com clareza; concorrências, das tomadas de preços, dos concursos
z Soluções técnicas globais e localizadas, suficiente- e dos leilões, embora realizados no local da repartição
mente detalhadas, de forma a minimizar a neces- interessada, deverão ser publicados com antecedên-
sidade de reformulação ou de variantes durante cia, no mínimo, por uma vez:
as fases de elaboração do projeto executivo e de
realização das obras e montagem; I . no Diário Oficial da União, quando se tratar de lici-
tação feita por órgão ou entidade da Administração
z Identificação dos tipos de serviços a executar e
Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras
de materiais e equipamentos a incorporar à obra,
financiadas parcial ou totalmente com recursos fede-
bem como suas especificações que assegurem os
rais ou garantidas por instituições federais;
melhores resultados para o empreendimento, sem
II. no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal
frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
quando se tratar, respectivamente, de licitação fei-
z Informações que possibilitem o estudo e a dedução ta por órgão ou entidade da Administração Pública
de métodos construtivos, instalações provisórias e Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;
condições organizacionais para a obra, sem frus- III. em jornal diário de grande circulação no Esta-
trar o caráter competitivo para a sua execução; do e também, se houver, em jornal de circulação no
z Subsídios para montagem do plano de licitação e Município ou na região onde será realizada a obra,
gestão da obra, compreendendo a sua programa- prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado
ção, a estratégia de suprimentos, as normas de fis- o bem, podendo ainda a Administração, conforme
calização e outros dados necessários em cada caso; o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de
divulgação para ampliar a área de competição.
z Orçamento detalhado do custo global da obra, fun-
damentado em quantitativos de serviços e forneci-
mentos propriamente avaliados; A lei impõe um prazo mínimo entre a publicação
do aviso e a data da entrega das propostas. Vejamos
um quadro que resumo os prazos impostos.
Projeto Executivo

O conjunto dos elementos necessários são suficien- PRAZO MÍNIMO


tes à execução completa da obra, de acordo com as Modalidade Prazo (dias) Tipo
normas pertinentes da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas - ABNT; Concursos 45 Corridos
O artigo 7º traz a sequência que deve ser obede-
cida pelos procedimentos licitatórios, abordando os 45 (empreitada
conceitos colocados acima. integral ou tipo
“melhor técnica” Corridos
Concorrência ou “técnica e
Art. 7º As licitações para a execução de obras e para
a prestação de serviços obedecerão ao disposto nes- preço”)
te artigo e, em particular, à seguinte sequência: 30(outros) Corridos
I - projeto básico;
II - projeto executivo; 30(tipo “melhor
III - execução das obras e serviços. técnica” ou “técni- Corridos
Tomada de
preços ca e preço”)
A execução de cada etapa será obrigatoriamen-
te precedida da conclusão e aprovação, pela auto- 15(outros) Corridos
ridade competente, dos trabalhos relativos às etapas
anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual Leilão 15 Corridos
poderá ser desenvolvido concomitantemente com Pregão 8 Úteis
a execução das obras e serviços, desde que também
autorizado pela Administração. Convite 5 Úteis
As obras e os serviços somente poderão ser lici-
tados quando:
Habilitação
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade
competente e disponível para exame dos interessa-
Nessa fase será verificado se cada participante tem
dos em participar do processo licitatório; condições de atuar no processo licitatório. Também
II - existir orçamento detalhado em planilhas que conhecida como fase subjetiva.
expressem a composição de todos os seus custos Aqui ocorrerá a abertura dos envelopes contendo
unitários; a documentação referente à habilitação dos concor-
III - houver previsão de recursos orçamentários rentes. Os que eventualmente sejam considerados
que assegurem o pagamento das obrigações decor- inabilitados, terão os envelopes com as respectivas
144 rentes de obras ou serviços a serem executadas no propostas devolvidos lacrados.
Exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, III. garantia, nas mesmas modalidades e critérios
documentação relativa a (art. 27, Lei n° 8.666/1993): previstos na lei, limitada a 1% (um por cento) do
valor estimado do objeto da contratação.
I. habilitação jurídica;
II. qualificação técnica; A documentação relativa à regularidade fiscal e
III. qualificação econômico-financeira; trabalhista, conforme o caso, consistirá em (art. 29):
IV. regularidade fiscal e trabalhista;
V. ao cumprimento da proibição de trabalho notur- I. prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físi-
no, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e cas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes
de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, (CGC);
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze II. prova de inscrição no cadastro de contribuintes
anos, de acordo com a CF/88. estadual ou municipal, se houver, relativo ao domi-
cílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo
A documentação relativa à habilitação jurídica, de atividade e compatível com o objeto contratual;
conforme o caso, consistirá em (art. 28): III. prova de regularidade para com a Fazenda
Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede
do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei;
I. Cédula de identidade;
IV. prova de regularidade relativa à Seguridade
Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Servi-
II. registro comercial, no caso de empresa individual;
ço (FGTS), demonstrando situação regular no cum-
III. ato constitutivo, estatuto ou contrato social em
primento dos encargos sociais instituídos por lei;
vigor, devidamente registrado, em se tratando de
V. prova de inexistência de débitos inadimplidos
sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresen-
ações, acompanhado de documentos de eleição de tação de certidão negativa.
seus administradores;
IV. inscrição do ato constitutivo, no caso de socie-
A regularidade perante o FGTS deve ser observada
dades civis, acompanhada de prova de diretoria em
por quem contrata com a APU durante todo o período
exercício;
de celebração do contrato e não apenas na sua assina-
V. decreto de autorização, em se tratando de empre-
sa ou sociedade estrangeira em funcionamento no
tura, de acordo com o Tribunal de Contas da União.
País, e ato de registro ou autorização para funcio-
namento expedido pelo órgão competente, quando Julgamento
a atividade assim o exigir.
Nesta etapa as propostas serão classificadas de
A documentação relativa à qualificação técnica acordo com os critérios previamente definidos no ins-
limitar-se-á (art. 30): trumento convocatório.
Em um primeiro momento, será verificado se cada
I. registro ou inscrição na entidade profissional proposta atende ao previsto no edital, ocorrendo a
competente; desclassificação, se for o caso.
II. comprovação de aptidão para desempenho de O artigo 48 traz duas hipóteses em que ocorrerá a
atividade pertinente e compatível em característi- desclassificação do proponente.
cas, quantidades e prazos com o objeto da licitação,
e indicação das instalações e do aparelhamento e Art. 48. Serão desclassificadas:
do pessoal técnico adequados e disponíveis para a I - as propostas que não atendam às exigências do
realização do objeto da licitação, bem como da qua- ato convocatório da licitação;
lificação de cada um dos membros da equipe técni- II - propostas com valor global superior ao limi-
ca que se responsabilizará pelos trabalhos; te estabelecido ou com preços manifestamente
III. comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de inexequíveis, assim considerados aqueles que não
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de venham a ter demonstrada sua viabilidade através
que tomou conhecimento de todas as informações e de documentação que comprove que os custos dos
das condições locais para o cumprimento das obri- insumos são coerentes com os de mercado e que os
gações objeto da licitação; coeficientes de produtividade são compatíveis com
IV. prova de atendimento de requisitos previstos em a execução do objeto do contrato, condições estas
lei especial, quando for o caso. necessariamente especificadas no ato convocatório
da licitação.
DIREITO ADMINISTRATIVO

A documentação relativa à qualificação econômi-


Para os efeitos do disposto no inciso II acima, con-
co-financeira limitar-se-á (art. 31):
sideram-se manifestamente inexequíveis, no caso de
licitações de menor preço para obras e serviços de enge-
I. balanço patrimonial e demonstrações contábeis
nharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a
do último exercício social, já exigíveis e apresenta-
dos na forma da lei, que comprovem a boa situação 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:
financeira da empresa, vedada a sua substituição
por balancetes ou balanços provisórios, podendo z Média aritmética dos valores das propostas
ser atualizados por índices oficiais quando encer- superiores a 50% (cinquenta por cento) do valor
rado há mais de 3 (três) meses da data de apresen- orçado pela administração, ou
tação da proposta; z Valor orçado pela administração.
II. certidão negativa de falência ou recuperação
judicial expedida pelo distribuidor da sede da pes- Não se admitirá proposta que apresente preços
soa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor
no domicílio da pessoa física; zero, incompatíveis com os preços dos insumos e 145
salários de mercado, acrescidos dos respectivos encar- Se for insanável, deverá anular o procedimento
gos, ainda que o ato convocatório da licitação não como um todo.
tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se Há também a hipótese de revogação da licitação,
referirem a materiais e instalações de propriedade do desde que com base em fato superveniente devida-
próprio licitante, para os quais ele renuncie a parcela mente comprovado.
ou à totalidade da remuneração.
Após as eventuais desclassificações, as propostas Assinatura do contrato
serão ordenadas de acordo com os critérios previa-
mente definidos no instrumento convocatório. Após a adjudicação do objeto ao vencedor, a Admi-
Será assegurada preferência, como critério de nistração Pública tem 60 dias para convocá-lo para a
desempate, sucessivamente, aos bens e serviços: assinatura do contrato. Vencido esse prazo, os licitantes
ficam liberados dos compromissos assumidos. Tal pra-
I. produzidos no País; zo poderá ser prorrogado uma vez por igual período.
II. produzidos ou prestados por empresas Caso o licitante convocado para assinatura do con-
brasileiras. trato não compareça, a Administração Pública poderá
III. produzidos ou prestados por empresas que
convocar os demais licitantes, respeitada a ordem de
invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tec-
classificação do certame, tendo também a opção de
nologia no País.
IV. produzidos ou prestados por empresas que com- revogar o procedimento.
provem cumprimento de reserva de cargos prevista O licitante que eventualmente for convocado no
em lei para pessoa com deficiência ou para reabili- lugar do vencedor poderá aceitar ou não. As condi-
tado da Previdência Social e que atendam às regras ções serão as da proposta vencedora.
de acessibilidade previstas na legislação.

Recursos
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
Por meio dos recursos os resultados, ainda que
parciais, do procedimento licitatório, poderão ser PÚBLICA
atacados. Eles constam basicamente do artigo 109.
Vejamos. A Administração Pública estará sujeita a vários meca-
nismos que irão verificar a regularidade da sua atuação.
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes Por vezes, mecanismos internos, assim como externos,
da aplicação desta Lei cabem: sujeitam-se a controles exercidos por outros Poderes.
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a con- Essa possibilidade de um Poder limitar o outro
tar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos você poderá encontrar referida como sistema de freios
casos de: e contrapesos ou checks and balances. Nada mais é do
a) habilitação ou inabilitação do licitante; que a limitação mútua de um Poder para com outro,
b) julgamento das propostas; de forma que o poder que emana do povo seja exerci-
c) anulação ou revogação da licitação; do de forma equilibrada pelos representantes eleitos.
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro
cadastral, sua alteração ou cancelamento; CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do
PÚBLICA
art. 79 desta Lei;
f) aplicação das penas de advertência, suspensão
temporária ou de multa; O controle administrativo é o controle exercido
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis pela própria Administração Pública sobre seus atos.
da intimação da decisão relacionada com o objeto Uma importantíssima característica do controle inter-
da licitação ou do contrato, de que não caiba recur- no é a amplitude, pois recairá tanto sobre os aspectos
so hierárquico; de legalidade como sobre os aspectos de mérito.
III - pedido de reconsideração, de decisão de Vejamos o artigo 70 da CF/88, que faz menção direta à
Ministro de Estado, ou Secretário Estadual ou existência do sistema de controle interno de cada Poder.
Municipal, conforme o caso, na hipótese do § 4o do
art. 87 desta Lei, no prazo de 10 (dez) dias úteis da Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orça-
intimação do ato. mentária, operacional e patrimonial da União e
das entidades da administração direta e indireta,
Homologação quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
Após o julgamento e classificação das propostas, a será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
comissão encaminhará o processo à autoridade com- controle externo, e pelo sistema de controle inter-
petente para que ocorra a homologação e posterior no de cada Poder.
adjudicação do objeto ao vencedor. Aqui termina o
trabalho da comissão de licitação. Tal informação deve ser desde já trabalhada em
A homologação é o ato por meio do qual a autori- comparação ao controle externo exercido sobre outros
dade confirma o procedimento e atesta sua correção. poderes sobre a Administração Pública. Nesses casos,
Após o recebimento do processo a autoridade além de eles acontecerem nas hipóteses constitucio-
homologará o resultado e adjudicará o objeto ao ven- nalmente previstas, em regra, deverão recair apenas
cedor, caso não haja irregularidade no processo. sobre os aspectos de legalidade do ato praticado.
Se houver vício sanável, irá devolver o processo à A CF/88 fala mais uma vez sobre o controle interno
146 comissão para que sane as irregularidades. no seu artigo 74.
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- habeas data. Outra condicionante é a ilegalidade ser
rio manterão, de forma integrada, sistema de con- praticada por autoridade pública ou agente de pessoa
trole interno com a finalidade de: jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no (como concessionárias de serviço público).
plano plurianual, a execução dos programas de O conceito de autoridade aqui deverá ser inter-
governo e dos orçamentos da União; pretado em sentido amplo, incluindo tanto servidores
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, públicos, como agentes particulares de delegatários
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá- de serviços públicos.
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades O mandado de segurança poderá ser tanto repres-
da administração federal, bem como da aplicação de sivo, preventivo. Ou seja, pode ser anterior a uma
recursos públicos por entidades de direito privado; lesão ao direito.
III - exercer o controle das operações de crédito, avais
e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; Temos situações em que não será cabível o manda-
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua do de segurança. Vejamos.
missão institucional.
z Contra ato do qual seja cabível recurso administrativo
Temos também a possibilidade de reexame da com efeito suspensivo, sem necessidade de caução;
matéria por meio da interposição de recursos pelos z Contra decisão judicial transitada em julgado;
eventuais interessados. Em regra, esses recursos serão z Contra lei em tese;
analisados dentro da estrutura do próprio Poder, sen- z Para assegurar liberdade de locomoção (aqui será
do então classificados como recursos próprios. Quan- cabível o habeas corpus).
do a análise do recurso se der em outro Poder, será
classificado como recurso impróprio. Mandado de injunção

CONTROLE JUDICIAL Será cabível como remédio jurídico para garantir


ao cidadão exercício de direito que dependa de norma
Esse é o controle exercido pelo Poder Judiciário sobre ainda não existente. Vejamos a literalidade do texto
os atos praticados pelos demais poderes e de seus pró- constitucional para um melhor entendimento.
prios atos quando do exercício da função administrativa.
Importante lembrar que no Brasil aplica-se o prin- Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
cípio da inafastabilidade de jurisdição, segundo o qual de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
nenhuma lesão ou ameaça de lesão a direito poderá ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
ser afastada a apreciação do Poder Judiciário. bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
Nesse contexto, importante lembrar que, em à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
âmbito administrativo, teremos a ocorrência do con- LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem-
tencioso administrativo nesses termos. Tribunais pre que a falta de norma regulamentadora torne
administrativos especializados apreciarão a matéria inviável o exercício dos direitos e liberdades consti-
de sua competência, o que não afasta a competência tucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali-
do Poder Judiciário de apreciar novamente a matéria. dade, à soberania e à cidadania;
No entanto, como já vimos anteriormente, essa
análise, em regra, não poderá adentrar ao mérito O mandado de injunção é regulamentado pela Lei
administrativo dos atos analisados, devendo se ater nº 13.300/2016. Vejamos seu artigo 2º.
aos aspectos vinculados.
Ainda, segundo o princípio da inércia que norteia Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sem-
a atuação do Poder Judiciário, deverá ser sempre pro- pre que a falta total ou parcial de norma regula-
vocado por um dos interessados na sua manifestação. mentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas ine-
rentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Dica
O Poder Judiciário só poderá se manifestar sobre a Habeas data
execução de políticas públicas diante de situações
extremas, quando o mínimo aceitável não tenha Este remédio constitucional tem como finalidade
sido feito. Deverá, na análise, levar em conta o prin- garantir o direito à informação. Ele consta expressa-
DIREITO ADMINISTRATIVO

cípio da reserva do possível, para que seja definido mente do artigo 5º da Constituição Federal. Vejamos a
o mínimo aceitável na situação apresentada. literalidade do dispositivo.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção


Veremos agora algumas ações por meio das quais
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
poderá ser provocado o Poder Judiciário para mani-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
festação. As situações e que ensejam seus usos são
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
diferentes. Vejamos os pontos mais importantes. à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXII - conceder-se-á habeas data:
Mandado de segurança a) para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, constantes de
O mandado de segurança tem seus pormenores registros ou bancos de dados de entidades governa-
constantes da Lei nº 12.016/09. Segundo a própria mentais ou de caráter público;
Constituição Federal servirá para proteger direito b) para a retificação de dados, quando não se prefira
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; 147
O habeas data será cabível para obtenção de infor- Vejamos agora as atribuições que competem
mações pessoais. privativamente ao Senado Federal, art. 52 da
CF/88.
CONTROLE LEGISLATIVO I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Pre-
sidente da República nos crimes de responsa-
O controle legislativo é o controle realizado pelo bilidade, bem como os Ministros de Estado e
Poder Legislativo sobre os demais poderes. O contro- os Comandantes da Marinha, do Exército e da
le poderá ser político ou financeiro, de acordo com a Aeronáutica nos crimes da mesma natureza cone-
hipótese constitucionalmente prevista. xos com aqueles;
Em regra, o aspecto financeiro será aquele fiscali- II - processar e julgar os Ministros do Supremo
zado com o auxílio do TCU (ou Tribunal de Contas de Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacio-
outra esfera, se for o caso), conforme previsto no arti- nal de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
Público, o Procurador-Geral da República e o Advo-
go 70 da Constituição Federal (leia novamente, agora
gado-Geral da União nos crimes de responsabilida-
nesse contexto).
de; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Temos aqui uma importante exceção no funcio-
45, de 2004)
namento do controle legislativo. Veja que os termos
III - aprovar previamente, por voto secreto,
“legitimidade, economicidade” constantes do disposi- após arguição pública, a escolha de:
tivo que você acabou de ler permitirão uma análise a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
que poderá, conforme o caso, adentrar em aspectos Constituição;
do mérito administrativo. Portanto, fique atento com b) Ministros do Tribunal de Contas da União indi-
termos extremos nos enunciados das questões quan- cados pelo Presidente da República;
do estiverem abordando a presente temática. c) Governador de Território;
Vejamos as competências exclusivas do Congres- d) Presidente e diretores do banco central;
sos Nacional trazidas pelo artigo 49, da Constituição e) Procurador-Geral da República;
Federal. f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após
I - resolver definitivamente sobre tratados, acor- arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
dos ou atos internacionais que acarretem encargos missão diplomática de caráter permanente;
ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; V - autorizar operações externas de natureza finan-
II - autorizar o Presidente da República a declarar ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distri-
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças to Federal, dos Territórios e dos Municípios;
estrangeiras transitem pelo território nacional VI - fixar, por proposta do Presidente da República,
ou nele permaneçam temporariamente, ressalva- limites globais para o montante da dívida consoli-
dos os casos previstos em lei complementar; dada da União, dos Estados, do Distrito Federal e
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente dos Municípios;
da República a se ausentarem do País, quando a VII - dispor sobre limites globais e condições para
ausência exceder a quinze dias; as operações de crédito externo e interno da União,
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspen- de suas autarquias e demais entidades controladas
der qualquer uma dessas medidas; pelo Poder Público federal;
V - sustar os atos normativos do Poder Executi- VIII - dispor sobre limites e condições para a con-
vo que exorbitem do poder regulamentar ou dos cessão de garantia da União em operações de crédi-
limites de delegação legislativa; to externo e interno;
VI - mudar temporariamente sua sede; IX - estabelecer limites globais e condições para o
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados montante da dívida mobiliária dos Estados, do Dis-
Federais e os Senadores;
trito Federal e dos Municípios;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Pre-
X - suspender a execução, no todo ou em parte,
sidente da República e dos Ministros de Estado;
de lei declarada inconstitucional por decisão
IX - julgar anualmente as contas prestadas
definitiva do Supremo Tribunal Federal;
pelo Presidente da República e apreciar os rela-
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secre-
tórios sobre a execução dos planos de governo;
to, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual-
República antes do término de seu mandato;
quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,
XII - elaborar seu regimento interno;
incluídos os da administração indireta;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamen-
XI - zelar pela preservação de sua competência
legislativa em face da atribuição normativa dos to, polícia, criação, transformação ou extinção dos
outros Poderes; cargos, empregos e funções de seus serviços, e a ini-
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de ciativa de lei para fixação da respectiva remunera-
concessão de emissoras de rádio e televisão; ção, observados os parâmetros estabelecidos na lei
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de diretrizes orçamentárias;
de Contas da União; XIV - eleger membros do Conselho da República,
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo refe- nos termos do art. 89, VII.
rentes a atividades nucleares; XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e seus componentes, e o desempenho das administra-
o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa ções tributárias da União, dos Estados e do Distrito
e lavra de riquezas minerais; Federal e dos Municípios.
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou conces-
são de terras públicas com área superior a dois mil Finalmente, vejamos as atribuições que competem
148 e quinhentos hectares. privativamente à Câmara dos Deputados.
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a ins- as melhorias posteriores que não alterem o funda-
tauração de processo contra o Presidente e o Vice- mento legal do ato concessório;
-Presidente da República e os Ministros de Estado; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara
II - proceder à tomada de contas do Presiden- dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
te da República, quando não apresentadas ao técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
Congresso Nacional dentro de sessenta dias natureza contábil, financeira, orçamentária, opera-
após a abertura da sessão legislativa; cional e patrimonial, nas unidades administrativas
III - elaborar seu regimento interno; dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, demais entidades referidas no inciso II;
polícia, criação, transformação ou extinção dos V - fiscalizar as contas nacionais das empresas
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a ini- supranacionais de cujo capital social a União par-
ciativa de lei para fixação da respectiva remunera- ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do
ção, observados os parâmetros estabelecidos na lei tratado constitutivo;
de diretrizes orçamentárias; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
V - eleger membros do Conselho da República, nos repassados pela União mediante convênio, acordo,
termos do art. 89, VII. ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Esta-
do, ao Distrito Federal ou a Município;
Importa saber que quando a Constituição Federal VII - prestar as informações solicitadas pelo
se refere ao “Congresso Nacional”, devemos entender Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas,
Senado e Câmara reunidos em sessão conjunta para ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre
deliberação. a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de
auditorias e inspeções realizadas;
Comissão Parlamentar de Inquérito VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilega-
lidade de despesa ou irregularidade de contas, as
São comissões que podem ser criadas pela Câmara ou sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
pelo Senado, em conjunto ou separadamente, mediante outras cominações, multa proporcional ao dano
1/3 dos seus membros, com poderes de investigação, causado ao erário;
para apuração de fato determinado e por prazo certo. IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade
As CPIs podem realizar diligências, convocar e tomar adote as providências necessárias ao exato cumpri-
depoimentos, requisitar informações e documentos de mento da lei, se verificada ilegalidade;
órgãos, requisitar auditorias e inspeções do TCU. X - sustar, se não atendido, a execução do ato
Segundo jurisprudência do STF, é vedado às CPIs impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
fazer buscas e apreensões domiciliares, determinar Deputados e ao Senado Federal;
interceptações telefônicas, dar ordem de prisão (exce- XI - representar ao Poder competente sobre irregu-
to em flagrante). laridades ou abusos apurados.

Tribunais de Contas
Importante!
Como dito anteriormente, o Tribunal de Contas irá
auxiliar o Poder Legislativo no exercício de suas atribui- Cuidado com o termo! As contas do Presidente
ções constitucionais. Importante frisar que não estão a da República são apreciadas pelo TCU, enquan-
ele subordinados, nem fazem parte de sua estrutura. to as dos demais administradores de dinheiro e
Ainda, em que pese o nome “tribunal”, suas bens públicos são julgadas.
decisões não fazem coisa julgada como as do Poder
Judiciário. Em consequência, aquele que se julgar
prejudicado poderá recorrer ao Poder Judiciário para
apreciação da matéria.
Conforme artigo 71, da CF/88, o controle externo, a RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxí-
lio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO
BRASILEIRO
I - apreciar as contas prestadas anualmente
pelo Presidente da República, mediante parecer Neste ponto estudaremos a responsabilização do
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias Estado e seus agentes quando da sua atuação. Inicial-
DIREITO ADMINISTRATIVO

a contar de seu recebimento; mente devemos raciocinar que a responsabilidade


II - julgar as contas dos administradores e poderá ser contratual ou aquiliana. Contratual será
demais responsáveis por dinheiros, bens e valo- aquela que surge no bojo de uma relação contratual,
res públicos da administração direta e indireta,
o que pode acontecer em inúmeros contextos diferen-
incluídas as fundações e sociedades instituídas e man-
tes. Já a aquiliana será a responsabilidade extracon-
tidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregula-
tratual, aquela a que o Estado está sujeito quando da
ridade de que resulte prejuízo ao erário público; sua atuação no dia a dia, sem qualquer necessidade de
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade existência de contrato para que ela se efetive.
dos atos de admissão de pessoal, a qualquer títu- Estudaremos a responsabilidade extracontratual
lo, na administração direta e indireta, incluídas as do Estado, conhecendo um pouco de sua evolução
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Públi- até o ponto em que se encontra hoje no ordenamento
co, excetuadas as nomeações para cargo de provi- jurídico brasileiro. Perceba que a evolução das teorias
mento em comissão, bem como a das concessões de entrega uma tentativa de proteger o indivíduo cada
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas vez mais da atuação do Estado. 149
Antes de adentrarmos aos detalhes, importante Teoria do Risco Administrativo
que você tenha em mente que o conceito de agente
público aqui será o mais amplo possível, engloban- Segundo a teoria do risco administrativo, a Admi-
do tanto os servidores públicos, como particulares nistração Pública deverá ser responsabilizada sempre
que sua conduta comissiva ou omissiva ensejar pre-
que estejam atuando em nome da Administração
juízos aos administrados. Tal responsabilização se
Pública, ainda que por meio de concessionários ou
dará independentemente de dolo ou culpa.
delegatários.
Ou seja, aqui temos o primeiro momento em que
surge uma responsabilidade civil ao Estado de natu-
Teoria da Irresponsabilidade reza objetiva, pois não será analisado o aspecto subje-
tivo da conduta que causou o dano.
Adentrando à evolução da teoria, temos inicial- Por outro lado, temos o surgimento, neste momen-
mente a teoria da irresponsabilidade. Ela tem suas to, de causas atenuantes ou até mesmo excludentes
origens no absolutismo, em que os reis não teriam, em da responsabilidade. Diante do caso concreto, o juiz
tese, a capacidade de errar (“king can do no wrong”). analisa a própria conduta do prejudicado, assim como
Como os monarcas se confundiam com o próprio Esta- de outros envolvidos eventualmente, atenuando ou
do, não haveria possiblidade de culpa. excluindo a culpa do Estado no caso, de acordo com as
condutas dos envolvidos.
Teoria dos atos de império x atos de gestão
Teoria do Risco Integral
Nesse momento já temos uma primeira diferencia-
ção que permitirá a responsabilização do Estado por Entendida a teoria anterior, fica fácil entender
parte dos seus atos. Os atos de império continuam não esta. Aqui os ditames são os mesmos, com exceção da
sendo passíveis de responsabilização. São aqueles em existência de excludentes e atenuantes da responsa-
que o Estado atua em posição de superioridade em bilidade do Estado. Em outros termos, para que reste
relação ao administrado. comprovada a responsabilidade do Estado se impõem
os seguintes fatores:
Já no caso dos atos de gestão, o Estado estaria
atuando em igualdade de condições com o adminis-
z Dano: material, estético ou moral;
trado, sendo possível a responsabilização aqui.
z Conduta oficial: agir de pessoa enquadrada como
agente público;
Teoria da Responsabilidade Subjetiva
z Nexo causal: relação de causa e consequência

Para facilitar o entendimento, é importante que se entre a conduta e o dano ocorrido.


reflita sobre a sua noção “normal” de culpa. Aquela em
que será apurada a sua culpa, por exemplo, em um pre- RESPONSABILIDADE POR ATO COMISSIVO E
juízo causado ao vizinho. Isso é o que o Direito chama OMISSIVO DO ESTADO
de responsabilidade subjetiva. É aquela em que a con-
duta do sujeito é analisada para que se conclua sobre a Responsabilidade por ato comissivo do Estado
sua responsabilidade ou não. É a culpa trazida no Códi-
go Civil para situações gerais, digamos assim. Depois de conhecer a evolução dos modelos de res-
Reforçando, temos aqui a teoria responsabilidade ponsabilidade do Estado, vamos conhecer como o tema
se encontra hoje no país. Temos a predominância da
subjetiva, que também pode ser chamada de culpa
teoria do risco administrativo, ou seja, em regra, a res-
civil comum. Nela será importantíssimo o elemento
ponsabilidade civil do Estado Brasileiro será apurada
subjetivo da conduta do agente público.
de forma objetiva, sendo possível a aplicação de causas
Diante disso, para que se configure a culpa do Esta- atenuantes e excludentes diante do caso concreto.
do, deveremos estar diante dos seguintes requisitos. Como vimos anteriormente, os danos podem ser
material, moral ou estético, havendo, segundo juris-
z Dano: material, estético ou moral; prudência do STJ a possibilidade de cumulação.
z Conduta oficial: agir de pessoa enquadrada como A principal norma sobre o tema se encontra no
agente público; texto constitucional. Vejamos.
z Nexo causal: relação de causa e consequência
entre a conduta e o dano ocorrido; Art. 37 (...)
z Dolo ou culpa: presença o elemento subjetivo. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e
as de direito privado prestadoras de serviços
Teoria da Culpa Administrativa públicos responderão pelos danos que seus agen-
tes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegu-
rado o direito de regresso contra o responsável
Essa teoria também pode ser referenciada como
nos casos de dolo ou culpa.
culpa do serviço, teoria do acidente administrativo,
ou culpa anônima do serviço público. Como dito anteriormente, as pessoas de direito
Segundo ela, para que se configure a responsabili- privado responderão quando estiverem atuando em
dade do Estado, basta que se comprove o mau funcio- nome da Administração Pública, conforme vimos no
namento do serviço público prestado. dispositivo acima.
Veja que a evolução aqui recai sobre a desneces- Importante ressaltar que em consonância com a
sidade de apuração do aspecto subjetivo da conduta jurisprudência pátria, não haverá distinção no caso de
do agente, bastando verificar o proceder da própria o terceiro prejudicado ser usuário ou não da prestadora
150 Administração Pública. de serviço eventualmente envolvida em um incidente.
Responsabilidade por omissão do Estado
Importante!
A discussão da responsabilidade civil do Estado
As pessoas de direito privado responderão no caso de atos omissivos é um pouco mais complexa,
segundo o artigo 37, § 6°, CF/88, quando presta- dependendo do tema específico e do direcionamen-
doras de serviço público. to jurisprudencial. Por isso conheceremos o tema de
maneira geral, adentrando aos casos específicos mais
importantes e cobrados em provas.
Ao fim do dispositivo temos a possibilidade da ação
Como regra geral, aqui será aplicada a teoria da
regressiva. Essa ação regressiva não influencia de for-
culpa administrativa. Então teremos o seguinte, com-
ma alguma na reponsabilidade do Estado perante o
pilando com o que vimos no item anterior.
prejudicado. Será apenas um instrumento do Estado
para se ressarcir dos prejuízos causados pelos seus
z Responsabilidade por atos comissivos: respon-
agentes.
sabilidade objetiva / teoria do risco administrativo;
De acordo com a jurisprudência do STF, não é pos- z Responsabilidade por atos omissivos: responsa-
sível ao prejudicado propor a ação contra o Estado e bilidade subjetiva / teoria da culpa administrativa.
agente público simultaneamente. A responsabilida-
de deve recair sobre o Estado, que irá, se for o caso, Portanto, já sabemos neste momento que para a
cobrar o agente público com meio de ação regressiva. comprovação da culpa do Estado por ato omissivo
Importante diferenciar que aqui, nesse momento, a será necessária a comprovação do elemento subjetivo:
responsabilidade será subjetiva (culpa civil comum). dolo ou culpa. No caso do Brasil, é necessário apenas a
Devemos lembrar dos requisitos necessários à comprovação da falta no serviço prestado. Diante dis-
caracterização da responsabilidade civil do Estado. so, vamos abordar três exemplos para que possamos
melhor entender esse ponto específico do estudo.
z Dano: material, estético ou moral;
z Conduta oficial: agir de pessoa enquadrada como z Atos omissivos: em regra ensejam a responsabili-
agente público; dade subjetiva do Estado;
z Nexo causal: relação de causa e consequência z Fenômenos da natureza: responde a Administra-
entre a conduta e o dano ocorrido. ção Pública no caso de não ter cuidado devidamen-
te do sistema de esgoto, ou por outras omissões que
Temos também as excludentes e atenuantes, já venham a agravar as consequências do fenômeno
abordadas anteriormente, mas que carecem de um em questão;
detalhamento ainda. z Atos de multidão: surge a culpa da Administração
A causa atenuante se dará quando existir culpa Pública quando a atuação diante da multidão seja
concorrente da Administração Pública com o prejudi- ineficiente, dando causa a dano maior do que ocor-
cado. Ou seja, o agente público de fato causou dano, reria se a atuação da Administração Pública fosse
no entanto, o particular também teve parcela de cul-
apropriada.
pa. Exemplo: viatura oficial avança sinal e colide com
cidadão que também avança sinal de trânsito.
REQUISITOS E CAUSAS EXCLUDENTES E
A excludente irá se mostrar de maneira ainda mais
ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO
fácil: ocorrerá quando o cidadão prejudicado, ou um
terceiro, tiver culpa exclusiva no evento danoso, de
Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsa-
forma que a Administração Pública não causou qual-
bilidade estatal, existem duas vertentes distintas. A
quer dano. Exemplo: cidadão avança o sinal e colide
primeira, denominada risco integral, dispõe que o
com viatura oficial que estava respeitando todas as
Estado possui o dever de indenizar todo e qualquer
regras de trânsito aplicáveis.
dano causado pela prática de seus atos, não admitindo
nenhuma excludente. Trata-se de uma variação radi-
Dica cal, em que a Administração se transforma em um
Veja esse entendimento do STF no caso de aci- indenizador universal. Não é adotado em nenhum
país, sendo adotado no Brasil somente como exce-
dente em transporte de passageiros.
ção em alguns casos específicos, como nos acidentes
Sumula 187, STF. A responsabilidade contratual
de trabalho, na indenização coberta pelo seguro obri-
do transportador, pelo acidente com o passagei- gatório para automóveis (DPVAT) etc.
DIREITO ADMINISTRATIVO

ro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o A segunda vertente, denominada teoria do ris-
qual tem ação regressiva. co administrativo, é a adotada como regra geral no
direito brasileiro. Tal teoria reconhece algumas exclu-
Outra situação que ensejará a exclusão da culpa dentes da responsabilidade do Estado. Excludentes
da Administração Pública será a ocorrência de fatos são circunstâncias que, como o próprio nome diz,
imprevisíveis e extraordinários, que são o caso for- afastam o dever de indenizar durante a sua ocorrên-
tuito e a força maior. Em termos simples, devemos cia. São, ao todo, três modalidades:
entendê-los da seguinte maneira:
z Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que o
z Força maior: eventos da natureza causam prejuí- prejuízo é consequência da intenção deliberada da
zo sem qualquer participação humana. Exemplo: própria vítima. O prejudicado, ao utilizar o referido
furacão. serviço público, acaba sofrendo danos por uma ação
z Caso fortuito: situação extraordinária causada por tomada por ela mesma, não havendo qualquer rela-
conduta humana. Exemplo: guerra. ção com as condutas do Poder Público. É o caso, por 151
exemplo, de pessoa que se joga na frente de viatura Lembrando também que sempre há a possibilida-
policial para ser atropelada. Não se confunde com a de de direito de regresso, por parte do ente público,
culpa concorrente, que se traduz no dano causado contra o agente que, de fato, praticou a conduta dano-
pela conduta recíproca do Estado e da própria víti- sa. Óbvio, quando a culpa recair totalmente sobre um
ma. Neste caso, há uma análise pericial para deter- agente ou um pequeno grupo de agentes públicos, o
minar os diferentes graus de culpa de cada agente, Estado não pode ser o único a arcar com os prejuí-
ensejando reparação. zos da reparação, ele possui direito de regresso. Ain-
z Força maior: é o evento imprevisível e involuntá- da que os agentes não indenizem a vítima, sobre eles
rio que rompe o nexo de casualidade entre o ato podem recair a ação regressiva com essa finalidade
da Administração e o prejuízo sofrido pela vítima. específica. Significa dizer que os agentes públicos só
Geralmente são causados pela força da natureza. podem responder de forma subjetiva, devendo inde-
É o caso, por exemplo, do desabamento de terras nizar o Poder Público pela prática de seus atos.
que arruínam as casas de um bairro, devido às for-
tes chuvas. Não se confunde com o caso fortuito, RESPONSABILIDADE DO ESTADO SEGUNDO
em que o dano decorre de ato humano, ou da pró- REITERADAS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL
pria Administração, como o desabamento de uma FEDERAL (STF)
estrada. O caso fortuito enseja o dever de respon-
sabilidade somente se tal evento for causado pelo É bem comum que algumas questões exijam do
agente público. candidato conhecimentos sobre a jurisprudência de
z Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuí- determinada matéria. De fato, a teoria da responsa-
zo é atribuído a pessoa estranha aos quadros da bilidade extracontratual do Estado abrange diversas
Administração Pública. Dessa forma, não há como casuísticas que podem gerar algumas dúvidas, sobre
o Estado ser imputado responsável por atos pra- as quais a doutrina faz pouca menção.
ticados por pessoas que não fazem parte de sua Observe as seguintes ementas relacionadas com a
composição. referida matéria, todas extraídas do STF:

Dica EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPER-


CUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
Curioso é o caso dos danos causados pelas ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º,
enchentes, sobretudo em cidades onde o escoa- XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A
mento das águas é precário, como ocorre em algu- responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição
mas regiões da cidade de São Paulo. Como regra Federal de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à
geral, o Estado não se responsabiliza por prejuízos teoria do risco administrativo, tanto para as condutas
causados pelas enchentes. A 3º Câmara de Direi- estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto
to Público do TJ/SP negou provimento à AC nº rejeitada a teoria do risco integral. 2. A omissão do
0170440220058260602 interposta por três pro- Estado reclama nexo de causalidade em relação ao
prietários de imóveis afetados pelas fortes chuvas dano sofrido pela vítima nos casos em que o Poder
do início do ano de 2012, que pleiteavam pedido de Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade
de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever
indenização pelos danos causados pelas chuvas,
do Estado e direito subjetivo do preso que a execução
pois as galerias pluviais de seu bairro não eram
da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
suficientes para escoar toda a água, caracterizan-
direitos fundamentais do detento, e o de ter preserva-
do-se em falta no serviço público. Segundo voto do da a sua incolumidade física e moral (artigo 5º, inciso
relator, porém, não havia qualquer prova que defina XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucio-
a ocorrência de qualquer falta de serviço que pos- nal de proteção ao detento somente se considera vio-
sa ser atribuída ao Município e que tenha sido cau- lado quando possível a atuação estatal no sentido de
sa concorrente para o evento. garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto
inafastável para a configuração da responsabilidade
Todo aquele que se sentir prejudicado por con- civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da
duta comissiva ou omissiva de agente público pode Constituição Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur,
pleitear, pela via administrativa ou judicial, a devi- por isso que nos casos em que não é possível ao Esta-
da reparação pelos danos causados. Na via adminis- do agir para evitar a morte do detento (que ocorreria
trativa, basta que o prejudicado formule o pedido mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se
a autoridade competente, que instaurará processo o nexo de causalidade, afastando-se a responsabili-
administrativo para apurar a responsabilidade e o dade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra
pagamento de indenização. legem e a opinio doctorum a teoria do risco integral, ao
Porém, é preferível que a vítima utilize a via judi- arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento
cial, hipótese mais comum haja vista o direito de peti- pode ocorrer por várias causas, como, v. g., homicí-
ção, que se caracteriza no dever do Poder Judiciário dio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que
de atender todas as demandas feitas pelos cidadãos. nem sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais
O direito à indenização da vítima se instrumentaliza que adote as precauções exigíveis. 7. A responsabili-
pela ação indenizatória. A ação indenizatória, dessa dade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em
forma, é aquela proposta pela vítima contra a pessoa que o Poder Público comprova causa impeditiva da
jurídica que o agente público causador do dano per- sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo
tence. Conforme dispõe o art. 206, § 3º, V, do Código de causalidade da sua omissão com o resultado dano-
Civil, o prazo prescricional para a propositura de ação so. 8. Repercussão geral constitucional que assenta a
indenizatória é de três anos, contados da ocorrência tese de que: em caso de inobservância do seu dever
152 do evento danoso. específico de proteção previsto no artigo 5º, XLIX, da
Constituição Federal, o Estado é responsável pela mor- Fogos de artifício são produtos altamente perigosos
te do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que e que podem causar danos a diversas vítimas, seja ela
inocorreu a comprovação do suicídio do detento, nem o adquirente do produto, ou ainda terceiros. Observe
outra causa capaz de romper o nexo de causalidade que, no caso mencionado, a vítima adquiriu fogos de
da sua omissão com o óbito ocorrido, restando escor- artifícios de forma clandestina dos proprietários do
reita a decisão impositiva de responsabilidade civil comércio. Não houve, assim, a aquisição de licença
estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. para a venda desses produtos. Sendo assim, firmou-
-se entendimento de que só caberá responsabilida-
(RE 841526, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em de civil do Estado quando restar comprovado que
30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - houve a violação de um dever jurídico específico
MÉRITO DJe-159 DIVULGAÇÃO 29-07-2016 PUBLICAÇÃO 01-08- de agir, como no caso de concessão de licença para
2016) pessoa incapaz ou sem os cuidados específicos. Assim,
é hipótese de responsabilidade subjetiva.
Um tema que costuma cair bastante em questões
de prova diz respeito à morte do preso. Segundo enten- CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTA-
dimento do STF, o Estado tem o dever de garantir que DO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDI-
a pessoa do detento cumpra sua pena com dignidade, CAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO
respeitados os seus direitos humanos fundamentais. PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO
Assim, quando um detento morre dentro da prisão, DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLETIVO. RESPON-
demonstra-se uma omissão do Estado de atuar em SABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS
garantir seus direitos. Até mesmo em casos de suicí- NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO.
dio é possível a responsabilização civil do Estado.
I- A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM direito privado prestadoras de serviço público é
objetiva relativamente a terceiros usuários e não-u-
REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. DIREITO
suários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º,
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABI-
da Constituição Federal.
LIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO. ART. 37, § II- A inequívoca presença do nexo de causalidade
6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FISCALIZAÇÃO DO entre o ato administrativo e o dano causado ao
COMÉRCIO DE FOGOS DE ARTIFÍCIO. TEORIA DO terceiro não-usuário do serviço público, é condição
RISCO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJE- suficiente para estabelecer a responsabilidade obje-
TIVA. NECESSIDADE DE VIOLAÇÃO DO DEVER JURÍDI- tiva da pessoa jurídica de direito privado.
CO ESPECÍFICO DE AGIR. 1. A Constituição Federal, no III- Recurso extraordinário desprovido.
art. 37, § 6º, consagra a responsabilidade civil objetiva
das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas (RE 591874, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno,
de direito privado prestadoras de serviços públicos. julgado em 26/08/2009, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-237
Aplicação da teoria do risco administrativo. Preceden- DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-02387-10 PP-
01820 RTJ VOL-00222-01 PP-00500)
tes da CORTE. 2. Para a caracterização da responsabi-
lidade civil estatal, há a necessidade da observância
de requisitos mínimos para aplicação da responsabili- Outro caso que é bastante comum e costuma cair
dade objetiva, quais sejam: a) existência de um dano; em questões de prova diz respeito ao serviço públi-
b) ação ou omissão administrativa; c) ocorrência de co de transporte coletivo. Indaga-se como recairia a
nexo causal entre o dano e a ação ou omissão admi- responsabilidade do Estado quando, por exemplo, um
nistrativa; e d) ausência de causa excludente da res- motorista de ônibus atropela um civil andando na
ponsabilidade estatal. 3. Na hipótese, o Tribunal de rua, que é considerado um terceiro não-usuário do
Justiça do Estado de São Paulo concluiu, pautado na serviço. Segundo o entendimento do STF, as pessoas
doutrina da teoria do risco administrativo e com base jurídicas concessionários do serviço de transporte
na legislação local, que não poderia ser atribuída ao possuem responsabilidade civil objetiva quando
Município de São Paulo a responsabilidade civil pela o dano for causado contra terceiros, sejam eles
explosão ocorrida em loja de fogos de artifício. Enten- usuários do serviço ou não. A presença do nexo de
deu-se que não houve omissão estatal na fiscalização casualidade é bastante evidente.
da atividade, uma vez que os proprietários do comér-
cio desenvolviam a atividade de forma clandestina,
pois ausente a autorização estatal para comerciali-
DIREITO ADMINISTRATIVO

zação de fogos de artifício. 4. Fixada a seguinte tese REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO


de Repercussão Geral: “Para que fique caracterizada
a responsabilidade civil do Estado por danos decor- CONCEITO
rentes do comércio de fogos de artifício, é necessário
que exista a violação de um dever jurídico específico Agora conheceremos o regime jurídico-adminis-
de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença
trativo aplicável à Administração Pública, sendo, no
para funcionamento sem as cautelas legais ou quando
entanto, necessário termos uma breve noção da dife-
for de conhecimento do poder público eventuais irre-
rença entre princípios e regras.
gularidades praticadas pelo particular”. 5. Recurso
extraordinário desprovido.
Princípios x Regras
(RE 136861, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão:
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 11/03/2020, Os princípios são a base de um ordenamento jurí-
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-201 dico, anteriores até mesmo à existência das normas,
DIVULG 12-08-2020 PUBLIC 13-08-2020) pois influenciam no próprio processo legislativo. 153
Podem constar expressamente ou não, tendo como Com base na supremacia do interesse público serão
característica terem enunciados genéricos, para apli- criadas prerrogativas para proteger o interesse públi-
cação num máximo possível de situações. co diante do interesse particular. Exemplo: presunção
Os princípios possuem alto nível de abstração, de veracidade e legitimidade dos atos administrativos.
outra característica que irá permitir a sua aplicabili- Já a indisponibilidade do interesse público irá
dade a um grande número de situações. impor restrições ao uso da coisa pública, também com
Também poderão ser utilizados para análise da intuito de proteção: inalienabilidade condicionada
validade de normas constantes do ordenamento jurí- dos bens públicos.
dico, assim como a sua correta interpretação. Importante ressaltar que a Administração Pública
Não há hierarquia na aplicação dos princípios. nem sempre estará atuando sob este regime jurídi-
Eles devem ser interpretados de forma harmônica. No co-administrativo, apesar de esta ser a regra. Have-
entanto, isso não impede que um ou outro esteja mais rá situações em que a Administração Pública estará
presente quando da análise de uma situação concre- atuando de igual para igual com o particular, sujeita
ta. Nesse ponto, não falaremos de hierarquia, mas da a um regime de direito privado. Portanto, dito isso,
mera aplicabilidade do princípio à situação concreta vamos organizar essa parte do raciocínio.
trazida à análise.
Vamos enumerar as características dos princípios z Regime jurídico de direito público: conceito restri-
colocadas até então: to (regime jurídico-administrativo).
z Regime jurídico de direito privado.
z Generalidade;
z Abstração; PRINCÍPIOS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS DA
z Ausência de hierarquia entre si; ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
z Interpretação e validação de regras.
Vamos começar a conhecer cada um dos princí-
Vejamos agora sobre as regras. Elas serão menos pios. Conheceremos os princípios expressos da Cons-
genéricas e abstratas. Ainda que aplicáveis eventual- tituição Federal. É importante que você saiba que há
mente a várias situações correlatas, elas já procuram princípios expressos em várias outras normas que não
se aproximar da realidade dos fatos, apresentando são a CF/88. Conheceremos aqui apenas os constantes
comandos mais claros e concretos. do caput do artigo 37. Vejamos a sua literalidade.
No Brasil temos alguns critérios que podem ser uti-
lizados para a solução do conflito entre regras: Art. 37. A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
z Hierárquico: prevalece a de maior hierarquia. Ex.: do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
CF/88 sobre qualquer norma interna. aos princípios de legalidade, impessoalidade,
z Cronológico: prevalecerá a lei mais nova sobre o moralidade, publicidade e eficiência e, também,
tema. ao seguinte:
z Especialidade: prevalecerá a lei mais específica
sobre o tema. Veja que a aplicabilidade do caput é bastante
ampla: todos os poderes, todas as esferas, administra-
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO ção direta e indireta.
Você deve decorar esses princípios, fazendo uso do
O regime jurídico pode ser definido como conjunto famoso LIMPE, que traz a inicial de cada um dos prin-
de normas que irá orientar uma determinada relação cípios constantes do caput.
jurídica. Vejamos dois exemplos para, desde já, seja
possível ter em mente que esse conjunto de normas Legalidade
poderá variar de acordo com a situação.
O primeiro deles seria um desentendimento seu com O princípio da legalidade tem sua origem no próprio
seu vizinho em uma eventual construção irregular, que estado de Direito. Vejamos o artigo 1º da Constituição:
extrapola o direito de um e invade o direito do outro.
Num segundo momento, imagine que você foi fla- Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
grado por uma viatura policial ao avançar um sinal pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
vermelho em alta velocidade. do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
Veja que, em que pese caber discussões de defesa crático de Direito e tem como fundamentos:
de direitos em ambos os exemplos, as normas apli-
cáveis aos casos não são as mesmas. No primeiro Em um Estado de Direito, a vida das pessoas, assim
exemplo há uma clara igualdade, o que não ocorre no como também do Estado, será pautada no que cons-
segundo momento. tar da lei. No entanto, a interpretação do princípio da
Para começar a entender o regime jurídico-admi- legalidade terá abordagens diferentes quando olhar-
nistrativo, ou seja, o regime jurídico ao qual se submete mos para o particular ou para o agente público.
a Administração Pública quando da sua atuação, deve- Vejamos a legalidade aplicável ao particular, cons-
remos entender dois princípios, chamados pela doutri- tante do artigo 5º da Carta Magna.
na em Direito Administrativo de supra princípios:
Art. 5º (...)
z Supremacia do interesse público; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
154 z Indisponibilidade do interesse público. fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Veja que o mandamento para o particular é permis- Publicidade
sivo. Ele poderá fazer tudo que não estiver proibido em
lei. Será obrigado a algo apenas quando da lei constar. A importância do princípio da publicidade está na
Essa não é a interpretação do princípio da legalidade própria existência e exercício da democracia. Como
para o agente público. Aqui já cabe falar em legalidade poderiam os cidadãos fiscalizar a atuação do Estado e
administrativa. Ao agente público será permitido tudo seus governantes sem saber o que está acontecendo?
que a lei autorizar ou mandar. Ou seja, a relação é opos- A publicidade trará a transparência necessária para
ta. Não é um mandamento permissivo, mas restritivo. que os administrados possam exercer a democracia.
No entanto, devemos saber que tal princípio não
Impessoalidade tem aplicação absoluta. Há situações em que o sigilo,
a título de exceção, deverá prevalecer.
O princípio da impessoalidade, também conhecido É o caso, por exemplo, de operações sigilosas de inves-
como princípio da finalidade, tem como objetivo maxi- tigações de ilícitos ou mesmo inquéritos cuja publicidade
mizar os resultados da Administração Pública para a possa ofender a privacidade de uma eventual vítima.
sociedade como um todo. Ele irá impedir, por meio de Há, por outro lado, atos que devem ser publicados
para que gerem efeitos, pois como poderiam ser os
cada uma de suas facetas, o direcionamento da atuação
particulares cobrados a respeito de determinado ato
do Estado tanto para o interesse de um particular ou
ou norma do qual não tiveram a devida ciência?
um grupo específico de particulares, como para o pró-
Nesse raciocínio, temos três tipos de atos conforme
prio interesse do agente público tomador de decisão.
a necessidade ou não da sua publicidade.
A partir disso temos algumas leituras possíveis
para o princípio. Uma delas é a aplicação do princípio
z Atos sigilosos: não podem ser publicados;
da impessoalidade por meio da ausência de qualquer
z Atos internos: não precisam ser publicados, pois
tipo de promoção pessoal do agente público cometen-
não causam impacto nos administrados;
te, buscando apenas o interesse público.
z Atos externos: precisam ser publicados para ciên-
Outra leitura possível passará pelo tratamento iso-
cia dos interessados.
nômico dos administrados. A isonomia permite o tra-
tamento diferenciado de acordo com diferenças entre
Há ainda a possibilidade de obtenção de informa-
os administrados. É o que você na reserva de vagas
ções por parte dos administrados, trazida no artigo 5º
para idosos, por exemplo.
da CF/88.
Portanto, temos dois tipos de isonomia, a saber:
Art. 5º (...)
z Isonomia horizontal: pessoas em situações seme- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
lhantes devem ser tratadas da mesma forma; públicos informações de seu interesse particular,
z Isonomia vertical: pessoas em situações diferentes ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta-
podem ter tratamentos distintos. das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
Moralidade à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
A moralidade administrativa estará intimamente mente do pagamento de taxas:
ligada ao conceito de certo e errado, honesto e deso- b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
nesto, extrapolando a letra fria da lei. No entanto, não para defesa de direitos e esclarecimento de situa-
para desobedecê-la, mas para complementar com um ções de interesse pessoal;
conteúdo moral que muitas vezes não consta expres-
sa e claramente do texto legal, mas deve ser aplicado Eficiência
pelo agente público quando da sua atuação.
Importante citar que a moralidade se aplica tanto O princípio da eficiência foi introduzido no caput
ao agente público, quanto ao particular que defende do artigo 37 da CF/88 por meio da Emenda Constitu-
cional de 1998, tendo como objetivo, juntamente com
seu interesse diante da Administração Pública.
a mudança de outros dispositivos, aumentar a eficiên-
Há na Constituição outro mandamento que expõe
cia do Estado brasileiro.
a importância do princípio da moralidade, constante
A atuação da Administração Pública dentro desse
do artigo 5º. Vejamos.
DIREITO ADMINISTRATIVO

contexto, tentando se aproximar do conceito de admi-


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
nistração gerencial, deverá buscar a maximização das
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- receitas do Estado, economicidade do gasto público,
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- corte de gastos desnecessários etc.
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para HORA DE PRATICAR!
propor ação popular que vise a anular ato lesi-
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o 1. (CESPE – 2019) De acordo com o STF, a competência
Estado participe, à moralidade administrativa, ao das agências reguladoras para editar atos normativos
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, que visem à organização e à fiscalização das ativida-
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de des por elas reguladas representa o exercício de seu
custas judiciais e do ônus da sucumbência; poder administrativo 155
a) discricionário, que depende da conveniência e da 7. (CESPE – 2019) Determinado servidor público apo-
oportunidade. sentou-se no dia 1.º/6/2019 na modalidade apo-
b) de polícia, na sua função normativa, estando subordi- sentadoria voluntária, com fundamento na Emenda
nado ao disposto na lei. Constitucional n.º 47/2005. Considerando-se essa
c) normativo, que é dotado de autonomia com relação às situação hipotética, é correto afirmar que o referido
competências definidas em lei. servidor se aposentou com, no mínimo,
d) regulamentar, visando à normatização de situações
concretas voltadas à atividade regulada. a) sessenta anos de idade.
e) disciplinar, objetivando a punição do administrado b) vinte e cinco anos de efetivo exercício no serviço
pela prática de atividade contrária ao disposto no ato público.
normativo. c) dez anos de carreira.
d) dez anos no cargo em que se deu a aposentadoria.
2. (CESPE – 2019) Com relação à organização adminis- e) trinta anos de tempo de contribuição.
trativa e à administração pública direta e indireta, jul-
gue o item a seguir. 8. (CESPE – 2019) Com base nas disposições constitucio-
Embora dotados de personalidade jurídica, os órgãos nais relativas a cargos, empregos e funções públicas e
públicos não possuem capacidade processual para nas disposições do Estatuto dos Funcionários Públicos
a defesa de suas prerrogativas e competências Civis do Estado de Pernambuco, julgue o item seguinte.
institucionais. Reintegração corresponde ao reingresso de servidor
aposentado no serviço público, se insubsistentes os
( ) CERTO ( ) ERRADO motivos da aposentadoria ou se houver interesse e
requisição da administração, respeitada a opção do
servidor.
3. (CESPE – 2019) A respeito da administração pública
brasileira, julgue o item a seguir.
Autarquia pode ser criada por ato administrativo origi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
nário de ministério.
9. (CESPE – 2019) Se um servidor em disponibilidade
reingressa no serviço público, em cargo de natureza e
( ) CERTO ( ) ERRADO
padrão de vencimento correspondentes ao que ocupa-
va, então, nesse caso, ocorre o que se denomina
4. (CESPE – 2019) No que concerne aos agentes públi-
cos, assinale a opção correta.
a) redistribuição.
b) aproveitamento.
a) Um particular que exerce função pública, mesmo que
c) readaptação.
sem remuneração e sem vínculo empregatício, atua
d) recondução.
como agente público. e) remoção.
b) Os agentes políticos restringem-se aos integrantes do
Poder Legislativo da União, dos estados e dos municí- 10. (CESPE – 2019) Acerca de administração de cargos,
pios, eleitos periodicamente para mandatos temporários. carreiras e salários, julgue o item a seguir.
c) Considera-se agente público somente aquele que ocu- Na administração pública, a remuneração abrange o
pa cargo ou emprego público. ressarcimento por dispêndios havidos pelo servidor
d) Servidor público temporário não possui vínculo com em razão da execução de atividades laborais.
a administração pública, mas exerce função relevante
para ela. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) O conceito de agente público é rígido, na medida em
que obedece a rol taxativo previsto em lei específica. 11. (CESPE – 2019) A respeito das garantias constitucio-
naiS relativas a processo administrativo disciplinar, jul-
5. (CESPE – 2019) De acordo com as disposições cons- gue o item a seguir.
titucionais aplicáveis aos agentes públicos, o servidor De acordo com o entendimento do STF, a falta de
público estável poderá perder o cargo em virtude de nomeação de advogado pelo acusado no âmbito de
processo administrativo disciplinar não viola o devido
a) procedimento de avaliação periódica de desempenho processo legal.
previsto em lei complementar.
b) sentença judicial confirmada em segunda instância, ( ) CERTO ( ) ERRADO
ainda que pendente de recurso.
c) instauração de inquérito civil contra ele perante o 12. (CESPE – 2020) Acerca da prescrição e da decadência
Ministério Público. em direito da seguridade social, julgue o item a seguir.
d) condenação em processo disciplinar no qual se obser- Em se tratando de servidor público federal sob o regi-
ve o princípio da verdade sabida. me da Lei n.º 8.112/1990, a pensão por morte do
e) excesso de despesas do poder público, sem direito a segurado que falecer, aposentado ou não, será devida
indenização. a filho menor de dezesseis anos, a contar da data do
óbito, desde que requerida em até cento e oitenta dias
6. (CESPE – 2019) No que se refere aos agentes públicos, após o óbito.
julgue o item subsecutivo. A remuneração dos agentes
políticos inclui o subsídio e eventuais gratificações por ( ) CERTO ( ) ERRADO
desempenho no cargo ou por metas de arrecadação.
13. (CESPE – 2020) Julgue o item seguinte, de acordo com
156 ( ) CERTO ( ) ERRADO as disposições do Estatuto dos Funcionários Públicos
Civis do Estado do Ceará e do Plano de Cargos, Carrei- 19. (CESPE – 2019) Acerca de ética no serviço público, moral
ras e Vencimentos dos Servidores do Ministério Públi- e exercício da cidadania, julgue o item a seguir.Com o
co do Estado do Ceará. Denomina-se elevação de nível objetivo de promover padrões éticos de moralidade e de
profissional o avanço entre as referências, decorrente probidade no serviço público, o STF, mediante a instituição
da promoção de servidor na mesma classe. de súmula vinculante, vedou a prática do nepotismo.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

14. (CESPE – 2019) De acordo com o Estatuto dos Funcio- 20. (CESPE – 2019) No que tange aos afastamentos do
nários Públicos Civis do Estado do Ceará, a vacância serviço pelo policial rodoviário federal, julgue o item
de cargo público resultará de seguinte.
A prorrogação de sessenta dias da licença à policial
a) readaptação. rodoviária gestante somente será devida se requerida
b) posse em outro cargo não cumulável. até o final do terceiro mês após o parto.
c) falecimento.
d) reversão. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) mudança de domicílio.
9 GABARITO
15. (CESPE – 2019) Julgue o próximo item, tendo como
referência as disposições do Estatuto dos Funcioná- 1 B
rios Públicos Civis do Estado do Amazonas (Lei n.º
2 ERRADO
1.762/1986). A licença sem remuneração para tratar
de assuntos particulares é direito do servidor, mas se 3 ERRADO
limita ao prazo máximo de dois anos.
4 A
( ) CERTO ( ) ERRADO
5 A
16. (CESPE – 2019) Se um pedido de reconsideração feito 6 ERRADO
por servidor público do estado do Pará for indeferido,
o servidor poderá interpor recurso, que, se for oportu- 7 B
no, terá efeito 8 ERRADO

a) suspensivo e interromperá de imediato a prescrição. 9 B


b) devolutivo e interromperá de imediato a prescrição.
10 ERRADO
c) suspensivo, mas não interromperá a prescrição.
d) devolutivo, interrompendo-se a prescrição somente 11 CERTO
apóso término do prazo para resposta.
e) suspensivo, interrompendo-se a prescrição somente 12 CERTO
após o término do prazo para resposta.
13 ERRADO
17. (CESPE – 2019) Com base nas disposições do Regi- 14 C
me Jurídico dos Servidores Públicos Civis do DF, das
Autarquias e das Fundações Públicas Distritais ― Lei 15 ERRADO
Complementar n.º 840/2011 e suas alterações ―, jul- 16 A
gue o item a seguir.
Servidor público que cometer infração disciplinar ao 17 ERRADO
proceder com conduta profissional classificada como
erro de procedimento será submetido a sanção disci- 18 ERRADO
plinar se a conduta for caracterizada cumulativamente 19 CERTO
pelo prejuízo moral, seja este relevante ou irrelevante.
20 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
DIREITO ADMINISTRATIVO

18. (CESPE – 2019) Com base nas disposições do Regi-


me Jurídico dos Servidores Públicos Civis do DF, das
Autarquias e das Fundações Públicas Distritais ― Lei
ANOTAÇÕES
Complementar n.º 840/2011 e suas alterações ―, jul-
gue o item a seguir.
Embora a Presidência da República Federativa do Bra-
sil tenha a prerrogativa de requisitar que determinado
servidor estável do DF seja colocado à disposição de
algum de seus órgãos, o afastamento do servidor do
cargo efetivo somente poderá ocorrer se estipulados a
finalidade e o prazo para tal.

( ) CERTO ( ) ERRADO 157


ANOTAÇÕES

158
humanos que faça parte, sob pena de sanções no pla-
no internacional, como advertência, embargo políti-
co, embargo econômico, intervenção militar etc.
Exemplos de vedação ao retrocesso:

DIREITO CONSTITUCIONAL z Não pode ser reestabelecido a prisão civil para


dívida do depositário infiel, conforme art. 4º, item
3 do Decreto nº 678/1992.
z Se for retirada pena de morte no Brasil, não pode-
PODER CONSTITUINTE rá ser reestabelecida, art. 7º do Decreto 678/1992.

FUNDAMENTOS Hoje existe pena de morte no Brasil?

O poder constituinte tem a função de criar e modi- A resposta é sim, conforme Constituição Federal
ficar a Constituição de um Estado. O Brasil tem uma no art. 5º, inciso XLVII e art. 84, inciso XIX, haverá
Constituição classificada como escrita e rígida. O pro- pena de morte nos casos de guerra declarada, a qual
cesso de elaboração e modificação da Constituição é deve ser executada por fuzilamento, conforme Art. 56
diferente do processo de elaboração das demais nor- do Decreto Lei 1001/69.
mas do ordenamento jurídico, ou seja, para modificar
a Constituição é necessário um procedimento espe- Art. 5º [...]
cial, o qual está disposto na própria constituição. XLVII - não haverá penas:
Sendo que, o poder de criar e modificar a consti- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
tuição pertence ao povo, entretanto ele é exercido por termos do art. 84, XIX;
meio de seus representantes eleitos. Pode ser dividi- Art. 84 [...]
do entre poder originário e poder derivado, veja na XIX - declarar guerra, no caso de agressão estran-
tabela abaixo uma breve exposição e divisão do poder geira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
constituinte: referendado por ele, quando ocorrida no intervalo
das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
PODER PODER decretar, total ou parcialmente, a mobilização
PODER nacional;
CONSTITUINTE CONSTITUINTE
CONSTITUINTE
DERIVADO DE DERIVADO Decreto Lei 1001/69 - Código Penal Militar.
ORIGINÁRIO
REFORMA DECORRENTE Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.

Fique atento, na Fique atento, Fique atento,


z Poder Constituinte Derivado de Reforma
sua prova tam- na sua prova na sua prova
bém pode ser também pode também pode
chamado de: Po- ser chamado de: ser chamado de: É o poder reformador, de revisão, de emendabili-
der Genuíno de Poder Secundá- Poder Secundá- dade, secundário de uma mudança, ou seja, é o poder
1º Grau ou Poder rio de Mudança rio Federativo. para modificar ou complementar uma constitui-
Permanente. ou Reformador. ção, tem limites jurídicos e não é autônomo, também
pode ser chamado de secundário de mudança ou
Poder para criar Poder para mo- Entes Fede- reformador.
a primeira ou dificar ou com- rativos (aqui
Tem como características: condicionado, limita-
a nova Consti- plementar uma entenda: Muni-
tuição para um Constituição. cípios, Estados do e relativo.
Estado. (Emendas e DF para que Exemplo: São as emendas constitucionais ou as
Constitucionais). elaborem suas chamadas emendas constitucionais de revisão. Cuida-
normas funda- do para não confundir:
mentais (Consti-
tuição Estadual e Emendas Constitucionais X Emendas Constitucionais
Lei Orgânica). de Revisão

As emendas constitucionais são atualmente o


PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO E DERIVADO único meio de mudança da Constituição brasileira,
DIREITO CONSTITUCIONAL

conforme dispõe o art. 60 da CF/88.


Reforma e Revisão Constitucionais e Limitação do As emendas constitucionais de revisão, confor-
Poder de Revisão me o art. 3º do ADCT (Ato das Disposições Constitucio-
nais Transitórias), foram realizadas apenas uma vez,
z Poder Constituinte Originário realizada após cinco anos da promulgação da Cons-
tituição, em sessão unicameral, desta sessão resultou
É o poder genuíno de 1º grau, poder permanente, apenas seis emendas constitucionais de revisão. Veja-
poder para criar a primeira ou a nova Constituição mos o que dispõe o mencionado dispositivo:
para um Estado.
Tem como características: inicial, soberano, Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
absoluto, ilimitado, incondicionado, independente (ADCT):
e autônomo. Art. 3º A revisão constitucional será realizada após
Atualmente existe a chamada vedação do retroces- cinco anos, contados da promulgação da Constitui-
so, ou seja, o país ao fazer uma nova Constituição não ção, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
pode violar direitos previstos em tratados de direitos Congresso Nacional, em sessão unicameral. 159
„ Poder Constituinte Derivado Decorrente
Convenção Internacional Tratado firmado com o
sobre os Direitos das Pes- objetivo de facilitar o
É a autorização para que os entes federativos
soas com Deficiência e acesso a obras publica-
elaborem suas normas fundamentais, depende de seu Protocolo Facultativo das às pessoas cegas,
previsão do poder constituinte originário, sempre res- com deficiência visual
peitando as normas contidas na lei maior – Constitui- ou com outras dificulda-
ção Federal, esse poder também pode ser chamado de des para ter acesso ao
secundário federativo. texto impresso.
Exemplo é o art. 25 da CF, os Estados Membros
podem fazer as suas Constituições estaduais e os Aprovado pelo Congresso Aprovado pelo Congres-
municípios e o DF suas respetivas leis orgânicas, con- Nacional (conforme o art. so Nacional (conforme o
49, I, da CF/88) através art. 49, I, da CF/88) atra-
forme prevê também o art. 32 da CF/88.
do Decreto legislativo nº vés do Decreto legislati-
186/2008 vo nº 261/2015.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição. Os mencionados decretos foram recepcionados no
[...] Brasil com status de norma constitucional, pois os tra-
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em tados nele contidos foram referendados nos termos
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em do artigo 5º, § 3º, da Constituição Federal. Vejamos o
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e que dispõe o mencionado dispositivo:
aprovada por dois terços da Câmara Legislativa,
que a promulgará, atendidos os princípios estabe- Art. 5º [...]
lecidos nesta Constituição. § 3º Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados, em
PODER CONSTITUINTE DIFUSO cada Casa do Congresso Nacional, em dois tur-
nos, por três quintos dos votos dos respecti-
O poder constituinte difuso é praticamente um vos membros, serão equivalentes às emendas
meio mais informal de modificação da Constituição. constitucionais.
Não tem um procedimento formal previsto na Consti-
tuição, pois é um poder de fato, o qual deve ser obser- Note, o § 3º acima transcrito determina a aprova-
vado o fato social, político e econômico. ção de 3/5 nos dois turnos nas duas casas do congresso
nacional (ou seja, votação na Câmara dos Deputados
Descomplicando: é o poder de mudar a constituição,
e Senado Federal), torna o decreto equivalente a uma
sem mudar o texto constitucional, através da herme-
emenda constitucional, ou seja, “passou a ter a mesma
nêutica constitucional.
força hierárquica de norma que a Constituição tem
Conforme os ensinamentos de Vicente Paulo e
sobre as demais do ordenamento jurídico”.
Marcelo Alexandrino, “é o meio informal porque se
manifesta por intermédio das mutações constitucio-
nais, modificando o sentido das Constituições, mas sem Importante!
nenhuma alteração do seu texto expresso.” (Vicente
Paulo e Marcelo Alexandrino. Direito Constitucional Não podemos afirmar que a Constituição é a úni-
Descomplicado, 9º Ed. São Paulo: Método: 2012) ca norma de hierarquia no ordenamento jurídico,
atualmente o decreto 6949/2009 e decreto nº
PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL 9.522/2018 também possuem status de emen-
da constitucional, este é um detalhe que passa
Poder que vem dos organismos e das entida- despercebido no estudo e o avaliador sabe dis-
des internacionais, como por exemplo, os tratados so, se aproveitando e criando a famosa “pegadi-
internacionais. nha de prova”, com o intuito de criar a percepção
Como exemplo prático brasileiro, podemos citar ao candidato que a pergunta é fácil ou que ele
o Decreto 6949/2009 – que dispõe da Convenção domina a matéria.
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, também o EMENDAS À CONSTITUIÇÃO
Decreto nº 9.522/2018 - Tratado de Marraqueche
para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas Conforme art. 60 da CF/88, a emenda constitucio-
cegas, com deficiência visual ou com outras dificulda- nal é um mecanismo para alteração da Constituição.
des para ter acesso ao texto impresso. Assim, as emendas possuem a mesma hierarquia que
a Constituição Federal, sendo que as emendas são a
CONVENÇÃO única maneira de modificar a Constituição.
TRATADO DE
INTERNACIONAL NOVA Bem como, o § 1º do mencionado dispositivo deter-
MARRAQUECHE
IORQUE mina que a Constituição não poderá ser emendada na
vigência de intervenção federal, de estado de defesa
Promulgado pelo Presi- Promulgado pelo Presi-
ou de estado de sítio.
dente da República dente da República
Ainda, não pode ser objeto de deliberação as pro-
(conforme art. 84, inciso (conforme art. 84, inciso
posta de emenda constitucional que objetivem abolir
IV da CF/88) IV da CF/88)
as denominadas cláusulas pétreas, consagradas no
Decreto 6949/2009 Decreto 9.522/2018
160 art. 60, § 4º da CF/88, vejamos.
4º Não será objeto de deliberação a proposta de I - a forma federativa de Estado;
emenda tendente a abolir II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
I - a forma federativa de Estado; III - a separação dos Poderes;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; IV - os direitos e garantias individuais.
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais. A emenda constitucional é um mecanismo para
alteração da Constituição. Sendo que, as emendas pos-
Conforme estudamos no início deste material, suem a mesma hierarquia que a Constituição Federal
no tópico poder constituinte derivado de reforma, no ordenamento jurídico e necessitam de um procedi-
a matéria constante de proposta de emenda rejeita- mento especial para aprovação, até porque a CF/1988
da ou havida por prejudicada não pode ser objeto é de difícil mudança, ou seja, também classificada
de nova proposta na mesma sessão legislativa. Para como uma constituição rígida.
entender melhor, vamos relembrar o que estudamos Conforme o art. 60 da CF/88, a Constituição pode-
sobre sessão legislativa: rá ser emendada mediante proposta de um terço,
Período denominado sessão legislativa é o período no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados
anual em que o congresso se reúne para suas atividades. ou do Senado Federal, do Presidente da República e
Sessão legislativa de mais da metade das Assembleias Legislativas das
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma
02 de fevereiro a 17 de julho delas, pela maioria relativa de seus membros.
01 de agosto a 22 de dezembro No que tange à votação da emenda constitucio-
nal, o art. 60 § 2º da CF dispõe que para a norma ter
z Sessão legislativa ordinária: período de ativida- status de emenda constitucional (consequentemente
de normal do Congresso (mencionado acima). obter hierarquia das demais normas e estar ao lado
z Sessão legislativa extraordinária: trabalho rea- da Constituição) é necessário um procedimento de
lizado durante o recesso parlamentar, mediante votação junto ao Congresso Nacional, nesse caso, cada
convocação. casa vai votar e deve ter um número mínimo de par-
lamentares que aprovem a emenda.
Recesso
18 de julho a 31 de julho § 2º A proposta será discutida e votada em cada
23 de dezembro a 01 de fevereiro Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, con-
siderando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
quintos dos votos dos respectivos membros.
Note que, este assunto é muito cobrado em provas,
pelo fato do art. 60 da CF/88 determinar os critérios de
elaboração e votação de uma emenda constitucional. O Congresso Nacional é composto por duas casas: a
Também é nesse artigo que estão localizadas as cha- Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
madas cláusulas pétreas, vejamos:
Câmara dos Deputados:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada
Composição: 513
mediante proposta: Deputados
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câma- Congresso
ra dos Deputados ou do Senado Federal; Nacional
II - do Presidente da República; Senado Federal:
III - de mais da metade das Assembléias Legisla- Composição: 81
tivas das unidades da Federação, manifestando- Senadores
-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros. Ou seja, se a Câmara dos Deputados é composta
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na por 513 Deputados, para fins de resultado de votação,
vigência de intervenção federal, de estado de defesa quando a Constituição menciona 3/5 dos votos, enten-
ou de estado de sítio. da se refere ao voto de 308 deputados. Já o Senado
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Federal, como é composto por 81 Senadores, logo 3/5
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, con- se refere ao voto de 49 senadores.
siderando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada CÂMARA DOS SENADO FEDERAL
DIREITO CONSTITUCIONAL

pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado DEPUTADOS


Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de 1º Turno de votação 1º Turno de votação
emenda tendente a abolir 3/5 = 60% dos votos: 3/5 = 60% dos votos:
I - a forma federativa de Estado; 308 Deputados 49 Senadores
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
2° Turno de votação 2° Turno de votação
III - a separação dos Poderes;
3/5 = 60% dos votos: 3/5 = 60% dos votos:
IV - os direitos e garantias individuais.
308 Deputados 49 Senadores
§ 5º A matéria constante de proposta de emen-
da rejeitada ou havida por prejudicada não pode
ser objeto de nova proposta na mesma sessão Entenda:
legislativa.
3/5 é o mesmo que 60% dos votos.
As Cláusulas Pétreas a seguir são direitos que não 3/5 em dois turnos = duas votações na Câmara dos
podem ser alterados. Deputados e duas votações no Senado Federal. 161
Duas casas = votação no Senado e na Câmara. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Por fim, a emenda à Constituição será promulgada
Direito à Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança
pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
e à Propriedade
Federal, com o respectivo número de ordem.
Conforme art. 67 da CF/88 “A matéria constante Conforme prevê o art. 5º da CF/88 todos são iguais
de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, garantindo aos brasileiros direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade.
mediante proposta da maioria absoluta dos membros
de qualquer das Casas do Congresso Nacional”.
Direito à vida

Iniciativa Da PEC A Constituição protege a vida, extrauterina e


intrauterina – neste caso, com a proibição do aborto.
z 1/3 da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; Entretanto, o art. 128 do Código Penal prevê a autori-
z Presidente da República; zação do aborto como exceção em duas hipóteses, são
z Mais da metade das Assembleias Legislativas das eles: como único meio para salvar a vida da mulher e
no caso de gravidez resultante de estupro.
unidades da Federação, manifestando-se a maioria
relativa de seus membros. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por
médico:
CÂMARA DOS
SENADO FEDERAL
DEPUTADOS Aborto necessário
APROVADA
Votação em dois Votação em dois
turnos, necessária turnos, necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
aprovação de 3/5 aprovação de 3/5
dos membros. dos membros. Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é


precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal
PEC Rejeitada PEC Aprovada
Subentende-se direito à saúde, na vedação à pena
Se rejeitada, será arqui- Segue para promulgação de morte, proibição do aborto e, por fim, direito às
vada e não poderá ser pela Mesa da Câmara
condições mínimas necessárias para uma existência
objeto de nova propos- dos Deputados e Senado
ta na mesma sessão Federal. digna, conforme também prevê o princípio da digni-
legislativa. dade da pessoa humana, apresentado no art. 1º, inciso
III da CF/88.
Note que, a constituição ao determinar o direito à
vida, possui dois aspectos, direito à integridade física
e psíquica.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS Importante mencionar que o STF já se posicionou
sobre gravidez de feto anencéfalo, decidindo, em
DOS DIREITOS E DEVERES julgamento de grande repercussão, que não constitui
FUNDAMENTAIS crime a interrupção da gravidez nestes casos. Ainda, o
julgamento somente autorizou a interrupção da gravi-
Os direitos fundamentais estão localizados no dez de feto portador de anencefalia, não se estenden-
do a nenhuma outra deficiência.1
título II da CF/88, do art. 5º ao art. 17, os quais estão
É importante ressaltar também que o STF decidiu
classificados em cinco grupos: direitos individuais e pela legitimidade da realização de pesquisas com
coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, a utilização de células-tronco2 embrionárias, obti-
direitos políticos e direitos relacionados à existência, das de embriões humanos produzidos por fertilização
organização e participação em partidos políticos. in vitro e não utilizados no respectivo procedimento,
Também são classificados em três dimensões de atendidas as condições estipuladas no art. 5º da Lei
11.105/2005, que estabelece as normas de segurança
direito, pois surgiram em épocas diferentes, tópico já
e maneiras de fiscalização das atividades que envol-
estudado neste material. Vamos relembrar: vam organismos geneticamente modificados. Nesse
sentido, o STF considerou que as mencionadas pesqui-
z Direitos Fundamentais de 1º dimensão:Direitos sas não violam direito à vida, vejamos o dispositivo
civis e políticos. mencionado:
z Direitos Fundamentais de 2º dimensão: Direitos
Lei 11.105 de 25 de março de 2005
sociais, econômicos e culturais.
Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia,
z Direitos Fundamentais de 3º dimensão: a utilização de células-tronco embrionárias obtidas
Fraternidade. de embriões humanos produzidos por fertilização

1 ADPF 54/DF Min Marco Aurélio, julgado em 11.04.2012, DJe 24.04.2013.


162 2 ADI 3.510/DF, rel. Min. Carlos Brito, julgamento em 29.05.2008, DJe em 05.06.2008
in vitro e não utilizados no respectivo procedimen- considerado um Estado laico e tem como base o plu-
to, atendidas as seguintes condições: ralismo político.
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou Art. 5° [...]
mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
congelados na data da publicação desta Lei, depois crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul-
de completarem 3 (três) anos, contados a partir da tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote-
data de congelamento. ção aos locais de culto e a suas liturgias;
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimento VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
dos genitores. assistência religiosa nas entidades civis e militares
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde que de internação coletiva;
realizem pesquisa ou terapia com células-tronco VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
embrionárias humanas deverão submeter seus vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
projetos à apreciação e aprovação dos respectivos política, salvo se as invocar para eximir-se de obri-
comitês de ética em pesquisa. gação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
§ 3º É vedada a comercialização do material prestação alternativa, fixada em lei;
biológico a que se refere este artigo e sua prática
implica o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, Liberdade de locomoção, localizado no inciso XV
de 4 de fevereiro de 1997. da CF, é um tópico muito importante e está ligado ao
direito de ir e vir, sendo que não é um direito abso-
luto, pois temos os casos de prisão previstos na lei, ou
seja, as diversas situações em que prisões são necessá-
Importante! rias deixam claro que o direito a locomoção não é um
As decisões do STF também são objeto de ques- direito absoluto.
tionamento em provas. Atualidade! Direito de ir e vir x Coronavírus
(Covid-19)
Aqui temos um tema muito comentado, o isola-
Direito à liberdade mento, ou seja, a proibição das pessoas de abrirem
suas próprias empresas, proibição de permanecerem
Trata-se de direito fundamental de primeira em praças, lugares públicos, isto é, seu direito de ir e
dimensão, ou seja, são os direitos fundamentais que vir limitado, entenda:
estão ligados ao valor liberdade, sendo eles: os direi-
tos civis e os direitos políticos.
Somente grupo de risco
Legalidade, previsto no art. 5º, II da CF, traz con- deve ficar isolado em casa.
sigo uma regra interessante: define qual a única ação Vertical
(idosos e pessoas com
que pode restringir a liberdade dentro do Brasil, ou problemas de saúde)
seja, todos têm liberdade de fazer ou deixar de fazer o
Isolamento
que convém a cada um, entretanto essa liberdade está
limitada na lei. Toda população deve ficar
Horizontal isolada em casa e empresas
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fechadas
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Se o direito à liberdade de locomoção é um direito
Liberdade de pensamento, previsto no inciso IV fundamental de ir e vir, pode-se proibir que a pessoas
da CF, determina a livre manifestação do pensamento, se locomovam? Mas e a constituição?
porém, é importante se atentar à parte final do inciso, No caso do covid-19, em 18 de março de 2020, foi
que veda o anonimato, por exemplo: um indivíduo vai aprovado pelo Congresso Nacional o decreto que colo-
até uma manifestação nas ruas com panos no rosto e ca o país em estado de calamidade pública, tendo em
comete atos ilícitos (como furto). vista a situação excepcional de emergência de saúde.
Para você entender melhor, vamos estudar por etapas.
Questão muito cobrada em provas.
Mas o que é calamidade pública?
Ainda sobre a liberdade de pensamento, é impor-
DIREITO CONSTITUCIONAL

tante mencionar que no Brasil a denúncia anônima O dicionário Aurélio assim define calamidade
é permitida. Contudo, o poder público não pode ini- “desgraça pública; grande infortúnio; catástrofe”, ou
ciar o procedimento formal tendo como base única seja, é um estado anormal resultante de um desastre
uma denúncia anônima. de natureza, pandemia ou até financeiro, situações
O STF considerou desnecessária a utilização em que o Governo Federal deve intervir nos outros
de diploma de jornalismo e registro profissional no Entes Federativos (entenda entes: Estados - DF e Muni-
Ministério do Trabalho como condição para o exercí- cípios) para auxiliar no combate a situação.
cio da profissão de jornalista, pois tem na sua essên- Ainda, conforme o Governo Federal, o reconhe-
cia a manifestação do pensamento.3 cimento do estado de calamidade pública é previsto
Liberdade de consciência e crença está localiza- para durar até 31 de dezembro de 2020, sendo que,
do no inciso VI, VII e VIII do art. 5º da CF. É importante é necessário “em virtude do monitoramento per-
mencionar que o Brasil não tem religião oficial, sendo manente da pandemia Covid-19, da necessidade de

3 STF RE/511961, Min. Gilmar Mendes, 17.06.2009. 163


elevação dos gastos públicos para proteger a saúde e prevista no art. 268 do código penal, que pune cri-
os empregos dos brasileiros e da perspectiva de queda minalmente a conduta de “infringir determinação do
de arrecadação”4 poder público, destinada a impedir introdução ou pro-
pagação de doença contagiosa”.
Entenda a explicação sobre calamidade pública: A liberdade de reunião, prevista no inciso XVI
do art. 5º da CF, deve ser pacífica e sem armas, bem
1º Decretado estado de Calamidade Pública, através como não deve frustrar outra reunião anteriormente
de aprovação das duas casas: Senado Federal e convocada para aquele local, tendo preferência quem
Câmara dos Deputados. Permite que o Executivo avisar primeiro, chamado o aviso prévio a autorida-
gaste mais do que o previsto e desobedeça às metas de competente, sendo diferente de autorização, pois a
fiscais para custear ações de combate à pandemia. reunião NÃO DEPENDE de autorização.
2º O Governo Federal já pode determinar quais medi- Liberdade de associação tem previsão no inci-
das de apoio serão tomadas. Com base na lei com- so XVII até o XXI do art. 5º da CF. É importante men-
plementar 101/2020. cionar que todos esses incisos já foram cobrados em
3º Governo Federal poderá: provas em geral. Cuidado com o texto constitucional,
como por exemplo:
Liberar recursos; enviar defesa civil militar; enviar
kits emergenciais. Art. 5º [...]
Estados podem: XVII - é plena a liberdade de associação para fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
z parcelar dívidas;
z atrasar execução de gastos; A expressão utilizada como “plena” no dispositivo
z não precisa fazer licitações. é no mesmo sentido de ser considerada livre a
liberdade de associação, desde que para fins lícitos.
Agora que entendemos como funciona o estado
de calamidade pública, vamos à análise do direito de Por conseguinte, o texto constitucional prevê a
locomoção que foi restringido. possibilidade de criação de associações e cooperati-
Primeiramente, é importante mencionar que vas, independente de autorização. Ainda, só poderão
nenhum direito fundamental pode ser considerado ser dissolvidas ou ter suspensas as atividades por
absoluto (quando dizemos isso, significa que esse decisão judicial. Bem como, ninguém pode ser obriga-
direito pode ser violado, desde que cumpra alguns do a associar-se ou permanecer associado. Por fim, o
requisitos), e a proporcionalidade de cada situação texto constitucional autoriza desde que expressamen-
deve ser observada. te autorizado, a representação dos associados pelas
O interesse da coletividade deve ser sempre entidades associativas.
observado e ter preferência em relação ao direito
do particular, com o objetivo de aplicar o denomina- Igualdade
do princípio da supremacia do interesse público
sobre o particular, que inclusive é um dos principais Princípio da igualdade, previsto também no caput
princípios do direito administrativo. do art. 5º da CF, é muito importante, e, deste princípio,
Aqui cabe mencionar também o art. 196 da CF, que inúmeros outros decorrem diretamente, conforme
prevê o direito a saúde como sendo um dever do Esta- veremos a seguir.
do (no sentido de nação politicamente organizada, ou
seja, é um dever do País/Governo Federal). Igualdade na lei x igualdade perante a lei

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Esta- A igualdade na lei vincula o legislador a tratar
do, garantido mediante políticas sociais e econômi- todos da mesma forma ao criar as normas, já a igual-
cas que visem à redução do risco de doença e de dade perante a lei significa que quem administra o
outros agravos e ao acesso universal e igualitário Estado também deve observar o princípio da igual-
às ações e serviços para sua promoção, proteção e dade, por exemplo, o poder executivo ao adminis-
recuperação. trar e o poder judiciário ao julgar. Importante frisar
que o princípio da igualdade também tem efeitos aos
Ainda, cabe mencionar o princípio da proporcio- particulares.
nalidade, o qual tem como finalidade equilibrar os
direitos individuais com os da sociedade, exatamente Igualdade formal x igualdade material
como no caso que aqui estamos analisando.
Ou seja, no caso em tela, pode-se proibir, confor- A igualdade formal, ou também chamada de
me os requisitos demonstrados na situação atual para igualdade jurídica, significa que todos devem ser
provas: direito de ir e vir é um direito fundamen- tratados da mesma forma. Já a igualdade material
tal, mas fique atento: direito fundamental de ir e significa tratar igual os iguais e os desiguais com desi-
vir não é um direito absoluto! No caso da violação gualdade, na medida de suas desigualdades, ou seja, é
desse direito em face do covid-19, foi observado o uma forma de proteção a certos grupos sociais, certos
princípio da proporcionalidade e o princípio da grupos de pessoas que foram discriminadas ao longo
supremacia do interesse público sobre o particular. da história do Brasil. Isso ocorre por meio das chama-
Lembrando que o desrespeito a qualquer medida das ações afirmativas, que visam, por meio da políti-
imposta configura como crime contra a saúde pública ca pública, reduzir os prejuízos. Por exemplo, temos o
4 Disponível em <https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/2020/copy_of_nota-a-imprensa> Acesso em: 10 out
164 2020.
sistema de cotas para os afrodescendentes nas univer- obrigações positivas, e também as chamadas obriga-
sidades públicas. Sobre o tema, o STF já se posicionou ções de não fazer, chamadas obrigações negativas, e,
pela constitucionalidade, e a decisão foi tomada no nos casos em que a lei não dispuser obrigação algu-
julgamento do Recurso Extraordinário (RE 597285), ma, é dado ao particular fazer o que bem entender,
com repercussão geral, em que um estudante questio- ou seja, não havendo qualquer proibição disposta em
nava os critérios adotados pela UFRGS para reserva lei, o particular está livre para agir, vigorando nesse
de vagas.5 ponto o princípio da autonomia da vontade.
Referente ao poder público, o conteúdo do prin-
Igualdade nos concursos públicos cípio da legalidade é outro: esse tem a ideia de que
o Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo de que
Tem como base o também chamado princípio da governar é atividade a qual a realização exige a edição
isonomia, o qual deve ser rigorosamente observado de leis, sendo que, o poder público não pode atuar,
sob pena de nulidade da prova a ser realizada pelo nem contrário às leis, nem na ausência da lei.
respectivo concurso público.
Entretanto, alguns concursos exigem, por exem- Inviolabilidade
plo, idade, altura e etc. Note que todas as exigências
contidas no edital que façam distinção entre as pes- Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da
soas somente serão lícitas e constitucionais desde honra e da imagem das pessoas tem previsão no art.
que preencham dois requisitos: 5º, inciso X da CF, vejamos:

a) Deve estar previsto em lei – igualdade formal; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
b) Deve ser necessário ao cargo. a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral
Como por exemplo, concurso para contratação de decorrente de sua violação;
agente penitenciário para presídio feminino e o edi-
tal constar que é permitido somente mulheres para Essa proteção se refere às pessoas físicas ou jurí-
investidura do cargo. dicas, abrangendo inclusive a proteção necessária à
Exemplo muito comentado também é sobre a proi- própria imagem frente aos meios de comunicação em
bição de tatuagem contida nos editais de concurso massa (televisão, jornais etc.).
público, sobre o tema o STF assim entendeu: “Editais
de concurso público não podem estabelecer restrição Inviolabilidade domiciliar tem previsão no inciso
a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcio-
XI do art. 5º da CF:
nais, em razão de conteúdo que viole valores constitu-
cionais”, foi à tese de repercussão geral fixada.6
Art. 5º [...]
Entenda: tatuagem que viole os princípios consti- XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
tucionais e os princípios do Estado brasileiros. Exem- nela podendo penetrar sem consentimento do
plo: tatuagem de suástica nazista. morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
União estável homoafetiva dia, por determinação judicial;

Tema muito comentado e, em 2011, o STF se posi-


cionou sobre o reconhecimento da união estável para Importante!
casais do mesmo sexo, decisão tomada sob o argu-
mento que o artigo 3º, inciso IV, da CF veda qual- Memorize que como dia entende-se o período
quer discriminação em virtude de sexo, raça, cor das 6h às 18h.
e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuí-
do ou discriminado em função de sua orientação
sexual. “O sexo das pessoas, salvo disposição contrá- Note que existem exceções à inviolabilidade: fla-
ria, não se presta para desigualação jurídica”, con- grante delito, desastre, prestação de socorro e deter-
clui-se, portanto, que qualquer depreciação da união minação judicial. Convém lembrar também que, de
estável homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV acordo com o magistério jurisprudencial do STF, o
do artigo 3º da CF.7 conceito de “casa” é amplo, abarcando qualquer com-
partimento habitado (casa, apartamento, trailer ou
DIREITO CONSTITUCIONAL

Legalidade barraca); qualquer aposento ocupado de habitação


coletiva (hotel, apart-hotel ou pensão), bem como
Princípio da legalidade está previsto no art. 5º, qualquer compartimento privado onde alguém exerça
inciso II da CF, e preceitua que “ninguém será obriga- profissão ou atividade, incluindo as pessoas jurídicas.
do a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em O STF, em relevante julgamento com repercussão
virtude de lei”. Note que, quando se fala em princípio geral (art. 102, § 3° da CF), firmou compreensão no
da legalidade, se está falando no âmbito particular e sentido de que pode ocorrer a inviolabilidade mes-
não da administração pública. mo no período noturno – fundamentada e devi-
No tocante aos particulares, o princípio da lega- damente justificada, se indicado que no interior na
lidade quer dizer que apenas a lei tem legitimidade casa se está praticando algum crime, ou seja, em esta-
para criar obrigações de fazer, também chamadas de do de flagrante delito.
5 RE 597285, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09.05.2012, DJe 21.05.2012.
6 Recurso Extraordinário 898450 Tema de Repercussão Geral. STF. Min. Luiz Fux, julgado em 17.08.2016.
7 STF. ADI 4277 e ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05.05.2011, DJe 06.05.2011. 165
É importante frisar que, se o agente policial entrar As correspondências são invioláveis, com exce-
na residência e não constatar a ocorrência de crime ção nos casos de decretação de estado de defesa
em flagrante, não haverá ilicitude na conduta dos e de sítio (arts. 136 e seguintes da CF). É importante
agentes policiais se forem apresentadas fundadas mencionar também que o STF já reconheceu a possi-
razões que os levaram a invadir aquela casa, o que, bilidade de interceptar carta de presidiário, pois a
sem dúvida, deve ser objeto de controle – mesmo que inviolabilidade de correspondência não pode ser usa-
posterior – por parte da própria polícia e, claro, pelo da como defesa para atividades ilícitas.8
Ministério Público (a quem compete exercer o con- Possibilidade de interceptação telefônica:
trole externo da atividade policial, nos termos do art. interceptação telefônica é a captação e gravação de
129, VII, da CF) ou mesmo pelo Judiciário, ao analisar- conversa telefônica, no momento em que ela se reali-
-se a legitimidade de eventual prova colhida durante za, por terceira pessoa sem o conhecimento de qual-
essa entrada à residência. quer um dos interlocutores, conforme prevê exceção
Sobre a entrada forçada em domicílio, o STF assim do inciso XII do art. 5º da CF acima mencionado, que
considerou: para ser lícita deve obedecer três requisitos:
A entrada forçada em domicílio sem mandado
judicial só é lícita, mesmo em período noturno, Ordem Judicial;
quando amparada em fundadas razões, devida- Para fins de investigação
mente justificadas “a posteriori”, que indiquem que Interceptação telefônica criminal;
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, Hipóteses e formas que a
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e lei estabelecer.
penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos
atos praticados. Ainda, a interceptação telefônica dependerá de
Essa a orientação do Plenário, que reconheceu a ordem judicial, conforme art. 1º da Lei 9.926/96.
repercussão geral do tema e, por maioria, negou pro-
vimento ao recurso extraordinário em que se discutia, Art. 1º A interceptação de comunicações telefôni-
à luz do art. 5º, XI, LV e LVI, da Constituição, a legalida- cas, de qualquer natureza, para prova em investi-
de das provas obtidas mediante invasão de domicílio gação criminal e em instrução processual penal,
por autoridades policiais sem o devido mandado de observará o disposto nesta Lei e dependerá de
busca e apreensão. O acórdão impugnado assentara ordem do juiz competente da ação principal, sob
o caráter permanente do delito de tráfico de drogas segredo de justiça.
e mantivera condenação criminal fundada em busca Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à
domiciliar sem a apresentação de mandado de busca interceptação do fluxo de comunicações em siste-
e apreensão. A Corte asseverou que o texto constitu- mas de informática e telemática.
cional trata da inviolabilidade domiciliar e de suas
exceções no art. 5º, XI (“a casa é asilo inviolável do O segundo requisito necessário exige que a pro-
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem con- dução desse meio de prova seja dirigida para fins de
sentimento do morador, salvo em caso de flagrante investigação criminal ou instrução processual penal,
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, duran- assim, não é possível a autorização da interceptação
te o dia, por determinação judicial”). Seriam estabele- telefônica em processos civis, administrativos, disci-
cidas, portanto, quatro exceções à inviolabilidade: a) plinares e etc.
Já o último requisito refere-se a uma lei que deve
flagrante delito; b) desastre; c) prestação de socorro;
prever as hipóteses e a forma em que pode ocorrer a
e d) determinação judicial. A interpretação adotada
interceptação telefônica, obrigatoriamente no âmbi-
pelo STF seria no sentido de que, se dentro da casa
to de investigação criminal ou instrução processual
estivesse ocorrendo um crime permanente, seria viá- penal.
vel o ingresso forçado pelas forças policiais, indepen- A regulamentação deste dispositivo veio com a Lei
dentemente de determinação judicial. Isso se daria 9.296/1996, que legitimou a interceptação das comu-
porque, por definição, nos crimes permanentes, have- nicações como meio de prova, estendendo também
ria um interregno entre a consumação e o exaurimen- a sua regulamentação à interceptação de fluxo de
to. Nesse interregno, o crime estaria em curso. Assim, comunicações em sistemas de informática e telemáti-
se dentro do local protegido o crime permanente esti- ca (combinação de meios eletrônicos de comunicação
vesse ocorrendo, o perpetrador estaria cometendo com informática, e-mail e outros).
o delito. Caracterizada a situação de flagrante, seria
viável o ingresso forçado no domicílio. (RE 603616/RO, Direito de propriedade
rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5.11.2015 e DJe
13.11.2015) Está amparado junto ao caput e inciso XXII do art.
A inviolabilidade das correspondências e comu- 5º, bem como no inciso II do art. 170, ambos da CF.
nicações tem como previsão o inciso XII do art. 5º da
CF, vejamos. Art. 5º, [...] XXII - é garantido o direito de
propriedade;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das Art. 170. A ordem econômica, fundada na valoriza-
comunicações telegráficas, de dados e das comuni- ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
cações telefônicas, salvo, no último caso, por por fim assegurar a todos existência digna, con-
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei forme os ditames da justiça social, observados os
estabelecer para fins de investigação criminal ou seguintes princípios:
instrução processual penal; II - propriedade privada;

166 8 STF. HC 70.814-5/SP, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 24.06.1994.


O direito de propriedade assegurado na constitui- Direito de informação
ção como direito constitucional abrange tanto os bens
corpóreos quanto os incorpóreos. Instrumento de natureza administrativa, derivado
Bens corpóreos são os bens possuidores de do princípio da publicidade da atuação da administra-
existência física, são concretos e visíveis, como por ção pública, o qual tem como objetivo a atuação trans-
exemplo, uma casa, um automóvel etc. Já os bens parente em decorrência da própria indisponibilidade
incorpóreos, são bens abstratos que não possuem do interesse público, disciplinado nos incisos XXXIII
existência física, ou seja, não são concretos, mas pos- e LXXII do art. 5º da CF e Lei 9507/1997 que regula o
suem um valor econômico, como por exemplo, pro- direito de acesso a informações e disciplina o rito pro-
priedade intelectual, direitos do autor e etc. cessual do habeas data.
Em relação à propriedade de bens incorpóreos,
refere-se à específica proteção constitucional a deno- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
minada propriedade intelectual, a qual abrange os públicos informações de seu interesse parti-
cular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
direitos de autor e os direitos relativos à propriedade
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabi-
industrial, como a proteção de marcas e patentes.
lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
cindível à segurança da sociedade e do Estado;
Desapropriação
Direito de certidão
Como característica dos direitos fundamentais, o
direito de propriedade também não é um direito abso- O Estado é obrigado a fornecer as informações
luto. Apesar da exigência de que a propriedade aten- solicitadas, com exceção nas hipóteses de proteção
da uma função social, há outras hipóteses em que por sigilo. Caso haja uma violação desse direito, que
o interesse público pode justificar a imposição de é líquido e certo, o remédio constitucional cabível é o
limitações. mandado de segurança, tema também abordados no
Ao elaborar a Constituição, o legislador se preo- título Garantias Constitucionais.
cupou em atribuir tratamento especial à política de O direito de certidão tem previsão no inciso XXXIV,
desenvolvimento urbano. Referente à desapropria- “b” do art. 5º da CF, e assegura a todos, independente
ção de imóvel rural, somente é lícita a desapropria- do pagamento de taxas, o seguinte:
ção para fins de interesse social, ou seja, imóvel
rural que não estiver cumprindo sua função social XXXIV - são a todos assegurados, independente-
é desapropriado. mente do pagamento de taxas:
Nesse sentido, é importante verificar a importân- [...]
cia do art. 5°, XXIV, que determina o poder geral de b) a obtenção de certidões em repartições públi-
desapropriação por interesse social. Ora, desde que cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
seja paga a indenização mencionada neste artigo, situações de interesse pessoal;
qualquer imóvel poderá ser desapropriado por inte-
resse social para fins de reforma agrária. Importante frisar aqui que, conforme entendi-
mento dos Tribunais, já se consolidou o entendimen-
Defesa do consumidor to no sentido de que não se exige do administrado a
demonstração da finalidade específica do pedido.
Conforme prevê o art. 5º, inciso XXXII da CF “o esta-
do promoverá, na forma da lei, a defesa do consumi- Direito adquirido, coisa julgada e ato jurídico perfeito
dor”. Tema também mencionado no art. 170, inciso V
da CF, o qual estabeleceu como princípio fundamental Assim prevê o inciso XXXVI do art. 5º da CF: “a lei
de nossa ordem econômica a “defesa do consumidor”. não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico per-
feito e a coisa julgada”. Entenda:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valoriza- Direito adquirido é aquele direito que cumpriu
ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem todos os requisitos previstos em lei, como por exem-
por fim assegurar a todos existência digna, con- plo, o homem que cumpriu todos os requisitos exi-
forme os ditames da justiça social, observados os gidos para concessão da aposentadoria por idade,
seguintes princípios: conforme determina o art. 201, § 7º, I da CF, tem o
[...] direito adquirido para requerer seu benefício.
DIREITO CONSTITUCIONAL

V - defesa do consumidor;
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral
Ainda, assim que foi promulgada a Constituição de previdência social, nos termos da lei, obedecidas
em 1988, o legislador se preocupou em estipular um as seguintes condições:
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e
prazo de cento e vinte dias para que o legislador ela-
62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, obser-
borasse o Código de Defesa do Consumidor, exigência
vado tempo mínimo de contribuição;
estipulada por meio do nº 48 da ADCT. (Ato das Dis-
posições Constitucionais Transitórias. São regras que esta- Ato jurídico perfeito é o ato já realizado, confor-
belecem a harmonia da transição do regime constitucional me a lei vigente ao tempo que se realizou, pois nes-
anterior – 1969, para o novo regime - 1988). te caso já cumpriu todos os requisitos conforme a lei
Entretanto, o prazo exigido não foi observado e o vigente na época, tornando-se, portanto, completo.
Código de Defesa do Consumidor foi publicado ape- Coisa julgada ocorre no âmbito do processo judi-
nas dois anos após a publicação da Constituição – Lei cial, decisão judicial a qual não cabe mais recurso, tor-
8.078/1990. nando-a imutável e indiscutível. 167
Júri popular perde seus efeitos após findar situação irregular
que a motivou.
A nossa carta magna reconhece no seu inciso XXX-
z Lei temporária vigorou até extinguir o prazo
VIII a instituição do júri, que é visto como uma prerro-
de duração fixado pelo legislador, por exemplo,
gativa democrática do cidadão, e que exige que o réu
uma lei que fixa a tabela de preços de artigos de
deve ser julgado pelos seus semelhantes. O tribunal
consumo.
é composto por um juiz togado e vinte cinco jurados
que serão sorteados dentre os alistados.
Crimes
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
O legislador originário também se preocupou em
organização que lhe der a lei, assegurados:
mencionar e observar crimes de tortura, tráfico ilíci-
a) a plenitude de defesa;
to de drogas, terrorismo e a ação de grupos armados
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
contra ordem constitucional.
d) a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida; XLII - a prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
Destarte, a competência mencionada na alínea “d”
não é absoluta, pois não abrange os crimes pratica-
Entenda. A pena de reclusão é a pena prevista
dos contra a vida perpetrados por detentores de foro
para os casos mais graves, o qual o regime inicial será
especial por prerrogativa de função, que deverão ser
fechado, em prisão de segurança máxima.
julgados por tribunais específicos conforme previsto
na Constituição.
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
Ainda, o foro especial por prerrogativa de fun- insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor-
ção se refere ao órgão competente para julgar ações tura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
penais contra certas autoridades públicas, levando-se afins, o terrorismo e os definidos como crimes
em conta o cargo ou a função que elas ocupam, de hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
modo a proteger a função e a coisa pública, ou seja, executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
por ligar-se à função e não à pessoa, essa forma de
determinar o órgão julgador competente não acompa- Crimes hediondos são aqueles que a legislação
nha a pessoa após o fim do exercício do cargo. entende que geram maior reprovação por parte da
sociedade, assim merecem uma rigidez maior. Não
Princípio da legalidade penal e da retroatividade da são necessariamente crimes cometidos com alto grau
lei de violência ou crueldade, mas sim os crimes previs-
tos expressamente no art. 1º da Lei 8.072/90.
Princípio da legalidade penal, com previsão no O homicídio qualificado é o primeiro mencionado
inciso XXXIX do art. 5º da CF, também chamado de na legislação, ou seja, quando praticado em circuns-
princípio da reserva legal, refere-se à aplicação do tância que revele perversidade – por exemplo, se o
princípio da legalidade, de forma mais específica no crime é praticado por motivo fútil ou torpe.
âmbito do direito penal. Bem como, o homicídio praticado por grupo de
Nesse sentido, crime será a conduta delituosa pre- extermínio também está no rol dos crimes hediondos,
vista exclusivamente em lei, da mesma forma que a mesmo que cometido por uma só pessoa do grupo.
cominação da pena, a qual não é admissível à configu-
ração de crime baseado nos costumes. XLIV - constitui crime inafiançável e impre-
scritível a ação de grupos armados, civis ou
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, militares, contra a ordem constitucional e o Estado
nem pena sem prévia cominação legal; Democrático;

Princípio da retroatividade da lei tem previsão no Entenda. Prescrição é a perda do direito


inciso XL do art. 5º da CF, o qual consiste em analisar de punir do Estado pelo seu não exercício em
determinado lapso de tempo.
um fato passado à luz de um direito presente, esta-
Em 2015, duas leis incluíram, no rol de cri-
belece que os fatos sejam apreciados com base na lei
mes hediondos, o assassinato de policiais e o
em vigor no tempo do crime. Assim, a lei aplicável é a
feminicídio.
lei do tempo do crime, ou seja, na regra geral, as nor-
Em 2019 houve alterações na legislação penal e
mas penais não retroagem, salvo se trouxerem algum
processual diante da aprovação da Lei nº 13.964, tam-
tipo de benefício para o réu.
bém chamada de Pacote Anticrime, nessa oportuni-
dade houve a inclusão de crimes no rol dos crimes
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para benefi-
hediondos.
ciar o réu;
Veja quais foram os crimes incluídos:
Cuidado, aqui tem um exemplo de exceção da
II – roubo:
exceção: Crimes praticados durante a vigência de lei a) circunstanciado pela restrição de liberdade
temporária ou excepcional não podem ser beneficia- da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
dos pela retroatividade da lei mais benéfica. Entenda: b) circunstanciado pelo emprego de arma de
fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de
z Lei excepcional é a lei criada para regular fatos arma de fogo de uso proibido ou restrito (art.
168 ocorridos dentro de uma situação irregular, a qual 157, § 2º-B);
III – extorsão qualificada pela restrição da liber- Direito à segurança, localizado no art. 5º (direi-
dade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou to individual) e art. 6º (direito social), entenda a
morte (art. 158, § 3º); diferença:
IX – furto qualificado pelo emprego de explo- Segurança mencionada no art. 5º da CF se refere
sivo ou de artefato análogo que cause perigo a segurança jurídica, já a segurança mencionada no
comum (art. 155, § 4º-A). art. 6º da CF, refere-se ao direito à segurança pública.
III – o crime de comércio ilegal de armas de
fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de Direitos sociais para os trabalhadores
dezembro de 2003;
IV – o crime de tráfico internacional de arma de Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; condição social:
V – o crime de organização criminosa, quando I - relação de emprego protegida contra despedida
direcionado; arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensa-
Fique atento com os artigos mencionados acima tória, dentre outros direitos;
e as novidades legislativas, são temas preferidos de II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
bancas examinadoras. involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
DIREITOS SOCIAIS IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
Os direitos sociais tem previsão no art. 6º ao 11º
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
da Constituição, e também podem ser encontrados no
ne, transporte e previdência social, com reajustes
título VIII da Constituição Federal, que trata da ordem periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
social. sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
São direitos que pertencem à segunda geração dos V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
direitos fundamentais, ou seja, da dimensão que tra- plexidade do trabalho;
ta dos direitos da democracia e informação, e alguns VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
doutrinadores também os chamam de liberdades convenção ou acordo coletivo;
positivas, quando o Estado precisa deixar de ser omis- VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
so com o objetivo de assegurar uma compensação para os que percebem remuneração variável;
resultante da desigualdade entre as pessoas. VIII - décimo terceiro salário com base na remune-
Os direitos sociais exigem uma atuação do Estado ração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à
em face da desigualdade social e tem aplicabilidade
do diurno;
imediata. Nesse sentido, com o objetivo de garantir a
X - proteção do salário na forma da lei, constituin-
igualdade formal (ou também chamada de igualdade do crime sua retenção dolosa;
jurídica, conforme prevê na CF/88, significa que todos XI - participação nos lucros, ou resultados, desvin-
devem ser tratados da mesma forma). culada da remuneração, e, excepcionalmente, par-
Ainda, a Constituição dividiu os direitos sociais em ticipação na gestão da empresa, conforme definido
três espécies: em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente
a) Direitos sociais destinados a toda sociedade; (Art. do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
6º da CF) XIII - duração do trabalho normal não superior a
b) Direitos sociais para os trabalhadores; (Art.7° da oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
CF) facultada a compensação de horários e a redução
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva
c) Direitos sociais coletivos dos trabalhadores. (Art.
de trabalho;
8º ao 11º da CF)
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realiza-
do em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
Direitos sociais destinados a toda sociedade negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencial-
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a mente aos domingos;
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, XVI - remuneração do serviço extraordinário
o lazer, a segurança, a previdência social, a prote- superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
DIREITO CONSTITUCIONAL

ção à maternidade e à infância, a assistência aos normal;


desamparados, na forma desta Constituição. XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal;
Direitos garantidos para toda sociedade brasileira, XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego
com exceção, por exemplo, da previdência social, que e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
neste caso só terá benefício quem for contribuinte e XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
preencher todos os requisitos legais exigidos. XX - proteção do mercado de trabalho da mulher,
mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
Direito à propriedade x direito à moradia sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
Na sua prova, cuidado! Direito de propriedade é meio de normas de saúde, higiene e segurança;
um direito individual, conforme já estudado neste XXIII - adicional de remuneração para as atividades
material, já o direito à moradia é um direito social, penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
localizado no caput do art. 6º da CF/88. XXIV - aposentadoria; 169
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes II - é vedada a criação de mais de uma organização
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em sindical, em qualquer grau, representativa de cat-
creches e pré-escolas; egoria profissional ou econômica, na mesma base
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos territorial, que será definida pelos trabalhadores
coletivos de trabalho; ou empregadores interessados, não podendo ser
XXVII - proteção em face da automação, na forma inferior à área de um Município;
da lei; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inter-
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a esses coletivos ou individuais da categoria, inclu-
cargo do empregador, sem excluir a indenização a sive em questões judiciais ou administrativas;
que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou IV - a assembléia geral fixará a contribuição que,
culpa; em se tratando de categoria profissional, será des-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das contada em folha, para custeio do sistema con-
relações de trabalho, com prazo prescricional de federativo da representação sindical respectiva,
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, independentemente da contribuição prevista em lei;
até o limite de dois anos após a extinção do contra- V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
to de trabalho; filiado a sindicato;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercí- VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
cio de funções e de critério de admissão por motivo negociações coletivas de trabalho;
de sexo, idade, cor ou estado civil; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
XXXI - proibição de qualquer discriminação no votado nas organizações sindicais;
tocante a salário e critérios de admissão do traba-
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindical-
lhador portador de deficiência;
izado a partir do registro da candidatura a cargo
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
de direção ou representação sindical e, se eleito,
técnico e intelectual ou entre os profissionais
ainda que suplente, até um ano após o final do man-
respectivos;
dato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli-
insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
cam-se à organização de sindicatos rurais e de
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
colônias de pescadores, atendidas as condições que
de aprendiz, a partir de quatorze anos;
a lei estabelecer.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
com vínculo empregatício permanente e o trabalha- Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
dor avulso aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
trabalhadores domésticos os direitos previstos dele defender.
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e e disporá sobre o atendimento das necessidades
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em inadiáveis da comunidade.
lei e observada a simplificação do cumprimento § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
das obrigações tributárias, principais e acessórias, às penas da lei.
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari- Art. 10. É assegurada a participação dos tra-
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV balhadores e empregadores nos colegiados dos
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência órgãos públicos em que seus interesses profission-
social. ais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.
O mencionado dispositivo aborda os direitos dos Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empre-
trabalhadores de uma forma genérica, pois todos são gados, é assegurada a eleição de um representante
tratados de forma especifica em legislação especial. destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes
Cabe ressaltar aqui neste tópico que os examina- o entendimento direto com os empregadores.
dores das bancas gostam muito de perguntar datas e
questões numéricas. Por exemplo, um tema sempre As garantias deste último grupo de direitos sociais
muito cobrado em provas é sobre a prescrição traba- estão divididas em: direito de associação sindical,
lhista, ou seja, referente ao prazo máximo para entrar direito de greve e direito de representação.
com a reclamação trabalhista após o termino do con- Direito de associação sindical tem relação com o
trato de trabalho para discutir os últimos cinco anos, princípio da liberdade de associação. Direito de greve,
ou seja, os créditos trabalhistas prescrevem nos últi- citado no art. 9º, não é o mesmo direito de greve asse-
mos cinco anos. gurado ao servidor público no art. 37 da CF, ou seja, a
greve mencionada no art. 9º é autoaplicável (norma
de eficácia contida), não preciosa de lei para regula-
Prazo para entrar com reclamação trabalhista: 2 anos.
mentar o direito de greve. Já o direito de representa-
Prescrição dos créditos: últimos 5 anos.
ção, fique atento com os números também, como por
exemplo, no art. 11º da CF.
DIREITOS SOCIAIS COLETIVOS DOS
TRABALHADORES
NACIONALIDADE
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
observado o seguinte: Ligação que une um indivíduo a cada território.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado Grande parte dos países determina o modo de aqui-
para a fundação de sindicato, ressalvado o regis- sição e perda da nacionalidade em suas respectivas
tro no órgão competente, vedadas ao Poder Públi- constituições.
co a interferência e a intervenção na organização A nacionalidade é considerada pela CF/88 um
170 sindical; direito fundamental, e tem previsão no título II da CF.
O Brasil adota dois critérios para definir a aquisi- z �Oficial das Forças Armadas;
ção da nacionalidade brasileira: z �Ministro de Estado da Defesa.

z jus solis: atribui nacionalidade ao território onde Naturalizados


o indivíduo nasce.
z jus sanguinis: atribui a nacionalidade ao vínculo Neste caso, o indivíduo não tem vínculo, nem de
sanguíneo. solo, nem de sangue, com o Brasil, mas quer tornar-
-se brasileiro, simplesmente por vontade, ou seja, é o
Brasileiro nato estrangeiro que optou pela nacionalidade brasileira
(art. 12, inciso II da CF).
Conforme prevê o art. 12, inciso I da CF, é conside-
rado brasileiro nato: z Estrangeiros provenientes de países de língua
portuguesa devem ter um ano de residência no
z Nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, Brasil e idoneidade moral.
desde que estes não estejam a serviço de seu
país. Ex.: Portugal, Angola, Cabo Verde e etc.

Atenção: No que diz respeito à necessidade de z Nacionalidade extraordinária: para os demais


ambos os genitores estrangeiros estarem a serviço estrangeiros, deve-se ter 15 anos de residência
do país, entende-se que deve haver a verificação do ininterrupta e ausência de condenação penal.
fato do deslocamento desse Estado (país) ao Brasil ter
ocorrido em virtude de interesse do seu país. Ainda O Supremo Tribunal Federal entende que a natu-
que um deles não exerça função governamental, por ralização extraordinária é ato declaratório do Brasil.
exemplo: Estrangeiro que provar os requisitos necessários,
Pais argentinos, a serviço da Argentina – nesse ou seja, possuir 15 anos de residência ininterrupta e
caso o filho nascido no Brasil não será brasileiro nato9. ausência de condenação penal, tem o direito subjetivo
Pais argentinos a serviço do Uruguai – nesse caso à naturalização. Negado este pedido, caberá Mandado
o filho nascido no Brasil será brasileiro nato, pois de Segurança.
os pais não estão a serviço de seu país (no exemplo Importante mencionar também a leitura do Esta-
Argentina). tuto do Estrangeiro, a Lei nº 6.815/1980.

z Nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, Perda da nacionalidade


desde que qualquer um deles esteja a serviço
do Brasil; Conforme art. 14 §4º da CF/88, tanto o brasilei-
ro nato, quanto o naturalizado, poderá perder a sua
Neste caso o termo a “serviço da República Fede- nacionalidade.
rativa do Brasil” engloba a serviço da administração Existem dois instrumentos que podem ser usados
direta e indireta da União, Estados, Distrito Federal e para decretar a perda da nacionalidade brasileira:
Municípios.
a) Sentença Judicial transitada em julgado: esta
z Nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe alcança apenas o brasileiro naturalizado que feriu
brasileira, desde que sejam registrados em repar- o interesse nacional. Neste caso, o indivíduo que
tição brasileira competente (embaixada ou con- perdeu a nacionalidade poderá apenas readqui-
sulado) ou venham a residir no Brasil e optem, ri-la por meio de uma ação, chamada de Ação
em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. Rescisória.10

Atenção: O filho poderá optar pela nacionalidade b) Alcança brasileiro nato e naturalizado que
brasileira observando três requisitos cumulativos: adquire voluntariamente outra nacionalidade,
este ato engloba tanto a aceitação quanto o pedido
1. Idade mínima: 18 anos; da naturalização oferecida por outro país. Neste
2. Residência no Brasil; caso, existem duas exceções, ou seja, existem dois
3. Obedecendo aos dois requisitos acima, deve- casos em que é permitida a dupla cidadania:
DIREITO CONSTITUCIONAL

-se optar a qualquer tempo pela nacionalidade b.1) Reconhecimento da nacionalidade pela lei
brasileira. estrangeira;
b.2) Imposição por outro país, como condição
A Constituição Federal em seu art. 12 §3º determi- de permanência em seu território ou para
na quais os cargos que são PRIVATIVOS para brasilei- exercício dos direitos civis. Exemplo: atletas/
ro nato, vejamos: jogadores de futebol quando são “vendidos” e
representam times estrangeiros.
z �Presidente e Vice-Presidente da República;
z �Presidente da Câmara dos Deputados; Dica
z �Presidente do Senado Federal;
z �Ministro do STF; Atualmente compete ao Ministro da Justiça
z �Carreira Diplomática; declarar a perda e a requisição da nacionalidade.
9 Observe nos exemplos como pode ser cobrada a matéria na prova.
10 Ação rescisória é um meio processual que tem o objetivo de desconstituir ou revogar acórdão ou sentença transitada em julgado. 171
Ainda, o art. 5º, inciso LI da CF, dispõe que nenhum deportação de brasileiros no Brasil (art. 5º, inciso XV
brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, da CF).
em caso de crime comum, praticado antes da natura-
lização, ou se comprovado envolvimento em tráfico XV - é livre a locomoção no território nacional em
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
Importante frisar que o brasileiro nato não pode mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
ser extraditado. Se for o caso, deve ser entregue ao com seus bens;
TPI-Tribunal Penal Internacional, sendo que, podem
ser entregues ao TPI os brasileiros natos, naturaliza- Note que a deportação não tem relação com a prá-
dos e estrangeiros. tica do estrangeiro em território brasileiro, mas sim,
Ainda, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal do não cumprimento dos requisitos legais para sua
Internacional, decreto lei nº 4388/2002, em seu art. entrada.
102, define a diferença entre a entrega e extradição, Bem como, não existe mais o instituto do banimen-
vejamos: to, que era o envio compulsório de brasileiros para o
exterior. Observe também que há vedação constitu-
a) Por “entrega”, entende-se a entrega de uma pessoa cional de seu reestabelecimento no art. 5º, XLVII, d,
por um Estado ao Tribunal nos termos do presente da CF.
Estatuto.
b) Por “extradição”, entende-se a entrega de uma pessoa CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS
por um Estado a outro Estado, conforme previsto em
um tratado, em uma convenção ou no direito interno. Tem regras fixadas pela constituição no Capítulo
IV referente à participação popular no processo polí-
CONSIDERAÇÕES REFERENTE À NACIONALIDADE tico, Art. 14 e seguintes da Constituição.
Os direitos políticos conferidos à população brasi-
Extradição leira são o sufrágio universal, o voto direto e secreto
e a participação em plebiscitos, referendos ou inicia-
Entrega de um Estado (país) a outro Estado (país) tivas populares.
de pessoa acusada de delito ou já condenada. Note Sufrágio universal é o direito de homens e mulhe-
que, conforme a súmula 421 do STF, não há impedi- res naturalizados ou nascidos em um país de partici-
mento à extradição o fato de o extraditado ser casado par das eleições, ou seja:
com brasileira ou ter filho brasileiro. Capacidade eleitoral ativa: direito de votar;
Conforme prevê o art. 22, inciso XV da CF, compete Capacidade eleitoral passiva: direito de ser votado.
à União legislar sobre extradição.
A constituição brasileira também dispõe que
Condições de elegibilidade
“nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura-
lizado, em caso de crime comum, praticado antes da
Conforme art. 14, § 3º da CF, são condições de elegi-
naturalização, ou de comprovado envolvimento em
bilidade, na forma da lei:
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
ma da lei.” Bem como, “não será concedida extradição
de estrangeiro por crime político ou de opinião” (art. Nacionalidade brasileira;
5º, incisos LI e LII da CF). Não ter direitos políticos cassados;
Ainda, o art. 102, I, g da CF, dispõe que o Supremo Alistamento eleitoral;
ELEGIBILIDADE
Tribunal Federal será o responsável por processar e Domicilio eleitoral na circunscrição
correspondente;
julgar a extradição solicitada pelo Estado estrangeiro.
Filiação partidária.

Expulsão
A constituição também define a idade mínima que
cada candidato, correspondente a seu cargo deve ter:
Modo de tirar o estrangeiro do Brasil de modo
coativo, por infração ou ato que o torne inconve-
niente à defesa e à conservação da ordem interna do 18
35 ANOS 30 ANOS 21 ANOS
ANOS
Estado.
Neste caso, a União é responsável para legislar Presidente Governador Deputado Federal
sobre expulsão, art. 22, inciso XV da CF. + + Estadual e Distrital
Não ocorrerá a expulsão em duas hipóteses: dife- Vereador
Vice Vice dos Prefeito + Vice
rente da extradição, a expulsão não será admitida Senador Estados e DF Juiz de Paz
quando o indivíduo tiver cônjuge brasileiro (desde
que não esteja divorciado ou separado de fato) e o
casamento tiver sido celebrado há mais de cinco anos, Perda ou suspensão dos direitos políticos
ou que tenha filho brasileiro, desde que este esteja sob
sua guarda e dependência econômica. A perda ou suspensão dos direitos políticos estão
apresentadas no art. 15 da Constituição, vamos ao
Deportação estudo do mencionado dispositivo.
Como o nome já diz, a suspensão é o cancelamento
Nesse caso se refere ao estrangeiro que ingressou por um tempo determinado, já a perda, o cancelamen-
ou permaneceu de forma irregular no território to por prazo indeterminado. Vejamos em quais situa-
nacional, ou seja, é a devolução do estrangeiro por ções podem ocorrer perda ou suspensão, analisando o
172 entrar no Brasil de forma irregular. Assim, não há art. 15 da CF/88.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, Súmula 431: É nulo o julgamento de recurso crimi-
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: nal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou
I - cancelamento da naturalização por sentença publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
transitada em julgado; perda. Súmula 692: Não se conhece de habeas corpus con-
II - incapacidade civil absoluta; (grifo nosso) tra omissão de relator de extradição, se fundado em
suspensão fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava
III - condenação criminal transitada em julgado, dos autos, nem foi ele provocado a respeito.
enquanto durarem seus efeitos; SUSPENSÃO Súmula 693: Não cabe habeas corpus contra deci-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta são condenatória a pena de multa, ou relativo a
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; processo em curso por infração penal a que a pena
perda. pecuniária seja a única cominada.
V - improbidade administrativa, nos termos do art. Súmula 694: Não cabe habeas corpus contra a
37, § 4º. Suspensão imposição da pena de exclusão de militar ou de per-
da de patente ou de função pública.
Dica Súmula 695: Não cabe habeas corpus quando já
extinta a pena privativa de liberdade.
Não existe a cassação dos direitos políticos.
Habeas data
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS
Com previsão no art. 5º, LXXII da CF e Lei 9507/1997
Remédios Constitucionais que regula o direito de acesso às informações, e disci-
plina o rito processual do habeas data, tem o objetivo
É importante não confundir direitos fundamentais de acessar e retificar informações do impetrante que
com garantias fundamentais. Os direitos fundamen- estão em um órgão público ou de caráter público11,
tais são vantagens, proteção em favor das pessoas, como por exemplo: entidade privada de caráter públi-
como por exemplo o direito de informação. Já as co = SPC/SERASA.
garantias fundamentais são instrumentos processuais Note que, neste caso, precisa ser demonstrado
para defesa daqueles direitos, conhecidos como ações que foram solicitadas as informações em um pri-
ou remédios constitucionais, como por exemplo:
meiro momento, ou seja, precisa-se esgotar a via
habeas data, habeas corpus, Mandado de Segurança,
administrativa.
Mandado de Injunção e a Ação Popular, conforme
A doutrina e jurisprudência admitem que cônju-
veremos a seguir.
ge, ascendente, descendente ou irmão podem impe-
trar habeas data em favor de terceiro, caso este esteja
Habeas corpus
incapacitado ou ausente.
Tem como objetivo proteger o direito de ir e vir, ou
Mandado de Segurança
seja, sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco-
Agora passaremos a análise do mandado de segu-
moção, por ilegalidade ou abuso de poder, está funda-
rança, sendo que este pode ser individual ou coletivo,
mentado no art. 5º, LXVIII da CF e art. 647 a 667 do CPP,
vejamos:
Pode ser habeas corpus preventivo para evitar
uma futura violação à liberdade, ou habeas corpus
Mandado de Segurança Individual
repressivo, o qual busca o fim de uma coação já
cometida. Importante frisar também que não existe a
Previsto no art. 5º LXIX da CF e Lei 12.016/2009,
necessidade de um advogado para entrar com a ação.
tem o objetivo de proteger direito líquido e certo
(requerido no prazo de 120 dias do conhecimento da
Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa.
lesão), devidamente comprovado com provas docu-
Vítima (paciente): qualquer pessoa, brasileiro ou
mentais, não há prova testemunhal nem pericial. Tem
estrangeiro.
Sujeito passivo (coator): autoridade ou agen- caráter subsidiário, ou seja, quando não for caso de
te público que cometeu ilegalidade ou abuso de habeas corpus e nem habeas data.
poder contra particular. Cabível quando existe abuso ou ilegalidade de
autoridade pública. A súmula 625 do STF dispõe que,
DIREITO CONSTITUCIONAL

Habeas corpus também pode ser impetrado por “Controvérsia sobre matéria de direito não impede con-
estrangeiro (desde que na língua portuguesa) contra cessão de mandado de segurança”, ou seja, caso houver
particular. dúvida a respeito de interpretação da lei não impede
Não cabe habeas corpus contra punição disciplinar o deferimento do mandado de segurança.
militar, salvo se imposta pela autoridade competente. Não cabe Mandado de segurança nos seguintes
Destacamos a seguir algumas Súmulas importan- casos:
tes do STF sobre o tema:
z Atos meramente informativos;
Súmula 395: Não se conhece de recurso de habeas z Atos que transitaram em julgado;
corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das z Ato administrativo que comporte recurso com
custas, por não estar mais em causa à liberdade de efeito suspensivo; e
locomoção. z Ato judicial em fase recursal.
11 Caso a banca da sua prova for a FGV, esta entende que o habeas data é uma ação personalíssima. 173
Cuidado! Referente aos atos que transitaram em Mandado de Injunção
julgado hoje, a jurisprudência entende por uma possí-
vel mitigação da súmula 268 do STF. Vejamos: Tem previsão no art. 5º, LXXI da CF e Lei 13.300/2016
“No entanto, sendo a impetração do mandado (lei do MS), não tem lei específica própria, devem ser
de segurança anterior ao trânsito em julgado da observadas as normas da lei do Mandado de Seguran-
decisão questionada, mesmo que venha a acontecer, ça, conforme prevê o art. 24, parágrafo único da lei
posteriormente, não poderá ser invocado o seu não
8.038/1990.
cabimento ou a sua perda de objeto, mas preenchi-
das as demais exigências jurídico-processuais, deverá
Art. 24 [...]
ter seu mérito apreciado”. (EDcl no MS 22.157/DF, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Rel. p/ Acórdão Minis- Parágrafo único - No mandado de injunção e
tro Luis Felipe Salomão, julgado em 14.03.2019, DJe no habeas data, serão observadas, no que couber,
11.06.2019) as normas do mandado de segurança, enquanto
não editada legislação específica.
z Agente ativo: Pessoa física ou jurídica. Agentes
políticos podem ser sujeitos ativo ou passivo. z Aplicabilidade: falta de uma norma regulamen-
z Agente passivo: autoridade, pessoa física revesti- tadora de direito, liberdade constitucional e das
da de poder público. União, Estados e DF ingres- prerrogativas inerentes a nacionalidade, sobera-
sarão como litisconsortes necessários, por meio de
nia e cidadania. Buscar o exercício do direito para
seus procuradores, no caso do município através
uma pessoa ou certo grupo de pessoas.
de seu Prefeito.
z Liminar: cabimento conforme art. 7º, III da Lei z Exemplo: Conseguir se aposentar ou exercer o
12.016/2009, o juiz poderá determinar a suspensão direito de greve.
do ato (que causou a violação do direito), desde z Agente ativo: Qualquer pessoa.
que exista motivo relevante, vejamos:
z Liminar: Mandado de Injunção não tem liminar.
Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao Ação Popular
pedido, quando houver fundamento relevante e
do ato impugnado puder resultar a ineficácia da É um direito fundamental e individual de todo
medida, caso seja finalmente deferida, sendo facul- cidadão, fundamentada no art. 5º, LXXIII e regulado
tado exigir do impetrante caução, fiança ou depósi-
pela lei 4.717/1965, e tem como objetivo a proteção
to, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
pessoa jurídica. do patrimônio público (erário), histórico, cultural, do
meio ambiente e da moralidade administrativa, como
Mandado de Segurança Coletivo é o caso das obras superfaturadas.
Ação popular pode ter duas formas, a preventiva
Previsto no art. 5º, LXX da CF e no art. 21 da Lei que é ajuizada antes da consumação dos efeitos do
12.016/2009, tem o objetivo de proteger certo grupo de
ato, e repressiva, que visa corrigir os atos danosos
pessoas (corporativo). Os requisitos e o prazo deca-
dencial são os mesmos do Mandado de Segurança consumados.
individual.
z Agente ativo: Qualquer cidadão brasileiro. Se este
z Agente ativo: Partido político com representação abandonar ação, outro cidadão poderá assumir.
no Congresso Nacional; ou organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente cons- O Ministério Público não pode propor, mas
tituída e em funcionamento há pelo menos um
pode assumir andamento e dar execução a decisão
ano, em defesa de seus membros ou associados,
da ação popular (legitimidade extraordinária ou
deve demonstrar pertinência temática.
superveniente).
z Agente passivo: autoridade coatora.
z Liminar: cabimento conforme art. 7º, III e art. 22§2º
z Agente passivo: administrador da entidade que
da Lei 12.016/2009. Basta representar os requisitos
lesionou.
“fumus boni iuris” e “periculum in mora”.

Súmulas importantes do STF sobre o tema: Lei 4.717/1965


Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas
Súmula 629 do STF: A impetração de mandado de públicas ou privadas e as entidades referidas no art.
segurança coletivo por entidade de classe em favor 1º, contra as autoridades, funcionários ou adminis-
dos associados independe da autorização destes.
tradores que houverem autorizado, aprovado, rati-
Súmula 630 do STF: A entidade de classe tem legi-
timação para o mandado de segurança ainda quando ficado ou praticado o ato impugnado, ou que, por
a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e con-
174 da respectiva categoria. tra os beneficiários diretos do mesmo. (grifo nosso)
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para plei- A finalidade consiste no objetivo maior do Estado
tear a anulação ou a declaração de nulidade de atos que é o bem comum, conjunto de condições para o
lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos desenvolvimento integral da pessoa humana.
Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um
sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, objetivo comum, ligados a um determinado território
§ 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União pelo vínculo da nacionalidade.
represente os segurados ausentes, de empresas públicas, Território é o espaço físico dentro do qual o Esta-
de serviços sociais autônomos, de instituições ou funda- do exerce seu poder e sua soberania. Onde o povo se
ções para cuja criação ou custeio o tesouro público haja estabelece e se organiza com ânimo de permanência.
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cen- A Constituição de 1988 adotou a forma republica-
to do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incor- na de governo, o sistema presidencialista de gover-
poradas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, no e a forma federativa de Estado. Note tratar-se de
dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas três definições distintas.
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres
públicos. FEDERAÇÃO

z Liminar: Basta representar os requisitos “fumus O federalismo é a forma de Estado marcado


boni iuris” e “periculum in mora”. essencialmente pela união indissolúvel dos entes
federativos, ou seja, pela impossibilidade de seces-
Súmula 101 do STF: O mandado de segurança não são, separação. São entes da federação brasileira: a
substitui a ação popular. União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os
Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem Municípios.
legitimidade para propor ação popular. Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é
considerado laico, mantendo uma posição de neutrali-
dade em matéria religiosa, admitindo o culto de todas
A Ação popular é isenta de custas judiciais e do
as religiões, sem qualquer intervenção.
ônus de sucumbência.
Sobre o tema, vejamos também art. 5º, §4º da Lei
4.717/1965: FORMA DE ESTADO Federação

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é FORMA DE GOVERNO República


competente para conhecer da ação, processá-la e
julgá-la o juiz que, de acordo com a organização REGIME DE GOVERNO Democrático
judiciária de cada Estado, o for para as causas que
SISTEMA DE GOVERNO Presidencialismo
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado
ou ao Município.
§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá à A forma de Estado compreende a organização dos
suspensão liminar do ato lesivo impugnado. ordenamentos estatais. Exemplos: unitária, federa-
ção e confederação. Por sua vez, a forma de governo
Ainda, é possível requerer a condenação por per- compreende o conjunto de instituições políticas para
das e danos dos responsáveis pela lesão. Sendo que a organização e o funcionamento do poder estatal.
cabe a todos os cidadãos a fiscalização da vida públi- Exemplos: República e Monarquia.
ca, auxiliando o Estado na boa gestão da vida pública. O regime de governo estabelece as formas de exer-
cício do poder. Exemplo: Democracia e autocracia. E,
o sistema de governo consiste no modo pelo qual os
poderes se relacionam entre si dentro de um Estado.
PODER EXECUTIVO Exemplos: presidencialismo e parlamentarismo.

FORMA E SISTEMA DE GOVERNO CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA DE GOVERNO

A origem de um Estado pode se dar de forma O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja
natural, religiosa (Estado criado por Deus), pela for- função principal, ou típica, é a prática dos atos de
ça e domínio dos mais fortes sobre os mais fracos, chefia de Estado, de Governo e de Administração,
pelo agrupamento de famílias, de forma contratual, mas de forma atípica, também legisla por meio da
DIREITO CONSTITUCIONAL

de forma derivada: por união, quando dois estados edição de Medidas Provisórias e julga contenciosos
administrativos.
soberanos se unem formando um só novo estado ou
fracionamento, quando um estado se divide em dois
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presi-
novos estados independentes, ou de forma atípica, a dente da República, auxiliado pelos Ministros de
exemplo do Vaticano e de Israel. Estado.
São elementos constitutivos do Estado: a soberania, a
finalidade, o povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu Chefe de Estado e Chefe de Governo
Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a
ordem jurídica soberana, que tem por fim o bem comum O Brasil adota o presidencialismo, que tem unifi-
de um povo situado em determinado território”. cadas na figura do Presidente da República as funções
Soberania é o poder político supremo e indepen- do Chefe de Estado e Chefe de Governo. Portanto, o
dente que o Estado detém consistente na capacidade Poder Executivo brasileiro é monocrático.
para editar e reger suas próprias normas e seu orde- Como chefe de Estado, o presidente representa o
namento jurídico. país nas suas relações internacionais e como chefe de 175
governo exerce a liderança nacional, gerindo o país Ordem de sucessão presidencial no caso de
política e administrativamente. impedimento ou vacância

Eleição do Presidente e Vice-presidente da República Em caso de impedimento ou vacância do cargo


de Presidente, este será substituído pelo: 1) Vice-pre-
O presidente será eleito por maioria absoluta sidente; 2) Presidente da Câmara dos Deputados; 3)
de votos, não computados os em branco e os nulos. Presidente do Senado Federal; e 4) Presidente do
Entende-se por maioria absoluta: mais que a metade, Supremo Tribunal Federal, nesta ordem.
o número subsequente à metade, ou a metade +1 do
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedi-
número total de votantes. Quando o candidato mais
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
votado não alcança a maioria absoluta, realiza-se
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República,
segundo turno entre os dois mais votados. além de outras atribuições que lhe forem conferidas
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sem-
Dica pre que por ele convocado para missões especiais.
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do
A maioria absoluta é diferente da maioria sim- Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,
ples. Esta consiste no maior resultado da vota- serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre-
ção, independentemente de exigência de quórum sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o
percentual relacionado à quantidade total de do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
votantes. Por sua vez, a maioria absoluta consis- Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-
-Presidente da República, far-se-á eleição noventa
te no primeiro número inteiro superior à metade
dias depois de aberta a última vaga.
do quórum mínimo exigido (50%+1). § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos
do período presidencial, a eleição para ambos os
Requisitos de elegibilidade do Presidente e cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
Vice-Presidente: pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-
z Ser brasileiro nato; pletar o período de seus antecessores.
z Estar no gozo dos direitos políticos; Art. 82. O mandato do Presidente da República é de
z Ter mais de trinta e cinco anos; quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do
z Não ser inelegível; ano seguinte ao da sua eleição (Redação dada pela
z Possuir filiação partidária. Emenda Constitucional nº 16, de 1997).
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da Repú-
blica não poderão, sem licença do Congresso Nacio-
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presiden-
nal, ausentar-se do País por período superior a
te da República realizar-se-á, simultaneamente, no
quinze dias, sob pena de perda do cargo.
primeiro domingo de outubro, em primeiro tur-
no, e no último domingo de outubro, em segundo
turno, se houver, do ano anterior ao do término do ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO
mandato presidencial vigente. (Redação dada pela PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Emenda Constitucional nº 16, de 1997).
§ 1º A eleição do Presidente da República importará Atribuições do Presidente da República
a do Vice-Presidente com ele registrado.
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candida- Como chefe de Governo e Estado, compete ao Pre-
to que, registrado por partido político, obtiver a sidente da República as atribuições e responsabilida-
maioria absoluta de votos, não computados os des trazidas no artigo 84, CF:
em branco e os nulos.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria abso- z Nomear e exonerar os Ministros de Estado;
luta na primeira votação, far-se-á nova eleição em z Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
até vinte dias após a proclamação do resultado, direção superior da administração federal;
concorrendo os dois candidatos mais votados e
z Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria
previstos nesta Constituição;
dos votos válidos.
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer z Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
morte, desistência ou impedimento legal de candi- como expedir decretos e regulamentos para sua
dato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de fiel execução;
maior votação. z Vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema-
z Dispor, mediante decreto, sobre:
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato
com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
„ organização e funcionamento da administra-
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da Repú-
ção federal, quando não implicar aumento de
blica tomarão posse em sessão do Congresso Nacio-
despesa nem criação ou extinção de órgãos
nal, prestando o compromisso de manter, defender
e cumprir a Constituição, observar as leis, pro-
públicos;
mover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a „ extinção de funções ou cargos públicos, quando
união, a integridade e a independência do Brasil. vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data 32, de 2001).
fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presi-
dente, salvo motivo de força maior, não tiver assu- z Manter relações com Estados estrangeiros e acre-
176 mido o cargo, este será declarado vago. ditar seus representantes diplomáticos;
z Celebrar tratados, convenções e atos internacio- Responsabilidade do Presidente da República
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
Os arts. 85 e 86 da Constituição Federal tratam
z Decretar o estado de defesa e o estado de sítio; sobre os atos do Presidente da República que consis-
z Decretar e executar a intervenção federal; tem em crimes de responsabilidade.
z Remeter mensagem e plano de governo ao Con-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos
do Presidente da República que atentem contra a
legislativa, expondo a situação do País e solicitan-
Constituição Federal e, especialmente, contra:
do as providências que julgar necessárias;
I - a existência da União;
z Conceder indulto e comutar penas, com audiência, II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
z Exercer o comando supremo das Forças Armadas,
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército sociais;
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais IV - a segurança interna do País;
e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; V - a probidade na administração;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, VI - a lei orçamentária;
de 02/09/99) VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em
z Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
lei especial, que estabelecerá as normas de proces-
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
so e julgamento.
bunais Superiores, os Governadores de Territórios, Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
o Procurador-Geral da República, o presidente e da República, por dois terços da Câmara dos Depu-
os diretores do banco central e outros servidores, tados, será ele submetido a julgamento perante o
quando determinado em lei; Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
z Nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis- comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes
de responsabilidade.
tros do Tribunal de Contas da União;
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
z Nomear os magistrados, nos casos previstos nesta I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún-
Constituição, e o Advogado-Geral da União; cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instau-
z Nomear membros do Conselho da República, nos
ração do processo pelo Senado Federal.
termos do art. 89, VII;
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
z Convocar e presidir o Conselho da República e o julgamento não estiver concluído, cessará o afasta-
Conselho de Defesa Nacional; mento do Presidente, sem prejuízo do regular pros-
seguimento do processo.
z Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenató-
autorizado pelo Congresso Nacional ou referenda-
ria, nas infrações comuns, o Presidente da Repúbli-
do por ele, quando ocorrida no intervalo das ses- ca não estará sujeito a prisão.
sões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
total ou parcialmente, a mobilização nacional; mandato, não pode ser responsabilizado por atos
z Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do estranhos ao exercício de suas funções.
Congresso Nacional;
Acusação contra o Presidente da República (2/3 da
z Conferir condecorações e distinções honoríficas; Câmara):
z Permitir, nos casos previstos em lei complementar,
que forças estrangeiras transitem pelo território z Crime comum (STF):
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
z Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o I - Recebimento da denúncia ou queixa:
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
postas de orçamento previstos nesta Constituição; „ Suspensão de suas funções, por até 180 dias,
com ou sem julgamento.
z Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, den-
tro de sessenta dias após a abertura da sessão legis- z Crime de Responsabilidade (SENADO):
DIREITO CONSTITUCIONAL

lativa, as contas referentes ao exercício anterior;


z Prover e extinguir os cargos públicos federais, na I - Instauração do processo:
forma da lei;
z Editar medidas provisórias com força de lei, nos „ Suspensão de suas funções, por até 180 dias,
com ou sem julgamento.
termos do art. 62;
z Exercer outras atribuições previstas na CF/88. z Crime Comum:

O Presidente da República poderá ainda delegar I - Julgamento (STF).


as atribuições previstas nos incisos VI, XII e XXV, pri-
meira parte, do art. 84, CF aos Ministros de Estado, ao „ Condenação (por maioria): Pena.
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral „ Absolvição.
da União, que observarão os limites traçados nas res-
pectivas delegações. z Crime de Responsabilidade: 177
I - Julgamento no Senado pelo presidente STF (art. a recondução, nos termos do art. 89 da Constituição
52, p. único, CF): Federal.
O Conselho de Defesa Nacional é o órgão destinado
„ Condenação (por 2/3): Pena de perda do cargo, a assessorar o Presidente da República nas questões
com inabilitação, até cinco anos, para o exercí- relativas à defesa do território nacional. Nos termos
cio de qualquer função pública. do art. 91, CF é composto pelo Vice-Presidente da
„ Absolvição. República, o Presidente da Câmara dos Deputados; o
Presidente do Senado Federal; o Ministro da Justiça; o
Os Ministros de Estado Ministro de Estado da Defesa; o Ministro das Relações
Exteriores; o Ministro do Planejamento e os Coman-
Os Ministros de Estado são membros auxiliares do dantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Executivo livremente nomeados pelo Presidente, des-
de que maiores de 21 anos e em pleno exercício de DA UNIÃO: BENS E COMPETÊNCIAS (ARTS 20 A 24
seus direitos políticos. DA CF)
Competem aos Ministros a direção do Ministério
ou seção administrativa que lhe houver sido confiada. Federação
Podem também referendar atos presidenciais, expe-
dir instruções para a boa execução das leis, decretos e Federação é a organização política, administrativa
regulamentos e inclusive, receber delegação do Presi- e jurídica formada por uma população em um territó-
dente da República para a realização de atos próprios rio determinado. O Estado federado é constituído por
da chefia do Poder Executivo. um conjunto de Estados membros autônomos unidos
por uma Constituição, mas somente a Federação como
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos um todo é considerada soberana, bem como, cada
dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no Estado membro é considerado uma unidade federati-
exercício dos direitos políticos. va que possui poder político descentralizado.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, Sendo assim, são componentes da República Fede-
além de outras atribuições estabelecidas nesta rativa: a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Constituição e na lei: Municípios.
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão
dos órgãos e entidades da administração federal
na área de sua competência e referendar os atos e Dica
decretos assinados pelo Presidente da República; A descentralização é basicamente quando as
II - expedir instruções para a execução das leis, funções atribuídas a um só poder passam a ser
decretos e regulamentos;
repartidas, por exemplo, com a delegação das
III - apresentar ao Presidente da República relató-
rio anual de sua gestão no Ministério; competências.
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que
lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente Conforme art. 18. § 1º da CF, atualmente Brasília
da República. é a Capital Federal, trata-se de uma inovação do legis-
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção lador constituinte de 1988. Conforme preleciona José
de Ministérios e órgãos da administração pública Afonso da Silva (2017) Brasília tem uma posição jurí-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, dica específica no conceito de cidade até porque não
de 2001). se enquadra no conceito geral de cidade pelo fato de
não ser sede de um Município12.
Do Conselho da República e do Conselho de Defesa
Nacional União

O Conselho da República é órgão consultivo do A União é a entidade federativa autônoma e exer-


Presidente sobre intervenção federal, estado de defe- ce as atribuições de soberania do Estado brasileiro.
sa, estado de sítio e questões relevantes para a estabi- Conforme preleciona Pedro Lenza (2020) a União
lidade das instituições democráticas. O Presidente não possui “dupla personalidade” assumindo um papel
poderá tomar qualquer decisão sobre tais questões internamente como pessoa de direito público interno,
sem a audiência do Conselho da República. Entretan- componente da Federação e detentor de autonomia
to, sua função é apenas consultiva e não deliberativa, financeira, administrativa e política e um papel inter-
e não vincula necessariamente a atuação presidencial. nacionalmente sendo que representa a República
Instituído pela Lei 8041/90, o Conselho da Repú- Federativa do Brasil13.
blica é composto pelo Vice-Presidente da República; A União representa o Estado brasileiro nas rela-
o Presidente da Câmara dos Deputados; o Presidente ções internacionais, perante os Estados estrangeiros
do Senado Federal; os líderes da maioria e da mino- a ela rege-se pelo princípio da independência nacio-
ria na Câmara dos Deputados e do Senado Federal; o nal, prevalência dos direitos humanos, autodetermi-
Ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros natos, nação dos povos, não-intervenção, igualdade entre os
com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos,
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre
pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos os povos para o progresso da humanidade e concessão
Deputados, todos com mandato de três anos, vedada de asilo político (art. 4º, CF/88).
12 SILVA, op. cit, p. 476.
178 13 LENZA, Pedro; Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 497.
As competências da União estão elencadas no texto servem para medir a largura do mar territorial, é
constitucional, organizadas pelo legislador originário a faixa territorial do Atlântico. O Brasil tem sobe-
com base no chamado princípio da predominância rania para fins de exploração e aproveitamento,
do interesse público pelo particular. Neste sentido, as conservação e gestão dos recursos naturais, vivos
atribuições de interesse nacional são de competência ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do
da União, por exemplo: declarar guerra e celebrar paz. mar, do leito do mar e seu subsolo, e;
As competências da União são classificadas como f) Plataforma continental: é a faixa de terra do
competência administrativa e legislativa, a primei- fundo do mar, que vai até 200m de profundidade,
ra que se relaciona com as funções de organização do ou seja, compreende o leito e o subsolo das áreas
Estado e a segunda que é a competência de legislar. submarinas que se estendem além do seu mar ter-
Vejamos os exemplos: ritorial, é uma importante área de exploração e
pesquisa de petróleo (art. 11 da Lei nº 8617/1993)
� Competência administrativa: é competência de
a União elaborar e executar planos nacionais e Entenda melhor na ilustração a seguir:
regionais de ordenação do território e de desen-
volvimento econômico e social;
� Competência legislativa: é competência de a
União legislar sobre nacionalidade, cidadania e
naturalização.

O estudo das competências será abordado de for-


ma mais aprofundada em tópico específico na sequên-
cia deste material.
Cuidado para não confundir União com República
Federativa do Brasil:

z A República Federativa do Brasil é um Estado


Federado, ou seja, é constituído por um conjunto
de Estados-Membros. Vale ressaltar que os Esta-
dos-Membros são autônomos, pois são dotados de
autonomia e autogoverno, por outro lado, não são
soberanos, uma vez que a soberana é somente a
Federação como um todo. No nosso pacto federati-
vo, o poder é descentralizado, pois a Constituição
prevê núcleos de poder e concede autonomia para
os seus entes (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal).
z A União é uma entidade federativa, pessoa jurídica Vejamos o art. 20 do texto constitucional que enu-
de direito público interno que integra a República mera os bens da União:
Federativa do Brasil, é através da União que o país
é representado nas relações internacionais. I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
rem a ser atribuídos;
Os bens da União estão enumerados no art. 20 da
Constituição Federal, que compreende: Exemplo: as ilhas, rios, mar territorial, entre
outros, com exceção das terras de aldeamentos extin-
a) Terrenos de marinha: são os terrenos situa- tos, ainda que ocupadas por indígenas em passado
dos nas margens dos rios e lagoas, até onde haja remoto, conforme dispõe a Súmula nº 650 do STF.
influência das marés (vão de 1831 até 33 metros
para a parte da terra), além destes são também os II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
que contornam as ilhas situadas em zona onde se fronteiras, das fortificações e construções milita-
faça sentir a influência das marés; res, das vias federais de comunicação e à preserva-
b) terreno acrescido de marinha: são terrenos ção ambiental, definidas em lei;
acrescidos de marinha os que se tiverem forma-
DIREITO CONSTITUCIONAL

do, natural ou artificialmente, para o lado do mar As terras devolutas são terras que não tem destina-
ou dos rios e lagoas, em seguimento nos terre- ção pública e também não integram o patrimônio de
nos de marinha (art. 2 da Lei nº 3.438/1941); um particular. Exemplo: as terras devolutas situadas
c) Mar territorial: é a faixa de doze milhas náuticas na Amazônia.
de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar
do litoral continental e insular, no Brasil a costa é III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
banhada pelo oceano Atlântico; terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
d) Zona contígua: é a faixa do mar que se estende um Estado, sirvam de limites com outros países, ou
das doze às vinte e quatro milhas marítimas, con- se estendam a território estrangeiro ou dele prove-
tadas a partir das linhas de base que servem para nham, bem como os terrenos marginais e as praias
medir a largura do mar territorial; fluviais;
e) Zona econômica exclusiva: compreende uma
faixa que se estende das doze às duzentas milhas Exemplo: o Rio Uruguai, que banha o estado de
marítimas, contadas a partir das linhas de base que Santa Catarina e o estado do Rio Grande do Sul. 179
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes Estados
com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que Os estados possuem autonomia para se organiza-
contenham a sede de Municípios, exceto aque- rem (auto-organização) caracterizado por um auto-
las áreas afetadas ao serviço público e a unidade governo, autoadministração e autolegislação, onde o
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; povo que escolhe diretamente os seus representantes
no poder legislativo e executivo local, sem que haja
Exemplo: a ilha do Bananal, situada no estado de subordinação por parte da União (arts. 27, 28 e 125
Tocantins, considerada a maior ilha fluvial do Brasil, da CF).
com 25.000 km².
a) autogoverno: autonomia política para eleger seus
V - os recursos naturais da plataforma continental representantes, por exemplo, eleição de Governa-
e da zona econômica exclusiva; dor (art.27 e 28 da CF/88).
b) autoadministração: decorre das competências
Exemplo: recursos minerais, como petróleo, extraí- administrativas conferidas aos Estados, por exem-
do da plataforma continental. plo, os estados poderão, mediante lei complementar,
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba-
VI - o mar territorial; nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
de municípios limítrofes, para integrar a organiza-
Exemplo: os navios estrangeiros no mar territorial ção, o planejamento e a execução de funções públi-
brasileiro estão sujeitos aos regulamentos estabeleci- cas de interesse comum (art. 25, § 3º da CF).
dos pelo Brasil. c) autolegislação: tem competência de elaborar sua
própria Constituição, ou seja, cada estado tem
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; autonomia de criar a sua própria constituição esta-
dual, entretanto esta deve sempre obedecer à lei
Exemplo: os imóveis situados à beira-mar (até 33 maior (CF/88).
metros para a parte da terra).
Os estados organizam-se e regem-se pelas Consti-
VIII - os potenciais de energia hidráulica; tuições e leis que adotarem. Ainda, conforme estudado
no título do poder constituinte derivado decorrente,
o art. 25 da CF consagra aos Estados federados auto-
Para efeito de exploração, os potencias hidráuli-
nomia política e administrativa, com capacidade de
cos dos rios pertencem à União, por exemplo a Usina
elaborar suas próprias Constituições estaduais, obe-
Hidrelétrica de Santo Antônio, localizada na cidade de
decendo às diretrizes da Constituição Federal 1988.
Porto Velho, estado de Rondônia.

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

Exemplo: ferro, ouro, cobre etc.

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios


arqueológicos e pré-históricos; LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO
Assembleia Legislativa Governador do Estado Tribunais e Juízes
Exemplo: Sítio Arqueológico, Parque Nacional do
Catimbau, localizado no estado de Pernambuco.
1. Formação de novos estados
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Na forma prevista do art. 18 e art. 48, VI da CF/88
a estrutura territorial do Brasil poderá ser modifica-
Exemplo: a terra tradicionalmente ocupada pelos da por meio de alteração dos limites territoriais dos
indígenas no oeste de Santa Catarina, localizado entre diferentes entes federados existentes. Por exemplo,
os rios Chapecó e Chapecósinho, a 70 km de Chapecó, em 1988 o norte do estado de Goiás foi desmembrado,
denominada como terra indígena Xapecó. formando o estado de Tocantins.
Ainda, a redação do § 1º do mencionado dispo-
sitivo foi modificada pela Emenda Constitucional Art. 18. A organização político-administrativa da
nº 102/2019, conforme a atual redação a Constitui- República Federativa do Brasil compreende a União,
ção prevê possibilidade da participação da União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no autônomos, nos termos desta Constituição.
resultado da exploração de petróleo ou gás natural, § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, sub-
de recursos hídricos para fins de geração de energia dividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios
elétrica e de outros recursos minerais.
Federais, mediante aprovação da população direta-
Por conseguinte, a Constituição consagra a terra mente interessada, através de plebiscito, e do Con-
designada como faixa de fronteira, sendo esta a fai- gresso Nacional, por lei complementar.
xa de até cento e cinquenta quilômetros de largura,
ao longo das fronteiras terrestres, considerada fun-
INCORPORAÇÃO SUBDIVISÃO DESMEMBRAMENTO
damental para defesa do território nacional, ainda
determina que a sua ocupação e utilização devem ser Fusão Cisão Separar uma ou mais
partes de um estado
180 reguladas em lei. (art. 20 § 2º).
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção FAVORÁVEL
do Presidente da República, não exigida esta para
o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre
1º 2º
todas as matérias de competência da União, espe-
cialmente sobre: [...]
Plebiscito Propositura de projeto de
VI - Incorporação, subdivisão ou desmembramento
lei complementar
de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as res- Consulta prévias as popula-
pectivas Assembleias Legislativas; ções diretamente interessa- Caso a população seja favo-
das. (Expressão da vontade e rável no plebiscito será
da opinião do povo, demons- proposto projeto de lei com-
Ainda, conforme o art. 235 da Constituição, nos trada através de votação); plementar perante qualquer
Atenção! O plebiscito é con- uma das casas do Congresso
dez primeiros anos de sua criação a Assembleia Legis- dição prévia, caso não hou- Nacional.
lativa será composta de dezessete Deputados se a ver aprovação, não passará
para a próxima fase.
população do Estado for inferior a seiscentos mil habi-
tantes, e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse
número, até um milhão e quinhentos mil, o Governo
3º 4º
terá no máximo dez Secretarias, o Tribunal de Con-
tas terá três membros, nomeados, pelo Governador
Oitiva da assembleia Lei complementar
eleito, dentre brasileiros de comprovada idoneidade
e notório saber, o Tribunal de Justiça terá sete Desem- Oitiva das assembleias legisla- Aprovação de lei comple-
tivas dos estados interessados; mentar pelo Congresso
bargadores, os primeiros Desembargadores serão Atenção! Mesmo que a Nacional.
nomeados pelo Governador eleito, escolhidos confor- assembleia seja desfavorá- Congresso Nacional não é
me dispõe o inciso V do mencionado dispositivo: vel, pode continuar o pro- obrigado a aprovar, mas
cesso de formação do novo caso assim decida deverá
estado, não é vinculativo. ser conforme determina art.
a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta 69 da CF/88, pelo quórum de
e cinco anos de idade, em exercício na área do novo absoluta.

Estado ou do Estado originário;


b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, Obs.: Abordamos o tema sanção e veto presiden-
e advogados de comprovada idoneidade e saber cial em título específico no tópico que estudamos o
jurídico, com dez anos, no mínimo, de exercício processo legislativo mais adiante neste material.
profissional, obedecido o procedimento fixado na
Constituição; Municípios

Caso o novo estado seja proveniente de Território No Brasil, não só os Estados membros, mas tam-
Federal, os cinco primeiros Desembargadores pode- bém os Municípios têm autonomia política, ou seja, o
rão ser escolhidos dentre juízes de direito de qualquer nosso pacto federativo é formado pela União, Estados,
parte do País e em cada Comarca, o primeiro Juiz de Distrito Federal e Municípios. Tal autonomia está pre-
Direito, Promotor de Justiça e Defensor Público serão vista no art. 18, caput da CF/88, vejamos.
nomeados pelo Governador eleito após concurso
público de provas e títulos. Art. 18. A organização político-administrativa
É possível a incorporação, subdivisão e o desmem- da República Federativa do Brasil compreende a
bramento de estado, vejamos: União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios, todos autônomos, nos termos desta Consti-
a) incorporação: quando dois ou mais estados se tuição. (grifo nosso)
unem com outro nome, perdendo sua personali-
dade por integrarem um novo estado. Por exem- Como exemplo da autonomia municipal, podemos
plo, como se houvesse a incorporação do estado de citar a capacidade de normatização, em que consiste
Santa Catarina e Rio Grande do sul, passando a ser na capacidade do município de elaborar a sua própria
um só estado. lei orgânica e demais legislações municipais.
b) subdivisão: quando um estado se divide em novos Conforme art. 30 do texto constitucional, os muni-
DIREITO CONSTITUCIONAL

vários estados, todos estes com personalidades cípios tem competência legislativa local, ou seja,
diferentes. Por exemplo, o estado do Rio Grande do podem legislar sobre assuntos de interesse local e
Sul deixa de existir, ou seja, o estado foi dividido suplementando a legislação federal e estadual no que
em dois ou mais estados, cada um com personali- couber, por exemplo, é de competência do município
dades distintas. a fixação do horário de funcionamento do comércio
c) desmembramento: Já na hipótese de separar uma local. (Súmula 645 do STF).
ou mais partes de um estado sem que este perca Ainda, os Municípios também tem autonomia polí-
sua identidade. Por exemplo, como ocorreu com o tica, por exemplo, têm a capacidade de eleger Prefeito,
estado de Goiás, formando o estado de Tocantins. Vice-Prefeito e vereadores sem a intervenção do esta-
do ou da União. Além de autonomia administrativa, ou
Vejamos os requisitos e procedimento para a incor- seja, tem capacidade de atuar sobre assuntos de inte-
poração, a subdivisão e o desmembramento do estado resse local, por exemplo, cabe ao município promover
(art. 18, § 3º da CF): a proteção do patrimônio histórico cultural local. 181
1. Formação de novos municípios 14 transformou os Territórios Federais de Roraima e
do Amapá em Estados Federados.
Os municípios também tem autorização constitu- Como vimos, atualmente no Brasil não existem
cional para criação, incorporação, fusão e desmem-
mais Territórios Federais, entretanto conforme art.
bramento de municípios. Vejamos os requisitos e
18, § 2° da CF há uma autorização constitucional para
procedimento para a incorporação, a subdivisão e o
sua criação, a qual deve ser regulada em lei comple-
desmembramento de município (art. 18, § 4º da CF):
mentar, vejamos.
z 1° Lei Complementar: Aprovação de lei comple-
mentar, fixando o período dentro do qual pode- Art. 18. A organização político-administrativa da
rá ocorrer a criação, incorporação, fusão e o República Federativa do Brasil compreende a União,
desmembramento; os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.
z 2º lebiscito + Estudo de viabilidade: Consulta pré-
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
via, mediante plebiscito às populações dos muni-
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
cípios envolvidos, após divulgação dos estudos de
criação, transformação em Estado ou reintegração
viabilidade municipal, apresentados e publicados
ao Estado de origem serão reguladas em lei
na forma da lei;
complementar. (grifo nosso)
z 3º Lei Estadual: Aprovação de lei ordinária esta-
dual formalizando a criação, incorporação, fusão, ou
REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
desmembramento do município.
A repartição das competências são atribuições que
DISTRITO FEDERAL
a Constituição dá aos Entes federados, de natureza
A Constituição Federal 1988 conferiu ao Distri- administrativa e legislativa. O legislador se preocupou
to Federal natureza de ente federativo autônomo, em dividir essas atribuições (competências) com base
com capacidade de auto-organização, autogoverno no chamado princípio da predominância do interes-
e autoadministração, sendo proibida a possibilidade se, ou seja, as atribuições de interesse nacional são
de subdivisão em Municípios (art. 32, caput), como de competência da União (exemplo: declarar guerra
exemplo de autonomia do Distrito Federal podemos e celebrar paz), já as atribuições de interesse Estadual
citar a capacidade do Distrito Federal para criar a sua são de competência dos estados (exemplo: exploração
lei orgânica, bem como na capacidade de eleger seu de serviço de transporte de passageiros intermunici-
Governador e Vice-Governador, sem interferência da pal) e atribuições de interesse local de competência
União nas eleições. dos municípios (exemplo: expedição de alvará de esta-
A sede do governo do Distrito Federal é Brasília, belecimento comercial).
conforme consagra a Lei Orgânica do DF, art. 6º.
Conforme art. 32, § 1º da CF, ao Distrito Federal são
atribuídas às competências legislativas reservadas Dica
aos Estados e Municípios, cumulativamente. Entre- Não existe hierarquia entre os Entes da Federação.
tanto, conforme o § 4º do dispositivo em comento a
lei federal disporá sobre a utilização pelo Governo do A divisão de competências é basicamente por dois
DF, da polícia civil, da polícia penal, da polícia mili-
modelos, modelo horizontal, quando a Constituição
tar e do corpo de bombeiros militar, ou seja, estes são
dá atribuição a um único ente (exclusiva e privativa),
mantidos diretamente pela União.
por exemplo, art. 21 da CF que consagra a competên-
TERRITÓRIOS FEDERAIS cia exclusiva da União. Bem como, pelo modelo verti-
cal, que atribui a mais de um ente a competência, por
Os Territórios Federais são divisões administra- exemplo, é o caso da competência legislativa concor-
tivas da União, sem pertencer a qualquer Estado; rente da União, do Estado e do Distrito Federal previs-
podem surgir da divisão de um Estado membro ou ta no art. 24 da CF.
desmembramento, existindo autonomia administrati-
va, mas não política, ou seja, os Estados podem subdi- 1. Espécies de competências
vidir-se ou desmembrar-se para formarem Territórios
Federais, mediante aprovação da população direta- Na nossa Carta Magna a repartição das competên-
mente interessada, por meio de plebiscito e do Con- cias tem previsão nos artigos 21, 22, 23 e 24 e tem o
gresso Nacional, por intermédio de lei complementar. objetivo de partilhar entre os entes federados as ati-
Entretanto, no caso de criação de um Território o vidades do Estado, classificada como competência
texto constitucional não exige a realização de plebisci-
administrativa e competência legislativa.
to, porém nada impede que possa ocorrer.
Sendo que os Territórios a partir da CF/88 não são
a) Competência administrativa
considerados entes federativos, servem para que a
União administre áreas que não possuem um governo
estadual, ou seja, trata-se apenas de uma mera autar- A competência administrativa também pode ser
quia em regime especial que é designada para admi- chamada de competência material, pois trata-se da
nistrar parcela de território do país. organização do Estado para efetuar tarefas e realização
Atualmente não existem mais Territórios Federais de atividades referente às matérias nela relacionadas,
no Brasil, inclusive a própria Constituição Federal podem ser classificadas como competência exclusiva da
182 1988 no Ato das Disposições Gerais Transitórias art. União e competência comum entre os Entes Federados.
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estru-
tura aeroportuária;
GERENCIAL OU MATERIAL
d) os serviços de transporte ferroviário e aqua-
Art. 21 da CF Art. 23 da CF viário entre portos brasileiros e fronteiras nacio-
nais, ou que transponham os limites de Estado ou
Exclusiva da União Comum Território;
Indelegável e) os serviços de transporte rodoviário interesta-
dual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
Como memorizar? Entes federados.União,
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
Os incisos fazem menção Estados, DF e Municípios.
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territó-
à atuação e ação. rios e a Defensoria Pública dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
Competência exclusiva da União é indelegável, ou penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros mili-
seja, não pode ser delegada a outro ente federativo, tar do Distrito Federal, bem como prestar assistên-
prevista no art. 21 da CF. Perceba que os incisos fazem cia financeira ao Distrito Federal para a execução
menção a atuação e ação, vejamos: de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
Atenção! Colocamos o art. 21 da CF na íntegra, tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
pois é muito cobrado em provas, recomenda-se a nacional;
leitura do dispositivo reiteradas vezes! XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo,
de diversões públicas e de programas de rádio e
Art. 21. Compete à União: televisão;
I - manter relações com Estados estrangeiros e par- XVII - conceder anistia;
ticipar de organizações internacionais; XVIII - planejar e promover a defesa permanente
II - declarar a guerra e celebrar a paz; contra as calamidades públicas, especialmente as
III - assegurar a defesa nacional; secas e as inundações;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complemen- XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território de recursos hídricos e definir critérios de outorga
nacional ou nele permaneçam temporariamente; de direitos de seu uso
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
intervenção federal; urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o siste-
Exemplo: Em 2018 foi decretada a intervenção
ma nacional de viação;
federal no estado do Rio de Janeiro (Decreto nº 9.288
XXII - executar os serviços de polícia marítima,
de 2018), uma medida excepcional de natureza mili-
aeroportuária e de fronteiras;
tar com o objetivo de reestabelecer a ordem pública e
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
resolver algumas questões de segurança pública prin- de qualquer natureza e exercer monopólio estatal
cipalmente nas comunidades. sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e repro-
cessamento, a industrialização e o comércio de
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
de material bélico; seguintes princípios e condições:
VII - emitir moeda; a) toda atividade nuclear em território nacional
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis- somente será admitida para fins pacíficos e median-
calizar as operações de natureza financeira, espe- te aprovação do Congresso Nacional;
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, b) sob regime de permissão, são autorizadas a
bem como as de seguros e de previdência privada; comercialização e a utilização de radioisóto-
pos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e
Exemplo: Compete a União administrar os ativos industriais;
financeiros em moeda estrangeira, ou seja, são as reser- c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro-
vas internacionais, denominadas como reservas cam- dução, comercialização e utilização de radioisóto-
biais, é como um ativo do Banco Central do Brasil, assim pos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
cabe a União optar por vender esses ativos ou não. d) a responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regio- XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
nais de ordenação do território e de desenvolvimen- trabalho;
to econômico e social; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
DIREITO CONSTITUCIONAL

X - manter o serviço postal e o correio aéreo exercício da atividade de garimpagem, em forma


nacional; associativa.
XI - explorar, diretamente ou mediante autoriza-
ção, concessão ou permissão, os serviços de teleco- No que tange à competência comum, que também
municações, nos termos da lei, que disporá sobre a pode ser chamada de competência paralela, concor-
organização dos serviços, a criação de um órgão rente ou cumulativa, todos os Entes podem agir de for-
regulador e outros aspectos institucionais; ma independente, é a competência comum da União,
XII - explorar, diretamente ou mediante autoriza- Estados, Distrito Federal e Munícipios, consagrada no
ção, concessão ou permissão: art. 23 da CF, vejamos:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
imagens; Art. 23. É competência comum da União, dos Esta-
b) os serviços e instalações de energia elétrica e dos, do Distrito Federal e dos Municípios:
o aproveitamento energético dos cursos de água, I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
em articulação com os Estados onde se situam os instituições democráticas e conservar o patrimônio
potenciais hidroenergéticos; público; 183
II - cuidar da saúde e assistência pública, da Art. 22. Compete privativamente à União legis-
proteção e garantia das pessoas portadoras de lar sobre:
deficiência; I - direito civil, comercial, penal, processual, eleito-
III - proteger os documentos, as obras e outros bens ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
de valor histórico, artístico e cultural, os monu- trabalho;
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios II - desapropriação;
arqueológicos; III - requisições civis e militares, em caso de iminen-
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte- te perigo e em tempo de guerra;
rização de obras de arte e de outros bens de valor IV - águas, energia, informática, telecomunicações
histórico, artístico ou cultural; e radiodifusão;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à V - serviço postal;
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
inovação; garantias dos metais;
VI - proteger o meio ambiente e combater a polui- VII - política de crédito, câmbio, seguros e transfe-
ção em qualquer de suas formas; rência de valores;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; VIII - comércio exterior e interestadual;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organi- IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
zar o abastecimento alimentar;
marítima, aérea e aeroespacial;
IX - promover programas de construção de mora-
XI - trânsito e transporte;
dias e a melhoria das condições habitacionais e de
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
saneamento básico;
metalurgia;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
marginalização, promovendo a integração social
XIV - populações indígenas;
dos setores desfavorecidos; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as conces- expulsão de estrangeiros;
sões de direitos de pesquisa e exploração de recur- XVI - organização do sistema nacional de emprego
sos hídricos e minerais em seus territórios; e condições para o exercício de profissões;
XII - estabelecer e implantar política de educação XVII - organização judiciária, do Ministério Público
para a segurança do trânsito. do Distrito Federal e dos Territórios e da Defenso-
ria Pública dos Territórios, bem como organização
Ainda, o parágrafo único do mencionado dispositivo administrativa destes;
estabelece que tendo em vista o equilíbrio do desenvol- XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
vimento e do bem-estar em âmbito nacional as leis com- geologia nacionais;
plementares fixarão normas para a cooperação entre a XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios; (grifo
nosso)
b) Competência legislativa

A competência legislativa como o próprio nome já


nos remete é a competência para elaborar leis, clas- Importante!
sificada em competência privativa, concorrente, resi-
dual e local, são atribuições que tratam da edição de Veja Súmula Vinculante nº 2:
normas gerais e abstratas. É inconstitucional a lei ou ato normativo Esta-
dual ou Distrital que disponha sobre sistemas
„ Competência privativa: é a competência da de consórcios e sorteios, inclusive bingos e
União para legislar sobre determinados assun- loterias.
tos de interesse nacional, com a edição de nor-
mas de interesse processual, normas de direito
XXI - normas gerais de organização, efetivos, mate-
material e administrativo.
rial bélico, garantias, convocação, mobilização,
inatividades e pensões das polícias militares e dos
PROCESSUAL MATERIAL ADMINISTRATIVO corpos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias
Normas de proces- Normas de di- Demais matérias, rodoviária e ferroviária federais;
so civil, processo reito civil, co- como requisições XXIII - seguridade social;
penal e processo mercial, penal, civis e militares,
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
do trabalho. político-eleitoral, tempo de guerra,
agrário, marítimo, trânsito, transporte
XXV - registros públicos;
aeronáutico, espa- etc. XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
cial e do trabalho. XXVII - normas gerais de licitação e contratação,
em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
Art. 22 da CF
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obe-
decido o disposto no art. 37, XXI, e para as empre-
Privativa Da União sas públicas e sociedades de economia mista, nos
termos do art. 173, § 1°, III;
Como memorizar? XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defe-
Os incisos do art. 22 da CF fazem menção a legis- sa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
lar, privativa e delegável. XXIX - propaganda comercial.
Fique atento! Cabe delegação aos Estados e DF, Parágrafo único. Lei complementar poderá
184 mediante lei complementar sobre questões específicas. autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste arti- § 4º A superveniência de lei federal sobre normas
go. (grifo nosso) gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lhe for contrário.
Delegável: Deve ocorrer por lei complementar
federal, editada pelo Congresso Nacional. Obs.: Tam- As regras de aplicação da competência concor-
bém contempla o Distrito Federal. (Art. 32, § 1º da CF.) rente estão relacionadas no § 1º ao 4º do mencionado
Não confunda a competência exclusiva da União dispositivo, que determina que a União limitar-se-á
com a competência privativa da União: a estabelecer normas gerais, entretanto não exclui a
competência suplementar dos Estados. Ainda, inexis-
tindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exer-
EXCLUSIVA ART. 21 PRIVATIVA ART. 22 cerão a competência legislativa plena, para atender a
DA CF DA CF suas peculiaridades. Por conseguinte, consagra o tex-
Administrativa Legislativa to constitucional que a superveniência de lei federal
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei esta-
Indelegável Delegável dual, no que lhe for contrário.

REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E AS DECISÕES


„ Competência concorrente: tem fundamento FRENTE AO CORONAVÍRUS – ADI 926/2020
no art. 24 da CF, dispõe que a União (que se
limita a estabelecer normas gerais), os Estados Em março de 2020 determinado partido político
e o Distrito Federal (normas suplementares) ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI
podem legislar concorrentemente. 6341) para questionar a Medida Provisória (MP)
926/2020 – autoria do Governo Federal, que dispõe
Atente-se: sobre medidas para o enfrentamento da emergência
Os Municípios não foram contemplados com essa de saúde pública decorrente do coronavírus 2020.
possibilidade. Os legitimados da ADI sustentaram que a redis-
Em relação ao Art. 24, da CF, considere: tribuição de poderes de polícia sanitária introduzida
Concorrente Entre: pela MP na Lei Federal 13.979/2020 interferiu no regi-
me de cooperação entre os entes federativos. Ainda,
z União: normas gerais alegaram que essa centralização de competência
z Estados/DF: normas suplementares esvazia a responsabilidade constitucional de esta-
dos e municípios para cuidar da saúde, dirigir o
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Sistema Único de Saúde e executar ações de vigi-
Federal legislar concorrentemente sobre: lância sanitária e epidemiológica.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, eco- Assim, ao apreciar o caso em tela, o Ministro Mar-
nômico e urbanístico; co Aurélio, em decisão monocrática, considerou que
II - orçamento; a redistribuição de atribuições pela MP 926/2020 não
III - juntas comerciais; afasta a competência concorrente dos entes fede-
IV - custas dos serviços forenses; rativos, ou seja, entendeu que a distribuição de atri-
V - produção e consumo; buições prevista na Medida Provisória não contraria
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da a Constituição Federal, pois as providências não afas-
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, taram atos a serem praticados pelos demais entes
proteção do meio ambiente e controle da poluição; federativos no âmbito da competência comum para
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, legislar sobre saúde pública (artigo 23, II da CF).
artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente,
SAÚDE – CRISE – CORONAVÍRUS – MEDIDA
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
PROVISÓRIA – PROVIDÊNCIAS – LEGITIMAÇÃO
estético, histórico, turístico e paisagístico;
CONCORRENTE
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de Surgem atendidos os requisitos de urgência e
pequenas causas; necessidade, no que medida provisória dispõe sobre
XI - procedimentos em matéria processual; providências no campo da saúde pública nacional,
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; sem prejuízo da legitimação concorrente dos Estados,
DIREITO CONSTITUCIONAL

XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; do Distrito Federal e dos Municípios. (ADI 6341, rel.
XIV - proteção e integração social das pessoas por- Min. Marco Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em
tadoras de deficiência; 26.03.2020)
XV - proteção à infância e à juventude; Entenda o caso: Considerou o Ministro do STF
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das que com fundamento no art. 23, II da CF que dispõe
polícias civis. da competência de todos os entes cuidarem da saú-
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe- de e assistência pública. É oportuno mencionar tam-
tência da União limitar-se-á a estabelecer normas bém o art. 198, inciso I da CF. Vejamos os dispositivos
gerais. mencionados.
§ 2º A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência suplemen- Art. 23. É competência comum da União, dos
tar dos Estados. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os II - cuidar da saúde e assistência pública, da
Estados exercerão a competência legislativa plena, proteção e garantia das pessoas portadoras de defi-
para atender a suas peculiaridades. ciência; (grifo nosso) 185
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde Art. 30. Compete aos Municípios:
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e I - legislar sobre assuntos de interesse local;
constituem um sistema único, organizado de acor- II - suplementar a legislação federal e a estadual no
do com as seguintes diretrizes: que couber;
I - descentralização, com direção única em cada Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
esfera de governo; (grifo nosso) Federal legislar concorrentemente sobre:
[...] § 2º A competência da União para legislar sobre
Por exemplo, em 11 de maio de 2020 o Presidente normas gerais não exclui a competência suplemen-
da República definiu como serviço essencial as acade- tar dos Estados.
mias, salões de beleza e barbearias. Entretanto, com
base no entendimento do STF e o art. 23 da CF expli- É sempre bom lembrar que no art. 32 da CF, o legis-
cado acima, cada estado poderá optar por receber e lador dispõe sobre o Distrito Federal, o qual o mesmo
implantar as regras contidas no Decreto do Presiden- tem competência cumulativa, ou seja, a Lei Distrital
te, ou seja, cada Governador poderá entender por pode ter conteúdo estadual e municipal. (Art. 32 § 1º,
não receber este decreto e decidir por não aplica-
art. 147 e 155 da CF).
-lo em seu estado, sempre observando o princípio
da proporcionalidade e o princípio da supremacia do
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
interesse público sobre o particular14.
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e
c) Competência residual
aprovada por dois terços da Câmara Legislativa,
que a promulgará, atendidos os princípios estabe-
A competência residual é a competência dos Esta- lecidos nesta Constituição.
dos membros para se organizarem, consagrada art. § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as com-
25 da CF. petências legislativas reservadas aos Estados e
Em relação ao Art. 25, da CF, considere: Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governa-
z Competência Residual: Estados Organizam-se e dor, observadas as regras do art. 77, e dos Deputa-
regem-se, assim fazendo a sua própria constituição dos Distritais coincidirá com a dos Governadores
estadual e leis observando os princípios da CF/88. e Deputados Estaduais, para mandato de igual
duração.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislati-
Constituições e leis que adotarem, observados os va aplica-se o disposto no art. 27.
princípios desta Constituição. § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
§ 1º São reservadas aos Estados as competências
Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
polícia penal, da polícia militar e do corpo de bom-
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
beiros militar.
mediante concessão, os serviços locais de gás cana-
lizado, na forma da lei, vedada a edição de medida
provisória para a sua regulamentação. z A superveniência de lei federal sobre normas
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complemen- gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
tar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações lhe for contrária.
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupa- z Regulamento de Uber (exemplo) deve ser fei-
mentos de municípios limítrofes, para integrar a to através de lei federal, mas quem fiscaliza é o
organização, o planejamento e a execução de fun- município, ora, compete à lei federal regulamentar
ções públicas de interesse comum. transporte de pessoas que utilizam o aplicativo15.
z STF considerou que lei estadual não pode isentar
d) Competência local
cobrança de estacionamento de estabelecimen-
tos comerciais16. Da mesma forma considerou que
É a competência atribuída aos Municípios consa-
lei estadual não pode alterar data de vencimento
grada no art. 30 da CF. Os municípios podem legislar
das mensalidades escolares17.
sobre temas da competência legislativa concorrente,
z STF também já considerou que compete aos muni-
desde que seja no interesse local e suplementando a
legislação federal e estadual no que couber. cípios legislar sobre tempo de fila em banco.
Ex.: O município pode legislar sobre o tema de Pes- Tema de Repercussão Geral nº 27218.
ca se atividade econômica pescaria for predominante
no município, conforme o art. 30, I e II combinado Por fim, vejamos algumas Súmulas vinculantes19
com art. 24 § 2º da CF. importantes sobre o tema abordado:
Em relação ao Art. 30, da CF, considere:
Súmula Vinculante 2: É inconstitucional a lei ou
z Competência Legislativa Local: Temas de compe- ato normativo Estadual ou Distrital que disponha sobre
tência legislativa concorrentes desde que seja de sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e
interesse local. loterias.
14 Decreto Nº 10.344, de 11 de Maio de 2020
15 Lei 13.640 de 26 de março de 2018.
16 ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.08.2016, DOU 07.02.2017.
17 ADI 1007/PE, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 31.08.2005, DOU 16.03.2016.
18 RE 610221RG, rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 29.04.2010, DOU 20.08.2010.
186 19 Súmula Vinculante é decisão editada pelo STF, por reiteradas decisões em matéria constitucional.
Súmula vinculante 38: É competente o Município 3º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional:
para fixar o horário de funcionamento de estabeleci-
mento comercial. z Confirma: Art. 49, IV da CF/88
Súmula vinculante 39: Compete privativamente z Rejeita: Art. 136 § 4º da CF/88
à União legislar sobre vencimentos dos membros das
polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar Controle político imediato – ocorre na decretação
do Distrito Federal. ou caso persistirem as razões que justificaram o esta-
Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de do de defesa, este poderá ser prorrogado por mais 30
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas dias, então o Presidente da República no prazo de 24
horas submete a decisão ao Congresso Nacional, que
normas de processo e julgamento são de competência
deverá decidir pelo voto da maioria absoluta e median-
legislativa privativa da União.
te decreto legislativo, sobre a aprovação ou suspensão.
Caso o Congresso estiver em recesso, será convocado
no prazo de cinco dias – Sessão Legislativa Extraordiná-
ria. Deverá, também, apreciar o decreto no prazo de dez
DEFESA DO ESTADO E DAS dias do seu recebimento (art. 136, §5º e 6º da CF/88).
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS Controle político concomitante (ao mesmo
tempo) - Neste caso, cinco membros da mesa do Con-
ESTADO DE DEFESA gresso Nacional têm que acompanhar e fiscalizar as
medidas tomadas.
Controle político sucessivo (no final) – Ocorre nos
O Estado de Defesa e Estado de Sítio são legalida-
termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual deter-
des extraordinárias temporárias, criadas por Decreto
mina que após cessar o estado de defesa as medidas apli-
do Presidente da República, consagrados no Título V
cadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente
da Constituição Federal. da República em mensagem ao Congresso Nacional.
O estado de defesa tem o objetivo de preservar ou Caso o Congresso Nacional não aceite a justifica-
reestabelecer em locais restritos à ordem pública e a tiva relada pelo Presidente da República no controle
paz social ameaçada por grave e iminente instabilida- político sucessivo e se, caracterizado algum crime de
de institucional ou atingidas por calamidade de gran- responsabilidade, poderá o Presidente ser submetido
de proporção da natureza, conforme dispõe art. 136 ao processo, conforme a Lei 1.079/1950 e art. 85 da
da CF/88. CF/88. (controle jurídico)
É obrigatória análise pelo Conselho da República
e pelo Conselho de Defesa Nacional (art. 89 a 91 da ESTADO DE SÍTIO
CF/88), ainda que a opinião dos Conselhos não seja
vinculante. O controle político ocorre após a decreta- O estado de sítio está consagrado no art. 137 a 139
ção do Presidente deve no prazo de 24 horas enviar ao da CF/88 e será decretado diante da ineficácia do esta-
Congresso Nacional para análise, para ser autorizado do de defesa, diante de comoção de grave repercus-
depende da autorização da maioria absoluta de seus são nacional. E não pode ser decretado por mais de 30
membros. dias, porém, se necessário, pode ser prorrogado por
mais 30, se necessário de novo, mais 30, e assim por
O tempo de duração não será superior a 30 dias,
diante.
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual
No caso de declaração de estado de guerra ou res-
período. Nesse período será limitado o direto de reu-
posta a agressão armada estrangeira, o estado de sítio
nião, mesmo que exercida junto às associações, sigilo
poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar
de correspondência e sigilo de comunicação telegráfi- a guerra ou a agressão armada estrangeira.
ca e telefônica. Procedimento:
Procedimento:
1º: Presidente da República consulta dois conselhos.
1º: Presidente da República consulta dois conselhos.
z Conselho da República
z Conselho da República z Conselho da Defesa Nacional
z Conselho da Defesa Nacional
2º: Controle político prévio - Presidente da Repúbli-
DIREITO CONSTITUCIONAL

2º: Presidente da República decreta Estado de Defesa ca solicita autorização ao Congresso Nacional par
(Art. 84 IX e 136 caput da CF) a decretação ou prorrogação do estado de sítio
(Art. 137, parágrafo único da CF/88).
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
República: Autorização será por maioria absoluta e por
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; decreto legislativo (art. 49, IV da CF/88).
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos
o Conselho da República e o Conselho de Defesa 3º: Presidente da República decreta estado de sítio.
Nacional, decretar estado de defesa para preservar Art. 84 IX e 137 caput da CF.
ou prontamente restabelecer, em locais restritos 4º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional:
e determinados, a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade ins- Controle político concomitante (ao mesmo tem-
titucional ou atingidas por calamidades de grandes po) –A partir do momento que o estado de sítio é auto-
proporções na natureza. rizado, o Congresso designa cinco membros da mesa 187
do Congresso Nacional para acompanhar e fiscalizar ESTADO DE
ESTADO DE SÍTIO
as execuções das medidas referente ao estado de sítio. DEFESA
Art. 49, IV e art. 140 da CF/88. Presidente da Presidente da
COMPETÊNCIA
Controle político sucessivo (no final) - Ocorre nos República República
termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual deter-
mina que após cessar o estado de defesa as medidas apli- Posterior:
cadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente Depois de decre- Prévio:
da República em mensagem ao Congresso Nacional. tado estado de Presidente da Re-
defesa o Presidente pública depende de
O direito de reunião pode ser limitado por decreto CONTROLE
da República co- autorização pelo
presidencial no estado de defesa e estado de sítio. A POLÍTICO
munica congresso Congresso Nacio-
censura também se torna possível no estado de sítio. nacional que nal para decretar o
Ainda, caso decretado estado de sítio por comoção pode confirmar ou estado de sítio.
grave de repercussão nacional ou ineficácia da medi- cessar.
da tomada durante o estado de defesa, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as medidas consagradas no
FORÇAS ARMADAS (ART. 142, CF)
art. 139 da CF, vejamos:
As forças armadas estão consagradas no título V da
I - obrigação de permanência em localidade
determinada; Constituição Federal, conforme art. 142, as forças arma-
II - detenção em edifício não destinado a acusados das são constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáu-
ou condenados por crimes comuns; tica, a qual são instituições nacionais permanentes e
III - restrições relativas à inviolabilidade da corres- regulares, organizadas com base na hierarquia e dis-
pondência, ao sigilo das comunicações, à prestação ciplina, sob autoridade do Presidente da República. As
de informações e à liberdade de imprensa, radiodifu- funções das forças armadas, além da defesa da pátria,
são e televisão, na forma da lei; também englobam a defesa do estado e das instituições
IV - suspensão da liberdade de reunião; democráticas (garantidoras da lei e da ordem).
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
Dica
VII - requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do As forças armadas estão inseridas na estrutura
inciso III a difusão de pronunciamentos de parla- do Poder Executivo.
mentares efetuados em suas Casas Legislativas,
desde que liberada pela respectiva Mesa. Os membros das forças armadas são denominados
como militares e tem função subsidiária, ou seja, desem-
ESTADO DE
ESTADO DE SÍTIO
penham funções que originalmente são de competência
DEFESA das forças da segurança pública (polícia federal, civil e
militar dos estados e DF).
TÍTULO V Seção I Seção II
ART. 136 A 141 Art. 136 da CF Art. 137 da CF Ainda, conforme dispõe o art. 142 do texto constitu-
cional, as forças armadas estão sob a autoridade supre-
Comoção grave de ma do Presidente da República, e destinam-se à defesa
Preservar ou rees-
repercussão nacio- da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
tabelecer ordem
nal ou ineficácia iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
pública e a paz
da medida tomada
social ameaçada
durante o estado de
por grave e imi-
PRESSUPOSTOS defesa; FORÇAS ARMADAS QUE O PRESIDENTE DA REPÚ-
nente instabilidade
Declaração de
institucional; BLICA É AUTORIDADE SUPREMA
estado de guerra
Calamidade de
ou resposta a Marinha Exército Aeronáutica
grande proporção
agressão armada
da natureza.
estrangeira.
Internamente são subordinadas aos seus respecti-
Comoção grave de
repercussão nacio- vos comandantes, integrados no Ministério da Defesa
nal ou ineficácia com obediência ao Presidente da República. Assim, as
da medida tomada patentes são conferidas pelo Presidente da República,
durante o estado de entretanto a perda desta só ocorrerá se for julgado
defesa; indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
30 dias podendo
se for o caso ser
decisão de tribunal militar de caráter permanente,
30 dias podendo em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
prorrogado suces-
ser prorrogado de guerra, conforme incisos I e VI do art. 142 da CF/88.
sivamente 30 + 30
PRAZO somente uma vez
por igual período.
+ 30 [...] Aos militares é proibida a sindicalização e greve.
Declaração de Ainda, no serviço ativo não pode estar filiado a parti-
Exemplo: 30 + 30
estado de guerra do político.
ou resposta a
agressão armada STF já se posicionou sobre o tema:
estrangeira.
Decretado pelo 1. O exercício do direito de greve, sob qualquer for-
tempo que durar a ma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e
guerra ou agressão a todos os servidores públicos que atuem direta-
armada.
188 mente na área de segurança pública.
2. É obrigatória a participação do poder público em art. 23, caput , inciso XIV, da Lei nº 4.737, de 15 de julho
mediação instaurada pelos órgãos classistas das de 1965 - Código Eleitoral, DECRETA:
carreiras de segurança pública, nos termos do art.
165 do CPC, para vocalização dos interesses da Art. 1º Fica autorizado o emprego das Forças Arma-
categoria. (STF. ARE 654.432, rel. Min. Alexandre de das para a garantia da ordem pública durante a vota-
Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11.60.2018, Tema 541) ção e a apuração das eleições de 2020.
Art. 2º As localidades e o período de emprego das
Forças Armadas serão definidos conforme os ter-
Conforme dispõe o § 2º do art. 142 da CF, não
mos de requisição do Tribunal Superior Eleitoral.
cabe habeas corpus em caso de punição militar, sen-
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua
do que este segue as próprias regras de hierarquia e publicação.
disciplina.
Mas cuidado! A doutrina e jurisprudência enten- SEGURANÇA PÚBLICA (ART. 144 DA CF):
de que se aplica o mencionado dispositivo quanto ao
mérito das punições militares, ou seja, quando for
Organização da Segurança Pública
o caso de ilegalidade dos pressupostos, como com-
petência e cumprimento de regras estabelecidas no
A segurança pública é dever do Estado, direito e
regulamento militar é cabível a impetração de habeas
responsabilidade de todos, a qual objetiva a preserva-
corpus para análise do poder judiciário.
ção da ordem pública e da incolumidade de pessoas e
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMI-
do patrimônio, conforme consagra o art. 144 do texto
NAL. PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR. Não há que se
constitucional. É exercido por meio de órgãos federais
falar em violação ao art. 142, § 2º, da CF, se a con- e estaduais como a polícia federal, polícia rodoviá-
cessão de habeas corpus, impetrado contra puni- ria federal, polícia ferroviária federal, polícias civis,
ção disciplinar militar, volta-se tão-somente para polícias militares, o corpo de bombeiros militares
os pressupostos de sua legalidade, excluindo a e as polícias penais federal, estadual e distrital, esta
apreciação de questões referentes ao mérito. Con- última acrescentada pela Emenda Constitucional nº
cessão de ordem que se pautou pela apreciação dos 104/2019.
aspectos fáticos da medida punitiva militar, invadindo Conforme o § 8º do art. 144 da CF os municípios
seu mérito. A punição disciplinar militar atendeu aos podem constituir guardas municipais destinados à
pressupostos de legalidade, quais sejam, a hierarquia, proteção de seus bens, serviços e instalações (deve
o poder disciplinar, o ato ligado à função e a pena sus- atuar somente na municipalidade). Cuidado! Esse
ceptível de ser aplicada disciplinarmente, tornando, órgão não integra a estrutura de segurança pública
portanto, incabível a apreciação do habeas corpus. para exercer a função de polícia ostensiva.
Recurso conhecido e provido.” (STF. RE 338.840, rel. Para o STF os órgãos que compõe a segurança
min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJ de 12.09.2003). pública estão relacionados nos incisos I ao VI do art.
A Constituição também prevê o serviço militar 144 da CF, sendo esse rol taxativo, ou seja, não podem
obrigatório, conforme art. 143, entretanto o inciso os municípios ou estados criarem outros órgãos para
VIII do art. 5º desobriga o alistado do serviço militar integrarem à segurança pública.
por motivo de crença religiosa, convicção filosófica ou
política, desde que cumpra prestação alternativa, que Art. 144. A segurança pública, dever do Estado,
é de competência das forças armadas atribuir. direito e responsabilidade de todos, é exercida para
a preservação da ordem pública e da incolumidade
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
da lei. órgãos:
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, I - polícia federal;
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de II - polícia rodoviária federal;
paz, após alistados, alegarem imperativo de cons- III - polícia ferroviária federal;
ciência, entendendo-se como tal o decorrente de IV - polícias civis;
crença religiosa e de convicção filosófica ou políti- V - polícias militares e corpos de bombeiros
ca, para se eximirem de atividades de caráter essen- militares.
cialmente militar. VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujei- Sobre o Departamento de Trânsito o STF já manifestou:
tos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. Os Estados-membros, assim como o Distrito Fede-
DIREITO CONSTITUCIONAL

ral, devem seguir o modelo federal. O art. 144 da Cons-


Exemplo prático de uso das Forças Armadas! tituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da
Em 20/10/2020 foi publicado no DOU decreto pre- segurança pública. Entre eles não está o Departamen-
sidencial que autoriza o uso das Forças Armadas nas to de Trânsito. Resta, pois, vedada aos Estados-mem-
eleições municipais de 2020. bros a possibilidade de estender o rol, que esta Corte
O objeto é garantir a ordem pública durante a já firmou ser numerus clausus, para alcançar o Depar-
votação e segurança do processo eleitoral. tamento de Trânsito.
DECRETO Nº 10.522, DE 19 DE OUTUBRO DE 2020 [ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11-
Autoriza o emprego das Forças Armadas para a 2005, P, DJ de 10-3-2006.]
garantia da ordem pública durante a votação e a apu- Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-
ração das eleições de 2020. 2010, P, DJE de 6-4-2011
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribui- Serviços da segurança pública são custeados
ções que lhe confere o art. 84, caput , incisos IV e XIII, mediante impostos, sendo que não é permitida a cria-
da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 15 ção de taxa para esta finalidade, ainda, a remunera-
da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, e no ção dos servidores será exclusivamente por subsídio 189
fixado em parcela única, na forma do § 4º do art. 39 polícia judiciária (exercício da segurança pública)
da CF/88. e apuração de infrações penais, salvo as militares.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Art. 144 [...]


Municípios instituirão conselho de política de admi- § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
nistração e remuneração de pessoal, integrado por polícia de carreira, incumbem, ressalvada a compe-
servidores designados pelos respectivos Poderes. tência da União, as funções de polícia judiciária e a
[...] apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Fique atento que o art. 144 § 4º não menciona a ati-
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu-
sivamente por subsídio fixado em parcela úni-
vidade penitenciária como atividade da polícia civil.
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, A Constituição do Brasil – art. 144, § 4º – define
adicional, abono, prêmio, verba de representação incumbirem às polícias civis “as funções de polícia
ou outra espécie remuneratória, obedecido, em judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. militares”. Não menciona a atividade penitenciária,
que diz com a guarda dos estabelecimentos prisionais;
z Polícia Federal (art. 144, § 1º da CF) é órgão per- não atribui essa atividade específica à polícia civil.
manente, organizado e mantido pela União. Exer- (STF. ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, DJE de 14-5-2010)
ce a função de polícia judiciária da União, que está
disposto nos incisos I ao IV, vejamos: z Polícias militares e Corpo de Bombeiros Militar
(art. 144, § 5º da CF): as polícias militares cabem
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão à polícia ostensiva sendo atribuído a preservação
permanente, organizado e mantido pela União e
da ordem pública e ao corpo de bombeiros milita-
estruturado em carreira, destina-se a:
res objetivam a execução das atividades de defesa
I - apurar infrações penais contra a ordem polí-
tica e social ou em detrimento de bens, serviços e civil, prevenção e combate a incêndios, buscas e
interesses da União ou de suas entidades autárqui- salvamentos públicos.
cas e empresas públicas, assim como outras infra-
ções cuja prática tenha repercussão interestadual Ainda, conforme consagra § 6º do art. 144 da CF
ou internacional e exija repressão uniforme, segun- ambos “subordinam-se, juntamente com as polícias
do se dispuser em lei; civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
entorpecentes e drogas afins, o contrabando e Territórios”.
o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e
de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
competência;
z Polícias Penais Federal, estaduais e distrital
(art. 144 § 5º-A) foi incluído pela Emenda Consti-
Conforme considerações do STF, na busca e apreen- tucional nº 104 de 2019, às polícias penais cabe à
são de tráfico de drogas o cumprimento da ordem segurança dos estabelecimentos penais, vincula-
judicial pela polícia militar não contamina o flagrante das ao órgão administrador do sistema penal da
e a busca e apreensão realizadas. unidade federativa a que pertencem.

III - exercer as funções de polícia marítima, aero- ATRIBUIÇÕES CONSTITUCIONAIS DA POLÍCIA


portuária e de fronteiras; RODOVIÁRIA FEDERAL
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polí-
cia judiciária da União. O referido assunto já foi abordado em “Organiza-
ção da Segurança Pública».
z Polícia Rodoviária Federal (art. 144, § 2º da CF)
é órgão permanente, organizado e mantido pela
União, tem como função o patrulhamento ostensi-
vo das rodovias federais.
ORDEM SOCIAL
z Polícia Ferroviária Federal (art. 144, § 3º da CF)
é órgão permanente, organizado e mantido pela
BASE E OBJETIVOS
União, tem como função o patrulhamento ostensi-
vo das ferrovias federais.
A ordem social está consagrada no Título VIII da
Constituição, e tem como base o princípio do trabalho
A Polícia Ferroviária Federal surgiu no Brasil em
1852 por Decreto Imperial, nessa época era denomi- e como objetivo o bem estar e a justiça sociais, é uma
nada como “Polícia dos Caminhos de Ferro” e tinha o extensão dos direitos fundamentais previstos no Títu-
objetivo de cuidar das riquezas que eram transporta- lo II da Constituição.
das pelos trilhos de ferro. A ideia é valorizar o trabalho humano e preservar
Entretanto, apesar de ter autorização na atual a livre iniciativa, buscando um equilíbrio para as rela-
constituição, hoje essa polícia não existe de fato. ções sociais, garantindo a todos uma existência digna.
O conteúdo da ordem social foi relacionado em
z Polícias Civis (art. 144, § 4º da CF) são dirigidas oito Capítulos na Constituição, são temas que abor-
por delegados de carreiras e subordinadas aos dam diversos outros ramos do direito. Nesse sentido,
190 Governadores dos estados ou DF têm função de o professor José Afonso da Silva preleciona:
A Constituição deu bastante realce à ordem social. preservado o caráter contributivo da previdência
Forma ela com o título dos direitos fundamentais o social;
núcleo substancial do regimento democrático instituí-
do. Mas é preciso convir que o título da ordem social A seguridade será financiada por toda a sociedade,
misturou assuntos que não se afinam com essa natu- sendo que não terá apenas uma fonte de renda.
reza. Jogaram-se aqui algumas matérias que não tem
um conteúdo típico de ordem social. (Curso de Direito
VII - caráter democrático e descentralizado da
Constitucional Positivo, 2017, p. 844).
administração, mediante gestão quadripartite,
com participação dos trabalhadores, dos empre-
Os assuntos abordados no Título VIII são: seguri- gadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
dade social (art. 194 a 204); educação, cultura e depor- colegiados;
to (art. 205 a 217); ciência e tecnologia (art. 218 e 219);
comunicação social (art. 220 a 224); meio ambiente Desta maneira, a seguridade terá a participação
(art. 225); família, criança, adolescente, jovem e ido- democrática e uma gestão descentralizada.
so (art. 226 a 230) e dos índios (art. 231 a 232). Pas-
Conforme dispõe o art. 195, a seguridade social
saremos à análise desses assuntos ao decorrer deste
será financiada por toda a sociedade, nos termos da
capítulo.
lei, sendo direta (mediante o pagamento das contribui-
ções sociais) ou indireta (previsão na lei orçamentária
SEGURIDADE SOCIAL
anual) e mediante recursos provenientes da União,
estados, DF e municípios e das contribuições sociais:
A seguridade social assegura os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social, é um con-
I - do empregador, da empresa e da entidade
junto de ações dos poderes públicos e da sociedade,
a ela equiparada na forma da lei, incidentes
consagrada nos artigos 194 a 204 da CF.
sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos
do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título,
SEGURIDADE SOCIAL à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem
vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamen-
Saúde Previdência Social Assistência Social to; c) o lucro;
Art. 196 a 200 Art. 201 a 202 Art. 203 a 204 II - do trabalhador e dos demais segurados da
previdência social, podendo ser adotadas alíquo-
Os objetivos da seguridade social são de observân- tas progressivas de acordo com o valor do salário
cia obrigatória e estão enumerados nos incisos do art. de contribuição, não incidindo contribuição sobre
194 da CF. A seguir segue os dispositivos mencionados aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime
seguido de breve explicação. Geral de Previdência Social;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
I - universalidade da cobertura e do atendimento; IV - do importador de bens ou serviços do exterior,
ou de quem a lei a ele equiparar. (grifos nossos)
Deste modo, todas as pessoas devem ter acesso à
saúde, previdência e assistência social. FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e DIRETA INDIRETA


serviços às populações urbanas e rurais; Contribuições Sociais Recursos Orçamentários

NOS TERMOS DA LEI


Em resumo, não é possível discriminar ou retirar
direitos sociais do indivíduo; Recursos provenientes dos Contribuições sociais
orçamentos Art. 195, I e II, III e IV da CF
III - seletividade e distributividade na prestação dos
� União z Empregador, da empresa e
benefícios e serviços;
� Estados da entidade a ela equipara-
� Distrito Federal da na forma da lei;
Ou seja, deve-se atingir maior número possível de z Trabalhador e dos demais
pessoas necessitadas de acordo com a possibilidade � Municípios
segurados da previdência
econômica do sistema da seguridade social. social;
z Sobre a receita de concur-
sos de prognósticos;
DIREITO CONSTITUCIONAL

IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;


z Importador de bens ou
serviços do exterior, ou de
Todos os benefícios decorrentes da seguridade quem a lei a ele equiparar.
social devem ser irredutíveis;

V - equidade na forma de participação no custeio;


Saúde

Em suma, é a participação que cada contribuin- A Saúde é direito de todos e dever do Estado, regu-
te deve fazer com a seguridade social conforme sua lamentada no art. 196 da CF e pela Lei nº 8.080/90,
capacidade contributiva. dispositivos que visam garantir mediante políticas
sociais e econômicas conjunto de ações do Estado
VI - diversidade da base de financiamento, identi- destinados à redução de riscos relativos de doenças e
ficando-se, em rubricas contábeis específicas para suas consequências. A saúde não tem natureza contri-
cada área, as receitas e as despesas vinculadas a butiva, ou seja, deverá ser prestada a quem precisar e
ações de saúde, previdência e assistência social, independe de pagamento, desse modo ficam sujeitos 191
ao controle, fiscalização e regulamentação do poder praticados pelos demais entes federativos no âmbi-
público, ou seja, são de relevância pública. to da competência comum para legislar sobre saúde
O poder público cumpre seu dever na relação pública (artigo 23, II da CF) (ADI 6341, rel. Min. Mar-
jurídica da saúde através do sistema único de saúde, co Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em 26.03.2020).
sendo um conjunto de ações e serviços organizado de Bem como, na ADPF 672 proposta pelo Conselho
acordo com a descentralização, atendimento integral Federal da OAB em face dos atos omissivos e comis-
e com a participação da comunidade. sivos praticados pelo Poder Executivo federal decor-
Ainda, conforme art. 200 da CF, compete ao siste- rente da pandemia, o Ministro do STF, Alexandre de
ma único de saúde o controle de substancias de inte- Moraes em decisão monocrática considerou que no
resse para a saúde e outras destinadas à prestação caso de crise, como a que vivenciamos pela pandemia
sanitária, em sua área da atuação, a Emenda Consti- da covid-19 a cooperação entre os entes federativos
tucional 85/2015, passou a incluir também como com- são de suma importância para a defesa do interesse
petência, o desenvolvimento científico e tecnológico e público. Assim, reconheceu e assegurou que os Esta-
a inovação. dos e Municípios tem competência para manutenção
Conforme art. 198, § 1º da CF, o sistema único de das medidas restritivas durante a pandemia, como
saúde será financiado com orçamentos da seguridade por exemplo, a suspensão das atividades de ensino
social dos entes da Federação, além de outras fontes. e as restrições às atividades do comércio. (ADPF 672,
Nesse sentido, o STF considerou que a responsabilida- rel. Min. Alexandre de Moraes, decisão em 08.04.2020,
de dos entes da Federação deve ser solidária, vejamos. Dje em 15.04.2020)
EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMI- O texto constitucional autoriza gestores locais
NISTRATIVO DIREITO À SAÚDE. TRATAMENTO admitir agentes comunitários de saúde e agentes de
MÉDICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS combate às epidemias através de processo seletivo
ENTES FEDERADOS. CONSONÂNCIA DA DECISÃO público, de acordo com os requisitos específicos para
RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZA- sua atuação. Desse modo, o regime jurídico, piso sala-
DA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO rial e as diretrizes para o plano de carreira serão dis-
EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE TRÂNSITO. postos em lei federal.
REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDI- O servidor que exerça funções equivalentes aos
MENTO VEDADO NA INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. agentes comunitários de saúde e agentes de combate
ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 11/07/2014. às epidemias poderá perder o cargo em caso de des-
1. O entendimento adotado pela Corte de origem, cumprimento de requisitos específicos (art. 198 § 6º).
nos moldes do assinalado na decisão agravada, não Como forma de complementar o sistema único
diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste de saúde, é livre a iniciativa privada a assistência à
Supremo Tribunal Federal. Entender de modo diver- saúde mediante contrato de direito público ou convê-
so demandaria a reelaboração da moldura fática nio, tendo preferência às entidades filantrópicas e as
delineada no acórdão de origem, o que torna oblí- sem fins lucrativos. O art. 199, § 2º, veda a destinação
qua e reflexa eventual ofensa, insuscetível, como tal, de recursos públicos para auxílios ou subvenções às
de viabilizar o conhecimento do recurso extraor- instituições privadas com fins lucrativos. Bem como,
dinário. 2. As razões do agravo regimental não se conforme § 3º, é vedada também a participação direta
mostram aptas a infirmar os fundamentos que las- ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
trearam a decisão agravada. 3. Agravo regimental assistência à saúde no País, com exceção dos casos
conhecido e não provido. (RE 855.178-RG, rel. min. previstos em lei.
Luiz Fux, j. 5-3-2015, P, DJE de 16-3-2015, Tema 793).
Previdência Social
z Considerações do STF sobre o Coronavírus: ADI
926 e ADPF 672 A emenda constitucional nº 103 de 2019, também
chamada como reforma da previdência, trouxe diver-
Sobre o tema, vamos relembrar conforme estuda- sas modificações ao texto constitucional, alterou o
mos no decorrer deste material sobre a ADI 926/2020 sistema de previdência social e estabeleceu regras de
e ADPF 672, ações que deram origem as considerações transição e disposição transitórias.
do STF sobre a repartição das competências em face Conforme o art. 201 das CF, a previdência social
da pandemia do covid-19. será organizada sob forma de regime geral, de filiação
Vamos relembrar?! obrigatória. Ainda, a previdência social tem nature-
Os legitimados da ADI 926/2020 sustentaram que za contributiva, ou seja, destinada apenas para quem
a redistribuição de poderes de polícia sanitária intro- contribui, devendo ser observado os critérios que pre-
duzida pela MP na Lei Federal 13.979/2020 interferiu servem o equilíbrio financeiro e atuarial.
no regime de cooperação entre os entes federativos.
A previdência social é uma espécie de seguro,
Ainda, alegaram que essa centralização de com-
que protege seus segurados de eventos como morte,
petência esvazia a responsabilidade constitucio-
invalidez, reclusão ou desemprego, ou seja, dos riscos
nal de estados e municípios para cuidar da saúde,
sociais, são prestações pecuniárias aos segurados e as
dirigir o Sistema Único de Saúde e executar ações
pessoas que contribuam para previdência.
de vigilância sanitária e epidemiológica. Assim, ao
apreciar o caso em tela, o Ministro Marco Aurélio, em
decisão monocrática, considerou que a redistribuição PREVIDÊNCIA SOCIAL
de atribuições pela MP 926/2020 não afasta a compe-
tência concorrente dos entes federativos, ou seja, Benefícios Serviços
entendeu que a distribuição de atribuições prevista na
Medida Provisória não contraria a Constituição Fede- É por meio do Instituto Nacional do Seguro Social
192 ral, pois as providências não afastaram atos a serem – INSS que o segurado pode receber os benefícios
previdenciários relacionados nos incisos do art. 201 titulares de cargos efetivos da União, dos Estados,
da CF, são os seguintes: do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
suas autarquias e fundações, os membros do Poder
I - cobertura dos eventos de incapacidade tem- Judiciário, do Ministério Público, das Defensorias
porária ou permanente para o trabalho e idade Públicas e dos Tribunais e dos Conselhos de Con-
avançada; tas, na forma da lei complementar nº 152 de 2015.
II - proteção à maternidade, especialmente à Ainda, conforme consagra o art. 202 da CF o regi-
gestante; me de previdência privada é facultativo e de caráter
III - proteção ao trabalhador em situação de desem-
complementar, deve ser organizado de forma autôno-
prego involuntário;
ma e será regulamentado por lei complementar.
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os
dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou Assistência Social
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes,
observado o disposto no § 2º. Assistência social se refere às políticas sociais vol-
tadas a prover as necessidades básicas do cidadão que
O § 2º, mencionado no inciso V, determina que dela necessitar. Consagrada na Constituição Federal
benefícios que substituem o salário de contribuição no art. 203 e 204 e regulamentada pela Lei 8.742/13,
ou o rendimento do trabalho do segurado não podem tem os seguintes objetivos:
ter valor mensal inferior ao salário mínimo.
A emenda constitucional nº 103 de 2019, dentre Art. 203. A assistência social será prestada a quem
outras modificações, alterou os requisitos necessários dela necessitar, independentemente de contribui-
para requerimento de aposentadoria presentes no art. ção à seguridade social, e tem por objetivos:
201, § 7º da Constituição. Vejamos no quadro explica- I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
tivo os requisitos necessários para requerimento de adolescência e à velhice;
aposentadoria após a reforma da previdência. II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas porta-
Homem - 65 anos de idade; doras de deficiência e a promoção de sua integra-
Mulher - 62 anos de idade; ção à vida comunitária;
Observado tempo mínimo
de contribuição;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício
Exceção: Professor que mensal à pessoa portadora de deficiência e ao ido-
TRABALHADORES Art. 201, comprove tempo de efetivo so que comprovem não possuir meios de prover à
exercício das funções de própria manutenção ou de tê-la provida por sua
URBANOS § 7º, I da CF magistério na educação
infantil e no ensino funda-
família, conforme dispuser a lei.
mental e médio fixado em
lei complementar: será re- Como visto, a Constituição Federal prevê a possi-
duzido em 5 anos o requi-
sito de idade.
bilidade de um pagamento assistencial ao deficiente
físico ou idoso que não possa prover suas próprias
Homem - 60 (sessenta) necessidades ou pelos seus familiares.
anos de idade;
Mulher - 55 anos de idade.
Também se aplica para É financiada com recursos do orçamento da seguri-
TRABALHADORES Art. 201, os que exerçam suas ati- dade social e tem natureza não contributiva, ou seja,
RURAIS § 7º, II da CF vidades em regime de não é um seguro social, pois não depende de contri-
economia familiar, nestes buição do beneficiário.
incluídos o produtor rural,
o garimpeiro e o pescador
artesanal.
MEIO AMBIENTE

O meio ambiente tem previsão no texto constitu-


Referente ao tempo de serviço militar exercido
cional no art. 225, que define o meio ambiente ecolo-
pelos membros das polícias militares, corpo de bom-
gicamente equilibrado como bem de uso comum do
beiro militar, da marinha, exército, aeronáutica e ao
povo, sendo dever do Poder Público e da coletivida-
serviço militar obrigatório, terão contagem recíproca
de defender e preservar para as presentes e futuras
para fins de inativação militar ou aposentadoria, e a
gerações.
compensação financeira será devida entre as receitas
O art. 225, § 1º, prevê as medidas para assegurar a
DIREITO CONSTITUCIONAL

de contribuição referentes aos militares e as receitas


efetividade deste direito, vejamos.
de contribuição aos demais regimes, conforme deter-
mina o art. 201, § 9º-A, da CF.
I - preservar e restaurar os processos ecológicos
Para os trabalhadores de baixa renda o texto
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies
constitucional também prevê a inclusão de alíquotas
e ecossistemas;
diferenciadas, bem como aos que se encontram em II - preservar a diversidade e a integridade do patri-
situação de informalidade e ao trabalho doméstico no mônio genético do País e fiscalizar as entidades
âmbito de sua residência, estes serão concedidas apo- dedicadas à pesquisa e manipulação de material
sentadorias no valor de um salário-mínimo. genético;
Serão aposentados compulsoriamente os empre- III - definir, em todas as unidades da Federação,
gados dos consórcios públicos, das empresas públicas, espaços territoriais e seus componentes a serem
das sociedades de economia mista e das suas subsi- especialmente protegidos, sendo a alteração e a
diárias, desde que observado o cumprimento do supressão permitidas somente através de lei, veda-
tempo mínimo de contribuição ao atingir 70 anos da qualquer utilização que comprometa a integri-
de idade, ou aos 75 anos de idade, os servidores dade dos atributos que justifiquem sua proteção; 193
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO
ou atividade potencialmente causadora de signifi- JOVEM E DO IDOSO
cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
de impacto ambiental, a que se dará publicidade; O termo “família” ao longo dos anos foi se trans-
V - controlar a produção, a comercialização e o mudando. Trata-se, por sinal, de um tema que vem
emprego de técnicas, métodos e substâncias que sendo discutido constantemente. A mais revolucioná-
comportem risco para a vida, a qualidade de vida ria mudança veio com a promulgação da Constituição
e o meio ambiente; Federal de 1988, que ampliou o conceito de família e
VI - promover a educação ambiental em todos os passou a proteger todos os seus membros de forma
níveis de ensino e a conscientização pública para a igualitária.
preservação do meio ambiente; É inegável a transformação da estrutura familiar,
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma identificada na Carta Republicana, que se ergue como
da lei, as práticas que coloquem em risco sua fun- a nova tábua valorativa das relações familiares.
ção ecológica, provoquem a extinção de espécies ou Até o advento da constituição de 1988, o reconheci-
submetam os animais a crueldade. (grifo nosso) mento da família estava intimamente ligado ao casa-
mento. Segundo a maioria dos estudiosos, a família
O STF considerou que a prática de exercício cul- era conceituada como o conjunto de pessoas que se
tural que submeta aos animais à crueldade viola o achavam vinculadas entre si pelo matrimônio, pela
inciso VII do art. 225 é inconstitucional, por exemplo, filiação e pela adoção.
foi declarada inconstitucional a Lei nº 15.299/2013 A partir da constituição de 1988, passou-se a reco-
do estado do Ceará que regulamentava a vaquejada, nhecer outras formas de constituição de família, que
vejamos: não exclusivamente pelo casamento, ampliando o
VAQUEJADA – MANIFESTAÇÃO CULTURAL – ANI- rol de entidades familiares, considerando também a
MAIS – CRUELDADE MANIFESTA – PRESERVAÇÃO DA união estável e a família monoparental20, ainda, o tex-
FAUNA E DA FLORA – INCONSTITUCIONALIDADE. A to constitucional consagra a família como a base da
obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercí- sociedade, com especial proteção do Estado.
cio de direitos culturais, incentivando a valorização e A família monoparental, por exemplo, é a família for-
a difusão das manifestações, não prescinde da obser- mada só pela mãe ou só pelo pai e seus respectivos filhos,
vância do disposto no inciso VII do artigo 225 da Carta conforme art. 226, § 4º da CF.
Federal, o qual veda prática que acabe por submeter os urar proteção especial às famílias instituídas por
animais à crueldade. Discrepa da norma constitucional inseminação artificial, produção independente e etc21.
a denominada vaquejada. (ADI 4.983, rel. min. Marco Destarte, o Supremo Tribunal Federal, em 2011, no
Aurélio, j. 6-10-2016, P, DJE de 27-4-2017) julgamento da ADPF n. 132/RJ e ADI n. 4.277/DF, reco-
Posteriormente, a Emenda Constitucional n. nheceu a união homoafetiva como família sob análi-
96/2017 inovou ao acrescentar o § 7º ao art. 225, não se do art. 1.723 do código civil em consonância com
considerando cruel a utilização de animais em prá- a Constituição Federal, ou seja, reconheceu a união
ticas desportivas de manifestação cultural, mas para homoafetiva como constitucional, vejamos a ementa
tanto exige a regulamentação por lei específica que do julgamento (Considerações do STF do julgamento
assegure o bem-estar dos animais envolvidos. mencionado já foi objeto de pergunta da banca Cespe).
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDE-
VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis RAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”).
as práticas desportivas que utilizem animais, des- RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO
de que sejam manifestações culturais, conforme o § FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a possibi-
1º do art. 215 desta Constituição Federal, registra- lidade de interpretação em sentido preconceituoso
das como bem de natureza imaterial integrante do ou discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não
patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regula- resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utili-
mentadas por lei específica que assegure o bem-es- zação da técnica de “interpretação conforme à Cons-
tar dos animais envolvidos. tituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa
qualquer significado que impeça o reconhecimento
Ainda, além do meio de atuação relacionado nos da união contínua, pública e duradoura entre pessoas
incisos do art. 225, a Constituição também prevê con- do mesmo sexo como família. Reconhecimento que é
dutas a serem observadas, por exemplo, aquele que de ser feito segundo as mesmas regras e com as mes-
explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar mas consequências da união estável heteroafetiva.
o meio ambiente degradado (art. 225, § 2º da CF). (ADI 4277 / DF, rel. Min. Ayres Brito, data do julgamen-
O texto constitucional também se preocupou em to 05.05.2011, DJe 14.10.2011)
declarar como patrimônio nacional a Floresta Ama- O casamento civil é de celebração gratuita, sendo
zônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal que, o religioso terá efeito civil, nos termos da lei. No
Mato-Grossense e a Zona Costeira, sua utilização será que tange à dissolução do casamento civil, o texto cons-
na forma da lei. titucional foi modificado pela Emenda Constitucional
Ainda, conforme art. 225, §5º, são indisponíveis n. 66/2010, que então permitiu a dissolução do casa-
as terras devolutas (terras que pertencem ao poder mento civil pelo divórcio, que antes só se dava após o
público sem destinação pública) ou arrecadadas pelos cumprimento de alguns requisitos, agora é imediato.
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à É dever do Estado, da família e da sociedade asse-
proteção dos ecossistemas naturais. gurar com prioridade os direitos fundamentais da
20 - Família monoparental,
194 21 LENZA, Pedro; Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 1512.
criança, do adolescente, do jovem, com prioridade na Determina o art. 231, § 6º, da CF, que são nulos e
vida, saúde, alimentação, educação, lazer, profissiona- extintos os atos que tenham por objeto a ocupação, o
lização, cultura, dignidade, ao respeito, à liberdade e domínio e a posse das terras indígenas, ou a explora-
à convivência familiar e comunitária (art. 227 da CF). ção das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos
A Constituição também determina a promoção nelas existentes, com exceção ao relevante interesse
de programas de assistência à criança, adolescente e público da União.
jovem, vejamos.
Dica
§ 1º O Estado promoverá programas de assistên-
cia integral à saúde da criança, do adolescente e do É de competência exclusiva do Congresso
jovem, admitida a participação de entidades não Nacional autorizar, em terras indígenas, a explo-
governamentais, mediante políticas específicas e ração e o aproveitamento de recursos hídricos e
obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos
a pesquisa e lavra de riquezas minerais (art. 49,
destinados à saúde na assistência materno-infantil; XVI da CF).
II - criação de programas de prevenção e atendi-
mento especializado para as pessoas portadoras de O art. 232 da CF, autoriza a participação dos índios
deficiência física, sensorial ou mental, bem como de e as suas comunidades e organizações como partes
integração social do adolescente e do jovem porta- legítimas para ingressar em juízo para defender seus
dor de deficiência, mediante o treinamento para o interesses, com a participação do Ministério Público
trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso em todos os atos do processo.
aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de
discriminação.

Ainda, consagra a igualdade de direitos e qualifi-


HORA DE PRATICAR!
cação aos filhos havidos ou não do casamento ou por
1. (CESPE – 2019) A respeito das garantias e dos direi-
adoção (art. 227, § 6º da CF).
tos constitucionalmente previstos, assinale a opção
O art. 228 da CF, determina que os menores de
correta.
dezoito anos são penalmente inimputáveis, ou seja,
não podem responder criminalmente, sendo que,
após verificada prática de ato infracional, estarão a) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residen-
sujeitos às medidas previstas em legislação especial. tes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
Mais adiante, o texto constitucional também ampa- sem condenação penal equiparam se aos brasileiros
ra as pessoas idosas: naturalizados, ainda que não requeiram a nacionalida-
de brasileira.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o b) A criação de associações e de cooperativas depende
dever de amparar as pessoas idosas, assegurando de autorização na forma da lei.
sua participação na comunidade, defendendo sua c) A manifestação de pensamento é livre, porém é vedado
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito o anonimato, resguardando-se o sigilo da fonte quando
à vida. se tratar de matéria jornalística.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão exe- d) A defesa do consumidor, patrocinada pelo Estado, é
cutados preferencialmente em seus lares. disposta em lei complementar.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garanti- e) O rol dos direitos e das garantias fundamentais se
da a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
esgota nos direitos e deveres individuais, na naciona-
lidade e nos direitos políticos.
Idoso é considerado pessoa com idade igual ou
superior a 60 anos, conforme Lei nº 8.842/94 (Política
2. (CESPE – 2019) Presidente de uma fundação fede-
Nacional do Idoso) e a Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do
ral, no exercício de suas atribuições, utilizou dinheiro
idoso). Por conseguinte, a Lei nº 13.466/2017 determi-
da entidade para atividades particulares e para bene-
na a prioridade especial ao idoso maior de 80 anos,
devendo este ter prioridade e atendimento preferen- fício de terceiros. Por isso, foi necessária a adoção
cial, por exemplo, nos casos de atendimento à saúde. de medidas que possibilitassem o rastreamento do
dinheiro público que havia sido desviado para a per-
ÍNDIO feita comprovação e identificação dos beneficiários.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Nessa situação hipotética, a quebra do sigilo bancário


Ordenamento jurídico brasileiro valoriza as dife- dos envolvidos poderá ser determinada
renças culturais, garantindo e respeitando o modo
de vida das comunidades indígenas. O texto cons- a) pelo TCU, em tomada de contas especial.
titucional foi um grande avanço referente os direi- b) por comissão parlamentar de inquérito, que deverá
tos indígenas, garantindo a eles a preservação da mostrar de forma motivada a necessidade do ato e a
sua organização social, costumes, crenças, língua e indicação concreta de fatos específicos.
tradições. c) pelo auditor externo do tribunal de contas, a partir
A Constituição também garantiu o direito origi- de autorização dada pelo ministro do TCU, relator do
nário sobre as terras que os índios tradicionalmente processo.
ocupavam, cabendo à União demarcá-las e garantir d) pelo membro do Ministério Público Federal, no inquéri-
que seus bens sejam respeitados, sendo inalienáveis to civil público.
e indisponíveis, bem como, os direitos sobre elas, e) pelo delegado de polícia, no procedimento investigató-
imprescritíveis. rio e sem a necessidade de prévia autorização judicial. 195
3. (CESPE – 2019) Julgue os seguintes itens, a respeito 7. (CESPE – 2019) De acordo com a Constituição Federal
dos direitos fundamentais. de 1988 (CF), o regime de previdência privada com-
plementar será regulado por lei complementar que
I. As pessoas em situação migratória irregular no Brasil assegurará ao participante de planos de benefícios de
não têm direito de acesso ao Poder Judiciário. entidade privada
II. O direito fundamental à privacidade e à intimidade é irre-
nunciável, mesmo para pessoas sob curatela ou tutela. a) um regime de benefício definido e correspondente à
III. O princípio da igualdade é norma programática ainda remuneração que o participante detinha quando em
não regulamentada pelo Poder Legislativo. atividade.
IV. Em razão do direito à liberdade religiosa, é constitucio- b) a contagem recíproca de contribuições vertidas no
nal lei que autorize o sacrifício de animais em cerimô- regime geral de previdência social.
nias religiosas em que tal prática seja adotada como c) o pleno acesso às informações relativas à gestão de
ritual. seus respectivos planos.
d) aportes dos entes públicos patrocinadores às enti-
Estão certos apenas os itens dades de previdência privada em quantia superior à
contribuição normal do segurado, limitada ao dobro
a) I e III. do benefício.
b) I e IV. e) a inclusão, no contrato de trabalho do participante,
c) II e IV. das contribuições do empregador, dos benefícios e
d) I, II e III. das condições contratuais previstas nos planos de
e) II, III e IV. benefícios.

4. (CESPE – 2019) A respeito de mandado de injunção, 8. (CESPE – 2019) À luz da Constituição Federal de 1988
assinale a opção correta. (CF), julgue o item a seguir.
Além dos recursos do orçamento da seguridade social,
a) É cabível mandado de injunção para exigir do Poder outras fontes podem ser empregadas nas ações gover-
Legislativo a edição de regulamentação dos direitos namentais na área da assistência social, devendo tais
do nascituro. ações ser organizadas com base em diretrizes previs-
b) Mandado de injunção é instrumento do sistema de con- tas na CF.
trole concreto e difuso da omissão inconstitucional.
c) É cabível mandado de injunção para questionar a efetivi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dade de lei que regulamente disposição constitucional.
d) Mandado de injunção não é o meio próprio para reque- 9. (CESPE – 2020) De acordo com a Constituição Fede-
rer a concessão de aposentadoria especial em função ral de 1988, a educação é direito de todos e dever do
do exercício de atividade insalubre. Estado e da família. Esse caráter de direito público e
e) Sentença de mandado de injunção não tem o efeito de subjetivo da educação é violado quando
estabelecer as condições em que se dará o exercício
do direito pleiteado. a) os municípios não atendem às necessidades locais
de ensino fundamental para a população em idade
5. (CESPE – 2020) Considerando as disposições da escolar.
Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os itens a b) a União não oferta vagas suficientes para o ensino
seguir, acerca da seguridade social. superior.
c) os estados não promovem ações de formação pro-
I. A seguridade social abrange os direitos relativos à saú- fissional de acordo com as necessidades de sua
de, à previdência e à assistência social. jurisdição.
II. A seguridade social é financiada, entre outras fontes, d) um adolescente de quinze anos de idade é submetido
mediante contribuição social das entidades beneficen- a situação de menor aprendiz, trabalhando para ajudar
tes de assistência social. na renda familiar.
III. A CF define para os segurados um reajuste bianual do e) estados e municípios não conseguem ofertar vagas na
benefício. educação infantil para atender à população de zero a
IV. Um dos objetivos do poder público ao organizar a cinco anos de idade.
seguridade social é a irredutibilidade do valor dos
benefícios. 10. (CESPE – 2020) A respeito do direito à educação esta-
belecido na CF, julgue o item a seguir.
Estão certos apenas os itens A CF não veda, de forma absoluta, o ensino domiciliar,
mas proíbe qualquer de suas espécies que não res-
a) I e II. peite o dever de solidariedade entre a família e o Esta-
b) I e IV. do como núcleo principal à formação educacional de
c) II e III. crianças, adolescentes e jovens.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV. ( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (CESPE – 2019) A respeito das dimensões dos direitos 11. (CESPE – 2019) Considerando a pouca quantidade de
fundamentais e de seus destinatários, julgue o item a defensores públicos indispensáveis ao atendimento
seguir. O ônus da prova para a negativa de prestação adequado dos necessitados na forma da lei, determi-
de serviço de saúde vincula os órgãos estatais. nado estado da Federação aprovou o respectivo pro-
jeto e sancionou a lei Y, que criou a obrigatoriedade
196 ( ) CERTO ( ) ERRADO de estágio curricular no atendimento da assistência
jurídica gratuita por núcleo de prática jurídica inte- 14. (CESPE – 2020) Com base nas disposições da Consti-
grante do departamento de direito de universidade tuição Federal de 1988 e do Código Florestal, julgue o
estadual, estabelecendo sua organização, seu funcio- item a seguir.
namento e seus horários, inclusive determinando sua Segundo disposição constitucional, cabe ao poder
atuação em regime de plantão, bem como vinculando público e à coletividade, enquanto titular do direito ao
a certificação da conclusão do curso de bacharelado meio ambiente ecologicamente equilibrado, o dever de
pelos alunos ao cumprimento do referido estágio. defender e preservar o meio ambiente.
Conforme a CF, a doutrina e a jurisprudência do STF, a
lei Y é ( ) CERTO ( ) ERRADO

a) constitucional por atender ao princípio da indissociabi- 15. (CESPE – 2019) À luz da Constituição Federal de 1988
lidade entre ensino, pesquisa e extensão disposto em (CF), julgue o item a seguir.
norma constitucional. Tanto o adolescente trabalhador quanto o jovem traba-
b) inconstitucional por ferir a autonomia didático-científi- lhador têm direito de acesso à escola.
ca e administrativa da universidade.
c) constitucional, mas não atende a legislação que estabe- ( ) CERTO ( ) ERRADO
lece os critérios nacionais para a política educacional.
d) inconstitucional por atribuir função exclusiva de órgão
da DP à universidade estadual.
9 GABARITO
e) inconstitucional apenas quanto ao condicionamento
da certificação da conclusão do curso ao cumprimento 1 C
do estágio curricular obrigatório.
2 B
12. (CESPE – 2019) André e Joana realizaram a pré-matrí- 3 C
cula do filho Pedro, de três anos de idade, em creche
da secretaria de educação municipal. Após meses de 4 D
espera, Joana, não tendo recebido a resposta a respei-
to da vaga na creche, procurou auxílio da Defensoria 5 B
Pública, a qual oficiou a creche, solicitando que a insti- 6 CERTO
tuição efetuasse a matrícula da criança. Em resposta,
o diretor da creche informou não haver vaga disponí- 7 C
vel; que a pré-matrícula havia sido feita junto à secre-
8 CERTO
taria de educação; que o secretário o havia delegado
competente para efetivar as matrículas; e, por fim, que 9 A
Pedro não poderia ser matriculado — mesmo que hou-
vesse vaga — porquanto deveria ter quatro anos com- 10 CERTO
pletos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a
11 B
matrícula para o ingresso na pré-escola, conforme nor-
ma do Ministério da Educação. A Defensoria Pública 12 CERTO
impetrou mandado de segurança contra a autoridade
delegante, visando impugnar o ato não concessivo da 13 ERRADO
matrícula de Pedro. 14 CERTO
Com referência a essa situação hipotética, julgue o
item que se segue, tendo em vista o entendimento do 15 CERTO
STF e considerando que a competência do secretário
não é exclusiva.
A exigência de idade mínima de quatro anos para
ingresso na educação infantil bem como a fixação
da data limite de 31 de março para que a idade esteja
ANOTAÇÕES
completa são constitucionais.

( ) CERTO ( ) ERRADO
DIREITO CONSTITUCIONAL

13. (CESPE – 2019) Uma empresa jornalística divulgou


fotografia da cena de um crime com a imagem da
vítima ensanguentada e o rosto desfigurado, sem ter
tomado o devido cuidado no momento da edição da
imagem para ocultar o rosto da vítima.
Diante dessa situação hipotética, julgue o item
subsecutivo.
Segundo o STF, o ato em questão configura extrapo-
lação da liberdade de imprensa e violação aos direi-
tos de personalidade da vítima e de seus familiares,
cabendo pretensão indenizatória, sob o fundamento de
estar caracterizada a situação geradora de dano moral.

( ) CERTO ( ) ERRADO 197


ANOTAÇÕES

198
z Parte especial:

Arts. 121 ao 359: Crimes em Espécie.

Ou seja, a parte geral do Código Penal é responsá-


DIREITO PENAL vel por responder a três perguntas fundamentais:

z O que é o Direito Penal? Teoria da norma penal.


z Quais requisitos jurídicos deve ter o delito? Teoria
do crime.
PRINCÍPIOS BÁSICOS z Quais devem ser as consequencias penais do deli-
to? Teoria da pena.
Conceito e Princípios Básicos
Além disso, apresenta as situações que impedem a
O Direito Penal é o conjunto de regras e prin- punição e promovem a extinção da punibilidade.
cípios que disciplinam a infração penal, ou seja, o A parte especial, por sua vez, apresenta, em 11 títu-
crime ou delito e a contravenção penal, e a sanção los, a descrição dos crimes e a cominação das penas.
penal, isto é, a pena e a medida de segurança. O estudo da teoria da norma penal se inicia
Tal conceito é de grande importância, uma vez que pelo exame dos princípios penais. O conhecimento
delimita o objeto e o alcance da matéria, assim como dos princípios é essencial para se entender a lógica
ajuda no estudo e na compreensão da disciplina. do funcionamento do Direito Penal. Ao estudá-los,
é importante ter em mente sua função limitadora,
Mas para que serve esse ramo do Direito? Podemos
ou seja servem como garantia do cidadão perante o
dizer que o Direito Penal serve para tutelar (proteger,
poder punitivo do Estado, e é por tal razão, dada a sua
cuidar) os principais bens jurídicos (valores materiais
importância, que os princípios penais encontram-se
ou imateriais, como a vida, liberdade, patrimônio, previstos na Constituição (também chamados de prin-
honra, saúde, entre outros) instituindo sanções para cípios constitucionais do Direito Penal) e em tratados
quem infringir suas normas. de direitos humanos, como por exemplo na Conven-
ção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San
O Direito Penal faz parte das chamadas Ciências José da Costa Rica).
Criminais. Juntamente como Direito Processual Penal Os princípios não são somente um conjunto de
e a Execução Penal, compõe a Dogmática Penal (tra- valores, diretrizes ou instruções de cunho ético ou
tada por alguns autores por Ciências Penais). Por sua programático. Os princípios são normas de aplica-
vez, a Dogmática Penal, a Criminologia e a Política Cri- ção prática: tem caráter imperativo (cogente). Estão
em posição de superioridade às regras, orientando a
minal interagem entre si, formando o modelo triparti-
interpretação destas ou impedindo a sua aplicação
do das Ciências Criminais.
quando estiverem em contradição aos princípios
Dentre os princípios aplicáveis ao Direito Penal,
O estudo do Direito Penal se dá pela análise do dois merecem destaque, por deles se extraírem todos
Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro os demais: o princípio da dignidade da pessoa
de 1940) e da chamada legislação penal especial ou humana e o princípio do devido processo legal.
extravagante, que consiste nas normas penais conti- O princípio da dignidade da pessoa humana é tido
das em leis fora do Código Penal (como, por exemplo, como um “superprincípio”, ou seja, nele se baseiam
a Lei de Crimes Ambientais, o Estatuto do Desarma- todas as escolhas políticas no Direito: em outras pala-
mento, a Lei de Drogas, entre outras). vras, é um valor que orienta todo o sistema jurídico
O Código Penal (CP), que será objeto do nosso estu- e prevalece no momento da interpretação de todos
os demais princípios e normas (nenhum princípio ou
do, é dividido em duas partes: a parte geral (art. 1° ao
regra de qualquer área do Direito, inclusive na esfera
art. 120) em que se apresentam os critérios a partir
Penal, pode ser contrário a ele). Esse princípio maior
dos quais o Direito Penal será aplicado, isto é, quan-
encontra-se no art. 1º, III, CF, inserido como funda-
do determinada conduta vai constituir crime e de que mento do Estado Democrático de Direito:
forma deve ser aplicada a sanção, e a parte especial
(art. 121 ao art. 359), em que constam os crimes em Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
espécie e as respectivas penas. pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
Para facilitar o estudo, observe a seguinte divisão do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
crático de Direito e tem como fundamentos:
didática (apenas didática, uma vez que o Código não
DIREITO PENAL

[...]
está dividido desta maneira):
III – a dignidade da pessoa humana

z Parte Geral: A dignidade humana, na área penal, se desdobra


em dois aspectos:
Arts. 1 ao 12: Teoria da Norma: Lei penal no tempo
e no espaço; z O respeito à dignidade da pessoa humana quando
Arts. 13 ao 31: Teoria do Crime; esta se torna acusada em um processo-crime; e
Arts. 32 ao 106: Teoria da Pena; z O respeito à dignidade do ofendido, que teve seu
Arts. 107 ao 120: Extinção da Punibilidade. bem jurídico perdido ou danificado. 199
A dignidade da pessoa humana só é assegurada O princípio da legalidade tem quatro funções
quando é observado outro princípio basilar: o Devido fundamentais:
processo legal, que se encontra no art. 5º, LIV, CF:
z Proibir a retroatividade da lei penal (nullum cri-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção men nulla poena sine lege praevia);
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- z Proibir a criação de crimes e penas pelo costume
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- (nullum crimen nulla poena sine lege scripta);
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, z Proibir o emprego da analogia para criar crimes,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: fundamentar ou agravar penas (nullum crimen
[...] nulla poena sine lege stricta);
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus z Proibir incriminações vagas e indeterminadas
bens sem o devido processo legal; (nullum crimen nulla poena sine lege certa).

De forma simples, a consolidação do devido pro- O princípio da legalidade criminal apresenta atualmen-
cesso legal se dá quando é assegurado a todos o direito te, várias esferas de garantia. Dentre estas, as mais relevan-
a um processo que segue todas as etapas previstas em tes são os princípios da reserva legal e da anterioridade.
lei e que observa todas as garantias constitucionais
previstas. Dizer que foi observado o princípio do devi- Princípio da reserva legal
do processo legal na esfera penal significa afirmar que
houve sucesso na aplicação de todos os princípios pro- Ainda de acordo com o art. 5º, XXXIX, CF e o art. 1º, CP,
cessuais penais e processuais penais. em matéria penal, apenas lei em sentido estrito (apro-
É importante saber que os princípios da Dignidade vada pelo Parlamento, seguindo o procedimento legisla-
da pessoa humana e do Devido processo legal não tem tivo previsto na CF) pode criar crimes e sanções (penas
aplicabilidade somente ao Direito Penal, mas alcan- e medidas de segurança). Assim apenas leis ordinárias e
çam o Direito como um todo. No entanto, produzem leis complementares (leis em sentido estrito) podem
reflexos importantíssimos na área Penal e servem de prever crimes e cominar penas: Emendas constitucio-
base para todos os demais princípios e normas. nais, Medidas Provisórias, Leis Delegadas, Decretos Legis-
lativos e Resoluções não podem ser usadas.
Princípio da Legalidade
Princípio da anterioridade
Previsto no art. 5º, XXIX da Constituição, com reda-
ção semelhante à do art. 1º do CP, o princípio da lega- Previsto também no art. 5º, XXXIX, CF e art. 1º, CP, o
lidade é a mais importante garantia do cidadão frente princípio da anterioridade determina que, antes da prática
ao poder punitivo do Estado, sendo o mais relevante do crime, deve haver prévia definição em lei (estabelecen-
princípio penal. do, ainda, a pena cabível). Quem pratica a conduta crimi-
Compare o princípio conforme exposto na Consti- nosa, deve saber de antemão que o ato se trata de conduta
tuição (art. 5°) e no Código Penal (art. 1°): criminosa e sua consequência. Em outras palavras, a lei
penal nova deve entrar em vigor antes do fato criminoso e
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem dis- se aplica apenas para os fatos ocorridos após sua vigência.
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País Princípio da aplicação da lei mais favorável
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à (retroatividade da lei penal benéfica ou, ainda,
igualdade, à segurança e à propriedade, nos ter- irretroatividade da lei penal)
mos seguintes:
[...] A regra geral impõe que as leis tem sua validade vol-
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi- tada para o futuro, ou seja, são irretroativas. Por que tal
na, nem pena sem prévia cominação legal; regra? Porque, em caso contrário, haveria enorme insegu-
rança jurídica, correndo-se o risco da sociedade (destina-
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. tária da norma) ser surpreendida a todo instante. O art.
Não há pena sem prévia cominação legal. 5º, XL, CF e o art. 2º, CP apresentam uma exceção, válida
somente no Direito Penal. Observe como o princípio vem
Ou seja, por força deste princípio, não há crime disposto na Constituição Federal e no Código Penal:
(nem contravenção) sem prévia determinação legal,
assim como não há pena sem prévia cominação
CF CP
(imposição, prescrição) feita em lei.
Art. 5º Todos são iguais Art. 2º Ninguém pode ser
perante a lei, sem distinção punido por fato que lei pos-
Importante! de qualquer natureza, ga- terior deixa de considerar
rantindo-se aos brasileiros e crime, cessando em virtu-
Não confunda o princípio da legalidade, previsto aos estrangeiros residentes de dela a execução e os
no art. 5º, II, CF, segundo o qual “ninguém será no País a inviolabilidade do efeitos penais da sentença
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa direito à vida, à liberdade, condenatória.
senão em virtude de lei” (legalidade em sentido à igualdade, à segurança e Parágrafo único - A lei pos-
amplo), com o princípio da legalidade criminal à propriedade, nos termos terior, que de qualquer modo
que, conforme vimos, se encontra no art. 5º, seguintes: favorecer o agente, aplica-se
XXXIX, CF e art. 1º, CP, segundo o qual não há [...] aos fatos anteriores, ainda
XL – a lei penal não retroa- que decididos por sentença
crime sem lei (legalidade em sentido estrito).
girá, salvo para beneficiar o condenatória transitada em
réu; julgado.

200
Trata-se do “princípio-exceção” da retroatividade Além dos princípios acima, existem outros que
da lei penal mais benéfica: a norma penal mais bené- dizem respeito à aplicação da pena (como o da indivi-
fica ao agente do crime, retroage, sendo aplicável a dualização da pena e da humanidade) ou à teoria do
casos em curso ou já definitivamente sentenciados. crime (como o da intervenção mínima e o da taxativi-
Trata-se de assunto pertinente ao tema Lei penal no dade, por exemplo).
tempo, que será visto mais adiante.
Os princípios que até agora vimos são os mais rele- Taxatividade ou da determinação
vantes (portanto, os mais cobrados) no que diz res-
peito à aplicação da lei penal. Podemos resumi-los da Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal,
seguinte forma: que deve ser suficientemente clara e precisa na for-
mulação do conteúdo do tipo legal e no estabelecimen-
PREVISÃO to da sanção para que exista real segurança jurídica.
PRINCÍPIO SIGNIFICADO
LEGAL Tal assertiva constitui postulado indeclinável do
Estado de direito material: democrático e social.
O Direito Penal
O princípio da taxatividade é uma consequência
deve garantir a
do princípio da legalidade: de nada adianta estabele-
dignidade hu-
Dignidade da cer a conduta delituosa em lei se a definição do crime
Art. 1º, III, CF mana, limitando
pessoa humana é vaga, confusa, ampla demais ou, ainda, dá margem
os excessos do
Estado (“super- a mais de uma interpretação, o que gera insegurança
princípio”). e fere a legalidade.

A aplicação Princípio da intervenção mínima ou da


da lei penal só subsidiariedade ou do Direito Penal Mínimo
pode se dar
seguindo todas
O Direito Penal deve tutelar apenas os bens jurí-
Devido processo as etapas pre-
Art. 5º, LIV, CF dicos mais relevantes, intervindo apenas o mínimo
legal vistas em lei
e observando necessário nos conflitos sociais e na liberdade dos
todas as garan- indivíduos. Em outras palavras, a força punitiva do
tias constitucio- Estado deve ser utilizada apenas como último recurso
nais previstas. (ultima ratio).

Não há crime Princípio da pessoalidade ou da personalidade ou da


(nem contraven- responsabilidade pessoal ou da intranscendência da
ção) sem prévia pena
determinação
Art. 5º, XXXIX,-
Legalidade penal legal, assim
CF e art. 1º, CP Encontra-se previsto no art. 5º, XLV, CF:
como não há
pena sem pré-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
via cominação
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
em lei.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
PREVISÃO [...]
PRINCÍPIO SIGNIFICADO
LEGAL
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do con-
Reserva legal Art. 5º, XXXIX,- Apenas lei em denado, podendo a obrigação de reparar o dano
CF e art. 1º, CP sentido estrito e a decretação do perdimento de bens ser, nos ter-
pode criar crimes mos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
e cominar penas. executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido;
Anterioridade Art. 5º, XXXIX,- A lei penal nova
CF e art. 1º, CP deve entrar em Tal princípio define que a pena de um agente con-
vigor antes do denado não pode ser transferida para outra pessoa,
fato criminoso ou seja, apenas o indivíduo sentenciado pode ser res-
e se aplica ape-
ponsabilizado pela conduta criminosa praticada. Não
nas para os fatos
importa o tipo da pena (privativa de liberdade ou
ocorridos após
multa): apenas o autor da infração penal pode ser ape-
DIREITO PENAL

sua vigência
nado, esta é a regra. No entanto, o próprio inciso XLV
Retroatividade Art. 5º, XL,CF e É um princípio- traz uma exceção: nas hipóteses previstas nos incisos
da lei penal art. 2º, CP -exceção. A regra I, II e §1º do art. 91 do Código Penal (que estabelece
benéfica geral é que as leis como efeitos da condenação o dever de indenizar o
tenham validade dano causado e o perdimento de determinados bens),
voltada para o fu- mesmo com o falecimento do condenado a obrigação
turo. Só a lei penal
de reparar o dano e a decretação do perdimento de
favorável ao agen-
bens alcançam os sucessores até o limite do valor do
te retroage.
patrimônio transferido. 201
Vimos acima a questão da responsabilidade pes- Esse princípio tem duplo destinatário:
soal: mas e as pessoas jurídicas, respondem na esfe-
ra penal? Sim, atualmente, somente em relação aos z O poder legislativo: que tem de estabelecer penas
crimes ambientais. A responsabilidade penal da proporcionadas, em abstrato, à gravidade do
pessoa jurídica é prevista na Lei Ambiental, Lei nº delito.
9.605/98, em seu art. 3º. A CF prevê a possibilidade z Juiz: as penas que os juízes impõem ao autor do
da responsabilização criminal da pessoa jurídica em
delito tem de ser proporcionais à sua concreta
duas hipóteses: nos crimes ambientais e nos crimes
econômicos (arts. 173 e 225, §3º, CF) mas apenas o pri- gravidade.
meiro encontra-se regulamentado e, portanto, pode
ser aplicado. Princípio da humanidade da pena ou da limitação
das penas
Princípio da Individualização da pena
Em um Estado de Direito democrático veda-se
Garante que o Direto Penal seja aplicado em cada a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem
caso concreto, tendo em vista particularidades como a como de qualquer outra medida que atentar contra
personalidade do agente e o grau de lesão ao bem jurí- a dignidade humana. Apresenta-se como uma dire-
dico (impede, pois, a generalização da aplicação da triz garantidora de ordem material e restritiva da lei
pena). Tal princípio está expresso no art. 5º, XLVI, CF: penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal,
e se relaciona de forma estreita com os princípios da
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção culpabilidade e da igualdade.
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- Está previsto no art. 5°, XLVII, CF, que proíbe as
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
seguintes penas:
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...] z de morte, salvo em caso de guerra declarada;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena [...] z de caráter perpétuo;
z de trabalhos forçados;
A pena deve ser individualizada em três planos: z de banimento;
legislativo, judicial e executório. Isto é, o princípio da z cruéis.
individualização da pena se dá em três momentos na
esfera penal: Um Estado que mata, que tortura, que humilha o
cidadão não só perde qualquer legitimidade, senão
z Cominação: a primeira fase de individualização que contradiz sua razão de ser, colocando-se ao nível
da pena se inicia com a seleção feita pelo legisla- dos mesmos delinquentes (FERRAJOLI, 2014).
dor, quando escolhe para fazer parte do pequeno
âmbito de abrangência do Direito Penal aquelas Princípio da adequação social
condutas, positivas ou negativas, que atacam nos-
sos bens mais importantes. Uma vez feita essa Uma conduta não será tida como típica se for
seleção, o legislador valora as condutas, apre- socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver
sentando penas de acordo com a importância de acordo da ordem social da vida historicamente
do bem a ser tutelado. condicionada.
z Aplicação: tendo o julgador chegado à conclusão Outro aspecto é o de conformidade ao Direito, que
de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável, prevê uma concordância com determinações jurídi-
dirá qual a infração praticada e começará, agora,
cas de comportamentos já estabelecidos.
a individualizar a pena a ele correspondente,
O princípio da adequação social possui dupla fun-
observando as determinações contidas no art. 59
ção, acompanhe:
do Código Penal (método trifásico).
z Execução Penal: a execução não pode igual para Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangên-
todos os presos, justamente porque as pessoas não cia do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele
são iguais, mas sumamente diferentes, e tampou- excluindo as condutas consideradas socialmente ade-
co a execução pode ser homogênea durante todo quadas e aceitas pela sociedade.
período de seu cumprimento. Individualizar a A segunda função é dirigida ao legislador em duas
pena, na execução consiste em dar a cada preso vertentes.
as oportunidades para lograr a sua reinserção A primeira delas o orienta quando da seleção das
social, posto que é pessoa, ser distinto. condutas que deseja proibir ou impor, com a finalida-
de de proteger os bens considerados mais importantes.
Princípio da Proporcionalidade da pena ou da Se a conduta que está na mira do legislador for
razoabilidade ou da proibição de excesso considerada socialmente adequada, não poderá ele
reprimi-la valendo-se do Direito Penal. A segunda ver-
Deve existir sempre uma medida de justo equilí- tente destina-se a fazer com que o legislador repense
brio entre a gravidade do fato praticado e a sanção os tipos penais e retire do ordenamento jurídico a pro-
imposta: a pena deve ser proporcionada ou adequada teção sobre aqueles bens cujas condutas já se adapta-
à magnitude da lesão ao bem jurídico representada ram perfeitamente à evolução da sociedade.
pelo delito e a medida de segurança à periculosidade Exemplo clássico é o adultério, que deixou de
criminal do agente. ser crime no Brasil em 2005. Por outro lado, são
A observância deste princípio impede que o Direi- exemplos de condutas formalmente típicas (previstas
to Penal intervenha de forma desnecessária ou exces- em tipo legal) mas materialmente atípicas (por serem
siva na esfera individual, gerando danos mais graves socialmente adequadas/aceitas): a tatuagem e o furo
202 do que os necessários para a proteção social. para a colocação de um brinco ou de um piercing.
Princípio da insignificância z Nos crimes contra a Administração Pública; e
z Nos delitos de transmissão clandestina de sinal de
Relacionado aos chamados crimes de bagatela, Internet via radiofrequência.
também conhecidos como delitos de lesão míni-
ma. Este é um dos princípios penais que, nos últimos Para o STF e o STJ o fato de ser reincidente não
anos, vem sendo cada vez mais discutido na doutri- impede a aplicação do princípio da insignificância.
na e tratado pela jurisprudência. De forma simples, Nesse sentido, em abril, a Segunda Turma do STF,
consiste no princípio que afirma que o Direito Penal no julgamento do Habeas Corpus 181389, manteve,
não deve se preocupar com condutas incapazes de por unanimidade, decisão do ministro Gilmar Mendes
ofender de forma relevante os bens jurídicos pro- que absolveu réu reincidente condenado a um ano e
tegidos pelo tipo penal. nove meses de reclusão pela tentativa de furto de R$
A insignificância tem natureza jurídica de causa 4,15 em moedas e de uma garrafa de Coca-Cola, duas
de exclusão da tipicidade material, isto é, como con- de cerveja e uma de cachaça (produtos que totalizam
sequência, devem ser tidas como atípicas as ações ou R$ 29,15).
omissões que afetam muito infimamente a um bem
jurídico-penal. Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento
A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não
justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir A lei penal tem o dever de prevenir os mais altos
a tipicidade em caso de danos de pouca importância. custos individuais representados pelos efeitos lesivos
Tal princípio é utilizado, por exemplo, em casos de das ações reprováveis e somente eles podem justificar
pequenos furtos simples. o custo das penas e das proibições.
O princípio da insignificância traz consigo uma O princípio axiológico da separação entre direito
série de discussões relevantes. A primeira delas diz e moral veta, por sua vez, a proibição de condutas
respeitos aos requisitos para sua aplicação. meramente imorais ou de estados de ânimo perverti-
De acordo com o entendimento consolidado do dos, hostis, ou, inclusive, perigosos.
Supremo Tribunal Federal (STF), sua aplicação não é
irrestrita e o princípio da bagatela somente pode ser
Princípio da razoabilidade
aplicado se presentes as seguintes condições objeti-
vas, ligadas, portanto, ao fato (requisitos objetivos):
Segundo a doutrina, o razoável sobrepõe o que é
legal. Faz com que a lei seja interpretada e aplicada
REQUISITOS OBJETIVOS DO PRINCÍPIO DA INSIG- em harmonia com a realidade, de modo social e juridi-
NIFICÂNCIA (STF) camente razoável, buscando aquilo que é justo.
M Mínima ofensividade da conduta
Princípio do ne bis in idem
A Ausência de periculosidade social
De acordo com o princípio do ne bis in idem (não
R Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do repetir sobre o mesmo), nenhum indivíduo pode ser
comportamento punido duas vezes pelo mesmo fato. Tem aplicabili-
dade no âmbito do direito penal material (ninguém
I Inexpressividade da lesão jurídica provocada pode sofrer duas penas em face do mesmo crime) e do
direito processual penal (ninguém pode ser processa-
Além destes (apresentados como forma de facili- do e julgado duas vezes pelo mesmo fato).
tar o aprendizado pela sigla M.A.R.I – que pode ser
trocada por R.I.A.M, desde que se altere a ordem), o
Superior Tribunal de Justiça (STJ), acrescenta mais
dois requisitos, de ordem objetiva (dizem respeito, APLICAÇÃO DA LEI PENAL
portanto, aos sujeitos):
Vamos agora, responder a três perguntas sobre a
z Não ser o réu criminoso habitual ou militar; lei penal:
z Condições da vítima: condição econômica, o valor
sentimental do bem, as circunstâncias e o resulta- z Quando ela se aplica?
do do crime, de modo que se determina, no âmbito z Onde ela se aplica?
subjetivo, a existência ou não de lesão. z Em face de quem ela se aplica (ou não se aplica)?

Ou seja, constituem exceção à aplicação do prin- Ou seja, o nosso estudo da eficácia da lei penal, se
cípio: o fato de ser o crime praticado por militar dará sob três aspectos:
(tendo em vista o alto grau de reprovabilidade da
conduta e da quebra da hierarquia e da disciplina a z Ao tempo (a lei penal não tem eficácia permanen-
qual tal classe encontra-se sujeita), ou por crimino- te; entra em vigor em determinado momento e não
DIREITO PENAL

so habitual (aquele que pratica crimes como meio de é eterna);


vida). z Ao espaço (não vige em tudo o mundo; não é uni-
O STJ possui súmulas específicas a respeito do versal); e
princípio da insignificância que tratam de sua incom- z Às funções exercidas por certas e determinadas
patibilidade com certos tipos de crime, como por pessoas (muito embora o ordenamento jurídico
exemplo as Súmulas 589, 599 e 606 que afirmam, res- afirme que todos são iguais perante a lei, existem
pectivamente, não ser aplicável a insignificância: determinadas funções que concedem prerrogati-
vas a determinadas pessoas frente à aplicação da
z Nos crimes ou contravenções praticados contra a lei penal., como por exemplo, os parlamentares,
mulher no âmbito das relações domésticas; conforme veremos mais adiante). 203
Assim sendo, nossos próximos passos serão estudar a Observe as duas situações no gráfico abaixo
eficácia da lei penal no tempo e no espaço. Nas próximas
páginas conhecer os princípios que regem a aplicação da RETROATIVIDADE BENÉFICA
lei penal nestas duas dimensões: Quanto ao lugar (espaço),
veremos que ser aplica o princípio da ubiquidade; em rela-
ção ao tempo, o princípio da atividade. Um mnemônico
que resume os dois princípios que iremos estudar: L. U. T.
A. (Lugar, Ubiquidade, Tempo, Atividade). FATO Nova lei
SENTENÇA
em vigor
LEI PENAL NO TEMPO:

Tempo do crime e Conflito de leis penais no tempo


LEI ”A” LEI ”B”
Se esta for mais
Eficácia da Lei Penal no Tempo benéfica adota-se Se esta for mais
a regra da favorável, usa-se
Atividade Retroatividade
A lei penal nasce (é sancionada, promulgada e (tempus regit)
publicada), tem seu tempo de vida (vigência) e morre Benéfica
(é revogada). A revogação pode ser expressa (quan-
do lei posterior textualmente afirma que a lei ante- Vejamos um exemplo para melhor fixar o expos-
rior não mais produz efeitos) ou tácita (quando não to anteriormente: imagine que um indivíduo pratica
há revogação expressa, mas a nova lei é incompatível um fato delituoso em 10 de fevereiro de 2021. Naquela
com a anterior ou regula totalmente a matéria que data, encontra-se em vigor a Lei “A”, que prevê a pena
constava na lei mais antiga). mínima de 4 anos de reclusão para o crime. No entan-
A regra é que a lei regula todas as situações ocor- to, em 10 de março do mesmo ano, entra em vigor a Lei
ridas entre a sua entrada em vigor e sua revogação “B”, que comina a pena mínima de 2 anos de reclusão
(tempus regit actum). Esse fenômeno jurídico é cha- para o mesmo delito. Qual delas deve o juiz utilizar
mado de atividade.
ao proferir a sentença? Neste caso, o magistrado deve
Se, excepcionalmente, a lei regula situações fora
aplicar a Lei “B”, por ser mais favorável ao réu (a Lei
de seu período de vigência, temos o fenômeno da
“B”, embora não estivesse em vigor na data do fato,
extratividade.
volta no tempo, retroagindo para beneficiar o agente).
A extratividade se dá de duas formas: quando a lei
regula situações ocorridas antes de sua vigência Observe que, no exemplo acima, a lei posterior (Lei
(passado), chamamos a extratividade de retroativida- “B” é mais favorável ao agente). No entanto, lei poste-
de. Se, por outro lado, a lei se aplica mesmo depois de rior pode entrar em conflito com a anterior de maneiras
cessada sua vigência (futuro), temos a ultratividade. diferentes, gerando situações diversas. Para solucionar
cada uma delas, o CP aponta regras que são aplicadas
conjuntamente com os princípios constitucionais que
Importante! vimos anteriormente. São quatro diferentes situações:

A regra é a atividade da lei penal, ou seja, sua z Abolitio criminis ou Novatio Legis ou Lei
aplicação somente durante seu período de supressiva de incriminações: a lei nova suprime
vigência. Como exceção, temos a extratividade deixa de considerar como infração um fato que
da lei penal mais benéfica, ou seja, sua aplicação era anteriormente punido (passa a ser considera-
para regular situações passadas (retroatividade) do atípico). Tem como consequências: por força da
ou futuras (ultratividade) retroatividade (art. 5º, XL, CF e art. 2º, caput, CP)
aplica-se a lei nova. Ocorre a extinção da punibili-
dade (é, pois, causa extintiva da punibilidade, con-
Observe o art. 2º do Código Penal: forme o art. 107, III, CP). Os agentes que estiverem
sendo processados, terão seus processos extintos,
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei já os que não tiverem ainda sido denunciados,
posterior deixa de considerar crime, cessando em terão seus inquéritos trancados. Com a abolitio cri-
virtude dela a execução e os efeitos penais da sen- minis, cessam os “efeitos penais da sentença con-
tença condenatória. denatória”. Não cessam os efeitos civis (quanto aos
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer efeitos, veremos mais adiante quando tratarmos
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante- de efeitos da condenação.
riores, ainda que decididos por sentença condenató- z Novatio legis in mellius: é a lei nova (novatio
ria transitada em julgado. legis) que, sem excluir a incriminação, ou seja,
sem constituir abolitio criminis, é mais favorável
ao agente (in mellius). Por exemplo quando comi-
O art. 2º refere-se apenas à retroatividade, uma vez
na pena mais branda, inclui atenuantes, permite a
que está analisando a aplicação da lei penal tomando
obtenção de benefícios como a sursis e o livramen-
por base a data do fato delituoso. Assim, temos duas
to condicional, entre outros. Tem como consequên-
situações:
cias: de acordo com o art. 5º, XL, CF e art. 2º, caput,
CP, retroage para favorecer o agente, aplicando-se
z Ou se aplica regra do tempus regit actum, se for aos fatos anteriores “ainda que decididos por sen-
mais benéfico; ou tença condenatória transitada em julgado”.
z Se aplica a lei posterior (aquela que entra em z Novatio legis in pejus: Ocorre quando a lei pos-
vigor após outra) se esta for mais benigna (retroa- terior, sem criar novo tipo incriminador, de qual-
tividade). A lei posterior mais benéfica é chamada quer modo agrava a situação do agente (in pejus).
204 também de lex mitior.
Por exemplo, aumenta a pena, ou impõe uma qual das leis em conflito é a mais favorável ao agente?
forma de execução mais severa (hipoteticamente Para avaliar a mais benéfica, o juiz deve sempre apre-
instituindo o mesmo rigor inicial da reclusão ao ciar o caso concreto sob a eficácia de cada uma das
cumprimento dos crimes apenados com detenção) leis em com conflito, comparando o resultado: o que
Nesta hipótese, a lei melhor (lex mitior) passa a ser mais favorecer o agente deve prevalecer.
a lei anterior. A lei mais severa recebe o nome de
lex gravior (lei mais grave). Tem como consequên- Lei intermediária
cias: em relação à lei nova, aplica-se os princípios
da irretroatividade da lei mais severa. Quanto à lei O que acontece se houver uma lei intermediária,
antiga, mais benéfica, aplica-se a ultratividade. ou seja, que entrou em vigor depois da data do fato
z Novatio legis incriminadora: se dá quando a e foi revogada antes da sentença? Neste caso, deve
lei nova cria um tipo incriminador, consideran- ser aplicada em favor do réu a mais favorável delas,
do infração uma conduta considerada irrelevante mesmo que for a intermediária (também chamada de
pela lei anterior. Por exemplo, a Lei nº 10.224/01, intermédia) e não a última.
introduziu no Código Penal o art. 216-A, e criou o
tipo de assédio sexual no ordenamento jurídico Combinação de Leis
brasileiro. Tem como consequências: a nova lei
gravosa é irretroativa (art. 1º, CP). O que acontece se houverem várias leis sucessivas
e cada uma delas tem uma parte, um aspecto mais
Veja que o texto do Código Penal não menciona a favorável ao sujeito. É possível combinar várias leis,
ultratividade, ou seja, a possibilidade do juiz aplicar criando uma “terceira lei” para beneficiar o agente?
uma lei já revogada. No entanto, essa aplicação pode Segundo a maior parte da doutrina, não, por violar o
ocorrer na sentença, se esta for mais benéfica e vigen- princípio da legalidade. Essa é a posição do STJ e do
te à época do fato criminoso. Veja o seguinte exemplo: STF.
em 10 de fevereiro de 2021 encontra-se em vigor a Lei
“A”, que prevê a pena mínima de 2 anos de reclusão Leis temporárias e excepcionais
para determinado crime; em 10 de março do mesmo
ano, entra em vigor a Lei “B”, que comina a pena míni- A regra da retroatividade benéfica não se aplica
ma de 4 anos de reclusão para o mesmo delito. Em 10 no caso das chamadas leis intermitentes (leis tem-
de agosto, ao sentenciar, o juiz deve utilizar a Lei “A”, porárias e leis excepcionais). Veja o art. 3º, CP:
já revogada, mas vez que mais benéfica torna-se ultra-
tiva. Observe tal fenômeno no gráfico abaixo: Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as
ULTRATIVIDADE circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
fato praticado durante sua vigência.

z Lei Excepcional: é aquela feita para vigorar em


épocas especiais, como guerra, calamidade etc.
FATO Nova lei
SENTENÇA É aprovada para vigorar enquanto perdurar o
em vigor
período excepcional. São facilmente identificáveis
por expressões como “esta lei terá vigência
enquanto durar o estado de calamidade pública”.
z Lei Temporária: é aquela feita para vigorar por
LEI ”A” LEI ”B” determinado tempo, estabelecido previamente na
própria lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de
REVOGADA. Se esta for mais cessação de sua vigência. Um exemplo de lei tem-
Se esta for mais favorável, aplicase porária é a Lei nº 12.663/12, denominada Lei Geral
benéfica adota-se na sentença a da Copa, que criou tipos penais que duraram até o
a regra da regra geral dia 31 de dezembro de 2014.
ULTRATIVIDADE (tempus regit
actum) Posto isso, rege o art. 3º do Código Penal que, mes-
mo cessadas as circunstâncias que a determinaram
Note que, diferentemente do primeiro esquema, (lei excepcional) ou decorrido o período de sua dura-
neste o foco está na sentença e não no fato. É uma ção (lei temporária), é possível aplica-las aos fatos pra-
questão de perspectiva. ticados durante sua vigência.
Desta forma, são leis ultrativas, isso porque regu-
De quem é a competência para aplicar a lei posterior lam atos praticados durante sua vigência, mesmo
favorável? Antes do juiz proferir a sentença, não há difi- após sua revogação.
DIREITO PENAL

culdade: cabe ao juiz de 1º grau sua aplicação; em grau Ultratividade: as leis de vigência temporária
de recurso, a competência é do Tribunal; e se já transi- (excepcionais e temporárias) são ultrativas, no senti-
tada em julgado a sentença, a competência é do juiz da do de continuarem a ser aplicadas aos fatos pratica-
execução penal, de acordo com o art. 66, I da Lei de Exe- dos durante a sua vigência mesmo depois de sua auto
cução Penal (LEP). Este é o posicionamento majoritário revogação.
da doutrina e jurisprudência (Súmula 611 do STF).
Normas penais em branco e direito intertemporal
Todas as situações que vimos acima podem ser
resolvidas pela seguinte regra: A Lei só Retroage Questão interessante que diz respeito à alteração
para Beneficiar o Sujeito. No entanto, como saber do complemento da norma penal em branco. 205
Primeiro vamos entender o que é norma penal Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
em branco e ver algumas particularidades a ela rela- pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui-
cionadas para depois vermos sua relação com o fator nhentos) dias-multa.
“tempo”.
Norma penal em branco ou cega pode ser defi- No caso do art. 33 da Lei de 11.346/06, o dispositivo
nida como uma lei penal incriminadora que possui não define o que são “drogas”, nem o que seja “sem
um elemento indeterminado no que diz respeito à autorização legal ou em desacordo com determinação
descrição da conduta. Lembre-se que a norma penal legal ou regulamentar”. A definição de quais substân-
incriminadora estabelece uma conduta (uma ação ou cias são ilícitas é encontrada em Portaria da Agência
omissão) em seu preceito primário e uma sanção Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que, por ser
penal em seu preceito secundário. Quando um tipo fonte legislativa hierarquicamente inferior, é denomi-
penal traz seu preceito primário incompleto, preci- nada norma penal em branco em sentido estrito ou
sando ser complementado por outra norma, estamos própria ou heterogênea.
diante de uma norma penal em branco ou cega. Por outro lado, temos a chamada norma penal
Vamos ver dois exemplos de norma penal em bran- em branco ao revés ou invertida ou inversa ou ao
co, o primeiro constante no art. 237 do Código Penal e avesso quando o complemento necessário se refere à
o outro no art. 33 da Lei de Drogas: sanção (preceito secundário). Um exemplo de norma
Conhecimento prévio de impedimento penal em branco ao revés é o tipo do crime de geno-
cídio, previsto na Lei nº 2.889/56, que apresenta um
Art. 237 Contrair casamento, conhecendo a exis- branco em relação à pena, sendo necessário recorrer
tência de impedimento que lhe cause a nulidade a outras leis para completar tal branco. Pode aconte-
absoluta: cer de o próprio complemento da norma incompleta
Pena - detenção, de três meses a um ano. necessitar de outro complemento, ou seja, é preciso
uma dupla complementação. Neste acaso, temos o
Neste caso, o dispositivo penal não esclarece o que que se usa chamar de normal penal em branco ao
é “impedimento que lhe cause nulidade absoluta”. O quadrado.
complemento, neste caso, deve ser buscado em fonte Ainda em relação às normas penais em branco, vale
legislativa de igual hierarquia (Lei): o branco do art. a pena lembrar que é importante saber diferenciá-las
237, CP é complementado pelas hipóteses de impe- dos tipos penais abertos. O tipo penal aberto, assim
dimento tratadas pelo Código Civil, em seu art. 1521. como na norma em branco, é uma norma incomple-
Este caso é o que se chama de norma penal em bran- ta que necessita de complementação. A diferença, no
entanto, é que no tipo penal aberto a complementação
co em sentido lato ou imprópria ou homogênea: a
é feita por meio de um juízo de valoração realizado pelo
complementação do preceito primário se faz com
juiz, isto é, o complemento vem da valoração feita pelo
auxílio de uma lei.
magistrado e não de uma outra norma.
Norma penal em branco é um assunto dos mais
Agora que já vimos o conceito de norma penal em
cobrados em concursos. É importante guardar não
branco e suas particularidades, vamos fazer uma rela-
só suas relações com o direito temporal, mas também
ção dela com a questão do direito no tempo.
suas classificações. Assim, vamos incluir mais três em
Vamos voltar ao exemplo do art. 33 da Lei nº
nosso vocabulário jurídico-penal:
11.343/06 (tráfico ilícito de drogas). O que ocorreria,
por exemplo, se houvesse a retirada de certa substân-
z Norma Penal em Branco em Sentido Lato Homo- cia psicoativa da portaria da ANVISA, que define as
vitelina: o complemento se encontra no mesmo drogas para efeito da Lei nº 11.343? Imagine um sujei-
diploma legal da norma incompleta (exemplo: to que é pego vendendo a droga “X”, que consta na
vários tipos do Código Penal tratam de crimes Portaria, e passa a responder pelo crime de tráfico de
cometidos por funcionário público; o conceito de drogas. Com a retirada da substância da norma com-
funcionário público é encontrado no artigo 327 do plementar, como ficaria a situação do agente?
próprio CP) Neste caso, acontecerá a retroatividade benéfica,
z Norma Penal em Branco em Sentido Lato Hete- descriminalizando o comportamento, por força da
rovitelina: o complemento está em diploma legal abolitio criminis. Veja que o fato passa a ser atípico
diferente do da norma incompleta (exemplo: o art. não pela revogação da Lei que considerava o fato típi-
237, CP fala em impedimento que cause a nulidade co, mas sim de seu complemento.
absoluta do casamento; o complemento encontra- Tal foi o que ocorreu no caso do art. 237 do CP. O
-se no Código Civil (CC). Código Civil de 1916, em seu art. 183, VII, previa que
z Quando o complemento é dado por uma norma um dos impedimentos absolutamente dirimentes era
constante da CF, temos a chamada norma penal o casamento do cônjuge adúltero com o corréu conde-
em branco de fundo constitucional (exemplo: o art. nado por tal crime. No entanto, o Código Civil de 2002
246 do CP que fala em “idade escolar”; tal conceito não trouxe tal impedimento, ocorrendo, pois, abolitio
encontra-se no art. 208, I, CF). criminis, que retroagiu em favor de eventuais réus.
A retroação benéfica, por outro lado, não ocor-
Agora veja o caso da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas): re quando se tratar de complementos que tenham
caráter excepcional ou temporário, como foi o
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro- caso, por exemplo, da Lei nº 1.521/51, a Lei de Crimes
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe- Contra a Economia Popular: o comerciante que fosse
recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, flagrado vendendo produto com preço acima do que
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo constasse em tabela oficial respondia pelo ato, ainda
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem que o congelamento, com a respetiva revogação da
autorização ou em desacordo com determinação tabela, se encerrasse antes da conclusão do inquérito
206 legal ou regulamentar: policial ou do processo penal.
TEMPO E LUGAR DO CRIME a vítima criança ou maior de 60 anos, que contam
como agravantes; ou ser o autor menor de 21 anos,
Do tempo do crime o que vai servir como atenuante).

Como vimos anteriormente, logo em seus primei- Tempo do crime nas infrações permanentes e
ros artigos, o Código Penal se preocupa em tratar da continuadas
aplicação da lei penal no tempo. Mas qual a importân-
cia de se conhecer o tempo do crime? Nestes casos, será aplicada regra especial, que
Determinar o tempo do crime é essencial, em pri- consta na Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave
meiro lugar, para saber que lei será aplicada no aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
caso concreto. Da mesma forma, é imprescindível se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade
para verificar a imputabilidade do agente (que
ou da permanência”.
pode ser menor de 18 no momento da conduta), fixar
Crime permanente é aquele cuja consumação
as circunstâncias do tipo penal, verificar a prescri-
se prolonga no tempo pela vontade do sujeito ativo
ção, dentre outros aspectos.
como, por exemplo, no caso de um sequestro. Neste
Existem três teorias que podem ser consideradas
caso, é considerado tempo do crime todo o período em
para se determinar o tempo do crime:
que se desenrolar a atividade criminosa. Assim sen-
do, se um sequestrador, menor de 18 anos quando do
TEORIA DA Considera-se praticado o crime início da prática do crime atinge a maioridade ainda
ATIVIDADE no momento da conduta. com o delito em curso, é considerado imputável para
TEORIA DO Considera-se praticado o crime os fins penais.
RESULTADO no momento do resultado. Por sua vez, crime continuado é uma ficção jurí-
dica criada para beneficiar o réu, prevista no art. 71
Considera-se praticado o crime do CP e será estudado mais adiante. Por enquanto,
TEORIA MISTA OU
tanto no momento da conduta basta saber que o crime continuado ocorre quando o
DA UBIQUIDADE
quanto no momento do resultado. agente pratica dois ou mais crimes da mesma espé-
cie, mediante duas ou mais condutas, sendo que, pelas
condições de tempo, lugar, modo de execução, são
O Direito Penal brasileiro adotou, em relação tidos uns como continuação dos outros.
ao tempo do crime, a teoria da Atividade, por isso, Por exemplo, um empregado de uma loja de fer-
considera-se praticado o crime no momento da ramentas visando subtrair um kit de ferramentas
conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o do estabelecimento, resolve furtar uma ferramenta
momento do resultado (art. 4º, CP). por dia, até ter em suas mãos o kit completo. 60 dias
Ilustrando: no caso de um homicídio, é essencial depois, o sujeito vai conseguir completar o conjunto e
que se determine o instante da ação (momento dos vai ter cometido 60 furtos! Não fosse a regra benéfica
tiros, por exemplo) e não o momento do resultado do art. 71 do CP, a pena mínima neste caso somaria 120
(morte) pois, se o autor for menor de 18 anos à época anos de reclusão! Reconhecendo-se a ocorrência de
dos tiros, ainda que a vítima morra depois do atirador crime continuado, ocorrerá a chamada exasperação:
ter completado a maioridade penal, ele não pode res- no nosso exemplo específico, será aplicada ao agente
ponder criminalmente pelo ato. a pena de um só dos furtos aumentadas de 1/6 até 2/3.
A teoria adotada pelo CP em seu art. 4º, em relação No entanto, não nos interessa, neste momento, ingres-
ao tempo do crime, é a teoria da ATIVIDADE. Leva- sar no tema do crime continuado, nos basta apenas
-se em conta, pois, o momento da conduta (ação ou a noção do fenômeno para que possamos discutir a
omissão), pouco importando o instante do resultado. questão do tempo do crime quando de sua ocorrência.
Veja o esquema a seguir como exemplo: Assim sendo, temos que a mesma regra aplicá-
vel ao crime permanente (Súmula 711 do STF) deve
TEMPO DO CRIME (ART.4º) ser aplicada ao crime continuado, com uma ressalva
quanto às condutas praticadas pelos menores de 18
SENTENÇA MORTE DA anos, por força do artigo 228 da CF que determina sua
VÍTIMA inimputabilidade: na hipótese de um sujeito cometer
quatro furtos, possuindo 17 anos quando do come-
timento dos dois primeiros, e já 18, no momento da
prática dos dois últimos, somente estes dois é que ser-
virão para constituir o crime continuado.
Considera-se Vítima
praticado no hospitalizada
Tempo do Crime e conflito aparente de normas
tempo da
conduta (TEORIA
DA ATIVIDADE, O conflito aparente de normas (ou concurso apa-
DIREITO PENAL

Art. 4º) rente de normas) se estabelece quando duas ou mais


normas aparentemente parecem ser aplicáveis ao
mesmo fato.
É na data da conduta, portanto, que: Por exemplo: um sujeito resolve importar, via cor-
reio, uma determinada substância entorpecente. Num
z Se verifica a imputabilidade penal: no nosso exem- primeiro momento, pode parecer que se aplique ao
plo, o fato de ser o autor, maior ou menor de 18 anos; caso o previsto no art. 334 do Código Penal, que trata
z Se fixam as circunstâncias do crime: qualifica- do crime de contrabando. Ocorre que o mesmo fato
doras, causas de aumento ou diminuição de pena, está previsto no art. 33 da Lei de Drogas. Parece, pois,
agravantes ou atenuantes (como, por exemplo, ser que as duas normas parecem ser aplicáveis ao mesmo 207
fato. No entanto o conflito é apenas aparente, uma z Possui em sua definição legal todos os elementos
vez que a própria lei apresenta mecanismos para sua típicos que constam na geral; e
solução: no caso do nosso exemplo, aplica-se o art. 33 z Apresenta mais alguns elementos (de natureza
da Lei de Drogas (tráfico ilícito de drogas), por se tra- objetiva ou subjetiva), chamados de especializan-
tar de lei especial (o tráfico internacional de drogas se tes, que a tornam mais ou menos severa do que a
distingue do contrabando porque se refere, especifi- geral.
camente, a um determinado tipo de mercadoria proi-
bida, a droga. O mesmo ocorre com o tráfico de armas, Vamos exemplificar. O tipo penal do homicídio
previsto no Estatuto do Desarmamento). simples, descrito abaixo, é lei geral:
Note, o conflito é apenas aparente, pois somente
uma delas acaba regulamentando o fato, afastan- Art. 121 Matar alguém.
do as demais.
Para que ocorra o conflito aparente de normas, Compare com o tipo penal do infanticídio, outro
devem estar presentes dois pressupostos: dos crimes contra a vida:

z Unidade de fato, ou seja, a existência de uma única Art. 123 Matar, sob a influência do estado puerpe-
infração penal (por exemplo: uma morte); ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após.
z Pluralidade de normas identificando o mesmo fato
como delituoso, isto é, duas ou mais normas pre- O infanticídio (crime específico) é lei especial em
tensamente regulando o mesmo fato criminoso. relação ao homicídio (crime genérico), uma vez que
contém mais elementos:
A solução se dá pela aplicação de alguns princí-
pios que vamos ver a seguir (chamados de princípios z Sob a influência do estado puerperal,
que solucionam o conflito aparente de normas). z O próprio filho,
São quatro os princípios que solucionam o con- z Durante o parto ou logo após
flito aparente de normas:
Assim, estando presentes as especializantes, o
z Especialidade; tipo genérico é preterido pelo especial, a fim de
z Subsidiariedade; que se evite a dupla punição (bis in idem). Em outras
z Consunção (ou absorção); palavras, no conflito aparente entre norma geral e
z Alternatividade (este último não é unânime entre norma especial, afasta-se a geral e aplica-se a especial.
os autores, conforme veremos ao estuda-lo). Note que no exemplo colocado acima, ambos dis-
positivos se encontram dispostos na mesma lei (CP).
Antes de verificar se há leis concorrentes, deve- Pode ocorrer, no entanto, de estarem contidas em leis
-se analisar se não é o caso da ocorrência de suces- distintas, como nos exemplos abaixo. Observe, res-
são temporal de leis. Ou seja, a primeira “peneira” pectivamente os tipos penais do homicídio culposo,
a ser feita, é verificar se não se trata de conflito de previsto no Código Penal, e o homicídio culposo na
leis no tempo, que são solucionados pelo princípio direção de veículo automotor, que consta do Código
de que lei posterior revoga lei anterior (lex posterior de Trânsito Brasileiro (CTB):
derogat priori). Por exemplo, a Lei “A” regra determi-
nada situação; Lei “B”, posterior, revogando a lei mais Art. 121 Matar alguém:
antiga, passa a viger tratando do mesmo conteúdo; [...]
neste caso não há conflito aparente de normas, mas Homicídio culposo
sim aplicação das regras relativas à lei penal no tempo § 3º Se o homicídio é culposo (Vide Lei nº 4.611, de
vistas anteriormente. 1965)
Uma corrente minoritária de autores inclui a Pena – detenção, de um a três anos.
sucessão temporal de leis como um princípio de solu- Art. 302 Praticar homicídio culposo na direção de
veículo automotor.
ção do conflito aparente de normas (como é caso do
Prof. Guilherme Nucci, que o apresenta como “critério
da sucessividade”). Pode ocorrer também, que a relação entre norma
Vamos agora, analisar detalhadamente cada um geral e especial ocorra “dentro” de determinados cri-
deles. mes que apresentem um tipo simples e formas típicas
qualificadas ou privilegiadas. Assim, o tipo funda-
Princípio da Especialidade mental é excluído pelo qualificado ou privilegiado,
que deriva daquele. Nesses termos, o furto simples
(art. 155, caput) é excluído pelo privilegiado (art. 155,
Lei especial afasta a aplicação de lei geral (lex spe-
§ 2o); o estelionato simples (art. 171, caput) é excluído
cialis derogat generali), como, a propósito, encontra-se
pelo qualificado (art. 171, § 3o) etc.
previsto no art. 12 do Código Penal:

Art. 12 As regras gerais deste Código aplicam-se


Princípio da Subsidiariedade (Tipo de Reserva)
aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso Uma norma é considerada subsidiária em relação
a outra quando a conduta nela prevista (de menor
Uma norma penal incriminadora (que descreve gravidade) integra o tipo da principal (que descreve o
crimes e comina penas) é especial em relação a outra fato de forma mais abrangente). Neste caso, a lei prin-
quando: cipal afasta a aplicação de lei secundária (lex primaria
derogat subsidiariae), justamente porque esta última
208 cabe dentro dela.
Ou seja, a figura típica subsidiária (chamada pelo Para fixar o entendimento, vamos ilustrar o princí-
grande penalista brasileiro Nelson Hungria, de “sol- pio da subsidiariedade:
dado de reserva”) é parte da principal, estando nela
contida. Observe que não se trata de ser especial, mas
sim mais ampla. Veja os exemplos abaixo: Lei principal (é o todo)
Ex.: Extorsão mediante sequestro (art. 159)
z O crime de ameaça (art. 147, CP) é subsidiá-
rio (“cabe”) no delito de constrangimento ilegal
mediante ameaça (art.146). Este, por sua vez, é Lei subsidiária (é parte)
subsidiário ao crime de extorsão (art. 158. CP); Ex.: Sequestro e cárcere privado (art. 148)
z O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei nº
10.826/03) se encaixa no crime de homicídio cometi-
do com disparo de arma de fogo (art. 121, CP) Princípio da Consunção ou absorção

Veja que há um só fato. No exemplo da morte cau- Trata-se do princípio segundo o qual o fato previs-
sada por disparo de arma de fogo, o fato (disparo que to por uma lei está, igualmente, contido em outra de
acaba matando) é maior do que a norma subsidiara maior amplitude, aplicando-se somente esta última.
(mero disparo), só podendo, portanto, se encaixar na Os fatos menos amplos e menos graves servem como
norma principal (mais ampla). preparação ou execução ou mero exaurimento.
A subsidiariedade se apresenta nas seguintes formas: Ou seja, ocorre a consunção ou absorção, quando:

z Expressa ou explícita: ocorre quando a própria z Um fato definido por uma norma incriminadora é
norma indica expressamente em seu texto seu meio necessário ou normal fase de preparação ou
caráter subsidiário, ou seja, afirma que só vai ser execução de outro crime;
aplicada se não for o caso da aplicação de outra, z Quando constitui conduta anterior ou posterior do
de maior gravidade. Esta é mais simples de ser agente, cometida com a mesma finalidade prática
identificada, sendo reconhecida por expressões relativa ao crime que absorve.
tais como “se o fato não constituir crime mais gra-
ve”. Um exemplo é o delito de perigo para a vida A consunção tem várias aplicações: a tentativa é
ou saúde de outrem: o art. 132 do CP descreve em absorvida pela consumação; a participação pela coau-
seu preceito secundário a pena de detenção, de toria; e o porte de arma é absorvido no homicídio
três meses a um ano, “se o fato não constitui crime quanto a arma é adquirida e portada com a finalida-
mais grave”. Ou seja, a lei explicitamente indica de de matar a vítima. É utilizada, também, no crime
que o art. 132 só é aplicável se o fato não constituir progressivo (aquele no qual o agente possui um só
crime mais grave, como a tentativa de homicídio, o desígnio, mas, para alcançar o resultado mais grave,
perigo de contágio de moléstia grave e o abandono passa pelo menos grave. Em outras palavras, é quan-
de incapaz, entre outros. São outros exemplos de do o agente desde o início quer alcançar o resultado
subsidiariedade expressa os arts. 129, §3º, 238, 239 mais grave, e o busca, por meio de atos sucessivos e
e 307, todos do CP e os arts. 21, 29 e 46 da Lei de crescentes, como por exemplo no caso do homicida
Contravenções Penais (LCP). que deseja matar a vítima cortando as partes do cor-
z Tácita ou implícita: neste caso, a norma nada fala. po: embora cometa várias ações, sua intenção é matar
No entanto, o fato incriminado na norma subsidiá- a vítima e, assim, reponde por um único crime de
ria serve como elemento componente ou agravan- homicídio qualificado.
te especial da norma principal, como, por exemplo, Outra aplicação da consunção se dá na progressão
no caso do estupro (norma principal) que contém criminosa, ou seja, quando o agente possui um dolo
o constrangimento ilegal (norma subsidiária) e do inicial e, no mesmo contexto fático, resolve substituir o
furto qualificado pelo arrombamento, que contém desígnio, como, por exemplo, quando o sujeito, desejan-
o dano (o constrangimento ilegal é subsidiário de do causar lesões à vítima, corta seus dedos. No entanto,
todos os crimes que têm como meio de execução a no mesmo momento, muda de ideia e resolve matar o
violência física ou a grave ameaça; o dano, por sua ofendido com um tiro na cabeça. Neste caso, o agente res-
vez funciona como circunstância qualificadora do ponde pelo homicídio, ficando as lesões corporais absor-
furto). Outro exemplo é a omissão de socorro (art. vidas (se não fossem no mesmo contexto fático, como por
135, CP) que serve como qualificadora do homicí- exemplo no caso do agente que mata a vítima um mês
dio culposo (art. 121, §4º, CP). após causar-lhe lesões, haveria, por outro lado, concurso
de crimes, respondendo o agente pelos dois delitos).
Na prática, o princípio da subsidiariedade acaba Duas outras aplicações do princípio se dão nos
por gerar os mesmos resultados do princípio da espe- chamados ante factum impunível e no post factum
cialidade. No entanto, trata-se de institutos diferentes. impunível. No primeiro caso, podemos citar, como
DIREITO PENAL

A distinção pode ser feita de duas maneiras: exemplo, o agente que toca o corpo da vítima e, na
mesma linha de desdobramento, praticar a conjun-
z Na especialidade: há relação entre o fato descrito ção carnal: responde pelo estupro, ficando os toques
pela norma genérica e o estabelecido pela especial absorvidos. Já no caso do fato posterior não punível, o
(relação de gênero e espécie); na subsidiariedade exemplo clássico é o do sujeito que furta determinada
não existe essa relação; coisa e em seguida a destrói: vai responder somente
z Na subsidiariedade: quando se afasta a incidên- pelo furto.
cia da norma primária a pena do tipo subsidiário Em relação ao princípio da consunção, duas ques-
pode ser aplicada, como um ‘soldado de reserva’ e tões são recorrentes em concursos:
aplicar-se 209
z A primeira diz respeito ao porte ilegal de arma Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
de fogo, disparo de arma de fogo e homicídio convenções, tratados e regras de direito internacio-
doloso: se tudo ocorreu no mesmo contexto fático nal, ao crime cometido no território nacional.
(mesmo desdobramento, ou seja, o agente só por-
tou irregularmente a arma e a disparou pois tinha O princípio da territorialidade significa que a lei
penal de um país só é aplicável no território do Estado
a intenção de matar alguém) o homicídio absorve
que a editou, sem se preocupar com a nacionalidade
os anteriores; e
do sujeito ativo (autor) ou passivo (vítima).
z A segunda é relacionada aos crimes de falsida- O princípio da territorialidade pode se dar de duas
de e estelionato: neste caso, basta observar o que formas:
dispõe a Súmula 17 do STJ: quando o sujeito falsifi-
ca documento para aplicar um golpe, o estelionato z De forma absoluta (princípio da territorialidade
(crime-fim) absorve o falso (crime-meio). absoluta) quando somente a lei penal do país é
aplicável aos crimes cometidos em seu território
E lembre-se: em qualquer situação, para que haja nacional; e
consunção é imprescindível que os fatos de deem den- z De forma temperada, relativizada ou mitigada
tro do mesmo contexto. (princípio da territorialidade temperada) quan-
A figura utilizada para fazer referência ao prin- do a lei penal nacional é aplicada via de regra ao
cípio da consunção é da de um peixão, que engole crime cometido no território nacional, mas, excep-
um peixinho que engole o girino: isto é, o homicídio cionalmente, por força de tratados e convenções
absorve as lesões graves, que absorvem as lesões leves internacionais, a lei estrangeira é aplicável a deli-
tos praticados em território nacional
que, por sua vez, absorvem as vias de fato.
Como regra, o Brasil adota o princípio da territoria-
Princípio da Alternatividade
lidade temperada e 4 outros princípios como exceção:

O último dos princípios é do da alternatividade e é z Real ou de proteção ou da defesa: art. 7º, I e §3º,
aplicado quando há a prática, no mesmo contexto fáti- CP (exceção: extrataterritorialidade). A lei penal
co, dos crimes de conteúdo múltiplo ou variado ou leva em conta a nacionalidade do bem jurídico
plurinuclear, que são os crimes que descrevem várias lesado pelo delito, sem se importar com local de
condutas no mesmo artigo, ou seja, contém vários ver- sua prática ou da nacionalidade do sujeito ativo.
bos como núcleos do tipo. Um exemplo desse tipo de z Justiça penal universal ou princípio universal
crime encontra-se no art. 33, caput, da Lei de Drogas: ou da universalidade da justiça cosmopolita,
ou da jurisdição mundial ou da repressão uni-
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro- versal ou da universalidade do direito de punir:
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe- art. 7º, II, a (exceção: extrataterritorialidade). Cada
recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, Estado tem o poder de punir qualquer crime, inde-
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo pendentemente da nacionalidade do autor ou da
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem vítima ou, ainda, do local da sua prática. Basta que
autorização ou em desacordo com determinação o criminoso esteja dentro do território do país.
legal ou regulamentar z Nacionalidade ativa ou princípio da personali-
dade: art. 7º, II, b (exceção: extrataterritorialida-
de). Segundo o princípio da nacionalidade, a lei
Note que são dezessete verbos (núcleos diferen-
penal do Estado se aplica a seus cidadãos onde
tes): pelo princípio da alternatividade, se o agente
quer que se encontrem. O Brasil adota a naciona-
pratica mais de um verbo, no mesmo contexto fático, lidade ativa, que impõe a aplicação da lei nacional
só responderá por um único crime (por exemplo, se o ao cidadão que comete crime no estrangeiro não
sujeito oferece e ministra). importando a nacionalidade da vítima.
z Representação ou pavilhão ou bandeira: art. 7º,
LEI PENAL NO ESPAÇO II, c (exceção: extrataterritorialidade). Ficam sujei-
tos à lei do Brasil os delitos cometidos em aerona-
Lugar do Crime, Territorialidade e ves e embarcações privadas, quando ocorridos no
Extraterritorialidade da Lei Penal estrangeiro e aí não venham lá a ser julgados

A Lei Penal no Espaço Território nacional

Ao estudar, nos arts. 5º a 8º do CP, a aplicação da O texto do art. 5º fala em território. O território que
lei penal no espaço vamos tratar do lugar de incidên- nos interessa é o território jurídico, ou seja, o espaço
cia da legislação penal brasileira, ou seja, ONDE ela é em que o Estado exerce sua soberania. O território
nacional é composto pelas seguintes partes:
aplicada. Não vamos ver, neste momento, regras de
competência, que se encontram nos arts. 70 e seguin-
z o solo;
tes do Código de Processo Penal (CPP).
z o subsolo;
z o espaço aéreo correspondente;
Territorialidade z os cursos d’água internos (rios, lagos, mares inte-
riores); e
O princípio adotado para tratar do âmbito da apli- z o mar territorial, assim entendido como a faixa
cação da lei penal brasileira é o princípio da Territo- de mar exterior que compreende as 12 milhas
210 rialidade, que se encontra disposto no art. 5º do CP: marítimas medidas a partir da linha do baixa-mar
do litoral continental e insular brasileiro, de acor- Para solucionar tais situações, existem três teorias:
do com as referências contidas nas cartas náuticas
brasileiras (art. 1º da Lei nº 8.617/93). Extraterritorialidade

Em relação aos rios internacionais que constituem Extraterritorialidade é a aplicação da lei brasilei-
limites entre dois países, normalmente existe tratado ra aos crimes cometidos fora do Brasil. Sua sistema-
sobre o tema que ou determina que a divisa se encontra tização se encontra nos arts. 7º e 8º do CP.
na linha mediana do leito do rio ou que a divisa acom- Tal fenômeno se justifica por dois motivos:
panhe a linha de maior profundidade da corrente. Se o
rio não for divisa, mas sucessivo, como o Amazonas, é z Para proteger certos bens jurídicos (como, por
indiviso, e cada Estado exerce soberania sobre ele. exemplo, o patrimônio público);
No caso dos lagos, salvo acordo em contrário, o limite z Para impedir que certos delitos fiquem sem respos-
é fixado pela linha da meia distância entre as margens ta da lei penal. Não se aplica a extraterritorialidade a
do lago ou lagoa, que separa dois ou mais Estados. todas as infrações penais (crimes e contravenções):
de acordo com o art. 2º da Lei de Contravenções
Dica Penais, não se aplica a lei brasileira às contra-
venções ocorridas fora do território nacional. Ou
Por se relacionarem aos assuntos que estamos
seja, não há extraterritorialidade de contravenção.
vendo, vale a pena estudar as hipóteses de não
incidência da lei a fatos cometidos no Brasil: A aplicação da lei brasileira no estrangeiro pode ser
a) as imunidades diplomáticas; dar sem que seja necessária qualquer condição, receben-
b) as imunidades parlamentares; e do o nome de extraterritorialidade incondicionada:
c) a inviolabilidade do advogado.
Esses assuntos são tratados em Direito Consti- z Hipóteses do art. 7, I, do CP:
tucional, Direito Processual Penal e no estudo do
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
Território por extensão República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,
De acordo com o §1º do art. 5º do Código Penal, para do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
fins penais, é considerado território por extensão: Município, de empresa pública, sociedade de eco-
nomia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
z As embarcações e aeronaves brasileiras, de Poder Público;
natureza pública ou a serviço do governo brasilei- c) contra a administração pública, por quem
ro onde quer que se encontrem; e está a seu serviço;
z As aeronaves e as embarcações brasileiras, mer- d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
cantes ou de propriedade privada, que se achem, domiciliado no Brasil;
respectivamente, no espaço aéreo corresponden- [grifos nossos]
te ou em alto-mar.
Nestes casos, aplica-se a lei penal brasileira ainda
Vale notar que embaixada estrangeira, localizada que o crime tenha sido julgado no estrangeiro e
no Brasil, constitui território brasileiro para efeito de independentemente de o agente entrar no Brasil.
incidência da Lei penal brasileira. Se preenchidas certas condições indicadas na lei,
teremos a extraterritorialidade condicionada:
Lugar do crime
z Hipóteses do art. 7, II, do CP: art. 7º, II, ‘a’ e ‘b’ +
O CP trata do lugar do crime no art. 6º: requisitos do art. 7º, §2º;
art. 7º, II, ‘c’, do CP + requisitos do art. 7º, §2º+ 7º,
Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em II, ‘c’ in fine (não ter sido julgado no estrangeiro);
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em par- art. 7º, §3º, do CP + requisitos do art. 7º, §2º + requi-
te, bem como onde se produziu ou deveria produzir- sitos do §3º (não ter sido pedida ou ter sido negada
-se o resultado a extradição) + requisição do Ministro da Justiça.

Conforme já vimos antes, não se trata de fixar nor- Pena cumprida no estrangeiro
mas de competência (medida de jurisdição) uma vez
que tais normas são cuidadas pelos arts. 70 e seguin- Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a
tes do CPP. O disposto no art. 6º, CP destina-se aos pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
chamados crimes à distância, isto é, aqueles delitos diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
DIREITO PENAL

em que a ação ou a omissão ocorre em um país e o


resultado, em outro. Em relação ao local do crime, o Quando se fala em extraterritorialidade condiciona-
CP adota o princípio da ubiquidade. da, uma vez tendo sido cumprida a pena no estrangeiro,
Vamos exemplificar: na divisa Brasil-Paraguai, um desaparece o interesse do Brasil em punir o delinquente.
cidadão brasileiro, que se encontra em Foz do Igua- Por outro lado, nos casos de extraterritorialidade
çu, atira em uma pessoa, que se encontra no Paraguai, incondicionada, se o sujeito ativo entra em território
vindo esta a falecer. Ou ainda, um indivíduo envia brasileiro, estará sujeito à punição, independente-
uma carta-bomba do Chile para o Brasil, que ao ser mente de já ter sido condenado ou absolvido no exte-
aberta em São Paulo, mata a vítima. Quem vai punir rior. Nesta hipótese, se aplicaria a fórmula do art. 8º,
os autores? CP. No entanto, tal dispositivo é inconstitucional, por 211
ir contra a garantia constitucional de que ninguém As diferenças entre crime e contravenção serão
pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato, constan- vistas mais adiante.
te da Convenção Americana dos Direitos Humanos,
em vigor no Brasil. Conceito de crime

Eficácia da Sentença Penal Estrangeira O conceito de crime não é natural e sim algo arti-
ficial, criado pelo legislador tendo em vista os interes-
O art. 9º do CP trata dos efeitos da sentença penal ses da sociedade. Mas o que é crime?
estrangeira. De acordo com o disposto, somente pode Podemos responder esta pergunta de três dife-
ser homologada para produzir os seguintes efeitos: rentes formas, olhando para o crime sob diferentes
aspectos: material, formal e analítico.
z Obrigar o condenado à reparação do dano (art. 9º Vamos ver o conceito de crime de acordo com cada
I, CP); e um desses pontos de vista:
z Sujeitar o condenado à medida de segurança (art.
9º II, CP). z Aspecto material: é o juízo, a visão que a socie-
dade tem sobre o que pode e deve ser proibido
A homologação é feita por meio de sentença pelo por meio da aplicação de sanção penal. Sob esse
STJ (art. 105, I, ‘i’, da CF). No caso art. 9º, I, CP depende aspecto, o conceito material de crime consiste
de pedido da parte interessada; já na hipótese do 9º na conduta que ofende um bem juridicamen-
te tutelado (bem juridicamente considerado
II, CP, depende da existência de tratado de extradição
essencial para a existência da própria sociedade e
com o país respectivo ou, na fala de ratado, de requisi-
manutenção da paz social);
ção do Ministro da Justiça.
z Aspecto formal: é a concepção sob a ótica do direi-
to. Assim, o conceito formal de crime constitui uma
Prazo Penal
conduta proibida por lei, que se realizada, resulta
na aplicação de uma pena. Considera-se crime,
Antes de finalizar a chamada teoria da norma e dessa forma, o que o legislador apontar como tal;
ingressar na teoria do crime, falta falar brevemente z Por fim, o conceito que interessa aos nossos estu-
sobre o prazo penal, estabelecido no art. 10, CP. dos: sob o aspecto analítico, se procura apontar,
O prazo penal e o prazo, processual são contados estabelecer os elementos estruturais do crime.
de maneiras diferentes: Vejamos:

z Prazo penal (regra art. 10, CP): inclui-se o primei- Conceito analítico de crime
ro dia, despreza-se o último;
z Prazo processual penal (regra art. 798, §1º, CPP): Do ponto de vista analítico, diferentes doutrinado-
despreza-se o primeiro dia, conta-se o último; res enxergam o crime de formas diferentes. Existem
z Frações de penas: não são computadas as horas várias correntes, mas as principais são duas:
nas penas privativas de liberdade e restritivas de
direitos, nem os centavos na pena pecuniária. z A que entende que o crime é Fato Típico + Antijurí-
dico (concepção bipartida), sendo a culpabilidade
Para fins de prescrição e decadência, os prazos são pressuposto de aplicação da pena (entre eles René
contados de acordo com a regra do art. 10, CP. Ariel Dotti, Fernando Capez, Damásio de Jesus,
Julio Fabrini Mirabete, Cleber Masson); e
z A que concebe o crime como um Fato Típico +
Antijurídico + Culpável (concepção tripartida ou
TIPICIDADE tripartite) e que é majoritária tanto no Brasil
quanto no exterior. Entre seus adeptos estão tanto
TEORIA GERAL DO CRIME aqueles que adotam a teoria da conduta finalista
(como Heleno Fragoso, Eugenio Raúl Zaffaroni,
Nomenclatura Luiz Regis Prado, Rogério Greco, entre outros) ou
causalista (Nélson Hungria, Frederico Marques,
Aníbal Bruno e Magalhães Noronha).
A doutrina brasileira utiliza o termo Infração de
forma genérica, para englobar os crimes ou delitos e
Diferença entre crime e contravenção
as Contravenções.
O Código Penal não utiliza em seu texto a expres-
são delito, optando por utilizar as expressões Infra- Antes de prosseguir com o estudo do crime, é inte-
ção, Crime e Contravenção, sendo que estas duas ressante fazer a distinção entre crime e contravenção
últimas estão incluídas na primeira penal (também chamada de crime anão ou delito Lili-
No Código de Processo Penal há certa confusão: putiano ou crime vagabundo ou delitti nani).
algumas vezes usa o termo Infração, de forma genéri- Existem países que utilizam a classificação tripar-
tida de infrações penais: delitos, crimes e contraven-
ca, incluindo os crimes (ou delitos) e as contravenções
ções. O Brasil adota, como já vimos, a classificação
(veja, por exemplo, os arts. 70, 72, 74, 76, 77 etc.). Em
bipartida, que divide as infrações entre crimes (ou
outras situações, emprega a expressão delitos como
delitos) e contravenções.
sinônimo de Infração (por exemplo, conforme consta
Não existe um dado único que faça a distinção
nos arts. 301 e 302, CPP).
entre os dois tipos de infração penal. Tanto os crimes
Para os fins do nosso estudo temos, então que
quanto as contravenções configuram comportamen-
Infração Penal pode significar Crime (Ou Delito) e
tos que violam mandamentos legais que possuem
212 Contravenção Penal.
como sanção a aplicação de uma pena. A grande dis- pois não são titulares de direitos (podem ser objetos
tinção é a maior ou menor gravidade com que a lei vê materiais; a titularidade é de outros: família, coletivi-
tais condutas. dade etc.). Aproveitando que mencionamos objeto do
No entanto existem outros elementos que ajudam crime, guarde:
na distinção.
Em relação às penas: os crimes são punidos com z Objeto jurídico consiste no bem ou interesse tute-
penas privativas de liberdade (reclusão ou detenção), lado pela norma penal (como vida, patrimônio,
restritivas de direitos e multa; já as contravenções são honra etc.); e
punidas com prisão simples e/ou multa. z Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual
Com relação ao elemento subjetivo: no crime é o recai a conduta criminosa (por exemplo a coisa
dolo ou a culpa; na contravenção é a voluntariedade. móvel, no furto).
Por último, é possível a tentativa nos crimes,
enquanto ela é incabível nas contravenções. Classificação dos crimes

Sujeitos do crime Qualificação é o nome que se dá ao fato ou a infra-


ção, seja pela doutrina ou pela lei. Assim temos:
Antes de analisarmos os elementos do crime é
importante fixar alguns conceitos sobre os sujeitos do z É o nome que a lei dá (nomen juris). Por exemplo,
crime. “ofender a integridade corporal ou a saúde de
Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito na nor- outrem” é chamada pelo art. 129, CP de “lesão
ma penal incriminadora. O crime é uma ação huma- corporal”.
na, sendo que apenas o ser humano pode delinquir. z Que são os nomes dados pela doutrina aos fatos
Animais e entes inanimados não possuem capacidade criminosos. Por exemplo: crime de mera conduta,
penal (conjunto de condições necessárias para que crime permanente, crime próprio etc.)
um sujeito possa ser titular de direitos e obrigações z É o nome dado à modalidade a que o fato pertence:
na esfera penal). crime ou contravenção. Por exemplo, “homicídio” é
crime, enquanto o “jogo do bicho” é contravenção.

Importante! A classificação doutrinária dos crimes serve


para facilitar o estudo e o entendimento dos tipos
A Constituição Federal prevê nos arts. 173, § 5º, penais incriminadores. No entanto, existem muitos
e 225, § 3º, que a legislação ordinária estabeleça nomes, ficando difícil fazer uma classificação defini-
a punição da pessoa jurídica nos atos cometidos tiva, uma vez que os estudiosos do Direito Penal ao
contra a economia popular, a ordem econômica sistematizarem a matéria, acabam por criar novas
e financeira e o meio ambiente. Atualmente ape- nomenclaturas.
nas a Lei nº 9.605/98, Lei de Proteção Ambiental As principais são:
prevê essa responsabilidade. Ou seja, a pessoa
jurídica responde por crime ambientais. Crimes comuns e especiais

São os definidos no Direito Penal Comum; os espe-


Existem várias nomenclaturas em lei para se refe- ciais, são os descritos no Direito Penal Especial.
rir ao sujeito ativo: “agente” (por exemplo, nos arts.
14, II; 15; 18, I e II; 19; 20, § 3º; 21, parágrafo único; CRIMES COMUNS (QUANTO AO AGENTE) E
23, caput e parágrafo único; 26, caput e parágrafo PRÓPRIOS
único, todos do CP); “indiciado”, na fase do inquérito;
acusado, denunciado, réu durante a fase processual; Crime comum é aquele que pode ser praticado por
“sentenciado”, “preso”, “condenado”, “detento” ou qualquer pessoa (furto, homicídio etc.). Crime próprio é
“recluso”, para aqueles que já foram condenados. o que só pode ser cometido por um agente com qualida-
Usa-se, ainda, sob o ponto de vista biopsíquico, as des especiais (uma condição jurídica, como ser funcioná-
expressões “criminoso” ou “delinquente”. rio público; de parentesco, como mãe, filho; profissional,
Por outro lado, sujeito passivo é entendido como como médico; ou natural, como no caso da gestante.
o titular do bem jurídico cuja ofensa fundamenta o Dentro do contexto dos crimes próprios há uma cate-
crime. Existem duas espécies; goria chamada crimes de mão própria ou de atuação
pessoal, que são os que só podem ser cometidos pelo
z Sujeito passivo formal ou constante ou geral ou agente em pessoa, de forma direta, como por exemplo
genérico: é o Estado; no caso de falso testemunho (a testemunha não pode
z Sujeito passivo material ou eventual ou particu- mentir por meio de outro sujeito). O crime de mão pró-
lar ou acidental: o titular do interesse protegido pria admite participação, mas não coautoria.
DIREITO PENAL

penalmente (pode ser o ser humano, pessoa jurídi-


ca, a coletividade ou o Estado) Crimes de dano e de perigo

É importante salientar que pessoa incapaz pode Crime de dano é o que apenas se consuma quando
ser sujeito passivo do crime (recém-nascido, menor ocorre a efetiva lesão ao bem jurídico (como no homi-
em idade escolar, portador de deficiência mental etc.). cídio, nas lesões corporais). Crime de perigo são os
É possível ser sujeito passivo mesmo antes de nascer, que se consumam com a mera possibilidade do dano
pois o feto tem direito à vida, bem jurídico protegido (como, por exemplo, na rixa, art. 137, CP e no incên-
pela punição do aborto (arts. 124, 125 e 126, CP). Pes- dio, art. 250, CP).
soa morta e animais não podem ser sujeitos passivo, 213
Os crimes de perigo, por sua vez, subdividem-se em: culposa; resultado naturalístico; relação de causalida-
de ou nexo causal; e tipicidade), Ilícito (antijurídico)
z Crime de perigo presumido (ou abstrato) e crime e Culpável (imputabilidade; exigibilidade de conduta
de perigo concreto: No presumido ou abstrato o diversa e potencial consciência da ilicitude).
perigo é presumido pela lei. Basta a ação ou omis- Fator importante a ser lembrado quando se fala nes-
são (exemplo, art. 135, CP; art. 306, CTB e arts. 14 ta teoria, é que o Dolo e a Culpa integram o fato típico.
ao 16 do Estatuto do Desarmamento). Já o concreto Assim, segundo a teoria finalista, o conceito analí-
depende de prova efetiva de perigo (exemplo, no tico de crime é composto pelos seguintes elementos:
crime de exposição ou abandono de recém-nasci-
do, art. 134, CP)
ANTIJURÍDICO
z Crime de perigo individual e crime de perigo FATO TÍPICO CULPABILIDADE
(OU ILÍCITO)
comum (coletivo). Perigo individual é o que coloca
em risco de dano o bem jurídico de uma só pessoa Conduta Contrariedade Juízo de reproba-
ou de grupo determinado de pessoas (por exem- Resultado ao ordena- bilidade formado
plo, perigo de contágio venéreo, art. 130, CP). Já no Nexo causal mento jurídico pela:
perigo comum ou coletivo o risco atinge um núme- Tipicidade � imputabilidade;
ro indeterminado de pessoas (como no delito de � exigibilidade
incêndio, art. 250, CP). de conduta diver-
sa; e
Crimes comissivos e omissivos � potencial
consciência da
Crime comissivo é aquele que implica em uma ilicitude.
ação, um fazer do sujeito; já o crime omissivo, carac-
teriza-se por um não-fazer. Vamos agora estudar os elementos do crime, de
Dividem-se nas seguintes modalidades: forma separada, assim como suas causas de exclusão.

z Comissivos por omissão: são os delitos de ação, Fato Típico


praticado de forma excepcional por omissão (nos
casos em que o agente tem o dever jurídico de Não importa a posição adotada, bipartite (crime
impedir o resultado e não o faz – art. 13, §2º, CP) = fato típico + antijurídico) ou tripartite (crime = fato
z Omissivos por comissão. típico + antijurídico + culpável) o primeiro elemento
(requisito, característica) do conceito analítico de cri-
Crimes instantâneos, permanentes e instantâneos de me é o fato típico.
efeitos permanentes O fato típico possui 4 elementos:

Crime instantâneo é aquele que se consuma em z Conduta dolosa ou culposa;


momento determinado, sem prolongamento. z Nexo de causalidade (exceto nos crimes de mera
Crimes permanentes são aqueles nos quais a conduta e nos formais);
consumação prolonga-se no tempo (Ex.: extorsão
z Resultado (salvo nos crimes de mera conduta);
mediante sequestro).
z Tipicidade.
Crime instantâneo de efeitos permanentes é aque-
le em que a consumação também ocorre em momento
Dos 4 elementos do fato típico, 2 deles, a conduta
determinado, mas os efeitos da consumação têm efei-
e a tipicidade são obrigatórios. Em alguns casos, não
tos duradouros (como no homicídio).
Existem uma série de outras classificações, como cri- são necessários o nexo de causalidade e o resultado.
me continuado, delito putativo, por exemplo, que serão No caso dos crimes materiais (como já vimos aci-
vistas ao tratar de outros temas mais à frente. ma, que é aquele que descreve uma conduta + um
resultado naturalístico e, para que o crime ocorra, é
preciso que acontece o resultado descrito na norma),
Sistemas penais
são necessários os 4 elementos para que se configure
o crime, como por exemplo, no caso do homicídio:
O conceito analítico de crime, que é o que nos inte-
ressa no presente estudo, apresenta várias concepções
diferentes sobre sua estrutura, elementos e maneira No entanto, em alguns casos, vão bastar apenas a
como esses elementos interagem entre si. conduta e a tipicidade. Isto ocorre nos crimes formais
Dentre essas diferentes teorias, o Código Penal (que dispensam a ocorrência do resultado, que é mero
adotou a teoria finalista, de modo que, conforme exaurimento; ou ainda, nem o preveem, fazendo com
vamos ver a seguir, é imprescindível a presença que seja desnecessário verificar o nexo causal) como
do dolo ou da culpa a fim de que se configure uma no exemplo abaixo:
conduta penalmente relevante.
Concebida nos anos 1930 por Hans Welzel, um Conduta
alemão jurista e filósofo do direito, foi adotada no
Brasil por doutrinadores como Damásio E. De Jesus, A conduta é toda ação ou omissão humana, cons-
Júlio Fabrinni Mirabete e Miguel Reale Júnior, dentre ciente e voluntária, dirigida a determinada finalidade.
outros penalistas. A conduta pode se realizar:
Para a teoria finalista, também chamada de “teo-
ria final”, “finalismo penal”, “teoria finalista da z Por uma ação (um fazer, um comportamento posi-
ação” ou, ainda, “teoria da ação finalista”, o Crime é tivo); ou
214 Fato Típico (seus elementos são: conduta, dolosa ou z Por uma omissão (um não fazer, uma abstenção).
Existem várias teorias que tratam da definição da Culpa
conduta criminosa; é essencial conhecer a teoria fina-
lista da conduta, elaborada por Hans Welzel e sobre a A culpa, por sua vez, não exige a intenção do agen-
qual já mencionamos. Para a teoria finalista, adotada te de agredir a norma, mas ele acaba agindo de forma
descuidada para com o bem jurídico. No crime culpo-
pelo cp como vimos, a conduta precisa ser ou dolosa ou
so, o resultado ilícito não é desejado, mas é previsível
culposa, ou seja, dolo e culpa, integram o fato típico
e poderia ter sido evitado. Tal descuido se concretiza
(estão dentro da conduta, que é um de seus elementos). por meio da negligência, imprudência ou imperícia
(espécies de culpa, conforme o art. 18, II, CP).
Mas o que são dolo e culpa?
z Imprudência: é a forma ativa de culpa em que
Ainda dentro do estudo da conduta, vamos estabe- o agente executa um comportamento sem caute-
lecer os conceitos de dolo e de culpa, essenciais para la (de forma precipitada ou com insensatez). Ex.:
o entendimento do próprio conceito de crime. Vamos, o sujeito que dirige em alta velocidade dentro da
em primeiro lugar ao Código Penal verificar o que cidade, onde pedestres por todos os lados.
está disposto sobre o dolo e a culpa. z Negligência: é a forma passiva de culpa em que o
agente deixa de agir, fica inerte, por descuido ou
Art. 18 Diz-se o crime: desatenção, quando era necessário agir de modo
Crime doloso
contrário. Ex. não acionar o freio de mão ao esta-
cionar o veículo em uma ladeira
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou
z Imperícia: consiste na imprudência no campo
assumiu o risco de produzi-lo; técnico, pressupondo a falta de cautela relativa ao
Crime culposo exercício de uma arte, um ofício ou uma profissão.
II – culposo, quando o agente deu causa ao resulta- Ex.: no caso do médico que deixa de tomar os cui-
do por imprudência, negligência ou imperícia. dados necessários quanto à assepsia antes de uma
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, cirurgia, o que acaba por causar uma infecção que
ninguém pode ser punido por fato previsto como provoca a morte do paciente.
crime, senão quando o pratica dolosamente.
Sempre nas questões que envolvem o dolo even-
Não existe crime sem dolo ou culpa (princípio da tual e culpa consciente, se fizermos uma leitura rápi-
responsabilidade subjetiva)! da, podemos ficar com dúvida. Portanto, vamos fazer a
Os crimes, em geral, são dolosos e, excepcional- segunda leitura da questão e identificar as palavras que
mente, culposos (apenas quando a lei, de forma diferenciam o dolo eventual da culpa consciente.
expressa, determinar).
Vamos ver, agora de forma separada, o dolo e a Crime Preterdoloso ou Preterintencional
culpa, que são os elementos subjetivos da conduta.
Trata-se de uma espécie de crime qualificado pelo
resultado. Neste caso, o agente quer causar um deter-
Dolo minado resultado (possui dolo quanto a este resultado),
mas acaba causando outro resultado, de forma culposa
Podemos definir dolo como sendo a vontade de (possui dolo no antecedente e culpa no consequente.
produzir o resultado típico. Ocorre, por exemplo, na lesão corporal seguida
No dolo direito (ou imediato ou determinado) exis- de morte, quando o agente quer lesionar (dolo) mas
te a intenção do agente de ofender o bem jurídico. acaba matando (por culpa). Neste caso a conduta sub-
Exemplo: querendo a morte da vítima, o atirador des- sequente (morte) vai servir como um evento qualifica-
fere um tiro fatal. dor (vai responder pelo crime na forma mais grave).
Já no dolo indireto ou eventual, o sujeito assume o
risco de produzir o resultado. Resultado
A diferença relevante está entre o dolo direito e o
eventual. Mas existem outras classificações de dolo, O segundo elemento do fato típico é o resultado,
sem muita utilidade. Dentre essas, cabe mencionar o que nada mais é do que a modificação do mundo exte-
dolo alternativo, que pode aparecer em algum enun- rior causada pela conduta (é o que se chama de resul-
tado naturalístico: aplicação da teoria naturalística).
ciado de questão.
No entanto nem todo crime tem resultado (natu-
Dolo alternativo se configura quando o agente age ralístico), como no caso dos crimes de mera conduta
com indiferença, buscando um resultado ou outro (conforme já vimos, que é aquele em que a lei descre-
(não se trata de uma forma independente de dolo). ve apenas uma conduta e não um resultado, consu-
Exemplo de dolo alternativo é o do agente que encon- mando-se no momento da prática da conduta, como
tra uma carteira em um banco de praça e a leva para no caso do delito de invasão de domicílio).
casa, pouco se importando se alguém a esqueceu ali
ou é de alguém que se encontra brincado com o filho Nexo de causalidade ou nexo causal ou relação de
DIREITO PENAL

no parque que fica dentro da praça. Neste caso pode causalidade


ter praticado o crime de furto (art. 155, CP) ou de apro-
priação de coisa achada (art. 169, II, CP). Trata-se do elo que une a causa ao resultado e
São elementos do dolo: encontra-se expressamente previsto no art. 13, CP:

z Consciência da conduta e do resultado; Relação de causalidade


z Consciência da relação causal objetiva entre a Art. 13 O resultado, de que depende a existência do
conduta e o resultado; crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
z Vontade de realizar a conduta e de produzir o Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.
resultado. 215
De forma simples, o resultado naturalístico deve causa do acidente (o veneno não teve tempo de
ter sido causado pela conduta praticada pelo agente (o agir). Aqui também não há relação de causalida-
agente só responde se sua conduta tiver influenciado de, respondendo a nora pelos atos já praticados
no resultado). (homicídio tentado).
Ao tratar do nexo de causalidade, o CP adotou, no
art. 13, caput, 2ª parte, a chamada teoria da equiva- Os três casos acima mostram causas absoluta-
lência dos antecedentes causais (também conhecida mente independentes da conduta do sujeito: houve
por conditio sine qua non) que considera causa a ação quebra no nexo causal e o agente só responde pelos
ou omissão sem a qual o resultado não teria ocor- atos já praticados.
rido. Por esta teoria todos os antecedentes se equiva- Agora vamos ver as três hipóteses de causas relati-
vamente independentes da conduta do sujeito:
lem, ou seja, todas as causas tem o mesmo valor.
Para saber se uma conduta é causa do resultado
z 1º caso (causa preexistente): numa briga entre vizi-
basta, mentalmente, excluí-la da série causal. Se, com
nhos, o vizinho “A” dá um golpe de estilete no braço
sua exclusão, o resultado deixar de ocorrer do modo
do vizinho “B’, com a intenção de mata-lo. A vítima
que ocorreu, é considerada causa (esse processo é cha- era hemofílica, o que fez com que perdesse grande
mado de Processo Hipotético de Eliminação Thyrén). quantidade de sangue, vindo a falecer. Neste caso,
Esta teoria, se mal interpretada, pode levar a existe uma relação de causalidade entre a conduta
excessos (regressus ad infinitum), como no caso de um (“estiletada”) e o resultado (morte), sendo a causa da
homicídio com arma de fogo, em o comerciante que morte a hemofilia (condição). Nesta hipótese, a con-
vendeu a arma e, antes dele, o dono da fábrica que duta e a causa não são absolutamente independen-
produziu o armamento também teriam dado causa ao tes, mantendo-se o nexo causal: portanto o vizinho
resultado! Como solucionar tal situação injusta? Neste que desferiu o golpe vai responder pelo resultado.
caso, temos que verificar se tanto o comerciante quan- z 2º caso (causa concomitante): um assaltante entra
to o industrial agiram com dolo ou culpa: caso nega- numa casa e atira no morador que, no momento,
tivo, não serão responsabilizados (não há fato típico). estava infartando, sendo que a lesão causada pelo
Tema importantíssimo ao tratar de nexo causal diz projétil contribuiu para que ocorresse o evento mor-
respeito às concausas e seus efeitos te. Neste caso, há relação de dependência casa-con-
Concausas são as causas concomitantes que se duta, não havendo quebra do nexo causal; assim
unem para gerar o resultado. Na prática não há dis- sendo o agente responde pelo resultado.
z 3º caso (causa superveniente): uma pessoa
tinção entre causas e concausas. As causas podem ser
baleada no peito é socorrida por uma ambulância
preexistentes, concomitantes e supervenientes, absoluta
que, no percurso até o hospital, sofre um acidente,
ou relativamente independentes da conduta do sujeito. fazendo com que a vítima venha a falecer de trau-
A questão aqui é que temos duas possíveis causas matismo craniano. Neste caso há nexo causal, no
para um único resultado, e é necessário se determinar entanto o art. 13, §1º do CP, apresenta uma exceção,
de que forma o agente deverá ser responsabilizado, excluindo a imputação, fazendo com que o agen-
tendo em vista sua contribuição para o resultado final te só responda pelos atos já praticados (superve-
do crime. Ou seja, a responsabilização vai variar de niência de causa relativamente independente).
acordo com a relevância da concausa (se ela contri-
buiu ou não para o resultado produzido). Se as causas forem relativamente independentes
Primeiramente vamos ver a hipótese das causas (preexistentes ou concomitantes) o agente responde
absolutamente independentes: da conduta do sujeito. pelo resultado. Por exceção da lei (art. 13, §1º, CP) no
Vamos tratar por meio de exemplos, pois é a forma caso da superveniência de causa relativamente inde-
mais fácil de se entender: pendente, o agente só responde pelos atos já praticados.

z 1º caso (causa preexistente): imagine a situação Tipicidade


em que o genro envenena a sogra no café da manhã.
O veneno “A” leva tempo para agir. Na hora do almo- A tipicidade nada mais é do que a convergência, a
ço, a nora envenena (veneno “B”) o suco da sogra, cominação do fato no mundo com o tipo abstrato pre-
que logo após, cai morta. A necropsia conclui que o visto na lei. Por exemplo, o fato de eliminar a vida de
veneno “A”, exclusivamente, foi a causa mortis. alguém encontra adequação ao previsto no art. 121,
CP, “matar alguém”.
As excludentes de tipicidade dividem-se em legais
Neste caso a conduta da nora não causou o resultado,
(quando expressamente previstas em lei) e suprale-
a morte foi causada por causa preexistente (envenena- gais (implicitamente previstas em lei). Podemos men-
mento pelo genro). A nora só vai responder pelos atos já cionar como exemplos:
praticados, ou seja, tentativa de homicídio; o genro, por
sua vez, responde por homicídio consumado. z De excludentes legais, o crime impossível (art. 17,
CP);
z 2º caso (causa concomitante): nesta hipótese, a z O impedimento de suicídio (art. 146, § 3.º); e
nora envenena o suco da sogra, uma mulher idosa. z Retratação no crime de falso testemunho (art. 342,
No momento em que tomava o suco envenenado, § 2.º).
um indivíduo invade a casa para cometer um rou-
bo; assustada, a idosa morre de colapso cardíaco, Veja que elas não estão agrupadas em um único artigo.
exclusivamente. Neste caso, há quebra do nexo Por sua vez, como causas supralegais podemos citar o
causal e a nora só responde pelos atos já praticados princípio da insignificância, já visto anteriormente e tam-
z 3º caso (causa superveniente): neste exemplo a bém com a chamada adequação social (comportamentos
nora envenena o suco da sogra, que o toma, faz que são aceitos normalmente pela sociedade e deixa de ser
todos os afazeres normais e, mais tarde ao sair de entendida como lesiva a algum bem jurídico).
216 casa, é atropelada e morre, exclusivamente por
Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior

A desistência voluntária e o arrependimento eficaz encontram-se previstos no artigo 15 CP.


A desistência voluntária se configura quando o sujeito inicia o processo executório, mas desiste voluntaria-
mente de nele prosseguir, evitando a consumação. É o caso, por exemplo, do sujeito que ingressa na casa da
vítima e, voluntariamente, desiste da subtração que pretendia efetuar. Veja que, no caso do exemplo, se o sujeito
desiste do furto pelo risco de ser surpreendido em flagrante diante do funcionamento do sistema de alarme, não
se fala em desistência, mas sim em tentativa punível.
Já o arrependimento eficaz se dá após esgotado o processo executório imaginado, mas resolve agir voluntaria-
mente atuar para evitar, com sucesso, a consumação.
Nos dois casos, conforme art. 15, do CP, a consequência é que o sujeito deve responder apenas pelos resultados
já produzidos.
Esses dois institutos são incompatíveis com os crimes culposos, pela sua própria natureza, salvo na culpa
imprópria.

ANTES DE ESGOTAR E A DEPOIS DE ESGOTAR A


CONSEQUÊNCIA JURÍDICA
EXECUÇÃO EXECUÇÃO

Responde pela tentativa: pena do crime


MOTIVOS ALHEIOS À Tentativa imperfeita ou Tentativa perfeita ou acabada ou
consumado reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3
VONTADE DO AGENTE inacabada crime falho
(dois terços)

MODIFICAÇÃO DA
Desistência Voluntária Arrependimento eficaz Só responde pelos atos já praticados
VONTADE DO AGENTE

O arrependimento posterior é uma causa obrigatória Após este introito, acredito que você já deve pos-
de diminuição de pena para os crimes praticados sem suir uma noção do que é um erro. Agora iremos apro-
violência ou grave ameaça dolosa à pessoa, nos quais o fundar nos conceitos de erro de tipo escusável e erro
prejuízo é reparado por ato voluntário do infrator até o de tipo inescusável.
momento do recebimento da denúncia ou queixa.
O art. 16, do CP, estabelece redução de um a dois
terços, e prevalece que a redução será tanto maior ERRO ESCUSÁVEL ERRO INESCUSÁVEL
quando mais célere a reparação.
É aquele que deriva de fato É aquele que deriva de
Casos excepcionais de arrependimento posterior no imprevisível e que pelas fato evitável e que pelas
Código Penal circunstâncias concre- circunstâncias concretas
tas qualquer pessoa de qualquer pessoa de dis-
A reparação do dano no crime de estelionato por discernimento mediano cernimento médio teria
meio de cheque, até o recebimento da denúncia, tem incorreria em tal erro. Por percebido o equívoco e te-
efeito diverso. consequência, neste caso ria assim o evitado. Esta
No peculato culposo (art. 312, § 2.º, do CP), a repa- exclui-se o dolo – por ine- espécie de erro é conhe-
ração do dano até a sentença definitiva extingue a xistir o elemento vontade cida também por erro de
punibilidade, e se posterior ainda reduz a pena em – e a culpa, por ser imprevi- tipo permissivo, pois re-
metade (art. 312, § 3.º, do CP). sível. Esta espécie de erro cai sobre circunstâncias
também pode ser concei- fáticas de uma causa de
tuada como erro de tipo justificação, ou seja, ex-
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO
penal incriminador, pois cludente de ilicitude (tipo
recaí sobre uma situação penal permissivo).
O Referido Assunto Já Foi Abordado Em “Tipicidade”.
fática elementar do crime.
ERRO DE TIPO
Agora, vamos ao estudo do que dispõe o artigo 20,
do Código Penal Brasileiro:
Como bem explicam André Estefam e Victor Eduar-
do Gonçalves1, o erro, corresponde à falsa percepção
da realidade dos fatos, ou seja, há uma percepção Erro sobre elementos do tipo
errônea pela qual o agente que comete o fato acre-
dita piamente não estar diante de um dos elementos Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
essenciais que constituem o crime. Exemplo, Carol legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
pega a chave do carro de Josiane, acreditando que a por crime culposo, se previsto em lei.
DIREITO PENAL

chave era dela.


Neste caso, sem analisar corretamente os fatos Descriminantes putativas
era de se pensar que Carol teria cometido o crime de
furto, vez que preenchia quase todos os elementos da § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
conduta tipificada no art. 155, do Código Penal. Toda- justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
via, esta interpretação seria errônea, pois pendia do fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
elemento de vontade, já que que para Carol o objeto há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e
não era alheio. o fato é punível como crime culposo.

1 Estefam, André ; Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito penal esquematizado® – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves.
– Coleção esquematizado ® / coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, p. 516, 2020. 217
Pela redação do artigo 20 é possível aferir que o Esta figura pode ser conhecida também por error
erro de tipo pode ou não excluir o dolo, isto é, o ele- in persona ou, ainda, por erro de tipo acidental. No
mento vontade. Mas qual é a importância da vonta- erro sobre a pessoa existe o crime, o agente quer o
de para o estudo do erro de tipo? Tal elemento é de resultado, todavia confunde a pessoa visada, isto é,
fundamental importância, uma vez que se inexistir a quem ela queria realmente atingir. Por esta razão,
forma culposa de algum crime, o agente que praticou nesta hipótese inexiste isenção de pena.
o fato não cometerá crime algum, a contrário sensu, É importante diferenciar a figura erro de tipo
se existir forma culposa este agente será punido pela acidental da figura de erro na execução, apesar de
prática do crime na sua forma culposa. muito parecidos são conceitos distintos, a diferença
O parágrafo §1º do citado artigo dispõe sobre as principal desta última é que, como o próprio nome
discriminantes putativas. A palavra putativa deve ser diz, o erro é na execução. Exemplo: por não saber
entendida no sentido de aparentar ou parecer. Por atirar acerta pessoa diversa.
exemplo: Vamos para tabela:

Catarina foi ameaçada por Beatriz, que disse que ERRO DE TIPO ACI-
ERRO DE TIPO ACIDEN-
iria lhe dar uma facada. A partir deste dia, Catari- DENTAL QUANTO À
TAL QUANTO À PESSOA
na, assustada pelas ameaças de Beatriz, passou a EXECUÇÃO
andar sempre com um canivete de bolso. Na sema-
na seguinte, Catarina desapercebida se encontra O agente confunde a pes- O erro do agente ocorre
com Beatriz numa rua sem saída. Beatriz então, soa que queria atingir. no ato da execução. Ex.
com movimentos suspeitos, inclina-se para dar um no manuseio da arma.
abraço em Catarina e lhe dar uma flor como pedi-
do de desculpas. Mas Catarina desfere de imediato Para sua prova é extremamente importante que
uma facada em Beatriz. você saiba que em ambas são desconsideradas as qua-
lidades da pessoa que foi efetivamente atingida pelo
Estamos aqui, diante de uma tese de legítima defesa erro e consideradas as qualidades da pessoa que o
putativa. A verdade é que havia uma falsa percepção de agente realmente queria atingir.
realidade, que se passava somente na mente de Catari- Mas no que isso importa para o direito? Novamen-
na, que acreditava que seria esfaqueada por Beatriz. te para explicação, iremos estudar um exemplo.
Como veremos no próximo parágrafo, do mes-
mo artigo, o erro também pode ser determinado por Mévio é casado com Clara, os dois possuem uma
terceiro. relação bastante conturbada. Mévio, prevalecendo
de relações domésticas, muito nervoso por certa ati-
Erro determinado por terceiro tude de Clara, dispara diversos tiros em sua direção,
acertando o seu vizinho Joãozinho, que passava pelo
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina local. Joãozinho, veio à óbito.
o erro.
Nesta situação, Mévio mesmo tendo acertado um
Para entender este dispositivo nada melhor que homem responderá por feminicídio, pois apenas se
um clássico exemplo: consideram as qualidades da vítima que realmente
queria atingir.
Maciel é pai de Carolina. Sua filha só possui 16 Temos ainda o erro de tipo acidental sobre o objeto
anos de idade, no entanto aparenta ser mais velha, (error in objecto), esta figura é essencialmente doutriná-
podendo ser facilmente confundida por uma pessoa ria. Aqui, como diz o próprio nome, o erro ocorre sobre
maior de idade. Maciel sempre frequenta determi- o objeto visado. Ex. Mário vai a uma joalheria e furta um
nado bar, por isso já é conhecido pelo garçom, que colar que acredita ser de diamantes, mas ao chegar em
como de costume lhe serve um chopp. Certo dia, casa descobre que em verdade trata-se de uma bijuteria
Maciel comparece no bar com sua filha, o garçom barata. Neste caso, não haverá exclusão de dolo, culpa,
de prontidão lhe serve o seu chopp, mas Maciel tampouco isenção de pena. Respondendo Mário pelo cri-
pede mais um para Carolina. me de furto consumado (art. 155, do Código Penal).

Sabe-se que é proibida a venda e o consumo de CRIME CONSUMADO E TENTADO


bebidas alcoólicas para os menores de 18 anos de
idade. Aqui, estamos diante de um típico caso de erro Para estudarmos os crimes consumados e os crimes
tentados, é importante conhecermos a iter criminis.
determinado por terceiro, pelas circunstâncias do
Segundo Cleber Masson, iter criminis é o caminho do
caso – Carolina aparentava ser mais velha e seu pró-
crime, corresponde às etapas percorridas pelo agente para
prio pai que pediu o chopp – não era exigível que o a prática de um fato previsto em lei como infração penal.
garçom tivesse conhecimento sobre o fato, já que não Considerando que já estudamos crime doloso,
é costume de os bares solicitarem a carteira identi- podemos concluir que iter criminis é um instituto
dade para aferir a idade. Neste caso, reponde quem exclusivo dos crimes dolosos.
determinou o erro, in casu, Maciel. Os crimes possuem as seguintes fases:
Vamos conhecer agora, o erro sobre a pessoa (§3º,
do art. 20, do Código Penal): z Cogitação ou fase interna: É a fase mental de pre-
paração do crime: idealização, deliberação e reso-
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime lução. Não há conduta penalmente relevante.
é praticado não isenta de pena. Não se consideram, z Atos preparatórios: O crime começa a se proje-
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, tar no mundo exterior. O agente adquire arma
senão as da pessoa contra quem o agente queria de fogo. Em regra, não são puníveis, salvo nos
218 praticar o crime. crimes-obstáculo.
z Atos de execução: O agente começa a realizar o z Vermelha ou cruenta: o objeto de crime é atingi-
núcleo do tipo penal, de forma idônea e inequívo- do pela conduta. Considerando o iter criminis per-
ca. Essa fase pode haver punição pela tentativa. corrido, o quantum de redução da tentativa deve se
z Consumação: Crime consumado é quando nele se aproximar do mínimo (1/3).
reúnem todos os elementos de sua definição legal. z Perfeita ou acabada: o agente esgota todos os
Fim do iter criminis. meios de execução à sua disposição e, mesmo
z Exaurimento: Não influi na tipicidade, mas pode assim, a consumação não sobrevém por circuns-
influenciar na dosimetria da pena, ser reconhecido
tância alheias a sua vontade.
como qualificadora ou configurar crime autônomo.
z Crime falho: agente dispara tiros na vítima, mas é
socorrida e sobrevive.
Crime-obstáculo
z Imperfeita ou inacabada: o agente, por fatores
Classifica-se de crime-obstáculo quando os atos alheios a sua vontade, não esgota os meios de
preparatórios são punidos como crime autônomo, por execução ao seu alcance, dentro daquilo que con-
exemplo, associação criminosa, art. 288, do CP. sidera suficiente, em seu projeto criminoso, para
alcançar resultado.
Atos preparatórios e atos de execução z Tentativa propriamente dita: agente, no segundo
disparo, é interrompido pela chegada de policiais
z Teoria subjetiva: importa a exteriorização da e o crime não se consuma por circunstância alheia
vontade criminosa pelo agente e não distingue à sua vontade.
atos preparatórios de atos executórios.
z Teoria objetiva-formal (majoritária): a execu- São crimes que admitem tentativa:
ção inicia-se quando o agente começa a praticar o
núcleo contido no tipo penal. Antes disso, os atos z Crimes dolosos;
são preparatórios. z Crime plurissubsistentes (formais e de mera conduta);
z Teoria objetiva-material: são atos executórios z Omissivos impróprios;
aqueles em que se inicia a prática do núcleo do z Crimes de perigo concreto;
tipo, bem como os atos imediatamente anteriores,
z Crimes permanentes.
com base na visão de terceira pessoa alheia à con-
duta criminosa. (Rogério Cunha Sanches)
z Teoria objetiva-individual: são atos executórios Crimes que não admitem tentativa:
aqueles em que se inicia a prática do núcleo do
tipo, bem como os atos imediatamente anteriores, z Crimes culposos, exceto a culpa imprópria;
com base no plano concreto do agente. z Contravenções penais;
z Teoria da hostilidade ao bem jurídico: a execu- z Crimes habituais;
ção inicia-se quando o agente ataca o bem jurídico z Crimes omissivos próprios;
z Crimes unissubjetivos;
E se persistirem a dúvida se o ato é preparatório ou z Crimes preterdolosos;
de execução? Deve-se considerar, neste caso, o ato pre- z Crimes de resultado;
paratório, por ser mais benéfico ao agente. Para cada z Crimes de empreendimento (atendado);
classificação do crime há o momento da consumação. z Crimes impossíveis;
Vejamos a consumação de crime entre roubo x z Crimes de perigo comum;
latrocínio:
z Crimes subordinados a uma condição objetiva de
punibilidade;
z Roubo: Súmula 582, STJ: consuma-se o crime de
z Crimes-obstáculo.
roubo com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que
breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao Pena da tentativa
agente e recuperação da coisa roubada, sendo pres-
cindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentati-
z Latrocínio: Súmula 610, STF: há crime de latro- va com a pena correspondente ao crime consumado,
cínio, quando o homicídio se consuma, ainda que diminuída de 1/3 a 2/3.
não realize a agente a subtração de bens da vítima. A tentativa é uma causa de diminuição de pena.
Há tentativa de latrocínio quando o sujeito age com A redução deve ser basear no iter criminis percor-
dolo de subtrair e dolo de matar, mas o resultado rido pelo agente.
morte não ocorre por circunstâncias alheias à sua A definição do crime tentado (at. 14, II, do CP) é
vontade. O fator determinante para a consumação uma norma de extensão ou de ampliação, uma vez
do latrocínio é a ocorrência do resultado morte, que, o tipo penal deve ser conjugado com o art. 14, II,
sendo dispensada a efetiva inversão da posse.
do CP.
O art. 14, II, do CP, dispõe que a tentativa é o início
O crime é consumado quando nele se reúnem
DIREITO PENAL

de execução de um crime que somente não se consu-


todos os elementos da sua definição legal. A tentativa
ocorre, quando, iniciada a execução, não se consuma ma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
por circunstância alheias à vontade do agente. O ato de tentativa é um ato de execução.
Exige-se que o sujeito tenha praticado atos execu-
Tentativa tórios, daí não sobrevindo a consumação por forças
estranhas ao seu propósito, o que acarreta em tipici-
z Branca ou incruenta (improfícua): o objeto do dade não finalizada, sem conclusão.
crime não é atingido pela conduta. O iter criminis A tentativa tem três elementos em sua estrutura:
percorrido, o quantum de redução deve se aproxi-
mar da fração máxima (2/3) z Início da execução do crime; 219
z Ausência de consumação por circunstâncias alheia Incide na terceira fase de aplicação da pena priva-
à vontade do agente; tiva de liberdade, e sempre a reduz.
z Dolo de consumação. A liberdade do magistrado repousa unicamente no
quantum da diminuição, balizando-se entre os limi-
Não esqueça que o dolo da tentativa é igual ao dolo tes legais, de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). Deve
da consumação: o sujeito quer o resultado! reduzi-la, podendo somente escolher o montante da
Exemplo: “A” quer subtrair o celular de “B”. Na diminuição. E, para navegar entre tais parâmetros, o
consumação, “A” consegue subtrair. Na tentativa, critério decisivo é a maior ou menor proximidade da
quando “A” consegue colocar a mão no celular, é sur- consumação, ou seja, a distância percorrida do iter
preendido por “C” que, à distância, percebeu a ação de criminis.
“A”. Neste momento, “A” deixa o celular e foge do local. Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria
A vontade de “A” era: subtrair o celular. subjetiva, voluntarística ou monista, consagrada pela
O art. 14, II, do CP não tem autonomia, pois a tenta- expressão “salvo disposição em contrário”.
tiva não existe por si só, isoladamente. Essas teorias têm a tese de que a pena para os
Sua aplicação exige a realização de um tipo incri- crimes consumados são as mesmas para os crimes
minador, previsto na Parte Especial do CP ou pela tentados.
legislação penal especial. Aplica-se essas teorias em alguns casos.
O CP e a legislação extravagante não preveem, Há casos restritos em que o crime consumado e o
para cada crime, a figura da tentativa, nada obstante crime tentado comportam igual punição: são os deli-
a maioria deles seja com ela compatível. tos de atentado ou de empreendimento. Por exemplo:
Isso explica o motivo pelo qual não encontramos
a descrição do crime, pois há uma pena prevista em z Evasão mediante violência contra a pessoa (art.
caso de consumação e outra pena para a hipótese de 352 do CP), em que o preso ou indivíduo submetido
tentativa. à medida de segurança detentiva, usando de vio-
A tentativa de furto é a combinação de “subtrair, lência contra a pessoa, recebe igual punição quan-
para si ou para outrem, coisa alheia móvel” com do se evade ou tenta evadir-se do estabelecimento
a execução iniciada, mas que não se consuma por em que se encontra privado de sua liberdade;
circunstâncias alheias à vontade do agente”. z Lei nº 4.737/1965 – Código Eleitoral, art. 309, no qual
Furto tentado é: art. 155, caput, c/c o art. 14, II, se sujeita à igual pena o eleitor que vota ou tenta
ambos do CP. votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem.

Crimes punidos apenas na forma tentada


Importante!
A regra vigente no sistema penal brasileiro é a puni-
A lei penal (CP ou lei Extravagante) não prevê a ção dos crimes nas modalidades consumada e tentada.
tentativa para cada crime, mas define o delito e Mas em algumas situações não se admite a tendên-
prevê a pena para o caso de consumação. cia, seja pela natureza da infração penal, seja em obe-
Por isso, todo o crime tentado deve incluir na diência a determinado mandamento legal, razão pela
descrição do delito o art. 14, II, do CP. qual apenas é possível a imposição de sanção penal
para a forma consumada do delito ou da contraven-
ção penal.
E a pena para o caso de crime tentado? É o que se verifica, a título ilustrativo, nos crimes
culposos (salvo na culpa imprópria) e nos crimes
A punibilidade da tentativa é disciplinada pelo art. unissubsistentes.
14, parágrafo único, do CP. O CP acolheu como regra a Relembrando:
teoria objetiva, realística ou dualista.
Teoria objetiva, realística ou dualista significa que z Culpa: O agente não quer e nem assume o risco de
ao se determinar a pena da tentativa, ela deve corres- produzir o resultado.
ponder à pena do crime consumado, diminuída de 1/3 z Culpa imprópria: decorre do erro de tipo evitável
(um terço) a 2/3 (dois terços). nas descriminantes putativas ou do excesso nas cau-
Como o desvalor do resultado é menor quando sas de justificação. O agente quer o resultado em
comparado ao do crime consumado, o agente deve razão de a sua vontade encontrar-se viciada por um
suportar uma punição mais branda. erro que, com mais cuidado poderia ser evitado.
Vamos exemplificar: z Crime unissubsistente: é realizado por ato único,
não sendo admitido o fracionamento da conduta,
z “A” subtrai o celular de “B” e foi condenado a pena como, por exemplo, no desacato (art. 331, do CP)
de 2 anos. praticado verbalmente.
z “A” tentou subtrair o celular de “B” e foi condenado
a pena de 1 ano e 4 meses. Entretanto, em hipóteses raríssimas somente é
cabível a punição de determinados delitos na forma
No exemplo 1, o crime foi consumado, por isso foi tentada, pois nesse sentido orientou-se a previsão
aplicada a pena de 2 anos (lembrando que a pena pre- legislativa quando da elaboração do tipo penal.
vista para furto é de um a quatro anos, e multa). Exemplos disso encontram-se nos arts. 9º e 11 da
No exemplo 2 o crime foi tentado, motivo pelo qual Lei 7.170/1983 – Crimes contra a Segurança Nacional.
a pena de 2 anos foi diminuída de 2/3, resultando em
1 ano e 4 meses. Art. 9º Tentar submeter o território nacional, ou
A tentativa constitui-se em causa obrigatória de parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
220 diminuição da pena. Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal z Estrito cumprimento de dever legal;
grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta z Exercício regular de direito.
morte aumenta-se até a metade.
Art. 10 Aliciar indivíduos de outro país para inva- Estado de necessidade
são do território nacional.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Conforme expressa o art. 24, CP, o estado de neces-
Parágrafo único - Ocorrendo a invasão, a pena
sidade é a situação de perigo atual, que não foi provo-
aumenta-se até o dobro.
Art. 11 Tentar desmembrar parte do território
cada voluntariamente pelo agente, na qual este viola
nacional para constituir país independente. bem de outrem, para não sacrificar direito seu ou de
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos. terceiros, sacrifício que não poderia razoavelmente
ser exigido.
CRIME IMPOSSÍVEL Para que se configure:

Crime impossível z O perigo deve ser atual;


z Deve haver ameaça a direito próprio ou alheio,
Disposto no art. 17, CP. cujo sacrifício não era razoável de se exigir;
Pode se dar de três formas: z Que a situação não tenha sido provocada pela von-
tade do agente;
z Que seja inevitável de outro modo;
z Inidoneidade absoluta do meio: meio escolhi-
z Que o agente saiba que se encontra em estado de
do não tem qualquer possibilidade razoável de
necessidade (requisito subjetivo)
lesar o bem jurídico (matar alguém com “poder da
z Que não haja o dever legal do agente de enfrentar
mente”)
o perigo (art. 24, §1º, CP).
z Impropriedade absoluta do objeto: o objeto
material não reveste o bem jurídico protegido pela
norma penal, como tentar matar alguém já morto O exemplo clássico é o de dois tripulantes de um
ou abortar não estando a mulher grávida navio que, após o naufrágio, dividem um único salva-
z Obra do agente provocador: flagrante prepara- -vidas. Percebendo que vai afundar, um deles mata o
do, ou seja, quando o Estado instiga o crime para outro com a finalidade de ficar com o salva-vidas para
que o sujeito caia em uma “armadilha”, tendo si só, salvando-se.
tomado providências para que o bem jurídico não
sofra risco Legítima Defesa

PUNIBILIDADE E CAUSAS DE EXTINÇÃO Constitui outra causa excludente de ilicitude, des-


ta vez prevista no art. 25, CP. Encontra-se em legítima
O Referido Conteúdo Será Abordado em defesa aquele que, utilizando os meios necessários
“CULPABILIDADE”. com moderação, repele injusta agressão, atual ou imi-
nente, a direito seu ou de terceiros.
Para que se configure é necessário:

z Agressão injusta atual ou iminente, ou seja, pre-


ILICITUDE sente ou prestes a acontecer;
z Preservação de qualquer bem jurídico, próprio ou
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE alheio (legítima defesa própria ou de terceiros);
z Repulsa utilizando os meios necessários, de forma
Antijuridicidade (Ilicitude) moderada.

A antijuridicidade, segundo requisito do crime, Estrito cumprimento do dever legal


consiste na contradição entre fato e o ordenamento
jurídico, resultando na lesão ao bem jurídico tutelado. Encontra-se no art. 23, III, primeira parte, CP. Se
O fato típico, até prova em contrário, é um fato que, o agente atua rigorosamente dentro do imposto por
ajustando-se a um tipo penal, é antijurídico, a não ser norma legal, o comportamento não pode ser antiju-
que haja uma causa que o torne lícito. rídico. É o caso do oficial de justiça que, cumprindo
determinação legal, realiza a apreensão de determi-
Exclusão de ilicitude nado bem de um cidadão.

A antijuridicidade pode ser afastada por certas Exercício regular de direito


causas, chamadas de “causas de exclusão da antiju-
ridicidade” ou “justificativas”. Na incidência de uma Está disposto no art. 23, III, segunda parte, CP. Da
DIREITO PENAL

delas, o fato permanece típico, mas não há crime: mesma forma que a anterior, não pode ser ilícita a
excluindo-se a ilicitude, e sendo ela requisito do cri- conduta daquele que age estritamente exercendo
me, fica excluído o próprio crime. Como consequên- direito seu.
cia, o sujeito deve ser absolvido.
O art. 23 do CP apresenta as causas de exclusão da Causas supralegais de exclusão da antijuridicidade
antijuridicidade:
Existem condutas consideradas justas pela cons-
z Estado de necessidade; ciência social que não se encontram previstas nas
z Legítima defesa; causas de exclusão da antijuridicidade elencadas no
221
art. 23, CP. Nesse sentido, a doutrina aponta que o con- Doença mental
sentimento do ofendido (fora das hipóteses em que o
dissenso da vítima constitui requisito da figura típi- Doença mental pode ser conceituada como o qua-
ca), pode vir a excluir a ilicitude, caso se praticado em dro de alterações e doenças psíquicas que retiram do
situação justificante, como é o caso do indivíduo que indivíduo a faculdade de controlar e comandar a pró-
tatua o corpo de outras pessoas, praticando conduta pria vontade. Importante esclarecer que a dependên-
típica de lesões corporais, que, no entanto, são lícitas cia patológica, como drogas, configura doença mental
se presente o consentimento do ofendido. quando retira a capacidade de entender ou querer.

EXCESSO PUNÍVEL Desenvolvimento mental incompleto ou retardado

Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou Por desenvolvimento mental incompleto se
em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agen- entende as limitações na capacidade de compreensão
te pode encontrar-se em três situações diferentes: da ilicitude do fato ou a incapacidade de se autodeter-
minar de acordo com o entendimento (precário) uma
z Usa de um meio moderado e dentro do necessário vez que o sujeito ainda não atingiu maturidade (seja
para repelir à agressão. física ou mental). São causas:

Haverá necessariamente o reconhecimento da z A menoridade: os menores de 18 anos, em razão de


legítima defesa. não sofrerem sanção penal pela prática de ilícito
penal, em decorrência da ausência de culpabilida-
z De maneira consciente emprega um meio des- de, estão sujeitos ao procedimento medidas sócio
necessário ou usa imoderadamente o meio educativos prevista no ECA;
necessário. z Características pessoais do agente, como a falta de
convivência social (surdo que ainda não aprendeu
A legítima defesa fica afastada se for excluído um a se comunicar)
dos seus requisitos essenciais.
Desenvolvimento mental retardado
z Após a reação justa (meio e moderação) por impre-
vidência ou conscientemente continua desneces- Configura aqui, o indivíduo que tem uma capa-
sariamente na ação. cidade que não corresponde às experiências para
aquele momento de vida, o que significa que a plena
Estará agindo com excesso o agente que intensi- potencialidade jamais será atingida. Os inimputáveis
fica demasiada e desnecessariamente a reação ini- aqui tratados não possuem condições de entender o
cialmente justificada. O excesso poderá ser doloso ou crime que cometeram.
culposo. O agente responderá pela conduta constituti-
va do excesso. Como acabamos de ver, ao menor de 18 anos se
aplicam regras próprias. Ao completar 18 anos, a lei
presume que todos os indivíduos são imputáveis.
Porém, tal presunção é relativa, ou seja, é passível de
CULPABILIDADE aferição. Assim, existem três possíveis critérios para a
verificação da inimputabilidade:
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
z Sistema psicológico: interessa é somente o momen-
Culpabilidade e Suas Excludentes to da ação ou omissão delituosa, se ele tinha ou não
condições de avaliar o caráter criminoso do fato e
de orientar-se de acordo com esse entendimento, ou
As excludentes de culpabilidade podem ser dividi-
seja, o momento da pratica do crime. A emoção não
das, para fins de estudo, em dois grupos: as que se rela-
excluir a imputabilidade. E pessoa que comete cri-
cionam com o agente e as que dizem respeito ao fato:
me, com integral alternação de seu estado físico-psí-
quico responde pelos seus atos.
z Quanto ao agente do fato: Existência de doença z Sistema biológico: interessa saber se o agente é por-
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou tador de alguma doença mental ou desenvolvimento
retardado (art. 26, caput, CP); mental incompleto ou retardo, caso positivo é consi-
Existência de embriaguez decorrente de vício (art. derado inimputável. Tal sistema é usado pela doutri-
26, caput, CP); na: Código Penal, sobre a menoridade penal.
Menoridade (art. 27, CP). z Sistema biopsicológico: exige-se que a causa
z Quanto ao fato (legais): Coação moral irresistível geradora esteja prevista em lei e que, além disso,
(art. 22, CP); atue efetivamente no momento da ação delituo-
Obediência hierárquica (art. 22, CP); sa, retirando do agente a capacidade de entendi-
Embriaguez decorrente de caso fortuito ou força mento e vontade. Desta forma, será inimputável
maior (art. 28, § 1.º, CP); aquele que, em razão de uma causa prevista em lei
Erro de proibição escusável (art. 21, CP); (doença mental, incompleto ou retardado), atue no
Descriminantes putativas; momento da pratica da infração penal sem capaci-
Quanto ao fato (supralegais): Inexigibilidade de dade de entender o caráter criminoso do fato.
conduta diversa;
Estado de necessidade exculpante; Somente há inimputabilidade se os três requisitos
Excesso exculpante; estiverem presentes, sendo exceção aos menores de
222 Excesso acidental. 18 anos, regidos pelo sistema biológico.
IMPUTABILIDADE Deve-se analisar se ao momento da ação ou omis-
são o agente era incapaz de entender o caráter ilíci-
Questões importantes sobre inimputabilidade to do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
A inimputabilidade do acusado é fornecida pelo exa- Posto isso, teremos duas possibilidades:
me pericial feito pelo médico legal, exame que é deno-
minado “incidente de insanidade mental”, em que se z Completa isenção de pena: art. 28, §1°, CP.
suspende o processo até o resulto final. Há prazo de 10
z Incompleta redução de pena de 1/3 a 2/3: art. 28,
dias para provar a existência da causa excludente da
§2°, CP.
culpabilidade (Lei nº 11.719, de junho de 2008).
Os requisitos biopsicológicos da inimputabilidade são:
A embriaguez patológica deve ser tratada como
z Somente há inimputabilidade se os três requisitos doença mental, regida pelo art. 26, CP.
estiverem presentes, sendo exceção aos menores Já na embriaguez preordenada o agente se embria-
de 18 anos, regidos pelo sistema biológico. ga para encorajar-se a praticar o crime. Será punido
z Causal: existencial de doença mental ou de desen- pelo crime doloso cometido e terá a pena aumentada.
volvimento incompleto ou retardado, causas pre- Aplicação da agravante genérica, at. 61, II, l, CP
vistas em lei.
z Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omis- ERRO DE PROIBIÇÃO
são delituosa.
z Consequencial: perda total da capacidade de Agora iremos estudar o erro sobre a ilicitude do
entender ou da capacidade de querer. fato, tam­
bém conhecidos como erros de proibição.
Veja o que dispõe o artigo 21, do Código Penal:
Dispõe o Código Penal:
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 26 É isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto
do fato ou de determinar-se de acordo com esse a um terço.
entendimento. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o
Redução de pena agente atua ou se omite sem a consciência da ilici-
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um tude do fato, quando lhe era possível, nas circuns-
a dois terços, se o agente, em virtude de perturba- tâncias, ter ou atingir essa consciência.
ção de saúde mental ou por desenvolvimento men-
tal incompleto ou retardado não era inteiramente O citado artigo traz apontamentos muito impor-
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de tantes. O primeiro é que o desconhecimento da lei é
determinar-se de acordo com esse entendimento. inescusável, isto quer dizer que ninguém pode usar
Menores de dezoito anos como forma de desculpa a justificativa que praticou o
Art. 27 Os menores de 18 (dezoito) anos são penal- fato por desconhecer que a conduta era considerada
mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
criminosa.
estabelecidas na legislação especial.
Ainda no mesmo artigo é trabalhado o erro sobre
Emoção e paixão
a ilicitude do fato evitável e o erro sobre a ilicitude
do fato inevitável, os conceitos deles são retirados do
No caso de embriaguez acidental completa, temos:
parágrafo único do mesmo artigo.
Art. 28 Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão; ERRO SOBRE A ILICITU- ERRO SOBRE A ILICITU-
Embriaguez DE EVITÁVEL DE INEVITÁVEL
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
ou substância de efeitos análogos. O erro sobre a ilicitude O erro inevitável é aquele
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez evitável, como visto aci- em que pelas circunstân-
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, ma, ocorrerá quando o cias do caso concreto,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente agente através de uma era quase que impossível
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de ação ou omissão praticar exigir do agente a cons-
determinar-se de acordo com esse entendimento. o fato sem consciência de ciência necessária para
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, que é ilegal, mas que pe- evitar a prática do crime.
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso las circunstâncias do fato Neste caso, haverá isen-
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo concreto era possível e ção de pena. Ex. Estran-
da ação ou da omissão, a plena capacidade de exigível que este soubes- geiro – que no seu país
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se que a sua conduta era os adolescentes de 16
DIREITO PENAL

se de acordo com esse entendimento. ilícita. Neste caso, o Juiz anos podem dirigir – vem
poderá diminuir a pena de visitar o Brasil e é parado
Adoção do critério psicológico. A embriaguez um sexto a um terço. numa blitz, embora ainda
admite qualquer meio probatório fosse possível saber que
Já na embriaguez acidental fortuita, decorrente no Brasil não é permiti-
de caso fortuito ou de força maior, que ocorre, por do dirigir aos 16 anos,
exemplo, quando o agente não conhece o caráter era extremamente difícil
alcoólico da bebida ou o agente é forçado a ingerir a exigir que este tivesse
bebida, adota-se o critério psicológico. Porém, não conhecimento.
basta estar embriagado fortuitamente. 223
O homicídio simples só será crime hediondo quan-
CRIMES do praticado em atividade típica de grupo de extermí-
nio, ainda que cometido por um só agente, conforme
CRIMES CONTRA A PESSOA art. 1º, I, primeira parte, da Lei nº 8.092/1990.
Atenção: o art. 1º, I, segunda parte, da Lei nº
Crimes Contra a Vida 8.092/1990, com redação dada por meio da Lei nº
13.964/2019, trata de hipóteses de homicídio qualificado.
Trataremos neste tópico dos crimes contra a vida,
que estão incorporados nos artigos 121 ao 148. Eles Homicídio privilegiado
tutelam o bem jurídico mais relevante que temos: a
vida, nas suas modalidades intrauterina ou extraute- Segundo Nucci, privilégios são circunstâncias
rina. Os crimes contra a vida poderão ser dolosos ou legais específicas, vinculadas ao tipo penal incrimi-
culposos. Sendo que os primeiros poderão ter conduta nador, provocadoras da diminuição da faixa de apli-
comissiva ou omissiva. cação da pena, em patamares prévia e abstratamente
estabelecidas pelo legislador, alterando o mínimo e o
Homicídio máximo previstos para o crime.
Para fins do nosso estudo, vamos entender o homi-
cídio privilegiado como uma modalidade mais branda
O crime de homicídio tem como ação a seguinte do crime de homicídio.
conduta: Matar Alguém. O homicídio privilegiado está previsto no Artigo 121,
O verbo descrito no tipo penal é matar, que fica § 1º, e se configura em uma das seguintes situações:
configurado quando se faz ao interromper ou cessar a
vida. O alguém, previsto na conduta, necessariamen- z Relevante valor social – possível e compreensível
te, deve ser a pessoa humana. para a sociedade. Ex.: indivíduo acaba com a vida
É um crime classificado de diversas modalidades. de malfeitor em prol da sociedade;
As principais classificações são: z Relevante valor moral – referente ao valor moral
individual, temos como exemplos ações movi-
z É crime comum: pode ser praticado por qualquer das por compaixão, beneficiação, amparo. Ex.:
pessoa, sem que necessite de quaisquer condições Eutanásia;
especiais; z Sob o domínio de violenta emoção, logo em segui-
z É crime material: para sua consumação, é exigida da a injusta provocação da vítima – como o próprio
a ocorrência do resultado morte; nome diz, a ação tem que ter acontecido logo após
z É crime de forma livre: pode ser praticado com o ato, e o agente estando sob condições de grandes
qualquer modo de execução (a tiros, facadas, emoções. Ex.: O marido chega em casa e pega sua
pauladas, por meio de veneno, entre outros); companheira em flagrante com outro indivíduo,
z É crime instantâneo de efeitos permanentes: a dominado pela raiva, sem pensar, e sem controle,
conduta delituosa não se prolonga no tempo e, acaba matando o indivíduo.
após a consumação, os efeitos são irreversíveis;
z É crime plurissubsistente: pode ser praticado por Quando reconhecido o privilégio, no crime de
meio de um ou mais atos de execução; homicídio, quais as consequências? O juiz pode redu-
z É crime unissubjetivo: pode ser praticado por um zir a pena do agente de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
ou mais agentes.
z É importante que você saiba as classificações
descritas acima, já que elas são bastante cobradas Importante!
em provas. Muita atenção com o patamar de redução da
pena.
O crime de homicídio é dividido em:

z Homicídio simples (art. 121, caput, do CP); Sobre o homicídio privilegiado, algumas conside-
z Homicídio privilegiado (art. 121, §1º, do CP); rações são muito importantes para a sua prova:
z Homicídio qualificado (art. 121, §2º, do CP); e
z Homicídio culposo (art. 121, §3º, do CP). z Não é considerado crime hediondo;
z Não se comunica para coautores ou partícipes.
Veremos a seguir cada um deles.
O crime de homicídio é cometido por 2 (dois) agen-
Homicídio simples tes (Vicente e Gabriel). Gabriel o pratica sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provo-
O Homicídio simples está previsto no caput do arti- cação da vítima; Vicente, não. Nesta hipótese, Gabriel
go 121. responderá por homicídio privilegiado e Vicente por
Ele é bastante difícil de ser configurado, já que difi- Homicídio.
cilmente ocorre este crime sem que alguma qualifica-
dora (que veremos a seguir) seja aplicada. Podemos Homicídio qualificado
entender, então, que o homicídio simples é residual.
Será simples o homicídio quando ele não for
No homicídio qualificado, o agente estará subme-
qualificado.
tido a uma pena maior, mais grave. As qualificadoras
Sobre o homicídio simples, a informação mais
são fatores que tornam a conduta praticada pelo agen-
importante é que, em regra, ele não é crime hedion-
te, de alguma forma, mais reprováveis por parte da
do, entretanto, se for praticado em atividade típica de
sociedade. A pena do homicídio qualificado está pre-
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só
vista entre 12 (doze) e 30 (trinta) anos.
224 agente, será crime hediondo.
O Código Penal, em seu Artigo 121, § 2º, estabelece II. Por motivo fútil;
as seguintes qualificadoras.
Motivo fútil refere-se a um motivo pequeno, des-
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou proporcional, banal. Há desproporcionalidade entre a
por outro motivo torpe; conduta praticado e a motivação.
II - por motivo fútil; O homicídio será qualificado por motivo fútil
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi- quando, por exemplo, for motivado por um dívida de
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de uma carteira de cigarro.
que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu- III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos- xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
sível a defesa do ofendido; que possa resultar perigo comum;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
nidade ou vantagem de outro crime:
Temos aqui qualificadoras relacionadas aos meios
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
empregados pelo agente para praticar o crime, que
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo podem estar relacionadas a meios insidiosos (empre-
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) go de veneno) ou cruéis (asfixia, tortura) ou que pos-
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. sam resultar em perigo comum (fogo, explosivo).
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Em relação ao emprego de veneno, segundo a
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança doutrina majoritária, tal qualificadora só irá se con-
Pública, no exercício da função ou em decorrência figurar se ficar comprovado que a vítima ingeriu o
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren- veneno sem saber que o fazia. Caso a vítima saiba que
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa está ingerindo veneno, outra qualificadora poderá ser
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) aplicada, a de meio cruel.
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019) Compreenda que Direito Penal, o agente é puni-
do, em regra, pelo crime que queria praticar. Assim,
Atenção: o art. 1º, I, segunda parte, da Lei nº caso o agente queira torturar, mas se exceda e acabe
8.092/1990, com redação dada por meio da Lei nº matando a vítima, irá responder por tortura qualifi-
13.964/2019, diz que será hediondo o homicídio quali- cada pelo resultado morte. Se o agente queria matar e
ficado em todas as hipóteses do art. 121, § 2º, incisos I, usa a tortura como meio para atingir a sua finalidade,
II, III, IV, V, VI, VII e VIII, do CP. irá responder por homicídio qualificado pela tortura.

Agora, vamos esclarecer cada um dos incisos do IV. À traição, de emboscada, ou mediante
§2º, do art. 121, do CP: dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
Se o homicídio é cometido: torne impossível a defesa do ofendido;

I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou As qualificadoras acima também estão relacio-


por outro motivo torpe; nadas aos meios empregados pelo agente. Quando o
agente comete um homicídio, praticando-o de forma
Motivo torpe refere-se a algo repugnante, nojento, que a defesa da vítima seja dificultada ou se torne
abjeto impossível, ele responderá na modalidade qualificada.
O Código Penal nos exemplifica o que vem a ser
motivo torpe: mediante paga ou promessa de recom- V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
pensa. Os demais casos de torpeza serão interpreta- nidade ou a vantagem de outro crime;
dos analogicamente pela autoridade judicial.
O homicídio praticado mediante paga ou promessa Nesta forma qualificada, o agente pratica o homi-
de recompensa é conhecido doutrinariamente como cídio para, de alguma forma, garantir uma vantagem
homicídio mercenário. relacionado a um outro crime. A doutrina chama esta
Ele fica configurado quando o agente pratica o qualificadora de conexão instrumental, que pode ser
crime motivado por alguma recompensa (segundo a teleológica ou consequencial.
doutrina, deve ser de natureza econômica), que pode Conexão instrumental teleológica assegura a exe-
ser anterior (na modalidade paga) ou posterior (na cução futura de um outro crime.
modalidade promessa de recompensa). Conexão instrumental consequencial assegura a
A 6ª Turma do STJ entende que a comunicabilida- ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime,
de da qualificadora “mediante paga ou promessa de praticado anteriormente.
recompensa” não é automática, tratando-se de qualifi- Segundo a doutrina majoritária, não é necessário
DIREITO PENAL

cadora de natureza pessoal, que não irá se comunicar que o crime anterior ou posterior pode ter sido prati-
automaticamente ao mandante do crime, responden- cado por uma outra pessoa, não existindo a obrigato-
do este, na modalidade qualificada se torpe for o moti- riedade de que seja o próprio autor do homicídio.
vo que o levou a pagar pela morte da vítima.
Assim, por exemplo, se Alessandro, que tem a VI. Contra a mulher por razões da condição de sexo
intenção de matar um desafeto, chamado Antoniel, feminino.
pagar R$ 1.000,00 (mil reais) a Fabrício, para que este
mate Antoniel, a qualificadora será aplicada a Fabrí- Fique atento, pois este dispositivo tem grande
cio, já para Alessandro, o mandante, o homicídio não incidência em provas de concursos públicos. Estamos
será necessariamente qualificado. falando do feminicídio. 225
Você acertará todos os itens correspondentes Observe que Ciclano não queria a morte de Beltra-
quando entender que nem toda morte de mulher será no, nem assumiu o risco de matá-lo, mas, por ter sido
considerada feminicídio, mas sim a morte de mulher imprudente (praticado uma ação não recomendável),
praticada devido a sua condição de sexo feminino. acabou causando a morte da vítima.
O Código Penal estabelece que se considera que há
razões de condição de sexo feminino quando a morte A negligência fica configurada quando o agente
da mulher envolver violência doméstica ou familiar ou é omisso ou relapso. Ele não faz algo que a vida em
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. sociedade recomenda.
A imperícia é a falta de aptidão técnica para o
O feminicídio ficará configurado com a morte da desempenho de determinada atividade.
mulher devido à violência de gênero e não quando
ocorrer a morte da mulher em qualquer situação. Nos exemplos a seguir, que a doutrina apresen-
ta com mais frequência, poderemos ver a diferença
VII. Contra autoridade ou agente descrito nos arts. entre a negligência e a imperícia.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Ex.: Adolfo é médico cirurgião. Certo dia, ao fazer
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança uma cirurgia renal, ele deixa um bisturi dentro do
Pública, no exercício da função ou em decorrência paciente, que vem a óbito.
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren- Ex.: Teobaldo é médico clínico geral em período de
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa residência. Ele vai fazer uma cirurgia renal, erra no
condição. procedimento e a vítima morre.
No primeiro exemplo: Adolfo irá responder por
O homicídio será qualificado quando praticado homicídio culposo por negligência. Observe que ele é
contra os seguintes agentes ou autoridades: médico cirurgião, logo, tem perícia para a realização
de cirurgias, mas foi omisso ao esquecer o equipa-
z Integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exérci- mento dentro do paciente.
to ou Aeronáutica) No segundo exemplo: Teobaldo irá responder por
z Integrantes dos órgãos de segurança pública: Polí- homicídio culposo por imperícia, já que faltava a ele
aptidão necessária para realizar perícias.
cia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia
No caso do homicídio culposo, é possível a aplica-
Ferroviária Federal; Polícias Civis; Policiais Milita-
ção do instituto do perdão judicial, previsto no Arti-
res; Corpo de Bombeiros Militares; Polícias Penais
go 121, § 5° do Código Penal: o juiz poderá deixar de
federal, estadual e municipal. aplicar a pena, se as consequências da infração atingi-
rem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
Mais uma vez, você deve ficar atento e levar para penal se torne desnecessária.
a sua prova que não é a morte de qualquer dos agen- Você pode entender a aplicação do perdão judicial
tes ou autoridades descritas acima que irá qualificar o ao seguinte caso: pai que, por imprudência, provoca
homicídio, mas sim se a morte deles for praticada no um acidente de trânsito e mata o próprio filho. Nes-
exercício da função (enquanto eles trabalham) ou em te caso, as consequências da infração penal (homi-
razão da função (devido ao cargo que eles ocupam ou cídio) atingem o pai de forma tão grave (a morte de
função que eles exercem). seu filho) que é desnecessária a aplicação de sanção
A qualificadora também será aplicada se o homi- penal, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
cídio for praticado contra o cônjuge, companheiro O instituto do perdão judicial se aplica apenas aos
ou parente consanguíneo até o 3º (terceiro) grau dos casos de homicídio culposo.
agentes ou autoridades que vimos acima, também Falaremos agora das causas de aumento de pena
motivado pela função que os agentes ou autoridades aplicadas ao homicídio.
exercem.
Homicídio majorado
É possível que o homicídio seja privilegiado e qua-
lificado ao mesmo tempo? Sim. Para facilitar nosso estudo, veremos as causas de
É possível, porém, é necessário que a qualificadora aumento de pena aplicadas ao homicídio doloso e, em
seja de natureza objetiva, ou seja, relacionada aos seguida, as aplicadas ao homicídio culposo.
meios empregados pelo agente para executar o crime. Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicí-
Segundo a doutrina majoritária, o homicídio pri- dio doloso:
vilegiado-qualificado não será considerado hediondo,
porque o privilégio afasta a hediondez. z Se praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)
anos ou maior de 60 (sessenta) anos, com deficiên-
Homicídio culposo cia ou portadora de doenças degenerativas que
acarretem condição limitante ou de vulnerabilida-
O homicídio culposo é aquele que o agente não de física ou mental, na presença física ou virtual de
quer como o resultado a morte, nem assume o risco descendente ou de ascendente da vítima, em des-
de assumi-lo, mas acaba causando a morte de alguém cumprimento das medidas protetivas de urgência
por imprudência, negligência ou imperícia. previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da
A imprudência fica configurada quando o agente Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 – aumento de
é afoito, praticando conduta não recomendada pela 1/3 (um terço) conforme dispõe o artigo 121, § 7º
vida em sociedade. Exemplo: Ciclano está mudando incisos II, III e IV do Código Penal.
alguns móveis em apartamento, que fica no 4º andar. z Se praticado por milícia privada, sob o pretexto de
Ele decide que não quer mais um jarro de plantas e, prestação de serviço de segurança ou por grupo
para se livrar do objeto, joga-o pela janela. O jarro cai de extermínio – aumento de 1/3 (um terço) até a
na cabeça de Beltrano, que morre imediatamente. metade.
226
z Nos casos de feminicídio, se o crime for praticado z Se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe
durante a gestação ou nos 3 (três) meses posterio- ou fútil; ou
res ao parto; se praticado contra pessoa menor de z Se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual-
14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, ou quer causa, a capacidade de resistência.
com deficiência, ou se praticado na presença de
descendente ou ascendente da vítima – aumento Aumento de pena:
de 1/3 (um terço) até a metade.
Incluído no Código Penal por meio da Lei nº
Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicí- 13.968/2019, a pena pode ser aumentada até o dobro
dio culposo: se a conduta é realizada por meio da rede de compu-
tadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
z Se o crime resulta de inobservância de regra téc- Outra hipótese, aumenta-se a pena em metade se
nica de profissão, arte ou ofício – aumento de 1/3 o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede
(um terço);
virtual.
z Se o agente deixa de prestar imediato socorro à
Não é caso de crime de induzimento, instigação
vítima, não procura diminuir as consequências do
ou auxílio ao suicídio e da automutilação quando a
seu ato ou foge para evitar prisão em flagrante –
aumento de 1/3 (um terço). vítima não tem algum discernimento para a prática
do suicídio e da autolesão. Caso a conduta seja prati-
cada contra alguém sem qualquer discernimento, por
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a
automutilação exemplo, uma criança de 10 anos de idade, não esta-
remos diante do crime de induzir, instigar ou auxi-
liar a prática de suicídio, mas sim diante do crime de
No Direito Penal Brasileiro, não se pune a autole-
são, ou seja, uma pessoa não será punida penalmente homicídio.
caso provoque mal somente a si próprio. Neste sentido, o Código Penal, trata, com a inclusão
O tipo penal que iremos estudar não pune o suicí- da redação dada por meio da Lei nº 13.968/2019, da
dio, que consiste na eliminação da própria vida, mas hipótese da automutilação ou da tentativa de suicídio
sim a conduta daquele que induz, instiga ou auxilia a resulta lesão corporal de natureza gravíssima, e for
prática de um suicídio ou a automutilação. cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou con-
tra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se tem o necessário discernimento para a prática do ato,
ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
material para que o faça: resistência, responde o agente pelo crime lesão corpo-
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. ral gravíssima.
Por fim, se o crime de suicídio se consuma ou se
Inicialmente, devemos entender o que significa dá automutilação resulta morte e a vítima é menor de
cada um dos verbos que configuram o tipo penal: 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o neces-
sário discernimento para a prática do ato, ou que, por
z Induzir: é criar uma ideia que não existe. A vítima qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
nunca pensou em se suicidar e o agente faz surgir responde o agente pelo crime de homicídio.
esta ideia na cabeça dela;
z Instigar: é reforçar uma ideia que já existe. A víti- Infanticídio
ma pensa ou já pensou em se suicidar e o agente
reforça essa ideia; O infanticídio é classificado pela doutrina como
z Auxiliar: o agente presta auxílio material à vítima. crime bi próprio, já que ele exige qualidades especiais
Por exemplo, emprestando uma arma, uma corda, tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo.
entre outras formas de auxílio. É necessário que o sujeito ativo – quem pratica a
conduta – seja a própria mãe e que o sujeito passivo –
Com o advento da Lei nº 13.968/2019, na hipótese quem é ameaçado pela conduta criminosa – seja o pró-
de a automutilação ou de a tentativa de suicídio resul- prio filho, para que este tipo penal fique configurado.
São outros requisitos que devem estar presentes
tar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
para configuração do crime de infanticídio:
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129, do CP a pena
cominada é de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Com essa redação (§1º, do art. 122, do CP) citada z Que a mãe esteja sob a influência do estado puerperal;
acima, põe fim a discussão sobre a possibilidade de
tentativa para o induzimento, instigação ou auxílio ao O estado puerperal é uma alteração emocional
suicídio. pela qual passam algumas mães durante o período
correspondente ao parto.
Pois bem, hoje, a lei diz que o crime de induzimen-
Não existe prazo definido em lei, na doutrina ou na
to, instigação ou auxílio ao suicídio e, agora, da auto-
jurisprudência, sobre quanto tempo dura este estado
mutilação admite tentativa.
DIREITO PENAL

puerperal.
Porém, em caso de consumação do suicídio ou da
automutilação resultar morte, a pena prevista é de
z Que a conduta seja praticada durante ou logo após
reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
o parto.
Forma qualificada:
O Código Penal adota, para o crime de infanticídio,
critério fisiológico, também denominado biopsicológi-
Com a redação da Lei nº 13.968/2019, a pena para o
co ou fisiopsicológico, afastando-se do sistema psico-
crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio
lógico, que exigia o motivo de honra. O simples estado
e de automutilação é duplicada em dois casos: puerperal é apto ao reconhecimento do infanticídio. 227
Estado puerperal é o conjunto das perturbações O infanticídio admite tentativa.
psíquicas e fisiológicas sofridas pela mulher em razão
do fenômeno do parto. Diversos fatores como, por Aborto
exemplo, sofrimento, a perda de sangue, a angústia, a
inquietação ou outros que podem levar a parturiente O crime de aborto, no Brasil, está no rol dos cri-
a sofrer um colapso do senso moral, uma liberação de mes contra a vida. É tutelado o nascituro desde a
impulsos maldosos, chegando por isso a matar o pró- concepção. O Código Penal estabelece três modalida-
prio filho. des de aborto, previstos nos artigos 124, 125 e 126.
A influência do estado puerperal normalmente No art. 124, do CP, temos o aborto praticado pela
gestante. O sujeito ativo é a própria gestante e a vítima
acontece em qualquer parto, havendo, inclusive, jul-
é o feto.
gados dispensando a prova pericial para comprová-lo.
No art. 125, do CP, o crime de aborto é praticado
O infanticídio deve ocorrer durante o parto ou logo por terceiro, porém sem o consentimento da gestante.
após, ou seja, logo em seguida ao parto, sem intervalo. Observe que neste delito o sujeito ativo é o terceiro,
Antes do início do parto, a morte do feto será aborto, e aquele que realiza o aborto. A vítima, sujeito passivo,
se não ocorrer logo após o parto, será homicídio. é a gestante e o feto.
A expressão “logo após o parto” compreende todo Já no art. 126, do CP, o crime de aborto é praticado
o período em que permanecer a influência do estado por terceiro, mas com o consentimento da gestante.
puerperal. Sobrevindo a fase da bonança, em que pre- Aqui temos na condição de sujeito ativo o terceiro e
domina o instinto materno, cessa a influência do esta- a gestante, e a vítima, sujeito passivo, apenas o feto.
do puerperal. Não permanecendo o estado puerperal O Código Penal não define aborto. Cabe a juris-
e a mão matar o filho, não estaremos diante do crime prudência e a doutrina definir o crime de aborto. De
de infanticídio, mas de homicídio. acordo com termos relacionados a medicina, aborto é
O delito só admite o dolo, que pode ser direto ou expulsão do produto da concepção.
eventual. O aborto consiste na interrupção da gravidez com
a morte do produto da concepção. Dessa definição
Se houver a hipótese de a conduta de a mãe, em
sobressaem os seguintes elementos necessários à
estado puerperal, logo após o parto, culposamente
constituição do delito:
matar o filho, estaremos diante de homicídio culposo.
Há certos casos em que a mulher, após o parto, se
z Estado fisiológico da gravidez;
vê acometida da chamada psicose puerperal, que é
z Emprego de meios dirigidos à provocação do
uma doença mental que lhe tira totalmente o poder
de autodeterminação. Nesta hipótese, a mão é consi- aborto;
derada absolutamente inimputável, conforme art. 26, z Morte do produto da concepção;
caput, do Código Penal. z Dolo.
A mãe infanticida é isenta de pena, nos termos
do art. 26, caput, do Código Penal. Aplica-se medida O aborto é crime de forma livre, admitindo uma
de segurança somente na hipótese de persistência da infinidade de meios executórios.
periculosidade. Os meios abortivos mais citados são:
Se, em outra hipótese, a mãe, além da influência do
estado puerperal, tiver outra causa de semi imputabi- z Processos químicos: introdução de certas subs-
lidade, consistente em perturbação da saúde mental, tâncias químicas no organismo, como o fósforo,
que não lhe retire a inteira capacidade de entendi- chumbo, álcool, ácido etc.;
mento ou autodeterminação, deverá ser aplicada a z Processos físicos mecânicos: curetagem, jogos
regra do parágrafo único do art. 26 do Código Penal, esportivos, quedas voluntárias, etc.;
ou seja, a pena do infanticídio poderá ser reduzida de z Processos físicos térmicos: bolsas de água quente
um a dois terços, ou poderá ser substituída por medi- e bolsas de gelo;
da de segurança. z Processos psíquicos: susto, sugestão, induzimento
de terror, etc.
A parturiente mata o filho, Homicídio, art. 121, do CP.
sem estar influenciada O crime de aborto admite tentativa, na hipótese
pelo estado puerperal. em que se emprega meios abortivos, mas não sobre-
vêm a morte do feto por circunstâncias alheias a von-
A parturiente mata o filho, Infanticídio, art. 123, do
tade do agente.
sob a influência do estado CP.
Há quatro modalidades de aborto:
puerperal.

A parturiente mata o filho, Infanticídio, art. 123, com- z Autoaborto (art. 124, 1ª parte);
influenciada pelo estado binado com o art. 26, pa- z Aborto consentido (art. 124, 2ª parte);
puerperal e por apresentar rágrafo único, do CP. z Aborto consensual (art. 126);
alguma outra causa que Redução da pena de um a z Aborto sem o consentimento da gestante (art. 125 e
lhe tire a plenitude do po- dois terços, ou medida de parágrafo único do art. 126).
der de autodeterminação. segurança.
Autoaborto
A parturiente mata o filho, Infanticídio, art. 123, com-
por estar acometida de binado com o art. 26,
O autoaborto é o praticado pela própria gestante.
doença mental, psicose caput, do CP.
Sujeito ativo do delito é a gestante. Ela quem executa
puerperal. Absolvição sumária,
diretamente a conduta criminosa. Trata-se de crime
causa excludente da
de mão própria ou de atuação pessoal, pois só pode
culpabilidade.
228 ser cometido pela gestante em pessoa.
Terceiros podem atuar como partícipes, mas não Dica
como coautores. Os dois resultados qualificativos do delito, isto é,
a morte e a lesão grave, devem ser imputadas ao
Aborto consentido e aborto consensual
agente a título de culpa. Estamos diante de hipó-
tese de crime preterdoloso, o agente age com
O aborto consentido ocorre quando a gestante per-
dolo em relação ao aborto e culpa em relação
mite que outrem o provoque.
ao resultado.
É essencial ao crime o concurso dos dois elementos:
Agora, se o agente atua com dolo em relação à
morte ou lesão grave, responde por aborto em
z Consentimento da gestante; e
concurso formal com o crime de homicídio ou
z Execução do aborto por terceiro.
crime de lesão corporal.
Observe-se, porém, desde logo, que o aborto con-
Aborto legal
sentido é crime bilateral, exigindo a presença de duas
pessoas: a gestante e o terceiro executor. O art. 128, do CP, estabelece duas modalidades em
O terceiro responde pelo art. 126, do CP (aborto que o aborto não constitui delito, desde que praticado
consensual), enquanto a gestante, pelo art. 124, 2ª par- por médico:
te, do CP (aborto consentido).
O aborto consentido é crime de mão própria ou de z Se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
atuação pessoal, podendo ser cometido apenas pela z Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
gestante. Mas, evidentemente, admite a presença do cedido de consentimento da gestante ou, quando
partícipe, consistente na conduta acessória do tercei- incapaz, de seu representante legal.
ro que se limita a induzir, instigar ou auxiliar a ges-
tante a consentir na realização do aborto. Exclui-se a antijuridicidade, uma vez que a norma
penal permite expressamente o abortamento, estabe-
Aborto praticado sem consentimento da gestante lecendo a licitude do fato.
A doutrina trata do aborto legal da seguinte forma:
O art. 125, do CP comina pena de reclusão de 3
z Aborto necessário ou terapêutico ou profilático;
(três) a 10 (dez) anos, o aborto provocado sem o con-
z Aborto sentimental ou humanitário ou ético.
sentimento da gestante.
O não consentimento da gestante é o elemento
Aborto necessário ou terapêutico ou profilático
essencial à configuração do delito e pode ser:
Aborto necessário é o praticado por médico, se não
z Expresso; ou há outro meio de salvar a vida da gestante, conforme
z Presumido. art. 128, I, do CP, desde que presentes três requisitos:

Expresso, também conhecido de real, ocorre quan- z Perigo real à vida da gestante;
do a gestante se opõe ao aborto, mas é vencida pela z Que não haja outro meio de salvar-lhe a vida;
violência física, grave ameaça e fraude, ou seja, res- z Execução por médico.
pectivamente, chute na barriga, ameaça de matar a
gestante se não abortar e colocar substância abortiva O aborto necessário exige perigo à vida, e não saú-
na alimentação da gestante, sem consentimento da de, da gestante.
vítima, mãe. Quando chamado de terapêutico tem efeito curati-
Presumido é quando a gestante está incapaz de vo, e quando profilático, preventivo.
consentir nas formas previstas no parágrafo único do
art. 126, do CP: Aborto sentimental ou humanitário ou ético

Aborto sentimental é aquele praticado para inter-


z A gestante não é maior de catorze anos;
romper a gravidez resultante do estupro.
z A gestante é alienada mental (doente mental) ou
Os requisitos necessários para a exclusão da ilici-
débil mental (desenvolvimento mental retardado).
tude do aborto humanitário são:

Aborto qualificado
z Gravidez resultante de estupro;
z Prévio consentimento da gestante ou, quando
DIREITO PENAL

O art. 127, do CP, estabelece duas hipóteses de incapaz, de seu representante legal;
aborto qualificado: z Execução por médico, se praticado por outras pes-
soas, respondem pelo crime.
z Aborto qualificado pela morte;
z Aborto qualificado pela lesão corporal de natureza A prova do estupro pode ser feita por todos os
grave. meios admissíveis em direito.
Para a prática do aborto humanitário, não é neces-
As lesões graves são aquelas tipificadas nos §§ 1º e sário processo (ação penal), autorização judicial e
2º do art. 129, do CP. nem sentença condenatória. 229
Ação penal z Incapacidade permanente para o trabalho;
z Enfermidade incurável;
É pública incondicionada. z Perda ou inutilização do membro, sentido ou
função;
Lesões Corporais z Deformidade permanente;
z Aborto.
Você pode entender lesão corporal como qualquer
alteração provocada na integridade corporal ou na Tome cuidado para não se confundir:
saúde de uma pessoa.
A lesão corporal é comum, material, instantâneo e LESÃO GRAVE LESÃO GRAVÍSSIMA
de forma livre, portanto, pode ser praticado por qual-
quer pessoa, exige a ocorrência do resultado para fins Debilidade permanente de Perda ou inutilização do
de consumação, a conduta não se prolonga no tempo membro, sentido ou função membro sentido ou função.
e pode ser praticada de qualquer maneira (pedradas,
Exemplo: Devido às le- Exemplo: Devido às le-
pauladas, tiros, socos, chutes, arranhões etc.).
sões sofridas, a vítima sões sofridas, a vítima
As lesões corporais estão previstas no Artigo 129 do
perde 1 (um) dos olhos, perde a visão.
Código Penal e podem ser divididas da seguinte forma:
mas ainda enxerga.
z Lesão corporal simples
z Lesão corporal grave; O Código Penal não divide as lesões em graves ou
z Lesão corporal gravíssima; gravíssimas. Para o CPB (Código Penal Brasileiro),
z Lesão corporal seguida de morte; todas elas são graves. Esta divisão é uma construção
z Lesão corporal culposa; doutrinária.
z Lesão corporal privilegiada.
Lesão corporal seguida de morte
As lesões corporais graves, gravíssimas e seguida
de morte compõem o grupo lesões corporais qualifi- A lesão corporal seguida de morte irá ficar configu-
cadas, segundo a doutrina penalista. rada quando ficar configurado que o agente não que-
ria o resultado morte (dolo direto no resultado morte)
Antes de analisarmos cada uma das lesões, vamos
ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual no
falar da ação penal.
resultado morte).
O crime de lesão corporal é classificado como deli- Se o agente quer matar, ele responderá pelo
to não-transeunte, que é aquele que deixa vestígios, homicídio. Porém, caso o agente queira apenas cau-
sendo necessário a realização de exame de corpo de sar lesões corporais, mas, por algum motivo, acabe
delito. se excedendo, provocando a morte da vítima, ele irá
responder por lesão corporal seguida de morte, desde
Lesão corporal leve que fique evidenciado que ele não quis nem assumiu
o risco de produzir o resultado morte.
A lesão leve, também chamada de simples, previs- O crime de lesão corporal seguida de morte é um
ta no Caput do Artigo 129, é residual. Teremos confi- crime preterdoloso, ou seja, é um crime qualificado
gurada tal modalidade de lesão, caso não se configure pelo resultado, em que temos dolo na conduta inicial
nenhuma das outras. e culpa no resultado produzido.
A lesão corporal qualificada está prevista nos pará-
grafos 1º, 2º e 3º do Artigo 129. Lesão corporal culposa

A lesão corporal culposa é aquela que o agente não


Lesão corporal grave
quer causar lesão corporal na vítima, mas a produz
por ter sido imprudente, negligente ou imperito.
A lesão corporal grave irá se configurar se resultar: É importante que você compreenda que não há
gradações na lesão corporal culposa, ou seja, ela
z Incapacidade para as ocupações habituais, por não se divide em leve, grave ou gravíssima, mas tão
mais de 30 (trinta) dias; somente irá ser lesão corporal culposa.
No caso de lesão corporal culposa, é aplicável o
É necessário que a incapacidade dure mais de instituto do perdão judicial, podendo o juiz deixar de
30 (trinta) dias, ou seja, a partir do 31º dia, caso aplicar a pena se as consequências da infração penal
contrário, a lesão corporal não será grave. atingirem o agente de forma que a aplicação de san-
A incapacidade está relacionada a qualquer ocu- ção penal se torne desnecessária.
pação habitual, como estudo, treinos, rotinas domésti- Aplica-se o perdão judicial ao crime de lesão cor-
cas, e não somente ao trabalho; poral culposa

Lesão corporal privilegiada


z Perigo de vida;
z Debilidade permanente de membro, sentido ou
Os motivos que levam o agente a praticar a lesão
função;
corporal privilegiada são os mesmos do homicídio
z Aceleração do parto; privilegiado.
Se o agente comete o crime impelido por motivo
Lesão corporal gravíssima de relevante valor social ou moral ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provo-
A lesão corporal gravíssima irá se configurar se cação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um
230 resultar: sexto) a 1/3 (um terço).
É aplicável o instituto da substituição de pena nos função ou em razão dela, ou contra seu cônjuge,
casos de lesão corporal. companheiro ou parente consanguíneo até o ter-
Não sendo graves as lesões, nos casos de lesão pri- ceiro grau, em razão dessa condição.
vilegiada ou nos casos de lesão recíproca (duas pes-
soas se lesionam umas às outras), o juiz poderá ainda Periclitação da Vida e da Saúde
substituir a pena de detenção pela de multa.
O Código Penal traz disposições específicas para os
A periclitação da vida e da saúde são considera-
casos de lesão corporal praticada no âmbito de violên-
cia doméstica. Neste caso, a pena do agente será mais dos crimes de perigo, sendo criada, pelo autor do fato,
grave, estando ele submetido a auto de prisão em fla- uma situação de perigo a que é exposta a vítima.
grante e não somente a mero termo circunstanciado Crimes de perigo são aqueles que não exigem a
(salvo nos casos de lesão grave, gravíssima ou seguida efetiva ocorrência de dano, apesar de poder aconte-
de morte). cer, para que se configurem.
Considera-se lesão corporal no âmbito de violência Os crimes de perigo são divididos em:
doméstica se praticada contra as seguintes pessoas ou
nos seguintes casos:
z Crimes de perigo concreto: é exigida uma com-
provação de que realmente aconteceu um risco
z Ascendente;
z Descendente; de perigo ou lesão ao bem jurídico protegido pela
z Cônjuge ou companheiro; norma penal.
z Quem conviva ou tenha convivido. z Crimes de perigo abstrato: Não se exige nenhuma
comprovação, já que o perigo é presumido. Ex.:
É importante mencionar que, caso a vítima seja Um indíviduo dirigir após ter ingerido álcool.
mulher, teremos a aplicação da Lei Maria da Penha
e, mesmo que seja caso de lesão corporal leve, a ação Iremos analisar os seguintes crimes: perigo de
penal será pública incondicionada. contágeo venéreo, perigo de contágio de moléstia gra-
Agora, veremos as hipóteses majoradas do crime ve; abandono de incapaz; exposição ou abandono de
de lesões corporais. Há diversas causas de aumento de
recém-nascido e omissão de socorro.
pena para este crime, portanto, leia-as com bastante
atenção.
Nos casos de lesão corporal culposa: Perigo de contágio venéreo
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se:
Este crime fica configurado quando o agente expõe
z Se o crime resulta de inobservância de regra técni- alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
ca de profissão, arte ou ofício; libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que
z Se o agente deixa de prestar imediato socorro à sabe ou deve saber que está contaminado.
vítima; A forma qualificada deste crime se dá se o agente
z Se o autor não procura diminuir as consequências tem a intenção de transmitir a moléstia venérea. Este
do seu ato;
crime somente se procede mediante representação,
z Se o agente foge para evitar prisão em flagrante.
ou seja, trata-se de crime promovido mediante ação
Nos casos de lesão corporal dolosa: penal pública condicionada.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: Moléstia venérea, segundo a doutrina, refere-se ao
nome genérico dado a qualquer doença que possa ser
z A vítima é menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 transmitida por meio de relação sexual, como sifilis.
(sessenta) anos; O crime se consuma com a prática do ato sexual, capaz
z For hipótese de lesão corporal grave, gravíssima de transmitir a moléstia venérea. Caso a vítima seja conta-
ou seguida de morte, praticada em quaisquer dos minada, tal fato será mero exaurimento do crime.
casos de violência doméstica vistas acima; O crime é de conduta vinculada, exigindo a con-
z Se a vítima, enquadrada em um dos casos de vio- junção carnal, o coito anal, o sexo oral ou qualquer
lência doméstica vistas logo acima, for pessoa por-
outro ato de libidinagem que sirva para a satisfação
tadora de deficiência.
da libido.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a Caso a contaminação provenha de outra ação físi-
metade: ca, como o aperto de mão ou a ingestão de alimen-
tos, inexistirá o crime de perigo de contágio venéreo,
z Se a lesão corporal for praticada por milícia priva- podendo subsistir o delito de lesão corporal, dolosa ou
da, sob o pretexto de prestação de serviço de segu- culposa, ou os crimes dos artigos 131 e 132, do CP.
rança, ou por grupo de extermínio;

A pena será aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 Importante!


DIREITO PENAL

(dois terços):
É importante mencionar, pela própria natureza
z Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen- do tipo penal, que não se exige, para a sua
te das forças armadas (Marinha, Exército ou Aero- configuração simples, dolo específico do
náutica), das forças de segurança pública (Polícia agente em transmitir a doença venérea (caso
Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Fer-
ocorra esta hipótese, o crime será qualificado),
roviária Federal, Policiais Civis, Policias Militares
ou Corpo de Bombeiros Militares), integrantes do bastando que ele tenha a intenção de ter a
sistema prisional (agentes penitenciários) e da For- relação sexual, sabendo ou devendo saber que
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da está contaminado. 231
Como o fato se relaciona a uma ou mais pessoas Art. 132 Expor a vida ou a saúde de outrem a peri-
determinadas, estamos diante de um delito de perigo go direto e iminente:
individual, o qual deve ser averiguado diante do caso Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
concreto. Isso porque da simples relação sexual do não constitui crime mais grave.
agente com a vítima não decorre presunção absolu- Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto
ta da existência desse perigo. A presunção é relativa, a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
admitindo prova em contrário, como no caso de a víti- outrem a perigo decorre do transporte de pessoas
ma já ser portadora de doença venérea. para a prestação de serviços em estabelecimentos
de qualquer natureza, em desacordo com as nor-
Perigo de contágio de moléstia grave mas legais.

Este crime se configura quando o agente prati- A conduta nuclear é expor, ou seja, colocar em peri-
car, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave go a vida, a integridade física ou a saúde de alguém. O
de que está contaminado, ato capaz de transmitir o perigo é concreto, direto, iminente e anormal.
contágio. Perigo concreto refere-se a mera prática do
É necessário que o sujeito passivo, que pode ser comportamento ilícito não é suficiente para a
qualquer pessoa, não seja contaminado pela moléstia caracterização do crime, sendo imprescindível que,
grave que o sujeito ativo pretende transmitir. em face da conduta do agente, a vítima tenha a sua
A moléstia grave, neste caso, não precisa, necessa- vida, a sua integridade corporal ou a sua saúde expos-
riamente, ser transmitida por meio de relação sexual, ta a risco de lesão.
podendo, entretanto, ser transmitida por qualquer Perigo direto visa a pessoa ou pessoas
outro meio. determinadas.
Temos como exemplo o agente que, de qualquer Perigo iminente, está prestes a ocorrer. Se a possi-
forma ou por qualquer meio, intencionalmente (exi- bilidade de ocorrência do perigo é futura ou presumi-
ge-se o dolo específico de transmitir a doença) trans- da, não estará caracterizada a infração penal do art.
mite à vítima a tuberculose (moléstia grave). 132, do CP.
Trata-se de norma penal em branco, complemen- Perigo anormal, não decorre da atividade de pro-
tada por meio dos atos praticados por órgãos adminis- fissionais que trabalham com o risco, como o policial e
trativos da área de saúde. o bombeiro. Portanto, se o patrão não toma providên-
Mais uma vez, reitero: exige-se para a configura-
cias para a segurança e proteção dos operários que
ção deste tipo penal o dolo específico, que consiste na
trabalham na fábrica de explosivos, e dessa inação
intenção do agente de transmitir a moléstia grave.
resulta uma situação concreta de perigo, estará confi-
A doutrina não admite, para este crime, o dolo even-
gurado o crime do art. 132, do CP, na sua modalidade
tual, quando o agente não quer diretamente transmi-
omissiva.
tir a doença, mas assume o risco de transmiti-la.
Trata-se de crime formal, que se consuma com a
prática do ato destinado a transmitir a moléstia grave, Abandono de incapaz
não se exigindo, para fins de consumação, a efetiva
transmissão da moléstia. O crime de abandono de incapaz se configura
Ao contrário do crime de Perigo de Contágeo quando o agente abandona pessoa que está sob seu
Venéreo, procede-se mediante ação penal pública cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qual-
incondicionada. quer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resul-
Antes de passarmos para a análise de outros tipos tantes do abandono.
penais, é importante que façamos uma distinção entre São formas qualificadas do crime de abandono de
os dois tipos penais que acabamos de ver: incapaz:

z Se do abandono, resulta lesão corporal de nature-


PERIGO DE CONTÁGIO PERIGO DE CONTÁGIO
za grave;
VENÉREO DE MOLÉSTIA GRAVE
z Se do abandono, resulta a morte.
A transmissão deve se A transmissão se dá por
dar por meio de relação qualquer meio Você pode se perguntar sobre quem configura
sexual incapaz. Incapaz refere-se a qualquer pessoa que não
tenha condições de se proteger sozinha, podendo ficar
Transmite-se moléstia Transmite-se moléstia exposta, em razão do abandono, a situação de perigo.
venérea grave Tenha como exemplo o pai que deixa o filho, de
É norma penal em branco É norma penal em branco apenas dois anos de idade, sozinho em casa. Esta
criança não tem capacidade de se defender sozinha,
Não se exige dolo Exige-se dolo específico configurando, assim, o tipo penal de abandono de
específico incapaz.
Para que o crime de abandono de incapaz seja
Ação penal pública Ação penal pública qualificado, é necessário que o resultado seja lesão
condicionada incondicionada corporal grave ou a morte. Caso resulte apenas lesão
corporal de natureza leve – bastante explorado pelas
Perigo para a vida ou saúde de outrem bancas – o crime será configurado em sua modalidade
simples.
O art. 132, do CP, trata do crime de perigo para a Veja características do crime de abandono de
232 vida ou saúde de outrem: incapaz:
z É crime próprio, já que se exige uma condição Não se aplica este tipo penal ao agente que cau-
especial do agente: ser pessoa que tem o cuidado, sou o perigo. Assim, se um indivíduo, com a intenção
guarda, vigilância ou autoridade sobre a vítima; de causar lesões corporais, arremessa uma pedra na
z É crime formal, que não exige que ocorra qual- vítima e foge, não poderá ele ser responsabilizado por
quer coisa com o abandonado (vítima) para fins de omissão de socorro por não ter prestado socorro à
consumação do crime. vítima ou por não ter comunicado o fato à autoridade.
Fique atento às seguintes informações sobre a
A pena prevista para o crime de abando de incapaz omissão de socorro:
é:
z Não admite tentativa (é crime omissivo próprio);
Art. 133 Abandonar pessoa que está sob seu cui- z Não admite a modalidade culposa.
dado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos Fique bastante atento às causas de aumento de
resultantes do abandono: pena do crime de omissão de socorro.
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Em 2012, foi inserido no Código Penal um novo
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de
tipo penal, chamado de condicionamento de atendi-
natureza grave:
mento médico-hospitalar emergencial, que se con-
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte: figura quando o agente exigir cheque-caução, nota
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. promissória ou qualquer garantia, bem como o preen-
chimento prévio de formulários administrativos,
As penas cominadas neste artigo aumentam-se de como condição para o atendimento médico-hospitalar
um terço: emergencial.
Suponha que um indivíduo ingresse em um hos-
z Se o abandono ocorre em lugar ermo; pital necessitando de atendimento médico emergen-
z Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, cial. O funcionário do hospital exige que ele deixe um
irmão, tutor ou curador da vítima; cheque-caução para que o atendimento médico seja
z Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. realizado. Pronto, a situação configurou-se como tipo
penal de condicionamento de atendimento médico-
Exposição ou abandono de recém nascido -hospitalar emergencial.
É necessário que o atendimento médico seja
O crime de exposição ou abandono de recém-nas- emergencial. Assim, este crime não ira se configurar
cido se configura quando o agente expõe ou abandona caso o atendimento médico seja algo rotineiro, com
recém-nascido, para ocultar desonra própria. uma simples consulta, por exemplo.
Este crime será praticado na modalidade qualifica-
da se do fato resultar: O crime de omissão de socorro apresenta causas
de aumento de pena.
z Lesão corporal de natureza grave; A pena será aumentada até o dobro se da negativa
z Morte. de atendimento resulta: lesão corporal grave.
A pena será aumentada até o triplo se da negativa
Este crime exige dolo específico, ou seja, um espe- de atendimento resulta: morte
cial fim de agir, que consiste na prática da conduta
para ocultar desonra própria. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar
emergencial
Segundo a doutrina majoritária, é exigido que o
recém-nascido fique exposto à situação concreta de O art. 135-A, do CP, tipifica o crime de exigir che-
perigo para que o crime se consume. que-caução, nota promissória ou qualquer garantia,
bem como o preenchimento prévio de formulários
Ainda, conforme doutrina majoritária, trata-se de administrativos, como condição para o atendimento
crime próprio, que somente poderá ser praticado pelo médico-hospitalar emergencial.
pai ou pela mãe que buscam ocultar desonra própria. O crime é próprio, pois somente poderá ser prati-
Ex.: Mãe que expõe ou abandona o filho recém- cado por representantes ou funcionários hospitalares
-nascido numa lata de lixo para ocultar uma desonra (sócios, administradores, atendentes, seguranças) ou
(sua infidelidade). profissionais da área da saúde (médicos, enfermeiros)
incumbidos do atendimento emergencial.
O crime será promovido mediante ação penal O sujeito ativo deve ser a pessoa com poderes para
pública incondicionada. exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer
DIREITO PENAL

garantia, bem como o preenchimento prévio de for-


Omissão de socorro mulários administrativos, como condição para o aten-
dimento médico-hospitalar emergencial.
O crime de omissão de socorro está previsto no Para esse crime, a pena cominada é detenção, de
artigo 135 do Código Penal. Irá se configurar quando três meses a um ano, e multa.
o agente deixar de prestar assitência, quando possível A pena é aumentada até:
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desam- z O dobro se da negativa de atendimento resulta
paro ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, lesão corporal de natureza grave;
nesses casos, o socorro da autoridade competente. z O triplo se resulta a morte. 233
Maus-tratos z Pode ser praticado à distância, não se exigindo que
necessariamente ocorre contato físico.
O crime de maus-tratos, definido no art. 136, do Ex.: Rixa em que os agentes jogam pedras, garrafas
CP, é a conduta de expor a perigo a vida ou a saúde ou mesas uns nos outros.
de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, A rixa será qualificada quando ocorrer, devido
quer privando-a de alimentação ou cuidados indis- à rixa, lesão corporal de natureza grave ou a morte.
pensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou Segundo a doutrina majoritária, salvo no caso de ser
inadequado, quer abusando de meios de correção ou possível se identificar corretamente o autor da lesão
disciplina. grave ou da morte, todos os agentes que participaram
O crime de maus-tratos consuma-se com a efetiva da rixa irão responder pela modalidade qualificada,
exposição da vítima a perigo, que deverá ser demons- exceto, também, se tiverem ingressado na rixa após a
trada no caso concreto. Não há, portanto, necessidade ocorrência da lesão grave ou da morte.
de resultado material, com dano efetivo à vítima. Crimes Contra a Honra
É crime permanente, na modalidade privação de Os crimes contra a honra estão entre aqueles que
cuidados ou alimentos e sujeição a trabalho excessivo mais são cobrados em provas de concurso público,
ou inadequado, o delito é permanente, hipótese em então vamos aprendê-los passo a passo.
que a consumação se prolonga no tempo, já que há Eles estão previstos entre os artigos 138 e 145 do
contínua e incessante agressão ao bem jurídico. Código Penal e se dividem em 3 (três) crimes diferentes:
Também é crime instantâneo, na modalidade
abuso de meios de correção ou disciplina o delito é z Calúnia;
instantâneo, já que a consumação se dá em momento z Difamação;
determinado, sem continuidade no tempo. No entan- z Injúria.
to, entendemos que se o pai, com o fim de aplicar
castigo ao filho, trancá-lo por tempo excessivamente Antes de analisarmos cada um dos tipos penais, é
prolongado, haverá crime permanente. importante que você compreenda que se protege a hon-
A tentativa somente será possível nas formas ra da pessoa, na sua modalidade objetiva e subjetiva.
comissivas, como no caso do agente que amarra a A honra é classificada em:
vítima e apanha um porrete, a fim de agredi-la, sendo
neste exato momento surpreendido. As modalidades
omissivas não aceitarão a forma tentada. é o conceito que o indivíduo
O crime é qualificado se resulta: possui perante seus pares em
relação aos seus atributos
HONRA OBJE-
z Lesão corporal de natureza grave; morais, éticos, físicos e inte-
TIVA (HONRA
z Morte. lectuais. Refere-se ao apreço
EXTERNA)
e respeito da pessoa no grupo
Porém, aumenta-se a pena de um terço, se o cri- social. É a reputação social da
me é praticado contra pessoa menor de 14 anos. pessoa

é o conceito que o indivíduo


Rixa
possui de sua própria dignida-
de e decoro, trata-se do auto-
A rixa está prevista no artigo 137 do Código Penal. HONRA SUBJE-
conceito dos atributos morais,
O crime irá ocorrer quando o agente participar de TIVA (HONRA
éticos, físicos e intelectuais.
rixa, salvo para separar os contendores. INTERNA)
Refere-se ao nosso amor-pró-
Estamos diante de crime de concurso necessário,
prio e autoestima;
que só irá existir caso presente no mínimo 3 (três) pes-
soas, umas contra as outras. Caso seja possível definir
dois grupos específicos (grupo A x grupo B), este tipo Como o próprio nome diz, é
penal não irá existir. HONRA ESPECIAL
aquela referente a determina-
Para que a rixa se configure, exige-se que haja no OU PROFISSIONAL
do grupo social ou profissional.
mínimo três grupos distintos (independentemente
da quantidade de pessoas que integre cada grupo) se Honra objetiva é aquilo que as pessoas (grupo
agredindo mutuamente. social) pensam sobre o indivíduo;
No caso de ocorrer uma briga entre a torcida do Honra subjetiva é aquilo que o indivíduo pensa
Corinthians e a torcida do Palmeiras, não há que se sobre si mesmo.
falar no crime de rixa, já que temos 2 (dois) grupos
bem definidos.
Calúnia
Aquele que participa da rixa, apenas com a finali-
dade de separar os contendores não irá responder por
A calúnia, que protege a honra objetiva, está pre-
este tipo penal.
vista no artigo 138 do Código Penal, configura-se
O crime de rixa não admite a forma culposa.
quando o agente caluniar alguém, imputando-lhe fal-
Sobre este crime, é importante que você fique
samente fato definido como crime.
atento aos posicionamentos da doutrina dominante.
Exige-se que o fato imputado falsamente seja defi-
nido com um crime, não podendo ser uma mera con-
z Não admite tentativa;
travenção penal. O crime pode ter acontecido ou não,
z Consuma-se quando se inicia a rixa ou, caso já ini-
para fins de consumação deste tipo penal.
ciada, quando o agente entra na rixa;
234
Ex.: Joãozinho diz que Pedrinho praticou um rou- Excepcionalmente, é proibida a prova da verdade,
bo a padaria da esquina de onde moram, sabendo ser em três hipóteses previstas no § 3º do art. 138.
falso. Pronto, Joãozinho praticou o crime de calúnia. Nessas três hipóteses do § 3º do art. 138, do CP, ain-
O crime de calúnia não admite a modalidade cul- da que verdadeira a imputação, o crime de calúnia
posa e, segundo doutrina majoritária, pode ser prati- não será excluído.
cada, além do dolo direto, por dolo eventual. Observa-se a possibilidade da calúnia incidir sobre
Não é exigido que o crime seja praticado na moda- o fato verdadeiro nessas três hipóteses em que a lei
lidade verbal, podendo ser praticado por outros proíbe a exceção da verdade. A primeira ocorre quan-
meios, como por exemplo da modalidade escrita. do o fato imputado constituir delito de ação privada e
Em regra, a calúnia é crime unissubsistente, que o ofendido não houver sido condenado por sentença
se perfaz com a prática de um único ato, não sendo transitada em julgado. A vedação é justificada pelo
possível o fracionamento do seu iter criminis, entre- princípio da disponibilidade da ação penal privada,
tanto, caberá tentativa quando for possível promover que pode ou não ser ajuizada, consoante a exclusiva
este fracionamento, a exemplo de calúnia praticada vontade do ofendido ou de seu representante legal.
por meio de uma carta. A segunda hipótese em que não se admite a exce-
Em se tratando de intenção de brincar (animus ção da verdade é quando a ofensa for irrogada contra
ludendi) por parte do agente, não há que se falar no o presidente da República, ou chefe de governo estran-
crime de calúnia. geiro. Justifica-se a proibição pela alta relevância polí-
Pune-se a calúnia praticada contra os mortos (nes- tica desempenhada pelo presidente da República,
te caso, o sujeito passivo será família do morto): que não pode ficar à mercê de qualquer acusação.
No tocante ao chefe de governo estrangeiro, expres-
z Segundo parte da doutrina, é possível que a calúnia são que abrange o primeiro-ministro e o presidente, a
seja praticada contra pessoa jurídica, se o fato falsa- proibição encontra suas raízes na política de diploma-
mente imputado for referente a crime ambiental; cia que deve reinar nas relações internacionais.
z Equipara-se à calúnia, incorrendo nas mesmas A terceira hipótese de proibição da vedação se dá
penas, a conduta daquele que, sabendo falsa a
quando o ofendido tiver sido absolvido por senten-
imputação, a propala (espalha) ou divulga.
ça transitada em julgado do fato criminoso que lhe é
imputado, respeitando a coisa julgada.
O crime de calúnia se consuma quando o fato che-
ga ao conhecimento de um terceiro, distinto do autor
Difamação
e da vítima, já que o crime tutela a honra objetiva.
A calúnia admite, como regra, a exceção da verda-
A difamação que, assim como a calúnia, tutela a
de, que nada mais se trata de prova da verdade, que é
honra objetiva da pessoa, está prevista no Artigo 139
a possibilidade que tem o agente de demonstrar que
o fato que ele imputou realmente aconteceu. Porém, do CPB.
em algumas hipóteses não será admitida a exceção da A difamação se configura quando o agente difamar
verdade. alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
Admite-se a prova da verdade, salvo: Ex.: Suponha que Lili diga para um grupo de vizi-
nhos que Márcia, também vizinha, é garota de progra-
z Se, constituindo o fato imputado crime de ação pri- ma e atende aos clientes no período noturno em sua
vada, o ofendido não foi condenado por sentença residência.
irrecorrível; A conduta praticada por Lili configura o crime de
z Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indi- difamação.
cadas no inciso I do art. 141; Observe que o fato imputado não constitui um cri-
z Se do crime imputado, embora de ação pública, o me, podendo, inclusive, constituir uma contravenção
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. penal. Entretanto, caso constitua crime, será calúnia.
A difamação irá ocorrer, independentemente de
Como regra, admite exceção da verdade, ou seja, o fato imputado ser verdadeiro ou não. A difamação,
admite que o réu prove que a vítima realmente prati- assim como a calúnia, também se consuma quando o
cou o crime que lhe foi imputado. fato chega ao conhecimento de um terceiro, distinto do
No entanto, nos casos de o crime imputado, embo- autor e da vítima, já que também protege a honra obje-
ra de ação pública, o ofendido tenha sido absolvido tiva. Trata-se de crime formal e irá se configurar ainda
por sentença irrecorrível, há uma presunção de que a que a conduta não desonre objetivamente a vítima.
imputação é falsa, respondendo o agente por ela. Não há difamação praticada na modalidade cul-
Mas se o réu conseguir provar que o fato que posa. É possível a tentativa da difamação, quando for
imputou à vítima é verdadeiro ele será absolvido. possível fracionar o iter criminis, a exemplo da difa-
É importante destacar que a calúnia é crime for- mação cometida por meio de carta.
mal, que se consuma com a prática da conduta, inde- A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo do crime
pendentemente de o agente conseguir macular a de difamação.
DIREITO PENAL

honra objetiva da vítima. Na difamação, a exceção da verdade não pode ser


Observe que o objeto jurídico protegido é a honra aplicada, salvo se o ofendido é funcionário público e a
objetiva, que consiste na reputação que a pessoa pos- ofensa é relativa ao exercício da função.
sui na sociedade.
Observe que os crimes contra a honra dos Chefes Injúria
dos Três Poderes, com exceção da injúria, (Presidente
da República, Presidente do Senado Federal, Presiden- A injúria, que tutela a honra subjetiva do agente,
te da Câmara dos Deputados e Presidente do Supremo está prevista no Artigo 140 do Código Penal, e se confi-
Tribunal Federal), em caso de motivação política, con- gura quando o agente injuriar alguém, ofendendo-lhe
figurará delito contra a Segurança Nacional. a dignidade ou o decoro. 235
Na injúria, o agente ofende a dignidade e o deco- Observe-se que não há a mesma previsão para
ro da vítima, emitindo ofensa depreciativa, mas sem difamação e injúria.
imputar a ele fato definido como crime ou ofensivo Nos casos de difamação e injúria o sujeito passivo
a sua reputação. Exemplo: Fernando xinga Leandro, não é o morto, mas familiar seu.
chamando o de burro e idiota.
A conduta de Fernando configura o crime de injúria. Disposições comuns
Na injúria, há lesão à honra subjetiva da vítima, ou
seja, se afeta o sentimento da pessoa em relação aos Vejamos as causas de aumento de pena aplicáveis
seus próprios atributos morais (dignidade), físicos e aos crimes contra a honra em geral (calúnia, difama-
intelectuais (decoro). Não é necessário que o fato che- ção e injúria).
gue ao conhecimento de um terceiro. A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
A injuria também é crime formal, consumando-se me contra a honra for praticado:
com a prática da conduta, independentemente de a
vítima sentir lesada ou não a sua honra subjetiva. z Contra o Presidente da República, ou contra chefe
A injuria só pode ser praticada dolosamente, não sendo de governo estrangeiro;
admitida a modalidade culposa. É admitida a tentativa de z Contra funcionário público, em razão de suas
injuria, quando o iter criminis puder ser fracionado. funções;
Lembre-se que a injuria, assim como os demais z Na presença de várias pessoas, ou por meio que
crimes contra a honra, pode ser praticada por outros facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou
meios e não somente de forma verbal. da injúria;
A injúria não admite exceção da verdade. z Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por-
Sendo assim, é importante que você leve em consi- tadora de deficiência, exceto no caso da injúria (a
deração o seguinte: pena não irá aumentar de 1/3 no caso de injúria
praticada contra pessoa maior de 60 anos ou por-
EXCEÇÃO DA VERDADE tadora de deficiência).

Calúnia É admitida como regra A pena será aplicada em dobro se o crime contra a
honra for praticado:
Difamação É admitida excepcionalmente

Injúria Não é admitida z Mediante paga ou promessa de recompensa.

Veja as hipóteses de exclusão dos crimes contra a


Na injúria, o juiz pode deixar de aplicar a pena nos honra.
seguintes casos: Não constituem injúria ou difamação punível:

z Quando o ofendido, de forma reprovável, provo- z A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
cou diretamente a injúria; pela parte ou por seu procurados;
z No caso de retorsão imediata, que consista em z A opinião desfavorável da crítica literária, artística
outra injúria. ou científica, exceto quando inequívoca a intenção
de injuriar ou difamar – responderá pela injúria
Conheça a injúria real, ela se configura quando a ou pela difamação quem der publicidade;
injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por z O conceito desfavorável emitido por funcionário
sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem público, em apreciação ou informação que pres-
aviltantes. Assim, caso o agente desfira um tapa no te no cumprimento de dever de ofício – respon-
rosto da vítima, com a intenção de ofendê-la (humi- derá pela injúria ou pela difamação quem der
lhá-la), irá praticar uma injúria real. publicidade.
É possível que a injuria seja racial, quando consis-
tir na utilização de elementos referentes a raça, cor, Para encerrarmos o assunto referente aos crimes
etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou contra a honra, iremos tratar da retratação e da ação
portadora de deficiência. penal. Segundo o Código Penal, a retratação, quando
Você deve levar para sua prova os elementos que admitida, constitui excludente de punibilidade.
podem caracterizar a injuria racial, já que esse assun- Retratação refere-se à possibilidade que tem o
to tem grande incidência em provas.Sendo assim, agente de retirar aquilo que disse, ou seja, de mani-
caso o agente ofenda a vítima, fazendo uso de um dos festar que se equivocou em suas declarações, mani-
elementos acima, a exemplo do agente que chama a festando-se contrariamente ao que disse inicialmente.
vítima de macaco (Utilize como exemplo o caso do A injúria não admite retratação. O querelado que,
ex-goleiro do Santos Futebol Clube, o Aranha, que fora antes da sentença (segundo doutrina majoritária: sen-
chamado de Macado), irá cometer o crime de injúria tença de 1º grau), se retrata cabalmente da calúnia ou
racial. da difamação, fica isento de pena.
Fique atento para não confundir a injúria racial Caso o querelado tenha praticado a calúnia ou
com o crime de racismo. difamação, fazendo uso de meios de comunicação, a
Na injúria racial, o animus do agente é ofender; retratação se dará, caso assim deseje o ofendido, pelos
no racismo, o animus é segregar. mesmos meios em que se praticou a ofensa.
O STJ entendeu, na análise do AREsp (agravo Suponha que o agente tenha praticado o crime
em recurso especial), que a injúria racial é crime de calúnia ou difamação pelo Facebook. Neste caso,
imprescritível. a retratação se dará também pelo Facebook, se assim
Nos termos do art. 138, § 2º, do CP é punível a calú- desejar a vítima.
236 nia contra os mortos.
Caso alguém faça uso de referências, alusões ou A Lei nº 8.078/1990, Código de Defesa do Consumi-
frases, sendo possível inferir calúnia, difamação ou dor, no art. 71, prevê a pena de detenção, de 3 a 1 ano,
injúria, aquele que se julgar ofendido, poderá pedir e multa, para quem utilizar, na cobrança de dívidas,
explicações em juízo. Caso seja recusado o pedido de de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
explicações ou, a critério da autoridade judicial, não afirmações falsas, incorretas ou enganosas, ou de
as dá de maneira satisfatória, responderá pela ofensa.
qualquer outro procedimento que exponha o consu-
Por fim, sobre a ação penal nos crimes contra a
midor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com
honra, é importante que você saiba:
seu trabalho, descanso ou lazer.
Súmula 714 do STF, é concorrente a legitimidade do Irá se configurar como constrangimento ilegal
ofendido, mediante queixa e do Ministério Público, quando o agente constranger alguém, mediante
condicionada à representação do ofendido, para a violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
ação penal por crime contra a honra de servidor reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de
público em razão do exercício de suas funções. resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer
o que ela não manda.
Logo, fiquem atentos a esta informação: nos casos O crime de constrangimento ilegal irá ocorrer
de crimes contra a honra de funcionário público em quando o agente, fazendo uso de violência ou grave
razão de suas funções, a ação penal será privada ou ameaça, fazer com que a vítima faça algo que a lei não
condicionada à representação do ofendido. A doutri- manda ou que a vítima deixe de fazer algo que a lei
na dominante também entende desta forma. lhe permite.
A ação será pública condicionada à requisição do Exemplo: Jorge e Luís são vizinhos. Jorge é um
Ministro da Justiça caso a conduta que configura cri-
valentão que se sente dono do bairro. Certo dia, Luís
me contra a honra seja praticada contra o Presidente
passava pela rua, quando Jorge o aborda. Este, por-
da República, ou contra chefe de governo estrangeiro.
tando uma arma de fogo, saca a arma e a aponta para
Luís e diz que, sob pena de levar um tiro na cara, é
Crimes Contra a Liberdade Pessoal e Crimes Contra
a Liberdade Individual para este dar meia volta e passar por outro lugar,
já que não o quer mais passando por sua rua. Luís,
O art. 5º, caput, da Constituição Federal assegura a temendo por sua vida, dá meia volta e retorna.
todos o direito à liberdade. A partir dessa afirmação A conduta de Jorge se enquadra no constrangi-
se extrai que qualquer espécie de violação à liberdade mento ilegal. Ele, fazendo uso de grave ameaça, cons-
do ser humano reclama punição. trangeu Luís para que ele deixasse de fazer algo que a
O objeto jurídico é a liberdade do ser humano para lei lhe permite (liberdade de locomoção).
agir dentro dos limites legais. A doutrina entende corretamente que o crime
Já o objeto material é a pessoa sobre a qual recai a de constrangimento ilegal é subsidiário, o agente
conduta criminosa. por ele irá responder, caso não seja enquadrado em
Estudaremos, então, os crimes contra a liberdade uma outra conduta um tanto mais grave. Assim, caso
individual. o agente constranja a vítima, por meio de violência,
para que ela deixa de fazer alguma coisa, com o fim
Constrangimento Ilegal de obter para si vantagem econômica, não irá cometer
constrangimento ilegal, mas sim o crime de extorsão.
Trata-se de crime comum que não admite a modali-
O constrangimento ilegal admite tentativa, já que é
dade culposa. É a imposição ilegal à vítima de um com-
crime plurissubsistente, é crime comum, que pode ser
portamento certo e determinado, comissivo ou omissivo.
Consuma-se o crime de constrangimento ilegal no praticado por qualquer pessoa.
instante em que a vítima faz ou deixa de fazer algo, Além das penas previstas para o constrangimen-
em decorrência da violência ou grave ameaça utiliza- to ilegal, o agente irá responder pelas penas corres-
da pelo agente. pondentes à violência, assim, caso o agente pratique
o crime por meio de violência, provocando lesões cor-
Admite tentativa porais na vítima, ele responderá por constrangimen-
to ilegal em concurso material com o crime de lesões
Ação penal: pública incondicionada. corporais.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, tra- A pena será aplicada cumulativamente e em dobro
ta-se de crime comum. quando, para a execução do crime:
Se o sujeito ativo for funcionário público, e o fato
for cometido no exercício de suas funções, responderá z Reúnem-se mais de 3 (três pessoas) – deve haver
por abuso de autoridade, na forma na Lei 13.869/2019. no mínimo 4 (quatro) pessoas;
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde z Há emprego de arma – segundo a doutrina domi-
que dotada de capacidade de autodeterminação. nante, pode ser qualquer arma e não necessaria-
DIREITO PENAL

A Lei nº 10.741/2003, Estatuto do Idoso, em seu art.


mente arma de fogo.
107, pune com reclusão, de 2 a 5 anos, aquele que coa-
ge, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar
ou outorgar procuração. Não irão ser enquadrados como constrangimento
A Lei nº 7.170/1983, Crimes contra a Segurança ilegal:
Nacional, no art. 28, sujeita à pena de reclusão, de 4 a
12 anos, a conduta de atentar contra a liberdade pes- z A intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-
soal do Presidente da República, do Senado Federal, timento do paciente ou de seu representante legal,
da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal caso justificada por iminente perigo de vida;
Federal. z A coação exercida para impedir o suicídio. 237
Ameaça Ambos consistem na privação da liberdade da víti-
ma, sem o seu consentimento, por tempo juridicamen-
O crime de ameaça, previsto no Artigo 147 do Códi- te relevante. Podem ser cometidos mediante detenção
go Penal, irá se configurar quando o agente ameaçar ou retenção.
alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro
meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave. A tentativa é possível, tanto no sequestro como no
O bem jurídico tutelado pela lei penal é a liberdade cárcere privado.
da pessoa humana, notadamente no tocante à paz de O objeto jurídico é a liberdade de locomoção, con-
espírito, ao sossego, à tranquilidade e ao sentimento
sistente no direito de ir, vir e permanecer, de toda e
de segurança.
qualquer pessoa humana.
É a pessoa contra a qual se dirige a ameaça.
Consuma-se quando a vítima toma conhecimento Tão relevante é esse direito que a CF/88 prevê o
do conteúdo da ameaça, pouco importando sua efe- habeas corpus como garantia para zelar pelo seu res-
tiva intimidação e a real intenção do autor em fazer peito, sempre que alguém sofrer ou se achar ameaça-
valer sua promessa. do de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
O crime é formal, de consumação antecipada ou de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
resultado cortado. Basta queira o agente intimidar, e O objeto material é a pessoa humana que suporta
tenha sua ameaça capacidade para fazê-lo. a conduta criminosa.
A tentativa é admissível nas hipóteses de ameaça Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Se, toda-
escrita, simbólica ou por gestos, e incompatível nos via, tratar-se de funcionário público, no exercício das
casos de ameaça verbal. suas funções, estará caracterizado o crime de abuso
Não se reclama nenhuma finalidade específica, e de autoridade.
não se admite a modalidade culposa. A Ação penal é Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo. Se a víti-
pública condicionada à representação. ma for ascendente, descendente, cônjuge, ou compa-
É possível se verificar que o crime de ameaça e de nheiro do agente, ou pessoa com idade superior a 60
ação livre, podendo ser praticado de qualquer forma (sessenta) anos ou inferior a 18 (dezoito) anos, inci-
pelo agente: verbalmente, por escrita, gestualmente,
de a figura qualificada (CP, art. 148, § 1º, inc. I ou IV).
entre outras formas.
Se a vítima for o Presidente da República, do Senado
Assim, caso um indivíduo olhe para um desafeto
e faça o gesto de uma arma com a mão e aponte para Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo
este, o crime de ameaça poderá se configurar. Tribunal Federal, estará caracterizado crime contra a
É muito importante que você compreenda que a Segurança Nacional (art. 28, da Lei 7.170/1983).
ameaça está relacionada a um mal “injusto” e “grave”, O elemento subjetivo é o dolo, sem qualquer fina-
contrário ao direito. Caso o agente ameace, por lidade específica. Não se admite a modalidade culpo-
exemplo, de entrar na justiça para cobrar uma dívida sa. Se o propósito do agente for obter, para si ou para
(mal justo), ele não irá cometer o crime de ameaça outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
previsto no artigo 147 do CPB. do resgate, o crime será de extorsão mediante seques-
Trata-se de crime comum, que pode ser praticado tro (CP, art. 159). Se o delito for cometido com fins libi-
por qualquer pessoa. dinosos, incidirá a figura qualificada definida pelo art.
Em regra, não cabe tentativa, já que se trata de cri- 158, § 1º, V, do CP./
me unissubsistente, que se consuma com a prática de O consentimento da vítima, se válido, exclui o
um único ato, porém, a doutrina majoritária admite crime.
a tentativa se a ameaça for praticada na modalidade Este crime apresenta formas que o qualificam,
escrita – por meio de uma carta, por exemplo. vejamos elas.
A doutrina admite a ameaça condicionada, que
Será qualificado o crime de sequestro e cárcere
ocorrerá quando o agente colocar uma condição para
privado:
a prática do mal injusto e grave. Exemplo: Mévio diz a
Tício: se você não fizer pelo menos um gol na final do
campeonato, eu irei te matar. z Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
O crime de ameaça se procede mediante ação companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
penal pública condicionada à representação. anos:

Sequestro e cárcere privado A maior gravidade da conduta repousa no fato


de ter sido o crime praticado no âmbito das relações
Antes de iniciarmos o estudo deste crime, é impor- familiares, no seio da união estável, ou ainda contra
tante que você compreenda a diferença entre o pessoa idosa, mais frágil em razão da avançada ida-
sequestro e o cárcere privado. de, e, consequentemente, com menor possibilidade de
No sequestro, ocorre restrição de liberdade da defesa.
vítima, mas ela não fica necessariamente mantida em
recinto fechado. Já no cárcere privado, necessaria- z Se o crime é praticado mediante internação da víti-
mente a vítima terá sua liberdade restringida, sendo ma em casa de saúde ou hospital:
mantida em recinto fechado.
O crime de sequestro e cárcere privado se configu-
Crime conhecido como internação fraudulenta,
ra quando o agente privar alguém de sua liberdade,
pode ser praticado por médico ou por qualquer outra
mediante sequestro ou cárcere privado.
pessoa.
Quando falamos em cárcere privado, estamos pen-
z Se a privação da liberdade dura mais de 15 (quin-
sando em confinamento, clausura, já quando falamos
ze) dias (inc. III): quanto mais longa a supressão da
em sequestro, estamos considerando limites espaciais
liberdade, maiores são as possibilidades de a víti-
mais amplos.
ma suportar danos físicos e psíquicos.
238
Trata-se de crime a prazo. O período legalmente Incorrerá nas mesmas penas aquele que cerceia o
exigido deve ser computado em conformidade com uso de qualquer meio de transporte por parte do tra-
a regra traçada pelo art. 10, do CP, compreendendo o balhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho e
intervalo entre a consumação do delito e a libertação aquele que mantém vigilância ostensiva no local de
do ofendido. trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pes-
soais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
z Se o crime é praticado contra menor de dezoito anos: trabalho.
Observe o exemplo: Silvio, fazendeiro conhecido
Aplica-se às hipóteses em que a vítima é criança ou no interior de Goiás, coloca como jornada de traba-
adolescente e, nesse último caso, impede a utilização lho para os funcionários de sua fazenda a carga horá-
da agravante genérica prevista no art. 61, II, “h”, do ria de 15 (quinze) horas diárias, pagando a eles um
CP. Não se confunde com o crime tipificado no art. 230, valor muito pequeno como contraprestação. Silvio se
da Lei nº 8.069/1990, Estatuto da Criança e do Adoles- recusa a fornecer transporte para os trabalhadores
cente, que apresenta crime menos rigoroso. irem embora, já que, segundo ele, eles o devem valo-
res referentes à moradia fornecida pela fazenda, não
z Se o crime é praticado com fins libidinosos: dispondo eles de outra maneira de ir para casa senão
pelo transporte da fazenda. Silvio está cometendo o
Esse inciso foi acrescido pela Lei nº 11.106/2005 tipo penal que estamos estudando.
para suprir a lacuna surgida em razão da revogação O crime de redução à condição análoga à de escra-
do crime de rapto, que cuidava somente da privação vo não admite a modalidade culposa, podendo ser
da liberdade de mulher honesta. Atualmente, a qua- praticado apenas dolosamente.
lificadora consiste na privação da liberdade de uma É também crime permanente, portanto, sua
pessoa, homem ou mulher, com fins sexuais. Trata-se conduta se prolonga no tempo.
de crime formal, de resultado cortado ou de consu- Vejamos as causas de aumento de pena:
mação antecipada – consuma-se com a privação da
liberdade, desde que o sujeito deseje praticar atos z Contra criança ou adolescente;
libidinosos com a vítima, pouco importando se alcan- z Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, reli-
ça ou não o fim almejado. Se envolver-se sexualmen- gião ou origem.
te com a vítima, responderá, em concurso material,
pelo delito em apreço e pelo respectivo crime contra a Tráfico de pessoas
liberdade sexual, tal como o estupro.
O § 2º qualifica o crime se resultar à vítima, em
Irá praticar o crime de tráfico de pessoas o agente
razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,
que agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir,
grave sofrimento físico ou moral. Estamos diante de
comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave
crime qualificado pelo resultado. Os maus-tratos con-
ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a
sistem na conduta agressiva do agente que ofende a
finalidade de remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do
moral, o corpo ou a saúde da vítima, sem produzir
corpo, submetê-la a trabalhos em condições análogas
lesão corporal. Se ocorrer lesão corporal ou morte
haverá concurso material entre o sequestro ou cárce- à de escravo; submetê-la a qualquer tipo de servidão;
re privado, na forma simples, e o crime de lesão cor- adoção ilegal ou exploração sexual.
poral ou homicídio. O tipo penal de tráfico de pessoas é misto alterna-
Por fim, saiba que este crime é comum, poden- tivo, podendo ser praticado mediante a execução de
do ser praticado por qualquer pessoa e permanente qualquer um dos seus 8 (oito) verbos.
(muito importante que você fique atento à Súmula Importante levar em consideração que, para
711 do STF – A lei penal mais grave aplica-se ao cri- compreender este tipo penal, é importante que você
me continuado ou ao crime permanente se a sua conheça os verbos, os meios empregados para a práti-
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da ca do crime e as finalidades.
permanência).
Ex.: determinado agente pratica vários crimes em MEIOS
VERBOS FINALIDADES
continuidade delitiva. Os primeiros atos são pratica- EMPREGADOS
dos sob a égide de uma lei anterior menos grave. Os
últimos atos são praticados sob a vigência de uma lei Agenciar Grave Ameaça Remover órgãos, te-
posterior mais gravosa. Aplica-se ao crime continuado Aliciar Violência cidos ou partes do
ou crime permanente a sob cuja égide tenha cessado Recrutar Coação corpo;
a continuidade, isto é, a última lei, mesmo que seja Transportar Fraude Submeter a trabalhos
mais grave. Transferir Abuso em condições análo-
Comprar gas à de escravo;
Redução à condição análoga à de escravo Alojar Submeter a qualquer
Acolher tipo de servidão;
Este crime irá se configurar quando o agente redu- Adotar ilegalmente;
DIREITO PENAL

zir alguém a condição análoga (similar) à de escravo, Explorar sexualmente.


quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes
de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, Vamos exemplificar!
sua locomoção em razão de dívida contraída com o O agente, aqui no Brasil, realiza recrutamento de
empregador ou preposto. mulheres, por meio de fraude, faz propaganda de que
A doutrina o classifica como crime de ação múltipla. o objetivo é selecionar modelos para uma determina-
O tipo penal apresenta duas hipóteses equipara- da marca de produtos de beleza e que o trabalho será
das, respondendo o agente com as mesmas penas do na Europa. Porém, as vítimas recrutas seguem para a
tipo penal principal. Europa e são submetidas à exploração sexual. 239
Veja que esse crime é comum, podendo ser pratica- Entrar ou permanecer clandestinamente em casa
do por qualquer pessoa. Não se exige, também, nenhu- alheia ou em suas dependências significa fazê-lo de
ma condição especial do sujeito passivo do crime. forma oculta, sem se deixar notar pela vítima. Por sua
Quando há algumas circunstâncias específicas do vez, entrar ou permanecer astuciosamente consiste
agente ou da vítima e essas condições se encaixam em conduta fraudulenta, maliciosa.
nas hipóteses da lei, a pena do crime de tráfico de pes- Entrar ou permanecer em casa alheia ou em suas
soas será aumentada de 1/3 (um terço) até a metade, dependências contra a vontade expressa ou tácita de
vejamos: quem de direito enseja a entrada ou permanência
francas. Nesses casos, o dissentimento de quem de
z O crime for cometido por funcionário público direito pode ser expresso ou tácito.
no exercício de suas funções ou a pretexto de Sobre o sujeito ativo, o crime é comum, poden-
exercê-las; do ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo
z O crime for cometido contra criança, adolescente proprietário do bem, quando entra ou permanece na
ou pessoa idosa ou com deficiência; residência ocupada pelo inquilino contra sua vontade
z O agente se prevalecer de relações de parentes- expressa ou tácita.
co, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, O Código Penal não protege a propriedade nem a
de dependência econômica, de autoridade ou de posse indireta do locador.
superioridade hierárquica inerente ao exercício O locatário, possuidor direto do imóvel, não é ofen-
de emprego, cargo ou função; dido em sua posse, e sim em sua tranquilidade domés-
z Se a vítima do tráfico de pessoas for retirada do tica. A serviçal que permite o ingresso do amante em
território nacional. seu quarto pratica o crime em concurso com ele.
O divorciado pode cometer o crime ao entrar ou
Por fim, para encerramos os crimes contra a liber- permanecer na residência do seu ex-cônjuge contra
dade pessoal, é importante mencionar que o crime de sua vontade.
tráfico de pessoas apresenta causa de diminuição de Não há crime quando uma mulher, na ausência
pena, desde que o agente preencha os 2 (dois) requisi- do seu marido, permite a entrada do amante em sua
tos, que são cumulativos. residência.
A pena é reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois ter- Vejamos, o sujeito passivo é o titular do direito à
ços) se o agente: tranquilidade doméstica.
É o “quem de direito”, o sujeito que tem o poder de
z For primário; e admitir ou excluir alguém da sua casa, pouco impor-
z Não integrar organização criminosa. tando seja ou não seu proprietário.
Pode ser:
Crimes contra a inviolabilidade do domicílio
z Uma pessoa a quem os demais habitantes da casa
O agente que entrar ou permanecer, clandesti- estão subordinados (regime de subordinação); ou
na ou astuciosamente, ou contra vontade expressa z Diversas pessoas, habitantes da mesma residência,
ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em em relação isonômica (regime de igualdade).
suas dependências irá cometer o crime de violação de
domicílio. O elemento subjetivo desse crime é o dolo, abran-
O crime de violação de domicílio é crime de mera gente do elemento normativo “contra a vontade
conduta, já que a lei não descreve a conduta, mas não expressa ou tácita de quem de direito”.
descreve resultado naturalístico, é, também, crime O crime é incompatível com o dolo eventual.
comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa. Há atipicidade, por ausência de dolo, nas condutas
Tutela-se, nesse crime, a tranquilidade doméstica, de entrar em casa alheia para esconder-se da polícia
ou quando o sujeito supõe ingressar em local diverso
abrangente da intimidade, da segurança e da vida pri-
do proibido (erro de tipo). Não se admite a modalida-
vada proporcionadas pelo domicílio.
de culposa.
A incriminação da violação de domicílio não pro-
O crime de mera conduta ou de simples atividade.
tege a posse ou a propriedade.
Consuma-se quando o sujeito ingressa completa-
Observa-se, não configura o delito em análise o
mente na casa da vítima, ou então quando, ciente de
ingresso em casa abandonada ou desabitada, poden-
que deve sair do local, não o faz por tempo juridica-
do restar caracterizado o crime de esbulho possessó-
mente relevante. É imprescindível a entrada concreta
rio, previsto no art. 161, § 1º, II, do CP, (crime contra o
em casa alheia.
patrimônio).
Casa desabitada não se confunde com casa na
ausência de seus moradores, pois nesse caso é possí-
vel o crime de violação de domicílio, uma vez que sub-
Importante!
siste a proteção da tranquilidade doméstica. Cabe tentativa?
Quanto ao objetivo material, é o domicílio invadi- É possível na conduta “entrar” (crime comissivo).
do, que suporta a entrada ou permanência de alguém, Incabível no núcleo “permanecer” (crime omissi-
clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade vo próprio ou puro).
expressa ou tácita de quem de direito.
Verifica-se que é necessário que a conduta seja
praticada clandestina ou astuciosamente, ou contra a Este crime apresenta forma qualificada:
vontade expressa ou tácita de quem de direito.
Se presente o consentimento do morador, explícito z Durante a noite;
240 ou implícito, o fato é atípico. z Em lugar ermo;
z Com o emprego de violência ou de arma; É a correspondência, objeto material, por exemplo
z Por 2 (duas) ou mais pessoas; carta, bilhete, telegrama etc., violada pela conduta
criminosa.
Os patamares mínimo e máximo da pena do crime A correspondência pode ser particular ou oficial,
serão alterados (de 1 a 3 meses para 6 meses a 2 anos) pouco importando esteja ou não redigida em português.
se praticado em uma das hipóteses previstas acima. Exige-se, porém, que se trate de idioma conhecido, pois,
Observe o que o Código Penal diz sobre a expres- na hipótese de ser veiculada por códigos incompreensí-
são “casa”. veis e indecifráveis, haverá crime impossível por abso-
Compreende: luta impropriedade do objeto (CP, art. 17).
A lei penal protege a correspondência fechada,
z Qualquer compartimento habitado; pois somente esta contém em seu interior um segre-
z Aposento ocupado de habitação coletiva; do. É preciso que seja a correspondência endereçada
z Compartimento não aberto ao público, onde a destinatário específico.
alguém exerce profissão ou atividade.
Não há crime de violação de correspondência:
A expressão “casa” não compreende: Conduta do sujeito que lê uma carta cujo envelope
está aberto.
z Hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- Correspondências cujos envelopes possuem a
ção coletiva, enquanto aberta, exceto se aposento expressão “este envelope pode ser aberto pela Empre-
ocupado de habitação coletiva. sa de Correios e Telégrafos”.
Aquele que abre uma carta que encontrou e estava
Para encerrarmos o assunto violação de domicílio, perdida há décadas em lugar público.
por fim, veremos os casos em que, mesmo com a vio- Alguém abre uma carta remetida ao povo, aos elei-
lação, o fato não irá constituir crime. tores em geral, aos amantes do futebol etc.
Não constituirá crime a entrada ou permanência Os pais que abrirem cartas estranhas endereçadas
em casa alheia ou em suas dependências: aos filhos menores.
Ao diretor do estabelecimento prisional é assegu-
z Durante o dia, com observância das formalidades rado o direito de acessar o conteúdo de correspon-
legais, para efetuar prisão ou outra diligência; dências suspeitas remetidas aos presos (Art. 41, XV e
z A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum parágrafo único, da Lei de Execução Penal).
crime está sendo ali praticado ou na iminência de Quando um dos cônjuges abre correspondências
o ser. encaminhadas ao outro cônjuge, não há crime, em
face do exercício regular de direito.
Em concurso de crimes. A caracterização do deli- Devassar significa tomar conhecimento de algo
to reclama tenha o agente, como finalidade própria, o proibido. O sigilo da correspondência é inviolável, por
ingresso ou permanência em casa alheia, e nada mais expressa disposição constitucional (art. 5º, XII).
do que isso. A devassa pode ser efetuada por qualquer meio,
Quando assim atua como meio de execução de embora seja o método mais comum, não é obrigatória
outro crime mais grave, a violação de domicílio fica a abertura da correspondência – o sujeito pode conhe-
absorvida (princípio da consunção). cer o conteúdo de uma carta apalpando o objeto que
Subsiste o crime de violação de domicílio quando está em seu interior, por exemplos, dinheiro, cartão
há dúvida acerca do verdadeiro propósito do agente bancário, objetos de valor.
e quando caracteriza desistência voluntária, pois o Assim, também pode praticar o delito o agente
agente só responde pelos atos praticados. pode inteirar-se do seu conteúdo sem abri-la.
Ação penal: pública incondicionada. Para caracterização do crime não basta ao agente
devassar o conteúdo de correspondência fechada, diri-
CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE gida a outrem. É preciso que o faça indevidamente, sem
CORRESPONDÊNCIA ter o direito de tomar conhecimento do seu conteúdo.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois se
trata de crime comum.
Violação de correspondência
Incidirá uma agravante genérica se o crime for
cometido por pessoa prevalecendo-se do cargo, ou em
Observe:
abuso da função.
É imprescindível que o sujeito pratique o fato em
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de
correspondência fechada, dirigida a outrem: decorrência do cargo ou função específica por ele
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. desempenhada, relativa ao serviço postal.
O art. 151, caput, do CP foi revogado pelo art. 40, Detalhe, para ser sujeito passivo, observamos que
DIREITO PENAL

caput, da Lei 6.538/1978, que regula os serviços há duas vítimas o remetente e o destinatário.
postais: Exclui-se o crime se qualquer um deles autorizar
Art. 40. Devassar indevidamente o conteúdo de o conhecimento do conteúdo da correspondência por
correspondência fechada dirigida a outrem: terceira pessoa. Enquanto não chega ao destinatário,
Pena – detenção, até seis meses, ou pagamento não pertence unicamente ao remetente.
excedente a vinte dias-multa. Vejamos alguns pontos importantes:

A lei penal, por objeto jurídico, tutela a liberdade z A impossibilidade de localização do destinatário
de comunicação do pensamento, concretizada pelo não afasta o crime.
sigilo da correspondência. z O falecimento do remetente não exclui o delito. 241
z Se a correspondência ainda não foi enviada, e sobre- A modalidade desse crime é o dolo, abrangente da
veio sua morte, seus herdeiros têm o direito de ilegitimidade da conduta de apossar-se de correspon-
conhecer seu conteúdo, pois ela agora lhes pertence. dência alheia, com a exigência da finalidade específi-
z Se o destinatário falece antes de receber a corres- ca de sonegá-la ou destruí-la”.
pondência, seus sucessores poderão conhecer seu É possível a tentativa.
conteúdo, que provavelmente a eles interessa. Causa de aumento da pena:

O crime de violação de correspondência é doloso, z As penas são aumentadas da metade quando há


abrange a ilegitimidade da conduta de devassar a corres- dano a outrem.
pondência alheia. Não se admite a modalidade culposa.
Se a finalidade do agente for praticar espionagem O dano pode ser econômico ou moral, e o prejudi-
contrária à Segurança Nacional, serão aplicáveis os cado pode ser o remetente, o destinatário ou mesmo
arts. 13, caput, e 14, da Lei nº 7.170/1983, conforme um terceiro.
o caso. Por se tratar de crime de dupla subjetividade passi-
va, o direito de representação pode ser exercido tanto
O crime de violação de correspondência se
pelo remetente como pelo destinatário da correspon-
consuma com o conhecimento do conteúdo da
dência. Se um deles quiser representar, e o outro não,
correspondência.
prevalece a vontade daquele que deseja autorizar a
É possível a tentativa. instauração da persecução penal.
Pena e causa de aumento de pena estão, respecti-
vamente, cominadas e descritas na Lei nº 6.538/1978.
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica
A pena cominada é detenção, de até seis meses, ou ou telefônica
pagamento não excedente a vinte dias-multa
O juiz pode aplicar a pena de 1 (um) dia a 6 (seis) II - quem indevidamente divulga, transmite a
meses de detenção. outrem ou utiliza abusivamente comunicação tele-
Por sua vez, a pena de multa parte do mínimo legal, gráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou con-
de 10 (dez) dias-multa, nos termos do art. 49, caput, do versação telefônica entre outras pessoas;
CP, e vai até o máximo de 20 (vinte) dias-multa. III - quem impede a comunicação ou a conversação
As penas são aumentadas da metade quando há referidas no número anterior;
dano a outrem. Esse dano pode ser econômico ou IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho
moral, e o prejudicado pode ser o remetente, o desti- radioelétrico, sem observância de disposição legal.
natário ou mesmo um terceiro.
A ação penal é pública condicionada à representação. A primeira parte do art. 151, § 1º, II, do CP está em
Tratando-se de crime de dupla subjetividade passiva vigor unicamente nas hipóteses em que a violação é
(remetente e destinatário), o direito de representação efetuada por pessoas comuns.
pode ser exercido tanto pelo remetente como pelo des- Aplica-se o art. 56, § 1º, da Lei nº 4.117/1962, Códi-
tinatário da correspondência. Se um deles quiser repre- go Brasileiro de Telecomunicações, nas hipóteses em
sentar, e o outro não, prevalece a vontade daquele que que a violação é praticada por funcionário do governo
deseja autorizar a instauração da persecução penal. encarregado da transmissão da mensagem.
A parte final do art. 151, § 1º, II, do CP foi derroga-
Sonegação ou destruição de correspondência da pela Lei nº 9.296/1996, que regulamenta o art. 5º,
XII, parte final, da CF/88.
Observe: A Lei nº 9.296/1996, Interceptação Telefônica,
criou um tipo penal específico para a violação do sigi-
lo telefônico no art. 10, dispondo que constitui crime
§ 1º - Na mesma pena incorre:
realizar interceptação de comunicações telefônicas,
I - quem se apossa indevidamente de correspondên-
de informática ou telemática, ou quebrar segredo da
cia alheia, embora não fechada e, no todo ou em
Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não
parte, a sonega ou destrói;
autorizados em lei.
O dispositivo continua aplicável ao terceiro que
O art. 151, § 1º, inciso I, do Código Penal foi revoga- não interveio na interceptação telefônica criminosa,
do pelo art. 40, § 1º, da Lei nº 6.538/1978. mas divulgou-a a outras pessoas.
É preciso seja a correspondência endereçada a Esse inciso II tem como núcleo divulgar, transmitir
destinatário específico. e utilizar, tipo misto alternativo. A prática de mais de
O crime previsto no art. 40, § 1º, da Lei 6.538/1978 é uma conduta visando igual objeto material caracteri-
crime autônomo em relação ao caput. As penas alter- za crime único.
nativas cominadas em abstrato são as mesmas do deli- Divulgar é tornar algo público, dando conheci-
to de violação de correspondência, mas o legislador mento do seu conteúdo a outras pessoas.
utilizou outro núcleo e inseriu novas elementares. Transmitir significa enviar de um local para outro.
O objeto jurídico é a inviolabilidade da correspon- Utilizar é fazer uso de algo.
dência, no sentido de ser preservada pelo seu titular
até quando reputar conveniente.
Tem como objetivo material a correspondência
alheia, mas agora retirada da esfera de disponibilida-
Importante!
de do seu titular. Na hipótese de um terceiro concorrer de qual-
Pode, no entanto, estar aberta ou fechada, uma vez quer modo para a interceptação telefônica ilegal,
que a conduta consiste em apossar-se da correspondên- será partícipe do crime definido pelo art. 10 da
cia para sonegá-la ou destruí-la, indevidamente, e não
Lei 9.296/1996. Se tiver ciência de uma gravação
para tomar conhecimento ilegítimo do seu conteúdo.
A conduta consiste em se apossar de correspon- oriunda de violação telefônica indevida, e divul-
dência alheia, ainda que aberta, para sonegá-la ou gá-la, a ele será imputado o crime definido pelo
242 destruí-la, no todo ou em parte. art. 151, § 1º, I, do CP.
A modalidade do crime prevista no art. 151, § 3º, O objeto jurídico desse crime é a inviolabilidade
III, do CP, está em vigor de correspondência. A lei penal tutela a liberdade de
A figura do inciso III, é impedir, obstruir a comu- comunicação do pensamento transmitida por meio de
nicação ou conversação telegráfica, radioelétrica correspondência comercial.
ou telefônica. Pune-se o indivíduo que, sem amparo É o objeto material é a correspondência comercial
legal, não deixa ser realizada a comunicação ou con- que suporta a conduta criminosa. No conceito de cor-
versação alheia. respondência comercial se encaixa toda e qualquer
O art. 151, § 1º, IV, do CP foi substituído pelo carta, bilhete ou telegrama inerente à atividade mer-
art. 70 da Lei nº 4.117/1962, Código Brasileiro de cantil. Deve relacionar-se às atividades exercidas pelo
Telecomunicações. estabelecimento comercial ou industrial.
A finalidade da lei é vedar a uma pessoa, sem auto- O núcleo do tipo é abusar, que significa utilizar de
rização legal, a instalação ou utilização de aparelho forma excessiva ou inadequada.
clandestino de telecomunicações. Os sócios ou empregados, no exercício de suas
Nesse crime, tem por objeto jurídico o sigilo da atividades, geralmente têm acesso a informações
comunicação transmitida pelo telégrafo, pelo rádio e contidas em correspondências endereçadas ao esta-
pelo telefone. belecimento comercial ou industrial.
O objeto material é a comunicação telegráfica ou A conduta de abusar se concretiza mediante o ato
radioelétrica dirigida a terceiro, ou a conversação de, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair
telefônica entre pessoas indevidamente divulgada, ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho
transmitida a outrem ou utilizada abusivamente. seu conteúdo. Pode ser exteriorizada por ação, por
O crime é de modalidade dolosa. Quanto à utiliza- exemplo, abrir uma carta, ou por omissão, por exem-
ção de comunicação telegráfica ou radioelétrica exi- plo, deixar uma correspondência ser destruída pela
ge-se que o sujeito cometa o fato abusivamente, isto é, chuva.
com a consciência de abusar quanto ao uso indevido Desviar é afastar a correspondência do seu real
da mensagem. destino.
Sobre a consumação, observa-se que no tipo pre- Sonegar é esconder, no sentido de obstar a chegada
visto no inciso II, ocorre com a divulgação, transmis- da correspondência ao correto estabelecimento
são ou utilização abusiva. A divulgação necessita do comercial ou industrial.
conhecimento do conteúdo da comunicação por um Subtrair é apoderar-se da correspondência comer-
número indeterminado de pessoas. cial, retirando do seu devido lugar ou impedindo seu
A ação penal na hipótese do inciso I é pública envio ao destino original. Suprimir é destruir para
incondicionada. Nas hipóteses dos incisos II e III, é que a correspondência não seja entregue em seu des-
pública condicionada à representação. Já para o pre- tino, ou para que seja retirada do estabelecimento
comercial ou industrial para o qual foi encaminhada.
visto no inciso IV, é pública incondicionada.
Revelar é permitir o acesso ao conteúdo da correspon-
As penas aumentam-se de metade, se há dano para
dência do estabelecimento comercial ou industrial a
outrem.
quem seja alheio aos seus quadros ou não tenha o
As penas, em todas as hipóteses, aumentam-se de
direito de conhecer o que nela se contém.
metade, se há dano para outrem.
Sobre o sujeito ativo, somente pode ser o sócio ou
Esse dano pode ser econômico ou moral, e perti-
empregado do estabelecimento comercial ou indus-
nente a qualquer pessoa.
trial, por ser crime próprio.
Já o sujeito passivo é o estabelecimento comercial
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de
ou industrial titular da correspondência violada.
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico
Esse crime é praticado na modalidade dolosa. Exi-
ou telefônico:
Pena - detenção, de um a três anos. ge-se também um especial fim de agir, representa-
do pela intenção de abusar da condição de sócio ou
empregado. É necessário tenha o agente, ao tempo da
Aplicável às hipóteses não revogadas pela Lei nº
conduta, a consciência de que abusa da sua peculiar
4.117/1962, Código Brasileiro de Telecomunicações, e
condição em relação à vítima.
pela Lei nº 6.538/1978, Serviços Postais.
Não se admite a modalidade culposa.
A incidência da figura qualificada só será cabível
O crime é formal, de consumação antecipada ou
quando o sujeito ativo desempenhar alguma função
de resultado cortado. Consuma-se quando o agente
em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefô-
desvia, sonega, subtrai ou suprime a correspondên-
nico, e dela abusar.
cia comercial, ou então quando revela a terceiro seu
Exige-se a relação de causalidade entre a função
conteúdo.
exercida abusivamente pelo agente e o delito praticado.
É possível a tentativa.
Quanto à qualificadora, a ação penal é pública
A ação penal é pública condicionada à representação.
incondicionada.
DIREITO PENAL

CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS


Correspondência comercial SEGREDOS
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empre-
Observamos que o art. 5º, X, da CF/88 é responsá-
gado de estabelecimento comercial ou industrial
vel por assegurar a inviolabilidade de dois direitos
para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, sub-
fundamentais do ser humano: honra e vida privada.
trair ou suprimir correspondência, ou revelar a
estranho seu conteúdo: Reserva-se a toda pessoa o direito de manter segre-
Pena - detenção, de três meses a dois anos. do acerca de fatos afetos à sua vida privada. Nessa
Parágrafo único - Somente se procede mediante seara, a norma constitucional resguarda os segredos
representação. pessoais. 243
De fato, um segredo inerente a alguém, quando z Comunicação à autoridade policial, ao Ministério
divulgado ou revelado sem justa causa, tem o condão Público ou ao Poder Judiciário de infração penal;
de acarretar sérios danos às pessoas em geral. z Consentimento do interessado; para servir de pro-
Vejamos, o Código Penal, nos arts. 153 e 154, res- va da existência de uma infração penal ou de sua
guardar o conhecimento público segredos cuja reve- autoria;
lação possa produzir danos a uma pessoa. z Dever de testemunhar em juízo; e
Não ingressa na proteção penal, consequentemen- z Defesa de interesse legítimo.
te, a punição pela revelação ou divulgação de fatos
secretos incapazes de proporcionar consequências Também não há crime quando alguém entre-
jurídicas ao seu titular. ga à autoridade policial, ao Ministério Público ou
Secreto é o fato da vida privada que se tem interes- à autoridade judiciária uma missiva recebida de
se em ocultar. outrem, contendo a confissão de um delito pelo ver-
Pressupõe dois elementos: dadeiro autor.
Por se tratar de crime próprio, observa-se que
z Negativo – ausência de notoriedade; o sujeito ativo somente pode ser o destinatário ou
z Positivo – vontade determinante de sua custódia detentor do documento particular ou correspondên-
ou preservação. cia de conteúdo confidencial.
Sujeito passivo é aquele a quem a divulgação do
segredo possa produzir dano, remetente, destinatário
Crimes contra a inviolabilidade de correspon-
ou qualquer outra pessoa.
dência: o legislador busca coibir o conhecimento Esse crime é praticado na modalidade dolosa.
do conteúdo de uma missiva sem autorização para Não se admite a forma culposa.
tanto, tutela-se unicamente a inviolabilidade de Consuma-se no instante em que o segredo é divul-
correspondência. gado para um número indeterminado de pessoas.
Crimes contra a inviolabilidade dos segredos pro- É possível a tentativa.
tege-se um segredo nela contido, capaz de ser divulga-
do ou revelado, causar danos a outrem. Além disso, o § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigi-
bem jurídico resguardado pela lei penal é a inviolabi- losas ou reservadas, assim definidas em lei, conti-
lidade dos segredos. das ou não nos sistemas de informações ou banco
de dados da Administração Pública:
Divulgação de segredo Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Art. 153 Divulgar alguém, sem justa causa, conteú-
do de documento particular ou de correspondência A qualificadora, denominada de divulgação de
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e sigilo funcional de sistemas de informações, foi insti-
cuja divulgação possa produzir dano a outrem: tuída pela Lei Nº 9.983/2000, com o fim de tutelar as
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de informações sigilosas ou reservadas de interesse da
trezentos mil réis a dois contos de réis. Administração Pública, notadamente as relativas à
§ 1º Somente se procede mediante representação. Previdência Social.
É necessário que a informação sigilosa ou
O objeto jurídico é a inviolabilidade da intimidade reservada tenha conteúdo material.
ou da vida privada. Veda-se a divulgação de segredos Logo, não há crime quando se tratar de informação
cujo conhecimento por terceiros pode trazer prejuízos meramente verbal, ainda que sigilosa ou reservada.
ao seu titular.
O objeto material é o conteúdo secreto de docu- Informações são os dados sobre alguém ou algo.
mento particular ou de correspondência confidencial. Sigilosa é a informação confidencial, secreta.
Vajamos que o núcleo do tipo é divulgar, vulgari- Reservada é a informação merecedora de cuida-
zar, tornar público ou conhecido um fato ou informa- dos especiais relativamente às pessoas que dela pos-
ção. Não basta a comunicação a uma só pessoa ou a sam ter ciência.
um número reduzido e limitado, exige-se propagação, Trata-se de crime comum: pode ser praticado por
difusão, possibilitando o conhecimento do fato a um qualquer pessoa.
número indeterminado de pessoas. Se o sujeito ativo for funcionário público, a ele será
A conduta de divulgar pode ser praticada por imputado o crime de violação de sigilo funcional, con-
variados meios, crime de forma livre. Veda-se que forme art. 325, do CP.
uma pessoa, destinatária de um documento particular O sujeito passivo é o Estado.
Nada impede a existência de um particular como
ou de uma correspondência confidencial, possa divul-
sujeito passivo, desde que possa ser prejudicado pela
gá-la a terceiros, provocando danos a alguém.
divulgação das informações sigilosas ou reservadas.
Esse tipo penal não se aplica ao documento públi-
co, por ausência de previsão legal. A revelação do seu
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração
conteúdo pode, contudo, caracterizar o crime de vio-
Pública, a ação penal será incondicionada.
lação de sigilo funcional, previsto no art. 325, do CP.
O elemento do tipo está contido na expressão sem
No caput, a ação penal é pública condicionada à
justa causa. Não é qualquer divulgação de conteúdo de representação.
documento particular ou de correspondência confiden- Não se aplica a regra prevista no art. 153, § 2º, do
cial que caracteriza o delito de divulgação de segredo – a CP, pois o tipo fundamental fala somente em dano a
divulgação deve ser realizada sem justa causa. outrem, excluindo, portanto, a eficácia penal da con-
A justa causa conduz à exclusão da tipicidade duta criminosa em relação à Administração Pública.
do fato. Há justa causa, entre outras, nas seguintes Na figura qualificada, em regra, é pública condicio-
244 hipóteses: nada à representação.
Nesse caso, somente o particular é ofendido pela Os dispositivos informáticos dividem-se basica-
conduta criminosa. No entanto, se do fato resultar mente em quatro grupos:
prejuízo para a Administração Pública, a ação penal
será pública incondicionada. z Dispositivos de processamento: são responsá-
veis pela análise de dados, com o fornecimento
Violação do segredo profissional de informações, visando a compreensão de uma
informação do dispositivo de entrada para envio
De acordo com: aos dispositivos de saída ou de armazenamen-
to. Exemplos: placas de vídeo e processadores de
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segre-
computadores e smartphones;
do, de que tem ciência em razão de função, minis-
z Dispositivos de entrada: relacionam-se à capta-
tério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa
produzir dano a outrem: ção de dados escritos, orais ou visuais (exemplos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa teclados, microfones e webcam);
de um conto a dez contos de réis. z Dispositivos de saída: fornecem uma interface des-
Parágrafo único - Somente se procede mediante tinada ao conhecimento ou captação, para outros
representação. dispositivos, da informação escrita, oral ou visual
produzida no processamento (exemplos: impres-
O objeto jurídico é a inviolabilidade da intimidade soras e monitores); e
e da vida privada das pessoas, relativamente ao segre- z Dispositivos de armazenamento: dizem respeito
do profissional. O dever de guardá-lo, contudo, não é à guarda de dados ou informações para posterior
absoluto. análise (exemplos: pendrives, HDs – hard disks e
Já o objeto material é o assunto transmitido ao pro- CDs – discos compactos). Só há crime quando a
fissional em caráter sigiloso. conduta recai em dispositivo informático alheio.
O núcleo do tipo é revelar, no sentido de delatar ou
denunciar.
O crime é de forma livre, comportando qualquer O fato será atípico quando o sujeito devassa um
meio de execução. dispositivo próprio, ainda que não esteja sob sua pos-
Por ser crime próprio, somente pode ser cometido se. É irrelevante se o dispositivo informático alheio se
por quem teve conhecimento do segredo em razão de encontra ou não conectado à rede de computadores.
sua função, ministério, ofício ou profissão. Não se exige sua interligação com outro dispositivo
Qualquer pessoa suscetível de ser, sujeito passivo, informático, possibilitando o compartilhamento de
prejudicada pela revelação do segredo, seja seu titular dados ou informações. O núcleo do tipo é invadir, no
ou até mesmo um terceiro. sentido de devassar dispositivo informático alheio,
Esse crime é praticado na modalidade dolosa, conectado ou não à rede de computadores.
abrangente da ciência da ilegitimidade da conduta Por se tratar de crime comum ou geral, o sujeito
e da possibilidade de causar dano a outrem. Não se ativo pode ser cometido por qualquer pessoa. Embora
admite a modalidade culposa, e não se exige nenhu-
esta condição não seja exigida pelo tipo penal, nor-
ma finalidade específica.
malmente o crime é praticado por sujeitos dotados de
Consuma-se no instante em que o confidente
necessário revela a terceira pessoa o segredo de que especiais conhecimentos de informática, conhecidos
tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou como crackers.
profissão. Basta seja contado o conteúdo do segredo O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, física
a uma única pessoa, desde que esta conduta possa ou jurídica.
causar dano a alguém, patrimonial ou moral. Prescin- Esse crime é praticado na modalidade dolosa,
de-se da produção do resultado naturalístico. O cri- acrescido de um especial fim de agir representado
me é formal, de resultado cortado ou de consumação pela expressão e com o fim de obter, adulterar ou des-
antecipada. truir dados ou informações sem autorização expressa
É admissível a tentativa na revelação do segredo ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnera-
por escrito, tal como na carta que se extravia (delito bilidades para obter vantagem ilícita.
plurissubsistente). Consuma-se com o simples ato de invadir dispo-
É pública condicionada à representação, a teor do
sitivo informático alheio, conectado ou não à rede
art. 154, parágrafo único, do CP.
de computadores, mediante violação indevida de
mecanismo de segurança, com a finalidade de obter,
Invasão de dispositivo informático
adulterar ou destruir dados ou informações sem auto-
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, rização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou
conectado ou não à rede de computadores, median- instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita,
te violação indevida de mecanismo de segurança e pouco importando se este objetivo vem a ser efetiva-
com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou mente alcançado.
DIREITO PENAL

informações sem autorização expressa ou tácita do É possível a tentativa, em face do caráter pluris-
titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades subsistente do delito, permitindo o fracionamento do
para obter vantagem ilícita: iter criminis.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa
O objeto jurídico é a liberdade individual, especi- de computador com o intuito de permitir a prática
ficamente no tocante à inviolabilidade dos segredos. da conduta definida no caput.
E o objeto material é o dispositivo informático alheio, § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se
conectado ou não à rede de computadores. da invasão resulta prejuízo econômico. 245
Cuida-se de causa de aumento da pena, a ser uti- Isso é justificado pela disponibilidade do interesse
lizada na terceira e última fase da aplicação da pena atacado pelo delito, vinculado precipuamente à esfera
privativa de liberdade. de intimidade da vítima.
Diversos fatores podem proporcionar o prejuízo Reserva-se ao ofendido ou ao seu representante
econômico: divulgação de informações capazes de a oportunidade (ou conveniência) para autorizar ou
macular a honra da vítima, tempo de trabalho neces- não o início da persecução penal.
sário para a reprodução dos dados ou informações Excepcionalmente, a ação penal será pública
incondicionada, nas hipóteses em que o delito envol-
destruídos ou adulterados, valores gastos para livrar
ver a Administração Pública, pois nesses casos há
o dispositivo informático de vírus etc.
ofensa a valores de natureza indisponível.
Em qualquer dos casos, a elevação da pena será
obrigatória. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteú- Furto
do de comunicações eletrônicas privadas, segredos
comerciais ou industriais, informações sigilosas,
O primeiro crime contra o patrimônio é o furto.
assim definidas em lei, ou o controle remoto não
Em síntese, o crime de furto é definido por ser a sub-
autorizado do dispositivo invadido: tração de coisa alheia móvel para si ou para outrem.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e Há o furto (art. 155, do CP) e o furto de coisa comum
multa, se a conduta não constitui crime mais grave. (art. 156).
Sobre o bem jurídico, não há consenso na doutri-
A pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa, na, vejamos:
se a conduta não constitui crime mais grave.
Evidentemente, não há crime se existia permissão z Somente a propriedade (Hungria);
para tanto, como ocorre nos computadores instalados z A propriedade e a posse (Nucci; Greco; Masson);
em escolas infantis, pelos quais os pais acompanham z A propriedade, a posse e a detenção (Mirabete;
à distância as atividades desenvolvidas pelos seus Delmanto; Bitencourt).
filhos.
Subtrair significa retirar a coisa da posse da vítima,
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a passando ao poder do agente. Pode ocorrer por apo-
doi s terços se houver divulgação, comercialização deramento direto, quando o agente apreende a coisa
ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos manualmente, ou por apoderamento indireto, na hipó-
dados ou informações obtidos. tese de o agente utilizar-se de terceiros ou de animal.

Aplica-se unicamente à modalidade qualificada z Coisa: refere-se a tudo aquilo que possui existên-
prevista no § 3º do art. 154-A. Nesse caso, o exauri- cia de natureza corpórea.
mento justifica a maior severidade no tratamento z Coisa alheia: significa pertencente a outrem.
penal. A divulgação, comercialização ou transmissão
A coisa sem dono não é objeto de furto.
a terceiro, embora normalmente envolva alguma
Não configura o crime de furto (art. 155, do CP) a
contraprestação, pode ser gratuita, pois o legislador
subtração de coisa própria, mesmo que em poder de
empregou a expressão “a qualquer título”. terceiro, embora possa caracterizar o delito descrito
no art. 346, do CP, ou o crime de furto de coisa comum
Aumenta-se a pena de um terço à metade se o cri- (art. 156, do CP).
me for praticado contra: Não há furto de coisa abandonada, pois não inte-
gra o patrimônio de ninguém.
z Presidente da República, governadores e prefeitos; Se houver o apoderamento de coisa perdida, pode
z Presidente do Supremo Tribunal Federal; configurar o crime do art. 169, parágrafo único, II, do CP.
z Presidente da Câmara dos Deputados, do Sena- Sobre o valor afetivo, para alguns autores (como
do Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, Damásio e Rogério Greco), coisa de valor afetivo ou
da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de sentimental também pode ser objeto material de fur-
Câmara Municipal; ou to. Segundo Hungria, “a coisa subtraída deve represen-
z Dirigente máximo da administração direta e indi- tar para o dono, se não um valor reduzível a dinheiro,
pelo menos uma utilidade (valor de uso), seja qual for,
reta federal, estadual, municipal ou do Distrito
de modo que possa ser considerada como integrante do
Federal.
seu patrimônio”.
No mesmo sentido: STF, RE 100103.
Ação penal Em sentido contrário, uma parcela da doutrina
(Nucci, por exemplo) sustenta que deve haver subtra-
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, ção de coisa com valor patrimonial.
somente se procede mediante representação, sal- Em regra, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa,
vo se o crime é cometido contra a administração exceto o proprietário.
pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes O sujeito passivo à vítima do furto: o proprietário,
da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios o possuidor ou detentor da coisa legítima.
ou contra empresas concessionárias de serviços
públicos. Furto simples

No crime de invasão de dispositivo informativo, em O art. 155, do CP, define o furto simples.
regra, a ação é pública condicionada à representação do Configura-se quando o agente subtrai, para si ou
246 ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. para outrem, coisa alheia móvel.
Para entendê-lo, dividiremos em duas partes: Portanto, vimos que não se pode restringir o patri-
mônio às coisas de valor econômico.
z Subtrair (verbo) – consiste no ato de se apossar de Além disso, o sujeito ativo do crime de furto pode
propriedade de outra pessoa, seja para si ou para ser qualquer pessoa, pois, trata-se de crime comum ou
outra pessoa, por exemplo, o agente subtrai para geral.
si uma bicicleta que estava estacionada próximo
à lanchonete; Mas, há exceção:
z Coisa alheia móvel – necessário que o objeto mate-
rial do crime de furto seja coisa móvel e que per- z Furto qualificado pelo abuso de confiança, previsto
tença a outra pessoa; caso seja coisa imóvel, ou que no art. 155, § 4º, II, por ser crime próprio, o agente
pertença ao próprio autor, não configurará furto, é aquela pessoa que a vítima confia, por exemplo,
por exemplo, o agente que, aproveitando da distra- o furto praticado por um empregado;
ção da vítima, subtraia o aparelho celular. z Quanto ao proprietário, caso subtraia a própria coisa
que se encontra em poder de terceiro, não responde-
Não há emprego de violência nem grave ameaça rá por furto, mas sim pelo crime de exercício arbi-
trário das próprias razões (arts. 345 ou 346, do CP,
à pessoa, distinguindo-se, nesse aspecto, do delito de
conforme a pretensão seja legítima ou ilegítima);
roubo.
z Quando a coisa pertencer a mais de uma pessoa,
o condômino que a subtrair responderá pelo deli-
O furto tem as seguintes características: to de furto de coisa comum (art. 156, do CP), por
exemplo, um dos condôminos furta cadeiras da
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- área de uso comum do condomínio;
quer pessoa, por exemplo, o agente subtrai o apa- z O funcionário público, que subtrai bem público,
relho celular; responderá por peculato-furto (§1º do art. 312, do
z É crime material, que exige a ocorrência do resul- CP), desde que a função pública tenha facilitado a
tado naturalístico para fins de consumação, ou subtração, pois, se em nada facilitou, o delito será
seja, o crime só ocorre quando o sujeito ativo sub- de furto (art. 155 do CP);
trai a coisa móvel, por exemplo, quando o agente
subtrai a bicicleta; 1. funcionário público que subtrai bem particular
z O furto só se pratica dolosamente; que se encontra sob a guarda ou custódia da Admi-
z Não admite a modalidade culposa; nistração Pública, desde que a função tenha facili-
z É crime plurissubsistente, ou seja, a conduta do tado a subtração, responderá por peculato-furto.
agente para praticar o furto é fracionada em Por exemplo: policial rodoviário que subtrai veícu-
diversos atos que somados consumam o delito, lo que estava apreendido no pátio do posto de fisca-
portanto, admite a tentativa quando o agente, por lização da Polícia Rodoviária.
motivos alheios a sua vontade pratica alguns atos 2. funcionário público que subtrai bem particular
e não ocorre a consumação do delito. Por exemplo, que não estava sob a guarda ou custódia da Admi-
o agente com animus de furtar objetos eletrôni- nistração Pública ou estava, mas a função em nada
cos de uma casa, pula o muro para ingressar no facilitou a subtração, responderá por furto. Por
interior da residência, mas o proprietário da casa exemplo: policial rodoviário que subtrai um bem
acorda e acende a luz, momento em que o agente que se encontrava no porta-malas de um veículo
deixa de praticar os demais atos. que ele foi vistoriar, mas que não estava apreendi-
do, cometerá o crime de furto.
A lei tutela a propriedade e a posse. A simples
detenção não configura o crime de furto. O sujeito passivo é o titular do bem jurídico lesado
Sobre a consumação deste crime, é importan- ou exposto a perigo de lesão.
te conhecer o posicionamento adotado pelas cortes O titular do bem jurídico, apesar de divergências
superiores (STF e STJ). na doutrina, prevalece que é proprietário e possuidor.
Os tribunais superiores adotam a teoria da O detentor é arrolado no processo como testemu-
apprehensio, também chamada de amotio, que consi- nha, e não como vítima.
dera consumado o crime de furto (e isso vale para o
crime de roubo) quando o agente se apossa da coisa Vejamos os pontos mais questionados sobre o
alheia móvel, mesmo que por um breve período de crime de furto:
tempo, não sendo necessário que a coisa saia da área
de vigilância da vítima. z Coisas ilícitas: podem ser objeto de furto, por exem-
Um questionamento oportuno, trata-se de verifi- plo, responde por furto quem subtrai mercadoria
car se o bem subtraído deve ter valor econômico, ou contrabandeada e, neste caso, a vítima responderá
seja, se o objeto material pode ser negociável. pelo crime de contrabando. Por outro lado, as coi-
sas ilícitas não podem ser objeto de furto se cons-
Vejamos os bens que integram o patrimônio: tituírem elemento de outro crime, por exemplo,
DIREITO PENAL

a subtração de droga é crime do art. 33 da Lei nº


z Os bens corpóreos, com existência material, por 11.343/2006; a subtração de arma de fogo é crime
exemplo, um veículo, e incorpóreos, com existên- do art.16 da Lei nº 10.826/2003.
cia abstrata, por exemplo, um direito autoral, de z Algumas partes naturais do corpo humano: podem
valor econômico; ser objeto de furto se passíveis de figurarem numa
z Os bens de valor afetivo ou sentimental, por exem- relação jurídica, por exemplo, subtração do cabe-
plo, cartas e fotografia; lo com o fim de obter lucro. Portanto, a subtração
z Os bens úteis à pessoa, embora destituídos de valor de um rim ou outro órgão vital não é furto, e sim
econômico ou sentimental, por exemplo, folha de lesão corporal grave, ou homicídio consumado ou
cheque em branco e cartão de crédito. tentado. 247
z Cadáver: não pode ser objeto de furto, pois cons- Romper é abrir brecha, arrombar, arrebentar, ser-
titui delito do art. 211, do CP, destruição, subtra- rar, forçar, rasgar etc. Por exemplo, o agente abre a
ção ou ocultação de cadáver. Porém, se o cadáver porta da casa com um pé de cabra para entrar e sub-
tem valor econômico, por exemplo, pertencente a trair uma televisão.
Faculdade de Medicina, haverá furto. Se o furto de Nos dois casos, o delito deixa vestígios, sendo
algum objeto que foi sepultado junto ao cadáver, imprescindível o exame de corpo delito.
por exemplo, arcada dentária de ouro, o crime Em ambos há uma danificação, que é total no ver-
será furto, e a vítima será o herdeiro do de cujos. bo “destruir”, sendo parcial no verbo “romper”.
z Energia elétrica, discutia-se se constituía ou não coi- O delito de dano é absorvido pelo furto qualificado,
sa móvel. O legislador penal tipificou o furto de ener- por força do princípio da subsidiariedade implícita.
gia elétrica no art. 155, § 3º, do CP, equiparando-se A destruição e o rompimento devem ser praticados
a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra contra obstáculo, e não sobre a própria coisa furtada, por
que tenha valor econômico, por exemplo, energia exemplo, o agente rompe a porta do veículo para subtraí-lo.
radioativa, energia cinética, energia atômica, ener- Obstáculo é aquilo que protege a coisa para difi-
gia genética etc. Porém, a energia deve ser suscetível cultar a sua subtração, por exemplo, matar o cão de
de apossamento, ou seja, que possa ser separada da guarda da residência, destruir as telhas para adentrar
coisa que a produz. Assim, não caracteriza furto o na residência, ou mesmo, cortar os fios do alarme do
apossamento da energia física do animal. automóvel ou da cerca eletrificada.
z Instalação clandestina de TV a cabo, há duas A mera remoção de obstáculo, quando destituída
correntes: da danificação, não qualifica o furto, por exemplo,
desparafusar o farol do automóvel e desatar o nó da
„ Primeira: trata-se de fato atípico, pois não há corda que prende a canoa.
propriamente a subtração de energia e, sim,
o aproveitamento de um serviço. A energia se Com abuso de confiança, ou mediante fraude,
consome ou se reduz com o uso e isto não ocor- escalada ou destreza
re com a TV a cabo, cuja utilização não gera
qualquer custo adicional para a operadora. É No abuso de confiança, o agente se vale da confian-
um mero ilícito civil. Observe que o art. 35 da ça que o dono da coisa tem nele, para poder subtrair,
Lei nº 8.977/1995 dispõe que é “ilícito penal a como, por exemplo, quando o agente é amigo do dono
interceptação ou a recepção não autorizada da casa, que deixa sua carteira sobre a mesa e vai ao
dos sinais de TV a Cabo”, entretanto, não lhe banheiro despreocupado. Momento em que o agente,
cominou qualquer pena, sendo vedada a sua aproveitando desta confiança, subtrai a carteira.
imposição pela via da analogia. O uso de fraude fica configurado quando o agente
„ Segunda: dominante no STJ, considera que há usa de artificio para enganar a vítima, para subtrair a
crime de furto. Argumenta-se que o sinal de coisa, a exemplo do agente que se passa por funcioná-
televisão se propaga por meio de ondas, o que rio de empresa de telefonia para conseguir entrar numa
na definição técnica se enquadra como energia casa e subtrair um aparelho celular que nela estava.
radiante, que é uma forma de energia associa-
da à radiação eletromagnética.
Dica
Furto qualificado Você não pode confundir o furto mediante frau-
de com o estelionato.
O furto qualificado é aquele que as suas penas No furto mediante fraude, o agente usa a fraude
são modificadas nos patamares mínimos e máximo, sobre a vítima para subtrair a coisa.
aumentando consideravelmente. No estelionato, o agente emprega a fraude para
Trata-se de qualificado por ter pena própria e não ludibriar a vítima e fazer com que ela mesma
mera causa de aumento de pena. Podemos exempli- entregue a coisa.
ficar o caso de o agente furtar objetos eletrônicos de
uma casa utilizado chave falsa para abrir o portão e a No furto qualificado pela escalada, segundo o STJ, a
porta da casa. entrada em um local se dá por um meio anormal, que
exige do agente esforço físico incomum. Para a dou-
O furto será qualificado nas seguintes hipóteses: trina majoritária, não é relevante se ocorre por cima
ou por baixo, desde que o agente não pratique nenhu-
A reclusão será de 2 (dois) a 8 (oito) anos, se ma forma de destruição ou rompimento de obstáculo,
cometido: quando aplicaremos outra qualificadora ao fato.
No furto qualificado pela destreza, o agente faz uso
z Com destruição ou rompimento de obstáculo à de alguma habilidade especial. Segundo a doutrina, o
subtração da coisa. exemplo clássico é o batedor de carteira.
z Com abuso de confiança, ou mediante fraude, Não há a qualificadora quando a vítima percebe a
escalada ou destreza. subtração. Em tal situação, o agente responde por ten-
z Com emprego de chave falsa. tativa de furto simples, ou furto simples consumado,
z Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. caso consiga arrebatar o objeto.

Com destruição ou rompimento de obstáculo à Com emprego de chave falsa


subtração da coisa
No emprego de chave falsa, para subtrair a coisa, o
Destruir é desfazer, demolir, por exemplo, o agen- agente faz uso de chave distinta da chave original ou obje-
te destrói algo para subtrair a coisa, a exemplo daque- to capaz de abrir um cadeado ou fechadura, por exemplo,
le que arromba o portão de uma casa, para entrar e gazuas, pedaço de arame, micha, clips e etc. Anote-se que
248 subtrair uma televisão. a chave falsa pode ou não ter formato de chave.
A jurisprudência não é unânime no caso de se a Sobre o artefato explosivo, trata-se de qualquer
ligação direta do veículo caracteriza ou não chave objeto confeccionado por trabalho mecânico ou à
falsa. mão, por exemplo, as denominadas bombas caseiras.
A abertura com a chave verdadeira, obtida ilicita- Para a incidência da qualificadora, seja um explo-
mente pelo agente, não caracteriza chave. sivo ou artefato que causa perigo comum, ou seja, que
A cópia da chave verdadeira, quando obtida lici- coloque em risco um número indeterminado de pes-
tamente, não é chave falsa. Se, no entanto, for tirada soas ou de patrimônios.
O agente que se utiliza de um explosivo com poten-
clandestinamente, incide a qualificadora do crime de
cial para causar perigo comum que, entretanto, mes-
furto. mo diante da explosão, não se concretiza, responderá,
em caso de destruição ou rompimento de obstáculo,
Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas pelo furto qualificado do art. 155, § 4º, I, do CP e não
pela qualificadora em análise, prevista no § 4º-A.
O reconhecimento da qualificadora depende de O explosivo geralmente é utilizado em furtos de cai-
pelo menos duas pessoas. xas eletrônicos de bancos, sendo que, diante do advento
Computam-se os inimputáveis (menores e doentes desta nova qualificadora, encerra-se o antigo debate tra-
mentais) e os desconhecidos. vado acerca da adequação típica, que dividia as opiniões
Detalhe, se o comparsa é menor de dezoito anos, o entre o furto qualificado pela destruição ou rompimen-
agente responderá por furto qualificado em concurso to de obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP) e a explosão com
material com o delito de corrupção de menores, pre- intuito de obter vantagem pecuniária (art. 251, § 2º, do
visto no art.244-B do ECA, desde que haja prova da CP). O enquadramento do art. 155, §4º-A, do CP, absorve
delitos de explosão e de dano, pois já funcionam como
efetiva corrupção do menor.
causa de aumento de pena, aplicando-se o princípio da
Sobre a presença no local do crime, basta a simples subsidiariedade tácita.
participação, independentemente da presença na fase
da execução. For de veículo automotor que venha a ser
A absolvição do coautor nem sempre exclui a qua- transportado para outro Estado ou para o exterior
lificadora. De fato, havendo prova da pluralidade de
agentes, a qualificadora deve ser reconhecida. A pena será de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos,
No delito de roubo, o concurso de pessoas gera se a subtração for de veículo automotor que venha a
aumento de pena de um terço até metade. No furto, ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
a pena dobra. Não basta, porém, para a incidência da qualifica-
Há doutrina que sustenta a violação do princípio dora, o furto de veículo automotor, pois ainda se exige
da proporcionalidade da pena, porque o roubo é mais o efetivo transporte para outro Estado ou exterior.
grave, de modo que o furto qualificado pelo concurso Veículo automotor, por exemplo, carros, motos,
de pessoas deveria sofrer apenas o aumento de um lanchas, aviões e etc.
terço até metade. Não é necessário que o transporte para outro Esta-
O STJ editou a Súmula 442: “É inadmissível aplicar do ou exterior seja realizado pelo próprio agente.
Basta que o agente saiba da intenção de eventual
no furto qualificado pelo concurso de agentes a majo-
receptador transportar o veículo para outro Estado ou
rante do roubo”.
exterior.
Quem realiza o transporte após a consumação do
Furto qualificado pelo emprego de explosivo furto responde pelo crime de receptação. Por conse-
quência, o agente que é contratado para realizar o trans-
O §4º-A do art. 155, do CP, foi introduzido por meio porte responde pelo furto, se o contrato for anterior à
da Lei nº 13.654/2.018, e dispõe que: “A pena é de reclu- subtração, e por receptação, se só foi contratado após a
são de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver consumação.
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause Consuma-se o transporte quando o veículo trans-
perigo comum”. põe os limites das fronteiras do Estado ou do país, com
É o único furto que é crime hediondo (art. 1º, IX, intuito de ali permanecer.
da lei 8072/90, com redação dada pela lei 13.964/2019). A mera condução do veículo para outro Estado ou
O meio utilizado, explosivo ou artefato análogo, exterior, com o intuito de retornar ao local de origem,
é insuficiente para a caracterização da qualificadora.
torna o fato mais grave, justificando-se o rigor da
Admite-se a tentativa quando o agente realiza a
reprimenda penal, em razão da provocação de perigo
subtração e é preso em flagrante, próximo à trans-
coletivo. posição da fronteira, antes de obter a posse pacífica.
Meio explosivo é o que causa estrondo, por exem- Sabemos que a jurisprudência considera o furto con-
plos, dinamite, pólvora. sumado como o simples apossamento do bem, inde-
Importante destacar que o tipo penal, ao contrário pendentemente da posse pacífica. Porém, a tentativa
do art. 251 do CP, não se refere a substância explosiva, tornou-se impossível, pois, com o início da remoção do
mas, sim, a meio explosivo. O meio explosivo utiliza- bem, o furto já se consuma nas modalidades anterio-
DIREITO PENAL

do para explodir caixas eletrônicos de agências ban- res, ainda que o agente seja preso próximo à fronteira.
cárias para subtrair o dinheiro é um típico exemplo
do art. 155, §4º A, do CP. Já o crime do art. 251, do CP, For de semovente domesticável (animais, como:
podemos trazer a hipótese de o agente que lança um bovinos, suínos, equinos) de produção, ainda que
artefato explosivo num ponto de ônibus e que expõe abatido ou dividido em partes no local de subtração
as pessoas a risco.
O meio ou artefato explosivo, a que se refere a qua- A pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
lificadora em análise, abrange qualquer explosão, seja se a subtração for de semovente domesticável (animais,
ela oriunda de substância explosiva ou não explosiva, como: bovinos, suínos, equinos) de produção, ainda que
mas o assunto certamente ensejará polêmica. abatido ou dividido em partes no local de subtração. 249
O bem jurídico primário é o patrimônio do produ- A fabricação é a produção ou confecção.
tor e, o secundário é a saúde pública. Isto porque o Montagem é a junção dos componentes.
animal poderá ser comercializado pelo criminoso sem Emprego é a utilização.
que haja fiscalização do poder público, principalmen- O tipo penal não se refere aos maquinários e outros
te sanitária. Pode-se incluir o sistema tributário na objetos que também são utilizados para fabricar, mon-
condição de patrimônio lesado. tar ou utilizar os explosivos, mas tão somente aos aces-
Na prática, dificilmente esta qualificadora será sórios que compõe a própria substância explosiva.
aplicada, pois este tipo de delito geralmente é pratica- É bom lembrar que configura crime, nos termos
do por mais de uma pessoa e, diante disso, incidirá a do art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.846/2003,
qualificadora do § 4º, IV, do art. 155, do CP, que é mais Estatuto do Desarmamento, possuir, deter, fabricar
grave. Com efeito, presentes uma das qualificadoras ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
do § 4º, exclui-se a incidência da qualificadora em autorização ou em desacordo com determinação legal
apreço, pois sua pena é mais branda, podendo funcio- ou regulamentar.
nar, nesse caso, como circunstância judicial do art. 59 Esse delito será absorvido pelo crime do § 7º do art.
do CP, servindo de parâmetro apenas para dosagem 155 do CP, pois já funciona como qualificadora.
da pena-base. Entretanto, outra corrente mais favo- A pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
rável ao réu que, com base no princípio da especiali- anos, se a subtração for de substâncias explosivas ou
dade, afasta a qualificadora do § 4º quando se tratar de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-
de semovente domesticável de produção, impondo-se, litem sua fabricação, montagem ou emprego.
nesse caso, a qualificadora específica do § 6º, conside-
rando-a novatio legis in melius. Furto majorado
O objeto material é o animal domesticável de pro-
dução, ainda que abatido ou dividido em partes no O furto será majorado quando a ele for aplicado a
local da subtração. causa de aumento de pena prevista no art. 155, § 1º,
Trata-se de um tipo penal aberto, porquanto a defi- do CP.
nição deste elemento normativo é complementada A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
pelo juiz. me de furto for praticado durante o repouso noturno.
Para a incidência da qualificadora, é necessário que Sobre o repouso noturno, considere que, segundo
o agente subtraia o animal por inteiro ou na sua essên- o STJ (jurisprudência atual), a causa de aumento de
cia. O tipo penal refere-se à subtração de semovente, pena se aplica ao furto simples e ao furto qualificado.
e não de partes dele, de modo que quando o animal já O furto majorado ocorre, por exemplo, quando o
estava abatido ou dividido em partes a incidência da agente, aproveitando-se do repouso noturno, entra
qualificadora estará condicionada à subtração do todo numa casa para furtar os eletroportáteis.
ou das partes substanciais. Numa hipótese de o agente Há discussão sobre a necessidade de a casa estar
deixar no local apenas as patas do boi e subtrai o res- habitada e os moradores repousando, para que incida
tante, persiste a qualificadora. Não teria cabimento, por o aumento de um terço.
exemplo, qualificar o delito pelo furto de uma picanha Duas teorias tratam da discussão:
extraída de um animal já abatido. Também, não incide a Teoria subjetiva: a razão de ser do aumento da
qualificadora quando o próprio agente abate o animal, pena é a maior proteção à tranquilidade dos que
subtraindo-lhe apenas uma de suas partes. repousam, bem como à incolumidade da vítima, que
Observa-se que, ao tempo da conduta, é necessário se encontra dormindo e desprotegida. Neste caso,
que o animal ainda pertença ao produtor, posto que o restringem o aumento da pena ao furto cometido em
intuito da lei foi protegê-lo. casa habitada com os moradores repousando.
A subtração, por exemplo, de um porco que se Teoria objetiva: o fundamento do aumento da
encontra no açougue não qualifica o delito. pena é a proteção do patrimônio, que, nesse perío-
Não há falar-se também no delito em estudo, quan- do, encontra-se vulnerável à subtração. A finalidade
do se subtrai o leite da vaca ou outro bem produzido da lei visa proteger primordialmente o patrimônio, e
pelo animal, porquanto o tipo penal refere-se à sub- depois a tranquilidade.
tração do semovente e não dos bens que ele produz. As duas teorias são aceitas, mas devemos com-
Nessas hipóteses, o furto será simples. preender que incide o aumento de um terço não só
em furtos de residência, mas também em bancos, joa-
A subtração for de substâncias explosivas ou lherias, casas comerciais, bem como de automóveis
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, estacionados na rua, de gado (abigeato).
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego Aplica-se a regra do repouso noturno mesmo que o
local seja área comercial ou local desabitado.
O objeto material consiste em substâncias explosi-
vas ou acessórios que possibilitem a fabricação, mon- Furto privilegiado
tagem ou emprego de substância explosiva.
O que é substância explosiva? Substância explosi- Está previsto no art. 155, § 2º, do CP. Ocorre, por
va é a que causa estrondo, dissolvendo-se com a arre- exemplo, no caso de o agente, primário, que subtraiu
bentação, por exemplos, pólvora ou dinamite. uma pequena bolsa vazia de uma loja, cujo valor é
Quanto aos acessórios, são os elementos que, em inferior ao salário mínimo.
conjunto ou isoladamente, são capazes de se transfor-
mar quimicamente numa substância explosiva, aqui São características do furto privilegiado:
podemos exemplificar o estopim, a espoleta e o cor-
del detonante. São estes acessórios que possibilitam z Réu primário;
a fabricação, montagem ou emprego da substância z Coisa furtada de pequeno valor – Segundo a juris-
250 explosiva. prudência, até 1 (um) salário mínimo.
No caso do furto privilegiado, o juiz poderá adotar O furto de coisa comum, que irá se configurar
uma das seguintes medidas: quando o agente for condômino, coerdeiro ou sócio, e
subtrair, para si ou para outrem, a quem legitimamen-
z Substituir a pena de reclusão pela de detenção; te a detém, coisa comum.
z Diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois Temos aqui um crime próprio, que somente pode-
terços); rá ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio.
z Aplicar somente a pena de multa. É crime de ação penal pública condicionada à
representação.
Segundo o STJ, é possível o reconhecer privilé- O Código Penal é expresso ao fixar que, se a coisa
gio para o furto simples ou para o furto qualificado, comum for fungível (substituível por outra da mesma
entretanto, neste caso, as qualificadoras têm que ser espécie, a exemplo do dinheiro), não será punível a
de natureza objetiva (emprego de chave falsa, por sua subtração caso o valor não exceda a quota a que
exemplo). tem direito o agente.
Suponha que Alessandro, Fabrício e Diego
Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do
sejam sócios. A sociedade é avaliada no valor de R$
privilégio previsto no § 2º do art. 155 o CP nos casos
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). As partes na
de crime de furto qualificado, se estiverem presen-
tes a primariedade do agente, o pequeno valor da sociedade são iguais.
coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. Assim, caso Alessandro subtraia R$ 50.000,00 (cin-
quenta mil), não cometerá crime, já que o valor sub-
O termo “pequeno valor da coisa” é entendido, traído não é superior à sua quota.
pela jurisprudência, que o valor não excede ao valor
do salário mínimo. É necessário o auto de avaliação. Dica
É claro que o referencial do salário mínimo não é tão
O furto de coisa comum não é tão cobrado em
rígido, admitindo-se o privilégio quando a coisa exce-
de modicamente esse valor.
provas de concursos públicos. Porém, quando
Considera-se “ordem subjetiva”, a hipótese de fur- cobrado, tentam misturar suas características
to qualificado por abuso de confiança. Deve-se identi- com as características do furto tradicional.
ficar a confiança da vítima para com o agente. E por
isso não se trata de furto privilegiado. z Furto: coisa alheia, crime comum e ação penal
A regra é que as qualificadoras do crime de fur- incondicionada.
to são objetivas, por exemplo, emprego de chave z Furto de coisa comum: coisa comum, crime próprio
falsa. Nesta regra, há compatibilidade com o furto e ação penal condicionada.
qualificado.
Outras hipóteses
Furto de uso
Não há furto na hipótese de o credor subtrair bens
Esta conduta não exige a intenção de se apoderar, do devedor para ressarcir-se, pois se trata de um cri-
para si ou para outra pessoa, da coisa alheia móvel me específico, previsto no art. 345, do CP, exercício
que foi subtraída. arbitrário das próprias razões. Vejamos: “A” deve uma
O furto de uso é fato atípico, tal instituto não se quantia em dinheiro para “B”. “B”, cansado de cobrar o
aplica ao crime de roubo. valor da dívida, subtrai a bicicleta de “A” para quitá-la.
Por exemplo, se o agente subtrai a coisa, com a O furto famélico é aquele em que o agente busca
intenção de usar e devolver depois, não cometerá o saciar a fome, não é estado de necessidade, salvo se a
crime de furto. subtração for o único meio de se alimentar. Por exemplo,
Na hipótese de o indivíduo subtrair uma bicicleta, a mãe, diante da necessidade de alimentar o filho, sub-
devolvendo-a após dar uma volta no quarteirão, não trai uma maça de uma barraca de feira para alimentá-lo.
configura crime de furto. O furto em estado de precisão, aquele em que o
agente está desempregado e subtrai alimentos, eletro-
Para o reconhecimento do furto de uso, necessita da domésticos e etc. constitui crime. Por exemplo, o pai,
presença de dois requisitos: estando desempregado e sem condições de manter o
sustento da família, subtrai alimentos e eletroportá-
z Uso momentâneo de coisa infungível, ou seja, o teis de um hipermercado para suprir o sustento do lar.
uso duradouro constitui crime de furto. Tratando-
-se de coisa fungível, como o dinheiro, nem o uso ROUBO E EXTORSÃO
momentâneo seguido da pronta restituição exclui
o delito; Roubo
z Restituição imediata e integral da coisa, nesta
hipótese, o ladrão, para beneficiar-se do furto de
DIREITO PENAL

O roubo é a subtração de, por exemplo, um reló-


uso, deve deixar a coisa no mesmo lugar de onde a gio alheio, para si ou para outrem, mediante violência
subtraiu ou nas proximidades. contra pessoa.
O roubo pode ser simples, majorado ou qualifica-
Furto de coisa comum do. Veremos sobre esses assuntos mais adiante!
O roubo é delito pluriofensivo, isto é, ofende mais
Mas, você acabou de dizer que é necessário que a de um bem jurídico.
coisa seja alheia no crime de furto! A incriminação do roubo visa a tutela do patri-
Agora estamos diante de um crime específico, o mônio, integridade fisiopsíquica, a saúde e a
furto de coisa comum. tranquilidade. 251
Na forma qualificada como latrocínio, tutela-se z Não admite a modalidade culposa;
também a vida. z É crime material, que exige a ocorrência do resul-
Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum, tado para fins de consumação;
podendo ser praticado por qualquer pessoa. z Para consumação, adota-se, assim como o furto, a
Nada obsta que um dos criminosos execute a vio- teoria da apprehensio, ou amotio.
lência para que o seu comparsa subtraia a coisa. Nesta
hipótese, ambos serão coautores de roubo. Há duas definições em que devemos ter atenção:
E, quanto ao sujeito passivo, pode ser tanto a pes- arrebatamento inopino e trombada.
soa que sofre a violência física, moral e imprópria, No arrebatamento, que é o ato de arrancar com
quanto aquela que sofre a lesão patrimonial. violência a coisa que está em poder da vítima ou no
O agente que, no mesmo contexto, aborda diversas corpo dela, temos por exemplo o ato de puxar o colar
vítimas, subtraindo bens de todas elas, por exemplo, um do pescoço da vítima.
assalto no interior do ônibus, responde por tanto roubos A doutrina se dividi. Alguns defendem a tese de
quanto forem as vítimas, em concurso formal de delitos. que a arrebatamento caracteriza violência contra coi-
No crime de roubo, a conduta do agente recai sa, constituindo o delito de furto. Por outro lado, há
sobre a pessoa e coisa alheia móvel. quem defenda que se trata de violência contra pessoa,
O objeto material é duplo: pessoa e coisa. configurando crime de roubo, teoria mais aceita.
A trombada contra a vítima tem suas divergências
O roubo, previsto no Artigo 157, do CP, é dividido em na jurisprudência.
3 (três) espécies: Há quem afirma que se trata de furto, exceto quan-
do reduzir a vítima à impossibilidade de resistência,
z Roubo próprio: antes ou durante a subtração da quando então configurará roubo.
coisa móvel, o agente emprega violência ou grave Outra parte defende que sempre se enquadrará na
ameaça; hipótese de roubo, visto que o ato tem violência física.
z Roubo impróprio: o agente subtrai a coisa móvel, Aqui, no caso de trombada, a maioria entende que
em seguida, a fim de assegurar a impunidade do cri- se trata de furto.
me ou a detenção da coisa para si ou para terceiro,
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça; Roubo majorado
z Roubo com violência imprópria: o agente subtrai
coisa móvel alheia, depois de havê-la, por qualquer O roubo majorado ocorre, por exemplo, quando o
meio, reduzido à impossibilidade de resistência. agente, sabendo que a vítima está prestando serviço
Exemplo 1: Tício, fazendo uso de arma de fogo para de transporte de valores, subtrai, mediante violência,
intimidar a vítima, anuncia um assalto e subtrai a os malotes que a vítima portava.
mochila de Mévio – temos aqui o roubo próprio. Vejamos as causas de aumento de pena aplicáveis
Exemplo 2: Tício subtrai uma garrafa de vinho ao crime de roubo.
caro em um supermercado. Ao sair, verifica que A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até
o segurança está vindo em sua direção. Neste metade:
momento, Tício, para poder fugir com a garrafa de
vinho, desfere um soco no rosto do segurança, que z Se há concurso de duas ou mais pessoas;
cai – temos aqui o roubo impróprio. z Se a vítima está em serviço de transporte de valo-
Exemplo 3: Tício conhece Mévia em uma festa. res e o agente conhece tal circunstância;
Os dois vão para a casa dela. Ele coloca sonífero z Se a subtração for de veículo automotor que venha
na bebida dela, que entra em sono profundo, em a ser transportado para outro Estado ou para o
seguida, o agente subtrai todos o dinheiro existen- exterior;
te na carteira de Mévia – temos aqui o roubo com z Se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
violência imprópria. tringindo sua liberdade;
z Se a subtração for de substâncias explosivas ou
Roubo simples de acessórios que, conjunta ou isoladamente, pos-
sibilitem sua fabricação, montagem ou emprego
Irá praticar o crime de roubo o agente que subtrair – causa de aumento de pena acrescida pela Lei
coisa móvel alheia, para si ou para outrem, median- 13.654/2018;
te grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de z Se a violência ou grave ameaça é exercida com
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilida- emprego de arma branca. Incluído pela Lei nº
de de resistência. 13.964, de 2019, Pacote Anticrimes.
Também irá praticar o crime de roubo o agente
que, logo depois de subtraída a coisa, emprega violên- Vejamos cada uma das majorantes:
cia contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar
a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
A primeira majorante, concurso de
ou para terceiro.
duas ou mais pessoas, justifica-se
pela maior organização do delito,
Vamos falar das características do crime de roubo:
aumentando a possibilidade de con-
A PRIMEIRA sumação à medida em que diminui a
z É crime comum, já que pode ser praticado por
MAJORANTE chance de defesa da vítima.
qualquer pessoa;
Os menores de 18 anos, os doentes
z É crime complexo, já que atinge mais de um bem
mentais e os desconhecidos, partici-
jurídico penalmente relevante (há mais de um cri-
pantes da conduta criminosa, também
me configurando o tipo penal do crime de roubo):
são computados.
252 furto (+) ameaça ou violência;
A segunda causa de aumento ocorre Importante!
quando a vítima está em serviço de
transporte de valores e o agente co- Em relação à causa de aumento de pena refe-
nhece tal circunstância. rente ao concurso de duas ou mais pessoas,
A SEGUNDA
Objetiva-se tutelar a segurança do entende o STJ, em se tratando de hipótese de
MAJORANTE
transporte. associação criminosa, que os agentes respon-
Valores abrange dinheiro, joias precio- dem pelo roubo com aumento de pena e pelo
sas e qualquer outro bem passível de crime de associação criminosa, em concurso
ser convertido em pecúnia.
material.
A terceira majorante consiste na
subtração de veículo automotor que
O roubo praticado com restrição da liberdade é
venha a ser transportado para outro
Estado ou Exterior. aquele que o agente mantém a vítima em seu poder,
A expressão “veículo automotor” restringindo a sua liberdade. Por exemplo, imagine
abrange, do mesmo modo que estu- que Tiago, portando uma faca, anuncie um assalto
damos no crime de furto: aeronaves, para subtrair o veículo de Diego. O autor subtrai o veí-
automóveis, motocicletas, lanchas. culo, coloca a vítima no porta-malas e o leva por 10
A TERCEIRA quilômetros, liberando-o em seguida.
Para a incidência do aumento da
MAJORANTE No exemplo acima, será aplicada a causa de
pena, é necessário que o veículo seja
efetivamente transportado para ou- aumento de pena a Tiago, já que ele restringiu a liber-
tro Estado ou Exterior. Isto porque o dade de Diego, vítima do roubo.
transporte diminui a possibilidade de A pena será aumentada de 2/3 (dois terços):
recuperação do bem, facilitando ainda
a adulteração e negociação do veícu- z Se a violência ou ameaça é exercida com emprego
lo, envolvendo, muitas vezes, terceiros de arma de fogo – causa de aumento de pena acres-
de boa-fé. cida pela Lei 13.654/2018;
z Se há destruição ou rompimento de obstáculo
A quarta majorante ocorre quando o mediante o emprego de explosivo ou de artefa-
A QUARTA agente mantém a vítima em seu poder, to análogo que cause perigo comum – causa de
MAJORANTE restringindo a sua liberdade. Viola-se a aumento de pena acrescida pela Lei 13.654/2018.
liberdade pessoal de locomoção.

A quinta majorante, se a subtração for Se a violência ou grave ameaça é exercida com


de substâncias explosivas ou de aces- emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
A QUINTA aplica-se em dobro a pena.
sórios que, conjunta ou isoladamente,
MAJORANTE Pena prevista: reclusão de quatro a dez anos, e
possibilitem sua fabricação, monta-
gem ou emprego. multa. Aplica-se a pena e multiplica por dois.
Aqui estamos diante de três majorantes do roubo
com emprego de arma de fogo.
z Substância explosiva é a que causa estrondo, dis- São elas:
solvendo-se com a arrebentação, por exemplo, pól-
vora ou dinamite.
z Quanto aos acessórios, são os elementos que, em É aquela cujo porte é passível
conjunto ou isoladamente, são capazes de se trans- de obtenção. Nesse caso, a
formar quimicamente numa substância explosiva, pena é aumentada de 2/3 (dois
aqui podemos exemplificar o estopim, a espoleta e terços), por força do art. 157,
ARMA DE FOGO DE
o cordel detonante. São estes acessórios que pos- §2º-A, I, do CP, introduzido pela
USO PERMITIDO
sibilitam a fabricação, montagem ou emprego da Lei nº 13.654/2018.
substância explosiva.
z A fabricação é a produção ou confecção.
z Montagem é a junção dos componentes.
z Emprego é a utilização.
É aquela cujo porte é restri-
A última causa de aumento de pena é a violên- to a determinadas pessoas.
cia ou grave ameaça exercida com emprego de arma ARMA DE FOGO DE Neste caso, a pena é dobrada,
branca. Arma branca é a que não é arma de fogo. USO RESTRITO nos termos do art. 157, §2º-B,
Abrange as armas impróprias, que são os instru- do CP, introduzido pela Lei nº
mentos que servem para ataque ou defesa, embora 13.964/2019.
não seja esta a sua finalidade, como a tesoura, faca
de cozinha, pedaço de pau, caco de vidro, etc., bem É aquela cujo porte é vedado.
DIREITO PENAL

como as armas próprias que não sejam de fogo, que A pena também é dobrada,
são os instrumentos cuja finalidade específica é o ata- ARMA DE FOGO DE nos termos do art. 157, §2º-B,
que ou defesa, como o punhal, a espada, o soco inglês USO PROIBIDO do CP, introduzido pela Lei nº
e outros. 13.964/2019.
Mas, há correntes que consideram arma branca as
armas próprias, ou seja, o instrumento que tem a fina-
lidade específica de ataque ou defesa.
A majoração da pena consiste no uso efetivo ou Justifica-se a majorante, em razão da maior poten-
exibição ostensiva da arma branca. cialidade lesiva do fato, que cria risco de morte à
vítima. 253
O porte velado, oculto, não majora a pena do rou- A doutrina majoritária entende que a lesão cor-
bo, porque a lei exige o emprego da arma, consisten- poral grave e a morte não precisam ser praticadas
te no uso efetivo ou porte ostensivo. Assim, só incide intencionalmente pelo agente, ou seja, é possível que
a majorante quando a violência ou grave ameaça é o roubo seja qualificado pelo resultado, mesmo se o
exercida com emprego de arma de fogo. resultado tiver sido provocado pelo agente culposa-
Observe que o roubo majorado absorve o delito de mente, quando ele faz uso de violência.
arma de fogo, previsto na legislação especial, que já Iniciaremos o estudo do roubo qualificado pela
funciona como causa de aumento de pena. lesão corporal.
Quanto à arma de brinquedo, não funciona como Se da violência resulta: lesão corporal grave, a pena é
causa de aumento de pena, pois não se trata de arma
de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa.
de fogo, mas é suficiente para servir de meio de execu-
Entende-se por lesão grave, nesta qualificadora,
ção de um roubo simples.
Quanto à arma descarregada, também não majora tanto os resultados previstos nos § 1º, do art. 129, do
a pena do roubo, falta-lhe potencialidade ofensiva e, CP (lesão corporal grave), quanto os previstos no § 2º,
portanto, não se trata de arma, respondendo o agente do art. 129, do CP (lesão corporal gravíssima).
por roubo simples. Se houver lesão leve, o roubo é simples.
Já a arma não apreendida, compete ao agente Trata-se de crime qualificado pelo resultado.
exibi-la em juízo para que seja periciada, sob pena A lesão grave pode ocorrer a título de dolo ou culpa,
de incidência da majorante diante da presunção de sendo que, nessa última hipótese, o delito será preter-
potencialidade ofensiva. doloso. Em ambos os casos, o delito de lesão corporal
Se a violência ou ameaça é exercida com emprego é absorvido, porque já funciona como qualificadora.
de arma de fogo – causa de aumento de pena acresci- Observe que se houver lesão grave consumada
da pela Lei 13.654/2018, devemos observar o seguinte: e subtração patrimonial tentada, para uns autores
haverá o crime do art.157, § 3º, 1ª parte, consumado,
z Quem praticou o crime de roubo com arma branca outros, porém, sustentam que o delito seria tentado.
antes da Lei nº 13.654/2018 não terá incidência de O roubo qualificado pelo resultado morte, o latro-
majorante. cínio, é um crime qualificado pelo resultado morte.
z Quem praticou o crime de roubo com arma branca Por incrível que pareça, não se trata de crime con-
depois da Lei nº 13.654/2018 e antes do pacote anti- tra vida, mas sim de crime contra o patrimônio.
crime não terá incidência de majorante. Constitui crime hediondo.
z Quem praticou o crime de roubo com arma bran- Para compreendermos o momento de consumação
ca depois do pacote anticrime terá a incidência da
do latrocínio, é necessário que você conheça a Súmula
majorante de 1/3 a 1/2.
610 do STF.
z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo
de uso permitido antes da Lei nº 13.654/2018 terá a
incidência da majorante de 1/3 a 1/2. Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando
z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo o homicídio se consuma, ainda que não realize o
de uso permitido depois da Lei nº 13.654/2018 terá agente a subtração de bens da vítima.
a incidência da majorante de 2/3.
z Quem praticou o crime de roubo com arma de SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO
fogo de uso restrito ou proibido antes da Lei nº
13.654/2018 terá a incidência da majorante de 1/3 Consumada Tentada Latrocínio tentado
a 1/2. Tentada Tentada
z Quem praticou o crime de roubo com arma de
fogo de uso restrito ou proibido depois da Lei nº Consumada Consumada Latrocínio consumado
13.654/2018 e antes do pacote anticrime terá a inci-
dência da majorante de 2/3. Tentada Consumada
z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo
de uso restrito ou proibido depois do pacote anti-
Caso o agente mate o seu comparsa, após a prática
crime terá pena em dobro.
do roubo, para ficar com a vantagem do crime somen-
Vamos estudar agora o roubo majorado pela des- te para si, não há que se falar, neste caso, em crime de
truição ou rompimento de obstáculo com emprego de latrocínio.
explosivo.
Observa-se que a qualificadora do §4-A, do crime A palavra latrocínio não se encontra no atual Códi-
de furto, tem incidência ainda que não haja destrui- go Penal. Trata-se de uma expressão tradicional.
ção ou rompimento de obstáculo, bastando o emprego O latrocínio pode ser próprio ou impróprio:
de explosivo ou de artefato que cause perigo comum, O latrocínio próprio ocorre quando a morte ocorre
ao passo, no roubo, a majorante em análise depen- antes ou durante a subtração da coisa, por exemplo,
de, além do explosivo ou artefato que cause perigo o agente mata o empregado de um estabelecimento
comum, que haja ainda destruição ou rompimento de comercial, subtraindo em seguida o dinheiro do caixa.
obstáculo. No latrocínio impróprio, o agente primeiro se
apodera da coisa, sem qualquer violência, matando
Roubo qualificado a vítima logo em seguida com o intuito de assegurar
a subtração ou a impunidade. Por exemplo, o agen-
O roubo será qualificado pelo resultado em duas te, logo após subtrair um bem, mata o policial que o
hipóteses: surpreende.
O sujeito passivo é tanto a pessoa que sofre a lesão
z Lesão corporal grave; patrimonial, quanto aquela que é morta, podendo
254 z Morte – latrocínio. esta última ser até mesmo um policial ou terceiro.
Observe que estamos diante de crime pluriofensi- Roubo: o agente emprega a violência ou grave
vo, que ofende mais de um bem jurídico, qual seja, o ameaça, visando à subtração; a participação da víti-
patrimônio e a vida. ma é dispensável;
Não há necessidade que morra a vítima do patri- Extorsão: o agente emprega a violência ou grave
mônio, sendo suficiente, para a caracterização do deli- ameaça para determinar um comportamento da víti-
to, a morte de qualquer outra pessoa. ma e obter indevida vantagem econômica; a partici-
Na hipótese de pluralidade de sujeitos passivos pação da vítima é indispensável, sem ela, o autor não
com unidade de subtração patrimonial, haverá um só consegue obter a indevida vantagem econômica.
delito de latrocínio. Por exemplo, o agente mata três
empregados e em seguida subtrai bens do patrão. No delito de extorsão, há a presença dos seguintes
O latrocínio é delito qualificado pelo resultado, elementos:
tendo em vista a duplicidade de eventos. A morte
pode ocorrer a título de dolo ou culpa. Somente na z O constrangimento para obter da vítima uma ação,
hipótese de o latrocínio ser na modalidade culposa é omissão ou tolerância;
que o delito será preterdoloso.
z Emprego de violência ou grave ameaça;
A morte deve decorrer da violência física. Se decor-
z Finalidade de obter, para si ou para outrem, inde-
rer de grave ameaça ou violência imprópria, exclui-se
vida vantagem econômica.
o delito de latrocínio, respondendo o agente por rou-
bo em concurso com homicídio.
Tutela-se a propriedade, a posse, a integridade
Por fim, para encerrarmos o crime de roubo, sobre
o latrocínio, fique atento ao seguinte: o latrocínio é o física e fisiopsíquica bem como a liberdade pessoal.
roubo qualificado pelo resultado da violência empre- Trata-se de delito pluriofensivo, porque ofende mais
gada pelo agente, resultando-se uma morte. de um bem jurídico.
Logo, se a morte resultar de outro elemento que Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum,
não seja a violência empregada, não há que se falar podendo ser praticado por qualquer pessoa. Obser-
em latrocínio. ve que o funcionário público também pode cometer
O emprego de arma de brinquedo não caracteriza extorsão. A doutrina ilustra a hipótese de o escri-
a aplicação da causa de aumento de pena, entretanto, vão de polícia que exige dinheiro de uma pessoa
pode contribuir para a configuração do crime de rou- para influenciar o delegado de polícia a realizar o
bo, já que pode caracterizar a grave ameaça. indiciamento.
Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física ou
Extorsão jurídica, inclusive a que sofre constrangimento sem
lesão patrimonial.
O crime de extorsão, previsto no art. 158, do CP, irá O núcleo do tipo é o verbo constranger, que signi-
se configurar quando o agente constranger alguém, fica coagir, forçar, obrigar alguém a fazer, deixar de
mediante violência ou grave ameaça, com o intuito de fazer ou tolerar que se faça alguma coisa que a lei não
obter para si ou para outrem indevida vantagem eco- lhe impõe.
nômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer O delito é punido a título de dolo. O agente visa
alguma coisa. conseguir da vítima uma ação ou omissão, com o fim
Por exemplo, o agente chantageia uma mulher e o de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem
marido, ameaçando de morte o seu filho, objetivando econômica.
a obtenção de vantagem econômica. A finalidade específica é a intenção de obter uma
Neste crime, observe que não se fala em coisa vantagem indevida e econômica.
móvel, mas sim em indevida vantagem econômica. A vantagem econômica pode consistir em bem
Logo, para a configuração da extorsão, é possível que móvel ou imóvel, diferentemente do roubo, cuja van-
a vantagem econômica seja coisa imóvel. tagem restringe-se ao bem móvel.
A vantagem, além de econômica, deve ainda ser
Características da Extorsão: indevida, contrária ao direito.

z É crime comum, que pode ser praticado por qual- Extorsão qualificada
quer pessoa;
z É crime complexo, já que tutela tanto o patrimônio
Dispõe o § 1º do art.158, do CP, que se o crime é
quanto a liberdade individual;
cometido por duas ou mais pessoas, ou com o empre-
z Não admite a modalidade culposa (só pode ser pra-
go de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até a metade.
ticado dolosamente);
Por exemplo, dois agentes chantageiam uma
z É crime formal, que se consuma com o constran-
mulher, ameaçando de morte a sua mãe, objetivando
gimento, mediante violência ou grave ameaça,
a obtenção de vantagem econômica.
DIREITO PENAL

independentemente de o agente conseguir ou não


obter a indevida vantagem econômica. Trata-se de causa de aumento de pena em quan-
tidade fixa, que, em face da posição topográfica, é
Súmula 96 do STJ: O crime de extorsão consuma- inaplicável à extorsão do § 2º do art.158.
-se independentemente da obtenção da vantagem São duas as majorantes da pena, vejamos:
indevida.
z Concurso de duas ou mais pessoas.
É importante que você não confunda o crime de z Emprego de arma. Observe que há emprego de
extorsão com o crime de roubo, que acabamos de qualquer arma, própria ou imprópria, não neces-
estudar: sita ser arma de fogo. 255
Extorsão qualificada pelo resultado Para que o sequestro relâmpago fique configura-
do, o Código Penal exige a restrição da liberdade da
Vejamos que o § 2º do art. 158, do CP, dispõe que vítima e que essa condição seja necessária para a
será aplicado a extorsão praticada mediante violência obtenção da vantagem econômica.
ao disposto no § 3° do artigo anterior, ou seja, do cri- Ex.: “A”, criminoso conhecido na Cidade, aborda
me de roubo. “B”, apontando uma arma de fogo para ela, ameaçan-
Assim, a extorsão qualificada pelo resultado ocor- do-a. Com a intenção de obter indevida vantagem eco-
re quando, em razão da violência, resulta a lesão cor- nômica, “A” a conduz, forçadamente, em um veículo
poral de natureza grave ou morte. de origem duvidosa, ao Banco, constrangendo a víti-
Na hipótese de lesão grave, a pena é de reclusão de ma, que sacar R$ 1.000,00 para o autor.
7 a 15 anos, além de multa; no caso de morte, reclusão No exemplo acima, ficou configurado o crime de
de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. extorsão mediante restrição da liberdade. Analise os
Observe que a lesão grave ou a morte deve decor- elementos:
rer de violência física, podendo ocorrer a título de
dolo ou culpa, afastando-se a qualificadora quando
z Emprego de grave ameaça;
resultar de grave ameaça.
z Constrangimento à vítima;
z Objetivo de obter indevida vantagem econômica;
Extorsão qualificada pelo sequestro – sequestro z Restrição da liberdade, que foi condição necessá-
relâmpago ria para obtenção da vantagem.
Dispõe o § 3º do art. 158, do CP, que se o crime é Se, no caso de sequestro relâmpago, ocorrer o
cometido mediante restrição da liberdade da vítima, e
resultado morte ou o resultado lesão corpora de
essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
natureza grave, o agente será punido com as mes-
gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 a 12 anos,
mas penas aplicadas ao crime de extorsão median-
além de multa. Se resultar lesão corporal grave ou
te sequestro qualificada (24 a 30 anos; 16 a 24 anos,
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, § 2º e
respectivamente).
§ 3º, respectivamente.
Por exemplo, a vítima é conduzida, no seu próprio
Extorsão hedionda
veículo, sendo coagida a percorrer caixas eletrônicos
para a retirada de dinheiro, revelando ao meliante o
código secreto de seu cartão bancário magnético. O delito de extorsão só é crime hediondo na situa-
O bem jurídico protegido é o patrimônio e a liber- ção do art. 158, §3º, do CP.
dade pessoal de movimento, isto é, o direito de ir, vir e Esta hipótese foi introduzida pela lei 13.964/2019.
ficar no local livremente escolhido, assemelhando-se, Assim, dispõe o art. 1 º, III, da Lei nº 8.072/1990,
destarte, à extorsão mediante sequestro. que é crime hediondo a extorsão qualificada pela res-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Trata-se trição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão cor-
de crime comum. poral ou morte.
É ainda crime permanente, viabilizando-se, A Lei nº 13.964/2019, em vez de manter como hedion-
enquanto não cessar o estado de permanência, a par- do o art. 158, §2º, do CP e acrescentar o 158, §3º, do CP,
ticipação, a legítima defesa e a prisão em flagrante. em sua nova redação, só fez menção ao art. 158, §3º.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física Por exemplo, o agente restringe a liberdade da víti-
ou jurídica. ma, com o emprego de violência à sua pessoa como
Admite-se a presença de mais de um sujeito passi- forma de obter indevida vantagem econômica.
vo. Por exemplo, o extorsionário realiza o sequestro
relâmpago do dirigente de uma pessoa jurídica, obri- Extorsão mediante sequestro
gando-o a assinar cheques da empresa.
Para sua tipificação, exige-se a presença dos ele- A extorsão mediante sequestro, prevista no Artigo
mentos da extorsão fundamental: constrangimento, por 159 do Código Penal, se configurará quando o agente
meio de violência ou grave ameaça, para se obter da víti- sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
ma uma ação ou omissão, com o fim de obter, para si ou outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
para outrem, indevida vantagem econômica. de resgate.
Observe que, se a vantagem for absolutamente Neste crime, amigos, temos a restrição da liberda-
impossível de se obter, não há extorsão, respondendo de da vítima (mediante sequestro ou cárcere priva-
o agente apenas pelo delito de sequestro. Por exem- do), só que o agente possui uma finalidade específica
plo, sequestro relâmpago para obrigar menor impú- (exige-se dolo específico): obter qualquer vantagem
bere a assinar nota promissória. (segundo a doutrina, deve ser vantagem indevida e
Não esqueça, além do constrangimento, por meio de natureza patrimonial), como condição ou preço de
de violência ou grave ameaça, exige ainda a restrição resgate.
da liberdade, isto é, um sequestro “relâmpago”, rápido
Características da extorsão mediante sequestro:

Importante! z É crime comum – qualquer pessoa pode cometê-lo;


z É crime complexo (junção de 2 (dois) crimes –
No roubo, a violência pode ser anterior, conco-
extorsão mais sequestro ou cárcere privado;
mitante ou posterior à obtenção da vantagem, z É crime permanente, já que sua conduta se protrai
ao passo que, na extorsão, o legislador é omisso (prolonga) – atenção com a aplicação da súmula
quanto à violência posterior, de modo que esta 711 do STF;
deve ser anterior ou concomitante à obtenção da
256 vantagem.
z É crime formal, que se consuma com a restrição da liberdade, desde que motivada pela obtenção de condição
ou preço de resgate.
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite tentativa.

É importante mencionar que o agente deve sequestrar “pessoa”. Caso seja um animal (parece bobo, mas já foi
cobrado em prova), não haverá o crime de extorsão mediante sequestro.

É importante mencionar um entendimento defendido pela doutrina majoritária: sobre o resultado morte, não
é necessário que seja a vítima, podendo ser qualquer pessoa em decorrência da extorsão mediante sequestro.
Assim, por exemplo, se um empregado for ao local combinado com os sequestradores, a pedido de seus patrões,
entregar o resgate e for morto pelos autores, a qualificadora será aplicada da mesma forma (observe que o empre-
gado não é vítima do crime – não foi sequestrado e nem pagou o resgate).

A pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro, segundo entendimento doutrinário domi-
nante, quando dela for exigida a vantagem correspondente ao resgate.
A extorsão mediante sequestro traz em suas disposições a possibilidade de aplicação do instituto da delação
premiada.
A delação será aplicada no caso de o crime ser cometido em concurso de pessoas, ao concorrente que denun-
ciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado.
Neste caso, o concorrente que denunciou terá a pena reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).

Extorsão mediante sequestro qualificada

No § 1º do art. 159, do CP, está prevista a extorsão mediante sequestro qualificada, passando ser a pena de 8
a 15 anos para de 12 a 20 anos de reclusão, na hipótese de o sequestro durar mais de 24 (vinte e quatro) horas,
ou quando o sequestrado for menor de 18 anos, ou maior de 60 anos, ou ainda quando o crime for cometido por
quadrilha ou bando.
Trata-se de qualificadora, porque o preceito secundário tem pena própria.

Há quatro qualificadoras:

z Se o sequestrado é menor de 18 anos;


z Se o sequestro dura mais de 24 horas;
z Se o sequestrado é maior de 60 anos;
z Se o crime é cometido por quadrilha ou bando.

A primeira encontra sua razão de ser na maior fragilidade emocional do sequestrado menor de 18 anos, cuja
personalidade encontra-se ainda em formação.
A segunda qualificadora, o sequestro que dura mais de 24 horas, é um crime a prazo, porque o seu reconhe-
cimento depende de um lapso de tempo. Quanto mais duradouro o sequestro, maior o sofrimento da vítima e
familiares, daí a razão da qualificadora. Contam-se as horas, minuto a minuto, a partir do início da privação da
liberdade.
A terceira qualificadora foi introduzida pelo Estatuto do Idoso. Ocorre quando o sequestrado é maior de 60
anos. Se no início do sequestro era menor de sessenta, ao atingir esta idade incide a causa de aumento, caso ainda
esteja em poder dos sequestradores. Há tese que afirma que a lei diz maior de 60 anos, motivo pelo qual não se
aplica qualificadora.
A quarta qualificadora, crime cometido por quadrilha ou bando, justifica-se pela maior organização dos
sequestradores, aumentando as chances de êxito no delito. Quadrilha ou bando é a associação estável ou perma-
nente entre três ou mais pessoas, com o intuito de cometer uma série indeterminada de delitos.

Extorsão mediante sequestro qualificada pelo resultado

A extorsão mediante sequestro é qualificada se do fato resulta:

z Lesão corporal de natureza grave; ou


z Morte.
DIREITO PENAL

Vejamos uma hipótese: o agente priva a vítima da liberdade, colocando-a sob vigilância em um cativeiro. Em
seguida, visando obter vantagem, exige de familiares da vítima o preço do resgate, mas devido a um impasse com
os familiares, o agente mata a vítima.
O § 2º do 159, do CP, dispõe que se o fato resulta lesão corporal de natureza grave, a pena cominada é de reclu-
são, de 16 a 24 anos.
E o § 3º do 159, do CP, dispõe que se resulta morte, a pena será reclusão de 24 a 30 anos.
A lesão grave e a morte podem ser dolosas ou culposas.
Os delitos de homicídio e lesão corporal, sejam eles dolosos ou culposos, são, absorvidos, porque já funcionam
como qualificadoras.
257
A extorsão mediante sequestro seguida de morte é o crime mais grave do CP, tendo como pena mínima 24 anos
de reclusão.
Não há necessidade que seja provocado por violência física ou grave ameaça. O suicídio do sequestrado, por
exemplo, é suficiente para o reconhecimento da qualificadora, porque em tal situação é evidente a culpa dos
sequestradores.

A EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO SERÁ QUALIFICADA NOS SEGUINTES CASOS:

Se o sequestro du- Se o sequestra- Se o crime é come- Se do fato resultar Se do fato resultar


rar mais de 24(vin- do é menor de 18 tido por bando ou lesão corporal de a morte
te e quatro) horas (dezoito) anos ou quadrilha (agora é natureza grave
maior de 60 (ses- associação crimi-
senta) anos nosa - responde
pelos 2 crimes)

Reclusão de 12 a Reclusão de 12 a Reclusão de 12 a Reclusão de 16 a Reclusão de 24 a


20 anos 20 anos 20 anos 24 anos 30 anos

Causa de redução de pena ele precisa do dinheiro para pagar o tratamento, exija
documento que possa dar causa a procedimento cri-
Se o crime é com/etido em concurso, o concorrente minal – pronto, teremos configurada a extorsão indi-
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação reta, já que o agiota abusou da condição da vítima.
do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois No verbo exigir, este crime é formal, consumando-
terços, conforme disposto no § 4º do art.159, do CP. -se com a exigência do documento.
Para que incida a redução da pena, que a delação Já no verbo receber, é crime material, consuman-
tenha sido feita à autoridade, devendo essa expressão do-se com o efetivo recebimento do documento.
ser tomada em sentido amplo para abranger qualquer É admitida a tentativa, já que pode ter seu iter cri-
agente encarregado do combate à criminalidade, por minis fracionado.
exemplo, juiz, autoridade policial etc. É crime comum, já que não se exige qualquer con-
Quanto maior a contribuição, maior a redução da dição especial do sujeito.
pena.
USURPAÇÃO
Trata-se de causa obrigatória de redução de pena.
Alteração de limites
O art. 13, da Lei nº 9.807/1999, dispõe sobre a
extinção da punibilidade pelo perdão judicial ao acu- O objetivo da lei é resguardar a posse e a proprie-
sado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e
dade dos bens imóveis.
voluntariamente com a investigação e o processo cri-
Esse tipo penal possui duas condutas típicas
minal, desde que dessa colaboração tenha resultado
alternativas:
cumulativamente a identificação dos demais agentes,
a localização da vítima com sua integridade física pre-
servada e a recuperação total ou parcial do produto z Supressão, ou seja, a total retirada do marco
do crime. divisório;
Presentes apenas um desses requisitos, a pena z Deslocamento do marco divisório, afastando-o
ainda poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, independen- do local correto, de modo a aumentar a área do
temente da primariedade do réu, por força do art. 14, agente.
da Lei nº 9.807/1999.
É necessário que o agente tenha intenção de apro-
Extorsão indireta priar-se, no todo ou em parte, da propriedade alheia, por
meio da supressão ou deslocamento do marco divisório.
A extorsão indireta constitui forma mais branda Temos, por exemplo, a hipótese que não configura
de extorsão, que se configurará quando o agente exi- crime, o fato de um agricultor retirar a cerca que divide
gir ou receber, como garantia de dívida, abusando da as terras com outro proprietário apenas para reformá-la.
situação de alguém, documento que pode dar causa Trata-se de crime próprio, somente podendo ser
a procedimento criminal contra a vítima ou contra praticado pelo vizinho do imóvel, quer na zona urba-
terceiro. na, quer na rural.
Como dito acima, é uma forma mais branda de extor- Sendo assim, o sujeito passivo desse tipo penal só
são, já que tem como pena a reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
pode ser o vizinho, dono ou possuidor do imóvel.
anos, enquanto a extorsão, em sua modalidade simples,
Consuma-se no exato instante em que o agente
tem como pena a reclusão de 4 (quatro) a 10 (anos).
É um crime que exige dolo específico, já que o suprime ou desloca o marco divisório, ainda que a
agente pratica os verbos descritos no tipo penal (exi- vítima posteriormente perceba o ocorrido e retome a
gir ou receber) como garantia de dívida. parte de que foi tolhida.
É necessário que o agente abuse da condição de É possível a tentativa, quando o agente é flagrado
alguém, assim, por exemplo, suponha que um agiota, iniciando a supressão ou deslocamento e é impedido
aproveitando-se da condição de desespero pela qual de prosseguir. Se já o fez por completo, conforme já
se passa aquele que solicita um empréstimo, já que o mencionado, o crime está consumado, ainda que a
258 filho deste se encontra internado em estado grave e vítima retome posteriormente a parte a que faz jus.
Usurpação de águas É possível quando a invasão não se aperfeiçoe em
razão da oposição apresentada pelo dono, possuidor
Neste delito, a lei resguarda as águas públicas ou por terceiro.
ou particulares que passem por determinado local, Observe que se o agente comete o esbulho com
evitando que o dono do terreno sofra prejuízo caso emprego de violência, responde também pelas lesões
alguém queira desviar o seu curso ou represá-las, sem corporais causadas, ainda que leves, nos termos do
autorização para tanto. art. 161, § 2º, do CP e as penas serão somadas.
Exige-se que sejam águas correntes, cujo curso seja
desviado ou represado pelo agente, alterando, portan-
Supressão ou alteração de marca em animais
to, seu fluxo pela propriedade.
Este crime tutela a propriedade e a posse dos ani-
Dica mais semoventes.
Não configura crime de usurpação de águas, Para a prática deste crime é necessário que não
mas crime de furto, quando se trata de água reti- tenha havido prévio furto ou apropriação indébita
rada de água represada pelo dono para criação dos animais, pois, nesses casos, o agente só será puni-
de peixes. do pela conduta anterior, sendo a supressão ou altera-
ção da marca impunível.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, tra- A conduta típica consiste em apagar ou modificar
ta-se de crime comum. o sinal indicativo de propriedade em gado ou rebanho
O sujeito passivo, por sua vez, é a pessoa que alheios.
pode sofrer dano em decorrência do desvio ou Quando a lei se refere a gado, está protegendo a
represamento. propriedade de animais de grande porte, como bois
Consuma-se o crime no instante em que o agente ou cavalos, e quando se refere a rebanho, o faz em
efetua o desvio ou represamento, ainda que não obte- relação a animais de porte menor, como porcos, ove-
nha a vantagem em proveito próprio ou alheio a que o lhas, cabras e etc.
texto legal se refere. A tentativa é possível. Marcas são feitas por ferro em brasa ou elementos
químicos no couro do animal.
Esbulho possessório Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive
quem possui animal que pertence a terceiro.
Veja que o crime de esbulho possessório tem por
objeto jurídico o patrimônio, no tocante à propriedade O sujeito passivo é dono do animal.
e, especialmente, à posse legítima de um imóvel, bem
como a integridade física e a liberdade individual da Consuma-se com a simples supressão ou alteração
pessoa humana atingida pela conduta criminosa. da marca ou sinal, ainda que se dê apenas em relação
Pressupõe-se, neste crime, a invasão de proprieda- a um animal.
de imóvel alheia, edificada ou não, desde que o fato se É possível a tentativa quando o agente não conse-
dê mediante emprego de violência ou grave ameaça gue concretizar a remarcação iniciada, pela repentina
a pessoa, bem como mediante concurso de duas ou chegada de alguém ao local, ou até mesmo quando
mais pessoas. concretiza a remarcação, porém a faz de tal forma
É possível que o agente invada a propriedade que continua sendo possível identificar a marca do
alheia sozinho ou em concurso com apenas mais uma verdadeiro dono.
pessoa e sem emprego de violência ou grave ameaça.
Nesse caso, o fato é atípico. Não obstante, o art. 1.210, DANO
§ 1º, do Código Civil, permite que o dono retome a pos-
se, desde que o faça imediatamente, por meio do cha- O crime de dano, previsto no art. 163, do CP poderá
mado desforço imediato. ser praticado mediante a execução das seguintes con-
Se, em outra hipótese, logo após a invasão pacífica, dutas: destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
o invasor empregar violência para se manter na posse Verbos do crime de dano (observe o que a doutrina
quando o legítimo proprietário tentava retomá-la pelo estabelece sobre cada um dos verbos):
desforço imediato, haverá a configuração do delito.
O crime só existe se a invasão se dá com o fim espe- z Destruir – dano total da coisa alheia;
cífico de esbulho possessório, ou seja, a retirada força- z Inutilizar – dano parcial, mas que torna a coisa
da do legítimo possuidor, desde que o agente queira alheia sem utilidade;
excluir a posse da vítima para passar a exercê-la ele z Deteriorar – dano parcial da coisa alheia, que fica
próprio. estragado, por exemplo.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, exceto o
dono. Tutela-se a propriedade e a posse.
DIREITO PENAL

Trata-se de crime comum. Trata-se de crime doloso.


O dono que invade imóvel alugado não incorre no O tipo penal fala em coisa alheia, sem exigir que
tipo penal em análise, que exige expressamente que o seja móvel. Portanto, caso o agente destrua, por exem-
bem seja alheio. plo, uma casa, praticará o crime de dano.
Dependendo da hipótese, poderá incorrer em cri- Características do crime de dano:
me de violação de domicílio (art. 150) ou retirada de
coisa própria do poder de terceiro (art. 346 do CP). z Crime comum – pode ser praticado por qualquer
Já o sujeito passivo é o dono ou possuidor do imó- pessoa;
vel invadido. z Não admite a forma culposa. O dano culposo cons-
Consuma-se no momento da invasão. titui ilícito de ordem civil; 259
z É crime material, que exige a ocorrência do resul- Alteração de local especialmente protegido
tado (destruição, inutilização ou deterioração).
Revogado pelo art. 63, da Lei nº 9.605/1998, que
Consuma-se quando o agente destrói, inutiliza ou dispõe ser crime a conduta de alterar o aspecto ou
deteriora a coisa. estrutura de edificação ou local especialmente prote-
A danificação parcial constitui crime consumado, gido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em
enquadrando-se no verbo deteriorar. razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico,
artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
etnográfico ou monumental, sem autorização da auto-
Dano qualificado
ridade competente ou em desacordo com a concedida.
A pena é de reclusão, de um a três anos, e multa.
O dano será praticado na modalidade qualificada,
se o dano for cometido em uma das hipóteses a seguir:
Ação penal
z Com violência à pessoa ou grave ameaça.
A ação penal é privada no dano simples (art.163,
z Com emprego de substância inflamável ou explo-
caput, do CP) e no dano qualificado por motivo egoís-
siva, se o fato não constitui crime mais grave (caso
tico ou considerável prejuízo para a vítima (art.163,
constitua crime mais grave, o agente responderá parágrafo único, inciso IV, do CP). Nas demais formas
por ele e não pelo dano). de dano qualificado, a ação é pública incondicionada.
z Contra patrimônio da União, de Estado, do Distri-
to Federal, de Município ou de autarquia, fundação
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
pública, empresa pública, sociedade de economia mis-
ta ou empresa concessionária de serviços públicos.
O crime de apropriação indébita está previsto no
z Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
artigo 168 do Código Penal. Este crime irá se confi-
para a vítima. gurar quando o agente se apropriar de coisa alheia
móvel, de que tem a posse ou a detenção.
Caso o crime de dano seja praticado com violência Neste crime, exige-se que a coisa alheia seja móvel.
à pessoa (forma qualificada vista acima), o agente res- Para que você compreenda a apropriação indébi-
ponderá pelo crime de dano em concurso com a pena ta, é necessário que você saiba que o agente já tem
correspondente à violência. a posse ou a detenção da coisa, passando, posterior-
Das hipóteses acima, com exceção da qualificadora mente, a agir como se fosse dono da coisa.
por motivo egoístico ou com prejuízo para a vítima Você não pode confundir a apropriação indébita
(ação penal privada), nos demais casos, a ação penal com o crime de estelionato.
será pública incondicionada.
Veja a diferença:
Introdução ou abandono de animais em propriedade
alheia z Apropriação Indébita: o agente recebe a coisa de
boa-fé, depois, muda seu ânimo e passa a agir
Dispõe o art.164, do CP, que é crime a conduta de como se fosse dono da coisa (passa a ter má-fé).
introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, z Estelionato: o agente já recebe a coisa de má-fé,
sem consentimento de quem de direito, desde que do com a intenção de ficar com ela desde o início.
fato resulte prejuízo: pena – detenção, de 15 dias a 6
meses, ou multa. A apropriação indébita é crime que decorre de
Tutela-se a propriedade e a posse do imóvel contra uma relação de confiança entre o autor e a vítima.
o dano causado por animais. Este entrega a coisa móvel ao agente, devido à con-
O objetivo primordial da lei é a proteção da pro- fiança que deposita nele.
priedade rural, onde o delito é comumente cometido. O agente recebe a coisa com boa intenção, mas,
Todavia, estende-se também a tutelar a propriedade depois (parte da doutrina chama de dolo subsequen-
urbana, tendo em vista que a lei não restringiu a exis- te), altera sua intenção, apropria-se da coisa e passa a
tência do delito à propriedade rural. agir como dono dela.
Trata-se de crime comum, pois pode ser cometido
por qualquer pessoa. Veja as principais características da apropriação
Sujeitos passivos são o proprietário e o possuidor, indébita:
titulares do patrimônio ofendido.
Consuma-se com a danificação total ou parcial da z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
propriedade alheia, isto é, com o efetivo prejuízo. quer pessoa;
Este crime somente se procede mediante queixa. z Não admite a forma culposa;
z Não admite tentativa, conforme doutrina majoritá-
ria, tratando-se de crime unissubsistente, ou seja,
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou
é o conjunto de um só ato, a realização da condu-
histórico ta esgota a concretização do delito, por exemplo,
apropriar-se de objeto de valor;
O proprietário comete o delito de dano ambien- z É crime material, que se consuma quando o agente
tal, previsto no art. 62 da Lei nº 9.605/98, e não do art. inverte a posse da coisa alheia móvel.
165, do CP, que foi revogado pela citada lei, quando
tratar-se de coisa de valor artístico, arqueológico, his- Aumento de pena
tórico ou outro bem especialmente protegido por lei,
ato administrativo ou decisão judicial, pois nesse tipo A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando
260 penal não se exige que a coisa seja alheia. o agente receber a coisa:
z Em depósito necessário; O entendimento majoritário na doutrina é o de que
z Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, a apropriação indébita previdenciária é crime formal
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; e, por isto, dispensa-se o enriquecimento indevido por
z Em razão de ofício, emprego ou profissão. parte do agente ou o efetivo prejuízo ao erário.
Contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que
o crime de apropriação indébita previdenciária é
Apropriação indébita previdenciária
material, pois quando o agente omitiu o repasse, con-
figurou-se o enriquecimento indevido e o consequen-
O crime de apropriação indébita previdenciário te prejuízo ao Erário.
é um crime próprio, pois só pode ser praticado pelo Decisão esta que corrobora com o entendimento
substituto tributário, que é a pessoa que recolhe as exarado na Súmula Vinculante nº 24.
contribuições sociais em nome do INSS para depois
repassá-las. Na linha da jurisprudência deste Tribunal Supe-
No caso do contribuinte individual, ele é o res- rior, o crime de apropriação indébita previden-
ponsável por esse desconto das contribuições e pelo ciária, previsto no art. 168-A, ostenta natureza de
repasse ao INSS, de modo que é ele que irá responder delito material. Portanto, o momento consumativo
pelo crime. do delito em tela corresponde à data da constitui-
ção definitiva do crédito tributário, com o exauri-
No caso de sociedade, para fins penais, o sujeito
mento da via administrativa (ut, (RHC 36.704/SC,
ativo é a pessoa física que no âmbito da empresa tem
Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, DJe
o poder de fato para decidir se irá ou não sonegar a 26/02/2016). Nos termos do art. 111, I, do CP, este
contribuição arrecadada. é o termo inicial da contagem do prazo prescricio-
Tutela-se o patrimônio do INSS, que é uma autarquia nal” (AgRg no REsp 1.644.719/SP, DJe 31/05/2017).
federal, de modo que a competência é da Justiça Federal,
conforme o art. 109, inciso IV da Constituição Federal. Importante estudar também o tema do princípio
Logo, o sujeito passivo é o INSS. da insignificância no crime de apropriação indébita
previdenciária.
Neste caso, a Portaria nº 296/2007 da Previdência
Importante! Social diz que o INSS não executa, não move ação de
execução fiscal por dívida de até R$ 10 mil, de modo
Conduta principal: ficará configurada quando o que se o indivíduo pagasse débitos até esse valor a
agente deixar de repassar à previdência social punibilidade estaria extinta pelo perdão judicial,
as contribuições recolhidas dos contribuintes, obviamente, desde que ele seja primário e de bons
no prazo e forma legal ou convencional. antecedentes.
Não se trata de aplicação do princípio da insigni-
ficância, porque a dívida tem um valor significativo,
Observe que o tipo penal principal é praticado na mas se o valor for irrisório, por exemplo, R$ 100, R$
modalidade omissiva, deixando o agente de praticar 200 ou R$ 300 ele poderá ser absolvido pelo princípio
uma conduta que deveria (repassar à previdência as da insignificância.
contribuições recolhidas após reter os valores). Quando o valor da dívida atinge uma cifra razoá-
Condutas equiparadas: receberá a mesma pena do vel de até R$ 10 mil, mas o INSS diz que não é preciso
crime principal o agente que deixar de: mover a execução fiscal, nesse caso o réu poderá rece-
ber o perdão judicial ou então ser condenado apenas
z Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra na pena de multa, conforme o §3º do art. 168, CP.
importância destinada à previdência social que A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da
tenha sido descontada de pagamento efetuado a punibilidade), caso o agente, espontaneamente, decla-
segurados, a terceiros ou arrecadada do público. re, confesse e efetue o pagamento das contribuições,
importâncias ou valores e preste as informações devi-
z Recolher contribuições devidas à previdência
das à previdência social, na forma definida em lei ou
social que tenham integrado despesas contábeis
regulamento, antes do início da ação fiscal.
ou custos relativos à venda de produtos ou à pres-
Apesar de o Código Penal estabelecer que a condu-
tação de serviços. ta do agente, para que sua punibilidade seja extinta,
z Pagar benefício devido a segurando, quando as seja praticada antes do início da ação fiscal, o STF e
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem- o STJ têm admitido a aplicação da exclusão da puni-
bolsados à empresa pela previdência social. bilidade com o pagamento efetuado a qualquer tem-
po, desde que antes do trânsito em julgado (sentença
Trata-se de norma penal em branco, complemen- definitiva).
tada em diversos dispositivos pela lei previdenciária Para encerrarmos o crime de apropriação indébita
correspondente. previdenciária, vamos verificar uma hipótese de per-
Veja as características do crime de apropriação dão judicial e de crime privilegiado.
DIREITO PENAL

indébita previdenciária: A Lei nº 13.606/2018, lei bastante atual, diga-se


de passagem (importante que você preste bastante
z É crime omissivo, como falado acima, já que o atenção), acrescentou dispositivo ao Código Penal que
agente não pratica a conduta que se espera dele estabelece que a faculdade atribuída ao juiz de dei-
(repassar); xar de aplicar a pena ou de aplicar somente a pena
z Não admite a modalidade culposa; de multa não se aplica aos casos de parcelamento de
z Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja
o STF, não é necessário dolo específico (especial superior àquele estabelecido, administrativamente,
fim de agir); como sendo mínimo para ajuizamento de suas execu-
z Não admite tentativa. ções fiscais. 261
Faculta-se ao juiz: Observe que a coisa não é entregue pela vítima ao
agente, originando-se o apossamento de um aconteci-
z Deixar de aplicar a pena (perdão judicial); mento imprevisível.
z Aplicar somente a pena de multa (crime Este crime não admite a modalidade culposa,
privilegiado). podendo ser praticado apenas a título de dolo.
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado
Se o agente for primário e de bons antecedentes, por qualquer pessoa.
desde que o agente: O Código Penal apresenta duas hipóteses asseme-
lhadas, punidas com a mesma pena: a apropriação de
z Tenha promovido, após o início da ação fiscal tesouro e a apropriação de coisa achada.
e antes de oferecida a denúncia, o pagamento
da contribuição social previdenciária, inclusive Apropriação de tesouro
acessórios;
z O valor das contribuições devidas, inclusive aces- Irá praticar este crime o agente que achar tesouro
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido em prédio alheio e se apropriar, no todo ou em parte,
pela previdência social, administrativamente, da quota a que tem direito o proprietário do prédio.
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha
execuções fiscais, de acordo com a Procuradoria- tesouro em prédio que pertence a outra pessoa e se
-Geral da Fazenda Nacional o valor mínimo para apropria da quota-parte que o proprietário do prédio
ajuizar execuções fiscais por débito para com o fis- tem direito, de acordo com o Código Civil, que estabe-
co é de R$ 20 mil. lece que o tesouro deve ser dividido igualmente entre
aquele que achou e entre o proprietário do local em
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito que ele foi achado.
ou força da natureza O Código Civil conceitua tesouro como depósito
antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não
Neste crime, a apropriação se dá, não devido a haja memória.
relação de confiança existente entre autor e vítima, O tipo penal não se caracteriza com o verbo
mas sim, porque a coisa chegou ao poder do agente “achar”. Tome cuidado. Aquele que acha tesouro não
por erro, caso fortuito ou força da natureza. comete crime algum. A conduta criminosa se encontra
Ex.: “A” recebe em sua casa, por erro do entrega-
no verbo “apropriar-se”, quando o agente se apropria
dor das Casas Bahia, uma televisão de 50 polegadas. O
da parte a que tem direito o proprietário do prédio.
agente se apropria da coisa havida por erro.
Para que este crime se configure, é necessário que
Caso “A” tenha recebido a coisa de boa-fé, mas,
o tesouro tenha sido localizado em prédio que possua
posteriormente, altere a posse da coisa, apropriando-
proprietário.
-se dela, irá cometer o crime de apropriação de coisa
havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Entretanto, para configuração do delito, o agente Apropriação de coisa achada
não pode ter induzido nem mantido a pessoa em erro
no momento do recebimento da coisa, caso contrário, E aquele lance do “achado não é roubado”, ditado
tendo em vista a fraude, haverá o crime de estelionato. popular muito dito?
Na apropriação de coisa havida por erro, ao tempo O crime de apropriação de coisa achada não é mui-
do recebimento da coisa, o agente procede de boa-fé, to conhecido, mas existe.
não percebe o erro. Este é constatado após o recebi- Este crime será aplicado a quem achar coisa alheia
mento da coisa. perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente,
Necessário, portanto, o dolo subsequente, isto é, o deixando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor
agente recebe, identifica que não lhe pertence, mas ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do
fica com o patrimônio. prazo de 15 (quinze) dias.
O erro deve ser alheio, isto é, de quem concede a Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para
disponibilidade da coisa ao sujeito ativo. É necessário sua consumação, exige que transcorra determinado
que o agente não perceba o aludido erro. período (15 dias).
Há uma duplicidade de erros, de quem entrega e Sujeito ativo é aquele que acha a coisa perdida.
de quem recebe a coisa. Trata-se de crime próprio, pois é praticado por
Quanto à distinção entre caso fortuito e força da aquele que acha a coisa perdida.
natureza, uma parcela significativa da doutrina consi- Na hipótese de o sujeito ativo emprestar a coisa
dera as expressões equivalentes. Mesmo assim, vamos à uma outra pessoa, vindo esta a apropriar-se, não
estabelecer uma diferenciação. cometerá o delito em apreço, e sim o crime de apro-
Força da natureza é o acontecimento de eventos priação indébita, previsto no art.168, do CP.
físicos ou naturais, de índole ininteligente, como o gra- Se, por outro lado, o proprietário achar a própria
nizo, o raio, a inundação, a tempestade e o terremoto. coisa e deixar de restitui-la ao legítimo possuidor, que
Caso fortuito deriva de fatos humanos, como a gre- a havia perdido, também não se configura o delito,
ve, o motim, a guerra, a queda de um avião e etc. porque o tipo penal exige que a coisa seja alheia.
No delito em apreço, a coisa chega ao agente atra- Sujeito passivo é o proprietário ou possuidor.
vés de um evento imprevisível. O objeto material é coisa alheia perdida.
Exemplo clássico, um vendaval lança as roupas do Trata-se de elemento normativo do tipo, cujo signi-
varal do vizinho ao quintal da casa de B e este apro- ficado requer um juízo de valor do magistrado.
pria-se delas. Ou uma mala despenca de um avião, Coisa perdida é a que se encontra em lugar públi-
caindo na chácara de B, que dela se apropria. Ainda, co ou de uso público em circunstâncias indicativas do
o animal de uma fazenda passa para a fazenda de B, extravio, por exemplos, uma carteira exposta no meio
262 que dele se apropria. da rua.
Coisa abandonada (res derelicta) ou coisa sem z Crime material: o crime se consuma com a ocor-
dono (res nullius), não haverá crime algum por parte rência do resultado obtenção da vantagem ilícita,
de quem apropriar-se. acarretando prejuízo a terceiro;
Este torna-se dono da coisa. z Não admite a forma culposa: só se pratica a título
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente de dolo;
na vontade de apropriar-se da coisa. z Admite a modalidade tentada.
Quanto à consumação, ocorre quando o agente
deixa de restituir a coisa ao dono ou legítimo possui- O estelionato privilegiado é aquele em que o agen-
dor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro te é primário e é de pequeno valor o prejuízo. Poderá
do prazo de quinze dias. o juiz, neste caso, substituir a pena de reclusão pela
O crime de apropriação de coisa achada poderá se pena de detenção, diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou apli-
configurar: car somente a pena de multa.
Vejamos as formas equiparadas do crime de este-
z Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao lionato, que serão submetidas às mesmas penas.
dono ou legítimo possuidor;
z Se o agente deixa de entregar a coisa achada à Disposição de coisa alheia como própria
autoridade competente.
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, I, do CP,
Por fim, o Código Penal estabelece a possibilida- ou seja, o agente vende, permuta, dá em pagamento,
de de se aplicar aos crimes previstos no capítulo da em locação ou em garantia coisa alheia como própria
apropriação indébita, os institutos aplicáveis ao furto – disposição de coisa alheia como própria. O agente,
privilegiado. neste crime, faz com que coisa alheia se passe como
Logo: dele, enganando outrem.
Os verbos previstos no tipo são: vender, permutar
z Se o criminoso é primário; (trocar), dar como pagamento, locação ou garantia.
z Se é de pequeno valor a coisa. Vender: a venda é o contrato pelo qual as partes se
obrigam a dar uma coisa por dinheiro. Aperfeiçoa-se
O juiz poderá: com o acordo de vontades acerca da coisa e do pre-
ço, independentemente da tradição. Esta é necessária
z Substituir a pena de reclusão pela pena de detenção; para a aquisição da propriedade, e não para a forma-
z Diminuir a pena de 1/3 a 2/3; ção do contrato. Consuma-se o crime com a obtenção
z Aplicar somente a pena de multa. da vantagem e causação do prejuízo.
Permutar (trocar): a permuta ou troca é o contrato
ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES pelo qual as partes assumem a obrigação de dar uma
coisa por outra. Aperfeiçoa-se também com o simples
Estelionato acordo de vontades, independentemente da entrega
do bem. Consuma-se o crime quando a vítima entrega
O crime de estelionato, art. 171, do CP, será pratica- ao estelionatário a coisa, pois, nesse momento, opera-
do quando o agente obtiver, para si ou para outrem, -se o prejuízo e a obtenção da vantagem.
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou Dar em pagamento: a dação em pagamento con-
mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil siste na extinção de uma obrigação vencida pelo fato
ou qualquer outro meio fraudulento. de o credor consentir em receber prestação diversa
O agente altera, de modo consciente, a data de óbi- da que lhe é devida. Consuma-se o crime quando o
to de seu genitor, induzindo o tabelião em erro para estelionatário obtém a quitação da dívida, mediante a
não pagar multa em procedimento extrajudicial de promessa de entregar ao seu credor uma certa coisa.
inventário (vantagem econômica). Locação: a locação é o contrato pelo qual uma das
Observe que o crime fala em vantagem ilícita partes se obriga a ceder a outra, por tempo determina-
(segundo a doutrina majoritária, deve ser vantagem do ou não, o uso e gozo de coisa infungível, mediante
de natureza patrimonial), podendo ser coisa móvel ou certa retribuição. Consuma-se o crime quando o este-
imóvel. lionatário recebe o sinal ou o pagamento do primeiro
A vantagem ilícita é obtida pelo agente, que se aluguel.
utiliza de artificio ardil (método de enganar) ou qual- Garantia: a garantia compreende o penhor, a hipo-
quer outro tipo de fraude. teca e a anticrese. Consuma-se o crime quando o este-
Ele induz a vítima em erro (ela não estava em erro e lionatário obtém o empréstimo, dando em garantia
o agente o faz) ou mantém a vítima em erro (ela estava uma coisa alheia.
em erro, o agente, de má-fé, faz com que ela permaneça).
No estelionato, a vítima, devido ao fato de ter sido Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
DIREITO PENAL

enganada, colabora com o agente, entregando-lhe, de


alguma forma, a vantagem. Este crime está previsto no art. 171, § 2º, II, do CP,
Esta condição, inclusive, é fator que serve para que consiste no agente que vende, permuta, dá em
diferenciar o estelionato de outros tipos penais que pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,
com ele possam se confundir. gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
Características do crime de estelionato: silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias.
Temos que destacar que o objeto material do crime
z Crime comum: não se exige características especí- pode ser bem móvel ou imóvel.
ficas do sujeito ativo; Vejamos: 263
Coisa própria inalienável – os bens inalienáveis Fraude no pagamento por meio de cheque
são: bem de família do Código Civil, bem doado com
cláusula de inalienabilidade e bem deixado por testa- Este crime está previsto no art. 171, § 2º, VI, do CP,
mento com cláusula de inalienabilidade. consiste no ato de o agente emitir cheque, sem sufi-
Coisa própria gravada de ônus, por exemplos: ciente prisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
penhor, hipoteca, anticrese, enfiteuse, servidão, frustra o pagamento.
superfície, uso, usufruto, habitação e superfície.
Leve em consideração que, para configuração des-
Coisa própria litigiosa: bem sub-judice é aquele em
ta forma equiparada de estelionato é necessário que o
que há uma ação judicial acerca da titularidade da
propriedade. agente saiba desde o início que não dispõe de fundos
Imóvel próprio que prometeu vender a terceiro, para cobrir o cheque, não se englobando nesta moda-
mediante pagamento em prestações. lidade criminosa os casos de não pagamento de che-
Observa-se que a lei é omissa em relação a imóvel que por motivos cotidianos (sem má-fé).
que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento É importante conhecer duas súmulas do STF, refe-
a vista. Também é omissa sobre o compromisso que rentes ao crime de fraude no pagamento por meio de
recai sobre bens móveis, ainda que em prestações. cheque.

Defraudação de penhor Súmula 521: O foro competente para o processo e


julgamento dos crimes de estelionato, sob a modali-
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, III, do CP, dade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
consiste na conduta de o agente defraudar, median- fundos, é o local onde se deu a recusa do pagamento
te alienação não consentida pelo credor ou por outro pelo sacado.
modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
objeto empenhado. Súmula 554: O pagamento de cheque emitido sem
É essencial a fraude, isto é, a falta de autorização provisão de fundos, após o recebimento da denún-
do credor. O consentimento deste exclui o crime. cia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
A consumação ocorre com a efetiva defraudação,
isto é, com a alienação, ocultação, abandono e etc. da Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que
coisa empenhada. se o agente pagar os valores referentes ao cheque emi-
A defraudação parcial é suficiente para a consu-
tido sem fundos, antes do recebimento da denúncia,
mação, porque diminui a garantia do credor, gerando
será impedido o início da ação penal.
prejuízo.
Vejamos também a Súmula 17 do STJ: Quando o
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialida-
Fraude na entrega de coisa
de lesiva, é por este absorvido.
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, IV, do CP, Entenda da seguinte forma: se o uso do documento
em que o agente defrauda substância, qualidade ou falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato,
quantidade, de coisa que deve entregar a alguém. este crime absorverá aquele.
Vejamos, o tipo penal faz a seguinte alusão: “coisa Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois
que deve entregar a alguém”, pressupondo-se, portan- crimes em concurso formal.
to, uma obrigação de prestação de dar entre as partes. Observe as causas de aumento de pena previstas
A obrigação deve ser a título oneroso. Se for gratui- no Código Penal para o estelionato.
ta, como o comodato e a doação, desaparece o delito, A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
porque não há prejuízo ao credor. Nos negócios gra- me é praticado:
tuitos não se pode reclamar sequer vício redibitório,
de modo que o devedor não é sancionado nem na z Em detrimento de entidade de direito público
esfera cível. ou de instituto de economia popular, assistência
Se não houver uma obrigação antecedente, a social ou beneficência;
entrega de coisa defraudada pode configurar o delito z É chamado de estelionato previdenciário.
do art.171 caput.
A pena será aplicada em dobro:
Fraude para recebimento de indenização ou
valor de seguro
Estelionato contra idoso
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, V, do CP,
Estelionato contra idoso é causa de aumento de pena,
em que o agente destrói, total ou parcialmente, ou
oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saú- que foi incluída pela Lei nº 13.228/2015, que acrescentou
de, ou agrava as consequências da lesão ou doença, o §4º do art. 171 do CP, cuja redação é a seguinte:
com o intuito de haver indenização ou valor de seguro. Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido
O crime de fraude para recebimento de indeniza- contra idoso.
ção ou valor de seguro, segundo a doutrina majoritá- Idoso é a pessoa com mais de 60 (sessenta) anos ao
ria, é crime formal, que se consuma com a prática da tempo da conduta criminosa.
conduta, independentemente de o agente conseguir Esta majorante incide sobre todas as modalidades
ou não receber os valores referentes a indenização ou de estelionato. Somente se procede mediante repre-
valor de seguro. sentação, salvo se a vítima for:
Lembre-se que o agente não é punido penalmen-
te por causar mal somente a si mesmo, sendo assim, z A Administração Pública, direta ou indireta;
caso ele se lesione sem o fim de receber seguro, ele z Criança ou adolescente;
não será sujeito passivo do crime. z Pessoa com deficiência mental; ou
264 O sujeito passivo será a seguradora. z Maior de 60 (sessenta) anos de idade ou incapaz.
Duplicata Simulada A terceira e última conduta criminosa consiste em
utilizar-se de meio de transporte (ônibus, táxi, lota-
O crime consiste em emitir fatura, duplicata ou nota ção, barco, trem) sem possuir recursos para efetuar
de venda que não corresponda à mercadoria vendida, o pagamento.
em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. O tipo penal expressamente exige que o agente
Pena cominada é detenção, de 2 a 4 anos, e multa. realize as condutas típicas sem dispor de recursos
Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar para efetuar o pagamento naquele instante.
ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de É necessário (elementar do tipo penal) que o agen-
Duplicatas. te não tenha recursos para pagar a refeição, o aloja-
mento ou o meio de transporte.
Abuso de incapazes Caso o agente tenha os recursos necessários, entre-
tanto, recuse-se a efetuar o pagamento, não cometerá
Este crime de estelionato consiste em abusar, em o crime de outras fraudes.
proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou Deve-se se identificar a má-fé do agente, quando da
inexperiência de menor, ou da alienação ou debilida- prática da conduta descrita no tipo penal. Ele deve saber
de mental de outrem, induzindo qualquer deles à prá- que não dispõe de recursos para pagar e mesmo assim
tica de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em utilizar dos serviços descritos. Caso ocorra um imprevis-
prejuízo próprio ou de terceiro. to, o agente perde seu dinheiro sem saber, por exemplo,
ele não será responsabilizado penalmente.
Induzimento à especulação Trata-se de crime promovido mediante ação penal
pública condicionada à representação da vítima.
O induzimento à especulação é o crime de abusar, Admite-se a aplicação do instituto do perdão judi-
em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou
cial, já que o juiz, conforme as circunstâncias, poderá
da simplicidade ou inferioridade mental de outrem,
deixar de aplicar a pena.
induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especula-
ção com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo
saber que a operação é ruinosa. Fraudes e abusos na fundação ou administra-
ção de sociedade por ações
Fraude no comércio
A modalidade criminosa prevista no caput do art.
A fraude no comércio é o crime de enganar, no 177 refere-se à fundação da sociedade por ações.
exercício de atividade comercial, o adquirente ou con- Trata-se de crime em que o fundador da socieda-
sumidor que: de por ações (sociedade anônima ou comandita por
ações) induz ou mantém em erro os candidatos a
z Vende, como verdadeira ou perfeita, mercadoria sócios, o público ou presentes à assembleia, fazendo
falsificada ou deteriorada; falsa afirmação sobre circunstâncias referentes à sua
z Entrega uma mercadoria por outra. constituição ou ocultando fato relevante desta. Podem
girar elas sobre falsa informação a respeito de subs-
É também crime de fraude no comércio, a conduta crições ou entradas, de recursos técnicos da compa-
de alterar em obra que lhe é encomendada a qualida- nhia, de nomes de pseudoinvestidores e etc. Na forma
de ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, omissiva, pode o agente cometer o crime ocultando o
pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor nome dos fundadores, de problemas técnicos etc., cujo
valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, conhecimento poderia prejudicar ou impedir a subs-
como precioso, metal de outra qualidade. crição de ações e a própria constituição da sociedade.
No crime de fraude no comércio, se o criminoso é A fraude pode constar de prospecto ou de comunica-
primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz ção feita ao público ou em assembleia da empresa.
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, Trata-se de crime próprio em que o sujeito ativo é
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a o responsável pela fundação da sociedade por ações.
pena de multa. Sujeito passivo são as pessoas físicas ou jurídicas
que subscreveram o capital ludibriadas.
Outras fraudes É crime formal que se consuma no momento em
que é lançado o prospecto ou o comunicado com a
O crime fica configurado quando o agente tomar afirmação falsa ou contendo a omissão fraudulenta
refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utili- de informação relevante, ainda que disso não decorra
zar-se de meio de transporte sem dispor de recursos qualquer resultado lesivo.
para efetuar o pagamento. Sobre a pena, é claro que as figuras do § 1º do art.
A primeira conduta é tomar refeição em restauran- 177, do CP, é subsidiário, ou seja, cede lugar quando
te sem dispor de recursos para efetuar o pagamento. o fato se enquadra como crime contra a economia
A lei refere-se genericamente a restaurante, de tal popular da Lei nº 1.521/1951.
DIREITO PENAL

forma que abrange lanchonetes, cafés, bares e outros Nas figuras descritas no § 1º do art. 177, do CP, a
estabelecimentos que sirvam refeição. Esta, aliás, lei penal incrimina fraudes e abusos na administra-
engloba a ingestão de bebidas. Entende-se que o deli- ção da sociedade por ações, estabelecendo as mesmas
to não se configura quando o agente é servido em sua penas para:
própria residência.
A segunda conduta incriminada é alojar-se em z O diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
hotel sem dispor de recursos para efetuar o pagamen- ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan-
to. A punição, evidentemente, estende-se a fatos que ço ou comunicação ao público ou à assembleia faz
ocorram em estabelecimentos similares, como pen- afirmação falsa sobre as condições econômicas da
sões ou pousadas. sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo 265
ou em parte, fato a elas relativo, e o liquidante, z Inexistem as mercadorias no documento
bem como o representante da sociedade anônima especificadas;
estrangeira, autorizada a funcionar no País, que z Há emissão de mais de um título para a mesma
pratica os atos mencionados, ou dá falsa informa- mercadoria ou gêneros especificados no título;
ção ao Governo; z O título não perfaz as exigências reclamadas no
z O diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por art. 15 do decreto.
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de
outros títulos da sociedade, e o liquidante, bem Sujeito ativo é o depositário da mercadoria. Sujei-
como o representante da sociedade anônima to passivo é o endossatário ou portador que recebe o
estrangeira, autorizada a funcionar no País, que título sem saber da ilegalidade.
pratica os atos mencionados, ou dá falsa informa- O crime se consuma quando o título é colocado
ção ao Governo; em circulação e a tentativa não é possível, pois, ou o
z O diretor ou o gerente que toma empréstimo à agente o coloca em circulação, consumando o crime,
ou não o faz, sendo atípica a conduta.
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de ter-
ceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia
Fraude à execução
autorização da assembleia geral, e o liquidante;
z O diretor ou o gerente que compra ou vende, por
O crime consiste na existência de uma senten-
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
ça a ser executada ou de uma ação executiva e
quando a lei o permite, e o liquidante;
mandamento.
z O diretor ou o gerente que, como garantia de crédi-
O agente, com o fim de fraudar a execução, desfa-
to social, aceita em penhor ou em caução ações da
z-se de seus bens por meio de uma das condutas des-
própria sociedade e o liquidante; critas na lei:
z O diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
desacordo com este, ou mediante balanço falso, z Alienando;
distribui lucros ou dividendos fictícios; z Desviando;
z O diretor, o gerente ou o fiscal que, por interpos- z Destruindo ou danificando bens; ou
ta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a z Simulando dívidas.
aprovação de conta ou parecer, e o liquidante.
Sujeito ativo é o devedor.
Observe-se que, em tal dispositivo, o legislador Se for empresário e as condutas forem perpetra-
pune o diretor, o gerente e, em alguns casos, o fiscal das após decretada sua quebra, o ato caracterizará
e o liquidante, que incidam em fraude em afirmação crime falimentar.
referente à situação econômica da empresa, realizem O sujeito passivo é o credor.
falsa cotação de ações, tomem emprestado ou usem Trata-se de crime material que somente se consu-
indevidamente bens ou haveres da sociedade, com- ma quando a vítima sofre algum prejuízo patrimonial
prem ou vendam ilegalmente ações, prestem caução em consequência da atitude do agente.
ou penhor ilegais, distribuam lucros ou dividendos A tentativa é possível quando o sujeito não conse-
fictícios ou aprovem fraudulentamente conta ou pare- gue realizar a conduta típica pretendida.
cer. Todos esses crimes são próprios, pois só podem A ação penal é privada.
ser cometidos pelas pessoas expressamente mencio- Se a fraude atingir execução promovida pela União,
nadas no texto legal. Estado ou Município, a ação será pública incondicionada.

Emissão irregular de conhecimento de depósito RECEPTAÇÃO


ou “warrant”
O crime de receptação pode ser dividido em:
Trata-se de dispositivo fundamentado no Decreto
nº 1.102/1903, que permite a emissão do conhecimen- z Receptação simples;
to de depósito e do warrant quando mercadorias são z Receptação qualificada;
depositadas em armazéns gerais. z Receptação culposa;
z Receptação de animal.
Esses títulos, negociáveis por endosso, são entre-
gues ao depositante, sendo que o primeiro é documen-
Antes de iniciarmos a análise de cada uma das divi-
to de propriedade da mercadoria e confere ao dono o
sões feitas acima, é importante mencionar que, segundo
poder de disposição sobre a coisa, enquanto o segun-
posicionamento doutrinário majoritária, confirmada
do confere ao portador direito real de garantia sobre
pela jurisprudência do STF, a coisa deve ser móvel.
as mercadorias. É importante que você saiba, também, que a recep-
Quem possui ambos tem a plena propriedade tação é punível ainda que desconhecido ou isento de
delas. pena o autor do crime de que proveio a coisa.
Delito é a circulação desses títulos em desacordo Logo, a punição da receptação não depende da
com disposição legal. punição do crime anterior, de que se obteve a coisa.
Trata-se de norma penal em branco, complemen-
tada pelo Decreto nº 1.102/1903. Receptação simples
De acordo com seus ditames, a emissão é irregular
quando: O crime de receptação, previsto no Artigo 180 do
Código Penal, pratica-se quando o agente adquirir,
z A empresa não está legalmente constituída (art. receber, transportar, conduzir ou ocultar, em provei-
1º); to próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de cri-
z Inexiste autorização do Governo Federal para a me, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira,
266 emissão (arts. 2º e 4º); receba ou oculte.
É crime comum, tanto em relação ao sujeito ativo, Distrito Federal, de Município ou de autarquia, funda-
como em relação ao sujeito passivo. ção pública, empresa pública, sociedade de economia
A doutrina divide a receptação simples em própria mista ou empresa concessionária de serviços públicos.
ou imprópria. Conheça tal divisão:
Receptação de animal
z Receptação Própria: adquirir, receber, transpor-
tar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou Trata-se de um tipo autônomo de receptação e não
alheio, coisa que sabe ser produto de crime. uma forma qualificada de receptação, já que se altera
z Receptação Imprópria: influir para que terceiro, de os patamares mínimos e máximos da pena.
boa-fé, a adquira, receba ou oculte. A receptação de animal (semovente domesticável
de produção) tem a pena de reclusão, de 2 a 5 anos e
A receptação é crime de tipo misto alternativo, multa.
podendo o agente ser responsabilizado penalmente, O crime de receptação de animal está previsto no
caso pratique qualquer um dos verbos descritos no artigo 180-A do Código Penal.
tipo penal. Foi inserido pela Lei nº 13.330/2016, sendo, portan-
to, um tipo penal bastante recente.
Receptação qualificada Este crime será praticado quando o agente adqui-
rir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
A receptação qualificada é aquela praticada no depósito ou vender, com a finalidade de produção ou
exercício de atividade comercial ou industrial. de comercialização, semovente domesticável de pro-
Será qualificada a receptação quando o agente dução, ainda que abatido ou dividido em partes, que
adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em deve saber ser produto de crime.
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à Aqui, também é admitido o dolo eventual (que
venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito pró- deve saber ser produto de crime).
prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou Semovente domesticável de produção pode ser
industrial, coisa que deve saber ser produto de crime. entendido como o animal de bando, como bovinos e
A pena no caso da modalidade qualificada será de suínos, que constituem patrimônio de alguém, domes-
3 (três) a 8 (oito) anos. ticados com finalidade produtiva.
É admitido, na receptação qualificada, tanto o dolo Ex.: Fulano adquiri, no exercício do comércio em
direto quanto o dolo eventual (coisa que deve saber seu açougue, gado abatido após ser furtado em uma
fazenda, com a finalidade de comercializar a carne.
ser produto de crime).
Fulano praticou o crime de receptação de animal.
Será equiparada à atividade comercial, para fins
de receptação qualificada, qualquer forma de comér-
cio irregular ou clandestino, inclusive aquele exerci- DISPOSIÇÕES GERAIS
do em residência.
Imunidades nos Crimes Contra o Patrimônio
Receptação culposa
As disposições gerais dos crimes contra o patrimô-
Segundo entendimento doutrinário majoritário, a nio versam sobre as:
receptação será culposa quando o agente adquirir ou
receber coisa que, por sua natureza ou pela despro- z Imunidades
porção entre o valor e o preço, ou pela condição de „ Imunidades absolutas
quem a oferece, presume-se que tenha sido obtida por „ Imunidades relativas ou processuais penais
meio criminoso.
Ex.: Fulano adquiri uma motocicleta, avaliada em z Exceções às imunidades
R$ 10.000,00, de Ciclano, que pediu por ela o valor
de R$ 2.500,00. Fulano é abordado por policiais civis, As imunidades absolutas isentam de pena quem
identificando-se, posteriormente, que a motocicleta é comete delito contra o patrimônio em prejuízo de
objeto de furto. ascendente, descendente ou cônjuge, na constância
É possível que Fulano seja responsabilizado cri- da sociedade conjugal.
minalmente por receptação culposa, já que há muita São autênticas escusas absolutórias, vedando
desproporção entre o valor da coisa e o preço pedido inclusive a instauração do inquérito policial.
pelo agente, tendo ele elementos para presumir que a Trata-se de um perdão legal.
coisa foi obtida por meio criminoso. Conquanto o fato seja típico, antijurídico e culpá-
À receptação culposa se aplica o instituto do per-
vel, há um impedimento legal da punibilidade, que é
dão judicial, podendo o juiz deixar de aplicar a pena,
excluída antes mesmo da prática do delito, distinguin-
levando em consideração as circunstâncias do fato e
do-se do perdão judicial, que é concedido pelo juiz na
caso o criminoso seja primário.
sentença, após o devido processo legal.
No caso de receptação dolosa, aplica-se o institu-
DIREITO PENAL

to do privilégio, podendo o juiz, caso o agente seja A primeira causa de imunidade é o delito prati-
primário e seja de pequeno valor a coisa, substituir cado em prejuízo de cônjuge, na constância da socie-
a pena de reclusão pela pena de detenção, reduzir a dade conjugal, por exemplo, não se instaura sequer
pena de 1/3 a 2/3; ou aplicar somente a pena de multa. inquérito policial quando a esposa furta o marido, ou
Em 2017, por meio da Lei 13.531, foi inserido vice-versa.
importante dispositivo ao Código Penal, que aumenta A imunidade subsiste na separação de fato.
a pena do agente ao dobro. Exclui-se a imunidade se por ocasião do delito eles
A pena prevista para a receptação simples (pró- estavam separados judicialmente.
pria ou imprópria) será aplicada em dobro, tratan- A tendência é estender a imunidade à união está-
do-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do vel, considerando-a equiparada ao casamento. 267
Se não houver coabitação, mas apenas relação de
Importante! hospitalidade, moradia eventual, como a que ocorre nas
O art. 7º, IV, da Lei Maria da Penha considera férias escolares em que o sobrinho vai passar alguns
dias na casa de um tio, não há falar-se em imunidade.
também violência doméstica o atentado contra
O art. 183, do CP, dispõe que as imunidades absolu-
o patrimônio da mulher. tas e relativas não se aplicam:
Diante disso, uma corrente doutrinária susten-
ta que não haveria mais imunidade nos crimes z Ao crime de roubo, ainda que o roubo seja com violên-
patrimoniais contra a mulher. cia imprópria, como a subtração ocorrida após o ladrão
Entretanto, o STJ já decidiu pela manutenção hipnotizar a vítima, exclui-se a imunidade, pois a lei
da imunidade, à medida que a referida lei não a não abre qualquer exceção ao delito de roubo.
afastou expressamente. z O crime de extorsão, ainda que se trate da extorsão
indireta, onde não há violência ou grave ameaça,
exclui-se a imunidade.
A segunda causa de imunidade, crime contra o z Aos delitos cometidos com emprego de grave
patrimônio praticado em prejuízo de ascendente, inci- ameaça ou violência à pessoa.
de também nos casos de adoção. z Ao estranho que participa do crime, pois, a imuni-
Porém, se o filho adotivo furta o pai biológico, este dade é uma circunstância pessoal, logo incomuni-
responderá pelo delito, e vice-versa, pois a adoção cável, por exemplo, o terceiro que auxilia o marido
a furtar a esposa responde pelo crime de furto.
extingue os vínculos com a família de sangue.
z Aos delitos praticados contra pessoa com idade
Tratando-se de vínculo de afinidade, como sogro,
igual ou superior a 60 anos.
sogra, genro, nora, padrasto, madrasta, enteado e
enteada, não há imunidade, tendo em vista a vedação
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
da analogia.
A última causa de imunidade absoluta, quando se
Bem jurídico tutelado
pratica crime contra o patrimônio em prejuízo de des-
cendente, é aplicada também nos casos de adoção.
Na redação original do Código Penal de 1940, os
Nas imunidades penais relativas, previstas no art. tipos constantes no Título VI, da Parte Especial,
182 do CP, o delito, de ação pública incondicionada, eram chamados de “Crimes conta os costumes”. Cos-
transmuda-se para ação pública condicionada à repre- tumes, na época, tinha o significado de hábitos, con-
sentação da vítima ou de seu representante legal. dutas sexuais que eram aprovadas pela moral vigente.
Tratando-se de crime de ação privada, não há Com a promulgação da Constituição Federal de
falar-se em imunidade processual, cuja finalidade é 1988, que adotou a dignidade da pessoa humana
beneficiar, ao invés de prejudicar. como fundamento, a dotrina passou a entender que
A ação penal privada é mais vantajosa do que a ao invés de tutelar os costumes, a lei penal deveria
ação penal pública condicionada à representação. proteger o bem jurídico liberdade sexual em sentindo
A primeira causa de imunidade processual con- amplo. Seguindo esse entendimento, a Lei nº 12.015/09
siste no fato de o delito ser praticado em prejuízo de promoveu alterações em alguns tipos penais e mudou
cônjuge judicialmente separado. Vejamos, marido fur- o bem jurídico do Título VI do CP, que passou a ser
ta esposa um tempo depois de o casamento ser dis- denominado “Dos crimes contra a dignidade sexual”.
solvido, estão separados judicialmente. Neste caso, há Os crimes contra a dignidade sexual trazem, por-
imunidade relativa. tanto, a tipificação de condutas sexuais praticadas:
Tratando-se de cônjuges divorciados ao tempo do
crime, não há qualquer imunidade. Por exemplo, após a) contra a vontade da vítima – Capítulo I;
separados judicialmente, ex-esposa furta ex-marido. b) mediante fraude (vontade viciada) – Capítulo I; e
A segunda causa, delito praticado em prejuízo c) contra vulneráveis – Capítulo II
de irmão, abrange os irmãos germanos ou bilaterais
(filhos dos mesmos pais) e os irmãos unilaterais, que Em todos os tipos penais dos crimes contra a dig-
podem ser consanguíneos (filhos do mesmo pai) ou nidade sexual o bem jurídico tutelado é a liberdade
uterinos (filhos da mesma mãe). sexual.
É claro que a imunidade também se estende aos
irmãos adotivos.
Observa-se que, se o agente comete delito de furto Importante!
em prejuízo de cunhado: Inseridos ao tema crimes contra a dignidade
sexual encontram-se o tipo do estupro (art. 213,
z Se a sua irmã for casada no regime da comunhão CP), o assédio sexual (art. 216-A), o registro não
universal, haverá imunidade. autorizado da intimidade sexual (art. 216-B) e o
z Se o regime for o da comunhão parcial, só have- estupro de vulnerável (art. 217-A) tipos penais
rá imunidade se o furto recaiu sobre bem comum, recorrentes em provas de concursos. Dentre
isto é, comunicável em razão do casamento. estes, merece destaque o tipo do art. 217-A que
z Se o regime for o da separação de bens, não costuma receber maior destaque nas provas.
há falar-se em imunidade, pois os bens não se
comunicam.
ESTUPRO
A última causa de imunidade, delito praticado em
prejuízo de tio ou sobrinho com quem o agente coabi- Art. 213. Constranger alguém, mediante violência
ta, pode se caracterizar ainda que o crime tenha sido ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a pra-
praticado fora do local em que eles vivem, como, por ticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
exemplo, numa pescaria. libidinoso:
268
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. São, assim, três as formas qualificadas:

No caput do art. 213 encontra-se a modalidade


simples. Constranger significa forçar, coagir alguém Estupro com Estupro
usando de violência (vis absoluta) ou grave ameaça resultado contra vítima Estupro com
(vis compulsiva). No caso do estupro a coação tem a lesão menor de 18 resultado
finalidade de se obter: corporal e maior de morte (§2º)
grave (§1º) 14 (§1º)
a) a conjunção carnal, que é a introdução do pênis
na vagina (cópula vagínica); ou
b) outro ato libidinoso (diverso da conjunção carnal Todos dos tipos de estupro (caput e parágrafos) são
como, por exemplo, sexo oral, sexo anal, toques considerados hediondos, confome o art. 1º, V, da Lei
íntimos ou sobre a roupa, masturbação e o beijo nº 8.072/90.
lascivo). A conjunção carnal é um tipo de ato libi-
dinoso (gênero).
Art. 213, caput (estupro simples)
Atos libidinosos HEDIONDOS Art. 213, §1º (qualif. pela lesão grave/ idade)
Art. 213, §2º (qualif. pela morte)
(gênero)

O sujeito ativo e o sujeito passivo do estupro


podem ser qualquer pessoa, sem qualquer qualifi-
Conjunção carnal cação especial (crime comum). Homens e mulheres
(espécie) podem ser tanto autores quanto vítimas (crime bico-
mum). A esposa pode ser vítitma do crime pratica-
do pelo marido, ou seja, ocorre o estupro quando
Trata-se de um tipo misto alternativo, conforme o marido constrange, mediante violência ou grave
doutrina e jurisprudência do STF e STJ. Ou seja, se o ameaça, sua esposa à prática de conjunção carnal
sujeito constrange a vítima à conjunção carnal e pra- ou ato libidinoso. Não há nada que impeça, também,
tica sexo oral, responde por um só crime. Da mesma que a prostituta seja sujeito passivo.
forma a prática de vários atos libidinosos configura
É possível a participação (quando um dos autores
crime único (claro desde que contra a mesma víti-
segura a vítima para que com ela se pratique os atos)
ma, no mesmo contexto).
e a coautoria (quando há instigação, por exemplo).
A redação do estupro antes da Lei nº 12.012/09 era
Só existe estupro doloso, se consumado com a efe-
assim:
tiva prática da conjunção carnal ou dos atos libidino-
sos (crime material).
Art. 213. Constranger mulher à conjunção carnal,
A grave ameaça ou a violência constituem cri-
mediante violência ou grave ameaça.
mes-meio para a prática do estupro, ficando por
ele absorvidos (princípio da consunção).
Só mulher poderia ser vítima e somente o homem
Vamos agora ver algumas particularidades sobre
poderia ser sujeito ativo, uma vez que só se consuma- o crime de estupro que já foram objeto de questiona-
va o crime pela conjunção carnal. mento em provas:
Os demais atos libidinosos eram protegidos pelo
tipo do atentado violento ao pudor, que se encontrava a) consumação e tentativa. Observe os dois exemplos:
no art. 214, CP, hoje revogado: a1) o agente aborda sua vítima na rua e a leva para
um local ermo com a intenção de estuprá-la; lá che-
Art. 214. Constranger alguém, mediante violência ou gando começa a tirar a roupa da vítima, momento
grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se que é interrompido pela chegada da polícia, antes
pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal. da prática de algum ato libidinoso ou de conjunção
carnal. Neste caso vai responder pelo estupro na
Atenção: não houve abolitio criminis, pois, apesar forma tentada.
do art. 214 de ter sido revogado, as condutas por ele a2) vamos modificar um pouco o exemplo acima.
tratadas encontram-se hoje previstas no art. 213, CP Nesta situação, ao retirar as roupas da vítima, o
(houve, portanto, o que chamamos de continuidade sujeito toca e beija suas partes íntimas, quando é
típico-normativa) surpreendio pela polícia. Muito embora não tenha
O estupro tem, também, duas formas qualifica- praticado a conjunção carnal, que era seu dolo,
das pelo resultado. A primeira pela ocorrência de antes de ser interropido pela polícia praticou atos
lesão corporal grave (tanto faz as graves quanto as libidinosos ao tocar as partes íntimas da vítima.
gravíssímas) ou pela idade da vítima: Neste caso, vai responder pelo estupro consumado.
DIREITO PENAL

b) “curra” é o nome vulgarmente dado para a situa-


§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de ção na qual dois ou mais agentes se revezam
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 na prática do estupro contra a mesma vítima.
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Ocorre, por exemplo, quando um agente segura
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. a vítima, enquanto o outro mantém com ela con-
junção carnal; logo após, eles se revezam. Neste
E a outra forma é qualificada pela morte: caso, cada um dos agentes vai responder por
dois crimes (um como autor e outro como coau-
§ 2º Se da conduta resulta morte: tor, como no nosso exemplo; ou ainda como partí-
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. cipe, dependendo da situação). 269
c) a presença de lesões na vítima não é requisito Causas de aumento de pena
necessário, uma vez que certos atos libidinosos não
deixam marcas visíveis que sejam passíveis de serem Preste atenção que as causas de aumento de pena
apuradas por meio de exame de corpo de delito. Na que se aplicam a todos os crimes contra a dignidade
verdade, em algumas situações, o contato físico sexual, encontram-se no art. 226, que vamos ver mais
entre a vítima e o agressor não é necessário para adiante.
que haja consumação do estupro (com relação aos Com a entrada em vigor da Lei nº 13.718/18, que
atos libidinosos). O tipo do art. 213, menciona “prati- alterou o art. 225 do Código Penal, TODOS os crimes
car” ou “permitir” [a vítima], que com ela se pratique contra a dignidade sexual passaram a ser crimes de
ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Imagine ação penal pública incondicionada, não precisando
a situação hipotética na qual o agente constrage a mais da representação da vítima.
vítima mediante grave ameaça a tocar seu próprio Agora vamos praticar um pouco para fixar alguns
corpo de maneira erótica (automasturbação). Neste pontos do que já estudamos.
caso o agente vai responder pelo estupro, uma vez
que constrangeu a vítima a praticar ato libidinoso, VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
mediante grave ameaça.
d) absurdamente, o casamento da vítima com o A atual redação do art. 215, CP se deu com as
agressor (ou com terceiro), até 2005, configura- modificações da Lei nº 12.015/09, dá qual já falamos
va causa extintiva da punibilidade para os cri- quando estudamos o estupro. Aqui houve nova conti-
mes de estupro. A Lei nº 11.106/05, entre outras nuidade típico-normativa: o tipo do 216 foi revogado
mudanças, acabou com essa possibilidade. e a conduta incluída no art. 215, CP.

Formas qualificadas pelo resultado Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou
O art. 213, apresenta duas formas de estupro qua- outro meio que impeça ou dificulte a livre manifes-
lificado pelo resultado: no § 1º (lesão grave) e no § tação de vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
2º (morte). Em relação à lesão corporal, esta pode ser
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim
tanto grave quanto gravíssima (a distinção encontra-
de obter vantagem econômica, aplica-se também
-se no art. 129, CP, respectivamente, nos §§ 1º e 2º). As multa.
lesões leves são absorvidas.
Em relação a estes resultados mais graves (lesão
Consiste na prática de conjunção carnal ou outro
grave e morte), a maioria da doutrina entende ser
ato libidinoso com alguém (homem ou mulher) com
hipótese de crime preterdoloso, isto é, o resultado
emprego de fraude ou outro meio que impeça ou
lesão ou morte se dá por culpa do atente (lembre-se
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
preterdolo = dolo na conduta antecedente e culpa na
O exemplo clássico (que já apareceu em mais de
consequente). Nesse sentido, se o agente quer estu-
uma prova) é o do médico que pede para que a pacien-
prar e também tem o dolo de lesionar ou de matar,
te tire toda a roupa, pois precisa examiná-la e, sem
vai responder pelos dois crimes em concurso. Alguns
que seja necessário, toca as partes íntimas da vítima
doutrinadores, no entanto, entre eles Guilherme Nuc-
(que foi enganada, pois pensou que os toques fossem
ci, entendem ser indiferente o fato do agente agir com
parte normal do exame; ou seja houve engano sobre a
dolo ou culpa em relação ao resultado mais grave.
legitimidade do ato). Outro exemplo muito usado é o
O § 1º apresenta, ainda, a qualificadora pela ida-
do irmão gêmeo que toma o lugar de seu irmão e pra-
de da vítima, caso seja menor de 18 e maior de 14. Em
tica conjunção carnal com a namorada deste (engano
relação à idade da vítima, temos as seguintes hipóteses
sobre a pessoa).
(atenção que há uma possível “pegadinha” de prova)

IDADE DA VÍTIMA CONSEQUÊNCIA Importante!


Estupro simples (art. 213, Na hora da prova não confunda o crime do art.
Maior de 18 anos 215 com o do art. 217-A (que vamos ver logo
caput, CP)
mais). A redação da violação sexual mediante
Vítima maior de 14 e me- Estupro qualificado (art. fraude (art. 215) aponta que o agente deve impe-
nor de 18 213, §1º, CP) dir ou dificultar a livre manifestação da vontade
Estupro de vulnerável (art. da vítima: se o agente retira por completo a von-
Vítima menor de 14 anos tade da vítima (embebedando-a completamen-
217-A, CP)
te, por exemplo), esta se torna vulnerável, sendo
Você notou uma “falha”? O que acontece se a víti- o caso então da aplicação do tipo penal do art.
ma tiver exatos 14 anos, ou seja, se for estuprada exa- 217-A (estupro de vulnerável).
tamente no dia em que completa 14 anos? Existe uma Também não confunda o art. 215 com o 213
lacuna na lei que deixa de fora da forma qualifica- (estupro): o meio de execução é diferente:
da a vítima com exatos 14 anos completos na data
do crime (que fala em vítima “maior de” 14, mas não
menciona com idade “igual”) bem como não tipifica Art. 215 (violação)
Art. 213 (estupro) Fraude ou outro meio
a conduta com estupro de vulnerável (“menor de” Violência
14 anos). Neste caso, o enquadramento é feito como que impeça ou dificulte
ou grave ameaça. a manifestação de
estupro simples (art. 213, caput). Fique antento a este
fato, que pode ser uma típica “pegadinha’. vontade.
270
Veja que para que configure este tipo, deve haver obter favorecimento sexual de qualquer forma (pode
fraude, engano, ardil; se houver violência ou grave ser até um beijo), mediante uma ameaça (quer pode
ameaça não configura o art. 215, CP. ser explícita ou não) ou de uma promessa (de promo-
Se a vítima for menor de 14 anos, vai ser o caso da ção, por exemplo), que também pode ser explícita ou
incidência do art. 217-A. implícita.
O sujeito ativo está em posição hierarquicamente
Não é crime hediondo. superior à vitima (tem maior autoridade na estrutura
administrativa) ou que tem ascendência inerente ao
O parágrafo único do art. 215 prevê a aplicação emprego, cargo ou função que exerce (setor privado);
também da pena de multa se o delito é praticado com por sua vez, o sujeito passivo é o subordinado (assé-
a finalidade de obter vantagem econômica, como no dio vertical). É o que se chama de crime bipróprio
caso do agente que deixa de pagar a prostituta após (exige carecterísticas especiais do sujeito ativo e do
a realização da conjunção carnal ou de outro ato passivo).
libidinoso.
Não há assédio sexual entre funcionários do mes-
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL mo nível (assédio horizontal). Também não se
configura quando o subordinado assedia o
Incluído pela Lei nº 13.718/18, o art. 215-A revogou superior.
o art. 61 da Lei de Contravenções Penais (que previa
conduta semelhante), criando o tipo penal de impor- São aspectos relevantes relativos ao tipo do art.
tunação sexual:
216-A:
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua
anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer
a) é crime bicomum;
a própria lascívia ou a de terceiro: b) o flerte (paquera) ou o namoro não configuram a
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato conduta descrita;
não constitui crime mais grave. c) se a vítima é menor de 14 anos, configura o tipo do
art. 217-A;
Exemplo de conduta tratada por este tipo penal d) é crime formal (de resultado cortado), ou seja,
foi objeto de destaque na mídia em tempos recentes, consuma-se com o constrangimento;
que se materializava quando o sujeito, dentro de um e) o parágrafo § 2º determina o aumento de até um
transporte coletivo, ejaculava na vítima ou se esfre- terço se a vítima tem mais de 14 e é menor do que
gava nela. 18 anos (cuidado que o dispositivo fala em menor
Os principais aspectos sobre esse crime são: de 18, mas como vimos, os menores de 14 são cui-
dados pelo art. 217-A); não estabelece, no entan-
z não é hediondo; to, o quantitativo mínimo de aumento: a doutrina
z é crime subsidiário (só vai se aplicar se não aponta que deve ser aplicado o aumento mínimo
constituir crime mais grave); existente no CP: um sexto;
z é bicomum (homem e mulher podem ser sujei- f) a paixão do agente pela vítima não excluem o
tos ativos/passivos); crime (veja o art. 28, I do CP, que afirma expres-
z se praticado contra menor de 14 anos, é afastado, samente que a emoção e a paixão não afastam a
incindo o tipo do art. 217-A; e responsabilidade penal);
z deve ser praticado contra vítima(s) determina(s); g) conforme a doutrina majoritária é crime ins-
se não é praticado contra pessoa específica, cons- tantâneo, não exigindo a prática de atos de forma
titui ato obsceno (art. 233, CP) como por exemplo, reiterada;
quando o agente se masturba no meio de um par- h) não se exige que o assédio ocorra dentro do
que, sem se dirigir a ninguém de forma particular. ambiente de trabalho; e
i) por último temos a questão da relação professor e
ASSÉDIO SEXUAL aluno. Existe o crime, por exemplo, quando o pro-
fessor, ao afirmar a uma aluna que precisava de
O assédio sexual encontra-se previsto no art. 216-A: pontos para ser aprovada em sua disciplina, apro-
xima-se e toca sua barriga e seus seios? Neste caso
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de temos duas posições: a primeira corrente afir-
obter vantagem ou favorecimento sexual, prevale- ma que não, por não haver hierarquia ou ascen-
cendo-se o agente da sua condição de superior hie- dência do docente em relação ao aluno (já foi o
rárquico ou ascendência inerentes ao exercício de entendimento predominante e ainda prevalece
emprego, cargo ou função. na doutrina); já pela segunda corrente, adota-
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos da pelo STJ em 2019 (ao analisar exatemente um
Parágrafo único.
DIREITO PENAL

caso como o do exemplo), afirma que, apesar de


§ 2º o A pena é aumentada em até um terço se a
não haver relação de hierarquia, há um domí-
vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
nio do docente sobre o aluno, sendo aplicável
o tipo do assédio sexual. Essa discussão se aplica
O Párágrafo único foi vetado. Temos apenas o § 2º.
na relação entre líderes religiosos, como pastores
A palavra constranger, no caso do art. 216-A, não
e padres, e seus fiéis; neste caso, aplica-se a posição
tem o mesmo sentido do que no estupro: o assédio
da doutrina que afirma não ser possível.
sexual tem a ideia de intimidar alguém a fazer
alguma coisa (atos sexuais, libidinosos) sem o uso
Em relação à configuração de crime de assédio na
de violência ou grave ameaça. O intuito do agente é
relação entre professor e aluno: 271
a) numa prova objetiva, o mais indicado é seguir a (provavelmente você já ouviu falar do chamado deep-
posição do STJ, no sentido de que é possível o assé- fake, que consiste na manipulação de rostos por meio
dio sexual entre professores e alunos; de inteligência artificial)
b) numa prova discursiva, explique as duas posições. Vamos aproveitar e estudar outro tipo penal que
Veja o posicionamento, por exemplo, de Guilher- tem relação direta com o crime do art. 216-B.
me Nucci. Leia atentamente os verbos que constam no art.
216-B: produzir, fotografar, filmar ou registrar.
REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE Observe que não há a expressão divulgar. E então,
SEXUAL o que acontece se alguém divulga a cena registrada?
Neste caso, incide em uma das formas previstas no
Incluído em dezembro de 2018, no CP, pela Lei nº art. 218-C, incluído no CP em 2018, Divulgação de
cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerá-
13.772/18 é o único crime que consta do Capítulo I-A
vel, de cena de sexo ou de pornografia:
do Título VI:
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, trans-
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar,
mitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar
por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou
ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio
ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado
de comunicação de massa ou sistema de informáti-
sem autorização dos participantes:
ca ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
tro audiovisual que contenha cena de estupro ou
multa.
de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem
induza a sua prática, ou, sem o consentimento da
realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou
vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
qualquer outro registro com o fim de incluir pes-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
soa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso
não constitui crime mais grave.
de caráter íntimo.
Veja bem, o art. 218-C (divulgação) prevê um crime
Note que art. 216-B constitui em um tipo misto mais grave do que o previsto no art. 216-B (divulgação).
alternativo, trazendo os seguintes núcleos: produzir, Uma das formas mais comuns de prática é o que
fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio. se conhece por pornô de vingança (revenge porn, em
Pode se configurar tal crime por exemplo, quando inglês) na qual após o término de um relacionamento,
um locador instala um equipamento de gravação de o agente divulga cenas íntimas da(o) ex-parceira(o).
vídeo em um imóvel com a finalidade de captar ima- Os pontos relevantes em relação ao tipo do art.
gens íntimas sem o conhecimento dos ocupantes. Ou, 218-C são:
ainda, quando o vizinho filma a vizinha trocando de
roupa. z Trata-se de crime subsidiário;
O consentimento do ofendido, afasta a tipicidade, z É tipo misto alternativo, ou seja, se o agente
uma vez no tipo consta a expressão “sem a autoriza- praticar todos os núcleos que constam no arti-
ção dos participantes”. go, dentro do mesmo contexto fático, responde
Apenas o maior de idade, capaz, pode consentir somente por um crime;
com o registro. Se a vítima for menor, configura o deli- z Assim como os demais crimes contra a digni-
to do art. 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente: dade sexual, procede-se mediante ação pública
incondicionada;
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, z Em relação ao sujeito passivo: pode ser qualquer
filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de um, desde que não seja menor de 18 anos. Neste
sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança caso, sendo criança ou adolescente, aplica-se o dis-
ou adolescente: posto no art. 241-B do ECA:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
multa. Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de
registro que contenha cena de sexo explícito ou por-
É importante notar que a lei fala em “caráter ínti-
nográfica envolvendo criança ou adolescente:
mo e privado”. Por exemplo, filmar um casal realizan-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
do ato sexual numa praia não configura o tipo do art. multa.
216-B.
É cabível a tentativa: o agente pode tentar regis- z O parágrafo § 1º estipula causa especial de aumen-
trar e não consequir. to de pena (de 1/3 a 2/3) se o agente mantém ou já
manteve relação íntima de afeto com a vítima, ou
Forma equiparada se o crime é cometido com a finalidade de vingan-
ça ou de humilhar a pessoa exposta.
O parágrafo único do artigo 216-B apresenta uma z Por fim, o § 2º indica causa especial de exclusão
forma equiparada ao registro do caput. Neste caso o da ilicitude: não há crime com a conduta se dá em
agente não registra cena verdadeira (ou seja, a víti- publicação que adote recurso que impossibilite
ma não participa do ato), mas sim faz uma montagem identificar a vítima ou se devidamente autorizado,
(de fotografia, vídeo, áudio ou qualquer meio) para no caso de pessoa maior e capaz.
incluir alguém em cena de nudez ou ato sexual ou libi-
dinoso de caráter íntimo. Com o avanço de softwares ESTUPRO DE VULNERÁVEL
de manipulação de imagem cada vez mais potentes,
essa forma de crime tem aumentado cada vez mais É primeiro dos crimes do Capítulo II, Crimes
na Internet, sobretudo com a inclusão do rosto de sexuais contra vulnerável. No caput do art. 217-A
272 pessoas famosas em cenas de filmes pornográficos temos o estupro de vulnerável simples ou próprio:
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro § 3º Se da conduta resulta lesão corporal de
ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: natureza grave:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4º Se da conduta resulta morte:
Conforme podemos notar do tipo do art. 217-A, Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
não é necessário o constrangimento da vítima
(mediante violência ou grave ameaça): qualquer prá- Todas as hipóteses de estupro de vulnerável (§§
tica de conjunção carnal ou outro ato libidinoso 1º, 3º e 4º) são consideradas hediondas (conforme
com pessoa menor de 14 anos, configura estupro prevê o art. 1º, VII, da Lei nº 8.072/90).
de vulnerável (o constrangimento é presumido: pre-
sunção absoluta). Art. 217-A caput (estupro de vulnerável próprio)
HEDIONDOS Art. 217-A, § 3º (qualificada pela lesão grave)
Forma equiparada Art. 217-A, § 4º (qualificada pela morte)

O § 1º do art. 217-A apresenta a figura equiparada


O art. 217-A tem os seguintes aspectos:
do estupro de vulnerável:
z É crime material, consumando-se com a prática
[...] § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as
da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso;
ações descritas no caput com alguém que, por
z É cabível a tentativa;
enfermidade ou deficiência mental, não tem o z Trata-se de tipo misto alternativo (lembre-se dos
necessário discernimento para a prática do ato, ou comentários já feitos em outros crimes contra a
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer dignidade sexual);
resistência. z Assim como comentamos no caso do estupro do
art. 213, não é necessário o contato físico entre o
Assim, são considerados vulneráveis (sujeitos pas- autor e a vítima.
sivos) para os fins dos crimes sexuais:
Por fim, cabe mencionar um tema muito inte-
VULNERÁVEIS PARA FINS DOS CRIMES SEXUAIS ressante: trata-se da chamada Exceção de Romeu e
(CAPÍTULO II) Julieta. Você certamente já ouviu falar do clássico de
William Shakespeare: Julieta é uma jovem que se apai-
Art. 217-A, caput Art. 217-A, primei- Art. 217-A, parte xona por Romeu, de uma família rival. A personagem
ra parte final Julieta, na obra, tinha 13 quando se relacionou amo-
rosamente com Romeu (que, tinha 17). Agora imagine
Menores de 14 Enfermos e Qualquer um
tal situação frente à legislação penal brasileira: Julieta
anos (o Professor doentes mentais que, por outra
Rogério Sanchez que não possuem causa, não se enquadraria, como vimos, no conceito de vulnerá-
denomina esta de o discernimento possa oferecer vel. Segundo a teoria da Exceção de Romeu e Julieta,
vulnerabilidade necessário resistência (por caso haja consentimento e, desde que haja pequena
absoluta). para a prática exemplo uma diferença de idade entre os parceiros (normalmente
do ato sexual pessoa que se fala em até 5 anos) não seria o caso de considerar o
(Rogério Sanchez se encontra ato sexual, por exemplo, de um casal de namorados de
denomina esta de em coma ou 13 e 18 anos, como estupro. No entanto, no Brasil, con-
vulnerabilidade sob efeito de forme jurisprudência consolidada, tal exceção não
relativa, uma sedação; pessoa se aplica (lembre-se, de acordo com o STJ, “o consen-
vez que, por se desacordada,
timento da vítima, sua eventual experiência sexual
tratar de critério por motivo de
biopsicológico, embriaguez; anterior ou a existência de relacionamento amoroso
pode acontecer vítima do golpe entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência do
do enfermo ou “boa noite crime” – Resp 148.0881/PI, julgado em 26/08/2015).
doente mental ter cinderela”).
o discernimento CORRUPÇÃO DE MENORES
exigido para a
prática do ato). O art. 218 do CP trata do crime de corrupção de
menores
O parágrafo 5º do art. 217-A consiste em norma
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze)
penal explicativa: aplica-se a pena do estupro de vul-
anos a satisfazer a lascívia de outrem.
nerável mesmo que a vítima tenha consentido com o
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
ato ou ainda que já tenha praticado relações sexuais
anteriores (ou seja a virgindade é irrelevante)
DIREITO PENAL

Alguns autores entendem quo nomen juris (nome do


crime) foi regovado (a redação anterior falava em “cor-
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º romper”, que foi trocada por “induzir”), e tratam este
deste artigo aplicam-se independentemente do con- delito de “indução de vulnerável à lascívia”. No entanto
sentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido essa divergência não traz maiores implicações.
relações sexuais anteriormente ao crime. Induzir, como você já sabe, é sugerir, dar a ideia de
algo a alguém. Nesta figuram, o sujeito ativo é o media-
Os parágrafos 3º e 4º apresentam formas qualifi- dor (intermediário ou proxeneta) que induz a vítima o
cadas, pela ocorrência de lesão corporal grave ou de menor de 14 anos a satisfazer a lascívia (desejo sexual)
morte: de outrem (do beneficiário: o voyeur ou observador). 273
sexual (prostituição e turismo sexual), tráfico para
Importante! fins sexuais e pornografia) ou facilita sua permanên-
Para que se configure o tipo do art. 218, CP, o cia ou impede ou dificulta sua saída. Em resumo é
agente deve induzir a vítima (menor de 14) a pra- trazer a vítima vulnerável para a prostiuição (ou
ticar algum ato que tenha a finalidade satisfazer outra forma de exploração) ou impedir que a víti-
a lascívia de outra pessoa (o beneficário). Veja ma saia desse meio (neste último caso trata-se de cri-
bem, o ato deve ser unicamente contemplativo me permanente).
(como por exemplo, fazer a vítima vestir uma Existem 4 formas de exploração sexual:
fantasia sensual ou se mostrar nua), ou seja, não
ocorre contato físico entre o beneficiado e a víti- z Prostituição;
ma. Este terceiro também não pode vir a filmar, z Turismo sexual;
fotografar ou, de qualquer meio, registrar a cena; z Tráfico para fins sexuais; e
caso isso ocorra, vai responder pelo previsto no z Pornografia.
art. 240 do ECA (crime mais grave, com penas de
reclusão entre 4 e 8 anos, além de multa). O art. 218-B só cuida da prostiuição e do turismo sexual
envolvendo vulnerável. O tráfico é tratado pelo art. 149-A,
CP,V (tráfico de pessoas); a pornografia envonvendo vulne-
Caso ocorra a prática de conjunção carnal ou outro rável, pelos arts. 240, 241, 241-A e 241-e, do ECA.
ato libidinoso envolvendo a vítima, aquele que indu-
ziu (caso tenha agido dolosamente) e beneficiado, vão
responder pelo tipo do art. 217-A (estupro de vulne- Proxenetismo mercenário
rável). Esta é a corrente majoritária, defendida por
Rogério Greco, Fernando Capez, Rogério Sanches e Se houver a intenção do agente em obter lucro,
Cleber Masson, entre outros. aplica-se também a pena de multa:

SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA § 1º Se o crime é praticado com o fim de obter van-
DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE tagem econômica, aplica-se também multa.

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor Neste caso, se dá o nome ao o agente de proxeneta
de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, mercenário.
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Formas equiparadas
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

O tipo do artigo 218-A pode ser divido em duas De acordo com o § 2º, incorre nas mesmas penas:
partes:
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato
a) Praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso libidinoso com vítima vulnerável em situação
apto a satisfazer o prazer sexual, na frente de víti- de prostiuição ou exploração sexual
ma menor de 14 anos; II – o proprietário, gerente ou responsável do
b) Induzir menor de 14 a presenciar tais atos. local em que ocorre a prática do delito do caput,
lembrando, claro, que devem ter conhecimento
Aspectos que merecem destaque: (pois não há responsabilidade objetiva). Neste
caso a cassação da licença do local é efeito obri-
a) De acordo com a maior parte da doutrina não se gatório (§ 3º).
exige a presença física da vítima no mesmo local
onde ocorre a conjunção ou o ato libidonoso. Ou Trata-se de crime hediondo, em todas as formas:
seja, pode ser praticado por meio virtual; caput, § 2º, I e II. Agora já sabemos quais são os três os
b) É tipo misto alternativo: se o sujeito induz a pre- crimes contra a dignidade sexual que são hediondos:
senciar e também pratica os atos, responde por um
só crime;
DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO
FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU OU DE PORNOGRAFIA
ADOLESCENTE OU DE VUNERÁVEL
O tipo do art. 218-C é um crime subsidiário, que
O art. 218-B tem seis núcleos: possui seis núcleos (tipo misto alternativo):

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostitui- Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, trans-
ção ou outra forma de exploração sexual alguém mitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar
menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio
ou deficiência mental, não tem o necessário discer- de comunicação de massa ou sistema de informáti-
nimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ca ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis-
ou dificultar que a abandone: Pena – reclusão, de 4 tro audiovisual que contenha cena de estupro ou
(quatro) a 10 (dez) anos.
de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou
induza a sua prática, ou, sem o consentimento da
O art, 218-B visa punir o sujeito que insere (sub-
vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
mete, induz ou atrai) o menor de 18 anos ou o vul-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
nerável (homem ou mulher) no âmbito da exploração
274 não constitui crime mais grave.
Visa coibir qualquer tipo de divulgação de mate- DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS A TODOS OS CRIMES
rial que contenha: CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

a) Cena de estupro ou estupro de vulnerável ou que Aumento de pena (234-A):


III – de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
faça apologia ou induza a prática de tais crimes; ou gravidez;
b) Cena de sexo, nudez ou pornografia, sem o consen- IV – de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente:
timento da vítima. a) transmite à vítima doença sexualmente transmissí-
vel de que sabe ou deveria saber ser portador;
b) ou se a vítima é idosa (igual ou maior de 60 anos) ou
Para os fins do art. 218-C são vulneráveis: pessoas
pessoa com deficiência.
com enfermidades ou doença mental ou que não pos-
sam, por qualquer razão, oferecer resistência. Veja Correm em segredo de justiça. (234-B)
bem: que estas devem ter mais de 18 anos! No caso
da divulgação de imagens de estupro, estupro de vul- E assim finalizamos o estudo dos crimes contra a
nerável ou cenas de pornografia, nudez ou sexo, apli- dignidade sexual.
cam-se as disposições do ECA.
CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
Bem, agora sabemos quais são os crimes contra a
dignidade sexual mais importantes (Capíulos I e II) e Crimes de Perigo Comum
quais as divergências doutrinárias e jurisprudenciais
que são aplicados a eles. O Capítulo III, que tratava Incêndio
sobre o Rapto, está revogado.
O Capítulo IV, nos arts. 225 e 226 apresentantam dis- Incolumidade é o estado de preservação ou de
segurança da pessoa ou de coisas relacionadas a pos-
posições gerais que se aplicam aos crimes que já vimos síveis eventos lesivos.
até agora (do art. 213 ao 218-C). Veja o quadro abaixo. Os crimes que estudaremos agora, crimes de peri-
go comum, trazem no termo perigo a probabilidade
DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS A TODOS O CRIMES de dano. Observa-se que a consumação dos crimes de
perigo não depende da efetiva lesão do bem jurídico,
DOS CAP. I E II
basta a exposição a uma situação perigosa, evidencia-
Procedem-se mediante ação penal pública incondicio- da pela provável ocorrência de dano.
nada (art. 225) Crimes contra a incolumidade pública são carac-
terizados pela exposição ao perigo de um número
Aumento de pena (art. 226): indeterminado de pessoas, ameaçadas não apenas
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o con- no tocante à vida e à saúde, mas também na esfera
curso de 2 (duas) ou mais pessoas; patrimonial.
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou Dentre os crimes contra a incolumidade pública
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, cura- de perigo comum, iniciaremos o estudo pelo crime de
dor, preceptor ou empregador da vítima ou por qual- incêndio.
quer outro título tiver autoridade sobre ela;
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é Art. 250. Causar incêndio, expondo a perigo a vida,
praticado: a integridade física ou o patrimônio de outrem:
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes (es- Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
tupro coletivo); Aumento de pena
b) para controlar o comportamento social ou sexual da § 1º - As penas aumentam-se de um terço:
vítima (estupro corretivo) I - se o crime é cometido com intuito de obter vanta-
gem pecuniária em proveito próprio ou alheio;
II - se o incêndio é:
O Capítulo V apresenta 5 tipos penais (arts. 227, a) em casa habitada ou destinada a habitação;
228, 229, 230 e 232-A). Sobre estes tipos, não há diver- b) em edifício público ou destinado a uso público ou
gências doutrinárias ou jurisprudênciais, valendo a a obra de assistência social ou de cultura;
leitura da lei seca (note que o art. 232-A não tem nada c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo
de transporte coletivo;
a ver com dignidade sexual, tratando de migração). Os
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
arts. 231 e 231-A foram revogados, passando o tema a e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
ser tratado pelo art. 149, CP. f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
O Capitulo VI traz dois tipos, o do art. 233 (ato obs- g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
ceno) e 234 (escrito ou objeto obsceno). Sobre eles,
Incêndio culposo
DIREITO PENAL

além da leitura da lei, cabe mencionar que há discus- § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de
são sobre a constitucionalidade de ambos, em relação seis meses a dois anos.
ao primeiro por violação ao princípio da taxatividade
(seria muito vago, subjetivo) e, quanto ao segundo, Como podemos observar numa simples leitura do
por ferir a liberdade de expressão. texto da lei, o crime de causar incêndio exige a cir-
cunstância de expor a perigo a vida, a integridade físi-
Por fim, o Capítulo VII, nos arts. 234-A e 234-B,
ca ou o patrimônio de outrem.
apresenta disposições que são aplicáveis a todo o Títu- Realiza a conduta criminosa o agente que originar
lo dos crimes contra a dignidade sexual, confome o o incêndio, de modo a expor perigo a vida, a integrida-
quadro abaixo: de física ou o patrimônio de pessoas em geral. 275
Incêndio refere-se ao fogo com labaredas de gran- Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
des proporções, originado pela combustão de qual- § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou
quer matéria, cujo poder de destruição e o de causar explosivo de efeitos análogos:
prejuízos se revelam idôneos no caso concreto. Não há Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
a necessidade de que o perigo seja resultado do fogo Aumento de pena
em si, é necessário que da ocorrência do incêndio haja § 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre
a efetiva comprovação do perigo à vida, à integridade qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo
física ou ao patrimônio de terceiros. anterior, ou é visada ou atingida qualquer das
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Já o sujeito passivo é a sociedade e a pessoa direta- Modalidade culposa
mente atingida pelo incêndio, desde que resulte peri- § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite
go comum. ou substância de efeitos análogos, a pena é de
Consuma-se o crime de causar incêndio, em detenção, de seis meses a dois anos; nos demais
regra, por ação, admitindo-se por exceção a omissão, casos, é de detenção, de três meses a um ano.
quando provocado pelo agente e expõe a perigo a
vida, a integridade física ou o patrimônio de pessoas É importante destacar que a pena é menor se a
indeterminadas. substância utilizada na explosão não é dinamite ou
É indispensável a prova da efetiva ocorrência da explosivo de efeitos análogos (§1º, do art. 251, do CP).
situação perigosa. Dinamite, tecnicamente, é explosivo à base de
A simples provocação de incêndio não enseja, por nitroglicerina misturada a uma substância inerte que
si só, a incidência do crime de causar incêndio, se da pode ser serragem ou areia de quartzo.
conduta não resultar a efetiva exposição da coletivi-
É prescindível a efetiva detonação do explosivo
dade a perigo concreto, sendo possível reconhecer o
para caracterização do crime em estudo, mas funda-
crime de dano qualificado pelo emprego de substân-
cia inflamável ou explosiva, disposto no art. 163, pará- mental a exposição de bens jurídicos de pessoas inde-
grafo único, II, do CP. terminadas à situação de risco.
Admite-se a tentativa. Além de expor a perigo a vida, é crime a conduta
Ação penal pública incondicionada. de fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transpor-
É caso de aumento de pena, em um terço: tar, sem licença da autoridade, substância ou engenho
Se o crime é cometido com intuito de obter vanta- explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material desti-
gem pecuniária em proveito próprio ou alheio; nado à sua fabricação.
Se o incêndio, taxativamente, é: Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
O sujeito passivo é a coletividade e os titulares dos
a) Em casa habitada ou destinada a habitação; bens jurídicos colocados em perigo ou mesmo lesados.
b) Em edifício público ou destinado a uso público ou Elemento subjetivo é o dolo.
a obra de assistência social ou de cultura; Para o crime de explosão é admitida a culpa.
c) Em embarcação, aeronave, comboio ou veículo Consuma-se com a explosão, arremesso ou simples
de transporte coletivo; colocação de engenho de dinamite ou de substâncias
d) Em estação ferroviária ou aeródromo; de efeitos análogos, desde que da conduta resulte
e) Em estaleiro, fábrica ou oficina; perigo à vida, à saúde ou ao patrimônio de pessoas
f) Em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
indeterminadas, o qual não se presume, devendo ser
g) Em poço petrolífico ou galeria de mineração;
demonstrado na situação concreta.
h) Em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Prova-se o crime de explosão por meio de exame
de corpo de delito.
Incêndio culposo
Admite-se a tentativa.
Ação penal pública incondicionada.
Há no Código Penal o crime de incêndio culposo, cuja
pena prevista é de detenção, de seis meses a dois anos.
Uso de gás tóxico ou asfixiante
Cabe destacar que as causas de aumento previstas
no §1º, do at. 250, do CP, não se aplicam ao crime de
Há no Código Penal a tipificação do crime de expor
incêndio na modalidade culposa.
a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
O incêndio culposo ocorre quando alguém, agindo
outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante.
com imprudência, negligência ou imperícia, viola o
dever objetivo de cuidado a todos imposto, expondo
Art. 252. Expor a perigo a vida, a integridade física
a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio
ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico
de outras pessoas, mediante a provocação de incêndio ou asfixiante:
que não tenha sido previsto no caso concreto. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Modalidade Culposa
Explosão Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Configura crime de explosão o ato de expor a
perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio Neste crime a conduta de expor a perigo a vida, a
de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples integridade física ou o patrimônio de outrem, será por
colocação de engenho de dinamite ou de substância meio do uso de gás tóxico ou asfixiante.
de efeitos análogos. O objeto material é o gás tóxico ou asfixiante, que
no ensinamento de Rogério Grecco, o gás tóxico é o gás
Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade físi- venenoso, por exemplo, os gases provenientes do áci-
ca ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, do cianídrico, amoníaco do anidro sulfuroso, benzina,
arremesso ou simples colocação de engenho de iodacetona, cianuretos alcalinos de potássio e sódio.
dinamite ou de substância de efeitos análogos: O gás asfixiante é aquele de natureza sufocante, que
276
atua sobre as vias respiratórias, impedindo a vítima Então, continuando com o estudo do crime de
de respirar, por exemplo, os gases como cloro, bromo, fabricação, fornecimento, aquisição posse ou trans-
bromacetona, clorossulfato de metila, cloroformiato porte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante, veja-
de triclorometila, fosgeno, etc. mos as condutas:
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
O sujeito passivo imediato é a coletividade e
z Fabricar é produzir, preparar ou construir.
mediato as pessoas que tiverem seus bens jurídicos
z Fornecer equivale a dar ou entregar.
colocados em perigo ou lesados pela conduta ilícita.
O crime é doloso. z Adquirir significa obter a propriedade.
Admite-se a modalidade culposa. z Possuir é entrar na posse de um bem, usufruindo-o.
Consuma-se quando o agente, mediante a utilização z Transportar é levar algo de um lugar a outro.
de gás tóxico ou asfixiante, expõe efetivamente a perigo
a vida, a integridade física ou o patrimônio de terceiros. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
Exige-se perícia para comprovação da efetiva ido- O sujeito passivo é a coletividade.
neidade do gás tóxico ou asfixiante. Trata-se de crime doloso e não se admite a moda-
Gás lacrimogêneo no uso policial é legítima defesa lidade culposa.
ou estrito cumprimento de dever legal. Consuma-se quando o sujeito fabrica, fornece,
Admite-se a tentativa. adquire, possui ou transporta, sem licença da autori-
Ação penal é pública incondicionada.
dade, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado
à sua fabricação, não se exigindo a causação de dano
Fabricação, fornecimento, aquisição, posse ou
transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante a alguém.
Destaca-se que o elemento normativo de estar em
Trata-se da conduta de fabricar, fornecer, adqui- desacordo com a legislação pertinente é fundamental
rir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, para a prática do delito, uma vez que se estiver em
substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfi- harmonia com a legislação pertinente o agente não
xiante, ou material destinado à sua fabricação. incorrerá no crime em questão.
Não se admite a tentativa.
Art. 253. Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou Ação penal pública incondicionada.
transportar, sem licença da autoridade, substância
ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou Inundação
material destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Inundação é a invasão de determinado lugar por
águas que nele não deveriam estar, porque não é o
O objeto jurídico é a incolumidade pública. lugar destinado à sua contenção, ao seu depósito ou
O objeto material é a substância ou engenho explo- curso natural.
sivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à
sua fabricação. Art. 254. Causar inundação, expondo a perigo a vida,
Trata-se de crime de perigo abstrato. a integridade física ou o patrimônio de outrem:
É fundamental a elaboração de exame pericial Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso
para demonstrar a natureza explosiva, tóxica ou asfi- de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no
xiante da substância fabricada, fornecida, transpor- caso de culpa.
tada ou possuída pelo sujeito ativo, sem licença da
autoridade competente. Pratica o delito aquele que dá origem à inundação,
Aqui devemos ter atenção em relação às substân- expondo efetivamente a perigo a vida, a integridade
cias e engenhos explosivos. física ou o patrimônio da coletividade.
O Estatuto do Desarmamento revogou parte do Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
art. 253, do CP, que trata de substâncias e engenhos Sujeito passivo é a coletividade.
explosivos.
Para facilitar os estudos, o art. 253, do CP, deve ter O crime de inundação é consumado quando o
a seguinte leitura: fabricar, fornecer, adquirir, possuir agente, depois de praticar a conduta descrita no art.
ou transportar, sem licença da autoridade, explosivo, 254, do CP, ou por omissão deixar de praticar con-
gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua duta que impeça que as águas inundem um local e
fabricação. exponha a perigo efetivo e comprovado a morte, a
E como fica as “substâncias e engenhos explosivos”? integridade física ou o patrimônio de pessoas não
Vejamos o inciso II, do art. 16, da Lei nº 10.8726/2003: individualizadas.
O crime é doloso e é possível a modalidade culposa.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, Admite-se tentativa.
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
Ação penal é pública incondicionada.
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
DIREITO PENAL

manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,


acessório ou munição de uso restrito, sem autori- Perigo de Inundação
zação e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: Este crime consiste em:
(...)
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar arte- Art. 255. Remover, destruir ou inutilizar, em prédio
fato explosivo ou incendiário, sem autorização próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a inte-
ou em desacordo com determinação legal ou gridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo
regulamentar; natural ou obra destinada a impedir inundação:
(...) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 277
Vamos conhecer as condutas: Art. 257. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião
de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desas-
z Remover: mudar de um lugar para outro, transfe- tre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer
rir, afastar; meio destinado a serviço de combate ao perigo, de
z Destruir: desfazer, demolir, arruinar, fazer desa- socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar
parecer; e serviço de tal natureza:
z Inutilizar: invalidar, tornar imprestável para a sua Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
função.
Esse crime consiste em subtrair, ocultar ou inuti-
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. lizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio,
Sujeito passivo é a coletividade. ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material
Tem por objeto material o obstáculo natural ou ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao
qualquer obra destinada a impedir inundação. perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou difi-
É classificado como crime doloso. cultar serviço de tal natureza.
Não admite modalidade culposa. Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive
É imprescindível perícia para demonstrar a efeti- pelo proprietário do aparelho, material ou qualquer
va exposição a perigo de terceiros. meio destinado a serviço de combate ao perigo, de
Conforme doutrina, no crime de perigo de inunda- socorro ou salvamento.
ção não cabe tentativa, visto que o delito é ato prepa- Sujeito passivo é a coletividade.
ratório da inundação (art. 254, do CP). O objeto material deste crime é qualquer meio des-
Por esse motivo, o crime de perigo de inundação tinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou
é classificado como crime obstáculo, ou seja, normal- salvamento, por exemplo, ambulância, maca, medica-
mente não se pune, pois apenas revela a tipificação de mentos (socorro) e colete salva-vidas, escadas, cordas
atos preparatórios. (salvamento).
Ação penal é pública incondicionada. O crime possui cinco núcleos:

Desabamento ou desmoronamento z Subtrair: inverter a posse, apoderar-se;


z Ocultar: esconder;
Aqui, neste crime, a conduta é causar desabamen- z Inutilizar: invalidar, danificar;
to ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a z Impedir: embaraçar, servir de obstáculo;
integridade física ou o patrimônio de outrem. z Dificultar: colocar empecilhos, tornar algo mais
difícil de ser realizado.
Art. 256. Causar desabamento ou desmoronamen-
to, expondo a perigo a vida, a integridade física ou
Trata-se de crime de perigo comum e abstrato.
o patrimônio de outrem:
O crime é de modalidade dolosa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Não admite modalidade culposa.
Modalidade culposa
Parágrafo único - Se o crime é culposo: Admite-se a tentativa.
Pena - detenção, de seis meses a um ano. Ação penal é pública incondicionada.

O objeto material do crime deste crime é o espaço Formas qualificadas de crime de perigo comum
físico.
Há diferença entre desabamento e desmoronamento? Todos os crimes estudados até aqui possuem for-
Sim: mas qualificadas.

z Desabamento: derrubada de obras produzidas Art. 258. Se do crime doloso de perigo comum
pela ação humana, por exemplo, agente que, com resulta lesão corporal de natureza grave, a pena
um trator, derruba uma casa; privativa de liberdade é aumentada de metade; se
z Desmoronamento: derrubada ou fazer vir abaixo resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de cul-
as pastes do solo, por exemplo, durante as obras de pa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumen-
construção de linhas de metrô, o solo vem abaixo. ta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
cominada ao homicídio culposo, aumentada de um
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. terço.
Sujeito passivo imediato é a coletividade e mediato
a pessoa física ou jurídica prejudicada pelo desaba- Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão
mento ou desmoronamento. corporal de natureza grave, a pena privativa de liber-
O crime é doloso. dade é aumentada de metade; se resulta morte, é apli-
Admite modalidade culposa.
cada em dobro.
Exige-se perícia para comprovação da efetiva pro-
No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal,
babilidade de dano.
Admite-se tentativa. a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, apli-
Ação penal é pública incondicionada. ca-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumen-
tada de um terço.
Subtração, ocultação ou inutilização de material de Se do incêndio, provocado dolosamente pelo agen-
salvamento te, resultar lesão corporal de natureza grave, aí se
incluindo a lesão corporal gravíssima (CP, art. 129, §§
Inclui no rol de crimes de perigo comum a sub- 1º e 2º), aumenta-se pela metade a pena privativa de
tração, ocultação ou inutilização de material de liberdade; caso resultar morte, aplicar-se-á a pena em
278 salvamento. dobro.
O resultado agravador, que importa na configura- Telégrafo: sistema de transmissão de mensa-
ção de crime preterdoloso, constitui-se em causa de gens entre dois ou mais pontos distantes entre si,
aumento da pena, aplicável na terceira fase de aplica- mediante sinais.
ção da pena privativa de liberdade. Telefone: aparelho destinado a transmitir à dis-
Por outro lado, se do incêndio culposo resul- tância a palavra falada.
tar lesão corporal, qualquer que seja sua natureza, Radiotelegrafia: telegrafia sem fio por meio de
aumenta-se a pena pela metade. E, se resultar mor- ondas eletromagnéticas.
te, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo,
As condutas são as seguintes:
aumentada de um terço.
Destruir é arruinar, extinguir, fazer desaparecer.
Nesse caso, visualiza-se um crime culposo qualifi-
Danificar significa deteriorar, estragar, prejudicar.
cado por resultado de igual natureza. Desarranjar equivale a tirar da ordem, desorde-
nar, prejudicar o bom funcionamento.
Difusão de doença ou praga Colocar é pôr algo em determinado lugar, por
exemplo o sujeito insere obstáculo, ou seja, barreira,
Este crime foi revogado tacitamente pelo art. 61 da empecilho ou impedimento na linha, impedindo ou
Lei nº 9.605/1998, Lei dos Crimes Ambientais. perturbando serviço de estrada de ferro.
O tipo penal contido na Lei dos Crimes Ambientais, Transmitir significa expedir, enviar, mandar algo
além de ser mais recente, é também especial. de um lugar para outro, ou de uma pessoa para outra.
Na modalidade dolosa, estamos diante de novatio Interromper é suspender a continuidade, fazer
legis in mellius, pois a pena estabelecida pela nova lei cessar.
é inferior à que estabelecia o Código Penal. Finalmente, embaraçar é dificultar, estorvar.
O sujeito ativo pode ser cometido por qualquer
pessoa.
CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS
Sujeito passivo é a coletividade.
DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS
Trata-se de crime doloso.
SERVIÇOS PÚBLICOS A modalidade culposa é admitida.
Consuma-se quando restar comprovada a situação
Perigo de desastre ferroviário de perigo a pessoas indeterminadas, independente-
mente da efetiva ocorrência do desastre.
O crime de perigo de desastre ferroviário tutela a Detalhe, neste delito o agente pode praticar o cri-
incolumidade pública, relativamente à segurança do me pelos mais variados meios, pois se trata de crime
transporte ferroviário. de ação livre.
Admite-se a tentativa.
Art. 260. Impedir ou perturbar serviço de estrada Ação penal é pública incondicionada.
de ferro:
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total Desastre Ferroviário
ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou
de tração, obra-de-arte ou instalação; Os mesmos elementos do crime de perigo de
II - colocando obstáculo na linha; desastre ferroviário se aplicam ao crime de desastre
III - transmitindo falso aviso acerca do movimen- ferroviário.
to dos veículos ou interrompendo ou embara-
çando o funcionamento de telégrafo, telefone ou Art. 260. (...)
radiotelegrafia; § 1º - Se do fato resulta desastre:
IV - praticando outro ato de que possa resultar Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
desastre: § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por
Tem por objetos materiais a linha férrea, o mate- estrada de ferro qualquer via de comunicação
em que circulem veículos de tração mecânica, em
rial rodante ou de tração, a obra de arte ou instalação,
trilhos ou por meio de cabo aéreo.
o telégrafo, o telefone e a radiotelegrafia.
Desastre é o acontecimento calamitoso, o acidente
Linha férrea: é a estrada composta por trilhos e
provocado pelo impedimento ou perturbação do ser-
dormentes, reservada à circulação de material viço de estrada de ferro.
rodante. Sua caracterização reclama a criação de uma
Material rodante: veículos ferroviários, assim situação de dano grave, extenso e complexo a pessoas,
compreendidos como os de tração, por exemplo, por exemplo, passageiros ou funcionários do trem, ou
locomotivas, e os rebocados, por exemplos, carros coisas, neste caso, por exemplo cargas.
DIREITO PENAL

de passageiros e vagões de carga.


Material de tração: veículo ferroviário usado Atentado contra a segurança de transporte marítimo,
especificamente para tracionar os demais, por fluvial ou aéreo
exemplo, locomotiva ou automotriz.
Obra de arte: expressão que inclui as pontes, os Outro crime importante é o atentado contra a
túneis e os viadutos. segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo,
Instalação: objeto dotado de utilidade à estrada de em que o agente expõe a perigo embarcação ou aero-
ferro, por exemplo, sinais da linha férrea, placas, nave, própria ou alheia, ou pratica qualquer ato ten-
cabos, cancelas, cabines de bloqueio, chaves de dente a impedir ou dificultar navegação marítima,
desvio etc. fluvial ou aérea. 279
Art. 261. Expor a perigo embarcação ou aeronave, Agora, de modo subsidiário, o objeto material do
própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tenden- crime é qualquer outro meio de transporte, excluin-
te a impedir ou dificultar navegação marítima, flu- do, portanto, os transportes ferroviários, marítimos,
vial ou aérea: fluviais e aéreos.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo Art. 262. Expor a perigo outro meio de trans-
§ 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão porte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o
ou encalhe de embarcação ou a queda ou funcionamento:
destruição de aeronave: Pena - detenção, de um a dois anos.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de
Prática do crime com o fim de lucro reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se § 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:
o agente pratica o crime com intuito de obter Pena - detenção, de três meses a um ano.
vantagem econômica, para si ou para outrem.
Modalidade culposa
§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro: Importante!
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
A expressão “meio de transporte público” englo-
O objeto material deste crime é a embarcação ou ba o serviço prestado diretamente pelo Poder
aeronave, obrigatoriamente destinadas ao transporte Público ou mediante concessão, bem como toda
coletivo, por exemplo, as barcas que fazem as traves- e qualquer atividade desta natureza efetuada
sias entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, ou as em prol da coletividade, ainda que realizada por
aeronaves que fazem a rota São Paulo – Rio de Janeiro particulares, por exemplo, transporte de ônibus
(ponte aérea).
Destaco que as embarcações lacustres não estão municipal e táxi.
abrangidas neste tipo penal.
Embarcação é a construção, de qualquer porte,
O núcleo do tipo penal são os verbos relacionados
destinada a navegar sobre a água.
com a segurança do transporte público:
A aeronave é todo aparelho manobrável em voo,
que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo,
mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar z Expor: no sentido de colocar em perigo;
pessoas ou coisas. z Impedir: significa embaraçar ou servir de obstácu-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive lo; e
o proprietário da embarcação ou aeronave. z Dificultar: tornar mais custosa a realização de algo.
Já o sujeito passivo é a coletividade.
O crime pode ser doloso ou culposo. O dolo, inde- O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive
pende de qualquer finalidade específica. A culpa é o proprietário do transporte público.
admitida nas hipóteses em que se verifica o sinistro O sujeito passivo é a coletividade.
(art. 261, §3º, do CP). Em caso de desastre, o sujeito passivo também
Admite-se a tentativa. será as pessoas, vítimas lesionadas.
A ação penal é pública incondicionada. Independentemente de qualquer finalidade espe-
Quando a lei trata de sinistro, §1º, do art. 261, do cífica, o crime é doloso.
CP, estamos diante de hipótese de fugira qualificada O crime se consuma com a prática de expor a peri-
que se constitui em crime preterdoloso. Portanto, se go o meio de transporte, ou de impedir ou dificultar a
do atentado contra a segurança de transporte maríti- funcionamento do transporte, independente do desas-
mo ou fluvial resultar naufrágio, submersão ou enca- tre. Exige-se a comprovação da exposição de pessoas
lhe de embarcação, ou ainda, no caso de atentado indeterminadas à probabilidade de dano.
contra a segurança de aeronaves resultar em queda Por exemplo, o funcionário da empresa que admi-
ou destruição, a pena será de reclusão de 4 a 12 anos. nistra os bondes turísticos na cidade, não faz, por
Há parte da doutrina que entende que não se trata de vontade própria, a manutenção dos freios das compo-
qualificadora, mas de causa de aumento de pena. sições, colocando em risco a integridade dos usuários
Contudo, conforme disposto no art. 261, §2º, do CP,
do transporte.
se o agente praticar o crime de atentado contra a segu-
Tentativa: é possível.
rança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo com
A modalidade culposa somente é admitida se do
intuito de obter vantagem econômica, para si ou para
crime resultar desastre.
outrem, será aplicada pena de multa, além da sanção
de reclusão já prevista. Aproveitando o exemplo acima, se o funcionário
E detalhe: a competência para processar e julgar não realiza, por negligência, a manutenção nos freios
o crime de atentado contra a segurança de transporte das composições dos bondes turísticos da cidade e cau-
marítimo, fluvial ou aéreo é da Justiça Federal. sa desastre, este responderá pelo crime na modalida-
Por exemplo, vamos recordar do choque entre as de culposa, sendo vítimas, tanto quem estava exposta
aeronaves Legacy e o Boeing 737 da companhia Gol ao perigo, quanto aqueles que sofreram lesões.
Linhas Aéreas (Gol 1907), em setembro de 2006.
Forma qualificada
Atentado contra a segurança de outro meio de
transporte Se de qualquer desses crimes contra o transporte
público que cause desastre ou sinistro, resultar lesão
Os arts. 260 e 261, do CP, tratam dos transportes corporal ou morte, aplica-se também a pena pelo
280 ferroviários, marítimos, fluviais e aéreos. resultado lesão ou morte.
Art. 263. Se de qualquer dos crimes previstos nos O sujeito passivo é a coletividade.
arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, O crime é doloso, independentemente de qualquer
resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o dispos- finalidade específica.
to no art. 258. Não se admite a modalidade culposa.
Arremesso de projétil e intenção de matar ou de
Estudamos os arts. 260, 261 e 263 que tratam, lesionar:
respectivamente dos delitos de perigo de desastre
ferroviário e desastre ferroviário, atentado contra a
z Se o arremesso de projétil visar à morte de pes-
segurança de transporte marítimo, fluvial e aéreo e
soa determinada, estará caracterizado o crime de
atentado contra a segurança de outro meio de trans-
porte. Agora estudaremos as causas genéricas de homicídio.
aumento das penas destes crimes, previsto no art. 263, z Se o arremesso de projétil visar a lesionar pes-
do CP, vejamos: soa determinada, estará caracterizado o crime de
lesão corporal.
a) Se ao fato doloso sobrevier lesão corporal de natu-
reza grave em alguém, a pena privativa de liberda- Nessas hipóteses, não há crime contra a incolumi-
de será aumentada de metade; dade pública, e sim crime doloso contra a pessoa.
b) Se ao fato doloso sobrevier a morte de alguém, a Consuma-se o delito com o arremesso do projé-
pena privativa de liberdade será aplicada em dobro; til contra um veículo, em movimento, destinado ao
c) Se da conduta culposa resultar lesão corporal, a transporte público por terra, pela água ou pelo ar,
pena aumenta-se de metade; e prescindindo-se da comprovação da situação de peri-
d) Se da conduta culposa resultar a morte, aplica-se a go, a qual é presumida de forma absoluta pela lei.
pena cominada ao homicídio culposo, aumentada Admite-se a tentativa.
de um terço. A ação penal é pública incondicionada.
Figuras qualificadas pelo resultado, previstas no
Arremesso de projétil art. 264, parágrafo único, do CP, mostram que a pena
é maior nos casos em que o arremesso de projétil
O crime consiste em arremessar projétil contra veí-
resultar em lesão corporal ou morte. Segundo Cleber
culo, em movimento, destinado ao transporte público
Masson (2018), no caso de lesão corporal, a pena é de
por terra, por água ou pelo ar, conforme o disposto
abaixo: detenção, de seis meses a dois anos, constituindo-se
em infração penal de menor potencial ofensivo. E, no
Art. 264. Arremessar projétil contra veículo, em caso de morte, a pena é a do art. 121, § 3º, relativa
movimento, destinado ao transporte público por ao homicídio culposo, detenção de um a três anos,
terra, por água ou pelo ar: aumentada de um terço. De acordo com o citador
Pena – detenção, de um a seis meses. autor, são hipóteses de crimes preterdoloso.
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal, Observe que a vontade do agente é de arremessar
a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) projétil contra veículo de transporte público em movi-
anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, mento, e não a lesão ou morte.
aumentada de um terço. São hipóteses de crimes preterdolosos, em síntese,
o agente tem o dolo direto no crime de arremesso de
Este crime tutela a incolumidade pública, especi- projétil e culpa no resultado lesão corporal ou morte.
ficamente no que diz respeito à segurança dos meios
de transporte. Atentado contra a segurança de serviço de utilidade
A expressão “veículo destinado ao transporte pública
público” relaciona-se com qualquer meio de trans-
porte coletivo de pessoas ou coisas, cargas em geral, O Código Penal tipifica o atentado contra a segu-
de um lugar para outro. Por isso, o objeto material do
rança de serviço de utilidade pública, bem como a
crime é o veículo em movimento, destinado ao trans-
interrupção ou perturbação de serviço telegráfico,
porte público por terra, por água ou pelo ar.
telefônico, informático, telemático ou de informação
O verbo “arremessar”, aqui neste crime, tem o sen-
tido de atirar, lançar projétil contra veículo, em movi- de utilidade pública.
mento, destinado ao transporte público por terra, por
água ou pelo ar. Art. 265. Atentar contra a segurança ou o funcio-
Segundo Cléber Masson (2018), o projétil é o objeto namento de serviço de água, luz, força ou calor, ou
idôneo a provocar danos, embora normalmente cons- qualquer outro de utilidade pública:
titua-se em objeto sólido, também pode ser represen- Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
tado por meios líquidos, desde que dotados de eficácia Parágrafo único. Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um
lesiva. terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de
Por outro lado, Victor Eduardo Rios Gonçalves subtração de material essencial ao funcionamento
(2020), afirma que o projétil é objeto sólido capaz de dos serviços.
DIREITO PENAL

ferir ou causar danos em coisas ou pessoas, e não


estão compreendidos pelo conceito, os corpos líquidos O objetivo é tutelar a incolumidade pública, no
ou gasosos. tocante à segurança de serviço de utilidade pública.
Se o projétil consistir em munição de arma de O objeto material é o serviço de água, luz, força,
fogo, e for lançado em lugar habitado ou em suas calor ou qualquer outro de utilidade pública.
adjacências, em via pública ou em direção a ela, esta- Entende-se que, “atentar”, no contexto da lei, tem o
rá caracterizado o crime de disparo de arma de fogo, sentido de ofender, atrapalhar, importunar ou colocar
previsto no art. 15 da Lei nº 10.826/2003, Estatuto do em risco a segurança ou o funcionamento do serviço
Desarmamento. de água, luz, força, calor ou qualquer outro de utilida-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. de pública. 281
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O serviço telefônico consiste na atividade refe-
O sujeito passivo é a coletividade. rente à transmissão a distância de palavra falada ou
O crime é doloso, independentemente de qualquer outro som, mediante fios, telefonia comum (telefone
finalidade específica. fixo) ou sinais, telefonia móvel (celular).
Não se admite a modalidade culposa.
Consuma-se com a prática da conduta legalmente O crime consiste em:
descrita, que acarreta a presunção absoluta de expo-
sição a perigo de um número indeterminado de pes- z Interromper, ou seja, fazer cessar ou romper a
soas, em face da relevância à sociedade dos serviços continuidade.
de utilidade pública. z Perturbar equivale a dificultar ou atrapalhar.
Admite-se a tentativa. z Impedir é o mesmo que obstruir ou embaraçar.
A ação penal é pública incondicionada. z Dificultar é colocar empecilhos, tornando mais
O art. 265, parágrafo único, trata de causa de custosa a realização de alguma atividade.
aumento de pena.
É imprescindível que, para incidência da majo-
O delito em estudo está previsto entre os crimes
rante, tenha ocorrido dano efetivo como consequência
contra a incolumidade pública. Exige-se a exposição a
da subtração de material essencial ao funcionamento
perigo de pessoas indeterminadas, ofendendo toda a
dos serviços.
Observa-se que há necessidade de que a coletividade.
subtração tenha sido efetuada com o intuito de Se a conduta se limitar a impedir a comunicação
colocar em risco a segurança ou o funcionamento dos ou a conversação de pessoas determinadas, estará
serviços. configurado o crime de violação de comunicação tele-
gráfica, radioelétrica ou telefônica, disciplinado no
art. 151, § 1º, inciso. III, do CP.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
Importante! O sujeito passivo é a coletividade.
A competência é, em regra, da Justiça Estadual, O crime é doloso, independentemente de qualquer
exceto: finalidade específica.
Se o móvel do agente apresentar conotação polí- Não se admite a modalidade culposa.
tica, estará caracterizado o crime definido no Consuma-se com a prática da conduta criminosa,
independentemente da causação de dano aos serviços
art. 15, § 1º, b, da Lei nº 7.170/1983, Segurança
telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico. Igualmente,
Nacional, competência a Justiça Federal.
a comprovação do efetivo perigo a um número inde-
Se o atentado for contra instalação nuclear, esta-
terminado de pessoas é prescindível, pois a lei o pre-
rá caracterizado o crime definido no art. 27 da Lei
sume de forma absoluta.
nº 6.453/1977, competência da Justiça Federal.
Admite-se a tentativa.
Se o crime de atentado é contra serviço de utilida-
A ação penal é pública incondicionada.
de militar, art. 287, do Decreto-lei nº 1.001/1969,
Também comete o delito previsto no art. 266, do
Código Penal Militar, competência da Justiça
CP, aquele que interromper o serviço telemático ou de
Militar. informação de utilidade pública, ou impede ou difi-
culta-lhe o restabelecimento.
Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, Por exemplo, quando alguém dolosamente “der-
telefônico, informático, telemático ou de informação ruba” o serviço de internet em determinada cidade,
de utilidade pública privando as pessoas desse meio de comunicação e de
acesso ao conhecimento e informações em geral.
Art. 266. Interromper ou perturbar serviço tele- Observa-se que no art. 266, § 2º, do CP, temos cau-
gráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou sa de aumento de pena, na hipótese de o crime ser
dificultar-lhe o restabelecimento: praticado no período em que a sociedade se encontra
Pena – detenção, de um a três anos, e multa. diante de desgraça pública, em geral surgida repenti-
§ 1º Incorre na mesma pena quem interrompe namente e apta a causar graves prejuízos de todas as
serviço telemático ou de informação de ordens.
utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o A instalação ou utilização de aparelhos clandesti-
restabelecimento.
nos de telecomunicações configura, em tese, o crime
§ 2º Aplicam-se as penas em dobro se o crime é
cometido por ocasião de calamidade pública.
tipificado pelo art. 70 da Lei nº 4.117/1962, Código Bra-
sileiro de Telecomunicações.
Este crime tutela a incolumidade pública, no que
diz respeito à segurança do serviço telegráfico, radio- CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
telegráfico ou telefônico.
Serviço telegráfico é o relacionado ao desempenho Os crimes contra a saúde pública estão relaciona-
de atividades inerentes ao sistema de transmissão de dos a dano ou a perigo de dano à saúde de um número
mensagens entre dois ou mais pontos distantes entre indeterminado de pessoas.
si, mediante sinais convencionais. Observa-se que não há ataque à integridade
Compreende o telégrafo elétrico, terrestre ou sub- corporal de uma única pessoa.
marino, e o semafórico. O bem jurídico tutelado é a saúde pública, com-
O serviço radiotelegráfico é a atividade concernen- preendida como a preservação das condições
te à telegrafia sem fio, por meio de ondas eletromag- saudáveis de subsistência e desenvolvimento da cole-
282 néticas, da qual é exemplo o rádio Nextel. tividade como um todo.
Entende-se que todas as pessoas têm direito ao Art. 268. Infringir determinação do poder público,
ar puro, aos alimentos íntegros, à água potável e aos destinada a impedir introdução ou propagação de
medicamentos eficazes. doença contagiosa:
Se tais direitos são coletivamente atacados, abre-se Pena – detenção, de um mês a um ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço,
espaço para a incidência dos crimes contra a saúde
se o agente é funcionário da saúde pública ou exer-
pública.
ce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou
enfermeiro.
Epidemia
O crime de infração de medida sanitária preventi-
Causar epidemia, mediante a propagação de ger- va tem por objeto material a determinação do poder
mes patogênicos é crime contra a saúde pública. público.
Observamos que o tipo penal não diz qual é a
Art. 267. Causar epidemia, mediante a propagação determinação do poder público e isso faz com que seja
de germes patogênicos: necessário complementar. Trata-se, portanto, de lei
Pena – reclusão, de dez a quinze anos. penal em branco. A lei só se preocupa com as doenças
§ 1º Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em contagiosas que atingem os seres humanos.
dobro. Vejamos que “infringir”, para o crime em estu-
§ 2º No caso de culpa, a pena é de detenção, de um do, tem sentido de violar, transgredir, desrespeitar
a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro determinação do poder público, destinada a impedir
anos. a introdução ou propagação de doença contagiosa,
compreendida como toda moléstia capaz de ser trans-
O objeto material deste crime é o germe patogênico. mitida de uma pessoa a outra mediante contato dire-
O crime é doloso. to ou indireto. Por exemplo, os casos confirmados de
De acordo com o §2º, do art. 267, do CP, admite-se a Covid-19 obrigada o médico, por meio de norma do
modalidade culposa. Ministério da Saúde, a adotar protocolos para impedir
O germe patológico é a moléstia que deve ser grave e a propagação do novo Corona vírus.
de fácil propagação gerando perigo real à coletividade. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
Admite-se a tentativa. O sujeito passivo é a coletividade.
A ação penal é pública incondicionada. O delito se consuma com a violação da determina-
Há causa de aumento de pena, §1º, do art. 267, do ção do poder público, pouco importando que venha a
CP, se da epidemia resultar morte. Se a vontade do doença contagiosa a ser efetivamente introduzida ou
agente é a morte da vítima, não será crime de epide- propagada.
mia, mas homicídio. Esse crime é doloso.
Epidemia é a doença contagiosa que surge rapida- Não admite modalidade culposa.
mente em um local e atinge simultaneamente muitas Admite-se a tentativa.
pessoas, por exemplo, quando há várias pessoas infec- A ação penal é pública incondicionada.
tadas por leptospirose.
Endemia é a doença infecciosa que, em face das
características do ambiente, manifesta-se em determi-
Importante!
nada região, por exemplo, casos de dengue, frequente Observe que é caso de aumento de pena o fato
nas regiões tropicais. de o agente ser funcionário da saúde pública ou
Pandemia é a epidemia que se alastra de forma des- exerce a profissão de médico, farmacêutico, den-
proporcional e simultaneamente em várias regiões, tista ou enfermeiro.
difundindo-se por diversos países ou até mesmo por O médico, dentro de sua atuação profissional, é
vários continentes, provocando inúmeros óbitos, a obrigado a notificar algumas doenças.
exemplo da tuberculose, da peste, da gripe espanhola
e da covid-19, novo corona vírus.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive Omissão de notificação de doença
quem esteja contaminado pela moléstia infecciosa.
O sujeito passivo é a coletividade. Por omissão, deixar o médico de denunciar à auto-
Consuma-se o crime de epidemia com a produção do ridade pública doença cuja notificação é compulsó-
resultado, ou seja, com a superveniência da epidemia. ria, configurará crime com pena de detenção, de seis
Contudo, exige-se a comprovação do risco efetivo meses a dois anos, e multa.
à saúde de pessoas indeterminadas, sendo impres-
Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autorida-
cindível que seja a moléstia grave e de fácil propaga-
de pública doença cuja notificação é compulsória:
ção, pois, caso contrário, não existiria perigo real à
DIREITO PENAL

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,


coletividade. e multa.
Admite-se a tentativa.
A ação penal é pública incondicionada. O objeto material do crime de omissão de notifi-
cação de doença é a própria notificação compulsória.
Infração de medida sanitária preventiva O tipo penal é exemplo de lei penal em branco,
pois necessita de regulamentação que defina os casos
O médico, dentro de sua atuação profissional, é de notificação compulsória de doença. Por exemplo,
obrigado a notificar algumas doenças, motivo pelo é de notificação compulsória os casos de rubéola em
qual o legislador tipificou essa conduta. gestante. 283
Relaciona-se com as autoridades sanitárias, a Consuma-se o crime com o envenenamento da
exemplo do Ministério da Saúde, no âmbito da União, água potável, de uso comum ou particular, ou da subs-
Secretaria de Saúde, nos Estados, e da Vigilância Sani- tância alimentícia ou medicinal destinada a consumo,
tária, no campo dos municípios. prescindindo-se da causação de dano a alguém e até
Vejamos que “deixar” de denunciar, aqui no crime mesmo da ingestão da água ou da substância alimen-
em estudo, tem o sentido de não comunicar, permitin- tícia ou medicinal. A lei presume, de forma absoluta, a
do que determinada situação denunciável permaneça situação de risco a pessoas indeterminadas como con-
desconhecida. sequência da conduta legalmente descrita.
A omissão diz respeito ao dever do médico de O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive
comunicar à autoridade pública doença cuja notifica- o proprietário da água potável de uso particular, ou
ção seja compulsória. da substância alimentícia ou medicinal destinada ao
Constitui-se crime omissivo próprio ou puro, uma consumo.
vez que a omissão está descrita expressamente no O sujeito passivo é a coletividade.
tipo penal. Trata-se de crime doloso, independentemente de
O sujeito ativo somente pode ser o médico, pois qualquer finalidade específica, bem como há cau-
é crime próprio ou especial. É cabível o concurso de sas de aumento de pena aplicáveis (art. 285, do CP).
pessoas que concorrem para o ato do profissional de Assim, se do crime doloso de perigo comum resulta
medicina, como o farmacêutico e a enfermeira. lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de
O sujeito passivo é a coletividade. liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é
Consuma-se com a omissão do médico em denun- aplicada em dobro.
ciar à autoridade pública doença de notificação com- A modalidade culposa é admitida, conforme § 2º,
pulsória. Além disso, a lei presume o risco à saúde de do art. 270, do CP. Neste caso, se do fato resulta lesão
um número indeterminado de pessoas. corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta
O crime é doloso. morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culpo-
Não admite modalidade culposa. so, aumentada de um terço.
Não admite a tentativa. Admite-se a tentativa.
A ação penal é pública incondicionada. A ação penal é pública incondicionada.
O art. 270, §1º, do CP, trata de figura equipara-
Envenenamento de água potável ou de substância da, com os núcleos “entregar a consumo” e “ter em
alimentícia ou medicinal depósito”.

Art. 270. Envenenar água potável, de uso comum “Entregar a consumo” tem o sentido de passar algo
ou particular, ou substância alimentícia ou medici- à posse de alguém para ser ingerido.
nal destinada a consumo: “Ter em depósito” é manter alguma coisa acondi-
Pena – reclusão, de dez a quinze anos. cionada em determinado local.
§ 1º Está sujeito à mesma pena quem entrega a
consumo ou tem em depósito, para o fim de ser Observe que a figura equiparada é reservada a
distribuída, a água ou a substância envenenada. terceira pessoa, diversa da responsável pelo envene-
Modalidade culposa namento, que pratica fato posterior consistente em
§ 2º Se o crime é culposo: entregar a consumo a água ou então a substância
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
alimentícia ou medicinal já envenenadas, ou então
as mantém em depósito para distribuição futura (ele-
O objeto material do crime em estudo é a água mento subjetivo específico) a pessoas indeterminadas.
potável ou a substância alimentícia ou medicinal des- A pessoa que efetuou o envenenamento não pode
tinada a consumo. ser responsabilizada pela figura equiparada, mas
Tutela-se a saúde pública. somente pela modalidade fundamental, prevista no
Água potável é aquela que não apresenta risco à art. 270, caput, do CP, ainda que venha a entregar a
saúde humana, razão pela qual é utilizável como bebi- consumo ou ter em depósito, para o fim de ser distri-
da ou no preparo de alimentos. buída, a água ou a substância envenenada. Veja que
Não precisa ser quimicamente pura. nessa hipótese, a conduta ulterior funciona como
Pode ser de uso comum ou particular, não exigin- mero desdobramento do fato principal, restando por
do o CP que seja destinada ao consumo. este absorvida.
Quanto à substância alimentícia, refere-se a lei a Condutas semelhantes:
matéria líquida ou sólida destinada à alimentação dos
seres vivos. Art. 54, da Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambien-
Substância medicinal é a matéria líquida ou sólida tais) pune qualquer tipo de poluição.
que serve de remédio visando a cura ou a prevenção Art. 270, do CP, possui pena muito maior e se rela-
de algum mal que acomete os seres vivos. ciona com envenenamento de água potável.
Vejamos, o tipo penal diz “envenenar”, ou seja,
ministrar veneno, intoxicar. Corrupção ou poluição de água potável
No crime de envenenamento de água potável ou de
substância alimentícia ou medicinal, o dolo do agente Art. 271. Corromper ou poluir água potável, de uso
limita-se a colocar em perigo a saúde pública. Agora, comum ou particular, tornando-a imprópria para
se o sujeito envenena água potável com a intenção de consumo ou nociva à saúde:
provocar a morte de pessoa determinada, obtendo Pena – reclusão, de dois a cinco anos.
êxito em seu intento, a ele será imputado o crime de Modalidade culposa
homicídio qualificado pelo emprego de veneno, con- Parágrafo único. Se o crime é culposo:
284 forme art. 121, § 2º, inciso III, do CP. Pena – detenção, de dois meses a um ano.
O objeto material do crime de corrupção ou polui- O objeto material no caput é a substância ou pro-
ção de água potável é a própria água potável, de uso duto alimentício destinado a consumo.
comum ou particular. No § 1.º-A o objeto material é a substância alimentícia
Corromper a água é modificar sua essência ou ou produto falsificado, corrompido ou adulterado.
composição, tornando-a nociva à saúde ou intolerável É imprescindível que acarrete a conduta em noci-
pelo mau sabor ou odor. vidade à saúde ou redução do valor nutritivo.
Poluir a água é sujá-la, transformando-a em líqui- Tutela-se a saúde pública.
do impróprio para consumo pelo ser humano. No caput, há quatro núcleos:

z Corromper é desnaturar algo, estragando-o;


Importante! z Adulterar é deturpar, alterar alguma coisa,
piorando-a;
Não basta o simples ato de corromper ou poluir z Falsificar equivale a alterar a verdade, dar a apa-
água potável. rência de verdadeira a alguma coisa de qualidade
É imprescindível torná-la imprópria para consumo inferior;
ou nociva à saúde de pessoas indeterminadas. z Alterar tem o sentido de modificar ou transformar.

Todas as condutas são praticadas em relação à


Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação
substância ou produto alimentício destinado a consu-
múltipla ou de conteúdo variado, ou seja, há um único
mo por um número indeterminado de pessoas.
crime na situação em que o agente corrompe e polui a Não basta a corrupção, adulteração, falsificação ou
mesma água potável. alteração do objeto material.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive É imprescindível que acarrete a conduta em noci-
pelo proprietário da água potável. vidade à saúde, caráter prejudicial ao ser humano
O sujeito passivo é a coletividade. em suas funções orgânicas, físicas ou mentais, ou
Consuma-se no instante em que a água potável, de redução do valor nutritivo da substância ou produ-
uso comum ou particular, é corrompida ou poluída, to alimentício destinado a consumo, circunstâncias
de modo a torná-la imprópria para consumo ou noci- a serem provadas em exame pericial realizado com
va à saúde, independentemente de ser consumida por essa finalidade.
alguém ou da efetiva causação de dano à saúde pública. Sobre o caput:
Se a poluição hídrica tornar necessária a interrup- O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
ção do abastecimento público de água de uma comu- O sujeito passivo é a coletividade.
nidade, estará caracterizado o crime tipificado no art. O crime é doloso, independentemente de qualquer
54, § 2º, inc. III, da Lei nº 9.605/1998, Crimes Ambien- modalidade específica.
tais, cuja pena é de reclusão, de um a cinco anos. A modalidade culposa encontra-se prevista no § 2º,
Esse crime não revogou o delito de corrupção do art. 271, do CP.
ou poluição de água potável, pois sua redação típica Consuma-se com a prática das condutas legalmen-
contém elementos especializantes, pois, pressupõe te descritas, independentemente do efetivo prejuízo à
a interrupção do abastecimento público de água de saúde pública. Exige-se a demonstração da nocivida-
uma comunidade. de do produto à saúde de pessoas indeterminadas, ou
O conflito aparente de leis penais é solucionado então, a diminuição do seu valor nutritivo.
pelo princípio da especialidade. O tipo penal pois os seguintes núcleos:
O crime é doloso, independentemente de qualquer
finalidade específica. z Fabricar: manufaturar, preparar ou construir;
A modalidade culposa é possível, conforme dis- z Vender: alienar ou ceder por determinado preço;
posto no parágrafo único, do art. 270, CP. z Expor à venda: exibir com a intenção de alienar
Admite-se a tentativa. mediante determinada contraprestação;
A ação penal é pública incondicionada. z Importar: fazer ingressar no País produto oriundo
do estrangeiro;
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de z Ter em depósito para vender: manter acondicio-
substância ou produtos alimentícios nado em algum lugar visando posterior alienação;
z Distribuir: dar, entregar, repartir; e
Art. 272. Corromper, adulterar, falsificar ou alterar z Entregar a consumo: passar algo à posse de alguém
substância ou produto alimentício destinado a con- para ser ingerido.
sumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe
o valor nutritivo: Aqui, o objeto material é a substância alimentícia
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
ou produto falsificado, corrompido ou adulterado.
multa.
O crime é doloso, sem qualquer finalidade especí-
§ 1º-A. Incorre nas penas deste artigo quem fabrica,
DIREITO PENAL

fica, exceto na conduta de “ter em depósito para ven-


vende, expõe à venda, importa, tem em depósito
para vender ou, de qualquer forma, distribui ou da”, na qual o propósito de transmissão onerosa da
entrega a consumo a substância alimentícia ou o propriedade representa o especial fim de agir busca-
produto falsificado, corrompido ou adulterado. do pelo agente.
§ 1º Está sujeito às mesmas penas quem pratica as Não se admite a modalidade culposa.
ações previstas neste artigo em relação a bebidas, No geral, as figuras equiparadas constituem-se em
com ou sem teor alcoólico. crimes instantâneos, salvo nas variantes “expor à ven-
Modalidade culposa da” e “ter em depósito para venda”, em que se notam
§ 2º Se o crime é culposo: crimes permanentes, pois a consumação se prolonga
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. no tempo, por vontade do agente. 285
A tentativa é possível, em razão do caráter pluris- Admite-se a tentativa.
subsistente do delito. A ação penal é pública incondicionada.
A ação penal é pública incondicionada. Sobre a competência, em regra, é da Justiça Esta-
dual. Entretanto, será competente a Justiça Fede-
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de ral se caracterizada a procedência internacional do
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais medicamento.
A figura equiparada do art. 273, § 1º, do CP, tem por
Art. 273. Falsificar, corromper, adulterar ou alterar objeto material o produto já falsificado, corrompido,
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: adulterado ou alterado. Por sua vez, os núcleos do tipo
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e derivado são idênticos aos contidos no § 1º-A do art.
multa. 272, do CP.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem importa, A figura equiparada do art. 273, § 1º-B, do CP,
vende, expõe à venda, tem em depósito para vender temos condutas de natureza administrativa, em face
ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a con- do elevado risco proporcionado à saúde pública. Res-
sumo o produto falsificado, corrompido, adultera- salta-se que a incriminação de tais condutas não obsta
do ou alterado.
a responsabilização simultânea do infrator no âmbito
§ 1º-A. Incluem-se entre os produtos a que se refere
administrativo.
este artigo os medicamentos, as matérias-primas,
A modalidade culposa está contida no art. 273, §
os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os
saneantes e os de uso em diagnóstico. 2º, do CP. Responde pelo delito, em sua forma culpo-
§ 1º-B. Está sujeito às penas deste artigo quem sa, a pessoa que de modo negligente, imprudente ou
pratica as ações previstas no § 1º em relação a imperito, em inobservância do dever geral de cuidado
produtos em qualquer das seguintes condições: objetivo, e sendo previsível o resultado, realiza qual-
I – sem registro, quando exigível, no órgão de vigi- quer das condutas previstas no caput, colocando em
lância sanitária competente; perigo a saúde pública.
II – em desacordo com a fórmula constante do
registro previsto no inciso anterior;
III – sem as características de identidade e qualida- Importante!
de admitidas para a sua comercialização;
IV – com redução de seu valor terapêutico ou de sua A Lei nº 9.695/1998 incluiu o inciso VII-B no art.
atividade; 1º da Lei nº 8.072/1990, para o fim de definir
V – de procedência ignorada (Arguição de incons- como hediondos os crimes tipificados nos 273,
titucionalidade. Preceito secundário do art. 273, caput, §§ 1º, 1º-A e 1º B, do CP, com todas as
§ 1º-B, V, do CP. [...] O crime de ter em depósito, consequências gravosas daí decorrentes.
para venda, produto destinado a fins terapêuticos Somente a modalidade culposa do crime de
ou medicinais de procedência ignorada é de peri-
falsificação, corrupção, adulteração ou altera-
go abstrato e independe da prova da ocorrência de
efetivo risco para quem quer que seja. E a indispen- ção de produto destinado a fins terapêuticos ou
sabilidade do dano concreto à saúde do pretenso medicinais, definida no art. 273, § 2º, do CP, não
usuário do produto evidencia ainda mais a falta possui a nota da hediondez.
de harmonia entre o delito e a pena abstratamen-
te cominada (de 10 a 15 anos de reclusão) se com-
parado, por exemplo, com o crime de tráfico ilícito Emprego de processo proibido ou de substância não
de drogas — notoriamente mais grave e cujo bem permitida
jurídico também é a saúde pública. (...) (STJ — AI
no HC 239.363/PR — Rel. Min. Sebastião Reis Júnior Art. 274. Empregar, no fabrico de produto destina-
— Corte Especial — julgado em 26-2-2015 — DJe do a consumo, revestimento, gaseificação artificial,
10-4-2015). matéria corante, substância aromática, antissépti-
VI – adquiridos de estabelecimento sem licença da ca, conservadora ou qualquer outra não expressa-
autoridade sanitária competente. mente permitida pela legislação sanitária:
Modalidade culposa Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 2º Se o crime é culposo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. O objeto material do crime em estudo é o produ-
to fabricado e destinado a consumo, qualquer tipo de
O objeto material do crime em estudo é produto produto.
destinado a fins terapêuticos ou medicinais. Trata-se de lei penal em branco que necessita de
Destaca-se que o § 1.º-A, do art. 273, do CP, incluiu complemento e, neste caso, o complemento é a legis-
medicamentos, as matérias-primas, os insumos far- lação sanitária.
macêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso Vejamos a conduta:
em diagnóstico.
“Empregar” é utilizar ou aplicar alguma coisa.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
Nas lições de Damásio E. de Jesus, citado por Cle-
O sujeito passivo é a coletividade.
O crime é doloso, independentemente de qualquer ber Masson:
finalidade específica.
A modalidade culposa encontra-se prevista no § 2º, O fato se perfaz com a conduta de utilizar, no
do art. 273, do CP. fabrico de produto destinado a consumo, revesti-
Consuma-se com a prática de qualquer das condu- mento (o invólucro que cobre o produto), gaseifi-
tas legalmente descritas, pouco importando se sobre- cação artificial (processo utilizado na fabricação
vém ou não prejuízo a alguém. Veja, a lei presume, de de refrigerantes ou de certas bebidas alcoólicas),
forma absoluta, o risco criado a pessoas indetermina- matéria corante (substância utilizada para dar cor
das em razão do comportamento ilícito. aos alimentos), substância aromática (substância
286 empregada para conferir determinado aroma aos
alimentos), substância antisséptica (substância Consuma-se com a prática da conduta legalmente
utilizada para evitar a fermentação de alimentos), descrita, prescindindo-se da lesão a alguém. A lei pre-
conservadora (substância que retarda ou impede a sume, de forma absoluta, a exposição a risco da saú-
deterioração de alimentos) ou qualquer outra não de de pessoas indeterminadas como consequência do
expressamente permitida pela legislação sanitária comportamento criminoso.
(substâncias estabilizantes, acidulantes, flavori- Admite-se a tentativa.
zantes etc.). A ação penal é pública incondicionada.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Produto ou substância nas condições dos dois
O sujeito passivo é a coletividade. artigos anteriores
Consuma-se quando o sujeito emprega, na fabri-
cação de produto destinado a consumo, revestimen- Art. 276. Vender, expor à venda, ter em depósito
to, gaseificação artificial, matéria corante, substância para vender ou, de qualquer forma, entregar a con-
aromática, antisséptica, conservadora, ou qualquer sumo produto nas condições dos arts. 274 e 275.
outra não permitida expressamente pela legislação Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
sanitária, pouco importando se sobrevém ou não
dano a alguém. Tutela-se a saúde pública.
Se a conduta consistir na exposição à venda ou O objeto material é o produto nas condições indi-
venda de mercadoria ou produto alimentício, cujo cadas nos arts. 274 e 275, do CP.
fabrico haja desatendido a determinações oficiais, O tipo penal contém quatro núcleos:
quanto ao peso e composição, estará caracteriza-
do o crime tipificado pelo art. 2º, inciso III, da Lei nº z Vender é alienar ou ceder algo por preço certo,
1.521/1951, Crimes contra a Economia Popular, puni- transferindo a propriedade de um bem em troca
do com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. do recebimento de determinado valor.
O crime é doloso. z Expor à venda equivale a exibir um objeto com a
Não admite modalidade culposa. intenção de vendê-lo.
Admite-se tentativa. z Ter em depósito para vender significa manter um
A ação penal é pública incondicionada. bem acondicionado em algum local, visando ven-
dê-lo no futuro.
Invólucro ou recipiente com falsa indicação z Entregar a consumo é transferir um bem a outrem
para ser utilizado ou ingerido.
Art. 275. Inculcar, em invólucro ou recipiente de
produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, Vimos que existem vários núcleos, e a prática de
a existência de substância que não se encontra em mais de um deles no tocante ao mesmo objeto mate-
seu conteúdo ou que nele existe em quantidade rial configura um único crime.
menor que a mencionada: O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, e não
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. necessariamente os comerciantes.
O sujeito passivo é a coletividade.
O objeto material do crime em estudo é o invólu- O crime é doloso, independentemente de qual-
cro ou o recipiente de produtos alimentícios, terapêu- quer finalidade específica, salvo no tocante à conduta
ticos ou medicinais. de “ter em depósito para vender”, na qual se exige
Protege-se a saúde pública. a intenção de guardar o produto para aliená-lo por
Invólucro é tudo o que serve para envolver, por determinado preço.
exemplo, capas, rótulos, bulas, pacotes etc. Não se admite a modalidade culposa.
Recipiente é o receptáculo, ou seja, o objeto capaz Consuma-se quando o sujeito vende, expõe à ven-
da, tem em depósito para vender ou, de qualquer for-
de conter líquidos ou sólidos, por exemplo, potes,
ma, entrega a consumo produto nas condições dos
sacos plásticos, latas e frascos.
arts. 274 e 275 do CP, importando se sobrevém ou não
Produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais
dano a alguém.
são, respectivamente, as substâncias destinadas à
Destaca-se que nas modalidades “vender” e “entre-
nutrição do organismo, à atenuação da dor ou à cura
gar a consumo”, o art. 276, do CP é crime instantâneo,
dos enfermos, ou ao tratamento de males ou doenças.
consumando-se em momento determinado, sem con-
Como o tipo penal faz menção somente ao invólu-
tinuidade no tempo.
cro e ao recipiente, não são alcançados os boletins, os
É crime permanente nas modalidades “expor à
catálogos, os prospectos, as propagandas, os folhetos e venda” e “ter em depósito para vender”, pois nesses
os anúncios, entre outros. casos a consumação se prolonga no tempo, por
Consequentemente, se a conduta recair sobre tais vontade do agente
objetos, não se caracterizará o crime em tela, sem pre- Admite-se a tentativa.
DIREITO PENAL

juízo da configuração do crime de fraude no comér- A ação penal é pública incondicionada.


cio, definido no art. 175 do Código Penal.
Vamos entender o que é “inculcar”. Aqui, neste cri- Substância destinada à falsificação
me, inculcar está no sentido de imprimir, apregoar,
demonstrar, dar a entender. Art. 277. Vender, expor à venda, ter em depósito ou
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. ceder substância destinada à falsificação de produ-
O sujeito passivo é a coletividade. tos alimentícios, terapêuticos ou medicinais:
O crime é doloso, independentemente de qualquer Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
finalidade específica.
Não se admite a modalidade culposa. Tutela-se a saúde pública. 287
O objeto material deste crime é a substância desti- z Vender equivale a transferir a propriedade de um
nada à falsificação de produtos alimentícios, terapêu- bem, alienando-se por determinado valor.
ticos ou medicinais, ou seja, a matéria cuja finalidade z Expor à venda tem o sentido de exibir um objeto
é desvirtuar ou adulterar tais produtos, conferindo- com a intenção de vendê-lo.
-lhes suposta aparência de autenticidade, de modo a z Ter em depósito para vender significa manter um
colocar em perigo a saúde pública. produto acondicionado em algum local, para pos-
Produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais teriormente vendê-lo.
são, respectivamente, as substâncias destinadas à z Entregar a consumo é transmitir um bem à posse
nutrição do organismo, à atenuação da dor ou à cura de terceiro, para ser ingerido ou utilizado.
dos enfermos, ou ao tratamento de males ou doenças.
O tipo penal contém quatro núcleos: O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
O sujeito passivo é a coletividade.
z Vender é alienar um bem por determinado preço. O crime é doloso, independentemente de qualquer
z Expor à venda significa colocar um produto à mos- finalidade específica, salvo no tocante à modalidade
tra com a finalidade de vendê-lo. “ter em depósito para vender”, no qual o propósito de
z Ter em depósito equivale a manter algo acondicio- venda representa o especial fim de agir buscado pelo
nado em determinado local. agente, elemento subjetivo específico.
z Ceder é transferir ou colocar um bem à disposição A figura culposa é admitida pelo parágrafo único,
de terceira pessoa. do art. 278, do CP.
Consuma-se com a prática de qualquer das condu-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. tas ilícitas, pouco importando se sobrevém a causação
O sujeito passivo é a coletividade. de dano a alguém. É também crime de perigo comum
O crime é doloso, independentemente de qualquer e concreto, reclamando a comprovação da nocividade
finalidade específica. da coisa ou substância à saúde de um número indeter-
Não se admite a modalidade culposa. minado de pessoas.
Consuma-se com a prática de qualquer das condu- Nos núcleos “fabricar”, “vender” e “entregar a con-
tas criminosas, prescindindo-se da causação de dano sumo” o crime é instantâneo, pois se consuma em um
a alguém. momento determinado, qual seja, o da prática da con-
Nos núcleos “vender” e “ceder” o crime é instantâ- duta legalmente descrita.
neo, consumando-se em um momento determinado, No núcleo “expor à venda” e “ter em depósito para
sem continuidade no tempo. vender” o delito é permanente, uma vez que a consu-
Nas modalidades “expor à venda” e “ter em depó- mação se prolonga no tempo, por vontade do agente.
sito” o delito é permanente, pois a consumação se pro- Admite-se a tentativa.
trai no tempo, por vontade do agente. A ação penal é pública incondicionada.
Admite-se tentativa.
A ação penal é pública incondicionada. Medicamento em desacordo com receita médica

Outras substâncias nocivas à saúde pública Art. 280. Fornecer substância medicinal em desa-
cordo com receita médica:
Art. 278. Fabricar, vender, expor à venda, ter em Pena – detenção, de um a três anos, ou multa.
depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar Modalidade culposa
a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda Parágrafo único. Se o crime é culposo:
que não destinada à alimentação ou a fim medicinal: Pena – detenção, de dois meses a um ano.
Pena – detenção, de um a três anos, e multa.
Modalidade culposa Tutela-se a saúde pública.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: O objeto material deste crime é a substância medi-
Pena – detenção, de dois meses a um ano. cinal, ou seja, o produto destinado a servir de medi-
camento, cuja finalidade é a prevenção ou cura de
Tutela-se a saúde pública. alguma doença ou mal.
O objeto material deste crime é a coisa ou substân- Fornecer, no tipo penal tem o sentido de entregar
cia nociva à saúde, salvo a de natureza alimentícia ou ou proporcionar a alguém, a título oneroso ou gra-
medicinal, pois ambas são abrangidas pelos crimes tuito, substância medicinal em desacordo com recei-
definidos nos arts. 272 e 273, do CP. ta médica, no tocante à sua espécie, qualidade ou
quantidade.
A expressão contida na parte final do dispositivo,
Importante! “em desacordo com receita médica”, representa ele-
mento normativo do tipo.
Observa-se que, se o objeto material consistir Observa-se que não é todo e qualquer fornecimento
em droga, assim definida em lei ou em ato admi- de medicamento que configura o crime em análise,
nistrativo, substância igualmente nociva à saúde mas somente o efetuado em contrariedade com a
pública, estará configurado o crime de tráfico prescrição do profissional da medicina.
de drogas, contido no art. 33, caput, da Lei nº Cleber Masson (2018) aborda o questionamento
11.343/2006, Lei de Drogas. sobre medicamentos genéricos. Medicamento genérico
é o medicamento similar a um produto de referência ou
inovador, que se pretende ser com este intercambiável,
O tipo penal contém cinco núcleos: geralmente produzido após a expiração ou renúncia da
proteção patentária ou de outros direitos de exclusivida-
z Fabricar é manufaturar, preparar ou construir. de, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e
288
designado pela Denominação Comum Brasileira (DCB), Entende-se que o exercício da profissão de médi-
ou, na sua ausência, pela Denominação Comum Inter- co veterinário, sem autorização legal, não autoriza a
nacional (DCI). É fácil concluir que os medicamentos incidência do crime tipificado no art. 282 do CP, pois
genéricos possuem o mesmo princípio ativo do medica- é vedada a utilização da analogia in malam partem no
mento “original”. Logo, não há falar na prática do crime âmbito criminal, em respeito ao princípio da reserva
ora estudado, até porque seria ilógico e absurdo a legis- legal (art. 5º, XXXIX, da CF e art. 1º do CP).
O tipo é “exercer”, no sentido de praticar, desem-
lação permitir a circulação destes medicamentos e, ao
penhar ou exercitar, ainda que a título gratuito, a pro-
mesmo tempo, incriminar seu fornecimento em prejuí- fissão de médico, dentista ou farmacêutico.
zo da população que ficaria ainda mais alijada do direito
constitucional à saúde.
Receita médica é a indicação escrita elaborada Importante!
pelo médico regularmente inscrito nos quadros do
Conselho Regional de Medicina. O verbo “exercer” é indicativo da habitualidade
Não há crime no fornecimento de substância do delito.
medicinal em desacordo com receitas emitidas por Destarte, não basta a realização de um único ato
outros profissionais da área de saúde, por exemplo, privativo do médico, dentista ou farmacêutico.
dentistas e parteiras, em face da vedação da analo- Exige-se a reiteração de atos, reveladores do
gia in malam partem no Direito Penal, bem como as estilo de vida ilícito assumido pelo farsante.
hipóteses excepcionais, previstas nos arts. 30 e 37, d,
do Decreto nº 20.931/1932, nas quais é autorizada a
prescrição de medicamentos por dentistas e parteiras. O crime pode ser praticado de duas formas:
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
O sujeito passivo é a coletividade. z Primeira forma, quando o sujeito exerce, ainda que
Trata-se de crime formal, de consumação anteci- a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
pada ou de resultado cortado, isto porque o resulta- farmacêutico, sem autorização legal. A expressão
do não é exigido para a consumação do crime. “sem autorização legal” representa um elemento
O crime é doloso, independentemente de qualquer normativo do tipo: o sujeito não está autorizado
finalidade específica. a desempenhar a profissão porque não possui o
Só admite modalidade culposa na hipótese do título que o habilite para tanto, pois, há falta de
parágrafo único, do art. 280, CP. capacidade profissional, por exemplo aquele que
Contudo, se o sujeito possuir a intenção de matar atende doentes em seu consultório, sem nunca ter
a vítima, fornecendo substância médica diversa da frequentado a faculdade de medicina, ou então
prescrita ou em dose manifestamente excessiva, esta- porque seu título, embora exista, não foi registra-
rá configurado o homicídio qualificado pelo emprego do perante o órgão competente, tal como se veri-
de meio insidioso, conforme disposto no art. 121, § 2º, fica na situação em que o graduado em ciências
inciso III, do CP, restando absorvido o delito de medi- médicas não teve seu diploma registrado perante
camento em desacordo com receita médica.
o Conselho Regional de Medicina respectivo.
Admite-se a tentativa.
z Segunda forma, quando o sujeito exerce a profis-
A ação penal é pública incondicionada.
são de médico, dentista ou farmacêutico, ainda que
a título gratuito, excedendo-lhe os limites, trata-se
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou
da “transposição dos limites da profissão”. O agen-
farmacêutica
te possui autorização legal para exercer a medici-
na, arte dentária ou farmacêutica, mas extrapola
Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a
os limites que a lei lhe impõe.
profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem
autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Este crime é mais um exemplo de lei penal em
Parágrafo único. Se o crime é praticado com o fim branco homogênea, pois é preciso analisar os limites
de lucro, aplica-se também multa. de atuação conferidos a cada profissional pelas leis
atinentes às áreas da medicina, da odontologia e da
Vamos ver o que dispõe o art. 5º, inciso XIII, da farmácia.
Constituição Federal: O sujeito ativo, na primeira conduta, “exercer, ain-
da que a título gratuito, a profissão de médico, den-
é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou tista ou farmacêutico, sem autorização legal”, é um
profissão, atendidas as qualificações profissionais crime comum ou geral, uma vez que pode ser come-
que a lei estabelecer. tido por qualquer pessoa. Na prática, normalmente, o
agente possui conhecimentos da profissão, ainda que
A regra é a liberdade de trabalho, ofício ou pro- a título precário, pois somente assim reúne condições
fissão, mas o próprio constituinte originário admitiu para ludibriar um número indeterminado de pessoas,
DIREITO PENAL

a imposição de exigências, pelo legislador ordinário, proporcionando-lhes tratamento típico daqueles que
para o desempenho de tais atividades. se fazem com médico, dentista ou farmacêutico.
Nesse contexto, há requisitos legais para o exercício O sujeito ativo na conduta de “exercer, ainda que
da medicina, da odontologia e da atividade farmacêutica. a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
Considerando a relevância da saúde pública, o farmacêutico, excedendo os limites, cuida-se de crime
legislador acertadamente instituiu a categoria de cri- próprio ou especial, pois somente pode ser praticado
me para punir a atuação ilegal de tais profissões. pelo médico, dentista ou farmacêutico devidamente
Tutela-se a saúde pública. habilitado e registrado que extrapola os quadrantes
O objeto material deste crime é a profissão de da sua atuação. Por exemplo, o médico registrado
médico, dentista ou farmacêutico. perante o Conselho Regional de Medicina de São Paulo 289
não praticará o crime em estudo, mas somente um ilí- Não se admite a modalidade culposa.
cito administrativo, se passar a exercer sua profissão Consuma-se o crime de charlatanismo com o ato de
em outro estado, sem efetuar seu registro no Conselho inculcar ou anunciar a cura por meio secreto ou infa-
Regional de Medicina respectivo. lível, pouco importando se a pessoa enferma venha
O sujeito passivo imediato é a coletividade e, ou não a ser efetivamente “tratada” pelo charlatão.
mediatamente, as pessoas atendidas pelo falso profis- Basta um único anúncio fraudulento de cura para
sional da medicina, arte dentária ou farmacêutica. o aperfeiçoamento do delito.
O crime é doloso, independentemente de qualquer Admite-se a tentativa.
finalidade específica. A ação penal é pública incondicionada.
Não se admite a modalidade culposa.
Considerando o núcleo do tipo, “exercer”, conclui- Curandeirismo
-se no sentido de que o delito somente se consuma
com a prática reiterada e uniforme da conduta legal- Art. 284. Exercer o curandeirismo:
mente descrita, de modo a revelar o estilo de vida ilí- I – prescrevendo, ministrando ou aplicando, habi-
cito adotado pelo agente. tualmente, qualquer substância;
O exercício ainda que a título gratuito caracteriza II – usando gestos, palavras ou qualquer outro
o crime meio;
Não admite a tentativa. III – fazendo diagnósticos:
A ação penal é pública incondicionada. Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é praticado mediante
Charlatanismo remuneração, o agente fica também sujeito à multa.

Art. 283. Inculcar ou anunciar cura por meio secre- Tutela-se a saúde pública.
to ou infalível: O objeto material é a substância prescrita, minis-
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. trada ou aplicada, o gesto, a palavra ou qualquer
outro meio, bem como o diagnóstico efetuado.
Tutela-se a saúde pública. O anúncio da falsa cura O termo “exercer” tem o sentido de desempenhar
muitas vezes acarreta a decisão de pessoas ingênuas ou praticar determinado comportamento com habi-
no sentido de ser desnecessário o auxílio médico para tualidade. Com efeito, o verbo “exercer” é indicativo
proceder ao tratamento convencional da doença, da reiteração de atos, razão pela qual a realização iso-
resultando em riscos para a saúde ou mesmo para a lada da conduta legalmente descrita não constitui o
vida. delito.
O objeto material do crime de charlatanismo é o
Curandeirismo é a prática consistente no ato de
anúncio da cura por meio secreto ou infalível.
restabelecer a saúde alheia por pessoa a quem não
Cura secreta é o tratamento de doença de maneira
é atribuída a função, capacidade ou poder para tal
oculta, mediante a utilização de procedimentos igno-
fim. Em regra, é realizada por indivíduo sem qual-
rados pelas ciências médicas.
quer título ou idoneidade técnica ou profissional para
Cura infalível é o tratamento plenamente eficaz,
alcançar a cura.
apto a restabelecer, inevitavelmente, a saúde do
A atividade do curandeiro não precisa ser com-
paciente.
O tipo penal diz: pletamente inovadora e totalmente falha, de modo a
permitir que somente as pessoas menos esclarecidas
z Inculcar é aconselhar, apregoar, sugerir. possam cair no golpe.
z Anunciar é noticiar, divulgar pelos mais variados Cuida-se de crime de forma vinculada, pois o tipo
meios, por exemplo, panfletos, cartazes, rádio, penal arrola expressamente seus meios de execução.
televisão etc. Vejamos:
Inciso I – prescrevendo, ministrando ou aplicando,
Pratica o crime de charlatanismo o agente que habitualmente, qualquer substância:
apregoa ou divulga tratamento de doença mediante
cura secreta ou infalível. A ilicitude do comporta- z Prescrever é receitar ou recomendar;
mento reside no segredo e na infalibilidade da cura z Ministrar equivale a entregar para consumir ou
de determinada doença, pois às ciências médicas inocular; e
não é dado prometê-la por meios secretos, tampouco z Aplicar tem o sentido de empregar ou utilizar.
anunciar procedimento que inevitavelmente irá
alcançá-la. As ações ligam-se a “qualquer substância”, de ori-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusi- gem vegetal, animal ou mineral, podemos exempli-
ve pelos profissionais da área da saúde, por exemplo, ficar as pomadas, líquidos, tripas de animais, penas
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentistas, far- de aves etc., seja ou não nociva à saúde humana pois,
macêuticos etc. nada obstante sua inocuidade, ela impede ou retarda
O sujeito passivo é a coletividade. o tratamento correto do enfermo pelo profissional da
O crime é doloso, independentemente de qualquer área de saúde.
finalidade específica. Inciso II – usando gestos, palavras ou qualquer
outro meio:
O sujeito deve possuir ciência da falsidade do meio
secreto ou infalível por ele inculcado ou anunciado, z Gestos consistem no emprego de movimentos cor-
pois nesse ponto repousa sua fraude. Não se exige a porais, especialmente dos membros superiores
finalidade de obtenção de vantagem econômica, mes- e da cabeça, que podem servir para manifestar
290 mo que essa seja a meta buscada pelo charlatão. ideias ou sentimentos.
z Palavras são os meios utilizados para facilitar a Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
comunicação interpessoal, mediante linguagem § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
escrita ou falada, tais como as rezas, benzeduras, própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
encomendações e esconjuros. vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz
z Qualquer outro meio abarca atos análogos aos ges- na circulação moeda falsa.
tos e às palavras criados pela imaginação humana e § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
impossíveis de serem esgotados no plano abstrato. verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido
Inciso III – fazendo diagnósticos: com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos,
z Fazer diagnósticos, ato privativo do médico, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
mediante a constatação de uma doença ou enfermi- ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou
dade pelos seus sintomas ou sinais característicos. autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determi-
nado em lei;
O curandeiro retarda a cura ou o tratamento de
II - de papel-moeda em quantidade superior à
uma doença, comprometendo a saúde e até mesmo a
autorizada.
vida do enfermo.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
O sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa desprovi-
circular moeda, cuja circulação não estava ainda
da de conhecimentos médicos.
autorizada.
O sujeito passivo é a coletividade.
O crime é doloso, independentemente de qualquer
finalidade específica. Prescinde-se da cupidez, ou seja, O crime de moeda falsa tem como figura típica a
da intenção de alcançar vantagem indevida em conse- seguinte conduta: falsificar, fabricando-a ou alteran-
quência da conduta ilícita. do-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal
Não se admite a modalidade culposa. no país ou no estrangeiro.
Se o curandeirismo for praticado mediante remu- Este crime pode ser praticado de duas formas:
neração, incidirá também a pena de multa.
Consuma-se por meio da prática reiterada de qual-
quer dos atos descritos no tipo penal, demonstrando FALSIFICAR A MOEDA METÁLICA OU PAPEL-MOE-
um estilo de vida ilícito por parte do agente. DA DE CURSO LEGAL NO PAÍS ESTRANGEIRO
A habitualidade não exige o exercício dos compor- Fabricando-a Neste caso, o agente
tamentos legalmente descritos durante longo período,
cria a moeda falsa ou
ou mesmo em dias sucessivos. Uma reiteração de atos
papel-moeda.
em um mesmo dia e para diversas pessoas, é prova
inequívoca do exercício efetivo do curandeirismo. Alterando-a Neste caso, o agente
Admite-se a tentativa. altera uma moeda ou
A ação penal é pública incondicionada. papel-moeda que são ver-
dadeiros, transformando-
Forma qualificada -os em falsos.
O art. 285, do CP, determina a incidência das regras
do aumento de pena ao crime de infração de medida Sobre o crime de moeda falsa, é importante levar
sanitária preventiva. em consideração o seguinte:
São causas de aumento da pena, nada obstante o
legislador tenha utilizado a expressão “formas quali- z É crime comum, que pode ser praticado por
ficadas pelo resultado”. qualquer pessoa;
Destarte, se da conduta resultar lesão corporal de z Não admite a modalidade culposa, podendo ser
natureza grave ou gravíssima, aumentará pela meta- praticado somente a título de dolo;
de a pena privativa de liberdade. z Admite a tentativa;
Se resultar morte, será aplicada a pena em dobro. z Segundo posicionamento doutrinário majoritário,
para configuração deste crime, a falsificação ou
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA alteração não podem ser grosseiras (aquela vista a
olho nu por qualquer pessoa dotada de capacidade
Os crimes Contra a Fé Pública definem-se como mediana) – neste caso, estaremos diante de condu-
aqueles em que na posição de sujeito passivo estará ta que configura crime impossível em relação ao
o coletivo, devido não ser possível a classificação de crime de moeda falsa;
uma vítima especificamente, sendo assim sua defini-
ção se aplica de forma direto ao Estado. Contudo, caso a falsificação seja grosseira, o seu
É importante destacar que tal delito exige a confi- uso pode caracterizar o crime de estelionato, confor-
guração do dolo, principalmente pela confiança que me entendimento sumulado do STJ.
DIREITO PENAL

que é depositada nos atos e que fora contrariada. Súmula 73 do STJ:


Vejamos
A utilização de papel moeda grosseiramente falsifi-
MOEDA FALSA cado configura, em tese, o crime de estelionato, da
competência da Justiça Estadual.
Moeda Falsa
Exige-se que a moeda metálica ou papel-moeda
Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, tenham curso legal no país ou no estrangeiro. Caso
moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no não tenham, ou estejam foram de circulação, não irá
país ou no estrangeiro: se configurar este crime. 291
Os crimes relacionados à moeda falsa são proces-
Importante! sados e julgados pela Justiça Federal.
Configurará o crime de circulação de moeda A ação penal é pública incondicionada.
falsa, incorrendo na mesma pena do crime de Caso se trate de falsificação grosseira, poderá
moeda falsa, a conduta do agente que, por con- caracterizar o estelionato, de competência da Justiça
ta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, Estadual.
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz E, anote: não se aplica o princípio da insignificância
ao crime de moeda falsa.
na circulação moeda falsa.
Crimes assimilados ao de moeda falsa
Sobre o crime de circulação de moeda falsa, fique
atento às seguintes informações: Art. 290. Formar cédula, nota ou bilhete repre-
sentativo de moeda com fragmentos de cédulas,
z É crime de ação múltipla, que se configura com a notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota,
prática de quaisquer um dos verbos descritos no cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-
tipo penal; -los à circulação, sinal indicativo de sua inutiliza-
z Caso o agente pratique mais de um verbo, no mes- ção; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete
em tais condições, ou já recolhidos para o fim de
mo contexto fático, responderá por apenas um cri-
inutilização:
me de circulação de moeda falsa.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
z O crime somente poderá ser praticado dolosamen-
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado
te, portanto, é necessário que o agente saiba ou
a doze anos e multa, se o crime é cometido por fun-
tenha dúvida sobre a falsidade da moeda; cionário que trabalha na repartição onde o dinhei-
z Admite tentativa; ro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso,
z É crime comum, que pode ser praticado por em razão do cargo.
qualquer pessoa, salvo aquele que falsifica a
moeda – não se trata de hipótese de concurso de Praticará crime assimilado ao de moeda falsa, pre-
crimes, assim, caso o agente falsifique a moeda e visto no art. 290, do CP, o agente que formar cédula,
a guarde, responderá apenas pelo crime de moeda
nota ou bilhete representativo de moeda com frag-
falsa;
mentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros, ou
suprimir em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o
Se o agente recebe a moeda de boa-fé, mas, para
fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua
não ficar no prejuízo, a restitui à circulação. Ele res-
inutilização, bem como restituir à circulação cédula,
ponderá criminalmente?
nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos
Sim. A resposta é positiva.
para o fim de inutilização.
Neste caso, responderá o agente pelo crime de
É importante, sobre o delito assimilado à moeda falsa:
circulação de moeda falsa na modalidade privilegia-
da, com uma pena bem mais branda em relação aos
z É crime comum, que pode ser praticado por
outros dois tipos penais que já estudamos.
qualquer pessoa;
z O crime é doloso;
Sobre o crime de circulação de moeda falsa privile-
z Não admite a modalidade culposa;
giada, fique atento ao seguinte:
z Admite tentativa;
z É processado e julgado pelo Justiça Federal,
z O recebimento da moeda se dá de boa-fé, pois o
mediante ação penal pública incondicionada;
agente acredita que é verdadeira.
z Trata-se de tipo penal misto alternativo, que se
z A restituição à circulação deve se dar dolosamen-
te, isto é, o agente já conhece sobre a falsidade da consuma com a prática de quaisquer das condutas
moeda; previstas no tipo penal.
z É crime comum, que pode ser praticado por
qualquer pessoa, exceto o falsificador que pratica Existe a possibilidade de ser crime próprio, caso
o crime de falsificar moeda; seja cometido por funcionário que trabalha na repar-
z Admite tentativa. tição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela
tenha fácil ingresso, em razão do cargo.
O crime de moeda falsa possui formas qualificadas. Neste caso, o máximo da reclusão é elevado a doze
Responderá pelo crime de moeda falsa na moda- anos.
lidade qualificada o funcionário público ou diretor,
gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, Petrechos para falsificação de moeda
emite ou autoriza a fabricação ou emissão de moeda
com título ou peso inferior ao determinado em lei ou Art. 291. Fabricar, adquirir, fornecer, a título one-
de papel-moeda em quantidade superior à autoriza- roso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo,
da. Neste caso, trata-se de crime próprio, que somente aparelho, instrumento ou qualquer objeto especial-
poderá ser praticado pelo funcionário público ou dire- mente destinado à falsificação de moeda:
tor, gerente ou fiscal de banco de emissão. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Também pratica o delito de moeda falsa na moda-
lidade qualificada o agente que desvia e faz circular O crime de petrechos para falsificação de moeda
moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. tem por conduta fabricar, adquirir, fornecer, a título
O crime de moeda falsa na modalidade qualificada oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo,
não admite a forma culposa. aparelho, instrumento ou qualquer objeto especial-
292 mente destinado à falsificação de moeda.
O objeto material deste crime é o maquinismo, z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especial- quer pessoa.
mente destinado à falsificação de moeda.
Veja que o tipo penal exige que o equipamento FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS
tenha destinação específica, não configurando o delito PÚBLICOS
de petrechos para falsificação de moeda caso o equi-
pamento tenha outras finalidades e, também possa, Falsificação de papéis públicos
de alguma forma, ser utilizado para falsificar moeda.
Temos aqui uma conduta que constitui exceção à Art. 293. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
punição de um crime a partir do momento em que se I – selo destinado a controle tributário, papel sela-
inicia a execução do crime. Isto porque, caso um agen- do ou qualquer papel de emissão legal destinado à
te tenha a finalidade de falsificar moeda e, para isso, arrecadação de tributo;
adquira um aparelho, mesmo que não inicie a execu- II - papel de crédito público que não seja moeda de
ção da falsificação, poderá ser responsabilizado cri- curso legal;
III - vale postal;
minalmente pelos atos preparatórios, que constituem
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de cai-
crime autônomo.
xa econômica ou de outro estabelecimento mantido
Sobre o crime de petrechos para emissão de moe- por entidade de direito público;
da, é importante ficar atento ao seguinte: V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro
documento relativo a arrecadação de rendas públi-
z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado cas ou a depósito ou caução por que o poder públi-
por meio da execução de quaisquer um dos co seja responsável;
verbos previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
fornecer, possuir ou guardar. transporte administrada pela União, por Estado ou
z É crime comum, que pode ser praticado por por Município:
qualquer pessoa; Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
z O crime se configura ainda que o agente pratique § 1o Incorre na mesma pena quem:
as condutas descritas no tipo penal sem finalidade I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
onerosa; papéis falsificados a que se refere este artigo;
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente, II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação
que admite a prisão em flagrante enquanto não se
selo falsificado destinado a controle tributário;
cessar a permanência;
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à
z O delito é doloso; venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
z Não admite a modalidade culposa; empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
z Admite tentativa. utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, produto ou
Emissão de título ao portador sem permissão legal mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a
Art. 292. Emitir, sem permissão legal, nota, bilhe- controle tributário, falsificado;
te, ficha, vale ou título que contenha promessa de b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte tributária determina a obrigatoriedade de sua
indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: aplicação.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como legítimos, com o fim de torná-los novamente
dinheiro qualquer dos documentos referidos neste utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua
artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias inutilização:
a três meses, ou multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois
O crime de emissão de título ao portador sem de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
emissão legal é praticado quando o agente emite, sem parágrafo anterior.
permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora
recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados
contenha promessa de pagamento em dinheiro ao
ou alterados, a que se referem este artigo e o seu
portador ou a que falte indicação do nome da pessoa
§ 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração,
a quem deva ser pago.
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
Considera-se menos grave a conduta de quem uti- anos, ou multa.
liza nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins
promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio
a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
DIREITO PENAL

ser pago como dinheiro. vias, praças ou outros logradouros públicos e em


É importante, sobre o delito de emissão de título ao residências.
portador legal:
É um tipo penal bastante extenso, que irá se con-
z Exige-se que o agente não tenha permissão legal figurar quando o agente falsificar, fabricando-os ou
para a emissão; alterando-os:
z Se o agente tem permissão para emitir o título ao
portador, o fato será atípico; z Selo destinado a controle tributário, papel selado
z O delito é doloso; ou qualquer papel de emissão legal destinado à
z Não admite a modalidade culposa; arrecadação de tributo; 293
z Papel de crédito público, ou seja, apólices e títulos z Só admite a modalidade dolosa – não pode ser pra-
da dívida pública; ticado culposamente;
z Vale postal; z Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipici-
z Cautela de penhor, ou seja, o título com o qual o dade deste crime;
sujeito pode retirar o bem empenhado das mãos z Admite a tentativa;
do credor; z Se o papel for de emissão da União, será processa-
z Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu- do e julgado pela Justiça Federal.
mento relativo a arrecadação de rendas públicas z Será de competência do Juizado Especial Criminal
ou a depósito ou caução por que o poder público Federal na hipóteses de crime privilegiado, defini-
seja responsável; do no art. 293, §4º, do CP.
z Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
transporte de mercadorias administrada pela Petrechos de falsificação
União, por Estado ou por Município.
Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
Este tipo penal poderá ser praticado com a falsifi- guardar objeto especialmente destinado à falsifi-
cação de quaisquer um dos documentos vistos acima, cação de qualquer dos papéis referidos no artigo
de duas formas: fabricando-os (neste caso, o agente anterior:
cria um documento) ou alterando-os (o agente altera Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
documento já existente). Art. 295. Se o agente é funcionário público, e come-
Existem formas equiparadas ao crime de falsifica- te o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a
pena de sexta parte.
ção de papéis públicos, incorrendo o agente nas mes-
mas penas deste.
Nas mesmas penas irá incorrer aquele que: Cometerá este crime, previsto no Artigo 294 do
Código Penal, o agente que fabricar, adquirir, forne-
z Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis cer, possuir ou guardar objeto especialmente destina-
falsificados a que se refere este artigo; do à falsificação de qualquer dos papeis previstos no
z Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, crime de falsificação de papéis públicos (Artigo 293 do
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação Código Penal).
selo falsificado destinado a controle tributário; Sobre o crime de petrechos de falsificação, é
z Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, importante que você leve para a sua prova as seguin-
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empres- tes informações:
ta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado
comercial ou industrial, produto ou mercadoria: mediante a execução de quaisquer um dos verbos
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir,
„ Em que tenha sido aplicado selo que se destine fornecer, possuir ou guardar;
a controle tributário, falsificado; z É crime comum, que poderá ser praticado por
„ Sem selo oficial, nos casos em que a legislação qualquer agente;
tributária determina a obrigatoriedade de sua z Entretanto, caso o crime seja praticado por fun-
aplicação. cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a
pena será aumentada da sexta parte (1/6).
O tipo penal do crime de falsificação de papéis
públicos apresenta três modalidades em que a pena A pena do crime de petrechos de falsificação será
será mais branda se comparada ao tipo penal prin- aumentada de 1/6 (um sexto) se o agente é funcionário
cipal e às formas equiparadas, que tem como pena a público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo.
reclusão de dois a oito anos e multa:
z Assim como o crime de petrecho para falsificação
z Aquele que suprimir, em qualquer dos papéis vis- de moeda, o objeto deve ser destinado especial-
tos logo acima, quando legítimos, com o fim de mente para falsificar os papéis previstos no Artigo
torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal 293, caso o objeto tenha outras finalidades (tem
indicativo de sua inutilização, incorrerá na pena outras utilidades e também serve para falsificar
de reclusão de um a quatro anos e multa; papéis), não há que se falar na prática deste tipo
z Aquele que usar os papéis, depois de alterados penal;
(após a supressão de carimbo ou sinal indicativo z Só poderá ser praticado dolosamente;
de inutilização, quando legítimos, com o fim de z Admite a modalidade tentada;
torna-los utilizáveis), incorrerá na pena de reclu- z No verbo guardar, trata-se de crime permanente,
são de um a quatro anos e multa; protraindo-se a conduta no tempo.
z Aquele que usar ou restituir à circulação, embora
recebido de boa-fé, qualquer dos papeis falsifica- Falsidade Documental
dos ou alterados, depois de conhecer a falsidade
ou alteração, incorrerá na pena de detenção, de De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são
seis meses a dois anos, ou multa quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos
ou particulares.
Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, é O CPP estabelece requisitos para que um papel
importante levar em consideração o seguinte: seja considerado documento: forma escrita, autor
certo, possuir conteúdo de relevância jurídica e valor
z É crime comum, que pode ser praticado por probatório.
294 qualquer pessoa;
Falsificação do selo ou sinal público § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
Art. 296. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: de sexta parte.
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a
da União, de Estado ou de Município; documento público o emanado de entidade
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de paraestatal, o título ao portador ou transmissível
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de por endosso, as ações de sociedade comercial, os
tabelião: livros mercantis e o testamento particular.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: inserir:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; I – na folha de pagamento ou em documento de
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal ver- informações que seja destinado a fazer prova
dadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito pró- perante a previdência social, pessoa que não pos-
prio ou alheio. sua a qualidade de segurado obrigatório;
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím- do empregado ou em documento que deva produzir
bolos utilizados ou identificadores de órgãos ou efeito perante a previdência social, declaração falsa
entidades da Administração Pública. ou diversa da que deveria ter sido escrita;
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o III – em documento contábil ou em qualquer outro
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena documento relacionado com as obrigações da
de sexta parte. empresa perante a previdência social, declaração
falsa ou diversa da que deveria ter constado.
Configura-se com a prática da seguinte conduta § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
típica: falsificar, fabricando-os ou alterando-os selo documentos mencionados no § 3o, nome do segurado
público destinado a autenticar atos oficiais da União, e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
de Estado ou de Município ou selo ou sinal atribuído contrato de trabalho ou de prestação de serviços.
por lei a entidade de direito público, ou a autoridade,
ou sinal público de tabelião. A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em
parte, documento público, ou alterar documento
São condutas equiparadas ao crime de falsifica- público verdadeiro.
ção de selo ou sinal público, incorrendo nas mesmas O crime pode ser praticado das seguintes formas:
penas o agente que: Trata-se de falsidade material, na qual o agente
cria um documento público falso ou modifica o docu-
z Faz uso de selo ou de sinal falsificado, isto é, não mento público verdadeiro, tornando-se falsos em seu
sejam verdadeiros e que o uso seja indevido e que aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro
sobrevenha o resultado, por exemplo, obter vanta- ou não.
gem econômica;
São condutas equiparadas ao crime de falsificação
z Utiliza indevidamente o selo ou o sinal verdadeiro
de documento público, incorrendo nas mesmas penas
em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou
alheio; o agente que insere ou faz inserir, estão descritas nos
z Só incorre no uso do selo ou do sinal quem não foi incisos do §3º, do art. 297, do CP, vejamos:
a responsável pela falsificação;
z Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, Na folha de pagamento ou em documento de infor-
logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos uti- mações que seja destinado a fazer prova perante a
lizados ou identificadores de órgãos ou entidades previdência social, pessoa que não possua a quali-
da Administração Pública. dade de segurado obrigatório;
Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
Sobre este crime, é importante que você leve em empregado ou em documento que deva produzir
consideração as seguintes disposições: efeito perante a previdência social, declaração falsa
ou diversa da que deveria ter sido escrita;
Em documento contábil ou em qualquer outro
z É crime comum, que pode ser praticado por
documento relacionado com as obrigações da
qualquer pessoa.
empresa perante a previdência social, declaração
z Caso o crime seja praticado por funcionário públi-
falsa ou diversa da que deveria ter constado.
co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumen-
Incorre, também, nas mesmas penas, quem omite,
tada da sexta parte (aumento de 1/6);
nos documentos mencionados ao lado, nome do
z Só pode ser praticado dolosamente;
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a
z Admite a modalidade tentada, já que se trata de cri-
vigência do contrato de trabalho ou de prestação
me plurissubsistente, quando o delito para ser prati-
de serviços.
cado necessita de vários atos para atingir o resultado;
z A falsificação pode se dar de 2 (duas formas): com
a fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a
DIREITO PENAL

alteração (o agente modifica o selo ou sinal). Importante!


Trata-se de crime de forma livre, que pode ser pra- Cleber Masson (2018) destaca que se a falsida-
ticado de qualquer modo pelo agente. de lançada na Carteira de Trabalho e Previdência
Social relacionar-se com os direitos trabalhistas
Falsificação de documento público do empregado, incidirá o crime definido no art.
49 do Decreto-lei 5.452/1943. Por seu turno, se
Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento a falsidade atingir a Previdência Social, estará
público, ou alterar documento público verdadeiro: caracterizado o crime tipificado no art. 297, §3º,
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
II, do CP. 295
É de suma importância você saber que não se O crime de falsificação de documento particular
pode confundir a falsidade material com a falsidade é praticado quando o agente age de acordo com o
ideológica. núcleo do tipo, ou seja, falsifica, no todo ou em parte,
documento particular ou altera (segundo núcleo do
Sobre o crime de falsificação de documento públi- tipo) documento particular verdadeiro.
co, é importante que você leve em consideração as A conduta é muito semelhante ao crime de falsifi-
seguintes informações: cação de documento público, sendo diferente no que
se refere ao objeto material do crime. Estes crimes
z O crime é comum, que pode ser praticado por também se diferenciam em relação à pena cominada.
qualquer pessoa; Já estudamos o documento público e agora esta-
z Na hipótese de o agente ser funcionário público e, mos compreendendo o documento particular. Mas, o
ainda, se prevaleça do cargo para praticar o delito, que é documento particular?
a pena será aumentada em um sexto;
Documento particular é aquele que não é docu-
z O delito é doloso, não exige fim especial;
mento público, nem equiparado a documento públi-
z Não admite a modalidade culposa;
co, por exemplo, cartão de identificação de veículo de
z Admite a tentativa;
z O objeto material do crime é o documento público. moradores de condomínio residencial.
Neste delito, a falsidade também pode ser mate-
É muito importante que você saiba o que é docu- rial, alterando-se a forma estrutural do documento,
mento público, para fins de configuração deste crime, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
já que existe, também, o crime de falsificação de docu- É importante destacar sobre o crime de falsifica-
mento particular, já que eles são apenados de formas ção de documento particular o seguinte:
diferentes, sendo aquele mais grave do que este. É crime comum;
Para fins de concurso público, pode-se conceituar
documento público como aquele emitido por funcio- z Admite a tentativa;
nário público, no exercício de suas funções, a serviço z É delito doloso, sem a necessidade de exigir especial
da União, estados-membros, Distrito Federal ou muni- fim;
cípios (emitido por órgãos ou entidades públicas). z Aplica-se a Súmula 17 do STJ: quando o falso se
Porém, o Código Penal equipara alguns outros exaure no estelionato, sem mais potencialidade
documentos, embora emitidos por particulares, a lesiva, é por este absorvido;
documento público. z Na hipótese de a falsificação ser grosseira, não irá
se configurar este crime, mas poderá se configurar
Falsificação total: criação de todo o material outro tipo penal.
escrito que representa o documento.
Falsificação parcial: há uma criação de uma par- Para fins de aplicação deste crime, equipara-se a
te falsa do documento público verdadeiro, a qual
documento público o cartão de crédito ou de débito.
pode dele ser individualizada.
Alteração de documento público: inserir ou supri-
Falsificação de cartão
mir falsamente informações escritas no próprio cor-
po do documento verdadeiro, após a sua criação.
Art. 298 (...)
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
O título ao portador é documento de crédito que
equipara-se a documento particular o cartão de
não informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque
crédito ou débito.
no valor de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma
forma de transferir a propriedade de um título (do
endossante para o endossatário), como os cheques em Falsidade ideológica
geral e as notas promissórias, que constituem exem-
plos de títulos transmissíveis por endosso. Art. 299. Omitir, em documento público ou parti-
Súmula 17. Quando o falso se exaure no esteliona- cular, declaração que dele devia constar, ou nele
to, sem mais inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa
potencialidade lesiva, é por este absorvido. da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
Esta súmula se refere à aplicação do princípio da direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
consunção ou absorção. Quando o crime de falsifica- fato juridicamente relevante:
ção de documento público for meio para praticar o Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
crime de estelionato, será por este absorvido. documento é público, e reclusão de um a três anos,
Por exemplo, agente que, para obter ilícita van- e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de
tagem em prejuízo de terceiro, altera sua carteira de réis, se o documento é particular.
identidade verdadeira, responderá apenas pelo crime Parágrafo único - Se o agente é funcionário públi-
de estelionato caso a potencialidade lesiva da falsifica- co, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou
ção fique exaurida com a prática do estelionato. se a falsificação ou alteração é de assentamento de
Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras, registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
haverá atipicidade deste crime, podendo configurar
outra infração penal. Configura-se com a prática da seguinte conduta
típica: omitir, em documento público ou particular,
Falsificação de documento particular declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia
Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar, obri-
particular ou alterar documento particular verdadeiro: gação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
296 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. relevante.
Este crime se configura com a prática da seguinte
Importante! conduta típica: reconhecer, como verdadeira, no exer-
A falsidade ideologica se configura das seguin- cício de função pública, firma ou letra que o não seja.
tes formas: Entendam da seguinte forma:
Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar. z Firma = assinatura;
z Letra = manuscrito daquele que assina.
Inserir ou fazer inserir, em documento público
ou particular, declaração falsa ou diversa da que
A pena do crime será distinta conforme a natureza
devia constar.
do documento:

A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou
documento público quanto em documento particular, letra, você deve ficar atento ao seguinte:
tendo como distinção, tão somente a pena, vejamos:
z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo
z Documento público: reclusão, de um a cinco anos, funcionário público que pode reconhecer firma ou
e multa; letra;
z Documento particular: reclusão, de um a três anos, z Admite a participação de particular, desde que
e multa. conheça a condição de funcionário público do
agente.
O tipo penal deste crime apresenta causa de z Só poderá ser praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
aumento de pena, um sexto.
z Segundo posicionamento que prevalece, trata-se
Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
de crime plurissubsistente, que admite, portanto,
me prevalecendo-se do cargo.
a tentativa;
z A ação penal será pública incondicionada.
z Se a falsificação ou alteração é de assentamento de
registo civil.
Certidão ou atestado ideologicamente falso
Em relação ao crime de falsidade ideológica, é
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em
importante que você leve em consideração as seguin- razão de função pública, fato ou circunstância que
tes informações: habilite alguém a obter cargo público, isenção de
ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser outra vantagem:
praticado dolosamente; Pena - detenção, de dois meses a um ano.
z Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim
de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a Conduta típica: atestar ou certificar falsamente,
verdade sobre fato juridicamente relevante. em razão de função pública, fato ou circunstância que
z É crime comum; habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
Atenção: se praticado por funcionário público, que vantagem.
se prevalece do cargo, haverá aumento de pena de 1/6 Sobre este crime, é importante levar em conside-
(um sexto). ração o seguinte:
Não basta que seja praticado por funcionário
público, para se aplicar a causa de aumento da pena, z Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati-
mas, também, que ele se prevaleça do cargo para pra- cado por funcionário público, em razão da função
ticar o crime. pública;
Caso a conduta seja praticada sem uma das fina- z Admite o concurso de pessoas com particulares,
lidades específicas vistas acima, o crime não irá se desde que estes conheçam sobre a situação de fun-
configurar. cionário público;
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite a modalidade tentada nas condutas comis- z Admite a forma tentada;
sivas, mas não admite, segundo posicionamen- z É crime de ação múltipla, que pode se configurar
to doutrinário majoritário, na conduta omissiva com a prática de quaisquer um dos verbos
(omitir); previstos no tipo penal: atestar ou certificar;
z Neste crime, a forma do documento segue intacta; z Para a configuração deste crime, exige-se que a
o que se falsifica é o conteúdo das informações con- certificação ou atestado se deem para as finali-
DIREITO PENAL

tidas no documento público ou particular (com a dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a
omissão de declaração ou com a declaração falsa). obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço
de caráter público, ou qualquer outra vantagem.
Falso reconhecimento de firma ou letra z Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de
lucro (finalidade específica), será aplicada, além
Art. 300. Reconhecer, como verdadeira, no exercí- da pena privativa de liberdade, a pena de multa.
cio de função pública, firma ou letra que o não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o Falsidade material de atestado ou certidão
documento é público; e de um a três anos, e multa,
se o documento é particular. Art. 301 (...) 297
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou z Exige-se que a conduta praticada pelo médico se
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado dê no exercício da função.
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer
outra vantagem:
Art. 303. Reproduzir ou alterar selo ou peça filaté-
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
lica que tenha valor para coleção, salvo quando a
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-
reprodução ou a alteração está visivelmente anota-
se, além da pena privativa de liberdade, a de multa.
da na face ou no verso do selo ou peça:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Ainda no art. 301, do CP, em seu §1º, temos um Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem,
outro tipo penal: Certidão ou Atestado Ideologicamen- para fins de comércio, faz uso do selo ou peça
te Falso. filatélica.
O crime de certidão ou atestado ideologicamente
falso irá se configurar quando o agente falsificar, no O crime tipificado neste artigo foi tacitamente
todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o revogado pelo art. 39 da Lei nº 6.538/1978.
teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para pro- Trata-se de lei relacionada ao serviço postal e sua
va de fato ou circunstância que habilite alguém a redação é a seguinte:
obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de
caráter público, ou qualquer outra vantagem. Art. 39. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatéli-
Sobre este crime, é importante levar em conside- ca de valor para coleção, salvo quando a reprodu-
ração o seguinte: ção ou a alteração estiver visivelmente anotada na
face ou no verso do selo ou peça:
z É crime comum, que poderá ser praticado por Pena: detenção, até dois anos, e pagamento de três
qualquer pessoa; a dez dias-multa.
z Só pode ser praticado dolosamente – não admite a Forma assimilada
forma culposa; Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas, quem,
z Admite a modalidade tentada; para fins de comércio, faz uso de selo ou peça fila-
z É crime de ação múltipla, que pode ser praticado télica de valor para coleção, ilegalmente reproduzi-
mediante a execução de quaisquer uma das dos ou alterados.
seguintes condutas:
Uso de documento falso
„ Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
certidão; Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsifi-
„ Alterar o teor de certidão ou atestado cados ou alterados, a que se referem os arts. 297
verdadeiro. a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Importante! O crime de uso de documento falso tem como figu-


ra típica a seguinte conduta: fazer uso de qualquer
Caso o crime tenha como finalidade a obtenção dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem
de lucro (finalidade específica), será aplicada, os artigos 297 a 302 do Código Penal.
também, a pena de multa. Vamos recordar quais são os tipos penais previstos
entre os artigos 297 e 302 do Código Penal:
Falsidade de atestado médico
z Falsificação de documento público;
z Falsificação de documento particular;
Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profis-
são, atestado falso:
z Falsidade ideológica;
Pena - detenção, de um mês a um ano. z Falso reconhecimento de firma ou letra;
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim z Certidão ou atestado ideologicamente falso;
de lucro, aplica-se também multa. z Falsidade material de atestado ou certidão;
z Falsidade de atestado médico.
Este crime tem como figura típica a seguinte con-
duta: dar o médico, no exercício da sua profissão, ates- O uso de qualquer um dos documentos previstos
tado falso. acima configura o crime de uso de documento falso,
Sobre este crime, é importante levar em respondendo o agente com a mesma pena correspon-
consideração: dente à falsificação ou alteração.
Por exemplo, caso um agente seja surpreendido
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por utilizando um documento público falso, será respon-
médico; sabilizado com a pena de reclusão de dois a seis anos,
z Não admite a forma culposa – deve ser praticado e multa, mesma pena aplicada ao crime de falsificação
dolosamente; de documento público.
z Não exige fim especial de agir (dolo específico), sal- Se o agente que fez uso do documento falso foi o
vo no caso de obtenção de lucro; mesmo que o falsificou?
z Admite a tentativa; Ele será responsabilizado de que forma?
z Caso o médico pratique a conduta com finalidade de Segundo entendimento que predomina no STJ,
obter lucro (dolo específico), será aplicada a ele, além neste caso, deverá o agente responder apenas por fal-
298 da pena privativa de liberdade, a pena de multa; sificação de documento público.
Assim, caso o agente falsifique e use o documento Documento público ou
falso, deverá responder apenas por aquele. particular verdadeiro, de
DESTRUIR que não podia dispor
A súmula 546 do STJ: SUPRIMIR
OCULTAR Em benefício próprio ou
A competência para processar e julgar o crime de de outrem, ou em prejuízo
uso de documento falso é firmada em razão da enti- alheio.
dade ou órgão ao qual foi apresentado o documen-
to público, não importando a qualificação do órgão A pena do crime será diferente, a depender da natu-
expedidor. reza do documento destruído, suprimido ou ocultado.

Assim, caso o agente utilize uma carteira de iden-


tidade falsa, não será relevante para fins de análise Documento Público
de competência para processo e julgamento o órgão
expedidor do documento (unidade da federação que Reclusão, de dois a seis anos, e multa
o expediu), mas sim o órgão ou entidade ao qual foi
apresentado o documento. Caso o agente apresente
Documento Particular
o documento falso a um órgão ou entidade federais,
a exemplo da Polícia Rodoviária Federal e do INSS, a
Reclusão, de um a cinco anos, e multa
competência para processo e julgamento será da Jus-
tiça Federal. Se o documento falso for apresentado a
Em relação aos tipos penais que apresentam penas
órgão ou entidade estaduais, a exemplo das polícias
como visto acima, você deve ter um cuidado redobra-
civis ou da SANEAGO, o processo e julgamento será de
do ao analisar o tipo penal e possíveis questões de pro-
competência da Justiça Estadual.
va sobre o tema.
Sobre este crime é importante saber:
Sobre este crime, faz-se necessário ficar atento às
seguintes informações:
z Para caracterização deste crime, não basta o mero
porte do documento falso, exigindo-se que o agen-
z É crime comum, que pode ser praticado por
te o use efetivamente, apresentando-o a alguém;
qualquer agente;
z É crime comum, que pode ser praticado por
qualquer pessoa; z Não admite a modalidade culposa;
z É crime formal; z É necessário que o agente pratique as condutas
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser descritas no tipo penal em benefício próprio ou
praticado dolosamente; alheio ou em prejuízo alheio (finalidade específica);
z Não exige fim especial de agir (dolo específico); z Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o
z Caso o agente desconheça sobre a falsidade do agente não possa dispor do documento público ou
documento e o utilize, não há que se falar na confi- particular;
guração deste tipo penal, já que, como visto acima, z Admite a tentativa.
o elemento subjetivo é somente o dolo;
z Prevalece o entendimento de que não admite a OUTRAS FALSIDADES
modalidade tentada, já que se trata de crime unis-
subsistente, perfazendo-se mediante a execução Falsificação do sinal empregado no contraste de
de um único ato (ou o agente usa o documento e metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou
pratica o crime; ou o agente não usa o documento para outros fins:
e o fato será atípico);
z Segundo o STJ, se o documento usado for grosseira- Art. 306. Falsificar, fabricando-o ou alterando-
mente falsificado, perceptível aos olhos do homem -o, marca ou sinal empregado pelo poder público
comum, não irá se configurar o crime de uso de no contraste de metal precioso ou na fiscalização
documento falso. alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa nature-
za, falsificado por outrem:
Supressão de documento Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é
Art. 305. Destruir, suprimir ou ocultar, em bene- o que usa a autoridade pública para o fim de fisca-
fício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, lização sanitária, ou para autenticar ou encerrar
documento público ou particular verdadeiro, de determinados objetos, ou comprovar o cumprimen-
que não podia dispor: to de formalidade legal:
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e
DIREITO PENAL

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o


documento é público, e reclusão, de um a cinco multa.
anos, e multa, se o documento é particular.
Sua conduta típica é:
Configura-se quando o agente destruir, suprimir
ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em Trata-se de crime de ação múltipla, que pode ser
prejuízo alheio, documento público ou particular ver- praticado mediante a execução dos verbos:
dadeiro, de que não podia dispor.
Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser z Falsificar ou
praticado com a execução das seguintes condutas: z Usar. 299
Responderá o agente com uma pena mais branda, O entendimento que predomina atualmente é o de
podendo ser reclusão ou detenção, de um a três anos, que a responsabilização penal por falsa identidade,
e multa, se a marca ou sinal falsificado é o que usa a ainda que diante de situação de alegada autodefesa,
autoridade pública para o fim de não viola o princípio da não autoincriminação, sendo,
portanto, fato típico.
z Fiscalização sanitária;
z Autenticar ou encerrar determinados objetos; STJ - Súmula 522.
z Comprovar o cumprimento de formalidade legais.
A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
Sobre este crime, é importante levar as seguintes autoridade policial é típica, ainda que em situação
informações para a sua prova: de alegada autodefesa.

z É crime comum, que pode ser praticado por Sobre o crime de falsa identidade, é importante
qualquer pessoa; que você leve em consideração:
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
praticado dolosamente; z É crime comum, que pode ser praticado por
z Não exige dolo específico; qualquer pessoa;
z Admite a forma tentada, salvo quando executado z Não admite a modalidade culposa – o elemento
por meio verbo usar. subjetivo exigido é sempre o dolo;
z Exige dolo específico: o agente deve praticar a con-
duta com o fim de obter vantagem, em proveito
Dica próprio ou alheio, ou para causar dano;
Falsificar, fabricando-o ou alterando-o admite z Não admite tentativa. Parte da doutrina a admite,
tentativa. ainda que de difícil configuração, caso o crime seja
Usar não admite tentativa. praticado de forma escrita;
z Trata-se de crime subsidiário, respondendo o
Falsa identidade agente por ele apenas se o fato não constituir ele-
mento de crime mais grave;
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa z Não se exige que o agente atribua a si ou a tercei-
identidade para obter vantagem, em proveito pró- ro nome de pessoa real, podendo ocorrer caso o
prio ou alheio, ou para causar dano a outrem: nome seja inexistente;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, z É crime formal, que se consuma independentemente
se o fato não constitui elemento de crime mais grave. de o agente conseguir obter a vantagem ou
Art. 308. Usar, como próprio, passaporte, título de efetivamente causar dano.
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer docu-
mento de identidade alheia ou ceder a outrem, para Conduta típica: usar, como próprio, passaporte,
que dele se utilize, documento dessa natureza, pró- título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
prio ou de terceiro: documento de identidade alheia ou ceder a outrem,
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e para que dele se utilize, documento dessa natureza,
multa, se o fato não constitui elemento de crime próprio ou de terceiros.
mais grave. Este crime pode ser praticado das seguintes formas:

Figura típica: atribuir-se ou atribuir a terceiro fal- z Quando o agente faz uso de documento de identi-
sa identidade para obter vantagem, em proveito pró- ficação alheio;
prio ou alheio, ou para causar dano a outrem. z Quando o agente cede, para que outro utilize,
O crime pode ser praticado das seguintes formas: documento de identificação próprio ou alheio.

Neste crime, o agente se passa por uma outra pessoa. O tipo penal apresenta hipótese de interpretação
Por exemplo, um indivíduo, chamado Carlos analógica, já que exemplifica quais são os documentos
Eduardo Diogo, sabendo que se encontra, em seu des- de identidade, a exemplo do passaporte, título de elei-
favor, um mandado de prisão em aberto, com a fina- tor e caderneta de reservista (fórmulas casuísticas), e
lidade de não ser preso e de que não se descubra a por fim, amplia as possibilidades ao utilizar a expres-
sua condição de procurado, ao ser abordado por uma são “qualquer documento de identidade (fórmula
equipe policial, atribui a si próprio o nome de Antô- genérica)”.
nio Carlos dos Céus, contra quem não existe nenhuma Sobre este crime, é importante que você leve para
medida judicial. a sua prova o seguinte:
Vejamos, no exemplo acima, configurou-se o crime
de falsa identidade, já que o agente, com a finalidade z É crime comum, que pode ser praticado por
de obter proveito próprio, atribuiu a si mesmo falsa qualquer indivíduo;
identidade. z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
Mas, o fato de Carlos Eduardo Diogo se atribuir fal- praticado dolosamente;
sa identidade para evitar prisão não está de acordo z Admite-se a modalidade tentada;
com o princípio do Direito Processual Penal que per- z É crime subsidiário, não respondendo o agente
mite que o indivíduo não seja compelido a produzir por ele se o fato constituir elemento de crime mais
provas contra si mesmo, podendo, inclusive, mentir? grave.
Caso ele seja responsabilizado penalmente, não have-
ria violação ao princípio da não autoincriminação? Os crimes a seguir apresentam condutas bastante
300 Por muito tempo, este assunto foi divergente. parecidas. Cuidado para não as confundir:
Fraude de lei sobre estrangeiro Por exemplo, a Constituição Federal estabelece
que a propriedade de empresa jornalística e de radio-
Art. 309. Usar o estrangeiro, para entrar ou perma- difusão sonora e de sons e imagens é privativa de bra-
necer no território nacional, nome que não é o seu:
sileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
não podendo o estrangeiro ser proprietário de uma
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qua-
lidade para promover-lhe a entrada em território dessas empresas.
nacional: Suponha que Augusto, brasileiro nato, preste-se a
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. figurar como proprietário de empresa jornalística e
Art. 310. Prestar-se a figurar como proprietário de radiodifusão sonora e de sons e imagens, que, na
ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a verdade, pertence a Alfred, estadunidense nato.
estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por Vejamos, a conduta praticada por Augusto configu-
lei a propriedade ou a posse de tais bens: ra o tipo penal previsto no art. 310 do CP, podendo ele
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. ser incurso nas penas de detenção, de seis meses a três
anos, e multa.
Este crime se configura com a prática da seguinte Sobre o crime previsto no Artigo 310, é importante
conduta: usar o estrangeiro, para entrar ou permane- levar em consideração:
cer no território nacional, nome que não é o seu.
Trata-se de crime bastante parecido com o crime
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por
de falsa identidade, porém, com este não se confunde.
brasileiro, seja nato ou naturalizado;
Este crime apresenta uma modalidade qualifica-
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
da, que irá se configurar quando o agente atribuir
praticado dolosamente;
a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a
entrada em território nacional. z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
z É necessário que o agente saiba que a propriedade
ou posse dos bens seja proibida por lei ao
FORMA SIMPLES FORMA QUALIFICADA estrangeiro (lembre-se que o crime não admite a
forma culposa);
Usar o estrangeiro, para Atribuir a estrangeiro fal- z Admite tentativa.
entrar ou permanecer no sa qualidade para pro-
território nacional, nome mover-lhe a entrada em Adulteração de sinal identificador de veículo
que não é o seu. território nacional automotor
Detenção, de um a três Reclusão, de um a quatro
anos, e multa anos, e multa Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi
ou qualquer sinal identificador de veículo automo-
tor, de seu componente ou equipamento:
Sobre este crime, é importante que você leve em Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
consideração as seguintes informações: § 1º - Se o agente comete o crime no exercício
da função pública ou em razão dela, a pena é
z É crime próprio; aumentada de um terço.
z Não admite a modalidade culposa – só poderá ser § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário
praticado dolosamente; público que contribui para o licenciamento ou
z Exige finalidade especial de agir (dolo específico): registro do veículo remarcado ou adulterado,
fornecendo indevidamente material ou informação
„ Forma simples: entrar ou permanecer no terri- oficial.
tório nacional; e
„ Forma qualificada: promover a entrada do Este crime tem como figura típica a seguinte con-
estrangeiro no território nacional. duta: adulterar ou remarcar número de chassi ou
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de
z Não admite a modalidade tentada; seu componente ou equipamento.
z Caso o estrangeiro tente entrar ou permanecer no
território nacional utilizando-se de documento fal-
so, irá responder pelo Artigo 304 do Código Penal Importante!
(uso de documento falso).
z Caso pratique as duas condutas, irá responder Este crime apresenta uma causa de aumento de
pelos crimes em concurso. pena, ou seja, a pena será aumentada de um ter-
ço se o agente cometer o crime no exercício da
No art. 310 do Código Penal, há a seguinte condu- função pública ou em razão dela.
ta típica, nomeada por alguns doutrinadores de fal-
DIREITO PENAL

sidade em prejuízo da nacionalização de sociedade:


prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor Incorrerá nas mesmas penas (forma equiparada) o
de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos funcionário público que contribui para o licenciamen-
casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou to ou registro do veículo remarcado ou adulterado,
a posse de tais bens. fornecendo indevidamente material ou informação
Este crime tipifica a conduta daquele que figura oficial.
como “laranja” de estrangeiro, que age como proprie- Neste caso, trata-se de crime próprio, que só pode-
tário ou possuidor de valores, ações ou títulos que, rá ser praticado pelo funcionário público.
na verdade, pertencem a um estrangeiro, já que a lei Sobre o crime de adulteração de sinal identifica-
proíbe a este a propriedade ou a posse. dor de veículos, fique atento ao seguinte: 301
z Em regra, é crime comum, que pode ser praticado z Forma majorada: a pena será aumentada de 1/3 (um
por qualquer pessoa. terço) se o fato é cometido por funcionário público.
z O aumento de pena aplicável no caso de ser pra-
ticado no exercício da função ou em razão dela e Sobre este crime, é importante ficar atento às
à forma equiparada, que constitui crime próprio. seguintes informações:
z Trata-se de crime instantâneo
z Este crime não é permanente. Portanto, a sua con- z Este crime se aplica a certames de interesse públi-
duta não se prolonga no tempo. co de maneira geral, e não apenas a concursos
z Não admite a modalidade culposa – só será prati- públicos em sentido estrito.
cado com dolo; z É crime comum, que pode ser praticado por
z Não exige dolo específico; qualquer pessoa;
z Admite a modalidade tentada.
É comum acharem que se trata de crime próprio,
que só pode ser praticado por funcionário público. Não
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
é crime próprio. Na verdade, para este crime, a condição
PÚBLICO de funcionário público não é elementar, constituindo,
contudo, causa de aumento de pena de 1/3 (um terço).
Fraudes em certames de interesse público Vejamos os pontos importantes deste crime:

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer praticado dolosamente;
a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de
I - concurso público; beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
II - avaliação ou exame públicos; credibilidade do certame;
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe- z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
rior; ou mera divulgação ou utilização das informações
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou a credibilidade do certame público;
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não z Admite a forma tentada;
autorizadas às informações mencionadas no caput. z Caso o agente promova a utilização ou divulgação
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à adminis- das informações sigilosas devidamente (com justa
tração pública: causa), não há que se falar na prática deste crime.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
cometido por funcionário público.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol . 1,
Este tipo penal foi editado para proteger a lisura 19ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
dos certames de interesse público.
Este crime tem como figura típica a prática da CUNHA, Rogério Sanches. Pacote Anticrimes – Lei
seguinte conduta: utilizar ou divulgar, indevidamen- 13.964/2019: Comentários às Alterações no CP, CPP
te, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de e LEP. Salvador: Juspodium, 2020.
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
sigiloso de: GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal
esquematizado: parte especial. 6ª ed. São Paulo:
z Concurso público (segundo Sanches, instrumento Saraiva, 2016.
de acesso a cargos e empregos públicos);
z Avaliação ou exame públicos (segundo Sanches, JESUS, Damásio de. Código Penal Anotado. 22ª. Ed.
abrange, por exemplo, os exames psicotécnicos); São Paulo: Saraiva, 2017.
z Processo seletivo para ingresso no ensino superior
(conforme Sanches, engloba vestibulares e outras MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 2ª. Ed.
formas de avaliação para ingresso no ensino supe- São Paulo: Método, 2019.
rior, a exemplo do ENEM);
z Exame ou processo seletivo previstos em lei (con- CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
forme ensina Rogério Sanches, a exemplo do exa-
me da OAB) Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra
a Administração em Geral
O crime de fraude em certames de interesse pública
apresenta uma forma equiparada, uma forma qualifica- Trata-se de crimes próprios, que exigem uma condi-
da e uma forma majorada (com aumento de pena): ção especial do sujeito ativo: ser funcionário público.
Nos crimes contra a Administração Pública, o bem
z Forma equiparada: incorre nas mesmas penas o jurídico genericamente tutelado é a moralidade ou
agente que permite ou facilita, por qualquer meio, probidade administrativa.
Os crimes praticados por funcionário público
o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
contra a administração em geral são chamados de
ções sigilosas relacionadas a concurso público;
avaliação ou exame públicos; processo seletivo crimes funcionais. Os crimes funcionais são aqueles
para ingresso no ensino superior; ou exame ou praticados contra a administração pública por indiví-
processo seletivo previstos em lei. duo que se encontra investido em uma função públi-
z Forma qualificada: se da ação ou omissão resultar ca. São divididos em funcionais próprios ou puros e
302 dano à administração pública; funcionais impróprios ou impuros.
Os crimes funcionais próprios são aqueles que ou assessoramento de órgão da administração direta,
serão atípicos caso não sejam praticados por funcio- sociedade de economia mista, empresa pública ou
nários públicos. Segundo a doutrina, neste caso, ocor- fundação instituída pelo poder público.
rerá uma hipótese de atipicidade absoluta. É importante saber que a pena não será aumen-
Vejamos a conduta que define o crime de preva- tada caso o funcionário público ocupe cargo em
ricação será atípica caso não seja praticada por um comissão ou função de direção ou assessoramento em
funcionário público. autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se que
Os crimes funcionais impróprios são aqueles que o nosso ordenamento jurídico não admite a analogia
serão desclassificados para outras infrações penais para prejudicar o agente.
caso não sejam praticados por funcionários públicos. Os crimes funcionais admitem a coautoria de
Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma particular, sendo possível que este venha a ser res-
hipótese de atipicidade relativa. ponsabilizado por delito funcional contra a adminis-
Já a conduta que define o crime de peculato-furto,
tração pública, desde que pratique a infração penal
praticada por meio do verbo subtrair, será desclassi-
em concurso com funcionário público e conheça esta
ficada para o crime de furto, caso não seja praticada
qualidade.
por um funcionário público.
O Código Penal responde a esta pergunta em seu Vamos exemplificar: José, funcionário público,
Artigo 327. convida seu amigo de infância, Jonas, para juntos,
Considera-se funcionário público, para os efeitos subtraírem um computador na repartição pública
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remu- que aquele trabalha. O funcionário público obteria
neração, exerce cargo, emprego ou função pública. facilidades para praticar o crime, já que havia ficado
No artigo 327, § 1º, o Código Penal equipara a fun- com a chave da repartição naquele período. No dia
cionário público a quem exerce cargo, empre­go ou determinado, os agentes vão ao local e subtraem o
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para computador.
empresa prestadora de serviço contratada ou conve- No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas
niada para a execução de atividade típica da Adminis- responderão pelo crime de peculato (vamos estudar
tração Pública. suas características a seguir), já que praticaram a con-
É importante diferenciar o conceito de funcionário duta em concurso de pessoas e a condição de caráter
público do direito administrativo do conceito de fun- pessoal (ser funcionário público) se comunica aos
cionário público do direito penal. demais agentes (é necessário que eles conheçam a
No direito administrativo, considera-se funcio- condição).
nário público apenas quem exerce cargo público na Não podemos deixar de tratar do concurso de pes-
administração direta, isto é, junto à União, Estados, soas nos crimes funcionais. Os crimes funcionais são
Distrito Federal ou Municípios. crimes próprios, à medida que o autor deve ser fun-
No direito penal, o conceito de funcionário públi- cionário público.
co é mais amplo, pois abrange quem exerce cargo, Em regra, não podem serem praticados por
emprego ou função pública, ainda que transitoria- qualquer pessoa.
mente ou sem remuneração. Mas, admitem a participação e a coautoria, bem
O mesário de eleição, por exemplo, é funcionário como a autoria mediata.
público para efeitos penais, à medida que exerce uma Observe que o particular sozinho não pratica cri-
função pública. me funcional, mas desde que unido com outro funcio-
O art. 327, do CP, faz menção a cargo público, nário público também responderá pelo delito.
emprego público e função pública, vamos distinguir: Isso é decorrente da teoria monista ou unitária da
ação, prevista nos arts. 29 e 30, do CP, na qual todo
z Cargo público é o criado por lei, com nomenclatu- aquele que concorre para o crime responde para o
ra e número certo, junto à administração direta. mesmo crime.
z Emprego público, por sua vez, é a função pública Nesse sentido, vamos exemplificar, pois responde
exercida em caráter temporário ou extraordiná- por peculato o particular que, a mando do funcioná-
rio, por exemplo, diarista que presta serviço de rio público, subtrai bens da repartição pública. Igual-
faxina numa repartição pública. Assim, obtém-se mente, enquadra-se na corrupção passiva, a mulher
por exclusão o conceito de emprego público como
do funcionário público que instiga o marido a aceitar
sendo todo aquele que não se classifica como cargo
a propina.
público.
z Função pública é toda e qualquer atividade que
Peculato
realiza os fins próprios do Estado, por exemplo,
perito judicial, estagiário do Ministério Público ou
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de
da Defensoria Pública ou de qualquer outro órgão
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
público, juiz de direito, Presidente da Repúbli-
co ou particular, de que tem a posse em razão do
ca, Governador de Estado, escreventes, Prefeitos, cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
vereadores, faxineira do fórum etc. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
DIREITO PENAL

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário


No § 2º do art. 327, o Código Penal apresenta uma público, embora não tendo a posse do dinheiro,
causa de aumento de pena aplicável a todos os crimes valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
praticados por funcionário público contra a adminis- subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-
tração em geral. Observe: se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
A pena será aumentada de 1/3 (terça parte) quan- funcionário.
do os autores dos crimes praticados por funcionário Peculato culposo
público contra a administração em geral forem ocu- § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para
pantes de cargos em comissão ou de função de direção o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano. 303
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis os móveis
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a qualidade e quantidade.
pena imposta. O Código Civil não define os bens infungíveis,
mas podemos compreender que são os bens que não
O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
dividido da seguinte forma: quantidade e qualidade.
É importante mencionar que é necessário, para
z Peculato-apropriação; que não seja típica a conduta do peculato de uso, que
z Peculato-desvio; o bem seja infungível e não consumível, a exemplo de
z Peculato-furto; um carro oficial ou de um computador.
z Peculato culposo; Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo
z Peculato mediante erro de outrem. do dinheiro, a conduta será típica.
Se a conduta relacionada ao Peculato de Uso for
Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte praticada por Prefeito, o fato será típico, independen-
divisão para o crime de peculato: temente da natureza do bem, por expressa previsão
legal no Artigo 1º, II, do Decreto-Lei nº 201/1967.
O Peculato-furto irá se configurar quando o funcio-
z Próprio: peculato-apropriação e peculato-desvio;
nário público, embora não tendo a posse do dinheiro,
z Impróprio: peculato-furto.
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja sub-
traído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de faci-
O peculato-apropriação irá se configurar quando lidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
o funcionário público se apropriar de dinheiro, valor O peculato-furto pode ser praticado de duas formas:
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, por exemplo,
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem;
vereador que se apropria de bens (aparelho de celu-
lar, notebook) do qual tem posse em razão do cargo z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro,
(eletivo) que ocupa. valor ou bem.
É muito importante que você fique atento, em
relação ao peculato apropriação, ao seguinte: É importante mencionar que:

z Para que se configure, é necessário que o agente z Para que se configure este crime, é necessário que
tenha a posse do bem em razão do seu cargo; o funcionário público não tenha a posse da coisa;
z O bem pode ser público ou particular (imagine um z O primeiro é o verbo “subtrair”, que é o fato de
objeto particular apreendido numa delegacia de o bem ser arrebatado pelo próprio funcionário
polícia); público;
z O sujeito passivo é a administração pública, con- z O segundo é o verbo “concorrer”, que significa
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem induzir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a
também será sujeito passivo do delito. realizar a subtração, por exemplo, o funcionário
público distrai os demais para que o seu amigo,
O peculato-desvio irá se configurar quando o que é ladrão, ingresse na repartição para surru-
funcionário público desviar, em proveito próprio ou piar os bens.
alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, z Para que se configure o peculato-furto é necessário
público ou particular. que o ato seja doloso;
Segundo posicionamento majoritário, apesar de z A qualidade de funcionário público deve acarretar
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso
trário, para que se configure o peculato-desvio, é não haja facilidade, o agente responderá por furto
necessário que o bem seja desviado para integrar o
normalmente.
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter-
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra
mero desvio de finalidade. Vamos trazer dois exemplos:

Exemplo 1: Carlos é funcionário público. Certo


Importante! dia, na hora de sair, valendo-se do fato de estar
sozinho na repartição, Carlos subtrai um notebook
É importante que você saiba que parte da do órgão público. Está certamente configurado o
doutrina, minoritária, defende que, para que se crime de peculato-furto, já que a condição de fun-
configure o peculato-desvio, não é necessário cionário público de Carlos foi uma facilidade para
a intenção de assenhoramento (apoderar-se) que ele subtraísse o bem.
por parte do funcionário público, podendo se Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tri-
configurar com o mero uso irregular da coisa bunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma
pública, em proveito próprio ou alheio. escola que se encontra próxima a sua casa, Michele
percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos
aberta, estando próximo um aparelho celular da
Com base no que foi exposto logo acima, é impor- escola. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho.
tante mencionar que: o peculato de uso, em regra, é
Não há que se falar em peculato-furto, já que a qua-
considerado figura atípica.
lidade de funcionária pública de Michele em nada
Segundo Cleber Masson, o uso momentâneo de coi-
sa infungível, sem a intenção de incorporá-lo ao patri- contribuiu para a prática da subtração, podendo
mônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral qualquer pessoa, na mesma situação, praticar a con-
restituição a quem de direito é atípico. duta delituosa apresentada pelo exemplo. Michele
304 É necessário sabermos o que se trata de infungível. responderá pelo crime de furto.
Observe que: O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente,
isto é, posterior ao recebimento da coisa.
z Admite a modalidade tentada, já que se trata de Num primeiro momento, o funcionário público
crime plurissubsistente (atos múltiplos, ou seja, o toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro
autor entra no local, o autor subtrai a coisa); alheio, mas posteriormente, após detectar o erro,
z O bem subtraído pode ser público ou particular. apropria-se da coisa.
z O sujeito passivo é a administração pública. Caso É importante levar em consideração as seguintes
o bem seja particular, também será sujeito passivo características do crime de peculato mediante erro de
da infração penal o dono do bem. outrem:
z É crime material.
z É crime material, que se consuma quando o agen-
O peculato culposo, previsto no Artigo 312, § 2º, te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti-
lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder
configura-se quando o funcionário público concorre
por erro de outra pessoa, passando a agir como se
culposamente para o crime de outrem.
dono fosse;
Dos crimes praticados por funcionário público
z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali-
contra a administração em geral, o peculato é o úni- dade tentada;
co que prevê expressamente a possibilidade de ser z O funcionário público deve receber a coisa em
cometido na modalidade culposa. razão do cargo que exerce;
No peculato culposo, o funcionário público não z O sujeito passivo é a administração pública. Caso o
tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa, bem seja particular, também será sujeito passivo o
acaba concorrendo para a subtração da coisa. dono do bem.
Neste sentido, Damásio ensina que no peculato z Parte da doutrina entende que se a pessoa for
culposo podem ocorrer as seguintes situações: induzida a erro, irá se configurar o crime de este-
lionato, previsto no art. 171, do CP, sendo neces-
1ª- um funcionário, por culpa, concorre para que sário, portanto, para caracterização do crime de
outro funcionário cometa peculato (caput ou §1º); peculato mediante erro de outrem, que a vítima
2ª- um funcionário, por culpa, concorre para que outro entregue a coisa por erro próprio.
funcionário ou um particular cometam o fato; e
3ª- um funcionário, por culpa, concorre para que um Inserção de dados falsos em sistemas de informação
particular cometa o fato (furto etc.).
O crime de inserção de dados falsos em sistemas
Vejamos: José, agente de polícia legislativa, esque- de informação está previsto no art. 313-A, do CP.
ce, por omissão, já que queria assistir a um jogo de
futebol, de trancar uma porta da Câmara Legislativa Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário
do Distrito Federal, ao qual somente ele tem acesso. autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
No ambiente em que a porta se encontra, há vários excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
objetos de valor considerável para o Poder Legislativo informatizados ou bancos de dados da Administra-
distrital. Simba, também policial legislativo, aprovei- ção Pública com o fim de obter vantagem indevida
tando-se do fato de a porta estar aberta, ingressa no para si ou para outrem ou para causar dano:
local e subtrai uma câmera fotográfica. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza- multa.
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já
que concorreu culposamente para o crime de outrem Dica
(peculato-furto de Simba). O agente foi omisso ao dei-
xar de trancar a porta, fator que contribuiu para a Inserção de dados falsos em sistemas de infor-
prática da subtração. mação é chamado de peculato eletrônico.
Sobre o peculato culposo, é importante saber que
no § 3º do art. 312, do CP, dispõe que: Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto-
rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros
funcionários, que não dispõem desta competência,
z se a reparação do dano resultante do peculato cul-
respondem pelo crime do art. 313-B, do CP.
poso ocorrer antes da sentença transitar em julga-
A fraude no sistema informatizado ou em bancos
do, extingue a punibilidade.
de dados pelo funcionário competente, para obter
z se a reparação do dano resultante do peculato cul-
vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito
poso ocorrer após a sentença transitar em julgado, em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime
a pena será reduzida da metade. menos grave, é absorvido.
A conduta que define este tipo penal é a seguinte:
O peculato mediante erro de outrem está previs-
to no art. 313, do CP, configurando-se quando o funcio- z Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
nário público se apropriar de dinheiro ou qualquer inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevi-
DIREITO PENAL

utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro damente dados corretos nos sistemas informatiza-
de outrem. dos ou bancos de dados da Administração Pública
Parte da doutrina chama esta modalidade de com o fim de obter vantagem indevida para si ou
peculato-estelionato. para outrem ou para causar dano.
Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro
de outrem toma posse de um bem móvel, em razão Para que este crime se configure, é necessário que
da função, apropriando-se do mesmo. O terceiro que as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas
induz o funcionário a apropriar-se do bem que rece- por funcionário público autorizado a operar os siste-
beu por erro será partícipe deste delito de peculato mas informatizados ou bancos de dados da adminis-
mediante erro. tração pública. 305
Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Informação:
descreve vários verbos que podem ser praticados
para a sua configuração. z Verbos: Inserir, facilitar a inserção, alterar, excluir
Condutas: indevidamente
z Deve ser praticado por funcionário autorizado
z Inserir dados falsos; z Exige dolo específico de obter vantagem indevida
z Facilitar a inserção de dados falsos; ou de causar dano
z Alterar dados corretos;
z Excluir indevidamente dados corretos. Modificação ou Alteração não Autorizada de Siste-
mas de Informação:
É necessário, para a tipificação do delito, que as
condutas acima sejam realizadas em sistema informa- z Verbos: modificar ou alterar
tizado (computador) ou bancos de dados (fichários, z Se praticado por funcionário autorizado, será fato
livros ou outro meio físico) da Administração Pública. atípico
Objeto Material: z Não exige dolo específico

z Sistemas informatizados ou bancos de dados da Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou


Administração Pública documento
z Finalidade (dolo específico):
z Obter vantagem indevida para si ou para outrem; Está previsto no artigo 314 do Código Penal.
z Causar dano.
Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer docu-
O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico, mento, de que tem a guarda em razão do cargo;
que consiste no fim de obter vantagem indevida para sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
si ou para outrem ou causar dano à Administração Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
Pública ou a uma terceira pessoa. constitui crime mais grave.
Sem esta finalidade de obter vantagem ou causar
dano, haverá o crime do art. 313-B do CP.
Este crime se configurará quando o agente extra-
O crime se consuma com a conduta, independente-
viar livro oficial ou qualquer documento, de que tem
mente do resultado. Trata-se de crime formal, que se
a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
caracteriza ainda que a vantagem ou o dano almejado
total ou parcialmente.
não se verifique.
Os núcleos do tipo são os verbos extraviar (fazer
Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser
desaparecer), sonegar (não apresentar) e inutilizar
surpreendido antes de ultimar a conduta, por exem-
(tornar imprestável).
plo, agente é flagrado quando iniciava a supressão dos
dados corretos. Sobre este crime, é importante que você saiba:

Modificação ou alteração não autorizada de z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvi-
sistemas de informação do quando o fato constitui crime mais grave), res-
pondendo por ele, o funcionário público, apenas se
não se configurar crime mais grave;
O crime de modificação ou alteração não autoriza-
z Não admite a modalidade culposa;
da de sistemas de informação está previsto no Artigo
z Admite tentativa.
313-B, do Código Penal.
z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser
parciais ou totais.
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário,
sistema de informações ou programa de informá-
Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-
tica sem autorização ou solicitação de autoridade
competente:
ponsável pela guarda do livro oficial ou documen-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos,
to. Se a conduta for praticada por outro funcionário
e multa.
público o crime será o previsto no art. 337 do CP. Caso
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um seja praticado por advogado ou procurador, que inu-
terço até a metade se da modificação ou alteração tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra-
resulta dano para a Administração Pública ou para mento será no art. 356 do CP.
o administrado. O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli-
cado se não houver outro crime mais grave.
Assim, o funcionário público que recebe dinheiro
Este tipo penal irá se configurar quando o agente
para destruir livro ou documento responderá apenas
modificar ou alterar sistema de informações ou pro-
pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave.
grama de informática sem autorização ou solicitação Por fim, quando se tratar de livros ou documentos
de autoridade competente. relativos a tributos, o funcionário que tinha a guarda
Caso o funcionário público seja autorizado ou pra- e praticou uma das condutas acima, responderá pelo
tique a conduta por solicitação da autoridade compe- crime do art. 3º, I, da Lei nº 8.137/1990, quando o fato
tente, o fato será atípico. acarretar pagamento indevido ou inexato de tributo.
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um
terço) até metade: caso da modificação ou alteração Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
resulte dano para a Administração Pública ou para o
administrado. Previsto no art. 315, do CP, o crime de emprego
Fique atento às diferenças entre os tipos penais irregular de verbas ou rendas públicas irá se configu-
do crime de inserção de dados falsos em sistemas de rar com a prática da seguinte conduta: dar às verbas
informação e do crime de modificação ou alteração ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida
306 não autorizada de sistemas de informação. em lei:
Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplica- É importante mencionar que a concussão se dará
ção diversa da estabelecida em lei: em razão da função do agente público, não se exigindo
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. que o fato seja praticado no efetivo desempenho das
atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser
Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res-
cometido por funcionário público de férias e, segundo
pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o
a doutrina dominante, nomeado, mas não empossado
Decreto nº 201/1967.
Exige que o emprego irregular se dê em benefí- (antes de assumi-la).
cio da própria administração pública, contrariando a A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não
legislação, não podendo o agente desviar as verbas ou são elementos integrantes do crime de concussão.
rendas em benefício próprio, sob pena de responder Se o funcionário público exigir o pagamento de
por outro crime. vantagem indevida, mediante violência ou grave
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre-
Município XYZ aprova a utilização de um milhão de visto no Artigo 158 do Código Penal.
reais para construção de uma passarela. A autoridade Sobre a concussão, é importante que você conheça
pública competente utiliza a verba mencionada para as seguintes informações, frequentemente cobradas
a construção de uma escola.
em prova:
Pronto, configurou-se o crime de emprego irregular
de verbas ou rendas públicas. O agente deu às verbas
públicas destinação diversa daquela estabelecida em lei. z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
Observe que a destinação da verba se deu no inte- z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
resse da administração, já que, caso se dê em benefí- prática da exigência, sendo o recebimento da van-
cio próprio, o agente responderá por outro crime. tagem mero exaurimento do crime;
É importante mencionar a aplicação da excludente
de ilicitude do estado de necessidade: caso o emprego „ O particular, de quem se exigiu a vantagem
se dê devido a uma situação de perigo iminente indevida, é sujeito passivo secundário deste cri-
(utilizou-se verba pública destinada ao esporte, para me. A administração pública é o sujeito passivo
se construir um abrigo durante perigo de chuvas que primário.
desabrigaram grande parte da população), o fato será „ Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
típico, mas não será antijurídico.
for possível fracionar o iter criminis, a exemplo
Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas
da concussão praticada mediante carta endere-
públicas, é importante mencionar:
çada à vítima;
z Este crime será praticado pelo funcionário público „ É possível se praticar a concussão indiretamente,
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren- quando, por exemplo, o funcionário público
das públicas, podendo delas dispor; exige a vantagem indevida por intermédio de
z Não exige nenhum fim específico; outra pessoa.
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite a tentativa; É importante diferenciar concussão e corrupção
z Não exige a ocorrência de dano pela administra- passiva:
ção pública para a sua configuração.

Concussão Tem no núcleo do tipo


o verbo “exigir”, há um
Previsto no art. 316, do CP, a concussão é pratica- caráter intimidativo na
da quando o agente público exigir, para si ou para CONCUSSÃO conduta.
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, van- O ato de exigir é algo
tagem indevida. impositivo.

tem os verbos “solicitar


Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou
ou receber, ou aceitar”.
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Solicitar é pedir, o que,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
portanto, não pressupõe
intimidação.
No crime de concussão, o funcionário público,
valendo-se de sua autoridade, exige (conduta mais
Receber e aceitar pressu-
forte do que apenas pedir) o pagamento de vantagem,
põem uma conduta ativa
DIREITO PENAL

não devida pela pessoa. O particular, por temer qual- CORRUPÇÃO PASSIVA
do particular, ou seja,
quer represália por parte do funcionário público pode
além de não ocorrer inti-
ou não pagar a vantagem indevida.
midação, há uma conduta
Vamos exemplificar: funcionário público, agen-
inicial do terceiro. Autor,
te de trânsito, exige de particular a quantia de R$
sugerimos que destaque
2.000,00 para que libere o seu veículo, sob pena de
que há uma confusão
levá-lo indevidamente ao pátio do Detran.
entre esses dois crimes,
A vantagem indevida, segundo posicionamento
para melhor compreen-
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
são do leitor.
ser qualquer outra vantagem. 307
Excesso de exação Quando observamos a forma qualificada do exces-
so de exação, é possível compreender que o tipo penal
O excesso de exação, previsto no art. 316, § 1º, do não exige que o funcionário público tenha a intenção
CP, é uma forma de concussão. Configura-se quando de ficar para si ou para outro aquilo que recebeu. Caso
o funcionário público exige tributo ou contribuição o faça, responderá pelo crime na forma qualificada.
social, que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan- Na concussão propriamente dita, exige-se que o
do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou funcionário público pratique a conduta visando obter
gravoso, que a lei não autoriza. a vantagem indevida para si ou para outrem, consti-
tuindo-se, assim, elemento de distinção entre os tipos
Art. 316 (...) penais.
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, Corrupção passiva
quando devido, emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
Exação significa correção, exatidão. vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
São dois os delitos que recebem o nome de excesso vantagem:
de exação: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa.
z Exigência indevida de tributo ou contribuição § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em
social; consequência da vantagem ou promessa, o
z Cobrança devida de tributo ou contribuição social, funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer
mas de forma vexatória ou gravosa. ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.
O núcleo do tipo é o verbo exigir que, diferente- § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar
mente do crime de concussão, não significa uma ou retarda ato de ofício, com infração de dever
ameaça, mas sim a simples cobrança indevida. funcional, cedendo a pedido ou influência de
A cobrança é indevida quando o tributo ou con- outrem:
tribuição social não existe ou então já foi pago, bem Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
como na hipótese em que a cobrança é excessiva, em
valor maior que o devido. A corrupção passiva, prevista no art. 317 do Código
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, que consiste Penal, irá se configurar quando o funcionário público
no fato de o agente ter consciência, ou dúvida, que se solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
trata de uma cobrança indevida. indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
Na segunda modalidade criminosa, cobrança assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
vexatória ou gravosa, o tributo ou contribuição social aceitar promessa de tal vantagem.
A doutrina classifica a corrupção passiva em pró-
é devido. O problema reside no “modus operandi” da
pria ou imprópria, antecedente ou subsequente.
cobrança, que é feita de forma vexatória, humilhante,
Corrupção passiva:
ou gravosa, vale dizer, com a imposição de medidas
totalmente desnecessárias.
z Própria: Quando o funcionário público pratica os
O crime se consuma com a simples cobrança vexa-
verbos do tipo penal para praticar ato ilícito, por
tória ou gravosa, independentemente do recebimento.
exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para
Admite-se a tentativa quando a cobrança vexató-
retardar o cumprimento do mandado de citação.
ria ou gravosa é realizada por escrito, mas, por cir-
z Imprópria: Quando o funcionário público pratica
cunstâncias alheias à vontade do agente, é descoberta
os verbos do tipo penal para praticar ato lícito, por
antes que a vítima tomasse conhecimento. exemplo, escrevente solicita dinheiro para que a
Vajamos: certidão seja expedida dentro do prazo.
José, funcionário público da prefeitura do Municí- z Antecedente: Quando a vantagem indevida é
pio de Simplicidade, sabendo que seu vizinho, Márcio, entregue ao funcionário público antes de sua ação
deve dez mil reais em tributo, para cobrá-lo, coloca ou omissão, por exemplo, juiz recebe vantagem
uma faixa enorme na entrada da rua, com a seguinte indevida para prolatar sentença absolutória.
escrita: Márcio, deixe de ser irresponsável e pague os z Subsequente: Quando a vantagem indevida é
dez mil reais que você deve de tributo à prefeitura. entregue ao funcionário público depois de sua
No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo ação ou omissão, por exemplo, após retardar o
uso de meio vexatório, não autorizado por lei, confi- processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita
gurando-se, assim, o excesso de exação. vantagem indevida ao réu.
Sobre o excesso de exação, é importante mencionar:
Observe que a corrupção passiva pode ser direta
z Não admite a modalidade culposa, pois a expres- ou indireta:
são “que sabe” é dolo direto, e a expressão “devia
saber” é dolo eventual; Direta: quando é o próprio funcionário público
z Admite a tentativa quando for possível fracionar o que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
iter criminis, a exemplo do excesso de exação pra- gem indevida.
ticado mediante carta endereçada à vítima; Indireta: quando uma interposta pessoa, em con-
z Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou luio com o funcionário público, solicita, recebe
de outrem, o que recebeu indevidamente para ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse
recolher aos cofres públicos, responderá por caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário
308 excesso de exação na modalidade qualificada. público responderão por corrupção passiva.
Entende a doutrina majoritária que o mero pre- Descaminho é a exportação ou importação do
sente recebido pelo funcionário público, por grati- território nacional de uma mercadoria lícita, mas
dão ou amizade, por exemplo, uma lembrancinha de mediante sonegação dos direitos ou impostos devidos.
natal, não configura o crime de corrupção passiva. O núcleo do tipo é o verbo facilitar, que signifi-
A vantagem indevida, segundo posicionamento ca viabilizar, tornar mais simples o contrabando ou
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo descaminho.
ser qualquer outra vantagem. O elemento subjetivo é o dolo que pode ser direto
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração ou eventual.
que:
Lembrando:
z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
z Trata-se de crime formal, quando praticada por z Dolo direto (determinado): ocorre quando o agen-
meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que te prevê determinado resultado, dirigindo sua con-
duta na busca de realizar esse mesmo resultado.
se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi-
z Dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resul-
mento da vantagem mero exaurimento do crime.
tados, porém dirige sua conduta na realização de
Quando praticada por meio do verbo receber, é
um deles. Quer um resultado, mas aceita o outro
crime material, que exige o efetivo recebimento resultado.
para se consumar (at. 317, §2º, do CP).
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando Observa-se que o crime se consuma com a primei-
for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da ra conduta que facilita o contrabando ou descaminho,
corrupção passiva praticada mediante emprego de ainda que não haja efetivamente a entrada ou saída
carta; da mercadoria do território nacional.
z É possível se praticar a corrupção passiva Trata-se de crime formal, pois se consuma com a
indiretamente, quando, por exemplo, o funcionário conduta, independentemente da ocorrência do con-
público exige a vantagem indevida por meio de trabando ou descaminho.
outra pessoa. Admite-se a tentativa quando o agente se empenha
para realizar a conduta de facilitar o contrabando ou
O particular que paga a vantagem indevida soli- descaminho, mas é surpreendido antes de concluí-la.
citada pelo funcionário público não pratica crime É possível se extrair da leitura do tipo penal que
algum, por falta de tipicidade penal. o crime será praticado pelo funcionário público que
A corrupção passiva possui uma forma tem o dever funcional de evitar a prática dos crimes
privilegiada. de contrabando e descaminho.
Observe que na corrupção passiva privilegiada, A doutrina dominante entende que, caso o funcio-
o agente pratica a conduta não com a finalidade de nário público não tenha o dever funcional de evitar
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com a prática do contrabando ou descaminho, responderá
a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro. como partícipe do crime de contrabando ou do crime
de descaminho.
A pena da corrupção passiva será aumentada de
1/3 (um terço): se, em consequência da vantagem ou
Sobre este crime, é pertinente saber:
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
z Pode ser praticado de forma comissiva (quando o
funcional.
funcionário indica uma forma de o contrabandista
desviar-se da fiscalização), ou omissiva (quando o
funcionário, ciente de que há produto de descami-
Importante! nho em um compartimento, não o inspeciona, libe-
Não seja surpreendido por peguinhas em prova, rando as mercadorias);
a corrupção passiva e a concussão se diferen- z Não admite a modalidade culposa;
z É crime formal, que se consuma com a facilitação,
ciam nos verbos que configuram o tipo penal
independente ou não de o agente conseguir prati-
incriminador. car o contrabando ou o descaminho;
� Corrupção passiva: solicitar, receber ou acei- z Admite a tentativa somente na forma comissiva,
tar promessa. quando o funcionário público indica o método
� Concussão: exigir. de se desviar da fiscalização, mas outro servidor
impede o desvio.
z A competência é da Justiça Federal.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Prevaricação
O crime de facilitação de contrabando ou descami-
nho está previsto no art. 318, do CP. Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevida-
DIREITO PENAL

mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição


Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-
a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): mento pessoal:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/
Irá se configurar quando o funcionário público ou agente público, de cumprir seu dever de vedar
facilitar, com infração de dever funcional, a prática ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio
de contrabando ou descaminho. ou similar, que permita a comunicação com outros
Contrabando é a exportação ou a importação do presos ou com o ambiente externo:
território nacional de uma mercadoria proibida. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 309
O crime de prevaricação é dividido em: z Não admite a forma culposa;
z Não admite tentativa.
Própria – prevista no art. 319 do Código Penal;
Imprópria – prevista no art. 319-A do Código Penal. Condescendência criminosa

A prevaricação própria irá se configurar quando A condescendência criminosa está prevista no art.
o funcionário público retardar ou deixar de praticar, 320 do Código Penal.
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra dis-
posição expressa de lei, para satisfazer interesse ou Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de
sentimento pessoal. responsabilizar subordinado que cometeu infração
O crime em estudo não se confunde com a corrup- no exercício do cargo ou, quando lhe falte compe-
ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa tência, não levar o fato ao conhecimento da autori-
dade competente:
de agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Na prevaricação não existe este pedido ou influên-
cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para
Observe a conduta que configura este tipo penal:
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregu-
z Deixar o funcionário, por indulgência, de respon-
laridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes
sabilizar subordinado que cometeu infração no
pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas,
exercício do cargo ou, quando lhe falte competên-
se o fiscal deixa de autuar porque percebe que a pes- cia, não levar o fato ao conhecimento da autorida-
soa é um antigo amigo, configura-se a prevaricação. de competente
A prevaricação poderá ser praticada de 3 (três) for-
mas diferentes: Este crime pode ser praticado de duas formas:

z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício; z Quando o funcionário público, por indulgência,
z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício; deixa de responsabilizar o subordinado que come-
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa teu infração no exercício do cargo;
de lei. z Quando o funcionário público, que não é compe-
tente para responsabilizar aquele que cometeu
O crime de prevaricação exige um fim específico infração no exercício do cargo, por indulgência,
de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal. não levar o fato ao conhecimento da autoridade
Você pode entender interesse ou sentimento pes- competente.
soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio,
amizade, preguiça, entre outros. A doutrina majoritária entende que o crime de
Sobre a prevaricação, leve para a sua prova: condescendência criminosa só pode ser praticado por
superior hierárquico.
z Não admite a forma culposa; Você pode entender indulgência como compaixão,
z Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou pena, piedade.
deixar de praticar) ou comissiva (praticar); Há um requisito que deve ser cumprido para a
prática da condescendência criminosa: uma infração
z Admite tentativa apenas quando praticado de for-
funcional (que pode ser uma violação administrativa
ma comissiva.
ou penal) praticada por subordinado no exercício das
z Tentativa na prevaricação:
atribuições do seu cargo.
z Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato Sobre a condescendência criminosa, fique atento:
de ofício: não admite tentativa:
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa z Não admite a forma culposa;
de lei: admite tentativa. z É crime omissivo;
z Não admite tentativa.
A prevaricação imprópria irá se configurar quan-
do o diretor de penitenciária e/ou agente público dei- Como é possível observar, os crimes de corrupção
xar de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a passiva privilegiada, prevaricação e condescendência
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita criminosa possuem características similares.
a comunicação com outros presos ou com o ambiente Vejamos as diferenças:
externo.
z Corrupção Passiva Privilegiada: O agente deixa de
praticar ato de ofício cedendo a pedido ou influên-
Importante! cia de outrem.
z Prevaricação: O agente deixa de praticar ato de ofí-
A prevaricação imprópria só poderá ser pratica- cio para satisfazer sentimento ou interesse pessoal.
da pelo diretor de penitenciária ou pelo funcioná- z Condescendência Criminosa: O agente deixa de
rio público que tem o dever funcional de impedir praticar ato de ofício (responsabilizar o subalter-
que o preso tenha acesso a aparelho de comu- no) por indulgência.
nicação com outros presos ou com o ambiente
externo. Advocacia administrativa

O crime de advocacia administrativa, previsto no


Sobre a prevaricação imprópria, é importante art. 321 do Código Penal, pode ser praticado na moda-
310 ressaltar: lidade simples ou qualificada.
Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, inte- z Admite tentativa;
resse privado perante a administração pública, z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o
valendo-se da qualidade de funcionário administrado contra o qual é praticada a violência
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa arbitrária;
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: z A violência tem que ser praticada arbitrariamente,
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses
multa.
de uso necessário e progressivo da força, admiti-
dos em lei.
Modalidade simples: configura-se quando o fun-
cionário público patrocinar, direta ou indiretamente,
Abandono de função
interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário.
O crime de abandono de função está tipificado no
É necessário que a condição de funcionário público
art. 323, do CP.
proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que
patrocina interesse de terceiro, pessoa privada, caso não
Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos
haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo, o fato
permitidos em lei:
será atípico.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
O agente pode praticar este crime de diversas
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
maneiras, como, por exemplo, fazendo uma petição,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
solicitando um benefício. § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na
Modalidade qualificada: o crime de advocacia faixa de fronteira:
administrativa será qualificado caso o interesse pri- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
vado seja ilegítimo.
A conduta típica é: abandonar cargo público, fora
z Forma simples: interesse privado legítimo. dos casos permitidos em lei.
z Forma qualificada: interesse privado ilegítimo. O nome do crime é abandono de função, porém,
o tipo penal fala em abandono de cargo público. É
Sobre a advocacia administrativa, fique atento em importante que você saiba que o conceito de função
sua prova: pública é mais amplo que o de cargo público (não há
cargo sem função, mas há função sem cargo).
z Não admite a modalidade culposa; Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero
z É crime formal, que se consuma com a conduta, abandono de função pública (apesar do nome) ou de
não se exigindo que se atinja o interesse privado emprego público, mas tão somente no caso de aban-
pleiteado; dono de cargo público (não se admite a analogia in
z Segundo doutrina majoritária, admite tentativa
malam partem).
quando for possível se fracionar o iter criminis.
De acordo com posicionamento doutrinário majo-
ritário, as hipóteses de greve não configuram este tipo
Violência arbitrária
penal.
As hipóteses em que o agente abandona o cargo
Este crime, previsto no art. 322, do CP, irá se confi-
público, admitidas em lei, não configuram o crime de
gurar quando o funcionário público praticar violência
abandono de função.
no exercício de função ou a pretexto de exercê-la.
O crime de abandono de função tem circunstân-
cias que o qualificam:
Art. 322. Praticar violência, no exercício de função
ou a pretexto de exercê-la.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da z Se o fato resulta prejuízo público;
pena correspondente à violência. z Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
de fronteira.
Na vigência da antiga lei de abuso de autoridade,
encontrávamos alguns posicionamentos jurispruden- Cabe destacar a faixa de fronteira. Essa qualifi-
ciais, tanto do STF quanto do STJ, entendendo que este cadora é uma norma penal em branco, visto que a
crime continua em vigência. definição da faixa de fronteira é fornecida pela Lei
Agora, nova Lei de Abuso de Autoridade admite a nº 6.634/1979, compreendendo um raio de 150 (cen-
possibilidade de aplicação subsidiária do art. 322, do to e cinquenta) quilômetros ao longo das fronteiras
CP. nacionais.
A prática da violência deve se dar em razão da fun- O fundamento desta qualificadora é a proteção à
ção pública, não havendo a exigência de que seja pra- soberania nacional que, nas fronteiras, torna-se mais
ticado no efetivo desempenho das funções do cargo, vulnerável.
DIREITO PENAL

podendo, portanto, ser praticada, por exemplo, por Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele-
um funcionário público que se encontre de folga. vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo deter-
O agente que fizer uso de violência arbitrária res- minado. Entende a doutrina que o prazo será fixado
ponderá por este crime e pelo crime correspondente a pelo estatuto a que estiver submetido o funcionário
violência praticada. público.
Apesar da divergência existente sobre a revogação Em regra: o prazo será de 30 (trinta) dias – pra-
ou não deste tipo penal, leve em consideração que: zo previsto na maioria dos estatutos de servidores
públicos.
z A violência arbitrária não admite a forma culposa, Sobre o crime de abandono de função, leve para a
devendo ser praticado dolosamente; sua prova: 311
z É crime omissivo; § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
z Não admite tentativa; I – permite ou facilita, mediante atribuição, forne-
z Só pode ser praticado dolosamente – não admite cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra
a culpa. forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
mas de informações ou banco de dados da Adminis-
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou tração Pública;
prolongado II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à
Administração Pública ou a outrem:
Este crime está previsto no art. 324, do CP.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 324. Entrar no exercício de função pública
antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti- Este delito irá se configurar quando o agente públi-
nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber co revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
oficialmente que foi exonerado, removido, substi- e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a
tuído ou suspenso: revelação.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Este crime pode ser praticado de duas formas:

Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de e que deva permanecer em segredo;
função pública afeta a prestação de serviços públicos. z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência em
Conduta típica: entrar no exercício de função razão do cargo e que deva permanecer em segredo.
pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de É importante mencionar que o agente toma conhe-
saber oficialmente que foi exonerado, removido, cimento do fato que deve permanecer em segredo em
substituído ou suspenso: razão do cargo que ocupa, não se exigindo que tenha
sido no efetivo desempenho das atribuições do cargo.
Este crime pode ser praticado de duas formas: Logo, o crime pode ser praticado no caso de o
agente tomar conhecimento do fato durante período
z Entrar no exercício de função pública antes de de licença, mas em razão do cargo.
satisfeitas as exigências legais; O Código Penal apresenta duas formas equiparada
do crime de violação de sigilo funcional.
z Continuar a exercer a função pública, sem autori-
Observe:
zação, depois de saber oficialmente que foi exone-
Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público
rado, removido, substituído ou suspenso. É exigido
que:
que o funcionário público tenha sido oficialmente
comunicado sobre sua exoneração, remoção, subs-
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
tituição ou suspensão.
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
Observe que no exercício funcional ilegalmente mas de informações ou banco de dados da Admi-
antecipado ou prolongado somente pode ser prati- nistração Pública;
cado por funcionário público já nomeado, mas ainda z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.
sem ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte),
ou então pelo indivíduo que era funcionário público, Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta
porém deixou de sê-lo em razão de ter sido oficial- dano à Administração Pública ou a outrem.
mente exonerado, removido, substituído ou suspenso Sobre este crime, fique atento:
(parte final).
Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria, z Só será praticado dolosamente – não admite forma
de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois culposa;
somente pode ser cometido pela pessoa expressamen- z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep-
te indicada no tipo penal. cionais, a exemplo de ser praticado na forma escrita.
Se um particular entrar no exercício da função
pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa- Violação de sigilo de proposta de concorrência
ção de função pública (art. 328 do CP).
Sobre o tipo penal em comento, é importante Este tipo penal está previsto no art. 326 do Código
saber: Penal.

z Não admite a forma culposa; Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concor-
z Admite tentativa. rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de devassá-lo:
Violação de sigilo funcional Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

O crime de violação de sigilo funcional se encontra Conduta típica: devassar o sigilo de proposta de
previsto no art. 325 do Código Penal. concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o
ensejo de devassá-lo.
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão É um crime relacionado ao procedimento
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou licitatório.
facilitar-lhe a revelação: A doutrina dominante entende que o crime de vio-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul- lação de sigilo de proposta de concorrência foi revoga-
ta, se o fato não constitui crime mais grave.
312 do tacitamente pela Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações).
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA z O agente não possui vínculo algum com a admi-
A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL nistração pública (em relação à função usurpada)
z É crime praticado por particular contra a
Os crimes praticados por particular contra a admi- administração pública
nistração pública estão previstos entre os Artigos 328
e 337-A do Código Penal. Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou
Trata-se de crimes comuns, que não exigem Prolongado:
nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito
ativo, podendo ser praticados por qualquer pessoa. z O agente possui algum tipo de vínculo com a admi-
nistração pública
Usurpação de função pública z É crime praticado por funcionário público contra a
administração pública
O crime de usurpação de função pública irá se con-
figurar quando o agente usurpar o exercício de fun- Há uma forma qualificada do crime de usurpação
ção pública. de função pública:

Art. 328. Usurpar o exercício de função pública:


z Usurpação de função pública qualificada
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere
Se do fato, o agente auferir vantagem (qualquer
vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. tipo de vantagem e não necessariamente financeira).
Sobre o crime de usurpação de função pública, é
Usurpar = apoderar-se. importante que você leve em consideração:
Inicialmente, é importante que você não confunda
o usurpador de função com o funcionário ou agente z Não admite a modalidade culposa;
público de fato. (Assunto bastante cobrado, tanto na z Admite tentativa;
disciplina Direito Penal, quanto na disciplina Direito z Pode ser praticado por funcionário público, segun-
Administrativo). do posicionamento que prevalece, mas a função
usurpada deve ser totalmente alheia à função dele
z Usurpação de função pública: o agente exerce a (sendo ele considerado particular);
função sem nenhum tipo de investidura, apode- z É crime formal, não se exigindo para a sua
rando-se dela. É crime. configuração prejuízo ou dano à administração
z Funcionário ou agente de fato: o Agente exerce a pública;
função pública, por ter ocorrido alguma irregula- z Ação penal pública incondicionada.
ridade. Não é crime
Resistência

Importante! O crime de resistência está previsto no art. 329 do


Código Penal.
Segundo posicionamento doutrinário majoritá-
rio, é necessário, para fins de consumação, que Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante
o agente execute algum ato inerente ao exercício violência ou ameaça a funcionário competente para
da função, não configurando o crime a mera apre- executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
sentação a terceiros como funcionário público. Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se
executa:
Vamos exemplificar: Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem
Exemplo 1: Antônio se apresenta como policial prejuízo das correspondentes à violência.
militar para seus conhecidos como forma de se
autovalorizar. Não há que se falar em configura- A conduta típica deste crime é: opor-se à execução
ção do crime de usurpação de função pública, já de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcio-
que o agente não praticou nenhum ato inerente ao nário competente para executá-lo ou a quem lhe este-
exercício da função policial militar, podendo, con- ja prestando auxílio.
forme o caso, configurar outra infração penal. Sobre a conduta típica, três informações são muito
Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente, importantes:
uma farda da polícia militar. Em determinado dia,
DIREITO PENAL

ele promove uma falsa barreira e passa a abordar z Exige-se que o ato praticado pelo funcionário
as pessoas que nela passam. Há a prática do crime público seja legal;
de usurpação de função pública, já que o agente z Se o ato praticado por funcionário público for ile-
praticou ato inerente ao exercício da função poli- gal, não há que se falar em resistência.
cial militar. z Exige-se que o funcionário público seja competen-
te para executar o ato;
Você não pode confundir o crime de usurpação de z Não se exige que a violência ou ameaça seja empre-
função pública com o crime exercício funcional ilegal- gada diretamente contra o funcionário competen-
mente antecipado ou prolongado. te, podendo ser empregada contra o terceiro que
Usurpação de Função Pública: esteja auxiliando o funcionário. 313
Sobre a resistência, é importante que você leve em z Não admite a culpa;
consideração: z Pode ser praticado tanto na forma omissiva quan-
to na forma comissiva;
z Deve ser praticado dolosamente; z Na forma omissiva, não admite tentativa, na forma
z A oposição constitui um ato positivo, devendo o comissiva, admite;
agente empregar violência ou grave ameaça. z Deve haver ordem emanada por funcionário
público, não caracterizando este crime a mera
solicitação.
O direito brasileiro não pune a resistência passiva,
que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso
Desacato
de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao
ser preso, deita-se no chão para impedir o ato. O crime de desacato, previsto no art. 331 do Código
Penal, tem como conduta típica: desacatar funcioná-
z A violência ou ameaça deve ser empregada con- rio público no exercício da função ou em razão dela.
tra pessoa, não constituindo o crime se empregada
contra coisa (posição dominante); Art. 331. Desacatar funcionário público no exercí-
z É crime formal, que se consuma com a prática cio da função ou em razão dela:
da violência ou ameaça; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
z Admite tentativa, nas hipóteses de fracionamento
do iter criminis. Desacatar = ofender, faltar com respeito.
Não se exige que o funcionário público esteja no
Resistência Qualificada: efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para
caracterização do crime de desacato, mas sim que a
z Se, em razão da resistência, o ato não se executa. ofensa se dê em razão da função pública.

Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,


Por fim, leve para a sua prova: o agente responde-
que estava no exercício de sua função, de “poli-
rá pela resistência e pela violência empregada.
cialzinho de merda”, quando este estava prestes a
Vejamos: se, para se opor à execução de ato legal prender aquele.
praticado por funcionário competente, o particular Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial
usa de violência, causando lesão corporal de nature- civil, num restaurante em Porto Seguro, durante
za grave, responderá pelos dois crimes: resistência e as férias deles, de “policialzinho de merda”, pelo
lesão grave. fato de Cássio tê-lo prendido no passado.
Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
Desobediência de “babaca sem noção”, numa partida de futebol,
pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele.
Este crime está previsto no art. 330 do Código
Penal. Irá se configurar quando o agente desobedecer Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desa-
a ordem legal de funcionário público. cato, já que a ofensa proferida pelo agente se deu em
razão da função exercida pelo funcionário público.
Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário
No exemplo 3, não há que se falar em desacato.
público:
Embora Cássio seja funcionário público, a ofensa pro-
ferida pelo agente em nada tem a ver com a função
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e
pública.
multa.
Sobre o desacato, é importante que você fique
atento às seguintes considerações:
Vitor Eduardo Rios Gonçalves destaca que:
z O desacato pode se dar por qualquer meio: insul-
a) Deve haver uma ordem: significa determinação, tos, vias de fato, gestos, entre outros;
mandamento. O não atendimento de mero pedido z O desacato deve ser praticado contra funcionário
ou solicitação não caracteriza o crime. público, não caracterizando este tipo penal a críti-
b) A ordem deve ser legal: material e formalmente. ca ou ofensa à repartição pública;
Pode até ser injusta, só não pode ser ilegal. z É crime formal, que se consuma com a prática da
c) Deve ser emanada de funcionário público com- conduta descrita no tipo penal, independentemente de
petente para proferi-la. Ex.: delegado de polícia o funcionário público se considerar ofendido ou não;
requisita informação bancária e o gerente do ban- z Só pode ser praticado dolosamente;
co não atende. Não há crime, pois o gerente só está z Deve ser praticado na presença do funcionário
obrigado a fornecer a informação se houver deter- público – doutrina dominante.
minação judicial.
d) É necessário que o destinatário tenha o dever jurí- Em dezembro de 2016, a 5ª turma do STJ decidiu
pela descriminalização do crime de desacato, por
dico de cumprir a ordem. Além disso, não haverá
entender que este crime viola a liberdade de expres-
crime se a recusa se der por motivo de força maior são do indivíduo, em julgamento de Habeas Corpus.
ou por ser impossível por algum motivo o seu Contudo, a 3ª seção do STJ pacificou posicionamen-
cumprimento. to do tribunal no sentido de que o desacato continua
sendo crime, que não viola a liberdade de expressão.
A ordem deve ser legal. Caso de trate de ordem
ilegal, não há que se falar na configuração deste tipo Tráfico de influência
penal.
Sobre a desobediência, é importante que você leve O crime de tráfico de influência está previsto no
314 em consideração: art. 332 do Código Penal.
Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si z Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
ou para outrem, vantagem ou promessa de vanta- prevê mais de um verbo para sua prática: ofere-
gem, a pretexto de influir em ato praticado por fun- cer e prometer, por exemplo, João oferece uma
cionário público no exercício da função: quantia em dinheiro ao policial rodoviário federal
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. para não ser multado pela prática de infração de
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, trânsito. Pedro promete entregar uma quantia em
se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam- dinheiro ao guarda municipal quando retornar ao
bém destinada ao funcionário. seu veículo que está estacionado em local proibido;
z É crime formal, que se consuma com a prática
Conduta típica: solicitar, exigir, cobrar ou obter, da conduta delituosa, não se exigindo que
para si ou para outrem, vantagem ou promessa de o funcionário público aceite a vantagem ou
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por promessa de vantagem;
funcionário público no exercício da função. z Não admite a forma culposa;
Trata-se de crime plurinuclear, que pode ser prati- z Exige-se dolo específico: a intenção de determinar
cado com o exercício de qualquer um dos verbos pre- o funcionário público a praticar, omitir ou retar-
vistos no tipo penal: dar ato de ofício;
z O verbo pagar não faz parte do tipo penal. Portan-
z Solicitar to, caso o particular pague vantagem solicitada ou
z Exigir exigida por funcionário público, não praticará cri-
z Cobrar me algum.
z Obter z A pena da corrupção ativa será aumentada de 1/3
(um terço): se em razão da vantagem ou promessa,
O agente não tem influência sobre o funcionário o funcionário público retarda ou omite ato de ofí-
público, mas passa a impressão de que a tem, com a fina- cio, ou o pratica infringindo dever funcional
lidade de obter vantagem ou promessa de vantagem.
Caso o agente realmente tenha poder de influência Você não pode confundir os crimes de corrupção
sobre o funcionário público que praticará o ato, não ativa, corrupção passiva e concussão:
há que se falar em tráfico de influência, podendo, no
Descaminho e contrabando
entanto, configurar-se outro crime.
Sobre o tráfico de influência, é importante que
Os crimes de descaminho e contrabando, previstos
você tome cuidado com as seguintes informações:
nos artigos 334 e 334-A, respectivamente, do Código
Penal, constituem práticas distintas, que devem ser
z A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente
observadas por vocês.
penal, por falta de previsão legal desta conduta;
Descaminho:
z Em regra, é crime formal, consumando-se com a
solicitação, exigência ou cobrança. Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento
z No caso do verbo obter, o crime é material; de direito ou imposto devido pela entrada, pela saí-
z Só pode ser praticado dolosamente; da ou pelo consumo de mercadoria.
z Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
promessa de vantagem para si ou para outrem. § 1o Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
A pena do crime de tráfico de influência será permitidos em lei;
aumentada de metade: II - pratica fato assimilado, em lei especial, a
Se o agente alega ou insinua que a vantagem é descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito
também destinada ao funcionário.
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
Corrupção ativa industrial, mercadoria de procedência estrangeira
que introduziu clandestinamente no País ou impor-
O crime de corrupção ativa, previsto no art. 333 do tou fraudulentamente ou que sabe ser produto de
Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em introdução clandestina no território nacional ou de
relação aos crimes contra a administração pública. importação fraudulenta por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
a funcionário público, para determiná-lo a praticar, industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
omitir ou retardar ato de ofício desacompanhada de documentação legal ou acom-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e panhada de documentos que sabe serem falsos.
multa. § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os
DIREITO PENAL

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio- irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
inclusive o exercido em residências.
nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho
infringindo dever funcional.
é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

Conduta típica: oferecer ou prometer vantagem


Contrabando:
indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Fique atento às informações a seguir, muito impor- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
tantes em relação à corrupção ativa: 315
§ 1o Incorre na mesma pena quem: Sobre o crime de descaminho, é importante que
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a você leve em consideração:
contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercado- z As figurar equiparadas ao crime de descaminho
ria que dependa de registro, análise ou autorização
são: a pratica de navegação de cabotagem fora dos
de órgão público competente;
casos permitidos em lei, pratica fato assimilado,
III - reinsere no território nacional mercadoria bra-
sileira destinada à exportação; em lei especial, a descaminho, etc.
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito z Trata-se de crime comum, que pode ser praticado
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio por qualquer pessoa;
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou z Admite a forma tentada, quando, no caso de expor-
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; tação, o crime é tentado se a mercadoria não chega
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio a sair do país;
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou z A fraude utilizada pelo agente para iludir o paga-
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. mento de imposto pode se dar tanto em relação
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para à quantidade quanto em relação à qualidade do
os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio produto;
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
z Não admite a modalidade culposa;
inclusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando
z Admite a aplicação do princípio da insignificância,
é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. nos casos em que o valor seja inferior àquele con-
siderado irrelevante para fins de execução fiscal;
Vamos simplificar estes crimes:
Descaminho: consiste em não pagar direito ou
imposto devido pela entrada, saída ou consumo de Importante!
mercadoria; Tanto para o STF quanto para o STJ, atualmente,
Contrabando: consiste na importação ou exporta- poderá ser aplicado o princípio da insignificância
ção de mercadoria proibida.
ao crime de descaminho que não exceda o valor
No descaminho, a mercadoria não tem a comercia-
lização proibida no território brasileiro, já no contra-
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
bando, sim.
No passado, os dois tipos penais estavam previs- Contrabando:
tos no mesmo dispositivo. Contudo, houve alteração e,
no momento, cada um destes crimes integra um tipo
Conduta típica: importar ou exportar mercadoria
penal distinto.
proibida.
Descaminho:
São figuras equiparadas ao crime de contrabando,
Conduta típica: iludir, no todo ou em parte, o paga-
incorrendo nas mesmas penas quem:
mento de direito ou imposto devido pela entrada, pela
Pratica fato assimilado, em lei especial, a
saída ou pelo consumo de mercadoria.
São figuras equiparadas ao crime de descaminho, contrabando;
incorrendo nas mesmas penas quem:
z Importa ou exporta clandestinamente mercadoria
z Pratica navegação de cabotagem, fora dos casos que dependa de registro, análise ou autorização de
permitidos em lei; órgão público competente;
z Pratica fato assimilado, em lei especial, a z Reinsere no território nacional mercadoria brasi-
descaminho; leira destinada à exportação;
z Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, z Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
ou industrial, mercadoria de procedência estran- industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
geira que introduziu clandestinamente no País z Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
ou importou fraudulentamente ou que sabe ser ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
produto de introdução clandestina no território industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
nacional ou de importação fraudulenta por parte
de outrem; O Código Penal equipara, para os efeitos do crime
z Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio de contrabando, à atividade comercial, qualquer for-
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou ma de comércio irregular ou clandestino de mercado-
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, rias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
desacompanhada de documentação legal ou acom- O crime de contrabando apresenta, também, uma
panhada de documentos que sabe serem falsos. causa que aumenta a pena pelo dobro para o caso de
o crime ser praticado em transporte aéreo, marítimo
O Código Penal estabelece que a atividade comer- ou fluvial.
cial é equiparada, para os efeitos do crime de desca- Sobre o crime de contrabando, é importante que
minho, a qualquer forma de comércio irregular ou você leve para a sua prova:
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
exercido em residências. z Trata-se de crime comum, que pode ser praticado
A pena do crime de descaminho será aplicada em por qualquer pessoa;
dobro se o crime é praticado em transporte aéreo, z Não admite a modalidade culposa;
316 marítimo ou fluvial. z Admite tentativa;
z Não admite a aplicação do princípio da z É crime comum;
insignificância. z É crime material nas seguintes condutas: impedir,
perturbar ou fraudar concorrência pública
É importante mencionar que no caso de produ- ou venda em hasta pública, promovida pela
tos específicos, a exemplo de armas de fogo ou subs- administração federal, estadual ou municipal, ou
tâncias entorpecentes, irá prevalecer a aplicação da por entidade paraestatal;
legislação especial, aplicando-se, respectivamente, o z É crime formal nas seguintes condutas: afastar
estatuto do desarmamento (Lei 10.826/2003) e a Lei de ou procurar afastar concorrente ou licitante,
Drogas (Lei 11.343/2006). por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
De acordo com a Súmula 151, do STJ: oferecimento de vantagem;
z Admite tentativa.
A competência para o processo e julgamento por
crime de contrabando ou descaminho define-se pela Inutilização de edital ou de sinal
prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão
dos bens. Art. 336. Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar
ou conspurcar edital afixado por ordem de fun-
Impedimento, perturbação ou fraude de cionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal
concorrência empregado, por determinação legal ou por ordem
de funcionário público, para identificar ou cerrar
Art. 335. Impedir, perturbar ou fraudar concorrên- qualquer objeto:
cia pública ou venda em hasta pública, promovida Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
pela administração federal, estadual ou municipal,
ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar Conduta típica: rasgar ou, de qualquer forma inu-
afastar concorrente ou licitante, por meio de vio- tilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de
lência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal
vantagem:
empregado, por determinação legal ou por ordem de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
funcionário público, para identificar ou cerrar qual-
ta, além da pena correspondente à violência.
quer objeto.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vanta- O crime de inutilização de edital ou de sinal, pre-
gem oferecida. visto no Artigo 336 do Código Penal, é de ação múlti-
pla, podendo ser praticado da seguinte forma:
Praticará o crime de impedimento, perturbação ou
fraude de concorrência, previsto no art. 335 do Códi- z Rasgar ou, de qualquer forma inutilizar ou cons-
go Penal, o agente que impedir, perturbar ou fraudar purcar (manchar ou tornar sujo, de forma que não
concorrência pública ou venda em hasta pública, pro- possa ser utilizado) edital afixado por ordem de
movida pela administração federal, estadual ou muni- funcionário público;
cipal, ou por entidade paraestatal. z Violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
Afastar ou procurar afastar concorrente ou lici- determinação legal ou por ordem de funcionário
tante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou público, para identificar ou cerrar (encobrir) qual-
oferecimento de vantagem. quer objeto.
Trata-se de tipo penal misto alternativo (crime de
ação múltipla), que poderá ser praticado mediante a Sobre o crime de inutilização de edital ou de sinal,
execução de vários verbos: leve em consideração:

z Impedir; z É crime comum;


z Perturbar; z Admite tentativa;
z Fraudar; z Segundo posicionamento doutrinário dominante,
z Afastar; caso a conduta seja praticada quando não mais
z Procurar afastar. produz efeito o edital (fora do seu prazo de vali-
dade, por exemplo), não irá se configurar este tipo
Caso o crime seja praticado mediante violência, o penal;
agente responderá também por ela (detenção, de seis
meses a dois anos, ou multa, além da pena correspon- Subtração ou inutilização de livro ou documento
dente à violência).
Forma equiparada: responderá com a mesma pena O crime de subtração ou inutilização de livro ou
do impedimento, perturbação ou fraude de concor- documento, previsto no art. 337, do CP.
rência o agente que se abstém de concorrer ou licitar,
em razão da vantagem oferecida. Art. 337. Subtrair, ou inutilizar, total ou parcial-
DIREITO PENAL

Responderá pelo crime em sua forma equiparada mente, livro oficial, processo ou documento confia-
o agente que se abster de concorrer ou licitar, devido do à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou
à vantagem oferecida. Caso seja por algum outro moti- de particular em serviço público:
vo, como por violência ou grave ameaça, aquele que Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
se abster não será responsabilizado criminalmente. constitui crime mais grave.
Sobre este crime, é importante que você fique
atento ao seguinte: Conduta típica: subtrair, ou inutilizar, total ou par-
cialmente, livro oficial, processo ou documento con-
z Não admite forma culposa; fiado à custódia de funcionário, em razão de ofício ou
de particular em serviço público. 317
Tutela-se a Administração Pública, relativamente Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
ao normal funcionamento da atividade administrativa. § 1o É extinta a punibilidade se o agente,
Cabe destacar que o livro oficial, processo ou docu- espontaneamente, declara e confessa as
mento (público ou particular) é confiado à custódia de contribuições, importâncias ou valores e presta as
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em informações devidas à previdência social, na forma
serviço público. definida em lei ou regulamento, antes do início da
Por isso é dever confiar a custódia de funcioná- ação fiscal.
rio, em razão de ofício, não se verificando este crime § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
quando alguém subtrai ou inutiliza, total ou parcial- aplicar somente a de multa se o agente for primário
mente, um livro oficial, processo ou documento de e de bons antecedentes, desde que:
quem não o guarda por conta da sua função. I – (vetado)
É importante analisar que na parte final do precei- II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces-
to primário do dispositivo em estudo tem a expressão sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
“ou de particular em serviço público”, pois existem, previdência social, administrativamente, como sendo o
em certas hipóteses excepcionais, particulares que mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
desempenham funções públicas, por exemplo, mesá- § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
rio nas eleições. Observe que se alguém subtrair ou folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
inutilizar, total ou parcialmente, algum documento 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
confiado a estas pessoas, a ele será imputado o crime poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
de subtração ou inutilização de livro ou documento. aplicar apenas a de multa.
Sobre o núcleo do tipo: § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
Subtrair: retirar o livro oficial, processo ou docu- reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices
mento do local em que se encontra, dele se apoderan- do reajuste dos benefícios da previdência social.
do o agente.
Inutilizar: tornar imprestável o livro oficial, pro- Trata-se de crime de ação vinculada e, neste senti-
cesso ou documento, total ou parcialmente. Não se do, a conduta típica: Suprimir ou reduzir contribuição
reclama sua efetiva destruição. social previdenciária e qualquer acessório, por meio
Consuma-se o crime em estudo no instante em que das seguintes condutas:
o livro oficial, processo ou documento é subtraído,
mediante seu apoderamento pelo agente, seguido da z Omitir de folha de pagamento da empresa ou de
inversão da sua posse e sua consequente retirada da documento de informações previsto pela legislação
esfera de vigilância da vítima, ou então inutilizado, previdenciária segurados empregado, empresário,
total ou parcialmente. trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
este equiparado que lhe prestem serviços;
Observe que se o documento se destina a fazer prova
z Deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
de relação jurídica, e o agente visa beneficiar a si pró-
da contabilidade da empresa as quantias desconta-
prio ou a terceiro, o fato constituirá crime mais grave.
das dos segurados ou as devidas pelo empregador
Sobre o este tipo penal, é importante que você
ou pelo tomador de serviços;
fique atento ao seguinte:
z Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
z É crime comum;
demais fatos geradores de contribuições sociais
z Admite tentativa; previdenciárias.
z É crime subsidiário, respondendo o agente por ele
apenas caso não se configure um crime mais grave;
Extinção da punibilidade: caso o agente, de for-
z Na hipótese de o documento se destinar a fazer pro-
ma espontânea, declare ou confesse as contribuições,
va de relação jurídica, e o agente visar se beneficiar a importâncias ou valores e preste as informações devi-
si próprio ou a terceiro, o fato constituirá mais grave. das à previdência social, na forma definida em lei ou
z Somente será praticado na modalidade dolosa. regulamento, antes do início da ação fiscal (não se exi-
ge o pagamento do tributo sonegado).
Sonegação de contribuição previdenciária A declaração ou confissão e a prestação das infor-
mações deverão ocorrer antes do início da ação fiscal.
O crime de sonegação de contribuição previden- Sobre o crime de sonegação de contribuição previ-
ciária está previsto no Artigo 337-A, do Código Penal. denciária, é importante ficar atento ao seguinte:

Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social z Não admite a modalidade culposa;
previdenciária e qualquer acessório, mediante as z De acordo com o art. 34 da Lei nº 9.249/1995, con-
seguintes condutas: firmado pela doutrina majoritária, o pagamento
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de integral do tributo ou contribuição social, após a
documento de informações previsto pela legislação
ação fiscal, mas antes do recebimento da denúncia,
previdenciária segurados empregado, empresário,
também acarretará a extinção da punibilidade;
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
este equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos pró- Lei 9.249/1995
prios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes defi-
empregador ou pelo tomador de serviços; nidos na Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou Lei 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente
lucros auferidos, remunerações pagas ou credi- promover o pagamento do tributo ou contribuição
tadas e demais fatos geradores de contribuições social, inclusive acessórios, antes do recebimento
318 sociais previdenciárias: da denúncia.
Será extinta a punibilidade se o agente, espon- Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou
taneamente, declarar e confessar as contribuições, indiretamente, vantagem indevida a funcioná-
importâncias ou valores e prestar as informações rio público estrangeiro, ou a terceira pessoa,
devidas à previdência social, na forma definida em lei para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar
ou regulamento, antes do início da ação fiscal. ato de ofício relacionado à transação comercial
O termo final para o pagamento é o início da ação internacional:
fiscal. Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
Se o agente for beneficiado pela concessão do par- Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter-
celamento dos valores devidos a título de contribui- ço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
ção social previdenciária, ou qualquer acessório, o nário público estrangeiro retarda ou omite o ato de
pagamento integral do débito importará na extinção ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
da punibilidade (art. 83, §4º, da Lei nº 9.430/1996).
O Supremo Tribunal Federal entende, com amparo Veja a figura típica: prometer, oferecer ou dar,
no art. 69 da Lei nº 11.941/2009, que o pagamento inte- direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcio-
gral do débito fiscal acarreta na extinção da punibili- nário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para
dade do agente, ainda que efetuado após o julgamento determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofí-
cio relacionado à transação comercial internacional:
da ação penal, desde que antes do trânsito em julgado
Corrupção Ativa em Transação Comercial
da condenação.
Internacional:
Destaca-se:
z Verbos: prometer, oferecer e dar;
z A competência para julgar o crime de sonegação z Fim específico: determinar o funcionário públi-
de contribuição previdenciária é da justiça federal; co estrangeiro a praticar, omitir ou retardar
z Admite a forma tentada; ato de ofício relacionado à transação comercial
z É crime material; internacional.
z Este tipo penal admite a aplicação do princípio da
insignificância, excluindo-se, assim, a tipicidade Corrupção Ativa:
material do crime. Verbos: oferecer e prometer;
z Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha Fim específico: determinar o funcionário público a
de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá O crime de corrupção ativa em transação comer-
reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar cial internacional terá sua pena aumentada de 1/3
apenas a de multa (um terço) se:

CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA z Em razão da vantagem ou promessa, o funcionário


A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofí-
cio, ou o pratica infringindo dever funcional.
Dividem-se em dois tipos penais:
Sobre este crime, é importante mencionar que:
z Corrupção ativa em transação comercial internacional;
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z Tráfico de influência em transação comercial
z É crime comum;
internacional. z Nos verbos oferecer e prometer, trata-se de crime
formal, de consumação antecipada;
Inicialmente, é importante destacar quem é o fun- z No verbo dar, trata-se de crime material, que se
cionário público estrangeiro e quem se equipara a consuma com a obtenção do resultado;
funcionário público estrangeiro. z Admite tentativa, quando for possível fracionar
Funcionário Público Estrangeiro: o iter criminis, as fases do crime, da cogitação ao
exaurimento.
z Quem, ainda que transitoriamente ou sem remu-
neração, exerce cargo, emprego ou função pública Tráfico de influência em transação comercial
em entidades estatais ou em representações diplo- internacional
máticas de país estrangeiro.
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
Equipara-se a Funcionário Público Estrangeiro: ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem
ou promessa de vantagem a pretexto de influir em
ato praticado por funcionário público estrangeiro
z Quem exerce cargo, emprego ou função em empre-
no exercício de suas funções, relacionado a transa-
sas controladas, diretamente ou indiretamente,
ção comercial internacional:
pelo Poder Público de país estrangeiro ou em orga- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
DIREITO PENAL

nizações públicas internacionais. Parágrafo único. A pena é aumentada da metade,


se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam-
Corrupção ativa em transação comercial bém destinada a funcionário estrangeiro.
internacional
O crime de tráfico de influência em transação
O crime de corrupção ativa em transação comer- comercial internacional, previsto no Artigo 337-C do
cial internacional, previsto no art. 337-B do Código Código Penal, é muito parecido com o crime de tráfico
Penal, é bastante parecido com o tipo penal de cor- de influência, crime praticado por particular contra
rupção ativa, crime praticado por particular contra a a administração em geral, previsto no Artigo 332 do
administração em geral, que já analisamos. Código Penal. 319
Figura típica do tráfico de influência em transação e a economia popular, ou cujo procedimento o torne
comercial internacional: solicitar, exigir, cobrar ou nocivo à conveniência e aos interesses nacionais” (art.
obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamen- 65 da Lei nº 6.815/1980 - Estatuto do Estrangeiro).
te, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto
de influir em ato praticado por funcionário público
estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado Importante!
a transação comercial internacional.
Tráfico de Influência em Transação Comercial O agente será responsabilizado penalmente,
Internacional: podendo, ainda, sofrer nova expulsão do territó-
rio brasileiro.
z Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter;
z Pretexto: influir em ato praticado por funcionário
Sobre o crime de reingresso de estrangeiro expul-
público estrangeiro no exercício de suas funções, so, é importante ficar atento ao seguinte:
relacionado a transação comercial internacional.
z É crime de mão própria, praticado pelo estrangeiro
Tráfico de Influência: expulso, não podendo a figura típica ser praticada
por intermédio de terceira pessoa.
z Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter;
z Pretexto: influir em ato praticado por funcionário O fato de o crime ser de mão própria não exclui a
público no exercício da função. possibilidade de concurso de pessoas na modalidade
participação.
O crime de tráfico de influência em transação É necessário, para configuração do crime, que o
comercial internacional terá sua pena aumentada da estrangeiro tenha ciência de que foi expulso do terri-
metade se: tório brasileiro.

z Se o agente alega ou insinua que a vantagem z Admite tentativa;


é também destinada ao funcionário público z É crime material, que se consuma com o devido
estrangeiro reingresso ao território nacional;
z Trata-se de crime de competência da justiça
federal;
Em relação a este tipo penal, é importante ficar
z Não se tipifica o crime quanto o estrangeiro, após
atento ao seguinte: decretada sua expulsão, permanece indevidamen-
te no país.
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z É crime comum; Denunciação caluniosa
z Nos verbos solicitar, exigir e cobrar, trata-se de cri-
me formal, de consumação antecipada; A denunciação caluniosa está prevista no art. 339
z No verbo obter, trata-se de crime material, que se do Código Penal.
consuma com a obtenção do resultado;
z Admite tentativa, quando for possível fracionar o Art. 339. Dar causa à instauração de investigação
iter criminis; policial, de processo judicial, instauração de inves-
tigação administrativa, inquérito civil ou ação de
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA improbidade administrativa contra alguém, impu-
tando-lhe crime de que o sabe inocente:
Os crimes contra a administração da justiça têm Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
como finalidade proteger uma regular fruição da § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o
atividade judicial brasileira, incluindo atividades de agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
natureza policial. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação
é de prática de contravenção.
A atividade judicial é de fundamental importância
para a sociedade, necessitando, assim, de proteção
por parte do Direito Penal. Tem como figura típica a seguinte conduta: dar
causa direta ou indireta à instauração de investigação
policial, de processo judicial, instauração de investiga-
Reingresso de estrangeiro expulso ção administrativa, inquérito civil ou ação de impro-
bidade administrativa contra alguém, imputando-lhe
Art. 338. Reingressar no território nacional o crime de que o sabe inocente.
estrangeiro que dele foi expulso: Como é possível se extrair pela leitura da figu-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo ra típica que o crime pode ser praticado mesmo que
de nova expulsão após o cumprimento da pena. o agente dê causa a outro procedimento, ainda que
não seja processo judicial, a exemplo de investigação
Este crime, previsto no art. 338 do Código Penal, policial ou administrativa. É importante compreender
irá se configurar quando o estrangeiro que foi expulso isso. Muitas questões abordam esta situação.
do Brasil reingressar ao território nacional. Sobre o crime de denunciação caluniosa, é impor-
O Ministério da Justiça e Segurança Pública escla- tante ficar atento ao seguinte:
rece que a expulsão consiste em medida coercitiva
de caráter discricionário de um Estado, levada a efei- z Só pode ser praticado dolosamente;
to em face do “estrangeiro que, de qualquer forma,
atentar contra a segurança nacional, a ordem políti- Parte da doutrina não admite o dolo eventual nes-
ca ou social, a tranquilidade ou moralidade pública te crime, já que o tipo penal exige que o agente saiba
320 que o fato é imputado contra pessoa inocente.
A denunciação caluniosa poderá se configurar
quando o agente imputa crime que realmente acon- Importante!
teceu contra pessoa que sabe ser inocente ou quando Ao contrário do que ocorre no crime de denun-
imputa a alguém a prática de crime que não existiu
ciação caluniosa, no crime de falsa comunica-
(neste caso não há dúvidas sobre a inocência da pes-
soa, já que o fato sequer aconteceu). ção de crime ou contravenção, o agente não
individualiza o autor, imputando a alguém o fato
z É necessário que o fato imputado seja CRIME ou que não existiu, mas apenas comunica à autori-
CONTRAVENÇÃO PENAL (no caso de contravenção dade crime ou contravenção penal que sabe não
penal, a pena será reduzida de metade), não se ter ocorrido.
configurando este tipo penal caso o agente impute
infração administrativa ou civil;
z É crime comum; Sobre este crime, é importante mencionar que:
z Admite a forma tentada, por exemplo, o agente
narra ao delegado de polícia que o autor de deter- z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente
minado crime foi a pessoa A, mas o delegado não comunica à autoridade, sem intenção, crime ou
inicia qualquer investigação porque o verdadeiro contravenção penal, provocando a ação desta, este
autor do crime é B, que se apresenta e confessa ter tipo penal não estará configurado.
cometido o delito antes mesmo de a autoridade ter z É crime comum;
iniciado qualquer investigação; z Admite tentativa;
z A pessoa contra quem se imputa o crime deve z Se o fato imputado for infração administrativa ou
ser determinada, sendo ela, assim como o Estado, civil, não irá se configurar o crime;
sujeito passivo da prática delituosa; z A maioria da doutrina, não se configura o crime
z Em regra, a denunciação caluniosa absorve o cri- quando o agente se limita a comunicar ilícito penal
me de calúnia. diverso do que realmente ocorreu, desde que o
fato comunicado e o que realmente ocorreu sejam
A pena será aumentada de 1/6 (sexta parte), caso crimes da mesma natureza;
o agente se sirva de anonimato ou de nome suposto. z Se o agente faz a comunicação falsa para tentar
No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a ocultar outro crime por ele praticado responde
pena será diminuída de metade, caso a imputação seja também pela comunicação falsa de crime
de prática de contravenção penal.
Observe as principais diferenças entre a denuncia- Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção:
ção caluniosa e o crime de calúnia.
Denunciação Caluniosa: z O agente não aponta pessoa certa e determinada
como autora da infração penal, mas apenas comu-
z É crime contra a administração da justiça nica fato inexistente
z A ação penal é pública incondicionada, se discu-
te na doutrina e jurisprudência se o processo por Denunciação Caluniosa
denunciação caluniosa pode ser iniciado antes do
desfecho do procedimento ou ação originários. z O agente aponta pessoa certa e determinada como
z Punida pelo fato de o agente movimentar falsa-
autora da infração penal
mente o aparato estatal, tentando prejudicar a víti-
ma perante o Estado
Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Face-
z É admitida a imputação falsa de crime ou
book relacionada a um aborto. De imediato, ligou em
contravenção penal
uma delegacia de polícia e comunicou o crime ao dele-
gado de polícia, que iniciou as investigações sobre o
Calúnia:
fato. Entretanto, não sabia José Carlos que o aborto
não existiu, já que a publicação se tratava de uma
z É crime contra a honra
brincadeira por parte daquele que a realizou.
z A ação penal é privada
Não há que se falar em figura típica da comunica-
z Punida pelo fato de o agente ofender a honra obje-
ção falsa de crime, já que o agente não teve dolo de
tiva da vítima
comunicar falsamente o fato que não existiu.
z É admitida a imputação falsa apenas de crime
Autoacusação falsa
Comunicação falsa de crime ou contravenção
Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime
Art. 340. Provocar a ação de autoridade, comuni-
inexistente ou praticado por outrem:
cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
ção que sabe não se ter verificado:
DIREITO PENAL

multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Configura-se este tipo penal quando o agente pro- Este crime se configura quando o agente se acusar,
vocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocor- perante a autoridade, de crime inexistente ou pratica-
rência de crime ou de contravenção penal que sabe do por outrem.
não se ter verificado. É possível a configuração deste tipo penal quando
o agente se acusar de:

z Crime não existente (a conduta criminosa sequer


foi praticada, sequer existiu); 321
z Crime existente, mas praticado por outra pessoa Sobre o crime de falso testemunha ou falsa perícia,
(a conduta criminosa foi realmente realizada, mas é importante levar para a sua prova:
foi outro indivíduo que a praticou).
z Não admite a forma culposa;
Sobre a autoacusação falsa, é importante levar em z É crime de mão própria, que só poderá ser
consideração: praticado por uma das pessoas previstas no
tipo penal;
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Admite a modalidade tentada na forma escrita, Segundo posicionamento doutrinário dominante:
quando a confissão falsa remetida se extravia;
z Não se exige que seja praticado apenas perante a z O falso testemunho não admite coautoria, mas é
autoridade policial, mas na presença de qualquer possível a participação;
autoridade competente (delegado de polícia, mem- z A falsa perícia admite coautoria e participação.
bro do Ministério Público, autoridade judicial etc.);
z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos
autoridade para a consumação do crime, bastando verbos previstos no tipo penal não pratica o crime de
a autoacusação falsa. falso testemunho, já que ele não é testemunha;
Se o agente se retratar ou falar a verdade poderá
Falso testemunho ou falsa perícia ter extinta a punibilidade do crime, desde que:

O crime de falso testemunho ou falsa perícia está z Seja realizada no processo em que ocorreu o ilícito
previsto no Artigo 342 do Código Penal. (no processo em que se deu o falso e não no proces-
so referente ao falso);
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar z Se realizada antes da sentença (ainda prevale-
a verdade como testemunha, perito, contador, tra- ce o entendimento de que se trata da sentença
dutor ou intérprete em processo judicial, ou admi- recorrível).
nistrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e Não irá responder pelo crime de falso testemu-
multa. nho a pessoa que praticar as condutas descritas no
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um
tipo penal incriminador com a finalidade de não se
terço, se o crime é praticado mediante suborno ou
autoincriminar.
se cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal, ou em processo
Lembre-se que ninguém será prejudicado por não
civil em que for parte entidade da administração produzir provas contra si mesmo.
pública direta ou indireta. Quando a testemunha mente por estar sendo
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se responde pelo crime de falso testemunho.
retrata ou declara a verdade. O Artigo 343 do Código Penal apresenta um outro
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou tipo penal, chamado por parte da doutrina de corrup-
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, ção ativa de testemunha contador, perito, intérprete
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma- ou tradutor.
ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, A figura típica é: dar, oferecer ou prometer dinhei-
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: ro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma-
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex- ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
to a um terço, se o crime é cometido com o fim de perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
obter prova destinada a produzir efeito em proces-
so penal ou em processo civil em que for parte enti-
z Verbos: dar, oferecer ou prometer;
dade da administração pública direta ou indireta.
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tradu-
tor ou intérprete;
O crime tem a seguinte conduta típica: fazer afir-
z Finalidade: fazer com que as pessoas façam
mação falsa, ou negar ou calar a verdade, como tes-
afirmação falsa, neguem ou calem a verdade
temunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou
processo judicial, ou administrativo, inquérito poli-
interpretação.
cial, ou em juízo arbitral.
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a
praticado mediante a execução de quaisquer um dos
um terço), se o crime é:
verbos previstos no tipo penal.
O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão
a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um z Cometido com o fim de obter prova destinada a
sexto) a um terço, se o crime é produzir efeito em processo penal;
z Cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo civil em que for par-
z Praticado mediante suborno
te entidade da administração pública direta ou
z Cometido com o fim de obter prova destinada a
indireta.
produzir efeito em processo penal
z Cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo civil em que for par- Sobre o crime de corrupção ativa de testemunha
te entidade da administração pública direta ou contador, perito, intérprete ou tradutor, é importante
indireta. ficar atento ao seguinte:
322
z Não pode ser praticado culposamente; z Pode ser praticado contra as autoridades respon-
z Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal; sáveis pela condução do processo, como: juízes,
z No verbo dar, é crime material; promotores, delegados de polícia, entre outros;
z Admite tentativa, quando for possível fracionar o z Só pode ser praticado dolosamente;
iter criminis; z Exige-se o dolo específico por parte do agente de
z O fato deixa de ser punível se, antes da sentença favorecer interesse próprio ou alheio;
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se z É crime formal, que se consuma com o uso de
retrata ou declara a verdade. violência ou grave ameaça, independentemente
de o coagido ceder;
Coação no curso do processo z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser
praticou por escrito e há extravio.
Art. 344. Usar de violência ou grave ameaça, com
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con- Exercício arbitrário das próprias razões
tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa
que funciona ou é chamada a intervir em proces- Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para
so judicial, policial ou administrativo, ou em juízo satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan-
arbitral: do a lei o permite:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
da pena correspondente à violência. além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
Este crime, previsto no art. 344 do Código Penal, somente se procede mediante queixa.
configura-se com a seguinte conduta típica: usar de Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi-
violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer sa própria, que se acha em poder de terceiro por
interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, determinação judicial ou convenção:
ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
a intervir em processo judicial, policial ou administra-
tivo, ou em juízo arbitral. No art. 345 do Código Penal, o crime de exercício
O crime de coação no curso do processo é aquele arbitrário das próprias razões tem como figura típica
em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente a seguinte conduta: fazer justiça pelas próprias mãos,
emprega de violência ou grave ameaça contra pessoas para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo
que participam do processo ou juízo arbitral. quando a lei o permite.
Observe a parte final da figura típica: salvo quan-
do a lei o permite.
Importante! Pode-se concluir que, quando houver permissão
Observe as duas hipóteses: legal, o agente que fizer justiça com as próprias mãos
1. Suponha que André tenha praticado um crime não será responsabilizado criminalmente. Assim, caso
o agente mate alguém em legítima defesa, não será ele
de roubo a um supermercado, estando ele sen-
responsabilizado criminalmente.
do processado por isso. Thais, funcionária do
Kelmon é proprietário de uma casa, que se encon-
supermercado, é testemunha, tendo sido marca-
tra alugada para Diogo. O inquilino está devendo
do um dia para que ela comparecesse em juízo
6 (seis) meses de aluguel. Kelmon, indignado com a
para dar seu depoimento. André, com a finalida- situação, vai até o local, troca todas as fechaduras e
de de favorecer seus próprios interesses, vai à coloca os objetos pessoais de Diogo do lado de fora.
casa de Thais e, utilizando-se de uma arma de Kelmon praticou o crime de exercício arbitrário
fogo para ameaçá-la, exige que ela diga que não das próprias razões, já que fez justiça com as próprias
foi ele quem praticou o fato, mas outra pessoa. mãos, para satisfazer pretensão legítima (ele tinha o
André praticou o crime de coação no curso do direito de receber os valores correspondentes ao alu-
processo, já que empregou de grave ameaça guel de seu imóvel).
contra pessoa chamada a intervir em processo A pretensão do agente deveria ter sido soluciona-
judicial. da pelos meios legais pertinentes.
2. Aproveitando a mesma hipótese acima, porém, Sobre o exercício arbitrário das próprias razões,
agora André, sabendo sobre o que Thais disse deve-se ficar atento ao seguinte:
na inquirição, vai à casa de Thais e, utilizando-se
de uma arma de fogo para ameaçá-la, dizendo z É crime comum, que pode ser praticado por
que irá matá-la por não dizer que foi outra pes- qualquer pessoa;
soa que praticou o crime, mas que o incriminou. z Só poderá ser praticado dolosamente;
André, nesta hipótese, praticou o crime de amea- z Admite tentativa;
DIREITO PENAL

ça, uma vez que empregou de grave ameaça con- z Caso o agente pratique o crime com emprego de
tra a pessoa após o depoimento, exaurindo-se a violência, responderá também por ela.
participação daquela na ação.
No art. 346 do Código Penal, há uma outra figura
típica, bastante parecida com o crime de exercício
Caso o agente utilize de violência para praticar o arbitrário das próprias razões.
crime de coação no curso do processo, responderá por Observe: tirar, suprimir, destruir ou danificar
este, além da pena correspondente à violência. coisa própria, que se acha em poder de terceiro por
Sobre a coação no curso do processo, fique atento determinação judicial ou convenção
às seguintes informações: Sobre este tipo penal, é importante salientar: 323
z Só pode ser praticado dolosamente; Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e
z É crime de ação múltipla, que irá se configurar com multa.
a prática de quaisquer um dos verbos previstos no 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente,
tipo penal: tirar, suprimir, destruiu ou danificar; descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
z Exige-se que a coisa seja própria do agente que isento de pena.
praticou a conduta delituosa;
z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter- O favorecimento pessoal, previsto no art. 348 do
Código Penal, irá se configurar quando o agente auxi-
minação judicial ou convenção. Se for por outro
liar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor
motivo, não se configurará este crime; de crime a que é cominada pena de reclusão.
z Admite tentativa. Este tipo penal pode gerar algumas dúvidas em você.
Para esclarecê-las, vamos analisar alguns exemplos:
Para consumação deste crime, existem duas
correntes: Exemplo 1: Júnior pratica o crime de roubo. O
delegado de polícia da região está a sua procura.
1. o crime é formal e se consuma quando o agente O autor do crime pede para se esconder do dele-
emprega o meio executório; gado na casa de Danilo, seu amigo. Danilo, em sua
2. o crime é material e só se consuma com a satisfa- casa, esconde Júnior. Júnior responderá pelo cri-
ção da pretensão visada. me de roubo; Danilo, pelo crime de favorecimento
pessoal, já que auxiliou a se subtrair da ação de
autoridade pública autor de crime a que se comina
Fraude processual
pena de reclusão.
Exemplo 2: Francisco, Jefferson e César combi-
Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de
nam um crime de roubo. Francisco e Jefferson vão
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, praticar o verbo descrito no tipo penal, César irá
de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o dar fuga aos agentes. O crime é praticado, os poli-
juiz ou o perito: ciais acabam tomando conhecimento da prática
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. delituosa e vão atrás dos criminosos, contudo, eles
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produ- conseguem se evadir. todos os agentes responde-
zir efeito em processo penal, ainda que não inicia- rão apenas pelo crime de roubo. Não se aplicando
do, as penas aplicam-se em dobro. a César, responsável pela fuga, o crime de favoreci-
mento pessoal, porque, para que se configure este
Com previsão legal no art. 347 do Código Penal, o crime, não pode o agente ter participado do crime
crime de fraude processual irá se configurar quando anterior e nem pode haver liame subjetivo prévio
o agente inovar artificiosamente, na pendência de entre os agentes, ou seja, ligação ou vínculo psico-
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de lógico e subjetivo entre os agentes do delito.
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
ou o perito. Este crime apresenta uma forma privilegiada, ao
Aplica-se a pena em dobro, se a inovação se desti- qual se comina uma pena mais branda: se ao crime
na a produzir efeito em processo penal, ainda que não praticado não é cominada pena de reclusão (detenção,
por exemplo).
indiciado o agente.
Ficará isento de pena (escusa penal absolutória),
Carlos praticou o crime de homicídio, ao matar
caso a conduta que configura o favorecimento pessoal
Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinheiro. Com seja praticado pelo:
a finalidade de simular uma hipótese de legítima defe-
sa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca, fraudu- z Ascendente;
lentamente, nas mãos da vítima, uma arma de fogo, z Descendente;
modificando o estado de pessoa. z Cônjuge;
Carlos praticou o crime de fraude processual, res- z Irmão.
pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino-
vou artificiosamente, na pendência de processo penal. Sobre o favorecimento pessoal, leve para a sua
Sobre o crime de fraude processual, fique atento prova o seguinte:
ao seguinte:
z Não pode ser praticado culposamente;
z É crime comum; z É crime comum;
z Não admite a modalidade culposa; z O crime se consuma com o êxito na subtração do
z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou criminoso;
z Caso não ocorra êxito na subtração, haverá a
perito;
modalidade tentada;
z É crime formal, que se consuma com a prática da
z É crime acessório, que exige a ocorrência de delito
conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja anterior;
efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito; z Não pratica o crime o agente que auxiliar a sub-
z Admite a modalidade tentada; trair-se à ação de autoridade pública autor de con-
travenção penal.
Favorecimento pessoal
Favorecimento real
Art. 348. Auxiliar a subtrair-se à ação de autorida-
de pública autor de crime a que é cominada pena Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de
de reclusão: co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. tornar seguro o proveito do crime:
324 § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a
autorização legal, em estabelecimento prisional. pena é de reclusão, de dois a seis anos.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa,
aplica-se também a pena correspondente à
Previsto no art. 349, do CP, o favorecimento real tem
violência.
como figura típica a seguinte conduta: prestar a crimi-
noso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxí- § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se
lio destinado a tornar seguro o proveito do crime. o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou
Requisitos do favorecimento real: guarda está o preso ou o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
z Prestar auxílio a criminoso; custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção,
z O auxílio é destinado a tornar seguro o proveito do de três meses a um ano, ou multa.
crime (que já ocorreu);
z Aquele que presta auxílio não pode ser coautor ou Previsto no art. 351, do CP, este crime tem a seguin-
receptador do crime praticado anteriormente.
te figura típica:
Ao favorecimento real, não se aplica a escusa penal
absolutória mesmo que a conduta seja praticada pelo z Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmen-
ascendente, descendente, cônjuge ou irmão. te presa ou submetida a medida de segurança
Sobre o favorecimento real, é importante mencio- detentiva.
nar que:
Como se pode observar pela leitura da figura típi-
z Não admite a culpa. ca, este tipo penal poderá ser praticado de 2 (duas)
z Admite tentativa;
formas:
z O auxílio não pode ter sido combinado previamen-
te pelos agentes, caso os agente combinem antes,
o crime não será de favorecimento real, mas sim z Com a promoção da fuga;
haverá participação; z Com a facilitação da fuga.
z É crime comum.
z Há uma conduta típica, prevista no Artigo 349-A Este crime apresenta, também, formas qualifica-
do Código Penal, inserida no ano de 2009, chama- das e uma forma culposa.
do por parte da doutrina de favorecimento real
impróprio. Na forma culposa, é crime próprio, que será prati-
cado pelo funcionário incumbido da guarda ou custó-
Observe: ingressar, promover, intermediar, auxi- dia da pessoa presa.
liar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de Sobre o crime de fuga de pessoa presa ou subme-
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autori- tida à medida de segurança, é importante levar em
zação legal, em estabelecimento prisional. consideração:
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
praticado mediante a execução de quaisquer um dos
verbos descritos no tipo penal incriminador. z Pode ser praticado tanto intramuros (no interior
Sobre este crime, é importante levar para a sua de estabelecimento de natureza prisional) quando
prova: extramuros (durante procedimento de escolta ou
condução);
z Não admite a culpa; z Em regra, trata-se de crime comum, que pode ser
z Caso haja autorização legal para ingresso do apa- praticado por qualquer pessoa;
relho, o fato será atípico;
z Admite a forma culposa;
z É crime comum;
z A pessoa que se encontra presa poderá responder z É necessário, para configuração do crime, que a
por este tipo penal, contudo, caso apenas utilize o prisão a que está submetida a pessoa seja legal;
aparelho que ingressou no estabelecimento prisio- z Trata-se de crime material, que se consuma com a
nal, não será punido por este crime, cometendo efetiva fuga;
apenas falta grave, de acordo com a Lei de Execu- z Admite a forma tentada;
ções Penais.
z Caso seja praticado mediante violência contra pes-
soa, responderá o agente também pela violência;
Exercício arbitrário ou abuso de poder

Este crime, previsto no Artigo 350 do Código Penal, Forma qualificada:


encontrava-se revogado tacitamente pela Lei de Abu-
DIREITO PENAL

so de Autoridade, Lei 4.898/1965. z Se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia
Com a Lei nº 13.964/2019, o crime foi expressa- ou guarda está o preso ou internado, será crime
mente revogado. próprio;
z Se se a prisão for ilegal, não haverá a incidência
Fuga de pessoa presa ou submetida à medida de
deste crime, uma vez que presente a legítima defe-
segurança
sa de terceiro.
Art. 351. Promover ou facilitar a fuga de pessoa z Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais
legalmente presa ou submetida a medida de segu- de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a
rança detentiva: pena é de reclusão, de dois a seis anos. 325
Evasão mediante violência contra pessoa Ordem diz respeito à tranquilidade do ambiente
prisional.
Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o Disciplina consiste no respeito e obediência às
indivíduo submetido a medida de segurança deten- regras previamente estabelecidas.
tiva, usando de violência contra a pessoa: A prisão há de ser legal, pois as pessoas detidas
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da indevidamente têm o direito de se opor ao arbítrio do
pena correspondente à violência. Estado.
Trata-se de crime próprio e plurissubjetivo, pluri-
Previsto no art. 352, do CP, este crime irá se con- lateral ou de concurso necessário (precisa de mais de
figurar quando o preso ou indivíduo submetido a uma pessoa para praticar o crime), somente pode ser
medida de segurança detentiva se evadir ou tentar se cometido pelos “presos”.
evadir, usando de violência contra a pessoa. Vejamos que a lei não aponta um número mínimo
Sobre este crime, é muito importante que você de indivíduos para a concretização do delito, é lícito
leve em consideração: concluir que se exigem pelo menos três pessoas, pois
quando o CP quer duas ou quatro pessoas ele o diz
z Trata-se de crime próprio, que só poderá ser prati- expressamente.
cado por pessoa presa ou submetida a medida de Sobre este crime, são relevantes as seguintes
segurança detentiva; informações:
z Só pode ser praticado dolosamente;
z É crime de atentado ou de empreendimento, pois z Não admite a modalidade culposa;
prevê expressamente em sua descrição típica z Exige dolo específico: fim de maltratar o preso
a conduta de tentar o resultado, por isso, não (aplicar-lhe uma surra, por exemplo);
admite a tentativa; z É crime comum;
z Exige-se o emprego de violência contra pessoa. z O tipo penal diz preso, sem discriminar se a prisão
legal ou ilegal, por isso, pode cometer o crime mes-
Caso não haja emprego de violência ou se esta for mo que a prisão seja ilegal;
empregada contra coisa, não irá se configurar este z O direito penal não permitir a analogia, portan-
crime. to, não haverá a incidência deste crime se o ato é
cometido contra pessoa internada por medida de
Exemplo 1: Michele, presa em uma penitenciá- segurança;
ria feminina, para fugir, emprega violência con- z O preso arrebatado é sujeito passivo secundário;
tra uma agente prisional, conseguindo, assim, z É crime formal, que se consuma com o arrebatamento,
evadir-se. independentemente de se conseguir maltratar o preso;
Exemplo 2: Michele, presa em uma penitenciária z Admite a forma tentada;
feminina, aproveitando de um momento de des- z Quando o agente empregar a violência em con-
cuido dos agentes prisionais, quebra uma janela curso com o arrebatamento de preso, seja lesão
corporal leve, grave ou gravíssima, mesmo que o
com um soco e foge do estabelecimento prisional.
resultado seja morte, o sujeito ativo responderá
Exemplo 3: Michele, presa em uma penitenciária
pelos dois crimes (arrebatamento de preso e lesão
feminina, ao verificar que os agentes prisionais
corpora, por exemplo).
estão distraídos, foge, pulando o muro do estabe-
lecimento prisional.
Motim de presos
Apenas no exemplo 1, haverá a configuração do
Art. 354. Amotinarem-se presos, perturbando a
crime de evasão mediante violência contra pessoa, já ordem ou disciplina da prisão:
que no exemplo 2 a violência foi empregada contra Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
coisa e no exemplo 3 não houve emprego de violência. pena correspondente à violência.

Dica O crime de motim de presos, previsto no art. 354


do Código Penal, irá se configurar quando se amoti-
Se da violência resultarem lesões, ainda que narem presos, perturbando a ordem ou disciplina da
leves, ou morte, o agente responderá pelos dois prisão.
crimes, e as penas serão somadas. Sobre este crime, fique atento ao seguinte:

Arrebatamento de preso z É crime plurissubjetivo ou de concurso necessário,


já que será praticado por “presos”;
Art. 353. Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do z É crime próprio, que só poderá ser praticado por
poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: pessoas presas;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena z Só pode ser praticado dolosamente;
correspondente à violência. z O Código Penal não faz referência ao número de
presos que são necessários para a configuração do
O crime de arrebatamento de preso, previsto no tipo penal, mas deixa claro se tratar de um crime
art. 353, do CP, tem como figura típica a seguinte con- coletivo;
duta: arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder z Não é relevante, para fins de caracterização des-
de quem o tenha sob custódia ou guarda. te crime, se o interesse dos presos é legítimo ou
Amotinarem-se, transmitindo a ideia de revolta ilegítimo;
coletiva dos presos com a ordem e a disciplina da pri- z Caso seja praticado com emprego de violência, res-
326 são, provocando perturbação e alvoroço. ponderá os agentes, também, por ela;
z Caso os agentes consigam se evadir em decorrên- Previsto no art. 356, do CP, este crime se configu-
cia da violência empregada para o motim, respon- ra quando o agente inutilizar, total ou parcialmente,
derão também pelo crime do art. 352 do CP. ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de
z Admite a forma tentada. valor probatório, que recebeu na qualidade de advo-
gado ou procurador.
Patrocínio infiel Este crime pode ser praticado de 2 (duas) formas:

Art. 355. Trair, na qualidade de advogado ou pro- z Inutilizar, total ou parcialmente, autos, documento
curador, o dever profissional, prejudicando interes-
ou objeto de valor probatório (forma comissiva);
se, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. z Deixar de restituir autos, documento ou objeto de
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advo- valor probatório (forma omissiva).
gado ou procurador judicial que defende na mesma cau-
sa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Sobre este tipo penal, é importante ficar atento ao
seguinte:
No art. 355, do CP, temos 2 (dois) crimes distintos,
com as seguintes condutas típicas: patrocínio infiel no z É crime próprio, que só pode ser praticado pelo
caput e patrocínio simultâneo ou tergiversação no §1º. advogado ou procurador que recebeu os autos,
Patrocínio Infiel: trair, na qualidade de advogado documento ou objeto de valor probatório;
ou procurador, o dever profissional, prejudicando z Não é punido na modalidade culposa;
interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado. z A doutrina dominante admite a tentativa na moda-
Sobre o crime de patrocínio infiel, é importante lidade comissiva, mas não admite na modalidade
que você saiba que: omissiva.

z É crime próprio, que só será praticado pelo advo- Exploração de prestígio


gado ou procurador que trair o dever funcional;
z É crime material, que se consuma quando se preju-
Está previsto no art. 357, do CP.
dicar o interesse do representado;
z Não admite forma culposa;
Art. 357. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
z Admite tentativa somente quando o advogado ou
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
procurador pretende cometer o crime na forma
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça,
comissiva, uma vez que na forma omissiva não se
perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
admite a tentativa;
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
z É crime próprio;
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um
z Não admite a forma culposa;
terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro
z É crime formal, que não exige o prejuízo;
ou utilidade também se destina a qualquer das pes-
soas referidas neste artigo.
Patrocínio simultâneo ou tergiversação: defender,
na mesma causa, o advogado ou procurador judicial,
O crime de exploração de prestígio tem como
simultânea (patrocínio simultâneo) ou sucessiva-
mente (tergiversação ou patrocínio sucessivo), partes figura típica a seguinte conduta: solicitar ou receber
contrárias. dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de
influir em juiz, jurado, órgão do ministério público,
z O patrocínio simultâneo se configura quando o advo- funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou
gado patrocinar as partes contrárias simultaneamente; testemunha.
z A tergiversação se configura quando o advogado De forma alguma, você poderá confundir este tipo
deixa de patrocinar o seu cliente para patrocinar penal com o crime de tráfico de influência, previsto no
a parte contrária. Artigo 332 do CP.
A pena do crime de exploração de prestígio será
Sobre o crime de patrocínio simultâneo ou tergi- aumentada de 1/3 (um terço):
versação é importante que você saiba que:
z Se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
z Crime doloso utilidade também se destina ao juiz, ao jurado,
z Não admite a modalidade culposa ao órgão do ministério público, ao funcionário de
z A traição do advogado ou procurador deve produ- justiça, ao perito, ao tradutor, ao intérprete ou à
zir prejuízo relevante de qualquer natureza, mate- testemunha.
rial ou moral, desde que lícito.
DIREITO PENAL

z Admite tentativa Sobre o crime de exploração de prestígio, leve para


z A ação penal é pública incondicionada.
a sua prova:
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
z É crime comum, que poderá ser praticado por
qualquer pessoa;
Art. 356. Inutilizar, total ou parcialmente, ou dei-
xar de restituir autos, documento ou objeto de valor z Só poderá ser praticado dolosamente;
probatório, que recebeu na qualidade de advogado z No verbo solicitar é crime formal;
ou procurador: z No verbo receber é crime material;
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. z Admite tentativa. 327
Violência ou fraude em arrematação judicial Há, nos dois delitos, o descumprimento de ordem
legal emanada de funcionário público. No entanto, o
Art. 358. Impedir, perturbar ou fraudar arrema- crime definido no art. 359, do CP, possui elementos
tação judicial; afastar ou procurar afastar con- especializantes, pois o agente não desobedece a uma
corrente ou licitante, por meio de violência, grave
simples ordem legal emitida por qualquer funcioná-
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
rio público.
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
Neste crime vai além, exercendo função, atividade,
além da pena correspondente à violência.
direito, autoridade ou múnus de que estava suspenso
Previsto no art. 358, do CP, este crime irá se con- ou privado por decisão judicial.
figurar quando o agente impedir, perturbar ou frau- Tutela-se a Administração da justiça.
dar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar Quanto ao sujeito ativo, verifica-se que se trata
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave de crime próprio ou especial, pois somente pode ser
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem. praticado pela pessoa que, por decisão judicial, foi
Arrematação judicial, também conhecida como suspensa ou privada relativamente ao exercício de
leilão ou praça, é o ato de transferência dos bens determinada função, atividade, direito, autoridade ou
penhorados do devedor, em que um funcionário da múnus.
justiça apregoa e um interessado os adquire, em hasta O sujeito passivo é o Estado.
pública, pelo maior lance. Consuma-se com o simples exercício da função,
Trata-se de atividade inerente ao Poder Judiciário, atividade, direito, autoridade ou múnus do qual o
consistente em verdadeira expropriação destinada à agente foi suspenso ou privado por decisão judicial,
satisfação de crédito não cumprido voluntariamente. ainda que desta conduta não seja produzido nenhum
Sobre este crime, é importante ficar atento ao resultado naturalístico.
seguinte: Basta a prática de um único ato capaz de afrontar a
determinação emanada do Poder Judiciário.
z É crime comum, que pode ser praticado por
Sobre este crime, é importante que você leve em
qualquer pessoa;
consideração as seguintes informações:
z Não admite a forma culpada;
z Admite tentativa quando o agente não consegue,
por circunstâncias alheias a sua vontade, impedir, z Só poderá ser praticado dolosamente;
perturbar ou fraudar a arrematação judicial. z Admite a modalidade tentada;
z As condutas relacionadas ao licitante foram revo- z Exige-se que a suspensão ou privação se dê por
gadas pela Lei nº 8.666/1993, Lei de Licitações, com decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis-
possível tipificação nos arts. 93 e 95 da citada lei, trativa, não irá se configurar este tipo penal.
vejamos:
CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização
de qualquer ato de procedimento licitatório: Os crimes contra as finanças públicas foram acres-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, cidos ao Código Penal, em capítulo próprio dos crimes
e multa. contra a administração pública, no ano 2000.
Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por Estão previstos do Artigo 359-A ao Artigo 359-H.
meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofereci-
mento de vantagem de qualquer tipo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul- Dica
ta, além da pena correspondente à violência.
Já adianto que os crimes contra as finanças
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem
públicas são próprios, praticados por funcioná-
oferecida. rio público (crimes funcionais), exigindo-se que
(...); este funcionário possa dispor sobre as finanças
públicas.
z No caso de emprego de violência, responderá o
agente, também, por ela. Parte considerável da doutrina entende ser possí-
vel que o particular seja sujeito ativo dos crimes contra
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou as finanças públicas, mas desde que, por força de lei,
suspensão de direito tenha disponibilidade sobre elas. Entretanto, tal pos-
sibilidade se trata de caso extremamente excepcional.
Art. 359. Exercer função, atividade, direito, autori- Todos os crimes contra as finanças públi-
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por cas são processados mediante ação penal pública
decisão judicial: incondicionada.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Contratação de operação de crédito
Este crime está previsto no art. 359, do CP e irá se
configurar quando o agente exercer função, atividade, Este crime se encontra previsto no art. 359-A do, CP.
direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou
privado por decisão judicial. Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar opera-
O crime de desobediência a decisão judicial sobre per- ção de crédito, interno ou externo, sem prévia auto-
da ou suspensão de direito, inserido no Código Penal entre rização legislativa:
os crimes contra a Administração da justiça, representa Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
uma modalidade especial do delito de desobediência, capi- Parágrafo único. Incide na mesma pena quem orde-
tulado no art. 329 do CP entre os crimes praticados por par- na, autoriza ou realiza operação de crédito, interno
328 ticular contra a Administração em geral. ou externo:
I – com inobservância de limite, condição ou mon- Sobre os restos a pagar, trata-se das despesas
tante estabelecido em lei ou em resolução do Sena- empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezem-
do Federal; bro. Dessa forma, o tipo penal pune o administrador
II – quando o montante da dívida consolidada ultra- que:
passa o limite máximo autorizado por lei.
a) inscreve em restos a pagar despesas que não foram
Conduta típica: ordenar, autorizar ou realizar ope- previamente empenhadas; ou
ração de crédito, interno ou externo, sem prévia auto- b) inscreve em restos a pagar despesas previamente
rização legislativa. empenhadas, mas com excesso aos limites legais.
Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser
praticado mediante a execução de qualquer um dos Quanto ao sujeito ativo, somente pode ser pra-
verbos previstos no tipo penal. Respondendo por este ticado pelo agente público dotado da atribuição de
crime aquele que praticar a conduta típica. ordenar ou autorizar a inscrição da despesa. Se o fun-
Há formas equiparadas do crime de contratação cionário público praticar o ato sem atribuição legal
de operação de crédito, incorrendo nas mesmas penas para tanto, este será passível de anulação pelo próprio
aquele que ordena, autoriza ou realiza, operação de Poder Público, tornando atípica a conduta.
crédito, interno ou externo: O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí-
pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa-
z Com inobservância de limite, condição ou montan- tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente,
te estabelecido em lei ou em resolução do Senado a coletividade, em face do prejuízo causado pelo abalo
Federal; nas finanças públicas.
z Quando o montante da dívida consolidada ultra- Consuma-se no momento da prática da conduta
legalmente descrita, ordenar ou autorizar a inscrição em
passa o limite máximo autorizado por lei.
restos a pagar, independentemente da lesão ao erário.
Sobre este crime, é importante levar em
Sobre este crime, é importante que você leve em consideração:
consideração:
z Não admite a modalidade culposa; e
z Não admite a modalidade culposa; z Trata-se de crime de ação múltipla.
z Caso o agente pratique as condutas com autoriza-
ção legislativa prévia, o fato será atípico, mas, se Assunção de obrigação no último ano do mandato ou
ultrapassar os limites da lei, o fato será típico; legislatura
z Nos verbos ordenar e autorizar, o crime é formal;
z No verbo realizar, o crime é material. Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de
obrigação, nos dois últimos quadrimestres do últi-
Inscrição de despesas não empenhadas em restos a mo ano do mandato ou legislatura, cuja despesa
pagar não possa ser paga no mesmo exercício financei-
ro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício
Este crime está previsto no art. 359-B, do CP. seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de
disponibilidade de caixa:
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
restos a pagar, de despesa que não tenha sido pre-
viamente empenhada ou que exceda limite estabe- Este crime, previsto no art. 359-C, do CP, tem como
lecido em lei: figura típica a seguinte conduta: ordenar ou autori-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. zar a assunção de obrigação, nos dois últimos qua-
drimestres do último ano do mandato ou legislatura,
Irá se configurar quando o agente ordenar ou cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício
autorizar a inscrição em restos a pagar de despesa financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercí-
que não tenha sido previamente empenhada ou que cio seguinte, que não tenha contrapartida suficiente
exceda limite estabelecido em lei. de disponibilidade de caixa.
Pode ser praticado de duas formas: O objeto material do crime é a obrigação assumida
nos dois últimos quadrimestres do último ano do
z Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a mandato ou legislatura.
Pode ser praticado de 2 (duas) formas:
pagar de despesa que não tenha sido previamente
empenhada;
z Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação,
z Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar
nos dois últimos quadrimestres do último ano do
de despesa que exceda limite estabelecido em lei.
mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser
paga no mesmo exercício financeiro;
Se faz necessário compreender o empenho, a liqui- z Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos
DIREITO PENAL

dação e a ordem de pagamento: dois últimos quadrimestres do último ano do man-


Empenho: ato emanado de autoridade competente dato ou legislatura, se restar parcela a ser paga no
que cria para o Estado obrigação de pagamento pen- exercício seguinte, que não tenha contrapartida
dente ou não de implemento de condição; suficiente de disponibilidade de caixa.
Liquidação: consiste na verificação do direito
adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e A prática do crime não está apenas relacionada ao
documentos comprobatórios do respectivo crédito; e mantado eletivo, mas também mandato decorrente
Ordem de pagamento: despacho exarado por auto- de indicação.
ridade competente, determinando que a despesa seja Trata-se de crime próprio ou especial, por isso, o
paga. sujeito ativo somente pode ser cometido pelos agentes 329
públicos titulares de mandato ou legislatura, repre- Prestação de garantia graciosa
sentantes dos órgãos e entidades indicados no art. 20
da Lei Complementar nº 101/2000, Lei de Responsabi- Está previsto no art. 359-E, do CP.
lidade Fiscal, pois apenas tais pessoas têm atribuição
para assunção de obrigações. Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédi-
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí- to sem que tenha sido constituída contragarantia
pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa- em valor igual ou superior ao valor da garantia
tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente, prestada, na forma da lei:
a coletividade, em face do prejuízo causado pelo abalo Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
nas finanças públicas.
Consuma-se quando o sujeito ativo ordena ou auto- Conduta típica: prestar garantia em operação de
riza a assunção de obrigação, nos últimos oito meses crédito sem que tenha sido constituída contragarantia
do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa em valor igual ou superior ao valor da garantia pres-
ser paga naquele exercício financeiro ou reste parte tada, na forma da lei.
a ser paga no exercício seguinte, sem contrapartida O tipo penal pune a conduta do funcionário públi-
suficiente para tanto, independentemente da compro- co que presta garantia sem a observância do requisito
vação de prejuízo aos cofres públicos. legal.
Sobre este crime, é importante que você fique Quanto aos requisitos legais, devemos entender
atento às seguintes disposições: que “prestar” tem o sentido de conceder ou autorizar
garantia, e isto está em conformidade com o art. 29,
z Só pode ser praticado dolosamente; inc. IV, da Lei Complementar nº 101/2000, Lei de Res-
z Este crime só se configura se as condutas típicas ponsabilidade Fiscal, concessão de garantia que é o
forem praticadas nos dois últimos quadrimestres compromisso de adimplência de obrigação financeira
(oito meses anteriores ao término do mandato) do ou contratual assumida por algum ente da Federação
último ano do mandato ou legislatura. ou entidade a este vinculada.
z É crime de ação múltipla; e As condições para a concessão de garantia encon-
z Admite a modalidade tentada, apesar de ser de tram-se no art. 40 da citada lei. Destaca-se entre elas
difícil comprovação, segundo posicionamento o oferecimento de contragarantia, em valor igual ou
doutrinário majoritário. superior ao da garantia a ser concedida, visando o
equilíbrio das finanças públicas.
Ordenação de despesa não autorizada Sobre este crime, fique atento:

O crime de ordenação de despesa não autorizada z Este crime não admite a modalidade culposa.
está previsto no art. 359-D, do CP. z Não basta que seja constituída a contragarantia,
exige-se que ela seja igual ou superior ao valor da
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: garantia prestada.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Caso a contragarantia seja inferior ou não seja
Irá se configurar quando o agente ordenar despesa prestada, este crime estará configurado.
não autorizada por lei.
Ordenar tem o sentido de mandar, determinar que Não cancelamento de restos a pagar
se realize a despesa pública, a qual compreende os
desembolsos efetuados pelo Estado para fazer frente Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de
às suas diversas responsabilidades junto à sociedade. promover o cancelamento do montante de restos a
Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime próprio ou pagar inscrito em valor superior ao permitido em
especial, pois somente pode ser cometido pelo funcio- lei:
nário público com atribuição para ordenar despesas, Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
conhecido como “ordenador de despesas”.
O tipo penal não alcança o “realizador de despesas”, Previsto no art. 359-F, do CP, o crime de não can-
compreendido como a pessoa que se limita a cumprir celamento de restos a pagar irá se configurar quando
ou executar a ordem expedida pelo ordenador. o agente deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Muni- mover o cancelamento do montante de restos a pagar
cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente inscrito em valor superior ao permitido em lei.
federativo prejudicado pela conduta criminosa, e, Deixar de ordenar é não determinar a terceiro que
secundariamente, a coletividade, em decorrência dos algo seja feito;
prejuízos causados pela ordenação de despesas públi- Deixar de autorizar é não permitir que terceira
cas não autorizadas em lei. pessoa faça algo; e
Consuma-se o crime quando o funcionário público Deixar de promover equivale a não realizar direta-
mente alguma coisa.
ordena a realização da despesa sem autorização legal,
O administrador público que se depara com restos
independentemente da comprovação de efetiva lesão
a pagar inscritos em valor superior ao limite permiti-
ao erário.
do em lei tem o dever legal de autorizar, ordenar ou
Sobre este tipo penal, é importante mencionar que:
promover o seu cancelamento, sob pena de incorrer
no crime de não cancelamento de restos a pagar.
z Não admite a forma culposa; O sujeito ativo é o funcionário público com atribui-
z É crime de ação simples; ção para ordenar, autorizar ou promover o cancela-
z Caso a despesa seja ordenada com autorização mento do montante de restos a pagar indevidamente
legislativa, o fato será atípico; inscritos. Trata-se de crime próprio ou especial. Com
330 z É crime formal, segundo Nucci. isso, o funcionário público que deixa o cargo será
responsabilizado pela “inscrição de despesas não Assim, fora do período legalmente indicado não
empenhadas em restos a pagar” (art. 359-B), ao passo há falar na prática do delito, ainda que exista ilegal
que o funcionário público que assume o cargo deverá aumento da despesa total com pessoal.
ser responsabilizado por não ter determinado o “can- O sujeito ativo somente pode ser praticado pelo
celamento do montante de restos a pagar” (art. 359-F), funcionário público com atribuição para ordenar,
inscrito em valor superior ao legalmente permitido.
autorizar ou executar ato que acarrete aumento de
Os dois agentes contribuem para o mesmo resul-
despesa total com pessoal, nos últimos 180 dias do
tado, mas a eles serão imputados crimes diversos, em
face do especial tratamento conferido pela lei penal. mandato ou legislatura.
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí- O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí-
pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa- pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa-
tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente, tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente,
a coletividade, em razão dos prejuízos causados pelo a coletividade, em razão dos prejuízos causados pelo
não cancelamento de restos a pagar. aumento de despesa total com pessoal no último ano
O crime se consuma quando o sujeito ativo deixa do mandato ou legislatura.
de ordenar, de autorizar ou de promover o cancela- Consuma-se quando o agente público ordena,
mento do montante de restos a pagar inscrito inde- autoriza ou executa o ato de aumento de despesa com
vidamente, independentemente de comprovação de
pessoal, nos últimos 180 dias de mandato ou legislatu-
lesão patrimonial ao erário.
ra, independentemente da comprovação de prejuízo
A omissão que não ultrapassa os limites de restos a
pagar não configura este crime. econômico ao erário.
Sobre este crime, fique atento ao seguinte: Sobre este crime, leve em consideração o seguinte:

z Só pode ser praticado dolosamente; z Só pode ser praticado dolosamente;


z É crime omissivo; z É crime de ação múltipla;
z Não admite tentativa. z Para sua configuração, deve ser praticado nos 180
dias que antecedem o fim do mandato ou legisla-
Aumento de despesa total com pessoal no último tura. Caso realizado em outro período, não irá se
ano do mandato ou legislatura configurar;
z Admite tentativa.
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
acarrete aumento de despesa total com pessoal, Oferta pública ou colocação de títulos no mercado
nos cento e oitenta dias anteriores ao final do man-
dato ou da legislatura: Este crime se encontra previsto no art. 359-H, do
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. CP.

Previsto no art. 359-G, do CP, este crime tem como Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a ofer-
figura típica a seguinte conduta: ordenar, autorizar ou ta pública ou a colocação no mercado financeiro
executar ato que acarrete aumento de despesa total de títulos da dívida pública sem que tenham sido
com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao criados por lei ou sem que estejam registrados em
final do mandato ou da legislatura. sistema centralizado de liquidação e de custódia:
Ordenar é determinar alguma coisa; Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Autorizar significa permitir que algo seja feito; e
Executar traz a ideia de realizar ou concretizar algo A conduta típica é: ordenar, autorizar ou promo-
Este crime tem como finalidade evitar que se ver a oferta pública ou a colocação no mercado finan-
aumente as despesas totais com pessoal, concedendo ceiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido
aumentos, contratando, alterações na carreira, entre criados por lei ou sem que estejam registrados em sis-
outras formas, nos últimos dias do mandato ou legis- tema centralizado de liquidação e de custódia.
latura, deixando para outro funcionário público a res- Ordenar é determinar.
ponsabilidade de arcar com os compromissos.
Autorizar equivale a permitir que algo seja feito.
A diferença entre o art. 359-G e o art. 359-C do
Promover traz a ideia de realizar, concretizar a
CP, é que o crime em estudo não se relaciona com a
oferta pública ou colocação de títulos no mercado.
infração penal tipificada no art. 359-C do CP, porque
O objeto material do crime são os títulos da dívida
na assunção de obrigação no último ano do manda-
pública. Nos termos do art. 29, inciso II, da Lei Comple-
to ou legislatura levam-se em conta despesas que não
podem ser pagas no mesmo exercício, ficando a obri- mentar nº 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal,
gação de pagamento ao sucessor, sem ter disponibili- considera-se dívida pública mobiliária aquela repre-
dade orçamentária para tanto. sentada por títulos emitidos pela União, inclusive os
No art. 359-G, do CP, o aumento de despesa com pes- do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios.
DIREITO PENAL

soal é permanente, ou seja, irá ultrapassar o exercício O sujeito ativo somente pode ser praticado pelo
financeiro, atingindo anos futuros. Consequentemen- funcionário público dotado da atribuição para orde-
te, o orçamento do ente federativo ou órgão público nar, autorizar ou promover oferta pública ou colo-
ficará inevitavelmente comprometido, deixando de cação no mercado financeiro de títulos da dívida
propiciar ao administrador público futuro condições pública.
para gerir adequadamente a máquina estatal. O sujeito passivo é a União, os Estados, os Muni-
Destaca-se que o elemento temporal do art. 359-G, cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente
do CP, está consubstanciado na expressão “nos cento federativo atingido pela conduta criminosa, e, media-
e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da tamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela
legislatura”. compra de títulos irregularmente emitidos. 331
Consuma-se o crime em estudo no momento em 3. (CESPE – 2020) Acerca dos princípios aplicáveis ao
que o agente público ordena, autoriza ou promove a direito penal e das disposições gerais acerca dos cri-
mes contra o patrimônio, contra a dignidade sexual e
oferta pública ou a colocação no mercado financeiro
contra a administração pública, julgue o item a seguir.
de títulos da dívida pública sem que tenham sido cria-
dos por lei ou sem que estejam registrados em sistema A revogação do crime de atentado violento ao pudor
centralizado de liquidação e de custódia, independen- não configurou abolitio criminis, pois houve continui-
temente de efetivo prejuízo ao erário. dade típico -normativa do fato criminoso.
Sobre este crime, é importante mencionar:
( ) CERTO ( ) ERRADO
z Só pode ser praticado dolosamente;
z É crime de ação múltipla; 4. (CESPE – 2019) No que tange à aplicação da lei penal,
z Caso os títulos da dívida pública tenham sido cria- a lei penal nova que
dos por lei ou estejam registrados no sistema cen-
tralizado de liquidação e de custódia, a prática da a) Diminui a pena de crime contra a ordem tributária não
conduta prevista no tipo penal irá ser atípico. retroage.
b) Tipifica penalmente a conduta de deixar de cumprir
alguma obrigação fiscal acessória retroage.
c) Torna atípica determinada conduta aplica-se aos fatos
HORA DE PRATICAR! anteriores, desde que ainda não decididos por senten-
ça condenatória transitada em julgado.
d) Estabelece nova hipótese de extinção de punibilidade
1. (CESPE – 2019) A respeito de características do direito não se aplica aos fatos anteriores.
penal, assinale a opção correta. e) Torna atípica determinada conduta cessa os efeitos
penais da sentença condenatória decorrente dessa
a) Segundo o direito penal, é possível incriminar a simples prática, ainda que já tenha transitado em julgado.
conduta humana que exponha a perigo bens jurídicos,
ainda que não exista vítima determinada e direta. 5. (CESPE – 2019) A respeito da aplicação da retroativi-
b) O direito penal tem os princípios como fontes de inte- dade da lei no direito penal, assinale a opção correta.
gração da lei penal, que devem ser utilizados em caso
de omissão legislativa, mas cuja aplicação é vedada a) A aplicação da retroatividade ocorre mesmo em caso
para desfavorecer o réu. de aumento de pena, como forma de garantir a justiça
c) De acordo com o direito penal, a aplicação de nova lei, para o réu que tiver cometido o crime após a entrada
em vigor da lei mais severa.
no caso de esta estabelecer nova causa de diminuição
b) A retroatividade de lei mais benéfica não pode ser apli-
de pena e nova causa de aumento para um tipo penal cada a medida de segurança.
incriminador existente, deve ser afastada a fato ocor- c) A retroatividade de lei mais benéfica somente será
rido antes de sua vigência, ainda que em benefício do cabível no caso de haver abolitio criminis.
réu. d) A aplicação da retroatividade da lei é concebível, desde
d) Segundo o direito penal, a fato praticado durante a que em benefício do réu como medida de justiça.
vigência de lei excepcional, quando findo o período e) A aplicação da retroatividade da lei é vedada consti-
de sua duração ou quando cessarem as circunstân- tucionalmente em qualquer circunstância, a fim de
cias que a determinaram, não mais se aplica a lei garantir a segurança jurídica.
excepcional.
e) O direito penal estabelece, com fundamento na teoria 6. (CESPE – 2019) Nas disposições penais da Lei Geral
da Copa, foi estabelecido que os tipos penais previs-
da atividade, que deve ser analisado todo o desdobra-
tos nessa legislação tivessem vigência até o dia 31 de
mento da ação criminosa para se estabelecer o local
dezembro de 2014.
do delito. Considerando-se essas informações, é correto afirmar
que a referida legislação é um exemplo de lei penal
2. (CESPE – 2019) Em relação à aplicação da lei penal,
assinale a opção correta. a) Excepcional.
b) Temporária.
a) O advento de lei penal que torne atípica determina- c) Corretiva.
da conduta retroage para alcançar fatos anteriores já d) Intermediária.
transitados em julgado, sendo mantidos alguns efei-
tos penais da condenação. 7. (CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do
b) A lei temporária, com o término do período de sua dura- crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item
seguinte.
ção, perde totalmente sua vigência e aplicação.
O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo
c) Considera-se praticado o crime no lugar em que tiver
a qual o delito deverá ser considerado praticado no
ocorrido a ação ou omissão, ainda que outro seja o momento da ação ou da omissão e o local do crime
local em que tenha sido produzido o resultado. deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou a
d) A lei penal admite interpretação analógica para incluir omissão.
hipóteses análogas às elencadas pelo legislador, ainda
que prejudiciais ao agente. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) A analogia não é permitida em relação a leis penais
332 incriminadoras nem a permissivas.
8. (CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do 12. (CESPE 2019) Considerando o Código Penal brasileiro,
crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item julgue o item a seguir, com relação à aplicação da lei
seguinte.
A superveniência de lei penal mais gravosa que a ante- penal, à teoria de delito e ao tratamento conferido ao
rior não impede que a nova lei se aplique aos crimes erro.
continuados ou ao crime permanente, caso o início da Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se pra-
vigência da referida lei seja anterior à cessação da con-
ticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
tinuidade ou da permanência.
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
( ) CERTO ( ) ERRADO produziu ou deveria ter sido produzido o resultado.

9. (CESPE – 2019) André, de vinte e dois anos de ida- ( ) CERTO ( ) ERRADO


de, com o propósito de ferir Bernardo, seu desafeto,
agrediu-o com socos no abdome, lesionando-o signifi-
cativamente. Durante a agressão, André decidiu matar 13. (CESPE – 2019) Acerca das regras de territorialidade
Bernardos; com o emprego de uma barra de ferro, ele e de extraterritorialidade da lei penal, assinale a opção
golpeou a cabeça de Bernardo, que, em virtude dos feri- correta.
mentos provocados por esse instrumento, veio a fale-
cer ainda no local do fato.
Nessa situação hipotética, André deverá ser punido. a) Crime de genocídio praticado fora do território brasi-
leiro poderá ser julgado no Brasil quando cometido
a) Pelo delito de lesão corporal seguida de morte. contra povo alienígena por estrangeiro domiciliado no
b) Pelo delito de homicídio apenas, sendo o caso de cri-
Brasil.
me progressivo.
c) Pelos delitos de lesão corporal e homicídio em conti- b) O brasileiro que praticar crime em território estrangei-
nuidade delitiva. ro poderá ser punido, devendo ser aplicada ao fato
d) Pelo delito de homicídio apenas, consistindo em pro- a lei penal brasileira, ainda que o agente não mais
gressão criminosa a evolução de lesão corporal para
homicídio. ingresse no Brasil.
e) Pelos delitos de lesão corporal e homicídio em concur- c) Crime contra a administração pública nacional pratica-
so formal. do no exterior ficará sujeito à lei brasileira quando o
agente criminoso que estava a serviço da administra-
10. (CESPE – 2020) Com relação ao tempo e ao lugar do
crime, o Código Penal brasileiro adotou, respectiva- ção regressar ao Brasil.
mente, as teorias do(a) d) Crime praticado em embarcação de propriedade de
governo estrangeiro, quando se encontrar em mar terri-
a) Resultado e da ação.
torial brasileiro, ficará sujeito à lei penal brasileira.
b) Consumação e do resultado.
c) Atividade e da ubiquidade. e) Crime praticado em aeronave brasileira de proprieda-
d) Ubiquidade e da atividade. de privada em território estrangeiro não se sujeita à
e) Ação e da consumação.
lei penal brasileira, mesmo que não seja julgado no
11. (CESPE – 2019) A respeito da lei penal no tempo e no exterior.
espaço, julgue os seguintes itens, tendo como refe-
rência o Código Penal e a jurisprudência dos tribunais 14. (CESPE – 2020) No que se refere a aspectos legais
superiores. relacionados aos procedimentos policiais, julgue o
item a seguir.
I - A lei penal mais benéfica retroagirá em benefício do
réu, de acordo com o princípio da retroatividade benéfi- Age em legítima defesa o policial rodoviário federal
ca penal. que, aplicando técnicas de defesa policial, causa esco-
riações em um infrator que resiste à prisão.
II - Em relação ao tempo do crime, o direito penal brasilei-
ro adota a teoria da atividade.
( ) CERTO ( ) ERRADO
III - Em relação ao lugar do crime, o direito penal brasileiro
adota a teoria do resultado. 15. (CESPE – 2019) A conduta típica será inteiramente
desculpável e será excluída a culpabilidade quando o
IV - A lei penal mais benéfica aplica-se ao crime conti-
erro inevitável recair sobre
nuado ou ao crime permanente, ainda que ocorra
DIREITO PENAL

superveniência de lei penal mais gravosa ao longo da


atividade delitiva. a) a lei.
b) a pessoa.
Estão certos apenas os itens
c) a ilicitude do fato.
a) I e II. d) a eficácia do meio empregado.
b) I e IV. e) as condições pessoais da vítima.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV. 333
9 GABARITO

1 A

2 D

3 CERTO

4 E

5 D

6 B

7 ERRADO

8 CERTO

9 D

10 C

11 A

12 CERTO

13 A

14 ERRADO

15 C

ANOTAÇÕES

334
Ex.: o MP pode ajuizar a ação penal e o juiz julgar
improcedente, absolvendo o acusado.

CONCEITO

DIREITO PROCESSUAL A doutrina e a jurisprudência definem a ação


penal como direito de exigir do Estado a aplicação do
PENAL direito penal (lei penal) em face do indivíduo envolvi-
do em fato tipificado como infração penal (crime ou
contravenção penal).

AÇÃO PENAL FINALIDADE

HISTÓRICO A finalidade da ação penal é a pacificação social,


uma vez que, não cabe em um Estado democrático de
Na Roma Antiga havia apenas duas infrações que Direito a justiça pelas próprias mãos. A Constituição
instigavam a perseguição pública (criminal): perduel- Federal assegura o devido processo legal, respeitado
lio (traição e atentado contra a segurança do Estado) o contraditório e ampla defesa para punir alguém,
e parricidium (morte do pater familis, chefe do núcleo ainda mais quando se trata de possível restrição da
familiar) e, ambas atingiam o governo. As demais liberdade.
infrações, entre as quais o furto e as ofensas físicas ou Veja que, por um lado, o acusado merece um pro-
morais, eram punidas pela própria vítima que então cesso pautado em todas as regras legais e procedimen-
assumia a vingança. tais adequadas, e do outro, o órgão acusador tem o
Na Idade Média não havia aplicação centralizada poder de exigir do Poder Judiciário uma decisão judi-
da justiça, só com o direito canônico e, mais tarde, cial frente a violação de um bem jurídico penalmente
com o Estado absoluto cristalizou-se o monopólio dos tutelado.
meios de coerção.
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
O Brasil enquanto colônia lusitana herdou um sis-
bens sem o devido processo legal;
tema jurídico já estabelecido em Portugal onde vigiam
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
inicialmente em 1521 as Ordenações Afonsinas, mas Judiciário lesão ou ameaça a direito;
aplicadas efetivamente foram as Ordenações Filipi-
nas a partir de 1603. As Ordenações do Reino eram CARACTERÍSTICAS
compilações das leis de Portugal e fundamentavam a
estrutura judiciária do regime, reproduziam as regras A doutrina e a jurisprudência entendem que a
do direito canônico (relacionado à Igreja). ação penal é pública – faz parte do Direito Público,
Por muito tempo coexistiram as normas canônicas pois a atividade jurisdicional é atribuição do Poder
ao lado das normas do poder secular. Com a vinda Judiciário; subjetiva, uma vez que o titular da ação
da família real para o Brasil após 1808, a edição das exige do Estado uma decisão; autônoma, em relação
normas passou a ser feita aqui, os alvarás e decretos ao direito material; abstrata, visto que é independen-
foram constituídos, e era também o local que se con- te do resultado da postulação em juízo; instrumental,
cedia perdão e se comutavam as penas. Somente após pois serve de ferramenta para a composição da lide.
a Independência do Brasil ocorrida em 1822, houve a
possibilidade de o Brasil formar ordenamento penal e z Pública: atribuição do Poder Judiciário.
processual penal próprio. z Subjetiva: o titular da ação exige do Estado uma
O primeiro Código de Processo Penal brasileiro foi decisão.
o de 1832 e denominava-se Código de Processo Crimi- z Autônoma: em relação ao direito material.
nal de Primeira Instância, foi liberal e oferecia mui- z Abstrata: independe do resultado da postulação
tas garantias de defesa aos acusados. O atual Código em juízo.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

de Processo Penal foi confeccionado em 1941, mas no z Instrumental: ferramenta.


final de 2019 passou pela atualização do Pacote Anti-
crime, uma vez que vários dos seus institutos já se FUNDAMENTO
encontravam defasados.
A ação penal possui tanto fundamento constitucio-
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: Voluma nal, no art. 5º da CF, bem como existe um título inteiro
Único – 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.
do CPP direcionado ao tema, disciplinando o passo a
passo da marcha processual.
NATUREZA
Art. 5º
A ação penal possui natureza de direito público (...)
processual, autônomo e distinto do direito material. LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
Ou seja, o titular da ação penal exige do Estado a pres- bens sem o devido processo legal;
tação jurisdicional, independente da efetiva existên- XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
cia do direito material. Judiciário lesão ou ameaça a direito; 335
TITULARIDADE A doutrina divide-se sobre a (in)divisibilidade da
ação penal pública. Todavia, o STF, no caso mensalão,
De acordo com a Constituição Federal: entendeu pela divisibilidade, no sentido de que o pro-
cesso penal pode ser desmembrado. O oferecimento
Art. 129. São funções institucionais do Ministério da denúncia contra um acusado não exclui a possibi-
Público: lidade futura de ação penal contra outros envolvidos.
I - promover, privativamente, a ação penal pública, Ex.: o MP adita a denúncia.
na forma da lei; De acordo com o princípio da intranscendência, a
ação penal somente pode ser ajuizada contra os res-
ponsáveis pela infração penal, excluindo sucessores e
O titular da ação penal pública é o Ministério Públi-
responsáveis civis pelo criminoso.
co, todavia, a ação penal pode ser privada, tendo por Por fim, a ação penal pública obriga que os órgãos
sujeito ativo o ofendido ou o seu representante legal. encarregados pela persecução penal atuem de ofício
Ademais, mesmo a ação penal de titularidade do MP (princípio da oficiosidade). Essa regra, todavia, não se
(pública), divide-se em: aplica à ação penal pública condicionada, pois consis-
te em condição de procedibilidade a representação do
AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PÚBLICA ofendido ou de quem tiver qualidade para represen-
INCONDICIONADA CONDICIONADA tá-lo, bem como, requisição do Ministro da Justiça, nos
casos expressamente exigidos por lei.
Atuação do Ministério O direito de representação pode ser exercido no
Público condicionada a prazo decadencial de 6 meses, contados do conhe-
Atuação apenas do representação da vítima/ cimento da autoria. Decorrido esse prazo ocorre a
Ministério Público. representante legal ou extinção da punibilidade. Ademais, uma vez ofereci-
requisição do Ministro da da a representação, a retratação pode ocorrer até o
Justiça. oferecimento da denúncia.
A requisição do ministro da justiça cuida-se de
condição de procedibilidade consistente em ato de
ESPÉCIES natureza administrativa e política, revestido de dis-
cricionariedade. Diferente da representação, a requi-
Ação Penal Pública sição não tem prazo decadencial. Dessa forma, pode
ser lançada a qualquer tempo, enquanto não extinta a
De acordo com o art. 129, I, da Constituição Fede- punibilidade pela prescrição.
ral, é função do Ministério Público promover a ação
penal pública. Consiste em uma função privativa. A AÇÃO PENAL PRIVADA
ação penal é iniciada por denúncia ajuizada pelo MP.
A ação penal pública pode ser: A legitimidade para a propositura da ação penal
privada pertence ao ofendido ou a quem legalmente o
represente. Ex.: se o ofendido for menor de 18 anos ou
z Incondicionada: exige apenas atuação do MP;
mentalmente enfermo.
z Condicionada à representação da vítima ou seu
A ação penal será privada nos casos expressamente
representante legal;
indicados pela lei. Quando a lei se cala sobre a espécie
z Condicionada à requisição do ministro da justiça, de ação a ser utilizada é caso de ação penal pública.
ex.: casos de crime cometido por estrangeiro con- Assim como na representação, o prazo da quei-
tra brasileiro fora do território nacional, crimes xa-crime é de 6 meses, contados do conhecimento da
contra a honra do Presidente da República e con- autoria.
tra chefe de governo estrangeiro. Os princípios da ação penal privada são:

z Oportunidade: o ofendido tem discricionariedade


Importante! para iniciar ou não a ação penal.
z Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação
De acordo com o STF, a representação indepen- penal, bem como de eventual recurso.
de de forma especial. Ex.: é suficiente a demons- z Indivisibilidade: a queixa-crime contra qualquer
tração inequívoca da intenção do ofendido ou de dos autores do crime obrigará ao processo de
quem tiver qualidade para representá-lo. todos, e o MP zelará pela indivisibilidade.
z Intranscendência: a ação penal somente pode
ser ajuizada contra os responsáveis pela infração
A ação penal pública é regida pelo princípio da penal, não abrangendo sucessores, nem responsá-
oficialidade, uma vez que os órgãos responsáveis pela veis civil.
persecução penal são públicos/oficiais. Isso se funda-
menta porque o Estado detém a titularidade exclusiva Dica
do direito de punir. Ademais, na ação penal pública
incide o princípio da obrigatoriedade, também conhe- De acordo com o art. 5º, LIX, da Constituição
cido por legalidade, de maneira que estando presen- Federal, em caso de inércia do MP, o ofendido
tes elementos suficientes para a propositura da ação pode oferecer ação penal privada subsidiária da
penal o MP é obrigado a oferecer a denúncia. Todavia, pública, no prazo de 6 meses, contados do termo
esse princípio é mitigado pela transação penal, por final do prazo para oferecimento da denúncia.
exemplo. E, decorre da obrigatoriedade o princípio Após o prazo de 6 meses cessa a possibilidade
da indisponibilidade da ação penal, uma vez que o de queixa subsidiária, mas o MP ainda pode-
MP não pode desistir da ação penal nem de eventual rá oferecer a denúncia enquanto não extinta a
336 recurso interposto. punibilidade.
ADITAMENTO À DENUNCIA E À QUEIXA narrado é típico. Para o possível exercício do direito
de ação, o fato descrito na denúncia ou queixa-crime
Na ação penal privada subsidiária da pública, o deve encontrar subsunção na lei penal incriminadora.
MP pode aditar a queixa: A legitimidade para agir consiste na pertinência
subjetiva para a ação.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes
de ação pública, se esta não for intentada no pra- LEGITIMIDADE
zo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a LEGITIMIDADE ATIVA
PASSIVA
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer Apenas a pessoa cuja ti- Somente o responsável
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tem- tularidade da ação penal pelo fato definido como
po, no caso de negligência do querelante, retomar a é garantida pela lei tem o infração penal pode fi-
ação como parte principal. poder de ajuizar a ação. gurar no polo passivo da
ação.
Isso ocorre porque a essência da ação ainda é
pública, a inércia do MP que conduziu ao ajuizamento
da queixa. A ação penal pública é proposta pelo Ministério
Outra situação de aditamento é a mutatio libeli: Público, enquanto a ação penal privada é ajuizada
pelo ofendido ou seu representante legal.
Emendatio Libeli O interesse processual divide-se em:

z Utilidade
z O juiz não muda os fatos da peça de acusação, ape-
z Necessidade
nas atribui definição jurídica diversa (desclassifica
z Adequação
um crime para outro crime), ainda que isso ocasio-
ne aplicação de pena mais grave.
A ação penal é pressuposta para a aplicação da
z Se com essa desclassificação houver possibilida-
pena, de maneira que estará preenchido o requisito
de de suspensão condicional do processo, o juiz
necessidade caso realmente se verifique que o pro-
suspenderá.
z Se com a desclassificação a competência começar cesso tem potencial para aplicar a pena cominada ao
a ser de outro juízo, a este serão encaminhados os delito. Ex.: um processo conduzido no Tribunal do Júri
autos. é necessário para aplicar a pena cominada ao homicí-
z O juiz pode fazer de ofício e cabe na 2ª instância. dio. A utilidade consiste na eficácia da decisão judicial
para a satisfação do interesse pleiteado pelo titular da
Mutatio Libeli ação. Ex.: não há utilidade caso ocorra uma causa de
extinção da punibilidade. A adequação desponta na
z Se depois da instrução, o juiz percebe mudança compatibilidade entre o meio empregado (ação) e a
nos fatos da peça acusatória, o Ministério Público pretensão do titular do direito (ex.: condenação).
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 Por fim, a justa causa é a condição geral da ação
(cinco) dias. que obriga a existência de um lastro mínimo de prova
z Se o MP se recusa, o órgão do MP encaminhará os capaz de fornecer base à pretensão acusatória. Inclu-
autos para a instância de revisão ministerial para sive, cabe HC em caso de coação ilegal com ausência
fins de homologação. de justa causa na ação penal.
z Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cin- Existem condições específicas estabelecidas em lei,
co) dias e admitido o aditamento, o juiz, a reque- cuja ausência impede o regular exercício do direito de
rimento de qualquer das partes, designará dia e ação. Ex.: representação do ofendido ou requisição do
hora para continuação da audiência, com inquiri- ministro da justiça na ação penal pública condiciona-
ção de testemunhas, novo interrogatório do acusa- da; entrada do agente em território nacional em caso
do, realização de debates e julgamento. de crime praticado no exterior.
z Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar
até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco)
dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos ter-
mos do aditamento.
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE
z Obs.: se não for recebido o aditamento, o processo
DIREITO PROCESSUAL PENAL

prosseguirá. OCORRÊNCIA (LEI Nº 9.099, DE 1995)


z Necessita que o MP adite e não cabe em 2ª instância.
ATOS PROCESSUAIS: FORMA, LUGAR E TEMPO
CONDIÇÕES
Termo Circunstanciado
A ação penal precisa respeitar quatro condições:
Termo Circunstanciado é substitutivo do Inqué-
z Possibilidade jurídica do pedido; rito Policial, usado nas infrações penais de menor
z Legitimidade para agir; potencial ofensivo. Conforme o entendimento do STF,
z Interesse processual; o TCO só pode ser lavrado pela polícia judiciária, sob
z Justa causa. pena de usurpação das polícias ostensivas. O Termo
Circunstanciado de Ocorrência não pode ser confun-
A possibilidade jurídica do pedido significa que os dido com o Inquérito Policial. O que os difere é o nível
fatos narrados na inicial acusatória encontram pre- de formalidades, grau de complexidade. O IP é muito
visão dentro da lei penal incriminadora. Ex.: o fato mais complexo e formal do que o TC, ainda que ambos 337
tenham a finalidade de prestar informações sobre um irregularidade não tem o condão de acarretar qual-
fato penalmente relevante. quer consequência. Outras irregularidades/defeitos
acarretam tão somente sanções extraprocessuais, ex.:
Art. 69. A autoridade policial que tomar conheci- multa. Mas também existem irregularidades/defeitos
mento da ocorrência lavrará termo circunstan- que podem acarretar a invalidação do ato processual.
ciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, Neste caso, a irregularidade atenta contra o interesse
com o autor do fato e a vítima, providenciando-se público ou contra interesse preponderante das partes.
as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavra-
tura do termo, for imediatamente encaminhado ao Dica
juizado ou assumir o compromisso de a ele com-
Irregularidades ou defeitos que acarretam a ine-
parecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, xistência jurídica: a violação ao devido processo
o juiz poderá determinar, como medida de cautela, legal é tão absurda que acarreta a própria ine-
seu afastamento do lar, domicílio ou local de convi- xistência do ato jurídico. É o que ocorre com
vência com a vítima. uma sentença prolatada por juiz impedido, tida
como inexistente, haja visto a gravidade do pre-
Este assunto será trabalhado de maneira mais juízo causado à imparcialidade da autoridade
aprofundada no material complementar disponível jurisdicional.
no site. Acesse-o para ampliar seus conhecimentos.
REQUISITOS E ÔNUS DA PROVA

Antes de tudo, deve-se saber o conceito de ônus: um


PROVA imperativo do próprio interesse, estando situados no
campo da liberdade. Ainda que haja seu descumprimen-
CONCEITO, OBJETO, CLASSIFICAÇÃO to, não haverá qualquer ilicitude, pois o cumprimento
do ônus interessa ao próprio sujeito onerado.
Provar significa demonstrar a veracidade de um
fato, por meio de inspeção/verificação/exame. Ou ÔNUS MENOS
seja, provar exige atividade intelectual para conhecer ÔNUS PERFEITO
PERFEITO
o verdadeiro.
Existe um conjunto de atividades que visam obter O ônus é perfeito quando Um ônus é tido como me-
a verdade dos fatos relevantes para o julgamento. Um o prejuízo, que é o resul- nos perfeito quando os
exemplo é a produção dos meios e atos praticados no tado de seu descumpri- prejuízos que derivam de
processo que buscam o convencimento do juiz (perí- mento, ocorre necessária seu descumprimento se
cia, testemunhas etc.) e inevitavelmente. produzem de acordo com
Portanto, a prova permite a formação da convic- a avaliação judicial.
ção do órgão julgador no curso processual quanto à
existência de determinada situação fática. Para isso, O ônus da prova funciona como uma regra de julga-
existem instrumentos idôneos, lícitos e legítimos des-
mento a ser aplicada pelo juiz quando permanecer em
critos na legislação processual penal.
dúvida no momento do julgamento. Em outras pala-
vras, o ônus funciona como uma regra de julgamento
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre
destinada ao juiz acerca do conteúdo da sentença que
apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão deve proferir, caso não tenha sido comprovada a ver-
exclusivamente nos elementos informativos colhi- dade de uma afirmação feita no curso do processo.
dos na investigação, ressalvadas as provas cautela- Em seu aspecto subjetivo, o ônus da prova deve ser
res, não repetíveis e antecipadas. compreendido como o encargo que recai sobre as par-
tes de buscar as fontes de prova capazes de compro-
PROVAS ILÍCITAS var as afirmações por elas feitas ao longo do processo,
introduzindo-as no processo utilizando-se dos meios
O ato processual deve ser praticado em conso- de prova legalmente admissíveis.
nância com a Constituição Federal, com as Conven- Vale lembrar que no âmbito processual penal, o ônus
ções Internacionais sobre Direitos Humanos e com da prova subjetivo é atenuado por força da regra da
as leis processuais penais, assegurando-se, assim, não comunhão da prova e dos poderes instrutórios do juiz.
somente às partes, como a toda a coletividade, a exis- Conforme o princípio do livre convencimento
tência de um processo penal justo e em consonância motivado, o juiz poderá formar seu convencimento a
com o princípio do devido processo legal. partir de todas as provas constantes do processo, quer
Assim, a nulidade é compreendida como espécie tenham sido elas produzidas pela parte que se bene-
de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, do ficiou com tal prova, quer por iniciativa da parte con-
que deriva a inaptidão para a produção de seus efei- trária, quer pela própria iniciativa probatória do juiz.
tos regulares. Apenas os atos processuais realizados
em consonância com o ordenamento jurídico serão Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a
considerados válidos e idôneos a produzir os efeitos fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
almejados. I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal,
Todavia, existem irregularidades/defeitos sem con- a produção antecipada de provas consideradas
sequência, isto é, apesar de o ato processual não ter urgentes e relevantes, observando a necessidade,
338 sido praticado em fiel observância do modelo legal, esta adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de Se era possível a realização do exame direto, ou,
proferir sentença, a realização de diligências para ainda, se a ausência do exame direto não foi supri-
dirimir dúvida sobre ponto relevante da pelo exame de corpo de delito indireto, deverá o
processo ser anulado, a partir do momento em que o
No sistema processual penal existe distribuição do
ônus da prova entre acusação e defesa: laudo deveria ter sido juntado ao processo.
Incumbe à acusação somente a prova da existên-
cia do fato típico; PRESERVAÇÃO DE LOCAL DE CRIME
Comprovada a existência do fato típico existe uma
presunção de que o fato também é ilícito e culpável, O refrerido assuntos será abordado no tópico “ pericial”.
cabe ao acusado informar tal presunção. Portanto,
compete ao réu o ônus da prova quanto às excluden- MEIOS DE PROVA
tes da ilicitude, da culpabilidade, ou acerca da presen-
ça de causa extintiva da punibilidade. Pericial
Sendo assim, se o acusado apontar a existência de
um álibi, caberá a ele fazer prova de sua alegação. Referente ao Capítulo II, do exame do corpo de
Em virtude da regra probatória que deriva do prin- delito, da cadeira de custódia e das perícias em geral, o
cípio da presunção de inocência, tem-se que somente é Pacote Anticrime trouxe dentro da perícia a cadeia de
possível um decreto condenatório quando o magistra- custódia como garantidora da autenticidade das evi-
do estiver convencido da prática do delito por parte do dências coletadas e examinadas, sem que haja espaço
acusado. Já para a defesa, basta que produza um estado para adulteração. Assim, documenta-se de maneira
de dúvida para que o acusado possa ser absolvido. formal um procedimento destinado a manter a histó-
Outro ponto interessante é que para a acusação, ria cronológica de uma evidência.
exige-se prova além de qualquer dúvida razoável; A consequência da quebra da cadeia de custódia
para a defesa, basta criar um estado de dúvida. (break on the chain of custody) é a proibição de valora-
Da regra de julgamento do in dubio pro reo decor- ção probatória com a consequente exclusão dela e de
rente do princípio da presunção de inocência, tem-se toda a derivada. Em suma, preservar a fonte de prova
que o ônus da prova recai precipuamente sobre o garante a validade da prova.
Ministério Público ou sobre o querelante. O período da cadeia de custódia vai do reconheci-
A inversão do ônus da prova significaria, portanto, mento do elemento de prova até o seu descarte. São
adotar a regra contrária: in dubio pro societate ou in etapas do rastreamento do vestígio:
dubio contra reum. Diante da hierarquia constitucio-
nal do princípio da presunção de inocência, forçoso é z Reconhecimento como elemento potencial para a
concluir que nenhuma lei poderá, então, inverter produção de prova;
o ônus da prova com relação à condenação penal, z Isolamento para evitar que se altere;
sob pena de ser considerada inconstitucional. � Fixação (descrição detalhada do vestígio como se
encontra no local do crime ou no corpo de delito);
� Coleta para análise pericial;
Importante! z Acondicionamento (o vestígio é embalado de for-
ma individualizada, com anotação da data, hora e
A intervenção do juiz das garantias na fase inves- nome de quem fez a coleta e o acondicionamento);
tigatória deve ser contingente e excepcional: Art. z Transporte, garantindo a manutenção das caracte-
3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, rísticas originais e o controle da posse;
vedadas a iniciativa do juiz na fase de investiga- z Recebimento (com informações);
ção e a substituição da atuação probatória do z Processamento (exame pericial com laudo do perito);
órgão de acusação. z Armazenamento para realização de contra perícia,
ser descartado ou transportado;
z Descarte, liberação do vestígio, com ou sem autori-
Portanto, os atos podem ser: zação judicial, a depender do caso.

z Perfeitos. Ex.: sentença que reúna todos os requisitos. Lembre-se que em uma mera coleta de sangue
z Meramente irregulares. Ex.: uma palavra errada. para exames de rotina já existe uma sistemática rígi-
z Nulos. Ex.: falta de defesa técnica. da para evitar erros no resultado, imagine agora todos
DIREITO PROCESSUAL PENAL

z Inexistentes. Ex.: falta de sentença. os cuidados que precisam ser adotados para não ser
cometida nenhuma injustiça em âmbito penal. Logo,
No campo das provas, a lei estabelece a obriga- todos os procedimentos elencados na lei precisam ser
toriedade da realização do exame de corpo de delito obedecidos para a valoração de uma prova.
quando a infração penal deixar vestígios: A coleta dos vestígios deverá ser realizada pre-
ferencialmente por perito oficial, que dará o enca-
Art.158. Quando a infração deixar vestígios, será minhamento necessário para a central de custódia.
indispensável o exame de corpo de delito, direto É proibida a entrada em locais isolados bem como a
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
acusado.
antes da liberação por parte do perito responsável,
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização
do exame de corpo de delito quando se tratar de sendo tipificada como fraude processual a sua reali-
crime que envolva: zação (art. 158-C).
I - violência doméstica e familiar contra mulher; No acondicionamento para transporte, o reci-
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou piente precisa estar selado com lacre e numeração
pessoa com deficiência. individualizada, para garantir a inviolabilidade e a 339
idoneidade do vestígio durante o transporte. O reci- ao investigado o direito à prévia consulta a seu advo-
piente precisa individualizar o vestígio e preservá-lo. gado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu
Após cada rompimento de lacre, deve-se fazer direito ao silêncio e de não produzir provas contra si
constar na ficha de acompanhamento de vestígio o mesmo. Isso consiste em violação do direito ao silên-
nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a cio e à não autoincriminação.
finalidade, bem como as informações referentes ao Como é feito o interrogatório do réu preso? Em
novo lacre utilizado. O lacre rompido deverá ser acon- sala própria, no estabelecimento em que estiver reco-
dicionado no interior do novo recipiente (art. 158-D). lhido. Precisa ser garantida a segurança de todos, a
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter publicidade do ato e a presença do advogado.
uma central de custódia destinada à guarda e controle Exceção: interrogatório por videoconferência.
dos vestígios. Toda central de custódia deve possuir Requisitos:
os serviços de protocolo. Na central de custódia, a Decisão fundamentada do juiz (de ofício ou a
entrada e a saída de vestígio deverão ser protocola- requerimento das partes);
das, consignando-se informações sobre a ocorrência
no inquérito que a eles se relacionam (art. 158-E). a) prevenir risco à segurança pública, pois existe fun-
Após a realização da perícia, o material deverá ser dada suspeita que o preso integre organização cri-
devolvido à central de custódia, devendo nela perma- minosa ou irá fugir durante o deslocamento;
necer. Caso a central de custódia não possua espaço ou b) dificuldade de comparecimento do preso. Ex.:
condições de armazenar determinado material, deverá enfermidade;
a autoridade policial ou judiciária determinar as condi- c) para o réu não influenciar testemunhas ou víti-
ções de depósito do referido material em local diverso, mas (obs.: primeiro se busca a videoconferência
mediante requerimento do diretor do órgão central de destas);
perícia oficial de natureza criminal (art. 158-F). d) gravíssima questão de ordem pública.
A preocupação com a audiência de custódia ini-
ciou-se nos Estados Unidos, na década de 90, quando Confissão
o ex-jogador de futebol americano e então ator O. J.
Simpson foi acusado de ser o executor do homicídio A confissão já foi vista no passado como a rainha
de sua ex-esposa e de um amigo dela, e absolvido. A das provas, todavia, muitas pessoas já assumiram
defesa conseguiu absolvição justamente porque a pre- uma culpa que não é delas, assim o ato de confessar o
servação do local foi inadequada. A partir de então a crime passou a exigir a verificação de outras provas.
A confissão é divisível e retratável, de maneira que
cadeia de custódia passou a ser pensada e desenvolvi-
o juiz analisará de acordo com o exame das provas em
da pela maioria dos países.
seu conjunto.

PERITOS E INTÉRPRETES Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos cri-


térios adotados para os outros elementos de prova,
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la
serão realizados por perito oficial, portador de diploma
com as demais provas do processo, verificando
de curso superior.
se entre ela e estas existem compatibilidade ou
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado
concordância.
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma
de curso superior preferencialmente na área específica,
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada Perguntas ao Ofendido
com a natureza do exame.
No processo penal, diferente do que acontece no proces- O ofendido será qualificado e perguntado sobre as
so civil, as partes não intervêm na nomeação do perito. circunstâncias da infração. A jurisprudência, inclusi-
Quem não pode ser perito? Se antes prestou depoimen- ve, admite a condução coercitiva do ofendido.
to/opinou sobre o objeto da perícia; analfabetos; meno- Para a sua proteção, o ofendido é comunicado
res de 21 anos. sobre o ingresso e saída do acusado da prisão, dia da
Atenção: Os intérpretes são equiparados a peritos para audiência, resultado da sentença/acórdão etc. Inclusi-
fins penais. ve, na audiência o ofendido tem um espaço separado
dos demais. O juiz sempre busca tomar as providên-
cias necessárias para a preservação da intimidade do
Por fim, vale lembrar que sempre que a infração ofendido.
deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a Testemunhas
confissão do acusado. Ex.: uma pessoa apanha, deve
ser feito o exame de corpo de delito para que seja ana- A testemunha deve ser qualificada e prometer
lisada a lesão corporal. dizer a verdade. O depoimento deve ser prestado oral-
mente, com exceção a consulta a breves apontamen-
Interrogatório tos escritos. Ex.: para lembrar data etc.
O CPP adota o cross examination, ou seja, as per-
O interrogatório exige entrevista prévia e reserva- guntas são feitas diretamente para as testemunhas.
da com defensor, qualificação do acusado e cientifi- Todavia, o juiz não permitirá que a testemunha mani-
cação do inteiro teor da acusação. O acusado deve ser feste suas apreciações pessoais, salvo quando insepará-
informado sobre o direito ao silêncio e interrogado na veis da narrativa do fato.
presença de seu defensor. O cônjuge, ascendentes, descendente e irmão do
É nula a “entrevista” realizada pela autoridade acusado (CADI) podem se recusar a testemunhar, salvo
policial com o investigado, durante a busca e apreen- quando não for possível por outro modo obter a prova
340 são em sua residência, sem que tenha sido assegurado do fato e suas circunstâncias. Ademais, determinadas
pessoas são proibidas de depor, em razão do sigilo Então, o ato de acareação é reproduzido em um
profissional (Ex.: padre). termo onde ficam consignadas as perguntas feitas a
Exceção: Se forem desobrigadas pela parte interes- cada um dos acareados e suas respectivas respostas,
sada e quiserem dar o seu testemunho. auto este a ser subscrito pelo escrevente e assinado
por todos.
Dica É possível que um dos acareados se encontre fora
Quem não presta o compromisso de dizer a da comarca do juízo perante o qual tramita o processo:
verdade?
� Doentes mentais; Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas
� Menores de 14 anos; declarações divirjam das de outra, que esteja pre-
� CADI. sente, a esta se darão a conhecer os pontos da diver-
gência, consignando-se no auto o que explicar ou
Reconhecimento de Pessoas e Coisas observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á
precatória à autoridade do lugar onde resida a tes-
Quem fará o reconhecimento descreve a pessoa a temunha ausente, transcrevendo-se as declarações
ser reconhecida; essa pessoa será colocada se possível desta e as da testemunha presente, nos pontos em
ao lado de outras pessoas que com ela são semelhan- que divergirem, bem como o texto do referido auto,
tes; quem fará o reconhecimento aponta a pessoa que a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a
descreveu. testemunha ausente, pela mesma forma estabeleci-
Para evitar intimidação ou influência a autorida- da para a testemunha presente. Esta diligência só
de providenciará para que uma não veja a outra (só se realizará quando não importe demora prejudi-
cial ao processo e o juiz a entenda conveniente.
se aplica na investigação – não se aplica em instrução
nem em plenário de julgamento). Do ato de reconhe-
cimento lavra-se auto pormenorizado subscrito pela
autoridade, quem fez o reconhecimento e 2 (duas) Importante!
testemunhas. É possível que o magistrado, ao invés de expe-
A inobservância das formalidades legais para o
dir carta precatória para a oitiva da testemunha
reconhecimento pessoal do acusado não enseja nuli-
dade, pois é uma recomendação. O mesmo vale para
perante o juízo deprecado, realize a acareação por
o reconhecimento de coisas. Ex.: arma, faca, estilete. meio da videoconferência.

Acareação
Documentos
Acarear é colocar em presença uma da outra, face
Em regra, as partes podem apresentar documentos
a face, pessoas cujas declarações são divergentes. A
acareação é, portanto, o ato processual consistente na durante todo o processo penal, salvo exista lei em con-
confrontação das declarações de dois ou mais acusa- trário, como acontece no Tribunal do Júri, que exige a
dos, testemunhas ou ofendidos, já ouvidos, e destina- juntada do documento com 3 dias de antecedência da
do a obter o convencimento do juiz sobre a verdade audiência.
de algum fato em que as declarações dessas pessoas Os documentos são escritos, instrumentos ou
forem divergentes. papeis, podendo ser públicos ou particulares. Inclusi-
ve, a cópia autenticada possui valor de original.
Art. 229. A acareação será admitida entre acu-
sados, entre acusado e testemunha, entre teste- z Cartas que não são admitidas em juízo: intercepta-
munhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa das, obtidas por meios criminosos.
ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que z Cartas que são admitidas em juízo: sem consenti-
divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou cir- mento do signatário, mas com o consentimento do
cunstâncias relevantes. destinatário.
Parágrafo único. Os acareados serão repergunta-
dos, para que expliquem os pontos de divergências, Quanto aos documentos em língua estrangeira,
reduzindo-se a termo o ato de acareação. temos que os documentos em língua estrangeira, sem
prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário,
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Então, diante desse artigo temos que a acareação traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pes-
pode ser realizada tanto na fase investigatória como soa idônea nomeada pela autoridade (art. 236).
no curso da instrução criminal, nada impedindo que
as partes requeiram a prática do ato.
Indícios
O deferimento de provas submete-se ao prudente
arbítrio do magistrado, cuja decisão, sempre funda-
mentada, há de levar em conta o conjunto probató- A palavra indício é usada no Código de Processo
rio. É lícito ao juiz indeferir diligências que reputar Penal em dois sentidos, ora como prova semiplena,
impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Inde- ora como prova indireta:
ferimento de pedido de acareação de testemunhas, no Como prova semiplena, indício significa elemento
caso, devidamente fundamentado. Inocorrência de de prova mais tênue, com menor valor persuasivo.
afronta aos princípios da ampla defesa e do contradi- Ex.: No tocante à autoria delitiva, não se exige que
tório ou às regras do sistema acusatório. o juiz tenha certeza desta, bastando que haja elemen-
Durante o procedimento, os acareados poderão tos probatórios que permitam afirmar a existência de
confirmar as declarações anteriormente prestadas, o indício suficiente, isto é, probabilidade de autoria, no
que geralmente acontece, ou modificá-las. momento da decisão. 341
Como prova indireta, a palavra indício deve ser com- Restrições e Horários
preendida como uma das espécies do gênero prova, ao
Para o estudo das restrições e horários, especial-
lado da prova direta, funcionando como um dado obje-
mente no tocante ao cumprimento dos mandados
tivo que serve para confirmar ou negar uma asserção a
judiciais de prisão, é necessário ter as seguintes dispo-
respeito de um fato que interessa à decisão judicial. sições na ponta da língua:

Art. 239. Considera-se indício a circunstância Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em fla-
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, grante delito ou por ordem escrita e fundamentada
autorize, por indução, concluir-se a existência de da autoridade judiciária competente, em decorrên-
outra ou outras circunstâncias. cia de prisão cautelar ou em virtude de condenação
criminal transitada em julgado.
[...]
Frente ao artigo acima, lembre-se sempre que:
§ 2º A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e
a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas
Não se pode confundir o indício, que é sempre um à inviolabilidade do domicílio.
dado objetivo, em qualquer de suas acepções (prova
indireta ou prova semiplena), com a simples suspei- As restrições relativas à inviolabilidade do domicí-
ta, que não passa de um estado de ânimo. O indício lio estão expressas no inciso XI, do art. 5º, da Consti-
é constituído por um fato demonstrado que autori- tuição Federal:
za a indução sobre outro fato ou, pelo menos, cons-
titui um elemento de menor valor; a suspeita é uma Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
pura intuição, que pode gerar desconfiança, dúvida, de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
mas também conduzir a engano.1 ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
BUSCA E APREENSÃO [...]
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
Pessoal, Domiciliar e Requisitos guém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
z Busca Domiciliar: Razões que autorizam uma desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
busca domiciliar: prender criminosos, apreender dia, por determinação judicial;
coisas achadas ou obtidas por meios criminosos,
Como visto, compreende-se que é possível ingres-
apreender instrumentos de falsificação/objetos
sar no domicílio:
falsificados, apreender armas e munições/instru-
mentos do crime, provas, cartas, vítimas, elemen- z Durante o dia: Com o consentimento do morador,
tos de convicção no geral. em caso de flagrante de delito, desastre, para pres-
z Busca Pessoal: Quando há fundada suspeita de tar socorro, ou mediante determinação judicial.
que alguém oculte consigo arma, coisas obtidas z Durante à noite: Com consentimento do morador,
por meios criminosos, cartas, elementos de convic- flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro.
ção. No caso de prisão ou quando houver fundada
suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma Por exclusão, subtende-se que mediante determi-
nação judicial (mandado judicial) somente é possível
proibida ou de objetos ou papéis que constituam
o cumprimento durante o dia.
corpo de delito, ou quando a medida for determi- Mas, o que se compreende como dia? É majoritário
nada no curso de busca domiciliar. da doutrina o entendimento que dia é o período com-
preendido entre 6:00h e 18:00h.
Precedida de mandado judicial Recentemente a Nova Lei de Abuso de Autoridade
(13.869/19) tratou sobre este assunto, inovando quan-
As buscas domiciliares serão executadas de dia, to ao horário:
salvo se o morador consentir que se realizem à noite,
e, antes de penetrarem na casa, os executores mos- Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astu-
ciosamente, ou à revelia da vo
trarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o
ntade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependên-
represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. cias, ou nele permanecer nas mesmas condições,
Em caso de desobediência, será arrombada a porta e sem determinação judicial ou fora das condições
forçada a entrada. Quando ausentes os moradores, estabelecidas em lei:
deve, neste caso, ser intimado a assistir à diligência Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
qualquer vizinho, se houver e estiver presente. multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no
caput deste artigo, quem:
Dispensa mandado judicial [...]
III - cumpre mandado de busca e apreensão domi-
A busca em mulher será feita por outra mulher, se ciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das
não importar retardamento ou prejuízo da diligência. 5h (cinco horas).

342 1 - LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: Volume Único – 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2020
Apesar disso, não se pode afirmar que houve a modi- Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de
ficação do horário para todos os crimes do Código Penal, exibição do mandado não obstará a prisão, e o pre-
isto porque se trata de uma legislação especial, que so, em tal caso, será imediatamente apresentado ao
somente se aplica aos crimes de abuso de autoridade. juiz que tiver expedido o mandado, para a realiza-
ção de audiência de custódia. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem
que seja exibido o mandado ao respectivo diretor
PRISÃO ou carcereiro, a quem será entregue cópia assina-
da pelo executor ou apresentada a guia expedida
CONCEITO E ESPÉCIES pela autoridade competente, devendo ser passado
recibo da entrega do preso, com declaração de dia
A prisão, como privação da liberdade de locomo- e hora.
ção, é dividida em duas espécies. A primeira espécie Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no
de prisão é a prisão como cumprimento de pena, após próprio exemplar do mandado, se este for o docu-
o trânsito em julgado da condenação. Nesse tipo de mento exibido.
prisão o procedimento passa a ser aplicado pelo juiz Art. 289. Quando o acusado estiver no território
das execuções, de acordo com a Lei de Execução Penal nacional, fora da jurisdição do juiz processante,
(LEP). A outra espécie de prisão consiste na prisão será deprecada a sua prisão, devendo constar da
como medida cautelar, que visa assegurar o regular precatória o inteiro teor do mandado. (Redação
trâmite do processo, para no final vir a ser aplicada a dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
pena e esta ser cumprida. § 1 Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a
prisão por qualquer meio de comunicação, do qual
deverá constar o motivo da prisão, bem como o
DA PRISÃO
valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
O sistema processual penal permite durante o § 2 A autoridade a quem se fizer a requisição toma-
trâmite processual a imposição de restrições tanto à rá as precauções necessárias para averiguar a
liberdade do indivíduo (ex.: prisão cautelar), como autenticidade da comunicação. (Incluído pela Lei
medidas cautelares diversas da prisão, ex.: monitora- nº 12.403, de 2011).
ção eletrônica. Isso acontece para a proteção do pro- § 3 O juiz processante deverá providenciar a remo-
cesso. Ex.: imagine que haja risco de o acusado fugir ção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
do país, o juiz pode reter o passaporte do indivíduo, contados da efetivação da medida. (Incluído pela
ou, a requerimento do Ministério Público impor uma Lei nº 12.403, de 2011).
prisão cautelar. Art. 289-A. O juiz competente providenciará o ime-
A prisão preventiva somente será determinada diato registro do mandado de prisão em banco de
quando não for cabível a sua substituição por outra dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça
medida cautelar. Ademais, o não cabimento da substi- para essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 12.403,
tuição por outra medida cautelar deverá ser justificado de 2011).
§ 1 Qualquer agente policial poderá efetuar a pri-
de forma fundamentada nos elementos presentes do
são determinada no mandado de prisão registrado
caso concreto, de forma individualizada (art. 282, § 6º).
no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora
As medidas cautelares não se aplicam à infração
da competência territorial do juiz que o expediu.
que não for cominada pena privativa de liberdade, (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
pois a intensidade da medida não faz sentido se a pró- § 2 Qualquer agente policial poderá efetuar a pri-
pria lei comina um resultado mais brando para aque- são decretada, ainda que sem registro no Conselho
le determinado crime. Nacional de Justiça, adotando as precauções neces-
sárias para averiguar a autenticidade do mandado
FORMALIDADES, MANDADO DE PRISÃO E e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este
CUMPRIMENTO providenciar, em seguida, o registro do mandado
na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará nº 12.403, de 2011).
expedir o respectivo mandado. § 3 A prisão será imediatamente comunicada ao
Parágrafo único. O mandado de prisão: juiz do local de cumprimento da medida o qual pro-
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela videnciará a certidão extraída do registro do Con-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

autoridade; selho Nacional de Justiça e informará ao juízo que


b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por a decretou. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
seu nome, alcunha ou sinais característicos; § 4 O preso será informado de seus direitos, nos ter-
c) mencionará a infração penal que motivar a mos do inciso LXIII do art. 5o da Constituição Fede-
prisão; ral e, caso o autuado não informe o nome de seu
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando advogado, será comunicado à Defensoria Pública.
afiançável a infração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe § 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre
execução. a legitimidade da pessoa do executor ou sobre a
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2o do
executor entregará ao preso, logo depois da prisão, art. 290 deste Código. (Incluído pela Lei nº 12.403,
um dos exemplares com declaração do dia, hora e de 2011).
lugar da diligência. Da entrega deverá o preso pas- § 6 O Conselho Nacional de Justiça regulamentará
sar recibo no outro exemplar; se recusar, não sou- o registro do mandado de prisão a que se refere o
ber ou não puder escrever, o fato será mencionado caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
em declaração, assinada por duas testemunhas. 2011). 343
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao ter- ANTES DO PACOTE APÓS O PACOTE
ritório de outro município ou comarca, o executor ANTICRIME ANTICRIME
poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcan- Art. 283. Ninguém poderá Art. 283. Ninguém poderá
çar, apresentando-o imediatamente à autoridade ser preso senão em ser preso senão em fla-
local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante delito ou por ordem grante delito ou por ordem
flagrante, providenciará para a remoção do preso escrita e fundamentada escrita e fundamentada da
da autoridade judiciária autoridade judiciária com-
PRISÃO EM FLAGRANTE competente, em decorrência petente, em decorrência
de sentença condenatória de prisão cautelar ou em
transitada em julgado ou, virtude de condenação
Ninguém poderá ser preso senão:
no curso da investigação ou criminal transitada em
do processo, em virtude de julgado.
z Em flagrante delito; prisão temporária ou prisão
z Ordem escrita e fundamentada da autoridade judi- preventiva.
ciária competente;
Art. 287. Se a infração Art. 287. Se a infração
z Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preven- for inafiançável, a falta de for inafiançável, a falta de
tiva etc.); exibição do mandado não exibição do mandado não
z Condenação criminal transitada em julgado. obstará à prisão, e o preso, obstará a prisão, e o pre-
em tal caso, será imedia- so, em tal caso, será ime-
Qualquer do povo poderá (flagrante facultativo) tamente apresentado ao diatamente apresentado
juiz que tiver expedido o ao juiz que tiver expedido
prender em flagrante delito; as autoridades poli-
mandado. o mandado, para a rea-
ciais deverão (flagrante compulsório) prender em lização de audiência de
flagrante delito. custódia.

Perceba que o Pacote Anticrime dividiu a prisão


PRISÃO EM FLAGRANTE
em duas espécies: prisão cautelar e prisão execução
FLAGRANTE Está cometendo ou acaba de de pena. Ademais, a nova legislação impôs a realiza-
PRÓPRIO cometer ção da audiência de custódia seguida da prisão.
Após receber o auto de prisão em flagrante, no pra-
FLAGRANTE É perseguido logo após, em si- zo máximo de 24 horas (contadas da realização da pri-
IMPRÓPRIO, tuação que faça presumir ser são), o juiz deverá promover Audiência de custódia,
IRREAL, QUASE autor da infração. com a presença do acusado, seu advogado constituí-
FLAGRANTE do ou membro da Defensoria Pública e o membro do
É encontrado, logo depois, com Ministério Público.
FLAGRANTE Se transcorridas as vinte e quatro horas, a não rea-
instrumentos, armas e objetos
PRESUMIDO E lização da audiência de custódia (sem motivação idô-
que façam presumir ser ele au-
FICTO nea) ensejará a Ilegalidade da prisão, a ser relaxada
tor da infração.
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibi-
FLAGRANTE A autoridade policial espera o lidade de imediata decretação de prisão preventiva.
ESPERADO início da execução delitiva. Ademais, a autoridade que deu causa, sem motivação
O agente é induzido a cometer idônea, à não realização da audiência de custódia no
FLAGRANTE o delito S145/STF: Não há cri- prazo estabelecido responderá administrativa, civil e
PREPARADO/ me quando a preparação do penalmente pela omissão.
PROVOCADO flagrante pela polícia torna im- Todavia, no dia 22/01/2020, o Ministro Luiz Fux
possível sua consumação. suspendeu a eficácia da liberação da prisão pela não
realização da audiência de custódia no prazo de 24
A autoridade policial tem a fa- horas.
culdade de aguardar o momen- Na audiência de custódia, o juiz decide fundamen-
to mais adequado para realizar tadamente (art. 310):
a prisão, ainda que sua atitude
FLAGRANTE
implique na postergação da z Relaxar a prisão ilegal;
PRORROGADO/
intervenção. z Converter a prisão em flagrante em preventiva,
DIFERIDO
Obs.: só na lei de organização quando presentes os requisitos, e se revelarem
criminosa basta a comuni-
inadequadas ou insuficientes as medidas cautela-
cação prévia do juiz (e não a
res diversas da prisão;
autorização)
z Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Se a infração for inafiançável, a falta de exibição Antes do Pacote Anticrime


do mandado não impede a prisão. O preso será ime-
diatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante,
mandado, para a realização de audiência de custó- o juiz deverá fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
dia. A audiência de custódia serve, por exemplo, para II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
o juiz identificar eventuais maus tratos sofridos pelo quando presentes os requisitos constantes do art.
344 preso. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou
insuficientes as medidas cautelares diversas da pri- Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou
são; ou que integra organização criminosa armada ou milí-
III - conceder liberdade provisória, com ou sem cia, ou que porta arma de fogo de uso restrito,
fiança. deverá denegar a liberdade provisória, com ou
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de pri-
sem medidas cautelares.
são em flagrante, que o agente praticou o fato nas
condições constantes dos incisos I a III do caput do
art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentada-
mente, conceder ao acusado liberdade provisória, IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL (ART 5º,
mediante termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação.
LVIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E
ART 3º DA LEI Nº 12.037, DE 2009)
Após o Pacote Anticrime
A Lei 12.037/2009 dispõe sobre a identificação cri-
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagran- minal do civilmente identificado, regulamentando o
te, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas art. 5º, inciso LVIII, da Constituição Federal.
após a realização da prisão, o juiz deverá promover Ao analisarmos o texto constitucional, consegui-
audiência de custódia com a presença do acusado, mos extrair os regulamentos, princípios e base da
seu advogado constituído ou membro da Defensoria Constituição Federal, apresentado que civilmente
Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa identificado não será submetido a identificação crimi-
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: nal, salvo nas hipóteses previstas em lei.
I - relaxar a prisão ilegal; ou Portanto, diante da disposição constitucional,
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, criou-se a Lei 12.037/2009, para regulamentar as
quando presentes os requisitos constantes do art.
hipóteses.
312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou
Para melhorar a sua interpretação, montamos um
insuficientes as medidas cautelares diversas da pri-
esquema do que a Lei 12.037/2009, estabelece:
são; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem
Com base no fluxograma, a Constituição Fede-
fiança. ral foi a grande responsável pela criação da Lei
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em 12.037/2009, pois apresentou a necessidade de regula-
flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer mentação sobre a identificação criminal do civilmen-
das condições constantes dos incisos I, II ou III te identificado.
do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 É importante ressaltar que artigo 1º da Lei
de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fun- 12.037/2009 o civilmente identificado não será subme-
damentadamente, conceder ao acusado liberdade tido a identificação criminal, salvo nos casos previstos
provisória, mediante termo de comparecimento nesta Lei.
obrigatório a todos os atos processuais, sob pena No decorrer da matéria, o conceito inicial ficará
de revogação. concretizado na sua mente e facilitará a resolução
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente de questões, mas não esqueçam do fluxograma, pois
ou que integra organização criminosa armada ou será a peça essencial para a construção sólida do
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, conhecimento.
deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem
medidas cautelares.
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL X INDICIAMENTO
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação
idônea, à não realização da audiência de custódia
no prazo estabelecido no caput deste artigo
Torna-se de suma importância a diferenciação de
responderá administrativa, civil e penalmente pela identificação criminal com o indiciamento, para faci-
omissão. litar a compreensão, apresentarei os dois conceitos, e
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o montaremos um mapa metal.
decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, Vamos iniciar com a identificação criminal, que
a não realização de audiência de custódia sem exibe como conceito o entendimento de Guilherme
motivação idônea ensejará também a ilegalidade Souza Nucci - Código Penal, apresentando o significa-
da prisão, a ser relaxada pela autoridade do de determinar a identidade de algo ou alguém. No
DIREITO PROCESSUAL PENAL

competente, sem prejuízo da possibilidade de âmbito jurídico, quer dizer apontar a individualidade
imediata decretação de prisão preventiva. e exclusividade de uma pessoa humana, não havendo
espaço para a duplicidade. A identificação pode ser
Ademais, de acordo com a jurisprudência, a deci- feita para fins civis e criminais.
são proferida na audiência de custódia reconhecendo Já o indiciamento, constitui um procedimento mais
a atipicidade do fato não faz coisa julgada. A decisão amplo, privativo da área criminal. Trata-se do instru-
não vincula o titular da ação penal, que poderá ofere- mento oficial, ao dispor do Estado - investigação, para
cer acusação contra o indivíduo, narrando os mesmos apontar o autor de determinada infração penal.
fatos, e o juiz poderá receber a denúncia. Um exemplo de indiciamento é o realizado pelo
De acordo com o art. 310 do CPP, se o juiz verifi- delegado de polícia, previsto na Lei 12.830/2013, em
car, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente especial no artigo 2º, §6º.
praticou o fato em legítima defesa, o juiz pode, de
maneira fundamentada, conceder ao acusado liber- z Identificação Criminal: É apontar a individuali-
dade provisória, mediante termo de comparecimen- dade e exclusividade de uma pessoa humana, não
to obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de havendo espaço para a duplicidade. A identifica-
revogação. ção pode ser feita para fins civis e criminais. 345
z Indiciamento: É um instrumento oficial, ao dispor A identificação civil é atestada por qualquer dos
do Estado - investigação, para apontar o autor de seguintes documentos:
determinada infração penal
z Carteira de identidade;
QUALIFICAÇÃO z Carteira de trabalho;
z Carteira profissional;
Qualificação é um tópico bem pequeno, mas essen- z Passaporte;
cial, pois trata da colheita dos dados pessoais do z Carteira de identificação funcional;
indiciado ou do réu, envolvendo dados da sua vida z Outro documento público que permita a identifica-
privada e profissional, para ajudar a fixação do tópi- ção do indiciado;
co, trouxemos um mapa mental: z Documentos de identificação militares.
Nota-se que esse tópico não se encontra previsto
na Lei, apresentando elementos doutrinários e juris- Apresentaremos alguns modelos, visando ajudar o
prudenciais essenciais para sua prova. conhecimento sobre o tema:

DIREITO DE DEFESA, SILÊNCIO E PROTEÇÃO CONTRA z Carteiro de Trabalho:


A AUTOINCRIMINAÇÃO

Tópico muito importante, que abarca a garantia à


não autoincriminação, sendo como um meio de defe-
sa do indivíduo em face do Estado.
Portanto, o suspeito indiciado ou acusado tem direi-
to ao silêncio, podendo calar-se, quando lhe for dirigida
qualquer imputação criminal, sem que se possa extrair
qualquer consequência negativa dessa opção.
Esse direito é protegido pelas garantias constitucionais,
podendo inclusive ser visto na Constituição Federal no
artigo 5, inciso LXIII:

Art. 5º LXIII - o preso será informado de seus direi-


tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado;

Importante! z Carteira de identidade:

Conforme artigo 198 do Código de Processo


Penal. O silêncio do acusado não importará
confissão, mas poderá constituir elemento para
a formação do convencimento do juiz.

FALSA IDENTIDADE

Esse ponto é proposto nos casos em que o indicia-


do ou acusado apresenta a identidade de uma outra
pessoa, visando ocultar seu verdadeiro nome e seus
documentos.
O crime previsto no art. 307 do Código Penal des-
tina-se, justamente, a punir quem assume identidade
diversa da sua, procurando obter vantagem e causar
dano a outrem.

Art. 307. atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa z Carteira profissional:


identidade para obter vantagem, em proveito pró-
prio ou alheio, ou para causar dano a outrem, res-
ponde pelo crime de falsa identidade, podendo ser
punido com a pena de detenção, de três meses a um
ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de
crime mais grave.

MEIO PARA A COMPROVAÇÃO DA IDENTIDADE CIVIL

Visando evitar a falsa identidade, obteve-se méto-


dos para comprovação da identidade civil. Além disso,
equiparam-se aos documentos de identificação civis
346 os documentos de identificação militares.
z Passaporte: V - constar de registros policiais o uso de outros
nomes ou diferentes qualificações;
VI - o estado de conservação ou a distância tem-
poral ou da localidade da expedição do documento
apresentado impossibilite a completa identificação
dos caracteres essenciais.
Parágrafo único. As cópias dos documentos
apresentados deverão ser juntadas aos autos do
inquérito, ou outra forma de investigação, ainda
que consideradas insuficientes para identificar o
indiciado.

PRESERVAÇÃO DA DIGNIDADE DA PESSOA

A preservação da dignidade da pessoa humana foi


respeitada pela 12.037/2009, trazendo as regras apre-
z Carteira de identificação funcional: sentada no artigo 1º, inciso III da Constituição Federal.
Portanto, quando houver necessidade de identi-
ficação criminal, a autoridade encarregada tomará
as providências necessárias para evitar o constran-
gimento do identificado, com intuito da proteção do
princípio da dignidade da pessoa humana. Inclusive,
se a autoridade encarregada se mostrar inerte para
proteção do referido princípio, poderá ser responsa-
bilizada como foco central à proteção dos princípios
basilares do direito brasileiro.

PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO

Conforme artigo 5 da Lei 12.037/2009:

Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo


datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos
autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do
z Documentos de identificação militares: inquérito policial ou outra forma de investigação.

Portanto, o processo datiloscópico, tem como fun-


ção a colheita de digitais.
Conforme artigo 5º, parágrafo único. Apresentado
documento de identificação, poderá ocorrer identifi-
cação criminal quando for essencial às investigações
policiais, segundo despacho da autoridade judiciária
competente, que decidirá de ofício ou mediante repre-
sentação da autoridade policial, do Ministério Público
HIPÓTESES DA IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL MESMO ou da defesa, a identificação criminal poderá incluir a
DEPOIS DE APRESENTADO O DOCUMENTO DE
coleta de material biológico para a obtenção do perfil
IDENTIFICAÇÃO
genético.
Neste tópico, entende-se que mesmo havendo o
documento de identificação apresentado, essa poderá
se realizar de outra forma. O grande intuito é iden-
tificar documentos que foram adulterados, alterando DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS (ART
informações essenciais:
6º E 13 DO CPP)
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Conforme artigo 3 da Lei 12.037/2009:

Art. 3º Embora apresentado documento de HISTÓRICO


identificação, poderá ocorrer identificação criminal
quando: Em Roma surgiram as primeiras investigações
I - o documento apresentar rasura ou tiver indício exercidas pelo Estado e, nesta época, o poder era ili-
de falsificação; mitado e arbitrário. O nome dado a tal fase persecu-
II - o documento apresentado for insuficiente para tória, de caráter investigativo, era inquisitio, e, após
identificar cabalmente o indiciado; o esclarecimento baseando-se em critérios da época,
III - o indiciado portar documentos de identidade passava-se de imediato ao processo cognitio, sem que
distintos, com informações conflitantes entre si; existisse uma formal fase de acusação, e, consequen-
IV - a identificação criminal for essencial às inves- temente, apenava-se o acusado.
tigações policiais, segundo despacho da autorida- A denominação inquérito policial, no Brasil, surgiu
de judiciária competente, que decidirá de ofício ou com a edição da Lei 2.033, de 20 de setembro de 1871,
mediante representação da autoridade policial, do regulamentada pelo Decreto 4.824, de 22 de novembro
Ministério Público ou da defesa; de 1871, encontrando-se no art. 42 do citado decreto 347
a seguinte definição: “O inquérito policial consiste em FINALIDADE
todas as diligências necessárias para o descobrimento
dos fatos criminosos, de suas circunstâncias e de seus O Estado tem o Poder-Dever de punir um supos-
autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instrumen- to autor do ilícito. Todavia, para que o Estado faça a
to escrito”. Passou a ser função da polícia judiciária a persecução criminal em juízo é preciso de elementos
sua elaboração. Apesar de seu nome ter sido mencio- mínimos quanto a autoria e a materialidade da infra-
nado pela primeira vez na referida Lei 2.033, as suas ção penal, que caracteriza justa causa. Inclusive, a fal-
funções, que são da natureza do processo criminal, ta de justa causa é motivo idôneo para a rejeição da
existem de longa data e tornaram-se especializadas peça acusatória pelo juiz.
com a aplicação efetiva do princípio da separação da Muitas vezes o titular da ação penal, o Ministério
polícia e da judicatura. Portanto, já havia no Código Público, não consegue formar uma opinião sobre a
de Processo de 1832 alguns dispositivos sobre o proce- viabilidade da acusação sem as peças informativas do
dimento informativo, mas não havia o nomen juris de inquérito policial. Portanto, a finalidade do inquérito
inquérito policial. é colher esses elementos mínimos com vistas ao ajui-
Ao decorrer dos anos passou a ser reconhecido zamento ou não da ação penal.
mundialmente que para que se possa dar início a um
processo criminal contra alguém, faz-se necessária a CARACTERÍSTICAS
presença de um lastro probatório mínimo, apontando
no sentido da prática de uma infração penal e da pro- A doutrina e a jurisprudência com o passar dos
babilidade de o acusado ser o seu autor. anos definiram quais são as características essenciais
do Inquérito Policial, de acordo com a sua natureza e
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: Voluma finalidade:
Único – 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.
z Procedimento escrito.
NATUREZA z Dispensável, quando já há justa causa para o ofere-
cimento da acusação.
O Inquérito Policial possui natureza de procedi- z Sigiloso.
mento administrativo. Não é ainda um processo, por z Inquisitorial, pois ainda não é um processo acusatório.
isso não se fala em partes munidas de completo poder z Discricionário, a critério do delegado que deve
de contraditório e ampla defesa. Ademais, por sua determinar o rumo das diligências de acordo com
natureza administrativa, o procedimento não segue as peculiaridades do caso concreto.
uma sequência rígida de atos. z Oficial, incumbe ao Delegado de Polícia (civil ou
federal) a presidência do inquérito policial.
Dica z Oficioso, ao tomar conhecimento de notícia de cri-
me de ação penal pública incondicionada, a autori-
Como o inquérito policial é mera peça informa-
dade policial é obrigada a agir de ofício.
tiva, eventuais vícios constantes não têm o con- z Indisponível, a autoridade policial não poderá
dão de contaminar o processo penal a que der mandar arquivar autos de inquérito policial.
origem.
Aqui temos que lembra que a Súmula Vinculan-
Nesse momento, ainda não há o exercício de pre- te nº 14 é direito do defensor, no interesse do repre-
tensão acusatória. Não se trata, pois, de processo judi- sentado, de ter acesso amplo aos elementos de prova
cial, nem tampouco de processo administrativo. O que, já documentados em procedimento investigató-
inquérito policial consiste em um conjunto de diligên- rio realizado por órgão com competência de polícia
cias realizadas pela polícia investigativa. judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa.
CONCEITO
FUNDAMENTO
De acordo com o autor Renato Brasileiro de Lima,
o Inquérito Policial é um procedimento administrati- O fundamento legal do Inquérito Policial encontra-
vo inquisitório e preparatório, presidido pelo Delega- -se no Código de Processo Penal (CPP):
do de Polícia, com vistas à identificação de provas e a
colheita de elementos de informação quanto à autoria Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas
e materialidade da infração penal, a fim de possibi- autoridades policiais no território de suas respec-
litar que o titular da ação penal possa ingressar em tivas circunscrições e terá por fim a apuração das
juízo. infrações penais e da sua autoria.
Para que se possa dar início a um processo crimi- Parágrafo único. A competência definida neste arti-
nal contra alguém, faz-se necessária a presença de um go não excluirá a de autoridades administrativas, a
lastro probatório mínimo, apontando no sentido da quem por lei seja cometida a mesma função.
prática de uma infração penal e da probabilidade de o
acusado ser o seu autor. Daí a finalidade do inquérito Perceba que o Código não dá exclusividade ao
policial, instrumento usado pelo Estado para a colhei- inquérito como forma de investigação. Lembre-se que
ta desses elementos de informação, viabilizando o a CPI e o procedimento investigativo do Ministério
oferecimento da peça acusatória quando houver justa Público também são formas de obter lastro probatório
348 causa para o processo. mínimo pensando em uma futura ação penal.
Conforme a literalidade do art. 58 da Constituição contado, em regra, do dia em que vier a saber
Federal, as CPI’s possuem poderes de investigação: quem é o autor do crime, sob pena de extinção da
punibilidade.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que
terão poderes de investigação próprios das autori- NOTITIA CRIMINIS E DELATIO CRIMINIS
dades judiciais, além de outros previstos nos regi-
mentos das respectivas Casas, serão criadas pela Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em provocado, por parte da autoridade policial, acerca de
conjunto ou separadamente, mediante requerimen-
um fato delituoso. Subdivide-se em:
to de um terço de seus membros, para a apuração
de fato determinado e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Minis- z Notitia criminis de cognição imediata (ou
tério Público, para que promova a responsabilidade espontânea): ocorre quando a autoridade policial
civil ou criminal dos infratores. toma conhecimento do fato delituoso por meio de
suas atividades rotineiras.
TITULARIDADE z Notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre
quando a autoridade policial toma conhecimento
A tarefa investigatória pertence a Polícia Judiciá- do fato delituoso através da apresentação do indi-
ria, composta pela polícia civil e pela polícia federal. víduo preso em flagrante.
O delegado de polícia é quem preside o inquérito poli-
cial, agindo de forma discricionária, de acordo com Já a delatio criminis é uma espécie de notitia crimi-
a conveniência e oportunidade da situação, pautado nis, consubstanciada na comunicação de uma infração
pela legalidade e pelo interesse público. penal feita por qualquer pessoa do povo à autoridade
policial. A depender do caso concreto, pode funcio-
FORMAS DE INSTAURAÇÃO nar como uma notitia criminis de cognição imediata,
quando a comunicação à autoridade policial é feita
O Inquérito Policial apura autoria e materialidade, durante suas atividades rotineiras, ou como notitia
com vistas ao ajuizamento de uma futura ação penal. criminis de cognição mediata, na hipótese em que a
Dessa forma, seu início é dividido de duas maneiras comunicação à autoridade policial feita por terceiro
diferentes, a depender se é um crime de ação penal se dá através de expediente escrito.
pública incondicionada, ajuizada pelo Ministério
Público, ou, se é uma ação que vai depender da parti-
PRAZOS
cipação de outrem – representação do ofendido (ação
penal pública condicionada) ou iniciativa do ofendido
De acordo com o Código de Processo Penal:
(ação penal privada).
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de
Crimes de ação penal pública incondicionada 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante,
ou estiver preso preventivamente, contado o prazo,
z De ofício; nesta hipótese, a partir do dia em que se executar
z Requisição da autoridade judiciária ou do Minis- a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando
tério Público; estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
z Requerimento do ofendido ou de seu representan-
te legal; Essa regra perdura por anos, o famoso 10:30 a título
de memorização do prazo. Todavia, o Pacote Anticri-
z Notícia oferecida por qualquer do povo;
me trouxe alteração quanto ao prazo do réu preso, que
z Auto de Prisão em Flagrante. tradicionalmente era conhecido como improrrogável.
Agora, se o investigado estiver preso, o juiz das
Crimes de ação penal pública condicionada e ação garantias poderá, mediante representação da autori-
penal privada dade policial e ouvido o Ministério Público, prorro-
gar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15
z Nos crimes de ação penal pública condicionada, (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investiga-
a deflagração da persecução criminal está subordi- ção não for concluída, a prisão será imediatamente
DIREITO PROCESSUAL PENAL

nada à representação do ofendido ou à requisi- relaxada.


ção do Ministro da Justiça.
z Em se tratando de crime de ação penal de ini- Dica
ciativa privada, o Estado fica condicionado ao
requerimento do ofendido ou de seu represen- � No CPP o prazo é de 10 dias, prorrogável por
tante legal. mais 15 dias se o réu estiver preso, ou, o limite
� No caso de morte ou ausência do ofendido, o máximo para a conclusão do IP é de 30 dias pror-
requerimento (ação penal privada) e a representa- rogável, se o réu se encontra solto;
ção (ação penal pública condicionada) poderão ser � No IP federal o prazo é de 15 dias, prorrogável
formulados por seu cônjuge, ascendente, descen- por mais 15 dias se o réu estiver preso, ou, pos-
dente ou irmão (CPP, art. 31). Exceção: nas ações sui o limite de 30 dias caso o réu esteja solto;
personalíssimas, a morte do ofendido gera a extin- � Se o caso envolver a lei de drogas, o prazo é
ção da punibilidade, porque são intransmissíveis. de 30 dias prorrogável por mais 30 dias, em caso
z Esse requerimento deve ser formulado pelo ofen- de réu preso, bem como, 90 dias prorrogável por
dido dentro do prazo decadencial de 6 meses, mais 90 dias se o réu estiver solto; 349
� Crime contra a economia popular tem prazo Entenda que o arquivamento continua funcionan-
máximo de conclusão do inquérito de 10 dias do como um ato complexo, mas agora constituindo em
sempre; um primeiro momento pela decisão do promotor e na
� Prisão temporária decretada em inquérito poli- sequência da homologação ou não pela instância de
cial relativo a crimes hediondos e equiparados revisão ministerial.
possui o prazo de 30 dias + 30 dias, em caso de
réu preso.
Importante!
ARQUIVAMENTO Incumbe exclusivamente ao Ministério Público
avaliar se os elementos de informação de que
O Pacote Anticrime trouxe novo procedimento
dispõe são (ou não) suficientes para o ofereci-
para o arquivamento no âmbito da justiça estadual,
mento da denúncia. Nenhum inquérito pode ser
justiça federal e justiça comum do DF. De acordo com
arquivado sem expressa determinação do MP.
o art. 28 do CPP reformado, deixará de haver qualquer
controle judicial sobre a promoção de arquivamento
apresentada pelo Ministério Público. VALOR PROBATÓRIO
Ocorre que, a eficácia desse dispositivo foi suspen-
sa em virtude de medida cautelar concedida nos autos A finalidade de toda e qualquer investigação preli-
de Ação Direta de Inconstitucionalidade. Inclusive, foi minar é a identificação de fontes de prova da autoria
determinado que o antigo art. 28 permaneça em vigor e materialidade, e, na sequência, a colheita desses ele-
enquanto perdurar a cautelar: mentos informativos, de modo a auxiliar na formação
da opinio delicti (opinião a respeito de delito) do titu-
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés lar da ação penal. Por exemplo, por meio do inquérito
de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento policial o promotor de justiça pode se convencer que
do inquérito policial ou de quaisquer peças de infor- ocorreu determinado crime e que certa pessoa é o seu
mação, o juiz, no caso de considerar improcedentes
autor, estando o parquet obrigado a oferecer a ação
as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou
penal.
peças de informação ao procurador-geral, e este
Partindo da premissa de que os elementos de
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no
informação produzidos na fase investigatória devem
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o ter como objetivo precípuo a formação da convicção
juiz obrigado a atender. do titular da ação penal e, eventualmente, subsidiar a
decretação de medidas cautelares, não se pode admi-
Novo procedimento de arquivamento: tir que o juiz da instrução e julgamento forme seu con-
vencimento com base neles. Por exemplo, o juiz não
1º O MP ordena o arquivamento do inquérito policial. pode condenar exclusivamente com um interrogató-
2º O MP comunica a vítima, o investigado e a autori- rio obtido na fase de inquérito.
dade policial. Uma sentença condenatória em um Estado Demo-
3º O MP encaminha os autos para a instância de revi- crático de Direito só poderá ter por fundamento pro-
são ministerial para fins de homologação, na for- vas produzidas validamente no curso da instrução
ma da lei. processual, com plena observância da publicidade,
4º Se a vítima, ou seu representante legal, não con- oralidade, imediação, contraditório e ampla defesa, o
cordar com o arquivamento do inquérito policial, que afasta a possibilidade de utilização residual dos
poderá, no prazo de 30 dias do recebimento da elementos informativos, cuja produção não assegura
comunicação, submeter a matéria à revisão da ins- a observância desses postulados.
tância competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica. Dica
5º Nas ações penais relativas a crimes praticados em Ante a criação do juiz das garantias, o ideal é
detrimento da União, Estados e Municípios, a revi-
concluir que a investigação preliminar não mais
são do arquivamento do inquérito policial poderá
poderá integrar os autos do processo judicial,
ser provocada pela chefia do órgão a quem couber
salvo no tocante às provas irrepetíveis, anteci-
a sua representação judicial.
padas e meios de obtenção de prova.
No antigo procedimento de arquivamento, o
De acordo com o art. 3-B, verifica-se o baixo valor
Ministério Público oferecia o arquivamento e o juiz
probatório das investigações para a conclusão do
decidia se acolhia ou não. Caso a autoridade judicial
processo:
não acolhesse o arquivamento, remetia ao PGJ para
que dele partisse a decisão final, no sentido de arqui-
§ 3º Os autos que compõem as matérias de com-
var ou não. Caso não entendesse pelo arquivamento,
petência do juiz das garantias ficarão acautelados
o PGJ designava um longa manus para propor a ação na secretaria desse juízo, à disposição do Ministé-
penal ou ele mesmo o fazia. rio Público e da defesa, e não serão apensados aos
Com a mudança trazida pelo Pacote Anticrime, o autos do processo enviados ao juiz da instrução e
controle do arquivamento passa a ser realizado no julgamento, ressalvados os documentos relativos
âmbito exclusivo do Ministério Público, atribuindo-se às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de pro-
à vítima a legitimidade para questionar a correção da vas ou de antecipação de provas, que deverão ser
350 postura adotada pelo órgão ministerial. remetidos para apensamento em apartado.
Apesar do enfraquecimento da investigação para realização de acordo com as peculiaridades do caso
a decisão final, não há dúvidas sobre a importância concreto.
do procedimento investigatório para o nascimento do Concluída a investigação policial, os autos do
processo, pois essa apuração preliminar evita que ino- inquérito policial devem ser encaminhados primeira-
centes sejam processados sem justa causa, o que sem mente ao Poder Judiciário, e somente depois ao Minis-
dúvidas macula a imagem do indivíduo inocente e o tério Público.
seu próprio senso de (in)justiça. Em se tratando de crime de ação penal de inicia-
tiva privada, deve o juiz determinar a permanência
PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS dos autos em cartório, aguardando-se a iniciativa do
ofendido ou de seu representante legal.
O procedimento investigativo inerente ao Inqué- Cuidando-se de crime de ação penal pública, os
rito Policial não é exclusivo da autoridade policial. autos do inquérito policial são remetidos ao Ministério
O Ministério Público pode fazer investigações, mes- Público, que poderá: formalizar acordo de não perse-
mo porque a ele quem mais interessa a investigação, cução penal; oferecer denúncia; entender pelo arqui-
visto que a finalidade desta é o acolhimento de lastro vamento; requisitar diligências; declinar competência.
probatório mínimo para o ajuizamento da ação penal. De acordo com o novo regramento constante do
Ademais, a CPI também é uma forma de colher infor- art. 28 do CPP, deixará de haver qualquer controle
mações para futura responsabilização pessoal.
judicial sobre a promoção de arquivamento apre-
sentada pelo órgão ministerial. O controle sobre tal
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas
decisão ficará restrito ao Ministério Público. Todavia,
autoridades policiais no território de suas respec-
tivas circunscrições e terá por fim a apuração das a eficácia desse dispositivo foi suspensa em virtude
infrações penais e da sua autoria. de medida cautelar concedida pelo Min. Luiz Fux nos
Parágrafo único. A competência definida neste arti- autos da ADI nº 6.305 (j. 22/01/2020).
go não excluirá a de autoridades administrativas, a
quem por lei seja cometida a mesma função. INDICIAMENTO

O CPP esclarece que logo que tiver conhecimen- Indiciar é atribuir a autoria de uma infração penal
to da prática da infração penal, a autoridade policial a uma pessoa. É apontar uma pessoa como prová-
deverá (rol exemplificativo): vel autora ou partícipe de um delito. Possui caráter
ambíguo, constituindo-se, ao mesmo tempo, fonte de
z dirigir-se ao local, providenciando para que não direitos, prerrogativas e garantias processuais, e fon-
se alterem o estado e conservação das coisas, até a te de ônus e deveres que representam alguma forma
chegada dos peritos criminais; de constrangimento, além da inegável estigmatização
z apreender os objetos que tiverem relação com o social que a publicidade lhe imprime.
fato, após liberados pelos peritos criminais; De acordo com o art. 5º da CF:
z colher todas as provas que servirem para o escla-
recimento do fato e suas circunstâncias; LVII - ninguém será considerado culpado até o trân-
sito em julgado de sentença penal condenatória;
z ouvir o ofendido;
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
z ouvir o indiciado; entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
z proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e assegurada a assistência da família e de advogado;
a acareações;
z determinar, se for o caso, que se proceda a exame Dica
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
A condição de indiciado poderá ser atribuída já
z ordenar a identificação do indiciado pelo processo no auto de prisão em flagrante ou até o relatório
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos
final do delegado de polícia. Logo, uma vez rece-
sua folha de antecedentes;
bida a peça acusatória, não será mais possível
z averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o pon- o indiciamento, já que se trata de ato próprio da
to de vista individual, familiar e social, sua condi-
fase investigatória.
ção econômica, sua atitude e estado de ânimo antes
e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Considera-se indispensável a presença de elemen-


elementos que contribuírem para a apreciação do
tos informativos acerca da materialidade e da autoria
seu temperamento e caráter;
do delito para que seja feito o indiciamento. Assim, o
z colher informações sobre a existência de filhos, res- delegado de polícia deve cientificar o investigado, atri-
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e buindo-lhe, fundamentadamente, a condição jurídica
o nome e o contato de eventual responsável pelos de “indiciado”. Esse procedimento funciona como um
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
poder-dever da autoridade policial, uma vez conven-
cida da concorrência dos seus pressupostos.
O Código de Processo Penal traz opções de diligên-
cias investigatórias que poderão ser adotadas pela
autoridade policial ao tomar conhecimento de um INDICIAMENTO DIRETO INDICIAMENTO
fato delituoso. Algumas são de caráter obrigatório, (REGRA) INDIRETO
como, por exemplo, a realização de exame pericial
quando a infração deixar vestígios; outras, no entan- O indiciamento direto ocor- O indiciamento indireto
to, têm sua realização condicionada à discricionarie- re quando o indiciado está ocorre quando o indiciado
presente. está ausente. Ex.: foragido.
dade da autoridade policial, que deve determinar sua 351
Ausente qualquer elemento de informação quan- z Prorrogar a prisão provisória ou outra medida
to ao envolvimento do agente na prática delituosa, cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
a jurisprudência tem admitido a possibilidade de assegurado, no primeiro caso, o exercício do con-
impetração de habeas corpus a fim de sanar o cons- traditório em audiência pública e oral;
trangimento ilegal daí decorrente, buscando-se o z Decidir sobre o requerimento de produção ante-
desindiciamento. cipada de provas consideradas urgentes e não
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla
defesa em audiência pública e oral;
Importante!
z Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estan-
De acordo com o STF, o indiciamento é ato priva- do o investigado preso, em vista das razões apre-
tivo do delegado de polícia, ninguém pode orde- sentadas pela autoridade policial;
ná-lo a fazer isso. z Determinar o trancamento do inquérito policial
quando não houver fundamento razoável para sua
instauração ou prosseguimento;
Por fim, em se tratando de crimes de lavagem de
capitais, a lei determina o afastamento do servidor z Requisitar documentos, laudos e informações ao dele-
público de suas funções como efeito automático do gado de polícia sobre o andamento da investigação;
indiciamento, permitindo seu retorno às atividades z Julgar o habeas corpus impetrado antes do ofereci-
funcionais apenas se houver decisão judicial funda- mento da denúncia;
mentada nesse sentido. z Determinar a instauração de incidente de insani-
dade mental;
GARANTIAS DO INVESTIGADO
z Decidir sobre o recebimento da denúncia ou
queixa;
O investigado é sujeito de direitos, de maneira que
são resguardados direitos inerentes à dignidade da z Assegurar prontamente, quando se fizer necessá-
pessoa humana durante a investigação. Por exemplo, rio, o direito outorgado ao investigado e ao seu
a Constituição Federal (art. 5º) garante o direito ao defensor de acesso a todos os elementos informati-
silêncio e não produção de provas contra si mesmo. vos e provas produzidas no âmbito da investigação
criminal, salvo no que concerne, estritamente, às
LXIII - o preso será informado de seus direitos, diligências em andamento;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe z Deferir pedido de admissão de assistente técnico
assegurada a assistência da família e de advogado; para acompanhar a produção da perícia;
Ademais, a tortura, bem como qualquer outro tra-
z Decidir sobre a homologação de acordo de não
tamento degradante, que venha ferir o rol de direi-
tos fundamentais é rechaçado pelo ordenamento persecução penal ou os de colaboração premiada,
jurídico pátrio. quando formalizados durante a investigação;
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata- z Decidir sobre os requerimentos de:
mento desumano ou degradante;
XLVII - não haverá penas: a) interceptação telefônica, do fluxo de comunica-
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos ções em sistemas de informática e telemática ou
termos do art. 84, XIX; de outras formas de comunicação;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados; b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e
d) de banimento; telefônico;
e) cruéis; c) busca e apreensão domiciliar;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integri-
d) acesso a informações sigilosas;
dade física e moral;
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DO INQUÉRITO os direitos fundamentais do investigado.
POLICIAL
z Outras matérias inerentes às atribuições definidas.
O modelo de investigação criminal foi reafirmado
com o Pacote Anticrime, o juiz das garantias foi colo- Dica
cado como o responsável pelo controle da legalidade
da investigação criminal e pela salvaguarda dos
Se o investigado estiver preso, o juiz das garan-
direitos individuais. Competências atribuídas a ele: tias poderá, mediante representação da auto-
ridade policial e ouvido o Ministério Público,
z Receber a comunicação imediata da prisão; prorrogar, uma única vez, a duração do inquéri-
to por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda
z Receber o auto da prisão em flagrante para o con-
trole da legalidade da prisão; assim a investigação não for concluída, a prisão
será imediatamente relaxada (art. 3-B, § 2º).
z Zelar pela observância dos direitos do preso,
podendo determinar que este seja conduzido à sua
A competência do juiz das garantias abrange todas
presença, a qualquer tempo;
as infrações penais, exceto as de menor potencial
z Ser informado sobre a instauração de qualquer ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou
investigação criminal; queixa. Ao ser recebida a denúncia ou queixa, as ques-
z Decidir sobre o requerimento de prisão provisória tões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução
352 ou outra medida cautelar; e julgamento.
As decisões proferidas pelo juiz das garantias não Na investigação de fatos relacionados ao uso da
vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o força letal praticados no exercício profissional (da
recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexami- polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia
nar a necessidade das medidas cautelares em curso, ferroviária federal; polícias civis; polícias militares e
no prazo máximo de 10 dias. corpos de bombeiros militares; polícias penais fede-
O juiz que, na fase de investigação, praticar qual- ral, estaduais e distrital), o indiciado poderá constituir
quer ato relacionado ao inquérito ficará impedido de defensor.
atuar no processo. Como isso funciona na prática? Nas O investigado deverá ser citado da instauração
comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribu- do procedimento investigatório, podendo constituir
nais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a defensor no prazo de até 48 horas a contar do recebi-
fim de atender esse dispositivo. O juiz das garantias mento da citação. Em caso de ausência de nomeação
será designado conforme as normas de organização de defensor pelo investigado, a autoridade responsá-
judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, vel pela investigação deverá intimar a instituição a
observando critérios objetivos a serem periodicamen- que estava vinculado o investigado à época da ocor-
te divulgados pelo respectivo tribunal. rência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 horas,
Como pode-se perceber, o juiz das garantias é res- indique defensor para a representação do investigado
ponsável pelo controle da legalidade da investigação (art. 14-A).
e pela salvaguarda dos direitos individuais, consiste
na outorga a um determinado órgão jurisdicional, da
competência para exercício da função de garantidor
na fase investigatória. Após a atuação dessa figura, ele HORA DE PRATICAR!
fica impedido de atuar no processo.
1. (CESPE – 2020) Antônia foi vítima de calúnia prati-
z Competência entre a instauração da investigação e cada por Francisca e Rita. Inconformada, Antônia, na
o recebimento da acusação. mesma semana em que sofreu a calúnia, tomou as
providências para que fosse proposta a ação penal
„ Competência do Juiz das Garantias.
cabível, mas o fez apenas contra Francisca, porque
z Competência após o recebimento da denúncia ou Rita era amiga de sua mãe.
queixa até o trânsito em julgado da sentença. Nessa situação hipotética, ocorreu

„ Competência do juiz da instrução e julgamento. a) retratação.


b) renúncia.
O Pacote Anticrime reconheceu que não existe c) perdão.
imparcialidade se o mesmo julgador que intervém na
d) perempção.
fase investigatória, ao mesmo tempo aprecia o mérito,
e) decadência.
condenando ou absolvendo o acusado. Isso é perceptí-
vel, uma vez que, na investigação o juiz se contamina
2. (CESPE – 2020) Maria foi vítima de estupro praticado
com elementos de informação. Logo, a nova legislação
por um desconhecido em um parque. Ao compare-
separa a figura do juiz das garantias do juiz da instru-
cer à delegacia, ela comunicou formalmente o ocor-
ção e julgamento.
rido e submeteu-se a exame de corpo de delito, que
Todavia, perceba que o juiz das garantias possui
comprovou a violência sexual; em seguida, foi feito o
a função de garantidor dos direitos fundamentais,
retrato falado do estuprador. Apesar dos esforços da
na fase investigatória, mas não é dotado de iniciati-
autoridade policial, o autor do crime somente foi iden-
va acusatória, como erroneamente pode ser pensa-
do. Alerte-se para o fato que o Pacote Anticrime veda tificado e reconhecido pela vítima sete meses após a
expressamente a iniciativa do juiz na fase de inves- ocorrência do fato.
tigação. A intervenção do juiz das garantias na fase Nessa situação hipotética, concluídas as investiga-
investigatória deve ser contingente e excepcional. ções, o Ministério Público deve
Para ressaltar, não podemos esquecer que o juiz
das garantias deverá assegurar o cumprimento das a) oferecer a denúncia, visto que estão presentes as con-
regras para o tratamento dos presos, impedindo o dições da ação penal.
acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos b) manifestar-se pelo arquivamento do inquérito policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL

da imprensa para explorar a imagem da pessoa sub- por falta de interesse de agir.
metida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, c) manifestar-se pelo arquivamento do inquérito policial
administrativa e penal (art. 3-F). por falta de possibilidade jurídica do pedido.
O Pacote Anticrime trouxe a figura da assistência d) manifestar-se pelo arquivamento do inquérito policial
jurídica em favor de servidores vinculados aos órgãos por falta de justa causa.
de segurança pública diante da instauração de inqué- e) oficiar à vítima para que ela informe se ainda tem inte-
rito para fins de investigação de fatos relacionados ao resse na propositura da ação penal.
uso da força letal praticados no exercício funcional.
Essa mudança se justifica pelo fato de figurar como 3. (CESPE – 2020) A ação penal pública pode ser incon-
suposto autor ou partícipe da infração penal em uma dicionada ou condicionada à representação. Em
investigação criminal, por si só, funciona como uma relação à ação penal pública condicionada à represen-
imputação em sentido amplo que acarreta consequên- tação, há a exigência da manifestação do ofendido ou
cias. Logo, a observância do contraditório e ampla de quem tenha qualidade para representá-lo. Acerca
defesa não podem ficar restritos à fase processual da da ação penal pública condicionada à representação,
persecução penal. assinale a opção correta. 353
a) A representação é uma condição de procedibilidade e) No caso de crime praticado contra a honra de servidor
da ação penal, e sua ausência impede o Ministério público no exercício de suas funções, a vítima tem legi-
Público de oferecer a denúncia. timação concorrente com o MP para ajuizar ação penal.
b) Opera-se a decadência da ação penal condicionada à
representação se o direito de representar não for exer- 7. (CESPE – 2019) O Estado exerce sua pretensão puniti-
cido no prazo de seis meses, a contar da data do fato va a partir do ingresso da ação penal, garantindo-se ao
criminoso. acusado o devido e justo processo legal.
c) O ofendido pode, a qualquer tempo, exercer o direi- Acerca do processo penal, julgue o item a seguir.
to de se retratar da representação, sendo a extinção Em se tratando de contravenção penal punida com
da punibilidade sem resolução de mérito o efeito da pena de multa, admite-se subsidiariamente, em caso
retratação. de inércia do Ministério Público, a ação penal sem
d) A ação penal pública condicionada à representação demanda.
é essencialmente de interesse privado e regida pelos
princípios da conveniência e oportunidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) A irretratabilidade da representação inicia-se com a
instauração do inquérito policial. 8. (CESPE – 2019) O Estado exerce sua pretensão puniti-
va a partir do ingresso da ação penal, garantindo-se ao
4. (CESPE – 2020) João sofreu calúnia, mas veio a fale- acusado o devido e justo processo legal.
cer dentro do prazo decadencial de seis meses, antes Acerca do processo penal, julgue o item a seguir.
de ajuizar ação contra o ofensor. Ele não tinha filhos e A sentença proferida em ação de prevenção penal
mantinha um relacionamento homoafetivo com Már- será exclusivamente de absolvição, ainda que aplique
cio, em união estável reconhecida. João era filho único especificamente medida de segurança aos inimputá-
e tinha como parente próximo sua mãe. veis que praticarem fato definido como crime ou con-
Nessa situação hipotética, o ajuizamento de ação pelo travenção penal.
crime de calúnia
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) somente poderá ser promovido pela mãe de João.
b) poderá ser realizado pelo Ministério Público. 9. (CESPE – 2019) Ação penal pública incondicionada é
c) poderá ser realizado por Márcio. promovida mediante
d) não é cabível, haja vista a morte de João.
e) deverá ser realizado por curador especial, a ser nomea- a) queixa pela vítima.
do para essa finalidade. b) queixa pelo Ministério Público.
c) denúncia pela vítima.
5. (CESPE – 2020) Tales foi preso em flagrante em um d) denúncia pelo Ministério Público.
parque de Fortaleza pela prática do crime de estupro, e) queixa pelo Ministério Público após representação da
tendo sido reconhecido pela vítima, Marta, com a qual vítima.
não possuía relação anterior. Há indícios de que Tales
tenha praticado outros crimes sexuais, tendo sido 10. (CESPE – 2019) Acerca de ação penal de natureza pri-
também reconhecido por outras vítimas. vada, assinale a opção correta.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a
seguir. a) O perdão do ofendido somente opera os seus efeitos
O crime de estupro não admite retratação nem perdão com a anuência do querelado.
pela vítima, cabendo ao Ministério Público oferecer a b) O recebimento de indenização por reparação de dano
denúncia no prazo de cinco dias, estando Tales preso. causado pelo crime, em acordo homologado judicial-
mente, não afasta o direito de queixa-crime.
( ) CERTO ( ) ERRADO c) A ausência do querelante na audiência de instrução
enseja sua condução coercitiva, desde que este seja
6. (CESPE – 2019) Tendo como fundamento a jurispru- regularmente notificado.
dência dos tribunais superiores, assinale a opção cor- d) A renúncia ao direito de queixa em relação a apenas
reta, a respeito de ação penal. um dos autores de um crime não se estenderá aos
demais.
a) Em razão do princípio da indivisibilidade, o não ajui- e) Não é cabível aditamento de queixa-crime pelo Minis-
zamento de ação penal contra todos os coautores de tério Público.
crime de roubo implicará o arquivamento implícito em
relação àqueles que não forem denunciados. 11. (CESPE – 2019) No ordenamento processual penal, a
b) A inexistência de poderes especiais na procuração perempção
outorgada pelo querelante não gerará a nulidade da
queixa-crime quando o consequente substabeleci- a) é aplicável em ações peais de iniciativa privada e pri-
mento atender às exigências expressas no art. 44 do vada subsidiária da pública.
CPP. b) ocorre caso o autor abandone uma mesma ação por
c) Na queixa-crime, a omissão involuntária, pelo quere- três vezes e não possa ajuizá-Ia uma quarta vez.
lante, de algum coautor implicará o reconhecimento c) poderá ocorrer antes ou depois de iniciada a ação
da renúncia tácita do direito de queixa pelo juiz e resul- penal.
tará na extinção da punibilidade. d) ocorre caso não haja oferta de representação dentro
d) No caso de ação penal privada, eventual omissão de de seis meses do conhecimento do autor do crime
poderes especiais na procuração outorgada pelo que- pela parte ofendida.
relante poderá ser sanada a qualquer tempo por inicia- e) ocorre caso o querelante não peça nas alegações
354 tiva do querelante. finais a condenação do querelado.
12. (CESPE – 2020) A respeito das diretrizes constitucio- c) É dispensada autorização judicial para extração de
nais, legais e infralegais aplicáveis aos procedimentos dados e conversas registradas em aparelho celular
investigatórios conduzidos pelo Ministério Público, jul- apreendido no momento de prisão em flagrante.
gue o item a seguir. d) É lícito o acesso aos dados armazenados em celular
Situação hipotética: No decorrer da instrução de pro- apreendido após determinação judicial de busca e
cedimento de investigação criminal, o investigado foi apreensão, mesmo que a decisão não tenha expressa-
intimado para prestar informações sobre o fato, tendo mente previsto tal medida.
sido facultado o acompanhamento pelo seu defensor e) É ilegal a análise de celular por policiais no momen-
constituído. Na data designada para o interrogatório, to de prisão em flagrante, mesmo com a autorização
compareceu espontaneamente apenas o investigado, voluntária e consciente do acusado.
que apresentou comprovação de que o seu advogado
estava em outra audiência no mesmo horário. 9 GABARITO
Assertiva: Nesse caso, estando justificada a ausência
do advogado constituído, é recomendável a redesigna-
ção do ato de interrogatório, pois é dever do órgão de 1 B
execução que presidir a investigação assegurar que o
2 A
defensor constituído nos autos assista o investigado.
3 A
( ) CERTO ( ) ERRADO
4 C
13. (CESPE – 2019) Jaime foi preso em flagrante por 5 CERTO
ter furtado uma bicicleta havia dois meses. Conduzi-
do à delegacia, Jaime, em depoimento ao delegado, 6 E
no auto de prisão em flagrante, confessou que era o
autor do furto. Na audiência de custódia, o Ministério 7 ERRADO
Público requereu a conversão da prisão em flagrante 8 CERTO
em prisão preventiva, sob o argumento da gravidade
abstrata do delito praticado. No entanto, após ouvir 9 D
a defesa, o juiz relaxou a prisão em flagrante, com
10 A
fundamento de que não estava presente o requisito,
legal da atualidade do flagrante, em razão do lapso 11 C
temporal de dois meses entre a consumação do crime
e a prisão do autor. Dias depois, em nova diligência 12 CERTO
no inquérito policial instaurado pelo delegado para
13 CERTO
apurar o caso, Jaime, já em liberdade, retratou-se da
confissão, alegando que havia pegado a bicicleta de 14 D
Abel como forma de pagamento de uma dívida. Ao ser
ouvido, Abel confirmou a narrativa de Jaime e afirmou,
ainda, que registrou boletim de ocorrência do furto da
bicicleta em retaliação à conduta de Jaime, seu credor.
Por fim, o juiz competente arquivou o inquérito policial
ANOTAÇÕES
a requerimento de membro do Ministério Público, por
atipicidade material da conduta, sob o fundamento de
ter havido entendimento mútuo e pacífico entre Jaime
e Abel acerca da questão, nos termos do relatório final
produzido pelo delegado.
A respeito da situação hipotética precedente, julgue o
item a seguir.
Sendo a confissão retratável e divisível, o delegado ou
o juízo não poderiam deixar de registrar a retratação
de Jaime nos autos.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

( ) CERTO ( ) ERRADO

14. (CESPE – 2019) Com relação à licitude do procedi-


mento de busca e apreensão de celular por autoridade
policial, assinale a opção correta.

a) Em se tratando de celular de propriedade de vítima


morta, é ilegal a realização de perícia sem prévia auto-
rização judicial se o aparelho tiver sido entregue a
autoridade policial pelo cônjuge da vítima.
b) É lícita a prova obtida pela polícia a partir da escuta,
por viva-voz, de conversa entre investigado e sua mãe,
mesmo que sem autorização judicial ou consentimen-
to dos interlocutores, sendo válida a consequente pri-
são em flagrante. 355
ANOTAÇÕES

356
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Ainda como consequência da


característica acima, o titular
de um direito fundamental,
DIREITO HUMANOS INALIENABILIDADE
também não poderá aliená-lo,
ou seja, não pode realizar qual-
quer tipo de transação abrindo
mão de seu direito, pois não
há conteúdo econômico;
DIREITOS HUMANOS NA Estes direitos são imprescrití-
CONSTITUIÇÃO FEDERAL veis. Diante disto, a qualquer
tempo, aquele que sofrer uma
lesão a um de seus direitos ou
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E OS TRATADOS
garantias fundamentais, pode-
INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS IMPRESCRITIBILIDADE rá buscar a reparação diante
do Poder Judiciário. Assim, o
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico lapso temporal não terá o con-
Brasileiro dão de impedir que a pessoa
lesada busque exigir a prote-
ção de seu direito.
Com a promulgação da Constituição Federal de
1988, o Brasil foi definido como um Estado Democrá-
A NATUREZA JURÍDICA DA INCORPORAÇÃO DE
tico de Direito.
NORMAS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS
Em razão disto, é certo que a Constituição trouxe
HUMANOS AO DIREITO INTERNO BRASILEIRO
importantes direitos e garantias. No art. 5º, os direitos
fundamentais, nos arts. 6º ao 11, os direitos sociais e Diante da grandiosidade e importância dos trata-
nos arts. 14 e 15, os direitos políticos. dos que versam sobre direitos humanos, importante
A inserção destes direitos em nosso ordenamento inovação foi trazida em 2004, com a Emenda Constitu-
jurídico decorre de o Brasil ter aderido a tratados e cional 45 inserida na Constituição Federal brasileira.
convenções internacionais como a Declaração Uni- Este é um assunto muito importante, razão pela
versal dos Direitos Humanos, Pacto de Direitos Civil qual quero que você preste muita atenção na infor-
e Políticos da ONU, Pacto dos Direitos Econômicos, mação a seguir.
Sociais e Culturais. Foi acrescentado ao art. 5º da Constituição Fede-
O direito à vida e a preservação à integridade físi- ral, o § 3º que passou a prever que os tratados e con-
ca e moral, bem como à liberdade igualdade, proprie- venções internacionais que versem sobre direitos
dade e segurança constituem os direitos e garantias humanos e fossem votados pelo Congresso Nacional,
fundamentais que estão previstos no art. 5º, caput da em cada uma das Casas, em dois turnos e que obti-
Constituição Federal. vessem três quintos dos votos dos seus membros,
Estes direitos e garantias constitucionais corres- serão aprovados e terão equivalência a uma emenda
pondem aos direitos humanos previstos em pactos, constitucional.
dos quais o Brasil tornou-se signatário. Lembre-se: 2; 2; 3/5: ou seja, duas casas, sendo
Diante disto, tornou-se necessária a inclusão des- necessária a votação em dois turnos com a necessida-
tes direitos em nosso ordenamento jurídico, o que de de três quintos de votos (3/5) para sua aprovação.
ocorreu pela Constituição Federal de 1988. Daí se vê a importância que se atribuiu aos direi-
Importante dizer que assim como os direitos tos humanos, pois, tendo havido a adesão pelo Brasil
humanos, os direitos fundamentais supramenciona- a qualquer convenção ou tratado que trate de uma
dos possuem algumas características, quais sejam: matéria relativa aos direitos humanos, esta regra pas-
sa a valer com força de emenda constitucional.
Está claro que com isto, os tratados e convenções
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
DIREITOS HUMANOS

de direitos humanos, quando ratificados pelo Brasil,


São direitos garantidos a ganham a mesma relevância das normas previstas na
todos que estejam sob a
égide, ou seja, vivendo no Constituição Federal, razão pela qual devem ser cum-
UNIVERSALIDADE pridos e observados por todos.
território brasileiro e, portanto,
sob a vigência da Constituição
Federal; Dica
O titular dos direitos e garan-
tias fundamentais não pode Tratados de direitos humanos ratificados pelo
IRRENUNCIÁVEL deles renunciar. Poderá, contu- Brasil terão valor de norma constitucional, quan-
do, não exercer o direito, mas do obedecido o critério previsto no art. 5º, § 3º
jamais dele abrir mão; da Constituição Federal. 357
AS POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS Dica
A posição do Supremo Tribunal Federal
Atualmente, no Brasil, os tratados de direitos
humanos que forem aprovados em cada Casa
Até então, o que vigorava em relação aos tratados do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos de seus membros, terão equi-
era o art. 5º, § 2º da Constituição Federal que determi-
valência a emenda constitucional.
na o seguinte:
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
“Os direitos e garantias expressos nesta Consti-
tuição não excluem outros decorrentes do regime
Necessário verificar a relação entre os direitos
e dos princípios por ele adotados, ou dos tratados
humanos a cidadania, sendo que ambos, devem cami-
internacionais em que a República Federativa do
nhar de forma harmônica e conjunta.
Brasil seja parte”.
A cidadania é um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil, assim como a dignidade da pes-
Não restam dúvidas que a partir deste dispositi- soa humana. Está assim prevista no art. 1º, inciso II da
vo já estava expresso na Constituição que os tratados Constituição Federal.
vigoram sem qualquer problema no ordenamento Mas, afinal, o que é cidadania?
jurídico. Mas havia certa discussão se teriam ou não A origem histórica da cidadania remonta à Grécia
status de uma norma constitucional ou infraconstitu- Antiga. Tratava-se do reconhecimento atribuído àque-
cional, ou seja, que não está prevista no texto constitu- les detentores de direitos e que participavam das deci-
cional. Entretanto, após a emenda acima mencionada, sões políticas da pólis em que habitavam.
a questão está pacificada. Apenas a título de esclarecimento, pólis se refere
Os tratados que tratem de matérias relacionadas aos à palavra de origem grega que se refere a um modelo
de cidade antiga.
Direitos Humanos, quando aprovados nos mesmos trâ-
Porém, tratava-se de um atributo apenas daque-
mites das emendas constitucionais, gozam deste status.
les que possuíam propriedades e, portanto, detinham
Neste sentido, importante mencionar a conclusão
poder para participação política.
de Ricardo Castilho: O conceito de cidadania e sua concretização tam-
bém é atribuído às Revoluções Inglesa, no século XVII,
Em síntese, os tratados internacionais de direitos e à Revolução Francesa, no ano de 1789.
humanos, por força do art. 5º , § 2º, possuirão sem- Trata-se do reconhecimento do indivíduo como
pre status jurídico de norma constitucional. São membro integrante de uma nação, detentor de direi-
materialmente constitucionais, não importando se tos e deveres para a vida em sociedade. É aquele que
foram ratificados antes ou depois da Emenda Cons- goza de direitos políticos.
titucional n. 45. A inovação trazida pelo § 3º do O exercício da cidadania, portanto, é a vivência
dispositivo mencionado diz respeito apenas à pos- experimentada por todos nós, cumprindo deveres
sibilidade de atribuição de um status formalmente que dizem respeito às leis e ao próximo, bem como a
constitucional aos tratados, visto que equipara- exigência de ver nossos direitos efetivados e de par-
dos em sua formação às emendas constitucionais. ticipar dos rumos do país por meio de seus direitos
(Direitos Humanos. Sinopses Jurídicas – 5 ed. São políticos.
Paulo: Saraiva, 2015). No Brasil, a cidadania apareceu de forma muito
tímida ao prever o direito de voto universal na Consti-
Há ainda que se mencionar que o Supremo Tri- tuição de 1891, embora com exceções àqueles que de
bunal Federal firmou jurisprudência no sentido de fato podiam votar e de 1934 que trouxe o direito de
que os tratados que versem sobre direitos huma- voto à mulher.
nos que foram incorporados ao ordenamento jurí- Porém, é de fato pela Constituição de 1988 que a
cidadania passa a ser efetivamente um valor prezado
dico brasileiro antes da Emenda Constitucional n.º
pelo ordenamento jurídico.
45/2004, ou seja, sem observar o disposto no art. 5º, §
A Constituição de 1988 define que o Brasil constitui
3º da Constituição Federal, terão status supralegal ou um Estado Democrático de Direito. Em razão disto, o
infraconstitucional. art. 1º, parágrafo único da CF define o seguinte:
Importa dizer que a doutrina divergiu sobre o
assunto. Uma primeira corrente defendeu o que já fora Art. 1º (...)
mencionado acima, ou seja, que embora estes tratados Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que
tenham sido ratificados antes da Emenda Constitucio- exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
nal n.º 45/2004, deveriam ser recepcionados como mente, nos termos desta Constituição.
normas equivalentes às emendas constitucionais.
Portanto, se o poder emana do povo, resta claro
Por sua vez, uma segunda corrente doutrinária ado-
que, por ser detentor deste poder, cabe a cada um dos
tou posicionamento pelo qual não poderia um tratado
brasileiros, o exercício da cidadania. Ou seja, deverá
de direitos humanos aprovado por quórum de lei ordi-
fazer valer seus direitos, bem como deve agir diaria-
nária, ser incorporado como emenda constitucional. mente de forma comprometida com sua nação.
Finalmente, uma última corrente entendeu que É possível dizer, então, que a relação entre direitos
seria possível a transformação desta lei ordinária em humanos e cidadania ocorre quando a pessoa age em
norma de status constitucional, podendo ser reapre- observância às leis do país em que vive e também bus-
358 ciados em consonância com o art. 5º, parágrafo 3º. ca que seus direitos sejam cumpridos.
O cidadão é assim definido como aquele que pro- Como desdobramento deste direito, é possível
tege o meio ambiente em que vive e também exige de mencionar a vedação à pena de morte, exceto em
seus governantes a efetivação de políticas públicas situação de guerra declarada.
por meio de medidas práticas que protejam reservas Inclusive, importa frisar, que por se tratar de uma
ambientais, promovam a limpeza de rios, proteção da decorrência do direito à vida, referida proibição cons-
fauna e da flora, por exemplo. titui cláusula pétrea, ou seja, assim como os demais
A cidadania também é exercida quando a popula- direitos e garantias fundamentais, não poderá ser
ção exerce seu direito ao voto para a escolha dos seus objeto de alteração ou supressão.
governantes e também quando sai às ruas em mani- Além disso, em razão deste direito, é garantido a
festações pacíficas contra corrupção. todos viver de forma digna, ou seja, ter acesso a ser-
Percebe-se, portanto, que o exercício da cidada- viços de saúde, saneamento básico, medicamentos
nia está intimamente ligado aos direitos humanos. É e também, a garantia de um valor mínimo para sua
o meio pelo qual a pessoa dispõe para fazer com que sobrevivência (como o benefício decorrente da assis-
seus direitos fundamentais sejam observados. tência social, conhecido popularmente como LOAS).
O cidadão, portanto, é o sujeito que goza de direi- Também se relaciona ao direito à vida, a previsão
tos políticos no Estado em que vive. do aborto como um crime.
Como visto, a cidadania é um dos fundamentos da Assim, é certo que, com exceção dos casos previs-
República. tos no Código Penal, a interrupção de uma gestação é
Desta forma, todo aquele que viva em território considerada um crime.
brasileiro tem assegurada sua cidadania. Já vimos a Há grande controvérsia em torno do assunto atual-
origem dela e também como pode ser, de fato, exercida. mente. Porém, a previsão do aborto como uma condu-
Quando falamos em direitos da cidadania pode- ta criminosa decorre do direito ora estudado.
mos falar nos direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal e já mencionados como: o direito z Preservação da integridade física e moral (hon-
à igualdade, à manifestação do pensamento, à liber- ra, imagem, nome, intimidade e vida privada):
dade de consciência e de crença, à inviolabilidade
o art. 5º, inciso X da Constituição Federal preceitua
do domicílio. Lembre-se que o rol de direitos é muito
o seguinte:
mais extenso e está previsto no art. 5º da Constituição
Federal.
Art. 5º (...)
Também de grande importância para a cidadania X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
são os direitos políticos. É por meio deles que o cida- honra, a imagem das pessoas, assegurado o direito
dão tem em suas mãos o poder para a escolha de seus a indenização pelo dano material ou moral decor-
governantes, bem como de se manifestar sobre ques- rente de sua violação;
tões relevantes para a nação.
Quanto aos deveres do cidadão incluem-se aí o Em razão disto, todos terão a garantia de que sua
respeito às leis e também ao próximo. Isto porque, integridade física e moral será respeitada. Porém, caso
para que uma pessoa faça parte de uma nação como sofra qualquer forma de violação, poderá buscar a repa-
um cidadão, deverá também respeitar os demais, não ração, tendo garantido o direito a ser indenizado pelo
agindo de forma que sua liberdade possa tolher a dos dano material ou moral decorrente de sua violação.
outros. Assim, aquele que tenha sua honra, imagem, nome,
intimidade e vida privada expostos de qualquer for-
Dica ma, sem que tenha havido sua autorização para tanto,
Cidadania é um fundamento da República Fede- terá direito a buscar junto ao Poder Judiciário, indeni-
zação pelos danos sofridos.
rativa do Brasil.
Isto porque tal proteção decorre da garantia fun-
damental de que todos gozam de ter preservada sua
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988: DOS
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS integridade, física ou moral.
Caso ocorra qualquer violação, a pessoa ofendida,
Dos direitos e deveres individuais e coletivos terá garantido seu direito a ingressar em juízo e obter
indenização pelos prejuízos materiais (econômicos)
que tenham decorrido desta ofensa, bem como morais.
Como já vimos acima, os direitos e garantias fun-
damentais estão previstos no art. 5º da Constituição Por dano moral, entende-se qualquer violação que
Federal que traz a seguinte redação: uma pessoa sofra que lhe cause mágoa, tristeza, inten-
so sofrimento, desgosto, vergonha, enfim, que seja
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção capaz de gerar sentimentos extremamente negativos.
DIREITOS HUMANOS

de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- Portanto, ninguém poderá expor o nome, a honra,
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- a imagem, a intimidade e a vida privada do outro, sem
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, que haja a devida autorização da pessoa envolvida.
à segurança e à propriedade, nos seguintes termos: Esta situação é fácil de ser exemplificada quan-
do lembramos daqueles quadros veiculados em pro-
Necessário verificar as particularidades e des- gramas televisivos conhecidos popularmente como
dobramentos de alguns destes direitos e garantias “pegadinhas”.
fundamentais. A pessoa exposta àquela situação autorizou a
veiculação daquelas imagens. Se não o tivesse feito,
z Direito à vida: é possível dizer que o direito à vida certamente poderia buscar diante de um juiz, indeni-
garante à pessoa, o direito de preservação de sua zação por danos materiais e morais que teriam surgi-
vida, bem como o de poder viver de forma digna. do daquela situação. 359
Em tempos atuais, as redes sociais também se tor- Tratam-se das chamadas ações afirmativas.
nam um importante meio de possíveis violações. E o que são as referidas ações?
Diariamente internautas se envolvem em situa- São medidas pontuais e que serão adotadas por
ções que podem constituir possíveis danos aos direi- certo período de tempo com o objetivo de amenizar
tos fundamentais da pessoa. É o caso dos chamados ou mesmo cessar as diferenças históricas havidas
haters, pessoas que acessam a rede com o exclusivo entre os indivíduos.
intuito de ofender o outro, expondo seu nome, ima- Vale dizer que as ações afirmativas estão previstas
gem e intimidade. no Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288 de 20 de
Estas situações certamente constituem violações julho de 2010), em seu art. 1º, inciso VI):
que serão levadas ao Poder Judiciário para a respon-
sabilização dos ofensores e reparação de danos (inde- Art. 1º. Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade
nização por dano material e moral). Racial, destinado a garantir à população negra a
Lembre-se sempre que isto decorre da garantia efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa
constitucional de preservação da integridade física e dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos
moral a que todos fazem jus. e o combate à discriminação e às demais formas de
intolerância étnica:
z Direito à igualdade: o direito à igualdade está pre-
visto também no caput do art. 5º da Constituição Também são previstos nos Editais de concursos
Federal. Assim, é definido: Todos são iguais perante públicos vagas destinadas exclusivamente para pes-
a lei, sem distinção de qualquer natureza (...). soas que tenham alguma deficiência.
Trata-se, portanto, de uma discriminação positiva.
Trata-se da igualdade formal, ou seja, a garantia, Ou seja, em razão de uma desigualdade em rela-
prevista na Lei (Constituição Federal) de que todas as ção aos demais ocasionada pela deficiência, aquele
pessoas, independentemente de sua raça, gênero ou que pleitear uma vaga em concurso público, deverá
qualquer outra característica física ou comportamen- concorrer conforme suas condições.
tal, são iguais, tendo os mesmos direitos e garantias Diante disto, verifica-se que a igualdade está pre-
assegurados pela Constituição Federal. sente ainda que em situações que aparentam uma
Porém, a igualdade também é analisada sobre possível desigualdade, pois, em verdade, deve ser
outro aspecto: o material. observado todo o contexto ao redor destes direitos, de
Por igualdade material temos que a lei deve tratar forma que se garanta efetivamente que todos sejam
os iguais de forma igual e os desiguais, de forma desi- tratados da mesma forma perante a lei, consoante
gual, na medida de sua desigualdade. prevê o art. 5º da Constituição Federal.
Num primeiro momento, isto parece bastante
confuso. z Direito à liberdade: a liberdade também é uma
Mas, vamos entender como todos são iguais, mas decorrência do direito à vida.
podem ser tratados de forma desigual quando houver
uma desigualdade que justifique. O direito à liberdade previsto no art. 5º se mani-
A Constituição Federal traz alguns exemplos de festa em diversos pontos da Constituição Federal e
situações que são tratadas de forma desigual, pois em muitos aspectos: liberdade de locomoção (inciso
há uma desigualdade que justifique: por exemplo, a XV); liberdade de pensamento (inciso IV); liberdade
licença-maternidade e licença-paternidade, previs- de expressão (inciso IX); liberdade de associação (inci-
tas respectivamente, no art. 7º, incisos XVIII e XIX da so XVII); liberdade religiosa (inciso VI), liberdade de
Constituição Federal, ou ainda, o serviço militar obri- exercício de trabalho (inciso XIII).
gatório, que isenta as mulheres e os eclesiásticos (art. Alguns aspectos devem ser destacados em relação
143, § 2º). à liberdade:
Percebe-se assim, que embora estes sejam exem- Pela liberdade de locomoção:
plos de possíveis direitos desiguais, eles se justificam
em razão da desigualdade que envolve os detentores Art. 5º (...)
dos direitos. XV- é livre a locomoção no território nacional em
Também podemos falar sobre o direito à igual- tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
dade no tocante às cotas previstas para ingresso nas mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
universidades. com seus bens;
Atualmente, os vestibulares para ingresso nas uni-
versidades estabelecem cotas específicas para pessoas Assim, em decorrência da liberdade, também é
egressas do ensino público. garantido pela Constituição Federal que todos vivam
Justificam-se porque, ao longo dos tempos, veri- conforme suas convicções, seguindo a crença religiosa
ficou-se que os alunos que frequentaram escolas de que melhor lhe convier, bem como tendo respeitado
ensino público apresentam maiores dificuldades para seu pensamento em relação à política ou convicções
ingresso em universidades públicas do que aqueles filosóficas.
que frequentaram o ensino privado. Isto está previsto no art. 5º, inciso VIII:
Além disso, hoje também é comum que existam
cotas nos Editais de concursos públicos para negros. Art. 5º (...)
Isto se justifica porque os negros em virtude de VIII- ninguém será privado de direitos por motivo
preconceito perpetrado na sociedade, encontram, ain- de crença religiosa ou convicção filosófica ou políti-
da hoje, diversas barreiras que impedia o acesso aos ca, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
estudos e posteriormente ao mercado de trabalho em legal a todos imposta e recusar-se a cumprir pres-
360 igualdade de condições com pessoas brancas. tação alternativa, fixada em lei.
Assim, é certo que cabe a cada indivíduo fazer A Constituição Federal, em dois dispositivos, arts.
suas escolhas de vida e manter seus pensamentos, 182, § 2º e 186 fala sobre o tema:
não podendo o Estado, criar qualquer óbice ou punir
aqueles que pensem de forma diversa. Art. 182. A política de desenvolvimento urbano,
Também merece ser mencionado o inciso IV do executada pelo Poder Público municipal, confor-
mesmo art.: me diretrizes gerais fixadas em lei, tem por obje-
tivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
vedado o anonimato; habitantes.
(...)
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função
E ainda, o inciso IX:
social quando atende às exigências fundamentais
da ordenação da cidade expressas no plano diretor.
IX- é livre a expressão da atividade intelectual,
Art. 186. A função social é cumprida quando a pro-
artística, científica e de comunicação, independen-
priedade rural atende, simultaneamente, segundo
temente de censura ou licença;
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
Assim, também decorrem da liberdade, o direito de I- aproveitamento racional e adequado;
manifestação do pensamento e de qualquer atividade II- utilização adequada dos recursos naturais dis-
intelectual, artística, científica e de comunicação. poníveis e preservação do meio ambiente;
Portanto, não pode ser estabelecida qualquer for- III- observância das disposições que regulam as
ma de censura pelo Poder Público. Ademais, todos os relações de trabalho;
indivíduos podem expor sua atividade intelectual ou IV- exploração que favoreça o bem-estar dos pro-
artística de forma livre, sem necessitar de eventual prietários e dos trabalhadores.
aval dos governantes.
Destaca-se que é em razão disto que são livres Segundo previsto nestes dois dispositivos, em
quaisquer manifestações. relação à propriedade urbana, a função social estará
Ainda, sobre o direito à liberdade, cabe mencio- sendo cumprida quando atendidas às exigências de
nar, ainda que brevemente, um fato notório ocorrido ordenação da cidade constante no plano diretor esti-
a pouco tempo atrás. Preste atenção, porque há gran- verem sendo observadas.
de chance deste assunto ser cobrado em sua prova. Por sua vez, quanto à propriedade rural, a função
Uma associação de artistas ingressou com uma social será preenchida quando os seguintes requisitos
ação no STF (Supremo Tribunal Federal) com o obje- estiverem sendo cumpridos: aproveitamento racional
tivo de impedir que fossem públicas as biografias e adequado da área; utilização adequada dos recursos
não autorizadas. A alegação deles era de que estas naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
biografias ofendiam a integridade moral dos biogra- observância das disposições que regulam as relações
fados, visto que expunham fatos desconhecidos pelas de trabalho, ou seja, daqueles que estiverem prestan-
pessoas ou mesmo situações que lhes poderiam cau- do serviços na propriedade; exploração que favoreça
sar constrangimentos se viessem ao conhecimento o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
público. Assim, embora o direito de propriedade seja garan-
Contudo, a Corte entendeu que eles não tinham tido na Constituição Federal, ele não é absoluto.
razão, pois, ao necessitar de autorização para a publi- Como visto, a função social deve ser atendida.
cação das biografias, os artistas teriam violado seu Entende-se, por função social, como visto acima,
direito à liberdade de manifestação e à liberdade inte- no caso da propriedade urbana, que sejam atendidos
lectual e artística. e respeitados as determinações do plano diretor.
É importante atentar para este fato, pois poderá Em breve síntese, o plano diretor é um documen-
ser objeto de prova. to que deve ser elaborado por cada município para o
Finalmente, é necessário dizer que diante da ordenamento das cidades.
garantia de liberdade, o indivíduo apenas poderá ser No caso da propriedade para que seja efetivamen-
preso em situação de flagrante delito ou por meio de te aproveitada, necessário serem utilizados os recur-
ordem escrita e fundamentada da autoridade compe- sos naturais de forma consciente e adequada, sem
tente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime desperdício e depredação ambiental.
propriamente militar, conforme estabelece o art. 5º, Ademais, a função social também inclui um
inciso LXI. importante elemento subjetivo daqueles que estão
relacionados na propriedade, qual seja: devem ser
DIREITOS HUMANOS

LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito respeitadas as relações trabalhistas daqueles que tra-
ou por ordem escrita e fundamentada de autorida- balhem na propriedade, bem como seu bem-estar,
de judiciária competente, salvo nos casos de trans- além do bem-estar do proprietário.
gressão militar ou crime propriamente militar, Finalmente, o direito de propriedade pode ser
definidos em lei; relativizado pela desapropriação.
Prevista no art. 5º, inciso XXIV, a desapropriação
z Direito à propriedade: o direito à propriedade poderá ser ordenada pelo Poder Público em razão de
embora previsto na Constituição Federal, não é necessidade, utilidade pública e interesse social.
absoluto. Nestes casos, será determinada a perda da proprie-
dade da pessoa em favor do Poder Público mediante
Em primeiro lugar, o direito está condicionado ao o pagamento de uma indenização justa e prévia, que
atendimento da função social. deverá ser paga em dinheiro. 361
Art. 5º (...) II– referendo;
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desa- III – iniciativa popular;
propriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia Assim, dentre os direitos políticos, o mais conheci-
indenização em dinheiro, ressalvados os casos pre- do deles é o sufrágio universal que nada mais é do que
vistos nesta Constituição. o voto, estabelecido como direto e secreto e também o
Dos direitos sociais direito de ser votado
Percebe-se o que o voto de todos tem o mesmo
O art. 6º da Constituição Federal preceitua os direi- valor, superada a questão que já permeou em consti-
tos sociais. tuições anteriores em que o voto tinha valor diverso
dependendo da posição social de seu titular.
Art. 6.º São direitos sociais a educação, a saúde, a Por sua vez, plebiscito e referendo se referem a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, formas por meio das quais o cidadão é instado a se
o lazer, a segurança, a previdência social, a prote-
manifestar sobre algum assunto de grande relevância
ção à maternidade e à infância, a assistência aos
para o país. Assim, por meio de decretos legislativos,
desamparados, na forma desta Constituição.
as pessoas são convocadas para expressar sua opinião
sobre um tema colocado em pauta.
Conforme se verifica, tratam-se daqueles direitos
Divergem no seguinte: enquanto o plebiscito é
mínimos necessários para que a pessoa viva com dig-
estabelecido de forma prévia e a população se mani-
nidade num Estado de Direito.
festa a favor ou contrária a um tema que lhe é apre-
Estes direitos constituem prestações positivas que
sentado, o referendo é convocado posteriormente
o Estado deve garantir a todos os cidadãos. Terão efi-
sobre um assunto que já faça parte do dia a dia dos
cácia imediata, à medida que não podem depender
cidadãos, cabendo a eles ratificá-lo ou rejeitá-lo.
de outra norma para sua implementação pelo Poder
Na história recente brasileira houve um plebisci-
Público.
to em 21 de abril de 1993 em que os cidadãos foram
Destaque para o direito à saúde, por meio do qual,
chamados a se manifestar sobre a forma e sistema de
o Poder Público deverá promover ações de promoção,
governo. Foram colocadas as opções: forma de gover-
proteção e recuperação da saúde:
no à monarquia ou república e sistema de governo
Art. 196 CF. A saúde é direito de todos e dever do
à presidencialismo ou parlamentarismo. Prevaleceu
Estado, garantido mediante políticas sociais e eco- que a forma deveria ser mantida como uma república
nômicas que visem à redução do risco de doença e e o sistema presidencialista.
de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- Por sua vez, o referendo ocorreu em 23 de outubro
rio às ações e serviços para sua promoção, prote- de 2005, tendo a população sido instada a se posicio-
ção e recuperação. nar sobre a seguinte questão: O comércio de armas de
fogo e munição deve ser proibido no Brasil?
Ou seja, a obrigação do Estado com a população, Importa destacar que estava vigente desde 2003 o
em princípio, é de manter políticas públicas que previ- Estatuto do Desarmamento em que já havia sido proi-
nam e protejam de doenças. Num segundo momento, bido o comércio de armas de fogo e munições. Contu-
se a pessoa já apresenta uma doença, cabe ao Estado do, havia previsão legal de que para entrada em vigor,
prestar-lhe atendimento médico e fornecer medica- seria necessária a ratificação da população por meio
mentos para a recuperação de sua saúde. de um referendo, podendo é claro, também rejeitar o
Necessário dizer que todos os direitos sociais são dispositivo que então não vigoraria.
universais. Portanto, caberá ao Poder Público imple- A maioria dos cidadãos votou pela ratificação do
mentá-los sem qualquer distinção. dispositivo, respondendo, portanto, não à questão for-
Assim, mesmo que a pessoa não apresente uma mulada (mencionada acima) e, portanto, passando a
situação de vulnerabilidade econômica, poderá bus- vigorar o art. que proibia o comércio de armas de fogo
car atendimento hospitalar público ou mesmo matri- e munições no Brasil.
cular-se em uma escola estadual ou municipal. Outro dos direitos políticos que deve ser men-
cionado é a iniciativa popular. Trata-se da iniciativa
Dica que garante a todo cidadão de apresentar um projeto
de lei. Este direito está regulamentado pelo art. 61, §
Direitos sociais são universais. 2ºda Constituição Federal, cabendo para tanto, serem
preenchidos os requisitos ali previstos.
DIREITOS POLÍTICOS
Art. 61 (...), § 2º. A iniciativa popular pode ser exer-
Os direitos políticos estão previstos nos arts. 14 cida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
a 16 da Constituição Federal, em seu Capítulo IV, no projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cen-
Título II. to do eleitorado nacional, distribuído pelo menos
Sem dúvida são os meios efetivos pelos quais a por cinco Estados, com não menos de três décimos
pessoa exerce sua cidadania, pois, é por meio destes por cento dos eleitores de cada um deles.
direitos que a pessoa vota e também pode ser votada.
O art. 14 preceitua o seguinte: Da nacionalidade e dos direitos políticos

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo Nacionalidade, conforme bem nos define o ilustre
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, jurista Pedro Lenza:
com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante: “(...) pode ser definida como o vínculo jurídico-po-
362 I – plebiscito; lítico que liga um indivíduo a determinado Estado,
fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o Assim, a pessoa poderá requerer a naturalização
povo daquele Estado e, por consequência, desfrute brasileira, desde que enquadre em alguma das situa-
de direitos e submeta-se a obrigações”. ções acima e preencha os requisitos determinados
pela Constituição Federal.
Diante disto, temos que um sujeito pode ser brasi- Ademais, existe uma situação peculiar que corres-
leiro nato ou naturalizado: ponde ao português.
O brasileiro nato, conforme preceitua o art. 12, Conforme preceitua o art. 12, § 1º da Constituição
inciso I, letra “a” da Constituição Federal é qualquer Federal, o português terá os mesmos direitos do brasi-
leiro, desde que tenha residência permanente no Bra-
pessoa cujo nascimento ocorreu em território brasi-
sil e se houver reciprocidade de Portugal em relação
leiro. Assim, percebe-se que a regra adotada no país
aos brasileiros, ou seja, se no país europeu, o brasilei-
é do jus solis. ro gozar do mesmo privilégio.
O art. 12, § 4º nos define que perderão a nacionali-
dade o brasileiro que:
Importante!
É necessário ressalvar, porém, o caso da pessoa z o inciso I traz a situação daquele que tiver cance-
lada sua naturalização por sentença judicial moti-
que nasceu no Brasil, mas é filho de pais
vada por atividade nociva ao interesse nacional;
estrangeiros e que estejam à serviço de seu país.
Este sujeito não será brasileiro. z o inciso II define que deixará de ser brasileiro o
Isto porque, a Constituição Federal, ainda no art. sujeito que adquirir outra nacionalidade, exceto:
se houver o reconhecimento de nacionalidade ori-
12, inciso I, letra “a” é clara ao dizer que também
ginária (brasileira) pela lei estrangeira ou ainda
será brasileiro, aquele que tiver nascido aqui, mes- se a pessoa tiver que se naturalizar, em virtude de
mo filho de estrangeiros, desde que os pais não norma estrangeira, como condição para perma-
estejam a serviço do seu país. nência em seu território ou exercício de direitos
Também será considerado brasileiro aquele que civis.
tem pai ou mãe brasileiros, mas nasceu no estran-
geiro quando um deles estava no exterior a servi- Finalmente necessário dizer que, a lei, não pode-
rá fazer qualquer distinção entre o brasileiro nato e o
ço do Brasil.
naturalizado. A Constituição Federal, no art. 12, § 2º,
porém, determina que alguns cargos são privativos
É necessário que apenas um dos genitores seja de brasileiros natos, quais sejam: Presidente e vice-
brasileiro. -Presidente da República; Presidente da Câmara dos
Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro
Esta situação está definida no art. 12, inciso I, letra “b”.
do Supremo Tribunal Federal; carreira diplomática,
Finalmente, a letra “c” também deste dispositivo
de oficial das Forças Armadas e de Ministro do Estado
define que será brasileiro nato aquele nascido no
de Defesa.
estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileiros quando: Direitos Políticos: Os direitos políticos estão previs-
tos nos arts. 14 a 16 da Constituição Federal, em seu
z for registrado em repartição brasileira competente: Capítulo IV, no Título II.
ou seja, quando do nascimento, seus pais o registra- O art. 14 preceitua o seguinte:
ram perante consulado brasileiro no exterior;
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
z venham a residir no Brasil e, após atingida a maio- sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
ridade, optem pela nacionalidade brasileira. com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
Nesta última hipótese, mesmo que a pessoa tenha I- plebiscito;
nascido no exterior e lá tenha sido registrada, se, seu II referendo;
pai ou mãe forem brasileiros e o sujeito tenha vindo III- iniciativa popular;
morar no Brasil, poderá, após completar dezoito anos,
optar pela nacionalidade. Assim, estão compreendidos dentre os direitos
políticos, o mais conhecido deles, qual seja: o sufrágio
Vale ressaltar que deve atingir a maioridade para
universal que nada mais é do que o voto, estabeleci-
fazer esta escolha, tendo em vista ser este o momento
do como direto e secreto e também o direito de ser
em que alcança a capacidade jurídica plena. votado.
DIREITOS HUMANOS

Ademais, o sujeito poderá ser brasileiro naturali- Por sua vez, plebiscito e referendo se referem a
zado. Será naturalizado, conforme determina o art. formas por meio das quais o cidadão é instado a se
12, inciso II: manifestar sobre algum assunto de grande relevância
para o país. Assim, por meio de decretos legislativos,
z a pessoa nascida em país cujo idioma seja a língua as pessoas são convocadas para expressar sua opinião
portuguesa, tendo para tanto que comprovar a resi- sobre um tema colocado em pauta.
dência em solo brasileiro por um ano ininterrupto e Divergem no seguinte: enquanto o plebiscito é esta-
idoneidade moral (art. 12, inciso II, letra “a”); belecido de forma prévia e a população se manifesta a
favor ou contrária a um tema que lhe é apresentado,
z a pessoa nascida em qualquer país, desde que resi- o referendo é convocado posteriormente sobre um
dente no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos assunto que já faça parte do dia a dia dos cidadãos,
e sem condenação penal (art. 12, inciso III, letra “b”). cabendo a eles ratificá-lo ou rejeitá-lo. 363
Na história recente brasileira houve um plebisci- documentos: a Declaração Universal dos Direitos
to em 21 de abril de 1993 em que os cidadãos foram Humanos, de 1948; o Pacto Internacional dos Direitos
chamados a se manifestar sobre a forma e sistema Civis e Políticos, de 1966; o Pacto Internacional dos
de governo. Por sua vez, o referendo ocorreu em 23 Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966. Ao
de outubro de 2005, tendo a população sido instada a longo deste capítulo e do próximo serão estudados os
se posicionar sobre se o comércio de armas de fogo e direitos que compõem a Carta, que se fundam na tría-
munição deveria ou não ser proibido no Brasil. de liberdade, igualdade e fraternidade instituída no
Outro dos direitos políticos que deve ser mencionado art. 1o, DUDH, remontando-se às dimensões de direitos
é a iniciativa popular. Trata-se da iniciativa que é garan- humanos como direitos basilares da dignidade huma-
tida a todo cidadão de apresentar um projeto de lei. Este na. Pelas razões expostas, para maior compreensão e
direito está regulamentado pelo art. 61, § 2º da Constitui- fixação do conteúdo, iremos trabalhar com a legisla-
ção Federal, cabendo para tanto, serem preenchidos os ção comparada.
requisitos ali previstos, conforme a seguir mencionado: A Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948 inaugura o sistema geral de proteção da pessoa
Art. 61 (...) § 2º. A iniciativa popular pode ser exer- humana no âmbito internacional, sendo proclamada
cida pela apresentação à Câmara dos Deputados de pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cen- dezembro de 1948 pela Resolução nº 217. Conside-
to do eleitorado nacional, distribuído pelo menos rando o formato adotado, que é o de deliberação da
por cinco Estados, com não menos de três décimos
Assembleia Geral e não de tratado internacional, seus
por cento dos eleitores de cada um deles.
dispositivos não refletem obrigações jurídicas dos
Estados que a compõem – é o que se denomina norma-
Importa dizer que os direitos políticos são divi-
tiva soft law. Noutras palavras, a Declaração em si não
didos entre: capacidade eleitoral ativa e capacidade
possui conteúdo coativo em relação aos Estados-par-
eleitoral passiva. A capacidade eleitoral ativa se refere
tes, mas seus princípios se refletem em outros trata-
ao direito de votar. Já a capacidade eleitoral passiva se
dos internacionais que o possuem. O fato é que desse
refere ao direito de ser votado. Assim, em regra, todos
documento se originaram muitos outros, nos âmbitos
os brasileiros podem votar e ser votados.
nacional e internacional, sendo que dois deles prati-
Inclusive, o art. 15 da Constituição Federal esta-
camente repetem e pormenorizam o seu conteúdo,
belece que é vedada a cassação de direitos políticos.
quais sejam: o Pacto Internacional dos Direitos Civis
Porém, é possível que uma pessoa sofra a perda ou
e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econô-
suspensão de seus direitos políticos.
micos, Sociais e Culturais. Esta tríade da Declaração
Isto pode ocorrer nas seguintes situações previstas
de 1948 e dos Pactos de 1966 forma a Carta Interna-
no art. 15:
cional dos Direitos Humanos.
z por meio do cancelamento da naturalização por
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS EM ESPÉCIE
sentença transitada em julgado (inciso I);
z incapacidade civil absoluta: aquele que tenha sua Os direitos civis e políticos em espécie perpassam
incapacidade reconhecida, terá seus direitos sus- por diversas questões inerentes à vida, à liberdade,
pensos (inciso II); à igualdade, à propriedade e à segurança pessoal, tal
z condenação criminal transitada em julgado como por aspectos de proteção da pessoa humana em
enquanto durarem seus efeitos (inciso III); situações de conflito com a lei. Na nomenclatura da
CF/88, são denominados direitos individuais (art. 5o),
z recusa de cumprimento de obrigação a todos nacionalidade (art. 12) e direitos políticos (arts. 14 e 15).
imposta ou prestação alternativa, nos termos do
art. 5º, VIII (inciso IV); Art. 1, DUDH. Todas as pessoas nascem livres
e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de
z improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
razão e consciência e devem agir em relação umas
§ 4º (inciso V).
às outras com espírito de fraternidade.

Dica Igualdade e não discriminação


Não podem ser cassados os direitos políticos de
uma pessoa; porém, poderão ser suspensos em Art. 2º, DUDH. Toda pessoa tem capacidade para
gozar os direitos e as liberdades estabelecidos
situações previstas na lei.
nesta Declaração, sem distinção de qualquer
espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opi-
nião política ou de outra natureza, origem nacional
ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS condição.
Art.7º, DUDH. Todos são iguais perante a lei e
DIREITOS HUMANOS têm direito, sem qualquer distinção, a igual
proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
CARTA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS: contra qualquer discriminação que viole a pre-
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS sente Declaração e contra qualquer incitamento
HUMANOS DE 1948 a tal discriminação.
Art. 3º, PIDCP. Os Estados partes do presente pacto
A Carta Internacional dos Direitos Humanos lança comprometem-se a assegurar a homens e mulhe-
as bases do sistema geral de proteção da pessoa huma- res igualdade no gozo de todos os direitos civis
364 na no âmbito internacional, sendo composta por três e políticos enunciados no presente pacto.
Art. 26, PIDCP. Todas as pessoas são iguais peran- Do direito à vida
te a lei e têm direito, sem discriminação algu-
ma, a igual proteção da lei. A este respeito, a lei Art. 3º, DUDH. Toda pessoa tem direito à vida, à
deverá proibir qualquer forma de discriminação liberdade e à segurança pessoal.
e garantir a todas as pessoas proteção igual e efi- Art. 6º, PIDCP. 1. O direito à vida é inerente à
pessoa humana. Este direito deverá ser protegido
caz contra qualquer discriminação por motivo de
pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente pri-
raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
vado de sua vida.
ou de outra natureza, origem nacional ou social, 2. Nos Países em que a pena de morte não tenha
situação econômica, nascimento ou qualquer outra sido abolida, esta poderá ser imposta apenas nos
situação. casos de crimes mais graves, em conformidade
Art. 27, PIDCP. No caso em que haja minorias com legislação vigente na época em que o crime foi
étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas cometido e que não esteja em conflito com as dis-
pertencentes a essas minorias não poderão ser pri- posições do presente pacto, nem com a Convenção
vadas do direito de ter, conjuntamente com outros sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocí-
membros de seu grupo, sua própria vida cultural, dio. Poder-se-á aplicar essa pena apenas em decor-
de professar e praticar sua própria religião e usar rência de uma sentença transitada em julgado e
sua própria língua. proferida por tribunal competente.
3. Quando a privação da vida constituir um crime
de genocídio, entende-se que nenhuma disposição
A igualdade é não apenas um direito humano, mas
do presente artigo autorizará qualquer Estado Par-
um pressuposto de todo o sistema de proteção, pois te do presente pacto a eximir-se, de modo algum,
implica no reconhecimento de que a condição huma- do cumprimento de quaisquer das obrigações que
na é única e que, em razão disso, toda pessoa merece tenham assumido em virtude das disposições da
igual proteção da lei. Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime
Sob um primeiro aspecto, a igualdade impede a de Genocídio.
distinção entre pessoas pela condição do país ou terri- 4. Qualquer condenado à morte terá o direito de
tório a que pertença, o que é importante sob o aspecto pedir indulto ou comutação da pena. A anistia,
o indulto ou a comutação de pena poderão ser con-
de proteção dos refugiados, prisioneiros de guerra,
cedidos em todos os casos.
pessoas perseguidas politicamente, nacionais de Esta- 5. A pena de morte não deverá ser imposta em
dos que não cumpram os preceitos das Nações Unidas. casos de crimes cometidos por pessoas menores
Não obstante, a discriminação não é proibida apenas de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado
quanto a indivíduos, mas também quanto a grupos de gravidez.
humanos, formados por classe social, etnia ou opinião 6. Não se poderá invocar disposição alguma do
em comum1. presente artigo para retardar ou impedir a abo-
A Declaração reconhece a capacidade de gozo indis- lição da pena de morte por um Estado Parte do
presente pacto.
tinto dos direitos e liberdades assegurados a todos os
homens, e não apenas a alguns setores ou atores sociais.
A vida humana é o centro gravitacional no qual
Garantir a capacidade de gozo, no entanto, não é sufi-
orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuin-
ciente para que este realmente se efetive. É fundamental
do reflexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e
aos ordenamentos jurídicos próprios dos Estados via- religiosos. Daí existir uma dificuldade em conceituar o
bilizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a fim vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa pos-
de que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto sui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida.
se dá não somente com a igualdade material diante da O direito à vida “abrange tanto o direito de não ser
lei, mas também, e principalmente, através do reconhe- morto, privado da vida, portanto, direito de continuar
cimento e respeito das desigualdades naturais entre os vivo, como também o direito de ter uma vida digna”3.
homens, as quais devem ser resguardadas pela ordem Na primeira esfera, enquadram-se questões como
jurídica, pois é somente assim que será possível propi- pena de morte, aborto, pesquisas com células-tronco,
ciar a aludida capacidade de gozo a todos 2. eutanásia, entre outras polêmicas. Na segunda esfera,
Sob um segundo aspecto, a igualdade entre as pes- notam-se desdobramentos como a proibição de trata-
soas se desdobra no direito à igualdade perante à lei. mentos indignos, a exemplo da tortura, dos trabalhos
Toda lei é dotada de caráter genérico e abstrato que forçados, etc.
A vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o
evidencia não se aplicar a uma pessoa determinada,
primeiro valor moral de todos os seres humanos. Tra-
mas sim a todas as pessoas que venham a se encon-
ta-se de um direito que pode ser visto em 4 aspectos,
trar na situação por ela descrita. Não significa que a
quais sejam: a) direito de nascer; b) direito de perma-
DIREITOS HUMANOS

legislação não possa estabelecer, em abstrato, regras necer vivo; c) direito de ter uma vida digna quanto à
especiais para um grupo de pessoas desfavorecido subsistência e; d) direito de não ser privado da vida
socialmente, direcionando ações afirmativas, por através da pena de morte4.
exemplo, aos deficientes, às mulheres, aos pobres – no Na Carta Internacional dos Direitos Humanos é
entanto, todas estas ações devem respeitar a propor- conferida especificidade ao direito à vida no sentido
cionalidade e a razoabilidade (princípio da igualdade de não ser arbitrariamente privado da própria vida,
material). criando-se restrições à pena de morte. Conforme se
1 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
2 Ibid.
3 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
4 BALERA, Wagner... Op. Cit. 365
denota no art. 6o, PIDCP, não se veda a pena de morte, iii) qualquer serviço exigido em casos de emergên-
mas se criam impeditivos: apenas pode ser aplicada a cia ou de calamidade que ameacem o bem-estar
crimes graves, deve haver sentença transitada em jul- da comunidade;
gado proferida por Tribunal competente, deve se asse- iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das
gurar o direito de pedir indulto ou comutação da pena obrigações cívicas normais.
(os quais poderão ser concedidos, tal como a anistia),
não pode ser imposta a menores de 18 anos e nem a A abolição da escravidão foi uma luta histórica em
mulheres gestantes. todo o globo. Seria totalmente incoerente quanto aos
Contudo, no próprio artigo 6o, PIDCP frisa-se que princípios da liberdade, da igualdade e da dignidade
suas disposições não podem ser usadas para retardar se admitir que um ser humano pudesse ser subme-
ou impedir a abolição da pena de morte. Neste senti-
tido ao outro, ser tratado como coisa. O ser humano
do, a abolição da pena de morte é o propósito da Carta
não possui valor financeiro e nem serve ao domínio
Internacional de Direitos Humanos, assinando-se o
de outro, razão pela qual a escravidão não pode ser
Segundo Protocolo Adicional ao Pacto Internacional
sobre os Direitos Civis e Políticos com vista à Abolição aceita.
da Pena de Morte, em 15 de dezembro de 1989, o qual O trabalho escravo não se confunde com o tra-
foi ratificado pelo Brasil. balho servil. A escravidão é a propriedade plena de
um homem sobre o outro. Consiste na utilização, em
Liberdade e segurança pessoal proveito próprio, do trabalho alheio. Os escravos
eram considerados seres humanos sem personalida-
Art. 3º, DUDH. Toda pessoa tem direito à vida, à de, mérito ou valor. A servidão, por seu turno, é uma
liberdade e à segurança pessoal. alienação relativa da liberdade de trabalho através de
Art. 9°, 1, PICDP. Toda pessoa tem direito à liber- um pacto de prestação de serviços ou de uma ligação
dade e à segurança pessoais.
absoluta do trabalhador à terra, já que a servidão era
uma instituição típica das sociedades feudais. A ser-
O direito à liberdade é posto como consectário do
vidão, representava a espinha dorsal do feudalismo.
direito à vida, pois ela depende da liberdade para o
O servo pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima
desenvolvimento intelectual e moral. Assim, “[...]
liberdade é assim a faculdade de escolher o próprio pela utilização do solo, que superava a metade da
caminho, sendo um valor inerente à dignidade do colheita7.
ser, uma vez que decorre da inteligência e da volição, A vedação à escravidão não é impedimento para
duas características da pessoa humana”5. O direito à que países imponham o trabalho como consequência
segurança pessoal é o direito de viver sem medo, pro- de sentença penal condenatória. Além disso, não se
tegido pela solidariedade e liberto de agressões, logo, considera como forçado o trabalho no cumprimento
é uma maneira de garantir o direito à vida6. de serviços militares ou cívicos obrigatórios nem em
situações de emergência e calamidade.
Vedação à escravidão e à servidão
Vedação à tortura e a tratamento, castigo ou pena
Art. 4º, DUDH. Ninguém será mantido em escra- cruel, desumano ou degradante
vidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de
escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Art. 5º, DUDH. Ninguém será submetido à tortu-
Art. 8º, PICDP. 1. Ninguém poderá ser submetido à
ra, nem a tratamento ou castigo cruel, desuma-
escravidão; a escravidão e o tráfico de escra-
vos, em todos as suas formas, ficam proibidos. no ou degradante.
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão. Art. 7º, PIDCP. Ninguém poderá ser submetido à tor-
3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar tra- tura, nem a penas ou tratamentos cruéis, desu-
balhos forçados ou obrigatórios; manos ou degradantes. Será proibido, sobretudo,
b) A alínea “a” do presente parágrafo não poderá submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento,
ser interpretada no sentido de proibir, nos países a experiências médicas ou científicas.
em que certos crimes sejam punidos com prisão e
trabalhos forçados, o cumprimento de uma pena Tortura é a imposição de dor física ou psicológica
de trabalhos forçados, imposta por um tribunal por crueldade, intimidação, punição, para obtenção
competente;
de uma confissão, informação ou simplesmente por
c) Para os efeitos do presente parágrafo, não
serão considerados “trabalhos forçados ou prazer da pessoa que tortura. A tortura é uma espé-
obrigatórios”: cie de tratamento ou castigo cruel. A Convenção das
i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos
alínea “b”, normalmente exigido de um indivíduo ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Resolu-
que tenha sido encerrado em cumprimento de ção n° 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas)
decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal foi estabelecida em 10 de dezembro de 1984 e ratifica-
decisão, ache-se em liberdade condicional;
da pelo Brasil em 28 de setembro de 1989.
ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos paí-
ses em que se admite a isenção por motivo de cons- Equiparam-se à tortura e aos tratamentos cruéis
ciência, qualquer serviço nacional que a lei venha outras formas de castigos desumanos e degradantes,
a exigir daqueles que se oponha ao serviço militar isto é, que desconsideram a condição humana ou bus-
por motivo de consciência; cam submeter a pessoa a uma humilhação.
5 BALERA, Wagner... Op. Cit.
6 Ibid.
366 7 BALERA, Wagner... Op. Cit.
Personalidade jurídica motivos previstos em lei e em conformidade com os
procedimentos.
Art. 6º, DUDH. Toda pessoa tem o direito de ser, 2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser infor-
em todos os lugares, reconhecida como pessoa mada das razões da prisão e notificada, sem
perante a lei. demora, das acusações formuladas contra ela.
Art. 16, PIDCP. Toda pessoa terá direito, em qual- 3. Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtu-
quer lugar, ao reconhecimento de sua personali- de de infração penal deverá ser conduzida, sem
dade jurídica. demora, à presença do juiz ou de outra auto-
Art. 24, 2, PIDCP. Toda criança deverá ser regis- ridade habilitada por lei a exercer funções e terá
trada imediatamente após seu nascimento e o direito de ser julgada em prazo razoável ou
deverá receber um nome. de ser posta em liberdade. A prisão preventiva
de pessoas que aguardam julgamento não deverá
O sistema de proteção de direitos humanos estabe- constituir a regra geral, mas a soltura poderá
lecido no âmbito da Organização das Nações Unidas é estar condicionada a garantias que assegurem o
global, razão pela qual não cabe o seu desrespeito em comparecimento da pessoa em questão à audiên-
cia, a todos os atos do processo e, se necessário for,
qualquer localidade do mundo. Por isso, um estran-
para a execução da sentença.
geiro que visite outro país não pode ter seus direitos 4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liber-
humanos violados, independentemente da Constitui- dade por prisão ou encarceramento terá de recor-
ção daquele país nada prever a respeito dos direitos rer a um tribunal para que este decida sobre
dos estrangeiros. A pessoa humana não perde tal cará- a legalidade de seu encarceramento e ordene
ter apenas por sair do território de seu país. Em outras sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal.
palavras, a personalidade jurídica denota-se uma das 5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarcera-
facetas do princípio da universalidade. mento ilegais terá direito à reparação.
Art. 10, PIDCP. 1. Toda pessoa privada de sua liber-
Afinal, se o Direito existe em função da pessoa dade deverá ser tratada com humanidade e res-
humana, será ela sempre sujeito de direitos e de peito à dignidade inerente à pessoa humana.
obrigações. Negar-lhe a personalidade, a aptidão 2. a) as pessoas processadas deverão ser sepa-
para exercer direitos e contrair obrigações, equi- radas, salvo em circunstância excepcionais, das
vale a não reconhecer sua própria existência. [...] pessoas condenadas e receber tratamento dis-
O reconhecimento da personalidade jurídica é tinto, condizente com sua condição de pessoa
imprescindível à plena realização da pessoa huma- não-condenada.
na. Trata-se de garantir a cada um, em todos os b) as pessoas processadas, jovens, deverão ser
lugares, a possibilidade de desenvolvimento livre e separadas das adultas e julgadas o mais rápido
isonômico8. possível.
3. O regime penitenciário num tratamento cujo
objetivo principal seja a reforma e a reabilita-
Como decorrência do direito à personalidade jurí-
ção moral dos prisioneiros. Os delinquentes
dica, no momento do nascimento deve ser atribuído juvenis deverão ser separados dos adultos
um nome à pessoa, devidamente registrado. Afinal, é e receber tratamento condizente com sua idade e
o registro que formaliza a personalidade jurídica. condição jurídica.
Art. 11, PIDCP. Ninguém poderá ser preso ape-
Remédio para atos que violem direitos fundamentais nas por não poder cumprir com uma obrigação
contratual.
Art. 8º, DUDH. Toda pessoa tem direito a rece-
ber dos tributos nacionais competentes remédio Prisão e detenção são formas de impedir que a
efetivo para os atos que violem os direitos pessoa saia de um estabelecimento sob tutela estatal,
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela privando-a de sua liberdade de locomoção. Exílio é a
constituição ou pela lei. expulsão ou mudança forçada de uma pessoa do país,
sendo assim também uma forma de privar a pessoa
Não basta afirmar direitos, é preciso conferir de sua liberdade de locomoção em um determinado
meios para garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz território. Nenhuma destas práticas é permitida de
aos Estados-partes o dever de estabelecer em suas forma arbitrária, ou seja, sem o respeito aos requisi-
legislações internas instrumentos para proteção dos tos previstos em lei. Não significa que em alguns casos
direitos humanos. Geralmente, nos textos constitu- não seja aceita a privação de liberdade, notadamente
cionais são estabelecidos os direitos fundamentais e quando o indivíduo tiver praticado um ato que com-
os instrumentos para protegê-los, também chamados prometa a segurança ou outro direito fundamental de
de remédios constitucionais, por exemplo, o habeas outra pessoa.
corpus serve à proteção do direito à liberdade de Quanto à proibição da prisão e do encarceramen-
DIREITOS HUMANOS

locomoção. to arbitrários, descrevem-se no art. 9o, PIDCP direitos


que devem ser respeitados para que não se configu-
Vedação à prisão e à detenção arbitrárias re a arbitrariedade: informação sobre as razões da
detenção e das acusações formuladas; audiência de
Art. 9º, DUDH. Ninguém será arbitrariamente custódia; julgamento em prazo razoável; excepciona-
preso, detido ou exilado9. lidade da prisão preventiva e da prisão civil; indeniza-
Art. 9°, PIDCP. 1. [...] ninguém poderá ser preso ção por encarceramento ilegal.
ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém Não obstante, a prisão e o encarceramento devem
poderá ser privado de sua liberdade, salvo pelos se dar com respeito à dignidade humana, tratando-se
8 BALERA, Wagner... Op. Cit.
9 Ibid. 367
a pessoa encarcerada com dignidade. Dentro do cár- 6. Se uma sentença condenatória passada em jul-
cere, devem ser separados presos juvenis dos adultos, gado for posteriormente anulada ou se indulto for
tal como presos provisórios dos definitivos. Ultima- concedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos
mente, a prisão deve proporcionar a reintegração novos que provem cabalmente a existência de erro
social dos reclusos, gerando reabilitação moral dos judicial, a pessoa que sofreu a pena decorrente des-
prisioneiros. sa condenação deverá ser indenizada, de acordo
com a lei, a menos que fique provado que se lhe
Garantias judiciais pode imputar, total ou parcialmente, não-revelação
dos fatos desconhecidos em tempo útil.
Art. 10, DUDH. Toda pessoa tem direito, em plena 7. Ninguém poderá ser processado ou punido por
igualdade, a uma audiência justa e pública por um delito pelo qual já foi absolvido ou condena-
parte de um tribunal independente e imparcial, do por sentença passada em julgado, em con-
para decidir de seus direitos e deveres ou do fun- formidade com a lei e os procedimentos penais de
damento de qualquer acusação criminal contra ele.
cada país.
Art. 14, PIDCP. 1. Todas as pessoas são iguais
perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda
pessoa terá o direito de ser ouvida publicamen- O juízo ou Tribunal deve ser independente, isto
te e com as devidas garantias por um tribunal é, poder julgar sem pressões externas que busquem
competente, independente e imparcial, estabe- influenciar a decisão. O juízo também deve ser impar-
lecido por lei, na apuração de qualquer acusação de cial, não possuindo amizade ou inimizade em graus
caráter penal formulada contra ela ou na determi- relevantes para com o acusado. Afinal, o direito à
nação de seus direitos e obrigações de caráter civil.
liberdade é consagrado e para que alguém possa ser
A imprensa e o público poderão ser excluídos
de parte ou da totalidade de um julgamento, privado dela por uma condenação criminal é preciso
que por motivo de moral pública, de ordem pública que esta se dê dentro dos trâmites legais, sem violar
ou de segurança nacional em uma sociedade demo- direitos humanos do acusado.
crática, quer quando o interesse da vida priva-
da das partes o exija, quer na medida em que isso De acordo com a ordem que promana do preceito
seja estritamente necessário na opinião da justiça, acima reproduzido, as pessoas têm a faculdade de
em circunstâncias específicas, nas quais a publici- exigir um pronunciamento do Poder Judiciário,
dade venha a prejudicar os interesses da justiça; acerca de seus direitos e deveres postos em litígio
entretanto, qualquer sentença proferida em maté-
ou do fundamento de acusação criminal, realizado
ria penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos
sob o amparo dos princípios da isonomia, do devido
que o interesse de menores exija procedimento
oposto, ou o processo diga respeito a controvérsia processo legal, da publicidade dos atos processuais,
matrimoniais ou á tutela de menores. [...] da ampla defesa e do contraditório e da imparcia-
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em lidade do juiz10.
plena igualdade, a, pelo menos, as seguintes garantias:
a) de ser informado, sem demora, numa língua Do art. 10, DUDH, também se depreende que não
que compreenda e de forma minuciosa, da natu- é possível juízo ou tribunal de exceção, ou seja, um
reza e dos motivos da acusação contra ela juízo especialmente delegado para o julgamento do
formulada;
caso daquela pessoa. O juízo deve ser escolhido im-
b) de dispor do tempo e dos meios necessários à
preparação de sua defesa e a comunicar-se com parcialmente, de acordo com as regras de organização
defensor de sua escolha; judiciária que valem para todos.
c) de ser julgado sem dilações indevidas; O art. 14, PIDCP esmiúça diversos aspectos que,
d) de estar presente no julgamento e de defender- tal como o direito a um tribunal independente e
-se pessoalmente ou por intermédio de defen- imparcial, se relacionam com as garantias judiciais,
sor de sua escolha; de ser informado, caso não notadamente: direito a oitiva pública em tribunal
tenha defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e,
competente, independente e imparcial; exclusão da
sempre que o interesse da justiça assim exija, de ter
um defensor designado “ex officio” gratuita- imprensa ou do público do julgamento apenas em
mente, se não tiver meios para remunerá-lo; razão de moral pública, ordem pública ou segurança
e) de interrogar ou fazer interrogar as teste- pública, ou para preservar os interesses da justiça e a
munhas da acusação e de obter o comparecimento intimidade das partes (mesmo nestes casos a senten-
e o interrogatório das testemunhas de defesa nas ça será tornada pública, preservando-se o sigilo ape-
mesmas condições de que dispõe as de acusação; nas no caso de interesse de menores ou inerentes ao
f) de ser assistida gratuitamente por um intér-
matrimônio); informação sobre a natureza e os moti-
prete, caso não compreenda ou não fale a língua
empregada durante o julgamento; vos da acusação imputada; ampla defesa e contato
g) de não ser obrigada a depor contra si mes- com defensor; celeridade no julgamento; defesa pes-
ma, nem a confessar-se culpada. soal e por meio de defensor no julgamento; informa-
4. O processo aplicável a jovens que não sejam ção sobre o direito de ter advogado e, se o caso, ter um
maiores nos termos da legislação penal levará em nomeado pelo Estado; interrogatório de testemunhas;
conta a idade dos menores e a importância de
assistência por intérprete; não confissão e não decla-
promover sua reintegração social.
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito
ração de culpa; duplo grau de jurisdição; indenização
terá o direito de recorrer da sentença condena- por erro judicial; vedação ao bis in idem, isto é, dupla
tória e da pena a uma instância, em conformi- punição pelo mesmo fato, respondendo o agente ape-
dade com a lei. nas uma vez por um ato praticado.
368 10 BALERA, Wagner... Op. Cit.
Presunção de inocência foram cometidos, eram considerados delituosos
de acordo com os princípios gerais de direito
Art. 11, 1, DUDH. Toda pessoa acusada de um ato reconhecidos pela comunidade das nações.
delituoso tem o direito de ser presumida inocente
até que a sua culpabilidade tenha sido prova- Consagra-se, primeiramente, o princípio da ante-
da de acordo com a lei, em julgamento público no rioridade da lei penal, no sentido de que a lei penal
qual lhe tenham sido asseguradas todas as garan-
deve prever a conduta como típica antes que ela seja
tias necessárias à sua defesa.
praticada, isto é, no momento que um ato é praticado,
Art. 14, 2, PIDCP. Toda pessoa acusada de um deli-
to terá direito a que se presuma sua inocência para ser considerado criminoso, deve estar tipificado
enquanto não for legalmente comprovada sua em lei. Contudo, havendo revogação da norma que
culpa. preveja a conduta típica, também será beneficiado
quem tenha sido por ela condenado, salvo no caso de
O princípio da presunção de inocência ou não cul- lei penal temporária ou excepcional.
pabilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que a Na segunda parte, evidencia-se o princípio da ir-
lei considere que a culpa do acusado foi devidamente retroatividade da lei penal in pejus (para piorar a
provada, ele deve ser considerado inocente. Durante situação do acusado), segundo o qual uma lei penal
o processo penal, o acusado terá direito ao contradi- elaborada posteriormente não pode se aplicar a atos
tório e à ampla defesa, bem como aos meios e recur- praticados no passado gerando majoração da pena.
sos inerentes a estas garantias, e caso seja condenado Entretanto, é possível que a lei penal posterior torne
poderá ser considerado culpado. A razão é que o esta- a pena aplicável mais branda, caso em que o conde-
do de inocência é inerente ao ser humano até que ele nado nos moldes da lei penal anterior mais rigorosa
viole direito alheio, caso em que merecerá sanção. poderá ser beneficiado – retroatividade da lei penal
in mellius.
Através desse princípio verifica-se a necessidade de A anterioridade e a irretroatividade evidenciam
o Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo não só o respeito à liberdade, mas também – e princi-
presumido inocente. Está diretamente relacionado palmente – à segurança jurídica.
à questão da prova no processo penal que deve ser
validamente produzida para ao final do processo Privacidade e honra
conduzir a culpabilidade do indivíduo admitindo-
-se a aplicação das penas previamente cominadas. Art. 12, DUDH. Ninguém será sujeito a interferên-
Entretanto, a presunção de inocência não afasta a cias na sua vida privada, na sua família, no
possibilidade de medidas cautelares como as pri- seu lar ou na sua correspondência, nem a ata-
sões provisórias, busca e apreensão, quebra de sigilo ques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem
como medidas de caráter excepcional cujos requisi-
direito à proteção da lei contra tais interferências
tos autorizadores devem estar previstos em lei11.
ou ataques.
Art. 17, PIDCP. 1. Ninguém poderá ser objeto de
Vale destacar que cada Estado tem possibilidade ingerência arbitrárias ou ilegais em sua vida pri-
de fixar quando considerará comprovada a culpa do vada, em sua família, em seu domicílio ou em
acusado. No Brasil, conforme o art. 5o, LVII, CF, “nin- sua correspondência, nem de ofensas ilegais às
guém será considerado culpado até o trânsito em jul- suas honra e reputação.
gado de sentença penal condenatória”. Noutros países, 2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra
considera-se comprovada a culpa em momento ante- essas ingerências ou ofensas12.
rior, quando no processo não se mostra mais possível
que se revisitem fatos. A proteção aos direitos à privacidade e à persona-
lidade se enquadra na primeira dimensão de direitos
Anterioridade e irretroatividade da lei penal fundamentais no que tange à proteção à liberdade.
Enfim, o exercício da liberdade lega-se também às limi-
Art. 11, 2, DUDH. Ninguém poderá ser culpado por tações a este exercício: de que adianta ser plenamente
qualquer ação ou omissão que, no momento, livre se a liberdade de um interfere na liberdade – e
não constituíam delito perante o direito nacio- nos direitos inerentes a esta liberdade – do outro.
nal ou internacional. Tampouco será imposta pena
mais forte do que aquela que, no momento da práti-
O direito à intimidade representa relevante mani-
ca, era aplicável ao ato delituoso.
festação dos direitos da personalidade e qualifica-
Art. 15, PIDCP. 1. Ninguém poderá ser condenado
-se como expressiva prerrogativa de ordem jurídica
por atos ou omissões que não constituam deli-
que consiste em reconhecer, em favor da pessoa, a
to de acordo com direito nacional ou internacional,
existência de um espaço indevassável destinado a
DIREITOS HUMANOS

no momento em que foram cometidos. Tampouco


protegê-la contra indevidas interferências de tercei-
poder-se-á impor pena mais grave do que a apli-
ros na esfera de sua vida privada13.
cável no momento da ocorrência do delito. Se,
depois de perpetrado o delito, a lei estipular a impo-
sição de pena mais leve, o delinquente deverá Abrange-se também a proteção ao domicílio, local
beneficiar-se. no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e
2. Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá pode desenvolver sua personalidade; e à correspon-
o julgamento ou a condenação de qualquer indiví- dência, enviada ao seu lar unicamente para sua leitu-
duo por atos ou omissões que, no momento em que ra e não de terceiros, preservando-se sua privacidade.
11 BALERA, Wagner... Op. Cit.
12 Id. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 1966... Op. Cit.
13 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 369
Liberdade de locomoção e residência O direito de asilo serve para proteger uma pessoa
perseguida por suas opiniões políticas, situação racial,
Art. 13, DUDH. 1. Toda pessoa tem direito à liber- convicções religiosas ou outro motivo político em seu
dade de locomoção e residência dentro das fron- país de origem, permitindo que ela requeira perante
teiras de cada Estado.
a autoridade de outro Estado proteção. Claro, não se
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer
protege aquele que praticou um crime comum em
país, inclusive o próprio, e a este regressar.
Art. 12, PIDCP. 1. Toda pessoa que se ache legal-
seu país e fugiu para outro, caso em que deverá ser
mente no território de um Estado terá o direito extraditado para responder pelo crime praticado. O
de nele livremente circular e escolher sua Estatuto dos Refugiados, de 1951, aprofunda questões
residência. inerentes à concessão do direito de asilo. Além disso,
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de o Direito dos Refugiados é considerado uma vertente
qualquer país, inclusive de seu próprio país. autônoma de proteção da pessoa humana.
3. Os direitos supracitados não poderão constituir
objeto de restrição, a menos que estejam previstas Nacionalidade
em lei e no intuito de proteger a segurança nacio-
nal e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem Art. 15, DUDH. 1. Toda pessoa tem direito a uma
como os direitos e liberdades das demais pes- nacionalidade.
soas, e que sejam compatíveis com os outros direi- 2. Ninguém será arbitrariamente privado de
tos reconhecidos no presente pacto. sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
4. Ninguém poderá ser privado do direito de nacionalidade.
entrar em seu próprio país. Art. 24, 3, PIDCP. Toda criança terá o direito de
Art. 13, PIDCP. Um estrangeiro que se ache legal- adquirir uma nacionalidade.
mente no território de um estado parte do presente
pacto só poderá dele ser expulso em decorrência Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que
de decisão adotada em conformidade com a lei
liga um indivíduo a determinado Estado, fazendo com
e, a menos que razões imperativas de segurança
que ele passe a integrar o povo daquele Estado, des-
nacional a isso se oponham, terá a possibilida-
frutando assim de direitos e obrigações. Não é aceita
de de expor as razões que militem contra sua
expulsão e de ter seu caso reexaminado pelas a figura do apátrida ou heimatlos, o indivíduo que não
autoridades competentes, ou por uma ou várias possui nenhuma nacionalidade, razão pela qual toda
pessoas especialmente designadas pelas referidas criança deve nascer com alguma nacionalidade.
autoridades, e de fazer-se representar com esse É possível mudar de nacionalidade nas situações
objetivo. previstas em lei, naturalizando-se como nacional de
outro Estado que não aquele do qual originalmente
Não há limitações ao direito de locomoção dentro era nacional. Geralmente, a permanência no territó-
do próprio Estado, nem ao direito de residir. A legisla- rio do país por um longo período de tempo dá direito
ção interna pode estabelecer casos em que tal direito à naturalização, abrindo mão da nacionalidade ante-
seja relativizado, por exemplo, obrigando um funcio- rior para incorporar a nova.
nário público a residir no município em que está se-
diado ou impedindo o ingresso numa área de interes- Casamento e família
se estatal.
São exceções à liberdade de locomoção: decisão Art. 16, DUDH. 1. Os homens e mulheres de maior
judicial que imponha pena privativa de liberdade ou idade, sem qualquer restrição de raça, nacio-
limitação da liberdade, normas administrativas de nalidade ou religião, têm o direito de contrair
controle de vias e veículos, limitações para estrangei- matrimônio e fundar uma família. Gozam de
ros em certas regiões ou áreas de segurança nacio- iguais direitos em relação ao casamento, sua
nal e qualquer situação em que o direito à liberdade duração e sua dissolução.
deva ceder aos interesses públicos (ordem, saúde e 2. O casamento não será válido senão com o livre e
pleno consentimento dos nubentes.
moral públicas)14. Também se excepciona a liberda-
Art. 23, PIDCP. 1. A família é o elemento natural
de de locomoção para a preservação de interesses de
e fundamental da sociedade e terá o direito de
terceiros.
ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
A liberdade de locomoção se associa, de certo 2. Será reconhecido o direito do homem e da
modo, com a nacionalidade, uma vez que se assegura mulher de, em idade núbil, contrair casamento
o direito de ingresso apenas com relação ao seu pró- e construir família.
prio país (ou seja, o país do qual se é nacional), per- 3. Casamento algum será sem o consentimento
mitindo-se quanto aos demais (onde seja estrangeiro) livre e pleno dos futuros esposos.
apenas o direito de deixá-lo. 4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão
adota as medidas apropriadas para assegurar a
Asilo igualdade de direitos e responsabilidades dos
esposos quanto ao casamento, durante o mesmo
Art. 14, DUDH. 1.Toda pessoa, vítima de perse- e o por ocasião de sua dissolução. Em caso de dis-
guição, tem o direito de procurar e de gozar solução, deverão adotar-se disposições que assegu-
asilo em outros países. rem a proteção necessária para os filhos.
2. Este direito não pode ser invocado em caso de Art. 24, 1, PIDCP. Toda criança, terá direito, sem
perseguição legitimamente motivada por cri- discriminação alguma por motivo de cor, sexo, reli-
mes de direito comum ou por atos contrários aos gião, origem nacional ou social, situação econômi-
propósitos e princípios das Nações Unidas. ca ou nascimento, às medidas de proteção que a

370 14 BALERA, Wagner... Op. Cit.


sua condição de menor requerer por parte de sua religião. Esse direito implicará a liberdade de ter
família, da sociedade e do Estado. ou adotar uma religião ou uma crença de sua
escolha e a liberdade de professar sua religião
O casamento, como todas as instituições sociais, ou crença, individual ou coletivamente, tanto
varia com o tempo e os povos, que evoluem e adqui- pública como privadamente, por meio do culto,
rem novas culturas. Há quem o defina como um ato, da celebração de ritos, de práticas e do ensino.
outros como um contato. Basicamente, casamento é a 2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coer-
união, devidamente formalizada conforme a lei, com citivas que possam restringir sua liberdade de ter
a finalidade de construir família. A principal finalida- ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha.
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou
de do casamento é estabelecer a comunhão plena de
crença estará sujeita apenas a limitações pre-
vida, impulsionada pelo amor e afeição existente entre
vistas em lei e que se façam necessárias para
o casal e baseada na igualdade de direitos e deveres
proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral
dos cônjuges e na mútua assistência.15 Não é aceitável públicas ou os direitos e as liberdades das demais
o casamento que se estabeleça à força para algum dos pessoas.
nubentes, sendo exigido o livre e pleno consentimen- 4. Os Estados partes do presente Pacto comprome-
to de ambos. Não obstante, é coerente que a lei traga tem-se a respeitar a liberdade dos pais – e, quando
limitações como a idade, pois o casamento é uma ins- for o caso, dos tutores legais – de assegurar a edu-
tituição séria, base da família, e somente a maturida- cação religiosa e moral dos filhos que esteja de
de pode permitir compreender tal importância. acordo com suas próprias convicções.
A família é um elemento natural e fundamental
da sociedade e deve ser protegida pelo Estado e pela A liberdade de crença se refere à liberdade de
sociedade. Da mesma forma, a prole que a família acreditar, à liberdade de consciência, de ter suas con-
constituir deve ser por ela protegida. As crianças, vicções, não apenas religiosas, mas também morais.
assim, devem ser protegidas pelas suas famílias, tal Com efeito, a liberdade religiosa é uma espécie de
como pela sociedade e pelo Estado. liberdade de crença. Noutras palavras, a liberdade
de religião atrela-se à liberdade de consciência e à
Propriedade e propriedade intelectual liberdade de pensamento, mas o inverso não ocorre,
porque é possível existir liberdade de pensamento e
Art. 18, DUDH. 1. Toda pessoa tem direito à pro- consciência desvinculada de cunho religioso.
priedade, só ou em sociedade com outros. Neste sentido, a liberdade de consciência também
2. Ninguém será arbitrariamente privado de concretiza a liberdade de ter ou não ter religião, ter ou
sua propriedade.
não ter opinião político-partidária ou qualquer outra
Art. 17, 2, DUDH. Toda pessoa tem direito à pro-
manifestação positiva ou negativa da consciência17.
teção dos interesses morais e materiais decor-
No que tange à exteriorização da liberdade de reli-
rentes de qualquer produção científica, literária ou
artística da qual seja autor. gião, ou seja, à liberdade de expressão religiosa, não é
devida nenhuma perseguição, assim como é garantido
Toda pessoa tem direito à propriedade material, o direito de praticá-la em grupo ou individualmente.
“podendo o ordenamento jurídico estabelecer suas
modalidades de aquisição, perda, uso e limites. O Liberdade de opinião, de expressão e de informação
direito de propriedade, constitucionalmente assegu-
rado, garante que dela ninguém poderá ser privado Art. 19, DUDH. Toda pessoa tem direito à liberda-
arbitrariamente [...]”16. de de opinião e expressão; este direito inclui a
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de
O direito à propriedade se insere na primeira
procurar, receber e transmitir informações e
dimensão de direitos humanos, garantindo que cada
ideias por quaisquer meios e independentemente
qual tenha bens materiais justamente adquiridos, res-
de fronteiras.
peitada a função social. Art. 19, PIDCP. 1. Ninguém poderá ser molesta-
Além da propriedade material, que recai sobre do por suas opiniões.
bens móveis e imóveis, também se assegura a prote- 2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expres-
ção da propriedade intelectual, permitindo o proveito são; esse direito incluirá a liberdade de procurar,
intelectual e financeiro de obras científicas, literárias receber e difundir informações e ideias de
e artísticas. qualquer natureza, independentemente de consi-
derações de fronteiras, verbalmente ou por escrito,
Liberdade religiosa e de crença em forma impressa ou artística, ou qualquer
outro meio de sua escolha.
Art. 18, DUDH. Toda pessoa tem direito à liberda- 3. O exercício do direito previsto no § 2º do presen-
DIREITOS HUMANOS

de de pensamento, consciência e religião; este te artigo implicará deveres e responsabilidades


direito inclui a liberdade de mudar de religião especiais.
ou crença e a liberdade de manifestar essa reli- Consequentemente, poderá estar sujeito a certas
gião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto restrições, que devem, entretanto, ser expressa-
e pela observância, isolada ou coletivamente, em mente previstas em lei e que se façam necessárias
público ou em particular. para:
Art. 18, PIDCP. 1. Toda pessoa terá direito à a) assegurar o respeito dos direitos e da reputa-
liberdade de pensamento, de consciência e de ção das demais pessoas;

15 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6.
16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República
Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
17 BALERA, Wagner... Op. Cit. 371
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a da Organização do Trabalho, relativa à liberda-
saúde ou a moral pública. de sindical e à proteção do direito sindical,
Art. 20, PIDCP. 1. Será proibido por lei qualquer venham a adotar medidas legislativas que restrin-
propaganda em favor de guerra. jam – ou aplicar a lei de maneira a restringir – as
2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio garantias previstas na referida Convenção.
nacional, radical, racial ou religioso que cons-
titua incitamento à discriminação, à hostilida- O direito de reunião pode ser exercido indepen-
de ou à violência. dentemente de autorização estatal, mas deve se dar
de maneira pacífica, por exemplo, sem utilização de
Silva18 aponta que a liberdade de pensamento, que armas (inciso XVI, do art. 5º, da CF).
também pode ser chamada de liberdade de opinião, Por sua vez, “a liberdade de associação para fins
é considerada pela doutrina como a liberdade primá-
lícitos, vedada a de caráter paramilitar, é plena. Por-
ria, eis que é ponto de partida de todas as outras, e
tanto, ninguém poderá ser compelido a associar-se e,
deve ser entendida como a liberdade da pessoa ado-
uma vez associado, será livre, também, para decidir se
tar determinada atitude intelectual ou não, de tomar
permanece associado ou não”20.
a opinião pública que crê verdadeira. Para a formação
da opinião, utiliza-se da informação, isto é, a liberdade
Participação e representação política
de informação é consectário da liberdade de opinião.
No mais, da liberdade de opinião surge a possibilida-
Art. 21, DUDH. 1. Toda pessoa tem o direito de
de da liberdade de expressão.
tomar parte no governo de seu país, diretamen-
Adiante, Silva19 entende que a liberdade de expres-
te ou por intermédio de representantes livremente
são pode ser vista sob diversos enfoques, como o da
escolhidos.
liberdade de comunicação, ou liberdade de informa-
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao ser-
ção, que consiste em um conjunto de direitos, formas,
viço público do seu país.
processos e veículos que viabilizam a coordenação
3. A vontade do povo será a base da autorida-
livre da criação, expressão e difusão da informação de do governo; esta vontade será expressa em
e do pensamento. Contudo, a manifestação do pensa- eleições periódicas e legítimas, por sufrágio
mento não pode ocorrer de forma ilimitada, devendo universal, por voto secreto ou processo equiva-
se pautar na verdade e no respeito dos direitos à hon- lente que assegure a liberdade de voto.
ra, à intimidade e à imagem dos demais membros da Art. 25, PIDCP. Todo cidadão terá o direito e a possi-
sociedade. Da mesma forma, a liberdade de expressão bilidade, sem qualquer das formas de discriminação
não permite práticas de discurso do ódio nacional, mencionadas no art. 2° e sem restrições infundadas:
radical, racial ou religioso, ou seja, não é uma carta a) de participar da condução dos assuntos
branca para discursar contra os próprios fundamen- públicos, diretamente ou por meio de representan-
tos que ergueram o sistema de proteção dos direitos tes livremente escolhidos;
humanos. b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas,
autênticas, realizadas por sufrágio universal
Liberdade de reunião e de associação e igualitário e por voto secreto, que garantam a
manifestação da vontade dos eleitores;
Art. 20, DUDH. 1. Toda pessoa tem direito à liber- c) de ter acesso em condições gerais de igualda-
dade de reunião e associação pacíficas. de, às funções públicas de seu país.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de
uma associação. Democracia (do grego, “demo” + “kratos”) é um
Art. 21, PIDCP. O direito de reunião pacífica será regime de governo em que o poder de tomar deci-
reconhecido. O exercício desse direito estará sujei- sões políticas está com os cidadãos, de forma direta
to apenas às restrições previstas em lei e que se
(quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos,
façam necessárias, em uma sociedade democráti-
eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao
ca, no interesse da segurança nacional, da seguran-
ça ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde cidadão é dado o poder de eleger um representante).
públicas ou os direitos e as liberdades das pessoas. Uma democracia pode existir num sistema presiden-
Art. 22, PIDCP. 1. Toda pessoa terá o direito de cialista ou parlamentarista, republicano ou monár-
associar-se livremente a outras, inclusive o quico – somente importa que seja dado aos cidadãos o
direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, poder de tomar decisões políticas (por si só ou por seu
para a proteção de seus interesses. representante eleito).
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas A principal classificação das democracias é a que
às restrições previstas em lei e que se façam distingue a direta da indireta: a) direta, também cha-
necessárias, em uma sociedade democrática, no mada de pura, na qual o cidadão expressa sua vontade
interesse da segurança nacional, da segurança e por voto direto e individual em cada questão relevan-
da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou
te; b) indireta, também chamada representativa, em
a moral públicas ou os direitos a liberdades das
demais pessoas. O presente artigo não impedirá
que os cidadãos exercem individualmente o direito de
que se submeta a restrições legais o exercício voto para escolher representante(s) e aquele(s) que
desse direito por membros das forças arma- for(em) mais escolhido(s) representa(m) todos os elei-
das e da polícia. tores. O comum é a adoção de modelos mistos ou de
3. Nenhuma das disposições do presente artigo per- democracia semidireta, com institutos de democracia
mitirá que Estados Partes da Convenção de 1948 direta e de democracia indireta.
18 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
19 Ibid.
372 20 LENZA, Pedro... Op. Cit.
O modelo democrático pressupõe o direito ao voto 2. Nos países que não houverem abolido a pena
e ao sufrágio universal (possibilidade de votar e de ser de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos
votado), exercido em eleições periódicas, autênticas mais graves, em cumprimento de sentença final
(legítimas) e com voto igualitário e secreto, sem pre- de tribunal competente e em conformidade com
juízo da participação direta no tratamento de coisas lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de
haver o delito sido cometido. Tampouco se estende-
públicas.
rá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique
A possibilidade de participação nas funções do
atualmente.
Estado se dá também por meio do desempenho de ati-
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos
vidades no serviço público. Neste sentido, toda pessoa Estados que a hajam abolido.
deve ter acesso às funções públicas do país, por exem- 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser apli-
plo, mediante concurso público. cada por delitos políticos, nem por delidos comuns
conexos com delitos políticos.
Legalidade estrita 5. Não se deve impor a pena de morte à pessoa que,
no momento da perpetração do delito, for menor de
Art. 29, 2, DUDH. No exercício de seus direitos e dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a
liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às mulher em estado de gravidez.
limitações determinadas pela lei, exclusivamen- 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a
te com o fim de assegurar o devido reconhecimen- solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os
to e respeito dos direitos e liberdades de outrem e quais podem ser concedidos em todos os casos. Não
de satisfazer às justas exigências da moral, da se pode executar a pena de morte enquanto o pedi-
ordem pública e do bem-estar de uma sociedade do estiver pendente de decisão ante a autoridade
democrática. competente.

É assegurado o direito de fazer tudo o que a lei não z direito à integridade pessoal (art. 5), que abran-
proíba, a denominada legalidade estrita. Não obstan- ge o direito à integridade física, psíquica e moral;
te, o legislador não pode impor limitações que não impossibilidade de prática de tortura, impossibili-
atendam ao fim de preservar direitos e liberdade de dade de aplicação de pena sem que se respeite à
outrem ou de satisfazer às exigências da moral, da dignidade da pessoa do condenado, impossibilida-
ordem pública e do bem-estar. de de a pena passar para a pessoa do delinquente;

Artigo 5

Direito à Integridade Pessoal


CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
DIREITOS HUMANOS (DECRETO Nº 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeito sua
678, DE 1992) integridade física, psíquica e moral.
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a
penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes.
A Convenção Americana de Direitos Humanos, Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada
conhecida também como Pacto de São José da Costa com o respeito devido à dignidade inerente ao ser
Rica, é o tratado de maior relevância para o Sistema humano.
Interamericano de proteção aos direitos humanos. 3. A pena não pode passar da pessoa do delinqüente.
Foi assinado em 22 de novembro de 1969 na cidade 4. Os processados devem ficar separados dos con-
de San José na Costa Rica, razão pela qual recebeu o denados, salvo em circunstâncias excepcionais, a
nome acima mencionado. ser submetidos a tratamento adequado à sua con-
Além disso, é importante lembrar que ela foi o dição de pessoal não condenadas.
marco inicial do Sistema Interamericano de Proteção 5. Os menores, quando puderem ser processados,
aos direitos Humanos. deve ser separados dos adultos e conduzidos a tri-
O Brasil tornou-se signatário do Pacto, ou seja, assi- bunal especializado, com a maior rapidez possível,
nou o tratado em 25 de setembro de 1992 e este passou para seu tratamento.
6. As penas privativas da liberdade devem ter por
a vigorar em nosso ordenamento jurídico a partir do
finalidade essencial a reforma e a readaptação
Decreto nº 678 de 06 de novembro de 1992.
social dos condenados.
A Convenção é composta de oitenta e dois artigos.
Dentre esses:
z proibição da escravidão e da servidão (art. 6);
z direito à vida (art. 4), dos quais decorre a prote-
Artigo 6
DIREITOS HUMANOS

ção reconhecida desde o momento da concepção


e a impossibilidade de reestabelecimento da pena
Proibição da Escravidão e da Servidão
de morte nos países em que houver sido abolida;
1. Ninguém pode ser submetido à escravidão ou a
Artigo 4 servidão, e tanto estas como o tráfico de escravos
e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as
Direito à Vida formas.
2. Ninguém deve ser constrangido a executar tra-
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua balho forçado ou obrigatório. Nos países em que
vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em se prescreve, para certos delitos, pena privativa da
geral, desde o momento da concepção. Ninguém liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta
pode ser privado da vida arbitrariamente. disposição não pode ser interpretada no sentido de 373
que proíbe o cumprimento da dita pena, importa z direito ao nome (art.18);
por juiz ou tribunal competente. O trabalho força-
do não deve afetar a dignidade nem a capacidade Artigo 18
física e intelectual do recluso.
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigató- Direito ao Nome
rios para os efeitos deste artigo:
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes
de pessoal reclusa em cumprimento de sentença ou
de seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a
resolução formal expedida pela autoridade judi- forma de assegurar a todos esses direito, mediante
ciária competente. Tais trabalhos ou serviços de nomes fictícios, se for necessário.
devem ser executados sob a vigilância e controle
das autoridades públicas, e os indivíduos que os
z direitos da criança (art. 19);
executarem não devem ser postos à disposição de
particulares, companhias ou pessoas jurídicas de
caráter privado: Artigo 19
b) o serviço militar e, nos países onde se admite
a isenção por motivos de consciências, o serviço Direitos da Criança
nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;
c) o serviço imposto em casos de perigo ou cala- Toda criança tem direito às medidas de proteção
midade que ameace a existência ou o bem-estar da que a sua condição de menor requer por parte da
comunidade; e sua família, da sociedade e do Estado.
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obriga-
ções cívicas normais. z direito à igualdade perante à lei (art. 24).

z direito à indenização (art. 10), garantido àque- Artigo 24


le que permanecer preso em virtude de sentença
condenatória transitada em julgado proferida com Igualdade Perante a Lei
erro judiciário, ou seja, que foi privado de sua
liberdade em virtude de um equívoco cometido Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por con-
pelo Estado durante seu julgamento, terá direito seguinte, têm direito, sem discriminação, a igual
a receber uma indenização em virtude dos danos proteção da lei.
decorrentes da situação vivenciada;
A Convenção também estabelece que a Comissão
Artigo 10 Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Intera-
mericana de Direitos Humanos são órgãos competen-
Direito a Indenização tes para o reconhecimento das questões de que tratam
o Pacto (art. 33).
Toda pessoa tem direito de ser indenizada confor-
me a lei, no caso de haver sido condenada em sen-
tença passada em julgado, por erro judiciário.
HORA DE PRATICAR!
z proteção à família (art. 17);
1. (CESPE – 2018) Acerca do conceito, da abrangência
Artigo 17 e da evolução dos direitos humanos, julgue o seguinte
item.
Proteção da Família Uma vez que a concepção de direitos humanos, que
visam à promoção da igualdade e da dignidade huma-
1. A família é o elemento natural e fundamental da na, surgiu com a emergência dos direitos sociais, os
sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo direitos individuais — civis e políticos — não são consi-
Estado. derados direitos humanos.
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de
contraírem casamento e de fundarem uma família, ( ) CERTO ( ) ERRADO
se tiverem à idade e as condições para isso exigidas
pelas leis internas, na medida em que não afetem 2. (CESPE – 2017) Acerca da proteção a grupos vulnerá-
estas o princípio da não discriminação estabelecido veis, julgue o seguinte item.
nesta Convenção. A recuperação da autoestima pela pessoa escalpelada
3. O casamento não pode ser celebrado sem o livre constitui aspecto fundamental a ser considerado para
e pleno consentimento dos contraentes. se estabelecer o alcance da assistência jurídica que a
4. Os Estados-Partes devem tomar medidas apro-
ela será prestada.
priadas no sentido de assegurar a igualdade de
direitos e a adequada equivalência de responsabili-
dades dos cônjuges quanto ao casamento, durante
( ) CERTO ( ) ERRADO
o casamento e em caso de dissolução do mesmo.
Em caso de dissolução, serão adotadas disposições 3. (CESPE – 2017) Com relação aos direitos humanos,
que assegurem a proteção necessária aos filhos, julgue o próximo item.
com base unicamente no interesse e conveniência Historicamente, diversos sistemas jurídicos expres-
dos mesmos. saram respeito a valores relacionados aos direitos
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos humanos, como se pode comprovar, por exemplo, na
filhos nascidos fora do casamento como aos nasci- Antiguidade, com o Código de Hammurabi; na Idade
374 dos dentro do casamento.
Média, por meio da Magna Carta Inglesa, de 1215; e, 8. (CESPE – 2018) Uma organização não governamental
na Idade Moderna, mediante a Declaração Inglesa de de proteção às mulheres, legalmente reconhecida pelo
Direitos, de 1689. Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana
de Direitos Humanos denunciando um hospital da rede
( ) CERTO ( ) ERRADO pública de determinado estado da Federação. Na peti-
ção, foi alegado que o hospital havia realizado esteri-
4. (CESPE – 2017) Com relação aos direitos humanos, lização sem o consentimento da vítima, uma mulher
julgue o próximo item. portadora do vírus HIV, e que o Estado brasileiro não
Os direitos humanos, que consistem em um conjunto adotara as medidas necessárias para prevenir a refe-
de direitos indispensáveis à vida digna, fundamen- rida esterilização, tendo sido, também, negligente na
tam-se nas Constituições e em tratados internacio- investigação do caso. Assim, sustenta a organização,
nais e sustentam-se no reconhecimento de que todo na petição, que houve violação aos direitos à integri-
indivíduo tem direito a ter direitos. dade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judi-
ciais, à honra e à dignidade, à proteção à família, à
( ) CERTO ( ) ERRADO igualdade perante a lei e à proteção judicial — todos
esses, direitos previstos pela Convenção Americana
sobre Direitos Humanos.
5. (CESPE – 2017) Com relação ao conceito, à evolução
Julgue o item, considerando o caso hipotético apre-
e à abrangência dos direitos humanos, julgue o item a
sentado, o sistema de proteção e as disposições da
seguir.
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto
Embora contivesse a Lei de Talião, que instituía a vin-
de São José e Decreto n.º 678/1992).
gança como forma de justiça, o Código de Hammu-
Na referida convenção, prevê-se que a ingerência arbi-
rabi, primeiro conjunto de leis escritas do qual há
trária ou abusiva na vida privada das pessoas, ainda
registro histórico, trazia algumas noções elementares
que sejam elas portadoras de doenças contagiosas,
do que atualmente se considera direitos humanos. como é o caso dessa mulher portadora do vírus HIV,
fere o direito à honra e à dignidade, devendo a lei prote-
( ) CERTO ( ) ERRADO gê-las de tais ofensas.

6. (CESPE – 2017) Com relação ao conceito, à evolução e à ( ) CERTO ( ) ERRADO


abrangência dos direitos humanos, julgue o item a seguir.
Os direitos humanos, caracterizados como direitos essen- 9. (CESPE – 2018) Uma organização não governamental
ciais e indispensáveis à vida digna, variam em decorrência de proteção às mulheres, legalmente reconhecida pelo
da transformação das necessidades humanas e de acor- Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana
do com o contexto histórico. de Direitos Humanos denunciando um hospital da rede
pública de determinado estado da Federação. Na peti-
( ) CERTO ( ) ERRADO ção, foi alegado que o hospital havia realizado esteri-
lização sem o consentimento da vítima, uma mulher
7. (CESPE – 2018) Uma organização não governamental portadora do vírus HIV, e que o Estado brasileiro não
de proteção às mulheres, legalmente reconhecida pelo adotara as medidas necessárias para prevenir a refe-
Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana rida esterilização, tendo sido, também, negligente na
de Direitos Humanos denunciando um hospital da rede investigação do caso. Assim, sustenta a organização,
pública de determinado estado da Federação. Na peti- na petição, que houve violação aos direitos à integri-
ção, foi alegado que o hospital havia realizado esteri- dade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judi-
lização sem o consentimento da vítima, uma mulher ciais, à honra e à dignidade, à proteção à família, à
portadora do vírus HIV, e que o Estado brasileiro não igualdade perante a lei e à proteção judicial — todos
adotara as medidas necessárias para prevenir a refe- esses, direitos previstos pela Convenção Americana
rida esterilização, tendo sido, também, negligente na sobre Direitos Humanos.
investigação do caso. Assim, sustenta a organização, Julgue o item, considerando o caso hipotético apre-
na petição, que houve violação aos direitos à integri- sentado, o sistema de proteção e as disposições da
dade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judi- Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto
ciais, à honra e à dignidade, à proteção à família, à de São José e Decreto n.º 678/1992).
igualdade perante a lei e à proteção judicial — todos Ao receber e admitir a petição de denúncia, a Comis-
esses, direitos previstos pela Convenção Americana são a encaminhará à Assembleia Geral da Organi-
sobre Direitos Humanos. zação dos Estados Americanos para que sejam
Julgue o item, considerando o caso hipotético apre- realizadas investigação e apuração dos fatos e, haven-
sentado, o sistema de proteção e as disposições da do materialidade, poderão ser solicitadas informações
DIREITOS HUMANOS

Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto ao governo do Estado ao qual pertence a autoridade
de São José e Decreto n.º 678/1992). responsável pela violação alegada; no caso em tela, o
A apresentação da petição pela citada organização brasileiro.
está amparada pelo Pacto de São José e pelo decreto
anteriormente mencionado, visto que qualquer pessoa ( ) CERTO ( ) ERRADO
ou grupo de pessoas ou entidade não governamental
legalmente reconhecida pode apresentar à Comissão 10. (CESPE – 2018) Uma organização não governamen-
ou à Corte Interamericana de Direitos Humanos peti- tal de proteção às mulheres, legalmente reconhecida
ções de denúncia de violação à Convenção Americana pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interame-
sobre Direitos Humanos por Estado- parte. ricana de Direitos Humanos denunciando um hospital
da rede pública de determinado estado da Federação.
Na petição, foi alegado que o hospital havia realizado
( ) CERTO ( ) ERRADO 375
esterilização sem o consentimento da vítima, uma De acordo com a Convenção Americana sobre Direi-
mulher portadora do vírus HIV, e que o Estado brasilei- tos Humanos, o direito à liberdade de pensamento e
ro não adotara as medidas necessárias para prevenir a de expressão deve ser amplo, mas a lei deve proibir
referida esterilização, tendo sido, também, negligente toda apologia ao ódio que constitua incitação à discri-
na investigação do caso. Assim, sustenta a organi- minação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
zação, na petição, que houve violação aos direitos à
integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias ( ) CERTO ( ) ERRADO
judiciais, à honra e à dignidade, à proteção à família,
à igualdade perante a lei e à proteção judicial — todos 13. (CESPE – 2017) Com as atrocidades cometidas duran-
esses, direitos previstos pela Convenção Americana te a Segunda Guerra Mundial, emergiu a noção de que
sobre Direitos Humanos. os direitos humanos deveriam servir como paradigma
Julgue o item, considerando o caso hipotético apre- para orientar a ordem internacional, reforçando-se a
sentado, o sistema de proteção e as disposições da ideia de que a proteção dos direitos humanos deveria
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto ser global — e não reduzida ao domínio local dos Esta-
de São José e Decreto n.º 678/1992). dos —, por se tratar de questão de legítimo interesse
O hospital da rede pública do estado federado agiu de mundial.
acordo com os fundamentos legais, uma vez que os Nesse contexto, surgiu a Organização das Nações Uni-
Estados-partes da Convenção se comprometem a res- das (ONU) e foi adotada a Declaração Universal dos
peitar os direitos e as liberdades nela reconhecidos e a Direitos Humanos — que representa uma plataforma
garantir seu pleno exercício a toda pessoa que esteja comum de ação de todos os Estados —, bem como
sujeita à sua jurisdição, sem discriminação, salvo por foi aprovada a Convenção Americana sobre Direitos
motivo de saúde pública, quando serão relativizados Humanos, no âmbito da Organização dos Estados
os dispositivos dessa Convenção em favor do interes- Americanos (OEA).
se público. Tendo como referência o texto anterior, julgue o item
subsequente, acerca do sistema de proteção e da Con-
11. (CESPE – 2017) Considere as seguintes disposições. venção Americana sobre Direitos Humanos.
Em caso de guerra, as garantias asseguradas pela
I. Todo indivíduo tem direito à liberdade e à segurança Convenção Americana sobre Direitos Humanos
pessoais. podem ser suspensas por tempo ilimitado, mesmo
II. As finalidades essenciais das penas privativas da liber- após o fim dos conflitos.
dade incluem a compensação, a retribuição, a reforma
e a readaptação social dos condenados. ( ) CERTO ( ) ERRADO
III. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livre-
mente com fins ideológicos, religiosos, políticos, eco- 14. (CESPE – 2017) Com as atrocidades cometidas duran-
nômicos, trabalhistas, sociais, culturais e desportivos. te a Segunda Guerra Mundial, emergiu a noção de que
IV. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. os direitos humanos deveriam servir como paradigma
para orientar a ordem internacional, reforçando-se a
Decorrem da Convenção Americana sobre Direitos ideia de que a proteção dos direitos humanos deveria
Humanos (Pacto de São José e Decreto n.º 678/1992) ser global — e não reduzida ao domínio local dos Esta-
apenas as disposições contidas nos itens dos —, por se tratar de questão de legítimo interesse
mundial.
a) I e II. Nesse contexto, surgiu a Organização das Nações Uni-
b) II e III. das (ONU) e foi adotada a Declaração Universal dos
c) III e IV. Direitos Humanos — que representa uma plataforma
d) I, II e IV. comum de ação de todos os Estados —, bem como
e) I, III e IV. foi aprovada a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, no âmbito da Organização dos Estados
12. (CESPE – 2017) Com as atrocidades cometidas duran- Americanos (OEA).
te a Segunda Guerra Mundial, emergiu a noção de que Tendo como referência o texto anterior, julgue o item
os direitos humanos deveriam servir como paradigma subsequente, acerca do sistema de proteção e da Con-
para orientar a ordem internacional, reforçando-se a venção Americana sobre Direitos Humanos.
ideia de que a proteção dos direitos humanos deveria Atualmente, o Brasil admite a prisão civil por dívida
ser global — e não reduzida ao domínio local dos Esta- exclusivamente no caso de inadimplemento de obri-
dos —, por se tratar de questão de legítimo interesse gação alimentar, nos termos da Convenção America-
mundial. na sobre Direitos Humanos.
Nesse contexto, surgiu a Organização das Nações Uni-
das (ONU) e foi adotada a Declaração Universal dos ( ) CERTO ( ) ERRADO
Direitos Humanos — que representa uma plataforma
comum de ação de todos os Estados —, bem como 9 GABARITO
foi aprovada a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, no âmbito da Organização dos Estados
Americanos (OEA). 1 ERRADO
Tendo como referência o texto anterior, julgue o item
subsequente, acerca do sistema de proteção e da Con- 2 CERTO
venção Americana sobre Direitos Humanos. 3 CERTO

4 CERTO
376
5 CERTO

6 CERTO

7 ERRADO

8 CERTO

9 ERRADO

10 ERRADO

11 E

12 CERTO

13 ERRADO

14 CERTO

ANOTAÇÕES

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