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Polícia Rodoviária Federal
PRF-Polícia Rodoviária
Federal
Policial Rodoviário
Volume 1
NV-003JN-21 A
Cód.: 7908428800123
Obra Produção Editorial
Organização
Ana Gabrielly de Souza
Autores
Roberth Kairo
LÍNGUA PORTUGUESA • Gabriela Coelho, Monalisa Costa,
Ana Cátia Colares e Giselli Neves
Revisão de Conteúdo
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO • Kairton Batista Arthur de Carvalho
(Prof.º Kaká) e Sérgio Mendes Clarice Virgilio
Diagramação
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Dayverson Ramon
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Higor Moreira
Polícia Rodoviária Federal : agente policial : volume I / [Gabriela Coelho]...[et al].
-- São Paulo : Nova Concursos, 2021. Lucas Gomes
302 p. V1
Willian Lopes
ISBN 978-65-87525-26-6
Data da Publicação
Janeiro/2021
BÔNUS:
• Curso online.
à Língua Portuguesa - Pontuação
à Raciocínio Lógico - Taxas de variação de grandezas
à Informática - Segurança da Informação
à Direito Administrativo - Responsabilidade Civil do Estado
à Direito Constitucional - Poder Constituinte
à Direito Penal - Teoria do Crime
à Direito Humanos - Conceito dos Direitos Humanos e sua Evolução Histórica
à Atualidades
CONTEÚDO COMPLEMENTAR:
• Legislação Especial
• Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e suas alterações
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LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.................................. 9
NOÇÃO DE FUNÇÃO..........................................................................................................................115
PORCENTAGEM.................................................................................................................................129
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS.............................................................................................................................131
UTILIZAÇÃO DE ESCALAS..............................................................................................................................153
MÉTRICA............................................................................................................................................159
INFORMÁTICA.................................................................................................................. 169
CONCEITO DE INTERNET E INTRANET...........................................................................................166
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL............................................................................................................198
BIG DATA..........................................................................................................................................................200
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL.............................................................................................................................201
FÍSICA................................................................................................................................... 221
CINEMÁTICA ESCALAR, CINEMÁTICA VETORIAL........................................................................221
MOVIMENTO CIRCULAR..................................................................................................................221
TRABALHO.........................................................................................................................................234
POTÊNCIA..........................................................................................................................................234
COLISÕES...........................................................................................................................................239
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171,
de 1994)........................................................................................................................................................250
Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal e Comissões de Ética (Decreto nº 6.029,
de 2007)........................................................................................................................................................253
Código de Conduta da Alta Administração Federal (Exposição de Motivos nº 37, de 2000)..................254
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex- senta como ocorre a relação desses processos:
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na
compreensão e semântica, os principais tópicos são:
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas INFERÊNCIA
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
guísticas e suas consequências para o sentido.
Todos esses assuntos completam o estudo basilar
de semântica com foco em provas e concursos, sempre A partir desse esquema exclusivo, conseguimos visua-
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a lizar melhor como o processo de interpretação ocorre.
estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de pra- Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo as
ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de estratégias que compõem cada maneira de inferir infor-
cada tópico, bem como, a seleção de exercícios finais, mações de um texto. Por isso, vamos apresentar nos 9
tópicos seguintes como usar estratégias de cunho deduti- Dica
vo, indutivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhe-
cimento de mundo na interpretação de textos. Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspec-
A INDUÇÃO tos para abordar em suas provas.
As estratégias de interpretação que observam No momento de ler um texto, o leitor articula seus
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto conhecimentos prévios a partir de uma informação
oferece e, posteriormente, reconhecem (pois diz res- que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
peito a “As estratégias”) alguma certeza na interpreta- ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
ção. Dessa forma, é fundamental buscar uma ordem forme, Kleiman (2016, p. 47):
de eventos ou processos ocorridos no texto e que
Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
variam conforme o tipo textual.
temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos
tema; ele estará também postulando uma possí-
identificar uma organização cronológica e espacial no vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, vando seu conhecimento prévio, e na testagem
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação conhecimento.
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu-
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado Fique atento a essa informação, pois é uma das
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
ideia/ponto de vista. pretação textual: formular hipóteses, a partir da
No processo interpretativo indutivo, as ideias são macroestrutura textual, ou seja, antes da leitura ini-
organizadas a partir de uma especificação para uma cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
generalização. Vejamos um exemplo: ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
entre outras informações que podem vir como “aces-
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
espécie de animal. O que observei neles, no tempo leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
te para não os amar, nem os imitar. São em geral pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de um objetivo mais definido.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos O processo de interpretação por estratégias de dedu-
detalhados e impotentes para generalizar, cur- ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- z Conhecimento Linguístico;
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo z Conhecimento Textual;
critério de beleza.
z Conhecimento de Mundo.
(BARRETO, 2010, p.21)
O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
O trecho em destaque na citação do escritor Lima assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
indutivo compõe a interpretação e decodificação de Conhecimento Linguístico
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, Esse é o conhecimento basilar para compreensão
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
ção cronológica de um texto. das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
A propriedade vocabular leva nhecimento das regras de uma língua.
o cérebro a aproximar as pa- É importante salientar que as regras de reconhe-
PROCURE SINÔNIMOS cimento sobre o funcionamento da língua não são,
lavras que têm maior asso-
ciação com o tema do texto. necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
Os conectivos (conjunções, que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
preposições, pronomes) tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
ATENÇÃO AOS que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
são marcadores claros de
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e bo-objeto (SVO) etc.
localizadores textuais. Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
A DEDUÇÃO sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
A leitura de um texto envolve a análise de diversos o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
10 maneira implícita no enunciado. dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes vo; Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tar seu conhecimento de mundo.
GÊNERO TEXTUAL
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a com-
preensão textual é ativado, por isso, é natural ao nosso
cérebro associar informações, a fim de compreender FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
o novo texto que está em processo de interpretação.
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
cício para atestarmos a importância da ativação do A partir desse esquema, podemos identificar que a
conhecimento de mundo em um processo de interpre- orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual 11
predominante que o texto deve manter, organizado Stop! Com Beatles songs
pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence. Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax;
Lutar com vietcongs
TIPO TEXTUAL Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução;
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apre- Girava o mundo, mas acabou
sentadas no texto. Também é chamado de sequência Fazendo a guerra no Vietnã
textual. Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
GÊNERO TEXTUAL Um instrumento que sempre dá
6. Situação final;
A mesma nota,
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída 7. Avaliação;
ra-tá-tá-tá
socialmente. Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
Uma última informação muito importante sobre Pois está morto no Vietnã
tipos textuais que devemos considerar é que nenhum Stop! Com Rolling Stones
texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor- Stop! Com Beatles songs
re é a existência de predominância de algumas sequên- 8. Moral.
Stop! Com Beatles songs
cias em detrimento de outras, de acordo com o texto. No peito, um coração não há
Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a Mas duas medalhas sim
diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo Fonte: google.com/letrasdemusica. Acessado em: 05/09/2020.
suas principais características e marcas linguísticas.
Essas sete marcas que definem o tipo textual nar-
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
rativo podem ser resumidas em marcas de organiza-
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
ção linguística que são caracterizadas por: Presença
Narrativo de marcadores temporais e espaciais; verbos, pre-
dominantemente, utilizados no passado; presença
Os textos compostos predominantemente por se- de narrador e personagens.
quências narrativas cumprem o objetivo de contar
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão Importante!
de algumas estratégias, como a organização dos fatos
Os gêneros textuais que são, predominantemen-
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um te, narrativos, apresentam outras tipologias tex-
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. tuais em sua composição, tendo em vista que
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- nenhum texto é composto exclusivamente por
vo pode ser caracterizado por sete aspectos, são eles: uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
z Situação inicial – Envolve a “quebra” de um equi- dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
z Complicação – Desenvolvimento da tensão apre-
sentada inicialmente; Para sua compreensão, também é preciso saber o
z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que que são marcadores temporais e espaciais.
ampliam a tensão; São formas linguísticas como advérbios, pronomes,
z Resolução – Momento de solução da tensão; locuções etc. utilizados para demarcar um espaço físi-
z Situação final – Retorno da situação equilibrada; co ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos,
z Avaliação – Apresentação de uma “opinião” sobre esses elementos são essenciais para marcar o equilíbrio e
a resolução; a tensão da história, além de garantirem a coesão do tex-
z Moral – Apresentação de valores morais que a histó- to. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: Atual-
ria possa ter apresentado.
mente, naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então...
Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin-
sença do narrador da história. Por isso, é importante
te exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...”
aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
Vamos ler e identificar essas características, bem
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex- rador de um texto:
tual narrativo.
Narrador: também conhecido como foco narrativo é o res-
ponsável por contar os fatos que compõem o texto.
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones 1. Situação inicial: pre- Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pessoa.
Girava o mundo sempre a cantar domínio de equilíbrio; O narrador participa dos fatos.
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pessoa. O
Havia uma garota afim narrador tem propriedade dos fatos contados, porém não
Cantava Help and Ticket to Ride participa das ações.
Oh Lady Jane, Yesterday
2. Complicação: início
Cantava viva à liberdade Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em 3ª
da tensão
Mas uma carta sem esperar ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não
Da sua guitarra, o separou participa das ações, porém o fluxo de consciência do nar-
Fora chamado na América rador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa.
Stop! Com Rolling Stones
12
Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas Expositivo
predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir- O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a
mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo
narrativos, não significa que não possam apresentar textual, é muito comum a presença de dados, informa-
outras sequências em sua composição. ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus-
classificação correta, é sempre essencial prestar aten- trar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
ção nas marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do
tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
cas mais importantes da sequência textual classifica-
da como descritiva.
Descritivo
Note que apesar da presença pontual da sequência O infográfico acima apresenta as informações per-
narrativa, há predominância da descrição do cenário tinentes sobre o panorama mundial da situação da
e dos personagens, evidenciada pela presença de adje- água no ano de 2016. O gênero foi construído com o
tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco- objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
bertas etc). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
de relato descritivo para manter a comunicação entre guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
a Corte Portuguesa e os navegadores. Todavia, con- gir esse objetivo.
siderando as emergências comunicativas do mundo Assim como os tipos textuais apresentados ante-
moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e, riormente, os textos expositivos também apresentam
aos poucos, substituído por outros gêneros como, por uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
exemplo, o e-mail. outras sequências textuais, tendo em vista que, para
Organização do texto descritivo: apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
LÍNGUA PORTUGUESA
z Ações sociais;
z Ações com configuração prototípica;
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade;
z O propósito de uma ação social;
z Divididos em classes.
Podem ser alterados. Não podem sofrer alteração, sob pena de serem reclassificados
Apesar de não existir um número quantificável de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos gêneros
mais comuns nas provas de concursos, com o fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo na resolução
de questões que envolvam esse assunto. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais gêneros textuais abor-
dados em importantes bancas de concursos no país. Posteriormente, trazemos questões de provas de concursos
anteriores que irão nos auxiliar a praticar esse conteúdo.
NOTÍCIA
A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de maneira obje-
tiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequências textuais narrativas e descritivas na sua composição linguística,
por isso, é fundamental sempre termos em mente as características basilares de todos os principais tipos textuais, os
quais tratamos anteriormente.
Como aprendemos no início deste capítulo, os gêneros textuais possuem características que os distinguem dos
tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo a questões sociais, ter um propósito comunicativo e apresentar uma
configuração mais ou menos padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta essas características, seu propósito comunicativo é informar
uma comunidade sobre assuntos de interesse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada com imparcialida-
de, ou seja, sem que o meio que a transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra importante característica
da notícia é a sua configuração prototípica, seu padrão textual reconhecido por leitores de uma comunidade.
Essa configuração própria da notícia é reconhecida pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. Vejamos
na prática como reconhecer o esquema prototípico desse gênero:
Casal suspeito de assaltos é preso após colidir carro na contramão enquanto fugia da polícia, em Fortaleza Manchete
Foram apreendidos três aparelhos celulares roubados e uma arma de fogo com seis munições. Lead
Um casal suspeito de realizar assaltos foi preso após capotar um carro ao dirigir na contramão enquanto fugia da
polícia na tarde deste domingo (13), no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza.
Corpo
Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, disse que os assaltantes dirigiam em alta velocidade pelas ruas
da Notícia
após abordar de forma fria os pertences. “A mulher estava conduzindo o carro e o comparsa dela abordava as pes-
soas colocando a arma na cabeça”, afirmou.
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja seu propósito de informar, é fundamental que o autor do
texto seja guiado por essas perguntas a fim de tornar seu texto imparcial e objetivo:
É importante ressaltar que, com o advento das redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o gênero
notícia seja divulgado por meio de plataformas diferentes, como as redes sociaissso democratiza a informação,
porém também abre margem para a criação de notícias falsas que se baseiam nesse esquema de organização
das notícias para buscar alguma credibilidade do público. Então, atualmente, podemos afirmar que a fonte de
publicação é tão importante para o reconhecimento de uma notícia quanto a estrutura padrão do gênero da qual
tratamos acima.
O próximo gênero que trataremos é a reportagem que guarda sutis diferenças em comparação com a notícia e
16 também é muito abordada em provas de concursos.
REPORTAGEM portanto, a reportagem também apresentará esse
paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu-
A reportagem é um gênero textual que, diferen- mentativo, porém pode apresentar outras sequências
temente da notícia, além de oferecer informações textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
acerca de um assunto, também apresenta os pontos A seguir daremos continuidade aos nossos estudos
de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
sobre os principais gêneros textuais objeto de provas
argumentativo; essa é a principal diferença entre os
de concurso com um dos gêneros mais comuns em
gêneros notícia e reportagem.
provas de seleções: o artigo de opinião.
Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
ARTIGO DE OPINIÃO
nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por
isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com O artigo de opinião faz parte da ordem de textos
a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista. que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumen-
tação para analisar, avaliar e responder a uma ques-
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre
tão controversa. Esse instrumento textual situa-se no
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que
diente” dos textos desse gênero que são representados,
circula, principalmente, em jornais e revistas impres-
predominantemente, pela sequência argumentativa.
sos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a dis-
É importante relembrarmos que o tipo textual
cussão de um problema de âmbito social. E, por meio
argumentativo é organizado em três macro partes:
dessa discussão, podemos defender nossa opinião,
tese, desenvolvimento e conclusão (conferir no capí-
como também refutar opiniões contrárias às nossas,
tulo anterior). Por manter esse padrão, a reportagem
ou ainda, podemos propor soluções para a questão
aprofunda-se em temas sociais de ampla repercussão
controversa.
e interesse do público, algo que não é o foco da notícia,
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi-
tendo em vista que a notícia busca apenas a divulga-
nião é a de convencer seu interlocutor, para isso, ele
ção da informação.
terá que usar de informações, fatos, opiniões que
Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
serão seus argumentos. BRÄKLING apud Ohuschi e
tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
Barbosa aponta:
como a televisão, o computador, o tablet, o celular.
As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que
ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
se busca convencer o outro de uma determinada
podem ser veiculadas em suportes escritos, como ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por
revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das meio de um processo de argumentação a favor de
redes sociais, estas são os principais meios de divulga- uma determinada posição assumida pelo produtor
ção desse gênero atualmente. e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor- um processo que prevê uma operação constante de
tagem apresenta informações mais detalhadas sobre sustentação das afirmações realizadas, por meio
um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. da apresentação de dados consistentes que possam
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados convencer o interlocutor (2011. p.305).
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
trua sua própria opinião sobre o tema. Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero,
A despeito dessas diferenças na construção dos o escritor deverá usar de diversos conhecimentos,
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar- como: enciclopédicos, interacionais, textuais e linguís-
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às ticos. É por meio da escolha de determinados recursos
perguntas O Quê? Como? Por Quê? Onde? Quando? linguísticos que percebemos que nada é por acaso,
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da pois, a cada escolha há uma intenção: “... toda ativida-
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da de de interpretação presente no cotidiano da lingua-
primeira por seu caráter essencialmente informativo. gem fundamenta-se na suposição de quem fala tem
Por exemplo: certas intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determi-
Notícia nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento
Apresenta um fato de forma simples e objetiva; sobre esse tema. Por isso, normalmente, os autores
Objetivo é informar; de artigos de opinião são especialistas no assunto por
Apuração dos fatos objetiva; eles abordado. Ao escolherem um assunto, os autores
Conteúdo de curto prazo; devem considerar as diversas “vozes” já existentes
LÍNGUA PORTUGUESA
Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida sobre mesmo assunto. E, dependendo da intenção,
(conf. acima). apoiar ou negar determinadas vozes.
Reportagem Por isso que a linguagem utilizada pelo articulis-
Questiona fatos e efeitos de um fato determinado; ta de um texto de opinião deve ser simples, direta,
Apresenta argumentos sobre um mesmo fato; convincente; utiliza-se a terceira pessoa, apesar de
Apuração extensa; a primeira ser adequada para um artigo de opinião
Conteúdo sem ordem determinada, pode apresen- pessoal, porém, ao escolher a terceira pessoa do sin-
tar entrevistas, dados, imagens, etc. gular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao
seu texto, fazendo com que sua produção textual não
Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado. fique centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
É importante ressaltar que nenhum gênero é com- guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
posto apenas por uma única sequência textual e que, estruturação: 17
z Identificação do tema, acompanhada de seus ante- O editorial, além de ser um gênero muito comum
cedentes e alcance para situar a questão polêmica; nas provas de interpretação textual em concursos
z Tomada de posição, exposição de argumentos de públicos, também é, recorrentemente, cobrado por
modo a justificar a tese; muitas bancas em provas de redação. Por isso, a
z Reafirmação da posição adotada no início da pro- seguir, apresentamos um breve esquema para facili-
dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti- tar a escrita desse gênero, especialmente em certames
culadas e o texto é concluído. que cobrem redação.
Emprego do X e do CH
O que é um livro?
O que é um livro? A pergunta se impõe neste O “X” é utilizado:
momento em que que a isenção de impostos sobre
o objeto primeiro da cultura e do conhecimento
� Após os ditongos (encontro de duas vogais).
está em risco. Uma contribuição tributária de 12%
Ex.: peixe, faixa, caixa, ameixa, queixo, baixo,
afastaria ainda mais a leitura de quem tanto pre-
encaixe, paixão, rouxa, frouxo.
cisa dela.
� Exceção: recauchutar (e seus derivados) e caucho.
Um livro é:
� Após as sílabas “en” e “me”.
– A casa das palavras. Acabei de gravar um
vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar,
ofício de um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, enxugar, mexerica, mexilhão, mexer, mexicano,
fazer a cama das palavras, providenciar sua comi- enxovalho.
da, vesti-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no Algumas palavras formadas por prefixação (pre-
tempo para a frente e para trás. Habitar o passa- fixo “en” + radical) são escritas com “ch” (enchente,
do ao tempo em que foi escrito. Ou revisitá-lo de encharcar, etc.).
outro ponto de vista, inalcançável quando o passa-
do aconteceu: o do presente, com todos os conhe- � Exceção: mecha (de cabelo);
cimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. � Em palavras de origem indígena e africana e pala-
[…] vras inglesas aportuguesadas.
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e Ex.: xampu, xerife, xará, xingar, xavante.
ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. � Outras palavras escritas com “X”: bexiga, laxativo,
Palavra e música, prosa e poesia. Luz e sombra. caxumba, xenofobia, xícara, xarope, lixo, capixa-
Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de ba, xereta, faxina, maxixe, bruxa, relaxar, roxo,
preservação do alheio e ponto de encontro com graxa, puxar, rixa.
nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas
estão disponíveis, para que cada um possa abrir Algumas palavras com “CH”: chicória, ficha, chi-
a sua. marrão, churrasco, chinelo, chicote, cachimbo, fanto-
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, che, penacho, broche, salsicha, apetrecho, bochecha,
dragões enfrentam centauros. O pântano onde as brecha, pechincha, inchar, flecha, chute, deboche,
hidras agitam suas múltiplas cabeças. mochila, pichar, lincha, fechar, fachada, comichão,
– Todas as palavras do sagrado, todas elas chuchu, charque, cochicho.
foram postas nos livros que deram origem às reli-
giões e neles conservadas.
z Há ainda algumas palavras homófonas, que podem
LÍNGUA PORTUGUESA
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado. ser escritas das duas formas, porém têm significa-
dos diferentes. Veja algumas:
Como podemos notar, a crônica trata de um assun-
to bem atual: o aumento da carga tributária que inci- � Brocha (pequeno prego)
de sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua � Broxa (pincel para caiação de paredes);
opinião e segue argumentando sobre a importância � Chá (planta para preparo de bebida)
dos livros na sociedade com um ponto de vista ladea- � Xá (título do antigo soberano do Irã);
do pela literatura, o que fortalece sua argumentação. � Chalé (casa campestre de estilo suíço)
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex- � Xale (cobertura para os ombros);
tuais, é importante deixarmos uma informação rele- � Chácara (propriedade rural)
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os � Xácara (narrativa popular em versos);
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas � Cheque (ordem de pagamento)
formas de dizer marcadas pelo discurso, por isso, em � Xeque (jogada do xadrez). 19
Emprego do C, Ç, S e SS � Jiló, jagunço, jabá.
“O Brasil evoluiu bastante desde o início Como não havia estudado suficiente,
do século XXI. O país proporcionou a in- CAUSAL
resolvi não fazer essa prova.
clusão social de muitas pessoas. A nação
Sem Elipse Falaram tão mal do filme que ele
obteve notoriedade internacional por cau- CONSECUTIVA
sa disso. A pátria, porém, ainda enfrenta nem entrou em cartaz.
certas adversidades...”
COMPARATIVA Trabalhou como um escravo.
“O Brasil evoluiu bastante desde o início do
século XXI e proporcionou a inclusão social Conforme o Ministro da Economia,
CONFORMATIVA
de muitas pessoas, por causa disso obteve Com Elipse os concursos não irão acabar.
notoriedade internacional, porém ainda en-
Ainda que vivamos um período de
frenta certas adversidades...”
CONCESSIVA poucos concursos, não podemos
desanimar.
COESÃO SEQUENCIAL
Se estudarmos, conseguiremos
A coesão sequencial é responsável por organizar a CONDICIONAL
ser aprovados!
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu-
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro- À proporção que aumentava seus
mover a evolução do debate assumido pelo autor. A PROPORCIONAL horários de estudo, mais forte o
coesão sequencial pode ser garantida, em um texto, candidato se tornava.
a partir de locuções que marcam tempo, conjunções,
desinências e modos verbais. Neste material, iremos Estudava sempre com afinco, a
FINAL
nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que fim de ser aprovado.
são utilizadas para garantir a progressão textual.
Quando o edital for publicado, já
TEMPORAL estarei adiantado nos estudos.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
Tal qual as conjunções coordenativas, as subordina- As recorrências de repetições em textos são comu-
tivas estabelecem uma ligação entre as ideias apresen- mente recusadas pelos mestres da língua portugue-
tadas num texto, porém, diferentemente daquelas, estas sa, sobretudo, quando o assunto é redação, muitos
ligam ideias apresentadas em orações subordinadas, ou professores recomendam em uníssono: evite repetir
seja, orações que precisam de outra para terem o sentido palavras e expressões! 23
No entanto, a repetição é um recurso coesivo essen- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
cial para manter a progressão temática do texto, isto JUNTAS
é, para que o tema debatido no texto não seja perdi- Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
do, levando o escritor a fugir da temática, erro muito tanto...quanto; ora...ora; seja...seja, etc.
pior do que o uso de repetições.
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
Embora também não recomendamos as repetições
ca a qual a frase está inserida, vejamos um exemplo
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
em que houve quebra de paralelismo:
quado em um texto, por isso apresentamos, a seguir, “É necessário estudar e que vocês se ajudem”
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. – Errado.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES – Correto.
Devemos manter a organização das orações, não
O candidato foi encontrado com podemos coordenar orações reduzidas com orações
Marcar ênfase duzentos milhões de reais na desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-
mala, duzentos milhões! -las ou somente desenvolvida ou somente reduzidas.
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
Marcar contraste Existem Políticos e políticos.
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
“Agora que sentei na minha ca- âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-
deira de madeira, junto à minha mos o seguinte exemplo:
mesa de madeira, colocada em “Por um lado, os manifestantes agiram corre-
cima deste assoalho de madeira, tamente, por outro podem não ter agido errado”
Marcar a continui-
olho minhas estantes de madeira – Incorreto.
dade temática
e procuro um livro feito de polpa “Por um lado, os manifestantes agiram correta-
de madeira para escrever um arti- mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
go contra o desmatamento flores- lação” – Correto.
tal” Millôr Fernandes. “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto.
Uso de paráfrase
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS
A paráfrase é um recurso de reiteração que pro-
porciona maior esclarecimento sobre o assunto trata- Este conteúdo será abordado no tópico “Empre-
do no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar go das Classes de Palavras”
sobre algo utilizando-se de outras palavras, conforme
Antunes (2005, p.63), “alguma coisa é dita outra vez, em
outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo: DOMÍNIO DA ESTRUTURA
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO.
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
Castelão. Ceará no Castelão. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais A palavra morfologia refere-se ao estudo das
da capital cearense. A forma como o texto se apresen- formas, por isso, o termo é usado pelos linguistas e
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em também pelos médicos, que estudam as formas dos
posições diferentes, cumpre um papel importante na órgãos e suas funções.
progressão temática do texto. Analogamente, para compreender bem as funções
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão,
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo precisamos conhecer como essa forma se classifica
uso de expressões textuais bem características, como: em e como se organiza. Por isso, em língua portuguesa,
outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em estudamos as formas das palavras na morfologia, que
resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi- organiza as classes das palavras em dez categorias.
cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no tex- A seguir, iremos estudar detalhadamente cada uma
to, garantindo a informatividade do texto. delas, e também acrescentamos um “bônus” para seus
estudos: as palavras denotativas, atualmente, muito
Uso de paralelismo cobradas por bancas exigentes, como FCC e Cebraspe/
CESPE.
As ideias similares devem fazer a correspondência
entre si, a essa organização de ideias no texto, dá-se o ARTIGOS
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin- Os artigos devem concordar em gênero e número
tático. Quando há sequência de expressões simétricas com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
no plano das ideias e coerência entre as informações, minantes dos substantivos.
ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de Essa classe está dividida em artigos definidos e
24 sentido. artigos indefinidos: os primeiros funcionam como
determinantes objetivos, individualizando a palavra, já Dica
os segundos funcionam como determinantes imprecisos. A forma 14 por extenso apresenta duas for-
mas aceitas pela norma gramatical: catorze e
z Artigos definidos: o, os; a, as.
quatorze.
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
SUBSTANTIVOS
Os artigos podem ser combinados às preposições: Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
são as chamadas contrações. Algumas contrações característica básica dessa classe é admitir um deter-
comuns na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a = minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio-
à; de + a = da. nam-se em gênero, número e grau.
Toda palavra determinada por um artigo torna-se
um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc. Tipos de substantivos
z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os ção. Ex.: couve-flor, aguardente.
meninos eram bons em português. z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma substantivo. Ex.: pedra, dente.
série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.:
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
pedreiro, dentista.
z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no z Concreto: Designam seres com independência
novo emprego. ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.:
z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
Deus, fada, carro.
nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
metade do pagamento. dade. Ex.: coragem, Liberalismo.
z Comum: Designam determinados seres e lugares.
Um numeral ou um artigo?
Ex.: homem, cidade.
A forma um pode assumir na língua a função de z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
artigo indefinido ou de numeral cardinal, então, como Maria, Fortaleza.
podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso, vejamos: z Coletivo: Usados no singular, designam um con-
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca,
z Durante a votação, houve um deputado que se manada.
posicionou contra o projeto.
É importante destacar que a classificação de um
z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
substantivo depende do contexto em que ele está inse-
cionou contra o projeto.
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio).
Na primeira frase, podemos substituir o termo um
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
comum).
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
Flexão de gênero
contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
por exemplo.
Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
Já na segunda oração, a alteração do gênero não
LÍNGUA PORTUGUESA
Outros substantivos modificam o radical para Os substantivos compostos são aqueles formados
designar formas diferentes no masculino e no femini-
por justaposição e o plural dessas formas obedece às
no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
seguintes regras:
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
z Variam os dois elementos:
Gênero e significação
substantivo + substantivo:
Ex.: mestre-sala / mestres-salas;
É importante salientar que alguns substantivos
Substantivo + adjetivo:
uniformes podem aparecer com marcação de gênero
diferente, ocasionando uma modificação no sentido, Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
veja, por exemplo: Adjetivo + substantivo:
Ex.: boas-vindas;
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime; Numeral + substantivo:
z O testemunho: relato de experiência, associado a Ex.: terça-feira / terças - feiras.
religiões.
z Varia apenas um elemento: substantivo + prepo-
Algumas formas substantivas mantêm o radical e sição + substantivo. Ex.: canas-de-açúcar;
a pequena alteração o gênero interfere no significado:
Substantivo + substantivo (com função adjetiva).
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; Ex.: navios-escola.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Palavra invariável + palavra invariável.
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Ex.: abaixo-assinados.
Verbo + substantivo.
Além disso, algumas palavras na língua apresen- Ex.: guarda-roupas.
tam dificuldade quanto a identificação do gênero, pois Redução + substantivo.
são usadas em contextos informais com gêneros dife- Ex.: bel-prazeres.
rentes, é o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a
gênese; a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formi- Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
cida; o telefonema; o trema. formados por verbo + advérbio e verbo + substantivo
Algumas formas que não apresentam, necessaria- plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha.
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
masculino quanto no feminino: O personagem / a per- Variação de grau
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox.
A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação
Flexão de número de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
diminuição.
Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei-
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas. z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
Porém, podem apresentar outras terminações: males, xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres- Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z, fogaréu, boqueirão, poetastro.
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como
mal/males. z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
26 / corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também pequenina, papelucho.
Dica z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
dos substantivos pode alterar o sentido das pala- É importante destacar que mais do que “decorar”
vras, podendo assumir um valor: formas adjetivas e suas respectivas locuções, é funda-
Afetivo: filhinha; mental reconhecer as principais características de uma
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. locução adjetiva: caracterizar o substantivo e apresen-
tar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela abertura da
O novo Acordo Ortográfico e o uso de maiúsculas porta; A abertura de conta pode ser realizada on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela pre-
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras posição “de”, ela pode ser confundida com a locução
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
letra maiúscula as inicias das palavras que designam: posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil; porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da zando o substantivo “abertura”.
Vice-presidência. Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
nome próprio, este também deverá ser escrito com demonstrando seu caráter adverbial.
inicial maiúscula. As locuções adjetivas também desempenham fun-
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
z Nomenclatura legislativa especificada deve ser
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri-
com açúcar.
zes e Bases da Educação (LDB).
Já as locuções adverbiais desempenham função
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos,
Vacina; Guerra Fria. orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de
fome; agiu com rapidez.
Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as Adjetivo de relação
formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre-
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã-
relação”, muito cobrado por bancas de concursos,
-Bretanha, Timor-Leste.
sobretudo a FGV.
Para identificar um adjetivo de relação, observe as
ADJETIVOS
seguintes características:
Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
podem indicar: sentar meios de subjetividade. Ex.: Menino bonito
- o adjetivo é subjetivo, pois a beleza do menino
z Qualidade: professor chato. depende dos olhos de quem o descreve.
z Estado: aluno triste. z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. relação sempre são posicionados após o substanti-
vo. Ex.: casa paterna.
Locuções adjetivas
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
tivo por derivação prefixal ou sufixal.
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos
adjetivos, indicando as mesmas características deles. z Não admitem variação de grau: os graus compa-
Elas são formadas por preposição + substantivo, rativo e superlativo não são admitidos.
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
LÍNGUA PORTUGUESA
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas te americano (não é subjetivo; posicionado após o
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, substantivo; derivado de substantivo; não existe a
importantes para seu estudo: forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
z Voo de águia / aquilino; roteiro carnavalesco.
z Poder de aluno / discente;
z Cor de chumbo / plúmbeo; Variação de grau
z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:
Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo Absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo Relativo,
que pode ser de superioridade (O mais) ou de inferioridade (O menos)
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético).
O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade).
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, mais
magra, mais bonito etc.).
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica se referir a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
z Primitivos: são os adjetivos que não derivam de outras palavras e, a partir deles, é possível formar novos
termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos primitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
z Compostos: são formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, ama-
relo-ouro etc.
Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.
z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor +
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa,
camisas amarelo-ouro.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjetivo +
adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.
Adjetivos pátrios
Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
28
Veja a seguir alguns deles:
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro,
costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
ADVÉRBIOS
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em alguns
casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua portuguesa apresentam uma lista exaustiva com as funções dos
advérbios, porém, decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na
resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir
delas, consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais. Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
29
z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às claras (modo).
Locuções adverbiais
As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetivas, tornando tal estrutura agramatical, por isso,
inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.
Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco Menos - -
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
GRAU SUPERLATIVO
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes. z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas.
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento
cerimonioso a comerciantes importantes. z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
Pronomes possessivos
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
que dizer).
discurso e indicam posse:
z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos 1ª pessoa; Meu, minha, meus, minhas.
nós quem fizemos o bolo. SINGULAR 2ª pessoa; Teu, tua, teus, tuas.
O pronome relativo quem pode fazer referência a algo 3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas.
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala). 1ª pessoa; Nosso, nossa, nossos, nossas.
z Emprego do relativo quanto: seu antecedente deve PLURAL 2ª pessoa; Vosso, vossa, vossos, vossas
ser um pronome indefinido ou demonstrativo, 3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas. 33
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, VERBOS
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain- Certamente, a classe de palavras mais complexa e
da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a importante dentre as palavras da língua portuguesa é
relação do pronome é com o objeto da posse. o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
Outras funções dos pronomes possessivos: e os agentes desses atos, além de ser uma importante
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
z Delimitam o substantivo a que se referem; isso; fique atento às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
z Concordam com o substantivo que vem depois dele; em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
z Não concordam com o referente; ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
fato. As flexões verbais são marcadas por desinências
z O pronome possessivo que acompanha o substan- que podem ser: número-pessoal, indicando se o verbo
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal. está no singular ou plural, bem como em qual pessoa
verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-temporal,
Colocação pronominal que indica em qual modo e tempo verbais a ação
foi realizada, iremos apresentar estas desinências a
Estudo da posição dos pronomes na oração. seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinências
modo-temporais, precisamos explicar o que são o
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. modo e o tempo verbais:
Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
Não me submeto a essas condições. ção enunciada pelo verbo.
Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de
Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se certeza. Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
apresente como um rico investidor, ele nada
tem. z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude
Gerúndio, precedido da preposição em. Ex: de dúvida, desejo ou possibilidade. Ex.: Se eu estu-
Em se tratando de futebol, Maradona foi um dasse, seria aprovado.
ídolo. z Imperativo: o modo imperativo designa ordem,
Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: convite, conselho, súplica ou pedido. Ex.: Estuda!
Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe Assim, serás aprovado.
agradecemos.
Orações interrogativas, exclamativas, opta- Tempos
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
O tempo designa o recorte temporal em que a ação
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro.
Casos que atraem o pronome para mesóclise: Porém, existem ramificações específicas.
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum z Presente: pode expressar não apenas um fato
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei- atual, como também uma ação habitual. Ex.:
jos agora...” Estudo todos os dias no mesmo horário.
Uma ação passada.
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura.
Casos que atraem o pronome para ênclise: Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no
Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
to honrada com esse título.
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode
Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por
indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.
favor.
Ex.: Estudava todos os dias.
Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou-
quanto sou importante.
tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans-
bordara da banheira.
Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader-
no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo). z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada rei bastante ano que vem.
(correto). Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
34 (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). muito, se tivesse me planejado.
A partir dessas informações, podemos também iden- Formas nominais do verbo e locuções verbais
tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são for- As formas nominais do verbo são as formas infi-
mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em
presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são determinados contextos. São chamadas nominais pois
formados por dois verbos, um auxiliar e um principal, funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu
dos tempos simples e compostos, respectivamente: valor indica duração de uma ação e, por vezes,
Flexões modo-temporais – tempos simples pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se
MODO MODO compadeceu.
TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO z Particípio: é marcado pelas terminações -ado,
-e(1ªconjugação) -ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
Presente * e -a ( 2ª e 3ª ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
conjugações) número e gênero.
Pretérito -ra(3ª pessoa do Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
*
perfeito plural)
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação
-va (1ª conjuga-
Pretérito do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito nado. Pode ser pessoal ou impessoal.
conjugações)
Pretérito
Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
mais-que-per- -ra *
feito jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Futuro -rá e -re -r
Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem
Futuro do que ele ensina.
-ria *
pretérito
Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
* Nem todas as formas verbais apresentam desi-
nências modo-temporais. jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
conjugação; Partir - 3ª conjugação.
Flexões modo-temporais – tempos compostos
(indicativo) O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
orações reduzidas.
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
(presente do indicativo) + verbo principal particí- Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
pio. Ex.: Tenho estudado. bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
+ verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver- para pagar as contas; Haver de + verbo principal
bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado. no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do Não confunda locuções verbais com tempos com-
indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: postos. O particípio formador de tempo composto na
Terei saído.
voz ativa não se flexiona: O homem teria realizado
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER sua missão.
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no
particípio. Ex.: Teria estudado. Classificação dos verbos
Flexões modo-temporais – tempos compostos Os verbos são classificados quanto a sua forma de
(subjuntivo) conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
LÍNGUA PORTUGUESA
O verbo ser será impessoal quando o espaço z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen- tempo, porém percebemos que há uma ação com-
partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos
chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma
se olharam antes do julgamento.
do verbo fazer, podendo ser impessoal também,
o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo
A voz passiva é realizada a partir da troca de
Mariana” funções entre sujeito e objeto da voz ativa, falamos
melhor desse processo no capítulo funções do SE em
z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são verbos transitivos direto.
empregados nas formas compostas dos verbos e Só podemos transformar uma frase da voz ativa
também nas locuções verbais. Os principais verbos para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
auxiliares dos tempos compostos são ter e haver. transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva
com a presença do objeto direto.
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
concordância verbal, porém, o verbo principal deter- bida pelo sujeito ao mesmo tempo, essa relação pode
mina a regência estabelecida na oração. ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e
Apresentam forte carga semântica que indica sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu.
modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun- Ou a ação pode ser compartilhada entre dois
to no tópico verbos auxiliares no final da gramática. ou mais indivíduos que praticam e sofrem a
São importantes na formação da voz passiva ação. Ex.: Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
analítica. cumprimentaram.
No último caso, a voz reflexiva é também chamada
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos de recíproca, por isso, fique atento.
três formas nominais dos verbos: Não confunda os verbos pronominais com as
vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
durativo da ação e equivale a um advérbio ou -se, entre outros acompanham um pronome que faz
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando. parte integrante do seu significado, diferentemente,
Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO, das vozes verbais que acompanham o pronome SE
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser com função sintática própria.
classificado em particípio regular e irregular,
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO Outras funções do “SE”
e -IDO.
Como vimos, o SE pode funcionar como item essen-
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- cial na voz passiva; além dessa função, esse elemento
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os também acumula outras atribuições. Vejamos:
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban- z Partícula apassivadora: como será abordado
didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais. posteriormente, a voz passiva sintética é feita com
verbos transitivos direto (TD) ou transitivos direto
Infinitivo: marca as conjugações verbais. indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE junto ao
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR, verbo, por isso o elemento SE é designado partí-
PasseAR); cula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-se
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER, a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícula
LÍNGUA PORTUGUESA
pÔR); apassivadora)
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par- O SE exercerá essa função apenas: Com verbos
cuja transitividade seja TD ou TDI; Verbos concor-
tIR, SaIR)
dam com o sujeito; Com a voz passiva sintética.
O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
Lembramos que na voz passiva nunca haverá
ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo
objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujei-
acontece com verbos que deste derivam.
to paciente.
Vozes verbais z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun-
cionará nessa condição quando não for possível
As vozes verbais definem o papel do sujeito na identificar o sujeito explícito ou subentendido.
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação Além disso, não podemos confundir essa função do
verbal ou se ele recebe a ação verbal. SE com a de apassivador, já que para ser índice de 37
indeterminação do sujeito a oração precisa estar verbo passear, são derivados dessa terminação os
na voz ativa. verbos:
Outra importante característica do SE como índi-
ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos
transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos PRESENTE - INDICATIVO
de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar Eu Passeio
na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus.
Tu Passeias
z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
xivo, a partícula SE indicará reflexão ou recipro- Ele/Você Passeia
cidade, auxiliando a construção dessas vozes
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin- Nós Passeamos
cipais características são: sujeito recebe e pratica Vós Passeais
a ação; funcionará, sintaticamente, como objeto
direto ou indireto; o sujeito da frase poderá estar Eles/Vocês Passeiam
explícito ou implícito. Ex.: Ele se via no espelho /
Deu-se um presente de aniversário. Conjugação de alguns verbos
z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será
parte integrante dos verbos pronominais, acompa- Vamos agora conhecer algumas conjugações de
nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
exerce essa função, jamais terá uma função sin- to de questões em concursos.
tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo
explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da as mesmas desinências desse verbo, as formas
mãe, quando olhou a filha.
z Partícula de realce: será partícula de realce o SE PRESENTE - INDICATIVO
que puder ser retirado do contexto sem prejuízo
Eu Adiro
no sentido e na compreensão global do texto. A
partícula de realce não exerce função sintática, Tu Aderes
pois é desnecessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se
os dedos. Ele/Você Adere
Tu Crias PREPOSIÇÕES
Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre As conjunções integrantes fazem parte das orações
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a subordinadas e, na realidade, elas apenas integram
subir. uma oração principal à outra, subordinada. Existem
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se.
z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim,
z Quando é possível substituir o que pelo pronome
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra-
isso, estamos diante de uma conjunção integrante.
se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso.
aprovado.
z Sempre haverá conjunção integrante em orações
As conjunções e, nem não devem ser empregadas substantivas e, consequentemente, em períodos
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa.
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta Perguntei = isso.
em redundância. z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
Conjunções subordinativas o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o
Brasil é um país desigual (certo).
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias INTERJEIÇÕES
apresentadas em um texto, porém, diferentemente
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações As interjeições também fazem parte do grupo de
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra palavras invariáveis, tal como as preposições e as con-
para terem o sentido apreendido. junções. Sua função é expressar estado de espírito e
emoções, por isso apresenta forte conotação semânti-
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto, ca, ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) a uma frase, como será melhor exposto no capítulo
40 etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca fez dieta. sobre frase, oração e período. Ex.: Tchau!
As interjeições, como mencionamos, indicam rela- brasileiro constituído basicamente de arroz e feijão,
ções de sentido diversas, a seguir apresentamos um por exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos
quadro com os sentimentos e sensações mais expres- a seguir cada um deles.
sos pelo uso de interjeições:
SUJEITO
Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: z Voz ativa (sujeito agente)
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
Simples
ce a ação na frase.
DETERMINADO Composto
z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
Elíptico Ex.: Corta-se cabelo.
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
Com verbos flexionados na 3ª
“cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
pessoa do singular
item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do oração.
se (índice de indeterminação do
sujeito) Importante notar que não há preposição entre
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
Usado para fenômenos da “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais
INEXISTENTE natureza ou com verbos sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
impessoais.
Precisa-se de cabelo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal,
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
ção “-se”.
Simples: quando há apenas um núcleo.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Núcleo: aluguel
Ex.: A minha saia azul está rasgada.
Sujeito simples: O aluguel da casa
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
Composto: quando há dois núcleos ou mais. ça da partícula -se.
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
Núcleos: sons, cores. PREDICADO
Sujeito composto: Os sons e as cores
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
mos essenciais na oração, há casos em que a oração
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere.
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
Vi o noticiário hoje de manhã.
impossível existir uma oração sem sujeito.
Sujeito: (Eu)
O predicado pode ser:
z Indeterminado: quando não é possível identificar
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
do por um índice de indeterminação do sujeito, a Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
partícula “se”. (José de Alencar)
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, não Predicado: seguem sua marcha
se referindo a nenhuma palavra determinada no z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
contexto. to (oração sem sujeito):
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Ex.: Chove pouco nesta época do ano.
Entende-se que alguém passou cedo. Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Colocando-se verbos sem complemento direto
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) na 3ª Para determinar o predicado, basta separar o
pessoa do singular acompanhados do pronome se, sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
que atua como índice de indeterminação do sujeito. do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
Ex.: Não se vê com a neblina. é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
condição. Dias)
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Sujeito inexistente ou oração sem sujeito Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
Quando uma oração ocorre sem o sujeito de for-
ma que ela tenha sentido completo. Os verbos são Classificação do Predicado
impessoais e normalmente representam fenômenos
da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer ou A classificação do predicado depende do significa-
haver no sentido de existir. do e do tipo de verbo que apresenta.
Geia no Paraná.
Fazia um mês que tinha sumido. z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
Basta de confusão. nificativo se concentra em um nome (corresponde
42 Há dois anos esse restaurante abriu. a um predicativo do sujeito).
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação. Objeto indireto 2: lhe.
O predicado nominal tem por núcleo um nome
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
(substantivo, adjetivo ou pronome).
truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
Mendes)
oração.
Predicado: são mais bonitas.
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
Verbo intransitivo: adormeciam.
Bilac)
Predicado verbo-nominal
Predicado: estão cheias de calafrios.
Ocorre quando há dois núcleos significativos:
É importante não confundir:
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
transitivo, predicativo do objeto).
mas um estado momentâneo ou permanente que
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
o predicativo do sujeito.
Verbo intransitivo: parou
z Predicativo do sujeito, função exercida por subs-
Predicativo do sujeito: atento
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
Ex.: O garoto está bastante feliz.
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é
Verbo de ligação: está.
considerado predicativo do sujeito.
Predicativo do sujeito: bastante feliz.
Ex.: Seu batom é muito forte.
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Verbo de ligação: é.
Verbo intransitivo: marchou
Predicativo do sujeito: muito forte.
Predicativo do sujeito: desorientado
Predicado verbal
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Ma-
demais termos do predicado.
chado de Assis)
O verbo do predicado pode ser classificado em
Verbo transitivo direto: achou
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
Objeto direto: o raciocínio
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.
Predicativo do objeto: exato
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi-
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
ge um complemento não preposicionado, o objeto
um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
direto.
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
concluir que temos um caso de predicativo do obje-
Noel Rosa
to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
Verbo Transitivo Direto: Fazer.
o sujeito.
Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
O que é o predicativo do objeto?
Verbo Transitivo Direto: trouxe.
É o termo que confere uma característica, uma
Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transi-
qualidade ao termo a que se refere.
tivo indireto tem como necessidade o complemento
A formação do predicativo do objeto se dá por um
acompanhado de uma preposição para fazer sentido.
adjetivo ou por um substantivo.
Ex.: Nós acreditamos em você.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Verbo transitivo indireto: acreditamos
Predicativo do objeto: proveitoso
Preposição: em
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
Predicativo do objeto: vitoriosa
Verbo transitivo indireto: obedeceu
Para facilitar a identificação do predicativo do
Preposição: a (a + os)
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
Ex.: Os professores concordaram com isso.
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Verbo transitivo indireto: concordaram
LÍNGUA PORTUGUESA
Será adjunto adnominal: se o substantivo ao pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
qual se liga for concreto. ou dois-pontos.
Ex.: A casa da idosa desapareceu. Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
Se indicar posse ou o agente daquilo que ontem, acabaram de voltar de férias.
expressa o substantivo abstrato. Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
� Enumerativo: é usado para desenvolver ideias que
Será complemento nominal: se indicar o alvo foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
daquilo que expressa o substantivo. rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
foi respeitada. riachos.
Notava-se o amor pelo seu trabalho. Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: preconceito, antipatia e arrogância. 45
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
para resumir termos anteriores. É expresso, nor- (predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad-
malmente, por um pronome indefinido. jetivo)
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos Homem desesperado, João sempre perde o con-
estavam empolgados com a feira. trole.
Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste, (aposto; núcleo: homem – substantivo)
países africanos onde se fala português.
Vocativo
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem O vocativo é um termo que não mantém relação
rumo. sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
� Circunstancial: Exprime uma característica tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
circunstancial. chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas ja se comunicar. É um termo independente, pois
apropriadas. não faz parte da estrutura da oração.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um consulta.
substantivo de sentido genérico, sem pausa, para Ela te diz isso desde ontem, Fábio.
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
substantivos próprios. z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
Exs.: O mês de abril. vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
O rio Amazonas. outro termo da oração.
Meu primo José. Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
O aposto se relaciona sintaticamente com outro
z Aposto da oração: É um comentário sobre o
termo da oração.
fato expresso pela oração, ou uma palavra que
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável.
condensa.
Sujeito: a cozinha de lufe.
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao
preocupação.
sujeito).
O noticiário disse que amanhã farpa muito calor -
ideia que não me agrada.
PERÍODO COMPOSTO
z Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra Observe os exemplos a seguir:
para as perguntas. A apostila de Português está completa.
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa. Um verbo: Uma oração = período simples
Português e Matemática são disciplinas essen-
Dica ciais para ser aprovado em concursos.
Dois verbos: duas orações = período composto
O aposto pode aparecer antes do termo a que se O período composto é formado por duas ou mais
refere, normalmente antes do sujeito. orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen- períodos simples e período compostos.
na marcou uma geração.
Segundo Cegalla, quando o aposto se refere a
período simples período composto
um termo preposicionado, pode ele vir igualmen-
te preposicionado. O povo levantou-se cedo
Era dia de eleição
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de para evitar aglomeração.
tudo ele tinha medo.
O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. Os que estão em negrito são os verbos.
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) Para não esquecer:
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa- Período simples é aquele formado por uma só
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial oração
de modo) Período composto é aquele formado por duas ou
mais orações.
z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Classifica-se nas seguintes categorias:
adnominal: Normalmente, é possível retirar a
preposição que precede o aposto. Caso seja um
z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
fica prejudicada.
Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
O clima de Fortaleza é quente.
z Por subordinação:
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O Orações subordinadas substantivas: subjeti-
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
46 adjetivo. pletivas nominais, predicativas, apositivas.
Orações subordinadas adjetivas: restritivas, Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima
explicativas. semana.
Orações subordinadas adverbiais: causais, “Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo
comparativas, concessivas, condicionais, con- Mendes Campos)
formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem
temporais.
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque,
porquanto, pois.
z Por coordenação e subordinação: orações for-
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale
madas por períodos mistos. a “pois”)
z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo. Vamos almoçar de novo porque ainda estamos
com fome.
Período Composto por Coordenação
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
As orações são sintaticamente independentes. Isso
significa que uma não possui relação sintática com Formado por orações sintaticamente dependentes,
verbos, nomes ou pronomes das demais orações no considerando a função sintática em relação a um ver-
período. bo, nome ou pronome de outra oração.
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” Tipos de orações subordinadas:
(Fernando Pessoa)
Oração coordenada 1: Deus quer z Substantivas;
Oração coordenada 2: o homem sonha z Adjetivas;
Oração coordenada 3: a obra nasce. z Adverbiais.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis) Orações Subordinadas Substantivas
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à São classificadas nas seguintes categorias:
porta da sala de Damasceno
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi.
z Orações subordinadas substantivas conectivas:
Conjunção adversativa: mas nada são introduzidas pelas conjunções subordinativas
integrantes que e se.
Orações Coordenadas Sindéticas Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de
impostos.
As orações coordenadas podem aparecer ligadas Não sei se poderei sair hoje à noite.
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome z Orações subordinadas substantivas justapos-
sindética. Veremos agora cada uma delas: tas: são introduzidas por advérbios ou pronomes
interrogativos (onde, como, quando, quanto,
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou quem etc.)
simultaneidade. z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam- roubadas.
bém, mas ainda, bem como, como também, se- Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
não também, que (= e).
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
Os convidados não compareceram nem explica- não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
ram o motivo. no infinitivo.
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
exercem a função de sujeito. O verbo da oração
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. rir a nenhum termo na oração.
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
morte.” (Laurindo Rabelo) cional) (or. sub. subst. subje.)
LÍNGUA PORTUGUESA
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos � Indicar partes suprimidas de um texto:
jantar. (oração intercalada) Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode
Ponto-final ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
depois desceu as escadas apressadamente.)
É o sinal que denota maior pausa.
� Para sugerir prolongamento da fala:
Usa-se:
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de
período. � Para indicar hesitação:
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
Carlos Drummond de Andrade vergonha. 51
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal- *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
mente com outras intenções: vo, o que origina um novo substantivo.
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
Uso das Aspas ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio:
São usadas em citações ou em algum termo que Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído nhado aos responsáveis.
por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
destaque.
Usam-se nos seguintes casos: senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
� Antes e depois de citações: Ex.: Parecer, do latim *parescere.
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, � Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
afirma Dad Squarisi, 64. tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- da gramática.
mos, gírias e expressões populares ou vulgares, * Edifício elaborou projeto o engenheiro.
conotativas:
Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna Uso da barra
que desejava.
Não gosto de “pavonismos”. A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
Dê um “up” no seu visual.
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, � Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
às vezes com ironia ou malícia substituída pela conjunção ou:
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta.
sonoro. � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
� Para citar nomes de mídias, livros etc. ção das conjunções e/ou.
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”. Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
e/ou escritos.
Colchetes
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
ção entre si.
Representam uma variante dos parênteses, porém
tem uso mais restrito. Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
Usam-se nos seguintes casos: (plural/singular).
O carro atingiu os 220 km/h.
� Para incluir num texto uma observação de nature- � Para separar os versos de poesias, quando escritos
za elucidativa: seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de barras para indicar a separação das estrofes.
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
que pareça, o texto original é assim mesmo: te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- � Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
do.” (Machado de Assis) não foi escrita na sua totalidade:
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda Ex.: a/c = aos cuidados de;
Fonologia: s/ = sem
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy] � Para separar o numerador do denominador nos
� Para suprimir parte de um texto (assim como números fracionários, substituindo a barra da
parênteses) fração:
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois Ex.: 1/3 = um terço
desceu as escadas apressadamente. ou
� Nas datas:
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
Ex.: 31/03/1983
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
vel segundo as normas da ABNT) � Nos números de telefone:
Ex.: 225 03 50/51/52
Asterisco
� Nos endereços:
� É colocado à direita e no canto superior de uma Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
palavra do trecho para se fazer uma citação ou � Na indicação de dois anos consecutivos:
comentário qualquer sobre o termo em uma nota Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
de rodapé:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo � Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
52 triste acrescido do sufixo -eza*. Ex.: /s/
Embora não existam regras muito definidas sobre motivo”. Pode ser também que tenha o significado
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- de “pelo qual” e suas flexões.
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- Ex.: Quero saber por que você não visitou seu primo.
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. Os lugares por que passei são incríveis.
Identificação e Função do Parágrafo � Por quê: aparecerá sempre no final de uma fra-
se, podendo ser substituído por “por qual motivo”,
Um parágrafo é o conjunto de um ou mais períodos “por qual razão”.
cujas orações se prendem pelo mesmo grupo de ideias Ex.: Você não me falou nada, por quê?
e centro de interesse. Assim, um parágrafo é uma uni- Ela escutou tudo isso sem saber por quê.
dade de sentido, inserida num todo textual coeso.
Como identificar um parágrafo? A primeira linha CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
do parágrafo é iniciada um pouco à frente da margem
esquerda da folha, ponto onde se iniciam as restantes Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
linhas do parágrafo. umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
Exemplos de parágrafos: cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
Meu dia começou como habitualmente. Acor- Observe o exemplo:
dei, troquei de roupa, tomei o café da manhã e fui
trabalhar. A pequena garota andava sozinha pela cidade.
Chegando ao trabalho, algo inesperado aconteceu: A: Artigo, feminino, singular;
o escritório estava alagado. Todos os funcionários Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
foram dispensados, porque não havia condições para Garota: Substantivo, feminino, singular.
que fizéssemos nosso trabalho.
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
A Língua Portuguesa, a língua a qual nos comuni-
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
camos, é rica e heterogênea. Mas a nossa língua, com
número (singular) do substantivo.
suas regras e exceções, por vezes acaba nos deixando
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
com algumas dúvidas. Veremos agora as dúvidas mais
cia: verbal e nominal.
comuns, muitas delas são utilizadas como pegadinhas
nos concursos, mas a partir do estudo a seguir, você
não cairá mais nessa, pois saberá as respostas corretas. Concordância Verbal
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- Majestade está preocupada?
ver artigo definido antes de uma palavra plura- Suas Excelências precisam de algo?
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
Unidos continuam uma potência. exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- Concordância Verbal com o Sujeito Composto
de de Santos fica em São Paulo.”)
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
ticais diferentes
Importante! Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
verbo fica no singular ou no plural.
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
garam ontem.
z Quando o sujeito é formado de um número per- � Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o mitivo (nada, tudo, ninguém)
numerado ou com o número inteiro, mas pode Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
concordar com o especificador dele. Se o numeral
vier precedido de um determinante, o verbo con- � Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 nem um nem outro
54 das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão
meu foco nos estudos. Concordância do infinitivo
� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
bem como, assim como, tanto quanto to esclarecido)
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
final. implícito “nós”)
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim (dois pronomes implícitos: eu, nós)
como; não só... mas também etc.) Até me encontrarem, vocês terão de procurar
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua muito. (preposição no início da oração)
popularidade em alta. Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
(verbos pronominais)
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni- Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
co núcleo, o verbo fica no singular concordando indicando tempo)
com o núcleo único. Mas, se houver determinante Estudo para me considerarem capaz de aprova-
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
sujeito passa a ser composto. Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
combustíveis aumentaram. particípio)
Dez reais é nada diante do que foi gasto. auxiliar fica no singular)
Trata-se de problemas psicológicos.
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
Geou muitas horas no sul.
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o � Concordância com sujeito oracional
verbo concordará com o termo não preposiciona- Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
do entre eles. verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. singular.
São eles que sempre chegam cedo. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
trução adequada) Ficou combinado que sairíamos à tarde.
São nessas horas que a gente precisa de ajuda. Urge que você estude.
(construção inadequada) Era preciso encontrar a verdade. 55
Casos mais frequentes em provas vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
dade: todas as flores)
Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos: z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
� Sujeito posposto distanciado ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
diversas etnias, somos multiculturais.
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical
brasileira seres estranhos.
Concordância Nominal
� Verbos impessoais (haver e fazer)
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte. Define-se como a adaptação em gênero e número
Havia problemas no setor. que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável) adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
� Verbo na voz passiva sintética gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta. Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
� Verbo concordando com o antecedente correto Muro alto. / Muros altos.
do pronome relativo ao qual se liga
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que Casos com adjetivos
tinham experiência.
z Com função de adjunto adnominal: quando o
� Sujeito coletivo com especificador plural adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram. ver após os substantivos, poderá concordar com
� Sujeito oracional as somas desses ou com o elemento mais próximo.
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
singular) Encontrei colégios e faculdades ótimos.
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Há casos em que o adjetivo concordará apenas
to ou complemento no plural com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar tencer somente a este.
atrito. (verbo no singular) Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
Casos Facultativos
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
estádio. cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
fizeram rir.
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
z Fui eu quem faltou/faltei à aula. Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura francesa e alemã.
brasileira. Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
ciência. (1,5% corresponde ao singular) língua inglesa, a francesa e a alemã.
z Chegaram/Chegou João e Maria.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram z Com função de predicativo do sujeito
aqui.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
com a soma dos elementos.
brasileira.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
z O problema do sistema é/são os impostos. Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z Hoje é/são 22 de agosto. jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
a aprovação. quanto com o nome mais próximo.
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. vam abandonados a casa e o quintal.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
Silepse de Número e de Pessoa to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome:
Conhecida também como “concordância irregular, Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos: (substitui-se por “eles”)
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
z Silepse de número: usa-se um termo discordando existem complicados”.
do número da palavra referente, para concordar Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
56 com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem então é um adjunto adnominal.
z Com função de predicativo do objeto Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
irritados.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- tante irritados.
dância com o termo mais próximo. Se ambos os termos puderem ser substituídos por
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. “vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
seus subordinados.
� Tal qual
Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
Algumas convenções
com o substantivo posterior.
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
� Obrigado / próprio / mesmo
pais.
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
A própria enfermeira virá para o debate.
Elas mesmas conversaram conosco. quais os pais.
Silepse (também chamada concordância
figurada)
Dica É a que se opera não com o termo expresso, mas o
O termo mesmo no sentido de “realmente” será que está subentendido.
invariável. Ex.: Os alunos resolveram mesmo a Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
situação. linda!)
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
z Só / sós com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”. Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
Invariáveis quando significarem “apenas, somente”. leiros, estamos esperançosos.)
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas � Possível
apenas queriam ficar sozinhas.) Concordará com o artigo, em gênero e número, em
A locução “a sós” é invariável. frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
ficar a sós. Conheci crianças as mais belas possíveis.
� Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Ex.: Estamos quites com o banco.
Seguem anexas as certidões negativas. Outro assunto de grande dúvida é o uso da crase,
Inclusos, enviamos os documentos solicitados. fenômeno gramatical que corresponde à junção da
preposição a + artigo feminino definido a, ou da jun-
� Meio
ção da preposição a + os pronomes relativos aquele,
Quando significar “metade”: concordará com o
aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela
elemento referente.
marcação (`) + (a) = (à).
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan- Regra geral: haverá crase sempre que o termo
do significar unidade de medida, é masculino. antecedente exija a preposição a e o termo conse-
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. quente aceite o artigo a.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.” Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
� É proibido entrada / É proibida a entrada Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
Se o sujeito vier determinado, a concordância do ge preposição).
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- palavra que não aceita artigo).
rão com o determinante. Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami- no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
nhada está boa. dam no momento de identificação, conforme são mos-
tradas a seguir.
LÍNGUA PORTUGUESA
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, V. T. D: esquecia
moro em Copacabana, passo por Copacabana) Objeto direto: os favores recebidos.
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia, V. T. I.: se esquecia
passo pela Bahia) Objeto indireto: dos favores recebidos.
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se � Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou preposição a, rege indiferentemente objeto direto
advérbio) exige complemento preposicionado, esse e objeto indireto.
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
entre o nome e seu complemento. indireto)
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em rege apenas objeto direto:
forma de pronome oblíquo átono. Ajudaram o ladrão a fugir.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
LÍNGUA PORTUGUESA
Denotação
Do verbo “trazer”, conjugado na terceira pessoa do
singular.
O sentido denotativo da linguagem compreende
Ex.: Ele sempre me traz flores quando vem me ver.
o significado literal da palavra independente do seu
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
Trás
objetivo e literal associado ao significado que aparece
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
Significa “na parte posterior” e é sempre precedi-
ênfase à informação que se quer passar para o recep-
do de preposição.
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
Ex.: Ele estava por trás disso tudo desde o começo. isso, é muito utilizada em textos informativos, como
Ande mais depressa, senão ficará pra trás. notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
ticos, entre outros.
Atrás Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
Advérbio de lugar. O coração é um músculo que bombeia sangue para
Ex.: O ponto de ônibus fica atrás do shopping. o corpo. (coração: parte do corpo)
Dica Conotação
Na frase “Ele estava atrás de mim quando tudo O sentido conotativo compreende o significado
aconteceu”, o advérbio atrás pode apresentar figurado e depende do contexto em que está inserido.
dois significados: no sentido literal, “estar atrás” A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
é localizar-se atrás de alguém, mas o “estar dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
atrás” também apresenta um sentido figurado tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
de “estar buscando” ou “procurando”. poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
à expressividade da mensagem de maneira que ela
MAL / MAU possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
Mal sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
publicitários e outros.
Conjunção ou substantivo. Como substantivo, Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
refere-se a uma desgraça, calamidade, dano, doença, Você mora no meu coração.
enfermidade, pesar, aflição, sofrimento, defeito, pro-
blema, maldade. O substantivo mal forma o plural O Significado das Palavras
males. Como conjunção subordinativa temporal,
tem sentido de “assim que” e “logo que”. Quando escolhemos determinadas palavras ou
Ex.: Todos sabem que essa personagem é do mal. expressões dentro de um conjunto de possibilidades
(substantivo) de uso, estamos levando em conta o contexto que
Não temos como fugir dos males do mundo. influencia e permite o estabelecimento de diferentes
(substantivo) relações de sentido. Essas relações podem se dar por
Mal ele chegou, ela saiu da sala. (conjunção) meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
Mal você possa, venha falar comigo. (conjunção) mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
Mau
Importante!
Adjetivo. Indica alguém ou alguma coisa que: faz Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
maldades, não é de boa qualidade, faz grosserias, traz sões de um idioma.
infortúnio, não tem competência, é pouco produtivo, Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
é inconveniente e impróprio, é contrário aos bons cos- que cada falante seleciona do léxico para se
64 tumes, é travesso e desobediente. comunicar.
Sinonímia sela (forma do verbo selar;
cela (pequeno quarto)
arreio)
São palavras ou expressões que, empregados em
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
um determinado contexto, têm significados seme-
lhantes. É importante entender que a identidade dos céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, cerrar (fechar) serrar (cortar)
o que pode não acontecer em outras situações. O
cervo (veado) servo (criado)
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade cheque (ordem de pagamento)
xeque (lance no jogo de
de suas significações é diferente. xadrez)
O emprego dos sinônimos é um importante recur- círio (vela) sírio (natural da Síria)
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia cito (forma do verbo citar) sito (situado)
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura concerto (sessão musical) conserto (reparo)
do texto. coser (costurar) cozer (cozinhar)
exotérico (que se expõe em
Antonímia esotérico (secreto)
público)
espectador (aquele que expectador (aquele que tem
São palavras ou expressões que, empregadas em assiste) esperança, que espera)
um determinado contexto, têm significados opostos.
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- espiar (observar) expiar (pagar pena)
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: estático (imóvel) extático (admirado)
esterno (osso do peito) externo (exterior)
extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020. php. Acessado em: 17/10/2020.
nimos importantes:
Aferir/auferir
acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) z Realizaremos uma prova para aferir seus conheci-
mentos. (avaliar, cotejar)
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
z O empresário consegue sempre auferir lucros em
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) seus investimentos. (obter)
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
bucho (estômago) buxo (arbusto)
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
65
Cavaleiro/cavalheiro EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO USO DE
RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS EM GÊNEROS
z Todos os cavaleiros que integravam a cavalaria DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS
do rei participaram na batalha. (homem que anda
de cavalo) A representação de sentido por meio de tabelas
z Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
e gráficos está sempre presente em nosso cotidiano,
sempre as portas para eu passar. (homem educado
e cortês) principalmente nos meios de comunicação, ainda
mais com as redes sociais. Isso está ligado a facilidade
Cumprimento/comprimento com que podemos analisar e interpretar as informa-
ções que estão organizadas de forma clara e objetiva
z O comprimento do tecido que eu comprei é de e, além disso, não exigir o uso de cálculos complexos
3,50 metros. (tamanho, grandeza)
para a sua análise. A análise de gráficos auxilia na
z Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
resolução de questões não apenas de português, por
Delatar/dilatar isso, requer atenção.
z Um dos alunos da turma delatou o colega que chu- Gráfico: componentes de um gráfico
tou a porta e partiu o vidro. (denunciar) Título: na maioria dos casos possuem um título
z Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando que indica a que informação ele se refere.
seu estômago. (alargar, estender) Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte,
ou seja, de onde as informações foram, com o ano de
Dirigente/diligente
publicação.
z O dirigente da empresa não quis prestar decla- Números: o mais importante, pois é deles que pre-
rações sobre o funcionamento da mesma. (pessoa cisamos para comparar as informações dadas pelos
que dirige, gere) gráficos. Usados para representar quantidade ou tem-
z Minha funcionária é diligente na realização de po (mês, ano, período).
suas funções. (expedito, aplicado)
Legendas: ajuda na leitura das informações apre-
sentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores destaca
Discriminar/descriminar
diferentes informações.
z Ela se sentiu discriminada por não poder entrar
CIDADES MAIS POPULOSAS DO BRASIL
naquele clube. (diferenciar, segregar)
NÚMEROS DE HABITANTES
POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO)
Fonte: googleimages.com. Acesso em: 10/01/2021.
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras Infográficos
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- Os infográficos são uma forma moderna de apre-
semia é encontrada no exemplo a seguir: sentar o sentido.
Essa palavra une os termos info (informação) e
gráfico (desenho, imagem, representação visual), ou
seja, um desenho ou imagem que, com o apoio de um
texto, informa sobre um assunto que não seria muito
bem compreendido somente com um texto, auxilian-
do a compreensão do leitor.
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020. Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção
HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO aos detalhes. As representações neste formato aliam
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
Relação estabelecida entre termos que guardam
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimo – título, ao tema e a fonte das informações é vital para
66 carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... uma boa análise e interpretação.
São palavras referentes a outras que irão aparecer
no texto:
z Causa: porque, como (somente no início do perío- z Paralelismo semântico: Em sua última via-
do), que, já que, visto que, por (+ infinitivo), graças gem pela América Latina como representante do
a, na medida em que, em virtude de (+ infinitivo), governo brasileiro, o presidente visitou Havana, a
em face de, desde que, uma vez que. Ex.: Como República Dominicana, Washington e o Presidente
estava muito doente, foi ao médico. Barack Obama.
LÍNGUA PORTUGUESA
Veja que, para manter a continuidade textual recupe- ............................ para ..........................................................
rando sempre a ideia central do parágrafo, nos preocu- ................................................ Essa(s) ..................................
pamos em acrescentar o pronome demonstrativo “Esse” .................................................................................................
fechando com uma conclusão sobre esse argumento.
Teremos, após preencher o modelo:
É de fundamental importância o.......................... Ainda convém lembrarmos outro hábito que con-
..................................................... para ................................... tribui para o sucesso do nosso bem elaborado cardápio
....................... Podemos mencionar, por exemplo,........... que é o de tomarmos um cafezinho após as refeições.
.............................. que...................................................., por Esse conjunto da cafeína mais o açúcar reabastece
causa de ................. ............................. Esse ......................... nosso cérebro de energia desviada para os órgãos pro-
...................................................................................................... cessadores da digestão no momento em que comemos. 71
Essas substâncias reprimem a sonolência típica da Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão
hora do almoço nos mantendo despertos. com as seguintes frases:
Para os parágrafos de desenvolvimento, também
podemos relacionar frases que você poderá escolher ... somos levados a acreditar que ...
para dar originalidade ao seu texto. ... é-se levado a acreditar que ...
Ao se examinarem alguns ..., verifica-se que ... ... entendemos que ...
... entende-se que ...
Pode-se mencionar, por exemplo, ... ... concluímos que ...
Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ... ... conclui-se que ...
Alguns argumentam que .... . ... é necessário que ...
Além disso ... . ... faz-se necessário que ...
Outro fator existente ...
Outra preocupação constante ... Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e
Ainda convém lembrar ... como se deu a criação da primeira máscara:
Por outro lado ...
Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entre-
tanto ... MÁSCARA 01
1° TEMA: _______________________________________
Tipos diferentes de parágrafos de introdução:
2° TESE: _________________________________________
3°ARGUMENTOS:
a) __________________________________________ Declaração inicial: na declaração afirma-se ou
b)__________________________________________ nega-se algo de início para em seguida justificar-se
c) __________________________________________ e comprovar-se a assertiva com exemplos, compara-
ções, testemunhos de autores etc. Vejamos um exem-
4° (1º parágrafo) tese + argumentos plo desse tipo de parágrafo aplicado à nossa proposta
__________________________________________________
básica que é o projeto arroz-com-feijão. Mais uma vez
_____________________________________________________
_____________________________________________________. colocamos a estrutura já construída e em seguida a
disposição vazia do parágrafo que poderá ser utiliza-
da por vocês sempre que desejarem. 73
Modelo nº 1 das ideias a serem desenvolvidas (normalmente a
divisão vem precedida por uma definição, ambas no
É fato notório que ........................................................ mesmo parágrafo ou em parágrafos distintos). Usamos
................................................................................................. aqui como representação desse modelo o conceito de
................................................... Sabe-se que ..................... silogismo (Um silogismo é um termo filosófico com o
.................................................................................................. qual Aristóteles designou a argumentação lógica per-
.............................., além da ................................................. feita, constituída de três proposições declarativas que
.................................................................................................. se conectam de tal modo que a partir das primeiras
duas, chamadas premissas, é possível deduzir uma
Preenchendo o modelo, teremos: conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por Aris-
tóteles em sua obra Analíticos Anteriores.
É fato notório que a alimentação do brasileiro é boa
e tem tudo de que necessitamos para suprir os desgastes
Modelo nº 3
de um dia de trabalho. Sabe-se que os carboidratos do
arroz e do feijão, as proteínas do bife e da salada, além
........................... pode ser representado de duas
da glicose do cafezinho preto com açúcar fornecem um
maneiras diferentes: ...................... que é ......................
completo abastecimento de energia somada ao prazer.
........................ e ...................., que é ...................................
Definição: o parágrafo por definição é entendido
............................. Enquanto a primeira ......................se
como um método preferencialmente didático, pois
apresenta .......................................... Esta, por sua vez,
busca, por intermédio de uma explicação clara e bre-
realiza-se por intermédio de...........................................
ve, a exposição do significado de uma ideia, palavra
.................................................................................................
ou de uma expressão. É a forma de exposição dos
diversos lados pelos quais se pode encarar um assun-
Preenchendo o modelo, teremos:
to. Pode apresentar tanto o significado que o termo
carrega no uso geral quanto aquele que o falante pre-
tende determinar para o propósito do seu discurso. O silogismo pode ser representado de duas
Uma definição é um enunciado que descreve um maneiras diferentes: silogismo simples que é for-
conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos mado por um único núcleo argumentativo e silogismo
associados. composto que é formado por diversos núcleos argu-
Vejam como em nosso parágrafo de exemplo, explo- mentativos de elaboração complexa. Enquanto a pri-
ramos o conceito global e generalizado sobre o assunto. meira teoria se apresenta pela estrutura filosófica
Vocês perceberão como o modelo vazio que segue básica consagrada pela antiguidade. Esta, por sua
este exemplo traz a indução do assunto a ser defini- vez, realiza-se por intermédio de vários silogismos
do. Vale lembrar que, como se trata de uma definição, desenvolvidos para atender às novas perspectivas de
a base dessa informação deve sustentar-se em uma sedução e convencimento.
verdade consagrada, diferentemente do que vimos Alusão histórica: a elaboração de um parágrafo
no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode por alusão histórica é um recurso que desperta sempre
basear-se em uma posição pessoal a ser defendida. a curiosidade do leitor por meio de fatos históricos, len-
das, tradições, crendices, anedotas ou a acontecimentos
de que o autor tenha sido participante ou testemunha
Modelo nº 2 (desenvolve-se geralmente por meio da comparação
com o presente ou retorno a ele). A vantagem desse
........................ é a denominação dada a ................. método é o de podermos mostrar o desenvolvimento
........................... Essa ..............................................., mas cronológico de um assunto, expondo sua evolução no
a hipótese mais aceita é a de que ................................. tempo. Lembrem-se de que, ao se servirem de um fato
.......................................................... Outra versão afirma histórico para sustentar uma tese, a História é a ciência
que esse .............................................., que tem origem que estuda o homem e sua ação no tempo e no espaço,
........................ . O que se sabe é que ................................. concomitante à análise de processos e eventos ocorri-
.................................................................................................. dos no passado - e como ela é uma ciência, tem, por
conseguinte, um grande valor argumentativo.
Preenchendo o modelo, teremos: Observem como isso é simples:
Após o primeiro parágrafo que, como já vimos, No passado, quando pensávamos em alimenta-
pode apresentar a tese e também os argumentos prin- ção, notávamos que sua relação com a sobrevivência
cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor- era muito maior comparada à que vemos nos nos-
dar os elementos que sustentarão essas afirmações sos atuais. Hoje, por outro lado, a qualidade desses
iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio-
recursos argumentativos que articularão o convenci- nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resul-
mento do leitor quanto à tese apresentada. tado disso é que comer, na atualidade, tornou-se
um ritual de bem viver.
Tipos diferentes de parágrafos de desenvol-
vimento: as possibilidades de ordenação do Desenvolvimento por exploração de pormeno-
parágrafo são várias: exploração de aspectos res ou de enumerações: nesse modelo de parágra-
espaciais e temporais, enumeração de porme- fo, vocês têm por objetivo enumerar características,
nores, apresentação de analogia, ou contraste, relacionar aspectos importantes sobre algum assunto.
citação de exemplos, apresentação de causas e A apresentação das ideias pode ser ou não ordenada
consequências. segundo uma ordem de importância. A ordem depen-
de do que vocês pretendem enfatizar.
Desenvolvimento por exploração espacial: ao
argumentar, vocês podem se servir da exposição de infor-
mações relativas ao lugar em que os fatos ocorreram. Modelo nº 3
Tendo em vista os aspectos observados sobre .... A linguagem oral e a linguagem escrita são, pois,
.........................................., só nos resta esperar que ... duas manifestações da linguagem verbal, cada uma
............................................................................................... com suas características próprias (a linguagem oral
....... Ou quem saiba ainda que ...................................... permite um contato direto com o destinatário, é mais
................................. para que ............................................. espontânea, mais livre, não requer escolarização,
Consequentemente............................................................ renova-se permanentemente; já na linguagem escrita
há maior distância entre emissor e receptor, sendo o
contato indireto e requer escolarização e aprendiza-
Preenchendo o modelo, teremos: gem formal da escrita).
z Editorial;
Dissertativo-expositiva z Discurso de defesa,
z Requerimento;
Neste tipo textual o autor apresenta ideias, fatos z Ensaio;
e fenômenos. O objetivo é informar o leitor (caráter z Resenha; e
expositivo), sem a intenção de persuadi-lo, de conven- z Crítica.
cê-lo em relação ao pensamento. É impessoal (redigida
em terceira pessoa). Portanto, neste caso, a dissertação Por sua vez, o tipo textual dissertativo-expositivo
tende à simples exposição de ideias, de informações, prevalece nos seguintes gêneros:
de definições e de conceitos, como se nota no exemplo
abaixo, retirado da obra Textos Dissertativo-Argumen- z Aula;
tativos, publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e z Texto expositivo;
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): z Artigo enciclopédico; 79
z Texto explicativo; INTRODUÇÃO
z Tomada de notas;
z Resumos; No início da dissertação, é necessário que o autor
z Resenhas; e deixe claro qual é o assunto abordado no texto e, além
z Relatório científico. disso, qual será a tese a ser defendida. É um parágrafo
direto e curto no qual você vai demonstrar que com-
Em concursos públicos, os gêneros textuais mais preendeu o tema e vai fazer uma afirmação sobre ele.
frequentes são: os editoriais, os artigos de opinião, A tese é elemento essencial na composição do texto
dissertativo-argumentativo. Na redação é um posicio-
as notícias, as reportagens, as crônicas e os contos.
namento crítico, ou seja, o seu ponto de vista sobre o
No editorial, discute-se um assunto, apresentando
tema proposto. Sua função é persuadir o leitor a res-
ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou
peito daquilo que você vai expor. Ela pode ser apre-
do redator-chefe. Já no artigo de opinião, o autor
sentada por meio de declarações afirmativas (como,
busca convencer o leitor em relação a uma determi-
por exemplo, “A violência é resultado....”) ou negativas
nada ideia e, ao contrário do editorial, o artigo de
(“Não ocorrem ...”. Importante lembrar que mesmo
opinião não representa o ponto de vista do veículo
sendo a sua opinião, a escrita deve ser feita de forma
que publica o texto. O editorial e o artigo de opinião impessoal (redigir em terceira pessoa; nada de usar
são gêneros textuais que pertencem ao tipo textual expressões como “eu acho que…”, “acredito que …”) e
dissertativo-argumentativo. respeitando os direitos humanos (nunca instigar qual-
quer tipo de violência motivada por questões de raça,
Dica etnia, gênero, credo, condição física, origem geográ-
fica ou socioeconômica, nem apresentar de qualquer
Lembre-se que parte do método para fazer uma
forma de discurso de ódio).
boa redação no concurso é ter um bom repertó- Em uma linha você vai dizer de forma concisa a
rio de ideias. A leitura de editoriais e de artigos ideia central do seu texto e o seu posicionamento acer-
de opinião constitui uma das melhores formas ca daquilo (dizer se é contra, a favor ou qual é a impor-
de ampliar seu “capital cultural”, uma vez que tra- tância de se discutir sobre isso). Essa parte deve ter até
tam de assuntos recentes e de relevância social. dois períodos (frases com pelo menos um verbo cada).
Além disso, servem para ajudar a dominar a Logo após, em, em outras duas ou três linhas, você
estrutura da redação, uma vez que, por pertence- irá apresentar como sua tese será desenvolvida, ou
rem ao tipo textual dissertativo-argumentativo, seja, vai mostrar seus argumentos (esclarecer de forma
possuem a mesma estrutura do texto que será simples o que cada parágrafo vai tratar, sem argumen-
cobrado nas provas. tar). A dica aqui é construir uma oração resumindo o
assunto de cada parágrafo do desenvolvimento.
Outro gênero recorrente é a notícia, na qual são Ou seja, a introdução é composta pela apresen-
relatados de forma objetiva e concisa, fatos da reali- tação do tema e pela exibição da tese.
dade. A reportagem por sua vez, caracteriza-se por Vamos ver algumas abordagens que podem ser
tomadas no parágrafo introdutório:
ser o gênero que apresenta um texto jornalístico que
aborda fatos de interesse geral; na reportagem, ao
Ir do geral ao específico
contrário da notícia, os fatos são tratados de uma for-
ma mais aprofundada e didática.
Primeiramente fazendo uma exposição do tema de
Já a crônica e o conto, constituem gêneros tipicamente
forma abrangente, para logo após chegar às questões
narrativos; o primeiro sobre fatos do cotidiano, enquanto
mais específicas que serão abordadas no texto. Veja o
o último versa sobre um único conflito, uma só ação.
exemplo abaixo, extraído da obra A Análise do Tex-
to Argumentativo-Discursivo, de Cantarin, Bertucci e
A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA
Almeida (2017).
Ex.: É fato que as diferentes ações de marketing
Como dissemos antes, o tipo dissertativo-argu- exercem grande influência no processo de formação
mentativo é o mais cobrado em concursos, sobretu- dos sujeitos. Em se tratando de crianças, o poder das
do naqueles para carreiras policiais. Assim sendo, propagandas na criação de hábitos e identidades é bas-
vamos ver mais alguns detalhes relativos à disserta- tante grande. Surge então o debate acerca dos limites
ção argumentativa. da publicidade infantil.
O texto dissertativo-argumentativo é aquele pelo Observe que o autor inicia expondo algo genéri-
qual o autor busca convencer o leitor ou o ouvinte a co sobre o tema publicidade (ações de marketing) e,
aceitar a tese de quem produz o texto. Logo, o que está em seguida, indica que propagandas são capazes de
em jogo é a capacidade do autor de expor uma situação- influenciar hábitos infantis. É apenas no final do pará-
-problema, apresentando uma tese (opinião, ideia) sobre grafo onde se apresenta a situação problema: a ques-
o fato e expressando-a por meio de argumentos fortes e tão da publicidade infantil;
coerentes. Esse tipo textual é composto por três etapas:
Introdução direta
z A introdução (na qual se apresenta o objeto, expon-
do uma breve visão do ponto de vista do autor); Em contrapartida, a introdução do tema pode
z O desenvolvimento (quando se apresentam os ser direta, como se observa no exemplo abaixo, tam-
argumentos e é feita a defesa da tese); e bém retirado da obra de Cantarin, Bertucci e Almei-
z Uma conclusão (que encerra o tema, com uma sín- da (2017), em que autor já inicia o texto apontando o
80 tese de tudo o que foi exposto). crescimento da “publicidade infantil no Brasil”.
Ex.: A publicidade infantil é um ramo que vem cres- z Indicar finalidade/objetivo: para, a fim de..., para
cendo muito no Brasil. Afinal, as crianças ainda não for- que. Ex.: Eu estudo a fim de passar no concurso
maram toda base crítica necessária para entender toda
a complexidade e persuasão de uma propaganda, fatos para a polícia.
que as tornam um público alvo facilmente convencido.
Veja no quadro abaixo, de forma condensada, os
DESENVOLVIMENTO/ARGUMENTAÇÃO
principais tipos de operadores, constante na obra
Os parágrafos intermediários de um texto disserta- Argumentação e Linguagem, de Ingedore Koch (2000):
tivo-argumentativo devem ser destinados à defesa da
tese mediante argumentos (provas ou fundamentos OPERADOR FUNÇÃO
que confirmam o ponto de vista do autor).
São nesses parágrafos que o autor vai argumentar, Organizam a hierarquia
ou seja, apresentar ideias, razões, provas que sejam dos elementos numa
relevantes ao ponto de conseguir convencer o leitor “Mesmo”, “até”, “até mes-
escala, assinalando o ar-
sobre um ponto de vista. mo”, “inclusive”.
gumento mais forte para
O principal no desenvolvimento é apresentar uma uma conclusão.
ideia e, em seguida, apresentar um raciocínio capaz
de comprová-la. Introduzem dado argu-
A argumentação deve ser feita com argumentos mento deixando suben-
“Ao menos”, “pelo me-
fortes, tais como: tendida a presença de
nos”, “no mínimo”.
uma escala com outros
z Provas concretas: argumentos baseados em dados argumentos mais fortes.
ou fatos sobre o tema;
“Portanto”, “logo”, “por Introduzem uma conclu-
z Fatos similares ou relacionados ao tema: argumen-
tos baseados em exemplos; conseguinte”, “pois”, são relativa a argumentos
z Citação de especialistas no tema: argumento de “em decorrência”, apresentados em enun-
autoridade; e “consequentemente”. ciados anteriores.
z Lógicos: causa e consequência, por exemplo. Introduzem argumentos
“Ou”, “ou então”, “quer... alternativos que condu-
Por outro lado, devem ser evitados argumentos fra- quer”, “seja...seja”. zem a conclusões dife-
cos, tais como os argumentos de senso comum, os quais, rentes ou opostas.
embora válidos, são rasos e, portanto, facilmente refu-
táveis. O uso de argumentos gerais (que qualquer um Estabelecem relações en-
“Mais que”’, “menos que”,
conhece) evidencia pouco conhecimento do tema, falta tre elementos, com vista
“tão...como”’.
de opinião própria e baixo poder de argumentação. a uma dada conclusão.
Além disso, a fim de dar força ao discurso persua-
sivo, devem ser utilizados os chamados operadores Introduzem uma justifica-
“Porque”’, “que”, “já que”,
e conectivos argumentativos (também chamados de tiva ou explicação relativa
“pois”.
marcadores de discurso). Os operadores argumen- ao enunciado anterior.
tativos tem a função de introduzir argumentos que
“Mas”, “porém”, “contudo”,
convençam, ou seja, orientam o leitor a determinada
“todavia”, “no entanto”, Contrapõem argumentos
conclusão. Dominar a técnica e saber o momento de
“embora”’, “ainda que”, orientados para conclu-
usar esses elementos é um requisito imprescindível
“posto que”, “apesar de sões contrárias.
no momento de fazer valer pontos de vista e opiniões
(que)”.
e para defender teses e articular argumentos.
Mas que vocábulos atuam com operadores argu- Distribuem-se em escalas
mentativos? Lembre-se: opostas, isto é, um deles
“Um pouco” e “pouco”, funciona numa escala
z Conjunções; “quase” e “apenas”, “só”, orientada para a afirma-
z Advérbios; “somente”’. ção total e o outro, numa
z Palavras denotativas: até, inclusive, também, afi- escala orientada para a
nal, então, é que, aliás etc. negação total.
ma classe argumentativa,
só..., mas também”, “‘tan-
z Somar argumentos: e, também, ainda, não só…, isto é, somam argumen-
to...como”’, “além disso”,”
mas também, além de…, além disso…, aliás. Ex.: Os tos a favor de uma mes-
além” de”, “a par de”.
efeitos nocivos do trabalho infantil sobre a escola- ma conclusão.
rização são sentidos não só nas crianças menores,
mas também nos adolescentes. Introduz um argumen-
z Indicar oposição/ideias contrárias: mas, porém, to decisivo, resumin-
“Aliás”.
contudo, todavia, no entanto, embora, ainda que, do todos os demais
apesar de..., posto que. Ex.: João apresentou um argumentos.
bom rendimento, mas não foi aprovado. São responsáveis por
z Indicar uma relação de condição entre um ante- “Já”, “ainda”, “agora”. introduzir no enunciado
cedente e um consequente: se, caso. Ex.: Se o can- conteúdos pressupostos.
didato não estudar, não vai passar no concurso. 81
O uso desses operadores é essencial para manter a a segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes,
coesão do texto. ocupava-se da elaboração e redação dos atos normati-
vos no âmbito do Executivo, da conceituação e exempli-
CONCLUSÃO ficação desses atos e do procedimento legislativo.
Depois de 10 anos do lançamento da 1ª edição, foi
O final de um texto dissertativo-argumentativo necessário fazer uma adequação das formas de comu-
pode ser feito de duas maneiras: nicação usadas na administração aos avanços da infor-
mática. Outras alterações decorreram da necessidade
z Na forma de síntese (o autor repete os argumen- de adaptação do texto à evolução legislativa na matéria
tos de forma resumida e conclui o texto alegando a e às alterações constitucionais ocorridas no período.
veracidade da tese); ou Segundo o apresentador dessa nova edição, Pedro
z Apresentando propostas de solução (retomando Parente, Chefe da Casa Civil da Presidência da Repú-
os problemas discutidos na argumentação e pro- blica do Governo de Fernando Henrique Cardoso,
pondo ações que acabem ou diminuam com os esperava-se que esta nova edição do Manual contri-
problemas). Tais soluções devem ser detalhadas, buísse, tal qual a primeira, para a consolidação de
explicando, apontando quem vai promover a solu- uma cultura administrativa de profissionalização
ção, as ações necessárias, os meios e os objetivos. dos servidores públicos e de respeito aos princípios
constitucionais da legalidade, impessoalidade, mora-
Assim como na introdução, é o momento de ser lidade, publicidade e eficiência, com a consequente
simples e conciso. A conclusão não deve ter um tama- melhoria dos serviços prestados à sociedade.
nho muito diferente da introdução. Nesta 3ª edição, você perceberá muitas mudanças
O texto dissertativo-argumentativo (dissertação significativas tanto na formatação dos documentos
argumentativa), portanto, deve conter os seguintes oficiais, quanto na formulação dos aspectos da lingua-
elementos: gem e das normas estruturais
E o que é Redação Oficial na concepção dos organi-
zadores desse trabalho? Veja a resposta que foi dada
z Introdução: apresentação do tema e exibição da
por eles a essa pergunta:
tese;
“Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial
z Desenvolvimento: provas ou fundamentos que
é a maneira pela qual o Poder Público redige atos
confirmam a tese; e
normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do
z Conclusão: resumo ou apresentação de soluções.
ponto de vista do Poder Executivo.”
Agora, para nós que lidamos com o conteúdo para
concursos públicos, quais são as principais características
normativas cobradas nas provas de concursos públicos?
CORRESPONDÊNCIA OFICIAL Percebam que os três motivos principais da preo-
(CONFORME MANUAL DE REDAÇÃO DA cupação da elaboração do Manual e de suas revisões
são a modernização, a atualização e a eficiência. A
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA) passagem do tempo por si só já pediria essas revisões,
haja vista a consequente evolução da linguagem e da
MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA sociedade por que passamos.
REPÚBLICA É justamente esse o ponto que originou a partici-
pação desse assunto nos concursos públicos. Afinal,
Veremos o manual de redação da presidência da para quem vai trabalhar no setor público é realmente
república da 3° edição, revista atualizada e ampliada. importante saber comunicar-se com habilidade e usar
Sabe-se da importância de se trabalhar o conteúdo de os meios adequados para isso se o que se propõe é um
Redação Oficial, já que o tema está presente em mui- serviço eficiente para a sociedade.
tos dos editais de concursos federais. A fonte de pes- Por isso, ao estudar redação oficial, lembrem-se
quisa básica é a 3ª edição de 29 de dezembro de 2018 de que vocês têm de saber as características da lin-
revista, atualizada e ampliada do Manual de Redação guagem da redação oficial, a formatação e a estrutura
Oficial da Presidência da República (MRPR). das redações, especialmente a do padrão ofício, quem
envia determinadas correspondências, quem as rece-
RETROSPECTIVA HISTÓRICA be e qual é a finalidade de cada uma delas.
Nosso objetivo é tornar esse assunto num ponto
Em 11 de janeiro de 1991, o Presidente da Repú- bem simples e objetivo a ser estudado.
blica autorizou a criação de uma comissão, presidida
pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar z Notas do Prefácio de Gilmar Mendes
Ferreira Mendes, para rever, atualizar, uniformizar e
simplificar as normas de redação de atos e comuni- Prefácio
cações oficiais. Depois de 9 meses, foi apresentada a
primeira edição do Manual de Redação Oficial da Pre- É com grande entusiasmo que recebo a incumbên-
sidência da República. cia de prefaciar a terceira edição do Manual de Reda-
Esse Manual foi dividido em duas partes: a primei- ção da Presidência da República, vinte e sete anos
ra, elaborada pelo diplomata Nestor Forster Jr., tratava após presidir a Comissão encarregada da primeira
das comunicações oficiais, sistematizava seus aspectos edição desta obra.
essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes, (...)
exibia modelos, simplificava os fechos que vinham sen- A primeira revisão ocorreu em 2002, motivada
do utilizados desde 1937, suprimia arcaísmos e apresen- pelas alterações tecnológicas e legislativas da época.
82 tava uma súmula gramatical aplicada à redação oficial; (...)
A partir de 2003, foram publicadas sessenta emen- CLAREZA E PRECISÃO
das constitucionais, sobre os mais diversos assuntos.
(...) z Clareza
Nessa conjuntura, a partir de modificações fáticas
e legislativas, bem como de maior fiscalização estatal, A clareza deve ser a qualidade básica de todo tex-
instaurou-se um novo método de se fazer administra- to oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que
ção pública no Brasil. Pretende-se, pois, que a terceira possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se
edição do Manual de Redação da Presidência Repúbli- concebe que um documento oficial ou um ato nor-
ca possa refletir as evoluções ocorridas nas últimas mativo de qualquer natureza seja redigido de forma
duas décadas, repetindo o legado de êxito deixado obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreen-
pelas edições anteriores na construção de uma cultu- são. A transparência é requisito do próprio Estado
ra administrativa profissional e obediente às normas de Direito: é inaceitável que um texto oficial ou um
da Constituição da República. ato normativo não seja entendido pelos cidadãos. O
Gilmar Ferreira Mendes princípio constitucional da publicidade não se esgota
na mera publicação do texto, estendendo-se, ainda, à
z Panorama da comunicação oficial necessidade de que o texto seja claro.
Para a obtenção de clareza, sugere-se:
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, — Utilizar palavras e expressões simples, em seu
quer pela escrita. Para que haja comunicação, são sentido comum, salvo quando o texto versar sobre
necessários: assunto técnico, hipótese em que se utilizará nomen-
— Alguém que comunique; clatura própria da área;
— Algo a ser comunicado; — Usar frases curtas, bem estruturadas; apresen-
— Alguém que receba essa comunicação.
tar as orações na ordem direta e evitar intercalações
No caso da redação oficial, quem comunica é
excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambigui-
sempre o serviço público (este/esta ou aquele/aquela
dade, sugere-se a adoção da ordem inversa da oração;
Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Servi-
— Buscar a uniformidade do tempo verbal em
ço, Seção); o que se comunica é sempre algum assun-
to relativo às atribuições do órgão que comunica; e o todo o texto;
destinatário dessa comunicação é o público, uma — Não utilizar regionalismos e neologismos;
instituição privada ou outro órgão ou entidade públi- — Pontuar adequadamente o texto;
ca, do Poder Executivo ou dos outros Poderes. Além — Explicitar o significado da sigla na primeira
disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a referência a ela; e
finalidade do documento, para que o texto esteja — Utilizar palavras e expressões em outro idioma
adequado à situação comunicativa. apenas quando indispensáveis, em razão de serem
A necessidade de empregar determinado nível designações ou expressões de uso já consagrado ou de
de linguagem nos atos e nos expedientes oficiais não terem exata tradução. Nesse caso, grafe-as em itáli-
decorre, de um lado, do próprio caráter público co, conforme orientações do subitem 10.2 deste Manual.
desses atos e comunicações; de outro, de sua fina-
lidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos z Precisão
de caráter normativo, ou estabelecem regras para
a conduta dos cidadãos, ou regulam o funciona- O atributo da precisão complementa a clareza e
mento dos órgãos e entidades públicos, o que só é caracteriza-se por:
alcançado se, em sua elaboração, for empregada a lin- — Articulação da linguagem comum ou técnica para
guagem adequada. O mesmo se dá com os expedien- a perfeita compreensão da ideia veiculada no texto;
tes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar — Manifestação do pensamento ou da ideia com as
com clareza e objetividade. mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia
com propósito meramente estilístico; e
z O que é redação oficial — Escolha de expressão ou palavra que não confi-
ra duplo sentido ao texto.
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é É indispensável, também, a releitura de todo o tex-
a maneira pela qual o Poder Público redige comunica- to redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos
ções oficiais e atos normativos. Neste Manual, interes- obscuros provém principalmente da falta da releitu-
sa-nos tratá-la do ponto de vista do Serviço Público. ra, o que tornaria possível sua correção. Na revisão
A redação oficial não é necessariamente árida e
de um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil
contrária à evolução da língua. É que sua finalidade
compreensão por seu destinatário. O que nos parece
básica – comunicar com objetividade e máxima cla-
óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio
reza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
LÍNGUA PORTUGUESA
necessária uniformidade das comunicações. Ora, se o “você” para qualquer pessoa, independentemente de
a administração pública federal é una, é natural que as haver com ela intimidade ou não. Mas isso não quer
comunicações que expeça sigam o mesmo padrão. O esta- dizer nada, afinal por que a língua teria os dois prono-
belecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, mes? Porque há um motivo: o que mostramos acima.
exige que se atente para todas as características da redação Essa informação nos ajuda a entender por que os
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. dois pronomes acima são de 2ª pessoa, entretanto,
A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes quando usamos o “você”, o verbo e os demais prono-
para o texto definitivo, nas exceções em que se fizer mes que a ele se referem ficam na 3ª pessoa; ao con-
necessária a impressão, e a correta diagramação do trário do que ocorre com o “tu”, cujas concordâncias
texto são indispensáveis para a padronização. Consul- são em 2ª pessoa. Afinal, se existe um distanciamento
te o Capítulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito entre as pessoas revelado pelo “você”, as concordân-
de normas específicas para cada tipo de expediente. cias devem realmente ser em 3ª pessoa. 85
z Emprego dos pronomes de tratamento AUTORIDADE Ministro de Estado
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
Modernamente, então, temos
VOCATIVO Senhor Ministro,
— Você (s): para tratamento informal;
— Senhor (e flexões): para tratamento cerimonio- TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO
so formal.
Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de ABREVIATURA V. Exa.
tratamento adota a segunda pessoa do plural, de
maneira indireta, para referenciar atributos da pes- Secretário-Executivo de Minis-
soa à qual se dirige. Na redação oficial, é necessário AUTORIDADE tério e demais ocupantes
atenção para o uso dos pronomes de tratamento em de cargos de natureza especial
três momentos distintos: no endereçamento, no voca- ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
tivo e no corpo do texto. No vocativo, o autor dirige-se VOCATIVO Senhor Secretário-Executivo,
ao destinatário no início do documento. No corpo do Vossa Excelência
TRATAMENTO NO
texto, pode-se empregar os pronomes de tratamento CORPO DO TEXTO
em sua forma abreviada ou por extenso. O endereça-
ABREVIATURA V. Exa.
mento é o texto utilizado no envelope que contém a
correspondência oficial.
A seguir, alguns exemplos de utilização de prono- AUTORIDADE Embaixador
mes de tratamento no texto oficial. ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
VOCATIVO Senhor Embaixador,
AUTORIDADE Presidente da República Vossa Excelência
TRATAMENTO NO
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor CORPO DO TEXTO
Excelentíssimo Senhor Presiden- ABREVIATURA V. Exa.
VOCATIVO
te da República,
TRATAMENTO NO
Vossa Excelência Oficial-General das Forças
CORPO DO TEXTO AUTORIDADE
Armadas
ABREVIATURA Não se usa
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
VOCATIVO Senhor + Posto,
Presidente do Congresso
AUTORIDADE TRATAMENTO NO Vossa Excelência
Nacional
CORPO DO TEXTO
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
ABREVIATURA V. Exa.
Excelentíssimo Senhor Presi-
VOCATIVO
dente do Congresso Nacional,
TRATAMENTO NO Vossa Excelência AUTORIDADE Outros postos militares
CORPO DO TEXTO ENDEREÇAMENTO Ao Senhor
ABREVIATURA Não se usa VOCATIVO Senhor + Posto,
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
Presidente do Supremo Tribunal CORPO DO TEXTO
AUTORIDADE
Federal ABREVIATURA V. Exa.
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
Excelentíssimo Senhor Pre- AUTORIDADE Senador da República
VOCATIVO sidente do Supremo Tribunal
Federal, ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
z O padrão ofício
Importante!
Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos O desenho oficial atualizado do Brasão de Armas
de expedientes que se diferenciavam antes pela finali- da República pode ser localizado no sítio eletrô-
dade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memoran- nico da Presidência da República, na seção Sím-
do. Com o objetivo de uniformizá-los, deve-se adotar bolos Nacionais. Disponível em: http://www2.
nomenclatura e diagramação únicas, que sigam o que planalto.gov.br/conheca-a-presidencia/acervo/
chamamos de padrão ofício. simbolos-nacionais/brasao/brasao-da-repu-
A distinção básica anterior entre os três era: blica.jpg/view
— Aviso: era expedido exclusivamente por Minis- No caso de documento a ser impresso, exclusi-
tros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia; vamente quando o signatário for o Presidente da
— Ofício: era expedido para e pelas demais auto- República, Ministro de Estado ou a autoridade
ridades; e máxima de autarquia, será utilizado timbre em
— Memorando: era expedido entre unidades relevo branco, nos termos do disposto no Decre-
administrativas de um mesmo órgão. to no 80.739, de 14 de novembro de 1977.
O endereçamento é a parte do documento que O texto do documento oficial deve seguir a seguin-
informa quem receberá o expediente. te padronização de estrutura:
Nele deverão constar os seguintes elementos: — Nos casos em que não seja usado para enca-
— Vocativo: na forma de tratamento adequada minhamento de documentos, o expediente deve
para quem receberá o expediente (ver subitem “4.1 conter a seguinte estrutura:
Pronomes de tratamento”); Introdução: em que é apresentado o objetivo da
— Nome: nome do destinatário do expediente; comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a honra de,
— Cargo: cargo do destinatário do expediente; Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que. Prefira
— Endereço: endereço postal de quem receberá o empregar a forma direta: Informo, Solicito, Comunico;
expediente, dividido em duas linhas: Desenvolvimento: em que o assunto é detalhado;
Primeira linha: informação de localidade/logra- se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto,
douro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que
órgão, informação do setor; confere maior clareza à exposição; e
Conclusão: em que é afirmada a posição sobre o
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
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(29,7 cm x 21 cm)
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LÍNGUA PORTUGUESA
ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO DE DOCUMENTO
Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com algumas possíveis variações:
— [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um
órgão receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.
— [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expe-
diente para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
— [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o
mesmo expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
Exemplos:
OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC
OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE
Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as
siglas ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.
z Exposição de Motivos
z Forma e estrutura
O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos
com as propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, apresentados no exemplo do assunto Forma
e Estrutura, são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o nome do ministro que assinou a exposição
de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta.
94 Exemplo de exposição de motivos:
95
LÍNGUA PORTUGUESA
z Mensagem O Presidente da República, tradicionalmente, por
cortesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15
A Mensagem é o instrumento de comunicação dias, faz uma comunicação a cada Casa do Congresso,
oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notada- enviando-lhes mensagens idênticas.
mente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder — Encaminhamento de atos de concessão e de
Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre renovação de concessão de emissoras de rádio e
fato da administração pública; para expor o plano de TV: a obrigação de submeter tais atos à apreciação
governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; do Congresso Nacional consta no inciso XII do caput
para submeter ao Congresso Nacional matérias que do art. 49 da Constituição. Somente produzirão efei-
dependem de deliberação de suas Casas; para apre- tos legais a outorga ou a renovação da concessão após
sentar veto; enfim, fazer comunicações do que seja de deliberação do Congresso Nacional (Constituição, art.
interesse dos Poderes Públicos e da Nação. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem a urgência
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos prevista na Constituição, art. 64, uma vez que o § 1o
ministérios à Presidência da República, a cujas asses- do art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do
sorias caberá a redação final. ato de outorga ou renovação, acompanha a mensa-
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao gem o correspondente processo administrativo.
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: — Encaminhamento das contas referentes ao
— Encaminhamento de proposta de emenda exercício anterior: o Presidente da República tem o
constitucional, de projeto de lei ordinária, de pro- prazo de 60 dias após a abertura da sessão legislativa
jeto de lei complementar e os que compreendem para enviar ao Congresso Nacional as contas referen-
plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça- tes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, caput,
mentos anuais e créditos adicionais: os projetos inciso XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista
de lei ordinária ou complementar são enviados em permanente (Constituição, art. 166, § 1o), sob pena de
regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas
(Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto pode ser (Constituição, art. 51, caput, inciso II) em procedimen-
encaminhado sob o regime normal e, mais tarde, ser to disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. — Mensagem de abertura da sessão legislativa:
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos deve conter o plano de governo, exposição sobre a
membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada situação do País e a solicitação de providências que
com ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil julgar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI).
da Presidência da República ao Primeiro-Secretário O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua Presidência da República. Esta mensagem difere das
tramitação (Constituição, art. 64, caput). demais, porque vai encadernada e é distribuída a
Quanto aos projetos de lei que compreendem pla- todos os congressistas em forma de livro.
no plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos — Comunicação de sanção (com restituição de
anuais e créditos adicionais, as mensagens de enca- autógrafos): esta mensagem é dirigida aos Membros
minhamento dirigem-se aos membros do Congresso do Congresso Nacional, encaminhada por ofício ao
Nacional, e os respectivos ofícios são endereçados Primeiro-Secretário da Casa onde se originaram os
ao Primeiro-Secretário do Senado Federal. A razão é autógrafos. Nela se informa o número que tomou a
que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos
congressual em sessão conjunta, mais precisamente,
recebidos, nos quais o Presidente da República terá
“na forma do regimento comum”. E, à frente da Mesa
aposto o despacho de sanção.
do Congresso Nacional, está o Presidente do Senado
— Comunicação de veto: dirigida ao Presidente
Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que comanda as
do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a men-
sessões conjuntas.
sagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é
— Encaminhamento de medida provisória: para
parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do
dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constitui-
veto. Seu texto é publicado na íntegra no Diário Ofi-
ção, o Presidente da República encaminha Mensagem
cial da União, ao contrário das demais mensagens,
ao Congresso, dirigida a seus Membros, com ofício
cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao
para o Primeiro-Secretário do Senado Federal, juntan-
Poder Legislativo.
do cópia da medida provisória.
— Outras mensagens remetidas ao Legislativo:
— Indicação de autoridades: nas mensagens que
Apreciação de intervenção federal (Constituição,
submetem ao Senado Federal a indicação de pessoas
art. 36, § 2º).
para ocuparem determinados cargos (magistrados dos
tribunais superiores, ministros do Tribunal de Contas Encaminhamento de atos internacionais que acar-
da União, presidentes e diretores do Banco Central, retam encargos ou compromissos gravosos (Constitui-
Procurador-Geral da República, chefes de missão diplo- ção, art. 49, caput, inciso I);
mática, diretores e conselheiros de agências etc.) têm Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis
em vista que a Constituição, incisos III e IV do caput do às operações e prestações interestaduais e de exporta-
art. 52, atribui àquela Casa do Congresso Nacional com- ção (Constituição, art. 155, § 2o, inciso IV);
petência privativa para aprovar a indicação. Proposta de fixação de limites globais para o mon-
O curriculum vitae do indicado, assinado, com a tante da dívida consolidada (Constituição, art. 52,
informação do número de Cadastro de Pessoa Físi- caput, inciso VI);
ca, acompanha a mensagem. Pedido de autorização para operações financeiras
— Pedido de autorização para o Presidente ou o externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
Vice-Presidente da República se ausentarem do país Convocação extraordinária do Congresso Nacional
por mais de 15 dias: trata-se de exigência constitucio- (Constituição, art. 57, § 6o);
nal (Constituição, art. 49, caput, inciso III e art. 83), e a Pedido de autorização para exonerar o Procura-
autorização é da competência privativa do Congresso dor-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso
96 Nacional. XI, e art. 128, § 2o);
Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
orçamentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5o);
Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de
veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);
Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição,
art. 188, § 1º).
z Forma e estrutura
As mensagens contêm:
— Brasão: timbre em relevo branco
— Identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
— Vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário,
com o recuo de parágrafo dado ao texto;
— Texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
— Local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu
signatário.
Exemplo de mensagem:
LÍNGUA PORTUGUESA
97
z Correio eletrônico (e-mail) z Saudação inicial/vocativo
A utilização do e-mail para a comunicação tornou- O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado
-se prática comum, não só em âmbito privado, mas por uma saudação. Quando endereçado para outras
também na administração pública. O termo e-mail instituições, para receptores desconhecidos ou para
pode ser empregado com três sentidos. Dependendo particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme
do contexto, pode significar gênero textual, endereço os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou
eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem “Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado
eletrônica. Senhor”, “Prezada Senhora”.
Como gênero textual, o e-mail pode ser conside- Exemplos:
rado um documento oficial, assim como o ofício. Por- Senhor Coordenador,
tanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível Prezada Senhora,
com uma comunicação oficial.
Como endereço eletrônico utilizado pelos servido- z Fecho
res públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a
extensão “.gov.br”, por exemplo. Atenciosamente é o fecho padrão em comunica-
Como sistema de transmissão de mensagens ele- ções oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o
trônicas, por seu baixo custo e celeridade, transfor- uso de abreviações como “Att.”, e de outros fechos,
mou-se na principal forma de envio e recebimento de como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de ampla-
documentos na administração pública. mente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
devem ser utilizados em e-mails profissionais.
z Valor documental O correio eletrônico, em algumas situações, aceita
uma saudação inicial e um fecho menos formal. No
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos
24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor deve ser formal, como a que se usaria em qualquer
documental, isto é, para que possa ser aceito como outro documento oficial.
documento original, é necessário existir certificação
digital que ateste a identidade do remetente, segundo
z Bloco de texto da assinatura
os parâmetros de integridade, autenticidade e valida-
de jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Bra-
Sugere-se que todas as instituições da administra-
sileira – ICP-Brasil.
ção pública adotem um padrão de texto de assinatura.
O destinatário poderá reconhecer como válido
A assinatura do e-mail deve conter o nome completo,
o e-mail sem certificação digital ou com certificação
o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
digital fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questiona-
Exemplo:
mento, será obrigatório a repetição do ato por meio
Maria da Silva
documento físico assinado ou por meio eletrônico
Assessora
reconhecido pela ICP-Brasil.
Salvo lei específica, não é dado ao ente público Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
impor a aceitação de documento eletrônico que não (61)XXXX-XXXX
atenda os parâmetros da ICP-Brasil.
z Anexos
z Forma e estrutura
A possibilidade de anexar documentos, planilhas
Um dos atrativos de comunicação por correio e imagens de diversos formatos é uma das vantagens
eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interes- do e-mail. A mensagem que encaminha algum arqui-
sa definir padronização da mensagem comunicada. vo deve trazer informações mínimas sobre o conteú-
No entanto, devem-se observar algumas orientações do do anexo.
quanto à sua estrutura. Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele
é realmente indispensável e se seria possível colocá-lo
z Campo “Assunto” no corpo do correio eletrônico.
Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencami-
O assunto deve ser o mais claro e específico pos- nhamento de anexos nas mensagens de resposta.
sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Os arquivos anexados devem estar em formatos
Assim, quem irá receber a mensagem identificará usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
rapidamente do que se trata; quem a envia poderá, Quando se tratar de documento ainda em discussão,
posteriormente, localizar a mensagem na caixa do os arquivos devem, necessariamente, ser enviados,
correio eletrônico. em formato que possa ser editado.
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramen-
te o conteúdo completo da mensagem para que não z Recomendações
pareça, ao receptor, que se trata de mensagem não
solicitada/lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um — Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso
assunto mais preciso seria “Agendamento de reunião de confirmação de leitura. Caso não esteja disponível,
sobre a Reforma da Previdência”. deve constar da mensagem pedido de confirmação de
recebimento;
z Local e data — Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos
computadores, mantêm-se a recomendação de tipo de
São desnecessários no corpo da mensagem, uma fonte, tamanho e cor dos documentos oficiais: Calibri
98 vez que o próprio sistema apresenta essa informação. ou Carlito, tamanho 12, cor preta;
— Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem ser utilizados, pois não são apropriados para mensagens
profissionais, além de sobrecarregar o tamanho da mensagem eletrônica;
— A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada com o mesmo cuidado com que se revisam outros
documentos oficiais;
— O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser
utilizados;
— Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das
conversas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
— Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota
agressividade de parte do emissor da comunicação.
— Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e de
logotipos do ente público junto ao texto da assinatura.
— Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do
destinatário.
z Ata
Ata é o resumo escrito dos fatos e decisões de uma assembleia, sessão ou reunião para um determinado fim.
z Normas
Geralmente, as atas são transcritas à mão pelo secretário, em livro próprio, que deve conter um termo de aber-
tura e um termo de encerramento, assinados pela autoridade máxima da entidade ou por quem receber daquela
autoridade delegação de poderes para tanto; esta também deverá numerar e rubricar todas as folhas do livro.
Como a ata é um documento de valor jurídico, deve ser lavrada de tal forma, que nada lhe poderá ser acrescen-
tado ou modificado. Se houver engano, o secretário escreverá a expressão “digo”, retificando o pensamento. Se o
engano for notado no final da ata, escrever-se-á a expressão — “Em tempo: Onde se lê..., leia-se...”.
Nas atas, os números devem ser escritos por extenso, evitando-se também as abreviações. As atas são redigi-
das sem se deixarem espaços ou parágrafos. a fim de se evitarem acréscimos.
O tempo verbal preferencialmente utilizado na ata é o pretérito perfeito do indicativo.
Quanto à assinatura, deverão fazê-lo todas as pessoas presentes ou, quando deliberado, apenas o presidente
e o secretário.
Permite-se também a transcrição da ata em folhas digitadas, desde que as mesmas sejam convenientemente
arquivadas, impossibilitando fraude.
Em casos muito especiais, usam-se formulários já impressos, como os das seções eleitorais.
z Atestado
Atestado é o documento firmado por uma pessoa favor de outra, atestando a verdade a respeito de determi-
nado fato.
As repartições públicas, em razão de sua natureza, fornecem atestados e não declarações.
O atestado difere da certidão, porque, enquanto esta prova fatos permanentes, aquele se refere a fatos
transitórios.
— Como fazer:
O Atestado, geralmente, é fornecido por alguém que exerce posição de cargo superior ou igual ao da pessoa
que está pedindo o atestado;
O papel do atestado deve conter carimbo ou timbre da entidade que o expede;
O atestado costuma ser escrito em atendimento à solicitação do interessado. 99
— A redação de um atestado apresenta a seguinte ordem:
Título, ou seja, a palavra ATESTADO em maiúsculas;
Nome e identificação da pessoa que emite (que pode ser escrito no final, após a assinatura) e o nome e identi-
ficação da pessoa que solicitou;
Texto, sempre resumido, claro e preciso, contendo o que se está confirmando ou negando;
Assinatura, nome e cargo ou função de quem atesta.
Atestamos para os devidos fins que o Sr. Adelmiro Floresta, residente nesta ci-
dade na Rua Fagundes Sobrinho, 123, Bairro Sobradinho, é pessoa de bons antecedentes, nada
constando em nossos arquivos, até a presente data, que venha a desabonar sua conduta.
Roberto Dagoberto
Roberto Dagoberto
Escrivão DE Polícia da 17ª DP
z Circular
Circular é o meio de correspondência pelo qual alguém se dirige, ao mesmo tempo, a várias repartições ou
pessoas. E, portanto, correspondência multidirecional. Na circular, não consta destinatário, pois ela não é unidi-
recional e o endereçamento vai no envelope.
Entre os dias X e Y o setor de estacionamento da Acme Com. Ltda. passará por obras de
reforma estrutural, de modo a melhorar o serviço prestado aos funcionários. Durante este período
o local estará interditado sendo liberado o uso do pátio dos fundos para guarda dos veículos.
Atenciosamente,
Fulano de Tal
Fulano de Tal
Diretor-Geral de Negócios
z Declaração
100 Declaração é um documento que se assemelha ao atestado, mas que não deve ser expedido por órgãos públicos.
É um documento em que se manifesta uma opinião, conceito, resolução ou observação.
Compõe-se de
— Título: DECLARAÇÃO;
— Texto: nome do declarante – identificação pessoal ou profissional (ou ambas0, residência, domicílio, finali-
dade e exposição de assunto;
— Local e data;
— Assinatura (e identificação do signatário).
DECLARAÇÃO
ClarkKent
_____________________
Super Homem
z Requerimentos
Requerimentos são instrumentos utilizados para os mais diferentes tipos de solicitações às autoridades ou
órgãos públicos. A seguir, apresentamos um modelo, que pode ser adaptado para os diferentes casos.
Nele, podemos observar as seguintes partes:
Compõe-se de
— Nome e qualificação do requerente;
— Exposição e solicitação;
— Pedido de deferimento;
— Local e data;
— Assinatura.
9 - 40/1
A Com FOCO Virtual, representada pelo Sr. João Paulo Silva, Gerente Comercial,
vem, mui respeitosamente, requerer a Vossa Excelência que se digne declará-la de utili-
LÍNGUA PORTUGUESA
z Relatório
E a modalidade de comunicação pela qual se faz a narração ou descrição, ordenada e mais ou menos minucio-
sa, daquilo que se viu, ouviu ou observou.
Compõe-se de
— Título: relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);
— Vocativo - relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);
— Introdução - apresentação do observador e do fato observado;
— Texto - exposição cronológica do fato observado;
— Fecho;
— Local e data;
— Assinatura (e identificação do signatário).
E a forma de comunicação pela qual um especialista emite uma opinião fundamentada sobre determinado
assunto.
— Vocativo;
— Identificação do especialista;
— Introdução - apresentação do assunto;
— Texto - exposição de opinião e seu fundamento;
— Local e data;
— Assinatura (e identificação do signatário).
Sr. Juiz,
Nomeado Perito na ação número 001/1.01.0000000-0, em que são partes Engênio Da Silva Civil,
como Autor, e Réunaldo Culpaldo , como Réu, venho trazer aos autos o Laudo Pericial produzido.
Introdução
A Perícia buscou identificar as características físicas e o valor de locação para o imóvel em
questão, situado a Rua Xavante Xexeu, 999, no bairro Xaxambu, em Cidade Caxumba Paulista .
Vistoria
A vistoria ao imóvel objeto desta ação foi realizada no dia 31 de março, às 9h, na
presença do Réu e dos procuradores das partes, Dr. Causídico Leal e Dr. Jurisprudêncio Legal.
Na ocasião foram examinadas as construções, avaliando-se o estado de conservação, e foram
tomadas medidas para identificar as áreas construídas com registro fotográfico e croqui do imóvel.
O terreno tem dimensões de 12m x 32m e área de 384m2. Verificou-se que existem duas construções
(identificadas nesse Laudo como Casa A e Casa B). Pode-se dizer que são duas construções, pois são independentes,
embora compartilhem parte de área coberta (área de serviço). A construção principal (Casa A) tem 106,40 m2
no total, sendo 63,00m2 referentes ao projeto original (fls. 28 dos autos em apenso – referentes à ação número
1000000000-1), com acréscimos posteriores. A outra construção (Casa B) tem 31,20m2. A área total construída é
de 137,60m2, aproximando-se da área apontada pela Prefeitura Municipal a fls. 25 dos mesmos autos em apenso.
Concluindo esse laudo pericial, ressalto as principais questões abordadas: (a) no
terreno da matrícula MA 8875H (Anexo I) existe uma área construída de 137,60m2 composta
por duas casas, uma em madeira e outra em alvenaria (Fotografias 1 e 2, Tabela 1); e (b) o
valor de locativo mensal adequado para essas construções é de R$ 400,00 (quatrocentos reais).
É muito importante deixar claro que o Decreto 9.758, de 11 de abril de 2019, não alterou o Manual de Reda-
ção da Presidência da República. “O Decreto dispõe sobre a forma de tratamento empregada na comunicação,
oral ou escrita, com agentes públicos da administração pública federal direta e indireta, e sobre a forma de
endereçamento de comunicações escritas a eles dirigidas.” Isso significa que serão novas regras aplicadas às
redações oficiais realizadas a partir dessa data apenas entre os agentes do Poder Executivo Federal.
Comunicações destinadas aos outros poderes permanecem segundo o MRPR. Logo, só implicará alteração
em provas de concurso, caso o edital traga orientações que orientem sobre as mudanças pertinentes a esse
decreto, indicando claramente que serão cobradas as legislações correlatas ou especificando o Decreto n.
LÍNGUA PORTUGUESA
9.758, de 11 de abril de 2019. Do contrário, valem unicamente as determinações que estão no MANUAL.
Tendo esclarecido isso, vamos à mudança em si.
Observa-se que as alterações se aplicam claramente às formas de emprego dos pronomes de tratamento.
Dispõe sobre a forma de tratamento e de endereçamento nas comunicações com agentes públicos da adminis-
tração pública federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da
Constituição, DECRETA:
Objeto e âmbito de aplicação 103
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a forma de trata- Endereçamento de comunicações
mento empregada na comunicação, oral ou escri-
ta, com agentes públicos da administração pública Art. 4º O endereçamento das comunicações dirigi-
federal direta e indireta (nota: os agentes do Poder das a agentes públicos federais não conterá prono-
Executivo Federal), e sobre a forma de endereça- me de tratamento ou o nome do agente público.
mento de comunicações escritas a eles dirigidas. Parágrafo único. Poderão constar o pronome de
§ 1º O disposto neste Decreto aplica-se às cerimô- tratamento, na forma deste Decreto, e o nome do
nias das quais o agente público federal participe. destinatário nas hipóteses de:
§ 2º Aplica-se o disposto neste Decreto: 1. a mera indicação do cargo ou da função e do
setor da administração ser insuficiente para a iden-
1. aos servidores públicos ocupantes de cargo
tificação do destinatário; ou
efetivo;
2. a correspondência ser dirigida à pessoa de agente
2. aos militares das Forças Armadas ou das forças
público específico.
auxiliares;
3. aos empregados públicos;
Vigência
4. ao pessoal temporário;
Art. 5º Este Decreto entra em vigor em 1º de maio
5. aos empregados, aos conselheiros, aos diretores e
de 2019.
aos presidentes de empresas públicas e sociedades
Brasília, 11 de abril de 2019; 198º da Independên-
de economia mista;
cia e 131º da República.
6. aos empregados terceirizados que exercem ativi-
JAIR MESSIAS BOLSONARO
dades diretamente para os entes da administração
pública federal;
7. aos ocupantes de cargos em comissão e de fun-
ções de confiança;
8. às autoridades públicas de qualquer nível hierár-
HORA DE PRATICAR!
quico, incluídos os Ministros de Estado; e
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Texto CG3A2-I
9. ao Vice-Presidente e ao Presidente da República.
§ 3º Este Decreto não se aplica:
Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma
1. às comunicações entre agentes públicos federais
estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor
e autoridades estrangeiras ou de organismos inter-
eram os olhos de minha mãe? Atordoada, custei reco-
nacionais; e
nhecer o quarto da nova casa em que estava morando
2. às comunicações entre agentes públicos da admi-
e não conseguia me lembrar de como havia chegado
nistração pública federal e agentes públicos do
até ali. E a insistente pergunta, martelando, martelan-
Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Tribunal
do... De que cor eram os olhos de minha mãe? Aque-
de Contas, da Defensoria Pública, do Ministério
la indagação havia surgido há dias, há meses, posso
Público ou de outros entes federativos, na hipótese
dizer. Entre um afazer e outro, eu me pegava pensan-
de exigência de tratamento especial pela outra par-
do de que cor seriam os olhos de minha mãe. E o que
te, com base em norma aplicável ao órgão, à entida-
a princípio tinha sido um mero pensamento interroga-
de ou aos ocupantes dos cargos.
tivo, naquela noite se transformou em uma dolorosa
pergunta carregada de um tom acusativo. Então, eu
Pronome de tratamento adequado
não sabia de que cor eram os olhos de minha mãe?
(...)
Art. 2º O único pronome de tratamento utiliza-
do na comunicação com agentes públicos federais é
E quando, após longos dias de viagem para chegar à
“senhor”, independentemente do nível hierárquico,
minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de
da natureza do cargo ou da função ou da ocasião.
minha mãe, sabem o que vi? Sabem o que vi?
Parágrafo único. O pronome de tratamento é fle-
xionado para o feminino e para o plural.
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz.
Mas, eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se
Formas de tratamento vedadas minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a
face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, sere-
Art. 3º É vedado na comunicação com agentes namente em si, águas correntezas. Por isso, prantos
públicos federais o uso das formas de tratamento, e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de
ainda que abreviadas: minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe
1. Vossa Excelência ou Excelentíssimo; Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para
2. Vossa Senhoria; quem contempla a vida apenas pela superfície. Sim,
3. Vossa Magnificência; águas de Mamãe Oxum.
4. doutor;
5. ilustre ou ilustríssimo; Conceição Evaristo. Olhos D’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016,
6. digno ou digníssimo; e p.15-9.
7. respeitável.
§ 1º O agente público federal que exigir o uso Assinale a opção em que a palavra apresentada está
dos pronomes de tratamento de que trata corretamente grafada.
o caput, mediante invocação de normas espe-
ciais referentes ao cargo ou carreira, deverá a) atravéz
tratar o interlocutor do mesmo modo. b) obedescer
§ 2º É vedado negar a realização de ato administrativo c) projeto
ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente d) meza
104 caso haja erro na forma de tratamento empregada. e) sintonisar
2. (CESPE – 2019) Texto CG1A1-I a) Porque a sustentabilidade é tão importante para a
economia?
Atitudes para um desenvolvimento sustentável tor- b) Por quê a sustentabilidade é tão importante para a
naram-se uma urgência e estão inseridas de forma economia?
definitiva na agenda da sociedade. Até no mundo dos c) Porquê a sustentabilidade é tão importante para a
negócios a sustentabilidade está em pauta. Empre- economia?
sas que antes pensavam só em lucro agora otimizam d) Por que a sustentabilidade é tão importante para a
seus processos por meio da sustentabilidade empre- economia?
sarial. Outro campo de estudos voltados para o con- e) Pra quê a sustentabilidade é tão importante para a
sumo consciente e equilibrado com o meio ambiente economia?
é a bioeconomia, ou economia sustentável, cujo obje-
tivo é promover a utilização de recursos de base bio- 3. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Desde pequeno, tive
lógica, recicláveis e renováveis, e consequentemente tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que
mais sustentáveis. achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem
Hoje, a sustentabilidade é um imperativo para o pra dentro, menino, olha o mormaço!”
sucesso das empresas, que precisam cada vez mais
entregar ao cliente valor agregado e estilo de vida, Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Morma-
e não somente mercadorias. A preocupação com o ço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra
meio ambiente converte-se, portanto, em vantagem dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se
competitiva, notadamente em mercados cada vez viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes
mais exigentes e desafiadores. olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto,
Isso amplia a perenidade da marca, em virtude do for- brandindo um guarda-chuva, com um gogó protube-
talecimento de sua reputação e credibilidade. rante que se abaixa e levanta no excitamento da per-
Para o desenvolvimento sustentável, os negócios seguição. E já estava devidamente grandezinho, pois
devem estar amparados em boas práticas de gover- devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um
nança, com benefícios sociais e ambientais. Essa grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra funda-
metodologia influencia os ganhos econômicos, a mental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de gran-
competitividade e o sucesso das organizações. des solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio,
Qual é o motivo de a sustentabilidade ser tão impor- e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do
tante para a economia? A população cresce em meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura,
número e em capacidade de consumo; com isso, a com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era
demanda pela utilização de recursos naturais recru- como um alojamento de quartel, com breve espaço
desce de forma quase insustentável. A utilização de entre as camas e todas as portas e janelas abertas,
matrizes não renováveis tende ao esgotamento e à tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos
poluição progressiva do meio ambiente. Para quebrar de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas
esse paradigma, mobilizam-se conceitos econômi- da noite, como eu pressentisse, em meu entredormir,
cos que propõem um novo modo de gestão da socie- um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunha-
dade, como a economia circular e a bioeconomia. do e olhei atônito para um tipo de chiru, ali parado, de
A bioeconomia está ligada à melhoria de nosso bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre
desenvolvimento e à busca por novas tecnologias que os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele
priorizem a qualidade de vida da sociedade e do meio resolveu explicar-se, com a devida calma:
ambiente em seu eixo de elaboração. Ela, agora, reúne
todos os setores da economia que utilizam recursos – Pois é! Não vê que eu sou o sereno...
biológicos. Assim, a bioeconomia surgiu para possi-
bilitar soluções eficazes e coerentes para os proble- Mário Quintana. In: As cem melhores crônicas brasileiras. São
Paulo: Objetiva, 2007.
mas socioambientais contemporâneos: mudanças
climáticas, crise econômica mundial, substituição do
uso de energias fósseis, saúde, qualidade de vida da No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguís-
população, entre outros. ticos do texto precedente, julgue o próximo item.
O objetivo é criar uma economia inovadora com baixas No texto, a letra maiúscula é empregada em todos os
emissões de poluentes, que concilie as exigências para a substantivos que nomeiam aquilo que o autor perso-
agricultura sustentável e a pesca, a segurança alimentar nificava, seja quando criança, seja já adulto, para indi-
e o uso sustentável dos recursos biológicos renováveis car tratar- se de nome próprio.
para fins industriais, e que assegure, ao mesmo tempo,
a biodiversidade e a proteção ambiental. A bioeconomia ( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA
No segundo parágrafo do texto 1A11-I, o termo “adje- 7. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A vida humana só vice-
tivos” remete às palavras ja sob algum tipo de luz, de preferência a do sol, tão
óbvia quanto essencial. Somos animais diurnos, por
mais que boêmios da pá virada e vampiros em geral
a) “verdadeiros” e “relativos”. discordem dessa afirmativa. Poucas vezes a gente
b) “refinado”, “culto” e “bovino”. pensa nisso, do mesmo jeito que devem ser poucas as
c) “admirável”, “maravilhoso” e “extraordinário”. pessoas que acordam se sentindo primatas, mamífe-
d) “desconhecido” e “compositor”. ros ou terráqueos, outros rótulos que nos cabem por
106 e) “hoje” e “sempre”. força da natureza das coisas.
A humanidade continua se aperfeiçoando na arte de Desde os alvores da democracia ateniense, são sobe-
afastar as trevas noturnas de todo hábitat humano. jamente conhecidas as suas relações com a argu-
Luz soa para muitos como sinônimo de civilização, mentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a
e pode-se observar do espaço o mapa das desigual- argumentação podem ser postas ao serviço da men-
dades econômicas mundiais desenhado na banda tira e da manipulação, também em relação à liberdade
noturna do planeta. A parcela ocidental do hemisfério de expressão se coloca a questão dos seus limites.
norte é, de longe, a mais
Internet: <https://agora-m.blogs.sapo.pt> (com adaptações).
iluminada.
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos lin-
Dispor de tanta luz assim, porém, tem um cus- guísticos do texto precedente, julgue o item, seguinte.
to ambiental muito alto, avisam os cientistas. Nos Sem prejuízo para a correção gramatical e para os
humanos, o excesso de luz urbana que se infiltra no sentidos originais do texto, o trecho “em que se
ambiente no qual dormimos pode reduzir drastica- incluem a palavra escrita, as peças teatrais, os fil-
mente os níveis de melatonina, que regula o nosso mes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas,
ciclo de sono-vigília. entre outros” poderia ser reescrito da seguinte forma:
onde se incluem a palavra escrita, as peças teatrais,
Mesmo assim, sinto uma alegria quase infantil quan- os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pin-
do vejo se acenderem as luzes da cidade. E repito para turas e entre outros.
mim mesmo a pergunta que me faço desde que me
conheço por gente: quem é o responsável por acender ( ) CERTO ( ) ERRADO
as luzes da cidade? O mais plausível é imaginar que
essa tarefa caiba a sensores fotoelétricos espalhados 9. (CESPE-CEBRASPE – 2019) O professor que realmen-
pelos bairros. te ensina, quer dizer, que trabalha os conteúdos no
quadro da rigorosidade do pensar certo, nega, como
Mas e antes dos sensores, como é que se fazia? Ima- falsa, a fórmula farisaica do “faça o que eu mando, e
gino que algum funcionário trepava na antena mais não o que eu faço”. Quem pensa certo está cansado
alta no topo do maior arranha-céu e, ao constatar de saber que as palavras a que falta a corporeidade
a falência da luz solar, acionava um interruptor, e a do exemplo pouco ou nada valem. Pensar certo é
cidade toda se iluminava. fazer certo.
Não consigo pensar em um cargo público mais
Que podem pensar alunos sérios de um professor
empolgante que o desse homem. Claro que o cargo,
que, há dois semestres, falava com quase ardor sobre
se existia, já foi extinto, e o homem da luz já deve ter
a necessidade da luta pela autonomia das classes
se transferido para o mundo das trevas eternas.
populares e hoje, dizendo que não mudou, faz o dis-
Reinaldo Moraes. “Luz! Mais luz”. Internet: <www.nexojornal.com.
br> (com adaptações).
curso pragmático contra os sonhos e pratica a trans-
ferência de saber do professor para o aluno?
No que se refere aos sentidos e às construções lin-
guísticas do texto precedente, julgue o item a seguir Não há pensar certo fora de uma prática testemunhal que
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam o rediz em lugar de desdizê-lo. Não é possível ao profes-
mantidos caso a forma verbal “existia” fosse substi- sor pensar que pensa certo, mas, ao mesmo tempo, per-
tuída por existisse. guntar ao aluno se “sabe com quem está falando”.
8 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 ERRADO
16. (CESPE - 2018) Com base no Manual de Redação da
Presidência da República (MRPR), julgue o item que 10 CERTO
se segue:
11 CERTO
Em comunicações oficiais dirigidas a reitor de uni-
versidade, o vocativo a ser empregado é Magnífico 12 ERRADO
Reitor.
13 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO 14 E
17. (CESPE - 2018) Com base no Manual de Redação da 15 ERRADO
Presidência da República (MRPR), julgue o item que
se segue: 16 CERTO
Emprega-se o fecho “Atenciosamente” em comunica- 17 CERTO
ções oficiais dirigidas a autoridades de mesma hie-
rarquia do remetente ou de hierarquia inferior à deste. 18 ERRADO
20 CERTO
18. (CESPE - 2018) Com base no Manual de Redação da
Presidência da República (MRPR), julgue o item que
se segue:
A redação oficial constitui atos normativos e comuni-
cações do poder público necessariamente uniformes ANOTAÇÕES
e destinados exclusivamente para órgão do serviço
público.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 GABARITO
1 C
2 D
3 ERRADO
4 CERTO
110
z Inequação do Primeiro Grau
Para x = 4
4 + x
10x = 5x + 20
10 . 4 = 5 . 4 + 20
40 = 40
–
40 – 40 = 0 111
Identificamos que os valores < 0 (valores negati- Assim, podemos escrever a fórmula de Báskara:
vos) são os valores de x < 4.
-b ! D
z Equação do Segundo Grau x=
2a
Equações do segundo grau são equações nas quais O discriminante fornece importantes informações
o maior expoente de x é igual a 2. de uma equação do 2ª grau:
Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0.
Onde a, b e c são os coeficientes da equação. Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e
distintas
a é sempre o coeficiente do termo em x². Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e
b é sempre o coeficiente do termo em x. idênticas
c é sempre o coeficiente ou termo independente. Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais
*
x + y = 10
a) 3
b) 9 4x - y = 5
c) 6
A principal forma de resolver esse sistema é usan-
d) -9
do o método da substituição. Este método é muito sim-
e) -3 ples, e consiste basicamente em duas etapas:
Para que a equação do segundo grau tenha raízes 1. Isolar uma das variáveis em uma das equações;
iguais, é preciso que o delta (discriminante) seja 2. Substituir esta variável na outra equação pela
igual a zero. Isto é, Δ = b2 - 4ac. expressão achada no item anterior.
0 = 62 – 4.1.m
0 = 36 – 4m Vamos aplicar no nosso exemplo:
4m = 36 Isolando “x” na primeira equação
m = 9. Resposta: Letra B.
x = 10 – y
Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”
4. (CONSULPLAN – 2016) Julgue a afirmativa:
A soma das raízes da equação x2 - 5x + 6 = 0 é um 4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)
número ímpar. 40 – 4y – y = 5
-5y = 5 – 40 RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
( ) CERTO ( ) ERRADO -5y = -35 (multiplica por -1)
5y = 35
A soma das raízes é: y=7
S = -b / a Logo, voltando na primeira equação acharemos o
S = -(-5) / 1 = 5. Resposta: Certo. valor de “x”
1. Multiplicar uma das equações por um número que Isolando x na primeira equação, temos que x =
seja mais conveniente para eliminar uma variável. 3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação,
2. Somar as duas equações, de forma a ficar apenas temos que:
com uma variável.
(3 – y)2 – y2 = -3
Veja o exemplo abaixo: 9 – 6y + y – y2 = -3
y=2
*
x + y = 10 Logo, x = 3 – y = 3 – 2 = 1
4x - y = 5
(
- x - y = - 10 A = 2000
x - 2y = 4 Total
A + B = 5000 + 2000 = 7000
-3y = -6
O número de inscritos para o cargo B, em relação
y = -6 / -3
ao total, será:
y= 2
5000/7000 = 5/7.
Resposta: Letra E.
Substituindo o valor de “y” na primeira equação
achamos o valor de “x”:
2. (FGV – 2017) O número de balas de menta que Júlia
x + y = 10 tinha era o dobro do número de balas de morango.
x + 2 = 10 Após dar 5 balas de cada um desses dois sabores
x = 10 – 2 para sua irmã, agora o número de balas de menta que
x=8 Júlia tem é o triplo do número de balas de morango. O
número total de balas que Júlia tinha inicialmente era:
Sistemas de equações do 2º grau
a) 42;
Vamos usar o mesmo método principal para resol- b) 36;
vermos os sistemas de equações do 2° grau que utili- c) 30;
zamos lá no sistema de equações do 1° grau, ou seja, o d) 27;
114 Método da Substituição. Veja um exemplo: e) 24.
Me = 2.Mo Assim, as patentes da indústria alimentícia (“a”)
Após dar 5 balas = Me – 5 e Mo – 5. Agora, as de são o TRIPLO das patentes de Y. Resposta: Errado
menta são o triplo das de morango:
Me – 5 = 3.(Mo – 5) 5. Se T = 128 e a quantidade x foi 18 unidades a mais do
Me – 5 = 3.Mo – 15 que a quantidade y, então a quantidade y foi superior a
Me = 3.Mo – 10 25.
Na segunda equação podemos substituir Me por
2.Mo. ( ) CERTO ( ) ERRADO
2.Mo = 3.Mo – 10
10 = 3.Mo – 2.Mo Se T = 128 e a quantidade x foi 18 unidades a mais do
10 = Mo que a quantidade y, então a quantidade y foi supe-
O valor de Me é: rior a 25.
Me = 2.Mo Se T = 128, temos que x + y = 64. Agora foi dito ainda
Me = 2.10 que:
Me = 20 x = y + 18
Total: 10 + 20 = 30 balas. Resposta: Letra C. Substituindo x por y + 18, temos:
x + y = 64
(CESPE/CEBRASPE – 2013) Considere que em um (y + 18) + y = 64
escritório de patentes, a quantidade mensal de pedi- y = 23 unidades.
dos de patentes solicitadas para produtos da indústria
Resposta: Errado.
alimentícia tenha sido igual à soma dos pedidos de
patentes mensais solicitadas para produtos de outra
natureza. Considere, ainda, que, em um mês, além
dos produtos da indústria alimentícia, tenham sido
requeridos pedidos de patentes de mais dois tipos de NOÇÃO DE FUNÇÃO
produtos, X e Y, com quantidades dadas por x e y, res-
pectivamente. Supondo que T seja a quantidade total ANÁLISE GRÁFICA, FUNÇÕES AFIM, QUADRÁTICA,
de pedidos de patentes requeridos nesse escritório, no EXPONENCIAL, LOGARÍTMICA E APLICAÇÕES
referido mês, julgue os itens seguintes.
Função
3. Se T = 128, então as quantidades x e y são tais que x +
y = 64, com 0 ≤ x ≤ 64. Quando temos a relação entre elementos de dois
conjuntos, sendo que cada elemento de um conjun-
( ) CERTO ( ) ERRADO to tenha ligação com somente um outro elemento do
outro conjunto, dizemos que é uma função. Para ficar
Se T = 128, então as quantidades x e y são tais que x mais fácil de entender esse conceito, veja o exemplo
+ y = 64, com 0 ≤ x ≤ 64. abaixo:
Seja “a” a quantidade de pedidos de patentes da
indústria alimentícia. Foi dito que este total é igual FUNÇÃO NÃO É FUNÇÃO FUNÇÃO
à soma dos demais pedidos, que são x e y, ou seja,
A B C D
a=x+y
O total de pedidos é: 2 4 1 4
T = a + x + y = a + a = 2a 4 8 3 6
Como T = 128, temos
128 = 2a 6 16 5
a = 64 8 20
Resposta: Certo
4. Se, em determinado mês, a quantidade de pedidos Note que o conjunto A tem todos os seus elemen-
de patentes do produto X foi igual ao dobro da quan- tos ligados apenas em um único elemento do conjunto RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
tidade de pedidos de patentes do produto Y, então a B, então, dizemos que é uma função. Já o conjunto C,
quantidade de pedidos de patentes de produtos da além de não ter todos os seus elementos sendo ligados
indústria alimentícia foi o quádruplo da quantidade de ao único elemento de D, ainda tem o “elemento 3” sen-
pedidos de patentes de Y. do relacionado a mais de um elemento do conjunto D.
Então, não há relação de função nessa situação.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Domínio, contradomínio e imagem
Se, em determinado mês, a quantidade de pedidos de
patentes do produto X foi igual ao dobro da quanti- Há alguns pontos que você precisa saber identifi-
dade de pedidos de patentes do produto Y, então a car em uma função:
quantidade de pedidos de patentes de produtos da
indústria alimentícia foi o quádruplo da quantidade z Domínio da função (D): é o conjunto em que a fun-
de pedidos de patentes de Y. ção é definida, ou seja, contém todos os elementos
Sendo x o dobro de y, ou seja, x =2y, temos que: que serão ligados aos elementos de outros conjun-
a=x+y tos (olhando para o nosso exemplo – de onde saem
a = 2y + y as setas). Trata-se do conjunto A apenas, pois o
a=3 conjunto C não é uma função; 115
z Contradomínio da função (CD): é o conjunto onde Função Bijetora: se as duas coisas acima aconte-
se encontram todos os elementos que poderão ser cerem ao mesmo tempo, ou seja, a função for injetora
ligados aos elementos do Domínio. Neste caso, tra- e sobrejetora ao mesmo tempo, a função é dita bijeto-
ta-se do conjunto B somente, pois, como já vimos, o ra. Ex.:
conjunto D não é uma função;
z Imagem da função (I): é formado apenas pelos A B
valores do contradomínio efetivamente ligados a 2 4
algum elemento do Domínio.
4 8
Vamos analisar um exemplo para clarear um pou- 6 16
co mais: 8 20
A B
2 4 Dica
4 8
Função Injetora: cada elemento da imagem está
6 16
ligado a apenas um elemento do Domínio;
8 20 Função Sobrejetora: contradomínio é igual a imagem;
Função Bijetora: Injetora e Sobrejetora ao mes-
Temos o conjunto A como domínio, o conjunto B mo tempos.
como contradomínio e o conjunto imagem definido
pelo conjunto formado apenas pelos elementos 8 e 16, Representação de uma função lei de formação
pois os elementos 4 e 20 do conjunto B não estão liga-
Vamos representar a função f: R → R, onde f(x) =
dos a nenhum termo do conjunto A. Logo, eles fazem
3x. O “R”, na situação, é o conjunto dos números reais.
parte do Contradomínio, porém não fazem parte do
Portanto, a função f(x) tem como Domínio todos os
conjunto Imagem.
números reais, e também os têm como Contradomínio.
Lembre-se de que f(x) é igual a “y”, que é a nossa
Dica imagem.
Função: relação de cada elemento do Domínio com Para a lei de formação, entendemos que “x” assu-
apenas um único elemento do Contradomínio. mirá alguns valores que resultará valores “y” da fun-
ção. Tudo isso é regido da seguinte maneira:
Função Injetora, Sobrejetora e Bijetora
f(x) = 3x
Função Injetora: se cada elemento do conjunto
imagem estiver ligado a um único elemento do Domí- Quando “x” for igual a 1, por exemplo, precisamos
nio, a função é chamada injetora. Ex.: substituir o valor dele na função. Veja: f(1) = 3.1 = 3. Afir-
mamos, então, que para x = 1 a função tem resultado 3.
A B
Funções inversas
2 4
4 8 Representamos a função inversa por “f-1(x)”. Para
6 16 que uma função seja inversa, ela necessariamente
precisa ser Bijetora. Vamos obter uma função inversa
8 20
a seguir. Veja:
f(x) = 2x
O conjunto imagem é I = {4, 8, 16, 20}. Por mais
que o 24 não esteja relacionado a nenhum elemento A B
do Domínio A, vemos que cada elemento da imagem
está ligado a apenas um elemento do Domínio A. 2 4
Função Sobrejetora: quando todos os elementos 4 8
do Contradomínio fizerem parte do conjunto imagem, 6 12
temos uma função sobrejetora. Em outras palavras, 8 16
Contradomínio é igual a imagem. Ex.:
Vamos aplicar o passo a passo usando o nosso Funções ímpares são aquelas para as quais f(x) =
exemplo acima: -f(x), ou seja, quando “x” assume valores opostos e
gera imagens opostas. Veja:
f(x) = 2x (trocar f(x) por y)
y = 2x f(x) = 2x
f(4) = 2 . 4 = 8
1. Substituir y por x; f(-4) = 2 . (-4) = -8
2. Substituir x por y-1;
Função Afim ou Função do 1° Grau
x = 2y-1
Veja a função do tipo f(x) = ax + b. Chamaremos de
3. Isolar o y-1. função de primeiro grau, onde a = coeficiente angular
e b = coeficiente linear. Esta função também é chama-
y-1 = x / 2 ou f-1(x) = x / 2 da de função linear ou então de função afim. O gráfico
dessa função é uma reta.
Funções compostas
O coeficiente angular dá a inclinação da reta. Se a
> 0, a reta será crescente e se a < 0 a reta, decrescen-
Trata-se de uma função formada por duas ou mais
te. Já o coeficiente linear, indica em que ponto a reta
funções juntas. Veja um exemplo:
do gráfico cruza o eixo das ordenadas (eixo y, ou eixo
Temos f(x) = x + 3 e g(x) = x + 2. Encontrar as fun-
f(x)). Vejamos um exemplo:
ções compostas:
f(g(x)) e g(f(x)).
Seja f(x) = -3x + 5, então, temos:
2
a) f(x) = 0,06x + 1300 x = -b ! b - 4ac
b) f(x) = 0,6x + 1300 2a
c) f(x) = 0,78x + 1300
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele
d) f(x) = 6x + 1300
que permitirá obtermos dois valores para as raízes,
e) f(x) = 7,8x + 1300
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor
utilizando o sinal negativo (-).
O vendedor recebe um valor fixo e uma comissão
variável, conforme as vendas. O valor fixo é de 1300 Vamos aplicar em um exemplo:
reais, ou seja, se temos uma função de primeiro grau Calcular as raízes da função f(x) = x2 - 3x + 2.
do tipo f(x) = ax + b, dizemos que b = 1300. A variável Iguala a zero.
corresponde ao termo a.x, sendo x o total de vendas,
a comissão será de 6% de x, ou seja, 0,06x. Assim, o x2 - 3x + 2 = 0
vendedor recebe:
f(x) = fixo + comissão variável Identificando os valores de a, b e c.
f(x) = 1300 + 0,06x
Resposta: Letra A.
a=1
b = -3
5. (IDECAN – 2017) No depósito de uma loja de infor-
c=2
mática encontram-se vários modelos de computado-
res. Dentre eles (2x + 8) apresentam disco rígido de
500 gb, outros (3x – 10) apresentam placa de vídeo. O Substituindo na fórmula:
número de computadores com os dois componentes
é x, e o total de computadores é 74. O número de com- -b ! 2
b - 4ac
putadores que apresentam apenas placa de vídeo é x= 2a
10
8 0 XV 0
x xV x
yV
6 V
4 Δ Δ
Se a > 0, yv = a é o valor Se a < 0, yv = 4a é o valor
2 mínimo da função máximo da função
0
-2 -1 0 1 2 3 4 5
x
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Aqui vale ressaltar que quando “a < 0”, a parábola
1. (FUNDATEC – 2020) O valor mínimo da função de
tem concavidade para baixo, ou seja, a função terá um
segundo grau f (x) =x2 -4x +1 é:
ponto máximo que chamamos de “vértice”. Já quando
“a > 0”, teremos a concavidade para cima e um ponto a) -10.
mínimo, também chamado de vértice da função. b) -7.
c) -6.
d) -5.
e) -3.
a>0 a<0
Mínimo da função de segundo grau se dá pelo Yvértice.
Yvértice = - Δ / 4a
Yv = - (b²-4ac)/4a
Yv = - ( 16 - 4 ) 4.1
concavidade para cima concavidade para baixo
Yv = - (12) / 4
Yv = -3
Resposta: Letra E.
Resumindo os tipos de gráficos olhando para o
valor de “a” e para o discriminante, temos: 2. (VUNESP – 2019) Duas grandezas y e x, diretamente
proporcionais, são representadas, graficamente, por
uma função cuja expressão algébrica é:
a>0eΔ<0 a<0eΔ<0
x a) y = ax2 + bx + c, com a, b e c reais e a · b · c ≠ 0
b) y = ax2 + bx, com a e b reais e a · b ≠ 0
c) y = ax2, com a ≠ 0, real
d) y = ax + b, com a e b reais e a · b ≠ 0
x e) y = ax, com a ≠ 0, real
a>0eΔ=0 a<0eΔ=0
x Diretamente proporcional:
Quando aumenta Y, obrigatoriamente aumenta X.
Quando diminui Y, obrigatoriamente diminui X.
x Já podemos eliminar as letras a, b, c – pois quan-
a>0eΔ>0 a<0eΔ>0 do elevamos ao quadrado, todo número negativo
torna-se positivo, inviabilizando a proporcionali-
dade direta. Quando temos um termo desconhecido
x x multiplicando X, se ele for negativo, torna-o inver-
samente proporcional, então, eliminamos a letra D.
Nesse sentido, sobra apenas a alternativa E. Respos-
ta: Letra E.
120
3. (VUNESP – 2016) Na equação 3x2 + 8x + a = 0, a incógni-
f(x) g(x)
ta é x, e a é um número inteiro. Sabendo-se que o número
(– 3) é raiz da equação, a outra raiz dessa equação é 9
7
a) -7
5
b) -2/5
c) 1/3 3
d) 3/4 1
e) 2
-5 -3 -1 -1 1 3 5
Usando a fórmula da soma das raízes, temos:
-3
S = -b/a
X1 + X2 = -b/a -5
X1 + (-3) = -8/3
X1 = -8/3 + 3
Função Logarítmicas
X1 = 1/3
Resposta: Letra C.
Antes de falarmos sobre função logarítmica, é inte-
4. (FUNDATEC – 2015) A intersecção entre o gráfico das ressante relembrar algumas propriedades importan-
funções y = f (x) = x2 - 6x - 8 e o gráfico da reta de coe- tes. Veja:
ficiente angular 2 e coeficiente linear 1 ocorre quando: Na expressão logab = c, chamamos o número “a” de
base do logaritmo. Veja que o resultado do logaritmo
a) x = -9 e x = -1 (c) é justamente o expoente ao qual deve ser elevada a
b) x=1ex=9
base “a” para atingir o valor b, assim, as propriedades
c) x = -8 e x = 0
d) x = -1 e x = 9 mais importantes são:
e) x = -9 e x = 1
Logb 1 = 0, porque b0 = 1
Temos as equações: Logb b = 1, porque b1 = b
f (x) = x2 - 6x - 8 e f (x) = 2x + 1 Logb bk = K, porque bK = bK
Na interseção é preciso igualar as funções para isso bLogbM = M
acontecer. Então: Loga (b · c) = logab + logac
x² - 6x - 8 = 2x + 1
Loga (b ÷ c) = logab - logac
x² - 8x -9 = 0
Tirando as raízes pela soma e produto: Loga bn = n · logab
S = -b/a = -(-8)/1 = 8 1
P = c/a = -9/1 = -9 Logam b = logab
m
Logo, x’ = -1 e x’’ = 9.
Resposta: Letra D.
A função f(x) = log5(x) é um exemplo de função
5. (IBADE – 2018) Um automóvel tem seu consumo de logarítmica. Veja que nela a variável x encontra-se
combustível para percorrer 100 km estimado pela dentro do operador logaritmo. De maneira geral, po-
função C(x) = 0,02x²-1,6 x + 42 , com velocidade de x
demos representá-las da seguinte forma f(x) = loga(x).
km/h. Sendo assim, qual deve ser a velocidade para
que se tenha um consumo mínimo de combustível? Assim, como nas exponenciais, o coeficiente “a” preci-
sa ser positivo (a > 0) e diferente de 1.
a) 55 O domínio é formado apenas pelos números reais
b) 35 positivos – pois não há logaritmo de número negativo
c) 50 – e o contradomínio é o conjunto dos números reais,
d) 40 ou seja, temos uma função do tipo f: R+* → R. RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
Se a > 1, a função é crescente, já se 0 < a < 1, a fun-
Como ele quer descobrir a velocidade mínima, é
necessário calcular o Xv (X do vértice): ção é decrescente. Como exemplo, veja os gráficos de
Xv = -b/2a = -(-1,6)/2*0,02 = 40. Resposta: Errado. f(x) = log2x e de g(x) = log0,5x:
É um tipo de questão menos recorrente, mas não A razão entre o número de mulheres e o número
menos importante. Consiste em distribuir uma quan- total de alunos é de 5/8:
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
M 5
quinhão inversamente proporcional a três números. =
T 8
Vejamos um exemplo: A turma tem 120 alunos, então: T = 120
Exemplo: Fazendo os cálculos:
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes M 5
=
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6. T 8
Vamos chamar de X as quantias que devem ser distri-
M 5
buídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, respectiva- =
120 8
mente. Devemos somar as razões e igualar ao total que
8 x M = 5 x 120
dever ser distribuído para facilitar o nosso cálculo, veja:
8M = 600
600
X X X M=
+ + = 740.000 8
4 5 6 M = 75
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl- A quantidade de homens da sala:
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
mos a fração.
2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas
4–5–6|2 com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
2–5–3|2
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
1–5–3|3 soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
1–5–1|5 pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60 ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é
79x
= 7.900w
6 Aqui as grandezas aumentam ou diminuem juntas
x = 600 (sinais iguais) 125
PROPORCIONAL
A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias
+ / - OU - / +
para corrigir as provas.
30 m -------- X (tijolos) 40 ?
= #
?
X ? ?
12 · X = 30 . 2160
12X = 64800 Analisando isoladamente duas a duas:
X = 5400 tijolos
6 (imp.) -------- 40 (min)
Assim, comprovamos que realmente são necessá- 3 (imp.) ---- ---- X (min)
rios mais tijolos.
Exemplo 2: Uma equipe de 5 professores gastou 12 Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras
dias para corrigir as provas de um vestibular. Consi- o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ),
derando a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pois agora teremos menos impressoras para realizar
professores para corrigir as provas? a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos inverter a razão.
montar a relação e analisar:
40 3 ?
= #
5 (prof.) --------- 12 (dias) X 6 ?
30 (prof.) -------- X (dias) Analisando isoladamente duas a duas:
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um 1000 (panf.) -------- 40 (min)
aumento (+), mas como agora estamos com uma equi- 2000 (panf.) -------- X (min)
pe maior o trabalho será realizado mais rapidamente.
Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (-). Des-
Perceba que de 1000 panfletos para 1200 panfle-
sa forma, as grandezas são inversamente proporcio-
tos o valor aumenta ( + ) e que o tempo também irá
nais e vamos resolver multiplicando na horizontal.
aumentar ( + ). Logo, as grandezas são diretas e deve-
Observe:
mos manter a razão.
5 (prof.) 12 (dias) 40 3 1000
30 (prof.) X (dias) X
=
6
#
2000
30 . X = 5 . 12
30X = 60 Agora basta resolver a proporção para acharmos
126 X=2 o valor de X.
40 3000 eles e seus dois filhos consumissem durante os 30
X
= 12000 dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos
3X = 40 x 12 chegou de surpresa para passar o restante do mês
3X = 480 com a família. Nessa situação, se cada uma dessas
X = 160 seis pessoas consumir diariamente a mesma quan-
tidade de alimentos, os alimentos comprados pelo
As três impressoras produziriam 2000 panfletos casal acabarão antes do dia 20 do mesmo mês.
em 160 minutos, que correspondem há 2 horas e 40
minutos. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento,
vamos analisar mais um exemplo. 4 Pessoas ------- 24 Dias
Exemplo 2:Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas 6 Pessoas ------- x Dias
cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha.
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o núme- Temos grandezas inversas, então é só multiplicar
ro de linhas por página e para 40 o número de letras na horizontal:
(ou espaços) por linha. Considerando as novas condi-
6x = 4 . 24
ções, determine o número de páginas ocupadas.
6x = 96
Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante-
x = 96/6
rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida.
x = 16
6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras) Como já haviam comido por 6 dias é só somar:
X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras) 6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por
6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril).
6 ? ? Resposta: Errado.
= #
X ? ?
Analisando isoladamente duas a duas: 2. (CESPE – 2018) O motorista de uma empresa trans-
portadora de produtos hospitalares deve viajar de São
6 (pág.) -------- 45 (linhas) Paulo a Brasília para uma entrega de mercadorias.
X (pág.) -- ----- 30 (linhas) Sabendo que irá percorrer aproximadamente 1.100
km, ele estimou, para controlar as despesas com a
Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor diminui viagem, o consumo de gasolina do seu veículo em 10
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo, as km/L. Para efeito de cálculos, considerou que esse
grandezas são inversas e devemos inverter a razão. consumo é constante.
Considerando essas informações, julgue o item que
6 30 ?
= # segue.
X 45 ?
Nessa viagem, o veículo consumirá 110.000 dm3 de
Analisando isoladamente duas a duas: gasolina.
a) 60.
EXERCÍCIOS COMENTADOS b) 70.
c) 80.
1. (CESPE – 2019) No item seguinte apresenta uma d) 90.
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser jul- e) 100.
gada, a respeito de proporcionalidade, porcentagens e
descontos. x = dias
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com- 3 guardanapos por dia -------- x
prou alimentos em quantidades suficientes para que 2 guardanapos por dia -------- x+15 127
São valores inversamente proporcionais, quanto d) 1.500.
mais guardanapos por dia, menos dias durarão. e) 1.161.
Assim, multiplicamos na horizontal:
Primeiro vamos passar para minutos:
3x = 2 . (x+15) 5h = 300min.
3x = 30+2x 4h30min= 270min.
3x-2x = 30 min.-----Dias-----Pag.
x = 30 300 -------4-------1800
270 -------3-------X
Podemos substituir em qualquer uma das duas Resolvendo temos:
situações:
300 (Simplifica por 30)
3 guardanapos x 30 dias= 90 1800 4
= #
2 guardanapos x 45(30+15) dias = 90 . Resposta: X 3 270 (Simplifica por 30)
Letra D.
1800 4 10
= #
4. (FUNDATEC - 2017) Cinco mecânicos levaram 27 X 3 9
minutos para consertar um caminhão. Supondo que 4 · X · 10 = 1800 · 3 · 9
fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e X = 1215 páginas que esse mesmo equipamento é
ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan- capaz de digitalizar. Resposta: Letra C.
tos minutos levariam para concluir o conserto desse
mesmo caminhão? 7. (VUNESP - 2016) Em uma fábrica, 5 máquinas, todas
operando com a mesma capacidade de produção,
a) 20 minutos. fabricam um lote de peças em 8 dias, trabalhando 6
b) 35 minutos. horas por dia. O número de dias necessários para que
c) 45 minutos. 4 dessas máquinas, trabalhando 8 horas por dia, fabri-
d) 50 minutos. quem dois lotes dessas peças é
e) 55 minutos.
a) 11.
Mecânicos ------ Minutos b) 12.
5 ---------------- 27 c) 13.
3 ---------------- x d) 14.
Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gastarão e) 15.
para finalizar o trabalho, logo a grandeza é inversa-
mente proporcional. Multiplica na horizontal: 5 máquinas -------1 lote --------- 8 dias ------------ 6 horas
4 máquinas -------2 lotes --------x dias -------------8 horas
3x = 27.5
3x = 135 Quanto mais dias para entrega do lote, menos
x = 135/3 horas trabalhadas por dia (inversa), menos máqui-
x = 45 minutos. Resposta: Letra C. nas para fazer o serviço (inversa) e mais lotes para
serem entregues (direta).
5. (IESES - 2019) Cinco pedreiros construíram uma casa Resolvendo:
em 28 dias. Se o número de pedreiros fosse aumenta- 8/x = 1/2 * 8/6 * 4/5 (simplifique 8/6 por 2)
do para sete, em quantos dias essa mesma casa fica- 8/x = 1/2 * 4/3 * 4/5
ria pronta? 8/x = 16/30 (simplifique 16/30 por 2)
8/x = 8/15
a) 18 dias. 8x = 120
b) 16 dias. x = 120/8
c) 20 dias. x = 15 dias.
d) 22 dias.
Resposta: Letra E.
5 (pedreiros) ---------- 28 (dias)
7 (pedreiros) ------------- X (dias) 8. (CESPE/CEBRASPE - 2018) No item a seguir é apre-
sentada uma situação hipotética, seguida de uma
Perceba que as grandezas são inversamente propor-
cionais, então basta multiplicar na horizontal. assertiva a ser julgada, a respeito de proporcionalida-
de, divisão proporcional, média e porcentagem.
5 . 28=7 . X Todos os caixas de uma agência bancária trabalham
7X = 140 com a mesma eficiência: 3 desses caixas atendem 12
X = 140/7 clientes em 10 minutos. Nessa situação, 5 desses cai-
X = 20 dias . Resposta: Letra C. xas atenderão 20 clientes em menos de 10 minutos.
10
10. (VUNESP - 2020) Em uma fábrica de refrigerantes, 3 10% de 1000 = x 1000 = 100
100
máquinas iguais, trabalhando com capacidade máxima,
ligadas ao mesmo tempo, engarrafam 5 mil unidades de Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a
refrigerante, em 4 horas. Se apenas 2 dessas máquinas parte que corresponde a 10% de 1000.
trabalharem, nas mesmas condições, no engarrafamen-
to de 6 mil unidades do refrigerante, o tempo esperado Dica
para a realização desse trabalho será de
Quando o Todo varias, a Porcentagem também
a) 6 horas e 40 minutos. varia!
b) 6 horas e 58 minutos.
c) 7 horas e 12 minutos. Veja um exemplo:
d) 7 horas e 20 minutos. Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
e) 7 horas e 35 minutos. RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas
por Roberto?
3 máquinas ------------ 5 mil garrafas ------------ 4 horas
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual,
2 máquinas ------------ 6 mil garrafas ------------ x
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração.
Veja que se aumentar o tempo de trabalho quer dizer
que serão engarrafados mais refrigerantes (direta) e 2 1
se aumentar o tempo de trabalho quer dizer que são 8
=
4
menos máquinas trabalhando (inversa).
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
4 5000 2
= # vamos multiplicar a fração por 100:
X 6000 3
2·X·5 = 4·6·3 1
10X = 72 x 100 = 25%
4
x = 7, 2 horas (7 horas + 0,2 horas = 7 horas + 0,2 ×
60 min = 7 horas e 12 minutos) 2. Soma e Subtração de Porcentagem
OBS: Para transformar horas em minutos, basta As operações de soma e subtração de porcenta-
multiplicarmos o número por 60 min. Logo, 0,2 horas gem são as mais comuns. É o que acontece quando
= 0,2 x 60 = 120/10 = 12 min. Resposta: Letra C. se diz que um número excede, reduziu, é inferior ou 129
é superior ao outro em tantos por cento. A grandeza A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
inicial corresponderá sempre a 100%. Então, basta está errada. Resposta: Errado.
somar ou subtrair o percentual fornecido dos 100% e
multiplicar pelo valor da grandeza. 2. (CESPE - 2019) Na assembleia legislativa de um esta-
Exemplo 1: do da Federação, há 50 parlamentares, entre homens
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula. e mulheres. Em determinada sessão plenária estavam
Porém, com a publicação do edital, a escola precisou presentes somente 20% das deputadas e 10% dos
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de deputados, perfazendo-se um total de 7 parlamenta-
horas-aula do curso ao final? res presentes à sessão.
Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o bleia legislativa, havia
aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% +
15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total a) 10 deputadas.
de horas-aula do curso será: b) 14 deputadas.
(1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula c) 15 deputadas.
d) 20 deputadas.
Dica e) 25 deputadas.
a) 45,2%.
b) 46,5%.
EXERCÍCIOS COMENTADOS c) 47,8%.
d) 48,4%.
1. (CESPE - 2020) Em determinada loja, uma bicicleta é e) 49,3%.
vendida por R$ 1.720 à vista ou em duas vezes, com
uma entrada de R$ 920 e uma parcela de R$ 920 com Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a
vencimento para o mês seguinte. Caso queira ante- prova.
cipar o crédito correspondente ao valor da parcela, a Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe-
lojista paga para a financeira uma taxa de antecipação res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar
correspondente a 5% do valor da parcela. o percentual dos homens pelo total:
Com base nessas informações, julgue o item a seguir. 55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou
Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan- 0,55 x 0,88 = 0,484.
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês. Transformando em porcentagem
0,484 x 100 = 48,4%. Resposta: Letra D.
( ) CERTO ( ) ERRADO
4. (FCC - 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevistados
Valor da bicicleta =1720,00 preferem suco de graviola e 50% suco de açaí. Se 15%
Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela) dos entrevistados gostam dos dois sabores, então,
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00 a porcentagem de entrevistados que não gostam de
(entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00) nenhum dos dois é de
No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja
800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00 a) 80%.
(juros) e dividir por 800,00 resultado: b) 61%.
130 120,00/800,00 = 0,15% ao mês. c) 20%.
d) 10%. Veja o exemplo abaixo:
e) 5%.
2, 4, 6, 8,...
Vamos dispor as informações em forma de conjun-
tos para facilitar nossa resolução: A primeira pergunta que podemos fazer para
achar a lei de formação é: os números estão aumen-
Graviola Açai
tando ou diminuindo?
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
operações de soma ou multiplicação entre os termos.
60% – 15% = 15% 50% – 15% = Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8,.. Do
primeiro termo para o segundo, somamos o número
45% 35% dois e depois repetimos isso.
Nenhum = X
2+2=4
4+2=6
Vamos somar todos os valores e igualar ao total que
6+2=8
é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100%
95% + X = 100%
X = 5%. Resposta: Letra E. Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
pois 8+2 = 10.
5. (FUNCAB - 2015) Adriana e Leonardo investiram R$ Caso os números estejam diminuindo, você pode
20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez entre os termos.
meses. O restante foi investido em uma aplicação, Agora, observe esta outra sequência:
que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante
o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas 2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
no sistema de juros simples.
Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
tiveram: a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per-
cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-
a) prejuízo de R$2.800,00. cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
b) lucro de R$3.200,00. 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encon-
c) lucro de R$2.800,00. trado deve ser capaz de explicar TODA a sequência!
d) prejuízo de R$6.000,00 Neste caso, estamos diante dos números primos! Sim,
e) lucro de R$5.000,00. aqueles números que só podem ser divididos por eles
mesmos ou então pelo número 1. No caso, o próximo
3/5 de 20.000,00 = 12.000,00 seria o 17, e não o 15. A propósito, os próximos núme-
12.000,00 · 4% = 480,00 ros primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
480 · 10 (meses) = 4.800 (juros)
O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli- SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS
cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao
mês, durante 10 meses:
É bem comum aparecem questões que envolvem
8.000,00 · 5% = 400,00
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
400 · 10 meses= 4.000
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
te exemplo:
4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros.
Resposta: Letra C. 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
dizer que temos uma sequência que, de um número
REGULARIDADES E PADRÕES EM para outro, devemos somar 2 unidades e também
podemos notar que temos a sequência que, de um
SEQUÊNCIAS
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
Esse tema é cobrado de uma maneira que ao mes- 2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
mo tempo que pode parecer fácil, pode ser bem com-
plicado. Descobrir a lei de formação ou padrão da PROGRESSÃO ARITMÉTICA E PROGRESSÃO
sequência é o seu principal objetivo, pois nas ques- GEOMÉTRICA
tões sobre sequências/raciocínio sequencial, você
será apresentado a um conjunto de dados dispostos Progressão Aritmética
de acordo com alguma “regra” implícita, alguma lógi-
ca de formação. O desafio é exatamente descobrir Uma progressão aritmética é aquela em que os
essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
daquela mesma sequência. tante, normalmente representada pela letra r. 131
Dica Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
Termo inicial: valor do primeiro número que lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
compõe a sequência; que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
Razão: regra que permite, a partir de um termo, Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
obter o seguinte. te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
Observe o exemplo abaixo: temos:
Logo,
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes
an = a1 + (n-1)r
entre os números 23 e 125 é:
a10 = 1 + (10-1)2
a10 = 1 + 2x9
a) 25
a10 = 1 + 18
b) 26
a10 = 19 c) 27
d) 28
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na e) 24
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o últi-
posição 200 é: mo é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma
PA de razão igual a 4. Então, temos as seguintes
an = a1 + (n-1)r informações:
a200 = 1 + (200-1)2
a1 = 24
a200 = 1 + 2x199
an = 124
a200 = 1 + 198
a200 = 199 r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para
obter os múltiplos).
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PA Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
encontrar a quantidade de elementos (múltiplos):
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos an = a1 + (n-1)r
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: 124 = 24 + (n – 1)4
124 = 24 + 4n – 4
n # (a1 + an) 124 – 24 + 4 = 4n
132 Sn =
2
104 = 4n Manoel não é atleta profissional, ele planeja completar
n = 26 o percurso no tempo máximo exato, aumentando de
uma quantidade constante, a cada minuto, a distância
Resposta: Letra B. percorrida no minuto anterior. Nesse caso, se Manoel,
seguindo seu plano, correr 125 metros no primeiro
2. (FCC – 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em minuto e aumentar de 11 metros a distância percorri-
4 dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá da em cada minuto anterior, ele completará o percurso
em cada dia será diferente e formará uma progressão no tempo regulamentar.
aritmética de razão igual a − 24. A média de quilôme-
tros que Rodrigo percorrerá por dia é igual a 310 km. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Desse modo, é correto concluir que o número de quilô-
metros que Rodrigo percorrerá em seu quarto e último Veja que no primeiro minuto ele percorre 125
dia de viagem será igual a metros, no segundo 125 + 11 = 136 metros, no ter-
ceiro 125 + 2×11 = 147 metros, e assim por diante.
a) 334. Estamos diante de uma progressão aritmética (PA)
b) 280. de termo inicial a1 = 125 e razão r = 11. O décimo
c) 322. primeiro termo (correspondente ao 11º minuto) é:
d) 274. an= a1 + (n-1).r
e) 310. a11 = 125 + (11 – 1).11
a11 = 125 + 110 = 235 metros
Primeiro devemos achar o a1, para depois acharmos A soma das distâncias percorridas nos 11 primeiros
o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para minutos é dada pela fórmula da soma dos termos
podermos substituir na média. Usando a fórmula da PA:
do termo geral:
n # (a1 + an)
r = -24 Sn =
2
an= a1 + (n-1).r 11 # (125 + 235)
S11 =
Achando a1: 2
11 # 360
a1 = a1 + (1-1).r S11 =
2
a1 = a1 S11 = 180 · 11
S11 = 1.980
Colocando a2 em função de a1:
A distância total percorrida é menor do que 2.000
a2= a1+ (2-1)r
metros. Logo, Manoel não completará o percurso no
a2 = a1 + r
tempo regulamentar de 11 minutos. Resposta: Errado.
Colocando a3 em função de a1:
4. (FCC – 2017) Em um experimento, uma planta recebe
a3= a1+ (3-1)r
a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebi-
a3 = a1 + 2r
do no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas
Colocando a4 em função de a1: de água, no 1° dia do experimento ela recebeu
a4 = a1 + (4-1)r
a) 64 gotas.
a4 = a1 + 3r
b) 49 gotas.
Substituindo na fórmula da média aritmética: c) 59 gotas.
d) 44 gotas.
(a1 + a2 + a3 + a4 )/4 = 310 e) 54 gotas.
(a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) / 4 = 310
4 a1 + 6r = 310 . 4
Já sabemos que a razão é r = 5 e que o a65 = 374,
4 a1 + 6. (-24) = 1240
então, o a1 é dado por:
4 a1 - 144 = 1240
a1 = 346 a65= a1 + (n-1).r RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
374 = a1 + (65-1)5
Encontrando a4:
374 = a1 + 64 x 5
a4= 346 + (4-1).r 374 = a1 + 320
a4= 346 + 3r a1 = 54 gotas.
a4= 346 + 3. (-24)
Resposta: Letra E.
a4 = 274
Resposta: Letra D. 5. (CESPE – 2014) Em determinado colégio, todos os 215
alunos estiveram presentes no primeiro dia de aula; no
3. (CESPE – 2017) Em cada item a seguir é apresentada segundo dia letivo, 2 alunos faltaram; no terceiro dia,
uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a 4 alunos faltaram; no quarto dia, 6 alunos faltaram, e
ser julgada, a respeito de modelos lineares, modelos assim sucessivamente.
periódicos e geometria dos sólidos. Com base nessas informações, julgue os próximos
Manoel, candidato ao cargo de soldado combatente, itens, sabendo que o número de alunos presentes às
considerado apto na avaliação médica das condições aulas não pode ser negativo.
de saúde física e mental, foi convocado para o teste No vigésimo quinto dia de aula, faltaram 50 alunos.
de aptidão física, em que uma das provas consiste em
uma corrida de 2.000 metros em até 11 minutos. Como ( ) CERTO ( ) ERRADO 133
P.A. (215, 213, 211, 209,..., a25) Soma dos infinitos termos de uma progressão
Termo Geral da P.A. geométrica
Termo geral da PG
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a soma 2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G.
dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8, 16, 32...} (progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo
4 12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a:
2 # (2 - 1)
S4 =
2-1 a) 324
2 # (16 - 1) b) 36
S4 = 1 c) 108
2 # 15 d) 216
S4 = 1
S4 = 30 Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto
termos, devemos usar a fórmula do termo geral da
PG. Veja:
134 a4 = a2 × q4-2
a4 = 12 × 32 1936 = 242a1
a4 = 12 × 9
a4 = 108 a1 = 1936 / 242
Resposta: letra C.
a1 = 8
3. (IDECAN – 2014) Observe a progressão geométrica Resposta: Letra E.
(P.G.) e assinale o valor de y.
CUAJ CJAU AUCJ ... Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes-
soas nas cadeiras de uma praça, mas tinhamos apenas
Desta maneira, o número de anagramas é 4! = 3 cadeiras à disposição. De quantas formas podería-
4·3·2·1 = 24 anagramas. mos fazer isso?
Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí-
Dica veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei-
ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi
ANAGRAMA é a ordenação de maneira distin- utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira
ta das letras que compõem uma determinada cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas
136 palavra. restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas
em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de C(4, 3) =
4·3·2·1
formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada 1·3·2·1
pela multiplicação abaixo: C(4, 3) = 4
Formas de organizar 5 pessoas em 3 cadeiras = 5 · 4 ·
3 = 60
O exemplo acima é um caso típico de ARRANJO Dica
SIMPLES. Sua fórmula é dada abaixo: No ARRANJO a ordem importa.
Na COMBINAÇÃO a ordem não importa
n!
A(n, p) =
(n - p) !
Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele-
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde EXERCÍCIOS COMENTADOS
a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade
da outra. 1. (VUNESP – 2016) Um Grupamento de Operações
Observe a resolução do nosso exemplo usando a Especiais trabalha na elucidação de um crime. Para
fórmula: investigações de campo, 6 pistas diferentes devem
ser distribuídas entre 2 equipes, de modo que cada
5! 5!
= 5·4·3·2·1 = 60
equipe receba 3 pistas. O número de formas diferen-
A(5, 3) = =
(5 - 3) ! 2! 2·1 tes de se fazer essa distribuição é
Uma outra informação muito importante é que nos
a) 6.
problemas envolvendo ARRANJO SIMPLES a ordem
b) 10.
dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente
c) 12.
de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as
d) 18.
5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme-
e) 20.
ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as
pessoas na praça:
Vamos descobrir o número de formas de escolher 3
pistas em 6, visto que ao escolher 3 pistas, restarão
CADEIRA 1ª 2ª 3ª outras 3 pistas que vão compor o outro grupo de
OCUPANTE Ana Bianca Clara pistas. Dessa maneira, de quantas formas podemos
escolher 3 pistas em um grupo de 6? Aqui a ordem
Perceba que Daniele e Esmeralda ficaram em pé não é relevante, então, vamos usar a combinação:
nessa disposição. C(6, 3)= 6! 6 · 5 · 4 · 3! = 6·5·4
=
(6 - 3) !3! 3!3! 3!
A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti- Qual seria a probabilidade de, em dois lançamen-
ca que cria modelos que são utilizados para estudar tos consecutivos do dado, obtermos um resultado
138
ímpar em cada um deles? Veja que temos dois expe- A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocor-
rimentos independentes ocorrendo: o primeiro lança- rer, dado que B ocorreu, é a divisão entre a proba-
mento e o segundo lançamento do dado. O resultado bilidade de A e B ocorrerem simultaneamente e a
do primeiro lançamento em nada influencia o resulta- probabilidade de B ocorrer. Para que A e B ocorram
do do segundo.
simultaneamente (resultado ímpar e inferior a 4), te-
Quando temos experimentos independentes, a
mos como possibilidades o resultado igual a 1 e 3. Isto
probabilidade de ter um resultado favorável em um e
um resultado favorável no outro é feito pela multipli- é, apenas 2 dos 6 resultados nos atende. Logo, P (A∩B)
cação das probabilidades de cada experimento: = 2 =1.
6 3
P(2 lançamentos) =P(lançamento 1) · P(lançamento 2) Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos
3 1
Em nosso exemplo, teríamos: que 3 resultados atendem. Portanto, P (A∩B) = = .
6 2
Usando a fórmula acima, temos:
P(2 lançamentos) =0,50 0,50 = 0,25 = 25%
1
P (A + B) 3 = 1 2 = 2 = 66,6%
Assim, a chance de obter dois resultados ímpares P (A\B) = = ·
em dois lançamentos de dado consecutivos é de 25%. P (B) 1 3 1 3
Generalizando, podemos dizer que a probabilidade de 2
dois eventos independentes A e B acontecerem é dada
pela multiplicação da probabilidade de cada um deles: PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS
PROBABILIDADE CONDICIONAL
A fórmula pode ser traduzida como “a proba-
bilidade da união de dois eventos é igual a soma das
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem
recorrente em questões de concursos. Imagine que probabilidades de ocorrência de cada um dos eventos,
vamos lançar um dado, e estamos analisando 2 even- subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois
tos distintos: eventos simultaneamente”.
A – sair um resultado ímpar Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-
B – sair um número inferior a 4 tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
Para o evento A ser atendido, os resultados favo- (A) + P (B).
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi-
numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
damente a probabilidade de cada um desses eventos:
acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
3 1 plo de 3 ou de 5?
P(A) = = 0,5 = 50% Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e
6 2
isso nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sen-
3 1
P(B) = = 0,5 = 50% do assim, podemos extrair os dados para aplicar na
6 2
fórmula:
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento:
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per- P(A) =
6
gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o 20
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre- P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”. Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades
Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Por- 4
tanto, o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3 P(B) =
20
(três resultados possíveis). Destes resultados, apenas P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo
dois deles (o resultado 1 e 3) atendem o evento A. Por-
de 3 e 5
tanto, a probabilidade de A ocorrer, dado que B ocor-
reu, é simplesmente: Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo
tempo.
2 1
P (A\B) = = 66,6% P(A ∩ B) =
3 20
Aplicando na fórmula, temos:
Uma outra forma de calculá-la é através da seguin-
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)
te divisão:
6 4 - 1 6+4-1 9
P (A k B) P (A ∪ B) = + = =
P (A\B) = 20 20 20 20 20 139
P (B)
PROBABILIDADE DA INTERSEÇÃO DE DOIS houver chuva. Nessas condições, a probabilidade de
EVENTOS que a operação ocorra no dia programado é de
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018)
DIA
1 2 3 4 5
X (QUANTIDADES
DIÁRIA DE DROGAS 10 22 18 22 28
APRESENTADAS, EM KG)
( ) CERTO ( ) ERRADO
A primeira coisa a ser feita é dispor os termos em O primeiro gráfico é um gráfico de colunas ou de
ordem crescente. Ou seja, 18, 20, 20, 25, 30, 36, 39, barras. O segundo gráfico é um gráfico de setores,
41, 41, 41, 45, 47, 50, 52. que também é chamado de “gráfico de pizza”. O
Quando o número de termos é par, precisamos terceiro gráfico é um gráfico de linha. Utilizamos o
tirar a média entre as posições centrais para poder- gráfico de linha para representar séries temporais.
mos achar a mediana. Temos 14 números, então,
142 é um número par. Assim, a mediana será a média Resposta: Letra C.
CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
1,50 | - 1,60 33
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E 1,60 | - 1,70 17
GRÁFICOS APRESENTADOS EM DIFERENTES 1,70 | - 1,80 13
LINGUAGENS E REPRESENTAÇÕES
1,80 | - 1,90 17
A apresentação de dados estatísticos por meio de
tabelas e gráficos fazem parte do ramo da Estatística O símbolo “|” significa que o valor que se encontra
Descritiva. Esta tem por objetivo descrever um con- ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50
junto de dados, resumindo as suas informações prin- | - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a
cipais. Para isso, as tabelas e gráficos estatísticos são 1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas-
ferramentas muito importantes.
se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
contabilizadas.
Tabelas
Veja abaixo novamente a última tabela, agora
Para descrever um conjunto de dados, um recurso com a coluna de frequências absolutas acumuladas à
muito utilizado são tabelas, como essa abaixo, refe- direita:
rente à observação da variável “Sexo dos moradores
de São Paulo”: FREQUÊNCIAS AB-
FREQUÊNCIAS
CLASSE SOLUTAS ACUMU-
(FI)
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi) LADAS (FCA)
Masculino 34 1,50 | - 1,60 33 33
Feminino 26
1,60 | - 1,70 17 50
Observe que na coluna da esquerda colocamos as 1,70 | - 1,80 13 63
categorias de valores que a variável pode assumir, ou 1,80 | - 1,90 17 80
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
camos o número de Frequências, isto é, o número de A coluna da direita exprime o número de indiví-
observações (ou repetições) relativas a cada um dos
duos que se encontram naquela classe ou abaixo dela.
valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
Ou seja, o número acumulado de frequências do valor
60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior
Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
mos ainda representar as frequências relativas (per- daquela classe. Perceba que, para obter o número 50,
centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da
60 são 43,33%. Portanto, teríamos: classe 1,50| - 1,60). Isto é, podemos dizer que 50 pes-
soas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior
da última classe). Analogamente, 63 pessoas possuem
FREQUÊNCIAS
VALOR DA VARIÁVEL altura inferior a 1,80m.
RELATIVAS (Fri)
Masculino 56,67% Gráficos Estatísticos
Feminino 43,33%
Uma outra maneira muito utilizada para a Estatís-
Note que a frequência relativa é dada por Fi / n, tica Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns
onde Fi é o número de frequências de determinado tipos.
valor da variável, e n é o número total de observações.
Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
Colunas ou barras justapostas
pode assumir um grande número de valores distintos.
Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos-
moradores de Campinas”: RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
tas para dados agrupados por valor ou por atributo.
Vamos supor que estamos interessados nas idades de
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as
1,51m 12
respectivas frequências.
1,54m 17
1,57m 4
1,60m 2
1,63m 10
1,67m 5
1,75m 13
1,81m 15
1,89m 2
SALÁRIOS EM
FREQUÊNCIA
MILHARES DE REAIS
10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13
25 - 30 7
Gráfico de Setores (ou de pizza) Esses dados podem ser resumidos com um histo-
grama, como mostra o gráfico a seguir.
Esse gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
mente a relação com o total de observações. Vamos
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico
de pizza.
Média Aritmética
5+10+15+20+50 100
X= = = 20.
5
5
1,64 7
1,71 10
Interpretando a fórmula, temos uma lista de
1,77 15
números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2,
p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada 1,80 5
pela fórmula apresentada acima.
Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular 1,81 2
para Engenharia e realizou provas de
Matemática, Física, Química, História e Biologia. 1,89 1
Suponha que o peso de Matemática seja 4, de Física
seja 4, de Química seja 2, de História seja 1 e de Bio- Na tabela acima, a maior frequência (15) está asso-
logia seja 1. Suponha ainda que o estudante obteve as ciada à altura 1,77. Portanto, a moda é 1,77.
seguintes notas:
Mediana
MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)
Uma outra medida que estudamos em Estatística
Matemática 9,7 4
é a mediana (ou valor mediano), que é definida como
Física 8,8 4 número que se encontra no centro de uma série de
números, estando estes de forma organizada segundo
Química 7,3 2
um padrão. Ou seja, é o valor situado de tal forma no
História 6,0 1 conjunto que o separa em dois subconjuntos de mes-
mo número de elementos. Veja os exemplos abaixo.
Biologia 5,7 1
A: {2;2;3;8;9;9} = a mediana é 3.
B: {1;5;5;7;8;9;9;9} = a mediana é a média entre os
Vamos calcular a média ponderada das notas des- dois termos centrais, ou seja, (7+8)/2 = 7,5.
se aluno: Agora, observe esse outro exemplo abaixo e perce-
ba que os dados não estão ordenados.
9,7 × 4 + 8,8 × 4 + 7,3×2 + 6,0×2 + 5,7×1 C: {2;3;3;7;6;6;8;5;5;5}
X= Para acharmos a mediana é necessário ordenar
4+4+2+1+1 os números primeiro e depois fazer a média entre os
dois termos centrais, pois o número de elementos é
38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7 par. Vejamos:
X= C: {2;3;3;5;5;5;6;6;7;8} = a mediana é a média entre
5
os termos centrais, ou seja, (5+5)/2 = 10.
100,3
X= =20,06 Dica
5
Moda = elemento(s) que mais aparece(m).
Mediana = elemento central de um conjunto de RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
Moda números.
� Se a quantidade de elementos for ímpar, então,
A moda é definida como sendo aquele valor ou
a mediana é o termo do centro.
valores que ocorrem com maior frequência em um
rol. É interessante saber que a moda pode não existir � Se a quantidade de elementos for par, então,
e, quando existir, pode não ser única. Veja os exem- a mediana será a média entre os dois elementos
plos abaixo: centrais.
A: {1;1;2;3;3;4;5;5;5;7} = Mo = 5
B: {3;4;6;8;9;11} = não tem moda Desvio
C: {2;3;3;3;5;6;6;7;7;7;8;9;10} = tem duas modas, ou
seja, M1 = 3 e M2=7. Vejamos o seguinte conjunto de dados X = {x1, x2, x3,
… xn} e um número real qualquer m. O desvio de um
Caminhando um pouco mais dentro do nosso
estudo de Estatística, vejamos agora um exemplo de número qualquer do conjunto X em relação ao núme-
quando temos os dados dispostos em uma tabela com ro m é a diferença entre eles, que pode ser represen-
frequências e não agrupados em classes. Quando isso tada pela fórmula:
acontece, a localização da moda é imediata, bastando di = xi – m 145
Dica Algo que é importante de se lembrar e precisa ser
explanado é que quando os dados estiverem agrupa-
� A soma dos desvios tomados em relação à
dos, precisamos calcular a média ponderada dos des-
média aritmética é sempre nula.
vios, em que os pesos são as frequências. Veja como
� A soma dos quadrados dos desvios é mínima fica a fórmula:
quando os desvios são calculados em relação à
média aritmética.
� A soma dos módulos (valores absolutos) dos
desvios é mínima quando os desvios são calcu-
lados em relação à mediana.
O cálculo do desvio médio com dados agrupados é
Vamos analisar uma questão de concurso para feito multiplicando cada desvio (em módulo) pela sua
sabermos como esse assunto é cobrado. respectiva frequência, somando os resultados e divi-
dindo por n.
Variância
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (VUNESP – 2015) Uma pequena empresa que empre-
ga apenas cinco funcionários paga os seguintes salá-
rios mensais (em mil reais):
a) 2,00.
O desvio médio é uma medida de dispersão que b) 1,83.
146 leva em consideração todos os valores. c) 1,65.
d) 1,41. NÚMERO DE
e) 1,29. DIAS DA SEMANA FUNCIONÁRIOS
FALTANTES
Vamos calcular a média dos valores:
2ª feira 13
3ª feira 9
2+6+4+3+5
x = =4 4ª feira 6
5 5ª feira 18
Agora, vamos calcular a média dos quadrados: 6ª feira 23
DIA
1 2 3 4 5
X (QUANTIDADES
DIÁRIA DE DROGAS 10 22 18 22 28
APRESENTADAS, EM KG)
( ) CERTO ( ) ERRADO
Conjunto X
148
Podemos afirmar que no interior do círculo há Vamos analisar uma outra situação:
todos os elementos que pertencem (compõem) ao con-
junto X, já na parte externa do círculo, estão todos os X Y
elementos que não fazem parte de X, ou seja, “y” não
pertence ao conjunto X.
Dica
X–Y X∩Y Y–X
No gráfico acima podemos dizer que o elemento
“x” pertence ao conjunto X e o elemento “y” não
pertence.
Matematicamente, usamos o símbolo Є para indi- Nesta representação, podemos interpretar a região
car essa relação de pertinência. Isto é: x Є X, já o ele- X – Y (diferença de conjuntos) como sendo a região for-
mento “y” não pertence ao conjunto X, onde usamos o mada pelos elementos de X que não fazem parte do con-
símbolo ∉ para essa relação de não pertinência. Mate- junto Y. Veja o exemplo:
maticamente: y ∉ X.
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Complemento de um conjunto Y = {5, 6, 7, 9, 10}
X – Y = basta tirar de X os elementos que estão nele
O complemento de X é o conjunto formado por e também em Y, ou seja,
todos os elementos do Universo e o elemento “y” faz
X – Y = {2, 3, 4, 8}
parte dele, claro que com exceção daqueles que estão
presentes em X. Representamos o complemento, ou Já no caso da região Y – X, temos:
complementar, pelo símbolo XC. Podemos afirmar X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
que “y” não pertence a X, mas pertence ao conjunto Y = {5, 6, 7, 9, 10}
complementar de X: matematicamente: y Є XC. Y – X = {9, 10}
1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;
5 3. Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações);
Total = X 4. Preencha as demais informações no diagrama;
20 gostam de Matemática 5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos
envolvidos.
30 gostam de Português
10 gostam dos dois
Vamos a resolução:
10 gostam apenas de Matemática
20 gostam apenas de Português
1. Identifique os conjuntos;
5 não gostam de nenhuma 2. Represente em forma de diagramas;
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
Carol
RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
5
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
1. (CESPE – 2018) Determinado porto recebeu um gran-
diagramas:
de carregamento de frango congelado, carne suína
congelada e carne bovina congelada, para exporta- � 800 contêineres distribuição;
ção. Esses produtos foram distribuídos em 800 con- � 0 contêineres com os 3 produtos;
têineres, da seguinte forma: nenhum contêiner foi � 300 contêineres carne bovina;
carregado com os três produtos; 300 contêineres � 450 contêineres carne suína;
foram carregados com carne bovina; 450, com carne
� 100 contêineres com frango e carne bovina;
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína. � 150 contêineres com carne suína e carne bovina;
152 � 100 contêineres com frango e carne suína.
Bovina Frango A B
50 100 X
X 6 25 – 6 – x =
0
19 – x
150 100
200 Suína
C 5
Veja que exatamente 50 contêineres foram carrega-
dos somente com carne bovina. Resposta: Certo.
Dos 30 passageiros, são 25 que estiveram APENAS A escala é a razão constante entre qualquer gran-
em A ou B, de modo que os outros 5 passageiros esti- deza química ou física que possamos fazer uma com-
veram APENAS em C. Veja ainda que 6 passageiros paração, isso quando nos referimos às medidas de
estiveram A e B, de modo que os outros 19 estiveram áreas. Já quando estamos falando de um desenho
somente em um desses dois países. Logo, ou mapa, chamamos de escala cartográfica. É uma 153
relação matemática entre as dimensões apresenta- Podemos usar a seguinte classificação quanto ao
das no desenho e o objeto real por ele apresentado. É tamanho da representação:
importante lembrar que as dimensões devem ser sem- Escala natural: representada numericamente
pre usadas na mesma unidade. Podemos representar como 1:1 ou 1/1. É usada quando o tamanho do objeto
da seguinte forma: (físico) representado no plano é igual ao tamanho na
realidade.
Escala = medida no desenho : medida no objeto real Escala reduzida: quando o tamanho real é maior
do que a área representada em escala. Costuma ser
ou usada na geografia em mapas de territórios ou plantas
de habitações.
Escala = medida no desenho / medida no objeto real Escala ampliada: quando o tamanho gráfico é
maior do que o real. É usada para mostrar detalhes
Por exemplo, se um mapa apresenta a escala 1:30, mínimos de determinada área, principalmente de
significa que 1 cm no mapa é equivalente a 30 cm na espaços com tamanhos pequenos.
área real. Caso seja necessário indicar que cada cen-
tímetro de um mapa representa 1 metro na área real, Dica
utilizamos a escala 1:100 ou ainda 1/100. Repare que
convertemos 1 metro para centímetros (100 centíme- A escala é inversamente proporcional, ou seja,
tros), pois ambas as medidas precisam estar na mes- quanto maior a escala, menos detalhes há, pois
ma unidade. é menor a área representada no mapa e quanto
Geralmente as escalas aparecem em figuras ou menor a escala, maior a área representada no
mapas da seguinte maneira: mapa (mais detalhes).
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2020) Maurício desenhou um mapa com
um percurso partindo da empresa em que trabalha até o
local onde será realizada uma festa para os funcionários.
Nesse mapa, 1 cm corresponde a 2 km de distância real.
Se no mapa o percurso é de 12 cm, a distância real é de
a) 240 km.
b) 200 km.
c) 122 km.
d) 50 km.
e) 24 km.
a) 140 km
b) 285, 7 km
c) 310 km
d) 1400 km
1 cm ------------- 200 km
7cm -------------- x km
x = 7 . 200
x = 1400 km
Resposta: Letra D.
A
P
155
z Pontos colineares são aqueles que pertencem à Reta s
s
mesma reta.
Segmento de Reta AB
C A B t
B
A B Semirreta AB
A B u
A c
r
COLINEARES Feixe de Retas Paralelas
r
NÃO COLINEARES
Um conjunto de três ou mais retas paralelas num
plano é chamado feixe de retas paralelas. Temos, ain-
z Um plano pode ser determinado de algumas da, uma reta que corta a reta de feixe que é chamada
maneiras. Veja: de reta transversal. Veja:
C α a
B c
A
A D a
z Por duas retas concorrentes
B E
b
α
C F
c
S C
D G
d
r A B
Ângulos
S
Ângulo é a medida de uma abertura delimitada
r por duas semi-retas. Veja na figura abaixo o ângulo
A, que é a abertura delimitada pelas duas semi-retas
desenhadas:
Razão entre Segmentos de Reta
A
C
D
Como 360 representam uma volta completa, 180º
o
representam meia-volta, como você pode ver abaixo: Os ângulos formados pelo cruzamento das retas
são denominados ângulos opostos pelo vértice e tem
180° o mesmo valor. Ou seja, A = C e B = D.
Os ângulos A e B são suplementares, pois a soma
entre eles é de 180o, assim como a soma dos ângulos B
e C, C e D, e D e A.
C D J
K L
z a soma do ângulo interno e do ângulo externo de
um mesmo vértice é igual a 180º; Veja que podemos colocar o ângulo “a” como
z a soma dos ângulos internos de um polígono de n suplementar de 115°, pois os segmentos KL e DE são
lados é: paralelos. Assim como o ângulo 55° é suplementar do
ângulo “x”. Assim,
S = (n – 2) × 180°
a + 115 = 180
Dica a = 65º
A soma dos ângulos internos de um triângulo (n = ------------------
3) é 180º e nos quadriláteros (polígonos de 4 lados) x + 55 = 180
esta soma é 360º. x = 125º
Logo, x + a = 190º. Resposta: Letra D.
Os polígonos que possuem todos os lados iguais
e todos os ângulos internos iguais (congruentes) são 2. (CONSULPLAN – 2018) A soma dos ângulos internos
chamados de polígonos regulares. Conheça algumas de um polígono regular que tem 20 diagonais é
nomenclaturas dos principais polígonos regulares e
os seus números de lados. a) 495
b) 720
Nº DE Nº DE c) 990
NOME NOME
LADOS LADOS d) 1080
3 Triângulo 9 Eneágono
Vamos aplicar a fórmula das diagonais de um polí-
4 Quadrilátero 10 Decágono
gono para descobrir o número de lados:
5 Pentágono 11 Undecágono
6 Hexágono 12 Dodecágono n # (n - 3)
D=
7 Heptágono ... ... 2
2
n - 3n
8 Octógono 20 Icoságono 20 =
2
40 = n2 - 3n
n2 – 3n - 40 = 0
3 ± √9 + 160
n=
x
2
D E
115°
3 ± 13
n=
2
a 55°
K L
Como “n” é o número de diagonais, precisamos ape-
158 A soma dos valores dos ângulos “x” e “a” é nas pegar o resultado positivo. Logo,
n=
3 + 13
= 8 lados
MÉTRICA
2
ÁREAS, VOLUMES, ESTIMATIVAS E APLICAÇÕES
β
Km hm dam m dm cm mm
(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (mlímetro)
θ
s
×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10
Se o ângulo α mede 44°30’ e o ângulo θ mede 55°30’,
então a medida do ângulo β é:
Km hm dam m dm cm mm
a) 100°.
b) 55°30’. :10 :10 :10 :10 :10 :10
c) 60°.
d) 44°30”. Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros.
e) 80°. Para sair do metro e chegar no centímetro deve-
mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas
r casas até chegar em centímetro. Logo,
α
5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm.
4. (ESAF – 2003) Os ângulos de um triângulo encontram- Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
-se na razão 2 : 3 : 4. O ângulo maior do triângulo, por- quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
tanto, é igual a:
×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100
a) 40°
b) 70°
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
c) 75°
d) 80°
e) 90° :100 :100 :100 :100 :100 :100
b
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3. Chamamos o lado “b” maior de base, e o lado
Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro menor “h” de altura.
cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000), Área do Retângulo
pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro Para calcularmos a área, vamos fazer a multiplicação
cúbico. Logo, de sua base (b) pela sua altura (h), conforme a fórmula:
5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3.
A=b×h
Veja agora algumas relações interessantes e que
você precisa ter em mente para resolver a diversas
Exemplo: um retângulo com 10 centímetros de
questões.
lado e 5 centímetros de altura, a área será:
1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2) Nada além de um retângulo no qual a base e a altu-
ra têm o mesmo comprimento, ou seja, todos os lados
Medidas de Tempo do quadrado têm o mesmo comprimento, que chama-
remos de L. Veja:
Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu-
to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como L
se faz a relação nessa unidade:
Para transformar de uma unidade maior para a
unidade menor, multiplica-se por 60. Veja:
1 hora = 60 minutos L L
4 h = 4 x 60 = 240 minutos
Para transformar de uma unidade menor para a
unidade maior, divide-se por 60. Veja:
20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h. L
Para medir ângulos a unidade básica é o grau.
Temos as seguintes relações: A área também será dada pela multiplicação da
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) base pela altura (b x h). Como ambas medem L, tere-
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) mos L x L, ou seja:
Aqui vale fazer uma observação que os minutos e
os segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema A = L2
(hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes,
mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja: Trapézio
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um ins-
tante do dia. Temos um polígono com 4 lados, sendo 2 deles
paralelos entre si, e chamados de base maior (B) e
160 1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. base menor (b). Temos, também, a sua altura (h) que
é a distância entre a base menor e a base maior. Veja Triângulo
na figura abaixo:
Trata-se de uma figura geométrica com 3 lados.
b Veja-a abaixo:
a c
B
(B + b) # h b
A=
2
Losango Para calcular a área do triângulo, é preciso conhe-
cer a sua altura (h):
É um polígono com 4 lados de mesmo comprimen-
to. Veja abaixo:
L L
a c
L L h
D b#h
L L A=
2
A A
b
C
A área do paralelogramo também é dada pela mul-
tiplicação da base pela altura: Triângulo escaleno: é o triângulo que possui os
três lados com medidas diferentes, tendo tam-
A=b×h bém os três ângulos internos distintos entre si: 161
a B h
c b c
C n m
A
C H B
b
a
h2 = m×n
b2 = m×a
c2 = n×a
A b×c = a×h
a a
Essas fórmulas são chamadas de relações métricas
do triângulo retângulo.
A A
Círculo
a
Todos os pontos estão a uma mesma distância em
Podemos calcular a altura usando a seguinte fórmula: relação ao centro do círculo ou circunferência. Cha-
mamos de raio e geralmente é representada por “r”.
Veja na figura abaixo:
a 3
h=
2
B
c
A área de um círculo é dada pela fórmula: A = π ×
a
r2. Na fórmula, a letra π (“pi”) representa um número
irracional que é, aproximadamente, igual a 3,14.
A Vejamos um exemplo para calcular a área de um
círculo com 10 centímetros de raio:
b
A = π × r2
Temos as seguintes nomenclaturas para cada lado A = π × (10)2
A = π × 100
do triângulo. Veja: Substituindo π por 3,14, temos:
O ângulo marcado com um ponto é o ângulo reto A = 3,14×100 = 314cm2
(90º). Oposto a ele temos o lado “c” do triângulo, que
chamaremos de hipotenusa. Já os lados “a” e “b”, que O perímetro de uma circunferência que é a mesma
coisa que o comprimento da circunferência, é dado por:
são adjacentes ao ângulo reto, são chamados de catetos.
O Teorema de Pitágoras nos dá uma relação entre C=2×π×r
a hipotenusa e os catetos, dizendo que a soma dos
quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipote- Para exemplificar, agora vamos calcular o períme-
tro daquela circunferência com 10cm de raio:
nusa: a = b + c .
2 2 2
GEOMETRIA ESPACIAL
Poliedros
c a
Repare na figura abaixo.
b
A a a
V = a × a × = a3
Note que formamos uma região delimitada dentro do
círculo. Essa região é chamada de setor circular. Temos Dica
ainda um ângulo central desse setor circular simbolizado
por α. Com base neste ângulo, conseguimos determinar a As faces do paralelepípedo são retangulares,
área do setor circular e o comprimento do segmento de enquanto as faces do cubo são todas quadradas.
círculo compreendido entre os pontos A e B.
Sabemos que o ângulo central de uma volta com- A área total do cubo é a soma das 6 faces quadra-
pleta no círculo é 360º. E também sabemos a área des- das. Ou seja,
ta volta completa, que é a própria área do círculo ( π ×
AT = 6a2
r2). Vejamos como calcular a área do setor circular, em
função do ângulo central “α”:
Agora no paralelepípedo reto-retângulo temos 2 RACIOCÍNIO-LÓGICO-MATEMÁTICO
retângulos de lados (a, b), dois retângulos de lados (b,
360° ---------------------- π × r2
c) e dois retângulos de lados (b, c). Portanto, a área
α ------------------------- Área do setor circular
total de um paralelepípedo é:
Logo,
AT = 2ab + 2ac + 2bc
2
a # rr Prismas
Área do setor circular =
360c
Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles
Usando a mesma ideia, podemos calcular o com- que tem as arestas laterais perpendiculares às bases.
primento do segmento circular entre os pontos A e B, Os prismas são figuras espaciais bem parecidas com
cujo ângulo central é “α” e que o comprimento da cir- os cilindros. O que os difere é que a base de um prisma
cunferência inteira é 2 πr. Confira abaixo: não é uma circunferência.
O prisma será classificado de acordo com a sua
360° --------------- ------ 2 πr base. Por exemplo, se a base for um pentágono, o pris-
α -------------------------- Comprimento do setor circular ma será pentagonal. 163
Prisma Prisma Prisma Prisma
triangular pentagonal hexagonal quadrangular
AT = Al + 2Ab 4
V= # 3
3 rr
Cilindro
E a área da superfície pela fórmula abaixo:
Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são
perpendiculares às bases. Observe a figura abaixo: A = 4 × πr2
Cone
base (círculo)
Altura
Geratriz Geratriz
H H
R C
R
R
A área da superfície lateral do cilindro é igual a
2πℎ. Temos, também, a área lateral é dada pela fórmula
E o volume do cilindro é o produto da área da base πrg , onde “g” é o comprimento da geratriz do cone.
pela altura: V = πr2 × ℎ. Para calcularmos o volume de um cone, basta
sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área
Esfera
da base pela altura. Veja:
Quando estamos estudando a esfera, precisamos 2
lembrar que tudo depende e gira em torno do seu raio, rr h
V=
164 ou seja, é o sólido geométrico mais fácil de trabalhar. 3
Dica Veja:
Pirâmides
×
pirâmide pirâmide pirâmide
triangular quadrangular pentagonal
× + 20
2,5
4. (IBFC – 2017) A alternativa que apresenta o número O volume total do reservatório é de 4 + 3,5 = 7,5m3.
total de faces, vértices e arestas de um tetraedro é: Usando a fórmula para calcular o volume, ou seja,
Volume = comprimento x largura x altura
a) 4 faces triangulares, 5 vértices e 6 arestas
b) 5 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas 7,5 = 2,5 x 2 x h
c) 4 faces triangulares, 4 vértices e 7 arestas 3=2xh
d) 4 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas h = 1,5m
e) 4 faces triangulares, 4 vértices e 5 arestas Resposta: Letra B.
8 B
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 D
12. (CESPE - 2020) Considere que, em determinado dia,
um computador seja ligado às 5 horas e desligado às 10 D
19 horas e que, nesse intervalo de tempo, a porcenta- 11 ERRADO
gem da memória desse computador que esteja sendo
utilizada na hora x seja dada pela expressão 12 D
13 D
14 ERRADO
15 CERTO
Nessa situação, no intervalo de tempo considerado, na
hora em que a memória do computador estiver sendo
mais demandada, a porcentagem utilizada será igual a
ANOTAÇÕES
a) 12%.
b) 20%.
c) 70%.
d) 80%.
e) 100%.
a) 95.
b) 90.
c) 84.
d) 60.
168 e) 50.
CONCEITO USO COMENTÁRIOS
Utiliza os mesmos
Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros
Internet
Padrão de Criptografia em
Usuário Modem Família TCP/IP
comunicação VPN
Internet
Provedor de Acesso
Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se A Internet é transparente para o usuário. Qual-
conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica quer usuário poderá acessar a Internet sem ter conhe-
cimento técnico dos equipamentos que existem para
A navegação na Internet é possível através da com- possibilitar a conexão.
binação de protocolos, linguagens e serviços, operan-
do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5
camadas ou 4 camadas).
A Internet conecta diversos países e grandes cen-
tros urbanos através de estruturas físicas chamadas
CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO
de backbones. São conexões de alta velocidade que DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS,
permitem a troca de dados entre as redes conectadas. APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS
O usuário não consegue se conectar diretamente no
ASSOCIADOS A INTERNET/INTRANET
backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou
uma operadora de telefonia através de um modem, e
FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS
a empresa se conecta na ‘espinha dorsal’.
DE NAVEGAÇÃO, DE CORREIO ELETRÔNICO,
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve DE GRUPOS DE DISCUSSÃO, DE BUSCA, DE
utilizar programas específicos para realizar a navega- PESQUISA, DE REDES SOCIAIS E FERRAMENTAS
ção e acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores. COLABORATIVAS
INFORMÁTICA
Servidor de e-mails
O Microsoft Outlook Express foi o cliente de Servidor de e-mails
e-mail padrão das antigas versões do Win-
dows. Ainda aparece listado nos editais de
concursos, porém não pode ser utilizado
nas versões atuais do sistema operacional. Receber – POP3 Receber IMAP4
Dica
Destinatário
Remetente
Cliente
Webmail
Quando o símbolo @ é usado no início, antes
Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
do nome do usuário, identifica uma conta em
(cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo rede social. Para o endereço URL do Instagram
(Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail, https://www.instagram.com/novaconcursos/, o
e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder nome do usuário é @novaconcursos.
os e-mails recebidos.
Gerentes ou Participantes convidados pelo proprie- A qualquer momento o usuário poderá desistir e
Moderadores tário para auxiliar na moderação das sair do grupo, tanto pela página como por um endere-
mensagens e gerenciamento do grupo. ço de e-mail próprio (unsubscribe).
A principal diferença entre um grupo de discussão
Administrador Em grupos no Facebook, pode ser o
e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada
criador ou gerente/moderador convi-
dado pelo dono do grupo. com a exibição do endereço dos participantes. Em um
grupo de discussão, cada membro tem acesso a um
Assinatura Como receberá as mensagens. Pode- endereço que enviará cópia para todos os participan-
rá ser uma por uma, ou resumo das tes do grupo, e nas mensagens respondidas, aparece o
mensagens por e-mail, ou e-mail de endereço original do remetente.
resumos (com os tópicos recebidos Apesar do tópico aparecer em diversos editais
no grupo), ou nenhum e-mail (para lei- de concursos, faz vários anos que não são aplicadas
tura na página do grupo). questões sobre o tema, em todos os concursos, inde-
pendente da banca organizadora.
INFORMÁTICA
Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm site: Resultados de apenas um livro site:www.
como finalidade apresentar os resultados de endereços site. uol.com.br
URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft filetype: Somente um tipo de apostila
arquivo. filetype:pdf
Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pes-
quisa da atualidade. No passado, sites como Cadê, define: Definição de um termo. define:smtp
Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a
acessibilidade das informações existentes na Internet, intitle: No título da página. intitle:concursos
indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
inurl: No endereço URL da inurl:nova
Os sites de pesquisas foram incorporados aos nave- página.
gadores de Internet, e na configuração dos browsers
temos a opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite time: Pesquisa o horário em time:japan
a busca dos termos digitados diretamente na barra de determinado local.
endereços do cliente web. Esta funcionalidade trans-
related: Sites relacionados. related:uol.com.
forma a nossa barra de endereços em uma omnibox
br
(caixa de pesquisa inteligente), que preenche com os
termos pesquisados anteriormente e oferece suges- cache: Versão anterior do site. cache:uol.com.
tões de termos para completar a pesquisa. br
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como bus-
cador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome link: Páginas que contenham link:
link para outras. novaconcursos
têm o Google Buscas como buscador padrão. As confi-
gurações podem ser personalizadas pelo usuário. location: Informações de um deter- location:méxico
Os sites de pesquisas incorporam recursos para minado local. terremoto
operações cotidianas, como pesquisa por textos,
imagens, notícias, mapas, produtos para comprar
em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, tra-
duz textos de um idioma para outro, entre inúmeras Importante!
funcionalidades.
Os sites de pesquisas ignoram pontuação, acen- Os comandos são seguidos de dois pontos e não
tuação e não diferenciam letras maiúsculas de letras possuem espaço com a informação digitada na
minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas. pesquisa.
E além de todas estas características, os sites de
pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (sím-
bolos) para refinar os resultados e comandos para O site de pesquisas Google também oferece respos-
selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos con- tas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing ofe-
cursos públicos, estes são os itens mais questionados. rece mecanismos similares.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais
As possibilidades são quase infinitas, pois os assis-
de concursos públicos, esta parte você consegue pra-
ticar, até no seu smartphone. Comece a usar os sím- tentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana)
bolos e comandos nas suas pesquisas na Internet, e permitem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos
visualize os resultados obtidos. de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.
Asterisco Substituir termos na inscrições * clima localidade Previsão do clima são paulo
pesquisa, para pesquisar tempo.
‘inscrições encerradas’,
e ‘inscrições abertas’, e código do voo Status de um ba247
‘inscrições suspensas’, voo (viagens).
etc.
Cifrão Pesquisar por preço. celulares $1000 Os resultados apresentados pelas pesquisas do
Dois pontos Intervalo de datas ou campeão site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura
preço. 1980..1990 filtrar os resultados com conteúdo adulto, evitando
a sua exibição. Quando desativado, os resultados de
Arroba Pesquisar em redes @Instagram
sociais. novaconursos conteúdo adulto serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.
Hashtags Pesquisar nas marca- #informática bing.com, acesse o menu no canto superior direito e
ções de postagens.
176 escolha o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.goo- REDES
gle.com, acesse o menu Configurações no canto inferior CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
direito e escolha o item Configurações de Pesquisa.
O LinkedIn é uma Empresas, empre-
rede social para co- gados, empregado-
Importante! nexões entre empre- res e candidatos.
sas e empregados.
As bancas costumam questionar funcionali-
dades do Microsoft Bing que são idênticas às Facebook Workpla- Empresas que con-
funcionalidades do Google Buscas. Ao inserir o ce, usado por empre- tratem o serviço e
nome do navegador da Microsoft na questão, a sas para conectar seus colaboradores.
banca procura desestabilizar o candidato com a seus colaboradores.
dúvida acerca do recurso questionado. O Instagram é uma Todos os usuá-
rede social para rios de Internet e
compartilhamento empresas.
Redes Sociais
de fotos, vídeos e
venda de produtos.
As redes sociais se tornaram populares entre os
usuários, ao oferecerem os pilares dos relacionamentos O Tumblr é uma rede Todos os usuá-
em formato digital: curtir, comentar e compartilhar. social para compar- rios de Internet e
Teoricamente, elas se dividem em duas categorias: tilhamento de con- empresas.
sites de relacionamento (redes sociais) e mídias sociais. teúdo como blogs
Na prática, estes conceitos acabam sendo sobre-
(textos, imagens, ví-
postos nas novas redes.
deos, links, etc.)
O modelo pode ser centralizado, descentralizado
ou distribuído.
No modelo centralizado, as informações são exi-
MÍDIAS
bidas para os usuários a partir de servidores de uma CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuá-
rio. Localização, idade, sexo, preferências políticas, e Wordpress é um Usuários de In-
todas as demais informações dadas pelos usuários no portal de blogs que ternet com foco
perfil da rede social, serão usadas para a apresentação permite o armazena- em produção de
dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um mento de websites. conteúdo.
exemplo centralizado, com distribuição de conteúdo
semelhante à topologia Estrela, das redes de computa- O Youtube é um por- Produtores de con-
dores, com um nó centralizador. tal de vídeos com teúdo multimídia e
As redes sociais ou mídias descentralizadas são recursos de redes consumidores.
aquelas que, apesar de existirem nós maiores e prin- sociais.
cipais, os usuários acessam apenas parte das informa-
ções disponíveis. Critérios informados nos perfis dos O Wikipedia é um Usuários colabora-
usuários, postagens que ele curtiu, postagens que ele site para publica- dores e voluntários
ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos ção de conheci- que contribuem
dentro das redes sociais, etc. O Facebook é um exem- mento no formato com novos conteú-
plo de rede descentralizada, onde as conexões pes- colaborativo. dos e revisões.
soais são expandidas para o grupo.
As redes sociais distribuídas são aquelas que
dependem das conexões de um usuário para ter aces- É importante pontuar que as redes sociais é um
so a outras conexões. O LinkedIn é um exemplo, que tópico pouco questionado em concursos públicos,
prioriza as conexões conhecidas e as conexões rela- devido às atualizações que elas oferecem quase dia-
cionadas, independente dos grupos onde o usuário riamente em seus recursos e operação de algorit-
está participando no momento. mos. Se comparar o Facebook de hoje com as regras
Em todas as redes sociais, a super exposição de e recursos do Facebook do ano passado, poderá ver a
dados de usuários pode comprometer a segurança quantidade de funcionalidades que foram alteradas.
da informação. Técnicas de Engenharia Social podem
ser usadas para vasculhar as informações publicadas
PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT
pelos usuários, à procura de conexões, relacionamen-
EDGE, INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E
tos, senhas, dados de documentos e outras informa-
GOOGLE CHROME)
ções que poderão ser usadas contra o usuário.
Os navegadores de Internet reconhecem os proto-
REDES colos da família TCP/IP, que permite a comunicação
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
INFORMÁTICA
“Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen- acompanhar o movimento do usuário, como no siste-
dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram ma Kinect do videogame xBox).
instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador. Em concursos públicos, as novas tecnologias e supor-
Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos tes avançados são raramente questionados. As questões
aplicadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o
mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
modo de operação do sistema operacional em um dispo-
com as mesmas credenciais de login. sitivo computacional padrão (ou tradicional).
O Google Chrome permite a personalização com O sistema operacional Windows é um software pro-
temas, que são conjuntos de imagens e cores combina- prietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) disponível e o
das para alterar a visualização da janela do aplicativo. usuário precisa adquirir uma licença de uso da Microsoft. 179
GUI - Graphics User Interface. Interface gráfica, por-
Importante! que o sistema operacional oferece também a interface de
A banca prioriza o conhecimento básico das con- comandos (Prompt de Comandos ou Linha de Comandos)
Quando o sistema Windows não consegue ini-
figurações do sistema operacional. O usuário não ciar de forma correta, é possível recuperar o acesso
encontrará muitas questões sobre a “parte prática”, através de ferramentas de inicialização. Para acesso
como ocorrem com outras organizadoras de con- a estes recursos, pode ser necessária uma conta com
cursos. Em outras palavras, as primeiras páginas credenciais de administrador.
do material sobre Windows são as mais importan-
tes para as provas da banca CESPE/Cebraspe. z Restauração do Sistema – a cada vez que o Win-
dows foi iniciado com sucesso, um ponto de res-
tauração foi criado. A cada instalação de software
Funcionamento do sistema operacional ou alterações significativas das configurações, um
ponto de restauração é criado. Em caso de instabi-
Do momento em que ligamos o computador até o lidade, o usuário pode retornar o Windows para
momento em que a interface gráfica está completa- um ponto de restauração previamente criado.
mente disponível para uso, uma série de ações e con- z Reparação do Sistema – se arquivos do sistema
figurações são realizadas, tanto nos componentes de foram seriamente modificados ou se tornaram ina-
cessíveis, o Windows não iniciará e não conseguirá
hardware como nos aplicativos de software. Acompa-
recuperar para um ponto de restauração. O Windo-
nhe a seguir estas etapas.
ws permite a criação de um disco de recuperação
do sistema, que restaura o Windows para as confi-
Hardware Software gurações originais.
z Histórico de Arquivos – a cada alteração, o Windo-
Energia elétrica - botão ON/OFF POST - Power On Self Test ws armazena cópias dos arquivos originais e grava
os novos dados no local. Depois, caso necessário, o
BIOS - Carregado para a memória
Equipamento OK
RAM usuário poderá acessar o Histórico de Arquivos e
retornar para uma cópia anterior do mesmo item.
Disco de Inicialização Gerenciador de Boot z Versões anteriores (ou Cópias de Sombra) – alte-
rações de conteúdos de pastas são monitorados
Memória RAM Núcleo do Sistema Speracional pelo Windows. O usuário poderá acessar no menu
de contexto, item Propriedades, guia Versões ante-
Periféricos de Entrada Drivers riores, as cópias anteriores da mesma pasta, res-
taurando e descartando as alterações posteriores.
Interface Gráfica
Todo dispositivo possui um sistema de inicialização. z Administrador – usuário que poderá instalar pro-
Quando colocamos a chave no contato do carro e damos gramas e dispositivos, desinstalar ou alterar as
a primeira mexida, todas as luzes do painel se acendem configurações. Os programas podem ser desinsta-
e somente aquelas que estiverem ativadas permanecem. lados ou reparados pelo administrador.
Quando ligamos o micro-ondas, ele acende todo o painel
e faz um beep. Quando ligamos o nosso smartphone, Administrador local – configurado para o
ele acende a tela e faz um toque. Estes procedimentos dispositivo.
são úteis para identificar que os recursos do dispositivo Administrador domínio – quando o dispositivo
estão disponíveis corretamente para utilização. está conectado em uma rede (domínio), o admi-
POST – Power On Self Teste – autoteste da iniciali- nistrador de redes também poderá acessar o
zação. Instruções definidas pelo fabricante para veri- dispositivo com credenciais globais.
ficação dos componentes conectados.
BIOS – Basic Input Output System – sistema básico de z Usuário – poderá executar os programas que
entrada e saída. Informações gravadas em um chip CMOS foram instalados pelo administrador, mas não
(Complementary Metal Oxidy Semiconductor) que podem poderá desinstalar ou alterar as configurações.
z Convidado ou Visitante – poderá acessar apenas os
ser configuradas pelo usuário usando o programa SETUP
itens liberados previamente pelo administrador. Esta
(executado quando pressionamos DEL ou outra tecla espe-
conta geralmente permanece desativada nas confi-
cífica no momento que ligamos o computador, na primei-
gurações do Windows, por questões de segurança.
ra tela do autoteste – POST Power On Self Test).
KERNEL – Núcleo do sistema operacional. O
No Windows, as permissões NTFS podem ser atri-
Windows tem o núcleo fechado e inacessível para buídas em Propriedades, guia Segurança. Através de
o usuário. O Linux tem núcleo aberto e código fon- permissões como Controle Total, Modificar, Gravar,
te disponível para ser utilizado, copiado, estudado, entre outras, o usuário poderá definir o que será aces-
modificado e redistribuído sem restrição. O kernel do sado e executado por outros usuários do sistema. As
Linux está em constante desenvolvimento por uma permissões do sistema de arquivos NTFS não são compatí-
comunidade de programadores, e para garantir sua veis diretamente com o sistema operacional Linux, e caso
integridade e qualidade, as sugestões de melhorias tenhamos dois sistemas operacionais ou dois dispositivos
são analisadas e aprovadas (ou não) antes de serem na rede com sistemas diferentes, um servidor Samba será
disponibilizadas para download por todos. necessário, para realizar a ‘tradução’ das configurações.
GERENCIADOR DE BOOT - O Linux tem diferentes O Windows oferece a interface gráfica (a mais usada
gerenciadores de boot, mas os mais conhecidos são o e questionada) e pode oferecer uma interface de linha
180 LILO e o Grub. de comandos para digitação. O Prompt de Comandos
é a representação do sistema operacional MS-DOS z Somente projetor – desativar a tela atual (no
(Microsoft Disk Operation System), que era a opção notebook, por exemplo) e exibir somente no pro-
padrão de interface para o usuário antes do Windows. jetor ou Datashow.
O Windows 10 oferece o Prompt de Comandos ‘bási-
co’ e tradicional, acionado pela digitação de CMD segui- O Windows 10 apresenta algumas novidades em
do de Enter, na caixa de diálogo Executar (aberta pelo relação às versões anteriores. Assistente virtual, navega-
atalho de teclado Windows+R = Run). Além dele, existe dor de Internet, locais que centralizam informações, etc.
o Windows Power Shell, que é a interface de comandos
programável, acessível pelo menu do botão Iniciar. z Botão Iniciar – permite acesso aos aplicativos insta-
Para conhecer as configurações do dispositivo, o lados no computador, com os itens recentes no início
usuário pode acessar as Propriedades do computa-
da lista e os demais itens classificados em ordem alfa-
dor no Explorador de Arquivos, ou o item Sistema em
bética. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do
Configurações (atalho de teclado Windows+I), ou pela
Windows 8 com a lista de programas do Windows 7.
Central de Ações (atalho de teclado Windows+A), ou
acionar o atalho de teclado Windows+Pause. z Pesquisar – com novo atalho de teclado, permite
A interface gráfica do Windows é caracterizada localizar a partir da digitação de termos, itens no
pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do dispositivo, na rede local e na Internet. Atalho de
Windows exibe ícones de pastas, arquivos, progra- teclado: Windows+S (Search).
mas, atalhos, Barra de Tarefas (com programas que z Cortana – assistente virtual. Auxilia em pesquisas de
podem ser executados e programas que estão sendo informações no dispositivo, na rede local e na Internet.
executados) e outros componentes do Windows. z Visão de Tarefas – permite alternar entre os pro-
gramas em execução e abre novas áreas de traba-
lho. Atalho de teclado: Windows+TAB.
Microsoft Google Mozilla Kaspersky
z Microsoft Edge – navegador de Internet padrão
Lixeira Firefox
Edge Chrome Thunderbird secure Co do Windows 10. Ele está configurado com o busca-
dor padrão Microsoft Bing, mas pode ser alterado.
W X
z Microsoft Loja – loja de app’s para o usuário bai-
Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas xar novos aplicativos para Windows.
Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt z Windows Mail – aplicativo para correio eletrônico,
que carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se
Digite Aqui Para Pesquisar tornar um hub de e-mails com adição de outras contas.
z Barra de Acesso Rápido – ícones fixados de pro-
Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10. gramas para acessar rapidamente.
Navegador padrão Windows 10 Atalhos Fixar itens – em cada ícone, ao clicar com o botão
Itens Excluídos
direito (secundário) do mouse, será mostrado o menu
rápido, que permite fixar arquivos abertos recentemen-
Microsoft Google Mozilla Kaspersky
te e fixar o ícone do programa na barra de acesso rápido.
Lixeira Firefox
Edge Chrome Thunderbird secure Co
Arquivos
Central de Ações – centraliza as mensagens de
Pasta de
Arquivos segurança e manutenção do Windows, como as atua-
W X lizações do sistema operacional. Atalho de teclado:
Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa
Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
Barra de Tarefas
ser carregada pelo usuário, ela é carregada automati-
camente quando o Windows é inicializado.
Digite Aqui Para Pesquisar Mostrar área de trabalho – visualizar rapidamente a
Cortana
área de trabalho, ocultando as janelas que estejam em
Área de Notificação
Botão Iniciar Visão de tarefas primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D (Desktop).
Central de Ações
Barra de acesso rápido
z Bloquear o computador – com o atalho de teclado
Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10. Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o com-
putador. Poderá bloquear pelo menu de controle de
A Área de Trabalho, caracterizada pela imagem do sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del.
papel de parede personalizada pelo usuário, poderá ter z Gerenciador de Tarefas – para controlar os apli-
uma proteção de tela ativada. Após algum tempo sem uti- cativos, processos e serviços em execução. Atalho
lização dos periféricos de entrada (mouse e teclado), uma de teclado: Ctrl+Shift+Esc.
imagem ou tela será exibida no lugar da imagem padrão. z Minimizar todas as janelas – com o atalho de
Na área de trabalho do Windows, o usuário pode- teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode
rá armazenar arquivos e pastas, além de criar atalhos minimizar todas as janelas abertas, visualizando
para itens no dispositivo, na rede ou na Internet. a área de trabalho.
INFORMÁTICA
A tela da área de trabalho poderá ser estendida ou z Criptografia com BitLocker – o Windows oferece
duplicada, com os recursos de projeção. Ao acionar o ata- o sistema de proteção BitLocker, que criptografa
lho de teclado Windows+P (Projector), o usuário poderá: os dados de uma unidade de disco, protegendo
contra acessos indevidos. Para uso no computador,
z Tela atual – exibir somente na tela atual. uma chave será gravada em um pendrive, e para
z Estender – ampliar a área de trabalho, usando acessar o Windows, ele deverá estar conectado.
dois ou mais monitores, iniciando em uma tela e z Windows Hello – sistema de reconhecimento
‘continuando’ na outra tela. facial ou biometria, para acesso ao computador
z Duplicar – exibir a mesma imagem nas duas telas. sem a necessidade de uso de senha. 181
z Windows Defender – aplicação que integra recur- 1 - Barra de menus: são apresentados os menus com
sos de segurança digital, como o firewall, antivírus os respectivos serviços que podem ser executados
e antispyware. no aplicativo.
2 - Barra ou linha de título: mostra o nome do arqui-
Dica vo e o nome do aplicativo que está sendo execu-
tado na janela. Através dessa barra, conseguimos
A banca prioriza o conhecimento de novos mover a janela quando a mesma não está maximi-
recursos dos softwares constantes do edital zada. Para isso, clique na barra de título, mante-
publicado. nha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você
estará movendo a janela para a posição desejada.
No Windows, algumas definições sobre o que está Depois é só soltar o clique.
sendo executado podem variar, segundo o tipo de exe- 3 - Botão minimizar: reduz uma janela de documento
cução. Confira: ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela
para seu tamanho e posição anteriores, clique neste
z Aplicativos – são os programas de primeiro plano, botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
que o usuário executou. 4 - Botão maximizar: aumenta uma janela de docu-
z Processos – são os programas de segundo plano, mento ou aplicativo para preencher a tela. Para
carregados na inicialização do sistema operacional, restaurar a janela para seu tamanho e posição
componentes de programas instalados pelo usuário. anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes
z Serviços – são componentes do sistema operacio- na barra de títulos.
nal carregados durante a inicialização para auxi- 5 - Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento.
liar na execução de vários programas e processos. Solicita que você salve quaisquer alterações não
salvas antes de fechar. Alguns aplicativos, como
Os aplicativos em execução no Windows poderão os navegadores de Internet, trabalham com guias
ser acessados de várias formas, alternando a exibição ou abas, que possui o seu próprio controle para
de janelas, com o uso de atalhos de teclado. Confira: fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6 - Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do
z Alt + Tab – alterna entre os aplicativos em execu- lado direito (e inferior de uma janela de documento).
ção, exibindo uma lista de miniaturas deles para Para deslocar-se para outra parte do documento, arras-
o usuário escolher. A cada toque em Alt+Tab, a te a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem.
seleção passa para o próximo item, retornando ao
começo quando passar por todos. Conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos
z Alt + Esc – alterna diretamente para o próximo
aplicativo em execução, sem exibir nenhuma jane- No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas.
la de seleção. E algumas pastas são especiais, coleções de arquivos,
z Ctrl + Alt + Tab – alterna entre os aplicativos em chamadas de Bibliotecas. São quatro Bibliotecas: Docu-
execução como o Alt+Tab, mas a tela permanece mentos, Imagens, Músicas e Vídeos. O usuário poderá
em exibição, podendo usar as setas de movimenta- criar Bibliotecas, para sua organização pessoal. Elas oti-
ção para escolha do programa. mizam a organização dos arquivos e pastas, inserindo
z Windows + Tab – mostra a Visão de Tarefas, para apenas ligações para os itens em seus locais originais.
escolher programas em execução ou outras áreas O sistema de arquivos NTFS (New Technology File
de trabalho abertas. System) armazena os dados dos arquivos em localiza-
ções dos discos de armazenamento. Os arquivos pos-
suem nome, e podem ter extensões.
Importante! O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de
armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes)
Vários recursos presentes no sistema operacional O FAT32 suporta unidades de até 2 TB
Windows podem auxiliar nas tarefas do dia-a-dia. Antes de prosseguir, vamos conhecer estes
Procure praticar as combinações de atalhos de conceitos.
teclado, por dois motivos: elas agilizam o seu traba-
lho cotidiano e elas caem em provas de concursos. TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO
Unidade de disco de armazena-
4 - Maximizar Disco de mento permanente, que possui um
2 - Barra ou linha de título
3 - Minimizar 3 - Fechar armazenamento sistema de arquivos e mantém os
1 - Barra de menus
dados gravados.
O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.
Exabyte
Petabyte (EB)
Terabyte (PB)
Gigabyte (TB)
Megabyte (GB) trilhão
Kilobyte (MB) bilhão
(KB) mil milhão
Byte
(B)
Arquivos executáveis,
Área de Transferência
que não necessitam de
EXE, COM, outros programas para
BAT serem executados. Um dos itens mais importantes do Windows não é
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans-
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena
uma informação de cada vez. A informação armaze-
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho
trabalhando em praticamente todas as operações de
de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão.
manipulação de pastas e arquivos.
Alterando esta configuração, o arquivo será visualizado e
editado por outro programa de escolha do usuário. Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+X (Recortar),
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. estamos movendo o item selecionado para a memória
A troca do nome alterou a organização dos itens de ajus- RAM, para a Área de Transferência.
tes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo. No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo
Através deste item o usuário poderá instalar e da Área de Transferência, acione o atalho de teclado
desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows+V (View).
Windows, além de outros recursos administrativos. Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar),
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, estamos copiando o item para a memória RAM, para
acessado pela opção Configurações, localizada na lista ser inserido em outro local, mantendo o original e
exibida a partir do botão Iniciar, é possível configu- criando uma cópia.
rar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, esta-
Modo avião/ Status da rede/ Ethernet/ Conexão disca- mos copiando uma ‘foto da tela inteira’ para a Área de
da/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy. Transferência, para ser inserida em outro local, como
Modo Avião é uma configuração comum em smar- em um documento do Microsoft Word ou edição pelo
tphones e tablets que permite desativar, de manei- acessório Microsoft Paint.
ra rápida, a comunicação sem fio do aparelho – que Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen,
inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a
NFC e todos os demais tipos de uso da rede sem fio. Área de Transferência, desconsiderando outros ele-
Mas, eu não vejo as extensões de meus arquivos. mentos da tela do Windows.
Como resolver? Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o
O Explorador de Arquivos possui diferentes modos conteúdo que está armazenado na Área de Transfe-
de exibição. Poderá ser em Lista, ou Detalhes, ou Con- rência será inserido no local atual.
teúdo, entre outras. O usuário poderá ativar ou desati- As ações realizadas no Windows, em sua quase
var a exibição das extensões dos arquivos, facilitando totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de
a manipulação dos itens. teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao Por exemplo, ao excluir um item por engano, ao pres-
exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar sionar DEL ou DELETE, o usuário pode acionar Ctrl+Z
informações, como, por exemplo, a data de modifica- (Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces-
ção e o tamanho de cada arquivo. sidade de acessar a Lixeira do Windows.
E outras ações podem ser repetidas, acionando o
Modos de Exibição do Windows 10 atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em
dos de Exibição do Windows 10 exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan-
INFORMÁTICA
z A liberdade de executar o programa, para qual- Figura 1. Assim como no Windows, o Linux tem camadas que
quer propósito (liberdade nº 0) separam os recursos. 187
Distribuições Linux
Distribuição é um conjunto de personalizações que mantém o mesmo núcleo (kernel) do Linux, mas apresen-
tável de forma diferenciada.
Puppy, Debian, Fedora, Kubuntu, Ubuntu, RedHat, SuSe, Mandrake, Xandros (da Corel) e Kurumim são alguns
exemplos de distribuições.
Ubuntu é a distribuição mais cobrada em concursos públicos, baseada na distribuição Debian. O Ubuntu é uma ver-
sátil distribuição Linux que pode ser instalada em várias construções computacionais, desde que adaptadas (drivers).
Gnoppix Alemanha
Kurumim Brasil
Mint Irlanda
DeMuDi Europa
Finnix EUA
KeeP OS Brasil
Knoppix Alemanha
Linspire EUA
MeBTOPPIX Indonésia
MEPIS EUA
Rxart Argentina
Satux Brasil
SymphonyOS
Diretórios Linux
Os diretórios são pastas onde armazenamos e organizamos arquivos e subpastas (subdiretórios). A represen-
tação dos diretórios segue o princípio lúdico de uma árvore. Árvore de diretórios ou folder tree é a forma como
as pastas dos sistemas Linux estão organizadas. Elas têm uma hierarquia, para facilitar a organização do sistema,
seus arquivos, bibliotecas e inclusive para melhorar a segurança do sistema.
FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas as dis-
tribuições Linux devem seguir para organizar os seus diretórios.
A escolha da árvore para representar a estrutura de diretórios, se mostrou adequada, dada a semelhança
entre seus componentes. Por exemplo, o diretório raiz é o primeiro diretório, assim como a raiz de uma árvore.
Encontramos diretórios principais, como /bin, /etc, /lib e /tmp, que podem ser considerados o ‘caule’ da árvore
de diretórios. Nos diretórios é possível criar subdiretórios, o que representam os galhos de uma árvore. E dentro
dos diretórios, temos arquivos (documentos, comandos, temporários) igual a árvore, como flores, folhas e frutos.
Enquanto o Windows representa com barra invertida um diretório, no Linux é usada a barra normal.
Diretórios, pastas e Bibliotecas são ‘sinônimos’. Diretórios é o nome usado no Windows XP e Linux, proveniente do
ambiente MS-DOS (interface de caracteres). Pastas é o nome usado no Windows. Bibliotecas é a estrutura de organi-
zação criada no Windows Vista, que é utilizada no Windows 7, 8, 8.1 e 10 para organizar as informações do usuário.
Elas são usadas para organizar arquivos e subpastas (subdiretórios), mantendo-os até o momento de serem apagados.
É importante destacar que diretório e comandos Linux são os itens mais importantes em concursos atualmente.
Conceitos e características do sistema operacional Linux já foram amplamente questionados nas provas anteriores.
Os diretórios são denominados com algumas letras que indicam o seu conteúdo. Confira na tabela a seguir.
/home home – início Contém os arquivos dos usuários, como as bibliotecas do Windows.
/lib library – biblioteca Contém as bibliotecas do sistema Linux, compartilhadas por vários programas.
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os diretórios de uma distribuição padrão Linux.
arquivos utilizados durante a inicialização do sistema. Boot é uma expressão comum a vários sistemas
/boot
para indicar a inicialização.
sistemas de arquivos montados no sistema (file system table – tabela do sistema de arquivos). O siste-
/etc/fstab
ma de arquivos do Linux pode ser EXT3, EXT4, entre outros.
/etc/group Grupos.
/etc/skel Contém os arquivos e estruturas que serão copiadas para um novo usuário do sistema.
/home pasta pessoal dos usuários comuns. Equivale às bibliotecas do sistema Windows.
/mnt ponto de montagem de sistemas de arquivos (CD, floppy, partições...) MNT vem de mount, montagem.
/proc sistema de arquivos virtual com dados sobre o sistema. PROC vem de procedure.
/sbin arquivos/comandos especiais (geralmente não são utilizados por usuários comuns).
/usr Unix System Resources. Contém arquivos de todos os programas para o uso dos usuários de sistemas UNIX.
/usr/man manuais.
/usr/info informações.
INFORMÁTICA
/var Contém arquivos que são modificados enquanto o sistema está rodando (variáveis).
/var/lib Bibliotecas.
Contém os arquivos que armazenam informações, mensagens de erros dos programas, relatórios diver-
/var/log
sos, entre outros tipos de logs.
Comandos Linux
Os comandos são denominados com algumas letras que indicam a tarefa que eles realizam. Confira na tabela a seguir:
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os comandos questionados pelas bancas organizadoras,
quando temos o item Linux no conteúdo programático.
Importante!
Todos os sistemas operacionais possuem recursos para a realização das mesmas tarefas. Não é correto
afirmar que um sistema é melhor que outro, sendo que eles são equivalentes em funcionalidades.
A interface que não é gráfica, ou seja, de caracteres, sempre existiu nos computadores. Mas entre o Windows
e Linux existem diferenças, tanto operacionais como de comandos.
Confira um comparativo de comandos entre o Linux e o Windows.
LINUX WINDOWS
Ajuda man, help ou info /?
Processos em execução ps
Diretório raiz cd / cd \
191
LINUX WINDOWS
Voltar ao diretório anterior cd –
Diretório pessoal cd ~
Renomear mv ren
Concatenar comandos | |
\ (barra
Diretório raiz / (barra normal)
invertida)
/ (barra
Opção de um comando - (sinal de menos)
normal)
192
NOÇÕES DE SISTEMAS OPERACIONAIS As diferentes versões de Android têm desde a ver-
EMBARCADOS/MÓVEIS: ANDROID E IOS são 1.5, nomes de sobremesas ou bolos (em inglês) e
seguem uma lógica de ordem alfabética:
Os sistemas operacionais embarcados ganharam 1.5: Cupcake
destaque após a popularização dos celulares, smart- 1.6: Donut
phones e tablets. 2.0 - 2.1: Eclair
No início, os celulares possuíam um sistema operacio- 2.2: FroYo (Frozen Yogurt)
nal dedicado, que não era atualizável e acompanhava o 2.3: Gingerbread
aparelho até o final de sua vida útil. As empresas fabrican- 3.0 - 3.2: Honeycomb
tes de celulares desenvolviam algumas aplicações genéri- 4.0: Ice Cream Sandwich
cas e entregavam no aparelho o conjunto de ferramentas 4.1 - 4.2 - 4.3: Jelly Bean
básicas como agenda telefônica e alguns jogos simples. 4.4: KitKat (autorizado pela Nestlé, mudou o foco
Com a era dos smartphones, iniciada com sistemas do sistema para o usuário, explorando a experiência
operacionais da Microsoft (Windows Mobile), apare- do usuário (User Experience) com elementos e fatores
lhos iPhone da Apple (com sistema iOs) e aparelhos que gerassem uma avaliação positiva).
HTC com sistema Google Android, tudo mudou em 5.0(5.0.1 e 5.0.2) – Lollipop
relação aos sistemas dos celulares. 6.0 (6.0.1)– Marshmallow
Se antes eram sistemas embarcados legados (aban-
7.0 (7.1, 7.1.1 e 7.1.2) – Nougat
donados), agora são sistemas móveis com atualizações
8.0 (8.1) – Oreo (utilizando uma nova arquitetura
regulares de seus recursos. O crescimento da veloci-
de software)
dade e a expansão do acesso à Internet contribuíram
9.0 – Pie
para esta evolução.
10 – Android 10 ou versão Q (recursos de biome-
A Apple lançou uma loja de aplicativos, onde os
tria e imagens aprimorados)
desenvolvedores poderiam oferecer aplicações e os
11 – Android 11 ou versão R (última versão, lança-
usuários poderiam realizar o download e instalação
da em fevereiro 2020)
em seus aparelhos. Os sistemas operacionais embar-
cados deixariam de ser sistemas legados e se torna-
riam sistemas móveis altamente personalizáveis. Características do Android
Mantendo os princípios de funcionamento dos siste-
mas operacionais Windows e Linux, ou seja, oferecer uma Quando o usuário adquire um aparelho com o sistema
plataforma para instalação de aplicações e interface para operacional Android, ele precisará fazer login em uma
o usuário interagir com o hardware, as características dos conta Google para acesso aos recursos do dispositivo. A
sistemas móveis foram introduzidas nos sistemas ‘fixos’, conta de usuário poderá ter correio eletrônico gratuito,
como a loja de aplicativos Microsoft Store, para Windows. dados de aplicações, financeiros, localização, navegação,
Após esta breve contextualização, vamos conhecer privacidade, segurança, entre outras informações.
os sistemas Google Android e Apple iOs. Possui código fonte aberto, disponível para ser bai-
xado, estudado, modificado e distribuído. É um sistema
operacional muito popular e flexível, tanto quanto os sis-
Importante! temas embarcados Arduíno em aparelhos de automação.
O Android utiliza Java, mas contém vários módu-
Este é um tópico novo em concursos públicos, los desenvolvidos em HTML5. O desenvolvedor de
que tem questionado sobre a estrutura e carac- aplicativos Android pode usar o JME para desenvol-
terísticas dos sistemas embarcados ou móveis. vimento de recursos, que serão publicados e distri-
Com a aplicação de outras provas de concursos buídos na Google Play (loja de app’s). Ao contrário da
com este item, a tendência é que sejam questio- Apple, os desenvolvedores podem distribuir seu app
nadas funcionalidades práticas dos aparelhos. em outros locais fora da loja oficial, criando um pro-
blema de segurança para os usuários.
Os usuários podem, mas não devem, fazer download
Sistema operacional Android de aplicativos para Android a partir de qualquer fonte,
porém o recomendado é que se utilize a loja virtual ofi-
Baseado no núcleo Linux e desenvolvido pela empre- cial. Apps baixados fora das lojas oficiais podem conter
sa de tecnologia Google, a interface de usuário é baseada malwares (como spywares, cavalos de Troia, adwares,
na manipulação direta. É um sistema voltado para dispo- etc.) que comprometerão a privacidade do usuário.
sitivos com tela sensível ao toque, como tablets e smart- Uma das principais características (e vantagens)
phones, porém pode ser encontrado em alguns aparelhos do Android é o acesso imediato aos recursos da Goo-
portáteis do tipo netbook, como o Chromebook (que utili- gle, como Google Cloud Print (para imprimir remota-
za o Chrome OS, uma variação do Android). mente), Google Fotos (para armazenamento de cópia
A loja de aplicativos é a Google Play, que antes era das imagens e vídeos do aparelho), Google Drive
conhecida como Android Market. É um serviço de dis- (armazenamento de dados na nuvem), entre outros.
tribuição digital de aplicativos, jogos, filmes, progra- As configurações e preferências são armazenados na
mas de televisão, livros e músicas, operado pela Google. Conta Google, podendo ser compartilhadas em outros
INFORMÁTICA
ções e reiniciar o computador. Java (JVM), que está executando no hardware para
As opções que conheceremos agora são os emula- construir outro hardware virtualizado, dizemos que
dores, virtualização e paravirtualização de sistemas. é do tipo hosted (hospedado).
A paravirtualização é a máquina virtual de uma
A primeira forma de uso são os emuladores. máquina virtual.
Algumas vezes, a camada de virtualização não é
Eles são o oposto da máquina real. Eles simulam suficiente para a execução de uma aplicação especia-
um sistema que talvez nem exista mais. Implementam lizada. Em um sistema Windows, podemos virtualizar
todas as instruções realizadas pela máquina real em uma máquina Linux e ainda continuar executando
um ambiente abstrato de software. Os emuladores de emuladores na camada do Windows. 195
A paravirtualização acaba combinando os recur- Alguns dos principais protocolos de transferência
sos de virtualização e emulação, para que todos os de arquivos são:
recursos estejam disponíveis.
Em uma máquina virtual, todos os recursos esta- z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo
rão sob controle controlado da virtualização aplicada. de transferência de hipertextos.
Em um emulador, todos os recursos estarão sob con- z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – pro-
trole controlado da emulação aplicada. tocolo seguro de transferência de hipertextos.
Na paravirtualização, além do controle aplicado z FTP – File Transfer Protocol – protocolo de trans-
pela virtualização ou emulação, os recursos originais da
ferência de arquivos.
máquina real continuarão disponíveis, evitando assim
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo
o processamento dedicado para um recurso, sendo que
outros poderão ser executados também pelo usuário. simples de transferência de e-mail.
Conexão
segura
Internet
HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure –
Matriz Filial
protocolo seguro de transferência de hipertextos.
Opera pela porta TCP 443
Os conceitos envolvidos no acesso remoto são os
Transfere arquivos HTML, ASP, PHP, JSP, DHTML,
que definem a Extranet.
etc.
Extranet é uma conexão segura entre ambientes
seguros, usando uma infraestrutura pública e insegura. Protocolo mais utilizado para navegação segura,
A troca de dados entre o cliente e o servidor será rea- tanto na Internet como na Intranet.
lizada por protocolos de transferência. Todas as redes As tags (comandos) HTML não mudam, mas pos-
utilizam os mesmos protocolos, linguagens e serviços. suem comandos adicionais (scripts) que complemen-
tam a exibição de conteúdo específico.
Transferência de Informação e Arquivos Utiliza criptografia, acionando camadas adicionais
como SSL e TLS na conexão.
Cada sistema operacional tem o seu sistema de
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol Secure – Protocolo Seguro
arquivos, para endereçamento das informações arma- de Transferência de Hipertextos – Porta TCP 443
zenadas nos discos de armazenamento. Diretamente,
não é possível a comunicação ou leitura destes dados.
A família de protocolos TCP/IP procura normatizar HTTPS – request (requisição)
o envio e recebimento das informações entre disposi- Cliente
Web
tivos conectados em rede, através dos protocolos de HTTPS – certificado digital
transferência. Um protocolo é um padrão de comuni-
cação, uma linguagem comum aos dois dispositivos Identidade confirmada
SMTP – enviar SMTP – enviar .rmvb Real Media Variable Bitrate. Formato de vídeo
INFORMÁTICA
Internet
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
A transferência de arquivos poderá ser realizada
de três formas: Ao olharmos ao nosso redor, observaremos muitas
tecnologias novas que alteraram significativamente o
z Fluxo contínuo; mundo.
z Modo blocado; Poderíamos falar sobre as Redes Sociais, um dos
z Modo comprimido. tópicos do edital, entretanto a banca não costuma
questionar mais em suas provas. As redes sociais
Na transferência por fluxo contínuo, os dados são modificaram a interação entre as pessoas, introduzin-
transmitidos como um fluxo contínuo de caracteres. do termos como páginas, grupos, posts, curtir, compar-
tilhar e seguir, ao cotidiano das pessoas.
Se olharmos para duas décadas atrás, as redes
sociais eram embrionárias, técnicas e restritas. Afinal,
o mundo estava iniciando o novo milênio e empresas
como a Google, que sobreviveu à ‘bolha da Internet na
Internet bolsa de valores’, começaram a lançar produtos ino-
vadores e inéditos. A Google, que iniciou com o seu
indexador, desenvolveu o Orkut, que provavelmente
Fluxo contínuo – os dados são enviados na forma de um fluxo de caracteres
se tornou a primeira rede social de muitos usuários.
A transformação digital observada foi seguida de
mudanças no perfil de consumo dos usuários e com o
No modo blocado, o arquivo é transferido como lançamento de novos produtos (iPhone e os smartpho-
uma série de blocos precedidos por um cabeçalho
nes), a navegação na Internet se tornou móvel.
especial. Este cabeçalho é constituído por um conta-
A seguir, a revolução provocada pelos produtos da
dor (2 bytes) e um descritor (1 byte).
Apple e Samsung, acabaram derrotando outras gran-
des empresas como a Nokia. Com a mobilidade, as tra-
dicionais emissoras de TV procuraram melhorar suas
produções, para que pudessem alcançar mais usuá-
rios, agora com TV digital portátil.
Internet As redes sociais incentivaram a criação de distri-
buidores de conteúdo, como o Youtube, reduzindo o
compartilhamento ‘clandestino’ de conteúdo audio-
visual pelas redes Torrent. O aumento da mobilidade
incentivou o desenvolvimento de outras aplicações,
00 A 01 C 02 B que com a rede social do Facebook (compartilhamen-
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor to de conteúdo), ganharam visibilidade.
Comunicadores instantâneos como o WhatsA-
No modo comprimido, a técnica de compressão pp revolucionaram a comunicação entre as pessoas,
utilizada caracteriza-se por transmitir uma sequência derrubaram os serviços das operadoras de telefonia
de caracteres iguais repetidos. Os dados normais, os (como SMS) e com a opção de VoIP (ligações de áudio
dados comprimidos e as informações de controle são via mensageiros), tornaram obsoletos os telefones
198 os parâmetros desta transferência. fixos residenciais.
A Transformação Digital é a combinação da evolu- Diferentes protocolos de comunicação poderão ser
ção de diferentes hardwares e softwares ao longo dos utilizados na comunicação entre os dispositivos e os
últimos trinta anos. sistemas. Comunicando-se na maioria das vezes atra-
vés de meio não guiado (transmissão sem fio), perce-
Dica bemos que nossas residências possuem um tráfego de
O edital da PRF tem três itens sobre Transforma- dados constante e invisível, interligando vários equi-
ção Digital: Internet das coisas, Big Data e Inteli- pamentos. O roteador wireless, a Smart TV, os smart-
gência Artificial. phones, os notebooks conectados em Wi-Fi, etc.
São tópicos conceituais, que possuem muitos
exemplos práticos em nosso dia-a-dia. Como as Mesmo com o uso de diferentes tecnologias de comu-
tecnologias procuram ser transparentes para o nicação, os dispositivos IoT utilizarão os mesmos proto-
usuário final, ou seja, não é necessário saber o colos, linguagens e serviços da Internet, do padrão TCP.
funcionamento para utilizar o recurso, algumas
pessoas poderão descobrir algumas curiosi- E os smartphones, que nos acompanham em todos
dades de sua vida cotidiana quando ler este os momentos, como uma extensão do nosso corpo,
material. além das conexões 4G (telefonia), Wi-Fi (dados média
distância) e Bluetooth (dados de curta distância), ainda
INTERNET DAS COISAS (IOT)
podem oferecer NFC (tecnologia Near Field Communi-
Internet of Things, ou Internet das Coisas. cation) para funcionalidades como o pagamento por
Ao contrário dos filmes de ficção científica (como aproximação, substituindo o cartão de crédito com
“AI - Inteligência Artificial”, “Eu, Robô” e “Matrix”), a softwares como Apple Wallet e Google Pay.
Internet das Coisas está presente no nosso dia a dia Quando aplicações de IoT interagem com o ser
de forma simples e transparente. Nada de máquinas humano, podemos dizer que temos uma rede social
assassinas que querem exterminar a humanidade, do tipo Internet das Coisas Sociais (SIoT), onde os
ok?
objetos imitam o comportamento de seres humanos
Tecnologias de comunicação como o Wi-Fi (Wire-
e criam seus próprios relacionamentos, baseados em
less Fidelity), Bluetooth e NFC (Near Field Commu-
nication) permitiram que dispositivos autônomos se regras programadas.
conectassem entre si e com outros sistemas, produzin-
do uma Malha de Dispositivos. Exemplos:
Dispositivos conectados através de cabos, por meio z crachá funcional, com sensor de aproximação na
guiados, também são usados na Internet das Coisas, catraca;
porém em menor quantidade. Os dispositivos IoT z cartão de bilhete de transporte, com sensor de
geralmente possuem recursos de mobilidade, que se aproximação no posto do cobrador no ônibus ou
estivessem conectados por cabos de rede convencio-
catraca de bloqueio do acesso no Metrô;
nais, poderiam ser limitados.
z tag para pedestres, na liberação de acessos em
Uma “malha de dispositivos” é um conjunto de edificações;
sensores, aparelhos eletrônicos de consumo, disposi- z tag para pedágio e estacionamentos que usam
tivos automotivos, dispositivos ambientais (referen- RFID (identificador por radiofrequência);
te ao ambiente monitorado), wearables (tecnologias z tag antifurto em itens de livrarias, lojas e super-
para vestir) e dispositivos móveis, que se conectam mercados que usam RFID;
com sistemas, pessoas, redes sociais, governos e z detector de fumaça em uma residência, que gera
empresas, permitindo o acesso e compartilhamento
alertas enviados para um smartphone.
de informações.
z cartão de crédito ou débito, com sensor de aproxi-
A Internet das Coisas (IoT) permite a interconexão mação na máquina de cobrança;
de objetos inteligentes. Objetos inteligentes podem ser z carros com tecnologia keyless, que dispensam a
smartphones, tablets, televisores e sensores sem fio. chave e destravam/ligam apenas por aproximação;
É importante destacar que a inteligência dos objetos z carros elétricos compartilhados, que combinam
inteligentes não é exatamente a Inteligência Artificial, geolocalização (GPS) com telefonia móvel (4G)
abordada em outro tópico. Esta inteligência dos objetos para contratação e pagamento do uso;
é aquela programação inserida neles para realização de
z carros de locadoras (serviço Localiza Fast) que dis-
tarefas esperadas, produzindo resultados iguais para
dados iguais inseridos em momentos diferentes. pensam procedimentos burocráticos, permitindo a
INFORMÁTICA
Por exemplo, um sensor de temperatura no proces- retirada do veículo diretamente com o smartphone.
sador do seu computador, que emite um alerta pop-up
no seu sistema operacional se a marcação ultrapassar Certamente novos serviços e soluções estão sur-
80 graus Celsius. Todas as vezes que a temperatura gindo neste momento, com tecnologia IoT. A lista de
atingir 80 graus Celsius, o sensor enviará um alerta exemplos logo se tornará extensa, porém transparen-
para um software instalado no computador exibir te para a maioria dos usuários. Da mesma forma que
uma mensagem de alerta para o usuário. Como pode-
você pode viajar de avião sem saber como funciona a
mos observar, o sensor não é inteligente, pois apenas
aerodinâmica, o mundo será altamente interconecta-
fez aquilo que foi programado para fazer.
do sem precisar saber como são estas conexões. 199
Outras aplicações, como monitoramento de BIG DATA
pacientes remotamente, ambientes de difícil acesso
ou inóspitos, coleta de dados de um pluviômetro (para Com o uso extensivo de serviços online por meio
medir a quantidade de chuvas em uma região), tam- da Internet, os hábitos adotados por empresas, organi-
bém poderão ser implementadas através da IoT. São zações, economias e por diferentes nações acabaram
muitas possibilidades, e muitos dispositivos. mudando a maneira como as pessoas vivem e usam
a tecnologia. Dessa forma, mais do que nunca, há um
aumento crescente da quantidade de informações e,
Outro fator que colaborou para o avanço da Inter-
consequentemente, do armazenamento dos dados
net das Coisas foi a evolução do endereçamento IP da
que surgem diariamente.
versão 4 (limitada) para a versão 6 (com uma quan-
Tudo isso é relativamente novo. Pois, agora, cada
tidade muito maior de números disponíveis). Quan-
usuário e organização pode armazenar as informa-
do um dispositivo precisa ingressar em uma rede, ele
ções em formato digital, diferentemente de como
deve ter um número de IP (identificação única, do
acontecia algumas décadas atrás. Portanto, para lidar
Internet Protocol) para poder se comunicar. O ende- com esse aumento exponencial de dados, foi criado
reçamento IPv4 de 32 bits com apenas 4.3 bilhões de um mecanismo e abordagem para lidar com tudo isso,
combinações, não atenderia à necessidade de ende- o chamado Big Data.
reçamentos da Internet das Coisas. O endereçamento Neste capítulo, iremos apresentar os conceitos
IPv6 de 128 bits permitirá até 1036 (Undecilhão, núme- sobre Big Data, tecnologias e ferramentas. Ao final,
ro 10 seguido de 36 zeros) dispositivos, mais que o resolveremos algumas questões de concursos públi-
suficiente para os 30 bilhões de dispositivos conecta- cos sobre este assunto.
dos, segundo estimativas para o ano de 2021.
CONCEITO DE BIG DATA
As três características da Internet das Coisas são:
Como um dos termos mais “badalados” do merca-
z Computação – são os microcontroladores, proces- do hoje, não há consenso sobre como definir Big Data.
sadores e FPGAs (Field Programmable Gate Array, O termo é frequentemente usado como sinônimo de
ou “Arranjo de Portas Programáveis em Campo” é conceitos relacionados como Business Intelligence (BI)
um circuito integrado fabricado para ser progra- e Mineração de Dados (Data Mining). É verdade que
mado “em campo”, pelo consumidor ou projetista, todos os três termos se referem à análise de dados,
como os módulos Arduíno usados em robótica, por mas o conceito de Big Data difere dos demais quando
exemplo), responsáveis por executar os progra- volumes de dados, número de transações e o núme-
mas nos objetos inteligentes. ro de fontes de dados são tão grandes e complexos
z Comunicação – tecnologias e meios de transmis- que exigem métodos e tecnologias especiais a fim de
são dos dados para conectar os objetos inteligentes, extrair uma visão dos dados.
que poderá ser WiFi (Wireless Fidelity), Bluetooth, O Big Data pode ser definido como um concei-
IEEE 802.15.4 (curto alcance para WPAN – Wire- to utilizado para descrever um grande volume de
less Personal Area Network) e RFID (Identificação dados, tanto estruturados quanto não estruturados,
por radiofrequência ou no inglês Radio-Frequency e que aumentam dia após dia em qualquer sistema
IDentification). ou negócio. No entanto, não é a quantidade de dados
z Semântica – é a habilidade de extrair conhecimen- que é essencial. A parte mais importante é o que as
to, a partir dos objetos na IoT. Para o usuário fre- empresas ou organizações podem fazer com esses
quente do supermercado, ofertas personalizadas dados. Milhares de análises podem ser executadas
sobre eles, no qual é possível realizar previsões, ins-
baseado nos produtos mais consumidos por ele.
pirar novas ideias ou levar a uma melhor tomada de
decisão estratégica.
No começo, a IoT tratava dos dispositivos indivi-
Uma definição exata de Big Data é difícil de definir,
dualmente. Com a integração entre eles, uma rede
pois projetos, empresas e profissionais de negócios a
social de dispositivos da Internet das Coisas poderá ser
usam de maneira bem diferente. Com isso em mente,
formada. Softwares analisam as compras no cartão de
de modo geral, Big Data é:
crédito combinando com os locais onde ele adquiriu
(estacionamento de shopping, com tag de pedágio) e z Grande volume de dados;
personalizam as mensagens de ofertas para os usuá- z Uma categoria de estratégias e tecnologias da com-
rios, em lojas do local onde ele costuma frequentar. putação usadas para lidar com grandes conjuntos
As muitas as possibilidades de uso da Internet das de dados.
Coisas, que com recursos de Big Data e Inteligência
Artificial, poderão mudar o mundo (Transformação QUAIS SÃO OS 5VS DO BIG DATA?
Digital) totalmente em poucos anos. Percebemos a
importância do tema e o motivo dele estar neste edital Inicialmente, o conceito de Big Data foi contempla-
de concurso. do por 3 V’s. que são volume, velocidade e varieda-
Através de softwares de automação, sensores e de. Valor e veracidade são outras duas dimensões “V”
câmeras, é possível realizar o monitoramento das que foram adicionadas à literatura recentemente.
operações que estão sendo desempenhadas pelos Os V’s adicionais são frequentemente propos-
dispositivos conectados, comparando os resultados tos, mas estes 5V’s são os que mais são cobrados em
com os dados e estimativas que foram previamente provas de concursos. Vamos a uma breve explicação
200 planejados. sobre cada um a seguir:
z Volume Na Inteligência Artificial, é dada uma liberdade
para que o software/hardware comece a tomar deci-
Refere-se à enorme quantidade de dados dispo- sões além de sua programação, baseada em dados
nível, desde conjuntos de dados com tamanhos observados ou coletados. Parece coisa de ficção cientí-
de terabytes a zetabytes; fica, mas esta ação já é desempenhada na atualidade.
Quando acessamos uma loja de departamentos,
z Velocidade
ou banco digital, ou até o assistente virtual de nosso
Refere-se a grandes quantidades de transações
smartphone, estamos interagindo com um software
com alta taxa de atualização, resultando em flu-
que possui traços de Inteligência Artificial. Eles pos-
xos de dados chegando em grande velocidade;
suem uma programação básica, além da capacidade
z Variedade de aprender com as interações.
Os dados vêm de diferentes fontes de dados. Quanto mais consumidores da loja, ou clientes dos
Além disso, os dados podem vir em vários for- bancos, ou usuários dos smartphones, “conversarem”
matos, sendo dados estruturados como uma com o assistente virtual, mais o programa se adap-
tabela de banco de dados, dados semiestrutura- ta para novas interações com outros consumidores,
dos como um arquivo XML ou dados não estru- clientes e usuários.
turados como texto, imagens, streams de vídeo, Tomemos um exemplo: os primeiros clientes de
áudio, entre outros.
uma máquina de lavar roupas, questionaram ao assis-
tente virtual sobre como fazer a manutenção mensal
Vale destacar que estes são os três principais V’s de
Big Data. Porém, ainda há os seguintes V’s: (limpeza dos filtros) de sua lavadora. O assistente per-
cebeu que existe um padrão nestas interações.
z Veracidade Não havia nada em sua programação sobre este
Refere-se à qualidade, precisão ou confiabilida- “problema”, entretanto, pela Inteligência Artificial o
de dos dados. Está ligada diretamente ao quan- sistema já identificou que isto pode ser uma tendência
to uma informação é verdadeira. para os próximos atendimentos, que os clientes dese-
jarão saber qual é o produto anticalcificante deve ser
z Valor utilizado na limpeza da máquina e qual loja próxima
Refere-se ao valor dos dados ou o valor que eles de sua residência tem este item para venda.
possuem. É importante entender o contexto e O assistente avaliou a geolocalização do cliente,
a necessidade para gerar a informação certa
identificou lojas do ramo de limpeza especializada
para as pessoas certas.
e manutenção de lavadoras na região, e está pronto
para entregar para ele as informações. As respostas
Importante! estarão prontas, para perguntas que ainda nem foram
feitas. Isto é Inteligência Artificial em ação.
Compreender os V’s de Big Data é fundamental
para a resolução de diversas questões de pro-
A máquina aprende, e poderá crescer e responder
vas de concursos, pois este assunto é o mais
dentro das regras de sua programação ou além delas.
recorrente.
� Volume: grande quantidade de informação a
ser processada; Aprendizado de máquina, do inglês machine lear-
� Variedade: os diferentes tipos de dados analisados; ning, é um método de análise dos dados que automati-
� Velocidade: tempo hábil para recuperar e pro- zará a construções de novos modelos analíticos.
cessar a informação; Machine learning não refere-se propriamente à
� Veracidade: o quão confiável é o dado; Inteligência Artificial, mas sim a uma vertente dela, a
� Valor: o grau de importância deste dado para qual se baseia na ideia de que os sistemas aprendem
compor uma informação. com os dados que manipulam, identificando padrões
e tomando decisões, dentro dos parâmetros ou limites
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL que foram programados.
Características de sistemas de aprendizado de
A Inteligência Artificial refere-se à ideia de que máquina:
os sistemas podem aprender com dados, identificar
padrões e tomar decisões com o mínimo de interven- z Identifica a melhor forma de preparação dos dados
ção humana, além da programação que possuem. que serão usados;
Quando se restringem à sua programação, é conside- z Possui algoritmos (sequências lógicas) básicos e
INFORMÁTICA
rado apenas aprendizado de máquina. avançados, para tomada de decisão dentro dos
Em Internet das Coisas (IoT), os equipamentos são parâmetros programados;
programados para a realização de tarefas, e os softwa-
z Os processos são automatizados e iterativos, podem
res aguardam resultados esperados da programação.
avançar, pausar ou parar a qualquer momento;
Erros ou anomalias geralmente provocam o trava-
mento e reset (reinício) do equipamento, para que z Possuem escalabilidade, ou seja, podem crescer
a programação seja iniciada desde a primeira linha, junto com outros sistemas e projetos;
para que siga conforme esperado e entregue resulta- z Realizam a modelagem dos dados em conjunto
dos previsíveis. com outros sistemas. 201
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL INTELIGÊNCIA HUMANA
Análises Melhor com grande volume de dados Melhor com análise de ambiguidade
Alguns termos identificam o contexto do aprendizado de máquina, e podem ser diferentes de outras áreas do
conhecimento (e até de outras disciplinas presentes no edital).
No aprendizado de máquina, um alvo é chamado de rótulo. Este objetivo é definido na programação, e indire-
tamente define o limite que a máquina poderá atingir.
Já em estatística, um alvo é chamado de variável dependente. E está relacionada com os dados analisados em
fórmulas e funções, indicando o resultado final de operações sobre valores anteriores pré-existentes.
Portanto, em machine learning o alvo é o objetivo e em estatística o alvo é uma variável que depende dos dados
analisados.
Uma variável em estatística é chamada de recurso em aprendizagem de máquina. Portanto, um valor que
pode alterar durante sua existência é um recurso que a máquina atualizará e consultará quando necessário.
Uma transformação estatística, que é a produção de resultados a partir de dados inseridos em fórmulas, é
chamada de criação de recurso em aprendizagem de máquina.
É possível observar que a diferença entre o Algoritmos genéticos (AGs), são técnicas de busca
aprendizado de máquina e a Inteligência Artificial paralela semelhantes às Redes Neurais. Ordenam as
está relacionada com os limites e tratamentos dos soluções possíveis e conhecidas, através de operações
dados que possuem acesso. especiais. Além de realizar a avaliação do problema
Os dados, certamente estão em um contexto de Big e dos dados envolvidos, após construir um resultado,
Data, que influencia a Transformação Digital. avalia se ele é o melhor (qualidade) para o cenário
Na lógica “tradicional”, uma proposição lógica atual. Usado para solução de problemas complexos,
(programação) tem como resultado o verdadeiro ou é o modelo que tem melhor aceitação entre os meios
o falso. Arbitrariamente será um dos dois valores. No científicos quando se propõe a introdução da Inteli-
raciocínio lógico, é a disjunção exclusiva, Ou um, Ou gência Artificial para facilitar a obtenção dos melho-
outro, nunca ambos e nunca nenhum. res resultados possíveis.
A lógica utilizada na Inteligência Artificial é um A lógica na Inteligência Artificial se parece com a
pouco diferente e se chama lógica Fuzzy. Nela, uma lógica dos relacionamentos humanos, se assemelha ao
nosso pensamento e tomada de decisão.
premissa pode variar em grau de verdade de 0 a 1, o
Vamos a um exemplo, para entender melhor como
que leva a um resultado parcialmente verdadeiro ou
é a Inteligência Artificial, com um modelo da tomada
parcialmente falso. O resultado da Inteligência Arti-
de decisão da Inteligência Humana.
ficial não será obtido com apenas um teste ou uma
pergunta, mas com a comparação de vários dados
z Você deseja ter um animal de estimação, e escolhe
anteriores (análise diagnóstica), a visão atual (análise
um gato. Pronto. Decisão tomada e o bichano está
descritiva) e o possível resultado (análise preditiva).
em sua casa. Este é um exemplo de tomada de deci-
Conhecida como lógica nebulosa (fuzzy logic ou LN), são baseado em lógica clássica, onde você descar-
este conceito procura uma forma de reduzir e expli- tou qualquer outro dado anterior ou futuro.
car a complexidade de sistemas. Atualmente é possível z Você deseja ter um animal de estimação, e escolhe
encontrar aplicações da lógica nebulosa em áreas bem um gato. Mas...
diferentes daquela em que surgiu (operação de trans- z Você já teve um gato quando era criança.
portes), como em Finanças e em Contabilidade. z Não há espaço no seu apartamento para um gato.
As Redes Neurais Artificiais (Artificial Neural z O seu apartamento se localiza em um andar alto
Networks ANN ou RNA) são algoritmos baseados em do prédio.
conceitos derivados de pesquisas sobre a natureza do z Não poderá instalar telas de proteção, pois a
cérebro, utilizados para realização de tarefas cogni- varanda é toda de vidro, que fica aberto ou fechado.
tivas, tais como aprendizagem e otimização de resul- z Nenhum dos outros condôminos possui um gato,
tados. É uma das técnicas mais antigas aplicadas em somente cães de pequeno porte.
Inteligência Artificial, mas que ainda apresenta bons
resultados. Estas redes podem entender as caracterís- Como é possível observar, a Inteligência Humana
ticas do problema ou desafio, utilizando um conjunto avalia muitas variáveis e dados antes da tomada de
de exemplos cuja resposta já seja conhecida, fazendo decisão, assim como a Inteligência Artificial faz com
202 paralelo entre os resultados esperados. os dados de uma base de dados.
As comparações dos dados anteriores e atuais O mesmo pode ser utilizado para trabalhar com
poderá influenciar a tomada de decisão na Inteli- ensino a distância, recuperando informações, operan-
gência Artificial. Você poderá ter o gato, e corrigir ou do programas de interação e efetuar o monitoramen-
eliminar as falhas identificadas, ou poderá se mudar to de uso das plataformas.
para outro apartamento, ou se mudar para uma casa, Os algoritmos de aprendizagem de máquina com-
ou escolher um cão de pequeno porte.
binados formam a Inteligência Artificial. Regras mate-
A Inteligência Artificial procura desenvolver siste-
máticas, regras estatísticas e premissas lógicas são a
mas que se comportem de forma semelhante a certos
aspectos do comportamento humano inteligente. essência da Inteligência Artificial.
Quem já assistiu ao filme Matrix, deve se lembrar
que um dos fios da trama na trilogia, é a variável que
desequilibra a equação da perfeição, que no filme se
denominava o amor. Se apresentar o problema do CONCEITOS DE PROTEÇÃO E
gato para uma máquina, com todos os dados passa-
dos e considerações presentes, a Inteligência Artificial SEGURANÇA
certamente te dará um resultado, que poderá descar-
tar a variável de desequilíbrio, por simplesmente não O QUE É SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO?
ter sido programada no sistema.
Diferentes empresas poderão usar os recursos Uma pergunta curta, mas que tem muitas informa-
de aprendizagem de máquina, como as instituições ções relacionadas para elaboração de uma resposta
bancárias. completa. As informações para responder esta per-
Softwares de inteligência empresarial como Cus- gunta você encontrará nos tópicos deste material.
tomer Relationship Managment (CRM), mineração de As redes de computadores se tornaram cada vez
dados e datawharehouse aplicam métodos de Inteli- mais interligadas e complexas. Elas integram atual-
gência Artificial para extrair informações de grandes
mente muitos dispositivos, que talvez você não conhe-
bases de dados e apresentar modelos de representa-
ça, mas que estão ali promovendo a troca de dados
ção consolidados com os resultados obtidos, o cenário
atual e as tendências para o futuro. entre o seu equipamento e o servidor remoto que está
A Inteligência artificial poderá ser usada para dife- acessando. E claro, os criminosos virtuais podem aces-
rentes finalidades, como identificar clientes com alto sar redes de qualquer lugar do mundo.
perfil de risco para empréstimos financeiros ou detec- Os profissionais de Segurança da Informação
tar sinais de fraudes em transações bancárias. procuram proteger os dados armazenados e trafega-
Na medicina, as tecnologias de inteligência artifi- dos entre os dispositivos por meio de equipamentos,
cial e mineração de dados podem ajudar médicos a programas e técnicas direcionadas. Treinamento dos
analisar um conjunto imenso de dados, para identifi- usuários também é importante, considerando que ele
car tendências ou alertas, levando ao aperfeiçoamen- é o elo mais fraco e vulnerável no que se refere à Segu-
to de diagnósticos e tratamentos.
rança da Informação.
O uso de Inteligência Artificial e Big Data na pes-
quisa de vacinas pela China e Índia, explicam o rápido
crescimento da indústria farmacêutica no oriente. A
pesquisa por imunizantes é agilizada por resultados
esperados (insights) após o processamento de milhões
de relatórios armazenados no Big Data por diversos
centros de pesquisa e saúde ao redor do mundo, pre-
vendo como o corpo humano reagiriam ao ser exposto
à uma substância em determinada circunstâncias, ou
a outra substância em outras circunstâncias diferen-
Figura 1. A conexão entre o usuário cliente e o servidor é realizada
tes. A economia de tempo na pesquisa com a obtenção
por diferentes equipamentos, que são transparentes para o usuário
de relatórios e gráficos, avaliados pela Inteligência
final.
Artificial, deu aos países uma grande vantagem técni-
ca em relação ao restante do mundo.
Entre o servidor remoto e o usuário final, as infor-
As pesquisas para o desenvolvimento de novas
fontes de energia através da análise dos minerais exis- mações solicitadas passarão por vários dispositivos de
tentes no solo, poderão ser orientadas pela Inteligên- conexão (roteadores, repetidores de sinal, switches,
cia Artificial para combinar o resultado de sensores bridges, gateways) antes de serem apresentadas no
com o conhecimento das propriedades químicas dos dispositivo do usuário.
materiais, sugerindo fontes com potencial econômico.
Até aplicativos de mobilidade como o Uber e Waze, Dica
lançam mão da inteligência artificial para prever
INFORMÁTICA
cenários de congestionamentos no trânsito das gran- Paradigma cliente-servidor. Nós somos clientes
des cidades. Avaliando as viagens em andamento e as e acessamos informações em servidores remo-
novas viagens solicitadas, os sistemas podem identifi- tos. As redes de computadores, em concursos
car gargalos no trânsito com vários minutos de ante- públicos, são abordadas seguindo este paradig-
cedência, direcionando os novos embarques/viagens
ma. Usamos cliente web (browser ou navegador)
para rotas alternativas.
Estes são programas semiautônomos, proativos para acessar um servidor web. Usamos cliente de
e adaptativos, que utilizam recursos de inteligência e-mail para acessar um servidor de e-mail. Usamos
artificial para auxiliar a mobilidade no trânsito. um cliente FTP para acessar um servidor FTP. 203
Finalizando o conteúdo de Segurança da Informa-
ção, estudaremos os mecanismos de proteção e defesa
contra os ataques e ameaças. Existem equipamentos
de proteção, mas em concursos públicos são questio-
nados os “aplicativos para segurança (antivírus, fire-
wall, anti-spyware etc)”.
Apesar de existirem soluções integradas e avança-
das para os problemas de Segurança da Informação,
que até usamos em nossos dispositivos, nos concursos
públicos são questionadas as definições oficiais e as
configurações padrão dos programas.
Figura 2. O tráfego de dados em uma conexão é um ativo
interessante para invasores, vírus de computadores e softwares
maliciosos. NOÇÕES DE REDES PRIVADAS VIRTUAIS (VPN)
Invasores tentarão acessar a conexão e capturar As redes privadas virtuais, popularmente identi-
os dados trafegados, vírus de computador procuram ficadas pela sigla VPN (do inglês Virtual Private Net-
infectar os arquivos e causar danos aos sistemas, work), são criadas pelas empresas e usuários para
estabelecer uma conexão segura entre dois pontos.
softwares maliciosos podem infectar dispositivos e
Antes de estudarmos elas, vamos conhecer alguns dos
sequestrar arquivos. conceitos básicos das redes de computadores, de acordo
com as suas características de uso e nível de segurança.
As empresas utilizam softwares de terceiros para estabelecer a conexão segura entre os dispositivos de seus
colaboradores. Existem vários softwares que possibilitam a conexão segura, como: a Área de Trabalho Remota
(Windows) e soluções de empresas de segurança digital (Forticlient VPN, Citrix Metaframe, TeamViewer, LogMeIn
etc).
Para estabelecer uma conexão segura, protocolos seguros serão usados, criando um túnel seguro entre o emissor e o
receptor, por meio de um ambiente vulnerável.
Os protocolos são padrões de comunicação e os protocolos seguros procuram encapsular os dados transmi-
tidos para que, em caso de monitoramento, a leitura do conteúdo se torne impossível, uma vez que os dados se
tornam criptografados.
Figura 6. Usuários mal intencionados não conseguem monitorar o conteúdo de uma conexão que esteja protegida com um protocolo seguro.
Protocolos
INFORMÁTICA
Quando uma navegação na Internet é realizada, os protocolos transferem os dados de um servidor para o cliente,
de acordo com o paradigma Cliente-Servidor. O servidor oferece os dados e provê a conexão e, então, o cliente acessa
as informações e solicita serviços.
Em uma conexão, para evitar que os dados sejam acessados por pessoas não autorizadas, protocolos de segu-
rança e proteção poderão ser implementados utilizando-se de chaves e certificados digitais para garantia da
transferência segura dos dados.
Muitas siglas de protocolos estão relacionadas com este tópico. Confira algumas delas.
205
PROTOCOLO SIGNIFICADO CARACTERÍSTICAS SEGURO?
GRE Generic Routing Encapsulation Desenvolvido pela CISCO, prioriza a velocidade Não
SSL Secure Sockets Layer Camada adicional de segurança para a conexão Sim
TLS Transport Layer Security Camada de transporte seguro para a conexão Sim
Dica
Protocolos seguros costumam mostrar a letra S na sua sigla, como em HTTPS.
Um protocolo seguro procura estabelecer uma conexão segura entre os dispositivos, possibilitando a troca de
informações. Antes do envio de dados, a conexão segura será negociada entre os dispositivos e aprovada após a
confirmação do certificado digital.
Importante!
A conexão remota poderá ser uma simples conexão direta entre os dispositivos (ponto a ponto, túnel de cone-
xão, sem criptografia dos dados trafegados) ou uma conexão entre os dispositivos com segurança (utilizando
protocolos seguros para criptografar o conteúdo trafegado no túnel de conexão).
Programas
Conhecendo as definições de uma VPN e os protocolos que podem ser utilizados, vem uma dúvida: quais são
os programas que usamos para transformar o nosso dispositivo em um cliente VPN? Depende.
Cada dispositivo tem um sistema operacional, e de acordo com a origem (cliente) e o destino (servidor), existem
programas mais adequados para cada cenário.
z Falhas – vulnerabilidades existentes nos sistemas, sistema, sem que tenha sido uma falha proposital, e
sejam propositais ou acidentais.
seja explorada por invasores, temos um exemplo de
z Ataques – ação que procura denegrir ou suspender
falha involuntária, inerente ao sistema.
a operação de sistemas.
z Devido à crescente integração entre as redes de Quando identificadas, as falhas são corrigidas pelas
comunicação, conexão com novos e inusitados empresas que desenvolveram o sistema por meio da
dispositivos (IoT – Internet das Coisas) e crimino- distribuição de notificações e correções de segurança.
sos com acesso de qualquer lugar do mundo, as O Windows Update, serviço da Microsoft para atuali-
redes de informações se tornaram particularmen- zação do Windows, distribui mensalmente os patches
te difíceis de se proteger. Profissionais altamente (pacotes) de correções de falhas de segurança. 207
Ataques
Pragas Virtuais
A banca organizadora CESPE/Cebraspe considera z Bot: é um programa malicioso que mantém conta-
o trojan ou cavalo de Troia como um tipo de vírus de to com o invasor, permitindo que comandos sejam
computador nos enunciados de suas questões. executados remotamente. O dispositivo controla-
do por um bot poderá integrar uma rede de dispo-
sitivos zumbis, a chamada botnet.
210
Após a remoção de um rootkit, o sistema afetado não CÓDIGO
CARACTERÍSTICAS
se recupera dos dados apagados, sendo necessário uma MALICIOSO
cópia segura (backup) para restauração dos arquivos. Modificam páginas na Internet, alterando
Defacement a sua apresentação (face) para os usuá-
rios visitantes.
Dica
Sequestrador de navegador que pode
Cavalo de Troia, Spyware, Bot, Backdoor e Root- desde alterar a página inicial do browser,
HiJacker até mudanças do mecanismo de pesqui-
kit são as pragas digitais mais questionadas em sas e direcionamento para servidores
concursos públicos. DNS falsos.
Confira na tabela a seguir outras pragas digitais Uma das ações mais comuns que procuram com-
que ameaçam a Segurança da Informação e a privaci- prometer a segurança da informação é o ataque
Phishing.
dade dos usuários de sistemas computacionais.
O usuário recebe uma mensagem (e-mail, ou rede
social, ou SMS no telefone) e é induzido a clicar em
CÓDIGO
CARACTERÍSTICAS
um link malicioso. O link acessa uma página que pode
MALICIOSO ser semelhante ao site original, induzindo o usuário
Gatilho para a execução de outros có-
a fornecer dados pessoais como login e senha. Em
digos maliciosos que permanece ina- ataques mais elaborados, as páginas capturam dados
Bomba lógica bancários e de cartões de crédito. O objetivo é simples:
tiva até que um evento acionador seja
executado. roubar dinheiro das contas do usuário.
o Windows sempre ofereceu o firewall, um filtro de Figura 15. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, mas impede
conexões para impedir ataques oriundos das redes os ataques provenientes da rede.
conectadas.
No Windows 10, o Windows Defender faz a detec- O firewall não é um antivírus e não é um antispy-
ção de vírus de computador, códigos maliciosos e ware. Ele permite ou bloqueia o tráfego de dados nas
opera o firewall do sistema operacional, impedindo portas TCP do dispositivo.
ataques e invasões.
213
O uso do firewall não dispensa o uso de outras Ele realiza em tempo real a filtragem de códigos
ferramentas de segurança como o antivírus e o acessados, otimiza o tráfego de dados nas conexões,
antispyware. controla a execução das aplicações, protege o dispo-
O firewall não é um antivírus, mas ele impede um sitivo com um firewall, estabelece uma conexão VPN
ataque de vírus. Ele impedirá por ser um ataque, não segura para navegação e entrega relatórios de fácil
por ser um vírus. compreensão para o usuário.
Da mesma forma que existe a solução antivírus Quando o ataque é direcionado ao e-mail e nave-
gador de Internet, os filtros antispam e filtros anti-
contra vírus de computadores, existe uma solução
phishing atendem aos requisitos de proteção.
que procura detectar, impedir a propagação e remo-
Se o ataque chega disfarçado, medidas de preven-
ver os códigos maliciosos que não necessitam de um ção devem ser adotadas, como nunca fornecer infor-
hospedeiro. mações confidenciais ou secretas por e-mail, resistir à
Genericamente, malware é um software malicioso. tentação de cliques em links das mensagens, observar
Genericamente, spyware é um software espião. Quan- os downloads automáticos ou não iniciados, e dentro
do os softwares maliciosos ganharam destaque e rele- das políticas de segurança para os funcionários, des-
vância para os usuários dos sistemas operacionais, os tacar que não se deve submeter à pressão de pessoas
spywares se destacavam, e comercialmente se tornou desconhecidas.
interessante nomear a solução como antispyware. Quando os ataques procuram atingir um servidor
Na prática, um antispyware ou um antimalware, da empresa, como ataques DoS (negação de serviço),
detecta e remove vários tipos de pragas digitais. DDos (ataque distribuído de negação de serviços)
ou spoofing (fraude de identidade), uma das formas
de proteção é o bloqueio de pacotes externos não
convencionais.
Se o usuário está utilizando um dispositivo móvel
e sofre um ataque, deve aumentar o nível de proteção
do aparelho e as senhas precisam ser redefinidas o
mais breve possível.
E por fim, os ataques contra aplicativos poderão
ser minimizados ou anulados se o usuário manter
os programas atualizados em seu dispositivo, apli-
cando as correções de segurança tão logo elas sejam
Figura 16. O antispyware é usado para evitar pragas digitais no
disponibilizadas.
dispositivo do usuário.
8. (CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, relativo ao 14. (CESPE – 2018) Os mapas de Kohonen fazem parte
programa de navegação Internet Explorer 11 e aos das redes neurais auto-organizáveis, as quais se carac-
mecanismos de busca avançada no Google. terizam por
O mecanismo de busca do Google permite encontrar
imagens com base em diversos filtros, como, por a) Utilizar treinamento supervisionado.
exemplo, o tamanho e o tipo da imagem; contudo, b) Possuir uma topologia em que os neurônios são dis-
não é possível pesquisar imagens por meio de sua(s) postos em N camadas estruturadas em N dimensões.
cor(es). c) Gerar um mapa de saída em uma estrutura unidimen-
sional de neurônios.
218 ( ) CERTO ( ) ERRADO
d) Dividir o conjunto de padrões de entrada em grupos
inerentes aos dados, formando-se agrupamentos
denominados clusters.
e) Resolver problemas lineares de baixa dimensionalidade.
9 GABARITO
1 ERRADO
2 CERTO
3 CERTO
4 CERTO
5 CERTO
6 C
7 CERTO
8 ERRADO
9 C
10 CERTO
11 ERRADO
12 CERTO
13 CERTO
14 D
ANOTAÇÕES
INFORMÁTICA
219
ANOTAÇÕES
220
FÍSICA
z Variação de espaço e distância percorrida: A variação da velocidade pelo tempo gasto para
variação de espaço se relaciona com a distância de esse feito:
um ponto tomado como inicial.
DV
Am =
DT
Já a distância percorrida leva em conta todo o
caminho percorrido. Exemplo: Unidade padrão de aceleração média: m/s² 221
Movimento retilíneo uniforme (MRU) z Gráficos do MRU
É o movimento horizontal e em linha reta que não O gráfico “S x t” é uma reta crescente se a velocida-
ocorre a variação da velocidade do objeto (a veloci- de do objeto for positiva.
dade se mantém a mesma em todo o trajeto). Pode-se Em contrapartida, se a velocidade for negativa, a
concluir que o objeto não possui aceleração. reta será decrescente.
S S
Reta crecente: +V
S0
S0 Reta decrecente: -V
t t
Velocidade x Tempo
Movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV)
V V>0 V
V<0
É o movimento horizontal e em linha reta que a
velocidade está em constante mudança. Essa altera-
Reta acima do eixo “t“: +V
ção é causada pelo surgimento de uma grandeza cha-
mada de aceleração. Esse tipo de movimento possui Reta abaixo do eixo “t“: +V
t t
quatro principais equações que o define:
z Gráficos do MRUV
Posição x Tempo
espaço a>0
Dica
Para encontrar a equação correta basta:
Organizar os dados fornecidos pelo enunciado. V<0 V>0
Encontrar a equação (dentre as quatro informa-
das) que esses dados se encaixem. retardado acelerado
vértice (V=0)
Quantificação do movimento e sua descrição 0 tempo
matemática e gráfica
retardado acelerado
Transformações
V>0 V<0
área área
S V a
0 tempo
t t t
S= S0 + v0 t + 1 at2 a< 0 = concavidade
2 voltada para baixo
tangente tangente
V (t)
a> 0 = movimento acelerado
V0
EXERCÍCIOS COMENTADOS
t
0 t
1. (CEPROS – 2019) Um indivíduo dirige um automóvel
em uma rodovia retilínea a uma velocidade constante
V
de 60 km/h, ao longo de 12 km, quando o automóvel
V0
para por falta de combustível. Ele desce do automóvel
e caminha por 2,0 km no mesmo sentido da rodovia,
a< 0 = movimento retardado
a<0 durante 30 min, até um posto de abastecimento. Cal-
cule a velocidade média do indivíduo no percurso total
0 t de 14 km.
a) 1 hora e 30 minutos.
b) 1 hora e 45 minutos.
c) 2 horas e 5 minutos.
d) 2 horas e 15 minutos.
e) 2 horas e 25 minutos.
4. (IBFC – 2017) Um veículo em movimento adquire velo- Pode-se observar que se trata de um gráfico do
cidade representada pela função V = 30 - 2t (no SI). MRU: Posição x tempo (S x T). Nesse tipo de gráfico,
Nessas condições, a velocidade do veículo decorridos o local de onde a reta partiu corresponde ao valor
2,5 segundos, é de: de “S0” e a tangente (Δy/ Δx) corresponde a veloci-
dade do objeto.
a) 24 m/s Então basta montar a equação da posição em fun-
b) 25 m/s ção do tempo (MRU):
c) 26 m/s S = S0 + VT
d) 30 m/s (360 - 60)
S = 60 + .T
e) 35 m/s (10 - 0)
S = 60 + 30.T Resposta: Certo.
Pode-se observar que a equação dada no exercício
faz parte do MRUV. Então basta trocar t=2,4s na 7. (VUNESP – 2015) Considere o gráfico a seguir em que
função: está representada a velocidade de um veículo, regis-
V = 30 – 2.t trada durante 6 horas. As letras A, B, C, D e E nomeiam
V = 30 – 2 . 2,4 = 25,2 m/s ~25 m/s Resposta: Letra B. intervalos de tempos representados pelas semirretas
do gráfico.
5. (VUNESP – 2019) Considere a equação horária do
espaço, x = 20 t + 2 t², de um movimento qualquer,
sendo que x representa a posição em metros, e t o
instante de tempo em segundos. No exato instante de
1 segundo, os valores da velocidade e da aceleração
são, respectivamente:
a) 20 m/s e 2 m/s²
b) 24 m/s e 4 m/s²
c) 24 m/s e 1 m/s²
d) 24 m/s e 2 m/s²
e) 26 m/s e 8 m/s²
+g a) 10
b) 12
+ g c) 15
d) 20
+ g e) 25
Vamos às questões!
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FCBC – 2017) Um corpo, largado com velocidade ini-
cial igual a zero, cai de uma altura de 80 m. Que distân-
FÍSICA
Equação do MRU
Equação do MRUV
A partir de algumas deduções de equações, chega-se a algumas relações importantes para esse tipo de
movimento:
V02.sen2θ
Altura máxima = Hmáx =
2.g
V02.sen(2θ)
Distância máxima = Dmáx =
g
V0y
Tempo de subida =
g
2
Sabendo que cos45° = 2
Considere que 10 m/s² seja o módulo da aceleração
da gravidade e despreze a resistência do ar.
Considerando-se as informações e figuras apresen-
tadas no texto 5A1AAA, a distância horizontal D, em
m, percorrida pelo motociclista arremessado é 227
Dica V
2
r
2
Aceleração centrípeta (ac) = = rad/s² Res-
Com isso, surgem algumas outras posta: Letra D.
R 180
características:
� Raio da circunferência: distância linear do 2. (IFP – 2017) Um veículo de passeio movimenta-se em
centro da circunferência a borda. Unidade: linha reta a uma velocidade de 36 km/h. Consideran-
“metro”. do-se que não haja deslizamento entre o pneu e a pis-
� Frequência: é o número de ciclos a cada segun- ta, e que o diâmetro do pneu seja de 50 cm, a rotação
do. Unidade: “Hertz”. da roda, expressa m rad/s, é de
� Período: é o tempo gasto para cada ciclo. Uni-
dade: “segundo”. a) 10
� Distância angular: distância no arco da cir- b) 20
cunferência em relação ao seu ângulo de ori- c) 40
gem. Unidade: “Radianos” d) 50
� Aceleração centrípeta: é a aceleração que causa e) 80
a mudança na direção da velocidade em algum
objeto que execute o movimento circular. Ela é Analisando a questão percebe-se que se trata do
sempre orientada para o centro da circunferência movimento circular uniforme (MCU). Dados: V=
e impede que o objeto saia da trajetória circular. 36km/h÷3,6 = 10m/s, R = D÷2 = 0,125m, W?
Unidade: rad/s². V 10
Se V = W.R, então: W = = = 80rad/s Res-
R 0, 125
posta: Letra E.
As equações que regem esse tipo de movimento são:
3. (IBFC – 2017) Um corpo em movimento circular uni-
forme (MCU) efetua 240 voltas numa circunferência
de raio 0.5 m em 1 minuto. Assinale a alternativa que
indica, respectivamente, a frequência e o período.
a) 4 Hz e 1 s
b) 4 Hz e 0.25 s
c) 16 Hz e 1 s
d) 16 Hz e 0.25 s
e) 8 Hz e 1 s
Recapitulando...
EXERCÍCIOS COMENTADOS
z Cinemática: É o estudo do movimento sem rela-
1. (QUADRIX – 2018) Em um parque de Goiânia, uma cionar suas causas.
determinada roda gigante possui um raio de 20 m e z Velocidade média: é a relação da variação da dis-
realiza um quarto de volta em 30 s. Uma pessoa está tância percorrida por um corpo pelo tempo decor-
sentada em uma das “cadeirinhas” da roda gigante. rido nesse trajeto. Unidades principais: “m/s” e
Com base nessa situação hipotética, assinale a alter- “km/h”.
nativa correta. z Aceleração média: é a relação da variação da
velocidade de um corpo pelo tempo decorrido
a) O tempo gasto para a roda gigante realizar 1 ciclo é de para essa variação. Unidade principal: “m/s²”.
80 s. z MRU: é o movimento horizontal e em linha reta
b) A frequência (f) do movimento é de 1/60 Hz. em que a velocidade se mantém constante, e, por-
c) A velocidade linear (v) da pessoa é de 3π m/s. tanto, não existe aceleração.
d) A aceleração centrípeta (aC) da pessoa é de π2 / 180 z MRUV: é o movimento horizontal e em linha reta
m/s2. onde a velocidade está em constante mudança.
e) A velocidade angular (ω) da roda gigante é de π2 / 60 Surge, então, a grandeza chamada de “aceleração”.
rad/s. z Queda livre: é o movimento vertical e em linha
reta, sem considerar a resistência do ar, onde o
Analisando a questão percebe-se que se trata do corpo está sujeito a um tipo novo de aceleração: a
movimento circular uniforme (MCU). Dados: R = gravidade.
1 1 2rR r
20m, T = 4x30 = 120s, F = = hz, V = = z Movimento de projéteis: é um movimento na
T 120 T 3
228 m/s, então: diagonal (também chamado de oblíquo), onde o
objeto é lançado com um ângulo “θ” em relação ao estado, há a necessidade de uma força extrema-
eixo horizontal. mente grande.
z MCU: é o movimento circular onde a velocidade b) Imagine você em movimento retilíneo uniforme
angular e linear são constantes. (MRU) em cima de uma bicicleta com uma velo-
cidade constante de 10 km/h. Você não vê um
cachorro na calçada e, infelizmente, colide com
ele. Você será arremessado para frente já que seu
corpo possui inércia, e, portanto, não “queria” que
LEIS DE NEWTON E SUAS APLICAÇÕES
o estado de MRU fosse alterado (essa é a “tendência
ao movimento”).
A dinâmica é o ramo da mecânica que estuda o
movimento considerando a sua origem, ou seja, são
A bicicleta parou ao bater no obstáculo primeiro,
estudadas as forças que ocasionam e modificam esse
porém seu corpo ainda continuou em movimento até
movimento.
encontrar algum outro obstáculo. Daí a importância do
Aqui veremos: as leis de Newton; a ação das forças
cinto de segurança nos automóveis (“frear” a inércia
externas e internas; sistemas referenciais iniciais e
dos corpos em acidentes com veículos automotores).
referenciais não inerciais; lei de Hooke; centros de
massa e de gravidade; momento linear e sua conser-
c) Dentro de um carro, em MRU, ao fazer uma curva
vação; teorema do impulso e colisões.
para a direta, seu corpo parece quente a virar para
Sem delongas, vamos aos conteúdos!
a esquerda – isso é outra implicação da inércia, já
que no movimento curvilíneo surgem forças capa-
Leis de Newton
zes de alterar o estado de MRU e seu corpo possui
a “vontade” de permanecer no estado inicial.
São compostas de três leis que estabelecem a base
para a mecânica clássica. Elas fundamentam o con-
Observe algumas ilustrações a seguir envolvendo
ceito de “força” e sua implicação no surgimento e na
esse conceito.
alteração do movimento de um corpo.
A publicação dessas leis ocorreu pelo físico Inglês
Isaak Newton no ano de 1687 com o livro “Princípios
Matemáticos da Filosofia Natural”. Vamos analisar
uma a uma.
1ª Lei de Newton
explicados:
a) Imagine uma pedra com uma massa imensa. Você
amarra uma corda e tenta puxá-la. Provavelmen- z Sistema de referência inerciais: na compara-
te não irá conseguir movê-la. Isso ocorre pois ela ção de dois corpos, o “corpo de referência” será
possuiu uma inércia grande, ou seja, “uma vonta- dito “inercial” se este estiver em repouso ou MRU
de” de permanecer em repouso. Para mudar esse quando relacionado ao outro. 229
Exemplo: Força Peso
Levando em consideração uma pessoa dentro de
um ônibus que está em repouso ou em MRU (linha A força peso origina na atração gravitacional que
reta com velocidade constante) pode-se afirmar que o um planeta exerce sobre o corpo que está em sua
ônibus é um sistema referencial inercial quando rela- superfície ou em sua região de influência. Para o pla-
cionado à pessoa. neta Terra a aceleração da gravidade tem um valor
aproximado de 9,8 m/s² ≅ 10 m/s². Observe a equação
z Sistema de referência não inerciais: na compa- abaixo:
ração de dois corpos, o “corpo de referência” será
dito “não inercial” se este não estiver em repouso P=mxg
ou MRU quando relacionado ao outro (como por
exemplo: acelerando, freando, ou fazendo curvas).
P = Peso (N)
m = Peso (N)
Exemplo: g = gravidade do lugar em questão (m/s2)
Levando em consideração uma pessoa dentro
de um ônibus que está constantemente acelerando
(MRUV) pode-se afirmar que o ônibus não é um siste- Dica
ma referencial inercial quando relacionado à pessoa. Não confunda massa com peso:
Massa: é a quantidade de matéria (átomos e
moléculas) que um corpo possui. Sempre é
Importante! medida em balanças, com a unidade quilograma
Sabe-se que o planeta Terra não é um referencial (kg) como padrão de medida.
inercial já que possui o movimento de rotação, Peso: é uma força de atração gravitacional
porém, nas questões de nível médio, ela pode ser apontada para o centro do planeta e expressa
considerada como um sistema inercial levando em Newton (N).
em consideração curtos intervalos de tempo. Exemplo: Na Terra ou em Marte uma pessoa
tem as mesmas massas (os átomos e molécu-
las não mudam), porém, possui pesos diferentes
Segunda lei de Newton (já que cada planeta possui uma aceleração da
gravidade diferente).
A segunda lei de Newton, também conhecida como
o “princípio fundamental da dinâmica”, nos fornece Lei de Hooke
que a força resultante que atua em um determinado
corpo é o produto de sua massa aceleração que ele A força que é originada no armazenamento da
possui. Observe a representação a seguir: energia em molas e elásticos, é chamada de “força
elástica” e é regida pela lei de Hooke. Nela é estabele-
FR = m x a cido que a força produzida por uma mola ou elástico
é proporcional ao produto da constante elástica do
material pelo valor de seu alongamento.
FR = Força resultante (N)
m = Massa (Kg) Essa força depende de duas características: a cons-
a = aceleração (m/s2) tante do material (quanto maior essa constante mais
Observe a imagem a seguir: difícil será de esticar ou comprimir esse material) e
sua deformação (o quanto ele está comprimido ou
esticado).
xCM =
Dica m₁ + m₂ + m₃
m1 → x1 = 0 ; y1 = 0
m2 → x2 = 1 ; y2 = 2
m3 → x3 = 4 ; y3 = 1
TRABALHO
Observe que nos três casos a quantidade de movi-
mento é conservada, com isso a equação da conserva-
Na física, o trabalho está relacionado com duas
ção da quantidade de movimento poderá ser usada:
características: força e deslocamento. Sempre que
uma força produz um certo deslocamento, esse corpo
Equação da conservação da quantidade de
produziu um trabalho. Veja a representação a seguir:
movimento (lei da conservação)
Sendo:
P = Potência (W)
T = Trabalho (J)
Δt = Intervalo de tempo (s)
A unidade de medida padrão de potência é Watts,
com o símbolo “W”. Quanto mais potência, mais tra-
balho é realizado em um determinado intervalo de
tempo.
Fonte: http//www.proenem.com.br/
Dica
Nesse caso, a área abaixo do gráfico é um trapézio, Em alguns exercícios podem aparecer algumas
ou seja, basta calcular numericamente essa área para unidades de potência usuais, ou seja, que não
se chegar ao trabalho realizado pelo corpo.
são padrão. A seguir estão os nomes e as res-
Ex.: Uma pessoa empurra uma caixa com uma for-
ça de 20 N. Essa caixa desloca-se por 10 metros. Qual é pectivas conversões para Watts.
o trabalho produzido por essa pessoa? 1KW (1 quilowatt) = 1000W
T = F. ΔS 1MW (1 megawatt) = 1000W = 1000KW
T = 20. 10 1CV (1 cavalo-vapor) = 735W
T = 200J 1HP (1 horse-power) = 746W
Fonte: https://www.soficisa.combr/
ENERGIA
Ex.: Um objeto realiza um trabalho de 100 J em 20
O enunciado formal de energia diz: “energia é a
segundos. Qual é sua potência média nesse intervalo
capacidade que um corpo possui de realizar traba-
lho”. Dessa frase pode-se interpretar que quanto mais de tempo?
energia um corpo possui maior será o trabalho que
ele conseguirá executar, logo, maior será a relação T 100
entre força x deslocamento desse corpo. P= = = 5W
ΔT 20
Ao analisar essa equação, vê-se que esse objeto
Importante! possui uma potência média de 5 watts.
Ao analisarmos o último parágrafo, consegui-
mos responder a pergunta feita na parte inicial RENDIMENTO
dessa seção: “Alguém já te disse a seguinte
frase? Olha, hoje estou com bastante energia”. O rendimento (n) é a eficiência de um dado objeto.
FÍSICA
Teoricamente, uma pessoa com bastante ener- Para encontrá-la basta efetuar a divisão da potência útil
gia produzirá bastante trabalho, que, por sua (utilizada) pela potência total. Multiplicando-se o resul-
vez, produzirá um grande deslocamento (movi- tado por cem, encontra-se o percentual desse rendimen-
mento). Entendeu? Isso é a física contida no to. Observe que a potência total sempre será maior que a
dia a dia. Nos subtópicos abaixo exploraremos potência útil, visto que parte da potência é perdida pelas
outros conceitos envolvendo energia. forças dissipativas (atrito, som, calor etc.). 235
Observe a equação dessa representação: Observe a equação:
Sendo:
Energia cinética é a energia associada ao movi-
mento. Em termos gerais, sempre que um objeto
possui velocidade, ele possuirá energia cinética. Essa Epe = energia potencial elástica (j)
energia é calculada pela multiplicação da massa do k = constante elástica do material (N/m)
objeto pela velocidade ao quadrado, dividindo esse x = deformação do objeto (m)
resultado por dois. Observe a equação logo a seguir:
Dica
m · V² A constante elástica (K) depende de cada mate-
Ec =
2 rial (normalmente o exercício fornece o valor no
enunciado da questão). Quanto maior esse valor
Sendo: mais difícil se torna para esticar ou comprimir
esse material.
Ec = energia cinética (J)
m = massa (Kg)
v = velocidade (m/s)
A unidade padrão de medida de energia é o Jou- CONSERVAÇÃO DE ENERGIA E SUAS
le, representada pela letra “J”. Observe que quanto
maior a massa ou a velocidade de um corpo, maior TRANSFORMAÇÕES
sua energia cinética.
QUANTIDADE DE MOVIMENTO, CONSERVAÇÃO DA
ENERGIA POTENCIAL QUANTIDADE DE MOVIMENTO, IMPULSO E ATRITO
Energia potencial gravitacional é a energia asso- Esse princípio informa que toda energia é trans-
ciada à altura. Em termos gerais, sempre que um obje-
formada, portanto, nunca será criada ou destruída. As
to está a uma certa altura do solo, ele possuirá energia
potencial gravitacional. Essa energia é calculada pela energias cinética, potencial gravitacional e potencial
multiplicação da massa do objeto, a gravidade do pla- elástica estão em constante transformação, uma se
236 neta e a altura em relação ao solo. transformando na outra.
Observe a representação abaixo: perdida, seja pelo atrito, pela elevação da temperatu-
ra, pela dissipação sonora etc.
Como essa perda é muito pequena, ela poderá ser
desprezada, e, com isso, não entrará em nossos cálcu-
Energia
potencial
Energia los (a não ser que o exercício nos obrigue a calculá-la).
potencial
ENERGIA POTENCIAL Em suma, mesmo tendo o conhecimento que, em
um caso real essa perda existe, a fim da resolução das
questões mais corriqueiras de nível médio, não calcu-
ENERGIA CINÉTICA laremos a dissipação da energia e vamos supor que a
conservação da energia é totalmente perfeita.
Energia Cinética
HORA DE PRATICAR!
1. (CESPE – 2018)
( ) CERTO ( ) ERRADO
d = 50 m Figura l
alvo
( ) CERTO ( ) ERRADO
Figura l
Figura ll
a) 4,0 m/s.
b) 8,0 m/s.
c) 16,0 m/s.
d) 0,8 m/s.
e) 3,2 m/s.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) 206 m/s.
b) 208 m/s.
c) 200 m/s.
d) 202 m/s.
e) 204 m/s.
9 GABARITO
1 ERRADO
2 ERRADO
3 CERTO
4 E
5 ERRADO
6 ERRADO
7 A
8 C
9 ERRADO
10 ERRADO
11 B
12 CERTO
13 ERRADO
14 CERTO
15 D
ANOTAÇÕES
FÍSICA
243
ANOTAÇÕES
244
Feitas essas distinções e estabelecidos alguns con-
ceitos simples, vamos preparar uma tabela bastante
objetiva que vai ajudar nas revisões sobre esse ponto
cobrado nas provas.
A ética tem um caráter científico, por isso, suas ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES
mudanças e aplicações ocorrem de outra forma. Sua
estabilidade é muito maior e suas aplicações alcan- Seguimos nosso estudo abordando, agora, o tema:
çam uma universalidade. Em algum momento espera- Ética, princípios e valores. A organização dos conceitos
-se que mudanças em conceitos éticos ocorrerão, mas novamente é necessária. O conceito de ética já foi visto
para execução de provas de concurso o conceito de no ponto anterior, sendo assim, será somente revisado:
universalidade e estabilidade é adequado.
Agora que já conseguimos separar algumas cara-
terísticas de moral e ética, vamos aproveitar o êxito
e nos aprofundar um pouco nos seus conceitos. Para Importante!
fazer isso vamos usar um pouco de etimologia. Ética é uma área da filosofia. É um estudo amplo,
É conveniente analisar no estudo da Ética sua eti- universal e atemporal. Seu objeto de estudo são
mologia. Assim, ética é uma palavra que vem do termo
grego ethos, que quer dizer “modo de ser”, “costume”
princípios fundamentais das ações e do compor-
ou “hábito”. A origem da palavra nos remete instanta- tamento humano. Finalmente podemos inferir
neamente para o cerne de seu conceito que, apesar da que a ética é uma ciência.
dificuldade de estabelecer um significado único, nos
ÉTICA E CIDADANIA
Dica ÉTICA-ciência,
atemporal e
O servidor público deve compreender o dever e a MORAL-pessoal, universal
vinculada ao local
honra que existe em servir à sociedade. e ao tempo
REFERÊNCIAS
as grandes direções que essa lei quer seguir, o que do a definição de diretrizes, objetivos, planos e ações,
chamamos de diretrizes. Veja a redação do art. 4°: além de critérios de priorização e alinhamento entre
organizações e partes interessadas, para que os ser-
Art. 4º são diretrizes da governança pública: viços e produtos de responsabilidade da organização
I - direcionar ações para a busca de resultados alcancem o resultado pretendido.
para a sociedade, encontrando soluções tempes- O controle remete ao estudo dos incisos VI, VII, VIII
tivas e inovadoras para lidar com a limitação de e compreende processos estruturados para mitigar os
recursos e com as mudanças de prioridades; possíveis riscos com vistas ao alcance dos objetivos
II - promover a simplificação administrativa, a institucionais e para garantir a execução ordenada,
modernização da gestão pública e a integração dos ética, econômica, eficiente e eficaz das atividades da
serviços públicos, especialmente aqueles prestados organização, com preservação da legalidade e da eco-
por meio eletrônico; nomicidade no dispêndio de recursos públicos. 249
Nova Governança Pública X Nova Gestão Pública O decreto é realmente muito curto, sendo assim,
precisa ser lido várias vezes:
Segundo Paludo, a nova governança pública Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994
inclui a participação do mercado e da sociedade
civil nas decisões. Seria uma espécie de ponte entre Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissio-
os interesses do mercado e da sociedade civil e a nal do Servidor Público Civil do Poder Executivo
governabilidade. A nova governança contempla Federal, que com este baixa.
a possibilidade de múltiplas participações e par- Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração
cerias intra e interorganizacionais na tomada de Pública Federal direta e indireta implementarão,
decisão e na implementação/controle das políticas em sessenta dias, as providências necessárias à ple-
públicas, gerando corresponsabilidade. na vigência do Código de Ética, inclusive mediante
a Constituição da respectiva Comissão de Ética,
Administração pública, Augustinho Paludo, 2018, págs. 178-179. integrada por três servidores ou empregados titu-
(capítulo governabilidade, governança e accountability)
lares de cargo efetivo ou emprego permanente.
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Éti-
A Política de Governança é tarefa complexa, para ca será comunicada à Secretaria da Administração
auxiliar o presidente nessas questões foi desenhado o Federal da Presidência da República, com a indica-
Comitê Interministerial de Governança - CIG que ção dos respectivos membros titulares e suplentes.
tem por finalidade assessorar o Presidente da Repú- Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua
blica na condução da política de governança da admi- publicação.
nistração pública federal.
É importante revisar a composição do Comitê. O código inicia suas disposições estabelecendo
O CIG é composto pelos seguintes membros titula- as regras deontológicas. As regras deontológicas são
res (art. 8º): normas de conduta de uma determinada profissão.
No caso do decreto 1.171/94, as regras de conduta se
I - Ministro de Estado chefe da Casa Civil da Presi- aplicam aos servidores do poder executivo federal na
dência da República, que o coordenará; administração direta e indireta.
II - Ministro de Estado da Economia; e
III - Ministro de Estado da Controlaria-Geral da União.
Importante!
Merece destaque o ponto do art. 12-A da lei
9.203/17: “A participação no CIG ou nos grupos
de trabalho por ele constituídos será considera-
da prestação de serviço público relevante, não
remunerada”.
PROMOÇÃO DA ÉTICA E DE REGRAS DE CONDUTA Terminado o texto da lei, vamos nos deter nas
PARA SERVIDORES regras deontológicas que fazem parte do anexo, assim
no capítulo I, seção I temos alguns incisos que mere-
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil cem o devido comentário e os demais são de leitura
do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171, de 1994) obrigatória, são eles:
VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves- Geralmente somos cobrados nesse ponto da maté-
tigações policiais ou interesse superior do Estado ria e a expressão “injustificada” é retirada da questão,
e da Administração Pública, a serem preservados por isso fique atento!
em processo previamente declarado sigiloso, nos
termos da lei, a publicidade de qualquer ato XIII - O servidor que trabalha em harmonia com
administrativo constitui requisito de eficácia a estrutura organizacional, respeitando seus cole-
e moralidade, ensejando sua omissão comprome- gas e cada concidadão, colabora e de todos pode
timento ético contra o bem comum, imputável a
ÉTICA E CIDADANIA
abrange os servidores do judiciário ou do legislativo, importante é a seguinte: atuar como instância consul-
nem mesmo os servidores dos estados, municípios ou tiva do Presidente da República e Ministros de Estado
do Distrito Federal. em matéria de ética pública. Ou seja, a CEP deverá ser
capaz de dirimir dúvidas na área da gestão da Ética
REFERÊNCIAS no Executivo Federal, por isso a Comissão possui um
departamento Jurídico para prestar assessoria. Além
Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994. Aprova disso, deverá apurar informações recebidas por meio
o Código de Ética Profissional do Servidor Públi- de denúncias ou de ofício, quando presentes condutas
co Civil do Poder Executivo Federal. Disponível fiquem em desacordo com suas normas. Por fim, coor-
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ denará, avaliará e supervisionará o Sistema de Gestão
d1171.htm da Ética Pública do Poder Executivo Federal 253
As instâncias superiores dos órgãos e entidades do z Recomendação de abertura de procedimento
Poder Executivo Federal, abrangendo a administração administrativo, se a gravidade da conduta assim o
direta e indireta deverão observar as normas éticas e exigir.
de disciplina, constituir as próprias comissões de ética
e atender com prioridade as solicitações da CEP. Fica assegurado a todos os investigados, em respei-
Considerando o alto impacto que as ações desen- to ao contraditório e ampla defesa, o conhecimento do
volvidas pela CEP podem causar nos servidores que teor das acusações e o acesso aos autos (ainda que no
forem investigados, algumas medidas rígidas foram
recinto das Comissões de Ética). Por fim, fica garanti-
adotadas para preservar os investigados.
Deverá ser protegida a honra e a imagem das pes- do o acesso a cópias integrais dos processos e de certi-
soas investigadas, assim como a imagem do denun- dão do seu teor.
ciante deverá ser mantida em sigilo, se este for o seu As comissões de ética têm por dever proferir deci-
desejo, e os membros da CEP deverão ter independên- são sobre os temas de sua competência, independen-
cia e imparcialidade para apurar os fatos, com todas temente de omissão do Código de Conduta da Alta
as garantidas presentes no decreto 6.029/2007. Administração Pública. Eventuais omissões poderão
Possui legitimidade para provocar a atuação da ser supridas por uso da analogia ou dos princípios da
CEP qualquer cidadão (servidor ou não), pessoa jurídi- legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
ca de direito privado, associação ou entidade de classe, e eficiência.
visando a apuração de infração ética imputada a agente
público, órgão ou setor específico do ente estatal. Art. 17 As Comissões de Ética, sempre que consta-
tarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis,
Dica de improbidade administrativa ou de infração dis-
ciplinar, encaminharão cópia dos autos às auto-
Definição de agente público do Decreto 6.029/07 ridades competentes para apuração de tais fatos,
Entende-se por agente público, todo aquele que, sem prejuízo das medidas de sua competência.
por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico,
preste serviços de natureza permanente, tem- O texto do artigo 17 do Decreto é tremendamente
porária, excepcional ou eventual, ainda que sem importante, justamente pelo fato de lembrar às Comis-
retribuição financeira, a órgão ou entidade da sões de Ética que, além de realizarem seu dever, deve-
administração pública federal, direta e indireta. rão estar atentas aos possíveis desdobramentos que
poderão ocorrer em função das condutas praticadas.
Da apuração dos atos Os trabalhos nas Comissões de Ética que são
dispostas nos incisos II e III do art. 2º do Decreto
O Decreto organiza procedimento de apuração dos 6.029/07 são considerados relevantes e têm priorida-
atos praticados em seu desacordo. Desta forma, privi- de sobre as atribuições próprias dos cargos dos seus
legia o contraditório e a ampla defesa. As apurações membros, quando estes não atuarem com exclusivi-
poderão ser praticadas de ofício (sem provocação) dade na Comissão.
ou por meio de denúncia. É importante frisar que o Chegamos ao final de mais um assunto com grande
processo inicia com um prazo de defesa prévia, fato chance de ser objeto de questões nas provas do CESPE.
importante, posto que, acusações com pouca funda- Lembre-se: o Código de Conduta da Alta Administra-
mentação poderão ser combatidas desde logo. ção Federal, o Código de Ética Profissional do Servidor
Nos termos do Decreto “o processo de apuração Público Civil do Poder Executivo Federal e o Código
de prática de ato em desrespeito ao preceituado no
de Ética do órgão ou entidade serão aplicados ao ser-
Código de Conduta da Alta Administração Federal e
vidor ainda que essas autoridades e agentes públicos
no Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal será instaurado, de estejam em gozo de licença.
ofício ou em razão de denúncia fundamentada, res-
peitando-se, sempre, as garantias do contraditório e Código de Conduta da Alta Administração Federal
da ampla defesa”. (Exposição de Motivos nº 37, de 2000)
As apurações serão feitas pela Comissão de Ética
Pública ou pelas demais Comissões de Ética. Em todos Exposição de Motivos Nº 37, De 2000
os casos será notificado o investigado para manifes-
tar-se, por escrito, no prazo de dez dias. Além dis- A exposição de motivos representa a visão do
so, o investigado poderá produzir prova documental Governo na produção do Código de Conduta. Ela con-
necessária a sua defesa e as Comissões de Ética terão centra, verdadeiramente, o seu espírito. Nesse senti-
o poder de requisitar os documentos que entenderem do, antes de tudo, valerá como compromisso moral
necessários à instrução probatória e, também, promo-
das autoridades integrantes da Alta Administração
ver diligências e solicitar parecer de especialista.
Federal.
Após a conclusão do processo poderão ser adota-
das as seguintes medidas: Seus objetivos principais são: apresentar maior
lisura e transparência dos atos praticados na condu-
z Encaminhamento de sugestão de exoneração de ção da coisa pública.
cargo ou função de confiança à autoridade hie- Tomando por base uma visão mais global, per-
rarquicamente superior ou devolução ao órgão de cebeu-se que os países democráticos desenvolvidos,
origem, conforme o caso; conforme estudos da Organização para Cooperação
z Encaminhamento, conforme o caso, para a Contro- e Desenvolvimento Econômico (OCDE), enfrentam o
ladoria-Geral da União ou unidade específica do crescente ceticismo da opinião pública a respeito do
Sistema de Correição do Poder Executivo Federal comportamento dos administradores públicos e da
de que trata o Decreto n o 5.480, de 30 de junho de classe política. Essa falta de crença na Administração
2005, para exame de eventuais transgressões dis- prejudica o andamento do Governo e o Código de Con-
254 ciplinares; e duta tem a missão de combater essas falhas.
Percebeu-se que o anseio da sociedade não seria Os órgãos e as entidades do Poder Executivo Federal
atingido pela aprovação de mais dispositivos legais, assegurarão, às pessoas naturais e jurídicas, o direito de
posto que já existem em forma e quantidade abundan- acesso à informação que será proporcionado mediante
tes. Nos termos da exposição de motivos: “o anseio por procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente,
uma administração pública orientada por valores éti- clara e em linguagem de fácil compreensão, observados
cos não se esgota na aprovação de leis mais rigorosas, os princípios da administração pública e as diretrizes
até porque leis e decretos em vigor já dispõem abun- previstas na Lei nº 12.527, de 2011.
dantemente sobre a conduta do servidor público”.
O Código de Ética da Alta Administração Pública Essa é a regra: o Decreto e a Lei são de Acesso à Infor-
tem a clara intenção de abordar grande parte das mação. Acessar é a regra, restringir é uma exceção.
atuais questões éticas que separam o interesse públi-
co do interesse privado. Partindo-se do princípio de Esse ponto faz parte do texto do artigo 2º do Decre-
que tais questões, em diversas vezes não se revestem to que regulamenta a lei de acesso à informação e é
de violação de norma legal, mas, sim, desvio de con- muito cobrado em prova.
duta ética. O art. 3º da lei nº 12.527/11 determina que os pro-
A exposição de motivos aborda a origem de onde cedimentos previstos na Lei se destinam a assegurar
são recrutados a maior parte dos funcionários públi- o direito fundamental de acesso à informação e
cos do País, afirmando que “a base ética do funciona- devem ser executados em conformidade. com os prin-
lismo de carreira é estruturalmente sólida, pois deriva cípios básicos da administração pública (art. 37 da CF)
de valores tradicionais da classe média, onde ele é e com as seguintes diretrizes:
recrutado”. Partindo desse ponto rejeita a figura da
corrupção endêmica e defende que está é uma visão I - observância da publicidade como preceito geral
equivocada e injusta do funcionalismo. e do sigilo como exceção;
A intenção do código é claramente demonstrar que II - divulgação de informações de interesse público,
o exemplo “virá de cima” e que as condutas adotadas independentemente de solicitações;
pelos maiores gestores serão o modelo que ilumina e III - utilização de meios de comunicação viabiliza-
guia a condutas das demais categorias de servidores. dos pela tecnologia da informação;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
transparência na administração pública;
V - desenvolvimento do controle social da adminis-
Importante! tração pública.
O Código trata de um conjunto de normas que
sujeitam as pessoas nomeadas pelo Presidente Estamos selecionando os artigos de maior incidên-
da República para ocupar qualquer dos cargos cia e é inevitável realizar a leitura destes tópicos. Eles
previstos no código. É certo que a transgressão precisam ser lidos e repetidos, pois estarão presentes
dessas normas não implicará, necessariamen- em concursos.
te, em ilícito, mas, principalmente, em descum- Em seu artigo 3° (Decreto n° 7.724/12) o regula-
mento traz importantes definições:
primento de um dever moral e dos padrões de
qualidade estabelecidos para a conduta da Alta
I - informação - dados, processados ou não, que
Administração. podem ser utilizados para produção e transmis-
são de conhecimento, contidos em qualquer meio,
suporte ou formato;
As punições previstas no Código de Conduta da Alta II - dados processados - dados submetidos a qual-
Administração Pública são de caráter político: advertên- quer operação ou tratamento por meio de proces-
cia e “censura ética”. Como máxima sanção está prevista samento eletrônico ou por meio automatizado com
a sugestão de exoneração, dependendo da gravidade o emprego de tecnologia da informação;
da transgressão. Isso implica que o transgressor pode, III - documento - unidade de registro de informa-
também, ser exonerado ad nutum por quem o nomeou. ções, qualquer que seja o suporte ou formato;
Ou seja, não basta ser ético, é necessário também pare- IV - informação sigilosa - informação submetida
cer ético, em sinal de respeito à sociedade. temporariamente à restrição de acesso público em
razão de sua imprescindibilidade para a seguran-
ça da sociedade e do Estado, e aquelas abrangidas
pelas demais hipóteses legais de sigilo;
V - informação pessoal - informação relacionada à
ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA pessoa natural identificada ou identificável, relati-
CIDADANIA va à intimidade, vida privada, honra e imagem;
VI - tratamento da informação - conjunto de ações
ÉTICA E CIDADANIA
tiva sobre os órgãos do poder judiciário, bem como des, as nomeações, contratações ou designações de
sobre toda a administração pública direta e indire- familiar de Ministro de Estado, familiar da máxima
ta, nas esferas feral, estadual e municipal.” autoridade administrativa correspondente ou, ainda,
familiar de ocupante de cargo em comissão ou fun-
Pontos que devem ser revisados sempre que se ção de confiança de direção, chefia ou assessoramen-
pensa em nepotismo to, para C.C. ou F.G., contratação para atendimento a
necessidade temporária ou de excepcional interesse
z A súmula vinculante 13 veda a prática de nepotis- público (sem processo seletivo) ou estágio (sem pro-
mo na administração pública direta e indireta em cesso seletivo). Da mesma forma ficam vedadas quais-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do quer formas de ajuste que caracterizem forma de
Distrito Federal e dos Municípios. Considerando burlar as restrições ao nepotismo. 259
Entram nesse tipo e restrição as designações recí- Um servidor público possui o dever de resistir às
procas envolvendo órgão ou entidade da adminis- pressões de superiores em hierarquia, interessados
tração pública federal. Existem casos especialmente ou contratantes que visem obter vantagens, favo-
vedados e são os relativos aos familiares do Presi- res ou qualquer outro benefício em função de ações
dente da República e do seu Vice, nessas situações, as indevidas.
vedações se abrangem todo Poder Executivo Federal.
A própria contratação de empresas fica atingida ( ) CERTO ( ) ERRADO
pela Lei 7.203/10, vejam só, as empresas ligadas às
pessoas citadas não poderão ser contratadas sem lici-
4. (CESPE – 2014) Julgue o item que se segue, relativo à
tação por órgão ou entidade da administração públi-
ética no serviço público.
ca federal onde exerçam suas funções, eles ou seus
familiares. Se uma autoridade administrativa proibir o uso de ber-
Escapam ao escopo da lei somente as nomeações, mudas ou shorts nas dependências de determinada
designações ou contratações de servidores federais repartição pública e essa vedação causar indignação
concursados (aposentados ou não) observada a com- entre seus subordinados, constatar-se-ão, nessa hipó-
patibilidade e complexidade das funções ou que ocu- tese, indícios de desvio ético na conduta do gestor.
pem cargo em comissão de nível mais alto que o do
agente público, ou ainda, que tenham sido contrata- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dos antes do início do vínculo familiar. Por fim, fica
impedida a manutenção de familiar (ocupante de C.C. 5. (CESPE – 2013) Julgue o item que se segue, relativo à
ou F.G.) sob subordinação direta do agente público.
ética no serviço público.
A Controladoria Geral da União é a responsável
O servidor que tentar iludir determinada pessoa que
por fiscalizar e comunicar os casos de nepotismo de
que tiver ciência. Serão apurados de forma específica necessite de atendimento no serviço público praticará
os casos em que haja indícios de influência de Minis- conduta vedada pelo respectivo código de ética, que
tro de Estado, autoridade administrativa correspon- prevê a possibilidade de aplicação da penalidade de
dente ou, ocupante de cargo em comissão ou função censura.
de confiança de direção, chefia ou assessoramento.
Como ferramenta de impedimento do nepotismo ( ) CERTO ( ) ERRADO
“disfarçado de empresa terceirizada” os editais de
licitação para a contratação de empresa prestadora 6. (CESPE – 2012) Com base no Código de Ética Pro-
de serviço terceirizado, assim como os convênios e fissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
instrumentos equivalentes para contratação de enti-
Federal, julgue o item a seguir.
dade que desenvolva projeto no âmbito de órgão ou
Há previsão legal para a criação de comitês de ética
entidade da administração pública federal, deverão
estabelecer vedação de contratação para os fami- em todos os órgãos e entidades integrantes da admi-
liares de agente público que preste serviços no órgão nistração pública.
ou entidade em que este exerça cargo em comissão ou
função de confiança. ( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 GABARITO
1 CERTO
2 ERRADO
3 CERTO
4 ERRADO
5 CERTO
6 ERRADO
7 CERTO
8 ERRADO
9 ERRADO
10 CERTO
11 CERTO
ÉTICA E CIDADANIA
ANOTAÇÕES
261
ANOTAÇÕES
262
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA
O Brasil está localizado na porção centro-oriental na América do Sul e é o maior país em extensão territorial do
subcontinente. O território é cortado pela Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, totalizando uma área
de 8.515.767 km2, sendo classificado como um país de dimensões continentais, e dentre os países com maiores
extensões territoriais do mundo está em quinto lugar, tratando de terras descontínuas, e quarto lugar, conside-
rando terras contínuas.
O país possui 23.086 km de fronteiras, destes 15.719 km são fronteiras terrestres, sendo que somente dois
países da América do Sul (Chile e Equador) não fazem fronteira com nosso país. A costa brasileira é banhada pelo
Oceano Atlântico e constitui um total de 7.367 km, indo do Cabo Orange ao Arroio Chuí.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA
ENTRADAS BANDEIRAS
Expedições organizadas As Bandeiras foram expe-
pela Coroa Portugue- dições realizadas entre os
sa, que antecederam as séculos XVI e XVII, finan-
Bandeiras e possuíam os ciadas por particulares,
objetivos de explorar o como os objetivos de tam-
território, auxiliar no ma- bém realizar o processo
peamento do território de ocupação do interior
brasileiro, estabelecer no- do país, capturar escravos
vas áreas de currais para que haviam fugido e o prin-
a criação de gado e no- cipal objetivo era buscar
vas terras para a prática áreas que possuíam re-
da agricultura. Posterior- servas de ouro, tendo em
mente, essas atividades vista que as primeiras ex- Fonte: Google Imagens.
passaram a ter objetivos pedições com esse obje-
variados, como por exem- tivo foram realizadas logo Tratado de Petrópolis (1903) - Durante o século
plo: conquistar territó- após a descoberta das XIX, ocorreram várias mudanças políticas em âmbito
rios ocupados por índios, primeiras minas de ouro nacional, em especial a partir de 1822, quando o Brasil
capturar índios para o em MG. Posteriormente, torna-se independente de Portugal, e após esse evento
trabalho em lavouras, na os Bandeirantes foram houve a consolidação do Império, período que ocor-
mineração, a captura de ocupando territórios no reu uma forte centralização política, evitando assim a
escravos refugiados, den- interior do país, para bus- fragmentação do território nacional. No fim do século
tre outros. car novas reservas desse XIX, um importante ciclo econômico desenvolveu-se na
mineral. região Amazônica (o Ciclo da Borracha), que motivou
a migração de milhares de pessoas para a região que
No mapa a seguir, pode-se observar os limites ter- vislumbravam através da exploração do látex uma for-
ritoriais definidos através da assinatura do Tratado de ma de fazer fortuna e ter uma vida melhor. Ao navegar
264 Tordesilhas. pela margem direita do Rio Amazonas, diversos grupos
de seringueiros chegaram ao território boliviano e ocuparam a região. O processo de ocupação foi conflituoso e
após diversos entraves, o governo brasileiro, na figura do Barão de Rio Branco, negociou a compra das terras que
hoje correspondem ao território do estado do Acre. Foi decidido o pagamento de uma indenização de dois milhões
de libras esterlinas, e a construção de uma saída para o Oceano Atlântico – a Ferrovia Madeira-Mamoré, pois o país
vizinho (Bolívia) havia perdido para os chilenos sua única saída para o mar.
A nova faixa pertencente ao território brasileiro encontrava-se – e ainda está assim – distante dos principais cen-
tros econômicos e políticos do país. Logo após a assinatura do acordo entre brasileiros e bolivianos, a região passou
a ser considerada um território federal, subordinado a administração localizada no Rio de Janeiro. No ano de 1962,
o presidente João Goulart homologou a lei que colocava o território do Acre na condição de estado da federação, pas-
sando assim a possuir administração própria e com seus respectivos poderes (Executivo, Judiciário e Legislativo).
z 26 estados;
z Um Distrito Federal.
“É a forma de organização do Estado adotada pelo Brasil que se caracteriza pela coexistência de um poder sobera-
no e diversas forças políticas autônomas, unidas por uma Constituição. Os entes que compõem a federação são: a
União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. A CF fala também em Territórios, divisões político-
-administrativa que, atualmente, não existem.”
* O Distrito Federal é uma unidade da federação e não é subdivisão de qualquer município. 265
nessa época e sua produção era voltada exclusiva-
A DIVISÃO INTER-REGIONAL DO mente para o mercado europeu.
TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO Neste período, devido a demanda de crescimento
populacional, tem início uma diversificação da produ-
BRASIL
ção para atender a demanda de consumo do merca-
do interno (porém nada que substituísse totalmente
A formação do espaço geográfico pode ser definida
os grandes produtos da economia brasileira), nestes
com base nas relações de poder que são estabelecidas
espaços secundários que aqui se formaram podemos
através dos diversos modos de produção e podem ser
destacar a produção de tabaco, algodão e cacau, em
motivadas por fatores sociais, políticos, econômicos
especial nas regiões do Recôncavo Baiano, Sertão Nor-
internos e externos, condicionados ao longo do tempo.
destino e sul da Bahia.
A formação de Estados com governos centraliza-
A estrutura produtiva era moldada de acordo com
dos (fruto da aliança entre rei e burguesia) provocou
as necessidades, nas grandes propriedades existia
a formação de um espaço geograficamente mais inte-
um complexo de produção constituído por engenho,
grado, nesse período, começava a articulação entre o
casa grande, senzala, áreas destinadas para a pecuá-
modo de produção capitalista (alteração das relações
ria, enquanto nas pequenas e médias propriedades
servis por um sistema assalariado).
o modelo dominante era a subsistência, que visava
A chegada dos colonizadores europeus na Améri-
atender aos interesses de pequenos grupos que habi-
ca provocou uma desorganização e uma desestrutu-
tavam as imediações das macroestruturas produtivas.
ração do espaço nativo aqui existente e a instalação A sociedade era patriarcal e escravagista, sendo
de um processo de colonização de exploração, com que o senhor de engenho tinha grande influência na
total submissão política e econômica aos interesses vida política e na economia.
da metrópole (conhecido como mercantilismo e ofi- A concorrência da cana-de-açúcar produzida nas
cializado através do Pacto Colonial – onde a colônia Antilhas contribuiu para a decadência deste ciclo eco-
só podia estabelecer relações comerciais com sua res- nômico. A região da Zona da Mata entra em proces-
pectiva metrópole), sendo assim, esta mercantilização so de marginalização dentro da estrutura econômica
da produção provocou a criação de espaços geográfi- brasileira, principalmente após a transferência da for-
cos distintos, separados por uma hierarquia colonial, ça produtiva para a região Sudeste.
estabelecida pelo pacto citado anteriormente. O mapa a seguir mostra os principais ciclos eco-
Até os anos 30 do século XX, a economia brasileira nômicos desenvolvidos no período colonial, com um
foi predominantemente agroexportadora, com base maior destaque para as atividades realizadas durante
na relação escravista de trabalho, que perdurou até o século XVIII.
1888 com a assinatura da lei Áurea que aboliu oficial- É importante destacar atividades que foram desen-
mente a escravidão no país. volvidas de forma paralela, porém simultânea, como
O Brasil colônia tinha como principal função ser- por exemplo a pecuária, com papel extremamente
vir como um complemento da economia da metrópo- importante no processo de interiorização do nosso
le europeia, aqui houve uma ocupação do litoral em país.
maior escala em detrimento da ocupação das porções
interiores do território no início da colonização, fato
este que proporcionou desigualdades regionais que
ainda podem ser observadas até os dias atuais.
O sistema de plantation (latifúndios com a práti-
ca da monocultura de gêneros tropicais) pautava a
macroeconomia nacional, dessa forma, o Brasil cons-
titui-se em um espaço geográfico periférico dentro do
sistema de acúmulos de capitais e riquezas nesta fase
do capitalismo mercantilista.
A economia colonial baseava-se no trabalho
compulsório, no início com a mão de obra indígena
e depois com o escravo africano. No contexto inter-
nacional da época, a economia estava integrada ao
processo de expansão do capitalismo mercantil e era
caracterizada por ciclos produtivos.
O primeiro ciclo econômico colonial foi o Pau-bra-
sil, presente na região da Mata Atlântica, a seiva era
usada no processo de tingimento de tecidos e a madei-
ra era utilizada na produção de móveis, este modelo
de exploração durou até por volta de 1555, quando
começa ocorrer uma escassez de matéria prima e a
elevação do custo, fato que diminuiu o interesse dos Fonte: Google Imagens.
colonizadores por este tipo de comércio.
A partir de 1530, um novo ciclo econômico tem iní- A partir do século XVIII, a mineração desenvol-
cio, sendo ligado a produção açucareira, com grande ve-se como principal ciclo econômico. Foram desco-
destaque nos séculos XVI e XVII, na região conhecida bertas reservas de ouro de aluvião, e esta atividade
como Zona da Mata nordestina, onde há a presença do contribuiu para impulsionar o processo de ocupa-
solo tipo massapé (muito ricos em nutrientes). A cana- ção da porção centro-sul do país, formaram-se vilas,
266 -de-açúcar era um produto extremamente importante que passaram posteriormente ao status de cidades,
ocorrendo assim a transferência de pessoas, serviços Além do café outros produtos foram desenvolvi-
e capitais para as áreas mineradoras. dos em espaços do território de formas diferentes,
A região Sudeste começa a desempenhar um papel como por exemplo a borracha na região da Amazônia.
extremamente importante tanto para o atendimento Tudo isso foi determinante para que o Brasil se encon-
das demandas de mercado externo como para estrutu- trasse fragmentado até por volta de 1930, sendo estes
rar o mercado interno. O desenvolvimento provocado espaços isolados e/ou fragmentados, classificados
pelo ciclo do ouro traz também um surto de urbaniza- como ilhas ou arquipélagos econômicos que se encon-
ção que facilitava o aumento das práticas comerciais travam totalmente ou parcialmente isolados entre si.
e o processo de interiorização do país, estes fatores
foram determinantes para a transferência da capital
do país para o Rio de Janeiro, provocando assim uma
reorganização espacial do país neste período.
Os primeiros sinais de decadência na produção
aurífera foram surgindo e consequentemente os capi-
tais eram destinados para outras atividades econômi-
cas, como por exemplo a produção de algodão – que
teve um aumento da demanda no mercado exter-
no, principalmente após a ocorrência da Revolução
Industrial na Inglaterra.
No século XIX, o país estava com um governo cen-
tralizador vinculado aos interesses aristocráticos e
escravagistas que divergia um pouco das ideias libe-
rais que emergiam em diversas localidades do mundo.
Os países centrais que já haviam passado por pro-
cessos de industrialização exigiam das nações perifé-
ricas maiores quantidades de matérias-primas, além
de mercados consumidores, fatores estes que provo-
caram uma mudança nas relações trabalhistas, pauta-
das no trabalho assalariado, porém com a resistência
muito forte das elites em colocar um ponto final no
processo de escravidão.
Neste período histórico, o produto que impulsio- A partir de 1929, em especial com a quebra da
nou a economia brasileira foi o café, e isso contribuiu Bolsa de Nova York, ocorreram profundas alterações
para o fortalecimento da aristocracia no sudeste do nas relações econômicas globais. No Brasil essa crise
país (região que concentrava a produção deste gênero internacional foi sentida no modelo agrário exporta-
agrícola). Ocorreram investimentos pesados no setor dor, em especial no espaço cafeeiro. A política do café
e toda a produção era destinada à exportação. com leite (Minas Gerais e São Paulo se revezavam na
Os espaços econômicos continuaram elitistas e as presidência da República), foi interrompida com a
desigualdades e injustiças sociais continuaram per- chegada de Getúlio Vargas no poder, que promoveu
meando a sociedade brasileira. Um dos grandes pro- mudanças políticas importantes no país.
Vargas incentivou a industrialização, tendo em
blemas sociais da época era a concentração fundiária
vista que o país necessitava de produtos e sem condi-
(a Lei de Terras de 1850 contribuiu para o aumento
ções de importar – a demanda de produção industrial
significativo da concentração de terras aqui no Brasil). nacional era insuficiente para atender a demanda de
A necessidade de investir na infraestrutura para consumo interno, dessa maneira o espaço econômico
atender a demanda de produção de café era cada vez brasileiro que era fortemente ligado ao agrário rural
mais intensa, foram realizados investimentos ele- foi gradativamente transferido para o urbano indus-
vados no transporte ferroviário, por exemplo, que trial, com destaque para o eixo São Paulo – Rio de
era a principal forma de ligação das áreas produto- Janeiro, que já contava com uma infraestrutura que
ras de café com os principais portos da época. O café favorecia essa mudança, além de contar com mercado
chegou a representar cerca de 65% das exportações consumidor em crescente expansão e capitais dispo-
brasileiras. níveis, provenientes da produção cafeeira.
Neste momento, a crise agrária e o pulsante desen-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA
Nas regiões metropolitanas mais populosas concentram-se cerca de 37,26% da população do país.
Vale ressaltar que, de acordo com esses novos critérios, nem toda RM (Região Metropolitana) tem especifica-
mente uma metrópole.
270
As razões para esta maior concentração populacio- centro-oeste e norte estão passando por um processo
nal nas porções centro-sul e litorânea do país se devem de desenvolvimento).
aos ciclos econômicos realizados ao longo da nossa his-
tória. Nosso país possui uma ocupação territorial diver- Já o termo povoado
sificada, demonstrando assim uma heterogeneidade O termo populoso refe- refere-se a forma como
estatístico-demográfica de sua população. Possuímos re-se à quantidade total a população se distribui
unidades da federação densamente povoadas, exemplos de pessoas em um país, pelo território, esse termo
de Brasília (444 hab./km²) ou Rio de Janeiro (365 hab./ estado, município. Refe- também pode ser explica-
km²), e possuímos também áreas com reduzidas densi- re-se ao número total de do por população relativa
dades demográficas por exemplo em Roraima ou Ama- habitantes de uma região, ou densidade demográfi-
zonas, ambas em torno de 2 hab./km². também conhecido como ca (número de habitantes
A concentração populacional na vertente (que população absoluta. por km² em uma determi-
é um termo frequentemente utilizado na geografia nada área).
como sinônimo de “lado”, “flanco”), que é resultante
do processo histórico de ocupação, que ocorreu da fai-
xa litorânea para o interior do país de forma gradual. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA POPULAÇÃO
Nas áreas litorâneas das regiões Sudeste, Nordeste, e BRASILEIRA
Sul, ocorrem elevadas taxas de densidade demográfi-
ca do país, em algumas chegam a ultrapassar a marca Para compreendermos melhor a questão demográ-
fica brasileira, é importante tomarmos conhecimento
de 10 mil hab./km², em contrapartida as taxas mais
dos seguintes dados divulgados recentemente pelo
baixas estão nos estados da região amazônica (norte
IBGE, e estes dados traçam um panorama geral da
do país) e na região Centro-Oeste. A cidade de Brasília
população brasileira:
é uma exceção, pois o processo de construção da cida-
Segundo dados divulgados pelo IBGE em 2020,
de foi em um momento específico da história do país,
a expectativa de vida do brasileiro é de 76,6 anos, a
como políticas criadas pelo Governo Federal para expectativa de vida dos homens é de 73,1 anos e para
ocupar diversas áreas do território nacional. A tabela as mulheres de 80,1. Esses indicadores vêm aumen-
a seguir mostra dados sobre nosso país e as regiões tando ano após ano desde a década de 40, quando
administrativas. a expectativa de vida do brasileiro era de 45,5 anos
(G1,2020). Nos recém-nascidos essa situação se repete,
POPULAÇÃO TOTAL a mortalidade infantil (quando a criança vem a óbito
BRASIL / DENSIDADE
(ABSOLUTA) EM antes de completar 1 ano de vida, para cada grupo de
REGIÃO (HAB. / KM²)
MILHÕES mil nascimentos), é maior entre os meninos, entre os
nascidos do sexo masculino em 2018 cerca de 13,8 não
Brasil 211.755.692 23,8 chegam ao primeiro ano de vida, já entre as meninas
este número é de 11,8 mortes a cada mil nascimentos
Sudeste 89.012.240 87
– dados do IBGE. (G1 em 2018.)
Nordeste 57.374.243 36,06 E esse padrão se repete ao longo da vida: quando
as mulheres completam 20 anos de idade, elas têm
Sul 30.192.315 42,5 cerca de 4,5 mais chances de chegar aos 25 anos que
um homem da mesma idade.
Norte 18.672.591 4,12
Essa diferença, de acordo com o IBGE se explica
Centro-Oeste 16.504.303 8,7 pela alta taxa de homicídios, suicídios, acidentes de
trânsito e outras mortes não naturais entre os indi-
víduos do sexo masculino. De acordo com o IBGE,
BRASIL / POPULAÇÃO POPULAÇÃO as causas de mortes em homens a partir dos anos 80
REGIÃO URBANA (%) RURAL (%) começavam a ter um papel significativo na socieda-
de brasileira – isso pode ser explicado pelo aumento
Brasil 84,4 15,6 populacional, agravamento da desigualdade social,
aumento da criminalidade, etc.
Sudeste 92,9 7,1
Um outro fator que tem consequência direta nas
Nordeste 73,1 26,9 questões demográficas é a mortalidade infantil – crian-
ças que vêm a óbito antes de completarem 5 anos de
Sul 84,9 15,1 vida - Essas taxas vem caindo aos longo dos anos, em
2019 esse número era de 14,4 contra 14,9 em 2017 e
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA
Norte 73,5 26,5 15,5 em 2015, as chances são maiores no grupo que tem
Centro-Oes- 88,8 11,2 menos de 1 ano de vida – o número registrado no ano
te passado é de cerca de 85% das crianças que morreram
e tinham menos que 1 ano. Porém, mesmo com esses
dados, as taxas de mortalidade infantil vêm diminuin-
Fonte: IBGE, Anuário da população Brasileira, julho, 2020. do, no ano passado foram registradas 14 mortes a cada
grupo de mil nascimentos, contra 17,2 em 2010 – dados
Apesar de serem menos populosas, as regiões Nor- do IBGE. No Brasil, a redução total de mortalidade
te e Centro – Oeste apresentam um constante aumen- infantil e morte na infância foram os seguintes:
to da representatividade populacional brasileira,
enquanto as demais regiões apresentam uma leve z Nos últimos 19 anos, os índices registraram queda
tendência de declínio. (este fato ocorre por conta da de 56,11% nas mortes de recém-nascidos e 59,8%
saturação das regiões que polarizavam as atividades para crianças de até cinco anos – dados do relató-
econômicas e agora as outras regiões do país, como rio da Unicef em 2020. 271
Em relação à expectativa de vida, o estado de San- Cada ciclo e período que o produto ficava em evi-
ta Catarina tem os maiores índices, com 79,9 anos ( 3,3 dência, dependia das condições do mercado externo (
anos acima da média nacional), e o estado do Mara- visto que os produtos eram voltados para exportação),
nhão tem a pior expectativa de vida, registrando 71,4, e necessitava de uma grande quantidade de mão-de-
seguido do Piauí com 71,6 e Rondônia com 71,9, ou -obra, provocando assim a ocorrência de grandes des-
seja, para cada criança nascida no Maranhão espe- locamentos populacionais de diversas regiões do país
ra-se ou estima-se que ela viva em média 8,5 anos a para as áreas produtoras (essas migrações chamadas
menos do que uma criança nascida em Santa Catari- de inter-regionais) ocorriam de forma moderada,
na. Todos os estados da região Nordeste têm dados havendo um aumento no volume de pessoas deslo-
abaixo da média nacional, ao contrário do que ocorre cando-se principalmente a partir da segunda metade
em todos os estados das regiões Sul e Sudeste, onde do século XX ( conforme fora dito anteriormente).
todos registram expectativa de vida para populações Após a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea – que
acima da média nacional. colocou um ponto final na escravatura –, os fluxos e os
O envelhecimento da população nacional e conse- deslocamentos populacionais aumentaram (o ex-es-
quentemente o aumento da expectativa de vida pode
cravo podia deslocar-se livremente pelo território –
ser explicado com o fenômeno da transição demográ-
fato que antes não era possível).
fica, onde são registrados um aumento da expectativa
As maiores migrações inter-regionais da história
de vida e de uma queda nas taxas de natalidade.
do Brasil foram realizadas por nordestinos para os
No gráfico abaixo podemos perceber o aumento da
grandes centros econômicos da Região Sudeste. Essas
expectativa de vida do brasileiro desde os anos 40:
migrações tiveram início ainda no século XIX, decor-
reram em maior quantidade durante o século XX, per-
sistindo até os dias atuais, mesmo que em um ritmo
menos acelerado nas últimas décadas – veremos os
motivos que contribuem para esse fenômeno mais
adiante.
Esses movimentos migratórios se deram em espe-
cial por conta do crescimento e desenvolvimento eco-
nômico alcançado pela Região Sudeste – a princípio
com a lavoura de café, depois com os surtos indus-
triais, mas também contribui para que ocorresse o
deslocamento de nordestinos em massa para o sudes-
te alguns fatores repulsivos (que expulsam ou forçam
a população a sair de uma determinada região) :
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA
estruturar o deslocamento de produtos e mercadorias te do país, facilitando assim uma maior integração
relacionados à economia cafeeira, este é o motivo para com outros vizinhos a América do Sul e até um maior
a consolidação deste meio de transporte na região escoamento de produtos pela orla do Oceano Pacífico,
sudeste, principalmente. O transporte ferroviário tem ampliando as trocas comerciais, principalmente com
um alto custo no seu processo de implantação, mas os nações asiáticas.
custos relacionados a manutenção são relativamente Voltando ao transporte ferroviário, um trem pode
baixos, e nem isso foi suficiente para que muitas fer- ter uma carga que corresponde ao volume transporta-
rovias não ficassem sucateadas, abandonadas e mui- do por até 220 caminhões; um único vagão de metrô
tas até desativadas. tem capacidade suficiente para transportar 250 pas-
Existem alguns projetos de construção de ferro- sageiros, caso que seriam necessários 5 ônibus ou 50
vias em andamento, embora vários estejam com suas carros. A capacidade de transporte é uma vantagem
obras inacabadas, mesmo com as verbas destinadas que os trilhos possuem em relação aos outros modais
pelo Governo Federal, por meio do PAC (Programa de de transporte, além de ser mais seguro, mais barato e
Aceleração do Crescimento), para o setor. O projeto menos poluente. Os investimentos no setor são vistos 275
como alternativas mais prudentes para transformar
os caminhos do país, transportando cargas pesadas e A INTEGRAÇÃO DO
também transportando pessoas nos grandes centros BRASIL AO PROCESSO DE
urbanos e populacionais. INTERNACIONALIZAÇÃO DA
Nosso país está longe da realidade de nações euro-
peias. Por exemplo, as linhas de metrô em nosso país
ECONOMIA
totalizam 309 quilômetros em todas as cidades que
O Brasil é um país com enorme potencial para se
dispõem desse tipo de transporte, enquanto isso, firmar entre as grandes potências do mundo. Porém,
somente em Londres, são 402 quilômetros. Em rela- após um crescimento considerável no início deste
ção ao transporte de cargas cerca de 25% dos produ- século, na última década o processo de crescimento
tos são escoados por vagões, enquanto na Rússia esse econômico e os números do nosso PIB (Produto Inter-
percentual gira em torno de 88%. no Bruto – total de riquezas que o país produz em um
A movimentação sobre trilhos no Brasil passou a determinado período) vem apresentando resultados
ser um pouco maior nos últimos anos, no ano de 2016 desfavoráveis, e o grande desafio dos governantes é
o volume de cargas transportadas registrou o número conseguir garantir o processo de solidificação da eco-
de 503 toneladas, um aumento de 29,3% em relação nomia dentro desta lógica de internacionalização.
ao número registrado em 2006 e quase o dobro do A internacionalização econômica pode ser com-
volume de cargas nesse meio de transporte no ano de preendida como um grande mercado, resultado máxi-
1997. Dois produtos que são essenciais e importantes mo do processo de globalização. A partir dos anos 90,
para a economia do país, a soja e o minério de ferro, com o fim da lógica da bipolaridade entre capitalis-
foram os responsáveis para alavancar esses números. mo e socialismo, que era determinada pela Guerra
Fria, as nações do mundo começaram um processo de
Nos centros urbanos em diversas regiões, o trans-
estreitamento de laços, por meio da superação de bar-
porte sobre os trilhos vem ganhando importância.
reiras físicas e geográficas, bem como a superação de
O Brasil tem mais de 1.062 quilômetros para trens ,
barreiras políticas e ideológicas.
metrôs e VLT’s (veículos leves sobre trilhos), esses O modelo de um mundo globalizado e o processo
meios de transporte registraram um aumento em tor- de internacionalização ultrapassam qualquer barrei-
no de 37,4% na quantidade de passageiros na última ra de esfera econômica, e abrangem áreas como ciên-
década, para atender a esta demanda de crescimen- cia, política, cultura, etc.
to, houve a ampliação de 6,7% na extensão de linhas Mesmo sabendo que o processo de globalização
operacionais, 10,3% no número de estações, 17,6% no pregava uma maior interação entre os povos e nações
número de linhas. Por exemplo, o número de pessoas nos aspectos políticos, econômicos, culturais, territo-
que se deslocam diariamente na região metropolitana riais, financeiros, proporcionando assim a constru-
de São Paulo por meio dos sistemas de metrô ferroviá- ção de uma Nova Ordem Mundial, o que podemos
rios representa cerca de 70,4% do volume nacional, perceber hoje é um processo exatamente ao contrário,
que corresponde a 8,5 milhões de pessoas. que podemos chamá-lo de desglobalização, no qual os
O transporte sobre trilhos é recomendado para países promovem a adoção de medidas protecionistas
deslocamento por longas distâncias, principalmente e restritivas, que acabam por difundir uma tendên-
transporte de cargas, o que resulta em economias, por cia da sociedade moderna que é caracterizada por
um fechamento total, uma espécie de isolamento. Um
exemplo, no valor de um frete, que é quase a metade
exemplo deste processo é a Guerra Comercial entre os
se comparado com o modal rodoviário, o que poderia
EUA e China, disputando mercados, áreas de influên-
resultar também em uma redução do valor final do
cias, inovações tecnológicas, etc.
produto ao consumidor. Nosso país começa a se inserir nesse contexto
As vantagens relacionadas às questões ambien- com uma maior participação no cenário econômico
tais também são relevantes, o transporte ferroviário mundial, a partir dos anos 50, quando o então pre-
corresponde a um percentual de 25% do volume de sidente JK, desenvolve uma política governamental
cargas do país, e é responsável por apenas 2,2% das com a participação do capital provado tanto nacional
emissões de gases poluentes emitidos pelo setor de quanto internacional, que visava desenvolver o país
transportes. As ferrovias eletrificadas proporciona- em diversas áreas como (transportes, energia, por-
riam uma redução desses percentuais de poluentes tos, etc.) e também com políticas de incentivos fiscais.
emitidos ainda mais significativa, e os benefícios atin- Esse modelo desenvolvimentista do governo JK ficou
giriam uma gama maior de pessoas, pois onde passam conhecido como Plano de Metas, que tinha o seguinte
os cabos elétricos, passam também os cabos de inter- slogan: “Desenvolver o país 50 anos em 5.”
net e cabos de fibra óptica, democratizando assim A política do governo associada à lógica do capital
esses serviços em diversas regiões. (investidores nacionais e estrangeiros), juntamente
O setor agrícola é altamente dependente do setor com a disponibilidade de mão-de-obra, um mercado
consumidor em constante expansão, reservas de fon-
de transportes, e caso ocorra a instalação de platafor-
tes de energia e de matérias primas contribuíram para
mas multimodais, o setor cresceria ainda mais em vis-
atrair empresas estrangeiras transnacionais para o
ta do potencial de produção agropecuário que o país
território brasileiro. O parque industrial brasileiro
tem, conforme registramos aqui no tópico Evolução da foi expandido, houve um crescimento na produção
estrutura fundiária no Brasil. Segundo dados da CNA industrial de bens de consumo duráveis (automóveis
(Conferencia da Agricultura e Pecuária do Brasil), a e eletrodomésticos).
participação deste setor no PIB gira em torno de 21,4%. O processo de industrialização do país ocorreu de
As políticas econômicas para o agronegócio vêm se forma tardia e o modelo de produção adotado foi o For-
276 intensificando e se consolidando nos últimos anos dismo, um sistema tradicional que via a capacidade de
produção e a instalação dos grandes parques indus- As alíquotas são valores utilizados para calcular
triais como elementos fundamentais para o desen- qual será o valor de determinado tributo a ser pago
volvimento da atividade industrial. Esse modelo foi pela empresa, como impostos, taxas e contribuições.
concretizado com o presidente JK e foi ampliado de A grande dificuldade dos pequenos e médios
forma significativa durante o governo dos militares empresários nos dias atuais está relacionada com a
(1964 -1985), os governos militares investiram de for- dificuldade de realizar investimentos em tecnologia,
ma pesada na infraestrutura, realizando várias obras já que o crédito concedido para tal ação depende ain-
da da autorização e do resguardo do Estado. A questão
que foram denominadas faraônicas, os investimentos
burocrática acaba emperrando todo o processo, dessa
ocorreram em áreas como usinas hidrelétricas, rodo-
forma o Brasil acaba por implantar as políticas econô-
vias, etc., em diversas localidades do país.
micas neoliberais como uma política de Estado.
No Sudeste brasileiro, em especial no estado de No início dos anos 2000, o país passou por um
São Paulo, os munícipios localizados no interior come- período de crescimento econômico bastante signi-
çavam a desenvolver seus parques industriais. O final ficativo, com índices do PIB em torno de 6% ao ano,
da década de 60 e os primeiros anos da década de 70, entrando no seleto grupo das maiores economias do
foram marcados pela ocorrência do Milagre Econômi- mundo, chegando a ser classificado como um emer-
co Brasileiro, uma série de eventos e ações que ele- gente da economia mundial – e passou a fazer parte
varam nosso país ao posto de 8ª maior economia do do BRIC – grupo composto pelas economias emergen-
mundo, no ano de 1973, onde as taxas de crescimento tes do mundo no período: Brasil , Rússia, Índia e Chi-
do PIB brasileiro chegava a 10%. na, posteriormente o grupo passou a contar também
Entretanto, a implantação do modelo fordista em com a África do Sul (em 2011) e passou a se denomi-
nosso país promoveu sim, um crescimento econômi- nar BRICS.
co, que não foi acompanhado de um desenvolvimento O crescimento econômico do início do século não
estrutural regional. se repetiu na década seguinte e o país passou a enfren-
tar quedas significativas no seu PIB, em especial entre
os anos de 2014 e 2017, conforme pode ser visto na
tabela abaixo:
Importante!
O crescimento do PIB e um aumento da renda
RESULTADOS DO PIB BRASILEIRO SEGUNDO
per capita (por pessoa), nem sempre são acom- O IBGE
panhados de uma melhoria na qualidade de vida
dos cidadãos (visto que nosso país tem um his- ANO PIB
tórico de desigualdades sociais, conforme fora 2010 7,5%
citado anteriormente).
2011 4,0%
Fonte:https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/mata-dos-
cocais-babacu-e-carnauba-sao-fontes-de-recursos.htm - acesso em
nov./2020.
Fonte:https://nossaciencia.com.br/noticias/a-seca-e-essencial-para-
a-caatinga/ - acesso nov./2020.
Cerrado:
tação baixa inferior, formada basicamente por gramí- Complexo do Pantanal: Denomina-se Comple-
neas (vegetação rasteira). O tipo climático presente xo do Pantanal o conjunto de diversas formações de
nas áreas onde ocorre o predomínio do Cerrado é o vegetação que estão presentes na área do Pantanal
Mato-Grossense, nesta região ocorrem inundações em
tropical subúmido, com duas estações bem distintas
períodos do ano, o que possibilita a existência de três
– uma chuvosa e outra seca, os solos do Cerrado são tipos de áreas: as áreas que estão sempre alagadas, as
em grande parte pobres e de baixa fertilidade (devido áreas que são periodicamente alagadas e as áreas que
estão livres de inundações.
aos altos índices de acidez). É comum a presença das
Como espécies de vegetais aqui nesta região, des-
seguintes espécies de vegetais: pau-terra, barbatimão tacam-se os diversos tipos de palmeiras do cerrado,
e as gramíneas ou vegetação rasteira. paratudo, capim-mimoso e vários bosques chaque-
nhos, com a presença de Quebracho e do angico, den-
tre outros tipos.
Fonte: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/11/16/
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/cerrado.htm - acesso estudo-aponta-escassez-das-aguas-do-pantanal-mato-grossense.
280 nov./2020. ghtml - acesso nov./2020
Vegetação Litorânea: orginalmente (Amazônia, Araucárias e Mares de Mor-
ros – Mata Atlântica) e os outros correspondem a áreas
No Litoral brasileiro existem dois tipos de vegeta- com um predomínio de espécies vegetais herbáceas
ção, veremos a seguir cada uma delas: e arbustivas (Cerrado, Caatinga e Campos – também
conhecido como pradarias).
z Vegetação das praias e das dunas (jundu) – São De acordo com os estudos do professor Ab’Sáber
vegetações arbustivas e herbáceas que conse- existem faixas de transição entre os domínios morfo-
guem sobreviver em solo arenoso, sofrendo fortes climáticos, como por exemplo o Pantanal, trechos de
influências da ação do mar (por meio das marés Cerrado e também da Caatinga, assim como a Mata
e dos ventos). Nas praias a vegetação é mais mir- dos Cocais e a Vegetação Litorânea – Mangues).
rada (pobre – grande quantidade de sal e poucos Observe o mapa abaixo com os domínios morfocli-
nutrientes), enquanto nas dunas a vegetação é máticos do Brasil de acordo com os estudos do profes-
mais diversificada e contínua, por conta da maior sor Ab’Sáber:
quantidade de nutrientes e menor quantidade de
cloreto de sódio presente na água do mar.
HORA DE PRATICAR!
1. (CESPE – 2019) No que diz respeito a populações tra-
dicionais, julgue o item a seguir.
Os povos indígenas, em sua diversidade, são um
exemplo de população tradicional que adota o siste-
ma de uso coletivo da terra e de seus recursos como
modo de vida sustentável e de combate à escassez.
( ) CERTO ( ) ERRADO
2. (CESPE – 2018)
80
Fonte: https://cienciaeclima.com.br/mangues-afogados-pelo-
70 1950
aumento-do-nivel-do-mar/ - acesso nov./2020.
1960
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA
60
1970
Domínios Morfoclimáticos do Brasil: 50 1980
1991
40
Os domínios morfoclimáticos podem ser com- 2000
preendidos como o resultado da interação entre os 30 2010
elementos físicos da paisagem (rocha, relevo, solo, 20
clima, vegetação e hidrografia). O geógrafo brasi-
10
leiro Aziz Ab’Sáber realizou estudos e estabeleceu
esta classificação citada anteriormente, de acordo 0
10% 8% 4% 2% 0% 2% 4% 8% 10%
6% 6%
com o professor essa delimitação ocorre a partir de
uma abordagem integrada da natureza, ao estudar
Fonte: IBGE – Censos Demográficos de 1950 a 2010 Pirâmide etária
somente o território brasileiro, a identificação e a brasileira entre 1950 e 2010. A. M. N. Vasconcelos; M. M. F. Gomes.
classificação são mais precisar. No Brasil foram iden- Transição demográfica: experiência brasileira. Epidemiol. Serv.
tificados seis grandes domínios morfoclimáticos – pai- Saúde, Brasília, 21(4):539-48, out.-dez./2012. Internet: <http://scielo.
sagísticos: três domínios abrangem áreas florestadas iec.pa.gov.br> (com adaptações). 281
Tendo as figuras precedentes como referência inicial,
julgue o item, a respeito da população brasileira.
O processo de envelhecimento da população brasilei-
ra iniciou-se na década de 90 do século passado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
20
10
0
10% 8% 6% 4% 2% 0% 2% 4% 6% 8% 10%
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
7. (CESPE – 2019) O Brasil é o país com a maior concen- 9. (CESPE – 2017) Julgue o próximo item, acerca da for-
tração rodoviária de transporte de cargas e passagei- mação territorial e de questões ambientais brasileiras.
ros entre as principais economias mundiais. Segundo A disputa internacional pelo controle e pela biodiver-
dados do Banco Mundial, referente a 2013, 58% do sidade da porção brasileira do território amazônico
transporte no país é feito por rodovias — contra 53% levou o Brasil a instituir projetos de proteção da região
da Austrália, 50% da China, 43% da Rússia e 8% do baseados em tecnologia moderna.
Canadá.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Mapa Rodoviário - 216 10. (CESPE – 2016) País de território misto, marcado a um
só tempo pela continentalidade e maritimidade, o Bra-
sil tem, na análise dos clássicos da teoria geopolítica
relacionados ao poder naval (Mahan) e na da teoria
do poder terrestre (Mackinder), importantes questões
para a discussão de uma visão estratégica contem-
porânea, em um contexto em que há um importante
aumento da estrutura política e econômica do país no
cenário mundial.
8 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 CERTO
13. (CESPE – 2016) País de território misto, marcado a um
só tempo pela continentalidade e maritimidade, o Bra- 10 CERTO
sil tem, na análise dos clássicos da teoria geopolítica 11 ERRADO
relacionados ao poder naval (Mahan) e na da teoria
do poder terrestre (Mackinder), importantes questões 12 CERTO
para a discussão de uma visão estratégica contem-
porânea, em um contexto em que há um importante 13 CERTO
aumento da estrutura política e econômica do país no
cenário mundial. 14 ERRADO
15 CERTO
Ronaldo Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica
brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a “grande
estratégia” do Brasil para o Século XXI. São Paulo: Universidade de
São Paulo, 2012 (com adaptações).
284
técnica e instrumental a fim de realizar uma prova ou
em estudos mais aprofundados que têm como objeti-
vo promover a fluência.
O objetivo, ou o propósito, do texto se encontra
LÍNGUA ESTRANGEIRA
em meio à leitura e é possível de se identificar e com-
preender apenas a partir de uma leitura atenta que
vai além do que está escrito. Bem como mencionado
(INGLÊS) anteriormente, a identificação de quem é o autor e o
narrador, a quem se destina o texto, o contexto nele
presente, o assunto tratado e a linguagem empregada,
são elementos cruciais para o entendimento do servi-
ço a que se presta o texto.
COMPREENSÃO DE TEXTO ESCRITO O propósito pode ser relatar um fato, contar novi-
EM LÍNGUA INGLESA dades, listar ou enumerar itens, reportar um crime,
expor uma opinião, entre muitas outras possibilida-
Para realizar uma leitura bem-sucedida em outro des que deverão ser observadas no decorrer da lei-
idioma, é preciso estar atento a alguns métodos e tura. Alguns marcadores como nomes, datas, locais,
recursos capazes de auxiliar a interpretação textual. dados, estatísticas, números em geral, pronomes de
tratamento, podem servir como indicativos do propó-
COMPREENSÃO sito do texto a partir da percepção do conteúdo pre-
sente e do teor da mensagem encontrada no texto.
Compreender é a capacidade de assimilar, inter- Ao se falar de compreensão, podemos identificar a
pretar e perceber o significado de algo. Compreender compreensão escrita, abrangendo o sentido lexical,
um idioma significa entender a coerência das infor- semântico e gramatical de um texto na língua ingle-
mações de sua comunicação. O objeto da compreensão sa, temos a gramática básica, o vocabulário básico e
da língua inglesa pode estar situado em diferentes for- expressões idiomáticas. A compreensão oral, tange
mas de comunicação, para cada qual existem manei- o momento da fala, que pode sofrer interferências,
ras mais apropriadas e adequadas de identificar o como ruídos ou barulhos, além do fato da fala estar
sentido, o propósito, o contexto, o estilo, a técnica e as em constante mudança. Todos esses fatores podem
informações presentes na mensagem. atrapalhar a tanto a transmissão, quanto a compreen-
Ao buscar compreender o sentido e o propósito são da língua. Ao falar de compreensão oral, temos
de um texto na língua inglesa, faz-se necessário iden- elementos como o sotaque, dialeto, classe social, etc.
tificar elementos chave capazes de sintetizar infor- Temos também a compreensão da utilização de
mações, decodificar signos linguísticos, entender a mecanismos de coesão e coerência. A coesão refere-
semântica, ou seja, o sentido do texto, bem como seu -se à interligação de elementos entre palavras e frases
propósito. Estes elementos podem estar presentes nos em uma sentença de maneira correta e a coerência
aspectos gramaticais do texto, um dos tópicos essen- trata-se da ligação de sentido lógico destes elementos,
ciais para o estudo da interpretação textual, mas para que a mensagem seja coerente. Temos como
podem também ser percebidos no contexto, no recor-
exemplo de coesão substituições, conjugação verbal,
te, no tipo de linguagem (formal, informal, técnica
conectores e conjunções, já de coerência, temos con-
etc..), no vocabulário utilizado, entre outros elemen-
cordância de ideias na mesma oração.
tos estratégicos para a interpretação correta do texto.
Por fim, temos a compreensão referente a contex-
Para que o leitor compreenda o sentido do texto,
tos, aspectos sociais e culturais, que trata de aspectos
antes de qualquer leitura direta, é primordial que se
que vão além da língua para o real entendimento do
faça um processo de escaneamento do texto em bus-
texto. Nestes casos, vê-se a necessidade de identifica-
ca de palavras-chave e informações que indiquem a
ção do contexto histórico, a cultura da época e a forma
quem o texto se direciona, quem é o autor e seu nar-
rador, a qual categoria textual ele pertence (artigo, como que as relações sociais se davam em determi-
crônica, conto, carta, bilhete etc..) e qual o assunto nada obra literária. Tais compreensões são essenciais
tratado. A partir desta coleta de informações, é possí- para decodificação do texto e seu sentido.
vel iniciar a leitura inicial, que irá buscar identificar o Veremos agora às questões que irão nos auxiliar
nas questões de compreensão de texto.
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)
sentido do texto. O sentido indica o que o interlocutor
quer dizer com que propôs escrever. A capacidade de
identificar o sentido está intrinsecamente ligada ao
conhecimento e à identificação de:
ITENS GRAMATICAL RELEVANTES
a) Palavras
b) Expressões idiomáticas
PARA A COMPREENSÃO DOS
c) Verbos frasais CONTEÚDOS SEMÂNTICOS
d) Tempos verbais
e) Contextos ADEQUAÇÃO VOCABULAR
f) Aspectos culturais e sociais
g) Adjetivos, advérbios e pronomes Em diversos momentos, na língua inglesa, será
necessário adaptar o discurso, a fim de otimizar a for-
Entre outros elementos, os citados anteriormente ma de comunicar uma mensagem. A seleção correta
podem auxiliar o leitor a identificar o sentido do texto de palavras e expressões que se encaixem melhor no
com mais precisão, são estes conhecimentos exercita- contexto da mensagem é primordial e faz parte do
dos a partir do estudo do idioma, seja ele de forma processo de adequação vocabular. 285
As mesmas palavras podem expressar diferentes identificar diferentes intenções em palavras que se
ideias diante do contexto em que são usadas. A esco- apresentam como sinônimos. Alguns verbos ou phra-
lha do vocabulário deve ser definida diante do con- sal verbs possuem sinônimos que, se utilizados em
texto proposto, pois cada qual tem a capacidade de detrimento de outra palavra, são capazes de modificar
modificar o sentido original ou usual de uma palavra
a ideia geral de uma oração. É, portanto, primordial
ou expressão. Observe alguns exemplos a seguir:
ter muita cautela e saber como e quando utilizar este
“She was not doing it the right way. She was suppo- recurso. Um dos recursos ideias para entender essas
sed to cook the onions first” (Ela não estava fazen- similaridades e diferenças é utilizar um dicionário,
do do jeito certo. Ela deveria cozinhas as cebolas para definir a tradução e o conceito dos sinônimos de
primeiro) palavras. Um bom exemplo disso é o fato de os Estados
Unidos, a Inglaterra, o Canadá e a Austrália partilha-
“That was the right way, you just missed the roun-
rem o mesmo idioma, mas serem países diferentes,
dabout!” (Aquele era o caminho certo, você acabou
de ultrapassar a rotatória) com particularidades, sua própria cultura, história,
costumes, significados, expressões e pronúncias, etc.
“He had a way with kids, he loved baby-sitting” (Ele Por exemplo, no inglês britânico, calças é trousers
era bom com crianças, ele amava ficar de babá) e roupa íntima é pants; já no inglês americano calças é
pants, e underwear é roupa íntima. O que pode causar
Observe que a palavra way, encaixada em diferen- confusão em determinado diálogo, pois ao considerar
tes contextos, ganhou diferentes significados. No pri-
a ideia de que os sinônimos dependem inteiramente
meiro trecho sobre culinária, way significa “jeito” ou
do contexto em que a palavra se encontra, dependen-
“maneira”; no segundo sobre direção e trânsito, way
adquire o significado de “caminho”; já na terceira ora- do da cultura, do país, do contexto social, uma palavra
ção, sobre crianças, a expressão to have a way with será mais adequada para aquela situação ou não.
(something/someone) significa “ser bom em algo”, “ter
aptidão pra fazer algo”. COGNATOS
CONVERSAS FORMAIS E INFORMAIS Cognatos são palavras que possuem a mesma gra-
fia (ou grafia semelhante) e o mesmo significado em
A comunicação se adapta e se transforma de acordo dois idiomas. Algumas palavras no inglês são exata-
com os contextos que estão inseridas. Em ambientes mente iguais no português e possuem o mesmo signi-
mais formais, como no meio acadêmico, profissional
ficado, ainda que a sua pronúncia seja diferente. Estas
ou literário, a etiqueta exige certo grau de formalida-
palavras podem facilitar a leitura e a interpretação de
de para que a comunicação seja efetiva e as conversas
devem seguir um padrão, o padrão da norma culta da texto, pois são exatamente as mesmas.
língua. Já em conversas informais, a comunicação se Existem, porém, falsos cognatos, palavras que pos-
torna mais próxima da fala, diferentemente da comu- suem a mesma grafia ou grafia semelhante a palavras
nicação formal que se aproxima mais da escrita. O uso de outro idioma, mas que possuem significados com-
de expressões, gírias, contrações de palavras, entre pletamente diferentes. Sendo assim, é preciso ter mui-
outros elementos, podem tornar a conversa muito to cuidado durante a leitura e examinar o contexto em
menos complexa e relaxada, pois não exige que as que a palavra está inserida para que se possa inter-
regras gramaticais sejam seguidas com tanto afinco,
pretar corretamente seu significado. Confira a seguir
nem mesmo sejam prioridade.
alguns exemplos de cognatos e falsos cognatos.
To fill in someone’s shoes Assumir o lugar de alguém MALE MASCULINO FEMALE FEMININO
seres, podendo eles serem objetos, pessoas, luga- tivos, portanto saiba que a língua inglesa age
res, emoções, fenômenos da natureza, animais muitas vezes de forma neutra com relação a
etc.. Dentre todos os elementos importantes de questões linguísticas de gênero, ou seja, não faz
serem aprendidos em um outro idioma, os subs-
distinção entre gêneros (masculino, feminino,
tantivos compõem uma classe de palavras cruciais
para a construção de um bom aprendizado na lín- etc..).
gua inglesa, pois é a partir deles que se constitui
um vasto conhecimento de vocabulário. Podemos
O PLURAL DOS SUBSTANTIVOS
classificar os substantivos em dois grupos: proper
nouns (substantivos próprios) e common nou-
ns (substantivos comuns). Quanto ao plural dos substantivos em inglês, é pre-
ciso observar algumas regras e exceções com relação
Proper nouns referem-se ao nome dos seres de ao sufixo ou às terminações de cada palavra. Como via
modo específico, indicando nome de pessoas, locais, de regra, em geral é só acrescentar o –s ou -es, no caso
dias, meses, marcas, profissões, etc. Ex.: Caroline; Aus- de palavras terminadas em em –s, –ss, –ch, –sh, –x, –z
tralia; London; Teacher; Friday, etc. e –o, ao fim da palavra para que ela se torne plural. 287
SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO You never call your
relatives.
Car Cars Carro/carros YOU Você, tu
Você nunca liga para seus
Bus Buses Ônibus/ônibus parentes.
Subject Pronouns
PRONOMES POSSESIVOS
I would love to visit your
Os pronomes possessivos, também conhecidos
family.
I Eu como pronomes substantivos expressam pertenci-
Eu adoraria visitar tua
mento de algo a alguém. No caso da língua inglesa,
família.
288 existem dois grupos de possessivos, os possessive
adjectives e os possessive pronouns. Trataremos dos
A ti, a você Don’t blame
adjetivos possessivos adiante neste material, vejamos,
YOURSELF mesmo, -te, yourself.
por hora, o caso dos pronomes possessivos, cuja fun-
-se Não se culpe.
ção é substituir o nome próprio ao final da oração,
como objeto da oração, sem qualquer flexão de núme- He taught himself
ro ou grau. Confira: how to play the
A si, a si mes- guitar.
HIMSELF
These socks are mine. mo, -se Ele ensinou a si
Meu, minha, mesmo como tocar
MINE Estas meias são
meus, minhas o violão.
minhas.
estas flores)
sessivo your se refere ao sujeito You, o correto,
Helen will show us that beautiful painting. (Helen
então, seria “she loves her parents”
vai nos mostrar aquela linda pintura)
PRONOMES REFLEXIVOS
Os pronomes relativos são usados para indicar
relação entre partes da oração, são eles: that (que),
Estes pronomes são utilizados para concordar com
o sujeito inicial da oração, eles sempre aparecem logo which (o qual, a qual, que), whose (cujo, cuja, de
após o verbo. Vale ressaltar que os pronomes reflexi- quem), who (que, quem), whom (a quem). Veja alguns
vos são usados apenas um grupo específico de verbo exemplos:
na língua inglesa, propriamente reflexivos. Confira a
seguir alguns exemplos. This is the bus which takes me home (Este é o ôni-
bus que me leva para a casa)
Is this the girl whose house was robbed? (Esta é a
I check it myself.
A mim, a mim garota cuja casa foi roubada?)
MYSELF Eu chequei eu
mesmo, -me He is the teacher who got arrested. (Ele é o profes-
mesmo.
sor que foi preso) 289
Já os pronomes indefinidos são aqueles que acom- z Não se deve usar o artigo the antes de nomes pró-
panham o substantivo de maneira imprecisa, ou seja, prios, como Joana, Bianca, Vancouver, São Paulo
sem de fato identificar quem ou o que é o pronome etc.).
através de algumas palavras específicas. Observe a
tabela com alguns exemplos: Incorreto: The Bianca is a very nice girl” (A
Bianca é uma garota muito legal)
Correto: Bianca is a very nice girl (Bianca é uma
Algum,
Do you have any advice? garota muito legal)
ANY alguma,
Você tem algum conselho?
qualquer
I (eu) Eat
I (eu) Am (sou, estou)
You (tu, você) Eat
He/she/it (ele, ela) Eats You (tu, você) Are (é, está)
We (nós) Eat We (nós) Are (somos, estamos)
You (vós, vocês) Eat You (vós, vocês) Are (são, estão)
They (Eles, elas) Eat They (Eles, elas) Are (são, estão)
He (ele) Drinks
I (eu) Am not (não sou, não estou)
She (ela) Drinks
It (ele, ela, neutro) Drinks You (tu, você) Are not ou aren’t (não é, não está)
O passado simples da língua inglesa, utilizado para She (ela) Was (era, estava)
expressar ações realizadas e finalizadas no tempo pas- It (ele, ela, neutro) Was (era, estava)
sado. Ao utilizarmos este tempo verbal devemos ter
em mente dois conceitos importantes: o uso do verbo
auxiliar Did e a existência de dois grupos de verbos no You (tu, você) Were (era, estava)
passado (regulares e irregulares).
Os verbos regulares no passado possuem uma ter- We (nós) Were (éramos, estávamos)
minação padrão em “ed” ou “ied” (verbos terminados
You (vós, vocês) Were (eram, estavam)
em y precedidos por uma consoante). No entanto,
existem muitas exceções e muitos verbos que não se They (Eles, elas) Were (eram, estavam
comportam da mesma maneira quando conjugados
no tempo passado, estes são chamados irregulares.
No entanto, a mudança nos verbos para o tempo Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, was not e
passado através de modificações na estrutura do pró- were not, podendo ser apresentados nas suas opções
prio verbo ocorre apenas em frases afirmativas. Em em contração wasn’t e weren’t.
frases negativas e interrogativas, utilizamos o verbo I wasn’t (Eu não era, estava); She wasn’t (Ela
auxiliar did e o verbo retorna ao seu estado original não era, estava); They weren’t (eles/elas não eram,
(infinitivo sem o “to”). estavam)
Confira alguns exemplos com verbos regulares na Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo.
afirmativa: Observe:
Was I? (Eu era, estava?) Was she? (Ela era, estava?)
I studied at a public Eu estudei em uma escola Were They? (Eles eram, estavam?)
school! pública. A partir do conhecimento deste tempo verbal,
podemos explorar a estrutura do past continuous.
You worked really hard! Você trabalhou duro! Somado ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação
no gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo
She finished high school Ela terminou o ensino
sufixo -ing, a fim de expressar uma ação contínua.
in January. médio em janeiro. Observe:
Luke was playing with Jimmy. (Luke estava brin-
Observe agora as mesmas frases na negativa, cando com Jimmy)
quando se faz necessário o uso do verbo auxiliar do You weren’t doing the it correctly. (Você não estava
passado DID + not, costumeiramente contraído para fazendo corretamente)
didn’t. Note que o verbo retorna ao seu estado original
infinitivo. PRESENT PERFECT
I didn’t study at a public Eu não estudei em uma O present perfect é um tempo verbal da língua
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)
PAST PERFECT
Have you considered joining the army? (Você con-
siderou ir para o exército?)
Has he lost his mind? (Ele perdeu a cabeça/ficou O past perfect é utilizado para expressar a ordem
louco?) cronológica de ações ocorridas no passado. Em uma
linha do tempo a frase expressa neste tempo verbal
pode ser entendida como a primeira ação realizada
Alguns advérbios de frequência são utilizados jun-
no passado, ou seja, a mais antiga. A ação em questão
tamente ao present perfect para indicar ações que já é mais importante do que o tempo exato em que ela
ocorreram ou não em algum momento na vida, sem ocorreu no passado, ou seja, não há indicação tempo-
a necessidade da incidência de tempo. São eles: ever ral específica, apenas uma indicação de uma ordem
(já), already (já), never (nunca) e yet (ainda, já). Eles cronológica de acontecimentos relevantes para a nar-
são colocados logo após o verbo auxiliar, salvo pelo rativa do interlocutor. Sua estrutura se baseia no ver-
yet que deve estar no fim da oração. Observe alguns bo auxiliar had seguido de um verbo no particípio e
294 exemplos: seu respectivo complemento. Confira:
SUJEITO The students Note que é necessário acrescentar o verbo to be
no particípio e também complementar com um verbo
HAD (AUX.) Had no gerúndio, que é o verbo responsável pela ideia de
continuidade temporal na oração, marcado pelo sufi-
VERBO NO PARTICÍPIO left xo -ing (work – working). Como você pode observar,
COMPLEMENTO the school o past perfect continuous não pode ser traduzido de
forma literal, pois não possuímos um equivalente a
ele na língua portuguesa, quando queremos dizer que
Tradução: Os alunos deixaram a escola
alguém estava fazendo uma ação contínua no passa-
do, usamos o passado simples:
É possível que a oração no past perfect venha seguida
de uma oração complementar no passado simples, para
indicar a ação que ocorreria a seguir, a partir da palavra Ex.: Ele estava investigando o caso há meses quan-
“when” (quando). Por vezes, a oração no past perfect do finalmente o resolveram.
acompanha o advérbio already (já). Confira:
No inglês, isto se dá de forma diferente pela com-
She had already eaten when we arrived home with preensão a ação se inicia no passado e segue ocorren-
pizza. do até outra ação interferi-la no passado, como em
(Ela já tinha comido quando nós chegamos em uma linha cronológica de ações. Observe como esta
casa com pizza) mesma oração ficaria em inglês
Observe que na oração anterior a primeira parte, Ex.: He had been investigating the case for months
identificada como past perfect, expressa uma ação que when they finally cracked it.
já havia acontecido antes da oração em present simple. (Ele estava investigando o caso há meses quando
Ainda que as ações na oração estejam invertidas, o past eles finalmente o resolveram)
perfect marca a ordem cronológica dos acontecimentos.
Observe que ainda que ambas as ações estejam no
When we arrived home with pizza, she had already passado, há uma ordem específica na oração sobre
eaten, qual ação aconteceu primeiro devido uso do past per-
(Quando nós chegamos em casa com pizza, ela já fect. Neste caso, “ele estava investigando” refere-se à
tinha comido.) ação mais antiga no passado, por ser marcada pelo
past perfect em sua estrutura (had been investigating),
Note que, assim como no presente perfect, alguns e a seguinte oração, “eles finalmente o resolveram”,
advérbios de frequência são utilizados no past perfect expressa outra ação no passado simples, o que indica
para indicar ações que já ocorreram ou não em algum que ela ocorreu após a mais antiga na linha cronológi-
momento na vida. São eles: ever, already, never e yet. ca de tempo. Confira ainda mais um exemplo:
Eles são colocados logo após o verbo auxiliar, salvo
pelo yet que deve estar no fim da oração. Observe When our grandpa decided to order pizza (2), we
alguns exemplos: had already had dinner (1).
(Quando nosso avô decidiu pedir pizza, nós já
She had never been to another country. (Ela nunca tínhamos jantado.)
tinha estado em outro país)
I had already made that mistakes. (Eu já tinha Observe que ainda que a ordem da oração se alte-
cometido aquele erro) re e a oração no tempo do passado perfeito em inglês
esteja posta após a oração no passado simples, ainda
PAST PERFECT CONTINUOUS assim, a ordem se mantém: a oração no past perfect
sempre irá expressar a ação mais antiga do passado.
O past perfect continuous da língua inglesa é um
tempo verbal usado para expressar ações que se ini- SIMPLE FUTURE
ciaram no tempo passado, antes de outra ação tam-
bém no passado, e continuaram ocorrendo dentro de O simple future tense em inglês é o tempo verbal
um determinado tempo de forma contínua, repercu- usado para expressar ações futuras. Existem dois
tindo até um determinado momento no próprio pre-
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)
The principal will be hosting the Observe que, em seu uso na negativa, apenas colo-
anual party. ca-se o not depois do verbo auxiliar do futuro WILL
AFIRMATIVA
(O diretor estará sendo o anfitrião (também apresentado com contração – won’t):
da festa anual)
z Get out of the way! (Saia do caminho) Those lazy boys don’t help at home.
z Wait for me, please. (Espere por mim, por favor) (Aqueles meninos preguiçosos não ajudam em
casa)
Já quando a ordem, sugestão, comando ou instru-
ção é algo negativo, com o sentido de proibição, usa-se Mary and John adopted three black dogs.
DO NOT (não) para início de frase, podendo aparecer (Mary e John adotaram três cachorros pretos)
em sua forma contraída DON’T. Observe:
TIPOS DE ADJETIVOS
z Do not feed the animals. (Não alimente os animais)
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)
z Don’t talk to me like this. (Não fale comigo assim) Podemos classificar os diferentes tipos de adjetivos
em alguns grupos específicos conforme a ideia que
Quando falamos sobre o tema subjuntivo na língua expressam em uma oração. Observe a tabela:
inglesa, estamos nos referindo a uma forma gramati-
cal usada a fim de fazer pedidos, sugestões, bem como TIPOS EXEMPLO
em orações condicionais. O presente do subjuntivo
pode ser identificado a partir de um uso específico do big (grande), small
verbo em orações, encontramos o verbo em questão Adjetivos de tamanho (pequeno), huge (enorme),
sem a conjugação esperada, mas sim no infinitivo sem tiny (minúsculo).
o “to” — be (ser), see (ver), prepare (preparar), keep
(manter) etc. Além disso, as orações no presente do green (verde), Orange
subjuntivo, usadas para expressar sugestões ou pedi- Adjetivos de cor (laranja), blue (azul), silver
dos, vêm marcadas pela conjunção that (que). Obser- (prateado).
ve alguns exemplos:
plastic (plástico), metal
Adjetivos de material (metal), cotton (algodão),
z We recommend that she come early. (Nós recomen- wood (madeira).
damos que ela chegue cedo) 297
TIPOS EXEMPLO
Chinese (chinês), American
Adjetivos de origem (americano), Canadian
(canadense).
soccer-field (campo de
Adjetivos de propósito futebol), desk (mesa), flip-
flops (chinelos).
Antes de mais nada, deve-se ter bem claro que a posição e ordem dos adjetivos em inglês funciona de forma
diferente do uso comum em português. Os adjetivos em inglês devem vir antes do substantivo.
Além disso, quando a oração apresenta mais de um adjetivo, é preciso seguir uma ordem específica. (Imagem
ao lado). Observe e confira alguns exemplos
That was a pretty (1) little (2) Baptist (3) church (4). // Aquela era uma igrejinha batista pequena e bela.
Those were some really ugly-looking (1) brown (2) leather (3) horseback-riding (4) pants (5). // Aquelas calças
de couro marrons de cavalgar eram muito feias.
ADJETIVOS POSSESSIVOS
Os adjetivos possessivos no inglês são parecidos com os pronomes possessivos e à maneira como os usamos.
Em uma oração, eles pedem que um substantivo os acompanhe logo após seu uso. Observe os adjetivos possessi-
vos juntamente com o pronome a quem se referem:
We Our We love to spend our money! Nós amamos gastar nosso dinheiro!
You Your The teacher loves your kids. A professora ama teus filhos.
They Their Their car is very noisy. O carro deles é muito barulhento.
298
GRAU DOS ADJETIVOS Uma regra gramatical importante a ser estabeleci-
da quanto aos superlativos é o uso de -est ou -iest (no
Quando falamos em grau de adjetivos em inglês, caso de adjetivos terminados em y) em adjetivos com
referimo-nos a dois tipos: aos adjetivos comparativos 3 ou menos sílabas, como em nice – nicest ou pretty –
e aos adjetivos superlativos, eles se referem aos adje- prettiest, antecedido do artigo the. Em alguns casos,
tivos relativos da língua inglesa. quando há a sequência consoante + vogal + consoan-
te (cvc), como no caso do adjetivo big ou fun, deve-se
ADJETIVOS RELATIVOS dobrar a última consoante e acrescentar -est à palavra
(the biggest; the funnest). No caso de adjetivos com
Comparativos mais de 3 sílabas, devemos colocar the most (o/a mais)
antes dele. Confira:
Usamos os adjetivos comparativos para estabele-
cer comparação entre dois ou mais seres (substanti- This is the prettiest purse in stock.
vos), podendo esta comparação ser: (Esta é a bolsa mais bonita do estoque)
Quanta água
HOW Quanta, water did
He is my least favorite character in the movie. você bebeu
MUCH quanto you drink
(Ele é o meu herói menos favorito do filme) hoje?
today?
Was it the worst party you’ve ever been to? How many
(Foi a pior festa a que você já foi?) Quantos anos
HOW Quantos, years have
você passou
MANY quantos you spent
De superioridade (o/a mais, o melhor): no exterior?
abroad?
They have the most profitable business in Dubai. Quando falamos em adjetivos determinantes, nos
(Eles têm o negócio mais rentável de Dubai) referimos aos adjetivos que usamos para determinar
sobre qual substantivo estamos falando em uma ora-
He was the best tennis player in the world. ção. Confira na tabela a seguir os principais adjetivos
(Ele é o melhor jogador de tênis do mundo) determinantes e seus usos em exemplos. 299
This (este, esta, isto) This cake is huge Este bolo é enorme
These (estes, estas) These shoes are ugly. Estes sapatos são feios.
That (aquele, aquela) That book was old. Aquele livro era velho.
Those (aqueles, aquelas) Those kids can’t swim Aquelas crianças não sabem nadar.
All (todo, toda, todos, todas) All my classmates skipped class today Todos os meus colegas faltaram a aula hoje.
Neither (nenhum, nenhuma) Neither car is for sale Nenhum dos carros está à venda.
Every (cada, todo, toda) Every girl in town knows him. Toda garota da cidade o conhece.
Both (ambos, os dois) Both my parents love musicals. Ambos meus pais amam musicais.
Each (cada, cada um) Each one of you can learn. Cada um de vocês pode aprender.
Either (qualquer um, ambos, nenhum) We can chose either book. Podemos escolher qualquer livro.
Other (outro, outra, outros, outras) She has other problems Ela tem outros problemas
Another (um outro, uma outra) Can I have another slice of pie? Eu poderia comer uma outra fatia de torta?
CONJUNÇÕES
Seja em inglês ou em português, as conjunções são responsáveis por conectar a ideia de uma oração a outra,
estabelecendo relação entre elas, podendo acrescentar informações, contrapor ou explicar ideias. Veja a seguir a
forma como uma conjunção é capaz de unir ideias de orações separadas.
John was very frustrated. John got fired. (John estava muito frustrado. John foi demitido)
John was very frustrated because he got fired. (John estava muito frustrado porque ele foi demitido)
A conjunção because conectou as orações de maneira natural, organizando as ideias sem que haja quebra na
narrativa da oração. Confira a seguir algumas das conjunções mais usadas da língua inglesa e exemplos:
Então, sendo assim: Mark was thirsty, so he stopped Mark estava com sede, então ele
So expressa consequência ou to drink some water before parou para beber um pouco de
efeito running. água antes de correr.
Embora, apesar de: indica Although she was tired, she went Embora ela estivesse cansada,
Although
contraposição, contraste for a walk ela foi caminhar.
If Se: indica condição I’ll only go if you come with me. Eu só vou se você for comigo.
QUICKLY
quickly. rapidamente. didn’t even eles nem mesmo
THIRDLY
understand what entenderam o que
Advérbios de lugar I said. eu disse.
( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)
Importante!
2. (CESPE – 2019) Britain’s long-running drama of exi-
O uso da voz passiva é um dos temas mais ting the European Union has revealed evident genera-
comuns de se encontrar em provas e concursos. tional differences. Our research looked at how views
Recomendamos um estudo aprofundado de seu on immigration change over time among different age
uso, em especial quanto à interpretação de texto. groups. Our findings are particularly relevant in the
context of the UK’s Brexit referendum.
Esses são alguns dos tópicos referentes à gramáti-
So far, much of the existing research on attitudes to
ca de maior incidência em provas de concurso, pois
immigration has largely ignored the potential impor-
são esses que podem auxiliá-lo a compreender con-
teúdos na língua inglesa. Sugerimos para ampliar seu tance of generational differences. Researchers have
vocabulário e sua compreensão acerca da língua, que long contended that such generational differences are
você ouça músicas, veja filmes, assista à séries na lín- likely because the conditions when people “come of
gua inglesa, para facilitar seu entendimento e para age” politically and socially generally thought to be bet-
que você possa ir se habituando e adquirindo prática ween the ages of 15 to 20 are instrumental in shaping
na língua inglesa. their opinions, attitudes, and behaviours later in life. 303
Our statistical analysis shows that those born between The old man returned to the village and told the elders
approximately 1920 and 1960 are generally among the what has happened. They drove the lazy man away
most negative about immigration. For generations from the village and took the three cheetah cubs back
born after 1960, we found a small but steadily signi- to their grateful mother. But the long weeping of the
ficant movement towards more positive attitudes to mother cheetah stained her face forever.
immigration among younger generations.
A respeito das informações e dos aspectos linguísti-
One explanation is that the younger groups are expe- cos do texto 7A1-I, julgue o seguinte item.
riencing far more contact with immigrant minorities The adjective “arduous” and the word árduo, in Portu-
than their elders, and our research shows that this is guese, are considered false cognates.
indeed the case. Exposure to more affordable interna-
tional travel and to friends and relatives who’ve worked ( ) CERTO ( ) ERRADO
abroad may allow these younger groups to empathize
more with being a “foreigner” than their parents do, or 4. (CESPE – 2019)
maybe they feel more like “citizens of the world”.
Texto 7A1-I
Anti-immigration attitudes are disappearing among younger
generations in Britain. Internet: <theconversation.com> (adapted). Why the Cheetah’s Cheeks Are Stained
(A Traditional Zulu Story)
Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do
texto apresentado, julgue o item. Kwasuka sukela....”
The first sentence of the text presents more than four
words which are cognate to words in Portuguese. Long ago a lazy hunter was sitting under a tree. He
was thinking that it was too hot to be bothered with
( ) CERTO ( ) ERRADO the arduous task of stalking prey through the bushes.
Below him there were fat antelope grazing. But this
3. (CESPE – 2019) hunter couldn’t be bothered, so lazy was he! He gazed
at the herd, wishing that he could have the meat without
Texto 7A1-I the work, When suddenly he noticed a movement. It
was a female cheetah. She singled out an antelope
Why the Cheetah’s Cheeks Are Stained who had foolishly wandered away from the rest. With
(A Traditional Zulu Story) great speed she came upon the antelope and brought
it down.
Kwasuka sukela....”
The hunter watched as the cheetah dragged her prize
Long ago a lazy hunter was sitting under a tree. He to some shade on the edge of the clearing. There three
was thinking that it was too hot to be bothered with the beautiful cheetah cubs were waiting for her. The lazy
hunter was filled with envy. Then he had a wicked idea.
arduous task of stalking prey through the bushes. Below
He decided that he would steal one of the cheetah
him there were fat antelope grazing. But this hunter
cubs and train it to hunt for him.
couldn’t be bothered, so lazy was he! He gazed at the
herd, wishing that he could have the meat without the
When the sun began to set, the cheetah left her cubs
work, When suddenly he noticed a movement. It was a
concealed in a bush and set off to the waterhole.
female cheetah. She singled out an antelope who had
Quickly the hunter went to the bushes where the cubs
foolishly wandered away from the rest. With great speed
were hidden. He first chose one, then decided upon
she came upon the antelope and brought it down.
another, and then changed his mind again. Finally, he
stole them all.
The hunter watched as the cheetah dragged her prize
to some shade on the edge of the clearing. There three When their mother returned half-an-hour later and fou-
beautiful cheetah cubs were waiting for her. The lazy nd her babies gone, she was broken-hearted. The poor
hunter was filled with envy. Then he had a wicked idea. mother cheetah cried and cried until her tears made
He decided that he would steal one of the cheetah dark stains down her cheeks. She cried so loudly that
cubs and train it to hunt for him. she was heard by an old man who came to see what
the noise was all about.
When the sun began to set, the cheetah left her cubs
concealed in a bush and set off to the waterhole. The old man returned to the village and told the elders
Quickly the hunter went to the bushes where the cubs what has happened. They drove the lazy man away
were hidden. He first chose one, then decided upon from the village and took the three cheetah cubs back
another, and then changed his mind again. Finally, he to their grateful mother. But the long weeping of the
stole them all. mother cheetah stained her face forever.
When their mother returned half-an-hour later and fou- A respeito das informações e dos aspectos linguísti-
nd her babies gone, she was broken-hearted. The poor cos do texto 7A1-I, julgue o seguinte item.
mother cheetah cried and cried until her tears made The predominant verb tense in this story is the simple
dark stains down her cheeks. She cried so loudly that past tense.
she was heard by an old man who came to see what
304 the noise was all about. ( ) CERTO ( ) ERRADO
5. (CESPE – 2019) cram African literature into a small, neat definition. I
do not see African literature as one unit but as a group
Texto 7A1-I of associated units — the sum of all the national and
ethnic literatures of Africa. A national literature has a
Why the Cheetah’s Cheeks Are Stained realized or potential audience throughout its territory.
(A Traditional Zulu Story) In other words, a literature that is written in the national
language. An ethnic literature is available only to one
Kwasuka sukela....” ethnic group within the nation. If you take Nigeria as
an example, the national literature, as I see it, is the
Long ago a lazy hunter was sitting under a tree. He literature written in English; and the ethnic literatures
was thinking that it was too hot to be bothered with are in Hausa, Ibo, Yoruba, Efik, Edo, Ijaw, etc.
the arduous task of stalking prey through the bushes.
Chinua Achebe. The african writer and the english language
Below him there were fat antelope grazing. But this
In: Patrick Williams & Laura Cristman. Colonial discourse and
hunter couldn’t be bothered, so lazy was he! He gazed postcolonial theory. New York: Columbia University Press, 1994, p.
at the herd, wishing that he could have the meat without 428-9 (adapted).
the work, When suddenly he noticed a movement. It
was a female cheetah. She singled out an antelope A respeito do vocabulário e dos aspectos linguísticos
who had foolishly wandered away from the rest. With do texto 7A2-I, julgue o item seguinte.
great speed she came upon the antelope and brought In the text, “within” is a preposition meaning outside.
it down.
( ) CERTO ( ) ERRADO
The hunter watched as the cheetah dragged her prize
to some shade on the edge of the clearing. There three 7. (CESPE – 2019)
beautiful cheetah cubs were waiting for her. The lazy
hunter was filled with envy. Then he had a wicked idea. Texto 7A2-I
He decided that he would steal one of the cheetah
cubs and train it to hunt for him. In 1962, there was a writers’ gathering impressively
styled “A Conference of African Writers of English
When the sun began to set, the cheetah left her cubs Expression”. Despite this rather solemn title, there was
concealed in a bush and set off to the waterhole. something that we tried to do and failed — that was
Quickly the hunter went to the bushes where the cubs to define “African literature”. Was it literature produced
were hidden. He first chose one, then decided upon in Africa or about Africa? Should it be in indigenous
another, and then changed his mind again. Finally, he African languages or should it include Arabic, English,
stole them all. French, Portuguese, Afrikaans, and so on? You cannot
cram African literature into a small, neat definition. I
When their mother returned half-an-hour later and fou- do not see African literature as one unit but as a group
nd her babies gone, she was broken-hearted. The poor of associated units — the sum of all the national and
mother cheetah cried and cried until her tears made ethnic literatures of Africa. A national literature has a
dark stains down her cheeks. She cried so loudly that realized or potential audience throughout its territory.
she was heard by an old man who came to see what In other words, a literature that is written in the national
the noise was all about. language. An ethnic literature is available only to one
ethnic group within the nation. If you take Nigeria as
The old man returned to the village and told the elders an example, the national literature, as I see it, is the
what has happened. They drove the lazy man away literature written in English; and the ethnic literatures
from the village and took the three cheetah cubs back are in Hausa, Ibo, Yoruba, Efik, Edo, Ijaw, etc.
to their grateful mother. But the long weeping of the
mother cheetah stained her face forever. Chinua Achebe. The african writer and the english language
In: Patrick Williams & Laura Cristman. Colonial discourse and
postcolonial theory. New York: Columbia University Press, 1994, p.
A respeito das informações e dos aspectos linguísti- 428-9 (adapted).
cos do texto 7A1-I, julgue o seguinte item.
The phrasal verb “singled out” can be understood, in A respeito do vocabulário e dos aspectos linguísticos
LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)
classroom. When you’re shopping or walking down In the sentence “You can find a lot of this online.”, the
the street, remember useful words and phrases. pronoun “this” refers to the word “Test”.
15 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
PRF-Polícia Rodoviária
Federal
Policial Rodoviário
Volume II
NV-003JN-21 B
Cód.: 7908428800130
Obra Produção Editorial
Organização
Diagramação
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Dayverson Ramon
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Higor Moreira
Polícia Rodoviária Federal : agente policial : volume I / [Gabriela Coelho]...[et al].
-- São Paulo : Nova Concursos, 2021. Lucas Gomes
378 p. V2
Willian Lopes
ISBN 978-65-87525-26-6
Data da Publicação
Janeiro/2021
BÔNUS:
• Curso online.
à Língua Portuguesa - Pontuação
à Raciocínio Lógico - Taxas de variação de grandezas
à Informática - Segurança da Informação
à Direito Administrativo - Responsabilidade Civil do Estado
à Direito Constitucional - Poder Constituinte
à Direito Penal - Teoria do Crime
à Direito Humanos - Conceito dos Direitos Humanos e sua Evolução Histórica
à Atualidades
CONTEÚDO COMPLEMENTAR:
• Legislação Especial
• Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e suas alterações
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LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO..........................................................................................11
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO – LEI 9.503/1993 E SUAS ALTERAÇÕES, INCLUSIVE AS
DA LEI N° 14.071 DE 2020................................................................................................................. 11
ATO ADMINISTRATIVO....................................................................................................................115
CONCEITO........................................................................................................................................................115
REQUISITOS.....................................................................................................................................................115
ATRIBUTOS......................................................................................................................................................116
CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES.........................................................................................................................117
AGENTES PÚBLICOS........................................................................................................................117
DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS:......................................................................................................................118
PODERES ADMINISTRATIVOS.........................................................................................................134
HIERÁRQUICO..................................................................................................................................................134
DISCIPLINAR....................................................................................................................................................135
REGULAMENTAR.............................................................................................................................................135
PODER DE POLÍCIA..........................................................................................................................................135
LICITAÇÃO.........................................................................................................................................136
PRINCÍPIOS......................................................................................................................................................137
MODALIDADES.................................................................................................................................................140
TIPOS................................................................................................................................................................142
PROCEDIMENTO..............................................................................................................................................143
CONTROLE JUDICIAL......................................................................................................................................147
CONTROLE LEGISLATIVO...............................................................................................................................148
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO...........................................................................................153
CONCEITO............................................................................................................................................... 153
FUNDAMENTOS ..............................................................................................................................................159
EMENDAS À CONSTITUIÇÃO..........................................................................................................................160
DIREITOS SOCIAIS...........................................................................................................................................169
NACIONALIDADE ............................................................................................................................................170
PODER EXECUTIVO...........................................................................................................................175
ORDEM SOCIAL.................................................................................................................................190
BASE E OBJETIVOS.........................................................................................................................................190
SEGURIDADE SOCIAL......................................................................................................................................191
MEIO AMBIENTE..............................................................................................................................................193
ÍNDIO................................................................................................................................................................195
ERRO DE TIPO..................................................................................................................................................217
CRIME IMPOSSÍVEL........................................................................................................................................221
ILICITUDE...........................................................................................................................................221
EXCESSO PUNÍVEL..........................................................................................................................................222
CULPABILIDADE................................................................................................................................222
IMPUTABILIDADE............................................................................................................................................223
CRIMES..............................................................................................................................................224
CONCEITO........................................................................................................................................................335
CARACTERÍSTICAS.........................................................................................................................................335
ESPÉCIES.........................................................................................................................................................336
CONDIÇÕES......................................................................................................................................................337
PROVA................................................................................................................................................338
CONCEITO, OBJETO, CLASSIFICAÇÃO..........................................................................................................338
PROVAS ILÍCITAS............................................................................................................................................338
MEIOS DE PROVA............................................................................................................................................339
Pericial............................................................................................................................................................. 339
Interrogatório.................................................................................................................................................. 340
Confissão......................................................................................................................................................... 340
Perguntas ao Ofendido................................................................................................................................... 340
Testemunhas................................................................................................................................................... 340
Reconhecimento de Pessoas e Coisas......................................................................................................... 341
Acareação....................................................................................................................................................... 341
Documentos.................................................................................................................................................... 341
Indícios............................................................................................................................................................ 342
BUSCA E APREENSÃO.....................................................................................................................................342
PRISÃO...............................................................................................................................................343
CONCEITO E ESPÉCIES...................................................................................................................................343
PRISÃO EM FLAGRANTE.................................................................................................................................344
Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a 4. (IDECAN - 2017) “Os órgãos e entidades de trânsito per-
qualquer veículo, bem como aos proprietários, con- tencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prio-
dutores dos veículos nacionais ou estrangeiros e às ridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a
pessoas nele expressamente mencionadas. preservação ________________ e ____________________.”
Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para Assinale a alternativa que completa correta e sequen-
os efeitos deste Código são os constantes do Anexo I. cialmente a afirmativa anterior.
ÓRGÃO
Não confunda as finalidades do Sistema Nacional ÓRGÃO EXE-
NORMATIVO
de Trânsito com os seus objetivos. Memorizem bem ESFERA
CONSULTIVO E
CUTIVO DE
os Objetivos do SNT! Costumam cair de forma direta TRÂNSITO
COORDENADOR
nas provas.
Vejamos melhor cada um dos incisos: União CONTRAN DENATRAN
CETRAN
z O Inciso I refere-se à Política Nacional de Trânsito, Estados CONTRANDIFE Detran
esta que é uma ferramenta que visa assegurar a (DF)
proteção da integridade humana e o desenvolvi-
mento socioeconômico do País, conforme a reso- Municípios - Pode ser criado.
lução do CONTRAN n° 514 de 2014. Uns dos seus
objetivos são: promover a melhoria da seguran-
ça viária e garantir a melhoria das condições de ÓRGÃO ÓRGÃO
mobilidade urbana e viária, a acessibilidade e a ÓRGÃO
ESFERA EXECUTIVO POLICIAL
JULGADOR
qualidade ambiental. RODOVIÁRIO FISCALIZADOR
z O Inciso II refere-se à padronização de critérios
técnicos, financeiros e administrativos, pois, em
União DNIT PRF Jari
um país de dimensões continentais é necessário
a padronização de regras, ou seja, uniformidade DER
nas leis de trânsito para que sejam respeitadas por Estados PM Jari
DAER (RS)
todos Estados da federação.
z O Inciso III fala da integração entre os órgãos do Pode ser
Municípios - Jari
SNT. Temos, por exemplo, o RENAVAM (Registro criado.
nacional de veículos automotores) e o RENACH
(Registro Nacional de condutores), como banco de
dados administrados pelo DENATRAN que permi- Art. 7°-A A autoridade portuária ou a entidade con-
te acesso aos órgãos fiscalizadores de todo o país. cessionária de porto organizado poderá celebrar
A resolução do CONTRAN 576/16 dispõe sobre o convênios com os órgãos previstos no art. 7o, com
a interveniência dos Municípios e Estados, juridica-
intercâmbio de informações, entre órgãos e enti-
mente interessados, para o fim específico de facili-
dades executivos de trânsito dos Estados e do
tar a autuação por descumprimento da legislação
Distrito Federal e os demais órgãos e entidades
de trânsito. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)
executivos de trânsito e executivos rodoviários da § 1° O convênio valerá para toda a área física do porto
União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municí- organizado, inclusive, nas áreas dos terminais alfan-
pios que compõem o Sistema Nacional de Trânsito. degados, nas estações de transbordo, nas instalações
portuárias públicas de pequeno porte e nos respecti-
Da Composição e Competência do Sistema Nacional vos estacionamentos ou vias de trânsito internas.
de Trânsito CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Ferramenta de grande valia para a qualidade de
Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito vida da população, com a promoção da segurança e
os seguintes órgãos e entidades: da fluidez do trânsito na área portuária. Há diversos
I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, tipos de convênios que podem ser firmados, desde
coordenador do Sistema e órgão máximo norma- uma simples orientação de trânsito quanto para a rea-
tivo e consultivo; lização de autuações. Convém lembrar que o convênio
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN
é para autuações dentro da área física do porto orga-
e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal -
nizado e áreas de terminais alfandegários.
CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e
Em Santos, município do Estado de São Paulo, o
coordenadores;
III - os órgãos e entidades executivos de trânsito
Diretor Presidente da Companhia Docas do Estado de
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos São Paulo (CODESP), na função de Autoridade Portuá-
Municípios; ria, estabeleceu regramento para o acesso terrestre ao
IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários porto de Santos, por meio da resolução DP nº 83.2014,
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos de 11 de junho de 2014. A atividade de fiscalização
Municípios; de trânsito é feita pela guarda portuária. Dentre as
V - a Polícia Rodoviária Federal; competências da guarda portuária, destaca-se a de
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito suprir as necessidades de serviços de fiscalização,
Federal; e atendimento às ocorrências, cumprimento de normas 13
e legislação, orientação preventiva, revista de pessoal do Ministério do Desenvolvimento Regional. A presi-
e de veículos, comunicação com autoridades externas dência passa para o ministro da Infraestrutura.
e outras relacionadas à Segurança Portuária, portan-
do, ou não, armamento. Esse instrumento fortalece § 4º Os Ministros de Estado deverão indicar suplen-
a relação porto-cidade, pois fiscalizar e disciplinar o te, que será servidor de nível hierárquico igual ou
trânsito de veículos nas vias do Porto é uma atividade superior ao nível 6 do Grupo-Direção e Assessora-
fundamental da segurança. mento Superiores - DAS ou, no caso do Ministério
da Defesa, alternativamente, Oficial-General. (Lei
Art. 9º O Presidente da República designará o n° 14071 de 2020)
ministério ou órgão da Presidência responsável § 5º Compete ao dirigente do órgão máximo exe-
pela coordenação máxima do Sistema Nacional de cutivo de trânsito da União atuar como Secretário-
Trânsito, ao qual estará vinculado o CONTRAN e -Executivo do CONTRAN. (Lei n° 14071 de 2020)
subordinado o órgão máximo executivo de trânsito § 6º O quórum de votação e de aprovação no CON-
da União. TRAN é o de maioria absoluta. (Lei n° 14071 de
2020)
A informação que você deve frisar é: o DENATRAN
(órgão máximo executivo de trânsito da união) está Três dispositivos a serem estudados. As primei-
subordinado ao órgão ou ministério coordenador do ras informações são: os ministros devem indicar um
sistema nacional de trânsito. Já o CONTRAN está vin- servidor de nível hierárquico igual ou superior; ago-
culado. Mais um detalhe a ser lembrado: é o Presiden- ra o dirigente máximo do DENATRAN será o Secre-
te da República quem designa o ministério ou órgão tário-Executivo do CONTRAN; antigamente ele era o
da Presidência responsável pela coordenação máxi- presidente do CONTRAN. O quórum de votação e de
ma do Sistema Nacional de Trânsito. aprovação no CONTRAN é o de maioria absoluta.
Art. 10 O Conselho Nacional de Trânsito (CON- Art. 10-A Poderão ser convidados a participar de
TRAN), com sede no Distrito Federal, tem a seguinte reuniões do CONTRAN, sem direito a voto, repre-
composição: (Lei n° 14071 de 2020) sentantes de órgãos e entidades setoriais responsá-
II-A - Ministro de Estado da Infraestrutura, que o veis ou impactados pelas propostas ou matérias em
presidirá; exame (Lei n° 14071 de 2020).
III - Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e
Inovações; Competências do CONTRAN
IV - Ministro de Estado da Educação;
V - Ministro de Estado da Defesa; Art. 12 Compete ao CONTRAN:
VI - Ministro de Estado do Meio Ambiente; I - estabelecer as normas regulamentares referidas
VII - (revogado); neste Código e as diretrizes da Política Nacional de
XX - (revogado); Trânsito;
XXII - Ministro de Estado da Saúde; II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional
XXIII - Ministro de Estado da Justiça e Segurança de Trânsito, objetivando a integração de suas
Pública; atividades;
XXIV - Ministro de Estado das Relações Exteriores; III - (VETADO)
XXV - (revogado); IV - criar Câmaras Temáticas;
XXVI - Ministro de Estado da Economia; e V - estabelecer seu regimento interno e as dire-
XXVII - Ministro de Estado da Agricultura, Pecuá- trizes para o funcionamento dos CETRAN e
ria e Abastecimento. CONTRANDIFE;
VI - estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;
O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), com VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das
sede no Distrito Federal, coordenador do Sistema normas contidas neste Código e nas resoluções
Nacional de Trânsito (SNT) e órgão máximo normati- complementares;
vo e consultivo, tem como missão coordenar e super- VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos
visionar as ações e atividades desenvolvidas pelos para o enquadramento das condutas expressa-
órgãos e entidades de trânsito, de forma articulada mente referidas neste Código, para a fiscalização
e integrada, zelando pelo cumprimento da Lei com e a aplicação das medidas administrativas e das
vistas à garantia de um trânsito em condições seguras penalidades por infrações e para a arrecadação das
para todos com a promoção, valorização e preserva- multas aplicadas e o repasse dos valores arrecada-
ção da vida, notadamente por meio do exercício das dos; (Lei n° 14071 de 2020)
competências e atribuições previstas no Código de IX - responder às consultas que lhe forem formula-
das, relativas à aplicação da legislação de trânsito;
Trânsito Brasileiro (CTB) e outras normas em vigor.
X - normatizar os procedimentos sobre a aprendi-
Veja que agora há uma nova composição, uma
zagem, habilitação, expedição de documentos de
vez que foram dadas atribuições aos ministros. Anti-
condutores, e registro e licenciamento de veículos;
gamente, eram os representantes de ministérios que
XI - aprovar, complementar ou alterar os dispositi-
compunham o CONTRAN e agora são os ministros. vos de sinalização e os dispositivos e equipamentos
Além disso, ao Ministério da Infraestrutura foi atri- de trânsito;
buída a função de presidir o CONTRAN, retirando o XII - apreciar os recursos interpostos contra as
dirigente máximo do DENATRAN dessa função. A com- decisões das instâncias inferiores, na forma deste
posição do CONTRAN também passou a envolver mais Código; (Lei n° 14071 de 2020)
três ministérios: Ministério da Economia, Ministério XIII - avocar, para análise e soluções, processos
das Relações Exteriores e o Ministério da Agricultura. sobre conflitos de competência ou circunscrição,
Entretanto, saem do conselho os representantes da ou, quando necessário, unificar as decisões admi-
14 Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e nistrativas; e
XIV - dirimir conflitos sobre circunscrição e compe- § 1º Cada Câmara é constituída por especialistas
tência de trânsito no âmbito da União, dos Estados representantes de órgãos e entidades executivos
e do Distrito Federal. da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos
XV - normatizar o processo de formação do Municípios, em igual número, pertencentes ao Sis-
candidato à obtenção da Carteira Nacional de tema Nacional de Trânsito, além de especialistas
Habilitação, estabelecendo seu conteúdo didáti- representantes dos diversos segmentos da socie-
co-pedagógico, carga horária, avaliações, exa- dade relacionados com o trânsito, todos indicados
mes, execução e fiscalização. (Incluído pela Lei nº segundo regimento específico definido pelo CON-
13.281, de 2016) (Vigência) TRAN e designados pelo ministro ou dirigente coor-
denador máximo do Sistema Nacional de Trânsito.
As atribuições dos órgãos e entidades de trânsito § 2º Os segmentos da sociedade, relacionados no
são quesitos cobrados em exames. Então, por mais que parágrafo anterior, serão representados por pessoa
seja chato estudar, é possível compreender as prin- jurídica e devem atender aos requisitos estabeleci-
cipais tarefas de cada órgão ou entidade de trânsito dos pelo CONTRAN.
§ 3º A coordenação das Câmaras Temáticas será
sem gastar muita energia. O CONTRAN, por exemplo,
exercida por representantes do órgão máximo
possui algumas características peculiares: é um órgão
executivo de trânsito da União ou dos Ministérios
Normativo (Incisos I, VIII, X e XV), Coordenador (Inci-
representados no CONTRAN, conforme definido no
so II), e Consultivo (Inciso IX); estabelece também as ato de criação de cada Câmara Temática. (Lei n°
Diretrizes da Política Nacional de Trânsito, diretrizes 14071 de 2020)
para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE e
diretrizes do regimento das JARI. As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos vinculados
O CONTRAN é essencialmente político, e seus mem- ao Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), têm
bros, muitas vezes, não possuem conhecimento técnico como objetivo estudar e oferecer sugestões e emba-
a respeito de trânsito, mas deliberam sobre a criação samento técnico sobre assuntos específicos para deci-
de Câmaras Temáticas. Com a nova lei, o CONTRAN a sões do Conselho. Cada Câmara será composta por 23
partir de abril de 2021 não analisará mais recursos de (vinte e três) titulares e respectivos suplentes, sele-
segunda instância de infrações de órgãos da União. cionados pelo Diretor do Departamento Nacional de
Trânsito (DENATRAN) e designados pelo Ministro de
§ 1º As propostas de normas regulamentares de que Estado da Infraestrutura, para um mandato de 2 (dois)
trata o inciso I do caput deste artigo serão subme-
anos. Assunto previsto na resolução nº 777, de 13 de
tidas a prévia consulta pública, por meio da rede
junho de 2019.
mundial de computadores, pelo período mínimo
de 30 (trinta) dias, antes do exame da matéria pelo
CONTRAN. (Lei n° 14071 de 2020) Competências do CETRAN
§ 2º As contribuições recebidas na consulta pública
de que trata o § 1º deste artigo ficarão à disposição Art. 14 Compete aos Conselhos Estaduais de Trân-
do público pelo prazo de 2 (dois) anos, contado da sito - CETRAN e ao Conselho de Trânsito do Distrito
data de encerramento da consulta pública. (Lei n° Federal - CONTRANDIFE:
14071 de 2020) I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas
§ 3º Em caso de urgência e de relevante interesse de trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;
público, o Presidente do CONTRAN poderá editar II - elaborar normas no âmbito das respectivas
deliberação, ad referendum do Conselho e com competências;
prazo de validade máximo de 90 (noventa) dias, III - responder a consultas relativas à aplicação
para estabelecer norma regulamentar prevista no da legislação e dos procedimentos normativos de
inciso I do caput, dispensado o cumprimento do trânsito;
disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo, vedada a reedi- IV - estimular e orientar a execução de campanhas
ção. (Lei n° 14071 de 2020) educativas de trânsito;
§ 4º Encerrado o prazo previsto no § 3º deste artigo V - julgar os recursos interpostos contra decisões:
sem o referendo do CONTRAN, a deliberação perde- a) das JARI;
rá a sua eficácia, e permanecerão válidos os efeitos b) dos órgãos e entidades executivos estaduais, nos
dela decorrentes. (Lei n° 14071 de 2020) casos de inaptidão permanente constatados nos
exames de aptidão física, mental ou psicológica;
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
§ 5º Norma do CONTRAN poderá dispor sobre o uso
de sinalização horizontal ou vertical que utilize téc- VI - indicar um representante para compor a comis-
nicas de estímulos comportamentais para a redu- são examinadora de candidatos portadores de defi-
ção de acidentes de trânsito. (Lei n° 14071 de 2020) ciência física à habilitação para conduzir veículos
automotores;
VII - (VETADO)
A partir de abril de 2021 as normas do CONTRAN
VIII - acompanhar e coordenar as atividades de
serão submetidas a Consulta pública prévia por perío- administração, educação, engenharia, fiscalização,
do mínimo de 30 dias. Em caso de urgência e de rele- policiamento ostensivo de trânsito, formação de
vante interesse público, o presidente do CONTRAN condutores, registro e licenciamento de veículos,
pode editar uma deliberação com validade por 90 dias articulando os órgãos do Sistema no Estado, repor-
até análise dos membros do CONTRAN, dispensada tando-se ao CONTRAN;
consulta pública. IX - dirimir conflitos sobre circunscrição e compe-
tência de trânsito no âmbito dos Municípios; e
Art. 13 As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos X - informar o CONTRAN sobre o cumprimento das
vinculados ao CONTRAN, são integradas por espe- exigências definidas nos §§ 1º e 2º do art. 333.
cialistas e têm como objetivo estudar e oferecer XI - designar, em caso de recursos deferidos e na
sugestões e embasamento técnico sobre assuntos hipótese de reavaliação dos exames, junta especial
específicos para decisões daquele colegiado. de saúde para examinar os candidatos à habilitação 15
para conduzir veículos automotores. (Incluído pela Competências do DENATRAN
Lei nº 9.602, de 1998)
Parágrafo único. Dos casos previstos no inciso V, Art. 19 Compete ao órgão máximo executivo de
julgados pelo órgão, não cabe recurso na esfera trânsito da União:
administrativa. I - cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito
e a execução das normas e diretrizes estabelecidas
O CETRAN e o CONTRANDIFE são, também: Nor- pelo CONTRAN, no âmbito de suas atribuições;
mativos (Inciso II), Consultivos (Inciso III), Recursivos II - proceder à supervisão, à coordenação, à correi-
ção dos órgãos delegados, ao controle e à fiscaliza-
(Inciso V) e Coordenadores (Inciso VIII). Lembrando
ção da execução da Política Nacional de Trânsito e
que o CETRAN dirime conflitos entre Municípios e o
do Programa Nacional de Trânsito;
CONTRAN dirime entre órgãos da União e dos Estados.
III - articular-se com os órgãos dos Sistemas Nacio-
É importante ressaltar que o CETRAN e CONTRANDI- nais de Trânsito, de Transporte e de Segurança
FE estimulam e orientam a execução de campanhas Pública, objetivando o combate à violência no
educativas de trânsito. Incluem-se também, entre as trânsito, promovendo, coordenando e executando
competências desse órgão, o acompanhamento e a o controle de ações para a preservação do ordena-
coordenação das atividades de administração, educa- mento e da segurança do trânsito;
ção, engenharia, fiscalização e policiamento ostensivo IV - apurar, prevenir e reprimir a prática de atos
de trânsito. de improbidade contra a fé pública, o patrimônio,
ou a administração pública ou privada, referentes
Art. 15 Os presidentes dos CETRAN e do CON- à segurança do trânsito;
TRANDIFE são nomeados pelos Governadores dos V - supervisionar a implantação de projetos e pro-
Estados e do Distrito Federal, respectivamente, e gramas relacionados com a engenharia, educa-
deverão ter reconhecida experiência em matéria de ção, administração, policiamento e fiscalização
trânsito. do trânsito e outros, visando à uniformidade de
§ 1º Os membros dos CETRAN e do CONTRANDIFE procedimento;
são nomeados pelos Governadores dos Estados e VI - estabelecer procedimentos sobre a aprendi-
do Distrito Federal, respectivamente. zagem e habilitação de condutores de veículos, a
§ 2º Os membros do CETRAN e do CONTRANDIFE expedição de documentos de condutores, de regis-
deverão ser pessoas de reconhecida experiência em tro e licenciamento de veículos;
trânsito. VII - expedir a Permissão para Dirigir, a Carteira
§ 3º O mandato dos membros do CETRAN e do CON- Nacional de Habilitação, os Certificados de Regis-
TRANDIFE é de dois anos, admitida a recondução. tro e o de Licenciamento Anual mediante delegação
aos órgãos executivos dos Estados e do Distrito
Federal;
Importante! VIII - organizar e manter o Registro Nacional de
Carteiras de Habilitação - RENACH;
O Presidente e os Membros do CETRAN e CON- IX - organizar e manter o Registro Nacional de Veí-
TRANDIFE são nomeados pelos Governadores culos Automotores - RENAVAM;
de Estado e o tempo destes é de 02 (dois) anos, X - organizar a estatística geral de trânsito no
admitindo-se a recondução. Aspecto interessan- território nacional, definindo os dados a serem
fornecidos pelos demais órgãos e promover sua
te é que o Presidente do CETRAN deve possuir
divulgação;
reconhecida experiência em matéria de trânsito. XI - estabelecer modelo padrão de coleta de infor-
Já os outros membros deverão ter reconhecida mações sobre as ocorrências de acidentes de trân-
experiência em trânsito. sito e as estatísticas do trânsito;
XII - administrar fundo de âmbito nacional destina-
do à segurança e à educação de trânsito;
Competências das JARI XIII - coordenar a administração do registro das
infrações de trânsito, da pontuação e das penali-
Art. 17. Compete às JARI: dades aplicadas no prontuário do infrator, da arre-
I - julgar os recursos interpostos pelos infratores; cadação de multas e do repasse de que trata o §
II - solicitar aos órgãos e entidades executivos de 1º do art. 320; (Redação dada pela Lei nº 13.281,
trânsito e executivos rodoviários informações com- de 2016) (Vigência)
plementares relativas aos recursos, objetivando XIV - fornecer aos órgãos e entidades do Sistema
uma melhor análise da situação recorrida; Nacional de Trânsito informações sobre registros
III - encaminhar aos órgãos e entidades exe- de veículos e de condutores, mantendo o fluxo per-
cutivos de trânsito e executivos rodoviários manente de informações com os demais órgãos do
informações sobre problemas observados nas Sistema;
autuações e apontados em recursos, e que se repi- XV - promover, em conjunto com os órgãos compe-
tam sistematicamente. tentes do Ministério da Educação e do Desporto, de
As JARI são órgãos colegiados, componentes do Sis- acordo com as diretrizes do CONTRAN, a elabora-
tema Nacional de Trânsito, responsáveis pelo julga- ção e a implementação de programas de educação
mento dos recursos interpostos contra penalidades de trânsito nos estabelecimentos de ensino;
aplicadas pelos órgãos e entidades executivos de XVI - elaborar e distribuir conteúdos programáti-
trânsito ou rodoviários. As JARI, em regra, existem cos para a educação de trânsito;
para analisar e julgar recursos de infrações. Mas, XVII - promover a divulgação de trabalhos técnicos
para efeito de prova, é importante memorizar as sobre o trânsito;
três atribuições dispostas anteriormente. A resolu- XVIII - elaborar, juntamente com os demais
ção nº 357 de 02 de agosto de 2010 regulamenta o órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trân-
16 assunto. sito, e submeter à aprovação do CONTRAN, a
complementação ou alteração da sinalização e dos Este artigo fala do DENATRAN. São muitas as atri-
dispositivos e equipamentos de trânsito; buições, mas algumas são mais populares em provas.
XIX - organizar, elaborar, complementar e alterar Funções principais:
os manuais e normas de projetos de implementação
da sinalização, dos dispositivos e equipamentos de z Expedição da CNH / PPD / PID / CRLV/ CRV;
trânsito aprovados pelo CONTRAN;
z Organizar e manter o RENAINF, RENAVAM e
XX – expedir a permissão internacional para con-
RENACH;
duzir veículo e o certificado de passagem nas alfân-
degas mediante delegação aos órgãos executivos
z Apurar, prevenir e reprimir a prática de atos de
dos Estados e do Distrito Federal ou a entidade improbidade contra a fé pública, o patrimônio, ou
habilitada para esse fim pelo poder público fede- a administração pública ou privada, referentes à
ral; (Redação dada pela lei nº 13.258, de 2016) segurança do trânsito;
XXI - promover a realização periódica de reuniões z Elaborar projetos e programas de formação, trei-
regionais e congressos nacionais de trânsito, bem namento e especialização do pessoal encarrega-
como propor a representação do Brasil em congres- do da execução das atividades relacionadas ao
sos ou reuniões internacionais; trânsito;
XXII - propor acordos de cooperação com organis- z Administrar fundo de âmbito nacional destinado à
mos internacionais, com vistas ao aperfeiçoamen- segurança e à educação de trânsito;
to das ações inerentes à segurança e educação de
z Proceder à supervisão, à coordenação, à correição
trânsito;
dos órgãos delegados, ao controle e à fiscalização
XXIII - elaborar projetos e programas de formação,
da execução da Política Nacional de Trânsito e do
treinamento e especialização do pessoal encarre-
gado da execução das atividades de engenharia, Programa Nacional de Trânsito;
educação, policiamento ostensivo, fiscalização, z Manter o RNPC, que é um registro nacional de
operação e administração de trânsito, propondo bons condutores.
medidas que estimulem a pesquisa científica e o
ensino técnico-profissional de interesse do trânsito, Competências da PRF
e promovendo a sua realização;
XXIV - opinar sobre assuntos relacionados ao trân- Art. 20 Compete à Polícia Rodoviária Federal, no
sito interestadual e internacional; âmbito das rodovias e estradas federais:
XXV - elaborar e submeter à aprovação do CON- I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas
TRAN as normas e requisitos de segurança veicular de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
para fabricação e montagem de veículos, consoante
sua destinação; Se o foco é a PRF, é fundamental saber as atribui-
XXVI - estabelecer procedimentos para a concessão ções deste órgão. Inciso importante. Antes de cobrar
do código marca-modelo dos veículos para efeito de
dos cidadãos, a PRF deve ser um exemplo em cumpri-
registro, emplacamento e licenciamento;
mento das regras de trânsito.
XXVII - instruir os recursos interpostos das deci-
sões do CONTRAN, ao ministro ou dirigente coor-
II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando
denador máximo do Sistema Nacional de Trânsito;
XXVIII - estudar os casos omissos na legislação de operações relacionadas com a segurança pública,
trânsito e submetê-los, com proposta de solução, ao com o objetivo de preservar a ordem, incolumidade
Ministério ou órgão coordenador máximo do Siste- das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;
ma Nacional de Trânsito;
XXIX - prestar suporte técnico, jurídico, adminis- Patrulhamento ostensivo significa visível e carac-
trativo e financeiro ao CONTRAN. terizado. Tenha isto em mente. A finalidade é prevenir
XXX - organizar e manter o Registro Nacional de crimes e acidentes.
Infrações de Trânsito (Renainf). (Incluído pela Lei
nº 13.281, de 2016)(Vigência) III - executar a fiscalização de trânsito, aplicar as
XXXI - organizar, manter e atualizar o Registro penalidades de advertência por escrito e multa e
Nacional Positivo de Condutores (RNPC). as medidas administrativas cabíveis, com a notifi-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
§ 1º Comprovada, por meio de sindicância, a defi- cação dos infratores e a arrecadação das multas
ciência técnica ou administrativa ou a prática cons- aplicadas e dos valores provenientes de estadia e
tante de atos de improbidade contra a fé pública, remoção de veículos, objetos e animais e de escolta
contra o patrimônio ou contra a administração de veículos de cargas superdimensionadas ou peri-
pública, o órgão executivo de trânsito da União, gosas; (Lei n° 14071 de 2020)
mediante aprovação do CONTRAN, assumirá dire-
tamente ou por delegação, a execução total ou par- Aplicar multas e arrecadar o dinheiro delas,
cial das atividades do órgão executivo de trânsito
dinheiro esse que não é repassado para outro órgão.
estadual que tenha motivado a investigação, até
Além disso, arrecada dinheiro das diárias de pátio
que as irregularidades sejam sanadas.
§ 2º O regimento interno do órgão executivo de (estada e remoção) e de escolta de cargas superdimen-
trânsito da União disporá sobre sua estrutura orga- sionadas ou perigosas como, por exemplo, uma carga
nizacional e seu funcionamento. radioativa. Além disso, a PRF aplicará a penalidade de
§ 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito advertência por escrito.
e executivos rodoviários da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios fornecerão, IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de
obrigatoriamente, mês a mês, os dados estatísticos trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e
para os fins previstos no inciso X. salvamento de vítimas; 17
Senhores, efetuar socorro, salvar vítimas e levan- Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua
tar os principais locais que ocorrem acidentes é uma circunscrição:
tarefa importante da PRF. I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as nor-
mas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e II - planejar, projetar, regulamentar e operar o
adotar medidas de segurança relativas aos servi- trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e
ços de remoção de veículos, escolta e transporte de promover o desenvolvimento da circulação e da
carga indivisível; segurança de ciclistas;
III - implantar, manter e operar o sistema de sina-
A PRF fiscaliza e autoriza pessoas jurídicas a ope- lização, os dispositivos e os equipamentos de con-
rarem com escoltas de cargas. Existem cargas que trole viário;
extrapolam os limites de largura e comprimento de IV - coletar dados e elaborar estudos sobre os aci-
veículos, sendo necessário máximo cuidado e plane- dentes de trânsito e suas causas;
jamento por parte de quem faz a escolta a fim de que V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de poli-
não aconteça uma tragédia na rodovia. ciamento ostensivo de trânsito, as respectivas dire-
trizes para o policiamento ostensivo de trânsito;
VI - assegurar a livre circulação nas rodovias VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar,
federais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a aplicar as penalidades de advertência, por escrito,
adoção de medidas emergenciais, e zelar pelo cum- e ainda as multas e medidas administrativas cabí-
primento das normas legais relativas ao direito de veis, notificando os infratores e arrecadando as
vizinhança, promovendo a interdição de constru- multas que aplicar;
ções e instalações não autorizadas; VII - arrecadar valores provenientes de estada e
remoção de veículos e objetos, e escolta de veículos
Missão importante: manter a livre circulação da de cargas superdimensionadas ou perigosas;
via e liberar a rodovia para o trânsito fluir. Pode tam- VIII - fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e
bém solicitar ao DNIT ou DER medidas para garantir a medidas administrativas cabíveis, relativas a infra-
segurança da via como a implementação de sinaliza- ções por excesso de peso, dimensões e lotação dos
ção de trânsito que esteja deficiente. veículos, bem como notificar e arrecadar as multas
que aplicar;
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no
sobre acidentes de trânsito e suas causas, adotan- art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as
do ou indicando medidas operacionais preventivas multas nele previstas;
e encaminhando-os ao órgão rodoviário federal; X - implementar as medidas da Política Nacional de
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
A PRF reporta ao DNIT (órgão rodoviário federal) XI - promover e participar de projetos e programas
de educação e segurança, de acordo com as diretri-
estudos sobre locais críticos de acidentes, propondo
zes estabelecidas pelo CONTRAN;
soluções para diminuir as ocorrências nestes locais.
XII - integrar-se a outros órgãos e entidades do
Sistema Nacional de Trânsito para fins de arreca-
VIII - implementar as medidas da Política Nacional
dação e compensação de multas impostas na área
de Segurança e Educação de Trânsito;
de sua competência, com vistas à unificação do
IX - promover e participar de projetos e programas
de educação e segurança, de acordo com as diretri- licenciamento, à simplificação e à celeridade das
zes estabelecidas pelo CONTRAN; transferências de veículos e de prontuários de con-
dutores de uma para outra unidade da Federação;
XIII - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e
A PRF participa bastante em programas de educa-
ruído produzidos pelos veículos automotores ou
ção para o trânsito. Temos, como exemplo, o cinema
pela sua carga, de acordo com o estabelecido no
rodoviário que orienta os condutores nas rodovias
art. 66, além de dar apoio às ações específicas dos
sobre fatores de agravamento dos acidentes, como
órgãos ambientais locais, quando solicitado;
ultrapassagens proibidas pela sinalização ou força-
XIV - vistoriar veículos que necessitem de autoriza-
das, falta do cinto de segurança e cadeirinha, álcool e
ção especial para transitar e estabelecer os requisi-
excesso de velocidade. tos técnicos a serem observados para a circulação
desses veículos.
XII - aplicar a penalidade de suspensão do direito XV - aplicar a penalidade de suspensão do direito
de dirigir, quando prevista de forma específica para
de dirigir, quando prevista de forma específica para
a infração cometida, e comunicar a aplicação da
a infração cometida, e comunicar a aplicação da
penalidade ao órgão máximo executivo de trânsito
penalidade ao órgão máximo executivo de trânsito
da União. (Lei n° 14071 de 2020)
da União. Lei n° 14071 de 2020.
Art. 25-A Os agentes dos órgãos policiais da Câma- 3. (FUNDATEC - 2019) Tem por finalidade o exercício das
ra dos Deputados e do Senado Federal, a que se refe-
atividades de planejamento, administração, normati-
rem o inciso IV do caput do art. 51 e o inciso XIII
do caput do art. 52 da Constituição Federal, respec-
zação, pesquisa, registro e licenciamento de veículos,
tivamente, mediante convênio com o órgão ou entida- formação, habilitação e reciclagem de condutores,
de de trânsito com circunscrição sobre a via, poderão educação, engenharia, operação do sistema viário,
lavrar auto de infração de trânsito e remetê-lo ao policiamento, fiscalização, julgamento de infrações
órgão competente, nos casos em que a infração come- e de recursos e aplicação de penalidades. De acordo
tida nas adjacências do Congresso Nacional ou nos com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), essa defini-
locais sob sua responsabilidade comprometer obje- ção refere-se ao(s):
tivamente os serviços ou colocar em risco a incolu-
midade das pessoas ou o patrimônio das respectivas
a) Sistema Nacional de Trânsito.
Casas Legislativas. (Lei n° 14071 de 2020)
Parágrafo único. Para atuarem na fiscalização de trânsi- b) Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN.
to, os agentes mencionados no caput deste artigo deve- c) Conselhos Estaduais de Trânsito – CETRAN.
rão receber treinamento específico para o exercício das d) Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN.
atividades, conforme regulamentação do CONTRAN. e) Departamento de Trânsito – DETRAN. 21
O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos ou de animais, ou ainda causar danos a proprieda-
e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fede- des públicas ou privadas;
ral e dos Municípios que tem por finalidade o exercí- II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo peri-
cio das atividades de planejamento, administração, goso, atirando, depositando ou abandonando na
normatização, pesquisa, registro e licenciamento de via objetos ou substâncias, ou nela criando qual-
veículos, formação, habilitação e reciclagem de con- quer outro obstáculo.
dutores, educação, engenharia, operação do sistema
viário, policiamento, fiscalização, julgamento de O legislador neste artigo decidiu proteger a segu-
infrações e de recursos e aplicação de penalidades, rança viária e o meio ambiente. O condutor não pode
conforme art. 5º do CTB. Resposta: Letra A. dirigir e jogar lixo pela janela, por exemplo. Tal ato,
além de deselegante, pode constituir um perigo para o
4. (IDIB - 2020) Observe os itens a seguir: trânsito. A desobediência a tais normas poderá levar o
I. Conselho Nacional de Trânsito infrator ao cometimento das seguintes infrações:
II. Guardas Municipais
III. Polícia Rodoviária Federal Art. 172 Atirar do veículo ou abandonar na via
IV. Polícia Militar dos Estados e do Distrito Federal objetos ou substâncias:
V. Juntas Administrativas de Recursos e Infrações Infração - média;
- JARI Penalidade - multa.
VI. Corpo de Bombeiros dos Estados e do Distrito Art. 246 Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à
Federal livre circulação, à segurança de veículo e pedestres,
Fazem parte do Sistema Nacional de Trânsito os itens tanto no leito da via terrestre como na calçada, ou
obstaculizar a via indevidamente:
Infração - gravíssima;
a) I, III, IV e VI, apenas.
Penalidade - multa, agravada em até cinco vezes, a
b) II, III, V e VI, apenas.
critério da autoridade de trânsito, conforme o risco
c) I, III, IV e V, apenas. à segurança.
d) I, II, V e VI, apenas.
Dever de verificação
Guardas municipais e Corpo de bombeiros não
fazem parte do SNT, conforme art. 7º do SNT. Res-
Art. 27 Antes de colocar o veículo em circulação
posta: Letra C. nas vias públicas, o condutor deverá verificar a
existência e as boas condições de funcionamento
5. IBFC - 2016) Compete aos órgãos e entidades exe- dos equipamentos de uso obrigatório, bem como
cutivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua assegurar-se da existência de combustível suficien-
circunscrição: te para chegar ao local de destino.
I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
trânsito, no âmbito de suas atribuições. Falta de combustível é uma situação evitável, bas-
II. Implantar, manter e operar o sistema de sinalização, ta se planejar. A falta de algum equipamento obri-
os dispositivos e os equipamentos de controle viário. gatório como estepe e macaco se torna também um
III. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre estresse para os condutores e passageiros. Situações
os acidentes de trânsito e suas causas. como estas são corriqueiras e levam, inclusive, a um
IV. Implantar, manter e operar sistema de estaciona- gasto público com acionamento da Polícia para pres-
mento rotativo pago nas vias. tar auxílio. Assim, tais transtornos devem ser punidos.
V. licenciar, na forma da legislação, veículos de tração
e propulsão humana e de tração animal, fiscalizando,
autuando, aplicando penalidades e arrecadando mul- Dica
tas decorrentes de infrações. Uma pergunta que costuma cair em exames é
Quais estão corretas? se o motorista é responsável pela boa utilização
do cinto de segurança dos passageiros. Sua res-
a) Apenas I e IV posta é sim, pois este artigo obriga o condutor
b) Apenas II e III
verificar os equipamentos obrigatórios.
c) Apenas 1,III e V
d) I, II, III, IV e V.
Infrações relacionadas ao dispositivo:
Todas estão corretas! Observe o Art 24 e os incisos
Art. 180 Ter seu veículo imobilizado na via por fal-
I, III, IV, XVII e X. Resposta: Letra D.
ta de combustível:
Infração - média;
DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA Penalidade - multa;
Medida Administrativa - remoção do veículo.
A desobediência às normas de circulação e condu- Art. 230 Conduzir o veículo:
ta implica em infrações de trânsito. Portanto, vamos IX - sem equipamento obrigatório ou estando este
estudar essas normas. ineficiente ou inoperante;
X - com equipamento obrigatório em desacordo
Dever de abstenção e perigo com o estabelecido pelo CONTRAN;
Infração - grave;
Art. 26 Os usuários das vias terrestres devem: Penalidade - multa;
I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo Medida administrativa - retenção do veículo para
22 ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas regularização;
Dever de atenção Este inciso é muito comum em provas, então,
esteja muito atento. A regra é: o condutor obedece a
Art. 28 O condutor deverá, a todo momento, ter sinalização existente. No entanto, o que cai na prova
domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e é quando não houver sinalização. E é justamente isso
cuidados indispensáveis à segurança do trânsito. de que trata o dispositivo:
Todo condutor ao dirigir deve ter atenção. Olhe z Na situação a seguir, não havendo sinalização a
sempre para frente! Parece evidente, mas a falta dela preferência é de quem vem pela rodovia. É o que
causa muitos acidentes. preconiza a alínea “a)”
Infração relacionadas ao dispositivo:
venha em sentido contrário; -se à transposição de faixas, que pode ser realizada
XI - todo condutor ao efetuar a ultrapassagem tanto pela faixa da esquerda como pela da direita.
deverá:
a) indicar com antecedência a manobra pretendida,
acionando a luz indicadora de direção do veículo Importante!
ou por meio de gesto convencional de braço;
b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais Transposição de faixa significa mudar de fai-
ultrapassa, de tal forma que deixe livre uma distân- xa. Temos que estar atentos, mantermos as
cia lateral de segurança; distâncias de segurança e sinalizarmos anteci-
c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa padamente a realização da manobra de ultrapas-
de trânsito de origem, acionando a luz indicadora sagem e de transposição de faixas.
de direção do veículo ou fazendo gesto convencio-
nal de braço, adotando os cuidados necessários
para não pôr em perigo ou obstruir o trânsito dos Responsabilidade no trânsito
veículos que ultrapassou;
§ 2º Respeitadas as normas de circulação e con-
Utilizar momentaneamente a faixa de trânsito duta estabelecidas neste artigo, em ordem decres-
destinada aos veículos que se deslocam em sentido cente, os veículos de maior porte serão sempre 25
responsáveis pela segurança dos menores, os moto- nos trechos em curvas e em aclives sem visibilidade
rizados pelos não motorizados e, juntos, pela inco- suficiente, nas passagens de nível, nas pontes e via-
lumidade dos pedestres. dutos e nas travessias de pedestres, exceto quando
§ 3º Compete ao CONTRAN regulamentar os dispo- houver sinalização permitindo a ultrapassagem.
sitivos de alarme sonoro e iluminação intermitente Art. 33 Nas interseções e suas proximidades, o con-
previstos no inciso VII do caput deste artigo. (LEI dutor não poderá efetuar ultrapassagem.
N° 14071/2020)
§ 4º Em situações especiais, ato da autoridade PROIBIDO ULTRAPASSAR VEÍCULOS EM VIAS:
máxima federal de segurança pública poderá dis-
por sobre a aplicação das exceções tratadas no inci- Com duplo sentido de direção e pista
so VII do caput deste artigo aos veículos oficiais REGRA 1
única
descaracterizados (LEI N° 14071/2020)
Nos trechos em curvas e em aclives sem
REGRA 2
A norma do § 2º é muito cobrada em provas e visibilidade suficiente
fácil de memorizar. Geralmente, gostam de inverter a
Nas passagens de nível, nas pontes e
ordem das palavras (decrescente pelo crescente) para REGRA 3
viadutos e nas travessias de pedestres
confundir o candidato. Prioriza-se, nessa norma, aci-
ma de tudo, a vida dos pedestres (incolumidade). Nas interseções e suas proximidades.
REGRA 4
Aqui o CTB não menciona exceção.
Demais regras de ultrapassagem
Quando a sinalização permitir para as
EXCEÇÃO
Art. 30 Todo condutor, ao perceber que outro que regras 1, 2 e 3.
o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
Infrações relacionada ao dispositivo:
I - se estiver circulando pela faixa da esquerda,
deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a
Art. 202 Ultrapassar outro veículo:
marcha;
I - pelo acostamento;
II - se estiver circulando pelas demais faixas, man-
II - em interseções e passagens de nível;
ter-se naquela na qual está circulando, sem acele-
Infração - gravíssima;
rar a marcha.
Penalidade - multa (cinco vezes).
Art. 203 Ultrapassar pela contramão outro veículo:
Aqui temos as regras para ser ultrapassado. Temos I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade
que ter em mente que, em regra, devemos ir para fai- suficiente;
xa da direita se estivermos na esquerda, além de não II - nas faixas de pedestre;
acelerar a marcha. III - nas pontes, viadutos ou túneis;
Infração relacionada ao dispositivo: IV - parado em fila junto a sinais luminosos, por-
teiras, cancelas, cruzamentos ou qualquer outro
Art. 198 Deixar de dar passagem pela esquerda, impedimento à livre circulação;
quando solicitado: V - onde houver marcação viária longitudinal de
Infração - média; divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contí-
Penalidade - multa. nua ou simples contínua amarela:
Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando Infração - gravíssima
em fila, deverão manter distância suficiente entre si Penalidade - multa (cinco vezes).
para permitir que veículos que os ultrapassem pos- Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa pre-
sam se intercalar na fila com segurança. vista no caput em caso de reincidência no período
de até 12 (doze) meses da infração anterior.
Na prática, os veículos mais lentos trafegam pró- Art. 34 O condutor que queira executar uma mano-
ximos uns aos outros, dificultando as ultrapassagens. bra deverá certificar-se de que pode executá-la sem
perigo para os demais usuários da via que o seguem,
Art. 31 O condutor que tenha o propósito de ultra- precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua
passar um veículo de transporte coletivo que esteja posição, sua direção e sua velocidade.
parado, efetuando embarque ou desembarque de Art. 35 Antes de iniciar qualquer manobra que
passageiros, deverá reduzir a velocidade, dirigindo implique um deslocamento lateral, o condutor
com atenção redobrada ou parar o veículo com vis- deverá indicar seu propósito de forma clara e com
tas à segurança dos pedestres. a devida antecedência, por meio da luz indicadora
de direção de seu veículo, ou fazendo gesto conven-
Na verdade, o artigo refere-se à passagem de cional de braço.
algum veículo por outro, de transporte coletivo, que
esteja parado, efetuando embarque ou desembarque Antes de iniciar qualquer manobra enquadrada nes-
de passageiros. É necessário que se tenha atenção te conceito, é necessário sinalizar aos demais usuários
redobrada, além de reduzir a velocidade ou até parar sua realização, garantindo-lhes que visualizem e sejam
o veículo, se necessário. Vejamos as infrações: cautelosos. Além da luz indicadora de direção, é permiti-
do usar também os braços para indicar a manobra.
Art. 200 Ultrapassar pela direita veículo de trans- Infração relacionada ao dispositivo:
porte coletivo ou de escolares, parado para embar-
que ou desembarque de passageiros, salvo quando Art. 196 Deixar de indicar com antecedência,
houver refúgio de segurança para o pedestre: mediante gesto regulamentar de braço ou luz indi-
Infração - gravíssima; cadora de direção do veículo, o início da marcha,
Penalidade – multa. a realização da manobra de parar o veículo, a
Art. 32 O condutor não poderá ultrapassar veículos mudança de direção ou de faixa de circulação:
26 em vias com duplo sentido de direção e pista única, Infração - grave;
Penalidade - multa. II - ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se
o máximo possível de seu eixo ou da linha divisó-
Temos também a especificação de quando a ultra- ria da pista, quando houver, caso se trate de uma
passagem ocorre em lote lindeiro: pista com circulação nos dois sentidos, ou do bor-
do esquerdo, tratando-se de uma pista de um só
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, sentido.
procedente de um lote lindeiro a essa via, deverá
dar preferência aos veículos e pedestres que por ela O procedimento é parecido ao comentado no inci-
estejam transitando. so anterior, observando-se a situação de pista com
circulação nos dois sentidos, quando o veículo será
Lote lindeiro é um quarteirão ou um terreno, deli- posicionado mais próximo possível da linha divisória
mitado por via. É importante que se dê a preferência da pista ou do eixo da via, porém, no seu próprio sen-
aos veículos e pedestres que por elas estejam transi- tido de circulação.
tando. Vejamos a infração:
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança
Art. 216 Entrar ou sair de áreas lindeiras sem estar de direção, o condutor deverá ceder passagem aos
adequadamente posicionado para ingresso na via e pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em
sem as precauções com a segurança de pedestres e sentido contrário pela pista da via da qual vai sair,
de outros veículos: respeitadas as normas de preferência de passagem.
Infração - média;
Penalidade - multa. Infração relacionada ao dispositivo:
Dica
Tome cuidado com as exceções: poderá ser rea-
lizado em outros locais que ofereçam condições
de segurança e fluidez.
Vias
Sim VELOCIDADE MÁXIMA NAS VIAS SEM
Coletoras
SINALIZAÇÃO
Vias Locais Não
Vias Urbanas
Vias
TIPO DE TEM
OBSERVAÇÃO
VIA URBANA CRUZAMENTO? Trânsito
Arterias Coletoras Locais
Vias de Trân- Não Rápido
sito Rápido
80 km/h 60 km/h 40 km/h 30 km/h
Via Arteriais Sim Liga bairros
Art. 167 Deixar o condutor ou passageiro de usar ( ) No trânsito de veículos nas vias terrestres, abertas
o cinto de segurança, conforme previsto no art. 65: à circulação, o condutor deverá guardar distância de
Infração - grave; segurança somente lateral entre o seu e os demais veí-
Penalidade - multa; culos, bem como em relação ao bordo da pista, consi-
Medida administrativa - retenção do veículo até
derando-se, no momento, somente a velocidade e as
colocação do cinto pelo infrator.
condições do local.
( ) No trânsito de veículos nas vias terrestres, abertas
Competição esportiva
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
à circulação, quando veículos, transitando por fluxos
que se cruzem, se aproximarem de local sinalizado,
Art. 67 As provas ou competições desportivas, terá preferência de passagem no caso de rotatória,
inclusive seus ensaios, em via aberta à circulação,
sempre aquele que estiver para entrar nela.
só poderão ser realizadas mediante prévia permis-
( ) No trânsito de veículos nas vias terrestres, abertas à
são da autoridade de trânsito com circunscrição
circulação, os veículos precedidos de batedores terão
sobre a via e dependerão de:
sempre prioridade absoluta de passagem.
I - autorização expressa da respectiva confederação
( ) No trânsito de veículos nas vias terrestres, abertas à
desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas;
II - caução ou fiança para cobrir possíveis danos
circulação, o uso de dispositivos de alarme sonoro e
materiais à via; de iluminação vermelha intermitente só poderá ocorrer
III - contrato de seguro contra riscos e acidentes em quando da efetiva prestação de serviço de urgência.
favor de terceiros;
IV - prévio recolhimento do valor correspondente A sequência CORRETA é:
aos custos operacionais em que o órgão ou entida-
de permissionária incorrerá. a) F, V, F, F.
Parágrafo único. A autoridade com circunscrição b) F, F, F, V.
sobre a via arbitrará os valores mínimos da caução c) V, V, F, F.
ou fiança e do contrato de seguro. d) V, V, V, V 33
Vamos analisar os itens: Embora haja recente mudança no CTB quanto às
Item I: Errado. O condutor deverá guardar distân- velocidades, a questão, que é de 2015, não foi pre-
cia de segurança lateral e frontal entre o seu e os judicada. Hoje, numa rodovia não sinalizada (pista
demais veículos, bem como em relação ao bordo da simples ou dupla) a velocidade máxima de um micro-
pista, considerando-se, no momento, a velocidade e -ônibus (havia 10 passageiros) é de 90km/h de acordo
as condições do local, da circulação, do veículo e as com o artigo 61 § 1º do CTB. Já a velocidade mínima
condições climáticas (Art 29 Inc II do CTB); divide-se a máxima por 2; logo temos: 90/2 = 45km/h
Item II: Errado. Em rotatórias sem sinalização a o que torna a questão certa. Resposta: Certo.
preferência de passagem é de quem circula na rota-
tória (Art 29 Inc III, alínea “a” do CTB) 5. (CESPE - 2015) Julgue o item:
Item III: Errado. No trânsito de veículos nas vias ter- Ao transitar por um túnel, ainda que a viagem seja rea-
restres, abertas à circulação, os veículos precedidos de lizada durante o dia e que o túnel seja provido de ilumi-
batedores terão prioridade de passagem e não prio- nação, o condutor do veículo deverá manter os faróis
ridade absoluta de passagem (Art 29 Inc VI do CTB). acesos, utilizando luz baixa.
Item IV: Certo. Art 29 Inc VII, alínea “c” do CTB. Res-
posta: Letra B. ( ) CERTO ( ) ERRADO
2. (CISSUL - 2017) Os veículos destinados a socorro de Literalidade do artigo 40 Inciso I do CTB. Resposta:
incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscaliza- Certo.
ção e operação de trânsito e as ambulâncias, além de
prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, esta- DA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS POR MOTORISTAS
cionamento e parada. PROFISSIONAIS
Assinale a alternativa em que essa regulamentação
deverá ocorrer: Art. 67-A O disposto neste Capítulo aplica-se aos
motoristas profissionais
a) Em qualquer situação I - de transporte rodoviário coletivo de passageiros
b) Em quando serviço de urgência II - de transporte rodoviário de cargas.
c) Em quando serviço de urgência e devidamente identi- Art. 67-C É vedado ao motorista profissional diri-
ficado por dispositivos regulamentares gir por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas
d) Em fins particulares do condutor socorrista veículos de transporte rodoviário coletivo de passa-
geiros ou de transporte rodoviário de cargas.
A opção C está de acordo com o artigo 29 Inciso VII § 1° Serão observados 30 (trinta) minutos para des-
canso dentro de cada 6 (seis) horas na condução de
do CTB. Resposta: Letra C.
veículo de transporte de carga, sendo facultado o
seu fracionamento e o do tempo de direção desde
3. (CESPE - 2015) À luz do Código de Trânsito Brasileiro que não ultrapassadas 5 (cinco) horas e meia contí-
(CTB), julgue o item seguinte. nuas no exercício da condução.
A classificação das vias urbanas é feita de acordo com § 1°-A. Serão observados 30 (trinta) minutos para
a sua utilização e característica, constitui critério de descanso a cada 4 (quatro) horas na condução de
fixação de limite de velocidade de cada tipo de via e veículo rodoviário de passageiros, sendo facultado
estabelece parâmetros e condições de preferência de o seu fracionamento e o do tempo de direção.
passagem em cruzamentos desprovidos de sinalização.
Cuidado com as normas de descanso dos motoris-
( ) CERTO ( ) ERRADO tas profissionais. Por isso, veja as principais delas na
tabela a seguir:
Realmente, a classificação das vias urbanas é feita
de acordo com a sua utilização e características. TEMPO DE
Com fundamento no Art. 60 do CTB, até aí a ques- TRANSPORTE OBSERVAÇÃO
DESCANSO
tão está correta. No entanto, na segunda parte do
comando da questão, a banca menciona “preferên- 30 min (fracio- É proibido dirigir
cia de passagem”, que se refere às normas de circu- Rodoviário nável) dentro por mais de 5
lação e conduta previstas no Art. 29, III, que, por de Cargas de 06 Horas de horas e meia
sua vez, não tem nada a ver com as classificações direção ininterruptas.
das vias. Resposta: Errado. 30 min (fracio- É proibido dirigir
Rodoviário
nável) a cada por mais de 5
4. (CESPE - 2015) Um servidor do STJ, ocupante do car- de
04 Horas de horas e meia
go de segurança, foi designado para conduzir veícu- Passageiros
direção ininterruptas.
lo utilizado para o transporte de dez magistrados da
sede em Brasília – DF para uma cidade X, distantes
§2° Em situações excepcionais de inobservância
500 km uma da outra, em uma rodovia.
justificada do tempo de direção, devidamente regis-
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a
tradas, o tempo de direção poderá ser elevado pelo
seguir de acordo com os dispositivos do CTB. período necessário para que o condutor, o veículo
Nos trechos da rodovia em que inexista sinalização e a carga cheguem a um lugar que ofereça a segu-
regulamentando a velocidade máxima permitida, o con- rança e o atendimento demandados, desde que não
dutor do veículo utilizado na viagem deverá observar os haja comprometimento da segurança rodoviária.
limites máximo de 90 km/h e mínimo de 45 km/h.
Como toda regra tem sua exceção, aqui não é
34 ( ) CERTO ( ) ERRADO diferente. Isto é, se não houver um local seguro para
realizar o descanso regulamentar, o tempo de direção passageiros, sendo facultado o seu fracionamento e o
poderá ser excedido, desde que não haja comprome- do tempo de direção.
timento da segurança rodoviária. A resolução n° 525 b) é vedado ao motorista profissional dirigir, por mais de
regulamenta o tema. 4 horas e meia ininterruptas, veículos de transporte
rodoviário coletivo de passageiros ou de transporte
§ 3° O condutor é obrigado, dentro do período de 24 rodoviário de cargas.
(vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de 11 c) serão observados 30 minutos para descanso dentro
(onze) horas de descanso, que podem ser fraciona- de cada 5 horas na condução de veículo de transporte
das, usufruídas no veículo e coincidir com os inter- de carga, sendo facultado o seu fracionamento.
valos mencionados no § 1o, observadas no primeiro d) o condutor é obrigado, dentro do período de 24 horas,
período 8 (oito) horas ininterruptas de descanso. a observar o mínimo de 9 horas de descanso, que
podem ser fracionadas.
Fique atento a mais essa regra: dentro de cada 24 e) em situações excepcionais de inobservância justificada
horas, é obrigatório o descanso de 11 horas, sendo 08 de tempo de direção, devidamente registradas, o tempo
ininterruptas no primeiro período. de direção poderá ser elevado por mais 4 horas, desde
Temos também a seguinte normatização dentro que não haja comprometimento da segurança rodoviária.
deste tema:
Letra A é a mais adequada segundo o dispositivo
Art. 67-E. O motorista profissional é responsá- legal:
vel por controlar e registrar o tempo de condução Art. 67-C. § 1o-A. Serão observados 30 (trinta) minu-
estipulado no art. 67-C, com vistas à sua estrita tos para descanso a cada 4 (quatro) horas na con-
observância. dução de veículo rodoviário de passageiros, sendo
§ 1o A não observância dos períodos de descanso facultado o seu fracionamento e o do tempo de dire-
estabelecidos no art. 67-C sujeitará o motorista ção. Resposta: Letra A.
profissional às penalidades daí decorrentes, previs-
tas neste Código DOS PEDESTRES E VEÍCULOS NÃO MOTORIZADOS
§ 2o O tempo de direção será controlado mediante
registrador instantâneo inalterável de velocidade e Local onde o pedestre deve circular
tempo e, ou por meio de anotação em diário de bor-
do, ou papeleta ou ficha de trabalho externo, ou por
Art. 68 É assegurada ao pedestre a utilização dos
meios eletrônicos instalados no veículo, conforme
passeios ou passagens apropriadas das vias urba-
norma do CONTRAN.
nas e dos acostamentos das vias rurais para circu-
lação, podendo a autoridade competente permitir
O motorista é que controlará esse tempo de des- a utilização de parte da calçada para outros fins,
canso e condução, o que poderá ser feito por tacógrafo desde que não seja prejudicial ao fluxo de pedestres.
(equipamento registrador instantâneo inalterável de
velocidade e tempo), por meio de anotação em diário
de bordo, papeleta ou ficha de trabalho externo, ou Importante!
por meios eletrônicos instalados no veículo.
Infração relacionada: Os pedestres devem caminhar:
Em vias rurais: acostamentos.
Art. 230 Conduzir o veículo: Vias urbanas: passeios ou passagens apropriadas.
XXIII - em desacordo com as condições estabeleci-
das no art. 67-C, relativamente ao tempo de perma-
nência do condutor ao volante e aos intervalos para § 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta
descanso, quando se tratar de veículo de transporte equipara-se ao pedestre em direitos e deveres.
de carga ou coletivo de passageiros:
Infração - média; Esse parágrafo é muito cobrado em provas, tenha
Penalidade - multa; muita atenção: um ciclista caminhando ao lado de
Medida administrativa - retenção do veículo para sua bicicleta (desmontado) é um pedestre em direitos
cumprimento do tempo de descanso aplicável. e deveres.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
§ 1o Se o condutor cometeu infração igual nos últi- Já o motociclista desmontado empurrando a
mos 12 (doze) meses, será convertida, automati- motocicleta, não é equiparado ao pedestre. Muito
camente, a penalidade disposta no inciso XXIII em comum em passarelas, onde o motociclista desmon-
infração grave. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) tado empurra sua motocicleta para transitar por uma
§ 2o Em se tratando de condutor estrangeiro, a libe- via destinada a pedestres. Essa prerrogativa é apenas
ração do veículo fica condicionada ao pagamento para o ciclista. Um condutor de carro de mão, ainda
ou ao depósito, judicial ou administrativo, da mul- que com os pés no chão, não é um pedestre e sim um
ta. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) condutor de veículo, não devendo usar calçadas. O
motociclista desembarcado é equiparado a um condu-
tor de veículo de propulsão humana como um carro
de mão.
EXERCÍCIO COMENTADO O próximo parágrafo também é de grande impor-
tância. Vejamos:
1. (FCC - 2019) No que se refere à condução de veículos
por motoristas profissionais, § 2º Nas áreas urbanas, quando não houver pas-
seios ou quando não for possível a utilização des-
a) serão observados 30 minutos para descanso a tes, a circulação de pedestres na pista de rolamento
cada 4 horas na condução de veículo rodoviário de será feita com prioridade sobre os veículos, pelos 35
bordos da pista, em fila única, exceto em locais Art. 69 Para cruzar a pista de rolamento o pedes-
proibidos pela sinalização e nas situações em que a tre tomará precauções de segurança, levando em
segurança ficar comprometida. conta, principalmente, a visibilidade, a distância e
a velocidade dos veículos, utilizando sempre as fai-
xas ou passagens a ele destinadas sempre que estas
O legislador, nesse caso, colocou a hipótese de
existirem numa distância de até cinquenta metros
não haver passeios ou passagens apropriadas para os dele, observadas as seguintes disposições:
pedestres. Então preste atenção:
Neste dispositivo, colocam-se regras aos pedestres
REGRA DE CIRCULAÇÃO DE PEDESTRE para atravessar uma via. Ao atravessar uma pista,
o pedestre deve observar se a via possui faixa apro-
Local de Circulação (Vias priada para pedestres. Caso ela possua a faixa, numa
Local
Tipo de urbanas não dotadas de distância de até 50 metros, o pedestre deve obrigato-
de
Via Passeios ou passagens riamente fazer sua travessia utilizando-se dela, levan-
Circulação
apropriadas)
do em conta a visibilidade, a distância e a velocidade
Circulação pela pista de rola- dos veículos.
mento (com prioridade sobre
Passeios os veículos) I - onde não houver faixa ou passagem, o cruza-
mento da via deverá ser feito em sentido perpendi-
Vias Ou Passa-
Pelos Bordos da Pista cular ao de seu eixo;
Urbanas gens Apro-
priadas Em Fila Única (exceto em
Outra regra: se, ao se preparar para atravessar
lugares proibidos pela
uma pista, o pedestre não avistar nenhuma faixa de
sinalização)
pedestres, então, neste caso, deve atravessá-la no sen-
tido perpendicular ao seu eixo.
§ 3º Nas vias rurais, quando não houver acosta-
mento ou quando não for possível a utilização dele, II - para atravessar uma passagem sinalizada para
a circulação de pedestres, na pista de rolamento, pedestres ou delimitada por marcas sobre a pista:
a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indi-
será feita com prioridade sobre os veículos, pelos
cações das luzes;
bordos da pista, em fila única, em sentido contrá-
b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que
rio ao deslocamento de veículos, exceto em locais o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o
proibidos pela sinalização e nas situações em que a fluxo de veículos;
segurança ficar comprometida. III - nas interseções e em suas proximidades, onde
não existam faixas de travessia, os pedestres devem
Aqui existe uma pequena diferença em relação ao atravessar a via na continuação da calçada, obser-
parágrafo anterior: os pedestres caminharão no senti- vadas as seguintes normas:
a) não deverão adentrar na pista sem antes se cer-
do contrário ao do veículo.
tificar de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito
de veículos;
REGRA DE CIRCULAÇÃO DE PEDESTRE b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os
pedestres não deverão aumentar o seu percurso,
Local de Circulação (Vias demorar-se ou parar sobre ela sem necessidade.
Tipo de Local de
Rurais não dotadas de
Via Circulação
Acostamentos)
Pedestre e a preferência de passagem
Circulação pela pista de
rolamento (com prioridade Art. 70 Os pedestres que estiverem atravessando a
sobre os veículos) via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão
prioridade de passagem, exceto nos locais com
Pelos bordos da pista sinalização semafórica, onde deverão ser respeita-
Vias das as disposições deste Código.
Acostamentos Em Fila Única
Rurais Parágrafo único. Nos locais em que houver sina-
lização semafórica de controle de passagem será
Em sentido contrário ao
dada preferência aos pedestres que não tenham
deslocamento de veículos
concluído a travessia, mesmo em caso de mudança
(exceto em lugares
do semáforo liberando a passagem dos veículos.
proibidos pela sinalização)
Tem-se, neste artigo, uma informação relevante: os
§ 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras pedestres, em regra, terão prioridade de passagem, exceto
de arte a serem construídas, deverá ser previsto em sinalização semafórica que lhes sejam desfavoráveis.
passeio destinado à circulação dos pedestres, que
não deverão, nessas condições, usar o acostamento. Art. 71 O órgão ou entidade com circunscrição
sobre a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e
passagens de pedestres em boas condições de visibi-
Vimos anteriormente que nas vias rurais utilizamos lidade, higiene, segurança e sinalização.
os acostamentos. Pois bem, o legislador abriu uma exce-
ção ao dizer que nos trechos urbanos de vias rurais, os Não há dúvida que uma faixa apagada, suja de
pedestres usarão os passeios, se tiverem sido construí- barro, mal feita, mal pintada pode prejudicar a visão
36 dos. Neste caso não será utilizado o acostamento. do motorista. O Art. 1° do CTB, prevê em seu § 3º que
“Os órgãos e entidades componentes do Siste- I. O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipa-
ma Nacional de Trânsito respondem, no âmbito ra-se ao pedestre em direitos e deveres.
das respectivas competências, objetivamente, por II. Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou
danos causados aos cidadãos em virtude de ação, quando não for possível a utilização destes, a circu-
omissão ou erro na execução e manutenção de pro- lação de pedestres na pista de rolamento será feita
gramas, projetos e serviços que garantam o exercí- com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da
cio do direito do trânsito seguro”. pista, em fila única, exceto em locais proibidos pela
sinalização e nas situações em que a segurança ficar
Logo, uma pessoa que seja atropelada sobre faixa comprometida.
de pedestre que não atenda aos requisitos estabeleci- III. Nas vias rurais, quando não houver acostamento ou
dos neste Art. 71 poderá buscar a responsabilização quando não for possível a utilização dele, a circulação
do órgão executivo rodoviário responsável. de pedestres, na pista de rolamento, será feita com prio-
ridade sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila
única, em sentido contrário ao deslocamento de veícu-
los, exceto em locais proibidos pela sinalização e nas
EXERCÍCIOS COMENTADOS situações em que a segurança ficar comprometida.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Além das campanhas estabelecidas pelo CON-
TRAN, os órgãos de trânsito devem promover suas
O ciclista deve circular próximo ao bordo da pista,
campanhas próprias de educação para o trânsito.
nessas ocasiões. Outro detalhe: Não há obrigato-
riedade de permanecer o mais próximo possível da
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de
guia da calçada, conforme art. 58 do CTB.
caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão
Art. 58 Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla,
sonora de sons e imagens explorados pelo poder
a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando
público são obrigados a difundi-las gratuitamente,
não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento,
com a frequência recomendada pelos órgãos com-
ou quando não for possível a utilização destes, nos petentes do Sistema Nacional de Trânsito
bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de
circulação regulamentado para a via, com preferên-
Os serviços de rádio e difusão sonora de sons e
cia sobre os veículos automotores. Resposta: Certo.
imagens explorados pelo poder público são obrigados
a difundi-las gratuitamente.
EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO
Educação para o trânsito nas escolas
Educação para o trânsito como direito
Art. 76 A educação para o trânsito será promovida
Art. 74 A educação para o trânsito é direito de
na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por
todos e constitui dever prioritário para os compo-
nentes do Sistema Nacional de Trânsito. meio de planejamento e ações coordenadas entre os
§ 1º É obrigatória a existência de coordenação edu- órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito
cacional em cada órgão ou entidade componente e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito
do Sistema Nacional de Trânsito. Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de
§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito atuação.
deverão promover, dentro de sua estrutura orga- Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste
nizacional ou mediante convênio, o funcionamen- artigo, o Ministério da Educação e do Desporto,
to de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de
padrões estabelecidos pelo CONTRAN. Reitores das Universidades Brasileiras, diretamen-
te ou mediante convênio, promoverá:
A educação para o trânsito é um assunto impor- I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um
tante para as provas. Tenha em mente que qualquer currículo interdisciplinar com conteúdo programá-
artigo deste capítulo pode ser cobrado em seu exame. tico sobre segurança de trânsito;
II - a adoção de conteúdos relativos à educação
para o trânsito nas escolas de formação para
Dica o magistério e o treinamento de professores e
Memorize que a educação é um direito seu e multiplicadores;
dever prioritário dos órgãos do SNT. Estes devem III - a criação de corpos técnicos interprofissionais
possuir uma coordenação educacional e promo- para levantamento e análise de dados estatísticos
ver o funcionamento de Escolas Públicas de relativos ao trânsito;
IV - a elaboração de planos de redução de aciden-
Trânsito. As Escolas Públicas de Trânsito – EPT,
tes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares
promovidas pelos órgãos executivos de trânsito,
universitários de trânsito, com vistas à integração
destinam-se prioritariamente à execução de cur- universidades-sociedade na área de trânsito.
sos, ações e projetos educativos, voltados para o
exercício da cidadania no trânsito. O CTB se preocupou em ocupar toda a cadeia edu-
cacional brasileira (do ensino fundamental às universi-
A Resolução Nº 207 de 2006 regulamenta o assunto.
dades) para conscientizar a sociedade, inclusive com a
criação de corpos técnicos e inclusão curricular sobre
Art. 75 O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os
segurança no trânsito. Implementar o trânsito como
temas e os cronogramas das campanhas de âmbito
nacional que deverão ser promovidas por todos os tema nas escolas é um grande desafio para os órgãos
órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trân- gestores de trânsito. Este trabalho requer a elaboração
sito, em especial nos períodos referentes às férias de um projeto sério: objetivos bem definidos, recursos
escolares, feriados prolongados e à Semana Nacio- educativos de qualidade, acompanhamento e avalia-
38 nal de Trânsito. ção permanentes, corpo técnico capacitado etc.
Publicidade da educação para o Trânsito de qualquer tipo de produto e anunciante, inclusive
àquela de caráter institucional ou eleitoral. (Incluí-
Art. 77-A São assegurados aos órgãos ou entidades do pela Lei nº 12.006, de 2009).
componentes do Sistema Nacional de Trânsito os Art. 77-D O Conselho Nacional de Trânsito (CON-
mecanismos instituídos nos arts. 77-B a 77-E para a TRAN) especificará o conteúdo e o padrão de
veiculação de mensagens educativas de trânsito em apresentação das mensagens, bem como os proce-
todo o território nacional, em caráter suplementar dimentos envolvidos na respectiva veiculação, em
às campanhas previstas nos arts. 75 e 77. (Incluído conformidade com as diretrizes fixadas para as
pela Lei nº 12.006, de 2009). campanhas educativas de trânsito a que se refere o
Art. 77-B Toda peça publicitária destinada à divul- art. 75. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
gação ou promoção, nos meios de comunicação Art. 77-E A veiculação de publicidade feita em
social, de produto oriundo da indústria automo- desacordo com as condições fixadas nos arts. 77-A
bilística ou afim, incluirá, obrigatoriamente, men- a 77-D constitui infração punível com as seguintes
sagem educativa de trânsito a ser conjuntamente sanções: (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
veiculada. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). I – advertência por escrito; (Incluído pela Lei nº
12.006, de 2009).
Bastante interessante esta informação: toda pro- II – suspensão, nos veículos de divulgação da publi-
paganda comercial, nos meios de comunicação social, cidade, de qualquer outra propaganda do produto,
de produtos de indústrias automobilísticas deverá pelo prazo de até 60 (sessenta) dias; (Incluído pela
incluir mensagem educativa de trânsito. Lei nº 12.006, de 2009).
III - multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e
sete reais) a R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e
§ 1° Para os efeitos dos arts. 77-A a 77-E, conside-
cinco reais), cobrada do dobro até o quíntuplo em
ram-se produtos oriundos da indústria automo-
caso de reincidência. (Redação dada pela Lei nº
bilística ou afins:(Incluído pela Lei nº 12.006, de
13.281, de 2016) (Vigência)
2009).
I – os veículos rodoviários automotores de qual-
quer espécie, incluídos os de passageiros e os de Dica
carga; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
“SAM”: Suspensão de até 60 dias, Advertência
II – os componentes, as peças e os acessórios utili-
zados nos veículos mencionados no inciso I. (Incluí- por escrito e Multa cobrada do dobro até o quín-
do pela Lei nº 12.006, de 2009). tuplo em caso de reincidência.
Lembrando que as penas podem ser cumulativas.
O que são produtos oriundos da indústria automo- Outro detalhe é que qualquer infração leva à sus-
bilística ou afins? Neste artigo, diz que são os veículos, pensão da propaganda até a regularização desta.
componentes e peças, certo?
Art. 78 Os Ministérios da Saúde, da Educação e do
§ 2° O disposto no caput deste artigo aplica-se à Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justi-
propaganda de natureza comercial, veiculada por ça, por intermédio do CONTRAN, desenvolverão e
iniciativa do fabricante do produto, em qualquer implementarão programas destinados à prevenção
das seguintes modalidades: (Incluído pela Lei nº de acidentes.
12.006, de 2009).
I – rádio; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). Informação que não se deve menosprezar, pois
II – televisão; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). já foi alvo de questões anteriores. Os ministérios que
III – jornal; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). desenvolverão e implementarão programas desti-
IV – revista; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). nados à prevenção de acidentes são: do Trabalho,
V – outdoor. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). da Saúde, da Educação, do Esporte ou Desporto, dos
Transportes e da Justiça.
Para memorizar, lembre- se de dois Estados: TO e
RJ (Televisão, Outdoor, Revista, Rádio e Jornal) Parágrafo único. O percentual de dez por cento do
total dos valores arrecadados destinados à Previ-
MEIO DE PRODUTO A VEICULAR dência Social, do Prêmio do Seguro Obrigatório de
COMUNICAÇÃO MENSAGEM EDUCATIVA Danos Pessoais causados por Veículos Automoto-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
res de Via Terrestre - DPVAT, de que trata a Lei nº
Rádio Indústria automobilística ou afins 6.194, de 19 de dezembro de 1974, serão repassados
mensalmente ao Coordenador do Sistema Nacional
Televisão Indústria automobilística ou afins de Trânsito para aplicação exclusiva em progra-
mas de que trata este artigo.
Jornal; Indústria automobilística ou afins
Revista Indústria automobilística ou afins Atento a este dispositivo, pois já foi cobrado em
várias provas. 10 % do valor do DPVAT que vai para a
Outdoor Indústria automobilística ou afins Previdência Social vão para o Ministério coordenador
(hoje, o Ministério das Cidades) mensalmente para
Outdoor Todos os produtos. Inclusive programas de prevenção acidentes.
(Margem de anúncios de caráter institucional
Rodovia) ou eleitoral
Importante!
z Gestos dos agentes de trânsito e do condutor: É o CONTRAN que normatiza a interpretação, colo-
são sinalizações feitas pelos agentes de trânsito ou cação e uso da sinalização.
condutores, sempre indicando uma ação pertinen-
te ao momento no trânsito. Ex.:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE - 2019) A sinalização de trânsito segue uma
ordem de prevalência: as ordens do agente de trânsito
prevalecem sobre as normas de circulação e outros
sinais; as indicações do semáforo sobre os demais
Fique atento ao que diz o art. 88: sinais; e as indicações dos sinais sobre as demais
normas de trânsito.
Art. 88 Nenhuma via pavimentada poderá ser
entregue após sua construção, ou reaberta ao trân- ( ) CERTO ( ) ERRADO
sito após a realização de obras ou de manutenção,
enquanto não estiver devidamente sinalizada, ver- Regra básica de prevalência de sinalização, confor-
tical e horizontalmente, de forma a garantir as con- me art. 89 do CTB. Resposta: Certo.
dições adequadas de segurança na circulação.
Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em 2. (FCC - 2019) Os sinais de trânsito classificam-se em:
obras deverá ser afixada sinalização específica e verticais; horizontais; dispositivos de sinalização auxi-
adequada. liar e mais:
Presidente do STF
Ministros do STF Importante!
z Ministério Público Federal § 5º O disposto neste artigo não se aplica aos
veículos de uso bélico.
Procurador Geral da República Não esqueça: veículos de uso bélico estão dis-
pensados de placas.
z Advocacia Geral Da União
Advogado Geral da União
§ 6º Os veículos de duas ou três rodas são dispensa-
dos da placa dianteira.
§ 3º Os veículos de representação dos Presidentes
dos Tribunais Federais, dos Governadores, Prefei- Motocicletas e motonetas, por exemplo, não pos-
tos, Secretários Estaduais e Municipais, dos Presi- suem placa dianteira. Informação que já foi cobrada
dentes das Assembléias Legislativas, das Câmaras em certames.
Municipais, dos Presidentes dos Tribunais Esta-
duais e do Distrito Federal, e do respectivo chefe do § 7° Excepcionalmente, mediante autorização
Ministério Público e ainda dos Oficiais Generais das específica e fundamentada das respectivas corre-
Forças Armadas terão placas especiais, de acordo gedorias e com a devida comunicação aos órgãos
com os modelos estabelecidos pelo CONTRAN. de trânsito competentes, os veículos utilizados por
membros do Poder Judiciário e do Ministério Públi-
48 co que exerçam competência ou atribuição criminal
poderão temporariamente ter placas especiais, de 2. (CESPE - 2008) Entre as autoridades públicas apre-
forma a impedir a identificação de seus usuários sentadas nas opções a seguir, aquela cuja placa em
específicos, na forma de regulamento a ser emitido, veículo de representação pessoal usa as cores verde e
conjuntamente, pelo Conselho Nacional de Justiça amarela da Bandeira Nacional é o
- CNJ, pelo Conselho Nacional do Ministério Públi-
co - CNMP e pelo Conselho Nacional de Trânsito a) presidente de tribunal federal.
- CONTRAN. b) governador de estado.
c) procurador-geral da República.
Placas especiais para proteger os juízes e promoto- d) oficial general das Forças Armadas.
res que trabalhem na seara criminal podem ser atribuí- e) prefeito.
das desde que tenha: atribuição criminal; autorização
específica das corregedorias; comunicação ao ÓRGAO Veja o artigo 115 § 2º do CTB. Resposta: Letra C.
de TRÃNSITO competente; e seja de uso temporário.
3. (CRQ - 2015) De acordo com Art. 105 Do CTB, são
§ 8o Os veículos artesanais utilizados para trabalho
equipamentos obrigatórios dos veículos, entre outros
agrícola (jericos), para efeito do registro de que tra-
a serem estabelecidos pelo CONTRAN, dos quais é
ta o § 4o-A, ficam dispensados da exigência prevista
no art. 106.
INCORRETO afirmar:
Os jericos são veículos de produção artesanal que a) Para os veículos de transporte e de condução esco-
são formados por meio de peças de diversos veículos. lar, os de transporte de passageiros com mais de dez
Sua finalidade, em geral, serve para auxiliar os agri- lugares e os de carga com peso bruto total superior a
cultores nas atividades do campo, entre elas, carregar quatro mil quinhentos e trinta e seis quilogramas, equi-
pasto, sementes, adubos etc. O artigo afirma que tais pamento registrador instantâneo inalterável de veloci-
veículos, se registrados pelo MAPA (órgão registrador), dade e tempo.
não necessitam de certificado de segurança expedido b) Encosto de cabeça, para todos os tipos de veículos
por instituição técnica credenciada por órgão ou enti- automotores, segundo normas estabelecidas pelo
dade de metrologia legal de suas peças. CONTRAN.
c) Dispositivo destinado ao controle de emissão de
Art. 116 Os veículos de propriedade da União, dos gases poluentes e de ruído, segundo normas estabele-
Estados e do Distrito Federal, devidamente regis- cidas pelo CONTRAN.
trados e licenciados, somente quando estritamente d) Para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna
usados em serviço reservado de caráter policial, dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retro-
poderão usar placas particulares, obedecidos os visor do lado direito.
critérios e limites estabelecidos pela legislação que e) Equipamento suplementar de retenção - air bag frontal
regulamenta o uso de veículo oficial. para o condutor e o passageiro do banco dianteiro.
Entenda que o serviço de inteligência da polícia As bicicletas devem possuir retrovisor esquerdo e
poderá usar placas particulares para executarem suas não direito. (Art. 105 Inciso VI) Resposta: Letra D.
atribuições com maior sigilo e discrição.
4. (VUNESP - 2019) Segundo o artigo 97 do CTB, as
Art. 117 Os veículos de transporte de carga e os
características dos veículos, suas especificações
coletivos de passageiros deverão conter, em local
facilmente visível, a inscrição indicativa de sua
básicas, configuração e condições essenciais para
tara, do peso bruto total (PBT), do peso bruto total registro, licenciamento e circulação serão estabeleci-
combinado (PBTC) ou capacidade máxima de tra- das pelo
ção (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em desa-
cordo com sua classificação. a) CONTRANDIFE.
b) DENATRAN.
c) CIRETRAN.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
d) CONTRAN.
EXERCÍCIOS COMENTADOS e) CETRAN
1.(CESPE - 2015) À luz do Código de Trânsito Brasileiro As características dos veículos, suas especificações
(CTB), julgue o item seguinte. básicas, configuração e condições essenciais para
Mediante autorização específica da respectiva corre- registro, licenciamento e circulação serão estabele-
gedoria e comunicação aos órgãos de trânsito compe- cidas pelo CONTRAN, em função de suas aplicações,
tentes, o veículo utilizado por magistrado que exerça conforme art. 94 do CTB. Resposta: Letra D.
competência ou atribuição criminal poderá, por motivo
de segurança e de forma provisória, transitar, excep- DOS VEÍCULOS EM CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL
cionalmente, com placas especiais, de modo a impe-
dir a identificação de seu usuário. Art. 118 A circulação de veículo no território nacio-
nal, independentemente de sua origem, em trânsito
( ) CERTO ( ) ERRADO entre o Brasil e os países com os quais exista acor-
do ou tratado internacional, reger-se-á pelas dis-
Literalidade do artigo 115 § 8º do CTB. Resposta: posições deste Código, pelas convenções e acordos
Certo. internacionais ratificados. 49
Os veículos estrangeiros em circulação no Bra- DO REGISTRO DE VEÍCULOS
sil devem seguir o CTB, as convenções e acor-
dos internacionais. Como exemplo, temos a Art. 120 Todo veículo automotor, elétrico, articu-
lado, reboque ou semirreboque, deve ser registrado
Convenção sobre Trânsito Viário de Viena. Tra-
perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou
ta-se de um acordo internacional que estabele-
do Distrito Federal, no Município de domicílio ou
ce uma série de regras que devem ser seguidas residência de seu proprietário, na forma da lei.
por todos os condutores de veículos quando
trafegam em qualquer um desses países, a fim O registro do veículo assemelha-se a nossa certidão
de facilitar o trânsito viário internacional e de nascimento. Quando nascemos, os pais procuram o
aumentar a segurança nas vias. cartório, mas, no caso dos veículos, o proprietário se
Art. 119 As repartições aduaneiras e os órgãos de dirige ao DETRAN de seu município para registrar o
controle de fronteira comunicarão diretamente ao veículo. Neste órgão será expedido o CRV (Certifica-
RENAVAM a entrada e saída temporária ou defini- do de Registro do Veículo). Lembrando que este docu-
tiva de veículos. mento não é de porte obrigatório. Tenha em mente
que o registro será no Município de domicílio ou resi-
dência de seu proprietário, na forma da lei.
Dica
Os órgãos comunicarão ao RENAVAM a entra- § 1º Os órgãos executivos de trânsito dos Estados
da e saída de veículos na fronteira. Na sua pro- e do Distrito Federal somente registrarão veículos
oficiais de propriedade da administração direta, da
va, eles podem trocar o termo RENAVAM por
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
DETRAN ou CONTRAN. cípios, de qualquer um dos poderes, com indicação
expressa, por pintura nas portas, do nome, sigla ou
§ 1º Os veículos licenciados no exterior não pode- logotipo do órgão ou entidade em cujo nome o veí-
rão sair do território nacional sem o prévio paga- culo será registrado, excetuando-se os veículos de
mento ou o depósito, judicial ou administrativo, dos representação e os previstos no art. 116.
valores correspondentes às infrações de trânsito
cometidas e ao ressarcimento de danos que tiverem Neste dispositivo, vale uma observação: veículos
causado ao patrimônio público ou de particulares, oficiais da Administração Pública Direta federal, esta-
independentemente da fase do processo adminis- dual ou municipal, para serem registrados, devem
trativo ou judicial envolvendo a questão. (Incluído estar identificados na porta, exceto os veículos de
pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) inteligência policial e os de representação como, por
§ 2° Os veículos que saírem do território nacional exemplo, o veículo oficial do Presidente da República.
sem o cumprimento do disposto no § 1º e que poste-
riormente forem flagrados tentando ingressar ou já
em circulação no território nacional serão retidos
até a regularização da situação.
Importante!
Os veículos de uso bélico não são registrados
Aqui tem uma informação relevante: veículos estran- nos órgãos executivos de trânsito.
geiros devem quitar suas multas impostas pela autori- § 2º O disposto neste artigo não se aplica ao veí-
dade de trânsito brasileira antes de saírem. Na prática, culo de uso bélico.
os estrangeiros ignoram essa norma, já que dificilmente
são fiscalizados devido ao pouco efetivo dos órgãos e
entidades de trânsito presentes nas fronteiras. Art. 121 Registrado o veículo, expedir-se-á o Certifi-
cado de Registro de Veículo (CRV), em meio físico e/ou
digital, à escolha do proprietário, de acordo com os
modelos e com as especificações estabelecidos pelo
EXERCÍCIO COMENTADO CONTRAN, com as características e as condições de
invulnerabilidade à falsificação e à adulteração.
(Lei n° 14071 de 2020)
1.(CESPE - 2019) Julgue o item:
Se um policial rodoviário federal autuar, por infração O CRV, como já falado, atesta o nascimento do veí-
de trânsito, um condutor de veículo em circulação no culo e segue o modelo especificado pelo CONTRAN. A
Brasil, mas licenciado no exterior, o infrator deverá partir de 2021, teremos o CRV digital como opção e o
pagar a multa no país de origem do licenciamento do órgão de trânsito deve proporcionar essa oportuni-
automóvel, na forma estabelecida pelo CONTRAN. dade aos proprietários. Lembrando que o CRV não é
documento de porte obrigatório.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Art. 122 Para a expedição do Certificado de Registro
A multa deve ser paga no Brasil, tendo em vista o de Veículo o órgão executivo de trânsito consultará
CTB. Os veículos licenciados no exterior não pode- o cadastro do RENAVAM e exigirá do proprietário
rão sair do território nacional sem o prévio paga- os seguintes documentos:
I - nota fiscal fornecida pelo fabricante ou revende-
mento ou o depósito, judicial ou administrativo, dos
dor, ou documento equivalente expedido por auto-
valores correspondentes às infrações de trânsito
ridade competente;
cometidas e ao ressarcimento de danos que tiverem II - documento fornecido pelo Ministério das Relações
causado ao patrimônio público ou de particulares, Exteriores, quando se tratar de veículo importado
independentemente da fase do processo administra- por membro de missões diplomáticas, de repartições
tivo ou judicial envolvendo a questão (Art 119 § 1º consulares de carreira, de representações de orga-
50 do CTB). Resposta: Errado. nismos internacionais e de seus integrantes.
Fique atento, pois “registro veicular” é um tema Mais um prazo importante: 30 dias para o compra-
adorado pelas bancas. Neste artigo o legislador dor tomar as providências. Como já falado na tabe-
comenta as exigências documentais para se registrar la anterior, a transferência de residência no mesmo
pela primeira vez o veículo. Veja na tabela quais são município não exige novo CRV, mas apenas comunica-
as principais informações a respeito desse tópico: ção ao órgão de trânsito.
a) Ministério dos Transportes, Interior e Viação Rural Um veículo licenciado certamente está registra-
b) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do, até por conta deste atrelamento entre ambos. No
c) órgão do sistema geral de registros viários urbano e entanto, um veículo registrado não significa que este-
rural ja licenciado, pois o CRV pode valer para toda vida do
d) sistema de consumidores urbanos e do campo admi- veículo, mas o CRLV é anual. Conforme a Resolução n°
nistrado pelo órgão competente 599/16 do CONTRAN, o Certificado de Licenciamento
e) Sindicato dos Produtores Rurais e Sistema Nacional Anual é igual ao Certificado de Registro e Licencia-
de Veículos de Tração mento do Veículo. Já os veículos novos (zero km) são
licenciados na hora do registro. A partir de 2021, os
O registro de tratores é feito no Ministério da Agri- proprietários poderão optar por um licenciamento
cultura, Pecuária e Abastecimento. digital com a emissão do CRV digital.
Art. 129-A. O registro dos tratores e demais apa-
§ 2º O veículo somente será considerado licencia-
relhos automotores destinados a puxar ou a
do estando quitados os débitos relativos a tributos,
arrastar maquinaria, diretamente ou mediante con-
encargos e multas de trânsito e ambientais, vincu-
vênio. Resposta: Letra B. lados ao veículo, independentemente da responsa-
bilidade pelas infrações cometidas.
3. (VUNESP - 2018) Será obrigatória a expedição de novo
Certificado de Registro de Veículo, exceto quando: O veículo só estará licenciado se estiver com todos
os débitos obrigatórios quitados. Apenas dessa forma o
a) o condutor não for o proprietário do veículo. DETRAN expede o seu CRLV/CLA. Em regra, paga-se o
b) for transferida a propriedade. IPVA + Taxa de Licenciamento + DPVAT. Se, por acaso,
c) o proprietário mudar o município de domicílio ou você pagar apenas o IPVA, o veículo não estará licencia-
residência. do. É necessária a quitação de todos os débitos supra-
d) for alterada qualquer característica do veículo. mencionados. Quanto às multas, pagam-se apenas
e) houver mudança de categoria. quando terminarem todos os recursos administrativos.
É possível trafegar sem placas pelas ruas com veí- Como já comentado, os veículos que possuem
culo novo (zero km)? Em regra, não. Mas há situações esta importante função de transportar passageiros
elencadas na Resolução n° 04 / 1998 que permitem o de forma remunerada, além de obedecer a critérios
condutor não portar placas no veículo. Existem algu- rigorosos de inspeção e funcionamento, devem ter
mas situações em que trafegar com apenas a Nota Fis- autorização do poder público para executar o serviço.
cal é permitido, mas de forma transitória e passageira. Por isso, existem protestos de determinadas catego-
Segundo a resolução n° 554/2015 (alterou Reso- rias para impedir o funcionamento de transportes de
lução n° 04 / 1998), por exemplo, se eu comprar um passageiros irregulares (não autorizados).
carro novo em São Paulo e quiser emplacar em Floria-
nópolis/SC (domicílio), terei 15 dias para me deslocar
de um Estado para o outro a fim de registrar e licen-
ciar o veículo. É o que diz o artigo 4º Inciso I da supra- EXERCÍCIO COMENTADO
citada resolução. O prazo é contado a partir da data do
carimbo de saída do veículo, constante da nota fiscal. 1. (AOCP - 2018) Em relação ao Licenciamento de veícu-
Se for comprado eletronicamente o prazo conta-se a los, assinale a alternativa correta.
partir da data de efetiva entrega do veículo.
a) Todos os veículos devem ser licenciados, sem
Art. 133 É obrigatório o porte do Certificado de
exceção.
Licenciamento Anual.
b) Até mesmo os tanques de guerra do exército devem
Parágrafo único. O porte será dispensado quando,
no momento da fiscalização, for possível ter acesso
ser licenciados.
ao devido sistema informatizado para verificar se o c) O licenciamento deve ser feito a cada dois anos.
veículo está licenciado. d) Veículos com mais de dez anos não precisam ser
licenciados.
O porte obrigatório do CRLV/CLA foi mitigado. Isto e) O primeiro licenciamento será feito simultaneamente
é, se o agente fiscalizador possuir um sistema que ao registro.
consulte sua placa, ele dispensará o CRLV/CLA. No
entanto, é recomendável o porte do CRLV/CLA, já que A letra A está errada porque veículos bélicos, por
é possível o agente fiscalizador estar com problemas exemplo, não seguem as regras de licenciamento do
na consulta. O sistema, muitas vezes, fica fora do ar, CTB; A letra B está errada porque veículos bélicos,
prejudicando o fiscalizador. A Resolução n° 788/2020 não seguem as regras de licenciamento do CTB, con-
estabelece novo layout para o CRLV, podendo ser digi- forme § 1º do Art. 130 do CTB. A letra C está errada
tal se o proprietário optar. porque o licenciamento é anual, conforme art. 130
do CTB. A letra D está errada porque não há qual-
Art. 134. No caso de transferência de proprieda- quer previsão sobre esse prazo no CTB. A letra E
de, expirado o prazo previsto no § 1º do art. 123 está correta porque está de acordo com § 1º do art.
deste Código sem que o novo proprietário tenha 131 do CTB. Vejamos a lei:
tomado as providências necessárias à efetivação Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será
da expedição do novo Certificado de Registro de expedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certifi-
Veículo, o antigo proprietário deverá encaminhar
cado de Registro, no modelo e especificações estabe-
ao órgão executivo de trânsito do Estado ou do Dis-
lecidos pelo CONTRAN.
trito Federal, no prazo de 60 (sessenta) dias, cópia
autenticada do comprovante de transferência de
§ 1º O primeiro licenciamento será feito simultanea-
propriedade, devidamente assinado e datado, sob mente ao registro. Resposta: Letra E.
pena de ter que se responsabilizar solidariamente
pelas penalidades impostas e suas reincidências até DOS VEÍCULOS ESCOLARES
a data da comunicação. (Lei n° 14071 de 2020)
Parágrafo único. O comprovante de transferência Art. 136 Os veículos especialmente destinados à
de propriedade de que trata o caput deste artigo condução coletiva de escolares somente poderão
poderá ser substituído por documento eletrônico circular nas vias com autorização emitida pelo
com assinatura eletrônica válida, na forma regu- órgão ou entidade executivos de trânsito dos Esta-
54 lamentada pelo CONTRAN. (Lei n° 14071 de 2020) dos e do Distrito Federal, exigindo-se, para tanto:
Por falar em autorização, temos os veículos esco- pode definir o ano de fabricação mínimo do veículo
lares que necessitam dela para executar o serviço a ser utilizado; pode definir sobre inspeção a ser fei-
de transporte remunerado de passageiros escolares. ta pelo município, paralela aquela semestral prevista;
Para tanto deverá seguir as seguintes normas abaixo. o Município poderá requerer a utilização de espaços
internos dos veículos contratados, sem qualquer cus-
I - registro como veículo de passageiros; to adicional, para a fixação de material educativo de
II - inspeção semestral para verificação dos equipa- interesse público. Existindo demanda, o Poder Públi-
mentos obrigatórios e de segurança; co Municipal poderá explorar a publicidade comercial
III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, de espaços nos veículos, incluídos os sistemas de sono-
com quarenta centímetros de largura, à meia altu- rização e/ou audiovisual, vedando-se integralmente a
ra, em toda a extensão das partes laterais e traseira veiculação de publicidade de natureza político parti-
da carroçaria, com o dístico ESCOLAR, em preto, dária ou que interfira negativamente na educação dos
sendo que, em caso de veículo de carroçaria pinta-
usuários, entre outras regulamentações.
da na cor amarela, as cores aqui indicadas devem
ser invertidas;
IV - equipamento registrador instantâneo inalterá-
vel de velocidade e tempo;
V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela dis- EXERCÍCIOS COMENTADOS
postas nas extremidades da parte superior dian-
teira e lanternas de luz vermelha dispostas na 1. (VUNESP - 2018) Paulo pretende comprar um veículo
extremidade superior da parte traseira; para a condução de escolares e, para tanto, de acordo
VI - cintos de segurança em número igual à lotação; com o disciplinado no Código de Trânsito Brasileiro e Por-
VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios taria DETRAN-SP nº 1.310/2014, deverá solicitar auto-
estabelecidos pelo CONTRAN. rização ao órgão ou entidade executiva de trânsito do
Estado, cumprindo a seguinte exigência, dentre outras:
Não vá para a prova negligenciando este impor-
tante tema. Os veículos escolares devem seguir uma a) registro como veículo particular, classificado na cate-
cartilha e se atentar às seguintes informações: goria transporte.
b) inspeção mensal para verificação dos equipamentos
z Veículo de Passageiros; obrigatórios de segurança.
z Inspeção Semestral; c) cintos de segurança em número igual à lotação.
z Faixa Horizontal Amarela de 40 cm, na traseira e d) lanternas de luz branca dispostas nas extremidades
nas laterais; da parte superior dianteira e luz amarela na parte infe-
z Tacógrafo; rior da traseira.
z Cinto para todos os passageiros; e) equipamento registrador alterável de velocidade e
z Luz superior traseira: vermelha; tempo.
z Luz superior dianteira: branca, fosca ou amarela.
O erro da letra A é que o veículo deverá ser de alu-
Art. 137 A autorização a que se refere o artigo ante- guel; O erro da letra B é que a inspeção é semes-
rior deverá ser afixada na parte interna do veículo, tral; O erro da letra D é que a luz traseira é de cor
em local visível, com inscrição da lotação permitida, vermelha; O erro da letra E é que o equipamento
sendo vedada a condução de escolares em número registrador é inalterável. A banca colocou alterável.
superior à capacidade estabelecida pelo fabricante. Resposta: Letra C.
Art. 138 O condutor de veículo destinado à condução
de escolares deve satisfazer os seguintes requisitos:
2. (CESPE - 2017) De acordo com o Código de Trânsi-
I - ter idade superior a vinte e um anos;
II - ser habilitado na categoria D;
to Brasileiro, a verificação dos equipamentos obri-
III - (VETADO) gatórios e de segurança deve ser feita por meio de
IV - não ter cometido mais de uma infração gravíssima inspeções
nos 12 (doze) últimos meses;(Lei n° 14071 de 2020)
V - ser aprovado em curso especializado, nos ter- a) semanais.
mos da regulamentação do CONTRAN. b) trimestrais.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
c) semestrais.
São os requisitos para se candidatar ao transporte d) diárias.
de escolares: ser maior de 21 anos, ser habilitado na e) anuais.
categoria D, ter um prontuário bom, isto é, no máxi-
mo, uma infração gravíssima nos últimos 12 meses. Vejamos a lei:
(Resolução n° 789/20). Art. 136. Os veículos especialmente destinados à
condução coletiva de escolares somente poderão cir-
Art. 139 O disposto neste Capítulo não exclui a cular nas vias com autorização emitida pelo órgão
competência municipal de aplicar as exigências ou entidade executivos de trânsito dos Estados e do
previstas em seus regulamentos, para o transporte Distrito Federal, exigindo-se, para tanto:
de escolares. II - inspeção semestral para verificação dos equipamen-
tos obrigatórios e de segurança; Resposta: Letra C.
Os municípios podem regulamentar exigências
de outros equipamentos obrigatórios, se por alguma DA CONDUÇÃO DE MOTOFRETE
peculiaridade regional; pode determinar regras para
os pais ou responsáveis pelos alunos; pode criar regras Art. 139-A As motocicletas e motonetas destinadas
sobre a limpeza dos veículos; pode definir regras sobre ao transporte remunerado de mercadorias – moto-
o transporte de pessoas com necessidades especiais; -frete – somente poderão circular nas vias com 55
autorização emitida pelo órgão ou entidade execu- d) I e III.
tivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, e) III.
exigindo-se, para tanto:
I- Errada. Inspeção semestral. Art. 136 Inc II do CTB
Mais um veículo que necessita de autorização do II- Certa. Art. 137 do CTB
Estado: o moto-frete. Serviço regulamentado pela Reso- III- Errada. O Erro foi colocar ser reincidente em
lução n° 356/2010. infrações graves, quando, na verdade, não poderá
ter nenhuma infração grave no prontuário nos últi-
I – registro como veículo da categoria de aluguel; mos 12 meses. Resposta: Letra C.
II – instalação de protetor de motor mata-cachorro,
fixado no chassi do veículo, destinado a proteger o DA HABILITAÇÃO
motor e a perna do condutor em caso de tomba-
mento, nos termos de regulamentação do Conselho Requisitos para habilitação
Nacional de Trânsito – CONTRAN;
III – instalação de aparador de linha antena Art. 140 A habilitação para conduzir veículo auto-
corta-pipas, nos termos de regulamentação do motor e elétrico será apurada por meio de exames
CONTRAN; que deverão ser realizados junto ao órgão ou enti-
IV – inspeção semestral para verificação dos equi- dade executivos do Estado ou do Distrito Federal,
pamentos obrigatórios e de segurança do domicílio ou residência do candidato, ou na sede
§ 1° A instalação ou incorporação de dispositivos estadual ou distrital do próprio órgão, devendo o
para transporte de cargas deve estar de acordo condutor preencher os seguintes requisitos:
com a regulamentação do CONTRAN. I - ser penalmente imputável;
§ 2° É proibido o transporte de combustíveis, pro- II - saber ler e escrever;
dutos inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veícu- III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente.
los de que trata este artigo, com exceção do gás de Parágrafo único. As informações do candidato à
cozinha e de galões contendo água mineral, desde habilitação serão cadastradas no RENACH.
que com o auxílio de side-car, nos termos de regu-
lamentação do CONTRAN.
Pessoal, habilitação é tema recorrente em provas de
Art. 139-B O disposto neste Capítulo não exclui a
competência municipal ou estadual de aplicar as concursos, principalmente se for para DETRAN. Os requi-
exigências previstas em seus regulamentos para sitos para se candidatar a tentar obter uma CNH são:
as atividades de moto-frete no âmbito de suas
circunscrições. z Alfabetização;
z Maior de 18 anos (penalmente imputável);
Não se transporta produtos perigosos, nem galões z Ter carteira de identidade;
de qualquer natureza nestes veículos, exceto o gás z Ter CPF – Resolução n° 789/2020.
de cozinha (máximo: 13 kg) e a água mineral (máxi-
mo: 20 L) com o sidecar, situação regulamentada pela Art. 141 O processo de habilitação, as normas rela-
Resolução n° 356/2010. tivas à aprendizagem para conduzir veículos auto-
motores e elétricos e à autorização para conduzir
ciclomotores serão regulamentados pelo CONTRAN.
§ 1º A autorização para conduzir veículos de pro-
EXERCÍCIO COMENTADO pulsão humana e de tração animal ficará a cargo
dos Municípios.
1. (FCC - 2019) Quanto à condução coletiva de escola-
Já sabemos que a licença para conduzir bicicletas e
res, considere:
charretes, por exemplo, é dos Municípios.
I. Para a emissão da autorização, a ser emitida pelo
órgão ou entidade executivos de trânsito dos Esta- Art. 142 O reconhecimento de habilitação obtida
dos e do Distrito Federal, será exigida a inspeção em outro país está subordinado às condições esta-
anual para verificação dos equipamentos obriga- belecidas em convenções e acordos internacionais e
tórios e de segurança. às normas do CONTRAN.
II. Para que veículos especialmente destinados à condu-
ção coletiva de escolares possam circular, a autori- No que diz respeito à habilitação, temos que saber
zação emitida pelo órgão ou entidade executivos de que uma habilitação estrangeira pode possuir valida-
trânsito dos Estados e do Distrito Federal deverá ser de no Brasil. Por exemplo, a Resolução n° 360/2010 diz
afixada na parte interna do veículo, em local visível, que um condutor estrangeiro poderá dirigir no Brasil
com inscrição da lotação permitida, sendo vedada a se estiver a menos de 180 dias no Brasil.
condução de escolares em número superior à capa-
cidade estabelecida pelo fabricante. Categorias de habilitação
III. O condutor de veículo destinado à condução de
escolares não deve ter cometido nenhuma infra- Art. 143 Os candidatos poderão habilitar-se nas
ção gravíssima ou ser reincidente em infrações categorias de A a E, obedecida a seguinte gradação:
médias e graves durante os 12 últimos meses. I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de
duas ou três rodas, com ou sem carro lateral;
Está correto o que consta APENAS em II - Categoria B - condutor de veículo motorizado,
não abrangido pela categoria A, cujo peso bru-
a) II e III. to total não exceda a três mil e quinhentos quilo-
b) I. gramas e cuja lotação não exceda a oito lugares,
56 c) II. excluído o do motorista;
III - Categoria C - condutor de veículo motorizado § 2° São os condutores da categoria B autorizados
utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto a conduzir veículo automotor da espécie motor-ca-
total exceda a três mil e quinhentos quilogramas; sa, definida nos termos do Anexo I deste Código,
IV - Categoria D - condutor de veículo motorizado cujo peso não exceda a 6.000 kg (seis mil quilogra-
utilizado no transporte de passageiros, cuja lota- mas), ou cuja lotação não exceda a 8 (oito) luga-
ção exceda a oito lugares, excluído o do motorista; res, excluído o do motorista. (Incluído pela Lei nº
V - Categoria E - condutor de combinação de veícu- 12.452, de 2011)
los em que a unidade tratora se enquadre nas cate-
gorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, Mais uma novidade. Os condutores da categoria
semi-reboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg B estão autorizados a dirigir motor-casa ou motorho-
(seis mil quilogramas) ou mais de peso bruto total, me, desde que não exceda 6000 kg ou sua lotação não
ou cuja lotação exceda a 8 (oito) lugares. (Redação exceda a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista.
dada pela Lei nº 12.452, de 2011)
§ 3º Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor da
Esse artigo é de suma importância e deve ser sem- combinação de veículos com mais de uma unidade
pre estudado. A Resolução n° 168/2004 ainda acrescen- tracionada, independentemente da capacidade de
ta outros tipos de veículos às categorias de habilitação tração ou do peso bruto total. (Renumerado pela
que só devem ser estudadas se cobradas no edital. Lei nº 12.452, de 2011)
z Categoria A: Condutor de veículo motorizado de Mais de uma unidade tracionada é sempre catego-
duas ou três rodas, com ou sem carro lateral. ria E. Veja a imagem para fixar o entendimento. Per-
z Categoria B: Condutor de motorizado, não abran- ceba que existem 03 veículos (Unidade Tratora + 02
gido pela categoria A, cujo peso bruto total não Semirreboques).
exceda a três mil e quinhentos quilogramas e
cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o
do motorista + Motor Home de até 6000 kg ou até
08 passageiros + tratores de rodas e equipamen-
tos automotores destinados a executar trabalhos
agrícolas.
z Categoria C: Condutor de veículo motorizado uti-
lizado em transporte de carga, cujo peso bruto
total exceda a três mil e quinhentos quilogramas;
z Categoria D: Condutor de veículo motorizado uti-
lizado no transporte de passageiros, cuja lotação
exceda a oito lugares, excluído o do motorista;
z Categoria E: Condutor de combinação de veícu-
los em que a unidade tratora se enquadre nas cate- Art. 144 O trator de roda, o trator de esteira, o tra-
gorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, tor misto ou o equipamento automotor destinado à
semirreboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg movimentação de cargas ou execução de trabalho
(seis mil quilogramas) ou mais de peso bruto total, agrícola, de terraplenagem, de construção ou de
ou cuja lotação exceda a 8 (oito) lugares. pavimentação só podem ser conduzidos na via públi-
ca por condutor habilitado nas categorias C, D ou E.
§ 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor Parágrafo único. O trator de roda e os equipamen-
deverá estar habilitado no mínimo há um ano na tos automotores destinados a executar trabalhos
categoria B e não ter cometido nenhuma infração agrícolas poderão ser conduzidos em via pública
grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infra- também por condutor habilitado na categoria B.
ções médias, durante os últimos doze meses. (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015)
Saiba que mudança de categoria de habilitação Este artigo e seu parágrafo recentemente modifi-
está, inclusive, no artigo 145 do CTB também. Os pra- cados possibilitam agora que condutores de categoria
zos e requerimentos são: B dirijam tratores de rodas e equipamentos automo-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
§ 1º Em caso de acidente grave, o condutor nele 3. (FUNCAB - 2013) Para habilitar-se nas categorias D e
envolvido poderá ser submetido aos exames exigi- E, o condutor deve entre outros requisitos, estar habili-
dos neste artigo, a juízo da autoridade executiva tado no mínimo há:
estadual de trânsito, assegurada ampla defesa ao
condutor. a) um ano na categoria B, quando pretender a catego-
ria D.
Neste caso, estamos diante de um envolvido em b) um ano na categoria D, quando pretender a cate-
acidente grave e não de um condenado por crime de goria E.
trânsito. Segundo o artigo 7º da Resolução N° 300/2008, c) um ano na categoria C, quando pretender a catego-
esse exame tem por finalidade reavaliar as condições ria E. 61
d) dois anos na categoria B, quando pretender a categoria E.
e) dois anos na categoria C, quando pretender a categoria E.
Artigo 143 do CTB é muito importante para respondermos essa questão. Quanto ao texto legal, sua resposta está no
Artigo 145, inciso II, alínea B. Resposta: Letra C.
4. (FCC - 2018) A Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao condutor portador de Permissão para Dirigir ao
término de
a) doze meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente
em infração média.
b) vinte e quatro meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja
reincidente em infração média.
c) dezoito meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reinci-
dente em infração média.
d) dezoito meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza gravíssima, grave ou média.
e) seis meses, desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza média ou seja reincidente em infração
média por uma única vez.
Primeiramente, o condutor recebe sua Permissão para dirigir (PPD). Só após 01 (um) ano, ele receberá sua CNH
desde que ele não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente em
infração média. Vejamos a lei:
Art. 148. [...]
§ 3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao condutor no término de um ano, desde que o mesmo não tenha
cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente em infração média. Resposta: Letra A.
5. (FCC - 2019) Os condutores das categorias C, D e E deverão submeter-se a exames toxicológicos para a habilitação e
renovação da Carteira Nacional de Habilitação. O exame será realizado, em regime de livre concorrência, pelos laboratórios
credenciados pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), nos termos das normas do CONTRAN, VEDADO aos
entes públicos:
a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I, apenas.
e) II e III, apenas.
DAS INFRAÇÕES
Art. 161 Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito deste Código ou da legislação comple-
mentar, e o infrator sujeita-se às penalidades e às medidas administrativas indicadas em cada artigo deste Capítulo
e às punições previstas no Capítulo XIX deste Código. (Lei n° 14071 DE 2020)
É certo que não há uma fórmula “mágica” para você memorizar todas as infrações de trânsito de uma só vez,
por isso, faz-se necessário que você lance mão de algumas estratégias para memorizar o maior número possível
delas ou, pelo menos, aquelas boas de prova. Alguns professores sugerem uma classificação por natureza da
infração, outros sugerem separar por similaridades de termos como, por exemplo, estudar todas as infrações que
62 possuem a palavra “acostamento”. Vamos, aqui, tentar combinar ambos:
FATOR
INFRAÇÃO – ART. 162 PENALIDADE MEDIDA ADMINISTRATIVA
MULTIPLICATIVO
Multa Retenção do veículo até chegar condutor
Sem CNH/ACC 3x
gravíssima habilitado
Dirigir sem lentes corretoras Multa Retenção do veículo até colocar a lente
1x
previstas na CNH gravíssima ou óculos
z Também serão penalizadas nas mesmas condições as pessoas que entregam ou permitem que condutores
nestas situações dirijam o veículo.
z Conforme o art. 309 do CTB, é crime dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para
Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano;
z Conforme o art. 310 do CTB, é crime permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de
saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança.
Art. 165 Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação
dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses.(Redação dada pela Lei nº
12.760, de 2012)
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no
§ 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. (Redação dada pela Lei
nº 12.760, de 2012)
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze)
meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Esta infração você deve estudar pormenorizadamente, já que qualquer detalhe pode ser cobrado. Causadora
de muitos acidentes, talvez seja a mais importante infração a ser memorizada. Inclusive, pode ser considerado
crime em alguns casos que veremos na parte criminal. Para ser considerado o legislador estabeleceu parâmetros
na resolução n° 432/2013.
FATOR MEDIDA
INFRAÇÃO PENALIDADE
MULTIPLICATIVO ADMINISTRATIVA
Perceba que são 02 (duas) penalidades; se reincidir Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
na mesma infração em 12 meses a multa será dobrada no caput em caso de reincidência no período de até
(R$ 5869,40). 12 (doze) meses (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016).
Art. 165-A Recusar-se a ser submetido a teste, Quem recusa realizar o bafômetro também sofre-
exame clínico, perícia ou outro procedimento que rá as mesmas penalidades administrativas de quem
permita certificar influência de álcool ou outra bebeu e dirigiu. Repare que a penalidade é idêntica.
substância psicoativa, na forma estabelecida pelo
art. 277: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) Art. 165-B. Conduzir veículo para o qual seja exi-
Infração - gravíssima;(Incluído pela Lei nº 13.281, gida habilitação nas categorias C, D ou E sem rea-
de 2016) lizar o exame toxicológico previsto no § 2º do art.
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direi- 148-A deste Código, após 30 (trinta) dias do venci-
to de dirigir por 12 (doze) meses; (Incluído pela Lei mento do prazo estabelecido:
nº 13.281, de 2016) Infração - gravíssima;
Medida administrativa - recolhimento do documen- Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do
to de habilitação e retenção do veículo, observado direito de dirigir por 3 (três) meses, condicionado
o disposto no § 4º do art. 270. (Incluído pela Lei nº o levantamento da suspensão à inclusão no Renach
13.281, de 2016) de resultado negativo em novo exame. 63
Parágrafo único. Incorre na mesma penalidade o conforto; as crianças com idade superior a um 1 e infe-
condutor que exerce atividade remunerada ao veí- rior ou igual a 4 anos deverão utilizar, obrigatoriamente,
culo e não comprova a realização de exame toxi- o dispositivo de retenção denominado “cadeirinha”.
cológico periódico exigido pelo § 2º do art. 148-A Para efeitos de curiosidade, conforme o art. 1º, § 3º,
deste Código por ocasião da renovação do docu- as exigências relativas ao sistema de retenção no trans-
mento de habilitação nas categorias C, D ou E. (Lei porte de crianças com até 7,5 anos de idade, não se apli-
n° 14071 de 2020)
cam aos veículos de transporte coletivo, aos de aluguel,
aos táxis, aos veículos escolares e aos demais veículos
A cada dois anos e meio deve-se realizar o exame com PBT superior a 3,5t. Lembrando que a partir de
toxicológico. Se passar de 30 dias sem realizar o exame
abril de 2021, as crianças maiores de 1,45 metros não
e conduzir o veículo, teremos uma multa gravíssima x5.
estarão sujeitas a esses dispositivos de retenção.
Art. 166 Confiar ou entregar a direção de veículo a
pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado físico MEDIDA
INFRAÇÃO PENALIDADE
ou psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo ADMINISTRATIVA
com segurança:
Adulto sem
Infração - gravíssima; Retenção do veículo
cinto de Multa grave
Penalidade - multa. até regularização
segurança
Quem entrega a direção de veículo a condutor Criança sem
embriagado, por exemplo, responde por essa infra- Multa Retenção do veículo
dispositivo
ção. Esta autuação deve ser feita a todo proprietário gravíssima até regularização
de segurança
que confia ou entrega o veículo a pessoa sem condi-
ções físicas ou psicológicas para dirigir, como, por
exemplo, as embriagadas (art. 165), sob efeito de Art. 169 Dirigir sem atenção ou sem os cuidados
medicamentos (art. 165), com membros imobilizados indispensáveis à segurança:
(art. 252, III), com alguma doença mental (art. 252, III), Infração - leve;
Penalidade - multa.
com restrições relativas ao estado físico do condutor,
expressas no verso da CNH (art. 195) etc.
Segundo o art. 28 do CTB, o condutor deverá, a
todo o momento, ter domínio de seu veículo, dirigin-
Importante! do-o com atenção e cuidados indispensáveis à segu-
rança do trânsito.
Além disso, será crime também. Conforme o art.
310 do CTB, é crime de trânsito permitir, confiar z Exemplos de condução do veículo sem atenção:
ou entregar a direção de veículo automotor a conduzir lendo (jornal, mapa impresso, folheto
pessoa não habilitada, com habilitação cassada etc.), conversando e olhando para trás, procuran-
ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a do objetos no porta-luvas ou até atropelando cones
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, em local sinalizado.
ou por embriaguez, não esteja em condições de z Outros exemplos em lei específica: condutor de ôni-
conduzi-lo com segurança. bus ou micro-ônibus transitando com porta(s) aber-
ta(s), conforme resolução n° 416 e 445.
Art. 167 Deixar o condutor ou passageiro de usar Art. 170 Dirigir ameaçando os pedestres que
o cinto de segurança, conforme previsto no art. 65: estejam atravessando a via pública, ou os demais
Infração - grave; veículos:
Penalidade - multa; Infração - gravíssima;
Medida administrativa - retenção do veículo até Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
colocação do cinto pelo infrator. Medida administrativa - retenção do veículo e reco-
lhimento do documento de habilitação.
Infração comum e popular. Segundo o art. 65 do CTB,
é obrigatório o uso do cinto de segurança para condutor z Exemplo: motorista realizando manobras arrisca-
e passageiros em todas as vias do território nacional, sal- das em local movimentado, ameaçando arrancar
vo em situações regulamentadas pelo CONTRAN, como, quando o pedestre está atravessando a faixa ou
por exemplo, em ônibus de linhas onde seja permitido desviando intencionalmente a direção a pedestre
viajar em pé, veículos de uso bélico (conforme definição ou outro veículo.
dada pela Res. 570/15) etc. Memorize!
Art. 171 Usar o veículo para arremessar, sobre os
Art. 168 Transportar crianças em veículo auto- pedestres ou veículos, água ou detritos:
motor sem observância das normas de seguran- Infração - média;
ça especiais estabelecidas neste Código: Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa; z Exemplo: veículo passando sobre poças de água
Medida administrativa - retenção do veículo até de forma proposital, atingindo pessoas ou veículos.
que a irregularidade seja sanada.
Art. 172 Atirar do veículo ou abandonar na via
Segundo a Resolução n° 277/2008, as crianças pos- objetos ou substâncias:
suem dispositivos de segurança específicos para cada ida- Infração - média;
64 de. Por exemplo, crianças de até 1 ano devem usar o bebê Penalidade - multa.
z • Exemplo: objetos ou substâncias atiradas ou Art. 176 Deixar o condutor envolvido em aciden-
abandonadas na via em quantidade expressiva te com vítima:
como, por exemplo, um caminhão de entulho. I - de prestar ou providenciar socorro à vítima,
podendo fazê-lo;
Art. 173 Disputar corrida:(Redação dada pela Lei nº
12.971, de 2014) Segundo o art. 304 do CTB, é crime o condutor do
Infração - gravíssima; veículo (envolvido, mas não o responsável) deixar,
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro
dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por
12.971, de 2014) justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
Medida administrativa - recolhimento do documento pública; incide nas penas previstas neste artigo o con-
de habilitação e remoção do veículo. dutor do veículo, ainda que a sua omissão seja supri-
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista da por terceiros ou que se trate de vítima com morte
no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze) instantânea ou com ferimentos leves. Conforme o art.
meses da infração anterior.(Incluído pela Lei nº 12.971, de 305 do CTB, é crime o condutor do veículo se afastar
2014) do local do acidente (responsável pelo acidente), para
Art. 174 Promover, na via, competição, eventos organi- fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa
zados, exibição e demonstração de perícia em manobra de ser atribuída.
veículo, ou deles participar, como condutor, sem permis-
são da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no sen-
via: (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) tido de evitar perigo para o trânsito no local;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº
12.971, de 2014)
Medida administrativa - recolhimento do documento
LEI N° 5.970 DE 1973
de habilitação e remoção do veículo.
Importante observar o estado de necessidade, que
§ 1o As penalidades são aplicáveis aos promotores e
obriga os envolvidos a alterarem o local de forma a
aos condutores participantes.(Incluído pela Lei nº 12.971,
evitar novo acidente, antes da chegada do socorro.
de 2014)
§ 2o Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em
Conforme as Leis 5.970/73 e 6.174/74, em caso de aci-
caso de reincidência no período de 12 (doze) meses da
dente de trânsito apenas o agente policial poderá autori-
infração anterior. Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) zar a imediata remoção das pessoas e veículos envolvidos
Art. 175 Utilizar-se de veículo para demonstrar ou exi- e que estiverem no leito da via com prejuízo ao tráfego.
bir manobra perigosa, mediante arrancada brusca, derra-
pagem ou frenagem com deslizamento ou arrastamento de III - de preservar o local, de forma a facilitar os tra-
balhos da polícia e da perícia;
pneus: (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de A situação deverá ser analisada criteriosamente.
dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº Se restar comprovado que não havia risco no local e
12.971, de 2014) mesmo assim o condutor o alterou de forma proposital,
Medida administrativa - recolhimento do documento teremos também o crime previsto no art. 312 do CTB.
de habilitação e remoção do veículo.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista IV - de adotar providências para remover o veícu-
no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze) lo do local, quando determinadas por policial ou
meses da infração anterior. (Incluído pela Lei nº 12.971, agente da autoridade de trânsito;
de 2014)
Não é incomum o condutor se recusar a permitir
Segundo o art. 67 do CTB, as provas ou competi- que seu veículo seja removido antes da chegada de
representante da seguradora. Assim, deve o agente
ções desportivas, inclusive seus ensaios, em via aberta
agir com firmeza e adotar as medidas necessárias,
à circulação, só poderão ser realizadas mediante pré-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
impedindo que o condutor atrapalhe o serviço.
via permissão da autoridade de trânsito com circuns-
crição sobre a via. V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar
Conforme o art. 308 do CTB, é crime de trânsito informações necessárias à confecção do boletim de
participar, na direção de veículo automotor, em via ocorrência:
pública, de corrida, disputa ou competição automo-
bilística não autorizada pela autoridade competen- Conforme o art. 68 da LCP, é contravenção recusar à
te, desde que resulte dano potencial à incolumidade autoridade, quando por esta justificadamente solicitados
pública ou privada. ou exigidos, dados ou indicações concernentes à própria
identidade, estado, profissão, domicílio e residência.
Temos também o art. 312 do CTB, que traz como crime
Importante! inovar artificiosamente, em caso de acidente automo-
bilístico com vítima, na pendência do respectivo pro-
Se reincidir na mesma infração em 12 meses a cedimento policial preparatório, inquérito policial ou
multa será dobrada (R$ 5869,40). Perceba que processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
nestes casos são popularmente conhecidos a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz.
como “rachas” não há menção ao prazo de sus-
pensão do direito de dirigir. Infração - gravíssima; 65
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do Penalidade - multa;
direito de dirigir; Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documen- IV - em desacordo com as posições estabelecidas
to de habilitação. neste Código:
Infração - média;
Veja que esse artigo possui muitas condutas impor- Penalidade - multa;
tantes que devem ser lembradas. Aliás, costuma cair Medida administrativa - remoção do veículo;
em provas! Então não esqueça esse artigo que prevê V - na pista de rolamento das estradas, das rodo-
ainda a penalidade de suspensão da CNH. vias, das vias de trânsito rápido e das vias dotadas
de acostamento:
Infração - gravíssima;
Art. 177 Deixar o condutor de prestar socorro à
Penalidade - multa;
vítima de acidente de trânsito quando solicitado
Medida administrativa - remoção do veículo;
pela autoridade e seus agentes:
VI - junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro
Infração - grave;
de água ou tampas de poços de visita de galerias
Penalidade - multa.
subterrâneas, desde que devidamente identificados,
conforme especificação do CONTRAN:
Qual a diferença para o artigo anterior? Neste caso, Infração - média;
o condutor não está envolvido no acidente de trânsito. Penalidade - multa;
Aqui a infração é de natureza grave. Medida administrativa - remoção do veículo;
VII - nos acostamentos, salvo motivo de força
Art. 178 Deixar o condutor, envolvido em acidente maior:
sem vítima, de adotar providências para remover Infração - leve;
o veículo do local, quando necessária tal medida Penalidade - multa;
para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - média; VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedes-
Penalidade - multa. tre, sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas
ilhas, refúgios, ao lado ou sobre canteiros centrais,
Aqui não há vítimas, pois trata-se de caso em que divisores de pista de rolamento, marcas de canali-
o condutor se recusa a tirar o veículo do local para zação, gramados ou jardim público:
aguardar a seguradora. Infração - grave;
Penalidade - multa;
Art. 179 Fazer ou deixar que se faça reparo em Medida administrativa - remoção do veículo;
veículo na via pública, salvo nos casos de impedi- IX - onde houver guia de calçada (meio-fio) rebaixa-
mento absoluto de sua remoção e em que o veículo da destinada à entrada ou saída de veículos:
esteja devidamente sinalizado: Infração - média;
I - em pista de rolamento de rodovias e vias de trân- Penalidade - multa;
sito rápido: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - grave; X - impedindo a movimentação de outro veículo:
Penalidade - multa; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
II - nas demais vias: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - leve; XI - ao lado de outro veículo em fila dupla:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 180 Ter seu veículo imobilizado na via por fal- Penalidade - multa;
ta de combustível: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - média; XII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a
Penalidade - multa; circulação de veículos e pedestres:
Medida administrativa - remoção do veículo. Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Detalhe importante: segundo o art. 27 do CTB, antes
XIII - onde houver sinalização horizontal delimita-
de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o dora de ponto de embarque ou desembarque de pas-
condutor deverá verificar a existência e as boas con- sageiros de transporte coletivo ou, na inexistência
dições de funcionamento dos equipamentos de uso desta sinalização, no intervalo compreendido entre
obrigatório, bem como se assegurar da existência de dez metros antes e depois do marco do ponto:
combustível suficiente para chegar ao local de destino. Infração - média;
Penalidade - multa;
Art. 181 Estacionar o veículo: Medida administrativa - remoção do veículo;
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo XIV - nos viadutos, pontes e túneis:
do alinhamento da via transversal: Infração - grave;
Infração - média; Penalidade - multa;
Penalidade - multa; Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo; XV - na contramão de direção:
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cin- Infração - média;
quenta centímetros a um metro: Penalidade - multa;
Infração - leve; XVI - em aclive ou declive, não estando devidamen-
Penalidade - multa; te freado e sem calço de segurança, quando se tra-
Medida administrativa - remoção do veículo; tar de veículo com peso bruto total superior a três
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais mil e quinhentos quilogramas:
de um metro: Infração - grave;
66 Infração - grave; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - média;
XVII - em desacordo com as condições regulamen- Penalidade - multa.
tadas especificamente pela sinalização (placa - XI - sobre ciclovia ou ciclofaixa (Lei n° 14071/2020):
Estacionamento Regulamentado):
Infração - grave;
Infração - grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
Penalidade - multa.
de 2015
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Vamos para infrações de parada:
XVIII - em locais e horários proibidos especificamen-
te pela sinalização (placa - Proibido Estacionar): z Leves: afastado da guia da calçada (50 cm a 01
Infração - média; metro); em desacordo com as posições estabelecidas
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; no CTB; em passeio ou sobre faixa destinada a pedes-
XIX - em locais e horários de estacionamento e tres, nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores
parada proibidos pela sinalização (placa - Proibido de pista de rolamento e marcas de canalização;
Parar e Estacionar): z Médias: nas esquinas e a menos de 5 m do bordo do
Infração - grave;
alinhamento da via transversal; afastado da guia da
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo. calçada (meio-fio) a mais de um metro; em cruzamen-
XX - nas vagas reservadas às pessoas com deficiên- to de vias; nos viadutos, pontes e túneis; na contramão
cia ou idosos, sem credencial que comprove tal con- de direção; em local e horário proibidos especifica-
dição: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) mente pela sinalização (placa - Proibido Parar); na fai-
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.281,
xa de pedestres na mudança de sinal luminoso.
de 2016)
Penalidade - multa; (Incluído pela Lei nº 13.281, de z Graves: na pista de rolamento das estradas, das rodo-
2016) vias, das vias de trânsito rápido e das demais vias
Medida administrativa - remoção do veícu- dotadas de acostamento; sobre ciclovia ou ciclofaixa.
lo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) z Gravíssimas: não há.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, a autoridade
de trânsito aplicará a penalidade preferencialmen-
Art. 183 Parar o veículo sobre a faixa de pedestres
te após a remoção do veículo.
§ 2º No caso previsto no inciso XVI é proibido aban- na mudança de sinal luminoso:
donar o calço de segurança na via. Infração - média;
Art. 182 Parar o veículo: Penalidade - multa.
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo
do alinhamento da via transversal: Segundo o art. 26, inciso I do CTB, os usuários das
Infração - média; vias terrestres devem abster-se de todo ato que pos-
Penalidade - multa;
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cin- sa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de
quenta centímetros a um metro: veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar
Infração - leve; danos a propriedades públicas ou privadas.
Penalidade - multa;
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais Art. 184 Transitar com o veículo:
de um metro:
I - na faixa ou pista da direita, regulamentada como
Infração - média;
de circulação exclusiva para determinado tipo de
Penalidade - multa;
IV - em desacordo com as posições estabelecidas veículo, exceto para acesso a imóveis lindeiros ou
neste Código: conversões à direita:
Infração - leve; Infração - leve;
Penalidade - multa; Penalidade - multa;
V - na pista de rolamento das estradas, das rodo- II - na faixa ou pista da esquerda regulamentada
vias, das vias de trânsito rápido e das demais vias
como de circulação exclusiva para determinado
dotadas de acostamento:
tipo de veículo:
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Infração - grave;
Penalidade - multa; Infração - grave;
VI - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestres, Penalidade - multa.
nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de III - na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamen-
pista de rolamento e marcas de canalização: tada com circulação destinada aos veículos de trans-
Infração - leve; porte público coletivo de passageiros, salvo casos
Penalidade - multa;
de força maior e com autorização do poder público
VII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a
circulação de veículos e pedestres: competente: (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Infração - média; Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.154,
Penalidade - multa; de 2015)
VIII - nos viadutos, pontes e túneis: Penalidade - multa e apreensão do veículo; (Incluí-
Infração - média; do pela Lei nº 13.154, de 2015)
Penalidade - multa; Medida administrativa - remoção do veícu-
IX - na contramão de direção:
lo. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Infração - média;
Penalidade - multa;
X - em local e horário proibidos especificamente Mais um assunto importante no CTB: infrações em
pela sinalização (placa - Proibido Parar): faixas exclusivas. 67
INFRAÇÕES EM FAIXAS EXCLUSIVAS DE VEÍCULOS II - (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
Multa de desobediência ao rodízio de veículos, por
LADO NATUREZA EXCEÇÃO exemplo.
Art. 188 Transitar ao lado de outro veículo, inter-
Para acesso a imó- rompendo ou perturbando o trânsito:
Direito Leve veis lindeiros ou Infração - média;
conversões à direita Penalidade - multa.
Art. 189 Deixar de dar passagem aos veículos pre-
Esquerdo Grave Não há menção
cedidos de batedores, de socorro de incêndio e sal-
Qualquer lado vamento, de polícia, de operação e fiscalização de
(transporte. Força maior ou trânsito e às ambulâncias, quando em serviço de
Gravíssima urgência e devidamente identificados por disposi-
Coletivo de autorização
passageiros) tivos regulamentados de alarme sonoro e ilumina-
ção vermelha intermitentes:
Infração - gravíssima;
Art. 185 Quando o veículo estiver em movimento, Penalidade - multa.
deixar de conservá-lo: Art. 190 Seguir veículo em serviço de urgência,
I - na faixa a ele destinada pela sinalização de regu- estando este com prioridade de passagem devi-
lamentação, exceto em situações de emergência; damente identificada por dispositivos regulamen-
tares de alarme sonoro e iluminação vermelha
Conforme o art. 29, IV do CTB, quando uma pista intermitentes:
de rolamento comportar várias faixas de circulação Infração - grave;
no mesmo sentido, são as da direita destinadas ao des- Penalidade - multa.
locamento dos lentos e de maior porte, quando não
houver faixa especial a eles destinada, e as da esquer- Mais uma tabela para memorização:
da, destinadas à ultrapassagem e ao deslocamento dos
veículos de maior velocidade. INFRAÇÕES DE VEÍCULOS DE URGÊNCIA
Veículos mudando de faixa (transposição), onde
exista linha contínua branca também devem ser NATUREZA DA
CONDUTA
autuados, exceto em emergências. Analisando o Item INFRAÇÃO
5 do Manual de Sinalização Horizontal (Res. 236/07), Deixar de dar passagem Gravíssima
as marcas longitudinais brancas contínuas são utili-
zadas para delimitar a pista (linha de bordo) e para Seguir veículo de urgência Grave
separar faixas de trânsito de fluxos de mesmo sentido.
Deixar de acionar luz e som em
Neste caso, têm poder de regulamentação de proibi-
regime de urgência (motorista de Média
ção de ultrapassagem e transposição.
urgência, Art. 222)
II - nas faixas da direita, os veículos lentos e de
maior porte: Art. 191 Forçar passagem entre veículos que, tran-
Infração - média; sitando em sentidos opostos, estejam na iminência
Penalidade - multa. de passar um pelo outro ao realizar operação de
ultrapassagem:
Exemplo clássico são os veículos pesados que cos- Infração - gravíssima;
tumam trafegar na faixa da esquerda em velocidade Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direi-
reduzida. to de dirigir. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
2014)
Art. 186 Transitar pela contramão de direção em: Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa pre-
I - vias com duplo sentido de circulação, exceto vista no caput em caso de reincidência no período
para ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo de até 12 (doze) meses da infração anterior. (Incluí-
necessário, respeitada a preferência do veículo que do pela Lei nº 12.971, de 2014)
transitar em sentido contrário:
Infração - grave; Forçar passagem entre veículos em sentidos opos-
Penalidade - multa; tos é gravíssimo x10 + suspensão do direito de diri-
II - vias com sinalização de regulamentação de sen- gir. Aplicar-se-á em dobro em caso de reincidência
tido único de circulação: em 12 meses. Essa infração visa coibir infratores que
Infração - gravíssima; realizam ultrapassagens forçadas, jogando, inclusive,
Penalidade - multa. veículos em sentido contrário para o acostamento.
Conforme o art. 34 do CTB, o condutor que queira exe-
Perceba que transitar pela contramão de direção cutar uma manobra deverá certificar-se de que pode
de vias com sinalização de regulamentação de senti- executá-la sem perigo para os demais usuários da via
do único de circulação é gravíssimo. Para que exista a que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, con-
infração, há necessidade de placa de regulamentação siderando sua posição, sua direção e sua velocidade.
proibindo a circulação em determinado sentido.
Art. 192 Deixar de guardar distância de seguran-
Art. 187 Transitar em locais e horários não permi- ça lateral e frontal entre o seu veículo e os demais,
tidos pela regulamentação estabelecida pela auto- bem como em relação ao bordo da pista, conside-
ridade competente: rando-se, no momento, a velocidade, as condições
I - para todos os tipos de veículos: climáticas do local da circulação e do veículo:
Infração - média; Infração - grave;
68 Penalidade - multa; Penalidade - multa.
Lembrando que esta infração é de natureza grave, Art. 199 Ultrapassar pela direita, salvo quando o
enquanto deixar de guardar distância de segurança veículo da frente estiver colocado na faixa apro-
lateral de 1,5 m de bicicleta é média. Exemplo clássi- priada e der sinal de que vai entrar à esquerda:
co: motocicleta transitando entre fileiras de veículos. Infração - média;
Penalidade - multa.
Art. 193 Transitar com o veículo em calçadas, pas-
seios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refú- Esta infração só ocorre quando há mais de uma
gios, ajardinamentos, canteiros centrais e divisores faixa no mesmo sentido. Caso contrário o enquadra-
de pista de rolamento, acostamentos, marcas de mento correto é ultrapassar pelo acostamento.
canalização, gramados e jardins públicos:
Infração - gravíssima; Art. 200 Ultrapassar pela direita veículo de trans-
Penalidade - multa (três vezes). porte coletivo ou de escolares, parado para embar-
que ou desembarque de passageiros, salvo quando
Conforme o art. 29, V do CTB, o trânsito de veícu- houver refúgio de segurança para o pedestre:
los sobre passeios, calçadas e acostamentos, só poderá Infração - gravíssima;
ocorrer para que se adentre ou se saia dos imóveis ou Penalidade - multa.
áreas especiais de estacionamento.
Esta infração é de muito difícil visualização, pois só
Art. 194 Transitar em marcha à ré, salvo na distân- poderia ocorrer caso o ônibus parasse no meio da via
cia necessária a pequenas manobras e de forma a para desembarcar passageiros, o que não é permitido.
não causar riscos à segurança:
Infração - grave; Art. 201 Deixar de guardar a distância lateral de
Penalidade - multa. um metro e cinquenta centímetros ao passar ou
Art. 195 Desobedecer às ordens emanadas da auto- ultrapassar bicicleta:
ridade competente de trânsito ou de seus agentes: Infração - média;
Infração - grave; Penalidade - multa.
Penalidade - multa.
Como o agente de trânsito vai flagrar uma infração
Deve-se tomar cuidado com o acompanhamen- como esta? Seria preciso uma câmera com “tira-teima”.
to à veículos que se evadem da fiscalização, pois são De qualquer forma memorize essa distância de 1,5 m.
comuns os acidentes com viaturas, lesionando servi-
dores e usuários das vias. Art. 202 Ultrapassar outro veículo:
I - pelo acostamento;
Art. 196 Deixar de indicar com antecedência, II - em interseções e passagens de nível;
mediante gesto regulamentar de braço ou luz indi- Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº
cadora de direção do veículo, o início da marcha, 12.971, de 2014)
a realização da manobra de parar o veículo, a Penalidade - multa (cinco vezes). (Redação dada
pela Lei nº 12.971, de 2014)
mudança de direção ou de faixa de circulação:
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro
Infração - grave;
veículo:
Penalidade - multa.
I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade
suficiente;
Esta é a infração de deixar de ligar a “seta” e tem
II - nas faixas de pedestre;
natureza grave. No entanto, os gestos convencionais de III - nas pontes, viadutos ou túneis;
braços podem substituir a “seta”. Conforme o art. 35 do IV - parado em fila junto a sinais luminosos, por-
CTB, antes de iniciar qualquer manobra que implique teiras, cancelas, cruzamentos ou qualquer outro
um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar impedimento à livre circulação;
seu propósito de forma clara e com a devida antece- V - onde houver marcação viária longitudinal de
dência, por meio da luz indicadora de direção de seu divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contí-
veículo, ou fazendo gesto convencional de braço. nua ou simples contínua amarela:
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
A Resolução n° 508/14 do CONTRAN dispõe sobre Caso o mesmo veículo não possua dois ou mais equi-
os requisitos de segurança para a circulação, a título pamentos, ou apresente dois ou mais equipamentos ine-
precário, de veículo de carga ou misto transportando ficientes ou inoperantes, haverá somente uma autuação
passageiros no compartimento de cargas. Nessa reso- neste artigo. A resolução n° 14 de 1998 e alterações esta-
lução, por exemplo, está previsto que é proibido utili- belecem os equipamentos obrigatórios nos veículos.
zar veículos de carga tipo basculante e boiadeiro.
XI - com descarga livre ou silenciador de motor de
III - com dispositivo anti-radar; explosão defeituoso, deficiente ou inoperante;
O MBFT define antirradar como “equipamento ou Conforme o art. 105, V do CTB, o veículo deverá
dispositivo que dificulta a leitura da placa ou detecção possuir dispositivo destinado ao controle de emissão
do registro da velocidade do veículo pelo equipamen- de gases poluentes e de ruído. O problema da descarga
to de detecção eletrônica”. Ou seja, não precisa ser livre acontece quando ela funciona apenas por um cano
necessariamente um equipamento eletrônico. A Pro- e não tem nenhum abafador ou silenciador. Isso torna o
curadoria Regional da República da 4ª Região sustenta barulho do escapamento muito mais alto. Por exemplo,
que a palavra antirradar referida no CTB é polissêmi- alguns motociclistas costumam furar o escapamento ou
ca, ou seja, possui mais de um significado. Segundo a mesmo retirar o miolo do silenciador. Isso acarreta um
Procuradoria, o termo “pode ser aplicado tanto para aumento significativo do ronco do motor e da quantida-
aparelho que neutraliza e inibe a atuação de radares de de fumaça liberada. Os limites de emissão de ruído
controladores de velocidade, quanto para aparelho são os estabelecidos pela Resolução 418/09 do Conama.
que detecta a atuação dos referidos radares”.
XII - com equipamento ou acessório proibido;
IV - sem qualquer uma das placas de identificação;
Conforme o art., 105, § 2º, do CTB, nenhum veículo
Conforme o art. 115 do CTB, o veículo será identifica- poderá transitar com equipamento ou acessório proi-
do externamente por meio de placas dianteira e traseira, bido, sendo o infrator sujeito às penalidades e medidas
sendo esta lacrada em sua estrutura, obedecidas as espe- administrativas previstas neste Código. Por exemplo,
cificações e modelos estabelecidos pelo CONTRAN. Rodas, seus elementos de fixação e seus enfeites, não
devem ter partes cortantes ou elementos protuberantes.
V - que não esteja registrado e devidamente
(Res n° 426 de 2012). Alguns caminhoneiros, por exem-
licenciado;
plo, costumam colocar enfeites protuberantes e cortan-
tes nas rodas, sendo passível de autuação neste artigo.
A Resolução n° 04/98 do CONTRAN dispõe sobre o
trânsito de veículos novos nacionais ou importados, XIII - com o equipamento do sistema de iluminação
antes do registro e licenciamento (com alteração da e de sinalização alterados;
554/15). A Resolução n° 110/00, fixa o calendário para XIV - com registrador instantâneo inalterável de
renovação do Licenciamento Anual de Veículos, con- velocidade e tempo viciado ou defeituoso, quando
forme tabela abaixo, que deve ser utilizada para aque- houver exigência desse aparelho;
les veículos que estiverem transitando fora de sua UF
de origem, pois dentro da UF deve ser seguido o calen- Quando a agulha da velocidade não está efetuando o
dário fornecido pelo DETRAN estadual. registro no disco é um exemplo de defeito no tacógrafo.
VI - com qualquer uma das placas de identificação XV - com inscrições, adesivos, legendas e símbo-
sem condições de legibilidade e visibilidade: los de caráter publicitário afixados ou pintados no
Infração - gravíssima; para-brisa e em toda a extensão da parte traseira
Penalidade - multa e apreensão do veículo; do veículo, excetuadas as hipóteses previstas neste
Medida administrativa - remoção do veículo; Código;
VII - com a cor ou característica alterada;
Conforme o art. 111 do CTB, é vedado, nas áreas
Conforme o art. 98 do CTB, nenhum proprietário envidraçadas do veículo:
ou responsável poderá, sem prévia autorização da
autoridade competente, fazer ou ordenar que sejam III - aposição de inscrições, películas refletivas ou
feitas no veículo modificações de suas características não, painéis decorativos ou pinturas, quando com-
de fábrica. Segundo a Lei n° 14071 de 2020 não é pas- prometer a segurança do veículo, na forma de regu-
sível de pontuação na CNH esta infração. lamentação do CONTRAN.
Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição de
VIII - sem ter sido submetido à inspeção de seguran- cará - ter publicitário ou qualquer outra que possa
ça veicular, quando obrigatória; desviar a atenção dos condutores em toda a exten-
são do para-brisas e da traseira dos veículos, salvo
A resolução n° 718 estabelece a forma e as condi- se não colocar em risco a segurança do trânsito.
ções de implantação e operação do Programa de Ins-
peção Técnica Veicular em atendimento ao disposto Segundo o art. 9° da Res. 254/07, fora das áreas
no art. 104 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, envidraçadas indispensáveis à dirigibilidade do veí-
74 que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). culo, a aplicação de inscrições, pictogramas ou painéis
decorativos de qualquer espécie será permitida, desde XXI - de carga, com falta de inscrição da tara e
que o veículo possua espelhos retrovisores externos demais inscrições previstas neste Código;
direito e esquerdo e que sejam atendidas as mesmas
condições de transparência para o conjunto vidro- Conforme o art. 117 do CTB, os veículos de trans-
-pictograma/inscrição. Transmitância luminosa per- porte de carga e os coletivos de passageiros deverão
mitida fora das áreas envidraçadas indispensáveis à conter, em local facilmente visível, a inscrição indica-
dirigibilidade do veículo: no mínimo 28%; tiva de sua tara, do peso bruto total (PBT), do peso bru-
to total combinado (PBTC) ou capacidade máxima de
XVI - com vidros total ou parcialmente cobertos por tração (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em desa-
películas refletivas ou não, painéis decorativos ou cordo com sua classificação.
pinturas; A Resolução n° 290/08 disciplina a inscrição de pesos
e capacidades em veículos de tração, de carga e de trans-
A transmissão luminosa não poderá ser inferior porte coletivo de passageiros. Segundo a Lei n° 14071 de
a 75% para os vidros incolores dos para-brisas e 70% 2020 não é passível de pontuação na CNH esta infração.
para os para-brisas coloridos e demais vidros indispen-
sáveis à dirigibilidade do veículo. Ficam excluídos dos XXII - com defeito no sistema de iluminação, de
limites fixados no caput deste artigo os vidros que não sinalização ou com lâmpadas queimadas:
interferem nas áreas envidraçadas indispensáveis à Infração - média;
dirigibilidade do veículo. para estes vidros, a transpa- Penalidade - multa.
rência não poderá ser inferior a 28%. Lembre-se que
película refletiva não pode em nenhuma hipótese. O artigo não prevê retenção para regularização.
Mas, levando em conta que o sistema de iluminação
XVII - com cortinas ou persianas fechadas, não tem enorme relação com a segurança no trânsito, o
autorizadas pela legislação; agente fiscal deverá analisar caso a caso com prudên-
cia, antes de decidir liberar ou impedir o prossegui-
Conforme o art. 111, II do CTB, as cortinas só são mento do veículo, levando em conta a fase do dia, as
autorizadas para os veículos que possuam espelhos condições climáticas e de tráfego.
retrovisores em ambos os lados.
XXIII - em desacordo com as condições estabeleci-
XVIII - em mau estado de conservação, comprome- das no art. 67-C, relativamente ao tempo de perma-
tendo a segurança, ou reprovado na avaliação de nência do condutor ao volante e aos intervalos para
inspeção de segurança e de emissão de poluentes e descanso, quando se tratar de veículo de transpor-
ruído, prevista no art. 104; te de carga ou coletivo de passageiros: (Redação
dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
Conceituar um veículo em mau estado de conser- Infração - média; (Redação dada pela Lei nº 13.103,
de 2015)
vação é um pouco subjetivo. No entanto, os problemas
Penalidade - multa; (Redação dada pela Lei nº
apresentados devem representar risco à segurança do
13.103, de 2015)
trânsito. Exemplos: pneus carecas, para-brisas trinca- Medida administrativa - retenção do veículo
do, lataria desprendendo-se etc. para cumprimento do tempo de descanso aplicá-
A resolução n° 216 de 14 de dezembro de 2006, por vel. (Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
exemplo, fixa exigências sobre condições de seguran- XXIV- (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.619, de
ça e visibilidade dos condutores em para-brisas em 2012)
veículos automotores, para fins de circulação nas vias § 1° Se o condutor cometeu infração igual nos últi-
públicas. Nesta norma o para-brisas em desacordo mos 12 (doze) meses, será convertida, automati-
com a resolução é conceituado como veículo em mau camente, a penalidade disposta no inciso XXIII
estado de conservação. Portanto, o agente deve lavrar em infração grave. (Incluído pela Lei nº 13.103, de
o auto de infração com tipificação exata no inciso 2015)
XVIII do art. 230 do CTB. § 2° Em se tratando de condutor estrangeiro, a libe-
ração do veículo fica condicionada ao pagamento
ou ao depósito, judicial ou administrativo, da mul-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
XIX - sem acionar o limpador de para-brisa sob
chuva: ta. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
Infração - grave;
Penalidade - multa; Os artigos 67-A, 67-C e 67-E do CTB, alterados
Medida administrativa - retenção do veículo para pela Lei n° 13.103/15 (regulamentada pelo Decreto
regularização; 8.433/15) contém as regras para o tempo de direção
XX - sem portar a autorização para condução de e descanso dos motoristas dos veículos de transporte
escolares, na forma estabelecida no art. 136: rodoviário coletivo de passageiros e de carga.
Infração - gravíssima; A Resolução n° 525/15 do CONTRAN dispõe sobre
Penalidade - multa (cinco vezes) a fiscalização do tempo de direção do motorista pro-
Medida administrativa – remoção do veículo; fissional. É vedado ao motorista profissional dirigir
por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas nos
Segundo o art. 137 do CTB, a autorização a que se veículos de transporte rodoviário coletivo de passa-
refere o artigo anterior deverá ser afixada na parte geiros ou de transporte rodoviário de cargas.
interna do veículo, em local visível, com inscrição da
lotação permitida, sendo vedada a condução de esco- Art. 231 Transitar com o veículo:
lares em número superior à capacidade estabelecida I - danificando a via, suas instalações e
pelo fabricante. equipamentos; 75
II - derramando, lançando ou arrastando sobre a e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil qui-
via: logramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois reais e cin-
a) carga que esteja transportando; quenta e seis centavos); (Redação dada pela Lei nº
b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando; 13.281, de 2016) (Vigência)
c) qualquer objeto que possa acarretar risco de f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas)
acidente: - R$ 53,20 (cinquenta e três reais e vinte centa-
Infração - gravíssima; vos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa; (Vigência)
Medida administrativa - retenção do veículo para Medida administrativa - retenção do veículo e
regularização; transbordo da carga excedente;
A Resolução n° 441/13 (alterada pela 499/14) estipu- A Resolução nº 803, de 2020, regulamenta o assun-
la os requisitos para o transporte de qualquer tipo de to. Na fiscalização de peso dos veículos por balança
sólido a granel em vias abertas à circulação pública. rodoviária serão admitidas as seguintes tolerâncias:
Caso o veículo não esteja equipado com lona protetora, 5% (cinco por cento) sobre os limites de pesos regu-
prevista na Resolução n° 441/13, só poderá prosseguir lamentares para o peso bruto total (PBT) e peso bruto
após providenciar a colocação de uma lona. No trans- total combinado (PBTC) e 10% (dez por cento) sobre os
porte, de granéis, não se admite que a carga ultrapasse limites de peso regulamentares por eixo de veículos
a altura normal das guardas laterais da carroçaria. transmitidos à superfície das vias públicas.
Conforme o art. 99 do CTB, somente poderá Segundo o art. 100 do CTB, nenhum veículo ou
transitar pelas vias terrestres o veículo cujo peso e combinação de veículos poderá transitar com lota-
dimensões atenderem aos limites estabelecidos pelo ção de passageiros, com peso bruto total, ou com peso
CONTRAN. A Resolução n° 210/06, estabelece os limi- bruto total combinado com peso por eixo, superior ao
tes de peso e dimensões para veículos que transitem fixado pelo fabricante, nem ultrapassar a capacidade
por vias terrestres e dá outras providências. máxima de tração da unidade tratora.
V - com excesso de peso, admitido percentual de VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas
tolerância quando aferido por equipamento, na for- ou bens, quando não for licenciado para esse fim,
ma a ser estabelecida pelo CONTRAN: salvo casos de força maior ou com permissão da
Infração - média; autoridade competente:
Penalidade - multa acrescida a cada duzentos qui- Infração - média;
logramas ou fração de excesso de peso apurado, Penalidade - multa;
constante na seguinte tabela: Medida administrativa - retenção do veículo;
a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32
(cinco reais e trinta e dois centavos); (Redação
Conforme o art. 135 do CTB, os veículos de aluguel,
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
destinados ao transporte individual ou coletivo de
b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos qui-
logramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro passageiros de linhas regulares ou empregados em
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de qualquer serviço remunerado, para registro, licencia-
2016) (Vigência) mento e respectivo emplacamento de característica
c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil quilo- comercial, deverão estar devidamente autorizados
gramas) - R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e oito pelo poder público concedente.
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
2016) (Vigência) IX - desligado ou desengrenado, em declive:
d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogra- Infração - média;
mas) - R$ 31,92 (trinta e um reais e noventa e dois Penalidade - multa;
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13. 281, de Medida administrativa - retenção do veículo.
76 2016) (Vigência) X - excedendo a capacidade máxima de tração:
Infração - de média a gravíssima, a depender da Penalidade - multa;
relação entre o excesso de peso apurado e a capaci- Medida administrativa - retenção do veículo para
dade máxima de tração, a ser regulamentada pelo transbordo.
CONTRAN;
Penalidade - multa; A Resolução n° 349/10 do CONTRAN dispõe sobre o
Medida administrativa - retenção do veículo e transporte eventual de cargas ou de bicicletas nos veí-
transbordo de carga excedente. culos classificados nas espécies automóvel, caminho-
Parágrafo único. Sem prejuízo das multas previstas nete, camioneta e utilitário. Entende-se como partes
nos incisos V e X, o veículo que transitar com exces- externas todo local que não seja o interior do habitá-
so de peso ou excedendo à capacidade máxima de
culo dos passageiros ou do compartimento de carga
tração, não computado o percentual tolerado na
forma do disposto na legislação, somente poderá
Art. 236 Rebocar outro veículo com cabo flexível ou
continuar viagem após descarregar o que exceder,
corda, salvo em casos de emergência:
segundo critérios estabelecidos na referida legisla-
Infração - média;
ção complementar.
Penalidade - multa.
Art. 232 Conduzir veículo sem os documentos de
porte obrigatório referidos neste Código:
Infração - leve; Se o reboque for feito de forma a evitar um mal
Penalidade - multa; maior, não configura infração. Por exemplo: veículo
Medida administrativa - retenção do veículo até a com pane mecânica sobre ponte ou viaduto ou em
apresentação do documento. local com acostamento estreito. Neste caso, o veículo
deverá ser imobilizado novamente no local mais pró-
Segundo a Resolução n° 205, os documentos de porte ximo que ofereça segurança, até que seja providencia-
obrigatório são: o CRLV/CLA, CNH, Autorização para Con- do um socorro adequado.
duzir Ciclomotor (ACC) e Permissão para dirigir (PPD), em
versões originais. No entanto o porte do CRLV foi mitiga- Art. 237 Transitar com o veículo em desacordo
do, não sendo obrigatório se o agente fiscalizador tiver com as especificações, e com falta de inscrição e
acesso ao sistema para consulta do licenciamento. simbologia necessárias à sua identificação, quando
Inclusive convém salientar que temos as suas versões exigidas pela legislação:
Infração - grave;
digitais, não sendo necessário o porte do documento físi-
Penalidade - multa;
co, quando portar o documento digital no aplicativo. É o
Medida administrativa - retenção do veículo para
que preconiza a Resolução do CONTRAN N° 718 (CNH)
regularização.
e N° 788 (CRLV). Para efeitos de conhecimento, os veí-
culos estrangeiros registrados nos países integrantes do
A Resolução n° 290/08 disciplina a inscrição de
MERCOSUL devem portar o Certificado de Apólice Única
pesos e capacidades em veículos de tração, de carga e
do Seguro de Responsabilidade Civil (Seguro “Carta- Ver-
de transporte coletivo de passageiros.
de”) quando transitarem nos países integrantes deste
tratado. É um documento de porte obrigatório.
Art. 238 Recusar-se a entregar à autoridade de
O presente seguro tem por objeto indenizar terceiros trânsito ou a seus agentes, mediante recibo, os
ou reembolsar o segurado pelos montantes pelos quais documentos de habilitação, de registro, de licen-
seja civilmente responsável (morte, danos pessoais e ciamento de veículo e outros exigidos por lei, para
despesas hospitalares). Segundo a Lei n° 14071 de 2020 averiguação de sua autenticidade:
não é passível de pontuação na CNH esta infração. Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Art. 233 Deixar de efetuar o registro de veículo no Medida administrativa - remoção do veículo.
prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de
trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no art. Esta infração se configura quando o condutor, de
123: forma intencional, procura colocar obstáculos à fis-
Infração - média; (Lei n° 14071 de 2020) calização, seja por ocupar cargo na administração
Penalidade - multa;
pública, ser membro de entidade de classe, ter posição
Medida administrativa - remoção do veículo.
social privilegiada, ou simplesmente para obter algum CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
tipo de vantagem ou evitar ser autuado por infração
Esta autuação é difícil aplicação e é de responsabi- existente. Nestes casos, devemos ter em mente que o
lidade do DETRAN estadual. Segundo a Lei n° 14071 de Agente de Trânsito, quando em efetivo serviço, repre-
2020 não é passível de pontuação na CNH esta infração. senta o Estado, e ninguém está acima das leis vigentes.
Art. 234 Falsificar ou adulterar documento de habi-
Art. 239 Retirar do local veículo legalmente retido
litação e de identificação do veículo: para regularização, sem permissão da autoridade
Infração - gravíssima; competente ou de seus agentes:
Penalidade - multa e apreensão do veículo; Infração - gravíssima;
Medida administrativa - remoção do veículo. Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.
A Resolução n° 598/16 regulamenta a expedição do Art. 240 Deixar o responsável de promover a baixa
documento único da CNH, com novo leiaute e requisi- do registro de veículo irrecuperável ou definitiva-
tos de segurança, a partir de 01/01/2017. mente desmontado:
Infração - grave;
Art. 235 Conduzir pessoas, animais ou carga nas Penalidade - multa;
partes externas do veículo, salvo nos casos devida- Medida administrativa - Recolhimento do Certifi-
mente autorizados: cado de Registro e do Certificado de Licenciamento
Infração - grave; Anual. 77
O proprietário de veículo irrecuperável, ou des- VI - rebocando outro veículo;
tinado à desmontagem, deverá requerer a baixa do VII - sem segurar o guidom com ambas as mãos,
registro, no prazo e forma estabelecidos pelo CON- salvo eventualmente para indicação de manobras;
TRAN, vedada a remontagem do veículo sobre o VIII – transportando carga incompatível com suas
mesmo chassi de forma a manter o registro anterior. especificações ou em desacordo com o previsto no
Segundo a lei n° 14071 de 2020 não é passível de pon- § 2o do art. 139-A desta Lei; (Redação dada pela Lei
tuação na CNH esta infração. nº 12.2009, de 2009)
IX – efetuando transporte remunerado de merca-
Art. 241 Deixar de atualizar o cadastro de registro dorias em desacordo com o previsto no art. 139-A
do veículo ou de habilitação do condutor: desta Lei ou com as normas que regem a atividade
Infração - leve; profissional dos mototaxistas: (Incluído pela Lei nº
Penalidade - multa. 12.2009, de 2009)
Infração – grave; (Incluído pela Lei nº 12.2009, de
A Resolução n° 544 /15 estabelece a classificação 2009)
Penalidade – multa; (Incluído pela Lei nº 12.2009,
de danos decorrentes de acidentes, os procedimentos
de 2009)
para a regularização, transferência e baixa dos veícu-
Medida administrativa – apreensão do veículo para
los envolvidos. Segundo a lei n° 14071 de 2020, não é
regularização. (Incluído pela Lei nº 12.2009, de
passível de pontuação na CNH esta infração.
2009)
X - com a utilização de capacete de segurança sem
Art. 242 Fazer falsa declaração de domicílio para
viseira ou óculos de proteção ou com viseira ou
fins de registro, licenciamento ou habilitação:
óculos de proteção em desacordo com a regulamen-
Infração - gravíssima;
tação do CONTRAN;
Penalidade - multa.
XI - transportando passageiro com o capacete de
segurança utilizado na forma prevista no inciso X
Conforme o art. 299 do CP, é crime de falsidade ideoló- do caput deste artigo:
gica omitir, em documento público ou particular, declara- Infração - média;
ção que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir Penalidade - multa;
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com Medida administrativa - retenção do veículo até
o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a regularização;
verdade sobre fato juridicamente relevante.
Vamos estudar agora as infrações dos veículos
Art. 243 Deixar a empresa seguradora de comu- categoria A:
nicar ao órgão executivo de trânsito competente a
ocorrência de perda total do veículo e de lhe devol-
ver as respectivas placas e documentos: INFRAÇÕES MOTOCICLETAS/MOTONETAS/
Infração - grave; CICLOMOTORES
Penalidade - multa;
SITUAÇÃO NATUREZA PENALIDADE
Medida administrativa - Recolhimento das placas e
dos documentos. Condutor -
Multa +
passageiro sem
Não há veículo relacionado. Infração de responsa- Gravíssima suspensão do
capacete vestuário
bilidade do promotor do evento. A autuação se dará direito de dirigir
de proteção
nos termos da Resolução n° 390/11, em talões ou siste-
mas específicos. Malabarismo ou Multa +
equilibrar-se em Gravíssima suspensão do
Art. 244 Conduzir motocicleta, motoneta e apenas uma roda direito de dirigir
ciclomotor:
Farol apagado
I - sem usar capacete de segurança ou vestuário de
(art. 250) - Lei Média Multa
acordo com as normas e as especificações aprova-
14071/20
das pelo CONTRAN; (lei n° 14071 de 2020)
II - transportando passageiro sem o capacete de Transportando
segurança, na forma estabelecida no inciso ante- criança menor Multa +
rior, ou fora do assento suplementar colocado atrás de 10 anos ou Gravíssima suspensão do
do condutor ou em carro lateral; que não cuida da direito de dirigir
III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se ape-
própria segurança
nas em uma roda;
IV – Vetado. (lei n° 14071 de 2020) Rebocando outro
V - transportando criança menor de 10 (dez) anos de Grave Multa
veículo
idade ou que não tenha, nas circunstâncias, condições
de cuidar da própria segurança: (lei n° 14071 de 2020) Guidom sem as 02
Grave Multa
Infração - gravíssima; mãos
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - retenção do veículo até Transportando
Grave Multa
regularização e recolhimento do documento de carga incompatível
habilitação; (lei n° 14071 de 2020)
Efetuando irregular
transporte
A Resolução n° 356/10 trata do transporte remune- Grave Multa
remunerado de
rado em motocicleta/motoneta. Veja que aqui ainda
mercadorias
78 há a penalidade de suspensão da CNH.
Capacete sem Art. 247 Deixar de conduzir pelo bordo da pista
de rolamento, em fila única, os veículos de tração
viseira ou óculos
ou propulsão humana e os de tração animal, sem-
de proteção ou
pre que não houver acostamento ou faixa a eles
viseira e óculos
Média Multa destinados:
em desacordo Infração - média;
com o CONTRAN Penalidade - multa.
(condutor e
passageiro) Conforme o art. 52 do CTB, os veículos de tração
animal serão conduzidos pela direita da pista, junto
§ 1º Para ciclos aplica-se o disposto nos incisos III, à guia da calçada (meio-fio) ou acostamento, sem-
VII e VIII, além de: pre que não houver faixa especial a eles destinada,
a) conduzir passageiro fora da garupa ou do assen- devendo seus condutores obedecer, no que couber, às
to especial a ele destinado; normas de circulação previstas neste Código e às que
b) transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias, vierem a ser fixadas pelo órgão ou entidade com cir-
salvo onde houver acostamento ou faixas de rola- cunscrição sobre a via.
mento próprias;
c) transportar crianças que não tenham, nas circuns- Art. 248 Transportar em veículo destinado ao
tâncias, condições de cuidar de sua própria segurança. transporte de passageiros carga excedente em
§ 2º Aplica-se aos ciclomotores o disposto na alínea desacordo com o estabelecido no art. 109:
b do parágrafo anterior: Infração - grave;
Infração - média; Penalidade - multa;
Penalidade - multa. Medida administrativa - retenção para o
Ciclomotores não podem trafegar em rodovias e transbordo.
vias de trânsito rápido.
§ 3o A restrição imposta pelo inciso VI do caput Segundo o art. 109 do CTB, o transporte de carga
deste artigo não se aplica às motocicletas e moto- em veículos destinados ao transporte de passageiros
netas que tracionem semi-reboques especialmente só pode ser realizado de acordo com as normas esta-
projetados para esse fim e devidamente homologa- belecidas pelo CONTRAN.
dos pelo órgão competente. (Incluído pela Lei nº Conforme a Resolução n° 26/98, o transporte de car-
10.517, de 2002)
ga em veículos destinados ao transporte de passageiros,
Art. 245 Utilizar a via para depósito de mercado-
do tipo ônibus, micro-ônibus, ou outras categorias, está
rias, materiais ou equipamentos, sem autorização
autorizado, desde que observadas as exigências desta
do órgão ou entidade de trânsito com circunscrição
sobre a via:
Resolução, bem como os regulamentos dos respectivos
Infração - grave; poderes concedentes dos serviços. A carga só poderá
Penalidade - multa; ser acomodada em compartimento próprio, separado
Medida administrativa - remoção da mercadoria dos passageiros, que no ônibus é o bagageiro.
ou do material.
Parágrafo único. A penalidade e a medida adminis- Art. 249 Deixar de manter acesas, à noite, as luzes
trativa incidirão sobre a pessoa física ou jurídica de posição, quando o veículo estiver parado, para
responsável. fins de embarque ou desembarque de passageiros e
carga ou descarga de mercadorias:
Não há um veículo relacionado. Infração de res- Infração - média;
Penalidade - multa.
ponsabilidade da pessoa física ou jurídica proprietá-
Art. 250 Quando o veículo estiver em movimento:
ria do estabelecimento ou do imóvel, conforme o caso.
I - deixar de manter acesa a luz baixa: (Lei n° 14071
de 2020)
Art. 246 Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à a) durante a noite;
livre circulação, à segurança de veículo e pedestres, b) de dia, em túneis e sob chuva, neblina ou
tanto no leito da via terrestre como na calçada, ou cerração;
obstaculizar a via indevidamente: c) de dia, no caso de veículos de transporte coletivo
Infração - gravíssima; de passageiros em circulação em faixas ou pistas a
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
CNH vencida há mais de 30 dias não é caso de remo- aplicará uma penalidade. Leve isto para a prova. Lem-
ção veicular e sim de retenção do veículo. Já o reco- brando que a punição da autoridade de trânsito não
lhimento da habilitação está correto. Vejamos a lei: elimina as punições das autoridades judiciárias por
Art. 162. Dirigir veículo: crime de trânsito. As imposições das penalidades são
V - com validade da Carteira Nacional de Habilita- comunicadas aos DETRANs para cadastro no RENA-
ção vencida há mais de trinta dias: CH e no RENAVAM. Lembrando que quem organiza e
Infração - gravíssima; mantem o RENACH e RENAVAM é o DENATRAN.
Penalidade - multa;
Medida administrativa - recolhimento da Carteira Responsabilidade pelas penalidades
Nacional de Habilitação e retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado; Resposta: Errado. Art. 257 As penalidades serão impostas ao condu-
tor, ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao
4. (CESPE - 2019) O condutor estacionou o seu veículo transportador, salvo os casos de descumprimento de
sem observar a distância máxima permitida de afasta- obrigações e deveres impostos a pessoas físicas ou
mento da guia da calçada. Nessa situação, o condutor jurídicas expressamente mencionados neste Código.
poderá ser multado e seu veículo, removido.
Podem ser penalizados: proprietários, condutores,
( ) CERTO ( ) ERRADO embarcadores e transportadores. 81
§ 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as penalidades de que trata este
Código toda vez que houver responsabilidade solidária em infração dos preceitos que lhes couber observar, respon-
dendo cada um de per si pela falta em comum que lhes for atribuída.
Encontramos por exemplo, na regular habilitação do condutor, o art. 162, que prevê penalidades ao condutor que
dirigir sem a regular habilitação e na sequência, pelos artigos 163 e 164, pune o proprietário, por permitir ou entregar,
conforme for o caso, a direção do veículo àquele condutor que não está regularmente habilitado.
§ 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à prévia regularização e preenchi-
mento das formalidades e condições exigidas para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação e inalterabi-
lidade de suas características, componentes, agregados, habilitação legal e compatível de seus condutores, quando
esta for exigida, e outras disposições que deva observar.
Veículo autuado por estar transitando sem estar devidamente licenciado (com débitos de anos anteriores referentes
às taxas de licenciamento e/ou seguro obrigatório). Esta multa será de responsabilidade do proprietário.
§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção do veículo.
Numa ultrapassagem em faixa contínua, seria uma infração de conduta, nesse caso, o responsável é o condu-
tor. De outro modo, se o veículo está com os pneus sem condições de uso, lisos ou “carecas”, o responsável pela
infração é o proprietário do veículo.
§ 4º O embarcador é responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou no
peso bruto total, quando simultaneamente for o único remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatura
ou manifesto for inferior àquele aferido.
Se o embarcador é o único remetente da carga ele sabe o quanto esta carga pesa e se declarar o peso à menor
no documento de embarque, está encobrindo do transportador a verdade sobre o peso e por isso deve ser o único
responsável pela infração de excesso, pois certamente o transportador não aceitaria transportar esta carga com
excesso.
§ 5º O transportador é o responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou
quando a carga proveniente de mais de um embarcador ultrapassar o peso bruto total.
§ 6º O transportador e o embarcador são solidariamente responsáveis pela infração relativa ao excesso de peso bruto
total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for superior ao limite legal.
Os embarcadores não têm como saber se a soma da carga com a do outro embarcador ultrapassará o limite
de peso permitido para aquele veículo, mas o transportador que permite o embarque de todas as cargas tem esta
possibilidade. Portanto, o transportador sabe o quanto de carga já embarcou no veículo e se soma das cargas
ultrapassará o limite de PBT/PBTC ou se estas cargas estão bem distribuídas no veículo afim de evitar excesso de
peso por eixo.
O legislador asseverou um rol de responsabilidade para cada indivíduo. Como de costume fiz um resumo para
você memorizar:
§ 7º Quando não for imediata a identificação do infrator, o principal condutor ou o proprietário do veículo terá o
prazo de 30 (trinta) dias, contado da notificação da autuação, para apresentá-lo, na forma em que dispuser o CON-
TRAN, e, transcorrido o prazo, se não o fizer, será considerado responsável pela infração o principal condutor ou,
82 em sua ausência, o proprietário do veículo. (lei n° 14071/20)
Mais um prazo para guardar: 30 dias para identi- III - média - quatro pontos;
ficação de condutor nas autuações sem abordagem. IV - leve - três pontos.
Caso não haja identificação, o proprietário será consi-
derado responsável. Confira o resumo dessas infrações:
§ 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o Aqui há exceções: motoristas de ônibus de trans-
exime do disposto no § 3º do art. 258 e no art. 259. porte rodoviário de passageiros de longa distância
§ 10. O proprietário poderá indicar ao órgão exe- (linha intermunicipal, interestadual e internacional)
cutivo de trânsito o principal condutor do veículo, não será atribuída pontuação de infração cometida
o qual, após aceitar a indicação, terá seu nome ins- por passageiros, exceto a de cinto de segurança.
crito em campo próprio do cadastro do veículo no Com a nova lei, portar no veículo placas de identi-
Renavam. (Lei N° 13495 de 2017) ficação em desacordo com as especificações e modelos
§ 11. O principal condutor será excluído do Rena- estabelecidos pelo CONTRAN, trafegar com a cor ou
vam: (Lei N° 13495 de 2017) característica alterada. Transitar com veículo de car-
I - quando houver transferência de propriedade do
ga, com falta de inscrição da tara e demais inscrições,
veículo;
dirigir veículo sem documentos de porte obrigatório,
II - mediante requerimento próprio ou do proprie-
tário do veículo; deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de
III - a partir da indicação de outro principal trinta dias, deixar o responsável de promover a bai-
condutor.” xa do registro de veículo irrecuperável ou definitiva-
Art. 258. As infrações punidas com multa classifi- mente desmontado e deixar de atualizar o cadastro de
cam-se, de acordo com sua gravidade, em quatro registro do veículo ou de habilitação do condutor não CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
categorias: são passíveis de pontuação.
I - infração de natureza gravíssima, punida com As infrações que possuem suspensão como penali-
multa no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa dade também não atribuem pontuação porque já pos-
e três reais e quarenta e sete centavos); (Redação suem um processo de suspensão a ser iniciado, não
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) valendo como critério para somatório de pontos.
II - infração de natureza grave, punida com multa
no valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais Art. 260 As multas serão impostas e arrecadadas
e vinte e três centavos); (Redação dada pela Lei nº pelo órgão ou entidade de trânsito com circuns-
13.281, de 2016)
crição sobre a via onde haja ocorrido a infração,
III - infração de natureza média, punida com multa
de acordo com a competência estabelecida neste
no valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis
Código.
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
IV - infração de natureza leve, punida com multa no
valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito Se uma infração foi cometida em uma rodovia fede-
centavos). (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) ral, o órgão responsável para autuar e recolher o valor
Art. 259. A cada infração cometida são computa- correspondente da multa é a Polícia Rodoviária Fede-
dos os seguintes números de pontos: ral. Se foi em uma rodovia estadual, caberá ao DETRAN
I - gravíssima - sete pontos; daquela UF aplicar e arrecadar o valor da multa, se a
II - grave - cinco pontos; Polícia Militar Rodoviária daquele estado não o fizer. 83
Se a infração foi constatada em um município e no dispositivo infracional, e, no caso de reincidên-
este estiver com seu trânsito municipalizado conforme cia no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18
preconiza a lei, então quem autuará e arrecadará os (dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso II
valores referentes a determinadas multas (as multas do art. 263. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
por infrações de circulação, estacionamento, parada, § 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de diri-
excesso de peso, dimensões e lotação e, ainda, as come- gir, a Carteira Nacional de Habilitação será devol-
tidas por veículos de tração animal, propulsão humana vida a seu titular imediatamente após cumprida a
ou ciclomotores) é o órgão municipal de trânsito. penalidade e o curso de reciclagem.
Mas pelo fato de muitos municípios ainda não § 3º A imposição da penalidade de suspensão do direito
terem municipalizado seu trânsito, quem acaba de dirigir elimina a quantidade de pontos computados,
fazendo a fiscalização, com as respectivas autuações prevista no inciso I do caput ou no § 5º deste artigo,
é a Polícia Militar, e por conta disso, quem acaba pro- para fins de contagem subsequente. (lei n° 14071/20)
videnciando a autuação e arrecadação é o DETRAN do § 5º No caso do condutor que exerce atividade remu-
estado. Cabe sempre ao DETRAN as multas relaciona- nerada ao veículo, a penalidade de suspensão do
das ao registro e licenciamento do veículo e aquelas direito de dirigir de que trata o caput deste artigo
referentes à habilitação do condutor. será imposta quando o infrator atingir o limite de
pontos previsto na alínea c do inciso I do caput des-
§ 1º As multas decorrentes de infração cometida em te artigo, independentemente da natureza das infra-
unidade da Federação diversa da do licenciamento ções cometidas, facultado a ele participar de curso
do veículo serão arrecadadas e compensadas na preventivo de reciclagem sempre que, no período de
forma estabelecida pelo CONTRAN. 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta) pontos, conforme
regulamentação do CONTRAN. (lei n° 14071/20)
O CONTRAN regulamentou por meio da resolução
155/04 os procedimentos relacionados ao registro das Temos aqui um novo instituto no CTB: curso pre-
infrações cometidas em todo território nacional. ventivo de reciclagem. Para instauração do processo
definido no caput, o condutor que, no período de 12
§ 2º As multas decorrentes de infração cometida (doze) meses, for autuado por infrações cuja soma dos
em unidade da Federação diversa daquela do licen- pontos atinja 30 (trinta) pontos, poderá requerer jun-
ciamento do veículo poderão ser comunicadas ao to ao órgão de registro do documento de habilitação a
órgão ou entidade responsável pelo seu licencia- participação no curso preventivo de reciclagem. Para
mento, que providenciará a notificação.
condutores que exerçam atividade remunerada a con-
tagem de pontos para iniciar um processo de suspen-
Os convênios realizados entre os órgãos das diversas
são da CNH é sempre 40 pontos.
unidades da federação definirão se as notificações e a
arrecadação será feita pelo órgão autuador ou pelo órgão
§ 6o Concluído o curso de reciclagem previsto no
do estado de registro, seja do veículo ou do condutor.
§ 5o, o condutor terá eliminados os pontos que lhe
tiverem sido atribuídos, para fins de contagem sub-
§ 4º Quando a infração for cometida com veículo
sequente. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
licenciado no exterior, em trânsito no território
§ 7o Após o término do curso de reciclagem, na for-
nacional, a multa respectiva deverá ser paga antes
ma do § 5o, o condutor não poderá ser novamente
de sua saída do País, respeitado o princípio de
convocado antes de transcorrido o período de um
reciprocidade.
ano. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 8o A pessoa jurídica concessionária ou permissio-
Hipóteses de Suspensão da CNH nária de serviço público tem o direito de ser infor-
mada dos pontos atribuídos, na forma do art. 259,
Art. 261 A penalidade de suspensão do direito de aos motoristas que integrem seu quadro funcional,
dirigir será imposta nos seguintes casos: (Reda- exercendo atividade remunerada ao volante, na
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) forma que dispuser o CONTRAN. (Incluído pela Lei
I - sempre que, conforme a pontuação prevista no nº 13.154, de 2015)
art. 259 deste Código, o infrator atingir, no período
de 12 (doze) meses, a seguinte contagem de pontos: Se usufruir do curso preventivo de reciclagem
(lei n° 14071/20)
não poderá lançar mão desse artifício no prazo de 12
a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou mais
meses. O parágrafo § 8o foi cobrado na prova da PRF
infrações gravíssimas na pontuação;
em 2019. O parágrafo serve para autorizar os órgãos de
b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma) infração
gravíssima na pontuação; trânsito responsáveis pelo registro de habilitação dos
c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste nenhuma condutores a fornecerem os dados relativos a pontua-
infração gravíssima na pontuação; ção atribuída, por infrações cometidas dos motoristas
II - por transgressão às normas estabelecidas neste pertencente aos quadros dessas pessoas jurídicas.
Código, cujas infrações preveem, de forma especí-
fica, a penalidade de suspensão do direito de diri- § 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do
gir. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) art. 162 o condutor que, notificado da penalidade de
§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de sus- que trata este artigo, dirigir veículo automotor em
pensão do direito de dirigir são os seguintes: (Reda- via pública. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) § 10. O processo de suspensão do direito de diri-
I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a gir a que se refere o inciso II do caput deste artigo
1 (um) ano e, no caso de reincidência no período de deverá ser instaurado concomitantemente ao pro-
12 (doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos; cesso de aplicação da penalidade de multa, e ambos
(Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) serão de competência do órgão ou entidade respon-
II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) sável pela aplicação da multa, na forma definida
84 meses, exceto para as infrações com prazo descrito pelo CONTRAN. (lei n° 14071/20)
§ 11. O CONTRAN regulamentará as disposições Art. 266 Quando o infrator cometer, simultanea-
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) mente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplica-
das, cumulativamente, as respectivas penalidades.
Hipóteses de Cassação da CNH
Artigo auto explicativo, porém que vale a pena ter
Art. 263 A cassação do documento de habilitação em mente.
dar-se-á:
I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator Advertência por escrito
conduzir qualquer veículo;
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, Art. 267 Deverá ser imposta a penalidade de adver-
das infrações previstas no inciso III do art. 162 e tência por escrito à infração de natureza leve ou
nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175; média, passível de ser punida com multa, caso o
infrator não tenha cometido nenhuma outra infra-
III - quando condenado judicialmente por delito de
ção nos últimos 12 (doze) meses. (lei n° 14071/20)
trânsito, observado o disposto no art. 160.
§ 1º Constatada, em processo administrativo, a
A advertência por escrito é uma penalidade pecu-
irregularidade na expedição do documento de habi-
liar e pouco conhecida. Antigamente, a autoridade de
litação, a autoridade expedidora promoverá o seu
trânsito poderia impor (de ofício ou a pedido) a Adver-
cancelamento.
tência por Escrito em substituição à multa de forma
§ 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira
discricionária. No entanto, agora é obrigação da autori-
Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer
dade de trânsito, impor a advertência por escrito caso o
sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames
condutor não tenha cometido nenhuma outra infração
necessários à habilitação, na forma estabelecida
nos últimos 12 meses. Lembrando que tem que ser de
pelo CONTRAN.
natureza leve ou média a infração cometida.
A cassação é a pior penalidade que uma autoridade
Curso de Reciclagem
de trânsito pode impor a um motorista. Significa a per-
da da CNH, obrigando o condutor a reiniciar o processo Art. 268 O infrator será submetido a cur-
de habilitação que só poderá ocorrer após 2 (dois) anos. so de reciclagem, na forma estabelecida pelo
Saber as hipóteses de cassação da CNH é fundamental. CONTRAN:
I - quando, sendo contumaz, for necessário à sua
HIPÓTESES DE CASSAÇÃO reeducação; (lei n° 14071/20)
Dirigir com CNH/PPD de categoria II - quando suspenso do direito de dirigir;
III - quando se envolver em acidente grave para o
Art. 162, III diferente da do veículo (reincidência em
qual haja contribuído, independentemente de pro-
12 meses)
cesso judicial;
Permitir/Entregar veículo a condutor sem IV - quando condenado judicialmente por delito de
CNH, suspenso, cassado, de categoria trânsito;
Art. 163 e diferente da do veículo, com CNH vencida V - a qualquer tempo, se for constatado que o con-
164 há mais de 30 dias ou sem as devidas dutor está colocando em risco a segurança do
lentes corretivas trânsito;
(Reincidência em 12 meses). VI - em outras situações a serem definidas pelo
CONTRAN. (lei n° 14071/20)
Dirigir sob a influência de álcool ou de
qualquer outra substância psicoativa que
Art. 165 O curso de reciclagem é uma penalidade imposta,
determine dependência (reincidência em
precipuamente, a condutores suspensos. Entretanto,
12 meses).
há outras situações em que pode ser imposto o curso
Disputar corrida, participar ou de reciclagem no CTB. O curso de reciclagem é regula-
Art. promover eventos automobilísticos não do pela resolução n° 285/2008.
173,174 e organizados; Demonstração de perícia e
175 manobra perigosa. (Reincidência em 12 Art. 268-A Fica criado o Registro Nacional Posi-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
meses). tivo de Condutores (RNPC), administrado pelo
órgão máximo executivo de trânsito da União, com
a finalidade de cadastrar os condutores que não
Além disso, também pode acarretar cassação da cometeram infração de trânsito sujeita à pontua-
CNH: dirigir suspenso e dirigir quando condenado ção prevista no art. 259 deste Código, nos últimos
judicialmente por delito de trânsito. 12 (doze) meses, conforme regulamentação do
CONTRAN.
Art. 265 As penalidades de suspensão do direito § 1º RNPC deverá ser atualizado mensalmente.
de dirigir e de cassação do documento de habili- § 2º A abertura de cadastro requer autorização pré-
tação serão aplicadas por decisão fundamentada via e expressa do potencial cadastrado.
da autoridade de trânsito competente, em proces- § 3º Após a abertura do cadastro, a anotação de
so administrativo, assegurado ao infrator amplo informação no RNPC independe de autorização e de
direito de defesa. comunicação ao cadastrado.
§ 4º A exclusão do RNPC dar-se-á:
I - por solicitação do cadastrado;
Como é sabido, ninguém é penalizado sem o amplo II - quando for atribuída ao cadastrado pontuação
direito de defesa. No CTB, a autoridade de trânsito por infração;
assegurará o direito de defesa aos infratores para que III - quando o cadastrado tiver o direito de dirigir
possam se justificar. suspenso; 85
IV - quando a Carteira Nacional de Habilitação do ( ) Cassação da Carteira Nacional de Habilitação. A
cadastrado estiver cassada ou com validade venci- sequência está correta em
da há mais de 30 (trinta) dias;
V - quando o cadastrado estiver cumprindo pena a) V, F, V, V.
privativa de liberdade. b) V, F, F, V.
§ 5º A consulta ao RNPC é garantida a todos os cida- c) V, F, V, F.
dãos, nos termos da regulamentação do CONTRAN. d) F, V, F, V
§ 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão utilizar o RNPC para conce- Vejamos a lei:
der benefícios fiscais ou tarifários aos condutores Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das
cadastrados, na forma da legislação específica de competências estabelecidas neste Código e dentro
cada ente da Federação.” de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações
nele previstas, as seguintes penalidades:
O Registro Nacional Positivo de Condutores (RNPC), I - advertência por escrito;
administrado pelo DENATRAN serve para estimular os II - multa;
condutores a não praticar infrações, dando-lhe benefí- III - suspensão do direito de dirigir;
cios fiscais ou tarifários aos condutores cadastrados, na V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
forma da legislação específica de cada ente da Federação. VI - cassação da Permissão para Dirigir;
VII - freqüência obrigatória em curso de recicla-
gem. Resposta: Letra A.
2. (CESPE – 2019) A autoridade de trânsito, na esfera de a) Ao infrator são computados dois pontos para multa de
suas atribuições, poderá aplicar, quando cabível, pena- natureza leve.
lidade consistente na frequência obrigatória em curso b) A advertência por escrito não é considerada penalida-
de reciclagem, sem prejuízo das punições originárias de por possuir caráter educativo.
de ilícitos penais decorrentes de crimes de trânsito. c) Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infra-
ções decorrentes de atos praticados na direção do
( ) CERTO ( ) ERRADO veículo.
d) Ao infrator são computados seis pontos para multa de
Vimos que o curso de reciclagem é uma penalidade natureza grave.
prevista no artigo 256 do CTB. Resposta: Certo. e) A frequência obrigatória em curso de reciclagem não é
considerada penalidade por possuir caráter educativo.
3. (CONSULPLAN - 2017) Segundo o CTB, a autoridade
de trânsito, na esfera das competências estabelecidas Letra A: Errada. Infração de natureza leve são 03
por esse Código e dentro de sua circunscrição, deverá pontos. (Art 256 do CTB)
aplicar, às infrações nele previstas, certas penalida- Letra B: Errada. A advertência por escrito é conside-
des. Acerca dessas penalidades, marque V para as rada penalidade, sim! (Art 259 do CTB)
verdadeiras e F para as falsas. Letra C: Certa. Ao condutor caberá a responsabili-
dade pelas infrações decorrentes de atos praticados
( ) Multa. na direção do veículo. (Art 257 § 3º do CTB)
( ) Advertência verbal. Letra D: Errada. Infração de natureza grave são 05
86 ( ) Suspensão do direito de dirigir. pontos. (Art 256 do CTB)
Letra E: Errada. A frequência obrigatória em curso § 5º No caso de documentos em meio digital, as
de reciclagem é considerada penalidade. (Art 259 do medidas administrativas previstas nos incisos III,
CTB) Resposta: Letra C. IV, V e VI do caput deste artigo serão realizadas por
meio de registro no Renach ou Renavam, conforme
DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS o caso, na forma estabelecida pelo CONTRAN. (Lei
n° 14071 de 2020)
Quais são as medidas administrativas?
Em caso de recolhimento da CNH, PPD, CRLV e CRV
Art. 269 A autoridade de trânsito ou seus agentes, digitais, haverá a necessidade de registro no Renach e
na esfera das competências estabelecidas neste Renavam, tendo em vista a impossibilidade de reco-
Código e dentro de sua circunscrição, deverá ado- lhimento físico digital.
tar as seguintes medidas administrativas:
I - retenção do veículo; Retenção do veículo
II - remoção do veículo;
III - recolhimento da Carteira Nacional de Art. 270 O veículo poderá ser retido nos casos
Habilitação; expressos neste Código.
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir; § 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no
V - recolhimento do Certificado de Registro; local da infração, o veículo será liberado tão logo
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento seja regularizada a situação.
Anual; § 2º Quando não for possível sanar a falha no local
VII - (VETADO) da infração, o veículo, desde que ofereça condições
VIII - transbordo do excesso de carga; de segurança para circulação, deverá ser liberado
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia e entregue a condutor regularmente habilitado,
ou perícia de substância entorpecente ou que deter- mediante recolhimento do Certificado de Licen-
mine dependência física ou psíquica; ciamento Anual, contra apresentação de recibo,
X - recolhimento de animais que se encontrem sol- assinalando-se ao condutor prazo razoável, não
tos nas vias e na faixa de domínio das vias de circu- superior a 30 (trinta) dias, para regularizar a situa-
lação, restituindo-os aos seus proprietários, após o ção, e será considerado notificado para essa finali-
pagamento de multas e encargos devidos. dade na mesma ocasião. (lei n° 14071 de 2020)
XI - realização de exames de aptidão física, mental,
de legislação, de prática de primeiros socorros e de A retenção do veículo poderá ser feita diante de
direção veicular. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) uma irregularidade presenciada pelo agente fiscaliza-
dor. Ao reter o veículo, o agente, diante de uma irre-
As medidas administrativas podem ser realizadas gularidade insanável, ao invés de recolher o veículo,
pelo agente de trânsito, diferentemente das penalida- pode recolher o CRLV/CLA e o contra recibo e dar um
des que são exclusivas da autoridade de trânsito. Não prazo para o condutor regularizar o problema. Se o
confunda medidas administrativas com penalidades! condutor não resolver, o veículo terá um registro de
restrição administrativa no RENAVAM.
§ 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as Exemplo: um agente fiscalizador presencia um
medidas administrativas e coercitivas adotadas veículo com apenas um pneu “careca”. Pode-se, assim,
pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão recolher o CRLV e dar um prazo para o condutor solu-
por objetivo prioritário a proteção à vida e à inco- cionar o problema. Lembre-se que a irregularidade
lumidade física da pessoa.
presenciada tem que ser um problema que não ofere-
§ 2º As medidas administrativas previstas nes-
ça riscos à segurança viária. O prazo para regularizar
te artigo não elidem a aplicação das penalidades
será dado e deve ser até 30 dias.
impostas por infrações estabelecidas neste Código,
possuindo caráter complementar a estas.
§ 3º O Certificado de Licenciamento Anual será
devolvido ao condutor no órgão ou entidade apli-
Veja que as medidas administrativas são comple-
cadores das medidas administrativas, tão logo o
mentares às penalidades. É possível aplicar pena- veículo seja apresentado à autoridade devidamente
lidade sem aplicar a medida administrativa, não regularizado.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
prejudicando a regularidade do auto de infração, con-
forme a resolução n° 561 de 2015. O veículo com um condutor regularmente habi-
litado é liberado para regularização. Após sanada
§ 3º São documentos de habilitação a Carteira
a irregularidade, o condutor, munido do seu recibo,
Nacional de Habilitação e a Permissão para Dirigir.
comparece ao local predeterminado e apresenta a
§ 4º Aplica-se aos animais recolhidos na forma do
irregularidade resolvida e recebe de volta o documen-
inciso X o disposto nos arts. 271 e 328, no que couber.
to que ficou retido (CRLV).
Os animais abandonados nas vias poderão ser reco-
§ 4º Não se apresentando condutor habilitado no
lhidos e, inclusive, leiloados, se for o caso, conforme
local da infração, o veículo será removido a depó-
art. 271, X do CTB. Os veículos apreendidos ou removi- sito, aplicando-se neste caso o disposto no art. 271.
dos a qualquer título e os animais não reclamados por (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
seus proprietários, dentro do prazo de noventa dias, § 5º No caso de documentos em meio digital, as
serão levados à hasta pública, deduzindo-se, do valor medidas administrativas previstas nos incisos III,
arrecadado, o montante da dívida relativa a multas, IV, V e VI do caput deste artigo serão realizadas por
tributos e encargos legais, e o restante, se houver, será meio de registro no Renach ou Renavam, conforme
depositado na conta do ex-proprietário, na forma da o caso, na forma estabelecida pelo CONTRAN. (Lei
lei, conforme art. 328 do CTB. n° 14071 de 2020) 87
Em caso de recolhimento da CNH, PPD, CRLV e CRV O pátio e o guincho usados na remoção do veículo
digitais, haverá a necessidade de registro no RENACH podem ser de propriedade de pessoa jurídica privada,
e RENAVAM, tendo em vista a impossibilidade de reco- devendo-se obedecer ao processo licitatório legal. O
lhimento físico digital. órgão de trânsito autuador pode manter os serviços
de remoção (usar seu guincho), depósito (seu próprio
§ 6º Não efetuada a regularização no prazo a que se pátio) e guarda (sua vigilância própria) ou contratar
refere o § 2o, será feito registro de restrição admi- todos estes serviços, ou parte deles, mediante proces-
nistrativa no Renavam por órgão ou entidade exe- so de licitação pública.
cutivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal,
que será retirada após comprovada a regulariza- § 5o O proprietário ou o condutor deverá ser noti-
ção. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) ficado, no ato de remoção do veículo, sobre as pro-
vidências necessárias à sua restituição e sobre o
Quando o agente coloca um prazo razoável para a disposto no art. 328, conforme regulamentação do
regularização e libera o veículo para regularização e CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
posterior apresentação, não quer dizer que o veículo
esteja liberado para ficar transitando, neste período O condutor ou o proprietário do veículo apreendido
fixado no recibo e sim que o trânsito deste veículo ou removido, precisa ser avisado que caso não retire
deve se restringir aos deslocamentos necessários para seu veículo da retenção/remoção em até 60 (sessenta)
conclusão da viagem que realizava quando abordado dias, poderá este ser levado à hasta pública (leilão).
e autuado para a efetiva regularização do problema
apresentado. Se terminado o prazo e o veículo não § 6º Caso o proprietário ou o condutor não este-
ja presente no momento da remoção do veículo, a
for apresentado efetivamente regularizado, o órgão
autoridade de trânsito, no prazo de 10 (dez) dias
de trânsito responsável comunicará ao Detran com-
contado da data da remoção, deverá expedir ao
petente onde o veículo está licenciado e solicitará a proprietário a notificação prevista no § 5º, por
inclusão de uma restrição administrativa no registro remessa postal ou por outro meio tecnológico hábil
do veículo, sendo esta retirada quando a irregularida- que assegure a sua ciência, e, caso reste frustrada,
de existente no veículo for sanada. a notificação poderá ser feita por edital. (Redação
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Remoção do veículo
Mais um prazo: 10 dias para expedição de notifi-
Art. 271 O veículo será removido, nos casos previstos cação do proprietário: a contar da data de remoção.
neste Código, para o depósito fixado pelo órgão ou
entidade competente, com circunscrição sobre a via. § 7o A notificação devolvida por desatualização do
endereço do proprietário do veículo ou por recusa
A remoção será uma medida a ser tomada pelo desse de recebê-la será considerada recebida para
agente fiscalizador, quando houver previsão legal na todos os efeitos (Incluído pela Lei nº 13.160, de
infração (ex.: licenciamento vencido), ou quando a 2015)
irregularidade for insanável no local e afetar a segu- § 8o Em caso de veículo licenciado no exterior, a
rança viária (ex.: todos pneus carecas). notificação será feita por edital. (Incluído pela Lei
nº 13.160, de 2015)
§ 9º Não caberá remoção nos casos em que a irre-
§ 1o A restituição do veículo removido só ocorre-
gularidade for sanada no local da infração. (Lei n°
rá mediante prévio pagamento de multas, taxas e
14071 de 2020)
despesas com remoção e estada, além de outros
§ 10 O pagamento das despesas de remoção e
encargos previstos na legislação específica. (Incluí- estada será correspondente ao período integral,
do pela Lei nº 13.160, de 2015) contado em dias, em que efetivamente o veículo
permanecer em depósito, limitado ao prazo de 6
Para retirar o veículo removido é preciso pagar (seis) meses. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
os débitos obrigatórios (IPVA, Licenciamento, DPVAT,
multas vencidas), além da cobrança de pátio e guin- Aqui o legislador deu uma “colher de chá” para o
cho, se for o caso. proprietário de veículo removido. Se seu veículo for
removido para o pátio de algum órgão de trânsito, você
§ 2o A liberação do veículo removido é condicionada só poderá pagar um máximo de 06 meses de diárias, ou
ao reparo de qualquer componente ou equipamen- seja, por mais que seu veículo esteja há 01 (um) ano no
to obrigatório que não esteja em perfeito estado pátio, o valor de pátio será de, no máximo, 06 meses.
de funcionamento. (Incluído pela Lei nº 13.160, de
2015) § 11 Os custos dos serviços de remoção e estada
§ 3º Se o reparo referido no § 2º demandar pro- prestados por particulares poderão ser pagos pelo
vidência que não possa ser tomada no depósito, a proprietário diretamente ao contratado. (Incluído
autoridade responsável pela remoção liberará o veí- pela Lei nº 13.281, de 2016)
culo para reparo, na forma transportada, mediante § 12 O disposto no § 11 não afasta a possibilida-
autorização, assinalando prazo para reapresenta- de de o respectivo ente da Federação estabelecer a
ção. (Redação dada pela Lei nº 13. 281, de 2016) cobrança por meio de taxa instituída em lei. (Incluí-
§ 4º Os serviços de remoção, depósito e guarda de do pela Lei nº 13.281, de 2016)
veículo poderão ser realizados por órgão público, § 13 No caso de o proprietário do veículo objeto do
diretamente, ou por particular contratado por lici- recolhimento comprovar, administrativa ou judi-
tação pública, sendo o proprietário do veículo o cialmente, que o recolhimento foi indevido ou que
responsável pelo pagamento dos custos desses ser- houve abuso no período de retenção em depósito,
88 viços. (Redação dada pela Lei nº 13. 281, de 2016) é da responsabilidade do ente público a devolução
das quantias pagas por força deste artigo, segundo As Resoluções 210/06, 211/06 e 258/07, formam a
os mesmos critérios da devolução de multas indevi- base da regulamentação referente às dimensões de
das. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) veículos, capacidades e limites de peso a ser transpor-
tados nas vias públicas brasileiras.
Interessante: o CTB admite a hipótese de erro do
agente público, permitindo assim restituição de valo- Art. 276 Qualquer concentração de álcool por litro
res pagos pelo proprietário vítima do erro. de sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o con-
dutor às penalidades previstas no art. 165. (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Recolhimento da CNH Parágrafo único. O CONTRAN disciplinará as mar-
gens de tolerância quando a infração for apurada
Art. 272 O recolhimento da Carteira Nacional de por meio de aparelho de medição, observada a
Habilitação e da Permissão para Dirigir dar-se-á legislação metrológica. (Redação dada pela Lei nº
mediante recibo, além dos casos previstos neste 12.760, de 2012)
Código, quando houver suspeita de sua inautentici-
dade ou adulteração. O CONTRAN disciplina o assunto por meio da Reso-
lução n° 432 de 2013.
Quando o legislador fala, “além dos casos previs-
tos neste código”, ele está se referindo às previsões da Art. 277 O condutor de veículo automotor envolvido
medida administrativa existente em várias infrações em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscaliza-
constantes do capítulo XV, do CTB. Por exemplo, o agen- ção de trânsito poderá ser submetido a teste, exame
te pode recolher a CNH vencida há mais de 30 dias. clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios
técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo
CONTRAN, permita certificar influência de álcool ou
Recolhimento do CRV
outra substância psicoativa que determine dependên-
cia. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Art. 273 O recolhimento do Certificado de Registro § 1° (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.760,
dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos de 2012)
neste Código, quando: § 2° A infração prevista no art. 165 também poderá
I - houver suspeita de inautenticidade ou ser caracterizada mediante imagem, vídeo, cons-
adulteração; tatação de sinais que indiquem, na forma disci-
II - se, alienado o veículo, não for transferida sua plinada pelo CONTRAN, alteração da capacidade
propriedade no prazo de trinta dias. psicomotora ou produção de quaisquer outras pro-
vas em direito admitidas. (Redação dada pela Lei nº
O Certificado de Registro do Veículo (CRV) é aquele 12.760, de 2012)
conhecido como “recibo de compra e venda do veícu- § 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas
lo”. Não é um documento de porte obrigatório. administrativas estabelecidas no art. 165-A deste
Código ao condutor que se recusar a se submeter a
qualquer dos procedimentos previstos no caput des-
Recolhimento do CLA/CRLV te artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Art. 274 O recolhimento do Certificado de Licen- Veja que qualquer cidadão pode ser convidado a
ciamento Anual dar-se-á mediante recibo, além dos assoprar o etilômetro (bafômetro), mesmo que não
casos previstos neste Código, quando: esteja envolvido em acidente de trânsito. A tolerân-
I - houver suspeita de inautenticidade ou cia, hoje, é zero! Inclusive, é possível a autuação e pri-
adulteração; são do cidadão que apresente sinais de embriaguez
II - se o prazo de licenciamento estiver vencido; (agressividade, sonolência, fala enrolada), embora
III - no caso de retenção do veículo, se a irregulari- possa haver a recusa do teste de etilômetro.
dade não puder ser sanada no local.
Art. 278 Ao condutor que se evadir da fiscalização, não
A Resolução CONTRAN 110/99 fixa o calendário submetendo veículo à pesagem obrigatória nos pontos
nacional para renovação do Licenciamento Anual de pesagem, fixos ou móveis, será aplicada a penalidade
de Veículos. Digamos que um PRF, por exemplo, do prevista no art. 209, além da obrigação de retornar ao
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Estado do Acre aborde um veículo com placas de São ponto de evasão para fim de pesagem obrigatória.
Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à
Paulo. Assim, não deve ser considerada a tabela de
ação policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão
licenciamento do veículo do Estado do Acre para efei- logo seja localizado, aplicando-se, além das penali-
tos de comprovação de licenciamento, nem a tabela dades em que incorre, as estabelecidas no art. 210.
do Estado de São Paulo, mas o calendário nacional,
conforme a resolução 110/99 do CONTRAN. Não é raro caminhoneiros não se submeterem à
pesagem do veículo em rodovias. O agente ao pre-
Transbordo do Excesso de Carga senciar a infração deve obrigar o infrator à pesagem
obrigatória. Não submeter veículo a pesagem é infra-
Art. 275 O transbordo da carga com peso excedente ção grave. Se, além disso, resolver fugir à abordagem
é condição para que o veículo possa prosseguir via- policial a infração é gravíssima.
gem e será efetuado às expensas do proprietário do
veículo, sem prejuízo da multa aplicável. Art. 279 Em caso de acidente com vítima, envol-
Parágrafo único. Não sendo possível desde logo vendo veículo equipado com registrador instantâ-
atender ao disposto neste artigo, o veículo será reco- neo de velocidade e tempo, somente o perito oficial
lhido ao depósito, sendo liberado após sanada a irre- encarregado do levantamento pericial poderá reti-
gularidade e pagas as despesas de remoção e estada. rar o disco ou unidade armazenadora do registro. 89
Os veículos envolvidos em acidentes com vítima que III - caracteres da placa de identificação do veículo,
possuam tacógrafo (Resolução N° 92/1999) devem ter o sua marca e espécie, e outros elementos julgados
disco do tacógrafo analisado e investigado. O único pro- necessários à sua identificação;
fissional que pode retirar o disco para análise é o perito IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
da polícia científica designado para analisar o caso. V - identificação do órgão ou entidade e da autori-
dade ou agente autuador ou equipamento que com-
provar a infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível,
EXERCÍCIOS COMENTADOS valendo esta como notificação do cometimento da
infração.
1. (UECE– 2018) Assinale a opção que NÃO corresponde
a uma medida administrativa aplicável por autoridade Auto de Infração de Trânsito é o ato que dá início
de trânsito ou seus agentes na esfera das competên- ao processo administrativo para imposição de puni-
cias estabelecidas no Código de Trânsito e dentro de ção, em decorrência de alguma infração à legislação
sua circunscrição. de trânsito. O auto de infração para ser considerado
consistente e regular necessita de alguns requisitos.
a) Recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação. No entanto, tenha cuidado porque 02 (dois) requisitos
b) Recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual. do artigo 280 não são obrigatórios:
c) Multa.
d) Retenção do veículo INFORMAÇÃO
CONSTATADA OBRIGATÓRIO
Multa é penalidade e não medida administrativa! NO AUTO DE INFRAÇÃO
Vejamos a lei:
Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, Tipificação Sim
na esfera das competências estabelecidas neste
Local /Data/Hora Sim
Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar
as seguintes medidas administrativas: Placa / Marca /Espécie Sim
I - retenção do veículo;
II - remoção do veículo; Órgão ou Entidade de
Sim
III - recolhimento da Carteira Nacional de trânsito autuador (a)
Habilitação;
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir; Agente de Trânsito
Sim
autuador
V - recolhimento do Certificado de Registro;
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Não (Apenas quando for
Anual; Prontuário do condutor
possível)
VIII - transbordo do excesso de carga;
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou Não (Apenas quando for
Assinatura do infrator
perícia de substância entorpecente ou que determine possível)
dependência física ou psíquica; Resposta: Letra C.
§ 1º (VETADO)
2. (AOCP - 2016) Conforme está disposto no art. 269, X,
§ 2º A infração deverá ser comprovada por decla-
da Lei 9.503/97, ocorrerá: “recolhimento de animais
ração da autoridade ou do agente da autoridade
que se encontrem soltos nas vias da faixa de domí-
de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipa-
nio das vias de circulação, restituindo-os aos seus
mento audiovisual, reações químicas ou qualquer
proprietários, após pagamento de multas e encargos outro meio tecnologicamente disponível, previa-
devidos”. O enunciado refere-se a mente regulamentado pelo CONTRAN.
I. o prontuário do condutor, sempre que possível. § 1° Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corpo-
II. identificação do órgão ou entidade e da autoridade ral culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no
ou agente autuador ou equipamento que comprovar a 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente
infração. estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei
III. valor da multa, valendo esta como notificação do nº 11.705, de 2008)
cometimento da infração. I - sob a influência de álcool ou qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência;
(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
Está correto o que consta APENAS em:
II - participando, em via pública, de corrida, dispu-
ta ou competição automobilística, de exibição ou
a) I e III.
demonstração de perícia em manobra de veículo
b) I. automotor, não autorizada pela autoridade compe-
c) I e II. tente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
d) II. III - transitando em velocidade superior à máxima
e) II e III. permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilô-
metros por hora).(Incluído pela Lei nº 11.705, de
O Item I e II estão de acordo com art. 280 do CTB, mas 2008)
o valor da multa não é um requisito obrigatório que § 2° Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo,
deverá constar no Auto de Infração. Resposta: Letra C. deverá ser instaurado inquérito policial para a
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Recente modificação para 2018: o novo §4º do art. Art. 294 Em qualquer fase da investigação ou da
291 do CTB exige que os juízes observem o art. 59 do ação penal, havendo necessidade para a garantia da
código penal para fixação da pena base, isto é, devem ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar,
analisar a culpabilidade, os antecedentes, a conduta de ofício, ou a requerimento do Ministério Público
social, a personalidade do agente, os motivos, as cir- ou ainda mediante representação da autoridade
cunstâncias e consequências do crime, bem como o policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão
comportamento da vítima, devendo dar especial aten- da permissão ou da habilitação para dirigir veículo
ção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e automotor, ou a proibição de sua obtenção.
consequências do crime. Parágrafo único. Da decisão que decretar a sus-
pensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o
requerimento do Ministério Público, caberá recur-
BENEFÍCIOS RETIRA-
CRIME so em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
DOS DA LEI N° 9099/95
Sem CNH
§ 2° A pena privativa de liberdade é de reclusão de
Faixa de pedestre ou dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas
calçada previstas neste artigo, se o agente conduz o veícu-
Inaplicável lo com capacidade psicomotora alterada em razão
Omissão de socorro da influência de álcool ou de outra substância psi-
Transporte de passageiro coativa que determine dependência, e se do crime
resultar lesão corporal de natureza grave ou gra-
(profissão)
96 víssima. (Incluído pela Lei nº 13.546/2017):
A lesão corporal culposa qualificada (a Lesão corporal culposa de natureza grave ou gravíssima + Embriaguez)
também conta com punição bem dura para motoristas que causem lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
ma a alguém, estando sob influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa. A privativa de liberdade
passa a ser de reclusão e o quantum de pena para 2 a 5 anos. Essa definição de lesão grave ou gravíssima deve ser
extraída dos §§ 1º e 2º do art. 129 do Código Penal.
Art. 304 Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo
fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida
por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
Para configuração desse crime, é preciso dolo do condutor, ou seja, exige o conhecimento da necessidade do
socorro. Ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou
com ferimentos leves, incide a aplicação das penas tipificadas no artigo acima. Entenda que para configuração
deste crime é preciso que o condutor esteja envolvido e não seja o causador do acidente, já que se ele for o causa-
dor do acidente, o condutor responderá por Homicídio Culposo ou Lesão Corporal Culposa com aumentativo de
pena pela omissão de socorro (art. 302, § 1o, II / art. 303 Parágrafo único). Já se o condutor não estiver envolvido a
omissão de socorro é crime do artigo 135 do Código Penal.
Lembre-se também: a pena pode ser a detenção ou a multa. A multa, nesse caso, não será cumulativa.
Devido a sua pena, este crime do artigo 304 é de menor potencial ofensivo, ou seja, aplicar-se à Lei de Juizados
Especiais Criminais (JECRIM).
Art. 305 Afastar-se o condutor do veículo do local determine dependência: (Redação dada pela Lei nº
do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou 12.760, de 2012)
civil que lhe possa ser atribuída: Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor.
Veja que a pena máxima é de 1 (um) ano, isto é, § 1° As condutas previstas no caput serão constata-
temos aqui um crime de menor potencial ofensivo. das por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
A conduta precisa ser dolosa. Interessante salientar I - concentração igual ou superior a 6 decigramas
que a fuga deve ser para escapar de possível respon- de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a
sabilização penal ou civil. Assim, vemos que há um 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
crime contra a Administração da Justiça com a finali- (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
dade específica de não ser identificado. Entenda que II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
é possível fugir do local do acidente e prestar socorro. CONTRAN, alteração da capacidade psicomotora.
Exemplo: condutor liga para o Corpo de Bombeiros (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
solicitando socorro para vítima e depois desaparece do § 2° A verificação do disposto neste artigo poderá
local do acidente para não ser identificado. ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxico-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Interessante lembrar que havia dúvidas sobre a cons- lógico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemu-
titucionalidade desta norma, tendo em vista os casos nhal ou outros meios de prova em direito admitidos,
julgados pelo país. Entretanto, em 14 de novembro de observado o direito à contraprova. (Redação dada
2018, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deu pela Lei nº 12.971, de 2014)
provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 971959, com § 3° O CONTRAN disporá sobre a equivalência entre
repercussão geral reconhecida, e considerou constitucio- os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos
nal o artigo 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), para efeito de caracterização do crime tipificado nes-
que tipifica como crime a fuga do local de acidente. A te artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
maioria dos ministros entendeu que a norma não viola
a garantia de não autoincriminação, prevista no artigo 5º, Nós estamos diante de um dos principais, senão o
inciso LXIII, da Constituição Federal. principal, crime de trânsito para as bancas organiza-
doras de provas. Com o advento da Lei nº 11.705/08,
Art. 306 Conduzir veículo automotor com capaci- o crime de embriaguez ao volante deixou de ser um
dade psicomotora alterada em razão da influência crime de perigo em concreto para ser um crime de
de álcool ou de outra substância psicoativa que perigo em abstrato.
Antes, para que ocorresse consumação do delito, era necessário que o condutor gerasse risco para o trânsito. Hoje,
ainda que um condutor esteja conduzindo adequadamente, se tiver acima dos índices permitidos para embriaguez,
será enquadrado no crime acima tipificado. Mas como é configurado esse crime? Bem, temos alguns instrumentos 97
capazes de constatar a embriaguez: Etilômetro (Bafômetro), Exame de Sangue, Testemunhas, Vídeos, Exames clínicos
e outros meios de prova em direito admitidos. Quanto ao Etilômetro e Exame de sangue temos os seguintes limites:
LIMITES PREVISTOS
INSTRUMENTO
CTB RES 432/2013 CTB RES 432/2013 CTB RES 432/2013
ETILÔMETRO 0,00 mg/L 0,04 mg/L ATÉ0,299 mg/L ATÉ 0,33mg/L 0,3 mg/L ou mais 0,34 mg/L ou mais
EXAME
0,00 dg/L 0,00 dg/L ATÉ 5,9 dg/L 6 dg/L ou mais.
DE SANGUE
Infração de Trânsito e crime de
CONSEQUÊNCIA Não é infração nem crime. Apenas infração de Trânsito.
Trânsito.
Perceba que o CTB estabelece um limite para o crime. Entretanto, esse entendimento não é aceito uni-
bafômetro e a Resolução estabelece outro. Na verdade, formemente pelos diversos órgãos que compõem o
a Resolução n° 432/2013 tem como referência o limite caminho que percorre o processo (fiscalização, polícia
do CTB, entretanto ela dá uma aparente “colher de chá” judiciária, MP e judiciário), haja vista a alegada incom-
para o condutor quando se trata de etilômetro porque petência do CONTRAN para tratar de matéria criminal.
o aparelho também pode não ser preciso, tornando-se Observe que este crime é de menor potencial ofen-
esse limite uma margem de erro do aparelho. No dia a sivo e possui a pena de detenção, multa (multa não
dia, as fiscalizações utilizam a Resolução 432/13. é opção) e suspensão adicional de idêntico prazo.
Para sua prova, você deve estar pensando: preciso Importante salientar que é um crime de perigo abs-
memorizar qual limite? O do CTB ou limite da Resolu- trato, ou seja, a simples condução de um veículo por
ção? Simples, se sua prova colocar no edital a Resolu- motorista suspenso configurará o crime, independen-
ção 432/13, você estuda os dois limites, caso contrário, temente de geração de risco.
estude apenas o limite do CTB.
Agora, e se o condutor se recusar a realizar estes Art. 308. Participar, na direção de veículo automo-
exames? Bem, se o condutor não quiser fazer nenhum tor, em via pública, de corrida, disputa ou competição
desses exames, ele será autuado pelo Artigo 165- A automobilística ou ainda de exibição ou demonstra-
do CTB, podendo, inclusive, ser preso caso apresente ção de perícia em manobra de veículo automotor,
sinais visíveis de embriaguez (sonolência, agressivida- não autorizada pela autoridade competente, geran-
do situação de risco à incolumidade pública ou pri-
de, fala enrolada). Tal procedimento pode ser provado
vada: (Redação dada pela Lei nº 13.546, de 2017)
por meio de vídeos, testemunhas, exames clínicos e
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
outros meios de prova em direito admitidos. Mesmo se
multa e suspensão ou proibição de se obter a per-
recusando a realizar o bafômetro ou exame de sangue, missão ou a habilitação para dirigir veículo auto-
pode-se dar voz de prisão a um condutor visivelmente motor. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
embriagado ou entorpecido por outras drogas. § 1° Se da prática do crime previsto no caput resul-
tar lesão corporal de natureza grave, e as circuns-
Art. 307 Violar a suspensão ou a proibição de se tâncias demonstrarem que o agente não quis o
obter a permissão ou a habilitação para dirigir resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena
veículo automotor imposta com fundamento neste privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6
Código: (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
com nova imposição adicional de idêntico prazo de § 2° Se da prática do crime previsto no caput resul-
suspensão ou de proibição. tar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o con- agente não quis o resultado nem assumiu o risco de
denado que deixa de entregar, no prazo estabeleci- produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclu-
do no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou são de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das
a Carteira de Habilitação. outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela
Lei nº 12.971, de 2014)
Este dispositivo menciona que dirigir suspenso é
crime. A maior parte da doutrina entende que a viola- Este é o famoso crime de “racha”, e foi recentemen-
ção a este crime seria referente à suspensão imposta te modificado para endurecer a pena para os pratican-
pelo magistrado, ou seja, a suspensão penal. tes de competições não autorizadas em via pública. O
Arnaldo Rizardo e Guilherme de Souza Nucci, por “racha” não é apenas corrida, mas também disputa ou
exemplo, eminentes doutrinadores penais, entendem competição. Por isso, fique atento: o tipo penal não pune
que tal suspensão é penal, ou seja, apenas será crime se houver somente a corrida, é necessário que exista
se houver desobediência a uma decisão judicial. Uma elementos de competição no ato, como, por exemplo, a
forte defesa da doutrina é que como pode dirigir sus- tomada de tempo, a organização em posições etc.
penso ser crime e dirigir cassado só configurar crime Cuidado! O art. 308 está punindo mais do que uma
se gerar perigo de dano? Dirigir cassado é um ato de simples corrida. Está punindo, além disso, qualquer
desvalor maior que dirigir suspenso. forma de disputa ou competição. Neste delito, os pro-
Porém, alguns tribunais têm aceitado e julgado pes- motores do evento não são punidos, apenas os partici-
soas nesse crime baseado apenas em violação à sus- pantes. Não esqueça que é necessário estarmos em via
pensão imposta pela autoridade de trânsito. Segundo pública, em veículo automotor e gerando perigo de
entendimento dado pelo Manual Brasileiro de Fisca- risco à segurança viária. Assim, é um crime de perigo
lização de Trânsito, somente as suspensões judiciais, concreto, ou seja, exige que o risco de dano aconteça
98 e não as administrativas, seriam consideradas como para sua caracterização. Vejamos as novas penas:
CRIME PENA debates ineficazes, o STJ ratificou o que o CTB já nos
informa: tal crime é mesmo de perigo abstrato por
Racha (caput) Detenção de 06 m a 03 anos + sus- mais estranho que possa parecer.
pensão ou proibição de obter a per-
missão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor+ multa Importante!
Racha + lesão Reclusão de 03 anos a 06 anos + sus- Confira a súmula do STJ:
grave pensão ou proibição de obter a per- Súmula 575 do STJ: Constitui crime a conduta de
missão ou a habilitação para dirigir permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
veículo automotor+ multa automotor à pessoa que não seja habilitada, ou
Racha + morte Reclusão de 05 anos a 10 anos + sus- que se encontre em qualquer das situações pre-
pensão ou proibição de obter a per- vistas no art. 310 do CTB, independentemente da
missão ou a habilitação para dirigir ocorrência de lesão ou de perigo de dano concre-
veículo automotor+ multa to na condução do veículo.
Art. 309 Dirigir veículo automotor, em via pública, Art. 310-A (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619,
sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilita- de 2012)
ção ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, geran- Art. 311 Trafegar em velocidade incompatível com
do perigo de dano: a segurança nas proximidades de escolas, hos-
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. pitais, estações de embarque e desembarque de
passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
Crime de perigo concreto e de menor potencial grande movimentação ou concentração de pessoas,
ofensivo. Entenda que dirigir sem possuir CNH ou gerando perigo de dano:
dirigir com CNH cassada só é crime se gerar perigo Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
de dano. Já dirigir suspenso é crime de perigo abstra-
to. O crime só existe se for praticado na direção de Mais um crime de menor potencial ofensivo e de
veículo automotor e em via pública. Se alguém dirige perigo concreto. Para que o motorista responda pelo
um automóvel sem habilitação dentro da sua fazenda crime não é necessário que ele esteja com excesso de
particular, o fato é atípico. velocidade, basta que essa velocidade seja incompatí-
E quando a situação for de CNH de categoria dife- vel com a segurança, podendo causar um dano futuro.
rente causando perigo? Bom, se o indivíduo estiver Assim, não é exigido que a prova seja realizada por
dirigindo o veículo com habilitação de categoria dife- meio de radares ou equivalentes, podendo ser realiza-
da por provas testemunhais.
rente, que não seja própria para aquele veículo que
Sobre a prova testemunhal, assim decidiu o TJ-RS
ele está dirigindo, há o crime do art. 309, uma vez que
RC 71004813481 RS (TJ-RS) 30/05/2014: “Validade do
o tipo penal fala em “sem a devida permissão ou habi-
depoimento do policial para embasar a condenação
litação.” A palavra “devida” não é insignificante, pois
porque, até prova em contrário, trata-se de pessoa
o condutor deve ser habilitado para aquele veículo
idônea e que merece credibilidade, não se verifican-
que ele está conduzindo. Não se pode dirigir automó-
do, ainda, que tivesse qualquer motivo para realizar
vel com habilitação para motocicleta, por exemplo.
uma falsa imputação contra o réu”.
Conforme entendimento dado pelo MBFT, o ato
Se no local da velocidade incompatível com a segu-
de conduzir o veículo com a habilitação de categoria
rança não existe nas proximidades escolas, hospitais
diferente, gerando perigo de dano, configura o crime
(...) e grande concentração de pessoas, pode haver des-
do art. 309 do CTB. No entanto, há tribunais que já jul-
classificação do Crime do art.311 do CTB para o delito
garam de forma diferente, não caracterizando a situa-
de Contravenção penal de direção perigosa, conforme
ção como crime.
art. 34 do Decreto-Lei nº3688/194.
Outra situação: o indivíduo está com a habilita-
ção vencida há mais de trinta dias gerando perigo de Art. 312 Inovar artificiosamente, em caso de aci-
dano, configura o crime? O STF decidiu o seguinte: dente automobilístico com vítima, na pendência
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
configura infração administrativa, mas não configu- do respectivo procedimento policial preparatório,
ra o crime do art. 309. Mesmo que o condutor esteja inquérito policial ou processo penal, o estado de
gerando perigo de dano, uma vez que habilitação ven- lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro
cida não significa falta de habilitação. o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 310 Permitir, confiar ou entregar a direção de Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo,
veículo automotor a pessoa não habilitada, com ainda que não iniciados, quando da inovação, o
habilitação cassada ou com o direito de dirigir sus- procedimento preparatório, o inquérito ou o pro-
penso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, cesso aos quais se refere.
física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
condições de conduzi-lo com segurança: Esse é um crime de fraude processual, pois pune
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. aquele que modifica o local do acidente para induzir
as autoridades a erro. Não é incomum em acidentes
Interessante é o caso da pessoa que permite, con- de trânsito com vítimas, envolvidos mudarem local
fia ou entrega veículo a condutor inabilitado, cassado, dos veículos, apagar local de frenagem, mudar local
suspenso, embriagado ou sem condições de saúde físi- do corpo da vítima, retirar a sinalização, alterar local
ca ou mental para dirigir. Crime de perigo abstrato e de colisão e até indicar um falso condutor. De qual-
de menor potencial ofensivo. Para evitar celeumas e quer forma é um crime de menor potencial ofensivo. 99
O crime de inovação artificiosa do local de acidente a) Dirigir automóvel na via pública sem possuir
de trânsito, previsto no art. 312, do CTB, é formal e permissão para dirigir ou habilitação é crime de
se consuma quando o agente inova o local do crime, perigo concreto, cuja tipificação exige a prova de
visando enganar o agente policial, o perito, ou o juiz, geração do perigo de dano.
b) O crime de omissão de socorro à vítima atrope-
ainda que não alcance a finalidade pretendida.
lada por imprudência do motorista não se veri-
fica quando se constata que a morte ocorreu
Art. 312-A Para os crimes relacionados nos arts. instantaneamente.
302 a 312 deste Código, nas situações em que o juiz c) A embriaguez ao volante é crime de perigo concre-
aplicar a substituição de pena privativa de liberda- to, em que a ingestão de bebida alcoólica e a condu-
de por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de ção perigosa do automóvel geram perigo de dano.
prestação de serviço à comunidade ou a entidades d) O fato de dirigir perigosamente automóvel sem
públicas, em uma das seguintes atividades: (Incluí- ser habilitado, vindo a causar lesões corporais em
do pela Lei nº 13.281, de 2016) transeunte, implica dois crimes praticados em con-
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de res- curso formal.
gate dos corpos de bombeiros e em outras unidades
móveis especializadas no atendimento a vítimas de a) correto! O crime tipificado no Art. 309 do CTB só
trânsito; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) se configura se o condutor estiver gerando perigo de
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de dano.
hospitais da rede pública que recebem vítimas de b) O crime se configurará embora haja morte ins-
acidente de trânsito e politraumatizados; (Incluído tantânea da vítima ou o socorro for suprido por
pela Lei nº 13.281, de 2016) terceiros.
III - trabalho em clínicas ou instituições especia- c) O crime de embriaguez ao volante é de perigo
lizadas na recuperação de acidentados de trânsi-
abstrato.
d) na verdade a causação das lesões acarretará
to; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
somente a incidência do Art. 303, § único, o qual faz
IV - outras atividades relacionadas ao resgate,
referência ao § 1º do Art. 302. Resposta: Letra A.
atendimento e recuperação de vítimas de acidentes
de trânsito. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
2. (CESPE - 2015) Acerca de aspectos diversos do proces-
so penal brasileiro, o próximo item apresenta uma situa-
O juiz deverá, quando a pena for substituída por ção hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.
restritiva de direitos, fazer ser de prestação de serviço à Ana, conduzindo veículo automotor em via pública, coli-
comunidade ou a entidades públicas, nas atividades de diu com o veículo de Elza, que conduzia regularmente
atendimento e recuperação de vitimados pelo trânsito. seu automóvel. Elza sofreu lesões leves em seus braços
e pernas, comprovadas por exame pericial. Ana trafega-
ÓRGÃO DE ESPECIALIZAÇÃO DO LOCAL DE va à velocidade de 85 km/h, quando o máximo permiti-
TRABALHO TRABALHO do para a via era de 40 km/h. Na delegacia de polícia,
Elza fez constar na ocorrência policial que não desejava
Corpo de representar criminalmente contra Ana. Ficou demons-
Vítimas de acidente de trânsito
bombeiros trado ainda, durante o inquérito policial, que Ana não
Pronto-socorro conduzia o veículo sob efeito de álcool e também não
Vítimas de acidente de trânsito participava de corrida não autorizada pela autoridade
público
competente. Ana foi denunciada pelo MP pelo delito de
Clínica Recuperação de acidentados de lesão corporal culposa (art. 303 do CTB). Argumentou o
especializada trânsito representante do parquet que o delito era de ação penal
Atividades de Atendimento e recuperação de pública incondicionada, haja vista que Ana trafegava a
resgate vítimas de acidente de trânsito uma velocidade superior ao dobro da permitida para a
via. Nessa situação, agiu acertadamente o MP ao ofere-
cer denúncia contra Ana com respaldo no CTB.
Art. 312-B Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e
no § 2º do art. 303 deste Código não se aplica o dis- ( ) CERTO ( ) ERRADO
posto no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). Observe o art. 291 § 1 e seus incisos! Neste caso
devemos nos atentar para o inciso III deste dispo-
Novo dispositivo: os crimes de lesão corporal e sitivo. A lesão corporal culposa só não precisará
homicídio culposo qualificados (crimes que envolvem de representação se a velocidade do condutor for
ingestão de substância psicoativa) do CTB não cabe- maior ou igual a 50km/h da velocidade máxima per-
mitida. No caso foi de apenas 45 km/h (85-40), não
rão mais a possibilidade de substituição por penas
configurando a hipótese deste artigo. Logo, o MP
restritivas de direito. Essa nova normativa contraria está equivocado. Resposta: Errado.
o CTB que faz previsão de possibilidade de aplicação
das penas restritivas de direitos para crimes culposos. 3. (CESPE - 2019) Julgue o Item:
4. (CESPE - 2019) Julgue o Item: Art. 320 A receita arrecadada com a cobrança das
Alfredo, conduzindo seu veículo automotor sem pla- multas de trânsito será aplicada, exclusivamente,
cas, atropelou um pedestre. Alessandro, dirigindo um em sinalização, engenharia de tráfego, de campo,
veículo de categoria diversa das que sua carteira de policiamento, fiscalização e educação de trânsito.
habilitação permitia, causou lesão corporal culposa Parágrafo único. O percentual de cinco por cento
em um transeunte, ao atingi-lo. Nessas situações, do valor das multas de trânsito arrecadadas será
as penas impostas a Alfredo e a Alessandro serão depositado, mensalmente, na conta de fundo de
agravadas, devendo o juiz aplicar as penas-base com âmbito nacional destinado à segurança e educação
especial atenção à culpabilidade e às circunstâncias e de trânsito.
consequências do crime. § 1º O percentual de cinco por cento do valor das
multas de trânsito arrecadadas será depositado,
mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacio-
( ) CERTO ( ) ERRADO
nal destinado à segurança e educação de trânsi-
to. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
As penas serão agravadas, conforme art 298 do § 2º O órgão responsável deverá publicar, anual-
CTB, tendo em vista a ausência de placas no carro mente, na rede mundial de computadores (internet),
de Alfredo e a categoria diferente da CNH de Ales- dados sobre a receita arrecadada com a cobrança
sandro. Vejamos a lei: de multas de trânsito e sua destinação. (Incluído
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam pela Lei nº 13.281, de 2016)
as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor
do veículo cometido a infração: Esse dinheiro deve ser aplicada exclusivamente, em
II - utilizando o veículo sem placas, com placas fal- sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policia-
sas ou adulteradas; mento, fiscalização e educação de trânsito. Lembrando
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de que 5% do valor das multas de trânsito arrecadadas
Habilitação de categoria diferente da do veículo; serão depositados, mensalmente, na conta de fundo de
Resposta: Certo. âmbito nacional destinado à segurança e educação de
trânsito. Esse fundo é administrado pelo DENATRAN.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Ainda: a Resolução nº 638/2016 regulamenta que
o valor das multas aplicadas possui a finalidade de
Disposições Finais e Transitórias punir quem transgride a legislação de trânsito e ser-
vir como receita pública orçamentária destinada a
atender, exclusivamente, as despesas públicas com
Art. 313 O Poder Executivo promoverá a nomeação
sinalização, engenharia de tráfego e de campo, poli-
dos membros do CONTRAN no prazo de sessenta
ciamento, fiscalização e educação de trânsito.
dias da publicação deste Código.
Art. 314 O CONTRAN tem o prazo de duzentos e
quarenta dias a partir da publicação deste Códi- Art. 320-A Os órgãos e as entidades do Sistema
go para expedir as resoluções necessárias à sua Nacional de Trânsito poderão integrar-se para a
melhor execução, bem como revisar todas as reso- ampliação e o aprimoramento da fiscalização de
luções anteriores à sua publicação, dando priori- trânsito, inclusive por meio do compartilhamento
dade àquelas que visam a diminuir o número de da receita arrecadada com a cobrança das multas
acidentes e a assegurar a proteção de pedestres. de trânsito. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Parágrafo único. As resoluções do CONTRAN, exis- Art. 323 O CONTRAN, em cento e oitenta dias,
tentes até a data de publicação deste Código, conti- fixará a metodologia de aferição de peso de veícu-
nuam em vigor naquilo em que não conflitem com ele. los, estabelecendo percentuais de tolerância, sen-
Art. 315 O Ministério da Educação e do Desporto, do durante este período suspensa a vigência das
mediante proposta do CONTRAN, deverá, no prazo penalidades previstas no inciso V do art. 231, apli-
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
de duzentos e quarenta dias contado da publicação, cando-se a penalidade de vinte UFIR por duzentos
estabelecer o currículo com conteúdo programáti- quilogramas ou fração de excesso.
co relativo à segurança e à educação de trânsito, a Parágrafo único. Os limites de tolerância a que se
fim de atender o disposto neste Código. refere este artigo, até a sua fixação pelo CONTRAN,
Art. 316 O prazo de notificação previsto no inciso II são aqueles estabelecidos pela Lei nº 7.408, de 25 de
do parágrafo único do art. 281 só entrará em vigor novembro de 1985.
após duzentos e quarenta dias contados da publica- Art. 325 As repartições de trânsito conservarão por,
ção desta Lei. no mínimo, 5 (cinco) anos os documentos relativos à
Art. 317 Os órgãos e entidades de trânsito concederão habilitação de condutores, ao registro e ao licencia-
prazo de até um ano para a adaptação dos veículos de mento de veículos e aos autos de infração de trânsi-
condução de escolares e de aprendizagem às normas to. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
do inciso III do art. 136 e art. 154, respectivamente. § 1º Os documentos previstos no caput poderão ser
Art. 318 (VETADO) gerados e tramitados eletronicamente, bem como
Art. 319 Enquanto não forem baixadas novas nor- arquivados e armazenados em meio digital, desde
mas pelo CONTRAN, continua em vigor o disposto que assegurada a autenticidade, a fidedignidade,
no art. 92 do Regulamento do Código Nacional de a confiabilidade e a segurança das informações, e
Trânsito - Decreto nº 62.127, de 16 de janeiro de 1968. serão válidos para todos os efeitos legais, sendo dis-
pensada, nesse caso, a sua guarda física. (Incluído
pela Lei nº 13.281, de 2016) 101
§ 2º O CONTRAN regulamentará a geração, a trami- § 7° As metas fixadas serão divulgadas em setem-
tação, o arquivamento, o armazenamento e a elimi- bro, durante a Semana Nacional de Trânsito, assim
nação de documentos eletrônicos e físicos gerados como o desempenho, absoluto e relativo, de cada
em decorrência da aplicação das disposições deste Estado e do Distrito Federal no cumprimento das
Código. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) metas vigentes no ano anterior, detalhados os dados
§ 3º Na hipótese prevista nos §§ 1º e 2º, o sistema levantados e as ações realizadas por vias federais,
deverá ser certificado digitalmente, atendidos os estaduais e municipais, devendo tais informações
requisitos de autenticidade, integridade, validade permanecer à disposição do público na rede mun-
jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de dial de computadores, em sítio eletrônico do órgão
Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). (Incluído máximo executivo de trânsito da União. (Incluído
pela Lei nº 13.281, de 2016) pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
Art. 326 A Semana Nacional de Trânsito será come- § 8° O CONTRAN, ouvidos o Departamento de Polí-
morada anualmente no período compreendido cia Rodoviária Federal e demais órgãos do Sistema
entre 18 e 25 de setembro. Nacional de Trânsito, definirá as fórmulas para
apuração dos índices de que trata este artigo, assim
Memorize bem que a semana nacional ocorre como a metodologia para a coleta e o tratamento
todos os anos entre 18 e 25 de setembro. Este artigo dos dados estatísticos necessários para a composi-
poderia muito bem estar no capítulo de educação ção dos termos das fórmulas. (Incluído pela Lei nº
para o trânsito, porém se encontra junto com as dis- 13.614, de 2018) (Vigência)
posições finais e transitórias. § 9° Os dados estatísticos coletados em cada Estado
e no Distrito Federal serão tratados e consolidados
PNATRANS pelo respectivo órgão ou entidade executivos de
trânsito, que os repassará ao órgão máximo execu-
Art. 326-A A atuação dos integrantes do Sistema tivo de trânsito da União até o dia 1o de março, por
Nacional de Trânsito, no que se refere à política de meio do sistema de registro nacional de acidentes e
segurança no trânsito, deverá voltar-se priorita- estatísticas de trânsito. (Incluído pela Lei nº 13.614,
riamente para o cumprimento de metas anuais de de 2018) (Vigência)
redução de índice de mortos por grupo de veículos e § 10 Os dados estatísticos sujeitos à consolida-
de índice de mortos por grupo de habitantes, ambos ção pelo órgão ou entidade executivos de trânsito
apurados por Estado e por ano, detalhando-se os do Estado ou do Distrito Federal compreendem os
dados levantados e as ações realizadas por vias coletados naquela circunscrição: (Incluído pela Lei
federais, estaduais e municipais. (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018)(Vigência)
nº 13.614, de 2018) (Vigência) I - pela Polícia Rodoviária Federal e pelo órgão exe-
§ 1° O objetivo geral do estabelecimento de metas é, ao cutivo rodoviário da União; (Incluído pela Lei nº
final do prazo de dez anos, reduzir à metade, no míni- 13.614, de 2018) (Vigência)
mo, o índice nacional de mortos por grupo de veículos II - pela Polícia Militar e pelo órgão ou entidade exe-
e o índice nacional de mortos por grupo de habitantes, cutivos rodoviários do Estado ou do Distrito Fede-
relativamente aos índices apurados no ano da entrada ral;(Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
em vigor da lei que cria o Plano Nacional de Redução de III - pelos órgãos ou entidades executivos rodoviá-
Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans). (Incluído pela rios e pelos órgãos ou entidades executivos de trân-
Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência) sito dos Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.614, de
§ 2° As metas expressam a diferença a menor, em 2018) (Vigência)
base percentual, entre os índices mais recentes, § 11 O cálculo dos índices, para cada Estado e para
oficialmente apurados, e os índices que se pre- o Distrito Federal, será feito pelo órgão máximo
tende alcançar. (Incluído pela Lei nº 13.614, de executivo de trânsito da União, ouvidos o Depar-
2018) (Vigência) tamento de Polícia Rodoviária Federal e demais
§3° A decisão que fixar as metas anuais estabelece- órgãos do Sistema Nacional de Trânsito. (Incluído
rá as respectivas margens de tolerância. (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência) § 12 Os índices serão divulgados oficialmente até o
§ 4° As metas serão fixadas pelo CONTRAN para dia 31 de março de cada ano. (Incluído pela Lei nº
cada um dos Estados da Federação e para o Distri- 13.614, de 2018) (Vigência)
to Federal, mediante propostas fundamentadas dos § 13 Com base em índices parciais, apurados no
CETRAN, do CONTRANDIFE e do Departamento de decorrer do ano, o CONTRAN, os CETRAN e o CON-
Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das respecti- TRANDIFE poderão recomendar aos integrantes do
vas circunscrições. (Incluído pela Lei nº 13.614, de Sistema Nacional de Trânsito alterações nas ações,
2018) (Vigência) projetos e programas em desenvolvimento ou previs-
§ 5° Antes de submeterem as propostas ao CON- tos, com o fim de atingir as metas fixadas para cada
TRAN, os CETRAN, o CONTRANDIFE e o Depar- um dos Estados e para o Distrito Federal. (Incluído
tamento de Polícia Rodoviária Federal realizarão pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
consulta ou audiência pública para manifesta- § 14 A partir da análise de desempenho a que se refere
ção da sociedade sobre as metas a serem propos- o § 7o deste artigo, o CONTRAN elaborará e divulga-
tas. (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência) rá, também durante a Semana Nacional de Trânsi-
§ 6° As propostas dos CETRAN, do CONTRANDIFE to: (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal I - duas classificações ordenadas dos Estados e do
serão encaminhadas ao CONTRAN até o dia 1o de Distrito Federal, uma referente ao ano analisado e
agosto de cada ano, acompanhadas de relatório outra que considere a evolução do desempenho dos
analítico a respeito do cumprimento das metas Estados e do Distrito Federal desde o início das análi-
fixadas para o ano anterior e de exposição de ações, ses; (Incluído pela Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência)
projetos ou programas, com os respectivos orça- II - relatório a respeito do cumprimento do objeti-
mentos, por meio dos quais se pretende cumprir as vo geral do estabelecimento de metas previsto no
metas propostas para o ano seguinte. (Incluído pela § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.614, de
102 Lei nº 13.614, de 2018) (Vigência) 2018) (Vigência)
A Lei nº 13.614/2018 criou o Plano Nacional de O calendário anual do PNATRANS, destarte, fica
Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS), assim determinado:
acrescentando o artigo 326-A ao Código de Trânsito
Brasileiro (CTB), e propôs um novo desafio para a ges- z Até 01/03: remessa das estatísticas, pelos DETRANs,
tão de trânsito no Brasil e para os órgãos integrantes ao DENATRAN;
do Sistema Nacional de Trânsito (SNT). z Até 31/03: divulgação das estatísticas;
O Plano, elaborado em conjunto pelos órgãos de z Até 01/08: encaminhamento de propostas de redu-
saúde, de trânsito, de transporte e de justiça, traz ção, pelos CETRANs e PRF, ao CONTRAN;
z De 18 a 25/09: divulgação das metas e desempenho.
as diretrizes para que o país reduza em, no míni-
mo, metade o índice nacional de mortos por grupo
Art. 327 A partir da publicação deste Código,
de veículos e o índice nacional de mortos por grupo
somente poderão ser fabricados e licenciados veí-
de habitantes. Para tanto, estabelece um prazo de culos que obedeçam aos limites de peso e dimen-
dez anos. As metas de redução de mortes e lesões no sões fixados na forma desta Lei, ressalvados os que
trânsito, fixadas pelo Conselho Nacional de Trânsito vierem a ser regulamentados pelo CONTRAN.
(CONTRAN), para cada um dos Estados da Federação e Parágrafo único. (VETADO)
para o Distrito Federal, a partir das propostas dos Con-
selhos Estaduais de Trânsito (CETRAN), do Conselho Leilão de veículos
de Trânsito do Distrito Federal (CONTRANDIFE) e do
Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), Art. 328 O veículo apreendido ou removido a qual-
no âmbito das respectivas circunscrições, garante que quer título e não reclamado por seu proprietário
todos sejam chamados a contribuir. Incluindo-se aí, dentro do prazo de sessenta dias, contado da data
igualmente, o cidadão que, de forma direta, pode par- de recolhimento, será avaliado e levado a leilão, a
ticipar nas audiências públicas criadas para discutir o ser realizado preferencialmente por meio eletrôni-
tema, bem como diversos outros setores da sociedade. co. (Redação dada pela Lei nº 13.160, de 2015)
O PNATRANS surge, ainda, como uma oportunidade
para o estabelecimento de um Programa Nacional de Meus amigos, se um veículo ficar mais de 60 dias
Trânsito, conforme determina o CTB. O Plano também no depósito de algum órgão de trânsito, a Administra-
se coaduna às ações positivas já existentes em torno da ção Pública pode iniciar os procedimentos para leiloar
segurança viária, porém dá um passo adiante ao propor o veículo. Antigamente, o prazo era de 90 dias. Poderá
que iniciativas em torno da matéria estejam pautadas ser leiloado como sucata ou como veículo conservado
em oito pilares fundamentais para o desenvolvimento se tiver condições de tráfego.
das propostas, a saber: Integração, Cooperação e Coor-
denação no PNATRANS, Coleta e Integração de Dados, § 1° Publicado o edital do leilão, a preparação pode-
rá ser iniciada após trinta dias, contados da data de
Financiamento do Plano, Esforço Legal, Fiscalização de
recolhimento do veículo, o qual será classificado em
Trânsito, Educação para o Trânsito, Mobilidade e Enge-
duas categorias: (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
nharia e Atendimento de Vítimas. Isso permite que a I – conservado, quando apresenta condições de
questão seja vista em suas diversas vertentes. segurança para trafegar; e (Incluído pela Lei nº
O objetivo da criação do Plano Nacional de Redução 13.160, de 2015)
de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) é, primor- II – sucata, quando não está apto a trafegar. (Incluí-
dialmente, o de preservar vidas, tendo em vista que o do pela Lei nº 13.160, de 2015)
trânsito é umas das maiores causas de mortes de pes- § 2° Se não houver oferta igual ou superior ao valor
soas no mundo. Mortes essas que podem ser evitadas. da avaliação, o lote será incluído no leilão seguinte,
Mas o Plano também se constitui como um passo adian- quando será arrematado pelo maior lance, desde
te na resolução de problemas relacionados à infraestru- que por valor não inferior a cinquenta por cento do
tura viária brasileira, organização e alinhamento dos avaliado. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
órgãos do Sistema Nacional de Trânsito (SNT), mobili- § 3° Mesmo classificado como conservado, o veícu-
lo que for levado a leilão por duas vezes e não for
dade urbana, convivência harmoniosa entre pedestres,
arrematado será leiloado como sucata. (Incluído
ciclistas, motociclistas, entre outros aspectos.
pela Lei nº 13.160, de 2015)
A vigência do Plano de dez anos e o estabelecimen- §4° É vedado o retorno do veículo leiloado como suca-
to da meta de reduzir à metade, no mínimo, o índice
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
ta à circulação. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
nacional de mortos por grupo de veículos e o índice § 5° A cobrança das despesas com estada no depó-
nacional de mortos por grupo de habitantes, bem sito será limitada ao prazo de seis meses. (Incluído
como a revisão e a exposição das ações, dos projetos pela Lei nº 13.160, de 2015)
ou dos programas, anualmente, conforme determi- § 6° Os valores arrecadados em leilão deverão ser
na a Lei do PNATRANS, são um avanço na legislação utilizados para custeio da realização do leilão, divi-
sobre o tema e sobre o entendimento da relevância de dindo-se os custos entre os veículos arrematados,
se discutir as questões do trânsito no Brasil. Na ver- proporcionalmente ao valor da arrematação, e des-
dade, isso permite que o planejamento e a responsa- tinando-se os valores remanescentes, na seguinte
bilidade de todos sejam definidos de antemão a fim ordem, para: (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
I – as despesas com remoção e estada; (Incluído
de que as ações previstas sejam efetivamente acompa-
pela Lei nº 13.160, de 2015)
nhadas e desempenhadas com eficiência.
II – os tributos vinculados ao veículo, na forma do §
Por fim, o PNATRANS reconhece o impacto que os 10; (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
acidentes de trânsito causam à sociedade, não apenas III – os credores trabalhistas, tributários e titulares
financeiro, mas humano, tornando-se um instrumen- de crédito com garantia real, segundo a ordem de
to de diagnóstico dos problemas, mas também das preferência estabelecida no art. 186 da Lei no 5.172,
soluções que cada um dos órgãos de trânsito, de todas de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacio-
as esferas, se propôs a debater e a colocar em prática. nal); (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) 103
IV – as multas devidas ao órgão ou à entidade respon- § 17 O procedimento de hasta pública na hipótese do
sável pelo leilão; (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 16 será realizado por lote de tonelagem de mate-
V – as demais multas devidas aos órgãos integrantes rial ferroso, observando-se, no que couber, o disposto
do Sistema Nacional de Trânsito, segundo a ordem neste artigo, condicionando-se a entrega do material
cronológica; e (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) arrematado aos procedimentos necessários à desca-
VI – os demais créditos, segundo a ordem de prefe- racterização total do bem e à destinação exclusiva,
rência legal. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) ambientalmente adequada, à reciclagem siderúrgi-
ca, vedado qualquer aproveitamento de peças e par-
Cuidado com este novo artigo! Essa ordem de pre- tes. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
ferência do destino do dinheiro dos carros leiloados § 18 Os veículos sinistrados irrecuperáveis queima-
pode ser lembrada pelas bancas e cobrada na sua pro- dos, adulterados ou estrangeiros, bem como aque-
va. Pelo dispositivo, o primeiro débito a ser quitado é les sem possibilidade de regularização perante o
com guincho (remoção) e pátio (estada). órgão de trânsito, serão destinados à reciclagem,
independentemente do período em que estejam em
depósito, respeitado o prazo previsto no caput des-
§ 7° Sendo insuficiente o valor arrecadado para qui-
te artigo, sempre que a autoridade responsável pelo
tar os débitos incidentes sobre o veículo, a situação
leilão julgar ser essa a medida apropriada. (Incluí-
será comunicada aos credores. (Incluído pela Lei nº
do pela Lei nº 13.281, de 2016)
13.160, de 2015)
§ 8° Os órgãos públicos responsáveis serão comuni- Art. 329 Os condutores dos veículos de que tratam
cados do leilão previamente para que formalizem a os arts. 135 e 136, para exercerem suas atividades,
desvinculação dos ônus incidentes sobre o veículo deverão apresentar, previamente, certidão negativa
no prazo máximo de dez dias. (Incluído pela Lei nº do registro de distribuição criminal relativamente aos
13.160, de 2015) crimes de homicídio, roubo, estupro e corrupção de
§ 9° Os débitos incidentes sobre o veículo antes da menores, renovável a cada cinco anos, junto ao órgão
alienação administrativa ficam dele automaticamente responsável pela respectiva concessão ou autorização.
desvinculados, sem prejuízo da cobrança contra o pro-
prietário anterior. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) Artigo muito importante! Para conduzir escolares
§ 10 Aplica-se o disposto no § 9o inclusive ao débito e trabalhar como motofretista é indispensável apre-
relativo a tributo cujo fato gerador seja a propriedade, sentar certidão negativa de roubo, estupro, homicí-
o domínio útil, a posse, a circulação ou o licenciamento dio e corrupção de menores. Lembre-se que este rol
de veículo. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) é taxativo: qualquer outro crime como o furto, por
§ 11 Na hipótese de o antigo proprietário reaver o exemplo, não impede o motorista de trabalhar. Não
veículo, por qualquer meio, os débitos serão nova- esqueça que a certidão é renovável a cada cinco anos.
mente vinculados ao bem, aplicando-se, nesse caso,
o disposto nos §§ 1o, 2o e 3o do art. 271. (Incluído Art. 330 Os estabelecimentos onde se executem
pela Lei nº 13.160, de 2015) reformas ou recuperação de veículos e os que com-
§ 12 Quitados os débitos, o saldo remanescente prem, vendam ou desmontem veículos, usados ou
será depositado em conta específica do órgão res- não, são obrigados a possuir livros de registro de
ponsável pela realização do leilão e ficará à dispo- seu movimento de entrada e saída e de uso de pla-
sição do antigo proprietário, devendo ser expedida cas de experiência, conforme modelos aprovados e
notificação a ele, no máximo em trinta dias após a rubricados pelos órgãos de trânsito.
realização do leilão, para o levantamento do valor § 1º Os livros indicarão:
no prazo de cinco anos, após os quais o valor será I - data de entrada do veículo no estabelecimento;
transferido, definitivamente, para o fundo a que se II - nome, endereço e identidade do proprietário ou
refere o parágrafo único do art. 320. (Incluído pela vendedor;
Lei nº 13.160, de 2015) III - data da saída ou baixa, nos casos de
§ 13 Aplica-se o disposto neste artigo, no que cou- desmontagem;
ber, ao animal recolhido, a qualquer título, e não IV - nome, endereço e identidade do comprador;
reclamado por seu proprietário no prazo de sessen- V - características do veículo constantes do seu cer-
ta dias, a contar da data de recolhimento, conforme tificado de registro;
regulamentação do CONTRAN. (Incluído pela Lei nº VI - número da placa de experiência.
13.160, de 2015) § 2º Os livros terão suas páginas numeradas tipo-
§ 14 Se identificada a existência de restrição poli- graficamente e serão encadernados ou em folhas
cial ou judicial sobre o prontuário do veículo, a soltas, sendo que, no primeiro caso, conterão ter-
autoridade responsável pela restrição será notifi- mo de abertura e encerramento lavrados pelo pro-
cada para a retirada do bem do depósito, mediante prietário e rubricados pela repartição de trânsito,
a quitação das despesas com remoção e estada, ou enquanto, no segundo, todas as folhas serão auten-
para a autorização do leilão nos termos deste arti- ticadas pela repartição de trânsito.
go. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) § 3º A entrada e a saída de veículos nos estabeleci-
§ 15 Se no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da mentos referidos neste artigo registrar-se-ão no mes-
notificação de que trata o § 14, não houver mani- mo dia em que se verificarem assinaladas, inclusive,
festação da autoridade responsável pela restrição as horas a elas correspondentes, podendo os veículos
judicial ou policial, estará o órgão de trânsito auto- irregulares lá encontrados ou suas sucatas ser apreen-
rizado a promover o leilão do veículo nos termos didos ou retidos para sua completa regularização.
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) § 4º As autoridades de trânsito e as autoridades poli-
§ 16 Os veículos, sucatas e materiais inservíveis de ciais terão acesso aos livros sempre que o solicitarem,
bens automotores que se encontrarem nos depósi- não podendo, entretanto, retirá-los do estabelecimento.
tos há mais de 1 (um) ano poderão ser destinados § 5º A falta de escrituração dos livros, o atraso, a fraude
à reciclagem, independentemente da existência ao realizá-lo e a recusa de sua exibição serão punidas
de restrições sobre o veículo. (Incluído pela Lei nº com a multa prevista para as infrações gravíssimas,
104 13.281, de 2016) independente das demais cominações legais cabíveis.
§ 6° Os livros previstos neste artigo poderão ser de condutores, ao registro e ao licenciamento de veí-
substituídos por sistema eletrônico, na forma regu- culos e aos autos de infração de trânsito.
lamentada pelo CONTRAN. (Incluído pela Lei nº Marque a opção que preenche corretamente a lacuna.
13.154, de 2015)
Art. 331 Até a nomeação e posse dos membros que a) 2 (dois).
passarão a integrar os colegiados destinados ao jul- b) 5 (cinco).
gamento dos recursos administrativos previstos na c) 4 (quatro).
Seção II do Capítulo XVIII deste Código, o julgamento d) 15 (quinze).
dos recursos ficará a cargo dos órgãos ora existentes. e) 10 (dez).
Art. 332 Os órgãos e entidades integrantes do Sistema
Nacional de Trânsito proporcionarão aos membros As repartições de trânsito conservarão por, no míni-
do CONTRAN, CETRAN e CONTRANDIFE, em serviço,
mo, 5 (cinco) anos os documentos relativos à habili-
todas as facilidades para o cumprimento de sua missão,
tação de condutores, ao registro e ao licenciamento
fornecendo-lhes as informações que solicitarem, permi-
de veículos e aos autos de infração de trânsito, con-
tindo-lhes inspecionar a execução de quaisquer serviços
e deverão atender prontamente suas requisições. forme art. 325 do CTB. Resposta: Letra B.
Art. 333. O CONTRAN estabelecerá, em até cento
e vinte dias após a nomeação de seus membros, as ANEXO I DO CTB – DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES
disposições previstas nos arts. 91 e 92, que terão de
ser atendidas pelos órgãos e entidades executivos Para efeito deste Código adotam-se as seguintes
de trânsito e executivos rodoviários para exercerem definições:
suas competências.
§ 1º Os órgãos e entidades de trânsito já existentes z Acostamento: parte da via diferenciada da pista
terão prazo de um ano, após a edição das normas, de rolamento destinada à parada ou estaciona-
para se adequarem às novas disposições estabeleci- mento de veículos, em caso de emergência, e à
das pelo CONTRAN, conforme disposto neste artigo. circulação de pedestres e bicicletas, quando não
§ 2º Os órgãos e entidades de trânsito a serem cria- houver local apropriado para esse fim.
dos exercerão as competências previstas neste Códi- z Agente da Autoridade de Trânsito - pessoa, civil
go em cumprimento às exigências estabelecidas pelo
ou policial militar, credenciada pela autoridade de
CONTRAN, conforme disposto neste artigo, acompa-
trânsito para o exercício das atividades de fiscali-
nhados pelo respectivo CETRAN, se órgão ou entida-
zação, operação, policiamento ostensivo de trânsi-
de municipal, ou CONTRAN, se órgão ou entidade
estadual, do Distrito Federal ou da União, passando to ou patrulhamento.
a integrar o Sistema Nacional de Trânsito. z Ar Alveolar - ar expirado pela boca de um indiví-
Art. 334 As ondulações transversais existentes deve- duo, originário dos alvéolos pulmonares. (Incluí-
rão ser homologadas pelo órgão ou entidade compe- do pela Lei nº 12.760, de 2012)
tente no prazo de um ano, a partir da publicação deste z Área de espera - área delimitada por 2 (duas)
Código, devendo ser retiradas em caso contrário. linhas de retenção, destinada exclusivamente à
Art. 335 (VETADO) espera de motocicletas, motonetas e ciclomotores,
Art. 336 Aplicam-se os sinais de trânsito previstos no junto à aproximação semafórica, imediatamente à
Anexo II até a aprovação pelo CONTRAN, no prazo frente da linha de retenção dos demais veículos.
de trezentos e sessenta dias da publicação desta Lei, (Lei n° 14071 de 2020)
após a manifestação da Câmara Temática de Enge- z Automóvel - veículo automotor destinado ao
nharia, de Vias e Veículos e obedecidos os padrões transporte de passageiros, com capacidade para
internacionais. até oito pessoas, exclusive o condutor.
Art. 337 Os CETRAN terão suporte técnico e z Autoridade de Trânsito - dirigente máximo de
financeiro dos Estados e Municípios que os com- órgão ou entidade executivo integrante do Sistema
põem e, o CONTRANDIFE, do Distrito Federal. Nacional de Trânsito ou pessoa por ele expressa-
Art. 338 As montadoras, encarroçadoras, os impor- mente credenciada.
tadores e fabricantes, ao comerciarem veículos auto- z Balanço Traseiro - distância entre o plano vertical
motores de qualquer categoria e ciclos, são obrigados
passando pelos centros das rodas traseiras extremas
a fornecer, no ato da comercialização do respectivo
e o ponto mais recuado do veículo, considerando-se
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
veículo, manual contendo normas de circulação,
todos os elementos rigidamente fixados ao mesmo.
infrações, penalidades, direção defensiva, primeiros
socorros e Anexos do Código de Trânsito Brasileiro. z Bicicleta - veículo de propulsão humana, dotado
Art. 339 Fica o Poder Executivo autorizado a abrir de duas rodas, não sendo, para efeito deste Código,
crédito especial no valor de R$ 264.954,00 (duzen- similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor.
tos e sessenta e quatro mil, novecentos e cinquenta z Bicicletário - local, na via ou fora dela, destinado
e quatro reais), em favor do ministério ou órgão ao estacionamento de bicicletas.
a que couber a coordenação máxima do Sistema z Bonde - veículo de propulsão elétrica que se move
Nacional de Trânsito, para atender as despesas sobre trilhos.
decorrentes da implantação deste Código. z Bordo da Pista - margem da pista, podendo ser
demarcada por linhas longitudinais de bordo que
delineiam a parte da via destinada à circulação de
veículos.
EXERCÍCIO COMENTADO z Calçada - parte da via, normalmente segregada
e em nível diferente, não destinada à circulação
1. (CETREDE - 2018) Analise a alternativa a seguir: As de veículos, reservada ao trânsito de pedestres
repartições de trânsito conservarão por, no mínimo, e, quando possível, à implantação de mobiliário
________ anos os documentos relativos à habilitação urbano, sinalização, vegetação e outros fins. 105
z Caminhão-Trator - veículo automotor destinado a z Faixas de Trânsito - qualquer uma das áreas lon-
tracionar ou arrastar outro. gitudinais em que a pista pode ser subdividida,
z Caminhonete - veículo destinado ao transporte de sinalizada ou não por marcas viárias longitudi-
carga com peso bruto total de até três mil e qui- nais, que tenham uma largura suficiente para per-
nhentos quilogramas. mitir a circulação de veículos automotores.
z Camioneta - veículo misto destinado ao transporte z Fiscalização - ato de controlar o cumprimento das
de passageiros e carga no mesmo compartimento. normas estabelecidas na legislação de trânsito, por
z Canteiro Central - obstáculo físico construído meio do poder de polícia administrativa de trânsi-
como separador de duas pistas de rolamento, to, no âmbito de circunscrição dos órgãos e enti-
eventualmente substituído por marcas viárias dades executivos de trânsito e de acordo com as
(canteiro fictício). competências definidas neste Código.
z Capacidade Máxima de Tração - máximo peso z Foco de Pedestres - indicação luminosa de per-
que a unidade de tração é capaz de tracionar, missão ou impedimento de locomoção na faixa
indicado pelo fabricante, baseado em condições apropriada.
sobre suas limitações de geração e multiplicação z Freio de Estacionamento - dispositivo destinado
de momento de força e resistência dos elementos a manter o veículo imóvel na ausência do condu-
que compõem a transmissão. tor ou, no caso de um reboque, se este se encontra
z Carreata - deslocamento em fila na via de veículos desengatado.
automotores em sinal de regozijo, de reivindica- z Freio de Segurança ou Motor - dispositivo desti-
ção, de protesto cívico ou de uma classe. nado a diminuir a marcha do veículo no caso de
z Carro de Mão - veículo de propulsão humana utili- falha do freio de serviço.
zado no transporte de pequenas cargas. z Freio de Serviço - dispositivo destinado a provo-
z Carroça - veículo de tração animal destinado ao car a diminuição da marcha do veículo ou pará-lo.
transporte de carga. z Gestos de Agentes - movimentos convencionais
z Catadióptrico - dispositivo de reflexão e refração de braço, adotados exclusivamente pelos agentes
da luz utilizado na sinalização de vias e veículos de autoridades de trânsito nas vias, para orien-
(olho-de-gato). tar, indicar o direito de passagem dos veículos
ou pedestres ou emitir ordens, sobrepondo-se ou
z Charrete - veículo de tração animal destinado ao
completando outra sinalização ou norma constan-
transporte de pessoas.
te deste Código.
z Ciclo - veículo de pelo menos duas rodas a propul-
z Gestos de Condutores - movimentos convencio-
são humana.
nais de braço, adotados exclusivamente pelos con-
z Ciclofaixa - parte da pista de rolamento destina-
dutores, para orientar ou indicar que vão efetuar
da à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por
uma manobra de mudança de direção, redução
sinalização específica.
brusca de velocidade ou parada.
z Ciclomotor - veículo de 2 (duas) ou 3 (três) rodas,
z Ilha - obstáculo físico, colocado na pista de rola-
provido de motor de combustão interna, cuja cilin-
mento, destinado à ordenação dos fluxos de trânsi-
drada não exceda a 50 cm3 (cinquenta centímetros
to em uma interseção.
cúbicos), equivalente a 3,05 pol3 (três polegadas
z Infração - inobservância a qualquer preceito da
cúbicas e cinco centésimos), ou de motor de pro-
legislação de trânsito, às normas emanadas do
pulsão elétrica com potência máxima de 4 kW Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trân-
(quatro quilowatts), e cuja velocidade máxima de sito e a regulamentação estabelecida pelo órgão ou
fabricação não exceda a 50 Km/h (cinquenta quilô- entidade executiva do trânsito.
metros por hora). Lei n° 14071 de 2020 z Interseção - todo cruzamento em nível, entron-
z Ciclovia - pista própria destinada à circulação de camento ou bifurcação, incluindo as áreas for-
ciclos, separada fisicamente do tráfego comum. madas por tais cruzamentos, entroncamentos ou
z Conversão - movimento em ângulo, à esquerda bifurcações.
ou à direita, de mudança da direção original do z Interrupção de Marcha - imobilização do veí-
veículo. culo para atender circunstância momentânea do
z Cruzamento - interseção de duas vias em nível. trânsito.
z Dispositivo de segurança - qualquer elemento z Licenciamento - procedimento anual, relativo a
que tenha a função específica de proporcionar obrigações do proprietário de veículo, comprova-
maior segurança ao usuário da via, alertando-o do por meio de documento específico (Certificado
sobre situações de perigo que possam colocar em de Licenciamento Anual).
risco sua integridade física e dos demais usuários z Logradouro Público - espaço livre destinado pela
da via, ou danificar seriamente o veículo. municipalidade à circulação, parada ou estacio-
z Estacionamento - imobilização de veículos por namento de veículos, ou à circulação de pedes-
tempo superior ao necessário para embarque ou tres, tais como calçada, parques, áreas de lazer,
desembarque de passageiros. calçadões.
z Estrada - via rural não pavimentada. z Lotação - carga útil máxima, incluindo condutor e
z Etilômetro - aparelho destinado à medição do passageiros, que o veículo transporta, expressa em
teor alcoólico no ar alveolar. (Incluído pela Lei nº quilogramas para os veículos de carga, ou número
12.760, de 2012) de pessoas, para os veículos de passageiros.
z Faixas de Domínio - superfície lindeira às vias z Lote Lindeiro - aquele situado ao longo das vias
rurais, delimitada por lei específica e sob respon- urbanas ou rurais e que com elas se limita.
sabilidade do órgão ou entidade de trânsito com- z Luz Alta - facho de luz do veículo destinado a ilu-
106 petente com circunscrição sobre a via. minar a via até uma grande distância do veículo.
z Luz Baixa - facho de luz do veículo destinada a z Passagem Subterrânea - obra de arte destinada
iluminar a via diante do veículo, sem ocasionar à transposição de vias, em desnível subterrâneo, e
ofuscamento ou incômodo injustificáveis aos con- ao uso de pedestres ou veículos.
dutores e outros usuários da via que venham em z Passarela - obra de arte destinada à transposição
sentido contrário. de vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres.
z Luz de Freio - luz do veículo destinada a indicar z Passeio - parte da calçada ou da pista de rolamen-
aos demais usuários da via, que se encontram to, neste último caso, separada por pintura ou ele-
atrás do veículo, que o condutor está aplicando o mento físico separador, livre de interferências,
freio de serviço. destinada à circulação exclusiva de pedestres e,
z Luz Indicadora de Direção (pisca-pisca) - luz do excepcionalmente, de ciclistas.
veículo destinada a indicar aos demais usuários da z Patrulhamento - função exercida pela Polícia
via que o condutor tem o propósito de mudar de Rodoviária Federal com o objetivo de garantir obe-
direção para a direita ou para a esquerda. diência às normas de trânsito, assegurando a livre
z Luz de Marcha à Ré - luz do veículo destinada a circulação e evitando acidentes.
iluminar atrás do veículo e advertir aos demais
z Perímetro Urbano - limite entre área urbana e
usuários da via que o veículo está efetuando ou a
área rural.
ponto de efetuar uma manobra de marcha à ré.
z Peso Bruto Total - peso máximo que o veículo
z Luz de Neblina - luz do veículo destinada a
transmite ao pavimento, constituído da soma da
aumentar a iluminação da via em caso de neblina,
tara mais a lotação.
chuva forte ou nuvens de pó.
z Luz de Posição (lanterna) - luz do veículo destina- z Peso Bruto Total Combinado - peso máximo
da a indicar a presença e a largura do veículo. transmitido ao pavimento pela combinação de
z Manobra - movimento executado pelo condutor um caminhão-trator mais seu semi-reboque ou do
para alterar a posição em que o veículo está no caminhão mais o seu reboque ou reboques.
momento em relação à via. z Pisca-Alerta - luz intermitente do veículo, utiliza-
z Marcas Viárias - conjunto de sinais constituídos de da em caráter de advertência, destinada a indicar
linhas, marcações, símbolos ou legendas, em tipos e aos demais usuários da via que o veículo está imo-
cores diversas, apostos ao pavimento da via. bilizado ou em situação de emergência.
z Microônibus - veículo automotor de transporte z Pista - parte da via normalmente utilizada para a
coletivo com capacidade para até vinte passageiros. circulação de veículos, identificada por elementos
z Motocicleta - veículo automotor de duas rodas, separadores ou por diferença de nível em relação
com ou sem side-car, dirigido por condutor em às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais.
posição montada. z Placas - elementos colocados na posição vertical,
z Motoneta - veículo automotor de duas rodas, diri- fixados ao lado ou suspensos sobre a pista, trans-
gido por condutor em posição sentada. mitindo mensagens de caráter permanente e,
z Motor-Casa (Motor-Home) - veículo automotor eventualmente, variáveis, mediante símbolo ou
cuja carroçaria seja fechada e destinada a alojamen- legendas pré-reconhecidas e legalmente instituí-
to, escritório, comércio ou finalidades análogas. das como sinais de trânsito.
z Noite - período do dia compreendido entre o pôr- z Policiamento Ostensivo De Trânsito - função
-do-sol e o nascer do sol. exercida pelas Polícias Militares com o objetivo de
z Ônibus - veículo automotor de transporte coletivo prevenir e reprimir atos relacionados com a segu-
com capacidade para mais de vinte passageiros, ain- rança pública e de garantir obediência às normas
da que, em virtude de adaptações com vista à maior relativas à segurança de trânsito, assegurando a
comodidade destes, transporte número menor. livre circulação e evitando acidentes.
z Operação de Carga e descarga - imobilização do veí- z Ponte - obra de construção civil destinada a ligar
culo, pelo tempo estritamente necessário ao carrega- margens opostas de uma superfície líquida qualquer.
mento ou descarregamento de animais ou carga, na z Reboque - veículo destinado a ser engatado atrás
forma disciplinada pelo órgão ou entidade executivo
de um veículo automotor.
de trânsito competente com circunscrição sobre a via.
z Regulamentação da Via - implantação de sinali-
z Operação de Trânsito - monitoramento técnico
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Legislação penal 6. (CESPE – 2005) O item a seguir é composto por uma
situação hipotética ocorrida durante uma blitz realiza-
especial. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
da pela PMDF, seguida de uma assertiva a ser julgada.
MACEDO, Leandro. Legislação de Trânsito para O condutor de um dos automóveis abordados na blitz
concursos 2 ed: Metodo, 2013. identificou-se como embaixador de um país europeu.
Nessa situação, o policial deve abster-se de autuar o
RIZZARDO, Arnaldo. Comentários ao Código de referido condutor porque o Código de Trânsito Brasilei-
Trânsito Brasileiro. 3ª Ed. rev. atualz. e ampl. São ro confere imunidade aos diplomatas que servem no
Paulo, SP. Editora Revista dos Tribunais. 2001. Brasil.
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Proces-
suais Penais Comentadas. 3ª Ed. rev. atualz. e ampl. ( ) CERTO ( ) ERRADO
São Paulo, SP. Editora Revista dos Tribunais. 2008.
7. (CESPE – 2020) Considerando a legislação de trânsito
REGIS PRADO, Luiz. Curso de direito penal brasi- brasileira, julgue o item a seguir.
leiro: parte geral - arts. 1º a 120. 7 ed. São Paulo: RT, A PRF deve promover e participar de projetos e pro-
2007. p. 651-652. gramas de educação e segurança, de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Trânsito (CONTRAN).
1. (CESPE – 2020) Quanto às definições adotadas pela 8. (CESPE – 2020) No que se refere à identificação veicu-
Lei n.º 9.503/1997, pelo Código de Trânsito Brasileiro lar, à autenticidade dos elementos identificadores do
(CTB), pelo Manual M-015 e referências correlatas, jul- veículo e à originalidade dos elementos de segurança
gue o item a seguir. dos documentos e seus respectivos registros nos sis-
A operação de carga e descarga feita por pessoas em temas de consultas, julgue o seguinte item.
via pública é considerada trânsito. Para fins de inserção no Registro Nacional de Veículos
Automotores (RENAVAM), o pré-cadastro, em sistema
( ) CERTO ( ) ERRADO informatizado, dos dados identificadores de um veícu-
lo produzido no Brasil é atribuição dos órgãos esta-
2. (CESPE – 2019) De acordo com a Lei n.º 9.503/1997, o duais de trânsito.
Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o Manual M-015,
que trata dos procedimentos de atendimento de aci- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dentes de trânsito no âmbito da PRF, julgue o item a
seguir.
9. (CESPE – 2020) A respeito do Sistema Nacional de
Trânsito consiste na utilização das vias públicas por
Trânsito, julgue o item seguinte.
pessoas, veículos e animais.
A Junta Administrativa de Recursos de Infrações
(JARI) é um colegiado vinculado ao órgão aplicador
( ) CERTO ( ) ERRADO
de penalidade e tem competência para julgar recursos
contra penalidades aplicadas por esse órgão.
3. (CESPE – 2009) Acerca do que dispõe a Lei n.º
9.503/1997, Código de Trânsito Brasileiro (CTB), jul-
gue o item. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Considere que um motorista conduza o seu veículo
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
por uma rodovia federal e sofra grave acidente: o seu 10. (CESPE – 2020) A respeito do Sistema Nacional de
carro capote por três vezes após passar por um bura- Trânsito, julgue o item seguinte.
co na pista causado pela má conservação e falta de O órgão executivo rodoviário é previsto em todas as
sinalização. Nessa situação, a responsabilidade das esferas (federal, estadual, distrital e municipal), e suas
entidades que compõem o Sistema Nacional de Trân- atribuições são comuns, diferenciando-se apenas a
sito (SNT) será objetiva. circunscrição onde são executadas.
4. (CESPE – 2009) Acerca do que dispõe a Lei n.º 11. (CESPE – 2020) A respeito do Sistema Nacional de
9.503/1997, Código de Trânsito Brasileiro (CTB), jul- Trânsito, julgue o item seguinte.
gue o item. O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) é o
Considere que Carlos pretenda viajar com seu veículo órgão normativo e deliberativo máximo do Sistema
até a cidade de Lima, capital do Peru. Nessa situação, Nacional de Trânsito e é composto por representantes
Carlos não necessitará providenciar licença especial de determinados ministérios e presidido pelo dirigente
para dirigir o seu veículo naquele país. do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN).
6 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO
7 Certo
15. (CESPE – 2019) Com relação ao Sistema Nacional de
Trânsito, julgue o seguinte item. 8 Errado
O CONTRAN é o órgão máximo executivo de trânsito
9 Certo
da União, cabendo a coordenação máxima do Sistema
Nacional de Trânsito ao Departamento Nacional de 10 Certo
Trânsito (DENATRAN).
11 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO 12 Certo
17 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO
18 Errado
17. (CESPE – 2014) Julgue o item, referente ao Sistema
Nacional de Trânsito, à educação e segurança de trân- 19 Certo
sito e à terminologia adotada pelo Código de Trânsito
20 Errado
Brasileiro (CTB).
O Sistema Nacional de Trânsito, executor da Política 21 Errado
Nacional de Trânsito, é composto por órgãos e enti-
dades da União, dos estados, do Distrito Federal e dos 22 Certo
municípios e coordenado pelo Ministério dos Trans-
portes, ao qual estão subordinados tanto o Conselho
Nacional de Trânsito (CONTRAN) quanto o Departa-
mento Nacional de Trânsito. ANOTAÇÕES
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Em termos simples, sempre que as entidades que Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
se enquadrem no conceito acima causarem dano I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
deverão repará-lo. No entanto, como trazido no final personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
do dispositivo, poderão apurar a responsabilidade de
para executar atividades típicas da Administração
seus agentes (analisando a culpa ou dolo na conduta)
Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamen-
os obrigando a ressarcir os prejuízos tidos pela pessoa
to, gestão administrativa e financeira descentralizada.
jurídica em nome da qual atuam.
As exceções a essa regra serão oportunamente
Aqui temos um pequeno detalhe que muitas vezes
abordadas em outro ponto no material.
A reponsabilidade civil objetiva é aquela em que é cobrado em prova. Enquanto as demais entidades
não se analisa a culpa ou dolo da conduta, sendo a estudadas hoje têm a criação autorizada por lei, a
reparação devida desde a constatação do dano. autarquia é criada pela própria lei. Veja o dispositi-
vo correlato abaixo, que já traz as duas informações.
Imunidade tributária recíproca
Art. 37 (...)
Há uma importante vedação na Constituição Fede- XIX – somente por lei específica poderá ser criada
ral ao poder de tributar. O objetivo é a manutenção autarquia e autorizada a instituição de empresa
e estabilidade do pacto federativo, impedindo que os pública, de sociedade de economia mista e de fun-
entes federados prejudiquem uns aos outros por meio dação, cabendo à lei complementar, neste último
da tributação. Vejamos a literalidade do dispositivo. caso, definir as áreas de sua atuação;
Fundações
Autonomia administrativa x autonomia política
Uma característica marcante das entidades da As fundações públicas são patrimônios personali-
administração indireta é a autonomia. Como vimos zados com a finalidade de exercer atividades de inte-
anteriormente, elas possuem personalidade jurídica, resse social, não tendo fins lucrativos.
sendo sujeitas de direito e obrigações. O significado do termo patrimônio personalizado
No entanto, não podemos confundir autonomia entenderemos pela sua própria origem: a doação de
administrativa com autonomia política. A autonomia um patrimônio por parte do instituidor. Tal definição
política é natural aos entes federados (União, Estado, consta do nosso Código Civil. 113
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta
fará, por escritura pública ou testamento, dotação Constituição, a exploração direta de atividade
especial de bens livres, especificando o fim a que econômica pelo Estado só será permitida quando
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de necessária aos imperativos da segurança nacional
administrá-la. ou a relevante interesse coletivo, conforme defini-
dos em lei.
Também conforme o Código Civil, o Ministério
Público terá a função de fiscalizar seu funcionamento. É importante saber que as empresas públicas e
sociedades de economia mista não poderão gozar de
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Públi- privilégios não extensivos ao setor privado (CF/88,
co do Estado onde situadas. 173, § 2º)
Vejamos a definição de empresa pública constante
A fundação pública poderá ser de direito privado do Decreto-Lei nº 200/67.
ou de direito público, conforme a forma pela qual for Decreto-Lei nº 200.
criada.
Art. 5º (...)
II - Empresa Pública - a entidade dotada de perso-
z Fundação pública de direito público: por lei
nalidade jurídica de direito privado, com patrimô-
específica – conhecidas também por fundações nio próprio e capital exclusivo da União, criado por
autárquicas, terão, além da atividade voltada a lei para a exploração de atividade econômica que o
interesse social, as características associadas no Governo seja levado a exercer por força de contin-
tópico anterior às autarquias. gência ou de conveniência administrativa, podendo
revestir-se de qualquer das formas admitidas em
z Fundação pública de direito privado: autorizada
direito.
por lei e criada pelo registro dos atos constitutivos no
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Nesse
Como dito anteriormente, cabe aqui também a
caso, sua personalidade será de direito privado. interpretação do conceito para os demais entes fede-
rados, em que pese a citação do dispositivo apenas da
Vejamos a definição do Decreto-Lei nº 200/67. Você União.
perceberá que ela se limita à hipótese da personalida- Dentre as características das empresas públicas,
de jurídica de direito privado. ressaltamos aqui as seguintes.
Art. 22. Os atos do processo administrativo não Por fim, temos o objeto do ato administrativo, que
dependem de forma determinada senão quando a será o próprio conteúdo do ato, seu efeito jurídico, a
lei expressamente a exigir. alteração que ele causa.
O vício no elemento objeto é insanável.
Dica O motivo e o objeto são os elementos que cons-
tituem o mérito administrativo, que é a margem de
No dispositivo podemos perceber o princípio da escolha e valoração por parte do agente competente.
informalidade, que não deve ser utilizada para
impedir ou retardar a prática dos atos pelos inte- ATRIBUTOS
ressados no processo administrativo.
Os atos administrativos possuem características
Motivo fundamentais para que possam atingir os fins a que
se propõem. Vejamos cada um dos atributos.
Agora vamos ao atributo motivo, que corresponde aos Os atos administrativos gozam de presunção de
fundamentos de fato e de direito que respaldam a execu- veracidade e de legitimidade. Em termos simples,
ção do ato administrativo. Vamos entender melhor isso. significa que as informações trazidas pelos atos admi-
Aqui temos duas definições passíveis de serem nistrativos deverão ser tidas como verdadeira (vera-
cobradas em prova. cidade) e conforme a lei (legitimidade) até que haja
prova em contrário.
z Motivo de direito: a previsão em lei de hipótese Ou seja, uma vez praticado o ato administrativo
que irá permitir a execução do ato. ocorre a inversão do ônus da prova, cabendo ao parti-
cular provar eventual impropriedade que ele contenha.
z Motivo de fato: a ocorrência da hipótese prevista
A presunção relativa, que estudamos neste
em lei no mundo real.
momento, é também conhecida como presunção juris
tantum. Em sentido oposto, a presunção absoluta, não
Para o melhor entendimento, é interessante um
aplicável neste tema, é também conhecida como pre-
exercício de imaginação. Imagine-se diante do espe-
sunção jure et de jure.
lho. A sua imagem é uma projeção abstrata, enquanto
Temos também a imperatividade, que é o poder
você é real. Assim são os motivos de fato e de direito.
da Administração Pública de impor ao particular seus
Eles são como o corpo e a imagem. Para que o ato pos-
atos administrativos. É decorrente do poder extrover-
sa ser praticado, você deve ter tanto a ocorrência na
so do Estado, que permitirá a imposição de deveres e
realidade como a sua previsão abstrata em lei.
obrigações ao particular.
Temos agora uma informação com a qual você
Importante ressaltar que esse é um atributo que nem
deve ter muito cuidado: não confunda motivo com sempre estará presente nos atos administrativos, pois se
motivação. O motivo fora devidamente abordado aci- mostrará apenas quando impuser condições ao particular.
ma. A motivação é a exposição dos motivos que o res- A autoexecutoriedade é a característica dos atos
paldam quando for praticado o ato. administrativos que confere à Administração Pública
Vejamos agora o que traz a Lei nº 9.784/99 sobre a a capacidade de executar diretamente seus atos inde-
motivação de atos administrativos. pendentemente de recorrer a qualquer outro Poder.
De forma similar à imperatividade, nem sempre
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser moti- estará presente nos atos administrativos.
vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
A autoexecutoriedade poderá se fazer presente em
jurídicos, quando:
duas hipóteses:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
sanções; z Casos expressamente previstos em lei;
III - decidam processos administrativos de concur- z Urgência da situação apresentada / grande possibi-
so ou seleção pública; lidade de dano.
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de
processo licitatório; Finalmente temos o atributo da tipicidade. Ele
V - decidam recursos administrativos; impõe que os atos administrativos praticados devem
VI - decorram de reexame de ofício; ser previamente definidos em lei, não cabendo ao
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada agente competente para a prática criar atos que não
sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, sejam previamente constantes da lei.
propostas e relatórios oficiais; Nesse contexto, o avaliador poderá usar o termo
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou ato inominado para se referir a atos administrativos
116 convalidação de ato administrativo. sem prévia previsão em lei.
CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES z Atos de império: possuem em si o poder extrover-
so de Estado, impondo ao particular a vontade da
São várias as classificações dos atos administrati- Administração Pública.
vos. Destacaremos aqui algumas que estão entre as z Atos de gestão: praticados com intuito de gerir o
mais cobradas em concursos públicos. patrimônio público.
z Atos de expediente: são atos de mera rotina interna
Quantos aos destinatários das repartições, sem conteúdo decisório relevante.
Os atos podem ser gerais ou individuais. Também quanto ao objeto, teremos outra classifi-
cação. Poderão ser constitutivos, extintivos, modifica-
z Atos gerais: os destinatários são indeterminados. tivos ou declaratórios.
z Atos individuais: seus destinatários são determinados.
z Atos constitutivos: criam uma nova situação jurí-
dica para os seus destinatários.
A classificação não leva em conta o número de des-
tinatários, mas se eles são determinados ou não. z Atos extintivos: extinguem um direito ou relação
jurídica.
Quanto ao grau de liberdade z Atos modificativos: modificam situações pré-exis-
tentes sem extinguir direitos ou obrigações.
Os atos podem ser discricionários ou vinculados. z Atos declaratórios: declaram a existência ou situa-
ção jurídica.
z Atos discricionários: possuem margem de valora-
ção e escolha para o agente público que o pratica, ESPÉCIES
conhecida como mérito administrativo.
z Atos vinculados: há pouca ou nenhuma margem Vejamos agora algumas espécies importantes de
atos administrativos.
de escolha na prática dos atos administrativos.
z Atos normativos: trazem comandos gerais e abs-
Lembrando os elementos dos atos administrati-
tratos baseados em leis ou mesmo em outras nor-
vos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto),
mas que nelas tenham se baseado.
destacamos que a diferença nessa classificação que
acabamos de colocar recai apenas sobre dois deles: z Atos ordinatórios: têm como destinatários os servi-
motivo e objeto. Ou seja, todos os demais termos são dores públicos, tendo como finalidade o bom anda-
vinculados, enquanto estes dois que citamos são dis- mento do serviço.
cricionários, se assim for o ato. z Atos negociais: são atos em que o particular bus-
ca a anuência (concordância) da Administração
Quanto aos efeitos produtivos Pública para a prática de determinada atividade.
z Atos punitivos: impõe penalidade aos administra-
Os atos podem ser internos e externos. dos ou aos servidores.
z Atos complexos: manifestação de mais de uma políticos, os agentes militares, os servidores públi-
vontade para que haja a produção de efeitos. Só se cos estatutários, os empregados públicos, os agentes
aperfeiçoa com a manifestação de todos os agentes honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar
competentes. cada um deles com maiores detalhes.
z Atos compostos: manifestação de uma única von-
tade. No entanto, há necessidade de manifestação Agentes políticos
posterior para que haja produção de efeitos. Tal
manifestação de vontade é definida pela doutrina Os agentes políticos possuem como característica
como instrumental. principal o fato de exercerem uma função pública de
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito median-
Quanto ao objeto te eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm
o condão de extinguir a relação destes com o Estado
Os atos poderão ser de império, de gestão ou de de modo automático pelo simples decurso do tempo.
expediente. Percebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o 117
Estado não é profissional, mas estatutária ou institu- Empregado Público
cional. São agentes políticos os parlamentares, o Pre-
sidente da República, os prefeitos, os governadores, De modo diferente da contratação dos servidores, os
bem como seus respectivos vices, ministros de Estado empregados públicos são contratados mediante regime
e secretários. celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de
Agentes Militares uma vinculação contratual. A contratação de emprega-
dos públicos se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de
Os agentes militares constituem uma categoria a
direito privado integrantes da Administração Indireta
parte dos demais agentes políticos, uma vez que as
instituições militares possuem fortes bases funda- (empresas públicas, sociedades de economia mista, con-
mentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de sórcios etc.). Além disso, o ingresso de tais pessoas tam-
também apresentarem vinculação estatutária, seu bém depende da sua aprovação em concurso público.
regime jurídico é disciplinado por legislação especial, O regime dos empregados públicos é menos prote-
e não aquela aplicável aos servidores civis. São agen- tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de
tes militares os membros das Polícias Militares e dos que os empregados públicos não gozam da estabilida-
Corpos de Bombeiros militares dos Estados, Distrito
de que os servidores possuem. Ao serem empossados,
Federal e Territórios, bem como os demais militares
ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica. Algumas os empregados passam por um período de experiên-
características que merecem destaque são: a proibi- cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os
ção de sindicalização dos militares, a proibição do empregados públicos podem ser dispensados.
direito de greve, e a proibição à filiação partidária. A diferença dos empregados públicos para com
os demais consiste no fato de que a sua demissão
Servidores Públicos será sempre motivada, após regular processo admi-
nistrativo, mediante contraditório e a ampla defesa.
De modo geral, podemos dizer que a Constituição Importante lembrar que, para a Administração Públi-
Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para
ca, a motivação de seus atos, bem como o tratamento
os agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos
públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos. impessoal e a finalidade pública, são princípios nor-
Os servidores públicos são contratados pelo regi- teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada de
me estatutário, enquanto os empregados públicos são um empregado público seria absolutamente inadmis-
contratados pelo regime celetista, que muito se asse- sível nessas condições.
melha às regras contidas na CLT.
Atente-se a esse conceito: Servidor público é o LEI Nº 8.112, DE 1990 E LEGISLAÇÃO PERTINENTE
agente contratado pela Administração Pública, direta
ou indireta, sob o regime estatutário, sendo selecio-
O regime dos servidores públicos possui ampla pre-
nado mediante concurso público, para ocupar cargos
visão normativa. Além do renomado artigo 37 da Cons-
públicos, possuindo vinculação com o Estado de natu-
reza estatutária e não-contratual. tituição Federal, no âmbito infraconstitucional temos a
O regime dos cargos públicos é disciplinado pela Lei n° 8.112 de 1990 (Estatuto dos Servidores Públicos
Lei Federal n° 8.112/1990, também conhecida como Federais), isso é, a legislação que institui o regime jurí-
Estatuto do Servidor Público. dico dos servidores públicos da União, autarquias, fun-
Frente a isso, um ponto relevante a ser ressaltado dações, agências reguladoras e associações, todas em
desse regime é o alcance da estabilidade mediante o âmbito federal. Bastante exigida em concursos públi-
fim do período de estágio probatório. Tal alcance per-
cos, convém salientar as principais características a
mite que o servidor não seja desligado de suas funções,
respeito do regime dos servidores públicos:
salvo pelas hipóteses previstas em lei, como a sentença
judicial transitada em julgado, processo administrativo
disciplinar, ou a não aprovação em avaliação periódica DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS
de desempenho (art. 41, § 1°, da CF/1988).
Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que Conceito, Espécies, Cargo, Emprego e Função Pública
são vitalícios, que se apresentam de forma mais van-
tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um Para todos os efeitos legais, o servidor público está
tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car- intrinsicamente ligado à noção de cargo público. Con-
gos não-vitalícios), bem como o desligamento ocorrer forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo
apenas mediante sentença condenatória transitada
público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
em julgado. São vitalícios os cargos de: Magistratura,
do Tribunal de Contas, e os cargos dos membros do previstas na estrutura organizacional que devem ser
Ministério Público. cometidas a um servidor. Os cargos públicos, acessíveis
Além da estabilidade, é também assegurado aos a todos os brasileiros, são criados por lei, com denomi-
servidores estatutários alguns direitos trabalhistas, nação própria e vencimento pago pelos cofres públicos,
vejamos aqui os mais importantes: para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
A criação, transformação, e extinção de cargos,
Art. 39. (...)
empregos ou funções públicas depende sempre de uma
§ 3°, da CF/1988: a) salário mínimo, b) remune-
ração de trabalho noturno superior ao diurno, c) lei instituidora (art. 48, X, CF/1988). Porém, havendo
repouso semanal remunerado, d) férias remunera- um cargo ou função vago, a sua extinção pode se dar
118 das, e) licença à gestante etc. mediante expedição de decreto pelo Poder Executivo.
Para ocupar um cargo público, é necessário haver z Reversão: outra forma de provimento derivado,
o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato em que temos o retorno à atividade de um servi-
administrativo constitutivo e hábil para a investidu- dor aposentado por invalidez, ou por puro e sim-
ra do servidor no respectivo cargo. Com relação aos ples interesse da Administração, desde que
requisitos para a investidura em cargo público, dis-
põe o art. 5° da Lei n° 8.112/1990: a) tenha solicitado a reversão;
São requisitos básicos para investidura em cargo b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
público: c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
I - a nacionalidade brasileira; anteriores à solicitação;
II - o gozo dos direitos políticos; e) haja cargo vago (art. 25 do Estatuto dos Servido-
III - a quitação com as obrigações militares e res Públicos).
eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício A reversão far-se-á para o mesmo cargo ou para o
do cargo; cargo resultante de sua transformação. Em termos de
V - a idade mínima de dezoito anos; remuneração, o servidor que retornar à atividade por
VI - aptidão física e mental. interesse da Administração perceberá a remuneração
do cargo que voltar a exercer, em substituição da apo-
Há diversas formas de provimento dos cargos sentadoria que recebia (art. 25, § 4°, idem).
públicos, podendo ser classificados em dois grupos:
z Aproveitamento: mais uma forma de provimen-
z Quanto à durabilidade: O provimento pode ser de to derivado consistente no retorno de servidor em
caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade e até disponibilidade, sendo seu regresso obrigatório para
mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou em comis- cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com
são, quando o referido cargo não goza de estabilida- os do anteriormente ocupados (art. 30 da Lei n°
de, podendo o servidor ser destituído ad nutum, isso 8.112/1990). Será tornado sem efeito o aproveita-
é, de forma unilateral, sem a anuência do servidor. mento e cassada a disponibilidade se o servidor não
entrar em exercício no prazo legal, salvo comprova-
z Quanto à preexistência de vínculo: temos o provi-
da doença por junta médica oficial (art. 32, idem).
mento originário, que não depende de vinculação
jurídica anterior com o Estado (nomeação); ou deri- z Reintegração: é a forma de provimento derivado
vado, se o referido servidor já possuía algum víncu- que ocorre pela reinvestidura do servidor estável no
lo com o Estado (promoção, remoção, readaptação). cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultan-
te de sua transformação, na hipótese de sua demissão
O art. 8° da Lei n° 8.112/1990 dispõe sobre as for- ser invalidada por decisão judicial ou administrati-
mas de provimento em cargos públicos: va, tendo direito também ao ressarcimento de todas
as vantagens (art. 28, caput, Lei n° 8.112/1990).
z Nomeação: trata-se da única forma de provimen-
to originário, uma vez que não exige uma relação Supondo que, em uma situação anterior, o servi-
jurídica prévia do servidor para com o Estado. A dor Carlos foi demitido por um motivo injusto. Esse
nomeação depende sempre de prévia habilitação motivo injusto pode advir de qualquer evento, como
em concurso público de provas, ou de provas e títu- ter sido erroneamente acusado de ter praticado
los. Além disso, a nomeação poderá ser promovi- uma transgressão (falaremos das transgressões em
da não somente em caráter efetivo, como também momento posterior). Carlos, então, resolveu ingressar
para os cargos de confiança ou em comissão (inci- em juízo e conseguiu comprovar que a sua demissão
sos I e II, do art. 9° e 10, da Lei n° 8.112/1990) foi injusta. Assim, a decisão judicial (pode ser a admi-
nistrativa também) determinou a invalidação de sua
z Promoção: é uma forma de provimento derivado, demissão. Com isso, ele pode ser reintegrado e voltar
haja vista que ela beneficia somente os servidores a trabalhar para a sua repartição pública.
que já ingressaram em cargos públicos em caráter Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu-
efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e o pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito
desenvolvimento do servidor na carreira, mediante à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain-
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as da, posto em disponibilidade (art. 28, § 2°, idem).
diretrizes do sistema de carreira na Administração Como estamos buscando salientar, a Administra-
Pública Federal e seus regulamentos (art. 10, pará- ção não pode ficar criando cargos públicos a esmo, ele
DIREITO ADMINISTRATIVO
grafo único, da Lei n° 8.112/1990). tem um número certo de cargos e de servidores públi-
z Readaptação: é, também, uma forma de provimen- cos ocupantes desses cargos. Logo, o cargo pertence
to derivado, pois trata-se de hipótese de atribuição originalmente a Carlos. Assim, se por exemplo, duran-
ao servidor para um cargo com funções e respon- te o período que esteve fora o servidor, Márcio estava
sabilidades distintas e compatíveis com a limita- ocupando seu cargo, ele deverá ser ou reconduzido
ção que tenha sofrido em sua capacidade física ou para o seu cargo de origem, ou se isso não for possível
mental, verificada em inspeção médica. Assim, por (porque esse cargo foi extinto durante esse período),
exemplo, um motorista de ônibus que sofre aciden- ele pode ser aproveitado em outro cargo similar.
te e acaba perdendo algum membro essencial para Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos-
dirigir poderá ser readaptado para executar uma to em disponibilidade
função similar, mas não idêntica à anterior. Na
hipótese do servidor readaptando se mostrar com- z Recondução: por fim, a recondução é a forma de
pletamente inválido para exercer qualquer cargo, provimento derivado consistente no retorno do
ele será compulsoriamente aposentado. servidor público estável ao cargo anteriormente 119
ocupado, e decorrerá de inabilitação em estágio Acumulação de cargo, emprego, e função pública
probatório relativo a outro cargo, ou ainda pela
reintegração do anterior ocupante (art. 29, I e II, da Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções
Lei n° 8.112/1990). Uma situação excepcional é a públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídi-
da extinção do cargo durante o período de estágio co brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de car-
probatório. Nessas condições, segundo a Súmula gos e empregos públicos. Tal proibição se estende,
n° 22 do STF, inexiste direito à recondução, e o ser- inclusive, para as entidades da Administração Indi-
reta. O caput do art. 118 da Lei n° 8.112/1990 dispõe
vidor será exonerado.
no mesmo sentido: Ressalvados os casos previstos na
Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
É o caso do servidor Márcio, já mencionado durante a cargos públicos. Apesar do referido texto legal dispor
reintegração do servidor Carlos. A recondução tem priori- sobre agentes públicos no âmbito federal, entendemos
dade em relação a pôr o servidor em disponibilidade. Pôr que também possa ser aplicado aos agentes públicos
o servidor em disponibilidade é considerada uma última dos Estados, Municípios, e Distrito Federal.
medida, pois o correto é a Administração fazer com que Pela leitura do dispositivo, vemos que a própria
todos os servidores que contratou trabalhem para ela, Constituição Federal dispõe de um rol de casos excep-
ela deve evitar de ter um quadro cheio de servidores que cionais em que é permitida a acumulação dessas fun-
recebem remuneração e outros benefícios, mas que ficam ções. Há entendimento praticamente unânime de que
“parados” porque não possuem um cargo para ocupar. se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas apenas
Mas a Lei n° 8.112/1990 também faz menção das aquelas hipóteses de acumulação de cargos.
hipóteses de vacância, isso é, são casos em que temos Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons-
a extinção do cargo público: titucionalmente autorizadas são:
Art. 33. São formas de vacância dos cargos z Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a);
públicos: z Um cargo de professor com outro técnico ou cien-
I – exoneração; tífico (art. 37, XVI, b);
II - demissão;
III - promoção; z Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
IV (REVOGADO); nais na área da saúde (art. 37, XVI, c);
V (REVOGADO); z Um cargo de vereador com outro cargo, emprego
VI - readaptação; ou função pública (art. 38, III);
VII - aposentadoria; z Um cargo de magistrado e outro de magistério (art.
VIII - posse em outro cargo inacumulável; 95, par. único, I);
IX - falecimento.
z Um cargo de membro do Ministério Público e outro
de magistério (art. 128, § 5°, II, d).
Observe que algumas das hipóteses de vacância são
as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre
Das prerrogativas, dos Direitos, vantagens e
porque, como mencionamos, o provimento derivado autorizações dos servidores públicos
dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica
anterior entre o servidor e a Administração Pública. Prerrogativa é qualquer situação de vantagem
Nessas hipóteses (readaptação, promoção), o Poder obtida pela natureza de um cargo ou de uma função.
Público necessita extinguir um cargo público (uma No caso dos agentes públicos, existem algumas prer-
relação jurídica anterior) para criar um cargo novo. rogativas que são comuns para todo e qualquer car-
Dessas hipóteses, a que merece maiores esclareci- go público, e existem algumas prerrogativas que são
mentos é a exoneração. Nas linhas do artigo 35, a exo- mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos.
neração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, Geralmente essas prerrogativas mais exclusivas são
ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração será rea- aplicáveis para os cargos militares e para os cargos de
lizada quando não satisfeitas as condições do estágio natureza política.
probatório; ou ainda quando, tendo tomado posse, o No momento, é importante focar nas prerrogativas
servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. que se aplicam para todos os servidores públicos, que
A substituição encontra-se disposta no artigo 38 ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande
do Estatuto. Segundo o caput desse dispositivo, os ser- prerrogativa diz respeito à estabilidade.
vidores investidos em cargo ou função de direção ou A estabilidade é a condição que o servidor público
chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial atinge após completar alguns requisitos. O seu princi-
terão substitutos indicados no regimento interno ou, no pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor
caso de omissão, previamente designados pelo dirigen- público não pode ser demitido por razões de conve-
te máximo do órgão ou entidade. niência ou oportunidade pela Administração. Ela não
A substituição é, assim, uma troca de um servidor pode demitir o servidor estável “porque não quer
por outro, aplicável somente para os cargos de comis- mais” trabalhar com ele.
são ou função de direção e chefia, bem como cargos de Segundo o artigo 21 do Estatuto dos Servidores
Natureza Especial. O servidor substituto indicado assu- Públicos Civis da União, uma vez que o servidor seja
habilitado em concurso público e empossado em cargo
me, automaticamente, o exercício do cargo, nos casos de
de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço
afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares
público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.
do titular, bem como na hipótese de vacância do cargo.
Um direito muito importante do servidor substitu- Interessante observar que a Constituição Federal
to é que ele pode optar, entre o cargo que ocupava de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida-
antes e o cargo que passa a ocupar pela substituição, de em seu artigo 41. Todavia, os requisitos são distin-
pela remuneração mais vantajosa (art. 38, § 2°). Seria tos: para o Texto Constitucional, o servidor público só
injusto o substituto ganhar menos do que recebia adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de
120 antes da substituição. efetivo exercício.
Isso não significa que, uma vez o servidor estando A Lei n° 8.112/1990, em seus artigos 40 e 41, elen-
estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não ca diversos direitos e gratificações aos servidores
sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá públicos, os quais são de grande importância conhe-
“carta branca” para agir como bem entender. Por isso cer. Vejamos os principais direitos:
o conteúdo do artigo 22 da Lei n° 8.112/1990: O servidor
estável só perderá o cargo em virtude de sentença judi- z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
cial transitada em julgado ou de processo administrati- assim como o salário está para o empregado. Con-
vo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. siste na retribuição pecuniária pelo exercício do
O Texto Constitucional vai um pouco além: ele pre- cargo público, cujo valor é previamente fixado
vê ao todo, quatro modalidades de demissão de servi- em lei. Os vencimentos de cargos efetivos são, em
dor estável. São elas: regra, irredutíveis.
z Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen-
z Por sentença judicial transitada em julgado: é to do cargo, somado a todas as outras vantagens
a forma mais demorada para se demitir um servi- pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor
dor, considerando todo o aspecto burocrático exis- pago ao servidor público, independentemente de
tente no processo judicial. O trânsito em julgado da sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigen-
sentença somente ocorre quando esgotados todos te (art. 39, § 3°, da CF/1988).
os recursos cabíveis.
O artigo 39 da Constituição Federal apresenta
z Mediante processo administrativo em que lhe algumas regras gerais sobre o regime dos servi-
seja assegurada ampla defesa. As regras referentes dores públicos. Dentre as regras constitucionais,
ao Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) o §1° do referido dispositivo prevê que a fixação
serão vistas mais adiante. dos padrões de vencimento e dos demais com-
z Mediante procedimento de avaliação periódica ponentes do sistema remuneratório observará
três aspectos: a natureza, o grau de responsabili-
de desempenho, na forma de lei complementar,
dade e a complexidade dos cargos componentes de
assegurada ampla defesa: quem não for aprovado cada carreira; os requisitos para a investidura; e
na avaliação periódica de desempenho, pode ser também as peculiaridades dos cargos.
exonerado de seu cargo público, independentemen-
te de ter completado o período de efetivo exercício. z Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe-
z Por excesso de gasto com pessoal: as hipóteses cial de remuneração, feita em uma única parcela.
1 a 3 estão previstas nos incisos do artigo 41. Toda- O regime de subsídios, previsto no art. 39, § 4°, da
via, essa última hipótese encontra-se disposta no CF/1988, foi introduzido com a finalidade de coibir
artigo 169, § 3°, II da CF/1988. Sob o aspecto orça- os “supersalários” comumente existentes no regi-
mentário e financeiro, não pode a Administração me de servidores públicos brasileiros. Importante
Pública realizar gastos superiores àqueles previs- ressaltar que recebem por subsídios somente os
tos em seu orçamento anual. Com isso, havendo a Chefes do Poder Executivo, parlamentares, magis-
necessidade, é possível, sim, que um servidor está- trados, ministros de Estado, secretários estaduais,
vel seja exonerado de seu cargo, apenas por moti- membros do Ministério Público e da Advocacia
vos de “balancear” as contas públicas. Pública, entre outros.
z Indenizações: as indenizações são valores pagos
Outra prerrogativa que merece maior destaque é aos servidores, mas que não integram seus ven-
a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com cimentos. O Estatuto prevê algumas hipóteses de
a estabilidade, mas não pode ser confundida com a recebimento de indenizações:
mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer
servidor: ela é somente concedida para alguns cargos Ajuda de custo por mudança, devida como
públicos especiais. forma de compensar as despesas de instalação
São considerados cargos vitalícios, segundo a pró- de servidor que tiver exercício em nova sede,
pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura ocorrendo mudança de seu domicílio;
(art. 95, I), os membros do Ministério Público (art. 128, Ajuda de custo por falecimento: devido à
família do servidor que vier a falecer na nova
§ 5°, a), e os cargos ocupados pelos membros do Tribu-
sede, sendo devido para custear o transporte
nal de Contas da União ou TCU (art. 73, § 3°).
para a localidade de origem;
A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do que
Diárias por deslocamento: devida ao servidor
DIREITO ADMINISTRATIVO
Fiscalização,
Em seguida, o artigo 2º traz a estruturação da car- patrulhamento e
reira em classes. No entanto, uma importante altera- Terceira policiamento ostensivo /
ção legislativa em 2012 mudou as classes da carreira, atendimento e socorro às
que passou a ser de nível superior. Vejamos inicial- vítimas de acidentes.
mente o artigo 2º-A, que trouxe tais alterações, para
na sequência vermos uma tabela de equivalência que Conforme combinamos, vejamos a tabela de corre-
a própria lei traz. Perceba que os destaques feitos têm lação, citada no caput do artigo 2º-A:
o intuito de fazer você perceber a diferença entre
as classes, para que fixe o conhecimento da melhor z Anexo II-A (incluído pela Lei nº12.775, de 2012)
maneira possível.
Tabela de correlação da carreira de Policial Rodo-
Art. 2º-A. A partir de 1o de janeiro de 2013, a Car- viário Federal
reira de que trata esta Lei, composta do cargo de
Policial Rodoviário Federal, de nível superior, pas-
SITUAÇÃO ANTERIOR
sa a ser estruturada nas seguintes classes: Terceira,
Segunda, Primeira e Especial, na forma do Anexo Cargo Classe Padrão
I-A, observada a correlação disposta no Anexo II-A.
§ 1º As atribuições gerais das classes do cargo de III
Policial Rodoviário Federal são as seguintes:
Inspetor II
I - Classe Especial: atividades de natureza policial
e administrativa, envolvendo direção, planejamen- I
to, coordenação, supervisão, controle e avaliação
administrativa e operacional, coordenação e dire- VI
ção das atividades de corregedoria, inteligência e
ensino, bem como a articulação e o intercâmbio V
com outras organizações e corporações policiais, IV
em âmbito nacional e internacional, além das atri- Agente
buições da Primeira Classe; Especial III
II - Primeira Classe: atividades de natureza policial,
II
DIREITO ADMINISTRATIVO
I Policial
Concurso público para ingresso na carreira
Rodoviário
VI – características:
Federal
V z Duas fases eliminatórias e classificatórias;
z Primeira fase: exame psicotécnico e de provas e
IV
Segunda títulos;
III z Segunda fase: curso de formação;
z Diploma de curso superior em nível de graduação
II
e demais requisitos do edital.
I
Inicialmente temos o comando para ingresso
III mediante concurso, em consonância com a Consti-
II Terceira tuição Federal. Chamo a atenção para a imposição da
realização em duas fases, sendo ambas eliminatórias
I e classificatórias.
Tempo de exercício na classe Agente e respectivo O artigo 8º indica a prioridade da ocupação dos
enquadramento: cargos em comissão e função de confiança para aque-
les que tenham comportamento exemplar e estejam
z Menos de 1 ano de exercício: Padrão I; nas classes finais. No entanto, mais uma vez vale a res-
z 1 ano a 2 anos: Padrão II; e salva de que se trata de mera preferência, não impo-
128 z 2 anos ou mais: Padrão III. sição legal.
Art. 8º Os cargos em comissão e as funções de Lei nº 11.095/05:
confiança do Departamento de Polícia Rodoviária Art. 10. Fica estruturado o Plano Especial de Car-
Federal serão preenchidos, PREFERENCIALMEN- gos do Departamento de Polícia Rodoviária Fede-
TE, por servidores integrantes da carreira que ral, composto pelos cargos de provimento efetivo,
tenham comportamento exemplar e que estejam regidos pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
posicionados nas classes finais, ressalvados os 1990, que não estejam organizados em carreiras,
casos de interesse da administração, conforme nor- pertencentes ao Quadro de Pessoal do Departamen-
mas a serem estabelecidas pelo Ministro de Estado to de Polícia Rodoviária Federal em 30 de junho
da Justiça. de 2004, ou que venham a ser redistribuídos para
este Departamento, desde que as respectivas redis-
Finalmente, o artigo 9º impõe a jornada semanal tribuições tenham sido requeridas até 30 de abril
de 2004, mediante enquadramento dos servidores,
de 40 horas para os integrantes da carreira.
de acordo com as respectivas atribuições, requisi-
tos de formação profissional e posição relativa na
Art. 9º É de quarenta horas semanais a jornada de
tabela, conforme o constante do Anexo III desta Lei.
trabalho dos integrantes da carreira de que trata
esta Lei.
Dica
LEI Nº 12.855, DE 2013 Lembra do conceito de redistribuição da Lei nº
8.112/90? Vou trazer o dispositivo aqui para
Vejamos agora a Lei nº 12.855/2013. Ela trata de você relembrar.
servidores civis que atuem em regiões de fronteira, Lei nº 8.112/90:
mas, como veremos no caput do seu artigo 1º, não se Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de car-
refere especificamente a Polícia Rodoviária Federal.
go de provimento efetivo, ocupado ou vago no
âmbito do quadro geral de pessoal, para outro
Art. 1º É instituída indenização a ser concedida ao
órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia
servidor público federal regido pela Lei nº 8.112, de
11 de dezembro de 1990, em exercício de atividade apreciação do órgão central do SIPEC, observa-
nas delegacias e postos do Departamento de Polícia dos os seguintes preceitos:
Federal e do Departamento de Polícia Rodoviá- (...)
ria Federal e em unidades da Secretaria da Recei-
ta Federal do Brasil, do Ministério da Agricultura, Em seguida, a lei traz, ainda no artigo 1º, os crité-
Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Traba- rios para definição das regiões que ensejarão o paga-
lho e Emprego situadas em localidades estratégicas, mento da indenização.
vinculadas à prevenção, controle, fiscalização e
repressão dos delitos transfronteiriços. Art. 1º (...)
§ 1º A indenização de que trata o caput será § 2º As localidades estratégicas de que trata o caput
concedida ao servidor ocupante de cargo efetivo serão definidas em ato do Poder Executivo, por
das seguintes Carreiras ou Planos Especiais de Município, considerados os seguintes critérios:
Cargos: I - Municípios localizados em região de fronteira;
I - Carreira Policial Federal, de que trata a Lei nº IV - dificuldade de fixação de efetivo.
9.266, de 15 de março de 1996;
II - Carreira de Policial Rodoviário Federal, de O artigo 2º nos traz o valor e informações impor-
que trata a Lei nº 9.654, de 2 de junho de 1998; tantes sobre o pagamento. Note que haverá o ajuste
III - Carreira Auditoria da Receita Federal (ARF), de da indenização para mais ou para menos, conforme a
que trata a Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002; jornada cumprida pelo servidor.
IV - Plano Especial de Cargos do Departamento de
Polícia Federal, de que trata a Lei nº 10.682, de 28 Art. 2º A indenização de que trata o art. 1º será
de maio de 2003; devida por dia de efetivo trabalho nas delegacias
V - Plano Especial de Cargos do Departamento e postos do Departamento de Polícia Federal e do
de Polícia Rodoviária Federal, de que trata a Lei Departamento de Polícia Rodoviária Federal e em
nº 11.095, de 13 de janeiro de 2005; unidades da Secretaria da Receita Federal do Bra-
VI - Plano Especial de Cargos do Ministério da sil, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
DIREITO ADMINISTRATIVO
Fazenda, de que trata a Lei nº 11.907, de 2 de feve- tecimento e do Ministério do Trabalho e Emprego
reiro de 2009; situadas em localidades estratégicas, no valor de
VII - Carreira de Fiscal Federal Agropecuário, de R$ 91,00 (noventa e um reais).
que trata a Lei nº 10.883, de 16 de junho de 2004; e § 1º O pagamento da indenização de que trata o art.
VIII - Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho, de que 1º somente é devido enquanto durar o exercício ou
trata a Lei nº 10.593, de 2002. a atividade do servidor na localidade.
§ 2º O pagamento da indenização de que trata o
art. 1º não será devido nos dias em que não houver
Observe que não se trata de indenização exclusiva
prestação de trabalho pelo servidor, inclusive nas
à carreira de Policial Rodoviário Federal. hipóteses previstas no art. 97 e nos incisos II a XI
Em relação a hipótese constante do inciso V, temos do art. 102 da Lei nº 8.112, de 1990.
uma peculiaridade. São cargos que não fazem parte § 3º O valor constante do caput equivale à jorna-
da carreira ou que venham a ser redistribuídos. Trago da de trabalho de 8 (oito) horas diárias e deve-
um dispositivo da citada lei para que você saiba exa- rá ser ajustado, proporcionalmente, no caso de
tamente do que estamos tratando: carga horária maior ou menor prestada no dia. 129
§ 4º No caso de servidores submetidos a regime de z Anexo: Valor da Indenização
escala ou de plantão, o valor constante do caput
será proporcionalmente ajustado à respectiva
jornada de trabalho. PERÍODO TRABALHADO
DURANTE O REPOUSO VALOR DEVIDO
REMUNERADO
O artigo 3º impõe que não haja cumulatividade da
presente indenização com qualquer outra que seja Seis horas R$ 420,00
paga ao servidor, prevalecendo a de maior valor.
Doze horas R$ 900,00
Art. 3º A indenização de que trata o art. 1º não
poderá ser paga cumulativamente com diárias, O artigo 2º traz basicamente duas informações:
indenização de campo ou qualquer outra parcela condições e critérios para pagamento; e necessida-
indenizatória decorrente do trabalho na localidade. de qualitativa e quantitativa de servidores a serem
Parágrafo único. Na hipótese de ocorrência da enquadrados na possibilidade trazida pela norma.
cumulatividade de que trata o caput, será paga ao
Vejamos.
servidor a verba indenizatória de maior valor.
O artigo 6º traz a avaliação, que como vimos é Art. 8º São assegurados ao servidor da carreira de
requisito tanto para a progressão, quanto para a Policial Rodoviário Federal:
promoção (art. 4º). O dispositivo se refere a compe- I - a participação no processo de avaliação de
desempenho, mediante o prévio conhecimento
tência do Ministro de Estado da Justiça para definir
dos critérios e instrumentos utilizados; e
procedimentos específicos para fins de progressão e
II - o acompanhamento do processo, cabendo ao
promoção. No entanto, traz fatores mínimos a serem órgão de lotação a ampla divulgação e a orientação
considerados. Vejamos a primeira parte do dispositivo: da política de avaliação dos servidores.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar Outra relativização do princípio da isonomia bas-
sobre(...) tante cobrada em provas é a preferência para empre-
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, sas de pequeno porte (EPP) e microempresas (ME).
em todas as modalidades, para as administrações Foi criada uma condição favorável para que seja con-
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da siderada a ocorrência de empate. No caso do pregão, essa
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obe- diferença será de 5 %. Nas demais modalidades, 10 %.
decido o disposto no art. 37, XXI, e para as empre- Ocorrendo a situação prevista, será oportunizado
sas públicas e sociedades de economia mista, nos à EPP ou ME ofertar preço menor que o do vencedor
termos do art. 173, § 1°, III.
original. Caso se recuse a fazê-lo, a chance será conce-
dida a outras EPP/ME que tenham obedecido à condi-
PRINCÍPIOS
ção de empate definida em lei.
Além dos princípios aplicáveis à Administração
Impessoalidade e julgamento objetivo
Pública como um todo (estudados em outra oportu-
nidade), temos princípios específicos para o procedi-
Tal princípio tem ligação íntima com o princípio da
mento licitatório. Eles constam do artigo 3º da Lei nº
isonomia. Segundo o princípio da impessoalidade, não
8.666/93 – Lei de Licitações.
deverá ocorrer diferença de tratamento entre os licitan-
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a obser-
tes, devendo o processo ser pautado no interesse público.
vância do princípio constitucional da isonomia, a Já o princípio do julgamento objetivo impõe o jul-
seleção da proposta mais vantajosa para a adminis- gamento segundo critérios claros e objetivos definidos
tração e a promoção do desenvolvimento nacional no edital ou convite, sendo vedada a presença de cri-
sustentável e será processada e julgada em estrita tério ou fator sigiloso.
conformidade com os princípios básicos da lega-
lidade, da impessoalidade, da moralidade, Publicidade
da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento A melhor definição para o presente princípio
convocatório, do julgamento objetivo e dos que tem por base o seguinte comando da própria Lei de
lhes são correlatos.
Licitações.
Vejamos a seguir cada um dos princípios.
Art. 3º (...)
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
Isonomia acessíveis ao público os atos de seu procedimento,
salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a
Segundo o princípio da isonomia todos os licitan- respectiva abertura.
tes devem ser tratados de forma igual ou isonômica.
No entanto, uma das leituras possíveis do princípio Vinculação ao instrumento convocatório
da isonomia é o tratamento diferenciado para aqueles
que se encontrem em posição mais frágil ou inferior O edital/convite impõe obrigações não só aos lici-
em relação aos demais.
tantes, mas também à Administração Pública, sendo a
Com base nisso, temos a flexibilização do princípio
lei interna da licitação.
da isonomia, tendo a lei elegido os seguintes critérios
de desempate de acordo com a maneira ou local como
Adjudicação compulsória
foram produzidos os bens ou prestados os serviços.
Uma vez realizado o certame e declarado o ven-
z No país;
cedor, não poderá a Administração Pública atribuir
z Por empresa brasileira; (adjudicar) o objeto da licitação a outro vencedor. Ou
DIREITO ADMINISTRATIVO
z Por empresa que invista em tecnologia no país; seja, o objeto será compulsoriamente adjudicado ao
z Empresa que reserva cargos para PCD (pessoas com vencedor da licitação.
deficiência) / atendam às regras de acessibilidade. Tal princípio não afasta as possibilidades de revo-
gação ou anulação da licitação, conforme o caso.
Outra possibilidade de relativização do princípio
da isonomia é a margem de preferência para produ- CONTRATAÇÃO DIRETA
tos manufaturados / serviços nacionais. Essa margem
será estabelecida por meio de estudos revistos perio- Dispensa e Inexigibilidade
dicamente, em prazo não superior a 5 anos, levando
em consideração os seguintes fatores: Vimos que, por expresso comando constitucional,
a regra na Administração Pública será a contratação
z Geração de emprego e renda; por meio de licitação. No entanto, temos exceções,
z Efeito na arrecadação de tributos federais, esta- que são conhecidas como contratação direta. São as
duais e municipais; seguintes hipóteses: 137
z Licitação inexigível; Bens imóveis
z Licitação dispensável;
z Licitação dispensada. Dependerá de autorização legislativa para
órgãos da administração direta e entidades autárqui-
cas e fundacionais, e, para todos, inclusive as enti-
Vejamos a seguir os detalhes de cada uma das
dades paraestatais, dependerá de avaliação prévia,
hipóteses. dispensada a licitação nos seguintes casos:
z Concessão de serviços públicos. Vejamos mais uma vez a literalidade da lei para
conhecermos a definição da presente modalidade.
z Licitação internacional.
Art. 22. São modalidades de licitação:
Ainda segundo a lei, concorrência é a modalidade III - convite;
de licitação entre quaisquer interessados que, na fase § 3º Convite é a modalidade de licitação entre inte-
inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir ressados do ramo pertinente ao seu objeto, cadas-
os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edi- trados ou não, escolhidos e convidados em
número mínimo de 3 (três) pela unidade adminis-
tal para execução de seu objeto.
trativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia
Na concorrência o prazo do edital deve ser de 45 do instrumento convocatório e o estenderá aos
dias nos casos de contrato a celebrar segundo regi- demais cadastrados na correspondente espe-
me de empreitada integral ou o tipo da licitação for cialidade que manifestarem seu interesse com
melhor técnica ou técnica e preço. Para os demais antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
apresentação das propostas.
casos o prazo será de 30 dias.
Veja a definição de empreitada integral constante
Aqui temos dois tipos de participantes: os convi-
da lei. dados (em número mínimo de 3) e os não convidados
(limite de 24 horas de antecedência à apresentação
z Empreitada integral: quando se contrata um das propostas).
empreendimento em sua integralidade, compreen- A lei traz ainda que existindo na praça mais de 3 pos-
dendo todas as etapas das obras, serviços e insta- síveis interessados, a cada novo convite, realizado para
lações necessárias, sob inteira responsabilidade objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite
da contratada até a sua entrega ao contratante em a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem
condições de entrada em operação, atendidos os cadastrados não convidados nas últimas licitações.
No caso do convite, o instrumento convocatório é a
requisitos técnicos e legais para sua utilização em
carta-convite, não sendo imposta pela lei a publicação
condições de segurança estrutural e operacional de edital.
e com as características adequadas às finalidades Seguindo a lógica das modalidades anteriores,
para que foi contratada. aqui teremos valores menores do que vimos na toma-
da de preços. Ao final no tópico teremos um quadro
Sobre os tipos de licitação, entenderemos cada um comparativo para uma visão geral. Vejamos.
deles mais adiante.
z Obras e serviços de engenharia: R$ 330.000,00.
Tomada de preços z Compras e outros serviços: R$ 176.000,00.
Vamos entender a tomada de preços por meio da Ainda, poderá ser usada esta modalidade quando,
definição constante da Lei de Licitações. em licitações internacionais, não houver fornecedor
de bens no Brasil, obedecidos os limites anteriormen-
Art. 22. São modalidades de licitação:
te definidos.
O prazo mínimo para o recebimento das propostas
II - tomada de preços;
será de 5 dias úteis, sendo de 2 dias o prazo para apre-
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licita-
sentação de recursos.
ção entre interessados devidamente cadastrados
De acordo com o que vimos das três modalidades
ou que atenderem a todas as condições exigidas até então, vejamos um quadro resumo com os valores.
para cadastramento até o terceiro dia anterior à
data do recebimento das propostas, observada a
OBRAS E COMPRAS
necessária qualificação. MODALIDADE SERVIÇOS DE E OUTROS
ENGENHARIA SERVIÇOS
Vemos que aqui teremos por um lado a existência
de um cadastro prévio e por outro um prazo máximo Acima de R$ Acima de R$
Concorrência
3.300.000,00 1.430.000,00
DIREITO ADMINISTRATIVO
Recursos
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
Por meio dos recursos os resultados, ainda que
parciais, do procedimento licitatório, poderão ser PÚBLICA
atacados. Eles constam basicamente do artigo 109.
Vejamos. A Administração Pública estará sujeita a vários meca-
nismos que irão verificar a regularidade da sua atuação.
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes Por vezes, mecanismos internos, assim como externos,
da aplicação desta Lei cabem: sujeitam-se a controles exercidos por outros Poderes.
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a con- Essa possibilidade de um Poder limitar o outro
tar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos você poderá encontrar referida como sistema de freios
casos de: e contrapesos ou checks and balances. Nada mais é do
a) habilitação ou inabilitação do licitante; que a limitação mútua de um Poder para com outro,
b) julgamento das propostas; de forma que o poder que emana do povo seja exerci-
c) anulação ou revogação da licitação; do de forma equilibrada pelos representantes eleitos.
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro
cadastral, sua alteração ou cancelamento; CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do
PÚBLICA
art. 79 desta Lei;
f) aplicação das penas de advertência, suspensão
temporária ou de multa; O controle administrativo é o controle exercido
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis pela própria Administração Pública sobre seus atos.
da intimação da decisão relacionada com o objeto Uma importantíssima característica do controle inter-
da licitação ou do contrato, de que não caiba recur- no é a amplitude, pois recairá tanto sobre os aspectos
so hierárquico; de legalidade como sobre os aspectos de mérito.
III - pedido de reconsideração, de decisão de Vejamos o artigo 70 da CF/88, que faz menção direta à
Ministro de Estado, ou Secretário Estadual ou existência do sistema de controle interno de cada Poder.
Municipal, conforme o caso, na hipótese do § 4o do
art. 87 desta Lei, no prazo de 10 (dez) dias úteis da Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orça-
intimação do ato. mentária, operacional e patrimonial da União e
das entidades da administração direta e indireta,
Homologação quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
Após o julgamento e classificação das propostas, a será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
comissão encaminhará o processo à autoridade com- controle externo, e pelo sistema de controle inter-
petente para que ocorra a homologação e posterior no de cada Poder.
adjudicação do objeto ao vencedor. Aqui termina o
trabalho da comissão de licitação. Tal informação deve ser desde já trabalhada em
A homologação é o ato por meio do qual a autori- comparação ao controle externo exercido sobre outros
dade confirma o procedimento e atesta sua correção. poderes sobre a Administração Pública. Nesses casos,
Após o recebimento do processo a autoridade além de eles acontecerem nas hipóteses constitucio-
homologará o resultado e adjudicará o objeto ao ven- nalmente previstas, em regra, deverão recair apenas
cedor, caso não haja irregularidade no processo. sobre os aspectos de legalidade do ato praticado.
Se houver vício sanável, irá devolver o processo à A CF/88 fala mais uma vez sobre o controle interno
146 comissão para que sane as irregularidades. no seu artigo 74.
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- habeas data. Outra condicionante é a ilegalidade ser
rio manterão, de forma integrada, sistema de con- praticada por autoridade pública ou agente de pessoa
trole interno com a finalidade de: jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no (como concessionárias de serviço público).
plano plurianual, a execução dos programas de O conceito de autoridade aqui deverá ser inter-
governo e dos orçamentos da União; pretado em sentido amplo, incluindo tanto servidores
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, públicos, como agentes particulares de delegatários
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá- de serviços públicos.
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades O mandado de segurança poderá ser tanto repres-
da administração federal, bem como da aplicação de sivo, preventivo. Ou seja, pode ser anterior a uma
recursos públicos por entidades de direito privado; lesão ao direito.
III - exercer o controle das operações de crédito, avais
e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; Temos situações em que não será cabível o manda-
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua do de segurança. Vejamos.
missão institucional.
z Contra ato do qual seja cabível recurso administrativo
Temos também a possibilidade de reexame da com efeito suspensivo, sem necessidade de caução;
matéria por meio da interposição de recursos pelos z Contra decisão judicial transitada em julgado;
eventuais interessados. Em regra, esses recursos serão z Contra lei em tese;
analisados dentro da estrutura do próprio Poder, sen- z Para assegurar liberdade de locomoção (aqui será
do então classificados como recursos próprios. Quan- cabível o habeas corpus).
do a análise do recurso se der em outro Poder, será
classificado como recurso impróprio. Mandado de injunção
cípio da reserva do possível, para que seja definido mente do artigo 5º da Constituição Federal. Vejamos a
o mínimo aceitável na situação apresentada. literalidade do dispositivo.
Tribunais de Contas
Importante!
Como dito anteriormente, o Tribunal de Contas irá
auxiliar o Poder Legislativo no exercício de suas atribui- Cuidado com o termo! As contas do Presidente
ções constitucionais. Importante frisar que não estão a da República são apreciadas pelo TCU, enquan-
ele subordinados, nem fazem parte de sua estrutura. to as dos demais administradores de dinheiro e
Ainda, em que pese o nome “tribunal”, suas bens públicos são julgadas.
decisões não fazem coisa julgada como as do Poder
Judiciário. Em consequência, aquele que se julgar
prejudicado poderá recorrer ao Poder Judiciário para
apreciação da matéria.
Conforme artigo 71, da CF/88, o controle externo, a RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxí-
lio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO
BRASILEIRO
I - apreciar as contas prestadas anualmente
pelo Presidente da República, mediante parecer Neste ponto estudaremos a responsabilização do
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias Estado e seus agentes quando da sua atuação. Inicial-
DIREITO ADMINISTRATIVO
ro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o A segunda vertente, denominada teoria do ris-
qual tem ação regressiva. co administrativo, é a adotada como regra geral no
direito brasileiro. Tal teoria reconhece algumas exclu-
Outra situação que ensejará a exclusão da culpa dentes da responsabilidade do Estado. Excludentes
da Administração Pública será a ocorrência de fatos são circunstâncias que, como o próprio nome diz,
imprevisíveis e extraordinários, que são o caso for- afastam o dever de indenizar durante a sua ocorrên-
tuito e a força maior. Em termos simples, devemos cia. São, ao todo, três modalidades:
entendê-los da seguinte maneira:
z Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que o
z Força maior: eventos da natureza causam prejuí- prejuízo é consequência da intenção deliberada da
zo sem qualquer participação humana. Exemplo: própria vítima. O prejudicado, ao utilizar o referido
furacão. serviço público, acaba sofrendo danos por uma ação
z Caso fortuito: situação extraordinária causada por tomada por ela mesma, não havendo qualquer rela-
conduta humana. Exemplo: guerra. ção com as condutas do Poder Público. É o caso, por 151
exemplo, de pessoa que se joga na frente de viatura Lembrando também que sempre há a possibilida-
policial para ser atropelada. Não se confunde com a de de direito de regresso, por parte do ente público,
culpa concorrente, que se traduz no dano causado contra o agente que, de fato, praticou a conduta dano-
pela conduta recíproca do Estado e da própria víti- sa. Óbvio, quando a culpa recair totalmente sobre um
ma. Neste caso, há uma análise pericial para deter- agente ou um pequeno grupo de agentes públicos, o
minar os diferentes graus de culpa de cada agente, Estado não pode ser o único a arcar com os prejuí-
ensejando reparação. zos da reparação, ele possui direito de regresso. Ain-
z Força maior: é o evento imprevisível e involuntá- da que os agentes não indenizem a vítima, sobre eles
rio que rompe o nexo de casualidade entre o ato podem recair a ação regressiva com essa finalidade
da Administração e o prejuízo sofrido pela vítima. específica. Significa dizer que os agentes públicos só
Geralmente são causados pela força da natureza. podem responder de forma subjetiva, devendo inde-
É o caso, por exemplo, do desabamento de terras nizar o Poder Público pela prática de seus atos.
que arruínam as casas de um bairro, devido às for-
tes chuvas. Não se confunde com o caso fortuito, RESPONSABILIDADE DO ESTADO SEGUNDO
em que o dano decorre de ato humano, ou da pró- REITERADAS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL
pria Administração, como o desabamento de uma FEDERAL (STF)
estrada. O caso fortuito enseja o dever de respon-
sabilidade somente se tal evento for causado pelo É bem comum que algumas questões exijam do
agente público. candidato conhecimentos sobre a jurisprudência de
z Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuí- determinada matéria. De fato, a teoria da responsa-
zo é atribuído a pessoa estranha aos quadros da bilidade extracontratual do Estado abrange diversas
Administração Pública. Dessa forma, não há como casuísticas que podem gerar algumas dúvidas, sobre
o Estado ser imputado responsável por atos pra- as quais a doutrina faz pouca menção.
ticados por pessoas que não fazem parte de sua Observe as seguintes ementas relacionadas com a
composição. referida matéria, todas extraídas do STF:
14. (CESPE – 2019) De acordo com o Estatuto dos Funcio- 20. (CESPE – 2019) No que tange aos afastamentos do
nários Públicos Civis do Estado do Ceará, a vacância serviço pelo policial rodoviário federal, julgue o item
de cargo público resultará de seguinte.
A prorrogação de sessenta dias da licença à policial
a) readaptação. rodoviária gestante somente será devida se requerida
b) posse em outro cargo não cumulável. até o final do terceiro mês após o parto.
c) falecimento.
d) reversão. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) mudança de domicílio.
9 GABARITO
15. (CESPE – 2019) Julgue o próximo item, tendo como
referência as disposições do Estatuto dos Funcioná- 1 B
rios Públicos Civis do Estado do Amazonas (Lei n.º
2 ERRADO
1.762/1986). A licença sem remuneração para tratar
de assuntos particulares é direito do servidor, mas se 3 ERRADO
limita ao prazo máximo de dois anos.
4 A
( ) CERTO ( ) ERRADO
5 A
16. (CESPE – 2019) Se um pedido de reconsideração feito 6 ERRADO
por servidor público do estado do Pará for indeferido,
o servidor poderá interpor recurso, que, se for oportu- 7 B
no, terá efeito 8 ERRADO
158
humanos que faça parte, sob pena de sanções no pla-
no internacional, como advertência, embargo políti-
co, embargo econômico, intervenção militar etc.
Exemplos de vedação ao retrocesso:
O poder constituinte tem a função de criar e modi- A resposta é sim, conforme Constituição Federal
ficar a Constituição de um Estado. O Brasil tem uma no art. 5º, inciso XLVII e art. 84, inciso XIX, haverá
Constituição classificada como escrita e rígida. O pro- pena de morte nos casos de guerra declarada, a qual
cesso de elaboração e modificação da Constituição é deve ser executada por fuzilamento, conforme Art. 56
diferente do processo de elaboração das demais nor- do Decreto Lei 1001/69.
mas do ordenamento jurídico, ou seja, para modificar
a Constituição é necessário um procedimento espe- Art. 5º [...]
cial, o qual está disposto na própria constituição. XLVII - não haverá penas:
Sendo que, o poder de criar e modificar a consti- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
tuição pertence ao povo, entretanto ele é exercido por termos do art. 84, XIX;
meio de seus representantes eleitos. Pode ser dividi- Art. 84 [...]
do entre poder originário e poder derivado, veja na XIX - declarar guerra, no caso de agressão estran-
tabela abaixo uma breve exposição e divisão do poder geira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
constituinte: referendado por ele, quando ocorrida no intervalo
das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
PODER PODER decretar, total ou parcialmente, a mobilização
PODER nacional;
CONSTITUINTE CONSTITUINTE
CONSTITUINTE
DERIVADO DE DERIVADO Decreto Lei 1001/69 - Código Penal Militar.
ORIGINÁRIO
REFORMA DECORRENTE Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.
tante mencionar que no Brasil a denúncia anônima O dicionário Aurélio assim define calamidade
é permitida. Contudo, o poder público não pode ini- “desgraça pública; grande infortúnio; catástrofe”, ou
ciar o procedimento formal tendo como base única seja, é um estado anormal resultante de um desastre
uma denúncia anônima. de natureza, pandemia ou até financeiro, situações
O STF considerou desnecessária a utilização em que o Governo Federal deve intervir nos outros
de diploma de jornalismo e registro profissional no Entes Federativos (entenda entes: Estados - DF e Muni-
Ministério do Trabalho como condição para o exercí- cípios) para auxiliar no combate a situação.
cio da profissão de jornalista, pois tem na sua essên- Ainda, conforme o Governo Federal, o reconhe-
cia a manifestação do pensamento.3 cimento do estado de calamidade pública é previsto
Liberdade de consciência e crença está localiza- para durar até 31 de dezembro de 2020, sendo que,
do no inciso VI, VII e VIII do art. 5º da CF. É importante é necessário “em virtude do monitoramento per-
mencionar que o Brasil não tem religião oficial, sendo manente da pandemia Covid-19, da necessidade de
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Esta- A igualdade na lei vincula o legislador a tratar
do, garantido mediante políticas sociais e econômi- todos da mesma forma ao criar as normas, já a igual-
cas que visem à redução do risco de doença e de dade perante a lei significa que quem administra o
outros agravos e ao acesso universal e igualitário Estado também deve observar o princípio da igual-
às ações e serviços para sua promoção, proteção e dade, por exemplo, o poder executivo ao adminis-
recuperação. trar e o poder judiciário ao julgar. Importante frisar
que o princípio da igualdade também tem efeitos aos
Ainda, cabe mencionar o princípio da proporcio- particulares.
nalidade, o qual tem como finalidade equilibrar os
direitos individuais com os da sociedade, exatamente Igualdade formal x igualdade material
como no caso que aqui estamos analisando.
Ou seja, no caso em tela, pode-se proibir, confor- A igualdade formal, ou também chamada de
me os requisitos demonstrados na situação atual para igualdade jurídica, significa que todos devem ser
provas: direito de ir e vir é um direito fundamen- tratados da mesma forma. Já a igualdade material
tal, mas fique atento: direito fundamental de ir e significa tratar igual os iguais e os desiguais com desi-
vir não é um direito absoluto! No caso da violação gualdade, na medida de suas desigualdades, ou seja, é
desse direito em face do covid-19, foi observado o uma forma de proteção a certos grupos sociais, certos
princípio da proporcionalidade e o princípio da grupos de pessoas que foram discriminadas ao longo
supremacia do interesse público sobre o particular. da história do Brasil. Isso ocorre por meio das chama-
Lembrando que o desrespeito a qualquer medida das ações afirmativas, que visam, por meio da políti-
imposta configura como crime contra a saúde pública ca pública, reduzir os prejuízos. Por exemplo, temos o
4 Disponível em <https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/2020/copy_of_nota-a-imprensa> Acesso em: 10 out
164 2020.
sistema de cotas para os afrodescendentes nas univer- obrigações positivas, e também as chamadas obriga-
sidades públicas. Sobre o tema, o STF já se posicionou ções de não fazer, chamadas obrigações negativas, e,
pela constitucionalidade, e a decisão foi tomada no nos casos em que a lei não dispuser obrigação algu-
julgamento do Recurso Extraordinário (RE 597285), ma, é dado ao particular fazer o que bem entender,
com repercussão geral, em que um estudante questio- ou seja, não havendo qualquer proibição disposta em
nava os critérios adotados pela UFRGS para reserva lei, o particular está livre para agir, vigorando nesse
de vagas.5 ponto o princípio da autonomia da vontade.
Referente ao poder público, o conteúdo do prin-
Igualdade nos concursos públicos cípio da legalidade é outro: esse tem a ideia de que
o Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo de que
Tem como base o também chamado princípio da governar é atividade a qual a realização exige a edição
isonomia, o qual deve ser rigorosamente observado de leis, sendo que, o poder público não pode atuar,
sob pena de nulidade da prova a ser realizada pelo nem contrário às leis, nem na ausência da lei.
respectivo concurso público.
Entretanto, alguns concursos exigem, por exem- Inviolabilidade
plo, idade, altura e etc. Note que todas as exigências
contidas no edital que façam distinção entre as pes- Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da
soas somente serão lícitas e constitucionais desde honra e da imagem das pessoas tem previsão no art.
que preencham dois requisitos: 5º, inciso X da CF, vejamos:
a) Deve estar previsto em lei – igualdade formal; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
b) Deve ser necessário ao cargo. a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral
Como por exemplo, concurso para contratação de decorrente de sua violação;
agente penitenciário para presídio feminino e o edi-
tal constar que é permitido somente mulheres para Essa proteção se refere às pessoas físicas ou jurí-
investidura do cargo. dicas, abrangendo inclusive a proteção necessária à
Exemplo muito comentado também é sobre a proi- própria imagem frente aos meios de comunicação em
bição de tatuagem contida nos editais de concurso massa (televisão, jornais etc.).
público, sobre o tema o STF assim entendeu: “Editais
de concurso público não podem estabelecer restrição Inviolabilidade domiciliar tem previsão no inciso
a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcio-
XI do art. 5º da CF:
nais, em razão de conteúdo que viole valores constitu-
cionais”, foi à tese de repercussão geral fixada.6
Art. 5º [...]
Entenda: tatuagem que viole os princípios consti- XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
tucionais e os princípios do Estado brasileiros. Exem- nela podendo penetrar sem consentimento do
plo: tatuagem de suástica nazista. morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
União estável homoafetiva dia, por determinação judicial;
V - defesa do consumidor;
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral
Ainda, assim que foi promulgada a Constituição de previdência social, nos termos da lei, obedecidas
em 1988, o legislador se preocupou em estipular um as seguintes condições:
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e
prazo de cento e vinte dias para que o legislador ela-
62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, obser-
borasse o Código de Defesa do Consumidor, exigência
vado tempo mínimo de contribuição;
estipulada por meio do nº 48 da ADCT. (Ato das Dis-
posições Constitucionais Transitórias. São regras que esta- Ato jurídico perfeito é o ato já realizado, confor-
belecem a harmonia da transição do regime constitucional me a lei vigente ao tempo que se realizou, pois nes-
anterior – 1969, para o novo regime - 1988). te caso já cumpriu todos os requisitos conforme a lei
Entretanto, o prazo exigido não foi observado e o vigente na época, tornando-se, portanto, completo.
Código de Defesa do Consumidor foi publicado ape- Coisa julgada ocorre no âmbito do processo judi-
nas dois anos após a publicação da Constituição – Lei cial, decisão judicial a qual não cabe mais recurso, tor-
8.078/1990. nando-a imutável e indiscutível. 167
Júri popular perde seus efeitos após findar situação irregular
que a motivou.
A nossa carta magna reconhece no seu inciso XXX-
z Lei temporária vigorou até extinguir o prazo
VIII a instituição do júri, que é visto como uma prerro-
de duração fixado pelo legislador, por exemplo,
gativa democrática do cidadão, e que exige que o réu
uma lei que fixa a tabela de preços de artigos de
deve ser julgado pelos seus semelhantes. O tribunal
consumo.
é composto por um juiz togado e vinte cinco jurados
que serão sorteados dentre os alistados.
Crimes
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
O legislador originário também se preocupou em
organização que lhe der a lei, assegurados:
mencionar e observar crimes de tortura, tráfico ilíci-
a) a plenitude de defesa;
to de drogas, terrorismo e a ação de grupos armados
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
contra ordem constitucional.
d) a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida; XLII - a prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
Destarte, a competência mencionada na alínea “d”
não é absoluta, pois não abrange os crimes pratica-
Entenda. A pena de reclusão é a pena prevista
dos contra a vida perpetrados por detentores de foro
para os casos mais graves, o qual o regime inicial será
especial por prerrogativa de função, que deverão ser
fechado, em prisão de segurança máxima.
julgados por tribunais específicos conforme previsto
na Constituição.
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
Ainda, o foro especial por prerrogativa de fun- insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor-
ção se refere ao órgão competente para julgar ações tura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
penais contra certas autoridades públicas, levando-se afins, o terrorismo e os definidos como crimes
em conta o cargo ou a função que elas ocupam, de hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
modo a proteger a função e a coisa pública, ou seja, executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
por ligar-se à função e não à pessoa, essa forma de
determinar o órgão julgador competente não acompa- Crimes hediondos são aqueles que a legislação
nha a pessoa após o fim do exercício do cargo. entende que geram maior reprovação por parte da
sociedade, assim merecem uma rigidez maior. Não
Princípio da legalidade penal e da retroatividade da são necessariamente crimes cometidos com alto grau
lei de violência ou crueldade, mas sim os crimes previs-
tos expressamente no art. 1º da Lei 8.072/90.
Princípio da legalidade penal, com previsão no O homicídio qualificado é o primeiro mencionado
inciso XXXIX do art. 5º da CF, também chamado de na legislação, ou seja, quando praticado em circuns-
princípio da reserva legal, refere-se à aplicação do tância que revele perversidade – por exemplo, se o
princípio da legalidade, de forma mais específica no crime é praticado por motivo fútil ou torpe.
âmbito do direito penal. Bem como, o homicídio praticado por grupo de
Nesse sentido, crime será a conduta delituosa pre- extermínio também está no rol dos crimes hediondos,
vista exclusivamente em lei, da mesma forma que a mesmo que cometido por uma só pessoa do grupo.
cominação da pena, a qual não é admissível à configu-
ração de crime baseado nos costumes. XLIV - constitui crime inafiançável e impre-
scritível a ação de grupos armados, civis ou
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, militares, contra a ordem constitucional e o Estado
nem pena sem prévia cominação legal; Democrático;
Atenção: O filho poderá optar pela nacionalidade b) Alcança brasileiro nato e naturalizado que
brasileira observando três requisitos cumulativos: adquire voluntariamente outra nacionalidade,
este ato engloba tanto a aceitação quanto o pedido
1. Idade mínima: 18 anos; da naturalização oferecida por outro país. Neste
2. Residência no Brasil; caso, existem duas exceções, ou seja, existem dois
3. Obedecendo aos dois requisitos acima, deve- casos em que é permitida a dupla cidadania:
DIREITO CONSTITUCIONAL
-se optar a qualquer tempo pela nacionalidade b.1) Reconhecimento da nacionalidade pela lei
brasileira. estrangeira;
b.2) Imposição por outro país, como condição
A Constituição Federal em seu art. 12 §3º determi- de permanência em seu território ou para
na quais os cargos que são PRIVATIVOS para brasilei- exercício dos direitos civis. Exemplo: atletas/
ro nato, vejamos: jogadores de futebol quando são “vendidos” e
representam times estrangeiros.
z �Presidente e Vice-Presidente da República;
z �Presidente da Câmara dos Deputados; Dica
z �Presidente do Senado Federal;
z �Ministro do STF; Atualmente compete ao Ministro da Justiça
z �Carreira Diplomática; declarar a perda e a requisição da nacionalidade.
9 Observe nos exemplos como pode ser cobrada a matéria na prova.
10 Ação rescisória é um meio processual que tem o objetivo de desconstituir ou revogar acórdão ou sentença transitada em julgado. 171
Ainda, o art. 5º, inciso LI da CF, dispõe que nenhum deportação de brasileiros no Brasil (art. 5º, inciso XV
brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, da CF).
em caso de crime comum, praticado antes da natura-
lização, ou se comprovado envolvimento em tráfico XV - é livre a locomoção no território nacional em
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
Importante frisar que o brasileiro nato não pode mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
ser extraditado. Se for o caso, deve ser entregue ao com seus bens;
TPI-Tribunal Penal Internacional, sendo que, podem
ser entregues ao TPI os brasileiros natos, naturaliza- Note que a deportação não tem relação com a prá-
dos e estrangeiros. tica do estrangeiro em território brasileiro, mas sim,
Ainda, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal do não cumprimento dos requisitos legais para sua
Internacional, decreto lei nº 4388/2002, em seu art. entrada.
102, define a diferença entre a entrega e extradição, Bem como, não existe mais o instituto do banimen-
vejamos: to, que era o envio compulsório de brasileiros para o
exterior. Observe também que há vedação constitu-
a) Por “entrega”, entende-se a entrega de uma pessoa cional de seu reestabelecimento no art. 5º, XLVII, d,
por um Estado ao Tribunal nos termos do presente da CF.
Estatuto.
b) Por “extradição”, entende-se a entrega de uma pessoa CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS
por um Estado a outro Estado, conforme previsto em
um tratado, em uma convenção ou no direito interno. Tem regras fixadas pela constituição no Capítulo
IV referente à participação popular no processo polí-
CONSIDERAÇÕES REFERENTE À NACIONALIDADE tico, Art. 14 e seguintes da Constituição.
Os direitos políticos conferidos à população brasi-
Extradição leira são o sufrágio universal, o voto direto e secreto
e a participação em plebiscitos, referendos ou inicia-
Entrega de um Estado (país) a outro Estado (país) tivas populares.
de pessoa acusada de delito ou já condenada. Note Sufrágio universal é o direito de homens e mulhe-
que, conforme a súmula 421 do STF, não há impedi- res naturalizados ou nascidos em um país de partici-
mento à extradição o fato de o extraditado ser casado par das eleições, ou seja:
com brasileira ou ter filho brasileiro. Capacidade eleitoral ativa: direito de votar;
Conforme prevê o art. 22, inciso XV da CF, compete Capacidade eleitoral passiva: direito de ser votado.
à União legislar sobre extradição.
A constituição brasileira também dispõe que
Condições de elegibilidade
“nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura-
lizado, em caso de crime comum, praticado antes da
Conforme art. 14, § 3º da CF, são condições de elegi-
naturalização, ou de comprovado envolvimento em
bilidade, na forma da lei:
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
ma da lei.” Bem como, “não será concedida extradição
de estrangeiro por crime político ou de opinião” (art. Nacionalidade brasileira;
5º, incisos LI e LII da CF). Não ter direitos políticos cassados;
Ainda, o art. 102, I, g da CF, dispõe que o Supremo Alistamento eleitoral;
ELEGIBILIDADE
Tribunal Federal será o responsável por processar e Domicilio eleitoral na circunscrição
correspondente;
julgar a extradição solicitada pelo Estado estrangeiro.
Filiação partidária.
Expulsão
A constituição também define a idade mínima que
cada candidato, correspondente a seu cargo deve ter:
Modo de tirar o estrangeiro do Brasil de modo
coativo, por infração ou ato que o torne inconve-
niente à defesa e à conservação da ordem interna do 18
35 ANOS 30 ANOS 21 ANOS
ANOS
Estado.
Neste caso, a União é responsável para legislar Presidente Governador Deputado Federal
sobre expulsão, art. 22, inciso XV da CF. + + Estadual e Distrital
Não ocorrerá a expulsão em duas hipóteses: dife- Vereador
Vice Vice dos Prefeito + Vice
rente da extradição, a expulsão não será admitida Senador Estados e DF Juiz de Paz
quando o indivíduo tiver cônjuge brasileiro (desde
que não esteja divorciado ou separado de fato) e o
casamento tiver sido celebrado há mais de cinco anos, Perda ou suspensão dos direitos políticos
ou que tenha filho brasileiro, desde que este esteja sob
sua guarda e dependência econômica. A perda ou suspensão dos direitos políticos estão
apresentadas no art. 15 da Constituição, vamos ao
Deportação estudo do mencionado dispositivo.
Como o nome já diz, a suspensão é o cancelamento
Nesse caso se refere ao estrangeiro que ingressou por um tempo determinado, já a perda, o cancelamen-
ou permaneceu de forma irregular no território to por prazo indeterminado. Vejamos em quais situa-
nacional, ou seja, é a devolução do estrangeiro por ções podem ocorrer perda ou suspensão, analisando o
172 entrar no Brasil de forma irregular. Assim, não há art. 15 da CF/88.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, Súmula 431: É nulo o julgamento de recurso crimi-
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: nal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou
I - cancelamento da naturalização por sentença publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
transitada em julgado; perda. Súmula 692: Não se conhece de habeas corpus con-
II - incapacidade civil absoluta; (grifo nosso) tra omissão de relator de extradição, se fundado em
suspensão fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava
III - condenação criminal transitada em julgado, dos autos, nem foi ele provocado a respeito.
enquanto durarem seus efeitos; SUSPENSÃO Súmula 693: Não cabe habeas corpus contra deci-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta são condenatória a pena de multa, ou relativo a
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; processo em curso por infração penal a que a pena
perda. pecuniária seja a única cominada.
V - improbidade administrativa, nos termos do art. Súmula 694: Não cabe habeas corpus contra a
37, § 4º. Suspensão imposição da pena de exclusão de militar ou de per-
da de patente ou de função pública.
Dica Súmula 695: Não cabe habeas corpus quando já
extinta a pena privativa de liberdade.
Não existe a cassação dos direitos políticos.
Habeas data
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS
Com previsão no art. 5º, LXXII da CF e Lei 9507/1997
Remédios Constitucionais que regula o direito de acesso às informações, e disci-
plina o rito processual do habeas data, tem o objetivo
É importante não confundir direitos fundamentais de acessar e retificar informações do impetrante que
com garantias fundamentais. Os direitos fundamen- estão em um órgão público ou de caráter público11,
tais são vantagens, proteção em favor das pessoas, como por exemplo: entidade privada de caráter públi-
como por exemplo o direito de informação. Já as co = SPC/SERASA.
garantias fundamentais são instrumentos processuais Note que, neste caso, precisa ser demonstrado
para defesa daqueles direitos, conhecidos como ações que foram solicitadas as informações em um pri-
ou remédios constitucionais, como por exemplo:
meiro momento, ou seja, precisa-se esgotar a via
habeas data, habeas corpus, Mandado de Segurança,
administrativa.
Mandado de Injunção e a Ação Popular, conforme
A doutrina e jurisprudência admitem que cônju-
veremos a seguir.
ge, ascendente, descendente ou irmão podem impe-
trar habeas data em favor de terceiro, caso este esteja
Habeas corpus
incapacitado ou ausente.
Tem como objetivo proteger o direito de ir e vir, ou
Mandado de Segurança
seja, sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco-
Agora passaremos a análise do mandado de segu-
moção, por ilegalidade ou abuso de poder, está funda-
rança, sendo que este pode ser individual ou coletivo,
mentado no art. 5º, LXVIII da CF e art. 647 a 667 do CPP,
vejamos:
Pode ser habeas corpus preventivo para evitar
uma futura violação à liberdade, ou habeas corpus
Mandado de Segurança Individual
repressivo, o qual busca o fim de uma coação já
cometida. Importante frisar também que não existe a
Previsto no art. 5º LXIX da CF e Lei 12.016/2009,
necessidade de um advogado para entrar com a ação.
tem o objetivo de proteger direito líquido e certo
(requerido no prazo de 120 dias do conhecimento da
Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa.
lesão), devidamente comprovado com provas docu-
Vítima (paciente): qualquer pessoa, brasileiro ou
mentais, não há prova testemunhal nem pericial. Tem
estrangeiro.
Sujeito passivo (coator): autoridade ou agen- caráter subsidiário, ou seja, quando não for caso de
te público que cometeu ilegalidade ou abuso de habeas corpus e nem habeas data.
poder contra particular. Cabível quando existe abuso ou ilegalidade de
autoridade pública. A súmula 625 do STF dispõe que,
DIREITO CONSTITUCIONAL
Habeas corpus também pode ser impetrado por “Controvérsia sobre matéria de direito não impede con-
estrangeiro (desde que na língua portuguesa) contra cessão de mandado de segurança”, ou seja, caso houver
particular. dúvida a respeito de interpretação da lei não impede
Não cabe habeas corpus contra punição disciplinar o deferimento do mandado de segurança.
militar, salvo se imposta pela autoridade competente. Não cabe Mandado de segurança nos seguintes
Destacamos a seguir algumas Súmulas importan- casos:
tes do STF sobre o tema:
z Atos meramente informativos;
Súmula 395: Não se conhece de recurso de habeas z Atos que transitaram em julgado;
corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das z Ato administrativo que comporte recurso com
custas, por não estar mais em causa à liberdade de efeito suspensivo; e
locomoção. z Ato judicial em fase recursal.
11 Caso a banca da sua prova for a FGV, esta entende que o habeas data é uma ação personalíssima. 173
Cuidado! Referente aos atos que transitaram em Mandado de Injunção
julgado hoje, a jurisprudência entende por uma possí-
vel mitigação da súmula 268 do STF. Vejamos: Tem previsão no art. 5º, LXXI da CF e Lei 13.300/2016
“No entanto, sendo a impetração do mandado (lei do MS), não tem lei específica própria, devem ser
de segurança anterior ao trânsito em julgado da observadas as normas da lei do Mandado de Seguran-
decisão questionada, mesmo que venha a acontecer, ça, conforme prevê o art. 24, parágrafo único da lei
posteriormente, não poderá ser invocado o seu não
8.038/1990.
cabimento ou a sua perda de objeto, mas preenchi-
das as demais exigências jurídico-processuais, deverá
Art. 24 [...]
ter seu mérito apreciado”. (EDcl no MS 22.157/DF, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Rel. p/ Acórdão Minis- Parágrafo único - No mandado de injunção e
tro Luis Felipe Salomão, julgado em 14.03.2019, DJe no habeas data, serão observadas, no que couber,
11.06.2019) as normas do mandado de segurança, enquanto
não editada legislação específica.
z Agente ativo: Pessoa física ou jurídica. Agentes
políticos podem ser sujeitos ativo ou passivo. z Aplicabilidade: falta de uma norma regulamen-
z Agente passivo: autoridade, pessoa física revesti- tadora de direito, liberdade constitucional e das
da de poder público. União, Estados e DF ingres- prerrogativas inerentes a nacionalidade, sobera-
sarão como litisconsortes necessários, por meio de
nia e cidadania. Buscar o exercício do direito para
seus procuradores, no caso do município através
uma pessoa ou certo grupo de pessoas.
de seu Prefeito.
z Liminar: cabimento conforme art. 7º, III da Lei z Exemplo: Conseguir se aposentar ou exercer o
12.016/2009, o juiz poderá determinar a suspensão direito de greve.
do ato (que causou a violação do direito), desde z Agente ativo: Qualquer pessoa.
que exista motivo relevante, vejamos:
z Liminar: Mandado de Injunção não tem liminar.
Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao Ação Popular
pedido, quando houver fundamento relevante e
do ato impugnado puder resultar a ineficácia da É um direito fundamental e individual de todo
medida, caso seja finalmente deferida, sendo facul- cidadão, fundamentada no art. 5º, LXXIII e regulado
tado exigir do impetrante caução, fiança ou depósi-
pela lei 4.717/1965, e tem como objetivo a proteção
to, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
pessoa jurídica. do patrimônio público (erário), histórico, cultural, do
meio ambiente e da moralidade administrativa, como
Mandado de Segurança Coletivo é o caso das obras superfaturadas.
Ação popular pode ter duas formas, a preventiva
Previsto no art. 5º, LXX da CF e no art. 21 da Lei que é ajuizada antes da consumação dos efeitos do
12.016/2009, tem o objetivo de proteger certo grupo de
ato, e repressiva, que visa corrigir os atos danosos
pessoas (corporativo). Os requisitos e o prazo deca-
dencial são os mesmos do Mandado de Segurança consumados.
individual.
z Agente ativo: Qualquer cidadão brasileiro. Se este
z Agente ativo: Partido político com representação abandonar ação, outro cidadão poderá assumir.
no Congresso Nacional; ou organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente cons- O Ministério Público não pode propor, mas
tituída e em funcionamento há pelo menos um
pode assumir andamento e dar execução a decisão
ano, em defesa de seus membros ou associados,
da ação popular (legitimidade extraordinária ou
deve demonstrar pertinência temática.
superveniente).
z Agente passivo: autoridade coatora.
z Liminar: cabimento conforme art. 7º, III e art. 22§2º
z Agente passivo: administrador da entidade que
da Lei 12.016/2009. Basta representar os requisitos
lesionou.
“fumus boni iuris” e “periculum in mora”.
A origem de um Estado pode se dar de forma O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja
natural, religiosa (Estado criado por Deus), pela for- função principal, ou típica, é a prática dos atos de
ça e domínio dos mais fortes sobre os mais fracos, chefia de Estado, de Governo e de Administração,
pelo agrupamento de famílias, de forma contratual, mas de forma atípica, também legisla por meio da
DIREITO CONSTITUCIONAL
de forma derivada: por união, quando dois estados edição de Medidas Provisórias e julga contenciosos
administrativos.
soberanos se unem formando um só novo estado ou
fracionamento, quando um estado se divide em dois
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presi-
novos estados independentes, ou de forma atípica, a dente da República, auxiliado pelos Ministros de
exemplo do Vaticano e de Israel. Estado.
São elementos constitutivos do Estado: a soberania, a
finalidade, o povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu Chefe de Estado e Chefe de Governo
Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a
ordem jurídica soberana, que tem por fim o bem comum O Brasil adota o presidencialismo, que tem unifi-
de um povo situado em determinado território”. cadas na figura do Presidente da República as funções
Soberania é o poder político supremo e indepen- do Chefe de Estado e Chefe de Governo. Portanto, o
dente que o Estado detém consistente na capacidade Poder Executivo brasileiro é monocrático.
para editar e reger suas próprias normas e seu orde- Como chefe de Estado, o presidente representa o
namento jurídico. país nas suas relações internacionais e como chefe de 175
governo exerce a liderança nacional, gerindo o país Ordem de sucessão presidencial no caso de
política e administrativamente. impedimento ou vacância
do, natural ou artificialmente, para o lado do mar As terras devolutas são terras que não tem destina-
ou dos rios e lagoas, em seguimento nos terre- ção pública e também não integram o patrimônio de
nos de marinha (art. 2 da Lei nº 3.438/1941); um particular. Exemplo: as terras devolutas situadas
c) Mar territorial: é a faixa de doze milhas náuticas na Amazônia.
de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar
do litoral continental e insular, no Brasil a costa é III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
banhada pelo oceano Atlântico; terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
d) Zona contígua: é a faixa do mar que se estende um Estado, sirvam de limites com outros países, ou
das doze às vinte e quatro milhas marítimas, con- se estendam a território estrangeiro ou dele prove-
tadas a partir das linhas de base que servem para nham, bem como os terrenos marginais e as praias
medir a largura do mar territorial; fluviais;
e) Zona econômica exclusiva: compreende uma
faixa que se estende das doze às duzentas milhas Exemplo: o Rio Uruguai, que banha o estado de
marítimas, contadas a partir das linhas de base que Santa Catarina e o estado do Rio Grande do Sul. 179
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes Estados
com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que Os estados possuem autonomia para se organiza-
contenham a sede de Municípios, exceto aque- rem (auto-organização) caracterizado por um auto-
las áreas afetadas ao serviço público e a unidade governo, autoadministração e autolegislação, onde o
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; povo que escolhe diretamente os seus representantes
no poder legislativo e executivo local, sem que haja
Exemplo: a ilha do Bananal, situada no estado de subordinação por parte da União (arts. 27, 28 e 125
Tocantins, considerada a maior ilha fluvial do Brasil, da CF).
com 25.000 km².
a) autogoverno: autonomia política para eleger seus
V - os recursos naturais da plataforma continental representantes, por exemplo, eleição de Governa-
e da zona econômica exclusiva; dor (art.27 e 28 da CF/88).
b) autoadministração: decorre das competências
Exemplo: recursos minerais, como petróleo, extraí- administrativas conferidas aos Estados, por exem-
do da plataforma continental. plo, os estados poderão, mediante lei complementar,
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba-
VI - o mar territorial; nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
de municípios limítrofes, para integrar a organiza-
Exemplo: os navios estrangeiros no mar territorial ção, o planejamento e a execução de funções públi-
brasileiro estão sujeitos aos regulamentos estabeleci- cas de interesse comum (art. 25, § 3º da CF).
dos pelo Brasil. c) autolegislação: tem competência de elaborar sua
própria Constituição, ou seja, cada estado tem
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; autonomia de criar a sua própria constituição esta-
dual, entretanto esta deve sempre obedecer à lei
Exemplo: os imóveis situados à beira-mar (até 33 maior (CF/88).
metros para a parte da terra).
Os estados organizam-se e regem-se pelas Consti-
VIII - os potenciais de energia hidráulica; tuições e leis que adotarem. Ainda, conforme estudado
no título do poder constituinte derivado decorrente,
o art. 25 da CF consagra aos Estados federados auto-
Para efeito de exploração, os potencias hidráuli-
nomia política e administrativa, com capacidade de
cos dos rios pertencem à União, por exemplo a Usina
elaborar suas próprias Constituições estaduais, obe-
Hidrelétrica de Santo Antônio, localizada na cidade de
decendo às diretrizes da Constituição Federal 1988.
Porto Velho, estado de Rondônia.
Caso o novo estado seja proveniente de Território No Brasil, não só os Estados membros, mas tam-
Federal, os cinco primeiros Desembargadores pode- bém os Municípios têm autonomia política, ou seja, o
rão ser escolhidos dentre juízes de direito de qualquer nosso pacto federativo é formado pela União, Estados,
parte do País e em cada Comarca, o primeiro Juiz de Distrito Federal e Municípios. Tal autonomia está pre-
Direito, Promotor de Justiça e Defensor Público serão vista no art. 18, caput da CF/88, vejamos.
nomeados pelo Governador eleito após concurso
público de provas e títulos. Art. 18. A organização político-administrativa
É possível a incorporação, subdivisão e o desmem- da República Federativa do Brasil compreende a
bramento de estado, vejamos: União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios, todos autônomos, nos termos desta Consti-
a) incorporação: quando dois ou mais estados se tuição. (grifo nosso)
unem com outro nome, perdendo sua personali-
dade por integrarem um novo estado. Por exem- Como exemplo da autonomia municipal, podemos
plo, como se houvesse a incorporação do estado de citar a capacidade de normatização, em que consiste
Santa Catarina e Rio Grande do sul, passando a ser na capacidade do município de elaborar a sua própria
um só estado. lei orgânica e demais legislações municipais.
b) subdivisão: quando um estado se divide em novos Conforme art. 30 do texto constitucional, os muni-
DIREITO CONSTITUCIONAL
vários estados, todos estes com personalidades cípios tem competência legislativa local, ou seja,
diferentes. Por exemplo, o estado do Rio Grande do podem legislar sobre assuntos de interesse local e
Sul deixa de existir, ou seja, o estado foi dividido suplementando a legislação federal e estadual no que
em dois ou mais estados, cada um com personali- couber, por exemplo, é de competência do município
dades distintas. a fixação do horário de funcionamento do comércio
c) desmembramento: Já na hipótese de separar uma local. (Súmula 645 do STF).
ou mais partes de um estado sem que este perca Ainda, os Municípios também tem autonomia polí-
sua identidade. Por exemplo, como ocorreu com o tica, por exemplo, têm a capacidade de eleger Prefeito,
estado de Goiás, formando o estado de Tocantins. Vice-Prefeito e vereadores sem a intervenção do esta-
do ou da União. Além de autonomia administrativa, ou
Vejamos os requisitos e procedimento para a incor- seja, tem capacidade de atuar sobre assuntos de inte-
poração, a subdivisão e o desmembramento do estado resse local, por exemplo, cabe ao município promover
(art. 18, § 3º da CF): a proteção do patrimônio histórico cultural local. 181
1. Formação de novos municípios 14 transformou os Territórios Federais de Roraima e
do Amapá em Estados Federados.
Os municípios também tem autorização constitu- Como vimos, atualmente no Brasil não existem
cional para criação, incorporação, fusão e desmem-
mais Territórios Federais, entretanto conforme art.
bramento de municípios. Vejamos os requisitos e
18, § 2° da CF há uma autorização constitucional para
procedimento para a incorporação, a subdivisão e o
sua criação, a qual deve ser regulada em lei comple-
desmembramento de município (art. 18, § 4º da CF):
mentar, vejamos.
z 1° Lei Complementar: Aprovação de lei comple-
mentar, fixando o período dentro do qual pode- Art. 18. A organização político-administrativa da
rá ocorrer a criação, incorporação, fusão e o República Federativa do Brasil compreende a União,
desmembramento; os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.
z 2º lebiscito + Estudo de viabilidade: Consulta pré-
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
via, mediante plebiscito às populações dos muni-
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
cípios envolvidos, após divulgação dos estudos de
criação, transformação em Estado ou reintegração
viabilidade municipal, apresentados e publicados
ao Estado de origem serão reguladas em lei
na forma da lei;
complementar. (grifo nosso)
z 3º Lei Estadual: Aprovação de lei ordinária esta-
dual formalizando a criação, incorporação, fusão, ou
REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
desmembramento do município.
A repartição das competências são atribuições que
DISTRITO FEDERAL
a Constituição dá aos Entes federados, de natureza
A Constituição Federal 1988 conferiu ao Distri- administrativa e legislativa. O legislador se preocupou
to Federal natureza de ente federativo autônomo, em dividir essas atribuições (competências) com base
com capacidade de auto-organização, autogoverno no chamado princípio da predominância do interes-
e autoadministração, sendo proibida a possibilidade se, ou seja, as atribuições de interesse nacional são
de subdivisão em Municípios (art. 32, caput), como de competência da União (exemplo: declarar guerra
exemplo de autonomia do Distrito Federal podemos e celebrar paz), já as atribuições de interesse Estadual
citar a capacidade do Distrito Federal para criar a sua são de competência dos estados (exemplo: exploração
lei orgânica, bem como na capacidade de eleger seu de serviço de transporte de passageiros intermunici-
Governador e Vice-Governador, sem interferência da pal) e atribuições de interesse local de competência
União nas eleições. dos municípios (exemplo: expedição de alvará de esta-
A sede do governo do Distrito Federal é Brasília, belecimento comercial).
conforme consagra a Lei Orgânica do DF, art. 6º.
Conforme art. 32, § 1º da CF, ao Distrito Federal são
atribuídas às competências legislativas reservadas Dica
aos Estados e Municípios, cumulativamente. Entre- Não existe hierarquia entre os Entes da Federação.
tanto, conforme o § 4º do dispositivo em comento a
lei federal disporá sobre a utilização pelo Governo do A divisão de competências é basicamente por dois
DF, da polícia civil, da polícia penal, da polícia mili-
modelos, modelo horizontal, quando a Constituição
tar e do corpo de bombeiros militar, ou seja, estes são
dá atribuição a um único ente (exclusiva e privativa),
mantidos diretamente pela União.
por exemplo, art. 21 da CF que consagra a competên-
TERRITÓRIOS FEDERAIS cia exclusiva da União. Bem como, pelo modelo verti-
cal, que atribui a mais de um ente a competência, por
Os Territórios Federais são divisões administra- exemplo, é o caso da competência legislativa concor-
tivas da União, sem pertencer a qualquer Estado; rente da União, do Estado e do Distrito Federal previs-
podem surgir da divisão de um Estado membro ou ta no art. 24 da CF.
desmembramento, existindo autonomia administrati-
va, mas não política, ou seja, os Estados podem subdi- 1. Espécies de competências
vidir-se ou desmembrar-se para formarem Territórios
Federais, mediante aprovação da população direta- Na nossa Carta Magna a repartição das competên-
mente interessada, por meio de plebiscito e do Con- cias tem previsão nos artigos 21, 22, 23 e 24 e tem o
gresso Nacional, por intermédio de lei complementar. objetivo de partilhar entre os entes federados as ati-
Entretanto, no caso de criação de um Território o vidades do Estado, classificada como competência
texto constitucional não exige a realização de plebisci-
administrativa e competência legislativa.
to, porém nada impede que possa ocorrer.
Sendo que os Territórios a partir da CF/88 não são
a) Competência administrativa
considerados entes federativos, servem para que a
União administre áreas que não possuem um governo
estadual, ou seja, trata-se apenas de uma mera autar- A competência administrativa também pode ser
quia em regime especial que é designada para admi- chamada de competência material, pois trata-se da
nistrar parcela de território do país. organização do Estado para efetuar tarefas e realização
Atualmente não existem mais Territórios Federais de atividades referente às matérias nela relacionadas,
no Brasil, inclusive a própria Constituição Federal podem ser classificadas como competência exclusiva da
182 1988 no Ato das Disposições Gerais Transitórias art. União e competência comum entre os Entes Federados.
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estru-
tura aeroportuária;
GERENCIAL OU MATERIAL
d) os serviços de transporte ferroviário e aqua-
Art. 21 da CF Art. 23 da CF viário entre portos brasileiros e fronteiras nacio-
nais, ou que transponham os limites de Estado ou
Exclusiva da União Comum Território;
Indelegável e) os serviços de transporte rodoviário interesta-
dual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
Como memorizar? Entes federados.União,
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
Os incisos fazem menção Estados, DF e Municípios.
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territó-
à atuação e ação. rios e a Defensoria Pública dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
Competência exclusiva da União é indelegável, ou penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros mili-
seja, não pode ser delegada a outro ente federativo, tar do Distrito Federal, bem como prestar assistên-
prevista no art. 21 da CF. Perceba que os incisos fazem cia financeira ao Distrito Federal para a execução
menção a atuação e ação, vejamos: de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
Atenção! Colocamos o art. 21 da CF na íntegra, tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
pois é muito cobrado em provas, recomenda-se a nacional;
leitura do dispositivo reiteradas vezes! XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo,
de diversões públicas e de programas de rádio e
Art. 21. Compete à União: televisão;
I - manter relações com Estados estrangeiros e par- XVII - conceder anistia;
ticipar de organizações internacionais; XVIII - planejar e promover a defesa permanente
II - declarar a guerra e celebrar a paz; contra as calamidades públicas, especialmente as
III - assegurar a defesa nacional; secas e as inundações;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complemen- XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território de recursos hídricos e definir critérios de outorga
nacional ou nele permaneçam temporariamente; de direitos de seu uso
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
intervenção federal; urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o siste-
Exemplo: Em 2018 foi decretada a intervenção
ma nacional de viação;
federal no estado do Rio de Janeiro (Decreto nº 9.288
XXII - executar os serviços de polícia marítima,
de 2018), uma medida excepcional de natureza mili-
aeroportuária e de fronteiras;
tar com o objetivo de reestabelecer a ordem pública e
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
resolver algumas questões de segurança pública prin- de qualquer natureza e exercer monopólio estatal
cipalmente nas comunidades. sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e repro-
cessamento, a industrialização e o comércio de
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
de material bélico; seguintes princípios e condições:
VII - emitir moeda; a) toda atividade nuclear em território nacional
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis- somente será admitida para fins pacíficos e median-
calizar as operações de natureza financeira, espe- te aprovação do Congresso Nacional;
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, b) sob regime de permissão, são autorizadas a
bem como as de seguros e de previdência privada; comercialização e a utilização de radioisóto-
pos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e
Exemplo: Compete a União administrar os ativos industriais;
financeiros em moeda estrangeira, ou seja, são as reser- c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro-
vas internacionais, denominadas como reservas cam- dução, comercialização e utilização de radioisóto-
biais, é como um ativo do Banco Central do Brasil, assim pos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
cabe a União optar por vender esses ativos ou não. d) a responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regio- XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
nais de ordenação do território e de desenvolvimen- trabalho;
to econômico e social; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
DIREITO CONSTITUCIONAL
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; do Distrito Federal e dos Municípios. (ADI 6341, rel.
XIV - proteção e integração social das pessoas por- Min. Marco Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em
tadoras de deficiência; 26.03.2020)
XV - proteção à infância e à juventude; Entenda o caso: Considerou o Ministro do STF
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das que com fundamento no art. 23, II da CF que dispõe
polícias civis. da competência de todos os entes cuidarem da saú-
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe- de e assistência pública. É oportuno mencionar tam-
tência da União limitar-se-á a estabelecer normas bém o art. 198, inciso I da CF. Vejamos os dispositivos
gerais. mencionados.
§ 2º A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência suplemen- Art. 23. É competência comum da União, dos
tar dos Estados. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os II - cuidar da saúde e assistência pública, da
Estados exercerão a competência legislativa plena, proteção e garantia das pessoas portadoras de defi-
para atender a suas peculiaridades. ciência; (grifo nosso) 185
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde Art. 30. Compete aos Municípios:
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e I - legislar sobre assuntos de interesse local;
constituem um sistema único, organizado de acor- II - suplementar a legislação federal e a estadual no
do com as seguintes diretrizes: que couber;
I - descentralização, com direção única em cada Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
esfera de governo; (grifo nosso) Federal legislar concorrentemente sobre:
[...] § 2º A competência da União para legislar sobre
Por exemplo, em 11 de maio de 2020 o Presidente normas gerais não exclui a competência suplemen-
da República definiu como serviço essencial as acade- tar dos Estados.
mias, salões de beleza e barbearias. Entretanto, com
base no entendimento do STF e o art. 23 da CF expli- É sempre bom lembrar que no art. 32 da CF, o legis-
cado acima, cada estado poderá optar por receber e lador dispõe sobre o Distrito Federal, o qual o mesmo
implantar as regras contidas no Decreto do Presiden- tem competência cumulativa, ou seja, a Lei Distrital
te, ou seja, cada Governador poderá entender por pode ter conteúdo estadual e municipal. (Art. 32 § 1º,
não receber este decreto e decidir por não aplica-
art. 147 e 155 da CF).
-lo em seu estado, sempre observando o princípio
da proporcionalidade e o princípio da supremacia do
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
interesse público sobre o particular14.
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e
c) Competência residual
aprovada por dois terços da Câmara Legislativa,
que a promulgará, atendidos os princípios estabe-
A competência residual é a competência dos Esta- lecidos nesta Constituição.
dos membros para se organizarem, consagrada art. § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as com-
25 da CF. petências legislativas reservadas aos Estados e
Em relação ao Art. 25, da CF, considere: Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governa-
z Competência Residual: Estados Organizam-se e dor, observadas as regras do art. 77, e dos Deputa-
regem-se, assim fazendo a sua própria constituição dos Distritais coincidirá com a dos Governadores
estadual e leis observando os princípios da CF/88. e Deputados Estaduais, para mandato de igual
duração.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislati-
Constituições e leis que adotarem, observados os va aplica-se o disposto no art. 27.
princípios desta Constituição. § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
§ 1º São reservadas aos Estados as competências
Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
polícia penal, da polícia militar e do corpo de bom-
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
beiros militar.
mediante concessão, os serviços locais de gás cana-
lizado, na forma da lei, vedada a edição de medida
provisória para a sua regulamentação. z A superveniência de lei federal sobre normas
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complemen- gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
tar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações lhe for contrária.
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupa- z Regulamento de Uber (exemplo) deve ser fei-
mentos de municípios limítrofes, para integrar a to através de lei federal, mas quem fiscaliza é o
organização, o planejamento e a execução de fun- município, ora, compete à lei federal regulamentar
ções públicas de interesse comum. transporte de pessoas que utilizam o aplicativo15.
z STF considerou que lei estadual não pode isentar
d) Competência local
cobrança de estacionamento de estabelecimen-
tos comerciais16. Da mesma forma considerou que
É a competência atribuída aos Municípios consa-
lei estadual não pode alterar data de vencimento
grada no art. 30 da CF. Os municípios podem legislar
das mensalidades escolares17.
sobre temas da competência legislativa concorrente,
z STF também já considerou que compete aos muni-
desde que seja no interesse local e suplementando a
legislação federal e estadual no que couber. cípios legislar sobre tempo de fila em banco.
Ex.: O município pode legislar sobre o tema de Pes- Tema de Repercussão Geral nº 27218.
ca se atividade econômica pescaria for predominante
no município, conforme o art. 30, I e II combinado Por fim, vejamos algumas Súmulas vinculantes19
com art. 24 § 2º da CF. importantes sobre o tema abordado:
Em relação ao Art. 30, da CF, considere:
Súmula Vinculante 2: É inconstitucional a lei ou
z Competência Legislativa Local: Temas de compe- ato normativo Estadual ou Distrital que disponha sobre
tência legislativa concorrentes desde que seja de sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e
interesse local. loterias.
14 Decreto Nº 10.344, de 11 de Maio de 2020
15 Lei 13.640 de 26 de março de 2018.
16 ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.08.2016, DOU 07.02.2017.
17 ADI 1007/PE, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 31.08.2005, DOU 16.03.2016.
18 RE 610221RG, rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 29.04.2010, DOU 20.08.2010.
186 19 Súmula Vinculante é decisão editada pelo STF, por reiteradas decisões em matéria constitucional.
Súmula vinculante 38: É competente o Município 3º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional:
para fixar o horário de funcionamento de estabeleci-
mento comercial. z Confirma: Art. 49, IV da CF/88
Súmula vinculante 39: Compete privativamente z Rejeita: Art. 136 § 4º da CF/88
à União legislar sobre vencimentos dos membros das
polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar Controle político imediato – ocorre na decretação
do Distrito Federal. ou caso persistirem as razões que justificaram o esta-
Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de do de defesa, este poderá ser prorrogado por mais 30
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas dias, então o Presidente da República no prazo de 24
horas submete a decisão ao Congresso Nacional, que
normas de processo e julgamento são de competência
deverá decidir pelo voto da maioria absoluta e median-
legislativa privativa da União.
te decreto legislativo, sobre a aprovação ou suspensão.
Caso o Congresso estiver em recesso, será convocado
no prazo de cinco dias – Sessão Legislativa Extraordiná-
ria. Deverá, também, apreciar o decreto no prazo de dez
DEFESA DO ESTADO E DAS dias do seu recebimento (art. 136, §5º e 6º da CF/88).
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS Controle político concomitante (ao mesmo
tempo) - Neste caso, cinco membros da mesa do Con-
ESTADO DE DEFESA gresso Nacional têm que acompanhar e fiscalizar as
medidas tomadas.
Controle político sucessivo (no final) – Ocorre nos
O Estado de Defesa e Estado de Sítio são legalida-
termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual deter-
des extraordinárias temporárias, criadas por Decreto
mina que após cessar o estado de defesa as medidas apli-
do Presidente da República, consagrados no Título V
cadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente
da Constituição Federal. da República em mensagem ao Congresso Nacional.
O estado de defesa tem o objetivo de preservar ou Caso o Congresso Nacional não aceite a justifica-
reestabelecer em locais restritos à ordem pública e a tiva relada pelo Presidente da República no controle
paz social ameaçada por grave e iminente instabilida- político sucessivo e se, caracterizado algum crime de
de institucional ou atingidas por calamidade de gran- responsabilidade, poderá o Presidente ser submetido
de proporção da natureza, conforme dispõe art. 136 ao processo, conforme a Lei 1.079/1950 e art. 85 da
da CF/88. CF/88. (controle jurídico)
É obrigatória análise pelo Conselho da República
e pelo Conselho de Defesa Nacional (art. 89 a 91 da ESTADO DE SÍTIO
CF/88), ainda que a opinião dos Conselhos não seja
vinculante. O controle político ocorre após a decreta- O estado de sítio está consagrado no art. 137 a 139
ção do Presidente deve no prazo de 24 horas enviar ao da CF/88 e será decretado diante da ineficácia do esta-
Congresso Nacional para análise, para ser autorizado do de defesa, diante de comoção de grave repercus-
depende da autorização da maioria absoluta de seus são nacional. E não pode ser decretado por mais de 30
membros. dias, porém, se necessário, pode ser prorrogado por
mais 30, se necessário de novo, mais 30, e assim por
O tempo de duração não será superior a 30 dias,
diante.
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual
No caso de declaração de estado de guerra ou res-
período. Nesse período será limitado o direto de reu-
posta a agressão armada estrangeira, o estado de sítio
nião, mesmo que exercida junto às associações, sigilo
poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar
de correspondência e sigilo de comunicação telegráfi- a guerra ou a agressão armada estrangeira.
ca e telefônica. Procedimento:
Procedimento:
1º: Presidente da República consulta dois conselhos.
1º: Presidente da República consulta dois conselhos.
z Conselho da República
z Conselho da República z Conselho da Defesa Nacional
z Conselho da Defesa Nacional
2º: Controle político prévio - Presidente da Repúbli-
DIREITO CONSTITUCIONAL
2º: Presidente da República decreta Estado de Defesa ca solicita autorização ao Congresso Nacional par
(Art. 84 IX e 136 caput da CF) a decretação ou prorrogação do estado de sítio
(Art. 137, parágrafo único da CF/88).
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
República: Autorização será por maioria absoluta e por
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; decreto legislativo (art. 49, IV da CF/88).
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos
o Conselho da República e o Conselho de Defesa 3º: Presidente da República decreta estado de sítio.
Nacional, decretar estado de defesa para preservar Art. 84 IX e 137 caput da CF.
ou prontamente restabelecer, em locais restritos 4º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional:
e determinados, a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade ins- Controle político concomitante (ao mesmo tem-
titucional ou atingidas por calamidades de grandes po) –A partir do momento que o estado de sítio é auto-
proporções na natureza. rizado, o Congresso designa cinco membros da mesa 187
do Congresso Nacional para acompanhar e fiscalizar ESTADO DE
ESTADO DE SÍTIO
as execuções das medidas referente ao estado de sítio. DEFESA
Art. 49, IV e art. 140 da CF/88. Presidente da Presidente da
COMPETÊNCIA
Controle político sucessivo (no final) - Ocorre nos República República
termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual deter-
mina que após cessar o estado de defesa as medidas apli- Posterior:
cadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente Depois de decre- Prévio:
da República em mensagem ao Congresso Nacional. tado estado de Presidente da Re-
defesa o Presidente pública depende de
O direito de reunião pode ser limitado por decreto CONTROLE
da República co- autorização pelo
presidencial no estado de defesa e estado de sítio. A POLÍTICO
munica congresso Congresso Nacio-
censura também se torna possível no estado de sítio. nacional que nal para decretar o
Ainda, caso decretado estado de sítio por comoção pode confirmar ou estado de sítio.
grave de repercussão nacional ou ineficácia da medi- cessar.
da tomada durante o estado de defesa, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as medidas consagradas no
FORÇAS ARMADAS (ART. 142, CF)
art. 139 da CF, vejamos:
As forças armadas estão consagradas no título V da
I - obrigação de permanência em localidade
determinada; Constituição Federal, conforme art. 142, as forças arma-
II - detenção em edifício não destinado a acusados das são constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáu-
ou condenados por crimes comuns; tica, a qual são instituições nacionais permanentes e
III - restrições relativas à inviolabilidade da corres- regulares, organizadas com base na hierarquia e dis-
pondência, ao sigilo das comunicações, à prestação ciplina, sob autoridade do Presidente da República. As
de informações e à liberdade de imprensa, radiodifu- funções das forças armadas, além da defesa da pátria,
são e televisão, na forma da lei; também englobam a defesa do estado e das instituições
IV - suspensão da liberdade de reunião; democráticas (garantidoras da lei e da ordem).
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
Dica
VII - requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do As forças armadas estão inseridas na estrutura
inciso III a difusão de pronunciamentos de parla- do Poder Executivo.
mentares efetuados em suas Casas Legislativas,
desde que liberada pela respectiva Mesa. Os membros das forças armadas são denominados
como militares e tem função subsidiária, ou seja, desem-
ESTADO DE
ESTADO DE SÍTIO
penham funções que originalmente são de competência
DEFESA das forças da segurança pública (polícia federal, civil e
militar dos estados e DF).
TÍTULO V Seção I Seção II
ART. 136 A 141 Art. 136 da CF Art. 137 da CF Ainda, conforme dispõe o art. 142 do texto constitu-
cional, as forças armadas estão sob a autoridade supre-
Comoção grave de ma do Presidente da República, e destinam-se à defesa
Preservar ou rees-
repercussão nacio- da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
tabelecer ordem
nal ou ineficácia iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
pública e a paz
da medida tomada
social ameaçada
durante o estado de
por grave e imi-
PRESSUPOSTOS defesa; FORÇAS ARMADAS QUE O PRESIDENTE DA REPÚ-
nente instabilidade
Declaração de
institucional; BLICA É AUTORIDADE SUPREMA
estado de guerra
Calamidade de
ou resposta a Marinha Exército Aeronáutica
grande proporção
agressão armada
da natureza.
estrangeira.
Internamente são subordinadas aos seus respecti-
Comoção grave de
repercussão nacio- vos comandantes, integrados no Ministério da Defesa
nal ou ineficácia com obediência ao Presidente da República. Assim, as
da medida tomada patentes são conferidas pelo Presidente da República,
durante o estado de entretanto a perda desta só ocorrerá se for julgado
defesa; indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
30 dias podendo
se for o caso ser
decisão de tribunal militar de caráter permanente,
30 dias podendo em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
prorrogado suces-
ser prorrogado de guerra, conforme incisos I e VI do art. 142 da CF/88.
sivamente 30 + 30
PRAZO somente uma vez
por igual período.
+ 30 [...] Aos militares é proibida a sindicalização e greve.
Declaração de Ainda, no serviço ativo não pode estar filiado a parti-
Exemplo: 30 + 30
estado de guerra do político.
ou resposta a
agressão armada STF já se posicionou sobre o tema:
estrangeira.
Decretado pelo 1. O exercício do direito de greve, sob qualquer for-
tempo que durar a ma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e
guerra ou agressão a todos os servidores públicos que atuem direta-
armada.
188 mente na área de segurança pública.
2. É obrigatória a participação do poder público em art. 23, caput , inciso XIV, da Lei nº 4.737, de 15 de julho
mediação instaurada pelos órgãos classistas das de 1965 - Código Eleitoral, DECRETA:
carreiras de segurança pública, nos termos do art.
165 do CPC, para vocalização dos interesses da Art. 1º Fica autorizado o emprego das Forças Arma-
categoria. (STF. ARE 654.432, rel. Min. Alexandre de das para a garantia da ordem pública durante a vota-
Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11.60.2018, Tema 541) ção e a apuração das eleições de 2020.
Art. 2º As localidades e o período de emprego das
Forças Armadas serão definidos conforme os ter-
Conforme dispõe o § 2º do art. 142 da CF, não
mos de requisição do Tribunal Superior Eleitoral.
cabe habeas corpus em caso de punição militar, sen-
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua
do que este segue as próprias regras de hierarquia e publicação.
disciplina.
Mas cuidado! A doutrina e jurisprudência enten- SEGURANÇA PÚBLICA (ART. 144 DA CF):
de que se aplica o mencionado dispositivo quanto ao
mérito das punições militares, ou seja, quando for
Organização da Segurança Pública
o caso de ilegalidade dos pressupostos, como com-
petência e cumprimento de regras estabelecidas no
A segurança pública é dever do Estado, direito e
regulamento militar é cabível a impetração de habeas
responsabilidade de todos, a qual objetiva a preserva-
corpus para análise do poder judiciário.
ção da ordem pública e da incolumidade de pessoas e
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMI-
do patrimônio, conforme consagra o art. 144 do texto
NAL. PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR. Não há que se
constitucional. É exercido por meio de órgãos federais
falar em violação ao art. 142, § 2º, da CF, se a con- e estaduais como a polícia federal, polícia rodoviá-
cessão de habeas corpus, impetrado contra puni- ria federal, polícia ferroviária federal, polícias civis,
ção disciplinar militar, volta-se tão-somente para polícias militares, o corpo de bombeiros militares
os pressupostos de sua legalidade, excluindo a e as polícias penais federal, estadual e distrital, esta
apreciação de questões referentes ao mérito. Con- última acrescentada pela Emenda Constitucional nº
cessão de ordem que se pautou pela apreciação dos 104/2019.
aspectos fáticos da medida punitiva militar, invadindo Conforme o § 8º do art. 144 da CF os municípios
seu mérito. A punição disciplinar militar atendeu aos podem constituir guardas municipais destinados à
pressupostos de legalidade, quais sejam, a hierarquia, proteção de seus bens, serviços e instalações (deve
o poder disciplinar, o ato ligado à função e a pena sus- atuar somente na municipalidade). Cuidado! Esse
ceptível de ser aplicada disciplinarmente, tornando, órgão não integra a estrutura de segurança pública
portanto, incabível a apreciação do habeas corpus. para exercer a função de polícia ostensiva.
Recurso conhecido e provido.” (STF. RE 338.840, rel. Para o STF os órgãos que compõe a segurança
min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJ de 12.09.2003). pública estão relacionados nos incisos I ao VI do art.
A Constituição também prevê o serviço militar 144 da CF, sendo esse rol taxativo, ou seja, não podem
obrigatório, conforme art. 143, entretanto o inciso os municípios ou estados criarem outros órgãos para
VIII do art. 5º desobriga o alistado do serviço militar integrarem à segurança pública.
por motivo de crença religiosa, convicção filosófica ou
política, desde que cumpra prestação alternativa, que Art. 144. A segurança pública, dever do Estado,
é de competência das forças armadas atribuir. direito e responsabilidade de todos, é exercida para
a preservação da ordem pública e da incolumidade
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
da lei. órgãos:
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, I - polícia federal;
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de II - polícia rodoviária federal;
paz, após alistados, alegarem imperativo de cons- III - polícia ferroviária federal;
ciência, entendendo-se como tal o decorrente de IV - polícias civis;
crença religiosa e de convicção filosófica ou políti- V - polícias militares e corpos de bombeiros
ca, para se eximirem de atividades de caráter essen- militares.
cialmente militar. VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujei- Sobre o Departamento de Trânsito o STF já manifestou:
tos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. Os Estados-membros, assim como o Distrito Fede-
DIREITO CONSTITUCIONAL
Em suma, é a participação que cada contribuin- A Saúde é direito de todos e dever do Estado, regu-
te deve fazer com a seguridade social conforme sua lamentada no art. 196 da CF e pela Lei nº 8.080/90,
capacidade contributiva. dispositivos que visam garantir mediante políticas
sociais e econômicas conjunto de ações do Estado
VI - diversidade da base de financiamento, identi- destinados à redução de riscos relativos de doenças e
ficando-se, em rubricas contábeis específicas para suas consequências. A saúde não tem natureza contri-
cada área, as receitas e as despesas vinculadas a butiva, ou seja, deverá ser prestada a quem precisar e
ações de saúde, previdência e assistência social, independe de pagamento, desse modo ficam sujeitos 191
ao controle, fiscalização e regulamentação do poder praticados pelos demais entes federativos no âmbi-
público, ou seja, são de relevância pública. to da competência comum para legislar sobre saúde
O poder público cumpre seu dever na relação pública (artigo 23, II da CF) (ADI 6341, rel. Min. Mar-
jurídica da saúde através do sistema único de saúde, co Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em 26.03.2020).
sendo um conjunto de ações e serviços organizado de Bem como, na ADPF 672 proposta pelo Conselho
acordo com a descentralização, atendimento integral Federal da OAB em face dos atos omissivos e comis-
e com a participação da comunidade. sivos praticados pelo Poder Executivo federal decor-
Ainda, conforme art. 200 da CF, compete ao siste- rente da pandemia, o Ministro do STF, Alexandre de
ma único de saúde o controle de substancias de inte- Moraes em decisão monocrática considerou que no
resse para a saúde e outras destinadas à prestação caso de crise, como a que vivenciamos pela pandemia
sanitária, em sua área da atuação, a Emenda Consti- da covid-19 a cooperação entre os entes federativos
tucional 85/2015, passou a incluir também como com- são de suma importância para a defesa do interesse
petência, o desenvolvimento científico e tecnológico e público. Assim, reconheceu e assegurou que os Esta-
a inovação. dos e Municípios tem competência para manutenção
Conforme art. 198, § 1º da CF, o sistema único de das medidas restritivas durante a pandemia, como
saúde será financiado com orçamentos da seguridade por exemplo, a suspensão das atividades de ensino
social dos entes da Federação, além de outras fontes. e as restrições às atividades do comércio. (ADPF 672,
Nesse sentido, o STF considerou que a responsabilida- rel. Min. Alexandre de Moraes, decisão em 08.04.2020,
de dos entes da Federação deve ser solidária, vejamos. Dje em 15.04.2020)
EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMI- O texto constitucional autoriza gestores locais
NISTRATIVO DIREITO À SAÚDE. TRATAMENTO admitir agentes comunitários de saúde e agentes de
MÉDICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS combate às epidemias através de processo seletivo
ENTES FEDERADOS. CONSONÂNCIA DA DECISÃO público, de acordo com os requisitos específicos para
RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZA- sua atuação. Desse modo, o regime jurídico, piso sala-
DA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO rial e as diretrizes para o plano de carreira serão dis-
EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE TRÂNSITO. postos em lei federal.
REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDI- O servidor que exerça funções equivalentes aos
MENTO VEDADO NA INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. agentes comunitários de saúde e agentes de combate
ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 11/07/2014. às epidemias poderá perder o cargo em caso de des-
1. O entendimento adotado pela Corte de origem, cumprimento de requisitos específicos (art. 198 § 6º).
nos moldes do assinalado na decisão agravada, não Como forma de complementar o sistema único
diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste de saúde, é livre a iniciativa privada a assistência à
Supremo Tribunal Federal. Entender de modo diver- saúde mediante contrato de direito público ou convê-
so demandaria a reelaboração da moldura fática nio, tendo preferência às entidades filantrópicas e as
delineada no acórdão de origem, o que torna oblí- sem fins lucrativos. O art. 199, § 2º, veda a destinação
qua e reflexa eventual ofensa, insuscetível, como tal, de recursos públicos para auxílios ou subvenções às
de viabilizar o conhecimento do recurso extraor- instituições privadas com fins lucrativos. Bem como,
dinário. 2. As razões do agravo regimental não se conforme § 3º, é vedada também a participação direta
mostram aptas a infirmar os fundamentos que las- ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
trearam a decisão agravada. 3. Agravo regimental assistência à saúde no País, com exceção dos casos
conhecido e não provido. (RE 855.178-RG, rel. min. previstos em lei.
Luiz Fux, j. 5-3-2015, P, DJE de 16-3-2015, Tema 793).
Previdência Social
z Considerações do STF sobre o Coronavírus: ADI
926 e ADPF 672 A emenda constitucional nº 103 de 2019, também
chamada como reforma da previdência, trouxe diver-
Sobre o tema, vamos relembrar conforme estuda- sas modificações ao texto constitucional, alterou o
mos no decorrer deste material sobre a ADI 926/2020 sistema de previdência social e estabeleceu regras de
e ADPF 672, ações que deram origem as considerações transição e disposição transitórias.
do STF sobre a repartição das competências em face Conforme o art. 201 das CF, a previdência social
da pandemia do covid-19. será organizada sob forma de regime geral, de filiação
Vamos relembrar?! obrigatória. Ainda, a previdência social tem nature-
Os legitimados da ADI 926/2020 sustentaram que za contributiva, ou seja, destinada apenas para quem
a redistribuição de poderes de polícia sanitária intro- contribui, devendo ser observado os critérios que pre-
duzida pela MP na Lei Federal 13.979/2020 interferiu servem o equilíbrio financeiro e atuarial.
no regime de cooperação entre os entes federativos.
A previdência social é uma espécie de seguro,
Ainda, alegaram que essa centralização de com-
que protege seus segurados de eventos como morte,
petência esvazia a responsabilidade constitucio-
invalidez, reclusão ou desemprego, ou seja, dos riscos
nal de estados e municípios para cuidar da saúde,
sociais, são prestações pecuniárias aos segurados e as
dirigir o Sistema Único de Saúde e executar ações
pessoas que contribuam para previdência.
de vigilância sanitária e epidemiológica. Assim, ao
apreciar o caso em tela, o Ministro Marco Aurélio, em
decisão monocrática, considerou que a redistribuição PREVIDÊNCIA SOCIAL
de atribuições pela MP 926/2020 não afasta a compe-
tência concorrente dos entes federativos, ou seja, Benefícios Serviços
entendeu que a distribuição de atribuições prevista na
Medida Provisória não contraria a Constituição Fede- É por meio do Instituto Nacional do Seguro Social
192 ral, pois as providências não afastaram atos a serem – INSS que o segurado pode receber os benefícios
previdenciários relacionados nos incisos do art. 201 titulares de cargos efetivos da União, dos Estados,
da CF, são os seguintes: do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
suas autarquias e fundações, os membros do Poder
I - cobertura dos eventos de incapacidade tem- Judiciário, do Ministério Público, das Defensorias
porária ou permanente para o trabalho e idade Públicas e dos Tribunais e dos Conselhos de Con-
avançada; tas, na forma da lei complementar nº 152 de 2015.
II - proteção à maternidade, especialmente à Ainda, conforme consagra o art. 202 da CF o regi-
gestante; me de previdência privada é facultativo e de caráter
III - proteção ao trabalhador em situação de desem-
complementar, deve ser organizado de forma autôno-
prego involuntário;
ma e será regulamentado por lei complementar.
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os
dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou Assistência Social
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes,
observado o disposto no § 2º. Assistência social se refere às políticas sociais vol-
tadas a prover as necessidades básicas do cidadão que
O § 2º, mencionado no inciso V, determina que dela necessitar. Consagrada na Constituição Federal
benefícios que substituem o salário de contribuição no art. 203 e 204 e regulamentada pela Lei 8.742/13,
ou o rendimento do trabalho do segurado não podem tem os seguintes objetivos:
ter valor mensal inferior ao salário mínimo.
A emenda constitucional nº 103 de 2019, dentre Art. 203. A assistência social será prestada a quem
outras modificações, alterou os requisitos necessários dela necessitar, independentemente de contribui-
para requerimento de aposentadoria presentes no art. ção à seguridade social, e tem por objetivos:
201, § 7º da Constituição. Vejamos no quadro explica- I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
tivo os requisitos necessários para requerimento de adolescência e à velhice;
aposentadoria após a reforma da previdência. II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas porta-
Homem - 65 anos de idade; doras de deficiência e a promoção de sua integra-
Mulher - 62 anos de idade; ção à vida comunitária;
Observado tempo mínimo
de contribuição;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício
Exceção: Professor que mensal à pessoa portadora de deficiência e ao ido-
TRABALHADORES Art. 201, comprove tempo de efetivo so que comprovem não possuir meios de prover à
exercício das funções de própria manutenção ou de tê-la provida por sua
URBANOS § 7º, I da CF magistério na educação
infantil e no ensino funda-
família, conforme dispuser a lei.
mental e médio fixado em
lei complementar: será re- Como visto, a Constituição Federal prevê a possi-
duzido em 5 anos o requi-
sito de idade.
bilidade de um pagamento assistencial ao deficiente
físico ou idoso que não possa prover suas próprias
Homem - 60 (sessenta) necessidades ou pelos seus familiares.
anos de idade;
Mulher - 55 anos de idade.
Também se aplica para É financiada com recursos do orçamento da seguri-
TRABALHADORES Art. 201, os que exerçam suas ati- dade social e tem natureza não contributiva, ou seja,
RURAIS § 7º, II da CF vidades em regime de não é um seguro social, pois não depende de contri-
economia familiar, nestes buição do beneficiário.
incluídos o produtor rural,
o garimpeiro e o pescador
artesanal.
MEIO AMBIENTE
4. (CESPE – 2019) A respeito de mandado de injunção, 8. (CESPE – 2019) À luz da Constituição Federal de 1988
assinale a opção correta. (CF), julgue o item a seguir.
Além dos recursos do orçamento da seguridade social,
a) É cabível mandado de injunção para exigir do Poder outras fontes podem ser empregadas nas ações gover-
Legislativo a edição de regulamentação dos direitos namentais na área da assistência social, devendo tais
do nascituro. ações ser organizadas com base em diretrizes previs-
b) Mandado de injunção é instrumento do sistema de con- tas na CF.
trole concreto e difuso da omissão inconstitucional.
c) É cabível mandado de injunção para questionar a efetivi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dade de lei que regulamente disposição constitucional.
d) Mandado de injunção não é o meio próprio para reque- 9. (CESPE – 2020) De acordo com a Constituição Fede-
rer a concessão de aposentadoria especial em função ral de 1988, a educação é direito de todos e dever do
do exercício de atividade insalubre. Estado e da família. Esse caráter de direito público e
e) Sentença de mandado de injunção não tem o efeito de subjetivo da educação é violado quando
estabelecer as condições em que se dará o exercício
do direito pleiteado. a) os municípios não atendem às necessidades locais
de ensino fundamental para a população em idade
5. (CESPE – 2020) Considerando as disposições da escolar.
Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os itens a b) a União não oferta vagas suficientes para o ensino
seguir, acerca da seguridade social. superior.
c) os estados não promovem ações de formação pro-
I. A seguridade social abrange os direitos relativos à saú- fissional de acordo com as necessidades de sua
de, à previdência e à assistência social. jurisdição.
II. A seguridade social é financiada, entre outras fontes, d) um adolescente de quinze anos de idade é submetido
mediante contribuição social das entidades beneficen- a situação de menor aprendiz, trabalhando para ajudar
tes de assistência social. na renda familiar.
III. A CF define para os segurados um reajuste bianual do e) estados e municípios não conseguem ofertar vagas na
benefício. educação infantil para atender à população de zero a
IV. Um dos objetivos do poder público ao organizar a cinco anos de idade.
seguridade social é a irredutibilidade do valor dos
benefícios. 10. (CESPE – 2020) A respeito do direito à educação esta-
belecido na CF, julgue o item a seguir.
Estão certos apenas os itens A CF não veda, de forma absoluta, o ensino domiciliar,
mas proíbe qualquer de suas espécies que não res-
a) I e II. peite o dever de solidariedade entre a família e o Esta-
b) I e IV. do como núcleo principal à formação educacional de
c) II e III. crianças, adolescentes e jovens.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV. ( ) CERTO ( ) ERRADO
6. (CESPE – 2019) A respeito das dimensões dos direitos 11. (CESPE – 2019) Considerando a pouca quantidade de
fundamentais e de seus destinatários, julgue o item a defensores públicos indispensáveis ao atendimento
seguir. O ônus da prova para a negativa de prestação adequado dos necessitados na forma da lei, determi-
de serviço de saúde vincula os órgãos estatais. nado estado da Federação aprovou o respectivo pro-
jeto e sancionou a lei Y, que criou a obrigatoriedade
196 ( ) CERTO ( ) ERRADO de estágio curricular no atendimento da assistência
jurídica gratuita por núcleo de prática jurídica inte- 14. (CESPE – 2020) Com base nas disposições da Consti-
grante do departamento de direito de universidade tuição Federal de 1988 e do Código Florestal, julgue o
estadual, estabelecendo sua organização, seu funcio- item a seguir.
namento e seus horários, inclusive determinando sua Segundo disposição constitucional, cabe ao poder
atuação em regime de plantão, bem como vinculando público e à coletividade, enquanto titular do direito ao
a certificação da conclusão do curso de bacharelado meio ambiente ecologicamente equilibrado, o dever de
pelos alunos ao cumprimento do referido estágio. defender e preservar o meio ambiente.
Conforme a CF, a doutrina e a jurisprudência do STF, a
lei Y é ( ) CERTO ( ) ERRADO
a) constitucional por atender ao princípio da indissociabi- 15. (CESPE – 2019) À luz da Constituição Federal de 1988
lidade entre ensino, pesquisa e extensão disposto em (CF), julgue o item a seguir.
norma constitucional. Tanto o adolescente trabalhador quanto o jovem traba-
b) inconstitucional por ferir a autonomia didático-científi- lhador têm direito de acesso à escola.
ca e administrativa da universidade.
c) constitucional, mas não atende a legislação que estabe- ( ) CERTO ( ) ERRADO
lece os critérios nacionais para a política educacional.
d) inconstitucional por atribuir função exclusiva de órgão
da DP à universidade estadual.
9 GABARITO
e) inconstitucional apenas quanto ao condicionamento
da certificação da conclusão do curso ao cumprimento 1 C
do estágio curricular obrigatório.
2 B
12. (CESPE – 2019) André e Joana realizaram a pré-matrí- 3 C
cula do filho Pedro, de três anos de idade, em creche
da secretaria de educação municipal. Após meses de 4 D
espera, Joana, não tendo recebido a resposta a respei-
to da vaga na creche, procurou auxílio da Defensoria 5 B
Pública, a qual oficiou a creche, solicitando que a insti- 6 CERTO
tuição efetuasse a matrícula da criança. Em resposta,
o diretor da creche informou não haver vaga disponí- 7 C
vel; que a pré-matrícula havia sido feita junto à secre-
8 CERTO
taria de educação; que o secretário o havia delegado
competente para efetivar as matrículas; e, por fim, que 9 A
Pedro não poderia ser matriculado — mesmo que hou-
vesse vaga — porquanto deveria ter quatro anos com- 10 CERTO
pletos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a
11 B
matrícula para o ingresso na pré-escola, conforme nor-
ma do Ministério da Educação. A Defensoria Pública 12 CERTO
impetrou mandado de segurança contra a autoridade
delegante, visando impugnar o ato não concessivo da 13 ERRADO
matrícula de Pedro. 14 CERTO
Com referência a essa situação hipotética, julgue o
item que se segue, tendo em vista o entendimento do 15 CERTO
STF e considerando que a competência do secretário
não é exclusiva.
A exigência de idade mínima de quatro anos para
ingresso na educação infantil bem como a fixação
da data limite de 31 de março para que a idade esteja
ANOTAÇÕES
completa são constitucionais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
DIREITO CONSTITUCIONAL
198
z Parte especial:
[...]
está dividido desta maneira):
III – a dignidade da pessoa humana
De forma simples, a consolidação do devido pro- O princípio da legalidade criminal apresenta atualmen-
cesso legal se dá quando é assegurado a todos o direito te, várias esferas de garantia. Dentre estas, as mais relevan-
a um processo que segue todas as etapas previstas em tes são os princípios da reserva legal e da anterioridade.
lei e que observa todas as garantias constitucionais
previstas. Dizer que foi observado o princípio do devi- Princípio da reserva legal
do processo legal na esfera penal significa afirmar que
houve sucesso na aplicação de todos os princípios pro- Ainda de acordo com o art. 5º, XXXIX, CF e o art. 1º, CP,
cessuais penais e processuais penais. em matéria penal, apenas lei em sentido estrito (apro-
É importante saber que os princípios da Dignidade vada pelo Parlamento, seguindo o procedimento legisla-
da pessoa humana e do Devido processo legal não tem tivo previsto na CF) pode criar crimes e sanções (penas
aplicabilidade somente ao Direito Penal, mas alcan- e medidas de segurança). Assim apenas leis ordinárias e
çam o Direito como um todo. No entanto, produzem leis complementares (leis em sentido estrito) podem
reflexos importantíssimos na área Penal e servem de prever crimes e cominar penas: Emendas constitucio-
base para todos os demais princípios e normas. nais, Medidas Provisórias, Leis Delegadas, Decretos Legis-
lativos e Resoluções não podem ser usadas.
Princípio da Legalidade
Princípio da anterioridade
Previsto no art. 5º, XXIX da Constituição, com reda-
ção semelhante à do art. 1º do CP, o princípio da lega- Previsto também no art. 5º, XXXIX, CF e art. 1º, CP, o
lidade é a mais importante garantia do cidadão frente princípio da anterioridade determina que, antes da prática
ao poder punitivo do Estado, sendo o mais relevante do crime, deve haver prévia definição em lei (estabelecen-
princípio penal. do, ainda, a pena cabível). Quem pratica a conduta crimi-
Compare o princípio conforme exposto na Consti- nosa, deve saber de antemão que o ato se trata de conduta
tuição (art. 5°) e no Código Penal (art. 1°): criminosa e sua consequência. Em outras palavras, a lei
penal nova deve entrar em vigor antes do fato criminoso e
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem dis- se aplica apenas para os fatos ocorridos após sua vigência.
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País Princípio da aplicação da lei mais favorável
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à (retroatividade da lei penal benéfica ou, ainda,
igualdade, à segurança e à propriedade, nos ter- irretroatividade da lei penal)
mos seguintes:
[...] A regra geral impõe que as leis tem sua validade vol-
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi- tada para o futuro, ou seja, são irretroativas. Por que tal
na, nem pena sem prévia cominação legal; regra? Porque, em caso contrário, haveria enorme insegu-
rança jurídica, correndo-se o risco da sociedade (destina-
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. tária da norma) ser surpreendida a todo instante. O art.
Não há pena sem prévia cominação legal. 5º, XL, CF e o art. 2º, CP apresentam uma exceção, válida
somente no Direito Penal. Observe como o princípio vem
Ou seja, por força deste princípio, não há crime disposto na Constituição Federal e no Código Penal:
(nem contravenção) sem prévia determinação legal,
assim como não há pena sem prévia cominação
CF CP
(imposição, prescrição) feita em lei.
Art. 5º Todos são iguais Art. 2º Ninguém pode ser
perante a lei, sem distinção punido por fato que lei pos-
Importante! de qualquer natureza, ga- terior deixa de considerar
rantindo-se aos brasileiros e crime, cessando em virtu-
Não confunda o princípio da legalidade, previsto aos estrangeiros residentes de dela a execução e os
no art. 5º, II, CF, segundo o qual “ninguém será no País a inviolabilidade do efeitos penais da sentença
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa direito à vida, à liberdade, condenatória.
senão em virtude de lei” (legalidade em sentido à igualdade, à segurança e Parágrafo único - A lei pos-
amplo), com o princípio da legalidade criminal à propriedade, nos termos terior, que de qualquer modo
que, conforme vimos, se encontra no art. 5º, seguintes: favorecer o agente, aplica-se
XXXIX, CF e art. 1º, CP, segundo o qual não há [...] aos fatos anteriores, ainda
XL – a lei penal não retroa- que decididos por sentença
crime sem lei (legalidade em sentido estrito).
girá, salvo para beneficiar o condenatória transitada em
réu; julgado.
200
Trata-se do “princípio-exceção” da retroatividade Além dos princípios acima, existem outros que
da lei penal mais benéfica: a norma penal mais bené- dizem respeito à aplicação da pena (como o da indivi-
fica ao agente do crime, retroage, sendo aplicável a dualização da pena e da humanidade) ou à teoria do
casos em curso ou já definitivamente sentenciados. crime (como o da intervenção mínima e o da taxativi-
Trata-se de assunto pertinente ao tema Lei penal no dade, por exemplo).
tempo, que será visto mais adiante.
Os princípios que até agora vimos são os mais rele- Taxatividade ou da determinação
vantes (portanto, os mais cobrados) no que diz res-
peito à aplicação da lei penal. Podemos resumi-los da Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal,
seguinte forma: que deve ser suficientemente clara e precisa na for-
mulação do conteúdo do tipo legal e no estabelecimen-
PREVISÃO to da sanção para que exista real segurança jurídica.
PRINCÍPIO SIGNIFICADO
LEGAL Tal assertiva constitui postulado indeclinável do
Estado de direito material: democrático e social.
O Direito Penal
O princípio da taxatividade é uma consequência
deve garantir a
do princípio da legalidade: de nada adianta estabele-
dignidade hu-
Dignidade da cer a conduta delituosa em lei se a definição do crime
Art. 1º, III, CF mana, limitando
pessoa humana é vaga, confusa, ampla demais ou, ainda, dá margem
os excessos do
Estado (“super- a mais de uma interpretação, o que gera insegurança
princípio”). e fere a legalidade.
sua vigência
nado, esta é a regra. No entanto, o próprio inciso XLV
Retroatividade Art. 5º, XL,CF e É um princípio- traz uma exceção: nas hipóteses previstas nos incisos
da lei penal art. 2º, CP -exceção. A regra I, II e §1º do art. 91 do Código Penal (que estabelece
benéfica geral é que as leis como efeitos da condenação o dever de indenizar o
tenham validade dano causado e o perdimento de determinados bens),
voltada para o fu- mesmo com o falecimento do condenado a obrigação
turo. Só a lei penal
de reparar o dano e a decretação do perdimento de
favorável ao agen-
bens alcançam os sucessores até o limite do valor do
te retroage.
patrimônio transferido. 201
Vimos acima a questão da responsabilidade pes- Esse princípio tem duplo destinatário:
soal: mas e as pessoas jurídicas, respondem na esfe-
ra penal? Sim, atualmente, somente em relação aos z O poder legislativo: que tem de estabelecer penas
crimes ambientais. A responsabilidade penal da proporcionadas, em abstrato, à gravidade do
pessoa jurídica é prevista na Lei Ambiental, Lei nº delito.
9.605/98, em seu art. 3º. A CF prevê a possibilidade z Juiz: as penas que os juízes impõem ao autor do
da responsabilização criminal da pessoa jurídica em
delito tem de ser proporcionais à sua concreta
duas hipóteses: nos crimes ambientais e nos crimes
econômicos (arts. 173 e 225, §3º, CF) mas apenas o pri- gravidade.
meiro encontra-se regulamentado e, portanto, pode
ser aplicado. Princípio da humanidade da pena ou da limitação
das penas
Princípio da Individualização da pena
Em um Estado de Direito democrático veda-se
Garante que o Direto Penal seja aplicado em cada a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem
caso concreto, tendo em vista particularidades como a como de qualquer outra medida que atentar contra
personalidade do agente e o grau de lesão ao bem jurí- a dignidade humana. Apresenta-se como uma dire-
dico (impede, pois, a generalização da aplicação da triz garantidora de ordem material e restritiva da lei
pena). Tal princípio está expresso no art. 5º, XLVI, CF: penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal,
e se relaciona de forma estreita com os princípios da
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção culpabilidade e da igualdade.
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- Está previsto no art. 5°, XLVII, CF, que proíbe as
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
seguintes penas:
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...] z de morte, salvo em caso de guerra declarada;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena [...] z de caráter perpétuo;
z de trabalhos forçados;
A pena deve ser individualizada em três planos: z de banimento;
legislativo, judicial e executório. Isto é, o princípio da z cruéis.
individualização da pena se dá em três momentos na
esfera penal: Um Estado que mata, que tortura, que humilha o
cidadão não só perde qualquer legitimidade, senão
z Cominação: a primeira fase de individualização que contradiz sua razão de ser, colocando-se ao nível
da pena se inicia com a seleção feita pelo legisla- dos mesmos delinquentes (FERRAJOLI, 2014).
dor, quando escolhe para fazer parte do pequeno
âmbito de abrangência do Direito Penal aquelas Princípio da adequação social
condutas, positivas ou negativas, que atacam nos-
sos bens mais importantes. Uma vez feita essa Uma conduta não será tida como típica se for
seleção, o legislador valora as condutas, apre- socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver
sentando penas de acordo com a importância de acordo da ordem social da vida historicamente
do bem a ser tutelado. condicionada.
z Aplicação: tendo o julgador chegado à conclusão Outro aspecto é o de conformidade ao Direito, que
de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável, prevê uma concordância com determinações jurídi-
dirá qual a infração praticada e começará, agora,
cas de comportamentos já estabelecidos.
a individualizar a pena a ele correspondente,
O princípio da adequação social possui dupla fun-
observando as determinações contidas no art. 59
ção, acompanhe:
do Código Penal (método trifásico).
z Execução Penal: a execução não pode igual para Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangên-
todos os presos, justamente porque as pessoas não cia do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele
são iguais, mas sumamente diferentes, e tampou- excluindo as condutas consideradas socialmente ade-
co a execução pode ser homogênea durante todo quadas e aceitas pela sociedade.
período de seu cumprimento. Individualizar a A segunda função é dirigida ao legislador em duas
pena, na execução consiste em dar a cada preso vertentes.
as oportunidades para lograr a sua reinserção A primeira delas o orienta quando da seleção das
social, posto que é pessoa, ser distinto. condutas que deseja proibir ou impor, com a finalida-
de de proteger os bens considerados mais importantes.
Princípio da Proporcionalidade da pena ou da Se a conduta que está na mira do legislador for
razoabilidade ou da proibição de excesso considerada socialmente adequada, não poderá ele
reprimi-la valendo-se do Direito Penal. A segunda ver-
Deve existir sempre uma medida de justo equilí- tente destina-se a fazer com que o legislador repense
brio entre a gravidade do fato praticado e a sanção os tipos penais e retire do ordenamento jurídico a pro-
imposta: a pena deve ser proporcionada ou adequada teção sobre aqueles bens cujas condutas já se adapta-
à magnitude da lesão ao bem jurídico representada ram perfeitamente à evolução da sociedade.
pelo delito e a medida de segurança à periculosidade Exemplo clássico é o adultério, que deixou de
criminal do agente. ser crime no Brasil em 2005. Por outro lado, são
A observância deste princípio impede que o Direi- exemplos de condutas formalmente típicas (previstas
to Penal intervenha de forma desnecessária ou exces- em tipo legal) mas materialmente atípicas (por serem
siva na esfera individual, gerando danos mais graves socialmente adequadas/aceitas): a tatuagem e o furo
202 do que os necessários para a proteção social. para a colocação de um brinco ou de um piercing.
Princípio da insignificância z Nos crimes contra a Administração Pública; e
z Nos delitos de transmissão clandestina de sinal de
Relacionado aos chamados crimes de bagatela, Internet via radiofrequência.
também conhecidos como delitos de lesão míni-
ma. Este é um dos princípios penais que, nos últimos Para o STF e o STJ o fato de ser reincidente não
anos, vem sendo cada vez mais discutido na doutri- impede a aplicação do princípio da insignificância.
na e tratado pela jurisprudência. De forma simples, Nesse sentido, em abril, a Segunda Turma do STF,
consiste no princípio que afirma que o Direito Penal no julgamento do Habeas Corpus 181389, manteve,
não deve se preocupar com condutas incapazes de por unanimidade, decisão do ministro Gilmar Mendes
ofender de forma relevante os bens jurídicos pro- que absolveu réu reincidente condenado a um ano e
tegidos pelo tipo penal. nove meses de reclusão pela tentativa de furto de R$
A insignificância tem natureza jurídica de causa 4,15 em moedas e de uma garrafa de Coca-Cola, duas
de exclusão da tipicidade material, isto é, como con- de cerveja e uma de cachaça (produtos que totalizam
sequência, devem ser tidas como atípicas as ações ou R$ 29,15).
omissões que afetam muito infimamente a um bem
jurídico-penal. Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento
A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não
justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir A lei penal tem o dever de prevenir os mais altos
a tipicidade em caso de danos de pouca importância. custos individuais representados pelos efeitos lesivos
Tal princípio é utilizado, por exemplo, em casos de das ações reprováveis e somente eles podem justificar
pequenos furtos simples. o custo das penas e das proibições.
O princípio da insignificância traz consigo uma O princípio axiológico da separação entre direito
série de discussões relevantes. A primeira delas diz e moral veta, por sua vez, a proibição de condutas
respeitos aos requisitos para sua aplicação. meramente imorais ou de estados de ânimo perverti-
De acordo com o entendimento consolidado do dos, hostis, ou, inclusive, perigosos.
Supremo Tribunal Federal (STF), sua aplicação não é
irrestrita e o princípio da bagatela somente pode ser
Princípio da razoabilidade
aplicado se presentes as seguintes condições objeti-
vas, ligadas, portanto, ao fato (requisitos objetivos):
Segundo a doutrina, o razoável sobrepõe o que é
legal. Faz com que a lei seja interpretada e aplicada
REQUISITOS OBJETIVOS DO PRINCÍPIO DA INSIG- em harmonia com a realidade, de modo social e juridi-
NIFICÂNCIA (STF) camente razoável, buscando aquilo que é justo.
M Mínima ofensividade da conduta
Princípio do ne bis in idem
A Ausência de periculosidade social
De acordo com o princípio do ne bis in idem (não
R Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do repetir sobre o mesmo), nenhum indivíduo pode ser
comportamento punido duas vezes pelo mesmo fato. Tem aplicabili-
dade no âmbito do direito penal material (ninguém
I Inexpressividade da lesão jurídica provocada pode sofrer duas penas em face do mesmo crime) e do
direito processual penal (ninguém pode ser processa-
Além destes (apresentados como forma de facili- do e julgado duas vezes pelo mesmo fato).
tar o aprendizado pela sigla M.A.R.I – que pode ser
trocada por R.I.A.M, desde que se altere a ordem), o
Superior Tribunal de Justiça (STJ), acrescenta mais
dois requisitos, de ordem objetiva (dizem respeito, APLICAÇÃO DA LEI PENAL
portanto, aos sujeitos):
Vamos agora, responder a três perguntas sobre a
z Não ser o réu criminoso habitual ou militar; lei penal:
z Condições da vítima: condição econômica, o valor
sentimental do bem, as circunstâncias e o resulta- z Quando ela se aplica?
do do crime, de modo que se determina, no âmbito z Onde ela se aplica?
subjetivo, a existência ou não de lesão. z Em face de quem ela se aplica (ou não se aplica)?
Ou seja, constituem exceção à aplicação do prin- Ou seja, o nosso estudo da eficácia da lei penal, se
cípio: o fato de ser o crime praticado por militar dará sob três aspectos:
(tendo em vista o alto grau de reprovabilidade da
conduta e da quebra da hierarquia e da disciplina a z Ao tempo (a lei penal não tem eficácia permanen-
qual tal classe encontra-se sujeita), ou por crimino- te; entra em vigor em determinado momento e não
DIREITO PENAL
A regra é a atividade da lei penal, ou seja, sua z Abolitio criminis ou Novatio Legis ou Lei
aplicação somente durante seu período de supressiva de incriminações: a lei nova suprime
vigência. Como exceção, temos a extratividade deixa de considerar como infração um fato que
da lei penal mais benéfica, ou seja, sua aplicação era anteriormente punido (passa a ser considera-
para regular situações passadas (retroatividade) do atípico). Tem como consequências: por força da
ou futuras (ultratividade) retroatividade (art. 5º, XL, CF e art. 2º, caput, CP)
aplica-se a lei nova. Ocorre a extinção da punibili-
dade (é, pois, causa extintiva da punibilidade, con-
Observe o art. 2º do Código Penal: forme o art. 107, III, CP). Os agentes que estiverem
sendo processados, terão seus processos extintos,
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei já os que não tiverem ainda sido denunciados,
posterior deixa de considerar crime, cessando em terão seus inquéritos trancados. Com a abolitio cri-
virtude dela a execução e os efeitos penais da sen- minis, cessam os “efeitos penais da sentença con-
tença condenatória. denatória”. Não cessam os efeitos civis (quanto aos
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer efeitos, veremos mais adiante quando tratarmos
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante- de efeitos da condenação.
riores, ainda que decididos por sentença condenató- z Novatio legis in mellius: é a lei nova (novatio
ria transitada em julgado. legis) que, sem excluir a incriminação, ou seja,
sem constituir abolitio criminis, é mais favorável
ao agente (in mellius). Por exemplo quando comi-
O art. 2º refere-se apenas à retroatividade, uma vez
na pena mais branda, inclui atenuantes, permite a
que está analisando a aplicação da lei penal tomando
obtenção de benefícios como a sursis e o livramen-
por base a data do fato delituoso. Assim, temos duas
to condicional, entre outros. Tem como consequên-
situações:
cias: de acordo com o art. 5º, XL, CF e art. 2º, caput,
CP, retroage para favorecer o agente, aplicando-se
z Ou se aplica regra do tempus regit actum, se for aos fatos anteriores “ainda que decididos por sen-
mais benéfico; ou tença condenatória transitada em julgado”.
z Se aplica a lei posterior (aquela que entra em z Novatio legis in pejus: Ocorre quando a lei pos-
vigor após outra) se esta for mais benigna (retroa- terior, sem criar novo tipo incriminador, de qual-
tividade). A lei posterior mais benéfica é chamada quer modo agrava a situação do agente (in pejus).
204 também de lex mitior.
Por exemplo, aumenta a pena, ou impõe uma qual das leis em conflito é a mais favorável ao agente?
forma de execução mais severa (hipoteticamente Para avaliar a mais benéfica, o juiz deve sempre apre-
instituindo o mesmo rigor inicial da reclusão ao ciar o caso concreto sob a eficácia de cada uma das
cumprimento dos crimes apenados com detenção) leis em com conflito, comparando o resultado: o que
Nesta hipótese, a lei melhor (lex mitior) passa a ser mais favorecer o agente deve prevalecer.
a lei anterior. A lei mais severa recebe o nome de
lex gravior (lei mais grave). Tem como consequên- Lei intermediária
cias: em relação à lei nova, aplica-se os princípios
da irretroatividade da lei mais severa. Quanto à lei O que acontece se houver uma lei intermediária,
antiga, mais benéfica, aplica-se a ultratividade. ou seja, que entrou em vigor depois da data do fato
z Novatio legis incriminadora: se dá quando a e foi revogada antes da sentença? Neste caso, deve
lei nova cria um tipo incriminador, consideran- ser aplicada em favor do réu a mais favorável delas,
do infração uma conduta considerada irrelevante mesmo que for a intermediária (também chamada de
pela lei anterior. Por exemplo, a Lei nº 10.224/01, intermédia) e não a última.
introduziu no Código Penal o art. 216-A, e criou o
tipo de assédio sexual no ordenamento jurídico Combinação de Leis
brasileiro. Tem como consequências: a nova lei
gravosa é irretroativa (art. 1º, CP). O que acontece se houverem várias leis sucessivas
e cada uma delas tem uma parte, um aspecto mais
Veja que o texto do Código Penal não menciona a favorável ao sujeito. É possível combinar várias leis,
ultratividade, ou seja, a possibilidade do juiz aplicar criando uma “terceira lei” para beneficiar o agente?
uma lei já revogada. No entanto, essa aplicação pode Segundo a maior parte da doutrina, não, por violar o
ocorrer na sentença, se esta for mais benéfica e vigen- princípio da legalidade. Essa é a posição do STJ e do
te à época do fato criminoso. Veja o seguinte exemplo: STF.
em 10 de fevereiro de 2021 encontra-se em vigor a Lei
“A”, que prevê a pena mínima de 2 anos de reclusão Leis temporárias e excepcionais
para determinado crime; em 10 de março do mesmo
ano, entra em vigor a Lei “B”, que comina a pena míni- A regra da retroatividade benéfica não se aplica
ma de 4 anos de reclusão para o mesmo delito. Em 10 no caso das chamadas leis intermitentes (leis tem-
de agosto, ao sentenciar, o juiz deve utilizar a Lei “A”, porárias e leis excepcionais). Veja o art. 3º, CP:
já revogada, mas vez que mais benéfica torna-se ultra-
tiva. Observe tal fenômeno no gráfico abaixo: Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as
ULTRATIVIDADE circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
fato praticado durante sua vigência.
culdade: cabe ao juiz de 1º grau sua aplicação; em grau Ultratividade: as leis de vigência temporária
de recurso, a competência é do Tribunal; e se já transi- (excepcionais e temporárias) são ultrativas, no senti-
tada em julgado a sentença, a competência é do juiz da do de continuarem a ser aplicadas aos fatos pratica-
execução penal, de acordo com o art. 66, I da Lei de Exe- dos durante a sua vigência mesmo depois de sua auto
cução Penal (LEP). Este é o posicionamento majoritário revogação.
da doutrina e jurisprudência (Súmula 611 do STF).
Normas penais em branco e direito intertemporal
Todas as situações que vimos acima podem ser
resolvidas pela seguinte regra: A Lei só Retroage Questão interessante que diz respeito à alteração
para Beneficiar o Sujeito. No entanto, como saber do complemento da norma penal em branco. 205
Primeiro vamos entender o que é norma penal Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
em branco e ver algumas particularidades a ela rela- pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui-
cionadas para depois vermos sua relação com o fator nhentos) dias-multa.
“tempo”.
Norma penal em branco ou cega pode ser defi- No caso do art. 33 da Lei de 11.346/06, o dispositivo
nida como uma lei penal incriminadora que possui não define o que são “drogas”, nem o que seja “sem
um elemento indeterminado no que diz respeito à autorização legal ou em desacordo com determinação
descrição da conduta. Lembre-se que a norma penal legal ou regulamentar”. A definição de quais substân-
incriminadora estabelece uma conduta (uma ação ou cias são ilícitas é encontrada em Portaria da Agência
omissão) em seu preceito primário e uma sanção Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que, por ser
penal em seu preceito secundário. Quando um tipo fonte legislativa hierarquicamente inferior, é denomi-
penal traz seu preceito primário incompleto, preci- nada norma penal em branco em sentido estrito ou
sando ser complementado por outra norma, estamos própria ou heterogênea.
diante de uma norma penal em branco ou cega. Por outro lado, temos a chamada norma penal
Vamos ver dois exemplos de norma penal em bran- em branco ao revés ou invertida ou inversa ou ao
co, o primeiro constante no art. 237 do Código Penal e avesso quando o complemento necessário se refere à
o outro no art. 33 da Lei de Drogas: sanção (preceito secundário). Um exemplo de norma
Conhecimento prévio de impedimento penal em branco ao revés é o tipo do crime de geno-
cídio, previsto na Lei nº 2.889/56, que apresenta um
Art. 237 Contrair casamento, conhecendo a exis- branco em relação à pena, sendo necessário recorrer
tência de impedimento que lhe cause a nulidade a outras leis para completar tal branco. Pode aconte-
absoluta: cer de o próprio complemento da norma incompleta
Pena - detenção, de três meses a um ano. necessitar de outro complemento, ou seja, é preciso
uma dupla complementação. Neste acaso, temos o
Neste caso, o dispositivo penal não esclarece o que que se usa chamar de normal penal em branco ao
é “impedimento que lhe cause nulidade absoluta”. O quadrado.
complemento, neste caso, deve ser buscado em fonte Ainda em relação às normas penais em branco, vale
legislativa de igual hierarquia (Lei): o branco do art. a pena lembrar que é importante saber diferenciá-las
237, CP é complementado pelas hipóteses de impe- dos tipos penais abertos. O tipo penal aberto, assim
dimento tratadas pelo Código Civil, em seu art. 1521. como na norma em branco, é uma norma incomple-
Este caso é o que se chama de norma penal em bran- ta que necessita de complementação. A diferença, no
entanto, é que no tipo penal aberto a complementação
co em sentido lato ou imprópria ou homogênea: a
é feita por meio de um juízo de valoração realizado pelo
complementação do preceito primário se faz com
juiz, isto é, o complemento vem da valoração feita pelo
auxílio de uma lei.
magistrado e não de uma outra norma.
Norma penal em branco é um assunto dos mais
Agora que já vimos o conceito de norma penal em
cobrados em concursos. É importante guardar não
branco e suas particularidades, vamos fazer uma rela-
só suas relações com o direito temporal, mas também
ção dela com a questão do direito no tempo.
suas classificações. Assim, vamos incluir mais três em
Vamos voltar ao exemplo do art. 33 da Lei nº
nosso vocabulário jurídico-penal:
11.343/06 (tráfico ilícito de drogas). O que ocorreria,
por exemplo, se houvesse a retirada de certa substân-
z Norma Penal em Branco em Sentido Lato Homo- cia psicoativa da portaria da ANVISA, que define as
vitelina: o complemento se encontra no mesmo drogas para efeito da Lei nº 11.343? Imagine um sujei-
diploma legal da norma incompleta (exemplo: to que é pego vendendo a droga “X”, que consta na
vários tipos do Código Penal tratam de crimes Portaria, e passa a responder pelo crime de tráfico de
cometidos por funcionário público; o conceito de drogas. Com a retirada da substância da norma com-
funcionário público é encontrado no artigo 327 do plementar, como ficaria a situação do agente?
próprio CP) Neste caso, acontecerá a retroatividade benéfica,
z Norma Penal em Branco em Sentido Lato Hete- descriminalizando o comportamento, por força da
rovitelina: o complemento está em diploma legal abolitio criminis. Veja que o fato passa a ser atípico
diferente do da norma incompleta (exemplo: o art. não pela revogação da Lei que considerava o fato típi-
237, CP fala em impedimento que cause a nulidade co, mas sim de seu complemento.
absoluta do casamento; o complemento encontra- Tal foi o que ocorreu no caso do art. 237 do CP. O
-se no Código Civil (CC). Código Civil de 1916, em seu art. 183, VII, previa que
z Quando o complemento é dado por uma norma um dos impedimentos absolutamente dirimentes era
constante da CF, temos a chamada norma penal o casamento do cônjuge adúltero com o corréu conde-
em branco de fundo constitucional (exemplo: o art. nado por tal crime. No entanto, o Código Civil de 2002
246 do CP que fala em “idade escolar”; tal conceito não trouxe tal impedimento, ocorrendo, pois, abolitio
encontra-se no art. 208, I, CF). criminis, que retroagiu em favor de eventuais réus.
A retroação benéfica, por outro lado, não ocor-
Agora veja o caso da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas): re quando se tratar de complementos que tenham
caráter excepcional ou temporário, como foi o
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro- caso, por exemplo, da Lei nº 1.521/51, a Lei de Crimes
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe- Contra a Economia Popular: o comerciante que fosse
recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, flagrado vendendo produto com preço acima do que
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo constasse em tabela oficial respondia pelo ato, ainda
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem que o congelamento, com a respetiva revogação da
autorização ou em desacordo com determinação tabela, se encerrasse antes da conclusão do inquérito
206 legal ou regulamentar: policial ou do processo penal.
TEMPO E LUGAR DO CRIME a vítima criança ou maior de 60 anos, que contam
como agravantes; ou ser o autor menor de 21 anos,
Do tempo do crime o que vai servir como atenuante).
Como vimos anteriormente, logo em seus primei- Tempo do crime nas infrações permanentes e
ros artigos, o Código Penal se preocupa em tratar da continuadas
aplicação da lei penal no tempo. Mas qual a importân-
cia de se conhecer o tempo do crime? Nestes casos, será aplicada regra especial, que
Determinar o tempo do crime é essencial, em pri- consta na Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave
meiro lugar, para saber que lei será aplicada no aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
caso concreto. Da mesma forma, é imprescindível se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade
para verificar a imputabilidade do agente (que
ou da permanência”.
pode ser menor de 18 no momento da conduta), fixar
Crime permanente é aquele cuja consumação
as circunstâncias do tipo penal, verificar a prescri-
se prolonga no tempo pela vontade do sujeito ativo
ção, dentre outros aspectos.
como, por exemplo, no caso de um sequestro. Neste
Existem três teorias que podem ser consideradas
caso, é considerado tempo do crime todo o período em
para se determinar o tempo do crime:
que se desenrolar a atividade criminosa. Assim sen-
do, se um sequestrador, menor de 18 anos quando do
TEORIA DA Considera-se praticado o crime início da prática do crime atinge a maioridade ainda
ATIVIDADE no momento da conduta. com o delito em curso, é considerado imputável para
TEORIA DO Considera-se praticado o crime os fins penais.
RESULTADO no momento do resultado. Por sua vez, crime continuado é uma ficção jurí-
dica criada para beneficiar o réu, prevista no art. 71
Considera-se praticado o crime do CP e será estudado mais adiante. Por enquanto,
TEORIA MISTA OU
tanto no momento da conduta basta saber que o crime continuado ocorre quando o
DA UBIQUIDADE
quanto no momento do resultado. agente pratica dois ou mais crimes da mesma espé-
cie, mediante duas ou mais condutas, sendo que, pelas
condições de tempo, lugar, modo de execução, são
O Direito Penal brasileiro adotou, em relação tidos uns como continuação dos outros.
ao tempo do crime, a teoria da Atividade, por isso, Por exemplo, um empregado de uma loja de fer-
considera-se praticado o crime no momento da ramentas visando subtrair um kit de ferramentas
conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o do estabelecimento, resolve furtar uma ferramenta
momento do resultado (art. 4º, CP). por dia, até ter em suas mãos o kit completo. 60 dias
Ilustrando: no caso de um homicídio, é essencial depois, o sujeito vai conseguir completar o conjunto e
que se determine o instante da ação (momento dos vai ter cometido 60 furtos! Não fosse a regra benéfica
tiros, por exemplo) e não o momento do resultado do art. 71 do CP, a pena mínima neste caso somaria 120
(morte) pois, se o autor for menor de 18 anos à época anos de reclusão! Reconhecendo-se a ocorrência de
dos tiros, ainda que a vítima morra depois do atirador crime continuado, ocorrerá a chamada exasperação:
ter completado a maioridade penal, ele não pode res- no nosso exemplo específico, será aplicada ao agente
ponder criminalmente pelo ato. a pena de um só dos furtos aumentadas de 1/6 até 2/3.
A teoria adotada pelo CP em seu art. 4º, em relação No entanto, não nos interessa, neste momento, ingres-
ao tempo do crime, é a teoria da ATIVIDADE. Leva- sar no tema do crime continuado, nos basta apenas
-se em conta, pois, o momento da conduta (ação ou a noção do fenômeno para que possamos discutir a
omissão), pouco importando o instante do resultado. questão do tempo do crime quando de sua ocorrência.
Veja o esquema a seguir como exemplo: Assim sendo, temos que a mesma regra aplicá-
vel ao crime permanente (Súmula 711 do STF) deve
TEMPO DO CRIME (ART.4º) ser aplicada ao crime continuado, com uma ressalva
quanto às condutas praticadas pelos menores de 18
SENTENÇA MORTE DA anos, por força do artigo 228 da CF que determina sua
VÍTIMA inimputabilidade: na hipótese de um sujeito cometer
quatro furtos, possuindo 17 anos quando do come-
timento dos dois primeiros, e já 18, no momento da
prática dos dois últimos, somente estes dois é que ser-
virão para constituir o crime continuado.
Considera-se Vítima
praticado no hospitalizada
Tempo do Crime e conflito aparente de normas
tempo da
conduta (TEORIA
DA ATIVIDADE, O conflito aparente de normas (ou concurso apa-
DIREITO PENAL
z Unidade de fato, ou seja, a existência de uma única Art. 123 Matar, sob a influência do estado puerpe-
infração penal (por exemplo: uma morte); ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após.
z Pluralidade de normas identificando o mesmo fato
como delituoso, isto é, duas ou mais normas pre- O infanticídio (crime específico) é lei especial em
tensamente regulando o mesmo fato criminoso. relação ao homicídio (crime genérico), uma vez que
contém mais elementos:
A solução se dá pela aplicação de alguns princí-
pios que vamos ver a seguir (chamados de princípios z Sob a influência do estado puerperal,
que solucionam o conflito aparente de normas). z O próprio filho,
São quatro os princípios que solucionam o con- z Durante o parto ou logo após
flito aparente de normas:
Assim, estando presentes as especializantes, o
z Especialidade; tipo genérico é preterido pelo especial, a fim de
z Subsidiariedade; que se evite a dupla punição (bis in idem). Em outras
z Consunção (ou absorção); palavras, no conflito aparente entre norma geral e
z Alternatividade (este último não é unânime entre norma especial, afasta-se a geral e aplica-se a especial.
os autores, conforme veremos ao estuda-lo). Note que no exemplo colocado acima, ambos dis-
positivos se encontram dispostos na mesma lei (CP).
Antes de verificar se há leis concorrentes, deve- Pode ocorrer, no entanto, de estarem contidas em leis
-se analisar se não é o caso da ocorrência de suces- distintas, como nos exemplos abaixo. Observe, res-
são temporal de leis. Ou seja, a primeira “peneira” pectivamente os tipos penais do homicídio culposo,
a ser feita, é verificar se não se trata de conflito de previsto no Código Penal, e o homicídio culposo na
leis no tempo, que são solucionados pelo princípio direção de veículo automotor, que consta do Código
de que lei posterior revoga lei anterior (lex posterior de Trânsito Brasileiro (CTB):
derogat priori). Por exemplo, a Lei “A” regra determi-
nada situação; Lei “B”, posterior, revogando a lei mais Art. 121 Matar alguém:
antiga, passa a viger tratando do mesmo conteúdo; [...]
neste caso não há conflito aparente de normas, mas Homicídio culposo
sim aplicação das regras relativas à lei penal no tempo § 3º Se o homicídio é culposo (Vide Lei nº 4.611, de
vistas anteriormente. 1965)
Uma corrente minoritária de autores inclui a Pena – detenção, de um a três anos.
sucessão temporal de leis como um princípio de solu- Art. 302 Praticar homicídio culposo na direção de
veículo automotor.
ção do conflito aparente de normas (como é caso do
Prof. Guilherme Nucci, que o apresenta como “critério
da sucessividade”). Pode ocorrer também, que a relação entre norma
Vamos agora, analisar detalhadamente cada um geral e especial ocorra “dentro” de determinados cri-
deles. mes que apresentem um tipo simples e formas típicas
qualificadas ou privilegiadas. Assim, o tipo funda-
Princípio da Especialidade mental é excluído pelo qualificado ou privilegiado,
que deriva daquele. Nesses termos, o furto simples
(art. 155, caput) é excluído pelo privilegiado (art. 155,
Lei especial afasta a aplicação de lei geral (lex spe-
§ 2o); o estelionato simples (art. 171, caput) é excluído
cialis derogat generali), como, a propósito, encontra-se
pelo qualificado (art. 171, § 3o) etc.
previsto no art. 12 do Código Penal:
Veja que há um só fato. No exemplo da morte cau- Trata-se do princípio segundo o qual o fato previs-
sada por disparo de arma de fogo, o fato (disparo que to por uma lei está, igualmente, contido em outra de
acaba matando) é maior do que a norma subsidiara maior amplitude, aplicando-se somente esta última.
(mero disparo), só podendo, portanto, se encaixar na Os fatos menos amplos e menos graves servem como
norma principal (mais ampla). preparação ou execução ou mero exaurimento.
A subsidiariedade se apresenta nas seguintes formas: Ou seja, ocorre a consunção ou absorção, quando:
z Expressa ou explícita: ocorre quando a própria z Um fato definido por uma norma incriminadora é
norma indica expressamente em seu texto seu meio necessário ou normal fase de preparação ou
caráter subsidiário, ou seja, afirma que só vai ser execução de outro crime;
aplicada se não for o caso da aplicação de outra, z Quando constitui conduta anterior ou posterior do
de maior gravidade. Esta é mais simples de ser agente, cometida com a mesma finalidade prática
identificada, sendo reconhecida por expressões relativa ao crime que absorve.
tais como “se o fato não constituir crime mais gra-
ve”. Um exemplo é o delito de perigo para a vida A consunção tem várias aplicações: a tentativa é
ou saúde de outrem: o art. 132 do CP descreve em absorvida pela consumação; a participação pela coau-
seu preceito secundário a pena de detenção, de toria; e o porte de arma é absorvido no homicídio
três meses a um ano, “se o fato não constitui crime quanto a arma é adquirida e portada com a finalida-
mais grave”. Ou seja, a lei explicitamente indica de de matar a vítima. É utilizada, também, no crime
que o art. 132 só é aplicável se o fato não constituir progressivo (aquele no qual o agente possui um só
crime mais grave, como a tentativa de homicídio, o desígnio, mas, para alcançar o resultado mais grave,
perigo de contágio de moléstia grave e o abandono passa pelo menos grave. Em outras palavras, é quan-
de incapaz, entre outros. São outros exemplos de do o agente desde o início quer alcançar o resultado
subsidiariedade expressa os arts. 129, §3º, 238, 239 mais grave, e o busca, por meio de atos sucessivos e
e 307, todos do CP e os arts. 21, 29 e 46 da Lei de crescentes, como por exemplo no caso do homicida
Contravenções Penais (LCP). que deseja matar a vítima cortando as partes do cor-
z Tácita ou implícita: neste caso, a norma nada fala. po: embora cometa várias ações, sua intenção é matar
No entanto, o fato incriminado na norma subsidiá- a vítima e, assim, reponde por um único crime de
ria serve como elemento componente ou agravan- homicídio qualificado.
te especial da norma principal, como, por exemplo, Outra aplicação da consunção se dá na progressão
no caso do estupro (norma principal) que contém criminosa, ou seja, quando o agente possui um dolo
o constrangimento ilegal (norma subsidiária) e do inicial e, no mesmo contexto fático, resolve substituir o
furto qualificado pelo arrombamento, que contém desígnio, como, por exemplo, quando o sujeito, desejan-
o dano (o constrangimento ilegal é subsidiário de do causar lesões à vítima, corta seus dedos. No entanto,
todos os crimes que têm como meio de execução a no mesmo momento, muda de ideia e resolve matar o
violência física ou a grave ameaça; o dano, por sua ofendido com um tiro na cabeça. Neste caso, o agente res-
vez funciona como circunstância qualificadora do ponde pelo homicídio, ficando as lesões corporais absor-
furto). Outro exemplo é a omissão de socorro (art. vidas (se não fossem no mesmo contexto fático, como por
135, CP) que serve como qualificadora do homicí- exemplo no caso do agente que mata a vítima um mês
dio culposo (art. 121, §4º, CP). após causar-lhe lesões, haveria, por outro lado, concurso
de crimes, respondendo o agente pelos dois delitos).
Na prática, o princípio da subsidiariedade acaba Duas outras aplicações do princípio se dão nos
por gerar os mesmos resultados do princípio da espe- chamados ante factum impunível e no post factum
cialidade. No entanto, trata-se de institutos diferentes. impunível. No primeiro caso, podemos citar, como
DIREITO PENAL
A distinção pode ser feita de duas maneiras: exemplo, o agente que toca o corpo da vítima e, na
mesma linha de desdobramento, praticar a conjun-
z Na especialidade: há relação entre o fato descrito ção carnal: responde pelo estupro, ficando os toques
pela norma genérica e o estabelecido pela especial absorvidos. Já no caso do fato posterior não punível, o
(relação de gênero e espécie); na subsidiariedade exemplo clássico é o do sujeito que furta determinada
não existe essa relação; coisa e em seguida a destrói: vai responder somente
z Na subsidiariedade: quando se afasta a incidên- pelo furto.
cia da norma primária a pena do tipo subsidiário Em relação ao princípio da consunção, duas ques-
pode ser aplicada, como um ‘soldado de reserva’ e tões são recorrentes em concursos:
aplicar-se 209
z A primeira diz respeito ao porte ilegal de arma Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
de fogo, disparo de arma de fogo e homicídio convenções, tratados e regras de direito internacio-
doloso: se tudo ocorreu no mesmo contexto fático nal, ao crime cometido no território nacional.
(mesmo desdobramento, ou seja, o agente só por-
tou irregularmente a arma e a disparou pois tinha O princípio da territorialidade significa que a lei
penal de um país só é aplicável no território do Estado
a intenção de matar alguém) o homicídio absorve
que a editou, sem se preocupar com a nacionalidade
os anteriores; e
do sujeito ativo (autor) ou passivo (vítima).
z A segunda é relacionada aos crimes de falsida- O princípio da territorialidade pode se dar de duas
de e estelionato: neste caso, basta observar o que formas:
dispõe a Súmula 17 do STJ: quando o sujeito falsifi-
ca documento para aplicar um golpe, o estelionato z De forma absoluta (princípio da territorialidade
(crime-fim) absorve o falso (crime-meio). absoluta) quando somente a lei penal do país é
aplicável aos crimes cometidos em seu território
E lembre-se: em qualquer situação, para que haja nacional; e
consunção é imprescindível que os fatos de deem den- z De forma temperada, relativizada ou mitigada
tro do mesmo contexto. (princípio da territorialidade temperada) quan-
A figura utilizada para fazer referência ao prin- do a lei penal nacional é aplicada via de regra ao
cípio da consunção é da de um peixão, que engole crime cometido no território nacional, mas, excep-
um peixinho que engole o girino: isto é, o homicídio cionalmente, por força de tratados e convenções
absorve as lesões graves, que absorvem as lesões leves internacionais, a lei estrangeira é aplicável a deli-
tos praticados em território nacional
que, por sua vez, absorvem as vias de fato.
Como regra, o Brasil adota o princípio da territoria-
Princípio da Alternatividade
lidade temperada e 4 outros princípios como exceção:
O último dos princípios é do da alternatividade e é z Real ou de proteção ou da defesa: art. 7º, I e §3º,
aplicado quando há a prática, no mesmo contexto fáti- CP (exceção: extrataterritorialidade). A lei penal
co, dos crimes de conteúdo múltiplo ou variado ou leva em conta a nacionalidade do bem jurídico
plurinuclear, que são os crimes que descrevem várias lesado pelo delito, sem se importar com local de
condutas no mesmo artigo, ou seja, contém vários ver- sua prática ou da nacionalidade do sujeito ativo.
bos como núcleos do tipo. Um exemplo desse tipo de z Justiça penal universal ou princípio universal
crime encontra-se no art. 33, caput, da Lei de Drogas: ou da universalidade da justiça cosmopolita,
ou da jurisdição mundial ou da repressão uni-
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro- versal ou da universalidade do direito de punir:
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe- art. 7º, II, a (exceção: extrataterritorialidade). Cada
recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, Estado tem o poder de punir qualquer crime, inde-
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo pendentemente da nacionalidade do autor ou da
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem vítima ou, ainda, do local da sua prática. Basta que
autorização ou em desacordo com determinação o criminoso esteja dentro do território do país.
legal ou regulamentar z Nacionalidade ativa ou princípio da personali-
dade: art. 7º, II, b (exceção: extrataterritorialida-
de). Segundo o princípio da nacionalidade, a lei
Note que são dezessete verbos (núcleos diferen-
penal do Estado se aplica a seus cidadãos onde
tes): pelo princípio da alternatividade, se o agente
quer que se encontrem. O Brasil adota a naciona-
pratica mais de um verbo, no mesmo contexto fático, lidade ativa, que impõe a aplicação da lei nacional
só responderá por um único crime (por exemplo, se o ao cidadão que comete crime no estrangeiro não
sujeito oferece e ministra). importando a nacionalidade da vítima.
z Representação ou pavilhão ou bandeira: art. 7º,
LEI PENAL NO ESPAÇO II, c (exceção: extrataterritorialidade). Ficam sujei-
tos à lei do Brasil os delitos cometidos em aerona-
Lugar do Crime, Territorialidade e ves e embarcações privadas, quando ocorridos no
Extraterritorialidade da Lei Penal estrangeiro e aí não venham lá a ser julgados
Ao estudar, nos arts. 5º a 8º do CP, a aplicação da O texto do art. 5º fala em território. O território que
lei penal no espaço vamos tratar do lugar de incidên- nos interessa é o território jurídico, ou seja, o espaço
cia da legislação penal brasileira, ou seja, ONDE ela é em que o Estado exerce sua soberania. O território
nacional é composto pelas seguintes partes:
aplicada. Não vamos ver, neste momento, regras de
competência, que se encontram nos arts. 70 e seguin-
z o solo;
tes do Código de Processo Penal (CPP).
z o subsolo;
z o espaço aéreo correspondente;
Territorialidade z os cursos d’água internos (rios, lagos, mares inte-
riores); e
O princípio adotado para tratar do âmbito da apli- z o mar territorial, assim entendido como a faixa
cação da lei penal brasileira é o princípio da Territo- de mar exterior que compreende as 12 milhas
210 rialidade, que se encontra disposto no art. 5º do CP: marítimas medidas a partir da linha do baixa-mar
do litoral continental e insular brasileiro, de acor- Para solucionar tais situações, existem três teorias:
do com as referências contidas nas cartas náuticas
brasileiras (art. 1º da Lei nº 8.617/93). Extraterritorialidade
Em relação aos rios internacionais que constituem Extraterritorialidade é a aplicação da lei brasilei-
limites entre dois países, normalmente existe tratado ra aos crimes cometidos fora do Brasil. Sua sistema-
sobre o tema que ou determina que a divisa se encontra tização se encontra nos arts. 7º e 8º do CP.
na linha mediana do leito do rio ou que a divisa acom- Tal fenômeno se justifica por dois motivos:
panhe a linha de maior profundidade da corrente. Se o
rio não for divisa, mas sucessivo, como o Amazonas, é z Para proteger certos bens jurídicos (como, por
indiviso, e cada Estado exerce soberania sobre ele. exemplo, o patrimônio público);
No caso dos lagos, salvo acordo em contrário, o limite z Para impedir que certos delitos fiquem sem respos-
é fixado pela linha da meia distância entre as margens ta da lei penal. Não se aplica a extraterritorialidade a
do lago ou lagoa, que separa dois ou mais Estados. todas as infrações penais (crimes e contravenções):
de acordo com o art. 2º da Lei de Contravenções
Dica Penais, não se aplica a lei brasileira às contra-
venções ocorridas fora do território nacional. Ou
Por se relacionarem aos assuntos que estamos
seja, não há extraterritorialidade de contravenção.
vendo, vale a pena estudar as hipóteses de não
incidência da lei a fatos cometidos no Brasil: A aplicação da lei brasileira no estrangeiro pode ser
a) as imunidades diplomáticas; dar sem que seja necessária qualquer condição, receben-
b) as imunidades parlamentares; e do o nome de extraterritorialidade incondicionada:
c) a inviolabilidade do advogado.
Esses assuntos são tratados em Direito Consti- z Hipóteses do art. 7, I, do CP:
tucional, Direito Processual Penal e no estudo do
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
Território por extensão República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,
De acordo com o §1º do art. 5º do Código Penal, para do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
fins penais, é considerado território por extensão: Município, de empresa pública, sociedade de eco-
nomia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
z As embarcações e aeronaves brasileiras, de Poder Público;
natureza pública ou a serviço do governo brasilei- c) contra a administração pública, por quem
ro onde quer que se encontrem; e está a seu serviço;
z As aeronaves e as embarcações brasileiras, mer- d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
cantes ou de propriedade privada, que se achem, domiciliado no Brasil;
respectivamente, no espaço aéreo corresponden- [grifos nossos]
te ou em alto-mar.
Nestes casos, aplica-se a lei penal brasileira ainda
Vale notar que embaixada estrangeira, localizada que o crime tenha sido julgado no estrangeiro e
no Brasil, constitui território brasileiro para efeito de independentemente de o agente entrar no Brasil.
incidência da Lei penal brasileira. Se preenchidas certas condições indicadas na lei,
teremos a extraterritorialidade condicionada:
Lugar do crime
z Hipóteses do art. 7, II, do CP: art. 7º, II, ‘a’ e ‘b’ +
O CP trata do lugar do crime no art. 6º: requisitos do art. 7º, §2º;
art. 7º, II, ‘c’, do CP + requisitos do art. 7º, §2º+ 7º,
Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em II, ‘c’ in fine (não ter sido julgado no estrangeiro);
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em par- art. 7º, §3º, do CP + requisitos do art. 7º, §2º + requi-
te, bem como onde se produziu ou deveria produzir- sitos do §3º (não ter sido pedida ou ter sido negada
-se o resultado a extradição) + requisição do Ministro da Justiça.
Conforme já vimos antes, não se trata de fixar nor- Pena cumprida no estrangeiro
mas de competência (medida de jurisdição) uma vez
que tais normas são cuidadas pelos arts. 70 e seguin- Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a
tes do CPP. O disposto no art. 6º, CP destina-se aos pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
chamados crimes à distância, isto é, aqueles delitos diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
DIREITO PENAL
Eficácia da Sentença Penal Estrangeira O conceito de crime não é natural e sim algo arti-
ficial, criado pelo legislador tendo em vista os interes-
O art. 9º do CP trata dos efeitos da sentença penal ses da sociedade. Mas o que é crime?
estrangeira. De acordo com o disposto, somente pode Podemos responder esta pergunta de três dife-
ser homologada para produzir os seguintes efeitos: rentes formas, olhando para o crime sob diferentes
aspectos: material, formal e analítico.
z Obrigar o condenado à reparação do dano (art. 9º Vamos ver o conceito de crime de acordo com cada
I, CP); e um desses pontos de vista:
z Sujeitar o condenado à medida de segurança (art.
9º II, CP). z Aspecto material: é o juízo, a visão que a socie-
dade tem sobre o que pode e deve ser proibido
A homologação é feita por meio de sentença pelo por meio da aplicação de sanção penal. Sob esse
STJ (art. 105, I, ‘i’, da CF). No caso art. 9º, I, CP depende aspecto, o conceito material de crime consiste
de pedido da parte interessada; já na hipótese do 9º na conduta que ofende um bem juridicamen-
te tutelado (bem juridicamente considerado
II, CP, depende da existência de tratado de extradição
essencial para a existência da própria sociedade e
com o país respectivo ou, na fala de ratado, de requisi-
manutenção da paz social);
ção do Ministro da Justiça.
z Aspecto formal: é a concepção sob a ótica do direi-
to. Assim, o conceito formal de crime constitui uma
Prazo Penal
conduta proibida por lei, que se realizada, resulta
na aplicação de uma pena. Considera-se crime,
Antes de finalizar a chamada teoria da norma e dessa forma, o que o legislador apontar como tal;
ingressar na teoria do crime, falta falar brevemente z Por fim, o conceito que interessa aos nossos estu-
sobre o prazo penal, estabelecido no art. 10, CP. dos: sob o aspecto analítico, se procura apontar,
O prazo penal e o prazo, processual são contados estabelecer os elementos estruturais do crime.
de maneiras diferentes: Vejamos:
z Prazo penal (regra art. 10, CP): inclui-se o primei- Conceito analítico de crime
ro dia, despreza-se o último;
z Prazo processual penal (regra art. 798, §1º, CPP): Do ponto de vista analítico, diferentes doutrinado-
despreza-se o primeiro dia, conta-se o último; res enxergam o crime de formas diferentes. Existem
z Frações de penas: não são computadas as horas várias correntes, mas as principais são duas:
nas penas privativas de liberdade e restritivas de
direitos, nem os centavos na pena pecuniária. z A que entende que o crime é Fato Típico + Antijurí-
dico (concepção bipartida), sendo a culpabilidade
Para fins de prescrição e decadência, os prazos são pressuposto de aplicação da pena (entre eles René
contados de acordo com a regra do art. 10, CP. Ariel Dotti, Fernando Capez, Damásio de Jesus,
Julio Fabrini Mirabete, Cleber Masson); e
z A que concebe o crime como um Fato Típico +
Antijurídico + Culpável (concepção tripartida ou
TIPICIDADE tripartite) e que é majoritária tanto no Brasil
quanto no exterior. Entre seus adeptos estão tanto
TEORIA GERAL DO CRIME aqueles que adotam a teoria da conduta finalista
(como Heleno Fragoso, Eugenio Raúl Zaffaroni,
Nomenclatura Luiz Regis Prado, Rogério Greco, entre outros) ou
causalista (Nélson Hungria, Frederico Marques,
Aníbal Bruno e Magalhães Noronha).
A doutrina brasileira utiliza o termo Infração de
forma genérica, para englobar os crimes ou delitos e
Diferença entre crime e contravenção
as Contravenções.
O Código Penal não utiliza em seu texto a expres-
são delito, optando por utilizar as expressões Infra- Antes de prosseguir com o estudo do crime, é inte-
ção, Crime e Contravenção, sendo que estas duas ressante fazer a distinção entre crime e contravenção
últimas estão incluídas na primeira penal (também chamada de crime anão ou delito Lili-
No Código de Processo Penal há certa confusão: putiano ou crime vagabundo ou delitti nani).
algumas vezes usa o termo Infração, de forma genéri- Existem países que utilizam a classificação tripar-
tida de infrações penais: delitos, crimes e contraven-
ca, incluindo os crimes (ou delitos) e as contravenções
ções. O Brasil adota, como já vimos, a classificação
(veja, por exemplo, os arts. 70, 72, 74, 76, 77 etc.). Em
bipartida, que divide as infrações entre crimes (ou
outras situações, emprega a expressão delitos como
delitos) e contravenções.
sinônimo de Infração (por exemplo, conforme consta
Não existe um dado único que faça a distinção
nos arts. 301 e 302, CPP).
entre os dois tipos de infração penal. Tanto os crimes
Para os fins do nosso estudo temos, então que
quanto as contravenções configuram comportamen-
Infração Penal pode significar Crime (Ou Delito) e
tos que violam mandamentos legais que possuem
212 Contravenção Penal.
como sanção a aplicação de uma pena. A grande dis- pois não são titulares de direitos (podem ser objetos
tinção é a maior ou menor gravidade com que a lei vê materiais; a titularidade é de outros: família, coletivi-
tais condutas. dade etc.). Aproveitando que mencionamos objeto do
No entanto existem outros elementos que ajudam crime, guarde:
na distinção.
Em relação às penas: os crimes são punidos com z Objeto jurídico consiste no bem ou interesse tute-
penas privativas de liberdade (reclusão ou detenção), lado pela norma penal (como vida, patrimônio,
restritivas de direitos e multa; já as contravenções são honra etc.); e
punidas com prisão simples e/ou multa. z Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual
Com relação ao elemento subjetivo: no crime é o recai a conduta criminosa (por exemplo a coisa
dolo ou a culpa; na contravenção é a voluntariedade. móvel, no furto).
Por último, é possível a tentativa nos crimes,
enquanto ela é incabível nas contravenções. Classificação dos crimes
É importante salientar que pessoa incapaz pode Crime de dano é o que apenas se consuma quando
ser sujeito passivo do crime (recém-nascido, menor ocorre a efetiva lesão ao bem jurídico (como no homi-
em idade escolar, portador de deficiência mental etc.). cídio, nas lesões corporais). Crime de perigo são os
É possível ser sujeito passivo mesmo antes de nascer, que se consumam com a mera possibilidade do dano
pois o feto tem direito à vida, bem jurídico protegido (como, por exemplo, na rixa, art. 137, CP e no incên-
pela punição do aborto (arts. 124, 125 e 126, CP). Pes- dio, art. 250, CP).
soa morta e animais não podem ser sujeitos passivo, 213
Os crimes de perigo, por sua vez, subdividem-se em: culposa; resultado naturalístico; relação de causalida-
de ou nexo causal; e tipicidade), Ilícito (antijurídico)
z Crime de perigo presumido (ou abstrato) e crime e Culpável (imputabilidade; exigibilidade de conduta
de perigo concreto: No presumido ou abstrato o diversa e potencial consciência da ilicitude).
perigo é presumido pela lei. Basta a ação ou omis- Fator importante a ser lembrado quando se fala nes-
são (exemplo, art. 135, CP; art. 306, CTB e arts. 14 ta teoria, é que o Dolo e a Culpa integram o fato típico.
ao 16 do Estatuto do Desarmamento). Já o concreto Assim, segundo a teoria finalista, o conceito analí-
depende de prova efetiva de perigo (exemplo, no tico de crime é composto pelos seguintes elementos:
crime de exposição ou abandono de recém-nasci-
do, art. 134, CP)
ANTIJURÍDICO
z Crime de perigo individual e crime de perigo FATO TÍPICO CULPABILIDADE
(OU ILÍCITO)
comum (coletivo). Perigo individual é o que coloca
em risco de dano o bem jurídico de uma só pessoa Conduta Contrariedade Juízo de reproba-
ou de grupo determinado de pessoas (por exem- Resultado ao ordena- bilidade formado
plo, perigo de contágio venéreo, art. 130, CP). Já no Nexo causal mento jurídico pela:
perigo comum ou coletivo o risco atinge um núme- Tipicidade � imputabilidade;
ro indeterminado de pessoas (como no delito de � exigibilidade
incêndio, art. 250, CP). de conduta diver-
sa; e
Crimes comissivos e omissivos � potencial
consciência da
Crime comissivo é aquele que implica em uma ilicitude.
ação, um fazer do sujeito; já o crime omissivo, carac-
teriza-se por um não-fazer. Vamos agora estudar os elementos do crime, de
Dividem-se nas seguintes modalidades: forma separada, assim como suas causas de exclusão.
MODIFICAÇÃO DA
Desistência Voluntária Arrependimento eficaz Só responde pelos atos já praticados
VONTADE DO AGENTE
O arrependimento posterior é uma causa obrigatória Após este introito, acredito que você já deve pos-
de diminuição de pena para os crimes praticados sem suir uma noção do que é um erro. Agora iremos apro-
violência ou grave ameaça dolosa à pessoa, nos quais o fundar nos conceitos de erro de tipo escusável e erro
prejuízo é reparado por ato voluntário do infrator até o de tipo inescusável.
momento do recebimento da denúncia ou queixa.
O art. 16, do CP, estabelece redução de um a dois
terços, e prevalece que a redução será tanto maior ERRO ESCUSÁVEL ERRO INESCUSÁVEL
quando mais célere a reparação.
É aquele que deriva de fato É aquele que deriva de
Casos excepcionais de arrependimento posterior no imprevisível e que pelas fato evitável e que pelas
Código Penal circunstâncias concre- circunstâncias concretas
tas qualquer pessoa de qualquer pessoa de dis-
A reparação do dano no crime de estelionato por discernimento mediano cernimento médio teria
meio de cheque, até o recebimento da denúncia, tem incorreria em tal erro. Por percebido o equívoco e te-
efeito diverso. consequência, neste caso ria assim o evitado. Esta
No peculato culposo (art. 312, § 2.º, do CP), a repa- exclui-se o dolo – por ine- espécie de erro é conhe-
ração do dano até a sentença definitiva extingue a xistir o elemento vontade cida também por erro de
punibilidade, e se posterior ainda reduz a pena em – e a culpa, por ser imprevi- tipo permissivo, pois re-
metade (art. 312, § 3.º, do CP). sível. Esta espécie de erro cai sobre circunstâncias
também pode ser concei- fáticas de uma causa de
tuada como erro de tipo justificação, ou seja, ex-
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO
penal incriminador, pois cludente de ilicitude (tipo
recaí sobre uma situação penal permissivo).
O Referido Assunto Já Foi Abordado Em “Tipicidade”.
fática elementar do crime.
ERRO DE TIPO
Agora, vamos ao estudo do que dispõe o artigo 20,
do Código Penal Brasileiro:
Como bem explicam André Estefam e Victor Eduar-
do Gonçalves1, o erro, corresponde à falsa percepção
da realidade dos fatos, ou seja, há uma percepção Erro sobre elementos do tipo
errônea pela qual o agente que comete o fato acre-
dita piamente não estar diante de um dos elementos Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
essenciais que constituem o crime. Exemplo, Carol legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
pega a chave do carro de Josiane, acreditando que a por crime culposo, se previsto em lei.
DIREITO PENAL
1 Estefam, André ; Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito penal esquematizado® – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves.
– Coleção esquematizado ® / coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, p. 516, 2020. 217
Pela redação do artigo 20 é possível aferir que o Esta figura pode ser conhecida também por error
erro de tipo pode ou não excluir o dolo, isto é, o ele- in persona ou, ainda, por erro de tipo acidental. No
mento vontade. Mas qual é a importância da vonta- erro sobre a pessoa existe o crime, o agente quer o
de para o estudo do erro de tipo? Tal elemento é de resultado, todavia confunde a pessoa visada, isto é,
fundamental importância, uma vez que se inexistir a quem ela queria realmente atingir. Por esta razão,
forma culposa de algum crime, o agente que praticou nesta hipótese inexiste isenção de pena.
o fato não cometerá crime algum, a contrário sensu, É importante diferenciar a figura erro de tipo
se existir forma culposa este agente será punido pela acidental da figura de erro na execução, apesar de
prática do crime na sua forma culposa. muito parecidos são conceitos distintos, a diferença
O parágrafo §1º do citado artigo dispõe sobre as principal desta última é que, como o próprio nome
discriminantes putativas. A palavra putativa deve ser diz, o erro é na execução. Exemplo: por não saber
entendida no sentido de aparentar ou parecer. Por atirar acerta pessoa diversa.
exemplo: Vamos para tabela:
Catarina foi ameaçada por Beatriz, que disse que ERRO DE TIPO ACI-
ERRO DE TIPO ACIDEN-
iria lhe dar uma facada. A partir deste dia, Catari- DENTAL QUANTO À
TAL QUANTO À PESSOA
na, assustada pelas ameaças de Beatriz, passou a EXECUÇÃO
andar sempre com um canivete de bolso. Na sema-
na seguinte, Catarina desapercebida se encontra O agente confunde a pes- O erro do agente ocorre
com Beatriz numa rua sem saída. Beatriz então, soa que queria atingir. no ato da execução. Ex.
com movimentos suspeitos, inclina-se para dar um no manuseio da arma.
abraço em Catarina e lhe dar uma flor como pedi-
do de desculpas. Mas Catarina desfere de imediato Para sua prova é extremamente importante que
uma facada em Beatriz. você saiba que em ambas são desconsideradas as qua-
lidades da pessoa que foi efetivamente atingida pelo
Estamos aqui, diante de uma tese de legítima defesa erro e consideradas as qualidades da pessoa que o
putativa. A verdade é que havia uma falsa percepção de agente realmente queria atingir.
realidade, que se passava somente na mente de Catari- Mas no que isso importa para o direito? Novamen-
na, que acreditava que seria esfaqueada por Beatriz. te para explicação, iremos estudar um exemplo.
Como veremos no próximo parágrafo, do mes-
mo artigo, o erro também pode ser determinado por Mévio é casado com Clara, os dois possuem uma
terceiro. relação bastante conturbada. Mévio, prevalecendo
de relações domésticas, muito nervoso por certa ati-
Erro determinado por terceiro tude de Clara, dispara diversos tiros em sua direção,
acertando o seu vizinho Joãozinho, que passava pelo
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina local. Joãozinho, veio à óbito.
o erro.
Nesta situação, Mévio mesmo tendo acertado um
Para entender este dispositivo nada melhor que homem responderá por feminicídio, pois apenas se
um clássico exemplo: consideram as qualidades da vítima que realmente
queria atingir.
Maciel é pai de Carolina. Sua filha só possui 16 Temos ainda o erro de tipo acidental sobre o objeto
anos de idade, no entanto aparenta ser mais velha, (error in objecto), esta figura é essencialmente doutriná-
podendo ser facilmente confundida por uma pessoa ria. Aqui, como diz o próprio nome, o erro ocorre sobre
maior de idade. Maciel sempre frequenta determi- o objeto visado. Ex. Mário vai a uma joalheria e furta um
nado bar, por isso já é conhecido pelo garçom, que colar que acredita ser de diamantes, mas ao chegar em
como de costume lhe serve um chopp. Certo dia, casa descobre que em verdade trata-se de uma bijuteria
Maciel comparece no bar com sua filha, o garçom barata. Neste caso, não haverá exclusão de dolo, culpa,
de prontidão lhe serve o seu chopp, mas Maciel tampouco isenção de pena. Respondendo Mário pelo cri-
pede mais um para Carolina. me de furto consumado (art. 155, do Código Penal).
delas, o fato permanece típico, mas não há crime: mesma forma que a anterior, não pode ser ilícita a
excluindo-se a ilicitude, e sendo ela requisito do cri- conduta daquele que age estritamente exercendo
me, fica excluído o próprio crime. Como consequên- direito seu.
cia, o sujeito deve ser absolvido.
O art. 23 do CP apresenta as causas de exclusão da Causas supralegais de exclusão da antijuridicidade
antijuridicidade:
Existem condutas consideradas justas pela cons-
z Estado de necessidade; ciência social que não se encontram previstas nas
z Legítima defesa; causas de exclusão da antijuridicidade elencadas no
221
art. 23, CP. Nesse sentido, a doutrina aponta que o con- Doença mental
sentimento do ofendido (fora das hipóteses em que o
dissenso da vítima constitui requisito da figura típi- Doença mental pode ser conceituada como o qua-
ca), pode vir a excluir a ilicitude, caso se praticado em dro de alterações e doenças psíquicas que retiram do
situação justificante, como é o caso do indivíduo que indivíduo a faculdade de controlar e comandar a pró-
tatua o corpo de outras pessoas, praticando conduta pria vontade. Importante esclarecer que a dependên-
típica de lesões corporais, que, no entanto, são lícitas cia patológica, como drogas, configura doença mental
se presente o consentimento do ofendido. quando retira a capacidade de entender ou querer.
Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou Por desenvolvimento mental incompleto se
em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agen- entende as limitações na capacidade de compreensão
te pode encontrar-se em três situações diferentes: da ilicitude do fato ou a incapacidade de se autodeter-
minar de acordo com o entendimento (precário) uma
z Usa de um meio moderado e dentro do necessário vez que o sujeito ainda não atingiu maturidade (seja
para repelir à agressão. física ou mental). São causas:
se de acordo com esse entendimento. ilícita. Neste caso, o Juiz anos podem dirigir – vem
poderá diminuir a pena de visitar o Brasil e é parado
Adoção do critério psicológico. A embriaguez um sexto a um terço. numa blitz, embora ainda
admite qualquer meio probatório fosse possível saber que
Já na embriaguez acidental fortuita, decorrente no Brasil não é permiti-
de caso fortuito ou de força maior, que ocorre, por do dirigir aos 16 anos,
exemplo, quando o agente não conhece o caráter era extremamente difícil
alcoólico da bebida ou o agente é forçado a ingerir a exigir que este tivesse
bebida, adota-se o critério psicológico. Porém, não conhecimento.
basta estar embriagado fortuitamente. 223
O homicídio simples só será crime hediondo quan-
CRIMES do praticado em atividade típica de grupo de extermí-
nio, ainda que cometido por um só agente, conforme
CRIMES CONTRA A PESSOA art. 1º, I, primeira parte, da Lei nº 8.092/1990.
Atenção: o art. 1º, I, segunda parte, da Lei nº
Crimes Contra a Vida 8.092/1990, com redação dada por meio da Lei nº
13.964/2019, trata de hipóteses de homicídio qualificado.
Trataremos neste tópico dos crimes contra a vida,
que estão incorporados nos artigos 121 ao 148. Eles Homicídio privilegiado
tutelam o bem jurídico mais relevante que temos: a
vida, nas suas modalidades intrauterina ou extraute- Segundo Nucci, privilégios são circunstâncias
rina. Os crimes contra a vida poderão ser dolosos ou legais específicas, vinculadas ao tipo penal incrimi-
culposos. Sendo que os primeiros poderão ter conduta nador, provocadoras da diminuição da faixa de apli-
comissiva ou omissiva. cação da pena, em patamares prévia e abstratamente
estabelecidas pelo legislador, alterando o mínimo e o
Homicídio máximo previstos para o crime.
Para fins do nosso estudo, vamos entender o homi-
cídio privilegiado como uma modalidade mais branda
O crime de homicídio tem como ação a seguinte do crime de homicídio.
conduta: Matar Alguém. O homicídio privilegiado está previsto no Artigo 121,
O verbo descrito no tipo penal é matar, que fica § 1º, e se configura em uma das seguintes situações:
configurado quando se faz ao interromper ou cessar a
vida. O alguém, previsto na conduta, necessariamen- z Relevante valor social – possível e compreensível
te, deve ser a pessoa humana. para a sociedade. Ex.: indivíduo acaba com a vida
É um crime classificado de diversas modalidades. de malfeitor em prol da sociedade;
As principais classificações são: z Relevante valor moral – referente ao valor moral
individual, temos como exemplos ações movi-
z É crime comum: pode ser praticado por qualquer das por compaixão, beneficiação, amparo. Ex.:
pessoa, sem que necessite de quaisquer condições Eutanásia;
especiais; z Sob o domínio de violenta emoção, logo em segui-
z É crime material: para sua consumação, é exigida da a injusta provocação da vítima – como o próprio
a ocorrência do resultado morte; nome diz, a ação tem que ter acontecido logo após
z É crime de forma livre: pode ser praticado com o ato, e o agente estando sob condições de grandes
qualquer modo de execução (a tiros, facadas, emoções. Ex.: O marido chega em casa e pega sua
pauladas, por meio de veneno, entre outros); companheira em flagrante com outro indivíduo,
z É crime instantâneo de efeitos permanentes: a dominado pela raiva, sem pensar, e sem controle,
conduta delituosa não se prolonga no tempo e, acaba matando o indivíduo.
após a consumação, os efeitos são irreversíveis;
z É crime plurissubsistente: pode ser praticado por Quando reconhecido o privilégio, no crime de
meio de um ou mais atos de execução; homicídio, quais as consequências? O juiz pode redu-
z É crime unissubjetivo: pode ser praticado por um zir a pena do agente de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
ou mais agentes.
z É importante que você saiba as classificações
descritas acima, já que elas são bastante cobradas Importante!
em provas. Muita atenção com o patamar de redução da
pena.
O crime de homicídio é dividido em:
z Homicídio simples (art. 121, caput, do CP); Sobre o homicídio privilegiado, algumas conside-
z Homicídio privilegiado (art. 121, §1º, do CP); rações são muito importantes para a sua prova:
z Homicídio qualificado (art. 121, §2º, do CP); e
z Homicídio culposo (art. 121, §3º, do CP). z Não é considerado crime hediondo;
z Não se comunica para coautores ou partícipes.
Veremos a seguir cada um deles.
O crime de homicídio é cometido por 2 (dois) agen-
Homicídio simples tes (Vicente e Gabriel). Gabriel o pratica sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provo-
O Homicídio simples está previsto no caput do arti- cação da vítima; Vicente, não. Nesta hipótese, Gabriel
go 121. responderá por homicídio privilegiado e Vicente por
Ele é bastante difícil de ser configurado, já que difi- Homicídio.
cilmente ocorre este crime sem que alguma qualifica-
dora (que veremos a seguir) seja aplicada. Podemos Homicídio qualificado
entender, então, que o homicídio simples é residual.
Será simples o homicídio quando ele não for
No homicídio qualificado, o agente estará subme-
qualificado.
tido a uma pena maior, mais grave. As qualificadoras
Sobre o homicídio simples, a informação mais
são fatores que tornam a conduta praticada pelo agen-
importante é que, em regra, ele não é crime hedion-
te, de alguma forma, mais reprováveis por parte da
do, entretanto, se for praticado em atividade típica de
sociedade. A pena do homicídio qualificado está pre-
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só
vista entre 12 (doze) e 30 (trinta) anos.
224 agente, será crime hediondo.
O Código Penal, em seu Artigo 121, § 2º, estabelece II. Por motivo fútil;
as seguintes qualificadoras.
Motivo fútil refere-se a um motivo pequeno, des-
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou proporcional, banal. Há desproporcionalidade entre a
por outro motivo torpe; conduta praticado e a motivação.
II - por motivo fútil; O homicídio será qualificado por motivo fútil
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi- quando, por exemplo, for motivado por um dívida de
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de uma carteira de cigarro.
que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu- III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos- xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
sível a defesa do ofendido; que possa resultar perigo comum;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
nidade ou vantagem de outro crime:
Temos aqui qualificadoras relacionadas aos meios
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
empregados pelo agente para praticar o crime, que
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo podem estar relacionadas a meios insidiosos (empre-
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) go de veneno) ou cruéis (asfixia, tortura) ou que pos-
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. sam resultar em perigo comum (fogo, explosivo).
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Em relação ao emprego de veneno, segundo a
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança doutrina majoritária, tal qualificadora só irá se con-
Pública, no exercício da função ou em decorrência figurar se ficar comprovado que a vítima ingeriu o
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren- veneno sem saber que o fazia. Caso a vítima saiba que
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa está ingerindo veneno, outra qualificadora poderá ser
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) aplicada, a de meio cruel.
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019) Compreenda que Direito Penal, o agente é puni-
do, em regra, pelo crime que queria praticar. Assim,
Atenção: o art. 1º, I, segunda parte, da Lei nº caso o agente queira torturar, mas se exceda e acabe
8.092/1990, com redação dada por meio da Lei nº matando a vítima, irá responder por tortura qualifi-
13.964/2019, diz que será hediondo o homicídio quali- cada pelo resultado morte. Se o agente queria matar e
ficado em todas as hipóteses do art. 121, § 2º, incisos I, usa a tortura como meio para atingir a sua finalidade,
II, III, IV, V, VI, VII e VIII, do CP. irá responder por homicídio qualificado pela tortura.
Agora, vamos esclarecer cada um dos incisos do IV. À traição, de emboscada, ou mediante
§2º, do art. 121, do CP: dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
Se o homicídio é cometido: torne impossível a defesa do ofendido;
cadora de natureza pessoal, que não irá se comunicar que o crime anterior ou posterior pode ter sido prati-
automaticamente ao mandante do crime, responden- cado por uma outra pessoa, não existindo a obrigato-
do este, na modalidade qualificada se torpe for o moti- riedade de que seja o próprio autor do homicídio.
vo que o levou a pagar pela morte da vítima.
Assim, por exemplo, se Alessandro, que tem a VI. Contra a mulher por razões da condição de sexo
intenção de matar um desafeto, chamado Antoniel, feminino.
pagar R$ 1.000,00 (mil reais) a Fabrício, para que este
mate Antoniel, a qualificadora será aplicada a Fabrí- Fique atento, pois este dispositivo tem grande
cio, já para Alessandro, o mandante, o homicídio não incidência em provas de concursos públicos. Estamos
será necessariamente qualificado. falando do feminicídio. 225
Você acertará todos os itens correspondentes Observe que Ciclano não queria a morte de Beltra-
quando entender que nem toda morte de mulher será no, nem assumiu o risco de matá-lo, mas, por ter sido
considerada feminicídio, mas sim a morte de mulher imprudente (praticado uma ação não recomendável),
praticada devido a sua condição de sexo feminino. acabou causando a morte da vítima.
O Código Penal estabelece que se considera que há
razões de condição de sexo feminino quando a morte A negligência fica configurada quando o agente
da mulher envolver violência doméstica ou familiar ou é omisso ou relapso. Ele não faz algo que a vida em
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. sociedade recomenda.
A imperícia é a falta de aptidão técnica para o
O feminicídio ficará configurado com a morte da desempenho de determinada atividade.
mulher devido à violência de gênero e não quando
ocorrer a morte da mulher em qualquer situação. Nos exemplos a seguir, que a doutrina apresen-
ta com mais frequência, poderemos ver a diferença
VII. Contra autoridade ou agente descrito nos arts. entre a negligência e a imperícia.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Ex.: Adolfo é médico cirurgião. Certo dia, ao fazer
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança uma cirurgia renal, ele deixa um bisturi dentro do
Pública, no exercício da função ou em decorrência paciente, que vem a óbito.
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren- Ex.: Teobaldo é médico clínico geral em período de
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa residência. Ele vai fazer uma cirurgia renal, erra no
condição. procedimento e a vítima morre.
No primeiro exemplo: Adolfo irá responder por
O homicídio será qualificado quando praticado homicídio culposo por negligência. Observe que ele é
contra os seguintes agentes ou autoridades: médico cirurgião, logo, tem perícia para a realização
de cirurgias, mas foi omisso ao esquecer o equipa-
z Integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exérci- mento dentro do paciente.
to ou Aeronáutica) No segundo exemplo: Teobaldo irá responder por
z Integrantes dos órgãos de segurança pública: Polí- homicídio culposo por imperícia, já que faltava a ele
aptidão necessária para realizar perícias.
cia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia
No caso do homicídio culposo, é possível a aplica-
Ferroviária Federal; Polícias Civis; Policiais Milita-
ção do instituto do perdão judicial, previsto no Arti-
res; Corpo de Bombeiros Militares; Polícias Penais
go 121, § 5° do Código Penal: o juiz poderá deixar de
federal, estadual e municipal. aplicar a pena, se as consequências da infração atingi-
rem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
Mais uma vez, você deve ficar atento e levar para penal se torne desnecessária.
a sua prova que não é a morte de qualquer dos agen- Você pode entender a aplicação do perdão judicial
tes ou autoridades descritas acima que irá qualificar o ao seguinte caso: pai que, por imprudência, provoca
homicídio, mas sim se a morte deles for praticada no um acidente de trânsito e mata o próprio filho. Nes-
exercício da função (enquanto eles trabalham) ou em te caso, as consequências da infração penal (homi-
razão da função (devido ao cargo que eles ocupam ou cídio) atingem o pai de forma tão grave (a morte de
função que eles exercem). seu filho) que é desnecessária a aplicação de sanção
A qualificadora também será aplicada se o homi- penal, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
cídio for praticado contra o cônjuge, companheiro O instituto do perdão judicial se aplica apenas aos
ou parente consanguíneo até o 3º (terceiro) grau dos casos de homicídio culposo.
agentes ou autoridades que vimos acima, também Falaremos agora das causas de aumento de pena
motivado pela função que os agentes ou autoridades aplicadas ao homicídio.
exercem.
Homicídio majorado
É possível que o homicídio seja privilegiado e qua-
lificado ao mesmo tempo? Sim. Para facilitar nosso estudo, veremos as causas de
É possível, porém, é necessário que a qualificadora aumento de pena aplicadas ao homicídio doloso e, em
seja de natureza objetiva, ou seja, relacionada aos seguida, as aplicadas ao homicídio culposo.
meios empregados pelo agente para executar o crime. Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicí-
Segundo a doutrina majoritária, o homicídio pri- dio doloso:
vilegiado-qualificado não será considerado hediondo,
porque o privilégio afasta a hediondez. z Se praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)
anos ou maior de 60 (sessenta) anos, com deficiên-
Homicídio culposo cia ou portadora de doenças degenerativas que
acarretem condição limitante ou de vulnerabilida-
O homicídio culposo é aquele que o agente não de física ou mental, na presença física ou virtual de
quer como o resultado a morte, nem assume o risco descendente ou de ascendente da vítima, em des-
de assumi-lo, mas acaba causando a morte de alguém cumprimento das medidas protetivas de urgência
por imprudência, negligência ou imperícia. previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da
A imprudência fica configurada quando o agente Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 – aumento de
é afoito, praticando conduta não recomendada pela 1/3 (um terço) conforme dispõe o artigo 121, § 7º
vida em sociedade. Exemplo: Ciclano está mudando incisos II, III e IV do Código Penal.
alguns móveis em apartamento, que fica no 4º andar. z Se praticado por milícia privada, sob o pretexto de
Ele decide que não quer mais um jarro de plantas e, prestação de serviço de segurança ou por grupo
para se livrar do objeto, joga-o pela janela. O jarro cai de extermínio – aumento de 1/3 (um terço) até a
na cabeça de Beltrano, que morre imediatamente. metade.
226
z Nos casos de feminicídio, se o crime for praticado z Se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe
durante a gestação ou nos 3 (três) meses posterio- ou fútil; ou
res ao parto; se praticado contra pessoa menor de z Se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual-
14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, ou quer causa, a capacidade de resistência.
com deficiência, ou se praticado na presença de
descendente ou ascendente da vítima – aumento Aumento de pena:
de 1/3 (um terço) até a metade.
Incluído no Código Penal por meio da Lei nº
Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicí- 13.968/2019, a pena pode ser aumentada até o dobro
dio culposo: se a conduta é realizada por meio da rede de compu-
tadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
z Se o crime resulta de inobservância de regra téc- Outra hipótese, aumenta-se a pena em metade se
nica de profissão, arte ou ofício – aumento de 1/3 o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede
(um terço);
virtual.
z Se o agente deixa de prestar imediato socorro à
Não é caso de crime de induzimento, instigação
vítima, não procura diminuir as consequências do
ou auxílio ao suicídio e da automutilação quando a
seu ato ou foge para evitar prisão em flagrante –
aumento de 1/3 (um terço). vítima não tem algum discernimento para a prática
do suicídio e da autolesão. Caso a conduta seja prati-
cada contra alguém sem qualquer discernimento, por
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a
automutilação exemplo, uma criança de 10 anos de idade, não esta-
remos diante do crime de induzir, instigar ou auxi-
liar a prática de suicídio, mas sim diante do crime de
No Direito Penal Brasileiro, não se pune a autole-
são, ou seja, uma pessoa não será punida penalmente homicídio.
caso provoque mal somente a si próprio. Neste sentido, o Código Penal, trata, com a inclusão
O tipo penal que iremos estudar não pune o suicí- da redação dada por meio da Lei nº 13.968/2019, da
dio, que consiste na eliminação da própria vida, mas hipótese da automutilação ou da tentativa de suicídio
sim a conduta daquele que induz, instiga ou auxilia a resulta lesão corporal de natureza gravíssima, e for
prática de um suicídio ou a automutilação. cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou con-
tra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se tem o necessário discernimento para a prática do ato,
ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
material para que o faça: resistência, responde o agente pelo crime lesão corpo-
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. ral gravíssima.
Por fim, se o crime de suicídio se consuma ou se
Inicialmente, devemos entender o que significa dá automutilação resulta morte e a vítima é menor de
cada um dos verbos que configuram o tipo penal: 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o neces-
sário discernimento para a prática do ato, ou que, por
z Induzir: é criar uma ideia que não existe. A vítima qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
nunca pensou em se suicidar e o agente faz surgir responde o agente pelo crime de homicídio.
esta ideia na cabeça dela;
z Instigar: é reforçar uma ideia que já existe. A víti- Infanticídio
ma pensa ou já pensou em se suicidar e o agente
reforça essa ideia; O infanticídio é classificado pela doutrina como
z Auxiliar: o agente presta auxílio material à vítima. crime bi próprio, já que ele exige qualidades especiais
Por exemplo, emprestando uma arma, uma corda, tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo.
entre outras formas de auxílio. É necessário que o sujeito ativo – quem pratica a
conduta – seja a própria mãe e que o sujeito passivo –
Com o advento da Lei nº 13.968/2019, na hipótese quem é ameaçado pela conduta criminosa – seja o pró-
de a automutilação ou de a tentativa de suicídio resul- prio filho, para que este tipo penal fique configurado.
São outros requisitos que devem estar presentes
tar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
para configuração do crime de infanticídio:
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129, do CP a pena
cominada é de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Com essa redação (§1º, do art. 122, do CP) citada z Que a mãe esteja sob a influência do estado puerperal;
acima, põe fim a discussão sobre a possibilidade de
tentativa para o induzimento, instigação ou auxílio ao O estado puerperal é uma alteração emocional
suicídio. pela qual passam algumas mães durante o período
correspondente ao parto.
Pois bem, hoje, a lei diz que o crime de induzimen-
Não existe prazo definido em lei, na doutrina ou na
to, instigação ou auxílio ao suicídio e, agora, da auto-
jurisprudência, sobre quanto tempo dura este estado
mutilação admite tentativa.
DIREITO PENAL
puerperal.
Porém, em caso de consumação do suicídio ou da
automutilação resultar morte, a pena prevista é de
z Que a conduta seja praticada durante ou logo após
reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
o parto.
Forma qualificada:
O Código Penal adota, para o crime de infanticídio,
critério fisiológico, também denominado biopsicológi-
Com a redação da Lei nº 13.968/2019, a pena para o
co ou fisiopsicológico, afastando-se do sistema psico-
crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio
lógico, que exigia o motivo de honra. O simples estado
e de automutilação é duplicada em dois casos: puerperal é apto ao reconhecimento do infanticídio. 227
Estado puerperal é o conjunto das perturbações O infanticídio admite tentativa.
psíquicas e fisiológicas sofridas pela mulher em razão
do fenômeno do parto. Diversos fatores como, por Aborto
exemplo, sofrimento, a perda de sangue, a angústia, a
inquietação ou outros que podem levar a parturiente O crime de aborto, no Brasil, está no rol dos cri-
a sofrer um colapso do senso moral, uma liberação de mes contra a vida. É tutelado o nascituro desde a
impulsos maldosos, chegando por isso a matar o pró- concepção. O Código Penal estabelece três modalida-
prio filho. des de aborto, previstos nos artigos 124, 125 e 126.
A influência do estado puerperal normalmente No art. 124, do CP, temos o aborto praticado pela
gestante. O sujeito ativo é a própria gestante e a vítima
acontece em qualquer parto, havendo, inclusive, jul-
é o feto.
gados dispensando a prova pericial para comprová-lo.
No art. 125, do CP, o crime de aborto é praticado
O infanticídio deve ocorrer durante o parto ou logo por terceiro, porém sem o consentimento da gestante.
após, ou seja, logo em seguida ao parto, sem intervalo. Observe que neste delito o sujeito ativo é o terceiro,
Antes do início do parto, a morte do feto será aborto, e aquele que realiza o aborto. A vítima, sujeito passivo,
se não ocorrer logo após o parto, será homicídio. é a gestante e o feto.
A expressão “logo após o parto” compreende todo Já no art. 126, do CP, o crime de aborto é praticado
o período em que permanecer a influência do estado por terceiro, mas com o consentimento da gestante.
puerperal. Sobrevindo a fase da bonança, em que pre- Aqui temos na condição de sujeito ativo o terceiro e
domina o instinto materno, cessa a influência do esta- a gestante, e a vítima, sujeito passivo, apenas o feto.
do puerperal. Não permanecendo o estado puerperal O Código Penal não define aborto. Cabe a juris-
e a mão matar o filho, não estaremos diante do crime prudência e a doutrina definir o crime de aborto. De
de infanticídio, mas de homicídio. acordo com termos relacionados a medicina, aborto é
O delito só admite o dolo, que pode ser direto ou expulsão do produto da concepção.
eventual. O aborto consiste na interrupção da gravidez com
a morte do produto da concepção. Dessa definição
Se houver a hipótese de a conduta de a mãe, em
sobressaem os seguintes elementos necessários à
estado puerperal, logo após o parto, culposamente
constituição do delito:
matar o filho, estaremos diante de homicídio culposo.
Há certos casos em que a mulher, após o parto, se
z Estado fisiológico da gravidez;
vê acometida da chamada psicose puerperal, que é
z Emprego de meios dirigidos à provocação do
uma doença mental que lhe tira totalmente o poder
de autodeterminação. Nesta hipótese, a mão é consi- aborto;
derada absolutamente inimputável, conforme art. 26, z Morte do produto da concepção;
caput, do Código Penal. z Dolo.
A mãe infanticida é isenta de pena, nos termos
do art. 26, caput, do Código Penal. Aplica-se medida O aborto é crime de forma livre, admitindo uma
de segurança somente na hipótese de persistência da infinidade de meios executórios.
periculosidade. Os meios abortivos mais citados são:
Se, em outra hipótese, a mãe, além da influência do
estado puerperal, tiver outra causa de semi imputabi- z Processos químicos: introdução de certas subs-
lidade, consistente em perturbação da saúde mental, tâncias químicas no organismo, como o fósforo,
que não lhe retire a inteira capacidade de entendi- chumbo, álcool, ácido etc.;
mento ou autodeterminação, deverá ser aplicada a z Processos físicos mecânicos: curetagem, jogos
regra do parágrafo único do art. 26 do Código Penal, esportivos, quedas voluntárias, etc.;
ou seja, a pena do infanticídio poderá ser reduzida de z Processos físicos térmicos: bolsas de água quente
um a dois terços, ou poderá ser substituída por medi- e bolsas de gelo;
da de segurança. z Processos psíquicos: susto, sugestão, induzimento
de terror, etc.
A parturiente mata o filho, Homicídio, art. 121, do CP.
sem estar influenciada O crime de aborto admite tentativa, na hipótese
pelo estado puerperal. em que se emprega meios abortivos, mas não sobre-
vêm a morte do feto por circunstâncias alheias a von-
A parturiente mata o filho, Infanticídio, art. 123, do
tade do agente.
sob a influência do estado CP.
Há quatro modalidades de aborto:
puerperal.
A parturiente mata o filho, Infanticídio, art. 123, com- z Autoaborto (art. 124, 1ª parte);
influenciada pelo estado binado com o art. 26, pa- z Aborto consentido (art. 124, 2ª parte);
puerperal e por apresentar rágrafo único, do CP. z Aborto consensual (art. 126);
alguma outra causa que Redução da pena de um a z Aborto sem o consentimento da gestante (art. 125 e
lhe tire a plenitude do po- dois terços, ou medida de parágrafo único do art. 126).
der de autodeterminação. segurança.
Autoaborto
A parturiente mata o filho, Infanticídio, art. 123, com-
por estar acometida de binado com o art. 26,
O autoaborto é o praticado pela própria gestante.
doença mental, psicose caput, do CP.
Sujeito ativo do delito é a gestante. Ela quem executa
puerperal. Absolvição sumária,
diretamente a conduta criminosa. Trata-se de crime
causa excludente da
de mão própria ou de atuação pessoal, pois só pode
culpabilidade.
228 ser cometido pela gestante em pessoa.
Terceiros podem atuar como partícipes, mas não Dica
como coautores. Os dois resultados qualificativos do delito, isto é,
a morte e a lesão grave, devem ser imputadas ao
Aborto consentido e aborto consensual
agente a título de culpa. Estamos diante de hipó-
tese de crime preterdoloso, o agente age com
O aborto consentido ocorre quando a gestante per-
dolo em relação ao aborto e culpa em relação
mite que outrem o provoque.
ao resultado.
É essencial ao crime o concurso dos dois elementos:
Agora, se o agente atua com dolo em relação à
morte ou lesão grave, responde por aborto em
z Consentimento da gestante; e
concurso formal com o crime de homicídio ou
z Execução do aborto por terceiro.
crime de lesão corporal.
Observe-se, porém, desde logo, que o aborto con-
Aborto legal
sentido é crime bilateral, exigindo a presença de duas
pessoas: a gestante e o terceiro executor. O art. 128, do CP, estabelece duas modalidades em
O terceiro responde pelo art. 126, do CP (aborto que o aborto não constitui delito, desde que praticado
consensual), enquanto a gestante, pelo art. 124, 2ª par- por médico:
te, do CP (aborto consentido).
O aborto consentido é crime de mão própria ou de z Se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
atuação pessoal, podendo ser cometido apenas pela z Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
gestante. Mas, evidentemente, admite a presença do cedido de consentimento da gestante ou, quando
partícipe, consistente na conduta acessória do tercei- incapaz, de seu representante legal.
ro que se limita a induzir, instigar ou auxiliar a ges-
tante a consentir na realização do aborto. Exclui-se a antijuridicidade, uma vez que a norma
penal permite expressamente o abortamento, estabe-
Aborto praticado sem consentimento da gestante lecendo a licitude do fato.
A doutrina trata do aborto legal da seguinte forma:
O art. 125, do CP comina pena de reclusão de 3
z Aborto necessário ou terapêutico ou profilático;
(três) a 10 (dez) anos, o aborto provocado sem o con-
z Aborto sentimental ou humanitário ou ético.
sentimento da gestante.
O não consentimento da gestante é o elemento
Aborto necessário ou terapêutico ou profilático
essencial à configuração do delito e pode ser:
Aborto necessário é o praticado por médico, se não
z Expresso; ou há outro meio de salvar a vida da gestante, conforme
z Presumido. art. 128, I, do CP, desde que presentes três requisitos:
Expresso, também conhecido de real, ocorre quan- z Perigo real à vida da gestante;
do a gestante se opõe ao aborto, mas é vencida pela z Que não haja outro meio de salvar-lhe a vida;
violência física, grave ameaça e fraude, ou seja, res- z Execução por médico.
pectivamente, chute na barriga, ameaça de matar a
gestante se não abortar e colocar substância abortiva O aborto necessário exige perigo à vida, e não saú-
na alimentação da gestante, sem consentimento da de, da gestante.
vítima, mãe. Quando chamado de terapêutico tem efeito curati-
Presumido é quando a gestante está incapaz de vo, e quando profilático, preventivo.
consentir nas formas previstas no parágrafo único do
art. 126, do CP: Aborto sentimental ou humanitário ou ético
Aborto qualificado
z Gravidez resultante de estupro;
z Prévio consentimento da gestante ou, quando
DIREITO PENAL
O art. 127, do CP, estabelece duas hipóteses de incapaz, de seu representante legal;
aborto qualificado: z Execução por médico, se praticado por outras pes-
soas, respondem pelo crime.
z Aborto qualificado pela morte;
z Aborto qualificado pela lesão corporal de natureza A prova do estupro pode ser feita por todos os
grave. meios admissíveis em direito.
Para a prática do aborto humanitário, não é neces-
As lesões graves são aquelas tipificadas nos §§ 1º e sário processo (ação penal), autorização judicial e
2º do art. 129, do CP. nem sentença condenatória. 229
Ação penal z Incapacidade permanente para o trabalho;
z Enfermidade incurável;
É pública incondicionada. z Perda ou inutilização do membro, sentido ou
função;
Lesões Corporais z Deformidade permanente;
z Aborto.
Você pode entender lesão corporal como qualquer
alteração provocada na integridade corporal ou na Tome cuidado para não se confundir:
saúde de uma pessoa.
A lesão corporal é comum, material, instantâneo e LESÃO GRAVE LESÃO GRAVÍSSIMA
de forma livre, portanto, pode ser praticado por qual-
quer pessoa, exige a ocorrência do resultado para fins Debilidade permanente de Perda ou inutilização do
de consumação, a conduta não se prolonga no tempo membro, sentido ou função membro sentido ou função.
e pode ser praticada de qualquer maneira (pedradas,
Exemplo: Devido às le- Exemplo: Devido às le-
pauladas, tiros, socos, chutes, arranhões etc.).
sões sofridas, a vítima sões sofridas, a vítima
As lesões corporais estão previstas no Artigo 129 do
perde 1 (um) dos olhos, perde a visão.
Código Penal e podem ser divididas da seguinte forma:
mas ainda enxerga.
z Lesão corporal simples
z Lesão corporal grave; O Código Penal não divide as lesões em graves ou
z Lesão corporal gravíssima; gravíssimas. Para o CPB (Código Penal Brasileiro),
z Lesão corporal seguida de morte; todas elas são graves. Esta divisão é uma construção
z Lesão corporal culposa; doutrinária.
z Lesão corporal privilegiada.
Lesão corporal seguida de morte
As lesões corporais graves, gravíssimas e seguida
de morte compõem o grupo lesões corporais qualifi- A lesão corporal seguida de morte irá ficar configu-
cadas, segundo a doutrina penalista. rada quando ficar configurado que o agente não que-
ria o resultado morte (dolo direto no resultado morte)
Antes de analisarmos cada uma das lesões, vamos
ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual no
falar da ação penal.
resultado morte).
O crime de lesão corporal é classificado como deli- Se o agente quer matar, ele responderá pelo
to não-transeunte, que é aquele que deixa vestígios, homicídio. Porém, caso o agente queira apenas cau-
sendo necessário a realização de exame de corpo de sar lesões corporais, mas, por algum motivo, acabe
delito. se excedendo, provocando a morte da vítima, ele irá
responder por lesão corporal seguida de morte, desde
Lesão corporal leve que fique evidenciado que ele não quis nem assumiu
o risco de produzir o resultado morte.
A lesão leve, também chamada de simples, previs- O crime de lesão corporal seguida de morte é um
ta no Caput do Artigo 129, é residual. Teremos confi- crime preterdoloso, ou seja, é um crime qualificado
gurada tal modalidade de lesão, caso não se configure pelo resultado, em que temos dolo na conduta inicial
nenhuma das outras. e culpa no resultado produzido.
A lesão corporal qualificada está prevista nos pará-
grafos 1º, 2º e 3º do Artigo 129. Lesão corporal culposa
(dois terços):
É importante mencionar, pela própria natureza
z Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen- do tipo penal, que não se exige, para a sua
te das forças armadas (Marinha, Exército ou Aero- configuração simples, dolo específico do
náutica), das forças de segurança pública (Polícia agente em transmitir a doença venérea (caso
Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Fer-
ocorra esta hipótese, o crime será qualificado),
roviária Federal, Policiais Civis, Policias Militares
ou Corpo de Bombeiros Militares), integrantes do bastando que ele tenha a intenção de ter a
sistema prisional (agentes penitenciários) e da For- relação sexual, sabendo ou devendo saber que
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da está contaminado. 231
Como o fato se relaciona a uma ou mais pessoas Art. 132 Expor a vida ou a saúde de outrem a peri-
determinadas, estamos diante de um delito de perigo go direto e iminente:
individual, o qual deve ser averiguado diante do caso Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
concreto. Isso porque da simples relação sexual do não constitui crime mais grave.
agente com a vítima não decorre presunção absolu- Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto
ta da existência desse perigo. A presunção é relativa, a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
admitindo prova em contrário, como no caso de a víti- outrem a perigo decorre do transporte de pessoas
ma já ser portadora de doença venérea. para a prestação de serviços em estabelecimentos
de qualquer natureza, em desacordo com as nor-
Perigo de contágio de moléstia grave mas legais.
Este crime se configura quando o agente prati- A conduta nuclear é expor, ou seja, colocar em peri-
car, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave go a vida, a integridade física ou a saúde de alguém. O
de que está contaminado, ato capaz de transmitir o perigo é concreto, direto, iminente e anormal.
contágio. Perigo concreto refere-se a mera prática do
É necessário que o sujeito passivo, que pode ser comportamento ilícito não é suficiente para a
qualquer pessoa, não seja contaminado pela moléstia caracterização do crime, sendo imprescindível que,
grave que o sujeito ativo pretende transmitir. em face da conduta do agente, a vítima tenha a sua
A moléstia grave, neste caso, não precisa, necessa- vida, a sua integridade corporal ou a sua saúde expos-
riamente, ser transmitida por meio de relação sexual, ta a risco de lesão.
podendo, entretanto, ser transmitida por qualquer Perigo direto visa a pessoa ou pessoas
outro meio. determinadas.
Temos como exemplo o agente que, de qualquer Perigo iminente, está prestes a ocorrer. Se a possi-
forma ou por qualquer meio, intencionalmente (exi- bilidade de ocorrência do perigo é futura ou presumi-
ge-se o dolo específico de transmitir a doença) trans- da, não estará caracterizada a infração penal do art.
mite à vítima a tuberculose (moléstia grave). 132, do CP.
Trata-se de norma penal em branco, complemen- Perigo anormal, não decorre da atividade de pro-
tada por meio dos atos praticados por órgãos adminis- fissionais que trabalham com o risco, como o policial e
trativos da área de saúde. o bombeiro. Portanto, se o patrão não toma providên-
Mais uma vez, reitero: exige-se para a configura-
cias para a segurança e proteção dos operários que
ção deste tipo penal o dolo específico, que consiste na
trabalham na fábrica de explosivos, e dessa inação
intenção do agente de transmitir a moléstia grave.
resulta uma situação concreta de perigo, estará confi-
A doutrina não admite, para este crime, o dolo even-
gurado o crime do art. 132, do CP, na sua modalidade
tual, quando o agente não quer diretamente transmi-
omissiva.
tir a doença, mas assume o risco de transmiti-la.
Trata-se de crime formal, que se consuma com a
prática do ato destinado a transmitir a moléstia grave, Abandono de incapaz
não se exigindo, para fins de consumação, a efetiva
transmissão da moléstia. O crime de abandono de incapaz se configura
Ao contrário do crime de Perigo de Contágeo quando o agente abandona pessoa que está sob seu
Venéreo, procede-se mediante ação penal pública cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qual-
incondicionada. quer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resul-
Antes de passarmos para a análise de outros tipos tantes do abandono.
penais, é importante que façamos uma distinção entre São formas qualificadas do crime de abandono de
os dois tipos penais que acabamos de ver: incapaz:
Calúnia É admitida como regra A pena será aplicada em dobro se o crime contra a
honra for praticado:
Difamação É admitida excepcionalmente
z Quando o ofendido, de forma reprovável, provo- z A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
cou diretamente a injúria; pela parte ou por seu procurados;
z No caso de retorsão imediata, que consista em z A opinião desfavorável da crítica literária, artística
outra injúria. ou científica, exceto quando inequívoca a intenção
de injuriar ou difamar – responderá pela injúria
Conheça a injúria real, ela se configura quando a ou pela difamação quem der publicidade;
injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por z O conceito desfavorável emitido por funcionário
sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem público, em apreciação ou informação que pres-
aviltantes. Assim, caso o agente desfira um tapa no te no cumprimento de dever de ofício – respon-
rosto da vítima, com a intenção de ofendê-la (humi- derá pela injúria ou pela difamação quem der
lhá-la), irá praticar uma injúria real. publicidade.
É possível que a injuria seja racial, quando consis-
tir na utilização de elementos referentes a raça, cor, Para encerrarmos o assunto referente aos crimes
etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou contra a honra, iremos tratar da retratação e da ação
portadora de deficiência. penal. Segundo o Código Penal, a retratação, quando
Você deve levar para sua prova os elementos que admitida, constitui excludente de punibilidade.
podem caracterizar a injuria racial, já que esse assun- Retratação refere-se à possibilidade que tem o
to tem grande incidência em provas.Sendo assim, agente de retirar aquilo que disse, ou seja, de mani-
caso o agente ofenda a vítima, fazendo uso de um dos festar que se equivocou em suas declarações, mani-
elementos acima, a exemplo do agente que chama a festando-se contrariamente ao que disse inicialmente.
vítima de macaco (Utilize como exemplo o caso do A injúria não admite retratação. O querelado que,
ex-goleiro do Santos Futebol Clube, o Aranha, que fora antes da sentença (segundo doutrina majoritária: sen-
chamado de Macado), irá cometer o crime de injúria tença de 1º grau), se retrata cabalmente da calúnia ou
racial. da difamação, fica isento de pena.
Fique atento para não confundir a injúria racial Caso o querelado tenha praticado a calúnia ou
com o crime de racismo. difamação, fazendo uso de meios de comunicação, a
Na injúria racial, o animus do agente é ofender; retratação se dará, caso assim deseje o ofendido, pelos
no racismo, o animus é segregar. mesmos meios em que se praticou a ofensa.
O STJ entendeu, na análise do AREsp (agravo Suponha que o agente tenha praticado o crime
em recurso especial), que a injúria racial é crime de calúnia ou difamação pelo Facebook. Neste caso,
imprescritível. a retratação se dará também pelo Facebook, se assim
Nos termos do art. 138, § 2º, do CP é punível a calú- desejar a vítima.
236 nia contra os mortos.
Caso alguém faça uso de referências, alusões ou A Lei nº 8.078/1990, Código de Defesa do Consumi-
frases, sendo possível inferir calúnia, difamação ou dor, no art. 71, prevê a pena de detenção, de 3 a 1 ano,
injúria, aquele que se julgar ofendido, poderá pedir e multa, para quem utilizar, na cobrança de dívidas,
explicações em juízo. Caso seja recusado o pedido de de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
explicações ou, a critério da autoridade judicial, não afirmações falsas, incorretas ou enganosas, ou de
as dá de maneira satisfatória, responderá pela ofensa.
qualquer outro procedimento que exponha o consu-
Por fim, sobre a ação penal nos crimes contra a
midor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com
honra, é importante que você saiba:
seu trabalho, descanso ou lazer.
Súmula 714 do STF, é concorrente a legitimidade do Irá se configurar como constrangimento ilegal
ofendido, mediante queixa e do Ministério Público, quando o agente constranger alguém, mediante
condicionada à representação do ofendido, para a violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
ação penal por crime contra a honra de servidor reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de
público em razão do exercício de suas funções. resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer
o que ela não manda.
Logo, fiquem atentos a esta informação: nos casos O crime de constrangimento ilegal irá ocorrer
de crimes contra a honra de funcionário público em quando o agente, fazendo uso de violência ou grave
razão de suas funções, a ação penal será privada ou ameaça, fazer com que a vítima faça algo que a lei não
condicionada à representação do ofendido. A doutri- manda ou que a vítima deixe de fazer algo que a lei
na dominante também entende desta forma. lhe permite.
A ação será pública condicionada à requisição do Exemplo: Jorge e Luís são vizinhos. Jorge é um
Ministro da Justiça caso a conduta que configura cri-
valentão que se sente dono do bairro. Certo dia, Luís
me contra a honra seja praticada contra o Presidente
passava pela rua, quando Jorge o aborda. Este, por-
da República, ou contra chefe de governo estrangeiro.
tando uma arma de fogo, saca a arma e a aponta para
Luís e diz que, sob pena de levar um tiro na cara, é
Crimes Contra a Liberdade Pessoal e Crimes Contra
a Liberdade Individual para este dar meia volta e passar por outro lugar,
já que não o quer mais passando por sua rua. Luís,
O art. 5º, caput, da Constituição Federal assegura a temendo por sua vida, dá meia volta e retorna.
todos o direito à liberdade. A partir dessa afirmação A conduta de Jorge se enquadra no constrangi-
se extrai que qualquer espécie de violação à liberdade mento ilegal. Ele, fazendo uso de grave ameaça, cons-
do ser humano reclama punição. trangeu Luís para que ele deixasse de fazer algo que a
O objeto jurídico é a liberdade do ser humano para lei lhe permite (liberdade de locomoção).
agir dentro dos limites legais. A doutrina entende corretamente que o crime
Já o objeto material é a pessoa sobre a qual recai a de constrangimento ilegal é subsidiário, o agente
conduta criminosa. por ele irá responder, caso não seja enquadrado em
Estudaremos, então, os crimes contra a liberdade uma outra conduta um tanto mais grave. Assim, caso
individual. o agente constranja a vítima, por meio de violência,
para que ela deixa de fazer alguma coisa, com o fim
Constrangimento Ilegal de obter para si vantagem econômica, não irá cometer
constrangimento ilegal, mas sim o crime de extorsão.
Trata-se de crime comum que não admite a modali-
O constrangimento ilegal admite tentativa, já que é
dade culposa. É a imposição ilegal à vítima de um com-
crime plurissubsistente, é crime comum, que pode ser
portamento certo e determinado, comissivo ou omissivo.
Consuma-se o crime de constrangimento ilegal no praticado por qualquer pessoa.
instante em que a vítima faz ou deixa de fazer algo, Além das penas previstas para o constrangimen-
em decorrência da violência ou grave ameaça utiliza- to ilegal, o agente irá responder pelas penas corres-
da pelo agente. pondentes à violência, assim, caso o agente pratique
o crime por meio de violência, provocando lesões cor-
Admite tentativa porais na vítima, ele responderá por constrangimen-
to ilegal em concurso material com o crime de lesões
Ação penal: pública incondicionada. corporais.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, tra- A pena será aplicada cumulativamente e em dobro
ta-se de crime comum. quando, para a execução do crime:
Se o sujeito ativo for funcionário público, e o fato
for cometido no exercício de suas funções, responderá z Reúnem-se mais de 3 (três pessoas) – deve haver
por abuso de autoridade, na forma na Lei 13.869/2019. no mínimo 4 (quatro) pessoas;
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde z Há emprego de arma – segundo a doutrina domi-
que dotada de capacidade de autodeterminação. nante, pode ser qualquer arma e não necessaria-
DIREITO PENAL
caput, da Lei 6.538/1978, que regula os serviços há duas vítimas o remetente e o destinatário.
postais: Exclui-se o crime se qualquer um deles autorizar
Art. 40. Devassar indevidamente o conteúdo de o conhecimento do conteúdo da correspondência por
correspondência fechada dirigida a outrem: terceira pessoa. Enquanto não chega ao destinatário,
Pena – detenção, até seis meses, ou pagamento não pertence unicamente ao remetente.
excedente a vinte dias-multa. Vejamos alguns pontos importantes:
A lei penal, por objeto jurídico, tutela a liberdade z A impossibilidade de localização do destinatário
de comunicação do pensamento, concretizada pelo não afasta o crime.
sigilo da correspondência. z O falecimento do remetente não exclui o delito. 241
z Se a correspondência ainda não foi enviada, e sobre- A modalidade desse crime é o dolo, abrangente da
veio sua morte, seus herdeiros têm o direito de ilegitimidade da conduta de apossar-se de correspon-
conhecer seu conteúdo, pois ela agora lhes pertence. dência alheia, com a exigência da finalidade específi-
z Se o destinatário falece antes de receber a corres- ca de sonegá-la ou destruí-la”.
pondência, seus sucessores poderão conhecer seu É possível a tentativa.
conteúdo, que provavelmente a eles interessa. Causa de aumento da pena:
informações sem autorização expressa ou tácita do É possível a tentativa, em face do caráter pluris-
titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades subsistente do delito, permitindo o fracionamento do
para obter vantagem ilícita: iter criminis.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa
O objeto jurídico é a liberdade individual, especi- de computador com o intuito de permitir a prática
ficamente no tocante à inviolabilidade dos segredos. da conduta definida no caput.
E o objeto material é o dispositivo informático alheio, § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se
conectado ou não à rede de computadores. da invasão resulta prejuízo econômico. 245
Cuida-se de causa de aumento da pena, a ser uti- Isso é justificado pela disponibilidade do interesse
lizada na terceira e última fase da aplicação da pena atacado pelo delito, vinculado precipuamente à esfera
privativa de liberdade. de intimidade da vítima.
Diversos fatores podem proporcionar o prejuízo Reserva-se ao ofendido ou ao seu representante
econômico: divulgação de informações capazes de a oportunidade (ou conveniência) para autorizar ou
macular a honra da vítima, tempo de trabalho neces- não o início da persecução penal.
sário para a reprodução dos dados ou informações Excepcionalmente, a ação penal será pública
incondicionada, nas hipóteses em que o delito envol-
destruídos ou adulterados, valores gastos para livrar
ver a Administração Pública, pois nesses casos há
o dispositivo informático de vírus etc.
ofensa a valores de natureza indisponível.
Em qualquer dos casos, a elevação da pena será
obrigatória. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteú- Furto
do de comunicações eletrônicas privadas, segredos
comerciais ou industriais, informações sigilosas,
O primeiro crime contra o patrimônio é o furto.
assim definidas em lei, ou o controle remoto não
Em síntese, o crime de furto é definido por ser a sub-
autorizado do dispositivo invadido: tração de coisa alheia móvel para si ou para outrem.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e Há o furto (art. 155, do CP) e o furto de coisa comum
multa, se a conduta não constitui crime mais grave. (art. 156).
Sobre o bem jurídico, não há consenso na doutri-
A pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa, na, vejamos:
se a conduta não constitui crime mais grave.
Evidentemente, não há crime se existia permissão z Somente a propriedade (Hungria);
para tanto, como ocorre nos computadores instalados z A propriedade e a posse (Nucci; Greco; Masson);
em escolas infantis, pelos quais os pais acompanham z A propriedade, a posse e a detenção (Mirabete;
à distância as atividades desenvolvidas pelos seus Delmanto; Bitencourt).
filhos.
Subtrair significa retirar a coisa da posse da vítima,
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a passando ao poder do agente. Pode ocorrer por apo-
doi s terços se houver divulgação, comercialização deramento direto, quando o agente apreende a coisa
ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos manualmente, ou por apoderamento indireto, na hipó-
dados ou informações obtidos. tese de o agente utilizar-se de terceiros ou de animal.
Aplica-se unicamente à modalidade qualificada z Coisa: refere-se a tudo aquilo que possui existên-
prevista no § 3º do art. 154-A. Nesse caso, o exauri- cia de natureza corpórea.
mento justifica a maior severidade no tratamento z Coisa alheia: significa pertencente a outrem.
penal. A divulgação, comercialização ou transmissão
A coisa sem dono não é objeto de furto.
a terceiro, embora normalmente envolva alguma
Não configura o crime de furto (art. 155, do CP) a
contraprestação, pode ser gratuita, pois o legislador
subtração de coisa própria, mesmo que em poder de
empregou a expressão “a qualquer título”. terceiro, embora possa caracterizar o delito descrito
no art. 346, do CP, ou o crime de furto de coisa comum
Aumenta-se a pena de um terço à metade se o cri- (art. 156, do CP).
me for praticado contra: Não há furto de coisa abandonada, pois não inte-
gra o patrimônio de ninguém.
z Presidente da República, governadores e prefeitos; Se houver o apoderamento de coisa perdida, pode
z Presidente do Supremo Tribunal Federal; configurar o crime do art. 169, parágrafo único, II, do CP.
z Presidente da Câmara dos Deputados, do Sena- Sobre o valor afetivo, para alguns autores (como
do Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, Damásio e Rogério Greco), coisa de valor afetivo ou
da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de sentimental também pode ser objeto material de fur-
Câmara Municipal; ou to. Segundo Hungria, “a coisa subtraída deve represen-
z Dirigente máximo da administração direta e indi- tar para o dono, se não um valor reduzível a dinheiro,
pelo menos uma utilidade (valor de uso), seja qual for,
reta federal, estadual, municipal ou do Distrito
de modo que possa ser considerada como integrante do
Federal.
seu patrimônio”.
No mesmo sentido: STF, RE 100103.
Ação penal Em sentido contrário, uma parcela da doutrina
(Nucci, por exemplo) sustenta que deve haver subtra-
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, ção de coisa com valor patrimonial.
somente se procede mediante representação, sal- Em regra, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa,
vo se o crime é cometido contra a administração exceto o proprietário.
pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes O sujeito passivo à vítima do furto: o proprietário,
da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios o possuidor ou detentor da coisa legítima.
ou contra empresas concessionárias de serviços
públicos. Furto simples
No crime de invasão de dispositivo informativo, em O art. 155, do CP, define o furto simples.
regra, a ação é pública condicionada à representação do Configura-se quando o agente subtrai, para si ou
246 ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. para outrem, coisa alheia móvel.
Para entendê-lo, dividiremos em duas partes: Portanto, vimos que não se pode restringir o patri-
mônio às coisas de valor econômico.
z Subtrair (verbo) – consiste no ato de se apossar de Além disso, o sujeito ativo do crime de furto pode
propriedade de outra pessoa, seja para si ou para ser qualquer pessoa, pois, trata-se de crime comum ou
outra pessoa, por exemplo, o agente subtrai para geral.
si uma bicicleta que estava estacionada próximo
à lanchonete; Mas, há exceção:
z Coisa alheia móvel – necessário que o objeto mate-
rial do crime de furto seja coisa móvel e que per- z Furto qualificado pelo abuso de confiança, previsto
tença a outra pessoa; caso seja coisa imóvel, ou que no art. 155, § 4º, II, por ser crime próprio, o agente
pertença ao próprio autor, não configurará furto, é aquela pessoa que a vítima confia, por exemplo,
por exemplo, o agente que, aproveitando da distra- o furto praticado por um empregado;
ção da vítima, subtraia o aparelho celular. z Quanto ao proprietário, caso subtraia a própria coisa
que se encontra em poder de terceiro, não responde-
Não há emprego de violência nem grave ameaça rá por furto, mas sim pelo crime de exercício arbi-
trário das próprias razões (arts. 345 ou 346, do CP,
à pessoa, distinguindo-se, nesse aspecto, do delito de
conforme a pretensão seja legítima ou ilegítima);
roubo.
z Quando a coisa pertencer a mais de uma pessoa,
o condômino que a subtrair responderá pelo deli-
O furto tem as seguintes características: to de furto de coisa comum (art. 156, do CP), por
exemplo, um dos condôminos furta cadeiras da
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- área de uso comum do condomínio;
quer pessoa, por exemplo, o agente subtrai o apa- z O funcionário público, que subtrai bem público,
relho celular; responderá por peculato-furto (§1º do art. 312, do
z É crime material, que exige a ocorrência do resul- CP), desde que a função pública tenha facilitado a
tado naturalístico para fins de consumação, ou subtração, pois, se em nada facilitou, o delito será
seja, o crime só ocorre quando o sujeito ativo sub- de furto (art. 155 do CP);
trai a coisa móvel, por exemplo, quando o agente
subtrai a bicicleta; 1. funcionário público que subtrai bem particular
z O furto só se pratica dolosamente; que se encontra sob a guarda ou custódia da Admi-
z Não admite a modalidade culposa; nistração Pública, desde que a função tenha facili-
z É crime plurissubsistente, ou seja, a conduta do tado a subtração, responderá por peculato-furto.
agente para praticar o furto é fracionada em Por exemplo: policial rodoviário que subtrai veícu-
diversos atos que somados consumam o delito, lo que estava apreendido no pátio do posto de fisca-
portanto, admite a tentativa quando o agente, por lização da Polícia Rodoviária.
motivos alheios a sua vontade pratica alguns atos 2. funcionário público que subtrai bem particular
e não ocorre a consumação do delito. Por exemplo, que não estava sob a guarda ou custódia da Admi-
o agente com animus de furtar objetos eletrôni- nistração Pública ou estava, mas a função em nada
cos de uma casa, pula o muro para ingressar no facilitou a subtração, responderá por furto. Por
interior da residência, mas o proprietário da casa exemplo: policial rodoviário que subtrai um bem
acorda e acende a luz, momento em que o agente que se encontrava no porta-malas de um veículo
deixa de praticar os demais atos. que ele foi vistoriar, mas que não estava apreendi-
do, cometerá o crime de furto.
A lei tutela a propriedade e a posse. A simples
detenção não configura o crime de furto. O sujeito passivo é o titular do bem jurídico lesado
Sobre a consumação deste crime, é importan- ou exposto a perigo de lesão.
te conhecer o posicionamento adotado pelas cortes O titular do bem jurídico, apesar de divergências
superiores (STF e STJ). na doutrina, prevalece que é proprietário e possuidor.
Os tribunais superiores adotam a teoria da O detentor é arrolado no processo como testemu-
apprehensio, também chamada de amotio, que consi- nha, e não como vítima.
dera consumado o crime de furto (e isso vale para o
crime de roubo) quando o agente se apossa da coisa Vejamos os pontos mais questionados sobre o
alheia móvel, mesmo que por um breve período de crime de furto:
tempo, não sendo necessário que a coisa saia da área
de vigilância da vítima. z Coisas ilícitas: podem ser objeto de furto, por exem-
Um questionamento oportuno, trata-se de verifi- plo, responde por furto quem subtrai mercadoria
car se o bem subtraído deve ter valor econômico, ou contrabandeada e, neste caso, a vítima responderá
seja, se o objeto material pode ser negociável. pelo crime de contrabando. Por outro lado, as coi-
sas ilícitas não podem ser objeto de furto se cons-
Vejamos os bens que integram o patrimônio: tituírem elemento de outro crime, por exemplo,
DIREITO PENAL
do para explodir caixas eletrônicos de agências ban- res, ainda que o agente seja preso próximo à fronteira.
cárias para subtrair o dinheiro é um típico exemplo
do art. 155, §4º A, do CP. Já o crime do art. 251, do CP, For de semovente domesticável (animais, como:
podemos trazer a hipótese de o agente que lança um bovinos, suínos, equinos) de produção, ainda que
artefato explosivo num ponto de ônibus e que expõe abatido ou dividido em partes no local de subtração
as pessoas a risco.
O meio ou artefato explosivo, a que se refere a qua- A pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
lificadora em análise, abrange qualquer explosão, seja se a subtração for de semovente domesticável (animais,
ela oriunda de substância explosiva ou não explosiva, como: bovinos, suínos, equinos) de produção, ainda que
mas o assunto certamente ensejará polêmica. abatido ou dividido em partes no local de subtração. 249
O bem jurídico primário é o patrimônio do produ- A fabricação é a produção ou confecção.
tor e, o secundário é a saúde pública. Isto porque o Montagem é a junção dos componentes.
animal poderá ser comercializado pelo criminoso sem Emprego é a utilização.
que haja fiscalização do poder público, principalmen- O tipo penal não se refere aos maquinários e outros
te sanitária. Pode-se incluir o sistema tributário na objetos que também são utilizados para fabricar, mon-
condição de patrimônio lesado. tar ou utilizar os explosivos, mas tão somente aos aces-
Na prática, dificilmente esta qualificadora será sórios que compõe a própria substância explosiva.
aplicada, pois este tipo de delito geralmente é pratica- É bom lembrar que configura crime, nos termos
do por mais de uma pessoa e, diante disso, incidirá a do art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.846/2003,
qualificadora do § 4º, IV, do art. 155, do CP, que é mais Estatuto do Desarmamento, possuir, deter, fabricar
grave. Com efeito, presentes uma das qualificadoras ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
do § 4º, exclui-se a incidência da qualificadora em autorização ou em desacordo com determinação legal
apreço, pois sua pena é mais branda, podendo funcio- ou regulamentar.
nar, nesse caso, como circunstância judicial do art. 59 Esse delito será absorvido pelo crime do § 7º do art.
do CP, servindo de parâmetro apenas para dosagem 155 do CP, pois já funciona como qualificadora.
da pena-base. Entretanto, outra corrente mais favo- A pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
rável ao réu que, com base no princípio da especiali- anos, se a subtração for de substâncias explosivas ou
dade, afasta a qualificadora do § 4º quando se tratar de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-
de semovente domesticável de produção, impondo-se, litem sua fabricação, montagem ou emprego.
nesse caso, a qualificadora específica do § 6º, conside-
rando-a novatio legis in melius. Furto majorado
O objeto material é o animal domesticável de pro-
dução, ainda que abatido ou dividido em partes no O furto será majorado quando a ele for aplicado a
local da subtração. causa de aumento de pena prevista no art. 155, § 1º,
Trata-se de um tipo penal aberto, porquanto a defi- do CP.
nição deste elemento normativo é complementada A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
pelo juiz. me de furto for praticado durante o repouso noturno.
Para a incidência da qualificadora, é necessário que Sobre o repouso noturno, considere que, segundo
o agente subtraia o animal por inteiro ou na sua essên- o STJ (jurisprudência atual), a causa de aumento de
cia. O tipo penal refere-se à subtração de semovente, pena se aplica ao furto simples e ao furto qualificado.
e não de partes dele, de modo que quando o animal já O furto majorado ocorre, por exemplo, quando o
estava abatido ou dividido em partes a incidência da agente, aproveitando-se do repouso noturno, entra
qualificadora estará condicionada à subtração do todo numa casa para furtar os eletroportáteis.
ou das partes substanciais. Numa hipótese de o agente Há discussão sobre a necessidade de a casa estar
deixar no local apenas as patas do boi e subtrai o res- habitada e os moradores repousando, para que incida
tante, persiste a qualificadora. Não teria cabimento, por o aumento de um terço.
exemplo, qualificar o delito pelo furto de uma picanha Duas teorias tratam da discussão:
extraída de um animal já abatido. Também, não incide a Teoria subjetiva: a razão de ser do aumento da
qualificadora quando o próprio agente abate o animal, pena é a maior proteção à tranquilidade dos que
subtraindo-lhe apenas uma de suas partes. repousam, bem como à incolumidade da vítima, que
Observa-se que, ao tempo da conduta, é necessário se encontra dormindo e desprotegida. Neste caso,
que o animal ainda pertença ao produtor, posto que o restringem o aumento da pena ao furto cometido em
intuito da lei foi protegê-lo. casa habitada com os moradores repousando.
A subtração, por exemplo, de um porco que se Teoria objetiva: o fundamento do aumento da
encontra no açougue não qualifica o delito. pena é a proteção do patrimônio, que, nesse perío-
Não há falar-se também no delito em estudo, quan- do, encontra-se vulnerável à subtração. A finalidade
do se subtrai o leite da vaca ou outro bem produzido da lei visa proteger primordialmente o patrimônio, e
pelo animal, porquanto o tipo penal refere-se à sub- depois a tranquilidade.
tração do semovente e não dos bens que ele produz. As duas teorias são aceitas, mas devemos com-
Nessas hipóteses, o furto será simples. preender que incide o aumento de um terço não só
em furtos de residência, mas também em bancos, joa-
A subtração for de substâncias explosivas ou lherias, casas comerciais, bem como de automóveis
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, estacionados na rua, de gado (abigeato).
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego Aplica-se a regra do repouso noturno mesmo que o
local seja área comercial ou local desabitado.
O objeto material consiste em substâncias explosi-
vas ou acessórios que possibilitem a fabricação, mon- Furto privilegiado
tagem ou emprego de substância explosiva.
O que é substância explosiva? Substância explosi- Está previsto no art. 155, § 2º, do CP. Ocorre, por
va é a que causa estrondo, dissolvendo-se com a arre- exemplo, no caso de o agente, primário, que subtraiu
bentação, por exemplos, pólvora ou dinamite. uma pequena bolsa vazia de uma loja, cujo valor é
Quanto aos acessórios, são os elementos que, em inferior ao salário mínimo.
conjunto ou isoladamente, são capazes de se transfor-
mar quimicamente numa substância explosiva, aqui São características do furto privilegiado:
podemos exemplificar o estopim, a espoleta e o cor-
del detonante. São estes acessórios que possibilitam z Réu primário;
a fabricação, montagem ou emprego da substância z Coisa furtada de pequeno valor – Segundo a juris-
250 explosiva. prudência, até 1 (um) salário mínimo.
No caso do furto privilegiado, o juiz poderá adotar O furto de coisa comum, que irá se configurar
uma das seguintes medidas: quando o agente for condômino, coerdeiro ou sócio, e
subtrair, para si ou para outrem, a quem legitimamen-
z Substituir a pena de reclusão pela de detenção; te a detém, coisa comum.
z Diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois Temos aqui um crime próprio, que somente pode-
terços); rá ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio.
z Aplicar somente a pena de multa. É crime de ação penal pública condicionada à
representação.
Segundo o STJ, é possível o reconhecer privilé- O Código Penal é expresso ao fixar que, se a coisa
gio para o furto simples ou para o furto qualificado, comum for fungível (substituível por outra da mesma
entretanto, neste caso, as qualificadoras têm que ser espécie, a exemplo do dinheiro), não será punível a
de natureza objetiva (emprego de chave falsa, por sua subtração caso o valor não exceda a quota a que
exemplo). tem direito o agente.
Suponha que Alessandro, Fabrício e Diego
Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do
sejam sócios. A sociedade é avaliada no valor de R$
privilégio previsto no § 2º do art. 155 o CP nos casos
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). As partes na
de crime de furto qualificado, se estiverem presen-
tes a primariedade do agente, o pequeno valor da sociedade são iguais.
coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. Assim, caso Alessandro subtraia R$ 50.000,00 (cin-
quenta mil), não cometerá crime, já que o valor sub-
O termo “pequeno valor da coisa” é entendido, traído não é superior à sua quota.
pela jurisprudência, que o valor não excede ao valor
do salário mínimo. É necessário o auto de avaliação. Dica
É claro que o referencial do salário mínimo não é tão
O furto de coisa comum não é tão cobrado em
rígido, admitindo-se o privilégio quando a coisa exce-
de modicamente esse valor.
provas de concursos públicos. Porém, quando
Considera-se “ordem subjetiva”, a hipótese de fur- cobrado, tentam misturar suas características
to qualificado por abuso de confiança. Deve-se identi- com as características do furto tradicional.
ficar a confiança da vítima para com o agente. E por
isso não se trata de furto privilegiado. z Furto: coisa alheia, crime comum e ação penal
A regra é que as qualificadoras do crime de fur- incondicionada.
to são objetivas, por exemplo, emprego de chave z Furto de coisa comum: coisa comum, crime próprio
falsa. Nesta regra, há compatibilidade com o furto e ação penal condicionada.
qualificado.
Outras hipóteses
Furto de uso
Não há furto na hipótese de o credor subtrair bens
Esta conduta não exige a intenção de se apoderar, do devedor para ressarcir-se, pois se trata de um cri-
para si ou para outra pessoa, da coisa alheia móvel me específico, previsto no art. 345, do CP, exercício
que foi subtraída. arbitrário das próprias razões. Vejamos: “A” deve uma
O furto de uso é fato atípico, tal instituto não se quantia em dinheiro para “B”. “B”, cansado de cobrar o
aplica ao crime de roubo. valor da dívida, subtrai a bicicleta de “A” para quitá-la.
Por exemplo, se o agente subtrai a coisa, com a O furto famélico é aquele em que o agente busca
intenção de usar e devolver depois, não cometerá o saciar a fome, não é estado de necessidade, salvo se a
crime de furto. subtração for o único meio de se alimentar. Por exemplo,
Na hipótese de o indivíduo subtrair uma bicicleta, a mãe, diante da necessidade de alimentar o filho, sub-
devolvendo-a após dar uma volta no quarteirão, não trai uma maça de uma barraca de feira para alimentá-lo.
configura crime de furto. O furto em estado de precisão, aquele em que o
agente está desempregado e subtrai alimentos, eletro-
Para o reconhecimento do furto de uso, necessita da domésticos e etc. constitui crime. Por exemplo, o pai,
presença de dois requisitos: estando desempregado e sem condições de manter o
sustento da família, subtrai alimentos e eletroportá-
z Uso momentâneo de coisa infungível, ou seja, o teis de um hipermercado para suprir o sustento do lar.
uso duradouro constitui crime de furto. Tratando-
-se de coisa fungível, como o dinheiro, nem o uso ROUBO E EXTORSÃO
momentâneo seguido da pronta restituição exclui
o delito; Roubo
z Restituição imediata e integral da coisa, nesta
hipótese, o ladrão, para beneficiar-se do furto de
DIREITO PENAL
como as armas próprias que não sejam de fogo, que A pena também é dobrada,
são os instrumentos cuja finalidade específica é o ata- ARMA DE FOGO DE nos termos do art. 157, §2º-B,
que ou defesa, como o punhal, a espada, o soco inglês USO PROIBIDO do CP, introduzido pela Lei nº
e outros. 13.964/2019.
Mas, há correntes que consideram arma branca as
armas próprias, ou seja, o instrumento que tem a fina-
lidade específica de ataque ou defesa.
A majoração da pena consiste no uso efetivo ou Justifica-se a majorante, em razão da maior poten-
exibição ostensiva da arma branca. cialidade lesiva do fato, que cria risco de morte à
vítima. 253
O porte velado, oculto, não majora a pena do rou- A doutrina majoritária entende que a lesão cor-
bo, porque a lei exige o emprego da arma, consisten- poral grave e a morte não precisam ser praticadas
te no uso efetivo ou porte ostensivo. Assim, só incide intencionalmente pelo agente, ou seja, é possível que
a majorante quando a violência ou grave ameaça é o roubo seja qualificado pelo resultado, mesmo se o
exercida com emprego de arma de fogo. resultado tiver sido provocado pelo agente culposa-
Observe que o roubo majorado absorve o delito de mente, quando ele faz uso de violência.
arma de fogo, previsto na legislação especial, que já Iniciaremos o estudo do roubo qualificado pela
funciona como causa de aumento de pena. lesão corporal.
Quanto à arma de brinquedo, não funciona como Se da violência resulta: lesão corporal grave, a pena é
causa de aumento de pena, pois não se trata de arma
de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa.
de fogo, mas é suficiente para servir de meio de execu-
Entende-se por lesão grave, nesta qualificadora,
ção de um roubo simples.
Quanto à arma descarregada, também não majora tanto os resultados previstos nos § 1º, do art. 129, do
a pena do roubo, falta-lhe potencialidade ofensiva e, CP (lesão corporal grave), quanto os previstos no § 2º,
portanto, não se trata de arma, respondendo o agente do art. 129, do CP (lesão corporal gravíssima).
por roubo simples. Se houver lesão leve, o roubo é simples.
Já a arma não apreendida, compete ao agente Trata-se de crime qualificado pelo resultado.
exibi-la em juízo para que seja periciada, sob pena A lesão grave pode ocorrer a título de dolo ou culpa,
de incidência da majorante diante da presunção de sendo que, nessa última hipótese, o delito será preter-
potencialidade ofensiva. doloso. Em ambos os casos, o delito de lesão corporal
Se a violência ou ameaça é exercida com emprego é absorvido, porque já funciona como qualificadora.
de arma de fogo – causa de aumento de pena acresci- Observe que se houver lesão grave consumada
da pela Lei 13.654/2018, devemos observar o seguinte: e subtração patrimonial tentada, para uns autores
haverá o crime do art.157, § 3º, 1ª parte, consumado,
z Quem praticou o crime de roubo com arma branca outros, porém, sustentam que o delito seria tentado.
antes da Lei nº 13.654/2018 não terá incidência de O roubo qualificado pelo resultado morte, o latro-
majorante. cínio, é um crime qualificado pelo resultado morte.
z Quem praticou o crime de roubo com arma branca Por incrível que pareça, não se trata de crime con-
depois da Lei nº 13.654/2018 e antes do pacote anti- tra vida, mas sim de crime contra o patrimônio.
crime não terá incidência de majorante. Constitui crime hediondo.
z Quem praticou o crime de roubo com arma bran- Para compreendermos o momento de consumação
ca depois do pacote anticrime terá a incidência da
do latrocínio, é necessário que você conheça a Súmula
majorante de 1/3 a 1/2.
610 do STF.
z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo
de uso permitido antes da Lei nº 13.654/2018 terá a
incidência da majorante de 1/3 a 1/2. Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando
z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo o homicídio se consuma, ainda que não realize o
de uso permitido depois da Lei nº 13.654/2018 terá agente a subtração de bens da vítima.
a incidência da majorante de 2/3.
z Quem praticou o crime de roubo com arma de SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO
fogo de uso restrito ou proibido antes da Lei nº
13.654/2018 terá a incidência da majorante de 1/3 Consumada Tentada Latrocínio tentado
a 1/2. Tentada Tentada
z Quem praticou o crime de roubo com arma de
fogo de uso restrito ou proibido depois da Lei nº Consumada Consumada Latrocínio consumado
13.654/2018 e antes do pacote anticrime terá a inci-
dência da majorante de 2/3. Tentada Consumada
z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo
de uso restrito ou proibido depois do pacote anti-
Caso o agente mate o seu comparsa, após a prática
crime terá pena em dobro.
do roubo, para ficar com a vantagem do crime somen-
Vamos estudar agora o roubo majorado pela des- te para si, não há que se falar, neste caso, em crime de
truição ou rompimento de obstáculo com emprego de latrocínio.
explosivo.
Observa-se que a qualificadora do §4-A, do crime A palavra latrocínio não se encontra no atual Códi-
de furto, tem incidência ainda que não haja destrui- go Penal. Trata-se de uma expressão tradicional.
ção ou rompimento de obstáculo, bastando o emprego O latrocínio pode ser próprio ou impróprio:
de explosivo ou de artefato que cause perigo comum, O latrocínio próprio ocorre quando a morte ocorre
ao passo, no roubo, a majorante em análise depen- antes ou durante a subtração da coisa, por exemplo,
de, além do explosivo ou artefato que cause perigo o agente mata o empregado de um estabelecimento
comum, que haja ainda destruição ou rompimento de comercial, subtraindo em seguida o dinheiro do caixa.
obstáculo. No latrocínio impróprio, o agente primeiro se
apodera da coisa, sem qualquer violência, matando
Roubo qualificado a vítima logo em seguida com o intuito de assegurar
a subtração ou a impunidade. Por exemplo, o agen-
O roubo será qualificado pelo resultado em duas te, logo após subtrair um bem, mata o policial que o
hipóteses: surpreende.
O sujeito passivo é tanto a pessoa que sofre a lesão
z Lesão corporal grave; patrimonial, quanto aquela que é morta, podendo
254 z Morte – latrocínio. esta última ser até mesmo um policial ou terceiro.
Observe que estamos diante de crime pluriofensi- Roubo: o agente emprega a violência ou grave
vo, que ofende mais de um bem jurídico, qual seja, o ameaça, visando à subtração; a participação da víti-
patrimônio e a vida. ma é dispensável;
Não há necessidade que morra a vítima do patri- Extorsão: o agente emprega a violência ou grave
mônio, sendo suficiente, para a caracterização do deli- ameaça para determinar um comportamento da víti-
to, a morte de qualquer outra pessoa. ma e obter indevida vantagem econômica; a partici-
Na hipótese de pluralidade de sujeitos passivos pação da vítima é indispensável, sem ela, o autor não
com unidade de subtração patrimonial, haverá um só consegue obter a indevida vantagem econômica.
delito de latrocínio. Por exemplo, o agente mata três
empregados e em seguida subtrai bens do patrão. No delito de extorsão, há a presença dos seguintes
O latrocínio é delito qualificado pelo resultado, elementos:
tendo em vista a duplicidade de eventos. A morte
pode ocorrer a título de dolo ou culpa. Somente na z O constrangimento para obter da vítima uma ação,
hipótese de o latrocínio ser na modalidade culposa é omissão ou tolerância;
que o delito será preterdoloso.
z Emprego de violência ou grave ameaça;
A morte deve decorrer da violência física. Se decor-
z Finalidade de obter, para si ou para outrem, inde-
rer de grave ameaça ou violência imprópria, exclui-se
vida vantagem econômica.
o delito de latrocínio, respondendo o agente por rou-
bo em concurso com homicídio.
Tutela-se a propriedade, a posse, a integridade
Por fim, para encerrarmos o crime de roubo, sobre
o latrocínio, fique atento ao seguinte: o latrocínio é o física e fisiopsíquica bem como a liberdade pessoal.
roubo qualificado pelo resultado da violência empre- Trata-se de delito pluriofensivo, porque ofende mais
gada pelo agente, resultando-se uma morte. de um bem jurídico.
Logo, se a morte resultar de outro elemento que Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum,
não seja a violência empregada, não há que se falar podendo ser praticado por qualquer pessoa. Obser-
em latrocínio. ve que o funcionário público também pode cometer
O emprego de arma de brinquedo não caracteriza extorsão. A doutrina ilustra a hipótese de o escri-
a aplicação da causa de aumento de pena, entretanto, vão de polícia que exige dinheiro de uma pessoa
pode contribuir para a configuração do crime de rou- para influenciar o delegado de polícia a realizar o
bo, já que pode caracterizar a grave ameaça. indiciamento.
Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física ou
Extorsão jurídica, inclusive a que sofre constrangimento sem
lesão patrimonial.
O crime de extorsão, previsto no art. 158, do CP, irá O núcleo do tipo é o verbo constranger, que signi-
se configurar quando o agente constranger alguém, fica coagir, forçar, obrigar alguém a fazer, deixar de
mediante violência ou grave ameaça, com o intuito de fazer ou tolerar que se faça alguma coisa que a lei não
obter para si ou para outrem indevida vantagem eco- lhe impõe.
nômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer O delito é punido a título de dolo. O agente visa
alguma coisa. conseguir da vítima uma ação ou omissão, com o fim
Por exemplo, o agente chantageia uma mulher e o de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem
marido, ameaçando de morte o seu filho, objetivando econômica.
a obtenção de vantagem econômica. A finalidade específica é a intenção de obter uma
Neste crime, observe que não se fala em coisa vantagem indevida e econômica.
móvel, mas sim em indevida vantagem econômica. A vantagem econômica pode consistir em bem
Logo, para a configuração da extorsão, é possível que móvel ou imóvel, diferentemente do roubo, cuja van-
a vantagem econômica seja coisa imóvel. tagem restringe-se ao bem móvel.
A vantagem, além de econômica, deve ainda ser
Características da Extorsão: indevida, contrária ao direito.
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- Extorsão qualificada
quer pessoa;
z É crime complexo, já que tutela tanto o patrimônio
Dispõe o § 1º do art.158, do CP, que se o crime é
quanto a liberdade individual;
cometido por duas ou mais pessoas, ou com o empre-
z Não admite a modalidade culposa (só pode ser pra-
go de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até a metade.
ticado dolosamente);
Por exemplo, dois agentes chantageiam uma
z É crime formal, que se consuma com o constran-
mulher, ameaçando de morte a sua mãe, objetivando
gimento, mediante violência ou grave ameaça,
a obtenção de vantagem econômica.
DIREITO PENAL
É importante mencionar que o agente deve sequestrar “pessoa”. Caso seja um animal (parece bobo, mas já foi
cobrado em prova), não haverá o crime de extorsão mediante sequestro.
É importante mencionar um entendimento defendido pela doutrina majoritária: sobre o resultado morte, não
é necessário que seja a vítima, podendo ser qualquer pessoa em decorrência da extorsão mediante sequestro.
Assim, por exemplo, se um empregado for ao local combinado com os sequestradores, a pedido de seus patrões,
entregar o resgate e for morto pelos autores, a qualificadora será aplicada da mesma forma (observe que o empre-
gado não é vítima do crime – não foi sequestrado e nem pagou o resgate).
A pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro, segundo entendimento doutrinário domi-
nante, quando dela for exigida a vantagem correspondente ao resgate.
A extorsão mediante sequestro traz em suas disposições a possibilidade de aplicação do instituto da delação
premiada.
A delação será aplicada no caso de o crime ser cometido em concurso de pessoas, ao concorrente que denun-
ciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado.
Neste caso, o concorrente que denunciou terá a pena reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).
No § 1º do art. 159, do CP, está prevista a extorsão mediante sequestro qualificada, passando ser a pena de 8
a 15 anos para de 12 a 20 anos de reclusão, na hipótese de o sequestro durar mais de 24 (vinte e quatro) horas,
ou quando o sequestrado for menor de 18 anos, ou maior de 60 anos, ou ainda quando o crime for cometido por
quadrilha ou bando.
Trata-se de qualificadora, porque o preceito secundário tem pena própria.
Há quatro qualificadoras:
A primeira encontra sua razão de ser na maior fragilidade emocional do sequestrado menor de 18 anos, cuja
personalidade encontra-se ainda em formação.
A segunda qualificadora, o sequestro que dura mais de 24 horas, é um crime a prazo, porque o seu reconhe-
cimento depende de um lapso de tempo. Quanto mais duradouro o sequestro, maior o sofrimento da vítima e
familiares, daí a razão da qualificadora. Contam-se as horas, minuto a minuto, a partir do início da privação da
liberdade.
A terceira qualificadora foi introduzida pelo Estatuto do Idoso. Ocorre quando o sequestrado é maior de 60
anos. Se no início do sequestro era menor de sessenta, ao atingir esta idade incide a causa de aumento, caso ainda
esteja em poder dos sequestradores. Há tese que afirma que a lei diz maior de 60 anos, motivo pelo qual não se
aplica qualificadora.
A quarta qualificadora, crime cometido por quadrilha ou bando, justifica-se pela maior organização dos
sequestradores, aumentando as chances de êxito no delito. Quadrilha ou bando é a associação estável ou perma-
nente entre três ou mais pessoas, com o intuito de cometer uma série indeterminada de delitos.
Vejamos uma hipótese: o agente priva a vítima da liberdade, colocando-a sob vigilância em um cativeiro. Em
seguida, visando obter vantagem, exige de familiares da vítima o preço do resgate, mas devido a um impasse com
os familiares, o agente mata a vítima.
O § 2º do 159, do CP, dispõe que se o fato resulta lesão corporal de natureza grave, a pena cominada é de reclu-
são, de 16 a 24 anos.
E o § 3º do 159, do CP, dispõe que se resulta morte, a pena será reclusão de 24 a 30 anos.
A lesão grave e a morte podem ser dolosas ou culposas.
Os delitos de homicídio e lesão corporal, sejam eles dolosos ou culposos, são, absorvidos, porque já funcionam
como qualificadoras.
257
A extorsão mediante sequestro seguida de morte é o crime mais grave do CP, tendo como pena mínima 24 anos
de reclusão.
Não há necessidade que seja provocado por violência física ou grave ameaça. O suicídio do sequestrado, por
exemplo, é suficiente para o reconhecimento da qualificadora, porque em tal situação é evidente a culpa dos
sequestradores.
Causa de redução de pena ele precisa do dinheiro para pagar o tratamento, exija
documento que possa dar causa a procedimento cri-
Se o crime é com/etido em concurso, o concorrente minal – pronto, teremos configurada a extorsão indi-
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação reta, já que o agiota abusou da condição da vítima.
do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois No verbo exigir, este crime é formal, consumando-
terços, conforme disposto no § 4º do art.159, do CP. -se com a exigência do documento.
Para que incida a redução da pena, que a delação Já no verbo receber, é crime material, consuman-
tenha sido feita à autoridade, devendo essa expressão do-se com o efetivo recebimento do documento.
ser tomada em sentido amplo para abranger qualquer É admitida a tentativa, já que pode ter seu iter cri-
agente encarregado do combate à criminalidade, por minis fracionado.
exemplo, juiz, autoridade policial etc. É crime comum, já que não se exige qualquer con-
Quanto maior a contribuição, maior a redução da dição especial do sujeito.
pena.
USURPAÇÃO
Trata-se de causa obrigatória de redução de pena.
Alteração de limites
O art. 13, da Lei nº 9.807/1999, dispõe sobre a
extinção da punibilidade pelo perdão judicial ao acu- O objetivo da lei é resguardar a posse e a proprie-
sado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e
dade dos bens imóveis.
voluntariamente com a investigação e o processo cri-
Esse tipo penal possui duas condutas típicas
minal, desde que dessa colaboração tenha resultado
alternativas:
cumulativamente a identificação dos demais agentes,
a localização da vítima com sua integridade física pre-
servada e a recuperação total ou parcial do produto z Supressão, ou seja, a total retirada do marco
do crime. divisório;
Presentes apenas um desses requisitos, a pena z Deslocamento do marco divisório, afastando-o
ainda poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, independen- do local correto, de modo a aumentar a área do
temente da primariedade do réu, por força do art. 14, agente.
da Lei nº 9.807/1999.
É necessário que o agente tenha intenção de apro-
Extorsão indireta priar-se, no todo ou em parte, da propriedade alheia, por
meio da supressão ou deslocamento do marco divisório.
A extorsão indireta constitui forma mais branda Temos, por exemplo, a hipótese que não configura
de extorsão, que se configurará quando o agente exi- crime, o fato de um agricultor retirar a cerca que divide
gir ou receber, como garantia de dívida, abusando da as terras com outro proprietário apenas para reformá-la.
situação de alguém, documento que pode dar causa Trata-se de crime próprio, somente podendo ser
a procedimento criminal contra a vítima ou contra praticado pelo vizinho do imóvel, quer na zona urba-
terceiro. na, quer na rural.
Como dito acima, é uma forma mais branda de extor- Sendo assim, o sujeito passivo desse tipo penal só
são, já que tem como pena a reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
pode ser o vizinho, dono ou possuidor do imóvel.
anos, enquanto a extorsão, em sua modalidade simples,
Consuma-se no exato instante em que o agente
tem como pena a reclusão de 4 (quatro) a 10 (anos).
É um crime que exige dolo específico, já que o suprime ou desloca o marco divisório, ainda que a
agente pratica os verbos descritos no tipo penal (exi- vítima posteriormente perceba o ocorrido e retome a
gir ou receber) como garantia de dívida. parte de que foi tolhida.
É necessário que o agente abuse da condição de É possível a tentativa, quando o agente é flagrado
alguém, assim, por exemplo, suponha que um agiota, iniciando a supressão ou deslocamento e é impedido
aproveitando-se da condição de desespero pela qual de prosseguir. Se já o fez por completo, conforme já
se passa aquele que solicita um empréstimo, já que o mencionado, o crime está consumado, ainda que a
258 filho deste se encontra internado em estado grave e vítima retome posteriormente a parte a que faz jus.
Usurpação de águas É possível quando a invasão não se aperfeiçoe em
razão da oposição apresentada pelo dono, possuidor
Neste delito, a lei resguarda as águas públicas ou por terceiro.
ou particulares que passem por determinado local, Observe que se o agente comete o esbulho com
evitando que o dono do terreno sofra prejuízo caso emprego de violência, responde também pelas lesões
alguém queira desviar o seu curso ou represá-las, sem corporais causadas, ainda que leves, nos termos do
autorização para tanto. art. 161, § 2º, do CP e as penas serão somadas.
Exige-se que sejam águas correntes, cujo curso seja
desviado ou represado pelo agente, alterando, portan-
Supressão ou alteração de marca em animais
to, seu fluxo pela propriedade.
Este crime tutela a propriedade e a posse dos ani-
Dica mais semoventes.
Não configura crime de usurpação de águas, Para a prática deste crime é necessário que não
mas crime de furto, quando se trata de água reti- tenha havido prévio furto ou apropriação indébita
rada de água represada pelo dono para criação dos animais, pois, nesses casos, o agente só será puni-
de peixes. do pela conduta anterior, sendo a supressão ou altera-
ção da marca impunível.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, tra- A conduta típica consiste em apagar ou modificar
ta-se de crime comum. o sinal indicativo de propriedade em gado ou rebanho
O sujeito passivo, por sua vez, é a pessoa que alheios.
pode sofrer dano em decorrência do desvio ou Quando a lei se refere a gado, está protegendo a
represamento. propriedade de animais de grande porte, como bois
Consuma-se o crime no instante em que o agente ou cavalos, e quando se refere a rebanho, o faz em
efetua o desvio ou represamento, ainda que não obte- relação a animais de porte menor, como porcos, ove-
nha a vantagem em proveito próprio ou alheio a que o lhas, cabras e etc.
texto legal se refere. A tentativa é possível. Marcas são feitas por ferro em brasa ou elementos
químicos no couro do animal.
Esbulho possessório Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive
quem possui animal que pertence a terceiro.
Veja que o crime de esbulho possessório tem por
objeto jurídico o patrimônio, no tocante à propriedade O sujeito passivo é dono do animal.
e, especialmente, à posse legítima de um imóvel, bem
como a integridade física e a liberdade individual da Consuma-se com a simples supressão ou alteração
pessoa humana atingida pela conduta criminosa. da marca ou sinal, ainda que se dê apenas em relação
Pressupõe-se, neste crime, a invasão de proprieda- a um animal.
de imóvel alheia, edificada ou não, desde que o fato se É possível a tentativa quando o agente não conse-
dê mediante emprego de violência ou grave ameaça gue concretizar a remarcação iniciada, pela repentina
a pessoa, bem como mediante concurso de duas ou chegada de alguém ao local, ou até mesmo quando
mais pessoas. concretiza a remarcação, porém a faz de tal forma
É possível que o agente invada a propriedade que continua sendo possível identificar a marca do
alheia sozinho ou em concurso com apenas mais uma verdadeiro dono.
pessoa e sem emprego de violência ou grave ameaça.
Nesse caso, o fato é atípico. Não obstante, o art. 1.210, DANO
§ 1º, do Código Civil, permite que o dono retome a pos-
se, desde que o faça imediatamente, por meio do cha- O crime de dano, previsto no art. 163, do CP poderá
mado desforço imediato. ser praticado mediante a execução das seguintes con-
Se, em outra hipótese, logo após a invasão pacífica, dutas: destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
o invasor empregar violência para se manter na posse Verbos do crime de dano (observe o que a doutrina
quando o legítimo proprietário tentava retomá-la pelo estabelece sobre cada um dos verbos):
desforço imediato, haverá a configuração do delito.
O crime só existe se a invasão se dá com o fim espe- z Destruir – dano total da coisa alheia;
cífico de esbulho possessório, ou seja, a retirada força- z Inutilizar – dano parcial, mas que torna a coisa
da do legítimo possuidor, desde que o agente queira alheia sem utilidade;
excluir a posse da vítima para passar a exercê-la ele z Deteriorar – dano parcial da coisa alheia, que fica
próprio. estragado, por exemplo.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, exceto o
dono. Tutela-se a propriedade e a posse.
DIREITO PENAL
forma que abrange lanchonetes, cafés, bares e outros Nas figuras descritas no § 1º do art. 177, do CP, a
estabelecimentos que sirvam refeição. Esta, aliás, lei penal incrimina fraudes e abusos na administra-
engloba a ingestão de bebidas. Entende-se que o deli- ção da sociedade por ações, estabelecendo as mesmas
to não se configura quando o agente é servido em sua penas para:
própria residência.
A segunda conduta incriminada é alojar-se em z O diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
hotel sem dispor de recursos para efetuar o pagamen- ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan-
to. A punição, evidentemente, estende-se a fatos que ço ou comunicação ao público ou à assembleia faz
ocorram em estabelecimentos similares, como pen- afirmação falsa sobre as condições econômicas da
sões ou pousadas. sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo 265
ou em parte, fato a elas relativo, e o liquidante, z Inexistem as mercadorias no documento
bem como o representante da sociedade anônima especificadas;
estrangeira, autorizada a funcionar no País, que z Há emissão de mais de um título para a mesma
pratica os atos mencionados, ou dá falsa informa- mercadoria ou gêneros especificados no título;
ção ao Governo; z O título não perfaz as exigências reclamadas no
z O diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por art. 15 do decreto.
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de
outros títulos da sociedade, e o liquidante, bem Sujeito ativo é o depositário da mercadoria. Sujei-
como o representante da sociedade anônima to passivo é o endossatário ou portador que recebe o
estrangeira, autorizada a funcionar no País, que título sem saber da ilegalidade.
pratica os atos mencionados, ou dá falsa informa- O crime se consuma quando o título é colocado
ção ao Governo; em circulação e a tentativa não é possível, pois, ou o
z O diretor ou o gerente que toma empréstimo à agente o coloca em circulação, consumando o crime,
ou não o faz, sendo atípica a conduta.
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de ter-
ceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia
Fraude à execução
autorização da assembleia geral, e o liquidante;
z O diretor ou o gerente que compra ou vende, por
O crime consiste na existência de uma senten-
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
ça a ser executada ou de uma ação executiva e
quando a lei o permite, e o liquidante;
mandamento.
z O diretor ou o gerente que, como garantia de crédi-
O agente, com o fim de fraudar a execução, desfa-
to social, aceita em penhor ou em caução ações da
z-se de seus bens por meio de uma das condutas des-
própria sociedade e o liquidante; critas na lei:
z O diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
desacordo com este, ou mediante balanço falso, z Alienando;
distribui lucros ou dividendos fictícios; z Desviando;
z O diretor, o gerente ou o fiscal que, por interpos- z Destruindo ou danificando bens; ou
ta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a z Simulando dívidas.
aprovação de conta ou parecer, e o liquidante.
Sujeito ativo é o devedor.
Observe-se que, em tal dispositivo, o legislador Se for empresário e as condutas forem perpetra-
pune o diretor, o gerente e, em alguns casos, o fiscal das após decretada sua quebra, o ato caracterizará
e o liquidante, que incidam em fraude em afirmação crime falimentar.
referente à situação econômica da empresa, realizem O sujeito passivo é o credor.
falsa cotação de ações, tomem emprestado ou usem Trata-se de crime material que somente se consu-
indevidamente bens ou haveres da sociedade, com- ma quando a vítima sofre algum prejuízo patrimonial
prem ou vendam ilegalmente ações, prestem caução em consequência da atitude do agente.
ou penhor ilegais, distribuam lucros ou dividendos A tentativa é possível quando o sujeito não conse-
fictícios ou aprovem fraudulentamente conta ou pare- gue realizar a conduta típica pretendida.
cer. Todos esses crimes são próprios, pois só podem A ação penal é privada.
ser cometidos pelas pessoas expressamente mencio- Se a fraude atingir execução promovida pela União,
nadas no texto legal. Estado ou Município, a ação será pública incondicionada.
to do privilégio, podendo o juiz, caso o agente seja A primeira causa de imunidade é o delito prati-
primário e seja de pequeno valor a coisa, substituir cado em prejuízo de cônjuge, na constância da socie-
a pena de reclusão pela pena de detenção, reduzir a dade conjugal, por exemplo, não se instaura sequer
pena de 1/3 a 2/3; ou aplicar somente a pena de multa. inquérito policial quando a esposa furta o marido, ou
Em 2017, por meio da Lei 13.531, foi inserido vice-versa.
importante dispositivo ao Código Penal, que aumenta A imunidade subsiste na separação de fato.
a pena do agente ao dobro. Exclui-se a imunidade se por ocasião do delito eles
A pena prevista para a receptação simples (pró- estavam separados judicialmente.
pria ou imprópria) será aplicada em dobro, tratan- A tendência é estender a imunidade à união está-
do-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do vel, considerando-a equiparada ao casamento. 267
Se não houver coabitação, mas apenas relação de
Importante! hospitalidade, moradia eventual, como a que ocorre nas
O art. 7º, IV, da Lei Maria da Penha considera férias escolares em que o sobrinho vai passar alguns
dias na casa de um tio, não há falar-se em imunidade.
também violência doméstica o atentado contra
O art. 183, do CP, dispõe que as imunidades absolu-
o patrimônio da mulher. tas e relativas não se aplicam:
Diante disso, uma corrente doutrinária susten-
ta que não haveria mais imunidade nos crimes z Ao crime de roubo, ainda que o roubo seja com violên-
patrimoniais contra a mulher. cia imprópria, como a subtração ocorrida após o ladrão
Entretanto, o STJ já decidiu pela manutenção hipnotizar a vítima, exclui-se a imunidade, pois a lei
da imunidade, à medida que a referida lei não a não abre qualquer exceção ao delito de roubo.
afastou expressamente. z O crime de extorsão, ainda que se trate da extorsão
indireta, onde não há violência ou grave ameaça,
exclui-se a imunidade.
A segunda causa de imunidade, crime contra o z Aos delitos cometidos com emprego de grave
patrimônio praticado em prejuízo de ascendente, inci- ameaça ou violência à pessoa.
de também nos casos de adoção. z Ao estranho que participa do crime, pois, a imuni-
Porém, se o filho adotivo furta o pai biológico, este dade é uma circunstância pessoal, logo incomuni-
responderá pelo delito, e vice-versa, pois a adoção cável, por exemplo, o terceiro que auxilia o marido
a furtar a esposa responde pelo crime de furto.
extingue os vínculos com a família de sangue.
z Aos delitos praticados contra pessoa com idade
Tratando-se de vínculo de afinidade, como sogro,
igual ou superior a 60 anos.
sogra, genro, nora, padrasto, madrasta, enteado e
enteada, não há imunidade, tendo em vista a vedação
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
da analogia.
A última causa de imunidade absoluta, quando se
Bem jurídico tutelado
pratica crime contra o patrimônio em prejuízo de des-
cendente, é aplicada também nos casos de adoção.
Na redação original do Código Penal de 1940, os
Nas imunidades penais relativas, previstas no art. tipos constantes no Título VI, da Parte Especial,
182 do CP, o delito, de ação pública incondicionada, eram chamados de “Crimes conta os costumes”. Cos-
transmuda-se para ação pública condicionada à repre- tumes, na época, tinha o significado de hábitos, con-
sentação da vítima ou de seu representante legal. dutas sexuais que eram aprovadas pela moral vigente.
Tratando-se de crime de ação privada, não há Com a promulgação da Constituição Federal de
falar-se em imunidade processual, cuja finalidade é 1988, que adotou a dignidade da pessoa humana
beneficiar, ao invés de prejudicar. como fundamento, a dotrina passou a entender que
A ação penal privada é mais vantajosa do que a ao invés de tutelar os costumes, a lei penal deveria
ação penal pública condicionada à representação. proteger o bem jurídico liberdade sexual em sentindo
A primeira causa de imunidade processual con- amplo. Seguindo esse entendimento, a Lei nº 12.015/09
siste no fato de o delito ser praticado em prejuízo de promoveu alterações em alguns tipos penais e mudou
cônjuge judicialmente separado. Vejamos, marido fur- o bem jurídico do Título VI do CP, que passou a ser
ta esposa um tempo depois de o casamento ser dis- denominado “Dos crimes contra a dignidade sexual”.
solvido, estão separados judicialmente. Neste caso, há Os crimes contra a dignidade sexual trazem, por-
imunidade relativa. tanto, a tipificação de condutas sexuais praticadas:
Tratando-se de cônjuges divorciados ao tempo do
crime, não há qualquer imunidade. Por exemplo, após a) contra a vontade da vítima – Capítulo I;
separados judicialmente, ex-esposa furta ex-marido. b) mediante fraude (vontade viciada) – Capítulo I; e
A segunda causa, delito praticado em prejuízo c) contra vulneráveis – Capítulo II
de irmão, abrange os irmãos germanos ou bilaterais
(filhos dos mesmos pais) e os irmãos unilaterais, que Em todos os tipos penais dos crimes contra a dig-
podem ser consanguíneos (filhos do mesmo pai) ou nidade sexual o bem jurídico tutelado é a liberdade
uterinos (filhos da mesma mãe). sexual.
É claro que a imunidade também se estende aos
irmãos adotivos.
Observa-se que, se o agente comete delito de furto Importante!
em prejuízo de cunhado: Inseridos ao tema crimes contra a dignidade
sexual encontram-se o tipo do estupro (art. 213,
z Se a sua irmã for casada no regime da comunhão CP), o assédio sexual (art. 216-A), o registro não
universal, haverá imunidade. autorizado da intimidade sexual (art. 216-B) e o
z Se o regime for o da comunhão parcial, só have- estupro de vulnerável (art. 217-A) tipos penais
rá imunidade se o furto recaiu sobre bem comum, recorrentes em provas de concursos. Dentre
isto é, comunicável em razão do casamento. estes, merece destaque o tipo do art. 217-A que
z Se o regime for o da separação de bens, não costuma receber maior destaque nas provas.
há falar-se em imunidade, pois os bens não se
comunicam.
ESTUPRO
A última causa de imunidade, delito praticado em
prejuízo de tio ou sobrinho com quem o agente coabi- Art. 213. Constranger alguém, mediante violência
ta, pode se caracterizar ainda que o crime tenha sido ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a pra-
praticado fora do local em que eles vivem, como, por ticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
exemplo, numa pescaria. libidinoso:
268
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. São, assim, três as formas qualificadas:
Formas qualificadas pelo resultado Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou
O art. 213, apresenta duas formas de estupro qua- outro meio que impeça ou dificulte a livre manifes-
lificado pelo resultado: no § 1º (lesão grave) e no § tação de vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
2º (morte). Em relação à lesão corporal, esta pode ser
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim
tanto grave quanto gravíssima (a distinção encontra-
de obter vantagem econômica, aplica-se também
-se no art. 129, CP, respectivamente, nos §§ 1º e 2º). As multa.
lesões leves são absorvidas.
Em relação a estes resultados mais graves (lesão
Consiste na prática de conjunção carnal ou outro
grave e morte), a maioria da doutrina entende ser
ato libidinoso com alguém (homem ou mulher) com
hipótese de crime preterdoloso, isto é, o resultado
emprego de fraude ou outro meio que impeça ou
lesão ou morte se dá por culpa do atente (lembre-se
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
preterdolo = dolo na conduta antecedente e culpa na
O exemplo clássico (que já apareceu em mais de
consequente). Nesse sentido, se o agente quer estu-
uma prova) é o do médico que pede para que a pacien-
prar e também tem o dolo de lesionar ou de matar,
te tire toda a roupa, pois precisa examiná-la e, sem
vai responder pelos dois crimes em concurso. Alguns
que seja necessário, toca as partes íntimas da vítima
doutrinadores, no entanto, entre eles Guilherme Nuc-
(que foi enganada, pois pensou que os toques fossem
ci, entendem ser indiferente o fato do agente agir com
parte normal do exame; ou seja houve engano sobre a
dolo ou culpa em relação ao resultado mais grave.
legitimidade do ato). Outro exemplo muito usado é o
O § 1º apresenta, ainda, a qualificadora pela ida-
do irmão gêmeo que toma o lugar de seu irmão e pra-
de da vítima, caso seja menor de 18 e maior de 14. Em
tica conjunção carnal com a namorada deste (engano
relação à idade da vítima, temos as seguintes hipóteses
sobre a pessoa).
(atenção que há uma possível “pegadinha” de prova)
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA § 1º Se o crime é praticado com o fim de obter van-
DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE tagem econômica, aplica-se também multa.
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor Neste caso, se dá o nome ao o agente de proxeneta
de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, mercenário.
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Formas equiparadas
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
O tipo do artigo 218-A pode ser divido em duas De acordo com o § 2º, incorre nas mesmas penas:
partes:
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato
a) Praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso libidinoso com vítima vulnerável em situação
apto a satisfazer o prazer sexual, na frente de víti- de prostiuição ou exploração sexual
ma menor de 14 anos; II – o proprietário, gerente ou responsável do
b) Induzir menor de 14 a presenciar tais atos. local em que ocorre a prática do delito do caput,
lembrando, claro, que devem ter conhecimento
Aspectos que merecem destaque: (pois não há responsabilidade objetiva). Neste
caso a cassação da licença do local é efeito obri-
a) De acordo com a maior parte da doutrina não se gatório (§ 3º).
exige a presença física da vítima no mesmo local
onde ocorre a conjunção ou o ato libidonoso. Ou Trata-se de crime hediondo, em todas as formas:
seja, pode ser praticado por meio virtual; caput, § 2º, I e II. Agora já sabemos quais são os três os
b) É tipo misto alternativo: se o sujeito induz a pre- crimes contra a dignidade sexual que são hediondos:
senciar e também pratica os atos, responde por um
só crime;
DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO
FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU OU DE PORNOGRAFIA
ADOLESCENTE OU DE VUNERÁVEL
O tipo do art. 218-C é um crime subsidiário, que
O art. 218-B tem seis núcleos: possui seis núcleos (tipo misto alternativo):
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostitui- Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, trans-
ção ou outra forma de exploração sexual alguém mitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar
menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio
ou deficiência mental, não tem o necessário discer- de comunicação de massa ou sistema de informáti-
nimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ca ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis-
ou dificultar que a abandone: Pena – reclusão, de 4 tro audiovisual que contenha cena de estupro ou
(quatro) a 10 (dez) anos.
de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou
induza a sua prática, ou, sem o consentimento da
O art, 218-B visa punir o sujeito que insere (sub-
vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
mete, induz ou atrai) o menor de 18 anos ou o vul-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
nerável (homem ou mulher) no âmbito da exploração
274 não constitui crime mais grave.
Visa coibir qualquer tipo de divulgação de mate- DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS A TODOS OS CRIMES
rial que contenha: CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
além da leitura da lei, cabe mencionar que há discus- § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de
são sobre a constitucionalidade de ambos, em relação seis meses a dois anos.
ao primeiro por violação ao princípio da taxatividade
(seria muito vago, subjetivo) e, quanto ao segundo, Como podemos observar numa simples leitura do
por ferir a liberdade de expressão. texto da lei, o crime de causar incêndio exige a cir-
cunstância de expor a perigo a vida, a integridade físi-
Por fim, o Capítulo VII, nos arts. 234-A e 234-B,
ca ou o patrimônio de outrem.
apresenta disposições que são aplicáveis a todo o Títu- Realiza a conduta criminosa o agente que originar
lo dos crimes contra a dignidade sexual, confome o o incêndio, de modo a expor perigo a vida, a integrida-
quadro abaixo: de física ou o patrimônio de pessoas em geral. 275
Incêndio refere-se ao fogo com labaredas de gran- Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
des proporções, originado pela combustão de qual- § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou
quer matéria, cujo poder de destruição e o de causar explosivo de efeitos análogos:
prejuízos se revelam idôneos no caso concreto. Não há Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
a necessidade de que o perigo seja resultado do fogo Aumento de pena
em si, é necessário que da ocorrência do incêndio haja § 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre
a efetiva comprovação do perigo à vida, à integridade qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo
física ou ao patrimônio de terceiros. anterior, ou é visada ou atingida qualquer das
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Já o sujeito passivo é a sociedade e a pessoa direta- Modalidade culposa
mente atingida pelo incêndio, desde que resulte peri- § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite
go comum. ou substância de efeitos análogos, a pena é de
Consuma-se o crime de causar incêndio, em detenção, de seis meses a dois anos; nos demais
regra, por ação, admitindo-se por exceção a omissão, casos, é de detenção, de três meses a um ano.
quando provocado pelo agente e expõe a perigo a
vida, a integridade física ou o patrimônio de pessoas É importante destacar que a pena é menor se a
indeterminadas. substância utilizada na explosão não é dinamite ou
É indispensável a prova da efetiva ocorrência da explosivo de efeitos análogos (§1º, do art. 251, do CP).
situação perigosa. Dinamite, tecnicamente, é explosivo à base de
A simples provocação de incêndio não enseja, por nitroglicerina misturada a uma substância inerte que
si só, a incidência do crime de causar incêndio, se da pode ser serragem ou areia de quartzo.
conduta não resultar a efetiva exposição da coletivi-
É prescindível a efetiva detonação do explosivo
dade a perigo concreto, sendo possível reconhecer o
para caracterização do crime em estudo, mas funda-
crime de dano qualificado pelo emprego de substân-
cia inflamável ou explosiva, disposto no art. 163, pará- mental a exposição de bens jurídicos de pessoas inde-
grafo único, II, do CP. terminadas à situação de risco.
Admite-se a tentativa. Além de expor a perigo a vida, é crime a conduta
Ação penal pública incondicionada. de fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transpor-
É caso de aumento de pena, em um terço: tar, sem licença da autoridade, substância ou engenho
Se o crime é cometido com intuito de obter vanta- explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material desti-
gem pecuniária em proveito próprio ou alheio; nado à sua fabricação.
Se o incêndio, taxativamente, é: Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
O sujeito passivo é a coletividade e os titulares dos
a) Em casa habitada ou destinada a habitação; bens jurídicos colocados em perigo ou mesmo lesados.
b) Em edifício público ou destinado a uso público ou Elemento subjetivo é o dolo.
a obra de assistência social ou de cultura; Para o crime de explosão é admitida a culpa.
c) Em embarcação, aeronave, comboio ou veículo Consuma-se com a explosão, arremesso ou simples
de transporte coletivo; colocação de engenho de dinamite ou de substâncias
d) Em estação ferroviária ou aeródromo; de efeitos análogos, desde que da conduta resulte
e) Em estaleiro, fábrica ou oficina; perigo à vida, à saúde ou ao patrimônio de pessoas
f) Em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
indeterminadas, o qual não se presume, devendo ser
g) Em poço petrolífico ou galeria de mineração;
demonstrado na situação concreta.
h) Em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Prova-se o crime de explosão por meio de exame
de corpo de delito.
Incêndio culposo
Admite-se a tentativa.
Ação penal pública incondicionada.
Há no Código Penal o crime de incêndio culposo, cuja
pena prevista é de detenção, de seis meses a dois anos.
Uso de gás tóxico ou asfixiante
Cabe destacar que as causas de aumento previstas
no §1º, do at. 250, do CP, não se aplicam ao crime de
Há no Código Penal a tipificação do crime de expor
incêndio na modalidade culposa.
a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
O incêndio culposo ocorre quando alguém, agindo
outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante.
com imprudência, negligência ou imperícia, viola o
dever objetivo de cuidado a todos imposto, expondo
Art. 252. Expor a perigo a vida, a integridade física
a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio
ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico
de outras pessoas, mediante a provocação de incêndio ou asfixiante:
que não tenha sido previsto no caso concreto. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Modalidade Culposa
Explosão Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Configura crime de explosão o ato de expor a
perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio Neste crime a conduta de expor a perigo a vida, a
de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples integridade física ou o patrimônio de outrem, será por
colocação de engenho de dinamite ou de substância meio do uso de gás tóxico ou asfixiante.
de efeitos análogos. O objeto material é o gás tóxico ou asfixiante, que
no ensinamento de Rogério Grecco, o gás tóxico é o gás
Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade físi- venenoso, por exemplo, os gases provenientes do áci-
ca ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, do cianídrico, amoníaco do anidro sulfuroso, benzina,
arremesso ou simples colocação de engenho de iodacetona, cianuretos alcalinos de potássio e sódio.
dinamite ou de substância de efeitos análogos: O gás asfixiante é aquele de natureza sufocante, que
276
atua sobre as vias respiratórias, impedindo a vítima Então, continuando com o estudo do crime de
de respirar, por exemplo, os gases como cloro, bromo, fabricação, fornecimento, aquisição posse ou trans-
bromacetona, clorossulfato de metila, cloroformiato porte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante, veja-
de triclorometila, fosgeno, etc. mos as condutas:
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
O sujeito passivo imediato é a coletividade e
z Fabricar é produzir, preparar ou construir.
mediato as pessoas que tiverem seus bens jurídicos
z Fornecer equivale a dar ou entregar.
colocados em perigo ou lesados pela conduta ilícita.
O crime é doloso. z Adquirir significa obter a propriedade.
Admite-se a modalidade culposa. z Possuir é entrar na posse de um bem, usufruindo-o.
Consuma-se quando o agente, mediante a utilização z Transportar é levar algo de um lugar a outro.
de gás tóxico ou asfixiante, expõe efetivamente a perigo
a vida, a integridade física ou o patrimônio de terceiros. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
Exige-se perícia para comprovação da efetiva ido- O sujeito passivo é a coletividade.
neidade do gás tóxico ou asfixiante. Trata-se de crime doloso e não se admite a moda-
Gás lacrimogêneo no uso policial é legítima defesa lidade culposa.
ou estrito cumprimento de dever legal. Consuma-se quando o sujeito fabrica, fornece,
Admite-se a tentativa. adquire, possui ou transporta, sem licença da autori-
Ação penal é pública incondicionada.
dade, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado
à sua fabricação, não se exigindo a causação de dano
Fabricação, fornecimento, aquisição, posse ou
transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante a alguém.
Destaca-se que o elemento normativo de estar em
Trata-se da conduta de fabricar, fornecer, adqui- desacordo com a legislação pertinente é fundamental
rir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, para a prática do delito, uma vez que se estiver em
substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfi- harmonia com a legislação pertinente o agente não
xiante, ou material destinado à sua fabricação. incorrerá no crime em questão.
Não se admite a tentativa.
Art. 253. Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou Ação penal pública incondicionada.
transportar, sem licença da autoridade, substância
ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou Inundação
material destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Inundação é a invasão de determinado lugar por
águas que nele não deveriam estar, porque não é o
O objeto jurídico é a incolumidade pública. lugar destinado à sua contenção, ao seu depósito ou
O objeto material é a substância ou engenho explo- curso natural.
sivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à
sua fabricação. Art. 254. Causar inundação, expondo a perigo a vida,
Trata-se de crime de perigo abstrato. a integridade física ou o patrimônio de outrem:
É fundamental a elaboração de exame pericial Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso
para demonstrar a natureza explosiva, tóxica ou asfi- de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no
xiante da substância fabricada, fornecida, transpor- caso de culpa.
tada ou possuída pelo sujeito ativo, sem licença da
autoridade competente. Pratica o delito aquele que dá origem à inundação,
Aqui devemos ter atenção em relação às substân- expondo efetivamente a perigo a vida, a integridade
cias e engenhos explosivos. física ou o patrimônio da coletividade.
O Estatuto do Desarmamento revogou parte do Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
art. 253, do CP, que trata de substâncias e engenhos Sujeito passivo é a coletividade.
explosivos.
Para facilitar os estudos, o art. 253, do CP, deve ter O crime de inundação é consumado quando o
a seguinte leitura: fabricar, fornecer, adquirir, possuir agente, depois de praticar a conduta descrita no art.
ou transportar, sem licença da autoridade, explosivo, 254, do CP, ou por omissão deixar de praticar con-
gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua duta que impeça que as águas inundem um local e
fabricação. exponha a perigo efetivo e comprovado a morte, a
E como fica as “substâncias e engenhos explosivos”? integridade física ou o patrimônio de pessoas não
Vejamos o inciso II, do art. 16, da Lei nº 10.8726/2003: individualizadas.
O crime é doloso e é possível a modalidade culposa.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, Admite-se tentativa.
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
Ação penal é pública incondicionada.
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
DIREITO PENAL
O objeto material do crime deste crime é o espaço Formas qualificadas de crime de perigo comum
físico.
Há diferença entre desabamento e desmoronamento? Todos os crimes estudados até aqui possuem for-
Sim: mas qualificadas.
z Desabamento: derrubada de obras produzidas Art. 258. Se do crime doloso de perigo comum
pela ação humana, por exemplo, agente que, com resulta lesão corporal de natureza grave, a pena
um trator, derruba uma casa; privativa de liberdade é aumentada de metade; se
z Desmoronamento: derrubada ou fazer vir abaixo resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de cul-
as pastes do solo, por exemplo, durante as obras de pa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumen-
construção de linhas de metrô, o solo vem abaixo. ta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
cominada ao homicídio culposo, aumentada de um
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. terço.
Sujeito passivo imediato é a coletividade e mediato
a pessoa física ou jurídica prejudicada pelo desaba- Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão
mento ou desmoronamento. corporal de natureza grave, a pena privativa de liber-
O crime é doloso. dade é aumentada de metade; se resulta morte, é apli-
Admite modalidade culposa.
cada em dobro.
Exige-se perícia para comprovação da efetiva pro-
No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal,
babilidade de dano.
Admite-se tentativa. a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, apli-
Ação penal é pública incondicionada. ca-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumen-
tada de um terço.
Subtração, ocultação ou inutilização de material de Se do incêndio, provocado dolosamente pelo agen-
salvamento te, resultar lesão corporal de natureza grave, aí se
incluindo a lesão corporal gravíssima (CP, art. 129, §§
Inclui no rol de crimes de perigo comum a sub- 1º e 2º), aumenta-se pela metade a pena privativa de
tração, ocultação ou inutilização de material de liberdade; caso resultar morte, aplicar-se-á a pena em
278 salvamento. dobro.
O resultado agravador, que importa na configura- Telégrafo: sistema de transmissão de mensa-
ção de crime preterdoloso, constitui-se em causa de gens entre dois ou mais pontos distantes entre si,
aumento da pena, aplicável na terceira fase de aplica- mediante sinais.
ção da pena privativa de liberdade. Telefone: aparelho destinado a transmitir à dis-
Por outro lado, se do incêndio culposo resul- tância a palavra falada.
tar lesão corporal, qualquer que seja sua natureza, Radiotelegrafia: telegrafia sem fio por meio de
aumenta-se a pena pela metade. E, se resultar mor- ondas eletromagnéticas.
te, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo,
As condutas são as seguintes:
aumentada de um terço.
Destruir é arruinar, extinguir, fazer desaparecer.
Nesse caso, visualiza-se um crime culposo qualifi-
Danificar significa deteriorar, estragar, prejudicar.
cado por resultado de igual natureza. Desarranjar equivale a tirar da ordem, desorde-
nar, prejudicar o bom funcionamento.
Difusão de doença ou praga Colocar é pôr algo em determinado lugar, por
exemplo o sujeito insere obstáculo, ou seja, barreira,
Este crime foi revogado tacitamente pelo art. 61 da empecilho ou impedimento na linha, impedindo ou
Lei nº 9.605/1998, Lei dos Crimes Ambientais. perturbando serviço de estrada de ferro.
O tipo penal contido na Lei dos Crimes Ambientais, Transmitir significa expedir, enviar, mandar algo
além de ser mais recente, é também especial. de um lugar para outro, ou de uma pessoa para outra.
Na modalidade dolosa, estamos diante de novatio Interromper é suspender a continuidade, fazer
legis in mellius, pois a pena estabelecida pela nova lei cessar.
é inferior à que estabelecia o Código Penal. Finalmente, embaraçar é dificultar, estorvar.
O sujeito ativo pode ser cometido por qualquer
pessoa.
CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS
Sujeito passivo é a coletividade.
DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS
Trata-se de crime doloso.
SERVIÇOS PÚBLICOS A modalidade culposa é admitida.
Consuma-se quando restar comprovada a situação
Perigo de desastre ferroviário de perigo a pessoas indeterminadas, independente-
mente da efetiva ocorrência do desastre.
O crime de perigo de desastre ferroviário tutela a Detalhe, neste delito o agente pode praticar o cri-
incolumidade pública, relativamente à segurança do me pelos mais variados meios, pois se trata de crime
transporte ferroviário. de ação livre.
Admite-se a tentativa.
Art. 260. Impedir ou perturbar serviço de estrada Ação penal é pública incondicionada.
de ferro:
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total Desastre Ferroviário
ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou
de tração, obra-de-arte ou instalação; Os mesmos elementos do crime de perigo de
II - colocando obstáculo na linha; desastre ferroviário se aplicam ao crime de desastre
III - transmitindo falso aviso acerca do movimen- ferroviário.
to dos veículos ou interrompendo ou embara-
çando o funcionamento de telégrafo, telefone ou Art. 260. (...)
radiotelegrafia; § 1º - Se do fato resulta desastre:
IV - praticando outro ato de que possa resultar Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
desastre: § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por
Tem por objetos materiais a linha férrea, o mate- estrada de ferro qualquer via de comunicação
em que circulem veículos de tração mecânica, em
rial rodante ou de tração, a obra de arte ou instalação,
trilhos ou por meio de cabo aéreo.
o telégrafo, o telefone e a radiotelegrafia.
Desastre é o acontecimento calamitoso, o acidente
Linha férrea: é a estrada composta por trilhos e
provocado pelo impedimento ou perturbação do ser-
dormentes, reservada à circulação de material viço de estrada de ferro.
rodante. Sua caracterização reclama a criação de uma
Material rodante: veículos ferroviários, assim situação de dano grave, extenso e complexo a pessoas,
compreendidos como os de tração, por exemplo, por exemplo, passageiros ou funcionários do trem, ou
locomotivas, e os rebocados, por exemplos, carros coisas, neste caso, por exemplo cargas.
DIREITO PENAL
Art. 270. Envenenar água potável, de uso comum “Entregar a consumo” tem o sentido de passar algo
ou particular, ou substância alimentícia ou medici- à posse de alguém para ser ingerido.
nal destinada a consumo: “Ter em depósito” é manter alguma coisa acondi-
Pena – reclusão, de dez a quinze anos. cionada em determinado local.
§ 1º Está sujeito à mesma pena quem entrega a
consumo ou tem em depósito, para o fim de ser Observe que a figura equiparada é reservada a
distribuída, a água ou a substância envenenada. terceira pessoa, diversa da responsável pelo envene-
Modalidade culposa namento, que pratica fato posterior consistente em
§ 2º Se o crime é culposo: entregar a consumo a água ou então a substância
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
alimentícia ou medicinal já envenenadas, ou então
as mantém em depósito para distribuição futura (ele-
O objeto material do crime em estudo é a água mento subjetivo específico) a pessoas indeterminadas.
potável ou a substância alimentícia ou medicinal des- A pessoa que efetuou o envenenamento não pode
tinada a consumo. ser responsabilizada pela figura equiparada, mas
Tutela-se a saúde pública. somente pela modalidade fundamental, prevista no
Água potável é aquela que não apresenta risco à art. 270, caput, do CP, ainda que venha a entregar a
saúde humana, razão pela qual é utilizável como bebi- consumo ou ter em depósito, para o fim de ser distri-
da ou no preparo de alimentos. buída, a água ou a substância envenenada. Veja que
Não precisa ser quimicamente pura. nessa hipótese, a conduta ulterior funciona como
Pode ser de uso comum ou particular, não exigin- mero desdobramento do fato principal, restando por
do o CP que seja destinada ao consumo. este absorvida.
Quanto à substância alimentícia, refere-se a lei a Condutas semelhantes:
matéria líquida ou sólida destinada à alimentação dos
seres vivos. Art. 54, da Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambien-
Substância medicinal é a matéria líquida ou sólida tais) pune qualquer tipo de poluição.
que serve de remédio visando a cura ou a prevenção Art. 270, do CP, possui pena muito maior e se rela-
de algum mal que acomete os seres vivos. ciona com envenenamento de água potável.
Vejamos, o tipo penal diz “envenenar”, ou seja,
ministrar veneno, intoxicar. Corrupção ou poluição de água potável
No crime de envenenamento de água potável ou de
substância alimentícia ou medicinal, o dolo do agente Art. 271. Corromper ou poluir água potável, de uso
limita-se a colocar em perigo a saúde pública. Agora, comum ou particular, tornando-a imprópria para
se o sujeito envenena água potável com a intenção de consumo ou nociva à saúde:
provocar a morte de pessoa determinada, obtendo Pena – reclusão, de dois a cinco anos.
êxito em seu intento, a ele será imputado o crime de Modalidade culposa
homicídio qualificado pelo emprego de veneno, con- Parágrafo único. Se o crime é culposo:
284 forme art. 121, § 2º, inciso III, do CP. Pena – detenção, de dois meses a um ano.
O objeto material do crime de corrupção ou polui- O objeto material no caput é a substância ou pro-
ção de água potável é a própria água potável, de uso duto alimentício destinado a consumo.
comum ou particular. No § 1.º-A o objeto material é a substância alimentícia
Corromper a água é modificar sua essência ou ou produto falsificado, corrompido ou adulterado.
composição, tornando-a nociva à saúde ou intolerável É imprescindível que acarrete a conduta em noci-
pelo mau sabor ou odor. vidade à saúde ou redução do valor nutritivo.
Poluir a água é sujá-la, transformando-a em líqui- Tutela-se a saúde pública.
do impróprio para consumo pelo ser humano. No caput, há quatro núcleos:
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Produto ou substância nas condições dos dois
O sujeito passivo é a coletividade. artigos anteriores
Consuma-se quando o sujeito emprega, na fabri-
cação de produto destinado a consumo, revestimen- Art. 276. Vender, expor à venda, ter em depósito
to, gaseificação artificial, matéria corante, substância para vender ou, de qualquer forma, entregar a con-
aromática, antisséptica, conservadora, ou qualquer sumo produto nas condições dos arts. 274 e 275.
outra não permitida expressamente pela legislação Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
sanitária, pouco importando se sobrevém ou não
dano a alguém. Tutela-se a saúde pública.
Se a conduta consistir na exposição à venda ou O objeto material é o produto nas condições indi-
venda de mercadoria ou produto alimentício, cujo cadas nos arts. 274 e 275, do CP.
fabrico haja desatendido a determinações oficiais, O tipo penal contém quatro núcleos:
quanto ao peso e composição, estará caracteriza-
do o crime tipificado pelo art. 2º, inciso III, da Lei nº z Vender é alienar ou ceder algo por preço certo,
1.521/1951, Crimes contra a Economia Popular, puni- transferindo a propriedade de um bem em troca
do com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. do recebimento de determinado valor.
O crime é doloso. z Expor à venda equivale a exibir um objeto com a
Não admite modalidade culposa. intenção de vendê-lo.
Admite-se tentativa. z Ter em depósito para vender significa manter um
A ação penal é pública incondicionada. bem acondicionado em algum local, visando ven-
dê-lo no futuro.
Invólucro ou recipiente com falsa indicação z Entregar a consumo é transferir um bem a outrem
para ser utilizado ou ingerido.
Art. 275. Inculcar, em invólucro ou recipiente de
produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, Vimos que existem vários núcleos, e a prática de
a existência de substância que não se encontra em mais de um deles no tocante ao mesmo objeto mate-
seu conteúdo ou que nele existe em quantidade rial configura um único crime.
menor que a mencionada: O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, e não
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. necessariamente os comerciantes.
O sujeito passivo é a coletividade.
O objeto material do crime em estudo é o invólu- O crime é doloso, independentemente de qual-
cro ou o recipiente de produtos alimentícios, terapêu- quer finalidade específica, salvo no tocante à conduta
ticos ou medicinais. de “ter em depósito para vender”, na qual se exige
Protege-se a saúde pública. a intenção de guardar o produto para aliená-lo por
Invólucro é tudo o que serve para envolver, por determinado preço.
exemplo, capas, rótulos, bulas, pacotes etc. Não se admite a modalidade culposa.
Recipiente é o receptáculo, ou seja, o objeto capaz Consuma-se quando o sujeito vende, expõe à ven-
da, tem em depósito para vender ou, de qualquer for-
de conter líquidos ou sólidos, por exemplo, potes,
ma, entrega a consumo produto nas condições dos
sacos plásticos, latas e frascos.
arts. 274 e 275 do CP, importando se sobrevém ou não
Produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais
dano a alguém.
são, respectivamente, as substâncias destinadas à
Destaca-se que nas modalidades “vender” e “entre-
nutrição do organismo, à atenuação da dor ou à cura
gar a consumo”, o art. 276, do CP é crime instantâneo,
dos enfermos, ou ao tratamento de males ou doenças.
consumando-se em momento determinado, sem con-
Como o tipo penal faz menção somente ao invólu-
tinuidade no tempo.
cro e ao recipiente, não são alcançados os boletins, os
É crime permanente nas modalidades “expor à
catálogos, os prospectos, as propagandas, os folhetos e venda” e “ter em depósito para vender”, pois nesses
os anúncios, entre outros. casos a consumação se prolonga no tempo, por
Consequentemente, se a conduta recair sobre tais vontade do agente
objetos, não se caracterizará o crime em tela, sem pre- Admite-se a tentativa.
DIREITO PENAL
Outras substâncias nocivas à saúde pública Art. 280. Fornecer substância medicinal em desa-
cordo com receita médica:
Art. 278. Fabricar, vender, expor à venda, ter em Pena – detenção, de um a três anos, ou multa.
depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar Modalidade culposa
a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda Parágrafo único. Se o crime é culposo:
que não destinada à alimentação ou a fim medicinal: Pena – detenção, de dois meses a um ano.
Pena – detenção, de um a três anos, e multa.
Modalidade culposa Tutela-se a saúde pública.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: O objeto material deste crime é a substância medi-
Pena – detenção, de dois meses a um ano. cinal, ou seja, o produto destinado a servir de medi-
camento, cuja finalidade é a prevenção ou cura de
Tutela-se a saúde pública. alguma doença ou mal.
O objeto material deste crime é a coisa ou substân- Fornecer, no tipo penal tem o sentido de entregar
cia nociva à saúde, salvo a de natureza alimentícia ou ou proporcionar a alguém, a título oneroso ou gra-
medicinal, pois ambas são abrangidas pelos crimes tuito, substância medicinal em desacordo com recei-
definidos nos arts. 272 e 273, do CP. ta médica, no tocante à sua espécie, qualidade ou
quantidade.
A expressão contida na parte final do dispositivo,
Importante! “em desacordo com receita médica”, representa ele-
mento normativo do tipo.
Observa-se que, se o objeto material consistir Observa-se que não é todo e qualquer fornecimento
em droga, assim definida em lei ou em ato admi- de medicamento que configura o crime em análise,
nistrativo, substância igualmente nociva à saúde mas somente o efetuado em contrariedade com a
pública, estará configurado o crime de tráfico prescrição do profissional da medicina.
de drogas, contido no art. 33, caput, da Lei nº Cleber Masson (2018) aborda o questionamento
11.343/2006, Lei de Drogas. sobre medicamentos genéricos. Medicamento genérico
é o medicamento similar a um produto de referência ou
inovador, que se pretende ser com este intercambiável,
O tipo penal contém cinco núcleos: geralmente produzido após a expiração ou renúncia da
proteção patentária ou de outros direitos de exclusivida-
z Fabricar é manufaturar, preparar ou construir. de, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e
288
designado pela Denominação Comum Brasileira (DCB), Entende-se que o exercício da profissão de médi-
ou, na sua ausência, pela Denominação Comum Inter- co veterinário, sem autorização legal, não autoriza a
nacional (DCI). É fácil concluir que os medicamentos incidência do crime tipificado no art. 282 do CP, pois
genéricos possuem o mesmo princípio ativo do medica- é vedada a utilização da analogia in malam partem no
mento “original”. Logo, não há falar na prática do crime âmbito criminal, em respeito ao princípio da reserva
ora estudado, até porque seria ilógico e absurdo a legis- legal (art. 5º, XXXIX, da CF e art. 1º do CP).
O tipo é “exercer”, no sentido de praticar, desem-
lação permitir a circulação destes medicamentos e, ao
penhar ou exercitar, ainda que a título gratuito, a pro-
mesmo tempo, incriminar seu fornecimento em prejuí- fissão de médico, dentista ou farmacêutico.
zo da população que ficaria ainda mais alijada do direito
constitucional à saúde.
Receita médica é a indicação escrita elaborada Importante!
pelo médico regularmente inscrito nos quadros do
Conselho Regional de Medicina. O verbo “exercer” é indicativo da habitualidade
Não há crime no fornecimento de substância do delito.
medicinal em desacordo com receitas emitidas por Destarte, não basta a realização de um único ato
outros profissionais da área de saúde, por exemplo, privativo do médico, dentista ou farmacêutico.
dentistas e parteiras, em face da vedação da analo- Exige-se a reiteração de atos, reveladores do
gia in malam partem no Direito Penal, bem como as estilo de vida ilícito assumido pelo farsante.
hipóteses excepcionais, previstas nos arts. 30 e 37, d,
do Decreto nº 20.931/1932, nas quais é autorizada a
prescrição de medicamentos por dentistas e parteiras. O crime pode ser praticado de duas formas:
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
O sujeito passivo é a coletividade. z Primeira forma, quando o sujeito exerce, ainda que
Trata-se de crime formal, de consumação anteci- a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
pada ou de resultado cortado, isto porque o resulta- farmacêutico, sem autorização legal. A expressão
do não é exigido para a consumação do crime. “sem autorização legal” representa um elemento
O crime é doloso, independentemente de qualquer normativo do tipo: o sujeito não está autorizado
finalidade específica. a desempenhar a profissão porque não possui o
Só admite modalidade culposa na hipótese do título que o habilite para tanto, pois, há falta de
parágrafo único, do art. 280, CP. capacidade profissional, por exemplo aquele que
Contudo, se o sujeito possuir a intenção de matar atende doentes em seu consultório, sem nunca ter
a vítima, fornecendo substância médica diversa da frequentado a faculdade de medicina, ou então
prescrita ou em dose manifestamente excessiva, esta- porque seu título, embora exista, não foi registra-
rá configurado o homicídio qualificado pelo emprego do perante o órgão competente, tal como se veri-
de meio insidioso, conforme disposto no art. 121, § 2º, fica na situação em que o graduado em ciências
inciso III, do CP, restando absorvido o delito de medi- médicas não teve seu diploma registrado perante
camento em desacordo com receita médica.
o Conselho Regional de Medicina respectivo.
Admite-se a tentativa.
z Segunda forma, quando o sujeito exerce a profis-
A ação penal é pública incondicionada.
são de médico, dentista ou farmacêutico, ainda que
a título gratuito, excedendo-lhe os limites, trata-se
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou
da “transposição dos limites da profissão”. O agen-
farmacêutica
te possui autorização legal para exercer a medici-
na, arte dentária ou farmacêutica, mas extrapola
Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a
os limites que a lei lhe impõe.
profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem
autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Este crime é mais um exemplo de lei penal em
Parágrafo único. Se o crime é praticado com o fim branco homogênea, pois é preciso analisar os limites
de lucro, aplica-se também multa. de atuação conferidos a cada profissional pelas leis
atinentes às áreas da medicina, da odontologia e da
Vamos ver o que dispõe o art. 5º, inciso XIII, da farmácia.
Constituição Federal: O sujeito ativo, na primeira conduta, “exercer, ain-
da que a título gratuito, a profissão de médico, den-
é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou tista ou farmacêutico, sem autorização legal”, é um
profissão, atendidas as qualificações profissionais crime comum ou geral, uma vez que pode ser come-
que a lei estabelecer. tido por qualquer pessoa. Na prática, normalmente, o
agente possui conhecimentos da profissão, ainda que
A regra é a liberdade de trabalho, ofício ou pro- a título precário, pois somente assim reúne condições
fissão, mas o próprio constituinte originário admitiu para ludibriar um número indeterminado de pessoas,
DIREITO PENAL
a imposição de exigências, pelo legislador ordinário, proporcionando-lhes tratamento típico daqueles que
para o desempenho de tais atividades. se fazem com médico, dentista ou farmacêutico.
Nesse contexto, há requisitos legais para o exercício O sujeito ativo na conduta de “exercer, ainda que
da medicina, da odontologia e da atividade farmacêutica. a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
Considerando a relevância da saúde pública, o farmacêutico, excedendo os limites, cuida-se de crime
legislador acertadamente instituiu a categoria de cri- próprio ou especial, pois somente pode ser praticado
me para punir a atuação ilegal de tais profissões. pelo médico, dentista ou farmacêutico devidamente
Tutela-se a saúde pública. habilitado e registrado que extrapola os quadrantes
O objeto material deste crime é a profissão de da sua atuação. Por exemplo, o médico registrado
médico, dentista ou farmacêutico. perante o Conselho Regional de Medicina de São Paulo 289
não praticará o crime em estudo, mas somente um ilí- Não se admite a modalidade culposa.
cito administrativo, se passar a exercer sua profissão Consuma-se o crime de charlatanismo com o ato de
em outro estado, sem efetuar seu registro no Conselho inculcar ou anunciar a cura por meio secreto ou infa-
Regional de Medicina respectivo. lível, pouco importando se a pessoa enferma venha
O sujeito passivo imediato é a coletividade e, ou não a ser efetivamente “tratada” pelo charlatão.
mediatamente, as pessoas atendidas pelo falso profis- Basta um único anúncio fraudulento de cura para
sional da medicina, arte dentária ou farmacêutica. o aperfeiçoamento do delito.
O crime é doloso, independentemente de qualquer Admite-se a tentativa.
finalidade específica. A ação penal é pública incondicionada.
Não se admite a modalidade culposa.
Considerando o núcleo do tipo, “exercer”, conclui- Curandeirismo
-se no sentido de que o delito somente se consuma
com a prática reiterada e uniforme da conduta legal- Art. 284. Exercer o curandeirismo:
mente descrita, de modo a revelar o estilo de vida ilí- I – prescrevendo, ministrando ou aplicando, habi-
cito adotado pelo agente. tualmente, qualquer substância;
O exercício ainda que a título gratuito caracteriza II – usando gestos, palavras ou qualquer outro
o crime meio;
Não admite a tentativa. III – fazendo diagnósticos:
A ação penal é pública incondicionada. Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é praticado mediante
Charlatanismo remuneração, o agente fica também sujeito à multa.
Art. 283. Inculcar ou anunciar cura por meio secre- Tutela-se a saúde pública.
to ou infalível: O objeto material é a substância prescrita, minis-
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. trada ou aplicada, o gesto, a palavra ou qualquer
outro meio, bem como o diagnóstico efetuado.
Tutela-se a saúde pública. O anúncio da falsa cura O termo “exercer” tem o sentido de desempenhar
muitas vezes acarreta a decisão de pessoas ingênuas ou praticar determinado comportamento com habi-
no sentido de ser desnecessário o auxílio médico para tualidade. Com efeito, o verbo “exercer” é indicativo
proceder ao tratamento convencional da doença, da reiteração de atos, razão pela qual a realização iso-
resultando em riscos para a saúde ou mesmo para a lada da conduta legalmente descrita não constitui o
vida. delito.
O objeto material do crime de charlatanismo é o
Curandeirismo é a prática consistente no ato de
anúncio da cura por meio secreto ou infalível.
restabelecer a saúde alheia por pessoa a quem não
Cura secreta é o tratamento de doença de maneira
é atribuída a função, capacidade ou poder para tal
oculta, mediante a utilização de procedimentos igno-
fim. Em regra, é realizada por indivíduo sem qual-
rados pelas ciências médicas.
quer título ou idoneidade técnica ou profissional para
Cura infalível é o tratamento plenamente eficaz,
alcançar a cura.
apto a restabelecer, inevitavelmente, a saúde do
A atividade do curandeiro não precisa ser com-
paciente.
O tipo penal diz: pletamente inovadora e totalmente falha, de modo a
permitir que somente as pessoas menos esclarecidas
z Inculcar é aconselhar, apregoar, sugerir. possam cair no golpe.
z Anunciar é noticiar, divulgar pelos mais variados Cuida-se de crime de forma vinculada, pois o tipo
meios, por exemplo, panfletos, cartazes, rádio, penal arrola expressamente seus meios de execução.
televisão etc. Vejamos:
Inciso I – prescrevendo, ministrando ou aplicando,
Pratica o crime de charlatanismo o agente que habitualmente, qualquer substância:
apregoa ou divulga tratamento de doença mediante
cura secreta ou infalível. A ilicitude do comporta- z Prescrever é receitar ou recomendar;
mento reside no segredo e na infalibilidade da cura z Ministrar equivale a entregar para consumir ou
de determinada doença, pois às ciências médicas inocular; e
não é dado prometê-la por meios secretos, tampouco z Aplicar tem o sentido de empregar ou utilizar.
anunciar procedimento que inevitavelmente irá
alcançá-la. As ações ligam-se a “qualquer substância”, de ori-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusi- gem vegetal, animal ou mineral, podemos exempli-
ve pelos profissionais da área da saúde, por exemplo, ficar as pomadas, líquidos, tripas de animais, penas
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentistas, far- de aves etc., seja ou não nociva à saúde humana pois,
macêuticos etc. nada obstante sua inocuidade, ela impede ou retarda
O sujeito passivo é a coletividade. o tratamento correto do enfermo pelo profissional da
O crime é doloso, independentemente de qualquer área de saúde.
finalidade específica. Inciso II – usando gestos, palavras ou qualquer
outro meio:
O sujeito deve possuir ciência da falsidade do meio
secreto ou infalível por ele inculcado ou anunciado, z Gestos consistem no emprego de movimentos cor-
pois nesse ponto repousa sua fraude. Não se exige a porais, especialmente dos membros superiores
finalidade de obtenção de vantagem econômica, mes- e da cabeça, que podem servir para manifestar
290 mo que essa seja a meta buscada pelo charlatão. ideias ou sentimentos.
z Palavras são os meios utilizados para facilitar a Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
comunicação interpessoal, mediante linguagem § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
escrita ou falada, tais como as rezas, benzeduras, própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
encomendações e esconjuros. vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz
z Qualquer outro meio abarca atos análogos aos ges- na circulação moeda falsa.
tos e às palavras criados pela imaginação humana e § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
impossíveis de serem esgotados no plano abstrato. verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido
Inciso III – fazendo diagnósticos: com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos,
z Fazer diagnósticos, ato privativo do médico, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
mediante a constatação de uma doença ou enfermi- ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou
dade pelos seus sintomas ou sinais característicos. autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determi-
nado em lei;
O curandeiro retarda a cura ou o tratamento de
II - de papel-moeda em quantidade superior à
uma doença, comprometendo a saúde e até mesmo a
autorizada.
vida do enfermo.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
O sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa desprovi-
circular moeda, cuja circulação não estava ainda
da de conhecimentos médicos.
autorizada.
O sujeito passivo é a coletividade.
O crime é doloso, independentemente de qualquer
finalidade específica. Prescinde-se da cupidez, ou seja, O crime de moeda falsa tem como figura típica a
da intenção de alcançar vantagem indevida em conse- seguinte conduta: falsificar, fabricando-a ou alteran-
quência da conduta ilícita. do-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal
Não se admite a modalidade culposa. no país ou no estrangeiro.
Se o curandeirismo for praticado mediante remu- Este crime pode ser praticado de duas formas:
neração, incidirá também a pena de multa.
Consuma-se por meio da prática reiterada de qual-
quer dos atos descritos no tipo penal, demonstrando FALSIFICAR A MOEDA METÁLICA OU PAPEL-MOE-
um estilo de vida ilícito por parte do agente. DA DE CURSO LEGAL NO PAÍS ESTRANGEIRO
A habitualidade não exige o exercício dos compor- Fabricando-a Neste caso, o agente
tamentos legalmente descritos durante longo período,
cria a moeda falsa ou
ou mesmo em dias sucessivos. Uma reiteração de atos
papel-moeda.
em um mesmo dia e para diversas pessoas, é prova
inequívoca do exercício efetivo do curandeirismo. Alterando-a Neste caso, o agente
Admite-se a tentativa. altera uma moeda ou
A ação penal é pública incondicionada. papel-moeda que são ver-
dadeiros, transformando-
Forma qualificada -os em falsos.
O art. 285, do CP, determina a incidência das regras
do aumento de pena ao crime de infração de medida Sobre o crime de moeda falsa, é importante levar
sanitária preventiva. em consideração o seguinte:
São causas de aumento da pena, nada obstante o
legislador tenha utilizado a expressão “formas quali- z É crime comum, que pode ser praticado por
ficadas pelo resultado”. qualquer pessoa;
Destarte, se da conduta resultar lesão corporal de z Não admite a modalidade culposa, podendo ser
natureza grave ou gravíssima, aumentará pela meta- praticado somente a título de dolo;
de a pena privativa de liberdade. z Admite a tentativa;
Se resultar morte, será aplicada a pena em dobro. z Segundo posicionamento doutrinário majoritário,
para configuração deste crime, a falsificação ou
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA alteração não podem ser grosseiras (aquela vista a
olho nu por qualquer pessoa dotada de capacidade
Os crimes Contra a Fé Pública definem-se como mediana) – neste caso, estaremos diante de condu-
aqueles em que na posição de sujeito passivo estará ta que configura crime impossível em relação ao
o coletivo, devido não ser possível a classificação de crime de moeda falsa;
uma vítima especificamente, sendo assim sua defini-
ção se aplica de forma direto ao Estado. Contudo, caso a falsificação seja grosseira, o seu
É importante destacar que tal delito exige a confi- uso pode caracterizar o crime de estelionato, confor-
guração do dolo, principalmente pela confiança que me entendimento sumulado do STJ.
DIREITO PENAL
A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou
documento público quanto em documento particular, letra, você deve ficar atento ao seguinte:
tendo como distinção, tão somente a pena, vejamos:
z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo
z Documento público: reclusão, de um a cinco anos, funcionário público que pode reconhecer firma ou
e multa; letra;
z Documento particular: reclusão, de um a três anos, z Admite a participação de particular, desde que
e multa. conheça a condição de funcionário público do
agente.
O tipo penal deste crime apresenta causa de z Só poderá ser praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
aumento de pena, um sexto.
z Segundo posicionamento que prevalece, trata-se
Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
de crime plurissubsistente, que admite, portanto,
me prevalecendo-se do cargo.
a tentativa;
z A ação penal será pública incondicionada.
z Se a falsificação ou alteração é de assentamento de
registo civil.
Certidão ou atestado ideologicamente falso
Em relação ao crime de falsidade ideológica, é
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em
importante que você leve em consideração as seguin- razão de função pública, fato ou circunstância que
tes informações: habilite alguém a obter cargo público, isenção de
ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser outra vantagem:
praticado dolosamente; Pena - detenção, de dois meses a um ano.
z Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim
de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a Conduta típica: atestar ou certificar falsamente,
verdade sobre fato juridicamente relevante. em razão de função pública, fato ou circunstância que
z É crime comum; habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
Atenção: se praticado por funcionário público, que vantagem.
se prevalece do cargo, haverá aumento de pena de 1/6 Sobre este crime, é importante levar em conside-
(um sexto). ração o seguinte:
Não basta que seja praticado por funcionário
público, para se aplicar a causa de aumento da pena, z Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati-
mas, também, que ele se prevaleça do cargo para pra- cado por funcionário público, em razão da função
ticar o crime. pública;
Caso a conduta seja praticada sem uma das fina- z Admite o concurso de pessoas com particulares,
lidades específicas vistas acima, o crime não irá se desde que estes conheçam sobre a situação de fun-
configurar. cionário público;
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite a modalidade tentada nas condutas comis- z Admite a forma tentada;
sivas, mas não admite, segundo posicionamen- z É crime de ação múltipla, que pode se configurar
to doutrinário majoritário, na conduta omissiva com a prática de quaisquer um dos verbos
(omitir); previstos no tipo penal: atestar ou certificar;
z Neste crime, a forma do documento segue intacta; z Para a configuração deste crime, exige-se que a
o que se falsifica é o conteúdo das informações con- certificação ou atestado se deem para as finali-
DIREITO PENAL
tidas no documento público ou particular (com a dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a
omissão de declaração ou com a declaração falsa). obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço
de caráter público, ou qualquer outra vantagem.
Falso reconhecimento de firma ou letra z Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de
lucro (finalidade específica), será aplicada, além
Art. 300. Reconhecer, como verdadeira, no exercí- da pena privativa de liberdade, a pena de multa.
cio de função pública, firma ou letra que o não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o Falsidade material de atestado ou certidão
documento é público; e de um a três anos, e multa,
se o documento é particular. Art. 301 (...) 297
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou z Exige-se que a conduta praticada pelo médico se
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado dê no exercício da função.
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer
outra vantagem:
Art. 303. Reproduzir ou alterar selo ou peça filaté-
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
lica que tenha valor para coleção, salvo quando a
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-
reprodução ou a alteração está visivelmente anota-
se, além da pena privativa de liberdade, a de multa.
da na face ou no verso do selo ou peça:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Ainda no art. 301, do CP, em seu §1º, temos um Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem,
outro tipo penal: Certidão ou Atestado Ideologicamen- para fins de comércio, faz uso do selo ou peça
te Falso. filatélica.
O crime de certidão ou atestado ideologicamente
falso irá se configurar quando o agente falsificar, no O crime tipificado neste artigo foi tacitamente
todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o revogado pelo art. 39 da Lei nº 6.538/1978.
teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para pro- Trata-se de lei relacionada ao serviço postal e sua
va de fato ou circunstância que habilite alguém a redação é a seguinte:
obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de
caráter público, ou qualquer outra vantagem. Art. 39. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatéli-
Sobre este crime, é importante levar em conside- ca de valor para coleção, salvo quando a reprodu-
ração o seguinte: ção ou a alteração estiver visivelmente anotada na
face ou no verso do selo ou peça:
z É crime comum, que poderá ser praticado por Pena: detenção, até dois anos, e pagamento de três
qualquer pessoa; a dez dias-multa.
z Só pode ser praticado dolosamente – não admite a Forma assimilada
forma culposa; Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas, quem,
z Admite a modalidade tentada; para fins de comércio, faz uso de selo ou peça fila-
z É crime de ação múltipla, que pode ser praticado télica de valor para coleção, ilegalmente reproduzi-
mediante a execução de quaisquer uma das dos ou alterados.
seguintes condutas:
Uso de documento falso
Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
certidão; Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsifi-
Alterar o teor de certidão ou atestado cados ou alterados, a que se referem os arts. 297
verdadeiro. a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
z É crime comum, que pode ser praticado por Sobre o crime de falsa identidade, é importante
qualquer pessoa; que você leve em consideração:
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
praticado dolosamente; z É crime comum, que pode ser praticado por
z Não exige dolo específico; qualquer pessoa;
z Admite a forma tentada, salvo quando executado z Não admite a modalidade culposa – o elemento
por meio verbo usar. subjetivo exigido é sempre o dolo;
z Exige dolo específico: o agente deve praticar a con-
duta com o fim de obter vantagem, em proveito
Dica próprio ou alheio, ou para causar dano;
Falsificar, fabricando-o ou alterando-o admite z Não admite tentativa. Parte da doutrina a admite,
tentativa. ainda que de difícil configuração, caso o crime seja
Usar não admite tentativa. praticado de forma escrita;
z Trata-se de crime subsidiário, respondendo o
Falsa identidade agente por ele apenas se o fato não constituir ele-
mento de crime mais grave;
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa z Não se exige que o agente atribua a si ou a tercei-
identidade para obter vantagem, em proveito pró- ro nome de pessoa real, podendo ocorrer caso o
prio ou alheio, ou para causar dano a outrem: nome seja inexistente;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, z É crime formal, que se consuma independentemente
se o fato não constitui elemento de crime mais grave. de o agente conseguir obter a vantagem ou
Art. 308. Usar, como próprio, passaporte, título de efetivamente causar dano.
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer docu-
mento de identidade alheia ou ceder a outrem, para Conduta típica: usar, como próprio, passaporte,
que dele se utilize, documento dessa natureza, pró- título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
prio ou de terceiro: documento de identidade alheia ou ceder a outrem,
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e para que dele se utilize, documento dessa natureza,
multa, se o fato não constitui elemento de crime próprio ou de terceiros.
mais grave. Este crime pode ser praticado das seguintes formas:
Figura típica: atribuir-se ou atribuir a terceiro fal- z Quando o agente faz uso de documento de identi-
sa identidade para obter vantagem, em proveito pró- ficação alheio;
prio ou alheio, ou para causar dano a outrem. z Quando o agente cede, para que outro utilize,
O crime pode ser praticado das seguintes formas: documento de identificação próprio ou alheio.
Neste crime, o agente se passa por uma outra pessoa. O tipo penal apresenta hipótese de interpretação
Por exemplo, um indivíduo, chamado Carlos analógica, já que exemplifica quais são os documentos
Eduardo Diogo, sabendo que se encontra, em seu des- de identidade, a exemplo do passaporte, título de elei-
favor, um mandado de prisão em aberto, com a fina- tor e caderneta de reservista (fórmulas casuísticas), e
lidade de não ser preso e de que não se descubra a por fim, amplia as possibilidades ao utilizar a expres-
sua condição de procurado, ao ser abordado por uma são “qualquer documento de identidade (fórmula
equipe policial, atribui a si próprio o nome de Antô- genérica)”.
nio Carlos dos Céus, contra quem não existe nenhuma Sobre este crime, é importante que você leve para
medida judicial. a sua prova o seguinte:
Vejamos, no exemplo acima, configurou-se o crime
de falsa identidade, já que o agente, com a finalidade z É crime comum, que pode ser praticado por
de obter proveito próprio, atribuiu a si mesmo falsa qualquer indivíduo;
identidade. z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
Mas, o fato de Carlos Eduardo Diogo se atribuir fal- praticado dolosamente;
sa identidade para evitar prisão não está de acordo z Admite-se a modalidade tentada;
com o princípio do Direito Processual Penal que per- z É crime subsidiário, não respondendo o agente
mite que o indivíduo não seja compelido a produzir por ele se o fato constituir elemento de crime mais
provas contra si mesmo, podendo, inclusive, mentir? grave.
Caso ele seja responsabilizado penalmente, não have-
ria violação ao princípio da não autoincriminação? Os crimes a seguir apresentam condutas bastante
300 Por muito tempo, este assunto foi divergente. parecidas. Cuidado para não as confundir:
Fraude de lei sobre estrangeiro Por exemplo, a Constituição Federal estabelece
que a propriedade de empresa jornalística e de radio-
Art. 309. Usar o estrangeiro, para entrar ou perma- difusão sonora e de sons e imagens é privativa de bra-
necer no território nacional, nome que não é o seu:
sileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
não podendo o estrangeiro ser proprietário de uma
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qua-
lidade para promover-lhe a entrada em território dessas empresas.
nacional: Suponha que Augusto, brasileiro nato, preste-se a
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. figurar como proprietário de empresa jornalística e
Art. 310. Prestar-se a figurar como proprietário de radiodifusão sonora e de sons e imagens, que, na
ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a verdade, pertence a Alfred, estadunidense nato.
estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por Vejamos, a conduta praticada por Augusto configu-
lei a propriedade ou a posse de tais bens: ra o tipo penal previsto no art. 310 do CP, podendo ele
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. ser incurso nas penas de detenção, de seis meses a três
anos, e multa.
Este crime se configura com a prática da seguinte Sobre o crime previsto no Artigo 310, é importante
conduta: usar o estrangeiro, para entrar ou permane- levar em consideração:
cer no território nacional, nome que não é o seu.
Trata-se de crime bastante parecido com o crime
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por
de falsa identidade, porém, com este não se confunde.
brasileiro, seja nato ou naturalizado;
Este crime apresenta uma modalidade qualifica-
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
da, que irá se configurar quando o agente atribuir
praticado dolosamente;
a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a
entrada em território nacional. z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
z É necessário que o agente saiba que a propriedade
ou posse dos bens seja proibida por lei ao
FORMA SIMPLES FORMA QUALIFICADA estrangeiro (lembre-se que o crime não admite a
forma culposa);
Usar o estrangeiro, para Atribuir a estrangeiro fal- z Admite tentativa.
entrar ou permanecer no sa qualidade para pro-
território nacional, nome mover-lhe a entrada em Adulteração de sinal identificador de veículo
que não é o seu. território nacional automotor
Detenção, de um a três Reclusão, de um a quatro
anos, e multa anos, e multa Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi
ou qualquer sinal identificador de veículo automo-
tor, de seu componente ou equipamento:
Sobre este crime, é importante que você leve em Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
consideração as seguintes informações: § 1º - Se o agente comete o crime no exercício
da função pública ou em razão dela, a pena é
z É crime próprio; aumentada de um terço.
z Não admite a modalidade culposa – só poderá ser § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário
praticado dolosamente; público que contribui para o licenciamento ou
z Exige finalidade especial de agir (dolo específico): registro do veículo remarcado ou adulterado,
fornecendo indevidamente material ou informação
Forma simples: entrar ou permanecer no terri- oficial.
tório nacional; e
Forma qualificada: promover a entrada do Este crime tem como figura típica a seguinte con-
estrangeiro no território nacional. duta: adulterar ou remarcar número de chassi ou
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de
z Não admite a modalidade tentada; seu componente ou equipamento.
z Caso o estrangeiro tente entrar ou permanecer no
território nacional utilizando-se de documento fal-
so, irá responder pelo Artigo 304 do Código Penal Importante!
(uso de documento falso).
z Caso pratique as duas condutas, irá responder Este crime apresenta uma causa de aumento de
pelos crimes em concurso. pena, ou seja, a pena será aumentada de um ter-
ço se o agente cometer o crime no exercício da
No art. 310 do Código Penal, há a seguinte condu- função pública ou em razão dela.
ta típica, nomeada por alguns doutrinadores de fal-
DIREITO PENAL
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer praticado dolosamente;
a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de
I - concurso público; beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
II - avaliação ou exame públicos; credibilidade do certame;
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe- z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
rior; ou mera divulgação ou utilização das informações
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou a credibilidade do certame público;
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não z Admite a forma tentada;
autorizadas às informações mencionadas no caput. z Caso o agente promova a utilização ou divulgação
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à adminis- das informações sigilosas devidamente (com justa
tração pública: causa), não há que se falar na prática deste crime.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
cometido por funcionário público.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol . 1,
Este tipo penal foi editado para proteger a lisura 19ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
dos certames de interesse público.
Este crime tem como figura típica a prática da CUNHA, Rogério Sanches. Pacote Anticrimes – Lei
seguinte conduta: utilizar ou divulgar, indevidamen- 13.964/2019: Comentários às Alterações no CP, CPP
te, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de e LEP. Salvador: Juspodium, 2020.
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
sigiloso de: GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal
esquematizado: parte especial. 6ª ed. São Paulo:
z Concurso público (segundo Sanches, instrumento Saraiva, 2016.
de acesso a cargos e empregos públicos);
z Avaliação ou exame públicos (segundo Sanches, JESUS, Damásio de. Código Penal Anotado. 22ª. Ed.
abrange, por exemplo, os exames psicotécnicos); São Paulo: Saraiva, 2017.
z Processo seletivo para ingresso no ensino superior
(conforme Sanches, engloba vestibulares e outras MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 2ª. Ed.
formas de avaliação para ingresso no ensino supe- São Paulo: Método, 2019.
rior, a exemplo do ENEM);
z Exame ou processo seletivo previstos em lei (con- CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
forme ensina Rogério Sanches, a exemplo do exa-
me da OAB) Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra
a Administração em Geral
O crime de fraude em certames de interesse pública
apresenta uma forma equiparada, uma forma qualifica- Trata-se de crimes próprios, que exigem uma condi-
da e uma forma majorada (com aumento de pena): ção especial do sujeito ativo: ser funcionário público.
Nos crimes contra a Administração Pública, o bem
z Forma equiparada: incorre nas mesmas penas o jurídico genericamente tutelado é a moralidade ou
agente que permite ou facilita, por qualquer meio, probidade administrativa.
Os crimes praticados por funcionário público
o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
contra a administração em geral são chamados de
ções sigilosas relacionadas a concurso público;
avaliação ou exame públicos; processo seletivo crimes funcionais. Os crimes funcionais são aqueles
para ingresso no ensino superior; ou exame ou praticados contra a administração pública por indiví-
processo seletivo previstos em lei. duo que se encontra investido em uma função públi-
z Forma qualificada: se da ação ou omissão resultar ca. São divididos em funcionais próprios ou puros e
302 dano à administração pública; funcionais impróprios ou impuros.
Os crimes funcionais próprios são aqueles que ou assessoramento de órgão da administração direta,
serão atípicos caso não sejam praticados por funcio- sociedade de economia mista, empresa pública ou
nários públicos. Segundo a doutrina, neste caso, ocor- fundação instituída pelo poder público.
rerá uma hipótese de atipicidade absoluta. É importante saber que a pena não será aumen-
Vejamos a conduta que define o crime de preva- tada caso o funcionário público ocupe cargo em
ricação será atípica caso não seja praticada por um comissão ou função de direção ou assessoramento em
funcionário público. autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se que
Os crimes funcionais impróprios são aqueles que o nosso ordenamento jurídico não admite a analogia
serão desclassificados para outras infrações penais para prejudicar o agente.
caso não sejam praticados por funcionários públicos. Os crimes funcionais admitem a coautoria de
Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma particular, sendo possível que este venha a ser res-
hipótese de atipicidade relativa. ponsabilizado por delito funcional contra a adminis-
Já a conduta que define o crime de peculato-furto,
tração pública, desde que pratique a infração penal
praticada por meio do verbo subtrair, será desclassi-
em concurso com funcionário público e conheça esta
ficada para o crime de furto, caso não seja praticada
qualidade.
por um funcionário público.
O Código Penal responde a esta pergunta em seu Vamos exemplificar: José, funcionário público,
Artigo 327. convida seu amigo de infância, Jonas, para juntos,
Considera-se funcionário público, para os efeitos subtraírem um computador na repartição pública
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remu- que aquele trabalha. O funcionário público obteria
neração, exerce cargo, emprego ou função pública. facilidades para praticar o crime, já que havia ficado
No artigo 327, § 1º, o Código Penal equipara a fun- com a chave da repartição naquele período. No dia
cionário público a quem exerce cargo, emprego ou determinado, os agentes vão ao local e subtraem o
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para computador.
empresa prestadora de serviço contratada ou conve- No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas
niada para a execução de atividade típica da Adminis- responderão pelo crime de peculato (vamos estudar
tração Pública. suas características a seguir), já que praticaram a con-
É importante diferenciar o conceito de funcionário duta em concurso de pessoas e a condição de caráter
público do direito administrativo do conceito de fun- pessoal (ser funcionário público) se comunica aos
cionário público do direito penal. demais agentes (é necessário que eles conheçam a
No direito administrativo, considera-se funcio- condição).
nário público apenas quem exerce cargo público na Não podemos deixar de tratar do concurso de pes-
administração direta, isto é, junto à União, Estados, soas nos crimes funcionais. Os crimes funcionais são
Distrito Federal ou Municípios. crimes próprios, à medida que o autor deve ser fun-
No direito penal, o conceito de funcionário públi- cionário público.
co é mais amplo, pois abrange quem exerce cargo, Em regra, não podem serem praticados por
emprego ou função pública, ainda que transitoria- qualquer pessoa.
mente ou sem remuneração. Mas, admitem a participação e a coautoria, bem
O mesário de eleição, por exemplo, é funcionário como a autoria mediata.
público para efeitos penais, à medida que exerce uma Observe que o particular sozinho não pratica cri-
função pública. me funcional, mas desde que unido com outro funcio-
O art. 327, do CP, faz menção a cargo público, nário público também responderá pelo delito.
emprego público e função pública, vamos distinguir: Isso é decorrente da teoria monista ou unitária da
ação, prevista nos arts. 29 e 30, do CP, na qual todo
z Cargo público é o criado por lei, com nomenclatu- aquele que concorre para o crime responde para o
ra e número certo, junto à administração direta. mesmo crime.
z Emprego público, por sua vez, é a função pública Nesse sentido, vamos exemplificar, pois responde
exercida em caráter temporário ou extraordiná- por peculato o particular que, a mando do funcioná-
rio, por exemplo, diarista que presta serviço de rio público, subtrai bens da repartição pública. Igual-
faxina numa repartição pública. Assim, obtém-se mente, enquadra-se na corrupção passiva, a mulher
por exclusão o conceito de emprego público como
do funcionário público que instiga o marido a aceitar
sendo todo aquele que não se classifica como cargo
a propina.
público.
z Função pública é toda e qualquer atividade que
Peculato
realiza os fins próprios do Estado, por exemplo,
perito judicial, estagiário do Ministério Público ou
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de
da Defensoria Pública ou de qualquer outro órgão
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
público, juiz de direito, Presidente da Repúbli-
co ou particular, de que tem a posse em razão do
ca, Governador de Estado, escreventes, Prefeitos, cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
vereadores, faxineira do fórum etc. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
DIREITO PENAL
z Para que se configure, é necessário que o agente z Para que se configure este crime, é necessário que
tenha a posse do bem em razão do seu cargo; o funcionário público não tenha a posse da coisa;
z O bem pode ser público ou particular (imagine um z O primeiro é o verbo “subtrair”, que é o fato de
objeto particular apreendido numa delegacia de o bem ser arrebatado pelo próprio funcionário
polícia); público;
z O sujeito passivo é a administração pública, con- z O segundo é o verbo “concorrer”, que significa
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem induzir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a
também será sujeito passivo do delito. realizar a subtração, por exemplo, o funcionário
público distrai os demais para que o seu amigo,
O peculato-desvio irá se configurar quando o que é ladrão, ingresse na repartição para surru-
funcionário público desviar, em proveito próprio ou piar os bens.
alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, z Para que se configure o peculato-furto é necessário
público ou particular. que o ato seja doloso;
Segundo posicionamento majoritário, apesar de z A qualidade de funcionário público deve acarretar
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso
trário, para que se configure o peculato-desvio, é não haja facilidade, o agente responderá por furto
necessário que o bem seja desviado para integrar o
normalmente.
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter-
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra
mero desvio de finalidade. Vamos trazer dois exemplos:
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro damente dados corretos nos sistemas informatiza-
de outrem. dos ou bancos de dados da Administração Pública
Parte da doutrina chama esta modalidade de com o fim de obter vantagem indevida para si ou
peculato-estelionato. para outrem ou para causar dano.
Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro
de outrem toma posse de um bem móvel, em razão Para que este crime se configure, é necessário que
da função, apropriando-se do mesmo. O terceiro que as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas
induz o funcionário a apropriar-se do bem que rece- por funcionário público autorizado a operar os siste-
beu por erro será partícipe deste delito de peculato mas informatizados ou bancos de dados da adminis-
mediante erro. tração pública. 305
Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Informação:
descreve vários verbos que podem ser praticados
para a sua configuração. z Verbos: Inserir, facilitar a inserção, alterar, excluir
Condutas: indevidamente
z Deve ser praticado por funcionário autorizado
z Inserir dados falsos; z Exige dolo específico de obter vantagem indevida
z Facilitar a inserção de dados falsos; ou de causar dano
z Alterar dados corretos;
z Excluir indevidamente dados corretos. Modificação ou Alteração não Autorizada de Siste-
mas de Informação:
É necessário, para a tipificação do delito, que as
condutas acima sejam realizadas em sistema informa- z Verbos: modificar ou alterar
tizado (computador) ou bancos de dados (fichários, z Se praticado por funcionário autorizado, será fato
livros ou outro meio físico) da Administração Pública. atípico
Objeto Material: z Não exige dolo específico
Modificação ou alteração não autorizada de z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvi-
sistemas de informação do quando o fato constitui crime mais grave), res-
pondendo por ele, o funcionário público, apenas se
não se configurar crime mais grave;
O crime de modificação ou alteração não autoriza-
z Não admite a modalidade culposa;
da de sistemas de informação está previsto no Artigo
z Admite tentativa.
313-B, do Código Penal.
z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser
parciais ou totais.
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário,
sistema de informações ou programa de informá-
Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-
tica sem autorização ou solicitação de autoridade
competente:
ponsável pela guarda do livro oficial ou documen-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos,
to. Se a conduta for praticada por outro funcionário
e multa.
público o crime será o previsto no art. 337 do CP. Caso
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um seja praticado por advogado ou procurador, que inu-
terço até a metade se da modificação ou alteração tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra-
resulta dano para a Administração Pública ou para mento será no art. 356 do CP.
o administrado. O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli-
cado se não houver outro crime mais grave.
Assim, o funcionário público que recebe dinheiro
Este tipo penal irá se configurar quando o agente
para destruir livro ou documento responderá apenas
modificar ou alterar sistema de informações ou pro-
pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave.
grama de informática sem autorização ou solicitação Por fim, quando se tratar de livros ou documentos
de autoridade competente. relativos a tributos, o funcionário que tinha a guarda
Caso o funcionário público seja autorizado ou pra- e praticou uma das condutas acima, responderá pelo
tique a conduta por solicitação da autoridade compe- crime do art. 3º, I, da Lei nº 8.137/1990, quando o fato
tente, o fato será atípico. acarretar pagamento indevido ou inexato de tributo.
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um
terço) até metade: caso da modificação ou alteração Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
resulte dano para a Administração Pública ou para o
administrado. Previsto no art. 315, do CP, o crime de emprego
Fique atento às diferenças entre os tipos penais irregular de verbas ou rendas públicas irá se configu-
do crime de inserção de dados falsos em sistemas de rar com a prática da seguinte conduta: dar às verbas
informação e do crime de modificação ou alteração ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida
306 não autorizada de sistemas de informação. em lei:
Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplica- É importante mencionar que a concussão se dará
ção diversa da estabelecida em lei: em razão da função do agente público, não se exigindo
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. que o fato seja praticado no efetivo desempenho das
atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser
Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res-
cometido por funcionário público de férias e, segundo
pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o
a doutrina dominante, nomeado, mas não empossado
Decreto nº 201/1967.
Exige que o emprego irregular se dê em benefí- (antes de assumi-la).
cio da própria administração pública, contrariando a A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não
legislação, não podendo o agente desviar as verbas ou são elementos integrantes do crime de concussão.
rendas em benefício próprio, sob pena de responder Se o funcionário público exigir o pagamento de
por outro crime. vantagem indevida, mediante violência ou grave
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre-
Município XYZ aprova a utilização de um milhão de visto no Artigo 158 do Código Penal.
reais para construção de uma passarela. A autoridade Sobre a concussão, é importante que você conheça
pública competente utiliza a verba mencionada para as seguintes informações, frequentemente cobradas
a construção de uma escola.
em prova:
Pronto, configurou-se o crime de emprego irregular
de verbas ou rendas públicas. O agente deu às verbas
públicas destinação diversa daquela estabelecida em lei. z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
Observe que a destinação da verba se deu no inte- z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
resse da administração, já que, caso se dê em benefí- prática da exigência, sendo o recebimento da van-
cio próprio, o agente responderá por outro crime. tagem mero exaurimento do crime;
É importante mencionar a aplicação da excludente
de ilicitude do estado de necessidade: caso o emprego O particular, de quem se exigiu a vantagem
se dê devido a uma situação de perigo iminente indevida, é sujeito passivo secundário deste cri-
(utilizou-se verba pública destinada ao esporte, para me. A administração pública é o sujeito passivo
se construir um abrigo durante perigo de chuvas que primário.
desabrigaram grande parte da população), o fato será Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
típico, mas não será antijurídico.
for possível fracionar o iter criminis, a exemplo
Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas
da concussão praticada mediante carta endere-
públicas, é importante mencionar:
çada à vítima;
z Este crime será praticado pelo funcionário público É possível se praticar a concussão indiretamente,
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren- quando, por exemplo, o funcionário público
das públicas, podendo delas dispor; exige a vantagem indevida por intermédio de
z Não exige nenhum fim específico; outra pessoa.
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite a tentativa; É importante diferenciar concussão e corrupção
z Não exige a ocorrência de dano pela administra- passiva:
ção pública para a sua configuração.
não devida pela pessoa. O particular, por temer qual- CORRUPÇÃO PASSIVA
do particular, ou seja,
quer represália por parte do funcionário público pode
além de não ocorrer inti-
ou não pagar a vantagem indevida.
midação, há uma conduta
Vamos exemplificar: funcionário público, agen-
inicial do terceiro. Autor,
te de trânsito, exige de particular a quantia de R$
sugerimos que destaque
2.000,00 para que libere o seu veículo, sob pena de
que há uma confusão
levá-lo indevidamente ao pátio do Detran.
entre esses dois crimes,
A vantagem indevida, segundo posicionamento
para melhor compreen-
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
são do leitor.
ser qualquer outra vantagem. 307
Excesso de exação Quando observamos a forma qualificada do exces-
so de exação, é possível compreender que o tipo penal
O excesso de exação, previsto no art. 316, § 1º, do não exige que o funcionário público tenha a intenção
CP, é uma forma de concussão. Configura-se quando de ficar para si ou para outro aquilo que recebeu. Caso
o funcionário público exige tributo ou contribuição o faça, responderá pelo crime na forma qualificada.
social, que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan- Na concussão propriamente dita, exige-se que o
do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou funcionário público pratique a conduta visando obter
gravoso, que a lei não autoriza. a vantagem indevida para si ou para outrem, consti-
tuindo-se, assim, elemento de distinção entre os tipos
Art. 316 (...) penais.
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, Corrupção passiva
quando devido, emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
Exação significa correção, exatidão. vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
São dois os delitos que recebem o nome de excesso vantagem:
de exação: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa.
z Exigência indevida de tributo ou contribuição § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em
social; consequência da vantagem ou promessa, o
z Cobrança devida de tributo ou contribuição social, funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer
mas de forma vexatória ou gravosa. ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.
O núcleo do tipo é o verbo exigir que, diferente- § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar
mente do crime de concussão, não significa uma ou retarda ato de ofício, com infração de dever
ameaça, mas sim a simples cobrança indevida. funcional, cedendo a pedido ou influência de
A cobrança é indevida quando o tributo ou con- outrem:
tribuição social não existe ou então já foi pago, bem Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
como na hipótese em que a cobrança é excessiva, em
valor maior que o devido. A corrupção passiva, prevista no art. 317 do Código
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, que consiste Penal, irá se configurar quando o funcionário público
no fato de o agente ter consciência, ou dúvida, que se solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
trata de uma cobrança indevida. indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
Na segunda modalidade criminosa, cobrança assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
vexatória ou gravosa, o tributo ou contribuição social aceitar promessa de tal vantagem.
A doutrina classifica a corrupção passiva em pró-
é devido. O problema reside no “modus operandi” da
pria ou imprópria, antecedente ou subsequente.
cobrança, que é feita de forma vexatória, humilhante,
Corrupção passiva:
ou gravosa, vale dizer, com a imposição de medidas
totalmente desnecessárias.
z Própria: Quando o funcionário público pratica os
O crime se consuma com a simples cobrança vexa-
verbos do tipo penal para praticar ato ilícito, por
tória ou gravosa, independentemente do recebimento.
exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para
Admite-se a tentativa quando a cobrança vexató-
retardar o cumprimento do mandado de citação.
ria ou gravosa é realizada por escrito, mas, por cir-
z Imprópria: Quando o funcionário público pratica
cunstâncias alheias à vontade do agente, é descoberta
os verbos do tipo penal para praticar ato lícito, por
antes que a vítima tomasse conhecimento. exemplo, escrevente solicita dinheiro para que a
Vajamos: certidão seja expedida dentro do prazo.
José, funcionário público da prefeitura do Municí- z Antecedente: Quando a vantagem indevida é
pio de Simplicidade, sabendo que seu vizinho, Márcio, entregue ao funcionário público antes de sua ação
deve dez mil reais em tributo, para cobrá-lo, coloca ou omissão, por exemplo, juiz recebe vantagem
uma faixa enorme na entrada da rua, com a seguinte indevida para prolatar sentença absolutória.
escrita: Márcio, deixe de ser irresponsável e pague os z Subsequente: Quando a vantagem indevida é
dez mil reais que você deve de tributo à prefeitura. entregue ao funcionário público depois de sua
No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo ação ou omissão, por exemplo, após retardar o
uso de meio vexatório, não autorizado por lei, confi- processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita
gurando-se, assim, o excesso de exação. vantagem indevida ao réu.
Sobre o excesso de exação, é importante mencionar:
Observe que a corrupção passiva pode ser direta
z Não admite a modalidade culposa, pois a expres- ou indireta:
são “que sabe” é dolo direto, e a expressão “devia
saber” é dolo eventual; Direta: quando é o próprio funcionário público
z Admite a tentativa quando for possível fracionar o que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
iter criminis, a exemplo do excesso de exação pra- gem indevida.
ticado mediante carta endereçada à vítima; Indireta: quando uma interposta pessoa, em con-
z Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou luio com o funcionário público, solicita, recebe
de outrem, o que recebeu indevidamente para ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse
recolher aos cofres públicos, responderá por caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário
308 excesso de exação na modalidade qualificada. público responderão por corrupção passiva.
Entende a doutrina majoritária que o mero pre- Descaminho é a exportação ou importação do
sente recebido pelo funcionário público, por grati- território nacional de uma mercadoria lícita, mas
dão ou amizade, por exemplo, uma lembrancinha de mediante sonegação dos direitos ou impostos devidos.
natal, não configura o crime de corrupção passiva. O núcleo do tipo é o verbo facilitar, que signifi-
A vantagem indevida, segundo posicionamento ca viabilizar, tornar mais simples o contrabando ou
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo descaminho.
ser qualquer outra vantagem. O elemento subjetivo é o dolo que pode ser direto
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração ou eventual.
que:
Lembrando:
z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
z Trata-se de crime formal, quando praticada por z Dolo direto (determinado): ocorre quando o agen-
meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que te prevê determinado resultado, dirigindo sua con-
duta na busca de realizar esse mesmo resultado.
se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi-
z Dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resul-
mento da vantagem mero exaurimento do crime.
tados, porém dirige sua conduta na realização de
Quando praticada por meio do verbo receber, é
um deles. Quer um resultado, mas aceita o outro
crime material, que exige o efetivo recebimento resultado.
para se consumar (at. 317, §2º, do CP).
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando Observa-se que o crime se consuma com a primei-
for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da ra conduta que facilita o contrabando ou descaminho,
corrupção passiva praticada mediante emprego de ainda que não haja efetivamente a entrada ou saída
carta; da mercadoria do território nacional.
z É possível se praticar a corrupção passiva Trata-se de crime formal, pois se consuma com a
indiretamente, quando, por exemplo, o funcionário conduta, independentemente da ocorrência do con-
público exige a vantagem indevida por meio de trabando ou descaminho.
outra pessoa. Admite-se a tentativa quando o agente se empenha
para realizar a conduta de facilitar o contrabando ou
O particular que paga a vantagem indevida soli- descaminho, mas é surpreendido antes de concluí-la.
citada pelo funcionário público não pratica crime É possível se extrair da leitura do tipo penal que
algum, por falta de tipicidade penal. o crime será praticado pelo funcionário público que
A corrupção passiva possui uma forma tem o dever funcional de evitar a prática dos crimes
privilegiada. de contrabando e descaminho.
Observe que na corrupção passiva privilegiada, A doutrina dominante entende que, caso o funcio-
o agente pratica a conduta não com a finalidade de nário público não tenha o dever funcional de evitar
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com a prática do contrabando ou descaminho, responderá
a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro. como partícipe do crime de contrabando ou do crime
de descaminho.
A pena da corrupção passiva será aumentada de
1/3 (um terço): se, em consequência da vantagem ou
Sobre este crime, é pertinente saber:
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
z Pode ser praticado de forma comissiva (quando o
funcional.
funcionário indica uma forma de o contrabandista
desviar-se da fiscalização), ou omissiva (quando o
funcionário, ciente de que há produto de descami-
Importante! nho em um compartimento, não o inspeciona, libe-
Não seja surpreendido por peguinhas em prova, rando as mercadorias);
a corrupção passiva e a concussão se diferen- z Não admite a modalidade culposa;
z É crime formal, que se consuma com a facilitação,
ciam nos verbos que configuram o tipo penal
independente ou não de o agente conseguir prati-
incriminador. car o contrabando ou o descaminho;
� Corrupção passiva: solicitar, receber ou acei- z Admite a tentativa somente na forma comissiva,
tar promessa. quando o funcionário público indica o método
� Concussão: exigir. de se desviar da fiscalização, mas outro servidor
impede o desvio.
z A competência é da Justiça Federal.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Prevaricação
O crime de facilitação de contrabando ou descami-
nho está previsto no art. 318, do CP. Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevida-
DIREITO PENAL
A prevaricação própria irá se configurar quando A condescendência criminosa está prevista no art.
o funcionário público retardar ou deixar de praticar, 320 do Código Penal.
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra dis-
posição expressa de lei, para satisfazer interesse ou Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de
sentimento pessoal. responsabilizar subordinado que cometeu infração
O crime em estudo não se confunde com a corrup- no exercício do cargo ou, quando lhe falte compe-
ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa tência, não levar o fato ao conhecimento da autori-
dade competente:
de agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Na prevaricação não existe este pedido ou influên-
cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para
Observe a conduta que configura este tipo penal:
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregu-
z Deixar o funcionário, por indulgência, de respon-
laridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes
sabilizar subordinado que cometeu infração no
pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas,
exercício do cargo ou, quando lhe falte competên-
se o fiscal deixa de autuar porque percebe que a pes- cia, não levar o fato ao conhecimento da autorida-
soa é um antigo amigo, configura-se a prevaricação. de competente
A prevaricação poderá ser praticada de 3 (três) for-
mas diferentes: Este crime pode ser praticado de duas formas:
z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício; z Quando o funcionário público, por indulgência,
z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício; deixa de responsabilizar o subordinado que come-
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa teu infração no exercício do cargo;
de lei. z Quando o funcionário público, que não é compe-
tente para responsabilizar aquele que cometeu
O crime de prevaricação exige um fim específico infração no exercício do cargo, por indulgência,
de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal. não levar o fato ao conhecimento da autoridade
Você pode entender interesse ou sentimento pes- competente.
soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio,
amizade, preguiça, entre outros. A doutrina majoritária entende que o crime de
Sobre a prevaricação, leve para a sua prova: condescendência criminosa só pode ser praticado por
superior hierárquico.
z Não admite a forma culposa; Você pode entender indulgência como compaixão,
z Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou pena, piedade.
deixar de praticar) ou comissiva (praticar); Há um requisito que deve ser cumprido para a
prática da condescendência criminosa: uma infração
z Admite tentativa apenas quando praticado de for-
funcional (que pode ser uma violação administrativa
ma comissiva.
ou penal) praticada por subordinado no exercício das
z Tentativa na prevaricação:
atribuições do seu cargo.
z Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato Sobre a condescendência criminosa, fique atento:
de ofício: não admite tentativa:
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa z Não admite a forma culposa;
de lei: admite tentativa. z É crime omissivo;
z Não admite tentativa.
A prevaricação imprópria irá se configurar quan-
do o diretor de penitenciária e/ou agente público dei- Como é possível observar, os crimes de corrupção
xar de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a passiva privilegiada, prevaricação e condescendência
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita criminosa possuem características similares.
a comunicação com outros presos ou com o ambiente Vejamos as diferenças:
externo.
z Corrupção Passiva Privilegiada: O agente deixa de
praticar ato de ofício cedendo a pedido ou influên-
Importante! cia de outrem.
z Prevaricação: O agente deixa de praticar ato de ofí-
A prevaricação imprópria só poderá ser pratica- cio para satisfazer sentimento ou interesse pessoal.
da pelo diretor de penitenciária ou pelo funcioná- z Condescendência Criminosa: O agente deixa de
rio público que tem o dever funcional de impedir praticar ato de ofício (responsabilizar o subalter-
que o preso tenha acesso a aparelho de comu- no) por indulgência.
nicação com outros presos ou com o ambiente
externo. Advocacia administrativa
podendo, portanto, ser praticada, por exemplo, por Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele-
um funcionário público que se encontre de folga. vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo deter-
O agente que fizer uso de violência arbitrária res- minado. Entende a doutrina que o prazo será fixado
ponderá por este crime e pelo crime correspondente a pelo estatuto a que estiver submetido o funcionário
violência praticada. público.
Apesar da divergência existente sobre a revogação Em regra: o prazo será de 30 (trinta) dias – pra-
ou não deste tipo penal, leve em consideração que: zo previsto na maioria dos estatutos de servidores
públicos.
z A violência arbitrária não admite a forma culposa, Sobre o crime de abandono de função, leve para a
devendo ser praticado dolosamente; sua prova: 311
z É crime omissivo; § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
z Não admite tentativa; I – permite ou facilita, mediante atribuição, forne-
z Só pode ser praticado dolosamente – não admite cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra
a culpa. forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
mas de informações ou banco de dados da Adminis-
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou tração Pública;
prolongado II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à
Administração Pública ou a outrem:
Este crime está previsto no art. 324, do CP.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 324. Entrar no exercício de função pública
antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti- Este delito irá se configurar quando o agente públi-
nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber co revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
oficialmente que foi exonerado, removido, substi- e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a
tuído ou suspenso: revelação.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Este crime pode ser praticado de duas formas:
Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de e que deva permanecer em segredo;
função pública afeta a prestação de serviços públicos. z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência em
Conduta típica: entrar no exercício de função razão do cargo e que deva permanecer em segredo.
pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de É importante mencionar que o agente toma conhe-
saber oficialmente que foi exonerado, removido, cimento do fato que deve permanecer em segredo em
substituído ou suspenso: razão do cargo que ocupa, não se exigindo que tenha
sido no efetivo desempenho das atribuições do cargo.
Este crime pode ser praticado de duas formas: Logo, o crime pode ser praticado no caso de o
agente tomar conhecimento do fato durante período
z Entrar no exercício de função pública antes de de licença, mas em razão do cargo.
satisfeitas as exigências legais; O Código Penal apresenta duas formas equiparada
do crime de violação de sigilo funcional.
z Continuar a exercer a função pública, sem autori-
Observe:
zação, depois de saber oficialmente que foi exone-
Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público
rado, removido, substituído ou suspenso. É exigido
que:
que o funcionário público tenha sido oficialmente
comunicado sobre sua exoneração, remoção, subs-
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
tituição ou suspensão.
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
Observe que no exercício funcional ilegalmente mas de informações ou banco de dados da Admi-
antecipado ou prolongado somente pode ser prati- nistração Pública;
cado por funcionário público já nomeado, mas ainda z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.
sem ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte),
ou então pelo indivíduo que era funcionário público, Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta
porém deixou de sê-lo em razão de ter sido oficial- dano à Administração Pública ou a outrem.
mente exonerado, removido, substituído ou suspenso Sobre este crime, fique atento:
(parte final).
Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria, z Só será praticado dolosamente – não admite forma
de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois culposa;
somente pode ser cometido pela pessoa expressamen- z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep-
te indicada no tipo penal. cionais, a exemplo de ser praticado na forma escrita.
Se um particular entrar no exercício da função
pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa- Violação de sigilo de proposta de concorrência
ção de função pública (art. 328 do CP).
Sobre o tipo penal em comento, é importante Este tipo penal está previsto no art. 326 do Código
saber: Penal.
z Não admite a forma culposa; Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concor-
z Admite tentativa. rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de devassá-lo:
Violação de sigilo funcional Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
O crime de violação de sigilo funcional se encontra Conduta típica: devassar o sigilo de proposta de
previsto no art. 325 do Código Penal. concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o
ensejo de devassá-lo.
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão É um crime relacionado ao procedimento
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou licitatório.
facilitar-lhe a revelação: A doutrina dominante entende que o crime de vio-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul- lação de sigilo de proposta de concorrência foi revoga-
ta, se o fato não constitui crime mais grave.
312 do tacitamente pela Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações).
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA z O agente não possui vínculo algum com a admi-
A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL nistração pública (em relação à função usurpada)
z É crime praticado por particular contra a
Os crimes praticados por particular contra a admi- administração pública
nistração pública estão previstos entre os Artigos 328
e 337-A do Código Penal. Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou
Trata-se de crimes comuns, que não exigem Prolongado:
nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito
ativo, podendo ser praticados por qualquer pessoa. z O agente possui algum tipo de vínculo com a admi-
nistração pública
Usurpação de função pública z É crime praticado por funcionário público contra a
administração pública
O crime de usurpação de função pública irá se con-
figurar quando o agente usurpar o exercício de fun- Há uma forma qualificada do crime de usurpação
ção pública. de função pública:
ele promove uma falsa barreira e passa a abordar z Exige-se que o ato praticado pelo funcionário
as pessoas que nela passam. Há a prática do crime público seja legal;
de usurpação de função pública, já que o agente z Se o ato praticado por funcionário público for ile-
praticou ato inerente ao exercício da função poli- gal, não há que se falar em resistência.
cial militar. z Exige-se que o funcionário público seja competen-
te para executar o ato;
Você não pode confundir o crime de usurpação de z Não se exige que a violência ou ameaça seja empre-
função pública com o crime exercício funcional ilegal- gada diretamente contra o funcionário competen-
mente antecipado ou prolongado. te, podendo ser empregada contra o terceiro que
Usurpação de Função Pública: esteja auxiliando o funcionário. 313
Sobre a resistência, é importante que você leve em z Não admite a culpa;
consideração: z Pode ser praticado tanto na forma omissiva quan-
to na forma comissiva;
z Deve ser praticado dolosamente; z Na forma omissiva, não admite tentativa, na forma
z A oposição constitui um ato positivo, devendo o comissiva, admite;
agente empregar violência ou grave ameaça. z Deve haver ordem emanada por funcionário
público, não caracterizando este crime a mera
solicitação.
O direito brasileiro não pune a resistência passiva,
que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso
Desacato
de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao
ser preso, deita-se no chão para impedir o ato. O crime de desacato, previsto no art. 331 do Código
Penal, tem como conduta típica: desacatar funcioná-
z A violência ou ameaça deve ser empregada con- rio público no exercício da função ou em razão dela.
tra pessoa, não constituindo o crime se empregada
contra coisa (posição dominante); Art. 331. Desacatar funcionário público no exercí-
z É crime formal, que se consuma com a prática cio da função ou em razão dela:
da violência ou ameaça; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
z Admite tentativa, nas hipóteses de fracionamento
do iter criminis. Desacatar = ofender, faltar com respeito.
Não se exige que o funcionário público esteja no
Resistência Qualificada: efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para
caracterização do crime de desacato, mas sim que a
z Se, em razão da resistência, o ato não se executa. ofensa se dê em razão da função pública.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio- irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
inclusive o exercido em residências.
nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho
infringindo dever funcional.
é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
Responderá pelo crime em sua forma equiparada mente, livro oficial, processo ou documento confia-
o agente que se abster de concorrer ou licitar, devido do à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou
à vantagem oferecida. Caso seja por algum outro moti- de particular em serviço público:
vo, como por violência ou grave ameaça, aquele que Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
se abster não será responsabilizado criminalmente. constitui crime mais grave.
Sobre este crime, é importante que você fique
atento ao seguinte: Conduta típica: subtrair, ou inutilizar, total ou par-
cialmente, livro oficial, processo ou documento con-
z Não admite forma culposa; fiado à custódia de funcionário, em razão de ofício ou
de particular em serviço público. 317
Tutela-se a Administração Pública, relativamente Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
ao normal funcionamento da atividade administrativa. § 1o É extinta a punibilidade se o agente,
Cabe destacar que o livro oficial, processo ou docu- espontaneamente, declara e confessa as
mento (público ou particular) é confiado à custódia de contribuições, importâncias ou valores e presta as
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em informações devidas à previdência social, na forma
serviço público. definida em lei ou regulamento, antes do início da
Por isso é dever confiar a custódia de funcioná- ação fiscal.
rio, em razão de ofício, não se verificando este crime § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
quando alguém subtrai ou inutiliza, total ou parcial- aplicar somente a de multa se o agente for primário
mente, um livro oficial, processo ou documento de e de bons antecedentes, desde que:
quem não o guarda por conta da sua função. I – (vetado)
É importante analisar que na parte final do precei- II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces-
to primário do dispositivo em estudo tem a expressão sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
“ou de particular em serviço público”, pois existem, previdência social, administrativamente, como sendo o
em certas hipóteses excepcionais, particulares que mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
desempenham funções públicas, por exemplo, mesá- § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
rio nas eleições. Observe que se alguém subtrair ou folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
inutilizar, total ou parcialmente, algum documento 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
confiado a estas pessoas, a ele será imputado o crime poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
de subtração ou inutilização de livro ou documento. aplicar apenas a de multa.
Sobre o núcleo do tipo: § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
Subtrair: retirar o livro oficial, processo ou docu- reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices
mento do local em que se encontra, dele se apoderan- do reajuste dos benefícios da previdência social.
do o agente.
Inutilizar: tornar imprestável o livro oficial, pro- Trata-se de crime de ação vinculada e, neste senti-
cesso ou documento, total ou parcialmente. Não se do, a conduta típica: Suprimir ou reduzir contribuição
reclama sua efetiva destruição. social previdenciária e qualquer acessório, por meio
Consuma-se o crime em estudo no instante em que das seguintes condutas:
o livro oficial, processo ou documento é subtraído,
mediante seu apoderamento pelo agente, seguido da z Omitir de folha de pagamento da empresa ou de
inversão da sua posse e sua consequente retirada da documento de informações previsto pela legislação
esfera de vigilância da vítima, ou então inutilizado, previdenciária segurados empregado, empresário,
total ou parcialmente. trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
este equiparado que lhe prestem serviços;
Observe que se o documento se destina a fazer prova
z Deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
de relação jurídica, e o agente visa beneficiar a si pró-
da contabilidade da empresa as quantias desconta-
prio ou a terceiro, o fato constituirá crime mais grave.
das dos segurados ou as devidas pelo empregador
Sobre o este tipo penal, é importante que você
ou pelo tomador de serviços;
fique atento ao seguinte:
z Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
z É crime comum;
demais fatos geradores de contribuições sociais
z Admite tentativa; previdenciárias.
z É crime subsidiário, respondendo o agente por ele
apenas caso não se configure um crime mais grave;
Extinção da punibilidade: caso o agente, de for-
z Na hipótese de o documento se destinar a fazer pro-
ma espontânea, declare ou confesse as contribuições,
va de relação jurídica, e o agente visar se beneficiar a importâncias ou valores e preste as informações devi-
si próprio ou a terceiro, o fato constituirá mais grave. das à previdência social, na forma definida em lei ou
z Somente será praticado na modalidade dolosa. regulamento, antes do início da ação fiscal (não se exi-
ge o pagamento do tributo sonegado).
Sonegação de contribuição previdenciária A declaração ou confissão e a prestação das infor-
mações deverão ocorrer antes do início da ação fiscal.
O crime de sonegação de contribuição previden- Sobre o crime de sonegação de contribuição previ-
ciária está previsto no Artigo 337-A, do Código Penal. denciária, é importante ficar atento ao seguinte:
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social z Não admite a modalidade culposa;
previdenciária e qualquer acessório, mediante as z De acordo com o art. 34 da Lei nº 9.249/1995, con-
seguintes condutas: firmado pela doutrina majoritária, o pagamento
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de integral do tributo ou contribuição social, após a
documento de informações previsto pela legislação
ação fiscal, mas antes do recebimento da denúncia,
previdenciária segurados empregado, empresário,
também acarretará a extinção da punibilidade;
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
este equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos pró- Lei 9.249/1995
prios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes defi-
empregador ou pelo tomador de serviços; nidos na Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou Lei 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente
lucros auferidos, remunerações pagas ou credi- promover o pagamento do tributo ou contribuição
tadas e demais fatos geradores de contribuições social, inclusive acessórios, antes do recebimento
318 sociais previdenciárias: da denúncia.
Será extinta a punibilidade se o agente, espon- Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou
taneamente, declarar e confessar as contribuições, indiretamente, vantagem indevida a funcioná-
importâncias ou valores e prestar as informações rio público estrangeiro, ou a terceira pessoa,
devidas à previdência social, na forma definida em lei para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar
ou regulamento, antes do início da ação fiscal. ato de ofício relacionado à transação comercial
O termo final para o pagamento é o início da ação internacional:
fiscal. Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
Se o agente for beneficiado pela concessão do par- Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter-
celamento dos valores devidos a título de contribui- ço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
ção social previdenciária, ou qualquer acessório, o nário público estrangeiro retarda ou omite o ato de
pagamento integral do débito importará na extinção ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
da punibilidade (art. 83, §4º, da Lei nº 9.430/1996).
O Supremo Tribunal Federal entende, com amparo Veja a figura típica: prometer, oferecer ou dar,
no art. 69 da Lei nº 11.941/2009, que o pagamento inte- direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcio-
gral do débito fiscal acarreta na extinção da punibili- nário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para
dade do agente, ainda que efetuado após o julgamento determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofí-
cio relacionado à transação comercial internacional:
da ação penal, desde que antes do trânsito em julgado
Corrupção Ativa em Transação Comercial
da condenação.
Internacional:
Destaca-se:
z Verbos: prometer, oferecer e dar;
z A competência para julgar o crime de sonegação z Fim específico: determinar o funcionário públi-
de contribuição previdenciária é da justiça federal; co estrangeiro a praticar, omitir ou retardar
z Admite a forma tentada; ato de ofício relacionado à transação comercial
z É crime material; internacional.
z Este tipo penal admite a aplicação do princípio da
insignificância, excluindo-se, assim, a tipicidade Corrupção Ativa:
material do crime. Verbos: oferecer e prometer;
z Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha Fim específico: determinar o funcionário público a
de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá O crime de corrupção ativa em transação comer-
reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar cial internacional terá sua pena aumentada de 1/3
apenas a de multa (um terço) se:
multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Configura-se este tipo penal quando o agente pro- Este crime se configura quando o agente se acusar,
vocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocor- perante a autoridade, de crime inexistente ou pratica-
rência de crime ou de contravenção penal que sabe do por outrem.
não se ter verificado. É possível a configuração deste tipo penal quando
o agente se acusar de:
O crime de falso testemunho ou falsa perícia está z Seja realizada no processo em que ocorreu o ilícito
previsto no Artigo 342 do Código Penal. (no processo em que se deu o falso e não no proces-
so referente ao falso);
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar z Se realizada antes da sentença (ainda prevale-
a verdade como testemunha, perito, contador, tra- ce o entendimento de que se trata da sentença
dutor ou intérprete em processo judicial, ou admi- recorrível).
nistrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e Não irá responder pelo crime de falso testemu-
multa. nho a pessoa que praticar as condutas descritas no
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um
tipo penal incriminador com a finalidade de não se
terço, se o crime é praticado mediante suborno ou
autoincriminar.
se cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal, ou em processo
Lembre-se que ninguém será prejudicado por não
civil em que for parte entidade da administração produzir provas contra si mesmo.
pública direta ou indireta. Quando a testemunha mente por estar sendo
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se responde pelo crime de falso testemunho.
retrata ou declara a verdade. O Artigo 343 do Código Penal apresenta um outro
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou tipo penal, chamado por parte da doutrina de corrup-
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, ção ativa de testemunha contador, perito, intérprete
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma- ou tradutor.
ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, A figura típica é: dar, oferecer ou prometer dinhei-
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: ro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma-
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex- ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
to a um terço, se o crime é cometido com o fim de perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
obter prova destinada a produzir efeito em proces-
so penal ou em processo civil em que for parte enti-
z Verbos: dar, oferecer ou prometer;
dade da administração pública direta ou indireta.
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tradu-
tor ou intérprete;
O crime tem a seguinte conduta típica: fazer afir-
z Finalidade: fazer com que as pessoas façam
mação falsa, ou negar ou calar a verdade, como tes-
afirmação falsa, neguem ou calem a verdade
temunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou
processo judicial, ou administrativo, inquérito poli-
interpretação.
cial, ou em juízo arbitral.
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a
praticado mediante a execução de quaisquer um dos
um terço), se o crime é:
verbos previstos no tipo penal.
O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão
a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um z Cometido com o fim de obter prova destinada a
sexto) a um terço, se o crime é produzir efeito em processo penal;
z Cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo civil em que for par-
z Praticado mediante suborno
te entidade da administração pública direta ou
z Cometido com o fim de obter prova destinada a
indireta.
produzir efeito em processo penal
z Cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo civil em que for par- Sobre o crime de corrupção ativa de testemunha
te entidade da administração pública direta ou contador, perito, intérprete ou tradutor, é importante
indireta. ficar atento ao seguinte:
322
z Não pode ser praticado culposamente; z Pode ser praticado contra as autoridades respon-
z Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal; sáveis pela condução do processo, como: juízes,
z No verbo dar, é crime material; promotores, delegados de polícia, entre outros;
z Admite tentativa, quando for possível fracionar o z Só pode ser praticado dolosamente;
iter criminis; z Exige-se o dolo específico por parte do agente de
z O fato deixa de ser punível se, antes da sentença favorecer interesse próprio ou alheio;
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se z É crime formal, que se consuma com o uso de
retrata ou declara a verdade. violência ou grave ameaça, independentemente
de o coagido ceder;
Coação no curso do processo z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser
praticou por escrito e há extravio.
Art. 344. Usar de violência ou grave ameaça, com
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con- Exercício arbitrário das próprias razões
tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa
que funciona ou é chamada a intervir em proces- Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para
so judicial, policial ou administrativo, ou em juízo satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan-
arbitral: do a lei o permite:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
da pena correspondente à violência. além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
Este crime, previsto no art. 344 do Código Penal, somente se procede mediante queixa.
configura-se com a seguinte conduta típica: usar de Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi-
violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer sa própria, que se acha em poder de terceiro por
interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, determinação judicial ou convenção:
ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
a intervir em processo judicial, policial ou administra-
tivo, ou em juízo arbitral. No art. 345 do Código Penal, o crime de exercício
O crime de coação no curso do processo é aquele arbitrário das próprias razões tem como figura típica
em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente a seguinte conduta: fazer justiça pelas próprias mãos,
emprega de violência ou grave ameaça contra pessoas para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo
que participam do processo ou juízo arbitral. quando a lei o permite.
Observe a parte final da figura típica: salvo quan-
do a lei o permite.
Importante! Pode-se concluir que, quando houver permissão
Observe as duas hipóteses: legal, o agente que fizer justiça com as próprias mãos
1. Suponha que André tenha praticado um crime não será responsabilizado criminalmente. Assim, caso
o agente mate alguém em legítima defesa, não será ele
de roubo a um supermercado, estando ele sen-
responsabilizado criminalmente.
do processado por isso. Thais, funcionária do
Kelmon é proprietário de uma casa, que se encon-
supermercado, é testemunha, tendo sido marca-
tra alugada para Diogo. O inquilino está devendo
do um dia para que ela comparecesse em juízo
6 (seis) meses de aluguel. Kelmon, indignado com a
para dar seu depoimento. André, com a finalida- situação, vai até o local, troca todas as fechaduras e
de de favorecer seus próprios interesses, vai à coloca os objetos pessoais de Diogo do lado de fora.
casa de Thais e, utilizando-se de uma arma de Kelmon praticou o crime de exercício arbitrário
fogo para ameaçá-la, exige que ela diga que não das próprias razões, já que fez justiça com as próprias
foi ele quem praticou o fato, mas outra pessoa. mãos, para satisfazer pretensão legítima (ele tinha o
André praticou o crime de coação no curso do direito de receber os valores correspondentes ao alu-
processo, já que empregou de grave ameaça guel de seu imóvel).
contra pessoa chamada a intervir em processo A pretensão do agente deveria ter sido soluciona-
judicial. da pelos meios legais pertinentes.
2. Aproveitando a mesma hipótese acima, porém, Sobre o exercício arbitrário das próprias razões,
agora André, sabendo sobre o que Thais disse deve-se ficar atento ao seguinte:
na inquirição, vai à casa de Thais e, utilizando-se
de uma arma de fogo para ameaçá-la, dizendo z É crime comum, que pode ser praticado por
que irá matá-la por não dizer que foi outra pes- qualquer pessoa;
soa que praticou o crime, mas que o incriminou. z Só poderá ser praticado dolosamente;
André, nesta hipótese, praticou o crime de amea- z Admite tentativa;
DIREITO PENAL
ça, uma vez que empregou de grave ameaça con- z Caso o agente pratique o crime com emprego de
tra a pessoa após o depoimento, exaurindo-se a violência, responderá também por ela.
participação daquela na ação.
No art. 346 do Código Penal, há uma outra figura
típica, bastante parecida com o crime de exercício
Caso o agente utilize de violência para praticar o arbitrário das próprias razões.
crime de coação no curso do processo, responderá por Observe: tirar, suprimir, destruir ou danificar
este, além da pena correspondente à violência. coisa própria, que se acha em poder de terceiro por
Sobre a coação no curso do processo, fique atento determinação judicial ou convenção
às seguintes informações: Sobre este tipo penal, é importante salientar: 323
z Só pode ser praticado dolosamente; Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e
z É crime de ação múltipla, que irá se configurar com multa.
a prática de quaisquer um dos verbos previstos no 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente,
tipo penal: tirar, suprimir, destruiu ou danificar; descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
z Exige-se que a coisa seja própria do agente que isento de pena.
praticou a conduta delituosa;
z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter- O favorecimento pessoal, previsto no art. 348 do
Código Penal, irá se configurar quando o agente auxi-
minação judicial ou convenção. Se for por outro
liar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor
motivo, não se configurará este crime; de crime a que é cominada pena de reclusão.
z Admite tentativa. Este tipo penal pode gerar algumas dúvidas em você.
Para esclarecê-las, vamos analisar alguns exemplos:
Para consumação deste crime, existem duas
correntes: Exemplo 1: Júnior pratica o crime de roubo. O
delegado de polícia da região está a sua procura.
1. o crime é formal e se consuma quando o agente O autor do crime pede para se esconder do dele-
emprega o meio executório; gado na casa de Danilo, seu amigo. Danilo, em sua
2. o crime é material e só se consuma com a satisfa- casa, esconde Júnior. Júnior responderá pelo cri-
ção da pretensão visada. me de roubo; Danilo, pelo crime de favorecimento
pessoal, já que auxiliou a se subtrair da ação de
autoridade pública autor de crime a que se comina
Fraude processual
pena de reclusão.
Exemplo 2: Francisco, Jefferson e César combi-
Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de
nam um crime de roubo. Francisco e Jefferson vão
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, praticar o verbo descrito no tipo penal, César irá
de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o dar fuga aos agentes. O crime é praticado, os poli-
juiz ou o perito: ciais acabam tomando conhecimento da prática
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. delituosa e vão atrás dos criminosos, contudo, eles
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produ- conseguem se evadir. todos os agentes responde-
zir efeito em processo penal, ainda que não inicia- rão apenas pelo crime de roubo. Não se aplicando
do, as penas aplicam-se em dobro. a César, responsável pela fuga, o crime de favoreci-
mento pessoal, porque, para que se configure este
Com previsão legal no art. 347 do Código Penal, o crime, não pode o agente ter participado do crime
crime de fraude processual irá se configurar quando anterior e nem pode haver liame subjetivo prévio
o agente inovar artificiosamente, na pendência de entre os agentes, ou seja, ligação ou vínculo psico-
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de lógico e subjetivo entre os agentes do delito.
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
ou o perito. Este crime apresenta uma forma privilegiada, ao
Aplica-se a pena em dobro, se a inovação se desti- qual se comina uma pena mais branda: se ao crime
na a produzir efeito em processo penal, ainda que não praticado não é cominada pena de reclusão (detenção,
por exemplo).
indiciado o agente.
Ficará isento de pena (escusa penal absolutória),
Carlos praticou o crime de homicídio, ao matar
caso a conduta que configura o favorecimento pessoal
Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinheiro. Com seja praticado pelo:
a finalidade de simular uma hipótese de legítima defe-
sa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca, fraudu- z Ascendente;
lentamente, nas mãos da vítima, uma arma de fogo, z Descendente;
modificando o estado de pessoa. z Cônjuge;
Carlos praticou o crime de fraude processual, res- z Irmão.
pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino-
vou artificiosamente, na pendência de processo penal. Sobre o favorecimento pessoal, leve para a sua
Sobre o crime de fraude processual, fique atento prova o seguinte:
ao seguinte:
z Não pode ser praticado culposamente;
z É crime comum; z É crime comum;
z Não admite a modalidade culposa; z O crime se consuma com o êxito na subtração do
z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou criminoso;
z Caso não ocorra êxito na subtração, haverá a
perito;
modalidade tentada;
z É crime formal, que se consuma com a prática da
z É crime acessório, que exige a ocorrência de delito
conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja anterior;
efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito; z Não pratica o crime o agente que auxiliar a sub-
z Admite a modalidade tentada; trair-se à ação de autoridade pública autor de con-
travenção penal.
Favorecimento pessoal
Favorecimento real
Art. 348. Auxiliar a subtrair-se à ação de autorida-
de pública autor de crime a que é cominada pena Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de
de reclusão: co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. tornar seguro o proveito do crime:
324 § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a
autorização legal, em estabelecimento prisional. pena é de reclusão, de dois a seis anos.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa,
aplica-se também a pena correspondente à
Previsto no art. 349, do CP, o favorecimento real tem
violência.
como figura típica a seguinte conduta: prestar a crimi-
noso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxí- § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se
lio destinado a tornar seguro o proveito do crime. o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou
Requisitos do favorecimento real: guarda está o preso ou o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
z Prestar auxílio a criminoso; custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção,
z O auxílio é destinado a tornar seguro o proveito do de três meses a um ano, ou multa.
crime (que já ocorreu);
z Aquele que presta auxílio não pode ser coautor ou Previsto no art. 351, do CP, este crime tem a seguin-
receptador do crime praticado anteriormente.
te figura típica:
Ao favorecimento real, não se aplica a escusa penal
absolutória mesmo que a conduta seja praticada pelo z Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmen-
ascendente, descendente, cônjuge ou irmão. te presa ou submetida a medida de segurança
Sobre o favorecimento real, é importante mencio- detentiva.
nar que:
Como se pode observar pela leitura da figura típi-
z Não admite a culpa. ca, este tipo penal poderá ser praticado de 2 (duas)
z Admite tentativa;
formas:
z O auxílio não pode ter sido combinado previamen-
te pelos agentes, caso os agente combinem antes,
o crime não será de favorecimento real, mas sim z Com a promoção da fuga;
haverá participação; z Com a facilitação da fuga.
z É crime comum.
z Há uma conduta típica, prevista no Artigo 349-A Este crime apresenta, também, formas qualifica-
do Código Penal, inserida no ano de 2009, chama- das e uma forma culposa.
do por parte da doutrina de favorecimento real
impróprio. Na forma culposa, é crime próprio, que será prati-
cado pelo funcionário incumbido da guarda ou custó-
Observe: ingressar, promover, intermediar, auxi- dia da pessoa presa.
liar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de Sobre o crime de fuga de pessoa presa ou subme-
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autori- tida à medida de segurança, é importante levar em
zação legal, em estabelecimento prisional. consideração:
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
praticado mediante a execução de quaisquer um dos
verbos descritos no tipo penal incriminador. z Pode ser praticado tanto intramuros (no interior
Sobre este crime, é importante levar para a sua de estabelecimento de natureza prisional) quando
prova: extramuros (durante procedimento de escolta ou
condução);
z Não admite a culpa; z Em regra, trata-se de crime comum, que pode ser
z Caso haja autorização legal para ingresso do apa- praticado por qualquer pessoa;
relho, o fato será atípico;
z Admite a forma culposa;
z É crime comum;
z A pessoa que se encontra presa poderá responder z É necessário, para configuração do crime, que a
por este tipo penal, contudo, caso apenas utilize o prisão a que está submetida a pessoa seja legal;
aparelho que ingressou no estabelecimento prisio- z Trata-se de crime material, que se consuma com a
nal, não será punido por este crime, cometendo efetiva fuga;
apenas falta grave, de acordo com a Lei de Execu- z Admite a forma tentada;
ções Penais.
z Caso seja praticado mediante violência contra pes-
soa, responderá o agente também pela violência;
Exercício arbitrário ou abuso de poder
so de Autoridade, Lei 4.898/1965. z Se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia
Com a Lei nº 13.964/2019, o crime foi expressa- ou guarda está o preso ou internado, será crime
mente revogado. próprio;
z Se se a prisão for ilegal, não haverá a incidência
Fuga de pessoa presa ou submetida à medida de
deste crime, uma vez que presente a legítima defe-
segurança
sa de terceiro.
Art. 351. Promover ou facilitar a fuga de pessoa z Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais
legalmente presa ou submetida a medida de segu- de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a
rança detentiva: pena é de reclusão, de dois a seis anos. 325
Evasão mediante violência contra pessoa Ordem diz respeito à tranquilidade do ambiente
prisional.
Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o Disciplina consiste no respeito e obediência às
indivíduo submetido a medida de segurança deten- regras previamente estabelecidas.
tiva, usando de violência contra a pessoa: A prisão há de ser legal, pois as pessoas detidas
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da indevidamente têm o direito de se opor ao arbítrio do
pena correspondente à violência. Estado.
Trata-se de crime próprio e plurissubjetivo, pluri-
Previsto no art. 352, do CP, este crime irá se con- lateral ou de concurso necessário (precisa de mais de
figurar quando o preso ou indivíduo submetido a uma pessoa para praticar o crime), somente pode ser
medida de segurança detentiva se evadir ou tentar se cometido pelos “presos”.
evadir, usando de violência contra a pessoa. Vejamos que a lei não aponta um número mínimo
Sobre este crime, é muito importante que você de indivíduos para a concretização do delito, é lícito
leve em consideração: concluir que se exigem pelo menos três pessoas, pois
quando o CP quer duas ou quatro pessoas ele o diz
z Trata-se de crime próprio, que só poderá ser prati- expressamente.
cado por pessoa presa ou submetida a medida de Sobre este crime, são relevantes as seguintes
segurança detentiva; informações:
z Só pode ser praticado dolosamente;
z É crime de atentado ou de empreendimento, pois z Não admite a modalidade culposa;
prevê expressamente em sua descrição típica z Exige dolo específico: fim de maltratar o preso
a conduta de tentar o resultado, por isso, não (aplicar-lhe uma surra, por exemplo);
admite a tentativa; z É crime comum;
z Exige-se o emprego de violência contra pessoa. z O tipo penal diz preso, sem discriminar se a prisão
legal ou ilegal, por isso, pode cometer o crime mes-
Caso não haja emprego de violência ou se esta for mo que a prisão seja ilegal;
empregada contra coisa, não irá se configurar este z O direito penal não permitir a analogia, portan-
crime. to, não haverá a incidência deste crime se o ato é
cometido contra pessoa internada por medida de
Exemplo 1: Michele, presa em uma penitenciá- segurança;
ria feminina, para fugir, emprega violência con- z O preso arrebatado é sujeito passivo secundário;
tra uma agente prisional, conseguindo, assim, z É crime formal, que se consuma com o arrebatamento,
evadir-se. independentemente de se conseguir maltratar o preso;
Exemplo 2: Michele, presa em uma penitenciária z Admite a forma tentada;
feminina, aproveitando de um momento de des- z Quando o agente empregar a violência em con-
cuido dos agentes prisionais, quebra uma janela curso com o arrebatamento de preso, seja lesão
corporal leve, grave ou gravíssima, mesmo que o
com um soco e foge do estabelecimento prisional.
resultado seja morte, o sujeito ativo responderá
Exemplo 3: Michele, presa em uma penitenciária
pelos dois crimes (arrebatamento de preso e lesão
feminina, ao verificar que os agentes prisionais
corpora, por exemplo).
estão distraídos, foge, pulando o muro do estabe-
lecimento prisional.
Motim de presos
Apenas no exemplo 1, haverá a configuração do
Art. 354. Amotinarem-se presos, perturbando a
crime de evasão mediante violência contra pessoa, já ordem ou disciplina da prisão:
que no exemplo 2 a violência foi empregada contra Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
coisa e no exemplo 3 não houve emprego de violência. pena correspondente à violência.
Art. 355. Trair, na qualidade de advogado ou pro- z Inutilizar, total ou parcialmente, autos, documento
curador, o dever profissional, prejudicando interes-
ou objeto de valor probatório (forma comissiva);
se, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. z Deixar de restituir autos, documento ou objeto de
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advo- valor probatório (forma omissiva).
gado ou procurador judicial que defende na mesma cau-
sa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Sobre este tipo penal, é importante ficar atento ao
seguinte:
No art. 355, do CP, temos 2 (dois) crimes distintos,
com as seguintes condutas típicas: patrocínio infiel no z É crime próprio, que só pode ser praticado pelo
caput e patrocínio simultâneo ou tergiversação no §1º. advogado ou procurador que recebeu os autos,
Patrocínio Infiel: trair, na qualidade de advogado documento ou objeto de valor probatório;
ou procurador, o dever profissional, prejudicando z Não é punido na modalidade culposa;
interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado. z A doutrina dominante admite a tentativa na moda-
Sobre o crime de patrocínio infiel, é importante lidade comissiva, mas não admite na modalidade
que você saiba que: omissiva.
O crime de ordenação de despesa não autorizada z Este crime não admite a modalidade culposa.
está previsto no art. 359-D, do CP. z Não basta que seja constituída a contragarantia,
exige-se que ela seja igual ou superior ao valor da
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: garantia prestada.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Caso a contragarantia seja inferior ou não seja
Irá se configurar quando o agente ordenar despesa prestada, este crime estará configurado.
não autorizada por lei.
Ordenar tem o sentido de mandar, determinar que Não cancelamento de restos a pagar
se realize a despesa pública, a qual compreende os
desembolsos efetuados pelo Estado para fazer frente Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de
às suas diversas responsabilidades junto à sociedade. promover o cancelamento do montante de restos a
Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime próprio ou pagar inscrito em valor superior ao permitido em
especial, pois somente pode ser cometido pelo funcio- lei:
nário público com atribuição para ordenar despesas, Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
conhecido como “ordenador de despesas”.
O tipo penal não alcança o “realizador de despesas”, Previsto no art. 359-F, do CP, o crime de não can-
compreendido como a pessoa que se limita a cumprir celamento de restos a pagar irá se configurar quando
ou executar a ordem expedida pelo ordenador. o agente deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Muni- mover o cancelamento do montante de restos a pagar
cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente inscrito em valor superior ao permitido em lei.
federativo prejudicado pela conduta criminosa, e, Deixar de ordenar é não determinar a terceiro que
secundariamente, a coletividade, em decorrência dos algo seja feito;
prejuízos causados pela ordenação de despesas públi- Deixar de autorizar é não permitir que terceira
cas não autorizadas em lei. pessoa faça algo; e
Consuma-se o crime quando o funcionário público Deixar de promover equivale a não realizar direta-
mente alguma coisa.
ordena a realização da despesa sem autorização legal,
O administrador público que se depara com restos
independentemente da comprovação de efetiva lesão
a pagar inscritos em valor superior ao limite permiti-
ao erário.
do em lei tem o dever legal de autorizar, ordenar ou
Sobre este tipo penal, é importante mencionar que:
promover o seu cancelamento, sob pena de incorrer
no crime de não cancelamento de restos a pagar.
z Não admite a forma culposa; O sujeito ativo é o funcionário público com atribui-
z É crime de ação simples; ção para ordenar, autorizar ou promover o cancela-
z Caso a despesa seja ordenada com autorização mento do montante de restos a pagar indevidamente
legislativa, o fato será atípico; inscritos. Trata-se de crime próprio ou especial. Com
330 z É crime formal, segundo Nucci. isso, o funcionário público que deixa o cargo será
responsabilizado pela “inscrição de despesas não Assim, fora do período legalmente indicado não
empenhadas em restos a pagar” (art. 359-B), ao passo há falar na prática do delito, ainda que exista ilegal
que o funcionário público que assume o cargo deverá aumento da despesa total com pessoal.
ser responsabilizado por não ter determinado o “can- O sujeito ativo somente pode ser praticado pelo
celamento do montante de restos a pagar” (art. 359-F), funcionário público com atribuição para ordenar,
inscrito em valor superior ao legalmente permitido.
autorizar ou executar ato que acarrete aumento de
Os dois agentes contribuem para o mesmo resul-
despesa total com pessoal, nos últimos 180 dias do
tado, mas a eles serão imputados crimes diversos, em
face do especial tratamento conferido pela lei penal. mandato ou legislatura.
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí- O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí-
pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa- pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa-
tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente, tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente,
a coletividade, em razão dos prejuízos causados pelo a coletividade, em razão dos prejuízos causados pelo
não cancelamento de restos a pagar. aumento de despesa total com pessoal no último ano
O crime se consuma quando o sujeito ativo deixa do mandato ou legislatura.
de ordenar, de autorizar ou de promover o cancela- Consuma-se quando o agente público ordena,
mento do montante de restos a pagar inscrito inde- autoriza ou executa o ato de aumento de despesa com
vidamente, independentemente de comprovação de
pessoal, nos últimos 180 dias de mandato ou legislatu-
lesão patrimonial ao erário.
ra, independentemente da comprovação de prejuízo
A omissão que não ultrapassa os limites de restos a
pagar não configura este crime. econômico ao erário.
Sobre este crime, fique atento ao seguinte: Sobre este crime, leve em consideração o seguinte:
Previsto no art. 359-G, do CP, este crime tem como Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a ofer-
figura típica a seguinte conduta: ordenar, autorizar ou ta pública ou a colocação no mercado financeiro
executar ato que acarrete aumento de despesa total de títulos da dívida pública sem que tenham sido
com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao criados por lei ou sem que estejam registrados em
final do mandato ou da legislatura. sistema centralizado de liquidação e de custódia:
Ordenar é determinar alguma coisa; Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Autorizar significa permitir que algo seja feito; e
Executar traz a ideia de realizar ou concretizar algo A conduta típica é: ordenar, autorizar ou promo-
Este crime tem como finalidade evitar que se ver a oferta pública ou a colocação no mercado finan-
aumente as despesas totais com pessoal, concedendo ceiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido
aumentos, contratando, alterações na carreira, entre criados por lei ou sem que estejam registrados em sis-
outras formas, nos últimos dias do mandato ou legis- tema centralizado de liquidação e de custódia.
latura, deixando para outro funcionário público a res- Ordenar é determinar.
ponsabilidade de arcar com os compromissos.
Autorizar equivale a permitir que algo seja feito.
A diferença entre o art. 359-G e o art. 359-C do
Promover traz a ideia de realizar, concretizar a
CP, é que o crime em estudo não se relaciona com a
oferta pública ou colocação de títulos no mercado.
infração penal tipificada no art. 359-C do CP, porque
O objeto material do crime são os títulos da dívida
na assunção de obrigação no último ano do manda-
pública. Nos termos do art. 29, inciso II, da Lei Comple-
to ou legislatura levam-se em conta despesas que não
podem ser pagas no mesmo exercício, ficando a obri- mentar nº 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal,
gação de pagamento ao sucessor, sem ter disponibili- considera-se dívida pública mobiliária aquela repre-
dade orçamentária para tanto. sentada por títulos emitidos pela União, inclusive os
No art. 359-G, do CP, o aumento de despesa com pes- do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios.
DIREITO PENAL
soal é permanente, ou seja, irá ultrapassar o exercício O sujeito ativo somente pode ser praticado pelo
financeiro, atingindo anos futuros. Consequentemen- funcionário público dotado da atribuição para orde-
te, o orçamento do ente federativo ou órgão público nar, autorizar ou promover oferta pública ou colo-
ficará inevitavelmente comprometido, deixando de cação no mercado financeiro de títulos da dívida
propiciar ao administrador público futuro condições pública.
para gerir adequadamente a máquina estatal. O sujeito passivo é a União, os Estados, os Muni-
Destaca-se que o elemento temporal do art. 359-G, cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente
do CP, está consubstanciado na expressão “nos cento federativo atingido pela conduta criminosa, e, media-
e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da tamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela
legislatura”. compra de títulos irregularmente emitidos. 331
Consuma-se o crime em estudo no momento em 3. (CESPE – 2020) Acerca dos princípios aplicáveis ao
que o agente público ordena, autoriza ou promove a direito penal e das disposições gerais acerca dos cri-
mes contra o patrimônio, contra a dignidade sexual e
oferta pública ou a colocação no mercado financeiro
contra a administração pública, julgue o item a seguir.
de títulos da dívida pública sem que tenham sido cria-
dos por lei ou sem que estejam registrados em sistema A revogação do crime de atentado violento ao pudor
centralizado de liquidação e de custódia, independen- não configurou abolitio criminis, pois houve continui-
temente de efetivo prejuízo ao erário. dade típico -normativa do fato criminoso.
Sobre este crime, é importante mencionar:
( ) CERTO ( ) ERRADO
z Só pode ser praticado dolosamente;
z É crime de ação múltipla; 4. (CESPE – 2019) No que tange à aplicação da lei penal,
z Caso os títulos da dívida pública tenham sido cria- a lei penal nova que
dos por lei ou estejam registrados no sistema cen-
tralizado de liquidação e de custódia, a prática da a) Diminui a pena de crime contra a ordem tributária não
conduta prevista no tipo penal irá ser atípico. retroage.
b) Tipifica penalmente a conduta de deixar de cumprir
alguma obrigação fiscal acessória retroage.
c) Torna atípica determinada conduta aplica-se aos fatos
HORA DE PRATICAR! anteriores, desde que ainda não decididos por senten-
ça condenatória transitada em julgado.
d) Estabelece nova hipótese de extinção de punibilidade
1. (CESPE – 2019) A respeito de características do direito não se aplica aos fatos anteriores.
penal, assinale a opção correta. e) Torna atípica determinada conduta cessa os efeitos
penais da sentença condenatória decorrente dessa
a) Segundo o direito penal, é possível incriminar a simples prática, ainda que já tenha transitado em julgado.
conduta humana que exponha a perigo bens jurídicos,
ainda que não exista vítima determinada e direta. 5. (CESPE – 2019) A respeito da aplicação da retroativi-
b) O direito penal tem os princípios como fontes de inte- dade da lei no direito penal, assinale a opção correta.
gração da lei penal, que devem ser utilizados em caso
de omissão legislativa, mas cuja aplicação é vedada a) A aplicação da retroatividade ocorre mesmo em caso
para desfavorecer o réu. de aumento de pena, como forma de garantir a justiça
c) De acordo com o direito penal, a aplicação de nova lei, para o réu que tiver cometido o crime após a entrada
em vigor da lei mais severa.
no caso de esta estabelecer nova causa de diminuição
b) A retroatividade de lei mais benéfica não pode ser apli-
de pena e nova causa de aumento para um tipo penal cada a medida de segurança.
incriminador existente, deve ser afastada a fato ocor- c) A retroatividade de lei mais benéfica somente será
rido antes de sua vigência, ainda que em benefício do cabível no caso de haver abolitio criminis.
réu. d) A aplicação da retroatividade da lei é concebível, desde
d) Segundo o direito penal, a fato praticado durante a que em benefício do réu como medida de justiça.
vigência de lei excepcional, quando findo o período e) A aplicação da retroatividade da lei é vedada consti-
de sua duração ou quando cessarem as circunstân- tucionalmente em qualquer circunstância, a fim de
cias que a determinaram, não mais se aplica a lei garantir a segurança jurídica.
excepcional.
e) O direito penal estabelece, com fundamento na teoria 6. (CESPE – 2019) Nas disposições penais da Lei Geral
da Copa, foi estabelecido que os tipos penais previs-
da atividade, que deve ser analisado todo o desdobra-
tos nessa legislação tivessem vigência até o dia 31 de
mento da ação criminosa para se estabelecer o local
dezembro de 2014.
do delito. Considerando-se essas informações, é correto afirmar
que a referida legislação é um exemplo de lei penal
2. (CESPE – 2019) Em relação à aplicação da lei penal,
assinale a opção correta. a) Excepcional.
b) Temporária.
a) O advento de lei penal que torne atípica determina- c) Corretiva.
da conduta retroage para alcançar fatos anteriores já d) Intermediária.
transitados em julgado, sendo mantidos alguns efei-
tos penais da condenação. 7. (CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do
b) A lei temporária, com o término do período de sua dura- crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item
seguinte.
ção, perde totalmente sua vigência e aplicação.
O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo
c) Considera-se praticado o crime no lugar em que tiver
a qual o delito deverá ser considerado praticado no
ocorrido a ação ou omissão, ainda que outro seja o momento da ação ou da omissão e o local do crime
local em que tenha sido produzido o resultado. deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou a
d) A lei penal admite interpretação analógica para incluir omissão.
hipóteses análogas às elencadas pelo legislador, ainda
que prejudiciais ao agente. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) A analogia não é permitida em relação a leis penais
332 incriminadoras nem a permissivas.
8. (CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do 12. (CESPE 2019) Considerando o Código Penal brasileiro,
crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item julgue o item a seguir, com relação à aplicação da lei
seguinte.
A superveniência de lei penal mais gravosa que a ante- penal, à teoria de delito e ao tratamento conferido ao
rior não impede que a nova lei se aplique aos crimes erro.
continuados ou ao crime permanente, caso o início da Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se pra-
vigência da referida lei seja anterior à cessação da con-
ticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
tinuidade ou da permanência.
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
( ) CERTO ( ) ERRADO produziu ou deveria ter sido produzido o resultado.
1 A
2 D
3 CERTO
4 E
5 D
6 B
7 ERRADO
8 CERTO
9 D
10 C
11 A
12 CERTO
13 A
14 ERRADO
15 C
ANOTAÇÕES
334
Ex.: o MP pode ajuizar a ação penal e o juiz julgar
improcedente, absolvendo o acusado.
CONCEITO
z Utilidade
z O juiz não muda os fatos da peça de acusação, ape-
z Necessidade
nas atribui definição jurídica diversa (desclassifica
z Adequação
um crime para outro crime), ainda que isso ocasio-
ne aplicação de pena mais grave.
A ação penal é pressuposta para a aplicação da
z Se com essa desclassificação houver possibilida-
pena, de maneira que estará preenchido o requisito
de de suspensão condicional do processo, o juiz
necessidade caso realmente se verifique que o pro-
suspenderá.
z Se com a desclassificação a competência começar cesso tem potencial para aplicar a pena cominada ao
a ser de outro juízo, a este serão encaminhados os delito. Ex.: um processo conduzido no Tribunal do Júri
autos. é necessário para aplicar a pena cominada ao homicí-
z O juiz pode fazer de ofício e cabe na 2ª instância. dio. A utilidade consiste na eficácia da decisão judicial
para a satisfação do interesse pleiteado pelo titular da
Mutatio Libeli ação. Ex.: não há utilidade caso ocorra uma causa de
extinção da punibilidade. A adequação desponta na
z Se depois da instrução, o juiz percebe mudança compatibilidade entre o meio empregado (ação) e a
nos fatos da peça acusatória, o Ministério Público pretensão do titular do direito (ex.: condenação).
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 Por fim, a justa causa é a condição geral da ação
(cinco) dias. que obriga a existência de um lastro mínimo de prova
z Se o MP se recusa, o órgão do MP encaminhará os capaz de fornecer base à pretensão acusatória. Inclu-
autos para a instância de revisão ministerial para sive, cabe HC em caso de coação ilegal com ausência
fins de homologação. de justa causa na ação penal.
z Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cin- Existem condições específicas estabelecidas em lei,
co) dias e admitido o aditamento, o juiz, a reque- cuja ausência impede o regular exercício do direito de
rimento de qualquer das partes, designará dia e ação. Ex.: representação do ofendido ou requisição do
hora para continuação da audiência, com inquiri- ministro da justiça na ação penal pública condiciona-
ção de testemunhas, novo interrogatório do acusa- da; entrada do agente em território nacional em caso
do, realização de debates e julgamento. de crime praticado no exterior.
z Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar
até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco)
dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos ter-
mos do aditamento.
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE
z Obs.: se não for recebido o aditamento, o processo
DIREITO PROCESSUAL PENAL
z Perfeitos. Ex.: sentença que reúna todos os requisitos. Lembre-se que em uma mera coleta de sangue
z Meramente irregulares. Ex.: uma palavra errada. para exames de rotina já existe uma sistemática rígi-
z Nulos. Ex.: falta de defesa técnica. da para evitar erros no resultado, imagine agora todos
DIREITO PROCESSUAL PENAL
z Inexistentes. Ex.: falta de sentença. os cuidados que precisam ser adotados para não ser
cometida nenhuma injustiça em âmbito penal. Logo,
No campo das provas, a lei estabelece a obriga- todos os procedimentos elencados na lei precisam ser
toriedade da realização do exame de corpo de delito obedecidos para a valoração de uma prova.
quando a infração penal deixar vestígios: A coleta dos vestígios deverá ser realizada pre-
ferencialmente por perito oficial, que dará o enca-
Art.158. Quando a infração deixar vestígios, será minhamento necessário para a central de custódia.
indispensável o exame de corpo de delito, direto É proibida a entrada em locais isolados bem como a
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
acusado.
antes da liberação por parte do perito responsável,
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização
do exame de corpo de delito quando se tratar de sendo tipificada como fraude processual a sua reali-
crime que envolva: zação (art. 158-C).
I - violência doméstica e familiar contra mulher; No acondicionamento para transporte, o reci-
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou piente precisa estar selado com lacre e numeração
pessoa com deficiência. individualizada, para garantir a inviolabilidade e a 339
idoneidade do vestígio durante o transporte. O reci- ao investigado o direito à prévia consulta a seu advo-
piente precisa individualizar o vestígio e preservá-lo. gado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu
Após cada rompimento de lacre, deve-se fazer direito ao silêncio e de não produzir provas contra si
constar na ficha de acompanhamento de vestígio o mesmo. Isso consiste em violação do direito ao silên-
nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a cio e à não autoincriminação.
finalidade, bem como as informações referentes ao Como é feito o interrogatório do réu preso? Em
novo lacre utilizado. O lacre rompido deverá ser acon- sala própria, no estabelecimento em que estiver reco-
dicionado no interior do novo recipiente (art. 158-D). lhido. Precisa ser garantida a segurança de todos, a
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter publicidade do ato e a presença do advogado.
uma central de custódia destinada à guarda e controle Exceção: interrogatório por videoconferência.
dos vestígios. Toda central de custódia deve possuir Requisitos:
os serviços de protocolo. Na central de custódia, a Decisão fundamentada do juiz (de ofício ou a
entrada e a saída de vestígio deverão ser protocola- requerimento das partes);
das, consignando-se informações sobre a ocorrência
no inquérito que a eles se relacionam (art. 158-E). a) prevenir risco à segurança pública, pois existe fun-
Após a realização da perícia, o material deverá ser dada suspeita que o preso integre organização cri-
devolvido à central de custódia, devendo nela perma- minosa ou irá fugir durante o deslocamento;
necer. Caso a central de custódia não possua espaço ou b) dificuldade de comparecimento do preso. Ex.:
condições de armazenar determinado material, deverá enfermidade;
a autoridade policial ou judiciária determinar as condi- c) para o réu não influenciar testemunhas ou víti-
ções de depósito do referido material em local diverso, mas (obs.: primeiro se busca a videoconferência
mediante requerimento do diretor do órgão central de destas);
perícia oficial de natureza criminal (art. 158-F). d) gravíssima questão de ordem pública.
A preocupação com a audiência de custódia ini-
ciou-se nos Estados Unidos, na década de 90, quando Confissão
o ex-jogador de futebol americano e então ator O. J.
Simpson foi acusado de ser o executor do homicídio A confissão já foi vista no passado como a rainha
de sua ex-esposa e de um amigo dela, e absolvido. A das provas, todavia, muitas pessoas já assumiram
defesa conseguiu absolvição justamente porque a pre- uma culpa que não é delas, assim o ato de confessar o
servação do local foi inadequada. A partir de então a crime passou a exigir a verificação de outras provas.
A confissão é divisível e retratável, de maneira que
cadeia de custódia passou a ser pensada e desenvolvi-
o juiz analisará de acordo com o exame das provas em
da pela maioria dos países.
seu conjunto.
Acareação
Documentos
Acarear é colocar em presença uma da outra, face
Em regra, as partes podem apresentar documentos
a face, pessoas cujas declarações são divergentes. A
acareação é, portanto, o ato processual consistente na durante todo o processo penal, salvo exista lei em con-
confrontação das declarações de dois ou mais acusa- trário, como acontece no Tribunal do Júri, que exige a
dos, testemunhas ou ofendidos, já ouvidos, e destina- juntada do documento com 3 dias de antecedência da
do a obter o convencimento do juiz sobre a verdade audiência.
de algum fato em que as declarações dessas pessoas Os documentos são escritos, instrumentos ou
forem divergentes. papeis, podendo ser públicos ou particulares. Inclusi-
ve, a cópia autenticada possui valor de original.
Art. 229. A acareação será admitida entre acu-
sados, entre acusado e testemunha, entre teste- z Cartas que não são admitidas em juízo: intercepta-
munhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa das, obtidas por meios criminosos.
ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que z Cartas que são admitidas em juízo: sem consenti-
divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou cir- mento do signatário, mas com o consentimento do
cunstâncias relevantes. destinatário.
Parágrafo único. Os acareados serão repergunta-
dos, para que expliquem os pontos de divergências, Quanto aos documentos em língua estrangeira,
reduzindo-se a termo o ato de acareação. temos que os documentos em língua estrangeira, sem
prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário,
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Então, diante desse artigo temos que a acareação traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pes-
pode ser realizada tanto na fase investigatória como soa idônea nomeada pela autoridade (art. 236).
no curso da instrução criminal, nada impedindo que
as partes requeiram a prática do ato.
Indícios
O deferimento de provas submete-se ao prudente
arbítrio do magistrado, cuja decisão, sempre funda-
mentada, há de levar em conta o conjunto probató- A palavra indício é usada no Código de Processo
rio. É lícito ao juiz indeferir diligências que reputar Penal em dois sentidos, ora como prova semiplena,
impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Inde- ora como prova indireta:
ferimento de pedido de acareação de testemunhas, no Como prova semiplena, indício significa elemento
caso, devidamente fundamentado. Inocorrência de de prova mais tênue, com menor valor persuasivo.
afronta aos princípios da ampla defesa e do contradi- Ex.: No tocante à autoria delitiva, não se exige que
tório ou às regras do sistema acusatório. o juiz tenha certeza desta, bastando que haja elemen-
Durante o procedimento, os acareados poderão tos probatórios que permitam afirmar a existência de
confirmar as declarações anteriormente prestadas, o indício suficiente, isto é, probabilidade de autoria, no
que geralmente acontece, ou modificá-las. momento da decisão. 341
Como prova indireta, a palavra indício deve ser com- Restrições e Horários
preendida como uma das espécies do gênero prova, ao
Para o estudo das restrições e horários, especial-
lado da prova direta, funcionando como um dado obje-
mente no tocante ao cumprimento dos mandados
tivo que serve para confirmar ou negar uma asserção a
judiciais de prisão, é necessário ter as seguintes dispo-
respeito de um fato que interessa à decisão judicial. sições na ponta da língua:
Art. 239. Considera-se indício a circunstância Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em fla-
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, grante delito ou por ordem escrita e fundamentada
autorize, por indução, concluir-se a existência de da autoridade judiciária competente, em decorrên-
outra ou outras circunstâncias. cia de prisão cautelar ou em virtude de condenação
criminal transitada em julgado.
[...]
Frente ao artigo acima, lembre-se sempre que:
§ 2º A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e
a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas
Não se pode confundir o indício, que é sempre um à inviolabilidade do domicílio.
dado objetivo, em qualquer de suas acepções (prova
indireta ou prova semiplena), com a simples suspei- As restrições relativas à inviolabilidade do domicí-
ta, que não passa de um estado de ânimo. O indício lio estão expressas no inciso XI, do art. 5º, da Consti-
é constituído por um fato demonstrado que autori- tuição Federal:
za a indução sobre outro fato ou, pelo menos, cons-
titui um elemento de menor valor; a suspeita é uma Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
pura intuição, que pode gerar desconfiança, dúvida, de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
mas também conduzir a engano.1 ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
BUSCA E APREENSÃO [...]
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
Pessoal, Domiciliar e Requisitos guém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
z Busca Domiciliar: Razões que autorizam uma desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
busca domiciliar: prender criminosos, apreender dia, por determinação judicial;
coisas achadas ou obtidas por meios criminosos,
Como visto, compreende-se que é possível ingres-
apreender instrumentos de falsificação/objetos
sar no domicílio:
falsificados, apreender armas e munições/instru-
mentos do crime, provas, cartas, vítimas, elemen- z Durante o dia: Com o consentimento do morador,
tos de convicção no geral. em caso de flagrante de delito, desastre, para pres-
z Busca Pessoal: Quando há fundada suspeita de tar socorro, ou mediante determinação judicial.
que alguém oculte consigo arma, coisas obtidas z Durante à noite: Com consentimento do morador,
por meios criminosos, cartas, elementos de convic- flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro.
ção. No caso de prisão ou quando houver fundada
suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma Por exclusão, subtende-se que mediante determi-
nação judicial (mandado judicial) somente é possível
proibida ou de objetos ou papéis que constituam
o cumprimento durante o dia.
corpo de delito, ou quando a medida for determi- Mas, o que se compreende como dia? É majoritário
nada no curso de busca domiciliar. da doutrina o entendimento que dia é o período com-
preendido entre 6:00h e 18:00h.
Precedida de mandado judicial Recentemente a Nova Lei de Abuso de Autoridade
(13.869/19) tratou sobre este assunto, inovando quan-
As buscas domiciliares serão executadas de dia, to ao horário:
salvo se o morador consentir que se realizem à noite,
e, antes de penetrarem na casa, os executores mos- Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astu-
ciosamente, ou à revelia da vo
trarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o
ntade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependên-
represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. cias, ou nele permanecer nas mesmas condições,
Em caso de desobediência, será arrombada a porta e sem determinação judicial ou fora das condições
forçada a entrada. Quando ausentes os moradores, estabelecidas em lei:
deve, neste caso, ser intimado a assistir à diligência Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
qualquer vizinho, se houver e estiver presente. multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no
caput deste artigo, quem:
Dispensa mandado judicial [...]
III - cumpre mandado de busca e apreensão domi-
A busca em mulher será feita por outra mulher, se ciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das
não importar retardamento ou prejuízo da diligência. 5h (cinco horas).
342 1 - LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: Volume Único – 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2020
Apesar disso, não se pode afirmar que houve a modi- Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de
ficação do horário para todos os crimes do Código Penal, exibição do mandado não obstará a prisão, e o pre-
isto porque se trata de uma legislação especial, que so, em tal caso, será imediatamente apresentado ao
somente se aplica aos crimes de abuso de autoridade. juiz que tiver expedido o mandado, para a realiza-
ção de audiência de custódia. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem
que seja exibido o mandado ao respectivo diretor
PRISÃO ou carcereiro, a quem será entregue cópia assina-
da pelo executor ou apresentada a guia expedida
CONCEITO E ESPÉCIES pela autoridade competente, devendo ser passado
recibo da entrega do preso, com declaração de dia
A prisão, como privação da liberdade de locomo- e hora.
ção, é dividida em duas espécies. A primeira espécie Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no
de prisão é a prisão como cumprimento de pena, após próprio exemplar do mandado, se este for o docu-
o trânsito em julgado da condenação. Nesse tipo de mento exibido.
prisão o procedimento passa a ser aplicado pelo juiz Art. 289. Quando o acusado estiver no território
das execuções, de acordo com a Lei de Execução Penal nacional, fora da jurisdição do juiz processante,
(LEP). A outra espécie de prisão consiste na prisão será deprecada a sua prisão, devendo constar da
como medida cautelar, que visa assegurar o regular precatória o inteiro teor do mandado. (Redação
trâmite do processo, para no final vir a ser aplicada a dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
pena e esta ser cumprida. § 1 Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a
prisão por qualquer meio de comunicação, do qual
deverá constar o motivo da prisão, bem como o
DA PRISÃO
valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
O sistema processual penal permite durante o § 2 A autoridade a quem se fizer a requisição toma-
trâmite processual a imposição de restrições tanto à rá as precauções necessárias para averiguar a
liberdade do indivíduo (ex.: prisão cautelar), como autenticidade da comunicação. (Incluído pela Lei
medidas cautelares diversas da prisão, ex.: monitora- nº 12.403, de 2011).
ção eletrônica. Isso acontece para a proteção do pro- § 3 O juiz processante deverá providenciar a remo-
cesso. Ex.: imagine que haja risco de o acusado fugir ção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
do país, o juiz pode reter o passaporte do indivíduo, contados da efetivação da medida. (Incluído pela
ou, a requerimento do Ministério Público impor uma Lei nº 12.403, de 2011).
prisão cautelar. Art. 289-A. O juiz competente providenciará o ime-
A prisão preventiva somente será determinada diato registro do mandado de prisão em banco de
quando não for cabível a sua substituição por outra dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça
medida cautelar. Ademais, o não cabimento da substi- para essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 12.403,
tuição por outra medida cautelar deverá ser justificado de 2011).
§ 1 Qualquer agente policial poderá efetuar a pri-
de forma fundamentada nos elementos presentes do
são determinada no mandado de prisão registrado
caso concreto, de forma individualizada (art. 282, § 6º).
no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora
As medidas cautelares não se aplicam à infração
da competência territorial do juiz que o expediu.
que não for cominada pena privativa de liberdade, (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
pois a intensidade da medida não faz sentido se a pró- § 2 Qualquer agente policial poderá efetuar a pri-
pria lei comina um resultado mais brando para aque- são decretada, ainda que sem registro no Conselho
le determinado crime. Nacional de Justiça, adotando as precauções neces-
sárias para averiguar a autenticidade do mandado
FORMALIDADES, MANDADO DE PRISÃO E e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este
CUMPRIMENTO providenciar, em seguida, o registro do mandado
na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará nº 12.403, de 2011).
expedir o respectivo mandado. § 3 A prisão será imediatamente comunicada ao
Parágrafo único. O mandado de prisão: juiz do local de cumprimento da medida o qual pro-
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela videnciará a certidão extraída do registro do Con-
DIREITO PROCESSUAL PENAL
competente, sem prejuízo da possibilidade de âmbito jurídico, quer dizer apontar a individualidade
imediata decretação de prisão preventiva. e exclusividade de uma pessoa humana, não havendo
espaço para a duplicidade. A identificação pode ser
Ademais, de acordo com a jurisprudência, a deci- feita para fins civis e criminais.
são proferida na audiência de custódia reconhecendo Já o indiciamento, constitui um procedimento mais
a atipicidade do fato não faz coisa julgada. A decisão amplo, privativo da área criminal. Trata-se do instru-
não vincula o titular da ação penal, que poderá ofere- mento oficial, ao dispor do Estado - investigação, para
cer acusação contra o indivíduo, narrando os mesmos apontar o autor de determinada infração penal.
fatos, e o juiz poderá receber a denúncia. Um exemplo de indiciamento é o realizado pelo
De acordo com o art. 310 do CPP, se o juiz verifi- delegado de polícia, previsto na Lei 12.830/2013, em
car, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente especial no artigo 2º, §6º.
praticou o fato em legítima defesa, o juiz pode, de
maneira fundamentada, conceder ao acusado liber- z Identificação Criminal: É apontar a individuali-
dade provisória, mediante termo de comparecimen- dade e exclusividade de uma pessoa humana, não
to obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de havendo espaço para a duplicidade. A identifica-
revogação. ção pode ser feita para fins civis e criminais. 345
z Indiciamento: É um instrumento oficial, ao dispor A identificação civil é atestada por qualquer dos
do Estado - investigação, para apontar o autor de seguintes documentos:
determinada infração penal
z Carteira de identidade;
QUALIFICAÇÃO z Carteira de trabalho;
z Carteira profissional;
Qualificação é um tópico bem pequeno, mas essen- z Passaporte;
cial, pois trata da colheita dos dados pessoais do z Carteira de identificação funcional;
indiciado ou do réu, envolvendo dados da sua vida z Outro documento público que permita a identifica-
privada e profissional, para ajudar a fixação do tópi- ção do indiciado;
co, trouxemos um mapa mental: z Documentos de identificação militares.
Nota-se que esse tópico não se encontra previsto
na Lei, apresentando elementos doutrinários e juris- Apresentaremos alguns modelos, visando ajudar o
prudenciais essenciais para sua prova. conhecimento sobre o tema:
FALSA IDENTIDADE
PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO
O CPP esclarece que logo que tiver conhecimen- Indiciar é atribuir a autoria de uma infração penal
to da prática da infração penal, a autoridade policial a uma pessoa. É apontar uma pessoa como prová-
deverá (rol exemplificativo): vel autora ou partícipe de um delito. Possui caráter
ambíguo, constituindo-se, ao mesmo tempo, fonte de
z dirigir-se ao local, providenciando para que não direitos, prerrogativas e garantias processuais, e fon-
se alterem o estado e conservação das coisas, até a te de ônus e deveres que representam alguma forma
chegada dos peritos criminais; de constrangimento, além da inegável estigmatização
z apreender os objetos que tiverem relação com o social que a publicidade lhe imprime.
fato, após liberados pelos peritos criminais; De acordo com o art. 5º da CF:
z colher todas as provas que servirem para o escla-
recimento do fato e suas circunstâncias; LVII - ninguém será considerado culpado até o trân-
sito em julgado de sentença penal condenatória;
z ouvir o ofendido;
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
z ouvir o indiciado; entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
z proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e assegurada a assistência da família e de advogado;
a acareações;
z determinar, se for o caso, que se proceda a exame Dica
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
A condição de indiciado poderá ser atribuída já
z ordenar a identificação do indiciado pelo processo no auto de prisão em flagrante ou até o relatório
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos
final do delegado de polícia. Logo, uma vez rece-
sua folha de antecedentes;
bida a peça acusatória, não será mais possível
z averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o pon- o indiciamento, já que se trata de ato próprio da
to de vista individual, familiar e social, sua condi-
fase investigatória.
ção econômica, sua atitude e estado de ânimo antes
e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
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da imprensa para explorar a imagem da pessoa sub- por falta de interesse de agir.
metida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, c) manifestar-se pelo arquivamento do inquérito policial
administrativa e penal (art. 3-F). por falta de possibilidade jurídica do pedido.
O Pacote Anticrime trouxe a figura da assistência d) manifestar-se pelo arquivamento do inquérito policial
jurídica em favor de servidores vinculados aos órgãos por falta de justa causa.
de segurança pública diante da instauração de inqué- e) oficiar à vítima para que ela informe se ainda tem inte-
rito para fins de investigação de fatos relacionados ao resse na propositura da ação penal.
uso da força letal praticados no exercício funcional.
Essa mudança se justifica pelo fato de figurar como 3. (CESPE – 2020) A ação penal pública pode ser incon-
suposto autor ou partícipe da infração penal em uma dicionada ou condicionada à representação. Em
investigação criminal, por si só, funciona como uma relação à ação penal pública condicionada à represen-
imputação em sentido amplo que acarreta consequên- tação, há a exigência da manifestação do ofendido ou
cias. Logo, a observância do contraditório e ampla de quem tenha qualidade para representá-lo. Acerca
defesa não podem ficar restritos à fase processual da da ação penal pública condicionada à representação,
persecução penal. assinale a opção correta. 353
a) A representação é uma condição de procedibilidade e) No caso de crime praticado contra a honra de servidor
da ação penal, e sua ausência impede o Ministério público no exercício de suas funções, a vítima tem legi-
Público de oferecer a denúncia. timação concorrente com o MP para ajuizar ação penal.
b) Opera-se a decadência da ação penal condicionada à
representação se o direito de representar não for exer- 7. (CESPE – 2019) O Estado exerce sua pretensão puniti-
cido no prazo de seis meses, a contar da data do fato va a partir do ingresso da ação penal, garantindo-se ao
criminoso. acusado o devido e justo processo legal.
c) O ofendido pode, a qualquer tempo, exercer o direi- Acerca do processo penal, julgue o item a seguir.
to de se retratar da representação, sendo a extinção Em se tratando de contravenção penal punida com
da punibilidade sem resolução de mérito o efeito da pena de multa, admite-se subsidiariamente, em caso
retratação. de inércia do Ministério Público, a ação penal sem
d) A ação penal pública condicionada à representação demanda.
é essencialmente de interesse privado e regida pelos
princípios da conveniência e oportunidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) A irretratabilidade da representação inicia-se com a
instauração do inquérito policial. 8. (CESPE – 2019) O Estado exerce sua pretensão puniti-
va a partir do ingresso da ação penal, garantindo-se ao
4. (CESPE – 2020) João sofreu calúnia, mas veio a fale- acusado o devido e justo processo legal.
cer dentro do prazo decadencial de seis meses, antes Acerca do processo penal, julgue o item a seguir.
de ajuizar ação contra o ofensor. Ele não tinha filhos e A sentença proferida em ação de prevenção penal
mantinha um relacionamento homoafetivo com Már- será exclusivamente de absolvição, ainda que aplique
cio, em união estável reconhecida. João era filho único especificamente medida de segurança aos inimputá-
e tinha como parente próximo sua mãe. veis que praticarem fato definido como crime ou con-
Nessa situação hipotética, o ajuizamento de ação pelo travenção penal.
crime de calúnia
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) somente poderá ser promovido pela mãe de João.
b) poderá ser realizado pelo Ministério Público. 9. (CESPE – 2019) Ação penal pública incondicionada é
c) poderá ser realizado por Márcio. promovida mediante
d) não é cabível, haja vista a morte de João.
e) deverá ser realizado por curador especial, a ser nomea- a) queixa pela vítima.
do para essa finalidade. b) queixa pelo Ministério Público.
c) denúncia pela vítima.
5. (CESPE – 2020) Tales foi preso em flagrante em um d) denúncia pelo Ministério Público.
parque de Fortaleza pela prática do crime de estupro, e) queixa pelo Ministério Público após representação da
tendo sido reconhecido pela vítima, Marta, com a qual vítima.
não possuía relação anterior. Há indícios de que Tales
tenha praticado outros crimes sexuais, tendo sido 10. (CESPE – 2019) Acerca de ação penal de natureza pri-
também reconhecido por outras vítimas. vada, assinale a opção correta.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a
seguir. a) O perdão do ofendido somente opera os seus efeitos
O crime de estupro não admite retratação nem perdão com a anuência do querelado.
pela vítima, cabendo ao Ministério Público oferecer a b) O recebimento de indenização por reparação de dano
denúncia no prazo de cinco dias, estando Tales preso. causado pelo crime, em acordo homologado judicial-
mente, não afasta o direito de queixa-crime.
( ) CERTO ( ) ERRADO c) A ausência do querelante na audiência de instrução
enseja sua condução coercitiva, desde que este seja
6. (CESPE – 2019) Tendo como fundamento a jurispru- regularmente notificado.
dência dos tribunais superiores, assinale a opção cor- d) A renúncia ao direito de queixa em relação a apenas
reta, a respeito de ação penal. um dos autores de um crime não se estenderá aos
demais.
a) Em razão do princípio da indivisibilidade, o não ajui- e) Não é cabível aditamento de queixa-crime pelo Minis-
zamento de ação penal contra todos os coautores de tério Público.
crime de roubo implicará o arquivamento implícito em
relação àqueles que não forem denunciados. 11. (CESPE – 2019) No ordenamento processual penal, a
b) A inexistência de poderes especiais na procuração perempção
outorgada pelo querelante não gerará a nulidade da
queixa-crime quando o consequente substabeleci- a) é aplicável em ações peais de iniciativa privada e pri-
mento atender às exigências expressas no art. 44 do vada subsidiária da pública.
CPP. b) ocorre caso o autor abandone uma mesma ação por
c) Na queixa-crime, a omissão involuntária, pelo quere- três vezes e não possa ajuizá-Ia uma quarta vez.
lante, de algum coautor implicará o reconhecimento c) poderá ocorrer antes ou depois de iniciada a ação
da renúncia tácita do direito de queixa pelo juiz e resul- penal.
tará na extinção da punibilidade. d) ocorre caso não haja oferta de representação dentro
d) No caso de ação penal privada, eventual omissão de de seis meses do conhecimento do autor do crime
poderes especiais na procuração outorgada pelo que- pela parte ofendida.
relante poderá ser sanada a qualquer tempo por inicia- e) ocorre caso o querelante não peça nas alegações
354 tiva do querelante. finais a condenação do querelado.
12. (CESPE – 2020) A respeito das diretrizes constitucio- c) É dispensada autorização judicial para extração de
nais, legais e infralegais aplicáveis aos procedimentos dados e conversas registradas em aparelho celular
investigatórios conduzidos pelo Ministério Público, jul- apreendido no momento de prisão em flagrante.
gue o item a seguir. d) É lícito o acesso aos dados armazenados em celular
Situação hipotética: No decorrer da instrução de pro- apreendido após determinação judicial de busca e
cedimento de investigação criminal, o investigado foi apreensão, mesmo que a decisão não tenha expressa-
intimado para prestar informações sobre o fato, tendo mente previsto tal medida.
sido facultado o acompanhamento pelo seu defensor e) É ilegal a análise de celular por policiais no momen-
constituído. Na data designada para o interrogatório, to de prisão em flagrante, mesmo com a autorização
compareceu espontaneamente apenas o investigado, voluntária e consciente do acusado.
que apresentou comprovação de que o seu advogado
estava em outra audiência no mesmo horário. 9 GABARITO
Assertiva: Nesse caso, estando justificada a ausência
do advogado constituído, é recomendável a redesigna-
ção do ato de interrogatório, pois é dever do órgão de 1 B
execução que presidir a investigação assegurar que o
2 A
defensor constituído nos autos assista o investigado.
3 A
( ) CERTO ( ) ERRADO
4 C
13. (CESPE – 2019) Jaime foi preso em flagrante por 5 CERTO
ter furtado uma bicicleta havia dois meses. Conduzi-
do à delegacia, Jaime, em depoimento ao delegado, 6 E
no auto de prisão em flagrante, confessou que era o
autor do furto. Na audiência de custódia, o Ministério 7 ERRADO
Público requereu a conversão da prisão em flagrante 8 CERTO
em prisão preventiva, sob o argumento da gravidade
abstrata do delito praticado. No entanto, após ouvir 9 D
a defesa, o juiz relaxou a prisão em flagrante, com
10 A
fundamento de que não estava presente o requisito,
legal da atualidade do flagrante, em razão do lapso 11 C
temporal de dois meses entre a consumação do crime
e a prisão do autor. Dias depois, em nova diligência 12 CERTO
no inquérito policial instaurado pelo delegado para
13 CERTO
apurar o caso, Jaime, já em liberdade, retratou-se da
confissão, alegando que havia pegado a bicicleta de 14 D
Abel como forma de pagamento de uma dívida. Ao ser
ouvido, Abel confirmou a narrativa de Jaime e afirmou,
ainda, que registrou boletim de ocorrência do furto da
bicicleta em retaliação à conduta de Jaime, seu credor.
Por fim, o juiz competente arquivou o inquérito policial
ANOTAÇÕES
a requerimento de membro do Ministério Público, por
atipicidade material da conduta, sob o fundamento de
ter havido entendimento mútuo e pacífico entre Jaime
e Abel acerca da questão, nos termos do relatório final
produzido pelo delegado.
A respeito da situação hipotética precedente, julgue o
item a seguir.
Sendo a confissão retratável e divisível, o delegado ou
o juízo não poderiam deixar de registrar a retratação
de Jaime nos autos.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
( ) CERTO ( ) ERRADO
356
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- Portanto, ninguém poderá expor o nome, a honra,
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- a imagem, a intimidade e a vida privada do outro, sem
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, que haja a devida autorização da pessoa envolvida.
à segurança e à propriedade, nos seguintes termos: Esta situação é fácil de ser exemplificada quan-
do lembramos daqueles quadros veiculados em pro-
Necessário verificar as particularidades e des- gramas televisivos conhecidos popularmente como
dobramentos de alguns destes direitos e garantias “pegadinhas”.
fundamentais. A pessoa exposta àquela situação autorizou a
veiculação daquelas imagens. Se não o tivesse feito,
z Direito à vida: é possível dizer que o direito à vida certamente poderia buscar diante de um juiz, indeni-
garante à pessoa, o direito de preservação de sua zação por danos materiais e morais que teriam surgi-
vida, bem como o de poder viver de forma digna. do daquela situação. 359
Em tempos atuais, as redes sociais também se tor- Tratam-se das chamadas ações afirmativas.
nam um importante meio de possíveis violações. E o que são as referidas ações?
Diariamente internautas se envolvem em situa- São medidas pontuais e que serão adotadas por
ções que podem constituir possíveis danos aos direi- certo período de tempo com o objetivo de amenizar
tos fundamentais da pessoa. É o caso dos chamados ou mesmo cessar as diferenças históricas havidas
haters, pessoas que acessam a rede com o exclusivo entre os indivíduos.
intuito de ofender o outro, expondo seu nome, ima- Vale dizer que as ações afirmativas estão previstas
gem e intimidade. no Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288 de 20 de
Estas situações certamente constituem violações julho de 2010), em seu art. 1º, inciso VI):
que serão levadas ao Poder Judiciário para a respon-
sabilização dos ofensores e reparação de danos (inde- Art. 1º. Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade
nização por dano material e moral). Racial, destinado a garantir à população negra a
Lembre-se sempre que isto decorre da garantia efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa
constitucional de preservação da integridade física e dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos
moral a que todos fazem jus. e o combate à discriminação e às demais formas de
intolerância étnica:
z Direito à igualdade: o direito à igualdade está pre-
visto também no caput do art. 5º da Constituição Também são previstos nos Editais de concursos
Federal. Assim, é definido: Todos são iguais perante públicos vagas destinadas exclusivamente para pes-
a lei, sem distinção de qualquer natureza (...). soas que tenham alguma deficiência.
Trata-se, portanto, de uma discriminação positiva.
Trata-se da igualdade formal, ou seja, a garantia, Ou seja, em razão de uma desigualdade em rela-
prevista na Lei (Constituição Federal) de que todas as ção aos demais ocasionada pela deficiência, aquele
pessoas, independentemente de sua raça, gênero ou que pleitear uma vaga em concurso público, deverá
qualquer outra característica física ou comportamen- concorrer conforme suas condições.
tal, são iguais, tendo os mesmos direitos e garantias Diante disto, verifica-se que a igualdade está pre-
assegurados pela Constituição Federal. sente ainda que em situações que aparentam uma
Porém, a igualdade também é analisada sobre possível desigualdade, pois, em verdade, deve ser
outro aspecto: o material. observado todo o contexto ao redor destes direitos, de
Por igualdade material temos que a lei deve tratar forma que se garanta efetivamente que todos sejam
os iguais de forma igual e os desiguais, de forma desi- tratados da mesma forma perante a lei, consoante
gual, na medida de sua desigualdade. prevê o art. 5º da Constituição Federal.
Num primeiro momento, isto parece bastante
confuso. z Direito à liberdade: a liberdade também é uma
Mas, vamos entender como todos são iguais, mas decorrência do direito à vida.
podem ser tratados de forma desigual quando houver
uma desigualdade que justifique. O direito à liberdade previsto no art. 5º se mani-
A Constituição Federal traz alguns exemplos de festa em diversos pontos da Constituição Federal e
situações que são tratadas de forma desigual, pois em muitos aspectos: liberdade de locomoção (inciso
há uma desigualdade que justifique: por exemplo, a XV); liberdade de pensamento (inciso IV); liberdade
licença-maternidade e licença-paternidade, previs- de expressão (inciso IX); liberdade de associação (inci-
tas respectivamente, no art. 7º, incisos XVIII e XIX da so XVII); liberdade religiosa (inciso VI), liberdade de
Constituição Federal, ou ainda, o serviço militar obri- exercício de trabalho (inciso XIII).
gatório, que isenta as mulheres e os eclesiásticos (art. Alguns aspectos devem ser destacados em relação
143, § 2º). à liberdade:
Percebe-se assim, que embora estes sejam exem- Pela liberdade de locomoção:
plos de possíveis direitos desiguais, eles se justificam
em razão da desigualdade que envolve os detentores Art. 5º (...)
dos direitos. XV- é livre a locomoção no território nacional em
Também podemos falar sobre o direito à igual- tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
dade no tocante às cotas previstas para ingresso nas mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
universidades. com seus bens;
Atualmente, os vestibulares para ingresso nas uni-
versidades estabelecem cotas específicas para pessoas Assim, em decorrência da liberdade, também é
egressas do ensino público. garantido pela Constituição Federal que todos vivam
Justificam-se porque, ao longo dos tempos, veri- conforme suas convicções, seguindo a crença religiosa
ficou-se que os alunos que frequentaram escolas de que melhor lhe convier, bem como tendo respeitado
ensino público apresentam maiores dificuldades para seu pensamento em relação à política ou convicções
ingresso em universidades públicas do que aqueles filosóficas.
que frequentaram o ensino privado. Isto está previsto no art. 5º, inciso VIII:
Além disso, hoje também é comum que existam
cotas nos Editais de concursos públicos para negros. Art. 5º (...)
Isto se justifica porque os negros em virtude de VIII- ninguém será privado de direitos por motivo
preconceito perpetrado na sociedade, encontram, ain- de crença religiosa ou convicção filosófica ou políti-
da hoje, diversas barreiras que impedia o acesso aos ca, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
estudos e posteriormente ao mercado de trabalho em legal a todos imposta e recusar-se a cumprir pres-
360 igualdade de condições com pessoas brancas. tação alternativa, fixada em lei.
Assim, é certo que cabe a cada indivíduo fazer A Constituição Federal, em dois dispositivos, arts.
suas escolhas de vida e manter seus pensamentos, 182, § 2º e 186 fala sobre o tema:
não podendo o Estado, criar qualquer óbice ou punir
aqueles que pensem de forma diversa. Art. 182. A política de desenvolvimento urbano,
Também merece ser mencionado o inciso IV do executada pelo Poder Público municipal, confor-
mesmo art.: me diretrizes gerais fixadas em lei, tem por obje-
tivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
vedado o anonimato; habitantes.
(...)
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função
E ainda, o inciso IX:
social quando atende às exigências fundamentais
da ordenação da cidade expressas no plano diretor.
IX- é livre a expressão da atividade intelectual,
Art. 186. A função social é cumprida quando a pro-
artística, científica e de comunicação, independen-
priedade rural atende, simultaneamente, segundo
temente de censura ou licença;
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
Assim, também decorrem da liberdade, o direito de I- aproveitamento racional e adequado;
manifestação do pensamento e de qualquer atividade II- utilização adequada dos recursos naturais dis-
intelectual, artística, científica e de comunicação. poníveis e preservação do meio ambiente;
Portanto, não pode ser estabelecida qualquer for- III- observância das disposições que regulam as
ma de censura pelo Poder Público. Ademais, todos os relações de trabalho;
indivíduos podem expor sua atividade intelectual ou IV- exploração que favoreça o bem-estar dos pro-
artística de forma livre, sem necessitar de eventual prietários e dos trabalhadores.
aval dos governantes.
Destaca-se que é em razão disto que são livres Segundo previsto nestes dois dispositivos, em
quaisquer manifestações. relação à propriedade urbana, a função social estará
Ainda, sobre o direito à liberdade, cabe mencio- sendo cumprida quando atendidas às exigências de
nar, ainda que brevemente, um fato notório ocorrido ordenação da cidade constante no plano diretor esti-
a pouco tempo atrás. Preste atenção, porque há gran- verem sendo observadas.
de chance deste assunto ser cobrado em sua prova. Por sua vez, quanto à propriedade rural, a função
Uma associação de artistas ingressou com uma social será preenchida quando os seguintes requisitos
ação no STF (Supremo Tribunal Federal) com o obje- estiverem sendo cumpridos: aproveitamento racional
tivo de impedir que fossem públicas as biografias e adequado da área; utilização adequada dos recursos
não autorizadas. A alegação deles era de que estas naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
biografias ofendiam a integridade moral dos biogra- observância das disposições que regulam as relações
fados, visto que expunham fatos desconhecidos pelas de trabalho, ou seja, daqueles que estiverem prestan-
pessoas ou mesmo situações que lhes poderiam cau- do serviços na propriedade; exploração que favoreça
sar constrangimentos se viessem ao conhecimento o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
público. Assim, embora o direito de propriedade seja garan-
Contudo, a Corte entendeu que eles não tinham tido na Constituição Federal, ele não é absoluto.
razão, pois, ao necessitar de autorização para a publi- Como visto, a função social deve ser atendida.
cação das biografias, os artistas teriam violado seu Entende-se, por função social, como visto acima,
direito à liberdade de manifestação e à liberdade inte- no caso da propriedade urbana, que sejam atendidos
lectual e artística. e respeitados as determinações do plano diretor.
É importante atentar para este fato, pois poderá Em breve síntese, o plano diretor é um documen-
ser objeto de prova. to que deve ser elaborado por cada município para o
Finalmente, é necessário dizer que diante da ordenamento das cidades.
garantia de liberdade, o indivíduo apenas poderá ser No caso da propriedade para que seja efetivamen-
preso em situação de flagrante delito ou por meio de te aproveitada, necessário serem utilizados os recur-
ordem escrita e fundamentada da autoridade compe- sos naturais de forma consciente e adequada, sem
tente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime desperdício e depredação ambiental.
propriamente militar, conforme estabelece o art. 5º, Ademais, a função social também inclui um
inciso LXI. importante elemento subjetivo daqueles que estão
relacionados na propriedade, qual seja: devem ser
DIREITOS HUMANOS
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito respeitadas as relações trabalhistas daqueles que tra-
ou por ordem escrita e fundamentada de autorida- balhem na propriedade, bem como seu bem-estar,
de judiciária competente, salvo nos casos de trans- além do bem-estar do proprietário.
gressão militar ou crime propriamente militar, Finalmente, o direito de propriedade pode ser
definidos em lei; relativizado pela desapropriação.
Prevista no art. 5º, inciso XXIV, a desapropriação
z Direito à propriedade: o direito à propriedade poderá ser ordenada pelo Poder Público em razão de
embora previsto na Constituição Federal, não é necessidade, utilidade pública e interesse social.
absoluto. Nestes casos, será determinada a perda da proprie-
dade da pessoa em favor do Poder Público mediante
Em primeiro lugar, o direito está condicionado ao o pagamento de uma indenização justa e prévia, que
atendimento da função social. deverá ser paga em dinheiro. 361
Art. 5º (...) II– referendo;
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desa- III – iniciativa popular;
propriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia Assim, dentre os direitos políticos, o mais conheci-
indenização em dinheiro, ressalvados os casos pre- do deles é o sufrágio universal que nada mais é do que
vistos nesta Constituição. o voto, estabelecido como direto e secreto e também o
Dos direitos sociais direito de ser votado
Percebe-se o que o voto de todos tem o mesmo
O art. 6º da Constituição Federal preceitua os direi- valor, superada a questão que já permeou em consti-
tos sociais. tuições anteriores em que o voto tinha valor diverso
dependendo da posição social de seu titular.
Art. 6.º São direitos sociais a educação, a saúde, a Por sua vez, plebiscito e referendo se referem a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, formas por meio das quais o cidadão é instado a se
o lazer, a segurança, a previdência social, a prote-
manifestar sobre algum assunto de grande relevância
ção à maternidade e à infância, a assistência aos
para o país. Assim, por meio de decretos legislativos,
desamparados, na forma desta Constituição.
as pessoas são convocadas para expressar sua opinião
sobre um tema colocado em pauta.
Conforme se verifica, tratam-se daqueles direitos
Divergem no seguinte: enquanto o plebiscito é
mínimos necessários para que a pessoa viva com dig-
estabelecido de forma prévia e a população se mani-
nidade num Estado de Direito.
festa a favor ou contrária a um tema que lhe é apre-
Estes direitos constituem prestações positivas que
sentado, o referendo é convocado posteriormente
o Estado deve garantir a todos os cidadãos. Terão efi-
sobre um assunto que já faça parte do dia a dia dos
cácia imediata, à medida que não podem depender
cidadãos, cabendo a eles ratificá-lo ou rejeitá-lo.
de outra norma para sua implementação pelo Poder
Na história recente brasileira houve um plebisci-
Público.
to em 21 de abril de 1993 em que os cidadãos foram
Destaque para o direito à saúde, por meio do qual,
chamados a se manifestar sobre a forma e sistema de
o Poder Público deverá promover ações de promoção,
governo. Foram colocadas as opções: forma de gover-
proteção e recuperação da saúde:
no à monarquia ou república e sistema de governo
Art. 196 CF. A saúde é direito de todos e dever do
à presidencialismo ou parlamentarismo. Prevaleceu
Estado, garantido mediante políticas sociais e eco- que a forma deveria ser mantida como uma república
nômicas que visem à redução do risco de doença e e o sistema presidencialista.
de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- Por sua vez, o referendo ocorreu em 23 de outubro
rio às ações e serviços para sua promoção, prote- de 2005, tendo a população sido instada a se posicio-
ção e recuperação. nar sobre a seguinte questão: O comércio de armas de
fogo e munição deve ser proibido no Brasil?
Ou seja, a obrigação do Estado com a população, Importa destacar que estava vigente desde 2003 o
em princípio, é de manter políticas públicas que previ- Estatuto do Desarmamento em que já havia sido proi-
nam e protejam de doenças. Num segundo momento, bido o comércio de armas de fogo e munições. Contu-
se a pessoa já apresenta uma doença, cabe ao Estado do, havia previsão legal de que para entrada em vigor,
prestar-lhe atendimento médico e fornecer medica- seria necessária a ratificação da população por meio
mentos para a recuperação de sua saúde. de um referendo, podendo é claro, também rejeitar o
Necessário dizer que todos os direitos sociais são dispositivo que então não vigoraria.
universais. Portanto, caberá ao Poder Público imple- A maioria dos cidadãos votou pela ratificação do
mentá-los sem qualquer distinção. dispositivo, respondendo, portanto, não à questão for-
Assim, mesmo que a pessoa não apresente uma mulada (mencionada acima) e, portanto, passando a
situação de vulnerabilidade econômica, poderá bus- vigorar o art. que proibia o comércio de armas de fogo
car atendimento hospitalar público ou mesmo matri- e munições no Brasil.
cular-se em uma escola estadual ou municipal. Outro dos direitos políticos que deve ser men-
cionado é a iniciativa popular. Trata-se da iniciativa
Dica que garante a todo cidadão de apresentar um projeto
de lei. Este direito está regulamentado pelo art. 61, §
Direitos sociais são universais. 2ºda Constituição Federal, cabendo para tanto, serem
preenchidos os requisitos ali previstos.
DIREITOS POLÍTICOS
Art. 61 (...), § 2º. A iniciativa popular pode ser exer-
Os direitos políticos estão previstos nos arts. 14 cida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
a 16 da Constituição Federal, em seu Capítulo IV, no projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cen-
Título II. to do eleitorado nacional, distribuído pelo menos
Sem dúvida são os meios efetivos pelos quais a por cinco Estados, com não menos de três décimos
pessoa exerce sua cidadania, pois, é por meio destes por cento dos eleitores de cada um deles.
direitos que a pessoa vota e também pode ser votada.
O art. 14 preceitua o seguinte: Da nacionalidade e dos direitos políticos
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo Nacionalidade, conforme bem nos define o ilustre
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, jurista Pedro Lenza:
com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante: “(...) pode ser definida como o vínculo jurídico-po-
362 I – plebiscito; lítico que liga um indivíduo a determinado Estado,
fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o Assim, a pessoa poderá requerer a naturalização
povo daquele Estado e, por consequência, desfrute brasileira, desde que enquadre em alguma das situa-
de direitos e submeta-se a obrigações”. ções acima e preencha os requisitos determinados
pela Constituição Federal.
Diante disto, temos que um sujeito pode ser brasi- Ademais, existe uma situação peculiar que corres-
leiro nato ou naturalizado: ponde ao português.
O brasileiro nato, conforme preceitua o art. 12, Conforme preceitua o art. 12, § 1º da Constituição
inciso I, letra “a” da Constituição Federal é qualquer Federal, o português terá os mesmos direitos do brasi-
leiro, desde que tenha residência permanente no Bra-
pessoa cujo nascimento ocorreu em território brasi-
sil e se houver reciprocidade de Portugal em relação
leiro. Assim, percebe-se que a regra adotada no país
aos brasileiros, ou seja, se no país europeu, o brasilei-
é do jus solis. ro gozar do mesmo privilégio.
O art. 12, § 4º nos define que perderão a nacionali-
dade o brasileiro que:
Importante!
É necessário ressalvar, porém, o caso da pessoa z o inciso I traz a situação daquele que tiver cance-
lada sua naturalização por sentença judicial moti-
que nasceu no Brasil, mas é filho de pais
vada por atividade nociva ao interesse nacional;
estrangeiros e que estejam à serviço de seu país.
Este sujeito não será brasileiro. z o inciso II define que deixará de ser brasileiro o
Isto porque, a Constituição Federal, ainda no art. sujeito que adquirir outra nacionalidade, exceto:
se houver o reconhecimento de nacionalidade ori-
12, inciso I, letra “a” é clara ao dizer que também
ginária (brasileira) pela lei estrangeira ou ainda
será brasileiro, aquele que tiver nascido aqui, mes- se a pessoa tiver que se naturalizar, em virtude de
mo filho de estrangeiros, desde que os pais não norma estrangeira, como condição para perma-
estejam a serviço do seu país. nência em seu território ou exercício de direitos
Também será considerado brasileiro aquele que civis.
tem pai ou mãe brasileiros, mas nasceu no estran-
geiro quando um deles estava no exterior a servi- Finalmente necessário dizer que, a lei, não pode-
rá fazer qualquer distinção entre o brasileiro nato e o
ço do Brasil.
naturalizado. A Constituição Federal, no art. 12, § 2º,
porém, determina que alguns cargos são privativos
É necessário que apenas um dos genitores seja de brasileiros natos, quais sejam: Presidente e vice-
brasileiro. -Presidente da República; Presidente da Câmara dos
Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro
Esta situação está definida no art. 12, inciso I, letra “b”.
do Supremo Tribunal Federal; carreira diplomática,
Finalmente, a letra “c” também deste dispositivo
de oficial das Forças Armadas e de Ministro do Estado
define que será brasileiro nato aquele nascido no
de Defesa.
estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileiros quando: Direitos Políticos: Os direitos políticos estão previs-
tos nos arts. 14 a 16 da Constituição Federal, em seu
z for registrado em repartição brasileira competente: Capítulo IV, no Título II.
ou seja, quando do nascimento, seus pais o registra- O art. 14 preceitua o seguinte:
ram perante consulado brasileiro no exterior;
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
z venham a residir no Brasil e, após atingida a maio- sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
ridade, optem pela nacionalidade brasileira. com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
Nesta última hipótese, mesmo que a pessoa tenha I- plebiscito;
nascido no exterior e lá tenha sido registrada, se, seu II referendo;
pai ou mãe forem brasileiros e o sujeito tenha vindo III- iniciativa popular;
morar no Brasil, poderá, após completar dezoito anos,
optar pela nacionalidade. Assim, estão compreendidos dentre os direitos
políticos, o mais conhecido deles, qual seja: o sufrágio
Vale ressaltar que deve atingir a maioridade para
universal que nada mais é do que o voto, estabeleci-
fazer esta escolha, tendo em vista ser este o momento
do como direto e secreto e também o direito de ser
em que alcança a capacidade jurídica plena. votado.
DIREITOS HUMANOS
Ademais, o sujeito poderá ser brasileiro naturali- Por sua vez, plebiscito e referendo se referem a
zado. Será naturalizado, conforme determina o art. formas por meio das quais o cidadão é instado a se
12, inciso II: manifestar sobre algum assunto de grande relevância
para o país. Assim, por meio de decretos legislativos,
z a pessoa nascida em país cujo idioma seja a língua as pessoas são convocadas para expressar sua opinião
portuguesa, tendo para tanto que comprovar a resi- sobre um tema colocado em pauta.
dência em solo brasileiro por um ano ininterrupto e Divergem no seguinte: enquanto o plebiscito é esta-
idoneidade moral (art. 12, inciso II, letra “a”); belecido de forma prévia e a população se manifesta a
favor ou contrária a um tema que lhe é apresentado,
z a pessoa nascida em qualquer país, desde que resi- o referendo é convocado posteriormente sobre um
dente no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos assunto que já faça parte do dia a dia dos cidadãos,
e sem condenação penal (art. 12, inciso III, letra “b”). cabendo a eles ratificá-lo ou rejeitá-lo. 363
Na história recente brasileira houve um plebisci- documentos: a Declaração Universal dos Direitos
to em 21 de abril de 1993 em que os cidadãos foram Humanos, de 1948; o Pacto Internacional dos Direitos
chamados a se manifestar sobre a forma e sistema Civis e Políticos, de 1966; o Pacto Internacional dos
de governo. Por sua vez, o referendo ocorreu em 23 Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966. Ao
de outubro de 2005, tendo a população sido instada a longo deste capítulo e do próximo serão estudados os
se posicionar sobre se o comércio de armas de fogo e direitos que compõem a Carta, que se fundam na tría-
munição deveria ou não ser proibido no Brasil. de liberdade, igualdade e fraternidade instituída no
Outro dos direitos políticos que deve ser mencionado art. 1o, DUDH, remontando-se às dimensões de direitos
é a iniciativa popular. Trata-se da iniciativa que é garan- humanos como direitos basilares da dignidade huma-
tida a todo cidadão de apresentar um projeto de lei. Este na. Pelas razões expostas, para maior compreensão e
direito está regulamentado pelo art. 61, § 2º da Constitui- fixação do conteúdo, iremos trabalhar com a legisla-
ção Federal, cabendo para tanto, serem preenchidos os ção comparada.
requisitos ali previstos, conforme a seguir mencionado: A Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948 inaugura o sistema geral de proteção da pessoa
Art. 61 (...) § 2º. A iniciativa popular pode ser exer- humana no âmbito internacional, sendo proclamada
cida pela apresentação à Câmara dos Deputados de pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cen- dezembro de 1948 pela Resolução nº 217. Conside-
to do eleitorado nacional, distribuído pelo menos rando o formato adotado, que é o de deliberação da
por cinco Estados, com não menos de três décimos
Assembleia Geral e não de tratado internacional, seus
por cento dos eleitores de cada um deles.
dispositivos não refletem obrigações jurídicas dos
Estados que a compõem – é o que se denomina norma-
Importa dizer que os direitos políticos são divi-
tiva soft law. Noutras palavras, a Declaração em si não
didos entre: capacidade eleitoral ativa e capacidade
possui conteúdo coativo em relação aos Estados-par-
eleitoral passiva. A capacidade eleitoral ativa se refere
tes, mas seus princípios se refletem em outros trata-
ao direito de votar. Já a capacidade eleitoral passiva se
dos internacionais que o possuem. O fato é que desse
refere ao direito de ser votado. Assim, em regra, todos
documento se originaram muitos outros, nos âmbitos
os brasileiros podem votar e ser votados.
nacional e internacional, sendo que dois deles prati-
Inclusive, o art. 15 da Constituição Federal esta-
camente repetem e pormenorizam o seu conteúdo,
belece que é vedada a cassação de direitos políticos.
quais sejam: o Pacto Internacional dos Direitos Civis
Porém, é possível que uma pessoa sofra a perda ou
e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econô-
suspensão de seus direitos políticos.
micos, Sociais e Culturais. Esta tríade da Declaração
Isto pode ocorrer nas seguintes situações previstas
de 1948 e dos Pactos de 1966 forma a Carta Interna-
no art. 15:
cional dos Direitos Humanos.
z por meio do cancelamento da naturalização por
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS EM ESPÉCIE
sentença transitada em julgado (inciso I);
z incapacidade civil absoluta: aquele que tenha sua Os direitos civis e políticos em espécie perpassam
incapacidade reconhecida, terá seus direitos sus- por diversas questões inerentes à vida, à liberdade,
pensos (inciso II); à igualdade, à propriedade e à segurança pessoal, tal
z condenação criminal transitada em julgado como por aspectos de proteção da pessoa humana em
enquanto durarem seus efeitos (inciso III); situações de conflito com a lei. Na nomenclatura da
CF/88, são denominados direitos individuais (art. 5o),
z recusa de cumprimento de obrigação a todos nacionalidade (art. 12) e direitos políticos (arts. 14 e 15).
imposta ou prestação alternativa, nos termos do
art. 5º, VIII (inciso IV); Art. 1, DUDH. Todas as pessoas nascem livres
e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de
z improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
razão e consciência e devem agir em relação umas
§ 4º (inciso V).
às outras com espírito de fraternidade.
legislação não possa estabelecer, em abstrato, regras necer vivo; c) direito de ter uma vida digna quanto à
especiais para um grupo de pessoas desfavorecido subsistência e; d) direito de não ser privado da vida
socialmente, direcionando ações afirmativas, por através da pena de morte4.
exemplo, aos deficientes, às mulheres, aos pobres – no Na Carta Internacional dos Direitos Humanos é
entanto, todas estas ações devem respeitar a propor- conferida especificidade ao direito à vida no sentido
cionalidade e a razoabilidade (princípio da igualdade de não ser arbitrariamente privado da própria vida,
material). criando-se restrições à pena de morte. Conforme se
1 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
2 Ibid.
3 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
4 BALERA, Wagner... Op. Cit. 365
denota no art. 6o, PIDCP, não se veda a pena de morte, iii) qualquer serviço exigido em casos de emergên-
mas se criam impeditivos: apenas pode ser aplicada a cia ou de calamidade que ameacem o bem-estar
crimes graves, deve haver sentença transitada em jul- da comunidade;
gado proferida por Tribunal competente, deve se asse- iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das
gurar o direito de pedir indulto ou comutação da pena obrigações cívicas normais.
(os quais poderão ser concedidos, tal como a anistia),
não pode ser imposta a menores de 18 anos e nem a A abolição da escravidão foi uma luta histórica em
mulheres gestantes. todo o globo. Seria totalmente incoerente quanto aos
Contudo, no próprio artigo 6o, PIDCP frisa-se que princípios da liberdade, da igualdade e da dignidade
suas disposições não podem ser usadas para retardar se admitir que um ser humano pudesse ser subme-
ou impedir a abolição da pena de morte. Neste senti-
tido ao outro, ser tratado como coisa. O ser humano
do, a abolição da pena de morte é o propósito da Carta
não possui valor financeiro e nem serve ao domínio
Internacional de Direitos Humanos, assinando-se o
de outro, razão pela qual a escravidão não pode ser
Segundo Protocolo Adicional ao Pacto Internacional
sobre os Direitos Civis e Políticos com vista à Abolição aceita.
da Pena de Morte, em 15 de dezembro de 1989, o qual O trabalho escravo não se confunde com o tra-
foi ratificado pelo Brasil. balho servil. A escravidão é a propriedade plena de
um homem sobre o outro. Consiste na utilização, em
Liberdade e segurança pessoal proveito próprio, do trabalho alheio. Os escravos
eram considerados seres humanos sem personalida-
Art. 3º, DUDH. Toda pessoa tem direito à vida, à de, mérito ou valor. A servidão, por seu turno, é uma
liberdade e à segurança pessoal. alienação relativa da liberdade de trabalho através de
Art. 9°, 1, PICDP. Toda pessoa tem direito à liber- um pacto de prestação de serviços ou de uma ligação
dade e à segurança pessoais.
absoluta do trabalhador à terra, já que a servidão era
uma instituição típica das sociedades feudais. A ser-
O direito à liberdade é posto como consectário do
vidão, representava a espinha dorsal do feudalismo.
direito à vida, pois ela depende da liberdade para o
O servo pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima
desenvolvimento intelectual e moral. Assim, “[...]
liberdade é assim a faculdade de escolher o próprio pela utilização do solo, que superava a metade da
caminho, sendo um valor inerente à dignidade do colheita7.
ser, uma vez que decorre da inteligência e da volição, A vedação à escravidão não é impedimento para
duas características da pessoa humana”5. O direito à que países imponham o trabalho como consequência
segurança pessoal é o direito de viver sem medo, pro- de sentença penal condenatória. Além disso, não se
tegido pela solidariedade e liberto de agressões, logo, considera como forçado o trabalho no cumprimento
é uma maneira de garantir o direito à vida6. de serviços militares ou cívicos obrigatórios nem em
situações de emergência e calamidade.
Vedação à escravidão e à servidão
Vedação à tortura e a tratamento, castigo ou pena
Art. 4º, DUDH. Ninguém será mantido em escra- cruel, desumano ou degradante
vidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de
escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Art. 5º, DUDH. Ninguém será submetido à tortu-
Art. 8º, PICDP. 1. Ninguém poderá ser submetido à
ra, nem a tratamento ou castigo cruel, desuma-
escravidão; a escravidão e o tráfico de escra-
vos, em todos as suas formas, ficam proibidos. no ou degradante.
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão. Art. 7º, PIDCP. Ninguém poderá ser submetido à tor-
3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar tra- tura, nem a penas ou tratamentos cruéis, desu-
balhos forçados ou obrigatórios; manos ou degradantes. Será proibido, sobretudo,
b) A alínea “a” do presente parágrafo não poderá submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento,
ser interpretada no sentido de proibir, nos países a experiências médicas ou científicas.
em que certos crimes sejam punidos com prisão e
trabalhos forçados, o cumprimento de uma pena Tortura é a imposição de dor física ou psicológica
de trabalhos forçados, imposta por um tribunal por crueldade, intimidação, punição, para obtenção
competente;
de uma confissão, informação ou simplesmente por
c) Para os efeitos do presente parágrafo, não
serão considerados “trabalhos forçados ou prazer da pessoa que tortura. A tortura é uma espé-
obrigatórios”: cie de tratamento ou castigo cruel. A Convenção das
i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos
alínea “b”, normalmente exigido de um indivíduo ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Resolu-
que tenha sido encerrado em cumprimento de ção n° 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas)
decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal foi estabelecida em 10 de dezembro de 1984 e ratifica-
decisão, ache-se em liberdade condicional;
da pelo Brasil em 28 de setembro de 1989.
ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos paí-
ses em que se admite a isenção por motivo de cons- Equiparam-se à tortura e aos tratamentos cruéis
ciência, qualquer serviço nacional que a lei venha outras formas de castigos desumanos e degradantes,
a exigir daqueles que se oponha ao serviço militar isto é, que desconsideram a condição humana ou bus-
por motivo de consciência; cam submeter a pessoa a uma humilhação.
5 BALERA, Wagner... Op. Cit.
6 Ibid.
366 7 BALERA, Wagner... Op. Cit.
Personalidade jurídica motivos previstos em lei e em conformidade com os
procedimentos.
Art. 6º, DUDH. Toda pessoa tem o direito de ser, 2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser infor-
em todos os lugares, reconhecida como pessoa mada das razões da prisão e notificada, sem
perante a lei. demora, das acusações formuladas contra ela.
Art. 16, PIDCP. Toda pessoa terá direito, em qual- 3. Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtu-
quer lugar, ao reconhecimento de sua personali- de de infração penal deverá ser conduzida, sem
dade jurídica. demora, à presença do juiz ou de outra auto-
Art. 24, 2, PIDCP. Toda criança deverá ser regis- ridade habilitada por lei a exercer funções e terá
trada imediatamente após seu nascimento e o direito de ser julgada em prazo razoável ou
deverá receber um nome. de ser posta em liberdade. A prisão preventiva
de pessoas que aguardam julgamento não deverá
O sistema de proteção de direitos humanos estabe- constituir a regra geral, mas a soltura poderá
lecido no âmbito da Organização das Nações Unidas é estar condicionada a garantias que assegurem o
global, razão pela qual não cabe o seu desrespeito em comparecimento da pessoa em questão à audiên-
cia, a todos os atos do processo e, se necessário for,
qualquer localidade do mundo. Por isso, um estran-
para a execução da sentença.
geiro que visite outro país não pode ter seus direitos 4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liber-
humanos violados, independentemente da Constitui- dade por prisão ou encarceramento terá de recor-
ção daquele país nada prever a respeito dos direitos rer a um tribunal para que este decida sobre
dos estrangeiros. A pessoa humana não perde tal cará- a legalidade de seu encarceramento e ordene
ter apenas por sair do território de seu país. Em outras sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal.
palavras, a personalidade jurídica denota-se uma das 5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarcera-
facetas do princípio da universalidade. mento ilegais terá direito à reparação.
Art. 10, PIDCP. 1. Toda pessoa privada de sua liber-
Afinal, se o Direito existe em função da pessoa dade deverá ser tratada com humanidade e res-
humana, será ela sempre sujeito de direitos e de peito à dignidade inerente à pessoa humana.
obrigações. Negar-lhe a personalidade, a aptidão 2. a) as pessoas processadas deverão ser sepa-
para exercer direitos e contrair obrigações, equi- radas, salvo em circunstância excepcionais, das
vale a não reconhecer sua própria existência. [...] pessoas condenadas e receber tratamento dis-
O reconhecimento da personalidade jurídica é tinto, condizente com sua condição de pessoa
imprescindível à plena realização da pessoa huma- não-condenada.
na. Trata-se de garantir a cada um, em todos os b) as pessoas processadas, jovens, deverão ser
lugares, a possibilidade de desenvolvimento livre e separadas das adultas e julgadas o mais rápido
isonômico8. possível.
3. O regime penitenciário num tratamento cujo
objetivo principal seja a reforma e a reabilita-
Como decorrência do direito à personalidade jurí-
ção moral dos prisioneiros. Os delinquentes
dica, no momento do nascimento deve ser atribuído juvenis deverão ser separados dos adultos
um nome à pessoa, devidamente registrado. Afinal, é e receber tratamento condizente com sua idade e
o registro que formaliza a personalidade jurídica. condição jurídica.
Art. 11, PIDCP. Ninguém poderá ser preso ape-
Remédio para atos que violem direitos fundamentais nas por não poder cumprir com uma obrigação
contratual.
Art. 8º, DUDH. Toda pessoa tem direito a rece-
ber dos tributos nacionais competentes remédio Prisão e detenção são formas de impedir que a
efetivo para os atos que violem os direitos pessoa saia de um estabelecimento sob tutela estatal,
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela privando-a de sua liberdade de locomoção. Exílio é a
constituição ou pela lei. expulsão ou mudança forçada de uma pessoa do país,
sendo assim também uma forma de privar a pessoa
Não basta afirmar direitos, é preciso conferir de sua liberdade de locomoção em um determinado
meios para garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz território. Nenhuma destas práticas é permitida de
aos Estados-partes o dever de estabelecer em suas forma arbitrária, ou seja, sem o respeito aos requisi-
legislações internas instrumentos para proteção dos tos previstos em lei. Não significa que em alguns casos
direitos humanos. Geralmente, nos textos constitu- não seja aceita a privação de liberdade, notadamente
cionais são estabelecidos os direitos fundamentais e quando o indivíduo tiver praticado um ato que com-
os instrumentos para protegê-los, também chamados prometa a segurança ou outro direito fundamental de
de remédios constitucionais, por exemplo, o habeas outra pessoa.
corpus serve à proteção do direito à liberdade de Quanto à proibição da prisão e do encarceramen-
DIREITOS HUMANOS
15 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6.
16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República
Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
17 BALERA, Wagner... Op. Cit. 371
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a da Organização do Trabalho, relativa à liberda-
saúde ou a moral pública. de sindical e à proteção do direito sindical,
Art. 20, PIDCP. 1. Será proibido por lei qualquer venham a adotar medidas legislativas que restrin-
propaganda em favor de guerra. jam – ou aplicar a lei de maneira a restringir – as
2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio garantias previstas na referida Convenção.
nacional, radical, racial ou religioso que cons-
titua incitamento à discriminação, à hostilida- O direito de reunião pode ser exercido indepen-
de ou à violência. dentemente de autorização estatal, mas deve se dar
de maneira pacífica, por exemplo, sem utilização de
Silva18 aponta que a liberdade de pensamento, que armas (inciso XVI, do art. 5º, da CF).
também pode ser chamada de liberdade de opinião, Por sua vez, “a liberdade de associação para fins
é considerada pela doutrina como a liberdade primá-
lícitos, vedada a de caráter paramilitar, é plena. Por-
ria, eis que é ponto de partida de todas as outras, e
tanto, ninguém poderá ser compelido a associar-se e,
deve ser entendida como a liberdade da pessoa ado-
uma vez associado, será livre, também, para decidir se
tar determinada atitude intelectual ou não, de tomar
permanece associado ou não”20.
a opinião pública que crê verdadeira. Para a formação
da opinião, utiliza-se da informação, isto é, a liberdade
Participação e representação política
de informação é consectário da liberdade de opinião.
No mais, da liberdade de opinião surge a possibilida-
Art. 21, DUDH. 1. Toda pessoa tem o direito de
de da liberdade de expressão.
tomar parte no governo de seu país, diretamen-
Adiante, Silva19 entende que a liberdade de expres-
te ou por intermédio de representantes livremente
são pode ser vista sob diversos enfoques, como o da
escolhidos.
liberdade de comunicação, ou liberdade de informa-
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao ser-
ção, que consiste em um conjunto de direitos, formas,
viço público do seu país.
processos e veículos que viabilizam a coordenação
3. A vontade do povo será a base da autorida-
livre da criação, expressão e difusão da informação de do governo; esta vontade será expressa em
e do pensamento. Contudo, a manifestação do pensa- eleições periódicas e legítimas, por sufrágio
mento não pode ocorrer de forma ilimitada, devendo universal, por voto secreto ou processo equiva-
se pautar na verdade e no respeito dos direitos à hon- lente que assegure a liberdade de voto.
ra, à intimidade e à imagem dos demais membros da Art. 25, PIDCP. Todo cidadão terá o direito e a possi-
sociedade. Da mesma forma, a liberdade de expressão bilidade, sem qualquer das formas de discriminação
não permite práticas de discurso do ódio nacional, mencionadas no art. 2° e sem restrições infundadas:
radical, racial ou religioso, ou seja, não é uma carta a) de participar da condução dos assuntos
branca para discursar contra os próprios fundamen- públicos, diretamente ou por meio de representan-
tos que ergueram o sistema de proteção dos direitos tes livremente escolhidos;
humanos. b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas,
autênticas, realizadas por sufrágio universal
Liberdade de reunião e de associação e igualitário e por voto secreto, que garantam a
manifestação da vontade dos eleitores;
Art. 20, DUDH. 1. Toda pessoa tem direito à liber- c) de ter acesso em condições gerais de igualda-
dade de reunião e associação pacíficas. de, às funções públicas de seu país.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de
uma associação. Democracia (do grego, “demo” + “kratos”) é um
Art. 21, PIDCP. O direito de reunião pacífica será regime de governo em que o poder de tomar deci-
reconhecido. O exercício desse direito estará sujei- sões políticas está com os cidadãos, de forma direta
to apenas às restrições previstas em lei e que se
(quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos,
façam necessárias, em uma sociedade democráti-
eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao
ca, no interesse da segurança nacional, da seguran-
ça ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde cidadão é dado o poder de eleger um representante).
públicas ou os direitos e as liberdades das pessoas. Uma democracia pode existir num sistema presiden-
Art. 22, PIDCP. 1. Toda pessoa terá o direito de cialista ou parlamentarista, republicano ou monár-
associar-se livremente a outras, inclusive o quico – somente importa que seja dado aos cidadãos o
direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, poder de tomar decisões políticas (por si só ou por seu
para a proteção de seus interesses. representante eleito).
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas A principal classificação das democracias é a que
às restrições previstas em lei e que se façam distingue a direta da indireta: a) direta, também cha-
necessárias, em uma sociedade democrática, no mada de pura, na qual o cidadão expressa sua vontade
interesse da segurança nacional, da segurança e por voto direto e individual em cada questão relevan-
da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou
te; b) indireta, também chamada representativa, em
a moral públicas ou os direitos a liberdades das
demais pessoas. O presente artigo não impedirá
que os cidadãos exercem individualmente o direito de
que se submeta a restrições legais o exercício voto para escolher representante(s) e aquele(s) que
desse direito por membros das forças arma- for(em) mais escolhido(s) representa(m) todos os elei-
das e da polícia. tores. O comum é a adoção de modelos mistos ou de
3. Nenhuma das disposições do presente artigo per- democracia semidireta, com institutos de democracia
mitirá que Estados Partes da Convenção de 1948 direta e de democracia indireta.
18 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
19 Ibid.
372 20 LENZA, Pedro... Op. Cit.
O modelo democrático pressupõe o direito ao voto 2. Nos países que não houverem abolido a pena
e ao sufrágio universal (possibilidade de votar e de ser de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos
votado), exercido em eleições periódicas, autênticas mais graves, em cumprimento de sentença final
(legítimas) e com voto igualitário e secreto, sem pre- de tribunal competente e em conformidade com
juízo da participação direta no tratamento de coisas lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de
haver o delito sido cometido. Tampouco se estende-
públicas.
rá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique
A possibilidade de participação nas funções do
atualmente.
Estado se dá também por meio do desempenho de ati-
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos
vidades no serviço público. Neste sentido, toda pessoa Estados que a hajam abolido.
deve ter acesso às funções públicas do país, por exem- 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser apli-
plo, mediante concurso público. cada por delitos políticos, nem por delidos comuns
conexos com delitos políticos.
Legalidade estrita 5. Não se deve impor a pena de morte à pessoa que,
no momento da perpetração do delito, for menor de
Art. 29, 2, DUDH. No exercício de seus direitos e dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a
liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às mulher em estado de gravidez.
limitações determinadas pela lei, exclusivamen- 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a
te com o fim de assegurar o devido reconhecimen- solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os
to e respeito dos direitos e liberdades de outrem e quais podem ser concedidos em todos os casos. Não
de satisfazer às justas exigências da moral, da se pode executar a pena de morte enquanto o pedi-
ordem pública e do bem-estar de uma sociedade do estiver pendente de decisão ante a autoridade
democrática. competente.
É assegurado o direito de fazer tudo o que a lei não z direito à integridade pessoal (art. 5), que abran-
proíba, a denominada legalidade estrita. Não obstan- ge o direito à integridade física, psíquica e moral;
te, o legislador não pode impor limitações que não impossibilidade de prática de tortura, impossibili-
atendam ao fim de preservar direitos e liberdade de dade de aplicação de pena sem que se respeite à
outrem ou de satisfazer às exigências da moral, da dignidade da pessoa do condenado, impossibilida-
ordem pública e do bem-estar. de de a pena passar para a pessoa do delinquente;
Artigo 5
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto ao governo do Estado ao qual pertence a autoridade
de São José e Decreto n.º 678/1992). responsável pela violação alegada; no caso em tela, o
A apresentação da petição pela citada organização brasileiro.
está amparada pelo Pacto de São José e pelo decreto
anteriormente mencionado, visto que qualquer pessoa ( ) CERTO ( ) ERRADO
ou grupo de pessoas ou entidade não governamental
legalmente reconhecida pode apresentar à Comissão 10. (CESPE – 2018) Uma organização não governamen-
ou à Corte Interamericana de Direitos Humanos peti- tal de proteção às mulheres, legalmente reconhecida
ções de denúncia de violação à Convenção Americana pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interame-
sobre Direitos Humanos por Estado- parte. ricana de Direitos Humanos denunciando um hospital
da rede pública de determinado estado da Federação.
Na petição, foi alegado que o hospital havia realizado
( ) CERTO ( ) ERRADO 375
esterilização sem o consentimento da vítima, uma De acordo com a Convenção Americana sobre Direi-
mulher portadora do vírus HIV, e que o Estado brasilei- tos Humanos, o direito à liberdade de pensamento e
ro não adotara as medidas necessárias para prevenir a de expressão deve ser amplo, mas a lei deve proibir
referida esterilização, tendo sido, também, negligente toda apologia ao ódio que constitua incitação à discri-
na investigação do caso. Assim, sustenta a organi- minação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
zação, na petição, que houve violação aos direitos à
integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias ( ) CERTO ( ) ERRADO
judiciais, à honra e à dignidade, à proteção à família,
à igualdade perante a lei e à proteção judicial — todos 13. (CESPE – 2017) Com as atrocidades cometidas duran-
esses, direitos previstos pela Convenção Americana te a Segunda Guerra Mundial, emergiu a noção de que
sobre Direitos Humanos. os direitos humanos deveriam servir como paradigma
Julgue o item, considerando o caso hipotético apre- para orientar a ordem internacional, reforçando-se a
sentado, o sistema de proteção e as disposições da ideia de que a proteção dos direitos humanos deveria
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto ser global — e não reduzida ao domínio local dos Esta-
de São José e Decreto n.º 678/1992). dos —, por se tratar de questão de legítimo interesse
O hospital da rede pública do estado federado agiu de mundial.
acordo com os fundamentos legais, uma vez que os Nesse contexto, surgiu a Organização das Nações Uni-
Estados-partes da Convenção se comprometem a res- das (ONU) e foi adotada a Declaração Universal dos
peitar os direitos e as liberdades nela reconhecidos e a Direitos Humanos — que representa uma plataforma
garantir seu pleno exercício a toda pessoa que esteja comum de ação de todos os Estados —, bem como
sujeita à sua jurisdição, sem discriminação, salvo por foi aprovada a Convenção Americana sobre Direitos
motivo de saúde pública, quando serão relativizados Humanos, no âmbito da Organização dos Estados
os dispositivos dessa Convenção em favor do interes- Americanos (OEA).
se público. Tendo como referência o texto anterior, julgue o item
subsequente, acerca do sistema de proteção e da Con-
11. (CESPE – 2017) Considere as seguintes disposições. venção Americana sobre Direitos Humanos.
Em caso de guerra, as garantias asseguradas pela
I. Todo indivíduo tem direito à liberdade e à segurança Convenção Americana sobre Direitos Humanos
pessoais. podem ser suspensas por tempo ilimitado, mesmo
II. As finalidades essenciais das penas privativas da liber- após o fim dos conflitos.
dade incluem a compensação, a retribuição, a reforma
e a readaptação social dos condenados. ( ) CERTO ( ) ERRADO
III. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livre-
mente com fins ideológicos, religiosos, políticos, eco- 14. (CESPE – 2017) Com as atrocidades cometidas duran-
nômicos, trabalhistas, sociais, culturais e desportivos. te a Segunda Guerra Mundial, emergiu a noção de que
IV. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. os direitos humanos deveriam servir como paradigma
para orientar a ordem internacional, reforçando-se a
Decorrem da Convenção Americana sobre Direitos ideia de que a proteção dos direitos humanos deveria
Humanos (Pacto de São José e Decreto n.º 678/1992) ser global — e não reduzida ao domínio local dos Esta-
apenas as disposições contidas nos itens dos —, por se tratar de questão de legítimo interesse
mundial.
a) I e II. Nesse contexto, surgiu a Organização das Nações Uni-
b) II e III. das (ONU) e foi adotada a Declaração Universal dos
c) III e IV. Direitos Humanos — que representa uma plataforma
d) I, II e IV. comum de ação de todos os Estados —, bem como
e) I, III e IV. foi aprovada a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, no âmbito da Organização dos Estados
12. (CESPE – 2017) Com as atrocidades cometidas duran- Americanos (OEA).
te a Segunda Guerra Mundial, emergiu a noção de que Tendo como referência o texto anterior, julgue o item
os direitos humanos deveriam servir como paradigma subsequente, acerca do sistema de proteção e da Con-
para orientar a ordem internacional, reforçando-se a venção Americana sobre Direitos Humanos.
ideia de que a proteção dos direitos humanos deveria Atualmente, o Brasil admite a prisão civil por dívida
ser global — e não reduzida ao domínio local dos Esta- exclusivamente no caso de inadimplemento de obri-
dos —, por se tratar de questão de legítimo interesse gação alimentar, nos termos da Convenção America-
mundial. na sobre Direitos Humanos.
Nesse contexto, surgiu a Organização das Nações Uni-
das (ONU) e foi adotada a Declaração Universal dos ( ) CERTO ( ) ERRADO
Direitos Humanos — que representa uma plataforma
comum de ação de todos os Estados —, bem como 9 GABARITO
foi aprovada a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, no âmbito da Organização dos Estados
Americanos (OEA). 1 ERRADO
Tendo como referência o texto anterior, julgue o item
subsequente, acerca do sistema de proteção e da Con- 2 CERTO
venção Americana sobre Direitos Humanos. 3 CERTO
4 CERTO
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5 CERTO
6 CERTO
7 ERRADO
8 CERTO
9 ERRADO
10 ERRADO
11 E
12 CERTO
13 ERRADO
14 CERTO
ANOTAÇÕES
DIREITOS HUMANOS
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ANOTAÇÕES
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